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O déflcií orçamentário — Richard Lewinsohn
9
Industrialização 0 energia elétrica — Aldo Mário Azevedo
Ccn^atibilldade do orçamento cíclico e da planlficação com a Constituição d» 1946 — Josaphat Marinho Aspectos do mercantilismo — Roberto Pinto de Sousa Garantia de preços mínimos ã agricultura nacioisal — José Garibalili Pantas .
7/^1
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J
i. V P
48
Carvão nacional, fonte de energia — Geraldo O. Banaskiwitz
52
Sõbra a quarta eleição de Roosevelt — Darlo de Almeida Magalhães
60
Produtos brasilmros no mercado
— A borracha I>3rival Teixeira Vieira
67
Noções gerais sôfare o imposto — José Luiz de Almeida Nogueira Porto Agricultura e economia açucareiras em São Paulo — José ^nórlo Rodrigues .. Davi Campisfa — Antônio Gontijo de Carvalho
74 81 87
Mobilidade
horizontal — Nelson Werneck Sodré
Diálogo entre o poder e o Direito — Cândido Mota Filho Data verdadeira — Otávio Tarquinio de Sousa Floresta»
KFfmfiÃ/fTf cimfUfiim £fijis/L£/fio
PDowiTo j^TÂffCTfCÂ
23 36 42
Notas sôbre um economista argentino — Djacír Menezes
•WCÁ^ÃfíÃfí
i
15
—
Pimentel
Gomes
ZTsiertores do ensilhamento (1691> — Afonso de Taunay A respsnsabilidade do Preeldente da República — Oto Prazeres
N.o 63 — FEVEREIRO DE 1350 — ANO VI
109
113 IIT 122
128 135
o DIGESTO ECONÔMICO ESTA A VENDA
nos principais pontos de jornais no Brasil, ao preço de Cr$ 5,00. Os nossos agentes da relação abaixo estão aptos a suprir qualquer
r
encomenda, bem como a receber pedidos de assinaturas, ao preço de Cr$ 50,00 anuais.
Agenle Geral para o Brasil FERNANDO CHINAGLIA
ATenida Presidente Vargas, 502, 19.o andar Rio de Janeiro
Alagoas: Manuel Espíndola, Praça Pe
Paraná: J. Ghia^one, Rua 15 de No vembro, 423, Curitiba.
dro II. 49, Maceió.
Ainazonas: Agência Freitas, Rua Joa quim Sarmento. 29. Manaus.
Pernambuco: Fernando Chinaglla. Rua do Imperador, 221, 3.o andar. Recife.
Bahia: Alfredo J. de Souza & Cia., R. Saldanha da Gama. 6. Salvador.
Piauí: Cláudio M. Tote, Teresina.
Ceará: J. .\Iaor de Albuquerque ái Cia. Praça do Ferreira, 621. Fortaleza.
Rio de Janeiro; Fernando Chinaglla, Av Presidente Vargas, 502, 19.o
ASSIM SE IDEALIZA...
andar.
Cspírilo Sanlo: Viuva Copolilo & Fi lhos. Rua Jerônimo Monteiro, 361, Vitória.
Goiás: João Manarino, Rua Setenta A, Goiânia.
Maranhão: Livraria Universal, Rua João Lisboa. 114, São Luiz. Maio
Grosso: Carvalho. Pinheiro Sc.
Cia., Pça. da República. 20, Cuiabá. Minas Gerais: Joaquim Moss Velloso, Avenida dos Andradas, 330, Belo Horizonte.
Pará: Albano H. Martins ée Cia., Tra
vessa Campos Sales. 85/89. Belém. Paraíba: Loja das Revistas. Rua Ba rão do Triunfo, 510-A. João Pessoa.
Rio
Grande do
Norle: Luis Rumão
ASSIM SE CONCRETIZA
Avenida Tavares Ura. 48, Natal. GIGANTES de cimento armado
Rio Grande do Sul: Sòmcnte para Por to Alegre: Octavio Sagebin, Rua 7 de .Setembro, 789, Porto Alegre. Para locais fora de Porto Alegre.
Fernando ChinaglJa, R. de Janeiro Santa Catarina: Pedro Xavier & Cia.,
Rua Felipe Schmidt, 8, Florianóp. São Paulo: A Intelectual, Ltda., Via
duto, Santa Eíigènia, 281, S. Paulo. Sergipe: Livraria
Regina Lida., Rua
João Pessoa, 137, Aracaju. Território do Acre: Diógenes de Oli veira, Rio Branco.
por todo o território naciohal.
E
que são motivos de orgulho para todo paulista, que servem de índice do
assim, fazendo de um ideal uma es
nosso progresso e mesmo da nossa
sileira plasmando, com os seus arra nha-céus, as grandes cidades da nova
civilização, resultam do trabalho ár duo do engenheiro que, sobre uma
tupenda realidade, vai a gente bra América.
prancheta, faz a planta e calcula os seus mínimos detalhes. A Construtora
e Comercial Dácio A. de Moraes S.A.
há muito que vem colaborando para o desenvolvimento
maior de nossa
CONSTRUTORA E COMERCIA},
ducio a. de morues s. a. Engenharia • Arquitetura - Construções
terra, contando-se na sua folha de
Roa Libero Badaró, 158 • 17.o - Telefone 2-6539
serviços, o levantamento de edifícios
São Paulo Panam —V8.003
o DIGESTO ECONÔMICO ESTA A VENDA
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r
encomenda, bem como a receber pedidos de assinaturas, ao preço de Cr$ 50,00 anuais.
Agenle Geral para o Brasil FERNANDO CHINAGLIA
ATenida Presidente Vargas, 502, 19.o andar Rio de Janeiro
Alagoas: Manuel Espíndola, Praça Pe
Paraná: J. Ghia^one, Rua 15 de No vembro, 423, Curitiba.
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Ainazonas: Agência Freitas, Rua Joa quim Sarmento. 29. Manaus.
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Ceará: J. .\Iaor de Albuquerque ái Cia. Praça do Ferreira, 621. Fortaleza.
Rio de Janeiro; Fernando Chinaglla, Av Presidente Vargas, 502, 19.o
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andar.
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Goiás: João Manarino, Rua Setenta A, Goiânia.
Maranhão: Livraria Universal, Rua João Lisboa. 114, São Luiz. Maio
Grosso: Carvalho. Pinheiro Sc.
Cia., Pça. da República. 20, Cuiabá. Minas Gerais: Joaquim Moss Velloso, Avenida dos Andradas, 330, Belo Horizonte.
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Rio
Grande do
Norle: Luis Rumão
ASSIM SE CONCRETIZA
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Rio Grande do Sul: Sòmcnte para Por to Alegre: Octavio Sagebin, Rua 7 de .Setembro, 789, Porto Alegre. Para locais fora de Porto Alegre.
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por todo o território naciohal.
E
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nosso progresso e mesmo da nossa
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serviços, o levantamento de edifícios
São Paulo Panam —V8.003
T Banco do Estado de São Paulo S. A. MATRIZ: SÃO PAULO
PRAÇA ANTÔNIO PRADO, 6 CAIXA POSTAL, 789 — END. TELEGR. 'BANESPA' AGÊNCIAS: Amparo — Andradina — Araçaiuba — Araxaquara — Atibáia
Avaré — Barretes — Batatais — Baurú — Botucatu —c
Brás (Capital) — Caçapava — Campinas — Campo Grande (Maio Grosso) Catanduva — Franca — Ibitinga — Itapetininga — Itúverava
Jaboíicabal — Jaú — Jundiai —— Limeira — Lins —
Marília — Mirassol — Mcgi Mirim — Novo Horizonte — Olím-.
pia — Ourinhos — Palmital — Piracicaba — Pirajui — Pirassununga — Presidente Prudente — Ouatá — Registro — Ribei rão Preto — Sto. Anastácio — S. Carlos — S. João da Bôa
Vista — S. Joaquim da Barra — S. José do Rio Pardo — São Jo-* sé do Rio Preto — S. Simão — Santos — Tanabi — Tietê — Tupan.
&
DEPÓSITOS — EMPRÉSTIMOS — CÂMBIO — COBRANÇAS — TRANSFERÊNCIAS — TÍTULOS — AS MELHORES TAXAS — AS MELHORES CONDIÇÕES — SERVIÇO RÁPIDO E EFICIENTE.
MAQUINAS DE COSTURA
CURSOS DE COSTURA
SERVIÇO MECÂNICO ACESSÓRIOS DE COSTURA
DARIO DE ALMEIDA MAGALHÃES VÍTOR NUNES LEAL
Há sempre uma loja Singer próxima a sua casa para atende-la.
ADVOGADOS
Singer Sewing Machine Company Rua Senador Dantas, 20 — 15.o andar — salas 1507/9 RIO DE JANEIRO
Lojas em iodo o Brasil.
T Banco do Estado de São Paulo S. A. MATRIZ: SÃO PAULO
PRAÇA ANTÔNIO PRADO, 6 CAIXA POSTAL, 789 — END. TELEGR. 'BANESPA' AGÊNCIAS: Amparo — Andradina — Araçaiuba — Araxaquara — Atibáia
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Marília — Mirassol — Mcgi Mirim — Novo Horizonte — Olím-.
pia — Ourinhos — Palmital — Piracicaba — Pirajui — Pirassununga — Presidente Prudente — Ouatá — Registro — Ribei rão Preto — Sto. Anastácio — S. Carlos — S. João da Bôa
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tv.At
F^'
BANCO NACIONAL 00 COMÉRCIO OE SAO PAULO S/A. Capiial Realizado
CrS
50.000.000.00
Fundos de Reserva
CrS
23.500.000.00
^TECJV/CO^^SCAL aíí S^Údâooçdú-
Operações bancárias em geral
Depósitos em contas correntes e a prazo-fixo. ♦ Correspondentes em tôdas as praças do País e no exterior.
RUA BOA VISTA n.o 242 — End. Telegr.: "BANCIONAL' CAIXA POSTAL. 2568 SÃO
PAULO
FRANCISCO
APRÍGIO
DOS
BRASIL
CAMPOS
SANTOS
bara a lega/izaçdo exáiQ dos seus livros e documentos
ADVOGADOS
Rua Araújo Porto Alegre. 70 — Salas 318/319 Telefone: 42-9110 •— RIO DE JANEIRO
'.í
RUA BOA VISTA. 51 10.^ Andar' Fone 3-1112
tv.At
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PAULO
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AÇÚCAR — ÁLCOOL
RÁDIOS
ASSUMPÇAO
Companhia
\
S. A.
IRMÃOS FAKRI
A MAIOR ORGANIZAÇÃO DO RAMO NO PAÍS
Vassununga SOCIEDADE ANÔNIMA
RUA ITCBÍ, 179
SÀO PAULO
ASSISTÊNCIA
Esaiíório Cenizal:
R. DR. FALCÃO FILHO. 56 10.O andar — salas 1053/5/61 End. Telegr.t "SORRAB" Telefone: 2-7288
TÉCNICA gratuita
SÃO PAULO
TECIDOS KTLIL S. L Tecidos de Algodão e Rayon por Atacado
RUA 25 DE MARÇO. 1260 — SÃO PAULO Fones: 3-1523 e 3-1235 — Caixa Postal. 2311
End. Telegr.: 2ÉKALIL Usina:
End. Telegr.: "USINA" Estação Vassununga - C. P.
Uma loja em cada bairro
(Estado de São Paulo)
para melhor servir você
(<■ ■
AÇÚCAR — ÁLCOOL
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Diem ecoRÉico
O Déficit Orçamentário
10) Kidcios ura rMtmu mau. fubíleado >ob e* a»ipf<i»t é»
RiCHARD LEtVINSOHN
kSSOCIfIClD GOMIRCIALDE SlO HOIB
^^PÓs um intervalo dc poucos anos,
FEBERlCiO DO CDMERGIO IB ESIRBO DE SlO riBLB
Diretor superintendente:
M*rtlm Alfonso Xavier da Silveira
durante o.s quais as receitas c des novamente dimensões inquietanles.
A ECONOMIA BAIANA - Miguel Calmon Sobrinho.
Diretor:
pesas govcmamcntais tendiam a equilibrar-sp, o déficit orçamenlário 'acüsa
O £conòiiiloo publicará no próximo número; .^1'
O
próprio Presidente da República consi derou nece.ssário denunciar o perigo, nas vés^Dcras deste ano.
Aatonio Contijo da Carvalho
Para não dificultar a recuperação eco
nômica e em vista da impossibilidade de encontrar para tais medidas maioria
no Congresso, o govêmo Truinan absteve-se de propor novos impostos para
equilibrar pelo menos o próximo orça
mento. Preferiu apresentar para 1950/51 uma proposta orçamentiíria altamente" deficitária.
COMÉRCIO INTERNACIONAL - Ro
O Digeslo Econômico, órggo de informaçOes econômicas e íinancelnw. é publicado mensalmente pela
A direção nSo se responsabiliza
pelos dados cujas fontes estejam
devidamente citadas, nem pelos
o
nome
do
TO — José Luiz cie Almeida Noguei
se evolução idêntica. No período com preendido entre 1.° de julho de 1947
ra Porto.
NACIONAIS — Mircea Buescu.
Gomes.•
Accita-se Intercâmbio com publi cações congêneres nacionais e es trangeiras.
REGIME AGRÁRIO E URBANIZA
ASSINATURAS:
Dlgesto Econômico
Ano (simples) (registrado)
Número do mês: Atrasado:
ÇÃO — Nelson Werneck Sodré.
Cr$ 50 00 Crí 58.00
Crí 5 00 Cx? 8.00
Redação e Administração: Tladuto Boa Vista. 67 - 7.o andar TeL 8-7416 — Caixa Postal, 240-3 São Paulo
A PILHAGEM - Aldo Mário Azevedo.
★
i
verificada no orçamento brasileiro para
1950, que prevê, sôbre uma despesa de 22,3 bilhões de cnizeiros, um déficit de
e 30 de junho de 1948, o Tesouro dos
3,5 bilhões, ou seja, de 15,8%. Precisase ainda salientar que o orçamento nor
vit. A receita ultrapassou a despesa em
te-americano c — em conseqüência de suas grandes despesas Rxas com a dí
que permitiu uma amortização extraor
O RECUO CAFEEIRO - Pimenlel
pesa ficarão sem cobertura ordinária. Tal percentagcm não é muito diferente da
Estados Unidos obteve grande superá 8,1 bilhões de dólares, ou sejam 22,5%, o
D igesto
Eeoaómleo.
lares, o que significa que 12,3% da des
NOÇÕES GERAIS SÕBRE O IMPÔS-
A MOEDA NOS CÂMBIOS INTER
Na transcrição de artigos pede-se citar
Eurtyjm O fenômeno não se limita ao Brasil. No país mais rico do mundo manifesta-
conceitos emitidos em artigos assi nados.
douro é estimado em 5,1 bilhões de dó
berto Pinto de Sousa.
Xditôra Comercial Ltda.
O déficit do exercício vin
Déficit tui América — .superávit na
dinária da dívida pública. O Congres
vida pública, as pensões dos veteranos de guerra, os compromissos com o es
so tirou dessa situação favorável a con
trangeiro — menos elástico do que o
clusão de que os cidadãos americanos
brasileiro, e oferece, portanto, ao Exe
pagavam mais impostos do que era necessário. Cortou, contra a opinião do Executivo, as taxas do imposto sôbre a
cutivo, menos possibilidades de. reduzir
renda ,e mostrou-se, ao mesmo tempo, generoso na aprovação de desi^esas. Em
os gastos.
A Inglaterra, tão audaciosa na sua po lítica cambial, ficou, quanto à política orçamentária, bem conservadora. Um
conseqüência disso, com a agravaç<ão da
grande déficit, cm tempo de paz, e
situação econômica, o ano financeiro de
1948/49 deixou já um déficit de 2,3
sempre considerado como falta de pru dência e de previdência. Mau grado
bilhões de dólares. Para o exercício em
suas dificuldades econômicas, o povo
curso, de julho de 1949 a junho de 1950, foi previsto um déficit de 873 mi
britânico não poupou sacrifícios para pôr em boa ordem suas finanças públi cas. Já em 1947/48 — o ano financeiro
lhões de dólares.' Mas, já depois dos primeiros seis meses do exercício, es pera-se um déficit d© 5 bilhões e
na Inglaterra começa a 1.° de abril —
meio.
de libras, apenas 1,3% de uma despesa gb-
o déficit ficou reduzido a 57 milhões
Diem ecoRÉico
O Déficit Orçamentário
10) Kidcios ura rMtmu mau. fubíleado >ob e* a»ipf<i»t é»
RiCHARD LEtVINSOHN
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Diretor superintendente:
M*rtlm Alfonso Xavier da Silveira
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A ECONOMIA BAIANA - Miguel Calmon Sobrinho.
Diretor:
pesas govcmamcntais tendiam a equilibrar-sp, o déficit orçamenlário 'acüsa
O £conòiiiloo publicará no próximo número; .^1'
O
próprio Presidente da República consi derou nece.ssário denunciar o perigo, nas vés^Dcras deste ano.
Aatonio Contijo da Carvalho
Para não dificultar a recuperação eco
nômica e em vista da impossibilidade de encontrar para tais medidas maioria
no Congresso, o govêmo Truinan absteve-se de propor novos impostos para
equilibrar pelo menos o próximo orça
mento. Preferiu apresentar para 1950/51 uma proposta orçamentiíria altamente" deficitária.
COMÉRCIO INTERNACIONAL - Ro
O Digeslo Econômico, órggo de informaçOes econômicas e íinancelnw. é publicado mensalmente pela
A direção nSo se responsabiliza
pelos dados cujas fontes estejam
devidamente citadas, nem pelos
o
nome
do
TO — José Luiz cie Almeida Noguei
se evolução idêntica. No período com preendido entre 1.° de julho de 1947
ra Porto.
NACIONAIS — Mircea Buescu.
Gomes.•
Accita-se Intercâmbio com publi cações congêneres nacionais e es trangeiras.
REGIME AGRÁRIO E URBANIZA
ASSINATURAS:
Dlgesto Econômico
Ano (simples) (registrado)
Número do mês: Atrasado:
ÇÃO — Nelson Werneck Sodré.
Cr$ 50 00 Crí 58.00
Crí 5 00 Cx? 8.00
Redação e Administração: Tladuto Boa Vista. 67 - 7.o andar TeL 8-7416 — Caixa Postal, 240-3 São Paulo
A PILHAGEM - Aldo Mário Azevedo.
★
i
verificada no orçamento brasileiro para
1950, que prevê, sôbre uma despesa de 22,3 bilhões de cnizeiros, um déficit de
e 30 de junho de 1948, o Tesouro dos
3,5 bilhões, ou seja, de 15,8%. Precisase ainda salientar que o orçamento nor
vit. A receita ultrapassou a despesa em
te-americano c — em conseqüência de suas grandes despesas Rxas com a dí
que permitiu uma amortização extraor
O RECUO CAFEEIRO - Pimenlel
pesa ficarão sem cobertura ordinária. Tal percentagcm não é muito diferente da
Estados Unidos obteve grande superá 8,1 bilhões de dólares, ou sejam 22,5%, o
D igesto
Eeoaómleo.
lares, o que significa que 12,3% da des
NOÇÕES GERAIS SÕBRE O IMPÔS-
A MOEDA NOS CÂMBIOS INTER
Na transcrição de artigos pede-se citar
Eurtyjm O fenômeno não se limita ao Brasil. No país mais rico do mundo manifesta-
conceitos emitidos em artigos assi nados.
douro é estimado em 5,1 bilhões de dó
berto Pinto de Sousa.
Xditôra Comercial Ltda.
O déficit do exercício vin
Déficit tui América — .superávit na
dinária da dívida pública. O Congres
vida pública, as pensões dos veteranos de guerra, os compromissos com o es
so tirou dessa situação favorável a con
trangeiro — menos elástico do que o
clusão de que os cidadãos americanos
brasileiro, e oferece, portanto, ao Exe
pagavam mais impostos do que era necessário. Cortou, contra a opinião do Executivo, as taxas do imposto sôbre a
cutivo, menos possibilidades de. reduzir
renda ,e mostrou-se, ao mesmo tempo, generoso na aprovação de desi^esas. Em
os gastos.
A Inglaterra, tão audaciosa na sua po lítica cambial, ficou, quanto à política orçamentária, bem conservadora. Um
conseqüência disso, com a agravaç<ão da
grande déficit, cm tempo de paz, e
situação econômica, o ano financeiro de
1948/49 deixou já um déficit de 2,3
sempre considerado como falta de pru dência e de previdência. Mau grado
bilhões de dólares. Para o exercício em
suas dificuldades econômicas, o povo
curso, de julho de 1949 a junho de 1950, foi previsto um déficit de 873 mi
britânico não poupou sacrifícios para pôr em boa ordem suas finanças públi cas. Já em 1947/48 — o ano financeiro
lhões de dólares.' Mas, já depois dos primeiros seis meses do exercício, es pera-se um déficit d© 5 bilhões e
na Inglaterra começa a 1.° de abril —
meio.
de libras, apenas 1,3% de uma despesa gb-
o déficit ficou reduzido a 57 milhões
Dicesto Econômico
10
vemamental de 4.297 milhões de libras,
Marshall fica destinada ao financiamento
que absorvia quase metade da renda na
do Plano Monnet, quer dizer, ao cus
cional.
teio da recuperação econômica, as des pesas com a reconstrução e outros in vestimentos que constituem, normalmen
O exercício de 1948/49 ter
minou com um superávit de 352 milhões de libras, ou seja, uma receita superior em 8,7% à despesa. Os primeiros nove meses do exercício em ciurso deixaram
um pequeno déficit, mas o último tri mestre do ano financeiro — o primeiro d(i ano civil — é na Inglaterra, usual mente, o mais produtivo para os cofres
públicos, e parece bem possível que o exercício acabe novamente com apre ciável superávit. O fato mais surpreendente nas finan ças públicas é a evolução na França.
O orçamento francês era, já antes da
guerra, raramente equilibrado, e os pri meiros anos de após-guerra foram, sob esse aspecto, péssimos.
Mas em 1949
a situação financeira melhorou consicle-
ràvelmente. Em fins de novembro úl timo — o ano financeiro coincide na
França, como no Brasil, com o ano civil — as despesas orçamen
te, um fardo pesado para o próprio govêroo.
As lições dii história
A preocupação no Brasil com o dé ficit orçamentário provém não sòmente
da altura das cifras "sem precedentes". Na realidade, o déficit do ano passado, e mesmo aquêle de aparência gigantes ca, previsto no orçamento de 1950, não são sem precedentes. São, felizmente, de menor vulto que muitos deficits re gistrados no passado. Entretanto, o Bra sil tem nesse domínio experiência maior do que os países do hemisfério norte.
Sabe bem o que significa um grande déficit para a moeda, para o custo de vida, para a economia em geral. Como n maioria dos grandes
lhões de dólares — e a receita
países da América Latina, o Brasil vive, desde a Indepen dência, num regime de déficita.
1.247 bilhões. Verificou-se, pois,
São numerosas as razões de or
tárias alcançaram 1.057 bilhões de francos — cerca de três bi
1950 foi votado um orçamento perfeita
dem psicológica, administrati va, econômica, geográfica e, sobretudo,
mente equilibrado. A posição relativamente favorável dos
e densidade insuficiente de sua popula
um superávit de 17,6%.
Para
demográfica — imensidade do. território
ção — que explicam esse fenômeno.
grandes países europeus resulta, sem dú vida, em boa parte, do auxílio económico-financeiro que êles recebem dos Es
Pode-se insistir sobre uma ou outra des
tados Unidos.
conhecimento de todos.
Os subsídios do Plano
Marshall, embora não possam ser uti
lizados diretamente pelos governos dos países beneficiados para fins orçamentá rios, aliviam sensivelmente a despesa governamental.
Na .França, por exem
plo, a receita oriunda da venda dos
bens que entram por conta do Plano
sas razões; o
é incontestável e do
Parece, porém, necessário, e não des provido de interêsse, ilustrar esse fato com alguns dados históricos, para jul gar com maior segurança a significação dos déficits no presente, Ê claro que dados financeiros de uma época distan te não podem ser simplesmente compa-
II
Dicesto Econômico
rados, segundo seu valor em cruzeiros
ainda recentemente.
ou mil-réis. É um jogo pueril e enga
déficits dos últimos vinte anos surgiu
nador dizer que o déficit previsto para verificado em 1824, ou duas vêzes maior
em 1946, ano próspero e calmo, quando a despesa ultrapassou a receita de 18,5%. Deve-se acrescentar que os resultados
que todos os déficits acumulados no
financeiros dos Estados não foram, no
século passado. Números orçamentá rios, como em geral dados monetários,
passado, melhores do que os do govêmo central. A partir de 1897, quando come
1950 6 mil vezes maior que o déficit
Um dos maiores
devem ser medidos de acordo com o
çou uma estatística mais ou menos uni
valor aquisitivo da moeda nas diversas
forme das finanças estaduais, são rarís-
épocas ou em relação a outros valores
simos os anos nos qüais os Estados, no
monetários da mesma época.
seu conjunto, acusaram um ligeiro su
Decerto, o fator primordial dos dé ficits é sua freqüência. Mesmo peque nos déficits tomam-se nefastos quando
perávit.
As séries de exercícios defi
citários são, nos Estados, ainda mais
longas que na União. No Estado de
Nos 128 anos desde a
São Paulo verificam-se, nos últimos 53
Independência, houve apenas 21 exercí cios nos quais a execução orçamentária deixou superávit ou terminou virtual
anos, apenas cinco (1899, 1900, 1904,
se acumulam.
1943 e 1944) com superavits. De 1905
mente por um equilíbrio da receita e
a 1942, houve déficits sem interrupção. A percentagem de déficits era, em ge
despesa. Em 107 anos as finanças do
ral, mais módica do que a da União,
govêrno central acusaram déficit. Com outras palavras, sòmente num ano em
ficits entre 15 e 30%. O maior déficit,
seis, em média, a receita orçamentária
foi suficiente para custear a despesa. Essa "média", porém, é meramente aritmética. Na realidade, houve pe ríodos até de dezenove anos (1908-1926)
mas não faltaram anos difíceis, com dé
de 40%, verificou-se em 1905, quando a despesa atingiu 112 mil contos e a recei
ta apenas 67 mil. No mesmo ano, aliás, a União alcançou um superávit apre- , ciável.
sem um só orçamento equilibrado.
Em todos os períodos do Império e
Déficits. extraorçainentários
da República repetiam-se exercícios nos
quais o déficit foi igual a rim quarto ou a um têrço da despesa. Em vários anos (1826, 1867/8, 1897) mais que 50% da despesa ficaram sem cobertura. Sob esse ponto de vista, pode-se verificar
Ainda que os dados acima mencio nados provenham de fontes impecáveis (IBGE, Contadoria Geral da União,
certo progresso. O último déficit exor bitante, de 40% da despesa, registou-se
certos. A dúvida não se refere à exati
Consellio Técnico de Economia e Finan
ças), não os consideramos absolutamente dão dos algarismos, e sim à sua signifi
em 1932, no clímax dá crise mundial,
cação metodológica.
ano de graves conflitos internes. Todavia, é digno de ser notado que os
que, ainda dentro da mesma série, os
É quase certo
têrmos "saldo" e "déficit" nem sempre
grandes déficits nem sempre coincidem com períodos de perturbações econô
têm o mesmo sentido.
micas e políticas. Êsse fato confirmou-se
aplicada de maneira pouco uniforme, e
A palavra "déficit" foi, no passado,
Dicesto Econômico
10
vemamental de 4.297 milhões de libras,
Marshall fica destinada ao financiamento
que absorvia quase metade da renda na
do Plano Monnet, quer dizer, ao cus
cional.
teio da recuperação econômica, as des pesas com a reconstrução e outros in vestimentos que constituem, normalmen
O exercício de 1948/49 ter
minou com um superávit de 352 milhões de libras, ou seja, uma receita superior em 8,7% à despesa. Os primeiros nove meses do exercício em ciurso deixaram
um pequeno déficit, mas o último tri mestre do ano financeiro — o primeiro d(i ano civil — é na Inglaterra, usual mente, o mais produtivo para os cofres
públicos, e parece bem possível que o exercício acabe novamente com apre ciável superávit. O fato mais surpreendente nas finan ças públicas é a evolução na França.
O orçamento francês era, já antes da
guerra, raramente equilibrado, e os pri meiros anos de após-guerra foram, sob esse aspecto, péssimos.
Mas em 1949
a situação financeira melhorou consicle-
ràvelmente. Em fins de novembro úl timo — o ano financeiro coincide na
França, como no Brasil, com o ano civil — as despesas orçamen
te, um fardo pesado para o próprio govêroo.
As lições dii história
A preocupação no Brasil com o dé ficit orçamentário provém não sòmente
da altura das cifras "sem precedentes". Na realidade, o déficit do ano passado, e mesmo aquêle de aparência gigantes ca, previsto no orçamento de 1950, não são sem precedentes. São, felizmente, de menor vulto que muitos deficits re gistrados no passado. Entretanto, o Bra sil tem nesse domínio experiência maior do que os países do hemisfério norte.
Sabe bem o que significa um grande déficit para a moeda, para o custo de vida, para a economia em geral. Como n maioria dos grandes
lhões de dólares — e a receita
países da América Latina, o Brasil vive, desde a Indepen dência, num regime de déficita.
1.247 bilhões. Verificou-se, pois,
São numerosas as razões de or
tárias alcançaram 1.057 bilhões de francos — cerca de três bi
1950 foi votado um orçamento perfeita
dem psicológica, administrati va, econômica, geográfica e, sobretudo,
mente equilibrado. A posição relativamente favorável dos
e densidade insuficiente de sua popula
um superávit de 17,6%.
Para
demográfica — imensidade do. território
ção — que explicam esse fenômeno.
grandes países europeus resulta, sem dú vida, em boa parte, do auxílio económico-financeiro que êles recebem dos Es
Pode-se insistir sobre uma ou outra des
tados Unidos.
conhecimento de todos.
Os subsídios do Plano
Marshall, embora não possam ser uti
lizados diretamente pelos governos dos países beneficiados para fins orçamentá rios, aliviam sensivelmente a despesa governamental.
Na .França, por exem
plo, a receita oriunda da venda dos
bens que entram por conta do Plano
sas razões; o
é incontestável e do
Parece, porém, necessário, e não des provido de interêsse, ilustrar esse fato com alguns dados históricos, para jul gar com maior segurança a significação dos déficits no presente, Ê claro que dados financeiros de uma época distan te não podem ser simplesmente compa-
II
Dicesto Econômico
rados, segundo seu valor em cruzeiros
ainda recentemente.
ou mil-réis. É um jogo pueril e enga
déficits dos últimos vinte anos surgiu
nador dizer que o déficit previsto para verificado em 1824, ou duas vêzes maior
em 1946, ano próspero e calmo, quando a despesa ultrapassou a receita de 18,5%. Deve-se acrescentar que os resultados
que todos os déficits acumulados no
financeiros dos Estados não foram, no
século passado. Números orçamentá rios, como em geral dados monetários,
passado, melhores do que os do govêmo central. A partir de 1897, quando come
1950 6 mil vezes maior que o déficit
Um dos maiores
devem ser medidos de acordo com o
çou uma estatística mais ou menos uni
valor aquisitivo da moeda nas diversas
forme das finanças estaduais, são rarís-
épocas ou em relação a outros valores
simos os anos nos qüais os Estados, no
monetários da mesma época.
seu conjunto, acusaram um ligeiro su
Decerto, o fator primordial dos dé ficits é sua freqüência. Mesmo peque nos déficits tomam-se nefastos quando
perávit.
As séries de exercícios defi
citários são, nos Estados, ainda mais
longas que na União. No Estado de
Nos 128 anos desde a
São Paulo verificam-se, nos últimos 53
Independência, houve apenas 21 exercí cios nos quais a execução orçamentária deixou superávit ou terminou virtual
anos, apenas cinco (1899, 1900, 1904,
se acumulam.
1943 e 1944) com superavits. De 1905
mente por um equilíbrio da receita e
a 1942, houve déficits sem interrupção. A percentagem de déficits era, em ge
despesa. Em 107 anos as finanças do
ral, mais módica do que a da União,
govêrno central acusaram déficit. Com outras palavras, sòmente num ano em
ficits entre 15 e 30%. O maior déficit,
seis, em média, a receita orçamentária
foi suficiente para custear a despesa. Essa "média", porém, é meramente aritmética. Na realidade, houve pe ríodos até de dezenove anos (1908-1926)
mas não faltaram anos difíceis, com dé
de 40%, verificou-se em 1905, quando a despesa atingiu 112 mil contos e a recei
ta apenas 67 mil. No mesmo ano, aliás, a União alcançou um superávit apre- , ciável.
sem um só orçamento equilibrado.
Em todos os períodos do Império e
Déficits. extraorçainentários
da República repetiam-se exercícios nos
quais o déficit foi igual a rim quarto ou a um têrço da despesa. Em vários anos (1826, 1867/8, 1897) mais que 50% da despesa ficaram sem cobertura. Sob esse ponto de vista, pode-se verificar
Ainda que os dados acima mencio nados provenham de fontes impecáveis (IBGE, Contadoria Geral da União,
certo progresso. O último déficit exor bitante, de 40% da despesa, registou-se
certos. A dúvida não se refere à exati
Consellio Técnico de Economia e Finan
ças), não os consideramos absolutamente dão dos algarismos, e sim à sua signifi
em 1932, no clímax dá crise mundial,
cação metodológica.
ano de graves conflitos internes. Todavia, é digno de ser notado que os
que, ainda dentro da mesma série, os
É quase certo
têrmos "saldo" e "déficit" nem sempre
grandes déficits nem sempre coincidem com períodos de perturbações econô
têm o mesmo sentido.
micas e políticas. Êsse fato confirmou-se
aplicada de maneira pouco uniforme, e
A palavra "déficit" foi, no passado,
Digesto EcoNÓKnco 12
é até Pioje, não somente no Brasil, um
13
Dicesto Econômico
cular o déficit total do govêmo no pas sado, clevcr-se-ia analisar, ano por ano,
No Brasil, como sc sabe, a cobertura
dos vocábulos menos bem definidos da
vidades da economia particular, é acio nista de empresas industriais, proprie
terminologia financeira. À primeira vis
tário de ouro c divisas, tem sob seu con
ta, a noção de "déficit" parece comple tamente clara e simples. "Déficit" sig
des públicas.
trole fundos das mais diversas espécies.
tado seria um déficit ainda muito maior
Todas essas funções determinam transa
prazo no Banco do Brasil.
que o evidenciado nas contas orçamen
nifica, em Latim, "falta", e é esse tam bém seu sentido financeiro: déficit é o
ções financeiras que na maior parte fi
tárias.
cam fora do orçamento. Na balança fi
nao tem disponibilidades suficientes para fornecer ao Tesouro os meios necessiírios,
excedente da despesa sobre a receita.
nanceira da União, relativa ao exercício
Mas, o que é a despesa, e o que é receita? Nesse ponto começam as incer
rias representam 30S do movimento to
tal, ou sejam, 6,8 bilhões de cruzeiros. É de salientar que ês.se montante vo lumoso se refere a um exercício no qual o orçamento da União era equilibrado.
Nem todas as despesas e nem tôdas as orçamento. É, aparentemente, uma in
fração ao famoso "princípio da univer salidade" orçamentária, que,
Em exercícios deficitários, a parte extraorçamcntária é, via de regra, ainda maior.
segundo a fórmula do finan cista francês Edgard Allix, exige que se incorporem ao orçamento "de um lado, tô das as receitas, sem nada
Mesmo a balança finan
ceira da União não abrange tôdas as receitas e despe.sas
ocultar, por compensação ou por redução". Os dispo sitivos da Constituição da
União, de 1946, que tratam
A questão mais importante é natural
mente a de saber de que maneira o déficit pode ser coberto. Deve-se cons tatar que a ciência dos financistas não
tem feito grandes progres.sos a respeito. Já que o Legislativo não quer recorrer à criação de novos impostos — e a Cons tituição Federal interdita expressamente êsse caminho durante o exercício — res tam somente dois meios: o empréstimo e a alicnaçuo de bens governamentais
.sendo esta última medida aplicável ape
próprio.s orçamentos — e
mencionarmos em primeiro lugar a emis são de papel-moeda. - Mas êsse não é
cípio, mas Uie dão uma forma menos ri gorosa e mais prática. "O orçamento —
cursos também não diferem essencial
diz o art. 73 — será uno, incorporando-
Efeitofi inflacioiuírios
públicas. Grande parte de las é hoje admini-strada pe las autarquias, que têm seus seus próprios déficits. Vá rias dessas autarquias exercem funções tipicamente governamentais, e seus re
do orçamento, inspiram-se nesse prin
Pçovàvclmentc, o resul
de 1949, essas operações extraorçamentá-
tezas.
receitas do governo estão incluídas no
a situação financeira das diversas entida
nas em casos excepcionais.
Os leitores talvez se admirem por não ura meio geral. Os Estados e os Muni
cípios não podem emitir. Ora, também os governos centrais que monopolizam o
mente das rendas orçamentárias do go-
se à receita, obrigatoriamente, tôdas as
direito de emissão monetária não pro
vêrno.
rendas e suprimentos de fundos, e in
posto único que alimenta o Fundo Ro doviário e cuja renda pertence, na pro
cedem dessa maneira. Em todos os países civilizixdos, a emissão, com o fim
cluindo-se discriminadamente na des pesa as dotações necessárias ao custeio
Citamos, como exemplo, o im
porção de 60%, aos Estados e Municípios.
de todos os serviços públicos." Na aplicação desse dispositivo, boa parte das receitas e despesas fica, efe
Êsse imposto não é outra coisa que o conjunto das taxas aduaneiras sõbre lu
tivamente, fora do orçamento. Isso não
dizer, uma parte substancial do impôsto
acontece para "ocultar" receitas e des
pesas do governo, e sim para não infla-
de importação. Não obstante, não fi gura no orçamento, nem na balança fi
cionar nem complicar inutilmente o or
nanceira da União.
brificantes e combustíveis líquidos, quer
çamento. O Estado moderno tem inu
Se bem que as autarquias, na sua
meráveis tarefas fora dos serviços públi
forma atual, são de data relativamente
cos pròpriamente ditos. Funciona como
recente, receitas e despesas extraorçamentárias existiram sempre. Çara cal-
banqueiro, financia safras e outras ati
de cobrir o déficit do go\'erno, efetua-se através de uma operação de crédito. Nos países onde o direito de emissão é dele gado u um banco central, o Tesouro é forçado a dirigir-se a êle para obter di
nheiro. Mas, também nos raros países, como o Brasil, onde o próprio Tesouro Nacional faz as emissões, a lei monetá ria veda ao governo a criação direta de
papel-moeda para seus fins. O processo é mesmo mais complicado que nos paí ses que possuem banco de emissão.
do déficit mediante emissão de papelmoeda implica três fases. O Tesouro Nacional toma um empréstimo a curto Se o Banco -
leva títulos comerciais selecionados à
Carteira de Redescontos. Essa, por seu
lado, dirige-se au Tesouro, pedindo emi.ssao do papel-moeda.
A moeda
emitida passa, pois, da Carteira de Re descontos ao Banco do Brasil, e daí áo Tesouro.
Todas essas operações são formalmente operações de crédito, com juros e
^
^
prazo para o resgate. Mas, se o resga- . . te não fõr possível, faz-se, de vez em
quando, uma liquidação triangular. Sendo cada um dos três participantes — ' Tesouro, Carteira de Redescontos e Banco do Brasil — simultàneamente cre
dor e devedor do me.smo montante, po de-se facilmente extinguir a dívida, en quanto o papel-moeda emitido continua
em circulação. A última liquidação des te gênero realizou-se em fevereiro de
1947. Porém, é possível também uma
prolongação dos empréstimos por tempo indefinido, tendo apenas o Banco do Brasil de renovar, cada seis meses, os
títulos entregues à carteira pai-a o re desconto. Uma forma menos elegante, utilizada até há poucos anos, é o redes conto de títulos do Tesouro, em vez de
títulos comerciais. No fundo, o processo é o mesmo.
Inútil dizer que o financiamento do déficit mediante emissões de papelmoeda é, de tôdas as medidas finan
ceiras, a menos desejável, em vista das suas repercussões inflacionárias. Os mes
tres das finanças públicas sempre con denaram êsse método. Existem, porém.
/
Digesto EcoNÓKnco 12
é até Pioje, não somente no Brasil, um
13
Dicesto Econômico
cular o déficit total do govêmo no pas sado, clevcr-se-ia analisar, ano por ano,
No Brasil, como sc sabe, a cobertura
dos vocábulos menos bem definidos da
vidades da economia particular, é acio nista de empresas industriais, proprie
terminologia financeira. À primeira vis
tário de ouro c divisas, tem sob seu con
ta, a noção de "déficit" parece comple tamente clara e simples. "Déficit" sig
des públicas.
trole fundos das mais diversas espécies.
tado seria um déficit ainda muito maior
Todas essas funções determinam transa
prazo no Banco do Brasil.
que o evidenciado nas contas orçamen
nifica, em Latim, "falta", e é esse tam bém seu sentido financeiro: déficit é o
ções financeiras que na maior parte fi
tárias.
cam fora do orçamento. Na balança fi
nao tem disponibilidades suficientes para fornecer ao Tesouro os meios necessiírios,
excedente da despesa sobre a receita.
nanceira da União, relativa ao exercício
Mas, o que é a despesa, e o que é receita? Nesse ponto começam as incer
rias representam 30S do movimento to
tal, ou sejam, 6,8 bilhões de cruzeiros. É de salientar que ês.se montante vo lumoso se refere a um exercício no qual o orçamento da União era equilibrado.
Nem todas as despesas e nem tôdas as orçamento. É, aparentemente, uma in
fração ao famoso "princípio da univer salidade" orçamentária, que,
Em exercícios deficitários, a parte extraorçamcntária é, via de regra, ainda maior.
segundo a fórmula do finan cista francês Edgard Allix, exige que se incorporem ao orçamento "de um lado, tô das as receitas, sem nada
Mesmo a balança finan
ceira da União não abrange tôdas as receitas e despe.sas
ocultar, por compensação ou por redução". Os dispo sitivos da Constituição da
União, de 1946, que tratam
A questão mais importante é natural
mente a de saber de que maneira o déficit pode ser coberto. Deve-se cons tatar que a ciência dos financistas não
tem feito grandes progres.sos a respeito. Já que o Legislativo não quer recorrer à criação de novos impostos — e a Cons tituição Federal interdita expressamente êsse caminho durante o exercício — res tam somente dois meios: o empréstimo e a alicnaçuo de bens governamentais
.sendo esta última medida aplicável ape
próprio.s orçamentos — e
mencionarmos em primeiro lugar a emis são de papel-moeda. - Mas êsse não é
cípio, mas Uie dão uma forma menos ri gorosa e mais prática. "O orçamento —
cursos também não diferem essencial
diz o art. 73 — será uno, incorporando-
Efeitofi inflacioiuírios
públicas. Grande parte de las é hoje admini-strada pe las autarquias, que têm seus seus próprios déficits. Vá rias dessas autarquias exercem funções tipicamente governamentais, e seus re
do orçamento, inspiram-se nesse prin
Pçovàvclmentc, o resul
de 1949, essas operações extraorçamentá-
tezas.
receitas do governo estão incluídas no
a situação financeira das diversas entida
nas em casos excepcionais.
Os leitores talvez se admirem por não ura meio geral. Os Estados e os Muni
cípios não podem emitir. Ora, também os governos centrais que monopolizam o
mente das rendas orçamentárias do go-
se à receita, obrigatoriamente, tôdas as
direito de emissão monetária não pro
vêrno.
rendas e suprimentos de fundos, e in
posto único que alimenta o Fundo Ro doviário e cuja renda pertence, na pro
cedem dessa maneira. Em todos os países civilizixdos, a emissão, com o fim
cluindo-se discriminadamente na des pesa as dotações necessárias ao custeio
Citamos, como exemplo, o im
porção de 60%, aos Estados e Municípios.
de todos os serviços públicos." Na aplicação desse dispositivo, boa parte das receitas e despesas fica, efe
Êsse imposto não é outra coisa que o conjunto das taxas aduaneiras sõbre lu
tivamente, fora do orçamento. Isso não
dizer, uma parte substancial do impôsto
acontece para "ocultar" receitas e des
pesas do governo, e sim para não infla-
de importação. Não obstante, não fi gura no orçamento, nem na balança fi
cionar nem complicar inutilmente o or
nanceira da União.
brificantes e combustíveis líquidos, quer
çamento. O Estado moderno tem inu
Se bem que as autarquias, na sua
meráveis tarefas fora dos serviços públi
forma atual, são de data relativamente
cos pròpriamente ditos. Funciona como
recente, receitas e despesas extraorçamentárias existiram sempre. Çara cal-
banqueiro, financia safras e outras ati
de cobrir o déficit do go\'erno, efetua-se através de uma operação de crédito. Nos países onde o direito de emissão é dele gado u um banco central, o Tesouro é forçado a dirigir-se a êle para obter di
nheiro. Mas, também nos raros países, como o Brasil, onde o próprio Tesouro Nacional faz as emissões, a lei monetá ria veda ao governo a criação direta de
papel-moeda para seus fins. O processo é mesmo mais complicado que nos paí ses que possuem banco de emissão.
do déficit mediante emissão de papelmoeda implica três fases. O Tesouro Nacional toma um empréstimo a curto Se o Banco -
leva títulos comerciais selecionados à
Carteira de Redescontos. Essa, por seu
lado, dirige-se au Tesouro, pedindo emi.ssao do papel-moeda.
A moeda
emitida passa, pois, da Carteira de Re descontos ao Banco do Brasil, e daí áo Tesouro.
Todas essas operações são formalmente operações de crédito, com juros e
^
^
prazo para o resgate. Mas, se o resga- . . te não fõr possível, faz-se, de vez em
quando, uma liquidação triangular. Sendo cada um dos três participantes — ' Tesouro, Carteira de Redescontos e Banco do Brasil — simultàneamente cre
dor e devedor do me.smo montante, po de-se facilmente extinguir a dívida, en quanto o papel-moeda emitido continua
em circulação. A última liquidação des te gênero realizou-se em fevereiro de
1947. Porém, é possível também uma
prolongação dos empréstimos por tempo indefinido, tendo apenas o Banco do Brasil de renovar, cada seis meses, os
títulos entregues à carteira pai-a o re desconto. Uma forma menos elegante, utilizada até há poucos anos, é o redes conto de títulos do Tesouro, em vez de
títulos comerciais. No fundo, o processo é o mesmo.
Inútil dizer que o financiamento do déficit mediante emissões de papelmoeda é, de tôdas as medidas finan
ceiras, a menos desejável, em vista das suas repercussões inflacionárias. Os mes
tres das finanças públicas sempre con denaram êsse método. Existem, porém.
/
Dige:sto Econômico
14
alguns heréticos, tal o reputado econo mista ameriçano Abbe Lerner, que con sidera, em certas circunstâncias, n
emissão de papel-moeda menos perigosa do que o acréscimo da dívida pública. Infelizmente, os países que se vôem obri gados a recorrer a emissões de papelmoeda para fins governamentais não tèm
mesmo a possibilidade de optar por um ou outro método.
Emitem moeda por
não poderem colocar títulos da dívida pública. A existência de um mercado amplo e bem organizado para títulos públicos é, portanto, a primeira condição para evitar os efeitos inflacionilrios do déficit orçamentário.
Industrialização e Energia Elétrica Aldo M. Azevedo
ACONTECIMENTOS quc dependem
de fatores remotos, atuando a longo prazo e à distância.
mundo do
acham capacitados para instalar e dirigir
oportunismo, dirigido por mentalidades
êsses serviços, é um perigoso contrassenso
ímediatistas, essas causas longínquas não são percebidas e apreendidas, do que
estabelecer empecilhos e barreiras à ini
resultam
Num
males iiTeniecliá\eis. Geral
mente lamentamos a ocorrência e pro curamos uin "culpado" próximo, que responda perante o público pelo aconte cido.
Não descobrindo os verdadeiros
causadores da situação presente, esta mos cometendo uma injustiça e — o que ".
i
de serviços públicos. Em país como o nosso, cujos governos ainda não se
é importante — estamos permitindo, por omissão, que as futuras gerações repi tam o mesmo erro.
A deficiência de energia elétrica com que iremos lutar dentro de pouco tem po, tanto nas metrópoles como no inte rior do Brasil, é um desses acontecimen
tos cujas verdadeiras origens remontam
ciativa privada, em setores tão impor tantes como os que se relacionam com
os serviços públicos. Mas, os pernicio sos efeitos não surgem de repente. Nes ses casos, raramente é possível aplicar o raciocínio simplista do "ijost hoc, ergo propter hoc" tão usual no brasileiro. Leis hoje votadas e sancionadas poderão manifestar seus efeitos daqui a dez ou vinte anos. (Discute-se na Câmara dos
Deputados federal um projeto de lei que regula o regime das empresas concessio nárias de serviços piíblicos. Sua reda ção, conforme foi publicada no "Diário do Congresso Nacional" em 31 dc agos to de 1949, vai tomar impraticável, por
a anos passados, sem falar de nossa má
entidades de natureza privada, a execu
formação econômica e da tradicional
ção de serviços de utilidade pública, tais
administração financeira dos nossos go
são as restrições e riscos que impõe so
vernos, sempre propensos a despender mais do que recolhem, cobrindo a dife
trapartida de garantias e segurança que
rença com emissões de dinheiro ou de tí
o atraia para esse tipo de atividade).
tulos. A tradição colonial portuguesa nos deixou a mentalidade aburguesada do capitalista proprietíírio de títulos pú
bre o capital particular, sem uma con
Os grandes lucros fáceis, obtidos du rante á-guerra à custa da inflação e da escassez de mercadorias ~ é preciso não
blicos e imóveis, uns com rendimento alto garantido e outros sempre a se va lorizarem em função da depreciação mo
esquecer — resultaram em grande escala
netária.
sideráveis. Basta dizer que nos últimos
Leis 6 regulamentos, promulgados em tempos de excessivo nacionalismo cen
sete anos o consumo duplicou em São Paulo. A civilização contemporânea das
tralizador, foram atuando no sentido de
grandes metrópoles não pode prescindir por um só momento da corrente elétri ca, ,que movimenta elevadores, ilumina
desinteressar o capitalista em aplicar os seus recursos economizados em empresas
de atividades industriais consumidoras
de energia elétrica em quantidades con
Dige:sto Econômico
14
alguns heréticos, tal o reputado econo mista ameriçano Abbe Lerner, que con sidera, em certas circunstâncias, n
emissão de papel-moeda menos perigosa do que o acréscimo da dívida pública. Infelizmente, os países que se vôem obri gados a recorrer a emissões de papelmoeda para fins governamentais não tèm
mesmo a possibilidade de optar por um ou outro método.
Emitem moeda por
não poderem colocar títulos da dívida pública. A existência de um mercado amplo e bem organizado para títulos públicos é, portanto, a primeira condição para evitar os efeitos inflacionilrios do déficit orçamentário.
Industrialização e Energia Elétrica Aldo M. Azevedo
ACONTECIMENTOS quc dependem
de fatores remotos, atuando a longo prazo e à distância.
mundo do
acham capacitados para instalar e dirigir
oportunismo, dirigido por mentalidades
êsses serviços, é um perigoso contrassenso
ímediatistas, essas causas longínquas não são percebidas e apreendidas, do que
estabelecer empecilhos e barreiras à ini
resultam
Num
males iiTeniecliá\eis. Geral
mente lamentamos a ocorrência e pro curamos uin "culpado" próximo, que responda perante o público pelo aconte cido.
Não descobrindo os verdadeiros
causadores da situação presente, esta mos cometendo uma injustiça e — o que ".
i
de serviços públicos. Em país como o nosso, cujos governos ainda não se
é importante — estamos permitindo, por omissão, que as futuras gerações repi tam o mesmo erro.
A deficiência de energia elétrica com que iremos lutar dentro de pouco tem po, tanto nas metrópoles como no inte rior do Brasil, é um desses acontecimen
tos cujas verdadeiras origens remontam
ciativa privada, em setores tão impor tantes como os que se relacionam com
os serviços públicos. Mas, os pernicio sos efeitos não surgem de repente. Nes ses casos, raramente é possível aplicar o raciocínio simplista do "ijost hoc, ergo propter hoc" tão usual no brasileiro. Leis hoje votadas e sancionadas poderão manifestar seus efeitos daqui a dez ou vinte anos. (Discute-se na Câmara dos
Deputados federal um projeto de lei que regula o regime das empresas concessio nárias de serviços piíblicos. Sua reda ção, conforme foi publicada no "Diário do Congresso Nacional" em 31 dc agos to de 1949, vai tomar impraticável, por
a anos passados, sem falar de nossa má
entidades de natureza privada, a execu
formação econômica e da tradicional
ção de serviços de utilidade pública, tais
administração financeira dos nossos go
são as restrições e riscos que impõe so
vernos, sempre propensos a despender mais do que recolhem, cobrindo a dife
trapartida de garantias e segurança que
rença com emissões de dinheiro ou de tí
o atraia para esse tipo de atividade).
tulos. A tradição colonial portuguesa nos deixou a mentalidade aburguesada do capitalista proprietíírio de títulos pú
bre o capital particular, sem uma con
Os grandes lucros fáceis, obtidos du rante á-guerra à custa da inflação e da escassez de mercadorias ~ é preciso não
blicos e imóveis, uns com rendimento alto garantido e outros sempre a se va lorizarem em função da depreciação mo
esquecer — resultaram em grande escala
netária.
sideráveis. Basta dizer que nos últimos
Leis 6 regulamentos, promulgados em tempos de excessivo nacionalismo cen
sete anos o consumo duplicou em São Paulo. A civilização contemporânea das
tralizador, foram atuando no sentido de
grandes metrópoles não pode prescindir por um só momento da corrente elétri ca, ,que movimenta elevadores, ilumina
desinteressar o capitalista em aplicar os seus recursos economizados em empresas
de atividades industriais consumidoras
de energia elétrica em quantidades con
Dicesto Econômico'
passagens escuras, faz rodar os motores das fábricas que dão ganha-pão a mi lhares e milhares de pessoas, produz os raios X dos gabinetes médicos c motiva as reações químicas eletrolíticas.
(Há
monetária do govênio, resultante da exe cução orçamentária, da balança de con tas dü país e da aplicação dos dinheiros
públicos, propiciar a depreciação da moeda, interna ou externamente, certa
Digfsto EcoNÓAacO
crise fantástica que está por vir nada produzirão de benéfico para sua solu ção. Os que gritam, geralmente dirigem suas queixas contra as emprêsas de ele tricidade, sem considerar o fato de que
17
da dágua até a distribuição, é da or dem de Cr$ 10.000,00 por quilowatt. •Êsse número é impressionante. Nessa base, o capital necessário para dotar São Paulo de uma capacidade igual à que só um grupo de emprêsas (São Paulo Light) lhe fornece atualmente é apro
pouco tempo, uma temporária interrup ção no abastecimento de energia elétri ca da Capital Federal provocou um ver dadeiro colapso, impedindo até a circu
mente agravar-.se-á a crise de cnerg' elétrica, poríjuc se tornarão mais difíceis as aquisições dc máquinas c turbinas, aparelhos e instnimentos, que absorvem
te de seus lucros ou reservas para subs
lação dos automó\'eis nas ruas, pois os
cérca de 40" do \alor total das instala
crever ações ou debêntures das compa
postos de gasolina dependem da eletrici dade para bombear o combustível dos
ções, segundo cálciilo.s feitos pelos en
custa Cr$ 10.000,00, e devemos atribuir
tendidos. Se as leis reguladoras das con
depósitos subterrâneos até os tanques dos
cessões de serviços públicos mantiverem
nhias que receberam as concessões para fornecimento de energia elétrica. (Aliás, o mesmo se pode dizer dos que recla
veículos).
dispositivos assustadores, restritivos de lucros, ou que tornem a propriedade dos instnimentos de produção precária e ilu
mam contra as deficiências das nossas
Por seu lado, os grandes lucros fáceis atraem os capitais excessivamente, am
ninguém mais se interessa em oferecer capitai.s para estradas de ferro ou em
agravará as condições vigentes — então é certo que ninguém
pelo menos 10% de rendimento para ês se capital, segue-se que uma reniime-
poucas estradas de ferro que ainda são
propriedade de emprêsas particulares, criticando a falta de transportes, cuja ca pacidade depende diretamente das dis ponibilidades de capitais a serem inves tidos em suas atividades). Do ponto de vista da harmonia eco
às empresas de serviços públi
para uma conciliação que a resolverá: —
de ser avaliada na base de 50% em mé
cos. E, se os lucros das ope
lucros menores nas indústrias e nos títu
rações industriais e do merca
los públicos; lucros maiores na produção • na distribuição da energia elétrica.
dia, por ano, considerando-se os domin gos, feriados etc. Assim, um simples cálculo permite conhecer que cada kw instalado produz e distribui em média
do financeiro na Bôlsa de Va
lores Mobiliários — que alcançam rendi mentos de mais de 30% para os primei ros e de 22% em Bônus Rotativos do Estado de São Paulo - não sofrerem
(debêntures). {").
uma redução saneadora, nenhum cru
4380 kwh por ano. Só para remunerar o capital, à ta.xa módica de 10% ao ano, O custo das instalações geradoras de
necessitamos de Cr$ 1.000,00, ou seja
eletricidade é hoje muito elevado. As
zeiro se encaminhará para investimentos
emprêsas que funcionam no Brasil, qua
Cr§.0,23 (vinte e três centavos) por kwh. (Em alguns lugares de São Paulo,
que, por lei, não podem oferecer mais
se tôdas com muitos lustros de ati\'ida-
o preço total do kwh cobrado dos con
de 10% de remuneração.
des, têm suas usinas e aparelhagem,
sumidores é igual ou inferior a essa par
suas represas e barragens, suas linhas de
cela. ..).
transmissão e de distribuição, construí
Mas, um quilowatt-hora de energia elétrica não é produzido somente pelo
Uma economia estruturada na forma
descrita não pode resistir à sua própria (•) O imposto de renda que recai sôbre as debêntures é atualmente de 15%. des
Há mais ainda. Se cada kw instalado
nômica, cuja fòrça é imensa e persis
da, como promete o referido projeto em
presas de energia elétrica, nem mesmo em títulos hipotecários de renda certa
Consideremos, porém, que essa situa ção não poderá perdurar. Se a política
Cr$ 5.000.000.000,00
tente, a situação tenderá naturalmente
andamento no Congresso Nacional, que
próprios títulos, então compre enderemos a razão pela qual
de
será bastante desprendido de
baixa da cotação dos títulos de bôlsa cujo rendimento não está na proporção daqueles. Se a essa
que faz do govêmo o maior fa
ximadamente
(isto é, cinco milhões de contos de réis).
seus liaveres para os entregar
sória, com uma desapropriação antecipa
tor da baixa cotação de seus
pela força elétrica de que dispõem, nunca sc lembraram de desviar uma par
ração de Cr$ 1.000,00, iwr ano e por kw, deverá ser prevista. Ora, na prática, as instalações não trabalham a plena car ga durante as 24 horas do dia. Nem é aconselhável que as emprê.sas vivam com a sua capacidade instalada no nível da demanda, pois é indispensável conservar uma reserva de capacidade para as ho ras críticas e por ocasião dos acidentes. A utilização da capacidade instalada po
pliando desmedidamente a produção in dustrial e provocando, indiretamente, a
circunstância juntar-se uma po lítica financeira mal orientada,
eles, como consumidores c beneficiados
contradição destruídora.
das por preços antigos, muito menores
Dentro de algum tempo, as indústrias
que os atuais, o que lhes permite
valor da remuneração do capital. A êste,
contados na fonte de pagamento dos ren dimentos, enquanto que os títulos da di
não terão mais energia para movimentar
manter tarifas relativamente baratas e
outras parcelas de custo, mais irnportan-
vina pública sofrem uma taxação de 6%,
seus motores e máquinas de imprimir
que muito favorecem os consumidores.
tes e valiosas, devem ser adicionadas;
dor", tão mais injusto quando as debêntu
lucros.
donde .se infere que o preço de venda
res são emitidas por emprêsas "de servi
Os clamores que já se levantam em alguns setores e regiões precursores da
Segundo os cálculos de pessoas bem in formadas a respeito, o custo de uma usi
do kwh andará, em futirro breve, em ní
na de grande capacidade, desde a toma
veis muito mais altos do que os que
tmtamento desigual de títulos "ao porta
ços públicos". Uma equiparação de trata mento fiscal se impõe, portanto.
Dicesto Econômico'
passagens escuras, faz rodar os motores das fábricas que dão ganha-pão a mi lhares e milhares de pessoas, produz os raios X dos gabinetes médicos c motiva as reações químicas eletrolíticas.
(Há
monetária do govênio, resultante da exe cução orçamentária, da balança de con tas dü país e da aplicação dos dinheiros
públicos, propiciar a depreciação da moeda, interna ou externamente, certa
Digfsto EcoNÓAacO
crise fantástica que está por vir nada produzirão de benéfico para sua solu ção. Os que gritam, geralmente dirigem suas queixas contra as emprêsas de ele tricidade, sem considerar o fato de que
17
da dágua até a distribuição, é da or dem de Cr$ 10.000,00 por quilowatt. •Êsse número é impressionante. Nessa base, o capital necessário para dotar São Paulo de uma capacidade igual à que só um grupo de emprêsas (São Paulo Light) lhe fornece atualmente é apro
pouco tempo, uma temporária interrup ção no abastecimento de energia elétri ca da Capital Federal provocou um ver dadeiro colapso, impedindo até a circu
mente agravar-.se-á a crise de cnerg' elétrica, poríjuc se tornarão mais difíceis as aquisições dc máquinas c turbinas, aparelhos e instnimentos, que absorvem
te de seus lucros ou reservas para subs
lação dos automó\'eis nas ruas, pois os
cérca de 40" do \alor total das instala
crever ações ou debêntures das compa
postos de gasolina dependem da eletrici dade para bombear o combustível dos
ções, segundo cálciilo.s feitos pelos en
custa Cr$ 10.000,00, e devemos atribuir
tendidos. Se as leis reguladoras das con
depósitos subterrâneos até os tanques dos
cessões de serviços públicos mantiverem
nhias que receberam as concessões para fornecimento de energia elétrica. (Aliás, o mesmo se pode dizer dos que recla
veículos).
dispositivos assustadores, restritivos de lucros, ou que tornem a propriedade dos instnimentos de produção precária e ilu
mam contra as deficiências das nossas
Por seu lado, os grandes lucros fáceis atraem os capitais excessivamente, am
ninguém mais se interessa em oferecer capitai.s para estradas de ferro ou em
agravará as condições vigentes — então é certo que ninguém
pelo menos 10% de rendimento para ês se capital, segue-se que uma reniime-
poucas estradas de ferro que ainda são
propriedade de emprêsas particulares, criticando a falta de transportes, cuja ca pacidade depende diretamente das dis ponibilidades de capitais a serem inves tidos em suas atividades). Do ponto de vista da harmonia eco
às empresas de serviços públi
para uma conciliação que a resolverá: —
de ser avaliada na base de 50% em mé
cos. E, se os lucros das ope
lucros menores nas indústrias e nos títu
rações industriais e do merca
los públicos; lucros maiores na produção • na distribuição da energia elétrica.
dia, por ano, considerando-se os domin gos, feriados etc. Assim, um simples cálculo permite conhecer que cada kw instalado produz e distribui em média
do financeiro na Bôlsa de Va
lores Mobiliários — que alcançam rendi mentos de mais de 30% para os primei ros e de 22% em Bônus Rotativos do Estado de São Paulo - não sofrerem
(debêntures). {").
uma redução saneadora, nenhum cru
4380 kwh por ano. Só para remunerar o capital, à ta.xa módica de 10% ao ano, O custo das instalações geradoras de
necessitamos de Cr$ 1.000,00, ou seja
eletricidade é hoje muito elevado. As
zeiro se encaminhará para investimentos
emprêsas que funcionam no Brasil, qua
Cr§.0,23 (vinte e três centavos) por kwh. (Em alguns lugares de São Paulo,
que, por lei, não podem oferecer mais
se tôdas com muitos lustros de ati\'ida-
o preço total do kwh cobrado dos con
de 10% de remuneração.
des, têm suas usinas e aparelhagem,
sumidores é igual ou inferior a essa par
suas represas e barragens, suas linhas de
cela. ..).
transmissão e de distribuição, construí
Mas, um quilowatt-hora de energia elétrica não é produzido somente pelo
Uma economia estruturada na forma
descrita não pode resistir à sua própria (•) O imposto de renda que recai sôbre as debêntures é atualmente de 15%. des
Há mais ainda. Se cada kw instalado
nômica, cuja fòrça é imensa e persis
da, como promete o referido projeto em
presas de energia elétrica, nem mesmo em títulos hipotecários de renda certa
Consideremos, porém, que essa situa ção não poderá perdurar. Se a política
Cr$ 5.000.000.000,00
tente, a situação tenderá naturalmente
andamento no Congresso Nacional, que
próprios títulos, então compre enderemos a razão pela qual
de
será bastante desprendido de
baixa da cotação dos títulos de bôlsa cujo rendimento não está na proporção daqueles. Se a essa
que faz do govêmo o maior fa
ximadamente
(isto é, cinco milhões de contos de réis).
seus liaveres para os entregar
sória, com uma desapropriação antecipa
tor da baixa cotação de seus
pela força elétrica de que dispõem, nunca sc lembraram de desviar uma par
ração de Cr$ 1.000,00, iwr ano e por kw, deverá ser prevista. Ora, na prática, as instalações não trabalham a plena car ga durante as 24 horas do dia. Nem é aconselhável que as emprê.sas vivam com a sua capacidade instalada no nível da demanda, pois é indispensável conservar uma reserva de capacidade para as ho ras críticas e por ocasião dos acidentes. A utilização da capacidade instalada po
pliando desmedidamente a produção in dustrial e provocando, indiretamente, a
circunstância juntar-se uma po lítica financeira mal orientada,
eles, como consumidores c beneficiados
contradição destruídora.
das por preços antigos, muito menores
Dentro de algum tempo, as indústrias
que os atuais, o que lhes permite
valor da remuneração do capital. A êste,
contados na fonte de pagamento dos ren dimentos, enquanto que os títulos da di
não terão mais energia para movimentar
manter tarifas relativamente baratas e
outras parcelas de custo, mais irnportan-
vina pública sofrem uma taxação de 6%,
seus motores e máquinas de imprimir
que muito favorecem os consumidores.
tes e valiosas, devem ser adicionadas;
dor", tão mais injusto quando as debêntu
lucros.
donde .se infere que o preço de venda
res são emitidas por emprêsas "de servi
Os clamores que já se levantam em alguns setores e regiões precursores da
Segundo os cálculos de pessoas bem in formadas a respeito, o custo de uma usi
do kwh andará, em futirro breve, em ní
na de grande capacidade, desde a toma
veis muito mais altos do que os que
tmtamento desigual de títulos "ao porta
ços públicos". Uma equiparação de trata mento fiscal se impõe, portanto.
18
Digesto
vigem atualmente.
Nenhum industrial
pode pressupor que sua produção será movida, nos anos que vêm, com energia elétrica (se é que a terão suficiente) barata. Provàvelmente, ela logo alcan çará o preço de Cr$ 1,00 por kwh a fim de remunerar a mão-de-obra, os mate
obras e materiais pagos com cruzeiros. Os restantes 40% — que representam Cr$ 2.000.000.000,00 ou
US$ 100.000.000,00 — deverão ser apli cados na aquisição de máquinas e apa
relhagem que ainda não podemos fabri car no Brasil.
riais gastos e as depreciações das insta
lações, além de seu capital.
Econômico
Como levantar êsse capital ?. . . Quem so
interessará
em
subscrevê-lo ?. ..
Aqui ?. . . No estrangeiro ?. . . Não, se forem mantidas ou agravadas
■Essa perspectiva, por si só, já é alar mante. Mas, há o problema do capital
necessário para restabelecer o equilíbrio
as condições atuais, relativas às conces
sões de sei^nços
públicos a empresas
particulares.
1
Digesto
Econômico
19
elas são suas. Os demais, tão numerosos
que somam quantias consideráveis do economias desviadas da industrialização,
poderiam reservar boa parte delas pa ra apbcar em emprêsas concessionárias
de serviços públicos, mesmo que essa providência lhes viesse render muito me
nos.
Êsse aparente sacrifício seria cer
tamente compensado com o aumento das
disponibilidades de energia elétrica para
a nação, do que depende diretamente a expansão industrial com todos os seus
corolários de elevação do padrão de
entro a? necessidades das indústrias e a
vida.
ca'pacidade das usinas.
Quando alguém sai a campo para de fender uma tese pouco utilitária e ins pirada no espírito altruísta, como essa,
Com base no crescimento verificado
nós. últimos decênios, a parlir de 1910 póde-se prever que o Brasil necessita de uma capacidade instalada, em 1950,
de 2.soo.000 kw, dos quais a metade devena servir ao Estado de São Paulo. Em 1948. as instalações dás usinas elétricas em nosso Estado somavam &50.000 kw
Nessa altura, podemos perguntar ; — Se os industriais ficarem sem energia
elétrica para suas expansões e novas fá
bricas, que farão ?. . . Creio que a resposta é .simple.s, e lo go ocorre a qualquer um : — muitos dos grandes industriais, - mais poderosos o dispondo de capitais
em números redondos; donde a
existência de um "déficit" pro vável de capacidade geradora de 600.000 kw naquele ano. Com as ihs^talações inauguradas e a inaugurar-se até ano corrente, podemos reduzir aquê-
le desfalque a meio milhão de quilo watts.
Se aplicarmos o orçamento já referido de Cr$ 10.000,00 por kw instalado, che garemos a imponente importância dos
capitais necessários para manter êsse ritmo de crescimento, ou sejam CINCO BILHÕES DE CRUZEIROS. E isso, só refere ao Estado de São Paulo. . .
•e total de capitais que deverão ser 'dos na indústria de eletricidade, •60% serão gastos no Brasil, em
próprios,
construirão
.suas usinas hidráulicas ou tér
micas, assegurando assim, em
bora por preço mais alto, um fornecimento ininterrupto e elástico pa
sempre aparece o curioso,
eivado de
amargo pessimismo, a indagar; — "Quem inicia o movimento, subscrevendo de-
bêntures de emprêsas de eletricida
de
De fato, é preciso que um co
mece e dê o exemplo. Se cada qual esperar pelo outro, então é certo qué fi carão todos sem eletricidade. . .
Mas, a questão não fica apenas no terreno da iniciativa particular. Há nu merosas autarquias e companhias de ca
ra suas atividades manufatureiras. Quan
pitalização obrigatória, cujos recursos têm
to aos pequenos industriais, sua sorte é menos promissora, porque ficarão em si
lei. Imensos capitais se acumulam conti
tuação de
estacionar ou
abandonar o
campo de atividade fabril. Êstes pas sarão a engrossar o número dos que pre ferem ficar sossegados, aplicando suas economias em apólices da dívida públi ca ou em imóveis, a despeito dos rigo
res da lei do inquilinato que nunca se acaba. . .
Ora, cs primeiros não estão fazendo outra coisa senão "investir capitais em
emprêsas elétricas".
A diferença é que
progresso a energia elétrica, invadiu nos sos parlamentos. As leis são feitas "con tra" os que desejam cooperar para a expansão industrial do Brasil...
destino e aplicação determinados por
nuamente nas Caixas Econômicas, nos
Institutos de Previdência e nas Compa nhias de Seguros e Capitalização. For
Outra questão importantíssima, ligada ao mesmo problema da industrialização e do necessário abastecimento de ener
gia elétrica, é de natureza social e diz respeito à descentralização das atiridades fabris.
Está hoje comprovado que as metró poles gigantescas são um grave erro téc nico.
Nós, no Brasil, ainda estamos fe
lizmente no princípio do caminho e po deremos aproveitar a experiência alheia para corrigir nossa evolução, sem repro duzir as falhas e deficiências dos que estão na nossa frente.
Encarada sob êsse ponto de xdsta, a
questão da eletricidade dá maior ênfase à necessidade de abastecer as cidades
do interior, permitindo-lhes uma indus trialização que muitas aguardam, espe rançosas do aumento de capiacidade da suas fontes de .energia elétrica.
O ta
manho ideal de cidade do interior, pron
ta para uma industrialização razoável, ó o de Piracicaba, Jundiaí, São Carlos, Rio Claro, Itapetininga, Taubaté, Lorena. Por outro lado. não podemos esquecer
a eletrificação das fazendas e das ativi dades rurais,
desenvolvimento
fatal a
que não aproveitá-los ?. . . Uma legisla
que deveremos chegar dentro de algum
ção adequada poderia permitir a essas entidades a aquisição de títulos hipote
geração, se não quisermos perecer como
tempo, talvez no período de uma nova
cários ou a realização de empréstimos ga
país "essencialmente agrícola".
rantidos, que se tomariam novas fontes abastecedoras de capitais nacionais pa ra as emprêsas de serviços públicos. O que se vê, porém, é o contrário. Um espírito demagógico, que parece desco nhecer o que representa para o nosso
Como realizar tal programa necessá rio, sem recursos para investimento em
emprêsas elétricas?. . . que o poder público,
Vamos esperar em virtude da
omissão continuada da iniciativa parti cular (como já acontece com as estra-
18
Digesto
vigem atualmente.
Nenhum industrial
pode pressupor que sua produção será movida, nos anos que vêm, com energia elétrica (se é que a terão suficiente) barata. Provàvelmente, ela logo alcan çará o preço de Cr$ 1,00 por kwh a fim de remunerar a mão-de-obra, os mate
obras e materiais pagos com cruzeiros. Os restantes 40% — que representam Cr$ 2.000.000.000,00 ou
US$ 100.000.000,00 — deverão ser apli cados na aquisição de máquinas e apa
relhagem que ainda não podemos fabri car no Brasil.
riais gastos e as depreciações das insta
lações, além de seu capital.
Econômico
Como levantar êsse capital ?. . . Quem so
interessará
em
subscrevê-lo ?. ..
Aqui ?. . . No estrangeiro ?. . . Não, se forem mantidas ou agravadas
■Essa perspectiva, por si só, já é alar mante. Mas, há o problema do capital
necessário para restabelecer o equilíbrio
as condições atuais, relativas às conces
sões de sei^nços
públicos a empresas
particulares.
1
Digesto
Econômico
19
elas são suas. Os demais, tão numerosos
que somam quantias consideráveis do economias desviadas da industrialização,
poderiam reservar boa parte delas pa ra apbcar em emprêsas concessionárias
de serviços públicos, mesmo que essa providência lhes viesse render muito me
nos.
Êsse aparente sacrifício seria cer
tamente compensado com o aumento das
disponibilidades de energia elétrica para
a nação, do que depende diretamente a expansão industrial com todos os seus
corolários de elevação do padrão de
entro a? necessidades das indústrias e a
vida.
ca'pacidade das usinas.
Quando alguém sai a campo para de fender uma tese pouco utilitária e ins pirada no espírito altruísta, como essa,
Com base no crescimento verificado
nós. últimos decênios, a parlir de 1910 póde-se prever que o Brasil necessita de uma capacidade instalada, em 1950,
de 2.soo.000 kw, dos quais a metade devena servir ao Estado de São Paulo. Em 1948. as instalações dás usinas elétricas em nosso Estado somavam &50.000 kw
Nessa altura, podemos perguntar ; — Se os industriais ficarem sem energia
elétrica para suas expansões e novas fá
bricas, que farão ?. . . Creio que a resposta é .simple.s, e lo go ocorre a qualquer um : — muitos dos grandes industriais, - mais poderosos o dispondo de capitais
em números redondos; donde a
existência de um "déficit" pro vável de capacidade geradora de 600.000 kw naquele ano. Com as ihs^talações inauguradas e a inaugurar-se até ano corrente, podemos reduzir aquê-
le desfalque a meio milhão de quilo watts.
Se aplicarmos o orçamento já referido de Cr$ 10.000,00 por kw instalado, che garemos a imponente importância dos
capitais necessários para manter êsse ritmo de crescimento, ou sejam CINCO BILHÕES DE CRUZEIROS. E isso, só refere ao Estado de São Paulo. . .
•e total de capitais que deverão ser 'dos na indústria de eletricidade, •60% serão gastos no Brasil, em
próprios,
construirão
.suas usinas hidráulicas ou tér
micas, assegurando assim, em
bora por preço mais alto, um fornecimento ininterrupto e elástico pa
sempre aparece o curioso,
eivado de
amargo pessimismo, a indagar; — "Quem inicia o movimento, subscrevendo de-
bêntures de emprêsas de eletricida
de
De fato, é preciso que um co
mece e dê o exemplo. Se cada qual esperar pelo outro, então é certo qué fi carão todos sem eletricidade. . .
Mas, a questão não fica apenas no terreno da iniciativa particular. Há nu merosas autarquias e companhias de ca
ra suas atividades manufatureiras. Quan
pitalização obrigatória, cujos recursos têm
to aos pequenos industriais, sua sorte é menos promissora, porque ficarão em si
lei. Imensos capitais se acumulam conti
tuação de
estacionar ou
abandonar o
campo de atividade fabril. Êstes pas sarão a engrossar o número dos que pre ferem ficar sossegados, aplicando suas economias em apólices da dívida públi ca ou em imóveis, a despeito dos rigo
res da lei do inquilinato que nunca se acaba. . .
Ora, cs primeiros não estão fazendo outra coisa senão "investir capitais em
emprêsas elétricas".
A diferença é que
progresso a energia elétrica, invadiu nos sos parlamentos. As leis são feitas "con tra" os que desejam cooperar para a expansão industrial do Brasil...
destino e aplicação determinados por
nuamente nas Caixas Econômicas, nos
Institutos de Previdência e nas Compa nhias de Seguros e Capitalização. For
Outra questão importantíssima, ligada ao mesmo problema da industrialização e do necessário abastecimento de ener
gia elétrica, é de natureza social e diz respeito à descentralização das atiridades fabris.
Está hoje comprovado que as metró poles gigantescas são um grave erro téc nico.
Nós, no Brasil, ainda estamos fe
lizmente no princípio do caminho e po deremos aproveitar a experiência alheia para corrigir nossa evolução, sem repro duzir as falhas e deficiências dos que estão na nossa frente.
Encarada sob êsse ponto de xdsta, a
questão da eletricidade dá maior ênfase à necessidade de abastecer as cidades
do interior, permitindo-lhes uma indus trialização que muitas aguardam, espe rançosas do aumento de capiacidade da suas fontes de .energia elétrica.
O ta
manho ideal de cidade do interior, pron
ta para uma industrialização razoável, ó o de Piracicaba, Jundiaí, São Carlos, Rio Claro, Itapetininga, Taubaté, Lorena. Por outro lado. não podemos esquecer
a eletrificação das fazendas e das ativi dades rurais,
desenvolvimento
fatal a
que não aproveitá-los ?. . . Uma legisla
que deveremos chegar dentro de algum
ção adequada poderia permitir a essas entidades a aquisição de títulos hipote
geração, se não quisermos perecer como
tempo, talvez no período de uma nova
cários ou a realização de empréstimos ga
país "essencialmente agrícola".
rantidos, que se tomariam novas fontes abastecedoras de capitais nacionais pa ra as emprêsas de serviços públicos. O que se vê, porém, é o contrário. Um espírito demagógico, que parece desco nhecer o que representa para o nosso
Como realizar tal programa necessá rio, sem recursos para investimento em
emprêsas elétricas?. . . que o poder público,
Vamos esperar em virtude da
omissão continuada da iniciativa parti cular (como já acontece com as estra-
Digesto Econonhco
20
das de ferro) venha em socorro dos in
e os capitais particulares necessários ao
dustriais, construindo
desenvolvimento da ati\idade".
usinas elétricas
para lhes fornecer energia para seus mo tores paralisados ?... O
O
O
Não é possível concluir este exame
perfunctórío do problema da industria lização, em face da escassez de energia
elétrica,
com essas interrogações sem
respostas.
Não há tempo a perder. Medidas ofi
2° — Permissão de lucros mais gene rosos para as emprêsas dc serviços pú
Dioestg
Econômico
21
ferência o ilustre reitor da Universida
gação e empresas de eletricidade. Com
de de Utah. A devastação das reservas
blicos, bem como o reconhecimento das
essa providência, muitos capitais, hoje canalizados para a construção de arra
de combustíveis, principalmente das flo restas, é uma trágica experiência dos americanos, que poderíamos evitar.
reavaliações do ativo, no ca.so de depre
nha-céus, poderão ser encaminhados
ciações monetárias notórias, como as da
para êsses setores fundamentais de nos
última guerra, acabando com- o fantas
sa economia.
ma do "custo lúslórico", anacronismo as
sustador do capital particular. Em país de moeda instável como o nosso tal pre
7.° — Auxíbo financeiro dos poderes públicos, federal, estadual ou munici
pal, conforme o caso, por meio de sub
conceito é absurdo o age negativamente.
venções concedidas por lei para a cons
3." — Equiparação dos títulos ao por
trução de açudes de compensação re-
das Imediatamente. Movimentos de co
tador, emitidos por emprêsas de serviços
laboração, partindo dos meios industriais,
públicos, aos títulos da dívida pública, para os efeitos do impòsto de renda e outras taxas que sobre eles recaiam. 4.° — Revisão das atuais tarifas, que não correspondem mais ao custo de pro
^ladores da vazão dos rios. Assim, se ria possível obter. sUnultâneamente gran des reservas de energia para as épocas
concretas. Providências de natureza in
ternacional, como empréstimos garanti dos pelo Govêmo Federal e destinados
a cobrir o custo dos materiais dé impor tação, devem ser efetivadas com ante cedência.
Por conseguinte, vejamos agora o que
deveremos fazer : - 1.° - Os poderes públicos, cada qual na sua alçada, de verão atender aos reclamos das empre sas de serviços públicos, já expostos em conclusões apresentadas e aprovadas na Conferência das Classes Produtoras em
Araxa, para remover, nas suas próprias pala\Tas, "as causas imensas e profundas, de ordem econômica, social, financeira
é legal; — insegurança jurídica, ameaça constante ao direito de propriedade, fal ta de auxílio financeiro, presença de uma legislação caótica e precária, choque e conflitos permanentes entre os poderes públicos entre si e entre esses e as em presas concessionárias, ausência de nor mas jurídicas adequadas reguladoras das
de estiagens e impedir as danosas inun dações dos terrenos ribeirinhos, com to das as suas conseqüências anti-econó-
dução vigente e não permitem remune
micas e anti-sociais:
rar os "novos" capitais necessários para ampliação do sistema gerador de eletri cidade. A limitação da ta.xa dc rendi
propriedades e culturas, epidemias etc.
mento para determinados capitais, dei
O Brasil foi abençoado com grandes di.sponibilidades de força hidráulica. Poucos países do mundo apresentam condições tão propícias à eletrificação de
xando livres e sem limites os lucros aufe
ridos por outros, alem de uma injusti ça, é contraproducente, como a própria experiência brasileira já demonstrou.
5° — Colaboração sincera, por parte dos industriais de largos horizontes, no sentido da ampbação das disponibilida des de energia elétrica, já pela ereção de usinas próprias, já pela subscrição
Temos capitais abundantes, relativa mente, que, bem orientados, poderão mo
ciais, legislativas e administrativas, não podem mais tardar, e devem ser toma
precisam tomar corpo, em realizações
como afirmou há pouco tempo em con
endimentos de serviços públicos, como estradas de ferro, companhias de nave
—
destruição de
suas atividades econômicas. Entretanto, não aproveitaremos essas extraordinária^
bilizar riquezas imensas, hoje paralisa das por falta de energia elétrica. O grande público supõe que a corrente elé trica tem de aparecer obrigatória e automàticaniente, ao premir do botão, e pelo simples fato de a Empresa X ser concessionária dêsse serviço.
E, se a
corrente não obedece ao comando do bo tão, há o direito de gritar e apresentar reclamações contra a companhia. Nin guém realmente se lireocupa com o pre
ço de uma turbina ou de um gerador de grande potência, nem do prazo que os fabricantes pedem para fomecê-los.
(Hoje em dia, há uma escassez mundial de eletricidade, e tôdas as eriiprêsas fi caram em atraso,
principalmente por
causa da guerra. 'Há filas enormes de dois ou mais anos de espera, para a
aquisição dessas máquinas).
regalias se formos ineptos. Nossas estradas de ferro só vêm sua
possível salvação na tração elétrica, ou
Essas considerações feitas ao correr do
mediante eletrificação ou por meio de
pensamento têm o escopo de alertar os
voluntária de títirlos de investimento em emprêsas de eletricidade. Será essa uma
locomotivas "diesel elétricas". Êsse pro
nossos homens de governo, os represen
cesso não só barateia ccnsideràvelmente
tantes do povo e os industriais, chaman
forma efetiva de concorrer para a mais rápida solução do problema da falta de
o custo do transporte, como aumenta grandemente a capacidade de escoamen
energia elétrica.
to da produção, e, "last but not least", assegura a economia de nossas parcas reservas florestais que, por sua vez, ga rantem um regime de chuvas favorável.
do sua atenção para o que está por vir, a fim de que reajam, cada um no seu setor de atividades, para que o Brasil e São Paulo, seu maior centro industrial, possam sair logo dessa situação amea çadora de sua economia e asfixíante de seu progresso.
3.° — Permissão legal c recomendação para que os Institutos de Previdência e
atribuições e dos direitos e deveres re
Caixas Econômicas, bem como as com
cíprocos das partes interessadas, man
Os Estados Unidos, setenta anos na nos
tendo uma situação incerta, fatores ôs-
panhias de seguros e de capitalização, apliquem, com garantia do Govêmo Fe
ses que afastam as iniciativas privadas
deral', parte de suas reservas em empre
de secas em vários de seus Estados —
sa frente, já estão sofrendo os horrores
O momento é de ação. Os remédios
tardios não produzem efeito,
pois o
Digesto Econonhco
20
das de ferro) venha em socorro dos in
e os capitais particulares necessários ao
dustriais, construindo
desenvolvimento da ati\idade".
usinas elétricas
para lhes fornecer energia para seus mo tores paralisados ?... O
O
O
Não é possível concluir este exame
perfunctórío do problema da industria lização, em face da escassez de energia
elétrica,
com essas interrogações sem
respostas.
Não há tempo a perder. Medidas ofi
2° — Permissão de lucros mais gene rosos para as emprêsas dc serviços pú
Dioestg
Econômico
21
ferência o ilustre reitor da Universida
gação e empresas de eletricidade. Com
de de Utah. A devastação das reservas
blicos, bem como o reconhecimento das
essa providência, muitos capitais, hoje canalizados para a construção de arra
de combustíveis, principalmente das flo restas, é uma trágica experiência dos americanos, que poderíamos evitar.
reavaliações do ativo, no ca.so de depre
nha-céus, poderão ser encaminhados
ciações monetárias notórias, como as da
para êsses setores fundamentais de nos
última guerra, acabando com- o fantas
sa economia.
ma do "custo lúslórico", anacronismo as
sustador do capital particular. Em país de moeda instável como o nosso tal pre
7.° — Auxíbo financeiro dos poderes públicos, federal, estadual ou munici
pal, conforme o caso, por meio de sub
conceito é absurdo o age negativamente.
venções concedidas por lei para a cons
3." — Equiparação dos títulos ao por
trução de açudes de compensação re-
das Imediatamente. Movimentos de co
tador, emitidos por emprêsas de serviços
laboração, partindo dos meios industriais,
públicos, aos títulos da dívida pública, para os efeitos do impòsto de renda e outras taxas que sobre eles recaiam. 4.° — Revisão das atuais tarifas, que não correspondem mais ao custo de pro
^ladores da vazão dos rios. Assim, se ria possível obter. sUnultâneamente gran des reservas de energia para as épocas
concretas. Providências de natureza in
ternacional, como empréstimos garanti dos pelo Govêmo Federal e destinados
a cobrir o custo dos materiais dé impor tação, devem ser efetivadas com ante cedência.
Por conseguinte, vejamos agora o que
deveremos fazer : - 1.° - Os poderes públicos, cada qual na sua alçada, de verão atender aos reclamos das empre sas de serviços públicos, já expostos em conclusões apresentadas e aprovadas na Conferência das Classes Produtoras em
Araxa, para remover, nas suas próprias pala\Tas, "as causas imensas e profundas, de ordem econômica, social, financeira
é legal; — insegurança jurídica, ameaça constante ao direito de propriedade, fal ta de auxílio financeiro, presença de uma legislação caótica e precária, choque e conflitos permanentes entre os poderes públicos entre si e entre esses e as em presas concessionárias, ausência de nor mas jurídicas adequadas reguladoras das
de estiagens e impedir as danosas inun dações dos terrenos ribeirinhos, com to das as suas conseqüências anti-econó-
dução vigente e não permitem remune
micas e anti-sociais:
rar os "novos" capitais necessários para ampliação do sistema gerador de eletri cidade. A limitação da ta.xa dc rendi
propriedades e culturas, epidemias etc.
mento para determinados capitais, dei
O Brasil foi abençoado com grandes di.sponibilidades de força hidráulica. Poucos países do mundo apresentam condições tão propícias à eletrificação de
xando livres e sem limites os lucros aufe
ridos por outros, alem de uma injusti ça, é contraproducente, como a própria experiência brasileira já demonstrou.
5° — Colaboração sincera, por parte dos industriais de largos horizontes, no sentido da ampbação das disponibilida des de energia elétrica, já pela ereção de usinas próprias, já pela subscrição
Temos capitais abundantes, relativa mente, que, bem orientados, poderão mo
ciais, legislativas e administrativas, não podem mais tardar, e devem ser toma
precisam tomar corpo, em realizações
como afirmou há pouco tempo em con
endimentos de serviços públicos, como estradas de ferro, companhias de nave
—
destruição de
suas atividades econômicas. Entretanto, não aproveitaremos essas extraordinária^
bilizar riquezas imensas, hoje paralisa das por falta de energia elétrica. O grande público supõe que a corrente elé trica tem de aparecer obrigatória e automàticaniente, ao premir do botão, e pelo simples fato de a Empresa X ser concessionária dêsse serviço.
E, se a
corrente não obedece ao comando do bo tão, há o direito de gritar e apresentar reclamações contra a companhia. Nin guém realmente se lireocupa com o pre
ço de uma turbina ou de um gerador de grande potência, nem do prazo que os fabricantes pedem para fomecê-los.
(Hoje em dia, há uma escassez mundial de eletricidade, e tôdas as eriiprêsas fi caram em atraso,
principalmente por
causa da guerra. 'Há filas enormes de dois ou mais anos de espera, para a
aquisição dessas máquinas).
regalias se formos ineptos. Nossas estradas de ferro só vêm sua
possível salvação na tração elétrica, ou
Essas considerações feitas ao correr do
mediante eletrificação ou por meio de
pensamento têm o escopo de alertar os
voluntária de títirlos de investimento em emprêsas de eletricidade. Será essa uma
locomotivas "diesel elétricas". Êsse pro
nossos homens de governo, os represen
cesso não só barateia ccnsideràvelmente
tantes do povo e os industriais, chaman
forma efetiva de concorrer para a mais rápida solução do problema da falta de
o custo do transporte, como aumenta grandemente a capacidade de escoamen
energia elétrica.
to da produção, e, "last but not least", assegura a economia de nossas parcas reservas florestais que, por sua vez, ga rantem um regime de chuvas favorável.
do sua atenção para o que está por vir, a fim de que reajam, cada um no seu setor de atividades, para que o Brasil e São Paulo, seu maior centro industrial, possam sair logo dessa situação amea çadora de sua economia e asfixíante de seu progresso.
3.° — Permissão legal c recomendação para que os Institutos de Previdência e
atribuições e dos direitos e deveres re
Caixas Econômicas, bem como as com
cíprocos das partes interessadas, man
Os Estados Unidos, setenta anos na nos
tendo uma situação incerta, fatores ôs-
panhias de seguros e de capitalização, apliquem, com garantia do Govêmo Fe
ses que afastam as iniciativas privadas
deral', parte de suas reservas em empre
de secas em vários de seus Estados —
sa frente, já estão sofrendo os horrores
O momento é de ação. Os remédios
tardios não produzem efeito,
pois o
Dicesto Eco^'ó^uco
22
doente já agoniza. Os fatos e os núme
Era uma vez uma grande família, que
ros dizem melhor do que as minhas pa
possuía uma famosa padaria. Cada membro fazia a sua obrigação e as coisas andavam muito bem, tanto que a pada
lavras, que nada valem. A crise está às nossas portas e, com ela, virão certa mente graves perturbações sociais, de-
COMPiWIBILIIÍ/lDE DO ORÇMIE^TO CÍCLICO E 01 PL/l^IEICAÇÃO C0>1 A CO\ST!TlIÇAO DE 1946
ria foi crescendo, crescendo, crescen
JosAPHAT Marinho (Professor contratado da Faculdade de Direito
sempregos e, possivelmente, depressão
do... Um dos irmãos, justamente o que
da Universidade da Bahia e deputado estadual)
econômica.
tinha o encargo de tirar lenha da mata,
A população diretamente
dependente do kw é muito grande, e se rá a primeira vítima das limitações da produção de energia elétrica. Todos nós, porém, brasileiros que desejamos o
bem-estar de nosso povo, temos a obri gação de contribuir com o nosso quinhão para que- essa crise inevitável seja o mais possível atenuada e dure pouco tempo.
já não dava mais conta do recado. Traba
lhava até altas horas da noite, transpor tando a lenha que cortara durante o dia. Ninguém quis ajudá-lo. Todos os ou tros -preferiam amassar a farinlia e en-
Êsíe ensaio constitui a tese oficial do Instituto da Ordem dos Advoga dos da Bahia, apresentada ao recente Congresso de Direito Coastitucional, comemorativo do centenário de nascimento de Rui Barbosa.
É matéria a respeito' da qual não há grande divulgação no Brasil, a despeito da sua atualidaae. A nossa°revista tèm o prazer de divul gar, em primeira mão, êsse importante trabalho.
fornar o pão e vendê-lo... Um dia, po rém, o homem da lenha desapareceu sen»
As constituições não se adotam para
se despedir... e a padaria parou... £' isso que nos pode acontecer!
tiranizar, mas. para escudar a cons
ciência dos povos. Rui Barbosa
(Discurso do Colégio Anchieta, 1903)
No direito moderno, o exame das ques
tões suscitadas requer a análise refletida de um conjunto de fatôres preponderan tes, notadamente de ordem política e econômica, dada
a interdependência
constante e crescente dos fenômenos e
Las realidades econômicas no se preocupan macho de las abstracciones ju rídicas, excepto cuando encuentran en ellas ima máscara conveniente
para encubrir sus propios rasgos, y
a sua incidência conjugada no espaço
social. A lógica dos sistemas doutriná rios e a expressão literal dos textos, nem
sempre claras, prevalecem na medida em
que, por sua precisão ou flexibilidade,,
permitem estabelecer concordância en el caracter de mia sociedad está de tre as normas jurídicas e as relações, terminado menos por sus derechos abstractos que por sus poderes prác- sempre variáveis, que elas visam regular. No plano constitucional, a observânticos. 'cia desse método objetivo é imposta pela R. H. Tawney
(La Igualdad — Vers. esp. de
própria natureza, comuinente comple.xa, dos problemas discutidos, a amplitude
Francisco Giner de los Rios —
de seus reflexos na vida da coletividade
Fondo de Cultura Econômica,
e a importância de seu julgamento, mui
México, 1945 — p. 163).
tas vezes constitutivo de precedente qua se normativo.
0 Problema na Técnica do Direito
1 — O estudo da compatibilidade do Orçamento cíclico e da planificação com
O aspecto político das questões cons titucionais, por exemplo, é de tal rele vância que Maurice Duverger (1), ain da em 1948, no prefácio do "Manuel de
a Constituição de 1946 não pode redu zir-se à simples enunciação de conceitos,
que, comparados, forneçam uma con clusão puramente lógica.
(1) MAtJHICE DUVERGER — Manuel de Droit Const. et de Sc. Politique — Presses Universitaires de France, Paris, 1948 — Préface, p. 5.
Dicesto Eco^'ó^uco
22
doente já agoniza. Os fatos e os núme
Era uma vez uma grande família, que
ros dizem melhor do que as minhas pa
possuía uma famosa padaria. Cada membro fazia a sua obrigação e as coisas andavam muito bem, tanto que a pada
lavras, que nada valem. A crise está às nossas portas e, com ela, virão certa mente graves perturbações sociais, de-
COMPiWIBILIIÍ/lDE DO ORÇMIE^TO CÍCLICO E 01 PL/l^IEICAÇÃO C0>1 A CO\ST!TlIÇAO DE 1946
ria foi crescendo, crescendo, crescen
JosAPHAT Marinho (Professor contratado da Faculdade de Direito
sempregos e, possivelmente, depressão
do... Um dos irmãos, justamente o que
da Universidade da Bahia e deputado estadual)
econômica.
tinha o encargo de tirar lenha da mata,
A população diretamente
dependente do kw é muito grande, e se rá a primeira vítima das limitações da produção de energia elétrica. Todos nós, porém, brasileiros que desejamos o
bem-estar de nosso povo, temos a obri gação de contribuir com o nosso quinhão para que- essa crise inevitável seja o mais possível atenuada e dure pouco tempo.
já não dava mais conta do recado. Traba
lhava até altas horas da noite, transpor tando a lenha que cortara durante o dia. Ninguém quis ajudá-lo. Todos os ou tros -preferiam amassar a farinlia e en-
Êsíe ensaio constitui a tese oficial do Instituto da Ordem dos Advoga dos da Bahia, apresentada ao recente Congresso de Direito Coastitucional, comemorativo do centenário de nascimento de Rui Barbosa.
É matéria a respeito' da qual não há grande divulgação no Brasil, a despeito da sua atualidaae. A nossa°revista tèm o prazer de divul gar, em primeira mão, êsse importante trabalho.
fornar o pão e vendê-lo... Um dia, po rém, o homem da lenha desapareceu sen»
As constituições não se adotam para
se despedir... e a padaria parou... £' isso que nos pode acontecer!
tiranizar, mas. para escudar a cons
ciência dos povos. Rui Barbosa
(Discurso do Colégio Anchieta, 1903)
No direito moderno, o exame das ques
tões suscitadas requer a análise refletida de um conjunto de fatôres preponderan tes, notadamente de ordem política e econômica, dada
a interdependência
constante e crescente dos fenômenos e
Las realidades econômicas no se preocupan macho de las abstracciones ju rídicas, excepto cuando encuentran en ellas ima máscara conveniente
para encubrir sus propios rasgos, y
a sua incidência conjugada no espaço
social. A lógica dos sistemas doutriná rios e a expressão literal dos textos, nem
sempre claras, prevalecem na medida em
que, por sua precisão ou flexibilidade,,
permitem estabelecer concordância en el caracter de mia sociedad está de tre as normas jurídicas e as relações, terminado menos por sus derechos abstractos que por sus poderes prác- sempre variáveis, que elas visam regular. No plano constitucional, a observânticos. 'cia desse método objetivo é imposta pela R. H. Tawney
(La Igualdad — Vers. esp. de
própria natureza, comuinente comple.xa, dos problemas discutidos, a amplitude
Francisco Giner de los Rios —
de seus reflexos na vida da coletividade
Fondo de Cultura Econômica,
e a importância de seu julgamento, mui
México, 1945 — p. 163).
tas vezes constitutivo de precedente qua se normativo.
0 Problema na Técnica do Direito
1 — O estudo da compatibilidade do Orçamento cíclico e da planificação com
O aspecto político das questões cons titucionais, por exemplo, é de tal rele vância que Maurice Duverger (1), ain da em 1948, no prefácio do "Manuel de
a Constituição de 1946 não pode redu zir-se à simples enunciação de conceitos,
que, comparados, forneçam uma con clusão puramente lógica.
(1) MAtJHICE DUVERGER — Manuel de Droit Const. et de Sc. Politique — Presses Universitaires de France, Paris, 1948 — Préface, p. 5.
24
Dicesto Eco^•ó^^co
Droit Constitutíonnel et de Science Po-
do primeiro conflito mundial, se alcan
litíque", o assinala como tendência em
çou' as instituições em geral, atingiu,
que se deve insistir e como caracterís
principalmente, as instituições políti'-
tica distintiva entre a sua e outras obras
cas e econômicas, com profunda reper
anteriores.
Por outro lado, o aspecto econômico,
não. raro envolvido no político, exige, também, especial destaque. É que o fenômeno econômico, apesar de suas mutações, ou em razão delas mesmas, inspira e modela, em grande parte, .a
formação das normas jurídicas e lhes
demarca a exegese e a eficácia. Supe
25
Digesto Econômico
Portanto, para ser metódico e objetivo, o estudo da tese suscitada exige:
aspects. Ia vie économique restait mouvante. Ellc Test devenue beaucoup
a) — não só a conceituação das duas
plus profondément encore depuis que les progrès tecbniques se succédent sur un r^'thme rapide. Depuis plus d'\m siècle Ia règle permanente n'est plus Ia
instituições, como a idéia geral, pelo
cussão na ordem jurídica. E a última
menos, de seus antecedentes e consec-
guerra renovou com tal vigor esse im
tários;
pulso de reforma que Julian Huxley (4)
b) — o exame da posição de ambas
a considera "sintoma de uma grande transformação histórica que seguirá ine
no quadro do regime democrático;
xoravelmente seu curso, agríide-nos ou não. Uma tran.sformação para um mun
constitucional brasileiro.
c) — o confronto delas com o sistema íK
do que será mais socializado, mais regu
Slí
❖
lado e internacionalmente mais organi
Instabilidade das relações econômicas
o intérprete e o aplicador pretendem tor ná-las intangíveis, contrariando a mobi
zado do que o mundo do século XIX,
3 — A discussão do problema pressu
(2) salienta que "Ias realidades econô micas no se preocupan mucho de Ias
to cíclico, a semelhança de outras ins tituições, são resultantes ou expressões
abstracciones jurídicas, excepto cuando
dêsse longo processo de mudança, que,
ra-as, até, por diferentes meios, quando
lidade da vida. Por isso mesmo, Tawney encuantran en ellas una mLcara con veniente para encubrir sus propios ras gos, y ei carácter de una sociedad está determinado menos por sus dereclios absfractos que por sus poderes prácticos . Rui Barbosa (3), também, sentiu esse fenômeno, tanto que em 1919, ao
bretudo no que concerne ao volume da produção, à capacidade de consumo, ao índice de ocupação e às condições do mercado externo, os estudiosos, geral
através de conflitos culturais e de in
mente, destacam o cará ter mutável da vida eco
ladas, vem alterando as bases do Estado
de economia liberal, para convcrtê-Io na
maquinismo.
qui se font jour et des productions qui s'organisent pour les satisfaire. Dans un pareil cadre. Ia notion de regime permanent n'a aucun sens et Tidée de stabilité économique res--
te assez vague". Assim, verifica-se uma instabilidade
^) I I j
"Avant le
constante,
com uma variação de
relação cuja medida de-
Claude Griison, em livro
condições culturais e ma-
dêste ano (5) — peutêtre n'aurait-il pas été impossible de Ia regarder comme une
tória de cada povo, nos
Nascidas assim, só devem ser exami
nadas, em face de qualquer Constituição, tendo em vista, precipuamente, o con
universal que as justificam. As peculia
impulso de reforma, oriundo, sobretudo,
ridades da cultura de cada povo dar-
/ ~ T
approximation valable des réalités obser-
vables: Texistence même des corporations montre qu'il n'ctait pas utopique, à cette époque, de prétendre régler et
ram e as solicitações humanas de sentido
esfera da vida nacional.
— Fondo de Cultura Econômica, México,
pende do comple.xo de teriais peculiares à bis-
diferentes estádios de sua evolução. Há
um permanente "devenir", que abre oportunidade a novas relações, a novos
negócios e ao desenvolvimento do es pírito inventivo, mas que provoca, tam
le s>'steme s)'stème corporatiste nn'a-t-il 16 a-t-ii jamais
bém, desequilíbrios tanto mais freqüen tes e prejudiciais à comunidade ou a parte dela, quanto a abstenção do J^der estatal. Esteymaior (6) assevera, igual
éte absolument genéral: sous bien des
^
stabiliser Tactivité produçtrice dans son intensité et dans sa technlque. Encore
Ihes-âo o limite de sua incidência na
(3) RUI BARBOSA — Campanha Pre sidencial (1919) — Liv. Catilina, Bahia,
sants; il y a enfin des besoins nouveau.x
desajustamentos decorrentes das osci
cresce a importância desses fatores. O
1919 — p. 159.
main-d'(]euvre
lações da vida econômica.
junto das circunstâncias que as forma
1945 — n. 163.
et une
de plus en plus réduite les besoins en une desquels elles ont été constituées, même lorsque ces besoins sont crois-
dóveloppement du machinisme, — pondera
Demais, à proporção que se acentua a mudança na estnitura da sociedade atual,
(2) H. H. TAWNEY — La Igualdad — Vers. esp. de Francisco Giner de los Rios
moyens de production de moins en moins couteux
a partir da propagação do
Trata-se de instituições geradas da ne
cessidade de prover à segurança das na
de remploi; à tout moment, il y a des sectcurs de Ia production dont les dé bouchés s'amemisent; il y a des entreprises qui peuvent satisfaire avec des
nômica, notadamente a
fôrça positiva ou atuante de nossos dias. ções e de atenuar os desequilíbrios e Oí
'
Observando-as, na multiplicidade de seus aspectos, mas, ao que parece, so
teresses, por duas vêzes já retratados em guerra e por diversas cm revoluções iso
discutír a questão social e política' no
as declarações de direitos consagrados
tureza dus relações econômicas.
2 — Ora, a planificação e o orçamen
Brasil, frisou que "as constituições são conseqüências da irresistível evolução econômica do mundo", para criticar as nossas, que^ ainda tinham "por normas BO século dezoito".
põe, dêsse modo, o conhecimento da na
que se esvai".
stabilité des besoins, des débouchés et
(4) JULIAN HUXLEY — Vlvimos una Revolución — Trad. de MIGUEL DB HERNANI — Editorial Sudamericana, Buenos Aires, 1945 — p. 220.
(5)
CLAUDE
d'une
Théorie
GRUSON
Gènérale
—
Esquisse
de rÉquilibre
Économique — Prosses Universitaires de
France, Paris, 1949 — p. 2.
já
(6) J. A. ESTEY — Tratado sobre los Ciclos Economicos — Trad. de HENRI
QUE PADILLA — Fondo de Cultura Eco nômica, México, 1948 — pgs.,13-14.
24
Dicesto Eco^•ó^^co
Droit Constitutíonnel et de Science Po-
do primeiro conflito mundial, se alcan
litíque", o assinala como tendência em
çou' as instituições em geral, atingiu,
que se deve insistir e como caracterís
principalmente, as instituições políti'-
tica distintiva entre a sua e outras obras
cas e econômicas, com profunda reper
anteriores.
Por outro lado, o aspecto econômico,
não. raro envolvido no político, exige, também, especial destaque. É que o fenômeno econômico, apesar de suas mutações, ou em razão delas mesmas, inspira e modela, em grande parte, .a
formação das normas jurídicas e lhes
demarca a exegese e a eficácia. Supe
25
Digesto Econômico
Portanto, para ser metódico e objetivo, o estudo da tese suscitada exige:
aspects. Ia vie économique restait mouvante. Ellc Test devenue beaucoup
a) — não só a conceituação das duas
plus profondément encore depuis que les progrès tecbniques se succédent sur un r^'thme rapide. Depuis plus d'\m siècle Ia règle permanente n'est plus Ia
instituições, como a idéia geral, pelo
cussão na ordem jurídica. E a última
menos, de seus antecedentes e consec-
guerra renovou com tal vigor esse im
tários;
pulso de reforma que Julian Huxley (4)
b) — o exame da posição de ambas
a considera "sintoma de uma grande transformação histórica que seguirá ine
no quadro do regime democrático;
xoravelmente seu curso, agríide-nos ou não. Uma tran.sformação para um mun
constitucional brasileiro.
c) — o confronto delas com o sistema íK
do que será mais socializado, mais regu
Slí
❖
lado e internacionalmente mais organi
Instabilidade das relações econômicas
o intérprete e o aplicador pretendem tor ná-las intangíveis, contrariando a mobi
zado do que o mundo do século XIX,
3 — A discussão do problema pressu
(2) salienta que "Ias realidades econô micas no se preocupan mucho de Ias
to cíclico, a semelhança de outras ins tituições, são resultantes ou expressões
abstracciones jurídicas, excepto cuando
dêsse longo processo de mudança, que,
ra-as, até, por diferentes meios, quando
lidade da vida. Por isso mesmo, Tawney encuantran en ellas una mLcara con veniente para encubrir sus propios ras gos, y ei carácter de una sociedad está determinado menos por sus dereclios absfractos que por sus poderes prácticos . Rui Barbosa (3), também, sentiu esse fenômeno, tanto que em 1919, ao
bretudo no que concerne ao volume da produção, à capacidade de consumo, ao índice de ocupação e às condições do mercado externo, os estudiosos, geral
através de conflitos culturais e de in
mente, destacam o cará ter mutável da vida eco
ladas, vem alterando as bases do Estado
de economia liberal, para convcrtê-Io na
maquinismo.
qui se font jour et des productions qui s'organisent pour les satisfaire. Dans un pareil cadre. Ia notion de regime permanent n'a aucun sens et Tidée de stabilité économique res--
te assez vague". Assim, verifica-se uma instabilidade
^) I I j
"Avant le
constante,
com uma variação de
relação cuja medida de-
Claude Griison, em livro
condições culturais e ma-
dêste ano (5) — peutêtre n'aurait-il pas été impossible de Ia regarder comme une
tória de cada povo, nos
Nascidas assim, só devem ser exami
nadas, em face de qualquer Constituição, tendo em vista, precipuamente, o con
universal que as justificam. As peculia
impulso de reforma, oriundo, sobretudo,
ridades da cultura de cada povo dar-
/ ~ T
approximation valable des réalités obser-
vables: Texistence même des corporations montre qu'il n'ctait pas utopique, à cette époque, de prétendre régler et
ram e as solicitações humanas de sentido
esfera da vida nacional.
— Fondo de Cultura Econômica, México,
pende do comple.xo de teriais peculiares à bis-
diferentes estádios de sua evolução. Há
um permanente "devenir", que abre oportunidade a novas relações, a novos
negócios e ao desenvolvimento do es pírito inventivo, mas que provoca, tam
le s>'steme s)'stème corporatiste nn'a-t-il 16 a-t-ii jamais
bém, desequilíbrios tanto mais freqüen tes e prejudiciais à comunidade ou a parte dela, quanto a abstenção do J^der estatal. Esteymaior (6) assevera, igual
éte absolument genéral: sous bien des
^
stabiliser Tactivité produçtrice dans son intensité et dans sa technlque. Encore
Ihes-âo o limite de sua incidência na
(3) RUI BARBOSA — Campanha Pre sidencial (1919) — Liv. Catilina, Bahia,
sants; il y a enfin des besoins nouveau.x
desajustamentos decorrentes das osci
cresce a importância desses fatores. O
1919 — p. 159.
main-d'(]euvre
lações da vida econômica.
junto das circunstâncias que as forma
1945 — n. 163.
et une
de plus en plus réduite les besoins en une desquels elles ont été constituées, même lorsque ces besoins sont crois-
dóveloppement du machinisme, — pondera
Demais, à proporção que se acentua a mudança na estnitura da sociedade atual,
(2) H. H. TAWNEY — La Igualdad — Vers. esp. de Francisco Giner de los Rios
moyens de production de moins en moins couteux
a partir da propagação do
Trata-se de instituições geradas da ne
cessidade de prover à segurança das na
de remploi; à tout moment, il y a des sectcurs de Ia production dont les dé bouchés s'amemisent; il y a des entreprises qui peuvent satisfaire avec des
nômica, notadamente a
fôrça positiva ou atuante de nossos dias. ções e de atenuar os desequilíbrios e Oí
'
Observando-as, na multiplicidade de seus aspectos, mas, ao que parece, so
teresses, por duas vêzes já retratados em guerra e por diversas cm revoluções iso
discutír a questão social e política' no
as declarações de direitos consagrados
tureza dus relações econômicas.
2 — Ora, a planificação e o orçamen
Brasil, frisou que "as constituições são conseqüências da irresistível evolução econômica do mundo", para criticar as nossas, que^ ainda tinham "por normas BO século dezoito".
põe, dêsse modo, o conhecimento da na
que se esvai".
stabilité des besoins, des débouchés et
(4) JULIAN HUXLEY — Vlvimos una Revolución — Trad. de MIGUEL DB HERNANI — Editorial Sudamericana, Buenos Aires, 1945 — p. 220.
(5)
CLAUDE
d'une
Théorie
GRUSON
Gènérale
—
Esquisse
de rÉquilibre
Économique — Prosses Universitaires de
France, Paris, 1949 — p. 2.
já
(6) J. A. ESTEY — Tratado sobre los Ciclos Economicos — Trad. de HENRI
QUE PADILLA — Fondo de Cultura Eco nômica, México, 1948 — pgs.,13-14.
-f».
Dícesto Econômico 20
27
Digesto Econômico
segundo Estey (13), ou fase ascenden
cimento. O economista inglês (16) acen
te (pro.speridade ou expansão), fase des
tua, mesmo, que "há certo grau de re gularidade na seqüência e duração dos
mente, firmado na investigação de dados estatísticos sobre as diversas atividades, que "a flutuação e a mudança, e não a
deram ínercntc.s ao .sistema capitalista " ' (9). Outras, mais restritivas, os apre sentam como "características da lüstória
,
ponto de flexSo da curva ascendente
movimentos ascendentes e descenden
estabilidade, são
do
industrial relativamente recente e em
I
(crise) e ponto de flexão da curva des
tes". E Laufenburger (17), depois de
E adverte
particular do induslrialismo modenio que SC desenvolveu desde a época das guer ras napoleõnícas", esclarecendo que os
!
cendente (recuperação), consoante a
elucidar que a segunda guerra, como a
terminologia de Haberler (14) — va
a
característica
nosso mundo econômico".
que essas "flutuações dos negócios são de muitas espécies", comumente classi ficadas, porém, em seculares, estacio nais, cíclicas e periódicas. Flutuações cíclicas
4 — Dessas flutuações importa desta car as de natureza cíclica, por sua im portância na economia moderna e a in
fluência exercida na modificação de atitude do Estado. Haberler (7) infor ma, até, que "os economistas estão de
acôrdo em reconhecer que não se pode estudar com proveito a questão do retômo periódico da depressão econômi ca, assim como a questão conexa das cri
ses econômicas ou financeiras agudas, sem integrar esta discussão no exame
do problema mais amplo dos ciclos eco nômicos; pelo que se entende um moNamento ondulatorio que atinge o sistema econômico em seu conjunto". Os ciclos constituem, desse modo, fe
nômenos compreensivos dos demais que formam a vida econômica, e se tomam tanto mais relevantes quanto assinalados com regularidade, na Europa e nos Es
tados Unidos, desde o século 19 até, pelo menos, a primeira grande guerra (8). Há, mesmo, teorias que os consi-
cendente (depressão ou
contração),
ciclos apareceram, prínicíro, em forma definida, na Inglaterra (10).
nem sempre podem ser precisamente situados. A diversidade de forças, não
primeira, interrompeu as oscilações cí clicas, prevê que, "lorsque Ia productíon aura rejoint le niveau des besoins, le rythme dominera à nouveau Tévolution
Mas, sejam ou não uma propriedade do capitalismo, a partir clc sua formação ou de uma de suas fases, parece certo
raro contrapostas, em atuação no des
économique", acrescentando: "Aucune
riam de duração, e os limites entre elas
dobramento dos ciclos, comumente im
que os movimentos cíclicos lèm sido
pede a delimitação rigorosa de seus pe ríodos, como evita que estes alcancem
constantes no curso desse regime.
ou produzam efeitos extremos.
"Dcpuis raffirnialion du capitalisme, — assegura Laufenbtirger (11) — Tévo-
luticn cconomíquc est caracterlsée par des cycles. Des phases de dépression succèdent aux phases dc prospéritc après des crises plus ou moins violentes." É claro, pela própria interferência das cri.i^es, que e.ssas ondulações cíclicas não se reproduzem com a uniformidade dos
movimentos do maqiiinismo regulado. Há variações c singularidades, determinada.s pelas circunstâncias predominan tes no jogo das forças econômicas e dos
É de
Keyne.s (15) a observação de que "Ias fluctuaciones pueden comenzar de re pente, pero pareceu agotarse antes. de
Econômica. México.
1942 — p. 245.
(8) HENRY LAUFENBURGER — Intervencion,dei Estado en Ia Vida Econô mica —- Vers. esp. de GABRIEL FRANCO
— Fondo de Cultura Econômica, México, 1945 — p. 145; HABERLER — Ob. cit. p. 260.
mouvenient altematif de progression et de régression".
llegar a grandes extremos, y nuestro sino es Ia situacion intermedia, que no es ni dese.sperada ni satisfactoria". Daí, aliás, concluiu que "Ia teoria dei ciclo economico con fases regiilares se ha
fundado en el becho de que Ias fluctua ciones tienden a agotarse por sí solas antes de llegar a resultados extremosos y en que eventualmente se inverten".
A posição do Estado * 5 — É de notar-se, porém, que, ape sar da continuidade dessas flutuações
cíclicas e de sua extensa e profunda in fluência no conjunto das relações eco nômicas, expostas, assim, a con.stantes variações, o Estado liberal não previu
nem adotou, por largo tempo, medidas suscetíveis de estabelecer e garantir o
Todas essas circunstâncias cK>ncorrem,
equilíbrio necessário à normalidade dos negócios. Durante p século 19 especial
logicamente, para dar uma feição de
grandes ciclos — compreensivos de um
relatividade aos caracteres do fenômeno
mente, foi o espectador, formalmente
período de 50 a 60 anos — e ciclos
cíclico, vedando cálculos ou afirmações
imparcial, da competição privada,. no
econômicos propriamente ditos — em que
a alternativa das fases de prosperidade e depressão se processa em intervalos de
de rigor matemático.
livre e desordenado jogo. dos interesses
Mas, como é óbvio também, essas variações não obstam a evolução mesma
em contraste. No pressuposto de que o
3 a 12 anos (12). Ainda: as fases em
dos ciclos, nem llíes tiram os contornos
que se dividem os ciclos — prosperida
pelos quais se procede ao seu reconhe-
(9)
HENRY LAUFENBURGER — Ob.
cit. p. 145.
crativa a desigualdade crescia e anula
(14)
va a liberdade, teoricamente assegurada.
GOTTFRIED
HABERLER
—
Ob.
Cit. — p. 256.
(11)
Teoria General de Ia Ocupaclon, el Interés y el Dinero — Vers. esp. de Eduar
HENRY LAUFENBURGER - Trai-
(12)
GOTTFRIED
HABERLER
—
Ob.
nimo de mandamento inerente à essênr cia de tôda organização estatal. En
(13) J. A. ESTEY — Ob. cit. — p. 80.
(10) J. A. ESTEY — Ob. cit. - ps. 54-56. té d'Economie et de Législation Financlères — Budget et Trésor — Lib. du Recuell Sirey, Paris, 1948 — p. 177.
equilíbrio resultaria da liberdade sem freios, limitava sua intervenção ao mí
quanto isso. na prática da economia lu
(7) GOTTFRIED HABERLER — PfosFondo de Cultura
naturelles, en vertu desquelles réquilibre ne peut se réaliser que grâce à um
Além disso, há
interesses em conflito.
de, recesso, depressão e recuperação. peridad y Depresion — vers. esp. de GA BRIEL FRANCO e JAVIER MÁRQUEZ —
autorité politique ne será asscz forte
pour se substituer à Temprise des lois
(15)
JOHN
MAYNARD
KEYNES
—
(16) JOHN MAYNARD KEYNES — Ob • cit." — p. 302.
• (17-) HENRY LAUFENBURGER —Trai-
do Homedo — Fondo de Cultura Econô
mica, México, 1945 — p. 239.
té -^ .p. 177. .
Cit. — pgs. 258-9. .
M.
'
. ■<
-f».
Dícesto Econômico 20
27
Digesto Econômico
segundo Estey (13), ou fase ascenden
cimento. O economista inglês (16) acen
te (pro.speridade ou expansão), fase des
tua, mesmo, que "há certo grau de re gularidade na seqüência e duração dos
mente, firmado na investigação de dados estatísticos sobre as diversas atividades, que "a flutuação e a mudança, e não a
deram ínercntc.s ao .sistema capitalista " ' (9). Outras, mais restritivas, os apre sentam como "características da lüstória
,
ponto de flexSo da curva ascendente
movimentos ascendentes e descenden
estabilidade, são
do
industrial relativamente recente e em
I
(crise) e ponto de flexão da curva des
tes". E Laufenburger (17), depois de
E adverte
particular do induslrialismo modenio que SC desenvolveu desde a época das guer ras napoleõnícas", esclarecendo que os
!
cendente (recuperação), consoante a
elucidar que a segunda guerra, como a
terminologia de Haberler (14) — va
a
característica
nosso mundo econômico".
que essas "flutuações dos negócios são de muitas espécies", comumente classi ficadas, porém, em seculares, estacio nais, cíclicas e periódicas. Flutuações cíclicas
4 — Dessas flutuações importa desta car as de natureza cíclica, por sua im portância na economia moderna e a in
fluência exercida na modificação de atitude do Estado. Haberler (7) infor ma, até, que "os economistas estão de
acôrdo em reconhecer que não se pode estudar com proveito a questão do retômo periódico da depressão econômi ca, assim como a questão conexa das cri
ses econômicas ou financeiras agudas, sem integrar esta discussão no exame
do problema mais amplo dos ciclos eco nômicos; pelo que se entende um moNamento ondulatorio que atinge o sistema econômico em seu conjunto". Os ciclos constituem, desse modo, fe
nômenos compreensivos dos demais que formam a vida econômica, e se tomam tanto mais relevantes quanto assinalados com regularidade, na Europa e nos Es
tados Unidos, desde o século 19 até, pelo menos, a primeira grande guerra (8). Há, mesmo, teorias que os consi-
cendente (depressão ou
contração),
ciclos apareceram, prínicíro, em forma definida, na Inglaterra (10).
nem sempre podem ser precisamente situados. A diversidade de forças, não
primeira, interrompeu as oscilações cí clicas, prevê que, "lorsque Ia productíon aura rejoint le niveau des besoins, le rythme dominera à nouveau Tévolution
Mas, sejam ou não uma propriedade do capitalismo, a partir clc sua formação ou de uma de suas fases, parece certo
raro contrapostas, em atuação no des
économique", acrescentando: "Aucune
riam de duração, e os limites entre elas
dobramento dos ciclos, comumente im
que os movimentos cíclicos lèm sido
pede a delimitação rigorosa de seus pe ríodos, como evita que estes alcancem
constantes no curso desse regime.
ou produzam efeitos extremos.
"Dcpuis raffirnialion du capitalisme, — assegura Laufenbtirger (11) — Tévo-
luticn cconomíquc est caracterlsée par des cycles. Des phases de dépression succèdent aux phases dc prospéritc après des crises plus ou moins violentes." É claro, pela própria interferência das cri.i^es, que e.ssas ondulações cíclicas não se reproduzem com a uniformidade dos
movimentos do maqiiinismo regulado. Há variações c singularidades, determinada.s pelas circunstâncias predominan tes no jogo das forças econômicas e dos
É de
Keyne.s (15) a observação de que "Ias fluctuaciones pueden comenzar de re pente, pero pareceu agotarse antes. de
Econômica. México.
1942 — p. 245.
(8) HENRY LAUFENBURGER — Intervencion,dei Estado en Ia Vida Econô mica —- Vers. esp. de GABRIEL FRANCO
— Fondo de Cultura Econômica, México, 1945 — p. 145; HABERLER — Ob. cit. p. 260.
mouvenient altematif de progression et de régression".
llegar a grandes extremos, y nuestro sino es Ia situacion intermedia, que no es ni dese.sperada ni satisfactoria". Daí, aliás, concluiu que "Ia teoria dei ciclo economico con fases regiilares se ha
fundado en el becho de que Ias fluctua ciones tienden a agotarse por sí solas antes de llegar a resultados extremosos y en que eventualmente se inverten".
A posição do Estado * 5 — É de notar-se, porém, que, ape sar da continuidade dessas flutuações
cíclicas e de sua extensa e profunda in fluência no conjunto das relações eco nômicas, expostas, assim, a con.stantes variações, o Estado liberal não previu
nem adotou, por largo tempo, medidas suscetíveis de estabelecer e garantir o
Todas essas circunstâncias cK>ncorrem,
equilíbrio necessário à normalidade dos negócios. Durante p século 19 especial
logicamente, para dar uma feição de
grandes ciclos — compreensivos de um
relatividade aos caracteres do fenômeno
mente, foi o espectador, formalmente
período de 50 a 60 anos — e ciclos
cíclico, vedando cálculos ou afirmações
imparcial, da competição privada,. no
econômicos propriamente ditos — em que
a alternativa das fases de prosperidade e depressão se processa em intervalos de
de rigor matemático.
livre e desordenado jogo. dos interesses
Mas, como é óbvio também, essas variações não obstam a evolução mesma
em contraste. No pressuposto de que o
3 a 12 anos (12). Ainda: as fases em
dos ciclos, nem llíes tiram os contornos
que se dividem os ciclos — prosperida
pelos quais se procede ao seu reconhe-
(9)
HENRY LAUFENBURGER — Ob.
cit. p. 145.
crativa a desigualdade crescia e anula
(14)
va a liberdade, teoricamente assegurada.
GOTTFRIED
HABERLER
—
Ob.
Cit. — p. 256.
(11)
Teoria General de Ia Ocupaclon, el Interés y el Dinero — Vers. esp. de Eduar
HENRY LAUFENBURGER - Trai-
(12)
GOTTFRIED
HABERLER
—
Ob.
nimo de mandamento inerente à essênr cia de tôda organização estatal. En
(13) J. A. ESTEY — Ob. cit. — p. 80.
(10) J. A. ESTEY — Ob. cit. - ps. 54-56. té d'Economie et de Législation Financlères — Budget et Trésor — Lib. du Recuell Sirey, Paris, 1948 — p. 177.
equilíbrio resultaria da liberdade sem freios, limitava sua intervenção ao mí
quanto isso. na prática da economia lu
(7) GOTTFRIED HABERLER — PfosFondo de Cultura
naturelles, en vertu desquelles réquilibre ne peut se réaliser que grâce à um
Além disso, há
interesses em conflito.
de, recesso, depressão e recuperação. peridad y Depresion — vers. esp. de GA BRIEL FRANCO e JAVIER MÁRQUEZ —
autorité politique ne será asscz forte
pour se substituer à Temprise des lois
(15)
JOHN
MAYNARD
KEYNES
—
(16) JOHN MAYNARD KEYNES — Ob • cit." — p. 302.
• (17-) HENRY LAUFENBURGER —Trai-
do Homedo — Fondo de Cultura Econô
mica, México, 1945 — p. 239.
té -^ .p. 177. .
Cit. — pgs. 258-9. .
M.
'
. ■<
28
O sistema econômico dominante con
verteu-se, desse modo, num capitalis
Digesto Econômico
sequilíbrios produzidos pelas flutuaçõei
equilíbrio e de equidade no regime do laisser-faire, e imposta, dia a dia mais Intensamente, a necessidade de limitar
e regular a aquisição e o exercício dos
direitos, sobretudo no plano econômico, o Estado mudou de atitude, como é
sabido. Assumiu, gradualmente, po sição ativa. Nessa transmutação, a pró pria lógica dos sistemas políticos e eco nômicos em luta cedeu ao poder dos fatos. Tomou-se normal, embora sob o colorido diferente dos diversos ordena
mentos jurídicos, ou mesmo sem qual quer preceito legal, a aplicação, por
mitam seu pensamento à alternativa li beralismo ou socialismo, coletivismo, re
Planificação
tudando também o probelma no plano
conhecem a conveniência da planifica
6 — De fato, a economia dirigida, que, a partir do fim da guerra de 1914-1918, se introduziu, gradatívamen-
do Estado, doutrina que "a planificação podo definir-se como a eleição conscien te e deliberada de prioridades econômi cas por alguma autoridade pública", ex
pressão esta que emprega no sentido
ção. Ropke (26)> doutrinando a ne cessidade de superação dessa alternativa, sugere um "terceiro caminho", com que pretende combinar a defesa e restaxiração da liberdade econômica e a luta si
amplamente compreensivo de qualquer "organismo criado" com "certos direitos
mas, afinal, observa que isto "não quer
te, no mecanismo dos Estados, visa a
regular, sobretudo, a produção e a re
partição dos bens, as.sím como a garan tir o maior índice de ocupação, para reduzir as oscilações e os seus efeitos. É política de sistematização da ativida de econômica.
Lhomme (20) a conceituou como "a
política pela qual a autoridade procura organizar e fazer funcionar a economia
segundo plano metódico". Vale dizer, pois, que a economia di
e funções". Desse modo, total ou par
dizer, de modo algum, que deva desa conselhar-se uma reflexiva e sensata re
classificação das relações econômicas,
ca planificada não pode ser executada
lelamente, nos meios de financiá-la. Ime
nos limites do clássico orçamento ânuo.
diatamente, visa a enfrentar as conjun
reservas", como entende Benes (23),
Sem dúvida, a anualidade orçamentá ria tem o prestígio de larga tradição na generalidade dos países, embora nem em todos o exercício financeiro coinci da com o ano solar ou civil, devido,
foi aceita, sob graduações distintas, até nas democracias burguesas. E se tornou
cia parlamentar oxi política e econ^
trário da empresa privada e do mercado
tão essencial à economia contemporâ nea, como processo de supressão ou de limitação da livre concorrência, que sua prevalência definitiva é considerada ine
uso ou convenção do que por motivo de convicção (27), a sua alteração tem
meramente lucrativo pela sistematização
vitável (24), com ressalva, apenas, da
sumo, a ordenação das relações econômi
de 1929, com a depressão mundial, e, com ou sem reservas, ou "quase sem
burguesas, pela limjtaçâo de prerroga
dores de preferências e prioridades. Com efeito, a planificação, embora possa va
tivas nucleares do capitalismo liberali como, a par de outras, a propriedade
riar de tipo e de objetivos, consoantè as necessidades de cada povo e a natu
cm seus vários aspectos, a liberdade de contrato, em particular na relação de
reza das instituições políticas, representa, sempre, a substituição do critério arbi
oriunda do poder público, com a fun ção de estabilizar a economia. Quer
turas. Tanto que se propagou a contar
incerteza do fim para que se planificará
principalmente, a razões de conveniên
mica. E, não obstante esse período tradicional ser admitido mais pelo
sido rejeitada, mesmo entre os povos de
cultura viva e sempre em renovação.
Em França, Informa Trotabas (28)
dizer — segundo o claro pensamento de Landauer (21) — coordenação por meio
de um esfôrço consciente de órgão da
(22) BARBARA WOOTTON — Libertad con Planificaclón — Vers. esp. de Ja
vier Márquez — Fondo de Cultura Econô mica, México, 1946 — ps. 13-15. (23) EDUARDO BENES — Democracia
(18) WILHELM ROPKE — La Crisis Social de Nuestro Tiempo — Trad. de
(20) Lhomme apud Georges Ripert — Aspectos Jurídicos do Capitalismo Mo
Juan Medem Sanjuan — Revista de Occldente, Madrid, 1947 — pgs. 296-7. (19) RAYMOND BURROWS — Planlficacion Econômica — Teoria y Práctica — Trad. de Jullo Luelmo — Editorial Amé
derno — Trad. de Gllda Azevedo — Liv.
rica, México, 1943 — p. 275.
7 — É evidente, porém, que a políti
sob o domínio da produção e do crédito. Cria prioridades na produção e, para
cas conforme regras e princípios defini
Burrows (19), ao menos atenuar os de-
Orçamento cíclico
volvimento da riqueza pública, é uma
titutos de outro sistema. O princípio da relatividade dos direitos conquistou,
riores ao último conflito, se generalizou a convicção de que ao Estado cabe, se não neutralizar, como observa Raymond
gulação da circulação econômica .
das necessidades coletivas e de desen
i.iK, oc processos, Instrumentos ou ins
trabalho, o lucro privado. E essa mudança de atitude se acen tuou tanto que, nas duas décadas ante
multânea contra os interesses egoístas;
cial, nacional ou regional, a planificação, como política ou sistema de previsão
rigida requer ou implica, necessariamen te, planificação, que significa, em re
assim, amplo domínio nas democracias
(25). Mesmo economistas que não li
bara "Wootlon (22), por seu turno, es
econômicas.
mia de mercado, sob o império das pa forme a crítica de Ropke (18). Mas, verificada a impossibilidade de
sociedade, em vez da coordenação au
tomática que se opera no mercado. Bar
mo de monopólio, falsificador da econo tentes 8 das sociedades anônimas, con
29
Digesto EcoNÒ^aco
Edit. Freitas Bastos. Rio, 1947 — p. 228. (21)
CARL LANDAUER — Teória de
Ia Planificaclón Econômica — Vers. esp. de Javier Márquez — Fondo de Cultura
Econômica, México, 1945 — ps. 19-20.
de Hoje e de Amanhã — Trad. de Jiri Reiszman — Edlt. Calvino Ltda. 1945 — ps. 210-1.
(24) KARL MANNHEIM — Libertad y Planilicaciôn Social — Vers. esp. de Rubéz Landa — Fondo de Cultura Econômi ca, México. 1946 — p. 12.
(251 HAROLD LASKY — Refle:tíones
sobre Ia Revoluciôn de Nuestro Tiempo — Trad de José Otero Espasadin — Edi torial Abril, Buenos Aires, 1944 — P- 433. (26) WILHELM ROPKE — Ob. cit. — DS 31 e 218 a 228. principalmente. (27) J. A. ESTEY — Ob. cit. — ps. 398-400.
(28) LOUIS TROTABAS — Précis de Science et Legislation Financières — Lib. Dalloz. Paris, 1928 — ps. 54-5.
28
O sistema econômico dominante con
verteu-se, desse modo, num capitalis
Digesto Econômico
sequilíbrios produzidos pelas flutuaçõei
equilíbrio e de equidade no regime do laisser-faire, e imposta, dia a dia mais Intensamente, a necessidade de limitar
e regular a aquisição e o exercício dos
direitos, sobretudo no plano econômico, o Estado mudou de atitude, como é
sabido. Assumiu, gradualmente, po sição ativa. Nessa transmutação, a pró pria lógica dos sistemas políticos e eco nômicos em luta cedeu ao poder dos fatos. Tomou-se normal, embora sob o colorido diferente dos diversos ordena
mentos jurídicos, ou mesmo sem qual quer preceito legal, a aplicação, por
mitam seu pensamento à alternativa li beralismo ou socialismo, coletivismo, re
Planificação
tudando também o probelma no plano
conhecem a conveniência da planifica
6 — De fato, a economia dirigida, que, a partir do fim da guerra de 1914-1918, se introduziu, gradatívamen-
do Estado, doutrina que "a planificação podo definir-se como a eleição conscien te e deliberada de prioridades econômi cas por alguma autoridade pública", ex
pressão esta que emprega no sentido
ção. Ropke (26)> doutrinando a ne cessidade de superação dessa alternativa, sugere um "terceiro caminho", com que pretende combinar a defesa e restaxiração da liberdade econômica e a luta si
amplamente compreensivo de qualquer "organismo criado" com "certos direitos
mas, afinal, observa que isto "não quer
te, no mecanismo dos Estados, visa a
regular, sobretudo, a produção e a re
partição dos bens, as.sím como a garan tir o maior índice de ocupação, para reduzir as oscilações e os seus efeitos. É política de sistematização da ativida de econômica.
Lhomme (20) a conceituou como "a
política pela qual a autoridade procura organizar e fazer funcionar a economia
segundo plano metódico". Vale dizer, pois, que a economia di
e funções". Desse modo, total ou par
dizer, de modo algum, que deva desa conselhar-se uma reflexiva e sensata re
classificação das relações econômicas,
ca planificada não pode ser executada
lelamente, nos meios de financiá-la. Ime
nos limites do clássico orçamento ânuo.
diatamente, visa a enfrentar as conjun
reservas", como entende Benes (23),
Sem dúvida, a anualidade orçamentá ria tem o prestígio de larga tradição na generalidade dos países, embora nem em todos o exercício financeiro coinci da com o ano solar ou civil, devido,
foi aceita, sob graduações distintas, até nas democracias burguesas. E se tornou
cia parlamentar oxi política e econ^
trário da empresa privada e do mercado
tão essencial à economia contemporâ nea, como processo de supressão ou de limitação da livre concorrência, que sua prevalência definitiva é considerada ine
uso ou convenção do que por motivo de convicção (27), a sua alteração tem
meramente lucrativo pela sistematização
vitável (24), com ressalva, apenas, da
sumo, a ordenação das relações econômi
de 1929, com a depressão mundial, e, com ou sem reservas, ou "quase sem
burguesas, pela limjtaçâo de prerroga
dores de preferências e prioridades. Com efeito, a planificação, embora possa va
tivas nucleares do capitalismo liberali como, a par de outras, a propriedade
riar de tipo e de objetivos, consoantè as necessidades de cada povo e a natu
cm seus vários aspectos, a liberdade de contrato, em particular na relação de
reza das instituições políticas, representa, sempre, a substituição do critério arbi
oriunda do poder público, com a fun ção de estabilizar a economia. Quer
turas. Tanto que se propagou a contar
incerteza do fim para que se planificará
principalmente, a razões de conveniên
mica. E, não obstante esse período tradicional ser admitido mais pelo
sido rejeitada, mesmo entre os povos de
cultura viva e sempre em renovação.
Em França, Informa Trotabas (28)
dizer — segundo o claro pensamento de Landauer (21) — coordenação por meio
de um esfôrço consciente de órgão da
(22) BARBARA WOOTTON — Libertad con Planificaclón — Vers. esp. de Ja
vier Márquez — Fondo de Cultura Econô mica, México, 1946 — ps. 13-15. (23) EDUARDO BENES — Democracia
(18) WILHELM ROPKE — La Crisis Social de Nuestro Tiempo — Trad. de
(20) Lhomme apud Georges Ripert — Aspectos Jurídicos do Capitalismo Mo
Juan Medem Sanjuan — Revista de Occldente, Madrid, 1947 — pgs. 296-7. (19) RAYMOND BURROWS — Planlficacion Econômica — Teoria y Práctica — Trad. de Jullo Luelmo — Editorial Amé
derno — Trad. de Gllda Azevedo — Liv.
rica, México, 1943 — p. 275.
7 — É evidente, porém, que a políti
sob o domínio da produção e do crédito. Cria prioridades na produção e, para
cas conforme regras e princípios defini
Burrows (19), ao menos atenuar os de-
Orçamento cíclico
volvimento da riqueza pública, é uma
titutos de outro sistema. O princípio da relatividade dos direitos conquistou,
riores ao último conflito, se generalizou a convicção de que ao Estado cabe, se não neutralizar, como observa Raymond
gulação da circulação econômica .
das necessidades coletivas e de desen
i.iK, oc processos, Instrumentos ou ins
trabalho, o lucro privado. E essa mudança de atitude se acen tuou tanto que, nas duas décadas ante
multânea contra os interesses egoístas;
cial, nacional ou regional, a planificação, como política ou sistema de previsão
rigida requer ou implica, necessariamen te, planificação, que significa, em re
assim, amplo domínio nas democracias
(25). Mesmo economistas que não li
bara "Wootlon (22), por seu turno, es
econômicas.
mia de mercado, sob o império das pa forme a crítica de Ropke (18). Mas, verificada a impossibilidade de
sociedade, em vez da coordenação au
tomática que se opera no mercado. Bar
mo de monopólio, falsificador da econo tentes 8 das sociedades anônimas, con
29
Digesto EcoNÒ^aco
Edit. Freitas Bastos. Rio, 1947 — p. 228. (21)
CARL LANDAUER — Teória de
Ia Planificaclón Econômica — Vers. esp. de Javier Márquez — Fondo de Cultura
Econômica, México, 1945 — ps. 19-20.
de Hoje e de Amanhã — Trad. de Jiri Reiszman — Edlt. Calvino Ltda. 1945 — ps. 210-1.
(24) KARL MANNHEIM — Libertad y Planilicaciôn Social — Vers. esp. de Rubéz Landa — Fondo de Cultura Econômi ca, México. 1946 — p. 12.
(251 HAROLD LASKY — Refle:tíones
sobre Ia Revoluciôn de Nuestro Tiempo — Trad de José Otero Espasadin — Edi torial Abril, Buenos Aires, 1944 — P- 433. (26) WILHELM ROPKE — Ob. cit. — DS 31 e 218 a 228. principalmente. (27) J. A. ESTEY — Ob. cit. — ps. 398-400.
(28) LOUIS TROTABAS — Précis de Science et Legislation Financières — Lib. Dalloz. Paris, 1928 — ps. 54-5.
30
Dicesto Econômico 31
Digesto Econômico
que "diverses propositioas tendant à rendre le budget biennal furent-eUes tou-
jours repoussées. Cest exceptionnellement que, sans réaliser daílleurs un
budget biennal proprement dít, le bud get de 1923 fut declare parHellement applicable à rexercice 1924".
Mas, a necessidade crescente de libe
rar o govêmo do excesso de rigidez for mal, ò aumento constante das funções do Estado no campo social e econômico e
financeiro, com a conseqüente comple
xidade dos empreendimentos oficiais ocorrências da vida parlamentar, deter minaram a adoção de providências e ar-
Wicios para contornar, superar ou abran dar a anualidade orçamentária. Os orça mentos extraordinários, que em França por exemplo, desde 1878 ingressaram, ein sua verdadeira acepção", na conta-
biüdade orçamentária, vigorando até 1391, segundo revela Stourm (29); a distinção ou a preferência entre o crité
rio de gestão" e o de "exercício", com preendendo este "Fensemble des opéra-
tions de depenses et de recettes prévues et autorisées pour une année et effec-
tuées penda,H et après les douze mois de cette année, — o que importa em complementar"
(30); os créditos anuais permanentes da
constitucional de 1926, para evilar a falta de lei de meios no exercício sub sequente; o próprio "régime provisoire
mando a necessidade de seu ecpiiUbrio
des budgets trímestriels, englobés ul-
employer à faire face aux déficits de Ia pbasc ultéiiture de déclin, en parti-
térieuremcnt, .sons réservo dc rectifica-
culicr à financer les travaux de circons-
tituição francesa de 1946 consagra o
tions commandées par le.s circonstances,
táncc. Mais c'est le plus souvent au I •! ; • ■ .'cpression niême que se
principio da precedência das despesas, visto que atribui a iniciativa. delas aos
(32); — todas essas fórmulas e medi
fait sentir Topportunité d'une gcstion
deputados à Assembléia Nacional (art.
das conduzem, direta ou indiretamente,
"conjonctureUé
17). Êsse critério, aliás, de proponderância das de.spesas, ou de certas des pesas, não é recente, ainda que o seja
dans un budget annuel récapitulatir'
despesas necessárias" (31); a prorroga ção do orçamento, facultada, ou pres crita, como entre nos desde a reforma
(30) LOUIS TROTABAS — Ob cit — ps. 36-7.
(31)^ CARLOS MAXIMILIANO — Co mentários à Constituição Brasileira — Lív
Edit. Eleitas, Rio, 1948 — Vol. II, p. 125.
FEtat
émettra des emprunts dont le produit
anualidade orçamentária, que, aliás, não vigora na totalidade das legislações. Nos
será cmployé à animer réconomie na-
Estados Unidos, 42 Estados têm orça
mentos bienais, adotando Alabama, por exceção, o período de quatro anos (33).
Por outro lado, a planificação econô mica, prevendo c dispondo para "um
tionale et dont Ic remboursement scra
pris en cbarge par les budgets de Ia reprise". Assim, os e.xcedentes ou saldos da fase
de prosperidade atenderão às despesas ou necessidades da fase de depressão,
período determinado do futuro", tran.s-
criando-se um elo de solidariedade fi
põc, nccessàriamenie, o quadro do orça mento ánuo. Impõe orçamento de longa
nanceira em todo o curso do ciclo.
duração, xisto que os empreendimentos, as normas e os recursos que estabelece não podem efetivar-se no curso de ilm ano, nem este período basta para con
firmar ou retificar as provisões feitas. O orçamento cíclico ou plurianual é, portantó, o instrumento financeiro por
meio do qual se realiza a política planificada. Tendo em vista as flutuações econômicas, naturalmente perturbado
resen'as e o dos créditos por antecipa
O
equilíbrio orçamentário se realiza, pois, não em cada ano, mas pelo ciclo, gas tando o governo na. depressão, para evitar o colapso, c economizando na ex
locais, a Bélgica, a Finlândia e a Sué cia são apontadas como os países pio neiros da compensação cíclica.
França, desde 1930, as óhamadas "lois
missos".
Planificação, orçamento cíclico e democracia
de programme/', destinadas principalmen
8 — Mas, em que pese a lição sobe
te ao preparo da defesa nacional o ela
rana dos fatos, tem sido discutida a
boradas, por isso mesmo, para execução parcelada mas contínua,: por vários anos,
pondent dans les budgets des annés cou-
pourra
vrant Ia durréc d'exécution du programme" (35). Ê, em verdade, a entrosa-
gem do plano ou orçamento cíclico no
HENRY LAUFENBURGER - Trai-
de até reduzir-se à fome, para manter a
Em
ensina Laufenburger (34) — TEtat
- (34)
cia lhos impõem. Sua condição niu> é idêntica à do pai de família, à do indi sua honra e satisfazer os seus compro
est amorcée en periode de prospérité, —
(32) HENRY LAUFENBURGER - Traite" — p. 79. (33) SCHULTZ — American Public Finance, N. y., 1942 — ps. 138-9.
nações não podem eximir-se a encargos,
quando as necessidades de sua existên
Com singularidades e variações de correntes de circunstâncias especiais ou
tion des annuités de paiement coires-
des réserves et les
organização das finanças republicanas, ponderava "que há despesas necessárias, sagradas, fatais no orçamento das na ções; e é só depois de ler avaliado a importância desses sacrifícios inevitáveis, que o legislador vai fixar a receita. As
víduo previdente e morigerado, que po
obrigaram a que fosse feita 'Tinscríp-
accumuler
a sua sistematização. Entre nós, Rui Barbosa (36), em 1890, examinando a
pansão, como medida anti-inflacionária.
ção. "Si Ia politique cyclíque du budget
.(29). RENÉ STOURM — Le Budget — Lib. Guiliaumin et Cte., Paris. 1896 — ps ^23-232
budgets:
a superar, contornar ou abrandar a
pratica inglesa e americana, assim con- • ras das previsões estabelecidas, a teoria do orçamento cíclico sugere dois méto siderados "os decorrentes de impostos dos para assegurar o equilíbrio: o das
anteriormente votados o aplicáveis às
des
com a receita. Efethamente; e a Cons
ordinário, anual.
Dír-se-á que êsse regime, dá prece dência às despesas públicas, subesti
compossibilidade do orçamento cíclico e da planificação com o regime demo crático.
Sem dúvida, a planificação restringe a liberdade econômica, regulando-a; am
plia as limitações ao direito de proprie dade, para garantia de execução das normas estabelecidas; se total, anula ria a iniciativa prix'ada e o critério de preferência do consumidor. Pode, assim, (36) RUI BARBOSA — Obras Comple
té — ps. 222-3.
tas, Vol. XVII, 1890 (35) HENRY LAUFENBURGER — Traité — ps. 228 e 86. principalmente.
Tomo 1 — A Cons
tituição de 1891 — Minist. da Educ. e Saú de, Rio, 1946 — p. 176.
30
Dicesto Econômico 31
Digesto Econômico
que "diverses propositioas tendant à rendre le budget biennal furent-eUes tou-
jours repoussées. Cest exceptionnellement que, sans réaliser daílleurs un
budget biennal proprement dít, le bud get de 1923 fut declare parHellement applicable à rexercice 1924".
Mas, a necessidade crescente de libe
rar o govêmo do excesso de rigidez for mal, ò aumento constante das funções do Estado no campo social e econômico e
financeiro, com a conseqüente comple
xidade dos empreendimentos oficiais ocorrências da vida parlamentar, deter minaram a adoção de providências e ar-
Wicios para contornar, superar ou abran dar a anualidade orçamentária. Os orça mentos extraordinários, que em França por exemplo, desde 1878 ingressaram, ein sua verdadeira acepção", na conta-
biüdade orçamentária, vigorando até 1391, segundo revela Stourm (29); a distinção ou a preferência entre o crité
rio de gestão" e o de "exercício", com preendendo este "Fensemble des opéra-
tions de depenses et de recettes prévues et autorisées pour une année et effec-
tuées penda,H et après les douze mois de cette année, — o que importa em complementar"
(30); os créditos anuais permanentes da
constitucional de 1926, para evilar a falta de lei de meios no exercício sub sequente; o próprio "régime provisoire
mando a necessidade de seu ecpiiUbrio
des budgets trímestriels, englobés ul-
employer à faire face aux déficits de Ia pbasc ultéiiture de déclin, en parti-
térieuremcnt, .sons réservo dc rectifica-
culicr à financer les travaux de circons-
tituição francesa de 1946 consagra o
tions commandées par le.s circonstances,
táncc. Mais c'est le plus souvent au I •! ; • ■ .'cpression niême que se
principio da precedência das despesas, visto que atribui a iniciativa. delas aos
(32); — todas essas fórmulas e medi
fait sentir Topportunité d'une gcstion
deputados à Assembléia Nacional (art.
das conduzem, direta ou indiretamente,
"conjonctureUé
17). Êsse critério, aliás, de proponderância das de.spesas, ou de certas des pesas, não é recente, ainda que o seja
dans un budget annuel récapitulatir'
despesas necessárias" (31); a prorroga ção do orçamento, facultada, ou pres crita, como entre nos desde a reforma
(30) LOUIS TROTABAS — Ob cit — ps. 36-7.
(31)^ CARLOS MAXIMILIANO — Co mentários à Constituição Brasileira — Lív
Edit. Eleitas, Rio, 1948 — Vol. II, p. 125.
FEtat
émettra des emprunts dont le produit
anualidade orçamentária, que, aliás, não vigora na totalidade das legislações. Nos
será cmployé à animer réconomie na-
Estados Unidos, 42 Estados têm orça
mentos bienais, adotando Alabama, por exceção, o período de quatro anos (33).
Por outro lado, a planificação econô mica, prevendo c dispondo para "um
tionale et dont Ic remboursement scra
pris en cbarge par les budgets de Ia reprise". Assim, os e.xcedentes ou saldos da fase
de prosperidade atenderão às despesas ou necessidades da fase de depressão,
período determinado do futuro", tran.s-
criando-se um elo de solidariedade fi
põc, nccessàriamenie, o quadro do orça mento ánuo. Impõe orçamento de longa
nanceira em todo o curso do ciclo.
duração, xisto que os empreendimentos, as normas e os recursos que estabelece não podem efetivar-se no curso de ilm ano, nem este período basta para con
firmar ou retificar as provisões feitas. O orçamento cíclico ou plurianual é, portantó, o instrumento financeiro por
meio do qual se realiza a política planificada. Tendo em vista as flutuações econômicas, naturalmente perturbado
resen'as e o dos créditos por antecipa
O
equilíbrio orçamentário se realiza, pois, não em cada ano, mas pelo ciclo, gas tando o governo na. depressão, para evitar o colapso, c economizando na ex
locais, a Bélgica, a Finlândia e a Sué cia são apontadas como os países pio neiros da compensação cíclica.
França, desde 1930, as óhamadas "lois
missos".
Planificação, orçamento cíclico e democracia
de programme/', destinadas principalmen
8 — Mas, em que pese a lição sobe
te ao preparo da defesa nacional o ela
rana dos fatos, tem sido discutida a
boradas, por isso mesmo, para execução parcelada mas contínua,: por vários anos,
pondent dans les budgets des annés cou-
pourra
vrant Ia durréc d'exécution du programme" (35). Ê, em verdade, a entrosa-
gem do plano ou orçamento cíclico no
HENRY LAUFENBURGER - Trai-
de até reduzir-se à fome, para manter a
Em
ensina Laufenburger (34) — TEtat
- (34)
cia lhos impõem. Sua condição niu> é idêntica à do pai de família, à do indi sua honra e satisfazer os seus compro
est amorcée en periode de prospérité, —
(32) HENRY LAUFENBURGER - Traite" — p. 79. (33) SCHULTZ — American Public Finance, N. y., 1942 — ps. 138-9.
nações não podem eximir-se a encargos,
quando as necessidades de sua existên
Com singularidades e variações de correntes de circunstâncias especiais ou
tion des annuités de paiement coires-
des réserves et les
organização das finanças republicanas, ponderava "que há despesas necessárias, sagradas, fatais no orçamento das na ções; e é só depois de ler avaliado a importância desses sacrifícios inevitáveis, que o legislador vai fixar a receita. As
víduo previdente e morigerado, que po
obrigaram a que fosse feita 'Tinscríp-
accumuler
a sua sistematização. Entre nós, Rui Barbosa (36), em 1890, examinando a
pansão, como medida anti-inflacionária.
ção. "Si Ia politique cyclíque du budget
.(29). RENÉ STOURM — Le Budget — Lib. Guiliaumin et Cte., Paris. 1896 — ps ^23-232
budgets:
a superar, contornar ou abrandar a
pratica inglesa e americana, assim con- • ras das previsões estabelecidas, a teoria do orçamento cíclico sugere dois méto siderados "os decorrentes de impostos dos para assegurar o equilíbrio: o das
anteriormente votados o aplicáveis às
des
com a receita. Efethamente; e a Cons
ordinário, anual.
Dír-se-á que êsse regime, dá prece dência às despesas públicas, subesti
compossibilidade do orçamento cíclico e da planificação com o regime demo crático.
Sem dúvida, a planificação restringe a liberdade econômica, regulando-a; am
plia as limitações ao direito de proprie dade, para garantia de execução das normas estabelecidas; se total, anula ria a iniciativa prix'ada e o critério de preferência do consumidor. Pode, assim, (36) RUI BARBOSA — Obras Comple
té — ps. 222-3.
tas, Vol. XVII, 1890 (35) HENRY LAUFENBURGER — Traité — ps. 228 e 86. principalmente.
Tomo 1 — A Cons
tituição de 1891 — Minist. da Educ. e Saú de, Rio, 1946 — p. 176.
32
DiGiiSTO Econômico
facilitar o abuso de império, do que é exemplo a experiência dos Estados to talitários.
cia, sobretudo se atentarmos cm que
Contudo, a complexidade crescente de vida das comunidades civilizadas tem de
esta, em
nossos dia.s, se caracteriza,
monstrado a necessidade de um mínimo
acentuadamente, pela igualdade efetiva. Ao contrário. Visto o problema sob êste
de planifícação, independentemente da
aspecto, a planifícação fortalecerá a de
natureza das instituições políticas. Quan to mais densa se torna a vida de um povo, tanto menos lhe é possível conferir
à ordem privada o controle dos fatos que incidem no círculo dos interesses mate
riais dos indivíduos e de suas organiza
ções de finalidade lucrativa. A inter venção do Estado se impõe como condi
ção de equilíbrio, e, por isso mc.smo, nao deve ser abusiva, nem absorvente. Conforme adverte Lasky (37), não há necessidade de que o Estado tome a
»
Não há, portanto, incompatibilidade necessária entre planifícação e democra
seu cargo tôda a agricultura e toda a
mdustna basta que se reserve o "monopol.o de certas áreas de vital impor tância . Por outro lado, para isso não e preciso constrangimento nem violên cia, como norma. Embora requeira ener
gia, a política planificada pode desen volver-se por "procedimentos suaves"
mocracia, suprimindo, ou ao monos re duzindo, a contradição entre uma for
(37) HAROLD LASKY — Ob. cit. —— ps
comum contra a ditadura. E a transa
to, não pode ser intrinsecamcnte anti
ção se deu mais entre os próprios libe rais do que entre estes e os espíritos
tar anualmente o orçamento da receita e
democrático.
renovados e reformistas.
Ora, se a planifícação desempenlia esse papel, o orçamento cíclico, que a consubstancia ou lhe serve do intrumen-
Verdade é que o orçamento plurianual,
Temistocles
Cavalcanti (41) a qualifica bem: "Tra
contrariando a tradição, furtará ao Par
ta-se de uma Constituição liberal, de
lamento, se não fôr adotado processo es
fundo democrático, timidamente pro
pecial de vigilância, o e.vamc, em curtos períodos, das atividades financeiras do
governo. Daí a possibilidade de abuso e de usurpação de autoridade. É sem pre lembrado o que ocorria no Império Alemão com os orçamentos militare.s, vo
tados para um período de sete anos. Mas, de outro lado, é de notar-se que os princípios clássicos do orçamen
financeira.
O problema na consHtiiiç<ro brasileira
gressista, como transação discreta com
algumas correntes mais avançadas que influíram na sua elaboração". Com preende-se, aliás, que haja sido modela
da nesse estilo, quer pela composição
da Constituinte, predominantemente li beral, quer porque a aspiração nacional se traduzia, sobretudo, no anseio por um instrumento de garantias, sem preocupa
ção fundamental quanto ao seu sentido inovador. Interpretando esse fenôme-
(40) CARL LANDAUER — Ob. cit. — ps. 217-230.
Quanto ao orçamento, consagrou as
era explícito", usava esta expressão: "vo despesa", e explica: "a Emenda 967 fez prevalecer a forma hodierna, sob o fun damento de ser o orçamento imperiosa mente anual"... De fato, o art. 65,
ao fixar a competência do Congresso Nacional, se refere, apenas, a votar o orçamento. Não nos parece, entretanto,
pela própria exposição aqui desenvol vida, que a anualidade seja regra impe riosa. E está assegurada na Constitui
ção de ,1946 pelo disposto, entre outros, nos artigos 74 e 77, § 4.®. Contudo, e apesar da proibição cons tante do art. 73, § 1.°, não há impedi
mento 4 concessão de recursos plurianuais, como o e.xige o orçamento cí
frisou que a função da Constituinte era
clico.
menos uma tarefa criadora do que uma
No art. 74, a Constituição prescreve
obra de restauração, pela qual a Na-
a prorrogação automática do orçamento,
Çao reencontrava os caminhos da sua
se o do exercício seguinte não for en viado à sanção até 30 de novembro -
tradição, vendo nêles a própria organi
o que vale, pràticaraente, tornar bienal
zação da liberdade.
constitucional brasileiro, estruturando, como estrutura, um regime democrático,
municípios.
no, o deputado Nestór Duarte (42)
9 — Assim, lògicamente, o sistema
p. 191.
(39) JULIAN HUXLEY — Ob. cit —
vou, ressalvada a parte relativa à dis
regras clássicas (art. 73). O Minis tro Carlos Maximiliano (43), depois de assinalar que "o Projeto de Constituição
aristocrática (40).
(38) CARL LANDAUER — Ob cit. —
ps. 191-2.
tribuição das rendas, em que é profun
rogênea, cujas forças integrantes sô es tiveram parcialmente unidas no empenho
ma democrática de governo c uma constituição econômica essencialmente
gional", de acôrdo com a informação E, dentro desse novo quadro, não há de Landauer (38), a TVA é, também, obstáculo 'maior à fixação de um pro um modêlo de regulação democrática, cesso regular de verificação da política
434 e 473.
ra contém preceituação incompatível com a planifícação e o orçamento cí
cerne, por exemplo, à organização admi
damente distinta das anteriores, em par
pelas novas instituições e necessidades.
gundo o testemunho de Hu.xley (39).
nistrativa e financeira, em pouco ino
ticular pelos benefícios assegurados aos
destacado da planifícação econômica re-,
da persuasão, o consentimento e par
Claro é que, forjada nessas circuns tâncias, a Constituição não poderia ser grandemente inovadora. No que con
Como as Constituições anteriores, a de 1946 é obra de transação, resultante dos trabalhos de uma Assembléia hete
to estão sofrendo as mutações impostas
ticipação de todos os interessados, se
não deve conduzir a solução diversa
da conclusão geral estabelecida. É .sabido, porém, que o direito não á apenas lógica, e, por isso, importa indagar se a atual Constituição brasilei clico.
pela "persuasão", e dessa prática é prova edificante, numa democracia capitalista, o funcionamento da "Tennessee Valley Authority". Sendo "o exemplo mais
em constante aperfeiçoamento na busca
96
Dicesto Econômico
(41) TEMISTOCLES CAVALCANTI
—
A Constituição Federal Comentada — Jo sé Konfino, Rio. 1948 — Vol. I — p. VI. (42) NESTOR DUARTE ~ Discurso na Assembléia Constituinte — Publicado em "A Tarde", edição de 20-6-946.
a previsão, originàriamente anua. De pois, prevê a aplicação, por anos su cessivos, de recursos destinados a ser(43)
CARLOS MAXIMILIANO- — Ob. e
vol. cits. — p. 120.
32
DiGiiSTO Econômico
facilitar o abuso de império, do que é exemplo a experiência dos Estados to talitários.
cia, sobretudo se atentarmos cm que
Contudo, a complexidade crescente de vida das comunidades civilizadas tem de
esta, em
nossos dia.s, se caracteriza,
monstrado a necessidade de um mínimo
acentuadamente, pela igualdade efetiva. Ao contrário. Visto o problema sob êste
de planifícação, independentemente da
aspecto, a planifícação fortalecerá a de
natureza das instituições políticas. Quan to mais densa se torna a vida de um povo, tanto menos lhe é possível conferir
à ordem privada o controle dos fatos que incidem no círculo dos interesses mate
riais dos indivíduos e de suas organiza
ções de finalidade lucrativa. A inter venção do Estado se impõe como condi
ção de equilíbrio, e, por isso mc.smo, nao deve ser abusiva, nem absorvente. Conforme adverte Lasky (37), não há necessidade de que o Estado tome a
»
Não há, portanto, incompatibilidade necessária entre planifícação e democra
seu cargo tôda a agricultura e toda a
mdustna basta que se reserve o "monopol.o de certas áreas de vital impor tância . Por outro lado, para isso não e preciso constrangimento nem violên cia, como norma. Embora requeira ener
gia, a política planificada pode desen volver-se por "procedimentos suaves"
mocracia, suprimindo, ou ao monos re duzindo, a contradição entre uma for
(37) HAROLD LASKY — Ob. cit. —— ps
comum contra a ditadura. E a transa
to, não pode ser intrinsecamcnte anti
ção se deu mais entre os próprios libe rais do que entre estes e os espíritos
tar anualmente o orçamento da receita e
democrático.
renovados e reformistas.
Ora, se a planifícação desempenlia esse papel, o orçamento cíclico, que a consubstancia ou lhe serve do intrumen-
Verdade é que o orçamento plurianual,
Temistocles
Cavalcanti (41) a qualifica bem: "Tra
contrariando a tradição, furtará ao Par
ta-se de uma Constituição liberal, de
lamento, se não fôr adotado processo es
fundo democrático, timidamente pro
pecial de vigilância, o e.vamc, em curtos períodos, das atividades financeiras do
governo. Daí a possibilidade de abuso e de usurpação de autoridade. É sem pre lembrado o que ocorria no Império Alemão com os orçamentos militare.s, vo
tados para um período de sete anos. Mas, de outro lado, é de notar-se que os princípios clássicos do orçamen
financeira.
O problema na consHtiiiç<ro brasileira
gressista, como transação discreta com
algumas correntes mais avançadas que influíram na sua elaboração". Com preende-se, aliás, que haja sido modela
da nesse estilo, quer pela composição
da Constituinte, predominantemente li beral, quer porque a aspiração nacional se traduzia, sobretudo, no anseio por um instrumento de garantias, sem preocupa
ção fundamental quanto ao seu sentido inovador. Interpretando esse fenôme-
(40) CARL LANDAUER — Ob. cit. — ps. 217-230.
Quanto ao orçamento, consagrou as
era explícito", usava esta expressão: "vo despesa", e explica: "a Emenda 967 fez prevalecer a forma hodierna, sob o fun damento de ser o orçamento imperiosa mente anual"... De fato, o art. 65,
ao fixar a competência do Congresso Nacional, se refere, apenas, a votar o orçamento. Não nos parece, entretanto,
pela própria exposição aqui desenvol vida, que a anualidade seja regra impe riosa. E está assegurada na Constitui
ção de ,1946 pelo disposto, entre outros, nos artigos 74 e 77, § 4.®. Contudo, e apesar da proibição cons tante do art. 73, § 1.°, não há impedi
mento 4 concessão de recursos plurianuais, como o e.xige o orçamento cí
frisou que a função da Constituinte era
clico.
menos uma tarefa criadora do que uma
No art. 74, a Constituição prescreve
obra de restauração, pela qual a Na-
a prorrogação automática do orçamento,
Çao reencontrava os caminhos da sua
se o do exercício seguinte não for en viado à sanção até 30 de novembro -
tradição, vendo nêles a própria organi
o que vale, pràticaraente, tornar bienal
zação da liberdade.
constitucional brasileiro, estruturando, como estrutura, um regime democrático,
municípios.
no, o deputado Nestór Duarte (42)
9 — Assim, lògicamente, o sistema
p. 191.
(39) JULIAN HUXLEY — Ob. cit —
vou, ressalvada a parte relativa à dis
regras clássicas (art. 73). O Minis tro Carlos Maximiliano (43), depois de assinalar que "o Projeto de Constituição
aristocrática (40).
(38) CARL LANDAUER — Ob cit. —
ps. 191-2.
tribuição das rendas, em que é profun
rogênea, cujas forças integrantes sô es tiveram parcialmente unidas no empenho
ma democrática de governo c uma constituição econômica essencialmente
gional", de acôrdo com a informação E, dentro desse novo quadro, não há de Landauer (38), a TVA é, também, obstáculo 'maior à fixação de um pro um modêlo de regulação democrática, cesso regular de verificação da política
434 e 473.
ra contém preceituação incompatível com a planifícação e o orçamento cí
cerne, por exemplo, à organização admi
damente distinta das anteriores, em par
pelas novas instituições e necessidades.
gundo o testemunho de Hu.xley (39).
nistrativa e financeira, em pouco ino
ticular pelos benefícios assegurados aos
destacado da planifícação econômica re-,
da persuasão, o consentimento e par
Claro é que, forjada nessas circuns tâncias, a Constituição não poderia ser grandemente inovadora. No que con
Como as Constituições anteriores, a de 1946 é obra de transação, resultante dos trabalhos de uma Assembléia hete
to estão sofrendo as mutações impostas
ticipação de todos os interessados, se
não deve conduzir a solução diversa
da conclusão geral estabelecida. É .sabido, porém, que o direito não á apenas lógica, e, por isso, importa indagar se a atual Constituição brasilei clico.
pela "persuasão", e dessa prática é prova edificante, numa democracia capitalista, o funcionamento da "Tennessee Valley Authority". Sendo "o exemplo mais
em constante aperfeiçoamento na busca
96
Dicesto Econômico
(41) TEMISTOCLES CAVALCANTI
—
A Constituição Federal Comentada — Jo sé Konfino, Rio. 1948 — Vol. I — p. VI. (42) NESTOR DUARTE ~ Discurso na Assembléia Constituinte — Publicado em "A Tarde", edição de 20-6-946.
a previsão, originàriamente anua. De pois, prevê a aplicação, por anos su cessivos, de recursos destinados a ser(43)
CARLOS MAXIMILIANO- — Ob. e
vol. cits. — p. 120.
Dicesto Econômico
35
Digesto Econômico
viços de imediato ou vital interesse na
lei anterior". Parece, assim, que é admi
cional — o que importa em incluí-los, obrigatória e anualmente, no orçamento,
tido um plano do de.spcsas fixas, desde que estabelecido em lei, que, por êsse
durante os períodos estabelecidos para execução dos planos traçados. Assim; o
are. 198 estipula que, "na .execução do plano de defesa contra os efeitos da de nominada sêea do Nordeste, a União despenderá, anualmente, com as obras e os serviços de assistência econômica e
social, quantia nunca inferior a três por cento da sua renda tributária", e obriga os Estados compreendidos naquela área a Iguais gastos "na construção de açudes, peJo regime de cooperação, e noutros serviços necessários à assistência das suas
populações" (^2.0). o ort. 199 pres-
creve que, "na execução do plano de
valonzaçao econômica da Amazônia, a Untao aplicará, durante, pelo menos, vinte anos consecutivos, quantia não in-
fenor a três por cento da sua' renda tributam. £ os Estados e os Territónos estão sujeitos à mesma obrigação
(paragrafo u^nico). Demais, no aS. 29 do Ato das Disposições Transitórias pre-
vosto está que "o Govêmo Federal fica
obrigado, dentro do prazo de vinte anos, a contar da data da promulgação desta
dispositivo como pelo § 34 do art. 141, goza de superioridade sobre o orçamen
to. Destarte — já o afirmou o deputado Aliomar Baleeiro — haverá uma cnlro-
sagem do "plano" ou "orçamento cí clico" no orçamento ordinário, , anual: esto obedecerá à lei do plano, contem
plando as dotações neste previstas.
Prova dessa possibilidade é o Plano Salte, inegavelmente uma tentati\'a de
cil demonstrar-se que a planificação e o
pretando, estende, como lhe parece justo
orçamento cíclico se harmonizam com
ou necessário, a compreensão da nor
a Constituição de 1946, invocando a interpretação construtiva dos textos constitucionais, criada pela doutrina e a jurisprudência. Rui (45) nos ensinou
ma constitucional. Não há muito; mes
que "as constituições não se adotam para tiranizar, mas para escudar a consciên
cia dos povos". E o exemplo norteamericano é digno de ser sempre posto em relevo. Depois de naturais dúvidas, a Suprema Corte dos Estados Unidos passou a interpretar a Constituição de
acôrdo com a evolução histórica, consi-
derando-a "destinada a perdurar du
mudança na orientação da vida econô
rante séculos e, em conseqüência, a
mica e financeira nacional.
adaptar-se as diversas crises das ques
Dizem-no,
claramente, a Mensagem presidencial que o justifica e o Projeto de Lei que o aprova (44). Saliente-se, apenas,
que, se o art. 1.° deste Projeto sc refe
tões humanas" (46). E tanto ampliou o seu poder de construção da inteligência
do têxto que Hughes (47), quando Go vernador do Estado de Nova York, pro
re a "programas de trabalho a serem executados, em conjunto, durante os exer
clamou: "Vivemos sob uma Constitui
cícios de 1949 a 1953, com o objetivo de proporcionar melhores condições de
juizes dizer que seja".
ção; mas a Constituição é o que os No Brasil, o Supremo Tribunal Fe
saiide, de produção agropecuária em
deral ainda não exerce tão amplamente
particular, de alimentos, de transportes e de energia", O'seu art. 4.° determina:
suas atribuições. Mas, por vêzes, inter-
mo, fixando os limites da competência
dos Estados, deu interpretação extensiva
ao preceito que impõe a obsen'ância dos princípios constitucionais da União (Art.
7.'^, VII), ao que informa Temístocles Cavalcanti (48).
Nestas condições, interpretadas e apli cadas com inteligência e espírito públi co, as constituições podem adaptar-se às inovações do progresso e às variações gerais da \ida humana, não obstante a limitação dos textos.
No que respeita aos fatos econômicos 6 financeiros, podem segui-los e ordenálos, inclusive a brasileira, sem prejuízo
dos princípios essenciais do regime de mocrático. De modo geral, basta, para tantoy que seja, definitiva e corajosa mente, assentada a convicção de que
"a liberdade implica a ausência de li mitações arbitrárias, não a imunidade frente a regulamentações ou proibições
razoáveis, impostas no interesse da co munidade" (49).
"O orçamento da União consignará, su
Conclusão
cessivamente, ao Plano Salte, nos exer
BARBOSA
—
Discurso
do
Constituição, a traçar e executar um
cícios de 1949 a 1953, as dotações de 1.100, 1.500, 1.850, 2.100 e 3.130 mi
— In Elogios e Orações, «ío, 1924 — p. 314.
10 — Ante o exposto, concluímos pela
®I>"WARD CORWIN — La Consti-
sibilidades econômicas do Rio São Fran
lhões de cruzeiros, além das parcelas de 240, 315, 340, 310 e 315 milhões,
rfi " An^ericana y su actual Significa-
compatibilidade do orçamento cíclico e da planificação com a Constituição de
plano de aproveitamento total das pos
cisco e seus afluentes, no qual aplicará, anualmente, quantia não inferior a uni por cento de suas rendas tributárias". Como se vê, todos êsses casos constituem planos de longa duração, a serem exe
cutados por entrosamento no orçamento ânuo.
A par disso, o § 2.° do art. 73 - nor
ma de ordem geral — preceitua que no orçamento da despesa, ao lado da va
deduzidas, naqueles mesmos exercícios, das dotações com destinação compulsó
... Trad. de Rafael Demaria — Edit. Ki*aft Ltda., Buenos Aires,
(47) CHARLES EVANS HUGHES — La
^uprema Côrte de Estados Unidos —Trad.
(48) temístocles CAVALCANTI —
ria, de acordo com os dispositivos cons
de Roberto Pasquel e Vicente Herrero — 7®ndo de Cultura Econômica, México,
Ob. cit. Vol. I — ps. 277-8.
titucionais".
1946 — p. 7.
Ob. cit. — p. 188.
Trata-se, pois, de um projeto de lei de programa, um ensaio de planificação, com orçamento para longo período. Ainda, porém, que não ocorressem tôdas essas circunstâncias, não seria difí-
riável, Há uma parte "fixa, que não po derá ser alterada seiião em virtude de
1946.
1942 — Abertura.
(44) "Diário do Congresso Nacional", de 19-5-948.
1
S f.i il'' . «-V ^
(49) CHARLES EVANS HUGHES —
Dicesto Econômico
35
Digesto Econômico
viços de imediato ou vital interesse na
lei anterior". Parece, assim, que é admi
cional — o que importa em incluí-los, obrigatória e anualmente, no orçamento,
tido um plano do de.spcsas fixas, desde que estabelecido em lei, que, por êsse
durante os períodos estabelecidos para execução dos planos traçados. Assim; o
are. 198 estipula que, "na .execução do plano de defesa contra os efeitos da de nominada sêea do Nordeste, a União despenderá, anualmente, com as obras e os serviços de assistência econômica e
social, quantia nunca inferior a três por cento da sua renda tributária", e obriga os Estados compreendidos naquela área a Iguais gastos "na construção de açudes, peJo regime de cooperação, e noutros serviços necessários à assistência das suas
populações" (^2.0). o ort. 199 pres-
creve que, "na execução do plano de
valonzaçao econômica da Amazônia, a Untao aplicará, durante, pelo menos, vinte anos consecutivos, quantia não in-
fenor a três por cento da sua' renda tributam. £ os Estados e os Territónos estão sujeitos à mesma obrigação
(paragrafo u^nico). Demais, no aS. 29 do Ato das Disposições Transitórias pre-
vosto está que "o Govêmo Federal fica
obrigado, dentro do prazo de vinte anos, a contar da data da promulgação desta
dispositivo como pelo § 34 do art. 141, goza de superioridade sobre o orçamen
to. Destarte — já o afirmou o deputado Aliomar Baleeiro — haverá uma cnlro-
sagem do "plano" ou "orçamento cí clico" no orçamento ordinário, , anual: esto obedecerá à lei do plano, contem
plando as dotações neste previstas.
Prova dessa possibilidade é o Plano Salte, inegavelmente uma tentati\'a de
cil demonstrar-se que a planificação e o
pretando, estende, como lhe parece justo
orçamento cíclico se harmonizam com
ou necessário, a compreensão da nor
a Constituição de 1946, invocando a interpretação construtiva dos textos constitucionais, criada pela doutrina e a jurisprudência. Rui (45) nos ensinou
ma constitucional. Não há muito; mes
que "as constituições não se adotam para tiranizar, mas para escudar a consciên
cia dos povos". E o exemplo norteamericano é digno de ser sempre posto em relevo. Depois de naturais dúvidas, a Suprema Corte dos Estados Unidos passou a interpretar a Constituição de
acôrdo com a evolução histórica, consi-
derando-a "destinada a perdurar du
mudança na orientação da vida econô
rante séculos e, em conseqüência, a
mica e financeira nacional.
adaptar-se as diversas crises das ques
Dizem-no,
claramente, a Mensagem presidencial que o justifica e o Projeto de Lei que o aprova (44). Saliente-se, apenas,
que, se o art. 1.° deste Projeto sc refe
tões humanas" (46). E tanto ampliou o seu poder de construção da inteligência
do têxto que Hughes (47), quando Go vernador do Estado de Nova York, pro
re a "programas de trabalho a serem executados, em conjunto, durante os exer
clamou: "Vivemos sob uma Constitui
cícios de 1949 a 1953, com o objetivo de proporcionar melhores condições de
juizes dizer que seja".
ção; mas a Constituição é o que os No Brasil, o Supremo Tribunal Fe
saiide, de produção agropecuária em
deral ainda não exerce tão amplamente
particular, de alimentos, de transportes e de energia", O'seu art. 4.° determina:
suas atribuições. Mas, por vêzes, inter-
mo, fixando os limites da competência
dos Estados, deu interpretação extensiva
ao preceito que impõe a obsen'ância dos princípios constitucionais da União (Art.
7.'^, VII), ao que informa Temístocles Cavalcanti (48).
Nestas condições, interpretadas e apli cadas com inteligência e espírito públi co, as constituições podem adaptar-se às inovações do progresso e às variações gerais da \ida humana, não obstante a limitação dos textos.
No que respeita aos fatos econômicos 6 financeiros, podem segui-los e ordenálos, inclusive a brasileira, sem prejuízo
dos princípios essenciais do regime de mocrático. De modo geral, basta, para tantoy que seja, definitiva e corajosa mente, assentada a convicção de que
"a liberdade implica a ausência de li mitações arbitrárias, não a imunidade frente a regulamentações ou proibições
razoáveis, impostas no interesse da co munidade" (49).
"O orçamento da União consignará, su
Conclusão
cessivamente, ao Plano Salte, nos exer
BARBOSA
—
Discurso
do
Constituição, a traçar e executar um
cícios de 1949 a 1953, as dotações de 1.100, 1.500, 1.850, 2.100 e 3.130 mi
— In Elogios e Orações, «ío, 1924 — p. 314.
10 — Ante o exposto, concluímos pela
®I>"WARD CORWIN — La Consti-
sibilidades econômicas do Rio São Fran
lhões de cruzeiros, além das parcelas de 240, 315, 340, 310 e 315 milhões,
rfi " An^ericana y su actual Significa-
compatibilidade do orçamento cíclico e da planificação com a Constituição de
plano de aproveitamento total das pos
cisco e seus afluentes, no qual aplicará, anualmente, quantia não inferior a uni por cento de suas rendas tributárias". Como se vê, todos êsses casos constituem planos de longa duração, a serem exe
cutados por entrosamento no orçamento ânuo.
A par disso, o § 2.° do art. 73 - nor
ma de ordem geral — preceitua que no orçamento da despesa, ao lado da va
deduzidas, naqueles mesmos exercícios, das dotações com destinação compulsó
... Trad. de Rafael Demaria — Edit. Ki*aft Ltda., Buenos Aires,
(47) CHARLES EVANS HUGHES — La
^uprema Côrte de Estados Unidos —Trad.
(48) temístocles CAVALCANTI —
ria, de acordo com os dispositivos cons
de Roberto Pasquel e Vicente Herrero — 7®ndo de Cultura Econômica, México,
Ob. cit. Vol. I — ps. 277-8.
titucionais".
1946 — p. 7.
Ob. cit. — p. 188.
Trata-se, pois, de um projeto de lei de programa, um ensaio de planificação, com orçamento para longo período. Ainda, porém, que não ocorressem tôdas essas circunstâncias, não seria difí-
riável, Há uma parte "fixa, que não po derá ser alterada seiião em virtude de
1946.
1942 — Abertura.
(44) "Diário do Congresso Nacional", de 19-5-948.
1
S f.i il'' . «-V ^
(49) CHARLES EVANS HUGHES —
I-V., ,--,--«!?w
Digesto EcoNó^^co
Aspectos do Mercantilismo Robei\to Pinto de Souza
prosperidade econômica do século" XIX
não parece ser menos mercantilista
converteu em antiquada ? São as ne
que o de Tomás Mun".
cessidades que sentiu o Estado de co
(Benini, Lezíoni di economie).
ordenar e organizar num momento caó tico as diferentes forças, no sentido de
O mercantilismo, apesar de grande mente combatido pelos economistas, des
de Adam Smith, e até mesmo negado como doutrina econômica por tratadistas da altura de Alfrcd Marshall, en contra, nos tempos atuais, não só gran
des defensores, como aceitação e aplica ção, em larga escala, por países dirigen®
economia mundiàl.
O fato pode parecer estranho às pes
soas menos avisadas. No entanto, em
face da história, encontra a sua perfeita exphcação e razão de ser. E' que os momentos históricos - século XVI do
obter melhor aproveitamento das mes mas para a consecução de um deter minado fim. De fato, quando se apre senta uma situação profundamente de sordenada e ameaçadora, a lei supre
ma é o poder do Estado, capaz de criar
a ordem
ou
de
restabelecê-la.
Sob êsse aspecto é que deve ser visto p
va na figura do rei como representante
cido a Carlos Magno. As partes desunidas, porém, foram aos poucos tomando impulso e se apa relhando para o restabelecimento da
tempo em que se colocavam os magnos
ordem o segurança nos negócios. Não tardou muito para o ocidente atingir a
ropa durante os séculos XIV e XV, quais
estabilidade necessária ao desenvolvi
mento da sua economia e da sua polí tica. , Cidades surgiam como entrepos tos comerciais, e nelas o mercador, ao
mesmo tempo que se enriquecia, mu
único da nação.
Dessa maneira traça
vam-se, aos poucos, as linhas gerais dos Grandes Estados modernos, ao mesmo
problemas com que ha\'ia de lutar a Eu
sejam o da consolidação do território ad quirido, a conquista de lerritórios novos, a unificação do conjunto num Estado territorial e depois nacional, e o de ven cer as resistências particularistas, prin
dava a concepção moral do ganho e
cipalmente feudais, eclesiásticas e urba-
alterava a função econômica da moeda.
na.s, opostas à unificação. Assim, da
No meio dessa fer
própria
diz: "avec le mercantilisme, nous tou-
evolução dos fatos po
leza procurava destruir
líticos, durante os últi
o poderio dos senhores
mos séculos da Idade
feudais, com o fito de não só obter a sua an
Média, nasciam as condições de uma nova
tiga posição de domí
organização: a do Es
nio como de formar os Grandes Estados mo
funções, deveras, pre
dernos. Nà sua obra foram os monarcas au
maiores.
xiliados por vários fatòres. Assim, as Cru
ções estatais haveriam
chons à des doctrines déjà étrangement
proches et voisines de eelles, ou du moins, de certames de celles de notre époque".
rais, as mesmas características, ou me
solvidos. Não que a história se renove,
Com a morte de Carlos Magno, o vasto domínio dos francos foi desmem
como pretendia Vico. Os problemas é
brado em mil pedaços. Nada mais res
que apresentam, não raras vezes, certas
tou aos herdeiros de um nome ilustre
semelhanças.
— Carlos o Calvo,
Carlos o Gordo,
tado afirmando-se com
tensões e necessidades Essas novas atribui
zadas eliminaram mui tos nobres, ao mesmo
de trazer, naturalmen
Carlos o Simples — que uma dignidade
tempo que empobrece
nominal. Invasores ferozes assolaram o
ram outros ; o aparecimento das cidades
te, uma profunda transformação na vida econômica. Com razão escreve Gon
e o desenvolvimento da indústria e do
nard : "... le nouvel Etat modeme est
comércio criaram outras formas de ri
besogneux; il a besoin de ressources que ne peuvent lui procurer les anciennes
de problemas humanos, como são os econômicos. E' que a Grande Guerra (a primeira) deixou o mundo num "puzzie"
imenso império, espalhando por toda
que se aproxima, em outras condições e
parte o terror e a fome, ao mesmo
sob outra escala, do desordenamento da
porque estava desejosa de paz e segu rança, como porque também o espírito da nacionalidade aos poucos se localiza
mentação gera], a rea
ção — apresentam, nas suas linhas ge
Máxime em se tratando
se aliava a massa da população, não só
problema, e tem razão Gonnard quando
seu apogeu, século XX da sua renova
lhor, problemas semelhantes a serem re
quais, nominalmente vassalos, mas de
fato independentes, governaram por longo tempo, com os títulos de duques, marqueses e condes, quase todas as partes dos domínios que haviam obede
(Da Universidade de São Paulo)
"Em última análise, o século atual
3T
tempo que aceleravam a decomposição Europa no século XVI, no após-Reforma. do antigo poderio. E' justamente aqui, Mas qual vem a ser, na realidade, a . no período mais desolado e mais lúguaproximação das situações históricas ? bre da história da Europa, que todos í^ais são os idênticos problemas a se os privilégios feudais, tôda a moderna rem resolvidos que determinam o res nobreza tem sua origem. Dessa época surgimento de uma doutrina que a nasce o poder desses príncipes, os
queza que não a terra, o que fez com que a nobreza não fôsse mais a única
aides féodales. II lui faut de Ter pour
classe rica, e o emprego da pólvora des
payer ses armées, ses administrateurs, ses representants à Tétranger, cOuvrir les
truiu o poderio militar,
À medida em
que os duques e condes iam perdendo a sua força, a realezia adquiria maior in
frais de ses guerres et de ses intrigues
dependência e soberania. A ela agora
économie politique à réconomie privée
polítiques.
II assimile volontiers son
I-V., ,--,--«!?w
Digesto EcoNó^^co
Aspectos do Mercantilismo Robei\to Pinto de Souza
prosperidade econômica do século" XIX
não parece ser menos mercantilista
converteu em antiquada ? São as ne
que o de Tomás Mun".
cessidades que sentiu o Estado de co
(Benini, Lezíoni di economie).
ordenar e organizar num momento caó tico as diferentes forças, no sentido de
O mercantilismo, apesar de grande mente combatido pelos economistas, des
de Adam Smith, e até mesmo negado como doutrina econômica por tratadistas da altura de Alfrcd Marshall, en contra, nos tempos atuais, não só gran
des defensores, como aceitação e aplica ção, em larga escala, por países dirigen®
economia mundiàl.
O fato pode parecer estranho às pes
soas menos avisadas. No entanto, em
face da história, encontra a sua perfeita exphcação e razão de ser. E' que os momentos históricos - século XVI do
obter melhor aproveitamento das mes mas para a consecução de um deter minado fim. De fato, quando se apre senta uma situação profundamente de sordenada e ameaçadora, a lei supre
ma é o poder do Estado, capaz de criar
a ordem
ou
de
restabelecê-la.
Sob êsse aspecto é que deve ser visto p
va na figura do rei como representante
cido a Carlos Magno. As partes desunidas, porém, foram aos poucos tomando impulso e se apa relhando para o restabelecimento da
tempo em que se colocavam os magnos
ordem o segurança nos negócios. Não tardou muito para o ocidente atingir a
ropa durante os séculos XIV e XV, quais
estabilidade necessária ao desenvolvi
mento da sua economia e da sua polí tica. , Cidades surgiam como entrepos tos comerciais, e nelas o mercador, ao
mesmo tempo que se enriquecia, mu
único da nação.
Dessa maneira traça
vam-se, aos poucos, as linhas gerais dos Grandes Estados modernos, ao mesmo
problemas com que ha\'ia de lutar a Eu
sejam o da consolidação do território ad quirido, a conquista de lerritórios novos, a unificação do conjunto num Estado territorial e depois nacional, e o de ven cer as resistências particularistas, prin
dava a concepção moral do ganho e
cipalmente feudais, eclesiásticas e urba-
alterava a função econômica da moeda.
na.s, opostas à unificação. Assim, da
No meio dessa fer
própria
diz: "avec le mercantilisme, nous tou-
evolução dos fatos po
leza procurava destruir
líticos, durante os últi
o poderio dos senhores
mos séculos da Idade
feudais, com o fito de não só obter a sua an
Média, nasciam as condições de uma nova
tiga posição de domí
organização: a do Es
nio como de formar os Grandes Estados mo
funções, deveras, pre
dernos. Nà sua obra foram os monarcas au
maiores.
xiliados por vários fatòres. Assim, as Cru
ções estatais haveriam
chons à des doctrines déjà étrangement
proches et voisines de eelles, ou du moins, de certames de celles de notre époque".
rais, as mesmas características, ou me
solvidos. Não que a história se renove,
Com a morte de Carlos Magno, o vasto domínio dos francos foi desmem
como pretendia Vico. Os problemas é
brado em mil pedaços. Nada mais res
que apresentam, não raras vezes, certas
tou aos herdeiros de um nome ilustre
semelhanças.
— Carlos o Calvo,
Carlos o Gordo,
tado afirmando-se com
tensões e necessidades Essas novas atribui
zadas eliminaram mui tos nobres, ao mesmo
de trazer, naturalmen
Carlos o Simples — que uma dignidade
tempo que empobrece
nominal. Invasores ferozes assolaram o
ram outros ; o aparecimento das cidades
te, uma profunda transformação na vida econômica. Com razão escreve Gon
e o desenvolvimento da indústria e do
nard : "... le nouvel Etat modeme est
comércio criaram outras formas de ri
besogneux; il a besoin de ressources que ne peuvent lui procurer les anciennes
de problemas humanos, como são os econômicos. E' que a Grande Guerra (a primeira) deixou o mundo num "puzzie"
imenso império, espalhando por toda
que se aproxima, em outras condições e
parte o terror e a fome, ao mesmo
sob outra escala, do desordenamento da
porque estava desejosa de paz e segu rança, como porque também o espírito da nacionalidade aos poucos se localiza
mentação gera], a rea
ção — apresentam, nas suas linhas ge
Máxime em se tratando
se aliava a massa da população, não só
problema, e tem razão Gonnard quando
seu apogeu, século XX da sua renova
lhor, problemas semelhantes a serem re
quais, nominalmente vassalos, mas de
fato independentes, governaram por longo tempo, com os títulos de duques, marqueses e condes, quase todas as partes dos domínios que haviam obede
(Da Universidade de São Paulo)
"Em última análise, o século atual
3T
tempo que aceleravam a decomposição Europa no século XVI, no após-Reforma. do antigo poderio. E' justamente aqui, Mas qual vem a ser, na realidade, a . no período mais desolado e mais lúguaproximação das situações históricas ? bre da história da Europa, que todos í^ais são os idênticos problemas a se os privilégios feudais, tôda a moderna rem resolvidos que determinam o res nobreza tem sua origem. Dessa época surgimento de uma doutrina que a nasce o poder desses príncipes, os
queza que não a terra, o que fez com que a nobreza não fôsse mais a única
aides féodales. II lui faut de Ter pour
classe rica, e o emprego da pólvora des
payer ses armées, ses administrateurs, ses representants à Tétranger, cOuvrir les
truiu o poderio militar,
À medida em
que os duques e condes iam perdendo a sua força, a realezia adquiria maior in
frais de ses guerres et de ses intrigues
dependência e soberania. A ela agora
économie politique à réconomie privée
polítiques.
II assimile volontiers son
58
DiOESTO
1
ECONÓJkíTCO
39'
DiCESTO ECONÓ^'IICO
d'un particulier, et plus spédalement d'un marchand. Comme ce demier, il attaclie une importance speciale à Ia monnaíe.
Et, en fait, il doit surtout
compter, pour financer ses cuerrcs, sur le numéraire metallique, en Tabsence de
toute organisation developée permettant de recourrir au credit".
O Estado, frente ao problema das des pesas, que contmuamente aumentavam,
precisou arranjar um meio para cobrir os
déficits orçamentários. A velha organi zação econômica de feudalí.smo não po deria fornecer nenhum elemento à reali zação do seu intento, constituindo antes um imenso obstáculo. Isso porque, sob
o feudahsmo, os pequenos governadores medievais, e ate mesmo os proprietários, ao se apoderarem do governo, dificulta ram e impediram o natural desenvolvi
mento da indústria e do comércio, sub®
regimem de con-
tribui^cões que revertia unicamente em beneficio de si próprios. Dos inúmeros cargos que pesavam sobre as atividades
econômicas era, sem dúvida, a tremenda
confusão que reinava em toda a Europa no setor da cobrança de taxas e gravames no.s rios navegáveis e estradas, co
mo também os impedimentos que emba raçavam o comércio entre as diferentes
províncias, a principal responsável pelo atraso medieval no terreno econômico.
Para que os negócios trilhassem a sua
marcha evolutiva, era preciso quebrar todo o travejamento feudal que emper rava o desenvolvimento natural da ri
queza, bem como incentivar e proteger as iniciativas industriais e comerciais.
Mas, na situação em que se encontrava a Europa naquela época, .só um poder bastante forte o com fins que ultrapas sassem os limitados interêsses dos se
nhores feudais, poderia empreender a
realização do tão grande tarefa, o que explica a interferência direta dos Estado.s que .se constituíam na vida econô
ra que o excedente da balança de comér
mica o a doutrina intervcncionista do mercantilismo.
bres. O imposto é também fonte de riqueza para o Estado. Portanto, é pre
De fato, o primeiro problema que ti
cio favoreça a afluência de metais no
cantilista, portanto, são, de um lado, a unificação nacional, e do outro o enri
quecimento do Estado para o aumento do seu poderio na ordem internacional.
ciso centralizar em suas mãos a arreca
Ambas essas finalidades decorriam dos
veram de defrontar os nascentes Esta
dação, aumentar as mercadorias sujeitas,
dos, e o que caracteriza principalmente
fomentando a produção, de um lado, e
problemas políticos da época. Pode-se dizer que o mercantilismo encaminhou,
o mercantilismo, foi a unificação econô
o crescimento da população, de outro".
mica nacional.
Êsse sistema, contudo, nem sempre
A política do Colbert
não tem outro significado senão o de obter, a conjugação de todas as forças
revertia em benefício da economia na
cional; aliás, é a primeira vez que as forças econômicas são orientadas para a realização de um fim político produtivo,
econômicas francesas c a abolição dos
empecilhos locais que asfixiavam a eco nomia gaulesa. Foi assim que, na tarifa
ao qual se sacrifica, se necessário for, a
pela primeira vez, o pensamento para a solução de problemas de ordem econô mica, e, segundo Heckscher, "represents tlie most original contribution of the period in question to economic policy and the one wlúch has retained more sway over men's minds tham any otlicr".
dc 1664, procurou o ministro destruir os impostos que impediam o entrelaçamen
preocupação do lucro, pelo fato de exis
to das províncias constitutivas da.s "cinq grosses fermes", ao mesmo tempo
ma dos interesses individuais.
que envidava todos os esforços para a
objetivo do e.sfôrço humano era a salva
criação de um parque industrial francês. Outra grande vitória no campo da po
ção da alma, e enquanto o liberalismo,
porções, em situação semelhante à dos
ou "laisser faire", tendia para o enrique
séculos XV e XVI, em que os países ne
tir uma finalidade que ultrapassa a so Enquanto a concepção medie\al do
A guerra de 1914-1918 veio colocar a humanidade, guardadas as devidas pro
lítica nacional reside no famoso ato da
cimento e bem-estar temporal dos indi
cessitavam de todo o esforço da nação,
rainha Elizabeth da Inglaterra — o Es tatuto dos Artífices e Aprendizes de
víduos, os estadistas e doutrinadores do
para se organizarem em Estados inde pendentes, prósperos e fortes e, assim, se
1562 — baseado numa legislação que re montava até a Black Death, que criou
ca de todas as cogitações o próprio Es tado e o aumento do poderio estatal. Is
um consistente sistema nacional de re
so porque o século XVII é o século da rapina internacional e os Estados neces-
mercantilismo viam como finalidade úni
gulamentação do comércio interno, como
, sitam aparelhar-se para não serem víti mas. Foi nesse século que Portugal e a Espanha perderam a sua projeção in ternacional em detrimento da Inglaterra,
também da indústria, na cidade e fora dela.
Em face do fim político de unificação
nacional, a riqueza econômica do Esta do — meio de obtê-la — ocupa o pri meiro lugar nas preocupações estatais e doutrinárias, e, como escreve Laufenburger, "a acumulação de metais preciosos oferece o meio mais apropriado para" conseguir essa finalidade, o que explica a preeminência do ouro e da riqueza monetária em todos os seus aspectos; também a orientação do comércio exte
rior, no sentido de lograr superioridade de exportação sobre as importações, pa-
í
libertarem do caos não .só político como econômico.
O primeiro dos grandes transtornos criados pela guerra de 1914-1918 foi o imenso desajustamento da estrutura eco nômica. Seria absurdo descrever as con
dições sociais e políticas existentes no
pré-guerra; havia, em geral, suficiente
Holanda e França. "Defense is of much
elasticidade acomodatícia para assegu
greater importance than opulence", es
creveu Adam Smith, que nesse ponto es
rar, à quase totalidade das mercadorias produzidas, preços que não só cobririam
tava inteiramente
seu custo de produção, como proporcio
de
acordo
com
o»
mercantilistas, ou ainda, como notou
nariam lucro bastante razoável, trabalho
Francis Bacon na sua "History of Henry
à maioria das pessoas que procuravam
VII' ao dizer que êsse monarca "was bowlng the ancient policy of this state from the consideration of plenty to the
empregos, e a quase todos a possibilida
consideration of power".
estrutura econômica era produto de um
de de continuar comprando as coisas a
que estavam acostumados. E' que essa
Os dois aspectos políticos que nortea
largo período durante o qual o processô"
ram todo o arcabouço do sistema mer
de deslocamento e divisão pode andar a
58
DiOESTO
1
ECONÓJkíTCO
39'
DiCESTO ECONÓ^'IICO
d'un particulier, et plus spédalement d'un marchand. Comme ce demier, il attaclie une importance speciale à Ia monnaíe.
Et, en fait, il doit surtout
compter, pour financer ses cuerrcs, sur le numéraire metallique, en Tabsence de
toute organisation developée permettant de recourrir au credit".
O Estado, frente ao problema das des pesas, que contmuamente aumentavam,
precisou arranjar um meio para cobrir os
déficits orçamentários. A velha organi zação econômica de feudalí.smo não po deria fornecer nenhum elemento à reali zação do seu intento, constituindo antes um imenso obstáculo. Isso porque, sob
o feudahsmo, os pequenos governadores medievais, e ate mesmo os proprietários, ao se apoderarem do governo, dificulta ram e impediram o natural desenvolvi
mento da indústria e do comércio, sub®
regimem de con-
tribui^cões que revertia unicamente em beneficio de si próprios. Dos inúmeros cargos que pesavam sobre as atividades
econômicas era, sem dúvida, a tremenda
confusão que reinava em toda a Europa no setor da cobrança de taxas e gravames no.s rios navegáveis e estradas, co
mo também os impedimentos que emba raçavam o comércio entre as diferentes
províncias, a principal responsável pelo atraso medieval no terreno econômico.
Para que os negócios trilhassem a sua
marcha evolutiva, era preciso quebrar todo o travejamento feudal que emper rava o desenvolvimento natural da ri
queza, bem como incentivar e proteger as iniciativas industriais e comerciais.
Mas, na situação em que se encontrava a Europa naquela época, .só um poder bastante forte o com fins que ultrapas sassem os limitados interêsses dos se
nhores feudais, poderia empreender a
realização do tão grande tarefa, o que explica a interferência direta dos Estado.s que .se constituíam na vida econô
ra que o excedente da balança de comér
mica o a doutrina intervcncionista do mercantilismo.
bres. O imposto é também fonte de riqueza para o Estado. Portanto, é pre
De fato, o primeiro problema que ti
cio favoreça a afluência de metais no
cantilista, portanto, são, de um lado, a unificação nacional, e do outro o enri
quecimento do Estado para o aumento do seu poderio na ordem internacional.
ciso centralizar em suas mãos a arreca
Ambas essas finalidades decorriam dos
veram de defrontar os nascentes Esta
dação, aumentar as mercadorias sujeitas,
dos, e o que caracteriza principalmente
fomentando a produção, de um lado, e
problemas políticos da época. Pode-se dizer que o mercantilismo encaminhou,
o mercantilismo, foi a unificação econô
o crescimento da população, de outro".
mica nacional.
Êsse sistema, contudo, nem sempre
A política do Colbert
não tem outro significado senão o de obter, a conjugação de todas as forças
revertia em benefício da economia na
cional; aliás, é a primeira vez que as forças econômicas são orientadas para a realização de um fim político produtivo,
econômicas francesas c a abolição dos
empecilhos locais que asfixiavam a eco nomia gaulesa. Foi assim que, na tarifa
ao qual se sacrifica, se necessário for, a
pela primeira vez, o pensamento para a solução de problemas de ordem econô mica, e, segundo Heckscher, "represents tlie most original contribution of the period in question to economic policy and the one wlúch has retained more sway over men's minds tham any otlicr".
dc 1664, procurou o ministro destruir os impostos que impediam o entrelaçamen
preocupação do lucro, pelo fato de exis
to das províncias constitutivas da.s "cinq grosses fermes", ao mesmo tempo
ma dos interesses individuais.
que envidava todos os esforços para a
objetivo do e.sfôrço humano era a salva
criação de um parque industrial francês. Outra grande vitória no campo da po
ção da alma, e enquanto o liberalismo,
porções, em situação semelhante à dos
ou "laisser faire", tendia para o enrique
séculos XV e XVI, em que os países ne
tir uma finalidade que ultrapassa a so Enquanto a concepção medie\al do
A guerra de 1914-1918 veio colocar a humanidade, guardadas as devidas pro
lítica nacional reside no famoso ato da
cimento e bem-estar temporal dos indi
cessitavam de todo o esforço da nação,
rainha Elizabeth da Inglaterra — o Es tatuto dos Artífices e Aprendizes de
víduos, os estadistas e doutrinadores do
para se organizarem em Estados inde pendentes, prósperos e fortes e, assim, se
1562 — baseado numa legislação que re montava até a Black Death, que criou
ca de todas as cogitações o próprio Es tado e o aumento do poderio estatal. Is
um consistente sistema nacional de re
so porque o século XVII é o século da rapina internacional e os Estados neces-
mercantilismo viam como finalidade úni
gulamentação do comércio interno, como
, sitam aparelhar-se para não serem víti mas. Foi nesse século que Portugal e a Espanha perderam a sua projeção in ternacional em detrimento da Inglaterra,
também da indústria, na cidade e fora dela.
Em face do fim político de unificação
nacional, a riqueza econômica do Esta do — meio de obtê-la — ocupa o pri meiro lugar nas preocupações estatais e doutrinárias, e, como escreve Laufenburger, "a acumulação de metais preciosos oferece o meio mais apropriado para" conseguir essa finalidade, o que explica a preeminência do ouro e da riqueza monetária em todos os seus aspectos; também a orientação do comércio exte
rior, no sentido de lograr superioridade de exportação sobre as importações, pa-
í
libertarem do caos não .só político como econômico.
O primeiro dos grandes transtornos criados pela guerra de 1914-1918 foi o imenso desajustamento da estrutura eco nômica. Seria absurdo descrever as con
dições sociais e políticas existentes no
pré-guerra; havia, em geral, suficiente
Holanda e França. "Defense is of much
elasticidade acomodatícia para assegu
greater importance than opulence", es
creveu Adam Smith, que nesse ponto es
rar, à quase totalidade das mercadorias produzidas, preços que não só cobririam
tava inteiramente
seu custo de produção, como proporcio
de
acordo
com
o»
mercantilistas, ou ainda, como notou
nariam lucro bastante razoável, trabalho
Francis Bacon na sua "History of Henry
à maioria das pessoas que procuravam
VII' ao dizer que êsse monarca "was bowlng the ancient policy of this state from the consideration of plenty to the
empregos, e a quase todos a possibilida
consideration of power".
estrutura econômica era produto de um
de de continuar comprando as coisas a
que estavam acostumados. E' que essa
Os dois aspectos políticos que nortea
largo período durante o qual o processô"
ram todo o arcabouço do sistema mer
de deslocamento e divisão pode andar a
DicESTO Econômico
40
passos vagarosos, ao mesmo tempo que evoluir, dentro de um sistema de trocas condicionadas pela lei da oferta e pro cura. Existia tal grau de elasticidade e
da Europa. No dia scguinli' ao da pjjj produziu-so o resultado .surpreendente; ^ comércio mundial já não eslava mais do minado pela troca enlre os países indus-*
ajustamento que favorecia a estabilidade
triais da Europa Oeidenlal e os prochj.
econômica, c foi justamente essa estabi
toros de matéria-prima. Os Estados Uni dos e o Japão e, cm menor escala, o^,. tros países que sc achavam afastados Jq conflito, ganharam, a c.xpensas da Euro pa, ao mesmo tcjnpo que o comércio do Pacífico superava o do Atlântico.
lidade que a guerra de 1914-18 veio
destroçar, jogando por terra todo um ar cabouço que anos de esforços de aco modação ergueram.
A destruição do capital fixo nos ter ritórios de combate e os treze milhões
ra agravar a situação liaviam-se criado
de mortos são apenas pequenos desajus-
na Europa, em conseqüência do Trata
tamentos causados pela guerra. A au
do de Paz, novo.s Estados, o que trouxe aumento das unidades aduaneiras de 20
sência dos mortos não facilitará aos so breviventes encontrar emprego, porque
para 27.
se já não existem os treze milhões para competir na procura de trabalho, não
das nacionais c internacionais que era
A guerra deixou uma herança de divi» A Inglaterra, por
Dicesto EcoNó^nco
41
ce", agrupar todos os seus recursos e encaminhá-los para a solução da crise
isso tomou-se conservador, na proteção
séculos XV c XVI. Daí ter-se o mercan
de certas classes contra a perda de seus privilégios ou a diminuição do nível de vida, ao mesmo tempo que reformista, procurando estender os benefícios do progresso social aos grupos menos favo
tilismo convertido na época contempo rânea em um dos instrumentos prepon
recidos. Nesses dois aspectos vi^ya ape nas a reconstrução da ruína ecOnómica
derantes da reconstituição econômica do
deixada pela guerra de 1914. E é essa a orientação que tomou o mercantilismo nas democracias, apresentando um senti
em que se encontravam. E aqui as na ções do após-guerra se acharam em con dições de reconstrução semelhante à dos
pós-guerra 14-18. "Não há de que se espantar — escreve Laufenburger — se
vemos que se recomenda e se pratica o
do construtivo e renovador, se bem gvie
mercantilismo nos países que perderam a guerra, a fim do ganhar a próxima, e
riem sempre acertado.
p{'r aqueles que, apesar de se encontra rem entre os vencedores, estimam que não conseguiram vantagens da vitória. Na Alemanha nacional-socialista, como na Itália facista, toda atividade humana, a produção agrícola e á industrial, o comér cio interior e exterior, tudo, em uma pa lavra, se acha subordinado ao interesse
cional, houve ura grande esforço para se
^
Terminado o recente "conflito interna
existe também seu consumo e as suas
impossível • suportar.
atividades comerciais e industriais que
exemplo, arrecadou com enorme imposi
poderiam fornecer novas ocupações. Por outro lado, o problema da reposição dos combatentes desmobilizados nas ocupa ções civis e a despedida dos operários c
ção soma suficiente para pagar um têrço do custo da guerra durante a sua dura milhões de
operárias da indústria de municiamento
grande que os gastos do govêmo durante
e outros inúmeros serviços de guerra
o período que vai de 1914 a 1918 exce deram o gasto total dos dois séculos an
mercantili.smc, em outras nações que
zer face a elas. O Estado foi chamado a-
ção. O custo total, estimado em lO.QQO libras
esterlinas, foi
tôo
voltar às instituições democráticas. Afi nal, havia-se combatido para vencer a
opressão do Estado e garantir a liberda de e o regimem democrático. Aos pou
geral e ao poder do Estado, cujo fim é
cos, porém, foi-se retomando: as difi
a expansão política e econômica."
culdades a vencer eram enormes e o in
Deve-se considerar, contudo, que o
divíduo isolado não poderia, sòzi^iho, fa
veio perturbar ainda mais o caos, pois SÓ era possível ser isso realizado em muito pequena escala, em virtude de a conjuntura econômica ter mudado quase
não a Italia e a Alemanha, não revestiu
intervir, mas deixou bem claro que as
teriores. Se um dos a.spectos principais
êsse aspecto exclusivista e dominador,
da história econômica do após-giierra foi o esforço contínuo para corrigir os de-
em que a autarquia chegou a ser, no transcurso dos últimos anos, o mais im
totalmente.
sajustamentos produzidos pela guerra, o
portante característico.
prerrogativas do cidadão eram inviolá veis e ultrapassavam os fins do Estado. Só se permitia a ingerência estatal a tí tulo provisório e enquanto bem servisse
outro foi o esforço contínuo para solu
países tôda atividade individual é estatal
os interesses da coletividade. A interfe
possuía um único objetivo — ganhíxr a próxima guerra'— e, portanto, as suas
rência do Estado existe, portanto, mas
políticas se achavam afastadas dos prin
não totalitárias.
cípios econômicos e das leis do lucro e
voltando ao mercantilisnío,
Ainda maior era a desordem no co
E' que nesses*
ciente, haviam construído indústrias no
cionar o problema da dívida que, mau grado o esforço, dax-a sempre lugar a maiores desajustamentos ocasionados pw?la inflação, no plano nacional, e pela
próprio píiís. Passada a guerra, essas in
transferência, no internacional.
do rendimento, visando apenas o fim
roupagem é verdade, mas com todas as
dústrias, ameaçadas com a concorrência
Outras conseqüências, talvez ainda maiores, foram as duas grandes crises
guerreiro ditado pela razão do Estado.
suas características fundamentais. E' di
Nestes dois havia apenas um fim polí
mércio internacional. Os países que du rante a guerra de 14 não tinham podido
importar produtos em quantidade sufi
das antigas, solicitaram e obtiveram, não raramente, proteção por parte dos
governos. Além disso, deve-se conside rar que os países que realmente sofre
ram tôdas as conseqüências diretas da
guerra foram as nações industrializadas
as idéias que a orientam são liberais e Mais uma vez estamos
sob nova
causadas pela baixa geral dos preços, a
tico, ao passo que, nos demais, o centro
fícil dizer-se qual a orientação que irá prevalecer — a do Estado ou a do indi
de 1920-22 c a de 1929-33.
de tôda atividade era o fim social. Por
víduo.
Em face dêsse imenso caos econômi
co, os países tiveram que se voltar sôbre si mesmos, para, num "tour de for-
i
DicESTO Econômico
40
passos vagarosos, ao mesmo tempo que evoluir, dentro de um sistema de trocas condicionadas pela lei da oferta e pro cura. Existia tal grau de elasticidade e
da Europa. No dia scguinli' ao da pjjj produziu-so o resultado .surpreendente; ^ comércio mundial já não eslava mais do minado pela troca enlre os países indus-*
ajustamento que favorecia a estabilidade
triais da Europa Oeidenlal e os prochj.
econômica, c foi justamente essa estabi
toros de matéria-prima. Os Estados Uni dos e o Japão e, cm menor escala, o^,. tros países que sc achavam afastados Jq conflito, ganharam, a c.xpensas da Euro pa, ao mesmo tcjnpo que o comércio do Pacífico superava o do Atlântico.
lidade que a guerra de 1914-18 veio
destroçar, jogando por terra todo um ar cabouço que anos de esforços de aco modação ergueram.
A destruição do capital fixo nos ter ritórios de combate e os treze milhões
ra agravar a situação liaviam-se criado
de mortos são apenas pequenos desajus-
na Europa, em conseqüência do Trata
tamentos causados pela guerra. A au
do de Paz, novo.s Estados, o que trouxe aumento das unidades aduaneiras de 20
sência dos mortos não facilitará aos so breviventes encontrar emprego, porque
para 27.
se já não existem os treze milhões para competir na procura de trabalho, não
das nacionais c internacionais que era
A guerra deixou uma herança de divi» A Inglaterra, por
Dicesto EcoNó^nco
41
ce", agrupar todos os seus recursos e encaminhá-los para a solução da crise
isso tomou-se conservador, na proteção
séculos XV c XVI. Daí ter-se o mercan
de certas classes contra a perda de seus privilégios ou a diminuição do nível de vida, ao mesmo tempo que reformista, procurando estender os benefícios do progresso social aos grupos menos favo
tilismo convertido na época contempo rânea em um dos instrumentos prepon
recidos. Nesses dois aspectos vi^ya ape nas a reconstrução da ruína ecOnómica
derantes da reconstituição econômica do
deixada pela guerra de 1914. E é essa a orientação que tomou o mercantilismo nas democracias, apresentando um senti
em que se encontravam. E aqui as na ções do após-guerra se acharam em con dições de reconstrução semelhante à dos
pós-guerra 14-18. "Não há de que se espantar — escreve Laufenburger — se
vemos que se recomenda e se pratica o
do construtivo e renovador, se bem gvie
mercantilismo nos países que perderam a guerra, a fim do ganhar a próxima, e
riem sempre acertado.
p{'r aqueles que, apesar de se encontra rem entre os vencedores, estimam que não conseguiram vantagens da vitória. Na Alemanha nacional-socialista, como na Itália facista, toda atividade humana, a produção agrícola e á industrial, o comér cio interior e exterior, tudo, em uma pa lavra, se acha subordinado ao interesse
cional, houve ura grande esforço para se
^
Terminado o recente "conflito interna
existe também seu consumo e as suas
impossível • suportar.
atividades comerciais e industriais que
exemplo, arrecadou com enorme imposi
poderiam fornecer novas ocupações. Por outro lado, o problema da reposição dos combatentes desmobilizados nas ocupa ções civis e a despedida dos operários c
ção soma suficiente para pagar um têrço do custo da guerra durante a sua dura milhões de
operárias da indústria de municiamento
grande que os gastos do govêmo durante
e outros inúmeros serviços de guerra
o período que vai de 1914 a 1918 exce deram o gasto total dos dois séculos an
mercantili.smc, em outras nações que
zer face a elas. O Estado foi chamado a-
ção. O custo total, estimado em lO.QQO libras
esterlinas, foi
tôo
voltar às instituições democráticas. Afi nal, havia-se combatido para vencer a
opressão do Estado e garantir a liberda de e o regimem democrático. Aos pou
geral e ao poder do Estado, cujo fim é
cos, porém, foi-se retomando: as difi
a expansão política e econômica."
culdades a vencer eram enormes e o in
Deve-se considerar, contudo, que o
divíduo isolado não poderia, sòzi^iho, fa
veio perturbar ainda mais o caos, pois SÓ era possível ser isso realizado em muito pequena escala, em virtude de a conjuntura econômica ter mudado quase
não a Italia e a Alemanha, não revestiu
intervir, mas deixou bem claro que as
teriores. Se um dos a.spectos principais
êsse aspecto exclusivista e dominador,
da história econômica do após-giierra foi o esforço contínuo para corrigir os de-
em que a autarquia chegou a ser, no transcurso dos últimos anos, o mais im
totalmente.
sajustamentos produzidos pela guerra, o
portante característico.
prerrogativas do cidadão eram inviolá veis e ultrapassavam os fins do Estado. Só se permitia a ingerência estatal a tí tulo provisório e enquanto bem servisse
outro foi o esforço contínuo para solu
países tôda atividade individual é estatal
os interesses da coletividade. A interfe
possuía um único objetivo — ganhíxr a próxima guerra'— e, portanto, as suas
rência do Estado existe, portanto, mas
políticas se achavam afastadas dos prin
não totalitárias.
cípios econômicos e das leis do lucro e
voltando ao mercantilisnío,
Ainda maior era a desordem no co
E' que nesses*
ciente, haviam construído indústrias no
cionar o problema da dívida que, mau grado o esforço, dax-a sempre lugar a maiores desajustamentos ocasionados pw?la inflação, no plano nacional, e pela
próprio píiís. Passada a guerra, essas in
transferência, no internacional.
do rendimento, visando apenas o fim
roupagem é verdade, mas com todas as
dústrias, ameaçadas com a concorrência
Outras conseqüências, talvez ainda maiores, foram as duas grandes crises
guerreiro ditado pela razão do Estado.
suas características fundamentais. E' di
Nestes dois havia apenas um fim polí
mércio internacional. Os países que du rante a guerra de 14 não tinham podido
importar produtos em quantidade sufi
das antigas, solicitaram e obtiveram, não raramente, proteção por parte dos
governos. Além disso, deve-se conside rar que os países que realmente sofre
ram tôdas as conseqüências diretas da
guerra foram as nações industrializadas
as idéias que a orientam são liberais e Mais uma vez estamos
sob nova
causadas pela baixa geral dos preços, a
tico, ao passo que, nos demais, o centro
fícil dizer-se qual a orientação que irá prevalecer — a do Estado ou a do indi
de 1920-22 c a de 1929-33.
de tôda atividade era o fim social. Por
víduo.
Em face dêsse imenso caos econômi
co, os países tiveram que se voltar sôbre si mesmos, para, num "tour de for-
i
DiGESTd Econômico
Garantia de preços mínimos à agricultura nacional
de São Paulo e de outras partes do país, o título de Plano de Emergência. Discutidas tôdus as fases do problema, na memorável reunião já citada, apre
José Gahibaldi Dantas
(Superintendente do Serviço de Controle
sentou o senhor Valcntim Boiiças, então
da Comissão de Financiamento da Pro
dução do Ministério da Fazenda)
A garantia de preços mínimos à agri cultura nacional, em caráter amplo, sem limites cadastrais, por intermédio dos es
tabelecimentos de crédito oficial do país,
das estiagens prolongadas e de outros fatores. E em segundo, o aumento da produção agrícola procurava melhorar o nível econômico do mundo e assim as
é novidade relativamente recente na vida
segurar padrões dc vida mais dignos e
econômica de nosso meio.
elevados.
Pode-se dizer que essa providência, em sua forma mais concreta, nasceu em São Paulo, em reunião efetuada na Se
cretaria da Agricultura de São Paulo,
em meados de 1945, sob a presidência
do então titular daquela pasta, Professor Melo Morais, e a que compareceram re presentantes de tôdas as entidades ru rais paulistas.
Dominava o país naquele ano o receio
-de séria escassez de gêneros de primei ra necessidade. O mundo inteiro atra
vessava igualmente fase de penúria generaüzada. Veementes apelos foram fei tos, através de órgãos técnicos das Na
ções Unidas, para incrementar' a produ ção de produtos bá sicos da alimenta ção, tendo em vis
ta, em primeiro lu gar, a necessidade
se sofrer o Govérno Federal, com a com
pra ou recebimento dos produtos visa dos e mencionados no Plano, sobras con sideráveis, sem possibilidades de coloca ção imediata e, por conseguinte, com
rência, foram feitas várias recomenda
ções, no sentido de ampliar a produção agrícola mundial e melhorar os níveis de vida das,populações do globo.
prejuízos sérios.
Transformou-se o projeto de garantia em ato do poder federal, através do De-
Nessa atmosfera de pressões internas
creto-Leí 7.774 de 24/7/45, que asse
e externas é que se lançou era São Pau
gurava, sob determinadas condições de classificação e recebimento, em armazéns gerais, preços mínimps em qualquer par
lo, pela prímeíni vez — ao menos em caráter nacional — as bases de um plano destínado a estimular realmente a pro-^
te do território nacional, a vários pro
dução agrícola des
dutos da terra.
sa natureza. O nie-
canismo
estimula-
As críticas ao Plano de Emergência
dor seria essenciab
dutos da terra. Re
e da Europa, cuja
cebeu 'ôsse
levantado com a co
cias das guerras,
receio de que, em havendo avolumada
produção de natureza perecível, pudes
Em decorrência dessa . grande confe
economia se acha
conseqüên
tão já bem acentuada, e de outros, pelo
alimentação e agrículfura.
razoáveis aos pro
desorganizada,
agravação da tendência inflacionísta, en
lidade de Ilot Springs, nos Estados Uni dos, a primeira assembléia das nações democráticas, para estudar problemas de
sistência efetiva às
va
missão de Planejamento, sendo aprova ros, quanto a sua possível influência na
Sob os auspícios das Nações Unidas
mente a garantia de preços julgados
pelas
mente, à análise e crítica da citada Co
do, com restrições de alguns conselhei
realizou-se, em 1945, na pitoresca loca
de assegurar sub
populações da Ásia
membro da Comissão de Planejamento Nacional, ao Pre.sidcnte da República, as bases dêsse plano. Por determinação ofi cial, foi o mesmo submetido, preliminar
Plano, .
operação geral das"
As criticas ao Plano de Emergência foram muitas e repetidas, porque, • na maioria dos casos, baralhou-se a garan tia de preços mínimos, para os produtos já colhidos, com financiamento agrícola. O Plano de Emergência não era provi dência para empréstar dinheiro ou con ceder crédito aos lavradores, para custeio
entidades de classe rurais e dos técnicos
J.
43
sua alçada. E' da competência de ou tros órgãos oficiais e particulares, esta
belecimentos bancários de preferência, através de suas carteiras especializadas, como a de Crédito Agrícola e Industrial do Banco do Brasil.
O Plano de Emergência "visava impe dir que, no caso de avolumar-se a pro
dução agrícola do país, em conseqüên cia do estímulo ou garantia de preços,
ou de Outras providências semelhantes,
ou da maior expansão do crédito agrí cola, ficassem as safras sujeitas às costu
meiras oscilações de preços, com quedas precipitadas nas épocas em que o agri cultor geralmente coloca suas colheitas,
e altas, posteriormente, na época em que os mesmos produtos chegam, em maior \'olume, aos centros de consumo. A es
sência e objetivos do Plano de Emèrgência seriam, pois, uma espécie de regu-
larizador de preços, impedindo flútuações, em benefício dos produtores, era primeiro lugar, e sem desvantagens para o consumidor urbano, em segundo, por que o preço médio anual não seria mais
elevado do que o registrado entre as fa ses de baixas e altas, nos régimen.s an teriores.
Outra crítica então corrente, mormen
te em alguns meios econômicos do Rio
de Janeiro, fôra de que, em vista do Plano de Emergência, o.s preços dos gê neros de primeira necessidade não po'dériam descer mais, em safras abundan
tes, e dessa maneira a população consu midora não se beneficiaria da queda de preços.
Provou-se que essa crítica não assen tava em bases sólidas, porque, se é ver dade que, em um ou outro ano, o con
sumidor talvez pudesse benefíciar-se de
ou ampliação de suas atividades'rurais.
preços mais bai.xos, em vista de oferta
Êsse financiamento escapava e escapa à
superior à procura, (supondo não fôs-
DiGESTd Econômico
Garantia de preços mínimos à agricultura nacional
de São Paulo e de outras partes do país, o título de Plano de Emergência. Discutidas tôdus as fases do problema, na memorável reunião já citada, apre
José Gahibaldi Dantas
(Superintendente do Serviço de Controle
sentou o senhor Valcntim Boiiças, então
da Comissão de Financiamento da Pro
dução do Ministério da Fazenda)
A garantia de preços mínimos à agri cultura nacional, em caráter amplo, sem limites cadastrais, por intermédio dos es
tabelecimentos de crédito oficial do país,
das estiagens prolongadas e de outros fatores. E em segundo, o aumento da produção agrícola procurava melhorar o nível econômico do mundo e assim as
é novidade relativamente recente na vida
segurar padrões dc vida mais dignos e
econômica de nosso meio.
elevados.
Pode-se dizer que essa providência, em sua forma mais concreta, nasceu em São Paulo, em reunião efetuada na Se
cretaria da Agricultura de São Paulo,
em meados de 1945, sob a presidência
do então titular daquela pasta, Professor Melo Morais, e a que compareceram re presentantes de tôdas as entidades ru rais paulistas.
Dominava o país naquele ano o receio
-de séria escassez de gêneros de primei ra necessidade. O mundo inteiro atra
vessava igualmente fase de penúria generaüzada. Veementes apelos foram fei tos, através de órgãos técnicos das Na
ções Unidas, para incrementar' a produ ção de produtos bá sicos da alimenta ção, tendo em vis
ta, em primeiro lu gar, a necessidade
se sofrer o Govérno Federal, com a com
pra ou recebimento dos produtos visa dos e mencionados no Plano, sobras con sideráveis, sem possibilidades de coloca ção imediata e, por conseguinte, com
rência, foram feitas várias recomenda
ções, no sentido de ampliar a produção agrícola mundial e melhorar os níveis de vida das,populações do globo.
prejuízos sérios.
Transformou-se o projeto de garantia em ato do poder federal, através do De-
Nessa atmosfera de pressões internas
creto-Leí 7.774 de 24/7/45, que asse
e externas é que se lançou era São Pau
gurava, sob determinadas condições de classificação e recebimento, em armazéns gerais, preços mínimps em qualquer par
lo, pela prímeíni vez — ao menos em caráter nacional — as bases de um plano destínado a estimular realmente a pro-^
te do território nacional, a vários pro
dução agrícola des
dutos da terra.
sa natureza. O nie-
canismo
estimula-
As críticas ao Plano de Emergência
dor seria essenciab
dutos da terra. Re
e da Europa, cuja
cebeu 'ôsse
levantado com a co
cias das guerras,
receio de que, em havendo avolumada
produção de natureza perecível, pudes
Em decorrência dessa . grande confe
economia se acha
conseqüên
tão já bem acentuada, e de outros, pelo
alimentação e agrículfura.
razoáveis aos pro
desorganizada,
agravação da tendência inflacionísta, en
lidade de Ilot Springs, nos Estados Uni dos, a primeira assembléia das nações democráticas, para estudar problemas de
sistência efetiva às
va
missão de Planejamento, sendo aprova ros, quanto a sua possível influência na
Sob os auspícios das Nações Unidas
mente a garantia de preços julgados
pelas
mente, à análise e crítica da citada Co
do, com restrições de alguns conselhei
realizou-se, em 1945, na pitoresca loca
de assegurar sub
populações da Ásia
membro da Comissão de Planejamento Nacional, ao Pre.sidcnte da República, as bases dêsse plano. Por determinação ofi cial, foi o mesmo submetido, preliminar
Plano, .
operação geral das"
As criticas ao Plano de Emergência foram muitas e repetidas, porque, • na maioria dos casos, baralhou-se a garan tia de preços mínimos, para os produtos já colhidos, com financiamento agrícola. O Plano de Emergência não era provi dência para empréstar dinheiro ou con ceder crédito aos lavradores, para custeio
entidades de classe rurais e dos técnicos
J.
43
sua alçada. E' da competência de ou tros órgãos oficiais e particulares, esta
belecimentos bancários de preferência, através de suas carteiras especializadas, como a de Crédito Agrícola e Industrial do Banco do Brasil.
O Plano de Emergência "visava impe dir que, no caso de avolumar-se a pro
dução agrícola do país, em conseqüên cia do estímulo ou garantia de preços,
ou de Outras providências semelhantes,
ou da maior expansão do crédito agrí cola, ficassem as safras sujeitas às costu
meiras oscilações de preços, com quedas precipitadas nas épocas em que o agri cultor geralmente coloca suas colheitas,
e altas, posteriormente, na época em que os mesmos produtos chegam, em maior \'olume, aos centros de consumo. A es
sência e objetivos do Plano de Emèrgência seriam, pois, uma espécie de regu-
larizador de preços, impedindo flútuações, em benefício dos produtores, era primeiro lugar, e sem desvantagens para o consumidor urbano, em segundo, por que o preço médio anual não seria mais
elevado do que o registrado entre as fa ses de baixas e altas, nos régimen.s an teriores.
Outra crítica então corrente, mormen
te em alguns meios econômicos do Rio
de Janeiro, fôra de que, em vista do Plano de Emergência, o.s preços dos gê neros de primeira necessidade não po'dériam descer mais, em safras abundan
tes, e dessa maneira a população consu midora não se beneficiaria da queda de preços.
Provou-se que essa crítica não assen tava em bases sólidas, porque, se é ver dade que, em um ou outro ano, o con
sumidor talvez pudesse benefíciar-se de
ou ampliação de suas atividades'rurais.
preços mais bai.xos, em vista de oferta
Êsse financiamento escapava e escapa à
superior à procura, (supondo não fôs-
Dicesto Econômico
44
sem as sobras tomadas pela exporta
lo como em outros Estados, basta folhear
ção), a reação inversa se operaria no
os jornais da época e as reportagens fei tas diretamente junto aos lavradores, pe quenos c grandes. As safras aumenta
ano seguinte, pelo desânimo certamente levado aos meios rurais. Em conseqüên cia disso, a produção futura se retrairia e com isso os preços subiriam vertical
mente, pela oferta inferior à procura, pe nalizando assim, nesse ano, a economia dos consumidores. O mesmo fenômeno
que se repetia, no período anual de bai
xas na fase das colheitas e altas no pe ríodo da distribuição, se estenderia ao
ciclo mais longo, de anos abundantes, com preços vis, seguidos de anos de pe núria, com preços algumas vêzes exa gerados.
A idéia desse nivelamento ou estabili
zação de preços não era, a rigor, novi
dade, pois que estava sendo praHcada pelos Estados Unidos. Ali se estimula a
produção, através de garantias mais ou menos semelhantes, certamente apro priadas a mentalidade e ao meio locais. Sob esse estímulo, os Estados Unidos tomaram-se o celeiro do mundo.
Através da cidade e das fábricas, a
grande nação amiga pode ser o que al guns chamaram o "arsenal da democra
cia". Através de providências com pre ços mínimos, tornou-se esse país, igual mente, o "celeiro do mundo".
Satisfatórios os resultados do Plano de Emergência
Dicesto Econômico
45
ou "perigoso", porque se atribuíam à na tureza perecível dos respectivos produ
do mercado ou de alguns comerciantes
tos pesados riscos dos quais o comércio
mais fortes.
se cobria, na maioria das vêzes, com
que mudam conforme as conveniências
Vários mitos estão sendo demolidos
ram e os preços não caíram, como era costumeiro, na época das colheitas.
prando barato para vender o mais alto
com a ingerência do Govêmo Federal
possível. Pagava-se pouco — alêgava-se
no mercado de cereais.
Nem foi preci.so entrar o Go\'êrno Fe deral, ao menos em São Paulo, cm gran
então — porque o feijão e o milho "bi
do caráter perecível da mercadoria. Sem
chavam", porque perdiam peso, ou por
de escala, nas principais localidades pro dutoras. Não foi preciso, nem possível, porque os preços, na quase totalidade dessas localidades, permaneceram, du rante a estação agrícola então em curso, acima das bases pelas quais o Govêmo Federal se comprometia a intervir. Tanto é isso exato que, sob a admi nistração do Ministro Gastão Vidigal, in
que endureciam com o tempo, ou ainda porque se esvaíam, nas constantes pas
sagens de mãos, com os rompimentos de sacarias. Em última análise, quem pa gava por tudo isso era o produtor. O Plano de Emergência exigiu, como imperativo técnico de segurança, uma rê-
de de armazéns especializados, capazes de, em primeiro lugar, assegurar a con servação da mercadoria, pela existência de câmaras de expurgo modernas e efi cientes, e, em segundo lugar, garantir a
cumbiu-se importante firma de São Pau lo de promover as ditas operações, tendo em vista a necessidade de maior rapi
inviolabilidade do produto, com equiva lência a amostras oficiais típicas. Para se beneficiarem das vantagens do
dez e mais completa eficiência. A atua ção da firma inlerventcra limitou-se a
pouco mais de 16.000 sacas de feijão de vários tipos, adquiridas em algumas zo
Plano, criou-se rapidamente, em alguns Estados, como no Norte do Paraná, uma
nas do Estado de São Paulo. Nas de mais, somente a notícia da sua atuação
fêde especial de annazéns apropriados, e
Ou da ação do Banco do Brasil agia co
em São Paulo melhoraram-se as condi
mo espécie de estimiilador dos preços, ou, mais exatamente, agia no sentido de evitar flutuações exageradas e precipita das*, sempre prejudiciais aos agricultores. O Plano de Emergência funcionou, por
ções dos annazéns gerais já existentes.
Novas câmaras de expurgo foram mon tadas, novos processos de conservação adotados.
padronização adrede preparada pelo Mi nistério da Agricultura, mas até então
neira 6 a contento, porque dentro dos
Apesar das falhas, inerentes a qual-' limites de preços prèviamente fixados e
dúvida, produtos como feijão ou milho não podem ser conservados indefinida mente. Pioram de aspecto, de gosto ou
de outras qualidades, à medida em que envelhecem. E até podem estragar-se
fortemente. Mas, mesmo em períodos relativamente longos, conservam-se bem. Recebeu e vendeu o Govêmo Fede
ral, em 1945/46, quase um milhão d® sacas de feijão. Quando terminou a ven
da, os lotes já estavam com quase dois anos.
Foram submetidos a dh'ersos ex
purgos.
Mas, não houve prejuízo de
monta.
A aparelhagem de expurgo e
imunização, em São Paulo, no Paraná e em Minas Gerais, onde recebemos maior
volume de mercadoria, funcionou a con tento. Desfazia-se, assim, o mito da "perecibilidade" dos gêneros de primeira necessidade, mito esse que tanto contri buíra para manter relativamente baixas as bases de compra dêsses gêneros, nos centros de produção do país. Outro mito que aos p«ucos vamos ten
A classificação oficial — baseada em
tanto, em São Paulo como ação de pre sença. Mas funcionou, de qualquer ma
Um dèles é o
tando eliminar é a da disparidade do valores atribuídos a certos feijões e ou
tros gêneros de primeira necessidade,
pràticamente inoperante, porque nin
disparidade essa que não parece encon
guém a ütilizava, a não ser em casos ra
aceitos pelas entidades de classe. Não é, porém, apenas em função da estabilidade e garantia de preços que se poda julgar da atuação e influência des
ros de exportação para o exterior — Os
trar apoio em verificações científicas. Uma saca de feijão "roxinho", por e.xemplo, vale algumas vêzes o dôbro ou o triplo do "chumbinho". Terá o primei
meios comerciais já a utilizam. Só isso
ro tipo ou qualidade de feijão o dôbro
veio facilitar extraordinariamente o an
rais, o Plano de Emergência deu resul tados satisfatórios. A quem quiser cer
sa importante medida federal. Até an tes dessa intervenção dos poderes públi cos, o comércio de gêneros de primeira
damento doii negócios de cereais, dan do um grande passo no sentido de eli
do valor, como elemento energético, ali mentar, bromatológico, ou como produ to de mais fácil cocção? Vale realmente
tificar-se de sua influência, em São Pau
necessidade, era considerado "arriscado"
minar certas classificações arbitrárias.
o que se pede, ou para determinação dê
quer providência relativamente nova, a qual exigia novas medidas de segurança, em defesa do recebimento das mercado
rias e, implicitamente, em defesa da continuação da assistência aos meios ru
passou a ser obrigatória.
E, de obri
gatória tornou-se hoje costumeira.
1
Dicesto Econômico
44
sem as sobras tomadas pela exporta
lo como em outros Estados, basta folhear
ção), a reação inversa se operaria no
os jornais da época e as reportagens fei tas diretamente junto aos lavradores, pe quenos c grandes. As safras aumenta
ano seguinte, pelo desânimo certamente levado aos meios rurais. Em conseqüên cia disso, a produção futura se retrairia e com isso os preços subiriam vertical
mente, pela oferta inferior à procura, pe nalizando assim, nesse ano, a economia dos consumidores. O mesmo fenômeno
que se repetia, no período anual de bai
xas na fase das colheitas e altas no pe ríodo da distribuição, se estenderia ao
ciclo mais longo, de anos abundantes, com preços vis, seguidos de anos de pe núria, com preços algumas vêzes exa gerados.
A idéia desse nivelamento ou estabili
zação de preços não era, a rigor, novi
dade, pois que estava sendo praHcada pelos Estados Unidos. Ali se estimula a
produção, através de garantias mais ou menos semelhantes, certamente apro priadas a mentalidade e ao meio locais. Sob esse estímulo, os Estados Unidos tomaram-se o celeiro do mundo.
Através da cidade e das fábricas, a
grande nação amiga pode ser o que al guns chamaram o "arsenal da democra
cia". Através de providências com pre ços mínimos, tornou-se esse país, igual mente, o "celeiro do mundo".
Satisfatórios os resultados do Plano de Emergência
Dicesto Econômico
45
ou "perigoso", porque se atribuíam à na tureza perecível dos respectivos produ
do mercado ou de alguns comerciantes
tos pesados riscos dos quais o comércio
mais fortes.
se cobria, na maioria das vêzes, com
que mudam conforme as conveniências
Vários mitos estão sendo demolidos
ram e os preços não caíram, como era costumeiro, na época das colheitas.
prando barato para vender o mais alto
com a ingerência do Govêmo Federal
possível. Pagava-se pouco — alêgava-se
no mercado de cereais.
Nem foi preci.so entrar o Go\'êrno Fe deral, ao menos em São Paulo, cm gran
então — porque o feijão e o milho "bi
do caráter perecível da mercadoria. Sem
chavam", porque perdiam peso, ou por
de escala, nas principais localidades pro dutoras. Não foi preciso, nem possível, porque os preços, na quase totalidade dessas localidades, permaneceram, du rante a estação agrícola então em curso, acima das bases pelas quais o Govêmo Federal se comprometia a intervir. Tanto é isso exato que, sob a admi nistração do Ministro Gastão Vidigal, in
que endureciam com o tempo, ou ainda porque se esvaíam, nas constantes pas
sagens de mãos, com os rompimentos de sacarias. Em última análise, quem pa gava por tudo isso era o produtor. O Plano de Emergência exigiu, como imperativo técnico de segurança, uma rê-
de de armazéns especializados, capazes de, em primeiro lugar, assegurar a con servação da mercadoria, pela existência de câmaras de expurgo modernas e efi cientes, e, em segundo lugar, garantir a
cumbiu-se importante firma de São Pau lo de promover as ditas operações, tendo em vista a necessidade de maior rapi
inviolabilidade do produto, com equiva lência a amostras oficiais típicas. Para se beneficiarem das vantagens do
dez e mais completa eficiência. A atua ção da firma inlerventcra limitou-se a
pouco mais de 16.000 sacas de feijão de vários tipos, adquiridas em algumas zo
Plano, criou-se rapidamente, em alguns Estados, como no Norte do Paraná, uma
nas do Estado de São Paulo. Nas de mais, somente a notícia da sua atuação
fêde especial de annazéns apropriados, e
Ou da ação do Banco do Brasil agia co
em São Paulo melhoraram-se as condi
mo espécie de estimiilador dos preços, ou, mais exatamente, agia no sentido de evitar flutuações exageradas e precipita das*, sempre prejudiciais aos agricultores. O Plano de Emergência funcionou, por
ções dos annazéns gerais já existentes.
Novas câmaras de expurgo foram mon tadas, novos processos de conservação adotados.
padronização adrede preparada pelo Mi nistério da Agricultura, mas até então
neira 6 a contento, porque dentro dos
Apesar das falhas, inerentes a qual-' limites de preços prèviamente fixados e
dúvida, produtos como feijão ou milho não podem ser conservados indefinida mente. Pioram de aspecto, de gosto ou
de outras qualidades, à medida em que envelhecem. E até podem estragar-se
fortemente. Mas, mesmo em períodos relativamente longos, conservam-se bem. Recebeu e vendeu o Govêmo Fede
ral, em 1945/46, quase um milhão d® sacas de feijão. Quando terminou a ven
da, os lotes já estavam com quase dois anos.
Foram submetidos a dh'ersos ex
purgos.
Mas, não houve prejuízo de
monta.
A aparelhagem de expurgo e
imunização, em São Paulo, no Paraná e em Minas Gerais, onde recebemos maior
volume de mercadoria, funcionou a con tento. Desfazia-se, assim, o mito da "perecibilidade" dos gêneros de primeira necessidade, mito esse que tanto contri buíra para manter relativamente baixas as bases de compra dêsses gêneros, nos centros de produção do país. Outro mito que aos p«ucos vamos ten
A classificação oficial — baseada em
tanto, em São Paulo como ação de pre sença. Mas funcionou, de qualquer ma
Um dèles é o
tando eliminar é a da disparidade do valores atribuídos a certos feijões e ou
tros gêneros de primeira necessidade,
pràticamente inoperante, porque nin
disparidade essa que não parece encon
guém a ütilizava, a não ser em casos ra
aceitos pelas entidades de classe. Não é, porém, apenas em função da estabilidade e garantia de preços que se poda julgar da atuação e influência des
ros de exportação para o exterior — Os
trar apoio em verificações científicas. Uma saca de feijão "roxinho", por e.xemplo, vale algumas vêzes o dôbro ou o triplo do "chumbinho". Terá o primei
meios comerciais já a utilizam. Só isso
ro tipo ou qualidade de feijão o dôbro
veio facilitar extraordinariamente o an
rais, o Plano de Emergência deu resul tados satisfatórios. A quem quiser cer
sa importante medida federal. Até an tes dessa intervenção dos poderes públi cos, o comércio de gêneros de primeira
damento doii negócios de cereais, dan do um grande passo no sentido de eli
do valor, como elemento energético, ali mentar, bromatológico, ou como produ to de mais fácil cocção? Vale realmente
tificar-se de sua influência, em São Pau
necessidade, era considerado "arriscado"
minar certas classificações arbitrárias.
o que se pede, ou para determinação dê
quer providência relativamente nova, a qual exigia novas medidas de segurança, em defesa do recebimento das mercado
rias e, implicitamente, em defesa da continuação da assistência aos meios ru
passou a ser obrigatória.
E, de obri
gatória tornou-se hoje costumeira.
1
Digesto Econômico Digbsto Ecoxó>aco
46
seu valor atuam fôrças que não são cien tíficas ? E' o que estamos constatando, em estudos a que vão sendo submetidas todas as qualidades de feijão recebidas, a fim de determinar-lhes os respectivos valores bromatológicos. Será essa pro vidência de grande valor, para orienta ção e defesa dos consumidores. Só isso
representará forte contribuição aos interêsses dos consumidores.
Outro aspecto do antigo Plano de Emergência é o da padronização e uni
formização dos tipos de alguns gêneros de primeira necessidade. Há no país verdadeira confusão a respeito de nomes
dêsses produtos. Raramente se podem formar lotes homogêneos, como dificil mente se conhece, a não ser pela consta tação direta, o que se produz nesta ou naquela região do país. A tendêntia da uniformização dos produtos, e sobretu do a sua homogenização, dentro dos ti pos ou padrões oficiais, vai dando as pectos novos ao comércio e à produção
dos gêneros de primeira necessidade, afastando fraudes, mistérios, nritos, des confianças, enfim, um mundo de coisas que os iniciados mantêm zelosamente em
sigilo, em seu benefício, é claro, mas em
detrimento dos interesses da produção e do consumo, em geral. Da Phno de Emergência a Lei de Pre ços Mínimos
Tão satisfatórios foram os resultados
iniciais do Plano de Emergênciaj cuja duração era de um ano, que se transfor
Mais tarde, pela lei 615, dc 2 de fev»reiro de 1949, do Congresso Nacional, foi o Plano de Emergência enquadrado
da transitória ou de emergência, estamos passando piu-a assistência permanente, consubstanciada ,em leis básicas, cujas
repercussões e influência no futuro da
agricultura do país deverão ser das mais benéficas e duradouras.
finalmente nas providências dc âmbito mais amplo, abrangendo não apenas ati
vidades agrícolas dc uma safra, mas tôdas as que se estenderem até 1951.
Corrigiu a nova lei a rigidez dos pre ços mínimos básicos, permitindo-lhes al terações anuais, apresentadas aos ór gãos competentes do Covêmo Federal, após consultas às entidades responsáveis da produção.
Já foram assim alterados e melliorados quase todos os preços mínimos ori ginais, tendo em vista o aumento do cus to da produção observado no país, nos últimos anos.
A citada lei está em pleno vigor. Al gumas centenas de milhares de sacas de gêneros de primeira necessidade estão sendo recebidas e armazenadas em São
Paulo, assegurando, nas fontes produto ras, preços razoáveis, livres da instabili dade de outras épocas, e nos centros de consumo garantia de suprimento sufi ciente para impedir altas exageradas. O objetivo dos estoques que se acu mulam em decorrência dessas compras
é, em primeiro lugar, formar reservas, para atender às necessidades do consu mo interno, e, em segundo, permitir so bras capazes de atender a possíveis com promissos do Brasil para com o abaste-' cimento mimdial.
Tudo indica, que essa providência, convenientemente ampliada a outros produtos, assegurará mais tranqüilos e
mou, pelo decreto-lei n. 9.879, em me dida quase permanente, com a dupla
seguros dias à agricultura nacional, as
modalidade de financiamento, em deter
sim como condições menos penosas para
minadas bases, ou a aquisição, também sob certas condições, pelo Governo Fe-^^
sileiros.
dera).
47
a grande massa dos consumidores bra
De pro\àdência que fôra então julga-
r-VK..!*»
j
Digesto Econômico Digbsto Ecoxó>aco
46
seu valor atuam fôrças que não são cien tíficas ? E' o que estamos constatando, em estudos a que vão sendo submetidas todas as qualidades de feijão recebidas, a fim de determinar-lhes os respectivos valores bromatológicos. Será essa pro vidência de grande valor, para orienta ção e defesa dos consumidores. Só isso
representará forte contribuição aos interêsses dos consumidores.
Outro aspecto do antigo Plano de Emergência é o da padronização e uni
formização dos tipos de alguns gêneros de primeira necessidade. Há no país verdadeira confusão a respeito de nomes
dêsses produtos. Raramente se podem formar lotes homogêneos, como dificil mente se conhece, a não ser pela consta tação direta, o que se produz nesta ou naquela região do país. A tendêntia da uniformização dos produtos, e sobretu do a sua homogenização, dentro dos ti pos ou padrões oficiais, vai dando as pectos novos ao comércio e à produção
dos gêneros de primeira necessidade, afastando fraudes, mistérios, nritos, des confianças, enfim, um mundo de coisas que os iniciados mantêm zelosamente em
sigilo, em seu benefício, é claro, mas em
detrimento dos interesses da produção e do consumo, em geral. Da Phno de Emergência a Lei de Pre ços Mínimos
Tão satisfatórios foram os resultados
iniciais do Plano de Emergênciaj cuja duração era de um ano, que se transfor
Mais tarde, pela lei 615, dc 2 de fev»reiro de 1949, do Congresso Nacional, foi o Plano de Emergência enquadrado
da transitória ou de emergência, estamos passando piu-a assistência permanente, consubstanciada ,em leis básicas, cujas
repercussões e influência no futuro da
agricultura do país deverão ser das mais benéficas e duradouras.
finalmente nas providências dc âmbito mais amplo, abrangendo não apenas ati
vidades agrícolas dc uma safra, mas tôdas as que se estenderem até 1951.
Corrigiu a nova lei a rigidez dos pre ços mínimos básicos, permitindo-lhes al terações anuais, apresentadas aos ór gãos competentes do Covêmo Federal, após consultas às entidades responsáveis da produção.
Já foram assim alterados e melliorados quase todos os preços mínimos ori ginais, tendo em vista o aumento do cus to da produção observado no país, nos últimos anos.
A citada lei está em pleno vigor. Al gumas centenas de milhares de sacas de gêneros de primeira necessidade estão sendo recebidas e armazenadas em São
Paulo, assegurando, nas fontes produto ras, preços razoáveis, livres da instabili dade de outras épocas, e nos centros de consumo garantia de suprimento sufi ciente para impedir altas exageradas. O objetivo dos estoques que se acu mulam em decorrência dessas compras
é, em primeiro lugar, formar reservas, para atender às necessidades do consu mo interno, e, em segundo, permitir so bras capazes de atender a possíveis com promissos do Brasil para com o abaste-' cimento mimdial.
Tudo indica, que essa providência, convenientemente ampliada a outros produtos, assegurará mais tranqüilos e
mou, pelo decreto-lei n. 9.879, em me dida quase permanente, com a dupla
seguros dias à agricultura nacional, as
modalidade de financiamento, em deter
sim como condições menos penosas para
minadas bases, ou a aquisição, também sob certas condições, pelo Governo Fe-^^
sileiros.
dera).
47
a grande massa dos consumidores bra
De pro\àdência que fôra então julga-
r-VK..!*»
j
49
Dioesto Econômico
Noias sobre um economista argentino Djacir Menezes (Prof. Cat. da Faculdade Nacional d«
Filosofia).
HÁ DÚVIDA de que o sr. Luis Ro
que Gondra foi um dos mais quali ficados economistas da Argentina moder
por trás das suas teorias, cru diferente. E as teorias, que por acaso lhe entraram pelos olho.s em língua estrangeira, pres
na: uma serie de obras científicas mui to notáveis asseguram-lhe relevo e com
zação intensa, desemprego em massa,
petência já internacionalmente reconhe
cidos. E o seu último livro Ensatjo SO' hre una teoria general de Ias fluctuaciones econômicos, aparecido há alguns anos, foi acolhido jubilosamente pelos es-
'
tudiosos. (1).
Não sabemos se lhe foi feita qualquer ^
^ ^
critica no Brasil, o que não é de causar
pasmo. A crítica nacional, quando deixa de marginar obras literárias, é de
uma mudez terrível; e os vagos gninhidos que ainda lhe escapam dificilmente se reconhecem como aplauso ou anún-"' cio vient da paraítre. A leitura mesmo de assuntos especializados é escassa.
Muitos técnicos andam de olho arrega lado à caça do último livro norte-ame
ricano, não para estudá-lo, mas para ci tá-lo: u.sá-lo como uma mulher bonita
põe o chapéu do iiltimo figurino. E' no meio da ignorância ilustrada e falante
que se afirma o seu prestigio — e abrem-
àc-lhe alas. Não falta mesmo quem lhe
supunham outras condições: industriali
o ouro SC concentniu nas delnocracias
americana, inglesa e francesa —• o cxnno a Itália, o Japão, a Alemanha, foram lentamente conduzidos às trocas bilate
predileçõcs doutrinárias. E a Ciência
rais, fechando-sc em si mesmos e organizíindo inililarmente o partido único e
está acima de tôda espécie de pro.selitis-
Ao primeiro ensaio, que dá nome ao
As palavras são "meretrículae"
livro, .sucedem-se estudos desiguais, de épocas diferentes: e desaparece o eco nomista para surgir o homem de parti
do, ligado a uns tantos princípios e preconceitos, que são arcloro.samcnto
cadas, o país é que está errado. E os
propagados.
campos se despovoam, a miséria cresc^
mo político.
a sua economia interna.
não acorda. As teorias devem ser apli
capitais ociosos etc. Mas o sonàmbiilo
constituídas, dispensam adjetivos: são ciências que estudam realidades c suas verdades enunciadas não dependem de
Os exageros que aponta no materia-
Os espíritos habituados à análise, à ar gumentação critica, à dúvida sistemática, não podem ser reduzidos ao silêncio por
formas de julgar e pensar que, na essên cia, são comuns às seitas de qualquer na tureza. Quando Gondra vê, nos movimen
o que rancorosamente não cresce é o mi
lismo histórico nascem' mais de uma ati
tos sociais contemporâneos, a "prepo
lho, o arroz, a batata. Mas deixemos o
tude política do que de uma verificação
tência momentânea de bandos de assas
grande especialista — e volvamos ao li
de cientista. Ter o espírito livre de or-
sinos, ladrões e prostitutas" incorre no
vro de Gondra.
todoxias é, na realidade, uma condição
mais raso e lamentava! êrro de compre
salutar para o trabalho cientifico, como reclamas-a .sempre Bertiand Russell.
ensão que só o sectarismo poderia deter
Mas freqüentes \'êzes observamos que
tal, a livre disponibilidade de espírito,
O nacionalismo autárquico
Naquele ensaio há algumas restrições
a fazer. A primeira é que o assunto fun damental se reduz a 43 páginas iniciais, que é um cuidadoso estudo dos movi mentos cíclicos, que confirma plenamen te o renome que o autor granjeou nos meios competentes da América Latina. Uma das conclusões de .sua análise é
a condenação das tendências autárquicas na ordem econômica, de que o protecio nismo é a manifestação mais antiga. No mundo moderno, com o aumento do ca
minar. Falta-lhe então a liberdade men
essa pretensão de.sanda, nas
em face dos par
suas conseqüên
tidos considera
que
reclamou
cias, em resul
dos
tados contrários:
e antidemocráti
apregoando uma
rTTTTTTTTTTTTTTTT
opressivos
cos.
Èle mergulha
liberdade men tal a todo tran-
na história, de
sç, o que se defende, no fundo, são
que tem largos conhecimento.s, para bu.s-
velhos preconceitos ideológicos havidos
car confirmações às suas teses. Assim, a
Revolução Francesa é vista através da
como verdades incontestáveis. O autor refere como Antônio Labrio-
crítica que promove contra Albert Mathiez, que, na sua opinião, desfigura la
í
solicite, emocionado, que tenha a bon dade de salvar a economia do pais, se
pital fixo em proporções desusadas, o aperfeiçoamento técnico das máquinas,
la se aborrecia contra os que confun
diam a concepção materialista da histó
mentavelmente aquele movimento, xãsan-
I
não fôr muito incômodo. Então levam-
o crescimento dos bens .sucedâneos, a or
ria com as distintas formas de interpre
do a apologia de Robespierre e da dita
no para o chamado "posto de sacrifício",
ganização dos monopólios, o "prote
tação econômica da história ou com o
dura terrorista. Lembra, por vezes, a in
onde o técnico toma-se definitivamente
cionismo — escreve Gondra — reduz-se,
incompreendido. A pátria, que estava
inaterialismo
terpretação dada por Hitler, quando apon
na generalidade dos casos, a inofensiva
(1) Gondra, Roque,
panacéia biu-ocrática". Mas não nos explicou porque o mun
\'am a cidade. Daí saírem de sua pena
do moderno foi levado ao "nacionalismo
Croce propunha remendar aquela dou trina com retalhos do marginalismo eco nômico. Mas quaisquer que sejam as mòdificações que se proponham, a So
autárquico". Não nos explicou porque
ciologia e a Economia,, cientificamente
tadura de clubes", "corja de sectários",
Ensayo sobre
teoria general de Ias flucluacíones econômicas, Imprenta de Ia Univer-
sidad, B. Aires, 1943.
filosófico.
E
Benedeto
tava a Revolução como obra dos milha
res de agitadores de clubes qué infestaconstantes apelativos desta espécie: "di
49
Dioesto Econômico
Noias sobre um economista argentino Djacir Menezes (Prof. Cat. da Faculdade Nacional d«
Filosofia).
HÁ DÚVIDA de que o sr. Luis Ro
que Gondra foi um dos mais quali ficados economistas da Argentina moder
por trás das suas teorias, cru diferente. E as teorias, que por acaso lhe entraram pelos olho.s em língua estrangeira, pres
na: uma serie de obras científicas mui to notáveis asseguram-lhe relevo e com
zação intensa, desemprego em massa,
petência já internacionalmente reconhe
cidos. E o seu último livro Ensatjo SO' hre una teoria general de Ias fluctuaciones econômicos, aparecido há alguns anos, foi acolhido jubilosamente pelos es-
'
tudiosos. (1).
Não sabemos se lhe foi feita qualquer ^
^ ^
critica no Brasil, o que não é de causar
pasmo. A crítica nacional, quando deixa de marginar obras literárias, é de
uma mudez terrível; e os vagos gninhidos que ainda lhe escapam dificilmente se reconhecem como aplauso ou anún-"' cio vient da paraítre. A leitura mesmo de assuntos especializados é escassa.
Muitos técnicos andam de olho arrega lado à caça do último livro norte-ame
ricano, não para estudá-lo, mas para ci tá-lo: u.sá-lo como uma mulher bonita
põe o chapéu do iiltimo figurino. E' no meio da ignorância ilustrada e falante
que se afirma o seu prestigio — e abrem-
àc-lhe alas. Não falta mesmo quem lhe
supunham outras condições: industriali
o ouro SC concentniu nas delnocracias
americana, inglesa e francesa —• o cxnno a Itália, o Japão, a Alemanha, foram lentamente conduzidos às trocas bilate
predileçõcs doutrinárias. E a Ciência
rais, fechando-sc em si mesmos e organizíindo inililarmente o partido único e
está acima de tôda espécie de pro.selitis-
Ao primeiro ensaio, que dá nome ao
As palavras são "meretrículae"
livro, .sucedem-se estudos desiguais, de épocas diferentes: e desaparece o eco nomista para surgir o homem de parti
do, ligado a uns tantos princípios e preconceitos, que são arcloro.samcnto
cadas, o país é que está errado. E os
propagados.
campos se despovoam, a miséria cresc^
mo político.
a sua economia interna.
não acorda. As teorias devem ser apli
capitais ociosos etc. Mas o sonàmbiilo
constituídas, dispensam adjetivos: são ciências que estudam realidades c suas verdades enunciadas não dependem de
Os exageros que aponta no materia-
Os espíritos habituados à análise, à ar gumentação critica, à dúvida sistemática, não podem ser reduzidos ao silêncio por
formas de julgar e pensar que, na essên cia, são comuns às seitas de qualquer na tureza. Quando Gondra vê, nos movimen
o que rancorosamente não cresce é o mi
lismo histórico nascem' mais de uma ati
tos sociais contemporâneos, a "prepo
lho, o arroz, a batata. Mas deixemos o
tude política do que de uma verificação
tência momentânea de bandos de assas
grande especialista — e volvamos ao li
de cientista. Ter o espírito livre de or-
sinos, ladrões e prostitutas" incorre no
vro de Gondra.
todoxias é, na realidade, uma condição
mais raso e lamentava! êrro de compre
salutar para o trabalho cientifico, como reclamas-a .sempre Bertiand Russell.
ensão que só o sectarismo poderia deter
Mas freqüentes \'êzes observamos que
tal, a livre disponibilidade de espírito,
O nacionalismo autárquico
Naquele ensaio há algumas restrições
a fazer. A primeira é que o assunto fun damental se reduz a 43 páginas iniciais, que é um cuidadoso estudo dos movi mentos cíclicos, que confirma plenamen te o renome que o autor granjeou nos meios competentes da América Latina. Uma das conclusões de .sua análise é
a condenação das tendências autárquicas na ordem econômica, de que o protecio nismo é a manifestação mais antiga. No mundo moderno, com o aumento do ca
minar. Falta-lhe então a liberdade men
essa pretensão de.sanda, nas
em face dos par
suas conseqüên
tidos considera
que
reclamou
cias, em resul
dos
tados contrários:
e antidemocráti
apregoando uma
rTTTTTTTTTTTTTTTT
opressivos
cos.
Èle mergulha
liberdade men tal a todo tran-
na história, de
sç, o que se defende, no fundo, são
que tem largos conhecimento.s, para bu.s-
velhos preconceitos ideológicos havidos
car confirmações às suas teses. Assim, a
Revolução Francesa é vista através da
como verdades incontestáveis. O autor refere como Antônio Labrio-
crítica que promove contra Albert Mathiez, que, na sua opinião, desfigura la
í
solicite, emocionado, que tenha a bon dade de salvar a economia do pais, se
pital fixo em proporções desusadas, o aperfeiçoamento técnico das máquinas,
la se aborrecia contra os que confun
diam a concepção materialista da histó
mentavelmente aquele movimento, xãsan-
I
não fôr muito incômodo. Então levam-
o crescimento dos bens .sucedâneos, a or
ria com as distintas formas de interpre
do a apologia de Robespierre e da dita
no para o chamado "posto de sacrifício",
ganização dos monopólios, o "prote
tação econômica da história ou com o
dura terrorista. Lembra, por vezes, a in
onde o técnico toma-se definitivamente
cionismo — escreve Gondra — reduz-se,
incompreendido. A pátria, que estava
inaterialismo
terpretação dada por Hitler, quando apon
na generalidade dos casos, a inofensiva
(1) Gondra, Roque,
panacéia biu-ocrática". Mas não nos explicou porque o mun
\'am a cidade. Daí saírem de sua pena
do moderno foi levado ao "nacionalismo
Croce propunha remendar aquela dou trina com retalhos do marginalismo eco nômico. Mas quaisquer que sejam as mòdificações que se proponham, a So
autárquico". Não nos explicou porque
ciologia e a Economia,, cientificamente
tadura de clubes", "corja de sectários",
Ensayo sobre
teoria general de Ias flucluacíones econômicas, Imprenta de Ia Univer-
sidad, B. Aires, 1943.
filosófico.
E
Benedeto
tava a Revolução como obra dos milha
res de agitadores de clubes qué infestaconstantes apelativos desta espécie: "di
'i T*.
Dicesto Econômico
50
"ideologos da guilhotina", "bandos de foragidos", etc. Êle vè a vasa suja, que tumultua o ensangüenta, mas não percebe o signi
era Eduardo Prado, conforme .sc pode ler
nos artigos monarquistas que deixou nos
ficado que tudo"^quilo traduz. Impres
Pastos da Ditadura Militar no Brasil, combatendo a orientação financeira de Rui Barbosa (2). Parece-nos inexata es
siona-se com os galhos e folhas — e não
sa opinião, que desconhece a função que
consegue ver a paisagem.
desempenharam na realidade os capitais
Louva-se numa frase de Croce: "as
palasaas são meretriculae-. rameiras que se dão facilmente a todos". Ninguém
poderia mais autorizadamente julgá-lo do que Croce.
Minuscula.s- rapinagens sul-americana.'/^ Abandonemos, porém, as incursões
políticas, onde o autor perde o talhe al to de economista para se transformar nuin moralista zangado - e volvamos às paginas de análise econômica. Ao estu
dar as origens do pangermanismo, para
refutar Charles Andier, Gondra faz al gumas considerações a respeito dos em préstimos que os países latino-america nos contraíram no Velho Mundo. Me
lhor, contraíram na City. Escreve êle ; ... As duas formas de exploração
importados'. Nenhum, como disse o gran de jornalista Matos Ibiapina, sc encami nhou para desenvolver qualquer indús tria nacional, favorecendo ou estimulan
Dicesto Econômico
51
as manifestações centrais do novo Es
Unidos, resulta um ato de comércio bom,
tado.
por meio do qual vende e não compra, e impõe-nos um meio de pagamento muito mais custoso que o produto de
O economista e o profe.^sor
nossa indústria mais remunerativa".
O ilustre economista não podia guar dar serenidade de espírito quando lan çava os olhos sôbre o panorama político de certas nações onde triunfavam medi
das socialistas ou socializantes. E' o que prejudica sua análise dos fatos. Esquece
do nosso progresso econômico. Instala ram-se nas cidades, e.xplorando os servi ços públicos, com juros garantido.s e al
• completamente a frieza de método tão
tos. A liistória do serviço de nossas dí
sentante na ciência econômica das Amé
vidas públicas é, bem ao contrário do que dizem os defensores do capitalismo estrangeiro, uma espoliação continuada das nossas fontes de vida e do trabalho
nacional. Esse tema, aliás, foi bem es-
trebilhado por Geraldo Rocha em jomal e no livTO País Espoliado, publicado há mais de dez anos, se não nos falha a memória. Também Osório da Eocha Diniz, em dois livros editados na Cole ção Brasiliana (3).
apreciada pelos economistas matemáti
cos, de que Gondra foi um alto repre ricas. Assim, não só vê laivos de "ero
tismo" nos movimentos sociais últimos, aliando Freud e Marx, como descobre o esguio perfil judaico no tumulto dos
Mas, volvendo ao terreno econômico,
os dois ensaios que fecham o volume,
lação da riqueza: investimentos, poupan
versando sôbre a teoria dos custos com
ça, eficácia marginal do capital, pi-opcnsão para consumir, etc. Gondra também mergulha em Keynes: mas seu apego à economia paretiann, onde formou seu es pírito, mantém-no independente e com certa capacidade crítica diante das afir mações keynesianas. Onde o eminente economista argentino se revela lúcido e
parados e sôbre comércio e vizinhança.
dade chega a ser, mas "minúsculas ra
nas linhas gerais, à de outros países sul-
forçado^ outro eufemismo com que se
pinagens sul-americanas".
americanos. A barreira protecionista im
dissimula, elegantemente, o de pagar um, por exemplo, pelo que se deve pa
seu parecer, a antecqíação do comporta mento alemão, de sua política, ao blo quear depois, com o descrédito do Tra tado de Versalhes, os capitais imiscuí dos na economia do Reich. Os bloqueios,
(4) Rosenberg,
Der
Mythus
des
Gahrhunderts, Münschen, 1936.
(3) Diniz, Osório Rocha, O Brasil em fa
li--' -f .-...
pede que êsses países possam pagar — obsei-va Gondra referindo-se à Argen tina — as importações ianques com os próprios produtos de suas indústiias; "não há dúvida de que, para os Estados
as nacionalizações, as socializações, são
canos como os caloteadores dos banquei ros europeus. Do mesmo ponto de vista
ção dos problemas econômicos moder nos, variáveis econômicas que estão si
trina sociológica". Para êle, nem hostili
Gondra considerava os países sul-ameri
rico não cessa de tomar, na determina
tuadas inleirarnente na esfera da circu
Daí
cora o fato de não pagar o que se deve,
(2) Prado, Eduardo, Faslos da Ditadura
mas, isto é, olvidando a análise da es truturo. econômica e de seu.s problemas
raciocina com a habitual clareza.
As relações comerciais da Argentina
Viífredo Pareto. Por aí se infere que
lística e as raízes de todos êsses proble
o prof. Gondra tranqüiliza o espirito e
com os Estados Unidos assemelham-se,
fotografia do animal." E' um comentário a certa opinião de
cando princípios do liberalismo cliíssicò — deixando à margem da argumentação as novas formas de competição oligopo-
A própria voga das teorias de Keynes prova o que dissemos. O grande teó
berg (4). Sabe-se hoje como tais teo rias se forjicam e se propagam.
eufemismo com que se decorava e de
gar dois ou três; ou, como diz o mesmo Pareto, o fato de restituir um boi com a
economistas com.êsses reflexos dos de-
sajustanientos no plano monetário, in\x)-
básicos.
var-se à "categoria e dignidade de dou Aí está, no
tanto se tem escrito e teorizado.• Mas é interessante notar como se distraem os
acontecimentos. Era o foetoi- iudaictis,
suspensão do serviço da dívida pública. e para os credores do interior, o curso
cas da esterilização (Io ouro, sôbre que
de que falava rancorosamente Rosen-
Mas isso é, no pensar paretiano de Gondra, uma hostilidade aos capitais es trangeiros — e essa hostilidade vai ele
eram, para os credores do exterior, a
Daí a concentração metálica tremenda
que se verificou — e que levou às práti
Militar no Brasil, São Paulo, 1902.
20.
magistral é na exposição das teorias clássicas. E não nos podemos esquivar
a render homenagem ao grande profes sor que êle foi: na cátedra, conquistou a admiração que lhe tributam as gera ções estudiosas do Continente.
4#^
ce dos imperlalismos modernos, Liv.
Editora Nacional, 1940. 0
*
r
%
^ ^ 4^
'i T*.
Dicesto Econômico
50
"ideologos da guilhotina", "bandos de foragidos", etc. Êle vè a vasa suja, que tumultua o ensangüenta, mas não percebe o signi
era Eduardo Prado, conforme .sc pode ler
nos artigos monarquistas que deixou nos
ficado que tudo"^quilo traduz. Impres
Pastos da Ditadura Militar no Brasil, combatendo a orientação financeira de Rui Barbosa (2). Parece-nos inexata es
siona-se com os galhos e folhas — e não
sa opinião, que desconhece a função que
consegue ver a paisagem.
desempenharam na realidade os capitais
Louva-se numa frase de Croce: "as
palasaas são meretriculae-. rameiras que se dão facilmente a todos". Ninguém
poderia mais autorizadamente julgá-lo do que Croce.
Minuscula.s- rapinagens sul-americana.'/^ Abandonemos, porém, as incursões
políticas, onde o autor perde o talhe al to de economista para se transformar nuin moralista zangado - e volvamos às paginas de análise econômica. Ao estu
dar as origens do pangermanismo, para
refutar Charles Andier, Gondra faz al gumas considerações a respeito dos em préstimos que os países latino-america nos contraíram no Velho Mundo. Me
lhor, contraíram na City. Escreve êle ; ... As duas formas de exploração
importados'. Nenhum, como disse o gran de jornalista Matos Ibiapina, sc encami nhou para desenvolver qualquer indús tria nacional, favorecendo ou estimulan
Dicesto Econômico
51
as manifestações centrais do novo Es
Unidos, resulta um ato de comércio bom,
tado.
por meio do qual vende e não compra, e impõe-nos um meio de pagamento muito mais custoso que o produto de
O economista e o profe.^sor
nossa indústria mais remunerativa".
O ilustre economista não podia guar dar serenidade de espírito quando lan çava os olhos sôbre o panorama político de certas nações onde triunfavam medi
das socialistas ou socializantes. E' o que prejudica sua análise dos fatos. Esquece
do nosso progresso econômico. Instala ram-se nas cidades, e.xplorando os servi ços públicos, com juros garantido.s e al
• completamente a frieza de método tão
tos. A liistória do serviço de nossas dí
sentante na ciência econômica das Amé
vidas públicas é, bem ao contrário do que dizem os defensores do capitalismo estrangeiro, uma espoliação continuada das nossas fontes de vida e do trabalho
nacional. Esse tema, aliás, foi bem es-
trebilhado por Geraldo Rocha em jomal e no livTO País Espoliado, publicado há mais de dez anos, se não nos falha a memória. Também Osório da Eocha Diniz, em dois livros editados na Cole ção Brasiliana (3).
apreciada pelos economistas matemáti
cos, de que Gondra foi um alto repre ricas. Assim, não só vê laivos de "ero
tismo" nos movimentos sociais últimos, aliando Freud e Marx, como descobre o esguio perfil judaico no tumulto dos
Mas, volvendo ao terreno econômico,
os dois ensaios que fecham o volume,
lação da riqueza: investimentos, poupan
versando sôbre a teoria dos custos com
ça, eficácia marginal do capital, pi-opcnsão para consumir, etc. Gondra também mergulha em Keynes: mas seu apego à economia paretiann, onde formou seu es pírito, mantém-no independente e com certa capacidade crítica diante das afir mações keynesianas. Onde o eminente economista argentino se revela lúcido e
parados e sôbre comércio e vizinhança.
dade chega a ser, mas "minúsculas ra
nas linhas gerais, à de outros países sul-
forçado^ outro eufemismo com que se
pinagens sul-americanas".
americanos. A barreira protecionista im
dissimula, elegantemente, o de pagar um, por exemplo, pelo que se deve pa
seu parecer, a antecqíação do comporta mento alemão, de sua política, ao blo quear depois, com o descrédito do Tra tado de Versalhes, os capitais imiscuí dos na economia do Reich. Os bloqueios,
(4) Rosenberg,
Der
Mythus
des
Gahrhunderts, Münschen, 1936.
(3) Diniz, Osório Rocha, O Brasil em fa
li--' -f .-...
pede que êsses países possam pagar — obsei-va Gondra referindo-se à Argen tina — as importações ianques com os próprios produtos de suas indústiias; "não há dúvida de que, para os Estados
as nacionalizações, as socializações, são
canos como os caloteadores dos banquei ros europeus. Do mesmo ponto de vista
ção dos problemas econômicos moder nos, variáveis econômicas que estão si
trina sociológica". Para êle, nem hostili
Gondra considerava os países sul-ameri
rico não cessa de tomar, na determina
tuadas inleirarnente na esfera da circu
Daí
cora o fato de não pagar o que se deve,
(2) Prado, Eduardo, Faslos da Ditadura
mas, isto é, olvidando a análise da es truturo. econômica e de seu.s problemas
raciocina com a habitual clareza.
As relações comerciais da Argentina
Viífredo Pareto. Por aí se infere que
lística e as raízes de todos êsses proble
o prof. Gondra tranqüiliza o espirito e
com os Estados Unidos assemelham-se,
fotografia do animal." E' um comentário a certa opinião de
cando princípios do liberalismo cliíssicò — deixando à margem da argumentação as novas formas de competição oligopo-
A própria voga das teorias de Keynes prova o que dissemos. O grande teó
berg (4). Sabe-se hoje como tais teo rias se forjicam e se propagam.
eufemismo com que se decorava e de
gar dois ou três; ou, como diz o mesmo Pareto, o fato de restituir um boi com a
economistas com.êsses reflexos dos de-
sajustanientos no plano monetário, in\x)-
básicos.
var-se à "categoria e dignidade de dou Aí está, no
tanto se tem escrito e teorizado.• Mas é interessante notar como se distraem os
acontecimentos. Era o foetoi- iudaictis,
suspensão do serviço da dívida pública. e para os credores do interior, o curso
cas da esterilização (Io ouro, sôbre que
de que falava rancorosamente Rosen-
Mas isso é, no pensar paretiano de Gondra, uma hostilidade aos capitais es trangeiros — e essa hostilidade vai ele
eram, para os credores do exterior, a
Daí a concentração metálica tremenda
que se verificou — e que levou às práti
Militar no Brasil, São Paulo, 1902.
20.
magistral é na exposição das teorias clássicas. E não nos podemos esquivar
a render homenagem ao grande profes sor que êle foi: na cátedra, conquistou a admiração que lhe tributam as gera ções estudiosas do Continente.
4#^
ce dos imperlalismos modernos, Liv.
Editora Nacional, 1940. 0
*
r
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^ ^ 4^
53
Dicesto Econômico
Carvão nacional, fonte de energia
do que no Brasil, onde seus gritos de
tes estrangeiros só poderão acompanhar
alarma são contrariados constantemente
com admiração e simpatia essa evolução brasileira. Em primeiro lugar, porque o
pelas idéias de independência econômica que vão empolgando ràpidamente a
Gebaldo o Banaskiwitz
imensa maioria da Nação.
PEDIDO de socorro lança
do recentemente pela mesa redonda que re
paz de perturbar a importação de um •' simples prego, ou "last but not least", dü carvão de Cardiff. ..
realismo, em matéria econômica, consti
tui hoje uma tendência xuiiversal; e em segundo, porque todo o mundo ai por
Desgraçado do país que se deixasse influenciar por tais pessimistas e "bonvivants" que em nenhuma parte, e em
fora está cansado
dc tratar
com uma
América Latiná em que tudo é fluido,
uniu os expoentes da in
Arrepiam-se, temerosos, ante as lenta-
nenhum momento da história, contribui-
nebuloso...
dústria carbonífera bra sileira encheu de satisfa
ram para que se forjasse o futui*o eco nômico de uma nação. O mais que se
ção o espírito dos eternos pessimistas
tivas do exploração dos lençóis petrolí- 'v feros nacionais. Será que a gasolina bra-'
As geografias econômicas editadas nos principais países do mundo são va
sileira não custará mais caro que a es
que vivem entre nós a descrer de todas
trangeira ? Pois uma garrafa de água
lheí pode permitir c que, das galerias, observem como simples espectadores os
tinente. Admitem, freqüentemente, apre
mineral, apanhada sem maiores gastos
acontecimentos, sem o direito de inter
ciações despropositadas a nosso respeito,
jam, patriotas. Portanto, a alegria que sentem ao considerar os tropeços que se
nas termas dc Minas, não nos custa unia
vir nas decisões a serem tomadas.
exorbitância, quase tanto quanto a água de Vichy ? Então, para que tentar o
utilizando-se crèdulamente das opiniões de observadores ocasionais e superficiais.
tes, desmerecendo duma parcela da opi
antepõem à industrialização brasileira
Êsses livros não podem, na maioria dos
aproveitamento dos recursos nacionais ?
casos, servir de fontes de informação, pois, relativamente a certos assuntos, va
teza, de que estão com a razão, pro
nião pública ? Ou desprezando os sa crossantos princípios da democracia ? Absolutamente. Procuramos apenas pre
põem ao Brasil que se limite, como o
venir a verdadeira opinião pública con
as possibilidades nacionais de progresso econômico. Êles se dizem, e talvez o se
deve ser levada à conta do orgulho de quem ve confirmadas suas previsões.
Não profetizaram êles a impossibilidade do desenvolvimento da indústria carvoeira no Brasil ? E os fatos não estão dando
razão aos seus raciocínios ? Não deve o País, então, voltar atrás do caminho er
rado que está palmilhando, e preferir a suave estrada da monocultura agrícola que êles lhe propõem ?
No fundo, não são más pessoas êsses pe.ssimistas. Acontece apenas que êles vi
E dessa forma, convictos, cm sua estrei-
tem feito até aqui, à produção dc café, não perdendo tempo com as demais coi sas que fizeram a grandeza econômica
ta consiste na produção de umas poucas matérias-primas e produtos de sobreme sa, cuja exportação nos permita, sem
lares aos nacionais, estremecem a ideo logia dos livre-cambistas indígenas.
maiores, dores de cabeça e para o con
Apesar de tudo, porém, êles continuam a
forto da minoria, importar porcelanas de
opor-se
Limoge.s, o último niodêlo do "Salon
quanto à exploração do carvão de Santa
pos da economia colonial, sentimentos que se opõem a qualquer iniciativa que possa perturbar a rotina brasileira. E es
tra a gritante ignorância dos que se es
condem atrás de um prejudicial "snobismo" para se tornarem partidários de uma rotina reconhecida como responsá
das potências industriais. Os acontecimentos neste após-guerra não têm sido favoráveis a essa espécie de pe.ssimistas. Fatos como a substitui
ção, pelo produto de Volta Redonda, da folha de Flandres que nos vinha de Fittsbourg 011 da Inglaterra, põem por terra suas teorias. E as barragens opostas pelo regimem da licença prévia à importação dc produtos não essenciais e, especial mente, de produtcxs manufaturado.s simi-'
vem das saudades dos bons velhos tem
Estaremos, por acaso, com êstcs vo
à industrialização
d'Automobile" de Parí.s, conservas da Ca
Catarina e do Rio Grande do Sul, de monstram unanimidade cin condená-lo.
Como se vê, êles se sentiriam bem mais
ner\'0.sos a qualquer medida restritiva ca
à vontade em Trinidad ou nas Cuianas
•
A'.
J
tinente latino-americano. Ainda disso se
utilizam nossos pessimistas para espalhar "slogans" sôbre a pobreza das reservas brasileiras e sôbre a sua má qualidade, o
que tornaria incapaz o produto nacional de competir com o estrangeiro e, mesmo, com outras fontes de energia.
rios problemas nacionais. Precisamos, ao mesmo tempo, provocar as discussões
estimativas substituem ainda, o mais das
sérias sôbre os problemas brasileiros. Fa remos, assim, sentir aos nossos patrícios
julgamento deverá revestir-se da maior prudência. Entretanto, os dados até ago
que a era de industrialização, que ora se
ra existentes, e sôbre os quais se pode
inicia para nós, está criando no País imi novo e construtivo espírito, diante do
brilhante futuro para a indústria carbo
turas românticas que costumávamos as sumir em face das nossas riquezas po tenciais.
Estejamos certos de que nossos clien
a.
riam incrivelmente os dados que di\ailgam. Isso se dá, inclusive, e sobretudo, com o carvão, que figura como e.xistindo em quantidades mínimas em todo o con
Iransfonnando numa verdadeira troca de banalidades os debates sôbre os mais sé
qual já não se justifica o nosso velho complexo de inferioridade, nem as pos
nacional e,
lifórnia, sêdas da China, petróleo da Ve nezuela, cimento da Argentina. Póem-sc
^
vel pelo atraso econômico do Brasil. Precisamos repelir com energia as frases feitas que êles fazem circular entre as camadas populares menos esclarecidas,
zias de fatos concernentes ao nosso con
i- ■
Num problema como este, em que as
vêzeí, le\'antamentos exatos, qualquer
depositar confiança, nífera nacional.
deixam entrever
O pedido de socorro
partido da mesa redonda dos expoentes da indústria não representa um sinal de
naufrágio desse ramo econômico brasi leiro, mas, sbnplesmcnte, que ele está precisando de amparo para que possa
53
Dicesto Econômico
Carvão nacional, fonte de energia
do que no Brasil, onde seus gritos de
tes estrangeiros só poderão acompanhar
alarma são contrariados constantemente
com admiração e simpatia essa evolução brasileira. Em primeiro lugar, porque o
pelas idéias de independência econômica que vão empolgando ràpidamente a
Gebaldo o Banaskiwitz
imensa maioria da Nação.
PEDIDO de socorro lança
do recentemente pela mesa redonda que re
paz de perturbar a importação de um •' simples prego, ou "last but not least", dü carvão de Cardiff. ..
realismo, em matéria econômica, consti
tui hoje uma tendência xuiiversal; e em segundo, porque todo o mundo ai por
Desgraçado do país que se deixasse influenciar por tais pessimistas e "bonvivants" que em nenhuma parte, e em
fora está cansado
dc tratar
com uma
América Latiná em que tudo é fluido,
uniu os expoentes da in
Arrepiam-se, temerosos, ante as lenta-
nenhum momento da história, contribui-
nebuloso...
dústria carbonífera bra sileira encheu de satisfa
ram para que se forjasse o futui*o eco nômico de uma nação. O mais que se
ção o espírito dos eternos pessimistas
tivas do exploração dos lençóis petrolí- 'v feros nacionais. Será que a gasolina bra-'
As geografias econômicas editadas nos principais países do mundo são va
sileira não custará mais caro que a es
que vivem entre nós a descrer de todas
trangeira ? Pois uma garrafa de água
lheí pode permitir c que, das galerias, observem como simples espectadores os
tinente. Admitem, freqüentemente, apre
mineral, apanhada sem maiores gastos
acontecimentos, sem o direito de inter
ciações despropositadas a nosso respeito,
jam, patriotas. Portanto, a alegria que sentem ao considerar os tropeços que se
nas termas dc Minas, não nos custa unia
vir nas decisões a serem tomadas.
exorbitância, quase tanto quanto a água de Vichy ? Então, para que tentar o
utilizando-se crèdulamente das opiniões de observadores ocasionais e superficiais.
tes, desmerecendo duma parcela da opi
antepõem à industrialização brasileira
Êsses livros não podem, na maioria dos
aproveitamento dos recursos nacionais ?
casos, servir de fontes de informação, pois, relativamente a certos assuntos, va
teza, de que estão com a razão, pro
nião pública ? Ou desprezando os sa crossantos princípios da democracia ? Absolutamente. Procuramos apenas pre
põem ao Brasil que se limite, como o
venir a verdadeira opinião pública con
as possibilidades nacionais de progresso econômico. Êles se dizem, e talvez o se
deve ser levada à conta do orgulho de quem ve confirmadas suas previsões.
Não profetizaram êles a impossibilidade do desenvolvimento da indústria carvoeira no Brasil ? E os fatos não estão dando
razão aos seus raciocínios ? Não deve o País, então, voltar atrás do caminho er
rado que está palmilhando, e preferir a suave estrada da monocultura agrícola que êles lhe propõem ?
No fundo, não são más pessoas êsses pe.ssimistas. Acontece apenas que êles vi
E dessa forma, convictos, cm sua estrei-
tem feito até aqui, à produção dc café, não perdendo tempo com as demais coi sas que fizeram a grandeza econômica
ta consiste na produção de umas poucas matérias-primas e produtos de sobreme sa, cuja exportação nos permita, sem
lares aos nacionais, estremecem a ideo logia dos livre-cambistas indígenas.
maiores, dores de cabeça e para o con
Apesar de tudo, porém, êles continuam a
forto da minoria, importar porcelanas de
opor-se
Limoge.s, o último niodêlo do "Salon
quanto à exploração do carvão de Santa
pos da economia colonial, sentimentos que se opõem a qualquer iniciativa que possa perturbar a rotina brasileira. E es
tra a gritante ignorância dos que se es
condem atrás de um prejudicial "snobismo" para se tornarem partidários de uma rotina reconhecida como responsá
das potências industriais. Os acontecimentos neste após-guerra não têm sido favoráveis a essa espécie de pe.ssimistas. Fatos como a substitui
ção, pelo produto de Volta Redonda, da folha de Flandres que nos vinha de Fittsbourg 011 da Inglaterra, põem por terra suas teorias. E as barragens opostas pelo regimem da licença prévia à importação dc produtos não essenciais e, especial mente, de produtcxs manufaturado.s simi-'
vem das saudades dos bons velhos tem
Estaremos, por acaso, com êstcs vo
à industrialização
d'Automobile" de Parí.s, conservas da Ca
Catarina e do Rio Grande do Sul, de monstram unanimidade cin condená-lo.
Como se vê, êles se sentiriam bem mais
ner\'0.sos a qualquer medida restritiva ca
à vontade em Trinidad ou nas Cuianas
•
A'.
J
tinente latino-americano. Ainda disso se
utilizam nossos pessimistas para espalhar "slogans" sôbre a pobreza das reservas brasileiras e sôbre a sua má qualidade, o
que tornaria incapaz o produto nacional de competir com o estrangeiro e, mesmo, com outras fontes de energia.
rios problemas nacionais. Precisamos, ao mesmo tempo, provocar as discussões
estimativas substituem ainda, o mais das
sérias sôbre os problemas brasileiros. Fa remos, assim, sentir aos nossos patrícios
julgamento deverá revestir-se da maior prudência. Entretanto, os dados até ago
que a era de industrialização, que ora se
ra existentes, e sôbre os quais se pode
inicia para nós, está criando no País imi novo e construtivo espírito, diante do
brilhante futuro para a indústria carbo
turas românticas que costumávamos as sumir em face das nossas riquezas po tenciais.
Estejamos certos de que nossos clien
a.
riam incrivelmente os dados que di\ailgam. Isso se dá, inclusive, e sobretudo, com o carvão, que figura como e.xistindo em quantidades mínimas em todo o con
Iransfonnando numa verdadeira troca de banalidades os debates sôbre os mais sé
qual já não se justifica o nosso velho complexo de inferioridade, nem as pos
nacional e,
lifórnia, sêdas da China, petróleo da Ve nezuela, cimento da Argentina. Póem-sc
^
vel pelo atraso econômico do Brasil. Precisamos repelir com energia as frases feitas que êles fazem circular entre as camadas populares menos esclarecidas,
zias de fatos concernentes ao nosso con
i- ■
Num problema como este, em que as
vêzeí, le\'antamentos exatos, qualquer
depositar confiança, nífera nacional.
deixam entrever
O pedido de socorro
partido da mesa redonda dos expoentes da indústria não representa um sinal de
naufrágio desse ramo econômico brasi leiro, mas, sbnplesmcnte, que ele está precisando de amparo para que possa
'a=>r*' ■
54
Digesto Econômico Digesto Econômico
prosseguir no cíiminho iniciado, até al' cançar a produção planejada de 4 mi-
IhÕes de toneladas anuais, como etapa inicial. ^ c r. T--rocs 7 e *7
,livro
reu, no "Caryao, petro eo,^ sa gema e enxofre", fez interessante cálculo sobre a porcentagem
do consumo no Brasil, da energia prove-
niente de diversas fontes, confrontando-
bustíveis.
^
sendo seguido de outro em sentido con
® consumo nos Estados Unidos e
no resto do mundo. O quadro que daí
trário, acentuando-se sensivelmente em
Brasil e nos países latino-americanos em
países como a Argentina e Portugal. No
que ainda fazemos da lenha para acionar as máquinas de que dispomos :
Brasil
Energia hidrelétrica " "
geral, fala-se muito na questão dos pre
ços, que decidirá, afinal, quanto à evo lução do consumo para o petróleo, a ele
'■«C
são Abbink, admite a previsão drnue a
futura evolução do Brasil o conduzirá a uma proporção do consumo de eletrícidada ou de petróleo semelhante à dos sta os Unidos. E verdade que, nas esatisHcas referentes aos países econòmi-
temente referências sôbre a pretendida
Resto do mundo
■^8.4%
competição entre essas fontes de ener
gia. Devemos assinalar, entretanto, que
61,0%
nem nos Estados Unidos, nem na Fran
ça e nem na Inglaterra ela existe, a não
i,e« 84,9% reprodu--
tricidade ou o carvão. Ouvimos constan
Estados Unidos
■'•o®
zido integralmente pelo relatório da Míi-
Mas esse movimento já está
resultapornãorevelar é nada favorável ao nosso o desproporcional uso
Utilização das fontes de energia
PeTaL
1,8%
ser entre as novas indústrias, em especial
12,0%
as de metais leves, nas quais o consumo do eletricidade substitui efetivamente o
camentc mais adiantados, o carvão fí-
"
p
r
i
i
•
carvão. As antigas e tiadicionais indús
foi-necedora de ma.s
metade do total da energia utilizada, porcentagem já foi, no passado, consideràvelmente maior, como se podeverificar da comparação dos dados de 1913 com os de 1947 :
trias, porém — indústrias ainda raras nos
países novos, em geral — continuam a ter no carvão sua fonte básica de ener
]
gia, com e.xceção da indústria tipográ fica, que passou a consumir eletricidade. Em países como o nosso, onde as indús trias secundárias constituem a armadura
econômica do parque manufatureiro, po
Fontes de eneugia utilizadas no mundo
dem-se aceitar facilmente os julgamen
1913
1929
1938
1947
90,5%
74,0%
47,8%
39,0%
■ •'V'^'2% Força Indráuhca 2,3% Indicara o extraordinário crescimento
21.0% 5,0%
41,1% 11,1%
485% 13,0%
O "Petroleum World", publicação
tos precipitados sôbre a decadência do
carvão.
Basta, entretanto, que alguém
atente para o papel predominante desse
mineral nas transações previstas pelo Plano Marshall e nos planos de recons trução da Europa, para que qualquer
opinião fêz-se eco "The Economist", de
te dos produtores e indústrias conexas
que o público passou a considerar as de mais fontes de energia como simples parentes pobres do "ouro-negro". Ora, segundo "The Economist", que é, de to dos os pontos de vista, a melhor e mais do, nada justifica tal glorificação do pe tróleo, pois as reservas norte-america
nas já se acham tão reduzidas que as
J
autoridades ianques já não podem esconder suas inquietações a respeito.
"*] i
Em virtude exatamente dessa ofensiva " *1
de propaganda, a verdadeira posição do petróleo não foi levada ao conhecimen
to nem do po\o norte-americano, nem da população do resto do mundo. O sú bito interesse das grandes companhias
peüolíferas norte-americanas pelos retina não ó suscetível de modificar sen sivelmente o fato de se estarem esgotan
do rapidamente os recursos facilmente exploráveis, e que são sempre os mais
pró.ximos. Daí a necessidade da aplica
ção de mais amplos meios financeiros
vão, o primeiro apresenta,
afirmativa surpreenderá, certamente, os
Isso explica o comentário do "Petroleum World". E demonstra, ao mesmo tempo, que tem valor muito limitado, e
ainda assim em certas indústrias apenas,
do cada vez menos favorável ao petróleo. Examinando particularmente a situa
mente, o carvão retornará á sua antiga posição como fonte de energia. Essa
dizer que, assim como a aviação comercial não substituiu as- estradas de ferro, 0 carvão não será eliminado pelo petróleo.
que, entre nós e nos demais países latino-americanos, vêm observando o movímento de substituição, pela indústria, do uso do carvão pelo dos óleos com-
a competição entre o petróleo e o carvão. Na verdade, mesmo nos Estados Uni
dos se superestima o papel do petróleo, no futuro, como fonte de energia. Dessa
^
cursos da Ásia Menor e da América La
número de agôsto de 1949, que, fulura-
por abolir o carvão como fonte de energia. Houve quem, precipitadamente, defendesse essa opinião. Mas podemos
^í
séria revista econômica de todo o mun-
nessa exploração, cujo custo tem estado
absolutamente insuspeita, afirma, em seu
|
Londres, em artigo que foi reproduzido pelo menos por 115 publicações científi cas de cerca de quinze países. Êsse ar- ~ tigo, publicado em fins do ano de 1948, assinalava que o petróleo vinha sendo ^ alvo de tão imensa propaganda por par
um se convença de que o carvão conti nua a ser o combustível básico nos paí ses possuidores de indústrias pesadas.
o consumo o petró eo e da energia
hidreletnca uma tendência que acabará
55
em constante progressão. Ora, na pre tendida concorrência do petróleo ao car- . como sua
maior vantagem, o preço mais reduzido. Mas êsse fator, no futuro, se irá toman
ção norte-americana,
"The Economi.st"
assinala ainda que o carvão e o linhito representam 98,8 % das reservas totais de
,
'a=>r*' ■
54
Digesto Econômico Digesto Econômico
prosseguir no cíiminho iniciado, até al' cançar a produção planejada de 4 mi-
IhÕes de toneladas anuais, como etapa inicial. ^ c r. T--rocs 7 e *7
,livro
reu, no "Caryao, petro eo,^ sa gema e enxofre", fez interessante cálculo sobre a porcentagem
do consumo no Brasil, da energia prove-
niente de diversas fontes, confrontando-
bustíveis.
^
sendo seguido de outro em sentido con
® consumo nos Estados Unidos e
no resto do mundo. O quadro que daí
trário, acentuando-se sensivelmente em
Brasil e nos países latino-americanos em
países como a Argentina e Portugal. No
que ainda fazemos da lenha para acionar as máquinas de que dispomos :
Brasil
Energia hidrelétrica " "
geral, fala-se muito na questão dos pre
ços, que decidirá, afinal, quanto à evo lução do consumo para o petróleo, a ele
'■«C
são Abbink, admite a previsão drnue a
futura evolução do Brasil o conduzirá a uma proporção do consumo de eletrícidada ou de petróleo semelhante à dos sta os Unidos. E verdade que, nas esatisHcas referentes aos países econòmi-
temente referências sôbre a pretendida
Resto do mundo
■^8.4%
competição entre essas fontes de ener
gia. Devemos assinalar, entretanto, que
61,0%
nem nos Estados Unidos, nem na Fran
ça e nem na Inglaterra ela existe, a não
i,e« 84,9% reprodu--
tricidade ou o carvão. Ouvimos constan
Estados Unidos
■'•o®
zido integralmente pelo relatório da Míi-
Mas esse movimento já está
resultapornãorevelar é nada favorável ao nosso o desproporcional uso
Utilização das fontes de energia
PeTaL
1,8%
ser entre as novas indústrias, em especial
12,0%
as de metais leves, nas quais o consumo do eletricidade substitui efetivamente o
camentc mais adiantados, o carvão fí-
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•
carvão. As antigas e tiadicionais indús
foi-necedora de ma.s
metade do total da energia utilizada, porcentagem já foi, no passado, consideràvelmente maior, como se podeverificar da comparação dos dados de 1913 com os de 1947 :
trias, porém — indústrias ainda raras nos
países novos, em geral — continuam a ter no carvão sua fonte básica de ener
]
gia, com e.xceção da indústria tipográ fica, que passou a consumir eletricidade. Em países como o nosso, onde as indús trias secundárias constituem a armadura
econômica do parque manufatureiro, po
Fontes de eneugia utilizadas no mundo
dem-se aceitar facilmente os julgamen
1913
1929
1938
1947
90,5%
74,0%
47,8%
39,0%
■ •'V'^'2% Força Indráuhca 2,3% Indicara o extraordinário crescimento
21.0% 5,0%
41,1% 11,1%
485% 13,0%
O "Petroleum World", publicação
tos precipitados sôbre a decadência do
carvão.
Basta, entretanto, que alguém
atente para o papel predominante desse
mineral nas transações previstas pelo Plano Marshall e nos planos de recons trução da Europa, para que qualquer
opinião fêz-se eco "The Economist", de
te dos produtores e indústrias conexas
que o público passou a considerar as de mais fontes de energia como simples parentes pobres do "ouro-negro". Ora, segundo "The Economist", que é, de to dos os pontos de vista, a melhor e mais do, nada justifica tal glorificação do pe tróleo, pois as reservas norte-america
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J
autoridades ianques já não podem esconder suas inquietações a respeito.
"*] i
Em virtude exatamente dessa ofensiva " *1
de propaganda, a verdadeira posição do petróleo não foi levada ao conhecimen
to nem do po\o norte-americano, nem da população do resto do mundo. O sú bito interesse das grandes companhias
peüolíferas norte-americanas pelos retina não ó suscetível de modificar sen sivelmente o fato de se estarem esgotan
do rapidamente os recursos facilmente exploráveis, e que são sempre os mais
pró.ximos. Daí a necessidade da aplica
ção de mais amplos meios financeiros
vão, o primeiro apresenta,
afirmativa surpreenderá, certamente, os
Isso explica o comentário do "Petroleum World". E demonstra, ao mesmo tempo, que tem valor muito limitado, e
ainda assim em certas indústrias apenas,
do cada vez menos favorável ao petróleo. Examinando particularmente a situa
mente, o carvão retornará á sua antiga posição como fonte de energia. Essa
dizer que, assim como a aviação comercial não substituiu as- estradas de ferro, 0 carvão não será eliminado pelo petróleo.
que, entre nós e nos demais países latino-americanos, vêm observando o movímento de substituição, pela indústria, do uso do carvão pelo dos óleos com-
a competição entre o petróleo e o carvão. Na verdade, mesmo nos Estados Uni
dos se superestima o papel do petróleo, no futuro, como fonte de energia. Dessa
^
cursos da Ásia Menor e da América La
número de agôsto de 1949, que, fulura-
por abolir o carvão como fonte de energia. Houve quem, precipitadamente, defendesse essa opinião. Mas podemos
^í
séria revista econômica de todo o mun-
nessa exploração, cujo custo tem estado
absolutamente insuspeita, afirma, em seu
|
Londres, em artigo que foi reproduzido pelo menos por 115 publicações científi cas de cerca de quinze países. Êsse ar- ~ tigo, publicado em fins do ano de 1948, assinalava que o petróleo vinha sendo ^ alvo de tão imensa propaganda por par
um se convença de que o carvão conti nua a ser o combustível básico nos paí ses possuidores de indústrias pesadas.
o consumo o petró eo e da energia
hidreletnca uma tendência que acabará
55
em constante progressão. Ora, na pre tendida concorrência do petróleo ao car- . como sua
maior vantagem, o preço mais reduzido. Mas êsse fator, no futuro, se irá toman
ção norte-americana,
"The Economi.st"
assinala ainda que o carvão e o linhito representam 98,8 % das reservas totais de
,
Digesto Econômico Dicesto
56
combustíveis minerais dos Estados Uni
dos. O petróleo representa a insignificància de 0,2
e o gás natural 1 X. Em
outras palavras: os Estados Unidos dis põem de car\'ão para alimentar por tem po quase ilimitado o consumo no ritmo atual, ao passo que os lençóis petrolífe ros estarão completamente exaustos den tro de pouco tempo.
Preve, assim, a revista inglesa, que as compafiliias petrolíferas . nas passarão
norte-america-
a interessar-sc
cada vez
mais pelos métodos alemães de hidrogenização do car\'ão, transformando-o em
petróleo. Êsses métodos, conhecidos pe los nomes de seus autores — Bergius e Fischer-Tropsch — foram tidos até agora como extremamente dispendiosos,
não
podendo ser postos em prática a não ser em casos de urgência e de absoluta ne cessidade, como se deu na Alemanha
durante a guerra, quando a questão do preço passou a ser fator secundário.
Não se fez esperar a confirmação des sa profecia -do "The Econoraist". Aca
ba-se de saber, com efeito, que a "Stan dard Oii" construiu em Library, Pensiivânia, uma fábrica-piloto destinada a
aperfeiçoar o processo FIscher-Trop.sdi, a fim de que seja possível a transforma ção, a preços razoáveis,
do carvão cm
petróleo. Simultaneamente, o Departa mento de Minas do Governo de Washin
gton e o Instituto de Tecnologiá de Massachusetts estudam o mesmo problema, sendo
de esperar que
o gênio norte-
americano chegue a uma fórmula que
permita a produção de petróleo em gran de quantidade, utilizando-se do carvão
57
Econômico
produção de petróleo sinlclico. Dela par ticiparam, além da I. G. Farhen, da Ale manha, a "Imperial Ciiemicals", a "Rcyal Shell Dutch" e a "Standard Oil",
estágio prático da produção, contribuem para desfazer as dúvidas que surjam aqui e ali sobre o papel predominante reservado no futuro ao car\'ão,
como
fonte de energia.
respectivamente da Inglaterra o dos Es
O balanço da economia brasileira n
tados Unidos, as quais fundaram, em
que a Missão Abbink procedeu enquaclra-se perfeitamente, na parte referente
clas as reser\'as brasileiras de fôrça hi
tion Patents Co.", com sede .social em
ao papel das diferentes fontes de ener
temente, a opinião dos técnicos norte-
Vaduz, capital do principado de Liech
gia, no ponto de vista norte-americano, que, conforme assinalou "The Econo-
americanos. Estimando em 14,4 milhões
conjunto, a
"Internalional Hydrogena-
tenstein. Assinalemos, porém, que agora
brary, com a maior companhia carboní-
o relatório dos "técnicos norte-america
fcra dos Estados Unidos.
E' interessante saber-se que o Govêrno
nos" assinale a existência, no Brasil, de carvão, em quantidade dez vêzes supe
eventuais centros de consumo. Ora, se
brasileiro tem-se mantido atento ao de-
rior às estimativas anteriores, feitas por
gundo recente estudo do Departamento
.senvclvimento técnico no campo du
energia e que acaba de contratar os ser
técnicos do Governo Federal, pouco fa la na necessidade de sua exploração. Es
rado, aliás, pelo sr. Jean Romeuf, um
viços de um técnico alemão especializa
tende-se, porém,
sôbre a necessidade,
dos diretores das indústrias carbonífe-
do no processo Fischer-Tropsch, para realizar trabalhos experimentais no
que considera básica, da exploração dos nossos recursos petrolíferos. Sem contestar essa necessidade, quere
ras francesas nacionalizadas pelo Govêr-^ no, é difícil o transporte de energia elé trica a distâncias superiores a 300 quilô
mos assinalar que compreendemos 'as razões da atitude dos especialistas nor
metros, agravando-se o preço de custo da fôrça produzida. Com efeito, nesses
te-americanos: os capitais estão visivel
casos a energia produzida é fornecida a preços de competição e nãq proporcio naria .rendimentos razoáveis ao capital. Aliás, no mundo inteiro, e particular-'
Brasil.
O Brasil está, realmente, eni cündiçõe.s
de acompanhar as experiências sôbre a produção de petróleo sintético, na qual podem ser aproveitadas as jazidas de carvão pobre. O processo em estudo em
mente interessados na produção de pe
tróleo pelo Brasil, cujos lençóis poderão
Library consiste justamente no prosse
atender também, futuramente, ao con
guimento de experiências anteriormente
sumo dos Estados Unidos, inquietos com o rápido esgotamento de seus recursos
realizadas na Bélgica e nos próprios Es tados Unidos, para a queima do carvão na própria terra e para o aproveitamen to unicamente do gás resultante da coml)ustão. Êsse gás não contém as impu rezas características do carvão pobre. O ,
problema a resolver se refere, além do custo dos trabalhos, à produção de co que, matéria-prima que não se obtém
tricas, justamente por essa razão.
cargo e.xclusivamente dos capitais nacio
Ora, a questão do-financiamento das usinas tem importância maior no Brasil do que .nos Estados Unidos, onde são
nais. Mas o pouco caso demonstrado pela Missão Abbink pela exploração do carvão brasileiro se torna pelo menos
.. vj,-....*!'-. ....
abundantes os capitais particulares. Os
curioso, quando, pouco além, os colabo
programas de desenvolvimento da pro
radores do sr. Abbinlc demonstram, por
dução mundial de energia hidráulica são importantes, mas não de molde a modi
mais adiante os técnicos norte-america
Essas experiências, que já entram no
mente nos Estados Unidos, os capitais
petrolíferos, ao passo que a exploração
tituir.
rias-primas básicas da siderurgia, não _
dc Minas dos Estados Unidos, corrobo
das minas de carvão ficará fatalmente a
grandes indústrias do mundo, para o
pelos processos a que estamos aludindo. E o coque é justamente uma das maté
vantajosa, pois a maior parte das quedas dágua aproveitáveis fica longe dos
particulares demonstram certo desinte resse por aplicações em urinas hidrelé
havendo até hoje outra que o possa subs
desenvolvimento desses processos de
de kxv as reservas potenciais hidrelétri cas do País, assinala, porém, o relatório, que sua distribuição geográfica é des-
associando-so, na fábrica-pilòto de Li
lima tentativa de cooperação entre as
Há dez anos, exatamente, assistimos a
dráulica. Mas os dados apóiam, eviden
mist", se caracteriza pela.exagerada im portância atribuída ao petióleo. Embora
a "Standard Oil" deu um pa.sso avante,
a b, que a siderurgia alimentada a lenha não tem probabilidades de sobre viver em pleno século XX. Muito perspicazes, porém, tomam-se
como matéria-prima.
nos, na parte do relatório consagrado à terceira grande fonte de energia de que o Brasil dispõe: a fôrça hidráulica. As sinalemos, de passagem, que o referido documento destrói a crença popular, tão difundida entre nós, de que são ilimita-
ficar profundamente a relação boje exis grandes trabalhos do Rliône, na França,
tente entre as três fontes de energia. Mesmo incluindo-se nos
cálculos os"
Digesto Econômico Dicesto
56
combustíveis minerais dos Estados Uni
dos. O petróleo representa a insignificància de 0,2
e o gás natural 1 X. Em
outras palavras: os Estados Unidos dis põem de car\'ão para alimentar por tem po quase ilimitado o consumo no ritmo atual, ao passo que os lençóis petrolífe ros estarão completamente exaustos den tro de pouco tempo.
Preve, assim, a revista inglesa, que as compafiliias petrolíferas . nas passarão
norte-america-
a interessar-sc
cada vez
mais pelos métodos alemães de hidrogenização do car\'ão, transformando-o em
petróleo. Êsses métodos, conhecidos pe los nomes de seus autores — Bergius e Fischer-Tropsch — foram tidos até agora como extremamente dispendiosos,
não
podendo ser postos em prática a não ser em casos de urgência e de absoluta ne cessidade, como se deu na Alemanha
durante a guerra, quando a questão do preço passou a ser fator secundário.
Não se fez esperar a confirmação des sa profecia -do "The Econoraist". Aca
ba-se de saber, com efeito, que a "Stan dard Oii" construiu em Library, Pensiivânia, uma fábrica-piloto destinada a
aperfeiçoar o processo FIscher-Trop.sdi, a fim de que seja possível a transforma ção, a preços razoáveis,
do carvão cm
petróleo. Simultaneamente, o Departa mento de Minas do Governo de Washin
gton e o Instituto de Tecnologiá de Massachusetts estudam o mesmo problema, sendo
de esperar que
o gênio norte-
americano chegue a uma fórmula que
permita a produção de petróleo em gran de quantidade, utilizando-se do carvão
57
Econômico
produção de petróleo sinlclico. Dela par ticiparam, além da I. G. Farhen, da Ale manha, a "Imperial Ciiemicals", a "Rcyal Shell Dutch" e a "Standard Oil",
estágio prático da produção, contribuem para desfazer as dúvidas que surjam aqui e ali sobre o papel predominante reservado no futuro ao car\'ão,
como
fonte de energia.
respectivamente da Inglaterra o dos Es
O balanço da economia brasileira n
tados Unidos, as quais fundaram, em
que a Missão Abbink procedeu enquaclra-se perfeitamente, na parte referente
clas as reser\'as brasileiras de fôrça hi
tion Patents Co.", com sede .social em
ao papel das diferentes fontes de ener
temente, a opinião dos técnicos norte-
Vaduz, capital do principado de Liech
gia, no ponto de vista norte-americano, que, conforme assinalou "The Econo-
americanos. Estimando em 14,4 milhões
conjunto, a
"Internalional Hydrogena-
tenstein. Assinalemos, porém, que agora
brary, com a maior companhia carboní-
o relatório dos "técnicos norte-america
fcra dos Estados Unidos.
E' interessante saber-se que o Govêrno
nos" assinale a existência, no Brasil, de carvão, em quantidade dez vêzes supe
eventuais centros de consumo. Ora, se
brasileiro tem-se mantido atento ao de-
rior às estimativas anteriores, feitas por
gundo recente estudo do Departamento
.senvclvimento técnico no campo du
energia e que acaba de contratar os ser
técnicos do Governo Federal, pouco fa la na necessidade de sua exploração. Es
rado, aliás, pelo sr. Jean Romeuf, um
viços de um técnico alemão especializa
tende-se, porém,
sôbre a necessidade,
dos diretores das indústrias carbonífe-
do no processo Fischer-Tropsch, para realizar trabalhos experimentais no
que considera básica, da exploração dos nossos recursos petrolíferos. Sem contestar essa necessidade, quere
ras francesas nacionalizadas pelo Govêr-^ no, é difícil o transporte de energia elé trica a distâncias superiores a 300 quilô
mos assinalar que compreendemos 'as razões da atitude dos especialistas nor
metros, agravando-se o preço de custo da fôrça produzida. Com efeito, nesses
te-americanos: os capitais estão visivel
casos a energia produzida é fornecida a preços de competição e nãq proporcio naria .rendimentos razoáveis ao capital. Aliás, no mundo inteiro, e particular-'
Brasil.
O Brasil está, realmente, eni cündiçõe.s
de acompanhar as experiências sôbre a produção de petróleo sintético, na qual podem ser aproveitadas as jazidas de carvão pobre. O processo em estudo em
mente interessados na produção de pe
tróleo pelo Brasil, cujos lençóis poderão
Library consiste justamente no prosse
atender também, futuramente, ao con
guimento de experiências anteriormente
sumo dos Estados Unidos, inquietos com o rápido esgotamento de seus recursos
realizadas na Bélgica e nos próprios Es tados Unidos, para a queima do carvão na própria terra e para o aproveitamen to unicamente do gás resultante da coml)ustão. Êsse gás não contém as impu rezas características do carvão pobre. O ,
problema a resolver se refere, além do custo dos trabalhos, à produção de co que, matéria-prima que não se obtém
tricas, justamente por essa razão.
cargo e.xclusivamente dos capitais nacio
Ora, a questão do-financiamento das usinas tem importância maior no Brasil do que .nos Estados Unidos, onde são
nais. Mas o pouco caso demonstrado pela Missão Abbink pela exploração do carvão brasileiro se torna pelo menos
.. vj,-....*!'-. ....
abundantes os capitais particulares. Os
curioso, quando, pouco além, os colabo
programas de desenvolvimento da pro
radores do sr. Abbinlc demonstram, por
dução mundial de energia hidráulica são importantes, mas não de molde a modi
mais adiante os técnicos norte-america
Essas experiências, que já entram no
mente nos Estados Unidos, os capitais
petrolíferos, ao passo que a exploração
tituir.
rias-primas básicas da siderurgia, não _
dc Minas dos Estados Unidos, corrobo
das minas de carvão ficará fatalmente a
grandes indústrias do mundo, para o
pelos processos a que estamos aludindo. E o coque é justamente uma das maté
vantajosa, pois a maior parte das quedas dágua aproveitáveis fica longe dos
particulares demonstram certo desinte resse por aplicações em urinas hidrelé
havendo até hoje outra que o possa subs
desenvolvimento desses processos de
de kxv as reservas potenciais hidrelétri cas do País, assinala, porém, o relatório, que sua distribuição geográfica é des-
associando-so, na fábrica-pilòto de Li
lima tentativa de cooperação entre as
Há dez anos, exatamente, assistimos a
dráulica. Mas os dados apóiam, eviden
mist", se caracteriza pela.exagerada im portância atribuída ao petióleo. Embora
a "Standard Oil" deu um pa.sso avante,
a b, que a siderurgia alimentada a lenha não tem probabilidades de sobre viver em pleno século XX. Muito perspicazes, porém, tomam-se
como matéria-prima.
nos, na parte do relatório consagrado à terceira grande fonte de energia de que o Brasil dispõe: a fôrça hidráulica. As sinalemos, de passagem, que o referido documento destrói a crença popular, tão difundida entre nós, de que são ilimita-
ficar profundamente a relação boje exis grandes trabalhos do Rliône, na França,
tente entre as três fontes de energia. Mesmo incluindo-se nos
cálculos os"
1
Dicesto Econômico
58
a produção de energia hidráulica só aumentará 10% nestes próximos sete
a opinião dos técnicos, é eloqüente a êsse respeito :
anos, segundo as previsões dos diretores do l^liino Marshall. Isso corresponderá tradas de ferro e indústrias básicas, de
"O programa proposto, de desen volvimento elétrico, proveria de energia adicional, que é essencial ao
30
progresso de muitas comunidades,
a uma diminuição no consumo, pelas es milhões
de
toneladas
de
carvão.
Quantidade insignificante, considerandose que a produção mundial de carvão se eleva a 1.500.000.000 de toneladas 1
O Brasil projeta também, e ao fato faz referência o relatório Abbinlc, o de
a utilização do potencial de energia
senvolvimento da produção de energia hidrelétrica. Segundo esse programa, a produção aumentaria de 1,5 milhões pa ra 2,8 milhões de kw. Eis os pormeno-
se fosse praticávéí, não satisfaria aquôle objetivo; e o potencial inte gral de energia hidrelétrica não
res do programa, e.xecutável em cêrca de
to que a maior parte dôste se acha localizada em pontos muito distan tes dos mercados prováveis dessa energia."
"Brazilian
Traction"
("Light") "Bond and Share" (Cia. Auxiliar e seus
associados) Usina do S. Francisco
vão continua a ser o combustível básico
importância para o País. Por si sós, nem
a eletricidade nem o petróleo são capa
nós cada vez importância maior, à me dida em que se desenvolver a indústria
zes de resolver nossos problemas. O car-
pesada brasileira.
de numerosas indústrias e assumirá para
dôste Faís, de 14,4 milhões de kw,
pode ser utilizado no momento, vis
Assinala ainda o relatório que "algu 710.000 kw 120.000 "
de Minas Gerais .. '226.000 " Sindicato da Indústria
do Energia Elétrica Rio Grande do Sul . .
de energia, e isso impede a perfeita com preensão do problema, que é de suma
mas das instalações hidrelétricas plane
Programa do Estado
de São Paulo
59
mas não poderá ser considerado co
mo uma solução do problema primacial de energia no Brasil. Mesmo
seis anos :
Dicesto Econômico
jadas só fornecerão a sua capacidade no
minal de energia
nos anos de chuvas
normais. Serão necessárias, portanto, ins talações térmicas de emergência". Ora, para a produção dc eletricidade em usinas térmicas é necessário carvão...
128.000 "
iro.üoo "
Nestes confrontos que estamos estabe
lecendo entre o papel do carvão e de outras fontes de energia, não queremos
1.294.000 kw
Êsses projetos não são imutáveis e,
segundo se diz, poderão ser ampliados, seja por iniciativa das companhias par ticulares, seja por decisão das autorida
absolutamente exagerar o valor do pri meiro. Tentamos apenas esclarecer sô-
hre o assunto a opinião pública, pertur bada pela propaganda do petróleo, em preendida pelas grandes companhias norte-americanas. E' claro que os técni
des públicas. Tal expansão, porém, inegavelmente impressionante, da nossa produção de energia hidrelétrica, resolveria funda
World", citado mais acima. Mas os lei
mentalmente o problema da energia no Brasil ? O relatório Abbink, que reflete
gos estão passando, pràticamente, a exa gerar o papel do petróleo como fonta
cos não se têm deixado impressionar por
1
essa campanha de propaganda, como o demonstra o editorial do "Petroleum
•1. -
•'.h »V''.
1
Dicesto Econômico
58
a produção de energia hidráulica só aumentará 10% nestes próximos sete
a opinião dos técnicos, é eloqüente a êsse respeito :
anos, segundo as previsões dos diretores do l^liino Marshall. Isso corresponderá tradas de ferro e indústrias básicas, de
"O programa proposto, de desen volvimento elétrico, proveria de energia adicional, que é essencial ao
30
progresso de muitas comunidades,
a uma diminuição no consumo, pelas es milhões
de
toneladas
de
carvão.
Quantidade insignificante, considerandose que a produção mundial de carvão se eleva a 1.500.000.000 de toneladas 1
O Brasil projeta também, e ao fato faz referência o relatório Abbinlc, o de
a utilização do potencial de energia
senvolvimento da produção de energia hidrelétrica. Segundo esse programa, a produção aumentaria de 1,5 milhões pa ra 2,8 milhões de kw. Eis os pormeno-
se fosse praticávéí, não satisfaria aquôle objetivo; e o potencial inte gral de energia hidrelétrica não
res do programa, e.xecutável em cêrca de
to que a maior parte dôste se acha localizada em pontos muito distan tes dos mercados prováveis dessa energia."
"Brazilian
Traction"
("Light") "Bond and Share" (Cia. Auxiliar e seus
associados) Usina do S. Francisco
vão continua a ser o combustível básico
importância para o País. Por si sós, nem
a eletricidade nem o petróleo são capa
nós cada vez importância maior, à me dida em que se desenvolver a indústria
zes de resolver nossos problemas. O car-
pesada brasileira.
de numerosas indústrias e assumirá para
dôste Faís, de 14,4 milhões de kw,
pode ser utilizado no momento, vis
Assinala ainda o relatório que "algu 710.000 kw 120.000 "
de Minas Gerais .. '226.000 " Sindicato da Indústria
do Energia Elétrica Rio Grande do Sul . .
de energia, e isso impede a perfeita com preensão do problema, que é de suma
mas das instalações hidrelétricas plane
Programa do Estado
de São Paulo
59
mas não poderá ser considerado co
mo uma solução do problema primacial de energia no Brasil. Mesmo
seis anos :
Dicesto Econômico
jadas só fornecerão a sua capacidade no
minal de energia
nos anos de chuvas
normais. Serão necessárias, portanto, ins talações térmicas de emergência". Ora, para a produção dc eletricidade em usinas térmicas é necessário carvão...
128.000 "
iro.üoo "
Nestes confrontos que estamos estabe
lecendo entre o papel do carvão e de outras fontes de energia, não queremos
1.294.000 kw
Êsses projetos não são imutáveis e,
segundo se diz, poderão ser ampliados, seja por iniciativa das companhias par ticulares, seja por decisão das autorida
absolutamente exagerar o valor do pri meiro. Tentamos apenas esclarecer sô-
hre o assunto a opinião pública, pertur bada pela propaganda do petróleo, em preendida pelas grandes companhias norte-americanas. E' claro que os técni
des públicas. Tal expansão, porém, inegavelmente impressionante, da nossa produção de energia hidrelétrica, resolveria funda
World", citado mais acima. Mas os lei
mentalmente o problema da energia no Brasil ? O relatório Abbink, que reflete
gos estão passando, pràticamente, a exa gerar o papel do petróleo como fonta
cos não se têm deixado impressionar por
1
essa campanha de propaganda, como o demonstra o editorial do "Petroleum
•1. -
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,T--
(♦.■VTTi.V",''
01
Dicksto EcoNÓ?>aco
Sôbre a quarta eleição de Roosevelt Daiiio
de
Almeida
Magalhães
PI DESTINO político de Roosevelt, desde que pela primeira vez atingiu u
presidêr^ia de seu país, se tem revelado dramático e heróico. Coube-lhe dirigir a naç<ão americana numa quadra de cri
se nacional e mundial de profundidade e de repercussão sem precedentes. Por Í.ÇS0 mesmo, de alguma forma, numa
apreciação de conjunto, foi-llie dado agir com maior projeção na vida interna e
na esfera internacional do que qualquer dos seus antecessores, mesmo Washing
Da coleção do "Diário de Notícias"
c.\u7na7T}os este artigo cfuc Dariu rle Al
gresso material, a sua riqueza, a sua própria concepção de vida política e so cial lhe trazem o ônus de intervir de ma neira decisiva na sorte de todo o mundo. A presidência de Roosevelt nasceu sob o signo da guerra, da lula árdua em to
dos os sentidos e em todos os campos. A primeira imensa batalha que teve de travar foi para reerguer o país da maior
contra o dc Hamilton, que defendera a
líbrio econômico, sem violar as institui
necessidade dc um Estado mai.s forte e
ções e comprometer o sistema de go
mais bem aparelhado. Só um outro pre
verno.
sidente até o "New Deal-", Theodore Roose\eli:, no comêço do século, em
baluartes da pluto-
ousara
desafiar
cracia.
Mas
mento, em meio às dificuldades,
nada
igualava,
nem
de
.
tido à afirmativa de Joaquim Nabuco de
longe,
programa
''
que o jornal 6 fatal à produção literária
do "New Deal".
de primeira ordem.
resolutamente, poderes tão amplos como se a pátria estivesse invadida pelo inimi go estrangeiro. Cinco mil bancos haviam
falido;
o número de desempregados
crescera de três milhões para treze e
meio inilliões; a produção industrial caí ra de 47
o valor dos produtos agríco
las de 71%; a renda nacional bai.vara de
.56 %. A confiança pública desaparecera. A situação reclamava medidas enérgicas e decisivas. Roosevelt lançou-se à luta
com audácia e intrepidez. O Estado pre
cisava desenvolver uma vigorosa política
A herança que recebeu de Hoover, em
intervencionista. O "New Deal" repre
sentava o vasto plano de economia di rigida a ser executado. O National In
dustrial Recovery Act e o Agricultural Adjustment Act revelaram inicialmente o
alcance da profunda reforma a ser posta
o
Ao findar o primeiro qiiadriènio, quando ainda a arrojada experiência rooseveltíana apenas atingira a primeira fa se do seu desdobra
os
c atualidade dos conceitos, um desmen
crise econômica de tôda a sua história.
1933, era aterradora. A euforia da "prosperity" se transformara num.quadro de devastações, de desespero, de quase tra gédia. Se não fosse a fidelidade da na
dar trabalho às massas desempregadas c estabelecer um regimem de maior equi
didatura no govêrno dos Estados Vttidos,
fensor da sua unidade. Porque os acon
dos, nesta guerra muito mais do que na de 14, a consciência de que o seu pro
A inclinação americana era pelo ponto de vista de Jefferson,
outras condições muito menos graves,
Constituem estas págitias, pelo brilho
abandonar, entretanto, o espírito da sua ação reformista, com "a qual buscava
ça o antipatia.
meida Magalhães escreveu no apresen tai- RooscceU, vela quarta vez, sua cnri-
ton, o fundador do país, e Lincoln, o de tecimentos impuseram aos Estados Uni
pleno vcgiinem do "laisser faire". O Es tado sempre fôra visto com desconfian
aos
tropeços e à luta mais
constante,
o
criádor
do
inflação legislativa e
Deal",
apesar
burocrática era alar-*
forte resistência que
mante; a máquina estatal se agiganta va, perturbando e
frutava de largo cré
A'
dito
de
das
massas,
ciativa privada. Os alphabetical hureau
classes
estendiam
como
uma rêde, procu rando tudo prender e dirigir. A resistência con
servadora em pâni
co apelou para a Suprema Corte para
que contivesse os ímpetos reformistas de Roosevelt. Os juizes que deviam zelar pela tradição e pela carta constitucional não tiveram dúvida em cortar as asas do
presidente, e condenar como inconstitu cionais algumas das iniciativas básicas do "New Deal". A Suprema Còrte é a garantia máxima dos direitos dos cida
da
crescia, ainda des
embaraçando a ini
se
"New
confiança
médias
das até
aos "dispossessed", que nele de alguma forma, o seu salvador. As críticas
tenazes e xigorosas dos seus opositores, ' anunciando a falên
cia integral do "New Deal e clamando .sobre os perigos de se prosseguir nessa
política aventurosa, não tinham fôrça pa ra afastar do presidente
as simpatias
populares profundas. Os déficits do go
verno eram astronômicos; crescia a dívi
da pública; mulüplícava-se a burocra
cia. O número de desempregados não
ção às suas instituições e ao seu estilo de vida, poder-se-ia temer uma revolu
em prática. A ação intervencionista ti
ção social. Para enfrentar a imensa ba
nha, porém, que se chocar frontalmente
dãos; a Constituição tinha que ser res
talha do reerguimento do país, Roose velt, no seu discurso inaugural, declarou
com o arraigado indÍNudualismo "yankee" e os imensos interesses plutocráticos. A
peitada; e Roosevelt se confornrou, em
zavam, muitas delas de necessidade ou
bora com resmungos e protestos, procu
de utilidade duvidosas. Os sacrifícios fei
que .SC via na contingência de solicitar ao Congrc.sso,poderes amplos para agir
prosperidade do país se fizera, desde a
rando ajustar o seu programa ao meca nismo con.stitucional e judiciário, sem
tados obtidos, clamavam os adversários
fundação, pela iniciativa privada,
em
tinha diminuído senão de maneira arti
ficial pelas obras públicas que se reali tos não eram compensados pelos resul
,T--
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Dicksto EcoNÓ?>aco
Sôbre a quarta eleição de Roosevelt Daiiio
de
Almeida
Magalhães
PI DESTINO político de Roosevelt, desde que pela primeira vez atingiu u
presidêr^ia de seu país, se tem revelado dramático e heróico. Coube-lhe dirigir a naç<ão americana numa quadra de cri
se nacional e mundial de profundidade e de repercussão sem precedentes. Por Í.ÇS0 mesmo, de alguma forma, numa
apreciação de conjunto, foi-llie dado agir com maior projeção na vida interna e
na esfera internacional do que qualquer dos seus antecessores, mesmo Washing
Da coleção do "Diário de Notícias"
c.\u7na7T}os este artigo cfuc Dariu rle Al
gresso material, a sua riqueza, a sua própria concepção de vida política e so cial lhe trazem o ônus de intervir de ma neira decisiva na sorte de todo o mundo. A presidência de Roosevelt nasceu sob o signo da guerra, da lula árdua em to
dos os sentidos e em todos os campos. A primeira imensa batalha que teve de travar foi para reerguer o país da maior
contra o dc Hamilton, que defendera a
líbrio econômico, sem violar as institui
necessidade dc um Estado mai.s forte e
ções e comprometer o sistema de go
mais bem aparelhado. Só um outro pre
verno.
sidente até o "New Deal-", Theodore Roose\eli:, no comêço do século, em
baluartes da pluto-
ousara
desafiar
cracia.
Mas
mento, em meio às dificuldades,
nada
igualava,
nem
de
.
tido à afirmativa de Joaquim Nabuco de
longe,
programa
''
que o jornal 6 fatal à produção literária
do "New Deal".
de primeira ordem.
resolutamente, poderes tão amplos como se a pátria estivesse invadida pelo inimi go estrangeiro. Cinco mil bancos haviam
falido;
o número de desempregados
crescera de três milhões para treze e
meio inilliões; a produção industrial caí ra de 47
o valor dos produtos agríco
las de 71%; a renda nacional bai.vara de
.56 %. A confiança pública desaparecera. A situação reclamava medidas enérgicas e decisivas. Roosevelt lançou-se à luta
com audácia e intrepidez. O Estado pre
cisava desenvolver uma vigorosa política
A herança que recebeu de Hoover, em
intervencionista. O "New Deal" repre
sentava o vasto plano de economia di rigida a ser executado. O National In
dustrial Recovery Act e o Agricultural Adjustment Act revelaram inicialmente o
alcance da profunda reforma a ser posta
o
Ao findar o primeiro qiiadriènio, quando ainda a arrojada experiência rooseveltíana apenas atingira a primeira fa se do seu desdobra
os
c atualidade dos conceitos, um desmen
crise econômica de tôda a sua história.
1933, era aterradora. A euforia da "prosperity" se transformara num.quadro de devastações, de desespero, de quase tra gédia. Se não fosse a fidelidade da na
dar trabalho às massas desempregadas c estabelecer um regimem de maior equi
didatura no govêrno dos Estados Vttidos,
fensor da sua unidade. Porque os acon
dos, nesta guerra muito mais do que na de 14, a consciência de que o seu pro
A inclinação americana era pelo ponto de vista de Jefferson,
outras condições muito menos graves,
Constituem estas págitias, pelo brilho
abandonar, entretanto, o espírito da sua ação reformista, com "a qual buscava
ça o antipatia.
meida Magalhães escreveu no apresen tai- RooscceU, vela quarta vez, sua cnri-
ton, o fundador do país, e Lincoln, o de tecimentos impuseram aos Estados Uni
pleno vcgiinem do "laisser faire". O Es tado sempre fôra visto com desconfian
aos
tropeços e à luta mais
constante,
o
criádor
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inflação legislativa e
Deal",
apesar
burocrática era alar-*
forte resistência que
mante; a máquina estatal se agiganta va, perturbando e
frutava de largo cré
A'
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massas,
ciativa privada. Os alphabetical hureau
classes
estendiam
como
uma rêde, procu rando tudo prender e dirigir. A resistência con
servadora em pâni
co apelou para a Suprema Corte para
que contivesse os ímpetos reformistas de Roosevelt. Os juizes que deviam zelar pela tradição e pela carta constitucional não tiveram dúvida em cortar as asas do
presidente, e condenar como inconstitu cionais algumas das iniciativas básicas do "New Deal". A Suprema Còrte é a garantia máxima dos direitos dos cida
da
crescia, ainda des
embaraçando a ini
se
"New
confiança
médias
das até
aos "dispossessed", que nele de alguma forma, o seu salvador. As críticas
tenazes e xigorosas dos seus opositores, ' anunciando a falên
cia integral do "New Deal e clamando .sobre os perigos de se prosseguir nessa
política aventurosa, não tinham fôrça pa ra afastar do presidente
as simpatias
populares profundas. Os déficits do go
verno eram astronômicos; crescia a dívi
da pública; mulüplícava-se a burocra
cia. O número de desempregados não
ção às suas instituições e ao seu estilo de vida, poder-se-ia temer uma revolu
em prática. A ação intervencionista ti
ção social. Para enfrentar a imensa ba
nha, porém, que se chocar frontalmente
dãos; a Constituição tinha que ser res
talha do reerguimento do país, Roose velt, no seu discurso inaugural, declarou
com o arraigado indÍNudualismo "yankee" e os imensos interesses plutocráticos. A
peitada; e Roosevelt se confornrou, em
zavam, muitas delas de necessidade ou
bora com resmungos e protestos, procu
de utilidade duvidosas. Os sacrifícios fei
que .SC via na contingência de solicitar ao Congrc.sso,poderes amplos para agir
prosperidade do país se fizera, desde a
rando ajustar o seu programa ao meca nismo con.stitucional e judiciário, sem
tados obtidos, clamavam os adversários
fundação, pela iniciativa privada,
em
tinha diminuído senão de maneira arti
ficial pelas obras públicas que se reali tos não eram compensados pelos resul
03
Dicesto Econômico
de Roosevelt. Mas, a massa, cujos inte
grada, a "third term tradition". A reti
resses não eram defendidos em
rada era, por outro lado, arriscada e ex punha ao fracasso não só a sua política
Wall
Street, acreditava, com certo misticismo,
63
Digesto Econômico
A guerra justificou a eleição de Roo sevelt para o terceiro período, com o desrespeito de uma tradição política sempre obedecida. A paz justifica a
a proper period is much a duty as to have bome it faitlifully". Êsses exemplos dos "nation's founders"
firmaram
um
precedente que passou a ter o prestigio dc uma regra constitucional escrita. Ne- , nhum presidente serviu por mais de oito anos, e o povo americano entendia que
que, se Roosevelt não estivesse no poder e não houvesse seguido a política que
qual eslava definitivamente comprometi
iniciativa, ainda mais audaciosa, da sua
seguira, a situação seria, ou poderia ser,
do. E o refonnador audacioso não se de
candidatura à presidência pela quarta vez.
teve diante do obstáculo, e tomou o rís-
Num e noutro caso, interesses supremos
' CO de "correr" (cx>mo se diz na lingua gem política americana) a eleição para
de seu país e da própria humanidade, nessa hora imica que o mundo .atraves sa. Representará êste procedimento um
não deveria conceder a ninguém essa
Willkiô, que depois se revelou um polí tico e de espírito compreensivo, quase que dividiu com ele os sufrágios popu
perigo para as instituições democráticas,
vida política nacional.
lares.
ideais políticos pelos quais os Estados
pior.
A recondução de Roosevelt na presi dência foi, graças a êsse estado de es pírito, relativamente fácil. E o renova
dor vitorioso na batalha eleitoral pôde prosseguir no terrível combate para rea
lizar a reforma econômica e social que planejara, dentro dos quadros e dos pre conceitos do sistema americano. Ao -fim
interna, como a ação internacional,
na
um terceiro período. O seu adversário,
Reeleito, mais uma vez, pelas necessi
do segundo período, haviam crescido as dificuldades e a resistência. Dez milhões
dades supremas da guerra, Roosevelt for
ao existente em 1933, por si só indicar vam que os resultados da e.xperiência
rooseveltiana eram duvidosos. Mas, a
e a palavra do presidente e os aconteci
de desempregados, número quase igual
essa altura, os acontecimentos interna
cionais haviam adquirido supremacia absoluta sobre os problemas internos. Roosevelt já projetara, por fôrça das cir cunstâncias, a ação dos Estados Unidos no plano mundial. O senHmento isolacionista era muito forte e vivo; e o pre
sidente se' empenhava em levar a opi nião americana a compreender que os destinos do país se decidiam no conflito da Europa. Já se chegara ao fornecimen to de matérias através da forma "cash
and cany ,■ havia, porém, ainda espe rança para o povo americano de se con
ou as razões que o ditaram, no presen te e no futuro, servirão à realização dos Unidos e o mundo se sacrificam ?
honra que não fora conferida aos seus estadistas supremos, nos prímordios da
O princípio da transitoriedade do exercício
do governo sempre
pareceu
melhor assegurar a pureza do ideal de mocrático, e a prática política adotada nos Estados Unidos era vista como uma
mo. A mentalidade isolacionista do West
E' sabido que na convenção de Fila délfia o problema da duração do man dato presidencial foi apreciado de ma neira muito variada. Hamilton, que era
e do Middie West era ainda poderosa,
partidário de um execijtivo forte e da
cício do govêmo pela opinião pública, pode-se sustentar qüe não é de ordem fundamental que se proíba a recondução nos postos supremos dos mandatários
taleceu sua política de dar todo apoio às nações que lutavam contra o fascis
continuidade
administrativa,
pleiteava
que o chefe do Estado fosse escolhido
mentos a tinham que vencer paulatina mente. O "lend and lease" representara
sem limite de tempo e se conservasse no poder enquanto bem servisse (for good behaviouv), podendo ser destituído por
um passo expressivo; mas, o "slogan" que predominava ainda era: "Send tlie guns, but not the sons". A traição de
Pearl Harbour impôs a guerra, e operou ' o milagre de unir o país, desfazendo tôdas as divisões ou divergências que o pleito eleitoral de novembro de 1940
"ímpeacbment".
Outros
convencionais
testemunho do seu vigor e da sua adap-
que bem desempenharam as suas fun
ções. Se o presidente tem o apoio do seu povo, e se êste julga que ele é o mais
apto para dirigir os destinos da nação,
sidencial por um prazo que oscilava en tre dois e sete anos. Chegou a prevale
não deveria ser impedido de lhe reno var, pelo voto, periòdicamente, o man dato, tantas vezes essa renovação fôsse
ção da reeleição. Mas, finalmente, na redação definitiva da Constituição de 1787, adotou-se o prazo de quatro anos, não se vedando expressamente que o
guerra, das instituições democráticas —
considerada a democracia como o exer
propunham a fixação do mandato pre
cer o período de sete anos, com a proibi
houvesse provocado. O funcionamento normal, em plena
garantia da subsistência do próprio regimem. Teoricamente, essencialmente,
a experiência política mostra que essa
prática oférece grandes perigos e pode comprometer a sobrevivência da demo cracia, ou pelo menos desprestigiá-la. A
presidente fòsse reeleito.
da sua carreira, tinha bem consciência de que essa esperança era ilusória e o en
tabílidade às circunstâncias mais graves — determinou que um outro pleito pre sidencial da maior envergadura se hou vesse de travar atualmente nos Estados
mandato para um terceiro período. Jef-
manifestação periódica do eleitorado,
Unidos para escolha do futuro presiden
volvimento dos Estados Unidos no con
cria o risco de se formar uma oligarquia, com o sacrifício do que a democracia
flito, uma fatalidade. Entretanto, a sua
te, e que a essa eleição, que se verifica ra no dia 7 do corrente, concorresse, pe
ferson, reeleito uma vez, poderia sê-lo uma segunda vez, mas por uma questão
permanência no poder para conduzir o
la quarta vez, Franklin Delano Roosevelt.
mais quatro anos de poder, como lhe
O poder é sedutor e minaz, tem vene
fòrn oferecido. E' histórica a sua frase:
nos e toxinas de uma grande ação cor
"That I should lay down my charge at
ruptora. Só os homens de cerne muito
servar fora do conflito. Mas, Roosevelt, que viveu então o momento culminante
esteve na presidência oito anos, e se re cusou, por razões pessoais, a aceitar o
de princípios julgou que deverfa recusar
seu povo naquela emergência perigosa impunha a violação de uma tradição sa
*
*
Washington
julgada conveniente ou necessária. Mas,
4?
i
permanência prolongada dos mesmos ho
mens no poder executivo, ainda com a
apresenta de melhor e mais saudável.
03
Dicesto Econômico
de Roosevelt. Mas, a massa, cujos inte
grada, a "third term tradition". A reti
resses não eram defendidos em
rada era, por outro lado, arriscada e ex punha ao fracasso não só a sua política
Wall
Street, acreditava, com certo misticismo,
63
Digesto Econômico
A guerra justificou a eleição de Roo sevelt para o terceiro período, com o desrespeito de uma tradição política sempre obedecida. A paz justifica a
a proper period is much a duty as to have bome it faitlifully". Êsses exemplos dos "nation's founders"
firmaram
um
precedente que passou a ter o prestigio dc uma regra constitucional escrita. Ne- , nhum presidente serviu por mais de oito anos, e o povo americano entendia que
que, se Roosevelt não estivesse no poder e não houvesse seguido a política que
qual eslava definitivamente comprometi
iniciativa, ainda mais audaciosa, da sua
seguira, a situação seria, ou poderia ser,
do. E o refonnador audacioso não se de
candidatura à presidência pela quarta vez.
teve diante do obstáculo, e tomou o rís-
Num e noutro caso, interesses supremos
' CO de "correr" (cx>mo se diz na lingua gem política americana) a eleição para
de seu país e da própria humanidade, nessa hora imica que o mundo .atraves sa. Representará êste procedimento um
não deveria conceder a ninguém essa
Willkiô, que depois se revelou um polí tico e de espírito compreensivo, quase que dividiu com ele os sufrágios popu
perigo para as instituições democráticas,
vida política nacional.
lares.
ideais políticos pelos quais os Estados
pior.
A recondução de Roosevelt na presi dência foi, graças a êsse estado de es pírito, relativamente fácil. E o renova
dor vitorioso na batalha eleitoral pôde prosseguir no terrível combate para rea
lizar a reforma econômica e social que planejara, dentro dos quadros e dos pre conceitos do sistema americano. Ao -fim
interna, como a ação internacional,
na
um terceiro período. O seu adversário,
Reeleito, mais uma vez, pelas necessi
do segundo período, haviam crescido as dificuldades e a resistência. Dez milhões
dades supremas da guerra, Roosevelt for
ao existente em 1933, por si só indicar vam que os resultados da e.xperiência
rooseveltiana eram duvidosos. Mas, a
e a palavra do presidente e os aconteci
de desempregados, número quase igual
essa altura, os acontecimentos interna
cionais haviam adquirido supremacia absoluta sobre os problemas internos. Roosevelt já projetara, por fôrça das cir cunstâncias, a ação dos Estados Unidos no plano mundial. O senHmento isolacionista era muito forte e vivo; e o pre
sidente se' empenhava em levar a opi nião americana a compreender que os destinos do país se decidiam no conflito da Europa. Já se chegara ao fornecimen to de matérias através da forma "cash
and cany ,■ havia, porém, ainda espe rança para o povo americano de se con
ou as razões que o ditaram, no presen te e no futuro, servirão à realização dos Unidos e o mundo se sacrificam ?
honra que não fora conferida aos seus estadistas supremos, nos prímordios da
O princípio da transitoriedade do exercício
do governo sempre
pareceu
melhor assegurar a pureza do ideal de mocrático, e a prática política adotada nos Estados Unidos era vista como uma
mo. A mentalidade isolacionista do West
E' sabido que na convenção de Fila délfia o problema da duração do man dato presidencial foi apreciado de ma neira muito variada. Hamilton, que era
e do Middie West era ainda poderosa,
partidário de um execijtivo forte e da
cício do govêmo pela opinião pública, pode-se sustentar qüe não é de ordem fundamental que se proíba a recondução nos postos supremos dos mandatários
taleceu sua política de dar todo apoio às nações que lutavam contra o fascis
continuidade
administrativa,
pleiteava
que o chefe do Estado fosse escolhido
mentos a tinham que vencer paulatina mente. O "lend and lease" representara
sem limite de tempo e se conservasse no poder enquanto bem servisse (for good behaviouv), podendo ser destituído por
um passo expressivo; mas, o "slogan" que predominava ainda era: "Send tlie guns, but not the sons". A traição de
Pearl Harbour impôs a guerra, e operou ' o milagre de unir o país, desfazendo tôdas as divisões ou divergências que o pleito eleitoral de novembro de 1940
"ímpeacbment".
Outros
convencionais
testemunho do seu vigor e da sua adap-
que bem desempenharam as suas fun
ções. Se o presidente tem o apoio do seu povo, e se êste julga que ele é o mais
apto para dirigir os destinos da nação,
sidencial por um prazo que oscilava en tre dois e sete anos. Chegou a prevale
não deveria ser impedido de lhe reno var, pelo voto, periòdicamente, o man dato, tantas vezes essa renovação fôsse
ção da reeleição. Mas, finalmente, na redação definitiva da Constituição de 1787, adotou-se o prazo de quatro anos, não se vedando expressamente que o
guerra, das instituições democráticas —
considerada a democracia como o exer
propunham a fixação do mandato pre
cer o período de sete anos, com a proibi
houvesse provocado. O funcionamento normal, em plena
garantia da subsistência do próprio regimem. Teoricamente, essencialmente,
a experiência política mostra que essa
prática oférece grandes perigos e pode comprometer a sobrevivência da demo cracia, ou pelo menos desprestigiá-la. A
presidente fòsse reeleito.
da sua carreira, tinha bem consciência de que essa esperança era ilusória e o en
tabílidade às circunstâncias mais graves — determinou que um outro pleito pre sidencial da maior envergadura se hou vesse de travar atualmente nos Estados
mandato para um terceiro período. Jef-
manifestação periódica do eleitorado,
Unidos para escolha do futuro presiden
volvimento dos Estados Unidos no con
cria o risco de se formar uma oligarquia, com o sacrifício do que a democracia
flito, uma fatalidade. Entretanto, a sua
te, e que a essa eleição, que se verifica ra no dia 7 do corrente, concorresse, pe
ferson, reeleito uma vez, poderia sê-lo uma segunda vez, mas por uma questão
permanência no poder para conduzir o
la quarta vez, Franklin Delano Roosevelt.
mais quatro anos de poder, como lhe
O poder é sedutor e minaz, tem vene
fòrn oferecido. E' histórica a sua frase:
nos e toxinas de uma grande ação cor
"That I should lay down my charge at
ruptora. Só os homens de cerne muito
servar fora do conflito. Mas, Roosevelt, que viveu então o momento culminante
esteve na presidência oito anos, e se re cusou, por razões pessoais, a aceitar o
de princípios julgou que deverfa recusar
seu povo naquela emergência perigosa impunha a violação de uma tradição sa
*
*
Washington
julgada conveniente ou necessária. Mas,
4?
i
permanência prolongada dos mesmos ho
mens no poder executivo, ainda com a
apresenta de melhor e mais saudável.
fnm mr:'"* ■
Dígesto EcoNÓAnco
64
rijo e contextura moral excepcionalmente sólida lhe resistem à influência prolon gada. A transitoriedade no exercício das funções executivas do Estado é uma de
fesa para o próprio homem de go\'êrno. Quando o mesmo grupo ou partido de
E* preciso lembrar, com justiça, em fa\-nr de Roosc\'elt, que èic gn\'ernon sempre com respeito absoluto à crítica e à opinião. A liberdade de debate pela imprensa, pelo rádio, nos comícios, foi respeitada sem nenhum agruxo.
Tam
Digks'i'u
65
Econômico
pressão da
vontade popular.
E esse
dcsiderato será felizmente alcançado. Nem n fato de Roosevelt concorrer à
própria reeleição será por si mesmo po deroso para lhe assegurar a vitória, tal é a fôrça que possui a opinião nos Esta
bém jamais deixou de curxar-se diante da Constituição nu da Suprema Corte,
dos Unidos. Os precedentes históricos depõem a favor dessa conclusão. E' co
interesses cada vez mais entrelaçados
embora, dentro da flexibilidade natural
num círculo fechado, cercado pela opo sição dos preteridos ou dos injustamente contrariados pela casta governamental privilegiada. E esse estado de coisas ge
do sistema democrático, conseguisse co
nhecido o caso do presidente Cleveland, ocorrido cjuando a cultura política do
municar às instituições o sentido refor
povo amcricaiit) ainda estava em outro
mador da .sua ação política. A liberdade que hou\'e nas cainpanha.s presidenciais c no.s pleitos que disputou foi absoluta.
sidente Cleveland concorroíi à reeleição
tém por largo tempo o poder, forma-sc
naturalmente uma "clique" ligada por
ra sempre as agitações, o mal-estar co
letivo e a corrupção. A renovação dos homens no poder é, por tudo isso, salu
tar e benéfica, e a preservação das ins tituições democráticas americanas atra
vés de mais de cento e cinqüenta unos, sob a mesma Constituição, muito deve, sem diivida, ao bom exemplo de Was
hington e de Jefferson, que apenas Roosevelt não seguiu.
E verdade que o .atual presidente só
cano Harrison. "Êste, no fim do seu qua-
sem que a invocação do estado de be-
O próprio Roo.sevclt subiu ao poder ga
ligerância serxdsse de pretexto ao sacri
nhando o pleito
fício de qualquer direito, ou da liberda
concorrente o presidente IToover, em 37
de de seu.s adversários. Con.sideradas em
dos 48 Estados, e suplantando o seu ad
face dessas circunstâncias extraordiná
versário por 472 votos contra 59.
em (jue tinha como
ela se desenvolx'eu sob uma inspiração
generosa, uma compreensão larg^> uma solidariedade humana realmente extra
ordinárias e comoventes. Todos os ho
mens lhe devem uma grande gratidão por não terem perdido a liberdade. Vista
nhecimento e de confiança no guia que conduziu bem. Os Estados Unidos ad
Na campanha de agora, se alguma coi.sa ó digna de nota é talvez a excessi\'a agressividade, a desenvoltura, a contun
e.xplicar uma suposição semelhante.
nadores isolacionistas, têm que cumprir o seu destino mundial, como uma con-
lhando aos seus concidadãos que se abstivessem de intervir nos complicados ne
críticos
da
mento de liberdade do pox'o americano.
paciência e resignação esses ataques vi-
que se integrava na orientação
rulentos, sem tentar coibi-los, com o em-
cinado.
rooseveltiana e se revelou um estadista
prêgo dos poderes excepcionais de que
terminado o primeiro mandato de Lin-
de espírito aberto e de ânimo renovador.
e.stá investido.
dência da crítica que fazem à ação po
não seria preferível que Roosevelt se re
lítica de Roosevelt,
partidários, na imprensa, no rádio e nos comícios. E o presidente suporta com
A idéia do homem necessário, do homem
çado de cair sob a escravidão de bárba
ros. A sua ação pessoal foi decisiva, e
mo que chegaram a insinuar que êle ti nha a infame idéia de impedir a reali zação do pleito. E nos Estados Unidos só realmente o desvario político poderia
momentos
tirasse e o Partido Democrático houves
lace,
E o presi dente eleito proclamou, jubiloso, dois dias depois da x'itória: "A eleição de monstrou que o gox'êmo do po\'o pode .suportar uma eleição nacionur no meio dc uma grande guerra cix-il". Imensos serviços prestou Roosevelt ao seu país e à humanidade nessas horas sombrias em que o mundo esteve amea
nência no governo tem que ser julgada com simpatia, como um gesto de reco
em
Num dos seus recentes discursos,
O povo americano duvidaria da sanidade mental do presidente, sobretudo de um presidente que é um dos comandantes supremos da guerra pela democracia, que tivesse esse projeto criminoso e alu
se substituído a sua candidatura, pelo menos agora, por exemplo, pela de Wal-
como concorrente um general, o
famoso general McClellan.
atual presidente declarou que os seus opositores levavam a paixão a tal extre
guerra, foram provas decisivas do vi gor do espírito democrático c do senti
fundamente pessoal. Mas, só o futuro dirá se, mesmo nas condições indicadas,
Doi.s presidentes candidatos, derrotados.
tex'e
a essa luz, dentro dêssc quadro amplo e desanuviado de paixões, a sua perma
realizadas
continuidade da política interna e exter
driènio, pleiteou a renovação do seu mandato, e foi vencido por Cleveland.
ríamos honestamente proclamar que ela já nos tinlia conquistado e arruinado". Lincoln não só presidiu à eleição, como
o
rias, as duas campanhas presidenciais,
concorreu ao terceiro período, e agora
na, a que êle imprimiu um cunho pro
em 1888, e foi derrotado pelo republi
Quer na última eleição, em que concor reu com Willkie, já cm plena guerra, quer na atual, as perrogatix-as da oposi ção foram integralmente respeitadas,
ao quarto, em circunstâncias absoluta
mente excepcionais da vida do seu país e do mundo, e para assegurar a perfeita
estágio do seu aperfeiçoamento. O pre
ou a transferir a eleição nacional, deve
Dexvey e os seus
Em plena guerra de Secessão,
coln, realizou-se em 1864, na época pró
Do ponto de vista eleitoral, o que é,
pria, a eleição presidencial. O salvador
quiriram uma enorme importância na política internacional; mau grado os se scQuencia mesma da sua riqueza, da sua civilização e da sua força incomparável. As palaxTas de Washington, no seu famoso "Farexvell Adress", aconse
gócios da Europa, não têm sentido no mundo de hoje, unido pela eliminação
insubstituível, não é simpática à demo
fundamental c que o pleito, na sua pre
da unidade da pátria disse então estas
cracia, que se revitaliza na renovação
paração e na sua realização, se desen
volva com liberdade e honestidade, pa
palavras inesquecíveis: "Não poderemos ter govêmo livre sem eleições; e se a
das distâncias, pelo entrelaçamento dos interesses e pelo destino comum dos ho mens, e, ao mesmo tempo,, ideològica-
ra que o resultado seja realmente a e.x-
rebelião pudesse forçar-nos a esquecer
niente, terrivelmente dividido. Para con-
constante dos quadros dos ■seus servido res.
JÉ.
fnm mr:'"* ■
Dígesto EcoNÓAnco
64
rijo e contextura moral excepcionalmente sólida lhe resistem à influência prolon gada. A transitoriedade no exercício das funções executivas do Estado é uma de
fesa para o próprio homem de go\'êrno. Quando o mesmo grupo ou partido de
E* preciso lembrar, com justiça, em fa\-nr de Roosc\'elt, que èic gn\'ernon sempre com respeito absoluto à crítica e à opinião. A liberdade de debate pela imprensa, pelo rádio, nos comícios, foi respeitada sem nenhum agruxo.
Tam
Digks'i'u
65
Econômico
pressão da
vontade popular.
E esse
dcsiderato será felizmente alcançado. Nem n fato de Roosevelt concorrer à
própria reeleição será por si mesmo po deroso para lhe assegurar a vitória, tal é a fôrça que possui a opinião nos Esta
bém jamais deixou de curxar-se diante da Constituição nu da Suprema Corte,
dos Unidos. Os precedentes históricos depõem a favor dessa conclusão. E' co
interesses cada vez mais entrelaçados
embora, dentro da flexibilidade natural
num círculo fechado, cercado pela opo sição dos preteridos ou dos injustamente contrariados pela casta governamental privilegiada. E esse estado de coisas ge
do sistema democrático, conseguisse co
nhecido o caso do presidente Cleveland, ocorrido cjuando a cultura política do
municar às instituições o sentido refor
povo amcricaiit) ainda estava em outro
mador da .sua ação política. A liberdade que hou\'e nas cainpanha.s presidenciais c no.s pleitos que disputou foi absoluta.
sidente Cleveland concorroíi à reeleição
tém por largo tempo o poder, forma-sc
naturalmente uma "clique" ligada por
ra sempre as agitações, o mal-estar co
letivo e a corrupção. A renovação dos homens no poder é, por tudo isso, salu
tar e benéfica, e a preservação das ins tituições democráticas americanas atra
vés de mais de cento e cinqüenta unos, sob a mesma Constituição, muito deve, sem diivida, ao bom exemplo de Was
hington e de Jefferson, que apenas Roosevelt não seguiu.
E verdade que o .atual presidente só
cano Harrison. "Êste, no fim do seu qua-
sem que a invocação do estado de be-
O próprio Roo.sevclt subiu ao poder ga
ligerância serxdsse de pretexto ao sacri
nhando o pleito
fício de qualquer direito, ou da liberda
concorrente o presidente IToover, em 37
de de seu.s adversários. Con.sideradas em
dos 48 Estados, e suplantando o seu ad
face dessas circunstâncias extraordiná
versário por 472 votos contra 59.
em (jue tinha como
ela se desenvolx'eu sob uma inspiração
generosa, uma compreensão larg^> uma solidariedade humana realmente extra
ordinárias e comoventes. Todos os ho
mens lhe devem uma grande gratidão por não terem perdido a liberdade. Vista
nhecimento e de confiança no guia que conduziu bem. Os Estados Unidos ad
Na campanha de agora, se alguma coi.sa ó digna de nota é talvez a excessi\'a agressividade, a desenvoltura, a contun
e.xplicar uma suposição semelhante.
nadores isolacionistas, têm que cumprir o seu destino mundial, como uma con-
lhando aos seus concidadãos que se abstivessem de intervir nos complicados ne
críticos
da
mento de liberdade do pox'o americano.
paciência e resignação esses ataques vi-
que se integrava na orientação
rulentos, sem tentar coibi-los, com o em-
cinado.
rooseveltiana e se revelou um estadista
prêgo dos poderes excepcionais de que
terminado o primeiro mandato de Lin-
de espírito aberto e de ânimo renovador.
e.stá investido.
dência da crítica que fazem à ação po
não seria preferível que Roosevelt se re
lítica de Roosevelt,
partidários, na imprensa, no rádio e nos comícios. E o presidente suporta com
A idéia do homem necessário, do homem
çado de cair sob a escravidão de bárba
ros. A sua ação pessoal foi decisiva, e
mo que chegaram a insinuar que êle ti nha a infame idéia de impedir a reali zação do pleito. E nos Estados Unidos só realmente o desvario político poderia
momentos
tirasse e o Partido Democrático houves
lace,
E o presi dente eleito proclamou, jubiloso, dois dias depois da x'itória: "A eleição de monstrou que o gox'êmo do po\'o pode .suportar uma eleição nacionur no meio dc uma grande guerra cix-il". Imensos serviços prestou Roosevelt ao seu país e à humanidade nessas horas sombrias em que o mundo esteve amea
nência no governo tem que ser julgada com simpatia, como um gesto de reco
em
Num dos seus recentes discursos,
O povo americano duvidaria da sanidade mental do presidente, sobretudo de um presidente que é um dos comandantes supremos da guerra pela democracia, que tivesse esse projeto criminoso e alu
se substituído a sua candidatura, pelo menos agora, por exemplo, pela de Wal-
como concorrente um general, o
famoso general McClellan.
atual presidente declarou que os seus opositores levavam a paixão a tal extre
guerra, foram provas decisivas do vi gor do espírito democrático c do senti
fundamente pessoal. Mas, só o futuro dirá se, mesmo nas condições indicadas,
Doi.s presidentes candidatos, derrotados.
tex'e
a essa luz, dentro dêssc quadro amplo e desanuviado de paixões, a sua perma
realizadas
continuidade da política interna e exter
driènio, pleiteou a renovação do seu mandato, e foi vencido por Cleveland.
ríamos honestamente proclamar que ela já nos tinlia conquistado e arruinado". Lincoln não só presidiu à eleição, como
o
rias, as duas campanhas presidenciais,
concorreu ao terceiro período, e agora
na, a que êle imprimiu um cunho pro
em 1888, e foi derrotado pelo republi
Quer na última eleição, em que concor reu com Willkie, já cm plena guerra, quer na atual, as perrogatix-as da oposi ção foram integralmente respeitadas,
ao quarto, em circunstâncias absoluta
mente excepcionais da vida do seu país e do mundo, e para assegurar a perfeita
estágio do seu aperfeiçoamento. O pre
ou a transferir a eleição nacional, deve
Dexvey e os seus
Em plena guerra de Secessão,
coln, realizou-se em 1864, na época pró
Do ponto de vista eleitoral, o que é,
pria, a eleição presidencial. O salvador
quiriram uma enorme importância na política internacional; mau grado os se scQuencia mesma da sua riqueza, da sua civilização e da sua força incomparável. As palaxTas de Washington, no seu famoso "Farexvell Adress", aconse
gócios da Europa, não têm sentido no mundo de hoje, unido pela eliminação
insubstituível, não é simpática à demo
fundamental c que o pleito, na sua pre
da unidade da pátria disse então estas
cracia, que se revitaliza na renovação
paração e na sua realização, se desen
volva com liberdade e honestidade, pa
palavras inesquecíveis: "Não poderemos ter govêmo livre sem eleições; e se a
das distâncias, pelo entrelaçamento dos interesses e pelo destino comum dos ho mens, e, ao mesmo tempo,, ideològica-
ra que o resultado seja realmente a e.x-
rebelião pudesse forçar-nos a esquecer
niente, terrivelmente dividido. Para con-
constante dos quadros dos ■seus servido res.
JÉ.
60
Digesto Ecokóxíico
duzir a ação internacional norte-ameri
dente, reeleito pela quarta vez, na exe
cana, assegurando-lhe a influência e a
cução do seu programa de política inter
continuidade, a manutenção de Roose-
velt pode ser considerada como uma ga
na 8 externa; o isso faz recear que a permanência dc Roosexclt no governo
rantia.
venha dificultar, ou me.snío ]e\'ar a in
Encarado, porém, o caso da quarta eleição do atual presidente, sob o ponto de vista da política interna dos Estados Unidos, a apreciação do problema se
complica sob a influência de outros fatôres, e traz apreensões sôbre o sucesso do desdobramento da ação futura, a que se liga a questão culminante da paz. O exemplo de Wilson, embora se tenha
mens de govêrno, para se imporem a confiança pública, têm de agir, agora mais do que nunca, com absoluta since ridade, com perfeita lealdade. As pala
bido, o idealista da Conferência da Paz
foi reeleito presidente em 1916, contra o republicano Hughes, quando ainda o povo americano mantinha também a es
perança de se conservar fora da guerra. Em 1918, na renovação da Câmara dos
Representantes e do terço do Senado, o Partido Democrático ficou em minoria-
e o resultado foi o que se conhece; a
VI - Borracha Dorival Teixeira Vieira
sucesso a realização do programa cujo êxito ela justamente visou garantir. Um dos aspectos mais graves da crise
política contemporânea é a descrença das massas nas elites dirigentes. _Os ho
verificado em outras circunstâncias, le va a meditar sôbre o futuro. Como é sa
Produtos brasileiros no mercado internacional
BORRACHA, como matéria-prima para um sem número de produtos manu
faturados, possui extraordinária impor tância econômica, muito embora a mes
de 1912, até 1921, quer se considere o volume, quer o valor ouro, a tendência da exportação da borracha foi regressiva. Basta dizer que em 1921 exportáramos
ma se restrinja a bem dizer a este sé
apenas 17.000 toneladas, mínimo regis
culo, principalmente depois que a indús
trado até então, e o índice de valor ouro
reduzira-se a 151,8. Convém observar
A
tria de fabricação de-automóveis e aviões passou a exigir consumo maciço do látex.
retirada na vida política c muitas vêzes
Sua importância, porém, no conjunto das
1917, produziu uma ligeira melhoria
uma iniciativa de suma sabedoria, mes
exportações brasileiras, tem diminuído
no mercado da borracha brasileira, logo
mo quando as solicitações para perma necer são fortes. Washington teve um
consideràvelmente. Enquanto em 1914 chegara a representar 15% do valor total de nossa exportação, colocando-se em
ano seguinte; e a reação apresentada em 1919 foi também contrabalançada pelo
segundo lugar, logo após o café, em 1924 passara a representar apenas 2%
1920 6 1921.
vras devem ter o endôsso dos atos.
gesto olímpico, que preservou a sua le genda de ser "o primeiro na paz, o primeiro na guerra e o primeiro no co
ração de seus concidadãos",
para reduzir-se a 0,42% em 1932 e em
quando
que o período de guerra, de 1915 a anulada por uma profunda queda no
vertiginoso ritmo de queda dos anos de Após a crise daquele último ano,
resistiu à solicitação de um terceiro pe
1948 a 0,22% de tôda a e.xportação bra
nossa exportação tomou a crescer; em
ríodo presidencial, e se retirou para sua
sileira.
volume, o seu máximo foi atingido em
recusa da aprovação ao pacto da Liga das Nações, ou seja, o fracasso da paz.
fazenda de "Mount Vernon". A nação
O comércio da borracha apresentou,
1927; de 17.000 toneladas, vendidas em
mal acabara de se formar e precisava
De risco equivalente não está livre Roosevelt, uma vez que alcance, como
ainda da assistência do seu fundador.
no Brasil, oscilações de altas e baixas, movimento típico, no qual os ciclos eco
certamente alcançará, vitória no pleito
Mas a sua despedida, que a história re
nômicos surgem bem distintos. O pe
gistra como uma cena emocionante, foi
ríodo de 1900 a 1912 pode ser chamado
1921, passáramos a 26.000, em 1927. A partir, porém, de 1925 já os preços apre sentavam franco declínio, de modo que o maior volume e.xportado não compensa
a moldura perfeita da vida de um gran
de período áureo de venda de látex para
va a queda do valor total da exportação.
de homem de Estado. Roosevelt, ao
O valor ouro da borracha vendida já
contrário, julgou que deveria mais uma
o exterior. Basta dizer que em 1910 a nossa borracha silvestre representava 88%
vez apelar para a confiança da nação.
da produção total do mundo, enquanto a
1926 e a depressão continuou até 1932, inclusive. Pode-se afirmar que a con
de terça-feira próxima. Para êsse triun
fo, pesará decisivamente a sua influên cia pessoal; o prestígio é mais dele do
acusava franco período de crise desde
que do seu Partido. A eleição interessou vivamente a opinião pública; e os repu blicanos puderam explorar temas que lhes podem fortalecer a posição partidá
Só os acontecimentos futuros revelarão
borracha de plantação contribuía com
o acêrto ou o desacerto desse passo, que
12%. Vendêramos volume crescente des
corrência da bonacha do Pacífico ante
e mais um lance na emocionante e au
ria e enfraquecer a autoridade do presi
cipou de muito, para êste produto, o
daciosa experiência rooseveltiana.
sa matéria-prima e o valor ouro, drena do para o Brasil, acusa também o mes mo movimento ascensional.
só se registraria a partir de 1929 ou
I
De 24.000
período de crise que em outros setores
toneladas vendidas em 1900, passára
de 1930.
mos, em 1912, a 42.000 toneladas.
novo movimento de e.xpansao. Os preços
Os
De 1932 a 1937 esboçou-se
índices de valor ouro saltaram, nas mes mas datas, de 1.044,6 a 2.551,8, toman
muito baixos e a recuperação não foi su
do-se por base o ano de 1937. A partir
ficiente para voltarmos aos níveis ante-
internacionais,
porém,
mantiveram-s#
60
Digesto Ecokóxíico
duzir a ação internacional norte-ameri
dente, reeleito pela quarta vez, na exe
cana, assegurando-lhe a influência e a
cução do seu programa de política inter
continuidade, a manutenção de Roose-
velt pode ser considerada como uma ga
na 8 externa; o isso faz recear que a permanência dc Roosexclt no governo
rantia.
venha dificultar, ou me.snío ]e\'ar a in
Encarado, porém, o caso da quarta eleição do atual presidente, sob o ponto de vista da política interna dos Estados Unidos, a apreciação do problema se
complica sob a influência de outros fatôres, e traz apreensões sôbre o sucesso do desdobramento da ação futura, a que se liga a questão culminante da paz. O exemplo de Wilson, embora se tenha
mens de govêrno, para se imporem a confiança pública, têm de agir, agora mais do que nunca, com absoluta since ridade, com perfeita lealdade. As pala
bido, o idealista da Conferência da Paz
foi reeleito presidente em 1916, contra o republicano Hughes, quando ainda o povo americano mantinha também a es
perança de se conservar fora da guerra. Em 1918, na renovação da Câmara dos
Representantes e do terço do Senado, o Partido Democrático ficou em minoria-
e o resultado foi o que se conhece; a
VI - Borracha Dorival Teixeira Vieira
sucesso a realização do programa cujo êxito ela justamente visou garantir. Um dos aspectos mais graves da crise
política contemporânea é a descrença das massas nas elites dirigentes. _Os ho
verificado em outras circunstâncias, le va a meditar sôbre o futuro. Como é sa
Produtos brasileiros no mercado internacional
BORRACHA, como matéria-prima para um sem número de produtos manu
faturados, possui extraordinária impor tância econômica, muito embora a mes
de 1912, até 1921, quer se considere o volume, quer o valor ouro, a tendência da exportação da borracha foi regressiva. Basta dizer que em 1921 exportáramos
ma se restrinja a bem dizer a este sé
apenas 17.000 toneladas, mínimo regis
culo, principalmente depois que a indús
trado até então, e o índice de valor ouro
reduzira-se a 151,8. Convém observar
A
tria de fabricação de-automóveis e aviões passou a exigir consumo maciço do látex.
retirada na vida política c muitas vêzes
Sua importância, porém, no conjunto das
1917, produziu uma ligeira melhoria
uma iniciativa de suma sabedoria, mes
exportações brasileiras, tem diminuído
no mercado da borracha brasileira, logo
mo quando as solicitações para perma necer são fortes. Washington teve um
consideràvelmente. Enquanto em 1914 chegara a representar 15% do valor total de nossa exportação, colocando-se em
ano seguinte; e a reação apresentada em 1919 foi também contrabalançada pelo
segundo lugar, logo após o café, em 1924 passara a representar apenas 2%
1920 6 1921.
vras devem ter o endôsso dos atos.
gesto olímpico, que preservou a sua le genda de ser "o primeiro na paz, o primeiro na guerra e o primeiro no co
ração de seus concidadãos",
para reduzir-se a 0,42% em 1932 e em
quando
que o período de guerra, de 1915 a anulada por uma profunda queda no
vertiginoso ritmo de queda dos anos de Após a crise daquele último ano,
resistiu à solicitação de um terceiro pe
1948 a 0,22% de tôda a e.xportação bra
nossa exportação tomou a crescer; em
ríodo presidencial, e se retirou para sua
sileira.
volume, o seu máximo foi atingido em
recusa da aprovação ao pacto da Liga das Nações, ou seja, o fracasso da paz.
fazenda de "Mount Vernon". A nação
O comércio da borracha apresentou,
1927; de 17.000 toneladas, vendidas em
mal acabara de se formar e precisava
De risco equivalente não está livre Roosevelt, uma vez que alcance, como
ainda da assistência do seu fundador.
no Brasil, oscilações de altas e baixas, movimento típico, no qual os ciclos eco
certamente alcançará, vitória no pleito
Mas a sua despedida, que a história re
nômicos surgem bem distintos. O pe
gistra como uma cena emocionante, foi
ríodo de 1900 a 1912 pode ser chamado
1921, passáramos a 26.000, em 1927. A partir, porém, de 1925 já os preços apre sentavam franco declínio, de modo que o maior volume e.xportado não compensa
a moldura perfeita da vida de um gran
de período áureo de venda de látex para
va a queda do valor total da exportação.
de homem de Estado. Roosevelt, ao
O valor ouro da borracha vendida já
contrário, julgou que deveria mais uma
o exterior. Basta dizer que em 1910 a nossa borracha silvestre representava 88%
vez apelar para a confiança da nação.
da produção total do mundo, enquanto a
1926 e a depressão continuou até 1932, inclusive. Pode-se afirmar que a con
de terça-feira próxima. Para êsse triun
fo, pesará decisivamente a sua influên cia pessoal; o prestígio é mais dele do
acusava franco período de crise desde
que do seu Partido. A eleição interessou vivamente a opinião pública; e os repu blicanos puderam explorar temas que lhes podem fortalecer a posição partidá
Só os acontecimentos futuros revelarão
borracha de plantação contribuía com
o acêrto ou o desacerto desse passo, que
12%. Vendêramos volume crescente des
corrência da bonacha do Pacífico ante
e mais um lance na emocionante e au
ria e enfraquecer a autoridade do presi
cipou de muito, para êste produto, o
daciosa experiência rooseveltiana.
sa matéria-prima e o valor ouro, drena do para o Brasil, acusa também o mes mo movimento ascensional.
só se registraria a partir de 1929 ou
I
De 24.000
período de crise que em outros setores
toneladas vendidas em 1900, passára
de 1930.
mos, em 1912, a 42.000 toneladas.
novo movimento de e.xpansao. Os preços
Os
De 1932 a 1937 esboçou-se
índices de valor ouro saltaram, nas mes mas datas, de 1.044,6 a 2.551,8, toman
muito baixos e a recuperação não foi su
do-se por base o ano de 1937. A partir
ficiente para voltarmos aos níveis ante-
internacionais,
porém,
mantiveram-s#
Dioesto Econômico
68
representar 8,4%, enquanto a de plau-
riores. A expansão deste período pode ser explicada pelo fato de representar a
lação alcançava 91,6% da produção mun
borracha matéria-prima de interesse es tratégico. Os países que já estavam em
dial. Em 1936, a situação não se ha via invertido; muito ao contrário, o
Dicesto Econômico
69
borracha e o seu comércio, indaguemos das características da oferta e da p"rocura dessa matéria-prima. A oferta da borracha é de tipo inelástico, quer se considere a natureza da
guerra, ou ativamente a preparavam, au
desequilíbrio se acentuara ainda mais.
mentaram suas compras, seja para formar um reserva estratégica, seja para iitili.zar o produto em indústria de guerra. Apesar de uma ligeira queda em 1938, o
De 22 rcgiõe.s produtoras conscguirain-
. movimento de expansão continuou até
1944; de 6.224 toneladas vendidas, em 1932, passáramos a 21.192 em 1944.
Terminada a guerra, porém, tomou-se menos imperioso o consumo de nossa
a Indochina com 4,62%, o Siáo com
borracha, além do que as fontes de su
de que, se os preços baixarem muito,
3,58%, o Sarawak com 2,44% c, somente
poder-se-á diminuir o volume da extra ção, pelo emprego de menor quantida
primento do Pacífico, bloqueadas pelo
lação às cotações de mercado.
tração. Quem consultar as estatísticas de produção, seja da borracha silvestre,
laia com 369.521 toneladas e a índias
dade da oferta da borracha brasileira
seja da de plantação, verificará que, ape
Holandesas com 313.120, ou sejam, rcs-
é muito maior que a da borracha do
sar da possibilidade de uma acentuada
pccti\'amcntc, 41,33% c 35,03%. As ou
Oriente, dadas as diferenças entre os
tras regiões produtoras, cm ordem de
flutuação de preços, a produção do látex não acompanha, com a mesníá intensi
dois tipos de empreendimento. A bor
importância, eram o Ceilão, com 5,77%,
dade, essas oscilações.
sc obter 893.957 tonelada.s de borracha
bruta, tendo contribuído somente a Ma
após, o Brasil com 2,24% da jDrodução mundial, ou sejam aproximadamente,
tabelecendo-se uma situação de concor
20.000 toneladas de borracha bruta. Na
para a empresa, visto
quele ano, mais de 96% da borracha pro
como
ção da venda da borracha brasileira.
Para avaliarmos qual a magnitude dessa depressão de após-guerra, bastará dizer que em 1948 vendemos apenas 5.446 toneladas e que passamos do índice 140,0 em 1944, ao índice 33,3, em 1948. O valor ouro da borracha exportada acusa uma queda ainda maior, pois que do índice 201,7 passamos ao índice 14,3; isso significa que não só vendemos me nor volume de mercadoria, como tam
bém, mais que isso, os preços pagos, em termos de poder de compra, foram acentuadamente menores.
É curioso notar a verdadeira revolu
ção pela qual passou a borracha brasi
duzida no mundo fõra de plantação, res tando à borracha silvestre menos de 4%.
Pelas informações coliiídas, após esta
tempo a que o vegetal
por uma superfície su perior a 1 milhão de milhas quadradas. Além
.se desenvolva, mantendo-so, a bem dizer, ar
mellior qualidade está
se
dará
mais
disso, a borracha de situada no alto Ama
ocorreu a expectativa de que a guerra no Pacífico tivesse devastado em grande escala os seringais do Oriente. O.s pe
zonas, ao longo dos
borracha.
grandes rios, o Purus
não sendo mercadoria
Além disso,
com
3.500 kms. de
dice de desgaste das plantações de bor racha e o problema de sua exploração, no momento, depende apenas da obten
deteriorável, o produto já extraído pode ser conservado por tempo
curso, o Tapajós com perto de 2.000, o Xingu com 1.900, o Juruá com
indeterminado, forman
3.200, e o Madeira
ção de braços.
conservarão até que o mercado reaja c
sulta uma linha de comunicação dema
os preços se elevefn. Quando, porém, a elevação de preços é súbita e rápida, o volume da produção não pode crescer com a mesma intensidade, a menos que
siadamente longa. As embarcações, por
ritos avaliam em menos de 10% o ín
Como se vê, a posição do Brasil no mercado da borracha não é satisfatória, não obstante ser fato conhecido que a
do, a borracha de plantação da Malaia,
elasticidade, maior coeficiente de resis tência à ruptura, menor ressecamento,
1923, a situação se invertia completa
milhões de seringueiras existentes em es tado nativo, na Amazonas, se espalham
mazenada a seiva ne
lhor qualidade, devido às propriedades
mente; a borracha silvestre passava a
plantas espalhadas por uma superfície demasiado ampla — estima-se que os 30
cessária à produção da
inerentes à sua própria naturczir — maior
Já em
de de mão-de-obra, sem gra\'e prejuízo
racha silvestre do Brasil apresenta o grave inconvenfente de encontrar-se em
guerra, a situação não foi de molde a
sentava 88% da produção total do mun
contribuíam apenas com 12%.
Ê bem verda
Parece-nos, porém, que a inelastici-
melhorar para o Brasil, visto como nao
leira no mercado internacional. Enquan to, como já dissemos, em 1910 repre índias Holandesas, Ceilão, Indochina, Siáo, Sarawak, índia, Bornéu e Birmânia
a oferta se mantenha inelástica, em re
empresa, quer as características da ex
Japão, voltavam a ser utilizadas, re.s-
rência internacional que forçou a redu
tc, com o crescer dos preços. Verdade é que estoques armazenados anterior mente poclêrão ser vendidos em melhores condições. Isso não impede, porém, que
borracha brasileira é de tôdas a de me
além de grande plasticidade. Para bem compreendermos o porquê dessa perda de produção e das dificuldades pelas quais passa a indústria extrativa da
do-se estoques que se
se sacrifique a própria vitalidade das plantações, destruindo árvores muito no
vas. No caso da borracha de plantação, ainda que se alargue a área plantada, dever-se-ão esperar de 4 a 6 anos para que se possa retirar a seiva das no%'as
árvores, o que eqwivale a dizer que a produção não pode crescer imediatamen-
com 3.400.
Daí re
sua vez, são de tipo antiquado, e.xigin-
do grande consumo de combustíveis,,o que torna o custo da tonelada-milha no Vale Amazônico um dos mais elevados do mundo.
Êsses rios estão sujeitos a cheias pe riódicas, por ocasião das grandes chuvas, muito embora sp possa afirmar que ali a precipitação atmosférica exista a bem dizer o ano todo, devido ao clima mui to quente e à existência da floresta. A
Dioesto Econômico
68
representar 8,4%, enquanto a de plau-
riores. A expansão deste período pode ser explicada pelo fato de representar a
lação alcançava 91,6% da produção mun
borracha matéria-prima de interesse es tratégico. Os países que já estavam em
dial. Em 1936, a situação não se ha via invertido; muito ao contrário, o
Dicesto Econômico
69
borracha e o seu comércio, indaguemos das características da oferta e da p"rocura dessa matéria-prima. A oferta da borracha é de tipo inelástico, quer se considere a natureza da
guerra, ou ativamente a preparavam, au
desequilíbrio se acentuara ainda mais.
mentaram suas compras, seja para formar um reserva estratégica, seja para iitili.zar o produto em indústria de guerra. Apesar de uma ligeira queda em 1938, o
De 22 rcgiõe.s produtoras conscguirain-
. movimento de expansão continuou até
1944; de 6.224 toneladas vendidas, em 1932, passáramos a 21.192 em 1944.
Terminada a guerra, porém, tomou-se menos imperioso o consumo de nossa
a Indochina com 4,62%, o Siáo com
borracha, além do que as fontes de su
de que, se os preços baixarem muito,
3,58%, o Sarawak com 2,44% c, somente
poder-se-á diminuir o volume da extra ção, pelo emprego de menor quantida
primento do Pacífico, bloqueadas pelo
lação às cotações de mercado.
tração. Quem consultar as estatísticas de produção, seja da borracha silvestre,
laia com 369.521 toneladas e a índias
dade da oferta da borracha brasileira
seja da de plantação, verificará que, ape
Holandesas com 313.120, ou sejam, rcs-
é muito maior que a da borracha do
sar da possibilidade de uma acentuada
pccti\'amcntc, 41,33% c 35,03%. As ou
Oriente, dadas as diferenças entre os
tras regiões produtoras, cm ordem de
flutuação de preços, a produção do látex não acompanha, com a mesníá intensi
dois tipos de empreendimento. A bor
importância, eram o Ceilão, com 5,77%,
dade, essas oscilações.
sc obter 893.957 tonelada.s de borracha
bruta, tendo contribuído somente a Ma
após, o Brasil com 2,24% da jDrodução mundial, ou sejam aproximadamente,
tabelecendo-se uma situação de concor
20.000 toneladas de borracha bruta. Na
para a empresa, visto
quele ano, mais de 96% da borracha pro
como
ção da venda da borracha brasileira.
Para avaliarmos qual a magnitude dessa depressão de após-guerra, bastará dizer que em 1948 vendemos apenas 5.446 toneladas e que passamos do índice 140,0 em 1944, ao índice 33,3, em 1948. O valor ouro da borracha exportada acusa uma queda ainda maior, pois que do índice 201,7 passamos ao índice 14,3; isso significa que não só vendemos me nor volume de mercadoria, como tam
bém, mais que isso, os preços pagos, em termos de poder de compra, foram acentuadamente menores.
É curioso notar a verdadeira revolu
ção pela qual passou a borracha brasi
duzida no mundo fõra de plantação, res tando à borracha silvestre menos de 4%.
Pelas informações coliiídas, após esta
tempo a que o vegetal
por uma superfície su perior a 1 milhão de milhas quadradas. Além
.se desenvolva, mantendo-so, a bem dizer, ar
mellior qualidade está
se
dará
mais
disso, a borracha de situada no alto Ama
ocorreu a expectativa de que a guerra no Pacífico tivesse devastado em grande escala os seringais do Oriente. O.s pe
zonas, ao longo dos
borracha.
grandes rios, o Purus
não sendo mercadoria
Além disso,
com
3.500 kms. de
dice de desgaste das plantações de bor racha e o problema de sua exploração, no momento, depende apenas da obten
deteriorável, o produto já extraído pode ser conservado por tempo
curso, o Tapajós com perto de 2.000, o Xingu com 1.900, o Juruá com
indeterminado, forman
3.200, e o Madeira
ção de braços.
conservarão até que o mercado reaja c
sulta uma linha de comunicação dema
os preços se elevefn. Quando, porém, a elevação de preços é súbita e rápida, o volume da produção não pode crescer com a mesma intensidade, a menos que
siadamente longa. As embarcações, por
ritos avaliam em menos de 10% o ín
Como se vê, a posição do Brasil no mercado da borracha não é satisfatória, não obstante ser fato conhecido que a
do, a borracha de plantação da Malaia,
elasticidade, maior coeficiente de resis tência à ruptura, menor ressecamento,
1923, a situação se invertia completa
milhões de seringueiras existentes em es tado nativo, na Amazonas, se espalham
mazenada a seiva ne
lhor qualidade, devido às propriedades
mente; a borracha silvestre passava a
plantas espalhadas por uma superfície demasiado ampla — estima-se que os 30
cessária à produção da
inerentes à sua própria naturczir — maior
Já em
de de mão-de-obra, sem gra\'e prejuízo
racha silvestre do Brasil apresenta o grave inconvenfente de encontrar-se em
guerra, a situação não foi de molde a
sentava 88% da produção total do mun
contribuíam apenas com 12%.
Ê bem verda
Parece-nos, porém, que a inelastici-
melhorar para o Brasil, visto como nao
leira no mercado internacional. Enquan to, como já dissemos, em 1910 repre índias Holandesas, Ceilão, Indochina, Siáo, Sarawak, índia, Bornéu e Birmânia
a oferta se mantenha inelástica, em re
empresa, quer as características da ex
Japão, voltavam a ser utilizadas, re.s-
rência internacional que forçou a redu
tc, com o crescer dos preços. Verdade é que estoques armazenados anterior mente poclêrão ser vendidos em melhores condições. Isso não impede, porém, que
borracha brasileira é de tôdas a de me
além de grande plasticidade. Para bem compreendermos o porquê dessa perda de produção e das dificuldades pelas quais passa a indústria extrativa da
do-se estoques que se
se sacrifique a própria vitalidade das plantações, destruindo árvores muito no
vas. No caso da borracha de plantação, ainda que se alargue a área plantada, dever-se-ão esperar de 4 a 6 anos para que se possa retirar a seiva das no%'as
árvores, o que eqwivale a dizer que a produção não pode crescer imediatamen-
com 3.400.
Daí re
sua vez, são de tipo antiquado, e.xigin-
do grande consumo de combustíveis,,o que torna o custo da tonelada-milha no Vale Amazônico um dos mais elevados do mundo.
Êsses rios estão sujeitos a cheias pe riódicas, por ocasião das grandes chuvas, muito embora sp possa afirmar que ali a precipitação atmosférica exista a bem dizer o ano todo, devido ao clima mui to quente e à existência da floresta. A
■V-
Digesto Econômico
71
Digesto Econômico
70
produção' da borracha brasileira apresen
• Uma vez feita a extração e defumado
do seringueiro uma intensa assistência médico-sanitáría, prestada por médicos e
ta, assim, um nítído caráter sazonal. O corte da seringueira começa, em geral,
o látex, a sua preparação cm bolas, tor nando impossível a prensagem, prejudi
em maio, quando as chuvas principiam a diminuir, e se estende pelos meses de
ca em parte a produção, pois aumenta a quebra de água. Por vêzes, a borraclia,
junho, julho, agosto e setembro. Se os
ao ser manufaturada, sofro uma redução
preços são muito elevados, compensan do um grande risco, pode a produção
de peso de 35%, sem contar com as im
purezas, que contribuem para desmere
estender-se pelo ano todo.
Seu rendi
cer o produto e diminuir-lhe a procura.
mento, porém, é muito menor e o se
primeira necessidade, evitando qüe o trabalhador sofresse a desumana explo
ringueiro corre grande perigo de vida.
A acidez do solo amazônico, além da extrema umidade do clima e de sua
ração por que passou no período áureo
Alias, uma das maiores difículdadps
morbidade, afugenta o homem, que está
para a extração da borracha brasüeira é
sempre pensando em voltar. Em grande parte, por isso, não se toma sedentário, o que eqüivale a dizer que não se produ zem alimentos em quantidade capaz de
Cumpre notar, por fim, que a nossa . exploração extrativa não é feita em ba
a obtenção de mão-de-obra. O traba lho de extração é um dos mais arriscados
que se conhecem. O seringueiro vive pràticamente isolado, durante todo o pe ríodo em que extrai a borracha. Por isso, Euclides da Cunha chamou a esse
grupo de trabalhadores de "população invisível". Além da tarefa de extrair e
defumar, têm eles de cuidar de sua
defesa pessoal, contra possíveis ataques de feras. Alem disso, a alta percentagem de infecção palúdica importa na re dução dos índices gerais de trabalho."
O nível de mortalidade dessa população é um dos mais altos do mundo, o que corresponde a uma forma de encareci-
mento do produto, porque o seringalista financiador da extração precisa dis tribuir a dívida dos mortos pelos vivos, visto como o' trabalhador pobre, recémvindo de outros Estados nordestinos, para se equipar com um boião, uma bacia, mil tijelínhas, machadinha de ferro, um machado, um terçado, uma carabína Winchester, algumas caixas de
garantir a vida do trabalhador.
Êsses
alimentos são importados; vêm de outros Estados ou do exterior, remetidos rio
acima, pagando fretes. Com isso, o produto encarece cada • vez mais. Sò-
mente as despesas de frete e transporte representavam, em 1946, mais de 20% do custo da borracha, sem contar com o
custo da própria mão-de-obra. As condições sanitárias do Vale Ama
engenheiros sanitarislas, com o fito de preservar a saúde dos trabalhadores e das populações do Vale Amazônico. Foi necessário criar-se a Superintendência de
Abastecimento do Vale Amazônico, para fornecer gêneros alimentícios e outros de
da borracha.
ses racionais', destniindo-se muitas plan tas, o que fez com que o geógrafo Bru-
nhes chamasse, ao nosso tipo de explora ção, de "colheita selvagem"; na medida
em que se destroem as árvores da peri feria, vai-se caminhando mais, pela flo extração,
torna-se cada
medida do possível, baratear o trans porte e dar-lhe maior segurança; por
produtos serem fabricados no sul ou
outro, ainda, estabelecer o Serviço Es
mesmo no estrangeiro.
pecial de Saúde Pública pondo a serviço
bamos de ver. Note-se ainda que, mes
Enquanto isso se verifica no Brasil,
muito diferente. A própria constituição das emprêsas exigiu grandes capitais,
"mal das folhas".
Nas terras inundá
veis, do baixo Amazonas, as árvores, em
se as nossas reservas exploi'áveÍs.
mentar a tonelagem transportada e, na
que o banco não se pode expor, dadas as condições do empreendimento, como aca
que juntar a destruição pelo chamado
do, por um lado, a criar a Comissão
xícaras, duas panelas, uma cafeteira, dois carreteis de linha e um agulheiro, pre cisa contrair dívidas elevadas, visto tais
rém, que isto se toma uma aventura, a
nas regiões de plantação a situação é
borracha necessária à guerra, foi obriga
Administração do Pôrto do Pará, a fim
cola e o crédito hipotecário deveriam fazer-se em maior escala, para beneficiar realmente os produtores. Sabemos, po
tação causada pelp homern temos ainda
estão sujeitas ao ataque dos fungos, perdem vitalidade e, com isto, reduzem-
de multiplicar o número de viagens;- au
tecipação da produção para permitir seu maior desenvolvimento. O penhor agrí
do em risco a sol\'abilidade do Banco.
a
'resta
balas, dois pratos, duas colheres, duas
deve ser concedido com caráter de an
dia mais rígida a oferta. A essa devas
acordos de Washington e fornecer a
obra; por outro, a desenvolver o Ser viço de Navegação da Amazônia è de
não é suficiente, uma vez que o crédito
dificulta-se
verno brasileiro procurou cumprir os
Trabalhadores para a Amazônia, prova
branças, operando, é verdade, no mer cado, garantindo o preço do produto e adquirindo borracha dos seringalistas, mantendo-as em estoque. Isso, porém,
resta a dentro; aumentam-se os riscos,
algumas localidades, apresentam alta percentagem de infecção tanto na flo-
da dificuldade de obtenção de mão-de-
ma. Tem antes funcionado como um banco comercial de descontos e co
mo a compra do produto extraído, para garantia dos preços, está fazendo com que os estoques pesem fortemente, pon
zônico são precaríssimas e, ainda por ocasião da atual guerra, quando o Go
Administrativa de Encaminhamento de
foi suficiente para resolver ésse proble
como em pequenas plantações;
Por liltimo, devemos apontar que a
que foram investidos desde a sua orga nização. O plantio se fez de maneira regular e sistemática, de modo a evi tar-se o desperdício de profundas pene trações e de transporte demasiado longo e
oneroso.
A extração não apresenta, também, caráter de devastação, conservando-se as árvores com tôda a sua vitalidade.
rigidez da oferta da nossa borracha em parte também se deve às dificuldades de
As plantações do Oriente, em regra ge
crédito. Encontrando-se os seringais em plena floresta, toma-se difícil estabelecer
ral, são saneadas e o risco de vida do trabalhador é mínimo. Enquanto os se
o direito de propriedade, prejudicando-se
ringueiros, no Brasil, se vêm condenados
assim a possibilidade de empréstimo liipotecário.
A recente criação do Banco
a abandonar a família e viver meses
isolados na floresta, com grande risco
de Crédito da Borracha, muito embora
de vida, cs trabalhadores do Pacífico
represente notável realização dentro do programa de expansão da produção, não
mantêm junto a si suas famílias. Com isso, a mão-de-obra se toma mais bara-
■V-
Digesto Econômico
71
Digesto Econômico
70
produção' da borracha brasileira apresen
• Uma vez feita a extração e defumado
do seringueiro uma intensa assistência médico-sanitáría, prestada por médicos e
ta, assim, um nítído caráter sazonal. O corte da seringueira começa, em geral,
o látex, a sua preparação cm bolas, tor nando impossível a prensagem, prejudi
em maio, quando as chuvas principiam a diminuir, e se estende pelos meses de
ca em parte a produção, pois aumenta a quebra de água. Por vêzes, a borraclia,
junho, julho, agosto e setembro. Se os
ao ser manufaturada, sofro uma redução
preços são muito elevados, compensan do um grande risco, pode a produção
de peso de 35%, sem contar com as im
purezas, que contribuem para desmere
estender-se pelo ano todo.
Seu rendi
cer o produto e diminuir-lhe a procura.
mento, porém, é muito menor e o se
primeira necessidade, evitando qüe o trabalhador sofresse a desumana explo
ringueiro corre grande perigo de vida.
A acidez do solo amazônico, além da extrema umidade do clima e de sua
ração por que passou no período áureo
Alias, uma das maiores difículdadps
morbidade, afugenta o homem, que está
para a extração da borracha brasüeira é
sempre pensando em voltar. Em grande parte, por isso, não se toma sedentário, o que eqüivale a dizer que não se produ zem alimentos em quantidade capaz de
Cumpre notar, por fim, que a nossa . exploração extrativa não é feita em ba
a obtenção de mão-de-obra. O traba lho de extração é um dos mais arriscados
que se conhecem. O seringueiro vive pràticamente isolado, durante todo o pe ríodo em que extrai a borracha. Por isso, Euclides da Cunha chamou a esse
grupo de trabalhadores de "população invisível". Além da tarefa de extrair e
defumar, têm eles de cuidar de sua
defesa pessoal, contra possíveis ataques de feras. Alem disso, a alta percentagem de infecção palúdica importa na re dução dos índices gerais de trabalho."
O nível de mortalidade dessa população é um dos mais altos do mundo, o que corresponde a uma forma de encareci-
mento do produto, porque o seringalista financiador da extração precisa dis tribuir a dívida dos mortos pelos vivos, visto como o' trabalhador pobre, recémvindo de outros Estados nordestinos, para se equipar com um boião, uma bacia, mil tijelínhas, machadinha de ferro, um machado, um terçado, uma carabína Winchester, algumas caixas de
garantir a vida do trabalhador.
Êsses
alimentos são importados; vêm de outros Estados ou do exterior, remetidos rio
acima, pagando fretes. Com isso, o produto encarece cada • vez mais. Sò-
mente as despesas de frete e transporte representavam, em 1946, mais de 20% do custo da borracha, sem contar com o
custo da própria mão-de-obra. As condições sanitárias do Vale Ama
engenheiros sanitarislas, com o fito de preservar a saúde dos trabalhadores e das populações do Vale Amazônico. Foi necessário criar-se a Superintendência de
Abastecimento do Vale Amazônico, para fornecer gêneros alimentícios e outros de
da borracha.
ses racionais', destniindo-se muitas plan tas, o que fez com que o geógrafo Bru-
nhes chamasse, ao nosso tipo de explora ção, de "colheita selvagem"; na medida
em que se destroem as árvores da peri feria, vai-se caminhando mais, pela flo extração,
torna-se cada
medida do possível, baratear o trans porte e dar-lhe maior segurança; por
produtos serem fabricados no sul ou
outro, ainda, estabelecer o Serviço Es
mesmo no estrangeiro.
pecial de Saúde Pública pondo a serviço
bamos de ver. Note-se ainda que, mes
Enquanto isso se verifica no Brasil,
muito diferente. A própria constituição das emprêsas exigiu grandes capitais,
"mal das folhas".
Nas terras inundá
veis, do baixo Amazonas, as árvores, em
se as nossas reservas exploi'áveÍs.
mentar a tonelagem transportada e, na
que o banco não se pode expor, dadas as condições do empreendimento, como aca
que juntar a destruição pelo chamado
do, por um lado, a criar a Comissão
xícaras, duas panelas, uma cafeteira, dois carreteis de linha e um agulheiro, pre cisa contrair dívidas elevadas, visto tais
rém, que isto se toma uma aventura, a
nas regiões de plantação a situação é
borracha necessária à guerra, foi obriga
Administração do Pôrto do Pará, a fim
cola e o crédito hipotecário deveriam fazer-se em maior escala, para beneficiar realmente os produtores. Sabemos, po
tação causada pelp homern temos ainda
estão sujeitas ao ataque dos fungos, perdem vitalidade e, com isto, reduzem-
de multiplicar o número de viagens;- au
tecipação da produção para permitir seu maior desenvolvimento. O penhor agrí
do em risco a sol\'abilidade do Banco.
a
'resta
balas, dois pratos, duas colheres, duas
deve ser concedido com caráter de an
dia mais rígida a oferta. A essa devas
acordos de Washington e fornecer a
obra; por outro, a desenvolver o Ser viço de Navegação da Amazônia è de
não é suficiente, uma vez que o crédito
dificulta-se
verno brasileiro procurou cumprir os
Trabalhadores para a Amazônia, prova
branças, operando, é verdade, no mer cado, garantindo o preço do produto e adquirindo borracha dos seringalistas, mantendo-as em estoque. Isso, porém,
resta a dentro; aumentam-se os riscos,
algumas localidades, apresentam alta percentagem de infecção tanto na flo-
da dificuldade de obtenção de mão-de-
ma. Tem antes funcionado como um banco comercial de descontos e co
mo a compra do produto extraído, para garantia dos preços, está fazendo com que os estoques pesem fortemente, pon
zônico são precaríssimas e, ainda por ocasião da atual guerra, quando o Go
Administrativa de Encaminhamento de
foi suficiente para resolver ésse proble
como em pequenas plantações;
Por liltimo, devemos apontar que a
que foram investidos desde a sua orga nização. O plantio se fez de maneira regular e sistemática, de modo a evi tar-se o desperdício de profundas pene trações e de transporte demasiado longo e
oneroso.
A extração não apresenta, também, caráter de devastação, conservando-se as árvores com tôda a sua vitalidade.
rigidez da oferta da nossa borracha em parte também se deve às dificuldades de
As plantações do Oriente, em regra ge
crédito. Encontrando-se os seringais em plena floresta, toma-se difícil estabelecer
ral, são saneadas e o risco de vida do trabalhador é mínimo. Enquanto os se
o direito de propriedade, prejudicando-se
ringueiros, no Brasil, se vêm condenados
assim a possibilidade de empréstimo liipotecário.
A recente criação do Banco
a abandonar a família e viver meses
isolados na floresta, com grande risco
de Crédito da Borracha, muito embora
de vida, cs trabalhadores do Pacífico
represente notável realização dentro do programa de expansão da produção, não
mantêm junto a si suas famílias. Com isso, a mão-de-obra se toma mais bara-
' 72.
■'
Dicesto
•"
-- r.Wiw
coj
Econômico
Dioivstc
ta e mais abundante v a extração mais
Econômico
encarecendo o produto acabado. A ques
regular. Não há o perigo das enchentes
tão não é apenas de limpar e beneficiar;
no mercado da borraclia, explica dois fe
e, ainda que a produção apresente ca
ó preciso que o conteúdo de cada es
nômenos.
ráter cíclico, ligado à vitalidade das
pécie não sofra alteraçnc.s sensÍNcis.
plantas, a magnitude de flutuação é
mistura de seiva dc vegetais de espécies
muito menor e a extração, embora em
diferentes prejudica a pureza do produto
procura c para fugir às imposições dos produtores, os E. U. A. intensificaram a pesquisa de sintéticos, muito embora a
menor escala, pode ser feita durante o ano todo. Os processos de extração são
oI)tido.
Alemanha tenha sido pioneira nesse sen
Velho, no Território do Guaporé, e na
também mais racionais.
adquirem determinado .tipo de borracha,
tido. A sua grande preponderância nas compras, por outro lado, permite-lhes, até certo ponto, a condução dô merca do, o que dá ao mesmo certa caracte rística de oligopsônio diante de um oli
própria sede do Instituto, em Belém, tem organizado plantações que futura
gopólio, cuja condução cabe à Ingla
brevivência.
terra e Holanda, abstração feita da re
O que "nos parece fora de dúvida, porém, é que o melhor mercado da bor
O látex c obti
A
Ora, os fabricantes de artefatos
trabalham na base de fórmulas c, quando
do em lâminas, tornando-se assim mui
devem ter a garantia dc sua pureza, sem
to mais puro e mais sêco. A emprôsa apresenta caracteres bastante diversos dos que se verificam na Aínazônia: en
o que se compromete a qualidade do
quanto aqui a indústria é puramente e.\-
no mercado internacional não se coloca, em situação muito favorável. Somos
trativa e a alimentação c vestuário devem
vir de muito longe, tomando precário o regimem alimentar do seringueiro, nas plantações do Oriente, ao longo dos se ringais, plantam-se o cízal, para obten ção de fibras, necessárias aos en\oltó-
rios e a outros tecidos grosseiros, o arroz,
para alimentação do trabalhador, e pas tagens;
constroem-se moradias e até
produto obtido.
Ê por isso que a borracha no Brasil pequenos fornecedores c as nossas ven
Devido à inelasticidade da
cente independência das índias Holan desas, por outro. No caso do Brasil, o
das, em período normal, são 39 vêzcs
predomínio das aquisições norte-ame
menores que as da boriaclia malaia,
ricanas é ainda mais acentuado, mesmo
por exemplo.
Cumpre notar, ainda, que u borracha sintética, principalmente a chamada borradia fria, aparece hoje como um pe
após o término da última guerra. Basta dizer que em 1948, de 5.446 toneladas exportadas, 4.879 se destinaram aos Es tados Unidos, representando 89,5% do
de produção brasileira, com outras de procedência do Oriente, como tem lan çada novos tipos de borracha, mais re sistentes à moléstia das folhas.
Em Rio
Branco, no Território do Acre, em Porto
mente darão maior rendimento e permi tirão lutar contra a concorrência inter
nacional, em melhores condições de so
racha brasileira ainda será o interno.
A nossa indústria de borracha vem-se de.st n\-olvendo consideràvelmente, prin
cipalmente para produção de pneumáticos.
Se tomarmos medidas consenien-
tes para evitar o contrabando de pro dutos manufaturados, entrados pelo sul
mesmo hospitais, maternidades e creches.
rigoso concorrente da natural. Embora não pos.sa ser considerada seu substituto
valor exportado. borracha • brasileira, a
se evitarmos também o "dumping" de
maior rigidez da oferta da borracha bra
completo, contribuirá, sem dúvida, para enfraquecer a posição desta.
nosso ver, dependerá, em grande parte, da racionalização da exploração, proino-
artefatos de borradia, concorrentes dos
É evidente a diferença e e.xplicável a sileira.
Quanto à procura, muito embora, de modo geral, a da borracha como maté ria-prima seja inelástica — dada a mul
tiplicidade de produtos que com ela se podem obter, muitos deles essenciais, de consumo pouco comprimível — não
nos parece que essa inelasticidade, para a borracha brasileira, no mercado in ternacional, exista.
Dévído
às
características
de nossa
borracha, ela só é procurada para certos
fins especiais, havendo preferência pela borracha de plantação. Esta é artigo beneficiado, homogêneo, isento de im purezas, enquanto nossa borracha, para ser utilizada, precisa passar por intenso
processo de lavagem e secagem lenta,
O futuro da
e fabricados com borracha estrangeira,
vendo-se plantações de seringais. Nesse
No que se refere à procura, a situa
nacionais, por certo poderemos atender completamente às nossas necessidades de produtos manufaturados e dar escoa
Mesmo em 1936, apesar dos preparativos pré-bélicos dos países da Europa, os
sentido, cumpre salientar o que o Insti tuto Agroriômico ' do Norte vem rea lizando; não só tem procedido a inte
Estados Unidos adquiriam 46í6 da borra
ressantes estudos comparativos, das di
julgamos que a nossa posição no merca
cha vendida e a Alemanha, como segun
versas variedades de árvores da borracha
do internacional possa ser melhorada.
ção
da
borracha
é
devéras
curiosa.
do comprador, adquiria apenas 734.000 toneladas, ou sejam, 6,8% da quantida de total transacionada. Japão, França e
Inglaterra apresentavam-se como fregue ses de igual capacidade dc absorção, visto adquirirem cada uma dessas na ções 5,9% da importação mundial da borracha, vindo a seguir a Rússia com 2,9%, o Canadá com 2,6%, a Itália com
1,6%, a Austrália e a Bélgica com 1,3% da importação mundial. A extraordiná
ria preponderância da América do Norte,
à
mento à produção da matéria-prima do Vale Amazônico. Tão cedo, porém, não
' 72.
■'
Dicesto
•"
-- r.Wiw
coj
Econômico
Dioivstc
ta e mais abundante v a extração mais
Econômico
encarecendo o produto acabado. A ques
regular. Não há o perigo das enchentes
tão não é apenas de limpar e beneficiar;
no mercado da borraclia, explica dois fe
e, ainda que a produção apresente ca
ó preciso que o conteúdo de cada es
nômenos.
ráter cíclico, ligado à vitalidade das
pécie não sofra alteraçnc.s sensÍNcis.
plantas, a magnitude de flutuação é
mistura de seiva dc vegetais de espécies
muito menor e a extração, embora em
diferentes prejudica a pureza do produto
procura c para fugir às imposições dos produtores, os E. U. A. intensificaram a pesquisa de sintéticos, muito embora a
menor escala, pode ser feita durante o ano todo. Os processos de extração são
oI)tido.
Alemanha tenha sido pioneira nesse sen
Velho, no Território do Guaporé, e na
também mais racionais.
adquirem determinado .tipo de borracha,
tido. A sua grande preponderância nas compras, por outro lado, permite-lhes, até certo ponto, a condução dô merca do, o que dá ao mesmo certa caracte rística de oligopsônio diante de um oli
própria sede do Instituto, em Belém, tem organizado plantações que futura
gopólio, cuja condução cabe à Ingla
brevivência.
terra e Holanda, abstração feita da re
O que "nos parece fora de dúvida, porém, é que o melhor mercado da bor
O látex c obti
A
Ora, os fabricantes de artefatos
trabalham na base de fórmulas c, quando
do em lâminas, tornando-se assim mui
devem ter a garantia dc sua pureza, sem
to mais puro e mais sêco. A emprôsa apresenta caracteres bastante diversos dos que se verificam na Aínazônia: en
o que se compromete a qualidade do
quanto aqui a indústria é puramente e.\-
no mercado internacional não se coloca, em situação muito favorável. Somos
trativa e a alimentação c vestuário devem
vir de muito longe, tomando precário o regimem alimentar do seringueiro, nas plantações do Oriente, ao longo dos se ringais, plantam-se o cízal, para obten ção de fibras, necessárias aos en\oltó-
rios e a outros tecidos grosseiros, o arroz,
para alimentação do trabalhador, e pas tagens;
constroem-se moradias e até
produto obtido.
Ê por isso que a borracha no Brasil pequenos fornecedores c as nossas ven
Devido à inelasticidade da
cente independência das índias Holan desas, por outro. No caso do Brasil, o
das, em período normal, são 39 vêzcs
predomínio das aquisições norte-ame
menores que as da boriaclia malaia,
ricanas é ainda mais acentuado, mesmo
por exemplo.
Cumpre notar, ainda, que u borracha sintética, principalmente a chamada borradia fria, aparece hoje como um pe
após o término da última guerra. Basta dizer que em 1948, de 5.446 toneladas exportadas, 4.879 se destinaram aos Es tados Unidos, representando 89,5% do
de produção brasileira, com outras de procedência do Oriente, como tem lan çada novos tipos de borracha, mais re sistentes à moléstia das folhas.
Em Rio
Branco, no Território do Acre, em Porto
mente darão maior rendimento e permi tirão lutar contra a concorrência inter
nacional, em melhores condições de so
racha brasileira ainda será o interno.
A nossa indústria de borracha vem-se de.st n\-olvendo consideràvelmente, prin
cipalmente para produção de pneumáticos.
Se tomarmos medidas consenien-
tes para evitar o contrabando de pro dutos manufaturados, entrados pelo sul
mesmo hospitais, maternidades e creches.
rigoso concorrente da natural. Embora não pos.sa ser considerada seu substituto
valor exportado. borracha • brasileira, a
se evitarmos também o "dumping" de
maior rigidez da oferta da borracha bra
completo, contribuirá, sem dúvida, para enfraquecer a posição desta.
nosso ver, dependerá, em grande parte, da racionalização da exploração, proino-
artefatos de borradia, concorrentes dos
É evidente a diferença e e.xplicável a sileira.
Quanto à procura, muito embora, de modo geral, a da borracha como maté ria-prima seja inelástica — dada a mul
tiplicidade de produtos que com ela se podem obter, muitos deles essenciais, de consumo pouco comprimível — não
nos parece que essa inelasticidade, para a borracha brasileira, no mercado in ternacional, exista.
Dévído
às
características
de nossa
borracha, ela só é procurada para certos
fins especiais, havendo preferência pela borracha de plantação. Esta é artigo beneficiado, homogêneo, isento de im purezas, enquanto nossa borracha, para ser utilizada, precisa passar por intenso
processo de lavagem e secagem lenta,
O futuro da
e fabricados com borracha estrangeira,
vendo-se plantações de seringais. Nesse
No que se refere à procura, a situa
nacionais, por certo poderemos atender completamente às nossas necessidades de produtos manufaturados e dar escoa
Mesmo em 1936, apesar dos preparativos pré-bélicos dos países da Europa, os
sentido, cumpre salientar o que o Insti tuto Agroriômico ' do Norte vem rea lizando; não só tem procedido a inte
Estados Unidos adquiriam 46í6 da borra
ressantes estudos comparativos, das di
julgamos que a nossa posição no merca
cha vendida e a Alemanha, como segun
versas variedades de árvores da borracha
do internacional possa ser melhorada.
ção
da
borracha
é
devéras
curiosa.
do comprador, adquiria apenas 734.000 toneladas, ou sejam, 6,8% da quantida de total transacionada. Japão, França e
Inglaterra apresentavam-se como fregue ses de igual capacidade dc absorção, visto adquirirem cada uma dessas na ções 5,9% da importação mundial da borracha, vindo a seguir a Rússia com 2,9%, o Canadá com 2,6%, a Itália com
1,6%, a Austrália e a Bélgica com 1,3% da importação mundial. A extraordiná
ria preponderância da América do Norte,
à
mento à produção da matéria-prima do Vale Amazônico. Tão cedo, porém, não
,.»:-■*«»••■ Aia-:
•V—»
Digesto
EcoNÓAnco
75
abandono da atividade é mesmo a con
Noções gerais sobre o irnposto
seqüência desejada pelo poder público, o que sucede em casos de impostos de
sempre um bem, pois estimula o indiví duo a trabalhar e produzir mais, para
compensar o que pagou a título de im
objetivos econômicos ou sociais, como é
VIII
pôsto, de modo a conservar inalterada
o de direitos aduaneiros altíssimos sôbre
sua renda ou sua fortuna.
Compensação, aiitorliznçno, reper4;ussno e jn4'ítlêiicin
determinados produtos; e outras vezes não foi prevista, sendo o Fisco colhido
Entretanto, a experiência tem demons trado que o processo mais raro de fuga ao impôsto (de resto, não se trata pròpríamente de fuga, pois que o impôsto
José Lviz de Almeida Nocueiua Pohto
de surpresa por uma conseqüência que não esperava, como no caso do lança
^J^DVERTE Seligman que o ponto capi
tal de qualquer sistema de impos
tos é a influencia que êle exerce sôbre a coletividade e que o problema da in
cidência é dos mais complexos e ignora dos da ciência das finanças. Realmente, assim é.
Fácil seria conhecerem-se as conse qüências de um imposto se se soubes se com segurança quem vai pagá-lo, ou
melhor, quem vai em definitivo suportar os encargos que o Estado impõe sôbre determinadas pessoas ou coisas.
O primeiro pensamento de uma pessoa
que tem de pagar um imposto é como deverá agir para não suportar os seus ônus e por vários meios pode alcançar
que pagou a título de impôsto, pelo aumento ou aperfeiçoamento de sua ativi- •
mento de novos impostos sobre ativida
des já muito oneradas e que não podem
dado.
ção ou remoção, o que não impede que
suportar novos encargos.
se registrem casos em que o impôsto serxau como verdadeiro aguilhuo ao desen
Finalmente, pode repercuti-lo,
transferindo-o para as costas de outrem. Assim, o lançamento de um impôsto
pode ter as seguintes conseqüências :
Claro está que a evasão fraudulenta,
isto é, a sonegação, nunca é desejada pe lo poder tributante. *
*
*
b) fazer desaparecerem determinadas atividades ou operações sujeitas ao im- pôsto ;
c) aumentar ou aperfeiçoar determi
volvimento de certas atividades econômi
cas, fazendo com que fosse aprimorada sua técnica para permitir uma baixa no custo da produção capaz de compensar
a) não produzir arrecadação satisfa tória ;
6 pago) é justamente êsse de compensa
os novos ônus do impôsto.
O fenômeno da compensação — que raramente se verifica — é aquêle em vir tude do qual o contribuinte di
nadas atividades;
reto procura recuperar, através
d) onerar pessoas ou ati\adades que a êle não estão sujeitas diretamente. Alguns desses efeitos podem, é verda de, ser previstos, mas nunca se consegue chegar às últimas conseqüências. Nem
vêem muitos economistas o grande mérito da tributação.
de sua própria atividade, aquilo que o inipôsto lhe tirou, e nele
Os dois exemplos clássicos dessa con
seqüência, citados por Seligman. foram os impostos aplicados no século XVIIÍ sôbre a destilação de whiskey e no século XIX sôbre
/•7.' i
a fabricação de açúcar de be
0' ■ V;-
terraba.
Nesses dois casos, o
impôsto teve como conseqüên
E' da própria natureza hu-mana a tendência para aumen tar ou, pelo menos, conservar a fortuna o a renda pessoais. Ora, ao sofrer uma
cia um tal aperfeiçoamento da técnica da fabricação que, não obstante os novos encargos, as indústrias
As reações do contribuinte direto face
imposição à qual não pode de modo al
velmente.
que lançou o tributo.
a um impôsto que o oncrft ou à sua
gum fugir, quer pelo abandono da ativi
Dai o cuidado com que deve ser cria do um imposto novo e a necessidade de
atividade, podem ser, como vimos, de
contribuinte direto pode debcar de pagar
três naturezas diferentes; evasão, coiii'
dade que determinou a cobrança, quer pela transferência da carga a alguma outra pessoa, trata o indivíduo de recu perar o impôsto pago, pelo aumento ou aperfeiçoamento de sua atividade.
compensar o impôsto pago. As condições para que se verifique a compensação, a nosso ver, são as se
êsso objetivo. Assim, nà maioria das vêzes, quem arca com o imposto é uma
por isso, entretanto, se deve renunciar
objeto de cogitações por parte do Estado
categoria de pessoas que nem sequer foi
meticulosos estudos prévios por parte do poder público. Os meios de que pode lançar mão o contribuinte direto para evitar o pfigamento do imposto são vários. Em pri meiro lugar, pode simplesmente deixar de pagá-lo, seja renunciando à atividade
ou às operações que dcão lugar à inci
dência, seja sonegando o impôsto; em se
gundo lugar,
pode tentar recuperar o
ao seu estudo, para que o tributo seja o
mais justo e o mais vantajoso possível.
pensação e repercussão. *
*
*
A evasão, fenômeno sôbre o qual es crevemos no número 59 do
"Digesto
Econômico", consiste no não pagamento
puro e simples do impôsto, quer pelo abandono da atividade que deu lugar à cobrança, quer pela sonegação ou fraude à lei. Algumas vêzes a evasão pelo
Essa tendência, cuja extensão alguns
respectivas se desenvolveram considerà-
Essa, porém, não é a regra geral. Se o
o impôsto, por' evasão ou por transferên cia, não vai aumentar seu esfôrço para
financistas exageram, serviu de base à
guintes :
teoria "otimista" da remoção do impôs
a) Que o impôsto não seja tão elevado a ponto de impedir sua recuperação pelo
to, tendo como principal defensor Mac
Culloch e que expusemos no capítulo V desta série ("Digesto" n. 58). Para os
partidários dessa corrente, o impôsto é
aumento da produtividade e nem tão baixo que permita ao contribuinte direto
suportá-lo sem grandes sacrifícios.
,.»:-■*«»••■ Aia-:
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Digesto
EcoNÓAnco
75
abandono da atividade é mesmo a con
Noções gerais sobre o irnposto
seqüência desejada pelo poder público, o que sucede em casos de impostos de
sempre um bem, pois estimula o indiví duo a trabalhar e produzir mais, para
compensar o que pagou a título de im
objetivos econômicos ou sociais, como é
VIII
pôsto, de modo a conservar inalterada
o de direitos aduaneiros altíssimos sôbre
sua renda ou sua fortuna.
Compensação, aiitorliznçno, reper4;ussno e jn4'ítlêiicin
determinados produtos; e outras vezes não foi prevista, sendo o Fisco colhido
Entretanto, a experiência tem demons trado que o processo mais raro de fuga ao impôsto (de resto, não se trata pròpríamente de fuga, pois que o impôsto
José Lviz de Almeida Nocueiua Pohto
de surpresa por uma conseqüência que não esperava, como no caso do lança
^J^DVERTE Seligman que o ponto capi
tal de qualquer sistema de impos
tos é a influencia que êle exerce sôbre a coletividade e que o problema da in
cidência é dos mais complexos e ignora dos da ciência das finanças. Realmente, assim é.
Fácil seria conhecerem-se as conse qüências de um imposto se se soubes se com segurança quem vai pagá-lo, ou
melhor, quem vai em definitivo suportar os encargos que o Estado impõe sôbre determinadas pessoas ou coisas.
O primeiro pensamento de uma pessoa
que tem de pagar um imposto é como deverá agir para não suportar os seus ônus e por vários meios pode alcançar
que pagou a título de impôsto, pelo aumento ou aperfeiçoamento de sua ativi- •
mento de novos impostos sobre ativida
des já muito oneradas e que não podem
dado.
ção ou remoção, o que não impede que
suportar novos encargos.
se registrem casos em que o impôsto serxau como verdadeiro aguilhuo ao desen
Finalmente, pode repercuti-lo,
transferindo-o para as costas de outrem. Assim, o lançamento de um impôsto
pode ter as seguintes conseqüências :
Claro está que a evasão fraudulenta,
isto é, a sonegação, nunca é desejada pe lo poder tributante. *
*
*
b) fazer desaparecerem determinadas atividades ou operações sujeitas ao im- pôsto ;
c) aumentar ou aperfeiçoar determi
volvimento de certas atividades econômi
cas, fazendo com que fosse aprimorada sua técnica para permitir uma baixa no custo da produção capaz de compensar
a) não produzir arrecadação satisfa tória ;
6 pago) é justamente êsse de compensa
os novos ônus do impôsto.
O fenômeno da compensação — que raramente se verifica — é aquêle em vir tude do qual o contribuinte di
nadas atividades;
reto procura recuperar, através
d) onerar pessoas ou ati\adades que a êle não estão sujeitas diretamente. Alguns desses efeitos podem, é verda de, ser previstos, mas nunca se consegue chegar às últimas conseqüências. Nem
vêem muitos economistas o grande mérito da tributação.
de sua própria atividade, aquilo que o inipôsto lhe tirou, e nele
Os dois exemplos clássicos dessa con
seqüência, citados por Seligman. foram os impostos aplicados no século XVIIÍ sôbre a destilação de whiskey e no século XIX sôbre
/•7.' i
a fabricação de açúcar de be
0' ■ V;-
terraba.
Nesses dois casos, o
impôsto teve como conseqüên
E' da própria natureza hu-mana a tendência para aumen tar ou, pelo menos, conservar a fortuna o a renda pessoais. Ora, ao sofrer uma
cia um tal aperfeiçoamento da técnica da fabricação que, não obstante os novos encargos, as indústrias
As reações do contribuinte direto face
imposição à qual não pode de modo al
velmente.
que lançou o tributo.
a um impôsto que o oncrft ou à sua
gum fugir, quer pelo abandono da ativi
Dai o cuidado com que deve ser cria do um imposto novo e a necessidade de
atividade, podem ser, como vimos, de
contribuinte direto pode debcar de pagar
três naturezas diferentes; evasão, coiii'
dade que determinou a cobrança, quer pela transferência da carga a alguma outra pessoa, trata o indivíduo de recu perar o impôsto pago, pelo aumento ou aperfeiçoamento de sua atividade.
compensar o impôsto pago. As condições para que se verifique a compensação, a nosso ver, são as se
êsso objetivo. Assim, nà maioria das vêzes, quem arca com o imposto é uma
por isso, entretanto, se deve renunciar
objeto de cogitações por parte do Estado
categoria de pessoas que nem sequer foi
meticulosos estudos prévios por parte do poder público. Os meios de que pode lançar mão o contribuinte direto para evitar o pfigamento do imposto são vários. Em pri meiro lugar, pode simplesmente deixar de pagá-lo, seja renunciando à atividade
ou às operações que dcão lugar à inci
dência, seja sonegando o impôsto; em se
gundo lugar,
pode tentar recuperar o
ao seu estudo, para que o tributo seja o
mais justo e o mais vantajoso possível.
pensação e repercussão. *
*
*
A evasão, fenômeno sôbre o qual es crevemos no número 59 do
"Digesto
Econômico", consiste no não pagamento
puro e simples do impôsto, quer pelo abandono da atividade que deu lugar à cobrança, quer pela sonegação ou fraude à lei. Algumas vêzes a evasão pelo
Essa tendência, cuja extensão alguns
respectivas se desenvolveram considerà-
Essa, porém, não é a regra geral. Se o
o impôsto, por' evasão ou por transferên cia, não vai aumentar seu esfôrço para
financistas exageram, serviu de base à
guintes :
teoria "otimista" da remoção do impôs
a) Que o impôsto não seja tão elevado a ponto de impedir sua recuperação pelo
to, tendo como principal defensor Mac
Culloch e que expusemos no capítulo V desta série ("Digesto" n. 58). Para os
partidários dessa corrente, o impôsto é
aumento da produtividade e nem tão baixo que permita ao contribuinte direto
suportá-lo sem grandes sacrifícios.
DigESTO EcSONÓNflCfi
Na iminência de sofrer uma imposi
terreno, de modo a obter o máximo de
ção com a qual terá de arcar, o indiví
produtividade da terra, não tem meios
duo vai estudar até que ponto sua ati
de compensar um impôsto que recaia
vidade pode ser ampliada ou aperfeiçoada
sôbre sua produção.
Um operário que
e se essa ampliação e aperfeiçoamento
trabalhe diariamente até o limite de suas
lhe bastarão para cobrir o imposto. Sc não bastar, é claro que não procurará
compensá-lo, e se evade do pagamento
forças não poderia aumentar .suas lioras de trabalho para compensar um impôsto que sôbre ele recaísse. Sempre que êsse
respectivo pelo abandono da atividade. Também se o tributo fôr tão babco que
limite de produti\'idadc já lenha sido al cançado, não pode, evidentemente, veri
não afete substancialmente seu lucro ou
ficar-se o fenômeno da compensação impôsto.
seu padrão de vida, êle dei.vará de com
pensá-lo, pois o esforço despendido pa ra alcançar esse resultado não estaria
em proporção com o benefício alcan
Dicesto EcoNÓ\aco
17
salários; suas próprias despesas pessoais aumentam, de modo que, no fiiii das contas, cie próprio estará pagando o im pôsto, embora apenas transitòriainente, pois mesmo c.sses novos ônus procurará transferir aos compradores de sen.s arti
Suponhamos que um título qualquer esteja rendendo um juro de 12% ao ano e valha Cr$ 1.000,00.
Sôbre essa
O imposto tem, assim, uma ação
renda é criado um impôsto de 20 %. Ora, êsse encargo iria reduzir o juro do título a 9,6% e, como há melhores aplicações de capital, o título não mais encontra
de "boomerang", essa curiosa arma dos indígenas australianos, que depois de fe
ria comprador por Cr$ 1.000,00, mas sim por Cr$ 800,00, pois só por êsse va
rir o adversário volta ao ponto de par
lor continuaria rendendo os mesmos 12%
tida.
de juros anuais.
gos.
Por aí se -vê como são deficientes as
previsões sôbre a repercussão dos impos tos. Os primeiros efeitos, porém, podem
Isso significa que só o possuidor do título, na ocasião da implantação do im pôsto, é que sofre em bloco todos os
e devem ser estudados e analisados, e,
ônus da tributação sôbre a renda do
h) Que o imposto não possa ser re
O comportamento natural dc quem sofre uma imposição c procurar transfe
na verdade, são êsres os que mais inte ressam, pois que os impostos antigos já
na proporção em que sua renda c one
percutido. Quando as condições do mer cado permitam com facilidade a transfe
rir o ônus a outrem, dc modo a não ar
se amoldaram às condições econômicas e
rada.
car com ele. Essa transferencia constitui
não trazem mais perturbações.
Tal fenômeno de há muito que é ob servado. Os "fisiocratas", por exemplo,
çado.
rência do impôsto a uma terceira pes soa, o contribuinte direto não tem inte
resse em aumentar seu esforço e sua pro
dutividade, pois sabe de antemão que
o fenômeno da repercfi'!Sã'^. Or. modos pelos quai.s se processa a
repercussão são os mais variados possí veis e, embora toòricamentc haja regras
ira apenas adiantar o impôsto aos co para se prever sôbre quem, afinal, irá fres públicos, mas que será indenizado recair um determinado impôsto, na pra dessa despesa pelo aumento que fará no tica a previsão só pode ser feita grosseipreço de seus produtos ou pelo preço ..raniente, comportando con.siderávcl mar menor que pagará pelos artigos que com gem de erro. Em primeiro lugar porque prar. O aumento da produtividade exi ge sempre maior trabalho e sacrifício,
de modo que, se existe um processo mais fácil de cobrir os ônus, ninguém vai despender maior esforço para alcan çar o mesmo resultado.
c) Que a atividade seja suscetível de ampliação ou aperfeiçoamento, sem que haja um correspondente aumento de tri butação. Há certas atividades que, por sua própria natureza, ja se encontram num limite impôsto pelas condições na turais e que não pode ser .superado. Um agricultor que já tenlia tôda a sua fazen da ocupada com uma determinada cul tura e já tenha adubado devidamente o i
- -
as condições econômicas se alteram por
efeito do próprio impôsto, c depois por que o "coice" da repercussão, isto é, a repercussão da própria repercussão, é fe nômeno ainda não estudado e pratica mente imprevisível.
Um tributo é lançado sôbre uma de terminada atividade e o contribuinte di
reto o faz repercutir, incluindo-o no pre
No estudo da matéria cumpre distin
guir, inicialmente, duas modalidades di ferentes de repercussão: aquela que se processa de uma só vez, em bloco, e a que se manifesta sucessivamente em ca da ato ou operação geradora da inci dência.
Os característicos são diferentes em
que se livrou da carga para sempre, mas
re\-elando extraordinária acuidade na ob servação dos fenômenos econômicos e
financeiros, já o haviam vislumbrado ao afirmarem que seu impôsto único sô bre a produção da terra, em verdade, não seria pago por ninguém. O próprio valor da propriedade — argumentavam
cada caso, embora os princípios gerais
— seria depreciado e o comprador que
sejam os mesmos, motivo pelo qual pre ferimos analisar separadamente essas
houvesse pago êsse valor depreciado não
duas modalidades de repercussão, a pri meira das quais tem uma denominação
especial: amortização do impôsto.
O têrmo rejjercusaão, reservamo-lo pa ra as transferências sucessivas, em cada
ato, muito embora a amortização consti
tua uma modalidade de repercussão.
ço dos produtos. Tem a imjíressão de não é isso o que acontece, pois o impos
mesmo, pois êste se deprecia em capital
^
si;
^
Por amortizaçm.) do impôsto se en tende a depreciação no valor de um de
so poderia queixar de um impôsto que iria incidir sôbre uma parcela do capital que êle em verdade não pagou. Esque ciam-se, porém, de que alguém teria
pago o impôsto, e de uma só vez, por todos os proprietários futuros: o dono da terra, na ocasião em que fosse im
plantado o sistema, pela brusca desvalo rização de sua propriedade. O fenômeno da amortização, comò é
natural, só se pode verificar em relação aos impostos que incidam sôbre rendi
gados, tendo de consumir nícrcadorias
terminado capital, em quantia equiva lente ao impôsto a ser pago, e que re presenta uma redução na renda respec
O ônus recai sobre o rendimento, mas
com preços majorados, e.xigem maiores
tiva.
desde logo se reflete sòbre o capital até
to volta a onerá-lo sob fonna de eleva
ção geral do custo da vida. Seus empre
mentos que sejam fruto de um capital.
DigESTO EcSONÓNflCfi
Na iminência de sofrer uma imposi
terreno, de modo a obter o máximo de
ção com a qual terá de arcar, o indiví
produtividade da terra, não tem meios
duo vai estudar até que ponto sua ati
de compensar um impôsto que recaia
vidade pode ser ampliada ou aperfeiçoada
sôbre sua produção.
Um operário que
e se essa ampliação e aperfeiçoamento
trabalhe diariamente até o limite de suas
lhe bastarão para cobrir o imposto. Sc não bastar, é claro que não procurará
compensá-lo, e se evade do pagamento
forças não poderia aumentar .suas lioras de trabalho para compensar um impôsto que sôbre ele recaísse. Sempre que êsse
respectivo pelo abandono da atividade. Também se o tributo fôr tão babco que
limite de produti\'idadc já lenha sido al cançado, não pode, evidentemente, veri
não afete substancialmente seu lucro ou
ficar-se o fenômeno da compensação impôsto.
seu padrão de vida, êle dei.vará de com
pensá-lo, pois o esforço despendido pa ra alcançar esse resultado não estaria
em proporção com o benefício alcan
Dicesto EcoNÓ\aco
17
salários; suas próprias despesas pessoais aumentam, de modo que, no fiiii das contas, cie próprio estará pagando o im pôsto, embora apenas transitòriainente, pois mesmo c.sses novos ônus procurará transferir aos compradores de sen.s arti
Suponhamos que um título qualquer esteja rendendo um juro de 12% ao ano e valha Cr$ 1.000,00.
Sôbre essa
O imposto tem, assim, uma ação
renda é criado um impôsto de 20 %. Ora, êsse encargo iria reduzir o juro do título a 9,6% e, como há melhores aplicações de capital, o título não mais encontra
de "boomerang", essa curiosa arma dos indígenas australianos, que depois de fe
ria comprador por Cr$ 1.000,00, mas sim por Cr$ 800,00, pois só por êsse va
rir o adversário volta ao ponto de par
lor continuaria rendendo os mesmos 12%
tida.
de juros anuais.
gos.
Por aí se -vê como são deficientes as
previsões sôbre a repercussão dos impos tos. Os primeiros efeitos, porém, podem
Isso significa que só o possuidor do título, na ocasião da implantação do im pôsto, é que sofre em bloco todos os
e devem ser estudados e analisados, e,
ônus da tributação sôbre a renda do
h) Que o imposto não possa ser re
O comportamento natural dc quem sofre uma imposição c procurar transfe
na verdade, são êsres os que mais inte ressam, pois que os impostos antigos já
na proporção em que sua renda c one
percutido. Quando as condições do mer cado permitam com facilidade a transfe
rir o ônus a outrem, dc modo a não ar
se amoldaram às condições econômicas e
rada.
car com ele. Essa transferencia constitui
não trazem mais perturbações.
Tal fenômeno de há muito que é ob servado. Os "fisiocratas", por exemplo,
çado.
rência do impôsto a uma terceira pes soa, o contribuinte direto não tem inte
resse em aumentar seu esforço e sua pro
dutividade, pois sabe de antemão que
o fenômeno da repercfi'!Sã'^. Or. modos pelos quai.s se processa a
repercussão são os mais variados possí veis e, embora toòricamentc haja regras
ira apenas adiantar o impôsto aos co para se prever sôbre quem, afinal, irá fres públicos, mas que será indenizado recair um determinado impôsto, na pra dessa despesa pelo aumento que fará no tica a previsão só pode ser feita grosseipreço de seus produtos ou pelo preço ..raniente, comportando con.siderávcl mar menor que pagará pelos artigos que com gem de erro. Em primeiro lugar porque prar. O aumento da produtividade exi ge sempre maior trabalho e sacrifício,
de modo que, se existe um processo mais fácil de cobrir os ônus, ninguém vai despender maior esforço para alcan çar o mesmo resultado.
c) Que a atividade seja suscetível de ampliação ou aperfeiçoamento, sem que haja um correspondente aumento de tri butação. Há certas atividades que, por sua própria natureza, ja se encontram num limite impôsto pelas condições na turais e que não pode ser .superado. Um agricultor que já tenlia tôda a sua fazen da ocupada com uma determinada cul tura e já tenha adubado devidamente o i
- -
as condições econômicas se alteram por
efeito do próprio impôsto, c depois por que o "coice" da repercussão, isto é, a repercussão da própria repercussão, é fe nômeno ainda não estudado e pratica mente imprevisível.
Um tributo é lançado sôbre uma de terminada atividade e o contribuinte di
reto o faz repercutir, incluindo-o no pre
No estudo da matéria cumpre distin
guir, inicialmente, duas modalidades di ferentes de repercussão: aquela que se processa de uma só vez, em bloco, e a que se manifesta sucessivamente em ca da ato ou operação geradora da inci dência.
Os característicos são diferentes em
que se livrou da carga para sempre, mas
re\-elando extraordinária acuidade na ob servação dos fenômenos econômicos e
financeiros, já o haviam vislumbrado ao afirmarem que seu impôsto único sô bre a produção da terra, em verdade, não seria pago por ninguém. O próprio valor da propriedade — argumentavam
cada caso, embora os princípios gerais
— seria depreciado e o comprador que
sejam os mesmos, motivo pelo qual pre ferimos analisar separadamente essas
houvesse pago êsse valor depreciado não
duas modalidades de repercussão, a pri meira das quais tem uma denominação
especial: amortização do impôsto.
O têrmo rejjercusaão, reservamo-lo pa ra as transferências sucessivas, em cada
ato, muito embora a amortização consti
tua uma modalidade de repercussão.
ço dos produtos. Tem a imjíressão de não é isso o que acontece, pois o impos
mesmo, pois êste se deprecia em capital
^
si;
^
Por amortizaçm.) do impôsto se en tende a depreciação no valor de um de
so poderia queixar de um impôsto que iria incidir sôbre uma parcela do capital que êle em verdade não pagou. Esque ciam-se, porém, de que alguém teria
pago o impôsto, e de uma só vez, por todos os proprietários futuros: o dono da terra, na ocasião em que fosse im
plantado o sistema, pela brusca desvalo rização de sua propriedade. O fenômeno da amortização, comò é
natural, só se pode verificar em relação aos impostos que incidam sôbre rendi
gados, tendo de consumir nícrcadorias
terminado capital, em quantia equiva lente ao impôsto a ser pago, e que re presenta uma redução na renda respec
O ônus recai sobre o rendimento, mas
com preços majorados, e.xigem maiores
tiva.
desde logo se reflete sòbre o capital até
to volta a onerá-lo sob fonna de eleva
ção geral do custo da vida. Seus empre
mentos que sejam fruto de um capital.
JL)XG£STO £cONÓM1CO
78
Dicesto Econóxüco
79
lor capitalizado do imposto.
ria depreciado cm tanto quanto bastas se para que o rendimento líquido, de
Ora, quem adquiriu por menos um bem qualquer, por causa do encargo que pesa sôbre os seus frutos, evidentemente
pois de pago o impôsto, fosse equK-alente ao proporcionado por outras apli cações de capital. O mesmo sucederia,
não está pagando o imposto, pois a par cela de capital que produz o rendimento suficiente para a cobertura do tributo
em escala menor, se as bases de inci dência fossem diferentes, conforme a
normalmente tal se verifique. E' o caso em que, em uma determi
origem do rendimento.
nada ocasião, o impôsto não possa re
a ocorrência de uma soma igual ao va
já foi deduzida por ocasião da compra
Dessa circunstancia lançam mão os go
opinião de Seligman o de Oíitros mestres
repercutiu para todo o sempre, não dan
como Laufenburger, por exemplo, o certo é que em determinados casos pode
proprietário do bem cuja renda é tribu
haver simultáneamente cs dois fenôme
tada, na ocasião em que fôr aplicado c
nos, embora isso não queira dizer que
imposto, sofre todos os ônus. Os demais proprietários não terão de amortizar o
vernos para favorecer a valorização dos
As condições para que se verifique o fenômeno da amortização do impôsto
pital do objeto, mas que depois de ve
títulos públicos. Suponhamos que uma debênture e uma apólice estejam ren dendo ambas 8 % ao ano e que tenliam
pecilhos à repercussão.
u) que o impôsto seja exclusivo sôbre
a mesma cotação no mercado. Se o juro
uma ou algumas classes de rendimentos
do título particular sofre a incidência de um impôsto de 10% que não recaia também sôbre o título público, é claro
e não sôbre tôdas, ou, pelo menos, que seja desigual;
h) que o impôsto não seja suscetível de repercussão em operações futuras, e
c) que se trate de um impôsto novo. Vejamos, de per si, cada uma dessas condições. *
*
!ÍÍ
Caso o impôsto retire uma porção igual de todos os rendimentos prove nientes de aplicação de capital, a taxa de interesse no país baixa de um modo
geral e, então, o objeto da incidência continua a ter o mesmo valor-capital, de vez que o investidor não pode escolher uma aplicação não tributada. Suponhamos que, em um país onde ainda não existisse
o impôsto sôbre a
que este passa a ter um valor superior
ao daquele, pois continuará rendendo os mesmos 8^, ao passo .que aquele ren derá, líquidos, apenas 7,2%. Constata-se, assim, que para que so verifique a amortização é necessário que haja uma desigualdade de tratamento tributário em relação às diversas rendas provenientes de aplicação de capitais. A desigualdade do impôsto — afirma Seligman — é a pedra angular da amor tização. ❖
>i'
imposto, pois já adquiriram o bem por
preço inferior em capital, na proporção
percutir, depreciando, assim, o valor-ca
do bem.
são as seguintes;
em que diminuiu sua renda por efeito da tributação.
rificado esse fenômeno cessem os em
^
,
Suponhamos que, na ocasião em que os aluguéis de prédios estavam rigida mente congelados, tivesse sido estabele
cido em algum município brasileiro um impôsto predial pesadíssimo. E' claro que o valor venal dos imóveis cairia para compensar o impôsto, verificando-se, assim, o fenômeno da amortização. A
seguir, porém, quando foram permitidas as majorações correspondentes à eleva
^
A amortização do impôsto é muito freqüentemente chamada de "capitaliza ção" e a maioria dos financistas não faz
distinção entre uma coisa e outra. Prefe
rimos, porém, aceitar a terminologia de Laufenburger e reservar o termo "capi talização" para o fenômeno inverso ao da amortização, isto é, o de acréscimo do valor, resultante para um bem qual quer. do fato de seu rendimento ficar
ção de tributos, é claro que os proprie
isento do impôsto.
tários fariam repercutir o imposto sôbre
As mesmas razões que fazem com qu» o valor de um bem se deprecie pelo fa to de sua renda ficar sujeita a uma txibutação, fazem com que, inversamente,
os inquilinos, muito embora já tivessem adquirido o prédio com a dedução do impôsto que teriam de pagar.
Assim,
um impôsto já amortizado, seria reper
seu valor aumente pelo fato de se isen
cutido.
tá-lo do impôsto.
Em muitos outros casos se verificam
A repercussão e a amortização,
do ensejo a novas amortizações. Só o
se
simultaneamente os dois fenômenos. São
gundo a maioria dos tratadistas, são fe
todos aqueles em que desaparecem os óbices legais ou econômicos que impe diam momentaneamente a repercussão.
Um fenômeno que tem passado des percebido aos financistas é o da capita lização resultante da possibilidade de se fazer rcpercurtir um impôsto anterior
renda, o governo aplicasse um imposto percentual uniforme sôbre todos os ren dimentos provenientes de aplicaçcão de capital. Nesse caso, os capitais-fonte-de-
nômenos que se excluem. Se o impôsto é estabelecido sôbre um objeto destina do a uma utilização ulterior — ensina Seligman — êle eleva simplesmente o preço do produto sem diminuir o da fon
renda não baixariam de valor, pois os
te de produção.
rendimentos de todos êles seriam igual mente tributados. Mas, se êsse impôsto
Assim, um impôsto sôbre o rendimen to de uma emprêsa industrial qualquer
ra vez em que o objeto é transacionado
incidisse só sôbre juros de debêntures,
não reduz o valor venal desta,
ser repercutido em'virtude da vedação
que tal carga possa ser repercutida pe
depois da existência da tributação.
por exemplo, esses títulos proporciona riam um rendimento líquido inferior ao
legal, adquiria o prédio de aluguel por preço inferior ao de antes da majoração. Tomada possível a repercussão do im pôsto sôbre o inquilino, o prédio re-
de outros investimentos e seu valor se
desde
la majoração dos preços dos produtos. Não obstante o respeito que mereça a
íH
*
mente
amortizado.
Tomemos, como
exemplo, o caso já figurado do aumento do impôsto predial ao tempo em que
Finalmente, a amortização só se ve
rifica uma vez em relação a cada obje to e a cada impôsto e sempre na primei Por isso se diz que só os impostos no vos podem ser objeto de amortização.
Uma vez amortizado o impôsto, êle já
nem a majoração de impostos podia ser cobrada dos inquilinos. O proprietário,
por efeito do impôsto que não podia
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Dicesto Econóxüco
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lor capitalizado do imposto.
ria depreciado cm tanto quanto bastas se para que o rendimento líquido, de
Ora, quem adquiriu por menos um bem qualquer, por causa do encargo que pesa sôbre os seus frutos, evidentemente
pois de pago o impôsto, fosse equK-alente ao proporcionado por outras apli cações de capital. O mesmo sucederia,
não está pagando o imposto, pois a par cela de capital que produz o rendimento suficiente para a cobertura do tributo
em escala menor, se as bases de inci dência fossem diferentes, conforme a
normalmente tal se verifique. E' o caso em que, em uma determi
origem do rendimento.
nada ocasião, o impôsto não possa re
a ocorrência de uma soma igual ao va
já foi deduzida por ocasião da compra
Dessa circunstancia lançam mão os go
opinião de Seligman o de Oíitros mestres
repercutiu para todo o sempre, não dan
como Laufenburger, por exemplo, o certo é que em determinados casos pode
proprietário do bem cuja renda é tribu
haver simultáneamente cs dois fenôme
tada, na ocasião em que fôr aplicado c
nos, embora isso não queira dizer que
imposto, sofre todos os ônus. Os demais proprietários não terão de amortizar o
vernos para favorecer a valorização dos
As condições para que se verifique o fenômeno da amortização do impôsto
pital do objeto, mas que depois de ve
títulos públicos. Suponhamos que uma debênture e uma apólice estejam ren dendo ambas 8 % ao ano e que tenliam
pecilhos à repercussão.
u) que o impôsto seja exclusivo sôbre
a mesma cotação no mercado. Se o juro
uma ou algumas classes de rendimentos
do título particular sofre a incidência de um impôsto de 10% que não recaia também sôbre o título público, é claro
e não sôbre tôdas, ou, pelo menos, que seja desigual;
h) que o impôsto não seja suscetível de repercussão em operações futuras, e
c) que se trate de um impôsto novo. Vejamos, de per si, cada uma dessas condições. *
*
!ÍÍ
Caso o impôsto retire uma porção igual de todos os rendimentos prove nientes de aplicação de capital, a taxa de interesse no país baixa de um modo
geral e, então, o objeto da incidência continua a ter o mesmo valor-capital, de vez que o investidor não pode escolher uma aplicação não tributada. Suponhamos que, em um país onde ainda não existisse
o impôsto sôbre a
que este passa a ter um valor superior
ao daquele, pois continuará rendendo os mesmos 8^, ao passo .que aquele ren derá, líquidos, apenas 7,2%. Constata-se, assim, que para que so verifique a amortização é necessário que haja uma desigualdade de tratamento tributário em relação às diversas rendas provenientes de aplicação de capitais. A desigualdade do impôsto — afirma Seligman — é a pedra angular da amor tização. ❖
>i'
imposto, pois já adquiriram o bem por
preço inferior em capital, na proporção
percutir, depreciando, assim, o valor-ca
do bem.
são as seguintes;
em que diminuiu sua renda por efeito da tributação.
rificado esse fenômeno cessem os em
^
,
Suponhamos que, na ocasião em que os aluguéis de prédios estavam rigida mente congelados, tivesse sido estabele
cido em algum município brasileiro um impôsto predial pesadíssimo. E' claro que o valor venal dos imóveis cairia para compensar o impôsto, verificando-se, assim, o fenômeno da amortização. A
seguir, porém, quando foram permitidas as majorações correspondentes à eleva
^
A amortização do impôsto é muito freqüentemente chamada de "capitaliza ção" e a maioria dos financistas não faz
distinção entre uma coisa e outra. Prefe
rimos, porém, aceitar a terminologia de Laufenburger e reservar o termo "capi talização" para o fenômeno inverso ao da amortização, isto é, o de acréscimo do valor, resultante para um bem qual quer. do fato de seu rendimento ficar
ção de tributos, é claro que os proprie
isento do impôsto.
tários fariam repercutir o imposto sôbre
As mesmas razões que fazem com qu» o valor de um bem se deprecie pelo fa to de sua renda ficar sujeita a uma txibutação, fazem com que, inversamente,
os inquilinos, muito embora já tivessem adquirido o prédio com a dedução do impôsto que teriam de pagar.
Assim,
um impôsto já amortizado, seria reper
seu valor aumente pelo fato de se isen
cutido.
tá-lo do impôsto.
Em muitos outros casos se verificam
A repercussão e a amortização,
do ensejo a novas amortizações. Só o
se
simultaneamente os dois fenômenos. São
gundo a maioria dos tratadistas, são fe
todos aqueles em que desaparecem os óbices legais ou econômicos que impe diam momentaneamente a repercussão.
Um fenômeno que tem passado des percebido aos financistas é o da capita lização resultante da possibilidade de se fazer rcpercurtir um impôsto anterior
renda, o governo aplicasse um imposto percentual uniforme sôbre todos os ren dimentos provenientes de aplicaçcão de capital. Nesse caso, os capitais-fonte-de-
nômenos que se excluem. Se o impôsto é estabelecido sôbre um objeto destina do a uma utilização ulterior — ensina Seligman — êle eleva simplesmente o preço do produto sem diminuir o da fon
renda não baixariam de valor, pois os
te de produção.
rendimentos de todos êles seriam igual mente tributados. Mas, se êsse impôsto
Assim, um impôsto sôbre o rendimen to de uma emprêsa industrial qualquer
ra vez em que o objeto é transacionado
incidisse só sôbre juros de debêntures,
não reduz o valor venal desta,
ser repercutido em'virtude da vedação
que tal carga possa ser repercutida pe
depois da existência da tributação.
por exemplo, esses títulos proporciona riam um rendimento líquido inferior ao
legal, adquiria o prédio de aluguel por preço inferior ao de antes da majoração. Tomada possível a repercussão do im pôsto sôbre o inquilino, o prédio re-
de outros investimentos e seu valor se
desde
la majoração dos preços dos produtos. Não obstante o respeito que mereça a
íH
*
mente
amortizado.
Tomemos, como
exemplo, o caso já figurado do aumento do impôsto predial ao tempo em que
Finalmente, a amortização só se ve
rifica uma vez em relação a cada obje to e a cada impôsto e sempre na primei Por isso se diz que só os impostos no vos podem ser objeto de amortização.
Uma vez amortizado o impôsto, êle já
nem a majoração de impostos podia ser cobrada dos inquilinos. O proprietário,
por efeito do impôsto que não podia
Dicksto Econômico
m
adciuiriii seu valor antigo, pois não Im-
fiscaçõcs de capital do coiitrii}iiínto. pe
\'ia mais motivo para a amortização, ten do-se \erificado, portanto, um fenôme
lo fenômeno da ainortizjição, c as redu-
no de capitalização. Referindo-se aos impostos reais, Hu-
çóe.s ou a isenção, um presente ao pro
AGRICULTURA E ECONOMIA AÇUCAREIRAS EM SAO PAULO
prietário do bem tributado, pelo fenô
Jo.sÉ ÍIoNÓRio Rodrigues
meno da capitalização. HEXOVAçÃo do.s métodos de cultivo
gon, em sua notável obra "O Imposto", que veio enriquecer a nossa tão pobre bibliografia financeira, refere-se à ne cessidade de se evitarem as modifica
ções de taxa dos impostos reais, pois as majorações representam \'erdadeiras con-
-At . ❖
Em próximo artigo, analisaremos o fe nômeno da repercussão dita.
pròpriainente
do açúcar coincide com o apareci mento de novas áreas de expansão açucareira. A disparidade entre os pro cessos agrícolas usados nas diferentes capitanias brasileiras era chocante. A
Com o presente trabalho, José Honório Rodrigues, professor do Insiitiifo Rio Branco do Ministério do Exterior e di-
reior da Seção de Obras Raras da Bi
blioteca Nacional, reinicia a sua preciosa
técnica e os instrumentos de produção,
colaboração para a nossa recUta. O professor José Honório acaba de publi
que não constituíam para a Bahia urba
cai', com grande êxito, "Teoria Geral de
nizada nenhuma inovação e que não se
Ilisfória do Brasil" e "Historiografia e Bibliografia do Donjínío Holandês no
haviam difundido em outros centros mais
atrasados, representavam para estes uma verdadeira "revolução do sistema
de
agricultura", conforme escre\ ia em ofício
datado de 8 de janeiro de 1800, sôbre o
Brasil", livros de erudição e de rigorosa pesquisa, que o sagram, na atualidade, um continuador da obra de Capistrano. de Abreu e Rodolfo Garcia.
emprego do arado na lavoura paulista, o Governador Antônio Manuel de Melo
Castro e Mendonça. Aí acentuava, tam bém, que seria extremamente custoso
ser\'ador. das formas culturais, enquanto
desviar os po\"os do seus antigos costu
a Baliia, sujeita a constantes importações
mes, aos quais estavam naturalmente
culturais, era o inovador. Em 1798, o Governador D. Fernando
aferrados. (1).
O meio rural paulista apresentava maior estabilidade e, portanto, maior di ficuldade à assimilação dos processos no vos. Reconhecia-o o Marechal Arouche, em suas "Reflexões sobre o estado
em que se acha a agricultura na capita nia de São Paulo", ao dizer que "os vellios têm por crime de primeira cabe ça a inovação de qualquer õoisa que seus pais não fizeram". (2). A interação social da Bahia, tão li
gada à Metrópole, era mais complexa, extensiva, intensiva, diversificada.
população
era mais
heterogênea
Sua
e,
José de Portugal escre\da a D. Rodri go de Sousa Coutinho, concordando sô
bre a sugestão déste a propósito do uso de bois e arados no cultivo das terras,
vi.sando a economia de braços, que po deriam ser empregados em outras atí\idadej. (3). Procura\'a-se animar tal uso em São Paulo mediante prêmios ofe
recidos pelas Câmaras, o que não se fi zera na Bahia. Tais prêmios eram tão pequenos que raras vezes conseguiam
vcnccr a predisposição contrária dos la vradores aos novos usos.
Reconhecendo que tinham sido infru tíferas tôdas as recomendações a êsse
portanto, mais capaz de aceitar as novi
respeito, o Governador Castro e Men
dades do exterior. Na dinâmica social,
donça aconselhava que, em face da im
São Paulo representava õ papel do pre-
portância da inovação e da necessidade
Dicksto Econômico
m
adciuiriii seu valor antigo, pois não Im-
fiscaçõcs de capital do coiitrii}iiínto. pe
\'ia mais motivo para a amortização, ten do-se \erificado, portanto, um fenôme
lo fenômeno da ainortizjição, c as redu-
no de capitalização. Referindo-se aos impostos reais, Hu-
çóe.s ou a isenção, um presente ao pro
AGRICULTURA E ECONOMIA AÇUCAREIRAS EM SAO PAULO
prietário do bem tributado, pelo fenô
Jo.sÉ ÍIoNÓRio Rodrigues
meno da capitalização. HEXOVAçÃo do.s métodos de cultivo
gon, em sua notável obra "O Imposto", que veio enriquecer a nossa tão pobre bibliografia financeira, refere-se à ne cessidade de se evitarem as modifica
ções de taxa dos impostos reais, pois as majorações representam \'erdadeiras con-
-At . ❖
Em próximo artigo, analisaremos o fe nômeno da repercussão dita.
pròpriainente
do açúcar coincide com o apareci mento de novas áreas de expansão açucareira. A disparidade entre os pro cessos agrícolas usados nas diferentes capitanias brasileiras era chocante. A
Com o presente trabalho, José Honório Rodrigues, professor do Insiitiifo Rio Branco do Ministério do Exterior e di-
reior da Seção de Obras Raras da Bi
blioteca Nacional, reinicia a sua preciosa
técnica e os instrumentos de produção,
colaboração para a nossa recUta. O professor José Honório acaba de publi
que não constituíam para a Bahia urba
cai', com grande êxito, "Teoria Geral de
nizada nenhuma inovação e que não se
Ilisfória do Brasil" e "Historiografia e Bibliografia do Donjínío Holandês no
haviam difundido em outros centros mais
atrasados, representavam para estes uma verdadeira "revolução do sistema
de
agricultura", conforme escre\ ia em ofício
datado de 8 de janeiro de 1800, sôbre o
Brasil", livros de erudição e de rigorosa pesquisa, que o sagram, na atualidade, um continuador da obra de Capistrano. de Abreu e Rodolfo Garcia.
emprego do arado na lavoura paulista, o Governador Antônio Manuel de Melo
Castro e Mendonça. Aí acentuava, tam bém, que seria extremamente custoso
ser\'ador. das formas culturais, enquanto
desviar os po\"os do seus antigos costu
a Baliia, sujeita a constantes importações
mes, aos quais estavam naturalmente
culturais, era o inovador. Em 1798, o Governador D. Fernando
aferrados. (1).
O meio rural paulista apresentava maior estabilidade e, portanto, maior di ficuldade à assimilação dos processos no vos. Reconhecia-o o Marechal Arouche, em suas "Reflexões sobre o estado
em que se acha a agricultura na capita nia de São Paulo", ao dizer que "os vellios têm por crime de primeira cabe ça a inovação de qualquer õoisa que seus pais não fizeram". (2). A interação social da Bahia, tão li
gada à Metrópole, era mais complexa, extensiva, intensiva, diversificada.
população
era mais
heterogênea
Sua
e,
José de Portugal escre\da a D. Rodri go de Sousa Coutinho, concordando sô
bre a sugestão déste a propósito do uso de bois e arados no cultivo das terras,
vi.sando a economia de braços, que po deriam ser empregados em outras atí\idadej. (3). Procura\'a-se animar tal uso em São Paulo mediante prêmios ofe
recidos pelas Câmaras, o que não se fi zera na Bahia. Tais prêmios eram tão pequenos que raras vezes conseguiam
vcnccr a predisposição contrária dos la vradores aos novos usos.
Reconhecendo que tinham sido infru tíferas tôdas as recomendações a êsse
portanto, mais capaz de aceitar as novi
respeito, o Governador Castro e Men
dades do exterior. Na dinâmica social,
donça aconselhava que, em face da im
São Paulo representava õ papel do pre-
portância da inovação e da necessidade
83
Dicesto Econômico
Dicf-sto Económ
82
de sua aplicação, determinasse o go-
consídcrada.s fid<'dignas, eiii escrito ii
vêmo não conceder novas sesmarias se
titulado "Reflexões .sòbr.; o t siado
não aos que se obrigassem a cultivar "uma porção dela com arado". (4).
que se encontra a agricultura na ca_ ^ lania de São Paulo".
Kao esconde
tema dc obrigar os povos daquelas \ ilas
Mesa de Inspeção (9), que evitasse o
a conduzir para Santos os seus gêne ros, onde eram comprados pelos nego ciantes monopolizadores daquela praça ao:; preços que queriam. (6).
mau beneficiamento e a alteração no fa
As \-ila.s de Serra Acima, situadas no
estimulado o crescimento lento, mas con
brico do açúcar, e a construção de nova
estrada para a vila de Santos, assim como o conserto da antiga, parecem ter
"Êslc seria o meio mais fácil dc vencer
.sua impic.ssão pessimista e .se estenda
todas as desvantagens da estranheza
sobre as vazões que, a .seu \'er, clctenl^
caminiio (lue conduz ao Rio de Janeiro,
tinuado, da produção açucareira de Sao
deste instrumento."
havam o mau e.studo em que se eo^
apenas principiavam seus e.stabelecimen-
Paulo.
tos de açúcar, e a.s de Jundiaí, Campinas,
além da primeira metade do século XIX. A verdade é que a partir desta ultima
Aconselha\a tam
bém que se repartissem pelas diferentes vilas os povoadores do Rio Grande e
contrava a Capitania ainda por volta
Moji-Mirim, Atibaia, Itu, Pòrtò Feliz,
1788.
de Santa Catarina, de volta a São Paulo,
A causa primeira do atraso da Capi
a fim de ensinarem o uso do arado à
tania provinha, segundo Arouche, d* :
seus
custa da Câmara, em lugar de premiar os
e.cio.ridade c preguiça dc seus la\ radoreS>
83.435 arrobas no ano de 1797. (7).
que adotassem o processo.
Além disso, havia falta de ferro piir» instrumentos rústicos e abumlància df
Ao deixar Castro e Mendonça o go verno em 1802, havia sido multiplicado o número de engenhos e crescido bas
Tinlia o Governador notícia do uso,
por ingleses e franceses, do bagaço dc
Sorocaba, que transportavam para Santos
produtos, somente
fabricaram
O ciclo açucareiro ali não irá
década do século XVIII a aprendizagem açucareira em São Paulo é vertiginosa.
Castro e Mendonça observou: "é incrí vel a facilidade com que nesta Capita
nia se prepara este gênero; qualquer ne gro" novo, que em uma safra se ocupou na sua manipulação, já na seguinte pode
cana moído nas fornalhas, cm lugar da
saúva, "que comia mais pastagens nesta Capitania do que os gados". Nas vi
leiilia, mas confessava que talvez de
las marinlia.s, só Iguape possuía lavouras
vido à imperícia na experiência aqui
200.000 arrobas de açúcar.
mória, escrita nesse ano, serve-nos para
feita não resultará útil e muito vanta
de cana, mas era especialmente cm IW que .se locaiiziU-a a maior produção açu-
josa, como SC poderia esperar, a utiliza
mostrar o crescimento agrícola de São
caieira. Na sua opinião, nas zonas do
geral o processo de fabricação do açú
Paulo entre 1797 e 1802.
car em São Paulo, mostrando que se
ção dèsse combu-stível.
litoral, os "matos ferlilíssimos' podiam
Eram conlieci-
dos escritores que tratavam da matéria, mas alguns senhores de engenho cleclara\'ani que o fogo assim produzido não era suficientemente ativo para fazer cCzer o açúcar. Ignorava-.se que o mau resul
produzir melhor cana.
Quando Arouche c.scrc*\eu sua Memó ria, gON crnava D. Bernardo de Lorena. a quem atribuía "o no\'o calor que principiava a se infundir na lavoura e no
tante o tráfico, produzindo a capitania
Em 1797, os moradores de Campinas
pleitearam sua elevação a vila, a fim dc evitar os gravíssimos prejuízos causados à lavoura pela subordinação daquela fre guesia à vida de Jundiaí. A maior parte da população ocupava-se da lavoura cie
tado provinha de defeito das fornalhas ou da ignorância do modo de usar o
c,.mércic). O go\'èrno que o seguiu - o
bagaço.
Mendonça - foi o introdutor do arado na ]a\'Oura paulista, por volta de 18Ü0, c o distriiniidor, pela Capitania, das pri
volvimento açucareiro em ■ São Paulo. Tanto assim
meiras obras de ensine agrário, com que
em 1796, isentar o sal e o
As atrasadas colônias portuguesas c espanholas custaram a reformar seus mé todos. Os .senhores de engenho abraça riam o novo processo, mas não se obri
gavam, como acontecia com as Câmaras,
dc Antônio Manuel de Melo Castro e
o governo da Metrópole deseja\'a ini ciar a reforma geral da agricultura bra
a conceder prêmios. Em 1799, José da Silva Lisboa propunha que se conferis
sileira.
se uma recompensa a Joaquim Inácio
açúcar começavam, então, a predominar na Capitania, agora refeita do despovoa-
do Sequeiia Bulcão, por ter sido o pri meiro proprietário que adotara novos
processos de moagem cia cana. (5). O Marechal Arouche, como Juiz das
Medições, teve ocasião, em 178S, de per correr várias partes da Capitania, regis trando suas observações, que podem ser
A lavoura da cana o o fabrico do
mento provocado pelas bandeiras, pela.* guerras com os espanhóis c pela minenxção.
As vilas de Ubatuba e São Se
bastião, com seus engenhos abanclonado.s. tinliam decaído bastante. Castro e Men
donça atribuía essa decadência ao sis-
E a Me
açúcar.
Eram os primeiros passos do desen
servir de mestre na direção de seme lhantes trabalhos". Descreve o Capitâc-
não conseguia ainda a perfeição deseja da. Lembra que em ofício de 5 de junlio lastimara D. Rodrigo de Sousa Ccutinho que, tendo mandado impri mir excelentes obras para instrução de seus vassalos, não o haviam estes fabri
cado com a requerida perfeição. Denuncia também dolos praticados
pelo agricultor paulista ao oferecer ao mercado açú
car não totalmente purifi
que desejando a Rainha,
cado, com o fim de obter maior número de arrobas,
ferro, (8) quis saber sobre que gêneros se deveriam impor as taxas retiradas daqueles dois. Consulta dos os povos da Câmara de Itu, respon deram cjue não se podia fazer recair
lhante falsificação, não tornava a com
sôbre os açúcares "ou outras novas fá
prar.
bricas, pela razão de se acharem ainda em princípio do seu estabelecimento".
portavam os fabricantes daquela Provín
de vez que o purificado diminuía, então, um quar
to do peso primitivo. O comprador, uma vez lesado com seme Parece que com isso pouco se im
As medidas propostas por Castro e
cia, pois Castro e Mendonça escreve com
Mendonça, tais como a criação de uma
pessimismo: "Mas, como ordinariamente
Dicesto Econômico
84
só se sente o mal presente e se despreza o futuro, pouco importa que a decadên cia futura do-açúcar traga após si a ruí na dos senhores de engenho, se ainda neste ou nos anos próximos subsequentes êles acharem a quem iludir com o mes
analogia da terra para a produção dêste
cessão do privilégio de não execução de penhoras. Os apelos foram tantos que decidiu o go\'êrno proibir o aparecimen
vegetal". (11). Pedia então a Câmara
to de no\'os engenhos e novas áreas de
que o prúilégio concedido por porta
fabricação.
ria do 26 dc abril de 1760 aos senhores
obrigações conjuntas. Desde que ura credor mostrasse que o devedor tinha mais dívidas e que estas, somadas, exce diam a metade do valor do engenho,
podia arrematá-lo e, de seu produto, pagar os outros credores. Para bene
de engenho do Rio do Janeiro — de não poderem ser executados — fòssc es
Atendido êsse aspecto é que se de cidiu a Metrópole a favorecer aos já
ficiar os devedores de boa fé, pennitia-
empenhados. Não fõra somente a vila
se-lhes, também, oferecer à venda algu
de 15 de março de 1800, procuravam-se fixar as responsabilidades sobre as faltas
tendido aos moradores de São Paulo.
de Pôrto Feliz que representara ao go verno, mas também as de Sorocaba,
ma propriedade rústica ,ou urbana, cujo justo valor e.xcedesse a metade da dí
e avarias achadas nos gêneros importa dos por mar nas Alfândegas do Reino, com o fito de evitar que diversificasse o açúcar na qualidade e quantidade. O objetivo claro dèsse edital era o de obri
ressado cm favorecer os que se tinham seduzido pela mellioria passageira do
São Carlos e Parnaíba, suplicando a gra
vida.
ça do privilégio concedido, em 1760, ao Rio do Janeiro, de não execução dos engenhos, sendo os credores obrigados a pagar-se pelos rendimentos.
A situação açucareira na capitania de São Paulo, ainda assim, não era satisfa
nada pelo preço elevado do produto.
O Alvará acerca das execuções nos
Pelo Alvará de 13 dc maio de 1802, re-
engenhos de açúcar data de 6 de julho
Rei, a fim de protestar contra a impo sição de 40 réis em cada arròba de açúcar. O impôsto fòra lançado pelo governador Antônio Manuel de Melo
mo produto mal fabricado". (10). No Edital acerca da avaria do açúcar,
gar os fabricantes e negociantes a apre sentar um tipo uniforme, universalmente
aceito, 6 impedir os velhos processos portugueses de ganhar à custa de dife renças nos pesos declarados.
A melhoria do preço observada nos
fins^ do século XVIII fizera mulHplicar o número de engenhos. Numa economia instável como a nossa, a corrida ao
açúcar poderia provocar prejuízos de conseqüências incalculáveis, caso não obstasse o govêmo a proliferação de novas fábricas.
O govêmo não estava realmente inte preço do açúcar. Estava, isso sim, real mente preocupado em evitar a multi plicação das fábricas de açúcar, ocasio
tória. Em 2 de abril de 1803 dirigira-se novamente a Câmara de Pôrto Feliz ao
conhecíam-se os danos c prejuízos que
de 1807, cinco anos após a medida que
resultavam para o Estado da ilimitada li
impedira a multiplicação dos engenhos.
berdade dos senhores de engenho de
Como nas velhas zonas açucareiras há
Castro e Mendonça, com a denomina
construir novas fábricas, não obstante a
muito já se providenciara sòbre as divi das, impedindo a execução da pcnhora, agora era necessário atender somen
ção de contribuição literária.
te às novas regiões produtoras de São
para os outros gêneros, cuja cultura não fôsse dispendiosa. Achou o Conselho
Provisão de 3 de novembro de 1681 ha
ver disposto em uma légua a distância quo deveria separar um engenho de
Paulo. O govêrno, nesse Alvará, deci
outro.
Êsse Alvará, tentando obstar a clan
dira estabelecer certas restrições, a fim
destina e prejudicial multiplicação de
de evitar abusos freqüentes.
Entre os
engenhos, determinava que da data de
perniciosos efeitos da má fé e detestável
sua publicação em diante não se insta
astúcia
nho de 1801, mostra-se que em Porto Feliz a elevação do preço animou os
lasse engenho novo, sem preceder a li
fraudar os capitalistas, capitula-se o de procurarem constituir-se devedores de
senhores de engenho ja aumentasen^
cujo distrito se quisesse construí-lo. Es tabelecia ainda que o governador não
Num documento paulista de 27 de ju
Lu.
pode facilitar aos fiéis vassalos de Vossa Altcza Real nestes sertões*, pela grande
85
Digesto Econômico
cença do governador da Capitania, em
dos
devedores, deliberados a
mercados das terras aonde hão de ser concorrência com o de outros muitos
valor do seu engenho. A lei anterior impedia a arrematação
despesas de transporte". o Rei ao apelo tão necessitado. (12).
à sua conveniência, flagelam os deve dores com ruína notável das fábricas,
mente favorável, levarain muitos à em presa açucareira. Já em 1801 a conjun
engenho. Impedia também que o exequente juntasse várias dívidas de outros
padecendo muito esta nova vila de Pôrto
tura açucareira era tão desfavorável que
credores, a fim de exceder a metade do
Feliz, que principiava a florescer na cultura desta estimável planta, única que
as novas zonas de produção se viaín na
valor do engenho.
contingência de pedir ao governo a con
no\'a -lei, para efeito de execução, as
i lA
trário ao progresso da cultura daquele gênero, em um país que dificultosamente pode fazer chegar os seus efeitos aos
de ser cpnsidcrada separadamente a quantia de cada uma das dívidas e não chegar a mesma a exceder a metade do
da propriedade, desde que não excedesse
iv.'
Ultramarino que se devia fazer cessar tal tributo, "por ser evWenlemente con
consumidos, em têrnios de suportar a
queles que a pedissem. A emulação e o espírito de aventura, estimulados pela situação momentanea
a concederia sem ouvir os confinantes, c
tal ta.va, subsistindo a mesma apenas
muitos e diferentes credores, com o fim
suas fábricas, ou a erigirem novas, quando, "repentinamente, pela falta de comércio, ocasionada pela guerra (guer ras napoleônícas), deu este gênero em notável baixa, apanhando a uma grande parte de fabricantes de açúcar empenha dos. Os credores, que só olham para
sem prévias informações e e.xames, que qualificassem o direito de cada um da
Pedia a
Câmara que se isentasse o açúcar de
a dívida mais da metade do valor do
Tornava agora a
que, para apresentá-los nos mesmos mercados, não são obrigados a tantas Em 17 de outubro dc 1807, atendia NOTAS
(1) Antônio Manuel de Melo Casti'o e
Mendonça, "Ofício sobre o emprêgo do arado na lavoura paulista, 8 de janeiro de milO". Documentos interessantes para a hisiórla e costumes de São Paulo, vol. 44. (2) Marechal José Arouche de Toledo Rondon, "Reflexões sôbre o estado em
^
Dicesto Econômico
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só se sente o mal presente e se despreza o futuro, pouco importa que a decadên cia futura do-açúcar traga após si a ruí na dos senhores de engenho, se ainda neste ou nos anos próximos subsequentes êles acharem a quem iludir com o mes
analogia da terra para a produção dêste
cessão do privilégio de não execução de penhoras. Os apelos foram tantos que decidiu o go\'êrno proibir o aparecimen
vegetal". (11). Pedia então a Câmara
to de no\'os engenhos e novas áreas de
que o prúilégio concedido por porta
fabricação.
ria do 26 dc abril de 1760 aos senhores
obrigações conjuntas. Desde que ura credor mostrasse que o devedor tinha mais dívidas e que estas, somadas, exce diam a metade do valor do engenho,
podia arrematá-lo e, de seu produto, pagar os outros credores. Para bene
de engenho do Rio do Janeiro — de não poderem ser executados — fòssc es
Atendido êsse aspecto é que se de cidiu a Metrópole a favorecer aos já
ficiar os devedores de boa fé, pennitia-
empenhados. Não fõra somente a vila
se-lhes, também, oferecer à venda algu
de 15 de março de 1800, procuravam-se fixar as responsabilidades sobre as faltas
tendido aos moradores de São Paulo.
de Pôrto Feliz que representara ao go verno, mas também as de Sorocaba,
ma propriedade rústica ,ou urbana, cujo justo valor e.xcedesse a metade da dí
e avarias achadas nos gêneros importa dos por mar nas Alfândegas do Reino, com o fito de evitar que diversificasse o açúcar na qualidade e quantidade. O objetivo claro dèsse edital era o de obri
ressado cm favorecer os que se tinham seduzido pela mellioria passageira do
São Carlos e Parnaíba, suplicando a gra
vida.
ça do privilégio concedido, em 1760, ao Rio do Janeiro, de não execução dos engenhos, sendo os credores obrigados a pagar-se pelos rendimentos.
A situação açucareira na capitania de São Paulo, ainda assim, não era satisfa
nada pelo preço elevado do produto.
O Alvará acerca das execuções nos
Pelo Alvará de 13 dc maio de 1802, re-
engenhos de açúcar data de 6 de julho
Rei, a fim de protestar contra a impo sição de 40 réis em cada arròba de açúcar. O impôsto fòra lançado pelo governador Antônio Manuel de Melo
mo produto mal fabricado". (10). No Edital acerca da avaria do açúcar,
gar os fabricantes e negociantes a apre sentar um tipo uniforme, universalmente
aceito, 6 impedir os velhos processos portugueses de ganhar à custa de dife renças nos pesos declarados.
A melhoria do preço observada nos
fins^ do século XVIII fizera mulHplicar o número de engenhos. Numa economia instável como a nossa, a corrida ao
açúcar poderia provocar prejuízos de conseqüências incalculáveis, caso não obstasse o govêmo a proliferação de novas fábricas.
O govêmo não estava realmente inte preço do açúcar. Estava, isso sim, real mente preocupado em evitar a multi plicação das fábricas de açúcar, ocasio
tória. Em 2 de abril de 1803 dirigira-se novamente a Câmara de Pôrto Feliz ao
conhecíam-se os danos c prejuízos que
de 1807, cinco anos após a medida que
resultavam para o Estado da ilimitada li
impedira a multiplicação dos engenhos.
berdade dos senhores de engenho de
Como nas velhas zonas açucareiras há
Castro e Mendonça, com a denomina
construir novas fábricas, não obstante a
muito já se providenciara sòbre as divi das, impedindo a execução da pcnhora, agora era necessário atender somen
ção de contribuição literária.
te às novas regiões produtoras de São
para os outros gêneros, cuja cultura não fôsse dispendiosa. Achou o Conselho
Provisão de 3 de novembro de 1681 ha
ver disposto em uma légua a distância quo deveria separar um engenho de
Paulo. O govêrno, nesse Alvará, deci
outro.
Êsse Alvará, tentando obstar a clan
dira estabelecer certas restrições, a fim
destina e prejudicial multiplicação de
de evitar abusos freqüentes.
Entre os
engenhos, determinava que da data de
perniciosos efeitos da má fé e detestável
sua publicação em diante não se insta
astúcia
nho de 1801, mostra-se que em Porto Feliz a elevação do preço animou os
lasse engenho novo, sem preceder a li
fraudar os capitalistas, capitula-se o de procurarem constituir-se devedores de
senhores de engenho ja aumentasen^
cujo distrito se quisesse construí-lo. Es tabelecia ainda que o governador não
Num documento paulista de 27 de ju
Lu.
pode facilitar aos fiéis vassalos de Vossa Altcza Real nestes sertões*, pela grande
85
Digesto Econômico
cença do governador da Capitania, em
dos
devedores, deliberados a
mercados das terras aonde hão de ser concorrência com o de outros muitos
valor do seu engenho. A lei anterior impedia a arrematação
despesas de transporte". o Rei ao apelo tão necessitado. (12).
à sua conveniência, flagelam os deve dores com ruína notável das fábricas,
mente favorável, levarain muitos à em presa açucareira. Já em 1801 a conjun
engenho. Impedia também que o exequente juntasse várias dívidas de outros
padecendo muito esta nova vila de Pôrto
tura açucareira era tão desfavorável que
credores, a fim de exceder a metade do
Feliz, que principiava a florescer na cultura desta estimável planta, única que
as novas zonas de produção se viaín na
valor do engenho.
contingência de pedir ao governo a con
no\'a -lei, para efeito de execução, as
i lA
trário ao progresso da cultura daquele gênero, em um país que dificultosamente pode fazer chegar os seus efeitos aos
de ser cpnsidcrada separadamente a quantia de cada uma das dívidas e não chegar a mesma a exceder a metade do
da propriedade, desde que não excedesse
iv.'
Ultramarino que se devia fazer cessar tal tributo, "por ser evWenlemente con
consumidos, em têrnios de suportar a
queles que a pedissem. A emulação e o espírito de aventura, estimulados pela situação momentanea
a concederia sem ouvir os confinantes, c
tal ta.va, subsistindo a mesma apenas
muitos e diferentes credores, com o fim
suas fábricas, ou a erigirem novas, quando, "repentinamente, pela falta de comércio, ocasionada pela guerra (guer ras napoleônícas), deu este gênero em notável baixa, apanhando a uma grande parte de fabricantes de açúcar empenha dos. Os credores, que só olham para
sem prévias informações e e.xames, que qualificassem o direito de cada um da
Pedia a
Câmara que se isentasse o açúcar de
a dívida mais da metade do valor do
Tornava agora a
que, para apresentá-los nos mesmos mercados, não são obrigados a tantas Em 17 de outubro dc 1807, atendia NOTAS
(1) Antônio Manuel de Melo Casti'o e
Mendonça, "Ofício sobre o emprêgo do arado na lavoura paulista, 8 de janeiro de milO". Documentos interessantes para a hisiórla e costumes de São Paulo, vol. 44. (2) Marechal José Arouche de Toledo Rondon, "Reflexões sôbre o estado em
^
yr*' 'I
Dícksto EcosÓNftco
8fl
que se acha a agricultura na capitania dc São Paulo".
2° semestre de 1788,
Do
cumentos intere&Banles, vol. 44, p. 208.
(3) Ofício do governador D. Fomando Jose do Portugal para D. Rodrigo de Sou sa Coutinho, em que so refere ao emprego de bois c arados na cultura de terras e
das canas miúdas do açúcar como com bustível nas fornallias dos engenhos. Ba hia, 38-3-1798.
Anais da Biblioteca Nacio
nal. vol. 36. doe. n. 18.170.
(4) Pelo aviso de 18 de maio de 1801.
S. A. Real coníormou-.se com a represen tação feita pelo Capilão-geral e o autori
zou a arbitrar a porção de terras que co da sesmeiro deveria lavrar por ano. Cf Melo Castro. Ofício cit., p. 146-148.
(7) Memória acima citada, p. 137. (8) Contrato de sal. Documentos ilile< pesaanles, vol. 3. p. í)7.
(9) José Honório Rodrigues. "Agricul tura e economia açucarcira no século XIX", Brasil Açucareiro, fev. de 1943. (10) Memória citada, p. 143,
venção do povóruo na propriedade priva da
Além di-s.'^c. nao eram raras as denún
O eA/tt£?íin/e
I^A\'i Mouetzsohn Campista nasceu
Nos discursos proferidos por ocoíião da passagem do centenário de Rui Barbosa,
na cidade da antiga Côrte, ao.s 22
inúmeras vêzes veio ei baila o nome de
dt; janeiro de 1863. Filho dc um co
cias dessa oirion..
(5) Carta de Josc da Silva Lisboa para
(11' Representação da Ciimara de Pôrto Feliz, .sobre as execuções nos engenhos de açúcar. Documentos interessantes, vol. 44. p. 253-255. Pórto Feliz fóra insta lada como vila cm 1797.
n. 19.C93.
tava de 1728.
apresentada ao governador
Antônio Gontijo df. Caiivalho
O anota
dor acha que Castro e Mendonça estava CNagerando. com o filo de intervir na economia ni'eJi:a cias fazendas de açú car Mas não imvía. naquela época, ne cessidade de tais processos para a inter
D. Rodrigo de Sousa Coutinho sóbre os engenhos do açúcar e os maquinlsmos em pregados Jia sua preparação... ge-S-lTOO".' Anais da Biblioteca Nacional, vol 3S doe Antônio José da França c
Di\ll
A freguesia da
merciante de drogas, Antônio Leopoldo
Davi Campista, nem sempre julgado com a devida justiça. Reproduzimos, por
da Silva Campista, fèz o.s preparatórios
isso, o ensaio sôbrc o notável financista,
no Colcgio Pedro II e inatviculou-se, cm
inserto no volume "Estadistas da fícpú-
1870, na Faculdade de Direito dc São
hlica", iuiêiramenle esgotado.
Paulo.
(12) Arquivo do Conselho Ultramarino. Consulta.? das capitanias de Minas e Sâo Paulo. Goiás c Moto Gios.so 11751-1807). Msp. do Inst. Hist. e Geog. Brasileiro. Be-
vista do Inst. Hist. e Geog. Brás., vol. 35, P. 56I-6ÜÜ.
Nove livros, um drama em cena e
oito jornais, constituem documento pal
pável de que fccund;i foi a atividade es-
boração dc Alexandre Coelho.
ludantina natiucle ano. Dosupareceii tt
Cassai foi eleito orador do Clube do
imprensa literária e a imprensa acadê
Primeiro Ano, c Pedro Lessa. o aluno
mica foi c.vclusivamcnto política.
ria, dom que os anos não confirmaram. Não sendo obrigatória a frccjiiència, os
Críticos da Faculdade dc Dueito em
estudantes mal so conheciam. Destacou
187tí". Mouavquista, troiisc o depoimen
Sá Viana, entre os que se distingui
to dc (juc a mocidade era quase toda
ram no ensino do Direito, os primeiranis-
Dos ofiidores acadêmicos, riom Edtiar-
las Artur de Barres, Pedro Lessa, Valdomiro Guilherme e Estêvão de Oliveira.
do Prado, do Clube Constitucional, nem
No dia 11 de agó.sto dc 1879, houve
Assiz Brasil, do Clube Republicano, nem Cardoso de Melo Júnior, do Circtilo dos Estudantes Calólieo.s, os (]ue melhor pro
a festa tradicional. "Falaram Cardoso dc
metiam. Pires Brandão, futtiro genro de Ferreira Viana, era quem so destacava
Melo Júnior, que, apesar de merecer upliuisos, foi por diversas vezes pertur bado por ditos picantes que certamente
não partiram do corpo acadêmico; Ciro
fácil e correta.
por parte da "Greve Jurídica c Ismael que foram bem recebidos; Lamounier,
Sá Viana, nesse opúsculo, acusa a Assiz Brasil de plagiário de Guerra Jun-
muito vaiado e .Afonso Celso Júnior que sem dúvida fez as honras da noite com
queiro e o ticonselha a estudar e a va
um excelente discurso."
riar os discursos, pura se tornar excelen
Em 1879 foi promulgado o decreto que declarava livre o ensino superior em todo o Império e abolia a freqüência obrigatória às aulas. Esse acontecimento
como orador dc voz agradável, palavra
I?í.
que demonstrava ter vocação pela orató
O segundani.sta Sá Viana publicou um felhctc, hoje muitíssimo raro, "Esbo(?os
republicana.
>^.1!
Barres
te tribuno.
Os calouros fundaram o jornalzinho
"A Idéia", em que se salientava a cola-
yr*' 'I
Dícksto EcosÓNftco
8fl
que se acha a agricultura na capitania dc São Paulo".
2° semestre de 1788,
Do
cumentos intere&Banles, vol. 44, p. 208.
(3) Ofício do governador D. Fomando Jose do Portugal para D. Rodrigo de Sou sa Coutinho, em que so refere ao emprego de bois c arados na cultura de terras e
das canas miúdas do açúcar como com bustível nas fornallias dos engenhos. Ba hia, 38-3-1798.
Anais da Biblioteca Nacio
nal. vol. 36. doe. n. 18.170.
(4) Pelo aviso de 18 de maio de 1801.
S. A. Real coníormou-.se com a represen tação feita pelo Capilão-geral e o autori
zou a arbitrar a porção de terras que co da sesmeiro deveria lavrar por ano. Cf Melo Castro. Ofício cit., p. 146-148.
(7) Memória acima citada, p. 137. (8) Contrato de sal. Documentos ilile< pesaanles, vol. 3. p. í)7.
(9) José Honório Rodrigues. "Agricul tura e economia açucarcira no século XIX", Brasil Açucareiro, fev. de 1943. (10) Memória citada, p. 143,
venção do povóruo na propriedade priva da
Além di-s.'^c. nao eram raras as denún
O eA/tt£?íin/e
I^A\'i Mouetzsohn Campista nasceu
Nos discursos proferidos por ocoíião da passagem do centenário de Rui Barbosa,
na cidade da antiga Côrte, ao.s 22
inúmeras vêzes veio ei baila o nome de
dt; janeiro de 1863. Filho dc um co
cias dessa oirion..
(5) Carta de Josc da Silva Lisboa para
(11' Representação da Ciimara de Pôrto Feliz, .sobre as execuções nos engenhos de açúcar. Documentos interessantes, vol. 44. p. 253-255. Pórto Feliz fóra insta lada como vila cm 1797.
n. 19.C93.
tava de 1728.
apresentada ao governador
Antônio Gontijo df. Caiivalho
O anota
dor acha que Castro e Mendonça estava CNagerando. com o filo de intervir na economia ni'eJi:a cias fazendas de açú car Mas não imvía. naquela época, ne cessidade de tais processos para a inter
D. Rodrigo de Sousa Coutinho sóbre os engenhos do açúcar e os maquinlsmos em pregados Jia sua preparação... ge-S-lTOO".' Anais da Biblioteca Nacional, vol 3S doe Antônio José da França c
Di\ll
A freguesia da
merciante de drogas, Antônio Leopoldo
Davi Campista, nem sempre julgado com a devida justiça. Reproduzimos, por
da Silva Campista, fèz o.s preparatórios
isso, o ensaio sôbrc o notável financista,
no Colcgio Pedro II e inatviculou-se, cm
inserto no volume "Estadistas da fícpú-
1870, na Faculdade de Direito dc São
hlica", iuiêiramenle esgotado.
Paulo.
(12) Arquivo do Conselho Ultramarino. Consulta.? das capitanias de Minas e Sâo Paulo. Goiás c Moto Gios.so 11751-1807). Msp. do Inst. Hist. e Geog. Brasileiro. Be-
vista do Inst. Hist. e Geog. Brás., vol. 35, P. 56I-6ÜÜ.
Nove livros, um drama em cena e
oito jornais, constituem documento pal
pável de que fccund;i foi a atividade es-
boração dc Alexandre Coelho.
ludantina natiucle ano. Dosupareceii tt
Cassai foi eleito orador do Clube do
imprensa literária e a imprensa acadê
Primeiro Ano, c Pedro Lessa. o aluno
mica foi c.vclusivamcnto política.
ria, dom que os anos não confirmaram. Não sendo obrigatória a frccjiiència, os
Críticos da Faculdade dc Dueito em
estudantes mal so conheciam. Destacou
187tí". Mouavquista, troiisc o depoimen
Sá Viana, entre os que se distingui
to dc (juc a mocidade era quase toda
ram no ensino do Direito, os primeiranis-
Dos ofiidores acadêmicos, riom Edtiar-
las Artur de Barres, Pedro Lessa, Valdomiro Guilherme e Estêvão de Oliveira.
do Prado, do Clube Constitucional, nem
No dia 11 de agó.sto dc 1879, houve
Assiz Brasil, do Clube Republicano, nem Cardoso de Melo Júnior, do Circtilo dos Estudantes Calólieo.s, os (]ue melhor pro
a festa tradicional. "Falaram Cardoso dc
metiam. Pires Brandão, futtiro genro de Ferreira Viana, era quem so destacava
Melo Júnior, que, apesar de merecer upliuisos, foi por diversas vezes pertur bado por ditos picantes que certamente
não partiram do corpo acadêmico; Ciro
fácil e correta.
por parte da "Greve Jurídica c Ismael que foram bem recebidos; Lamounier,
Sá Viana, nesse opúsculo, acusa a Assiz Brasil de plagiário de Guerra Jun-
muito vaiado e .Afonso Celso Júnior que sem dúvida fez as honras da noite com
queiro e o ticonselha a estudar e a va
um excelente discurso."
riar os discursos, pura se tornar excelen
Em 1879 foi promulgado o decreto que declarava livre o ensino superior em todo o Império e abolia a freqüência obrigatória às aulas. Esse acontecimento
como orador dc voz agradável, palavra
I?í.
que demonstrava ter vocação pela orató
O segundani.sta Sá Viana publicou um felhctc, hoje muitíssimo raro, "Esbo(?os
republicana.
>^.1!
Barres
te tribuno.
Os calouros fundaram o jornalzinho
"A Idéia", em que se salientava a cola-
88
Dicesto Económ 89
Digesto Econômico
funesto, de iniciativa do Conselheiro
Leôncio de Carvalho, não impediu, con
tudo, de se elevar o número das repro vações e os processos de indisciplina de estudantes.
Um pavoroso incêndio destruiu no ano
Júnior e Marcondes l'ilIio, que pode riam citar de cor, a (piahpicr momento, artigos c le.xtos de lei e esta\ ani sempre a par das últimas novidades jurídicas.
c Direito Público Constitucional, na Fa culdade de Direito de Minas Corais; de
lo nos concílios cm que sc decidiam os
putado federal; Ministro da Fazenda;
João Alberto Sales c Pedro Lessa, du
Ministro na Dinamarca e nu Suécia, Davi
Inlegravatn-na políticos que não dcsluslrariam qualquer Parlamento. Salien
destinos do Minas.
rante a fase acadêmica, dirigiram o pe
Campista hú nm dos maiores estadistas
seguinte a maior parte do Arquivo da
taram-se nas discussões: Afonso Pena,
riódico republicano
do Brasil c ein lòrno do seu nome se fez.
Faculdade.
operoso, de caráter inflexível, funda
que teve a colaboração de Davi Cam pista.
Não se conhecem, infe
lizmente, os autores do nefando crime.
Felizmente, — escreveu o evocador das
reminiscôncias
acadêmicas,
Spencer
Vampré, ~ porque assim não tem a
gloriosa Escola de gravar em seus anais, com o ferrete da ignomínia, o nome de um dos seus filhos.
Naquele ano esteve desfalcada a Con gregação com a ausência dos Andradas - Mardm Francisco, José Bonifácio c Antônio Carlos — que tiveram assento
na Assembléia Legislativa. Mantiveram, porem, bem vivas as tradições de cul tura do corpo docente da velha Acade mia, os jurisconsultos Duarte Azevedo, no Direito Romano, e Barão do RamaIho, no Processo Civil e Comercial.
O jovem Davi Campista era magro de feições delicadas, pálido, de pele muito ah-a. Pouco assíduo às aulas, de temperamento arredio, dedicava-se às
coisas de arte. Morava em companhia de Constantino Faro, de Santos, na re
sidência de Hermann Hass, a quem vie ra recomendado de Juiz de Fora, à rua
da Caixa d'Âgua, hoje Paranapiacaba, e daí se transferiu para um prédio da Praça da Sé, esquina de Santa Tereza. Sempre com o indefectível indumento
da época — sobrecasaca, plastron e car tola — usufruía, entre os companheiros, fama de grande inteligência e pouca aplicação. Talvez estivesse incluído en
"O Fcderalista",
olvido inexplicável.
mentalmente religioso, jurista, de vasta
Não conheço, entretanto, em nossa
experiência adquirida nas pugnas do logo e mineralogista de fama mundial,
mencionar, entre os que se destacaram na jurisprudência, no' jornalismo e na
história política, figura mais sedutora do que a desse "causeur" encantador e elegante tribuno. Ninguém, como ele, morto aos 48 anos
política: Pedro Lessa, Júlio Mesquita,
de idade, mereceu na
corrente
Martim Francisco Sobrinho, Tcodoro de
República o mausoléu
lista; Eduardo da Ga
A turma de estudantes clc 1879 era
das maiores c das melhores.
Poderia
lúsloriudor e humanista, memória pro
digiosa, corporificava na Assembléia a tradiciona
Carvalho, Sá Viana, João Alberto Sales,
simbólico
Alcides Lima, Luiz Pisa, Homero Ba
trancada.
ma Cerqueira, erudito o pugnaz; Virgílio
tista, Francisco Badaró, Vitorino Mon
A biografia dêsse singular homem pú
Franco, magistrado e
teiro, Cujxite Valente, Bueno de Paiva e
da
coluna
Martins
de
Melo
Leonel de Rezende.
blico, tão rica de en
historiador, com larga
Formando-se em ciências jurídicas e sociais em 1883, Davi Campista foi ad
sinamentos
fôlha de serviços á
de tão c.stranlia poe
terra natal;
vogar em Rio Prêto, onde era conhecido
sia, precisa ser divul gada por escritores
Brandão, voluntarioso
que possuam os re
ferrenho; Sabino Bar
cursos picturais de um Stefan Zweig, de
Sêrro", político habi-
um André Maurois ou
líssimo,
como "dr. Moretzsohn", e, nessa cidade da Zona da Mata de Minas Gerais, consorciou-se com Jovita Maia, fillia do fa
zendeiro João Araújo Maia. 0,9 cargos públicos
cívicos
o
do um Emil Ludwig. Não 'será fácil ao historiador a tarefa
Neto, filho e pai do mineiros, Davi Campista fêz a carreira política em Mi nas. Promotor Público e Agente Execu tivo do Município de Rio Prêto; propagandista da República; deputado à As sembléia Constituinte Mineira; deputado à Primeira Assembléia Legislativa Ordi nária do Estado; Secretário da Agricul
Davi Campista não se preocupava com
e enérgico, partidário roso, "o canário do autor,
na
República, de aconte cimentos que alteraram o curso da his tória do Brasil; Xavier da Veiga, repu ras"; Olinto de Magalhães, médico que
ram, infelizmente, destruídos pelo cupim. À conspiração do destino aliou-se a
tos de Direito Constitucional, futuro Mi
ingratidão dos homens.
vêmo de Campos Sales; Levindo Ferrei
tado historiador das "Efemérides Minei
dissertou com proficiência sôbre assun nistro das Relações Exteriores do Go
ra Lopes, processualista notável; Luiz • O constituinte
tura e Obras Públicas, durante a Presi
dência Afonso Pena; superintendente, na Europa, do Serviço de Emigração,
Silviano
o seu arquivo particular e os documen tos que deixou encaixotados, ao partir para a Europa, em agosto de 1909, fo
Honrou as tradições de cultura do po
tre os "falsos boêmios", coino o estive ram, posteriormente, na Faculdade, os
no Govêmo Bias Fortes; Secretário das
vo montanhês a Constituinte Estadual
Finanças, na administração de Silviano
de 1891.
intelectuais Herculano de Freitas, Cirilo
Brandão; professor de Economia Política
Presidia-a Bias Fortes,, a austeridade
feita homem, cuja palavra era um orácu AÉf.
Parlamento Imperial; Costa Sena, gw-
Barbosa da Gama Cerqueira, personifi cação da serenidade, expositor magnífi co; Antônio Augusto Veloso, jurista de polpa, tradutor emérito das odes de Horácio; Otávio Otoni, orador que arreba tava auditórios; finalmente, Davi Cam
pista, radiosa esperança de homem de
88
Dicesto Económ 89
Digesto Econômico
funesto, de iniciativa do Conselheiro
Leôncio de Carvalho, não impediu, con
tudo, de se elevar o número das repro vações e os processos de indisciplina de estudantes.
Um pavoroso incêndio destruiu no ano
Júnior e Marcondes l'ilIio, que pode riam citar de cor, a (piahpicr momento, artigos c le.xtos de lei e esta\ ani sempre a par das últimas novidades jurídicas.
c Direito Público Constitucional, na Fa culdade de Direito de Minas Corais; de
lo nos concílios cm que sc decidiam os
putado federal; Ministro da Fazenda;
João Alberto Sales c Pedro Lessa, du
Ministro na Dinamarca e nu Suécia, Davi
Inlegravatn-na políticos que não dcsluslrariam qualquer Parlamento. Salien
destinos do Minas.
rante a fase acadêmica, dirigiram o pe
Campista hú nm dos maiores estadistas
seguinte a maior parte do Arquivo da
taram-se nas discussões: Afonso Pena,
riódico republicano
do Brasil c ein lòrno do seu nome se fez.
Faculdade.
operoso, de caráter inflexível, funda
que teve a colaboração de Davi Cam pista.
Não se conhecem, infe
lizmente, os autores do nefando crime.
Felizmente, — escreveu o evocador das
reminiscôncias
acadêmicas,
Spencer
Vampré, ~ porque assim não tem a
gloriosa Escola de gravar em seus anais, com o ferrete da ignomínia, o nome de um dos seus filhos.
Naquele ano esteve desfalcada a Con gregação com a ausência dos Andradas - Mardm Francisco, José Bonifácio c Antônio Carlos — que tiveram assento
na Assembléia Legislativa. Mantiveram, porem, bem vivas as tradições de cul tura do corpo docente da velha Acade mia, os jurisconsultos Duarte Azevedo, no Direito Romano, e Barão do RamaIho, no Processo Civil e Comercial.
O jovem Davi Campista era magro de feições delicadas, pálido, de pele muito ah-a. Pouco assíduo às aulas, de temperamento arredio, dedicava-se às
coisas de arte. Morava em companhia de Constantino Faro, de Santos, na re
sidência de Hermann Hass, a quem vie ra recomendado de Juiz de Fora, à rua
da Caixa d'Âgua, hoje Paranapiacaba, e daí se transferiu para um prédio da Praça da Sé, esquina de Santa Tereza. Sempre com o indefectível indumento
da época — sobrecasaca, plastron e car tola — usufruía, entre os companheiros, fama de grande inteligência e pouca aplicação. Talvez estivesse incluído en
"O Fcderalista",
olvido inexplicável.
mentalmente religioso, jurista, de vasta
Não conheço, entretanto, em nossa
experiência adquirida nas pugnas do logo e mineralogista de fama mundial,
mencionar, entre os que se destacaram na jurisprudência, no' jornalismo e na
história política, figura mais sedutora do que a desse "causeur" encantador e elegante tribuno. Ninguém, como ele, morto aos 48 anos
política: Pedro Lessa, Júlio Mesquita,
de idade, mereceu na
corrente
Martim Francisco Sobrinho, Tcodoro de
República o mausoléu
lista; Eduardo da Ga
A turma de estudantes clc 1879 era
das maiores c das melhores.
Poderia
lúsloriudor e humanista, memória pro
digiosa, corporificava na Assembléia a tradiciona
Carvalho, Sá Viana, João Alberto Sales,
simbólico
Alcides Lima, Luiz Pisa, Homero Ba
trancada.
ma Cerqueira, erudito o pugnaz; Virgílio
tista, Francisco Badaró, Vitorino Mon
A biografia dêsse singular homem pú
Franco, magistrado e
teiro, Cujxite Valente, Bueno de Paiva e
da
coluna
Martins
de
Melo
Leonel de Rezende.
blico, tão rica de en
historiador, com larga
Formando-se em ciências jurídicas e sociais em 1883, Davi Campista foi ad
sinamentos
fôlha de serviços á
de tão c.stranlia poe
terra natal;
vogar em Rio Prêto, onde era conhecido
sia, precisa ser divul gada por escritores
Brandão, voluntarioso
que possuam os re
ferrenho; Sabino Bar
cursos picturais de um Stefan Zweig, de
Sêrro", político habi-
um André Maurois ou
líssimo,
como "dr. Moretzsohn", e, nessa cidade da Zona da Mata de Minas Gerais, consorciou-se com Jovita Maia, fillia do fa
zendeiro João Araújo Maia. 0,9 cargos públicos
cívicos
o
do um Emil Ludwig. Não 'será fácil ao historiador a tarefa
Neto, filho e pai do mineiros, Davi Campista fêz a carreira política em Mi nas. Promotor Público e Agente Execu tivo do Município de Rio Prêto; propagandista da República; deputado à As sembléia Constituinte Mineira; deputado à Primeira Assembléia Legislativa Ordi nária do Estado; Secretário da Agricul
Davi Campista não se preocupava com
e enérgico, partidário roso, "o canário do autor,
na
República, de aconte cimentos que alteraram o curso da his tória do Brasil; Xavier da Veiga, repu ras"; Olinto de Magalhães, médico que
ram, infelizmente, destruídos pelo cupim. À conspiração do destino aliou-se a
tos de Direito Constitucional, futuro Mi
ingratidão dos homens.
vêmo de Campos Sales; Levindo Ferrei
tado historiador das "Efemérides Minei
dissertou com proficiência sôbre assun nistro das Relações Exteriores do Go
ra Lopes, processualista notável; Luiz • O constituinte
tura e Obras Públicas, durante a Presi
dência Afonso Pena; superintendente, na Europa, do Serviço de Emigração,
Silviano
o seu arquivo particular e os documen tos que deixou encaixotados, ao partir para a Europa, em agosto de 1909, fo
Honrou as tradições de cultura do po
tre os "falsos boêmios", coino o estive ram, posteriormente, na Faculdade, os
no Govêmo Bias Fortes; Secretário das
vo montanhês a Constituinte Estadual
Finanças, na administração de Silviano
de 1891.
intelectuais Herculano de Freitas, Cirilo
Brandão; professor de Economia Política
Presidia-a Bias Fortes,, a austeridade
feita homem, cuja palavra era um orácu AÉf.
Parlamento Imperial; Costa Sena, gw-
Barbosa da Gama Cerqueira, personifi cação da serenidade, expositor magnífi co; Antônio Augusto Veloso, jurista de polpa, tradutor emérito das odes de Horácio; Otávio Otoni, orador que arreba tava auditórios; finalmente, Davi Cam
pista, radiosa esperança de homem de
I
I MUI
J OfOESTo Econômico
Dicesto Econónuco
90
giiéin nuiis do <[ue eu deseja conservar
tes adotaram as conclusões de aniigos
a integridade do território de nossa ter
Torrencial i-ra a palax ra do Da\ i Caiii-
rnonarquistas, que eonsideraram extem porâneas l<klas as propnsía.s.
se manifestasse em sentido contrário,
pista. Jorrava aos borbotões. Catadupas dc pérolas afluíain-lbe aos lábios. Recor
tomar parte nu Comis-ão designada pe
dou-me Luiz Barbosa da Gama Ccr-
lo Congresso para eumprimeular o go
queira que, na Assembléia Constituinte
vernador Augusto dc Lima, c proferiu urna oração que é pccjucnina obra-prima de malícia política. Esse incidente, de funda repercussão em Minas, foi o to que de clarim dc sua notoriedade.
Estudo, orgullto d;i gerarão
ri-puhli-
cana.
de Minas, não luivia taquigrafo, por mais
hábil, que conseguis.se apanhar-lhe lite ralmente as orações.
Justificou, na estréia, a moção que re conhecia e confirmava os poderes de que se achava investido o Govêmo, com o intuito de, antes de adotada a Con.stiluição Mineira, facilitar-lhe os meios de
Víngando-se da di rrota, reeusou-se a
Pleiteou, na As.sembléia, a mudança da Capital, dc Ouro Prêto. Inipugnou-n, com ferxor, Costa Sena, O estadista \'ia o futuro de Minas.
O sábio \-olvia os
que carecia para a administração. Visava a moção regularizar uma situa
olhos para o lendário passado de Vila
ção de fato e reputar \álidos tis atos
ponto de vista do contcmplati\o.
que o Go\êrno praticasse enquanto não
Rica. Felizmente não predominou o Tese defendida com cinlilaçõe.s de la-
expressamente revogados pelo Poder Le
lentc-, foi a defesa ampla da autonomia
gislativo.
municipal. Não sofreu séria contradita a argumentação de Campista. O lema
Discurso curto e incisivo. Lendo-o, não parece ter sido a reprodução taquigráfica de oração de estréia de um jo vem. O té.xto dá a impressão de que foi redigido por velho magistrado. Provocou,
ainda era o dos antigos democratas nor te-americanos : "A desconfiança para
com o poder central é a pedra angular
ra. Mas, se algum dia a vontade popular obedeceria ao povo soberano". Essa de claração, provinda de um democrata sincero e do um coração de patriota, mal compreendida, acarretou-lbc .sérios dissa bores em Minas.
Ardorosamente,
combateu a criação
Para os velhos, o Senado era uma \'álvula tlc defesa contra a inexperiência
dos moços. Propor a supressão do Sena do c travessura de Davi Campista, fri sava o austero Eduardo da Gama Cer-
queira. "Para honra de Minas, responde o nosso biografado, peço que cessem os
argumentos da inexperiência. Todos so mos igualmente representantes de Mi nas.. Não con.sidero a madureza da ida
do Senado Estadual, propugnada pelos conservadores, a cuja frente se encon trava Afonso Pena. Memorável o prélio
de como presunção da madureza do
travado. Representava Campista^ o es pírito da mocidade que pretendia reno
plo norte-americano da Câmara dual, mero respeito â tradição inglesa. Fulmi nante a réplica : "Se prevalecer o crité
var o ambiente conservador do Estado montanhês.
Doutrina, graça, verve, sabor literário, contém essas orações. Camilo de Brito,
ao inxocar o argumento de Washington
juízo". Os adversários invocaram-lhe o exem
rio da tradição, o Brasil responderia cora a Assembléia xiníca que fez a Constitui ção Federal".
Hoje ninguém advogará a existência
c dc Jefferson dc que a autoridade do Senado foi inspirada na suposta conx-e-
de Senados nos Estados. Inútil, entre
niência de derramar os atos legislativos da Cdmara no pires senatorial, espirituosamente declara que, se os atos legis
"Os belos discursos não mudam votos de
tanto, o seu esforço. Já advertia Thiers: parlamentares".
Não concordou, inexplicâvelmente, por não ser um agnóstico, com a invo
da liberdade". Mais tarde, no governo
entretanto, a moção Campista, no .seio
lativos ficassem unicamente contidos na xícara da Câmara, correriam o risco
de Artur Bernardes, ao rever a Consti
da Assembléia, a mesma inquietação que
tuição Estadual, o líder Francisco Cam
dc, i^or deiruxís quentes, incendiar Minas
déspertou a do baiano Medeiros Neto, quarenta anos apuS, ao ser discutida
pos, traçando novos rumos ao Direito Público, até então vigente, assestnu as primeiras. baterias contra a democracia
anedota que concretiza todos os argu
liberal, propondo sem êxito a nomeação dos Prefeitos Municipais pelos Gover
mentos cm favor da instituição do Se
aliás com grande elevação' de lingua
nado nos Estados. Replicou Davi Cam
somente a soberania do Congres.so daria
nadores de Estado.
legitimidade ao poder que a Revolução
amadurecida a idéia de que os Prefeitos devem ser administradores e não expoen tes eleitorais de facções organizadas.
idin, que, na sua linguagem familiar,
gem, nobremente: "Se o povo mineiro tiver que me censurar, eu quero, desde já, sofrer as conseqüências do meu pro
proposição idêntica no Congresso Con.stítuinte a que Antônio Carlos presidiu.
Embora sustentasse com altivez que
criou em Minas, combateram-na, susten
tando outras moções, velhos parlamen tares.
Não eslaxa ainda
Examinou ainda, em outro discurso,
inteira.
Não ficou sem troco o narrador da
pista com a pilhéria de Bcnjamin Fran-
cação do nome de Deus na Constituição
Mineira. Ine.xplicávelniente, ainda, por que contrariou os sentimentos religiosos da unanimidade do povo que represen
tava. Finaliza o discurso, pronunciado
dividido em duas Câmaras, a uma car
cedimento; neste como em todos os atos de minha vida, tenho por divisa "viver
roça puxada em sentido inverso por duas
às claras".
comparava o Poder Legislativo, quando fórças. Acrescentou: "Uma assembléia
Tão destacada a sua atuação parla
única pode fazer leis tão más como
mentar que, ao encerrar-se o Congresso Constituinte, foi o delegado dos colegas para proferir a saudação oficial ao pre
A impugnação deu ensejo a uma ré plica pronta e feliz de Da\i Campista,
as disposições referentes aos limites do
que se revelou o esgrimista da palavra,
sü que não predominava em seu espíri
passagem de uma lei má, o Senado é
sem rival na Assembléia. Cio.sos como
to o sentimento de bairrismo. O Brasil
bom. Se o Senado demora uma lei boa,
sidente da Assembléia. Permitiu-lhe es
estavam das suas prerrogativas, naqueles
era uno, do Amazonas ao Rio Grande
o Senado é mau".
sa distinção o ensejo de patentear, ain-
piimórdios da República, os constituin
do Sul. E.xclamou, com firmeza: "Nüi-
território de Minas Gerais. Evídencioq-
duas. Se o Senado serve para demorar a
I
I MUI
J OfOESTo Econômico
Dicesto Econónuco
90
giiéin nuiis do <[ue eu deseja conservar
tes adotaram as conclusões de aniigos
a integridade do território de nossa ter
Torrencial i-ra a palax ra do Da\ i Caiii-
rnonarquistas, que eonsideraram extem porâneas l<klas as propnsía.s.
se manifestasse em sentido contrário,
pista. Jorrava aos borbotões. Catadupas dc pérolas afluíain-lbe aos lábios. Recor
tomar parte nu Comis-ão designada pe
dou-me Luiz Barbosa da Gama Ccr-
lo Congresso para eumprimeular o go
queira que, na Assembléia Constituinte
vernador Augusto dc Lima, c proferiu urna oração que é pccjucnina obra-prima de malícia política. Esse incidente, de funda repercussão em Minas, foi o to que de clarim dc sua notoriedade.
Estudo, orgullto d;i gerarão
ri-puhli-
cana.
de Minas, não luivia taquigrafo, por mais
hábil, que conseguis.se apanhar-lhe lite ralmente as orações.
Justificou, na estréia, a moção que re conhecia e confirmava os poderes de que se achava investido o Govêmo, com o intuito de, antes de adotada a Con.stiluição Mineira, facilitar-lhe os meios de
Víngando-se da di rrota, reeusou-se a
Pleiteou, na As.sembléia, a mudança da Capital, dc Ouro Prêto. Inipugnou-n, com ferxor, Costa Sena, O estadista \'ia o futuro de Minas.
O sábio \-olvia os
que carecia para a administração. Visava a moção regularizar uma situa
olhos para o lendário passado de Vila
ção de fato e reputar \álidos tis atos
ponto de vista do contcmplati\o.
que o Go\êrno praticasse enquanto não
Rica. Felizmente não predominou o Tese defendida com cinlilaçõe.s de la-
expressamente revogados pelo Poder Le
lentc-, foi a defesa ampla da autonomia
gislativo.
municipal. Não sofreu séria contradita a argumentação de Campista. O lema
Discurso curto e incisivo. Lendo-o, não parece ter sido a reprodução taquigráfica de oração de estréia de um jo vem. O té.xto dá a impressão de que foi redigido por velho magistrado. Provocou,
ainda era o dos antigos democratas nor te-americanos : "A desconfiança para
com o poder central é a pedra angular
ra. Mas, se algum dia a vontade popular obedeceria ao povo soberano". Essa de claração, provinda de um democrata sincero e do um coração de patriota, mal compreendida, acarretou-lbc .sérios dissa bores em Minas.
Ardorosamente,
combateu a criação
Para os velhos, o Senado era uma \'álvula tlc defesa contra a inexperiência
dos moços. Propor a supressão do Sena do c travessura de Davi Campista, fri sava o austero Eduardo da Gama Cer-
queira. "Para honra de Minas, responde o nosso biografado, peço que cessem os
argumentos da inexperiência. Todos so mos igualmente representantes de Mi nas.. Não con.sidero a madureza da ida
do Senado Estadual, propugnada pelos conservadores, a cuja frente se encon trava Afonso Pena. Memorável o prélio
de como presunção da madureza do
travado. Representava Campista^ o es pírito da mocidade que pretendia reno
plo norte-americano da Câmara dual, mero respeito â tradição inglesa. Fulmi nante a réplica : "Se prevalecer o crité
var o ambiente conservador do Estado montanhês.
Doutrina, graça, verve, sabor literário, contém essas orações. Camilo de Brito,
ao inxocar o argumento de Washington
juízo". Os adversários invocaram-lhe o exem
rio da tradição, o Brasil responderia cora a Assembléia xiníca que fez a Constitui ção Federal".
Hoje ninguém advogará a existência
c dc Jefferson dc que a autoridade do Senado foi inspirada na suposta conx-e-
de Senados nos Estados. Inútil, entre
niência de derramar os atos legislativos da Cdmara no pires senatorial, espirituosamente declara que, se os atos legis
"Os belos discursos não mudam votos de
tanto, o seu esforço. Já advertia Thiers: parlamentares".
Não concordou, inexplicâvelmente, por não ser um agnóstico, com a invo
da liberdade". Mais tarde, no governo
entretanto, a moção Campista, no .seio
lativos ficassem unicamente contidos na xícara da Câmara, correriam o risco
de Artur Bernardes, ao rever a Consti
da Assembléia, a mesma inquietação que
tuição Estadual, o líder Francisco Cam
dc, i^or deiruxís quentes, incendiar Minas
déspertou a do baiano Medeiros Neto, quarenta anos apuS, ao ser discutida
pos, traçando novos rumos ao Direito Público, até então vigente, assestnu as primeiras. baterias contra a democracia
anedota que concretiza todos os argu
liberal, propondo sem êxito a nomeação dos Prefeitos Municipais pelos Gover
mentos cm favor da instituição do Se
aliás com grande elevação' de lingua
nado nos Estados. Replicou Davi Cam
somente a soberania do Congres.so daria
nadores de Estado.
legitimidade ao poder que a Revolução
amadurecida a idéia de que os Prefeitos devem ser administradores e não expoen tes eleitorais de facções organizadas.
idin, que, na sua linguagem familiar,
gem, nobremente: "Se o povo mineiro tiver que me censurar, eu quero, desde já, sofrer as conseqüências do meu pro
proposição idêntica no Congresso Con.stítuinte a que Antônio Carlos presidiu.
Embora sustentasse com altivez que
criou em Minas, combateram-na, susten
tando outras moções, velhos parlamen tares.
Não eslaxa ainda
Examinou ainda, em outro discurso,
inteira.
Não ficou sem troco o narrador da
pista com a pilhéria de Bcnjamin Fran-
cação do nome de Deus na Constituição
Mineira. Ine.xplicávelniente, ainda, por que contrariou os sentimentos religiosos da unanimidade do povo que represen
tava. Finaliza o discurso, pronunciado
dividido em duas Câmaras, a uma car
cedimento; neste como em todos os atos de minha vida, tenho por divisa "viver
roça puxada em sentido inverso por duas
às claras".
comparava o Poder Legislativo, quando fórças. Acrescentou: "Uma assembléia
Tão destacada a sua atuação parla
única pode fazer leis tão más como
mentar que, ao encerrar-se o Congresso Constituinte, foi o delegado dos colegas para proferir a saudação oficial ao pre
A impugnação deu ensejo a uma ré plica pronta e feliz de Da\i Campista,
as disposições referentes aos limites do
que se revelou o esgrimista da palavra,
sü que não predominava em seu espíri
passagem de uma lei má, o Senado é
sem rival na Assembléia. Cio.sos como
to o sentimento de bairrismo. O Brasil
bom. Se o Senado demora uma lei boa,
sidente da Assembléia. Permitiu-lhe es
estavam das suas prerrogativas, naqueles
era uno, do Amazonas ao Rio Grande
o Senado é mau".
sa distinção o ensejo de patentear, ain-
piimórdios da República, os constituin
do Sul. E.xclamou, com firmeza: "Nüi-
território de Minas Gerais. Evídencioq-
duas. Se o Senado serve para demorar a
Dicf-sto
92
da uma vez, os conhecimentos da his tória política norte-americana, evocan do, com arte, cenas da Con\cnção de Filadélfia.
Econômico
existir disposição que clava ao Presiden
acaso, ocupariam com lustre a cátedra de qualquer Universidade.
te a faculdade clc proscr às" vagos que Se dessem na magistratura do Estado.
Não .sei se estão con^piladas em fascíciilos as lições de Davi Campista, co
violando a Constituição Mineira,
visto
mo as de Filo.sofia do Direito, do Au
gusto de Lima, mestre da prosa e da-
sal\'o o "ennuieux".
direito e de civismo do jü\'em deputado.
|XDesia, darvinista antes da aproximação
Afonso Pena, ouvindo-o, certo dia, dls-
final com São Francisco de Assis. Se o
Realizou Davi Campista, como didata, o tipo concebido por Emerson; "O me
estiverem, não darão sequer pálido re trato do exímio professor que êle foi.
lhor professor é aquele que nos dá a ilusão de que a matéria é fácil".
Congresso Mineiro, aprowando a lição de Profícua a sua atuação na Assembléia da Primeira
Sessão Ordinária.
Eleito
vice-presidente da Câmara, di.scutiu mo ções políticas, assuntos financeiros e
ferroviários, instrução pública e regimem municipal, disposições processuais referentes ao casamento civil, e à incons-
titucionalidade do imposto do consumo de mercadorias fora do Estado. Criticou
acerbamente, ao examinar o orçamento estadual, o fato de o relator ter orçado a receita antes de fixar a despesa, procesjá naquela época, tratadistas da ciência das finanças, como Fraficesco
Nitti, repeliam, por antiquado. Debaten
do tese semelhante, Sabino Banoso pro nuncia notável discurso.
projeto de organização judiciiuia, fêz°empolgante defesa do pa
pel do advogado na sociedade, tratado nas disposições da lei em elaboração com injustificável desconfiança, dando ate a impressão de que se considerava essa atividade profissional como incenti vo ao crime. Na decisão da Assembléia
prevaleceu o bom-senso.
Combateu disposição do regimento, imprópria de uma Câmara democrática 6 incompatível com a natureza do regimem; o tratámento obrigatório de
sertar sobre imposto territorial, em répli
ca a Camilo Prates, po.stou-se a seu lado para mellior aplaudi-lo e, desde ai,
Em Davi Campista, a voz e o gesto
tornou-se o maior de .seus admiradores
contribuíam para que as preleções, de
e o melhor dos amigos.
rigoroso cunho científico, proporcionas
fos buscava a doutrina.
A amizade daquele probo estadista não foi conquistada pela lisonja. Con quistou-a o mérito.
sem aos ouvintes inesquecíveis regalos espirituais. Professor não é sinônimo de sábio.
Fundada em Minas a Faculdade de
Ciências Jurídicas e Sociais, Afonso Pe na, o primeiro diretor, convidou-o para
membro da Congregação do novel esta belecimento.
João Mendes Júnior, filósofo tomista, processuabsta insuperável; Estêvão de Almeida, humanista profundo e civilista emérito, foram os nossos melhores jurisconsultos e não os nossos melhores pro-' fessôres.
O professor
João Mendes e Estevão de Almeida,
Davi Campista estava em dia cxím o Direito Público Americano. Os discursos
que proferiu na Assembléia de Minas
Gerais são preleções de Direito Consti tucional. Foram as credenciais para pro
fessor da referida disciplina na Faculda de do Direito de Ouro Preto. A Escola de Afonso Pena não tem a
tradição das de São Paulo e Recife. Os
.seus filhos espirituais só agora começam a galgar, na vida política e profissional,.
escrevendo Tratados, são hoje mestres de
os conhecimentos das modernas teorias
da filosofia permitiram traçar. Nesse trabalho, posteriormente- am pliado e inserto na "Revista da Faculda de de Direito de Belo Horizonte", com
o título "Introdução á Ciência do Direi
to", desenvolve, para os discípulos, a tese de que à reconstrução científica do Direito Público só nos leva o método constituía esse estudo do Método histó
rico e da teoria de Savigny, para a de
Professor, um José Bonifácio, o Moço,
que deu a um dos seus alunos, o franzi
objetivo da Sociologia. Crítica vigorosa dução de que a sociologia não se con funde com a história.
exata da grandeza da profissão a que ti
"Se a poucos, espíritos é dado desco brir verdades novas, todos podem vulga
nha abraçado, ao fazer a preleçao inau
rizá-las e facilitar-lhes o desemolvimen-
no e imberbe Rui Barbosa, a impressão
gural sòbre a "RetroatÍNudade das Leis".
to", são palawas de Carlos Cattaneo com
Profossôres, por exemplo, Dino Bue-
que encerra o brilhante trabalho, cuja
timo ou inconveniente. Mas a cortesia
a dos maiores intelectuais do País. Men
independe de qualquer texto legal.
des Pimentel, Edmundo Lins, João Luiz Alves, Davi Campista, Gastão da Cunha,
Cerqiieira,
gação, porém, ingressaram homens cuja
Ihering, que uma visão de sociólogo e
Direito.
cultura jurídica e política emparelha com
os postos de comando. Em sua Congre
"Reconstrução Científica do Direito"
ó síntese do panorama da ciência de
magistrados e juristas, e foram incom pletos para os iniciados na Ciência do
que se deveria impedir o tratamento ín
Campista concordava em
Não se aferrava aos textos legais. O
pensamento pairava alto, e nos filóso
no, João Monteiro e Almeida Nogueira, que .souberam despertar a curiosidade dos discípulos, com a fluência de uma palavra de encantadora magia.
Excelência.
mentando os romances e contos de Dos-
toiewsky, Anatole, Bourget, e assim não desmentiu, na arte da transmissão do pensamento, o aforismo de Voltaire, de que todo gênero literário é permitido,
Repercutiu no Rio o ge.sto de alti\ez dò
O dejjutado estadual
93
Digesto Econômico
Professor, um Luiz Barbosa da Cama
seu çolega na Assembléia
única falha talvez seja o excesso de ci tações.
Lecionou ainda Ciência das Finanças
e Economia Política. Dessas disciplinas,
porém, as melhores lições deu-as no re cinto cia Câmara Federal e os melhores
Em termos enérgicos, apoiado por to da a Câmara, protestou contra o ato de o Govêmo Federal nomear um Juiz
Afrânío de Melo Franco, Gonçalves Cha
Constituinte, que, na Faculdade de Di
alunas foram os parlamentares que ousa
ves, Rafael Magalhães, Afonso Pena Jú
reito de São Paulo, lecionou Direito Pe
ram enfrentá-lo nos debates sobre a
de Direito para a comarca de Caldas,
nior e Francisco Campos,
nal, ou mellior. Sociologia Criminal, co-
Caixa de Conversão.
citados ao
; ;.V
Dicf-sto
92
da uma vez, os conhecimentos da his tória política norte-americana, evocan do, com arte, cenas da Con\cnção de Filadélfia.
Econômico
existir disposição que clava ao Presiden
acaso, ocupariam com lustre a cátedra de qualquer Universidade.
te a faculdade clc proscr às" vagos que Se dessem na magistratura do Estado.
Não .sei se estão con^piladas em fascíciilos as lições de Davi Campista, co
violando a Constituição Mineira,
visto
mo as de Filo.sofia do Direito, do Au
gusto de Lima, mestre da prosa e da-
sal\'o o "ennuieux".
direito e de civismo do jü\'em deputado.
|XDesia, darvinista antes da aproximação
Afonso Pena, ouvindo-o, certo dia, dls-
final com São Francisco de Assis. Se o
Realizou Davi Campista, como didata, o tipo concebido por Emerson; "O me
estiverem, não darão sequer pálido re trato do exímio professor que êle foi.
lhor professor é aquele que nos dá a ilusão de que a matéria é fácil".
Congresso Mineiro, aprowando a lição de Profícua a sua atuação na Assembléia da Primeira
Sessão Ordinária.
Eleito
vice-presidente da Câmara, di.scutiu mo ções políticas, assuntos financeiros e
ferroviários, instrução pública e regimem municipal, disposições processuais referentes ao casamento civil, e à incons-
titucionalidade do imposto do consumo de mercadorias fora do Estado. Criticou
acerbamente, ao examinar o orçamento estadual, o fato de o relator ter orçado a receita antes de fixar a despesa, procesjá naquela época, tratadistas da ciência das finanças, como Fraficesco
Nitti, repeliam, por antiquado. Debaten
do tese semelhante, Sabino Banoso pro nuncia notável discurso.
projeto de organização judiciiuia, fêz°empolgante defesa do pa
pel do advogado na sociedade, tratado nas disposições da lei em elaboração com injustificável desconfiança, dando ate a impressão de que se considerava essa atividade profissional como incenti vo ao crime. Na decisão da Assembléia
prevaleceu o bom-senso.
Combateu disposição do regimento, imprópria de uma Câmara democrática 6 incompatível com a natureza do regimem; o tratámento obrigatório de
sertar sobre imposto territorial, em répli
ca a Camilo Prates, po.stou-se a seu lado para mellior aplaudi-lo e, desde ai,
Em Davi Campista, a voz e o gesto
tornou-se o maior de .seus admiradores
contribuíam para que as preleções, de
e o melhor dos amigos.
rigoroso cunho científico, proporcionas
fos buscava a doutrina.
A amizade daquele probo estadista não foi conquistada pela lisonja. Con quistou-a o mérito.
sem aos ouvintes inesquecíveis regalos espirituais. Professor não é sinônimo de sábio.
Fundada em Minas a Faculdade de
Ciências Jurídicas e Sociais, Afonso Pe na, o primeiro diretor, convidou-o para
membro da Congregação do novel esta belecimento.
João Mendes Júnior, filósofo tomista, processuabsta insuperável; Estêvão de Almeida, humanista profundo e civilista emérito, foram os nossos melhores jurisconsultos e não os nossos melhores pro-' fessôres.
O professor
João Mendes e Estevão de Almeida,
Davi Campista estava em dia cxím o Direito Público Americano. Os discursos
que proferiu na Assembléia de Minas
Gerais são preleções de Direito Consti tucional. Foram as credenciais para pro
fessor da referida disciplina na Faculda de do Direito de Ouro Preto. A Escola de Afonso Pena não tem a
tradição das de São Paulo e Recife. Os
.seus filhos espirituais só agora começam a galgar, na vida política e profissional,.
escrevendo Tratados, são hoje mestres de
os conhecimentos das modernas teorias
da filosofia permitiram traçar. Nesse trabalho, posteriormente- am pliado e inserto na "Revista da Faculda de de Direito de Belo Horizonte", com
o título "Introdução á Ciência do Direi
to", desenvolve, para os discípulos, a tese de que à reconstrução científica do Direito Público só nos leva o método constituía esse estudo do Método histó
rico e da teoria de Savigny, para a de
Professor, um José Bonifácio, o Moço,
que deu a um dos seus alunos, o franzi
objetivo da Sociologia. Crítica vigorosa dução de que a sociologia não se con funde com a história.
exata da grandeza da profissão a que ti
"Se a poucos, espíritos é dado desco brir verdades novas, todos podem vulga
nha abraçado, ao fazer a preleçao inau
rizá-las e facilitar-lhes o desemolvimen-
no e imberbe Rui Barbosa, a impressão
gural sòbre a "RetroatÍNudade das Leis".
to", são palawas de Carlos Cattaneo com
Profossôres, por exemplo, Dino Bue-
que encerra o brilhante trabalho, cuja
timo ou inconveniente. Mas a cortesia
a dos maiores intelectuais do País. Men
independe de qualquer texto legal.
des Pimentel, Edmundo Lins, João Luiz Alves, Davi Campista, Gastão da Cunha,
Cerqiieira,
gação, porém, ingressaram homens cuja
Ihering, que uma visão de sociólogo e
Direito.
cultura jurídica e política emparelha com
os postos de comando. Em sua Congre
"Reconstrução Científica do Direito"
ó síntese do panorama da ciência de
magistrados e juristas, e foram incom pletos para os iniciados na Ciência do
que se deveria impedir o tratamento ín
Campista concordava em
Não se aferrava aos textos legais. O
pensamento pairava alto, e nos filóso
no, João Monteiro e Almeida Nogueira, que .souberam despertar a curiosidade dos discípulos, com a fluência de uma palavra de encantadora magia.
Excelência.
mentando os romances e contos de Dos-
toiewsky, Anatole, Bourget, e assim não desmentiu, na arte da transmissão do pensamento, o aforismo de Voltaire, de que todo gênero literário é permitido,
Repercutiu no Rio o ge.sto de alti\ez dò
O dejjutado estadual
93
Digesto Econômico
Professor, um Luiz Barbosa da Cama
seu çolega na Assembléia
única falha talvez seja o excesso de ci tações.
Lecionou ainda Ciência das Finanças
e Economia Política. Dessas disciplinas,
porém, as melhores lições deu-as no re cinto cia Câmara Federal e os melhores
Em termos enérgicos, apoiado por to da a Câmara, protestou contra o ato de o Govêmo Federal nomear um Juiz
Afrânío de Melo Franco, Gonçalves Cha
Constituinte, que, na Faculdade de Di
alunas foram os parlamentares que ousa
ves, Rafael Magalhães, Afonso Pena Jú
reito de São Paulo, lecionou Direito Pe
ram enfrentá-lo nos debates sobre a
de Direito para a comarca de Caldas,
nior e Francisco Campos,
nal, ou mellior. Sociologia Criminal, co-
Caixa de Conversão.
citados ao
; ;.V
rn-
7
DiCESTU Ecünónuco
95
DrcESTO Econômico
ças, em cuja atuação os mineiros con
nal oiiropretano "O Estado de Minas",
ataques de uma violenta oposição, que
fiavam.
de que Antônio Olinto foi o rcdator-
Davi Campisla era dotado de onímcda capacidade do trabalho. Secretário da Viação f Agricultura, incentivou a or
não SC conformava com a adoção do impòsto territorial.
Reabilitar o crédito, equilibrar o or çamento, extinguir os ser\iços onerosos,
Contou-me um sou digno filho o in teressante episódio de que, estudante de
que sobrecarregassem os cofres do Es
ganizarão do ensino profis.siona); orien
curso ginasíal c fervoroso admirador de
cconómiee, a política salvadora.
tou os sennços da construção da nova
Capital, "a filha primogênita da Repú blica", no dizer de João Pinheiro; pro
Eça de Queirós, recebera de seu pai um
Governar, para o jovem administrador,
Con\"cncido de que o artigo de im prensa, "o comentáino diário", é, na pre cisa definição do jornalista italiano Cavalotti, o "momento que passa", não o
jornal e o pedido para ler o Eça numa questão de impostos. Tratava-se de um
não era lançar impostos nem contrair
assinava, e a sua coordenação é hoje
moveu o prolongamento das estradas de
assunto fiscal romantizado.
o homem de govôrno
ferro de Sapucaí e Muzambinho, ini ciando o ramal de Belo Horizonte. In
troduziu cinqüenta mil imigrantes ita lianos n6 Estado de Minas Gerais, obra de estadista que em Minas não teve con-
tinuadorcs. Em São Paulo realizaram po lítica idêntica, de fomento à coloniza
Lendo, no final, referências a Gêno
va, visitada a cada passo pelos guardas do fisco, verificou que o artigo fora da autoria de seu pai. Era uma nova fa ceta da sua privilegiada inteligência. Nesse período, escreveu "Consolida ção das Leis Fiscais", obra dc fôlego,
ção, Antônio Prado, no Império, e Bcrnardino de Campos, na República. A sua honestidade tocava às raias do
consultada com proveito até hoj'e em Minas. Afonso Pena prefaciou-a com os
inverossímil.
maiores encòmios, pois substituía com
Gustavo Pena, autor de um perfil, de
senhado com alma, do grande republica
no, conhecera-o em Gênova, onde exer
cia o cargo de Comissário de Emigração paia o Estado de Minas Gerais. Des
creve hábitos de go\'êrno, dignos de ser rememorados.
_''AcCijtecia-Ihe, às \'èzes, receber do
govêmo^de Minas Gerais um telegrama determinando penosa viagem a Londres, para oonferenciar com os Rottschilds, à
vantagem ao "Roteiro dos Exatorcs da
Fazenda Provincial",
dc Joaquim Ci-
príano Ribeiro.
Silviano Brandão, autor de uma famo
sa carta a Henrique Dinis, na qual, co mo Secretário do Interior, rcciisa\'a irre-
vogàvelmente a sua candidatura à presi
dência do Estado, pois não admitia que um secretário
sucedesse ao presidente
com quem servia, confessou, quatro anos
depois, cm. público, com aquela fran
Sorbonne, para falar com o profcskor
queza rude, apanágio da sua individua
Gorccix. E êle debitava ao Estado so
lidade, que, "se Campista não fôsse por lei incompatível, o elegeria seu sucessor,
mente a despesa da sua passagem; mas não a do leito no "wagon lit". "Cama é apenas comodidade, dizia-me êle, e o Estado não tem obrigação de me inde nizar por isso, que eu poderia dispensar. Passagem é gásto, indispensá\el despe
emitir êsse conceito. Minas atravessava
sa; cama é luxo somente."
fase delicada, quando Silviano assumiu
Foi o grande
por ter todos os predicados: honestíssi mo, trabalhador e de uma inteligência pouco vulgar",
chefe, Arinos, Sá e Calógcras, colaboradore? assíduos.
tado sem beneficiar o descnvobimcnto
empréstimos
ou praticar
quase impossível.
cortes cegos
Arquivados estão nos anais dos Con gressos os discursos e pareceres dc sua
nas despesas, matando as fontes de ali mentação permanente da riqueza pú
autoria. Eqüivale à afirmativa: inéditos para a geração atual. Ferreira Viana di zia: "Quem quiser guardar um segredo deve dá-lo à estampa no "Diário Oficial
blica.
Diminuir, pura c simplesmente, as
despesas c aumentar os impostos, seria a medida que um político de visão es
do Congresso".
treita pleitearia. Mas, não estaria à al tura do estadista. Governar c promover
os meios racionais, práticos e científicos da modificação dos processos agrícolas, incentivar a produção e a imigração, fa zer obra de fomento e não burocracia dos moldes lusitanos de mestre Chambão. Governar c, sobretudo, prever. Êsse, o seu objetivo de govêrno. Pesava sôbre as classes produtoras o
impôsto anticientífico da exportação. In fluenciado pelas idéias do líenry Geor-
gc, cuja obra clássica "Progresso e Mi
de ciência das finanças, matéria em que
era pontífice e cintilante expositor. Sc mãos beneditinas, porém, coligirem e sistematizarem a sua produção intelec tual, rica de ensinamentos doutrinários, desmentida há de ficar a teoria do Ba
rão de Ramalho de que só o íicro.im prime o sêlo da imortalidade. De difícil acesso são os discursos fo
ra da Câmara. Deveriam ser enfeixados
séria" estava nas primeiras edições, re
com aquôle título, com_Q..a-foram os de
organizou o sistema tributário do Esta do, com a substituição gradual daquele
impôsto pelo territorial. Bastaria esse feito, praticado e defen dido, com rara energia, dos rudes ata
ques de uma agremiação partidária, que se formou em Minas a fim de comba ter a reforn..;, para firmar os créditos de um verdadeiro homem de Estado.
Não lhe fez favor Silviano Brandão ao A obra I
secretário de Silviano
o govêmo; o café estava em bai.va e
Esparsa é a obra de Davi Campista.
Brandão c o jornalista que, pelas colu nas da imprensa mineira, o defendeu dos
deprimido o câmbio. Tarefa de Hércules
Emprestou o fulçor da sua pena ao jor-
precisaria ser a do Secretário das Finan-^
•
Afanosa atividade política, sem hia tos c soluções de continuidade, não lhe permitiu lazer para redigir um tratado
Alcindo Guanabara, príncipe do jorna
lismo, e o conferencista da "Dor". De maior interesse, o discurso, de Ciiráter histórico, que proferiu en\ Ouro Prêto, ao inaugurar-se o monumento a Tiradentes, na Praça da Independência, e o trabalho referente' aos recursos na turais, vias de comunicação, indústria e comércio e legislação do Estado de Mi nas Gerais, redigido em italiano, quando residia em Gênova.
Nenhum, porém, reflete melhor a vas tidão de sua cultura do que o discurso
rn-
7
DiCESTU Ecünónuco
95
DrcESTO Econômico
ças, em cuja atuação os mineiros con
nal oiiropretano "O Estado de Minas",
ataques de uma violenta oposição, que
fiavam.
de que Antônio Olinto foi o rcdator-
Davi Campisla era dotado de onímcda capacidade do trabalho. Secretário da Viação f Agricultura, incentivou a or
não SC conformava com a adoção do impòsto territorial.
Reabilitar o crédito, equilibrar o or çamento, extinguir os ser\iços onerosos,
Contou-me um sou digno filho o in teressante episódio de que, estudante de
que sobrecarregassem os cofres do Es
ganizarão do ensino profis.siona); orien
curso ginasíal c fervoroso admirador de
cconómiee, a política salvadora.
tou os sennços da construção da nova
Capital, "a filha primogênita da Repú blica", no dizer de João Pinheiro; pro
Eça de Queirós, recebera de seu pai um
Governar, para o jovem administrador,
Con\"cncido de que o artigo de im prensa, "o comentáino diário", é, na pre cisa definição do jornalista italiano Cavalotti, o "momento que passa", não o
jornal e o pedido para ler o Eça numa questão de impostos. Tratava-se de um
não era lançar impostos nem contrair
assinava, e a sua coordenação é hoje
moveu o prolongamento das estradas de
assunto fiscal romantizado.
o homem de govôrno
ferro de Sapucaí e Muzambinho, ini ciando o ramal de Belo Horizonte. In
troduziu cinqüenta mil imigrantes ita lianos n6 Estado de Minas Gerais, obra de estadista que em Minas não teve con-
tinuadorcs. Em São Paulo realizaram po lítica idêntica, de fomento à coloniza
Lendo, no final, referências a Gêno
va, visitada a cada passo pelos guardas do fisco, verificou que o artigo fora da autoria de seu pai. Era uma nova fa ceta da sua privilegiada inteligência. Nesse período, escreveu "Consolida ção das Leis Fiscais", obra dc fôlego,
ção, Antônio Prado, no Império, e Bcrnardino de Campos, na República. A sua honestidade tocava às raias do
consultada com proveito até hoj'e em Minas. Afonso Pena prefaciou-a com os
inverossímil.
maiores encòmios, pois substituía com
Gustavo Pena, autor de um perfil, de
senhado com alma, do grande republica
no, conhecera-o em Gênova, onde exer
cia o cargo de Comissário de Emigração paia o Estado de Minas Gerais. Des
creve hábitos de go\'êrno, dignos de ser rememorados.
_''AcCijtecia-Ihe, às \'èzes, receber do
govêmo^de Minas Gerais um telegrama determinando penosa viagem a Londres, para oonferenciar com os Rottschilds, à
vantagem ao "Roteiro dos Exatorcs da
Fazenda Provincial",
dc Joaquim Ci-
príano Ribeiro.
Silviano Brandão, autor de uma famo
sa carta a Henrique Dinis, na qual, co mo Secretário do Interior, rcciisa\'a irre-
vogàvelmente a sua candidatura à presi
dência do Estado, pois não admitia que um secretário
sucedesse ao presidente
com quem servia, confessou, quatro anos
depois, cm. público, com aquela fran
Sorbonne, para falar com o profcskor
queza rude, apanágio da sua individua
Gorccix. E êle debitava ao Estado so
lidade, que, "se Campista não fôsse por lei incompatível, o elegeria seu sucessor,
mente a despesa da sua passagem; mas não a do leito no "wagon lit". "Cama é apenas comodidade, dizia-me êle, e o Estado não tem obrigação de me inde nizar por isso, que eu poderia dispensar. Passagem é gásto, indispensá\el despe
emitir êsse conceito. Minas atravessava
sa; cama é luxo somente."
fase delicada, quando Silviano assumiu
Foi o grande
por ter todos os predicados: honestíssi mo, trabalhador e de uma inteligência pouco vulgar",
chefe, Arinos, Sá e Calógcras, colaboradore? assíduos.
tado sem beneficiar o descnvobimcnto
empréstimos
ou praticar
quase impossível.
cortes cegos
Arquivados estão nos anais dos Con gressos os discursos e pareceres dc sua
nas despesas, matando as fontes de ali mentação permanente da riqueza pú
autoria. Eqüivale à afirmativa: inéditos para a geração atual. Ferreira Viana di zia: "Quem quiser guardar um segredo deve dá-lo à estampa no "Diário Oficial
blica.
Diminuir, pura c simplesmente, as
despesas c aumentar os impostos, seria a medida que um político de visão es
do Congresso".
treita pleitearia. Mas, não estaria à al tura do estadista. Governar c promover
os meios racionais, práticos e científicos da modificação dos processos agrícolas, incentivar a produção e a imigração, fa zer obra de fomento e não burocracia dos moldes lusitanos de mestre Chambão. Governar c, sobretudo, prever. Êsse, o seu objetivo de govêrno. Pesava sôbre as classes produtoras o
impôsto anticientífico da exportação. In fluenciado pelas idéias do líenry Geor-
gc, cuja obra clássica "Progresso e Mi
de ciência das finanças, matéria em que
era pontífice e cintilante expositor. Sc mãos beneditinas, porém, coligirem e sistematizarem a sua produção intelec tual, rica de ensinamentos doutrinários, desmentida há de ficar a teoria do Ba
rão de Ramalho de que só o íicro.im prime o sêlo da imortalidade. De difícil acesso são os discursos fo
ra da Câmara. Deveriam ser enfeixados
séria" estava nas primeiras edições, re
com aquôle título, com_Q..a-foram os de
organizou o sistema tributário do Esta do, com a substituição gradual daquele
impôsto pelo territorial. Bastaria esse feito, praticado e defen dido, com rara energia, dos rudes ata
ques de uma agremiação partidária, que se formou em Minas a fim de comba ter a reforn..;, para firmar os créditos de um verdadeiro homem de Estado.
Não lhe fez favor Silviano Brandão ao A obra I
secretário de Silviano
o govêmo; o café estava em bai.va e
Esparsa é a obra de Davi Campista.
Brandão c o jornalista que, pelas colu nas da imprensa mineira, o defendeu dos
deprimido o câmbio. Tarefa de Hércules
Emprestou o fulçor da sua pena ao jor-
precisaria ser a do Secretário das Finan-^
•
Afanosa atividade política, sem hia tos c soluções de continuidade, não lhe permitiu lazer para redigir um tratado
Alcindo Guanabara, príncipe do jorna
lismo, e o conferencista da "Dor". De maior interesse, o discurso, de Ciiráter histórico, que proferiu en\ Ouro Prêto, ao inaugurar-se o monumento a Tiradentes, na Praça da Independência, e o trabalho referente' aos recursos na turais, vias de comunicação, indústria e comércio e legislação do Estado de Mi nas Gerais, redigido em italiano, quando residia em Gênova.
Nenhum, porém, reflete melhor a vas tidão de sua cultura do que o discurso
96
Digesto Econômico
de paraninfo aos bachurelandos do Gi násio Granber)', de Juiz de Fora. Sepultado nas coleções de um jornal
sublimidade dos conceito.s c encantamcnto de e.stilo, é éssc trecho do mimo so aquarelísta que a habilidade de ura
do interior, raros manusearam essa li
taquígrafo salvou do oK ido.
ção de sociologia, em que se casam o pensamento e a beleza da forma. Os problemas étnicos e políticos estão ex
planados com tal segurança que pode riam subscrevê-la na atualidade os res ponsáveis pelos nossos destinos. Verda
deiro testamento político, cuja elabora
ção honra a mentalidade brasileira, percebe-se-lhe a influência literária de Renan, o ídolo da sua geração. Desenvol
ve nesse trabalho o tema de que a consciência nacional e o principal fator de coesão do Estado Moderno e comba te a indiferença política. O caráter de uma nacionalidade é for
mado pela educação, o estribilho. Em síntese de mestre mostra a inanidade do preconceito racial. Não aceita o di
ploma que nos deram, de raça incom petente, de povo insuscetível de organi zação. Orgulhoso da sua terra, responde a Gustavo Le Bon, que não,admite o caráter modificado pela educação: Iro niza O trecho pejorativo, referente ao Brasil, do pensador francês. Combate a teoria do Conde de-Gobineau sobre a superioridade das raças brancas do nor te. Uma nova política educacional, eis o remédio.
Idealista, recusa a denominação de "século da engenharia" para o atual. Propõe a de "século da mutualidade". Pacifista, faz a apologia do arbitramento, percebido pelos albores de uma manhã benéfica. Mas declara que as Repúbli cas ideais são como as eshêlas na frase
de Bacon: estão altas demais para projetar luz. Acariciador para os ouvidos e de sua vidade balsâmica para os corações, pela
"A mais bem formada das almas va
cila frequcnlemcnte quando flagelada pelos desenganos c pelos sofrimentos. A resignação é, sem din'ida, uma vir
tude cristã; mas a dor profunda inspira a revolta, dita a represália e sufoca
Digf-stíi Econômico
97
quistardes o império sôbro \ós me.snio.s.
a "crayon" que desenhou dc Júlio Frank,
de opordcs ao cclicismo invasor c estéril a fé consóladora. a consciência nítida
o misterioso profc.ssor do Curso Anexo, cujo túmulo demora no claustro do ve
do.s \o«sos dewrc.s, a solidez in(ju(bran-
lho Con\ ento dc São Francisco. Em Gê
tável das \os.sa.s virtudes cí\icas. Má de
nova, oiido fixaiu moradia, no pôsto de
salvar-\'0s a fé, a fé religiosa, a fé moral profunda, a fé no futuro giandioso des
Comis.sário dc Emigração, o pas.satcinpo desse colorista do pincel era copiar qua dros que alugava, com sacrifício, dos museus, mediante fortes garantias. Com as suUleZiis da sua palheta, amava Ingrcs o os clássicos da pintura francesa,
ta pátria, na solidariedade humana pa ra o bem.
A fé religio.sa é o melhor dos bálsa-
o perdão.
mos para as feridas morais, a mais pura
Quantas vêzes, na vossa vida de lio, mens e de cidadãos, tereis de sorver o
consolação que aós sofrimentos se depara.
fcl das injListíça.s mais amargas, de emu lações pèrfidamente interesseiras, de pro vações cruciantes a que tereis de impor silêncio, que tanto mais sangram quanto menos se revelam.
Comò homens públicos, o vosso pa triotismo mais sincero há de ser visto através dos vossos interêsses reais ou su
Para a doce figura de Cristo, imagem as nações
cuja
já ele\'am no cimo
das suas fronteiras como um símbolo de
fraternidade, convergem o olhar nubla do de tôdas as angústías, o fervor do to das as súplicas, o alvorôço de tôdas as
decorou a sala de música da sua resi
dência, com alma de esteta. Os pai néis dessa casa, hoje transformada em escola pública, representam as quatro
almas agitadas — dos humildes aos po
estações e as horas do dia. Um quadro de concepção sua, "A cabeça de Agar",
derosos, emparelhados na dor, nivelados pelas lágrimas."
orna a sala de visita da vivenda de Afonso Pena.
postos; as vossas intenções desfiguradas
pela malícia; os vossos atos interpreta dos desfavorávelmente pela exegese so fistica da política subalterna. Se fôrdes fracos no manejo de armas
como Davi e Gerard. Em Belo Horizon
te, apro\'eitando as férias parlamentares,
Exímio virtuose de Bach e primoroso O artista
desenhi.sta era Ratlienau,
o construtor-
da Nova Alemanha. Famoso concertista
Davi Campista era requintadameníe civilizado. Trajava-se com apuro. Com o
de piano era Paderewsky, quando se elegeu presidente da República da Po
iguais às que vos ferem, sereis abando
monóculo irreverente, os seus traços fi
lônia. I-Ierriot, em França, vitorioso, em
nados como inúteis, porque é preciso eliminar os fracos. E' o realismo trágico que a ordem natural impõe e até a
sionômicos Queirós.
Beethoven uma obra clássica, superior
lembram
os de
Eça de
plena ascensão política, escreve sobre
Fidalgas, as maneiras. Variada e mo derna, a cultura. Maleável e vivíssima,
no gênero às de Romain RoUand, Vi cente Indy e Emil Ludwig, sentindo
a inteligência.
nos versos de Schiller, que constituem o
rania dos inferiores, vereis colear em tôr-
Executava ao piano as composições de Beethoven, Mozart e Chopin. Apaixona
no do vosso renome a serpente do des peito e misturar a sua peçonha com o
motivo da nona sinfonia, o programa de ação dos homens que ainda crêem no
do dos autores românticos, idolatrava o "Gênio de Bohn", iiTÍvalizável na so
Campista fora um inadaptado, porque se
vo.sso esforço.
nata, no quarteto e na sinfonia. A natureza, que lhe foi pródiga, fê-lo
revelara artista do som e da côr. ..
ainda pintor. Quando estudante de Di
patíveis, exclamavam os botocudos que não podiam compreender a sensibilida de daquele apaixonado de Ruskin. Era, entretanto, o político mineiro o modêlo da perfeição humana com que Renan sonhava. O liomem perfeito se-
ciência justifica.
Se tiverdes mérito e puderdes subir além daquilo a que se chamou a sobe
E a.ssim, sob a superfície calma das aparências, parecendo que transpirais a felicidade e o orgullio dos vossos tríunfos, ocultareis um coração dilacerado, uma alma opressa que lentamente se ensombra na dúvida e no desgosto.
gadas paulistas. De contemporâneos da
E' o momento de reagirdes, de leçon-
fase acadêmica, era conhecido o letrato
reito, recebeu, em São Paulo, lições de
Almeida Júnior, o paisagista do sertão,
em cujas telas há o frescor das madru
Amor o na Bondade. No Brasil, Daxn
Arte pura e administração são incom
96
Digesto Econômico
de paraninfo aos bachurelandos do Gi násio Granber)', de Juiz de Fora. Sepultado nas coleções de um jornal
sublimidade dos conceito.s c encantamcnto de e.stilo, é éssc trecho do mimo so aquarelísta que a habilidade de ura
do interior, raros manusearam essa li
taquígrafo salvou do oK ido.
ção de sociologia, em que se casam o pensamento e a beleza da forma. Os problemas étnicos e políticos estão ex
planados com tal segurança que pode riam subscrevê-la na atualidade os res ponsáveis pelos nossos destinos. Verda
deiro testamento político, cuja elabora
ção honra a mentalidade brasileira, percebe-se-lhe a influência literária de Renan, o ídolo da sua geração. Desenvol
ve nesse trabalho o tema de que a consciência nacional e o principal fator de coesão do Estado Moderno e comba te a indiferença política. O caráter de uma nacionalidade é for
mado pela educação, o estribilho. Em síntese de mestre mostra a inanidade do preconceito racial. Não aceita o di
ploma que nos deram, de raça incom petente, de povo insuscetível de organi zação. Orgulhoso da sua terra, responde a Gustavo Le Bon, que não,admite o caráter modificado pela educação: Iro niza O trecho pejorativo, referente ao Brasil, do pensador francês. Combate a teoria do Conde de-Gobineau sobre a superioridade das raças brancas do nor te. Uma nova política educacional, eis o remédio.
Idealista, recusa a denominação de "século da engenharia" para o atual. Propõe a de "século da mutualidade". Pacifista, faz a apologia do arbitramento, percebido pelos albores de uma manhã benéfica. Mas declara que as Repúbli cas ideais são como as eshêlas na frase
de Bacon: estão altas demais para projetar luz. Acariciador para os ouvidos e de sua vidade balsâmica para os corações, pela
"A mais bem formada das almas va
cila frequcnlemcnte quando flagelada pelos desenganos c pelos sofrimentos. A resignação é, sem din'ida, uma vir
tude cristã; mas a dor profunda inspira a revolta, dita a represália e sufoca
Digf-stíi Econômico
97
quistardes o império sôbro \ós me.snio.s.
a "crayon" que desenhou dc Júlio Frank,
de opordcs ao cclicismo invasor c estéril a fé consóladora. a consciência nítida
o misterioso profc.ssor do Curso Anexo, cujo túmulo demora no claustro do ve
do.s \o«sos dewrc.s, a solidez in(ju(bran-
lho Con\ ento dc São Francisco. Em Gê
tável das \os.sa.s virtudes cí\icas. Má de
nova, oiido fixaiu moradia, no pôsto de
salvar-\'0s a fé, a fé religiosa, a fé moral profunda, a fé no futuro giandioso des
Comis.sário dc Emigração, o pas.satcinpo desse colorista do pincel era copiar qua dros que alugava, com sacrifício, dos museus, mediante fortes garantias. Com as suUleZiis da sua palheta, amava Ingrcs o os clássicos da pintura francesa,
ta pátria, na solidariedade humana pa ra o bem.
A fé religio.sa é o melhor dos bálsa-
o perdão.
mos para as feridas morais, a mais pura
Quantas vêzes, na vossa vida de lio, mens e de cidadãos, tereis de sorver o
consolação que aós sofrimentos se depara.
fcl das injListíça.s mais amargas, de emu lações pèrfidamente interesseiras, de pro vações cruciantes a que tereis de impor silêncio, que tanto mais sangram quanto menos se revelam.
Comò homens públicos, o vosso pa triotismo mais sincero há de ser visto através dos vossos interêsses reais ou su
Para a doce figura de Cristo, imagem as nações
cuja
já ele\'am no cimo
das suas fronteiras como um símbolo de
fraternidade, convergem o olhar nubla do de tôdas as angústías, o fervor do to das as súplicas, o alvorôço de tôdas as
decorou a sala de música da sua resi
dência, com alma de esteta. Os pai néis dessa casa, hoje transformada em escola pública, representam as quatro
almas agitadas — dos humildes aos po
estações e as horas do dia. Um quadro de concepção sua, "A cabeça de Agar",
derosos, emparelhados na dor, nivelados pelas lágrimas."
orna a sala de visita da vivenda de Afonso Pena.
postos; as vossas intenções desfiguradas
pela malícia; os vossos atos interpreta dos desfavorávelmente pela exegese so fistica da política subalterna. Se fôrdes fracos no manejo de armas
como Davi e Gerard. Em Belo Horizon
te, apro\'eitando as férias parlamentares,
Exímio virtuose de Bach e primoroso O artista
desenhi.sta era Ratlienau,
o construtor-
da Nova Alemanha. Famoso concertista
Davi Campista era requintadameníe civilizado. Trajava-se com apuro. Com o
de piano era Paderewsky, quando se elegeu presidente da República da Po
iguais às que vos ferem, sereis abando
monóculo irreverente, os seus traços fi
lônia. I-Ierriot, em França, vitorioso, em
nados como inúteis, porque é preciso eliminar os fracos. E' o realismo trágico que a ordem natural impõe e até a
sionômicos Queirós.
Beethoven uma obra clássica, superior
lembram
os de
Eça de
plena ascensão política, escreve sobre
Fidalgas, as maneiras. Variada e mo derna, a cultura. Maleável e vivíssima,
no gênero às de Romain RoUand, Vi cente Indy e Emil Ludwig, sentindo
a inteligência.
nos versos de Schiller, que constituem o
rania dos inferiores, vereis colear em tôr-
Executava ao piano as composições de Beethoven, Mozart e Chopin. Apaixona
no do vosso renome a serpente do des peito e misturar a sua peçonha com o
motivo da nona sinfonia, o programa de ação dos homens que ainda crêem no
do dos autores românticos, idolatrava o "Gênio de Bohn", iiTÍvalizável na so
Campista fora um inadaptado, porque se
vo.sso esforço.
nata, no quarteto e na sinfonia. A natureza, que lhe foi pródiga, fê-lo
revelara artista do som e da côr. ..
ainda pintor. Quando estudante de Di
patíveis, exclamavam os botocudos que não podiam compreender a sensibilida de daquele apaixonado de Ruskin. Era, entretanto, o político mineiro o modêlo da perfeição humana com que Renan sonhava. O liomem perfeito se-
ciência justifica.
Se tiverdes mérito e puderdes subir além daquilo a que se chamou a sobe
E a.ssim, sob a superfície calma das aparências, parecendo que transpirais a felicidade e o orgullio dos vossos tríunfos, ocultareis um coração dilacerado, uma alma opressa que lentamente se ensombra na dúvida e no desgosto.
gadas paulistas. De contemporâneos da
E' o momento de reagirdes, de leçon-
fase acadêmica, era conhecido o letrato
reito, recebeu, em São Paulo, lições de
Almeida Júnior, o paisagista do sertão,
em cujas telas há o frescor das madru
Amor o na Bondade. No Brasil, Daxn
Arte pura e administração são incom
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0''^ Digeòto Econômico
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99
Dicfsto EconVjmicc)
ria, para o autor de "L A\'cnir de Ia Science", aquele que fôssc a um tempo poeta, filósofo, sábio e homem virtuoso. Davi era uma cultura-integral,
por
que, seudo um finíssimo homem de le tras, não lhe faltava o senso prático no
tocante às coisas públicas. Conhecia Homero como Conan Doyle, escreveu João do Rio. Citava os econoniista.s corno
os poetas. Era Voltaire na pele de Macleod e na de I-ord Reaconsfield. Encon
trava em Disraeli, o estadista inglês des cendente de judeus portugueses, o tipo
O parlanicnlar Elclrizado eslava o ambiente da Câ
mara dos Deputadn.s c-m torno de um reconhecimento de poderes c ciaia einoci(inant(; acabava de se passar.
José Augusto de Freitas, orador con sumado,
afeit{) às lides parlamentares,
a:) arguir de inelegível um candidato mi neiro, dcelanm, num rasgo dc paixão,
(pie esmagaria com lógica de ferro quem ousasse defender as' eleições que estava
impugnando.
Floriuno, compiistara no ParlanK^nlo ga
"folhetins falados" essas orações de ful
lões de mareciial.
gurante espiritualidade.
Descreveu-me a Smprc.ssão do seu atordoainento,
ao assistir à estréia de
Campista, o palestradov adorável que é
dcsamente a sua verve, a doce e suave
Elói Chaves. Moço, cheio de ambições, desconhecendo o meio federal, leve,
ironia de que fala Proudhon. Em tom de p.ileslra, chistosa e jovial, mas não brejeira, é vazada toda a oração, entre-
disse-me éle, uma sensação de inferio ridade intelectual. Procurou, à tarde, o
Presidente da República, o grande. Ro
drigues Alves, para manife.slar-lhe não só o sou entusiasmo dc homem público
Nos humoristas da Velha Albion, apren
Mal acabava de pronuneiar estas pala vras — o episódio é rememorado por
deu a usar luvas nas garras para desnor
Edmundo Lins ~ da bancada mineira
pelo vitorioso do dia, como a descrença de poder medir com êxito, .sc preciso fôssc, com aquêlc jovem (pie sc revelara
rcmpia um grito: "Não esmaga, não.
tão adestrado na tribuna.
de homem público da sua admiração.
tear o adversário.
Peço a palavra".
Palestrava, fagulhando apólt)go.s e pa radoxos. Possuía o que só a Civilização dá aos privilegiados: o dom de dizer coi
díviraram, estupefatos, de pé, um moço
sas graves como se dissesse coisas frivo-
magro, pálido, de olhos grandes e mui
las, ao inverso do que acontece com os medíocres, que proferem palavras ba nais como
se estivessem
transmitindo
pensamentos à altura de um Pascal.
Como todo aquele que respeita a es
"Pura lá dirigiram todos os olhares e to brilhantes. Era o doutor João Luiz
Alves, que vinha do ser reconhecido.
Empolgante e delirantemente aplaudi do, o discurso de João Luiz.
Num esforço dest.sperado, tentou no
Sucesso não menor alcança Davi Cam
pista, dias após, ao enfrentar Érico Coe lho. "Campista não pode falar por últi mo. Pelo encantamento da palavra e o
brilho dos seus paradoxos, consegue fa cilmente a vilói.a para a cau.sa que de fende", foi a exclamação do ilustre flu minense, registada pelos anais, ao sentir o terreno fugir-lhe aos pés. Testemunha dos seus triunfos, Caló-
pécie e o próprio eu, comentou o deli cioso cioni.sta da Cidade do Rio, era um
va investida o grande baiano. Não esta va em jogo um tema que despertasse
gera.s, que não era da sua intimidade,
elegante como Chambeiiain e Deschanel,
grande interesse humano. Os reconheci mentos de poderes, costumava dizer
razãc, que os discursos de Campista,
Êrico Coelho, oram no Brasil duelo en
como os de Cladstone e os de Poincaré,
tro papéis falsos. O torneio espiritual se agigantara pelo valor dos contendores.
eram ouvidos c" no peças litcvávias, nas
e o seu nome conhecido dos alfaiates de Eduardo VII.
Escreveu Ludwig que Ma.sarik era o
homem que melhor se vestia no parla mento austríaco. No Rrasil, nem Gastão
londonianas, lhe disputava o bastão de
A solidaricdac.. a um amigo obriga a ocupar a tribuna um novo titã, cuja voz ainda não se tinha feito ouvir naquele
ser o Brummel da sua cppca.
recinto.
da Cunha, com as sobrecasacas cinzas
Artista da palavra, dos maiore.s do seu tempo. Gesto moderado, dicção cla ra e perfeita, frasq límpida e escorreita, revestia o pen.samento das galas do es
tilo. Jamais empregava o varapau. O fiorete era a sua arma.
Repi-oduziu-se o milagre bíblico: o novo Davi trazia pedras na funda. Sem o menor esforço aparente, com pureza
notável
de linha intelectual e moral,
Davi Campista levou dc vencida ao te mível "FrcitinliasP, que, na (Iqxica de
Ao discutir de uma feita o orçamento
do Exterior, Barbosa Lima sofreu impic-
ao traçar-lhe o perfil,
afirmou, com
corlada de aplausos. Na tribuna era o mesmo "causeur", de
trato encantador, que brilhava nos sa lões da alta sociedade carioca. DispoinJo da menuaia dc um
Heitor le Snusii,
nesse discurso, defesa cabal da nossa di
plomacia, o paradoxal Davi Campista _ reproduziu dc cor longas citações. Caus-
licando o emprego da palavra "cidadão" :s documentos oficiais, lega à literatura
política páginas que ,são maravilhus de filigranas.
Em plano igual, discutindo lema idên tico, Castão da Cunha, na se.ssão se
guinte. ridiculariza os positivistas, rui dosamente aplaudido.
Defendendo a legitimidade da substi tuição d« nome de Silva Paranhns pelo' • dc Rio Branco, acerbamente ci ideada pelos comtistas, Gastão fêz liumonmio,
enriípiecendo os anais com trechos anto lógicos à Charles Diokens. Viveu o Parlamento os melliores dias. C discurso em defesa da vacina obrí-
quais a fonna burilada vestia um arca
gat('vria foi um acontecimento. Gracioso e
bouço da melhor precisão técnica e ri
ievc. erudito e cintilante, discutiu o
gidez do ciência. Calógeras admirava
problema como se fora méu.oo ou fi
como Davi Campista, que possuía uma
lósofo.
compreensão tão profunda desses estu
Ouvindo êsse encantador folhetim,
dos áridos, pudesse descobrir-lhes tanta
Germano Haslocher, que o admirava, ex
essência de beleza.
clamou: "Vossa Excelência no assunto ê
Foi no Parlamento brasileiro o criador
de um delidos gênero de oratória, que
lhe permitia borboletear sobre os mais complexo e intrincados assuntos. A im prensa, com propriedade, denominou de
úm Santos Diimont". Seguro da sua .su- . perioridadc, Davi Campista perguntoulhe imediatamente: "Vou pelos aves?".
Interrogação de fina ironia para com os fanáticos de Comte, que tentavam eu-
wm
0''^ Digeòto Econômico
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Dicfsto EconVjmicc)
ria, para o autor de "L A\'cnir de Ia Science", aquele que fôssc a um tempo poeta, filósofo, sábio e homem virtuoso. Davi era uma cultura-integral,
por
que, seudo um finíssimo homem de le tras, não lhe faltava o senso prático no
tocante às coisas públicas. Conhecia Homero como Conan Doyle, escreveu João do Rio. Citava os econoniista.s corno
os poetas. Era Voltaire na pele de Macleod e na de I-ord Reaconsfield. Encon
trava em Disraeli, o estadista inglês des cendente de judeus portugueses, o tipo
O parlanicnlar Elclrizado eslava o ambiente da Câ
mara dos Deputadn.s c-m torno de um reconhecimento de poderes c ciaia einoci(inant(; acabava de se passar.
José Augusto de Freitas, orador con sumado,
afeit{) às lides parlamentares,
a:) arguir de inelegível um candidato mi neiro, dcelanm, num rasgo dc paixão,
(pie esmagaria com lógica de ferro quem ousasse defender as' eleições que estava
impugnando.
Floriuno, compiistara no ParlanK^nlo ga
"folhetins falados" essas orações de ful
lões de mareciial.
gurante espiritualidade.
Descreveu-me a Smprc.ssão do seu atordoainento,
ao assistir à estréia de
Campista, o palestradov adorável que é
dcsamente a sua verve, a doce e suave
Elói Chaves. Moço, cheio de ambições, desconhecendo o meio federal, leve,
ironia de que fala Proudhon. Em tom de p.ileslra, chistosa e jovial, mas não brejeira, é vazada toda a oração, entre-
disse-me éle, uma sensação de inferio ridade intelectual. Procurou, à tarde, o
Presidente da República, o grande. Ro
drigues Alves, para manife.slar-lhe não só o sou entusiasmo dc homem público
Nos humoristas da Velha Albion, apren
Mal acabava de pronuneiar estas pala vras — o episódio é rememorado por
deu a usar luvas nas garras para desnor
Edmundo Lins ~ da bancada mineira
pelo vitorioso do dia, como a descrença de poder medir com êxito, .sc preciso fôssc, com aquêlc jovem (pie sc revelara
rcmpia um grito: "Não esmaga, não.
tão adestrado na tribuna.
de homem público da sua admiração.
tear o adversário.
Peço a palavra".
Palestrava, fagulhando apólt)go.s e pa radoxos. Possuía o que só a Civilização dá aos privilegiados: o dom de dizer coi
díviraram, estupefatos, de pé, um moço
sas graves como se dissesse coisas frivo-
magro, pálido, de olhos grandes e mui
las, ao inverso do que acontece com os medíocres, que proferem palavras ba nais como
se estivessem
transmitindo
pensamentos à altura de um Pascal.
Como todo aquele que respeita a es
"Pura lá dirigiram todos os olhares e to brilhantes. Era o doutor João Luiz
Alves, que vinha do ser reconhecido.
Empolgante e delirantemente aplaudi do, o discurso de João Luiz.
Num esforço dest.sperado, tentou no
Sucesso não menor alcança Davi Cam
pista, dias após, ao enfrentar Érico Coe lho. "Campista não pode falar por últi mo. Pelo encantamento da palavra e o
brilho dos seus paradoxos, consegue fa cilmente a vilói.a para a cau.sa que de fende", foi a exclamação do ilustre flu minense, registada pelos anais, ao sentir o terreno fugir-lhe aos pés. Testemunha dos seus triunfos, Caló-
pécie e o próprio eu, comentou o deli cioso cioni.sta da Cidade do Rio, era um
va investida o grande baiano. Não esta va em jogo um tema que despertasse
gera.s, que não era da sua intimidade,
elegante como Chambeiiain e Deschanel,
grande interesse humano. Os reconheci mentos de poderes, costumava dizer
razãc, que os discursos de Campista,
Êrico Coelho, oram no Brasil duelo en
como os de Cladstone e os de Poincaré,
tro papéis falsos. O torneio espiritual se agigantara pelo valor dos contendores.
eram ouvidos c" no peças litcvávias, nas
e o seu nome conhecido dos alfaiates de Eduardo VII.
Escreveu Ludwig que Ma.sarik era o
homem que melhor se vestia no parla mento austríaco. No Rrasil, nem Gastão
londonianas, lhe disputava o bastão de
A solidaricdac.. a um amigo obriga a ocupar a tribuna um novo titã, cuja voz ainda não se tinha feito ouvir naquele
ser o Brummel da sua cppca.
recinto.
da Cunha, com as sobrecasacas cinzas
Artista da palavra, dos maiore.s do seu tempo. Gesto moderado, dicção cla ra e perfeita, frasq límpida e escorreita, revestia o pen.samento das galas do es
tilo. Jamais empregava o varapau. O fiorete era a sua arma.
Repi-oduziu-se o milagre bíblico: o novo Davi trazia pedras na funda. Sem o menor esforço aparente, com pureza
notável
de linha intelectual e moral,
Davi Campista levou dc vencida ao te mível "FrcitinliasP, que, na (Iqxica de
Ao discutir de uma feita o orçamento
do Exterior, Barbosa Lima sofreu impic-
ao traçar-lhe o perfil,
afirmou, com
corlada de aplausos. Na tribuna era o mesmo "causeur", de
trato encantador, que brilhava nos sa lões da alta sociedade carioca. DispoinJo da menuaia dc um
Heitor le Snusii,
nesse discurso, defesa cabal da nossa di
plomacia, o paradoxal Davi Campista _ reproduziu dc cor longas citações. Caus-
licando o emprego da palavra "cidadão" :s documentos oficiais, lega à literatura
política páginas que ,são maravilhus de filigranas.
Em plano igual, discutindo lema idên tico, Castão da Cunha, na se.ssão se
guinte. ridiculariza os positivistas, rui dosamente aplaudido.
Defendendo a legitimidade da substi tuição d« nome de Silva Paranhns pelo' • dc Rio Branco, acerbamente ci ideada pelos comtistas, Gastão fêz liumonmio,
enriípiecendo os anais com trechos anto lógicos à Charles Diokens. Viveu o Parlamento os melliores dias. C discurso em defesa da vacina obrí-
quais a fonna burilada vestia um arca
gat('vria foi um acontecimento. Gracioso e
bouço da melhor precisão técnica e ri
ievc. erudito e cintilante, discutiu o
gidez do ciência. Calógeras admirava
problema como se fora méu.oo ou fi
como Davi Campista, que possuía uma
lósofo.
compreensão tão profunda desses estu
Ouvindo êsse encantador folhetim,
dos áridos, pudesse descobrir-lhes tanta
Germano Haslocher, que o admirava, ex
essência de beleza.
clamou: "Vossa Excelência no assunto ê
Foi no Parlamento brasileiro o criador
de um delidos gênero de oratória, que
lhe permitia borboletear sobre os mais complexo e intrincados assuntos. A im prensa, com propriedade, denominou de
úm Santos Diimont". Seguro da sua .su- . perioridadc, Davi Campista perguntoulhe imediatamente: "Vou pelos aves?".
Interrogação de fina ironia para com os fanáticos de Comte, que tentavam eu-
Dicesto Econômico
100
volve-lo num cipoal de objeções, tôdas destruídas pela sua lógica. Interpelado por um colega positivista
graça que lhe é peculiar, o interessante memoríalista Joaquim Sales.
se conhecia as idéias do autor que aca bava de citar, respondeu com mordacidade; "Sou de uma profunda ignorân
valcanti, que mancla\'a suprimir a nos sa Icgação junto à Santa Sé, para não
cia, mas nfio temo discuti-las com o meu
aparteante". Ágil, perante o auditório enlevado, fere o contender com o florete
acerado. Profere êste conceito irrespon
Ao analisar a emenda de Tomaz Ca
contrariar o espírito da Constituição de 24 de fevereiro, Davi Campista, girando o monóculo, como era de seu hábito, disse sorridente: "Eu também sou posi
Dic;ESTr> Econômico
do Parlamento como delegado do Brasil
rio feito pelas suas vozes é uma harmo nia para os seus ouvidos, e porque é Sobre impostos inlovcstadiiaus, tema. naluiul que eles, entusiasmados pela bri que pro\-ocou, na Câmara dos Deputa lhante peça oratória, a que acabam de dos, violentas explosüe.s de .sentimento regionalista, Davi Campista prodir/iu uma das mais interessantes monografias
espírito deverá ter deixado esse memo-
rá\el discurso, proferido por um orador- ,
O jurista não pediu meças ao finan
à ação do Estado, A liberdade será uma
Tomaz Cavalcanti. Desnorteante, a res
de que não é neec.ssária a con\ocação de uma Assembléia Constituinte para
fantasia porque a ciência aceita o deter
posta: "Mais feliz do que Vossa Exce
reformar a Constituição.
verso que desmorona".
O conflito da liberdade espiritual com os devcres do Estado é analisado com
sutileza. E a propósito da moral relativa, cita um exemplo corriqueiro: "Um per feito cavalheiro, incapaz da menor in-
delicadeza, nos atos da vida comum, pode ser capaz das mais estrondosas pa/lifarias eleitorais. Relatividade freqüen te das coisas".
Estuda os elementos componentes de uma religião; dogma, moral e culto. Em relação ao dogma, o Estado não exerce
ação. Quanto à moral e o culto exerci dos no mimdo exterior,. Campista admi te a intervenção do Estado, que mutila a liberdade religiosa. Campista adotava a divisa de Disraeli: "O problema da saúde pública supe ra a todos os problemas sociais" e con
cluía que infelizmente o "não pode" é a cristalização da democracia indígena.
lência, que leu, não entendeu e ficou
do superior valia, uma sereia que seduz,
cista. Abordou oportunas teses de Direi to Constitucional, como, por. exemplo, a
atrai e encanta.
Campista, que vem mostrar que até àquelas alcantis vão ter as boas idéias,
levadas nas asas da viração marítima, de
A Constituinte, assim a julgava, não
E' uma
sereia mineira, o sr. Davi
modo a crescerem, engrandécerem-se,
fanático".
é uma assembléia, é uma função. E' in
bonificarem-se...
"Legação do Vaticano", "Crédito Agrícola", "Convênio de Taubaté", ora
diferente que seja exercida por uma as sembléia especial ou pelo Congi-esso em
ções que empolgaram os ouvintes, hauri-
seus trabalhos ordinários. A condição é
múrio que se ouvia no recinto, e que o não afligia, pois outro rumor, o de sinos, que vinha do exterior, esse, sim, poderia
das como foram nas lições dos melhores
que essa função seja expressamente co
impedi-lo de ser ouvido e não o que
tratadístas do Direito Internacional e da
metida ao Congresso.
significava um côro de aplausos ao elo- ^
Ciência das Finanças.
Campista não era católico militante,
mas entendia ser de vantajosa política a representação do Brasil junto ac Che fe da Cristandade. O "Convênio de Taubaté" ou "Valo
rização do Café" foi um acordo cele
brado pelos três Estados, São Paulo, Minas Gerais e Rio de Janeiro, com o fito de se adotarem medidas que impe dissem a baixa do café e garantissem ao fazendeiro preço compensador. Baixa que era devida à crise da superprodução
e da anárquica situação da nossa moeda. Campista foi o maior defensor dessa política, pleiteada com tanto calor pelas classes produtoras de São Paulo. Na Cai
Era natural o mur
Apresentado e aprovado um projeto de
quente orador que, como o seu homô- M
reforma da Constituição, os congressis tas, na hora determinada para o discu tirem, inveslir-se-ão nas atribuições de constituintes, não sendo px^ecisa a con
nimo — Davi — está destinado a vencer ^
vocação de uma assembléia especial.
campos, tudo de acôrdo com o seu ilus
Campista costumava dizer com ironia,
gigantes, combatendo-os com a funda da lógica, arrebatando o auditório conr
todos os perfumes que embalsamani os apoiados). A reforma do Banco do Brasil, conhe
feito de uma lei brasileira era ser incons
cida como Refonna Da\'i Campista,
titucional, por haver sempre recurso pa
proporcionou-Uie o ensejo de no\'OS triunfes, medindo-se com parlamentares da estatura de um Calógeras, de um
ra o Supremo Tribunal Federal, ao pas so que contra a sua inconveniência nada se pode fazer. Em geral, só se cumpriam as leis de efeito pemicio.so...
Barbosa Lima e de um Brício Filho.
Memorá\'eis foram os discursos sobre
xa de Conversão estava o coroamento da
buna João Neiva, deputado pela Baía. As palavras iniciais que profere fotogra
obra de defesa do ouro do Brasil que
fam o ambiente da Câmara, eletrizado
é o café.
pelo verbo de Davi Campista: "Depois de agradecer ao senhor Presidente ter despertado a atenção dos seus colegas, o que não era preciso, porque o murmú
a nova lei nionetana, também impugna da por Joaquim Murtinho e Leopoldo de Bulhões, alcançou Davi Campista re-
Calógeras, adversário de determinadas
memorável a Câmara
cláusulas do Convênio, não o discutiu,
porque estava temporàriamente afastado
Cessados os aplausos, sucede-o na tri
,
tre nome — Davi Campista!" (Muitos
um parecer da Receita, que o menor de
e Peixoto remenrorou o fato ao discutir
a Caixa de Conversão. Enfrentando^ os maiores legisladores, Barbosa Lima, Serzedelo Correia, Alcindo Guanabara, Mi guel Calraon, Artur Orlando, .Afonso
embevecida presenciou. Narrou-a, com a
A outra cena
assistir, trocassem idéias a êsSe respeito
e .sob a impressão profunda que em seu
no gênero.
as divergências científicas para opô-las minismo em seus domínios; a igualdade desaparecerá porque a seleção e o pro gresso baseiam-se justamente nas desi gualdades naturais e adquiridas; a fra ternidade foi morta nos combates impie dosos do "struggle for life". E' o uni
-
à Conferência Pan-Americanu.
tivista, se bem que positivista azul". "E' positivista, mas nunca leu Au gusto Comte", aparteou, com estrondo,
dível; "Nada mais e.xistirá se tomarmos
101
Costa, que combateram desabridamente
,
Dicesto Econômico
100
volve-lo num cipoal de objeções, tôdas destruídas pela sua lógica. Interpelado por um colega positivista
graça que lhe é peculiar, o interessante memoríalista Joaquim Sales.
se conhecia as idéias do autor que aca bava de citar, respondeu com mordacidade; "Sou de uma profunda ignorân
valcanti, que mancla\'a suprimir a nos sa Icgação junto à Santa Sé, para não
cia, mas nfio temo discuti-las com o meu
aparteante". Ágil, perante o auditório enlevado, fere o contender com o florete
acerado. Profere êste conceito irrespon
Ao analisar a emenda de Tomaz Ca
contrariar o espírito da Constituição de 24 de fevereiro, Davi Campista, girando o monóculo, como era de seu hábito, disse sorridente: "Eu também sou posi
Dic;ESTr> Econômico
do Parlamento como delegado do Brasil
rio feito pelas suas vozes é uma harmo nia para os seus ouvidos, e porque é Sobre impostos inlovcstadiiaus, tema. naluiul que eles, entusiasmados pela bri que pro\-ocou, na Câmara dos Deputa lhante peça oratória, a que acabam de dos, violentas explosüe.s de .sentimento regionalista, Davi Campista prodir/iu uma das mais interessantes monografias
espírito deverá ter deixado esse memo-
rá\el discurso, proferido por um orador- ,
O jurista não pediu meças ao finan
à ação do Estado, A liberdade será uma
Tomaz Cavalcanti. Desnorteante, a res
de que não é neec.ssária a con\ocação de uma Assembléia Constituinte para
fantasia porque a ciência aceita o deter
posta: "Mais feliz do que Vossa Exce
reformar a Constituição.
verso que desmorona".
O conflito da liberdade espiritual com os devcres do Estado é analisado com
sutileza. E a propósito da moral relativa, cita um exemplo corriqueiro: "Um per feito cavalheiro, incapaz da menor in-
delicadeza, nos atos da vida comum, pode ser capaz das mais estrondosas pa/lifarias eleitorais. Relatividade freqüen te das coisas".
Estuda os elementos componentes de uma religião; dogma, moral e culto. Em relação ao dogma, o Estado não exerce
ação. Quanto à moral e o culto exerci dos no mimdo exterior,. Campista admi te a intervenção do Estado, que mutila a liberdade religiosa. Campista adotava a divisa de Disraeli: "O problema da saúde pública supe ra a todos os problemas sociais" e con
cluía que infelizmente o "não pode" é a cristalização da democracia indígena.
lência, que leu, não entendeu e ficou
do superior valia, uma sereia que seduz,
cista. Abordou oportunas teses de Direi to Constitucional, como, por. exemplo, a
atrai e encanta.
Campista, que vem mostrar que até àquelas alcantis vão ter as boas idéias,
levadas nas asas da viração marítima, de
A Constituinte, assim a julgava, não
E' uma
sereia mineira, o sr. Davi
modo a crescerem, engrandécerem-se,
fanático".
é uma assembléia, é uma função. E' in
bonificarem-se...
"Legação do Vaticano", "Crédito Agrícola", "Convênio de Taubaté", ora
diferente que seja exercida por uma as sembléia especial ou pelo Congi-esso em
ções que empolgaram os ouvintes, hauri-
seus trabalhos ordinários. A condição é
múrio que se ouvia no recinto, e que o não afligia, pois outro rumor, o de sinos, que vinha do exterior, esse, sim, poderia
das como foram nas lições dos melhores
que essa função seja expressamente co
impedi-lo de ser ouvido e não o que
tratadístas do Direito Internacional e da
metida ao Congresso.
significava um côro de aplausos ao elo- ^
Ciência das Finanças.
Campista não era católico militante,
mas entendia ser de vantajosa política a representação do Brasil junto ac Che fe da Cristandade. O "Convênio de Taubaté" ou "Valo
rização do Café" foi um acordo cele
brado pelos três Estados, São Paulo, Minas Gerais e Rio de Janeiro, com o fito de se adotarem medidas que impe dissem a baixa do café e garantissem ao fazendeiro preço compensador. Baixa que era devida à crise da superprodução
e da anárquica situação da nossa moeda. Campista foi o maior defensor dessa política, pleiteada com tanto calor pelas classes produtoras de São Paulo. Na Cai
Era natural o mur
Apresentado e aprovado um projeto de
quente orador que, como o seu homô- M
reforma da Constituição, os congressis tas, na hora determinada para o discu tirem, inveslir-se-ão nas atribuições de constituintes, não sendo px^ecisa a con
nimo — Davi — está destinado a vencer ^
vocação de uma assembléia especial.
campos, tudo de acôrdo com o seu ilus
Campista costumava dizer com ironia,
gigantes, combatendo-os com a funda da lógica, arrebatando o auditório conr
todos os perfumes que embalsamani os apoiados). A reforma do Banco do Brasil, conhe
feito de uma lei brasileira era ser incons
cida como Refonna Da\'i Campista,
titucional, por haver sempre recurso pa
proporcionou-Uie o ensejo de no\'OS triunfes, medindo-se com parlamentares da estatura de um Calógeras, de um
ra o Supremo Tribunal Federal, ao pas so que contra a sua inconveniência nada se pode fazer. Em geral, só se cumpriam as leis de efeito pemicio.so...
Barbosa Lima e de um Brício Filho.
Memorá\'eis foram os discursos sobre
xa de Conversão estava o coroamento da
buna João Neiva, deputado pela Baía. As palavras iniciais que profere fotogra
obra de defesa do ouro do Brasil que
fam o ambiente da Câmara, eletrizado
é o café.
pelo verbo de Davi Campista: "Depois de agradecer ao senhor Presidente ter despertado a atenção dos seus colegas, o que não era preciso, porque o murmú
a nova lei nionetana, também impugna da por Joaquim Murtinho e Leopoldo de Bulhões, alcançou Davi Campista re-
Calógeras, adversário de determinadas
memorável a Câmara
cláusulas do Convênio, não o discutiu,
porque estava temporàriamente afastado
Cessados os aplausos, sucede-o na tri
,
tre nome — Davi Campista!" (Muitos
um parecer da Receita, que o menor de
e Peixoto remenrorou o fato ao discutir
a Caixa de Conversão. Enfrentando^ os maiores legisladores, Barbosa Lima, Serzedelo Correia, Alcindo Guanabara, Mi guel Calraon, Artur Orlando, .Afonso
embevecida presenciou. Narrou-a, com a
A outra cena
assistir, trocassem idéias a êsSe respeito
e .sob a impressão profunda que em seu
no gênero.
as divergências científicas para opô-las minismo em seus domínios; a igualdade desaparecerá porque a seleção e o pro gresso baseiam-se justamente nas desi gualdades naturais e adquiridas; a fra ternidade foi morta nos combates impie dosos do "struggle for life". E' o uni
-
à Conferência Pan-Americanu.
tivista, se bem que positivista azul". "E' positivista, mas nunca leu Au gusto Comte", aparteou, com estrondo,
dível; "Nada mais e.xistirá se tomarmos
101
Costa, que combateram desabridamente
,
Dicesto Ecoxóxnco
102
tumbante triunfo,
rebatendo, com ga-
fundas é esta:
Sua Excclciicia \otará
mentos dos antagonistas, que não admi
contra o projeto c cu a fa\or". (Risos). Campisla deixa cnlrc\xir (jue há em
tiam operasse
Barbosa Lima um oposícionisino siste
lluirdia c superioridade, todos os argu o Govèrnn em câmbio
por intermédio do Tesouro. Diáfana, a exposição, e o seu raciocí
nio assim SC resume: a lavoura não pre cisa de cambio baixo;
desxalorizar a
moeda para valorizar os produtos é fal
mático, Estraniia qim os adxor.sários, su postos espcciali.slas, \i\-ain rccolliidos à lôrrc- de marfim <lc uns lanlos princípios estereotipados que vieram da "Econô
mica" de Aristóteles à "Riíjiiezii das Na
Dioes-|(i
angustiosas da espôsa sòbre a sorte, do filho, respondeu: Ele era filho da neve
não adaptar os problemas a agrupamen
Davi Campista não aen dilava na efi ciência dos partidos políticos. Idealista, pairava sempre nas alturas o .seu lumi noso espírito. A política mcscpiinha ja mais o preoevipava. As idéia.s que defen deu, em relação às-agvemiações partidá rias, eram idênticas às de Carios Peixoto
tos fi.xos de homens.
ções" de Adam Sinilh,
baixa; o bem é a estabilização; o mal c a oscilação; s(>m. estabilidade, não há
tom algumas leituras do indefectível Leroy Bcaulieu.
produção, não há comércio, não há cré dito; havendo desconfiança, há evasão
"Pertencem à escola daqueles de quem dizia um escritor: ainda na atua
do ouro.
acontecimentos políticos, desenrolados
lidade ensinam e explicam as \antagens
em São Paulo após a Revolução de 19à0,
Constituem essas orações modelos dc
da divisão íIo trabalho, com a clássica
erudição e de gôsto literário. À impren
fábrica de alfinetes dc Adam Smith —
sa, que furiosamente atacava a reforma
que terá sido um portento há cento e
monetária, endereçava o orador, que consolidara a reputação de financista, este pensamento sutil, anatoliano: "Re-
nan dizia que "pour ne pas chunger il suffit ne pas penser". De resto, a im prensa de toda parte tem um tempera mento quase feminino. E' vibrátil, ca
prichosa, delicada: uma liarpa de ner vos, um mimo de variações.
E' natural, portanto, que ela "souvent varie" e eu não queira bater-lhe agora
trinta anos, mas que faz .sorrir diante das maravilhas da indústria."
Em relação a cerla.s
doutrinas que
ncs querem aplicar à força, mas que ne cessitam de transformaçõe.s
para que
medrem no Brasil, de ambiento diverso,
serviu-sc o discípulo de Luciano de uma imagem tomada dc Aquiles Loria, eco nomista italiano, que revela finíssimo espírito: "Narra a legenda cjue um
preocupam a opinião, os homens se de vem agrupar segundo os problemas e
— dissolveu-se no país do .sol".
ta de senso; o bem não é a alta aicm a
nioderniz;Klos
103
Eí^onómico
que, corajosamente, se proclamava ad
A evolução nos há dc conduzir a um outro método de ação política, a liga temporária, segundo as questões, em vez
doí". partidos permanentes." Se, em matéria cie fil. -ofia social do trecho citado, fazemos restrições às idéias
em que se trai a influencia de Karl Marx,
versário das organizações permanentes.
em relação às dos partidos políticos nao
Lapidar é uma das suas explanações, que
lhe regateamos aplausos.
demonstram ser a boa doutrina: "A po
lítica, no seu nobre sentido, a larga po lítica, que agita ht)je a vida interna e externa das naçcões. c principalmente a
política econômica. E' essa a feição do mundo contempo
râneo. E a ela se ajustam, cm boa parte,
as próprias doutrinas científicas que fa zem do fenômeno econômico o fenôme no base, o fenômeno .social por exce lência, de que todos os outros, como os
Minas revivia os tempos gloriosos de Bernardo Vasconcelos e Marquês do
Paraná, com o "Jardim da Infância"^ ex pressão criada por José Augusto de freitas para designar com ironia o grupo
dos jovens que tanto sobressaíram, du rante o governo Rodrigues Alves, nas lides parlamentares.
Dizia-se que a idéia de "Minas in telectual" pertencia a Davi Campista.
O grande orador vivia em .seu modesto apartamento, em Longchamps, quando surgiu na Câmara dos Deputados La
políticos, religiosos, literários c artísticos,
Liguo des Quatre". Os mosqueteiros
não são mais do que transformações. E' um monismo perfeito das forças sociais.
eram Poincaré, Barthou, Leygues e Hannolaux. Da mesma linhagem, a
nem mesmo com uma flor". (Risos).
guerreiro anglo-snxônio, repatriado de pois de uma guerra em regiões longín
A sua ironia tomava-se, às vezes, pun gente e de interpretação ampla. A um
quas, verificou que, durante a sua au sência, de mais do um ano, sua esposa
não podcí ser, porque ouço sempre as
deputado que o aparteou com voz estertórica: "E' preciso falar baixo na Câ mara, para que não nos ouça lá fora o nosso credor hipotecário".
dera à luz um filiio. Exprobou-a c ela explicou que, indo uma manhã pelos campos gelados, um floco do ne\'c lhe
mais sentidas lamentações sobre a ausên
Luiz Alves, Estêvão Lòbo e Pandiá Ca-
cia de partidos que dividam permanen
lógeras.
Não perdeu o bom luimor. Iniciou a resposta a Barbosa Lima, o mais ferre
o povo cliamava à criança dc "filho da
nho dos seus contraditores, com galan-
caíra ao seio e a tornara mãe. Por isso, neve".
Calou-so o guerreiro c, tempos depois,
teria irônica: "De todos os adversários
chamado dc no\o a combater
que encontrei nesta campanha, é Sua E.xcelência aquele com o qual, em pon
go o filho, c o conseguiu. Em caminho,
tos essenciais, mais \'êzes me encontrei
matou-o.
de acordo. Uma das divergências pro-
em re
giões do sul, fez questão de levar consi Ao regressar ao lar e às interrogações
Uma questão de partidos parece que
temente a nação.
Não -SOU dos que julgam indispensá veis à normalidade da nossa vida políti ca essas arregimentações tradicionais
coorte, em torno do fulgurante orador: Carlos Peixoto, Gastão da Cunha, João
O cronista político Sertório de Castro,
que comparecia diàriamentc à Câmara
dos Deputados, descreve algumas dessas figuras: "A oratória ê a diversidade. que se, devem revezar no poder, subindo Aquele que não a puder usar em iodos
ou descendo como as conchas de uma
os seus registos poderá ser um exce
balança que oscila.
lente orador, mas não o será completo
Penso como Ostrogoski — em um tra
e perfeito. Gastao da Cunha, Cailos
balho que c um monumento de estudo experimental — que, por is.so são sempre
Peixoto Filho e Davi Campista, cada
numerosos e diversos os problemas que
eiam-no completos. Mais parecidos os
qual com sou feitio e suas modalidades,
Dicesto Ecoxóxnco
102
tumbante triunfo,
rebatendo, com ga-
fundas é esta:
Sua Excclciicia \otará
mentos dos antagonistas, que não admi
contra o projeto c cu a fa\or". (Risos). Campisla deixa cnlrc\xir (jue há em
tiam operasse
Barbosa Lima um oposícionisino siste
lluirdia c superioridade, todos os argu o Govèrnn em câmbio
por intermédio do Tesouro. Diáfana, a exposição, e o seu raciocí
nio assim SC resume: a lavoura não pre cisa de cambio baixo;
desxalorizar a
moeda para valorizar os produtos é fal
mático, Estraniia qim os adxor.sários, su postos espcciali.slas, \i\-ain rccolliidos à lôrrc- de marfim <lc uns lanlos princípios estereotipados que vieram da "Econô
mica" de Aristóteles à "Riíjiiezii das Na
Dioes-|(i
angustiosas da espôsa sòbre a sorte, do filho, respondeu: Ele era filho da neve
não adaptar os problemas a agrupamen
Davi Campista não aen dilava na efi ciência dos partidos políticos. Idealista, pairava sempre nas alturas o .seu lumi noso espírito. A política mcscpiinha ja mais o preoevipava. As idéia.s que defen deu, em relação às-agvemiações partidá rias, eram idênticas às de Carios Peixoto
tos fi.xos de homens.
ções" de Adam Sinilh,
baixa; o bem é a estabilização; o mal c a oscilação; s(>m. estabilidade, não há
tom algumas leituras do indefectível Leroy Bcaulieu.
produção, não há comércio, não há cré dito; havendo desconfiança, há evasão
"Pertencem à escola daqueles de quem dizia um escritor: ainda na atua
do ouro.
acontecimentos políticos, desenrolados
lidade ensinam e explicam as \antagens
em São Paulo após a Revolução de 19à0,
Constituem essas orações modelos dc
da divisão íIo trabalho, com a clássica
erudição e de gôsto literário. À impren
fábrica de alfinetes dc Adam Smith —
sa, que furiosamente atacava a reforma
que terá sido um portento há cento e
monetária, endereçava o orador, que consolidara a reputação de financista, este pensamento sutil, anatoliano: "Re-
nan dizia que "pour ne pas chunger il suffit ne pas penser". De resto, a im prensa de toda parte tem um tempera mento quase feminino. E' vibrátil, ca
prichosa, delicada: uma liarpa de ner vos, um mimo de variações.
E' natural, portanto, que ela "souvent varie" e eu não queira bater-lhe agora
trinta anos, mas que faz .sorrir diante das maravilhas da indústria."
Em relação a cerla.s
doutrinas que
ncs querem aplicar à força, mas que ne cessitam de transformaçõe.s
para que
medrem no Brasil, de ambiento diverso,
serviu-sc o discípulo de Luciano de uma imagem tomada dc Aquiles Loria, eco nomista italiano, que revela finíssimo espírito: "Narra a legenda cjue um
preocupam a opinião, os homens se de vem agrupar segundo os problemas e
— dissolveu-se no país do .sol".
ta de senso; o bem não é a alta aicm a
nioderniz;Klos
103
Eí^onómico
que, corajosamente, se proclamava ad
A evolução nos há dc conduzir a um outro método de ação política, a liga temporária, segundo as questões, em vez
doí". partidos permanentes." Se, em matéria cie fil. -ofia social do trecho citado, fazemos restrições às idéias
em que se trai a influencia de Karl Marx,
versário das organizações permanentes.
em relação às dos partidos políticos nao
Lapidar é uma das suas explanações, que
lhe regateamos aplausos.
demonstram ser a boa doutrina: "A po
lítica, no seu nobre sentido, a larga po lítica, que agita ht)je a vida interna e externa das naçcões. c principalmente a
política econômica. E' essa a feição do mundo contempo
râneo. E a ela se ajustam, cm boa parte,
as próprias doutrinas científicas que fa zem do fenômeno econômico o fenôme no base, o fenômeno .social por exce lência, de que todos os outros, como os
Minas revivia os tempos gloriosos de Bernardo Vasconcelos e Marquês do
Paraná, com o "Jardim da Infância"^ ex pressão criada por José Augusto de freitas para designar com ironia o grupo
dos jovens que tanto sobressaíram, du rante o governo Rodrigues Alves, nas lides parlamentares.
Dizia-se que a idéia de "Minas in telectual" pertencia a Davi Campista.
O grande orador vivia em .seu modesto apartamento, em Longchamps, quando surgiu na Câmara dos Deputados La
políticos, religiosos, literários c artísticos,
Liguo des Quatre". Os mosqueteiros
não são mais do que transformações. E' um monismo perfeito das forças sociais.
eram Poincaré, Barthou, Leygues e Hannolaux. Da mesma linhagem, a
nem mesmo com uma flor". (Risos).
guerreiro anglo-snxônio, repatriado de pois de uma guerra em regiões longín
A sua ironia tomava-se, às vezes, pun gente e de interpretação ampla. A um
quas, verificou que, durante a sua au sência, de mais do um ano, sua esposa
não podcí ser, porque ouço sempre as
deputado que o aparteou com voz estertórica: "E' preciso falar baixo na Câ mara, para que não nos ouça lá fora o nosso credor hipotecário".
dera à luz um filiio. Exprobou-a c ela explicou que, indo uma manhã pelos campos gelados, um floco do ne\'c lhe
mais sentidas lamentações sobre a ausên
Luiz Alves, Estêvão Lòbo e Pandiá Ca-
cia de partidos que dividam permanen
lógeras.
Não perdeu o bom luimor. Iniciou a resposta a Barbosa Lima, o mais ferre
o povo cliamava à criança dc "filho da
nho dos seus contraditores, com galan-
caíra ao seio e a tornara mãe. Por isso, neve".
Calou-so o guerreiro c, tempos depois,
teria irônica: "De todos os adversários
chamado dc no\o a combater
que encontrei nesta campanha, é Sua E.xcelência aquele com o qual, em pon
go o filho, c o conseguiu. Em caminho,
tos essenciais, mais \'êzes me encontrei
matou-o.
de acordo. Uma das divergências pro-
em re
giões do sul, fez questão de levar consi Ao regressar ao lar e às interrogações
Uma questão de partidos parece que
temente a nação.
Não -SOU dos que julgam indispensá veis à normalidade da nossa vida políti ca essas arregimentações tradicionais
coorte, em torno do fulgurante orador: Carlos Peixoto, Gastão da Cunha, João
O cronista político Sertório de Castro,
que comparecia diàriamentc à Câmara
dos Deputados, descreve algumas dessas figuras: "A oratória ê a diversidade. que se, devem revezar no poder, subindo Aquele que não a puder usar em iodos
ou descendo como as conchas de uma
os seus registos poderá ser um exce
balança que oscila.
lente orador, mas não o será completo
Penso como Ostrogoski — em um tra
e perfeito. Gastao da Cunha, Cailos
balho que c um monumento de estudo experimental — que, por is.so são sempre
Peixoto Filho e Davi Campista, cada
numerosos e diversos os problemas que
eiam-no completos. Mais parecidos os
qual com sou feitio e suas modalidades,
Dicesto Econômico
105
Dicesto Econômico
dois primeiros na graça e na cspirUuali-
uoUidaiiM-ulc cin cjnpréstitnos c descon
dade, tocada a sua palavra a cada nio-
to:!.
TiienU) pelas cinlllações metálicas da ironia c do chiste. Mais pcrfilt» o úl
Eni JOOf), após í\sforço.s ingentes, podii o
iiitimor.ito
fiicinfistii, coii>tataclo o
timo nos seus aspectos de orador parla
êxito feliz da "Cai.xa de Càuixcrsâo",
mentar iX)r excelência.
cserexer cm Seu relatório:
Cada um dos
Irôs passava, com elegância, com fluidez, com arte, de uma modalidade da oratória para outra. Carlos Peixoto fa
lava doutrinàriamente, defendendo os
seus pareceres de relator da Receita, como se ocupasse uma cadeira.
Mas
era sarcástico e apenas fazia sorrir. Gas-
tão da Cunha, com a perfeição rjiiase fotográfica de suas caricaturas, ia além:
não raro convertiam-se cm gargalhadas os sorrisos que despertava. Era, na tri
buna, o mesmo conversador cheio das
fagulhas que cultivava, com requintes de arte, o jôgo floral da palestra". Ministro da Fazenda
Ministro da Fazenda de Afonso Pena,
tina e efêmera das taxas e garantindo a
estabilidade cambial — programa de go vêmo que só poderia ser executado por um estadista do seu porte. O ano de 1907 há de ficar assinala
do, na história financeira do País, como
o primeiro em que a estabilidade cam bial foi ínflexivelmente mantida.
do País?
Atribuía-se a Afonso Pena a frase: ao "FEtat c'cst moi" de Luís XIV. Frase
o ano e até à presente data. ConserNou-
que Tavares dc Lira, o Ministro da Jus
se inalterada a ta.\a de 15 3/6 no Banco do Brasil e a 15 1/8 nos Bancos estran
tiça de então, afirma nunca ter ouvido.
geiros, ciando em resultado a média cons
Campista à Presidência da República,
tante cie 15 5/35 registada pela Câmara Sindical dos Corretores. À açÚo conju gada da "Caixa de Conversão" e do
Banco do Bra.sil, que cm todos os tem pos contou com o auxílio do Covêmo, deve-so a estabilidade do cambio." "Caixa de Conversão" não resumiu
a .sua atividade.
Procurou não só con
servar as disponibilidades do Tesouro como acresce-la.s. Regularizou o ser\'iço
Levantada
a
candidatura
de Davi
sofreu de jornalistas o político.s do seu Estado uma campanha insidiosa. São Paulo prestigiou com entusiasmo a
chapa do candidato militar.
De resistência cívica, Campista .não cortejava a popularidade. Não fazia no meações injustas ou inúteis. Zelava dos
dinheiros públicos como um provedor do casa beneficente. Instado para can celar a dívida d'"0 País", respondeu: "Não despenderei um .\en-xen para o c.xito da minha candidatura". Os políti cos não o toleravam. Lauro Müller, nos bastidores, articulava os adversários. Rui, vetando-a, facilitou o advento do
candidatura do defensor do Convênio de
militarismo, fomentado pela ambição de soldados que nunca freqüentaram a ca-
Taubaté.
serna e pela fraqueza do Marechal Her
Mas falhou Minas, cujo pre-"
sidente, Venceslau Brás, agiu eiTi tòda
mes, centro de convergência de todos
aquela fase com certa dubiedade.
os descontentes. A -carta que o genial
Incriminava-se em Campista o não
baiano escreveu a Afonso Pena está ei-
responder cartas. Não era discípulo do Conselheiro Dantas, o mais pontual dos
xada de injustiças. Movido pela paixão política, não reconhecia, no grande mi
políticos brasileiros, o homem que não perdia um enterro, xim batizado, uma
de. Apenas um moço de talento e de fu^
tão as rendas públicas. O Brasil, nessa fase da sua vida, tor
visita de aniversário.
turo...
mentosa e brilhante, é-lhe devedor dc insuperáveis serviços.
vida.
de amortização e juros da dívida externa censão contínua estiveram em sua ges
Conversão", limitando a ascensão repen
menos, de coordenar as forças eleitox-ais
maiiteve-sc ab.solutamenle fixo durante
Ao assumir o exercício da pasta, Paulo Barreto interrogou-o a respeito dcJ seu plano administrativo. "Mandar pin cores catitas, é impossível ter Ia uma idéia." Foi a resposta do artista. Sustentou a política da "Caixa de
e concordou cm ser o companheiro de
"Quem faz a política sou eu", paródia
foi a figura central do Govêmo.
tar e forrar aquele Gabinete. É intolerá
Brasil governado pelo Marechal Hermes
estaduais", o poderiam ter, por (pie ne gar ao Chefe da Nação o direito, pelo
"O câmbio
dos Estados e cios Municípios. Em as
vel. Como está aquilo, com aquelas
Se os governadores, "pe<pjenos Cuteles
Esquadrinharam e discutiram á sua Conseguiram os escavadores de
Afonso Pena, um patriota, fascinado pela inteligência peregrina e caráter ili bado de Davi Campista, quis realmen te fazê-lo seu sucessor.
Era tão grande o desvario do seu
julgamento que, para, demonstrar que
reputações descobrir que usava perfu
a opinião pública de Minas Gerais não
mes...
o classificava entre os filhos beneméritos,
Talentoso jornalista a(X)imava-o
O candidato
nistro, experiência, madureza, autorida
de
argumentou que a sua eleição não fôra
Davi Pomada. Com alguém que estra nhava o pretexto fútil de João Lage, ma
líquida e o reconhecimento na Câmara
liciosamente comentou Campista: "Ele
Adotado êsse critério, qualquer coro nel da roça, uma credencial no Brasil, seria maior que Pandiá Calógeras e Car los Peixoto, eleitos sempre com dificul
jamos então o Anísio de-^Abreu".
Minas Gerais tem sido madrasta para
não correra sem tropeços...
Justificava a preferência a circunstân cia de Campista ser o ministro mais
com os homens de talento. Bias Fortes
presidente da Comissão Diretora do Par
dades, e o próprio Rui seria julgado
identificado com a política econômica e
tido Republicano Mineiro, político de
inferior ao seu contender.
financeira do Govêmo, no seu entender a mais importante no momento.
vida austera, alegando questões de prin cípio, não concordou, na entrevista con
A democracia foi sempre o triunfo das mediocridades. Ninguém o sabia melhor do que Rui. Mas é explicável a paixão
Carlos Peixoto, o líder, sustentava que,
Um dos grandes benefícios que a
no regimom presidencial, ao Presidente
"Caixa de Conversão" trouxe ao Brasil
da República assiste, mais do que ao
foi o aumento dos negócios bancários.
Parlamento, o direito de ter candidato. uàÉ l:*
cedida a "O País", que Afonso Pena su gerisse o nome do sucessor. Venceslau
Brás, presidente do Estado/preferiu o
O Grande Espoliado não poupava os presumíveis candidatos à Presidência da
Dicesto Econômico
105
Dicesto Econômico
dois primeiros na graça e na cspirUuali-
uoUidaiiM-ulc cin cjnpréstitnos c descon
dade, tocada a sua palavra a cada nio-
to:!.
TiienU) pelas cinlllações metálicas da ironia c do chiste. Mais pcrfilt» o úl
Eni JOOf), após í\sforço.s ingentes, podii o
iiitimor.ito
fiicinfistii, coii>tataclo o
timo nos seus aspectos de orador parla
êxito feliz da "Cai.xa de Càuixcrsâo",
mentar iX)r excelência.
cserexer cm Seu relatório:
Cada um dos
Irôs passava, com elegância, com fluidez, com arte, de uma modalidade da oratória para outra. Carlos Peixoto fa
lava doutrinàriamente, defendendo os
seus pareceres de relator da Receita, como se ocupasse uma cadeira.
Mas
era sarcástico e apenas fazia sorrir. Gas-
tão da Cunha, com a perfeição rjiiase fotográfica de suas caricaturas, ia além:
não raro convertiam-se cm gargalhadas os sorrisos que despertava. Era, na tri
buna, o mesmo conversador cheio das
fagulhas que cultivava, com requintes de arte, o jôgo floral da palestra". Ministro da Fazenda
Ministro da Fazenda de Afonso Pena,
tina e efêmera das taxas e garantindo a
estabilidade cambial — programa de go vêmo que só poderia ser executado por um estadista do seu porte. O ano de 1907 há de ficar assinala
do, na história financeira do País, como
o primeiro em que a estabilidade cam bial foi ínflexivelmente mantida.
do País?
Atribuía-se a Afonso Pena a frase: ao "FEtat c'cst moi" de Luís XIV. Frase
o ano e até à presente data. ConserNou-
que Tavares dc Lira, o Ministro da Jus
se inalterada a ta.\a de 15 3/6 no Banco do Brasil e a 15 1/8 nos Bancos estran
tiça de então, afirma nunca ter ouvido.
geiros, ciando em resultado a média cons
Campista à Presidência da República,
tante cie 15 5/35 registada pela Câmara Sindical dos Corretores. À açÚo conju gada da "Caixa de Conversão" e do
Banco do Bra.sil, que cm todos os tem pos contou com o auxílio do Covêmo, deve-so a estabilidade do cambio." "Caixa de Conversão" não resumiu
a .sua atividade.
Procurou não só con
servar as disponibilidades do Tesouro como acresce-la.s. Regularizou o ser\'iço
Levantada
a
candidatura
de Davi
sofreu de jornalistas o político.s do seu Estado uma campanha insidiosa. São Paulo prestigiou com entusiasmo a
chapa do candidato militar.
De resistência cívica, Campista .não cortejava a popularidade. Não fazia no meações injustas ou inúteis. Zelava dos
dinheiros públicos como um provedor do casa beneficente. Instado para can celar a dívida d'"0 País", respondeu: "Não despenderei um .\en-xen para o c.xito da minha candidatura". Os políti cos não o toleravam. Lauro Müller, nos bastidores, articulava os adversários. Rui, vetando-a, facilitou o advento do
candidatura do defensor do Convênio de
militarismo, fomentado pela ambição de soldados que nunca freqüentaram a ca-
Taubaté.
serna e pela fraqueza do Marechal Her
Mas falhou Minas, cujo pre-"
sidente, Venceslau Brás, agiu eiTi tòda
mes, centro de convergência de todos
aquela fase com certa dubiedade.
os descontentes. A -carta que o genial
Incriminava-se em Campista o não
baiano escreveu a Afonso Pena está ei-
responder cartas. Não era discípulo do Conselheiro Dantas, o mais pontual dos
xada de injustiças. Movido pela paixão política, não reconhecia, no grande mi
políticos brasileiros, o homem que não perdia um enterro, xim batizado, uma
de. Apenas um moço de talento e de fu^
tão as rendas públicas. O Brasil, nessa fase da sua vida, tor
visita de aniversário.
turo...
mentosa e brilhante, é-lhe devedor dc insuperáveis serviços.
vida.
de amortização e juros da dívida externa censão contínua estiveram em sua ges
Conversão", limitando a ascensão repen
menos, de coordenar as forças eleitox-ais
maiiteve-sc ab.solutamenle fixo durante
Ao assumir o exercício da pasta, Paulo Barreto interrogou-o a respeito dcJ seu plano administrativo. "Mandar pin cores catitas, é impossível ter Ia uma idéia." Foi a resposta do artista. Sustentou a política da "Caixa de
e concordou cm ser o companheiro de
"Quem faz a política sou eu", paródia
foi a figura central do Govêmo.
tar e forrar aquele Gabinete. É intolerá
Brasil governado pelo Marechal Hermes
estaduais", o poderiam ter, por (pie ne gar ao Chefe da Nação o direito, pelo
"O câmbio
dos Estados e cios Municípios. Em as
vel. Como está aquilo, com aquelas
Se os governadores, "pe<pjenos Cuteles
Esquadrinharam e discutiram á sua Conseguiram os escavadores de
Afonso Pena, um patriota, fascinado pela inteligência peregrina e caráter ili bado de Davi Campista, quis realmen te fazê-lo seu sucessor.
Era tão grande o desvario do seu
julgamento que, para, demonstrar que
reputações descobrir que usava perfu
a opinião pública de Minas Gerais não
mes...
o classificava entre os filhos beneméritos,
Talentoso jornalista a(X)imava-o
O candidato
nistro, experiência, madureza, autorida
de
argumentou que a sua eleição não fôra
Davi Pomada. Com alguém que estra nhava o pretexto fútil de João Lage, ma
líquida e o reconhecimento na Câmara
liciosamente comentou Campista: "Ele
Adotado êsse critério, qualquer coro nel da roça, uma credencial no Brasil, seria maior que Pandiá Calógeras e Car los Peixoto, eleitos sempre com dificul
jamos então o Anísio de-^Abreu".
Minas Gerais tem sido madrasta para
não correra sem tropeços...
Justificava a preferência a circunstân cia de Campista ser o ministro mais
com os homens de talento. Bias Fortes
presidente da Comissão Diretora do Par
dades, e o próprio Rui seria julgado
identificado com a política econômica e
tido Republicano Mineiro, político de
inferior ao seu contender.
financeira do Govêmo, no seu entender a mais importante no momento.
vida austera, alegando questões de prin cípio, não concordou, na entrevista con
A democracia foi sempre o triunfo das mediocridades. Ninguém o sabia melhor do que Rui. Mas é explicável a paixão
Carlos Peixoto, o líder, sustentava que,
Um dos grandes benefícios que a
no regimom presidencial, ao Presidente
"Caixa de Conversão" trouxe ao Brasil
da República assiste, mais do que ao
foi o aumento dos negócios bancários.
Parlamento, o direito de ter candidato. uàÉ l:*
cedida a "O País", que Afonso Pena su gerisse o nome do sucessor. Venceslau
Brás, presidente do Estado/preferiu o
O Grande Espoliado não poupava os presumíveis candidatos à Presidência da
Digesto Económií-
100
HcpnbÜca. Allino Arantes, tcmperameiilo de artista, com invejável cultura de humanidades, não encarnava, aos seus
olhos, como a vitória mais eslronclosa do regimem da incompetência? Quando, na carta dirigida a Afonso
.sal. Sabia, magistralmente, em ctnnpeiu sação, as de que o (?stadisla não pod^, prescindir: a Ciência das Finanças, ^ Contabilidade, a Economia Política. Direito Internacional, o Direito Consti..
lucinnal c o Direito Administrativo, 5^,^
DiciiSTd
Econômico
Ültinui fase
migo no Brasil dos homens de laleuto, envolveu Da\i Campista.
\ el: de uma sensibilidade, aguda, sentia
Morto Afonso Pena, o ostracismo, ini
Alfredo Pinto, Chefe- de Policia do go\èmo que e.xpirou, caráter e cultura.
o Brasil, pedia que o presidente não to masse sobre os ombros êssc desserviço ao
"pcrfumarias jurídicas".
tório de ad\-ocacÍa.
ngimem e à Nação, crviisa no vaticínio.
Temia fracassar na vida profission^j dr advogado, como fracassaram na vid;j pública tanl!)s bancpieiros c indu>íriub chamados a ocupar postos de gosêriir» O banqueiro ou o industrial, de e-vclusiv-j \ida de negócios, cm regra, na pasta djj Faziiida ou do Trabalho, contiiuiarã,j banqueiro e industrial, e todo problen^,^
Quem estava certo era Afonso Pena. Rui Barbosa, nesse pa^so da sua vida
pxiblica, não há de ser julgado com in• dujgência pela Nação. Campista, que não era um condutor de
homens, não desejava ser presidente da Repiihlica, além de ouLro.s rnotisos, para não arrastar o País á luta inglória. "Não
soluço.s cm uma sala vizinha, \-ai ao
.spu encontro e, surpreso, assiste impo tente à destruição de scu trabalho, quase terminado. Ato dc de.scspêro, explicá-
trê.s últimas disciplinas desclenbad^^ pelos "civilislas" com a denominação
Pena, de conseqüências tão funestas para
107
con\'idou-o para companheiro de escri Desiludido do.s ho
mens, respondeu-lhe o ministro demisíionário que, para olater ê.xito, era neces sário "o oceano de permeio". Aceitou o posto de ministro em Copcnluiguo que Nilo Peçaniia lhe ofere
a morte próxima c a certeza de não ter minar a obra.
Rio Branco, que teve em Davi Cam pista um leal defensor da sua política externa, como relator do orçamento da
pa.stu do Exterior, na Comissão de Fi
nanças da Câmara dos Deputados, não o aprecia\'a.
O Chanceler, enciumado, sentia a pre
ceu. O cargo era secundário e não es
ferência do presidente Afonso Pena pelo colega da Fazenda e notava a ascen
alicia\a simpatias ou agia como sc ípiisessc embaraçar a aproximação de adep
.sua atixidadc profissional.
tos". Depõe Mário de Alencar, confir
acepção nobre — cuja \ida é um ro.ári,,
tava à altura do -scu valor. Campis ta compreendeu a injustiça do.s conlomporàneus e, em carta escrita a Carlos Peixoto, cheia de qucixumes amargos, explicou que accita\'a o emprego por que precisava viver. Partiria para a Eu
de sacrifícios, e outra preocupação
ropa c<mio exilado.
o anima senão a da causa pública,, e,,^ regra, c melhor administrador do.s hcij^
algumas páginas, ainda inéditas. Pensa
da coniunlião que dos próprios. Conlu.,
mentos soltos, pedaço.s de alma. Con firmando um assêrto dc Renan, de que
irrcteria nos concílios do govênio, cm
o dom da compreensão da bumanidadc é o mais alto grau da cultura intelectual,
sofrer discussão.
mado "in-totum" por Elói de Sousa,
confidente do Ministro: "O político mi neiro aceitara a candidatura para anuir
a Afonso Pena, a conlragòsto, não por que carecesse de ambição, ma.s porque era pobre, e previa a dificuldade de .sub sistência condigna, durante os seis me ses anteriores à eleição c os oito meses
seguintc.s, até à po.sse. Êsse era o pro blema que o inquie tava e para o qual não via solução hcnesla; e assim, sem
ânimo de resi.stir à imposição de um
amigo, juIgu\a-so, cm razão de seu caráter sério, um prejudicado".
cpií! resolverem fá-lo-ão sob o prisma d^ C político — êsse lêrmo uso-o
ço ótimos admiiiislradorc.s, de \ ida p^j.^
licular desorganizada. Descuidados con,. ^igo, cxigimtes para com os outros. ()
todo curioso que ama a ciência univer-
-Resistiu quanto pôde aos desejos de
tc da vida, artista integral. Soube per
c uma \'(Jcação e só ([uein a p;)ssni coni.
doar e esquecer. ..
prcende o significado de renúncia. Não se considerou um derrotado, t(>.
tica, a fiju de não cindir os mineiros.
Conhecia e:isas matérias como
que a sua palavra aiírrolada não deveria
político rjuem nasceu político. A polilic,|
no sentido liom c Ncrdadciro.
mercial.
Rio Branco tinha um passado de gló- ^
rias que o fêz nume tutelar da Nação c magoava-se com a ascensão fulminan te daquele financista tão jovem que o
porque político não sc impfo\ isa. Morif.
Davi Campista era o protótipo do pro fissional político, tomada essa e.xpressão
zado no Direito Civil ou no Direito Co
na.x reuniões ministeriais por esfu-siunte
inteligência e extraordinária facilidade de expo.sição verbal.
dedicou ao «lar um trecho antológico. , Nilo Peçanha de atrair o malogrado po Revelou-sc, naquele momento crucian- lítico para a sedutora carreira diplomá
- exemplo de Campos Sales é típico,
legrafando ao Presidente de Minas. par,\
A .sua formação espiritual era a do Homem de Estado, que faz escola na administração. Não se tinha especiali
A bordo do "Cap Ortcgal" escreveu
dência do jovem político, conquistada
comunicar-lhe que o seu nome oslag^
afastado do cpialquer combinação paij. Exemplo dignifícante que não se dis. scminou no País, tjiuí tanto cance da união dos seus filhos e, se frutifi.
A vida de um diplomata em Copenha-
guc. é de um grande vazio e êle ora um grande trabalhador. Iniciou com entu siasmo a redação de uma obra sôbre as
finanças brasileira.s e só a interrompeu
tica.
Oliveira Lima, inimigo de Rio Branco,
com dose não peque, a de veneno, c carradas de razão, em suas memórias, estranha o fato de haver sido nomeado,
na mesma época, Regis de Oliveira para Londres, (! um homem do valor de Davi
ao apanhar uma pneumonia em rigo
Campista para um- pôsto secundário,
rosíssimo inverno.
como o da Dinamarca.
Retomou o trabalho, na convalescença.
A consciência cívica de Rio Branco
Logo, porém, feneceram-lhe as esperan
acabou vencendo um sentimento infe
casse, tantas agitações estéreis teria evi.
ças. A tuberculose já lhe havia minado o organismo. Armínio de Melo Franco,
tado.
triotismo. Transferiu o novel diploma
secretário da legação, um dia, ouvindo
ta para a legação dc Paris, o mais cO'
rior, incompatível com o sou imenso pa
Digesto Económií-
100
HcpnbÜca. Allino Arantes, tcmperameiilo de artista, com invejável cultura de humanidades, não encarnava, aos seus
olhos, como a vitória mais eslronclosa do regimem da incompetência? Quando, na carta dirigida a Afonso
.sal. Sabia, magistralmente, em ctnnpeiu sação, as de que o (?stadisla não pod^, prescindir: a Ciência das Finanças, ^ Contabilidade, a Economia Política. Direito Internacional, o Direito Consti..
lucinnal c o Direito Administrativo, 5^,^
DiciiSTd
Econômico
Ültinui fase
migo no Brasil dos homens de laleuto, envolveu Da\i Campista.
\ el: de uma sensibilidade, aguda, sentia
Morto Afonso Pena, o ostracismo, ini
Alfredo Pinto, Chefe- de Policia do go\èmo que e.xpirou, caráter e cultura.
o Brasil, pedia que o presidente não to masse sobre os ombros êssc desserviço ao
"pcrfumarias jurídicas".
tório de ad\-ocacÍa.
ngimem e à Nação, crviisa no vaticínio.
Temia fracassar na vida profission^j dr advogado, como fracassaram na vid;j pública tanl!)s bancpieiros c indu>íriub chamados a ocupar postos de gosêriir» O banqueiro ou o industrial, de e-vclusiv-j \ida de negócios, cm regra, na pasta djj Faziiida ou do Trabalho, contiiuiarã,j banqueiro e industrial, e todo problen^,^
Quem estava certo era Afonso Pena. Rui Barbosa, nesse pa^so da sua vida
pxiblica, não há de ser julgado com in• dujgência pela Nação. Campista, que não era um condutor de
homens, não desejava ser presidente da Repiihlica, além de ouLro.s rnotisos, para não arrastar o País á luta inglória. "Não
soluço.s cm uma sala vizinha, \-ai ao
.spu encontro e, surpreso, assiste impo tente à destruição de scu trabalho, quase terminado. Ato dc de.scspêro, explicá-
trê.s últimas disciplinas desclenbad^^ pelos "civilislas" com a denominação
Pena, de conseqüências tão funestas para
107
con\'idou-o para companheiro de escri Desiludido do.s ho
mens, respondeu-lhe o ministro demisíionário que, para olater ê.xito, era neces sário "o oceano de permeio". Aceitou o posto de ministro em Copcnluiguo que Nilo Peçaniia lhe ofere
a morte próxima c a certeza de não ter minar a obra.
Rio Branco, que teve em Davi Cam pista um leal defensor da sua política externa, como relator do orçamento da
pa.stu do Exterior, na Comissão de Fi
nanças da Câmara dos Deputados, não o aprecia\'a.
O Chanceler, enciumado, sentia a pre
ceu. O cargo era secundário e não es
ferência do presidente Afonso Pena pelo colega da Fazenda e notava a ascen
alicia\a simpatias ou agia como sc ípiisessc embaraçar a aproximação de adep
.sua atixidadc profissional.
tos". Depõe Mário de Alencar, confir
acepção nobre — cuja \ida é um ro.ári,,
tava à altura do -scu valor. Campis ta compreendeu a injustiça do.s conlomporàneus e, em carta escrita a Carlos Peixoto, cheia de qucixumes amargos, explicou que accita\'a o emprego por que precisava viver. Partiria para a Eu
de sacrifícios, e outra preocupação
ropa c<mio exilado.
o anima senão a da causa pública,, e,,^ regra, c melhor administrador do.s hcij^
algumas páginas, ainda inéditas. Pensa
da coniunlião que dos próprios. Conlu.,
mentos soltos, pedaço.s de alma. Con firmando um assêrto dc Renan, de que
irrcteria nos concílios do govênio, cm
o dom da compreensão da bumanidadc é o mais alto grau da cultura intelectual,
sofrer discussão.
mado "in-totum" por Elói de Sousa,
confidente do Ministro: "O político mi neiro aceitara a candidatura para anuir
a Afonso Pena, a conlragòsto, não por que carecesse de ambição, ma.s porque era pobre, e previa a dificuldade de .sub sistência condigna, durante os seis me ses anteriores à eleição c os oito meses
seguintc.s, até à po.sse. Êsse era o pro blema que o inquie tava e para o qual não via solução hcnesla; e assim, sem
ânimo de resi.stir à imposição de um
amigo, juIgu\a-so, cm razão de seu caráter sério, um prejudicado".
cpií! resolverem fá-lo-ão sob o prisma d^ C político — êsse lêrmo uso-o
ço ótimos admiiiislradorc.s, de \ ida p^j.^
licular desorganizada. Descuidados con,. ^igo, cxigimtes para com os outros. ()
todo curioso que ama a ciência univer-
-Resistiu quanto pôde aos desejos de
tc da vida, artista integral. Soube per
c uma \'(Jcação e só ([uein a p;)ssni coni.
doar e esquecer. ..
prcende o significado de renúncia. Não se considerou um derrotado, t(>.
tica, a fiju de não cindir os mineiros.
Conhecia e:isas matérias como
que a sua palavra aiírrolada não deveria
político rjuem nasceu político. A polilic,|
no sentido liom c Ncrdadciro.
mercial.
Rio Branco tinha um passado de gló- ^
rias que o fêz nume tutelar da Nação c magoava-se com a ascensão fulminan te daquele financista tão jovem que o
porque político não sc impfo\ isa. Morif.
Davi Campista era o protótipo do pro fissional político, tomada essa e.xpressão
zado no Direito Civil ou no Direito Co
na.x reuniões ministeriais por esfu-siunte
inteligência e extraordinária facilidade de expo.sição verbal.
dedicou ao «lar um trecho antológico. , Nilo Peçanha de atrair o malogrado po Revelou-sc, naquele momento crucian- lítico para a sedutora carreira diplomá
- exemplo de Campos Sales é típico,
legrafando ao Presidente de Minas. par,\
A .sua formação espiritual era a do Homem de Estado, que faz escola na administração. Não se tinha especiali
A bordo do "Cap Ortcgal" escreveu
dência do jovem político, conquistada
comunicar-lhe que o seu nome oslag^
afastado do cpialquer combinação paij. Exemplo dignifícante que não se dis. scminou no País, tjiuí tanto cance da união dos seus filhos e, se frutifi.
A vida de um diplomata em Copenha-
guc. é de um grande vazio e êle ora um grande trabalhador. Iniciou com entu siasmo a redação de uma obra sôbre as
finanças brasileira.s e só a interrompeu
tica.
Oliveira Lima, inimigo de Rio Branco,
com dose não peque, a de veneno, c carradas de razão, em suas memórias, estranha o fato de haver sido nomeado,
na mesma época, Regis de Oliveira para Londres, (! um homem do valor de Davi
ao apanhar uma pneumonia em rigo
Campista para um- pôsto secundário,
rosíssimo inverno.
como o da Dinamarca.
Retomou o trabalho, na convalescença.
A consciência cívica de Rio Branco
Logo, porém, feneceram-lhe as esperan
acabou vencendo um sentimento infe
casse, tantas agitações estéreis teria evi.
ças. A tuberculose já lhe havia minado o organismo. Armínio de Melo Franco,
tado.
triotismo. Transferiu o novel diploma
secretário da legação, um dia, ouvindo
ta para a legação dc Paris, o mais cO'
rior, incompatível com o sou imenso pa
DiGiiSTo Econômico
108
biçado dos postos da carreira. Ato de reparação histórica que o destino não permitiu sc consumasse. Campista es
súbita do seu chefe, o cadáver de Davi
tava desenganado.
cm Copenhague".
Extinguia-se, como uma chama bruxoleante, a vida do grande brasileiro, sem preterir a ninguém, pagando o tri buto da inteligência que os pigmeus da política erigiram. Descreveu Arinos, em "Espelho de
Três Faces", a impressão pungente de Armínio, ao ver, "logo depois de ter
sido prevenido pelo telefone da piora
Campista, completamente despido, em uma mesa de mármore dc um hospital Longe das terras do Brasil, assim de sapareceu um Homem, que foi o ídolo do Parlamento e, por mérito excepcio
MOBILIDADE NELSON WEnNECK SODRÉ da fase militar do último con-
flíto mundial não trouxe, como uma
toras, para caracterizar uma carta geo
gráfica fundamentada em diferenças
dução do retorno para todos aqueles que
étnicas e idiomáticas apenas apresenta das como justificativa de causas mais complexas, sofreram perseguições e fo
o choque armado havia atirado fora do
ram tangidos por acicates tremendos.
da Nação, de que é fértil a História do
continente europeu, ao ]3rasil em par
Quando não foi o terrível instante da ba
Brasil.
ticular.
talha e sob o seu tempestuoso fragor, que tiveram impulso para a anancada
nal, em plena mocidadc, quase ascendeu à Presidência du República. Ê o fado dos verdadeiros servidores
de suas primeiras conseqüências, segun
do alguns observadores esperavam, a se
Êsse mo\'iincnto humano pro
duzido pelo conflito foi um dos seus as
pectos mais dolorosos, característicos e brutais, e os seus efeitos sc fizeram no
tar em quase todos os países do mundo. Onde não baverá, hoje, grupos humanos atirados, desenraizados, como destroços do uma tempestade, talvez de esperan ças postas em um regresso sempre trans ferido e muitas vezes hipotético, perma nentemente inadaptados, sempre insatis feitos e ainda ligados, muito humana
que os impeliu por caminhos e rotas congestionados, de mistura, borrando-se
todos os laços de parentesco, de profis são e de origem. O drama do nosso tempo não dispen sou, no seu angustiado desen\oI\imento, todas essas côres martirizantes e car
regadas. Recebemos, assim, uma turba
confusa, indistinta, em que o senso do \'alor csta\n obscurecído, em que a von
mente, àquilo que lhes foi um
tade estava desfeita, e predomi-
quadro habitual e que, mesmo
na\'a apenas a ânsia de salva ção, a angústia de ancoragem num pôrto que, de qualidade,
na certeza de ter sido duramen te transformado, chama-os, in cessantemente ? Era inevitável que os países
americanos, o Brasil em particu
lar, com os Estados Unidos, fôssem escolhidos para ancoradouro transitório de grupos assim atirados ao desconhecido, em terras distantes, pon do o oceano de permeio entre eles e as
ameaças que os haviam escorraçado, nu ma dispersão imensa. No próprio conti nente em que o conflito foi mais agudo
apenas lhes oferecia a distância
daqueles quadros de treva e de dor que os liaria compelido a um morinVento inédito. Ao Bra
sil, entretanto, por fôrça do tu multo da hora em que tudo isso ocorreu, só interessaram duas classes de trans
plantados. A primeira, diretamente pro duzida pelos efeitos do conflito, foi a que nos veio de além-mar, chegou-nos quase de súbito e sofreu, depois do tor-
e devastador, antes de qualquer estimu
mento da partida, ainda o tomiento da
lo parHcular no sentido da fuga, gnipos inteiros se trasladaram de uma re gião a outra. Impulsionados, às vêzes, por cúmulo, através de entidades prote-
chegada. Dissolveu-se nas nossas aglo merações urbanas, dando-lhes, principal mente a duas ou três mais importantes,
uin caráter cosmopolita que elas ^'inham
DiGiiSTo Econômico
108
biçado dos postos da carreira. Ato de reparação histórica que o destino não permitiu sc consumasse. Campista es
súbita do seu chefe, o cadáver de Davi
tava desenganado.
cm Copenhague".
Extinguia-se, como uma chama bruxoleante, a vida do grande brasileiro, sem preterir a ninguém, pagando o tri buto da inteligência que os pigmeus da política erigiram. Descreveu Arinos, em "Espelho de
Três Faces", a impressão pungente de Armínio, ao ver, "logo depois de ter
sido prevenido pelo telefone da piora
Campista, completamente despido, em uma mesa de mármore dc um hospital Longe das terras do Brasil, assim de sapareceu um Homem, que foi o ídolo do Parlamento e, por mérito excepcio
MOBILIDADE NELSON WEnNECK SODRÉ da fase militar do último con-
flíto mundial não trouxe, como uma
toras, para caracterizar uma carta geo
gráfica fundamentada em diferenças
dução do retorno para todos aqueles que
étnicas e idiomáticas apenas apresenta das como justificativa de causas mais complexas, sofreram perseguições e fo
o choque armado havia atirado fora do
ram tangidos por acicates tremendos.
da Nação, de que é fértil a História do
continente europeu, ao ]3rasil em par
Quando não foi o terrível instante da ba
Brasil.
ticular.
talha e sob o seu tempestuoso fragor, que tiveram impulso para a anancada
nal, em plena mocidadc, quase ascendeu à Presidência du República. Ê o fado dos verdadeiros servidores
de suas primeiras conseqüências, segun
do alguns observadores esperavam, a se
Êsse mo\'iincnto humano pro
duzido pelo conflito foi um dos seus as
pectos mais dolorosos, característicos e brutais, e os seus efeitos sc fizeram no
tar em quase todos os países do mundo. Onde não baverá, hoje, grupos humanos atirados, desenraizados, como destroços do uma tempestade, talvez de esperan ças postas em um regresso sempre trans ferido e muitas vezes hipotético, perma nentemente inadaptados, sempre insatis feitos e ainda ligados, muito humana
que os impeliu por caminhos e rotas congestionados, de mistura, borrando-se
todos os laços de parentesco, de profis são e de origem. O drama do nosso tempo não dispen sou, no seu angustiado desen\oI\imento, todas essas côres martirizantes e car
regadas. Recebemos, assim, uma turba
confusa, indistinta, em que o senso do \'alor csta\n obscurecído, em que a von
mente, àquilo que lhes foi um
tade estava desfeita, e predomi-
quadro habitual e que, mesmo
na\'a apenas a ânsia de salva ção, a angústia de ancoragem num pôrto que, de qualidade,
na certeza de ter sido duramen te transformado, chama-os, in cessantemente ? Era inevitável que os países
americanos, o Brasil em particu
lar, com os Estados Unidos, fôssem escolhidos para ancoradouro transitório de grupos assim atirados ao desconhecido, em terras distantes, pon do o oceano de permeio entre eles e as
ameaças que os haviam escorraçado, nu ma dispersão imensa. No próprio conti nente em que o conflito foi mais agudo
apenas lhes oferecia a distância
daqueles quadros de treva e de dor que os liaria compelido a um morinVento inédito. Ao Bra
sil, entretanto, por fôrça do tu multo da hora em que tudo isso ocorreu, só interessaram duas classes de trans
plantados. A primeira, diretamente pro duzida pelos efeitos do conflito, foi a que nos veio de além-mar, chegou-nos quase de súbito e sofreu, depois do tor-
e devastador, antes de qualquer estimu
mento da partida, ainda o tomiento da
lo parHcular no sentido da fuga, gnipos inteiros se trasladaram de uma re gião a outra. Impulsionados, às vêzes, por cúmulo, através de entidades prote-
chegada. Dissolveu-se nas nossas aglo merações urbanas, dando-lhes, principal mente a duas ou três mais importantes,
uin caráter cosmopolita que elas ^'inham
y. 1 Dicesto ECONÓMlCrO
110
afetando, mas que na verdade não pos suíam.
A segunda foi vítima indireta do con
balho começaram a surgir,
ao menos
aparcntemenle. Nâi vciflade, tais opor tunidades não eram goneralizad.is, não
flito, decorreu de suas conseqüências, e
se orientavam p:ira todos os tipos cie
produziu-se na intimidade nacional, con-
tiaballi::d:-res. Na realidade, o impacto
figurando-se nos grupos que acoircran»
da giurra nãu fêz mais do <jue clenm-
das zonas rurais aos cenlios urbanos, on
ciar as (remendas falhas da nossa <'.stru-
de a vida, pelo menos aparentemente, devia ser mais suave, pelos recursos ne les concentrados, c onde novas possibi lidades de traballio surgiram, em con traste com o cmpobrecijiivnto da vida rural e todos os graxames derivados da
tura de jrrodução, tomada em conjunto.
liá muito. A maioria dos grupos atraí(Ips às entidades urbanas, aos núcleos de
atrofia dos transportes, entre outras cau
população mais densa o foram pela ini-
Os males já existiam, e o momento, enm
os seus problemas, apenas denunciou aquilo que se vinha processando, e de
sas, num país em que êíes não ebega-
p.jsibilidadc mesma cm continuar a vi
ram jamais a constituir uma espécie de sistema articulado, capaz de levar a Io das as entidades dispersas a pmducão estruturada eni algiuís polos litorâneos, nem mesmo trazer a estes uipiela que
ver'is zonas rurais.
os núcleos do interior clabo.avam, em razoáveis condivões.
A preponderância das solicitações ex
A aura dos altus
salários foi apenas uma das ajii:ènc:ns
do ca.so, c nem .sempre posta em confron to com as novas necessidades apreseníii-
das pela vida urbana, que tornavam sim ples ilusões o que parecia promessa cnibaladora.
Dicestci
111
EcoxAmico
guerra denunciou ;ipenas o problema
do não pronunciadamente autárquica, que, no terreno das trocas internacionais,
gravíssimo do desequilíbrio brasileiro,
foi decorrente da crise de lb29 e cau
por em evidènei:! ;is suas linlvas, levou-
sadora, sem dúvida, de muitas das anor
o a uma fa.se de crise — mas não con
malidades que produziram a última guerra, exacerbando o nacionalismo em t()da parte, deve ter influído de forma importante para rumo tão singular. O fato é (pie, ante o irrompimcnto do con
disso aconteceu; conto prova de que a
tribuiu de maneira alguma para cviú-lo. O problema do declínio agrário já exis tia, seus: sintoimis eram antigos e notó rios, e os paliativos com que vinlia sen do atendido, aqtii e ali, e apenas focalizíindo aspectos parcelados de um con
acentuada, do alinhamento do Brasil en
tre as naçõe.s qne combatiam a Alema
junto comple.xo e difícil, transferiam pa ra esse momento crucial a eclosão inevi
nha, tais restrições foram sendo, a pou
tável.
co e pouco, trocadas pelo criténo mais simples, c até .simplista demais, da base
E* evidente que tudo isso nada tinha a ver com a polític;\ do imigraçrio. se é
que tivemos alguma em (puilíjuer tem po, ou com uma orientacião planejada de localízjição c de^diNlribiiiçião da nião-
econômica, ;ilém dos preceitos .sanitários que já eram, em tod().s os paísc. maté ria pacífica, no tocante ao as.siinto. Tal critério, ém conseqüência do acú
nesse sentido seria contrastante. As cor
mulo dos grupos externos nos núcleos urbanos, levou ao agravamento das con dições de vida Lnesses centros, sem tra/,nrrí>snnnílpnzer, em troca, benefícios corresponden
rentes orientadoras da imigração, à mer cê dos debates levantados cm órgãos parlamentares, congressos cie eugenia ou
em empresas de caráter reprodutivo, que implantassem raízes e que, dinsando
de-obra nacional. Dentro do empirismu com que as cousas econômicas sc vão
prccessandò, entre nós, uma orientação
Nem só a identidade dc cau.sa conju
flito, com a tendência, cada vez mais
ternas, ao imperativo da guerra, pôs em segundo plano as necessidades do mer
gou no tempo, ciomu no espaço, entre tanto, essa corrida, oriunda dc zonas tão
cado interno, dc tal sorte que o comér cio e a indústiia sentiram, quase buis-
reta ou indiretamente, f(n o motivo do
entidades privadas, ant«^s do irrompi-
marcrem somente a resultados demora
camente, essa mudança do centro cIí;
agravunienl<i ilèsse acúiiinli) extraordiná
iipUt:iiçriü principal dtí suas atividades, A
ilKMlto da gucTia, l-iu lace du rflrainuMito
dos: e parcelados, não .seduziam aos que
rio de grupos hiimano.s em alguinas ci
do ímpelo eMiigratóriO' eni al guns jrovos fiue forneciam,
súperkíndatle aquisitiva dos núcleos ex
distantes c tão díspares. A guerra, di
dades brasiluira.s, acúi.milo (pu; logo se
ternos sôbre os internos ccntribuiu, na
generalizou a cpiase todas as" cntidadej
turalmente, pam tal anomalia, de sor te que o Brasil, que vinini arquiletando dcmoradamente, o entrelaçamento das zonas produtoras com as zonas con sumidoras, na sua extensão teniiorial,
urbanas. Fosse a causa única c, cessa
sentiu-se, subitamente, levado a atender
com primazia à busca crescente dos mer cados de além-mar. Tudo isso ccniribuiu, dc maneira decisiva, pura o em
pobrecimento do interior, conduzindo ao agravamento da corrida para o litoral, para os centros urbanos, onde oportuni dades até então desçonbecidas de tra
do o conflito, salvo a inlercorrência de novo.s fatores, deveria também conduzir
buscavam inversões de inte-
r(^'.s.se rápklo, capazes de se rem reconvoilidas em inueda
anteriormenlcr, o grosso da
corrente (pie entrava todos os anos cm
nossa
terra
—
a qualcpKT momento. E' jus !.n ■
não
.sabiam como proceder. A ten
a um movimento no .sentido oposto. Nao só os grupos estrangeiros tenderiam ao regresso aos seus países de origem, co mo os grupos nacionais buscariam rc-
se, e traduzir-se em normas
artieular-sü no sentido de uma melhor
distribuição, que o reaparclhamenlo dos transporte.s, permitindo a circulação nor mal da riqueza, favoreceria, dentro do limite de suas possibilidades e influên cias, A verdade, porém, é que nada
i
tes,' pela inversão dos capitais entrados
dência ciicgou a pronunciar-
Ui
to, entretanto, recordar que n dificuldade na importação de
maquinaria foi uma das cau
executivas, para a imposição de uma sé
sas principais do agravamen to do "rush" imobiliário, que foi uma das
rie de restrições que, por sinal, cm de
caraclerí.sticas mais tri.stes e curiosas da
terminado ano, acarretaram a anomalia
época, encantando a alguns incautos e
de fecharmos as fronteiras a numcroso.s
mesmo seduzindo a outros.
grupos de trabalhadores enquanto boa
desses grupos externos, com lai.s caracte
parte da lavoura se w^ebatia, em época
rísticas, deve ser apreciado nn ambiente extraordinário da guerra, fora do iiual nem seria (mmpreensível e nem mesmo
de colheita, com a falta de braços.
A orientação de altas barreiras, quan
O afluxo
y. 1 Dicesto ECONÓMlCrO
110
afetando, mas que na verdade não pos suíam.
A segunda foi vítima indireta do con
balho começaram a surgir,
ao menos
aparcntemenle. Nâi vciflade, tais opor tunidades não eram goneralizad.is, não
flito, decorreu de suas conseqüências, e
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produziu-se na intimidade nacional, con-
tiaballi::d:-res. Na realidade, o impacto
figurando-se nos grupos que acoircran»
da giurra nãu fêz mais do <jue clenm-
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ciar as (remendas falhas da nossa <'.stru-
de a vida, pelo menos aparentemente, devia ser mais suave, pelos recursos ne les concentrados, c onde novas possibi lidades de traballio surgiram, em con traste com o cmpobrecijiivnto da vida rural e todos os graxames derivados da
tura de jrrodução, tomada em conjunto.
liá muito. A maioria dos grupos atraí(Ips às entidades urbanas, aos núcleos de
atrofia dos transportes, entre outras cau
população mais densa o foram pela ini-
Os males já existiam, e o momento, enm
os seus problemas, apenas denunciou aquilo que se vinha processando, e de
sas, num país em que êíes não ebega-
p.jsibilidadc mesma cm continuar a vi
ram jamais a constituir uma espécie de sistema articulado, capaz de levar a Io das as entidades dispersas a pmducão estruturada eni algiuís polos litorâneos, nem mesmo trazer a estes uipiela que
ver'is zonas rurais.
os núcleos do interior clabo.avam, em razoáveis condivões.
A preponderância das solicitações ex
A aura dos altus
salários foi apenas uma das ajii:ènc:ns
do ca.so, c nem .sempre posta em confron to com as novas necessidades apreseníii-
das pela vida urbana, que tornavam sim ples ilusões o que parecia promessa cnibaladora.
Dicestci
111
EcoxAmico
guerra denunciou ;ipenas o problema
do não pronunciadamente autárquica, que, no terreno das trocas internacionais,
gravíssimo do desequilíbrio brasileiro,
foi decorrente da crise de lb29 e cau
por em evidènei:! ;is suas linlvas, levou-
sadora, sem dúvida, de muitas das anor
o a uma fa.se de crise — mas não con
malidades que produziram a última guerra, exacerbando o nacionalismo em t()da parte, deve ter influído de forma importante para rumo tão singular. O fato é (pie, ante o irrompimcnto do con
disso aconteceu; conto prova de que a
tribuiu de maneira alguma para cviú-lo. O problema do declínio agrário já exis tia, seus: sintoimis eram antigos e notó rios, e os paliativos com que vinlia sen do atendido, aqtii e ali, e apenas focalizíindo aspectos parcelados de um con
acentuada, do alinhamento do Brasil en
tre as naçõe.s qne combatiam a Alema
junto comple.xo e difícil, transferiam pa ra esse momento crucial a eclosão inevi
nha, tais restrições foram sendo, a pou
tável.
co e pouco, trocadas pelo criténo mais simples, c até .simplista demais, da base
E* evidente que tudo isso nada tinha a ver com a polític;\ do imigraçrio. se é
que tivemos alguma em (puilíjuer tem po, ou com uma orientacião planejada de localízjição c de^diNlribiiiçião da nião-
econômica, ;ilém dos preceitos .sanitários que já eram, em tod().s os paísc. maté ria pacífica, no tocante ao as.siinto. Tal critério, ém conseqüência do acú
nesse sentido seria contrastante. As cor
mulo dos grupos externos nos núcleos urbanos, levou ao agravamento das con dições de vida Lnesses centros, sem tra/,nrrí>snnnílpnzer, em troca, benefícios corresponden
rentes orientadoras da imigração, à mer cê dos debates levantados cm órgãos parlamentares, congressos cie eugenia ou
em empresas de caráter reprodutivo, que implantassem raízes e que, dinsando
de-obra nacional. Dentro do empirismu com que as cousas econômicas sc vão
prccessandò, entre nós, uma orientação
Nem só a identidade dc cau.sa conju
flito, com a tendência, cada vez mais
ternas, ao imperativo da guerra, pôs em segundo plano as necessidades do mer
gou no tempo, ciomu no espaço, entre tanto, essa corrida, oriunda dc zonas tão
cado interno, dc tal sorte que o comér cio e a indústiia sentiram, quase buis-
reta ou indiretamente, f(n o motivo do
entidades privadas, ant«^s do irrompi-
marcrem somente a resultados demora
camente, essa mudança do centro cIí;
agravunienl<i ilèsse acúiiinli) extraordiná
iipUt:iiçriü principal dtí suas atividades, A
ilKMlto da gucTia, l-iu lace du rflrainuMito
dos: e parcelados, não .seduziam aos que
rio de grupos hiimano.s em alguinas ci
do ímpelo eMiigratóriO' eni al guns jrovos fiue forneciam,
súperkíndatle aquisitiva dos núcleos ex
distantes c tão díspares. A guerra, di
dades brasiluira.s, acúi.milo (pu; logo se
ternos sôbre os internos ccntribuiu, na
generalizou a cpiase todas as" cntidadej
turalmente, pam tal anomalia, de sor te que o Brasil, que vinini arquiletando dcmoradamente, o entrelaçamento das zonas produtoras com as zonas con sumidoras, na sua extensão teniiorial,
urbanas. Fosse a causa única c, cessa
sentiu-se, subitamente, levado a atender
com primazia à busca crescente dos mer cados de além-mar. Tudo isso ccniribuiu, dc maneira decisiva, pura o em
pobrecimento do interior, conduzindo ao agravamento da corrida para o litoral, para os centros urbanos, onde oportuni dades até então desçonbecidas de tra
do o conflito, salvo a inlercorrência de novo.s fatores, deveria também conduzir
buscavam inversões de inte-
r(^'.s.se rápklo, capazes de se rem reconvoilidas em inueda
anteriormenlcr, o grosso da
corrente (pie entrava todos os anos cm
nossa
terra
—
a qualcpKT momento. E' jus !.n ■
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.sabiam como proceder. A ten
a um movimento no .sentido oposto. Nao só os grupos estrangeiros tenderiam ao regresso aos seus países de origem, co mo os grupos nacionais buscariam rc-
se, e traduzir-se em normas
artieular-sü no sentido de uma melhor
distribuição, que o reaparclhamenlo dos transporte.s, permitindo a circulação nor mal da riqueza, favoreceria, dentro do limite de suas possibilidades e influên cias, A verdade, porém, é que nada
i
tes,' pela inversão dos capitais entrados
dência ciicgou a pronunciar-
Ui
to, entretanto, recordar que n dificuldade na importação de
maquinaria foi uma das cau
executivas, para a imposição de uma sé
sas principais do agravamen to do "rush" imobiliário, que foi uma das
rie de restrições que, por sinal, cm de
caraclerí.sticas mais tri.stes e curiosas da
terminado ano, acarretaram a anomalia
época, encantando a alguns incautos e
de fecharmos as fronteiras a numcroso.s
mesmo seduzindo a outros.
grupos de trabalhadores enquanto boa
desses grupos externos, com lai.s caracte
parte da lavoura se w^ebatia, em época
rísticas, deve ser apreciado nn ambiente extraordinário da guerra, fora do iiual nem seria (mmpreensível e nem mesmo
de colheita, com a falta de braços.
A orientação de altas barreiras, quan
O afluxo
* T',?r •'
Digesto Económtco ■*
112
.SC teria produzido. Não liavía, pois, mo
ímposíti\as, disccirdaiítc.s do mundo aber
tivos para ü.s temores que foram corrcn-^
to que deveria surgir do conflito. Signi
tes entre observadores pouco atento.s à realidade e mais conduzidos pelas apa rências do problema, de uma evasão se
ficaria apresentar condíç-Õc^s propicias e
melhante, financeiramente, ao retôrn^ da
meio apto a condicionar existência cômo da à gente adveníícia. Reconheciam-se as falhas graves, algumas quase insaná
côrte de D. João VI. . .
veis, de rendimento do trabalho indus
Diálogo entre o poder e o direito CÂNBiDo Mota Fnjio
\ s coMEMGnAçõj!:s do mais inn centenário de "L'Esprit de.s lois", do Ba
O dia da paz, para esses mesmos ob
trial, nem tanto devidas à maquinaria
servadores, seria o primeiro da nova
rão de Montescpiicu, não tiveram, quer
ep.velhecida como à deficiência humana.
cm França, quer fora de França, a res-
etapa de retorno e de descongestionamento dos centros urbanos, e o país re tomaria a antiga trilha, aquela que ha
veria de estruturar a sua unidade geo
gráfica, pelo aumento do mercado inter
no e pelo crescente poder aquisitivo de sua gente. Seria tempo de pensarmos, então, na nova onda imigratória, que inevitãvelmente se produziria, num con tinente europeu empobrecido, onda tam
bém insuflada ao imperativo de motivos políticos de toda ordem. Seria bem ver
Comparem-se
tais
esperanças
com
aquilo que se realizou, c verificaremos que, assim como não eram \'erdadeiros os que apresentavam a guerra como cau
sadora dos desequilíbrios que, na sua vigência, aqui se denunciaram — tam bém o seu termo não significaria o retôrno a condições melhores.
E ainda
mais: não receberíamos grupos de tra
balhadores, agrícolas ou industriais," de primeira ordem, porque a própria estru
dade que o mundo não comportaria
tura nacional de produção os repelia, não lhes concedendo, por suas deficiên
lismo, capaz de fundamentar as restri ções à imigração que havíamos conheci
cias, possibilidades compensadoras.
mais uma orientação de rígido naciona
do antes da guerra. Seria indispensável que, na tendência de desenvolvimento
do parque industrial de que tanto nos orgulhávamos, tivéssemos a habilidade
de atrair os técnicos, os operários espe cializados, os artezãos capazes, os mes
tres de todo tipo, inclusive os mestres da
tarefa do pensamento, de que nos deve ria caber, sem dú\ada, uma parcela bem .alta.
Mas atrair não significaria fechar as portas aos demais, nem exigir condições
Restaria apelar para a segunda cate goria
de
trabalhadores,
aqueles cuja
mobilidade horizontal, denunciando de
sequilíbrios antigos e notórios, consti tuem um fenômeno constante na nossa
existência — os trabalhadores nacionais,
os mesmos que, de velhos tempos, ou através de Montes Claros, ou através de
viagens de caminhão longuíssiinas, che gam a São Paulo, anualmente, fornecen
do a contribuição quase única cm que se arrima, para se manter apenas cm seu
nível estacionárío, a lavoura deste país dito "essencialmente agrícola".
-sonància que deviam ter.
Haveria, para garanti-la, o valor da obra, o prestígio intelectual de seu au tor, e a nossa época, atormentada pela
inquietação revolucionária, é, por isso mesmo, sequiosa de legalidade. Monte.squien não foi só um grande es
pírito, nm padrão de alta intelectualida de que oferecia ainda a nobreza periclitantc. Era uma vocação jurídica que compreendia, como poucos compreende
ram, qual a missão prática do direito, principalmente no mundo das disputas políticas. A sua confiança no poder da razão era, acima de tudo, uma confiança
na capacidade criadora do homem e na sua dignidade. O mundo, para ele, que
é" enquadrado no mundo que "deve ser".
A leitura das obras de Montesquieu
satisfazia à nova consciência que estava
surgindo.
A revolução espiritual, como nos mostra Paul Hazard, se faz inicial mente, quando se passa de Bossuet pa ra Vollaire, de Fenelou a Montesquieu. Èste se coloca dentro da nova inteligên
cia, que se projeta fora da Europa e que se projeta na história, como unia
longa e.xperiêucia e capitalização de cul tura.
"L'Esprít des lois" apresenta-se, en
tretanto, muito mais como solução polí tica para os novos problemas, E Mon
tesquieu apontava para o exemplo da Constituição inglêsu: — "Le but de Ia Constitution anglalse, c'est Ia liberte". A obra de Montesquieu não foi sò aoolliida nos meios
intelectuais, como
traçava o seu percurso progressivo na his
também nos salões mundanos de Paris. "Les Nouvelles Littéraires" afirmava
tória, era uma conquista do espírito hu
que ela transtornou a cabeça de todos os
mano que ia, com isso, submetendo a
franceses a figurava "sur Ia toilette des
natureza aos moldes da civilização e a
dames comme dans le cabinet des sa-
violência às regras qne o direito inspi
vants".
rava.
O seu livro "L'Esprit des lois" foi uma bandeira de vitória hasteada em França do modo a ser vista pelo mundo. Era o
Numa época em que a graça se \'este de erudição, Montesquieu é o maior sucesso intelectual até então alcançado,
"Depois da criação do sol — escreve a
signo de uma nova política, dentro da qual a força impessoal da lei pacificava os antagonismos sociais. Numa época em que os sinais do crepúsculo do regi
ele um leitor da província — essa obra é
me monárquico começavam a alargar a
bre o espírito de Catarina, da Rússia,
faixa de suas sombras, a obra de Mon-
tesquieu sintetizava o iluminismo, a for
como no do Marquês de Beccaria, na Italia. Êsse sucesso, que chega a causar
ça da razão construtora, o mundo "que
inveja a Voltaire, não se contenta em fi-
a que pode melhor iluminar o mundo !" "L'Esprit des lois" é traduzido em
quase todas as línguas : influi tanto sò-
* T',?r •'
Digesto Económtco ■*
112
.SC teria produzido. Não liavía, pois, mo
ímposíti\as, disccirdaiítc.s do mundo aber
tivos para ü.s temores que foram corrcn-^
to que deveria surgir do conflito. Signi
tes entre observadores pouco atento.s à realidade e mais conduzidos pelas apa rências do problema, de uma evasão se
ficaria apresentar condíç-Õc^s propicias e
melhante, financeiramente, ao retôrn^ da
meio apto a condicionar existência cômo da à gente adveníícia. Reconheciam-se as falhas graves, algumas quase insaná
côrte de D. João VI. . .
veis, de rendimento do trabalho indus
Diálogo entre o poder e o direito CÂNBiDo Mota Fnjio
\ s coMEMGnAçõj!:s do mais inn centenário de "L'Esprit de.s lois", do Ba
O dia da paz, para esses mesmos ob
trial, nem tanto devidas à maquinaria
servadores, seria o primeiro da nova
rão de Montescpiicu, não tiveram, quer
ep.velhecida como à deficiência humana.
cm França, quer fora de França, a res-
etapa de retorno e de descongestionamento dos centros urbanos, e o país re tomaria a antiga trilha, aquela que ha
veria de estruturar a sua unidade geo
gráfica, pelo aumento do mercado inter
no e pelo crescente poder aquisitivo de sua gente. Seria tempo de pensarmos, então, na nova onda imigratória, que inevitãvelmente se produziria, num con tinente europeu empobrecido, onda tam
bém insuflada ao imperativo de motivos políticos de toda ordem. Seria bem ver
Comparem-se
tais
esperanças
com
aquilo que se realizou, c verificaremos que, assim como não eram \'erdadeiros os que apresentavam a guerra como cau
sadora dos desequilíbrios que, na sua vigência, aqui se denunciaram — tam bém o seu termo não significaria o retôrno a condições melhores.
E ainda
mais: não receberíamos grupos de tra
balhadores, agrícolas ou industriais," de primeira ordem, porque a própria estru
dade que o mundo não comportaria
tura nacional de produção os repelia, não lhes concedendo, por suas deficiên
lismo, capaz de fundamentar as restri ções à imigração que havíamos conheci
cias, possibilidades compensadoras.
mais uma orientação de rígido naciona
do antes da guerra. Seria indispensável que, na tendência de desenvolvimento
do parque industrial de que tanto nos orgulhávamos, tivéssemos a habilidade
de atrair os técnicos, os operários espe cializados, os artezãos capazes, os mes
tres de todo tipo, inclusive os mestres da
tarefa do pensamento, de que nos deve ria caber, sem dú\ada, uma parcela bem .alta.
Mas atrair não significaria fechar as portas aos demais, nem exigir condições
Restaria apelar para a segunda cate goria
de
trabalhadores,
aqueles cuja
mobilidade horizontal, denunciando de
sequilíbrios antigos e notórios, consti tuem um fenômeno constante na nossa
existência — os trabalhadores nacionais,
os mesmos que, de velhos tempos, ou através de Montes Claros, ou através de
viagens de caminhão longuíssiinas, che gam a São Paulo, anualmente, fornecen
do a contribuição quase única cm que se arrima, para se manter apenas cm seu
nível estacionárío, a lavoura deste país dito "essencialmente agrícola".
-sonància que deviam ter.
Haveria, para garanti-la, o valor da obra, o prestígio intelectual de seu au tor, e a nossa época, atormentada pela
inquietação revolucionária, é, por isso mesmo, sequiosa de legalidade. Monte.squien não foi só um grande es
pírito, nm padrão de alta intelectualida de que oferecia ainda a nobreza periclitantc. Era uma vocação jurídica que compreendia, como poucos compreende
ram, qual a missão prática do direito, principalmente no mundo das disputas políticas. A sua confiança no poder da razão era, acima de tudo, uma confiança
na capacidade criadora do homem e na sua dignidade. O mundo, para ele, que
é" enquadrado no mundo que "deve ser".
A leitura das obras de Montesquieu
satisfazia à nova consciência que estava
surgindo.
A revolução espiritual, como nos mostra Paul Hazard, se faz inicial mente, quando se passa de Bossuet pa ra Vollaire, de Fenelou a Montesquieu. Èste se coloca dentro da nova inteligên
cia, que se projeta fora da Europa e que se projeta na história, como unia
longa e.xperiêucia e capitalização de cul tura.
"L'Esprít des lois" apresenta-se, en
tretanto, muito mais como solução polí tica para os novos problemas, E Mon
tesquieu apontava para o exemplo da Constituição inglêsu: — "Le but de Ia Constitution anglalse, c'est Ia liberte". A obra de Montesquieu não foi sò aoolliida nos meios
intelectuais, como
traçava o seu percurso progressivo na his
também nos salões mundanos de Paris. "Les Nouvelles Littéraires" afirmava
tória, era uma conquista do espírito hu
que ela transtornou a cabeça de todos os
mano que ia, com isso, submetendo a
franceses a figurava "sur Ia toilette des
natureza aos moldes da civilização e a
dames comme dans le cabinet des sa-
violência às regras qne o direito inspi
vants".
rava.
O seu livro "L'Esprit des lois" foi uma bandeira de vitória hasteada em França do modo a ser vista pelo mundo. Era o
Numa época em que a graça se \'este de erudição, Montesquieu é o maior sucesso intelectual até então alcançado,
"Depois da criação do sol — escreve a
signo de uma nova política, dentro da qual a força impessoal da lei pacificava os antagonismos sociais. Numa época em que os sinais do crepúsculo do regi
ele um leitor da província — essa obra é
me monárquico começavam a alargar a
bre o espírito de Catarina, da Rússia,
faixa de suas sombras, a obra de Mon-
tesquieu sintetizava o iluminismo, a for
como no do Marquês de Beccaria, na Italia. Êsse sucesso, que chega a causar
ça da razão construtora, o mundo "que
inveja a Voltaire, não se contenta em fi-
a que pode melhor iluminar o mundo !" "L'Esprit des lois" é traduzido em
quase todas as línguas : influi tanto sò-
Dicest<i EcoNÓ^uco
115
Dicilsto Econó.mK^
car nos centros cultos europeus, como
está na América do Norte para influir na sua organização constitucional.
sagrou. "A \erdadcira ilccudcncia do direito, paru Rippert, c uquèla que re sulta das leis, quando cias não são mais ditadas pela justiça c são assim impo*
"Vivemos, diz Bencla, sob o signo do
método de Machiavel, escreve Bumham,
ódio político". E como a política fala
c o método científico aplicado à polí
mais alto, 6 difícil oinàr-sc a argumenta ção de Montesquieu. E a leitura que satisfaz é a de Maquia\el. por isso que c comemorado, todos os dias, com gran
tica."
Cito apenas os livros de maior su
Por certo que não podíamos ficar em Montesquieu, como pretendem algumas sensibilidades retrógradas, porque a evo
do a ju.stcza dos ensinamentos de Mon
lução política foi muito além de seus
tesquieu, afirma o festejado mestre da
de sucesso. Valerio Mano consegue um
Uni\ersidadc de Paris que, "quando O
grande sucesso com o sou livro "Ma
Macliiavel et Montesquieu", de Maurice
quiavel ou a escola do poder". Pouco
Joly, vigoroso panfletário que se matou
antes de morrer, Mareei Brion vê o
efn 1877, depois de uma vida atribulada.
cálculos e de seus quadros. Porém, a sua obra é definitiva como e.xpressão do empenho pela transfonnação da luta política primária e instintiva, numa lu ta jurídica.
A sua obra mantém até
agora, e mais do que nunca, os mais
sábios ensinamentos para evitar o abuso do poder, o despotismo e a \ io]ência.
tentes para manter a ordem." Lembran
poder político nianifesta-sc por leis qu^
não expressam o direito, a sociedade está em perigo". A posição anti-maquiavélica de Mon tesquieu não se situa as.sim com muita clareza, num clima como é o nosso, pro pício ao maquiavelismo c aos princípios
Explicando-a, êle al cança
os
nossos
defendidos pelo famoso
dias
secretário florentino.
quando escreve que ela
Artur Koestler, no seu romance de sucesso "O
foi escrita para provar que "Lesprit de modératfon doit étre celui du législateur". Entretanto, o mundo tumultuado não lhe deu a atenção que merecia.
zero e o infinito", faz
com que Roubachof se lembre que o,número um, isto é, Stalin, tinha às
mãos "O Príncipe" de
Muitas obras foram pu blicadas, é certo. Muitos artigos foram escritos (Jéan-Jacques Chevalier, Pierre Mesnard etc).
Porém, percebe-se através delas certa
nostalgia, certa confissão de que, efeti vamente, Montesquieu não é para o nosso tempo, que ele repre^senta uma sensibilidade e uma inteligência incom
patíveis com a nossa época. Nesse sen tido a obra de Georges Rippert é das mais expressivas: — "Le déclin du droít", inspirada na grande obra que há dois séculos foi composta. Estudando a anarquizada legislação contemporânea, Rippert, em sete capí
Maquiavel!
Maquiavel, de fato, nunca ijordeii prestígio, antes o uumen-.. tou com o correr dos tempos. Vale, para os nossos dias, o ensaio de Walpo-
le, a afirmativa de Reginaldo Polc, ar cebispo católico de Canterburj^ de que
"O Príncipe" foi escrito pelas mãos do diabo. Êsse "Príncipe", que parecia fi car bem emoldurado pelo gosto do Re nascimento, toma de empréstimo várias
figuras do século dezenove e do século vinte. "O Princípe" oru é Napoleão I, ora Napoleão III, ora Mussolini, ora Hitler, ora Stalin.
tulos, procura demonstrar que o direito declina porque a legislação desobedece a
Dizia Saint-Simon que ,há, na civili zação, séculos políticos e séculos jurí dicos. O grande e trágico diálogo da história é entre a política e o direito.
certos princípios que Montesquieu con-
Agora a política está falando mais alto.
-
o
*
-
.
. .- ^
—
-
.
sucesso dc sua obra sobre "Maquiavel".
cesso, porque a bibliografia é extensa. Porém, não posso deixar de lembrar, por último, o "Dialogue aux enfers entre
O li\TO, inteiramente desconliecido,
E Somersel Maugban acha de bom alvi-
aparece agora como uma .crítica impie
tre transferir seus romances das paisa
dosa ao regime sonhado por Montes
gens dos mares do sul para a Itália, por onde anda Maquiavel cm missão política junto a César Borgia, como en
quieu e que não teve, na opinião de seu autor, uma aplicação efetiva na reali
viado do govêrno dc Florença. Na revista dc Sartrc "Les temps mo-
demes", de outubro de 1949, Merleau
Pont>', um dos mais sérios estudiosos do
problema da violência, escreve sua "No te sur Macliiavel".
E exclama, diante
dôsse gênio que vive mais da condena ção do que da glória: "On n'aime pas ce penseur difficile et sans idole!" Em 1943, Rcyan publica "Les princi-
dade prática. O diálogo entabulado entre Montes quieu e Machiavel, fiel ao pensamento de ambos, traduz muito bem a posição
do pensamento político de nossos dias. O antigo Secretário de Estado da Re
pública Florentina usa da linguagem de quem lida com os fatos, com os acon tecimentos e com os homens, enquanto
que o autor de "L'Esprit des leis" con
pes de Maclúavcl et Ia politique do
fia na razão e na lei, como decorrência
dos discursos sôbre Tito Lívio, apare cem na plenitude de sua atualidade.
berdade, o abuso da fonnalidade legal
da compreensão da vida civil, France". Nesse livro vemos Machiavel A crise provocada pelo fascismo e discutindo, ás margens- do Loire, com Monsieur Durant, iDurguês de Paris, os pelo hitlerismo, a insistência com que se ' marcha para a socialização" crescente, o interesses de França. As máximas, extraídas principalmente apelo feito mais ao poder do que à li
para acobertar decisões singulares e re
política do secretário florentino. E, por
volucionárias, dão ao diálogo entre Ma cliiavel e Montesquieu um tom grave e trágico.
fim, uma das obras de sucesso dêstes últimos tempos é "Thc Macbiavellians",
À confiança que Montesquieu pÕe na ordem legal, no gnvêmo baseado na di
Todo o drama da França de antes da
última guerra está explicado na obra
Je James Burnham, onde Macliiavel se
visão dc poderes como melhor forma de
itiostra como o mestre incontrastável da
garantias para as liberdades fundamen tais, Machiavel contrapõe o seu pessi mismo, o gôsto humano para a perversão e o pecado, a perpétua insatisfação so-
ciência x^olítica. Enquanto Dante tiaduz
fi caprichosa política ideal, Machiavel é o senhor da verdade contingente. "O
Dicest<i EcoNÓ^uco
115
Dicilsto Econó.mK^
car nos centros cultos europeus, como
está na América do Norte para influir na sua organização constitucional.
sagrou. "A \erdadcira ilccudcncia do direito, paru Rippert, c uquèla que re sulta das leis, quando cias não são mais ditadas pela justiça c são assim impo*
"Vivemos, diz Bencla, sob o signo do
método de Machiavel, escreve Bumham,
ódio político". E como a política fala
c o método científico aplicado à polí
mais alto, 6 difícil oinàr-sc a argumenta ção de Montesquieu. E a leitura que satisfaz é a de Maquia\el. por isso que c comemorado, todos os dias, com gran
tica."
Cito apenas os livros de maior su
Por certo que não podíamos ficar em Montesquieu, como pretendem algumas sensibilidades retrógradas, porque a evo
do a ju.stcza dos ensinamentos de Mon
lução política foi muito além de seus
tesquieu, afirma o festejado mestre da
de sucesso. Valerio Mano consegue um
Uni\ersidadc de Paris que, "quando O
grande sucesso com o sou livro "Ma
Macliiavel et Montesquieu", de Maurice
quiavel ou a escola do poder". Pouco
Joly, vigoroso panfletário que se matou
antes de morrer, Mareei Brion vê o
efn 1877, depois de uma vida atribulada.
cálculos e de seus quadros. Porém, a sua obra é definitiva como e.xpressão do empenho pela transfonnação da luta política primária e instintiva, numa lu ta jurídica.
A sua obra mantém até
agora, e mais do que nunca, os mais
sábios ensinamentos para evitar o abuso do poder, o despotismo e a \ io]ência.
tentes para manter a ordem." Lembran
poder político nianifesta-sc por leis qu^
não expressam o direito, a sociedade está em perigo". A posição anti-maquiavélica de Mon tesquieu não se situa as.sim com muita clareza, num clima como é o nosso, pro pício ao maquiavelismo c aos princípios
Explicando-a, êle al cança
os
nossos
defendidos pelo famoso
dias
secretário florentino.
quando escreve que ela
Artur Koestler, no seu romance de sucesso "O
foi escrita para provar que "Lesprit de modératfon doit étre celui du législateur". Entretanto, o mundo tumultuado não lhe deu a atenção que merecia.
zero e o infinito", faz
com que Roubachof se lembre que o,número um, isto é, Stalin, tinha às
mãos "O Príncipe" de
Muitas obras foram pu blicadas, é certo. Muitos artigos foram escritos (Jéan-Jacques Chevalier, Pierre Mesnard etc).
Porém, percebe-se através delas certa
nostalgia, certa confissão de que, efeti vamente, Montesquieu não é para o nosso tempo, que ele repre^senta uma sensibilidade e uma inteligência incom
patíveis com a nossa época. Nesse sen tido a obra de Georges Rippert é das mais expressivas: — "Le déclin du droít", inspirada na grande obra que há dois séculos foi composta. Estudando a anarquizada legislação contemporânea, Rippert, em sete capí
Maquiavel!
Maquiavel, de fato, nunca ijordeii prestígio, antes o uumen-.. tou com o correr dos tempos. Vale, para os nossos dias, o ensaio de Walpo-
le, a afirmativa de Reginaldo Polc, ar cebispo católico de Canterburj^ de que
"O Príncipe" foi escrito pelas mãos do diabo. Êsse "Príncipe", que parecia fi car bem emoldurado pelo gosto do Re nascimento, toma de empréstimo várias
figuras do século dezenove e do século vinte. "O Princípe" oru é Napoleão I, ora Napoleão III, ora Mussolini, ora Hitler, ora Stalin.
tulos, procura demonstrar que o direito declina porque a legislação desobedece a
Dizia Saint-Simon que ,há, na civili zação, séculos políticos e séculos jurí dicos. O grande e trágico diálogo da história é entre a política e o direito.
certos princípios que Montesquieu con-
Agora a política está falando mais alto.
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o
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sucesso dc sua obra sobre "Maquiavel".
cesso, porque a bibliografia é extensa. Porém, não posso deixar de lembrar, por último, o "Dialogue aux enfers entre
O li\TO, inteiramente desconliecido,
E Somersel Maugban acha de bom alvi-
aparece agora como uma .crítica impie
tre transferir seus romances das paisa
dosa ao regime sonhado por Montes
gens dos mares do sul para a Itália, por onde anda Maquiavel cm missão política junto a César Borgia, como en
quieu e que não teve, na opinião de seu autor, uma aplicação efetiva na reali
viado do govêrno dc Florença. Na revista dc Sartrc "Les temps mo-
demes", de outubro de 1949, Merleau
Pont>', um dos mais sérios estudiosos do
problema da violência, escreve sua "No te sur Macliiavel".
E exclama, diante
dôsse gênio que vive mais da condena ção do que da glória: "On n'aime pas ce penseur difficile et sans idole!" Em 1943, Rcyan publica "Les princi-
dade prática. O diálogo entabulado entre Montes quieu e Machiavel, fiel ao pensamento de ambos, traduz muito bem a posição
do pensamento político de nossos dias. O antigo Secretário de Estado da Re
pública Florentina usa da linguagem de quem lida com os fatos, com os acon tecimentos e com os homens, enquanto
que o autor de "L'Esprit des leis" con
pes de Maclúavcl et Ia politique do
fia na razão e na lei, como decorrência
dos discursos sôbre Tito Lívio, apare cem na plenitude de sua atualidade.
berdade, o abuso da fonnalidade legal
da compreensão da vida civil, France". Nesse livro vemos Machiavel A crise provocada pelo fascismo e discutindo, ás margens- do Loire, com Monsieur Durant, iDurguês de Paris, os pelo hitlerismo, a insistência com que se ' marcha para a socialização" crescente, o interesses de França. As máximas, extraídas principalmente apelo feito mais ao poder do que à li
para acobertar decisões singulares e re
política do secretário florentino. E, por
volucionárias, dão ao diálogo entre Ma cliiavel e Montesquieu um tom grave e trágico.
fim, uma das obras de sucesso dêstes últimos tempos é "Thc Macbiavellians",
À confiança que Montesquieu pÕe na ordem legal, no gnvêmo baseado na di
Todo o drama da França de antes da
última guerra está explicado na obra
Je James Burnham, onde Macliiavel se
visão dc poderes como melhor forma de
itiostra como o mestre incontrastável da
garantias para as liberdades fundamen tais, Machiavel contrapõe o seu pessi mismo, o gôsto humano para a perversão e o pecado, a perpétua insatisfação so-
ciência x^olítica. Enquanto Dante tiaduz
fi caprichosa política ideal, Machiavel é o senhor da verdade contingente. "O
DiCEÜTO EcONÓ.MICv.
lie
ciai, a mudança permanente de interes ses, a astúcia a serviço de combinações
ambiciosa psicologia, no palco dos acon.
inconfessáveis.
que o desconhecimento dessa \erdadt>
Êsse diálogo, entretanto, não nos le\a à desolação o à renúncia.
tecimcntos humanos. E por cie sabcmoj
ranía e os governos corruptos, como tam.
do, querem que a realidade não se es
bém nos ensina que o culto formal da lei não basta, porque a Içi decorre da
conda na mentira e na hipocrisia e a
natureza das coisas c da razão humana.
vida, iludida com isso, não se encaminhe
E c sobre "La inanière dont Ics lois
de aviltamento em aviltamento.
sont faitos" que, na verdade, se fundam
Machiavel mostrou o homem de go
.
nas virtudes da liberdade, não só no^
oferece os meios para combater a ti.
verno como êle só é, situado com sua
¥Á se tem afirmado que a data de 7
Montesquieu, confiante no direito ^
quanto o direito.
como Montesquieu, cada um a seu mo
Otávio Tarqüínio de Sousa
leva a corrupção c à anarquia.
O encontro dessas duas emergem ainbas da realidade. O poder é tão real
E tanto Machiavel
data verdadeira de setembro de 1822 não é na reali
dade a da independência brasileira, ou
que pelo menos não foi, a princípio, comemorada como tal. Afirmativa intei
ramente infundada. Sem dúvida, a eman
cipação de um país não se realiza por milagre num só dia, nem c obra de um só homem, por mais eminente que soja. Processo histórico vinculado a condições múltiplu.s, o da nossa independência, re montando a episódios já significati\ üs da
as garantias da liberdade c da perma. nência social da dignidade do homem.
centúria anterior, entra a dcfinir-sc mais
claramente no século XVIII, quando o
espírito nativista começa a transmudar-
;
I
sc cm espírito nacional, os interesses cccnómicos dos proprietários rurais, aqui nascidos ou aqui fixados, principiam a chocar-se com os da metrópole portu
de igualdade com Portugal e Algarves, mas com a vantagem da estada do mo narca luso no Rio de Janeiro, fortaleceu ainda mais as transformações que so \i-
nham operando; e. dèsse modo, ao re gressar D. João VI a Lisboa, nenhuma ilusão lhe restaria com certeza acerca do inc\itávcl desfecho — a independência completa do Brasil — como prova o nia-
nhoso conselho ao filho para que cingisse a coroa de preferência a qualquer aven tureiro.
Sem embargo das indecisões de 1821, resultantes dos primeiros reflexos, entre nós, da revolução conslitucionalista por o
processo
emancipador
adquire
das luzes se irradia até
sem demora força irre sistível no ano seguinte. O "fico" a 9 de janeiro,
nós c conquista adeptos mais ou menos convic tos.
Ao transferir-se para cá a família real portu
guesa c com ela a sede do governo, já- o sistema colonial estava gasto e o
Brasil, por assim dizer, maduro para gerir o seu !C'. •-
cou em situação de subaltemidade em face de sua antiga colônia. A ascensão do Brasil à categoria de reino, em pé
idéias peculiares á era
guesa, e o surto das
y.
c Portugal, sob vários aspectos, se colo
próprio destino. As me didas de ordem econômica, política e administrativa, que o príncipe regente
D. João se viu compelido a toi-nav, lan çaram as bases ostensivas da indepen dência brasileira.- O reinado joanino na América como que inverteu os papéis.
tuguesa,
do príncipe D. Pedro, a nomeação, a 16 do mes
mo mês, de Jose Bonifá cio para Ministro, o
embarque compulsório, a 15 de fevereiro, da Divisão Auxiliadora," a aceitação, a 13 de maio,
pelo herdeiro do trono de Portugal, do título de Defensor Per pétuo, a con\'ocaçáo, a 3 de junho, da Assembléia Constituinte, são aconteci
mentos tendentes ao mesmo fim e que culminam nos manifestos de 1 e 6 de
agosto, nos quais D. Pedro proclama
DiCEÜTO EcONÓ.MICv.
lie
ciai, a mudança permanente de interes ses, a astúcia a serviço de combinações
ambiciosa psicologia, no palco dos acon.
inconfessáveis.
que o desconhecimento dessa \erdadt>
Êsse diálogo, entretanto, não nos le\a à desolação o à renúncia.
tecimcntos humanos. E por cie sabcmoj
ranía e os governos corruptos, como tam.
do, querem que a realidade não se es
bém nos ensina que o culto formal da lei não basta, porque a Içi decorre da
conda na mentira e na hipocrisia e a
natureza das coisas c da razão humana.
vida, iludida com isso, não se encaminhe
E c sobre "La inanière dont Ics lois
de aviltamento em aviltamento.
sont faitos" que, na verdade, se fundam
Machiavel mostrou o homem de go
.
nas virtudes da liberdade, não só no^
oferece os meios para combater a ti.
verno como êle só é, situado com sua
¥Á se tem afirmado que a data de 7
Montesquieu, confiante no direito ^
quanto o direito.
como Montesquieu, cada um a seu mo
Otávio Tarqüínio de Sousa
leva a corrupção c à anarquia.
O encontro dessas duas emergem ainbas da realidade. O poder é tão real
E tanto Machiavel
data verdadeira de setembro de 1822 não é na reali
dade a da independência brasileira, ou
que pelo menos não foi, a princípio, comemorada como tal. Afirmativa intei
ramente infundada. Sem dúvida, a eman
cipação de um país não se realiza por milagre num só dia, nem c obra de um só homem, por mais eminente que soja. Processo histórico vinculado a condições múltiplu.s, o da nossa independência, re montando a episódios já significati\ üs da
as garantias da liberdade c da perma. nência social da dignidade do homem.
centúria anterior, entra a dcfinir-sc mais
claramente no século XVIII, quando o
espírito nativista começa a transmudar-
;
I
sc cm espírito nacional, os interesses cccnómicos dos proprietários rurais, aqui nascidos ou aqui fixados, principiam a chocar-se com os da metrópole portu
de igualdade com Portugal e Algarves, mas com a vantagem da estada do mo narca luso no Rio de Janeiro, fortaleceu ainda mais as transformações que so \i-
nham operando; e. dèsse modo, ao re gressar D. João VI a Lisboa, nenhuma ilusão lhe restaria com certeza acerca do inc\itávcl desfecho — a independência completa do Brasil — como prova o nia-
nhoso conselho ao filho para que cingisse a coroa de preferência a qualquer aven tureiro.
Sem embargo das indecisões de 1821, resultantes dos primeiros reflexos, entre nós, da revolução conslitucionalista por o
processo
emancipador
adquire
das luzes se irradia até
sem demora força irre sistível no ano seguinte. O "fico" a 9 de janeiro,
nós c conquista adeptos mais ou menos convic tos.
Ao transferir-se para cá a família real portu
guesa c com ela a sede do governo, já- o sistema colonial estava gasto e o
Brasil, por assim dizer, maduro para gerir o seu !C'. •-
cou em situação de subaltemidade em face de sua antiga colônia. A ascensão do Brasil à categoria de reino, em pé
idéias peculiares á era
guesa, e o surto das
y.
c Portugal, sob vários aspectos, se colo
próprio destino. As me didas de ordem econômica, política e administrativa, que o príncipe regente
D. João se viu compelido a toi-nav, lan çaram as bases ostensivas da indepen dência brasileira.- O reinado joanino na América como que inverteu os papéis.
tuguesa,
do príncipe D. Pedro, a nomeação, a 16 do mes
mo mês, de Jose Bonifá cio para Ministro, o
embarque compulsório, a 15 de fevereiro, da Divisão Auxiliadora," a aceitação, a 13 de maio,
pelo herdeiro do trono de Portugal, do título de Defensor Per pétuo, a con\'ocaçáo, a 3 de junho, da Assembléia Constituinte, são aconteci
mentos tendentes ao mesmo fim e que culminam nos manifestos de 1 e 6 de
agosto, nos quais D. Pedro proclama
118
Digesto Económ
Digesto Econômico
119
"à fac® do universo" a independência politíca do Brasil. Já a 16 desse mês, o jovem Evaristo da Veiga, caixeiro da
Ex. Paço da Assembléia, 5 de setembro
dc 1823". (Ms. n.° 2237, do arquivo do castelo d'Eu — Mu.seu Imperial de
livraria paterna, declama no seu "Hino
firmado a 29 dc agosto anterior, por Sir
Petrópolis). Aí está, dc maneira a mais
Charles Stuart, em nome do rei de Por
mesma hora tornaram a salvar todas as
Constitucional Brasiliense";
explícita, o presidente da Constituinte, na antevéspera do primeiro aniversário, a pedir hora para apresentar a Pedro 1 os agradecimentos da Assembléia, em nome do Império, pela proclamação da Independência, a 7 de setembro de 1822, nas margens do Piranga, como então se
tugal e pelos plenipotenciários brasilei
fortalezas e embarcações de guerra, e
ros. Inseria também o jornal um poema
o mesmo fizeram as esquadras britàniça
do José Elói Otoni, dedicado "a S. M. I.
e francesa; às 3 Já horas da tarde se
o Senhor D. Pedro I, no dia aniversário
formaram em grande parada no Campo da Aclamação as tropas da guamição da
dizia c se lê em numerosos documentos.
anunciava: "Imperial Teatro de São Pe
Quer isto dizer que já então se comemo
dro de Alcântara. Hoje, quarta-feira, 7 do corrente, por ser dia de grande gala,
pois das continências do estilo, deu a tropa uma salva de 101 tiros de artílliaria e 3 descargas de mosqueteria, e depois
haverá uma Academia de Música".
passou S. M. o Imperador em revista
Já podeis da Pátria filhos Ver contente a mãe gentil; Já raiou a liberdade No horizonte do Brasil.
Mas subsistiam equívocos oriundos so
bretudo da situação pessoal do príncipe D. Pedro. Nos manifestos de 1 e 6 de agosto, o primeiro da autoria de Ledo
e o segundo de José Bonifácio, ainda se falava, certamente por conveniência mo mentânea, em manter a união com Por tugal, o dava-se D. João VI como coacto e prisioneiro das Côrtes de Lisboa. Foi
a 7 de setembro que se puseram de lado quaisquer subterfúgios, rompendo-.se os últimos laços. Independência total e definitiva. Contemporâneamente se em
I prestou à data toda a sua significação formal e simbólica. Fácil é prová-lo A 5 de setembro de 1823, João Sevenano Maciel da Costa, pre.sidente da Constituinte, dirigiu a Carneiro de Cam
pos, Ministro do Império, o seguinte ofício; "A Assembléia Geral Constituin te e Legislativa do Império do Brasil tem resolvido enviar no dia 7 do corren
te à Presença de Sua Majestade Impe rial uma deputação para Lhe exprimir em nome do Império os puríssimos votos
de seu agradecimento pela magnânima resolução de declarar a Independência do mesmo Império, pela primeira vez nas
margens do Piranga (sic). O que parti cipo a V. E.x. para que, sabendo de Sua
rou o dia 7 de setembro como o da
independência do Brasil, e comemorouse por decisão da Constituinte, que reu nia brasileiros de todas as províncias e
de todas as tendências, partícipes muitos dêles dos sucessos políticos que prepa raram aquela data.
No ano seguinte, 1824, por ocasião do segundo anivensário, houve nova co memoração. A Constituinte fôra dissol
de reconhecimento da Independência,
da Independência do Brasil", cujo últi mo verso era "Proclama e grita Inde
pendência ou
Morte"; e finalmente
Informações mais minuciosas, a res
peito das festas de 7 de setembro de 1825, podem ser lidas nesse jornal, no número 58, de 9 do mesmo mês e ano.
Depois de referir-se aos "sentimentos da Europa inteira para com os heróicos
ja-mão ao numeroso concurso de pessoas distintas para terem essa honra; a esta
Côrte; às 4 horas da tarde chegaram
S. S. M. M. 1.1. ao Campo, onde, de
tôda a tropa, findo o que desfilaram as tropas em continência e retirada diante dc S. S. M. M. 1.1.; depois se fonnou em coluna cerrada e rompeu em aclama ções de vivas a S. S. M. M. I- L, Família
Imperial e Independência do Império.
esforços do povo brasileiro",
Houve depois Te Deum na
e de informar acêrca da au
Imperial Capela, findo o
vida e Pedro I, cumprindo sua promes
diência dada, no dia 7, pelo
qual foram S. S. M. M- 1-1-
sa, outorgara a 25 de março a Consti
imperador, a
tuição do Império. O Diário Fluminen
Stuart, ao Barão de Mareschal e ao Conde de Gestas, repre
teatro. Em todo este dia mostrou o povo seu regozijo, rompendo em tôda a parte vi
sentantes da Grã-Bretanha, da Áustria e da França, diz na
feitor e Sua Augusta Família".
se, jornal oficial ou oficioso, noticiava no número 60, de 9 de setembro: "Têr-
ça-feira, 7 do corrente, aniversário da
Independência deste Império, foi, na conformidade das ordens de S. M. o Im
perador, dia de grande gala..." E con tando as festas, as salvas das fortale zas e dos navios embandeirados, assim concluía:
.. desta forma se soleni-
20U um dos mais notáveis dias que tem
o Brasil, dia em que o nosso Augusto Imperador, nas margens do Piranga, proclamou a nossa Independência". Em 1825, celebrando o terceiro aniversário,
Majestade o lugar e a hora em que
o mesmo Diário Fluminense, para ligar
determinar recebê-la, V. Ex. nos co
à data um acontecimento que dela de
munique e eu possa fazô-Io presente na mesma Assembléia. Deus guarde a V.
corria, publicava no número 57, de 7
de setembro, em suplemento, o tratado
Sir
Charles
vas aclamações ao Nosso Ben-
sua linguagem louvarainheira e algo trôpega: "Êste dia foi de gala grande por ser o aniversário da declaração de nossa Independência,
Vasto programa de come morações, que deixaria moído 0 monarca, se não fosse bastante conhe
acrescendo a isto o ser o dia destinado
que se timbrava em cercar o dia 7 de
por S. M. o Imperador para a publica
setembro da maior importância, em fazer
ção do ti'atado de paz e aliança entre
dêle o ponto de partida do Brasil li\Te
S. M. o Imperador e S. M. Fidelíssima.
e soberano.
Ao nascer do sol salvaram e se embandeiraram todas as fortalezas e embarca
lebrada em 1823, 1824, 1825, isto é,
cida a sua resistência.
Mas o certo é
Já vimos a data de 7 de setembro ce
pôrto; ás 8 horas tôda a esquadra bri
no primeiro, segundo e terceiro aniversá rios da Independência. O mesmo veri
tânica
ficaremos em 1826.
ções de guerra nacionais surtas neste e
francesa
se
embandoiraram
O Diário Flumi
(sic); à 1 hora chegaram S. S. M. M. 1.1. ao Paço da cidade para receberem o cor
nense, número 58, de 9 de setembro
tejo do corpo diplomático e darem bei-
"Dia 7 de setembro", entre outras coisas
desse ano, num artigo cujo título era
118
Digesto Económ
Digesto Econômico
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"à fac® do universo" a independência politíca do Brasil. Já a 16 desse mês, o jovem Evaristo da Veiga, caixeiro da
Ex. Paço da Assembléia, 5 de setembro
dc 1823". (Ms. n.° 2237, do arquivo do castelo d'Eu — Mu.seu Imperial de
livraria paterna, declama no seu "Hino
firmado a 29 dc agosto anterior, por Sir
Petrópolis). Aí está, dc maneira a mais
Charles Stuart, em nome do rei de Por
mesma hora tornaram a salvar todas as
Constitucional Brasiliense";
explícita, o presidente da Constituinte, na antevéspera do primeiro aniversário, a pedir hora para apresentar a Pedro 1 os agradecimentos da Assembléia, em nome do Império, pela proclamação da Independência, a 7 de setembro de 1822, nas margens do Piranga, como então se
tugal e pelos plenipotenciários brasilei
fortalezas e embarcações de guerra, e
ros. Inseria também o jornal um poema
o mesmo fizeram as esquadras britàniça
do José Elói Otoni, dedicado "a S. M. I.
e francesa; às 3 Já horas da tarde se
o Senhor D. Pedro I, no dia aniversário
formaram em grande parada no Campo da Aclamação as tropas da guamição da
dizia c se lê em numerosos documentos.
anunciava: "Imperial Teatro de São Pe
Quer isto dizer que já então se comemo
dro de Alcântara. Hoje, quarta-feira, 7 do corrente, por ser dia de grande gala,
pois das continências do estilo, deu a tropa uma salva de 101 tiros de artílliaria e 3 descargas de mosqueteria, e depois
haverá uma Academia de Música".
passou S. M. o Imperador em revista
Já podeis da Pátria filhos Ver contente a mãe gentil; Já raiou a liberdade No horizonte do Brasil.
Mas subsistiam equívocos oriundos so
bretudo da situação pessoal do príncipe D. Pedro. Nos manifestos de 1 e 6 de agosto, o primeiro da autoria de Ledo
e o segundo de José Bonifácio, ainda se falava, certamente por conveniência mo mentânea, em manter a união com Por tugal, o dava-se D. João VI como coacto e prisioneiro das Côrtes de Lisboa. Foi
a 7 de setembro que se puseram de lado quaisquer subterfúgios, rompendo-.se os últimos laços. Independência total e definitiva. Contemporâneamente se em
I prestou à data toda a sua significação formal e simbólica. Fácil é prová-lo A 5 de setembro de 1823, João Sevenano Maciel da Costa, pre.sidente da Constituinte, dirigiu a Carneiro de Cam
pos, Ministro do Império, o seguinte ofício; "A Assembléia Geral Constituin te e Legislativa do Império do Brasil tem resolvido enviar no dia 7 do corren
te à Presença de Sua Majestade Impe rial uma deputação para Lhe exprimir em nome do Império os puríssimos votos
de seu agradecimento pela magnânima resolução de declarar a Independência do mesmo Império, pela primeira vez nas
margens do Piranga (sic). O que parti cipo a V. E.x. para que, sabendo de Sua
rou o dia 7 de setembro como o da
independência do Brasil, e comemorouse por decisão da Constituinte, que reu nia brasileiros de todas as províncias e
de todas as tendências, partícipes muitos dêles dos sucessos políticos que prepa raram aquela data.
No ano seguinte, 1824, por ocasião do segundo anivensário, houve nova co memoração. A Constituinte fôra dissol
de reconhecimento da Independência,
da Independência do Brasil", cujo últi mo verso era "Proclama e grita Inde
pendência ou
Morte"; e finalmente
Informações mais minuciosas, a res
peito das festas de 7 de setembro de 1825, podem ser lidas nesse jornal, no número 58, de 9 do mesmo mês e ano.
Depois de referir-se aos "sentimentos da Europa inteira para com os heróicos
ja-mão ao numeroso concurso de pessoas distintas para terem essa honra; a esta
Côrte; às 4 horas da tarde chegaram
S. S. M. M. 1.1. ao Campo, onde, de
tôda a tropa, findo o que desfilaram as tropas em continência e retirada diante dc S. S. M. M. 1.1.; depois se fonnou em coluna cerrada e rompeu em aclama ções de vivas a S. S. M. M. I- L, Família
Imperial e Independência do Império.
esforços do povo brasileiro",
Houve depois Te Deum na
e de informar acêrca da au
Imperial Capela, findo o
vida e Pedro I, cumprindo sua promes
diência dada, no dia 7, pelo
qual foram S. S. M. M- 1-1-
sa, outorgara a 25 de março a Consti
imperador, a
tuição do Império. O Diário Fluminen
Stuart, ao Barão de Mareschal e ao Conde de Gestas, repre
teatro. Em todo este dia mostrou o povo seu regozijo, rompendo em tôda a parte vi
sentantes da Grã-Bretanha, da Áustria e da França, diz na
feitor e Sua Augusta Família".
se, jornal oficial ou oficioso, noticiava no número 60, de 9 de setembro: "Têr-
ça-feira, 7 do corrente, aniversário da
Independência deste Império, foi, na conformidade das ordens de S. M. o Im
perador, dia de grande gala..." E con tando as festas, as salvas das fortale zas e dos navios embandeirados, assim concluía:
.. desta forma se soleni-
20U um dos mais notáveis dias que tem
o Brasil, dia em que o nosso Augusto Imperador, nas margens do Piranga, proclamou a nossa Independência". Em 1825, celebrando o terceiro aniversário,
Majestade o lugar e a hora em que
o mesmo Diário Fluminense, para ligar
determinar recebê-la, V. Ex. nos co
à data um acontecimento que dela de
munique e eu possa fazô-Io presente na mesma Assembléia. Deus guarde a V.
corria, publicava no número 57, de 7
de setembro, em suplemento, o tratado
Sir
Charles
vas aclamações ao Nosso Ben-
sua linguagem louvarainheira e algo trôpega: "Êste dia foi de gala grande por ser o aniversário da declaração de nossa Independência,
Vasto programa de come morações, que deixaria moído 0 monarca, se não fosse bastante conhe
acrescendo a isto o ser o dia destinado
que se timbrava em cercar o dia 7 de
por S. M. o Imperador para a publica
setembro da maior importância, em fazer
ção do ti'atado de paz e aliança entre
dêle o ponto de partida do Brasil li\Te
S. M. o Imperador e S. M. Fidelíssima.
e soberano.
Ao nascer do sol salvaram e se embandeiraram todas as fortalezas e embarca
lebrada em 1823, 1824, 1825, isto é,
cida a sua resistência.
Mas o certo é
Já vimos a data de 7 de setembro ce
pôrto; ás 8 horas tôda a esquadra bri
no primeiro, segundo e terceiro aniversá rios da Independência. O mesmo veri
tânica
ficaremos em 1826.
ções de guerra nacionais surtas neste e
francesa
se
embandoiraram
O Diário Flumi
(sic); à 1 hora chegaram S. S. M. M. 1.1. ao Paço da cidade para receberem o cor
nense, número 58, de 9 de setembro
tejo do corpo diplomático e darem bei-
"Dia 7 de setembro", entre outras coisas
desse ano, num artigo cujo título era
• Digesto Econômico
Í-.
avançava: "O dia 7 de setembro tem um caráter particular, que o recomenda
de guerra, arsorando o pa\ilhão im perial. Havendo-.se S. M. o Imperador
nas páginas da História. Êle recorda um daqueles momentos só concedidos aos gênios extraordinários paia a síilva-
transportado em grande estado ao Paço da cidade, ali recebeu os agradecimen tos que lhe dirigiu a Câmara dos Senado res por uma deputação". A Câmara dos Deputados, de relações menos cordiais com o monarca, parece que não enviou
ção dos antigos impérios, ou para a cria
ção de um novo. O Senhor D. Pedro de Alcantára, concebendo em Seu Subli
me Entendimento o mais elevado pro jeto, cortou com uma palavra mais efi
caz que a espada de Alexandre todas as
de.sassizadas maquinações dos inimigos do Brasil, e o brado de independência resolutamente pronunciado fêz arripiar as águas do Piranga..." E continuan do no mesmo tom ditirámbico, acrescen
tava que, se a chuva abundante que desabara sôbre o Rio frustrara a reali
zação da grande parada, nem por isso deixaram de realizar-se outras festas. ;.ledro I compareceu às 6 horas da tarde
ao Tc Deum entoado na Capela Impe rial pelo bispo capelão-mor e à noite estêve no Teatro de São Pedro, onde se cantou o hino nacional, foi representado o primeiro ato de "Barbeiro de Sevilha" e a companhia de dançarinos executou
dançados, segundo a linguagem do ar ticulista.
Em 1827, por ocasião da passagem do
oficialmente delegação, mas o jornal ofi cioso se apressou em declarar que entre as pessoas das classes mais distintas que estiveram no Paço Imperial havia vários
membros do corpo legislativo. Houve também uma cerimônia religiosa, com a presença de Pedro I, que, à noite, assis tiu, no Teatro do São Pedro, à represen tação da peça Adelino e ao bailado Doma Soldado.
No ano seguinte, 1828, a proclainação
da Independência foi celebrada com o mesmo entusiasmo, e a Câmara dos De
putados achou con\'eniente enviar a Pe
dro I uma delegação, orando em nome dela alguém que já ganhara largo pres tígio pela inteligência e opiniões libe rais: Bernardo Pereira de Vasconcelos.
Diante do monarca, saudando-o com a
reverência devida, deixou o deputado
mineiro e.xpresso que o Brasil não pres cindiria jamais do instituições livres:
quinto aniversário, o Diário Fluminem-e
Constituição, Coristituição, Constituição,
não pecou por omissão. No número 58,
eis o remédio para todo.s os males. Vale a pena ler as palavras de Vasconcelos,
de 10 de setembro, podemos ler: "O Faustí-ssimo Aniversário do dia mais
que figuram nos anais da Câmara e
festi\c, cm que o Brasil, graças ao Seu
foram registradas pela Aslrea, número
Augusto Defensor Perpétuo, quebrou os O lugar-comum é, como se vê, bastante antigo. Mas em
Festa Naciímal pela Assembléia Legisla
331, de 13 de setembro de 1828, jornal de oposição, dirigido por João Clemente Vieira Souto, que rivalizawa por vêzes com o de Evaristo no combate aos gover nos do Primeiro Reinado. É, pois, fora de qualquer dxivida que a data de 7 de setembro ganhou logo para os con
tiva, a sua primeira luz foi saudada pela
temporâneos da Independência o sentido
artilharia das fortalezas e embarcações
que não perderia mais.
ferros da tirania..."
• 1827 cresceram de significação as come morações. Continuemos a ler a notícia do Diário Fluminense: "Declarado de
121
Dickstí) Econômico
120
"O Dia da
Piranga, dia essencialmente nacional para todo brasileiro qtie se preze do o ser", ou o "maior Dia de Festas do Bra
sil, aquele cm que ressoaram os brados de Independência on Morte, proferidos pelo Augusto Cliefe da Nação", como di.sse a mesma Astrco, número 611, de 7 de setembro de 1830. "Maior dia de
festas do Brasil", assinalando a nossa
emancipação política.
Certo, as datas
têm em muitos casos valor meramente
simbólico c é o que acontece com a de 7 de setembro. Ê óbvio que a in
dependência dc um povo não se asseme lha á maioridadc de um homem, que ocorre cm determinado dia por força de uma ficção legal: c o corolário de um
longo processo histórico, através de vicissitucles várias. O processo emancipador brasileiro, cujo clímax foi a 7 de setembro de 1822, pode reixdnclicar di
versas datas que a êle se vinculam. Para não ir muito longe, lembremo-nos mais uma vez da chegada de D. João, com a série de medidas de ordem polí tica e econômica que se seguiram: a elevação do Brasil à categoria de reino, a "ficada" do herdeiro do trono de Por
tugal e todos os atos conseqüentes, in clusive a viagem a Suo Paulo e o
grito do Ipiranga, sem esquecer depois a aclamação de D. Pedro I como impe rador, a 12 de outubro de 1822, sua coroação a 1 de dezembro do mesmo
ano, a outorga da Constituição a 23 de março de 1824 c, por último, a revo lução de 7 de abril de 1831, que entre
gou definitivamente o Brasil aos brasi leiros natos, ao brasileiro nato filho de Pedro I, que tão sábia e dedicadamente reinaria ate 15 de novembro de 1
• Digesto Econômico
Í-.
avançava: "O dia 7 de setembro tem um caráter particular, que o recomenda
de guerra, arsorando o pa\ilhão im perial. Havendo-.se S. M. o Imperador
nas páginas da História. Êle recorda um daqueles momentos só concedidos aos gênios extraordinários paia a síilva-
transportado em grande estado ao Paço da cidade, ali recebeu os agradecimen tos que lhe dirigiu a Câmara dos Senado res por uma deputação". A Câmara dos Deputados, de relações menos cordiais com o monarca, parece que não enviou
ção dos antigos impérios, ou para a cria
ção de um novo. O Senhor D. Pedro de Alcantára, concebendo em Seu Subli
me Entendimento o mais elevado pro jeto, cortou com uma palavra mais efi
caz que a espada de Alexandre todas as
de.sassizadas maquinações dos inimigos do Brasil, e o brado de independência resolutamente pronunciado fêz arripiar as águas do Piranga..." E continuan do no mesmo tom ditirámbico, acrescen
tava que, se a chuva abundante que desabara sôbre o Rio frustrara a reali
zação da grande parada, nem por isso deixaram de realizar-se outras festas. ;.ledro I compareceu às 6 horas da tarde
ao Tc Deum entoado na Capela Impe rial pelo bispo capelão-mor e à noite estêve no Teatro de São Pedro, onde se cantou o hino nacional, foi representado o primeiro ato de "Barbeiro de Sevilha" e a companhia de dançarinos executou
dançados, segundo a linguagem do ar ticulista.
Em 1827, por ocasião da passagem do
oficialmente delegação, mas o jornal ofi cioso se apressou em declarar que entre as pessoas das classes mais distintas que estiveram no Paço Imperial havia vários
membros do corpo legislativo. Houve também uma cerimônia religiosa, com a presença de Pedro I, que, à noite, assis tiu, no Teatro do São Pedro, à represen tação da peça Adelino e ao bailado Doma Soldado.
No ano seguinte, 1828, a proclainação
da Independência foi celebrada com o mesmo entusiasmo, e a Câmara dos De
putados achou con\'eniente enviar a Pe
dro I uma delegação, orando em nome dela alguém que já ganhara largo pres tígio pela inteligência e opiniões libe rais: Bernardo Pereira de Vasconcelos.
Diante do monarca, saudando-o com a
reverência devida, deixou o deputado
mineiro e.xpresso que o Brasil não pres cindiria jamais do instituições livres:
quinto aniversário, o Diário Fluminem-e
Constituição, Coristituição, Constituição,
não pecou por omissão. No número 58,
eis o remédio para todo.s os males. Vale a pena ler as palavras de Vasconcelos,
de 10 de setembro, podemos ler: "O Faustí-ssimo Aniversário do dia mais
que figuram nos anais da Câmara e
festi\c, cm que o Brasil, graças ao Seu
foram registradas pela Aslrea, número
Augusto Defensor Perpétuo, quebrou os O lugar-comum é, como se vê, bastante antigo. Mas em
Festa Naciímal pela Assembléia Legisla
331, de 13 de setembro de 1828, jornal de oposição, dirigido por João Clemente Vieira Souto, que rivalizawa por vêzes com o de Evaristo no combate aos gover nos do Primeiro Reinado. É, pois, fora de qualquer dxivida que a data de 7 de setembro ganhou logo para os con
tiva, a sua primeira luz foi saudada pela
temporâneos da Independência o sentido
artilharia das fortalezas e embarcações
que não perderia mais.
ferros da tirania..."
• 1827 cresceram de significação as come morações. Continuemos a ler a notícia do Diário Fluminense: "Declarado de
121
Dickstí) Econômico
120
"O Dia da
Piranga, dia essencialmente nacional para todo brasileiro qtie se preze do o ser", ou o "maior Dia de Festas do Bra
sil, aquele cm que ressoaram os brados de Independência on Morte, proferidos pelo Augusto Cliefe da Nação", como di.sse a mesma Astrco, número 611, de 7 de setembro de 1830. "Maior dia de
festas do Brasil", assinalando a nossa
emancipação política.
Certo, as datas
têm em muitos casos valor meramente
simbólico c é o que acontece com a de 7 de setembro. Ê óbvio que a in
dependência dc um povo não se asseme lha á maioridadc de um homem, que ocorre cm determinado dia por força de uma ficção legal: c o corolário de um
longo processo histórico, através de vicissitucles várias. O processo emancipador brasileiro, cujo clímax foi a 7 de setembro de 1822, pode reixdnclicar di
versas datas que a êle se vinculam. Para não ir muito longe, lembremo-nos mais uma vez da chegada de D. João, com a série de medidas de ordem polí tica e econômica que se seguiram: a elevação do Brasil à categoria de reino, a "ficada" do herdeiro do trono de Por
tugal e todos os atos conseqüentes, in clusive a viagem a Suo Paulo e o
grito do Ipiranga, sem esquecer depois a aclamação de D. Pedro I como impe rador, a 12 de outubro de 1822, sua coroação a 1 de dezembro do mesmo
ano, a outorga da Constituição a 23 de março de 1824 c, por último, a revo lução de 7 de abril de 1831, que entre
gou definitivamente o Brasil aos brasi leiros natos, ao brasileiro nato filho de Pedro I, que tão sábia e dedicadamente reinaria ate 15 de novembro de 1
123
Digesto Econômico
FLORESTAS P»fE>rrEL Gomes
\s florestas têm uma influência muito
grande sobre a vida humana. Equi
Países
Florestas
americanos (Ent quilômetros quadrados)
libram o regime dos rios, melhoram o microclima, abrigam a fauna, embelezam
Brasil
a paisagem, fornecem cópias imensas de
Canadá
produtos variadíssimos e indispensáveis, que vão das madeiras para construções, movelaria e fabricação de celulose e papel, à lenha, ao carvão, à borracha, ceras e gomas, frutos diversos, óleos
Estadoij Unidos Colômbia
619.190
Venezuela México
suas florestas, embora, até agora, não
Argentina
as tenhamos explorado racionalmente
Equador
Mesmo assim contribuem, anualmente,
Guiana Inglesa
para a economia nacional, com cerca de
720.000 700.000
Pem Alasca
preciosos etc. O Brasil deve imenso às
I 15 biliões de cruzeiros, além de possibi|itmem indústrias que rendem outros
3.9.59.280 3.387.790 2.525.330
330.000 258.560 220.000 162.000 139.986 105.000 78.130 70.000
Surinam
Paraguai Guiana Francesa
biliões. Examinemos algo de nossa riqueza florestal, a riqueza que tanto temos destruído do modo mais perdulá
Panamá
rio e imprevidente.
República Dominicana
Chile Guatemala Cuba
Florestas mutidiais
El Salvador
Nas Américas, as florestas maiores se encontram no Brasil — 395.928 mil hec
Belise
tares, dos quais 377.170 são considera
Haiti
dos produtivos. 46% da área total do País estão ainda cobertos de florestas. Cada brasileiro dispõe de 8 hectares de flo restas. Infebzmente se distribuem muito
irregularmente no território nacional. Cerca de 320 milliões de hectares de
florestas se encontram na Amazônia, onde está a segunda do mundo em ' extensão.
Seguem-se ao Brasil o Canadá, com
66.820
52.450
Uruguai
50.000 30.070 25.850 19.920 15.790 6.020
5.000.
Tchecoslováquia
36.820
quadrados, dos quais 202.530 produti
Áustria
31.390
vos. A Nova Zelândia tem 68.270 qui
Portugal
24.670
lômetros quadrados de florestas, dos
Grécia Grã-Bretanha
20.000 12.730
quais 19.710 produtivos. Na África, há um grande pais sem
Hungria
11.070
florestas — o Egito. A União Sul-Afrí-
Suíça
9.000
Bélgica
5.410
Dinamarca Holanda Irlanda
3.480 2.500 890
cana tem 28.870 quilômetros quadrados de florestas, dos quais 8.240 produtivos. O Congo Belga tem 1.203.000 quilô metros quadrados florestados. A África Equatorial Francesa 1.253.730.
Luxemburgo
780
Irlanda do Norte
210
viética. Conforme o Calendário Atlante Nem tôdas as florestas, como nas
tante fé, há por lá 9.570.000 quilôme
exemplo, tem apenas 6.000 quilômetros
tros quadrados de florestas.
quadrados de florestas produtivas; Por tugal, 24.600; a Noruega, 61.000; a Po lônia, 64.700; a Áustria, 28.000; a Tchecoslováquia, 30.760; a Finlândia, 207.000; a Suíça, 8.000.
Há, também, na Ásia, alguns países bastante florestados: Países asiáticos
Florestas
(Em quilômetros quadrados)
Indonésia China
1.200.000 828.050
445.300 390.940
da população, ainda há países com gran
Sião
324.310
des areas florestadas.
Japão Filipinas
222.750 174.960
Sarawak
106.190
da Europa (Em quilômetros quadrados)
União Malaia . Boméu Setentrional
101.240 62.160
Suécia Finlândia
235.350 216.600
Ceilão Síria
3.750
França
109.540
Chipre
1.690
Florestas
35.310
Alemanha
75.480
Palestina
890
Noruega
75.000
Transjordânia
350
outros países são muito menos ricos
Polônia
69.090
em florestas.
Bulgária
40.230
338.799
mil
hectares
e
os
Estados
Unidos, com 252.533 mil hectares.
Os
Florestas brasileiras
Na Zona Norte se encontra a maior
área florestada contínua do Brasil e a
segunda do mundo. A selva amazôni ca começa à margem esquerda do rio Mearim, no Maranhão, e se alastra ate às fronteiras com a Bolívia, o Pem e a
Birmânia
Países
de Agostini, cujos dados merecem bas
Américas, são produtivas. A Grécia, por
índia e Paquistão
Na Europa, em que pese a densidade
A FAO, que forneceu os dados que apresento, nada diz sobre a União So
A Oceania é pobre em florestas. A Austrália dispõe de 309.250 quilômetros
Colômbia, por milhares e milhares de quilômetros de extensão. Calcula-se que revista 3.200.000 quilômetros quadrados. Atravessam-na, facilitando o transporte,
o maior rio do mundo, franco a navega
ção marítima até uns 1.500 quilôme tros da foz. Vapores menores, também marítimos, vão a Iquitos, no Peru. O Madeira, o maior afluente do Amazonas, é mais caudaloso que qualquer rio eu
ropeu. Em território brasileiro, a bacia do Amazonas oferece uns 60 iml quilô
metros de vias fluviais navegáveis por
grandes, médias e pequenas embarca ções. Muitos rios amazônicos nascem nos planaltos - brasileiro ou guiànico — e descem para a imensa planície flo restada.
Na descida apresentam uma
série de cachoeiras, cujas energias serão
um dia aproveitadas.
123
Digesto Econômico
FLORESTAS P»fE>rrEL Gomes
\s florestas têm uma influência muito
grande sobre a vida humana. Equi
Países
Florestas
americanos (Ent quilômetros quadrados)
libram o regime dos rios, melhoram o microclima, abrigam a fauna, embelezam
Brasil
a paisagem, fornecem cópias imensas de
Canadá
produtos variadíssimos e indispensáveis, que vão das madeiras para construções, movelaria e fabricação de celulose e papel, à lenha, ao carvão, à borracha, ceras e gomas, frutos diversos, óleos
Estadoij Unidos Colômbia
619.190
Venezuela México
suas florestas, embora, até agora, não
Argentina
as tenhamos explorado racionalmente
Equador
Mesmo assim contribuem, anualmente,
Guiana Inglesa
para a economia nacional, com cerca de
720.000 700.000
Pem Alasca
preciosos etc. O Brasil deve imenso às
I 15 biliões de cruzeiros, além de possibi|itmem indústrias que rendem outros
3.9.59.280 3.387.790 2.525.330
330.000 258.560 220.000 162.000 139.986 105.000 78.130 70.000
Surinam
Paraguai Guiana Francesa
biliões. Examinemos algo de nossa riqueza florestal, a riqueza que tanto temos destruído do modo mais perdulá
Panamá
rio e imprevidente.
República Dominicana
Chile Guatemala Cuba
Florestas mutidiais
El Salvador
Nas Américas, as florestas maiores se encontram no Brasil — 395.928 mil hec
Belise
tares, dos quais 377.170 são considera
Haiti
dos produtivos. 46% da área total do País estão ainda cobertos de florestas. Cada brasileiro dispõe de 8 hectares de flo restas. Infebzmente se distribuem muito
irregularmente no território nacional. Cerca de 320 milliões de hectares de
florestas se encontram na Amazônia, onde está a segunda do mundo em ' extensão.
Seguem-se ao Brasil o Canadá, com
66.820
52.450
Uruguai
50.000 30.070 25.850 19.920 15.790 6.020
5.000.
Tchecoslováquia
36.820
quadrados, dos quais 202.530 produti
Áustria
31.390
vos. A Nova Zelândia tem 68.270 qui
Portugal
24.670
lômetros quadrados de florestas, dos
Grécia Grã-Bretanha
20.000 12.730
quais 19.710 produtivos. Na África, há um grande pais sem
Hungria
11.070
florestas — o Egito. A União Sul-Afrí-
Suíça
9.000
Bélgica
5.410
Dinamarca Holanda Irlanda
3.480 2.500 890
cana tem 28.870 quilômetros quadrados de florestas, dos quais 8.240 produtivos. O Congo Belga tem 1.203.000 quilô metros quadrados florestados. A África Equatorial Francesa 1.253.730.
Luxemburgo
780
Irlanda do Norte
210
viética. Conforme o Calendário Atlante Nem tôdas as florestas, como nas
tante fé, há por lá 9.570.000 quilôme
exemplo, tem apenas 6.000 quilômetros
tros quadrados de florestas.
quadrados de florestas produtivas; Por tugal, 24.600; a Noruega, 61.000; a Po lônia, 64.700; a Áustria, 28.000; a Tchecoslováquia, 30.760; a Finlândia, 207.000; a Suíça, 8.000.
Há, também, na Ásia, alguns países bastante florestados: Países asiáticos
Florestas
(Em quilômetros quadrados)
Indonésia China
1.200.000 828.050
445.300 390.940
da população, ainda há países com gran
Sião
324.310
des areas florestadas.
Japão Filipinas
222.750 174.960
Sarawak
106.190
da Europa (Em quilômetros quadrados)
União Malaia . Boméu Setentrional
101.240 62.160
Suécia Finlândia
235.350 216.600
Ceilão Síria
3.750
França
109.540
Chipre
1.690
Florestas
35.310
Alemanha
75.480
Palestina
890
Noruega
75.000
Transjordânia
350
outros países são muito menos ricos
Polônia
69.090
em florestas.
Bulgária
40.230
338.799
mil
hectares
e
os
Estados
Unidos, com 252.533 mil hectares.
Os
Florestas brasileiras
Na Zona Norte se encontra a maior
área florestada contínua do Brasil e a
segunda do mundo. A selva amazôni ca começa à margem esquerda do rio Mearim, no Maranhão, e se alastra ate às fronteiras com a Bolívia, o Pem e a
Birmânia
Países
de Agostini, cujos dados merecem bas
Américas, são produtivas. A Grécia, por
índia e Paquistão
Na Europa, em que pese a densidade
A FAO, que forneceu os dados que apresento, nada diz sobre a União So
A Oceania é pobre em florestas. A Austrália dispõe de 309.250 quilômetros
Colômbia, por milhares e milhares de quilômetros de extensão. Calcula-se que revista 3.200.000 quilômetros quadrados. Atravessam-na, facilitando o transporte,
o maior rio do mundo, franco a navega
ção marítima até uns 1.500 quilôme tros da foz. Vapores menores, também marítimos, vão a Iquitos, no Peru. O Madeira, o maior afluente do Amazonas, é mais caudaloso que qualquer rio eu
ropeu. Em território brasileiro, a bacia do Amazonas oferece uns 60 iml quilô
metros de vias fluviais navegáveis por
grandes, médias e pequenas embarca ções. Muitos rios amazônicos nascem nos planaltos - brasileiro ou guiànico — e descem para a imensa planície flo restada.
Na descida apresentam uma
série de cachoeiras, cujas energias serão
um dia aproveitadas.
I
I IIUI I ^ II
||| I _
r125
DiOESTO Econômico Dicesto Econômico
124
lugar de possuírem uns 30% dc flores A exploração da floresta amazônica apresentou defeitos que impediram a sua
rcs médias; c ale grandes nos pontos
rápida industrialização. Os progressos realizados pela técnica, nos iiltimos anos,
pequenas consorciadas com cactáceas e bronieliáccas nos trechos piores, que são relativamente pequenos,
permitem, desde já, a instalação de grandes serrarias, fábricas de compensa do, celulose, papel etc, Um grande técnico em celulose e papel, organizador
tas, como é aconselhável, tèm apenas 12 e uté mesmo 1 c menos dc um por
mais fa\x)rávci,s, rcduzindo-se a ár\ores
cento.
É uma calamidade.
Daí o re
gime dos rios se descontrolando, o mi-
tatística da Produção, produzimos • • •
croclinia prejudicado, a erosão das en-
5.410.732 metros cúbicos de madeira, no valor de 1.363 milhões de cruzeiros. Eram maiores produtores:
contas, o assoreamento das várzeas, o
A zona das florestas costeiras cstira-
de do Norte, ao sul de Santa Catarina,
empobrecimento do patrimônio nacional. Urge reflorestar as terras pobres, as
das fábricas de celulose de Rosário, Ar
com larguras variáveis, interessando, po
encostas das serras, o terço superior dos
gentina, c Santiago do Chile, entusiasmou-se com as condições que a Amazô
rém, as terras litorâneas, as encostas das
píncaros, os divisores de águas, as nas centes dos rios e ribeirões, as áreas de
nia peruana apresenta à fabricação da
serras o as próprias serras e planaltos. Estão, aí, algumas das nossas mais belas
quele produto, Uma das espécies encon
florestas.
tradas — o setico, árvore abundantíssi
ma nas várzeas — apresenta um tronco
A zona dos pinhais compreende os planaltos do Paraná, Santa Catarina, Rio
Reflorestar é um grande problema na cional, que merece o apoio dc todos
com 30 a 40 centímetros de diâmetro
Grande do Sul e os trechos mais ekn-a-
aos dois a três anos de vida, estando, desde então, pronto a ser industriali
zado, enquanto os pinheirais do Canadá, Noruega, Suécia, Finlândia são corta
dos com 50 a 100 anos. As vantagens
se das margens do Potengi, no Rio Gran
abastecimento das fontes.
os bons brasileiros. Felizmente, o reflorestamento começ-ou
dos dos planaltos de São Paulo, Minas
com o grande agrônomo Navarro de Andrade, e se alarga e se difunde em
Gerais e Espírito Santo, Os pinhais densos vão, para o norte, até ao para lelo 20, Há bosques espontâneos até o paralelo 18. Há bosques de plaiitação
todos os sentidos, cada vez mais intensa
mente.
O Serviço Florestal dó Minis
em latitudes bem mais baixas. Em Uba-
tério da Agricultura c os de algumas Se cretarias de Agricultura estão plantando,
jara, Ceará, a uns 700 metros de al
anualmente — por conta própria e em
tura, nas proximidades do paralelo 4, há um bosque de araucárias crescendo ra-
cooperação
zoàvelmente. São florestas riquíssimas,
zendeiros e sitiantes — mais de 250 mi
que estão sendo, em
lhões de árvores, principalmente eucalip
nhão, Piauí c trecho do'
regra, exploradas irra
Ceará, até o pantanal
tos, pinheiros brasileiros (araucárias), pi
cionalmente.
nheiros do Chile, pinheiros bravos, sibi-
matogrossense.
87.500 quilômetros qua
que a Amazônia apresenta à indústria de celulose e do papel são, assim, ex traordinárias.
• Segue-se, como segunda grande zona florestal, a dos Cocais, que se alarga dos litorais do
Mara
Há áí
florestas puras de car naubeiras, e babaçus e
bosques de buritis e tucuns — todas as qua tro espécies de grande valor econômico, A zona
das caatin
gas vai do interior do
com usinas siderúrgicas,
estradas de ferro, fábricas diversas, fa
Medem
pirunas, jacarandás, grevileas, sabiás, car naubeiras, jacarés, angicos, ipês... O esforço que se está fazendo é gran de. Mister se faz pelo menos duplicálo com a possível brevidade, pois preci samos plantar de modo a cobrir o con
drados.
Desflorestamdúo e reflorestamcnto
Grande parte dc nos
sumo e, em determinadas zonas, ul
sas florestas se situa nos
tal deixam a desejar, e coniprèendern-se facilmente as razões. Vejamos, porém, o que existe a respeito. Em 1946, conforme o Serviço de Es
trapassá-lo consideràvelmente.
trechos mais dinamizií-
Produção ein metros 1.168.354 1.079.521 951.530 924.923
Paraná
Rio Grande do Sul Minas Gerais Santa Catarina
434.813 148.210
São Paulo . Bahia Pará
105.594 92.922
Espírito Santo Iguaçu
82.744 63.338
Goiás
47.207
Rio de janeiro
43.070
Piauí
42.460 42.249 40.620
Pernambuco Acre
Alagoas
35.861 80.642
Paraíba Maranhão Ceará
23.476 17.130 14.564
Rio Grande do Norte Amazonas
A nossa produção de lenha é tremen
damente grande: 83.475152 ^metros
cúbicos, valendo 1.776 milhões de cru
zeiros (1946), devendo, hoje, ser maior
e valer muito mais - talvez bem mais de 2 biliões de cruzeiros. Vejamos quais os maiores produtores;
Ceará e Rio Grande do Norte, através das terras mediterrâneas da Paraíba,
dos do País. Desflorestar era necessário, para abrir espaço às lavouras, às cida
Produtos e subprodutos florestais
Pernambuco, Alagoas, Bahia, Minas ■ Ge rais e sul matogrossense, até às proxi
des", às esriadas e, às vezes, à própria pecuária. Fomos, porém, demasiado lon ge. Se grande é ainda o nosso patrimô
Os brasileiros não avaliam bem o
muito que retiram das florestas, embora
pèssimamenle exploradas. Os dados es
Minas Gerais
caatingas, savanas e florestas tropó-
nio florestal, está, porém, muito mal
tatísticos sôbre a nossa produção flores-
Bahia
fitas mais ou menos densas, com árvo-
distribuído, regiões havendo que em
midades' do pantanal. Há, na zona das
cúbicos
Estados
Produção de Jerxha
1
Estados
(Em metros cúbicos) 28.066.500 10.278,554
I
I IIUI I ^ II
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DiOESTO Econômico Dicesto Econômico
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lugar de possuírem uns 30% dc flores A exploração da floresta amazônica apresentou defeitos que impediram a sua
rcs médias; c ale grandes nos pontos
rápida industrialização. Os progressos realizados pela técnica, nos iiltimos anos,
pequenas consorciadas com cactáceas e bronieliáccas nos trechos piores, que são relativamente pequenos,
permitem, desde já, a instalação de grandes serrarias, fábricas de compensa do, celulose, papel etc, Um grande técnico em celulose e papel, organizador
tas, como é aconselhável, tèm apenas 12 e uté mesmo 1 c menos dc um por
mais fa\x)rávci,s, rcduzindo-se a ár\ores
cento.
É uma calamidade.
Daí o re
gime dos rios se descontrolando, o mi-
tatística da Produção, produzimos • • •
croclinia prejudicado, a erosão das en-
5.410.732 metros cúbicos de madeira, no valor de 1.363 milhões de cruzeiros. Eram maiores produtores:
contas, o assoreamento das várzeas, o
A zona das florestas costeiras cstira-
de do Norte, ao sul de Santa Catarina,
empobrecimento do patrimônio nacional. Urge reflorestar as terras pobres, as
das fábricas de celulose de Rosário, Ar
com larguras variáveis, interessando, po
encostas das serras, o terço superior dos
gentina, c Santiago do Chile, entusiasmou-se com as condições que a Amazô
rém, as terras litorâneas, as encostas das
píncaros, os divisores de águas, as nas centes dos rios e ribeirões, as áreas de
nia peruana apresenta à fabricação da
serras o as próprias serras e planaltos. Estão, aí, algumas das nossas mais belas
quele produto, Uma das espécies encon
florestas.
tradas — o setico, árvore abundantíssi
ma nas várzeas — apresenta um tronco
A zona dos pinhais compreende os planaltos do Paraná, Santa Catarina, Rio
Reflorestar é um grande problema na cional, que merece o apoio dc todos
com 30 a 40 centímetros de diâmetro
Grande do Sul e os trechos mais ekn-a-
aos dois a três anos de vida, estando, desde então, pronto a ser industriali
zado, enquanto os pinheirais do Canadá, Noruega, Suécia, Finlândia são corta
dos com 50 a 100 anos. As vantagens
se das margens do Potengi, no Rio Gran
abastecimento das fontes.
os bons brasileiros. Felizmente, o reflorestamento começ-ou
dos dos planaltos de São Paulo, Minas
com o grande agrônomo Navarro de Andrade, e se alarga e se difunde em
Gerais e Espírito Santo, Os pinhais densos vão, para o norte, até ao para lelo 20, Há bosques espontâneos até o paralelo 18. Há bosques de plaiitação
todos os sentidos, cada vez mais intensa
mente.
O Serviço Florestal dó Minis
em latitudes bem mais baixas. Em Uba-
tério da Agricultura c os de algumas Se cretarias de Agricultura estão plantando,
jara, Ceará, a uns 700 metros de al
anualmente — por conta própria e em
tura, nas proximidades do paralelo 4, há um bosque de araucárias crescendo ra-
cooperação
zoàvelmente. São florestas riquíssimas,
zendeiros e sitiantes — mais de 250 mi
que estão sendo, em
lhões de árvores, principalmente eucalip
nhão, Piauí c trecho do'
regra, exploradas irra
Ceará, até o pantanal
tos, pinheiros brasileiros (araucárias), pi
cionalmente.
nheiros do Chile, pinheiros bravos, sibi-
matogrossense.
87.500 quilômetros qua
que a Amazônia apresenta à indústria de celulose e do papel são, assim, ex traordinárias.
• Segue-se, como segunda grande zona florestal, a dos Cocais, que se alarga dos litorais do
Mara
Há áí
florestas puras de car naubeiras, e babaçus e
bosques de buritis e tucuns — todas as qua tro espécies de grande valor econômico, A zona
das caatin
gas vai do interior do
com usinas siderúrgicas,
estradas de ferro, fábricas diversas, fa
Medem
pirunas, jacarandás, grevileas, sabiás, car naubeiras, jacarés, angicos, ipês... O esforço que se está fazendo é gran de. Mister se faz pelo menos duplicálo com a possível brevidade, pois preci samos plantar de modo a cobrir o con
drados.
Desflorestamdúo e reflorestamcnto
Grande parte dc nos
sumo e, em determinadas zonas, ul
sas florestas se situa nos
tal deixam a desejar, e coniprèendern-se facilmente as razões. Vejamos, porém, o que existe a respeito. Em 1946, conforme o Serviço de Es
trapassá-lo consideràvelmente.
trechos mais dinamizií-
Produção ein metros 1.168.354 1.079.521 951.530 924.923
Paraná
Rio Grande do Sul Minas Gerais Santa Catarina
434.813 148.210
São Paulo . Bahia Pará
105.594 92.922
Espírito Santo Iguaçu
82.744 63.338
Goiás
47.207
Rio de janeiro
43.070
Piauí
42.460 42.249 40.620
Pernambuco Acre
Alagoas
35.861 80.642
Paraíba Maranhão Ceará
23.476 17.130 14.564
Rio Grande do Norte Amazonas
A nossa produção de lenha é tremen
damente grande: 83.475152 ^metros
cúbicos, valendo 1.776 milhões de cru
zeiros (1946), devendo, hoje, ser maior
e valer muito mais - talvez bem mais de 2 biliões de cruzeiros. Vejamos quais os maiores produtores;
Ceará e Rio Grande do Norte, através das terras mediterrâneas da Paraíba,
dos do País. Desflorestar era necessário, para abrir espaço às lavouras, às cida
Produtos e subprodutos florestais
Pernambuco, Alagoas, Bahia, Minas ■ Ge rais e sul matogrossense, até às proxi
des", às esriadas e, às vezes, à própria pecuária. Fomos, porém, demasiado lon ge. Se grande é ainda o nosso patrimô
Os brasileiros não avaliam bem o
muito que retiram das florestas, embora
pèssimamenle exploradas. Os dados es
Minas Gerais
caatingas, savanas e florestas tropó-
nio florestal, está, porém, muito mal
tatísticos sôbre a nossa produção flores-
Bahia
fitas mais ou menos densas, com árvo-
distribuído, regiões havendo que em
midades' do pantanal. Há, na zona das
cúbicos
Estados
Produção de Jerxha
1
Estados
(Em metros cúbicos) 28.066.500 10.278,554
Dicesto Econômico
São Paulo
7.330.125
Iguaçu Santa Catarina Rio Grande do Sul Paraná
Alagoas Paraíba Pernambuco Piauí
1.495.282
Goiás
920.360
Rio Grande do Norte
Pará
4.535.111 4.154.101 2.773.900
1.337.070 1.260.873 1.201.079
Espírito Santo
Sergipe
5.947.598 5.914.034
2.101.739 1.658.091
Maranhão Ceará
Mato Grosso
705.820 370.733 346.209 210.738
A produção do carvão de madeira é grande; 528.789 toneladas, valendo 257 millioes de cruzeiros (1946). Hoje a produção e o valor devem ser maio res.
zonas: 130 toneladas, valendo 2.800 mil
quilhos de jarina: 6 toneladas e 10 mil
cruzeiros.
cnizeiros.
Piauí
450 444
Bahia Ceará
198
2.775 toneladas de coquilhos, valendo
za, cm grande parte, matéria-prima flo
100
7,661 mil cruzeiros c 1.576 toneladas de cera, no valor do 38 milhões de cru
toneladas de papel, a\aliadas em 1.136
zeiros.
milhões de cruzeiros.
Amapá
Minas Gerais
77
Rio Branco
76
Goiás
40
O licuri é exclusivamente
A oiticica ó nordestina.
tivemos
18
Paraíba
(35.847 cm 1945), no valor de 25.720
10
milhões de cruzeiro.s. Para esse total, o
Rio Grande do Norte
10
Tivemos, em 1947, 9.251 toneladas de fibra de caroá, valendo 23 milliões de
cruzeiros. Pernambuco é o grande pro
99 toneladas; Alagoas, 84. Há peque nina produção no Pará e em Sergipe. Apanhamo.s, em 1947, 28.081 tonela
das de castanhas brasileiras (castanhas
1.743, o Rio Grande do Norte com 900, o Maranhão com 700, e mais a Paraíba e Pernambuco.
Pará
Guaporé Mato Grosso
7.982 4.540 510
Tivemos, em 1947, 72.541 toneladas
de mate, no valor de 91.875 milhões de cruzeiros.
O Paraná produziu 34.950
toneladas; o Rio Grande do Sul, 14.122; Santa Catarina, 13.050; Mato Grosso, 10.150 e São Paulo, 269.
O guaraná é exclusivamente do Ama". x'ii r
Não c.squeçamos o papel, que utílirestal. Em 1948, fabricamos 180 niil Houve vários outros produtos flores tais. Muitos escaparam à estatistioa.
Quase todos poderiam ser colhidos em escala muito maior. Dos 360 milhões de toneladas de coquilhos (produção ca-
(22.541 em 1945); a Paraíba com 9.000;
culada), aproveitamos apenas cerca de
o Rio Grande do Norte, com 3.000.
um milhão.
Produzimos 5.321 toneladas de piaçado 22 milhões de cruzeiros.
milhões de cruzeiros. Produziram bor
10.195 8.000
óleo
Bahia, 2.649 toneladas; Paraíba, 300 to neladas; Ceará, 100 toneladas; Piauí,
racha;
Amazonas
de
va (Bahia, Alagoas, Amazonas) valen
no valor de 337 milhões de cruzeiros.
(Em toneladas)
toneladas
dutor — 6.000 toneladas — seguido pela
O Piauí entrou com a quota maior — neladas de borracha, no valor de 402 5.408 toneladas, seguindo-se o Ceará, com
Territórios
23.663
Ceará contribuiu com 11.222 toneladas
Tivemos, no mesmo ano, 32.739 to
Produção de borracha
Em 1947,
18
com 1.042 toneladas, Goiás com 1.000 ram castanhas Mato Grosso e Maranhão. • Colhemos 9.082 toneladas de cera de toneladas e Minas Gerais, Pará, Bahia e " carnaúba em 1946 (12.583, em 1945),Mato Grosso com muito menos.
Estados e
baiano:
Pernambuco Maranhão
do Pará, Brasil nuts dos norte-america A produção extrativa é também bas nos), pequena da produção, vòtante valiosa. Em 1947, tivemos 64.333 ^lendo fração 107 raiDiões de cruzeiros. 51.974 toneladas de amêndoas de babaçu, no toneladas foram recolhidas Pará; valor de 180 milhões de cruzeiros O 39.317, no Amazonas; 10.000,no no Acre; Maranhão entrou com a quota maior45.749 toneladas, seguido do Piauí - 2.989, no Amapá; 1.541, no Rio Branco; 16.307 toneladas. Vinham após o Ceará 1.298, no Guaporé. Também fornece
Acre
127
DioESTO Econômico
120
Para terminar, cito a colheita de co-
As florestas muito representam para o
Brasil. Poderão representar pelo menos dez vèzes mais quando as estivermos in dustrializando racionalmente.
Dicesto Econômico
São Paulo
7.330.125
Iguaçu Santa Catarina Rio Grande do Sul Paraná
Alagoas Paraíba Pernambuco Piauí
1.495.282
Goiás
920.360
Rio Grande do Norte
Pará
4.535.111 4.154.101 2.773.900
1.337.070 1.260.873 1.201.079
Espírito Santo
Sergipe
5.947.598 5.914.034
2.101.739 1.658.091
Maranhão Ceará
Mato Grosso
705.820 370.733 346.209 210.738
A produção do carvão de madeira é grande; 528.789 toneladas, valendo 257 millioes de cruzeiros (1946). Hoje a produção e o valor devem ser maio res.
zonas: 130 toneladas, valendo 2.800 mil
quilhos de jarina: 6 toneladas e 10 mil
cruzeiros.
cnizeiros.
Piauí
450 444
Bahia Ceará
198
2.775 toneladas de coquilhos, valendo
za, cm grande parte, matéria-prima flo
100
7,661 mil cruzeiros c 1.576 toneladas de cera, no valor do 38 milhões de cru
toneladas de papel, a\aliadas em 1.136
zeiros.
milhões de cruzeiros.
Amapá
Minas Gerais
77
Rio Branco
76
Goiás
40
O licuri é exclusivamente
A oiticica ó nordestina.
tivemos
18
Paraíba
(35.847 cm 1945), no valor de 25.720
10
milhões de cruzeiro.s. Para esse total, o
Rio Grande do Norte
10
Tivemos, em 1947, 9.251 toneladas de fibra de caroá, valendo 23 milliões de
cruzeiros. Pernambuco é o grande pro
99 toneladas; Alagoas, 84. Há peque nina produção no Pará e em Sergipe. Apanhamo.s, em 1947, 28.081 tonela
das de castanhas brasileiras (castanhas
1.743, o Rio Grande do Norte com 900, o Maranhão com 700, e mais a Paraíba e Pernambuco.
Pará
Guaporé Mato Grosso
7.982 4.540 510
Tivemos, em 1947, 72.541 toneladas
de mate, no valor de 91.875 milhões de cruzeiros.
O Paraná produziu 34.950
toneladas; o Rio Grande do Sul, 14.122; Santa Catarina, 13.050; Mato Grosso, 10.150 e São Paulo, 269.
O guaraná é exclusivamente do Ama". x'ii r
Não c.squeçamos o papel, que utílirestal. Em 1948, fabricamos 180 niil Houve vários outros produtos flores tais. Muitos escaparam à estatistioa.
Quase todos poderiam ser colhidos em escala muito maior. Dos 360 milhões de toneladas de coquilhos (produção ca-
(22.541 em 1945); a Paraíba com 9.000;
culada), aproveitamos apenas cerca de
o Rio Grande do Norte, com 3.000.
um milhão.
Produzimos 5.321 toneladas de piaçado 22 milhões de cruzeiros.
milhões de cruzeiros. Produziram bor
10.195 8.000
óleo
Bahia, 2.649 toneladas; Paraíba, 300 to neladas; Ceará, 100 toneladas; Piauí,
racha;
Amazonas
de
va (Bahia, Alagoas, Amazonas) valen
no valor de 337 milhões de cruzeiros.
(Em toneladas)
toneladas
dutor — 6.000 toneladas — seguido pela
O Piauí entrou com a quota maior — neladas de borracha, no valor de 402 5.408 toneladas, seguindo-se o Ceará, com
Territórios
23.663
Ceará contribuiu com 11.222 toneladas
Tivemos, no mesmo ano, 32.739 to
Produção de borracha
Em 1947,
18
com 1.042 toneladas, Goiás com 1.000 ram castanhas Mato Grosso e Maranhão. • Colhemos 9.082 toneladas de cera de toneladas e Minas Gerais, Pará, Bahia e " carnaúba em 1946 (12.583, em 1945),Mato Grosso com muito menos.
Estados e
baiano:
Pernambuco Maranhão
do Pará, Brasil nuts dos norte-america A produção extrativa é também bas nos), pequena da produção, vòtante valiosa. Em 1947, tivemos 64.333 ^lendo fração 107 raiDiões de cruzeiros. 51.974 toneladas de amêndoas de babaçu, no toneladas foram recolhidas Pará; valor de 180 milhões de cruzeiros O 39.317, no Amazonas; 10.000,no no Acre; Maranhão entrou com a quota maior45.749 toneladas, seguido do Piauí - 2.989, no Amapá; 1.541, no Rio Branco; 16.307 toneladas. Vinham após o Ceará 1.298, no Guaporé. Também fornece
Acre
127
DioESTO Econômico
120
Para terminar, cito a colheita de co-
As florestas muito representam para o
Brasil. Poderão representar pelo menos dez vèzes mais quando as estivermos in dustrializando racionalmente.
129
Dicesto Econômico
Estertores do ensilhamento (1891) mista de senadores e deputados, eleitos para examinar o projeto do Ba rão de Lucena sobre nova e grande emis são, apresentou o resultado de seus es tudos.
Viva sensação causaram suas conclu sões, provocadoras de longos e acirrados debates. Eram inteiramente infensas às idéias do Ministro da Fazenda e os es
forços da bancada governista não con seguiram obstar a que a 19 de outubro a_ Câmara adotasse o parecer da comis
c a nomeação dc tinia comissão incum
Executivo de que se originaram Icnipestuosos debates, apontando os adversários"
blicas e os direitos dos cidadruis. Prome
badores da ordem.
do Governo quanto feria êle os melin-
tia, ainda, que oportunamente, e cm pra zo não longo, mandaria proceder a no vas eleições para a instauração de no\as
dres do Parlameulo.
Cada vez mais .sc acirra\'a a luta en
tre as duas grandes facções parlamenta res, sobretudo na Câmara dos Deputa dos.
A reação no seio desta tornou-sc \n-
os inimigos da República c os pertur Ameaçou severamente reprimir quais
Constituição de 24 de fevereiro de 1891,
quer atos e manifeslaçõe.s contrárias à segurança pública, devendo sem demo ra e maior processo deportar os cidadãos inimigos da forma republicana e os que perturbassem gravemente a ordem pu
nos pontos a serem indicados no decreto
blica.
Câmaras.
Estas teriam de proceder à rc\'isão da
Reagiu o Congresso por meio do ma
de con\'<)cação. Tal revisão, contudo, cm
ra a sua presidência, de Bernardino de
caso algum, versaria sòbre as disposições constitucionais que estabeleciam a for
seus membros, e redigido em termos co
ma republicana fcderati\a c a inviolabi
medidos e elevados..
Campos, cujas idéias eram verdadeiro
tesouro Nacional, em garantia das emis sões, fôsse reconstituído. Ao mesmo tem po abolia a cobrança em ouro dos di
do do pleito fez com que sc vislumbras
No dia imediato surgiu um decreto
bida dc procurar e julgar smníuiamenlc
víssima, culminando com a eleição, pa
são. Mandava esta restringir a massa de papel-inoeda à soma então em circula-
reitos de consumo.
o a cidade de Niterói, por dois meses,
injustificada (juc lhe movia o Congres so, prometendo go\'crnar de acordo com a constituição, garantir as liberdades pú
pavilhão de combate irredutí\-el aos pla nos do Barão de Lucena. Representava, além de tudo, a repulsa dos republica
Çio, exigindo que o depósito ouro no
cana, decretou o Geucralissiiuo Deodoro o estado de sítio o Distrito Federal
cedimento.
Queixava-se acerbamcntc da guerra
Afonso df E. Taunav A 8 DE OUTUBRO DE 1891 íi coniissão
doro explicando os inoti\'Os do seu pro
nos históricos aos adesistas c o resulta
se imediata represália por parte da Pre sidência da República. Em fins do outubro csla\'a cm discus
Liberto da oposição parlamentar, pode
lidade dos direitos conccmcnles à liber
dade c segurança individuais. Recorrendo à evocação
nifesto assinado pela imensa maioria de
.0 Barão de Lucena dar seguimento a
dc eventual
perigo — sem fundamento algum aliás — da possibilidade dc restauração mo nárquica, "para desonra c ruína da Pá tria", movimenlo que "começava a ope-
seu nefasto plano inflatório.
"Uma tabela que pode ser considera da oficiosa, a qual serviu de ane.xo ao decreto malogrado do Barão de Lucena autorizando a emissão
bancária «de o
máximo de seiscontos mil contos dc reis, dá o valor da emissão dos vários ban
dando novo regulamento à constituição
são no Senado o projeto de lei sòbre os
xâr-sc c patentemente se revelava ainda
e direção das sociedades anônimas. Foi
bancos de emissão. Encontrava menos
aos menos perspicazes", evidenciando-so o iminente perigo ameaçador da conser
cos, cm princípios de novembro, pe a
vação o estabilidade da forma republi-
forma seguinte:
esse ato do Executivo considerado so
tropeços
bremaneira acintoso ao Parlamento e co
mara.
mo que em
Chegara a situação a um ponto de ex trema tensão. Corria a bôca pequena
represália à indocilidade
deste em relação aos projetos e planos do Barão de Lucena.
Consubstanciava tal decreto diversos
de que os vencidos na Câ
força, dissolvendo o Parlamento.
gislativo, o que provocou os mais vivos protestos da oposição, na Câmara dos Deputados. Trazia, porém, dispositivos úteis, dignos de aplauso, sobretudo no momento. Entre eles o que forçava as diretorias a solicitar das assembléias ge
Apesar de esperado, o ato do Presi dente da República, decretando, a 3 de
to, impediram tropas do Exército que os
rais a autorização para as chamadas de
representantes da Nação nelas penetras
Vivíssima oposição provocou o ato do
Emissão concedida
que o Governo resolveria o conflito com
o Legislativo por meio de tim golpe de
atentados às prerrogativas do poder le
capital.
f/ Bancos
novembro de 1891,
a dissolução das
Câmaras, provocou geral surpresa. A frente das duas sedes do Parlamen
República Emissor do Sul Emissor da Bahia Emissor de Pernambuco
'
Emissor do Norte
Crédito Popular
.
-
Totais
sem, ao mesmo tempo que sc tornava
Como o Banco Emissor do Sul já fô-
público um manifesto do Marechal Deo-
ra incorporado ao da República desde
^
600.000:( :000$000
2T3.542:28lS000
16.000:( :OOOSOOO 20.000:( :000$000 50.000:( :000$000
15.558:8695000
20.000:1 :000$OGO 10.000;( :Oon$ooo
Banco da Bahia União dc São Paulo
BcaUzada
3.500:l)00$000 10.800:0005000 1.000:0005000
70.000:1 :000$000
4.000:0005000 10.001:5005000 20.014:0005000
810.000:000$000
347.416:650SO00
24.000;( :000$000
junho dc 1891 o lotai da emissão deste ascendia a 277.042:2815000.
129
Dicesto Econômico
Estertores do ensilhamento (1891) mista de senadores e deputados, eleitos para examinar o projeto do Ba rão de Lucena sobre nova e grande emis são, apresentou o resultado de seus es tudos.
Viva sensação causaram suas conclu sões, provocadoras de longos e acirrados debates. Eram inteiramente infensas às idéias do Ministro da Fazenda e os es
forços da bancada governista não con seguiram obstar a que a 19 de outubro a_ Câmara adotasse o parecer da comis
c a nomeação dc tinia comissão incum
Executivo de que se originaram Icnipestuosos debates, apontando os adversários"
blicas e os direitos dos cidadruis. Prome
badores da ordem.
do Governo quanto feria êle os melin-
tia, ainda, que oportunamente, e cm pra zo não longo, mandaria proceder a no vas eleições para a instauração de no\as
dres do Parlameulo.
Cada vez mais .sc acirra\'a a luta en
tre as duas grandes facções parlamenta res, sobretudo na Câmara dos Deputa dos.
A reação no seio desta tornou-sc \n-
os inimigos da República c os pertur Ameaçou severamente reprimir quais
Constituição de 24 de fevereiro de 1891,
quer atos e manifeslaçõe.s contrárias à segurança pública, devendo sem demo ra e maior processo deportar os cidadãos inimigos da forma republicana e os que perturbassem gravemente a ordem pu
nos pontos a serem indicados no decreto
blica.
Câmaras.
Estas teriam de proceder à rc\'isão da
Reagiu o Congresso por meio do ma
de con\'<)cação. Tal revisão, contudo, cm
ra a sua presidência, de Bernardino de
caso algum, versaria sòbre as disposições constitucionais que estabeleciam a for
seus membros, e redigido em termos co
ma republicana fcderati\a c a inviolabi
medidos e elevados..
Campos, cujas idéias eram verdadeiro
tesouro Nacional, em garantia das emis sões, fôsse reconstituído. Ao mesmo tem po abolia a cobrança em ouro dos di
do do pleito fez com que sc vislumbras
No dia imediato surgiu um decreto
bida dc procurar e julgar smníuiamenlc
víssima, culminando com a eleição, pa
são. Mandava esta restringir a massa de papel-inoeda à soma então em circula-
reitos de consumo.
o a cidade de Niterói, por dois meses,
injustificada (juc lhe movia o Congres so, prometendo go\'crnar de acordo com a constituição, garantir as liberdades pú
pavilhão de combate irredutí\-el aos pla nos do Barão de Lucena. Representava, além de tudo, a repulsa dos republica
Çio, exigindo que o depósito ouro no
cana, decretou o Geucralissiiuo Deodoro o estado de sítio o Distrito Federal
cedimento.
Queixava-se acerbamcntc da guerra
Afonso df E. Taunav A 8 DE OUTUBRO DE 1891 íi coniissão
doro explicando os inoti\'Os do seu pro
nos históricos aos adesistas c o resulta
se imediata represália por parte da Pre sidência da República. Em fins do outubro csla\'a cm discus
Liberto da oposição parlamentar, pode
lidade dos direitos conccmcnles à liber
dade c segurança individuais. Recorrendo à evocação
nifesto assinado pela imensa maioria de
.0 Barão de Lucena dar seguimento a
dc eventual
perigo — sem fundamento algum aliás — da possibilidade dc restauração mo nárquica, "para desonra c ruína da Pá tria", movimenlo que "começava a ope-
seu nefasto plano inflatório.
"Uma tabela que pode ser considera da oficiosa, a qual serviu de ane.xo ao decreto malogrado do Barão de Lucena autorizando a emissão
bancária «de o
máximo de seiscontos mil contos dc reis, dá o valor da emissão dos vários ban
dando novo regulamento à constituição
são no Senado o projeto de lei sòbre os
xâr-sc c patentemente se revelava ainda
e direção das sociedades anônimas. Foi
bancos de emissão. Encontrava menos
aos menos perspicazes", evidenciando-so o iminente perigo ameaçador da conser
cos, cm princípios de novembro, pe a
vação o estabilidade da forma republi-
forma seguinte:
esse ato do Executivo considerado so
tropeços
bremaneira acintoso ao Parlamento e co
mara.
mo que em
Chegara a situação a um ponto de ex trema tensão. Corria a bôca pequena
represália à indocilidade
deste em relação aos projetos e planos do Barão de Lucena.
Consubstanciava tal decreto diversos
de que os vencidos na Câ
força, dissolvendo o Parlamento.
gislativo, o que provocou os mais vivos protestos da oposição, na Câmara dos Deputados. Trazia, porém, dispositivos úteis, dignos de aplauso, sobretudo no momento. Entre eles o que forçava as diretorias a solicitar das assembléias ge
Apesar de esperado, o ato do Presi dente da República, decretando, a 3 de
to, impediram tropas do Exército que os
rais a autorização para as chamadas de
representantes da Nação nelas penetras
Vivíssima oposição provocou o ato do
Emissão concedida
que o Governo resolveria o conflito com
o Legislativo por meio de tim golpe de
atentados às prerrogativas do poder le
capital.
f/ Bancos
novembro de 1891,
a dissolução das
Câmaras, provocou geral surpresa. A frente das duas sedes do Parlamen
República Emissor do Sul Emissor da Bahia Emissor de Pernambuco
'
Emissor do Norte
Crédito Popular
.
-
Totais
sem, ao mesmo tempo que sc tornava
Como o Banco Emissor do Sul já fô-
público um manifesto do Marechal Deo-
ra incorporado ao da República desde
^
600.000:( :000$000
2T3.542:28lS000
16.000:( :OOOSOOO 20.000:( :000$000 50.000:( :000$000
15.558:8695000
20.000:1 :000$OGO 10.000;( :Oon$ooo
Banco da Bahia União dc São Paulo
BcaUzada
3.500:l)00$000 10.800:0005000 1.000:0005000
70.000:1 :000$000
4.000:0005000 10.001:5005000 20.014:0005000
810.000:000$000
347.416:650SO00
24.000;( :000$000
junho dc 1891 o lotai da emissão deste ascendia a 277.042:2815000.
Digesto Econômico
130
DicnsTo Econômico Com tôda razão comentava o retrosi-
pectista comercial do Jornal do Commercio : tais algarismos, embora tão eleva
cidos aos po.ssuidores dc títulos sorteáveis.
tos emitidos se distribuíssem por todo o Brasil. Mas ninguém ignorava que enor
Pouco depois era o tal Ibcro-Americano imitado por otilro estabelecimento, o Banco de Crédito Móvel. Mas este já anunciava obrigações não mais de 20, mas de quarenta mil reis. E outros ban
me porcentagem de tal massa de papel-
cos apregoavam que iam entregar-se a
dos, não seriam tão alarniantes se os
quase trezentos e cinqüenta mil con
moeda se achava concentrada no Rio de
operaç-õcs congêneres. Vário.s deles, po
Janeiro. Assim, era evidentíssimo que, não a quantidade, mas o modo pelo qual
rém, não levaram a cabo tal desidemto
se aplicava o papel-moeda, era o fomen
tador da louca especulação que desde princípios de 1890 vinha caracterizando as operações do EnsilJiamento." E o pior é que, além dos oito estabe lecimentos de crédito citados, outros
por causa do estado mais que precArio do mercado monetário. E.realmente mo.stra\'a-se a situação ca
da vez pior, sobretudo agravada pela baixa cambial.
Nos quatro primeiros meses do segun
havia que também,a latere do gran
do semestre dc 1891, declinara a ta.sa
de caudal papelista emitiam sob diversa
média do cambio bancário sobre Lon dres.
forma.
Assim, um Banco União Ibero-Ame-
ricano lançara, em julho de 1891, obri
Preços extremos
Meses
■ do soberano
gações do valor nominal e ridículo de
vinte mil réis, pagáveis por meio de sor teios com prêmios mais ou menos quantiosos. E, note-se, fizera-o corretamen
te, à sombra da legislação vigente. Em novembro seguinte havia cerca de 1.600 contos em circulação, das tais
obrigações lotéricas, quantia que, aliás, não parecia justificar os prêmios ofereMeses
Julho
1891
Setembro
13S430 a 15S760 15$600 a 17$190 15$480 a 16$600
Outubro
15§800 a 17$800
Jiilho AgôstoSetembro Outubro
16,56 d
15$760
15.31 d 15.34 d 14.41 d
17$190 16$600 17$800
O confronto com os dois anos ante
riores apresentava-se dos mais desagra dáveis. 1890 .
tu noção du iusciiMilc'/ a que se deixa
autor do Dieírio correr que no Rio Gran
riam conduzir.
de do Sul arrebentara revolução, de
Nada muis exato que a comparação de um dos nossos mais reputados finan cistas — de Calógeras — quando nos diz
caráter separatista, falando-se no fuzi lamento do govemador deposto, Júlio de Castilhos, e na prisão do Visconde
que a comporta aberta pela mão de Rui
do Pelotas, detido em Santos.
Barbosa tornara-a o Barão de Lucena
imanobrável e escancarara-se para dar passagem a enorme golfão arrasador de
quanto fosse encontrado a passagem da
A 19 recrudesciam os boatos anunciando
marcha lorrencial.
a sublevação de corpos da guamição do
Mas já se começara a sentir a reação
Rio de Janeiro.
insistentes os boatos de sublevação do
A 21 o ministro argentino mostroulhe números de La Nactoii, relatando o ti-iunfo da revolução anti-ditatorial no
Rio Grande do Sul c Pará o de conspi
Rio Grande do Sul. A 22 tôda a cida
ração na própria capital da República.
de de Petropólis estava cheia de notí cias da iminência de gravíssimos acon tecimentos no Rio de Janeiro, cspaüian-
ao golpe dc estado dc 3 de novembro. Apesar da vigilância policial, circulavam
No Diário do Visconde de Taunay encontramos alusões a êste estado de
coisas. A 3, anota: "Fui a S. Cristóvão
corri vários congressistas.
Interpelando
do-S0 que arrebentara a greve geral dos operários da Estrada de Ferro Central
o Firmino Pires Ferreira sobre a situa
do Brasil, com o arrancainento de tri
ção política, disse-me ele: "É grave,
lhos em grandes extensões. Ao mesmo
mas tudo se há de sanar, porque o Mare
tempo se conta\'a que a revolução lin-
chal Deodoro se há de submeter".
grandense repercutira no Extremo NortOi havendo-se o govemador do Pará, Lauro
Falou-me também em denúncias posi
tivas de manobras sebastianistas, o, que
Sodré, rebelado contra o Govêmo central.
dc todo o ponto, e com a maior .since ridade, ignoro.
pitavam-se.
De volta de S. Cristóvão, no Artur
E realmente os acontecimentos preci Hariam diversos congres
sistas agido com atmdade e energia con
que Nabuco tinha coisa grave que me
tra a ditadura, alguns nos Estados que representavam e outros na própria Ca
comunicar. Procurei a êste no Jornal do
pital do país.
Napoleão, disse-me o Visconde da Silva 1889
A 18 ouviu boatos de graves pertur
bações em São Paulo, apesar da com pressão por parte da censura policial.
10$200 a 10$650
8$900 a
8$890
Brasil e encontrei-o, tendo sabido que
10S460 a 11$100 10$900 a Il$340 11§020 a 11$250
8$900 a
8$890
os jacobinos nos ameaçavam de morte, a
com tôdas as forças.
8$900 a
8$890
mim, a ele Nabuco, e a João Alfredo.
8$900 a
8$890
parte do Exército, o Marechal Floriano
Referiu uma exclamação engraçada
Diante das perspectivas do lançamen to do verdadeiro enxurro de papel-moe-
se os inflacionistas inveterados, os ime-
dêste: Por que eu e não o Rodolfo
Oliveira, senador por Pernambuco, os
Dantas?"
Contra-Almirantes Eduardo Wandenholk
da, em proporções, para o Brasil de 1891, realmente imensas, apavoravam-
rias em águas turvas.
Agôsto
se os que tinham o senso das realidades econômicas e financeiras e rejubilavam-
diatistas e os aproveitadores de pesca A mais completa obnubilação parecia haver-se apoderado do espírito dos go vernantes, que nem talvez tivessem exa-
A 5 de novembro anunciava-se pela
Vários oficiais generais os apoiavam Entre èles, por
Peixoto 6 o General José Simeão de 6 Custódio José de Melo.
imprensa a nomeação do Marechal Al meida Barreto para presidir a comissão
a dia mais fôrça no espírito público e
marcial anunciada pelo decreto de 3.
nas classes armadas. Corria a notícia de
A 10 e 13 de novembro registrava o
que as guamições do Rio Grande do
Ia a projetada revolução ganhando dia
Digesto Econômico
130
DicnsTo Econômico Com tôda razão comentava o retrosi-
pectista comercial do Jornal do Commercio : tais algarismos, embora tão eleva
cidos aos po.ssuidores dc títulos sorteáveis.
tos emitidos se distribuíssem por todo o Brasil. Mas ninguém ignorava que enor
Pouco depois era o tal Ibcro-Americano imitado por otilro estabelecimento, o Banco de Crédito Móvel. Mas este já anunciava obrigações não mais de 20, mas de quarenta mil reis. E outros ban
me porcentagem de tal massa de papel-
cos apregoavam que iam entregar-se a
dos, não seriam tão alarniantes se os
quase trezentos e cinqüenta mil con
moeda se achava concentrada no Rio de
operaç-õcs congêneres. Vário.s deles, po
Janeiro. Assim, era evidentíssimo que, não a quantidade, mas o modo pelo qual
rém, não levaram a cabo tal desidemto
se aplicava o papel-moeda, era o fomen
tador da louca especulação que desde princípios de 1890 vinha caracterizando as operações do EnsilJiamento." E o pior é que, além dos oito estabe lecimentos de crédito citados, outros
por causa do estado mais que precArio do mercado monetário. E.realmente mo.stra\'a-se a situação ca
da vez pior, sobretudo agravada pela baixa cambial.
Nos quatro primeiros meses do segun
havia que também,a latere do gran
do semestre dc 1891, declinara a ta.sa
de caudal papelista emitiam sob diversa
média do cambio bancário sobre Lon dres.
forma.
Assim, um Banco União Ibero-Ame-
ricano lançara, em julho de 1891, obri
Preços extremos
Meses
■ do soberano
gações do valor nominal e ridículo de
vinte mil réis, pagáveis por meio de sor teios com prêmios mais ou menos quantiosos. E, note-se, fizera-o corretamen
te, à sombra da legislação vigente. Em novembro seguinte havia cerca de 1.600 contos em circulação, das tais
obrigações lotéricas, quantia que, aliás, não parecia justificar os prêmios ofereMeses
Julho
1891
Setembro
13S430 a 15S760 15$600 a 17$190 15$480 a 16$600
Outubro
15§800 a 17$800
Jiilho AgôstoSetembro Outubro
16,56 d
15$760
15.31 d 15.34 d 14.41 d
17$190 16$600 17$800
O confronto com os dois anos ante
riores apresentava-se dos mais desagra dáveis. 1890 .
tu noção du iusciiMilc'/ a que se deixa
autor do Dieírio correr que no Rio Gran
riam conduzir.
de do Sul arrebentara revolução, de
Nada muis exato que a comparação de um dos nossos mais reputados finan cistas — de Calógeras — quando nos diz
caráter separatista, falando-se no fuzi lamento do govemador deposto, Júlio de Castilhos, e na prisão do Visconde
que a comporta aberta pela mão de Rui
do Pelotas, detido em Santos.
Barbosa tornara-a o Barão de Lucena
imanobrável e escancarara-se para dar passagem a enorme golfão arrasador de
quanto fosse encontrado a passagem da
A 19 recrudesciam os boatos anunciando
marcha lorrencial.
a sublevação de corpos da guamição do
Mas já se começara a sentir a reação
Rio de Janeiro.
insistentes os boatos de sublevação do
A 21 o ministro argentino mostroulhe números de La Nactoii, relatando o ti-iunfo da revolução anti-ditatorial no
Rio Grande do Sul c Pará o de conspi
Rio Grande do Sul. A 22 tôda a cida
ração na própria capital da República.
de de Petropólis estava cheia de notí cias da iminência de gravíssimos acon tecimentos no Rio de Janeiro, cspaüian-
ao golpe dc estado dc 3 de novembro. Apesar da vigilância policial, circulavam
No Diário do Visconde de Taunay encontramos alusões a êste estado de
coisas. A 3, anota: "Fui a S. Cristóvão
corri vários congressistas.
Interpelando
do-S0 que arrebentara a greve geral dos operários da Estrada de Ferro Central
o Firmino Pires Ferreira sobre a situa
do Brasil, com o arrancainento de tri
ção política, disse-me ele: "É grave,
lhos em grandes extensões. Ao mesmo
mas tudo se há de sanar, porque o Mare
tempo se conta\'a que a revolução lin-
chal Deodoro se há de submeter".
grandense repercutira no Extremo NortOi havendo-se o govemador do Pará, Lauro
Falou-me também em denúncias posi
tivas de manobras sebastianistas, o, que
Sodré, rebelado contra o Govêmo central.
dc todo o ponto, e com a maior .since ridade, ignoro.
pitavam-se.
De volta de S. Cristóvão, no Artur
E realmente os acontecimentos preci Hariam diversos congres
sistas agido com atmdade e energia con
que Nabuco tinha coisa grave que me
tra a ditadura, alguns nos Estados que representavam e outros na própria Ca
comunicar. Procurei a êste no Jornal do
pital do país.
Napoleão, disse-me o Visconde da Silva 1889
A 18 ouviu boatos de graves pertur
bações em São Paulo, apesar da com pressão por parte da censura policial.
10$200 a 10$650
8$900 a
8$890
Brasil e encontrei-o, tendo sabido que
10S460 a 11$100 10$900 a Il$340 11§020 a 11$250
8$900 a
8$890
os jacobinos nos ameaçavam de morte, a
com tôdas as forças.
8$900 a
8$890
mim, a ele Nabuco, e a João Alfredo.
8$900 a
8$890
parte do Exército, o Marechal Floriano
Referiu uma exclamação engraçada
Diante das perspectivas do lançamen to do verdadeiro enxurro de papel-moe-
se os inflacionistas inveterados, os ime-
dêste: Por que eu e não o Rodolfo
Oliveira, senador por Pernambuco, os
Dantas?"
Contra-Almirantes Eduardo Wandenholk
da, em proporções, para o Brasil de 1891, realmente imensas, apavoravam-
rias em águas turvas.
Agôsto
se os que tinham o senso das realidades econômicas e financeiras e rejubilavam-
diatistas e os aproveitadores de pesca A mais completa obnubilação parecia haver-se apoderado do espírito dos go vernantes, que nem talvez tivessem exa-
A 5 de novembro anunciava-se pela
Vários oficiais generais os apoiavam Entre èles, por
Peixoto 6 o General José Simeão de 6 Custódio José de Melo.
imprensa a nomeação do Marechal Al meida Barreto para presidir a comissão
a dia mais fôrça no espírito público e
marcial anunciada pelo decreto de 3.
nas classes armadas. Corria a notícia de
A 10 e 13 de novembro registrava o
que as guamições do Rio Grande do
Ia a projetada revolução ganhando dia
pT^
DrcFSTo Ecokómico
132
DiCU-STO
nal do Estado, formavam poderoso exér
mil contos de réis, quantia do maior \-uko para o modesto Hra.sil de fins do
cito e preparavam-se para invadir o ter
século XIX.
ritório de Santa Catarina, com destino a
Desse empréstimo, i 2.500.000 foram levantadas no Hi(j dc Janeiro, doslinan-
Sul, acompanhadas pela Guarda Nacio
São Paulo, onde os antiditatoriais con
tavam com poderoso núcleo. Enquanto isso a ditadura praticava di
do-se dozt? niilliões dc esterlinos à conso
versos atos que tiveram a pior repercus
lidação dos empréstimos ^de \árias das companiiías que sc haviam reunido pura
são no espírito público.
constituir a Geral.
A 9 de novembro, por exemplo, bai
Corriam, porém, muito desagradáveis
xava decreto autorizando o arrendamen
boatos na praça fluminense. Assim, con-
to da Estrada de Ferro Central do Brasil.
Medida acertada fora porém a conver
tava-sc que o Banco do Brasil exigira, e a custo alcançara, que do dinheiro le-
são das apólices de quatro por cento,
Luccna conxenicnli- lefcrir-.sc a cia cm seu relatório, a 18 dc .setembro. "Com efeito, comenta Souz;\ Ferreira, a transação não abonava muito a inteli
exigiu a renúncia do Marechal Deo-
gência dos compradores, que acredita vam poder comprar a freguesia de um
sando-o ao seu substituto legal, o Ma
banco como se compra a de qualcpur
loja ou \T?nda.*' Seguindo as pegadas da Geral, a Em
No artigo de fundo daquele, foi o chefe do gabinete, caído com Deodoro,
ao saldamento da dívida flutuante da
missão, ou coisa semelhan
dência na Companhia Ge ral de Estradas de Ferro
ter sido, aliás, realizá%'el.
dito Universal, que não passava de mera depen no Brasil.
Certo é que a empresa
pressão em que vivera, desabafou-se eni
Gazeta dc Notícias.
empresa. Contava-se, porém, que soma superior a doze mil contos havia sido remetida aos banqueiros
te, como remuneração do serviço de conversão dos empréstimos parciais, ope rações que se dizia não
Extraordinário desafogo trouxe Vssa
sedução. A imprensa carioca, livre da
mão, e entre os mais procurados pela
corrente.
saldos no Banco de Cré
rechal Floriano Peixoto.
veementes comentiirios, notando-se so
sas das mais importantes no país, como
londrinos a título de co
nunciou imediatamente ao poder, pas-
bretudo os do Jornal do Commcrcio e da
\'antado no Rio uma quota se aplicasse
dem e.xpedida para que o Tesouro depositasse os
Não tentou o ditador resistir.
Gravemente enfènno, c desalentado, re
viviam cm frenético rodopio, de mão cm.
ouro, para cinco por cento em moeda
impressão veio a ser a or
dorc.
presa dc Obras Rúblicas, cujos título.« especulação, começou a adquirir rmprê-
Ato que causou a mais deplorável
133
Ecokómtco
o Lloijd Brasileiro, a Aiyuizon Sfeam Nacigetion Compamj e a Companhia de Carris Urbanos do Rio de Janeiro. A baixa cambial viera, porém, atra
duramente tratado de "político teimoso, de vistas curtas, o mais fatal de quan tos ministros havia tido o Brasil, ho
mem pernicioso, cujas asas negras se
prazo.
tinham estendido por sôbre todo o país • Tão áspera a crítica ao ministro de posto que insistentes boatos correram de que os deodoristas pensavam em as
Boquejava-se que o Barão de Lucena, instigado pelo Conselheiro Mayrink, dera
paros dos grandes canhões do Aquidabtoh
palhar essa expansão. Para as últimas prestações de pagamento da /Vmezon teve a. Empresa de pedir dilação de
ao seu banco excepcionais fa\orcs e re
saltar o Jornal do Commercio. Os dis . na manhã de 23 de no\'embro, haviam
galias. No último trimc.stre de 1891 tornou-se
atingido em cheio o Ensilhamento, a
sérias, recorrendo ao ex
a situação da Geral absolutamente an-
e anunciara o mais considerável progra
pediente incrível dos reports, verdadei ra operação de mais desatinada agiota
o Tesouro Nacional "para auxiliar a
ma de realizações ferroviárias. A 2 de abril submetera a sua dire
losos, para fazer dinheiro.
Essa empresa, cujo capi tal era, para o tempo,
vivia afogada em dificul dades financeiras as mais
da antiga Estrada de Ferro Leopoldina
toria aos acionistas lielatório julgado defeituoso pela assembléia geral, moti vo pelo qual se elegera nova diretoria, presidida pelo Engenheiro Melo Barreto.
que tinham mortalmente ferido, con
Com o golpe de Estado de 3 de no
soante pitoresca imagem corrente naque les dias agitados. Em outubro e novembro, ainda assim, tinham aparecido onze manifestos para a fundação de sociedades anônimas, com
sabia bem porque estaria uma empresa ferroviária envolvida em operações de
vembro, haviam tais aperturas diminuí
um capital de sessenta mil contos, dos
do, em presença da promessa do Barão
quais cinco se.xtos pertencentes ao úl
tal natureza e de tal vulto.
de Lucena de mandar fazer depósito.s de erário nacional no Banco de Crédito
timo dos grandes bancos nascidos no pe
enorme, adquirira linhas
gem, a pagar juros absolutamente fabu E não se
A 14 de maio efetuara-se a fusão~3õ
gustiosa e a sua Diretoria apelou para^
empresa prestes a afogar-se".
ríodo dos xànte e dois meses de infec-
ção lauresca: o Banco União Agncola
de debêntures, num total de
grande estranheza.
A compra causara
Universal, o qoe, como dissemos, apesar da contenção criada pela Ditadura, cau sou a mais sinistra impressão pública. Afinal, resolveram os antiditatoriais agir no Rio de Janeiro. A 23 de novembro
í 22.500.000,0 o que naquele momento representava total superior a trezentos
tal espanto que repercutira nas rodas governamentais, entendendo o Barão de
passou-se o Almirante Custódio José de
As outras onze sociedades anônimas,
Melo para bordo do Aquiãahan, suble-
provàvelmente natimortas ao estampido dos tiros couraçado, capitânea do Al-
Em maio soube-se que a Companhia
Banco de Crédito Universal com a Com
negociava grande empréstimo em Lon
panhia Geral, banco que comprara o
dres e no mês seguinte publicoú-se o manifesto para tal operação, por meio
acervo do English Bank of Rio de Ja neiro.
Essa simbiose a muitos causara
J
vou a esquadra suVta na Guanabara e
do Brasil de Crédito Real, cujos cin
qüenta mil contos de capital provà\"elmente não atingiriam um décimo do valor integral de suas ações.
pT^
DrcFSTo Ecokómico
132
DiCU-STO
nal do Estado, formavam poderoso exér
mil contos de réis, quantia do maior \-uko para o modesto Hra.sil de fins do
cito e preparavam-se para invadir o ter
século XIX.
ritório de Santa Catarina, com destino a
Desse empréstimo, i 2.500.000 foram levantadas no Hi(j dc Janeiro, doslinan-
Sul, acompanhadas pela Guarda Nacio
São Paulo, onde os antiditatoriais con
tavam com poderoso núcleo. Enquanto isso a ditadura praticava di
do-se dozt? niilliões dc esterlinos à conso
versos atos que tiveram a pior repercus
lidação dos empréstimos ^de \árias das companiiías que sc haviam reunido pura
são no espírito público.
constituir a Geral.
A 9 de novembro, por exemplo, bai
Corriam, porém, muito desagradáveis
xava decreto autorizando o arrendamen
boatos na praça fluminense. Assim, con-
to da Estrada de Ferro Central do Brasil.
Medida acertada fora porém a conver
tava-sc que o Banco do Brasil exigira, e a custo alcançara, que do dinheiro le-
são das apólices de quatro por cento,
Luccna conxenicnli- lefcrir-.sc a cia cm seu relatório, a 18 dc .setembro. "Com efeito, comenta Souz;\ Ferreira, a transação não abonava muito a inteli
exigiu a renúncia do Marechal Deo-
gência dos compradores, que acredita vam poder comprar a freguesia de um
sando-o ao seu substituto legal, o Ma
banco como se compra a de qualcpur
loja ou \T?nda.*' Seguindo as pegadas da Geral, a Em
No artigo de fundo daquele, foi o chefe do gabinete, caído com Deodoro,
ao saldamento da dívida flutuante da
missão, ou coisa semelhan
dência na Companhia Ge ral de Estradas de Ferro
ter sido, aliás, realizá%'el.
dito Universal, que não passava de mera depen no Brasil.
Certo é que a empresa
pressão em que vivera, desabafou-se eni
Gazeta dc Notícias.
empresa. Contava-se, porém, que soma superior a doze mil contos havia sido remetida aos banqueiros
te, como remuneração do serviço de conversão dos empréstimos parciais, ope rações que se dizia não
Extraordinário desafogo trouxe Vssa
sedução. A imprensa carioca, livre da
mão, e entre os mais procurados pela
corrente.
saldos no Banco de Cré
rechal Floriano Peixoto.
veementes comentiirios, notando-se so
sas das mais importantes no país, como
londrinos a título de co
nunciou imediatamente ao poder, pas-
bretudo os do Jornal do Commcrcio e da
\'antado no Rio uma quota se aplicasse
dem e.xpedida para que o Tesouro depositasse os
Não tentou o ditador resistir.
Gravemente enfènno, c desalentado, re
viviam cm frenético rodopio, de mão cm.
ouro, para cinco por cento em moeda
impressão veio a ser a or
dorc.
presa dc Obras Rúblicas, cujos título.« especulação, começou a adquirir rmprê-
Ato que causou a mais deplorável
133
Ecokómtco
o Lloijd Brasileiro, a Aiyuizon Sfeam Nacigetion Compamj e a Companhia de Carris Urbanos do Rio de Janeiro. A baixa cambial viera, porém, atra
duramente tratado de "político teimoso, de vistas curtas, o mais fatal de quan tos ministros havia tido o Brasil, ho
mem pernicioso, cujas asas negras se
prazo.
tinham estendido por sôbre todo o país • Tão áspera a crítica ao ministro de posto que insistentes boatos correram de que os deodoristas pensavam em as
Boquejava-se que o Barão de Lucena, instigado pelo Conselheiro Mayrink, dera
paros dos grandes canhões do Aquidabtoh
palhar essa expansão. Para as últimas prestações de pagamento da /Vmezon teve a. Empresa de pedir dilação de
ao seu banco excepcionais fa\orcs e re
saltar o Jornal do Commercio. Os dis . na manhã de 23 de no\'embro, haviam
galias. No último trimc.stre de 1891 tornou-se
atingido em cheio o Ensilhamento, a
sérias, recorrendo ao ex
a situação da Geral absolutamente an-
e anunciara o mais considerável progra
pediente incrível dos reports, verdadei ra operação de mais desatinada agiota
o Tesouro Nacional "para auxiliar a
ma de realizações ferroviárias. A 2 de abril submetera a sua dire
losos, para fazer dinheiro.
Essa empresa, cujo capi tal era, para o tempo,
vivia afogada em dificul dades financeiras as mais
da antiga Estrada de Ferro Leopoldina
toria aos acionistas lielatório julgado defeituoso pela assembléia geral, moti vo pelo qual se elegera nova diretoria, presidida pelo Engenheiro Melo Barreto.
que tinham mortalmente ferido, con
Com o golpe de Estado de 3 de no
soante pitoresca imagem corrente naque les dias agitados. Em outubro e novembro, ainda assim, tinham aparecido onze manifestos para a fundação de sociedades anônimas, com
sabia bem porque estaria uma empresa ferroviária envolvida em operações de
vembro, haviam tais aperturas diminuí
um capital de sessenta mil contos, dos
do, em presença da promessa do Barão
quais cinco se.xtos pertencentes ao úl
tal natureza e de tal vulto.
de Lucena de mandar fazer depósito.s de erário nacional no Banco de Crédito
timo dos grandes bancos nascidos no pe
enorme, adquirira linhas
gem, a pagar juros absolutamente fabu E não se
A 14 de maio efetuara-se a fusão~3õ
gustiosa e a sua Diretoria apelou para^
empresa prestes a afogar-se".
ríodo dos xànte e dois meses de infec-
ção lauresca: o Banco União Agncola
de debêntures, num total de
grande estranheza.
A compra causara
Universal, o qoe, como dissemos, apesar da contenção criada pela Ditadura, cau sou a mais sinistra impressão pública. Afinal, resolveram os antiditatoriais agir no Rio de Janeiro. A 23 de novembro
í 22.500.000,0 o que naquele momento representava total superior a trezentos
tal espanto que repercutira nas rodas governamentais, entendendo o Barão de
passou-se o Almirante Custódio José de
As outras onze sociedades anônimas,
Melo para bordo do Aquiãahan, suble-
provàvelmente natimortas ao estampido dos tiros couraçado, capitânea do Al-
Em maio soube-se que a Companhia
Banco de Crédito Universal com a Com
negociava grande empréstimo em Lon
panhia Geral, banco que comprara o
dres e no mês seguinte publicoú-se o manifesto para tal operação, por meio
acervo do English Bank of Rio de Ja neiro.
Essa simbiose a muitos causara
J
vou a esquadra suVta na Guanabara e
do Brasil de Crédito Real, cujos cin
qüenta mil contos de capital provà\"elmente não atingiriam um décimo do valor integral de suas ações.
134
Dicksto Ecoxómico
mirante Custódio José de Melo, eram
pouca cousa poderia melhorai, cLida a
um banquinho, o Tur/BmiA: (sic), mui-
escassez dos recursos (12.000 contos)
to modesto em suas pretensões. Apenas
etc.
queria cem contos para o seu capital, destinado naturalmente a ser emprestado a jóqueis, entraineurs etc. E,
Em suma, c.xpirava o Ensilhamento, que naquele ano de 1891 ainda le\-art a palma ao que conseguira obrar no
mais provàvelmente, a "book-makers".
milésimo anterior.
Uma Mineralúrgica pretendia prospec-
Os capitais que pretendera arrebanhar
ções, uma Melhoramentos de Santos bem
No primeiro trimestre No segundo
^
haviam sido:
•
No terceiro
285.016:900$000 508.710:000$000
IJsTÁ na ordem do dia, no Congresso Federal, o projeto de lei que trata dos crimes de responsabilidade do Pre
É assunto muitíssimo delicado em si
1.387.706:900$000
Ê interessante estabelecermos o con-
1890 sido de 1.332.306:600$000, vemos fronto do desenvolvimento de operações que 1891 triunfara do antecessor, levan- de Ensilhamento, por intermédio dos do uma vantagem de'55.400:300$000. bancos e companhias, e cujos estatutos onra aos manes de John Lawl Mas foram arquivados na Junta Comercial do honra sobre^do à perspicácia das admi- Rio de Janeiro, nos vinte e dois meses raveis previsões cassândricas de Max do sua eurta e gloriosa existência. Leclerc a 18 de janeiro de 1890!
3.300:000.$000
jbevereiro
Agosto Seternbro
Outubro
1891
-
285.016:900$000
21.350:000$000
326.550:0003000
• 2.250:0008000
526.010:000§000
24.966:6008000
180.280;OOOSOOO
17.700:0008000 19.950:0008000 159.450:0008000
126.720:000$000 20L710:000$000 58.970:000$000
121.400:0008000 162.080:0008000
385.750:0008000
Novembro
79.650:0008000
Dezembro
- 35.460:0008000
21.150:000$000 40.80G:000$000
f Á 60.000:000$000 L
—
porque o Congresso manteve a lei, com atitude hostil e com eridente intenção
mesmo, de modo geral, e, de modo
de aplicá-la na primeira ocasião ou sob
particular, pelo feitio original que de
o menor pretexto.
mos à nossa lei e, ainda, porque foi motivo da maior crise por que passou
constitucional, dissolveu o Congresso.
o regime republicano brasileiro no comêço de sua vida. Tudo isso pede
blica e temendo uma guerra clril, re
para a matéria delicado e cauteloso
nunciou.
Deodoro, num gesto indômito e in Não se sentindo apoiado na opinião p»"
Sob o ponto de vista constitucional,
exame.
O primeiro Congresso Nacional, em
Deodoro procedeu mal; mas, para a sua
porção volumosa e que constituiu depois
figura política e para o papel que de sempenhou na proclamação da RepubU-
maioria grande, entrou em conflito com o fundador da República, o Marechal Deodoro da Fonseca.
1890
terços necessários para a manutenção. Pensava contar com amigos que não o abandonariam em tão grave situação. Calculou mal as dedicações políticas,
tôda a cêrca de arame farpado, em
de 1950.
60.000:OOOÇOOO
Como tal movimento houvesse em
Oro Prazeives
sidente da República e quê será, certa mente, discutido na sessão legislativa 131.420:ü00$000
No quarto
A RESPONSABILIDADE DO PRESIDENTE DA REPÚBLICA
ca, fez bem e saiu com honra.
Foi, então, ela
Se de tal forma não procedesse, o
borada uma minuciosíssima lei de res
Congresso ou, melhor, a Câmara dos Deputados, sob o mais fútil pretêxto, que a lei permitia que fôsse alegado,
ponsabilidade do Presidente da Repúbli ca, com evidente intuito de colher em suas manhosas malhas essa autoridade,
teria denunciado o Presidente da Ro'
afastando-a do alto cargo.
pública, pronunciado a acusação, e
Tomando claro o intuito, Deodoro pre parou-se para vetar
a lei, na esperança
de que o Congres so, nas duas Casas, não
teria
os
dois
Deodoro seria afastado da Presidência
da República, como um criminoso. A lei, rêde de malhas muito finas, ah
estava, pronta a colhê-lo. Compreendese, portanto, o seu gesto dissolvendo o Congresso que, por vários motivos, in-
134
Dicksto Ecoxómico
mirante Custódio José de Melo, eram
pouca cousa poderia melhorai, cLida a
um banquinho, o Tur/BmiA: (sic), mui-
escassez dos recursos (12.000 contos)
to modesto em suas pretensões. Apenas
etc.
queria cem contos para o seu capital, destinado naturalmente a ser emprestado a jóqueis, entraineurs etc. E,
Em suma, c.xpirava o Ensilhamento, que naquele ano de 1891 ainda le\-art a palma ao que conseguira obrar no
mais provàvelmente, a "book-makers".
milésimo anterior.
Uma Mineralúrgica pretendia prospec-
Os capitais que pretendera arrebanhar
ções, uma Melhoramentos de Santos bem
No primeiro trimestre No segundo
^
haviam sido:
•
No terceiro
285.016:900$000 508.710:000$000
IJsTÁ na ordem do dia, no Congresso Federal, o projeto de lei que trata dos crimes de responsabilidade do Pre
É assunto muitíssimo delicado em si
1.387.706:900$000
Ê interessante estabelecermos o con-
1890 sido de 1.332.306:600$000, vemos fronto do desenvolvimento de operações que 1891 triunfara do antecessor, levan- de Ensilhamento, por intermédio dos do uma vantagem de'55.400:300$000. bancos e companhias, e cujos estatutos onra aos manes de John Lawl Mas foram arquivados na Junta Comercial do honra sobre^do à perspicácia das admi- Rio de Janeiro, nos vinte e dois meses raveis previsões cassândricas de Max do sua eurta e gloriosa existência. Leclerc a 18 de janeiro de 1890!
3.300:000.$000
jbevereiro
Agosto Seternbro
Outubro
1891
-
285.016:900$000
21.350:000$000
326.550:0003000
• 2.250:0008000
526.010:000§000
24.966:6008000
180.280;OOOSOOO
17.700:0008000 19.950:0008000 159.450:0008000
126.720:000$000 20L710:000$000 58.970:000$000
121.400:0008000 162.080:0008000
385.750:0008000
Novembro
79.650:0008000
Dezembro
- 35.460:0008000
21.150:000$000 40.80G:000$000
f Á 60.000:000$000 L
—
porque o Congresso manteve a lei, com atitude hostil e com eridente intenção
mesmo, de modo geral, e, de modo
de aplicá-la na primeira ocasião ou sob
particular, pelo feitio original que de
o menor pretexto.
mos à nossa lei e, ainda, porque foi motivo da maior crise por que passou
constitucional, dissolveu o Congresso.
o regime republicano brasileiro no comêço de sua vida. Tudo isso pede
blica e temendo uma guerra clril, re
para a matéria delicado e cauteloso
nunciou.
Deodoro, num gesto indômito e in Não se sentindo apoiado na opinião p»"
Sob o ponto de vista constitucional,
exame.
O primeiro Congresso Nacional, em
Deodoro procedeu mal; mas, para a sua
porção volumosa e que constituiu depois
figura política e para o papel que de sempenhou na proclamação da RepubU-
maioria grande, entrou em conflito com o fundador da República, o Marechal Deodoro da Fonseca.
1890
terços necessários para a manutenção. Pensava contar com amigos que não o abandonariam em tão grave situação. Calculou mal as dedicações políticas,
tôda a cêrca de arame farpado, em
de 1950.
60.000:OOOÇOOO
Como tal movimento houvesse em
Oro Prazeives
sidente da República e quê será, certa mente, discutido na sessão legislativa 131.420:ü00$000
No quarto
A RESPONSABILIDADE DO PRESIDENTE DA REPÚBLICA
ca, fez bem e saiu com honra.
Foi, então, ela
Se de tal forma não procedesse, o
borada uma minuciosíssima lei de res
Congresso ou, melhor, a Câmara dos Deputados, sob o mais fútil pretêxto, que a lei permitia que fôsse alegado,
ponsabilidade do Presidente da Repúbli ca, com evidente intuito de colher em suas manhosas malhas essa autoridade,
teria denunciado o Presidente da Ro'
afastando-a do alto cargo.
pública, pronunciado a acusação, e
Tomando claro o intuito, Deodoro pre parou-se para vetar
a lei, na esperança
de que o Congres so, nas duas Casas, não
teria
os
dois
Deodoro seria afastado da Presidência
da República, como um criminoso. A lei, rêde de malhas muito finas, ah
estava, pronta a colhê-lo. Compreendese, portanto, o seu gesto dissolvendo o Congresso que, por vários motivos, in-
Digesto Económko
130
DfonsTC
clusíve um escandaloso aumento de .sub
sídio, não tinha procedido de acordo com as altas personalidades que conta va em seu seio.
13'
Econômico
4.® — o gõzo c o exercício legal dos vesse consentido no absmxlo...
direitos políticos ou individuais;
Aliás,
no dia em que o decreto relativo à Cons
.5.° — a segiuança inlema do pais; 6.° — a probidade da administração;
tituição foi assinado pelo Conselho de Ministros, estava o estupendo baiano de missionário e consta da ata que somen
E a prova de que a lei fòra feita especialmente para colher Deodoro está em que jamais foi cumprida, cm mais
7." — a guarda e o emprego consti tucional dos dinheiros públicos. O parágrafo primeiro dèssc mcsnw
de meio século de regime republicano, e só agora volta à baila, mo\ idu mais
arí. 53 dizia: "Êsscs delitos .serão defú
pois de um apelo de .seus colegas e dc
niclos em Içi especial". O tènno definido
Deodoro.
por intuitos políticos do que por inte-
csla\a mal empregado, porque ali, na
rêsses nacionais mais elevados ou im
enumeração, já se encontrava uma dcfi. nição, de modo gorai. Teria sido, tuKez. melhor dizer que seriam dcüdluidos em lei especial, como realmente prati
posição moral.
Manda, porém, a justiça que se diga aqui ser Deodoro o culpado, embora in consciente, do que lhe aconteceu. Na sua natural e justificável ignorância dc textos legais de direito pxiblico, êle man dou ao Congresso um projeto de cons
tituição declarado, em parte, vigente, em que pode ser apontado o germem da •situação em que se viu envolvido. Sou paciente estudioso de constitui
ções, anügas e modernas, c não sei
onde foram colhidos os dispositivos in cluídos no referido projeto. A constituição norte-americana sò-
mente trata de crime de traição como motivo para processo e afastamentb do
Presidente da República do seu alto
cargo. Era a tradição inglesa relativa mente aos reis. Nenhuma outra exige
te consentiu em continuar Ministro de
Vejamo.s, pois, como o Congresso, baseado nos dispositivos constitucionais, detalhou os crimes de respün.sabilidado
do Presidente da República. Logo no comêço da lei, foi incluído
cou o Congresso cm junho dc 1891. A comissão especial de vinte e uin membros, incumbida de dar parecer sò-
ôste absurdo artigo, que tomou o núme
brc o projeto de constituiç-ão e que te\*e como seu presidente o notável represen
"Art. 3.® — O Presidente da Re
ro três :
pública é também responsável por cumplicidade, nos crime.s do que truta esta lei, quando perpetrados por outrem".
tante do Rio Grande do Sul, Júlio de Castíliíos, acrescentou ao artigo mais uin
número, assim redigido: "8.'' — As leis orçamentárias votadas pelo Congresso". Pouco depois, o Congresso esqueceu-se
desse artigo e votou um orçamento coin
do de um con
a forma autoriJKitiva, pois copiado foi
ção.
Êste xdtimo dispositivo é tanto mais estranhável quanto a constituição pro
mulgada há pouco declarava que todos os ajustes internacionais seriam feitos
ad referendum do Congresso e sem ésse referendum não tinham validez.
nindo como figura de crime de respon
sabilidade do Presidente da República: .xadores ou Mi
Covêmo que nem sempre era delega
ros
te estava, obscu-
sa, dizia com espantosa prolixidade: "Art. 53 — São crimes de responsabi lidade do Presidente da República os que atentarem contra ; 1,° — a existência política da União;
assumindo, ostensivamente, a responsa
3." — o livre exercício dos poderes
que êsle a tenha ocupado, revelando se gredos militares, celebrando tratados ou ajustes em que sejam comprometidos a honra, a dignidade ou o interesse da na
uma constituição e que se orgu
verdadeiramente, decisor e nem sempre
públicos;
rações do inimigo, entregando qualquer porção do território ao inimigo, mesmo
um orçamento do tempo da monarquia,
pecial e rèvisto pelo grande Rui Barbo
verno Federal;
sa ou planos, ou de seus aliados, dando entrada a espiões, fa\orecendo as ope
isto é, quando estava em u.so um siste ma parlamentar mal dosado, com um
xando de ser moderador, para se tomar,
2° — a constituição e a forma do Go
te, anuas, dinheiro,.munições ou embar cações, comunicando os meios de defe
gresso que aca bava de fazer
tuição, elaborado por uma comissão es
Entretanto, o nosso projeto de consti
da República; de au.xiliar a nação inimi ga a fazer guerra ou praticar hostilida des contra a República, fornecendo gen
O capítulo seguinte terminava defi Tal artigo, saí
lhava de possuir em seu seio tão altos juristas, mostrou bem exi mo o ambien
mais.
dc combinar com o estrangeiro a queda
ção do Parlamento, visto que o chama do Poder Moderador, exercido pelo pró
prio impetrante, tudo dominava, dei
nistros estrangei
Vemos, pois, que Deodoro, pela sua falta de conhecimento de leis, concor
reu ou deu motivo (sem o qual não se ria a lei absurda elaborada) para o tex
to legal contra o qual tão justamente se revoltou depois.
O que admira é que Rui Barbosa tiL
e
cometer
atos de hostili
dade para com
alguma nação estrangeira, qne comprometam a neutralidade da
recldo por uma
bilidade.
á■
xàolar a imuni
dade dos embai-
República ou a exponham a perigo de
forte paixão política. O.s detalhes contidos no capítulo pri
guerra.
meiro são todos figuras perfeitas de cri mes de traição e poderiam ser incluídas todas sob esse titulo, como fizeram ou
Tudo isto que fonnava a .seção ou capítulo relativo "à existência política da União" mesmo que fôsse praticado
tros países, inclusive os Estados Unidos. Tratavam de atos do Presidente da Re
por qualquer funcionário, faria o Pre sidente da República incorrer em res
pública no sentido de entregar o país
ponsabilidade, como cúmplice — segun
ou parte dêle ao domínio estrangeiro;
do a letra do art. 3.° que acima trans-
Digesto Económko
130
DfonsTC
clusíve um escandaloso aumento de .sub
sídio, não tinha procedido de acordo com as altas personalidades que conta va em seu seio.
13'
Econômico
4.® — o gõzo c o exercício legal dos vesse consentido no absmxlo...
direitos políticos ou individuais;
Aliás,
no dia em que o decreto relativo à Cons
.5.° — a segiuança inlema do pais; 6.° — a probidade da administração;
tituição foi assinado pelo Conselho de Ministros, estava o estupendo baiano de missionário e consta da ata que somen
E a prova de que a lei fòra feita especialmente para colher Deodoro está em que jamais foi cumprida, cm mais
7." — a guarda e o emprego consti tucional dos dinheiros públicos. O parágrafo primeiro dèssc mcsnw
de meio século de regime republicano, e só agora volta à baila, mo\ idu mais
arí. 53 dizia: "Êsscs delitos .serão defú
pois de um apelo de .seus colegas e dc
niclos em Içi especial". O tènno definido
Deodoro.
por intuitos políticos do que por inte-
csla\a mal empregado, porque ali, na
rêsses nacionais mais elevados ou im
enumeração, já se encontrava uma dcfi. nição, de modo gorai. Teria sido, tuKez. melhor dizer que seriam dcüdluidos em lei especial, como realmente prati
posição moral.
Manda, porém, a justiça que se diga aqui ser Deodoro o culpado, embora in consciente, do que lhe aconteceu. Na sua natural e justificável ignorância dc textos legais de direito pxiblico, êle man dou ao Congresso um projeto de cons
tituição declarado, em parte, vigente, em que pode ser apontado o germem da •situação em que se viu envolvido. Sou paciente estudioso de constitui
ções, anügas e modernas, c não sei
onde foram colhidos os dispositivos in cluídos no referido projeto. A constituição norte-americana sò-
mente trata de crime de traição como motivo para processo e afastamentb do
Presidente da República do seu alto
cargo. Era a tradição inglesa relativa mente aos reis. Nenhuma outra exige
te consentiu em continuar Ministro de
Vejamo.s, pois, como o Congresso, baseado nos dispositivos constitucionais, detalhou os crimes de respün.sabilidado
do Presidente da República. Logo no comêço da lei, foi incluído
cou o Congresso cm junho dc 1891. A comissão especial de vinte e uin membros, incumbida de dar parecer sò-
ôste absurdo artigo, que tomou o núme
brc o projeto de constituiç-ão e que te\*e como seu presidente o notável represen
"Art. 3.® — O Presidente da Re
ro três :
pública é também responsável por cumplicidade, nos crime.s do que truta esta lei, quando perpetrados por outrem".
tante do Rio Grande do Sul, Júlio de Castíliíos, acrescentou ao artigo mais uin
número, assim redigido: "8.'' — As leis orçamentárias votadas pelo Congresso". Pouco depois, o Congresso esqueceu-se
desse artigo e votou um orçamento coin
do de um con
a forma autoriJKitiva, pois copiado foi
ção.
Êste xdtimo dispositivo é tanto mais estranhável quanto a constituição pro
mulgada há pouco declarava que todos os ajustes internacionais seriam feitos
ad referendum do Congresso e sem ésse referendum não tinham validez.
nindo como figura de crime de respon
sabilidade do Presidente da República: .xadores ou Mi
Covêmo que nem sempre era delega
ros
te estava, obscu-
sa, dizia com espantosa prolixidade: "Art. 53 — São crimes de responsabi lidade do Presidente da República os que atentarem contra ; 1,° — a existência política da União;
assumindo, ostensivamente, a responsa
3." — o livre exercício dos poderes
que êsle a tenha ocupado, revelando se gredos militares, celebrando tratados ou ajustes em que sejam comprometidos a honra, a dignidade ou o interesse da na
uma constituição e que se orgu
verdadeiramente, decisor e nem sempre
públicos;
rações do inimigo, entregando qualquer porção do território ao inimigo, mesmo
um orçamento do tempo da monarquia,
pecial e rèvisto pelo grande Rui Barbo
verno Federal;
sa ou planos, ou de seus aliados, dando entrada a espiões, fa\orecendo as ope
isto é, quando estava em u.so um siste ma parlamentar mal dosado, com um
xando de ser moderador, para se tomar,
2° — a constituição e a forma do Go
te, anuas, dinheiro,.munições ou embar cações, comunicando os meios de defe
gresso que aca bava de fazer
tuição, elaborado por uma comissão es
Entretanto, o nosso projeto de consti
da República; de au.xiliar a nação inimi ga a fazer guerra ou praticar hostilida des contra a República, fornecendo gen
O capítulo seguinte terminava defi Tal artigo, saí
lhava de possuir em seu seio tão altos juristas, mostrou bem exi mo o ambien
mais.
dc combinar com o estrangeiro a queda
ção do Parlamento, visto que o chama do Poder Moderador, exercido pelo pró
prio impetrante, tudo dominava, dei
nistros estrangei
Vemos, pois, que Deodoro, pela sua falta de conhecimento de leis, concor
reu ou deu motivo (sem o qual não se ria a lei absurda elaborada) para o tex
to legal contra o qual tão justamente se revoltou depois.
O que admira é que Rui Barbosa tiL
e
cometer
atos de hostili
dade para com
alguma nação estrangeira, qne comprometam a neutralidade da
recldo por uma
bilidade.
á■
xàolar a imuni
dade dos embai-
República ou a exponham a perigo de
forte paixão política. O.s detalhes contidos no capítulo pri
guerra.
meiro são todos figuras perfeitas de cri mes de traição e poderiam ser incluídas todas sob esse titulo, como fizeram ou
Tudo isto que fonnava a .seção ou capítulo relativo "à existência política da União" mesmo que fôsse praticado
tros países, inclusive os Estados Unidos. Tratavam de atos do Presidente da Re
por qualquer funcionário, faria o Pre sidente da República incorrer em res
pública no sentido de entregar o país
ponsabilidade, como cúmplice — segun
ou parte dêle ao domínio estrangeiro;
do a letra do art. 3.° que acima trans-
Dicesto
138
Econômico
139
DroESTO Econômico
União; II — o livre e.xcrcício do Poder
crevemos —' e sendo passível, por isso,
do, cm tão monstruosa lei, e pronto «
Legislativo, do Poder Judiciário e dos
de perder o cargo.
ser pôsto em prática.
poderês constitucionais dos Estados; III
tima ou exclusiva de cada casa parla mentar. Logo, tudo deveria ser incluído nos regimentos internos ou, ainda me lhor, e dada a no\a feição do Regimen
Os mesmos detalhes ou as mesmas
Os legisladores de 1932-34, isto é, da
minúcias recheavam o capítulo relativo aos crimes contra o exercício dos pode-
Comissão Constitucional do Itamarati e
— exercício dos dircito.s político.s, indi viduais e sociais; IV — a segurança in
dc Congre.sso CíUislituinte da Segunda
terna do país; V — a probidade na ad
terá de ser discutido e votado em sessão
res políticos.
ministração; VI — a lei orçamcnlíma;
conjunta.
honra para mim, Sccrctário-Geral da
VII — a guarda ç o legal emprêgo dos dinheiros públicos; VIII — o cumpri
tença condenatória sòmente poderá ser
Comissão e Secretário-Ceral da Presi
mento das decisões judiciárias.
A nova lei de respon.sabilidade, que vem sendo tratada há quase dois anos
lavrada pelo Senado pelo voto de dois
dência do Congresso) apesar de estarem
O capítvilo dos crimes contra o gozo o
República, (o disso jicsso dar .testemu nho pessoal porque fui, com suprema
exercício legal dos direitos políticos ou individuais começava dizendo o seguinte:
"É crime de responsabilidade do Presidente da Repúbica impedir, por %'iolências ou ameaças, que o eleitor exerça livremente o seu di
reito de votO; comprar votos ou so licitá-los usando de promessas ou abusando da influência do cargo".
O Presidente da República seria con
siderado cúmplice, e como tal punido, desde que um subdelegado de polícia ou mesmo um inspetor de quarteirão de
tal modo procedesse contra um eleitor qualquer.
Esse mesmo aspecto ou êsse mesmo recheio de absurdos era conHdo nos ca pítulos relativos à segurança interna do país, contra a probidade da administra
ção, emprêgo dos dinheiros públicos, contra as leis orçamentárias. Um ôrro de amanuense, mesmo cometido de boa fé,,
sem nenhuma sombra de dolõ, seria mo-, tivo de processo e suspensão db Presi dente da República.
Deodoro fêz bem, portanto, dissolven do o Congresso, no seu gesto de um pu dor bem compreensível. O Congresso armara uma verdadeira arapuca contra êle e era natural que, indignado, que
no propósito de dotar de novo feitio a
lei básica,
tiveram sempre à vista a
no Congresso, 6 também minuciosa, a
fim de atender a todos os itens em que
constituição de 1»91.
A Comis-são introduziu no seu projeto a me.sma lista longa c original dos moHvos de responsabilidade do Presidente
a matéria está tratada na Constituição. Tem, porém, mais técnica, c dela está
A lei em apreço declara que a sen terços dos seus membros e sòmente pe la maioria absoluta da totalidade da Câ
mara dos Deputados poderá ser decre tada como procedente a acusação, de que é conseqüência gravíssima o afasta.mento do cargo do acusado.
ausente a paixão e a má intenção com
Outro ponto em que a lei exorbita é
da República, porque havia a intenção,
que foi redigida a lei de 1891, c que,
que torna o legislador suspeito ou sem a imparcialidade tão louvável, de preve nir abusos do Executivo, e o Congresso
Ou jamais mereceu re.spcito.
aquele em que trata da denúncia, acu sação e julgamento dos Co\emadores dos Estados. E' matéria que devo eshu
Constituinte manteve a catalogação das mesmas responsabilidades e incluiu ain da como crime dêsse gênero o não cum
por isso mesmo, jamais foi considerada A lei em estudos não mais contém o
absurdo,
de que acima tratamos,
de
regulada na constituição local, que terá em vista os princípios estabelecidos na
considerar o Presidente da República
Constituição Federal.
cúmplice de atos criminosos até de ins
O artigo 77 declara, por exemplo, que os go\'emadores serão julgados, nos cri
tra: a) a existência da União; b) a Cons
petores de polícia. Todavia, contém no seu bojo dois ca pítulos que são de evidente inconstitucíonalídade, conforme será fácil expor. O primeiro é o que trata da acusação e do processo que deve ter na Câmara dos Deputado.s. Longo e minucioso, êsse artigo traça todos -os trâmites que a pro posição deve ter na Câmara dos Depu tadas, sôbrc oradores, votação, parece-
tituição; c) o livre exercício dos pode-
res etc. O mesmo é feito em relação ao
e este não foi estabelecido nas Unidades
res políticos; d) a probidade adminis trativa e a guarda e emprêgo dos dinhei
julgamento pelo Senado. Em ambos os capítulos são estabelecidas fórmulas 'ri gorosamente regimentais.
Federadas, o julgamento tem dc seguir
primento de sentençao judicitbias. A constituição de 37,
um tanto ou
quanto dentro do sju espírito de esta belecer um executivo forte, diminuiu a
lista, mas ainda assim manteve cinco al(«
neas ou letras, declarando que são cri
mes de responsabilidade do Presidente da República os atos dessa autoridade definidos em lei e que atentarem con
ros públicos; e) a execução das deci sões judiciárias. A vigente Constituição brasileira vol tou aos mesmos oito dispositivos, embo ra modificando alguns e estabelecendo
Ora, a lei de responsabilidade não po do ser baixada sem a sanção, sem o pro
das as conseqüências, mesmo que estas o obrigassem à renúncia, como- obriga
que são crimes de responsabilidade os
nunciamento do Presidente da Repúbli ca, e ôste não deve ou não pode, constitucionalmente, intervir nos processos
atos do Presidente
parlamentares, assunto de natureza ín
ram. O seu aviltamento estava delinea
atentarem contra: I — a e.tistência da
brasse a armadilha e agüentasse com to
to do Congresso nesse regimento, que
da República que
y
mes de responsabilidade, na forma que determinarem as Constituições dos Esta
dos, E não pode ser de outra forma, porque copiado não pode ser na espécie o figurino federal. No federal, contra ò Presidente da República, a acusação c
feita e considerada
pela Câmara dos
Deputados e o julgamento compete ao
Senado. No Estado que não tiver Senado, outros trâmites.
O art. 80 reza que a declaração de procedência da acusação contra os Go vernadores dos Estados, nos crimes de
responsabilidade, sòmente poderá ser
decretada pela maioria absoluta da Câ mara que a proferir. Êsse dispositivo é desnecessário, porque os Estados têrri
Dicesto
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Econômico
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DroESTO Econômico
União; II — o livre e.xcrcício do Poder
crevemos —' e sendo passível, por isso,
do, cm tão monstruosa lei, e pronto «
Legislativo, do Poder Judiciário e dos
de perder o cargo.
ser pôsto em prática.
poderês constitucionais dos Estados; III
tima ou exclusiva de cada casa parla mentar. Logo, tudo deveria ser incluído nos regimentos internos ou, ainda me lhor, e dada a no\a feição do Regimen
Os mesmos detalhes ou as mesmas
Os legisladores de 1932-34, isto é, da
minúcias recheavam o capítulo relativo aos crimes contra o exercício dos pode-
Comissão Constitucional do Itamarati e
— exercício dos dircito.s político.s, indi viduais e sociais; IV — a segurança in
dc Congre.sso CíUislituinte da Segunda
terna do país; V — a probidade na ad
terá de ser discutido e votado em sessão
res políticos.
ministração; VI — a lei orçamcnlíma;
conjunta.
honra para mim, Sccrctário-Geral da
VII — a guarda ç o legal emprêgo dos dinheiros públicos; VIII — o cumpri
tença condenatória sòmente poderá ser
Comissão e Secretário-Ceral da Presi
mento das decisões judiciárias.
A nova lei de respon.sabilidade, que vem sendo tratada há quase dois anos
lavrada pelo Senado pelo voto de dois
dência do Congresso) apesar de estarem
O capítvilo dos crimes contra o gozo o
República, (o disso jicsso dar .testemu nho pessoal porque fui, com suprema
exercício legal dos direitos políticos ou individuais começava dizendo o seguinte:
"É crime de responsabilidade do Presidente da Repúbica impedir, por %'iolências ou ameaças, que o eleitor exerça livremente o seu di
reito de votO; comprar votos ou so licitá-los usando de promessas ou abusando da influência do cargo".
O Presidente da República seria con
siderado cúmplice, e como tal punido, desde que um subdelegado de polícia ou mesmo um inspetor de quarteirão de
tal modo procedesse contra um eleitor qualquer.
Esse mesmo aspecto ou êsse mesmo recheio de absurdos era conHdo nos ca pítulos relativos à segurança interna do país, contra a probidade da administra
ção, emprêgo dos dinheiros públicos, contra as leis orçamentárias. Um ôrro de amanuense, mesmo cometido de boa fé,,
sem nenhuma sombra de dolõ, seria mo-, tivo de processo e suspensão db Presi dente da República.
Deodoro fêz bem, portanto, dissolven do o Congresso, no seu gesto de um pu dor bem compreensível. O Congresso armara uma verdadeira arapuca contra êle e era natural que, indignado, que
no propósito de dotar de novo feitio a
lei básica,
tiveram sempre à vista a
no Congresso, 6 também minuciosa, a
fim de atender a todos os itens em que
constituição de 1»91.
A Comis-são introduziu no seu projeto a me.sma lista longa c original dos moHvos de responsabilidade do Presidente
a matéria está tratada na Constituição. Tem, porém, mais técnica, c dela está
A lei em apreço declara que a sen terços dos seus membros e sòmente pe la maioria absoluta da totalidade da Câ
mara dos Deputados poderá ser decre tada como procedente a acusação, de que é conseqüência gravíssima o afasta.mento do cargo do acusado.
ausente a paixão e a má intenção com
Outro ponto em que a lei exorbita é
da República, porque havia a intenção,
que foi redigida a lei de 1891, c que,
que torna o legislador suspeito ou sem a imparcialidade tão louvável, de preve nir abusos do Executivo, e o Congresso
Ou jamais mereceu re.spcito.
aquele em que trata da denúncia, acu sação e julgamento dos Co\emadores dos Estados. E' matéria que devo eshu
Constituinte manteve a catalogação das mesmas responsabilidades e incluiu ain da como crime dêsse gênero o não cum
por isso mesmo, jamais foi considerada A lei em estudos não mais contém o
absurdo,
de que acima tratamos,
de
regulada na constituição local, que terá em vista os princípios estabelecidos na
considerar o Presidente da República
Constituição Federal.
cúmplice de atos criminosos até de ins
O artigo 77 declara, por exemplo, que os go\'emadores serão julgados, nos cri
tra: a) a existência da União; b) a Cons
petores de polícia. Todavia, contém no seu bojo dois ca pítulos que são de evidente inconstitucíonalídade, conforme será fácil expor. O primeiro é o que trata da acusação e do processo que deve ter na Câmara dos Deputado.s. Longo e minucioso, êsse artigo traça todos -os trâmites que a pro posição deve ter na Câmara dos Depu tadas, sôbrc oradores, votação, parece-
tituição; c) o livre exercício dos pode-
res etc. O mesmo é feito em relação ao
e este não foi estabelecido nas Unidades
res políticos; d) a probidade adminis trativa e a guarda e emprêgo dos dinhei
julgamento pelo Senado. Em ambos os capítulos são estabelecidas fórmulas 'ri gorosamente regimentais.
Federadas, o julgamento tem dc seguir
primento de sentençao judicitbias. A constituição de 37,
um tanto ou
quanto dentro do sju espírito de esta belecer um executivo forte, diminuiu a
lista, mas ainda assim manteve cinco al(«
neas ou letras, declarando que são cri
mes de responsabilidade do Presidente da República os atos dessa autoridade definidos em lei e que atentarem con
ros públicos; e) a execução das deci sões judiciárias. A vigente Constituição brasileira vol tou aos mesmos oito dispositivos, embo ra modificando alguns e estabelecendo
Ora, a lei de responsabilidade não po do ser baixada sem a sanção, sem o pro
das as conseqüências, mesmo que estas o obrigassem à renúncia, como- obriga
que são crimes de responsabilidade os
nunciamento do Presidente da Repúbli ca, e ôste não deve ou não pode, constitucionalmente, intervir nos processos
atos do Presidente
parlamentares, assunto de natureza ín
ram. O seu aviltamento estava delinea
atentarem contra: I — a e.tistência da
brasse a armadilha e agüentasse com to
to do Congresso nesse regimento, que
da República que
y
mes de responsabilidade, na forma que determinarem as Constituições dos Esta
dos, E não pode ser de outra forma, porque copiado não pode ser na espécie o figurino federal. No federal, contra ò Presidente da República, a acusação c
feita e considerada
pela Câmara dos
Deputados e o julgamento compete ao
Senado. No Estado que não tiver Senado, outros trâmites.
O art. 80 reza que a declaração de procedência da acusação contra os Go vernadores dos Estados, nos crimes de
responsabilidade, sòmente poderá ser
decretada pela maioria absoluta da Câ mara que a proferir. Êsse dispositivo é desnecessário, porque os Estados têrri
Du;lsi,,
140
que considerar o que está determinado
exercício ão mandato^ porque éstc c\a
na Constituição Federal, q\ie manda que a acusação somente pode ser lida como
cício (permitam o píeonasnío) ser exercido no recinto da momento do di.scutir c \otar.
aprovada se tiver o voto da maioria ab soluta da totalidade dos membros da Câmara.
Parece, porém, qiie esse artigo foi in
cluído pela necessidade ou intenção con tida no respectivo parágrafo único re jeitado, e que dizia: "A maioria abso
E' verdade que os deputados, mentalmente, não podem scq^"-''^ tar-se da sessão
sem comunicação **
Presidente c, muito monos, deveria» afastar-se da Capital Federal scnii espe ciai cH)municação, mas o direito com»»
luta a que se refere este artigo será cal culada sobre o número de representantes
bra.silciro, a pra.xc suporaccita, prcscin^
que, efetivamente, esti\ercm em ativida de no e.xercíeio de suas funções".
dessa comunicação desde (pie l** pouco tempo; e o sistema de pagamenW
A verificação do número real, efetivo, dos deputados que estão efetivamente
em atividade no exercício de suas fun ções, é difícil, dificílimo de ser apurado. Antigamente, os representantes dos Estados próximos, principalmente de São
Paulo e Minas Gerais e, hoje, de quase todos os Estados, pela rapidez das via gens aéreas, -saem da Capital da Repú blica, da sede do Poder Legislativo Fe deral, por um, dois e três dias, ou mes mo por mais tempo, sem comunicação alguma à Mesa da Câmara ou à Secre taria.
TÓOR PPflRGL
n
b
P u
de subsídio do alguma forma aceita e<-
sa ausência de comunicação, mas p»W o faltoso não pagando a ficha de pre da Associação Comercial de São Paulo
sença.
O número de deputados ern efctKexercício, em atividade de mandato'
foi criada para orientação e
muito variável, altera-.se de um dia pi
ra outro, tomando-se impossível, conv
defesa de seus membros.
acabamos de ver, fixá-lo de modo exaW em determinado momento, e para l*'
importante efeito.
E' por is.'^o que'
O AUMENTO do quadro social permiti
Constituição determina que a maioriJ absoluta c calculada sobre o número to
rá maior eficiência ainda de
tal dos deputados fixado cm lei, pelo to tal dos membros de que se compõe Câmara. Somente assim se poderá fazri
nossos serviços em beneficio
informados na espécie, não podem ga rantir, em uma sessão de votação de tão
a contagem real de uma maioria ou di
de cada um
Êsses dois órgãos, que são os melhor
importante matéria, quais são os depu tados que "estão no efetivo exercício do mandato".
Pode-se afirmar que os ausentes da sede do Poder Legislativo, da sede da
maioria desejada ou dclcnninada pel-' Constituição.
Embora a lei elaborada tenha melho
rado bastante em comparação com a k' de 1891, contra a qual se rc\'oltou, t;V'
Câmara dos Deputados, estão em efetivo
briosamente, o Marechal Dc^xloro, aind'
exercício, em atividade do mandato ?
dato, porque nada os impede de tomar
assim precisa de importantes correçóeí segundo tentei demonstrar no prcsent'" artigo, se em tal tarefa^me ajudavoo'
parte nas votações, mas não estão no
engenho e arte. ..
Êsses ausentes estão no gozo do man
dos associados.
PRESTIGIE
A
CAMPANHA DE EXPANSÃO SOCIAL
Du;lsi,,
140
que considerar o que está determinado
exercício ão mandato^ porque éstc c\a
na Constituição Federal, q\ie manda que a acusação somente pode ser lida como
cício (permitam o píeonasnío) ser exercido no recinto da momento do di.scutir c \otar.
aprovada se tiver o voto da maioria ab soluta da totalidade dos membros da Câmara.
Parece, porém, qiie esse artigo foi in
cluído pela necessidade ou intenção con tida no respectivo parágrafo único re jeitado, e que dizia: "A maioria abso
E' verdade que os deputados, mentalmente, não podem scq^"-''^ tar-se da sessão
sem comunicação **
Presidente c, muito monos, deveria» afastar-se da Capital Federal scnii espe ciai cH)municação, mas o direito com»»
luta a que se refere este artigo será cal culada sobre o número de representantes
bra.silciro, a pra.xc suporaccita, prcscin^
que, efetivamente, esti\ercm em ativida de no e.xercíeio de suas funções".
dessa comunicação desde (pie l** pouco tempo; e o sistema de pagamenW
A verificação do número real, efetivo, dos deputados que estão efetivamente
em atividade no exercício de suas fun ções, é difícil, dificílimo de ser apurado. Antigamente, os representantes dos Estados próximos, principalmente de São
Paulo e Minas Gerais e, hoje, de quase todos os Estados, pela rapidez das via gens aéreas, -saem da Capital da Repú blica, da sede do Poder Legislativo Fe deral, por um, dois e três dias, ou mes mo por mais tempo, sem comunicação alguma à Mesa da Câmara ou à Secre taria.
TÓOR PPflRGL
n
b
P u
de subsídio do alguma forma aceita e<-
sa ausência de comunicação, mas p»W o faltoso não pagando a ficha de pre da Associação Comercial de São Paulo
sença.
O número de deputados ern efctKexercício, em atividade de mandato'
foi criada para orientação e
muito variável, altera-.se de um dia pi
ra outro, tomando-se impossível, conv
defesa de seus membros.
acabamos de ver, fixá-lo de modo exaW em determinado momento, e para l*'
importante efeito.
E' por is.'^o que'
O AUMENTO do quadro social permiti
Constituição determina que a maioriJ absoluta c calculada sobre o número to
rá maior eficiência ainda de
tal dos deputados fixado cm lei, pelo to tal dos membros de que se compõe Câmara. Somente assim se poderá fazri
nossos serviços em beneficio
informados na espécie, não podem ga rantir, em uma sessão de votação de tão
a contagem real de uma maioria ou di
de cada um
Êsses dois órgãos, que são os melhor
importante matéria, quais são os depu tados que "estão no efetivo exercício do mandato".
Pode-se afirmar que os ausentes da sede do Poder Legislativo, da sede da
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Embora a lei elaborada tenha melho
rado bastante em comparação com a k' de 1891, contra a qual se rc\'oltou, t;V'
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briosamente, o Marechal Dc^xloro, aind'
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Automóveis e Caminhões
PORQUE
O
SR. DEVE
ANUNCIAR
NO
Concessionários
DIGESTO
Cia. de Automóveis Alexandre Cornstein SÃO
PAULO
EscrilóriOi vendas e secção de
RUA CLAUDINO PINTO, 55
RUA CAP. FAUSTINO LIMA, 105
Telefone: 2-8740
Telefones:
CAIXA POSTAL, 2840
Escritório e vendas ... 2-8738
Secção de peças
ECONOMICa
OFICINAS;
peças
2-4564
Preciso nas informações, sóbrio e ohjetho coTjientdrios, cômodo e elegante na apresenta
— SÃO PAULO —
ção, o Digesto Econômico, dando aos sevs
I
leitores um panoratrui mensal do mundo dos
negócios, circula numa classe de alto poder aquisitivo e elevado padrão de vida. Por essas razões, os anúncios inseridos no Dicesto Eco
nômico são lidos, invariàvelmcnte, por um pro vável comprador.
Esta revista é publicada mensalmente pela Editora Comercial Lida., sob os auspícios da Ássociação Comercial de São Paulo e da Federação
J. FLORIANO DE TOLEDO
do Comércio do Estado de São Paulo. CORRETOR DE IMÓVEIS
RUA SÃO BENTO, 45 - 5.o ANDAR - SALAS 512-3-4 TELEFONES: 2-1421
E
2-7380
—
SÃO
PAULO
editora
-COMERCIAL
LIMITADA
HUA boa vista, 51. 9.0 ANDAR — TEL. 3-1112 — RAMAL 19
J
SAG PAULO
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J. FLORIANO DE TOLEDO
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aUMENTO PARA
O
HOMEM . . .
—' completa linha de deliciosos e nutritivos produtos Swiít: pastas,
presuntada, ervilhas, presunto cozi
^8 iiâÉà®Éii
do, carne em conserva, extrato de carne, salsichas, xarque, óleo e composto "A PATROA".
Vivos aphiusos merece a Associação Comercial de
São Paulo pelo magnífico programa que se traçou e vem (Icscnvolvciulo de realizar estudos e pesquisas sôbrc magnos problemas da economia nacional, presididos por um alto espirito de imparcialidade, que permite acolher qualquer contribuição conducentc à [consecução daquele elevado tentãmcn.
— os famosos adubos orgânicos "O Semeador". Feitos de resíduos fres
cos de carne, sangue e ossos de ani
mais, os adubos Swift,"0 Semeador", fecundam e enriquecem a terra,pro duzindo raelliDres e maiores frutos e colheitas.
E melhor veiculo para o êxito dessa política sadia c patriótica não poderia ter criado que o "Digesto Econômico", etn cujas paginas, mercê de uma direção esclarecida e
arejada, têm encontrado agasalho proposições c debates sôbrc os mais variados problemas econômicos e sociais e
opiniões dos mais contraditórios matizes, granjeando-lhe, sem favor, grande a justificada autoridade no pensamento econômico nacional.
— raÇões Swift balanceadas de carne e ossos, Ossorinha, Sangarinha-pro
i? iít^ ^lIMtlllU
mê
porcionam uma alimentação cieptU fica dosada para engorda, produção ou
Miguel Calmon
(Presidente da Associação Comercial da Bahia t! Professor da Escola Politécnica da Bahia)
crescimento de gado, porcos,
galinhas, etc.
Cia. Swiít do Brasil 5. A.
HÁ MAIS DE UM QUARTO DE-^ÉCUIO DISTRIBUir.ÒRES MUNDIAIS DE PRODUTOS BRASILEIROS Gráfica São José — Rua Galvão Bueno, 230 — Telefone, S-4B12 — São Paulo
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o DEPARTAMENTO
ECONOMICO os ouspícios DO ASSOCIAÇÃO COMERCIAL DE SÃO PAULO on FEDERAÇÃO 00 COMERCIO 00 EST-".""
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^ SSSSA S II M A R Associação Comercial de São Paulo — Discursos
''arlicipaçâo no lucro das emprêsas — Roberto Piií haverá nova superprodução mundial de algodão?
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preços desde a desvalorização — Richard Lew
Pesquisas básicas económlco-sociais no Brasil — ^ cacau reclama novos mercados — Moacyr Pa
A pilhagem — Aldo Mário Azevedo
A comercialização do ferro brasileiro — Geraldol
^ord Keynes e a economia moderna — Djacir loções gerais sôbre o impôsio — José Luiz de a1
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A meteorologia a serviço da produção econômica — J. ^ recuo cafeeiro — Pimcntel Gomes
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^rodulos brasileiros no mercado inlernacional — Cacau — Dorival Teixeira Vieira
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Regime agrário e urbanização — Nelson Werneck Sodré
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^ moeda nos câmbios internacionais — Mircea Buescu
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história das idéias políticas — O movimento emancipador — Otávio Tarquínio de Sousa 122
rua boa vista, si _
S-" andar — FONE 3-1112
depressão ao abuso do poder econômico — José da Costa Boucinhas derrocada do Ensilhamento (1891) — Afonso de E. Taunay
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J9I ~ MARÇO DE 1950 — ANO Vi