DIGESTO ECONÔMICO, número 63, fevereiro 1950

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O déflcií orçamentário — Richard Lewinsohn

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Industrialização 0 energia elétrica — Aldo Mário Azevedo

Ccn^atibilldade do orçamento cíclico e da planlficação com a Constituição d» 1946 — Josaphat Marinho Aspectos do mercantilismo — Roberto Pinto de Sousa Garantia de preços mínimos ã agricultura nacioisal — José Garibalili Pantas .

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48

Carvão nacional, fonte de energia — Geraldo O. Banaskiwitz

52

Sõbra a quarta eleição de Roosevelt — Darlo de Almeida Magalhães

60

Produtos brasilmros no mercado

— A borracha I>3rival Teixeira Vieira

67

Noções gerais sôfare o imposto — José Luiz de Almeida Nogueira Porto Agricultura e economia açucareiras em São Paulo — José ^nórlo Rodrigues .. Davi Campisfa — Antônio Gontijo de Carvalho

74 81 87

Mobilidade

horizontal — Nelson Werneck Sodré

Diálogo entre o poder e o Direito — Cândido Mota Filho Data verdadeira — Otávio Tarquinio de Sousa Floresta»

KFfmfiÃ/fTf cimfUfiim £fijis/L£/fio

PDowiTo j^TÂffCTfCÂ

23 36 42

Notas sôbre um economista argentino — Djacír Menezes

•WCÁ^ÃfíÃfí

i

15

Pimentel

Gomes

ZTsiertores do ensilhamento (1691> — Afonso de Taunay A respsnsabilidade do Preeldente da República — Oto Prazeres

N.o 63 — FEVEREIRO DE 1350 — ANO VI

109

113 IIT 122

128 135


o DIGESTO ECONÔMICO ESTA A VENDA

nos principais pontos de jornais no Brasil, ao preço de Cr$ 5,00. Os nossos agentes da relação abaixo estão aptos a suprir qualquer

r

encomenda, bem como a receber pedidos de assinaturas, ao preço de Cr$ 50,00 anuais.

Agenle Geral para o Brasil FERNANDO CHINAGLIA

ATenida Presidente Vargas, 502, 19.o andar Rio de Janeiro

Alagoas: Manuel Espíndola, Praça Pe

Paraná: J. Ghia^one, Rua 15 de No vembro, 423, Curitiba.

dro II. 49, Maceió.

Ainazonas: Agência Freitas, Rua Joa quim Sarmento. 29. Manaus.

Pernambuco: Fernando Chinaglla. Rua do Imperador, 221, 3.o andar. Recife.

Bahia: Alfredo J. de Souza & Cia., R. Saldanha da Gama. 6. Salvador.

Piauí: Cláudio M. Tote, Teresina.

Ceará: J. .\Iaor de Albuquerque ái Cia. Praça do Ferreira, 621. Fortaleza.

Rio de Janeiro; Fernando Chinaglla, Av Presidente Vargas, 502, 19.o

ASSIM SE IDEALIZA...

andar.

Cspírilo Sanlo: Viuva Copolilo & Fi lhos. Rua Jerônimo Monteiro, 361, Vitória.

Goiás: João Manarino, Rua Setenta A, Goiânia.

Maranhão: Livraria Universal, Rua João Lisboa. 114, São Luiz. Maio

Grosso: Carvalho. Pinheiro Sc.

Cia., Pça. da República. 20, Cuiabá. Minas Gerais: Joaquim Moss Velloso, Avenida dos Andradas, 330, Belo Horizonte.

Pará: Albano H. Martins ée Cia., Tra

vessa Campos Sales. 85/89. Belém. Paraíba: Loja das Revistas. Rua Ba rão do Triunfo, 510-A. João Pessoa.

Rio

Grande do

Norle: Luis Rumão

ASSIM SE CONCRETIZA

Avenida Tavares Ura. 48, Natal. GIGANTES de cimento armado

Rio Grande do Sul: Sòmcnte para Por to Alegre: Octavio Sagebin, Rua 7 de .Setembro, 789, Porto Alegre. Para locais fora de Porto Alegre.

Fernando ChinaglJa, R. de Janeiro Santa Catarina: Pedro Xavier & Cia.,

Rua Felipe Schmidt, 8, Florianóp. São Paulo: A Intelectual, Ltda., Via

duto, Santa Eíigènia, 281, S. Paulo. Sergipe: Livraria

Regina Lida., Rua

João Pessoa, 137, Aracaju. Território do Acre: Diógenes de Oli veira, Rio Branco.

por todo o território naciohal.

E

que são motivos de orgulho para todo paulista, que servem de índice do

assim, fazendo de um ideal uma es

nosso progresso e mesmo da nossa

sileira plasmando, com os seus arra nha-céus, as grandes cidades da nova

civilização, resultam do trabalho ár duo do engenheiro que, sobre uma

tupenda realidade, vai a gente bra América.

prancheta, faz a planta e calcula os seus mínimos detalhes. A Construtora

e Comercial Dácio A. de Moraes S.A.

há muito que vem colaborando para o desenvolvimento

maior de nossa

CONSTRUTORA E COMERCIA},

ducio a. de morues s. a. Engenharia • Arquitetura - Construções

terra, contando-se na sua folha de

Roa Libero Badaró, 158 • 17.o - Telefone 2-6539

serviços, o levantamento de edifícios

São Paulo Panam —V8.003


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T Banco do Estado de São Paulo S. A. MATRIZ: SÃO PAULO

PRAÇA ANTÔNIO PRADO, 6 CAIXA POSTAL, 789 — END. TELEGR. 'BANESPA' AGÊNCIAS: Amparo — Andradina — Araçaiuba — Araxaquara — Atibáia

Avaré — Barretes — Batatais — Baurú — Botucatu —c

Brás (Capital) — Caçapava — Campinas — Campo Grande (Maio Grosso) Catanduva — Franca — Ibitinga — Itapetininga — Itúverava

Jaboíicabal — Jaú — Jundiai —— Limeira — Lins —

Marília — Mirassol — Mcgi Mirim — Novo Horizonte — Olím-.

pia — Ourinhos — Palmital — Piracicaba — Pirajui — Pirassununga — Presidente Prudente — Ouatá — Registro — Ribei rão Preto — Sto. Anastácio — S. Carlos — S. João da Bôa

Vista — S. Joaquim da Barra — S. José do Rio Pardo — São Jo-* sé do Rio Preto — S. Simão — Santos — Tanabi — Tietê — Tupan.

&

DEPÓSITOS — EMPRÉSTIMOS — CÂMBIO — COBRANÇAS — TRANSFERÊNCIAS — TÍTULOS — AS MELHORES TAXAS — AS MELHORES CONDIÇÕES — SERVIÇO RÁPIDO E EFICIENTE.

MAQUINAS DE COSTURA

CURSOS DE COSTURA

SERVIÇO MECÂNICO ACESSÓRIOS DE COSTURA

DARIO DE ALMEIDA MAGALHÃES VÍTOR NUNES LEAL

Há sempre uma loja Singer próxima a sua casa para atende-la.

ADVOGADOS

Singer Sewing Machine Company Rua Senador Dantas, 20 — 15.o andar — salas 1507/9 RIO DE JANEIRO

Lojas em iodo o Brasil.


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tv.At

F^'

BANCO NACIONAL 00 COMÉRCIO OE SAO PAULO S/A. Capiial Realizado

CrS

50.000.000.00

Fundos de Reserva

CrS

23.500.000.00

^TECJV/CO^^SCAL aíí S^Údâooçdú-

Operações bancárias em geral

Depósitos em contas correntes e a prazo-fixo. ♦ Correspondentes em tôdas as praças do País e no exterior.

RUA BOA VISTA n.o 242 — End. Telegr.: "BANCIONAL' CAIXA POSTAL. 2568 SÃO

PAULO

FRANCISCO

APRÍGIO

DOS

BRASIL

CAMPOS

SANTOS

bara a lega/izaçdo exáiQ dos seus livros e documentos

ADVOGADOS

Rua Araújo Porto Alegre. 70 — Salas 318/319 Telefone: 42-9110 •— RIO DE JANEIRO

'.í

RUA BOA VISTA. 51 10.^ Andar' Fone 3-1112


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AÇÚCAR — ÁLCOOL

RÁDIOS

ASSUMPÇAO

Companhia

\

S. A.

IRMÃOS FAKRI

A MAIOR ORGANIZAÇÃO DO RAMO NO PAÍS

Vassununga SOCIEDADE ANÔNIMA

RUA ITCBÍ, 179

SÀO PAULO

ASSISTÊNCIA

Esaiíório Cenizal:

R. DR. FALCÃO FILHO. 56 10.O andar — salas 1053/5/61 End. Telegr.t "SORRAB" Telefone: 2-7288

TÉCNICA gratuita

SÃO PAULO

TECIDOS KTLIL S. L Tecidos de Algodão e Rayon por Atacado

RUA 25 DE MARÇO. 1260 — SÃO PAULO Fones: 3-1523 e 3-1235 — Caixa Postal. 2311

End. Telegr.: 2ÉKALIL Usina:

End. Telegr.: "USINA" Estação Vassununga - C. P.

Uma loja em cada bairro

(Estado de São Paulo)

para melhor servir você

(<■ ■


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Diem ecoRÉico

O Déficit Orçamentário

10) Kidcios ura rMtmu mau. fubíleado >ob e* a»ipf<i»t é»

RiCHARD LEtVINSOHN

kSSOCIfIClD GOMIRCIALDE SlO HOIB

^^PÓs um intervalo dc poucos anos,

FEBERlCiO DO CDMERGIO IB ESIRBO DE SlO riBLB

Diretor superintendente:

M*rtlm Alfonso Xavier da Silveira

durante o.s quais as receitas c des novamente dimensões inquietanles.

A ECONOMIA BAIANA - Miguel Calmon Sobrinho.

Diretor:

pesas govcmamcntais tendiam a equilibrar-sp, o déficit orçamenlário 'acüsa

O £conòiiiloo publicará no próximo número; .^1'

O

próprio Presidente da República consi derou nece.ssário denunciar o perigo, nas vés^Dcras deste ano.

Aatonio Contijo da Carvalho

Para não dificultar a recuperação eco

nômica e em vista da impossibilidade de encontrar para tais medidas maioria

no Congresso, o govêmo Truinan absteve-se de propor novos impostos para

equilibrar pelo menos o próximo orça

mento. Preferiu apresentar para 1950/51 uma proposta orçamentiíria altamente" deficitária.

COMÉRCIO INTERNACIONAL - Ro

O Digeslo Econômico, órggo de informaçOes econômicas e íinancelnw. é publicado mensalmente pela

A direção nSo se responsabiliza

pelos dados cujas fontes estejam

devidamente citadas, nem pelos

o

nome

do

TO — José Luiz cie Almeida Noguei

se evolução idêntica. No período com preendido entre 1.° de julho de 1947

ra Porto.

NACIONAIS — Mircea Buescu.

Gomes.•

Accita-se Intercâmbio com publi cações congêneres nacionais e es trangeiras.

REGIME AGRÁRIO E URBANIZA

ASSINATURAS:

Dlgesto Econômico

Ano (simples) (registrado)

Número do mês: Atrasado:

ÇÃO — Nelson Werneck Sodré.

Cr$ 50 00 Crí 58.00

Crí 5 00 Cx? 8.00

Redação e Administração: Tladuto Boa Vista. 67 - 7.o andar TeL 8-7416 — Caixa Postal, 240-3 São Paulo

A PILHAGEM - Aldo Mário Azevedo.

i

verificada no orçamento brasileiro para

1950, que prevê, sôbre uma despesa de 22,3 bilhões de cnizeiros, um déficit de

e 30 de junho de 1948, o Tesouro dos

3,5 bilhões, ou seja, de 15,8%. Precisase ainda salientar que o orçamento nor

vit. A receita ultrapassou a despesa em

te-americano c — em conseqüência de suas grandes despesas Rxas com a dí

que permitiu uma amortização extraor

O RECUO CAFEEIRO - Pimenlel

pesa ficarão sem cobertura ordinária. Tal percentagcm não é muito diferente da

Estados Unidos obteve grande superá 8,1 bilhões de dólares, ou sejam 22,5%, o

D igesto

Eeoaómleo.

lares, o que significa que 12,3% da des

NOÇÕES GERAIS SÕBRE O IMPÔS-

A MOEDA NOS CÂMBIOS INTER

Na transcrição de artigos pede-se citar

Eurtyjm O fenômeno não se limita ao Brasil. No país mais rico do mundo manifesta-

conceitos emitidos em artigos assi nados.

douro é estimado em 5,1 bilhões de dó

berto Pinto de Sousa.

Xditôra Comercial Ltda.

O déficit do exercício vin

Déficit tui América — .superávit na

dinária da dívida pública. O Congres

vida pública, as pensões dos veteranos de guerra, os compromissos com o es

so tirou dessa situação favorável a con

trangeiro — menos elástico do que o

clusão de que os cidadãos americanos

brasileiro, e oferece, portanto, ao Exe

pagavam mais impostos do que era necessário. Cortou, contra a opinião do Executivo, as taxas do imposto sôbre a

cutivo, menos possibilidades de. reduzir

renda ,e mostrou-se, ao mesmo tempo, generoso na aprovação de desi^esas. Em

os gastos.

A Inglaterra, tão audaciosa na sua po lítica cambial, ficou, quanto à política orçamentária, bem conservadora. Um

conseqüência disso, com a agravaç<ão da

grande déficit, cm tempo de paz, e

situação econômica, o ano financeiro de

1948/49 deixou já um déficit de 2,3

sempre considerado como falta de pru dência e de previdência. Mau grado

bilhões de dólares. Para o exercício em

suas dificuldades econômicas, o povo

curso, de julho de 1949 a junho de 1950, foi previsto um déficit de 873 mi

britânico não poupou sacrifícios para pôr em boa ordem suas finanças públi cas. Já em 1947/48 — o ano financeiro

lhões de dólares.' Mas, já depois dos primeiros seis meses do exercício, es pera-se um déficit d© 5 bilhões e

na Inglaterra começa a 1.° de abril —

meio.

de libras, apenas 1,3% de uma despesa gb-

o déficit ficou reduzido a 57 milhões


Diem ecoRÉico

O Déficit Orçamentário

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nômica e em vista da impossibilidade de encontrar para tais medidas maioria

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TO — José Luiz cie Almeida Noguei

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REGIME AGRÁRIO E URBANIZA

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Número do mês: Atrasado:

ÇÃO — Nelson Werneck Sodré.

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A PILHAGEM - Aldo Mário Azevedo.

i

verificada no orçamento brasileiro para

1950, que prevê, sôbre uma despesa de 22,3 bilhões de cnizeiros, um déficit de

e 30 de junho de 1948, o Tesouro dos

3,5 bilhões, ou seja, de 15,8%. Precisase ainda salientar que o orçamento nor

vit. A receita ultrapassou a despesa em

te-americano c — em conseqüência de suas grandes despesas Rxas com a dí

que permitiu uma amortização extraor

O RECUO CAFEEIRO - Pimenlel

pesa ficarão sem cobertura ordinária. Tal percentagcm não é muito diferente da

Estados Unidos obteve grande superá 8,1 bilhões de dólares, ou sejam 22,5%, o

D igesto

Eeoaómleo.

lares, o que significa que 12,3% da des

NOÇÕES GERAIS SÕBRE O IMPÔS-

A MOEDA NOS CÂMBIOS INTER

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Eurtyjm O fenômeno não se limita ao Brasil. No país mais rico do mundo manifesta-

conceitos emitidos em artigos assi nados.

douro é estimado em 5,1 bilhões de dó

berto Pinto de Sousa.

Xditôra Comercial Ltda.

O déficit do exercício vin

Déficit tui América — .superávit na

dinária da dívida pública. O Congres

vida pública, as pensões dos veteranos de guerra, os compromissos com o es

so tirou dessa situação favorável a con

trangeiro — menos elástico do que o

clusão de que os cidadãos americanos

brasileiro, e oferece, portanto, ao Exe

pagavam mais impostos do que era necessário. Cortou, contra a opinião do Executivo, as taxas do imposto sôbre a

cutivo, menos possibilidades de. reduzir

renda ,e mostrou-se, ao mesmo tempo, generoso na aprovação de desi^esas. Em

os gastos.

A Inglaterra, tão audaciosa na sua po lítica cambial, ficou, quanto à política orçamentária, bem conservadora. Um

conseqüência disso, com a agravaç<ão da

grande déficit, cm tempo de paz, e

situação econômica, o ano financeiro de

1948/49 deixou já um déficit de 2,3

sempre considerado como falta de pru dência e de previdência. Mau grado

bilhões de dólares. Para o exercício em

suas dificuldades econômicas, o povo

curso, de julho de 1949 a junho de 1950, foi previsto um déficit de 873 mi

britânico não poupou sacrifícios para pôr em boa ordem suas finanças públi cas. Já em 1947/48 — o ano financeiro

lhões de dólares.' Mas, já depois dos primeiros seis meses do exercício, es pera-se um déficit d© 5 bilhões e

na Inglaterra começa a 1.° de abril —

meio.

de libras, apenas 1,3% de uma despesa gb-

o déficit ficou reduzido a 57 milhões


Dicesto Econômico

10

vemamental de 4.297 milhões de libras,

Marshall fica destinada ao financiamento

que absorvia quase metade da renda na

do Plano Monnet, quer dizer, ao cus

cional.

teio da recuperação econômica, as des pesas com a reconstrução e outros in vestimentos que constituem, normalmen

O exercício de 1948/49 ter

minou com um superávit de 352 milhões de libras, ou seja, uma receita superior em 8,7% à despesa. Os primeiros nove meses do exercício em ciurso deixaram

um pequeno déficit, mas o último tri mestre do ano financeiro — o primeiro d(i ano civil — é na Inglaterra, usual mente, o mais produtivo para os cofres

públicos, e parece bem possível que o exercício acabe novamente com apre ciável superávit. O fato mais surpreendente nas finan ças públicas é a evolução na França.

O orçamento francês era, já antes da

guerra, raramente equilibrado, e os pri meiros anos de após-guerra foram, sob esse aspecto, péssimos.

Mas em 1949

a situação financeira melhorou consicle-

ràvelmente. Em fins de novembro úl timo — o ano financeiro coincide na

França, como no Brasil, com o ano civil — as despesas orçamen

te, um fardo pesado para o próprio govêroo.

As lições dii história

A preocupação no Brasil com o dé ficit orçamentário provém não sòmente

da altura das cifras "sem precedentes". Na realidade, o déficit do ano passado, e mesmo aquêle de aparência gigantes ca, previsto no orçamento de 1950, não são sem precedentes. São, felizmente, de menor vulto que muitos deficits re gistrados no passado. Entretanto, o Bra sil tem nesse domínio experiência maior do que os países do hemisfério norte.

Sabe bem o que significa um grande déficit para a moeda, para o custo de vida, para a economia em geral. Como n maioria dos grandes

lhões de dólares — e a receita

países da América Latina, o Brasil vive, desde a Indepen dência, num regime de déficita.

1.247 bilhões. Verificou-se, pois,

São numerosas as razões de or

tárias alcançaram 1.057 bilhões de francos — cerca de três bi

1950 foi votado um orçamento perfeita

dem psicológica, administrati va, econômica, geográfica e, sobretudo,

mente equilibrado. A posição relativamente favorável dos

e densidade insuficiente de sua popula

um superávit de 17,6%.

Para

demográfica — imensidade do. território

ção — que explicam esse fenômeno.

grandes países europeus resulta, sem dú vida, em boa parte, do auxílio económico-financeiro que êles recebem dos Es

Pode-se insistir sobre uma ou outra des

tados Unidos.

conhecimento de todos.

Os subsídios do Plano

Marshall, embora não possam ser uti

lizados diretamente pelos governos dos países beneficiados para fins orçamentá rios, aliviam sensivelmente a despesa governamental.

Na .França, por exem

plo, a receita oriunda da venda dos

bens que entram por conta do Plano

sas razões; o

é incontestável e do

Parece, porém, necessário, e não des provido de interêsse, ilustrar esse fato com alguns dados históricos, para jul gar com maior segurança a significação dos déficits no presente, Ê claro que dados financeiros de uma época distan te não podem ser simplesmente compa-

II

Dicesto Econômico

rados, segundo seu valor em cruzeiros

ainda recentemente.

ou mil-réis. É um jogo pueril e enga

déficits dos últimos vinte anos surgiu

nador dizer que o déficit previsto para verificado em 1824, ou duas vêzes maior

em 1946, ano próspero e calmo, quando a despesa ultrapassou a receita de 18,5%. Deve-se acrescentar que os resultados

que todos os déficits acumulados no

financeiros dos Estados não foram, no

século passado. Números orçamentá rios, como em geral dados monetários,

passado, melhores do que os do govêmo central. A partir de 1897, quando come

1950 6 mil vezes maior que o déficit

Um dos maiores

devem ser medidos de acordo com o

çou uma estatística mais ou menos uni

valor aquisitivo da moeda nas diversas

forme das finanças estaduais, são rarís-

épocas ou em relação a outros valores

simos os anos nos qüais os Estados, no

monetários da mesma época.

seu conjunto, acusaram um ligeiro su

Decerto, o fator primordial dos dé ficits é sua freqüência. Mesmo peque nos déficits tomam-se nefastos quando

perávit.

As séries de exercícios defi

citários são, nos Estados, ainda mais

longas que na União. No Estado de

Nos 128 anos desde a

São Paulo verificam-se, nos últimos 53

Independência, houve apenas 21 exercí cios nos quais a execução orçamentária deixou superávit ou terminou virtual

anos, apenas cinco (1899, 1900, 1904,

se acumulam.

1943 e 1944) com superavits. De 1905

mente por um equilíbrio da receita e

a 1942, houve déficits sem interrupção. A percentagem de déficits era, em ge

despesa. Em 107 anos as finanças do

ral, mais módica do que a da União,

govêrno central acusaram déficit. Com outras palavras, sòmente num ano em

ficits entre 15 e 30%. O maior déficit,

seis, em média, a receita orçamentária

foi suficiente para custear a despesa. Essa "média", porém, é meramente aritmética. Na realidade, houve pe ríodos até de dezenove anos (1908-1926)

mas não faltaram anos difíceis, com dé

de 40%, verificou-se em 1905, quando a despesa atingiu 112 mil contos e a recei

ta apenas 67 mil. No mesmo ano, aliás, a União alcançou um superávit apre- , ciável.

sem um só orçamento equilibrado.

Em todos os períodos do Império e

Déficits. extraorçainentários

da República repetiam-se exercícios nos

quais o déficit foi igual a rim quarto ou a um têrço da despesa. Em vários anos (1826, 1867/8, 1897) mais que 50% da despesa ficaram sem cobertura. Sob esse ponto de vista, pode-se verificar

Ainda que os dados acima mencio nados provenham de fontes impecáveis (IBGE, Contadoria Geral da União,

certo progresso. O último déficit exor bitante, de 40% da despesa, registou-se

certos. A dúvida não se refere à exati

Consellio Técnico de Economia e Finan

ças), não os consideramos absolutamente dão dos algarismos, e sim à sua signifi

em 1932, no clímax dá crise mundial,

cação metodológica.

ano de graves conflitos internes. Todavia, é digno de ser notado que os

que, ainda dentro da mesma série, os

É quase certo

têrmos "saldo" e "déficit" nem sempre

grandes déficits nem sempre coincidem com períodos de perturbações econô

têm o mesmo sentido.

micas e políticas. Êsse fato confirmou-se

aplicada de maneira pouco uniforme, e

A palavra "déficit" foi, no passado,


Dicesto Econômico

10

vemamental de 4.297 milhões de libras,

Marshall fica destinada ao financiamento

que absorvia quase metade da renda na

do Plano Monnet, quer dizer, ao cus

cional.

teio da recuperação econômica, as des pesas com a reconstrução e outros in vestimentos que constituem, normalmen

O exercício de 1948/49 ter

minou com um superávit de 352 milhões de libras, ou seja, uma receita superior em 8,7% à despesa. Os primeiros nove meses do exercício em ciurso deixaram

um pequeno déficit, mas o último tri mestre do ano financeiro — o primeiro d(i ano civil — é na Inglaterra, usual mente, o mais produtivo para os cofres

públicos, e parece bem possível que o exercício acabe novamente com apre ciável superávit. O fato mais surpreendente nas finan ças públicas é a evolução na França.

O orçamento francês era, já antes da

guerra, raramente equilibrado, e os pri meiros anos de após-guerra foram, sob esse aspecto, péssimos.

Mas em 1949

a situação financeira melhorou consicle-

ràvelmente. Em fins de novembro úl timo — o ano financeiro coincide na

França, como no Brasil, com o ano civil — as despesas orçamen

te, um fardo pesado para o próprio govêroo.

As lições dii história

A preocupação no Brasil com o dé ficit orçamentário provém não sòmente

da altura das cifras "sem precedentes". Na realidade, o déficit do ano passado, e mesmo aquêle de aparência gigantes ca, previsto no orçamento de 1950, não são sem precedentes. São, felizmente, de menor vulto que muitos deficits re gistrados no passado. Entretanto, o Bra sil tem nesse domínio experiência maior do que os países do hemisfério norte.

Sabe bem o que significa um grande déficit para a moeda, para o custo de vida, para a economia em geral. Como n maioria dos grandes

lhões de dólares — e a receita

países da América Latina, o Brasil vive, desde a Indepen dência, num regime de déficita.

1.247 bilhões. Verificou-se, pois,

São numerosas as razões de or

tárias alcançaram 1.057 bilhões de francos — cerca de três bi

1950 foi votado um orçamento perfeita

dem psicológica, administrati va, econômica, geográfica e, sobretudo,

mente equilibrado. A posição relativamente favorável dos

e densidade insuficiente de sua popula

um superávit de 17,6%.

Para

demográfica — imensidade do. território

ção — que explicam esse fenômeno.

grandes países europeus resulta, sem dú vida, em boa parte, do auxílio económico-financeiro que êles recebem dos Es

Pode-se insistir sobre uma ou outra des

tados Unidos.

conhecimento de todos.

Os subsídios do Plano

Marshall, embora não possam ser uti

lizados diretamente pelos governos dos países beneficiados para fins orçamentá rios, aliviam sensivelmente a despesa governamental.

Na .França, por exem

plo, a receita oriunda da venda dos

bens que entram por conta do Plano

sas razões; o

é incontestável e do

Parece, porém, necessário, e não des provido de interêsse, ilustrar esse fato com alguns dados históricos, para jul gar com maior segurança a significação dos déficits no presente, Ê claro que dados financeiros de uma época distan te não podem ser simplesmente compa-

II

Dicesto Econômico

rados, segundo seu valor em cruzeiros

ainda recentemente.

ou mil-réis. É um jogo pueril e enga

déficits dos últimos vinte anos surgiu

nador dizer que o déficit previsto para verificado em 1824, ou duas vêzes maior

em 1946, ano próspero e calmo, quando a despesa ultrapassou a receita de 18,5%. Deve-se acrescentar que os resultados

que todos os déficits acumulados no

financeiros dos Estados não foram, no

século passado. Números orçamentá rios, como em geral dados monetários,

passado, melhores do que os do govêmo central. A partir de 1897, quando come

1950 6 mil vezes maior que o déficit

Um dos maiores

devem ser medidos de acordo com o

çou uma estatística mais ou menos uni

valor aquisitivo da moeda nas diversas

forme das finanças estaduais, são rarís-

épocas ou em relação a outros valores

simos os anos nos qüais os Estados, no

monetários da mesma época.

seu conjunto, acusaram um ligeiro su

Decerto, o fator primordial dos dé ficits é sua freqüência. Mesmo peque nos déficits tomam-se nefastos quando

perávit.

As séries de exercícios defi

citários são, nos Estados, ainda mais

longas que na União. No Estado de

Nos 128 anos desde a

São Paulo verificam-se, nos últimos 53

Independência, houve apenas 21 exercí cios nos quais a execução orçamentária deixou superávit ou terminou virtual

anos, apenas cinco (1899, 1900, 1904,

se acumulam.

1943 e 1944) com superavits. De 1905

mente por um equilíbrio da receita e

a 1942, houve déficits sem interrupção. A percentagem de déficits era, em ge

despesa. Em 107 anos as finanças do

ral, mais módica do que a da União,

govêrno central acusaram déficit. Com outras palavras, sòmente num ano em

ficits entre 15 e 30%. O maior déficit,

seis, em média, a receita orçamentária

foi suficiente para custear a despesa. Essa "média", porém, é meramente aritmética. Na realidade, houve pe ríodos até de dezenove anos (1908-1926)

mas não faltaram anos difíceis, com dé

de 40%, verificou-se em 1905, quando a despesa atingiu 112 mil contos e a recei

ta apenas 67 mil. No mesmo ano, aliás, a União alcançou um superávit apre- , ciável.

sem um só orçamento equilibrado.

Em todos os períodos do Império e

Déficits. extraorçainentários

da República repetiam-se exercícios nos

quais o déficit foi igual a rim quarto ou a um têrço da despesa. Em vários anos (1826, 1867/8, 1897) mais que 50% da despesa ficaram sem cobertura. Sob esse ponto de vista, pode-se verificar

Ainda que os dados acima mencio nados provenham de fontes impecáveis (IBGE, Contadoria Geral da União,

certo progresso. O último déficit exor bitante, de 40% da despesa, registou-se

certos. A dúvida não se refere à exati

Consellio Técnico de Economia e Finan

ças), não os consideramos absolutamente dão dos algarismos, e sim à sua signifi

em 1932, no clímax dá crise mundial,

cação metodológica.

ano de graves conflitos internes. Todavia, é digno de ser notado que os

que, ainda dentro da mesma série, os

É quase certo

têrmos "saldo" e "déficit" nem sempre

grandes déficits nem sempre coincidem com períodos de perturbações econô

têm o mesmo sentido.

micas e políticas. Êsse fato confirmou-se

aplicada de maneira pouco uniforme, e

A palavra "déficit" foi, no passado,


Digesto EcoNÓKnco 12

é até Pioje, não somente no Brasil, um

13

Dicesto Econômico

cular o déficit total do govêmo no pas sado, clevcr-se-ia analisar, ano por ano,

No Brasil, como sc sabe, a cobertura

dos vocábulos menos bem definidos da

vidades da economia particular, é acio nista de empresas industriais, proprie

terminologia financeira. À primeira vis

tário de ouro c divisas, tem sob seu con

ta, a noção de "déficit" parece comple tamente clara e simples. "Déficit" sig

des públicas.

trole fundos das mais diversas espécies.

tado seria um déficit ainda muito maior

Todas essas funções determinam transa

prazo no Banco do Brasil.

que o evidenciado nas contas orçamen

nifica, em Latim, "falta", e é esse tam bém seu sentido financeiro: déficit é o

ções financeiras que na maior parte fi

tárias.

cam fora do orçamento. Na balança fi

nao tem disponibilidades suficientes para fornecer ao Tesouro os meios necessiírios,

excedente da despesa sobre a receita.

nanceira da União, relativa ao exercício

Mas, o que é a despesa, e o que é receita? Nesse ponto começam as incer

rias representam 30S do movimento to

tal, ou sejam, 6,8 bilhões de cruzeiros. É de salientar que ês.se montante vo lumoso se refere a um exercício no qual o orçamento da União era equilibrado.

Nem todas as despesas e nem tôdas as orçamento. É, aparentemente, uma in

fração ao famoso "princípio da univer salidade" orçamentária, que,

Em exercícios deficitários, a parte extraorçamcntária é, via de regra, ainda maior.

segundo a fórmula do finan cista francês Edgard Allix, exige que se incorporem ao orçamento "de um lado, tô das as receitas, sem nada

Mesmo a balança finan

ceira da União não abrange tôdas as receitas e despe.sas

ocultar, por compensação ou por redução". Os dispo sitivos da Constituição da

União, de 1946, que tratam

A questão mais importante é natural

mente a de saber de que maneira o déficit pode ser coberto. Deve-se cons tatar que a ciência dos financistas não

tem feito grandes progres.sos a respeito. Já que o Legislativo não quer recorrer à criação de novos impostos — e a Cons tituição Federal interdita expressamente êsse caminho durante o exercício — res tam somente dois meios: o empréstimo e a alicnaçuo de bens governamentais

.sendo esta última medida aplicável ape

próprio.s orçamentos — e

mencionarmos em primeiro lugar a emis são de papel-moeda. - Mas êsse não é

cípio, mas Uie dão uma forma menos ri gorosa e mais prática. "O orçamento —

cursos também não diferem essencial

diz o art. 73 — será uno, incorporando-

Efeitofi inflacioiuírios

públicas. Grande parte de las é hoje admini-strada pe las autarquias, que têm seus seus próprios déficits. Vá rias dessas autarquias exercem funções tipicamente governamentais, e seus re

do orçamento, inspiram-se nesse prin

Pçovàvclmentc, o resul

de 1949, essas operações extraorçamentá-

tezas.

receitas do governo estão incluídas no

a situação financeira das diversas entida

nas em casos excepcionais.

Os leitores talvez se admirem por não ura meio geral. Os Estados e os Muni

cípios não podem emitir. Ora, também os governos centrais que monopolizam o

mente das rendas orçamentárias do go-

se à receita, obrigatoriamente, tôdas as

direito de emissão monetária não pro

vêrno.

rendas e suprimentos de fundos, e in

posto único que alimenta o Fundo Ro doviário e cuja renda pertence, na pro

cedem dessa maneira. Em todos os países civilizixdos, a emissão, com o fim

cluindo-se discriminadamente na des pesa as dotações necessárias ao custeio

Citamos, como exemplo, o im

porção de 60%, aos Estados e Municípios.

de todos os serviços públicos." Na aplicação desse dispositivo, boa parte das receitas e despesas fica, efe

Êsse imposto não é outra coisa que o conjunto das taxas aduaneiras sõbre lu

tivamente, fora do orçamento. Isso não

dizer, uma parte substancial do impôsto

acontece para "ocultar" receitas e des

pesas do governo, e sim para não infla-

de importação. Não obstante, não fi gura no orçamento, nem na balança fi

cionar nem complicar inutilmente o or

nanceira da União.

brificantes e combustíveis líquidos, quer

çamento. O Estado moderno tem inu

Se bem que as autarquias, na sua

meráveis tarefas fora dos serviços públi

forma atual, são de data relativamente

cos pròpriamente ditos. Funciona como

recente, receitas e despesas extraorçamentárias existiram sempre. Çara cal-

banqueiro, financia safras e outras ati

de cobrir o déficit do go\'erno, efetua-se através de uma operação de crédito. Nos países onde o direito de emissão é dele gado u um banco central, o Tesouro é forçado a dirigir-se a êle para obter di

nheiro. Mas, também nos raros países, como o Brasil, onde o próprio Tesouro Nacional faz as emissões, a lei monetá ria veda ao governo a criação direta de

papel-moeda para seus fins. O processo é mesmo mais complicado que nos paí ses que possuem banco de emissão.

do déficit mediante emissão de papelmoeda implica três fases. O Tesouro Nacional toma um empréstimo a curto Se o Banco -

leva títulos comerciais selecionados à

Carteira de Redescontos. Essa, por seu

lado, dirige-se au Tesouro, pedindo emi.ssao do papel-moeda.

A moeda

emitida passa, pois, da Carteira de Re descontos ao Banco do Brasil, e daí áo Tesouro.

Todas essas operações são formalmente operações de crédito, com juros e

^

^

prazo para o resgate. Mas, se o resga- . . te não fõr possível, faz-se, de vez em

quando, uma liquidação triangular. Sendo cada um dos três participantes — ' Tesouro, Carteira de Redescontos e Banco do Brasil — simultàneamente cre

dor e devedor do me.smo montante, po de-se facilmente extinguir a dívida, en quanto o papel-moeda emitido continua

em circulação. A última liquidação des te gênero realizou-se em fevereiro de

1947. Porém, é possível também uma

prolongação dos empréstimos por tempo indefinido, tendo apenas o Banco do Brasil de renovar, cada seis meses, os

títulos entregues à carteira pai-a o re desconto. Uma forma menos elegante, utilizada até há poucos anos, é o redes conto de títulos do Tesouro, em vez de

títulos comerciais. No fundo, o processo é o mesmo.

Inútil dizer que o financiamento do déficit mediante emissões de papelmoeda é, de tôdas as medidas finan

ceiras, a menos desejável, em vista das suas repercussões inflacionárias. Os mes

tres das finanças públicas sempre con denaram êsse método. Existem, porém.

/


Digesto EcoNÓKnco 12

é até Pioje, não somente no Brasil, um

13

Dicesto Econômico

cular o déficit total do govêmo no pas sado, clevcr-se-ia analisar, ano por ano,

No Brasil, como sc sabe, a cobertura

dos vocábulos menos bem definidos da

vidades da economia particular, é acio nista de empresas industriais, proprie

terminologia financeira. À primeira vis

tário de ouro c divisas, tem sob seu con

ta, a noção de "déficit" parece comple tamente clara e simples. "Déficit" sig

des públicas.

trole fundos das mais diversas espécies.

tado seria um déficit ainda muito maior

Todas essas funções determinam transa

prazo no Banco do Brasil.

que o evidenciado nas contas orçamen

nifica, em Latim, "falta", e é esse tam bém seu sentido financeiro: déficit é o

ções financeiras que na maior parte fi

tárias.

cam fora do orçamento. Na balança fi

nao tem disponibilidades suficientes para fornecer ao Tesouro os meios necessiírios,

excedente da despesa sobre a receita.

nanceira da União, relativa ao exercício

Mas, o que é a despesa, e o que é receita? Nesse ponto começam as incer

rias representam 30S do movimento to

tal, ou sejam, 6,8 bilhões de cruzeiros. É de salientar que ês.se montante vo lumoso se refere a um exercício no qual o orçamento da União era equilibrado.

Nem todas as despesas e nem tôdas as orçamento. É, aparentemente, uma in

fração ao famoso "princípio da univer salidade" orçamentária, que,

Em exercícios deficitários, a parte extraorçamcntária é, via de regra, ainda maior.

segundo a fórmula do finan cista francês Edgard Allix, exige que se incorporem ao orçamento "de um lado, tô das as receitas, sem nada

Mesmo a balança finan

ceira da União não abrange tôdas as receitas e despe.sas

ocultar, por compensação ou por redução". Os dispo sitivos da Constituição da

União, de 1946, que tratam

A questão mais importante é natural

mente a de saber de que maneira o déficit pode ser coberto. Deve-se cons tatar que a ciência dos financistas não

tem feito grandes progres.sos a respeito. Já que o Legislativo não quer recorrer à criação de novos impostos — e a Cons tituição Federal interdita expressamente êsse caminho durante o exercício — res tam somente dois meios: o empréstimo e a alicnaçuo de bens governamentais

.sendo esta última medida aplicável ape

próprio.s orçamentos — e

mencionarmos em primeiro lugar a emis são de papel-moeda. - Mas êsse não é

cípio, mas Uie dão uma forma menos ri gorosa e mais prática. "O orçamento —

cursos também não diferem essencial

diz o art. 73 — será uno, incorporando-

Efeitofi inflacioiuírios

públicas. Grande parte de las é hoje admini-strada pe las autarquias, que têm seus seus próprios déficits. Vá rias dessas autarquias exercem funções tipicamente governamentais, e seus re

do orçamento, inspiram-se nesse prin

Pçovàvclmentc, o resul

de 1949, essas operações extraorçamentá-

tezas.

receitas do governo estão incluídas no

a situação financeira das diversas entida

nas em casos excepcionais.

Os leitores talvez se admirem por não ura meio geral. Os Estados e os Muni

cípios não podem emitir. Ora, também os governos centrais que monopolizam o

mente das rendas orçamentárias do go-

se à receita, obrigatoriamente, tôdas as

direito de emissão monetária não pro

vêrno.

rendas e suprimentos de fundos, e in

posto único que alimenta o Fundo Ro doviário e cuja renda pertence, na pro

cedem dessa maneira. Em todos os países civilizixdos, a emissão, com o fim

cluindo-se discriminadamente na des pesa as dotações necessárias ao custeio

Citamos, como exemplo, o im

porção de 60%, aos Estados e Municípios.

de todos os serviços públicos." Na aplicação desse dispositivo, boa parte das receitas e despesas fica, efe

Êsse imposto não é outra coisa que o conjunto das taxas aduaneiras sõbre lu

tivamente, fora do orçamento. Isso não

dizer, uma parte substancial do impôsto

acontece para "ocultar" receitas e des

pesas do governo, e sim para não infla-

de importação. Não obstante, não fi gura no orçamento, nem na balança fi

cionar nem complicar inutilmente o or

nanceira da União.

brificantes e combustíveis líquidos, quer

çamento. O Estado moderno tem inu

Se bem que as autarquias, na sua

meráveis tarefas fora dos serviços públi

forma atual, são de data relativamente

cos pròpriamente ditos. Funciona como

recente, receitas e despesas extraorçamentárias existiram sempre. Çara cal-

banqueiro, financia safras e outras ati

de cobrir o déficit do go\'erno, efetua-se através de uma operação de crédito. Nos países onde o direito de emissão é dele gado u um banco central, o Tesouro é forçado a dirigir-se a êle para obter di

nheiro. Mas, também nos raros países, como o Brasil, onde o próprio Tesouro Nacional faz as emissões, a lei monetá ria veda ao governo a criação direta de

papel-moeda para seus fins. O processo é mesmo mais complicado que nos paí ses que possuem banco de emissão.

do déficit mediante emissão de papelmoeda implica três fases. O Tesouro Nacional toma um empréstimo a curto Se o Banco -

leva títulos comerciais selecionados à

Carteira de Redescontos. Essa, por seu

lado, dirige-se au Tesouro, pedindo emi.ssao do papel-moeda.

A moeda

emitida passa, pois, da Carteira de Re descontos ao Banco do Brasil, e daí áo Tesouro.

Todas essas operações são formalmente operações de crédito, com juros e

^

^

prazo para o resgate. Mas, se o resga- . . te não fõr possível, faz-se, de vez em

quando, uma liquidação triangular. Sendo cada um dos três participantes — ' Tesouro, Carteira de Redescontos e Banco do Brasil — simultàneamente cre

dor e devedor do me.smo montante, po de-se facilmente extinguir a dívida, en quanto o papel-moeda emitido continua

em circulação. A última liquidação des te gênero realizou-se em fevereiro de

1947. Porém, é possível também uma

prolongação dos empréstimos por tempo indefinido, tendo apenas o Banco do Brasil de renovar, cada seis meses, os

títulos entregues à carteira pai-a o re desconto. Uma forma menos elegante, utilizada até há poucos anos, é o redes conto de títulos do Tesouro, em vez de

títulos comerciais. No fundo, o processo é o mesmo.

Inútil dizer que o financiamento do déficit mediante emissões de papelmoeda é, de tôdas as medidas finan

ceiras, a menos desejável, em vista das suas repercussões inflacionárias. Os mes

tres das finanças públicas sempre con denaram êsse método. Existem, porém.

/


Dige:sto Econômico

14

alguns heréticos, tal o reputado econo mista ameriçano Abbe Lerner, que con sidera, em certas circunstâncias, n

emissão de papel-moeda menos perigosa do que o acréscimo da dívida pública. Infelizmente, os países que se vôem obri gados a recorrer a emissões de papelmoeda para fins governamentais não tèm

mesmo a possibilidade de optar por um ou outro método.

Emitem moeda por

não poderem colocar títulos da dívida pública. A existência de um mercado amplo e bem organizado para títulos públicos é, portanto, a primeira condição para evitar os efeitos inflacionilrios do déficit orçamentário.

Industrialização e Energia Elétrica Aldo M. Azevedo

ACONTECIMENTOS quc dependem

de fatores remotos, atuando a longo prazo e à distância.

mundo do

acham capacitados para instalar e dirigir

oportunismo, dirigido por mentalidades

êsses serviços, é um perigoso contrassenso

ímediatistas, essas causas longínquas não são percebidas e apreendidas, do que

estabelecer empecilhos e barreiras à ini

resultam

Num

males iiTeniecliá\eis. Geral

mente lamentamos a ocorrência e pro curamos uin "culpado" próximo, que responda perante o público pelo aconte cido.

Não descobrindo os verdadeiros

causadores da situação presente, esta mos cometendo uma injustiça e — o que ".

i

de serviços públicos. Em país como o nosso, cujos governos ainda não se

é importante — estamos permitindo, por omissão, que as futuras gerações repi tam o mesmo erro.

A deficiência de energia elétrica com que iremos lutar dentro de pouco tem po, tanto nas metrópoles como no inte rior do Brasil, é um desses acontecimen

tos cujas verdadeiras origens remontam

ciativa privada, em setores tão impor tantes como os que se relacionam com

os serviços públicos. Mas, os pernicio sos efeitos não surgem de repente. Nes ses casos, raramente é possível aplicar o raciocínio simplista do "ijost hoc, ergo propter hoc" tão usual no brasileiro. Leis hoje votadas e sancionadas poderão manifestar seus efeitos daqui a dez ou vinte anos. (Discute-se na Câmara dos

Deputados federal um projeto de lei que regula o regime das empresas concessio nárias de serviços piíblicos. Sua reda ção, conforme foi publicada no "Diário do Congresso Nacional" em 31 dc agos to de 1949, vai tomar impraticável, por

a anos passados, sem falar de nossa má

entidades de natureza privada, a execu

formação econômica e da tradicional

ção de serviços de utilidade pública, tais

administração financeira dos nossos go

são as restrições e riscos que impõe so

vernos, sempre propensos a despender mais do que recolhem, cobrindo a dife

trapartida de garantias e segurança que

rença com emissões de dinheiro ou de tí

o atraia para esse tipo de atividade).

tulos. A tradição colonial portuguesa nos deixou a mentalidade aburguesada do capitalista proprietíírio de títulos pú

bre o capital particular, sem uma con

Os grandes lucros fáceis, obtidos du rante á-guerra à custa da inflação e da escassez de mercadorias ~ é preciso não

blicos e imóveis, uns com rendimento alto garantido e outros sempre a se va lorizarem em função da depreciação mo

esquecer — resultaram em grande escala

netária.

sideráveis. Basta dizer que nos últimos

Leis 6 regulamentos, promulgados em tempos de excessivo nacionalismo cen

sete anos o consumo duplicou em São Paulo. A civilização contemporânea das

tralizador, foram atuando no sentido de

grandes metrópoles não pode prescindir por um só momento da corrente elétri ca, ,que movimenta elevadores, ilumina

desinteressar o capitalista em aplicar os seus recursos economizados em empresas

de atividades industriais consumidoras

de energia elétrica em quantidades con


Dige:sto Econômico

14

alguns heréticos, tal o reputado econo mista ameriçano Abbe Lerner, que con sidera, em certas circunstâncias, n

emissão de papel-moeda menos perigosa do que o acréscimo da dívida pública. Infelizmente, os países que se vôem obri gados a recorrer a emissões de papelmoeda para fins governamentais não tèm

mesmo a possibilidade de optar por um ou outro método.

Emitem moeda por

não poderem colocar títulos da dívida pública. A existência de um mercado amplo e bem organizado para títulos públicos é, portanto, a primeira condição para evitar os efeitos inflacionilrios do déficit orçamentário.

Industrialização e Energia Elétrica Aldo M. Azevedo

ACONTECIMENTOS quc dependem

de fatores remotos, atuando a longo prazo e à distância.

mundo do

acham capacitados para instalar e dirigir

oportunismo, dirigido por mentalidades

êsses serviços, é um perigoso contrassenso

ímediatistas, essas causas longínquas não são percebidas e apreendidas, do que

estabelecer empecilhos e barreiras à ini

resultam

Num

males iiTeniecliá\eis. Geral

mente lamentamos a ocorrência e pro curamos uin "culpado" próximo, que responda perante o público pelo aconte cido.

Não descobrindo os verdadeiros

causadores da situação presente, esta mos cometendo uma injustiça e — o que ".

i

de serviços públicos. Em país como o nosso, cujos governos ainda não se

é importante — estamos permitindo, por omissão, que as futuras gerações repi tam o mesmo erro.

A deficiência de energia elétrica com que iremos lutar dentro de pouco tem po, tanto nas metrópoles como no inte rior do Brasil, é um desses acontecimen

tos cujas verdadeiras origens remontam

ciativa privada, em setores tão impor tantes como os que se relacionam com

os serviços públicos. Mas, os pernicio sos efeitos não surgem de repente. Nes ses casos, raramente é possível aplicar o raciocínio simplista do "ijost hoc, ergo propter hoc" tão usual no brasileiro. Leis hoje votadas e sancionadas poderão manifestar seus efeitos daqui a dez ou vinte anos. (Discute-se na Câmara dos

Deputados federal um projeto de lei que regula o regime das empresas concessio nárias de serviços piíblicos. Sua reda ção, conforme foi publicada no "Diário do Congresso Nacional" em 31 dc agos to de 1949, vai tomar impraticável, por

a anos passados, sem falar de nossa má

entidades de natureza privada, a execu

formação econômica e da tradicional

ção de serviços de utilidade pública, tais

administração financeira dos nossos go

são as restrições e riscos que impõe so

vernos, sempre propensos a despender mais do que recolhem, cobrindo a dife

trapartida de garantias e segurança que

rença com emissões de dinheiro ou de tí

o atraia para esse tipo de atividade).

tulos. A tradição colonial portuguesa nos deixou a mentalidade aburguesada do capitalista proprietíírio de títulos pú

bre o capital particular, sem uma con

Os grandes lucros fáceis, obtidos du rante á-guerra à custa da inflação e da escassez de mercadorias ~ é preciso não

blicos e imóveis, uns com rendimento alto garantido e outros sempre a se va lorizarem em função da depreciação mo

esquecer — resultaram em grande escala

netária.

sideráveis. Basta dizer que nos últimos

Leis 6 regulamentos, promulgados em tempos de excessivo nacionalismo cen

sete anos o consumo duplicou em São Paulo. A civilização contemporânea das

tralizador, foram atuando no sentido de

grandes metrópoles não pode prescindir por um só momento da corrente elétri ca, ,que movimenta elevadores, ilumina

desinteressar o capitalista em aplicar os seus recursos economizados em empresas

de atividades industriais consumidoras

de energia elétrica em quantidades con


Dicesto Econômico'

passagens escuras, faz rodar os motores das fábricas que dão ganha-pão a mi lhares e milhares de pessoas, produz os raios X dos gabinetes médicos c motiva as reações químicas eletrolíticas.

(Há

monetária do govênio, resultante da exe cução orçamentária, da balança de con tas dü país e da aplicação dos dinheiros

públicos, propiciar a depreciação da moeda, interna ou externamente, certa

Digfsto EcoNÓAacO

crise fantástica que está por vir nada produzirão de benéfico para sua solu ção. Os que gritam, geralmente dirigem suas queixas contra as emprêsas de ele tricidade, sem considerar o fato de que

17

da dágua até a distribuição, é da or dem de Cr$ 10.000,00 por quilowatt. •Êsse número é impressionante. Nessa base, o capital necessário para dotar São Paulo de uma capacidade igual à que só um grupo de emprêsas (São Paulo Light) lhe fornece atualmente é apro

pouco tempo, uma temporária interrup ção no abastecimento de energia elétri ca da Capital Federal provocou um ver dadeiro colapso, impedindo até a circu

mente agravar-.se-á a crise de cnerg' elétrica, poríjuc se tornarão mais difíceis as aquisições dc máquinas c turbinas, aparelhos e instnimentos, que absorvem

te de seus lucros ou reservas para subs

lação dos automó\'eis nas ruas, pois os

cérca de 40" do \alor total das instala

crever ações ou debêntures das compa

postos de gasolina dependem da eletrici dade para bombear o combustível dos

ções, segundo cálciilo.s feitos pelos en

custa Cr$ 10.000,00, e devemos atribuir

tendidos. Se as leis reguladoras das con

depósitos subterrâneos até os tanques dos

cessões de serviços públicos mantiverem

nhias que receberam as concessões para fornecimento de energia elétrica. (Aliás, o mesmo se pode dizer dos que recla

veículos).

dispositivos assustadores, restritivos de lucros, ou que tornem a propriedade dos instnimentos de produção precária e ilu

mam contra as deficiências das nossas

Por seu lado, os grandes lucros fáceis atraem os capitais excessivamente, am

ninguém mais se interessa em oferecer capitai.s para estradas de ferro ou em

agravará as condições vigentes — então é certo que ninguém

pelo menos 10% de rendimento para ês se capital, segue-se que uma reniime-

poucas estradas de ferro que ainda são

propriedade de emprêsas particulares, criticando a falta de transportes, cuja ca pacidade depende diretamente das dis ponibilidades de capitais a serem inves tidos em suas atividades). Do ponto de vista da harmonia eco

às empresas de serviços públi

para uma conciliação que a resolverá: —

de ser avaliada na base de 50% em mé

cos. E, se os lucros das ope

lucros menores nas indústrias e nos títu

rações industriais e do merca

los públicos; lucros maiores na produção • na distribuição da energia elétrica.

dia, por ano, considerando-se os domin gos, feriados etc. Assim, um simples cálculo permite conhecer que cada kw instalado produz e distribui em média

do financeiro na Bôlsa de Va

lores Mobiliários — que alcançam rendi mentos de mais de 30% para os primei ros e de 22% em Bônus Rotativos do Estado de São Paulo - não sofrerem

(debêntures). {").

uma redução saneadora, nenhum cru

4380 kwh por ano. Só para remunerar o capital, à ta.xa módica de 10% ao ano, O custo das instalações geradoras de

necessitamos de Cr$ 1.000,00, ou seja

eletricidade é hoje muito elevado. As

zeiro se encaminhará para investimentos

emprêsas que funcionam no Brasil, qua

Cr§.0,23 (vinte e três centavos) por kwh. (Em alguns lugares de São Paulo,

que, por lei, não podem oferecer mais

se tôdas com muitos lustros de ati\'ida-

o preço total do kwh cobrado dos con

de 10% de remuneração.

des, têm suas usinas e aparelhagem,

sumidores é igual ou inferior a essa par

suas represas e barragens, suas linhas de

cela. ..).

transmissão e de distribuição, construí

Mas, um quilowatt-hora de energia elétrica não é produzido somente pelo

Uma economia estruturada na forma

descrita não pode resistir à sua própria (•) O imposto de renda que recai sôbre as debêntures é atualmente de 15%. des

Há mais ainda. Se cada kw instalado

nômica, cuja fòrça é imensa e persis

da, como promete o referido projeto em

presas de energia elétrica, nem mesmo em títulos hipotecários de renda certa

Consideremos, porém, que essa situa ção não poderá perdurar. Se a política

Cr$ 5.000.000.000,00

tente, a situação tenderá naturalmente

andamento no Congresso Nacional, que

próprios títulos, então compre enderemos a razão pela qual

de

será bastante desprendido de

baixa da cotação dos títulos de bôlsa cujo rendimento não está na proporção daqueles. Se a essa

que faz do govêmo o maior fa

ximadamente

(isto é, cinco milhões de contos de réis).

seus liaveres para os entregar

sória, com uma desapropriação antecipa

tor da baixa cotação de seus

pela força elétrica de que dispõem, nunca sc lembraram de desviar uma par

ração de Cr$ 1.000,00, iwr ano e por kw, deverá ser prevista. Ora, na prática, as instalações não trabalham a plena car ga durante as 24 horas do dia. Nem é aconselhável que as emprê.sas vivam com a sua capacidade instalada no nível da demanda, pois é indispensável conservar uma reserva de capacidade para as ho ras críticas e por ocasião dos acidentes. A utilização da capacidade instalada po

pliando desmedidamente a produção in dustrial e provocando, indiretamente, a

circunstância juntar-se uma po lítica financeira mal orientada,

eles, como consumidores c beneficiados

contradição destruídora.

das por preços antigos, muito menores

Dentro de algum tempo, as indústrias

que os atuais, o que lhes permite

valor da remuneração do capital. A êste,

contados na fonte de pagamento dos ren dimentos, enquanto que os títulos da di

não terão mais energia para movimentar

manter tarifas relativamente baratas e

outras parcelas de custo, mais irnportan-

vina pública sofrem uma taxação de 6%,

seus motores e máquinas de imprimir

que muito favorecem os consumidores.

tes e valiosas, devem ser adicionadas;

dor", tão mais injusto quando as debêntu

lucros.

donde .se infere que o preço de venda

res são emitidas por emprêsas "de servi

Os clamores que já se levantam em alguns setores e regiões precursores da

Segundo os cálculos de pessoas bem in formadas a respeito, o custo de uma usi

do kwh andará, em futirro breve, em ní

na de grande capacidade, desde a toma

veis muito mais altos do que os que

tmtamento desigual de títulos "ao porta

ços públicos". Uma equiparação de trata mento fiscal se impõe, portanto.


Dicesto Econômico'

passagens escuras, faz rodar os motores das fábricas que dão ganha-pão a mi lhares e milhares de pessoas, produz os raios X dos gabinetes médicos c motiva as reações químicas eletrolíticas.

(Há

monetária do govênio, resultante da exe cução orçamentária, da balança de con tas dü país e da aplicação dos dinheiros

públicos, propiciar a depreciação da moeda, interna ou externamente, certa

Digfsto EcoNÓAacO

crise fantástica que está por vir nada produzirão de benéfico para sua solu ção. Os que gritam, geralmente dirigem suas queixas contra as emprêsas de ele tricidade, sem considerar o fato de que

17

da dágua até a distribuição, é da or dem de Cr$ 10.000,00 por quilowatt. •Êsse número é impressionante. Nessa base, o capital necessário para dotar São Paulo de uma capacidade igual à que só um grupo de emprêsas (São Paulo Light) lhe fornece atualmente é apro

pouco tempo, uma temporária interrup ção no abastecimento de energia elétri ca da Capital Federal provocou um ver dadeiro colapso, impedindo até a circu

mente agravar-.se-á a crise de cnerg' elétrica, poríjuc se tornarão mais difíceis as aquisições dc máquinas c turbinas, aparelhos e instnimentos, que absorvem

te de seus lucros ou reservas para subs

lação dos automó\'eis nas ruas, pois os

cérca de 40" do \alor total das instala

crever ações ou debêntures das compa

postos de gasolina dependem da eletrici dade para bombear o combustível dos

ções, segundo cálciilo.s feitos pelos en

custa Cr$ 10.000,00, e devemos atribuir

tendidos. Se as leis reguladoras das con

depósitos subterrâneos até os tanques dos

cessões de serviços públicos mantiverem

nhias que receberam as concessões para fornecimento de energia elétrica. (Aliás, o mesmo se pode dizer dos que recla

veículos).

dispositivos assustadores, restritivos de lucros, ou que tornem a propriedade dos instnimentos de produção precária e ilu

mam contra as deficiências das nossas

Por seu lado, os grandes lucros fáceis atraem os capitais excessivamente, am

ninguém mais se interessa em oferecer capitai.s para estradas de ferro ou em

agravará as condições vigentes — então é certo que ninguém

pelo menos 10% de rendimento para ês se capital, segue-se que uma reniime-

poucas estradas de ferro que ainda são

propriedade de emprêsas particulares, criticando a falta de transportes, cuja ca pacidade depende diretamente das dis ponibilidades de capitais a serem inves tidos em suas atividades). Do ponto de vista da harmonia eco

às empresas de serviços públi

para uma conciliação que a resolverá: —

de ser avaliada na base de 50% em mé

cos. E, se os lucros das ope

lucros menores nas indústrias e nos títu

rações industriais e do merca

los públicos; lucros maiores na produção • na distribuição da energia elétrica.

dia, por ano, considerando-se os domin gos, feriados etc. Assim, um simples cálculo permite conhecer que cada kw instalado produz e distribui em média

do financeiro na Bôlsa de Va

lores Mobiliários — que alcançam rendi mentos de mais de 30% para os primei ros e de 22% em Bônus Rotativos do Estado de São Paulo - não sofrerem

(debêntures). {").

uma redução saneadora, nenhum cru

4380 kwh por ano. Só para remunerar o capital, à ta.xa módica de 10% ao ano, O custo das instalações geradoras de

necessitamos de Cr$ 1.000,00, ou seja

eletricidade é hoje muito elevado. As

zeiro se encaminhará para investimentos

emprêsas que funcionam no Brasil, qua

Cr§.0,23 (vinte e três centavos) por kwh. (Em alguns lugares de São Paulo,

que, por lei, não podem oferecer mais

se tôdas com muitos lustros de ati\'ida-

o preço total do kwh cobrado dos con

de 10% de remuneração.

des, têm suas usinas e aparelhagem,

sumidores é igual ou inferior a essa par

suas represas e barragens, suas linhas de

cela. ..).

transmissão e de distribuição, construí

Mas, um quilowatt-hora de energia elétrica não é produzido somente pelo

Uma economia estruturada na forma

descrita não pode resistir à sua própria (•) O imposto de renda que recai sôbre as debêntures é atualmente de 15%. des

Há mais ainda. Se cada kw instalado

nômica, cuja fòrça é imensa e persis

da, como promete o referido projeto em

presas de energia elétrica, nem mesmo em títulos hipotecários de renda certa

Consideremos, porém, que essa situa ção não poderá perdurar. Se a política

Cr$ 5.000.000.000,00

tente, a situação tenderá naturalmente

andamento no Congresso Nacional, que

próprios títulos, então compre enderemos a razão pela qual

de

será bastante desprendido de

baixa da cotação dos títulos de bôlsa cujo rendimento não está na proporção daqueles. Se a essa

que faz do govêmo o maior fa

ximadamente

(isto é, cinco milhões de contos de réis).

seus liaveres para os entregar

sória, com uma desapropriação antecipa

tor da baixa cotação de seus

pela força elétrica de que dispõem, nunca sc lembraram de desviar uma par

ração de Cr$ 1.000,00, iwr ano e por kw, deverá ser prevista. Ora, na prática, as instalações não trabalham a plena car ga durante as 24 horas do dia. Nem é aconselhável que as emprê.sas vivam com a sua capacidade instalada no nível da demanda, pois é indispensável conservar uma reserva de capacidade para as ho ras críticas e por ocasião dos acidentes. A utilização da capacidade instalada po

pliando desmedidamente a produção in dustrial e provocando, indiretamente, a

circunstância juntar-se uma po lítica financeira mal orientada,

eles, como consumidores c beneficiados

contradição destruídora.

das por preços antigos, muito menores

Dentro de algum tempo, as indústrias

que os atuais, o que lhes permite

valor da remuneração do capital. A êste,

contados na fonte de pagamento dos ren dimentos, enquanto que os títulos da di

não terão mais energia para movimentar

manter tarifas relativamente baratas e

outras parcelas de custo, mais irnportan-

vina pública sofrem uma taxação de 6%,

seus motores e máquinas de imprimir

que muito favorecem os consumidores.

tes e valiosas, devem ser adicionadas;

dor", tão mais injusto quando as debêntu

lucros.

donde .se infere que o preço de venda

res são emitidas por emprêsas "de servi

Os clamores que já se levantam em alguns setores e regiões precursores da

Segundo os cálculos de pessoas bem in formadas a respeito, o custo de uma usi

do kwh andará, em futirro breve, em ní

na de grande capacidade, desde a toma

veis muito mais altos do que os que

tmtamento desigual de títulos "ao porta

ços públicos". Uma equiparação de trata mento fiscal se impõe, portanto.


18

Digesto

vigem atualmente.

Nenhum industrial

pode pressupor que sua produção será movida, nos anos que vêm, com energia elétrica (se é que a terão suficiente) barata. Provàvelmente, ela logo alcan çará o preço de Cr$ 1,00 por kwh a fim de remunerar a mão-de-obra, os mate

obras e materiais pagos com cruzeiros. Os restantes 40% — que representam Cr$ 2.000.000.000,00 ou

US$ 100.000.000,00 — deverão ser apli cados na aquisição de máquinas e apa

relhagem que ainda não podemos fabri car no Brasil.

riais gastos e as depreciações das insta

lações, além de seu capital.

Econômico

Como levantar êsse capital ?. . . Quem so

interessará

em

subscrevê-lo ?. ..

Aqui ?. . . No estrangeiro ?. . . Não, se forem mantidas ou agravadas

■Essa perspectiva, por si só, já é alar mante. Mas, há o problema do capital

necessário para restabelecer o equilíbrio

as condições atuais, relativas às conces

sões de sei^nços

públicos a empresas

particulares.

1

Digesto

Econômico

19

elas são suas. Os demais, tão numerosos

que somam quantias consideráveis do economias desviadas da industrialização,

poderiam reservar boa parte delas pa ra apbcar em emprêsas concessionárias

de serviços públicos, mesmo que essa providência lhes viesse render muito me

nos.

Êsse aparente sacrifício seria cer

tamente compensado com o aumento das

disponibilidades de energia elétrica para

a nação, do que depende diretamente a expansão industrial com todos os seus

corolários de elevação do padrão de

entro a? necessidades das indústrias e a

vida.

ca'pacidade das usinas.

Quando alguém sai a campo para de fender uma tese pouco utilitária e ins pirada no espírito altruísta, como essa,

Com base no crescimento verificado

nós. últimos decênios, a parlir de 1910 póde-se prever que o Brasil necessita de uma capacidade instalada, em 1950,

de 2.soo.000 kw, dos quais a metade devena servir ao Estado de São Paulo. Em 1948. as instalações dás usinas elétricas em nosso Estado somavam &50.000 kw

Nessa altura, podemos perguntar ; — Se os industriais ficarem sem energia

elétrica para suas expansões e novas fá

bricas, que farão ?. . . Creio que a resposta é .simple.s, e lo go ocorre a qualquer um : — muitos dos grandes industriais, - mais poderosos o dispondo de capitais

em números redondos; donde a

existência de um "déficit" pro vável de capacidade geradora de 600.000 kw naquele ano. Com as ihs^talações inauguradas e a inaugurar-se até ano corrente, podemos reduzir aquê-

le desfalque a meio milhão de quilo watts.

Se aplicarmos o orçamento já referido de Cr$ 10.000,00 por kw instalado, che garemos a imponente importância dos

capitais necessários para manter êsse ritmo de crescimento, ou sejam CINCO BILHÕES DE CRUZEIROS. E isso, só refere ao Estado de São Paulo. . .

•e total de capitais que deverão ser 'dos na indústria de eletricidade, •60% serão gastos no Brasil, em

próprios,

construirão

.suas usinas hidráulicas ou tér

micas, assegurando assim, em

bora por preço mais alto, um fornecimento ininterrupto e elástico pa

sempre aparece o curioso,

eivado de

amargo pessimismo, a indagar; — "Quem inicia o movimento, subscrevendo de-

bêntures de emprêsas de eletricida

de

De fato, é preciso que um co

mece e dê o exemplo. Se cada qual esperar pelo outro, então é certo qué fi carão todos sem eletricidade. . .

Mas, a questão não fica apenas no terreno da iniciativa particular. Há nu merosas autarquias e companhias de ca

ra suas atividades manufatureiras. Quan

pitalização obrigatória, cujos recursos têm

to aos pequenos industriais, sua sorte é menos promissora, porque ficarão em si

lei. Imensos capitais se acumulam conti

tuação de

estacionar ou

abandonar o

campo de atividade fabril. Êstes pas sarão a engrossar o número dos que pre ferem ficar sossegados, aplicando suas economias em apólices da dívida públi ca ou em imóveis, a despeito dos rigo

res da lei do inquilinato que nunca se acaba. . .

Ora, cs primeiros não estão fazendo outra coisa senão "investir capitais em

emprêsas elétricas".

A diferença é que

progresso a energia elétrica, invadiu nos sos parlamentos. As leis são feitas "con tra" os que desejam cooperar para a expansão industrial do Brasil...

destino e aplicação determinados por

nuamente nas Caixas Econômicas, nos

Institutos de Previdência e nas Compa nhias de Seguros e Capitalização. For

Outra questão importantíssima, ligada ao mesmo problema da industrialização e do necessário abastecimento de ener

gia elétrica, é de natureza social e diz respeito à descentralização das atiridades fabris.

Está hoje comprovado que as metró poles gigantescas são um grave erro téc nico.

Nós, no Brasil, ainda estamos fe

lizmente no princípio do caminho e po deremos aproveitar a experiência alheia para corrigir nossa evolução, sem repro duzir as falhas e deficiências dos que estão na nossa frente.

Encarada sob êsse ponto de xdsta, a

questão da eletricidade dá maior ênfase à necessidade de abastecer as cidades

do interior, permitindo-lhes uma indus trialização que muitas aguardam, espe rançosas do aumento de capiacidade da suas fontes de .energia elétrica.

O ta

manho ideal de cidade do interior, pron

ta para uma industrialização razoável, ó o de Piracicaba, Jundiaí, São Carlos, Rio Claro, Itapetininga, Taubaté, Lorena. Por outro lado. não podemos esquecer

a eletrificação das fazendas e das ativi dades rurais,

desenvolvimento

fatal a

que não aproveitá-los ?. . . Uma legisla

que deveremos chegar dentro de algum

ção adequada poderia permitir a essas entidades a aquisição de títulos hipote

geração, se não quisermos perecer como

tempo, talvez no período de uma nova

cários ou a realização de empréstimos ga

país "essencialmente agrícola".

rantidos, que se tomariam novas fontes abastecedoras de capitais nacionais pa ra as emprêsas de serviços públicos. O que se vê, porém, é o contrário. Um espírito demagógico, que parece desco nhecer o que representa para o nosso

Como realizar tal programa necessá rio, sem recursos para investimento em

emprêsas elétricas?. . . que o poder público,

Vamos esperar em virtude da

omissão continuada da iniciativa parti cular (como já acontece com as estra-


18

Digesto

vigem atualmente.

Nenhum industrial

pode pressupor que sua produção será movida, nos anos que vêm, com energia elétrica (se é que a terão suficiente) barata. Provàvelmente, ela logo alcan çará o preço de Cr$ 1,00 por kwh a fim de remunerar a mão-de-obra, os mate

obras e materiais pagos com cruzeiros. Os restantes 40% — que representam Cr$ 2.000.000.000,00 ou

US$ 100.000.000,00 — deverão ser apli cados na aquisição de máquinas e apa

relhagem que ainda não podemos fabri car no Brasil.

riais gastos e as depreciações das insta

lações, além de seu capital.

Econômico

Como levantar êsse capital ?. . . Quem so

interessará

em

subscrevê-lo ?. ..

Aqui ?. . . No estrangeiro ?. . . Não, se forem mantidas ou agravadas

■Essa perspectiva, por si só, já é alar mante. Mas, há o problema do capital

necessário para restabelecer o equilíbrio

as condições atuais, relativas às conces

sões de sei^nços

públicos a empresas

particulares.

1

Digesto

Econômico

19

elas são suas. Os demais, tão numerosos

que somam quantias consideráveis do economias desviadas da industrialização,

poderiam reservar boa parte delas pa ra apbcar em emprêsas concessionárias

de serviços públicos, mesmo que essa providência lhes viesse render muito me

nos.

Êsse aparente sacrifício seria cer

tamente compensado com o aumento das

disponibilidades de energia elétrica para

a nação, do que depende diretamente a expansão industrial com todos os seus

corolários de elevação do padrão de

entro a? necessidades das indústrias e a

vida.

ca'pacidade das usinas.

Quando alguém sai a campo para de fender uma tese pouco utilitária e ins pirada no espírito altruísta, como essa,

Com base no crescimento verificado

nós. últimos decênios, a parlir de 1910 póde-se prever que o Brasil necessita de uma capacidade instalada, em 1950,

de 2.soo.000 kw, dos quais a metade devena servir ao Estado de São Paulo. Em 1948. as instalações dás usinas elétricas em nosso Estado somavam &50.000 kw

Nessa altura, podemos perguntar ; — Se os industriais ficarem sem energia

elétrica para suas expansões e novas fá

bricas, que farão ?. . . Creio que a resposta é .simple.s, e lo go ocorre a qualquer um : — muitos dos grandes industriais, - mais poderosos o dispondo de capitais

em números redondos; donde a

existência de um "déficit" pro vável de capacidade geradora de 600.000 kw naquele ano. Com as ihs^talações inauguradas e a inaugurar-se até ano corrente, podemos reduzir aquê-

le desfalque a meio milhão de quilo watts.

Se aplicarmos o orçamento já referido de Cr$ 10.000,00 por kw instalado, che garemos a imponente importância dos

capitais necessários para manter êsse ritmo de crescimento, ou sejam CINCO BILHÕES DE CRUZEIROS. E isso, só refere ao Estado de São Paulo. . .

•e total de capitais que deverão ser 'dos na indústria de eletricidade, •60% serão gastos no Brasil, em

próprios,

construirão

.suas usinas hidráulicas ou tér

micas, assegurando assim, em

bora por preço mais alto, um fornecimento ininterrupto e elástico pa

sempre aparece o curioso,

eivado de

amargo pessimismo, a indagar; — "Quem inicia o movimento, subscrevendo de-

bêntures de emprêsas de eletricida

de

De fato, é preciso que um co

mece e dê o exemplo. Se cada qual esperar pelo outro, então é certo qué fi carão todos sem eletricidade. . .

Mas, a questão não fica apenas no terreno da iniciativa particular. Há nu merosas autarquias e companhias de ca

ra suas atividades manufatureiras. Quan

pitalização obrigatória, cujos recursos têm

to aos pequenos industriais, sua sorte é menos promissora, porque ficarão em si

lei. Imensos capitais se acumulam conti

tuação de

estacionar ou

abandonar o

campo de atividade fabril. Êstes pas sarão a engrossar o número dos que pre ferem ficar sossegados, aplicando suas economias em apólices da dívida públi ca ou em imóveis, a despeito dos rigo

res da lei do inquilinato que nunca se acaba. . .

Ora, cs primeiros não estão fazendo outra coisa senão "investir capitais em

emprêsas elétricas".

A diferença é que

progresso a energia elétrica, invadiu nos sos parlamentos. As leis são feitas "con tra" os que desejam cooperar para a expansão industrial do Brasil...

destino e aplicação determinados por

nuamente nas Caixas Econômicas, nos

Institutos de Previdência e nas Compa nhias de Seguros e Capitalização. For

Outra questão importantíssima, ligada ao mesmo problema da industrialização e do necessário abastecimento de ener

gia elétrica, é de natureza social e diz respeito à descentralização das atiridades fabris.

Está hoje comprovado que as metró poles gigantescas são um grave erro téc nico.

Nós, no Brasil, ainda estamos fe

lizmente no princípio do caminho e po deremos aproveitar a experiência alheia para corrigir nossa evolução, sem repro duzir as falhas e deficiências dos que estão na nossa frente.

Encarada sob êsse ponto de xdsta, a

questão da eletricidade dá maior ênfase à necessidade de abastecer as cidades

do interior, permitindo-lhes uma indus trialização que muitas aguardam, espe rançosas do aumento de capiacidade da suas fontes de .energia elétrica.

O ta

manho ideal de cidade do interior, pron

ta para uma industrialização razoável, ó o de Piracicaba, Jundiaí, São Carlos, Rio Claro, Itapetininga, Taubaté, Lorena. Por outro lado. não podemos esquecer

a eletrificação das fazendas e das ativi dades rurais,

desenvolvimento

fatal a

que não aproveitá-los ?. . . Uma legisla

que deveremos chegar dentro de algum

ção adequada poderia permitir a essas entidades a aquisição de títulos hipote

geração, se não quisermos perecer como

tempo, talvez no período de uma nova

cários ou a realização de empréstimos ga

país "essencialmente agrícola".

rantidos, que se tomariam novas fontes abastecedoras de capitais nacionais pa ra as emprêsas de serviços públicos. O que se vê, porém, é o contrário. Um espírito demagógico, que parece desco nhecer o que representa para o nosso

Como realizar tal programa necessá rio, sem recursos para investimento em

emprêsas elétricas?. . . que o poder público,

Vamos esperar em virtude da

omissão continuada da iniciativa parti cular (como já acontece com as estra-


Digesto Econonhco

20

das de ferro) venha em socorro dos in

e os capitais particulares necessários ao

dustriais, construindo

desenvolvimento da ati\idade".

usinas elétricas

para lhes fornecer energia para seus mo tores paralisados ?... O

O

O

Não é possível concluir este exame

perfunctórío do problema da industria lização, em face da escassez de energia

elétrica,

com essas interrogações sem

respostas.

Não há tempo a perder. Medidas ofi

2° — Permissão de lucros mais gene rosos para as emprêsas dc serviços pú

Dioestg

Econômico

21

ferência o ilustre reitor da Universida

gação e empresas de eletricidade. Com

de de Utah. A devastação das reservas

blicos, bem como o reconhecimento das

essa providência, muitos capitais, hoje canalizados para a construção de arra

de combustíveis, principalmente das flo restas, é uma trágica experiência dos americanos, que poderíamos evitar.

reavaliações do ativo, no ca.so de depre

nha-céus, poderão ser encaminhados

ciações monetárias notórias, como as da

para êsses setores fundamentais de nos

última guerra, acabando com- o fantas

sa economia.

ma do "custo lúslórico", anacronismo as

sustador do capital particular. Em país de moeda instável como o nosso tal pre

7.° — Auxíbo financeiro dos poderes públicos, federal, estadual ou munici

pal, conforme o caso, por meio de sub

conceito é absurdo o age negativamente.

venções concedidas por lei para a cons

3." — Equiparação dos títulos ao por

trução de açudes de compensação re-

das Imediatamente. Movimentos de co

tador, emitidos por emprêsas de serviços

laboração, partindo dos meios industriais,

públicos, aos títulos da dívida pública, para os efeitos do impòsto de renda e outras taxas que sobre eles recaiam. 4.° — Revisão das atuais tarifas, que não correspondem mais ao custo de pro

^ladores da vazão dos rios. Assim, se ria possível obter. sUnultâneamente gran des reservas de energia para as épocas

concretas. Providências de natureza in

ternacional, como empréstimos garanti dos pelo Govêmo Federal e destinados

a cobrir o custo dos materiais dé impor tação, devem ser efetivadas com ante cedência.

Por conseguinte, vejamos agora o que

deveremos fazer : - 1.° - Os poderes públicos, cada qual na sua alçada, de verão atender aos reclamos das empre sas de serviços públicos, já expostos em conclusões apresentadas e aprovadas na Conferência das Classes Produtoras em

Araxa, para remover, nas suas próprias pala\Tas, "as causas imensas e profundas, de ordem econômica, social, financeira

é legal; — insegurança jurídica, ameaça constante ao direito de propriedade, fal ta de auxílio financeiro, presença de uma legislação caótica e precária, choque e conflitos permanentes entre os poderes públicos entre si e entre esses e as em presas concessionárias, ausência de nor mas jurídicas adequadas reguladoras das

de estiagens e impedir as danosas inun dações dos terrenos ribeirinhos, com to das as suas conseqüências anti-econó-

dução vigente e não permitem remune

micas e anti-sociais:

rar os "novos" capitais necessários para ampliação do sistema gerador de eletri cidade. A limitação da ta.xa dc rendi

propriedades e culturas, epidemias etc.

mento para determinados capitais, dei

O Brasil foi abençoado com grandes di.sponibilidades de força hidráulica. Poucos países do mundo apresentam condições tão propícias à eletrificação de

xando livres e sem limites os lucros aufe

ridos por outros, alem de uma injusti ça, é contraproducente, como a própria experiência brasileira já demonstrou.

5° — Colaboração sincera, por parte dos industriais de largos horizontes, no sentido da ampbação das disponibilida des de energia elétrica, já pela ereção de usinas próprias, já pela subscrição

Temos capitais abundantes, relativa mente, que, bem orientados, poderão mo

ciais, legislativas e administrativas, não podem mais tardar, e devem ser toma

precisam tomar corpo, em realizações

como afirmou há pouco tempo em con

endimentos de serviços públicos, como estradas de ferro, companhias de nave

destruição de

suas atividades econômicas. Entretanto, não aproveitaremos essas extraordinária^

bilizar riquezas imensas, hoje paralisa das por falta de energia elétrica. O grande público supõe que a corrente elé trica tem de aparecer obrigatória e automàticaniente, ao premir do botão, e pelo simples fato de a Empresa X ser concessionária dêsse serviço.

E, se a

corrente não obedece ao comando do bo tão, há o direito de gritar e apresentar reclamações contra a companhia. Nin guém realmente se lireocupa com o pre

ço de uma turbina ou de um gerador de grande potência, nem do prazo que os fabricantes pedem para fomecê-los.

(Hoje em dia, há uma escassez mundial de eletricidade, e tôdas as eriiprêsas fi caram em atraso,

principalmente por

causa da guerra. 'Há filas enormes de dois ou mais anos de espera, para a

aquisição dessas máquinas).

regalias se formos ineptos. Nossas estradas de ferro só vêm sua

possível salvação na tração elétrica, ou

Essas considerações feitas ao correr do

mediante eletrificação ou por meio de

pensamento têm o escopo de alertar os

voluntária de títirlos de investimento em emprêsas de eletricidade. Será essa uma

locomotivas "diesel elétricas". Êsse pro

nossos homens de governo, os represen

cesso não só barateia ccnsideràvelmente

tantes do povo e os industriais, chaman

forma efetiva de concorrer para a mais rápida solução do problema da falta de

o custo do transporte, como aumenta grandemente a capacidade de escoamen

energia elétrica.

to da produção, e, "last but not least", assegura a economia de nossas parcas reservas florestais que, por sua vez, ga rantem um regime de chuvas favorável.

do sua atenção para o que está por vir, a fim de que reajam, cada um no seu setor de atividades, para que o Brasil e São Paulo, seu maior centro industrial, possam sair logo dessa situação amea çadora de sua economia e asfixíante de seu progresso.

3.° — Permissão legal c recomendação para que os Institutos de Previdência e

atribuições e dos direitos e deveres re

Caixas Econômicas, bem como as com

cíprocos das partes interessadas, man

Os Estados Unidos, setenta anos na nos

tendo uma situação incerta, fatores ôs-

panhias de seguros e de capitalização, apliquem, com garantia do Govêmo Fe

ses que afastam as iniciativas privadas

deral', parte de suas reservas em empre

de secas em vários de seus Estados —

sa frente, já estão sofrendo os horrores

O momento é de ação. Os remédios

tardios não produzem efeito,

pois o


Digesto Econonhco

20

das de ferro) venha em socorro dos in

e os capitais particulares necessários ao

dustriais, construindo

desenvolvimento da ati\idade".

usinas elétricas

para lhes fornecer energia para seus mo tores paralisados ?... O

O

O

Não é possível concluir este exame

perfunctórío do problema da industria lização, em face da escassez de energia

elétrica,

com essas interrogações sem

respostas.

Não há tempo a perder. Medidas ofi

2° — Permissão de lucros mais gene rosos para as emprêsas dc serviços pú

Dioestg

Econômico

21

ferência o ilustre reitor da Universida

gação e empresas de eletricidade. Com

de de Utah. A devastação das reservas

blicos, bem como o reconhecimento das

essa providência, muitos capitais, hoje canalizados para a construção de arra

de combustíveis, principalmente das flo restas, é uma trágica experiência dos americanos, que poderíamos evitar.

reavaliações do ativo, no ca.so de depre

nha-céus, poderão ser encaminhados

ciações monetárias notórias, como as da

para êsses setores fundamentais de nos

última guerra, acabando com- o fantas

sa economia.

ma do "custo lúslórico", anacronismo as

sustador do capital particular. Em país de moeda instável como o nosso tal pre

7.° — Auxíbo financeiro dos poderes públicos, federal, estadual ou munici

pal, conforme o caso, por meio de sub

conceito é absurdo o age negativamente.

venções concedidas por lei para a cons

3." — Equiparação dos títulos ao por

trução de açudes de compensação re-

das Imediatamente. Movimentos de co

tador, emitidos por emprêsas de serviços

laboração, partindo dos meios industriais,

públicos, aos títulos da dívida pública, para os efeitos do impòsto de renda e outras taxas que sobre eles recaiam. 4.° — Revisão das atuais tarifas, que não correspondem mais ao custo de pro

^ladores da vazão dos rios. Assim, se ria possível obter. sUnultâneamente gran des reservas de energia para as épocas

concretas. Providências de natureza in

ternacional, como empréstimos garanti dos pelo Govêmo Federal e destinados

a cobrir o custo dos materiais dé impor tação, devem ser efetivadas com ante cedência.

Por conseguinte, vejamos agora o que

deveremos fazer : - 1.° - Os poderes públicos, cada qual na sua alçada, de verão atender aos reclamos das empre sas de serviços públicos, já expostos em conclusões apresentadas e aprovadas na Conferência das Classes Produtoras em

Araxa, para remover, nas suas próprias pala\Tas, "as causas imensas e profundas, de ordem econômica, social, financeira

é legal; — insegurança jurídica, ameaça constante ao direito de propriedade, fal ta de auxílio financeiro, presença de uma legislação caótica e precária, choque e conflitos permanentes entre os poderes públicos entre si e entre esses e as em presas concessionárias, ausência de nor mas jurídicas adequadas reguladoras das

de estiagens e impedir as danosas inun dações dos terrenos ribeirinhos, com to das as suas conseqüências anti-econó-

dução vigente e não permitem remune

micas e anti-sociais:

rar os "novos" capitais necessários para ampliação do sistema gerador de eletri cidade. A limitação da ta.xa dc rendi

propriedades e culturas, epidemias etc.

mento para determinados capitais, dei

O Brasil foi abençoado com grandes di.sponibilidades de força hidráulica. Poucos países do mundo apresentam condições tão propícias à eletrificação de

xando livres e sem limites os lucros aufe

ridos por outros, alem de uma injusti ça, é contraproducente, como a própria experiência brasileira já demonstrou.

5° — Colaboração sincera, por parte dos industriais de largos horizontes, no sentido da ampbação das disponibilida des de energia elétrica, já pela ereção de usinas próprias, já pela subscrição

Temos capitais abundantes, relativa mente, que, bem orientados, poderão mo

ciais, legislativas e administrativas, não podem mais tardar, e devem ser toma

precisam tomar corpo, em realizações

como afirmou há pouco tempo em con

endimentos de serviços públicos, como estradas de ferro, companhias de nave

destruição de

suas atividades econômicas. Entretanto, não aproveitaremos essas extraordinária^

bilizar riquezas imensas, hoje paralisa das por falta de energia elétrica. O grande público supõe que a corrente elé trica tem de aparecer obrigatória e automàticaniente, ao premir do botão, e pelo simples fato de a Empresa X ser concessionária dêsse serviço.

E, se a

corrente não obedece ao comando do bo tão, há o direito de gritar e apresentar reclamações contra a companhia. Nin guém realmente se lireocupa com o pre

ço de uma turbina ou de um gerador de grande potência, nem do prazo que os fabricantes pedem para fomecê-los.

(Hoje em dia, há uma escassez mundial de eletricidade, e tôdas as eriiprêsas fi caram em atraso,

principalmente por

causa da guerra. 'Há filas enormes de dois ou mais anos de espera, para a

aquisição dessas máquinas).

regalias se formos ineptos. Nossas estradas de ferro só vêm sua

possível salvação na tração elétrica, ou

Essas considerações feitas ao correr do

mediante eletrificação ou por meio de

pensamento têm o escopo de alertar os

voluntária de títirlos de investimento em emprêsas de eletricidade. Será essa uma

locomotivas "diesel elétricas". Êsse pro

nossos homens de governo, os represen

cesso não só barateia ccnsideràvelmente

tantes do povo e os industriais, chaman

forma efetiva de concorrer para a mais rápida solução do problema da falta de

o custo do transporte, como aumenta grandemente a capacidade de escoamen

energia elétrica.

to da produção, e, "last but not least", assegura a economia de nossas parcas reservas florestais que, por sua vez, ga rantem um regime de chuvas favorável.

do sua atenção para o que está por vir, a fim de que reajam, cada um no seu setor de atividades, para que o Brasil e São Paulo, seu maior centro industrial, possam sair logo dessa situação amea çadora de sua economia e asfixíante de seu progresso.

3.° — Permissão legal c recomendação para que os Institutos de Previdência e

atribuições e dos direitos e deveres re

Caixas Econômicas, bem como as com

cíprocos das partes interessadas, man

Os Estados Unidos, setenta anos na nos

tendo uma situação incerta, fatores ôs-

panhias de seguros e de capitalização, apliquem, com garantia do Govêmo Fe

ses que afastam as iniciativas privadas

deral', parte de suas reservas em empre

de secas em vários de seus Estados —

sa frente, já estão sofrendo os horrores

O momento é de ação. Os remédios

tardios não produzem efeito,

pois o


Dicesto Eco^'ó^uco

22

doente já agoniza. Os fatos e os núme

Era uma vez uma grande família, que

ros dizem melhor do que as minhas pa

possuía uma famosa padaria. Cada membro fazia a sua obrigação e as coisas andavam muito bem, tanto que a pada

lavras, que nada valem. A crise está às nossas portas e, com ela, virão certa mente graves perturbações sociais, de-

COMPiWIBILIIÍ/lDE DO ORÇMIE^TO CÍCLICO E 01 PL/l^IEICAÇÃO C0>1 A CO\ST!TlIÇAO DE 1946

ria foi crescendo, crescendo, crescen

JosAPHAT Marinho (Professor contratado da Faculdade de Direito

sempregos e, possivelmente, depressão

do... Um dos irmãos, justamente o que

da Universidade da Bahia e deputado estadual)

econômica.

tinha o encargo de tirar lenha da mata,

A população diretamente

dependente do kw é muito grande, e se rá a primeira vítima das limitações da produção de energia elétrica. Todos nós, porém, brasileiros que desejamos o

bem-estar de nosso povo, temos a obri gação de contribuir com o nosso quinhão para que- essa crise inevitável seja o mais possível atenuada e dure pouco tempo.

já não dava mais conta do recado. Traba

lhava até altas horas da noite, transpor tando a lenha que cortara durante o dia. Ninguém quis ajudá-lo. Todos os ou tros -preferiam amassar a farinlia e en-

Êsíe ensaio constitui a tese oficial do Instituto da Ordem dos Advoga dos da Bahia, apresentada ao recente Congresso de Direito Coastitucional, comemorativo do centenário de nascimento de Rui Barbosa.

É matéria a respeito' da qual não há grande divulgação no Brasil, a despeito da sua atualidaae. A nossa°revista tèm o prazer de divul gar, em primeira mão, êsse importante trabalho.

fornar o pão e vendê-lo... Um dia, po rém, o homem da lenha desapareceu sen»

As constituições não se adotam para

se despedir... e a padaria parou... £' isso que nos pode acontecer!

tiranizar, mas. para escudar a cons

ciência dos povos. Rui Barbosa

(Discurso do Colégio Anchieta, 1903)

No direito moderno, o exame das ques

tões suscitadas requer a análise refletida de um conjunto de fatôres preponderan tes, notadamente de ordem política e econômica, dada

a interdependência

constante e crescente dos fenômenos e

Las realidades econômicas no se preocupan macho de las abstracciones ju rídicas, excepto cuando encuentran en ellas ima máscara conveniente

para encubrir sus propios rasgos, y

a sua incidência conjugada no espaço

social. A lógica dos sistemas doutriná rios e a expressão literal dos textos, nem

sempre claras, prevalecem na medida em

que, por sua precisão ou flexibilidade,,

permitem estabelecer concordância en el caracter de mia sociedad está de tre as normas jurídicas e as relações, terminado menos por sus derechos abstractos que por sus poderes prác- sempre variáveis, que elas visam regular. No plano constitucional, a observânticos. 'cia desse método objetivo é imposta pela R. H. Tawney

(La Igualdad — Vers. esp. de

própria natureza, comuinente comple.xa, dos problemas discutidos, a amplitude

Francisco Giner de los Rios —

de seus reflexos na vida da coletividade

Fondo de Cultura Econômica,

e a importância de seu julgamento, mui

México, 1945 — p. 163).

tas vezes constitutivo de precedente qua se normativo.

0 Problema na Técnica do Direito

1 — O estudo da compatibilidade do Orçamento cíclico e da planificação com

O aspecto político das questões cons titucionais, por exemplo, é de tal rele vância que Maurice Duverger (1), ain da em 1948, no prefácio do "Manuel de

a Constituição de 1946 não pode redu zir-se à simples enunciação de conceitos,

que, comparados, forneçam uma con clusão puramente lógica.

(1) MAtJHICE DUVERGER — Manuel de Droit Const. et de Sc. Politique — Presses Universitaires de France, Paris, 1948 — Préface, p. 5.


Dicesto Eco^'ó^uco

22

doente já agoniza. Os fatos e os núme

Era uma vez uma grande família, que

ros dizem melhor do que as minhas pa

possuía uma famosa padaria. Cada membro fazia a sua obrigação e as coisas andavam muito bem, tanto que a pada

lavras, que nada valem. A crise está às nossas portas e, com ela, virão certa mente graves perturbações sociais, de-

COMPiWIBILIIÍ/lDE DO ORÇMIE^TO CÍCLICO E 01 PL/l^IEICAÇÃO C0>1 A CO\ST!TlIÇAO DE 1946

ria foi crescendo, crescendo, crescen

JosAPHAT Marinho (Professor contratado da Faculdade de Direito

sempregos e, possivelmente, depressão

do... Um dos irmãos, justamente o que

da Universidade da Bahia e deputado estadual)

econômica.

tinha o encargo de tirar lenha da mata,

A população diretamente

dependente do kw é muito grande, e se rá a primeira vítima das limitações da produção de energia elétrica. Todos nós, porém, brasileiros que desejamos o

bem-estar de nosso povo, temos a obri gação de contribuir com o nosso quinhão para que- essa crise inevitável seja o mais possível atenuada e dure pouco tempo.

já não dava mais conta do recado. Traba

lhava até altas horas da noite, transpor tando a lenha que cortara durante o dia. Ninguém quis ajudá-lo. Todos os ou tros -preferiam amassar a farinlia e en-

Êsíe ensaio constitui a tese oficial do Instituto da Ordem dos Advoga dos da Bahia, apresentada ao recente Congresso de Direito Coastitucional, comemorativo do centenário de nascimento de Rui Barbosa.

É matéria a respeito' da qual não há grande divulgação no Brasil, a despeito da sua atualidaae. A nossa°revista tèm o prazer de divul gar, em primeira mão, êsse importante trabalho.

fornar o pão e vendê-lo... Um dia, po rém, o homem da lenha desapareceu sen»

As constituições não se adotam para

se despedir... e a padaria parou... £' isso que nos pode acontecer!

tiranizar, mas. para escudar a cons

ciência dos povos. Rui Barbosa

(Discurso do Colégio Anchieta, 1903)

No direito moderno, o exame das ques

tões suscitadas requer a análise refletida de um conjunto de fatôres preponderan tes, notadamente de ordem política e econômica, dada

a interdependência

constante e crescente dos fenômenos e

Las realidades econômicas no se preocupan macho de las abstracciones ju rídicas, excepto cuando encuentran en ellas ima máscara conveniente

para encubrir sus propios rasgos, y

a sua incidência conjugada no espaço

social. A lógica dos sistemas doutriná rios e a expressão literal dos textos, nem

sempre claras, prevalecem na medida em

que, por sua precisão ou flexibilidade,,

permitem estabelecer concordância en el caracter de mia sociedad está de tre as normas jurídicas e as relações, terminado menos por sus derechos abstractos que por sus poderes prác- sempre variáveis, que elas visam regular. No plano constitucional, a observânticos. 'cia desse método objetivo é imposta pela R. H. Tawney

(La Igualdad — Vers. esp. de

própria natureza, comuinente comple.xa, dos problemas discutidos, a amplitude

Francisco Giner de los Rios —

de seus reflexos na vida da coletividade

Fondo de Cultura Econômica,

e a importância de seu julgamento, mui

México, 1945 — p. 163).

tas vezes constitutivo de precedente qua se normativo.

0 Problema na Técnica do Direito

1 — O estudo da compatibilidade do Orçamento cíclico e da planificação com

O aspecto político das questões cons titucionais, por exemplo, é de tal rele vância que Maurice Duverger (1), ain da em 1948, no prefácio do "Manuel de

a Constituição de 1946 não pode redu zir-se à simples enunciação de conceitos,

que, comparados, forneçam uma con clusão puramente lógica.

(1) MAtJHICE DUVERGER — Manuel de Droit Const. et de Sc. Politique — Presses Universitaires de France, Paris, 1948 — Préface, p. 5.


24

Dicesto Eco^•ó^^co

Droit Constitutíonnel et de Science Po-

do primeiro conflito mundial, se alcan

litíque", o assinala como tendência em

çou' as instituições em geral, atingiu,

que se deve insistir e como caracterís

principalmente, as instituições políti'-

tica distintiva entre a sua e outras obras

cas e econômicas, com profunda reper

anteriores.

Por outro lado, o aspecto econômico,

não. raro envolvido no político, exige, também, especial destaque. É que o fenômeno econômico, apesar de suas mutações, ou em razão delas mesmas, inspira e modela, em grande parte, .a

formação das normas jurídicas e lhes

demarca a exegese e a eficácia. Supe

25

Digesto Econômico

Portanto, para ser metódico e objetivo, o estudo da tese suscitada exige:

aspects. Ia vie économique restait mouvante. Ellc Test devenue beaucoup

a) — não só a conceituação das duas

plus profondément encore depuis que les progrès tecbniques se succédent sur un r^'thme rapide. Depuis plus d'\m siècle Ia règle permanente n'est plus Ia

instituições, como a idéia geral, pelo

cussão na ordem jurídica. E a última

menos, de seus antecedentes e consec-

guerra renovou com tal vigor esse im

tários;

pulso de reforma que Julian Huxley (4)

b) — o exame da posição de ambas

a considera "sintoma de uma grande transformação histórica que seguirá ine

no quadro do regime democrático;

xoravelmente seu curso, agríide-nos ou não. Uma tran.sformação para um mun

constitucional brasileiro.

c) — o confronto delas com o sistema íK

do que será mais socializado, mais regu

Slí

lado e internacionalmente mais organi

Instabilidade das relações econômicas

o intérprete e o aplicador pretendem tor ná-las intangíveis, contrariando a mobi

zado do que o mundo do século XIX,

3 — A discussão do problema pressu

(2) salienta que "Ias realidades econô micas no se preocupan mucho de Ias

to cíclico, a semelhança de outras ins tituições, são resultantes ou expressões

abstracciones jurídicas, excepto cuando

dêsse longo processo de mudança, que,

ra-as, até, por diferentes meios, quando

lidade da vida. Por isso mesmo, Tawney encuantran en ellas una mLcara con veniente para encubrir sus propios ras gos, y ei carácter de una sociedad está determinado menos por sus dereclios absfractos que por sus poderes prácticos . Rui Barbosa (3), também, sentiu esse fenômeno, tanto que em 1919, ao

bretudo no que concerne ao volume da produção, à capacidade de consumo, ao índice de ocupação e às condições do mercado externo, os estudiosos, geral

através de conflitos culturais e de in

mente, destacam o cará ter mutável da vida eco

ladas, vem alterando as bases do Estado

de economia liberal, para convcrtê-Io na

maquinismo.

qui se font jour et des productions qui s'organisent pour les satisfaire. Dans un pareil cadre. Ia notion de regime permanent n'a aucun sens et Tidée de stabilité économique res--

te assez vague". Assim, verifica-se uma instabilidade

^) I I j

"Avant le

constante,

com uma variação de

relação cuja medida de-

Claude Griison, em livro

condições culturais e ma-

dêste ano (5) — peutêtre n'aurait-il pas été impossible de Ia regarder comme une

tória de cada povo, nos

Nascidas assim, só devem ser exami

nadas, em face de qualquer Constituição, tendo em vista, precipuamente, o con

universal que as justificam. As peculia

impulso de reforma, oriundo, sobretudo,

ridades da cultura de cada povo dar-

/ ~ T

approximation valable des réalités obser-

vables: Texistence même des corporations montre qu'il n'ctait pas utopique, à cette époque, de prétendre régler et

ram e as solicitações humanas de sentido

esfera da vida nacional.

— Fondo de Cultura Econômica, México,

pende do comple.xo de teriais peculiares à bis-

diferentes estádios de sua evolução. Há

um permanente "devenir", que abre oportunidade a novas relações, a novos

negócios e ao desenvolvimento do es pírito inventivo, mas que provoca, tam

le s>'steme s)'stème corporatiste nn'a-t-il 16 a-t-ii jamais

bém, desequilíbrios tanto mais freqüen tes e prejudiciais à comunidade ou a parte dela, quanto a abstenção do J^der estatal. Esteymaior (6) assevera, igual

éte absolument genéral: sous bien des

^

stabiliser Tactivité produçtrice dans son intensité et dans sa technlque. Encore

Ihes-âo o limite de sua incidência na

(3) RUI BARBOSA — Campanha Pre sidencial (1919) — Liv. Catilina, Bahia,

sants; il y a enfin des besoins nouveau.x

desajustamentos decorrentes das osci

cresce a importância desses fatores. O

1919 — p. 159.

main-d'(]euvre

lações da vida econômica.

junto das circunstâncias que as forma

1945 — n. 163.

et une

de plus en plus réduite les besoins en une desquels elles ont été constituées, même lorsque ces besoins sont crois-

dóveloppement du machinisme, — pondera

Demais, à proporção que se acentua a mudança na estnitura da sociedade atual,

(2) H. H. TAWNEY — La Igualdad — Vers. esp. de Francisco Giner de los Rios

moyens de production de moins en moins couteux

a partir da propagação do

Trata-se de instituições geradas da ne

cessidade de prover à segurança das na

de remploi; à tout moment, il y a des sectcurs de Ia production dont les dé bouchés s'amemisent; il y a des entreprises qui peuvent satisfaire avec des

nômica, notadamente a

fôrça positiva ou atuante de nossos dias. ções e de atenuar os desequilíbrios e Oí

'

Observando-as, na multiplicidade de seus aspectos, mas, ao que parece, so

teresses, por duas vêzes já retratados em guerra e por diversas cm revoluções iso

discutír a questão social e política' no

as declarações de direitos consagrados

tureza dus relações econômicas.

2 — Ora, a planificação e o orçamen

Brasil, frisou que "as constituições são conseqüências da irresistível evolução econômica do mundo", para criticar as nossas, que^ ainda tinham "por normas BO século dezoito".

põe, dêsse modo, o conhecimento da na

que se esvai".

stabilité des besoins, des débouchés et

(4) JULIAN HUXLEY — Vlvimos una Revolución — Trad. de MIGUEL DB HERNANI — Editorial Sudamericana, Buenos Aires, 1945 — p. 220.

(5)

CLAUDE

d'une

Théorie

GRUSON

Gènérale

Esquisse

de rÉquilibre

Économique — Prosses Universitaires de

France, Paris, 1949 — p. 2.

(6) J. A. ESTEY — Tratado sobre los Ciclos Economicos — Trad. de HENRI

QUE PADILLA — Fondo de Cultura Eco nômica, México, 1948 — pgs.,13-14.


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Dicesto Eco^•ó^^co

Droit Constitutíonnel et de Science Po-

do primeiro conflito mundial, se alcan

litíque", o assinala como tendência em

çou' as instituições em geral, atingiu,

que se deve insistir e como caracterís

principalmente, as instituições políti'-

tica distintiva entre a sua e outras obras

cas e econômicas, com profunda reper

anteriores.

Por outro lado, o aspecto econômico,

não. raro envolvido no político, exige, também, especial destaque. É que o fenômeno econômico, apesar de suas mutações, ou em razão delas mesmas, inspira e modela, em grande parte, .a

formação das normas jurídicas e lhes

demarca a exegese e a eficácia. Supe

25

Digesto Econômico

Portanto, para ser metódico e objetivo, o estudo da tese suscitada exige:

aspects. Ia vie économique restait mouvante. Ellc Test devenue beaucoup

a) — não só a conceituação das duas

plus profondément encore depuis que les progrès tecbniques se succédent sur un r^'thme rapide. Depuis plus d'\m siècle Ia règle permanente n'est plus Ia

instituições, como a idéia geral, pelo

cussão na ordem jurídica. E a última

menos, de seus antecedentes e consec-

guerra renovou com tal vigor esse im

tários;

pulso de reforma que Julian Huxley (4)

b) — o exame da posição de ambas

a considera "sintoma de uma grande transformação histórica que seguirá ine

no quadro do regime democrático;

xoravelmente seu curso, agríide-nos ou não. Uma tran.sformação para um mun

constitucional brasileiro.

c) — o confronto delas com o sistema íK

do que será mais socializado, mais regu

Slí

lado e internacionalmente mais organi

Instabilidade das relações econômicas

o intérprete e o aplicador pretendem tor ná-las intangíveis, contrariando a mobi

zado do que o mundo do século XIX,

3 — A discussão do problema pressu

(2) salienta que "Ias realidades econô micas no se preocupan mucho de Ias

to cíclico, a semelhança de outras ins tituições, são resultantes ou expressões

abstracciones jurídicas, excepto cuando

dêsse longo processo de mudança, que,

ra-as, até, por diferentes meios, quando

lidade da vida. Por isso mesmo, Tawney encuantran en ellas una mLcara con veniente para encubrir sus propios ras gos, y ei carácter de una sociedad está determinado menos por sus dereclios absfractos que por sus poderes prácticos . Rui Barbosa (3), também, sentiu esse fenômeno, tanto que em 1919, ao

bretudo no que concerne ao volume da produção, à capacidade de consumo, ao índice de ocupação e às condições do mercado externo, os estudiosos, geral

através de conflitos culturais e de in

mente, destacam o cará ter mutável da vida eco

ladas, vem alterando as bases do Estado

de economia liberal, para convcrtê-Io na

maquinismo.

qui se font jour et des productions qui s'organisent pour les satisfaire. Dans un pareil cadre. Ia notion de regime permanent n'a aucun sens et Tidée de stabilité économique res--

te assez vague". Assim, verifica-se uma instabilidade

^) I I j

"Avant le

constante,

com uma variação de

relação cuja medida de-

Claude Griison, em livro

condições culturais e ma-

dêste ano (5) — peutêtre n'aurait-il pas été impossible de Ia regarder comme une

tória de cada povo, nos

Nascidas assim, só devem ser exami

nadas, em face de qualquer Constituição, tendo em vista, precipuamente, o con

universal que as justificam. As peculia

impulso de reforma, oriundo, sobretudo,

ridades da cultura de cada povo dar-

/ ~ T

approximation valable des réalités obser-

vables: Texistence même des corporations montre qu'il n'ctait pas utopique, à cette époque, de prétendre régler et

ram e as solicitações humanas de sentido

esfera da vida nacional.

— Fondo de Cultura Econômica, México,

pende do comple.xo de teriais peculiares à bis-

diferentes estádios de sua evolução. Há

um permanente "devenir", que abre oportunidade a novas relações, a novos

negócios e ao desenvolvimento do es pírito inventivo, mas que provoca, tam

le s>'steme s)'stème corporatiste nn'a-t-il 16 a-t-ii jamais

bém, desequilíbrios tanto mais freqüen tes e prejudiciais à comunidade ou a parte dela, quanto a abstenção do J^der estatal. Esteymaior (6) assevera, igual

éte absolument genéral: sous bien des

^

stabiliser Tactivité produçtrice dans son intensité et dans sa technlque. Encore

Ihes-âo o limite de sua incidência na

(3) RUI BARBOSA — Campanha Pre sidencial (1919) — Liv. Catilina, Bahia,

sants; il y a enfin des besoins nouveau.x

desajustamentos decorrentes das osci

cresce a importância desses fatores. O

1919 — p. 159.

main-d'(]euvre

lações da vida econômica.

junto das circunstâncias que as forma

1945 — n. 163.

et une

de plus en plus réduite les besoins en une desquels elles ont été constituées, même lorsque ces besoins sont crois-

dóveloppement du machinisme, — pondera

Demais, à proporção que se acentua a mudança na estnitura da sociedade atual,

(2) H. H. TAWNEY — La Igualdad — Vers. esp. de Francisco Giner de los Rios

moyens de production de moins en moins couteux

a partir da propagação do

Trata-se de instituições geradas da ne

cessidade de prover à segurança das na

de remploi; à tout moment, il y a des sectcurs de Ia production dont les dé bouchés s'amemisent; il y a des entreprises qui peuvent satisfaire avec des

nômica, notadamente a

fôrça positiva ou atuante de nossos dias. ções e de atenuar os desequilíbrios e Oí

'

Observando-as, na multiplicidade de seus aspectos, mas, ao que parece, so

teresses, por duas vêzes já retratados em guerra e por diversas cm revoluções iso

discutír a questão social e política' no

as declarações de direitos consagrados

tureza dus relações econômicas.

2 — Ora, a planificação e o orçamen

Brasil, frisou que "as constituições são conseqüências da irresistível evolução econômica do mundo", para criticar as nossas, que^ ainda tinham "por normas BO século dezoito".

põe, dêsse modo, o conhecimento da na

que se esvai".

stabilité des besoins, des débouchés et

(4) JULIAN HUXLEY — Vlvimos una Revolución — Trad. de MIGUEL DB HERNANI — Editorial Sudamericana, Buenos Aires, 1945 — p. 220.

(5)

CLAUDE

d'une

Théorie

GRUSON

Gènérale

Esquisse

de rÉquilibre

Économique — Prosses Universitaires de

France, Paris, 1949 — p. 2.

(6) J. A. ESTEY — Tratado sobre los Ciclos Economicos — Trad. de HENRI

QUE PADILLA — Fondo de Cultura Eco nômica, México, 1948 — pgs.,13-14.


-f».

Dícesto Econômico 20

27

Digesto Econômico

segundo Estey (13), ou fase ascenden

cimento. O economista inglês (16) acen

te (pro.speridade ou expansão), fase des

tua, mesmo, que "há certo grau de re gularidade na seqüência e duração dos

mente, firmado na investigação de dados estatísticos sobre as diversas atividades, que "a flutuação e a mudança, e não a

deram ínercntc.s ao .sistema capitalista " ' (9). Outras, mais restritivas, os apre sentam como "características da lüstória

,

ponto de flexSo da curva ascendente

movimentos ascendentes e descenden

estabilidade, são

do

industrial relativamente recente e em

I

(crise) e ponto de flexão da curva des

tes". E Laufenburger (17), depois de

E adverte

particular do induslrialismo modenio que SC desenvolveu desde a época das guer ras napoleõnícas", esclarecendo que os

!

cendente (recuperação), consoante a

elucidar que a segunda guerra, como a

terminologia de Haberler (14) — va

a

característica

nosso mundo econômico".

que essas "flutuações dos negócios são de muitas espécies", comumente classi ficadas, porém, em seculares, estacio nais, cíclicas e periódicas. Flutuações cíclicas

4 — Dessas flutuações importa desta car as de natureza cíclica, por sua im portância na economia moderna e a in

fluência exercida na modificação de atitude do Estado. Haberler (7) infor ma, até, que "os economistas estão de

acôrdo em reconhecer que não se pode estudar com proveito a questão do retômo periódico da depressão econômi ca, assim como a questão conexa das cri

ses econômicas ou financeiras agudas, sem integrar esta discussão no exame

do problema mais amplo dos ciclos eco nômicos; pelo que se entende um moNamento ondulatorio que atinge o sistema econômico em seu conjunto". Os ciclos constituem, desse modo, fe

nômenos compreensivos dos demais que formam a vida econômica, e se tomam tanto mais relevantes quanto assinalados com regularidade, na Europa e nos Es

tados Unidos, desde o século 19 até, pelo menos, a primeira grande guerra (8). Há, mesmo, teorias que os consi-

cendente (depressão ou

contração),

ciclos apareceram, prínicíro, em forma definida, na Inglaterra (10).

nem sempre podem ser precisamente situados. A diversidade de forças, não

primeira, interrompeu as oscilações cí clicas, prevê que, "lorsque Ia productíon aura rejoint le niveau des besoins, le rythme dominera à nouveau Tévolution

Mas, sejam ou não uma propriedade do capitalismo, a partir clc sua formação ou de uma de suas fases, parece certo

raro contrapostas, em atuação no des

économique", acrescentando: "Aucune

riam de duração, e os limites entre elas

dobramento dos ciclos, comumente im

que os movimentos cíclicos lèm sido

pede a delimitação rigorosa de seus pe ríodos, como evita que estes alcancem

constantes no curso desse regime.

ou produzam efeitos extremos.

"Dcpuis raffirnialion du capitalisme, — assegura Laufenbtirger (11) — Tévo-

luticn cconomíquc est caracterlsée par des cycles. Des phases de dépression succèdent aux phases dc prospéritc après des crises plus ou moins violentes." É claro, pela própria interferência das cri.i^es, que e.ssas ondulações cíclicas não se reproduzem com a uniformidade dos

movimentos do maqiiinismo regulado. Há variações c singularidades, determinada.s pelas circunstâncias predominan tes no jogo das forças econômicas e dos

É de

Keyne.s (15) a observação de que "Ias fluctuaciones pueden comenzar de re pente, pero pareceu agotarse antes. de

Econômica. México.

1942 — p. 245.

(8) HENRY LAUFENBURGER — Intervencion,dei Estado en Ia Vida Econô mica —- Vers. esp. de GABRIEL FRANCO

— Fondo de Cultura Econômica, México, 1945 — p. 145; HABERLER — Ob. cit. p. 260.

mouvenient altematif de progression et de régression".

llegar a grandes extremos, y nuestro sino es Ia situacion intermedia, que no es ni dese.sperada ni satisfactoria". Daí, aliás, concluiu que "Ia teoria dei ciclo economico con fases regiilares se ha

fundado en el becho de que Ias fluctua ciones tienden a agotarse por sí solas antes de llegar a resultados extremosos y en que eventualmente se inverten".

A posição do Estado * 5 — É de notar-se, porém, que, ape sar da continuidade dessas flutuações

cíclicas e de sua extensa e profunda in fluência no conjunto das relações eco nômicas, expostas, assim, a con.stantes variações, o Estado liberal não previu

nem adotou, por largo tempo, medidas suscetíveis de estabelecer e garantir o

Todas essas circunstâncias cK>ncorrem,

equilíbrio necessário à normalidade dos negócios. Durante p século 19 especial

logicamente, para dar uma feição de

grandes ciclos — compreensivos de um

relatividade aos caracteres do fenômeno

mente, foi o espectador, formalmente

período de 50 a 60 anos — e ciclos

cíclico, vedando cálculos ou afirmações

imparcial, da competição privada,. no

econômicos propriamente ditos — em que

a alternativa das fases de prosperidade e depressão se processa em intervalos de

de rigor matemático.

livre e desordenado jogo. dos interesses

Mas, como é óbvio também, essas variações não obstam a evolução mesma

em contraste. No pressuposto de que o

3 a 12 anos (12). Ainda: as fases em

dos ciclos, nem llíes tiram os contornos

que se dividem os ciclos — prosperida

pelos quais se procede ao seu reconhe-

(9)

HENRY LAUFENBURGER — Ob.

cit. p. 145.

crativa a desigualdade crescia e anula

(14)

va a liberdade, teoricamente assegurada.

GOTTFRIED

HABERLER

Ob.

Cit. — p. 256.

(11)

Teoria General de Ia Ocupaclon, el Interés y el Dinero — Vers. esp. de Eduar

HENRY LAUFENBURGER - Trai-

(12)

GOTTFRIED

HABERLER

Ob.

nimo de mandamento inerente à essênr cia de tôda organização estatal. En

(13) J. A. ESTEY — Ob. cit. — p. 80.

(10) J. A. ESTEY — Ob. cit. - ps. 54-56. té d'Economie et de Législation Financlères — Budget et Trésor — Lib. du Recuell Sirey, Paris, 1948 — p. 177.

equilíbrio resultaria da liberdade sem freios, limitava sua intervenção ao mí

quanto isso. na prática da economia lu

(7) GOTTFRIED HABERLER — PfosFondo de Cultura

naturelles, en vertu desquelles réquilibre ne peut se réaliser que grâce à um

Além disso, há

interesses em conflito.

de, recesso, depressão e recuperação. peridad y Depresion — vers. esp. de GA BRIEL FRANCO e JAVIER MÁRQUEZ —

autorité politique ne será asscz forte

pour se substituer à Temprise des lois

(15)

JOHN

MAYNARD

KEYNES

(16) JOHN MAYNARD KEYNES — Ob • cit." — p. 302.

• (17-) HENRY LAUFENBURGER —Trai-

do Homedo — Fondo de Cultura Econô

mica, México, 1945 — p. 239.

té -^ .p. 177. .

Cit. — pgs. 258-9. .

M.

'

. ■<


-f».

Dícesto Econômico 20

27

Digesto Econômico

segundo Estey (13), ou fase ascenden

cimento. O economista inglês (16) acen

te (pro.speridade ou expansão), fase des

tua, mesmo, que "há certo grau de re gularidade na seqüência e duração dos

mente, firmado na investigação de dados estatísticos sobre as diversas atividades, que "a flutuação e a mudança, e não a

deram ínercntc.s ao .sistema capitalista " ' (9). Outras, mais restritivas, os apre sentam como "características da lüstória

,

ponto de flexSo da curva ascendente

movimentos ascendentes e descenden

estabilidade, são

do

industrial relativamente recente e em

I

(crise) e ponto de flexão da curva des

tes". E Laufenburger (17), depois de

E adverte

particular do induslrialismo modenio que SC desenvolveu desde a época das guer ras napoleõnícas", esclarecendo que os

!

cendente (recuperação), consoante a

elucidar que a segunda guerra, como a

terminologia de Haberler (14) — va

a

característica

nosso mundo econômico".

que essas "flutuações dos negócios são de muitas espécies", comumente classi ficadas, porém, em seculares, estacio nais, cíclicas e periódicas. Flutuações cíclicas

4 — Dessas flutuações importa desta car as de natureza cíclica, por sua im portância na economia moderna e a in

fluência exercida na modificação de atitude do Estado. Haberler (7) infor ma, até, que "os economistas estão de

acôrdo em reconhecer que não se pode estudar com proveito a questão do retômo periódico da depressão econômi ca, assim como a questão conexa das cri

ses econômicas ou financeiras agudas, sem integrar esta discussão no exame

do problema mais amplo dos ciclos eco nômicos; pelo que se entende um moNamento ondulatorio que atinge o sistema econômico em seu conjunto". Os ciclos constituem, desse modo, fe

nômenos compreensivos dos demais que formam a vida econômica, e se tomam tanto mais relevantes quanto assinalados com regularidade, na Europa e nos Es

tados Unidos, desde o século 19 até, pelo menos, a primeira grande guerra (8). Há, mesmo, teorias que os consi-

cendente (depressão ou

contração),

ciclos apareceram, prínicíro, em forma definida, na Inglaterra (10).

nem sempre podem ser precisamente situados. A diversidade de forças, não

primeira, interrompeu as oscilações cí clicas, prevê que, "lorsque Ia productíon aura rejoint le niveau des besoins, le rythme dominera à nouveau Tévolution

Mas, sejam ou não uma propriedade do capitalismo, a partir clc sua formação ou de uma de suas fases, parece certo

raro contrapostas, em atuação no des

économique", acrescentando: "Aucune

riam de duração, e os limites entre elas

dobramento dos ciclos, comumente im

que os movimentos cíclicos lèm sido

pede a delimitação rigorosa de seus pe ríodos, como evita que estes alcancem

constantes no curso desse regime.

ou produzam efeitos extremos.

"Dcpuis raffirnialion du capitalisme, — assegura Laufenbtirger (11) — Tévo-

luticn cconomíquc est caracterlsée par des cycles. Des phases de dépression succèdent aux phases dc prospéritc après des crises plus ou moins violentes." É claro, pela própria interferência das cri.i^es, que e.ssas ondulações cíclicas não se reproduzem com a uniformidade dos

movimentos do maqiiinismo regulado. Há variações c singularidades, determinada.s pelas circunstâncias predominan tes no jogo das forças econômicas e dos

É de

Keyne.s (15) a observação de que "Ias fluctuaciones pueden comenzar de re pente, pero pareceu agotarse antes. de

Econômica. México.

1942 — p. 245.

(8) HENRY LAUFENBURGER — Intervencion,dei Estado en Ia Vida Econô mica —- Vers. esp. de GABRIEL FRANCO

— Fondo de Cultura Econômica, México, 1945 — p. 145; HABERLER — Ob. cit. p. 260.

mouvenient altematif de progression et de régression".

llegar a grandes extremos, y nuestro sino es Ia situacion intermedia, que no es ni dese.sperada ni satisfactoria". Daí, aliás, concluiu que "Ia teoria dei ciclo economico con fases regiilares se ha

fundado en el becho de que Ias fluctua ciones tienden a agotarse por sí solas antes de llegar a resultados extremosos y en que eventualmente se inverten".

A posição do Estado * 5 — É de notar-se, porém, que, ape sar da continuidade dessas flutuações

cíclicas e de sua extensa e profunda in fluência no conjunto das relações eco nômicas, expostas, assim, a con.stantes variações, o Estado liberal não previu

nem adotou, por largo tempo, medidas suscetíveis de estabelecer e garantir o

Todas essas circunstâncias cK>ncorrem,

equilíbrio necessário à normalidade dos negócios. Durante p século 19 especial

logicamente, para dar uma feição de

grandes ciclos — compreensivos de um

relatividade aos caracteres do fenômeno

mente, foi o espectador, formalmente

período de 50 a 60 anos — e ciclos

cíclico, vedando cálculos ou afirmações

imparcial, da competição privada,. no

econômicos propriamente ditos — em que

a alternativa das fases de prosperidade e depressão se processa em intervalos de

de rigor matemático.

livre e desordenado jogo. dos interesses

Mas, como é óbvio também, essas variações não obstam a evolução mesma

em contraste. No pressuposto de que o

3 a 12 anos (12). Ainda: as fases em

dos ciclos, nem llíes tiram os contornos

que se dividem os ciclos — prosperida

pelos quais se procede ao seu reconhe-

(9)

HENRY LAUFENBURGER — Ob.

cit. p. 145.

crativa a desigualdade crescia e anula

(14)

va a liberdade, teoricamente assegurada.

GOTTFRIED

HABERLER

Ob.

Cit. — p. 256.

(11)

Teoria General de Ia Ocupaclon, el Interés y el Dinero — Vers. esp. de Eduar

HENRY LAUFENBURGER - Trai-

(12)

GOTTFRIED

HABERLER

Ob.

nimo de mandamento inerente à essênr cia de tôda organização estatal. En

(13) J. A. ESTEY — Ob. cit. — p. 80.

(10) J. A. ESTEY — Ob. cit. - ps. 54-56. té d'Economie et de Législation Financlères — Budget et Trésor — Lib. du Recuell Sirey, Paris, 1948 — p. 177.

equilíbrio resultaria da liberdade sem freios, limitava sua intervenção ao mí

quanto isso. na prática da economia lu

(7) GOTTFRIED HABERLER — PfosFondo de Cultura

naturelles, en vertu desquelles réquilibre ne peut se réaliser que grâce à um

Além disso, há

interesses em conflito.

de, recesso, depressão e recuperação. peridad y Depresion — vers. esp. de GA BRIEL FRANCO e JAVIER MÁRQUEZ —

autorité politique ne será asscz forte

pour se substituer à Temprise des lois

(15)

JOHN

MAYNARD

KEYNES

(16) JOHN MAYNARD KEYNES — Ob • cit." — p. 302.

• (17-) HENRY LAUFENBURGER —Trai-

do Homedo — Fondo de Cultura Econô

mica, México, 1945 — p. 239.

té -^ .p. 177. .

Cit. — pgs. 258-9. .

M.

'

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28

O sistema econômico dominante con

verteu-se, desse modo, num capitalis

Digesto Econômico

sequilíbrios produzidos pelas flutuaçõei

equilíbrio e de equidade no regime do laisser-faire, e imposta, dia a dia mais Intensamente, a necessidade de limitar

e regular a aquisição e o exercício dos

direitos, sobretudo no plano econômico, o Estado mudou de atitude, como é

sabido. Assumiu, gradualmente, po sição ativa. Nessa transmutação, a pró pria lógica dos sistemas políticos e eco nômicos em luta cedeu ao poder dos fatos. Tomou-se normal, embora sob o colorido diferente dos diversos ordena

mentos jurídicos, ou mesmo sem qual quer preceito legal, a aplicação, por

mitam seu pensamento à alternativa li beralismo ou socialismo, coletivismo, re

Planificação

tudando também o probelma no plano

conhecem a conveniência da planifica

6 — De fato, a economia dirigida, que, a partir do fim da guerra de 1914-1918, se introduziu, gradatívamen-

do Estado, doutrina que "a planificação podo definir-se como a eleição conscien te e deliberada de prioridades econômi cas por alguma autoridade pública", ex

pressão esta que emprega no sentido

ção. Ropke (26)> doutrinando a ne cessidade de superação dessa alternativa, sugere um "terceiro caminho", com que pretende combinar a defesa e restaxiração da liberdade econômica e a luta si

amplamente compreensivo de qualquer "organismo criado" com "certos direitos

mas, afinal, observa que isto "não quer

te, no mecanismo dos Estados, visa a

regular, sobretudo, a produção e a re

partição dos bens, as.sím como a garan tir o maior índice de ocupação, para reduzir as oscilações e os seus efeitos. É política de sistematização da ativida de econômica.

Lhomme (20) a conceituou como "a

política pela qual a autoridade procura organizar e fazer funcionar a economia

segundo plano metódico". Vale dizer, pois, que a economia di

e funções". Desse modo, total ou par

dizer, de modo algum, que deva desa conselhar-se uma reflexiva e sensata re

classificação das relações econômicas,

ca planificada não pode ser executada

lelamente, nos meios de financiá-la. Ime

nos limites do clássico orçamento ânuo.

diatamente, visa a enfrentar as conjun

reservas", como entende Benes (23),

Sem dúvida, a anualidade orçamentá ria tem o prestígio de larga tradição na generalidade dos países, embora nem em todos o exercício financeiro coinci da com o ano solar ou civil, devido,

foi aceita, sob graduações distintas, até nas democracias burguesas. E se tornou

cia parlamentar oxi política e econ^

trário da empresa privada e do mercado

tão essencial à economia contemporâ nea, como processo de supressão ou de limitação da livre concorrência, que sua prevalência definitiva é considerada ine

uso ou convenção do que por motivo de convicção (27), a sua alteração tem

meramente lucrativo pela sistematização

vitável (24), com ressalva, apenas, da

sumo, a ordenação das relações econômi

de 1929, com a depressão mundial, e, com ou sem reservas, ou "quase sem

burguesas, pela limjtaçâo de prerroga

dores de preferências e prioridades. Com efeito, a planificação, embora possa va

tivas nucleares do capitalismo liberali como, a par de outras, a propriedade

riar de tipo e de objetivos, consoantè as necessidades de cada povo e a natu

cm seus vários aspectos, a liberdade de contrato, em particular na relação de

reza das instituições políticas, representa, sempre, a substituição do critério arbi

oriunda do poder público, com a fun ção de estabilizar a economia. Quer

turas. Tanto que se propagou a contar

incerteza do fim para que se planificará

principalmente, a razões de conveniên

mica. E, não obstante esse período tradicional ser admitido mais pelo

sido rejeitada, mesmo entre os povos de

cultura viva e sempre em renovação.

Em França, Informa Trotabas (28)

dizer — segundo o claro pensamento de Landauer (21) — coordenação por meio

de um esfôrço consciente de órgão da

(22) BARBARA WOOTTON — Libertad con Planificaclón — Vers. esp. de Ja

vier Márquez — Fondo de Cultura Econô mica, México, 1946 — ps. 13-15. (23) EDUARDO BENES — Democracia

(18) WILHELM ROPKE — La Crisis Social de Nuestro Tiempo — Trad. de

(20) Lhomme apud Georges Ripert — Aspectos Jurídicos do Capitalismo Mo

Juan Medem Sanjuan — Revista de Occldente, Madrid, 1947 — pgs. 296-7. (19) RAYMOND BURROWS — Planlficacion Econômica — Teoria y Práctica — Trad. de Jullo Luelmo — Editorial Amé

derno — Trad. de Gllda Azevedo — Liv.

rica, México, 1943 — p. 275.

7 — É evidente, porém, que a políti

sob o domínio da produção e do crédito. Cria prioridades na produção e, para

cas conforme regras e princípios defini

Burrows (19), ao menos atenuar os de-

Orçamento cíclico

volvimento da riqueza pública, é uma

titutos de outro sistema. O princípio da relatividade dos direitos conquistou,

riores ao último conflito, se generalizou a convicção de que ao Estado cabe, se não neutralizar, como observa Raymond

gulação da circulação econômica .

das necessidades coletivas e de desen

i.iK, oc processos, Instrumentos ou ins

trabalho, o lucro privado. E essa mudança de atitude se acen tuou tanto que, nas duas décadas ante

multânea contra os interesses egoístas;

cial, nacional ou regional, a planificação, como política ou sistema de previsão

rigida requer ou implica, necessariamen te, planificação, que significa, em re

assim, amplo domínio nas democracias

(25). Mesmo economistas que não li

bara "Wootlon (22), por seu turno, es

econômicas.

mia de mercado, sob o império das pa forme a crítica de Ropke (18). Mas, verificada a impossibilidade de

sociedade, em vez da coordenação au

tomática que se opera no mercado. Bar

mo de monopólio, falsificador da econo tentes 8 das sociedades anônimas, con

29

Digesto EcoNÒ^aco

Edit. Freitas Bastos. Rio, 1947 — p. 228. (21)

CARL LANDAUER — Teória de

Ia Planificaclón Econômica — Vers. esp. de Javier Márquez — Fondo de Cultura

Econômica, México, 1945 — ps. 19-20.

de Hoje e de Amanhã — Trad. de Jiri Reiszman — Edlt. Calvino Ltda. 1945 — ps. 210-1.

(24) KARL MANNHEIM — Libertad y Planilicaciôn Social — Vers. esp. de Rubéz Landa — Fondo de Cultura Econômi ca, México. 1946 — p. 12.

(251 HAROLD LASKY — Refle:tíones

sobre Ia Revoluciôn de Nuestro Tiempo — Trad de José Otero Espasadin — Edi torial Abril, Buenos Aires, 1944 — P- 433. (26) WILHELM ROPKE — Ob. cit. — DS 31 e 218 a 228. principalmente. (27) J. A. ESTEY — Ob. cit. — ps. 398-400.

(28) LOUIS TROTABAS — Précis de Science et Legislation Financières — Lib. Dalloz. Paris, 1928 — ps. 54-5.


28

O sistema econômico dominante con

verteu-se, desse modo, num capitalis

Digesto Econômico

sequilíbrios produzidos pelas flutuaçõei

equilíbrio e de equidade no regime do laisser-faire, e imposta, dia a dia mais Intensamente, a necessidade de limitar

e regular a aquisição e o exercício dos

direitos, sobretudo no plano econômico, o Estado mudou de atitude, como é

sabido. Assumiu, gradualmente, po sição ativa. Nessa transmutação, a pró pria lógica dos sistemas políticos e eco nômicos em luta cedeu ao poder dos fatos. Tomou-se normal, embora sob o colorido diferente dos diversos ordena

mentos jurídicos, ou mesmo sem qual quer preceito legal, a aplicação, por

mitam seu pensamento à alternativa li beralismo ou socialismo, coletivismo, re

Planificação

tudando também o probelma no plano

conhecem a conveniência da planifica

6 — De fato, a economia dirigida, que, a partir do fim da guerra de 1914-1918, se introduziu, gradatívamen-

do Estado, doutrina que "a planificação podo definir-se como a eleição conscien te e deliberada de prioridades econômi cas por alguma autoridade pública", ex

pressão esta que emprega no sentido

ção. Ropke (26)> doutrinando a ne cessidade de superação dessa alternativa, sugere um "terceiro caminho", com que pretende combinar a defesa e restaxiração da liberdade econômica e a luta si

amplamente compreensivo de qualquer "organismo criado" com "certos direitos

mas, afinal, observa que isto "não quer

te, no mecanismo dos Estados, visa a

regular, sobretudo, a produção e a re

partição dos bens, as.sím como a garan tir o maior índice de ocupação, para reduzir as oscilações e os seus efeitos. É política de sistematização da ativida de econômica.

Lhomme (20) a conceituou como "a

política pela qual a autoridade procura organizar e fazer funcionar a economia

segundo plano metódico". Vale dizer, pois, que a economia di

e funções". Desse modo, total ou par

dizer, de modo algum, que deva desa conselhar-se uma reflexiva e sensata re

classificação das relações econômicas,

ca planificada não pode ser executada

lelamente, nos meios de financiá-la. Ime

nos limites do clássico orçamento ânuo.

diatamente, visa a enfrentar as conjun

reservas", como entende Benes (23),

Sem dúvida, a anualidade orçamentá ria tem o prestígio de larga tradição na generalidade dos países, embora nem em todos o exercício financeiro coinci da com o ano solar ou civil, devido,

foi aceita, sob graduações distintas, até nas democracias burguesas. E se tornou

cia parlamentar oxi política e econ^

trário da empresa privada e do mercado

tão essencial à economia contemporâ nea, como processo de supressão ou de limitação da livre concorrência, que sua prevalência definitiva é considerada ine

uso ou convenção do que por motivo de convicção (27), a sua alteração tem

meramente lucrativo pela sistematização

vitável (24), com ressalva, apenas, da

sumo, a ordenação das relações econômi

de 1929, com a depressão mundial, e, com ou sem reservas, ou "quase sem

burguesas, pela limjtaçâo de prerroga

dores de preferências e prioridades. Com efeito, a planificação, embora possa va

tivas nucleares do capitalismo liberali como, a par de outras, a propriedade

riar de tipo e de objetivos, consoantè as necessidades de cada povo e a natu

cm seus vários aspectos, a liberdade de contrato, em particular na relação de

reza das instituições políticas, representa, sempre, a substituição do critério arbi

oriunda do poder público, com a fun ção de estabilizar a economia. Quer

turas. Tanto que se propagou a contar

incerteza do fim para que se planificará

principalmente, a razões de conveniên

mica. E, não obstante esse período tradicional ser admitido mais pelo

sido rejeitada, mesmo entre os povos de

cultura viva e sempre em renovação.

Em França, Informa Trotabas (28)

dizer — segundo o claro pensamento de Landauer (21) — coordenação por meio

de um esfôrço consciente de órgão da

(22) BARBARA WOOTTON — Libertad con Planificaclón — Vers. esp. de Ja

vier Márquez — Fondo de Cultura Econô mica, México, 1946 — ps. 13-15. (23) EDUARDO BENES — Democracia

(18) WILHELM ROPKE — La Crisis Social de Nuestro Tiempo — Trad. de

(20) Lhomme apud Georges Ripert — Aspectos Jurídicos do Capitalismo Mo

Juan Medem Sanjuan — Revista de Occldente, Madrid, 1947 — pgs. 296-7. (19) RAYMOND BURROWS — Planlficacion Econômica — Teoria y Práctica — Trad. de Jullo Luelmo — Editorial Amé

derno — Trad. de Gllda Azevedo — Liv.

rica, México, 1943 — p. 275.

7 — É evidente, porém, que a políti

sob o domínio da produção e do crédito. Cria prioridades na produção e, para

cas conforme regras e princípios defini

Burrows (19), ao menos atenuar os de-

Orçamento cíclico

volvimento da riqueza pública, é uma

titutos de outro sistema. O princípio da relatividade dos direitos conquistou,

riores ao último conflito, se generalizou a convicção de que ao Estado cabe, se não neutralizar, como observa Raymond

gulação da circulação econômica .

das necessidades coletivas e de desen

i.iK, oc processos, Instrumentos ou ins

trabalho, o lucro privado. E essa mudança de atitude se acen tuou tanto que, nas duas décadas ante

multânea contra os interesses egoístas;

cial, nacional ou regional, a planificação, como política ou sistema de previsão

rigida requer ou implica, necessariamen te, planificação, que significa, em re

assim, amplo domínio nas democracias

(25). Mesmo economistas que não li

bara "Wootlon (22), por seu turno, es

econômicas.

mia de mercado, sob o império das pa forme a crítica de Ropke (18). Mas, verificada a impossibilidade de

sociedade, em vez da coordenação au

tomática que se opera no mercado. Bar

mo de monopólio, falsificador da econo tentes 8 das sociedades anônimas, con

29

Digesto EcoNÒ^aco

Edit. Freitas Bastos. Rio, 1947 — p. 228. (21)

CARL LANDAUER — Teória de

Ia Planificaclón Econômica — Vers. esp. de Javier Márquez — Fondo de Cultura

Econômica, México, 1945 — ps. 19-20.

de Hoje e de Amanhã — Trad. de Jiri Reiszman — Edlt. Calvino Ltda. 1945 — ps. 210-1.

(24) KARL MANNHEIM — Libertad y Planilicaciôn Social — Vers. esp. de Rubéz Landa — Fondo de Cultura Econômi ca, México. 1946 — p. 12.

(251 HAROLD LASKY — Refle:tíones

sobre Ia Revoluciôn de Nuestro Tiempo — Trad de José Otero Espasadin — Edi torial Abril, Buenos Aires, 1944 — P- 433. (26) WILHELM ROPKE — Ob. cit. — DS 31 e 218 a 228. principalmente. (27) J. A. ESTEY — Ob. cit. — ps. 398-400.

(28) LOUIS TROTABAS — Précis de Science et Legislation Financières — Lib. Dalloz. Paris, 1928 — ps. 54-5.


30

Dicesto Econômico 31

Digesto Econômico

que "diverses propositioas tendant à rendre le budget biennal furent-eUes tou-

jours repoussées. Cest exceptionnellement que, sans réaliser daílleurs un

budget biennal proprement dít, le bud get de 1923 fut declare parHellement applicable à rexercice 1924".

Mas, a necessidade crescente de libe

rar o govêmo do excesso de rigidez for mal, ò aumento constante das funções do Estado no campo social e econômico e

financeiro, com a conseqüente comple

xidade dos empreendimentos oficiais ocorrências da vida parlamentar, deter minaram a adoção de providências e ar-

Wicios para contornar, superar ou abran dar a anualidade orçamentária. Os orça mentos extraordinários, que em França por exemplo, desde 1878 ingressaram, ein sua verdadeira acepção", na conta-

biüdade orçamentária, vigorando até 1391, segundo revela Stourm (29); a distinção ou a preferência entre o crité

rio de gestão" e o de "exercício", com preendendo este "Fensemble des opéra-

tions de depenses et de recettes prévues et autorisées pour une année et effec-

tuées penda,H et après les douze mois de cette année, — o que importa em complementar"

(30); os créditos anuais permanentes da

constitucional de 1926, para evilar a falta de lei de meios no exercício sub sequente; o próprio "régime provisoire

mando a necessidade de seu ecpiiUbrio

des budgets trímestriels, englobés ul-

employer à faire face aux déficits de Ia pbasc ultéiiture de déclin, en parti-

térieuremcnt, .sons réservo dc rectifica-

culicr à financer les travaux de circons-

tituição francesa de 1946 consagra o

tions commandées par le.s circonstances,

táncc. Mais c'est le plus souvent au I •! ; • ■ .'cpression niême que se

principio da precedência das despesas, visto que atribui a iniciativa. delas aos

(32); — todas essas fórmulas e medi

fait sentir Topportunité d'une gcstion

deputados à Assembléia Nacional (art.

das conduzem, direta ou indiretamente,

"conjonctureUé

17). Êsse critério, aliás, de proponderância das de.spesas, ou de certas des pesas, não é recente, ainda que o seja

dans un budget annuel récapitulatir'

despesas necessárias" (31); a prorroga ção do orçamento, facultada, ou pres crita, como entre nos desde a reforma

(30) LOUIS TROTABAS — Ob cit — ps. 36-7.

(31)^ CARLOS MAXIMILIANO — Co mentários à Constituição Brasileira — Lív

Edit. Eleitas, Rio, 1948 — Vol. II, p. 125.

FEtat

émettra des emprunts dont le produit

anualidade orçamentária, que, aliás, não vigora na totalidade das legislações. Nos

será cmployé à animer réconomie na-

Estados Unidos, 42 Estados têm orça

mentos bienais, adotando Alabama, por exceção, o período de quatro anos (33).

Por outro lado, a planificação econô mica, prevendo c dispondo para "um

tionale et dont Ic remboursement scra

pris en cbarge par les budgets de Ia reprise". Assim, os e.xcedentes ou saldos da fase

de prosperidade atenderão às despesas ou necessidades da fase de depressão,

período determinado do futuro", tran.s-

criando-se um elo de solidariedade fi

põc, nccessàriamenie, o quadro do orça mento ánuo. Impõe orçamento de longa

nanceira em todo o curso do ciclo.

duração, xisto que os empreendimentos, as normas e os recursos que estabelece não podem efetivar-se no curso de ilm ano, nem este período basta para con

firmar ou retificar as provisões feitas. O orçamento cíclico ou plurianual é, portantó, o instrumento financeiro por

meio do qual se realiza a política planificada. Tendo em vista as flutuações econômicas, naturalmente perturbado

resen'as e o dos créditos por antecipa

O

equilíbrio orçamentário se realiza, pois, não em cada ano, mas pelo ciclo, gas tando o governo na. depressão, para evitar o colapso, c economizando na ex

locais, a Bélgica, a Finlândia e a Sué cia são apontadas como os países pio neiros da compensação cíclica.

França, desde 1930, as óhamadas "lois

missos".

Planificação, orçamento cíclico e democracia

de programme/', destinadas principalmen

8 — Mas, em que pese a lição sobe

te ao preparo da defesa nacional o ela

rana dos fatos, tem sido discutida a

boradas, por isso mesmo, para execução parcelada mas contínua,: por vários anos,

pondent dans les budgets des annés cou-

pourra

vrant Ia durréc d'exécution du programme" (35). Ê, em verdade, a entrosa-

gem do plano ou orçamento cíclico no

HENRY LAUFENBURGER - Trai-

de até reduzir-se à fome, para manter a

Em

ensina Laufenburger (34) — TEtat

- (34)

cia lhos impõem. Sua condição niu> é idêntica à do pai de família, à do indi sua honra e satisfazer os seus compro

est amorcée en periode de prospérité, —

(32) HENRY LAUFENBURGER - Traite" — p. 79. (33) SCHULTZ — American Public Finance, N. y., 1942 — ps. 138-9.

nações não podem eximir-se a encargos,

quando as necessidades de sua existên

Com singularidades e variações de correntes de circunstâncias especiais ou

tion des annuités de paiement coires-

des réserves et les

organização das finanças republicanas, ponderava "que há despesas necessárias, sagradas, fatais no orçamento das na ções; e é só depois de ler avaliado a importância desses sacrifícios inevitáveis, que o legislador vai fixar a receita. As

víduo previdente e morigerado, que po

obrigaram a que fosse feita 'Tinscríp-

accumuler

a sua sistematização. Entre nós, Rui Barbosa (36), em 1890, examinando a

pansão, como medida anti-inflacionária.

ção. "Si Ia politique cyclíque du budget

.(29). RENÉ STOURM — Le Budget — Lib. Guiliaumin et Cte., Paris. 1896 — ps ^23-232

budgets:

a superar, contornar ou abrandar a

pratica inglesa e americana, assim con- • ras das previsões estabelecidas, a teoria do orçamento cíclico sugere dois méto siderados "os decorrentes de impostos dos para assegurar o equilíbrio: o das

anteriormente votados o aplicáveis às

des

com a receita. Efethamente; e a Cons

ordinário, anual.

Dír-se-á que êsse regime, dá prece dência às despesas públicas, subesti

compossibilidade do orçamento cíclico e da planificação com o regime demo crático.

Sem dúvida, a planificação restringe a liberdade econômica, regulando-a; am

plia as limitações ao direito de proprie dade, para garantia de execução das normas estabelecidas; se total, anula ria a iniciativa prix'ada e o critério de preferência do consumidor. Pode, assim, (36) RUI BARBOSA — Obras Comple

té — ps. 222-3.

tas, Vol. XVII, 1890 (35) HENRY LAUFENBURGER — Traité — ps. 228 e 86. principalmente.

Tomo 1 — A Cons

tituição de 1891 — Minist. da Educ. e Saú de, Rio, 1946 — p. 176.


30

Dicesto Econômico 31

Digesto Econômico

que "diverses propositioas tendant à rendre le budget biennal furent-eUes tou-

jours repoussées. Cest exceptionnellement que, sans réaliser daílleurs un

budget biennal proprement dít, le bud get de 1923 fut declare parHellement applicable à rexercice 1924".

Mas, a necessidade crescente de libe

rar o govêmo do excesso de rigidez for mal, ò aumento constante das funções do Estado no campo social e econômico e

financeiro, com a conseqüente comple

xidade dos empreendimentos oficiais ocorrências da vida parlamentar, deter minaram a adoção de providências e ar-

Wicios para contornar, superar ou abran dar a anualidade orçamentária. Os orça mentos extraordinários, que em França por exemplo, desde 1878 ingressaram, ein sua verdadeira acepção", na conta-

biüdade orçamentária, vigorando até 1391, segundo revela Stourm (29); a distinção ou a preferência entre o crité

rio de gestão" e o de "exercício", com preendendo este "Fensemble des opéra-

tions de depenses et de recettes prévues et autorisées pour une année et effec-

tuées penda,H et après les douze mois de cette année, — o que importa em complementar"

(30); os créditos anuais permanentes da

constitucional de 1926, para evilar a falta de lei de meios no exercício sub sequente; o próprio "régime provisoire

mando a necessidade de seu ecpiiUbrio

des budgets trímestriels, englobés ul-

employer à faire face aux déficits de Ia pbasc ultéiiture de déclin, en parti-

térieuremcnt, .sons réservo dc rectifica-

culicr à financer les travaux de circons-

tituição francesa de 1946 consagra o

tions commandées par le.s circonstances,

táncc. Mais c'est le plus souvent au I •! ; • ■ .'cpression niême que se

principio da precedência das despesas, visto que atribui a iniciativa. delas aos

(32); — todas essas fórmulas e medi

fait sentir Topportunité d'une gcstion

deputados à Assembléia Nacional (art.

das conduzem, direta ou indiretamente,

"conjonctureUé

17). Êsse critério, aliás, de proponderância das de.spesas, ou de certas des pesas, não é recente, ainda que o seja

dans un budget annuel récapitulatir'

despesas necessárias" (31); a prorroga ção do orçamento, facultada, ou pres crita, como entre nos desde a reforma

(30) LOUIS TROTABAS — Ob cit — ps. 36-7.

(31)^ CARLOS MAXIMILIANO — Co mentários à Constituição Brasileira — Lív

Edit. Eleitas, Rio, 1948 — Vol. II, p. 125.

FEtat

émettra des emprunts dont le produit

anualidade orçamentária, que, aliás, não vigora na totalidade das legislações. Nos

será cmployé à animer réconomie na-

Estados Unidos, 42 Estados têm orça

mentos bienais, adotando Alabama, por exceção, o período de quatro anos (33).

Por outro lado, a planificação econô mica, prevendo c dispondo para "um

tionale et dont Ic remboursement scra

pris en cbarge par les budgets de Ia reprise". Assim, os e.xcedentes ou saldos da fase

de prosperidade atenderão às despesas ou necessidades da fase de depressão,

período determinado do futuro", tran.s-

criando-se um elo de solidariedade fi

põc, nccessàriamenie, o quadro do orça mento ánuo. Impõe orçamento de longa

nanceira em todo o curso do ciclo.

duração, xisto que os empreendimentos, as normas e os recursos que estabelece não podem efetivar-se no curso de ilm ano, nem este período basta para con

firmar ou retificar as provisões feitas. O orçamento cíclico ou plurianual é, portantó, o instrumento financeiro por

meio do qual se realiza a política planificada. Tendo em vista as flutuações econômicas, naturalmente perturbado

resen'as e o dos créditos por antecipa

O

equilíbrio orçamentário se realiza, pois, não em cada ano, mas pelo ciclo, gas tando o governo na. depressão, para evitar o colapso, c economizando na ex

locais, a Bélgica, a Finlândia e a Sué cia são apontadas como os países pio neiros da compensação cíclica.

França, desde 1930, as óhamadas "lois

missos".

Planificação, orçamento cíclico e democracia

de programme/', destinadas principalmen

8 — Mas, em que pese a lição sobe

te ao preparo da defesa nacional o ela

rana dos fatos, tem sido discutida a

boradas, por isso mesmo, para execução parcelada mas contínua,: por vários anos,

pondent dans les budgets des annés cou-

pourra

vrant Ia durréc d'exécution du programme" (35). Ê, em verdade, a entrosa-

gem do plano ou orçamento cíclico no

HENRY LAUFENBURGER - Trai-

de até reduzir-se à fome, para manter a

Em

ensina Laufenburger (34) — TEtat

- (34)

cia lhos impõem. Sua condição niu> é idêntica à do pai de família, à do indi sua honra e satisfazer os seus compro

est amorcée en periode de prospérité, —

(32) HENRY LAUFENBURGER - Traite" — p. 79. (33) SCHULTZ — American Public Finance, N. y., 1942 — ps. 138-9.

nações não podem eximir-se a encargos,

quando as necessidades de sua existên

Com singularidades e variações de correntes de circunstâncias especiais ou

tion des annuités de paiement coires-

des réserves et les

organização das finanças republicanas, ponderava "que há despesas necessárias, sagradas, fatais no orçamento das na ções; e é só depois de ler avaliado a importância desses sacrifícios inevitáveis, que o legislador vai fixar a receita. As

víduo previdente e morigerado, que po

obrigaram a que fosse feita 'Tinscríp-

accumuler

a sua sistematização. Entre nós, Rui Barbosa (36), em 1890, examinando a

pansão, como medida anti-inflacionária.

ção. "Si Ia politique cyclíque du budget

.(29). RENÉ STOURM — Le Budget — Lib. Guiliaumin et Cte., Paris. 1896 — ps ^23-232

budgets:

a superar, contornar ou abrandar a

pratica inglesa e americana, assim con- • ras das previsões estabelecidas, a teoria do orçamento cíclico sugere dois méto siderados "os decorrentes de impostos dos para assegurar o equilíbrio: o das

anteriormente votados o aplicáveis às

des

com a receita. Efethamente; e a Cons

ordinário, anual.

Dír-se-á que êsse regime, dá prece dência às despesas públicas, subesti

compossibilidade do orçamento cíclico e da planificação com o regime demo crático.

Sem dúvida, a planificação restringe a liberdade econômica, regulando-a; am

plia as limitações ao direito de proprie dade, para garantia de execução das normas estabelecidas; se total, anula ria a iniciativa prix'ada e o critério de preferência do consumidor. Pode, assim, (36) RUI BARBOSA — Obras Comple

té — ps. 222-3.

tas, Vol. XVII, 1890 (35) HENRY LAUFENBURGER — Traité — ps. 228 e 86. principalmente.

Tomo 1 — A Cons

tituição de 1891 — Minist. da Educ. e Saú de, Rio, 1946 — p. 176.


32

DiGiiSTO Econômico

facilitar o abuso de império, do que é exemplo a experiência dos Estados to talitários.

cia, sobretudo se atentarmos cm que

Contudo, a complexidade crescente de vida das comunidades civilizadas tem de

esta, em

nossos dia.s, se caracteriza,

monstrado a necessidade de um mínimo

acentuadamente, pela igualdade efetiva. Ao contrário. Visto o problema sob êste

de planifícação, independentemente da

aspecto, a planifícação fortalecerá a de

natureza das instituições políticas. Quan to mais densa se torna a vida de um povo, tanto menos lhe é possível conferir

à ordem privada o controle dos fatos que incidem no círculo dos interesses mate

riais dos indivíduos e de suas organiza

ções de finalidade lucrativa. A inter venção do Estado se impõe como condi

ção de equilíbrio, e, por isso mc.smo, nao deve ser abusiva, nem absorvente. Conforme adverte Lasky (37), não há necessidade de que o Estado tome a

»

Não há, portanto, incompatibilidade necessária entre planifícação e democra

seu cargo tôda a agricultura e toda a

mdustna basta que se reserve o "monopol.o de certas áreas de vital impor tância . Por outro lado, para isso não e preciso constrangimento nem violên cia, como norma. Embora requeira ener

gia, a política planificada pode desen volver-se por "procedimentos suaves"

mocracia, suprimindo, ou ao monos re duzindo, a contradição entre uma for

(37) HAROLD LASKY — Ob. cit. —— ps

comum contra a ditadura. E a transa

to, não pode ser intrinsecamcnte anti

ção se deu mais entre os próprios libe rais do que entre estes e os espíritos

tar anualmente o orçamento da receita e

democrático.

renovados e reformistas.

Ora, se a planifícação desempenlia esse papel, o orçamento cíclico, que a consubstancia ou lhe serve do intrumen-

Verdade é que o orçamento plurianual,

Temistocles

Cavalcanti (41) a qualifica bem: "Tra

contrariando a tradição, furtará ao Par

ta-se de uma Constituição liberal, de

lamento, se não fôr adotado processo es

fundo democrático, timidamente pro

pecial de vigilância, o e.vamc, em curtos períodos, das atividades financeiras do

governo. Daí a possibilidade de abuso e de usurpação de autoridade. É sem pre lembrado o que ocorria no Império Alemão com os orçamentos militare.s, vo

tados para um período de sete anos. Mas, de outro lado, é de notar-se que os princípios clássicos do orçamen

financeira.

O problema na consHtiiiç<ro brasileira

gressista, como transação discreta com

algumas correntes mais avançadas que influíram na sua elaboração". Com preende-se, aliás, que haja sido modela

da nesse estilo, quer pela composição

da Constituinte, predominantemente li beral, quer porque a aspiração nacional se traduzia, sobretudo, no anseio por um instrumento de garantias, sem preocupa

ção fundamental quanto ao seu sentido inovador. Interpretando esse fenôme-

(40) CARL LANDAUER — Ob. cit. — ps. 217-230.

Quanto ao orçamento, consagrou as

era explícito", usava esta expressão: "vo despesa", e explica: "a Emenda 967 fez prevalecer a forma hodierna, sob o fun damento de ser o orçamento imperiosa mente anual"... De fato, o art. 65,

ao fixar a competência do Congresso Nacional, se refere, apenas, a votar o orçamento. Não nos parece, entretanto,

pela própria exposição aqui desenvol vida, que a anualidade seja regra impe riosa. E está assegurada na Constitui

ção de ,1946 pelo disposto, entre outros, nos artigos 74 e 77, § 4.®. Contudo, e apesar da proibição cons tante do art. 73, § 1.°, não há impedi

mento 4 concessão de recursos plurianuais, como o e.xige o orçamento cí

frisou que a função da Constituinte era

clico.

menos uma tarefa criadora do que uma

No art. 74, a Constituição prescreve

obra de restauração, pela qual a Na-

a prorrogação automática do orçamento,

Çao reencontrava os caminhos da sua

se o do exercício seguinte não for en viado à sanção até 30 de novembro -

tradição, vendo nêles a própria organi

o que vale, pràticaraente, tornar bienal

zação da liberdade.

constitucional brasileiro, estruturando, como estrutura, um regime democrático,

municípios.

no, o deputado Nestór Duarte (42)

9 — Assim, lògicamente, o sistema

p. 191.

(39) JULIAN HUXLEY — Ob. cit —

vou, ressalvada a parte relativa à dis

regras clássicas (art. 73). O Minis tro Carlos Maximiliano (43), depois de assinalar que "o Projeto de Constituição

aristocrática (40).

(38) CARL LANDAUER — Ob cit. —

ps. 191-2.

tribuição das rendas, em que é profun

rogênea, cujas forças integrantes sô es tiveram parcialmente unidas no empenho

ma democrática de governo c uma constituição econômica essencialmente

gional", de acôrdo com a informação E, dentro desse novo quadro, não há de Landauer (38), a TVA é, também, obstáculo 'maior à fixação de um pro um modêlo de regulação democrática, cesso regular de verificação da política

434 e 473.

ra contém preceituação incompatível com a planifícação e o orçamento cí

cerne, por exemplo, à organização admi

damente distinta das anteriores, em par

pelas novas instituições e necessidades.

gundo o testemunho de Hu.xley (39).

nistrativa e financeira, em pouco ino

ticular pelos benefícios assegurados aos

destacado da planifícação econômica re-,

da persuasão, o consentimento e par

Claro é que, forjada nessas circuns tâncias, a Constituição não poderia ser grandemente inovadora. No que con

Como as Constituições anteriores, a de 1946 é obra de transação, resultante dos trabalhos de uma Assembléia hete

to estão sofrendo as mutações impostas

ticipação de todos os interessados, se

não deve conduzir a solução diversa

da conclusão geral estabelecida. É .sabido, porém, que o direito não á apenas lógica, e, por isso, importa indagar se a atual Constituição brasilei clico.

pela "persuasão", e dessa prática é prova edificante, numa democracia capitalista, o funcionamento da "Tennessee Valley Authority". Sendo "o exemplo mais

em constante aperfeiçoamento na busca

96

Dicesto Econômico

(41) TEMISTOCLES CAVALCANTI

A Constituição Federal Comentada — Jo sé Konfino, Rio. 1948 — Vol. I — p. VI. (42) NESTOR DUARTE ~ Discurso na Assembléia Constituinte — Publicado em "A Tarde", edição de 20-6-946.

a previsão, originàriamente anua. De pois, prevê a aplicação, por anos su cessivos, de recursos destinados a ser(43)

CARLOS MAXIMILIANO- — Ob. e

vol. cits. — p. 120.


32

DiGiiSTO Econômico

facilitar o abuso de império, do que é exemplo a experiência dos Estados to talitários.

cia, sobretudo se atentarmos cm que

Contudo, a complexidade crescente de vida das comunidades civilizadas tem de

esta, em

nossos dia.s, se caracteriza,

monstrado a necessidade de um mínimo

acentuadamente, pela igualdade efetiva. Ao contrário. Visto o problema sob êste

de planifícação, independentemente da

aspecto, a planifícação fortalecerá a de

natureza das instituições políticas. Quan to mais densa se torna a vida de um povo, tanto menos lhe é possível conferir

à ordem privada o controle dos fatos que incidem no círculo dos interesses mate

riais dos indivíduos e de suas organiza

ções de finalidade lucrativa. A inter venção do Estado se impõe como condi

ção de equilíbrio, e, por isso mc.smo, nao deve ser abusiva, nem absorvente. Conforme adverte Lasky (37), não há necessidade de que o Estado tome a

»

Não há, portanto, incompatibilidade necessária entre planifícação e democra

seu cargo tôda a agricultura e toda a

mdustna basta que se reserve o "monopol.o de certas áreas de vital impor tância . Por outro lado, para isso não e preciso constrangimento nem violên cia, como norma. Embora requeira ener

gia, a política planificada pode desen volver-se por "procedimentos suaves"

mocracia, suprimindo, ou ao monos re duzindo, a contradição entre uma for

(37) HAROLD LASKY — Ob. cit. —— ps

comum contra a ditadura. E a transa

to, não pode ser intrinsecamcnte anti

ção se deu mais entre os próprios libe rais do que entre estes e os espíritos

tar anualmente o orçamento da receita e

democrático.

renovados e reformistas.

Ora, se a planifícação desempenlia esse papel, o orçamento cíclico, que a consubstancia ou lhe serve do intrumen-

Verdade é que o orçamento plurianual,

Temistocles

Cavalcanti (41) a qualifica bem: "Tra

contrariando a tradição, furtará ao Par

ta-se de uma Constituição liberal, de

lamento, se não fôr adotado processo es

fundo democrático, timidamente pro

pecial de vigilância, o e.vamc, em curtos períodos, das atividades financeiras do

governo. Daí a possibilidade de abuso e de usurpação de autoridade. É sem pre lembrado o que ocorria no Império Alemão com os orçamentos militare.s, vo

tados para um período de sete anos. Mas, de outro lado, é de notar-se que os princípios clássicos do orçamen

financeira.

O problema na consHtiiiç<ro brasileira

gressista, como transação discreta com

algumas correntes mais avançadas que influíram na sua elaboração". Com preende-se, aliás, que haja sido modela

da nesse estilo, quer pela composição

da Constituinte, predominantemente li beral, quer porque a aspiração nacional se traduzia, sobretudo, no anseio por um instrumento de garantias, sem preocupa

ção fundamental quanto ao seu sentido inovador. Interpretando esse fenôme-

(40) CARL LANDAUER — Ob. cit. — ps. 217-230.

Quanto ao orçamento, consagrou as

era explícito", usava esta expressão: "vo despesa", e explica: "a Emenda 967 fez prevalecer a forma hodierna, sob o fun damento de ser o orçamento imperiosa mente anual"... De fato, o art. 65,

ao fixar a competência do Congresso Nacional, se refere, apenas, a votar o orçamento. Não nos parece, entretanto,

pela própria exposição aqui desenvol vida, que a anualidade seja regra impe riosa. E está assegurada na Constitui

ção de ,1946 pelo disposto, entre outros, nos artigos 74 e 77, § 4.®. Contudo, e apesar da proibição cons tante do art. 73, § 1.°, não há impedi

mento 4 concessão de recursos plurianuais, como o e.xige o orçamento cí

frisou que a função da Constituinte era

clico.

menos uma tarefa criadora do que uma

No art. 74, a Constituição prescreve

obra de restauração, pela qual a Na-

a prorrogação automática do orçamento,

Çao reencontrava os caminhos da sua

se o do exercício seguinte não for en viado à sanção até 30 de novembro -

tradição, vendo nêles a própria organi

o que vale, pràticaraente, tornar bienal

zação da liberdade.

constitucional brasileiro, estruturando, como estrutura, um regime democrático,

municípios.

no, o deputado Nestór Duarte (42)

9 — Assim, lògicamente, o sistema

p. 191.

(39) JULIAN HUXLEY — Ob. cit —

vou, ressalvada a parte relativa à dis

regras clássicas (art. 73). O Minis tro Carlos Maximiliano (43), depois de assinalar que "o Projeto de Constituição

aristocrática (40).

(38) CARL LANDAUER — Ob cit. —

ps. 191-2.

tribuição das rendas, em que é profun

rogênea, cujas forças integrantes sô es tiveram parcialmente unidas no empenho

ma democrática de governo c uma constituição econômica essencialmente

gional", de acôrdo com a informação E, dentro desse novo quadro, não há de Landauer (38), a TVA é, também, obstáculo 'maior à fixação de um pro um modêlo de regulação democrática, cesso regular de verificação da política

434 e 473.

ra contém preceituação incompatível com a planifícação e o orçamento cí

cerne, por exemplo, à organização admi

damente distinta das anteriores, em par

pelas novas instituições e necessidades.

gundo o testemunho de Hu.xley (39).

nistrativa e financeira, em pouco ino

ticular pelos benefícios assegurados aos

destacado da planifícação econômica re-,

da persuasão, o consentimento e par

Claro é que, forjada nessas circuns tâncias, a Constituição não poderia ser grandemente inovadora. No que con

Como as Constituições anteriores, a de 1946 é obra de transação, resultante dos trabalhos de uma Assembléia hete

to estão sofrendo as mutações impostas

ticipação de todos os interessados, se

não deve conduzir a solução diversa

da conclusão geral estabelecida. É .sabido, porém, que o direito não á apenas lógica, e, por isso, importa indagar se a atual Constituição brasilei clico.

pela "persuasão", e dessa prática é prova edificante, numa democracia capitalista, o funcionamento da "Tennessee Valley Authority". Sendo "o exemplo mais

em constante aperfeiçoamento na busca

96

Dicesto Econômico

(41) TEMISTOCLES CAVALCANTI

A Constituição Federal Comentada — Jo sé Konfino, Rio. 1948 — Vol. I — p. VI. (42) NESTOR DUARTE ~ Discurso na Assembléia Constituinte — Publicado em "A Tarde", edição de 20-6-946.

a previsão, originàriamente anua. De pois, prevê a aplicação, por anos su cessivos, de recursos destinados a ser(43)

CARLOS MAXIMILIANO- — Ob. e

vol. cits. — p. 120.


Dicesto Econômico

35

Digesto Econômico

viços de imediato ou vital interesse na

lei anterior". Parece, assim, que é admi

cional — o que importa em incluí-los, obrigatória e anualmente, no orçamento,

tido um plano do de.spcsas fixas, desde que estabelecido em lei, que, por êsse

durante os períodos estabelecidos para execução dos planos traçados. Assim; o

are. 198 estipula que, "na .execução do plano de defesa contra os efeitos da de nominada sêea do Nordeste, a União despenderá, anualmente, com as obras e os serviços de assistência econômica e

social, quantia nunca inferior a três por cento da sua renda tributária", e obriga os Estados compreendidos naquela área a Iguais gastos "na construção de açudes, peJo regime de cooperação, e noutros serviços necessários à assistência das suas

populações" (^2.0). o ort. 199 pres-

creve que, "na execução do plano de

valonzaçao econômica da Amazônia, a Untao aplicará, durante, pelo menos, vinte anos consecutivos, quantia não in-

fenor a três por cento da sua' renda tributam. £ os Estados e os Territónos estão sujeitos à mesma obrigação

(paragrafo u^nico). Demais, no aS. 29 do Ato das Disposições Transitórias pre-

vosto está que "o Govêmo Federal fica

obrigado, dentro do prazo de vinte anos, a contar da data da promulgação desta

dispositivo como pelo § 34 do art. 141, goza de superioridade sobre o orçamen

to. Destarte — já o afirmou o deputado Aliomar Baleeiro — haverá uma cnlro-

sagem do "plano" ou "orçamento cí clico" no orçamento ordinário, , anual: esto obedecerá à lei do plano, contem

plando as dotações neste previstas.

Prova dessa possibilidade é o Plano Salte, inegavelmente uma tentati\'a de

cil demonstrar-se que a planificação e o

pretando, estende, como lhe parece justo

orçamento cíclico se harmonizam com

ou necessário, a compreensão da nor

a Constituição de 1946, invocando a interpretação construtiva dos textos constitucionais, criada pela doutrina e a jurisprudência. Rui (45) nos ensinou

ma constitucional. Não há muito; mes

que "as constituições não se adotam para tiranizar, mas para escudar a consciên

cia dos povos". E o exemplo norteamericano é digno de ser sempre posto em relevo. Depois de naturais dúvidas, a Suprema Corte dos Estados Unidos passou a interpretar a Constituição de

acôrdo com a evolução histórica, consi-

derando-a "destinada a perdurar du

mudança na orientação da vida econô

rante séculos e, em conseqüência, a

mica e financeira nacional.

adaptar-se as diversas crises das ques

Dizem-no,

claramente, a Mensagem presidencial que o justifica e o Projeto de Lei que o aprova (44). Saliente-se, apenas,

que, se o art. 1.° deste Projeto sc refe

tões humanas" (46). E tanto ampliou o seu poder de construção da inteligência

do têxto que Hughes (47), quando Go vernador do Estado de Nova York, pro

re a "programas de trabalho a serem executados, em conjunto, durante os exer

clamou: "Vivemos sob uma Constitui

cícios de 1949 a 1953, com o objetivo de proporcionar melhores condições de

juizes dizer que seja".

ção; mas a Constituição é o que os No Brasil, o Supremo Tribunal Fe

saiide, de produção agropecuária em

deral ainda não exerce tão amplamente

particular, de alimentos, de transportes e de energia", O'seu art. 4.° determina:

suas atribuições. Mas, por vêzes, inter-

mo, fixando os limites da competência

dos Estados, deu interpretação extensiva

ao preceito que impõe a obsen'ância dos princípios constitucionais da União (Art.

7.'^, VII), ao que informa Temístocles Cavalcanti (48).

Nestas condições, interpretadas e apli cadas com inteligência e espírito públi co, as constituições podem adaptar-se às inovações do progresso e às variações gerais da \ida humana, não obstante a limitação dos textos.

No que respeita aos fatos econômicos 6 financeiros, podem segui-los e ordenálos, inclusive a brasileira, sem prejuízo

dos princípios essenciais do regime de mocrático. De modo geral, basta, para tantoy que seja, definitiva e corajosa mente, assentada a convicção de que

"a liberdade implica a ausência de li mitações arbitrárias, não a imunidade frente a regulamentações ou proibições

razoáveis, impostas no interesse da co munidade" (49).

"O orçamento da União consignará, su

Conclusão

cessivamente, ao Plano Salte, nos exer

BARBOSA

Discurso

do

Constituição, a traçar e executar um

cícios de 1949 a 1953, as dotações de 1.100, 1.500, 1.850, 2.100 e 3.130 mi

— In Elogios e Orações, «ío, 1924 — p. 314.

10 — Ante o exposto, concluímos pela

®I>"WARD CORWIN — La Consti-

sibilidades econômicas do Rio São Fran

lhões de cruzeiros, além das parcelas de 240, 315, 340, 310 e 315 milhões,

rfi " An^ericana y su actual Significa-

compatibilidade do orçamento cíclico e da planificação com a Constituição de

plano de aproveitamento total das pos

cisco e seus afluentes, no qual aplicará, anualmente, quantia não inferior a uni por cento de suas rendas tributárias". Como se vê, todos êsses casos constituem planos de longa duração, a serem exe

cutados por entrosamento no orçamento ânuo.

A par disso, o § 2.° do art. 73 - nor

ma de ordem geral — preceitua que no orçamento da despesa, ao lado da va

deduzidas, naqueles mesmos exercícios, das dotações com destinação compulsó

... Trad. de Rafael Demaria — Edit. Ki*aft Ltda., Buenos Aires,

(47) CHARLES EVANS HUGHES — La

^uprema Côrte de Estados Unidos —Trad.

(48) temístocles CAVALCANTI —

ria, de acordo com os dispositivos cons

de Roberto Pasquel e Vicente Herrero — 7®ndo de Cultura Econômica, México,

Ob. cit. Vol. I — ps. 277-8.

titucionais".

1946 — p. 7.

Ob. cit. — p. 188.

Trata-se, pois, de um projeto de lei de programa, um ensaio de planificação, com orçamento para longo período. Ainda, porém, que não ocorressem tôdas essas circunstâncias, não seria difí-

riável, Há uma parte "fixa, que não po derá ser alterada seiião em virtude de

1946.

1942 — Abertura.

(44) "Diário do Congresso Nacional", de 19-5-948.

1

S f.i il'' . «-V ^

(49) CHARLES EVANS HUGHES —


Dicesto Econômico

35

Digesto Econômico

viços de imediato ou vital interesse na

lei anterior". Parece, assim, que é admi

cional — o que importa em incluí-los, obrigatória e anualmente, no orçamento,

tido um plano do de.spcsas fixas, desde que estabelecido em lei, que, por êsse

durante os períodos estabelecidos para execução dos planos traçados. Assim; o

are. 198 estipula que, "na .execução do plano de defesa contra os efeitos da de nominada sêea do Nordeste, a União despenderá, anualmente, com as obras e os serviços de assistência econômica e

social, quantia nunca inferior a três por cento da sua renda tributária", e obriga os Estados compreendidos naquela área a Iguais gastos "na construção de açudes, peJo regime de cooperação, e noutros serviços necessários à assistência das suas

populações" (^2.0). o ort. 199 pres-

creve que, "na execução do plano de

valonzaçao econômica da Amazônia, a Untao aplicará, durante, pelo menos, vinte anos consecutivos, quantia não in-

fenor a três por cento da sua' renda tributam. £ os Estados e os Territónos estão sujeitos à mesma obrigação

(paragrafo u^nico). Demais, no aS. 29 do Ato das Disposições Transitórias pre-

vosto está que "o Govêmo Federal fica

obrigado, dentro do prazo de vinte anos, a contar da data da promulgação desta

dispositivo como pelo § 34 do art. 141, goza de superioridade sobre o orçamen

to. Destarte — já o afirmou o deputado Aliomar Baleeiro — haverá uma cnlro-

sagem do "plano" ou "orçamento cí clico" no orçamento ordinário, , anual: esto obedecerá à lei do plano, contem

plando as dotações neste previstas.

Prova dessa possibilidade é o Plano Salte, inegavelmente uma tentati\'a de

cil demonstrar-se que a planificação e o

pretando, estende, como lhe parece justo

orçamento cíclico se harmonizam com

ou necessário, a compreensão da nor

a Constituição de 1946, invocando a interpretação construtiva dos textos constitucionais, criada pela doutrina e a jurisprudência. Rui (45) nos ensinou

ma constitucional. Não há muito; mes

que "as constituições não se adotam para tiranizar, mas para escudar a consciên

cia dos povos". E o exemplo norteamericano é digno de ser sempre posto em relevo. Depois de naturais dúvidas, a Suprema Corte dos Estados Unidos passou a interpretar a Constituição de

acôrdo com a evolução histórica, consi-

derando-a "destinada a perdurar du

mudança na orientação da vida econô

rante séculos e, em conseqüência, a

mica e financeira nacional.

adaptar-se as diversas crises das ques

Dizem-no,

claramente, a Mensagem presidencial que o justifica e o Projeto de Lei que o aprova (44). Saliente-se, apenas,

que, se o art. 1.° deste Projeto sc refe

tões humanas" (46). E tanto ampliou o seu poder de construção da inteligência

do têxto que Hughes (47), quando Go vernador do Estado de Nova York, pro

re a "programas de trabalho a serem executados, em conjunto, durante os exer

clamou: "Vivemos sob uma Constitui

cícios de 1949 a 1953, com o objetivo de proporcionar melhores condições de

juizes dizer que seja".

ção; mas a Constituição é o que os No Brasil, o Supremo Tribunal Fe

saiide, de produção agropecuária em

deral ainda não exerce tão amplamente

particular, de alimentos, de transportes e de energia", O'seu art. 4.° determina:

suas atribuições. Mas, por vêzes, inter-

mo, fixando os limites da competência

dos Estados, deu interpretação extensiva

ao preceito que impõe a obsen'ância dos princípios constitucionais da União (Art.

7.'^, VII), ao que informa Temístocles Cavalcanti (48).

Nestas condições, interpretadas e apli cadas com inteligência e espírito públi co, as constituições podem adaptar-se às inovações do progresso e às variações gerais da \ida humana, não obstante a limitação dos textos.

No que respeita aos fatos econômicos 6 financeiros, podem segui-los e ordenálos, inclusive a brasileira, sem prejuízo

dos princípios essenciais do regime de mocrático. De modo geral, basta, para tantoy que seja, definitiva e corajosa mente, assentada a convicção de que

"a liberdade implica a ausência de li mitações arbitrárias, não a imunidade frente a regulamentações ou proibições

razoáveis, impostas no interesse da co munidade" (49).

"O orçamento da União consignará, su

Conclusão

cessivamente, ao Plano Salte, nos exer

BARBOSA

Discurso

do

Constituição, a traçar e executar um

cícios de 1949 a 1953, as dotações de 1.100, 1.500, 1.850, 2.100 e 3.130 mi

— In Elogios e Orações, «ío, 1924 — p. 314.

10 — Ante o exposto, concluímos pela

®I>"WARD CORWIN — La Consti-

sibilidades econômicas do Rio São Fran

lhões de cruzeiros, além das parcelas de 240, 315, 340, 310 e 315 milhões,

rfi " An^ericana y su actual Significa-

compatibilidade do orçamento cíclico e da planificação com a Constituição de

plano de aproveitamento total das pos

cisco e seus afluentes, no qual aplicará, anualmente, quantia não inferior a uni por cento de suas rendas tributárias". Como se vê, todos êsses casos constituem planos de longa duração, a serem exe

cutados por entrosamento no orçamento ânuo.

A par disso, o § 2.° do art. 73 - nor

ma de ordem geral — preceitua que no orçamento da despesa, ao lado da va

deduzidas, naqueles mesmos exercícios, das dotações com destinação compulsó

... Trad. de Rafael Demaria — Edit. Ki*aft Ltda., Buenos Aires,

(47) CHARLES EVANS HUGHES — La

^uprema Côrte de Estados Unidos —Trad.

(48) temístocles CAVALCANTI —

ria, de acordo com os dispositivos cons

de Roberto Pasquel e Vicente Herrero — 7®ndo de Cultura Econômica, México,

Ob. cit. Vol. I — ps. 277-8.

titucionais".

1946 — p. 7.

Ob. cit. — p. 188.

Trata-se, pois, de um projeto de lei de programa, um ensaio de planificação, com orçamento para longo período. Ainda, porém, que não ocorressem tôdas essas circunstâncias, não seria difí-

riável, Há uma parte "fixa, que não po derá ser alterada seiião em virtude de

1946.

1942 — Abertura.

(44) "Diário do Congresso Nacional", de 19-5-948.

1

S f.i il'' . «-V ^

(49) CHARLES EVANS HUGHES —


I-V., ,--,--«!?w

Digesto EcoNó^^co

Aspectos do Mercantilismo Robei\to Pinto de Souza

prosperidade econômica do século" XIX

não parece ser menos mercantilista

converteu em antiquada ? São as ne

que o de Tomás Mun".

cessidades que sentiu o Estado de co

(Benini, Lezíoni di economie).

ordenar e organizar num momento caó tico as diferentes forças, no sentido de

O mercantilismo, apesar de grande mente combatido pelos economistas, des

de Adam Smith, e até mesmo negado como doutrina econômica por tratadistas da altura de Alfrcd Marshall, en contra, nos tempos atuais, não só gran

des defensores, como aceitação e aplica ção, em larga escala, por países dirigen®

economia mundiàl.

O fato pode parecer estranho às pes

soas menos avisadas. No entanto, em

face da história, encontra a sua perfeita exphcação e razão de ser. E' que os momentos históricos - século XVI do

obter melhor aproveitamento das mes mas para a consecução de um deter minado fim. De fato, quando se apre senta uma situação profundamente de sordenada e ameaçadora, a lei supre

ma é o poder do Estado, capaz de criar

a ordem

ou

de

restabelecê-la.

Sob êsse aspecto é que deve ser visto p

va na figura do rei como representante

cido a Carlos Magno. As partes desunidas, porém, foram aos poucos tomando impulso e se apa relhando para o restabelecimento da

tempo em que se colocavam os magnos

ordem o segurança nos negócios. Não tardou muito para o ocidente atingir a

ropa durante os séculos XIV e XV, quais

estabilidade necessária ao desenvolvi

mento da sua economia e da sua polí tica. , Cidades surgiam como entrepos tos comerciais, e nelas o mercador, ao

mesmo tempo que se enriquecia, mu

único da nação.

Dessa maneira traça

vam-se, aos poucos, as linhas gerais dos Grandes Estados modernos, ao mesmo

problemas com que ha\'ia de lutar a Eu

sejam o da consolidação do território ad quirido, a conquista de lerritórios novos, a unificação do conjunto num Estado territorial e depois nacional, e o de ven cer as resistências particularistas, prin

dava a concepção moral do ganho e

cipalmente feudais, eclesiásticas e urba-

alterava a função econômica da moeda.

na.s, opostas à unificação. Assim, da

No meio dessa fer

própria

diz: "avec le mercantilisme, nous tou-

evolução dos fatos po

leza procurava destruir

líticos, durante os últi

o poderio dos senhores

mos séculos da Idade

feudais, com o fito de não só obter a sua an

Média, nasciam as condições de uma nova

tiga posição de domí

organização: a do Es

nio como de formar os Grandes Estados mo

funções, deveras, pre

dernos. Nà sua obra foram os monarcas au

maiores.

xiliados por vários fatòres. Assim, as Cru

ções estatais haveriam

chons à des doctrines déjà étrangement

proches et voisines de eelles, ou du moins, de certames de celles de notre époque".

rais, as mesmas características, ou me

solvidos. Não que a história se renove,

Com a morte de Carlos Magno, o vasto domínio dos francos foi desmem

como pretendia Vico. Os problemas é

brado em mil pedaços. Nada mais res

que apresentam, não raras vezes, certas

tou aos herdeiros de um nome ilustre

semelhanças.

— Carlos o Calvo,

Carlos o Gordo,

tado afirmando-se com

tensões e necessidades Essas novas atribui

zadas eliminaram mui tos nobres, ao mesmo

de trazer, naturalmen

Carlos o Simples — que uma dignidade

tempo que empobrece

nominal. Invasores ferozes assolaram o

ram outros ; o aparecimento das cidades

te, uma profunda transformação na vida econômica. Com razão escreve Gon

e o desenvolvimento da indústria e do

nard : "... le nouvel Etat modeme est

comércio criaram outras formas de ri

besogneux; il a besoin de ressources que ne peuvent lui procurer les anciennes

de problemas humanos, como são os econômicos. E' que a Grande Guerra (a primeira) deixou o mundo num "puzzie"

imenso império, espalhando por toda

que se aproxima, em outras condições e

parte o terror e a fome, ao mesmo

sob outra escala, do desordenamento da

porque estava desejosa de paz e segu rança, como porque também o espírito da nacionalidade aos poucos se localiza

mentação gera], a rea

ção — apresentam, nas suas linhas ge

Máxime em se tratando

se aliava a massa da população, não só

problema, e tem razão Gonnard quando

seu apogeu, século XX da sua renova

lhor, problemas semelhantes a serem re

quais, nominalmente vassalos, mas de

fato independentes, governaram por longo tempo, com os títulos de duques, marqueses e condes, quase todas as partes dos domínios que haviam obede

(Da Universidade de São Paulo)

"Em última análise, o século atual

3T

tempo que aceleravam a decomposição Europa no século XVI, no após-Reforma. do antigo poderio. E' justamente aqui, Mas qual vem a ser, na realidade, a . no período mais desolado e mais lúguaproximação das situações históricas ? bre da história da Europa, que todos í^ais são os idênticos problemas a se os privilégios feudais, tôda a moderna rem resolvidos que determinam o res nobreza tem sua origem. Dessa época surgimento de uma doutrina que a nasce o poder desses príncipes, os

queza que não a terra, o que fez com que a nobreza não fôsse mais a única

aides féodales. II lui faut de Ter pour

classe rica, e o emprego da pólvora des

payer ses armées, ses administrateurs, ses representants à Tétranger, cOuvrir les

truiu o poderio militar,

À medida em

que os duques e condes iam perdendo a sua força, a realezia adquiria maior in

frais de ses guerres et de ses intrigues

dependência e soberania. A ela agora

économie politique à réconomie privée

polítiques.

II assimile volontiers son


I-V., ,--,--«!?w

Digesto EcoNó^^co

Aspectos do Mercantilismo Robei\to Pinto de Souza

prosperidade econômica do século" XIX

não parece ser menos mercantilista

converteu em antiquada ? São as ne

que o de Tomás Mun".

cessidades que sentiu o Estado de co

(Benini, Lezíoni di economie).

ordenar e organizar num momento caó tico as diferentes forças, no sentido de

O mercantilismo, apesar de grande mente combatido pelos economistas, des

de Adam Smith, e até mesmo negado como doutrina econômica por tratadistas da altura de Alfrcd Marshall, en contra, nos tempos atuais, não só gran

des defensores, como aceitação e aplica ção, em larga escala, por países dirigen®

economia mundiàl.

O fato pode parecer estranho às pes

soas menos avisadas. No entanto, em

face da história, encontra a sua perfeita exphcação e razão de ser. E' que os momentos históricos - século XVI do

obter melhor aproveitamento das mes mas para a consecução de um deter minado fim. De fato, quando se apre senta uma situação profundamente de sordenada e ameaçadora, a lei supre

ma é o poder do Estado, capaz de criar

a ordem

ou

de

restabelecê-la.

Sob êsse aspecto é que deve ser visto p

va na figura do rei como representante

cido a Carlos Magno. As partes desunidas, porém, foram aos poucos tomando impulso e se apa relhando para o restabelecimento da

tempo em que se colocavam os magnos

ordem o segurança nos negócios. Não tardou muito para o ocidente atingir a

ropa durante os séculos XIV e XV, quais

estabilidade necessária ao desenvolvi

mento da sua economia e da sua polí tica. , Cidades surgiam como entrepos tos comerciais, e nelas o mercador, ao

mesmo tempo que se enriquecia, mu

único da nação.

Dessa maneira traça

vam-se, aos poucos, as linhas gerais dos Grandes Estados modernos, ao mesmo

problemas com que ha\'ia de lutar a Eu

sejam o da consolidação do território ad quirido, a conquista de lerritórios novos, a unificação do conjunto num Estado territorial e depois nacional, e o de ven cer as resistências particularistas, prin

dava a concepção moral do ganho e

cipalmente feudais, eclesiásticas e urba-

alterava a função econômica da moeda.

na.s, opostas à unificação. Assim, da

No meio dessa fer

própria

diz: "avec le mercantilisme, nous tou-

evolução dos fatos po

leza procurava destruir

líticos, durante os últi

o poderio dos senhores

mos séculos da Idade

feudais, com o fito de não só obter a sua an

Média, nasciam as condições de uma nova

tiga posição de domí

organização: a do Es

nio como de formar os Grandes Estados mo

funções, deveras, pre

dernos. Nà sua obra foram os monarcas au

maiores.

xiliados por vários fatòres. Assim, as Cru

ções estatais haveriam

chons à des doctrines déjà étrangement

proches et voisines de eelles, ou du moins, de certames de celles de notre époque".

rais, as mesmas características, ou me

solvidos. Não que a história se renove,

Com a morte de Carlos Magno, o vasto domínio dos francos foi desmem

como pretendia Vico. Os problemas é

brado em mil pedaços. Nada mais res

que apresentam, não raras vezes, certas

tou aos herdeiros de um nome ilustre

semelhanças.

— Carlos o Calvo,

Carlos o Gordo,

tado afirmando-se com

tensões e necessidades Essas novas atribui

zadas eliminaram mui tos nobres, ao mesmo

de trazer, naturalmen

Carlos o Simples — que uma dignidade

tempo que empobrece

nominal. Invasores ferozes assolaram o

ram outros ; o aparecimento das cidades

te, uma profunda transformação na vida econômica. Com razão escreve Gon

e o desenvolvimento da indústria e do

nard : "... le nouvel Etat modeme est

comércio criaram outras formas de ri

besogneux; il a besoin de ressources que ne peuvent lui procurer les anciennes

de problemas humanos, como são os econômicos. E' que a Grande Guerra (a primeira) deixou o mundo num "puzzie"

imenso império, espalhando por toda

que se aproxima, em outras condições e

parte o terror e a fome, ao mesmo

sob outra escala, do desordenamento da

porque estava desejosa de paz e segu rança, como porque também o espírito da nacionalidade aos poucos se localiza

mentação gera], a rea

ção — apresentam, nas suas linhas ge

Máxime em se tratando

se aliava a massa da população, não só

problema, e tem razão Gonnard quando

seu apogeu, século XX da sua renova

lhor, problemas semelhantes a serem re

quais, nominalmente vassalos, mas de

fato independentes, governaram por longo tempo, com os títulos de duques, marqueses e condes, quase todas as partes dos domínios que haviam obede

(Da Universidade de São Paulo)

"Em última análise, o século atual

3T

tempo que aceleravam a decomposição Europa no século XVI, no após-Reforma. do antigo poderio. E' justamente aqui, Mas qual vem a ser, na realidade, a . no período mais desolado e mais lúguaproximação das situações históricas ? bre da história da Europa, que todos í^ais são os idênticos problemas a se os privilégios feudais, tôda a moderna rem resolvidos que determinam o res nobreza tem sua origem. Dessa época surgimento de uma doutrina que a nasce o poder desses príncipes, os

queza que não a terra, o que fez com que a nobreza não fôsse mais a única

aides féodales. II lui faut de Ter pour

classe rica, e o emprego da pólvora des

payer ses armées, ses administrateurs, ses representants à Tétranger, cOuvrir les

truiu o poderio militar,

À medida em

que os duques e condes iam perdendo a sua força, a realezia adquiria maior in

frais de ses guerres et de ses intrigues

dependência e soberania. A ela agora

économie politique à réconomie privée

polítiques.

II assimile volontiers son


58

DiOESTO

1

ECONÓJkíTCO

39'

DiCESTO ECONÓ^'IICO

d'un particulier, et plus spédalement d'un marchand. Comme ce demier, il attaclie une importance speciale à Ia monnaíe.

Et, en fait, il doit surtout

compter, pour financer ses cuerrcs, sur le numéraire metallique, en Tabsence de

toute organisation developée permettant de recourrir au credit".

O Estado, frente ao problema das des pesas, que contmuamente aumentavam,

precisou arranjar um meio para cobrir os

déficits orçamentários. A velha organi zação econômica de feudalí.smo não po deria fornecer nenhum elemento à reali zação do seu intento, constituindo antes um imenso obstáculo. Isso porque, sob

o feudahsmo, os pequenos governadores medievais, e ate mesmo os proprietários, ao se apoderarem do governo, dificulta ram e impediram o natural desenvolvi

mento da indústria e do comércio, sub®

regimem de con-

tribui^cões que revertia unicamente em beneficio de si próprios. Dos inúmeros cargos que pesavam sobre as atividades

econômicas era, sem dúvida, a tremenda

confusão que reinava em toda a Europa no setor da cobrança de taxas e gravames no.s rios navegáveis e estradas, co

mo também os impedimentos que emba raçavam o comércio entre as diferentes

províncias, a principal responsável pelo atraso medieval no terreno econômico.

Para que os negócios trilhassem a sua

marcha evolutiva, era preciso quebrar todo o travejamento feudal que emper rava o desenvolvimento natural da ri

queza, bem como incentivar e proteger as iniciativas industriais e comerciais.

Mas, na situação em que se encontrava a Europa naquela época, .só um poder bastante forte o com fins que ultrapas sassem os limitados interêsses dos se

nhores feudais, poderia empreender a

realização do tão grande tarefa, o que explica a interferência direta dos Estado.s que .se constituíam na vida econô

ra que o excedente da balança de comér

mica o a doutrina intervcncionista do mercantilismo.

bres. O imposto é também fonte de riqueza para o Estado. Portanto, é pre

De fato, o primeiro problema que ti

cio favoreça a afluência de metais no

cantilista, portanto, são, de um lado, a unificação nacional, e do outro o enri

quecimento do Estado para o aumento do seu poderio na ordem internacional.

ciso centralizar em suas mãos a arreca

Ambas essas finalidades decorriam dos

veram de defrontar os nascentes Esta

dação, aumentar as mercadorias sujeitas,

dos, e o que caracteriza principalmente

fomentando a produção, de um lado, e

problemas políticos da época. Pode-se dizer que o mercantilismo encaminhou,

o mercantilismo, foi a unificação econô

o crescimento da população, de outro".

mica nacional.

Êsse sistema, contudo, nem sempre

A política do Colbert

não tem outro significado senão o de obter, a conjugação de todas as forças

revertia em benefício da economia na

cional; aliás, é a primeira vez que as forças econômicas são orientadas para a realização de um fim político produtivo,

econômicas francesas c a abolição dos

empecilhos locais que asfixiavam a eco nomia gaulesa. Foi assim que, na tarifa

ao qual se sacrifica, se necessário for, a

pela primeira vez, o pensamento para a solução de problemas de ordem econô mica, e, segundo Heckscher, "represents tlie most original contribution of the period in question to economic policy and the one wlúch has retained more sway over men's minds tham any otlicr".

dc 1664, procurou o ministro destruir os impostos que impediam o entrelaçamen

preocupação do lucro, pelo fato de exis

to das províncias constitutivas da.s "cinq grosses fermes", ao mesmo tempo

ma dos interesses individuais.

que envidava todos os esforços para a

objetivo do e.sfôrço humano era a salva

criação de um parque industrial francês. Outra grande vitória no campo da po

ção da alma, e enquanto o liberalismo,

porções, em situação semelhante à dos

ou "laisser faire", tendia para o enrique

séculos XV e XVI, em que os países ne

tir uma finalidade que ultrapassa a so Enquanto a concepção medie\al do

A guerra de 1914-1918 veio colocar a humanidade, guardadas as devidas pro

lítica nacional reside no famoso ato da

cimento e bem-estar temporal dos indi

cessitavam de todo o esforço da nação,

rainha Elizabeth da Inglaterra — o Es tatuto dos Artífices e Aprendizes de

víduos, os estadistas e doutrinadores do

para se organizarem em Estados inde pendentes, prósperos e fortes e, assim, se

1562 — baseado numa legislação que re montava até a Black Death, que criou

ca de todas as cogitações o próprio Es tado e o aumento do poderio estatal. Is

um consistente sistema nacional de re

so porque o século XVII é o século da rapina internacional e os Estados neces-

mercantilismo viam como finalidade úni

gulamentação do comércio interno, como

, sitam aparelhar-se para não serem víti mas. Foi nesse século que Portugal e a Espanha perderam a sua projeção in ternacional em detrimento da Inglaterra,

também da indústria, na cidade e fora dela.

Em face do fim político de unificação

nacional, a riqueza econômica do Esta do — meio de obtê-la — ocupa o pri meiro lugar nas preocupações estatais e doutrinárias, e, como escreve Laufenburger, "a acumulação de metais preciosos oferece o meio mais apropriado para" conseguir essa finalidade, o que explica a preeminência do ouro e da riqueza monetária em todos os seus aspectos; também a orientação do comércio exte

rior, no sentido de lograr superioridade de exportação sobre as importações, pa-

í

libertarem do caos não .só político como econômico.

O primeiro dos grandes transtornos criados pela guerra de 1914-1918 foi o imenso desajustamento da estrutura eco nômica. Seria absurdo descrever as con

dições sociais e políticas existentes no

pré-guerra; havia, em geral, suficiente

Holanda e França. "Defense is of much

elasticidade acomodatícia para assegu

greater importance than opulence", es

creveu Adam Smith, que nesse ponto es

rar, à quase totalidade das mercadorias produzidas, preços que não só cobririam

tava inteiramente

seu custo de produção, como proporcio

de

acordo

com

mercantilistas, ou ainda, como notou

nariam lucro bastante razoável, trabalho

Francis Bacon na sua "History of Henry

à maioria das pessoas que procuravam

VII' ao dizer que êsse monarca "was bowlng the ancient policy of this state from the consideration of plenty to the

empregos, e a quase todos a possibilida

consideration of power".

estrutura econômica era produto de um

de de continuar comprando as coisas a

que estavam acostumados. E' que essa

Os dois aspectos políticos que nortea

largo período durante o qual o processô"

ram todo o arcabouço do sistema mer

de deslocamento e divisão pode andar a


58

DiOESTO

1

ECONÓJkíTCO

39'

DiCESTO ECONÓ^'IICO

d'un particulier, et plus spédalement d'un marchand. Comme ce demier, il attaclie une importance speciale à Ia monnaíe.

Et, en fait, il doit surtout

compter, pour financer ses cuerrcs, sur le numéraire metallique, en Tabsence de

toute organisation developée permettant de recourrir au credit".

O Estado, frente ao problema das des pesas, que contmuamente aumentavam,

precisou arranjar um meio para cobrir os

déficits orçamentários. A velha organi zação econômica de feudalí.smo não po deria fornecer nenhum elemento à reali zação do seu intento, constituindo antes um imenso obstáculo. Isso porque, sob

o feudahsmo, os pequenos governadores medievais, e ate mesmo os proprietários, ao se apoderarem do governo, dificulta ram e impediram o natural desenvolvi

mento da indústria e do comércio, sub®

regimem de con-

tribui^cões que revertia unicamente em beneficio de si próprios. Dos inúmeros cargos que pesavam sobre as atividades

econômicas era, sem dúvida, a tremenda

confusão que reinava em toda a Europa no setor da cobrança de taxas e gravames no.s rios navegáveis e estradas, co

mo também os impedimentos que emba raçavam o comércio entre as diferentes

províncias, a principal responsável pelo atraso medieval no terreno econômico.

Para que os negócios trilhassem a sua

marcha evolutiva, era preciso quebrar todo o travejamento feudal que emper rava o desenvolvimento natural da ri

queza, bem como incentivar e proteger as iniciativas industriais e comerciais.

Mas, na situação em que se encontrava a Europa naquela época, .só um poder bastante forte o com fins que ultrapas sassem os limitados interêsses dos se

nhores feudais, poderia empreender a

realização do tão grande tarefa, o que explica a interferência direta dos Estado.s que .se constituíam na vida econô

ra que o excedente da balança de comér

mica o a doutrina intervcncionista do mercantilismo.

bres. O imposto é também fonte de riqueza para o Estado. Portanto, é pre

De fato, o primeiro problema que ti

cio favoreça a afluência de metais no

cantilista, portanto, são, de um lado, a unificação nacional, e do outro o enri

quecimento do Estado para o aumento do seu poderio na ordem internacional.

ciso centralizar em suas mãos a arreca

Ambas essas finalidades decorriam dos

veram de defrontar os nascentes Esta

dação, aumentar as mercadorias sujeitas,

dos, e o que caracteriza principalmente

fomentando a produção, de um lado, e

problemas políticos da época. Pode-se dizer que o mercantilismo encaminhou,

o mercantilismo, foi a unificação econô

o crescimento da população, de outro".

mica nacional.

Êsse sistema, contudo, nem sempre

A política do Colbert

não tem outro significado senão o de obter, a conjugação de todas as forças

revertia em benefício da economia na

cional; aliás, é a primeira vez que as forças econômicas são orientadas para a realização de um fim político produtivo,

econômicas francesas c a abolição dos

empecilhos locais que asfixiavam a eco nomia gaulesa. Foi assim que, na tarifa

ao qual se sacrifica, se necessário for, a

pela primeira vez, o pensamento para a solução de problemas de ordem econô mica, e, segundo Heckscher, "represents tlie most original contribution of the period in question to economic policy and the one wlúch has retained more sway over men's minds tham any otlicr".

dc 1664, procurou o ministro destruir os impostos que impediam o entrelaçamen

preocupação do lucro, pelo fato de exis

to das províncias constitutivas da.s "cinq grosses fermes", ao mesmo tempo

ma dos interesses individuais.

que envidava todos os esforços para a

objetivo do e.sfôrço humano era a salva

criação de um parque industrial francês. Outra grande vitória no campo da po

ção da alma, e enquanto o liberalismo,

porções, em situação semelhante à dos

ou "laisser faire", tendia para o enrique

séculos XV e XVI, em que os países ne

tir uma finalidade que ultrapassa a so Enquanto a concepção medie\al do

A guerra de 1914-1918 veio colocar a humanidade, guardadas as devidas pro

lítica nacional reside no famoso ato da

cimento e bem-estar temporal dos indi

cessitavam de todo o esforço da nação,

rainha Elizabeth da Inglaterra — o Es tatuto dos Artífices e Aprendizes de

víduos, os estadistas e doutrinadores do

para se organizarem em Estados inde pendentes, prósperos e fortes e, assim, se

1562 — baseado numa legislação que re montava até a Black Death, que criou

ca de todas as cogitações o próprio Es tado e o aumento do poderio estatal. Is

um consistente sistema nacional de re

so porque o século XVII é o século da rapina internacional e os Estados neces-

mercantilismo viam como finalidade úni

gulamentação do comércio interno, como

, sitam aparelhar-se para não serem víti mas. Foi nesse século que Portugal e a Espanha perderam a sua projeção in ternacional em detrimento da Inglaterra,

também da indústria, na cidade e fora dela.

Em face do fim político de unificação

nacional, a riqueza econômica do Esta do — meio de obtê-la — ocupa o pri meiro lugar nas preocupações estatais e doutrinárias, e, como escreve Laufenburger, "a acumulação de metais preciosos oferece o meio mais apropriado para" conseguir essa finalidade, o que explica a preeminência do ouro e da riqueza monetária em todos os seus aspectos; também a orientação do comércio exte

rior, no sentido de lograr superioridade de exportação sobre as importações, pa-

í

libertarem do caos não .só político como econômico.

O primeiro dos grandes transtornos criados pela guerra de 1914-1918 foi o imenso desajustamento da estrutura eco nômica. Seria absurdo descrever as con

dições sociais e políticas existentes no

pré-guerra; havia, em geral, suficiente

Holanda e França. "Defense is of much

elasticidade acomodatícia para assegu

greater importance than opulence", es

creveu Adam Smith, que nesse ponto es

rar, à quase totalidade das mercadorias produzidas, preços que não só cobririam

tava inteiramente

seu custo de produção, como proporcio

de

acordo

com

mercantilistas, ou ainda, como notou

nariam lucro bastante razoável, trabalho

Francis Bacon na sua "History of Henry

à maioria das pessoas que procuravam

VII' ao dizer que êsse monarca "was bowlng the ancient policy of this state from the consideration of plenty to the

empregos, e a quase todos a possibilida

consideration of power".

estrutura econômica era produto de um

de de continuar comprando as coisas a

que estavam acostumados. E' que essa

Os dois aspectos políticos que nortea

largo período durante o qual o processô"

ram todo o arcabouço do sistema mer

de deslocamento e divisão pode andar a


DicESTO Econômico

40

passos vagarosos, ao mesmo tempo que evoluir, dentro de um sistema de trocas condicionadas pela lei da oferta e pro cura. Existia tal grau de elasticidade e

da Europa. No dia scguinli' ao da pjjj produziu-so o resultado .surpreendente; ^ comércio mundial já não eslava mais do minado pela troca enlre os países indus-*

ajustamento que favorecia a estabilidade

triais da Europa Oeidenlal e os prochj.

econômica, c foi justamente essa estabi

toros de matéria-prima. Os Estados Uni dos e o Japão e, cm menor escala, o^,. tros países que sc achavam afastados Jq conflito, ganharam, a c.xpensas da Euro pa, ao mesmo tcjnpo que o comércio do Pacífico superava o do Atlântico.

lidade que a guerra de 1914-18 veio

destroçar, jogando por terra todo um ar cabouço que anos de esforços de aco modação ergueram.

A destruição do capital fixo nos ter ritórios de combate e os treze milhões

ra agravar a situação liaviam-se criado

de mortos são apenas pequenos desajus-

na Europa, em conseqüência do Trata

tamentos causados pela guerra. A au

do de Paz, novo.s Estados, o que trouxe aumento das unidades aduaneiras de 20

sência dos mortos não facilitará aos so breviventes encontrar emprego, porque

para 27.

se já não existem os treze milhões para competir na procura de trabalho, não

das nacionais c internacionais que era

A guerra deixou uma herança de divi» A Inglaterra, por

Dicesto EcoNó^nco

41

ce", agrupar todos os seus recursos e encaminhá-los para a solução da crise

isso tomou-se conservador, na proteção

séculos XV c XVI. Daí ter-se o mercan

de certas classes contra a perda de seus privilégios ou a diminuição do nível de vida, ao mesmo tempo que reformista, procurando estender os benefícios do progresso social aos grupos menos favo

tilismo convertido na época contempo rânea em um dos instrumentos prepon

recidos. Nesses dois aspectos vi^ya ape nas a reconstrução da ruína ecOnómica

derantes da reconstituição econômica do

deixada pela guerra de 1914. E é essa a orientação que tomou o mercantilismo nas democracias, apresentando um senti

em que se encontravam. E aqui as na ções do após-guerra se acharam em con dições de reconstrução semelhante à dos

pós-guerra 14-18. "Não há de que se espantar — escreve Laufenburger — se

vemos que se recomenda e se pratica o

do construtivo e renovador, se bem gvie

mercantilismo nos países que perderam a guerra, a fim do ganhar a próxima, e

riem sempre acertado.

p{'r aqueles que, apesar de se encontra rem entre os vencedores, estimam que não conseguiram vantagens da vitória. Na Alemanha nacional-socialista, como na Itália facista, toda atividade humana, a produção agrícola e á industrial, o comér cio interior e exterior, tudo, em uma pa lavra, se acha subordinado ao interesse

cional, houve ura grande esforço para se

^

Terminado o recente "conflito interna

existe também seu consumo e as suas

impossível • suportar.

atividades comerciais e industriais que

exemplo, arrecadou com enorme imposi

poderiam fornecer novas ocupações. Por outro lado, o problema da reposição dos combatentes desmobilizados nas ocupa ções civis e a despedida dos operários c

ção soma suficiente para pagar um têrço do custo da guerra durante a sua dura milhões de

operárias da indústria de municiamento

grande que os gastos do govêmo durante

e outros inúmeros serviços de guerra

o período que vai de 1914 a 1918 exce deram o gasto total dos dois séculos an

mercantili.smc, em outras nações que

zer face a elas. O Estado foi chamado a-

ção. O custo total, estimado em lO.QQO libras

esterlinas, foi

tôo

voltar às instituições democráticas. Afi nal, havia-se combatido para vencer a

opressão do Estado e garantir a liberda de e o regimem democrático. Aos pou

geral e ao poder do Estado, cujo fim é

cos, porém, foi-se retomando: as difi

a expansão política e econômica."

culdades a vencer eram enormes e o in

Deve-se considerar, contudo, que o

divíduo isolado não poderia, sòzi^iho, fa

veio perturbar ainda mais o caos, pois SÓ era possível ser isso realizado em muito pequena escala, em virtude de a conjuntura econômica ter mudado quase

não a Italia e a Alemanha, não revestiu

intervir, mas deixou bem claro que as

teriores. Se um dos a.spectos principais

êsse aspecto exclusivista e dominador,

da história econômica do após-giierra foi o esforço contínuo para corrigir os de-

em que a autarquia chegou a ser, no transcurso dos últimos anos, o mais im

totalmente.

sajustamentos produzidos pela guerra, o

portante característico.

prerrogativas do cidadão eram inviolá veis e ultrapassavam os fins do Estado. Só se permitia a ingerência estatal a tí tulo provisório e enquanto bem servisse

outro foi o esforço contínuo para solu

países tôda atividade individual é estatal

os interesses da coletividade. A interfe

possuía um único objetivo — ganhíxr a próxima guerra'— e, portanto, as suas

rência do Estado existe, portanto, mas

políticas se achavam afastadas dos prin

não totalitárias.

cípios econômicos e das leis do lucro e

voltando ao mercantilisnío,

Ainda maior era a desordem no co

E' que nesses*

ciente, haviam construído indústrias no

cionar o problema da dívida que, mau grado o esforço, dax-a sempre lugar a maiores desajustamentos ocasionados pw?la inflação, no plano nacional, e pela

próprio píiís. Passada a guerra, essas in

transferência, no internacional.

do rendimento, visando apenas o fim

roupagem é verdade, mas com todas as

dústrias, ameaçadas com a concorrência

Outras conseqüências, talvez ainda maiores, foram as duas grandes crises

guerreiro ditado pela razão do Estado.

suas características fundamentais. E' di

Nestes dois havia apenas um fim polí

mércio internacional. Os países que du rante a guerra de 14 não tinham podido

importar produtos em quantidade sufi

das antigas, solicitaram e obtiveram, não raramente, proteção por parte dos

governos. Além disso, deve-se conside rar que os países que realmente sofre

ram tôdas as conseqüências diretas da

guerra foram as nações industrializadas

as idéias que a orientam são liberais e Mais uma vez estamos

sob nova

causadas pela baixa geral dos preços, a

tico, ao passo que, nos demais, o centro

fícil dizer-se qual a orientação que irá prevalecer — a do Estado ou a do indi

de 1920-22 c a de 1929-33.

de tôda atividade era o fim social. Por

víduo.

Em face dêsse imenso caos econômi

co, os países tiveram que se voltar sôbre si mesmos, para, num "tour de for-

i


DicESTO Econômico

40

passos vagarosos, ao mesmo tempo que evoluir, dentro de um sistema de trocas condicionadas pela lei da oferta e pro cura. Existia tal grau de elasticidade e

da Europa. No dia scguinli' ao da pjjj produziu-so o resultado .surpreendente; ^ comércio mundial já não eslava mais do minado pela troca enlre os países indus-*

ajustamento que favorecia a estabilidade

triais da Europa Oeidenlal e os prochj.

econômica, c foi justamente essa estabi

toros de matéria-prima. Os Estados Uni dos e o Japão e, cm menor escala, o^,. tros países que sc achavam afastados Jq conflito, ganharam, a c.xpensas da Euro pa, ao mesmo tcjnpo que o comércio do Pacífico superava o do Atlântico.

lidade que a guerra de 1914-18 veio

destroçar, jogando por terra todo um ar cabouço que anos de esforços de aco modação ergueram.

A destruição do capital fixo nos ter ritórios de combate e os treze milhões

ra agravar a situação liaviam-se criado

de mortos são apenas pequenos desajus-

na Europa, em conseqüência do Trata

tamentos causados pela guerra. A au

do de Paz, novo.s Estados, o que trouxe aumento das unidades aduaneiras de 20

sência dos mortos não facilitará aos so breviventes encontrar emprego, porque

para 27.

se já não existem os treze milhões para competir na procura de trabalho, não

das nacionais c internacionais que era

A guerra deixou uma herança de divi» A Inglaterra, por

Dicesto EcoNó^nco

41

ce", agrupar todos os seus recursos e encaminhá-los para a solução da crise

isso tomou-se conservador, na proteção

séculos XV c XVI. Daí ter-se o mercan

de certas classes contra a perda de seus privilégios ou a diminuição do nível de vida, ao mesmo tempo que reformista, procurando estender os benefícios do progresso social aos grupos menos favo

tilismo convertido na época contempo rânea em um dos instrumentos prepon

recidos. Nesses dois aspectos vi^ya ape nas a reconstrução da ruína ecOnómica

derantes da reconstituição econômica do

deixada pela guerra de 1914. E é essa a orientação que tomou o mercantilismo nas democracias, apresentando um senti

em que se encontravam. E aqui as na ções do após-guerra se acharam em con dições de reconstrução semelhante à dos

pós-guerra 14-18. "Não há de que se espantar — escreve Laufenburger — se

vemos que se recomenda e se pratica o

do construtivo e renovador, se bem gvie

mercantilismo nos países que perderam a guerra, a fim do ganhar a próxima, e

riem sempre acertado.

p{'r aqueles que, apesar de se encontra rem entre os vencedores, estimam que não conseguiram vantagens da vitória. Na Alemanha nacional-socialista, como na Itália facista, toda atividade humana, a produção agrícola e á industrial, o comér cio interior e exterior, tudo, em uma pa lavra, se acha subordinado ao interesse

cional, houve ura grande esforço para se

^

Terminado o recente "conflito interna

existe também seu consumo e as suas

impossível • suportar.

atividades comerciais e industriais que

exemplo, arrecadou com enorme imposi

poderiam fornecer novas ocupações. Por outro lado, o problema da reposição dos combatentes desmobilizados nas ocupa ções civis e a despedida dos operários c

ção soma suficiente para pagar um têrço do custo da guerra durante a sua dura milhões de

operárias da indústria de municiamento

grande que os gastos do govêmo durante

e outros inúmeros serviços de guerra

o período que vai de 1914 a 1918 exce deram o gasto total dos dois séculos an

mercantili.smc, em outras nações que

zer face a elas. O Estado foi chamado a-

ção. O custo total, estimado em lO.QQO libras

esterlinas, foi

tôo

voltar às instituições democráticas. Afi nal, havia-se combatido para vencer a

opressão do Estado e garantir a liberda de e o regimem democrático. Aos pou

geral e ao poder do Estado, cujo fim é

cos, porém, foi-se retomando: as difi

a expansão política e econômica."

culdades a vencer eram enormes e o in

Deve-se considerar, contudo, que o

divíduo isolado não poderia, sòzi^iho, fa

veio perturbar ainda mais o caos, pois SÓ era possível ser isso realizado em muito pequena escala, em virtude de a conjuntura econômica ter mudado quase

não a Italia e a Alemanha, não revestiu

intervir, mas deixou bem claro que as

teriores. Se um dos a.spectos principais

êsse aspecto exclusivista e dominador,

da história econômica do após-giierra foi o esforço contínuo para corrigir os de-

em que a autarquia chegou a ser, no transcurso dos últimos anos, o mais im

totalmente.

sajustamentos produzidos pela guerra, o

portante característico.

prerrogativas do cidadão eram inviolá veis e ultrapassavam os fins do Estado. Só se permitia a ingerência estatal a tí tulo provisório e enquanto bem servisse

outro foi o esforço contínuo para solu

países tôda atividade individual é estatal

os interesses da coletividade. A interfe

possuía um único objetivo — ganhíxr a próxima guerra'— e, portanto, as suas

rência do Estado existe, portanto, mas

políticas se achavam afastadas dos prin

não totalitárias.

cípios econômicos e das leis do lucro e

voltando ao mercantilisnío,

Ainda maior era a desordem no co

E' que nesses*

ciente, haviam construído indústrias no

cionar o problema da dívida que, mau grado o esforço, dax-a sempre lugar a maiores desajustamentos ocasionados pw?la inflação, no plano nacional, e pela

próprio píiís. Passada a guerra, essas in

transferência, no internacional.

do rendimento, visando apenas o fim

roupagem é verdade, mas com todas as

dústrias, ameaçadas com a concorrência

Outras conseqüências, talvez ainda maiores, foram as duas grandes crises

guerreiro ditado pela razão do Estado.

suas características fundamentais. E' di

Nestes dois havia apenas um fim polí

mércio internacional. Os países que du rante a guerra de 14 não tinham podido

importar produtos em quantidade sufi

das antigas, solicitaram e obtiveram, não raramente, proteção por parte dos

governos. Além disso, deve-se conside rar que os países que realmente sofre

ram tôdas as conseqüências diretas da

guerra foram as nações industrializadas

as idéias que a orientam são liberais e Mais uma vez estamos

sob nova

causadas pela baixa geral dos preços, a

tico, ao passo que, nos demais, o centro

fícil dizer-se qual a orientação que irá prevalecer — a do Estado ou a do indi

de 1920-22 c a de 1929-33.

de tôda atividade era o fim social. Por

víduo.

Em face dêsse imenso caos econômi

co, os países tiveram que se voltar sôbre si mesmos, para, num "tour de for-

i


DiGESTd Econômico

Garantia de preços mínimos à agricultura nacional

de São Paulo e de outras partes do país, o título de Plano de Emergência. Discutidas tôdus as fases do problema, na memorável reunião já citada, apre

José Gahibaldi Dantas

(Superintendente do Serviço de Controle

sentou o senhor Valcntim Boiiças, então

da Comissão de Financiamento da Pro

dução do Ministério da Fazenda)

A garantia de preços mínimos à agri cultura nacional, em caráter amplo, sem limites cadastrais, por intermédio dos es

tabelecimentos de crédito oficial do país,

das estiagens prolongadas e de outros fatores. E em segundo, o aumento da produção agrícola procurava melhorar o nível econômico do mundo e assim as

é novidade relativamente recente na vida

segurar padrões dc vida mais dignos e

econômica de nosso meio.

elevados.

Pode-se dizer que essa providência, em sua forma mais concreta, nasceu em São Paulo, em reunião efetuada na Se

cretaria da Agricultura de São Paulo,

em meados de 1945, sob a presidência

do então titular daquela pasta, Professor Melo Morais, e a que compareceram re presentantes de tôdas as entidades ru rais paulistas.

Dominava o país naquele ano o receio

-de séria escassez de gêneros de primei ra necessidade. O mundo inteiro atra

vessava igualmente fase de penúria generaüzada. Veementes apelos foram fei tos, através de órgãos técnicos das Na

ções Unidas, para incrementar' a produ ção de produtos bá sicos da alimenta ção, tendo em vis

ta, em primeiro lu gar, a necessidade

se sofrer o Govérno Federal, com a com

pra ou recebimento dos produtos visa dos e mencionados no Plano, sobras con sideráveis, sem possibilidades de coloca ção imediata e, por conseguinte, com

rência, foram feitas várias recomenda

ções, no sentido de ampliar a produção agrícola mundial e melhorar os níveis de vida das,populações do globo.

prejuízos sérios.

Transformou-se o projeto de garantia em ato do poder federal, através do De-

Nessa atmosfera de pressões internas

creto-Leí 7.774 de 24/7/45, que asse

e externas é que se lançou era São Pau

gurava, sob determinadas condições de classificação e recebimento, em armazéns gerais, preços mínimps em qualquer par

lo, pela prímeíni vez — ao menos em caráter nacional — as bases de um plano destínado a estimular realmente a pro-^

te do território nacional, a vários pro

dução agrícola des

dutos da terra.

sa natureza. O nie-

canismo

estimula-

As críticas ao Plano de Emergência

dor seria essenciab

dutos da terra. Re

e da Europa, cuja

cebeu 'ôsse

levantado com a co

cias das guerras,

receio de que, em havendo avolumada

produção de natureza perecível, pudes

Em decorrência dessa . grande confe

economia se acha

conseqüên

tão já bem acentuada, e de outros, pelo

alimentação e agrículfura.

razoáveis aos pro

desorganizada,

agravação da tendência inflacionísta, en

lidade de Ilot Springs, nos Estados Uni dos, a primeira assembléia das nações democráticas, para estudar problemas de

sistência efetiva às

va

missão de Planejamento, sendo aprova ros, quanto a sua possível influência na

Sob os auspícios das Nações Unidas

mente a garantia de preços julgados

pelas

mente, à análise e crítica da citada Co

do, com restrições de alguns conselhei

realizou-se, em 1945, na pitoresca loca

de assegurar sub

populações da Ásia

membro da Comissão de Planejamento Nacional, ao Pre.sidcnte da República, as bases dêsse plano. Por determinação ofi cial, foi o mesmo submetido, preliminar

Plano, .

operação geral das"

As criticas ao Plano de Emergência foram muitas e repetidas, porque, • na maioria dos casos, baralhou-se a garan tia de preços mínimos, para os produtos já colhidos, com financiamento agrícola. O Plano de Emergência não era provi dência para empréstar dinheiro ou con ceder crédito aos lavradores, para custeio

entidades de classe rurais e dos técnicos

J.

43

sua alçada. E' da competência de ou tros órgãos oficiais e particulares, esta

belecimentos bancários de preferência, através de suas carteiras especializadas, como a de Crédito Agrícola e Industrial do Banco do Brasil.

O Plano de Emergência "visava impe dir que, no caso de avolumar-se a pro

dução agrícola do país, em conseqüên cia do estímulo ou garantia de preços,

ou de Outras providências semelhantes,

ou da maior expansão do crédito agrí cola, ficassem as safras sujeitas às costu

meiras oscilações de preços, com quedas precipitadas nas épocas em que o agri cultor geralmente coloca suas colheitas,

e altas, posteriormente, na época em que os mesmos produtos chegam, em maior \'olume, aos centros de consumo. A es

sência e objetivos do Plano de Emèrgência seriam, pois, uma espécie de regu-

larizador de preços, impedindo flútuações, em benefício dos produtores, era primeiro lugar, e sem desvantagens para o consumidor urbano, em segundo, por que o preço médio anual não seria mais

elevado do que o registrado entre as fa ses de baixas e altas, nos régimen.s an teriores.

Outra crítica então corrente, mormen

te em alguns meios econômicos do Rio

de Janeiro, fôra de que, em vista do Plano de Emergência, o.s preços dos gê neros de primeira necessidade não po'dériam descer mais, em safras abundan

tes, e dessa maneira a população consu midora não se beneficiaria da queda de preços.

Provou-se que essa crítica não assen tava em bases sólidas, porque, se é ver dade que, em um ou outro ano, o con

sumidor talvez pudesse benefíciar-se de

ou ampliação de suas atividades'rurais.

preços mais bai.xos, em vista de oferta

Êsse financiamento escapava e escapa à

superior à procura, (supondo não fôs-


DiGESTd Econômico

Garantia de preços mínimos à agricultura nacional

de São Paulo e de outras partes do país, o título de Plano de Emergência. Discutidas tôdus as fases do problema, na memorável reunião já citada, apre

José Gahibaldi Dantas

(Superintendente do Serviço de Controle

sentou o senhor Valcntim Boiiças, então

da Comissão de Financiamento da Pro

dução do Ministério da Fazenda)

A garantia de preços mínimos à agri cultura nacional, em caráter amplo, sem limites cadastrais, por intermédio dos es

tabelecimentos de crédito oficial do país,

das estiagens prolongadas e de outros fatores. E em segundo, o aumento da produção agrícola procurava melhorar o nível econômico do mundo e assim as

é novidade relativamente recente na vida

segurar padrões dc vida mais dignos e

econômica de nosso meio.

elevados.

Pode-se dizer que essa providência, em sua forma mais concreta, nasceu em São Paulo, em reunião efetuada na Se

cretaria da Agricultura de São Paulo,

em meados de 1945, sob a presidência

do então titular daquela pasta, Professor Melo Morais, e a que compareceram re presentantes de tôdas as entidades ru rais paulistas.

Dominava o país naquele ano o receio

-de séria escassez de gêneros de primei ra necessidade. O mundo inteiro atra

vessava igualmente fase de penúria generaüzada. Veementes apelos foram fei tos, através de órgãos técnicos das Na

ções Unidas, para incrementar' a produ ção de produtos bá sicos da alimenta ção, tendo em vis

ta, em primeiro lu gar, a necessidade

se sofrer o Govérno Federal, com a com

pra ou recebimento dos produtos visa dos e mencionados no Plano, sobras con sideráveis, sem possibilidades de coloca ção imediata e, por conseguinte, com

rência, foram feitas várias recomenda

ções, no sentido de ampliar a produção agrícola mundial e melhorar os níveis de vida das,populações do globo.

prejuízos sérios.

Transformou-se o projeto de garantia em ato do poder federal, através do De-

Nessa atmosfera de pressões internas

creto-Leí 7.774 de 24/7/45, que asse

e externas é que se lançou era São Pau

gurava, sob determinadas condições de classificação e recebimento, em armazéns gerais, preços mínimps em qualquer par

lo, pela prímeíni vez — ao menos em caráter nacional — as bases de um plano destínado a estimular realmente a pro-^

te do território nacional, a vários pro

dução agrícola des

dutos da terra.

sa natureza. O nie-

canismo

estimula-

As críticas ao Plano de Emergência

dor seria essenciab

dutos da terra. Re

e da Europa, cuja

cebeu 'ôsse

levantado com a co

cias das guerras,

receio de que, em havendo avolumada

produção de natureza perecível, pudes

Em decorrência dessa . grande confe

economia se acha

conseqüên

tão já bem acentuada, e de outros, pelo

alimentação e agrículfura.

razoáveis aos pro

desorganizada,

agravação da tendência inflacionísta, en

lidade de Ilot Springs, nos Estados Uni dos, a primeira assembléia das nações democráticas, para estudar problemas de

sistência efetiva às

va

missão de Planejamento, sendo aprova ros, quanto a sua possível influência na

Sob os auspícios das Nações Unidas

mente a garantia de preços julgados

pelas

mente, à análise e crítica da citada Co

do, com restrições de alguns conselhei

realizou-se, em 1945, na pitoresca loca

de assegurar sub

populações da Ásia

membro da Comissão de Planejamento Nacional, ao Pre.sidcnte da República, as bases dêsse plano. Por determinação ofi cial, foi o mesmo submetido, preliminar

Plano, .

operação geral das"

As criticas ao Plano de Emergência foram muitas e repetidas, porque, • na maioria dos casos, baralhou-se a garan tia de preços mínimos, para os produtos já colhidos, com financiamento agrícola. O Plano de Emergência não era provi dência para empréstar dinheiro ou con ceder crédito aos lavradores, para custeio

entidades de classe rurais e dos técnicos

J.

43

sua alçada. E' da competência de ou tros órgãos oficiais e particulares, esta

belecimentos bancários de preferência, através de suas carteiras especializadas, como a de Crédito Agrícola e Industrial do Banco do Brasil.

O Plano de Emergência "visava impe dir que, no caso de avolumar-se a pro

dução agrícola do país, em conseqüên cia do estímulo ou garantia de preços,

ou de Outras providências semelhantes,

ou da maior expansão do crédito agrí cola, ficassem as safras sujeitas às costu

meiras oscilações de preços, com quedas precipitadas nas épocas em que o agri cultor geralmente coloca suas colheitas,

e altas, posteriormente, na época em que os mesmos produtos chegam, em maior \'olume, aos centros de consumo. A es

sência e objetivos do Plano de Emèrgência seriam, pois, uma espécie de regu-

larizador de preços, impedindo flútuações, em benefício dos produtores, era primeiro lugar, e sem desvantagens para o consumidor urbano, em segundo, por que o preço médio anual não seria mais

elevado do que o registrado entre as fa ses de baixas e altas, nos régimen.s an teriores.

Outra crítica então corrente, mormen

te em alguns meios econômicos do Rio

de Janeiro, fôra de que, em vista do Plano de Emergência, o.s preços dos gê neros de primeira necessidade não po'dériam descer mais, em safras abundan

tes, e dessa maneira a população consu midora não se beneficiaria da queda de preços.

Provou-se que essa crítica não assen tava em bases sólidas, porque, se é ver dade que, em um ou outro ano, o con

sumidor talvez pudesse benefíciar-se de

ou ampliação de suas atividades'rurais.

preços mais bai.xos, em vista de oferta

Êsse financiamento escapava e escapa à

superior à procura, (supondo não fôs-


Dicesto Econômico

44

sem as sobras tomadas pela exporta

lo como em outros Estados, basta folhear

ção), a reação inversa se operaria no

os jornais da época e as reportagens fei tas diretamente junto aos lavradores, pe quenos c grandes. As safras aumenta

ano seguinte, pelo desânimo certamente levado aos meios rurais. Em conseqüên cia disso, a produção futura se retrairia e com isso os preços subiriam vertical

mente, pela oferta inferior à procura, pe nalizando assim, nesse ano, a economia dos consumidores. O mesmo fenômeno

que se repetia, no período anual de bai

xas na fase das colheitas e altas no pe ríodo da distribuição, se estenderia ao

ciclo mais longo, de anos abundantes, com preços vis, seguidos de anos de pe núria, com preços algumas vêzes exa gerados.

A idéia desse nivelamento ou estabili

zação de preços não era, a rigor, novi

dade, pois que estava sendo praHcada pelos Estados Unidos. Ali se estimula a

produção, através de garantias mais ou menos semelhantes, certamente apro priadas a mentalidade e ao meio locais. Sob esse estímulo, os Estados Unidos tomaram-se o celeiro do mundo.

Através da cidade e das fábricas, a

grande nação amiga pode ser o que al guns chamaram o "arsenal da democra

cia". Através de providências com pre ços mínimos, tornou-se esse país, igual mente, o "celeiro do mundo".

Satisfatórios os resultados do Plano de Emergência

Dicesto Econômico

45

ou "perigoso", porque se atribuíam à na tureza perecível dos respectivos produ

do mercado ou de alguns comerciantes

tos pesados riscos dos quais o comércio

mais fortes.

se cobria, na maioria das vêzes, com

que mudam conforme as conveniências

Vários mitos estão sendo demolidos

ram e os preços não caíram, como era costumeiro, na época das colheitas.

prando barato para vender o mais alto

com a ingerência do Govêmo Federal

possível. Pagava-se pouco — alêgava-se

no mercado de cereais.

Nem foi preci.so entrar o Go\'êrno Fe deral, ao menos em São Paulo, cm gran

então — porque o feijão e o milho "bi

do caráter perecível da mercadoria. Sem

chavam", porque perdiam peso, ou por

de escala, nas principais localidades pro dutoras. Não foi preciso, nem possível, porque os preços, na quase totalidade dessas localidades, permaneceram, du rante a estação agrícola então em curso, acima das bases pelas quais o Govêmo Federal se comprometia a intervir. Tanto é isso exato que, sob a admi nistração do Ministro Gastão Vidigal, in

que endureciam com o tempo, ou ainda porque se esvaíam, nas constantes pas

sagens de mãos, com os rompimentos de sacarias. Em última análise, quem pa gava por tudo isso era o produtor. O Plano de Emergência exigiu, como imperativo técnico de segurança, uma rê-

de de armazéns especializados, capazes de, em primeiro lugar, assegurar a con servação da mercadoria, pela existência de câmaras de expurgo modernas e efi cientes, e, em segundo lugar, garantir a

cumbiu-se importante firma de São Pau lo de promover as ditas operações, tendo em vista a necessidade de maior rapi

inviolabilidade do produto, com equiva lência a amostras oficiais típicas. Para se beneficiarem das vantagens do

dez e mais completa eficiência. A atua ção da firma inlerventcra limitou-se a

pouco mais de 16.000 sacas de feijão de vários tipos, adquiridas em algumas zo

Plano, criou-se rapidamente, em alguns Estados, como no Norte do Paraná, uma

nas do Estado de São Paulo. Nas de mais, somente a notícia da sua atuação

fêde especial de annazéns apropriados, e

Ou da ação do Banco do Brasil agia co

em São Paulo melhoraram-se as condi

mo espécie de estimiilador dos preços, ou, mais exatamente, agia no sentido de evitar flutuações exageradas e precipita das*, sempre prejudiciais aos agricultores. O Plano de Emergência funcionou, por

ções dos annazéns gerais já existentes.

Novas câmaras de expurgo foram mon tadas, novos processos de conservação adotados.

padronização adrede preparada pelo Mi nistério da Agricultura, mas até então

neira 6 a contento, porque dentro dos

Apesar das falhas, inerentes a qual-' limites de preços prèviamente fixados e

dúvida, produtos como feijão ou milho não podem ser conservados indefinida mente. Pioram de aspecto, de gosto ou

de outras qualidades, à medida em que envelhecem. E até podem estragar-se

fortemente. Mas, mesmo em períodos relativamente longos, conservam-se bem. Recebeu e vendeu o Govêmo Fede

ral, em 1945/46, quase um milhão d® sacas de feijão. Quando terminou a ven

da, os lotes já estavam com quase dois anos.

Foram submetidos a dh'ersos ex

purgos.

Mas, não houve prejuízo de

monta.

A aparelhagem de expurgo e

imunização, em São Paulo, no Paraná e em Minas Gerais, onde recebemos maior

volume de mercadoria, funcionou a con tento. Desfazia-se, assim, o mito da "perecibilidade" dos gêneros de primeira necessidade, mito esse que tanto contri buíra para manter relativamente baixas as bases de compra dêsses gêneros, nos centros de produção do país. Outro mito que aos p«ucos vamos ten

A classificação oficial — baseada em

tanto, em São Paulo como ação de pre sença. Mas funcionou, de qualquer ma

Um dèles é o

tando eliminar é a da disparidade do valores atribuídos a certos feijões e ou

tros gêneros de primeira necessidade,

pràticamente inoperante, porque nin

disparidade essa que não parece encon

guém a ütilizava, a não ser em casos ra

aceitos pelas entidades de classe. Não é, porém, apenas em função da estabilidade e garantia de preços que se poda julgar da atuação e influência des

ros de exportação para o exterior — Os

trar apoio em verificações científicas. Uma saca de feijão "roxinho", por e.xemplo, vale algumas vêzes o dôbro ou o triplo do "chumbinho". Terá o primei

meios comerciais já a utilizam. Só isso

ro tipo ou qualidade de feijão o dôbro

veio facilitar extraordinariamente o an

rais, o Plano de Emergência deu resul tados satisfatórios. A quem quiser cer

sa importante medida federal. Até an tes dessa intervenção dos poderes públi cos, o comércio de gêneros de primeira

damento doii negócios de cereais, dan do um grande passo no sentido de eli

do valor, como elemento energético, ali mentar, bromatológico, ou como produ to de mais fácil cocção? Vale realmente

tificar-se de sua influência, em São Pau

necessidade, era considerado "arriscado"

minar certas classificações arbitrárias.

o que se pede, ou para determinação dê

quer providência relativamente nova, a qual exigia novas medidas de segurança, em defesa do recebimento das mercado

rias e, implicitamente, em defesa da continuação da assistência aos meios ru

passou a ser obrigatória.

E, de obri

gatória tornou-se hoje costumeira.

1


Dicesto Econômico

44

sem as sobras tomadas pela exporta

lo como em outros Estados, basta folhear

ção), a reação inversa se operaria no

os jornais da época e as reportagens fei tas diretamente junto aos lavradores, pe quenos c grandes. As safras aumenta

ano seguinte, pelo desânimo certamente levado aos meios rurais. Em conseqüên cia disso, a produção futura se retrairia e com isso os preços subiriam vertical

mente, pela oferta inferior à procura, pe nalizando assim, nesse ano, a economia dos consumidores. O mesmo fenômeno

que se repetia, no período anual de bai

xas na fase das colheitas e altas no pe ríodo da distribuição, se estenderia ao

ciclo mais longo, de anos abundantes, com preços vis, seguidos de anos de pe núria, com preços algumas vêzes exa gerados.

A idéia desse nivelamento ou estabili

zação de preços não era, a rigor, novi

dade, pois que estava sendo praHcada pelos Estados Unidos. Ali se estimula a

produção, através de garantias mais ou menos semelhantes, certamente apro priadas a mentalidade e ao meio locais. Sob esse estímulo, os Estados Unidos tomaram-se o celeiro do mundo.

Através da cidade e das fábricas, a

grande nação amiga pode ser o que al guns chamaram o "arsenal da democra

cia". Através de providências com pre ços mínimos, tornou-se esse país, igual mente, o "celeiro do mundo".

Satisfatórios os resultados do Plano de Emergência

Dicesto Econômico

45

ou "perigoso", porque se atribuíam à na tureza perecível dos respectivos produ

do mercado ou de alguns comerciantes

tos pesados riscos dos quais o comércio

mais fortes.

se cobria, na maioria das vêzes, com

que mudam conforme as conveniências

Vários mitos estão sendo demolidos

ram e os preços não caíram, como era costumeiro, na época das colheitas.

prando barato para vender o mais alto

com a ingerência do Govêmo Federal

possível. Pagava-se pouco — alêgava-se

no mercado de cereais.

Nem foi preci.so entrar o Go\'êrno Fe deral, ao menos em São Paulo, cm gran

então — porque o feijão e o milho "bi

do caráter perecível da mercadoria. Sem

chavam", porque perdiam peso, ou por

de escala, nas principais localidades pro dutoras. Não foi preciso, nem possível, porque os preços, na quase totalidade dessas localidades, permaneceram, du rante a estação agrícola então em curso, acima das bases pelas quais o Govêmo Federal se comprometia a intervir. Tanto é isso exato que, sob a admi nistração do Ministro Gastão Vidigal, in

que endureciam com o tempo, ou ainda porque se esvaíam, nas constantes pas

sagens de mãos, com os rompimentos de sacarias. Em última análise, quem pa gava por tudo isso era o produtor. O Plano de Emergência exigiu, como imperativo técnico de segurança, uma rê-

de de armazéns especializados, capazes de, em primeiro lugar, assegurar a con servação da mercadoria, pela existência de câmaras de expurgo modernas e efi cientes, e, em segundo lugar, garantir a

cumbiu-se importante firma de São Pau lo de promover as ditas operações, tendo em vista a necessidade de maior rapi

inviolabilidade do produto, com equiva lência a amostras oficiais típicas. Para se beneficiarem das vantagens do

dez e mais completa eficiência. A atua ção da firma inlerventcra limitou-se a

pouco mais de 16.000 sacas de feijão de vários tipos, adquiridas em algumas zo

Plano, criou-se rapidamente, em alguns Estados, como no Norte do Paraná, uma

nas do Estado de São Paulo. Nas de mais, somente a notícia da sua atuação

fêde especial de annazéns apropriados, e

Ou da ação do Banco do Brasil agia co

em São Paulo melhoraram-se as condi

mo espécie de estimiilador dos preços, ou, mais exatamente, agia no sentido de evitar flutuações exageradas e precipita das*, sempre prejudiciais aos agricultores. O Plano de Emergência funcionou, por

ções dos annazéns gerais já existentes.

Novas câmaras de expurgo foram mon tadas, novos processos de conservação adotados.

padronização adrede preparada pelo Mi nistério da Agricultura, mas até então

neira 6 a contento, porque dentro dos

Apesar das falhas, inerentes a qual-' limites de preços prèviamente fixados e

dúvida, produtos como feijão ou milho não podem ser conservados indefinida mente. Pioram de aspecto, de gosto ou

de outras qualidades, à medida em que envelhecem. E até podem estragar-se

fortemente. Mas, mesmo em períodos relativamente longos, conservam-se bem. Recebeu e vendeu o Govêmo Fede

ral, em 1945/46, quase um milhão d® sacas de feijão. Quando terminou a ven

da, os lotes já estavam com quase dois anos.

Foram submetidos a dh'ersos ex

purgos.

Mas, não houve prejuízo de

monta.

A aparelhagem de expurgo e

imunização, em São Paulo, no Paraná e em Minas Gerais, onde recebemos maior

volume de mercadoria, funcionou a con tento. Desfazia-se, assim, o mito da "perecibilidade" dos gêneros de primeira necessidade, mito esse que tanto contri buíra para manter relativamente baixas as bases de compra dêsses gêneros, nos centros de produção do país. Outro mito que aos p«ucos vamos ten

A classificação oficial — baseada em

tanto, em São Paulo como ação de pre sença. Mas funcionou, de qualquer ma

Um dèles é o

tando eliminar é a da disparidade do valores atribuídos a certos feijões e ou

tros gêneros de primeira necessidade,

pràticamente inoperante, porque nin

disparidade essa que não parece encon

guém a ütilizava, a não ser em casos ra

aceitos pelas entidades de classe. Não é, porém, apenas em função da estabilidade e garantia de preços que se poda julgar da atuação e influência des

ros de exportação para o exterior — Os

trar apoio em verificações científicas. Uma saca de feijão "roxinho", por e.xemplo, vale algumas vêzes o dôbro ou o triplo do "chumbinho". Terá o primei

meios comerciais já a utilizam. Só isso

ro tipo ou qualidade de feijão o dôbro

veio facilitar extraordinariamente o an

rais, o Plano de Emergência deu resul tados satisfatórios. A quem quiser cer

sa importante medida federal. Até an tes dessa intervenção dos poderes públi cos, o comércio de gêneros de primeira

damento doii negócios de cereais, dan do um grande passo no sentido de eli

do valor, como elemento energético, ali mentar, bromatológico, ou como produ to de mais fácil cocção? Vale realmente

tificar-se de sua influência, em São Pau

necessidade, era considerado "arriscado"

minar certas classificações arbitrárias.

o que se pede, ou para determinação dê

quer providência relativamente nova, a qual exigia novas medidas de segurança, em defesa do recebimento das mercado

rias e, implicitamente, em defesa da continuação da assistência aos meios ru

passou a ser obrigatória.

E, de obri

gatória tornou-se hoje costumeira.

1


Digesto Econômico Digbsto Ecoxó>aco

46

seu valor atuam fôrças que não são cien tíficas ? E' o que estamos constatando, em estudos a que vão sendo submetidas todas as qualidades de feijão recebidas, a fim de determinar-lhes os respectivos valores bromatológicos. Será essa pro vidência de grande valor, para orienta ção e defesa dos consumidores. Só isso

representará forte contribuição aos interêsses dos consumidores.

Outro aspecto do antigo Plano de Emergência é o da padronização e uni

formização dos tipos de alguns gêneros de primeira necessidade. Há no país verdadeira confusão a respeito de nomes

dêsses produtos. Raramente se podem formar lotes homogêneos, como dificil mente se conhece, a não ser pela consta tação direta, o que se produz nesta ou naquela região do país. A tendêntia da uniformização dos produtos, e sobretu do a sua homogenização, dentro dos ti pos ou padrões oficiais, vai dando as pectos novos ao comércio e à produção

dos gêneros de primeira necessidade, afastando fraudes, mistérios, nritos, des confianças, enfim, um mundo de coisas que os iniciados mantêm zelosamente em

sigilo, em seu benefício, é claro, mas em

detrimento dos interesses da produção e do consumo, em geral. Da Phno de Emergência a Lei de Pre ços Mínimos

Tão satisfatórios foram os resultados

iniciais do Plano de Emergênciaj cuja duração era de um ano, que se transfor

Mais tarde, pela lei 615, dc 2 de fev»reiro de 1949, do Congresso Nacional, foi o Plano de Emergência enquadrado

da transitória ou de emergência, estamos passando piu-a assistência permanente, consubstanciada ,em leis básicas, cujas

repercussões e influência no futuro da

agricultura do país deverão ser das mais benéficas e duradouras.

finalmente nas providências dc âmbito mais amplo, abrangendo não apenas ati

vidades agrícolas dc uma safra, mas tôdas as que se estenderem até 1951.

Corrigiu a nova lei a rigidez dos pre ços mínimos básicos, permitindo-lhes al terações anuais, apresentadas aos ór gãos competentes do Covêmo Federal, após consultas às entidades responsáveis da produção.

Já foram assim alterados e melliorados quase todos os preços mínimos ori ginais, tendo em vista o aumento do cus to da produção observado no país, nos últimos anos.

A citada lei está em pleno vigor. Al gumas centenas de milhares de sacas de gêneros de primeira necessidade estão sendo recebidas e armazenadas em São

Paulo, assegurando, nas fontes produto ras, preços razoáveis, livres da instabili dade de outras épocas, e nos centros de consumo garantia de suprimento sufi ciente para impedir altas exageradas. O objetivo dos estoques que se acu mulam em decorrência dessas compras

é, em primeiro lugar, formar reservas, para atender às necessidades do consu mo interno, e, em segundo, permitir so bras capazes de atender a possíveis com promissos do Brasil para com o abaste-' cimento mimdial.

Tudo indica, que essa providência, convenientemente ampliada a outros produtos, assegurará mais tranqüilos e

mou, pelo decreto-lei n. 9.879, em me dida quase permanente, com a dupla

seguros dias à agricultura nacional, as

modalidade de financiamento, em deter

sim como condições menos penosas para

minadas bases, ou a aquisição, também sob certas condições, pelo Governo Fe-^^

sileiros.

dera).

47

a grande massa dos consumidores bra

De pro\àdência que fôra então julga-

r-VK..!*»

j


Digesto Econômico Digbsto Ecoxó>aco

46

seu valor atuam fôrças que não são cien tíficas ? E' o que estamos constatando, em estudos a que vão sendo submetidas todas as qualidades de feijão recebidas, a fim de determinar-lhes os respectivos valores bromatológicos. Será essa pro vidência de grande valor, para orienta ção e defesa dos consumidores. Só isso

representará forte contribuição aos interêsses dos consumidores.

Outro aspecto do antigo Plano de Emergência é o da padronização e uni

formização dos tipos de alguns gêneros de primeira necessidade. Há no país verdadeira confusão a respeito de nomes

dêsses produtos. Raramente se podem formar lotes homogêneos, como dificil mente se conhece, a não ser pela consta tação direta, o que se produz nesta ou naquela região do país. A tendêntia da uniformização dos produtos, e sobretu do a sua homogenização, dentro dos ti pos ou padrões oficiais, vai dando as pectos novos ao comércio e à produção

dos gêneros de primeira necessidade, afastando fraudes, mistérios, nritos, des confianças, enfim, um mundo de coisas que os iniciados mantêm zelosamente em

sigilo, em seu benefício, é claro, mas em

detrimento dos interesses da produção e do consumo, em geral. Da Phno de Emergência a Lei de Pre ços Mínimos

Tão satisfatórios foram os resultados

iniciais do Plano de Emergênciaj cuja duração era de um ano, que se transfor

Mais tarde, pela lei 615, dc 2 de fev»reiro de 1949, do Congresso Nacional, foi o Plano de Emergência enquadrado

da transitória ou de emergência, estamos passando piu-a assistência permanente, consubstanciada ,em leis básicas, cujas

repercussões e influência no futuro da

agricultura do país deverão ser das mais benéficas e duradouras.

finalmente nas providências dc âmbito mais amplo, abrangendo não apenas ati

vidades agrícolas dc uma safra, mas tôdas as que se estenderem até 1951.

Corrigiu a nova lei a rigidez dos pre ços mínimos básicos, permitindo-lhes al terações anuais, apresentadas aos ór gãos competentes do Covêmo Federal, após consultas às entidades responsáveis da produção.

Já foram assim alterados e melliorados quase todos os preços mínimos ori ginais, tendo em vista o aumento do cus to da produção observado no país, nos últimos anos.

A citada lei está em pleno vigor. Al gumas centenas de milhares de sacas de gêneros de primeira necessidade estão sendo recebidas e armazenadas em São

Paulo, assegurando, nas fontes produto ras, preços razoáveis, livres da instabili dade de outras épocas, e nos centros de consumo garantia de suprimento sufi ciente para impedir altas exageradas. O objetivo dos estoques que se acu mulam em decorrência dessas compras

é, em primeiro lugar, formar reservas, para atender às necessidades do consu mo interno, e, em segundo, permitir so bras capazes de atender a possíveis com promissos do Brasil para com o abaste-' cimento mimdial.

Tudo indica, que essa providência, convenientemente ampliada a outros produtos, assegurará mais tranqüilos e

mou, pelo decreto-lei n. 9.879, em me dida quase permanente, com a dupla

seguros dias à agricultura nacional, as

modalidade de financiamento, em deter

sim como condições menos penosas para

minadas bases, ou a aquisição, também sob certas condições, pelo Governo Fe-^^

sileiros.

dera).

47

a grande massa dos consumidores bra

De pro\àdência que fôra então julga-

r-VK..!*»

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49

Dioesto Econômico

Noias sobre um economista argentino Djacir Menezes (Prof. Cat. da Faculdade Nacional d«

Filosofia).

HÁ DÚVIDA de que o sr. Luis Ro

que Gondra foi um dos mais quali ficados economistas da Argentina moder

por trás das suas teorias, cru diferente. E as teorias, que por acaso lhe entraram pelos olho.s em língua estrangeira, pres

na: uma serie de obras científicas mui to notáveis asseguram-lhe relevo e com

zação intensa, desemprego em massa,

petência já internacionalmente reconhe

cidos. E o seu último livro Ensatjo SO' hre una teoria general de Ias fluctuaciones econômicos, aparecido há alguns anos, foi acolhido jubilosamente pelos es-

'

tudiosos. (1).

Não sabemos se lhe foi feita qualquer ^

^ ^

critica no Brasil, o que não é de causar

pasmo. A crítica nacional, quando deixa de marginar obras literárias, é de

uma mudez terrível; e os vagos gninhidos que ainda lhe escapam dificilmente se reconhecem como aplauso ou anún-"' cio vient da paraítre. A leitura mesmo de assuntos especializados é escassa.

Muitos técnicos andam de olho arrega lado à caça do último livro norte-ame

ricano, não para estudá-lo, mas para ci tá-lo: u.sá-lo como uma mulher bonita

põe o chapéu do iiltimo figurino. E' no meio da ignorância ilustrada e falante

que se afirma o seu prestigio — e abrem-

àc-lhe alas. Não falta mesmo quem lhe

supunham outras condições: industriali

o ouro SC concentniu nas delnocracias

americana, inglesa e francesa —• o cxnno a Itália, o Japão, a Alemanha, foram lentamente conduzidos às trocas bilate

predileçõcs doutrinárias. E a Ciência

rais, fechando-sc em si mesmos e organizíindo inililarmente o partido único e

está acima de tôda espécie de pro.selitis-

Ao primeiro ensaio, que dá nome ao

As palavras são "meretrículae"

livro, .sucedem-se estudos desiguais, de épocas diferentes: e desaparece o eco nomista para surgir o homem de parti

do, ligado a uns tantos princípios e preconceitos, que são arcloro.samcnto

cadas, o país é que está errado. E os

propagados.

campos se despovoam, a miséria cresc^

mo político.

a sua economia interna.

não acorda. As teorias devem ser apli

capitais ociosos etc. Mas o sonàmbiilo

constituídas, dispensam adjetivos: são ciências que estudam realidades c suas verdades enunciadas não dependem de

Os exageros que aponta no materia-

Os espíritos habituados à análise, à ar gumentação critica, à dúvida sistemática, não podem ser reduzidos ao silêncio por

formas de julgar e pensar que, na essên cia, são comuns às seitas de qualquer na tureza. Quando Gondra vê, nos movimen

o que rancorosamente não cresce é o mi

lismo histórico nascem' mais de uma ati

tos sociais contemporâneos, a "prepo

lho, o arroz, a batata. Mas deixemos o

tude política do que de uma verificação

tência momentânea de bandos de assas

grande especialista — e volvamos ao li

de cientista. Ter o espírito livre de or-

sinos, ladrões e prostitutas" incorre no

vro de Gondra.

todoxias é, na realidade, uma condição

mais raso e lamentava! êrro de compre

salutar para o trabalho cientifico, como reclamas-a .sempre Bertiand Russell.

ensão que só o sectarismo poderia deter

Mas freqüentes \'êzes observamos que

tal, a livre disponibilidade de espírito,

O nacionalismo autárquico

Naquele ensaio há algumas restrições

a fazer. A primeira é que o assunto fun damental se reduz a 43 páginas iniciais, que é um cuidadoso estudo dos movi mentos cíclicos, que confirma plenamen te o renome que o autor granjeou nos meios competentes da América Latina. Uma das conclusões de .sua análise é

a condenação das tendências autárquicas na ordem econômica, de que o protecio nismo é a manifestação mais antiga. No mundo moderno, com o aumento do ca

minar. Falta-lhe então a liberdade men

essa pretensão de.sanda, nas

em face dos par

suas conseqüên

tidos considera

que

reclamou

cias, em resul

dos

tados contrários:

e antidemocráti

apregoando uma

rTTTTTTTTTTTTTTTT

opressivos

cos.

Èle mergulha

liberdade men tal a todo tran-

na história, de

sç, o que se defende, no fundo, são

que tem largos conhecimento.s, para bu.s-

velhos preconceitos ideológicos havidos

car confirmações às suas teses. Assim, a

Revolução Francesa é vista através da

como verdades incontestáveis. O autor refere como Antônio Labrio-

crítica que promove contra Albert Mathiez, que, na sua opinião, desfigura la

í

solicite, emocionado, que tenha a bon dade de salvar a economia do pais, se

pital fixo em proporções desusadas, o aperfeiçoamento técnico das máquinas,

la se aborrecia contra os que confun

diam a concepção materialista da histó

mentavelmente aquele movimento, xãsan-

I

não fôr muito incômodo. Então levam-

o crescimento dos bens .sucedâneos, a or

ria com as distintas formas de interpre

do a apologia de Robespierre e da dita

no para o chamado "posto de sacrifício",

ganização dos monopólios, o "prote

tação econômica da história ou com o

dura terrorista. Lembra, por vezes, a in

onde o técnico toma-se definitivamente

cionismo — escreve Gondra — reduz-se,

incompreendido. A pátria, que estava

inaterialismo

terpretação dada por Hitler, quando apon

na generalidade dos casos, a inofensiva

(1) Gondra, Roque,

panacéia biu-ocrática". Mas não nos explicou porque o mun

\'am a cidade. Daí saírem de sua pena

do moderno foi levado ao "nacionalismo

Croce propunha remendar aquela dou trina com retalhos do marginalismo eco nômico. Mas quaisquer que sejam as mòdificações que se proponham, a So

autárquico". Não nos explicou porque

ciologia e a Economia,, cientificamente

tadura de clubes", "corja de sectários",

Ensayo sobre

teoria general de Ias flucluacíones econômicas, Imprenta de Ia Univer-

sidad, B. Aires, 1943.

filosófico.

E

Benedeto

tava a Revolução como obra dos milha

res de agitadores de clubes qué infestaconstantes apelativos desta espécie: "di


49

Dioesto Econômico

Noias sobre um economista argentino Djacir Menezes (Prof. Cat. da Faculdade Nacional d«

Filosofia).

HÁ DÚVIDA de que o sr. Luis Ro

que Gondra foi um dos mais quali ficados economistas da Argentina moder

por trás das suas teorias, cru diferente. E as teorias, que por acaso lhe entraram pelos olho.s em língua estrangeira, pres

na: uma serie de obras científicas mui to notáveis asseguram-lhe relevo e com

zação intensa, desemprego em massa,

petência já internacionalmente reconhe

cidos. E o seu último livro Ensatjo SO' hre una teoria general de Ias fluctuaciones econômicos, aparecido há alguns anos, foi acolhido jubilosamente pelos es-

'

tudiosos. (1).

Não sabemos se lhe foi feita qualquer ^

^ ^

critica no Brasil, o que não é de causar

pasmo. A crítica nacional, quando deixa de marginar obras literárias, é de

uma mudez terrível; e os vagos gninhidos que ainda lhe escapam dificilmente se reconhecem como aplauso ou anún-"' cio vient da paraítre. A leitura mesmo de assuntos especializados é escassa.

Muitos técnicos andam de olho arrega lado à caça do último livro norte-ame

ricano, não para estudá-lo, mas para ci tá-lo: u.sá-lo como uma mulher bonita

põe o chapéu do iiltimo figurino. E' no meio da ignorância ilustrada e falante

que se afirma o seu prestigio — e abrem-

àc-lhe alas. Não falta mesmo quem lhe

supunham outras condições: industriali

o ouro SC concentniu nas delnocracias

americana, inglesa e francesa —• o cxnno a Itália, o Japão, a Alemanha, foram lentamente conduzidos às trocas bilate

predileçõcs doutrinárias. E a Ciência

rais, fechando-sc em si mesmos e organizíindo inililarmente o partido único e

está acima de tôda espécie de pro.selitis-

Ao primeiro ensaio, que dá nome ao

As palavras são "meretrículae"

livro, .sucedem-se estudos desiguais, de épocas diferentes: e desaparece o eco nomista para surgir o homem de parti

do, ligado a uns tantos princípios e preconceitos, que são arcloro.samcnto

cadas, o país é que está errado. E os

propagados.

campos se despovoam, a miséria cresc^

mo político.

a sua economia interna.

não acorda. As teorias devem ser apli

capitais ociosos etc. Mas o sonàmbiilo

constituídas, dispensam adjetivos: são ciências que estudam realidades c suas verdades enunciadas não dependem de

Os exageros que aponta no materia-

Os espíritos habituados à análise, à ar gumentação critica, à dúvida sistemática, não podem ser reduzidos ao silêncio por

formas de julgar e pensar que, na essên cia, são comuns às seitas de qualquer na tureza. Quando Gondra vê, nos movimen

o que rancorosamente não cresce é o mi

lismo histórico nascem' mais de uma ati

tos sociais contemporâneos, a "prepo

lho, o arroz, a batata. Mas deixemos o

tude política do que de uma verificação

tência momentânea de bandos de assas

grande especialista — e volvamos ao li

de cientista. Ter o espírito livre de or-

sinos, ladrões e prostitutas" incorre no

vro de Gondra.

todoxias é, na realidade, uma condição

mais raso e lamentava! êrro de compre

salutar para o trabalho cientifico, como reclamas-a .sempre Bertiand Russell.

ensão que só o sectarismo poderia deter

Mas freqüentes \'êzes observamos que

tal, a livre disponibilidade de espírito,

O nacionalismo autárquico

Naquele ensaio há algumas restrições

a fazer. A primeira é que o assunto fun damental se reduz a 43 páginas iniciais, que é um cuidadoso estudo dos movi mentos cíclicos, que confirma plenamen te o renome que o autor granjeou nos meios competentes da América Latina. Uma das conclusões de .sua análise é

a condenação das tendências autárquicas na ordem econômica, de que o protecio nismo é a manifestação mais antiga. No mundo moderno, com o aumento do ca

minar. Falta-lhe então a liberdade men

essa pretensão de.sanda, nas

em face dos par

suas conseqüên

tidos considera

que

reclamou

cias, em resul

dos

tados contrários:

e antidemocráti

apregoando uma

rTTTTTTTTTTTTTTTT

opressivos

cos.

Èle mergulha

liberdade men tal a todo tran-

na história, de

sç, o que se defende, no fundo, são

que tem largos conhecimento.s, para bu.s-

velhos preconceitos ideológicos havidos

car confirmações às suas teses. Assim, a

Revolução Francesa é vista através da

como verdades incontestáveis. O autor refere como Antônio Labrio-

crítica que promove contra Albert Mathiez, que, na sua opinião, desfigura la

í

solicite, emocionado, que tenha a bon dade de salvar a economia do pais, se

pital fixo em proporções desusadas, o aperfeiçoamento técnico das máquinas,

la se aborrecia contra os que confun

diam a concepção materialista da histó

mentavelmente aquele movimento, xãsan-

I

não fôr muito incômodo. Então levam-

o crescimento dos bens .sucedâneos, a or

ria com as distintas formas de interpre

do a apologia de Robespierre e da dita

no para o chamado "posto de sacrifício",

ganização dos monopólios, o "prote

tação econômica da história ou com o

dura terrorista. Lembra, por vezes, a in

onde o técnico toma-se definitivamente

cionismo — escreve Gondra — reduz-se,

incompreendido. A pátria, que estava

inaterialismo

terpretação dada por Hitler, quando apon

na generalidade dos casos, a inofensiva

(1) Gondra, Roque,

panacéia biu-ocrática". Mas não nos explicou porque o mun

\'am a cidade. Daí saírem de sua pena

do moderno foi levado ao "nacionalismo

Croce propunha remendar aquela dou trina com retalhos do marginalismo eco nômico. Mas quaisquer que sejam as mòdificações que se proponham, a So

autárquico". Não nos explicou porque

ciologia e a Economia,, cientificamente

tadura de clubes", "corja de sectários",

Ensayo sobre

teoria general de Ias flucluacíones econômicas, Imprenta de Ia Univer-

sidad, B. Aires, 1943.

filosófico.

E

Benedeto

tava a Revolução como obra dos milha

res de agitadores de clubes qué infestaconstantes apelativos desta espécie: "di


'i T*.

Dicesto Econômico

50

"ideologos da guilhotina", "bandos de foragidos", etc. Êle vè a vasa suja, que tumultua o ensangüenta, mas não percebe o signi

era Eduardo Prado, conforme .sc pode ler

nos artigos monarquistas que deixou nos

ficado que tudo"^quilo traduz. Impres

Pastos da Ditadura Militar no Brasil, combatendo a orientação financeira de Rui Barbosa (2). Parece-nos inexata es

siona-se com os galhos e folhas — e não

sa opinião, que desconhece a função que

consegue ver a paisagem.

desempenharam na realidade os capitais

Louva-se numa frase de Croce: "as

palasaas são meretriculae-. rameiras que se dão facilmente a todos". Ninguém

poderia mais autorizadamente julgá-lo do que Croce.

Minuscula.s- rapinagens sul-americana.'/^ Abandonemos, porém, as incursões

políticas, onde o autor perde o talhe al to de economista para se transformar nuin moralista zangado - e volvamos às paginas de análise econômica. Ao estu

dar as origens do pangermanismo, para

refutar Charles Andier, Gondra faz al gumas considerações a respeito dos em préstimos que os países latino-america nos contraíram no Velho Mundo. Me

lhor, contraíram na City. Escreve êle ; ... As duas formas de exploração

importados'. Nenhum, como disse o gran de jornalista Matos Ibiapina, sc encami nhou para desenvolver qualquer indús tria nacional, favorecendo ou estimulan

Dicesto Econômico

51

as manifestações centrais do novo Es

Unidos, resulta um ato de comércio bom,

tado.

por meio do qual vende e não compra, e impõe-nos um meio de pagamento muito mais custoso que o produto de

O economista e o profe.^sor

nossa indústria mais remunerativa".

O ilustre economista não podia guar dar serenidade de espírito quando lan çava os olhos sôbre o panorama político de certas nações onde triunfavam medi

das socialistas ou socializantes. E' o que prejudica sua análise dos fatos. Esquece

do nosso progresso econômico. Instala ram-se nas cidades, e.xplorando os servi ços públicos, com juros garantido.s e al

• completamente a frieza de método tão

tos. A liistória do serviço de nossas dí

sentante na ciência econômica das Amé

vidas públicas é, bem ao contrário do que dizem os defensores do capitalismo estrangeiro, uma espoliação continuada das nossas fontes de vida e do trabalho

nacional. Esse tema, aliás, foi bem es-

trebilhado por Geraldo Rocha em jomal e no livTO País Espoliado, publicado há mais de dez anos, se não nos falha a memória. Também Osório da Eocha Diniz, em dois livros editados na Cole ção Brasiliana (3).

apreciada pelos economistas matemáti

cos, de que Gondra foi um alto repre ricas. Assim, não só vê laivos de "ero

tismo" nos movimentos sociais últimos, aliando Freud e Marx, como descobre o esguio perfil judaico no tumulto dos

Mas, volvendo ao terreno econômico,

os dois ensaios que fecham o volume,

lação da riqueza: investimentos, poupan

versando sôbre a teoria dos custos com

ça, eficácia marginal do capital, pi-opcnsão para consumir, etc. Gondra também mergulha em Keynes: mas seu apego à economia paretiann, onde formou seu es pírito, mantém-no independente e com certa capacidade crítica diante das afir mações keynesianas. Onde o eminente economista argentino se revela lúcido e

parados e sôbre comércio e vizinhança.

dade chega a ser, mas "minúsculas ra

nas linhas gerais, à de outros países sul-

forçado^ outro eufemismo com que se

pinagens sul-americanas".

americanos. A barreira protecionista im

dissimula, elegantemente, o de pagar um, por exemplo, pelo que se deve pa

seu parecer, a antecqíação do comporta mento alemão, de sua política, ao blo quear depois, com o descrédito do Tra tado de Versalhes, os capitais imiscuí dos na economia do Reich. Os bloqueios,

(4) Rosenberg,

Der

Mythus

des

Gahrhunderts, Münschen, 1936.

(3) Diniz, Osório Rocha, O Brasil em fa

li--' -f .-...

pede que êsses países possam pagar — obsei-va Gondra referindo-se à Argen tina — as importações ianques com os próprios produtos de suas indústiias; "não há dúvida de que, para os Estados

as nacionalizações, as socializações, são

canos como os caloteadores dos banquei ros europeus. Do mesmo ponto de vista

ção dos problemas econômicos moder nos, variáveis econômicas que estão si

trina sociológica". Para êle, nem hostili

Gondra considerava os países sul-ameri

rico não cessa de tomar, na determina

tuadas inleirarnente na esfera da circu

Daí

cora o fato de não pagar o que se deve,

(2) Prado, Eduardo, Faslos da Ditadura

mas, isto é, olvidando a análise da es truturo. econômica e de seu.s problemas

raciocina com a habitual clareza.

As relações comerciais da Argentina

Viífredo Pareto. Por aí se infere que

lística e as raízes de todos êsses proble

o prof. Gondra tranqüiliza o espirito e

com os Estados Unidos assemelham-se,

fotografia do animal." E' um comentário a certa opinião de

cando princípios do liberalismo cliíssicò — deixando à margem da argumentação as novas formas de competição oligopo-

A própria voga das teorias de Keynes prova o que dissemos. O grande teó

berg (4). Sabe-se hoje como tais teo rias se forjicam e se propagam.

eufemismo com que se decorava e de

gar dois ou três; ou, como diz o mesmo Pareto, o fato de restituir um boi com a

economistas com.êsses reflexos dos de-

sajustanientos no plano monetário, in\x)-

básicos.

var-se à "categoria e dignidade de dou Aí está, no

tanto se tem escrito e teorizado.• Mas é interessante notar como se distraem os

acontecimentos. Era o foetoi- iudaictis,

suspensão do serviço da dívida pública. e para os credores do interior, o curso

cas da esterilização (Io ouro, sôbre que

de que falava rancorosamente Rosen-

Mas isso é, no pensar paretiano de Gondra, uma hostilidade aos capitais es trangeiros — e essa hostilidade vai ele

eram, para os credores do exterior, a

Daí a concentração metálica tremenda

que se verificou — e que levou às práti

Militar no Brasil, São Paulo, 1902.

20.

magistral é na exposição das teorias clássicas. E não nos podemos esquivar

a render homenagem ao grande profes sor que êle foi: na cátedra, conquistou a admiração que lhe tributam as gera ções estudiosas do Continente.

4#^

ce dos imperlalismos modernos, Liv.

Editora Nacional, 1940. 0

*

r

%

^ ^ 4^


'i T*.

Dicesto Econômico

50

"ideologos da guilhotina", "bandos de foragidos", etc. Êle vè a vasa suja, que tumultua o ensangüenta, mas não percebe o signi

era Eduardo Prado, conforme .sc pode ler

nos artigos monarquistas que deixou nos

ficado que tudo"^quilo traduz. Impres

Pastos da Ditadura Militar no Brasil, combatendo a orientação financeira de Rui Barbosa (2). Parece-nos inexata es

siona-se com os galhos e folhas — e não

sa opinião, que desconhece a função que

consegue ver a paisagem.

desempenharam na realidade os capitais

Louva-se numa frase de Croce: "as

palasaas são meretriculae-. rameiras que se dão facilmente a todos". Ninguém

poderia mais autorizadamente julgá-lo do que Croce.

Minuscula.s- rapinagens sul-americana.'/^ Abandonemos, porém, as incursões

políticas, onde o autor perde o talhe al to de economista para se transformar nuin moralista zangado - e volvamos às paginas de análise econômica. Ao estu

dar as origens do pangermanismo, para

refutar Charles Andier, Gondra faz al gumas considerações a respeito dos em préstimos que os países latino-america nos contraíram no Velho Mundo. Me

lhor, contraíram na City. Escreve êle ; ... As duas formas de exploração

importados'. Nenhum, como disse o gran de jornalista Matos Ibiapina, sc encami nhou para desenvolver qualquer indús tria nacional, favorecendo ou estimulan

Dicesto Econômico

51

as manifestações centrais do novo Es

Unidos, resulta um ato de comércio bom,

tado.

por meio do qual vende e não compra, e impõe-nos um meio de pagamento muito mais custoso que o produto de

O economista e o profe.^sor

nossa indústria mais remunerativa".

O ilustre economista não podia guar dar serenidade de espírito quando lan çava os olhos sôbre o panorama político de certas nações onde triunfavam medi

das socialistas ou socializantes. E' o que prejudica sua análise dos fatos. Esquece

do nosso progresso econômico. Instala ram-se nas cidades, e.xplorando os servi ços públicos, com juros garantido.s e al

• completamente a frieza de método tão

tos. A liistória do serviço de nossas dí

sentante na ciência econômica das Amé

vidas públicas é, bem ao contrário do que dizem os defensores do capitalismo estrangeiro, uma espoliação continuada das nossas fontes de vida e do trabalho

nacional. Esse tema, aliás, foi bem es-

trebilhado por Geraldo Rocha em jomal e no livTO País Espoliado, publicado há mais de dez anos, se não nos falha a memória. Também Osório da Eocha Diniz, em dois livros editados na Cole ção Brasiliana (3).

apreciada pelos economistas matemáti

cos, de que Gondra foi um alto repre ricas. Assim, não só vê laivos de "ero

tismo" nos movimentos sociais últimos, aliando Freud e Marx, como descobre o esguio perfil judaico no tumulto dos

Mas, volvendo ao terreno econômico,

os dois ensaios que fecham o volume,

lação da riqueza: investimentos, poupan

versando sôbre a teoria dos custos com

ça, eficácia marginal do capital, pi-opcnsão para consumir, etc. Gondra também mergulha em Keynes: mas seu apego à economia paretiann, onde formou seu es pírito, mantém-no independente e com certa capacidade crítica diante das afir mações keynesianas. Onde o eminente economista argentino se revela lúcido e

parados e sôbre comércio e vizinhança.

dade chega a ser, mas "minúsculas ra

nas linhas gerais, à de outros países sul-

forçado^ outro eufemismo com que se

pinagens sul-americanas".

americanos. A barreira protecionista im

dissimula, elegantemente, o de pagar um, por exemplo, pelo que se deve pa

seu parecer, a antecqíação do comporta mento alemão, de sua política, ao blo quear depois, com o descrédito do Tra tado de Versalhes, os capitais imiscuí dos na economia do Reich. Os bloqueios,

(4) Rosenberg,

Der

Mythus

des

Gahrhunderts, Münschen, 1936.

(3) Diniz, Osório Rocha, O Brasil em fa

li--' -f .-...

pede que êsses países possam pagar — obsei-va Gondra referindo-se à Argen tina — as importações ianques com os próprios produtos de suas indústiias; "não há dúvida de que, para os Estados

as nacionalizações, as socializações, são

canos como os caloteadores dos banquei ros europeus. Do mesmo ponto de vista

ção dos problemas econômicos moder nos, variáveis econômicas que estão si

trina sociológica". Para êle, nem hostili

Gondra considerava os países sul-ameri

rico não cessa de tomar, na determina

tuadas inleirarnente na esfera da circu

Daí

cora o fato de não pagar o que se deve,

(2) Prado, Eduardo, Faslos da Ditadura

mas, isto é, olvidando a análise da es truturo. econômica e de seu.s problemas

raciocina com a habitual clareza.

As relações comerciais da Argentina

Viífredo Pareto. Por aí se infere que

lística e as raízes de todos êsses proble

o prof. Gondra tranqüiliza o espirito e

com os Estados Unidos assemelham-se,

fotografia do animal." E' um comentário a certa opinião de

cando princípios do liberalismo cliíssicò — deixando à margem da argumentação as novas formas de competição oligopo-

A própria voga das teorias de Keynes prova o que dissemos. O grande teó

berg (4). Sabe-se hoje como tais teo rias se forjicam e se propagam.

eufemismo com que se decorava e de

gar dois ou três; ou, como diz o mesmo Pareto, o fato de restituir um boi com a

economistas com.êsses reflexos dos de-

sajustanientos no plano monetário, in\x)-

básicos.

var-se à "categoria e dignidade de dou Aí está, no

tanto se tem escrito e teorizado.• Mas é interessante notar como se distraem os

acontecimentos. Era o foetoi- iudaictis,

suspensão do serviço da dívida pública. e para os credores do interior, o curso

cas da esterilização (Io ouro, sôbre que

de que falava rancorosamente Rosen-

Mas isso é, no pensar paretiano de Gondra, uma hostilidade aos capitais es trangeiros — e essa hostilidade vai ele

eram, para os credores do exterior, a

Daí a concentração metálica tremenda

que se verificou — e que levou às práti

Militar no Brasil, São Paulo, 1902.

20.

magistral é na exposição das teorias clássicas. E não nos podemos esquivar

a render homenagem ao grande profes sor que êle foi: na cátedra, conquistou a admiração que lhe tributam as gera ções estudiosas do Continente.

4#^

ce dos imperlalismos modernos, Liv.

Editora Nacional, 1940. 0

*

r

%

^ ^ 4^


53

Dicesto Econômico

Carvão nacional, fonte de energia

do que no Brasil, onde seus gritos de

tes estrangeiros só poderão acompanhar

alarma são contrariados constantemente

com admiração e simpatia essa evolução brasileira. Em primeiro lugar, porque o

pelas idéias de independência econômica que vão empolgando ràpidamente a

Gebaldo o Banaskiwitz

imensa maioria da Nação.

PEDIDO de socorro lança

do recentemente pela mesa redonda que re

paz de perturbar a importação de um •' simples prego, ou "last but not least", dü carvão de Cardiff. ..

realismo, em matéria econômica, consti

tui hoje uma tendência xuiiversal; e em segundo, porque todo o mundo ai por

Desgraçado do país que se deixasse influenciar por tais pessimistas e "bonvivants" que em nenhuma parte, e em

fora está cansado

dc tratar

com uma

América Latiná em que tudo é fluido,

uniu os expoentes da in

Arrepiam-se, temerosos, ante as lenta-

nenhum momento da história, contribui-

nebuloso...

dústria carbonífera bra sileira encheu de satisfa

ram para que se forjasse o futui*o eco nômico de uma nação. O mais que se

ção o espírito dos eternos pessimistas

tivas do exploração dos lençóis petrolí- 'v feros nacionais. Será que a gasolina bra-'

As geografias econômicas editadas nos principais países do mundo são va

sileira não custará mais caro que a es

que vivem entre nós a descrer de todas

trangeira ? Pois uma garrafa de água

lheí pode permitir c que, das galerias, observem como simples espectadores os

tinente. Admitem, freqüentemente, apre

mineral, apanhada sem maiores gastos

acontecimentos, sem o direito de inter

ciações despropositadas a nosso respeito,

jam, patriotas. Portanto, a alegria que sentem ao considerar os tropeços que se

nas termas dc Minas, não nos custa unia

vir nas decisões a serem tomadas.

exorbitância, quase tanto quanto a água de Vichy ? Então, para que tentar o

utilizando-se crèdulamente das opiniões de observadores ocasionais e superficiais.

tes, desmerecendo duma parcela da opi

antepõem à industrialização brasileira

Êsses livros não podem, na maioria dos

aproveitamento dos recursos nacionais ?

casos, servir de fontes de informação, pois, relativamente a certos assuntos, va

teza, de que estão com a razão, pro

nião pública ? Ou desprezando os sa crossantos princípios da democracia ? Absolutamente. Procuramos apenas pre

põem ao Brasil que se limite, como o

venir a verdadeira opinião pública con

as possibilidades nacionais de progresso econômico. Êles se dizem, e talvez o se

deve ser levada à conta do orgulho de quem ve confirmadas suas previsões.

Não profetizaram êles a impossibilidade do desenvolvimento da indústria carvoeira no Brasil ? E os fatos não estão dando

razão aos seus raciocínios ? Não deve o País, então, voltar atrás do caminho er

rado que está palmilhando, e preferir a suave estrada da monocultura agrícola que êles lhe propõem ?

No fundo, não são más pessoas êsses pe.ssimistas. Acontece apenas que êles vi

E dessa forma, convictos, cm sua estrei-

tem feito até aqui, à produção dc café, não perdendo tempo com as demais coi sas que fizeram a grandeza econômica

ta consiste na produção de umas poucas matérias-primas e produtos de sobreme sa, cuja exportação nos permita, sem

lares aos nacionais, estremecem a ideo logia dos livre-cambistas indígenas.

maiores, dores de cabeça e para o con

Apesar de tudo, porém, êles continuam a

forto da minoria, importar porcelanas de

opor-se

Limoge.s, o último niodêlo do "Salon

quanto à exploração do carvão de Santa

pos da economia colonial, sentimentos que se opõem a qualquer iniciativa que possa perturbar a rotina brasileira. E es

tra a gritante ignorância dos que se es

condem atrás de um prejudicial "snobismo" para se tornarem partidários de uma rotina reconhecida como responsá

das potências industriais. Os acontecimentos neste após-guerra não têm sido favoráveis a essa espécie de pe.ssimistas. Fatos como a substitui

ção, pelo produto de Volta Redonda, da folha de Flandres que nos vinha de Fittsbourg 011 da Inglaterra, põem por terra suas teorias. E as barragens opostas pelo regimem da licença prévia à importação dc produtos não essenciais e, especial mente, de produtcxs manufaturado.s simi-'

vem das saudades dos bons velhos tem

Estaremos, por acaso, com êstcs vo

à industrialização

d'Automobile" de Parí.s, conservas da Ca

Catarina e do Rio Grande do Sul, de monstram unanimidade cin condená-lo.

Como se vê, êles se sentiriam bem mais

ner\'0.sos a qualquer medida restritiva ca

à vontade em Trinidad ou nas Cuianas

A'.

J

tinente latino-americano. Ainda disso se

utilizam nossos pessimistas para espalhar "slogans" sôbre a pobreza das reservas brasileiras e sôbre a sua má qualidade, o

que tornaria incapaz o produto nacional de competir com o estrangeiro e, mesmo, com outras fontes de energia.

rios problemas nacionais. Precisamos, ao mesmo tempo, provocar as discussões

estimativas substituem ainda, o mais das

sérias sôbre os problemas brasileiros. Fa remos, assim, sentir aos nossos patrícios

julgamento deverá revestir-se da maior prudência. Entretanto, os dados até ago

que a era de industrialização, que ora se

ra existentes, e sôbre os quais se pode

inicia para nós, está criando no País imi novo e construtivo espírito, diante do

brilhante futuro para a indústria carbo

turas românticas que costumávamos as sumir em face das nossas riquezas po tenciais.

Estejamos certos de que nossos clien

a.

riam incrivelmente os dados que di\ailgam. Isso se dá, inclusive, e sobretudo, com o carvão, que figura como e.xistindo em quantidades mínimas em todo o con

Iransfonnando numa verdadeira troca de banalidades os debates sôbre os mais sé

qual já não se justifica o nosso velho complexo de inferioridade, nem as pos

nacional e,

lifórnia, sêdas da China, petróleo da Ve nezuela, cimento da Argentina. Póem-sc

^

vel pelo atraso econômico do Brasil. Precisamos repelir com energia as frases feitas que êles fazem circular entre as camadas populares menos esclarecidas,

zias de fatos concernentes ao nosso con

i- ■

Num problema como este, em que as

vêzeí, le\'antamentos exatos, qualquer

depositar confiança, nífera nacional.

deixam entrever

O pedido de socorro

partido da mesa redonda dos expoentes da indústria não representa um sinal de

naufrágio desse ramo econômico brasi leiro, mas, sbnplesmcnte, que ele está precisando de amparo para que possa


53

Dicesto Econômico

Carvão nacional, fonte de energia

do que no Brasil, onde seus gritos de

tes estrangeiros só poderão acompanhar

alarma são contrariados constantemente

com admiração e simpatia essa evolução brasileira. Em primeiro lugar, porque o

pelas idéias de independência econômica que vão empolgando ràpidamente a

Gebaldo o Banaskiwitz

imensa maioria da Nação.

PEDIDO de socorro lança

do recentemente pela mesa redonda que re

paz de perturbar a importação de um •' simples prego, ou "last but not least", dü carvão de Cardiff. ..

realismo, em matéria econômica, consti

tui hoje uma tendência xuiiversal; e em segundo, porque todo o mundo ai por

Desgraçado do país que se deixasse influenciar por tais pessimistas e "bonvivants" que em nenhuma parte, e em

fora está cansado

dc tratar

com uma

América Latiná em que tudo é fluido,

uniu os expoentes da in

Arrepiam-se, temerosos, ante as lenta-

nenhum momento da história, contribui-

nebuloso...

dústria carbonífera bra sileira encheu de satisfa

ram para que se forjasse o futui*o eco nômico de uma nação. O mais que se

ção o espírito dos eternos pessimistas

tivas do exploração dos lençóis petrolí- 'v feros nacionais. Será que a gasolina bra-'

As geografias econômicas editadas nos principais países do mundo são va

sileira não custará mais caro que a es

que vivem entre nós a descrer de todas

trangeira ? Pois uma garrafa de água

lheí pode permitir c que, das galerias, observem como simples espectadores os

tinente. Admitem, freqüentemente, apre

mineral, apanhada sem maiores gastos

acontecimentos, sem o direito de inter

ciações despropositadas a nosso respeito,

jam, patriotas. Portanto, a alegria que sentem ao considerar os tropeços que se

nas termas dc Minas, não nos custa unia

vir nas decisões a serem tomadas.

exorbitância, quase tanto quanto a água de Vichy ? Então, para que tentar o

utilizando-se crèdulamente das opiniões de observadores ocasionais e superficiais.

tes, desmerecendo duma parcela da opi

antepõem à industrialização brasileira

Êsses livros não podem, na maioria dos

aproveitamento dos recursos nacionais ?

casos, servir de fontes de informação, pois, relativamente a certos assuntos, va

teza, de que estão com a razão, pro

nião pública ? Ou desprezando os sa crossantos princípios da democracia ? Absolutamente. Procuramos apenas pre

põem ao Brasil que se limite, como o

venir a verdadeira opinião pública con

as possibilidades nacionais de progresso econômico. Êles se dizem, e talvez o se

deve ser levada à conta do orgulho de quem ve confirmadas suas previsões.

Não profetizaram êles a impossibilidade do desenvolvimento da indústria carvoeira no Brasil ? E os fatos não estão dando

razão aos seus raciocínios ? Não deve o País, então, voltar atrás do caminho er

rado que está palmilhando, e preferir a suave estrada da monocultura agrícola que êles lhe propõem ?

No fundo, não são más pessoas êsses pe.ssimistas. Acontece apenas que êles vi

E dessa forma, convictos, cm sua estrei-

tem feito até aqui, à produção dc café, não perdendo tempo com as demais coi sas que fizeram a grandeza econômica

ta consiste na produção de umas poucas matérias-primas e produtos de sobreme sa, cuja exportação nos permita, sem

lares aos nacionais, estremecem a ideo logia dos livre-cambistas indígenas.

maiores, dores de cabeça e para o con

Apesar de tudo, porém, êles continuam a

forto da minoria, importar porcelanas de

opor-se

Limoge.s, o último niodêlo do "Salon

quanto à exploração do carvão de Santa

pos da economia colonial, sentimentos que se opõem a qualquer iniciativa que possa perturbar a rotina brasileira. E es

tra a gritante ignorância dos que se es

condem atrás de um prejudicial "snobismo" para se tornarem partidários de uma rotina reconhecida como responsá

das potências industriais. Os acontecimentos neste após-guerra não têm sido favoráveis a essa espécie de pe.ssimistas. Fatos como a substitui

ção, pelo produto de Volta Redonda, da folha de Flandres que nos vinha de Fittsbourg 011 da Inglaterra, põem por terra suas teorias. E as barragens opostas pelo regimem da licença prévia à importação dc produtos não essenciais e, especial mente, de produtcxs manufaturado.s simi-'

vem das saudades dos bons velhos tem

Estaremos, por acaso, com êstcs vo

à industrialização

d'Automobile" de Parí.s, conservas da Ca

Catarina e do Rio Grande do Sul, de monstram unanimidade cin condená-lo.

Como se vê, êles se sentiriam bem mais

ner\'0.sos a qualquer medida restritiva ca

à vontade em Trinidad ou nas Cuianas

A'.

J

tinente latino-americano. Ainda disso se

utilizam nossos pessimistas para espalhar "slogans" sôbre a pobreza das reservas brasileiras e sôbre a sua má qualidade, o

que tornaria incapaz o produto nacional de competir com o estrangeiro e, mesmo, com outras fontes de energia.

rios problemas nacionais. Precisamos, ao mesmo tempo, provocar as discussões

estimativas substituem ainda, o mais das

sérias sôbre os problemas brasileiros. Fa remos, assim, sentir aos nossos patrícios

julgamento deverá revestir-se da maior prudência. Entretanto, os dados até ago

que a era de industrialização, que ora se

ra existentes, e sôbre os quais se pode

inicia para nós, está criando no País imi novo e construtivo espírito, diante do

brilhante futuro para a indústria carbo

turas românticas que costumávamos as sumir em face das nossas riquezas po tenciais.

Estejamos certos de que nossos clien

a.

riam incrivelmente os dados que di\ailgam. Isso se dá, inclusive, e sobretudo, com o carvão, que figura como e.xistindo em quantidades mínimas em todo o con

Iransfonnando numa verdadeira troca de banalidades os debates sôbre os mais sé

qual já não se justifica o nosso velho complexo de inferioridade, nem as pos

nacional e,

lifórnia, sêdas da China, petróleo da Ve nezuela, cimento da Argentina. Póem-sc

^

vel pelo atraso econômico do Brasil. Precisamos repelir com energia as frases feitas que êles fazem circular entre as camadas populares menos esclarecidas,

zias de fatos concernentes ao nosso con

i- ■

Num problema como este, em que as

vêzeí, le\'antamentos exatos, qualquer

depositar confiança, nífera nacional.

deixam entrever

O pedido de socorro

partido da mesa redonda dos expoentes da indústria não representa um sinal de

naufrágio desse ramo econômico brasi leiro, mas, sbnplesmcnte, que ele está precisando de amparo para que possa


'a=>r*' ■

54

Digesto Econômico Digesto Econômico

prosseguir no cíiminho iniciado, até al' cançar a produção planejada de 4 mi-

IhÕes de toneladas anuais, como etapa inicial. ^ c r. T--rocs 7 e *7

,livro

reu, no "Caryao, petro eo,^ sa gema e enxofre", fez interessante cálculo sobre a porcentagem

do consumo no Brasil, da energia prove-

niente de diversas fontes, confrontando-

bustíveis.

^

sendo seguido de outro em sentido con

® consumo nos Estados Unidos e

no resto do mundo. O quadro que daí

trário, acentuando-se sensivelmente em

Brasil e nos países latino-americanos em

países como a Argentina e Portugal. No

que ainda fazemos da lenha para acionar as máquinas de que dispomos :

Brasil

Energia hidrelétrica " "

geral, fala-se muito na questão dos pre

ços, que decidirá, afinal, quanto à evo lução do consumo para o petróleo, a ele

'■«C

são Abbink, admite a previsão drnue a

futura evolução do Brasil o conduzirá a uma proporção do consumo de eletrícidada ou de petróleo semelhante à dos sta os Unidos. E verdade que, nas esatisHcas referentes aos países econòmi-

temente referências sôbre a pretendida

Resto do mundo

■^8.4%

competição entre essas fontes de ener

gia. Devemos assinalar, entretanto, que

61,0%

nem nos Estados Unidos, nem na Fran

ça e nem na Inglaterra ela existe, a não

i,e« 84,9% reprodu--

tricidade ou o carvão. Ouvimos constan

Estados Unidos

■'•o®

zido integralmente pelo relatório da Míi-

Mas esse movimento já está

resultapornãorevelar é nada favorável ao nosso o desproporcional uso

Utilização das fontes de energia

PeTaL

1,8%

ser entre as novas indústrias, em especial

12,0%

as de metais leves, nas quais o consumo do eletricidade substitui efetivamente o

camentc mais adiantados, o carvão fí-

"

p

r

i

i

carvão. As antigas e tiadicionais indús

foi-necedora de ma.s

metade do total da energia utilizada, porcentagem já foi, no passado, consideràvelmente maior, como se podeverificar da comparação dos dados de 1913 com os de 1947 :

trias, porém — indústrias ainda raras nos

países novos, em geral — continuam a ter no carvão sua fonte básica de ener

]

gia, com e.xceção da indústria tipográ fica, que passou a consumir eletricidade. Em países como o nosso, onde as indús trias secundárias constituem a armadura

econômica do parque manufatureiro, po

Fontes de eneugia utilizadas no mundo

dem-se aceitar facilmente os julgamen

1913

1929

1938

1947

90,5%

74,0%

47,8%

39,0%

■ •'V'^'2% Força Indráuhca 2,3% Indicara o extraordinário crescimento

21.0% 5,0%

41,1% 11,1%

485% 13,0%

O "Petroleum World", publicação

tos precipitados sôbre a decadência do

carvão.

Basta, entretanto, que alguém

atente para o papel predominante desse

mineral nas transações previstas pelo Plano Marshall e nos planos de recons trução da Europa, para que qualquer

opinião fêz-se eco "The Economist", de

te dos produtores e indústrias conexas

que o público passou a considerar as de mais fontes de energia como simples parentes pobres do "ouro-negro". Ora, segundo "The Economist", que é, de to dos os pontos de vista, a melhor e mais do, nada justifica tal glorificação do pe tróleo, pois as reservas norte-america

nas já se acham tão reduzidas que as

J

autoridades ianques já não podem esconder suas inquietações a respeito.

"*] i

Em virtude exatamente dessa ofensiva " *1

de propaganda, a verdadeira posição do petróleo não foi levada ao conhecimen

to nem do po\o norte-americano, nem da população do resto do mundo. O sú bito interesse das grandes companhias

peüolíferas norte-americanas pelos retina não ó suscetível de modificar sen sivelmente o fato de se estarem esgotan

do rapidamente os recursos facilmente exploráveis, e que são sempre os mais

pró.ximos. Daí a necessidade da aplica

ção de mais amplos meios financeiros

vão, o primeiro apresenta,

afirmativa surpreenderá, certamente, os

Isso explica o comentário do "Petroleum World". E demonstra, ao mesmo tempo, que tem valor muito limitado, e

ainda assim em certas indústrias apenas,

do cada vez menos favorável ao petróleo. Examinando particularmente a situa

mente, o carvão retornará á sua antiga posição como fonte de energia. Essa

dizer que, assim como a aviação comercial não substituiu as- estradas de ferro, 0 carvão não será eliminado pelo petróleo.

que, entre nós e nos demais países latino-americanos, vêm observando o movímento de substituição, pela indústria, do uso do carvão pelo dos óleos com-

a competição entre o petróleo e o carvão. Na verdade, mesmo nos Estados Uni

dos se superestima o papel do petróleo, no futuro, como fonte de energia. Dessa

^

cursos da Ásia Menor e da América La

número de agôsto de 1949, que, fulura-

por abolir o carvão como fonte de energia. Houve quem, precipitadamente, defendesse essa opinião. Mas podemos

séria revista econômica de todo o mun-

nessa exploração, cujo custo tem estado

absolutamente insuspeita, afirma, em seu

|

Londres, em artigo que foi reproduzido pelo menos por 115 publicações científi cas de cerca de quinze países. Êsse ar- ~ tigo, publicado em fins do ano de 1948, assinalava que o petróleo vinha sendo ^ alvo de tão imensa propaganda por par

um se convença de que o carvão conti nua a ser o combustível básico nos paí ses possuidores de indústrias pesadas.

o consumo o petró eo e da energia

hidreletnca uma tendência que acabará

55

em constante progressão. Ora, na pre tendida concorrência do petróleo ao car- . como sua

maior vantagem, o preço mais reduzido. Mas êsse fator, no futuro, se irá toman

ção norte-americana,

"The Economi.st"

assinala ainda que o carvão e o linhito representam 98,8 % das reservas totais de

,


'a=>r*' ■

54

Digesto Econômico Digesto Econômico

prosseguir no cíiminho iniciado, até al' cançar a produção planejada de 4 mi-

IhÕes de toneladas anuais, como etapa inicial. ^ c r. T--rocs 7 e *7

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bustíveis.

^

sendo seguido de outro em sentido con

® consumo nos Estados Unidos e

no resto do mundo. O quadro que daí

trário, acentuando-se sensivelmente em

Brasil e nos países latino-americanos em

países como a Argentina e Portugal. No

que ainda fazemos da lenha para acionar as máquinas de que dispomos :

Brasil

Energia hidrelétrica " "

geral, fala-se muito na questão dos pre

ços, que decidirá, afinal, quanto à evo lução do consumo para o petróleo, a ele

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são Abbink, admite a previsão drnue a

futura evolução do Brasil o conduzirá a uma proporção do consumo de eletrícidada ou de petróleo semelhante à dos sta os Unidos. E verdade que, nas esatisHcas referentes aos países econòmi-

temente referências sôbre a pretendida

Resto do mundo

■^8.4%

competição entre essas fontes de ener

gia. Devemos assinalar, entretanto, que

61,0%

nem nos Estados Unidos, nem na Fran

ça e nem na Inglaterra ela existe, a não

i,e« 84,9% reprodu--

tricidade ou o carvão. Ouvimos constan

Estados Unidos

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zido integralmente pelo relatório da Míi-

Mas esse movimento já está

resultapornãorevelar é nada favorável ao nosso o desproporcional uso

Utilização das fontes de energia

PeTaL

1,8%

ser entre as novas indústrias, em especial

12,0%

as de metais leves, nas quais o consumo do eletricidade substitui efetivamente o

camentc mais adiantados, o carvão fí-

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carvão. As antigas e tiadicionais indús

foi-necedora de ma.s

metade do total da energia utilizada, porcentagem já foi, no passado, consideràvelmente maior, como se podeverificar da comparação dos dados de 1913 com os de 1947 :

trias, porém — indústrias ainda raras nos

países novos, em geral — continuam a ter no carvão sua fonte básica de ener

]

gia, com e.xceção da indústria tipográ fica, que passou a consumir eletricidade. Em países como o nosso, onde as indús trias secundárias constituem a armadura

econômica do parque manufatureiro, po

Fontes de eneugia utilizadas no mundo

dem-se aceitar facilmente os julgamen

1913

1929

1938

1947

90,5%

74,0%

47,8%

39,0%

■ •'V'^'2% Força Indráuhca 2,3% Indicara o extraordinário crescimento

21.0% 5,0%

41,1% 11,1%

485% 13,0%

O "Petroleum World", publicação

tos precipitados sôbre a decadência do

carvão.

Basta, entretanto, que alguém

atente para o papel predominante desse

mineral nas transações previstas pelo Plano Marshall e nos planos de recons trução da Europa, para que qualquer

opinião fêz-se eco "The Economist", de

te dos produtores e indústrias conexas

que o público passou a considerar as de mais fontes de energia como simples parentes pobres do "ouro-negro". Ora, segundo "The Economist", que é, de to dos os pontos de vista, a melhor e mais do, nada justifica tal glorificação do pe tróleo, pois as reservas norte-america

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autoridades ianques já não podem esconder suas inquietações a respeito.

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Em virtude exatamente dessa ofensiva " *1

de propaganda, a verdadeira posição do petróleo não foi levada ao conhecimen

to nem do po\o norte-americano, nem da população do resto do mundo. O sú bito interesse das grandes companhias

peüolíferas norte-americanas pelos retina não ó suscetível de modificar sen sivelmente o fato de se estarem esgotan

do rapidamente os recursos facilmente exploráveis, e que são sempre os mais

pró.ximos. Daí a necessidade da aplica

ção de mais amplos meios financeiros

vão, o primeiro apresenta,

afirmativa surpreenderá, certamente, os

Isso explica o comentário do "Petroleum World". E demonstra, ao mesmo tempo, que tem valor muito limitado, e

ainda assim em certas indústrias apenas,

do cada vez menos favorável ao petróleo. Examinando particularmente a situa

mente, o carvão retornará á sua antiga posição como fonte de energia. Essa

dizer que, assim como a aviação comercial não substituiu as- estradas de ferro, 0 carvão não será eliminado pelo petróleo.

que, entre nós e nos demais países latino-americanos, vêm observando o movímento de substituição, pela indústria, do uso do carvão pelo dos óleos com-

a competição entre o petróleo e o carvão. Na verdade, mesmo nos Estados Uni

dos se superestima o papel do petróleo, no futuro, como fonte de energia. Dessa

^

cursos da Ásia Menor e da América La

número de agôsto de 1949, que, fulura-

por abolir o carvão como fonte de energia. Houve quem, precipitadamente, defendesse essa opinião. Mas podemos

séria revista econômica de todo o mun-

nessa exploração, cujo custo tem estado

absolutamente insuspeita, afirma, em seu

|

Londres, em artigo que foi reproduzido pelo menos por 115 publicações científi cas de cerca de quinze países. Êsse ar- ~ tigo, publicado em fins do ano de 1948, assinalava que o petróleo vinha sendo ^ alvo de tão imensa propaganda por par

um se convença de que o carvão conti nua a ser o combustível básico nos paí ses possuidores de indústrias pesadas.

o consumo o petró eo e da energia

hidreletnca uma tendência que acabará

55

em constante progressão. Ora, na pre tendida concorrência do petróleo ao car- . como sua

maior vantagem, o preço mais reduzido. Mas êsse fator, no futuro, se irá toman

ção norte-americana,

"The Economi.st"

assinala ainda que o carvão e o linhito representam 98,8 % das reservas totais de

,


Digesto Econômico Dicesto

56

combustíveis minerais dos Estados Uni

dos. O petróleo representa a insignificància de 0,2

e o gás natural 1 X. Em

outras palavras: os Estados Unidos dis põem de car\'ão para alimentar por tem po quase ilimitado o consumo no ritmo atual, ao passo que os lençóis petrolífe ros estarão completamente exaustos den tro de pouco tempo.

Preve, assim, a revista inglesa, que as compafiliias petrolíferas . nas passarão

norte-america-

a interessar-sc

cada vez

mais pelos métodos alemães de hidrogenização do car\'ão, transformando-o em

petróleo. Êsses métodos, conhecidos pe los nomes de seus autores — Bergius e Fischer-Tropsch — foram tidos até agora como extremamente dispendiosos,

não

podendo ser postos em prática a não ser em casos de urgência e de absoluta ne cessidade, como se deu na Alemanha

durante a guerra, quando a questão do preço passou a ser fator secundário.

Não se fez esperar a confirmação des sa profecia -do "The Econoraist". Aca

ba-se de saber, com efeito, que a "Stan dard Oii" construiu em Library, Pensiivânia, uma fábrica-piloto destinada a

aperfeiçoar o processo FIscher-Trop.sdi, a fim de que seja possível a transforma ção, a preços razoáveis,

do carvão cm

petróleo. Simultaneamente, o Departa mento de Minas do Governo de Washin

gton e o Instituto de Tecnologiá de Massachusetts estudam o mesmo problema, sendo

de esperar que

o gênio norte-

americano chegue a uma fórmula que

permita a produção de petróleo em gran de quantidade, utilizando-se do carvão

57

Econômico

produção de petróleo sinlclico. Dela par ticiparam, além da I. G. Farhen, da Ale manha, a "Imperial Ciiemicals", a "Rcyal Shell Dutch" e a "Standard Oil",

estágio prático da produção, contribuem para desfazer as dúvidas que surjam aqui e ali sobre o papel predominante reservado no futuro ao car\'ão,

como

fonte de energia.

respectivamente da Inglaterra o dos Es

O balanço da economia brasileira n

tados Unidos, as quais fundaram, em

que a Missão Abbink procedeu enquaclra-se perfeitamente, na parte referente

clas as reser\'as brasileiras de fôrça hi

tion Patents Co.", com sede .social em

ao papel das diferentes fontes de ener

temente, a opinião dos técnicos norte-

Vaduz, capital do principado de Liech

gia, no ponto de vista norte-americano, que, conforme assinalou "The Econo-

americanos. Estimando em 14,4 milhões

conjunto, a

"Internalional Hydrogena-

tenstein. Assinalemos, porém, que agora

brary, com a maior companhia carboní-

o relatório dos "técnicos norte-america

fcra dos Estados Unidos.

E' interessante saber-se que o Govêrno

nos" assinale a existência, no Brasil, de carvão, em quantidade dez vêzes supe

eventuais centros de consumo. Ora, se

brasileiro tem-se mantido atento ao de-

rior às estimativas anteriores, feitas por

gundo recente estudo do Departamento

.senvclvimento técnico no campo du

energia e que acaba de contratar os ser

técnicos do Governo Federal, pouco fa la na necessidade de sua exploração. Es

rado, aliás, pelo sr. Jean Romeuf, um

viços de um técnico alemão especializa

tende-se, porém,

sôbre a necessidade,

dos diretores das indústrias carbonífe-

do no processo Fischer-Tropsch, para realizar trabalhos experimentais no

que considera básica, da exploração dos nossos recursos petrolíferos. Sem contestar essa necessidade, quere

ras francesas nacionalizadas pelo Govêr-^ no, é difícil o transporte de energia elé trica a distâncias superiores a 300 quilô

mos assinalar que compreendemos 'as razões da atitude dos especialistas nor

metros, agravando-se o preço de custo da fôrça produzida. Com efeito, nesses

te-americanos: os capitais estão visivel

casos a energia produzida é fornecida a preços de competição e nãq proporcio naria .rendimentos razoáveis ao capital. Aliás, no mundo inteiro, e particular-'

Brasil.

O Brasil está, realmente, eni cündiçõe.s

de acompanhar as experiências sôbre a produção de petróleo sintético, na qual podem ser aproveitadas as jazidas de carvão pobre. O processo em estudo em

mente interessados na produção de pe

tróleo pelo Brasil, cujos lençóis poderão

Library consiste justamente no prosse

atender também, futuramente, ao con

guimento de experiências anteriormente

sumo dos Estados Unidos, inquietos com o rápido esgotamento de seus recursos

realizadas na Bélgica e nos próprios Es tados Unidos, para a queima do carvão na própria terra e para o aproveitamen to unicamente do gás resultante da coml)ustão. Êsse gás não contém as impu rezas características do carvão pobre. O ,

problema a resolver se refere, além do custo dos trabalhos, à produção de co que, matéria-prima que não se obtém

tricas, justamente por essa razão.

cargo e.xclusivamente dos capitais nacio

Ora, a questão do-financiamento das usinas tem importância maior no Brasil do que .nos Estados Unidos, onde são

nais. Mas o pouco caso demonstrado pela Missão Abbink pela exploração do carvão brasileiro se torna pelo menos

.. vj,-....*!'-. ....

abundantes os capitais particulares. Os

curioso, quando, pouco além, os colabo

programas de desenvolvimento da pro

radores do sr. Abbinlc demonstram, por

dução mundial de energia hidráulica são importantes, mas não de molde a modi

mais adiante os técnicos norte-america

Essas experiências, que já entram no

mente nos Estados Unidos, os capitais

petrolíferos, ao passo que a exploração

tituir.

rias-primas básicas da siderurgia, não _

dc Minas dos Estados Unidos, corrobo

das minas de carvão ficará fatalmente a

grandes indústrias do mundo, para o

pelos processos a que estamos aludindo. E o coque é justamente uma das maté

vantajosa, pois a maior parte das quedas dágua aproveitáveis fica longe dos

particulares demonstram certo desinte resse por aplicações em urinas hidrelé

havendo até hoje outra que o possa subs

desenvolvimento desses processos de

de kxv as reservas potenciais hidrelétri cas do País, assinala, porém, o relatório, que sua distribuição geográfica é des-

associando-so, na fábrica-pilòto de Li

lima tentativa de cooperação entre as

Há dez anos, exatamente, assistimos a

dráulica. Mas os dados apóiam, eviden

mist", se caracteriza pela.exagerada im portância atribuída ao petióleo. Embora

a "Standard Oil" deu um pa.sso avante,

a b, que a siderurgia alimentada a lenha não tem probabilidades de sobre viver em pleno século XX. Muito perspicazes, porém, tomam-se

como matéria-prima.

nos, na parte do relatório consagrado à terceira grande fonte de energia de que o Brasil dispõe: a fôrça hidráulica. As sinalemos, de passagem, que o referido documento destrói a crença popular, tão difundida entre nós, de que são ilimita-

ficar profundamente a relação boje exis grandes trabalhos do Rliône, na França,

tente entre as três fontes de energia. Mesmo incluindo-se nos

cálculos os"


Digesto Econômico Dicesto

56

combustíveis minerais dos Estados Uni

dos. O petróleo representa a insignificància de 0,2

e o gás natural 1 X. Em

outras palavras: os Estados Unidos dis põem de car\'ão para alimentar por tem po quase ilimitado o consumo no ritmo atual, ao passo que os lençóis petrolífe ros estarão completamente exaustos den tro de pouco tempo.

Preve, assim, a revista inglesa, que as compafiliias petrolíferas . nas passarão

norte-america-

a interessar-sc

cada vez

mais pelos métodos alemães de hidrogenização do car\'ão, transformando-o em

petróleo. Êsses métodos, conhecidos pe los nomes de seus autores — Bergius e Fischer-Tropsch — foram tidos até agora como extremamente dispendiosos,

não

podendo ser postos em prática a não ser em casos de urgência e de absoluta ne cessidade, como se deu na Alemanha

durante a guerra, quando a questão do preço passou a ser fator secundário.

Não se fez esperar a confirmação des sa profecia -do "The Econoraist". Aca

ba-se de saber, com efeito, que a "Stan dard Oii" construiu em Library, Pensiivânia, uma fábrica-piloto destinada a

aperfeiçoar o processo FIscher-Trop.sdi, a fim de que seja possível a transforma ção, a preços razoáveis,

do carvão cm

petróleo. Simultaneamente, o Departa mento de Minas do Governo de Washin

gton e o Instituto de Tecnologiá de Massachusetts estudam o mesmo problema, sendo

de esperar que

o gênio norte-

americano chegue a uma fórmula que

permita a produção de petróleo em gran de quantidade, utilizando-se do carvão

57

Econômico

produção de petróleo sinlclico. Dela par ticiparam, além da I. G. Farhen, da Ale manha, a "Imperial Ciiemicals", a "Rcyal Shell Dutch" e a "Standard Oil",

estágio prático da produção, contribuem para desfazer as dúvidas que surjam aqui e ali sobre o papel predominante reservado no futuro ao car\'ão,

como

fonte de energia.

respectivamente da Inglaterra o dos Es

O balanço da economia brasileira n

tados Unidos, as quais fundaram, em

que a Missão Abbink procedeu enquaclra-se perfeitamente, na parte referente

clas as reser\'as brasileiras de fôrça hi

tion Patents Co.", com sede .social em

ao papel das diferentes fontes de ener

temente, a opinião dos técnicos norte-

Vaduz, capital do principado de Liech

gia, no ponto de vista norte-americano, que, conforme assinalou "The Econo-

americanos. Estimando em 14,4 milhões

conjunto, a

"Internalional Hydrogena-

tenstein. Assinalemos, porém, que agora

brary, com a maior companhia carboní-

o relatório dos "técnicos norte-america

fcra dos Estados Unidos.

E' interessante saber-se que o Govêrno

nos" assinale a existência, no Brasil, de carvão, em quantidade dez vêzes supe

eventuais centros de consumo. Ora, se

brasileiro tem-se mantido atento ao de-

rior às estimativas anteriores, feitas por

gundo recente estudo do Departamento

.senvclvimento técnico no campo du

energia e que acaba de contratar os ser

técnicos do Governo Federal, pouco fa la na necessidade de sua exploração. Es

rado, aliás, pelo sr. Jean Romeuf, um

viços de um técnico alemão especializa

tende-se, porém,

sôbre a necessidade,

dos diretores das indústrias carbonífe-

do no processo Fischer-Tropsch, para realizar trabalhos experimentais no

que considera básica, da exploração dos nossos recursos petrolíferos. Sem contestar essa necessidade, quere

ras francesas nacionalizadas pelo Govêr-^ no, é difícil o transporte de energia elé trica a distâncias superiores a 300 quilô

mos assinalar que compreendemos 'as razões da atitude dos especialistas nor

metros, agravando-se o preço de custo da fôrça produzida. Com efeito, nesses

te-americanos: os capitais estão visivel

casos a energia produzida é fornecida a preços de competição e nãq proporcio naria .rendimentos razoáveis ao capital. Aliás, no mundo inteiro, e particular-'

Brasil.

O Brasil está, realmente, eni cündiçõe.s

de acompanhar as experiências sôbre a produção de petróleo sintético, na qual podem ser aproveitadas as jazidas de carvão pobre. O processo em estudo em

mente interessados na produção de pe

tróleo pelo Brasil, cujos lençóis poderão

Library consiste justamente no prosse

atender também, futuramente, ao con

guimento de experiências anteriormente

sumo dos Estados Unidos, inquietos com o rápido esgotamento de seus recursos

realizadas na Bélgica e nos próprios Es tados Unidos, para a queima do carvão na própria terra e para o aproveitamen to unicamente do gás resultante da coml)ustão. Êsse gás não contém as impu rezas características do carvão pobre. O ,

problema a resolver se refere, além do custo dos trabalhos, à produção de co que, matéria-prima que não se obtém

tricas, justamente por essa razão.

cargo e.xclusivamente dos capitais nacio

Ora, a questão do-financiamento das usinas tem importância maior no Brasil do que .nos Estados Unidos, onde são

nais. Mas o pouco caso demonstrado pela Missão Abbink pela exploração do carvão brasileiro se torna pelo menos

.. vj,-....*!'-. ....

abundantes os capitais particulares. Os

curioso, quando, pouco além, os colabo

programas de desenvolvimento da pro

radores do sr. Abbinlc demonstram, por

dução mundial de energia hidráulica são importantes, mas não de molde a modi

mais adiante os técnicos norte-america

Essas experiências, que já entram no

mente nos Estados Unidos, os capitais

petrolíferos, ao passo que a exploração

tituir.

rias-primas básicas da siderurgia, não _

dc Minas dos Estados Unidos, corrobo

das minas de carvão ficará fatalmente a

grandes indústrias do mundo, para o

pelos processos a que estamos aludindo. E o coque é justamente uma das maté

vantajosa, pois a maior parte das quedas dágua aproveitáveis fica longe dos

particulares demonstram certo desinte resse por aplicações em urinas hidrelé

havendo até hoje outra que o possa subs

desenvolvimento desses processos de

de kxv as reservas potenciais hidrelétri cas do País, assinala, porém, o relatório, que sua distribuição geográfica é des-

associando-so, na fábrica-pilòto de Li

lima tentativa de cooperação entre as

Há dez anos, exatamente, assistimos a

dráulica. Mas os dados apóiam, eviden

mist", se caracteriza pela.exagerada im portância atribuída ao petióleo. Embora

a "Standard Oil" deu um pa.sso avante,

a b, que a siderurgia alimentada a lenha não tem probabilidades de sobre viver em pleno século XX. Muito perspicazes, porém, tomam-se

como matéria-prima.

nos, na parte do relatório consagrado à terceira grande fonte de energia de que o Brasil dispõe: a fôrça hidráulica. As sinalemos, de passagem, que o referido documento destrói a crença popular, tão difundida entre nós, de que são ilimita-

ficar profundamente a relação boje exis grandes trabalhos do Rliône, na França,

tente entre as três fontes de energia. Mesmo incluindo-se nos

cálculos os"


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Dicesto Econômico

58

a produção de energia hidráulica só aumentará 10% nestes próximos sete

a opinião dos técnicos, é eloqüente a êsse respeito :

anos, segundo as previsões dos diretores do l^liino Marshall. Isso corresponderá tradas de ferro e indústrias básicas, de

"O programa proposto, de desen volvimento elétrico, proveria de energia adicional, que é essencial ao

30

progresso de muitas comunidades,

a uma diminuição no consumo, pelas es milhões

de

toneladas

de

carvão.

Quantidade insignificante, considerandose que a produção mundial de carvão se eleva a 1.500.000.000 de toneladas 1

O Brasil projeta também, e ao fato faz referência o relatório Abbinlc, o de

a utilização do potencial de energia

senvolvimento da produção de energia hidrelétrica. Segundo esse programa, a produção aumentaria de 1,5 milhões pa ra 2,8 milhões de kw. Eis os pormeno-

se fosse praticávéí, não satisfaria aquôle objetivo; e o potencial inte gral de energia hidrelétrica não

res do programa, e.xecutável em cêrca de

to que a maior parte dôste se acha localizada em pontos muito distan tes dos mercados prováveis dessa energia."

"Brazilian

Traction"

("Light") "Bond and Share" (Cia. Auxiliar e seus

associados) Usina do S. Francisco

vão continua a ser o combustível básico

importância para o País. Por si sós, nem

a eletricidade nem o petróleo são capa

nós cada vez importância maior, à me dida em que se desenvolver a indústria

zes de resolver nossos problemas. O car-

pesada brasileira.

de numerosas indústrias e assumirá para

dôste Faís, de 14,4 milhões de kw,

pode ser utilizado no momento, vis

Assinala ainda o relatório que "algu 710.000 kw 120.000 "

de Minas Gerais .. '226.000 " Sindicato da Indústria

do Energia Elétrica Rio Grande do Sul . .

de energia, e isso impede a perfeita com preensão do problema, que é de suma

mas das instalações hidrelétricas plane

Programa do Estado

de São Paulo

59

mas não poderá ser considerado co

mo uma solução do problema primacial de energia no Brasil. Mesmo

seis anos :

Dicesto Econômico

jadas só fornecerão a sua capacidade no

minal de energia

nos anos de chuvas

normais. Serão necessárias, portanto, ins talações térmicas de emergência". Ora, para a produção dc eletricidade em usinas térmicas é necessário carvão...

128.000 "

iro.üoo "

Nestes confrontos que estamos estabe

lecendo entre o papel do carvão e de outras fontes de energia, não queremos

1.294.000 kw

Êsses projetos não são imutáveis e,

segundo se diz, poderão ser ampliados, seja por iniciativa das companhias par ticulares, seja por decisão das autorida

absolutamente exagerar o valor do pri meiro. Tentamos apenas esclarecer sô-

hre o assunto a opinião pública, pertur bada pela propaganda do petróleo, em preendida pelas grandes companhias norte-americanas. E' claro que os técni

des públicas. Tal expansão, porém, inegavelmente impressionante, da nossa produção de energia hidrelétrica, resolveria funda

World", citado mais acima. Mas os lei

mentalmente o problema da energia no Brasil ? O relatório Abbink, que reflete

gos estão passando, pràticamente, a exa gerar o papel do petróleo como fonta

cos não se têm deixado impressionar por

1

essa campanha de propaganda, como o demonstra o editorial do "Petroleum

•1. -

•'.h »V''.


1

Dicesto Econômico

58

a produção de energia hidráulica só aumentará 10% nestes próximos sete

a opinião dos técnicos, é eloqüente a êsse respeito :

anos, segundo as previsões dos diretores do l^liino Marshall. Isso corresponderá tradas de ferro e indústrias básicas, de

"O programa proposto, de desen volvimento elétrico, proveria de energia adicional, que é essencial ao

30

progresso de muitas comunidades,

a uma diminuição no consumo, pelas es milhões

de

toneladas

de

carvão.

Quantidade insignificante, considerandose que a produção mundial de carvão se eleva a 1.500.000.000 de toneladas 1

O Brasil projeta também, e ao fato faz referência o relatório Abbinlc, o de

a utilização do potencial de energia

senvolvimento da produção de energia hidrelétrica. Segundo esse programa, a produção aumentaria de 1,5 milhões pa ra 2,8 milhões de kw. Eis os pormeno-

se fosse praticávéí, não satisfaria aquôle objetivo; e o potencial inte gral de energia hidrelétrica não

res do programa, e.xecutável em cêrca de

to que a maior parte dôste se acha localizada em pontos muito distan tes dos mercados prováveis dessa energia."

"Brazilian

Traction"

("Light") "Bond and Share" (Cia. Auxiliar e seus

associados) Usina do S. Francisco

vão continua a ser o combustível básico

importância para o País. Por si sós, nem

a eletricidade nem o petróleo são capa

nós cada vez importância maior, à me dida em que se desenvolver a indústria

zes de resolver nossos problemas. O car-

pesada brasileira.

de numerosas indústrias e assumirá para

dôste Faís, de 14,4 milhões de kw,

pode ser utilizado no momento, vis

Assinala ainda o relatório que "algu 710.000 kw 120.000 "

de Minas Gerais .. '226.000 " Sindicato da Indústria

do Energia Elétrica Rio Grande do Sul . .

de energia, e isso impede a perfeita com preensão do problema, que é de suma

mas das instalações hidrelétricas plane

Programa do Estado

de São Paulo

59

mas não poderá ser considerado co

mo uma solução do problema primacial de energia no Brasil. Mesmo

seis anos :

Dicesto Econômico

jadas só fornecerão a sua capacidade no

minal de energia

nos anos de chuvas

normais. Serão necessárias, portanto, ins talações térmicas de emergência". Ora, para a produção dc eletricidade em usinas térmicas é necessário carvão...

128.000 "

iro.üoo "

Nestes confrontos que estamos estabe

lecendo entre o papel do carvão e de outras fontes de energia, não queremos

1.294.000 kw

Êsses projetos não são imutáveis e,

segundo se diz, poderão ser ampliados, seja por iniciativa das companhias par ticulares, seja por decisão das autorida

absolutamente exagerar o valor do pri meiro. Tentamos apenas esclarecer sô-

hre o assunto a opinião pública, pertur bada pela propaganda do petróleo, em preendida pelas grandes companhias norte-americanas. E' claro que os técni

des públicas. Tal expansão, porém, inegavelmente impressionante, da nossa produção de energia hidrelétrica, resolveria funda

World", citado mais acima. Mas os lei

mentalmente o problema da energia no Brasil ? O relatório Abbink, que reflete

gos estão passando, pràticamente, a exa gerar o papel do petróleo como fonta

cos não se têm deixado impressionar por

1

essa campanha de propaganda, como o demonstra o editorial do "Petroleum

•1. -

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,T--

(♦.■VTTi.V",''

01

Dicksto EcoNÓ?>aco

Sôbre a quarta eleição de Roosevelt Daiiio

de

Almeida

Magalhães

PI DESTINO político de Roosevelt, desde que pela primeira vez atingiu u

presidêr^ia de seu país, se tem revelado dramático e heróico. Coube-lhe dirigir a naç<ão americana numa quadra de cri

se nacional e mundial de profundidade e de repercussão sem precedentes. Por Í.ÇS0 mesmo, de alguma forma, numa

apreciação de conjunto, foi-llie dado agir com maior projeção na vida interna e

na esfera internacional do que qualquer dos seus antecessores, mesmo Washing

Da coleção do "Diário de Notícias"

c.\u7na7T}os este artigo cfuc Dariu rle Al

gresso material, a sua riqueza, a sua própria concepção de vida política e so cial lhe trazem o ônus de intervir de ma neira decisiva na sorte de todo o mundo. A presidência de Roosevelt nasceu sob o signo da guerra, da lula árdua em to

dos os sentidos e em todos os campos. A primeira imensa batalha que teve de travar foi para reerguer o país da maior

contra o dc Hamilton, que defendera a

líbrio econômico, sem violar as institui

necessidade dc um Estado mai.s forte e

ções e comprometer o sistema de go

mais bem aparelhado. Só um outro pre

verno.

sidente até o "New Deal-", Theodore Roose\eli:, no comêço do século, em

baluartes da pluto-

ousara

desafiar

cracia.

Mas

mento, em meio às dificuldades,

nada

igualava,

nem

de

.

tido à afirmativa de Joaquim Nabuco de

longe,

programa

''

que o jornal 6 fatal à produção literária

do "New Deal".

de primeira ordem.

resolutamente, poderes tão amplos como se a pátria estivesse invadida pelo inimi go estrangeiro. Cinco mil bancos haviam

falido;

o número de desempregados

crescera de três milhões para treze e

meio inilliões; a produção industrial caí ra de 47

o valor dos produtos agríco

las de 71%; a renda nacional bai.vara de

.56 %. A confiança pública desaparecera. A situação reclamava medidas enérgicas e decisivas. Roosevelt lançou-se à luta

com audácia e intrepidez. O Estado pre

cisava desenvolver uma vigorosa política

A herança que recebeu de Hoover, em

intervencionista. O "New Deal" repre

sentava o vasto plano de economia di rigida a ser executado. O National In

dustrial Recovery Act e o Agricultural Adjustment Act revelaram inicialmente o

alcance da profunda reforma a ser posta

o

Ao findar o primeiro qiiadriènio, quando ainda a arrojada experiência rooseveltíana apenas atingira a primeira fa se do seu desdobra

os

c atualidade dos conceitos, um desmen

crise econômica de tôda a sua história.

1933, era aterradora. A euforia da "prosperity" se transformara num.quadro de devastações, de desespero, de quase tra gédia. Se não fosse a fidelidade da na

dar trabalho às massas desempregadas c estabelecer um regimem de maior equi

didatura no govêrno dos Estados Vttidos,

fensor da sua unidade. Porque os acon

dos, nesta guerra muito mais do que na de 14, a consciência de que o seu pro

A inclinação americana era pelo ponto de vista de Jefferson,

outras condições muito menos graves,

Constituem estas págitias, pelo brilho

abandonar, entretanto, o espírito da sua ação reformista, com "a qual buscava

ça o antipatia.

meida Magalhães escreveu no apresen tai- RooscceU, vela quarta vez, sua cnri-

ton, o fundador do país, e Lincoln, o de tecimentos impuseram aos Estados Uni

pleno vcgiinem do "laisser faire". O Es tado sempre fôra visto com desconfian

aos

tropeços e à luta mais

constante,

o

criádor

do

inflação legislativa e

Deal",

apesar

burocrática era alar-*

forte resistência que

mante; a máquina estatal se agiganta va, perturbando e

frutava de largo cré

A'

dito

de

das

massas,

ciativa privada. Os alphabetical hureau

classes

estendiam

como

uma rêde, procu rando tudo prender e dirigir. A resistência con

servadora em pâni

co apelou para a Suprema Corte para

que contivesse os ímpetos reformistas de Roosevelt. Os juizes que deviam zelar pela tradição e pela carta constitucional não tiveram dúvida em cortar as asas do

presidente, e condenar como inconstitu cionais algumas das iniciativas básicas do "New Deal". A Suprema Còrte é a garantia máxima dos direitos dos cida

da

crescia, ainda des

embaraçando a ini

se

"New

confiança

médias

das até

aos "dispossessed", que nele de alguma forma, o seu salvador. As críticas

tenazes e xigorosas dos seus opositores, ' anunciando a falên

cia integral do "New Deal e clamando .sobre os perigos de se prosseguir nessa

política aventurosa, não tinham fôrça pa ra afastar do presidente

as simpatias

populares profundas. Os déficits do go

verno eram astronômicos; crescia a dívi

da pública; mulüplícava-se a burocra

cia. O número de desempregados não

ção às suas instituições e ao seu estilo de vida, poder-se-ia temer uma revolu

em prática. A ação intervencionista ti

ção social. Para enfrentar a imensa ba

nha, porém, que se chocar frontalmente

dãos; a Constituição tinha que ser res

talha do reerguimento do país, Roose velt, no seu discurso inaugural, declarou

com o arraigado indÍNudualismo "yankee" e os imensos interesses plutocráticos. A

peitada; e Roosevelt se confornrou, em

zavam, muitas delas de necessidade ou

bora com resmungos e protestos, procu

de utilidade duvidosas. Os sacrifícios fei

que .SC via na contingência de solicitar ao Congrc.sso,poderes amplos para agir

prosperidade do país se fizera, desde a

rando ajustar o seu programa ao meca nismo con.stitucional e judiciário, sem

tados obtidos, clamavam os adversários

fundação, pela iniciativa privada,

em

tinha diminuído senão de maneira arti

ficial pelas obras públicas que se reali tos não eram compensados pelos resul


,T--

(♦.■VTTi.V",''

01

Dicksto EcoNÓ?>aco

Sôbre a quarta eleição de Roosevelt Daiiio

de

Almeida

Magalhães

PI DESTINO político de Roosevelt, desde que pela primeira vez atingiu u

presidêr^ia de seu país, se tem revelado dramático e heróico. Coube-lhe dirigir a naç<ão americana numa quadra de cri

se nacional e mundial de profundidade e de repercussão sem precedentes. Por Í.ÇS0 mesmo, de alguma forma, numa

apreciação de conjunto, foi-llie dado agir com maior projeção na vida interna e

na esfera internacional do que qualquer dos seus antecessores, mesmo Washing

Da coleção do "Diário de Notícias"

c.\u7na7T}os este artigo cfuc Dariu rle Al

gresso material, a sua riqueza, a sua própria concepção de vida política e so cial lhe trazem o ônus de intervir de ma neira decisiva na sorte de todo o mundo. A presidência de Roosevelt nasceu sob o signo da guerra, da lula árdua em to

dos os sentidos e em todos os campos. A primeira imensa batalha que teve de travar foi para reerguer o país da maior

contra o dc Hamilton, que defendera a

líbrio econômico, sem violar as institui

necessidade dc um Estado mai.s forte e

ções e comprometer o sistema de go

mais bem aparelhado. Só um outro pre

verno.

sidente até o "New Deal-", Theodore Roose\eli:, no comêço do século, em

baluartes da pluto-

ousara

desafiar

cracia.

Mas

mento, em meio às dificuldades,

nada

igualava,

nem

de

.

tido à afirmativa de Joaquim Nabuco de

longe,

programa

''

que o jornal 6 fatal à produção literária

do "New Deal".

de primeira ordem.

resolutamente, poderes tão amplos como se a pátria estivesse invadida pelo inimi go estrangeiro. Cinco mil bancos haviam

falido;

o número de desempregados

crescera de três milhões para treze e

meio inilliões; a produção industrial caí ra de 47

o valor dos produtos agríco

las de 71%; a renda nacional bai.vara de

.56 %. A confiança pública desaparecera. A situação reclamava medidas enérgicas e decisivas. Roosevelt lançou-se à luta

com audácia e intrepidez. O Estado pre

cisava desenvolver uma vigorosa política

A herança que recebeu de Hoover, em

intervencionista. O "New Deal" repre

sentava o vasto plano de economia di rigida a ser executado. O National In

dustrial Recovery Act e o Agricultural Adjustment Act revelaram inicialmente o

alcance da profunda reforma a ser posta

o

Ao findar o primeiro qiiadriènio, quando ainda a arrojada experiência rooseveltíana apenas atingira a primeira fa se do seu desdobra

os

c atualidade dos conceitos, um desmen

crise econômica de tôda a sua história.

1933, era aterradora. A euforia da "prosperity" se transformara num.quadro de devastações, de desespero, de quase tra gédia. Se não fosse a fidelidade da na

dar trabalho às massas desempregadas c estabelecer um regimem de maior equi

didatura no govêrno dos Estados Vttidos,

fensor da sua unidade. Porque os acon

dos, nesta guerra muito mais do que na de 14, a consciência de que o seu pro

A inclinação americana era pelo ponto de vista de Jefferson,

outras condições muito menos graves,

Constituem estas págitias, pelo brilho

abandonar, entretanto, o espírito da sua ação reformista, com "a qual buscava

ça o antipatia.

meida Magalhães escreveu no apresen tai- RooscceU, vela quarta vez, sua cnri-

ton, o fundador do país, e Lincoln, o de tecimentos impuseram aos Estados Uni

pleno vcgiinem do "laisser faire". O Es tado sempre fôra visto com desconfian

aos

tropeços e à luta mais

constante,

o

criádor

do

inflação legislativa e

Deal",

apesar

burocrática era alar-*

forte resistência que

mante; a máquina estatal se agiganta va, perturbando e

frutava de largo cré

A'

dito

de

das

massas,

ciativa privada. Os alphabetical hureau

classes

estendiam

como

uma rêde, procu rando tudo prender e dirigir. A resistência con

servadora em pâni

co apelou para a Suprema Corte para

que contivesse os ímpetos reformistas de Roosevelt. Os juizes que deviam zelar pela tradição e pela carta constitucional não tiveram dúvida em cortar as asas do

presidente, e condenar como inconstitu cionais algumas das iniciativas básicas do "New Deal". A Suprema Còrte é a garantia máxima dos direitos dos cida

da

crescia, ainda des

embaraçando a ini

se

"New

confiança

médias

das até

aos "dispossessed", que nele de alguma forma, o seu salvador. As críticas

tenazes e xigorosas dos seus opositores, ' anunciando a falên

cia integral do "New Deal e clamando .sobre os perigos de se prosseguir nessa

política aventurosa, não tinham fôrça pa ra afastar do presidente

as simpatias

populares profundas. Os déficits do go

verno eram astronômicos; crescia a dívi

da pública; mulüplícava-se a burocra

cia. O número de desempregados não

ção às suas instituições e ao seu estilo de vida, poder-se-ia temer uma revolu

em prática. A ação intervencionista ti

ção social. Para enfrentar a imensa ba

nha, porém, que se chocar frontalmente

dãos; a Constituição tinha que ser res

talha do reerguimento do país, Roose velt, no seu discurso inaugural, declarou

com o arraigado indÍNudualismo "yankee" e os imensos interesses plutocráticos. A

peitada; e Roosevelt se confornrou, em

zavam, muitas delas de necessidade ou

bora com resmungos e protestos, procu

de utilidade duvidosas. Os sacrifícios fei

que .SC via na contingência de solicitar ao Congrc.sso,poderes amplos para agir

prosperidade do país se fizera, desde a

rando ajustar o seu programa ao meca nismo con.stitucional e judiciário, sem

tados obtidos, clamavam os adversários

fundação, pela iniciativa privada,

em

tinha diminuído senão de maneira arti

ficial pelas obras públicas que se reali tos não eram compensados pelos resul


03

Dicesto Econômico

de Roosevelt. Mas, a massa, cujos inte

grada, a "third term tradition". A reti

resses não eram defendidos em

rada era, por outro lado, arriscada e ex punha ao fracasso não só a sua política

Wall

Street, acreditava, com certo misticismo,

63

Digesto Econômico

A guerra justificou a eleição de Roo sevelt para o terceiro período, com o desrespeito de uma tradição política sempre obedecida. A paz justifica a

a proper period is much a duty as to have bome it faitlifully". Êsses exemplos dos "nation's founders"

firmaram

um

precedente que passou a ter o prestigio dc uma regra constitucional escrita. Ne- , nhum presidente serviu por mais de oito anos, e o povo americano entendia que

que, se Roosevelt não estivesse no poder e não houvesse seguido a política que

qual eslava definitivamente comprometi

iniciativa, ainda mais audaciosa, da sua

seguira, a situação seria, ou poderia ser,

do. E o refonnador audacioso não se de

candidatura à presidência pela quarta vez.

teve diante do obstáculo, e tomou o rís-

Num e noutro caso, interesses supremos

' CO de "correr" (cx>mo se diz na lingua gem política americana) a eleição para

de seu país e da própria humanidade, nessa hora imica que o mundo .atraves sa. Representará êste procedimento um

não deveria conceder a ninguém essa

Willkiô, que depois se revelou um polí tico e de espírito compreensivo, quase que dividiu com ele os sufrágios popu

perigo para as instituições democráticas,

vida política nacional.

lares.

ideais políticos pelos quais os Estados

pior.

A recondução de Roosevelt na presi dência foi, graças a êsse estado de es pírito, relativamente fácil. E o renova

dor vitorioso na batalha eleitoral pôde prosseguir no terrível combate para rea

lizar a reforma econômica e social que planejara, dentro dos quadros e dos pre conceitos do sistema americano. Ao -fim

interna, como a ação internacional,

na

um terceiro período. O seu adversário,

Reeleito, mais uma vez, pelas necessi

do segundo período, haviam crescido as dificuldades e a resistência. Dez milhões

dades supremas da guerra, Roosevelt for

ao existente em 1933, por si só indicar vam que os resultados da e.xperiência

rooseveltiana eram duvidosos. Mas, a

e a palavra do presidente e os aconteci

de desempregados, número quase igual

essa altura, os acontecimentos interna

cionais haviam adquirido supremacia absoluta sobre os problemas internos. Roosevelt já projetara, por fôrça das cir cunstâncias, a ação dos Estados Unidos no plano mundial. O senHmento isolacionista era muito forte e vivo; e o pre

sidente se' empenhava em levar a opi nião americana a compreender que os destinos do país se decidiam no conflito da Europa. Já se chegara ao fornecimen to de matérias através da forma "cash

and cany ,■ havia, porém, ainda espe rança para o povo americano de se con

ou as razões que o ditaram, no presen te e no futuro, servirão à realização dos Unidos e o mundo se sacrificam ?

honra que não fora conferida aos seus estadistas supremos, nos prímordios da

O princípio da transitoriedade do exercício

do governo sempre

pareceu

melhor assegurar a pureza do ideal de mocrático, e a prática política adotada nos Estados Unidos era vista como uma

mo. A mentalidade isolacionista do West

E' sabido que na convenção de Fila délfia o problema da duração do man dato presidencial foi apreciado de ma neira muito variada. Hamilton, que era

e do Middie West era ainda poderosa,

partidário de um execijtivo forte e da

cício do govêmo pela opinião pública, pode-se sustentar qüe não é de ordem fundamental que se proíba a recondução nos postos supremos dos mandatários

taleceu sua política de dar todo apoio às nações que lutavam contra o fascis

continuidade

administrativa,

pleiteava

que o chefe do Estado fosse escolhido

mentos a tinham que vencer paulatina mente. O "lend and lease" representara

sem limite de tempo e se conservasse no poder enquanto bem servisse (for good behaviouv), podendo ser destituído por

um passo expressivo; mas, o "slogan" que predominava ainda era: "Send tlie guns, but not the sons". A traição de

Pearl Harbour impôs a guerra, e operou ' o milagre de unir o país, desfazendo tôdas as divisões ou divergências que o pleito eleitoral de novembro de 1940

"ímpeacbment".

Outros

convencionais

testemunho do seu vigor e da sua adap-

que bem desempenharam as suas fun

ções. Se o presidente tem o apoio do seu povo, e se êste julga que ele é o mais

apto para dirigir os destinos da nação,

sidencial por um prazo que oscilava en tre dois e sete anos. Chegou a prevale

não deveria ser impedido de lhe reno var, pelo voto, periòdicamente, o man dato, tantas vezes essa renovação fôsse

ção da reeleição. Mas, finalmente, na redação definitiva da Constituição de 1787, adotou-se o prazo de quatro anos, não se vedando expressamente que o

guerra, das instituições democráticas —

considerada a democracia como o exer

propunham a fixação do mandato pre

cer o período de sete anos, com a proibi

houvesse provocado. O funcionamento normal, em plena

garantia da subsistência do próprio regimem. Teoricamente, essencialmente,

a experiência política mostra que essa

prática oférece grandes perigos e pode comprometer a sobrevivência da demo cracia, ou pelo menos desprestigiá-la. A

presidente fòsse reeleito.

da sua carreira, tinha bem consciência de que essa esperança era ilusória e o en

tabílidade às circunstâncias mais graves — determinou que um outro pleito pre sidencial da maior envergadura se hou vesse de travar atualmente nos Estados

mandato para um terceiro período. Jef-

manifestação periódica do eleitorado,

Unidos para escolha do futuro presiden

volvimento dos Estados Unidos no con

cria o risco de se formar uma oligarquia, com o sacrifício do que a democracia

flito, uma fatalidade. Entretanto, a sua

te, e que a essa eleição, que se verifica ra no dia 7 do corrente, concorresse, pe

ferson, reeleito uma vez, poderia sê-lo uma segunda vez, mas por uma questão

permanência no poder para conduzir o

la quarta vez, Franklin Delano Roosevelt.

mais quatro anos de poder, como lhe

O poder é sedutor e minaz, tem vene

fòrn oferecido. E' histórica a sua frase:

nos e toxinas de uma grande ação cor

"That I should lay down my charge at

ruptora. Só os homens de cerne muito

servar fora do conflito. Mas, Roosevelt, que viveu então o momento culminante

esteve na presidência oito anos, e se re cusou, por razões pessoais, a aceitar o

de princípios julgou que deverfa recusar

seu povo naquela emergência perigosa impunha a violação de uma tradição sa

*

*

Washington

julgada conveniente ou necessária. Mas,

4?

i

permanência prolongada dos mesmos ho

mens no poder executivo, ainda com a

apresenta de melhor e mais saudável.


03

Dicesto Econômico

de Roosevelt. Mas, a massa, cujos inte

grada, a "third term tradition". A reti

resses não eram defendidos em

rada era, por outro lado, arriscada e ex punha ao fracasso não só a sua política

Wall

Street, acreditava, com certo misticismo,

63

Digesto Econômico

A guerra justificou a eleição de Roo sevelt para o terceiro período, com o desrespeito de uma tradição política sempre obedecida. A paz justifica a

a proper period is much a duty as to have bome it faitlifully". Êsses exemplos dos "nation's founders"

firmaram

um

precedente que passou a ter o prestigio dc uma regra constitucional escrita. Ne- , nhum presidente serviu por mais de oito anos, e o povo americano entendia que

que, se Roosevelt não estivesse no poder e não houvesse seguido a política que

qual eslava definitivamente comprometi

iniciativa, ainda mais audaciosa, da sua

seguira, a situação seria, ou poderia ser,

do. E o refonnador audacioso não se de

candidatura à presidência pela quarta vez.

teve diante do obstáculo, e tomou o rís-

Num e noutro caso, interesses supremos

' CO de "correr" (cx>mo se diz na lingua gem política americana) a eleição para

de seu país e da própria humanidade, nessa hora imica que o mundo .atraves sa. Representará êste procedimento um

não deveria conceder a ninguém essa

Willkiô, que depois se revelou um polí tico e de espírito compreensivo, quase que dividiu com ele os sufrágios popu

perigo para as instituições democráticas,

vida política nacional.

lares.

ideais políticos pelos quais os Estados

pior.

A recondução de Roosevelt na presi dência foi, graças a êsse estado de es pírito, relativamente fácil. E o renova

dor vitorioso na batalha eleitoral pôde prosseguir no terrível combate para rea

lizar a reforma econômica e social que planejara, dentro dos quadros e dos pre conceitos do sistema americano. Ao -fim

interna, como a ação internacional,

na

um terceiro período. O seu adversário,

Reeleito, mais uma vez, pelas necessi

do segundo período, haviam crescido as dificuldades e a resistência. Dez milhões

dades supremas da guerra, Roosevelt for

ao existente em 1933, por si só indicar vam que os resultados da e.xperiência

rooseveltiana eram duvidosos. Mas, a

e a palavra do presidente e os aconteci

de desempregados, número quase igual

essa altura, os acontecimentos interna

cionais haviam adquirido supremacia absoluta sobre os problemas internos. Roosevelt já projetara, por fôrça das cir cunstâncias, a ação dos Estados Unidos no plano mundial. O senHmento isolacionista era muito forte e vivo; e o pre

sidente se' empenhava em levar a opi nião americana a compreender que os destinos do país se decidiam no conflito da Europa. Já se chegara ao fornecimen to de matérias através da forma "cash

and cany ,■ havia, porém, ainda espe rança para o povo americano de se con

ou as razões que o ditaram, no presen te e no futuro, servirão à realização dos Unidos e o mundo se sacrificam ?

honra que não fora conferida aos seus estadistas supremos, nos prímordios da

O princípio da transitoriedade do exercício

do governo sempre

pareceu

melhor assegurar a pureza do ideal de mocrático, e a prática política adotada nos Estados Unidos era vista como uma

mo. A mentalidade isolacionista do West

E' sabido que na convenção de Fila délfia o problema da duração do man dato presidencial foi apreciado de ma neira muito variada. Hamilton, que era

e do Middie West era ainda poderosa,

partidário de um execijtivo forte e da

cício do govêmo pela opinião pública, pode-se sustentar qüe não é de ordem fundamental que se proíba a recondução nos postos supremos dos mandatários

taleceu sua política de dar todo apoio às nações que lutavam contra o fascis

continuidade

administrativa,

pleiteava

que o chefe do Estado fosse escolhido

mentos a tinham que vencer paulatina mente. O "lend and lease" representara

sem limite de tempo e se conservasse no poder enquanto bem servisse (for good behaviouv), podendo ser destituído por

um passo expressivo; mas, o "slogan" que predominava ainda era: "Send tlie guns, but not the sons". A traição de

Pearl Harbour impôs a guerra, e operou ' o milagre de unir o país, desfazendo tôdas as divisões ou divergências que o pleito eleitoral de novembro de 1940

"ímpeacbment".

Outros

convencionais

testemunho do seu vigor e da sua adap-

que bem desempenharam as suas fun

ções. Se o presidente tem o apoio do seu povo, e se êste julga que ele é o mais

apto para dirigir os destinos da nação,

sidencial por um prazo que oscilava en tre dois e sete anos. Chegou a prevale

não deveria ser impedido de lhe reno var, pelo voto, periòdicamente, o man dato, tantas vezes essa renovação fôsse

ção da reeleição. Mas, finalmente, na redação definitiva da Constituição de 1787, adotou-se o prazo de quatro anos, não se vedando expressamente que o

guerra, das instituições democráticas —

considerada a democracia como o exer

propunham a fixação do mandato pre

cer o período de sete anos, com a proibi

houvesse provocado. O funcionamento normal, em plena

garantia da subsistência do próprio regimem. Teoricamente, essencialmente,

a experiência política mostra que essa

prática oférece grandes perigos e pode comprometer a sobrevivência da demo cracia, ou pelo menos desprestigiá-la. A

presidente fòsse reeleito.

da sua carreira, tinha bem consciência de que essa esperança era ilusória e o en

tabílidade às circunstâncias mais graves — determinou que um outro pleito pre sidencial da maior envergadura se hou vesse de travar atualmente nos Estados

mandato para um terceiro período. Jef-

manifestação periódica do eleitorado,

Unidos para escolha do futuro presiden

volvimento dos Estados Unidos no con

cria o risco de se formar uma oligarquia, com o sacrifício do que a democracia

flito, uma fatalidade. Entretanto, a sua

te, e que a essa eleição, que se verifica ra no dia 7 do corrente, concorresse, pe

ferson, reeleito uma vez, poderia sê-lo uma segunda vez, mas por uma questão

permanência no poder para conduzir o

la quarta vez, Franklin Delano Roosevelt.

mais quatro anos de poder, como lhe

O poder é sedutor e minaz, tem vene

fòrn oferecido. E' histórica a sua frase:

nos e toxinas de uma grande ação cor

"That I should lay down my charge at

ruptora. Só os homens de cerne muito

servar fora do conflito. Mas, Roosevelt, que viveu então o momento culminante

esteve na presidência oito anos, e se re cusou, por razões pessoais, a aceitar o

de princípios julgou que deverfa recusar

seu povo naquela emergência perigosa impunha a violação de uma tradição sa

*

*

Washington

julgada conveniente ou necessária. Mas,

4?

i

permanência prolongada dos mesmos ho

mens no poder executivo, ainda com a

apresenta de melhor e mais saudável.


fnm mr:'"* ■

Dígesto EcoNÓAnco

64

rijo e contextura moral excepcionalmente sólida lhe resistem à influência prolon gada. A transitoriedade no exercício das funções executivas do Estado é uma de

fesa para o próprio homem de go\'êrno. Quando o mesmo grupo ou partido de

E* preciso lembrar, com justiça, em fa\-nr de Roosc\'elt, que èic gn\'ernon sempre com respeito absoluto à crítica e à opinião. A liberdade de debate pela imprensa, pelo rádio, nos comícios, foi respeitada sem nenhum agruxo.

Tam

Digks'i'u

65

Econômico

pressão da

vontade popular.

E esse

dcsiderato será felizmente alcançado. Nem n fato de Roosevelt concorrer à

própria reeleição será por si mesmo po deroso para lhe assegurar a vitória, tal é a fôrça que possui a opinião nos Esta

bém jamais deixou de curxar-se diante da Constituição nu da Suprema Corte,

dos Unidos. Os precedentes históricos depõem a favor dessa conclusão. E' co

interesses cada vez mais entrelaçados

embora, dentro da flexibilidade natural

num círculo fechado, cercado pela opo sição dos preteridos ou dos injustamente contrariados pela casta governamental privilegiada. E esse estado de coisas ge

do sistema democrático, conseguisse co

nhecido o caso do presidente Cleveland, ocorrido cjuando a cultura política do

municar às instituições o sentido refor

povo amcricaiit) ainda estava em outro

mador da .sua ação política. A liberdade que hou\'e nas cainpanha.s presidenciais c no.s pleitos que disputou foi absoluta.

sidente Cleveland concorroíi à reeleição

tém por largo tempo o poder, forma-sc

naturalmente uma "clique" ligada por

ra sempre as agitações, o mal-estar co

letivo e a corrupção. A renovação dos homens no poder é, por tudo isso, salu

tar e benéfica, e a preservação das ins tituições democráticas americanas atra

vés de mais de cento e cinqüenta unos, sob a mesma Constituição, muito deve, sem diivida, ao bom exemplo de Was

hington e de Jefferson, que apenas Roosevelt não seguiu.

E verdade que o .atual presidente só

cano Harrison. "Êste, no fim do seu qua-

sem que a invocação do estado de be-

O próprio Roo.sevclt subiu ao poder ga

ligerância serxdsse de pretexto ao sacri

nhando o pleito

fício de qualquer direito, ou da liberda

concorrente o presidente IToover, em 37

de de seu.s adversários. Con.sideradas em

dos 48 Estados, e suplantando o seu ad

face dessas circunstâncias extraordiná

versário por 472 votos contra 59.

em (jue tinha como

ela se desenvolx'eu sob uma inspiração

generosa, uma compreensão larg^> uma solidariedade humana realmente extra

ordinárias e comoventes. Todos os ho

mens lhe devem uma grande gratidão por não terem perdido a liberdade. Vista

nhecimento e de confiança no guia que conduziu bem. Os Estados Unidos ad

Na campanha de agora, se alguma coi.sa ó digna de nota é talvez a excessi\'a agressividade, a desenvoltura, a contun

e.xplicar uma suposição semelhante.

nadores isolacionistas, têm que cumprir o seu destino mundial, como uma con-

lhando aos seus concidadãos que se abstivessem de intervir nos complicados ne

críticos

da

mento de liberdade do pox'o americano.

paciência e resignação esses ataques vi-

que se integrava na orientação

rulentos, sem tentar coibi-los, com o em-

cinado.

rooseveltiana e se revelou um estadista

prêgo dos poderes excepcionais de que

terminado o primeiro mandato de Lin-

de espírito aberto e de ânimo renovador.

e.stá investido.

dência da crítica que fazem à ação po

não seria preferível que Roosevelt se re

lítica de Roosevelt,

partidários, na imprensa, no rádio e nos comícios. E o presidente suporta com

A idéia do homem necessário, do homem

çado de cair sob a escravidão de bárba

ros. A sua ação pessoal foi decisiva, e

mo que chegaram a insinuar que êle ti nha a infame idéia de impedir a reali zação do pleito. E nos Estados Unidos só realmente o desvario político poderia

momentos

tirasse e o Partido Democrático houves

lace,

E o presi dente eleito proclamou, jubiloso, dois dias depois da x'itória: "A eleição de monstrou que o gox'êmo do po\'o pode .suportar uma eleição nacionur no meio dc uma grande guerra cix-il". Imensos serviços prestou Roosevelt ao seu país e à humanidade nessas horas sombrias em que o mundo esteve amea

nência no governo tem que ser julgada com simpatia, como um gesto de reco

em

Num dos seus recentes discursos,

O povo americano duvidaria da sanidade mental do presidente, sobretudo de um presidente que é um dos comandantes supremos da guerra pela democracia, que tivesse esse projeto criminoso e alu

se substituído a sua candidatura, pelo menos agora, por exemplo, pela de Wal-

como concorrente um general, o

famoso general McClellan.

atual presidente declarou que os seus opositores levavam a paixão a tal extre

guerra, foram provas decisivas do vi gor do espírito democrático c do senti

fundamente pessoal. Mas, só o futuro dirá se, mesmo nas condições indicadas,

Doi.s presidentes candidatos, derrotados.

tex'e

a essa luz, dentro dêssc quadro amplo e desanuviado de paixões, a sua perma

realizadas

continuidade da política interna e exter

driènio, pleiteou a renovação do seu mandato, e foi vencido por Cleveland.

ríamos honestamente proclamar que ela já nos tinlia conquistado e arruinado". Lincoln não só presidiu à eleição, como

o

rias, as duas campanhas presidenciais,

concorreu ao terceiro período, e agora

na, a que êle imprimiu um cunho pro

em 1888, e foi derrotado pelo republi

Quer na última eleição, em que concor reu com Willkie, já cm plena guerra, quer na atual, as perrogatix-as da oposi ção foram integralmente respeitadas,

ao quarto, em circunstâncias absoluta

mente excepcionais da vida do seu país e do mundo, e para assegurar a perfeita

estágio do seu aperfeiçoamento. O pre

ou a transferir a eleição nacional, deve

Dexvey e os seus

Em plena guerra de Secessão,

coln, realizou-se em 1864, na época pró

Do ponto de vista eleitoral, o que é,

pria, a eleição presidencial. O salvador

quiriram uma enorme importância na política internacional; mau grado os se scQuencia mesma da sua riqueza, da sua civilização e da sua força incomparável. As palaxTas de Washington, no seu famoso "Farexvell Adress", aconse

gócios da Europa, não têm sentido no mundo de hoje, unido pela eliminação

insubstituível, não é simpática à demo

fundamental c que o pleito, na sua pre

da unidade da pátria disse então estas

cracia, que se revitaliza na renovação

paração e na sua realização, se desen

volva com liberdade e honestidade, pa

palavras inesquecíveis: "Não poderemos ter govêmo livre sem eleições; e se a

das distâncias, pelo entrelaçamento dos interesses e pelo destino comum dos ho mens, e, ao mesmo tempo,, ideològica-

ra que o resultado seja realmente a e.x-

rebelião pudesse forçar-nos a esquecer

niente, terrivelmente dividido. Para con-

constante dos quadros dos ■seus servido res.

JÉ.


fnm mr:'"* ■

Dígesto EcoNÓAnco

64

rijo e contextura moral excepcionalmente sólida lhe resistem à influência prolon gada. A transitoriedade no exercício das funções executivas do Estado é uma de

fesa para o próprio homem de go\'êrno. Quando o mesmo grupo ou partido de

E* preciso lembrar, com justiça, em fa\-nr de Roosc\'elt, que èic gn\'ernon sempre com respeito absoluto à crítica e à opinião. A liberdade de debate pela imprensa, pelo rádio, nos comícios, foi respeitada sem nenhum agruxo.

Tam

Digks'i'u

65

Econômico

pressão da

vontade popular.

E esse

dcsiderato será felizmente alcançado. Nem n fato de Roosevelt concorrer à

própria reeleição será por si mesmo po deroso para lhe assegurar a vitória, tal é a fôrça que possui a opinião nos Esta

bém jamais deixou de curxar-se diante da Constituição nu da Suprema Corte,

dos Unidos. Os precedentes históricos depõem a favor dessa conclusão. E' co

interesses cada vez mais entrelaçados

embora, dentro da flexibilidade natural

num círculo fechado, cercado pela opo sição dos preteridos ou dos injustamente contrariados pela casta governamental privilegiada. E esse estado de coisas ge

do sistema democrático, conseguisse co

nhecido o caso do presidente Cleveland, ocorrido cjuando a cultura política do

municar às instituições o sentido refor

povo amcricaiit) ainda estava em outro

mador da .sua ação política. A liberdade que hou\'e nas cainpanha.s presidenciais c no.s pleitos que disputou foi absoluta.

sidente Cleveland concorroíi à reeleição

tém por largo tempo o poder, forma-sc

naturalmente uma "clique" ligada por

ra sempre as agitações, o mal-estar co

letivo e a corrupção. A renovação dos homens no poder é, por tudo isso, salu

tar e benéfica, e a preservação das ins tituições democráticas americanas atra

vés de mais de cento e cinqüenta unos, sob a mesma Constituição, muito deve, sem diivida, ao bom exemplo de Was

hington e de Jefferson, que apenas Roosevelt não seguiu.

E verdade que o .atual presidente só

cano Harrison. "Êste, no fim do seu qua-

sem que a invocação do estado de be-

O próprio Roo.sevclt subiu ao poder ga

ligerância serxdsse de pretexto ao sacri

nhando o pleito

fício de qualquer direito, ou da liberda

concorrente o presidente IToover, em 37

de de seu.s adversários. Con.sideradas em

dos 48 Estados, e suplantando o seu ad

face dessas circunstâncias extraordiná

versário por 472 votos contra 59.

em (jue tinha como

ela se desenvolx'eu sob uma inspiração

generosa, uma compreensão larg^> uma solidariedade humana realmente extra

ordinárias e comoventes. Todos os ho

mens lhe devem uma grande gratidão por não terem perdido a liberdade. Vista

nhecimento e de confiança no guia que conduziu bem. Os Estados Unidos ad

Na campanha de agora, se alguma coi.sa ó digna de nota é talvez a excessi\'a agressividade, a desenvoltura, a contun

e.xplicar uma suposição semelhante.

nadores isolacionistas, têm que cumprir o seu destino mundial, como uma con-

lhando aos seus concidadãos que se abstivessem de intervir nos complicados ne

críticos

da

mento de liberdade do pox'o americano.

paciência e resignação esses ataques vi-

que se integrava na orientação

rulentos, sem tentar coibi-los, com o em-

cinado.

rooseveltiana e se revelou um estadista

prêgo dos poderes excepcionais de que

terminado o primeiro mandato de Lin-

de espírito aberto e de ânimo renovador.

e.stá investido.

dência da crítica que fazem à ação po

não seria preferível que Roosevelt se re

lítica de Roosevelt,

partidários, na imprensa, no rádio e nos comícios. E o presidente suporta com

A idéia do homem necessário, do homem

çado de cair sob a escravidão de bárba

ros. A sua ação pessoal foi decisiva, e

mo que chegaram a insinuar que êle ti nha a infame idéia de impedir a reali zação do pleito. E nos Estados Unidos só realmente o desvario político poderia

momentos

tirasse e o Partido Democrático houves

lace,

E o presi dente eleito proclamou, jubiloso, dois dias depois da x'itória: "A eleição de monstrou que o gox'êmo do po\'o pode .suportar uma eleição nacionur no meio dc uma grande guerra cix-il". Imensos serviços prestou Roosevelt ao seu país e à humanidade nessas horas sombrias em que o mundo esteve amea

nência no governo tem que ser julgada com simpatia, como um gesto de reco

em

Num dos seus recentes discursos,

O povo americano duvidaria da sanidade mental do presidente, sobretudo de um presidente que é um dos comandantes supremos da guerra pela democracia, que tivesse esse projeto criminoso e alu

se substituído a sua candidatura, pelo menos agora, por exemplo, pela de Wal-

como concorrente um general, o

famoso general McClellan.

atual presidente declarou que os seus opositores levavam a paixão a tal extre

guerra, foram provas decisivas do vi gor do espírito democrático c do senti

fundamente pessoal. Mas, só o futuro dirá se, mesmo nas condições indicadas,

Doi.s presidentes candidatos, derrotados.

tex'e

a essa luz, dentro dêssc quadro amplo e desanuviado de paixões, a sua perma

realizadas

continuidade da política interna e exter

driènio, pleiteou a renovação do seu mandato, e foi vencido por Cleveland.

ríamos honestamente proclamar que ela já nos tinlia conquistado e arruinado". Lincoln não só presidiu à eleição, como

o

rias, as duas campanhas presidenciais,

concorreu ao terceiro período, e agora

na, a que êle imprimiu um cunho pro

em 1888, e foi derrotado pelo republi

Quer na última eleição, em que concor reu com Willkie, já cm plena guerra, quer na atual, as perrogatix-as da oposi ção foram integralmente respeitadas,

ao quarto, em circunstâncias absoluta

mente excepcionais da vida do seu país e do mundo, e para assegurar a perfeita

estágio do seu aperfeiçoamento. O pre

ou a transferir a eleição nacional, deve

Dexvey e os seus

Em plena guerra de Secessão,

coln, realizou-se em 1864, na época pró

Do ponto de vista eleitoral, o que é,

pria, a eleição presidencial. O salvador

quiriram uma enorme importância na política internacional; mau grado os se scQuencia mesma da sua riqueza, da sua civilização e da sua força incomparável. As palaxTas de Washington, no seu famoso "Farexvell Adress", aconse

gócios da Europa, não têm sentido no mundo de hoje, unido pela eliminação

insubstituível, não é simpática à demo

fundamental c que o pleito, na sua pre

da unidade da pátria disse então estas

cracia, que se revitaliza na renovação

paração e na sua realização, se desen

volva com liberdade e honestidade, pa

palavras inesquecíveis: "Não poderemos ter govêmo livre sem eleições; e se a

das distâncias, pelo entrelaçamento dos interesses e pelo destino comum dos ho mens, e, ao mesmo tempo,, ideològica-

ra que o resultado seja realmente a e.x-

rebelião pudesse forçar-nos a esquecer

niente, terrivelmente dividido. Para con-

constante dos quadros dos ■seus servido res.

JÉ.


60

Digesto Ecokóxíico

duzir a ação internacional norte-ameri

dente, reeleito pela quarta vez, na exe

cana, assegurando-lhe a influência e a

cução do seu programa de política inter

continuidade, a manutenção de Roose-

velt pode ser considerada como uma ga

na 8 externa; o isso faz recear que a permanência dc Roosexclt no governo

rantia.

venha dificultar, ou me.snío ]e\'ar a in

Encarado, porém, o caso da quarta eleição do atual presidente, sob o ponto de vista da política interna dos Estados Unidos, a apreciação do problema se

complica sob a influência de outros fatôres, e traz apreensões sôbre o sucesso do desdobramento da ação futura, a que se liga a questão culminante da paz. O exemplo de Wilson, embora se tenha

mens de govêrno, para se imporem a confiança pública, têm de agir, agora mais do que nunca, com absoluta since ridade, com perfeita lealdade. As pala

bido, o idealista da Conferência da Paz

foi reeleito presidente em 1916, contra o republicano Hughes, quando ainda o povo americano mantinha também a es

perança de se conservar fora da guerra. Em 1918, na renovação da Câmara dos

Representantes e do terço do Senado, o Partido Democrático ficou em minoria-

e o resultado foi o que se conhece; a

VI - Borracha Dorival Teixeira Vieira

sucesso a realização do programa cujo êxito ela justamente visou garantir. Um dos aspectos mais graves da crise

política contemporânea é a descrença das massas nas elites dirigentes. _Os ho

verificado em outras circunstâncias, le va a meditar sôbre o futuro. Como é sa

Produtos brasileiros no mercado internacional

BORRACHA, como matéria-prima para um sem número de produtos manu

faturados, possui extraordinária impor tância econômica, muito embora a mes

de 1912, até 1921, quer se considere o volume, quer o valor ouro, a tendência da exportação da borracha foi regressiva. Basta dizer que em 1921 exportáramos

ma se restrinja a bem dizer a este sé

apenas 17.000 toneladas, mínimo regis

culo, principalmente depois que a indús

trado até então, e o índice de valor ouro

reduzira-se a 151,8. Convém observar

A

tria de fabricação de-automóveis e aviões passou a exigir consumo maciço do látex.

retirada na vida política c muitas vêzes

Sua importância, porém, no conjunto das

1917, produziu uma ligeira melhoria

uma iniciativa de suma sabedoria, mes

exportações brasileiras, tem diminuído

no mercado da borracha brasileira, logo

mo quando as solicitações para perma necer são fortes. Washington teve um

consideràvelmente. Enquanto em 1914 chegara a representar 15% do valor total de nossa exportação, colocando-se em

ano seguinte; e a reação apresentada em 1919 foi também contrabalançada pelo

segundo lugar, logo após o café, em 1924 passara a representar apenas 2%

1920 6 1921.

vras devem ter o endôsso dos atos.

gesto olímpico, que preservou a sua le genda de ser "o primeiro na paz, o primeiro na guerra e o primeiro no co

ração de seus concidadãos",

para reduzir-se a 0,42% em 1932 e em

quando

que o período de guerra, de 1915 a anulada por uma profunda queda no

vertiginoso ritmo de queda dos anos de Após a crise daquele último ano,

resistiu à solicitação de um terceiro pe

1948 a 0,22% de tôda a e.xportação bra

nossa exportação tomou a crescer; em

ríodo presidencial, e se retirou para sua

sileira.

volume, o seu máximo foi atingido em

recusa da aprovação ao pacto da Liga das Nações, ou seja, o fracasso da paz.

fazenda de "Mount Vernon". A nação

O comércio da borracha apresentou,

1927; de 17.000 toneladas, vendidas em

mal acabara de se formar e precisava

De risco equivalente não está livre Roosevelt, uma vez que alcance, como

ainda da assistência do seu fundador.

no Brasil, oscilações de altas e baixas, movimento típico, no qual os ciclos eco

certamente alcançará, vitória no pleito

Mas a sua despedida, que a história re

nômicos surgem bem distintos. O pe

gistra como uma cena emocionante, foi

ríodo de 1900 a 1912 pode ser chamado

1921, passáramos a 26.000, em 1927. A partir, porém, de 1925 já os preços apre sentavam franco declínio, de modo que o maior volume e.xportado não compensa

a moldura perfeita da vida de um gran

de período áureo de venda de látex para

va a queda do valor total da exportação.

de homem de Estado. Roosevelt, ao

O valor ouro da borracha vendida já

contrário, julgou que deveria mais uma

o exterior. Basta dizer que em 1910 a nossa borracha silvestre representava 88%

vez apelar para a confiança da nação.

da produção total do mundo, enquanto a

1926 e a depressão continuou até 1932, inclusive. Pode-se afirmar que a con

de terça-feira próxima. Para êsse triun

fo, pesará decisivamente a sua influên cia pessoal; o prestígio é mais dele do

acusava franco período de crise desde

que do seu Partido. A eleição interessou vivamente a opinião pública; e os repu blicanos puderam explorar temas que lhes podem fortalecer a posição partidá

Só os acontecimentos futuros revelarão

borracha de plantação contribuía com

o acêrto ou o desacerto desse passo, que

12%. Vendêramos volume crescente des

corrência da bonacha do Pacífico ante

e mais um lance na emocionante e au

ria e enfraquecer a autoridade do presi

cipou de muito, para êste produto, o

daciosa experiência rooseveltiana.

sa matéria-prima e o valor ouro, drena do para o Brasil, acusa também o mes mo movimento ascensional.

só se registraria a partir de 1929 ou

I

De 24.000

período de crise que em outros setores

toneladas vendidas em 1900, passára

de 1930.

mos, em 1912, a 42.000 toneladas.

novo movimento de e.xpansao. Os preços

Os

De 1932 a 1937 esboçou-se

índices de valor ouro saltaram, nas mes mas datas, de 1.044,6 a 2.551,8, toman

muito baixos e a recuperação não foi su

do-se por base o ano de 1937. A partir

ficiente para voltarmos aos níveis ante-

internacionais,

porém,

mantiveram-s#


60

Digesto Ecokóxíico

duzir a ação internacional norte-ameri

dente, reeleito pela quarta vez, na exe

cana, assegurando-lhe a influência e a

cução do seu programa de política inter

continuidade, a manutenção de Roose-

velt pode ser considerada como uma ga

na 8 externa; o isso faz recear que a permanência dc Roosexclt no governo

rantia.

venha dificultar, ou me.snío ]e\'ar a in

Encarado, porém, o caso da quarta eleição do atual presidente, sob o ponto de vista da política interna dos Estados Unidos, a apreciação do problema se

complica sob a influência de outros fatôres, e traz apreensões sôbre o sucesso do desdobramento da ação futura, a que se liga a questão culminante da paz. O exemplo de Wilson, embora se tenha

mens de govêrno, para se imporem a confiança pública, têm de agir, agora mais do que nunca, com absoluta since ridade, com perfeita lealdade. As pala

bido, o idealista da Conferência da Paz

foi reeleito presidente em 1916, contra o republicano Hughes, quando ainda o povo americano mantinha também a es

perança de se conservar fora da guerra. Em 1918, na renovação da Câmara dos

Representantes e do terço do Senado, o Partido Democrático ficou em minoria-

e o resultado foi o que se conhece; a

VI - Borracha Dorival Teixeira Vieira

sucesso a realização do programa cujo êxito ela justamente visou garantir. Um dos aspectos mais graves da crise

política contemporânea é a descrença das massas nas elites dirigentes. _Os ho

verificado em outras circunstâncias, le va a meditar sôbre o futuro. Como é sa

Produtos brasileiros no mercado internacional

BORRACHA, como matéria-prima para um sem número de produtos manu

faturados, possui extraordinária impor tância econômica, muito embora a mes

de 1912, até 1921, quer se considere o volume, quer o valor ouro, a tendência da exportação da borracha foi regressiva. Basta dizer que em 1921 exportáramos

ma se restrinja a bem dizer a este sé

apenas 17.000 toneladas, mínimo regis

culo, principalmente depois que a indús

trado até então, e o índice de valor ouro

reduzira-se a 151,8. Convém observar

A

tria de fabricação de-automóveis e aviões passou a exigir consumo maciço do látex.

retirada na vida política c muitas vêzes

Sua importância, porém, no conjunto das

1917, produziu uma ligeira melhoria

uma iniciativa de suma sabedoria, mes

exportações brasileiras, tem diminuído

no mercado da borracha brasileira, logo

mo quando as solicitações para perma necer são fortes. Washington teve um

consideràvelmente. Enquanto em 1914 chegara a representar 15% do valor total de nossa exportação, colocando-se em

ano seguinte; e a reação apresentada em 1919 foi também contrabalançada pelo

segundo lugar, logo após o café, em 1924 passara a representar apenas 2%

1920 6 1921.

vras devem ter o endôsso dos atos.

gesto olímpico, que preservou a sua le genda de ser "o primeiro na paz, o primeiro na guerra e o primeiro no co

ração de seus concidadãos",

para reduzir-se a 0,42% em 1932 e em

quando

que o período de guerra, de 1915 a anulada por uma profunda queda no

vertiginoso ritmo de queda dos anos de Após a crise daquele último ano,

resistiu à solicitação de um terceiro pe

1948 a 0,22% de tôda a e.xportação bra

nossa exportação tomou a crescer; em

ríodo presidencial, e se retirou para sua

sileira.

volume, o seu máximo foi atingido em

recusa da aprovação ao pacto da Liga das Nações, ou seja, o fracasso da paz.

fazenda de "Mount Vernon". A nação

O comércio da borracha apresentou,

1927; de 17.000 toneladas, vendidas em

mal acabara de se formar e precisava

De risco equivalente não está livre Roosevelt, uma vez que alcance, como

ainda da assistência do seu fundador.

no Brasil, oscilações de altas e baixas, movimento típico, no qual os ciclos eco

certamente alcançará, vitória no pleito

Mas a sua despedida, que a história re

nômicos surgem bem distintos. O pe

gistra como uma cena emocionante, foi

ríodo de 1900 a 1912 pode ser chamado

1921, passáramos a 26.000, em 1927. A partir, porém, de 1925 já os preços apre sentavam franco declínio, de modo que o maior volume e.xportado não compensa

a moldura perfeita da vida de um gran

de período áureo de venda de látex para

va a queda do valor total da exportação.

de homem de Estado. Roosevelt, ao

O valor ouro da borracha vendida já

contrário, julgou que deveria mais uma

o exterior. Basta dizer que em 1910 a nossa borracha silvestre representava 88%

vez apelar para a confiança da nação.

da produção total do mundo, enquanto a

1926 e a depressão continuou até 1932, inclusive. Pode-se afirmar que a con

de terça-feira próxima. Para êsse triun

fo, pesará decisivamente a sua influên cia pessoal; o prestígio é mais dele do

acusava franco período de crise desde

que do seu Partido. A eleição interessou vivamente a opinião pública; e os repu blicanos puderam explorar temas que lhes podem fortalecer a posição partidá

Só os acontecimentos futuros revelarão

borracha de plantação contribuía com

o acêrto ou o desacerto desse passo, que

12%. Vendêramos volume crescente des

corrência da bonacha do Pacífico ante

e mais um lance na emocionante e au

ria e enfraquecer a autoridade do presi

cipou de muito, para êste produto, o

daciosa experiência rooseveltiana.

sa matéria-prima e o valor ouro, drena do para o Brasil, acusa também o mes mo movimento ascensional.

só se registraria a partir de 1929 ou

I

De 24.000

período de crise que em outros setores

toneladas vendidas em 1900, passára

de 1930.

mos, em 1912, a 42.000 toneladas.

novo movimento de e.xpansao. Os preços

Os

De 1932 a 1937 esboçou-se

índices de valor ouro saltaram, nas mes mas datas, de 1.044,6 a 2.551,8, toman

muito baixos e a recuperação não foi su

do-se por base o ano de 1937. A partir

ficiente para voltarmos aos níveis ante-

internacionais,

porém,

mantiveram-s#


Dioesto Econômico

68

representar 8,4%, enquanto a de plau-

riores. A expansão deste período pode ser explicada pelo fato de representar a

lação alcançava 91,6% da produção mun

borracha matéria-prima de interesse es tratégico. Os países que já estavam em

dial. Em 1936, a situação não se ha via invertido; muito ao contrário, o

Dicesto Econômico

69

borracha e o seu comércio, indaguemos das características da oferta e da p"rocura dessa matéria-prima. A oferta da borracha é de tipo inelástico, quer se considere a natureza da

guerra, ou ativamente a preparavam, au

desequilíbrio se acentuara ainda mais.

mentaram suas compras, seja para formar um reserva estratégica, seja para iitili.zar o produto em indústria de guerra. Apesar de uma ligeira queda em 1938, o

De 22 rcgiõe.s produtoras conscguirain-

. movimento de expansão continuou até

1944; de 6.224 toneladas vendidas, em 1932, passáramos a 21.192 em 1944.

Terminada a guerra, porém, tomou-se menos imperioso o consumo de nossa

a Indochina com 4,62%, o Siáo com

borracha, além do que as fontes de su

de que, se os preços baixarem muito,

3,58%, o Sarawak com 2,44% c, somente

poder-se-á diminuir o volume da extra ção, pelo emprego de menor quantida

primento do Pacífico, bloqueadas pelo

lação às cotações de mercado.

tração. Quem consultar as estatísticas de produção, seja da borracha silvestre,

laia com 369.521 toneladas e a índias

dade da oferta da borracha brasileira

seja da de plantação, verificará que, ape

Holandesas com 313.120, ou sejam, rcs-

é muito maior que a da borracha do

sar da possibilidade de uma acentuada

pccti\'amcntc, 41,33% c 35,03%. As ou

Oriente, dadas as diferenças entre os

tras regiões produtoras, cm ordem de

flutuação de preços, a produção do látex não acompanha, com a mesníá intensi

dois tipos de empreendimento. A bor

importância, eram o Ceilão, com 5,77%,

dade, essas oscilações.

sc obter 893.957 tonelada.s de borracha

bruta, tendo contribuído somente a Ma

após, o Brasil com 2,24% da jDrodução mundial, ou sejam aproximadamente,

tabelecendo-se uma situação de concor

20.000 toneladas de borracha bruta. Na

para a empresa, visto

quele ano, mais de 96% da borracha pro

como

ção da venda da borracha brasileira.

Para avaliarmos qual a magnitude dessa depressão de após-guerra, bastará dizer que em 1948 vendemos apenas 5.446 toneladas e que passamos do índice 140,0 em 1944, ao índice 33,3, em 1948. O valor ouro da borracha exportada acusa uma queda ainda maior, pois que do índice 201,7 passamos ao índice 14,3; isso significa que não só vendemos me nor volume de mercadoria, como tam

bém, mais que isso, os preços pagos, em termos de poder de compra, foram acentuadamente menores.

É curioso notar a verdadeira revolu

ção pela qual passou a borracha brasi

duzida no mundo fõra de plantação, res tando à borracha silvestre menos de 4%.

Pelas informações coliiídas, após esta

tempo a que o vegetal

por uma superfície su perior a 1 milhão de milhas quadradas. Além

.se desenvolva, mantendo-so, a bem dizer, ar

mellior qualidade está

se

dará

mais

disso, a borracha de situada no alto Ama

ocorreu a expectativa de que a guerra no Pacífico tivesse devastado em grande escala os seringais do Oriente. O.s pe

zonas, ao longo dos

borracha.

grandes rios, o Purus

não sendo mercadoria

Além disso,

com

3.500 kms. de

dice de desgaste das plantações de bor racha e o problema de sua exploração, no momento, depende apenas da obten

deteriorável, o produto já extraído pode ser conservado por tempo

curso, o Tapajós com perto de 2.000, o Xingu com 1.900, o Juruá com

indeterminado, forman

3.200, e o Madeira

ção de braços.

conservarão até que o mercado reaja c

sulta uma linha de comunicação dema

os preços se elevefn. Quando, porém, a elevação de preços é súbita e rápida, o volume da produção não pode crescer com a mesma intensidade, a menos que

siadamente longa. As embarcações, por

ritos avaliam em menos de 10% o ín

Como se vê, a posição do Brasil no mercado da borracha não é satisfatória, não obstante ser fato conhecido que a

do, a borracha de plantação da Malaia,

elasticidade, maior coeficiente de resis tência à ruptura, menor ressecamento,

1923, a situação se invertia completa

milhões de seringueiras existentes em es tado nativo, na Amazonas, se espalham

mazenada a seiva ne

lhor qualidade, devido às propriedades

mente; a borracha silvestre passava a

plantas espalhadas por uma superfície demasiado ampla — estima-se que os 30

cessária à produção da

inerentes à sua própria naturczir — maior

Já em

de de mão-de-obra, sem gra\'e prejuízo

racha silvestre do Brasil apresenta o grave inconvenfente de encontrar-se em

guerra, a situação não foi de molde a

sentava 88% da produção total do mun

contribuíam apenas com 12%.

Ê bem verda

Parece-nos, porém, que a inelastici-

melhorar para o Brasil, visto como nao

leira no mercado internacional. Enquan to, como já dissemos, em 1910 repre índias Holandesas, Ceilão, Indochina, Siáo, Sarawak, índia, Bornéu e Birmânia

a oferta se mantenha inelástica, em re

empresa, quer as características da ex

Japão, voltavam a ser utilizadas, re.s-

rência internacional que forçou a redu

tc, com o crescer dos preços. Verdade é que estoques armazenados anterior mente poclêrão ser vendidos em melhores condições. Isso não impede, porém, que

borracha brasileira é de tôdas a de me

além de grande plasticidade. Para bem compreendermos o porquê dessa perda de produção e das dificuldades pelas quais passa a indústria extrativa da

do-se estoques que se

se sacrifique a própria vitalidade das plantações, destruindo árvores muito no

vas. No caso da borracha de plantação, ainda que se alargue a área plantada, dever-se-ão esperar de 4 a 6 anos para que se possa retirar a seiva das no%'as

árvores, o que eqwivale a dizer que a produção não pode crescer imediatamen-

com 3.400.

Daí re

sua vez, são de tipo antiquado, e.xigin-

do grande consumo de combustíveis,,o que torna o custo da tonelada-milha no Vale Amazônico um dos mais elevados do mundo.

Êsses rios estão sujeitos a cheias pe riódicas, por ocasião das grandes chuvas, muito embora sp possa afirmar que ali a precipitação atmosférica exista a bem dizer o ano todo, devido ao clima mui to quente e à existência da floresta. A


Dioesto Econômico

68

representar 8,4%, enquanto a de plau-

riores. A expansão deste período pode ser explicada pelo fato de representar a

lação alcançava 91,6% da produção mun

borracha matéria-prima de interesse es tratégico. Os países que já estavam em

dial. Em 1936, a situação não se ha via invertido; muito ao contrário, o

Dicesto Econômico

69

borracha e o seu comércio, indaguemos das características da oferta e da p"rocura dessa matéria-prima. A oferta da borracha é de tipo inelástico, quer se considere a natureza da

guerra, ou ativamente a preparavam, au

desequilíbrio se acentuara ainda mais.

mentaram suas compras, seja para formar um reserva estratégica, seja para iitili.zar o produto em indústria de guerra. Apesar de uma ligeira queda em 1938, o

De 22 rcgiõe.s produtoras conscguirain-

. movimento de expansão continuou até

1944; de 6.224 toneladas vendidas, em 1932, passáramos a 21.192 em 1944.

Terminada a guerra, porém, tomou-se menos imperioso o consumo de nossa

a Indochina com 4,62%, o Siáo com

borracha, além do que as fontes de su

de que, se os preços baixarem muito,

3,58%, o Sarawak com 2,44% c, somente

poder-se-á diminuir o volume da extra ção, pelo emprego de menor quantida

primento do Pacífico, bloqueadas pelo

lação às cotações de mercado.

tração. Quem consultar as estatísticas de produção, seja da borracha silvestre,

laia com 369.521 toneladas e a índias

dade da oferta da borracha brasileira

seja da de plantação, verificará que, ape

Holandesas com 313.120, ou sejam, rcs-

é muito maior que a da borracha do

sar da possibilidade de uma acentuada

pccti\'amcntc, 41,33% c 35,03%. As ou

Oriente, dadas as diferenças entre os

tras regiões produtoras, cm ordem de

flutuação de preços, a produção do látex não acompanha, com a mesníá intensi

dois tipos de empreendimento. A bor

importância, eram o Ceilão, com 5,77%,

dade, essas oscilações.

sc obter 893.957 tonelada.s de borracha

bruta, tendo contribuído somente a Ma

após, o Brasil com 2,24% da jDrodução mundial, ou sejam aproximadamente,

tabelecendo-se uma situação de concor

20.000 toneladas de borracha bruta. Na

para a empresa, visto

quele ano, mais de 96% da borracha pro

como

ção da venda da borracha brasileira.

Para avaliarmos qual a magnitude dessa depressão de após-guerra, bastará dizer que em 1948 vendemos apenas 5.446 toneladas e que passamos do índice 140,0 em 1944, ao índice 33,3, em 1948. O valor ouro da borracha exportada acusa uma queda ainda maior, pois que do índice 201,7 passamos ao índice 14,3; isso significa que não só vendemos me nor volume de mercadoria, como tam

bém, mais que isso, os preços pagos, em termos de poder de compra, foram acentuadamente menores.

É curioso notar a verdadeira revolu

ção pela qual passou a borracha brasi

duzida no mundo fõra de plantação, res tando à borracha silvestre menos de 4%.

Pelas informações coliiídas, após esta

tempo a que o vegetal

por uma superfície su perior a 1 milhão de milhas quadradas. Além

.se desenvolva, mantendo-so, a bem dizer, ar

mellior qualidade está

se

dará

mais

disso, a borracha de situada no alto Ama

ocorreu a expectativa de que a guerra no Pacífico tivesse devastado em grande escala os seringais do Oriente. O.s pe

zonas, ao longo dos

borracha.

grandes rios, o Purus

não sendo mercadoria

Além disso,

com

3.500 kms. de

dice de desgaste das plantações de bor racha e o problema de sua exploração, no momento, depende apenas da obten

deteriorável, o produto já extraído pode ser conservado por tempo

curso, o Tapajós com perto de 2.000, o Xingu com 1.900, o Juruá com

indeterminado, forman

3.200, e o Madeira

ção de braços.

conservarão até que o mercado reaja c

sulta uma linha de comunicação dema

os preços se elevefn. Quando, porém, a elevação de preços é súbita e rápida, o volume da produção não pode crescer com a mesma intensidade, a menos que

siadamente longa. As embarcações, por

ritos avaliam em menos de 10% o ín

Como se vê, a posição do Brasil no mercado da borracha não é satisfatória, não obstante ser fato conhecido que a

do, a borracha de plantação da Malaia,

elasticidade, maior coeficiente de resis tência à ruptura, menor ressecamento,

1923, a situação se invertia completa

milhões de seringueiras existentes em es tado nativo, na Amazonas, se espalham

mazenada a seiva ne

lhor qualidade, devido às propriedades

mente; a borracha silvestre passava a

plantas espalhadas por uma superfície demasiado ampla — estima-se que os 30

cessária à produção da

inerentes à sua própria naturczir — maior

Já em

de de mão-de-obra, sem gra\'e prejuízo

racha silvestre do Brasil apresenta o grave inconvenfente de encontrar-se em

guerra, a situação não foi de molde a

sentava 88% da produção total do mun

contribuíam apenas com 12%.

Ê bem verda

Parece-nos, porém, que a inelastici-

melhorar para o Brasil, visto como nao

leira no mercado internacional. Enquan to, como já dissemos, em 1910 repre índias Holandesas, Ceilão, Indochina, Siáo, Sarawak, índia, Bornéu e Birmânia

a oferta se mantenha inelástica, em re

empresa, quer as características da ex

Japão, voltavam a ser utilizadas, re.s-

rência internacional que forçou a redu

tc, com o crescer dos preços. Verdade é que estoques armazenados anterior mente poclêrão ser vendidos em melhores condições. Isso não impede, porém, que

borracha brasileira é de tôdas a de me

além de grande plasticidade. Para bem compreendermos o porquê dessa perda de produção e das dificuldades pelas quais passa a indústria extrativa da

do-se estoques que se

se sacrifique a própria vitalidade das plantações, destruindo árvores muito no

vas. No caso da borracha de plantação, ainda que se alargue a área plantada, dever-se-ão esperar de 4 a 6 anos para que se possa retirar a seiva das no%'as

árvores, o que eqwivale a dizer que a produção não pode crescer imediatamen-

com 3.400.

Daí re

sua vez, são de tipo antiquado, e.xigin-

do grande consumo de combustíveis,,o que torna o custo da tonelada-milha no Vale Amazônico um dos mais elevados do mundo.

Êsses rios estão sujeitos a cheias pe riódicas, por ocasião das grandes chuvas, muito embora sp possa afirmar que ali a precipitação atmosférica exista a bem dizer o ano todo, devido ao clima mui to quente e à existência da floresta. A


■V-

Digesto Econômico

71

Digesto Econômico

70

produção' da borracha brasileira apresen

• Uma vez feita a extração e defumado

do seringueiro uma intensa assistência médico-sanitáría, prestada por médicos e

ta, assim, um nítído caráter sazonal. O corte da seringueira começa, em geral,

o látex, a sua preparação cm bolas, tor nando impossível a prensagem, prejudi

em maio, quando as chuvas principiam a diminuir, e se estende pelos meses de

ca em parte a produção, pois aumenta a quebra de água. Por vêzes, a borraclia,

junho, julho, agosto e setembro. Se os

ao ser manufaturada, sofro uma redução

preços são muito elevados, compensan do um grande risco, pode a produção

de peso de 35%, sem contar com as im

purezas, que contribuem para desmere

estender-se pelo ano todo.

Seu rendi

cer o produto e diminuir-lhe a procura.

mento, porém, é muito menor e o se

primeira necessidade, evitando qüe o trabalhador sofresse a desumana explo

ringueiro corre grande perigo de vida.

A acidez do solo amazônico, além da extrema umidade do clima e de sua

ração por que passou no período áureo

Alias, uma das maiores difículdadps

morbidade, afugenta o homem, que está

para a extração da borracha brasüeira é

sempre pensando em voltar. Em grande parte, por isso, não se toma sedentário, o que eqüivale a dizer que não se produ zem alimentos em quantidade capaz de

Cumpre notar, por fim, que a nossa . exploração extrativa não é feita em ba

a obtenção de mão-de-obra. O traba lho de extração é um dos mais arriscados

que se conhecem. O seringueiro vive pràticamente isolado, durante todo o pe ríodo em que extrai a borracha. Por isso, Euclides da Cunha chamou a esse

grupo de trabalhadores de "população invisível". Além da tarefa de extrair e

defumar, têm eles de cuidar de sua

defesa pessoal, contra possíveis ataques de feras. Alem disso, a alta percentagem de infecção palúdica importa na re dução dos índices gerais de trabalho."

O nível de mortalidade dessa população é um dos mais altos do mundo, o que corresponde a uma forma de encareci-

mento do produto, porque o seringalista financiador da extração precisa dis tribuir a dívida dos mortos pelos vivos, visto como o' trabalhador pobre, recémvindo de outros Estados nordestinos, para se equipar com um boião, uma bacia, mil tijelínhas, machadinha de ferro, um machado, um terçado, uma carabína Winchester, algumas caixas de

garantir a vida do trabalhador.

Êsses

alimentos são importados; vêm de outros Estados ou do exterior, remetidos rio

acima, pagando fretes. Com isso, o produto encarece cada • vez mais. Sò-

mente as despesas de frete e transporte representavam, em 1946, mais de 20% do custo da borracha, sem contar com o

custo da própria mão-de-obra. As condições sanitárias do Vale Ama

engenheiros sanitarislas, com o fito de preservar a saúde dos trabalhadores e das populações do Vale Amazônico. Foi necessário criar-se a Superintendência de

Abastecimento do Vale Amazônico, para fornecer gêneros alimentícios e outros de

da borracha.

ses racionais', destniindo-se muitas plan tas, o que fez com que o geógrafo Bru-

nhes chamasse, ao nosso tipo de explora ção, de "colheita selvagem"; na medida

em que se destroem as árvores da peri feria, vai-se caminhando mais, pela flo extração,

torna-se cada

medida do possível, baratear o trans porte e dar-lhe maior segurança; por

produtos serem fabricados no sul ou

outro, ainda, estabelecer o Serviço Es

mesmo no estrangeiro.

pecial de Saúde Pública pondo a serviço

bamos de ver. Note-se ainda que, mes

Enquanto isso se verifica no Brasil,

muito diferente. A própria constituição das emprêsas exigiu grandes capitais,

"mal das folhas".

Nas terras inundá

veis, do baixo Amazonas, as árvores, em

se as nossas reservas exploi'áveÍs.

mentar a tonelagem transportada e, na

que o banco não se pode expor, dadas as condições do empreendimento, como aca

que juntar a destruição pelo chamado

do, por um lado, a criar a Comissão

xícaras, duas panelas, uma cafeteira, dois carreteis de linha e um agulheiro, pre cisa contrair dívidas elevadas, visto tais

rém, que isto se toma uma aventura, a

nas regiões de plantação a situação é

borracha necessária à guerra, foi obriga

Administração do Pôrto do Pará, a fim

cola e o crédito hipotecário deveriam fazer-se em maior escala, para beneficiar realmente os produtores. Sabemos, po

tação causada pelp homern temos ainda

estão sujeitas ao ataque dos fungos, perdem vitalidade e, com isto, reduzem-

de multiplicar o número de viagens;- au

tecipação da produção para permitir seu maior desenvolvimento. O penhor agrí

do em risco a sol\'abilidade do Banco.

a

'resta

balas, dois pratos, duas colheres, duas

deve ser concedido com caráter de an

dia mais rígida a oferta. A essa devas

acordos de Washington e fornecer a

obra; por outro, a desenvolver o Ser viço de Navegação da Amazônia è de

não é suficiente, uma vez que o crédito

dificulta-se

verno brasileiro procurou cumprir os

Trabalhadores para a Amazônia, prova

branças, operando, é verdade, no mer cado, garantindo o preço do produto e adquirindo borracha dos seringalistas, mantendo-as em estoque. Isso, porém,

resta a dentro; aumentam-se os riscos,

algumas localidades, apresentam alta percentagem de infecção tanto na flo-

da dificuldade de obtenção de mão-de-

ma. Tem antes funcionado como um banco comercial de descontos e co

mo a compra do produto extraído, para garantia dos preços, está fazendo com que os estoques pesem fortemente, pon

zônico são precaríssimas e, ainda por ocasião da atual guerra, quando o Go

Administrativa de Encaminhamento de

foi suficiente para resolver ésse proble

como em pequenas plantações;

Por liltimo, devemos apontar que a

que foram investidos desde a sua orga nização. O plantio se fez de maneira regular e sistemática, de modo a evi tar-se o desperdício de profundas pene trações e de transporte demasiado longo e

oneroso.

A extração não apresenta, também, caráter de devastação, conservando-se as árvores com tôda a sua vitalidade.

rigidez da oferta da nossa borracha em parte também se deve às dificuldades de

As plantações do Oriente, em regra ge

crédito. Encontrando-se os seringais em plena floresta, toma-se difícil estabelecer

ral, são saneadas e o risco de vida do trabalhador é mínimo. Enquanto os se

o direito de propriedade, prejudicando-se

ringueiros, no Brasil, se vêm condenados

assim a possibilidade de empréstimo liipotecário.

A recente criação do Banco

a abandonar a família e viver meses

isolados na floresta, com grande risco

de Crédito da Borracha, muito embora

de vida, cs trabalhadores do Pacífico

represente notável realização dentro do programa de expansão da produção, não

mantêm junto a si suas famílias. Com isso, a mão-de-obra se toma mais bara-


■V-

Digesto Econômico

71

Digesto Econômico

70

produção' da borracha brasileira apresen

• Uma vez feita a extração e defumado

do seringueiro uma intensa assistência médico-sanitáría, prestada por médicos e

ta, assim, um nítído caráter sazonal. O corte da seringueira começa, em geral,

o látex, a sua preparação cm bolas, tor nando impossível a prensagem, prejudi

em maio, quando as chuvas principiam a diminuir, e se estende pelos meses de

ca em parte a produção, pois aumenta a quebra de água. Por vêzes, a borraclia,

junho, julho, agosto e setembro. Se os

ao ser manufaturada, sofro uma redução

preços são muito elevados, compensan do um grande risco, pode a produção

de peso de 35%, sem contar com as im

purezas, que contribuem para desmere

estender-se pelo ano todo.

Seu rendi

cer o produto e diminuir-lhe a procura.

mento, porém, é muito menor e o se

primeira necessidade, evitando qüe o trabalhador sofresse a desumana explo

ringueiro corre grande perigo de vida.

A acidez do solo amazônico, além da extrema umidade do clima e de sua

ração por que passou no período áureo

Alias, uma das maiores difículdadps

morbidade, afugenta o homem, que está

para a extração da borracha brasüeira é

sempre pensando em voltar. Em grande parte, por isso, não se toma sedentário, o que eqüivale a dizer que não se produ zem alimentos em quantidade capaz de

Cumpre notar, por fim, que a nossa . exploração extrativa não é feita em ba

a obtenção de mão-de-obra. O traba lho de extração é um dos mais arriscados

que se conhecem. O seringueiro vive pràticamente isolado, durante todo o pe ríodo em que extrai a borracha. Por isso, Euclides da Cunha chamou a esse

grupo de trabalhadores de "população invisível". Além da tarefa de extrair e

defumar, têm eles de cuidar de sua

defesa pessoal, contra possíveis ataques de feras. Alem disso, a alta percentagem de infecção palúdica importa na re dução dos índices gerais de trabalho."

O nível de mortalidade dessa população é um dos mais altos do mundo, o que corresponde a uma forma de encareci-

mento do produto, porque o seringalista financiador da extração precisa dis tribuir a dívida dos mortos pelos vivos, visto como o' trabalhador pobre, recémvindo de outros Estados nordestinos, para se equipar com um boião, uma bacia, mil tijelínhas, machadinha de ferro, um machado, um terçado, uma carabína Winchester, algumas caixas de

garantir a vida do trabalhador.

Êsses

alimentos são importados; vêm de outros Estados ou do exterior, remetidos rio

acima, pagando fretes. Com isso, o produto encarece cada • vez mais. Sò-

mente as despesas de frete e transporte representavam, em 1946, mais de 20% do custo da borracha, sem contar com o

custo da própria mão-de-obra. As condições sanitárias do Vale Ama

engenheiros sanitarislas, com o fito de preservar a saúde dos trabalhadores e das populações do Vale Amazônico. Foi necessário criar-se a Superintendência de

Abastecimento do Vale Amazônico, para fornecer gêneros alimentícios e outros de

da borracha.

ses racionais', destniindo-se muitas plan tas, o que fez com que o geógrafo Bru-

nhes chamasse, ao nosso tipo de explora ção, de "colheita selvagem"; na medida

em que se destroem as árvores da peri feria, vai-se caminhando mais, pela flo extração,

torna-se cada

medida do possível, baratear o trans porte e dar-lhe maior segurança; por

produtos serem fabricados no sul ou

outro, ainda, estabelecer o Serviço Es

mesmo no estrangeiro.

pecial de Saúde Pública pondo a serviço

bamos de ver. Note-se ainda que, mes

Enquanto isso se verifica no Brasil,

muito diferente. A própria constituição das emprêsas exigiu grandes capitais,

"mal das folhas".

Nas terras inundá

veis, do baixo Amazonas, as árvores, em

se as nossas reservas exploi'áveÍs.

mentar a tonelagem transportada e, na

que o banco não se pode expor, dadas as condições do empreendimento, como aca

que juntar a destruição pelo chamado

do, por um lado, a criar a Comissão

xícaras, duas panelas, uma cafeteira, dois carreteis de linha e um agulheiro, pre cisa contrair dívidas elevadas, visto tais

rém, que isto se toma uma aventura, a

nas regiões de plantação a situação é

borracha necessária à guerra, foi obriga

Administração do Pôrto do Pará, a fim

cola e o crédito hipotecário deveriam fazer-se em maior escala, para beneficiar realmente os produtores. Sabemos, po

tação causada pelp homern temos ainda

estão sujeitas ao ataque dos fungos, perdem vitalidade e, com isto, reduzem-

de multiplicar o número de viagens;- au

tecipação da produção para permitir seu maior desenvolvimento. O penhor agrí

do em risco a sol\'abilidade do Banco.

a

'resta

balas, dois pratos, duas colheres, duas

deve ser concedido com caráter de an

dia mais rígida a oferta. A essa devas

acordos de Washington e fornecer a

obra; por outro, a desenvolver o Ser viço de Navegação da Amazônia è de

não é suficiente, uma vez que o crédito

dificulta-se

verno brasileiro procurou cumprir os

Trabalhadores para a Amazônia, prova

branças, operando, é verdade, no mer cado, garantindo o preço do produto e adquirindo borracha dos seringalistas, mantendo-as em estoque. Isso, porém,

resta a dentro; aumentam-se os riscos,

algumas localidades, apresentam alta percentagem de infecção tanto na flo-

da dificuldade de obtenção de mão-de-

ma. Tem antes funcionado como um banco comercial de descontos e co

mo a compra do produto extraído, para garantia dos preços, está fazendo com que os estoques pesem fortemente, pon

zônico são precaríssimas e, ainda por ocasião da atual guerra, quando o Go

Administrativa de Encaminhamento de

foi suficiente para resolver ésse proble

como em pequenas plantações;

Por liltimo, devemos apontar que a

que foram investidos desde a sua orga nização. O plantio se fez de maneira regular e sistemática, de modo a evi tar-se o desperdício de profundas pene trações e de transporte demasiado longo e

oneroso.

A extração não apresenta, também, caráter de devastação, conservando-se as árvores com tôda a sua vitalidade.

rigidez da oferta da nossa borracha em parte também se deve às dificuldades de

As plantações do Oriente, em regra ge

crédito. Encontrando-se os seringais em plena floresta, toma-se difícil estabelecer

ral, são saneadas e o risco de vida do trabalhador é mínimo. Enquanto os se

o direito de propriedade, prejudicando-se

ringueiros, no Brasil, se vêm condenados

assim a possibilidade de empréstimo liipotecário.

A recente criação do Banco

a abandonar a família e viver meses

isolados na floresta, com grande risco

de Crédito da Borracha, muito embora

de vida, cs trabalhadores do Pacífico

represente notável realização dentro do programa de expansão da produção, não

mantêm junto a si suas famílias. Com isso, a mão-de-obra se toma mais bara-


' 72.

■'

Dicesto

•"

-- r.Wiw

coj

Econômico

Dioivstc

ta e mais abundante v a extração mais

Econômico

encarecendo o produto acabado. A ques

regular. Não há o perigo das enchentes

tão não é apenas de limpar e beneficiar;

no mercado da borraclia, explica dois fe

e, ainda que a produção apresente ca

ó preciso que o conteúdo de cada es

nômenos.

ráter cíclico, ligado à vitalidade das

pécie não sofra alteraçnc.s sensÍNcis.

plantas, a magnitude de flutuação é

mistura de seiva dc vegetais de espécies

muito menor e a extração, embora em

diferentes prejudica a pureza do produto

procura c para fugir às imposições dos produtores, os E. U. A. intensificaram a pesquisa de sintéticos, muito embora a

menor escala, pode ser feita durante o ano todo. Os processos de extração são

oI)tido.

Alemanha tenha sido pioneira nesse sen

Velho, no Território do Guaporé, e na

também mais racionais.

adquirem determinado .tipo de borracha,

tido. A sua grande preponderância nas compras, por outro lado, permite-lhes, até certo ponto, a condução dô merca do, o que dá ao mesmo certa caracte rística de oligopsônio diante de um oli

própria sede do Instituto, em Belém, tem organizado plantações que futura

gopólio, cuja condução cabe à Ingla

brevivência.

terra e Holanda, abstração feita da re

O que "nos parece fora de dúvida, porém, é que o melhor mercado da bor

O látex c obti

A

Ora, os fabricantes de artefatos

trabalham na base de fórmulas c, quando

do em lâminas, tornando-se assim mui

devem ter a garantia dc sua pureza, sem

to mais puro e mais sêco. A emprôsa apresenta caracteres bastante diversos dos que se verificam na Aínazônia: en

o que se compromete a qualidade do

quanto aqui a indústria é puramente e.\-

no mercado internacional não se coloca, em situação muito favorável. Somos

trativa e a alimentação c vestuário devem

vir de muito longe, tomando precário o regimem alimentar do seringueiro, nas plantações do Oriente, ao longo dos se ringais, plantam-se o cízal, para obten ção de fibras, necessárias aos en\oltó-

rios e a outros tecidos grosseiros, o arroz,

para alimentação do trabalhador, e pas tagens;

constroem-se moradias e até

produto obtido.

Ê por isso que a borracha no Brasil pequenos fornecedores c as nossas ven

Devido à inelasticidade da

cente independência das índias Holan desas, por outro. No caso do Brasil, o

das, em período normal, são 39 vêzcs

predomínio das aquisições norte-ame

menores que as da boriaclia malaia,

ricanas é ainda mais acentuado, mesmo

por exemplo.

Cumpre notar, ainda, que u borracha sintética, principalmente a chamada borradia fria, aparece hoje como um pe

após o término da última guerra. Basta dizer que em 1948, de 5.446 toneladas exportadas, 4.879 se destinaram aos Es tados Unidos, representando 89,5% do

de produção brasileira, com outras de procedência do Oriente, como tem lan çada novos tipos de borracha, mais re sistentes à moléstia das folhas.

Em Rio

Branco, no Território do Acre, em Porto

mente darão maior rendimento e permi tirão lutar contra a concorrência inter

nacional, em melhores condições de so

racha brasileira ainda será o interno.

A nossa indústria de borracha vem-se de.st n\-olvendo consideràvelmente, prin

cipalmente para produção de pneumáticos.

Se tomarmos medidas consenien-

tes para evitar o contrabando de pro dutos manufaturados, entrados pelo sul

mesmo hospitais, maternidades e creches.

rigoso concorrente da natural. Embora não pos.sa ser considerada seu substituto

valor exportado. borracha • brasileira, a

se evitarmos também o "dumping" de

maior rigidez da oferta da borracha bra

completo, contribuirá, sem dúvida, para enfraquecer a posição desta.

nosso ver, dependerá, em grande parte, da racionalização da exploração, proino-

artefatos de borradia, concorrentes dos

É evidente a diferença e e.xplicável a sileira.

Quanto à procura, muito embora, de modo geral, a da borracha como maté ria-prima seja inelástica — dada a mul

tiplicidade de produtos que com ela se podem obter, muitos deles essenciais, de consumo pouco comprimível — não

nos parece que essa inelasticidade, para a borracha brasileira, no mercado in ternacional, exista.

Dévído

às

características

de nossa

borracha, ela só é procurada para certos

fins especiais, havendo preferência pela borracha de plantação. Esta é artigo beneficiado, homogêneo, isento de im purezas, enquanto nossa borracha, para ser utilizada, precisa passar por intenso

processo de lavagem e secagem lenta,

O futuro da

e fabricados com borracha estrangeira,

vendo-se plantações de seringais. Nesse

No que se refere à procura, a situa

nacionais, por certo poderemos atender completamente às nossas necessidades de produtos manufaturados e dar escoa

Mesmo em 1936, apesar dos preparativos pré-bélicos dos países da Europa, os

sentido, cumpre salientar o que o Insti tuto Agroriômico ' do Norte vem rea lizando; não só tem procedido a inte

Estados Unidos adquiriam 46í6 da borra

ressantes estudos comparativos, das di

julgamos que a nossa posição no merca

cha vendida e a Alemanha, como segun

versas variedades de árvores da borracha

do internacional possa ser melhorada.

ção

da

borracha

é

devéras

curiosa.

do comprador, adquiria apenas 734.000 toneladas, ou sejam, 6,8% da quantida de total transacionada. Japão, França e

Inglaterra apresentavam-se como fregue ses de igual capacidade dc absorção, visto adquirirem cada uma dessas na ções 5,9% da importação mundial da borracha, vindo a seguir a Rússia com 2,9%, o Canadá com 2,6%, a Itália com

1,6%, a Austrália e a Bélgica com 1,3% da importação mundial. A extraordiná

ria preponderância da América do Norte,

à

mento à produção da matéria-prima do Vale Amazônico. Tão cedo, porém, não


' 72.

■'

Dicesto

•"

-- r.Wiw

coj

Econômico

Dioivstc

ta e mais abundante v a extração mais

Econômico

encarecendo o produto acabado. A ques

regular. Não há o perigo das enchentes

tão não é apenas de limpar e beneficiar;

no mercado da borraclia, explica dois fe

e, ainda que a produção apresente ca

ó preciso que o conteúdo de cada es

nômenos.

ráter cíclico, ligado à vitalidade das

pécie não sofra alteraçnc.s sensÍNcis.

plantas, a magnitude de flutuação é

mistura de seiva dc vegetais de espécies

muito menor e a extração, embora em

diferentes prejudica a pureza do produto

procura c para fugir às imposições dos produtores, os E. U. A. intensificaram a pesquisa de sintéticos, muito embora a

menor escala, pode ser feita durante o ano todo. Os processos de extração são

oI)tido.

Alemanha tenha sido pioneira nesse sen

Velho, no Território do Guaporé, e na

também mais racionais.

adquirem determinado .tipo de borracha,

tido. A sua grande preponderância nas compras, por outro lado, permite-lhes, até certo ponto, a condução dô merca do, o que dá ao mesmo certa caracte rística de oligopsônio diante de um oli

própria sede do Instituto, em Belém, tem organizado plantações que futura

gopólio, cuja condução cabe à Ingla

brevivência.

terra e Holanda, abstração feita da re

O que "nos parece fora de dúvida, porém, é que o melhor mercado da bor

O látex c obti

A

Ora, os fabricantes de artefatos

trabalham na base de fórmulas c, quando

do em lâminas, tornando-se assim mui

devem ter a garantia dc sua pureza, sem

to mais puro e mais sêco. A emprôsa apresenta caracteres bastante diversos dos que se verificam na Aínazônia: en

o que se compromete a qualidade do

quanto aqui a indústria é puramente e.\-

no mercado internacional não se coloca, em situação muito favorável. Somos

trativa e a alimentação c vestuário devem

vir de muito longe, tomando precário o regimem alimentar do seringueiro, nas plantações do Oriente, ao longo dos se ringais, plantam-se o cízal, para obten ção de fibras, necessárias aos en\oltó-

rios e a outros tecidos grosseiros, o arroz,

para alimentação do trabalhador, e pas tagens;

constroem-se moradias e até

produto obtido.

Ê por isso que a borracha no Brasil pequenos fornecedores c as nossas ven

Devido à inelasticidade da

cente independência das índias Holan desas, por outro. No caso do Brasil, o

das, em período normal, são 39 vêzcs

predomínio das aquisições norte-ame

menores que as da boriaclia malaia,

ricanas é ainda mais acentuado, mesmo

por exemplo.

Cumpre notar, ainda, que u borracha sintética, principalmente a chamada borradia fria, aparece hoje como um pe

após o término da última guerra. Basta dizer que em 1948, de 5.446 toneladas exportadas, 4.879 se destinaram aos Es tados Unidos, representando 89,5% do

de produção brasileira, com outras de procedência do Oriente, como tem lan çada novos tipos de borracha, mais re sistentes à moléstia das folhas.

Em Rio

Branco, no Território do Acre, em Porto

mente darão maior rendimento e permi tirão lutar contra a concorrência inter

nacional, em melhores condições de so

racha brasileira ainda será o interno.

A nossa indústria de borracha vem-se de.st n\-olvendo consideràvelmente, prin

cipalmente para produção de pneumáticos.

Se tomarmos medidas consenien-

tes para evitar o contrabando de pro dutos manufaturados, entrados pelo sul

mesmo hospitais, maternidades e creches.

rigoso concorrente da natural. Embora não pos.sa ser considerada seu substituto

valor exportado. borracha • brasileira, a

se evitarmos também o "dumping" de

maior rigidez da oferta da borracha bra

completo, contribuirá, sem dúvida, para enfraquecer a posição desta.

nosso ver, dependerá, em grande parte, da racionalização da exploração, proino-

artefatos de borradia, concorrentes dos

É evidente a diferença e e.xplicável a sileira.

Quanto à procura, muito embora, de modo geral, a da borracha como maté ria-prima seja inelástica — dada a mul

tiplicidade de produtos que com ela se podem obter, muitos deles essenciais, de consumo pouco comprimível — não

nos parece que essa inelasticidade, para a borracha brasileira, no mercado in ternacional, exista.

Dévído

às

características

de nossa

borracha, ela só é procurada para certos

fins especiais, havendo preferência pela borracha de plantação. Esta é artigo beneficiado, homogêneo, isento de im purezas, enquanto nossa borracha, para ser utilizada, precisa passar por intenso

processo de lavagem e secagem lenta,

O futuro da

e fabricados com borracha estrangeira,

vendo-se plantações de seringais. Nesse

No que se refere à procura, a situa

nacionais, por certo poderemos atender completamente às nossas necessidades de produtos manufaturados e dar escoa

Mesmo em 1936, apesar dos preparativos pré-bélicos dos países da Europa, os

sentido, cumpre salientar o que o Insti tuto Agroriômico ' do Norte vem rea lizando; não só tem procedido a inte

Estados Unidos adquiriam 46í6 da borra

ressantes estudos comparativos, das di

julgamos que a nossa posição no merca

cha vendida e a Alemanha, como segun

versas variedades de árvores da borracha

do internacional possa ser melhorada.

ção

da

borracha

é

devéras

curiosa.

do comprador, adquiria apenas 734.000 toneladas, ou sejam, 6,8% da quantida de total transacionada. Japão, França e

Inglaterra apresentavam-se como fregue ses de igual capacidade dc absorção, visto adquirirem cada uma dessas na ções 5,9% da importação mundial da borracha, vindo a seguir a Rússia com 2,9%, o Canadá com 2,6%, a Itália com

1,6%, a Austrália e a Bélgica com 1,3% da importação mundial. A extraordiná

ria preponderância da América do Norte,

à

mento à produção da matéria-prima do Vale Amazônico. Tão cedo, porém, não


,.»:-■*«»••■ Aia-:

•V—»

Digesto

EcoNÓAnco

75

abandono da atividade é mesmo a con

Noções gerais sobre o irnposto

seqüência desejada pelo poder público, o que sucede em casos de impostos de

sempre um bem, pois estimula o indiví duo a trabalhar e produzir mais, para

compensar o que pagou a título de im

objetivos econômicos ou sociais, como é

VIII

pôsto, de modo a conservar inalterada

o de direitos aduaneiros altíssimos sôbre

sua renda ou sua fortuna.

Compensação, aiitorliznçno, reper4;ussno e jn4'ítlêiicin

determinados produtos; e outras vezes não foi prevista, sendo o Fisco colhido

Entretanto, a experiência tem demons trado que o processo mais raro de fuga ao impôsto (de resto, não se trata pròpríamente de fuga, pois que o impôsto

José Lviz de Almeida Nocueiua Pohto

de surpresa por uma conseqüência que não esperava, como no caso do lança

^J^DVERTE Seligman que o ponto capi

tal de qualquer sistema de impos

tos é a influencia que êle exerce sôbre a coletividade e que o problema da in

cidência é dos mais complexos e ignora dos da ciência das finanças. Realmente, assim é.

Fácil seria conhecerem-se as conse qüências de um imposto se se soubes se com segurança quem vai pagá-lo, ou

melhor, quem vai em definitivo suportar os encargos que o Estado impõe sôbre determinadas pessoas ou coisas.

O primeiro pensamento de uma pessoa

que tem de pagar um imposto é como deverá agir para não suportar os seus ônus e por vários meios pode alcançar

que pagou a título de impôsto, pelo aumento ou aperfeiçoamento de sua ativi- •

mento de novos impostos sobre ativida

des já muito oneradas e que não podem

dado.

ção ou remoção, o que não impede que

suportar novos encargos.

se registrem casos em que o impôsto serxau como verdadeiro aguilhuo ao desen

Finalmente, pode repercuti-lo,

transferindo-o para as costas de outrem. Assim, o lançamento de um impôsto

pode ter as seguintes conseqüências :

Claro está que a evasão fraudulenta,

isto é, a sonegação, nunca é desejada pe lo poder tributante. *

*

*

b) fazer desaparecerem determinadas atividades ou operações sujeitas ao im- pôsto ;

c) aumentar ou aperfeiçoar determi

volvimento de certas atividades econômi

cas, fazendo com que fosse aprimorada sua técnica para permitir uma baixa no custo da produção capaz de compensar

a) não produzir arrecadação satisfa tória ;

6 pago) é justamente êsse de compensa

os novos ônus do impôsto.

O fenômeno da compensação — que raramente se verifica — é aquêle em vir tude do qual o contribuinte di

nadas atividades;

reto procura recuperar, através

d) onerar pessoas ou ati\adades que a êle não estão sujeitas diretamente. Alguns desses efeitos podem, é verda de, ser previstos, mas nunca se consegue chegar às últimas conseqüências. Nem

vêem muitos economistas o grande mérito da tributação.

de sua própria atividade, aquilo que o inipôsto lhe tirou, e nele

Os dois exemplos clássicos dessa con

seqüência, citados por Seligman. foram os impostos aplicados no século XVIIÍ sôbre a destilação de whiskey e no século XIX sôbre

/•7.' i

a fabricação de açúcar de be

0' ■ V;-

terraba.

Nesses dois casos, o

impôsto teve como conseqüên

E' da própria natureza hu-mana a tendência para aumen tar ou, pelo menos, conservar a fortuna o a renda pessoais. Ora, ao sofrer uma

cia um tal aperfeiçoamento da técnica da fabricação que, não obstante os novos encargos, as indústrias

As reações do contribuinte direto face

imposição à qual não pode de modo al

velmente.

que lançou o tributo.

a um impôsto que o oncrft ou à sua

gum fugir, quer pelo abandono da ativi

Dai o cuidado com que deve ser cria do um imposto novo e a necessidade de

atividade, podem ser, como vimos, de

contribuinte direto pode debcar de pagar

três naturezas diferentes; evasão, coiii'

dade que determinou a cobrança, quer pela transferência da carga a alguma outra pessoa, trata o indivíduo de recu perar o impôsto pago, pelo aumento ou aperfeiçoamento de sua atividade.

compensar o impôsto pago. As condições para que se verifique a compensação, a nosso ver, são as se

êsso objetivo. Assim, nà maioria das vêzes, quem arca com o imposto é uma

por isso, entretanto, se deve renunciar

objeto de cogitações por parte do Estado

categoria de pessoas que nem sequer foi

meticulosos estudos prévios por parte do poder público. Os meios de que pode lançar mão o contribuinte direto para evitar o pfigamento do imposto são vários. Em pri meiro lugar, pode simplesmente deixar de pagá-lo, seja renunciando à atividade

ou às operações que dcão lugar à inci

dência, seja sonegando o impôsto; em se

gundo lugar,

pode tentar recuperar o

ao seu estudo, para que o tributo seja o

mais justo e o mais vantajoso possível.

pensação e repercussão. *

*

*

A evasão, fenômeno sôbre o qual es crevemos no número 59 do

"Digesto

Econômico", consiste no não pagamento

puro e simples do impôsto, quer pelo abandono da atividade que deu lugar à cobrança, quer pela sonegação ou fraude à lei. Algumas vêzes a evasão pelo

Essa tendência, cuja extensão alguns

respectivas se desenvolveram considerà-

Essa, porém, não é a regra geral. Se o

o impôsto, por' evasão ou por transferên cia, não vai aumentar seu esfôrço para

financistas exageram, serviu de base à

guintes :

teoria "otimista" da remoção do impôs

a) Que o impôsto não seja tão elevado a ponto de impedir sua recuperação pelo

to, tendo como principal defensor Mac

Culloch e que expusemos no capítulo V desta série ("Digesto" n. 58). Para os

partidários dessa corrente, o impôsto é

aumento da produtividade e nem tão baixo que permita ao contribuinte direto

suportá-lo sem grandes sacrifícios.


,.»:-■*«»••■ Aia-:

•V—»

Digesto

EcoNÓAnco

75

abandono da atividade é mesmo a con

Noções gerais sobre o irnposto

seqüência desejada pelo poder público, o que sucede em casos de impostos de

sempre um bem, pois estimula o indiví duo a trabalhar e produzir mais, para

compensar o que pagou a título de im

objetivos econômicos ou sociais, como é

VIII

pôsto, de modo a conservar inalterada

o de direitos aduaneiros altíssimos sôbre

sua renda ou sua fortuna.

Compensação, aiitorliznçno, reper4;ussno e jn4'ítlêiicin

determinados produtos; e outras vezes não foi prevista, sendo o Fisco colhido

Entretanto, a experiência tem demons trado que o processo mais raro de fuga ao impôsto (de resto, não se trata pròpríamente de fuga, pois que o impôsto

José Lviz de Almeida Nocueiua Pohto

de surpresa por uma conseqüência que não esperava, como no caso do lança

^J^DVERTE Seligman que o ponto capi

tal de qualquer sistema de impos

tos é a influencia que êle exerce sôbre a coletividade e que o problema da in

cidência é dos mais complexos e ignora dos da ciência das finanças. Realmente, assim é.

Fácil seria conhecerem-se as conse qüências de um imposto se se soubes se com segurança quem vai pagá-lo, ou

melhor, quem vai em definitivo suportar os encargos que o Estado impõe sôbre determinadas pessoas ou coisas.

O primeiro pensamento de uma pessoa

que tem de pagar um imposto é como deverá agir para não suportar os seus ônus e por vários meios pode alcançar

que pagou a título de impôsto, pelo aumento ou aperfeiçoamento de sua ativi- •

mento de novos impostos sobre ativida

des já muito oneradas e que não podem

dado.

ção ou remoção, o que não impede que

suportar novos encargos.

se registrem casos em que o impôsto serxau como verdadeiro aguilhuo ao desen

Finalmente, pode repercuti-lo,

transferindo-o para as costas de outrem. Assim, o lançamento de um impôsto

pode ter as seguintes conseqüências :

Claro está que a evasão fraudulenta,

isto é, a sonegação, nunca é desejada pe lo poder tributante. *

*

*

b) fazer desaparecerem determinadas atividades ou operações sujeitas ao im- pôsto ;

c) aumentar ou aperfeiçoar determi

volvimento de certas atividades econômi

cas, fazendo com que fosse aprimorada sua técnica para permitir uma baixa no custo da produção capaz de compensar

a) não produzir arrecadação satisfa tória ;

6 pago) é justamente êsse de compensa

os novos ônus do impôsto.

O fenômeno da compensação — que raramente se verifica — é aquêle em vir tude do qual o contribuinte di

nadas atividades;

reto procura recuperar, através

d) onerar pessoas ou ati\adades que a êle não estão sujeitas diretamente. Alguns desses efeitos podem, é verda de, ser previstos, mas nunca se consegue chegar às últimas conseqüências. Nem

vêem muitos economistas o grande mérito da tributação.

de sua própria atividade, aquilo que o inipôsto lhe tirou, e nele

Os dois exemplos clássicos dessa con

seqüência, citados por Seligman. foram os impostos aplicados no século XVIIÍ sôbre a destilação de whiskey e no século XIX sôbre

/•7.' i

a fabricação de açúcar de be

0' ■ V;-

terraba.

Nesses dois casos, o

impôsto teve como conseqüên

E' da própria natureza hu-mana a tendência para aumen tar ou, pelo menos, conservar a fortuna o a renda pessoais. Ora, ao sofrer uma

cia um tal aperfeiçoamento da técnica da fabricação que, não obstante os novos encargos, as indústrias

As reações do contribuinte direto face

imposição à qual não pode de modo al

velmente.

que lançou o tributo.

a um impôsto que o oncrft ou à sua

gum fugir, quer pelo abandono da ativi

Dai o cuidado com que deve ser cria do um imposto novo e a necessidade de

atividade, podem ser, como vimos, de

contribuinte direto pode debcar de pagar

três naturezas diferentes; evasão, coiii'

dade que determinou a cobrança, quer pela transferência da carga a alguma outra pessoa, trata o indivíduo de recu perar o impôsto pago, pelo aumento ou aperfeiçoamento de sua atividade.

compensar o impôsto pago. As condições para que se verifique a compensação, a nosso ver, são as se

êsso objetivo. Assim, nà maioria das vêzes, quem arca com o imposto é uma

por isso, entretanto, se deve renunciar

objeto de cogitações por parte do Estado

categoria de pessoas que nem sequer foi

meticulosos estudos prévios por parte do poder público. Os meios de que pode lançar mão o contribuinte direto para evitar o pfigamento do imposto são vários. Em pri meiro lugar, pode simplesmente deixar de pagá-lo, seja renunciando à atividade

ou às operações que dcão lugar à inci

dência, seja sonegando o impôsto; em se

gundo lugar,

pode tentar recuperar o

ao seu estudo, para que o tributo seja o

mais justo e o mais vantajoso possível.

pensação e repercussão. *

*

*

A evasão, fenômeno sôbre o qual es crevemos no número 59 do

"Digesto

Econômico", consiste no não pagamento

puro e simples do impôsto, quer pelo abandono da atividade que deu lugar à cobrança, quer pela sonegação ou fraude à lei. Algumas vêzes a evasão pelo

Essa tendência, cuja extensão alguns

respectivas se desenvolveram considerà-

Essa, porém, não é a regra geral. Se o

o impôsto, por' evasão ou por transferên cia, não vai aumentar seu esfôrço para

financistas exageram, serviu de base à

guintes :

teoria "otimista" da remoção do impôs

a) Que o impôsto não seja tão elevado a ponto de impedir sua recuperação pelo

to, tendo como principal defensor Mac

Culloch e que expusemos no capítulo V desta série ("Digesto" n. 58). Para os

partidários dessa corrente, o impôsto é

aumento da produtividade e nem tão baixo que permita ao contribuinte direto

suportá-lo sem grandes sacrifícios.


DigESTO EcSONÓNflCfi

Na iminência de sofrer uma imposi

terreno, de modo a obter o máximo de

ção com a qual terá de arcar, o indiví

produtividade da terra, não tem meios

duo vai estudar até que ponto sua ati

de compensar um impôsto que recaia

vidade pode ser ampliada ou aperfeiçoada

sôbre sua produção.

Um operário que

e se essa ampliação e aperfeiçoamento

trabalhe diariamente até o limite de suas

lhe bastarão para cobrir o imposto. Sc não bastar, é claro que não procurará

compensá-lo, e se evade do pagamento

forças não poderia aumentar .suas lioras de trabalho para compensar um impôsto que sôbre ele recaísse. Sempre que êsse

respectivo pelo abandono da atividade. Também se o tributo fôr tão babco que

limite de produti\'idadc já lenha sido al cançado, não pode, evidentemente, veri

não afete substancialmente seu lucro ou

ficar-se o fenômeno da compensação impôsto.

seu padrão de vida, êle dei.vará de com

pensá-lo, pois o esforço despendido pa ra alcançar esse resultado não estaria

em proporção com o benefício alcan

Dicesto EcoNÓ\aco

17

salários; suas próprias despesas pessoais aumentam, de modo que, no fiiii das contas, cie próprio estará pagando o im pôsto, embora apenas transitòriainente, pois mesmo c.sses novos ônus procurará transferir aos compradores de sen.s arti

Suponhamos que um título qualquer esteja rendendo um juro de 12% ao ano e valha Cr$ 1.000,00.

Sôbre essa

O imposto tem, assim, uma ação

renda é criado um impôsto de 20 %. Ora, êsse encargo iria reduzir o juro do título a 9,6% e, como há melhores aplicações de capital, o título não mais encontra

de "boomerang", essa curiosa arma dos indígenas australianos, que depois de fe

ria comprador por Cr$ 1.000,00, mas sim por Cr$ 800,00, pois só por êsse va

rir o adversário volta ao ponto de par

lor continuaria rendendo os mesmos 12%

tida.

de juros anuais.

gos.

Por aí se -vê como são deficientes as

previsões sôbre a repercussão dos impos tos. Os primeiros efeitos, porém, podem

Isso significa que só o possuidor do título, na ocasião da implantação do im pôsto, é que sofre em bloco todos os

e devem ser estudados e analisados, e,

ônus da tributação sôbre a renda do

h) Que o imposto não possa ser re

O comportamento natural dc quem sofre uma imposição c procurar transfe

na verdade, são êsres os que mais inte ressam, pois que os impostos antigos já

na proporção em que sua renda c one

percutido. Quando as condições do mer cado permitam com facilidade a transfe

rir o ônus a outrem, dc modo a não ar

se amoldaram às condições econômicas e

rada.

car com ele. Essa transferencia constitui

não trazem mais perturbações.

Tal fenômeno de há muito que é ob servado. Os "fisiocratas", por exemplo,

çado.

rência do impôsto a uma terceira pes soa, o contribuinte direto não tem inte

resse em aumentar seu esforço e sua pro

dutividade, pois sabe de antemão que

o fenômeno da repercfi'!Sã'^. Or. modos pelos quai.s se processa a

repercussão são os mais variados possí veis e, embora toòricamentc haja regras

ira apenas adiantar o impôsto aos co para se prever sôbre quem, afinal, irá fres públicos, mas que será indenizado recair um determinado impôsto, na pra dessa despesa pelo aumento que fará no tica a previsão só pode ser feita grosseipreço de seus produtos ou pelo preço ..raniente, comportando con.siderávcl mar menor que pagará pelos artigos que com gem de erro. Em primeiro lugar porque prar. O aumento da produtividade exi ge sempre maior trabalho e sacrifício,

de modo que, se existe um processo mais fácil de cobrir os ônus, ninguém vai despender maior esforço para alcan çar o mesmo resultado.

c) Que a atividade seja suscetível de ampliação ou aperfeiçoamento, sem que haja um correspondente aumento de tri butação. Há certas atividades que, por sua própria natureza, ja se encontram num limite impôsto pelas condições na turais e que não pode ser .superado. Um agricultor que já tenlia tôda a sua fazen da ocupada com uma determinada cul tura e já tenha adubado devidamente o i

- -

as condições econômicas se alteram por

efeito do próprio impôsto, c depois por que o "coice" da repercussão, isto é, a repercussão da própria repercussão, é fe nômeno ainda não estudado e pratica mente imprevisível.

Um tributo é lançado sôbre uma de terminada atividade e o contribuinte di

reto o faz repercutir, incluindo-o no pre

No estudo da matéria cumpre distin

guir, inicialmente, duas modalidades di ferentes de repercussão: aquela que se processa de uma só vez, em bloco, e a que se manifesta sucessivamente em ca da ato ou operação geradora da inci dência.

Os característicos são diferentes em

que se livrou da carga para sempre, mas

re\-elando extraordinária acuidade na ob servação dos fenômenos econômicos e

financeiros, já o haviam vislumbrado ao afirmarem que seu impôsto único sô bre a produção da terra, em verdade, não seria pago por ninguém. O próprio valor da propriedade — argumentavam

cada caso, embora os princípios gerais

— seria depreciado e o comprador que

sejam os mesmos, motivo pelo qual pre ferimos analisar separadamente essas

houvesse pago êsse valor depreciado não

duas modalidades de repercussão, a pri meira das quais tem uma denominação

especial: amortização do impôsto.

O têrmo rejjercusaão, reservamo-lo pa ra as transferências sucessivas, em cada

ato, muito embora a amortização consti

tua uma modalidade de repercussão.

ço dos produtos. Tem a imjíressão de não é isso o que acontece, pois o impos

mesmo, pois êste se deprecia em capital

^

si;

^

Por amortizaçm.) do impôsto se en tende a depreciação no valor de um de

so poderia queixar de um impôsto que iria incidir sôbre uma parcela do capital que êle em verdade não pagou. Esque ciam-se, porém, de que alguém teria

pago o impôsto, e de uma só vez, por todos os proprietários futuros: o dono da terra, na ocasião em que fosse im

plantado o sistema, pela brusca desvalo rização de sua propriedade. O fenômeno da amortização, comò é

natural, só se pode verificar em relação aos impostos que incidam sôbre rendi

gados, tendo de consumir nícrcadorias

terminado capital, em quantia equiva lente ao impôsto a ser pago, e que re presenta uma redução na renda respec

O ônus recai sobre o rendimento, mas

com preços majorados, e.xigem maiores

tiva.

desde logo se reflete sòbre o capital até

to volta a onerá-lo sob fonna de eleva

ção geral do custo da vida. Seus empre

mentos que sejam fruto de um capital.


DigESTO EcSONÓNflCfi

Na iminência de sofrer uma imposi

terreno, de modo a obter o máximo de

ção com a qual terá de arcar, o indiví

produtividade da terra, não tem meios

duo vai estudar até que ponto sua ati

de compensar um impôsto que recaia

vidade pode ser ampliada ou aperfeiçoada

sôbre sua produção.

Um operário que

e se essa ampliação e aperfeiçoamento

trabalhe diariamente até o limite de suas

lhe bastarão para cobrir o imposto. Sc não bastar, é claro que não procurará

compensá-lo, e se evade do pagamento

forças não poderia aumentar .suas lioras de trabalho para compensar um impôsto que sôbre ele recaísse. Sempre que êsse

respectivo pelo abandono da atividade. Também se o tributo fôr tão babco que

limite de produti\'idadc já lenha sido al cançado, não pode, evidentemente, veri

não afete substancialmente seu lucro ou

ficar-se o fenômeno da compensação impôsto.

seu padrão de vida, êle dei.vará de com

pensá-lo, pois o esforço despendido pa ra alcançar esse resultado não estaria

em proporção com o benefício alcan

Dicesto EcoNÓ\aco

17

salários; suas próprias despesas pessoais aumentam, de modo que, no fiiii das contas, cie próprio estará pagando o im pôsto, embora apenas transitòriainente, pois mesmo c.sses novos ônus procurará transferir aos compradores de sen.s arti

Suponhamos que um título qualquer esteja rendendo um juro de 12% ao ano e valha Cr$ 1.000,00.

Sôbre essa

O imposto tem, assim, uma ação

renda é criado um impôsto de 20 %. Ora, êsse encargo iria reduzir o juro do título a 9,6% e, como há melhores aplicações de capital, o título não mais encontra

de "boomerang", essa curiosa arma dos indígenas australianos, que depois de fe

ria comprador por Cr$ 1.000,00, mas sim por Cr$ 800,00, pois só por êsse va

rir o adversário volta ao ponto de par

lor continuaria rendendo os mesmos 12%

tida.

de juros anuais.

gos.

Por aí se -vê como são deficientes as

previsões sôbre a repercussão dos impos tos. Os primeiros efeitos, porém, podem

Isso significa que só o possuidor do título, na ocasião da implantação do im pôsto, é que sofre em bloco todos os

e devem ser estudados e analisados, e,

ônus da tributação sôbre a renda do

h) Que o imposto não possa ser re

O comportamento natural dc quem sofre uma imposição c procurar transfe

na verdade, são êsres os que mais inte ressam, pois que os impostos antigos já

na proporção em que sua renda c one

percutido. Quando as condições do mer cado permitam com facilidade a transfe

rir o ônus a outrem, dc modo a não ar

se amoldaram às condições econômicas e

rada.

car com ele. Essa transferencia constitui

não trazem mais perturbações.

Tal fenômeno de há muito que é ob servado. Os "fisiocratas", por exemplo,

çado.

rência do impôsto a uma terceira pes soa, o contribuinte direto não tem inte

resse em aumentar seu esforço e sua pro

dutividade, pois sabe de antemão que

o fenômeno da repercfi'!Sã'^. Or. modos pelos quai.s se processa a

repercussão são os mais variados possí veis e, embora toòricamentc haja regras

ira apenas adiantar o impôsto aos co para se prever sôbre quem, afinal, irá fres públicos, mas que será indenizado recair um determinado impôsto, na pra dessa despesa pelo aumento que fará no tica a previsão só pode ser feita grosseipreço de seus produtos ou pelo preço ..raniente, comportando con.siderávcl mar menor que pagará pelos artigos que com gem de erro. Em primeiro lugar porque prar. O aumento da produtividade exi ge sempre maior trabalho e sacrifício,

de modo que, se existe um processo mais fácil de cobrir os ônus, ninguém vai despender maior esforço para alcan çar o mesmo resultado.

c) Que a atividade seja suscetível de ampliação ou aperfeiçoamento, sem que haja um correspondente aumento de tri butação. Há certas atividades que, por sua própria natureza, ja se encontram num limite impôsto pelas condições na turais e que não pode ser .superado. Um agricultor que já tenlia tôda a sua fazen da ocupada com uma determinada cul tura e já tenha adubado devidamente o i

- -

as condições econômicas se alteram por

efeito do próprio impôsto, c depois por que o "coice" da repercussão, isto é, a repercussão da própria repercussão, é fe nômeno ainda não estudado e pratica mente imprevisível.

Um tributo é lançado sôbre uma de terminada atividade e o contribuinte di

reto o faz repercutir, incluindo-o no pre

No estudo da matéria cumpre distin

guir, inicialmente, duas modalidades di ferentes de repercussão: aquela que se processa de uma só vez, em bloco, e a que se manifesta sucessivamente em ca da ato ou operação geradora da inci dência.

Os característicos são diferentes em

que se livrou da carga para sempre, mas

re\-elando extraordinária acuidade na ob servação dos fenômenos econômicos e

financeiros, já o haviam vislumbrado ao afirmarem que seu impôsto único sô bre a produção da terra, em verdade, não seria pago por ninguém. O próprio valor da propriedade — argumentavam

cada caso, embora os princípios gerais

— seria depreciado e o comprador que

sejam os mesmos, motivo pelo qual pre ferimos analisar separadamente essas

houvesse pago êsse valor depreciado não

duas modalidades de repercussão, a pri meira das quais tem uma denominação

especial: amortização do impôsto.

O têrmo rejjercusaão, reservamo-lo pa ra as transferências sucessivas, em cada

ato, muito embora a amortização consti

tua uma modalidade de repercussão.

ço dos produtos. Tem a imjíressão de não é isso o que acontece, pois o impos

mesmo, pois êste se deprecia em capital

^

si;

^

Por amortizaçm.) do impôsto se en tende a depreciação no valor de um de

so poderia queixar de um impôsto que iria incidir sôbre uma parcela do capital que êle em verdade não pagou. Esque ciam-se, porém, de que alguém teria

pago o impôsto, e de uma só vez, por todos os proprietários futuros: o dono da terra, na ocasião em que fosse im

plantado o sistema, pela brusca desvalo rização de sua propriedade. O fenômeno da amortização, comò é

natural, só se pode verificar em relação aos impostos que incidam sôbre rendi

gados, tendo de consumir nícrcadorias

terminado capital, em quantia equiva lente ao impôsto a ser pago, e que re presenta uma redução na renda respec

O ônus recai sobre o rendimento, mas

com preços majorados, e.xigem maiores

tiva.

desde logo se reflete sòbre o capital até

to volta a onerá-lo sob fonna de eleva

ção geral do custo da vida. Seus empre

mentos que sejam fruto de um capital.


JL)XG£STO £cONÓM1CO

78

Dicesto Econóxüco

79

lor capitalizado do imposto.

ria depreciado cm tanto quanto bastas se para que o rendimento líquido, de

Ora, quem adquiriu por menos um bem qualquer, por causa do encargo que pesa sôbre os seus frutos, evidentemente

pois de pago o impôsto, fosse equK-alente ao proporcionado por outras apli cações de capital. O mesmo sucederia,

não está pagando o imposto, pois a par cela de capital que produz o rendimento suficiente para a cobertura do tributo

em escala menor, se as bases de inci dência fossem diferentes, conforme a

normalmente tal se verifique. E' o caso em que, em uma determi

origem do rendimento.

nada ocasião, o impôsto não possa re

a ocorrência de uma soma igual ao va

já foi deduzida por ocasião da compra

Dessa circunstancia lançam mão os go

opinião de Seligman o de Oíitros mestres

repercutiu para todo o sempre, não dan

como Laufenburger, por exemplo, o certo é que em determinados casos pode

proprietário do bem cuja renda é tribu

haver simultáneamente cs dois fenôme

tada, na ocasião em que fôr aplicado c

nos, embora isso não queira dizer que

imposto, sofre todos os ônus. Os demais proprietários não terão de amortizar o

vernos para favorecer a valorização dos

As condições para que se verifique o fenômeno da amortização do impôsto

pital do objeto, mas que depois de ve

títulos públicos. Suponhamos que uma debênture e uma apólice estejam ren dendo ambas 8 % ao ano e que tenliam

pecilhos à repercussão.

u) que o impôsto seja exclusivo sôbre

a mesma cotação no mercado. Se o juro

uma ou algumas classes de rendimentos

do título particular sofre a incidência de um impôsto de 10% que não recaia também sôbre o título público, é claro

e não sôbre tôdas, ou, pelo menos, que seja desigual;

h) que o impôsto não seja suscetível de repercussão em operações futuras, e

c) que se trate de um impôsto novo. Vejamos, de per si, cada uma dessas condições. *

*

!ÍÍ

Caso o impôsto retire uma porção igual de todos os rendimentos prove nientes de aplicação de capital, a taxa de interesse no país baixa de um modo

geral e, então, o objeto da incidência continua a ter o mesmo valor-capital, de vez que o investidor não pode escolher uma aplicação não tributada. Suponhamos que, em um país onde ainda não existisse

o impôsto sôbre a

que este passa a ter um valor superior

ao daquele, pois continuará rendendo os mesmos 8^, ao passo .que aquele ren derá, líquidos, apenas 7,2%. Constata-se, assim, que para que so verifique a amortização é necessário que haja uma desigualdade de tratamento tributário em relação às diversas rendas provenientes de aplicação de capitais. A desigualdade do impôsto — afirma Seligman — é a pedra angular da amor tização. ❖

>i'

imposto, pois já adquiriram o bem por

preço inferior em capital, na proporção

percutir, depreciando, assim, o valor-ca

do bem.

são as seguintes;

em que diminuiu sua renda por efeito da tributação.

rificado esse fenômeno cessem os em

^

,

Suponhamos que, na ocasião em que os aluguéis de prédios estavam rigida mente congelados, tivesse sido estabele

cido em algum município brasileiro um impôsto predial pesadíssimo. E' claro que o valor venal dos imóveis cairia para compensar o impôsto, verificando-se, assim, o fenômeno da amortização. A

seguir, porém, quando foram permitidas as majorações correspondentes à eleva

^

A amortização do impôsto é muito freqüentemente chamada de "capitaliza ção" e a maioria dos financistas não faz

distinção entre uma coisa e outra. Prefe

rimos, porém, aceitar a terminologia de Laufenburger e reservar o termo "capi talização" para o fenômeno inverso ao da amortização, isto é, o de acréscimo do valor, resultante para um bem qual quer. do fato de seu rendimento ficar

ção de tributos, é claro que os proprie

isento do impôsto.

tários fariam repercutir o imposto sôbre

As mesmas razões que fazem com qu» o valor de um bem se deprecie pelo fa to de sua renda ficar sujeita a uma txibutação, fazem com que, inversamente,

os inquilinos, muito embora já tivessem adquirido o prédio com a dedução do impôsto que teriam de pagar.

Assim,

um impôsto já amortizado, seria reper

seu valor aumente pelo fato de se isen

cutido.

tá-lo do impôsto.

Em muitos outros casos se verificam

A repercussão e a amortização,

do ensejo a novas amortizações. Só o

se

simultaneamente os dois fenômenos. São

gundo a maioria dos tratadistas, são fe

todos aqueles em que desaparecem os óbices legais ou econômicos que impe diam momentaneamente a repercussão.

Um fenômeno que tem passado des percebido aos financistas é o da capita lização resultante da possibilidade de se fazer rcpercurtir um impôsto anterior

renda, o governo aplicasse um imposto percentual uniforme sôbre todos os ren dimentos provenientes de aplicaçcão de capital. Nesse caso, os capitais-fonte-de-

nômenos que se excluem. Se o impôsto é estabelecido sôbre um objeto destina do a uma utilização ulterior — ensina Seligman — êle eleva simplesmente o preço do produto sem diminuir o da fon

renda não baixariam de valor, pois os

te de produção.

rendimentos de todos êles seriam igual mente tributados. Mas, se êsse impôsto

Assim, um impôsto sôbre o rendimen to de uma emprêsa industrial qualquer

ra vez em que o objeto é transacionado

incidisse só sôbre juros de debêntures,

não reduz o valor venal desta,

ser repercutido em'virtude da vedação

que tal carga possa ser repercutida pe

depois da existência da tributação.

por exemplo, esses títulos proporciona riam um rendimento líquido inferior ao

legal, adquiria o prédio de aluguel por preço inferior ao de antes da majoração. Tomada possível a repercussão do im pôsto sôbre o inquilino, o prédio re-

de outros investimentos e seu valor se

desde

la majoração dos preços dos produtos. Não obstante o respeito que mereça a

íH

*

mente

amortizado.

Tomemos, como

exemplo, o caso já figurado do aumento do impôsto predial ao tempo em que

Finalmente, a amortização só se ve

rifica uma vez em relação a cada obje to e a cada impôsto e sempre na primei Por isso se diz que só os impostos no vos podem ser objeto de amortização.

Uma vez amortizado o impôsto, êle já

nem a majoração de impostos podia ser cobrada dos inquilinos. O proprietário,

por efeito do impôsto que não podia


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lor capitalizado do imposto.

ria depreciado cm tanto quanto bastas se para que o rendimento líquido, de

Ora, quem adquiriu por menos um bem qualquer, por causa do encargo que pesa sôbre os seus frutos, evidentemente

pois de pago o impôsto, fosse equK-alente ao proporcionado por outras apli cações de capital. O mesmo sucederia,

não está pagando o imposto, pois a par cela de capital que produz o rendimento suficiente para a cobertura do tributo

em escala menor, se as bases de inci dência fossem diferentes, conforme a

normalmente tal se verifique. E' o caso em que, em uma determi

origem do rendimento.

nada ocasião, o impôsto não possa re

a ocorrência de uma soma igual ao va

já foi deduzida por ocasião da compra

Dessa circunstancia lançam mão os go

opinião de Seligman o de Oíitros mestres

repercutiu para todo o sempre, não dan

como Laufenburger, por exemplo, o certo é que em determinados casos pode

proprietário do bem cuja renda é tribu

haver simultáneamente cs dois fenôme

tada, na ocasião em que fôr aplicado c

nos, embora isso não queira dizer que

imposto, sofre todos os ônus. Os demais proprietários não terão de amortizar o

vernos para favorecer a valorização dos

As condições para que se verifique o fenômeno da amortização do impôsto

pital do objeto, mas que depois de ve

títulos públicos. Suponhamos que uma debênture e uma apólice estejam ren dendo ambas 8 % ao ano e que tenliam

pecilhos à repercussão.

u) que o impôsto seja exclusivo sôbre

a mesma cotação no mercado. Se o juro

uma ou algumas classes de rendimentos

do título particular sofre a incidência de um impôsto de 10% que não recaia também sôbre o título público, é claro

e não sôbre tôdas, ou, pelo menos, que seja desigual;

h) que o impôsto não seja suscetível de repercussão em operações futuras, e

c) que se trate de um impôsto novo. Vejamos, de per si, cada uma dessas condições. *

*

!ÍÍ

Caso o impôsto retire uma porção igual de todos os rendimentos prove nientes de aplicação de capital, a taxa de interesse no país baixa de um modo

geral e, então, o objeto da incidência continua a ter o mesmo valor-capital, de vez que o investidor não pode escolher uma aplicação não tributada. Suponhamos que, em um país onde ainda não existisse

o impôsto sôbre a

que este passa a ter um valor superior

ao daquele, pois continuará rendendo os mesmos 8^, ao passo .que aquele ren derá, líquidos, apenas 7,2%. Constata-se, assim, que para que so verifique a amortização é necessário que haja uma desigualdade de tratamento tributário em relação às diversas rendas provenientes de aplicação de capitais. A desigualdade do impôsto — afirma Seligman — é a pedra angular da amor tização. ❖

>i'

imposto, pois já adquiriram o bem por

preço inferior em capital, na proporção

percutir, depreciando, assim, o valor-ca

do bem.

são as seguintes;

em que diminuiu sua renda por efeito da tributação.

rificado esse fenômeno cessem os em

^

,

Suponhamos que, na ocasião em que os aluguéis de prédios estavam rigida mente congelados, tivesse sido estabele

cido em algum município brasileiro um impôsto predial pesadíssimo. E' claro que o valor venal dos imóveis cairia para compensar o impôsto, verificando-se, assim, o fenômeno da amortização. A

seguir, porém, quando foram permitidas as majorações correspondentes à eleva

^

A amortização do impôsto é muito freqüentemente chamada de "capitaliza ção" e a maioria dos financistas não faz

distinção entre uma coisa e outra. Prefe

rimos, porém, aceitar a terminologia de Laufenburger e reservar o termo "capi talização" para o fenômeno inverso ao da amortização, isto é, o de acréscimo do valor, resultante para um bem qual quer. do fato de seu rendimento ficar

ção de tributos, é claro que os proprie

isento do impôsto.

tários fariam repercutir o imposto sôbre

As mesmas razões que fazem com qu» o valor de um bem se deprecie pelo fa to de sua renda ficar sujeita a uma txibutação, fazem com que, inversamente,

os inquilinos, muito embora já tivessem adquirido o prédio com a dedução do impôsto que teriam de pagar.

Assim,

um impôsto já amortizado, seria reper

seu valor aumente pelo fato de se isen

cutido.

tá-lo do impôsto.

Em muitos outros casos se verificam

A repercussão e a amortização,

do ensejo a novas amortizações. Só o

se

simultaneamente os dois fenômenos. São

gundo a maioria dos tratadistas, são fe

todos aqueles em que desaparecem os óbices legais ou econômicos que impe diam momentaneamente a repercussão.

Um fenômeno que tem passado des percebido aos financistas é o da capita lização resultante da possibilidade de se fazer rcpercurtir um impôsto anterior

renda, o governo aplicasse um imposto percentual uniforme sôbre todos os ren dimentos provenientes de aplicaçcão de capital. Nesse caso, os capitais-fonte-de-

nômenos que se excluem. Se o impôsto é estabelecido sôbre um objeto destina do a uma utilização ulterior — ensina Seligman — êle eleva simplesmente o preço do produto sem diminuir o da fon

renda não baixariam de valor, pois os

te de produção.

rendimentos de todos êles seriam igual mente tributados. Mas, se êsse impôsto

Assim, um impôsto sôbre o rendimen to de uma emprêsa industrial qualquer

ra vez em que o objeto é transacionado

incidisse só sôbre juros de debêntures,

não reduz o valor venal desta,

ser repercutido em'virtude da vedação

que tal carga possa ser repercutida pe

depois da existência da tributação.

por exemplo, esses títulos proporciona riam um rendimento líquido inferior ao

legal, adquiria o prédio de aluguel por preço inferior ao de antes da majoração. Tomada possível a repercussão do im pôsto sôbre o inquilino, o prédio re-

de outros investimentos e seu valor se

desde

la majoração dos preços dos produtos. Não obstante o respeito que mereça a

íH

*

mente

amortizado.

Tomemos, como

exemplo, o caso já figurado do aumento do impôsto predial ao tempo em que

Finalmente, a amortização só se ve

rifica uma vez em relação a cada obje to e a cada impôsto e sempre na primei Por isso se diz que só os impostos no vos podem ser objeto de amortização.

Uma vez amortizado o impôsto, êle já

nem a majoração de impostos podia ser cobrada dos inquilinos. O proprietário,

por efeito do impôsto que não podia


Dicksto Econômico

m

adciuiriii seu valor antigo, pois não Im-

fiscaçõcs de capital do coiitrii}iiínto. pe

\'ia mais motivo para a amortização, ten do-se \erificado, portanto, um fenôme

lo fenômeno da ainortizjição, c as redu-

no de capitalização. Referindo-se aos impostos reais, Hu-

çóe.s ou a isenção, um presente ao pro

AGRICULTURA E ECONOMIA AÇUCAREIRAS EM SAO PAULO

prietário do bem tributado, pelo fenô

Jo.sÉ ÍIoNÓRio Rodrigues

meno da capitalização. HEXOVAçÃo do.s métodos de cultivo

gon, em sua notável obra "O Imposto", que veio enriquecer a nossa tão pobre bibliografia financeira, refere-se à ne cessidade de se evitarem as modifica

ções de taxa dos impostos reais, pois as majorações representam \'erdadeiras con-

-At . ❖

Em próximo artigo, analisaremos o fe nômeno da repercussão dita.

pròpriainente

do açúcar coincide com o apareci mento de novas áreas de expansão açucareira. A disparidade entre os pro cessos agrícolas usados nas diferentes capitanias brasileiras era chocante. A

Com o presente trabalho, José Honório Rodrigues, professor do Insiitiifo Rio Branco do Ministério do Exterior e di-

reior da Seção de Obras Raras da Bi

blioteca Nacional, reinicia a sua preciosa

técnica e os instrumentos de produção,

colaboração para a nossa recUta. O professor José Honório acaba de publi

que não constituíam para a Bahia urba

cai', com grande êxito, "Teoria Geral de

nizada nenhuma inovação e que não se

Ilisfória do Brasil" e "Historiografia e Bibliografia do Donjínío Holandês no

haviam difundido em outros centros mais

atrasados, representavam para estes uma verdadeira "revolução do sistema

de

agricultura", conforme escre\ ia em ofício

datado de 8 de janeiro de 1800, sôbre o

Brasil", livros de erudição e de rigorosa pesquisa, que o sagram, na atualidade, um continuador da obra de Capistrano. de Abreu e Rodolfo Garcia.

emprego do arado na lavoura paulista, o Governador Antônio Manuel de Melo

Castro e Mendonça. Aí acentuava, tam bém, que seria extremamente custoso

ser\'ador. das formas culturais, enquanto

desviar os po\"os do seus antigos costu

a Baliia, sujeita a constantes importações

mes, aos quais estavam naturalmente

culturais, era o inovador. Em 1798, o Governador D. Fernando

aferrados. (1).

O meio rural paulista apresentava maior estabilidade e, portanto, maior di ficuldade à assimilação dos processos no vos. Reconhecia-o o Marechal Arouche, em suas "Reflexões sobre o estado

em que se acha a agricultura na capita nia de São Paulo", ao dizer que "os vellios têm por crime de primeira cabe ça a inovação de qualquer õoisa que seus pais não fizeram". (2). A interação social da Bahia, tão li

gada à Metrópole, era mais complexa, extensiva, intensiva, diversificada.

população

era mais

heterogênea

Sua

e,

José de Portugal escre\da a D. Rodri go de Sousa Coutinho, concordando sô

bre a sugestão déste a propósito do uso de bois e arados no cultivo das terras,

vi.sando a economia de braços, que po deriam ser empregados em outras atí\idadej. (3). Procura\'a-se animar tal uso em São Paulo mediante prêmios ofe

recidos pelas Câmaras, o que não se fi zera na Bahia. Tais prêmios eram tão pequenos que raras vezes conseguiam

vcnccr a predisposição contrária dos la vradores aos novos usos.

Reconhecendo que tinham sido infru tíferas tôdas as recomendações a êsse

portanto, mais capaz de aceitar as novi

respeito, o Governador Castro e Men

dades do exterior. Na dinâmica social,

donça aconselhava que, em face da im

São Paulo representava õ papel do pre-

portância da inovação e da necessidade


Dicksto Econômico

m

adciuiriii seu valor antigo, pois não Im-

fiscaçõcs de capital do coiitrii}iiínto. pe

\'ia mais motivo para a amortização, ten do-se \erificado, portanto, um fenôme

lo fenômeno da ainortizjição, c as redu-

no de capitalização. Referindo-se aos impostos reais, Hu-

çóe.s ou a isenção, um presente ao pro

AGRICULTURA E ECONOMIA AÇUCAREIRAS EM SAO PAULO

prietário do bem tributado, pelo fenô

Jo.sÉ ÍIoNÓRio Rodrigues

meno da capitalização. HEXOVAçÃo do.s métodos de cultivo

gon, em sua notável obra "O Imposto", que veio enriquecer a nossa tão pobre bibliografia financeira, refere-se à ne cessidade de se evitarem as modifica

ções de taxa dos impostos reais, pois as majorações representam \'erdadeiras con-

-At . ❖

Em próximo artigo, analisaremos o fe nômeno da repercussão dita.

pròpriainente

do açúcar coincide com o apareci mento de novas áreas de expansão açucareira. A disparidade entre os pro cessos agrícolas usados nas diferentes capitanias brasileiras era chocante. A

Com o presente trabalho, José Honório Rodrigues, professor do Insiitiifo Rio Branco do Ministério do Exterior e di-

reior da Seção de Obras Raras da Bi

blioteca Nacional, reinicia a sua preciosa

técnica e os instrumentos de produção,

colaboração para a nossa recUta. O professor José Honório acaba de publi

que não constituíam para a Bahia urba

cai', com grande êxito, "Teoria Geral de

nizada nenhuma inovação e que não se

Ilisfória do Brasil" e "Historiografia e Bibliografia do Donjínío Holandês no

haviam difundido em outros centros mais

atrasados, representavam para estes uma verdadeira "revolução do sistema

de

agricultura", conforme escre\ ia em ofício

datado de 8 de janeiro de 1800, sôbre o

Brasil", livros de erudição e de rigorosa pesquisa, que o sagram, na atualidade, um continuador da obra de Capistrano. de Abreu e Rodolfo Garcia.

emprego do arado na lavoura paulista, o Governador Antônio Manuel de Melo

Castro e Mendonça. Aí acentuava, tam bém, que seria extremamente custoso

ser\'ador. das formas culturais, enquanto

desviar os po\"os do seus antigos costu

a Baliia, sujeita a constantes importações

mes, aos quais estavam naturalmente

culturais, era o inovador. Em 1798, o Governador D. Fernando

aferrados. (1).

O meio rural paulista apresentava maior estabilidade e, portanto, maior di ficuldade à assimilação dos processos no vos. Reconhecia-o o Marechal Arouche, em suas "Reflexões sobre o estado

em que se acha a agricultura na capita nia de São Paulo", ao dizer que "os vellios têm por crime de primeira cabe ça a inovação de qualquer õoisa que seus pais não fizeram". (2). A interação social da Bahia, tão li

gada à Metrópole, era mais complexa, extensiva, intensiva, diversificada.

população

era mais

heterogênea

Sua

e,

José de Portugal escre\da a D. Rodri go de Sousa Coutinho, concordando sô

bre a sugestão déste a propósito do uso de bois e arados no cultivo das terras,

vi.sando a economia de braços, que po deriam ser empregados em outras atí\idadej. (3). Procura\'a-se animar tal uso em São Paulo mediante prêmios ofe

recidos pelas Câmaras, o que não se fi zera na Bahia. Tais prêmios eram tão pequenos que raras vezes conseguiam

vcnccr a predisposição contrária dos la vradores aos novos usos.

Reconhecendo que tinham sido infru tíferas tôdas as recomendações a êsse

portanto, mais capaz de aceitar as novi

respeito, o Governador Castro e Men

dades do exterior. Na dinâmica social,

donça aconselhava que, em face da im

São Paulo representava õ papel do pre-

portância da inovação e da necessidade


83

Dicesto Econômico

Dicf-sto Económ

82

de sua aplicação, determinasse o go-

consídcrada.s fid<'dignas, eiii escrito ii

vêmo não conceder novas sesmarias se

titulado "Reflexões .sòbr.; o t siado

não aos que se obrigassem a cultivar "uma porção dela com arado". (4).

que se encontra a agricultura na ca_ ^ lania de São Paulo".

Kao esconde

tema dc obrigar os povos daquelas \ ilas

Mesa de Inspeção (9), que evitasse o

a conduzir para Santos os seus gêne ros, onde eram comprados pelos nego ciantes monopolizadores daquela praça ao:; preços que queriam. (6).

mau beneficiamento e a alteração no fa

As \-ila.s de Serra Acima, situadas no

estimulado o crescimento lento, mas con

brico do açúcar, e a construção de nova

estrada para a vila de Santos, assim como o conserto da antiga, parecem ter

"Êslc seria o meio mais fácil dc vencer

.sua impic.ssão pessimista e .se estenda

todas as desvantagens da estranheza

sobre as vazões que, a .seu \'er, clctenl^

caminiio (lue conduz ao Rio de Janeiro,

tinuado, da produção açucareira de Sao

deste instrumento."

havam o mau e.studo em que se eo^

apenas principiavam seus e.stabelecimen-

Paulo.

tos de açúcar, e a.s de Jundiaí, Campinas,

além da primeira metade do século XIX. A verdade é que a partir desta ultima

Aconselha\a tam

bém que se repartissem pelas diferentes vilas os povoadores do Rio Grande e

contrava a Capitania ainda por volta

Moji-Mirim, Atibaia, Itu, Pòrtò Feliz,

1788.

de Santa Catarina, de volta a São Paulo,

A causa primeira do atraso da Capi

a fim de ensinarem o uso do arado à

tania provinha, segundo Arouche, d* :

seus

custa da Câmara, em lugar de premiar os

e.cio.ridade c preguiça dc seus la\ radoreS>

83.435 arrobas no ano de 1797. (7).

que adotassem o processo.

Além disso, havia falta de ferro piir» instrumentos rústicos e abumlància df

Ao deixar Castro e Mendonça o go verno em 1802, havia sido multiplicado o número de engenhos e crescido bas

Tinlia o Governador notícia do uso,

por ingleses e franceses, do bagaço dc

Sorocaba, que transportavam para Santos

produtos, somente

fabricaram

O ciclo açucareiro ali não irá

década do século XVIII a aprendizagem açucareira em São Paulo é vertiginosa.

Castro e Mendonça observou: "é incrí vel a facilidade com que nesta Capita

nia se prepara este gênero; qualquer ne gro" novo, que em uma safra se ocupou na sua manipulação, já na seguinte pode

cana moído nas fornalhas, cm lugar da

saúva, "que comia mais pastagens nesta Capitania do que os gados". Nas vi

leiilia, mas confessava que talvez de

las marinlia.s, só Iguape possuía lavouras

vido à imperícia na experiência aqui

200.000 arrobas de açúcar.

mória, escrita nesse ano, serve-nos para

feita não resultará útil e muito vanta

de cana, mas era especialmente cm IW que .se locaiiziU-a a maior produção açu-

josa, como SC poderia esperar, a utiliza

mostrar o crescimento agrícola de São

caieira. Na sua opinião, nas zonas do

geral o processo de fabricação do açú

Paulo entre 1797 e 1802.

car em São Paulo, mostrando que se

ção dèsse combu-stível.

litoral, os "matos ferlilíssimos' podiam

Eram conlieci-

dos escritores que tratavam da matéria, mas alguns senhores de engenho cleclara\'ani que o fogo assim produzido não era suficientemente ativo para fazer cCzer o açúcar. Ignorava-.se que o mau resul

produzir melhor cana.

Quando Arouche c.scrc*\eu sua Memó ria, gON crnava D. Bernardo de Lorena. a quem atribuía "o no\'o calor que principiava a se infundir na lavoura e no

tante o tráfico, produzindo a capitania

Em 1797, os moradores de Campinas

pleitearam sua elevação a vila, a fim dc evitar os gravíssimos prejuízos causados à lavoura pela subordinação daquela fre guesia à vida de Jundiaí. A maior parte da população ocupava-se da lavoura cie

tado provinha de defeito das fornalhas ou da ignorância do modo de usar o

c,.mércic). O go\'èrno que o seguiu - o

bagaço.

Mendonça - foi o introdutor do arado na ]a\'Oura paulista, por volta de 18Ü0, c o distriiniidor, pela Capitania, das pri

volvimento açucareiro em ■ São Paulo. Tanto assim

meiras obras de ensine agrário, com que

em 1796, isentar o sal e o

As atrasadas colônias portuguesas c espanholas custaram a reformar seus mé todos. Os .senhores de engenho abraça riam o novo processo, mas não se obri

gavam, como acontecia com as Câmaras,

dc Antônio Manuel de Melo Castro e

o governo da Metrópole deseja\'a ini ciar a reforma geral da agricultura bra

a conceder prêmios. Em 1799, José da Silva Lisboa propunha que se conferis

sileira.

se uma recompensa a Joaquim Inácio

açúcar começavam, então, a predominar na Capitania, agora refeita do despovoa-

do Sequeiia Bulcão, por ter sido o pri meiro proprietário que adotara novos

processos de moagem cia cana. (5). O Marechal Arouche, como Juiz das

Medições, teve ocasião, em 178S, de per correr várias partes da Capitania, regis trando suas observações, que podem ser

A lavoura da cana o o fabrico do

mento provocado pelas bandeiras, pela.* guerras com os espanhóis c pela minenxção.

As vilas de Ubatuba e São Se

bastião, com seus engenhos abanclonado.s. tinliam decaído bastante. Castro e Men

donça atribuía essa decadência ao sis-

E a Me

açúcar.

Eram os primeiros passos do desen

servir de mestre na direção de seme lhantes trabalhos". Descreve o Capitâc-

não conseguia ainda a perfeição deseja da. Lembra que em ofício de 5 de junlio lastimara D. Rodrigo de Sousa Ccutinho que, tendo mandado impri mir excelentes obras para instrução de seus vassalos, não o haviam estes fabri

cado com a requerida perfeição. Denuncia também dolos praticados

pelo agricultor paulista ao oferecer ao mercado açú

car não totalmente purifi

que desejando a Rainha,

cado, com o fim de obter maior número de arrobas,

ferro, (8) quis saber sobre que gêneros se deveriam impor as taxas retiradas daqueles dois. Consulta dos os povos da Câmara de Itu, respon deram cjue não se podia fazer recair

lhante falsificação, não tornava a com

sôbre os açúcares "ou outras novas fá

prar.

bricas, pela razão de se acharem ainda em princípio do seu estabelecimento".

portavam os fabricantes daquela Provín

de vez que o purificado diminuía, então, um quar

to do peso primitivo. O comprador, uma vez lesado com seme Parece que com isso pouco se im

As medidas propostas por Castro e

cia, pois Castro e Mendonça escreve com

Mendonça, tais como a criação de uma

pessimismo: "Mas, como ordinariamente


Dicesto Econômico

84

só se sente o mal presente e se despreza o futuro, pouco importa que a decadên cia futura do-açúcar traga após si a ruí na dos senhores de engenho, se ainda neste ou nos anos próximos subsequentes êles acharem a quem iludir com o mes

analogia da terra para a produção dêste

cessão do privilégio de não execução de penhoras. Os apelos foram tantos que decidiu o go\'êrno proibir o aparecimen

vegetal". (11). Pedia então a Câmara

to de no\'os engenhos e novas áreas de

que o prúilégio concedido por porta

fabricação.

ria do 26 dc abril de 1760 aos senhores

obrigações conjuntas. Desde que ura credor mostrasse que o devedor tinha mais dívidas e que estas, somadas, exce diam a metade do valor do engenho,

podia arrematá-lo e, de seu produto, pagar os outros credores. Para bene

de engenho do Rio do Janeiro — de não poderem ser executados — fòssc es

Atendido êsse aspecto é que se de cidiu a Metrópole a favorecer aos já

ficiar os devedores de boa fé, pennitia-

empenhados. Não fõra somente a vila

se-lhes, também, oferecer à venda algu

de 15 de março de 1800, procuravam-se fixar as responsabilidades sobre as faltas

tendido aos moradores de São Paulo.

de Pôrto Feliz que representara ao go verno, mas também as de Sorocaba,

ma propriedade rústica ,ou urbana, cujo justo valor e.xcedesse a metade da dí

e avarias achadas nos gêneros importa dos por mar nas Alfândegas do Reino, com o fito de evitar que diversificasse o açúcar na qualidade e quantidade. O objetivo claro dèsse edital era o de obri

ressado cm favorecer os que se tinham seduzido pela mellioria passageira do

São Carlos e Parnaíba, suplicando a gra

vida.

ça do privilégio concedido, em 1760, ao Rio do Janeiro, de não execução dos engenhos, sendo os credores obrigados a pagar-se pelos rendimentos.

A situação açucareira na capitania de São Paulo, ainda assim, não era satisfa

nada pelo preço elevado do produto.

O Alvará acerca das execuções nos

Pelo Alvará de 13 dc maio de 1802, re-

engenhos de açúcar data de 6 de julho

Rei, a fim de protestar contra a impo sição de 40 réis em cada arròba de açúcar. O impôsto fòra lançado pelo governador Antônio Manuel de Melo

mo produto mal fabricado". (10). No Edital acerca da avaria do açúcar,

gar os fabricantes e negociantes a apre sentar um tipo uniforme, universalmente

aceito, 6 impedir os velhos processos portugueses de ganhar à custa de dife renças nos pesos declarados.

A melhoria do preço observada nos

fins^ do século XVIII fizera mulHplicar o número de engenhos. Numa economia instável como a nossa, a corrida ao

açúcar poderia provocar prejuízos de conseqüências incalculáveis, caso não obstasse o govêmo a proliferação de novas fábricas.

O govêmo não estava realmente inte preço do açúcar. Estava, isso sim, real mente preocupado em evitar a multi plicação das fábricas de açúcar, ocasio

tória. Em 2 de abril de 1803 dirigira-se novamente a Câmara de Pôrto Feliz ao

conhecíam-se os danos c prejuízos que

de 1807, cinco anos após a medida que

resultavam para o Estado da ilimitada li

impedira a multiplicação dos engenhos.

berdade dos senhores de engenho de

Como nas velhas zonas açucareiras há

Castro e Mendonça, com a denomina

construir novas fábricas, não obstante a

muito já se providenciara sòbre as divi das, impedindo a execução da pcnhora, agora era necessário atender somen

ção de contribuição literária.

te às novas regiões produtoras de São

para os outros gêneros, cuja cultura não fôsse dispendiosa. Achou o Conselho

Provisão de 3 de novembro de 1681 ha

ver disposto em uma légua a distância quo deveria separar um engenho de

Paulo. O govêrno, nesse Alvará, deci

outro.

Êsse Alvará, tentando obstar a clan

dira estabelecer certas restrições, a fim

destina e prejudicial multiplicação de

de evitar abusos freqüentes.

Entre os

engenhos, determinava que da data de

perniciosos efeitos da má fé e detestável

sua publicação em diante não se insta

astúcia

nho de 1801, mostra-se que em Porto Feliz a elevação do preço animou os

lasse engenho novo, sem preceder a li

fraudar os capitalistas, capitula-se o de procurarem constituir-se devedores de

senhores de engenho ja aumentasen^

cujo distrito se quisesse construí-lo. Es tabelecia ainda que o governador não

Num documento paulista de 27 de ju

Lu.

pode facilitar aos fiéis vassalos de Vossa Altcza Real nestes sertões*, pela grande

85

Digesto Econômico

cença do governador da Capitania, em

dos

devedores, deliberados a

mercados das terras aonde hão de ser concorrência com o de outros muitos

valor do seu engenho. A lei anterior impedia a arrematação

despesas de transporte". o Rei ao apelo tão necessitado. (12).

à sua conveniência, flagelam os deve dores com ruína notável das fábricas,

mente favorável, levarain muitos à em presa açucareira. Já em 1801 a conjun

engenho. Impedia também que o exequente juntasse várias dívidas de outros

padecendo muito esta nova vila de Pôrto

tura açucareira era tão desfavorável que

credores, a fim de exceder a metade do

Feliz, que principiava a florescer na cultura desta estimável planta, única que

as novas zonas de produção se viaín na

valor do engenho.

contingência de pedir ao governo a con

no\'a -lei, para efeito de execução, as

i lA

trário ao progresso da cultura daquele gênero, em um país que dificultosamente pode fazer chegar os seus efeitos aos

de ser cpnsidcrada separadamente a quantia de cada uma das dívidas e não chegar a mesma a exceder a metade do

da propriedade, desde que não excedesse

iv.'

Ultramarino que se devia fazer cessar tal tributo, "por ser evWenlemente con

consumidos, em têrnios de suportar a

queles que a pedissem. A emulação e o espírito de aventura, estimulados pela situação momentanea

a concederia sem ouvir os confinantes, c

tal ta.va, subsistindo a mesma apenas

muitos e diferentes credores, com o fim

suas fábricas, ou a erigirem novas, quando, "repentinamente, pela falta de comércio, ocasionada pela guerra (guer ras napoleônícas), deu este gênero em notável baixa, apanhando a uma grande parte de fabricantes de açúcar empenha dos. Os credores, que só olham para

sem prévias informações e e.xames, que qualificassem o direito de cada um da

Pedia a

Câmara que se isentasse o açúcar de

a dívida mais da metade do valor do

Tornava agora a

que, para apresentá-los nos mesmos mercados, não são obrigados a tantas Em 17 de outubro dc 1807, atendia NOTAS

(1) Antônio Manuel de Melo Casti'o e

Mendonça, "Ofício sobre o emprêgo do arado na lavoura paulista, 8 de janeiro de milO". Documentos interessantes para a hisiórla e costumes de São Paulo, vol. 44. (2) Marechal José Arouche de Toledo Rondon, "Reflexões sôbre o estado em

^


Dicesto Econômico

84

só se sente o mal presente e se despreza o futuro, pouco importa que a decadên cia futura do-açúcar traga após si a ruí na dos senhores de engenho, se ainda neste ou nos anos próximos subsequentes êles acharem a quem iludir com o mes

analogia da terra para a produção dêste

cessão do privilégio de não execução de penhoras. Os apelos foram tantos que decidiu o go\'êrno proibir o aparecimen

vegetal". (11). Pedia então a Câmara

to de no\'os engenhos e novas áreas de

que o prúilégio concedido por porta

fabricação.

ria do 26 dc abril de 1760 aos senhores

obrigações conjuntas. Desde que ura credor mostrasse que o devedor tinha mais dívidas e que estas, somadas, exce diam a metade do valor do engenho,

podia arrematá-lo e, de seu produto, pagar os outros credores. Para bene

de engenho do Rio do Janeiro — de não poderem ser executados — fòssc es

Atendido êsse aspecto é que se de cidiu a Metrópole a favorecer aos já

ficiar os devedores de boa fé, pennitia-

empenhados. Não fõra somente a vila

se-lhes, também, oferecer à venda algu

de 15 de março de 1800, procuravam-se fixar as responsabilidades sobre as faltas

tendido aos moradores de São Paulo.

de Pôrto Feliz que representara ao go verno, mas também as de Sorocaba,

ma propriedade rústica ,ou urbana, cujo justo valor e.xcedesse a metade da dí

e avarias achadas nos gêneros importa dos por mar nas Alfândegas do Reino, com o fito de evitar que diversificasse o açúcar na qualidade e quantidade. O objetivo claro dèsse edital era o de obri

ressado cm favorecer os que se tinham seduzido pela mellioria passageira do

São Carlos e Parnaíba, suplicando a gra

vida.

ça do privilégio concedido, em 1760, ao Rio do Janeiro, de não execução dos engenhos, sendo os credores obrigados a pagar-se pelos rendimentos.

A situação açucareira na capitania de São Paulo, ainda assim, não era satisfa

nada pelo preço elevado do produto.

O Alvará acerca das execuções nos

Pelo Alvará de 13 dc maio de 1802, re-

engenhos de açúcar data de 6 de julho

Rei, a fim de protestar contra a impo sição de 40 réis em cada arròba de açúcar. O impôsto fòra lançado pelo governador Antônio Manuel de Melo

mo produto mal fabricado". (10). No Edital acerca da avaria do açúcar,

gar os fabricantes e negociantes a apre sentar um tipo uniforme, universalmente

aceito, 6 impedir os velhos processos portugueses de ganhar à custa de dife renças nos pesos declarados.

A melhoria do preço observada nos

fins^ do século XVIII fizera mulHplicar o número de engenhos. Numa economia instável como a nossa, a corrida ao

açúcar poderia provocar prejuízos de conseqüências incalculáveis, caso não obstasse o govêmo a proliferação de novas fábricas.

O govêmo não estava realmente inte preço do açúcar. Estava, isso sim, real mente preocupado em evitar a multi plicação das fábricas de açúcar, ocasio

tória. Em 2 de abril de 1803 dirigira-se novamente a Câmara de Pôrto Feliz ao

conhecíam-se os danos c prejuízos que

de 1807, cinco anos após a medida que

resultavam para o Estado da ilimitada li

impedira a multiplicação dos engenhos.

berdade dos senhores de engenho de

Como nas velhas zonas açucareiras há

Castro e Mendonça, com a denomina

construir novas fábricas, não obstante a

muito já se providenciara sòbre as divi das, impedindo a execução da pcnhora, agora era necessário atender somen

ção de contribuição literária.

te às novas regiões produtoras de São

para os outros gêneros, cuja cultura não fôsse dispendiosa. Achou o Conselho

Provisão de 3 de novembro de 1681 ha

ver disposto em uma légua a distância quo deveria separar um engenho de

Paulo. O govêrno, nesse Alvará, deci

outro.

Êsse Alvará, tentando obstar a clan

dira estabelecer certas restrições, a fim

destina e prejudicial multiplicação de

de evitar abusos freqüentes.

Entre os

engenhos, determinava que da data de

perniciosos efeitos da má fé e detestável

sua publicação em diante não se insta

astúcia

nho de 1801, mostra-se que em Porto Feliz a elevação do preço animou os

lasse engenho novo, sem preceder a li

fraudar os capitalistas, capitula-se o de procurarem constituir-se devedores de

senhores de engenho ja aumentasen^

cujo distrito se quisesse construí-lo. Es tabelecia ainda que o governador não

Num documento paulista de 27 de ju

Lu.

pode facilitar aos fiéis vassalos de Vossa Altcza Real nestes sertões*, pela grande

85

Digesto Econômico

cença do governador da Capitania, em

dos

devedores, deliberados a

mercados das terras aonde hão de ser concorrência com o de outros muitos

valor do seu engenho. A lei anterior impedia a arrematação

despesas de transporte". o Rei ao apelo tão necessitado. (12).

à sua conveniência, flagelam os deve dores com ruína notável das fábricas,

mente favorável, levarain muitos à em presa açucareira. Já em 1801 a conjun

engenho. Impedia também que o exequente juntasse várias dívidas de outros

padecendo muito esta nova vila de Pôrto

tura açucareira era tão desfavorável que

credores, a fim de exceder a metade do

Feliz, que principiava a florescer na cultura desta estimável planta, única que

as novas zonas de produção se viaín na

valor do engenho.

contingência de pedir ao governo a con

no\'a -lei, para efeito de execução, as

i lA

trário ao progresso da cultura daquele gênero, em um país que dificultosamente pode fazer chegar os seus efeitos aos

de ser cpnsidcrada separadamente a quantia de cada uma das dívidas e não chegar a mesma a exceder a metade do

da propriedade, desde que não excedesse

iv.'

Ultramarino que se devia fazer cessar tal tributo, "por ser evWenlemente con

consumidos, em têrnios de suportar a

queles que a pedissem. A emulação e o espírito de aventura, estimulados pela situação momentanea

a concederia sem ouvir os confinantes, c

tal ta.va, subsistindo a mesma apenas

muitos e diferentes credores, com o fim

suas fábricas, ou a erigirem novas, quando, "repentinamente, pela falta de comércio, ocasionada pela guerra (guer ras napoleônícas), deu este gênero em notável baixa, apanhando a uma grande parte de fabricantes de açúcar empenha dos. Os credores, que só olham para

sem prévias informações e e.xames, que qualificassem o direito de cada um da

Pedia a

Câmara que se isentasse o açúcar de

a dívida mais da metade do valor do

Tornava agora a

que, para apresentá-los nos mesmos mercados, não são obrigados a tantas Em 17 de outubro dc 1807, atendia NOTAS

(1) Antônio Manuel de Melo Casti'o e

Mendonça, "Ofício sobre o emprêgo do arado na lavoura paulista, 8 de janeiro de milO". Documentos interessantes para a hisiórla e costumes de São Paulo, vol. 44. (2) Marechal José Arouche de Toledo Rondon, "Reflexões sôbre o estado em

^


yr*' 'I

Dícksto EcosÓNftco

8fl

que se acha a agricultura na capitania dc São Paulo".

2° semestre de 1788,

Do

cumentos intere&Banles, vol. 44, p. 208.

(3) Ofício do governador D. Fomando Jose do Portugal para D. Rodrigo de Sou sa Coutinho, em que so refere ao emprego de bois c arados na cultura de terras e

das canas miúdas do açúcar como com bustível nas fornallias dos engenhos. Ba hia, 38-3-1798.

Anais da Biblioteca Nacio

nal. vol. 36. doe. n. 18.170.

(4) Pelo aviso de 18 de maio de 1801.

S. A. Real coníormou-.se com a represen tação feita pelo Capilão-geral e o autori

zou a arbitrar a porção de terras que co da sesmeiro deveria lavrar por ano. Cf Melo Castro. Ofício cit., p. 146-148.

(7) Memória acima citada, p. 137. (8) Contrato de sal. Documentos ilile< pesaanles, vol. 3. p. í)7.

(9) José Honório Rodrigues. "Agricul tura e economia açucarcira no século XIX", Brasil Açucareiro, fev. de 1943. (10) Memória citada, p. 143,

venção do povóruo na propriedade priva da

Além di-s.'^c. nao eram raras as denún

O eA/tt£?íin/e

I^A\'i Mouetzsohn Campista nasceu

Nos discursos proferidos por ocoíião da passagem do centenário de Rui Barbosa,

na cidade da antiga Côrte, ao.s 22

inúmeras vêzes veio ei baila o nome de

dt; janeiro de 1863. Filho dc um co

cias dessa oirion..

(5) Carta de Josc da Silva Lisboa para

(11' Representação da Ciimara de Pôrto Feliz, .sobre as execuções nos engenhos de açúcar. Documentos interessantes, vol. 44. p. 253-255. Pórto Feliz fóra insta lada como vila cm 1797.

n. 19.C93.

tava de 1728.

apresentada ao governador

Antônio Gontijo df. Caiivalho

O anota

dor acha que Castro e Mendonça estava CNagerando. com o filo de intervir na economia ni'eJi:a cias fazendas de açú car Mas não imvía. naquela época, ne cessidade de tais processos para a inter

D. Rodrigo de Sousa Coutinho sóbre os engenhos do açúcar e os maquinlsmos em pregados Jia sua preparação... ge-S-lTOO".' Anais da Biblioteca Nacional, vol 3S doe Antônio José da França c

Di\ll

A freguesia da

merciante de drogas, Antônio Leopoldo

Davi Campista, nem sempre julgado com a devida justiça. Reproduzimos, por

da Silva Campista, fèz o.s preparatórios

isso, o ensaio sôbrc o notável financista,

no Colcgio Pedro II e inatviculou-se, cm

inserto no volume "Estadistas da fícpú-

1870, na Faculdade de Direito dc São

hlica", iuiêiramenle esgotado.

Paulo.

(12) Arquivo do Conselho Ultramarino. Consulta.? das capitanias de Minas e Sâo Paulo. Goiás c Moto Gios.so 11751-1807). Msp. do Inst. Hist. e Geog. Brasileiro. Be-

vista do Inst. Hist. e Geog. Brás., vol. 35, P. 56I-6ÜÜ.

Nove livros, um drama em cena e

oito jornais, constituem documento pal

pável de que fccund;i foi a atividade es-

boração dc Alexandre Coelho.

ludantina natiucle ano. Dosupareceii tt

Cassai foi eleito orador do Clube do

imprensa literária e a imprensa acadê

Primeiro Ano, c Pedro Lessa. o aluno

mica foi c.vclusivamcnto política.

ria, dom que os anos não confirmaram. Não sendo obrigatória a frccjiiència, os

Críticos da Faculdade dc Dueito em

estudantes mal so conheciam. Destacou

187tí". Mouavquista, troiisc o depoimen

Sá Viana, entre os que se distingui

to dc (juc a mocidade era quase toda

ram no ensino do Direito, os primeiranis-

Dos ofiidores acadêmicos, riom Edtiar-

las Artur de Barres, Pedro Lessa, Valdomiro Guilherme e Estêvão de Oliveira.

do Prado, do Clube Constitucional, nem

No dia 11 de agó.sto dc 1879, houve

Assiz Brasil, do Clube Republicano, nem Cardoso de Melo Júnior, do Circtilo dos Estudantes Calólieo.s, os (]ue melhor pro

a festa tradicional. "Falaram Cardoso dc

metiam. Pires Brandão, futtiro genro de Ferreira Viana, era quem so destacava

Melo Júnior, que, apesar de merecer upliuisos, foi por diversas vezes pertur bado por ditos picantes que certamente

não partiram do corpo acadêmico; Ciro

fácil e correta.

por parte da "Greve Jurídica c Ismael que foram bem recebidos; Lamounier,

Sá Viana, nesse opúsculo, acusa a Assiz Brasil de plagiário de Guerra Jun-

muito vaiado e .Afonso Celso Júnior que sem dúvida fez as honras da noite com

queiro e o ticonselha a estudar e a va

um excelente discurso."

riar os discursos, pura se tornar excelen

Em 1879 foi promulgado o decreto que declarava livre o ensino superior em todo o Império e abolia a freqüência obrigatória às aulas. Esse acontecimento

como orador dc voz agradável, palavra

I?í.

que demonstrava ter vocação pela orató

O segundani.sta Sá Viana publicou um felhctc, hoje muitíssimo raro, "Esbo(?os

republicana.

>^.1!

Barres

te tribuno.

Os calouros fundaram o jornalzinho

"A Idéia", em que se salientava a cola-


yr*' 'I

Dícksto EcosÓNftco

8fl

que se acha a agricultura na capitania dc São Paulo".

2° semestre de 1788,

Do

cumentos intere&Banles, vol. 44, p. 208.

(3) Ofício do governador D. Fomando Jose do Portugal para D. Rodrigo de Sou sa Coutinho, em que so refere ao emprego de bois c arados na cultura de terras e

das canas miúdas do açúcar como com bustível nas fornallias dos engenhos. Ba hia, 38-3-1798.

Anais da Biblioteca Nacio

nal. vol. 36. doe. n. 18.170.

(4) Pelo aviso de 18 de maio de 1801.

S. A. Real coníormou-.se com a represen tação feita pelo Capilão-geral e o autori

zou a arbitrar a porção de terras que co da sesmeiro deveria lavrar por ano. Cf Melo Castro. Ofício cit., p. 146-148.

(7) Memória acima citada, p. 137. (8) Contrato de sal. Documentos ilile< pesaanles, vol. 3. p. í)7.

(9) José Honório Rodrigues. "Agricul tura e economia açucarcira no século XIX", Brasil Açucareiro, fev. de 1943. (10) Memória citada, p. 143,

venção do povóruo na propriedade priva da

Além di-s.'^c. nao eram raras as denún

O eA/tt£?íin/e

I^A\'i Mouetzsohn Campista nasceu

Nos discursos proferidos por ocoíião da passagem do centenário de Rui Barbosa,

na cidade da antiga Côrte, ao.s 22

inúmeras vêzes veio ei baila o nome de

dt; janeiro de 1863. Filho dc um co

cias dessa oirion..

(5) Carta de Josc da Silva Lisboa para

(11' Representação da Ciimara de Pôrto Feliz, .sobre as execuções nos engenhos de açúcar. Documentos interessantes, vol. 44. p. 253-255. Pórto Feliz fóra insta lada como vila cm 1797.

n. 19.C93.

tava de 1728.

apresentada ao governador

Antônio Gontijo df. Caiivalho

O anota

dor acha que Castro e Mendonça estava CNagerando. com o filo de intervir na economia ni'eJi:a cias fazendas de açú car Mas não imvía. naquela época, ne cessidade de tais processos para a inter

D. Rodrigo de Sousa Coutinho sóbre os engenhos do açúcar e os maquinlsmos em pregados Jia sua preparação... ge-S-lTOO".' Anais da Biblioteca Nacional, vol 3S doe Antônio José da França c

Di\ll

A freguesia da

merciante de drogas, Antônio Leopoldo

Davi Campista, nem sempre julgado com a devida justiça. Reproduzimos, por

da Silva Campista, fèz o.s preparatórios

isso, o ensaio sôbrc o notável financista,

no Colcgio Pedro II e inatviculou-se, cm

inserto no volume "Estadistas da fícpú-

1870, na Faculdade de Direito dc São

hlica", iuiêiramenle esgotado.

Paulo.

(12) Arquivo do Conselho Ultramarino. Consulta.? das capitanias de Minas e Sâo Paulo. Goiás c Moto Gios.so 11751-1807). Msp. do Inst. Hist. e Geog. Brasileiro. Be-

vista do Inst. Hist. e Geog. Brás., vol. 35, P. 56I-6ÜÜ.

Nove livros, um drama em cena e

oito jornais, constituem documento pal

pável de que fccund;i foi a atividade es-

boração dc Alexandre Coelho.

ludantina natiucle ano. Dosupareceii tt

Cassai foi eleito orador do Clube do

imprensa literária e a imprensa acadê

Primeiro Ano, c Pedro Lessa. o aluno

mica foi c.vclusivamcnto política.

ria, dom que os anos não confirmaram. Não sendo obrigatória a frccjiiència, os

Críticos da Faculdade dc Dueito em

estudantes mal so conheciam. Destacou

187tí". Mouavquista, troiisc o depoimen

Sá Viana, entre os que se distingui

to dc (juc a mocidade era quase toda

ram no ensino do Direito, os primeiranis-

Dos ofiidores acadêmicos, riom Edtiar-

las Artur de Barres, Pedro Lessa, Valdomiro Guilherme e Estêvão de Oliveira.

do Prado, do Clube Constitucional, nem

No dia 11 de agó.sto dc 1879, houve

Assiz Brasil, do Clube Republicano, nem Cardoso de Melo Júnior, do Circtilo dos Estudantes Calólieo.s, os (]ue melhor pro

a festa tradicional. "Falaram Cardoso dc

metiam. Pires Brandão, futtiro genro de Ferreira Viana, era quem so destacava

Melo Júnior, que, apesar de merecer upliuisos, foi por diversas vezes pertur bado por ditos picantes que certamente

não partiram do corpo acadêmico; Ciro

fácil e correta.

por parte da "Greve Jurídica c Ismael que foram bem recebidos; Lamounier,

Sá Viana, nesse opúsculo, acusa a Assiz Brasil de plagiário de Guerra Jun-

muito vaiado e .Afonso Celso Júnior que sem dúvida fez as honras da noite com

queiro e o ticonselha a estudar e a va

um excelente discurso."

riar os discursos, pura se tornar excelen

Em 1879 foi promulgado o decreto que declarava livre o ensino superior em todo o Império e abolia a freqüência obrigatória às aulas. Esse acontecimento

como orador dc voz agradável, palavra

I?í.

que demonstrava ter vocação pela orató

O segundani.sta Sá Viana publicou um felhctc, hoje muitíssimo raro, "Esbo(?os

republicana.

>^.1!

Barres

te tribuno.

Os calouros fundaram o jornalzinho

"A Idéia", em que se salientava a cola-


88

Dicesto Económ 89

Digesto Econômico

funesto, de iniciativa do Conselheiro

Leôncio de Carvalho, não impediu, con

tudo, de se elevar o número das repro vações e os processos de indisciplina de estudantes.

Um pavoroso incêndio destruiu no ano

Júnior e Marcondes l'ilIio, que pode riam citar de cor, a (piahpicr momento, artigos c le.xtos de lei e esta\ ani sempre a par das últimas novidades jurídicas.

c Direito Público Constitucional, na Fa culdade de Direito de Minas Corais; de

lo nos concílios cm que sc decidiam os

putado federal; Ministro da Fazenda;

João Alberto Sales c Pedro Lessa, du

Ministro na Dinamarca e nu Suécia, Davi

Inlegravatn-na políticos que não dcsluslrariam qualquer Parlamento. Salien

destinos do Minas.

rante a fase acadêmica, dirigiram o pe

Campista hú nm dos maiores estadistas

seguinte a maior parte do Arquivo da

taram-se nas discussões: Afonso Pena,

riódico republicano

do Brasil c ein lòrno do seu nome se fez.

Faculdade.

operoso, de caráter inflexível, funda

que teve a colaboração de Davi Cam pista.

Não se conhecem, infe

lizmente, os autores do nefando crime.

Felizmente, — escreveu o evocador das

reminiscôncias

acadêmicas,

Spencer

Vampré, ~ porque assim não tem a

gloriosa Escola de gravar em seus anais, com o ferrete da ignomínia, o nome de um dos seus filhos.

Naquele ano esteve desfalcada a Con gregação com a ausência dos Andradas - Mardm Francisco, José Bonifácio c Antônio Carlos — que tiveram assento

na Assembléia Legislativa. Mantiveram, porem, bem vivas as tradições de cul tura do corpo docente da velha Acade mia, os jurisconsultos Duarte Azevedo, no Direito Romano, e Barão do RamaIho, no Processo Civil e Comercial.

O jovem Davi Campista era magro de feições delicadas, pálido, de pele muito ah-a. Pouco assíduo às aulas, de temperamento arredio, dedicava-se às

coisas de arte. Morava em companhia de Constantino Faro, de Santos, na re

sidência de Hermann Hass, a quem vie ra recomendado de Juiz de Fora, à rua

da Caixa d'Âgua, hoje Paranapiacaba, e daí se transferiu para um prédio da Praça da Sé, esquina de Santa Tereza. Sempre com o indefectível indumento

da época — sobrecasaca, plastron e car tola — usufruía, entre os companheiros, fama de grande inteligência e pouca aplicação. Talvez estivesse incluído en

"O Fcderalista",

olvido inexplicável.

mentalmente religioso, jurista, de vasta

Não conheço, entretanto, em nossa

experiência adquirida nas pugnas do logo e mineralogista de fama mundial,

mencionar, entre os que se destacaram na jurisprudência, no' jornalismo e na

história política, figura mais sedutora do que a desse "causeur" encantador e elegante tribuno. Ninguém, como ele, morto aos 48 anos

política: Pedro Lessa, Júlio Mesquita,

de idade, mereceu na

corrente

Martim Francisco Sobrinho, Tcodoro de

República o mausoléu

lista; Eduardo da Ga

A turma de estudantes clc 1879 era

das maiores c das melhores.

Poderia

lúsloriudor e humanista, memória pro

digiosa, corporificava na Assembléia a tradiciona

Carvalho, Sá Viana, João Alberto Sales,

simbólico

Alcides Lima, Luiz Pisa, Homero Ba

trancada.

ma Cerqueira, erudito o pugnaz; Virgílio

tista, Francisco Badaró, Vitorino Mon

A biografia dêsse singular homem pú

Franco, magistrado e

teiro, Cujxite Valente, Bueno de Paiva e

da

coluna

Martins

de

Melo

Leonel de Rezende.

blico, tão rica de en

historiador, com larga

Formando-se em ciências jurídicas e sociais em 1883, Davi Campista foi ad

sinamentos

fôlha de serviços á

de tão c.stranlia poe

terra natal;

vogar em Rio Prêto, onde era conhecido

sia, precisa ser divul gada por escritores

Brandão, voluntarioso

que possuam os re

ferrenho; Sabino Bar

cursos picturais de um Stefan Zweig, de

Sêrro", político habi-

um André Maurois ou

líssimo,

como "dr. Moretzsohn", e, nessa cidade da Zona da Mata de Minas Gerais, consorciou-se com Jovita Maia, fillia do fa

zendeiro João Araújo Maia. 0,9 cargos públicos

cívicos

o

do um Emil Ludwig. Não 'será fácil ao historiador a tarefa

Neto, filho e pai do mineiros, Davi Campista fêz a carreira política em Mi nas. Promotor Público e Agente Execu tivo do Município de Rio Prêto; propagandista da República; deputado à As sembléia Constituinte Mineira; deputado à Primeira Assembléia Legislativa Ordi nária do Estado; Secretário da Agricul

Davi Campista não se preocupava com

e enérgico, partidário roso, "o canário do autor,

na

República, de aconte cimentos que alteraram o curso da his tória do Brasil; Xavier da Veiga, repu ras"; Olinto de Magalhães, médico que

ram, infelizmente, destruídos pelo cupim. À conspiração do destino aliou-se a

tos de Direito Constitucional, futuro Mi

ingratidão dos homens.

vêmo de Campos Sales; Levindo Ferrei

tado historiador das "Efemérides Minei

dissertou com proficiência sôbre assun nistro das Relações Exteriores do Go

ra Lopes, processualista notável; Luiz • O constituinte

tura e Obras Públicas, durante a Presi

dência Afonso Pena; superintendente, na Europa, do Serviço de Emigração,

Silviano

o seu arquivo particular e os documen tos que deixou encaixotados, ao partir para a Europa, em agosto de 1909, fo

Honrou as tradições de cultura do po

tre os "falsos boêmios", coino o estive ram, posteriormente, na Faculdade, os

no Govêmo Bias Fortes; Secretário das

vo montanhês a Constituinte Estadual

Finanças, na administração de Silviano

de 1891.

intelectuais Herculano de Freitas, Cirilo

Brandão; professor de Economia Política

Presidia-a Bias Fortes,, a austeridade

feita homem, cuja palavra era um orácu AÉf.

Parlamento Imperial; Costa Sena, gw-

Barbosa da Gama Cerqueira, personifi cação da serenidade, expositor magnífi co; Antônio Augusto Veloso, jurista de polpa, tradutor emérito das odes de Horácio; Otávio Otoni, orador que arreba tava auditórios; finalmente, Davi Cam

pista, radiosa esperança de homem de


88

Dicesto Económ 89

Digesto Econômico

funesto, de iniciativa do Conselheiro

Leôncio de Carvalho, não impediu, con

tudo, de se elevar o número das repro vações e os processos de indisciplina de estudantes.

Um pavoroso incêndio destruiu no ano

Júnior e Marcondes l'ilIio, que pode riam citar de cor, a (piahpicr momento, artigos c le.xtos de lei e esta\ ani sempre a par das últimas novidades jurídicas.

c Direito Público Constitucional, na Fa culdade de Direito de Minas Corais; de

lo nos concílios cm que sc decidiam os

putado federal; Ministro da Fazenda;

João Alberto Sales c Pedro Lessa, du

Ministro na Dinamarca e nu Suécia, Davi

Inlegravatn-na políticos que não dcsluslrariam qualquer Parlamento. Salien

destinos do Minas.

rante a fase acadêmica, dirigiram o pe

Campista hú nm dos maiores estadistas

seguinte a maior parte do Arquivo da

taram-se nas discussões: Afonso Pena,

riódico republicano

do Brasil c ein lòrno do seu nome se fez.

Faculdade.

operoso, de caráter inflexível, funda

que teve a colaboração de Davi Cam pista.

Não se conhecem, infe

lizmente, os autores do nefando crime.

Felizmente, — escreveu o evocador das

reminiscôncias

acadêmicas,

Spencer

Vampré, ~ porque assim não tem a

gloriosa Escola de gravar em seus anais, com o ferrete da ignomínia, o nome de um dos seus filhos.

Naquele ano esteve desfalcada a Con gregação com a ausência dos Andradas - Mardm Francisco, José Bonifácio c Antônio Carlos — que tiveram assento

na Assembléia Legislativa. Mantiveram, porem, bem vivas as tradições de cul tura do corpo docente da velha Acade mia, os jurisconsultos Duarte Azevedo, no Direito Romano, e Barão do RamaIho, no Processo Civil e Comercial.

O jovem Davi Campista era magro de feições delicadas, pálido, de pele muito ah-a. Pouco assíduo às aulas, de temperamento arredio, dedicava-se às

coisas de arte. Morava em companhia de Constantino Faro, de Santos, na re

sidência de Hermann Hass, a quem vie ra recomendado de Juiz de Fora, à rua

da Caixa d'Âgua, hoje Paranapiacaba, e daí se transferiu para um prédio da Praça da Sé, esquina de Santa Tereza. Sempre com o indefectível indumento

da época — sobrecasaca, plastron e car tola — usufruía, entre os companheiros, fama de grande inteligência e pouca aplicação. Talvez estivesse incluído en

"O Fcderalista",

olvido inexplicável.

mentalmente religioso, jurista, de vasta

Não conheço, entretanto, em nossa

experiência adquirida nas pugnas do logo e mineralogista de fama mundial,

mencionar, entre os que se destacaram na jurisprudência, no' jornalismo e na

história política, figura mais sedutora do que a desse "causeur" encantador e elegante tribuno. Ninguém, como ele, morto aos 48 anos

política: Pedro Lessa, Júlio Mesquita,

de idade, mereceu na

corrente

Martim Francisco Sobrinho, Tcodoro de

República o mausoléu

lista; Eduardo da Ga

A turma de estudantes clc 1879 era

das maiores c das melhores.

Poderia

lúsloriudor e humanista, memória pro

digiosa, corporificava na Assembléia a tradiciona

Carvalho, Sá Viana, João Alberto Sales,

simbólico

Alcides Lima, Luiz Pisa, Homero Ba

trancada.

ma Cerqueira, erudito o pugnaz; Virgílio

tista, Francisco Badaró, Vitorino Mon

A biografia dêsse singular homem pú

Franco, magistrado e

teiro, Cujxite Valente, Bueno de Paiva e

da

coluna

Martins

de

Melo

Leonel de Rezende.

blico, tão rica de en

historiador, com larga

Formando-se em ciências jurídicas e sociais em 1883, Davi Campista foi ad

sinamentos

fôlha de serviços á

de tão c.stranlia poe

terra natal;

vogar em Rio Prêto, onde era conhecido

sia, precisa ser divul gada por escritores

Brandão, voluntarioso

que possuam os re

ferrenho; Sabino Bar

cursos picturais de um Stefan Zweig, de

Sêrro", político habi-

um André Maurois ou

líssimo,

como "dr. Moretzsohn", e, nessa cidade da Zona da Mata de Minas Gerais, consorciou-se com Jovita Maia, fillia do fa

zendeiro João Araújo Maia. 0,9 cargos públicos

cívicos

o

do um Emil Ludwig. Não 'será fácil ao historiador a tarefa

Neto, filho e pai do mineiros, Davi Campista fêz a carreira política em Mi nas. Promotor Público e Agente Execu tivo do Município de Rio Prêto; propagandista da República; deputado à As sembléia Constituinte Mineira; deputado à Primeira Assembléia Legislativa Ordi nária do Estado; Secretário da Agricul

Davi Campista não se preocupava com

e enérgico, partidário roso, "o canário do autor,

na

República, de aconte cimentos que alteraram o curso da his tória do Brasil; Xavier da Veiga, repu ras"; Olinto de Magalhães, médico que

ram, infelizmente, destruídos pelo cupim. À conspiração do destino aliou-se a

tos de Direito Constitucional, futuro Mi

ingratidão dos homens.

vêmo de Campos Sales; Levindo Ferrei

tado historiador das "Efemérides Minei

dissertou com proficiência sôbre assun nistro das Relações Exteriores do Go

ra Lopes, processualista notável; Luiz • O constituinte

tura e Obras Públicas, durante a Presi

dência Afonso Pena; superintendente, na Europa, do Serviço de Emigração,

Silviano

o seu arquivo particular e os documen tos que deixou encaixotados, ao partir para a Europa, em agosto de 1909, fo

Honrou as tradições de cultura do po

tre os "falsos boêmios", coino o estive ram, posteriormente, na Faculdade, os

no Govêmo Bias Fortes; Secretário das

vo montanhês a Constituinte Estadual

Finanças, na administração de Silviano

de 1891.

intelectuais Herculano de Freitas, Cirilo

Brandão; professor de Economia Política

Presidia-a Bias Fortes,, a austeridade

feita homem, cuja palavra era um orácu AÉf.

Parlamento Imperial; Costa Sena, gw-

Barbosa da Gama Cerqueira, personifi cação da serenidade, expositor magnífi co; Antônio Augusto Veloso, jurista de polpa, tradutor emérito das odes de Horácio; Otávio Otoni, orador que arreba tava auditórios; finalmente, Davi Cam

pista, radiosa esperança de homem de


I

I MUI

J OfOESTo Econômico

Dicesto Econónuco

90

giiéin nuiis do <[ue eu deseja conservar

tes adotaram as conclusões de aniigos

a integridade do território de nossa ter

Torrencial i-ra a palax ra do Da\ i Caiii-

rnonarquistas, que eonsideraram extem porâneas l<klas as propnsía.s.

se manifestasse em sentido contrário,

pista. Jorrava aos borbotões. Catadupas dc pérolas afluíain-lbe aos lábios. Recor

tomar parte nu Comis-ão designada pe

dou-me Luiz Barbosa da Gama Ccr-

lo Congresso para eumprimeular o go

queira que, na Assembléia Constituinte

vernador Augusto dc Lima, c proferiu urna oração que é pccjucnina obra-prima de malícia política. Esse incidente, de funda repercussão em Minas, foi o to que de clarim dc sua notoriedade.

Estudo, orgullto d;i gerarão

ri-puhli-

cana.

de Minas, não luivia taquigrafo, por mais

hábil, que conseguis.se apanhar-lhe lite ralmente as orações.

Justificou, na estréia, a moção que re conhecia e confirmava os poderes de que se achava investido o Govêmo, com o intuito de, antes de adotada a Con.stiluição Mineira, facilitar-lhe os meios de

Víngando-se da di rrota, reeusou-se a

Pleiteou, na As.sembléia, a mudança da Capital, dc Ouro Prêto. Inipugnou-n, com ferxor, Costa Sena, O estadista \'ia o futuro de Minas.

O sábio \-olvia os

que carecia para a administração. Visava a moção regularizar uma situa

olhos para o lendário passado de Vila

ção de fato e reputar \álidos tis atos

ponto de vista do contcmplati\o.

que o Go\êrno praticasse enquanto não

Rica. Felizmente não predominou o Tese defendida com cinlilaçõe.s de la-

expressamente revogados pelo Poder Le

lentc-, foi a defesa ampla da autonomia

gislativo.

municipal. Não sofreu séria contradita a argumentação de Campista. O lema

Discurso curto e incisivo. Lendo-o, não parece ter sido a reprodução taquigráfica de oração de estréia de um jo vem. O té.xto dá a impressão de que foi redigido por velho magistrado. Provocou,

ainda era o dos antigos democratas nor te-americanos : "A desconfiança para

com o poder central é a pedra angular

ra. Mas, se algum dia a vontade popular obedeceria ao povo soberano". Essa de claração, provinda de um democrata sincero e do um coração de patriota, mal compreendida, acarretou-lbc .sérios dissa bores em Minas.

Ardorosamente,

combateu a criação

Para os velhos, o Senado era uma \'álvula tlc defesa contra a inexperiência

dos moços. Propor a supressão do Sena do c travessura de Davi Campista, fri sava o austero Eduardo da Gama Cer-

queira. "Para honra de Minas, responde o nosso biografado, peço que cessem os

argumentos da inexperiência. Todos so mos igualmente representantes de Mi nas.. Não con.sidero a madureza da ida

do Senado Estadual, propugnada pelos conservadores, a cuja frente se encon trava Afonso Pena. Memorável o prélio

de como presunção da madureza do

travado. Representava Campista^ o es pírito da mocidade que pretendia reno

plo norte-americano da Câmara dual, mero respeito â tradição inglesa. Fulmi nante a réplica : "Se prevalecer o crité

var o ambiente conservador do Estado montanhês.

Doutrina, graça, verve, sabor literário, contém essas orações. Camilo de Brito,

ao inxocar o argumento de Washington

juízo". Os adversários invocaram-lhe o exem

rio da tradição, o Brasil responderia cora a Assembléia xiníca que fez a Constitui ção Federal".

Hoje ninguém advogará a existência

c dc Jefferson dc que a autoridade do Senado foi inspirada na suposta conx-e-

de Senados nos Estados. Inútil, entre

niência de derramar os atos legislativos da Cdmara no pires senatorial, espirituosamente declara que, se os atos legis

"Os belos discursos não mudam votos de

tanto, o seu esforço. Já advertia Thiers: parlamentares".

Não concordou, inexplicâvelmente, por não ser um agnóstico, com a invo

da liberdade". Mais tarde, no governo

entretanto, a moção Campista, no .seio

lativos ficassem unicamente contidos na xícara da Câmara, correriam o risco

de Artur Bernardes, ao rever a Consti

da Assembléia, a mesma inquietação que

tuição Estadual, o líder Francisco Cam

dc, i^or deiruxís quentes, incendiar Minas

déspertou a do baiano Medeiros Neto, quarenta anos apuS, ao ser discutida

pos, traçando novos rumos ao Direito Público, até então vigente, assestnu as primeiras. baterias contra a democracia

anedota que concretiza todos os argu

liberal, propondo sem êxito a nomeação dos Prefeitos Municipais pelos Gover

mentos cm favor da instituição do Se

aliás com grande elevação' de lingua

nado nos Estados. Replicou Davi Cam

somente a soberania do Congres.so daria

nadores de Estado.

legitimidade ao poder que a Revolução

amadurecida a idéia de que os Prefeitos devem ser administradores e não expoen tes eleitorais de facções organizadas.

idin, que, na sua linguagem familiar,

gem, nobremente: "Se o povo mineiro tiver que me censurar, eu quero, desde já, sofrer as conseqüências do meu pro

proposição idêntica no Congresso Con.stítuinte a que Antônio Carlos presidiu.

Embora sustentasse com altivez que

criou em Minas, combateram-na, susten

tando outras moções, velhos parlamen tares.

Não eslaxa ainda

Examinou ainda, em outro discurso,

inteira.

Não ficou sem troco o narrador da

pista com a pilhéria de Bcnjamin Fran-

cação do nome de Deus na Constituição

Mineira. Ine.xplicávelniente, ainda, por que contrariou os sentimentos religiosos da unanimidade do povo que represen

tava. Finaliza o discurso, pronunciado

dividido em duas Câmaras, a uma car

cedimento; neste como em todos os atos de minha vida, tenho por divisa "viver

roça puxada em sentido inverso por duas

às claras".

comparava o Poder Legislativo, quando fórças. Acrescentou: "Uma assembléia

Tão destacada a sua atuação parla

única pode fazer leis tão más como

mentar que, ao encerrar-se o Congresso Constituinte, foi o delegado dos colegas para proferir a saudação oficial ao pre

A impugnação deu ensejo a uma ré plica pronta e feliz de Da\i Campista,

as disposições referentes aos limites do

que se revelou o esgrimista da palavra,

sü que não predominava em seu espíri

passagem de uma lei má, o Senado é

sem rival na Assembléia. Cio.sos como

to o sentimento de bairrismo. O Brasil

bom. Se o Senado demora uma lei boa,

sidente da Assembléia. Permitiu-lhe es

estavam das suas prerrogativas, naqueles

era uno, do Amazonas ao Rio Grande

o Senado é mau".

sa distinção o ensejo de patentear, ain-

piimórdios da República, os constituin

do Sul. E.xclamou, com firmeza: "Nüi-

território de Minas Gerais. Evídencioq-

duas. Se o Senado serve para demorar a


I

I MUI

J OfOESTo Econômico

Dicesto Econónuco

90

giiéin nuiis do <[ue eu deseja conservar

tes adotaram as conclusões de aniigos

a integridade do território de nossa ter

Torrencial i-ra a palax ra do Da\ i Caiii-

rnonarquistas, que eonsideraram extem porâneas l<klas as propnsía.s.

se manifestasse em sentido contrário,

pista. Jorrava aos borbotões. Catadupas dc pérolas afluíain-lbe aos lábios. Recor

tomar parte nu Comis-ão designada pe

dou-me Luiz Barbosa da Gama Ccr-

lo Congresso para eumprimeular o go

queira que, na Assembléia Constituinte

vernador Augusto dc Lima, c proferiu urna oração que é pccjucnina obra-prima de malícia política. Esse incidente, de funda repercussão em Minas, foi o to que de clarim dc sua notoriedade.

Estudo, orgullto d;i gerarão

ri-puhli-

cana.

de Minas, não luivia taquigrafo, por mais

hábil, que conseguis.se apanhar-lhe lite ralmente as orações.

Justificou, na estréia, a moção que re conhecia e confirmava os poderes de que se achava investido o Govêmo, com o intuito de, antes de adotada a Con.stiluição Mineira, facilitar-lhe os meios de

Víngando-se da di rrota, reeusou-se a

Pleiteou, na As.sembléia, a mudança da Capital, dc Ouro Prêto. Inipugnou-n, com ferxor, Costa Sena, O estadista \'ia o futuro de Minas.

O sábio \-olvia os

que carecia para a administração. Visava a moção regularizar uma situa

olhos para o lendário passado de Vila

ção de fato e reputar \álidos tis atos

ponto de vista do contcmplati\o.

que o Go\êrno praticasse enquanto não

Rica. Felizmente não predominou o Tese defendida com cinlilaçõe.s de la-

expressamente revogados pelo Poder Le

lentc-, foi a defesa ampla da autonomia

gislativo.

municipal. Não sofreu séria contradita a argumentação de Campista. O lema

Discurso curto e incisivo. Lendo-o, não parece ter sido a reprodução taquigráfica de oração de estréia de um jo vem. O té.xto dá a impressão de que foi redigido por velho magistrado. Provocou,

ainda era o dos antigos democratas nor te-americanos : "A desconfiança para

com o poder central é a pedra angular

ra. Mas, se algum dia a vontade popular obedeceria ao povo soberano". Essa de claração, provinda de um democrata sincero e do um coração de patriota, mal compreendida, acarretou-lbc .sérios dissa bores em Minas.

Ardorosamente,

combateu a criação

Para os velhos, o Senado era uma \'álvula tlc defesa contra a inexperiência

dos moços. Propor a supressão do Sena do c travessura de Davi Campista, fri sava o austero Eduardo da Gama Cer-

queira. "Para honra de Minas, responde o nosso biografado, peço que cessem os

argumentos da inexperiência. Todos so mos igualmente representantes de Mi nas.. Não con.sidero a madureza da ida

do Senado Estadual, propugnada pelos conservadores, a cuja frente se encon trava Afonso Pena. Memorável o prélio

de como presunção da madureza do

travado. Representava Campista^ o es pírito da mocidade que pretendia reno

plo norte-americano da Câmara dual, mero respeito â tradição inglesa. Fulmi nante a réplica : "Se prevalecer o crité

var o ambiente conservador do Estado montanhês.

Doutrina, graça, verve, sabor literário, contém essas orações. Camilo de Brito,

ao inxocar o argumento de Washington

juízo". Os adversários invocaram-lhe o exem

rio da tradição, o Brasil responderia cora a Assembléia xiníca que fez a Constitui ção Federal".

Hoje ninguém advogará a existência

c dc Jefferson dc que a autoridade do Senado foi inspirada na suposta conx-e-

de Senados nos Estados. Inútil, entre

niência de derramar os atos legislativos da Cdmara no pires senatorial, espirituosamente declara que, se os atos legis

"Os belos discursos não mudam votos de

tanto, o seu esforço. Já advertia Thiers: parlamentares".

Não concordou, inexplicâvelmente, por não ser um agnóstico, com a invo

da liberdade". Mais tarde, no governo

entretanto, a moção Campista, no .seio

lativos ficassem unicamente contidos na xícara da Câmara, correriam o risco

de Artur Bernardes, ao rever a Consti

da Assembléia, a mesma inquietação que

tuição Estadual, o líder Francisco Cam

dc, i^or deiruxís quentes, incendiar Minas

déspertou a do baiano Medeiros Neto, quarenta anos apuS, ao ser discutida

pos, traçando novos rumos ao Direito Público, até então vigente, assestnu as primeiras. baterias contra a democracia

anedota que concretiza todos os argu

liberal, propondo sem êxito a nomeação dos Prefeitos Municipais pelos Gover

mentos cm favor da instituição do Se

aliás com grande elevação' de lingua

nado nos Estados. Replicou Davi Cam

somente a soberania do Congres.so daria

nadores de Estado.

legitimidade ao poder que a Revolução

amadurecida a idéia de que os Prefeitos devem ser administradores e não expoen tes eleitorais de facções organizadas.

idin, que, na sua linguagem familiar,

gem, nobremente: "Se o povo mineiro tiver que me censurar, eu quero, desde já, sofrer as conseqüências do meu pro

proposição idêntica no Congresso Con.stítuinte a que Antônio Carlos presidiu.

Embora sustentasse com altivez que

criou em Minas, combateram-na, susten

tando outras moções, velhos parlamen tares.

Não eslaxa ainda

Examinou ainda, em outro discurso,

inteira.

Não ficou sem troco o narrador da

pista com a pilhéria de Bcnjamin Fran-

cação do nome de Deus na Constituição

Mineira. Ine.xplicávelniente, ainda, por que contrariou os sentimentos religiosos da unanimidade do povo que represen

tava. Finaliza o discurso, pronunciado

dividido em duas Câmaras, a uma car

cedimento; neste como em todos os atos de minha vida, tenho por divisa "viver

roça puxada em sentido inverso por duas

às claras".

comparava o Poder Legislativo, quando fórças. Acrescentou: "Uma assembléia

Tão destacada a sua atuação parla

única pode fazer leis tão más como

mentar que, ao encerrar-se o Congresso Constituinte, foi o delegado dos colegas para proferir a saudação oficial ao pre

A impugnação deu ensejo a uma ré plica pronta e feliz de Da\i Campista,

as disposições referentes aos limites do

que se revelou o esgrimista da palavra,

sü que não predominava em seu espíri

passagem de uma lei má, o Senado é

sem rival na Assembléia. Cio.sos como

to o sentimento de bairrismo. O Brasil

bom. Se o Senado demora uma lei boa,

sidente da Assembléia. Permitiu-lhe es

estavam das suas prerrogativas, naqueles

era uno, do Amazonas ao Rio Grande

o Senado é mau".

sa distinção o ensejo de patentear, ain-

piimórdios da República, os constituin

do Sul. E.xclamou, com firmeza: "Nüi-

território de Minas Gerais. Evídencioq-

duas. Se o Senado serve para demorar a


Dicf-sto

92

da uma vez, os conhecimentos da his tória política norte-americana, evocan do, com arte, cenas da Con\cnção de Filadélfia.

Econômico

existir disposição que clava ao Presiden

acaso, ocupariam com lustre a cátedra de qualquer Universidade.

te a faculdade clc proscr às" vagos que Se dessem na magistratura do Estado.

Não .sei se estão con^piladas em fascíciilos as lições de Davi Campista, co

violando a Constituição Mineira,

visto

mo as de Filo.sofia do Direito, do Au

gusto de Lima, mestre da prosa e da-

sal\'o o "ennuieux".

direito e de civismo do jü\'em deputado.

|XDesia, darvinista antes da aproximação

Afonso Pena, ouvindo-o, certo dia, dls-

final com São Francisco de Assis. Se o

Realizou Davi Campista, como didata, o tipo concebido por Emerson; "O me

estiverem, não darão sequer pálido re trato do exímio professor que êle foi.

lhor professor é aquele que nos dá a ilusão de que a matéria é fácil".

Congresso Mineiro, aprowando a lição de Profícua a sua atuação na Assembléia da Primeira

Sessão Ordinária.

Eleito

vice-presidente da Câmara, di.scutiu mo ções políticas, assuntos financeiros e

ferroviários, instrução pública e regimem municipal, disposições processuais referentes ao casamento civil, e à incons-

titucionalidade do imposto do consumo de mercadorias fora do Estado. Criticou

acerbamente, ao examinar o orçamento estadual, o fato de o relator ter orçado a receita antes de fixar a despesa, procesjá naquela época, tratadistas da ciência das finanças, como Fraficesco

Nitti, repeliam, por antiquado. Debaten

do tese semelhante, Sabino Banoso pro nuncia notável discurso.

projeto de organização judiciiuia, fêz°empolgante defesa do pa

pel do advogado na sociedade, tratado nas disposições da lei em elaboração com injustificável desconfiança, dando ate a impressão de que se considerava essa atividade profissional como incenti vo ao crime. Na decisão da Assembléia

prevaleceu o bom-senso.

Combateu disposição do regimento, imprópria de uma Câmara democrática 6 incompatível com a natureza do regimem; o tratámento obrigatório de

sertar sobre imposto territorial, em répli

ca a Camilo Prates, po.stou-se a seu lado para mellior aplaudi-lo e, desde ai,

Em Davi Campista, a voz e o gesto

tornou-se o maior de .seus admiradores

contribuíam para que as preleções, de

e o melhor dos amigos.

rigoroso cunho científico, proporcionas

fos buscava a doutrina.

A amizade daquele probo estadista não foi conquistada pela lisonja. Con quistou-a o mérito.

sem aos ouvintes inesquecíveis regalos espirituais. Professor não é sinônimo de sábio.

Fundada em Minas a Faculdade de

Ciências Jurídicas e Sociais, Afonso Pe na, o primeiro diretor, convidou-o para

membro da Congregação do novel esta belecimento.

João Mendes Júnior, filósofo tomista, processuabsta insuperável; Estêvão de Almeida, humanista profundo e civilista emérito, foram os nossos melhores jurisconsultos e não os nossos melhores pro-' fessôres.

O professor

João Mendes e Estevão de Almeida,

Davi Campista estava em dia cxím o Direito Público Americano. Os discursos

que proferiu na Assembléia de Minas

Gerais são preleções de Direito Consti tucional. Foram as credenciais para pro

fessor da referida disciplina na Faculda de do Direito de Ouro Preto. A Escola de Afonso Pena não tem a

tradição das de São Paulo e Recife. Os

.seus filhos espirituais só agora começam a galgar, na vida política e profissional,.

escrevendo Tratados, são hoje mestres de

os conhecimentos das modernas teorias

da filosofia permitiram traçar. Nesse trabalho, posteriormente- am pliado e inserto na "Revista da Faculda de de Direito de Belo Horizonte", com

o título "Introdução á Ciência do Direi

to", desenvolve, para os discípulos, a tese de que à reconstrução científica do Direito Público só nos leva o método constituía esse estudo do Método histó

rico e da teoria de Savigny, para a de

Professor, um José Bonifácio, o Moço,

que deu a um dos seus alunos, o franzi

objetivo da Sociologia. Crítica vigorosa dução de que a sociologia não se con funde com a história.

exata da grandeza da profissão a que ti

"Se a poucos, espíritos é dado desco brir verdades novas, todos podem vulga

nha abraçado, ao fazer a preleçao inau

rizá-las e facilitar-lhes o desemolvimen-

no e imberbe Rui Barbosa, a impressão

gural sòbre a "RetroatÍNudade das Leis".

to", são palawas de Carlos Cattaneo com

Profossôres, por exemplo, Dino Bue-

que encerra o brilhante trabalho, cuja

timo ou inconveniente. Mas a cortesia

a dos maiores intelectuais do País. Men

independe de qualquer texto legal.

des Pimentel, Edmundo Lins, João Luiz Alves, Davi Campista, Gastão da Cunha,

Cerqiieira,

gação, porém, ingressaram homens cuja

Ihering, que uma visão de sociólogo e

Direito.

cultura jurídica e política emparelha com

os postos de comando. Em sua Congre

"Reconstrução Científica do Direito"

ó síntese do panorama da ciência de

magistrados e juristas, e foram incom pletos para os iniciados na Ciência do

que se deveria impedir o tratamento ín

Campista concordava em

Não se aferrava aos textos legais. O

pensamento pairava alto, e nos filóso

no, João Monteiro e Almeida Nogueira, que .souberam despertar a curiosidade dos discípulos, com a fluência de uma palavra de encantadora magia.

Excelência.

mentando os romances e contos de Dos-

toiewsky, Anatole, Bourget, e assim não desmentiu, na arte da transmissão do pensamento, o aforismo de Voltaire, de que todo gênero literário é permitido,

Repercutiu no Rio o ge.sto de alti\ez dò

O dejjutado estadual

93

Digesto Econômico

Professor, um Luiz Barbosa da Cama

seu çolega na Assembléia

única falha talvez seja o excesso de ci tações.

Lecionou ainda Ciência das Finanças

e Economia Política. Dessas disciplinas,

porém, as melhores lições deu-as no re cinto cia Câmara Federal e os melhores

Em termos enérgicos, apoiado por to da a Câmara, protestou contra o ato de o Govêmo Federal nomear um Juiz

Afrânío de Melo Franco, Gonçalves Cha

Constituinte, que, na Faculdade de Di

alunas foram os parlamentares que ousa

ves, Rafael Magalhães, Afonso Pena Jú

reito de São Paulo, lecionou Direito Pe

ram enfrentá-lo nos debates sobre a

de Direito para a comarca de Caldas,

nior e Francisco Campos,

nal, ou mellior. Sociologia Criminal, co-

Caixa de Conversão.

citados ao

; ;.V


Dicf-sto

92

da uma vez, os conhecimentos da his tória política norte-americana, evocan do, com arte, cenas da Con\cnção de Filadélfia.

Econômico

existir disposição que clava ao Presiden

acaso, ocupariam com lustre a cátedra de qualquer Universidade.

te a faculdade clc proscr às" vagos que Se dessem na magistratura do Estado.

Não .sei se estão con^piladas em fascíciilos as lições de Davi Campista, co

violando a Constituição Mineira,

visto

mo as de Filo.sofia do Direito, do Au

gusto de Lima, mestre da prosa e da-

sal\'o o "ennuieux".

direito e de civismo do jü\'em deputado.

|XDesia, darvinista antes da aproximação

Afonso Pena, ouvindo-o, certo dia, dls-

final com São Francisco de Assis. Se o

Realizou Davi Campista, como didata, o tipo concebido por Emerson; "O me

estiverem, não darão sequer pálido re trato do exímio professor que êle foi.

lhor professor é aquele que nos dá a ilusão de que a matéria é fácil".

Congresso Mineiro, aprowando a lição de Profícua a sua atuação na Assembléia da Primeira

Sessão Ordinária.

Eleito

vice-presidente da Câmara, di.scutiu mo ções políticas, assuntos financeiros e

ferroviários, instrução pública e regimem municipal, disposições processuais referentes ao casamento civil, e à incons-

titucionalidade do imposto do consumo de mercadorias fora do Estado. Criticou

acerbamente, ao examinar o orçamento estadual, o fato de o relator ter orçado a receita antes de fixar a despesa, procesjá naquela época, tratadistas da ciência das finanças, como Fraficesco

Nitti, repeliam, por antiquado. Debaten

do tese semelhante, Sabino Banoso pro nuncia notável discurso.

projeto de organização judiciiuia, fêz°empolgante defesa do pa

pel do advogado na sociedade, tratado nas disposições da lei em elaboração com injustificável desconfiança, dando ate a impressão de que se considerava essa atividade profissional como incenti vo ao crime. Na decisão da Assembléia

prevaleceu o bom-senso.

Combateu disposição do regimento, imprópria de uma Câmara democrática 6 incompatível com a natureza do regimem; o tratámento obrigatório de

sertar sobre imposto territorial, em répli

ca a Camilo Prates, po.stou-se a seu lado para mellior aplaudi-lo e, desde ai,

Em Davi Campista, a voz e o gesto

tornou-se o maior de .seus admiradores

contribuíam para que as preleções, de

e o melhor dos amigos.

rigoroso cunho científico, proporcionas

fos buscava a doutrina.

A amizade daquele probo estadista não foi conquistada pela lisonja. Con quistou-a o mérito.

sem aos ouvintes inesquecíveis regalos espirituais. Professor não é sinônimo de sábio.

Fundada em Minas a Faculdade de

Ciências Jurídicas e Sociais, Afonso Pe na, o primeiro diretor, convidou-o para

membro da Congregação do novel esta belecimento.

João Mendes Júnior, filósofo tomista, processuabsta insuperável; Estêvão de Almeida, humanista profundo e civilista emérito, foram os nossos melhores jurisconsultos e não os nossos melhores pro-' fessôres.

O professor

João Mendes e Estevão de Almeida,

Davi Campista estava em dia cxím o Direito Público Americano. Os discursos

que proferiu na Assembléia de Minas

Gerais são preleções de Direito Consti tucional. Foram as credenciais para pro

fessor da referida disciplina na Faculda de do Direito de Ouro Preto. A Escola de Afonso Pena não tem a

tradição das de São Paulo e Recife. Os

.seus filhos espirituais só agora começam a galgar, na vida política e profissional,.

escrevendo Tratados, são hoje mestres de

os conhecimentos das modernas teorias

da filosofia permitiram traçar. Nesse trabalho, posteriormente- am pliado e inserto na "Revista da Faculda de de Direito de Belo Horizonte", com

o título "Introdução á Ciência do Direi

to", desenvolve, para os discípulos, a tese de que à reconstrução científica do Direito Público só nos leva o método constituía esse estudo do Método histó

rico e da teoria de Savigny, para a de

Professor, um José Bonifácio, o Moço,

que deu a um dos seus alunos, o franzi

objetivo da Sociologia. Crítica vigorosa dução de que a sociologia não se con funde com a história.

exata da grandeza da profissão a que ti

"Se a poucos, espíritos é dado desco brir verdades novas, todos podem vulga

nha abraçado, ao fazer a preleçao inau

rizá-las e facilitar-lhes o desemolvimen-

no e imberbe Rui Barbosa, a impressão

gural sòbre a "RetroatÍNudade das Leis".

to", são palawas de Carlos Cattaneo com

Profossôres, por exemplo, Dino Bue-

que encerra o brilhante trabalho, cuja

timo ou inconveniente. Mas a cortesia

a dos maiores intelectuais do País. Men

independe de qualquer texto legal.

des Pimentel, Edmundo Lins, João Luiz Alves, Davi Campista, Gastão da Cunha,

Cerqiieira,

gação, porém, ingressaram homens cuja

Ihering, que uma visão de sociólogo e

Direito.

cultura jurídica e política emparelha com

os postos de comando. Em sua Congre

"Reconstrução Científica do Direito"

ó síntese do panorama da ciência de

magistrados e juristas, e foram incom pletos para os iniciados na Ciência do

que se deveria impedir o tratamento ín

Campista concordava em

Não se aferrava aos textos legais. O

pensamento pairava alto, e nos filóso

no, João Monteiro e Almeida Nogueira, que .souberam despertar a curiosidade dos discípulos, com a fluência de uma palavra de encantadora magia.

Excelência.

mentando os romances e contos de Dos-

toiewsky, Anatole, Bourget, e assim não desmentiu, na arte da transmissão do pensamento, o aforismo de Voltaire, de que todo gênero literário é permitido,

Repercutiu no Rio o ge.sto de alti\ez dò

O dejjutado estadual

93

Digesto Econômico

Professor, um Luiz Barbosa da Cama

seu çolega na Assembléia

única falha talvez seja o excesso de ci tações.

Lecionou ainda Ciência das Finanças

e Economia Política. Dessas disciplinas,

porém, as melhores lições deu-as no re cinto cia Câmara Federal e os melhores

Em termos enérgicos, apoiado por to da a Câmara, protestou contra o ato de o Govêmo Federal nomear um Juiz

Afrânío de Melo Franco, Gonçalves Cha

Constituinte, que, na Faculdade de Di

alunas foram os parlamentares que ousa

ves, Rafael Magalhães, Afonso Pena Jú

reito de São Paulo, lecionou Direito Pe

ram enfrentá-lo nos debates sobre a

de Direito para a comarca de Caldas,

nior e Francisco Campos,

nal, ou mellior. Sociologia Criminal, co-

Caixa de Conversão.

citados ao

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rn-

7

DiCESTU Ecünónuco

95

DrcESTO Econômico

ças, em cuja atuação os mineiros con

nal oiiropretano "O Estado de Minas",

ataques de uma violenta oposição, que

fiavam.

de que Antônio Olinto foi o rcdator-

Davi Campisla era dotado de onímcda capacidade do trabalho. Secretário da Viação f Agricultura, incentivou a or

não SC conformava com a adoção do impòsto territorial.

Reabilitar o crédito, equilibrar o or çamento, extinguir os ser\iços onerosos,

Contou-me um sou digno filho o in teressante episódio de que, estudante de

que sobrecarregassem os cofres do Es

ganizarão do ensino profis.siona); orien

curso ginasíal c fervoroso admirador de

cconómiee, a política salvadora.

tou os sennços da construção da nova

Capital, "a filha primogênita da Repú blica", no dizer de João Pinheiro; pro

Eça de Queirós, recebera de seu pai um

Governar, para o jovem administrador,

Con\"cncido de que o artigo de im prensa, "o comentáino diário", é, na pre cisa definição do jornalista italiano Cavalotti, o "momento que passa", não o

jornal e o pedido para ler o Eça numa questão de impostos. Tratava-se de um

não era lançar impostos nem contrair

assinava, e a sua coordenação é hoje

moveu o prolongamento das estradas de

assunto fiscal romantizado.

o homem de govôrno

ferro de Sapucaí e Muzambinho, ini ciando o ramal de Belo Horizonte. In

troduziu cinqüenta mil imigrantes ita lianos n6 Estado de Minas Gerais, obra de estadista que em Minas não teve con-

tinuadorcs. Em São Paulo realizaram po lítica idêntica, de fomento à coloniza

Lendo, no final, referências a Gêno

va, visitada a cada passo pelos guardas do fisco, verificou que o artigo fora da autoria de seu pai. Era uma nova fa ceta da sua privilegiada inteligência. Nesse período, escreveu "Consolida ção das Leis Fiscais", obra dc fôlego,

ção, Antônio Prado, no Império, e Bcrnardino de Campos, na República. A sua honestidade tocava às raias do

consultada com proveito até hoj'e em Minas. Afonso Pena prefaciou-a com os

inverossímil.

maiores encòmios, pois substituía com

Gustavo Pena, autor de um perfil, de

senhado com alma, do grande republica

no, conhecera-o em Gênova, onde exer

cia o cargo de Comissário de Emigração paia o Estado de Minas Gerais. Des

creve hábitos de go\'êrno, dignos de ser rememorados.

_''AcCijtecia-Ihe, às \'èzes, receber do

govêmo^de Minas Gerais um telegrama determinando penosa viagem a Londres, para oonferenciar com os Rottschilds, à

vantagem ao "Roteiro dos Exatorcs da

Fazenda Provincial",

dc Joaquim Ci-

príano Ribeiro.

Silviano Brandão, autor de uma famo

sa carta a Henrique Dinis, na qual, co mo Secretário do Interior, rcciisa\'a irre-

vogàvelmente a sua candidatura à presi

dência do Estado, pois não admitia que um secretário

sucedesse ao presidente

com quem servia, confessou, quatro anos

depois, cm. público, com aquela fran

Sorbonne, para falar com o profcskor

queza rude, apanágio da sua individua

Gorccix. E êle debitava ao Estado so

lidade, que, "se Campista não fôsse por lei incompatível, o elegeria seu sucessor,

mente a despesa da sua passagem; mas não a do leito no "wagon lit". "Cama é apenas comodidade, dizia-me êle, e o Estado não tem obrigação de me inde nizar por isso, que eu poderia dispensar. Passagem é gásto, indispensá\el despe

emitir êsse conceito. Minas atravessava

sa; cama é luxo somente."

fase delicada, quando Silviano assumiu

Foi o grande

por ter todos os predicados: honestíssi mo, trabalhador e de uma inteligência pouco vulgar",

chefe, Arinos, Sá e Calógcras, colaboradore? assíduos.

tado sem beneficiar o descnvobimcnto

empréstimos

ou praticar

quase impossível.

cortes cegos

Arquivados estão nos anais dos Con gressos os discursos e pareceres dc sua

nas despesas, matando as fontes de ali mentação permanente da riqueza pú

autoria. Eqüivale à afirmativa: inéditos para a geração atual. Ferreira Viana di zia: "Quem quiser guardar um segredo deve dá-lo à estampa no "Diário Oficial

blica.

Diminuir, pura c simplesmente, as

despesas c aumentar os impostos, seria a medida que um político de visão es

do Congresso".

treita pleitearia. Mas, não estaria à al tura do estadista. Governar c promover

os meios racionais, práticos e científicos da modificação dos processos agrícolas, incentivar a produção e a imigração, fa zer obra de fomento e não burocracia dos moldes lusitanos de mestre Chambão. Governar c, sobretudo, prever. Êsse, o seu objetivo de govêrno. Pesava sôbre as classes produtoras o

impôsto anticientífico da exportação. In fluenciado pelas idéias do líenry Geor-

gc, cuja obra clássica "Progresso e Mi

de ciência das finanças, matéria em que

era pontífice e cintilante expositor. Sc mãos beneditinas, porém, coligirem e sistematizarem a sua produção intelec tual, rica de ensinamentos doutrinários, desmentida há de ficar a teoria do Ba

rão de Ramalho de que só o íicro.im prime o sêlo da imortalidade. De difícil acesso são os discursos fo

ra da Câmara. Deveriam ser enfeixados

séria" estava nas primeiras edições, re

com aquôle título, com_Q..a-foram os de

organizou o sistema tributário do Esta do, com a substituição gradual daquele

impôsto pelo territorial. Bastaria esse feito, praticado e defen dido, com rara energia, dos rudes ata

ques de uma agremiação partidária, que se formou em Minas a fim de comba ter a reforn..;, para firmar os créditos de um verdadeiro homem de Estado.

Não lhe fez favor Silviano Brandão ao A obra I

secretário de Silviano

o govêmo; o café estava em bai.va e

Esparsa é a obra de Davi Campista.

Brandão c o jornalista que, pelas colu nas da imprensa mineira, o defendeu dos

deprimido o câmbio. Tarefa de Hércules

Emprestou o fulçor da sua pena ao jor-

precisaria ser a do Secretário das Finan-^

Afanosa atividade política, sem hia tos c soluções de continuidade, não lhe permitiu lazer para redigir um tratado

Alcindo Guanabara, príncipe do jorna

lismo, e o conferencista da "Dor". De maior interesse, o discurso, de Ciiráter histórico, que proferiu en\ Ouro Prêto, ao inaugurar-se o monumento a Tiradentes, na Praça da Independência, e o trabalho referente' aos recursos na turais, vias de comunicação, indústria e comércio e legislação do Estado de Mi nas Gerais, redigido em italiano, quando residia em Gênova.

Nenhum, porém, reflete melhor a vas tidão de sua cultura do que o discurso


rn-

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DiCESTU Ecünónuco

95

DrcESTO Econômico

ças, em cuja atuação os mineiros con

nal oiiropretano "O Estado de Minas",

ataques de uma violenta oposição, que

fiavam.

de que Antônio Olinto foi o rcdator-

Davi Campisla era dotado de onímcda capacidade do trabalho. Secretário da Viação f Agricultura, incentivou a or

não SC conformava com a adoção do impòsto territorial.

Reabilitar o crédito, equilibrar o or çamento, extinguir os ser\iços onerosos,

Contou-me um sou digno filho o in teressante episódio de que, estudante de

que sobrecarregassem os cofres do Es

ganizarão do ensino profis.siona); orien

curso ginasíal c fervoroso admirador de

cconómiee, a política salvadora.

tou os sennços da construção da nova

Capital, "a filha primogênita da Repú blica", no dizer de João Pinheiro; pro

Eça de Queirós, recebera de seu pai um

Governar, para o jovem administrador,

Con\"cncido de que o artigo de im prensa, "o comentáino diário", é, na pre cisa definição do jornalista italiano Cavalotti, o "momento que passa", não o

jornal e o pedido para ler o Eça numa questão de impostos. Tratava-se de um

não era lançar impostos nem contrair

assinava, e a sua coordenação é hoje

moveu o prolongamento das estradas de

assunto fiscal romantizado.

o homem de govôrno

ferro de Sapucaí e Muzambinho, ini ciando o ramal de Belo Horizonte. In

troduziu cinqüenta mil imigrantes ita lianos n6 Estado de Minas Gerais, obra de estadista que em Minas não teve con-

tinuadorcs. Em São Paulo realizaram po lítica idêntica, de fomento à coloniza

Lendo, no final, referências a Gêno

va, visitada a cada passo pelos guardas do fisco, verificou que o artigo fora da autoria de seu pai. Era uma nova fa ceta da sua privilegiada inteligência. Nesse período, escreveu "Consolida ção das Leis Fiscais", obra dc fôlego,

ção, Antônio Prado, no Império, e Bcrnardino de Campos, na República. A sua honestidade tocava às raias do

consultada com proveito até hoj'e em Minas. Afonso Pena prefaciou-a com os

inverossímil.

maiores encòmios, pois substituía com

Gustavo Pena, autor de um perfil, de

senhado com alma, do grande republica

no, conhecera-o em Gênova, onde exer

cia o cargo de Comissário de Emigração paia o Estado de Minas Gerais. Des

creve hábitos de go\'êrno, dignos de ser rememorados.

_''AcCijtecia-Ihe, às \'èzes, receber do

govêmo^de Minas Gerais um telegrama determinando penosa viagem a Londres, para oonferenciar com os Rottschilds, à

vantagem ao "Roteiro dos Exatorcs da

Fazenda Provincial",

dc Joaquim Ci-

príano Ribeiro.

Silviano Brandão, autor de uma famo

sa carta a Henrique Dinis, na qual, co mo Secretário do Interior, rcciisa\'a irre-

vogàvelmente a sua candidatura à presi

dência do Estado, pois não admitia que um secretário

sucedesse ao presidente

com quem servia, confessou, quatro anos

depois, cm. público, com aquela fran

Sorbonne, para falar com o profcskor

queza rude, apanágio da sua individua

Gorccix. E êle debitava ao Estado so

lidade, que, "se Campista não fôsse por lei incompatível, o elegeria seu sucessor,

mente a despesa da sua passagem; mas não a do leito no "wagon lit". "Cama é apenas comodidade, dizia-me êle, e o Estado não tem obrigação de me inde nizar por isso, que eu poderia dispensar. Passagem é gásto, indispensá\el despe

emitir êsse conceito. Minas atravessava

sa; cama é luxo somente."

fase delicada, quando Silviano assumiu

Foi o grande

por ter todos os predicados: honestíssi mo, trabalhador e de uma inteligência pouco vulgar",

chefe, Arinos, Sá e Calógcras, colaboradore? assíduos.

tado sem beneficiar o descnvobimcnto

empréstimos

ou praticar

quase impossível.

cortes cegos

Arquivados estão nos anais dos Con gressos os discursos e pareceres dc sua

nas despesas, matando as fontes de ali mentação permanente da riqueza pú

autoria. Eqüivale à afirmativa: inéditos para a geração atual. Ferreira Viana di zia: "Quem quiser guardar um segredo deve dá-lo à estampa no "Diário Oficial

blica.

Diminuir, pura c simplesmente, as

despesas c aumentar os impostos, seria a medida que um político de visão es

do Congresso".

treita pleitearia. Mas, não estaria à al tura do estadista. Governar c promover

os meios racionais, práticos e científicos da modificação dos processos agrícolas, incentivar a produção e a imigração, fa zer obra de fomento e não burocracia dos moldes lusitanos de mestre Chambão. Governar c, sobretudo, prever. Êsse, o seu objetivo de govêrno. Pesava sôbre as classes produtoras o

impôsto anticientífico da exportação. In fluenciado pelas idéias do líenry Geor-

gc, cuja obra clássica "Progresso e Mi

de ciência das finanças, matéria em que

era pontífice e cintilante expositor. Sc mãos beneditinas, porém, coligirem e sistematizarem a sua produção intelec tual, rica de ensinamentos doutrinários, desmentida há de ficar a teoria do Ba

rão de Ramalho de que só o íicro.im prime o sêlo da imortalidade. De difícil acesso são os discursos fo

ra da Câmara. Deveriam ser enfeixados

séria" estava nas primeiras edições, re

com aquôle título, com_Q..a-foram os de

organizou o sistema tributário do Esta do, com a substituição gradual daquele

impôsto pelo territorial. Bastaria esse feito, praticado e defen dido, com rara energia, dos rudes ata

ques de uma agremiação partidária, que se formou em Minas a fim de comba ter a reforn..;, para firmar os créditos de um verdadeiro homem de Estado.

Não lhe fez favor Silviano Brandão ao A obra I

secretário de Silviano

o govêmo; o café estava em bai.va e

Esparsa é a obra de Davi Campista.

Brandão c o jornalista que, pelas colu nas da imprensa mineira, o defendeu dos

deprimido o câmbio. Tarefa de Hércules

Emprestou o fulçor da sua pena ao jor-

precisaria ser a do Secretário das Finan-^

Afanosa atividade política, sem hia tos c soluções de continuidade, não lhe permitiu lazer para redigir um tratado

Alcindo Guanabara, príncipe do jorna

lismo, e o conferencista da "Dor". De maior interesse, o discurso, de Ciiráter histórico, que proferiu en\ Ouro Prêto, ao inaugurar-se o monumento a Tiradentes, na Praça da Independência, e o trabalho referente' aos recursos na turais, vias de comunicação, indústria e comércio e legislação do Estado de Mi nas Gerais, redigido em italiano, quando residia em Gênova.

Nenhum, porém, reflete melhor a vas tidão de sua cultura do que o discurso


96

Digesto Econômico

de paraninfo aos bachurelandos do Gi násio Granber)', de Juiz de Fora. Sepultado nas coleções de um jornal

sublimidade dos conceito.s c encantamcnto de e.stilo, é éssc trecho do mimo so aquarelísta que a habilidade de ura

do interior, raros manusearam essa li

taquígrafo salvou do oK ido.

ção de sociologia, em que se casam o pensamento e a beleza da forma. Os problemas étnicos e políticos estão ex

planados com tal segurança que pode riam subscrevê-la na atualidade os res ponsáveis pelos nossos destinos. Verda

deiro testamento político, cuja elabora

ção honra a mentalidade brasileira, percebe-se-lhe a influência literária de Renan, o ídolo da sua geração. Desenvol

ve nesse trabalho o tema de que a consciência nacional e o principal fator de coesão do Estado Moderno e comba te a indiferença política. O caráter de uma nacionalidade é for

mado pela educação, o estribilho. Em síntese de mestre mostra a inanidade do preconceito racial. Não aceita o di

ploma que nos deram, de raça incom petente, de povo insuscetível de organi zação. Orgulhoso da sua terra, responde a Gustavo Le Bon, que não,admite o caráter modificado pela educação: Iro niza O trecho pejorativo, referente ao Brasil, do pensador francês. Combate a teoria do Conde de-Gobineau sobre a superioridade das raças brancas do nor te. Uma nova política educacional, eis o remédio.

Idealista, recusa a denominação de "século da engenharia" para o atual. Propõe a de "século da mutualidade". Pacifista, faz a apologia do arbitramento, percebido pelos albores de uma manhã benéfica. Mas declara que as Repúbli cas ideais são como as eshêlas na frase

de Bacon: estão altas demais para projetar luz. Acariciador para os ouvidos e de sua vidade balsâmica para os corações, pela

"A mais bem formada das almas va

cila frequcnlemcnte quando flagelada pelos desenganos c pelos sofrimentos. A resignação é, sem din'ida, uma vir

tude cristã; mas a dor profunda inspira a revolta, dita a represália e sufoca

Digf-stíi Econômico

97

quistardes o império sôbro \ós me.snio.s.

a "crayon" que desenhou dc Júlio Frank,

de opordcs ao cclicismo invasor c estéril a fé consóladora. a consciência nítida

o misterioso profc.ssor do Curso Anexo, cujo túmulo demora no claustro do ve

do.s \o«sos dewrc.s, a solidez in(ju(bran-

lho Con\ ento dc São Francisco. Em Gê

tável das \os.sa.s virtudes cí\icas. Má de

nova, oiido fixaiu moradia, no pôsto de

salvar-\'0s a fé, a fé religiosa, a fé moral profunda, a fé no futuro giandioso des

Comis.sário dc Emigração, o pas.satcinpo desse colorista do pincel era copiar qua dros que alugava, com sacrifício, dos museus, mediante fortes garantias. Com as suUleZiis da sua palheta, amava Ingrcs o os clássicos da pintura francesa,

ta pátria, na solidariedade humana pa ra o bem.

A fé religio.sa é o melhor dos bálsa-

o perdão.

mos para as feridas morais, a mais pura

Quantas vêzes, na vossa vida de lio, mens e de cidadãos, tereis de sorver o

consolação que aós sofrimentos se depara.

fcl das injListíça.s mais amargas, de emu lações pèrfidamente interesseiras, de pro vações cruciantes a que tereis de impor silêncio, que tanto mais sangram quanto menos se revelam.

Comò homens públicos, o vosso pa triotismo mais sincero há de ser visto através dos vossos interêsses reais ou su

Para a doce figura de Cristo, imagem as nações

cuja

já ele\'am no cimo

das suas fronteiras como um símbolo de

fraternidade, convergem o olhar nubla do de tôdas as angústías, o fervor do to das as súplicas, o alvorôço de tôdas as

decorou a sala de música da sua resi

dência, com alma de esteta. Os pai néis dessa casa, hoje transformada em escola pública, representam as quatro

almas agitadas — dos humildes aos po

estações e as horas do dia. Um quadro de concepção sua, "A cabeça de Agar",

derosos, emparelhados na dor, nivelados pelas lágrimas."

orna a sala de visita da vivenda de Afonso Pena.

postos; as vossas intenções desfiguradas

pela malícia; os vossos atos interpreta dos desfavorávelmente pela exegese so fistica da política subalterna. Se fôrdes fracos no manejo de armas

como Davi e Gerard. Em Belo Horizon

te, apro\'eitando as férias parlamentares,

Exímio virtuose de Bach e primoroso O artista

desenhi.sta era Ratlienau,

o construtor-

da Nova Alemanha. Famoso concertista

Davi Campista era requintadameníe civilizado. Trajava-se com apuro. Com o

de piano era Paderewsky, quando se elegeu presidente da República da Po

iguais às que vos ferem, sereis abando

monóculo irreverente, os seus traços fi

lônia. I-Ierriot, em França, vitorioso, em

nados como inúteis, porque é preciso eliminar os fracos. E' o realismo trágico que a ordem natural impõe e até a

sionômicos Queirós.

Beethoven uma obra clássica, superior

lembram

os de

Eça de

plena ascensão política, escreve sobre

Fidalgas, as maneiras. Variada e mo derna, a cultura. Maleável e vivíssima,

no gênero às de Romain RoUand, Vi cente Indy e Emil Ludwig, sentindo

a inteligência.

nos versos de Schiller, que constituem o

rania dos inferiores, vereis colear em tôr-

Executava ao piano as composições de Beethoven, Mozart e Chopin. Apaixona

no do vosso renome a serpente do des peito e misturar a sua peçonha com o

motivo da nona sinfonia, o programa de ação dos homens que ainda crêem no

do dos autores românticos, idolatrava o "Gênio de Bohn", iiTÍvalizável na so

Campista fora um inadaptado, porque se

vo.sso esforço.

nata, no quarteto e na sinfonia. A natureza, que lhe foi pródiga, fê-lo

revelara artista do som e da côr. ..

ainda pintor. Quando estudante de Di

patíveis, exclamavam os botocudos que não podiam compreender a sensibilida de daquele apaixonado de Ruskin. Era, entretanto, o político mineiro o modêlo da perfeição humana com que Renan sonhava. O liomem perfeito se-

ciência justifica.

Se tiverdes mérito e puderdes subir além daquilo a que se chamou a sobe

E a.ssim, sob a superfície calma das aparências, parecendo que transpirais a felicidade e o orgullio dos vossos tríunfos, ocultareis um coração dilacerado, uma alma opressa que lentamente se ensombra na dúvida e no desgosto.

gadas paulistas. De contemporâneos da

E' o momento de reagirdes, de leçon-

fase acadêmica, era conhecido o letrato

reito, recebeu, em São Paulo, lições de

Almeida Júnior, o paisagista do sertão,

em cujas telas há o frescor das madru

Amor o na Bondade. No Brasil, Daxn

Arte pura e administração são incom


96

Digesto Econômico

de paraninfo aos bachurelandos do Gi násio Granber)', de Juiz de Fora. Sepultado nas coleções de um jornal

sublimidade dos conceito.s c encantamcnto de e.stilo, é éssc trecho do mimo so aquarelísta que a habilidade de ura

do interior, raros manusearam essa li

taquígrafo salvou do oK ido.

ção de sociologia, em que se casam o pensamento e a beleza da forma. Os problemas étnicos e políticos estão ex

planados com tal segurança que pode riam subscrevê-la na atualidade os res ponsáveis pelos nossos destinos. Verda

deiro testamento político, cuja elabora

ção honra a mentalidade brasileira, percebe-se-lhe a influência literária de Renan, o ídolo da sua geração. Desenvol

ve nesse trabalho o tema de que a consciência nacional e o principal fator de coesão do Estado Moderno e comba te a indiferença política. O caráter de uma nacionalidade é for

mado pela educação, o estribilho. Em síntese de mestre mostra a inanidade do preconceito racial. Não aceita o di

ploma que nos deram, de raça incom petente, de povo insuscetível de organi zação. Orgulhoso da sua terra, responde a Gustavo Le Bon, que não,admite o caráter modificado pela educação: Iro niza O trecho pejorativo, referente ao Brasil, do pensador francês. Combate a teoria do Conde de-Gobineau sobre a superioridade das raças brancas do nor te. Uma nova política educacional, eis o remédio.

Idealista, recusa a denominação de "século da engenharia" para o atual. Propõe a de "século da mutualidade". Pacifista, faz a apologia do arbitramento, percebido pelos albores de uma manhã benéfica. Mas declara que as Repúbli cas ideais são como as eshêlas na frase

de Bacon: estão altas demais para projetar luz. Acariciador para os ouvidos e de sua vidade balsâmica para os corações, pela

"A mais bem formada das almas va

cila frequcnlemcnte quando flagelada pelos desenganos c pelos sofrimentos. A resignação é, sem din'ida, uma vir

tude cristã; mas a dor profunda inspira a revolta, dita a represália e sufoca

Digf-stíi Econômico

97

quistardes o império sôbro \ós me.snio.s.

a "crayon" que desenhou dc Júlio Frank,

de opordcs ao cclicismo invasor c estéril a fé consóladora. a consciência nítida

o misterioso profc.ssor do Curso Anexo, cujo túmulo demora no claustro do ve

do.s \o«sos dewrc.s, a solidez in(ju(bran-

lho Con\ ento dc São Francisco. Em Gê

tável das \os.sa.s virtudes cí\icas. Má de

nova, oiido fixaiu moradia, no pôsto de

salvar-\'0s a fé, a fé religiosa, a fé moral profunda, a fé no futuro giandioso des

Comis.sário dc Emigração, o pas.satcinpo desse colorista do pincel era copiar qua dros que alugava, com sacrifício, dos museus, mediante fortes garantias. Com as suUleZiis da sua palheta, amava Ingrcs o os clássicos da pintura francesa,

ta pátria, na solidariedade humana pa ra o bem.

A fé religio.sa é o melhor dos bálsa-

o perdão.

mos para as feridas morais, a mais pura

Quantas vêzes, na vossa vida de lio, mens e de cidadãos, tereis de sorver o

consolação que aós sofrimentos se depara.

fcl das injListíça.s mais amargas, de emu lações pèrfidamente interesseiras, de pro vações cruciantes a que tereis de impor silêncio, que tanto mais sangram quanto menos se revelam.

Comò homens públicos, o vosso pa triotismo mais sincero há de ser visto através dos vossos interêsses reais ou su

Para a doce figura de Cristo, imagem as nações

cuja

já ele\'am no cimo

das suas fronteiras como um símbolo de

fraternidade, convergem o olhar nubla do de tôdas as angústías, o fervor do to das as súplicas, o alvorôço de tôdas as

decorou a sala de música da sua resi

dência, com alma de esteta. Os pai néis dessa casa, hoje transformada em escola pública, representam as quatro

almas agitadas — dos humildes aos po

estações e as horas do dia. Um quadro de concepção sua, "A cabeça de Agar",

derosos, emparelhados na dor, nivelados pelas lágrimas."

orna a sala de visita da vivenda de Afonso Pena.

postos; as vossas intenções desfiguradas

pela malícia; os vossos atos interpreta dos desfavorávelmente pela exegese so fistica da política subalterna. Se fôrdes fracos no manejo de armas

como Davi e Gerard. Em Belo Horizon

te, apro\'eitando as férias parlamentares,

Exímio virtuose de Bach e primoroso O artista

desenhi.sta era Ratlienau,

o construtor-

da Nova Alemanha. Famoso concertista

Davi Campista era requintadameníe civilizado. Trajava-se com apuro. Com o

de piano era Paderewsky, quando se elegeu presidente da República da Po

iguais às que vos ferem, sereis abando

monóculo irreverente, os seus traços fi

lônia. I-Ierriot, em França, vitorioso, em

nados como inúteis, porque é preciso eliminar os fracos. E' o realismo trágico que a ordem natural impõe e até a

sionômicos Queirós.

Beethoven uma obra clássica, superior

lembram

os de

Eça de

plena ascensão política, escreve sobre

Fidalgas, as maneiras. Variada e mo derna, a cultura. Maleável e vivíssima,

no gênero às de Romain RoUand, Vi cente Indy e Emil Ludwig, sentindo

a inteligência.

nos versos de Schiller, que constituem o

rania dos inferiores, vereis colear em tôr-

Executava ao piano as composições de Beethoven, Mozart e Chopin. Apaixona

no do vosso renome a serpente do des peito e misturar a sua peçonha com o

motivo da nona sinfonia, o programa de ação dos homens que ainda crêem no

do dos autores românticos, idolatrava o "Gênio de Bohn", iiTÍvalizável na so

Campista fora um inadaptado, porque se

vo.sso esforço.

nata, no quarteto e na sinfonia. A natureza, que lhe foi pródiga, fê-lo

revelara artista do som e da côr. ..

ainda pintor. Quando estudante de Di

patíveis, exclamavam os botocudos que não podiam compreender a sensibilida de daquele apaixonado de Ruskin. Era, entretanto, o político mineiro o modêlo da perfeição humana com que Renan sonhava. O liomem perfeito se-

ciência justifica.

Se tiverdes mérito e puderdes subir além daquilo a que se chamou a sobe

E a.ssim, sob a superfície calma das aparências, parecendo que transpirais a felicidade e o orgullio dos vossos tríunfos, ocultareis um coração dilacerado, uma alma opressa que lentamente se ensombra na dúvida e no desgosto.

gadas paulistas. De contemporâneos da

E' o momento de reagirdes, de leçon-

fase acadêmica, era conhecido o letrato

reito, recebeu, em São Paulo, lições de

Almeida Júnior, o paisagista do sertão,

em cujas telas há o frescor das madru

Amor o na Bondade. No Brasil, Daxn

Arte pura e administração são incom


wm

0''^ Digeòto Econômico

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99

Dicfsto EconVjmicc)

ria, para o autor de "L A\'cnir de Ia Science", aquele que fôssc a um tempo poeta, filósofo, sábio e homem virtuoso. Davi era uma cultura-integral,

por

que, seudo um finíssimo homem de le tras, não lhe faltava o senso prático no

tocante às coisas públicas. Conhecia Homero como Conan Doyle, escreveu João do Rio. Citava os econoniista.s corno

os poetas. Era Voltaire na pele de Macleod e na de I-ord Reaconsfield. Encon

trava em Disraeli, o estadista inglês des cendente de judeus portugueses, o tipo

O parlanicnlar Elclrizado eslava o ambiente da Câ

mara dos Deputadn.s c-m torno de um reconhecimento de poderes c ciaia einoci(inant(; acabava de se passar.

José Augusto de Freitas, orador con sumado,

afeit{) às lides parlamentares,

a:) arguir de inelegível um candidato mi neiro, dcelanm, num rasgo dc paixão,

(pie esmagaria com lógica de ferro quem ousasse defender as' eleições que estava

impugnando.

Floriuno, compiistara no ParlanK^nlo ga

"folhetins falados" essas orações de ful

lões de mareciial.

gurante espiritualidade.

Descreveu-me a Smprc.ssão do seu atordoainento,

ao assistir à estréia de

Campista, o palestradov adorável que é

dcsamente a sua verve, a doce e suave

Elói Chaves. Moço, cheio de ambições, desconhecendo o meio federal, leve,

ironia de que fala Proudhon. Em tom de p.ileslra, chistosa e jovial, mas não brejeira, é vazada toda a oração, entre-

disse-me éle, uma sensação de inferio ridade intelectual. Procurou, à tarde, o

Presidente da República, o grande. Ro

drigues Alves, para manife.slar-lhe não só o sou entusiasmo dc homem público

Nos humoristas da Velha Albion, apren

Mal acabava de pronuneiar estas pala vras — o episódio é rememorado por

deu a usar luvas nas garras para desnor

Edmundo Lins ~ da bancada mineira

pelo vitorioso do dia, como a descrença de poder medir com êxito, .sc preciso fôssc, com aquêlc jovem (pie sc revelara

rcmpia um grito: "Não esmaga, não.

tão adestrado na tribuna.

de homem público da sua admiração.

tear o adversário.

Peço a palavra".

Palestrava, fagulhando apólt)go.s e pa radoxos. Possuía o que só a Civilização dá aos privilegiados: o dom de dizer coi

díviraram, estupefatos, de pé, um moço

sas graves como se dissesse coisas frivo-

magro, pálido, de olhos grandes e mui

las, ao inverso do que acontece com os medíocres, que proferem palavras ba nais como

se estivessem

transmitindo

pensamentos à altura de um Pascal.

Como todo aquele que respeita a es

"Pura lá dirigiram todos os olhares e to brilhantes. Era o doutor João Luiz

Alves, que vinha do ser reconhecido.

Empolgante e delirantemente aplaudi do, o discurso de João Luiz.

Num esforço dest.sperado, tentou no

Sucesso não menor alcança Davi Cam

pista, dias após, ao enfrentar Érico Coe lho. "Campista não pode falar por últi mo. Pelo encantamento da palavra e o

brilho dos seus paradoxos, consegue fa cilmente a vilói.a para a cau.sa que de fende", foi a exclamação do ilustre flu minense, registada pelos anais, ao sentir o terreno fugir-lhe aos pés. Testemunha dos seus triunfos, Caló-

pécie e o próprio eu, comentou o deli cioso cioni.sta da Cidade do Rio, era um

va investida o grande baiano. Não esta va em jogo um tema que despertasse

gera.s, que não era da sua intimidade,

elegante como Chambeiiain e Deschanel,

grande interesse humano. Os reconheci mentos de poderes, costumava dizer

razãc, que os discursos de Campista,

Êrico Coelho, oram no Brasil duelo en

como os de Cladstone e os de Poincaré,

tro papéis falsos. O torneio espiritual se agigantara pelo valor dos contendores.

eram ouvidos c" no peças litcvávias, nas

e o seu nome conhecido dos alfaiates de Eduardo VII.

Escreveu Ludwig que Ma.sarik era o

homem que melhor se vestia no parla mento austríaco. No Rrasil, nem Gastão

londonianas, lhe disputava o bastão de

A solidaricdac.. a um amigo obriga a ocupar a tribuna um novo titã, cuja voz ainda não se tinha feito ouvir naquele

ser o Brummel da sua cppca.

recinto.

da Cunha, com as sobrecasacas cinzas

Artista da palavra, dos maiore.s do seu tempo. Gesto moderado, dicção cla ra e perfeita, frasq límpida e escorreita, revestia o pen.samento das galas do es

tilo. Jamais empregava o varapau. O fiorete era a sua arma.

Repi-oduziu-se o milagre bíblico: o novo Davi trazia pedras na funda. Sem o menor esforço aparente, com pureza

notável

de linha intelectual e moral,

Davi Campista levou dc vencida ao te mível "FrcitinliasP, que, na (Iqxica de

Ao discutir de uma feita o orçamento

do Exterior, Barbosa Lima sofreu impic-

ao traçar-lhe o perfil,

afirmou, com

corlada de aplausos. Na tribuna era o mesmo "causeur", de

trato encantador, que brilhava nos sa lões da alta sociedade carioca. DispoinJo da menuaia dc um

Heitor le Snusii,

nesse discurso, defesa cabal da nossa di

plomacia, o paradoxal Davi Campista _ reproduziu dc cor longas citações. Caus-

licando o emprego da palavra "cidadão" :s documentos oficiais, lega à literatura

política páginas que ,são maravilhus de filigranas.

Em plano igual, discutindo lema idên tico, Castão da Cunha, na se.ssão se

guinte. ridiculariza os positivistas, rui dosamente aplaudido.

Defendendo a legitimidade da substi tuição d« nome de Silva Paranhns pelo' • dc Rio Branco, acerbamente ci ideada pelos comtistas, Gastão fêz liumonmio,

enriípiecendo os anais com trechos anto lógicos à Charles Diokens. Viveu o Parlamento os melliores dias. C discurso em defesa da vacina obrí-

quais a fonna burilada vestia um arca

gat('vria foi um acontecimento. Gracioso e

bouço da melhor precisão técnica e ri

ievc. erudito e cintilante, discutiu o

gidez do ciência. Calógeras admirava

problema como se fora méu.oo ou fi

como Davi Campista, que possuía uma

lósofo.

compreensão tão profunda desses estu

Ouvindo êsse encantador folhetim,

dos áridos, pudesse descobrir-lhes tanta

Germano Haslocher, que o admirava, ex

essência de beleza.

clamou: "Vossa Excelência no assunto ê

Foi no Parlamento brasileiro o criador

de um delidos gênero de oratória, que

lhe permitia borboletear sobre os mais complexo e intrincados assuntos. A im prensa, com propriedade, denominou de

úm Santos Diimont". Seguro da sua .su- . perioridadc, Davi Campista perguntoulhe imediatamente: "Vou pelos aves?".

Interrogação de fina ironia para com os fanáticos de Comte, que tentavam eu-


wm

0''^ Digeòto Econômico

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99

Dicfsto EconVjmicc)

ria, para o autor de "L A\'cnir de Ia Science", aquele que fôssc a um tempo poeta, filósofo, sábio e homem virtuoso. Davi era uma cultura-integral,

por

que, seudo um finíssimo homem de le tras, não lhe faltava o senso prático no

tocante às coisas públicas. Conhecia Homero como Conan Doyle, escreveu João do Rio. Citava os econoniista.s corno

os poetas. Era Voltaire na pele de Macleod e na de I-ord Reaconsfield. Encon

trava em Disraeli, o estadista inglês des cendente de judeus portugueses, o tipo

O parlanicnlar Elclrizado eslava o ambiente da Câ

mara dos Deputadn.s c-m torno de um reconhecimento de poderes c ciaia einoci(inant(; acabava de se passar.

José Augusto de Freitas, orador con sumado,

afeit{) às lides parlamentares,

a:) arguir de inelegível um candidato mi neiro, dcelanm, num rasgo dc paixão,

(pie esmagaria com lógica de ferro quem ousasse defender as' eleições que estava

impugnando.

Floriuno, compiistara no ParlanK^nlo ga

"folhetins falados" essas orações de ful

lões de mareciial.

gurante espiritualidade.

Descreveu-me a Smprc.ssão do seu atordoainento,

ao assistir à estréia de

Campista, o palestradov adorável que é

dcsamente a sua verve, a doce e suave

Elói Chaves. Moço, cheio de ambições, desconhecendo o meio federal, leve,

ironia de que fala Proudhon. Em tom de p.ileslra, chistosa e jovial, mas não brejeira, é vazada toda a oração, entre-

disse-me éle, uma sensação de inferio ridade intelectual. Procurou, à tarde, o

Presidente da República, o grande. Ro

drigues Alves, para manife.slar-lhe não só o sou entusiasmo dc homem público

Nos humoristas da Velha Albion, apren

Mal acabava de pronuneiar estas pala vras — o episódio é rememorado por

deu a usar luvas nas garras para desnor

Edmundo Lins ~ da bancada mineira

pelo vitorioso do dia, como a descrença de poder medir com êxito, .sc preciso fôssc, com aquêlc jovem (pie sc revelara

rcmpia um grito: "Não esmaga, não.

tão adestrado na tribuna.

de homem público da sua admiração.

tear o adversário.

Peço a palavra".

Palestrava, fagulhando apólt)go.s e pa radoxos. Possuía o que só a Civilização dá aos privilegiados: o dom de dizer coi

díviraram, estupefatos, de pé, um moço

sas graves como se dissesse coisas frivo-

magro, pálido, de olhos grandes e mui

las, ao inverso do que acontece com os medíocres, que proferem palavras ba nais como

se estivessem

transmitindo

pensamentos à altura de um Pascal.

Como todo aquele que respeita a es

"Pura lá dirigiram todos os olhares e to brilhantes. Era o doutor João Luiz

Alves, que vinha do ser reconhecido.

Empolgante e delirantemente aplaudi do, o discurso de João Luiz.

Num esforço dest.sperado, tentou no

Sucesso não menor alcança Davi Cam

pista, dias após, ao enfrentar Érico Coe lho. "Campista não pode falar por últi mo. Pelo encantamento da palavra e o

brilho dos seus paradoxos, consegue fa cilmente a vilói.a para a cau.sa que de fende", foi a exclamação do ilustre flu minense, registada pelos anais, ao sentir o terreno fugir-lhe aos pés. Testemunha dos seus triunfos, Caló-

pécie e o próprio eu, comentou o deli cioso cioni.sta da Cidade do Rio, era um

va investida o grande baiano. Não esta va em jogo um tema que despertasse

gera.s, que não era da sua intimidade,

elegante como Chambeiiain e Deschanel,

grande interesse humano. Os reconheci mentos de poderes, costumava dizer

razãc, que os discursos de Campista,

Êrico Coelho, oram no Brasil duelo en

como os de Cladstone e os de Poincaré,

tro papéis falsos. O torneio espiritual se agigantara pelo valor dos contendores.

eram ouvidos c" no peças litcvávias, nas

e o seu nome conhecido dos alfaiates de Eduardo VII.

Escreveu Ludwig que Ma.sarik era o

homem que melhor se vestia no parla mento austríaco. No Rrasil, nem Gastão

londonianas, lhe disputava o bastão de

A solidaricdac.. a um amigo obriga a ocupar a tribuna um novo titã, cuja voz ainda não se tinha feito ouvir naquele

ser o Brummel da sua cppca.

recinto.

da Cunha, com as sobrecasacas cinzas

Artista da palavra, dos maiore.s do seu tempo. Gesto moderado, dicção cla ra e perfeita, frasq límpida e escorreita, revestia o pen.samento das galas do es

tilo. Jamais empregava o varapau. O fiorete era a sua arma.

Repi-oduziu-se o milagre bíblico: o novo Davi trazia pedras na funda. Sem o menor esforço aparente, com pureza

notável

de linha intelectual e moral,

Davi Campista levou dc vencida ao te mível "FrcitinliasP, que, na (Iqxica de

Ao discutir de uma feita o orçamento

do Exterior, Barbosa Lima sofreu impic-

ao traçar-lhe o perfil,

afirmou, com

corlada de aplausos. Na tribuna era o mesmo "causeur", de

trato encantador, que brilhava nos sa lões da alta sociedade carioca. DispoinJo da menuaia dc um

Heitor le Snusii,

nesse discurso, defesa cabal da nossa di

plomacia, o paradoxal Davi Campista _ reproduziu dc cor longas citações. Caus-

licando o emprego da palavra "cidadão" :s documentos oficiais, lega à literatura

política páginas que ,são maravilhus de filigranas.

Em plano igual, discutindo lema idên tico, Castão da Cunha, na se.ssão se

guinte. ridiculariza os positivistas, rui dosamente aplaudido.

Defendendo a legitimidade da substi tuição d« nome de Silva Paranhns pelo' • dc Rio Branco, acerbamente ci ideada pelos comtistas, Gastão fêz liumonmio,

enriípiecendo os anais com trechos anto lógicos à Charles Diokens. Viveu o Parlamento os melliores dias. C discurso em defesa da vacina obrí-

quais a fonna burilada vestia um arca

gat('vria foi um acontecimento. Gracioso e

bouço da melhor precisão técnica e ri

ievc. erudito e cintilante, discutiu o

gidez do ciência. Calógeras admirava

problema como se fora méu.oo ou fi

como Davi Campista, que possuía uma

lósofo.

compreensão tão profunda desses estu

Ouvindo êsse encantador folhetim,

dos áridos, pudesse descobrir-lhes tanta

Germano Haslocher, que o admirava, ex

essência de beleza.

clamou: "Vossa Excelência no assunto ê

Foi no Parlamento brasileiro o criador

de um delidos gênero de oratória, que

lhe permitia borboletear sobre os mais complexo e intrincados assuntos. A im prensa, com propriedade, denominou de

úm Santos Diimont". Seguro da sua .su- . perioridadc, Davi Campista perguntoulhe imediatamente: "Vou pelos aves?".

Interrogação de fina ironia para com os fanáticos de Comte, que tentavam eu-


Dicesto Econômico

100

volve-lo num cipoal de objeções, tôdas destruídas pela sua lógica. Interpelado por um colega positivista

graça que lhe é peculiar, o interessante memoríalista Joaquim Sales.

se conhecia as idéias do autor que aca bava de citar, respondeu com mordacidade; "Sou de uma profunda ignorân

valcanti, que mancla\'a suprimir a nos sa Icgação junto à Santa Sé, para não

cia, mas nfio temo discuti-las com o meu

aparteante". Ágil, perante o auditório enlevado, fere o contender com o florete

acerado. Profere êste conceito irrespon

Ao analisar a emenda de Tomaz Ca

contrariar o espírito da Constituição de 24 de fevereiro, Davi Campista, girando o monóculo, como era de seu hábito, disse sorridente: "Eu também sou posi

Dic;ESTr> Econômico

do Parlamento como delegado do Brasil

rio feito pelas suas vozes é uma harmo nia para os seus ouvidos, e porque é Sobre impostos inlovcstadiiaus, tema. naluiul que eles, entusiasmados pela bri que pro\-ocou, na Câmara dos Deputa lhante peça oratória, a que acabam de dos, violentas explosüe.s de .sentimento regionalista, Davi Campista prodir/iu uma das mais interessantes monografias

espírito deverá ter deixado esse memo-

rá\el discurso, proferido por um orador- ,

O jurista não pediu meças ao finan

à ação do Estado, A liberdade será uma

Tomaz Cavalcanti. Desnorteante, a res

de que não é neec.ssária a con\ocação de uma Assembléia Constituinte para

fantasia porque a ciência aceita o deter

posta: "Mais feliz do que Vossa Exce

reformar a Constituição.

verso que desmorona".

O conflito da liberdade espiritual com os devcres do Estado é analisado com

sutileza. E a propósito da moral relativa, cita um exemplo corriqueiro: "Um per feito cavalheiro, incapaz da menor in-

delicadeza, nos atos da vida comum, pode ser capaz das mais estrondosas pa/lifarias eleitorais. Relatividade freqüen te das coisas".

Estuda os elementos componentes de uma religião; dogma, moral e culto. Em relação ao dogma, o Estado não exerce

ação. Quanto à moral e o culto exerci dos no mimdo exterior,. Campista admi te a intervenção do Estado, que mutila a liberdade religiosa. Campista adotava a divisa de Disraeli: "O problema da saúde pública supe ra a todos os problemas sociais" e con

cluía que infelizmente o "não pode" é a cristalização da democracia indígena.

lência, que leu, não entendeu e ficou

do superior valia, uma sereia que seduz,

cista. Abordou oportunas teses de Direi to Constitucional, como, por. exemplo, a

atrai e encanta.

Campista, que vem mostrar que até àquelas alcantis vão ter as boas idéias,

levadas nas asas da viração marítima, de

A Constituinte, assim a julgava, não

E' uma

sereia mineira, o sr. Davi

modo a crescerem, engrandécerem-se,

fanático".

é uma assembléia, é uma função. E' in

bonificarem-se...

"Legação do Vaticano", "Crédito Agrícola", "Convênio de Taubaté", ora

diferente que seja exercida por uma as sembléia especial ou pelo Congi-esso em

ções que empolgaram os ouvintes, hauri-

seus trabalhos ordinários. A condição é

múrio que se ouvia no recinto, e que o não afligia, pois outro rumor, o de sinos, que vinha do exterior, esse, sim, poderia

das como foram nas lições dos melhores

que essa função seja expressamente co

impedi-lo de ser ouvido e não o que

tratadístas do Direito Internacional e da

metida ao Congresso.

significava um côro de aplausos ao elo- ^

Ciência das Finanças.

Campista não era católico militante,

mas entendia ser de vantajosa política a representação do Brasil junto ac Che fe da Cristandade. O "Convênio de Taubaté" ou "Valo

rização do Café" foi um acordo cele

brado pelos três Estados, São Paulo, Minas Gerais e Rio de Janeiro, com o fito de se adotarem medidas que impe dissem a baixa do café e garantissem ao fazendeiro preço compensador. Baixa que era devida à crise da superprodução

e da anárquica situação da nossa moeda. Campista foi o maior defensor dessa política, pleiteada com tanto calor pelas classes produtoras de São Paulo. Na Cai

Era natural o mur

Apresentado e aprovado um projeto de

quente orador que, como o seu homô- M

reforma da Constituição, os congressis tas, na hora determinada para o discu tirem, inveslir-se-ão nas atribuições de constituintes, não sendo px^ecisa a con

nimo — Davi — está destinado a vencer ^

vocação de uma assembléia especial.

campos, tudo de acôrdo com o seu ilus

Campista costumava dizer com ironia,

gigantes, combatendo-os com a funda da lógica, arrebatando o auditório conr

todos os perfumes que embalsamani os apoiados). A reforma do Banco do Brasil, conhe

feito de uma lei brasileira era ser incons

cida como Refonna Da\'i Campista,

titucional, por haver sempre recurso pa

proporcionou-Uie o ensejo de no\'OS triunfes, medindo-se com parlamentares da estatura de um Calógeras, de um

ra o Supremo Tribunal Federal, ao pas so que contra a sua inconveniência nada se pode fazer. Em geral, só se cumpriam as leis de efeito pemicio.so...

Barbosa Lima e de um Brício Filho.

Memorá\'eis foram os discursos sobre

xa de Conversão estava o coroamento da

buna João Neiva, deputado pela Baía. As palavras iniciais que profere fotogra

obra de defesa do ouro do Brasil que

fam o ambiente da Câmara, eletrizado

é o café.

pelo verbo de Davi Campista: "Depois de agradecer ao senhor Presidente ter despertado a atenção dos seus colegas, o que não era preciso, porque o murmú

a nova lei nionetana, também impugna da por Joaquim Murtinho e Leopoldo de Bulhões, alcançou Davi Campista re-

Calógeras, adversário de determinadas

memorável a Câmara

cláusulas do Convênio, não o discutiu,

porque estava temporàriamente afastado

Cessados os aplausos, sucede-o na tri

,

tre nome — Davi Campista!" (Muitos

um parecer da Receita, que o menor de

e Peixoto remenrorou o fato ao discutir

a Caixa de Conversão. Enfrentando^ os maiores legisladores, Barbosa Lima, Serzedelo Correia, Alcindo Guanabara, Mi guel Calraon, Artur Orlando, .Afonso

embevecida presenciou. Narrou-a, com a

A outra cena

assistir, trocassem idéias a êsSe respeito

e .sob a impressão profunda que em seu

no gênero.

as divergências científicas para opô-las minismo em seus domínios; a igualdade desaparecerá porque a seleção e o pro gresso baseiam-se justamente nas desi gualdades naturais e adquiridas; a fra ternidade foi morta nos combates impie dosos do "struggle for life". E' o uni

-

à Conferência Pan-Americanu.

tivista, se bem que positivista azul". "E' positivista, mas nunca leu Au gusto Comte", aparteou, com estrondo,

dível; "Nada mais e.xistirá se tomarmos

101

Costa, que combateram desabridamente

,


Dicesto Econômico

100

volve-lo num cipoal de objeções, tôdas destruídas pela sua lógica. Interpelado por um colega positivista

graça que lhe é peculiar, o interessante memoríalista Joaquim Sales.

se conhecia as idéias do autor que aca bava de citar, respondeu com mordacidade; "Sou de uma profunda ignorân

valcanti, que mancla\'a suprimir a nos sa Icgação junto à Santa Sé, para não

cia, mas nfio temo discuti-las com o meu

aparteante". Ágil, perante o auditório enlevado, fere o contender com o florete

acerado. Profere êste conceito irrespon

Ao analisar a emenda de Tomaz Ca

contrariar o espírito da Constituição de 24 de fevereiro, Davi Campista, girando o monóculo, como era de seu hábito, disse sorridente: "Eu também sou posi

Dic;ESTr> Econômico

do Parlamento como delegado do Brasil

rio feito pelas suas vozes é uma harmo nia para os seus ouvidos, e porque é Sobre impostos inlovcstadiiaus, tema. naluiul que eles, entusiasmados pela bri que pro\-ocou, na Câmara dos Deputa lhante peça oratória, a que acabam de dos, violentas explosüe.s de .sentimento regionalista, Davi Campista prodir/iu uma das mais interessantes monografias

espírito deverá ter deixado esse memo-

rá\el discurso, proferido por um orador- ,

O jurista não pediu meças ao finan

à ação do Estado, A liberdade será uma

Tomaz Cavalcanti. Desnorteante, a res

de que não é neec.ssária a con\ocação de uma Assembléia Constituinte para

fantasia porque a ciência aceita o deter

posta: "Mais feliz do que Vossa Exce

reformar a Constituição.

verso que desmorona".

O conflito da liberdade espiritual com os devcres do Estado é analisado com

sutileza. E a propósito da moral relativa, cita um exemplo corriqueiro: "Um per feito cavalheiro, incapaz da menor in-

delicadeza, nos atos da vida comum, pode ser capaz das mais estrondosas pa/lifarias eleitorais. Relatividade freqüen te das coisas".

Estuda os elementos componentes de uma religião; dogma, moral e culto. Em relação ao dogma, o Estado não exerce

ação. Quanto à moral e o culto exerci dos no mimdo exterior,. Campista admi te a intervenção do Estado, que mutila a liberdade religiosa. Campista adotava a divisa de Disraeli: "O problema da saúde pública supe ra a todos os problemas sociais" e con

cluía que infelizmente o "não pode" é a cristalização da democracia indígena.

lência, que leu, não entendeu e ficou

do superior valia, uma sereia que seduz,

cista. Abordou oportunas teses de Direi to Constitucional, como, por. exemplo, a

atrai e encanta.

Campista, que vem mostrar que até àquelas alcantis vão ter as boas idéias,

levadas nas asas da viração marítima, de

A Constituinte, assim a julgava, não

E' uma

sereia mineira, o sr. Davi

modo a crescerem, engrandécerem-se,

fanático".

é uma assembléia, é uma função. E' in

bonificarem-se...

"Legação do Vaticano", "Crédito Agrícola", "Convênio de Taubaté", ora

diferente que seja exercida por uma as sembléia especial ou pelo Congi-esso em

ções que empolgaram os ouvintes, hauri-

seus trabalhos ordinários. A condição é

múrio que se ouvia no recinto, e que o não afligia, pois outro rumor, o de sinos, que vinha do exterior, esse, sim, poderia

das como foram nas lições dos melhores

que essa função seja expressamente co

impedi-lo de ser ouvido e não o que

tratadístas do Direito Internacional e da

metida ao Congresso.

significava um côro de aplausos ao elo- ^

Ciência das Finanças.

Campista não era católico militante,

mas entendia ser de vantajosa política a representação do Brasil junto ac Che fe da Cristandade. O "Convênio de Taubaté" ou "Valo

rização do Café" foi um acordo cele

brado pelos três Estados, São Paulo, Minas Gerais e Rio de Janeiro, com o fito de se adotarem medidas que impe dissem a baixa do café e garantissem ao fazendeiro preço compensador. Baixa que era devida à crise da superprodução

e da anárquica situação da nossa moeda. Campista foi o maior defensor dessa política, pleiteada com tanto calor pelas classes produtoras de São Paulo. Na Cai

Era natural o mur

Apresentado e aprovado um projeto de

quente orador que, como o seu homô- M

reforma da Constituição, os congressis tas, na hora determinada para o discu tirem, inveslir-se-ão nas atribuições de constituintes, não sendo px^ecisa a con

nimo — Davi — está destinado a vencer ^

vocação de uma assembléia especial.

campos, tudo de acôrdo com o seu ilus

Campista costumava dizer com ironia,

gigantes, combatendo-os com a funda da lógica, arrebatando o auditório conr

todos os perfumes que embalsamani os apoiados). A reforma do Banco do Brasil, conhe

feito de uma lei brasileira era ser incons

cida como Refonna Da\'i Campista,

titucional, por haver sempre recurso pa

proporcionou-Uie o ensejo de no\'OS triunfes, medindo-se com parlamentares da estatura de um Calógeras, de um

ra o Supremo Tribunal Federal, ao pas so que contra a sua inconveniência nada se pode fazer. Em geral, só se cumpriam as leis de efeito pemicio.so...

Barbosa Lima e de um Brício Filho.

Memorá\'eis foram os discursos sobre

xa de Conversão estava o coroamento da

buna João Neiva, deputado pela Baía. As palavras iniciais que profere fotogra

obra de defesa do ouro do Brasil que

fam o ambiente da Câmara, eletrizado

é o café.

pelo verbo de Davi Campista: "Depois de agradecer ao senhor Presidente ter despertado a atenção dos seus colegas, o que não era preciso, porque o murmú

a nova lei nionetana, também impugna da por Joaquim Murtinho e Leopoldo de Bulhões, alcançou Davi Campista re-

Calógeras, adversário de determinadas

memorável a Câmara

cláusulas do Convênio, não o discutiu,

porque estava temporàriamente afastado

Cessados os aplausos, sucede-o na tri

,

tre nome — Davi Campista!" (Muitos

um parecer da Receita, que o menor de

e Peixoto remenrorou o fato ao discutir

a Caixa de Conversão. Enfrentando^ os maiores legisladores, Barbosa Lima, Serzedelo Correia, Alcindo Guanabara, Mi guel Calraon, Artur Orlando, .Afonso

embevecida presenciou. Narrou-a, com a

A outra cena

assistir, trocassem idéias a êsSe respeito

e .sob a impressão profunda que em seu

no gênero.

as divergências científicas para opô-las minismo em seus domínios; a igualdade desaparecerá porque a seleção e o pro gresso baseiam-se justamente nas desi gualdades naturais e adquiridas; a fra ternidade foi morta nos combates impie dosos do "struggle for life". E' o uni

-

à Conferência Pan-Americanu.

tivista, se bem que positivista azul". "E' positivista, mas nunca leu Au gusto Comte", aparteou, com estrondo,

dível; "Nada mais e.xistirá se tomarmos

101

Costa, que combateram desabridamente

,


Dicesto Ecoxóxnco

102

tumbante triunfo,

rebatendo, com ga-

fundas é esta:

Sua Excclciicia \otará

mentos dos antagonistas, que não admi

contra o projeto c cu a fa\or". (Risos). Campisla deixa cnlrc\xir (jue há em

tiam operasse

Barbosa Lima um oposícionisino siste

lluirdia c superioridade, todos os argu o Govèrnn em câmbio

por intermédio do Tesouro. Diáfana, a exposição, e o seu raciocí

nio assim SC resume: a lavoura não pre cisa de cambio baixo;

desxalorizar a

moeda para valorizar os produtos é fal

mático, Estraniia qim os adxor.sários, su postos espcciali.slas, \i\-ain rccolliidos à lôrrc- de marfim <lc uns lanlos princípios estereotipados que vieram da "Econô

mica" de Aristóteles à "Riíjiiezii das Na

Dioes-|(i

angustiosas da espôsa sòbre a sorte, do filho, respondeu: Ele era filho da neve

não adaptar os problemas a agrupamen

Davi Campista não aen dilava na efi ciência dos partidos políticos. Idealista, pairava sempre nas alturas o .seu lumi noso espírito. A política mcscpiinha ja mais o preoevipava. As idéia.s que defen deu, em relação às-agvemiações partidá rias, eram idênticas às de Carios Peixoto

tos fi.xos de homens.

ções" de Adam Sinilh,

baixa; o bem é a estabilização; o mal c a oscilação; s(>m. estabilidade, não há

tom algumas leituras do indefectível Leroy Bcaulieu.

produção, não há comércio, não há cré dito; havendo desconfiança, há evasão

"Pertencem à escola daqueles de quem dizia um escritor: ainda na atua

do ouro.

acontecimentos políticos, desenrolados

lidade ensinam e explicam as \antagens

em São Paulo após a Revolução de 19à0,

Constituem essas orações modelos dc

da divisão íIo trabalho, com a clássica

erudição e de gôsto literário. À impren

fábrica de alfinetes dc Adam Smith —

sa, que furiosamente atacava a reforma

que terá sido um portento há cento e

monetária, endereçava o orador, que consolidara a reputação de financista, este pensamento sutil, anatoliano: "Re-

nan dizia que "pour ne pas chunger il suffit ne pas penser". De resto, a im prensa de toda parte tem um tempera mento quase feminino. E' vibrátil, ca

prichosa, delicada: uma liarpa de ner vos, um mimo de variações.

E' natural, portanto, que ela "souvent varie" e eu não queira bater-lhe agora

trinta anos, mas que faz .sorrir diante das maravilhas da indústria."

Em relação a cerla.s

doutrinas que

ncs querem aplicar à força, mas que ne cessitam de transformaçõe.s

para que

medrem no Brasil, de ambiento diverso,

serviu-sc o discípulo de Luciano de uma imagem tomada dc Aquiles Loria, eco nomista italiano, que revela finíssimo espírito: "Narra a legenda cjue um

preocupam a opinião, os homens se de vem agrupar segundo os problemas e

— dissolveu-se no país do .sol".

ta de senso; o bem não é a alta aicm a

nioderniz;Klos

103

Eí^onómico

que, corajosamente, se proclamava ad

A evolução nos há dc conduzir a um outro método de ação política, a liga temporária, segundo as questões, em vez

doí". partidos permanentes." Se, em matéria cie fil. -ofia social do trecho citado, fazemos restrições às idéias

em que se trai a influencia de Karl Marx,

versário das organizações permanentes.

em relação às dos partidos políticos nao

Lapidar é uma das suas explanações, que

lhe regateamos aplausos.

demonstram ser a boa doutrina: "A po

lítica, no seu nobre sentido, a larga po lítica, que agita ht)je a vida interna e externa das naçcões. c principalmente a

política econômica. E' essa a feição do mundo contempo

râneo. E a ela se ajustam, cm boa parte,

as próprias doutrinas científicas que fa zem do fenômeno econômico o fenôme no base, o fenômeno .social por exce lência, de que todos os outros, como os

Minas revivia os tempos gloriosos de Bernardo Vasconcelos e Marquês do

Paraná, com o "Jardim da Infância"^ ex pressão criada por José Augusto de freitas para designar com ironia o grupo

dos jovens que tanto sobressaíram, du rante o governo Rodrigues Alves, nas lides parlamentares.

Dizia-se que a idéia de "Minas in telectual" pertencia a Davi Campista.

O grande orador vivia em .seu modesto apartamento, em Longchamps, quando surgiu na Câmara dos Deputados La

políticos, religiosos, literários c artísticos,

Liguo des Quatre". Os mosqueteiros

não são mais do que transformações. E' um monismo perfeito das forças sociais.

eram Poincaré, Barthou, Leygues e Hannolaux. Da mesma linhagem, a

nem mesmo com uma flor". (Risos).

guerreiro anglo-snxônio, repatriado de pois de uma guerra em regiões longín

A sua ironia tomava-se, às vezes, pun gente e de interpretação ampla. A um

quas, verificou que, durante a sua au sência, de mais do um ano, sua esposa

não podcí ser, porque ouço sempre as

deputado que o aparteou com voz estertórica: "E' preciso falar baixo na Câ mara, para que não nos ouça lá fora o nosso credor hipotecário".

dera à luz um filiio. Exprobou-a c ela explicou que, indo uma manhã pelos campos gelados, um floco do ne\'c lhe

mais sentidas lamentações sobre a ausên

Luiz Alves, Estêvão Lòbo e Pandiá Ca-

cia de partidos que dividam permanen

lógeras.

Não perdeu o bom luimor. Iniciou a resposta a Barbosa Lima, o mais ferre

o povo cliamava à criança dc "filho da

nho dos seus contraditores, com galan-

caíra ao seio e a tornara mãe. Por isso, neve".

Calou-so o guerreiro c, tempos depois,

teria irônica: "De todos os adversários

chamado dc no\o a combater

que encontrei nesta campanha, é Sua E.xcelência aquele com o qual, em pon

go o filho, c o conseguiu. Em caminho,

tos essenciais, mais \'êzes me encontrei

matou-o.

de acordo. Uma das divergências pro-

em re

giões do sul, fez questão de levar consi Ao regressar ao lar e às interrogações

Uma questão de partidos parece que

temente a nação.

Não -SOU dos que julgam indispensá veis à normalidade da nossa vida políti ca essas arregimentações tradicionais

coorte, em torno do fulgurante orador: Carlos Peixoto, Gastão da Cunha, João

O cronista político Sertório de Castro,

que comparecia diàriamentc à Câmara

dos Deputados, descreve algumas dessas figuras: "A oratória ê a diversidade. que se, devem revezar no poder, subindo Aquele que não a puder usar em iodos

ou descendo como as conchas de uma

os seus registos poderá ser um exce

balança que oscila.

lente orador, mas não o será completo

Penso como Ostrogoski — em um tra

e perfeito. Gastao da Cunha, Cailos

balho que c um monumento de estudo experimental — que, por is.so são sempre

Peixoto Filho e Davi Campista, cada

numerosos e diversos os problemas que

eiam-no completos. Mais parecidos os

qual com sou feitio e suas modalidades,


Dicesto Ecoxóxnco

102

tumbante triunfo,

rebatendo, com ga-

fundas é esta:

Sua Excclciicia \otará

mentos dos antagonistas, que não admi

contra o projeto c cu a fa\or". (Risos). Campisla deixa cnlrc\xir (jue há em

tiam operasse

Barbosa Lima um oposícionisino siste

lluirdia c superioridade, todos os argu o Govèrnn em câmbio

por intermédio do Tesouro. Diáfana, a exposição, e o seu raciocí

nio assim SC resume: a lavoura não pre cisa de cambio baixo;

desxalorizar a

moeda para valorizar os produtos é fal

mático, Estraniia qim os adxor.sários, su postos espcciali.slas, \i\-ain rccolliidos à lôrrc- de marfim <lc uns lanlos princípios estereotipados que vieram da "Econô

mica" de Aristóteles à "Riíjiiezii das Na

Dioes-|(i

angustiosas da espôsa sòbre a sorte, do filho, respondeu: Ele era filho da neve

não adaptar os problemas a agrupamen

Davi Campista não aen dilava na efi ciência dos partidos políticos. Idealista, pairava sempre nas alturas o .seu lumi noso espírito. A política mcscpiinha ja mais o preoevipava. As idéia.s que defen deu, em relação às-agvemiações partidá rias, eram idênticas às de Carios Peixoto

tos fi.xos de homens.

ções" de Adam Sinilh,

baixa; o bem é a estabilização; o mal c a oscilação; s(>m. estabilidade, não há

tom algumas leituras do indefectível Leroy Bcaulieu.

produção, não há comércio, não há cré dito; havendo desconfiança, há evasão

"Pertencem à escola daqueles de quem dizia um escritor: ainda na atua

do ouro.

acontecimentos políticos, desenrolados

lidade ensinam e explicam as \antagens

em São Paulo após a Revolução de 19à0,

Constituem essas orações modelos dc

da divisão íIo trabalho, com a clássica

erudição e de gôsto literário. À impren

fábrica de alfinetes dc Adam Smith —

sa, que furiosamente atacava a reforma

que terá sido um portento há cento e

monetária, endereçava o orador, que consolidara a reputação de financista, este pensamento sutil, anatoliano: "Re-

nan dizia que "pour ne pas chunger il suffit ne pas penser". De resto, a im prensa de toda parte tem um tempera mento quase feminino. E' vibrátil, ca

prichosa, delicada: uma liarpa de ner vos, um mimo de variações.

E' natural, portanto, que ela "souvent varie" e eu não queira bater-lhe agora

trinta anos, mas que faz .sorrir diante das maravilhas da indústria."

Em relação a cerla.s

doutrinas que

ncs querem aplicar à força, mas que ne cessitam de transformaçõe.s

para que

medrem no Brasil, de ambiento diverso,

serviu-sc o discípulo de Luciano de uma imagem tomada dc Aquiles Loria, eco nomista italiano, que revela finíssimo espírito: "Narra a legenda cjue um

preocupam a opinião, os homens se de vem agrupar segundo os problemas e

— dissolveu-se no país do .sol".

ta de senso; o bem não é a alta aicm a

nioderniz;Klos

103

Eí^onómico

que, corajosamente, se proclamava ad

A evolução nos há dc conduzir a um outro método de ação política, a liga temporária, segundo as questões, em vez

doí". partidos permanentes." Se, em matéria cie fil. -ofia social do trecho citado, fazemos restrições às idéias

em que se trai a influencia de Karl Marx,

versário das organizações permanentes.

em relação às dos partidos políticos nao

Lapidar é uma das suas explanações, que

lhe regateamos aplausos.

demonstram ser a boa doutrina: "A po

lítica, no seu nobre sentido, a larga po lítica, que agita ht)je a vida interna e externa das naçcões. c principalmente a

política econômica. E' essa a feição do mundo contempo

râneo. E a ela se ajustam, cm boa parte,

as próprias doutrinas científicas que fa zem do fenômeno econômico o fenôme no base, o fenômeno .social por exce lência, de que todos os outros, como os

Minas revivia os tempos gloriosos de Bernardo Vasconcelos e Marquês do

Paraná, com o "Jardim da Infância"^ ex pressão criada por José Augusto de freitas para designar com ironia o grupo

dos jovens que tanto sobressaíram, du rante o governo Rodrigues Alves, nas lides parlamentares.

Dizia-se que a idéia de "Minas in telectual" pertencia a Davi Campista.

O grande orador vivia em .seu modesto apartamento, em Longchamps, quando surgiu na Câmara dos Deputados La

políticos, religiosos, literários c artísticos,

Liguo des Quatre". Os mosqueteiros

não são mais do que transformações. E' um monismo perfeito das forças sociais.

eram Poincaré, Barthou, Leygues e Hannolaux. Da mesma linhagem, a

nem mesmo com uma flor". (Risos).

guerreiro anglo-snxônio, repatriado de pois de uma guerra em regiões longín

A sua ironia tomava-se, às vezes, pun gente e de interpretação ampla. A um

quas, verificou que, durante a sua au sência, de mais do um ano, sua esposa

não podcí ser, porque ouço sempre as

deputado que o aparteou com voz estertórica: "E' preciso falar baixo na Câ mara, para que não nos ouça lá fora o nosso credor hipotecário".

dera à luz um filiio. Exprobou-a c ela explicou que, indo uma manhã pelos campos gelados, um floco do ne\'c lhe

mais sentidas lamentações sobre a ausên

Luiz Alves, Estêvão Lòbo e Pandiá Ca-

cia de partidos que dividam permanen

lógeras.

Não perdeu o bom luimor. Iniciou a resposta a Barbosa Lima, o mais ferre

o povo cliamava à criança dc "filho da

nho dos seus contraditores, com galan-

caíra ao seio e a tornara mãe. Por isso, neve".

Calou-so o guerreiro c, tempos depois,

teria irônica: "De todos os adversários

chamado dc no\o a combater

que encontrei nesta campanha, é Sua E.xcelência aquele com o qual, em pon

go o filho, c o conseguiu. Em caminho,

tos essenciais, mais \'êzes me encontrei

matou-o.

de acordo. Uma das divergências pro-

em re

giões do sul, fez questão de levar consi Ao regressar ao lar e às interrogações

Uma questão de partidos parece que

temente a nação.

Não -SOU dos que julgam indispensá veis à normalidade da nossa vida políti ca essas arregimentações tradicionais

coorte, em torno do fulgurante orador: Carlos Peixoto, Gastão da Cunha, João

O cronista político Sertório de Castro,

que comparecia diàriamentc à Câmara

dos Deputados, descreve algumas dessas figuras: "A oratória ê a diversidade. que se, devem revezar no poder, subindo Aquele que não a puder usar em iodos

ou descendo como as conchas de uma

os seus registos poderá ser um exce

balança que oscila.

lente orador, mas não o será completo

Penso como Ostrogoski — em um tra

e perfeito. Gastao da Cunha, Cailos

balho que c um monumento de estudo experimental — que, por is.so são sempre

Peixoto Filho e Davi Campista, cada

numerosos e diversos os problemas que

eiam-no completos. Mais parecidos os

qual com sou feitio e suas modalidades,


Dicesto Econômico

105

Dicesto Econômico

dois primeiros na graça e na cspirUuali-

uoUidaiiM-ulc cin cjnpréstitnos c descon

dade, tocada a sua palavra a cada nio-

to:!.

TiienU) pelas cinlllações metálicas da ironia c do chiste. Mais pcrfilt» o úl

Eni JOOf), após í\sforço.s ingentes, podii o

iiitimor.ito

fiicinfistii, coii>tataclo o

timo nos seus aspectos de orador parla

êxito feliz da "Cai.xa de Càuixcrsâo",

mentar iX)r excelência.

cserexer cm Seu relatório:

Cada um dos

Irôs passava, com elegância, com fluidez, com arte, de uma modalidade da oratória para outra. Carlos Peixoto fa

lava doutrinàriamente, defendendo os

seus pareceres de relator da Receita, como se ocupasse uma cadeira.

Mas

era sarcástico e apenas fazia sorrir. Gas-

tão da Cunha, com a perfeição rjiiase fotográfica de suas caricaturas, ia além:

não raro convertiam-se cm gargalhadas os sorrisos que despertava. Era, na tri

buna, o mesmo conversador cheio das

fagulhas que cultivava, com requintes de arte, o jôgo floral da palestra". Ministro da Fazenda

Ministro da Fazenda de Afonso Pena,

tina e efêmera das taxas e garantindo a

estabilidade cambial — programa de go vêmo que só poderia ser executado por um estadista do seu porte. O ano de 1907 há de ficar assinala

do, na história financeira do País, como

o primeiro em que a estabilidade cam bial foi ínflexivelmente mantida.

do País?

Atribuía-se a Afonso Pena a frase: ao "FEtat c'cst moi" de Luís XIV. Frase

o ano e até à presente data. ConserNou-

que Tavares dc Lira, o Ministro da Jus

se inalterada a ta.\a de 15 3/6 no Banco do Brasil e a 15 1/8 nos Bancos estran

tiça de então, afirma nunca ter ouvido.

geiros, ciando em resultado a média cons

Campista à Presidência da República,

tante cie 15 5/35 registada pela Câmara Sindical dos Corretores. À açÚo conju gada da "Caixa de Conversão" e do

Banco do Bra.sil, que cm todos os tem pos contou com o auxílio do Covêmo, deve-so a estabilidade do cambio." "Caixa de Conversão" não resumiu

a .sua atividade.

Procurou não só con

servar as disponibilidades do Tesouro como acresce-la.s. Regularizou o ser\'iço

Levantada

a

candidatura

de Davi

sofreu de jornalistas o político.s do seu Estado uma campanha insidiosa. São Paulo prestigiou com entusiasmo a

chapa do candidato militar.

De resistência cívica, Campista .não cortejava a popularidade. Não fazia no meações injustas ou inúteis. Zelava dos

dinheiros públicos como um provedor do casa beneficente. Instado para can celar a dívida d'"0 País", respondeu: "Não despenderei um .\en-xen para o c.xito da minha candidatura". Os políti cos não o toleravam. Lauro Müller, nos bastidores, articulava os adversários. Rui, vetando-a, facilitou o advento do

candidatura do defensor do Convênio de

militarismo, fomentado pela ambição de soldados que nunca freqüentaram a ca-

Taubaté.

serna e pela fraqueza do Marechal Her

Mas falhou Minas, cujo pre-"

sidente, Venceslau Brás, agiu eiTi tòda

mes, centro de convergência de todos

aquela fase com certa dubiedade.

os descontentes. A -carta que o genial

Incriminava-se em Campista o não

baiano escreveu a Afonso Pena está ei-

responder cartas. Não era discípulo do Conselheiro Dantas, o mais pontual dos

xada de injustiças. Movido pela paixão política, não reconhecia, no grande mi

políticos brasileiros, o homem que não perdia um enterro, xim batizado, uma

de. Apenas um moço de talento e de fu^

tão as rendas públicas. O Brasil, nessa fase da sua vida, tor

visita de aniversário.

turo...

mentosa e brilhante, é-lhe devedor dc insuperáveis serviços.

vida.

de amortização e juros da dívida externa censão contínua estiveram em sua ges

Conversão", limitando a ascensão repen

menos, de coordenar as forças eleitox-ais

maiiteve-sc ab.solutamenle fixo durante

Ao assumir o exercício da pasta, Paulo Barreto interrogou-o a respeito dcJ seu plano administrativo. "Mandar pin cores catitas, é impossível ter Ia uma idéia." Foi a resposta do artista. Sustentou a política da "Caixa de

e concordou cm ser o companheiro de

"Quem faz a política sou eu", paródia

foi a figura central do Govêmo.

tar e forrar aquele Gabinete. É intolerá

Brasil governado pelo Marechal Hermes

estaduais", o poderiam ter, por (pie ne gar ao Chefe da Nação o direito, pelo

"O câmbio

dos Estados e cios Municípios. Em as

vel. Como está aquilo, com aquelas

Se os governadores, "pe<pjenos Cuteles

Esquadrinharam e discutiram á sua Conseguiram os escavadores de

Afonso Pena, um patriota, fascinado pela inteligência peregrina e caráter ili bado de Davi Campista, quis realmen te fazê-lo seu sucessor.

Era tão grande o desvario do seu

julgamento que, para, demonstrar que

reputações descobrir que usava perfu

a opinião pública de Minas Gerais não

mes...

o classificava entre os filhos beneméritos,

Talentoso jornalista a(X)imava-o

O candidato

nistro, experiência, madureza, autorida

de

argumentou que a sua eleição não fôra

Davi Pomada. Com alguém que estra nhava o pretexto fútil de João Lage, ma

líquida e o reconhecimento na Câmara

liciosamente comentou Campista: "Ele

Adotado êsse critério, qualquer coro nel da roça, uma credencial no Brasil, seria maior que Pandiá Calógeras e Car los Peixoto, eleitos sempre com dificul

jamos então o Anísio de-^Abreu".

Minas Gerais tem sido madrasta para

não correra sem tropeços...

Justificava a preferência a circunstân cia de Campista ser o ministro mais

com os homens de talento. Bias Fortes

presidente da Comissão Diretora do Par

dades, e o próprio Rui seria julgado

identificado com a política econômica e

tido Republicano Mineiro, político de

inferior ao seu contender.

financeira do Govêmo, no seu entender a mais importante no momento.

vida austera, alegando questões de prin cípio, não concordou, na entrevista con

A democracia foi sempre o triunfo das mediocridades. Ninguém o sabia melhor do que Rui. Mas é explicável a paixão

Carlos Peixoto, o líder, sustentava que,

Um dos grandes benefícios que a

no regimom presidencial, ao Presidente

"Caixa de Conversão" trouxe ao Brasil

da República assiste, mais do que ao

foi o aumento dos negócios bancários.

Parlamento, o direito de ter candidato. uàÉ l:*

cedida a "O País", que Afonso Pena su gerisse o nome do sucessor. Venceslau

Brás, presidente do Estado/preferiu o

O Grande Espoliado não poupava os presumíveis candidatos à Presidência da


Dicesto Econômico

105

Dicesto Econômico

dois primeiros na graça e na cspirUuali-

uoUidaiiM-ulc cin cjnpréstitnos c descon

dade, tocada a sua palavra a cada nio-

to:!.

TiienU) pelas cinlllações metálicas da ironia c do chiste. Mais pcrfilt» o úl

Eni JOOf), após í\sforço.s ingentes, podii o

iiitimor.ito

fiicinfistii, coii>tataclo o

timo nos seus aspectos de orador parla

êxito feliz da "Cai.xa de Càuixcrsâo",

mentar iX)r excelência.

cserexer cm Seu relatório:

Cada um dos

Irôs passava, com elegância, com fluidez, com arte, de uma modalidade da oratória para outra. Carlos Peixoto fa

lava doutrinàriamente, defendendo os

seus pareceres de relator da Receita, como se ocupasse uma cadeira.

Mas

era sarcástico e apenas fazia sorrir. Gas-

tão da Cunha, com a perfeição rjiiase fotográfica de suas caricaturas, ia além:

não raro convertiam-se cm gargalhadas os sorrisos que despertava. Era, na tri

buna, o mesmo conversador cheio das

fagulhas que cultivava, com requintes de arte, o jôgo floral da palestra". Ministro da Fazenda

Ministro da Fazenda de Afonso Pena,

tina e efêmera das taxas e garantindo a

estabilidade cambial — programa de go vêmo que só poderia ser executado por um estadista do seu porte. O ano de 1907 há de ficar assinala

do, na história financeira do País, como

o primeiro em que a estabilidade cam bial foi ínflexivelmente mantida.

do País?

Atribuía-se a Afonso Pena a frase: ao "FEtat c'cst moi" de Luís XIV. Frase

o ano e até à presente data. ConserNou-

que Tavares dc Lira, o Ministro da Jus

se inalterada a ta.\a de 15 3/6 no Banco do Brasil e a 15 1/8 nos Bancos estran

tiça de então, afirma nunca ter ouvido.

geiros, ciando em resultado a média cons

Campista à Presidência da República,

tante cie 15 5/35 registada pela Câmara Sindical dos Corretores. À açÚo conju gada da "Caixa de Conversão" e do

Banco do Bra.sil, que cm todos os tem pos contou com o auxílio do Covêmo, deve-so a estabilidade do cambio." "Caixa de Conversão" não resumiu

a .sua atividade.

Procurou não só con

servar as disponibilidades do Tesouro como acresce-la.s. Regularizou o ser\'iço

Levantada

a

candidatura

de Davi

sofreu de jornalistas o político.s do seu Estado uma campanha insidiosa. São Paulo prestigiou com entusiasmo a

chapa do candidato militar.

De resistência cívica, Campista .não cortejava a popularidade. Não fazia no meações injustas ou inúteis. Zelava dos

dinheiros públicos como um provedor do casa beneficente. Instado para can celar a dívida d'"0 País", respondeu: "Não despenderei um .\en-xen para o c.xito da minha candidatura". Os políti cos não o toleravam. Lauro Müller, nos bastidores, articulava os adversários. Rui, vetando-a, facilitou o advento do

candidatura do defensor do Convênio de

militarismo, fomentado pela ambição de soldados que nunca freqüentaram a ca-

Taubaté.

serna e pela fraqueza do Marechal Her

Mas falhou Minas, cujo pre-"

sidente, Venceslau Brás, agiu eiTi tòda

mes, centro de convergência de todos

aquela fase com certa dubiedade.

os descontentes. A -carta que o genial

Incriminava-se em Campista o não

baiano escreveu a Afonso Pena está ei-

responder cartas. Não era discípulo do Conselheiro Dantas, o mais pontual dos

xada de injustiças. Movido pela paixão política, não reconhecia, no grande mi

políticos brasileiros, o homem que não perdia um enterro, xim batizado, uma

de. Apenas um moço de talento e de fu^

tão as rendas públicas. O Brasil, nessa fase da sua vida, tor

visita de aniversário.

turo...

mentosa e brilhante, é-lhe devedor dc insuperáveis serviços.

vida.

de amortização e juros da dívida externa censão contínua estiveram em sua ges

Conversão", limitando a ascensão repen

menos, de coordenar as forças eleitox-ais

maiiteve-sc ab.solutamenle fixo durante

Ao assumir o exercício da pasta, Paulo Barreto interrogou-o a respeito dcJ seu plano administrativo. "Mandar pin cores catitas, é impossível ter Ia uma idéia." Foi a resposta do artista. Sustentou a política da "Caixa de

e concordou cm ser o companheiro de

"Quem faz a política sou eu", paródia

foi a figura central do Govêmo.

tar e forrar aquele Gabinete. É intolerá

Brasil governado pelo Marechal Hermes

estaduais", o poderiam ter, por (pie ne gar ao Chefe da Nação o direito, pelo

"O câmbio

dos Estados e cios Municípios. Em as

vel. Como está aquilo, com aquelas

Se os governadores, "pe<pjenos Cuteles

Esquadrinharam e discutiram á sua Conseguiram os escavadores de

Afonso Pena, um patriota, fascinado pela inteligência peregrina e caráter ili bado de Davi Campista, quis realmen te fazê-lo seu sucessor.

Era tão grande o desvario do seu

julgamento que, para, demonstrar que

reputações descobrir que usava perfu

a opinião pública de Minas Gerais não

mes...

o classificava entre os filhos beneméritos,

Talentoso jornalista a(X)imava-o

O candidato

nistro, experiência, madureza, autorida

de

argumentou que a sua eleição não fôra

Davi Pomada. Com alguém que estra nhava o pretexto fútil de João Lage, ma

líquida e o reconhecimento na Câmara

liciosamente comentou Campista: "Ele

Adotado êsse critério, qualquer coro nel da roça, uma credencial no Brasil, seria maior que Pandiá Calógeras e Car los Peixoto, eleitos sempre com dificul

jamos então o Anísio de-^Abreu".

Minas Gerais tem sido madrasta para

não correra sem tropeços...

Justificava a preferência a circunstân cia de Campista ser o ministro mais

com os homens de talento. Bias Fortes

presidente da Comissão Diretora do Par

dades, e o próprio Rui seria julgado

identificado com a política econômica e

tido Republicano Mineiro, político de

inferior ao seu contender.

financeira do Govêmo, no seu entender a mais importante no momento.

vida austera, alegando questões de prin cípio, não concordou, na entrevista con

A democracia foi sempre o triunfo das mediocridades. Ninguém o sabia melhor do que Rui. Mas é explicável a paixão

Carlos Peixoto, o líder, sustentava que,

Um dos grandes benefícios que a

no regimom presidencial, ao Presidente

"Caixa de Conversão" trouxe ao Brasil

da República assiste, mais do que ao

foi o aumento dos negócios bancários.

Parlamento, o direito de ter candidato. uàÉ l:*

cedida a "O País", que Afonso Pena su gerisse o nome do sucessor. Venceslau

Brás, presidente do Estado/preferiu o

O Grande Espoliado não poupava os presumíveis candidatos à Presidência da


Digesto Económií-

100

HcpnbÜca. Allino Arantes, tcmperameiilo de artista, com invejável cultura de humanidades, não encarnava, aos seus

olhos, como a vitória mais eslronclosa do regimem da incompetência? Quando, na carta dirigida a Afonso

.sal. Sabia, magistralmente, em ctnnpeiu sação, as de que o (?stadisla não pod^, prescindir: a Ciência das Finanças, ^ Contabilidade, a Economia Política. Direito Internacional, o Direito Consti..

lucinnal c o Direito Administrativo, 5^,^

DiciiSTd

Econômico

Ültinui fase

migo no Brasil dos homens de laleuto, envolveu Da\i Campista.

\ el: de uma sensibilidade, aguda, sentia

Morto Afonso Pena, o ostracismo, ini

Alfredo Pinto, Chefe- de Policia do go\èmo que e.xpirou, caráter e cultura.

o Brasil, pedia que o presidente não to masse sobre os ombros êssc desserviço ao

"pcrfumarias jurídicas".

tório de ad\-ocacÍa.

ngimem e à Nação, crviisa no vaticínio.

Temia fracassar na vida profission^j dr advogado, como fracassaram na vid;j pública tanl!)s bancpieiros c indu>íriub chamados a ocupar postos de gosêriir» O banqueiro ou o industrial, de e-vclusiv-j \ida de negócios, cm regra, na pasta djj Faziiida ou do Trabalho, contiiuiarã,j banqueiro e industrial, e todo problen^,^

Quem estava certo era Afonso Pena. Rui Barbosa, nesse pa^so da sua vida

pxiblica, não há de ser julgado com in• dujgência pela Nação. Campista, que não era um condutor de

homens, não desejava ser presidente da Repiihlica, além de ouLro.s rnotisos, para não arrastar o País á luta inglória. "Não

soluço.s cm uma sala vizinha, \-ai ao

.spu encontro e, surpreso, assiste impo tente à destruição de scu trabalho, quase terminado. Ato dc de.scspêro, explicá-

trê.s últimas disciplinas desclenbad^^ pelos "civilislas" com a denominação

Pena, de conseqüências tão funestas para

107

con\'idou-o para companheiro de escri Desiludido do.s ho

mens, respondeu-lhe o ministro demisíionário que, para olater ê.xito, era neces sário "o oceano de permeio". Aceitou o posto de ministro em Copcnluiguo que Nilo Peçaniia lhe ofere

a morte próxima c a certeza de não ter minar a obra.

Rio Branco, que teve em Davi Cam pista um leal defensor da sua política externa, como relator do orçamento da

pa.stu do Exterior, na Comissão de Fi

nanças da Câmara dos Deputados, não o aprecia\'a.

O Chanceler, enciumado, sentia a pre

ceu. O cargo era secundário e não es

ferência do presidente Afonso Pena pelo colega da Fazenda e notava a ascen

alicia\a simpatias ou agia como sc ípiisessc embaraçar a aproximação de adep

.sua atixidadc profissional.

tos". Depõe Mário de Alencar, confir

acepção nobre — cuja \ida é um ro.ári,,

tava à altura do -scu valor. Campis ta compreendeu a injustiça do.s conlomporàneus e, em carta escrita a Carlos Peixoto, cheia de qucixumes amargos, explicou que accita\'a o emprego por que precisava viver. Partiria para a Eu

de sacrifícios, e outra preocupação

ropa c<mio exilado.

o anima senão a da causa pública,, e,,^ regra, c melhor administrador do.s hcij^

algumas páginas, ainda inéditas. Pensa

da coniunlião que dos próprios. Conlu.,

mentos soltos, pedaço.s de alma. Con firmando um assêrto dc Renan, de que

irrcteria nos concílios do govênio, cm

o dom da compreensão da bumanidadc é o mais alto grau da cultura intelectual,

sofrer discussão.

mado "in-totum" por Elói de Sousa,

confidente do Ministro: "O político mi neiro aceitara a candidatura para anuir

a Afonso Pena, a conlragòsto, não por que carecesse de ambição, ma.s porque era pobre, e previa a dificuldade de .sub sistência condigna, durante os seis me ses anteriores à eleição c os oito meses

seguintc.s, até à po.sse. Êsse era o pro blema que o inquie tava e para o qual não via solução hcnesla; e assim, sem

ânimo de resi.stir à imposição de um

amigo, juIgu\a-so, cm razão de seu caráter sério, um prejudicado".

cpií! resolverem fá-lo-ão sob o prisma d^ C político — êsse lêrmo uso-o

ço ótimos admiiiislradorc.s, de \ ida p^j.^

licular desorganizada. Descuidados con,. ^igo, cxigimtes para com os outros. ()

todo curioso que ama a ciência univer-

-Resistiu quanto pôde aos desejos de

tc da vida, artista integral. Soube per

c uma \'(Jcação e só ([uein a p;)ssni coni.

doar e esquecer. ..

prcende o significado de renúncia. Não se considerou um derrotado, t(>.

tica, a fiju de não cindir os mineiros.

Conhecia e:isas matérias como

que a sua palavra aiírrolada não deveria

político rjuem nasceu político. A polilic,|

no sentido liom c Ncrdadciro.

mercial.

Rio Branco tinha um passado de gló- ^

rias que o fêz nume tutelar da Nação c magoava-se com a ascensão fulminan te daquele financista tão jovem que o

porque político não sc impfo\ isa. Morif.

Davi Campista era o protótipo do pro fissional político, tomada essa e.xpressão

zado no Direito Civil ou no Direito Co

na.x reuniões ministeriais por esfu-siunte

inteligência e extraordinária facilidade de expo.sição verbal.

dedicou ao «lar um trecho antológico. , Nilo Peçanha de atrair o malogrado po Revelou-sc, naquele momento crucian- lítico para a sedutora carreira diplomá

- exemplo de Campos Sales é típico,

legrafando ao Presidente de Minas. par,\

A .sua formação espiritual era a do Homem de Estado, que faz escola na administração. Não se tinha especiali

A bordo do "Cap Ortcgal" escreveu

dência do jovem político, conquistada

comunicar-lhe que o seu nome oslag^

afastado do cpialquer combinação paij. Exemplo dignifícante que não se dis. scminou no País, tjiuí tanto cance da união dos seus filhos e, se frutifi.

A vida de um diplomata em Copenha-

guc. é de um grande vazio e êle ora um grande trabalhador. Iniciou com entu siasmo a redação de uma obra sôbre as

finanças brasileira.s e só a interrompeu

tica.

Oliveira Lima, inimigo de Rio Branco,

com dose não peque, a de veneno, c carradas de razão, em suas memórias, estranha o fato de haver sido nomeado,

na mesma época, Regis de Oliveira para Londres, (! um homem do valor de Davi

ao apanhar uma pneumonia em rigo

Campista para um- pôsto secundário,

rosíssimo inverno.

como o da Dinamarca.

Retomou o trabalho, na convalescença.

A consciência cívica de Rio Branco

Logo, porém, feneceram-lhe as esperan

acabou vencendo um sentimento infe

casse, tantas agitações estéreis teria evi.

ças. A tuberculose já lhe havia minado o organismo. Armínio de Melo Franco,

tado.

triotismo. Transferiu o novel diploma

secretário da legação, um dia, ouvindo

ta para a legação dc Paris, o mais cO'

rior, incompatível com o sou imenso pa


Digesto Económií-

100

HcpnbÜca. Allino Arantes, tcmperameiilo de artista, com invejável cultura de humanidades, não encarnava, aos seus

olhos, como a vitória mais eslronclosa do regimem da incompetência? Quando, na carta dirigida a Afonso

.sal. Sabia, magistralmente, em ctnnpeiu sação, as de que o (?stadisla não pod^, prescindir: a Ciência das Finanças, ^ Contabilidade, a Economia Política. Direito Internacional, o Direito Consti..

lucinnal c o Direito Administrativo, 5^,^

DiciiSTd

Econômico

Ültinui fase

migo no Brasil dos homens de laleuto, envolveu Da\i Campista.

\ el: de uma sensibilidade, aguda, sentia

Morto Afonso Pena, o ostracismo, ini

Alfredo Pinto, Chefe- de Policia do go\èmo que e.xpirou, caráter e cultura.

o Brasil, pedia que o presidente não to masse sobre os ombros êssc desserviço ao

"pcrfumarias jurídicas".

tório de ad\-ocacÍa.

ngimem e à Nação, crviisa no vaticínio.

Temia fracassar na vida profission^j dr advogado, como fracassaram na vid;j pública tanl!)s bancpieiros c indu>íriub chamados a ocupar postos de gosêriir» O banqueiro ou o industrial, de e-vclusiv-j \ida de negócios, cm regra, na pasta djj Faziiida ou do Trabalho, contiiuiarã,j banqueiro e industrial, e todo problen^,^

Quem estava certo era Afonso Pena. Rui Barbosa, nesse pa^so da sua vida

pxiblica, não há de ser julgado com in• dujgência pela Nação. Campista, que não era um condutor de

homens, não desejava ser presidente da Repiihlica, além de ouLro.s rnotisos, para não arrastar o País á luta inglória. "Não

soluço.s cm uma sala vizinha, \-ai ao

.spu encontro e, surpreso, assiste impo tente à destruição de scu trabalho, quase terminado. Ato dc de.scspêro, explicá-

trê.s últimas disciplinas desclenbad^^ pelos "civilislas" com a denominação

Pena, de conseqüências tão funestas para

107

con\'idou-o para companheiro de escri Desiludido do.s ho

mens, respondeu-lhe o ministro demisíionário que, para olater ê.xito, era neces sário "o oceano de permeio". Aceitou o posto de ministro em Copcnluiguo que Nilo Peçaniia lhe ofere

a morte próxima c a certeza de não ter minar a obra.

Rio Branco, que teve em Davi Cam pista um leal defensor da sua política externa, como relator do orçamento da

pa.stu do Exterior, na Comissão de Fi

nanças da Câmara dos Deputados, não o aprecia\'a.

O Chanceler, enciumado, sentia a pre

ceu. O cargo era secundário e não es

ferência do presidente Afonso Pena pelo colega da Fazenda e notava a ascen

alicia\a simpatias ou agia como sc ípiisessc embaraçar a aproximação de adep

.sua atixidadc profissional.

tos". Depõe Mário de Alencar, confir

acepção nobre — cuja \ida é um ro.ári,,

tava à altura do -scu valor. Campis ta compreendeu a injustiça do.s conlomporàneus e, em carta escrita a Carlos Peixoto, cheia de qucixumes amargos, explicou que accita\'a o emprego por que precisava viver. Partiria para a Eu

de sacrifícios, e outra preocupação

ropa c<mio exilado.

o anima senão a da causa pública,, e,,^ regra, c melhor administrador do.s hcij^

algumas páginas, ainda inéditas. Pensa

da coniunlião que dos próprios. Conlu.,

mentos soltos, pedaço.s de alma. Con firmando um assêrto dc Renan, de que

irrcteria nos concílios do govênio, cm

o dom da compreensão da bumanidadc é o mais alto grau da cultura intelectual,

sofrer discussão.

mado "in-totum" por Elói de Sousa,

confidente do Ministro: "O político mi neiro aceitara a candidatura para anuir

a Afonso Pena, a conlragòsto, não por que carecesse de ambição, ma.s porque era pobre, e previa a dificuldade de .sub sistência condigna, durante os seis me ses anteriores à eleição c os oito meses

seguintc.s, até à po.sse. Êsse era o pro blema que o inquie tava e para o qual não via solução hcnesla; e assim, sem

ânimo de resi.stir à imposição de um

amigo, juIgu\a-so, cm razão de seu caráter sério, um prejudicado".

cpií! resolverem fá-lo-ão sob o prisma d^ C político — êsse lêrmo uso-o

ço ótimos admiiiislradorc.s, de \ ida p^j.^

licular desorganizada. Descuidados con,. ^igo, cxigimtes para com os outros. ()

todo curioso que ama a ciência univer-

-Resistiu quanto pôde aos desejos de

tc da vida, artista integral. Soube per

c uma \'(Jcação e só ([uein a p;)ssni coni.

doar e esquecer. ..

prcende o significado de renúncia. Não se considerou um derrotado, t(>.

tica, a fiju de não cindir os mineiros.

Conhecia e:isas matérias como

que a sua palavra aiírrolada não deveria

político rjuem nasceu político. A polilic,|

no sentido liom c Ncrdadciro.

mercial.

Rio Branco tinha um passado de gló- ^

rias que o fêz nume tutelar da Nação c magoava-se com a ascensão fulminan te daquele financista tão jovem que o

porque político não sc impfo\ isa. Morif.

Davi Campista era o protótipo do pro fissional político, tomada essa e.xpressão

zado no Direito Civil ou no Direito Co

na.x reuniões ministeriais por esfu-siunte

inteligência e extraordinária facilidade de expo.sição verbal.

dedicou ao «lar um trecho antológico. , Nilo Peçanha de atrair o malogrado po Revelou-sc, naquele momento crucian- lítico para a sedutora carreira diplomá

- exemplo de Campos Sales é típico,

legrafando ao Presidente de Minas. par,\

A .sua formação espiritual era a do Homem de Estado, que faz escola na administração. Não se tinha especiali

A bordo do "Cap Ortcgal" escreveu

dência do jovem político, conquistada

comunicar-lhe que o seu nome oslag^

afastado do cpialquer combinação paij. Exemplo dignifícante que não se dis. scminou no País, tjiuí tanto cance da união dos seus filhos e, se frutifi.

A vida de um diplomata em Copenha-

guc. é de um grande vazio e êle ora um grande trabalhador. Iniciou com entu siasmo a redação de uma obra sôbre as

finanças brasileira.s e só a interrompeu

tica.

Oliveira Lima, inimigo de Rio Branco,

com dose não peque, a de veneno, c carradas de razão, em suas memórias, estranha o fato de haver sido nomeado,

na mesma época, Regis de Oliveira para Londres, (! um homem do valor de Davi

ao apanhar uma pneumonia em rigo

Campista para um- pôsto secundário,

rosíssimo inverno.

como o da Dinamarca.

Retomou o trabalho, na convalescença.

A consciência cívica de Rio Branco

Logo, porém, feneceram-lhe as esperan

acabou vencendo um sentimento infe

casse, tantas agitações estéreis teria evi.

ças. A tuberculose já lhe havia minado o organismo. Armínio de Melo Franco,

tado.

triotismo. Transferiu o novel diploma

secretário da legação, um dia, ouvindo

ta para a legação dc Paris, o mais cO'

rior, incompatível com o sou imenso pa


DiGiiSTo Econômico

108

biçado dos postos da carreira. Ato de reparação histórica que o destino não permitiu sc consumasse. Campista es

súbita do seu chefe, o cadáver de Davi

tava desenganado.

cm Copenhague".

Extinguia-se, como uma chama bruxoleante, a vida do grande brasileiro, sem preterir a ninguém, pagando o tri buto da inteligência que os pigmeus da política erigiram. Descreveu Arinos, em "Espelho de

Três Faces", a impressão pungente de Armínio, ao ver, "logo depois de ter

sido prevenido pelo telefone da piora

Campista, completamente despido, em uma mesa de mármore dc um hospital Longe das terras do Brasil, assim de sapareceu um Homem, que foi o ídolo do Parlamento e, por mérito excepcio

MOBILIDADE NELSON WEnNECK SODRÉ da fase militar do último con-

flíto mundial não trouxe, como uma

toras, para caracterizar uma carta geo

gráfica fundamentada em diferenças

dução do retorno para todos aqueles que

étnicas e idiomáticas apenas apresenta das como justificativa de causas mais complexas, sofreram perseguições e fo

o choque armado havia atirado fora do

ram tangidos por acicates tremendos.

da Nação, de que é fértil a História do

continente europeu, ao ]3rasil em par

Quando não foi o terrível instante da ba

Brasil.

ticular.

talha e sob o seu tempestuoso fragor, que tiveram impulso para a anancada

nal, em plena mocidadc, quase ascendeu à Presidência du República. Ê o fado dos verdadeiros servidores

de suas primeiras conseqüências, segun

do alguns observadores esperavam, a se

Êsse mo\'iincnto humano pro

duzido pelo conflito foi um dos seus as

pectos mais dolorosos, característicos e brutais, e os seus efeitos sc fizeram no

tar em quase todos os países do mundo. Onde não baverá, hoje, grupos humanos atirados, desenraizados, como destroços do uma tempestade, talvez de esperan ças postas em um regresso sempre trans ferido e muitas vezes hipotético, perma nentemente inadaptados, sempre insatis feitos e ainda ligados, muito humana

que os impeliu por caminhos e rotas congestionados, de mistura, borrando-se

todos os laços de parentesco, de profis são e de origem. O drama do nosso tempo não dispen sou, no seu angustiado desen\oI\imento, todas essas côres martirizantes e car

regadas. Recebemos, assim, uma turba

confusa, indistinta, em que o senso do \'alor csta\n obscurecído, em que a von

mente, àquilo que lhes foi um

tade estava desfeita, e predomi-

quadro habitual e que, mesmo

na\'a apenas a ânsia de salva ção, a angústia de ancoragem num pôrto que, de qualidade,

na certeza de ter sido duramen te transformado, chama-os, in cessantemente ? Era inevitável que os países

americanos, o Brasil em particu

lar, com os Estados Unidos, fôssem escolhidos para ancoradouro transitório de grupos assim atirados ao desconhecido, em terras distantes, pon do o oceano de permeio entre eles e as

ameaças que os haviam escorraçado, nu ma dispersão imensa. No próprio conti nente em que o conflito foi mais agudo

apenas lhes oferecia a distância

daqueles quadros de treva e de dor que os liaria compelido a um morinVento inédito. Ao Bra

sil, entretanto, por fôrça do tu multo da hora em que tudo isso ocorreu, só interessaram duas classes de trans

plantados. A primeira, diretamente pro duzida pelos efeitos do conflito, foi a que nos veio de além-mar, chegou-nos quase de súbito e sofreu, depois do tor-

e devastador, antes de qualquer estimu

mento da partida, ainda o tomiento da

lo parHcular no sentido da fuga, gnipos inteiros se trasladaram de uma re gião a outra. Impulsionados, às vêzes, por cúmulo, através de entidades prote-

chegada. Dissolveu-se nas nossas aglo merações urbanas, dando-lhes, principal mente a duas ou três mais importantes,

uin caráter cosmopolita que elas ^'inham


DiGiiSTo Econômico

108

biçado dos postos da carreira. Ato de reparação histórica que o destino não permitiu sc consumasse. Campista es

súbita do seu chefe, o cadáver de Davi

tava desenganado.

cm Copenhague".

Extinguia-se, como uma chama bruxoleante, a vida do grande brasileiro, sem preterir a ninguém, pagando o tri buto da inteligência que os pigmeus da política erigiram. Descreveu Arinos, em "Espelho de

Três Faces", a impressão pungente de Armínio, ao ver, "logo depois de ter

sido prevenido pelo telefone da piora

Campista, completamente despido, em uma mesa de mármore dc um hospital Longe das terras do Brasil, assim de sapareceu um Homem, que foi o ídolo do Parlamento e, por mérito excepcio

MOBILIDADE NELSON WEnNECK SODRÉ da fase militar do último con-

flíto mundial não trouxe, como uma

toras, para caracterizar uma carta geo

gráfica fundamentada em diferenças

dução do retorno para todos aqueles que

étnicas e idiomáticas apenas apresenta das como justificativa de causas mais complexas, sofreram perseguições e fo

o choque armado havia atirado fora do

ram tangidos por acicates tremendos.

da Nação, de que é fértil a História do

continente europeu, ao ]3rasil em par

Quando não foi o terrível instante da ba

Brasil.

ticular.

talha e sob o seu tempestuoso fragor, que tiveram impulso para a anancada

nal, em plena mocidadc, quase ascendeu à Presidência du República. Ê o fado dos verdadeiros servidores

de suas primeiras conseqüências, segun

do alguns observadores esperavam, a se

Êsse mo\'iincnto humano pro

duzido pelo conflito foi um dos seus as

pectos mais dolorosos, característicos e brutais, e os seus efeitos sc fizeram no

tar em quase todos os países do mundo. Onde não baverá, hoje, grupos humanos atirados, desenraizados, como destroços do uma tempestade, talvez de esperan ças postas em um regresso sempre trans ferido e muitas vezes hipotético, perma nentemente inadaptados, sempre insatis feitos e ainda ligados, muito humana

que os impeliu por caminhos e rotas congestionados, de mistura, borrando-se

todos os laços de parentesco, de profis são e de origem. O drama do nosso tempo não dispen sou, no seu angustiado desen\oI\imento, todas essas côres martirizantes e car

regadas. Recebemos, assim, uma turba

confusa, indistinta, em que o senso do \'alor csta\n obscurecído, em que a von

mente, àquilo que lhes foi um

tade estava desfeita, e predomi-

quadro habitual e que, mesmo

na\'a apenas a ânsia de salva ção, a angústia de ancoragem num pôrto que, de qualidade,

na certeza de ter sido duramen te transformado, chama-os, in cessantemente ? Era inevitável que os países

americanos, o Brasil em particu

lar, com os Estados Unidos, fôssem escolhidos para ancoradouro transitório de grupos assim atirados ao desconhecido, em terras distantes, pon do o oceano de permeio entre eles e as

ameaças que os haviam escorraçado, nu ma dispersão imensa. No próprio conti nente em que o conflito foi mais agudo

apenas lhes oferecia a distância

daqueles quadros de treva e de dor que os liaria compelido a um morinVento inédito. Ao Bra

sil, entretanto, por fôrça do tu multo da hora em que tudo isso ocorreu, só interessaram duas classes de trans

plantados. A primeira, diretamente pro duzida pelos efeitos do conflito, foi a que nos veio de além-mar, chegou-nos quase de súbito e sofreu, depois do tor-

e devastador, antes de qualquer estimu

mento da partida, ainda o tomiento da

lo parHcular no sentido da fuga, gnipos inteiros se trasladaram de uma re gião a outra. Impulsionados, às vêzes, por cúmulo, através de entidades prote-

chegada. Dissolveu-se nas nossas aglo merações urbanas, dando-lhes, principal mente a duas ou três mais importantes,

uin caráter cosmopolita que elas ^'inham


y. 1 Dicesto ECONÓMlCrO

110

afetando, mas que na verdade não pos suíam.

A segunda foi vítima indireta do con

balho começaram a surgir,

ao menos

aparcntemenle. Nâi vciflade, tais opor tunidades não eram goneralizad.is, não

flito, decorreu de suas conseqüências, e

se orientavam p:ira todos os tipos cie

produziu-se na intimidade nacional, con-

tiaballi::d:-res. Na realidade, o impacto

figurando-se nos grupos que acoircran»

da giurra nãu fêz mais do <jue clenm-

das zonas rurais aos cenlios urbanos, on

ciar as (remendas falhas da nossa <'.stru-

de a vida, pelo menos aparentemente, devia ser mais suave, pelos recursos ne les concentrados, c onde novas possibi lidades de traballio surgiram, em con traste com o cmpobrecijiivnto da vida rural e todos os graxames derivados da

tura de jrrodução, tomada em conjunto.

liá muito. A maioria dos grupos atraí(Ips às entidades urbanas, aos núcleos de

atrofia dos transportes, entre outras cau

população mais densa o foram pela ini-

Os males já existiam, e o momento, enm

os seus problemas, apenas denunciou aquilo que se vinha processando, e de

sas, num país em que êíes não ebega-

p.jsibilidadc mesma cm continuar a vi

ram jamais a constituir uma espécie de sistema articulado, capaz de levar a Io das as entidades dispersas a pmducão estruturada eni algiuís polos litorâneos, nem mesmo trazer a estes uipiela que

ver'is zonas rurais.

os núcleos do interior clabo.avam, em razoáveis condivões.

A preponderância das solicitações ex

A aura dos altus

salários foi apenas uma das ajii:ènc:ns

do ca.so, c nem .sempre posta em confron to com as novas necessidades apreseníii-

das pela vida urbana, que tornavam sim ples ilusões o que parecia promessa cnibaladora.

Dicestci

111

EcoxAmico

guerra denunciou ;ipenas o problema

do não pronunciadamente autárquica, que, no terreno das trocas internacionais,

gravíssimo do desequilíbrio brasileiro,

foi decorrente da crise de lb29 e cau

por em evidènei:! ;is suas linlvas, levou-

sadora, sem dúvida, de muitas das anor

o a uma fa.se de crise — mas não con

malidades que produziram a última guerra, exacerbando o nacionalismo em t()da parte, deve ter influído de forma importante para rumo tão singular. O fato é (pie, ante o irrompimcnto do con

disso aconteceu; conto prova de que a

tribuiu de maneira alguma para cviú-lo. O problema do declínio agrário já exis tia, seus: sintoimis eram antigos e notó rios, e os paliativos com que vinlia sen do atendido, aqtii e ali, e apenas focalizíindo aspectos parcelados de um con

acentuada, do alinhamento do Brasil en

tre as naçõe.s qne combatiam a Alema

junto comple.xo e difícil, transferiam pa ra esse momento crucial a eclosão inevi

nha, tais restrições foram sendo, a pou

tável.

co e pouco, trocadas pelo criténo mais simples, c até .simplista demais, da base

E* evidente que tudo isso nada tinha a ver com a polític;\ do imigraçrio. se é

que tivemos alguma em (puilíjuer tem po, ou com uma orientacião planejada de localízjição c de^diNlribiiiçião da nião-

econômica, ;ilém dos preceitos .sanitários que já eram, em tod().s os paísc. maté ria pacífica, no tocante ao as.siinto. Tal critério, ém conseqüência do acú

nesse sentido seria contrastante. As cor

mulo dos grupos externos nos núcleos urbanos, levou ao agravamento das con dições de vida Lnesses centros, sem tra/,nrrí>snnnílpnzer, em troca, benefícios corresponden

rentes orientadoras da imigração, à mer cê dos debates levantados cm órgãos parlamentares, congressos cie eugenia ou

em empresas de caráter reprodutivo, que implantassem raízes e que, dinsando

de-obra nacional. Dentro do empirismu com que as cousas econômicas sc vão

prccessandò, entre nós, uma orientação

Nem só a identidade dc cau.sa conju

flito, com a tendência, cada vez mais

ternas, ao imperativo da guerra, pôs em segundo plano as necessidades do mer

gou no tempo, ciomu no espaço, entre tanto, essa corrida, oriunda dc zonas tão

cado interno, dc tal sorte que o comér cio e a indústiia sentiram, quase buis-

reta ou indiretamente, f(n o motivo do

entidades privadas, ant«^s do irrompi-

marcrem somente a resultados demora

camente, essa mudança do centro cIí;

agravunienl<i ilèsse acúiiinli) extraordiná

iipUt:iiçriü principal dtí suas atividades, A

ilKMlto da gucTia, l-iu lace du rflrainuMito

dos: e parcelados, não .seduziam aos que

rio de grupos hiimano.s em alguinas ci

do ímpelo eMiigratóriO' eni al guns jrovos fiue forneciam,

súperkíndatle aquisitiva dos núcleos ex

distantes c tão díspares. A guerra, di

dades brasiluira.s, acúi.milo (pu; logo se

ternos sôbre os internos ccntribuiu, na

generalizou a cpiase todas as" cntidadej

turalmente, pam tal anomalia, de sor te que o Brasil, que vinini arquiletando dcmoradamente, o entrelaçamento das zonas produtoras com as zonas con sumidoras, na sua extensão teniiorial,

urbanas. Fosse a causa única c, cessa

sentiu-se, subitamente, levado a atender

com primazia à busca crescente dos mer cados de além-mar. Tudo isso ccniribuiu, dc maneira decisiva, pura o em

pobrecimento do interior, conduzindo ao agravamento da corrida para o litoral, para os centros urbanos, onde oportuni dades até então desçonbecidas de tra

do o conflito, salvo a inlercorrência de novo.s fatores, deveria também conduzir

buscavam inversões de inte-

r(^'.s.se rápklo, capazes de se rem reconvoilidas em inueda

anteriormenlcr, o grosso da

corrente (pie entrava todos os anos cm

nossa

terra

a qualcpKT momento. E' jus !.n ■

não

.sabiam como proceder. A ten

a um movimento no .sentido oposto. Nao só os grupos estrangeiros tenderiam ao regresso aos seus países de origem, co mo os grupos nacionais buscariam rc-

se, e traduzir-se em normas

artieular-sü no sentido de uma melhor

distribuição, que o reaparclhamenlo dos transporte.s, permitindo a circulação nor mal da riqueza, favoreceria, dentro do limite de suas possibilidades e influên cias, A verdade, porém, é que nada

i

tes,' pela inversão dos capitais entrados

dência ciicgou a pronunciar-

Ui

to, entretanto, recordar que n dificuldade na importação de

maquinaria foi uma das cau

executivas, para a imposição de uma sé

sas principais do agravamen to do "rush" imobiliário, que foi uma das

rie de restrições que, por sinal, cm de

caraclerí.sticas mais tri.stes e curiosas da

terminado ano, acarretaram a anomalia

época, encantando a alguns incautos e

de fecharmos as fronteiras a numcroso.s

mesmo seduzindo a outros.

grupos de trabalhadores enquanto boa

desses grupos externos, com lai.s caracte

parte da lavoura se w^ebatia, em época

rísticas, deve ser apreciado nn ambiente extraordinário da guerra, fora do iiual nem seria (mmpreensível e nem mesmo

de colheita, com a falta de braços.

A orientação de altas barreiras, quan

O afluxo


y. 1 Dicesto ECONÓMlCrO

110

afetando, mas que na verdade não pos suíam.

A segunda foi vítima indireta do con

balho começaram a surgir,

ao menos

aparcntemenle. Nâi vciflade, tais opor tunidades não eram goneralizad.is, não

flito, decorreu de suas conseqüências, e

se orientavam p:ira todos os tipos cie

produziu-se na intimidade nacional, con-

tiaballi::d:-res. Na realidade, o impacto

figurando-se nos grupos que acoircran»

da giurra nãu fêz mais do <jue clenm-

das zonas rurais aos cenlios urbanos, on

ciar as (remendas falhas da nossa <'.stru-

de a vida, pelo menos aparentemente, devia ser mais suave, pelos recursos ne les concentrados, c onde novas possibi lidades de traballio surgiram, em con traste com o cmpobrecijiivnto da vida rural e todos os graxames derivados da

tura de jrrodução, tomada em conjunto.

liá muito. A maioria dos grupos atraí(Ips às entidades urbanas, aos núcleos de

atrofia dos transportes, entre outras cau

população mais densa o foram pela ini-

Os males já existiam, e o momento, enm

os seus problemas, apenas denunciou aquilo que se vinha processando, e de

sas, num país em que êíes não ebega-

p.jsibilidadc mesma cm continuar a vi

ram jamais a constituir uma espécie de sistema articulado, capaz de levar a Io das as entidades dispersas a pmducão estruturada eni algiuís polos litorâneos, nem mesmo trazer a estes uipiela que

ver'is zonas rurais.

os núcleos do interior clabo.avam, em razoáveis condivões.

A preponderância das solicitações ex

A aura dos altus

salários foi apenas uma das ajii:ènc:ns

do ca.so, c nem .sempre posta em confron to com as novas necessidades apreseníii-

das pela vida urbana, que tornavam sim ples ilusões o que parecia promessa cnibaladora.

Dicestci

111

EcoxAmico

guerra denunciou ;ipenas o problema

do não pronunciadamente autárquica, que, no terreno das trocas internacionais,

gravíssimo do desequilíbrio brasileiro,

foi decorrente da crise de lb29 e cau

por em evidènei:! ;is suas linlvas, levou-

sadora, sem dúvida, de muitas das anor

o a uma fa.se de crise — mas não con

malidades que produziram a última guerra, exacerbando o nacionalismo em t()da parte, deve ter influído de forma importante para rumo tão singular. O fato é (pie, ante o irrompimcnto do con

disso aconteceu; conto prova de que a

tribuiu de maneira alguma para cviú-lo. O problema do declínio agrário já exis tia, seus: sintoimis eram antigos e notó rios, e os paliativos com que vinlia sen do atendido, aqtii e ali, e apenas focalizíindo aspectos parcelados de um con

acentuada, do alinhamento do Brasil en

tre as naçõe.s qne combatiam a Alema

junto comple.xo e difícil, transferiam pa ra esse momento crucial a eclosão inevi

nha, tais restrições foram sendo, a pou

tável.

co e pouco, trocadas pelo criténo mais simples, c até .simplista demais, da base

E* evidente que tudo isso nada tinha a ver com a polític;\ do imigraçrio. se é

que tivemos alguma em (puilíjuer tem po, ou com uma orientacião planejada de localízjição c de^diNlribiiiçião da nião-

econômica, ;ilém dos preceitos .sanitários que já eram, em tod().s os paísc. maté ria pacífica, no tocante ao as.siinto. Tal critério, ém conseqüência do acú

nesse sentido seria contrastante. As cor

mulo dos grupos externos nos núcleos urbanos, levou ao agravamento das con dições de vida Lnesses centros, sem tra/,nrrí>snnnílpnzer, em troca, benefícios corresponden

rentes orientadoras da imigração, à mer cê dos debates levantados cm órgãos parlamentares, congressos cie eugenia ou

em empresas de caráter reprodutivo, que implantassem raízes e que, dinsando

de-obra nacional. Dentro do empirismu com que as cousas econômicas sc vão

prccessandò, entre nós, uma orientação

Nem só a identidade dc cau.sa conju

flito, com a tendência, cada vez mais

ternas, ao imperativo da guerra, pôs em segundo plano as necessidades do mer

gou no tempo, ciomu no espaço, entre tanto, essa corrida, oriunda dc zonas tão

cado interno, dc tal sorte que o comér cio e a indústiia sentiram, quase buis-

reta ou indiretamente, f(n o motivo do

entidades privadas, ant«^s do irrompi-

marcrem somente a resultados demora

camente, essa mudança do centro cIí;

agravunienl<i ilèsse acúiiinli) extraordiná

iipUt:iiçriü principal dtí suas atividades, A

ilKMlto da gucTia, l-iu lace du rflrainuMito

dos: e parcelados, não .seduziam aos que

rio de grupos hiimano.s em alguinas ci

do ímpelo eMiigratóriO' eni al guns jrovos fiue forneciam,

súperkíndatle aquisitiva dos núcleos ex

distantes c tão díspares. A guerra, di

dades brasiluira.s, acúi.milo (pu; logo se

ternos sôbre os internos ccntribuiu, na

generalizou a cpiase todas as" cntidadej

turalmente, pam tal anomalia, de sor te que o Brasil, que vinini arquiletando dcmoradamente, o entrelaçamento das zonas produtoras com as zonas con sumidoras, na sua extensão teniiorial,

urbanas. Fosse a causa única c, cessa

sentiu-se, subitamente, levado a atender

com primazia à busca crescente dos mer cados de além-mar. Tudo isso ccniribuiu, dc maneira decisiva, pura o em

pobrecimento do interior, conduzindo ao agravamento da corrida para o litoral, para os centros urbanos, onde oportuni dades até então desçonbecidas de tra

do o conflito, salvo a inlercorrência de novo.s fatores, deveria também conduzir

buscavam inversões de inte-

r(^'.s.se rápklo, capazes de se rem reconvoilidas em inueda

anteriormenlcr, o grosso da

corrente (pie entrava todos os anos cm

nossa

terra

a qualcpKT momento. E' jus !.n ■

não

.sabiam como proceder. A ten

a um movimento no .sentido oposto. Nao só os grupos estrangeiros tenderiam ao regresso aos seus países de origem, co mo os grupos nacionais buscariam rc-

se, e traduzir-se em normas

artieular-sü no sentido de uma melhor

distribuição, que o reaparclhamenlo dos transporte.s, permitindo a circulação nor mal da riqueza, favoreceria, dentro do limite de suas possibilidades e influên cias, A verdade, porém, é que nada

i

tes,' pela inversão dos capitais entrados

dência ciicgou a pronunciar-

Ui

to, entretanto, recordar que n dificuldade na importação de

maquinaria foi uma das cau

executivas, para a imposição de uma sé

sas principais do agravamen to do "rush" imobiliário, que foi uma das

rie de restrições que, por sinal, cm de

caraclerí.sticas mais tri.stes e curiosas da

terminado ano, acarretaram a anomalia

época, encantando a alguns incautos e

de fecharmos as fronteiras a numcroso.s

mesmo seduzindo a outros.

grupos de trabalhadores enquanto boa

desses grupos externos, com lai.s caracte

parte da lavoura se w^ebatia, em época

rísticas, deve ser apreciado nn ambiente extraordinário da guerra, fora do iiual nem seria (mmpreensível e nem mesmo

de colheita, com a falta de braços.

A orientação de altas barreiras, quan

O afluxo


* T',?r •'

Digesto Económtco ■*

112

.SC teria produzido. Não liavía, pois, mo

ímposíti\as, disccirdaiítc.s do mundo aber

tivos para ü.s temores que foram corrcn-^

to que deveria surgir do conflito. Signi

tes entre observadores pouco atento.s à realidade e mais conduzidos pelas apa rências do problema, de uma evasão se

ficaria apresentar condíç-Õc^s propicias e

melhante, financeiramente, ao retôrn^ da

meio apto a condicionar existência cômo da à gente adveníícia. Reconheciam-se as falhas graves, algumas quase insaná

côrte de D. João VI. . .

veis, de rendimento do trabalho indus

Diálogo entre o poder e o direito CÂNBiDo Mota Fnjio

\ s coMEMGnAçõj!:s do mais inn centenário de "L'Esprit de.s lois", do Ba

O dia da paz, para esses mesmos ob

trial, nem tanto devidas à maquinaria

servadores, seria o primeiro da nova

rão de Montescpiicu, não tiveram, quer

ep.velhecida como à deficiência humana.

cm França, quer fora de França, a res-

etapa de retorno e de descongestionamento dos centros urbanos, e o país re tomaria a antiga trilha, aquela que ha

veria de estruturar a sua unidade geo

gráfica, pelo aumento do mercado inter

no e pelo crescente poder aquisitivo de sua gente. Seria tempo de pensarmos, então, na nova onda imigratória, que inevitãvelmente se produziria, num con tinente europeu empobrecido, onda tam

bém insuflada ao imperativo de motivos políticos de toda ordem. Seria bem ver

Comparem-se

tais

esperanças

com

aquilo que se realizou, c verificaremos que, assim como não eram \'erdadeiros os que apresentavam a guerra como cau

sadora dos desequilíbrios que, na sua vigência, aqui se denunciaram — tam bém o seu termo não significaria o retôrno a condições melhores.

E ainda

mais: não receberíamos grupos de tra

balhadores, agrícolas ou industriais," de primeira ordem, porque a própria estru

dade que o mundo não comportaria

tura nacional de produção os repelia, não lhes concedendo, por suas deficiên

lismo, capaz de fundamentar as restri ções à imigração que havíamos conheci

cias, possibilidades compensadoras.

mais uma orientação de rígido naciona

do antes da guerra. Seria indispensável que, na tendência de desenvolvimento

do parque industrial de que tanto nos orgulhávamos, tivéssemos a habilidade

de atrair os técnicos, os operários espe cializados, os artezãos capazes, os mes

tres de todo tipo, inclusive os mestres da

tarefa do pensamento, de que nos deve ria caber, sem dú\ada, uma parcela bem .alta.

Mas atrair não significaria fechar as portas aos demais, nem exigir condições

Restaria apelar para a segunda cate goria

de

trabalhadores,

aqueles cuja

mobilidade horizontal, denunciando de

sequilíbrios antigos e notórios, consti tuem um fenômeno constante na nossa

existência — os trabalhadores nacionais,

os mesmos que, de velhos tempos, ou através de Montes Claros, ou através de

viagens de caminhão longuíssiinas, che gam a São Paulo, anualmente, fornecen

do a contribuição quase única cm que se arrima, para se manter apenas cm seu

nível estacionárío, a lavoura deste país dito "essencialmente agrícola".

-sonància que deviam ter.

Haveria, para garanti-la, o valor da obra, o prestígio intelectual de seu au tor, e a nossa época, atormentada pela

inquietação revolucionária, é, por isso mesmo, sequiosa de legalidade. Monte.squien não foi só um grande es

pírito, nm padrão de alta intelectualida de que oferecia ainda a nobreza periclitantc. Era uma vocação jurídica que compreendia, como poucos compreende

ram, qual a missão prática do direito, principalmente no mundo das disputas políticas. A sua confiança no poder da razão era, acima de tudo, uma confiança

na capacidade criadora do homem e na sua dignidade. O mundo, para ele, que

é" enquadrado no mundo que "deve ser".

A leitura das obras de Montesquieu

satisfazia à nova consciência que estava

surgindo.

A revolução espiritual, como nos mostra Paul Hazard, se faz inicial mente, quando se passa de Bossuet pa ra Vollaire, de Fenelou a Montesquieu. Èste se coloca dentro da nova inteligên

cia, que se projeta fora da Europa e que se projeta na história, como unia

longa e.xperiêucia e capitalização de cul tura.

"L'Esprít des lois" apresenta-se, en

tretanto, muito mais como solução polí tica para os novos problemas, E Mon

tesquieu apontava para o exemplo da Constituição inglêsu: — "Le but de Ia Constitution anglalse, c'est Ia liberte". A obra de Montesquieu não foi sò aoolliida nos meios

intelectuais, como

traçava o seu percurso progressivo na his

também nos salões mundanos de Paris. "Les Nouvelles Littéraires" afirmava

tória, era uma conquista do espírito hu

que ela transtornou a cabeça de todos os

mano que ia, com isso, submetendo a

franceses a figurava "sur Ia toilette des

natureza aos moldes da civilização e a

dames comme dans le cabinet des sa-

violência às regras qne o direito inspi

vants".

rava.

O seu livro "L'Esprit des lois" foi uma bandeira de vitória hasteada em França do modo a ser vista pelo mundo. Era o

Numa época em que a graça se \'este de erudição, Montesquieu é o maior sucesso intelectual até então alcançado,

"Depois da criação do sol — escreve a

signo de uma nova política, dentro da qual a força impessoal da lei pacificava os antagonismos sociais. Numa época em que os sinais do crepúsculo do regi

ele um leitor da província — essa obra é

me monárquico começavam a alargar a

bre o espírito de Catarina, da Rússia,

faixa de suas sombras, a obra de Mon-

tesquieu sintetizava o iluminismo, a for

como no do Marquês de Beccaria, na Italia. Êsse sucesso, que chega a causar

ça da razão construtora, o mundo "que

inveja a Voltaire, não se contenta em fi-

a que pode melhor iluminar o mundo !" "L'Esprit des lois" é traduzido em

quase todas as línguas : influi tanto sò-


* T',?r •'

Digesto Económtco ■*

112

.SC teria produzido. Não liavía, pois, mo

ímposíti\as, disccirdaiítc.s do mundo aber

tivos para ü.s temores que foram corrcn-^

to que deveria surgir do conflito. Signi

tes entre observadores pouco atento.s à realidade e mais conduzidos pelas apa rências do problema, de uma evasão se

ficaria apresentar condíç-Õc^s propicias e

melhante, financeiramente, ao retôrn^ da

meio apto a condicionar existência cômo da à gente adveníícia. Reconheciam-se as falhas graves, algumas quase insaná

côrte de D. João VI. . .

veis, de rendimento do trabalho indus

Diálogo entre o poder e o direito CÂNBiDo Mota Fnjio

\ s coMEMGnAçõj!:s do mais inn centenário de "L'Esprit de.s lois", do Ba

O dia da paz, para esses mesmos ob

trial, nem tanto devidas à maquinaria

servadores, seria o primeiro da nova

rão de Montescpiicu, não tiveram, quer

ep.velhecida como à deficiência humana.

cm França, quer fora de França, a res-

etapa de retorno e de descongestionamento dos centros urbanos, e o país re tomaria a antiga trilha, aquela que ha

veria de estruturar a sua unidade geo

gráfica, pelo aumento do mercado inter

no e pelo crescente poder aquisitivo de sua gente. Seria tempo de pensarmos, então, na nova onda imigratória, que inevitãvelmente se produziria, num con tinente europeu empobrecido, onda tam

bém insuflada ao imperativo de motivos políticos de toda ordem. Seria bem ver

Comparem-se

tais

esperanças

com

aquilo que se realizou, c verificaremos que, assim como não eram \'erdadeiros os que apresentavam a guerra como cau

sadora dos desequilíbrios que, na sua vigência, aqui se denunciaram — tam bém o seu termo não significaria o retôrno a condições melhores.

E ainda

mais: não receberíamos grupos de tra

balhadores, agrícolas ou industriais," de primeira ordem, porque a própria estru

dade que o mundo não comportaria

tura nacional de produção os repelia, não lhes concedendo, por suas deficiên

lismo, capaz de fundamentar as restri ções à imigração que havíamos conheci

cias, possibilidades compensadoras.

mais uma orientação de rígido naciona

do antes da guerra. Seria indispensável que, na tendência de desenvolvimento

do parque industrial de que tanto nos orgulhávamos, tivéssemos a habilidade

de atrair os técnicos, os operários espe cializados, os artezãos capazes, os mes

tres de todo tipo, inclusive os mestres da

tarefa do pensamento, de que nos deve ria caber, sem dú\ada, uma parcela bem .alta.

Mas atrair não significaria fechar as portas aos demais, nem exigir condições

Restaria apelar para a segunda cate goria

de

trabalhadores,

aqueles cuja

mobilidade horizontal, denunciando de

sequilíbrios antigos e notórios, consti tuem um fenômeno constante na nossa

existência — os trabalhadores nacionais,

os mesmos que, de velhos tempos, ou através de Montes Claros, ou através de

viagens de caminhão longuíssiinas, che gam a São Paulo, anualmente, fornecen

do a contribuição quase única cm que se arrima, para se manter apenas cm seu

nível estacionárío, a lavoura deste país dito "essencialmente agrícola".

-sonància que deviam ter.

Haveria, para garanti-la, o valor da obra, o prestígio intelectual de seu au tor, e a nossa época, atormentada pela

inquietação revolucionária, é, por isso mesmo, sequiosa de legalidade. Monte.squien não foi só um grande es

pírito, nm padrão de alta intelectualida de que oferecia ainda a nobreza periclitantc. Era uma vocação jurídica que compreendia, como poucos compreende

ram, qual a missão prática do direito, principalmente no mundo das disputas políticas. A sua confiança no poder da razão era, acima de tudo, uma confiança

na capacidade criadora do homem e na sua dignidade. O mundo, para ele, que

é" enquadrado no mundo que "deve ser".

A leitura das obras de Montesquieu

satisfazia à nova consciência que estava

surgindo.

A revolução espiritual, como nos mostra Paul Hazard, se faz inicial mente, quando se passa de Bossuet pa ra Vollaire, de Fenelou a Montesquieu. Èste se coloca dentro da nova inteligên

cia, que se projeta fora da Europa e que se projeta na história, como unia

longa e.xperiêucia e capitalização de cul tura.

"L'Esprít des lois" apresenta-se, en

tretanto, muito mais como solução polí tica para os novos problemas, E Mon

tesquieu apontava para o exemplo da Constituição inglêsu: — "Le but de Ia Constitution anglalse, c'est Ia liberte". A obra de Montesquieu não foi sò aoolliida nos meios

intelectuais, como

traçava o seu percurso progressivo na his

também nos salões mundanos de Paris. "Les Nouvelles Littéraires" afirmava

tória, era uma conquista do espírito hu

que ela transtornou a cabeça de todos os

mano que ia, com isso, submetendo a

franceses a figurava "sur Ia toilette des

natureza aos moldes da civilização e a

dames comme dans le cabinet des sa-

violência às regras qne o direito inspi

vants".

rava.

O seu livro "L'Esprit des lois" foi uma bandeira de vitória hasteada em França do modo a ser vista pelo mundo. Era o

Numa época em que a graça se \'este de erudição, Montesquieu é o maior sucesso intelectual até então alcançado,

"Depois da criação do sol — escreve a

signo de uma nova política, dentro da qual a força impessoal da lei pacificava os antagonismos sociais. Numa época em que os sinais do crepúsculo do regi

ele um leitor da província — essa obra é

me monárquico começavam a alargar a

bre o espírito de Catarina, da Rússia,

faixa de suas sombras, a obra de Mon-

tesquieu sintetizava o iluminismo, a for

como no do Marquês de Beccaria, na Italia. Êsse sucesso, que chega a causar

ça da razão construtora, o mundo "que

inveja a Voltaire, não se contenta em fi-

a que pode melhor iluminar o mundo !" "L'Esprit des lois" é traduzido em

quase todas as línguas : influi tanto sò-


Dicest<i EcoNÓ^uco

115

Dicilsto Econó.mK^

car nos centros cultos europeus, como

está na América do Norte para influir na sua organização constitucional.

sagrou. "A \erdadcira ilccudcncia do direito, paru Rippert, c uquèla que re sulta das leis, quando cias não são mais ditadas pela justiça c são assim impo*

"Vivemos, diz Bencla, sob o signo do

método de Machiavel, escreve Bumham,

ódio político". E como a política fala

c o método científico aplicado à polí

mais alto, 6 difícil oinàr-sc a argumenta ção de Montesquieu. E a leitura que satisfaz é a de Maquia\el. por isso que c comemorado, todos os dias, com gran

tica."

Cito apenas os livros de maior su

Por certo que não podíamos ficar em Montesquieu, como pretendem algumas sensibilidades retrógradas, porque a evo

do a ju.stcza dos ensinamentos de Mon

lução política foi muito além de seus

tesquieu, afirma o festejado mestre da

de sucesso. Valerio Mano consegue um

Uni\ersidadc de Paris que, "quando O

grande sucesso com o sou livro "Ma

Macliiavel et Montesquieu", de Maurice

quiavel ou a escola do poder". Pouco

Joly, vigoroso panfletário que se matou

antes de morrer, Mareei Brion vê o

efn 1877, depois de uma vida atribulada.

cálculos e de seus quadros. Porém, a sua obra é definitiva como e.xpressão do empenho pela transfonnação da luta política primária e instintiva, numa lu ta jurídica.

A sua obra mantém até

agora, e mais do que nunca, os mais

sábios ensinamentos para evitar o abuso do poder, o despotismo e a \ io]ência.

tentes para manter a ordem." Lembran

poder político nianifesta-sc por leis qu^

não expressam o direito, a sociedade está em perigo". A posição anti-maquiavélica de Mon tesquieu não se situa as.sim com muita clareza, num clima como é o nosso, pro pício ao maquiavelismo c aos princípios

Explicando-a, êle al cança

os

nossos

defendidos pelo famoso

dias

secretário florentino.

quando escreve que ela

Artur Koestler, no seu romance de sucesso "O

foi escrita para provar que "Lesprit de modératfon doit étre celui du législateur". Entretanto, o mundo tumultuado não lhe deu a atenção que merecia.

zero e o infinito", faz

com que Roubachof se lembre que o,número um, isto é, Stalin, tinha às

mãos "O Príncipe" de

Muitas obras foram pu blicadas, é certo. Muitos artigos foram escritos (Jéan-Jacques Chevalier, Pierre Mesnard etc).

Porém, percebe-se através delas certa

nostalgia, certa confissão de que, efeti vamente, Montesquieu não é para o nosso tempo, que ele repre^senta uma sensibilidade e uma inteligência incom

patíveis com a nossa época. Nesse sen tido a obra de Georges Rippert é das mais expressivas: — "Le déclin du droít", inspirada na grande obra que há dois séculos foi composta. Estudando a anarquizada legislação contemporânea, Rippert, em sete capí

Maquiavel!

Maquiavel, de fato, nunca ijordeii prestígio, antes o uumen-.. tou com o correr dos tempos. Vale, para os nossos dias, o ensaio de Walpo-

le, a afirmativa de Reginaldo Polc, ar cebispo católico de Canterburj^ de que

"O Príncipe" foi escrito pelas mãos do diabo. Êsse "Príncipe", que parecia fi car bem emoldurado pelo gosto do Re nascimento, toma de empréstimo várias

figuras do século dezenove e do século vinte. "O Princípe" oru é Napoleão I, ora Napoleão III, ora Mussolini, ora Hitler, ora Stalin.

tulos, procura demonstrar que o direito declina porque a legislação desobedece a

Dizia Saint-Simon que ,há, na civili zação, séculos políticos e séculos jurí dicos. O grande e trágico diálogo da história é entre a política e o direito.

certos princípios que Montesquieu con-

Agora a política está falando mais alto.

-

o

*

-

.

. .- ^

-

.

sucesso dc sua obra sobre "Maquiavel".

cesso, porque a bibliografia é extensa. Porém, não posso deixar de lembrar, por último, o "Dialogue aux enfers entre

O li\TO, inteiramente desconliecido,

E Somersel Maugban acha de bom alvi-

aparece agora como uma .crítica impie

tre transferir seus romances das paisa

dosa ao regime sonhado por Montes

gens dos mares do sul para a Itália, por onde anda Maquiavel cm missão política junto a César Borgia, como en

quieu e que não teve, na opinião de seu autor, uma aplicação efetiva na reali

viado do govêrno dc Florença. Na revista dc Sartrc "Les temps mo-

demes", de outubro de 1949, Merleau

Pont>', um dos mais sérios estudiosos do

problema da violência, escreve sua "No te sur Macliiavel".

E exclama, diante

dôsse gênio que vive mais da condena ção do que da glória: "On n'aime pas ce penseur difficile et sans idole!" Em 1943, Rcyan publica "Les princi-

dade prática. O diálogo entabulado entre Montes quieu e Machiavel, fiel ao pensamento de ambos, traduz muito bem a posição

do pensamento político de nossos dias. O antigo Secretário de Estado da Re

pública Florentina usa da linguagem de quem lida com os fatos, com os acon tecimentos e com os homens, enquanto

que o autor de "L'Esprit des leis" con

pes de Maclúavcl et Ia politique do

fia na razão e na lei, como decorrência

dos discursos sôbre Tito Lívio, apare cem na plenitude de sua atualidade.

berdade, o abuso da fonnalidade legal

da compreensão da vida civil, France". Nesse livro vemos Machiavel A crise provocada pelo fascismo e discutindo, ás margens- do Loire, com Monsieur Durant, iDurguês de Paris, os pelo hitlerismo, a insistência com que se ' marcha para a socialização" crescente, o interesses de França. As máximas, extraídas principalmente apelo feito mais ao poder do que à li

para acobertar decisões singulares e re

política do secretário florentino. E, por

volucionárias, dão ao diálogo entre Ma cliiavel e Montesquieu um tom grave e trágico.

fim, uma das obras de sucesso dêstes últimos tempos é "Thc Macbiavellians",

À confiança que Montesquieu pÕe na ordem legal, no gnvêmo baseado na di

Todo o drama da França de antes da

última guerra está explicado na obra

Je James Burnham, onde Macliiavel se

visão dc poderes como melhor forma de

itiostra como o mestre incontrastável da

garantias para as liberdades fundamen tais, Machiavel contrapõe o seu pessi mismo, o gôsto humano para a perversão e o pecado, a perpétua insatisfação so-

ciência x^olítica. Enquanto Dante tiaduz

fi caprichosa política ideal, Machiavel é o senhor da verdade contingente. "O


Dicest<i EcoNÓ^uco

115

Dicilsto Econó.mK^

car nos centros cultos europeus, como

está na América do Norte para influir na sua organização constitucional.

sagrou. "A \erdadcira ilccudcncia do direito, paru Rippert, c uquèla que re sulta das leis, quando cias não são mais ditadas pela justiça c são assim impo*

"Vivemos, diz Bencla, sob o signo do

método de Machiavel, escreve Bumham,

ódio político". E como a política fala

c o método científico aplicado à polí

mais alto, 6 difícil oinàr-sc a argumenta ção de Montesquieu. E a leitura que satisfaz é a de Maquia\el. por isso que c comemorado, todos os dias, com gran

tica."

Cito apenas os livros de maior su

Por certo que não podíamos ficar em Montesquieu, como pretendem algumas sensibilidades retrógradas, porque a evo

do a ju.stcza dos ensinamentos de Mon

lução política foi muito além de seus

tesquieu, afirma o festejado mestre da

de sucesso. Valerio Mano consegue um

Uni\ersidadc de Paris que, "quando O

grande sucesso com o sou livro "Ma

Macliiavel et Montesquieu", de Maurice

quiavel ou a escola do poder". Pouco

Joly, vigoroso panfletário que se matou

antes de morrer, Mareei Brion vê o

efn 1877, depois de uma vida atribulada.

cálculos e de seus quadros. Porém, a sua obra é definitiva como e.xpressão do empenho pela transfonnação da luta política primária e instintiva, numa lu ta jurídica.

A sua obra mantém até

agora, e mais do que nunca, os mais

sábios ensinamentos para evitar o abuso do poder, o despotismo e a \ io]ência.

tentes para manter a ordem." Lembran

poder político nianifesta-sc por leis qu^

não expressam o direito, a sociedade está em perigo". A posição anti-maquiavélica de Mon tesquieu não se situa as.sim com muita clareza, num clima como é o nosso, pro pício ao maquiavelismo c aos princípios

Explicando-a, êle al cança

os

nossos

defendidos pelo famoso

dias

secretário florentino.

quando escreve que ela

Artur Koestler, no seu romance de sucesso "O

foi escrita para provar que "Lesprit de modératfon doit étre celui du législateur". Entretanto, o mundo tumultuado não lhe deu a atenção que merecia.

zero e o infinito", faz

com que Roubachof se lembre que o,número um, isto é, Stalin, tinha às

mãos "O Príncipe" de

Muitas obras foram pu blicadas, é certo. Muitos artigos foram escritos (Jéan-Jacques Chevalier, Pierre Mesnard etc).

Porém, percebe-se através delas certa

nostalgia, certa confissão de que, efeti vamente, Montesquieu não é para o nosso tempo, que ele repre^senta uma sensibilidade e uma inteligência incom

patíveis com a nossa época. Nesse sen tido a obra de Georges Rippert é das mais expressivas: — "Le déclin du droít", inspirada na grande obra que há dois séculos foi composta. Estudando a anarquizada legislação contemporânea, Rippert, em sete capí

Maquiavel!

Maquiavel, de fato, nunca ijordeii prestígio, antes o uumen-.. tou com o correr dos tempos. Vale, para os nossos dias, o ensaio de Walpo-

le, a afirmativa de Reginaldo Polc, ar cebispo católico de Canterburj^ de que

"O Príncipe" foi escrito pelas mãos do diabo. Êsse "Príncipe", que parecia fi car bem emoldurado pelo gosto do Re nascimento, toma de empréstimo várias

figuras do século dezenove e do século vinte. "O Princípe" oru é Napoleão I, ora Napoleão III, ora Mussolini, ora Hitler, ora Stalin.

tulos, procura demonstrar que o direito declina porque a legislação desobedece a

Dizia Saint-Simon que ,há, na civili zação, séculos políticos e séculos jurí dicos. O grande e trágico diálogo da história é entre a política e o direito.

certos princípios que Montesquieu con-

Agora a política está falando mais alto.

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o

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. .- ^

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sucesso dc sua obra sobre "Maquiavel".

cesso, porque a bibliografia é extensa. Porém, não posso deixar de lembrar, por último, o "Dialogue aux enfers entre

O li\TO, inteiramente desconliecido,

E Somersel Maugban acha de bom alvi-

aparece agora como uma .crítica impie

tre transferir seus romances das paisa

dosa ao regime sonhado por Montes

gens dos mares do sul para a Itália, por onde anda Maquiavel cm missão política junto a César Borgia, como en

quieu e que não teve, na opinião de seu autor, uma aplicação efetiva na reali

viado do govêrno dc Florença. Na revista dc Sartrc "Les temps mo-

demes", de outubro de 1949, Merleau

Pont>', um dos mais sérios estudiosos do

problema da violência, escreve sua "No te sur Macliiavel".

E exclama, diante

dôsse gênio que vive mais da condena ção do que da glória: "On n'aime pas ce penseur difficile et sans idole!" Em 1943, Rcyan publica "Les princi-

dade prática. O diálogo entabulado entre Montes quieu e Machiavel, fiel ao pensamento de ambos, traduz muito bem a posição

do pensamento político de nossos dias. O antigo Secretário de Estado da Re

pública Florentina usa da linguagem de quem lida com os fatos, com os acon tecimentos e com os homens, enquanto

que o autor de "L'Esprit des leis" con

pes de Maclúavcl et Ia politique do

fia na razão e na lei, como decorrência

dos discursos sôbre Tito Lívio, apare cem na plenitude de sua atualidade.

berdade, o abuso da fonnalidade legal

da compreensão da vida civil, France". Nesse livro vemos Machiavel A crise provocada pelo fascismo e discutindo, ás margens- do Loire, com Monsieur Durant, iDurguês de Paris, os pelo hitlerismo, a insistência com que se ' marcha para a socialização" crescente, o interesses de França. As máximas, extraídas principalmente apelo feito mais ao poder do que à li

para acobertar decisões singulares e re

política do secretário florentino. E, por

volucionárias, dão ao diálogo entre Ma cliiavel e Montesquieu um tom grave e trágico.

fim, uma das obras de sucesso dêstes últimos tempos é "Thc Macbiavellians",

À confiança que Montesquieu pÕe na ordem legal, no gnvêmo baseado na di

Todo o drama da França de antes da

última guerra está explicado na obra

Je James Burnham, onde Macliiavel se

visão dc poderes como melhor forma de

itiostra como o mestre incontrastável da

garantias para as liberdades fundamen tais, Machiavel contrapõe o seu pessi mismo, o gôsto humano para a perversão e o pecado, a perpétua insatisfação so-

ciência x^olítica. Enquanto Dante tiaduz

fi caprichosa política ideal, Machiavel é o senhor da verdade contingente. "O


DiCEÜTO EcONÓ.MICv.

lie

ciai, a mudança permanente de interes ses, a astúcia a serviço de combinações

ambiciosa psicologia, no palco dos acon.

inconfessáveis.

que o desconhecimento dessa \erdadt>

Êsse diálogo, entretanto, não nos le\a à desolação o à renúncia.

tecimcntos humanos. E por cie sabcmoj

ranía e os governos corruptos, como tam.

do, querem que a realidade não se es

bém nos ensina que o culto formal da lei não basta, porque a Içi decorre da

conda na mentira e na hipocrisia e a

natureza das coisas c da razão humana.

vida, iludida com isso, não se encaminhe

E c sobre "La inanière dont Ics lois

de aviltamento em aviltamento.

sont faitos" que, na verdade, se fundam

Machiavel mostrou o homem de go

.

nas virtudes da liberdade, não só no^

oferece os meios para combater a ti.

verno como êle só é, situado com sua

¥Á se tem afirmado que a data de 7

Montesquieu, confiante no direito ^

quanto o direito.

como Montesquieu, cada um a seu mo

Otávio Tarqüínio de Sousa

leva a corrupção c à anarquia.

O encontro dessas duas emergem ainbas da realidade. O poder é tão real

E tanto Machiavel

data verdadeira de setembro de 1822 não é na reali

dade a da independência brasileira, ou

que pelo menos não foi, a princípio, comemorada como tal. Afirmativa intei

ramente infundada. Sem dúvida, a eman

cipação de um país não se realiza por milagre num só dia, nem c obra de um só homem, por mais eminente que soja. Processo histórico vinculado a condições múltiplu.s, o da nossa independência, re montando a episódios já significati\ üs da

as garantias da liberdade c da perma. nência social da dignidade do homem.

centúria anterior, entra a dcfinir-sc mais

claramente no século XVIII, quando o

espírito nativista começa a transmudar-

;

I

sc cm espírito nacional, os interesses cccnómicos dos proprietários rurais, aqui nascidos ou aqui fixados, principiam a chocar-se com os da metrópole portu

de igualdade com Portugal e Algarves, mas com a vantagem da estada do mo narca luso no Rio de Janeiro, fortaleceu ainda mais as transformações que so \i-

nham operando; e. dèsse modo, ao re gressar D. João VI a Lisboa, nenhuma ilusão lhe restaria com certeza acerca do inc\itávcl desfecho — a independência completa do Brasil — como prova o nia-

nhoso conselho ao filho para que cingisse a coroa de preferência a qualquer aven tureiro.

Sem embargo das indecisões de 1821, resultantes dos primeiros reflexos, entre nós, da revolução conslitucionalista por o

processo

emancipador

adquire

das luzes se irradia até

sem demora força irre sistível no ano seguinte. O "fico" a 9 de janeiro,

nós c conquista adeptos mais ou menos convic tos.

Ao transferir-se para cá a família real portu

guesa c com ela a sede do governo, já- o sistema colonial estava gasto e o

Brasil, por assim dizer, maduro para gerir o seu !C'. •-

cou em situação de subaltemidade em face de sua antiga colônia. A ascensão do Brasil à categoria de reino, em pé

idéias peculiares á era

guesa, e o surto das

y.

c Portugal, sob vários aspectos, se colo

próprio destino. As me didas de ordem econômica, política e administrativa, que o príncipe regente

D. João se viu compelido a toi-nav, lan çaram as bases ostensivas da indepen dência brasileira.- O reinado joanino na América como que inverteu os papéis.

tuguesa,

do príncipe D. Pedro, a nomeação, a 16 do mes

mo mês, de Jose Bonifá cio para Ministro, o

embarque compulsório, a 15 de fevereiro, da Divisão Auxiliadora," a aceitação, a 13 de maio,

pelo herdeiro do trono de Portugal, do título de Defensor Per pétuo, a con\'ocaçáo, a 3 de junho, da Assembléia Constituinte, são aconteci

mentos tendentes ao mesmo fim e que culminam nos manifestos de 1 e 6 de

agosto, nos quais D. Pedro proclama


DiCEÜTO EcONÓ.MICv.

lie

ciai, a mudança permanente de interes ses, a astúcia a serviço de combinações

ambiciosa psicologia, no palco dos acon.

inconfessáveis.

que o desconhecimento dessa \erdadt>

Êsse diálogo, entretanto, não nos le\a à desolação o à renúncia.

tecimcntos humanos. E por cie sabcmoj

ranía e os governos corruptos, como tam.

do, querem que a realidade não se es

bém nos ensina que o culto formal da lei não basta, porque a Içi decorre da

conda na mentira e na hipocrisia e a

natureza das coisas c da razão humana.

vida, iludida com isso, não se encaminhe

E c sobre "La inanière dont Ics lois

de aviltamento em aviltamento.

sont faitos" que, na verdade, se fundam

Machiavel mostrou o homem de go

.

nas virtudes da liberdade, não só no^

oferece os meios para combater a ti.

verno como êle só é, situado com sua

¥Á se tem afirmado que a data de 7

Montesquieu, confiante no direito ^

quanto o direito.

como Montesquieu, cada um a seu mo

Otávio Tarqüínio de Sousa

leva a corrupção c à anarquia.

O encontro dessas duas emergem ainbas da realidade. O poder é tão real

E tanto Machiavel

data verdadeira de setembro de 1822 não é na reali

dade a da independência brasileira, ou

que pelo menos não foi, a princípio, comemorada como tal. Afirmativa intei

ramente infundada. Sem dúvida, a eman

cipação de um país não se realiza por milagre num só dia, nem c obra de um só homem, por mais eminente que soja. Processo histórico vinculado a condições múltiplu.s, o da nossa independência, re montando a episódios já significati\ üs da

as garantias da liberdade c da perma. nência social da dignidade do homem.

centúria anterior, entra a dcfinir-sc mais

claramente no século XVIII, quando o

espírito nativista começa a transmudar-

;

I

sc cm espírito nacional, os interesses cccnómicos dos proprietários rurais, aqui nascidos ou aqui fixados, principiam a chocar-se com os da metrópole portu

de igualdade com Portugal e Algarves, mas com a vantagem da estada do mo narca luso no Rio de Janeiro, fortaleceu ainda mais as transformações que so \i-

nham operando; e. dèsse modo, ao re gressar D. João VI a Lisboa, nenhuma ilusão lhe restaria com certeza acerca do inc\itávcl desfecho — a independência completa do Brasil — como prova o nia-

nhoso conselho ao filho para que cingisse a coroa de preferência a qualquer aven tureiro.

Sem embargo das indecisões de 1821, resultantes dos primeiros reflexos, entre nós, da revolução conslitucionalista por o

processo

emancipador

adquire

das luzes se irradia até

sem demora força irre sistível no ano seguinte. O "fico" a 9 de janeiro,

nós c conquista adeptos mais ou menos convic tos.

Ao transferir-se para cá a família real portu

guesa c com ela a sede do governo, já- o sistema colonial estava gasto e o

Brasil, por assim dizer, maduro para gerir o seu !C'. •-

cou em situação de subaltemidade em face de sua antiga colônia. A ascensão do Brasil à categoria de reino, em pé

idéias peculiares á era

guesa, e o surto das

y.

c Portugal, sob vários aspectos, se colo

próprio destino. As me didas de ordem econômica, política e administrativa, que o príncipe regente

D. João se viu compelido a toi-nav, lan çaram as bases ostensivas da indepen dência brasileira.- O reinado joanino na América como que inverteu os papéis.

tuguesa,

do príncipe D. Pedro, a nomeação, a 16 do mes

mo mês, de Jose Bonifá cio para Ministro, o

embarque compulsório, a 15 de fevereiro, da Divisão Auxiliadora," a aceitação, a 13 de maio,

pelo herdeiro do trono de Portugal, do título de Defensor Per pétuo, a con\'ocaçáo, a 3 de junho, da Assembléia Constituinte, são aconteci

mentos tendentes ao mesmo fim e que culminam nos manifestos de 1 e 6 de

agosto, nos quais D. Pedro proclama


118

Digesto Económ

Digesto Econômico

119

"à fac® do universo" a independência politíca do Brasil. Já a 16 desse mês, o jovem Evaristo da Veiga, caixeiro da

Ex. Paço da Assembléia, 5 de setembro

dc 1823". (Ms. n.° 2237, do arquivo do castelo d'Eu — Mu.seu Imperial de

livraria paterna, declama no seu "Hino

firmado a 29 dc agosto anterior, por Sir

Petrópolis). Aí está, dc maneira a mais

Charles Stuart, em nome do rei de Por

mesma hora tornaram a salvar todas as

Constitucional Brasiliense";

explícita, o presidente da Constituinte, na antevéspera do primeiro aniversário, a pedir hora para apresentar a Pedro 1 os agradecimentos da Assembléia, em nome do Império, pela proclamação da Independência, a 7 de setembro de 1822, nas margens do Piranga, como então se

tugal e pelos plenipotenciários brasilei

fortalezas e embarcações de guerra, e

ros. Inseria também o jornal um poema

o mesmo fizeram as esquadras britàniça

do José Elói Otoni, dedicado "a S. M. I.

e francesa; às 3 Já horas da tarde se

o Senhor D. Pedro I, no dia aniversário

formaram em grande parada no Campo da Aclamação as tropas da guamição da

dizia c se lê em numerosos documentos.

anunciava: "Imperial Teatro de São Pe

Quer isto dizer que já então se comemo

dro de Alcântara. Hoje, quarta-feira, 7 do corrente, por ser dia de grande gala,

pois das continências do estilo, deu a tropa uma salva de 101 tiros de artílliaria e 3 descargas de mosqueteria, e depois

haverá uma Academia de Música".

passou S. M. o Imperador em revista

Já podeis da Pátria filhos Ver contente a mãe gentil; Já raiou a liberdade No horizonte do Brasil.

Mas subsistiam equívocos oriundos so

bretudo da situação pessoal do príncipe D. Pedro. Nos manifestos de 1 e 6 de agosto, o primeiro da autoria de Ledo

e o segundo de José Bonifácio, ainda se falava, certamente por conveniência mo mentânea, em manter a união com Por tugal, o dava-se D. João VI como coacto e prisioneiro das Côrtes de Lisboa. Foi

a 7 de setembro que se puseram de lado quaisquer subterfúgios, rompendo-.se os últimos laços. Independência total e definitiva. Contemporâneamente se em

I prestou à data toda a sua significação formal e simbólica. Fácil é prová-lo A 5 de setembro de 1823, João Sevenano Maciel da Costa, pre.sidente da Constituinte, dirigiu a Carneiro de Cam

pos, Ministro do Império, o seguinte ofício; "A Assembléia Geral Constituin te e Legislativa do Império do Brasil tem resolvido enviar no dia 7 do corren

te à Presença de Sua Majestade Impe rial uma deputação para Lhe exprimir em nome do Império os puríssimos votos

de seu agradecimento pela magnânima resolução de declarar a Independência do mesmo Império, pela primeira vez nas

margens do Piranga (sic). O que parti cipo a V. E.x. para que, sabendo de Sua

rou o dia 7 de setembro como o da

independência do Brasil, e comemorouse por decisão da Constituinte, que reu nia brasileiros de todas as províncias e

de todas as tendências, partícipes muitos dêles dos sucessos políticos que prepa raram aquela data.

No ano seguinte, 1824, por ocasião do segundo anivensário, houve nova co memoração. A Constituinte fôra dissol

de reconhecimento da Independência,

da Independência do Brasil", cujo últi mo verso era "Proclama e grita Inde

pendência ou

Morte"; e finalmente

Informações mais minuciosas, a res

peito das festas de 7 de setembro de 1825, podem ser lidas nesse jornal, no número 58, de 9 do mesmo mês e ano.

Depois de referir-se aos "sentimentos da Europa inteira para com os heróicos

ja-mão ao numeroso concurso de pessoas distintas para terem essa honra; a esta

Côrte; às 4 horas da tarde chegaram

S. S. M. M. 1.1. ao Campo, onde, de

tôda a tropa, findo o que desfilaram as tropas em continência e retirada diante dc S. S. M. M. 1.1.; depois se fonnou em coluna cerrada e rompeu em aclama ções de vivas a S. S. M. M. I- L, Família

Imperial e Independência do Império.

esforços do povo brasileiro",

Houve depois Te Deum na

e de informar acêrca da au

Imperial Capela, findo o

vida e Pedro I, cumprindo sua promes

diência dada, no dia 7, pelo

qual foram S. S. M. M- 1-1-

sa, outorgara a 25 de março a Consti

imperador, a

tuição do Império. O Diário Fluminen

Stuart, ao Barão de Mareschal e ao Conde de Gestas, repre

teatro. Em todo este dia mostrou o povo seu regozijo, rompendo em tôda a parte vi

sentantes da Grã-Bretanha, da Áustria e da França, diz na

feitor e Sua Augusta Família".

se, jornal oficial ou oficioso, noticiava no número 60, de 9 de setembro: "Têr-

ça-feira, 7 do corrente, aniversário da

Independência deste Império, foi, na conformidade das ordens de S. M. o Im

perador, dia de grande gala..." E con tando as festas, as salvas das fortale zas e dos navios embandeirados, assim concluía:

.. desta forma se soleni-

20U um dos mais notáveis dias que tem

o Brasil, dia em que o nosso Augusto Imperador, nas margens do Piranga, proclamou a nossa Independência". Em 1825, celebrando o terceiro aniversário,

Majestade o lugar e a hora em que

o mesmo Diário Fluminense, para ligar

determinar recebê-la, V. Ex. nos co

à data um acontecimento que dela de

munique e eu possa fazô-Io presente na mesma Assembléia. Deus guarde a V.

corria, publicava no número 57, de 7

de setembro, em suplemento, o tratado

Sir

Charles

vas aclamações ao Nosso Ben-

sua linguagem louvarainheira e algo trôpega: "Êste dia foi de gala grande por ser o aniversário da declaração de nossa Independência,

Vasto programa de come morações, que deixaria moído 0 monarca, se não fosse bastante conhe

acrescendo a isto o ser o dia destinado

que se timbrava em cercar o dia 7 de

por S. M. o Imperador para a publica

setembro da maior importância, em fazer

ção do ti'atado de paz e aliança entre

dêle o ponto de partida do Brasil li\Te

S. M. o Imperador e S. M. Fidelíssima.

e soberano.

Ao nascer do sol salvaram e se embandeiraram todas as fortalezas e embarca

lebrada em 1823, 1824, 1825, isto é,

cida a sua resistência.

Mas o certo é

Já vimos a data de 7 de setembro ce

pôrto; ás 8 horas tôda a esquadra bri

no primeiro, segundo e terceiro aniversá rios da Independência. O mesmo veri

tânica

ficaremos em 1826.

ções de guerra nacionais surtas neste e

francesa

se

embandoiraram

O Diário Flumi

(sic); à 1 hora chegaram S. S. M. M. 1.1. ao Paço da cidade para receberem o cor

nense, número 58, de 9 de setembro

tejo do corpo diplomático e darem bei-

"Dia 7 de setembro", entre outras coisas

desse ano, num artigo cujo título era


118

Digesto Económ

Digesto Econômico

119

"à fac® do universo" a independência politíca do Brasil. Já a 16 desse mês, o jovem Evaristo da Veiga, caixeiro da

Ex. Paço da Assembléia, 5 de setembro

dc 1823". (Ms. n.° 2237, do arquivo do castelo d'Eu — Mu.seu Imperial de

livraria paterna, declama no seu "Hino

firmado a 29 dc agosto anterior, por Sir

Petrópolis). Aí está, dc maneira a mais

Charles Stuart, em nome do rei de Por

mesma hora tornaram a salvar todas as

Constitucional Brasiliense";

explícita, o presidente da Constituinte, na antevéspera do primeiro aniversário, a pedir hora para apresentar a Pedro 1 os agradecimentos da Assembléia, em nome do Império, pela proclamação da Independência, a 7 de setembro de 1822, nas margens do Piranga, como então se

tugal e pelos plenipotenciários brasilei

fortalezas e embarcações de guerra, e

ros. Inseria também o jornal um poema

o mesmo fizeram as esquadras britàniça

do José Elói Otoni, dedicado "a S. M. I.

e francesa; às 3 Já horas da tarde se

o Senhor D. Pedro I, no dia aniversário

formaram em grande parada no Campo da Aclamação as tropas da guamição da

dizia c se lê em numerosos documentos.

anunciava: "Imperial Teatro de São Pe

Quer isto dizer que já então se comemo

dro de Alcântara. Hoje, quarta-feira, 7 do corrente, por ser dia de grande gala,

pois das continências do estilo, deu a tropa uma salva de 101 tiros de artílliaria e 3 descargas de mosqueteria, e depois

haverá uma Academia de Música".

passou S. M. o Imperador em revista

Já podeis da Pátria filhos Ver contente a mãe gentil; Já raiou a liberdade No horizonte do Brasil.

Mas subsistiam equívocos oriundos so

bretudo da situação pessoal do príncipe D. Pedro. Nos manifestos de 1 e 6 de agosto, o primeiro da autoria de Ledo

e o segundo de José Bonifácio, ainda se falava, certamente por conveniência mo mentânea, em manter a união com Por tugal, o dava-se D. João VI como coacto e prisioneiro das Côrtes de Lisboa. Foi

a 7 de setembro que se puseram de lado quaisquer subterfúgios, rompendo-.se os últimos laços. Independência total e definitiva. Contemporâneamente se em

I prestou à data toda a sua significação formal e simbólica. Fácil é prová-lo A 5 de setembro de 1823, João Sevenano Maciel da Costa, pre.sidente da Constituinte, dirigiu a Carneiro de Cam

pos, Ministro do Império, o seguinte ofício; "A Assembléia Geral Constituin te e Legislativa do Império do Brasil tem resolvido enviar no dia 7 do corren

te à Presença de Sua Majestade Impe rial uma deputação para Lhe exprimir em nome do Império os puríssimos votos

de seu agradecimento pela magnânima resolução de declarar a Independência do mesmo Império, pela primeira vez nas

margens do Piranga (sic). O que parti cipo a V. E.x. para que, sabendo de Sua

rou o dia 7 de setembro como o da

independência do Brasil, e comemorouse por decisão da Constituinte, que reu nia brasileiros de todas as províncias e

de todas as tendências, partícipes muitos dêles dos sucessos políticos que prepa raram aquela data.

No ano seguinte, 1824, por ocasião do segundo anivensário, houve nova co memoração. A Constituinte fôra dissol

de reconhecimento da Independência,

da Independência do Brasil", cujo últi mo verso era "Proclama e grita Inde

pendência ou

Morte"; e finalmente

Informações mais minuciosas, a res

peito das festas de 7 de setembro de 1825, podem ser lidas nesse jornal, no número 58, de 9 do mesmo mês e ano.

Depois de referir-se aos "sentimentos da Europa inteira para com os heróicos

ja-mão ao numeroso concurso de pessoas distintas para terem essa honra; a esta

Côrte; às 4 horas da tarde chegaram

S. S. M. M. 1.1. ao Campo, onde, de

tôda a tropa, findo o que desfilaram as tropas em continência e retirada diante dc S. S. M. M. 1.1.; depois se fonnou em coluna cerrada e rompeu em aclama ções de vivas a S. S. M. M. I- L, Família

Imperial e Independência do Império.

esforços do povo brasileiro",

Houve depois Te Deum na

e de informar acêrca da au

Imperial Capela, findo o

vida e Pedro I, cumprindo sua promes

diência dada, no dia 7, pelo

qual foram S. S. M. M- 1-1-

sa, outorgara a 25 de março a Consti

imperador, a

tuição do Império. O Diário Fluminen

Stuart, ao Barão de Mareschal e ao Conde de Gestas, repre

teatro. Em todo este dia mostrou o povo seu regozijo, rompendo em tôda a parte vi

sentantes da Grã-Bretanha, da Áustria e da França, diz na

feitor e Sua Augusta Família".

se, jornal oficial ou oficioso, noticiava no número 60, de 9 de setembro: "Têr-

ça-feira, 7 do corrente, aniversário da

Independência deste Império, foi, na conformidade das ordens de S. M. o Im

perador, dia de grande gala..." E con tando as festas, as salvas das fortale zas e dos navios embandeirados, assim concluía:

.. desta forma se soleni-

20U um dos mais notáveis dias que tem

o Brasil, dia em que o nosso Augusto Imperador, nas margens do Piranga, proclamou a nossa Independência". Em 1825, celebrando o terceiro aniversário,

Majestade o lugar e a hora em que

o mesmo Diário Fluminense, para ligar

determinar recebê-la, V. Ex. nos co

à data um acontecimento que dela de

munique e eu possa fazô-Io presente na mesma Assembléia. Deus guarde a V.

corria, publicava no número 57, de 7

de setembro, em suplemento, o tratado

Sir

Charles

vas aclamações ao Nosso Ben-

sua linguagem louvarainheira e algo trôpega: "Êste dia foi de gala grande por ser o aniversário da declaração de nossa Independência,

Vasto programa de come morações, que deixaria moído 0 monarca, se não fosse bastante conhe

acrescendo a isto o ser o dia destinado

que se timbrava em cercar o dia 7 de

por S. M. o Imperador para a publica

setembro da maior importância, em fazer

ção do ti'atado de paz e aliança entre

dêle o ponto de partida do Brasil li\Te

S. M. o Imperador e S. M. Fidelíssima.

e soberano.

Ao nascer do sol salvaram e se embandeiraram todas as fortalezas e embarca

lebrada em 1823, 1824, 1825, isto é,

cida a sua resistência.

Mas o certo é

Já vimos a data de 7 de setembro ce

pôrto; ás 8 horas tôda a esquadra bri

no primeiro, segundo e terceiro aniversá rios da Independência. O mesmo veri

tânica

ficaremos em 1826.

ções de guerra nacionais surtas neste e

francesa

se

embandoiraram

O Diário Flumi

(sic); à 1 hora chegaram S. S. M. M. 1.1. ao Paço da cidade para receberem o cor

nense, número 58, de 9 de setembro

tejo do corpo diplomático e darem bei-

"Dia 7 de setembro", entre outras coisas

desse ano, num artigo cujo título era


• Digesto Econômico

Í-.

avançava: "O dia 7 de setembro tem um caráter particular, que o recomenda

de guerra, arsorando o pa\ilhão im perial. Havendo-.se S. M. o Imperador

nas páginas da História. Êle recorda um daqueles momentos só concedidos aos gênios extraordinários paia a síilva-

transportado em grande estado ao Paço da cidade, ali recebeu os agradecimen tos que lhe dirigiu a Câmara dos Senado res por uma deputação". A Câmara dos Deputados, de relações menos cordiais com o monarca, parece que não enviou

ção dos antigos impérios, ou para a cria

ção de um novo. O Senhor D. Pedro de Alcantára, concebendo em Seu Subli

me Entendimento o mais elevado pro jeto, cortou com uma palavra mais efi

caz que a espada de Alexandre todas as

de.sassizadas maquinações dos inimigos do Brasil, e o brado de independência resolutamente pronunciado fêz arripiar as águas do Piranga..." E continuan do no mesmo tom ditirámbico, acrescen

tava que, se a chuva abundante que desabara sôbre o Rio frustrara a reali

zação da grande parada, nem por isso deixaram de realizar-se outras festas. ;.ledro I compareceu às 6 horas da tarde

ao Tc Deum entoado na Capela Impe rial pelo bispo capelão-mor e à noite estêve no Teatro de São Pedro, onde se cantou o hino nacional, foi representado o primeiro ato de "Barbeiro de Sevilha" e a companhia de dançarinos executou

dançados, segundo a linguagem do ar ticulista.

Em 1827, por ocasião da passagem do

oficialmente delegação, mas o jornal ofi cioso se apressou em declarar que entre as pessoas das classes mais distintas que estiveram no Paço Imperial havia vários

membros do corpo legislativo. Houve também uma cerimônia religiosa, com a presença de Pedro I, que, à noite, assis tiu, no Teatro do São Pedro, à represen tação da peça Adelino e ao bailado Doma Soldado.

No ano seguinte, 1828, a proclainação

da Independência foi celebrada com o mesmo entusiasmo, e a Câmara dos De

putados achou con\'eniente enviar a Pe

dro I uma delegação, orando em nome dela alguém que já ganhara largo pres tígio pela inteligência e opiniões libe rais: Bernardo Pereira de Vasconcelos.

Diante do monarca, saudando-o com a

reverência devida, deixou o deputado

mineiro e.xpresso que o Brasil não pres cindiria jamais do instituições livres:

quinto aniversário, o Diário Fluminem-e

Constituição, Coristituição, Constituição,

não pecou por omissão. No número 58,

eis o remédio para todo.s os males. Vale a pena ler as palavras de Vasconcelos,

de 10 de setembro, podemos ler: "O Faustí-ssimo Aniversário do dia mais

que figuram nos anais da Câmara e

festi\c, cm que o Brasil, graças ao Seu

foram registradas pela Aslrea, número

Augusto Defensor Perpétuo, quebrou os O lugar-comum é, como se vê, bastante antigo. Mas em

Festa Naciímal pela Assembléia Legisla

331, de 13 de setembro de 1828, jornal de oposição, dirigido por João Clemente Vieira Souto, que rivalizawa por vêzes com o de Evaristo no combate aos gover nos do Primeiro Reinado. É, pois, fora de qualquer dxivida que a data de 7 de setembro ganhou logo para os con

tiva, a sua primeira luz foi saudada pela

temporâneos da Independência o sentido

artilharia das fortalezas e embarcações

que não perderia mais.

ferros da tirania..."

• 1827 cresceram de significação as come morações. Continuemos a ler a notícia do Diário Fluminense: "Declarado de

121

Dickstí) Econômico

120

"O Dia da

Piranga, dia essencialmente nacional para todo brasileiro qtie se preze do o ser", ou o "maior Dia de Festas do Bra

sil, aquele cm que ressoaram os brados de Independência on Morte, proferidos pelo Augusto Cliefe da Nação", como di.sse a mesma Astrco, número 611, de 7 de setembro de 1830. "Maior dia de

festas do Brasil", assinalando a nossa

emancipação política.

Certo, as datas

têm em muitos casos valor meramente

simbólico c é o que acontece com a de 7 de setembro. Ê óbvio que a in

dependência dc um povo não se asseme lha á maioridadc de um homem, que ocorre cm determinado dia por força de uma ficção legal: c o corolário de um

longo processo histórico, através de vicissitucles várias. O processo emancipador brasileiro, cujo clímax foi a 7 de setembro de 1822, pode reixdnclicar di

versas datas que a êle se vinculam. Para não ir muito longe, lembremo-nos mais uma vez da chegada de D. João, com a série de medidas de ordem polí tica e econômica que se seguiram: a elevação do Brasil à categoria de reino, a "ficada" do herdeiro do trono de Por

tugal e todos os atos conseqüentes, in clusive a viagem a Suo Paulo e o

grito do Ipiranga, sem esquecer depois a aclamação de D. Pedro I como impe rador, a 12 de outubro de 1822, sua coroação a 1 de dezembro do mesmo

ano, a outorga da Constituição a 23 de março de 1824 c, por último, a revo lução de 7 de abril de 1831, que entre

gou definitivamente o Brasil aos brasi leiros natos, ao brasileiro nato filho de Pedro I, que tão sábia e dedicadamente reinaria ate 15 de novembro de 1


• Digesto Econômico

Í-.

avançava: "O dia 7 de setembro tem um caráter particular, que o recomenda

de guerra, arsorando o pa\ilhão im perial. Havendo-.se S. M. o Imperador

nas páginas da História. Êle recorda um daqueles momentos só concedidos aos gênios extraordinários paia a síilva-

transportado em grande estado ao Paço da cidade, ali recebeu os agradecimen tos que lhe dirigiu a Câmara dos Senado res por uma deputação". A Câmara dos Deputados, de relações menos cordiais com o monarca, parece que não enviou

ção dos antigos impérios, ou para a cria

ção de um novo. O Senhor D. Pedro de Alcantára, concebendo em Seu Subli

me Entendimento o mais elevado pro jeto, cortou com uma palavra mais efi

caz que a espada de Alexandre todas as

de.sassizadas maquinações dos inimigos do Brasil, e o brado de independência resolutamente pronunciado fêz arripiar as águas do Piranga..." E continuan do no mesmo tom ditirámbico, acrescen

tava que, se a chuva abundante que desabara sôbre o Rio frustrara a reali

zação da grande parada, nem por isso deixaram de realizar-se outras festas. ;.ledro I compareceu às 6 horas da tarde

ao Tc Deum entoado na Capela Impe rial pelo bispo capelão-mor e à noite estêve no Teatro de São Pedro, onde se cantou o hino nacional, foi representado o primeiro ato de "Barbeiro de Sevilha" e a companhia de dançarinos executou

dançados, segundo a linguagem do ar ticulista.

Em 1827, por ocasião da passagem do

oficialmente delegação, mas o jornal ofi cioso se apressou em declarar que entre as pessoas das classes mais distintas que estiveram no Paço Imperial havia vários

membros do corpo legislativo. Houve também uma cerimônia religiosa, com a presença de Pedro I, que, à noite, assis tiu, no Teatro do São Pedro, à represen tação da peça Adelino e ao bailado Doma Soldado.

No ano seguinte, 1828, a proclainação

da Independência foi celebrada com o mesmo entusiasmo, e a Câmara dos De

putados achou con\'eniente enviar a Pe

dro I uma delegação, orando em nome dela alguém que já ganhara largo pres tígio pela inteligência e opiniões libe rais: Bernardo Pereira de Vasconcelos.

Diante do monarca, saudando-o com a

reverência devida, deixou o deputado

mineiro e.xpresso que o Brasil não pres cindiria jamais do instituições livres:

quinto aniversário, o Diário Fluminem-e

Constituição, Coristituição, Constituição,

não pecou por omissão. No número 58,

eis o remédio para todo.s os males. Vale a pena ler as palavras de Vasconcelos,

de 10 de setembro, podemos ler: "O Faustí-ssimo Aniversário do dia mais

que figuram nos anais da Câmara e

festi\c, cm que o Brasil, graças ao Seu

foram registradas pela Aslrea, número

Augusto Defensor Perpétuo, quebrou os O lugar-comum é, como se vê, bastante antigo. Mas em

Festa Naciímal pela Assembléia Legisla

331, de 13 de setembro de 1828, jornal de oposição, dirigido por João Clemente Vieira Souto, que rivalizawa por vêzes com o de Evaristo no combate aos gover nos do Primeiro Reinado. É, pois, fora de qualquer dxivida que a data de 7 de setembro ganhou logo para os con

tiva, a sua primeira luz foi saudada pela

temporâneos da Independência o sentido

artilharia das fortalezas e embarcações

que não perderia mais.

ferros da tirania..."

• 1827 cresceram de significação as come morações. Continuemos a ler a notícia do Diário Fluminense: "Declarado de

121

Dickstí) Econômico

120

"O Dia da

Piranga, dia essencialmente nacional para todo brasileiro qtie se preze do o ser", ou o "maior Dia de Festas do Bra

sil, aquele cm que ressoaram os brados de Independência on Morte, proferidos pelo Augusto Cliefe da Nação", como di.sse a mesma Astrco, número 611, de 7 de setembro de 1830. "Maior dia de

festas do Brasil", assinalando a nossa

emancipação política.

Certo, as datas

têm em muitos casos valor meramente

simbólico c é o que acontece com a de 7 de setembro. Ê óbvio que a in

dependência dc um povo não se asseme lha á maioridadc de um homem, que ocorre cm determinado dia por força de uma ficção legal: c o corolário de um

longo processo histórico, através de vicissitucles várias. O processo emancipador brasileiro, cujo clímax foi a 7 de setembro de 1822, pode reixdnclicar di

versas datas que a êle se vinculam. Para não ir muito longe, lembremo-nos mais uma vez da chegada de D. João, com a série de medidas de ordem polí tica e econômica que se seguiram: a elevação do Brasil à categoria de reino, a "ficada" do herdeiro do trono de Por

tugal e todos os atos conseqüentes, in clusive a viagem a Suo Paulo e o

grito do Ipiranga, sem esquecer depois a aclamação de D. Pedro I como impe rador, a 12 de outubro de 1822, sua coroação a 1 de dezembro do mesmo

ano, a outorga da Constituição a 23 de março de 1824 c, por último, a revo lução de 7 de abril de 1831, que entre

gou definitivamente o Brasil aos brasi leiros natos, ao brasileiro nato filho de Pedro I, que tão sábia e dedicadamente reinaria ate 15 de novembro de 1


123

Digesto Econômico

FLORESTAS P»fE>rrEL Gomes

\s florestas têm uma influência muito

grande sobre a vida humana. Equi

Países

Florestas

americanos (Ent quilômetros quadrados)

libram o regime dos rios, melhoram o microclima, abrigam a fauna, embelezam

Brasil

a paisagem, fornecem cópias imensas de

Canadá

produtos variadíssimos e indispensáveis, que vão das madeiras para construções, movelaria e fabricação de celulose e papel, à lenha, ao carvão, à borracha, ceras e gomas, frutos diversos, óleos

Estadoij Unidos Colômbia

619.190

Venezuela México

suas florestas, embora, até agora, não

Argentina

as tenhamos explorado racionalmente

Equador

Mesmo assim contribuem, anualmente,

Guiana Inglesa

para a economia nacional, com cerca de

720.000 700.000

Pem Alasca

preciosos etc. O Brasil deve imenso às

I 15 biliões de cruzeiros, além de possibi|itmem indústrias que rendem outros

3.9.59.280 3.387.790 2.525.330

330.000 258.560 220.000 162.000 139.986 105.000 78.130 70.000

Surinam

Paraguai Guiana Francesa

biliões. Examinemos algo de nossa riqueza florestal, a riqueza que tanto temos destruído do modo mais perdulá

Panamá

rio e imprevidente.

República Dominicana

Chile Guatemala Cuba

Florestas mutidiais

El Salvador

Nas Américas, as florestas maiores se encontram no Brasil — 395.928 mil hec

Belise

tares, dos quais 377.170 são considera

Haiti

dos produtivos. 46% da área total do País estão ainda cobertos de florestas. Cada brasileiro dispõe de 8 hectares de flo restas. Infebzmente se distribuem muito

irregularmente no território nacional. Cerca de 320 milliões de hectares de

florestas se encontram na Amazônia, onde está a segunda do mundo em ' extensão.

Seguem-se ao Brasil o Canadá, com

66.820

52.450

Uruguai

50.000 30.070 25.850 19.920 15.790 6.020

5.000.

Tchecoslováquia

36.820

quadrados, dos quais 202.530 produti

Áustria

31.390

vos. A Nova Zelândia tem 68.270 qui

Portugal

24.670

lômetros quadrados de florestas, dos

Grécia Grã-Bretanha

20.000 12.730

quais 19.710 produtivos. Na África, há um grande pais sem

Hungria

11.070

florestas — o Egito. A União Sul-Afrí-

Suíça

9.000

Bélgica

5.410

Dinamarca Holanda Irlanda

3.480 2.500 890

cana tem 28.870 quilômetros quadrados de florestas, dos quais 8.240 produtivos. O Congo Belga tem 1.203.000 quilô metros quadrados florestados. A África Equatorial Francesa 1.253.730.

Luxemburgo

780

Irlanda do Norte

210

viética. Conforme o Calendário Atlante Nem tôdas as florestas, como nas

tante fé, há por lá 9.570.000 quilôme

exemplo, tem apenas 6.000 quilômetros

tros quadrados de florestas.

quadrados de florestas produtivas; Por tugal, 24.600; a Noruega, 61.000; a Po lônia, 64.700; a Áustria, 28.000; a Tchecoslováquia, 30.760; a Finlândia, 207.000; a Suíça, 8.000.

Há, também, na Ásia, alguns países bastante florestados: Países asiáticos

Florestas

(Em quilômetros quadrados)

Indonésia China

1.200.000 828.050

445.300 390.940

da população, ainda há países com gran

Sião

324.310

des areas florestadas.

Japão Filipinas

222.750 174.960

Sarawak

106.190

da Europa (Em quilômetros quadrados)

União Malaia . Boméu Setentrional

101.240 62.160

Suécia Finlândia

235.350 216.600

Ceilão Síria

3.750

França

109.540

Chipre

1.690

Florestas

35.310

Alemanha

75.480

Palestina

890

Noruega

75.000

Transjordânia

350

outros países são muito menos ricos

Polônia

69.090

em florestas.

Bulgária

40.230

338.799

mil

hectares

e

os

Estados

Unidos, com 252.533 mil hectares.

Os

Florestas brasileiras

Na Zona Norte se encontra a maior

área florestada contínua do Brasil e a

segunda do mundo. A selva amazôni ca começa à margem esquerda do rio Mearim, no Maranhão, e se alastra ate às fronteiras com a Bolívia, o Pem e a

Birmânia

Países

de Agostini, cujos dados merecem bas

Américas, são produtivas. A Grécia, por

índia e Paquistão

Na Europa, em que pese a densidade

A FAO, que forneceu os dados que apresento, nada diz sobre a União So

A Oceania é pobre em florestas. A Austrália dispõe de 309.250 quilômetros

Colômbia, por milhares e milhares de quilômetros de extensão. Calcula-se que revista 3.200.000 quilômetros quadrados. Atravessam-na, facilitando o transporte,

o maior rio do mundo, franco a navega

ção marítima até uns 1.500 quilôme tros da foz. Vapores menores, também marítimos, vão a Iquitos, no Peru. O Madeira, o maior afluente do Amazonas, é mais caudaloso que qualquer rio eu

ropeu. Em território brasileiro, a bacia do Amazonas oferece uns 60 iml quilô

metros de vias fluviais navegáveis por

grandes, médias e pequenas embarca ções. Muitos rios amazônicos nascem nos planaltos - brasileiro ou guiànico — e descem para a imensa planície flo restada.

Na descida apresentam uma

série de cachoeiras, cujas energias serão

um dia aproveitadas.


123

Digesto Econômico

FLORESTAS P»fE>rrEL Gomes

\s florestas têm uma influência muito

grande sobre a vida humana. Equi

Países

Florestas

americanos (Ent quilômetros quadrados)

libram o regime dos rios, melhoram o microclima, abrigam a fauna, embelezam

Brasil

a paisagem, fornecem cópias imensas de

Canadá

produtos variadíssimos e indispensáveis, que vão das madeiras para construções, movelaria e fabricação de celulose e papel, à lenha, ao carvão, à borracha, ceras e gomas, frutos diversos, óleos

Estadoij Unidos Colômbia

619.190

Venezuela México

suas florestas, embora, até agora, não

Argentina

as tenhamos explorado racionalmente

Equador

Mesmo assim contribuem, anualmente,

Guiana Inglesa

para a economia nacional, com cerca de

720.000 700.000

Pem Alasca

preciosos etc. O Brasil deve imenso às

I 15 biliões de cruzeiros, além de possibi|itmem indústrias que rendem outros

3.9.59.280 3.387.790 2.525.330

330.000 258.560 220.000 162.000 139.986 105.000 78.130 70.000

Surinam

Paraguai Guiana Francesa

biliões. Examinemos algo de nossa riqueza florestal, a riqueza que tanto temos destruído do modo mais perdulá

Panamá

rio e imprevidente.

República Dominicana

Chile Guatemala Cuba

Florestas mutidiais

El Salvador

Nas Américas, as florestas maiores se encontram no Brasil — 395.928 mil hec

Belise

tares, dos quais 377.170 são considera

Haiti

dos produtivos. 46% da área total do País estão ainda cobertos de florestas. Cada brasileiro dispõe de 8 hectares de flo restas. Infebzmente se distribuem muito

irregularmente no território nacional. Cerca de 320 milliões de hectares de

florestas se encontram na Amazônia, onde está a segunda do mundo em ' extensão.

Seguem-se ao Brasil o Canadá, com

66.820

52.450

Uruguai

50.000 30.070 25.850 19.920 15.790 6.020

5.000.

Tchecoslováquia

36.820

quadrados, dos quais 202.530 produti

Áustria

31.390

vos. A Nova Zelândia tem 68.270 qui

Portugal

24.670

lômetros quadrados de florestas, dos

Grécia Grã-Bretanha

20.000 12.730

quais 19.710 produtivos. Na África, há um grande pais sem

Hungria

11.070

florestas — o Egito. A União Sul-Afrí-

Suíça

9.000

Bélgica

5.410

Dinamarca Holanda Irlanda

3.480 2.500 890

cana tem 28.870 quilômetros quadrados de florestas, dos quais 8.240 produtivos. O Congo Belga tem 1.203.000 quilô metros quadrados florestados. A África Equatorial Francesa 1.253.730.

Luxemburgo

780

Irlanda do Norte

210

viética. Conforme o Calendário Atlante Nem tôdas as florestas, como nas

tante fé, há por lá 9.570.000 quilôme

exemplo, tem apenas 6.000 quilômetros

tros quadrados de florestas.

quadrados de florestas produtivas; Por tugal, 24.600; a Noruega, 61.000; a Po lônia, 64.700; a Áustria, 28.000; a Tchecoslováquia, 30.760; a Finlândia, 207.000; a Suíça, 8.000.

Há, também, na Ásia, alguns países bastante florestados: Países asiáticos

Florestas

(Em quilômetros quadrados)

Indonésia China

1.200.000 828.050

445.300 390.940

da população, ainda há países com gran

Sião

324.310

des areas florestadas.

Japão Filipinas

222.750 174.960

Sarawak

106.190

da Europa (Em quilômetros quadrados)

União Malaia . Boméu Setentrional

101.240 62.160

Suécia Finlândia

235.350 216.600

Ceilão Síria

3.750

França

109.540

Chipre

1.690

Florestas

35.310

Alemanha

75.480

Palestina

890

Noruega

75.000

Transjordânia

350

outros países são muito menos ricos

Polônia

69.090

em florestas.

Bulgária

40.230

338.799

mil

hectares

e

os

Estados

Unidos, com 252.533 mil hectares.

Os

Florestas brasileiras

Na Zona Norte se encontra a maior

área florestada contínua do Brasil e a

segunda do mundo. A selva amazôni ca começa à margem esquerda do rio Mearim, no Maranhão, e se alastra ate às fronteiras com a Bolívia, o Pem e a

Birmânia

Países

de Agostini, cujos dados merecem bas

Américas, são produtivas. A Grécia, por

índia e Paquistão

Na Europa, em que pese a densidade

A FAO, que forneceu os dados que apresento, nada diz sobre a União So

A Oceania é pobre em florestas. A Austrália dispõe de 309.250 quilômetros

Colômbia, por milhares e milhares de quilômetros de extensão. Calcula-se que revista 3.200.000 quilômetros quadrados. Atravessam-na, facilitando o transporte,

o maior rio do mundo, franco a navega

ção marítima até uns 1.500 quilôme tros da foz. Vapores menores, também marítimos, vão a Iquitos, no Peru. O Madeira, o maior afluente do Amazonas, é mais caudaloso que qualquer rio eu

ropeu. Em território brasileiro, a bacia do Amazonas oferece uns 60 iml quilô

metros de vias fluviais navegáveis por

grandes, médias e pequenas embarca ções. Muitos rios amazônicos nascem nos planaltos - brasileiro ou guiànico — e descem para a imensa planície flo restada.

Na descida apresentam uma

série de cachoeiras, cujas energias serão

um dia aproveitadas.


I

I IIUI I ^ II

||| I _

r125

DiOESTO Econômico Dicesto Econômico

124

lugar de possuírem uns 30% dc flores A exploração da floresta amazônica apresentou defeitos que impediram a sua

rcs médias; c ale grandes nos pontos

rápida industrialização. Os progressos realizados pela técnica, nos iiltimos anos,

pequenas consorciadas com cactáceas e bronieliáccas nos trechos piores, que são relativamente pequenos,

permitem, desde já, a instalação de grandes serrarias, fábricas de compensa do, celulose, papel etc, Um grande técnico em celulose e papel, organizador

tas, como é aconselhável, tèm apenas 12 e uté mesmo 1 c menos dc um por

mais fa\x)rávci,s, rcduzindo-se a ár\ores

cento.

É uma calamidade.

Daí o re

gime dos rios se descontrolando, o mi-

tatística da Produção, produzimos • • •

croclinia prejudicado, a erosão das en-

5.410.732 metros cúbicos de madeira, no valor de 1.363 milhões de cruzeiros. Eram maiores produtores:

contas, o assoreamento das várzeas, o

A zona das florestas costeiras cstira-

de do Norte, ao sul de Santa Catarina,

empobrecimento do patrimônio nacional. Urge reflorestar as terras pobres, as

das fábricas de celulose de Rosário, Ar

com larguras variáveis, interessando, po

encostas das serras, o terço superior dos

gentina, c Santiago do Chile, entusiasmou-se com as condições que a Amazô

rém, as terras litorâneas, as encostas das

píncaros, os divisores de águas, as nas centes dos rios e ribeirões, as áreas de

nia peruana apresenta à fabricação da

serras o as próprias serras e planaltos. Estão, aí, algumas das nossas mais belas

quele produto, Uma das espécies encon

florestas.

tradas — o setico, árvore abundantíssi

ma nas várzeas — apresenta um tronco

A zona dos pinhais compreende os planaltos do Paraná, Santa Catarina, Rio

Reflorestar é um grande problema na cional, que merece o apoio dc todos

com 30 a 40 centímetros de diâmetro

Grande do Sul e os trechos mais ekn-a-

aos dois a três anos de vida, estando, desde então, pronto a ser industriali

zado, enquanto os pinheirais do Canadá, Noruega, Suécia, Finlândia são corta

dos com 50 a 100 anos. As vantagens

se das margens do Potengi, no Rio Gran

abastecimento das fontes.

os bons brasileiros. Felizmente, o reflorestamento começ-ou

dos dos planaltos de São Paulo, Minas

com o grande agrônomo Navarro de Andrade, e se alarga e se difunde em

Gerais e Espírito Santo, Os pinhais densos vão, para o norte, até ao para lelo 20, Há bosques espontâneos até o paralelo 18. Há bosques de plaiitação

todos os sentidos, cada vez mais intensa

mente.

O Serviço Florestal dó Minis

em latitudes bem mais baixas. Em Uba-

tério da Agricultura c os de algumas Se cretarias de Agricultura estão plantando,

jara, Ceará, a uns 700 metros de al

anualmente — por conta própria e em

tura, nas proximidades do paralelo 4, há um bosque de araucárias crescendo ra-

cooperação

zoàvelmente. São florestas riquíssimas,

zendeiros e sitiantes — mais de 250 mi

que estão sendo, em

lhões de árvores, principalmente eucalip

nhão, Piauí c trecho do'

regra, exploradas irra

Ceará, até o pantanal

tos, pinheiros brasileiros (araucárias), pi

cionalmente.

nheiros do Chile, pinheiros bravos, sibi-

matogrossense.

87.500 quilômetros qua

que a Amazônia apresenta à indústria de celulose e do papel são, assim, ex traordinárias.

• Segue-se, como segunda grande zona florestal, a dos Cocais, que se alarga dos litorais do

Mara

Há áí

florestas puras de car naubeiras, e babaçus e

bosques de buritis e tucuns — todas as qua tro espécies de grande valor econômico, A zona

das caatin

gas vai do interior do

com usinas siderúrgicas,

estradas de ferro, fábricas diversas, fa

Medem

pirunas, jacarandás, grevileas, sabiás, car naubeiras, jacarés, angicos, ipês... O esforço que se está fazendo é gran de. Mister se faz pelo menos duplicálo com a possível brevidade, pois preci samos plantar de modo a cobrir o con

drados.

Desflorestamdúo e reflorestamcnto

Grande parte dc nos

sumo e, em determinadas zonas, ul

sas florestas se situa nos

tal deixam a desejar, e coniprèendern-se facilmente as razões. Vejamos, porém, o que existe a respeito. Em 1946, conforme o Serviço de Es

trapassá-lo consideràvelmente.

trechos mais dinamizií-

Produção ein metros 1.168.354 1.079.521 951.530 924.923

Paraná

Rio Grande do Sul Minas Gerais Santa Catarina

434.813 148.210

São Paulo . Bahia Pará

105.594 92.922

Espírito Santo Iguaçu

82.744 63.338

Goiás

47.207

Rio de janeiro

43.070

Piauí

42.460 42.249 40.620

Pernambuco Acre

Alagoas

35.861 80.642

Paraíba Maranhão Ceará

23.476 17.130 14.564

Rio Grande do Norte Amazonas

A nossa produção de lenha é tremen

damente grande: 83.475152 ^metros

cúbicos, valendo 1.776 milhões de cru

zeiros (1946), devendo, hoje, ser maior

e valer muito mais - talvez bem mais de 2 biliões de cruzeiros. Vejamos quais os maiores produtores;

Ceará e Rio Grande do Norte, através das terras mediterrâneas da Paraíba,

dos do País. Desflorestar era necessário, para abrir espaço às lavouras, às cida

Produtos e subprodutos florestais

Pernambuco, Alagoas, Bahia, Minas ■ Ge rais e sul matogrossense, até às proxi

des", às esriadas e, às vezes, à própria pecuária. Fomos, porém, demasiado lon ge. Se grande é ainda o nosso patrimô

Os brasileiros não avaliam bem o

muito que retiram das florestas, embora

pèssimamenle exploradas. Os dados es

Minas Gerais

caatingas, savanas e florestas tropó-

nio florestal, está, porém, muito mal

tatísticos sôbre a nossa produção flores-

Bahia

fitas mais ou menos densas, com árvo-

distribuído, regiões havendo que em

midades' do pantanal. Há, na zona das

cúbicos

Estados

Produção de Jerxha

1

Estados

(Em metros cúbicos) 28.066.500 10.278,554


I

I IIUI I ^ II

||| I _

r125

DiOESTO Econômico Dicesto Econômico

124

lugar de possuírem uns 30% dc flores A exploração da floresta amazônica apresentou defeitos que impediram a sua

rcs médias; c ale grandes nos pontos

rápida industrialização. Os progressos realizados pela técnica, nos iiltimos anos,

pequenas consorciadas com cactáceas e bronieliáccas nos trechos piores, que são relativamente pequenos,

permitem, desde já, a instalação de grandes serrarias, fábricas de compensa do, celulose, papel etc, Um grande técnico em celulose e papel, organizador

tas, como é aconselhável, tèm apenas 12 e uté mesmo 1 c menos dc um por

mais fa\x)rávci,s, rcduzindo-se a ár\ores

cento.

É uma calamidade.

Daí o re

gime dos rios se descontrolando, o mi-

tatística da Produção, produzimos • • •

croclinia prejudicado, a erosão das en-

5.410.732 metros cúbicos de madeira, no valor de 1.363 milhões de cruzeiros. Eram maiores produtores:

contas, o assoreamento das várzeas, o

A zona das florestas costeiras cstira-

de do Norte, ao sul de Santa Catarina,

empobrecimento do patrimônio nacional. Urge reflorestar as terras pobres, as

das fábricas de celulose de Rosário, Ar

com larguras variáveis, interessando, po

encostas das serras, o terço superior dos

gentina, c Santiago do Chile, entusiasmou-se com as condições que a Amazô

rém, as terras litorâneas, as encostas das

píncaros, os divisores de águas, as nas centes dos rios e ribeirões, as áreas de

nia peruana apresenta à fabricação da

serras o as próprias serras e planaltos. Estão, aí, algumas das nossas mais belas

quele produto, Uma das espécies encon

florestas.

tradas — o setico, árvore abundantíssi

ma nas várzeas — apresenta um tronco

A zona dos pinhais compreende os planaltos do Paraná, Santa Catarina, Rio

Reflorestar é um grande problema na cional, que merece o apoio dc todos

com 30 a 40 centímetros de diâmetro

Grande do Sul e os trechos mais ekn-a-

aos dois a três anos de vida, estando, desde então, pronto a ser industriali

zado, enquanto os pinheirais do Canadá, Noruega, Suécia, Finlândia são corta

dos com 50 a 100 anos. As vantagens

se das margens do Potengi, no Rio Gran

abastecimento das fontes.

os bons brasileiros. Felizmente, o reflorestamento começ-ou

dos dos planaltos de São Paulo, Minas

com o grande agrônomo Navarro de Andrade, e se alarga e se difunde em

Gerais e Espírito Santo, Os pinhais densos vão, para o norte, até ao para lelo 20, Há bosques espontâneos até o paralelo 18. Há bosques de plaiitação

todos os sentidos, cada vez mais intensa

mente.

O Serviço Florestal dó Minis

em latitudes bem mais baixas. Em Uba-

tério da Agricultura c os de algumas Se cretarias de Agricultura estão plantando,

jara, Ceará, a uns 700 metros de al

anualmente — por conta própria e em

tura, nas proximidades do paralelo 4, há um bosque de araucárias crescendo ra-

cooperação

zoàvelmente. São florestas riquíssimas,

zendeiros e sitiantes — mais de 250 mi

que estão sendo, em

lhões de árvores, principalmente eucalip

nhão, Piauí c trecho do'

regra, exploradas irra

Ceará, até o pantanal

tos, pinheiros brasileiros (araucárias), pi

cionalmente.

nheiros do Chile, pinheiros bravos, sibi-

matogrossense.

87.500 quilômetros qua

que a Amazônia apresenta à indústria de celulose e do papel são, assim, ex traordinárias.

• Segue-se, como segunda grande zona florestal, a dos Cocais, que se alarga dos litorais do

Mara

Há áí

florestas puras de car naubeiras, e babaçus e

bosques de buritis e tucuns — todas as qua tro espécies de grande valor econômico, A zona

das caatin

gas vai do interior do

com usinas siderúrgicas,

estradas de ferro, fábricas diversas, fa

Medem

pirunas, jacarandás, grevileas, sabiás, car naubeiras, jacarés, angicos, ipês... O esforço que se está fazendo é gran de. Mister se faz pelo menos duplicálo com a possível brevidade, pois preci samos plantar de modo a cobrir o con

drados.

Desflorestamdúo e reflorestamcnto

Grande parte dc nos

sumo e, em determinadas zonas, ul

sas florestas se situa nos

tal deixam a desejar, e coniprèendern-se facilmente as razões. Vejamos, porém, o que existe a respeito. Em 1946, conforme o Serviço de Es

trapassá-lo consideràvelmente.

trechos mais dinamizií-

Produção ein metros 1.168.354 1.079.521 951.530 924.923

Paraná

Rio Grande do Sul Minas Gerais Santa Catarina

434.813 148.210

São Paulo . Bahia Pará

105.594 92.922

Espírito Santo Iguaçu

82.744 63.338

Goiás

47.207

Rio de janeiro

43.070

Piauí

42.460 42.249 40.620

Pernambuco Acre

Alagoas

35.861 80.642

Paraíba Maranhão Ceará

23.476 17.130 14.564

Rio Grande do Norte Amazonas

A nossa produção de lenha é tremen

damente grande: 83.475152 ^metros

cúbicos, valendo 1.776 milhões de cru

zeiros (1946), devendo, hoje, ser maior

e valer muito mais - talvez bem mais de 2 biliões de cruzeiros. Vejamos quais os maiores produtores;

Ceará e Rio Grande do Norte, através das terras mediterrâneas da Paraíba,

dos do País. Desflorestar era necessário, para abrir espaço às lavouras, às cida

Produtos e subprodutos florestais

Pernambuco, Alagoas, Bahia, Minas ■ Ge rais e sul matogrossense, até às proxi

des", às esriadas e, às vezes, à própria pecuária. Fomos, porém, demasiado lon ge. Se grande é ainda o nosso patrimô

Os brasileiros não avaliam bem o

muito que retiram das florestas, embora

pèssimamenle exploradas. Os dados es

Minas Gerais

caatingas, savanas e florestas tropó-

nio florestal, está, porém, muito mal

tatísticos sôbre a nossa produção flores-

Bahia

fitas mais ou menos densas, com árvo-

distribuído, regiões havendo que em

midades' do pantanal. Há, na zona das

cúbicos

Estados

Produção de Jerxha

1

Estados

(Em metros cúbicos) 28.066.500 10.278,554


Dicesto Econômico

São Paulo

7.330.125

Iguaçu Santa Catarina Rio Grande do Sul Paraná

Alagoas Paraíba Pernambuco Piauí

1.495.282

Goiás

920.360

Rio Grande do Norte

Pará

4.535.111 4.154.101 2.773.900

1.337.070 1.260.873 1.201.079

Espírito Santo

Sergipe

5.947.598 5.914.034

2.101.739 1.658.091

Maranhão Ceará

Mato Grosso

705.820 370.733 346.209 210.738

A produção do carvão de madeira é grande; 528.789 toneladas, valendo 257 millioes de cruzeiros (1946). Hoje a produção e o valor devem ser maio res.

zonas: 130 toneladas, valendo 2.800 mil

quilhos de jarina: 6 toneladas e 10 mil

cruzeiros.

cnizeiros.

Piauí

450 444

Bahia Ceará

198

2.775 toneladas de coquilhos, valendo

za, cm grande parte, matéria-prima flo

100

7,661 mil cruzeiros c 1.576 toneladas de cera, no valor do 38 milhões de cru

toneladas de papel, a\aliadas em 1.136

zeiros.

milhões de cruzeiros.

Amapá

Minas Gerais

77

Rio Branco

76

Goiás

40

O licuri é exclusivamente

A oiticica ó nordestina.

tivemos

18

Paraíba

(35.847 cm 1945), no valor de 25.720

10

milhões de cruzeiro.s. Para esse total, o

Rio Grande do Norte

10

Tivemos, em 1947, 9.251 toneladas de fibra de caroá, valendo 23 milliões de

cruzeiros. Pernambuco é o grande pro

99 toneladas; Alagoas, 84. Há peque nina produção no Pará e em Sergipe. Apanhamo.s, em 1947, 28.081 tonela

das de castanhas brasileiras (castanhas

1.743, o Rio Grande do Norte com 900, o Maranhão com 700, e mais a Paraíba e Pernambuco.

Pará

Guaporé Mato Grosso

7.982 4.540 510

Tivemos, em 1947, 72.541 toneladas

de mate, no valor de 91.875 milhões de cruzeiros.

O Paraná produziu 34.950

toneladas; o Rio Grande do Sul, 14.122; Santa Catarina, 13.050; Mato Grosso, 10.150 e São Paulo, 269.

O guaraná é exclusivamente do Ama". x'ii r

Não c.squeçamos o papel, que utílirestal. Em 1948, fabricamos 180 niil Houve vários outros produtos flores tais. Muitos escaparam à estatistioa.

Quase todos poderiam ser colhidos em escala muito maior. Dos 360 milhões de toneladas de coquilhos (produção ca-

(22.541 em 1945); a Paraíba com 9.000;

culada), aproveitamos apenas cerca de

o Rio Grande do Norte, com 3.000.

um milhão.

Produzimos 5.321 toneladas de piaçado 22 milhões de cruzeiros.

milhões de cruzeiros. Produziram bor

10.195 8.000

óleo

Bahia, 2.649 toneladas; Paraíba, 300 to neladas; Ceará, 100 toneladas; Piauí,

racha;

Amazonas

de

va (Bahia, Alagoas, Amazonas) valen

no valor de 337 milhões de cruzeiros.

(Em toneladas)

toneladas

dutor — 6.000 toneladas — seguido pela

O Piauí entrou com a quota maior — neladas de borracha, no valor de 402 5.408 toneladas, seguindo-se o Ceará, com

Territórios

23.663

Ceará contribuiu com 11.222 toneladas

Tivemos, no mesmo ano, 32.739 to

Produção de borracha

Em 1947,

18

com 1.042 toneladas, Goiás com 1.000 ram castanhas Mato Grosso e Maranhão. • Colhemos 9.082 toneladas de cera de toneladas e Minas Gerais, Pará, Bahia e " carnaúba em 1946 (12.583, em 1945),Mato Grosso com muito menos.

Estados e

baiano:

Pernambuco Maranhão

do Pará, Brasil nuts dos norte-america A produção extrativa é também bas nos), pequena da produção, vòtante valiosa. Em 1947, tivemos 64.333 ^lendo fração 107 raiDiões de cruzeiros. 51.974 toneladas de amêndoas de babaçu, no toneladas foram recolhidas Pará; valor de 180 milhões de cruzeiros O 39.317, no Amazonas; 10.000,no no Acre; Maranhão entrou com a quota maior45.749 toneladas, seguido do Piauí - 2.989, no Amapá; 1.541, no Rio Branco; 16.307 toneladas. Vinham após o Ceará 1.298, no Guaporé. Também fornece

Acre

127

DioESTO Econômico

120

Para terminar, cito a colheita de co-

As florestas muito representam para o

Brasil. Poderão representar pelo menos dez vèzes mais quando as estivermos in dustrializando racionalmente.


Dicesto Econômico

São Paulo

7.330.125

Iguaçu Santa Catarina Rio Grande do Sul Paraná

Alagoas Paraíba Pernambuco Piauí

1.495.282

Goiás

920.360

Rio Grande do Norte

Pará

4.535.111 4.154.101 2.773.900

1.337.070 1.260.873 1.201.079

Espírito Santo

Sergipe

5.947.598 5.914.034

2.101.739 1.658.091

Maranhão Ceará

Mato Grosso

705.820 370.733 346.209 210.738

A produção do carvão de madeira é grande; 528.789 toneladas, valendo 257 millioes de cruzeiros (1946). Hoje a produção e o valor devem ser maio res.

zonas: 130 toneladas, valendo 2.800 mil

quilhos de jarina: 6 toneladas e 10 mil

cruzeiros.

cnizeiros.

Piauí

450 444

Bahia Ceará

198

2.775 toneladas de coquilhos, valendo

za, cm grande parte, matéria-prima flo

100

7,661 mil cruzeiros c 1.576 toneladas de cera, no valor do 38 milhões de cru

toneladas de papel, a\aliadas em 1.136

zeiros.

milhões de cruzeiros.

Amapá

Minas Gerais

77

Rio Branco

76

Goiás

40

O licuri é exclusivamente

A oiticica ó nordestina.

tivemos

18

Paraíba

(35.847 cm 1945), no valor de 25.720

10

milhões de cruzeiro.s. Para esse total, o

Rio Grande do Norte

10

Tivemos, em 1947, 9.251 toneladas de fibra de caroá, valendo 23 milliões de

cruzeiros. Pernambuco é o grande pro

99 toneladas; Alagoas, 84. Há peque nina produção no Pará e em Sergipe. Apanhamo.s, em 1947, 28.081 tonela

das de castanhas brasileiras (castanhas

1.743, o Rio Grande do Norte com 900, o Maranhão com 700, e mais a Paraíba e Pernambuco.

Pará

Guaporé Mato Grosso

7.982 4.540 510

Tivemos, em 1947, 72.541 toneladas

de mate, no valor de 91.875 milhões de cruzeiros.

O Paraná produziu 34.950

toneladas; o Rio Grande do Sul, 14.122; Santa Catarina, 13.050; Mato Grosso, 10.150 e São Paulo, 269.

O guaraná é exclusivamente do Ama". x'ii r

Não c.squeçamos o papel, que utílirestal. Em 1948, fabricamos 180 niil Houve vários outros produtos flores tais. Muitos escaparam à estatistioa.

Quase todos poderiam ser colhidos em escala muito maior. Dos 360 milhões de toneladas de coquilhos (produção ca-

(22.541 em 1945); a Paraíba com 9.000;

culada), aproveitamos apenas cerca de

o Rio Grande do Norte, com 3.000.

um milhão.

Produzimos 5.321 toneladas de piaçado 22 milhões de cruzeiros.

milhões de cruzeiros. Produziram bor

10.195 8.000

óleo

Bahia, 2.649 toneladas; Paraíba, 300 to neladas; Ceará, 100 toneladas; Piauí,

racha;

Amazonas

de

va (Bahia, Alagoas, Amazonas) valen

no valor de 337 milhões de cruzeiros.

(Em toneladas)

toneladas

dutor — 6.000 toneladas — seguido pela

O Piauí entrou com a quota maior — neladas de borracha, no valor de 402 5.408 toneladas, seguindo-se o Ceará, com

Territórios

23.663

Ceará contribuiu com 11.222 toneladas

Tivemos, no mesmo ano, 32.739 to

Produção de borracha

Em 1947,

18

com 1.042 toneladas, Goiás com 1.000 ram castanhas Mato Grosso e Maranhão. • Colhemos 9.082 toneladas de cera de toneladas e Minas Gerais, Pará, Bahia e " carnaúba em 1946 (12.583, em 1945),Mato Grosso com muito menos.

Estados e

baiano:

Pernambuco Maranhão

do Pará, Brasil nuts dos norte-america A produção extrativa é também bas nos), pequena da produção, vòtante valiosa. Em 1947, tivemos 64.333 ^lendo fração 107 raiDiões de cruzeiros. 51.974 toneladas de amêndoas de babaçu, no toneladas foram recolhidas Pará; valor de 180 milhões de cruzeiros O 39.317, no Amazonas; 10.000,no no Acre; Maranhão entrou com a quota maior45.749 toneladas, seguido do Piauí - 2.989, no Amapá; 1.541, no Rio Branco; 16.307 toneladas. Vinham após o Ceará 1.298, no Guaporé. Também fornece

Acre

127

DioESTO Econômico

120

Para terminar, cito a colheita de co-

As florestas muito representam para o

Brasil. Poderão representar pelo menos dez vèzes mais quando as estivermos in dustrializando racionalmente.


129

Dicesto Econômico

Estertores do ensilhamento (1891) mista de senadores e deputados, eleitos para examinar o projeto do Ba rão de Lucena sobre nova e grande emis são, apresentou o resultado de seus es tudos.

Viva sensação causaram suas conclu sões, provocadoras de longos e acirrados debates. Eram inteiramente infensas às idéias do Ministro da Fazenda e os es

forços da bancada governista não con seguiram obstar a que a 19 de outubro a_ Câmara adotasse o parecer da comis

c a nomeação dc tinia comissão incum

Executivo de que se originaram Icnipestuosos debates, apontando os adversários"

blicas e os direitos dos cidadruis. Prome

badores da ordem.

do Governo quanto feria êle os melin-

tia, ainda, que oportunamente, e cm pra zo não longo, mandaria proceder a no vas eleições para a instauração de no\as

dres do Parlameulo.

Cada vez mais .sc acirra\'a a luta en

tre as duas grandes facções parlamenta res, sobretudo na Câmara dos Deputa dos.

A reação no seio desta tornou-sc \n-

os inimigos da República c os pertur Ameaçou severamente reprimir quais

Constituição de 24 de fevereiro de 1891,

quer atos e manifeslaçõe.s contrárias à segurança pública, devendo sem demo ra e maior processo deportar os cidadãos inimigos da forma republicana e os que perturbassem gravemente a ordem pu

nos pontos a serem indicados no decreto

blica.

Câmaras.

Estas teriam de proceder à rc\'isão da

Reagiu o Congresso por meio do ma

de con\'<)cação. Tal revisão, contudo, cm

ra a sua presidência, de Bernardino de

caso algum, versaria sòbre as disposições constitucionais que estabeleciam a for

seus membros, e redigido em termos co

ma republicana fcderati\a c a inviolabi

medidos e elevados..

Campos, cujas idéias eram verdadeiro

tesouro Nacional, em garantia das emis sões, fôsse reconstituído. Ao mesmo tem po abolia a cobrança em ouro dos di

do do pleito fez com que sc vislumbras

No dia imediato surgiu um decreto

bida dc procurar e julgar smníuiamenlc

víssima, culminando com a eleição, pa

são. Mandava esta restringir a massa de papel-inoeda à soma então em circula-

reitos de consumo.

o a cidade de Niterói, por dois meses,

injustificada (juc lhe movia o Congres so, prometendo go\'crnar de acordo com a constituição, garantir as liberdades pú

pavilhão de combate irredutí\-el aos pla nos do Barão de Lucena. Representava, além de tudo, a repulsa dos republica

Çio, exigindo que o depósito ouro no

cana, decretou o Geucralissiiuo Deodoro o estado de sítio o Distrito Federal

cedimento.

Queixava-se acerbamcntc da guerra

Afonso df E. Taunav A 8 DE OUTUBRO DE 1891 íi coniissão

doro explicando os inoti\'Os do seu pro

nos históricos aos adesistas c o resulta

se imediata represália por parte da Pre sidência da República. Em fins do outubro csla\'a cm discus

Liberto da oposição parlamentar, pode

lidade dos direitos conccmcnles à liber

dade c segurança individuais. Recorrendo à evocação

nifesto assinado pela imensa maioria de

.0 Barão de Lucena dar seguimento a

dc eventual

perigo — sem fundamento algum aliás — da possibilidade dc restauração mo nárquica, "para desonra c ruína da Pá tria", movimenlo que "começava a ope-

seu nefasto plano inflatório.

"Uma tabela que pode ser considera da oficiosa, a qual serviu de ane.xo ao decreto malogrado do Barão de Lucena autorizando a emissão

bancária «de o

máximo de seiscontos mil contos dc reis, dá o valor da emissão dos vários ban

dando novo regulamento à constituição

são no Senado o projeto de lei sòbre os

xâr-sc c patentemente se revelava ainda

e direção das sociedades anônimas. Foi

bancos de emissão. Encontrava menos

aos menos perspicazes", evidenciando-so o iminente perigo ameaçador da conser

cos, cm princípios de novembro, pe a

vação o estabilidade da forma republi-

forma seguinte:

esse ato do Executivo considerado so

tropeços

bremaneira acintoso ao Parlamento e co

mara.

mo que em

Chegara a situação a um ponto de ex trema tensão. Corria a bôca pequena

represália à indocilidade

deste em relação aos projetos e planos do Barão de Lucena.

Consubstanciava tal decreto diversos

de que os vencidos na Câ

força, dissolvendo o Parlamento.

gislativo, o que provocou os mais vivos protestos da oposição, na Câmara dos Deputados. Trazia, porém, dispositivos úteis, dignos de aplauso, sobretudo no momento. Entre eles o que forçava as diretorias a solicitar das assembléias ge

Apesar de esperado, o ato do Presi dente da República, decretando, a 3 de

to, impediram tropas do Exército que os

rais a autorização para as chamadas de

representantes da Nação nelas penetras

Vivíssima oposição provocou o ato do

Emissão concedida

que o Governo resolveria o conflito com

o Legislativo por meio de tim golpe de

atentados às prerrogativas do poder le

capital.

f/ Bancos

novembro de 1891,

a dissolução das

Câmaras, provocou geral surpresa. A frente das duas sedes do Parlamen

República Emissor do Sul Emissor da Bahia Emissor de Pernambuco

'

Emissor do Norte

Crédito Popular

.

-

Totais

sem, ao mesmo tempo que sc tornava

Como o Banco Emissor do Sul já fô-

público um manifesto do Marechal Deo-

ra incorporado ao da República desde

^

600.000:( :000$000

2T3.542:28lS000

16.000:( :OOOSOOO 20.000:( :000$000 50.000:( :000$000

15.558:8695000

20.000:1 :000$OGO 10.000;( :Oon$ooo

Banco da Bahia União dc São Paulo

BcaUzada

3.500:l)00$000 10.800:0005000 1.000:0005000

70.000:1 :000$000

4.000:0005000 10.001:5005000 20.014:0005000

810.000:000$000

347.416:650SO00

24.000;( :000$000

junho dc 1891 o lotai da emissão deste ascendia a 277.042:2815000.


129

Dicesto Econômico

Estertores do ensilhamento (1891) mista de senadores e deputados, eleitos para examinar o projeto do Ba rão de Lucena sobre nova e grande emis são, apresentou o resultado de seus es tudos.

Viva sensação causaram suas conclu sões, provocadoras de longos e acirrados debates. Eram inteiramente infensas às idéias do Ministro da Fazenda e os es

forços da bancada governista não con seguiram obstar a que a 19 de outubro a_ Câmara adotasse o parecer da comis

c a nomeação dc tinia comissão incum

Executivo de que se originaram Icnipestuosos debates, apontando os adversários"

blicas e os direitos dos cidadruis. Prome

badores da ordem.

do Governo quanto feria êle os melin-

tia, ainda, que oportunamente, e cm pra zo não longo, mandaria proceder a no vas eleições para a instauração de no\as

dres do Parlameulo.

Cada vez mais .sc acirra\'a a luta en

tre as duas grandes facções parlamenta res, sobretudo na Câmara dos Deputa dos.

A reação no seio desta tornou-sc \n-

os inimigos da República c os pertur Ameaçou severamente reprimir quais

Constituição de 24 de fevereiro de 1891,

quer atos e manifeslaçõe.s contrárias à segurança pública, devendo sem demo ra e maior processo deportar os cidadãos inimigos da forma republicana e os que perturbassem gravemente a ordem pu

nos pontos a serem indicados no decreto

blica.

Câmaras.

Estas teriam de proceder à rc\'isão da

Reagiu o Congresso por meio do ma

de con\'<)cação. Tal revisão, contudo, cm

ra a sua presidência, de Bernardino de

caso algum, versaria sòbre as disposições constitucionais que estabeleciam a for

seus membros, e redigido em termos co

ma republicana fcderati\a c a inviolabi

medidos e elevados..

Campos, cujas idéias eram verdadeiro

tesouro Nacional, em garantia das emis sões, fôsse reconstituído. Ao mesmo tem po abolia a cobrança em ouro dos di

do do pleito fez com que sc vislumbras

No dia imediato surgiu um decreto

bida dc procurar e julgar smníuiamenlc

víssima, culminando com a eleição, pa

são. Mandava esta restringir a massa de papel-inoeda à soma então em circula-

reitos de consumo.

o a cidade de Niterói, por dois meses,

injustificada (juc lhe movia o Congres so, prometendo go\'crnar de acordo com a constituição, garantir as liberdades pú

pavilhão de combate irredutí\-el aos pla nos do Barão de Lucena. Representava, além de tudo, a repulsa dos republica

Çio, exigindo que o depósito ouro no

cana, decretou o Geucralissiiuo Deodoro o estado de sítio o Distrito Federal

cedimento.

Queixava-se acerbamcntc da guerra

Afonso df E. Taunav A 8 DE OUTUBRO DE 1891 íi coniissão

doro explicando os inoti\'Os do seu pro

nos históricos aos adesistas c o resulta

se imediata represália por parte da Pre sidência da República. Em fins do outubro csla\'a cm discus

Liberto da oposição parlamentar, pode

lidade dos direitos conccmcnles à liber

dade c segurança individuais. Recorrendo à evocação

nifesto assinado pela imensa maioria de

.0 Barão de Lucena dar seguimento a

dc eventual

perigo — sem fundamento algum aliás — da possibilidade dc restauração mo nárquica, "para desonra c ruína da Pá tria", movimenlo que "começava a ope-

seu nefasto plano inflatório.

"Uma tabela que pode ser considera da oficiosa, a qual serviu de ane.xo ao decreto malogrado do Barão de Lucena autorizando a emissão

bancária «de o

máximo de seiscontos mil contos dc reis, dá o valor da emissão dos vários ban

dando novo regulamento à constituição

são no Senado o projeto de lei sòbre os

xâr-sc c patentemente se revelava ainda

e direção das sociedades anônimas. Foi

bancos de emissão. Encontrava menos

aos menos perspicazes", evidenciando-so o iminente perigo ameaçador da conser

cos, cm princípios de novembro, pe a

vação o estabilidade da forma republi-

forma seguinte:

esse ato do Executivo considerado so

tropeços

bremaneira acintoso ao Parlamento e co

mara.

mo que em

Chegara a situação a um ponto de ex trema tensão. Corria a bôca pequena

represália à indocilidade

deste em relação aos projetos e planos do Barão de Lucena.

Consubstanciava tal decreto diversos

de que os vencidos na Câ

força, dissolvendo o Parlamento.

gislativo, o que provocou os mais vivos protestos da oposição, na Câmara dos Deputados. Trazia, porém, dispositivos úteis, dignos de aplauso, sobretudo no momento. Entre eles o que forçava as diretorias a solicitar das assembléias ge

Apesar de esperado, o ato do Presi dente da República, decretando, a 3 de

to, impediram tropas do Exército que os

rais a autorização para as chamadas de

representantes da Nação nelas penetras

Vivíssima oposição provocou o ato do

Emissão concedida

que o Governo resolveria o conflito com

o Legislativo por meio de tim golpe de

atentados às prerrogativas do poder le

capital.

f/ Bancos

novembro de 1891,

a dissolução das

Câmaras, provocou geral surpresa. A frente das duas sedes do Parlamen

República Emissor do Sul Emissor da Bahia Emissor de Pernambuco

'

Emissor do Norte

Crédito Popular

.

-

Totais

sem, ao mesmo tempo que sc tornava

Como o Banco Emissor do Sul já fô-

público um manifesto do Marechal Deo-

ra incorporado ao da República desde

^

600.000:( :000$000

2T3.542:28lS000

16.000:( :OOOSOOO 20.000:( :000$000 50.000:( :000$000

15.558:8695000

20.000:1 :000$OGO 10.000;( :Oon$ooo

Banco da Bahia União dc São Paulo

BcaUzada

3.500:l)00$000 10.800:0005000 1.000:0005000

70.000:1 :000$000

4.000:0005000 10.001:5005000 20.014:0005000

810.000:000$000

347.416:650SO00

24.000;( :000$000

junho dc 1891 o lotai da emissão deste ascendia a 277.042:2815000.


Digesto Econômico

130

DicnsTo Econômico Com tôda razão comentava o retrosi-

pectista comercial do Jornal do Commercio : tais algarismos, embora tão eleva

cidos aos po.ssuidores dc títulos sorteáveis.

tos emitidos se distribuíssem por todo o Brasil. Mas ninguém ignorava que enor

Pouco depois era o tal Ibcro-Americano imitado por otilro estabelecimento, o Banco de Crédito Móvel. Mas este já anunciava obrigações não mais de 20, mas de quarenta mil reis. E outros ban

me porcentagem de tal massa de papel-

cos apregoavam que iam entregar-se a

dos, não seriam tão alarniantes se os

quase trezentos e cinqüenta mil con

moeda se achava concentrada no Rio de

operaç-õcs congêneres. Vário.s deles, po

Janeiro. Assim, era evidentíssimo que, não a quantidade, mas o modo pelo qual

rém, não levaram a cabo tal desidemto

se aplicava o papel-moeda, era o fomen

tador da louca especulação que desde princípios de 1890 vinha caracterizando as operações do EnsilJiamento." E o pior é que, além dos oito estabe lecimentos de crédito citados, outros

por causa do estado mais que precArio do mercado monetário. E.realmente mo.stra\'a-se a situação ca

da vez pior, sobretudo agravada pela baixa cambial.

Nos quatro primeiros meses do segun

havia que também,a latere do gran

do semestre dc 1891, declinara a ta.sa

de caudal papelista emitiam sob diversa

média do cambio bancário sobre Lon dres.

forma.

Assim, um Banco União Ibero-Ame-

ricano lançara, em julho de 1891, obri

Preços extremos

Meses

■ do soberano

gações do valor nominal e ridículo de

vinte mil réis, pagáveis por meio de sor teios com prêmios mais ou menos quantiosos. E, note-se, fizera-o corretamen

te, à sombra da legislação vigente. Em novembro seguinte havia cerca de 1.600 contos em circulação, das tais

obrigações lotéricas, quantia que, aliás, não parecia justificar os prêmios ofereMeses

Julho

1891

Setembro

13S430 a 15S760 15$600 a 17$190 15$480 a 16$600

Outubro

15§800 a 17$800

Jiilho AgôstoSetembro Outubro

16,56 d

15$760

15.31 d 15.34 d 14.41 d

17$190 16$600 17$800

O confronto com os dois anos ante

riores apresentava-se dos mais desagra dáveis. 1890 .

tu noção du iusciiMilc'/ a que se deixa

autor do Dieírio correr que no Rio Gran

riam conduzir.

de do Sul arrebentara revolução, de

Nada muis exato que a comparação de um dos nossos mais reputados finan cistas — de Calógeras — quando nos diz

caráter separatista, falando-se no fuzi lamento do govemador deposto, Júlio de Castilhos, e na prisão do Visconde

que a comporta aberta pela mão de Rui

do Pelotas, detido em Santos.

Barbosa tornara-a o Barão de Lucena

imanobrável e escancarara-se para dar passagem a enorme golfão arrasador de

quanto fosse encontrado a passagem da

A 19 recrudesciam os boatos anunciando

marcha lorrencial.

a sublevação de corpos da guamição do

Mas já se começara a sentir a reação

Rio de Janeiro.

insistentes os boatos de sublevação do

A 21 o ministro argentino mostroulhe números de La Nactoii, relatando o ti-iunfo da revolução anti-ditatorial no

Rio Grande do Sul c Pará o de conspi

Rio Grande do Sul. A 22 tôda a cida

ração na própria capital da República.

de de Petropólis estava cheia de notí cias da iminência de gravíssimos acon tecimentos no Rio de Janeiro, cspaüian-

ao golpe dc estado dc 3 de novembro. Apesar da vigilância policial, circulavam

No Diário do Visconde de Taunay encontramos alusões a êste estado de

coisas. A 3, anota: "Fui a S. Cristóvão

corri vários congressistas.

Interpelando

do-S0 que arrebentara a greve geral dos operários da Estrada de Ferro Central

o Firmino Pires Ferreira sobre a situa

do Brasil, com o arrancainento de tri

ção política, disse-me ele: "É grave,

lhos em grandes extensões. Ao mesmo

mas tudo se há de sanar, porque o Mare

tempo se conta\'a que a revolução lin-

chal Deodoro se há de submeter".

grandense repercutira no Extremo NortOi havendo-se o govemador do Pará, Lauro

Falou-me também em denúncias posi

tivas de manobras sebastianistas, o, que

Sodré, rebelado contra o Govêmo central.

dc todo o ponto, e com a maior .since ridade, ignoro.

pitavam-se.

De volta de S. Cristóvão, no Artur

E realmente os acontecimentos preci Hariam diversos congres

sistas agido com atmdade e energia con

que Nabuco tinha coisa grave que me

tra a ditadura, alguns nos Estados que representavam e outros na própria Ca

comunicar. Procurei a êste no Jornal do

pital do país.

Napoleão, disse-me o Visconde da Silva 1889

A 18 ouviu boatos de graves pertur

bações em São Paulo, apesar da com pressão por parte da censura policial.

10$200 a 10$650

8$900 a

8$890

Brasil e encontrei-o, tendo sabido que

10S460 a 11$100 10$900 a Il$340 11§020 a 11$250

8$900 a

8$890

os jacobinos nos ameaçavam de morte, a

com tôdas as forças.

8$900 a

8$890

mim, a ele Nabuco, e a João Alfredo.

8$900 a

8$890

parte do Exército, o Marechal Floriano

Referiu uma exclamação engraçada

Diante das perspectivas do lançamen to do verdadeiro enxurro de papel-moe-

se os inflacionistas inveterados, os ime-

dêste: Por que eu e não o Rodolfo

Oliveira, senador por Pernambuco, os

Dantas?"

Contra-Almirantes Eduardo Wandenholk

da, em proporções, para o Brasil de 1891, realmente imensas, apavoravam-

rias em águas turvas.

Agôsto

se os que tinham o senso das realidades econômicas e financeiras e rejubilavam-

diatistas e os aproveitadores de pesca A mais completa obnubilação parecia haver-se apoderado do espírito dos go vernantes, que nem talvez tivessem exa-

A 5 de novembro anunciava-se pela

Vários oficiais generais os apoiavam Entre èles, por

Peixoto 6 o General José Simeão de 6 Custódio José de Melo.

imprensa a nomeação do Marechal Al meida Barreto para presidir a comissão

a dia mais fôrça no espírito público e

marcial anunciada pelo decreto de 3.

nas classes armadas. Corria a notícia de

A 10 e 13 de novembro registrava o

que as guamições do Rio Grande do

Ia a projetada revolução ganhando dia


Digesto Econômico

130

DicnsTo Econômico Com tôda razão comentava o retrosi-

pectista comercial do Jornal do Commercio : tais algarismos, embora tão eleva

cidos aos po.ssuidores dc títulos sorteáveis.

tos emitidos se distribuíssem por todo o Brasil. Mas ninguém ignorava que enor

Pouco depois era o tal Ibcro-Americano imitado por otilro estabelecimento, o Banco de Crédito Móvel. Mas este já anunciava obrigações não mais de 20, mas de quarenta mil reis. E outros ban

me porcentagem de tal massa de papel-

cos apregoavam que iam entregar-se a

dos, não seriam tão alarniantes se os

quase trezentos e cinqüenta mil con

moeda se achava concentrada no Rio de

operaç-õcs congêneres. Vário.s deles, po

Janeiro. Assim, era evidentíssimo que, não a quantidade, mas o modo pelo qual

rém, não levaram a cabo tal desidemto

se aplicava o papel-moeda, era o fomen

tador da louca especulação que desde princípios de 1890 vinha caracterizando as operações do EnsilJiamento." E o pior é que, além dos oito estabe lecimentos de crédito citados, outros

por causa do estado mais que precArio do mercado monetário. E.realmente mo.stra\'a-se a situação ca

da vez pior, sobretudo agravada pela baixa cambial.

Nos quatro primeiros meses do segun

havia que também,a latere do gran

do semestre dc 1891, declinara a ta.sa

de caudal papelista emitiam sob diversa

média do cambio bancário sobre Lon dres.

forma.

Assim, um Banco União Ibero-Ame-

ricano lançara, em julho de 1891, obri

Preços extremos

Meses

■ do soberano

gações do valor nominal e ridículo de

vinte mil réis, pagáveis por meio de sor teios com prêmios mais ou menos quantiosos. E, note-se, fizera-o corretamen

te, à sombra da legislação vigente. Em novembro seguinte havia cerca de 1.600 contos em circulação, das tais

obrigações lotéricas, quantia que, aliás, não parecia justificar os prêmios ofereMeses

Julho

1891

Setembro

13S430 a 15S760 15$600 a 17$190 15$480 a 16$600

Outubro

15§800 a 17$800

Jiilho AgôstoSetembro Outubro

16,56 d

15$760

15.31 d 15.34 d 14.41 d

17$190 16$600 17$800

O confronto com os dois anos ante

riores apresentava-se dos mais desagra dáveis. 1890 .

tu noção du iusciiMilc'/ a que se deixa

autor do Dieírio correr que no Rio Gran

riam conduzir.

de do Sul arrebentara revolução, de

Nada muis exato que a comparação de um dos nossos mais reputados finan cistas — de Calógeras — quando nos diz

caráter separatista, falando-se no fuzi lamento do govemador deposto, Júlio de Castilhos, e na prisão do Visconde

que a comporta aberta pela mão de Rui

do Pelotas, detido em Santos.

Barbosa tornara-a o Barão de Lucena

imanobrável e escancarara-se para dar passagem a enorme golfão arrasador de

quanto fosse encontrado a passagem da

A 19 recrudesciam os boatos anunciando

marcha lorrencial.

a sublevação de corpos da guamição do

Mas já se começara a sentir a reação

Rio de Janeiro.

insistentes os boatos de sublevação do

A 21 o ministro argentino mostroulhe números de La Nactoii, relatando o ti-iunfo da revolução anti-ditatorial no

Rio Grande do Sul c Pará o de conspi

Rio Grande do Sul. A 22 tôda a cida

ração na própria capital da República.

de de Petropólis estava cheia de notí cias da iminência de gravíssimos acon tecimentos no Rio de Janeiro, cspaüian-

ao golpe dc estado dc 3 de novembro. Apesar da vigilância policial, circulavam

No Diário do Visconde de Taunay encontramos alusões a êste estado de

coisas. A 3, anota: "Fui a S. Cristóvão

corri vários congressistas.

Interpelando

do-S0 que arrebentara a greve geral dos operários da Estrada de Ferro Central

o Firmino Pires Ferreira sobre a situa

do Brasil, com o arrancainento de tri

ção política, disse-me ele: "É grave,

lhos em grandes extensões. Ao mesmo

mas tudo se há de sanar, porque o Mare

tempo se conta\'a que a revolução lin-

chal Deodoro se há de submeter".

grandense repercutira no Extremo NortOi havendo-se o govemador do Pará, Lauro

Falou-me também em denúncias posi

tivas de manobras sebastianistas, o, que

Sodré, rebelado contra o Govêmo central.

dc todo o ponto, e com a maior .since ridade, ignoro.

pitavam-se.

De volta de S. Cristóvão, no Artur

E realmente os acontecimentos preci Hariam diversos congres

sistas agido com atmdade e energia con

que Nabuco tinha coisa grave que me

tra a ditadura, alguns nos Estados que representavam e outros na própria Ca

comunicar. Procurei a êste no Jornal do

pital do país.

Napoleão, disse-me o Visconde da Silva 1889

A 18 ouviu boatos de graves pertur

bações em São Paulo, apesar da com pressão por parte da censura policial.

10$200 a 10$650

8$900 a

8$890

Brasil e encontrei-o, tendo sabido que

10S460 a 11$100 10$900 a Il$340 11§020 a 11$250

8$900 a

8$890

os jacobinos nos ameaçavam de morte, a

com tôdas as forças.

8$900 a

8$890

mim, a ele Nabuco, e a João Alfredo.

8$900 a

8$890

parte do Exército, o Marechal Floriano

Referiu uma exclamação engraçada

Diante das perspectivas do lançamen to do verdadeiro enxurro de papel-moe-

se os inflacionistas inveterados, os ime-

dêste: Por que eu e não o Rodolfo

Oliveira, senador por Pernambuco, os

Dantas?"

Contra-Almirantes Eduardo Wandenholk

da, em proporções, para o Brasil de 1891, realmente imensas, apavoravam-

rias em águas turvas.

Agôsto

se os que tinham o senso das realidades econômicas e financeiras e rejubilavam-

diatistas e os aproveitadores de pesca A mais completa obnubilação parecia haver-se apoderado do espírito dos go vernantes, que nem talvez tivessem exa-

A 5 de novembro anunciava-se pela

Vários oficiais generais os apoiavam Entre èles, por

Peixoto 6 o General José Simeão de 6 Custódio José de Melo.

imprensa a nomeação do Marechal Al meida Barreto para presidir a comissão

a dia mais fôrça no espírito público e

marcial anunciada pelo decreto de 3.

nas classes armadas. Corria a notícia de

A 10 e 13 de novembro registrava o

que as guamições do Rio Grande do

Ia a projetada revolução ganhando dia


pT^

DrcFSTo Ecokómico

132

DiCU-STO

nal do Estado, formavam poderoso exér

mil contos de réis, quantia do maior \-uko para o modesto Hra.sil de fins do

cito e preparavam-se para invadir o ter

século XIX.

ritório de Santa Catarina, com destino a

Desse empréstimo, i 2.500.000 foram levantadas no Hi(j dc Janeiro, doslinan-

Sul, acompanhadas pela Guarda Nacio

São Paulo, onde os antiditatoriais con

tavam com poderoso núcleo. Enquanto isso a ditadura praticava di

do-se dozt? niilliões dc esterlinos à conso

versos atos que tiveram a pior repercus

lidação dos empréstimos ^de \árias das companiiías que sc haviam reunido pura

são no espírito público.

constituir a Geral.

A 9 de novembro, por exemplo, bai

Corriam, porém, muito desagradáveis

xava decreto autorizando o arrendamen

boatos na praça fluminense. Assim, con-

to da Estrada de Ferro Central do Brasil.

Medida acertada fora porém a conver

tava-sc que o Banco do Brasil exigira, e a custo alcançara, que do dinheiro le-

são das apólices de quatro por cento,

Luccna conxenicnli- lefcrir-.sc a cia cm seu relatório, a 18 dc .setembro. "Com efeito, comenta Souz;\ Ferreira, a transação não abonava muito a inteli

exigiu a renúncia do Marechal Deo-

gência dos compradores, que acredita vam poder comprar a freguesia de um

sando-o ao seu substituto legal, o Ma

banco como se compra a de qualcpur

loja ou \T?nda.*' Seguindo as pegadas da Geral, a Em

No artigo de fundo daquele, foi o chefe do gabinete, caído com Deodoro,

ao saldamento da dívida flutuante da

missão, ou coisa semelhan

dência na Companhia Ge ral de Estradas de Ferro

ter sido, aliás, realizá%'el.

dito Universal, que não passava de mera depen no Brasil.

Certo é que a empresa

pressão em que vivera, desabafou-se eni

Gazeta dc Notícias.

empresa. Contava-se, porém, que soma superior a doze mil contos havia sido remetida aos banqueiros

te, como remuneração do serviço de conversão dos empréstimos parciais, ope rações que se dizia não

Extraordinário desafogo trouxe Vssa

sedução. A imprensa carioca, livre da

mão, e entre os mais procurados pela

corrente.

saldos no Banco de Cré

rechal Floriano Peixoto.

veementes comentiirios, notando-se so

sas das mais importantes no país, como

londrinos a título de co

nunciou imediatamente ao poder, pas-

bretudo os do Jornal do Commcrcio e da

\'antado no Rio uma quota se aplicasse

dem e.xpedida para que o Tesouro depositasse os

Não tentou o ditador resistir.

Gravemente enfènno, c desalentado, re

viviam cm frenético rodopio, de mão cm.

ouro, para cinco por cento em moeda

impressão veio a ser a or

dorc.

presa dc Obras Rúblicas, cujos título.« especulação, começou a adquirir rmprê-

Ato que causou a mais deplorável

133

Ecokómtco

o Lloijd Brasileiro, a Aiyuizon Sfeam Nacigetion Compamj e a Companhia de Carris Urbanos do Rio de Janeiro. A baixa cambial viera, porém, atra

duramente tratado de "político teimoso, de vistas curtas, o mais fatal de quan tos ministros havia tido o Brasil, ho

mem pernicioso, cujas asas negras se

prazo.

tinham estendido por sôbre todo o país • Tão áspera a crítica ao ministro de posto que insistentes boatos correram de que os deodoristas pensavam em as

Boquejava-se que o Barão de Lucena, instigado pelo Conselheiro Mayrink, dera

paros dos grandes canhões do Aquidabtoh

palhar essa expansão. Para as últimas prestações de pagamento da /Vmezon teve a. Empresa de pedir dilação de

ao seu banco excepcionais fa\orcs e re

saltar o Jornal do Commercio. Os dis . na manhã de 23 de no\'embro, haviam

galias. No último trimc.stre de 1891 tornou-se

atingido em cheio o Ensilhamento, a

sérias, recorrendo ao ex

a situação da Geral absolutamente an-

e anunciara o mais considerável progra

pediente incrível dos reports, verdadei ra operação de mais desatinada agiota

o Tesouro Nacional "para auxiliar a

ma de realizações ferroviárias. A 2 de abril submetera a sua dire

losos, para fazer dinheiro.

Essa empresa, cujo capi tal era, para o tempo,

vivia afogada em dificul dades financeiras as mais

da antiga Estrada de Ferro Leopoldina

toria aos acionistas lielatório julgado defeituoso pela assembléia geral, moti vo pelo qual se elegera nova diretoria, presidida pelo Engenheiro Melo Barreto.

que tinham mortalmente ferido, con

Com o golpe de Estado de 3 de no

soante pitoresca imagem corrente naque les dias agitados. Em outubro e novembro, ainda assim, tinham aparecido onze manifestos para a fundação de sociedades anônimas, com

sabia bem porque estaria uma empresa ferroviária envolvida em operações de

vembro, haviam tais aperturas diminuí

um capital de sessenta mil contos, dos

do, em presença da promessa do Barão

quais cinco se.xtos pertencentes ao úl

tal natureza e de tal vulto.

de Lucena de mandar fazer depósito.s de erário nacional no Banco de Crédito

timo dos grandes bancos nascidos no pe

enorme, adquirira linhas

gem, a pagar juros absolutamente fabu E não se

A 14 de maio efetuara-se a fusão~3õ

gustiosa e a sua Diretoria apelou para^

empresa prestes a afogar-se".

ríodo dos xànte e dois meses de infec-

ção lauresca: o Banco União Agncola

de debêntures, num total de

grande estranheza.

A compra causara

Universal, o qoe, como dissemos, apesar da contenção criada pela Ditadura, cau sou a mais sinistra impressão pública. Afinal, resolveram os antiditatoriais agir no Rio de Janeiro. A 23 de novembro

í 22.500.000,0 o que naquele momento representava total superior a trezentos

tal espanto que repercutira nas rodas governamentais, entendendo o Barão de

passou-se o Almirante Custódio José de

As outras onze sociedades anônimas,

Melo para bordo do Aquiãahan, suble-

provàvelmente natimortas ao estampido dos tiros couraçado, capitânea do Al-

Em maio soube-se que a Companhia

Banco de Crédito Universal com a Com

negociava grande empréstimo em Lon

panhia Geral, banco que comprara o

dres e no mês seguinte publicoú-se o manifesto para tal operação, por meio

acervo do English Bank of Rio de Ja neiro.

Essa simbiose a muitos causara

J

vou a esquadra suVta na Guanabara e

do Brasil de Crédito Real, cujos cin

qüenta mil contos de capital provà\"elmente não atingiriam um décimo do valor integral de suas ações.


pT^

DrcFSTo Ecokómico

132

DiCU-STO

nal do Estado, formavam poderoso exér

mil contos de réis, quantia do maior \-uko para o modesto Hra.sil de fins do

cito e preparavam-se para invadir o ter

século XIX.

ritório de Santa Catarina, com destino a

Desse empréstimo, i 2.500.000 foram levantadas no Hi(j dc Janeiro, doslinan-

Sul, acompanhadas pela Guarda Nacio

São Paulo, onde os antiditatoriais con

tavam com poderoso núcleo. Enquanto isso a ditadura praticava di

do-se dozt? niilliões dc esterlinos à conso

versos atos que tiveram a pior repercus

lidação dos empréstimos ^de \árias das companiiías que sc haviam reunido pura

são no espírito público.

constituir a Geral.

A 9 de novembro, por exemplo, bai

Corriam, porém, muito desagradáveis

xava decreto autorizando o arrendamen

boatos na praça fluminense. Assim, con-

to da Estrada de Ferro Central do Brasil.

Medida acertada fora porém a conver

tava-sc que o Banco do Brasil exigira, e a custo alcançara, que do dinheiro le-

são das apólices de quatro por cento,

Luccna conxenicnli- lefcrir-.sc a cia cm seu relatório, a 18 dc .setembro. "Com efeito, comenta Souz;\ Ferreira, a transação não abonava muito a inteli

exigiu a renúncia do Marechal Deo-

gência dos compradores, que acredita vam poder comprar a freguesia de um

sando-o ao seu substituto legal, o Ma

banco como se compra a de qualcpur

loja ou \T?nda.*' Seguindo as pegadas da Geral, a Em

No artigo de fundo daquele, foi o chefe do gabinete, caído com Deodoro,

ao saldamento da dívida flutuante da

missão, ou coisa semelhan

dência na Companhia Ge ral de Estradas de Ferro

ter sido, aliás, realizá%'el.

dito Universal, que não passava de mera depen no Brasil.

Certo é que a empresa

pressão em que vivera, desabafou-se eni

Gazeta dc Notícias.

empresa. Contava-se, porém, que soma superior a doze mil contos havia sido remetida aos banqueiros

te, como remuneração do serviço de conversão dos empréstimos parciais, ope rações que se dizia não

Extraordinário desafogo trouxe Vssa

sedução. A imprensa carioca, livre da

mão, e entre os mais procurados pela

corrente.

saldos no Banco de Cré

rechal Floriano Peixoto.

veementes comentiirios, notando-se so

sas das mais importantes no país, como

londrinos a título de co

nunciou imediatamente ao poder, pas-

bretudo os do Jornal do Commcrcio e da

\'antado no Rio uma quota se aplicasse

dem e.xpedida para que o Tesouro depositasse os

Não tentou o ditador resistir.

Gravemente enfènno, c desalentado, re

viviam cm frenético rodopio, de mão cm.

ouro, para cinco por cento em moeda

impressão veio a ser a or

dorc.

presa dc Obras Rúblicas, cujos título.« especulação, começou a adquirir rmprê-

Ato que causou a mais deplorável

133

Ecokómtco

o Lloijd Brasileiro, a Aiyuizon Sfeam Nacigetion Compamj e a Companhia de Carris Urbanos do Rio de Janeiro. A baixa cambial viera, porém, atra

duramente tratado de "político teimoso, de vistas curtas, o mais fatal de quan tos ministros havia tido o Brasil, ho

mem pernicioso, cujas asas negras se

prazo.

tinham estendido por sôbre todo o país • Tão áspera a crítica ao ministro de posto que insistentes boatos correram de que os deodoristas pensavam em as

Boquejava-se que o Barão de Lucena, instigado pelo Conselheiro Mayrink, dera

paros dos grandes canhões do Aquidabtoh

palhar essa expansão. Para as últimas prestações de pagamento da /Vmezon teve a. Empresa de pedir dilação de

ao seu banco excepcionais fa\orcs e re

saltar o Jornal do Commercio. Os dis . na manhã de 23 de no\'embro, haviam

galias. No último trimc.stre de 1891 tornou-se

atingido em cheio o Ensilhamento, a

sérias, recorrendo ao ex

a situação da Geral absolutamente an-

e anunciara o mais considerável progra

pediente incrível dos reports, verdadei ra operação de mais desatinada agiota

o Tesouro Nacional "para auxiliar a

ma de realizações ferroviárias. A 2 de abril submetera a sua dire

losos, para fazer dinheiro.

Essa empresa, cujo capi tal era, para o tempo,

vivia afogada em dificul dades financeiras as mais

da antiga Estrada de Ferro Leopoldina

toria aos acionistas lielatório julgado defeituoso pela assembléia geral, moti vo pelo qual se elegera nova diretoria, presidida pelo Engenheiro Melo Barreto.

que tinham mortalmente ferido, con

Com o golpe de Estado de 3 de no

soante pitoresca imagem corrente naque les dias agitados. Em outubro e novembro, ainda assim, tinham aparecido onze manifestos para a fundação de sociedades anônimas, com

sabia bem porque estaria uma empresa ferroviária envolvida em operações de

vembro, haviam tais aperturas diminuí

um capital de sessenta mil contos, dos

do, em presença da promessa do Barão

quais cinco se.xtos pertencentes ao úl

tal natureza e de tal vulto.

de Lucena de mandar fazer depósito.s de erário nacional no Banco de Crédito

timo dos grandes bancos nascidos no pe

enorme, adquirira linhas

gem, a pagar juros absolutamente fabu E não se

A 14 de maio efetuara-se a fusão~3õ

gustiosa e a sua Diretoria apelou para^

empresa prestes a afogar-se".

ríodo dos xànte e dois meses de infec-

ção lauresca: o Banco União Agncola

de debêntures, num total de

grande estranheza.

A compra causara

Universal, o qoe, como dissemos, apesar da contenção criada pela Ditadura, cau sou a mais sinistra impressão pública. Afinal, resolveram os antiditatoriais agir no Rio de Janeiro. A 23 de novembro

í 22.500.000,0 o que naquele momento representava total superior a trezentos

tal espanto que repercutira nas rodas governamentais, entendendo o Barão de

passou-se o Almirante Custódio José de

As outras onze sociedades anônimas,

Melo para bordo do Aquiãahan, suble-

provàvelmente natimortas ao estampido dos tiros couraçado, capitânea do Al-

Em maio soube-se que a Companhia

Banco de Crédito Universal com a Com

negociava grande empréstimo em Lon

panhia Geral, banco que comprara o

dres e no mês seguinte publicoú-se o manifesto para tal operação, por meio

acervo do English Bank of Rio de Ja neiro.

Essa simbiose a muitos causara

J

vou a esquadra suVta na Guanabara e

do Brasil de Crédito Real, cujos cin

qüenta mil contos de capital provà\"elmente não atingiriam um décimo do valor integral de suas ações.


134

Dicksto Ecoxómico

mirante Custódio José de Melo, eram

pouca cousa poderia melhorai, cLida a

um banquinho, o Tur/BmiA: (sic), mui-

escassez dos recursos (12.000 contos)

to modesto em suas pretensões. Apenas

etc.

queria cem contos para o seu capital, destinado naturalmente a ser emprestado a jóqueis, entraineurs etc. E,

Em suma, c.xpirava o Ensilhamento, que naquele ano de 1891 ainda le\-art a palma ao que conseguira obrar no

mais provàvelmente, a "book-makers".

milésimo anterior.

Uma Mineralúrgica pretendia prospec-

Os capitais que pretendera arrebanhar

ções, uma Melhoramentos de Santos bem

No primeiro trimestre No segundo

^

haviam sido:

No terceiro

285.016:900$000 508.710:000$000

IJsTÁ na ordem do dia, no Congresso Federal, o projeto de lei que trata dos crimes de responsabilidade do Pre

É assunto muitíssimo delicado em si

1.387.706:900$000

Ê interessante estabelecermos o con-

1890 sido de 1.332.306:600$000, vemos fronto do desenvolvimento de operações que 1891 triunfara do antecessor, levan- de Ensilhamento, por intermédio dos do uma vantagem de'55.400:300$000. bancos e companhias, e cujos estatutos onra aos manes de John Lawl Mas foram arquivados na Junta Comercial do honra sobre^do à perspicácia das admi- Rio de Janeiro, nos vinte e dois meses raveis previsões cassândricas de Max do sua eurta e gloriosa existência. Leclerc a 18 de janeiro de 1890!

3.300:000.$000

jbevereiro

Agosto Seternbro

Outubro

1891

-

285.016:900$000

21.350:000$000

326.550:0003000

• 2.250:0008000

526.010:000§000

24.966:6008000

180.280;OOOSOOO

17.700:0008000 19.950:0008000 159.450:0008000

126.720:000$000 20L710:000$000 58.970:000$000

121.400:0008000 162.080:0008000

385.750:0008000

Novembro

79.650:0008000

Dezembro

- 35.460:0008000

21.150:000$000 40.80G:000$000

f Á 60.000:000$000 L

porque o Congresso manteve a lei, com atitude hostil e com eridente intenção

mesmo, de modo geral, e, de modo

de aplicá-la na primeira ocasião ou sob

particular, pelo feitio original que de

o menor pretexto.

mos à nossa lei e, ainda, porque foi motivo da maior crise por que passou

constitucional, dissolveu o Congresso.

o regime republicano brasileiro no comêço de sua vida. Tudo isso pede

blica e temendo uma guerra clril, re

para a matéria delicado e cauteloso

nunciou.

Deodoro, num gesto indômito e in Não se sentindo apoiado na opinião p»"

Sob o ponto de vista constitucional,

exame.

O primeiro Congresso Nacional, em

Deodoro procedeu mal; mas, para a sua

porção volumosa e que constituiu depois

figura política e para o papel que de sempenhou na proclamação da RepubU-

maioria grande, entrou em conflito com o fundador da República, o Marechal Deodoro da Fonseca.

1890

terços necessários para a manutenção. Pensava contar com amigos que não o abandonariam em tão grave situação. Calculou mal as dedicações políticas,

tôda a cêrca de arame farpado, em

de 1950.

60.000:OOOÇOOO

Como tal movimento houvesse em

Oro Prazeives

sidente da República e quê será, certa mente, discutido na sessão legislativa 131.420:ü00$000

No quarto

A RESPONSABILIDADE DO PRESIDENTE DA REPÚBLICA

ca, fez bem e saiu com honra.

Foi, então, ela

Se de tal forma não procedesse, o

borada uma minuciosíssima lei de res

Congresso ou, melhor, a Câmara dos Deputados, sob o mais fútil pretêxto, que a lei permitia que fôsse alegado,

ponsabilidade do Presidente da Repúbli ca, com evidente intuito de colher em suas manhosas malhas essa autoridade,

teria denunciado o Presidente da Ro'

afastando-a do alto cargo.

pública, pronunciado a acusação, e

Tomando claro o intuito, Deodoro pre parou-se para vetar

a lei, na esperança

de que o Congres so, nas duas Casas, não

teria

os

dois

Deodoro seria afastado da Presidência

da República, como um criminoso. A lei, rêde de malhas muito finas, ah

estava, pronta a colhê-lo. Compreendese, portanto, o seu gesto dissolvendo o Congresso que, por vários motivos, in-


134

Dicksto Ecoxómico

mirante Custódio José de Melo, eram

pouca cousa poderia melhorai, cLida a

um banquinho, o Tur/BmiA: (sic), mui-

escassez dos recursos (12.000 contos)

to modesto em suas pretensões. Apenas

etc.

queria cem contos para o seu capital, destinado naturalmente a ser emprestado a jóqueis, entraineurs etc. E,

Em suma, c.xpirava o Ensilhamento, que naquele ano de 1891 ainda le\-art a palma ao que conseguira obrar no

mais provàvelmente, a "book-makers".

milésimo anterior.

Uma Mineralúrgica pretendia prospec-

Os capitais que pretendera arrebanhar

ções, uma Melhoramentos de Santos bem

No primeiro trimestre No segundo

^

haviam sido:

No terceiro

285.016:900$000 508.710:000$000

IJsTÁ na ordem do dia, no Congresso Federal, o projeto de lei que trata dos crimes de responsabilidade do Pre

É assunto muitíssimo delicado em si

1.387.706:900$000

Ê interessante estabelecermos o con-

1890 sido de 1.332.306:600$000, vemos fronto do desenvolvimento de operações que 1891 triunfara do antecessor, levan- de Ensilhamento, por intermédio dos do uma vantagem de'55.400:300$000. bancos e companhias, e cujos estatutos onra aos manes de John Lawl Mas foram arquivados na Junta Comercial do honra sobre^do à perspicácia das admi- Rio de Janeiro, nos vinte e dois meses raveis previsões cassândricas de Max do sua eurta e gloriosa existência. Leclerc a 18 de janeiro de 1890!

3.300:000.$000

jbevereiro

Agosto Seternbro

Outubro

1891

-

285.016:900$000

21.350:000$000

326.550:0003000

• 2.250:0008000

526.010:000§000

24.966:6008000

180.280;OOOSOOO

17.700:0008000 19.950:0008000 159.450:0008000

126.720:000$000 20L710:000$000 58.970:000$000

121.400:0008000 162.080:0008000

385.750:0008000

Novembro

79.650:0008000

Dezembro

- 35.460:0008000

21.150:000$000 40.80G:000$000

f Á 60.000:000$000 L

porque o Congresso manteve a lei, com atitude hostil e com eridente intenção

mesmo, de modo geral, e, de modo

de aplicá-la na primeira ocasião ou sob

particular, pelo feitio original que de

o menor pretexto.

mos à nossa lei e, ainda, porque foi motivo da maior crise por que passou

constitucional, dissolveu o Congresso.

o regime republicano brasileiro no comêço de sua vida. Tudo isso pede

blica e temendo uma guerra clril, re

para a matéria delicado e cauteloso

nunciou.

Deodoro, num gesto indômito e in Não se sentindo apoiado na opinião p»"

Sob o ponto de vista constitucional,

exame.

O primeiro Congresso Nacional, em

Deodoro procedeu mal; mas, para a sua

porção volumosa e que constituiu depois

figura política e para o papel que de sempenhou na proclamação da RepubU-

maioria grande, entrou em conflito com o fundador da República, o Marechal Deodoro da Fonseca.

1890

terços necessários para a manutenção. Pensava contar com amigos que não o abandonariam em tão grave situação. Calculou mal as dedicações políticas,

tôda a cêrca de arame farpado, em

de 1950.

60.000:OOOÇOOO

Como tal movimento houvesse em

Oro Prazeives

sidente da República e quê será, certa mente, discutido na sessão legislativa 131.420:ü00$000

No quarto

A RESPONSABILIDADE DO PRESIDENTE DA REPÚBLICA

ca, fez bem e saiu com honra.

Foi, então, ela

Se de tal forma não procedesse, o

borada uma minuciosíssima lei de res

Congresso ou, melhor, a Câmara dos Deputados, sob o mais fútil pretêxto, que a lei permitia que fôsse alegado,

ponsabilidade do Presidente da Repúbli ca, com evidente intuito de colher em suas manhosas malhas essa autoridade,

teria denunciado o Presidente da Ro'

afastando-a do alto cargo.

pública, pronunciado a acusação, e

Tomando claro o intuito, Deodoro pre parou-se para vetar

a lei, na esperança

de que o Congres so, nas duas Casas, não

teria

os

dois

Deodoro seria afastado da Presidência

da República, como um criminoso. A lei, rêde de malhas muito finas, ah

estava, pronta a colhê-lo. Compreendese, portanto, o seu gesto dissolvendo o Congresso que, por vários motivos, in-


Digesto Económko

130

DfonsTC

clusíve um escandaloso aumento de .sub

sídio, não tinha procedido de acordo com as altas personalidades que conta va em seu seio.

13'

Econômico

4.® — o gõzo c o exercício legal dos vesse consentido no absmxlo...

direitos políticos ou individuais;

Aliás,

no dia em que o decreto relativo à Cons

.5.° — a segiuança inlema do pais; 6.° — a probidade da administração;

tituição foi assinado pelo Conselho de Ministros, estava o estupendo baiano de missionário e consta da ata que somen

E a prova de que a lei fòra feita especialmente para colher Deodoro está em que jamais foi cumprida, cm mais

7." — a guarda e o emprego consti tucional dos dinheiros públicos. O parágrafo primeiro dèssc mcsnw

de meio século de regime republicano, e só agora volta à baila, mo\ idu mais

arí. 53 dizia: "Êsscs delitos .serão defú

pois de um apelo de .seus colegas e dc

niclos em Içi especial". O tènno definido

Deodoro.

por intuitos políticos do que por inte-

csla\a mal empregado, porque ali, na

rêsses nacionais mais elevados ou im

enumeração, já se encontrava uma dcfi. nição, de modo gorai. Teria sido, tuKez. melhor dizer que seriam dcüdluidos em lei especial, como realmente prati

posição moral.

Manda, porém, a justiça que se diga aqui ser Deodoro o culpado, embora in consciente, do que lhe aconteceu. Na sua natural e justificável ignorância dc textos legais de direito pxiblico, êle man dou ao Congresso um projeto de cons

tituição declarado, em parte, vigente, em que pode ser apontado o germem da •situação em que se viu envolvido. Sou paciente estudioso de constitui

ções, anügas e modernas, c não sei

onde foram colhidos os dispositivos in cluídos no referido projeto. A constituição norte-americana sò-

mente trata de crime de traição como motivo para processo e afastamentb do

Presidente da República do seu alto

cargo. Era a tradição inglesa relativa mente aos reis. Nenhuma outra exige

te consentiu em continuar Ministro de

Vejamo.s, pois, como o Congresso, baseado nos dispositivos constitucionais, detalhou os crimes de respün.sabilidado

do Presidente da República. Logo no comêço da lei, foi incluído

cou o Congresso cm junho dc 1891. A comissão especial de vinte e uin membros, incumbida de dar parecer sò-

ôste absurdo artigo, que tomou o núme

brc o projeto de constituiç-ão e que te\*e como seu presidente o notável represen

"Art. 3.® — O Presidente da Re

ro três :

pública é também responsável por cumplicidade, nos crime.s do que truta esta lei, quando perpetrados por outrem".

tante do Rio Grande do Sul, Júlio de Castíliíos, acrescentou ao artigo mais uin

número, assim redigido: "8.'' — As leis orçamentárias votadas pelo Congresso". Pouco depois, o Congresso esqueceu-se

desse artigo e votou um orçamento coin

do de um con

a forma autoriJKitiva, pois copiado foi

ção.

Êste xdtimo dispositivo é tanto mais estranhável quanto a constituição pro

mulgada há pouco declarava que todos os ajustes internacionais seriam feitos

ad referendum do Congresso e sem ésse referendum não tinham validez.

nindo como figura de crime de respon

sabilidade do Presidente da República: .xadores ou Mi

Covêmo que nem sempre era delega

ros

te estava, obscu-

sa, dizia com espantosa prolixidade: "Art. 53 — São crimes de responsabi lidade do Presidente da República os que atentarem contra ; 1,° — a existência política da União;

assumindo, ostensivamente, a responsa

3." — o livre exercício dos poderes

que êsle a tenha ocupado, revelando se gredos militares, celebrando tratados ou ajustes em que sejam comprometidos a honra, a dignidade ou o interesse da na

uma constituição e que se orgu

verdadeiramente, decisor e nem sempre

públicos;

rações do inimigo, entregando qualquer porção do território ao inimigo, mesmo

um orçamento do tempo da monarquia,

pecial e rèvisto pelo grande Rui Barbo

verno Federal;

sa ou planos, ou de seus aliados, dando entrada a espiões, fa\orecendo as ope

isto é, quando estava em u.so um siste ma parlamentar mal dosado, com um

xando de ser moderador, para se tomar,

2° — a constituição e a forma do Go

te, anuas, dinheiro,.munições ou embar cações, comunicando os meios de defe

gresso que aca bava de fazer

tuição, elaborado por uma comissão es

Entretanto, o nosso projeto de consti

da República; de au.xiliar a nação inimi ga a fazer guerra ou praticar hostilida des contra a República, fornecendo gen

O capítulo seguinte terminava defi Tal artigo, saí

lhava de possuir em seu seio tão altos juristas, mostrou bem exi mo o ambien

mais.

dc combinar com o estrangeiro a queda

ção do Parlamento, visto que o chama do Poder Moderador, exercido pelo pró

prio impetrante, tudo dominava, dei

nistros estrangei

Vemos, pois, que Deodoro, pela sua falta de conhecimento de leis, concor

reu ou deu motivo (sem o qual não se ria a lei absurda elaborada) para o tex

to legal contra o qual tão justamente se revoltou depois.

O que admira é que Rui Barbosa tiL

e

cometer

atos de hostili

dade para com

alguma nação estrangeira, qne comprometam a neutralidade da

recldo por uma

bilidade.

á■

xàolar a imuni

dade dos embai-

República ou a exponham a perigo de

forte paixão política. O.s detalhes contidos no capítulo pri

guerra.

meiro são todos figuras perfeitas de cri mes de traição e poderiam ser incluídas todas sob esse titulo, como fizeram ou

Tudo isto que fonnava a .seção ou capítulo relativo "à existência política da União" mesmo que fôsse praticado

tros países, inclusive os Estados Unidos. Tratavam de atos do Presidente da Re

por qualquer funcionário, faria o Pre sidente da República incorrer em res

pública no sentido de entregar o país

ponsabilidade, como cúmplice — segun

ou parte dêle ao domínio estrangeiro;

do a letra do art. 3.° que acima trans-


Digesto Económko

130

DfonsTC

clusíve um escandaloso aumento de .sub

sídio, não tinha procedido de acordo com as altas personalidades que conta va em seu seio.

13'

Econômico

4.® — o gõzo c o exercício legal dos vesse consentido no absmxlo...

direitos políticos ou individuais;

Aliás,

no dia em que o decreto relativo à Cons

.5.° — a segiuança inlema do pais; 6.° — a probidade da administração;

tituição foi assinado pelo Conselho de Ministros, estava o estupendo baiano de missionário e consta da ata que somen

E a prova de que a lei fòra feita especialmente para colher Deodoro está em que jamais foi cumprida, cm mais

7." — a guarda e o emprego consti tucional dos dinheiros públicos. O parágrafo primeiro dèssc mcsnw

de meio século de regime republicano, e só agora volta à baila, mo\ idu mais

arí. 53 dizia: "Êsscs delitos .serão defú

pois de um apelo de .seus colegas e dc

niclos em Içi especial". O tènno definido

Deodoro.

por intuitos políticos do que por inte-

csla\a mal empregado, porque ali, na

rêsses nacionais mais elevados ou im

enumeração, já se encontrava uma dcfi. nição, de modo gorai. Teria sido, tuKez. melhor dizer que seriam dcüdluidos em lei especial, como realmente prati

posição moral.

Manda, porém, a justiça que se diga aqui ser Deodoro o culpado, embora in consciente, do que lhe aconteceu. Na sua natural e justificável ignorância dc textos legais de direito pxiblico, êle man dou ao Congresso um projeto de cons

tituição declarado, em parte, vigente, em que pode ser apontado o germem da •situação em que se viu envolvido. Sou paciente estudioso de constitui

ções, anügas e modernas, c não sei

onde foram colhidos os dispositivos in cluídos no referido projeto. A constituição norte-americana sò-

mente trata de crime de traição como motivo para processo e afastamentb do

Presidente da República do seu alto

cargo. Era a tradição inglesa relativa mente aos reis. Nenhuma outra exige

te consentiu em continuar Ministro de

Vejamo.s, pois, como o Congresso, baseado nos dispositivos constitucionais, detalhou os crimes de respün.sabilidado

do Presidente da República. Logo no comêço da lei, foi incluído

cou o Congresso cm junho dc 1891. A comissão especial de vinte e uin membros, incumbida de dar parecer sò-

ôste absurdo artigo, que tomou o núme

brc o projeto de constituiç-ão e que te\*e como seu presidente o notável represen

"Art. 3.® — O Presidente da Re

ro três :

pública é também responsável por cumplicidade, nos crime.s do que truta esta lei, quando perpetrados por outrem".

tante do Rio Grande do Sul, Júlio de Castíliíos, acrescentou ao artigo mais uin

número, assim redigido: "8.'' — As leis orçamentárias votadas pelo Congresso". Pouco depois, o Congresso esqueceu-se

desse artigo e votou um orçamento coin

do de um con

a forma autoriJKitiva, pois copiado foi

ção.

Êste xdtimo dispositivo é tanto mais estranhável quanto a constituição pro

mulgada há pouco declarava que todos os ajustes internacionais seriam feitos

ad referendum do Congresso e sem ésse referendum não tinham validez.

nindo como figura de crime de respon

sabilidade do Presidente da República: .xadores ou Mi

Covêmo que nem sempre era delega

ros

te estava, obscu-

sa, dizia com espantosa prolixidade: "Art. 53 — São crimes de responsabi lidade do Presidente da República os que atentarem contra ; 1,° — a existência política da União;

assumindo, ostensivamente, a responsa

3." — o livre exercício dos poderes

que êsle a tenha ocupado, revelando se gredos militares, celebrando tratados ou ajustes em que sejam comprometidos a honra, a dignidade ou o interesse da na

uma constituição e que se orgu

verdadeiramente, decisor e nem sempre

públicos;

rações do inimigo, entregando qualquer porção do território ao inimigo, mesmo

um orçamento do tempo da monarquia,

pecial e rèvisto pelo grande Rui Barbo

verno Federal;

sa ou planos, ou de seus aliados, dando entrada a espiões, fa\orecendo as ope

isto é, quando estava em u.so um siste ma parlamentar mal dosado, com um

xando de ser moderador, para se tomar,

2° — a constituição e a forma do Go

te, anuas, dinheiro,.munições ou embar cações, comunicando os meios de defe

gresso que aca bava de fazer

tuição, elaborado por uma comissão es

Entretanto, o nosso projeto de consti

da República; de au.xiliar a nação inimi ga a fazer guerra ou praticar hostilida des contra a República, fornecendo gen

O capítulo seguinte terminava defi Tal artigo, saí

lhava de possuir em seu seio tão altos juristas, mostrou bem exi mo o ambien

mais.

dc combinar com o estrangeiro a queda

ção do Parlamento, visto que o chama do Poder Moderador, exercido pelo pró

prio impetrante, tudo dominava, dei

nistros estrangei

Vemos, pois, que Deodoro, pela sua falta de conhecimento de leis, concor

reu ou deu motivo (sem o qual não se ria a lei absurda elaborada) para o tex

to legal contra o qual tão justamente se revoltou depois.

O que admira é que Rui Barbosa tiL

e

cometer

atos de hostili

dade para com

alguma nação estrangeira, qne comprometam a neutralidade da

recldo por uma

bilidade.

á■

xàolar a imuni

dade dos embai-

República ou a exponham a perigo de

forte paixão política. O.s detalhes contidos no capítulo pri

guerra.

meiro são todos figuras perfeitas de cri mes de traição e poderiam ser incluídas todas sob esse titulo, como fizeram ou

Tudo isto que fonnava a .seção ou capítulo relativo "à existência política da União" mesmo que fôsse praticado

tros países, inclusive os Estados Unidos. Tratavam de atos do Presidente da Re

por qualquer funcionário, faria o Pre sidente da República incorrer em res

pública no sentido de entregar o país

ponsabilidade, como cúmplice — segun

ou parte dêle ao domínio estrangeiro;

do a letra do art. 3.° que acima trans-


Dicesto

138

Econômico

139

DroESTO Econômico

União; II — o livre e.xcrcício do Poder

crevemos —' e sendo passível, por isso,

do, cm tão monstruosa lei, e pronto «

Legislativo, do Poder Judiciário e dos

de perder o cargo.

ser pôsto em prática.

poderês constitucionais dos Estados; III

tima ou exclusiva de cada casa parla mentar. Logo, tudo deveria ser incluído nos regimentos internos ou, ainda me lhor, e dada a no\a feição do Regimen

Os mesmos detalhes ou as mesmas

Os legisladores de 1932-34, isto é, da

minúcias recheavam o capítulo relativo aos crimes contra o exercício dos pode-

Comissão Constitucional do Itamarati e

— exercício dos dircito.s político.s, indi viduais e sociais; IV — a segurança in

dc Congre.sso CíUislituinte da Segunda

terna do país; V — a probidade na ad

terá de ser discutido e votado em sessão

res políticos.

ministração; VI — a lei orçamcnlíma;

conjunta.

honra para mim, Sccrctário-Geral da

VII — a guarda ç o legal emprêgo dos dinheiros públicos; VIII — o cumpri

tença condenatória sòmente poderá ser

Comissão e Secretário-Ceral da Presi

mento das decisões judiciárias.

A nova lei de respon.sabilidade, que vem sendo tratada há quase dois anos

lavrada pelo Senado pelo voto de dois

dência do Congresso) apesar de estarem

O capítvilo dos crimes contra o gozo o

República, (o disso jicsso dar .testemu nho pessoal porque fui, com suprema

exercício legal dos direitos políticos ou individuais começava dizendo o seguinte:

"É crime de responsabilidade do Presidente da Repúbica impedir, por %'iolências ou ameaças, que o eleitor exerça livremente o seu di

reito de votO; comprar votos ou so licitá-los usando de promessas ou abusando da influência do cargo".

O Presidente da República seria con

siderado cúmplice, e como tal punido, desde que um subdelegado de polícia ou mesmo um inspetor de quarteirão de

tal modo procedesse contra um eleitor qualquer.

Esse mesmo aspecto ou êsse mesmo recheio de absurdos era conHdo nos ca pítulos relativos à segurança interna do país, contra a probidade da administra

ção, emprêgo dos dinheiros públicos, contra as leis orçamentárias. Um ôrro de amanuense, mesmo cometido de boa fé,,

sem nenhuma sombra de dolõ, seria mo-, tivo de processo e suspensão db Presi dente da República.

Deodoro fêz bem, portanto, dissolven do o Congresso, no seu gesto de um pu dor bem compreensível. O Congresso armara uma verdadeira arapuca contra êle e era natural que, indignado, que

no propósito de dotar de novo feitio a

lei básica,

tiveram sempre à vista a

no Congresso, 6 também minuciosa, a

fim de atender a todos os itens em que

constituição de 1»91.

A Comis-são introduziu no seu projeto a me.sma lista longa c original dos moHvos de responsabilidade do Presidente

a matéria está tratada na Constituição. Tem, porém, mais técnica, c dela está

A lei em apreço declara que a sen terços dos seus membros e sòmente pe la maioria absoluta da totalidade da Câ

mara dos Deputados poderá ser decre tada como procedente a acusação, de que é conseqüência gravíssima o afasta.mento do cargo do acusado.

ausente a paixão e a má intenção com

Outro ponto em que a lei exorbita é

da República, porque havia a intenção,

que foi redigida a lei de 1891, c que,

que torna o legislador suspeito ou sem a imparcialidade tão louvável, de preve nir abusos do Executivo, e o Congresso

Ou jamais mereceu re.spcito.

aquele em que trata da denúncia, acu sação e julgamento dos Co\emadores dos Estados. E' matéria que devo eshu

Constituinte manteve a catalogação das mesmas responsabilidades e incluiu ain da como crime dêsse gênero o não cum

por isso mesmo, jamais foi considerada A lei em estudos não mais contém o

absurdo,

de que acima tratamos,

de

regulada na constituição local, que terá em vista os princípios estabelecidos na

considerar o Presidente da República

Constituição Federal.

cúmplice de atos criminosos até de ins

O artigo 77 declara, por exemplo, que os go\'emadores serão julgados, nos cri

tra: a) a existência da União; b) a Cons

petores de polícia. Todavia, contém no seu bojo dois ca pítulos que são de evidente inconstitucíonalídade, conforme será fácil expor. O primeiro é o que trata da acusação e do processo que deve ter na Câmara dos Deputado.s. Longo e minucioso, êsse artigo traça todos -os trâmites que a pro posição deve ter na Câmara dos Depu tadas, sôbrc oradores, votação, parece-

tituição; c) o livre exercício dos pode-

res etc. O mesmo é feito em relação ao

e este não foi estabelecido nas Unidades

res políticos; d) a probidade adminis trativa e a guarda e emprêgo dos dinhei

julgamento pelo Senado. Em ambos os capítulos são estabelecidas fórmulas 'ri gorosamente regimentais.

Federadas, o julgamento tem dc seguir

primento de sentençao judicitbias. A constituição de 37,

um tanto ou

quanto dentro do sju espírito de esta belecer um executivo forte, diminuiu a

lista, mas ainda assim manteve cinco al(«

neas ou letras, declarando que são cri

mes de responsabilidade do Presidente da República os atos dessa autoridade definidos em lei e que atentarem con

ros públicos; e) a execução das deci sões judiciárias. A vigente Constituição brasileira vol tou aos mesmos oito dispositivos, embo ra modificando alguns e estabelecendo

Ora, a lei de responsabilidade não po do ser baixada sem a sanção, sem o pro

das as conseqüências, mesmo que estas o obrigassem à renúncia, como- obriga

que são crimes de responsabilidade os

nunciamento do Presidente da Repúbli ca, e ôste não deve ou não pode, constitucionalmente, intervir nos processos

atos do Presidente

parlamentares, assunto de natureza ín

ram. O seu aviltamento estava delinea

atentarem contra: I — a e.tistência da

brasse a armadilha e agüentasse com to

to do Congresso nesse regimento, que

da República que

y

mes de responsabilidade, na forma que determinarem as Constituições dos Esta

dos, E não pode ser de outra forma, porque copiado não pode ser na espécie o figurino federal. No federal, contra ò Presidente da República, a acusação c

feita e considerada

pela Câmara dos

Deputados e o julgamento compete ao

Senado. No Estado que não tiver Senado, outros trâmites.

O art. 80 reza que a declaração de procedência da acusação contra os Go vernadores dos Estados, nos crimes de

responsabilidade, sòmente poderá ser

decretada pela maioria absoluta da Câ mara que a proferir. Êsse dispositivo é desnecessário, porque os Estados têrri


Dicesto

138

Econômico

139

DroESTO Econômico

União; II — o livre e.xcrcício do Poder

crevemos —' e sendo passível, por isso,

do, cm tão monstruosa lei, e pronto «

Legislativo, do Poder Judiciário e dos

de perder o cargo.

ser pôsto em prática.

poderês constitucionais dos Estados; III

tima ou exclusiva de cada casa parla mentar. Logo, tudo deveria ser incluído nos regimentos internos ou, ainda me lhor, e dada a no\a feição do Regimen

Os mesmos detalhes ou as mesmas

Os legisladores de 1932-34, isto é, da

minúcias recheavam o capítulo relativo aos crimes contra o exercício dos pode-

Comissão Constitucional do Itamarati e

— exercício dos dircito.s político.s, indi viduais e sociais; IV — a segurança in

dc Congre.sso CíUislituinte da Segunda

terna do país; V — a probidade na ad

terá de ser discutido e votado em sessão

res políticos.

ministração; VI — a lei orçamcnlíma;

conjunta.

honra para mim, Sccrctário-Geral da

VII — a guarda ç o legal emprêgo dos dinheiros públicos; VIII — o cumpri

tença condenatória sòmente poderá ser

Comissão e Secretário-Ceral da Presi

mento das decisões judiciárias.

A nova lei de respon.sabilidade, que vem sendo tratada há quase dois anos

lavrada pelo Senado pelo voto de dois

dência do Congresso) apesar de estarem

O capítvilo dos crimes contra o gozo o

República, (o disso jicsso dar .testemu nho pessoal porque fui, com suprema

exercício legal dos direitos políticos ou individuais começava dizendo o seguinte:

"É crime de responsabilidade do Presidente da Repúbica impedir, por %'iolências ou ameaças, que o eleitor exerça livremente o seu di

reito de votO; comprar votos ou so licitá-los usando de promessas ou abusando da influência do cargo".

O Presidente da República seria con

siderado cúmplice, e como tal punido, desde que um subdelegado de polícia ou mesmo um inspetor de quarteirão de

tal modo procedesse contra um eleitor qualquer.

Esse mesmo aspecto ou êsse mesmo recheio de absurdos era conHdo nos ca pítulos relativos à segurança interna do país, contra a probidade da administra

ção, emprêgo dos dinheiros públicos, contra as leis orçamentárias. Um ôrro de amanuense, mesmo cometido de boa fé,,

sem nenhuma sombra de dolõ, seria mo-, tivo de processo e suspensão db Presi dente da República.

Deodoro fêz bem, portanto, dissolven do o Congresso, no seu gesto de um pu dor bem compreensível. O Congresso armara uma verdadeira arapuca contra êle e era natural que, indignado, que

no propósito de dotar de novo feitio a

lei básica,

tiveram sempre à vista a

no Congresso, 6 também minuciosa, a

fim de atender a todos os itens em que

constituição de 1»91.

A Comis-são introduziu no seu projeto a me.sma lista longa c original dos moHvos de responsabilidade do Presidente

a matéria está tratada na Constituição. Tem, porém, mais técnica, c dela está

A lei em apreço declara que a sen terços dos seus membros e sòmente pe la maioria absoluta da totalidade da Câ

mara dos Deputados poderá ser decre tada como procedente a acusação, de que é conseqüência gravíssima o afasta.mento do cargo do acusado.

ausente a paixão e a má intenção com

Outro ponto em que a lei exorbita é

da República, porque havia a intenção,

que foi redigida a lei de 1891, c que,

que torna o legislador suspeito ou sem a imparcialidade tão louvável, de preve nir abusos do Executivo, e o Congresso

Ou jamais mereceu re.spcito.

aquele em que trata da denúncia, acu sação e julgamento dos Co\emadores dos Estados. E' matéria que devo eshu

Constituinte manteve a catalogação das mesmas responsabilidades e incluiu ain da como crime dêsse gênero o não cum

por isso mesmo, jamais foi considerada A lei em estudos não mais contém o

absurdo,

de que acima tratamos,

de

regulada na constituição local, que terá em vista os princípios estabelecidos na

considerar o Presidente da República

Constituição Federal.

cúmplice de atos criminosos até de ins

O artigo 77 declara, por exemplo, que os go\'emadores serão julgados, nos cri

tra: a) a existência da União; b) a Cons

petores de polícia. Todavia, contém no seu bojo dois ca pítulos que são de evidente inconstitucíonalídade, conforme será fácil expor. O primeiro é o que trata da acusação e do processo que deve ter na Câmara dos Deputado.s. Longo e minucioso, êsse artigo traça todos -os trâmites que a pro posição deve ter na Câmara dos Depu tadas, sôbrc oradores, votação, parece-

tituição; c) o livre exercício dos pode-

res etc. O mesmo é feito em relação ao

e este não foi estabelecido nas Unidades

res políticos; d) a probidade adminis trativa e a guarda e emprêgo dos dinhei

julgamento pelo Senado. Em ambos os capítulos são estabelecidas fórmulas 'ri gorosamente regimentais.

Federadas, o julgamento tem dc seguir

primento de sentençao judicitbias. A constituição de 37,

um tanto ou

quanto dentro do sju espírito de esta belecer um executivo forte, diminuiu a

lista, mas ainda assim manteve cinco al(«

neas ou letras, declarando que são cri

mes de responsabilidade do Presidente da República os atos dessa autoridade definidos em lei e que atentarem con

ros públicos; e) a execução das deci sões judiciárias. A vigente Constituição brasileira vol tou aos mesmos oito dispositivos, embo ra modificando alguns e estabelecendo

Ora, a lei de responsabilidade não po do ser baixada sem a sanção, sem o pro

das as conseqüências, mesmo que estas o obrigassem à renúncia, como- obriga

que são crimes de responsabilidade os

nunciamento do Presidente da Repúbli ca, e ôste não deve ou não pode, constitucionalmente, intervir nos processos

atos do Presidente

parlamentares, assunto de natureza ín

ram. O seu aviltamento estava delinea

atentarem contra: I — a e.tistência da

brasse a armadilha e agüentasse com to

to do Congresso nesse regimento, que

da República que

y

mes de responsabilidade, na forma que determinarem as Constituições dos Esta

dos, E não pode ser de outra forma, porque copiado não pode ser na espécie o figurino federal. No federal, contra ò Presidente da República, a acusação c

feita e considerada

pela Câmara dos

Deputados e o julgamento compete ao

Senado. No Estado que não tiver Senado, outros trâmites.

O art. 80 reza que a declaração de procedência da acusação contra os Go vernadores dos Estados, nos crimes de

responsabilidade, sòmente poderá ser

decretada pela maioria absoluta da Câ mara que a proferir. Êsse dispositivo é desnecessário, porque os Estados têrri


Du;lsi,,

140

que considerar o que está determinado

exercício ão mandato^ porque éstc c\a

na Constituição Federal, q\ie manda que a acusação somente pode ser lida como

cício (permitam o píeonasnío) ser exercido no recinto da momento do di.scutir c \otar.

aprovada se tiver o voto da maioria ab soluta da totalidade dos membros da Câmara.

Parece, porém, qiie esse artigo foi in

cluído pela necessidade ou intenção con tida no respectivo parágrafo único re jeitado, e que dizia: "A maioria abso

E' verdade que os deputados, mentalmente, não podem scq^"-''^ tar-se da sessão

sem comunicação **

Presidente c, muito monos, deveria» afastar-se da Capital Federal scnii espe ciai cH)municação, mas o direito com»»

luta a que se refere este artigo será cal culada sobre o número de representantes

bra.silciro, a pra.xc suporaccita, prcscin^

que, efetivamente, esti\ercm em ativida de no e.xercíeio de suas funções".

dessa comunicação desde (pie l** pouco tempo; e o sistema de pagamenW

A verificação do número real, efetivo, dos deputados que estão efetivamente

em atividade no exercício de suas fun ções, é difícil, dificílimo de ser apurado. Antigamente, os representantes dos Estados próximos, principalmente de São

Paulo e Minas Gerais e, hoje, de quase todos os Estados, pela rapidez das via gens aéreas, -saem da Capital da Repú blica, da sede do Poder Legislativo Fe deral, por um, dois e três dias, ou mes mo por mais tempo, sem comunicação alguma à Mesa da Câmara ou à Secre taria.

TÓOR PPflRGL

n

b

P u

de subsídio do alguma forma aceita e<-

sa ausência de comunicação, mas p»W o faltoso não pagando a ficha de pre da Associação Comercial de São Paulo

sença.

O número de deputados ern efctKexercício, em atividade de mandato'

foi criada para orientação e

muito variável, altera-.se de um dia pi

ra outro, tomando-se impossível, conv

defesa de seus membros.

acabamos de ver, fixá-lo de modo exaW em determinado momento, e para l*'

importante efeito.

E' por is.'^o que'

O AUMENTO do quadro social permiti

Constituição determina que a maioriJ absoluta c calculada sobre o número to

rá maior eficiência ainda de

tal dos deputados fixado cm lei, pelo to tal dos membros de que se compõe Câmara. Somente assim se poderá fazri

nossos serviços em beneficio

informados na espécie, não podem ga rantir, em uma sessão de votação de tão

a contagem real de uma maioria ou di

de cada um

Êsses dois órgãos, que são os melhor

importante matéria, quais são os depu tados que "estão no efetivo exercício do mandato".

Pode-se afirmar que os ausentes da sede do Poder Legislativo, da sede da

maioria desejada ou dclcnninada pel-' Constituição.

Embora a lei elaborada tenha melho

rado bastante em comparação com a k' de 1891, contra a qual se rc\'oltou, t;V'

Câmara dos Deputados, estão em efetivo

briosamente, o Marechal Dc^xloro, aind'

exercício, em atividade do mandato ?

dato, porque nada os impede de tomar

assim precisa de importantes correçóeí segundo tentei demonstrar no prcsent'" artigo, se em tal tarefa^me ajudavoo'

parte nas votações, mas não estão no

engenho e arte. ..

Êsses ausentes estão no gozo do man

dos associados.

PRESTIGIE

A

CAMPANHA DE EXPANSÃO SOCIAL


Du;lsi,,

140

que considerar o que está determinado

exercício ão mandato^ porque éstc c\a

na Constituição Federal, q\ie manda que a acusação somente pode ser lida como

cício (permitam o píeonasnío) ser exercido no recinto da momento do di.scutir c \otar.

aprovada se tiver o voto da maioria ab soluta da totalidade dos membros da Câmara.

Parece, porém, qiie esse artigo foi in

cluído pela necessidade ou intenção con tida no respectivo parágrafo único re jeitado, e que dizia: "A maioria abso

E' verdade que os deputados, mentalmente, não podem scq^"-''^ tar-se da sessão

sem comunicação **

Presidente c, muito monos, deveria» afastar-se da Capital Federal scnii espe ciai cH)municação, mas o direito com»»

luta a que se refere este artigo será cal culada sobre o número de representantes

bra.silciro, a pra.xc suporaccita, prcscin^

que, efetivamente, esti\ercm em ativida de no e.xercíeio de suas funções".

dessa comunicação desde (pie l** pouco tempo; e o sistema de pagamenW

A verificação do número real, efetivo, dos deputados que estão efetivamente

em atividade no exercício de suas fun ções, é difícil, dificílimo de ser apurado. Antigamente, os representantes dos Estados próximos, principalmente de São

Paulo e Minas Gerais e, hoje, de quase todos os Estados, pela rapidez das via gens aéreas, -saem da Capital da Repú blica, da sede do Poder Legislativo Fe deral, por um, dois e três dias, ou mes mo por mais tempo, sem comunicação alguma à Mesa da Câmara ou à Secre taria.

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n

b

P u

de subsídio do alguma forma aceita e<-

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sença.

O número de deputados ern efctKexercício, em atividade de mandato'

foi criada para orientação e

muito variável, altera-.se de um dia pi

ra outro, tomando-se impossível, conv

defesa de seus membros.

acabamos de ver, fixá-lo de modo exaW em determinado momento, e para l*'

importante efeito.

E' por is.'^o que'

O AUMENTO do quadro social permiti

Constituição determina que a maioriJ absoluta c calculada sobre o número to

rá maior eficiência ainda de

tal dos deputados fixado cm lei, pelo to tal dos membros de que se compõe Câmara. Somente assim se poderá fazri

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a contagem real de uma maioria ou di

de cada um

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Automóveis e Caminhões

PORQUE

O

SR. DEVE

ANUNCIAR

NO

Concessionários

DIGESTO

Cia. de Automóveis Alexandre Cornstein SÃO

PAULO

EscrilóriOi vendas e secção de

RUA CLAUDINO PINTO, 55

RUA CAP. FAUSTINO LIMA, 105

Telefone: 2-8740

Telefones:

CAIXA POSTAL, 2840

Escritório e vendas ... 2-8738

Secção de peças

ECONOMICa

OFICINAS;

peças

2-4564

Preciso nas informações, sóbrio e ohjetho coTjientdrios, cômodo e elegante na apresenta

— SÃO PAULO —

ção, o Digesto Econômico, dando aos sevs

I

leitores um panoratrui mensal do mundo dos

negócios, circula numa classe de alto poder aquisitivo e elevado padrão de vida. Por essas razões, os anúncios inseridos no Dicesto Eco

nômico são lidos, invariàvelmcnte, por um pro vável comprador.

Esta revista é publicada mensalmente pela Editora Comercial Lida., sob os auspícios da Ássociação Comercial de São Paulo e da Federação

J. FLORIANO DE TOLEDO

do Comércio do Estado de São Paulo. CORRETOR DE IMÓVEIS

RUA SÃO BENTO, 45 - 5.o ANDAR - SALAS 512-3-4 TELEFONES: 2-1421

E

2-7380

SÃO

PAULO

editora

-COMERCIAL

LIMITADA

HUA boa vista, 51. 9.0 ANDAR — TEL. 3-1112 — RAMAL 19

J

SAG PAULO


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I

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J. FLORIANO DE TOLEDO

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RUA SÃO BENTO, 45 - 5.o ANDAR - SALAS 512-3-4 TELEFONES: 2-1421

E

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J

SAG PAULO


aUMENTO PARA

O

HOMEM . . .

—' completa linha de deliciosos e nutritivos produtos Swiít: pastas,

presuntada, ervilhas, presunto cozi

^8 iiâÉà®Éii

do, carne em conserva, extrato de carne, salsichas, xarque, óleo e composto "A PATROA".

Vivos aphiusos merece a Associação Comercial de

São Paulo pelo magnífico programa que se traçou e vem (Icscnvolvciulo de realizar estudos e pesquisas sôbrc magnos problemas da economia nacional, presididos por um alto espirito de imparcialidade, que permite acolher qualquer contribuição conducentc à [consecução daquele elevado tentãmcn.

— os famosos adubos orgânicos "O Semeador". Feitos de resíduos fres

cos de carne, sangue e ossos de ani

mais, os adubos Swift,"0 Semeador", fecundam e enriquecem a terra,pro duzindo raelliDres e maiores frutos e colheitas.

E melhor veiculo para o êxito dessa política sadia c patriótica não poderia ter criado que o "Digesto Econômico", etn cujas paginas, mercê de uma direção esclarecida e

arejada, têm encontrado agasalho proposições c debates sôbrc os mais variados problemas econômicos e sociais e

opiniões dos mais contraditórios matizes, granjeando-lhe, sem favor, grande a justificada autoridade no pensamento econômico nacional.

— raÇões Swift balanceadas de carne e ossos, Ossorinha, Sangarinha-pro

i? iít^ ^lIMtlllU

porcionam uma alimentação cieptU fica dosada para engorda, produção ou

Miguel Calmon

(Presidente da Associação Comercial da Bahia t! Professor da Escola Politécnica da Bahia)

crescimento de gado, porcos,

galinhas, etc.

Cia. Swiít do Brasil 5. A.

HÁ MAIS DE UM QUARTO DE-^ÉCUIO DISTRIBUir.ÒRES MUNDIAIS DE PRODUTOS BRASILEIROS Gráfica São José — Rua Galvão Bueno, 230 — Telefone, S-4B12 — São Paulo


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— os famosos adubos orgânicos "O Semeador". Feitos de resíduos fres

cos de carne, sangue e ossos de ani

mais, os adubos Swift,"0 Semeador", fecundam e enriquecem a terra,pro duzindo raelliDres e maiores frutos e colheitas.

E melhor veiculo para o êxito dessa política sadia c patriótica não poderia ter criado que o "Digesto Econômico", etn cujas paginas, mercê de uma direção esclarecida e

arejada, têm encontrado agasalho proposições c debates sôbrc os mais variados problemas econômicos e sociais e

opiniões dos mais contraditórios matizes, granjeando-lhe, sem favor, grande a justificada autoridade no pensamento econômico nacional.

— raÇões Swift balanceadas de carne e ossos, Ossorinha, Sangarinha-pro

i? iít^ ^lIMtlllU

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Miguel Calmon

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o DEPARTAMENTO

ECONOMICO os ouspícios DO ASSOCIAÇÃO COMERCIAL DE SÃO PAULO on FEDERAÇÃO 00 COMERCIO 00 EST-".""

51

m

p''"'"

^ SSSSA S II M A R Associação Comercial de São Paulo — Discursos

''arlicipaçâo no lucro das emprêsas — Roberto Piií haverá nova superprodução mundial de algodão?

> • -J yj j i J M

''/»•> j>'

preços desde a desvalorização — Richard Lew

Pesquisas básicas económlco-sociais no Brasil — ^ cacau reclama novos mercados — Moacyr Pa

A pilhagem — Aldo Mário Azevedo

A comercialização do ferro brasileiro — Geraldol

^ord Keynes e a economia moderna — Djacir loções gerais sôbre o impôsio — José Luiz de a1

übsQluío e

guardadas sob r

diretamente aosinteresd^

A meteorologia a serviço da produção econômica — J. ^ recuo cafeeiro — Pimcntel Gomes

87

^rodulos brasileiros no mercado inlernacional — Cacau — Dorival Teixeira Vieira

93

Regime agrário e urbanização — Nelson Werneck Sodré

101

^ moeda nos câmbios internacionais — Mircea Buescu

106

história das idéias políticas — O movimento emancipador — Otávio Tarquínio de Sousa 122

rua boa vista, si _

S-" andar — FONE 3-1112

depressão ao abuso do poder econômico — José da Costa Boucinhas derrocada do Ensilhamento (1891) — Afonso de E. Taunay

128 133

J9I ~ MARÇO DE 1950 — ANO Vi


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