DIGESTO ECONÔMICO, número 69, agosto 1950

Page 1

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TERRAS DE ALTA QUALIDADE Vendas a prestações em pequenos e QTcndes lotes pela

C!fl. DE ÍERRfiS NORTE 00 PflRAHfl InjcriçíC' N.» 12 no Registro Gernl dc í»nrti."Cls fojiitirca de Londrina, na íorma do Lecrcto-Lci N.- joiv. de IS - 9- 192B

Vantaiota produção de: CAFS. CKRF.AIS. fumo. ALGODÃO, CANA DE AÇÚCAR, MANOiOCA, TKiCO. clc. âtrada de ferro — Otlmaa eatradns de rortagem Etplãndido serviço rodoirldrlo

AgênciaPrincipale Centro de Administração l^onclrina

DIGESTO

ECONOMICO SOB OS luspícios on ASSOCIAÇÃO COMERCIAL DE SÃO PAULO E 01 FEDERAÇÃO DO COMERCIO DO ESTADO DE SÃO PAULO

Séde em 8âo Paulo, Rua S. Bento, 329 - S." andar - Caiy.a Postal 27 71 *

í

. NENHUM AGENTE DE VENDA ESTA AUTORtZAnO A RECEBEU DINHEIUO EM NOME DA C O M 1'A N H I A .

i S l IH A R I O

Pág./ O morcado livre de Câmbio — Rlchard Lewinsohn

v/

A Conjunlura Histórica e o Brasil — Plélio Jaguaribe

y'

Aspectos políticos dos problemas econômicos — Djacir Menezes

23^/

O custo das Leis Sociais — Dorival Teixeira Vieira

Ensino clássico o ensino técnico — Francisco Campos

33 /

Carlos Peixoto — Antônio Gontljo de Carvalho

39^

Uma {ase do transição — Nelson Worneck Sodré

56 /

Sua Majestade, o café — Geraldo O. Banaskiwitz Crise profunda na Economia Nacional — Moacyr Paixão

61^ 72^

Departamento do Economia para o Legislativo — Roberto Pinto de Sousa

J. FLORIAMO DE TOLEDO

76^

As sôcns nordestinas — Pimentel Gomes

ZO

A política do manganês — Oto Prazeres

84y

Cafó Genero do primeira necessidade — Constantino Carneiro Fraga A propriedade da terra no Brasil Colônia — José Arthur Rios

89^ 95^^

A Liberdade de iniciativa — Cândido Mota Filho

O cacau no Vale do Rio Doce — Clovis Caldeira

CORRETOR DE IMÓVEIS RUA SÃO BENTO,45 - 5.o ANDAR - SALAS 512-3-4

TELEFONES: 2-1421 E

2-7380

SÃO

103^

."

108y^

O pensamento econômico na Grécia — Arnóbio Graça

ü® /

Em tôrno dos tratados do 1810 — Otávio Tarqulnio de Souza

121'

PAULO ■

N.o 69 — AGOSTO DE 1950 — ANO VI


-T. -«v -

o DIGESTO ECONÔMICO ESTA A VENDA

nos principais pontos de iomais no Brasil, ao preço de Cr$ 5,OU. Os nossos agentes da relação abaixo estão aptos a suprir qualquer

I

00 PRO^^

encomenda, bem como a receber pedidas de assinaturas, ao prcçu de Cr$ 50,00 anuais.

Agente geral para o Brasil FERNANDO CHINAGLIA

Avenida Presidente Vargas, 502, I9.o andar Rio de Janeiro

AlagoM: Manoel Espíndola, Praça Pe dro II, 49, Maceió.

Amazonas: Agência Freitas, Hua Joa quim Sarmento, 29, Mamus.

Paraná: J. Ghinmiono, Rua 13 de No vembro, 423. Curitiba.

Pernambuco:

Fernando

Chinaglia,

Rua do Imperador, 221, 3.o andar, A(^A Recife .

Bahia: Alfredo J. de Souza 8t Cia., R. Saldanha da Gama, 6, Salvador.

Piauí: Cláudio M. Tote, Tereslna.

Ceará: J. Alaor de Albuquerque ti Cia.

Rio de Janeiro: Fernando Chinaglia.

Praça do Ferreira, 621, Fortaleza.

Espírlio Santo: Viuva Copolilo & Fi lhos, Rua Jerônimo Monteiro, 381, Vitória.

Av. Presidente

Vargas. 502. 19.o

andar.

ü

ASSIM SE IDEALIZA...

Rio Grande do Norte: Luís Romao. Avenida Tavares Lira. 48, Natal.

ASSIM SE CONCRETIZA

Goiás: João Manarino. Rua Setenta A. Rio Grande do Sui: Sòniente para Por

Goiânia.

/^S GIGANTES de cimento armado

por todo o território nacional. E

Fernando Chinaglia. R. de Janeiro.

que são molivos de orgulho para todo paulista, que servem de índice do

Santa Catarina: Pedro Xavier fie Cia., Rua Felipe Schmidt. 8, Flcrlanóp.

nosso progresso c mesmo da nossa

assim, fazendo de um ideal uma es tupenda realidade, vai a gente bra sileira plasmando, com os seus arra

civilização, resultam do trabalho ár-

nha-céus, as grandes cidades da nova

São Paulo: A Intelectual, Ltda., Via

América.

duto Santa Efigênia. 281, S. Paulo.

duo do engenheiro que, sôbre uma prancheta, faz a planta e calcula os

Pará: Albano H. Martins & Cia., Tra vessa Campos Sales, 85/89, Belém.

Sergipe: Livraria Regina Ltda., Uua João Pessoa, 137, Aracaju.

c Comercial Dácio A. de Moraes S.A.

Paraíba: Loja das Revistas, Rua Ba

Território do Acre: Dlôgenes da Oli veira, Rio Branco.

o desenvolvimento maior de nossa

MatanhSo:

Livraria Universal, Rua

João Lisboa, 114, São Luiz. Maio Groiio: Carvalho, Pinheiro & Cia., Pça. da República, 20, Cuiabá.

Minas Gerais: Joaquim Moss Velloso, Avenida dos Andradas, 330, Belo Horizonte.

to Alegre: Octavio Sagebin, Rua 7 de Setembro, 789, Porto Alegro, Para locais íora de Pôrto Alegre:

seus mínimos detalhes. A Construtora

há muito que vem coLborando para rão do Triunfo, 510-A, João Pessoa.

terra, contando-se na sua fôlha de serviços, o levantamento de edifícios

CONSTRUTORA E COMÉRCIA?

DilCIO a. DE MORAES S. fl. Engenharia » Arquitetura - Construsóa» Rua LiUeru BiLaró, bO IQ." • le.Dimü ü-5539 São Paulo


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Fernando

Chinaglia,

Rua do Imperador, 221, 3.o andar, A(^A Recife .

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Ceará: J. Alaor de Albuquerque ti Cia.

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MatanhSo:

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João Lisboa, 114, São Luiz. Maio Groiio: Carvalho, Pinheiro & Cia., Pça. da República, 20, Cuiabá.

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to Alegre: Octavio Sagebin, Rua 7 de Setembro, 789, Porto Alegro, Para locais íora de Pôrto Alegre:

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A CASA GENIN, tem a lã que V. deseja.

Companhia Siderúrgica Beígo Mineira ^^ I

S EM S I D E R Ü U G I A E M O N L E V A D E (Minas-GeraU)

Porem... recomenda AS MARCAS YPÊ E FILHINHA -

!■! ■■I

{Produtos SAMS) Programa de venda:

CASA GENIN

ferro redondo em barras E VERGALHÕES FERRO QUADRADO,

Rua São Bento, 244 — S. Paulo

ferro chato, ferro para ferraduras, cantoneiras, arame para pregos,

C\l\\ ECOXÔMICI FEDERAL DE SÃO P/\lLO Garantida pelo GovêmO Federal

aços comuns e especiais,

arame galvanizado, redondo e oval, ARAME preto RECOSIDO,

MATRIZ:

Praça da Sé, 111 — End. Tclegráíico "CAIXAFEUERAL" Depósitos populares até CrS 50.000,00 a juros de 5% ao ano,

arame farpado e grampos para cerca, capi-

tal.zados cm 30 de junho e 31 de dezembro.

ARAME COBREADO PARA MOLAS,

Empréstimos com garantias de hipotecas, jóias e objetos. Carteira da Casa Própria.

tubos pretos E GALVANIZADOS.

AGÊNCIAS NA CAPITAL

Brás — Av. Rangel Pestana, 2078 Lapa — Rua 12 de Outubro, 443

!■!

AGÊNCIAS NAS CIDADES DE:

IBI

Araraquara — Bauru — Campnas — Marília — Ourínhos — Pi nhal — Piracicaba — Ribeirão Preto — Rio Claro — Santo Andrc — São José do Rio Preto — Santos — Sorocaba — Taubaté —

Val nhos (posto de depósitos). AGÊNCIAS ECONÔMICAS POSTAIS:

Cafeiândia

Franca — Jau — Mogí Mirim — Tupã.

Agência em São Paulo: RUA BOA VISTA, 136 — 6° And. — Tel.: 3-2151 SÃO PAULO


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.'-v'

DOSTOECOSÍMICO

O mercado livre de câmbio

I wMí ooj «60C1D? «M nmiUi imu fubticodo *ob 01 auipUiat da

.Mt;nrAiK) Ii\ri* de câmbio tem vá-

flDERlCiO DO COMERCIO 00

rios nomes. O mais popular, em bora não o mais exalo, é sempre "mer cado negrcí". Essa expressão data da primí!ira guerra numdial, (juando na

ESTADO DE SÍO PAULO

DIreíor tuper!Q!end«Bl«: MarlIiQ Aíiotuo Xavier de Silveira Diretor:

Anionlo Gonil]o de Carvalho

p Digeito Econômico. ôrgSo de ln> lormaçôes econômicas e flnancel-

í publicado mensalmente pela Mltora Comercial Ltda.

O Di^osto publicará no pró.ximo niiincro:

Europu as leis de racionamento eram infringidas por comerciantes que ofere

LENDO EUCLIDES — Allino Aranles.

ciam, na escuridão, morc;idori;is sujeitas ao controle das íiutoricladcs, a preços

CADO internacional — Dorival

0.5 quais o Brasil — o mercado «í\tc de

Teixeira Vieira.

tros paí.ses, uma fórmula mais elegante, o nome "mercado paralelo". Os geô-

geiras, nada tom de escuro.

O MAIS VELHO DOCUMENTÁRIO

devidamente citadas, nem pelos

MERCANTIL

DE

ESCRITURAÇÃO

E

BANCARIA

-

Afonso de Taunay.

Na transcrlçSo de artigos pede-se ciur o nome do Dlgesto Econômico.

càml>i(\ pelo menos o dc notas estran

AceJta-se intercâmbio com pubUMçoes congêneres nacionais e es trangeiras.

to.

Em

ESPLENDOR

E

DECADÊNCIA

geral.

MOEDA, INFLAÇÃO E PRODU ÇÃO — Djacir de Menezes.

lismo algum com as taxas do mercado

o \'cnda de moe

oficial. Sua característica é precisamen te a divergência completa em relação às taxas fixadas pelas autoridades monetá

das estrangeiras que fica interdi nionlo

sua

c.x-

portação sem au

torização

espe

mesmo

transa

ções cm divi,sas, acima

da

taxa

oficial, são, com certas condições,

Crí .50 00

admitidas ou to

"

CrI 58.00

leradas.

Cr$ 5.00

Atrasado:

CrÇ 8,00 ♦

RedacSo e Admlnlstraç&o: Tladulo Boa Vista, 17 > 7.o andar TeL 1-74ÍS — Caixa Postal, 240-B 8io Paulo

nietras talvez sorriam ao ouvir esse neo-

logismo, pois as taxas do mercado pa ralelo do câmbio não acusam parale

nao e a compra

Ano (simples) Número do mês:

líci

cial. Alem disso,

ASBINATimAS! Dlgaslo Econômico

(registrado)

É. dentro

mercado

tada, mas tão sò-

Nelson Werncck Sodré.

.seja como compradores, seja como \-endedores, fazem operações nesses mer cados. Para chocar menos a sensibili

dade dos intcro.ssados, foi introduzida,

conceitos emitidos em artigos assi ♦

Porém, os adjetivos "negro" o "cin

zento" guardam uma nota pejorativa, pouco agradável para as pessoas que,

primeiro na Franç.a, em seguida em ou

PAULISTA

nados.

rios oficiais.

lanientí*. Ora. em muitos países — entre

de certos limites, um

A dlieçio nfio se responsabiliza

nou-.se um nome técnico que se encontra boje em jívros sérios e até em relató

ou om quautiilades superiores ao tubcPRODUTOS BRASILEIROS N'0 MER

pelos dados cu]as fontes estejam

VI

RiciLvnn Lenvinsoiin

ir

tSSOCllClOCOHtRCULOESiOPSDU

*-r'

Para caracterizar, em particular, esta

última categoria de negócios cambiais, surgiu recentemente expressão "mer cado cinzento". Usado a princípio num sentido irônico, para transações não pròpriamente proibidas, mas também não

perfeitamente legais, a expressão tor-

rias. Via de rcg-a, são mais altas, mas lãs vezes também mais baixas. Como de monstraremos neste

artigo, o mercado paralelo também não reage paralelamen te quando as taxas oficiais são altera

das. Não obstante, o termo é hoje em dia o mais usual em

alguns países euro peus, e

populari

zou-se também no

Brasil.

Nos países anglosa.xônicos, é ainda muito

utilizado

têrmo "curb",

o

LK TV


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DOSTOECOSÍMICO

O mercado livre de câmbio

I wMí ooj «60C1D? «M nmiUi imu fubticodo *ob 01 auipUiat da

.Mt;nrAiK) Ii\ri* de câmbio tem vá-

flDERlCiO DO COMERCIO 00

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CADO internacional — Dorival

0.5 quais o Brasil — o mercado «í\tc de

Teixeira Vieira.

tros paí.ses, uma fórmula mais elegante, o nome "mercado paralelo". Os geô-

geiras, nada tom de escuro.

O MAIS VELHO DOCUMENTÁRIO

devidamente citadas, nem pelos

MERCANTIL

DE

ESCRITURAÇÃO

E

BANCARIA

-

Afonso de Taunay.

Na transcrlçSo de artigos pede-se ciur o nome do Dlgesto Econômico.

càml>i(\ pelo menos o dc notas estran

AceJta-se intercâmbio com pubUMçoes congêneres nacionais e es trangeiras.

to.

Em

ESPLENDOR

E

DECADÊNCIA

geral.

MOEDA, INFLAÇÃO E PRODU ÇÃO — Djacir de Menezes.

lismo algum com as taxas do mercado

o \'cnda de moe

oficial. Sua característica é precisamen te a divergência completa em relação às taxas fixadas pelas autoridades monetá

das estrangeiras que fica interdi nionlo

sua

c.x-

portação sem au

torização

espe

mesmo

transa

ções cm divi,sas, acima

da

taxa

oficial, são, com certas condições,

Crí .50 00

admitidas ou to

"

CrI 58.00

leradas.

Cr$ 5.00

Atrasado:

CrÇ 8,00 ♦

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PAULISTA

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VI

RiciLvnn Lenvinsoiin

ir

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Para caracterizar, em particular, esta

última categoria de negócios cambiais, surgiu recentemente expressão "mer cado cinzento". Usado a princípio num sentido irônico, para transações não pròpriamente proibidas, mas também não

perfeitamente legais, a expressão tor-

rias. Via de rcg-a, são mais altas, mas lãs vezes também mais baixas. Como de monstraremos neste

artigo, o mercado paralelo também não reage paralelamen te quando as taxas oficiais são altera

das. Não obstante, o termo é hoje em dia o mais usual em

alguns países euro peus, e

populari

zou-se também no

Brasil.

Nos países anglosa.xônicos, é ainda muito

utilizado

têrmo "curb",

o

LK TV


■WT"

Dic£sto Econômico

Dir.rsro

PREÇOS DO DÓLAR NOS MERCADOS LIVRES

teralmente, essa palavra significa "vah". "Special Frce Rate" — taxa 1í\tc es pecial — termo completamente fora de Foi introduzida na linguagem financei ra liá mais de um século, para denunciar uso no Brasil. como "curb brolcers" os corretores dissi dentes da Bolsa de Nova York, que continuam fazendo seus negocies na rua.

EcoNóxnro

Pcríoílo

Seja qual fór o têrino, o mercado lixTc de câmbio é um fato internacional c um fato importante que ninj^uém mais

Ariicnlina

Brasil

(pesos arg.)

Chile

(cruzeiros)

(pesos chil.)

(pesos unig.)

21,00 23,25 26,55

34,86 47,89

1,90

26,50

66,59

19*10 média 19*17 19-lS

-1,80

Bôlsa de Títulos de Nova Yorkv ao

Monetário Inlcrnacionai reconlieceii a

"

al,ril

9,25 9,.'5() 9.3.5 9,.50 10,30

lado do "Stock Exchange". É um mer cado perfeitamente organizado e fisca lizado, onde são negociados títulos de importantes companhias e a grande

importância dessas taxas, publicando vá rias delas regularmente no seu boletim

"

maio

9.60

mensal "International Financial Slatis-

" " "

Entretanto, já há muito tempo que a palavra perdeu seu caráter pejorativo. O "Curb Market" é a segunda grande

pode ignorar.

Em vários países, as

notadas pelos jornais, e o própri:) I*'imdo

tics".

Ê verdade que não sònu-nle it

maioria dos títulos governamentais es

terminologia como também a seleção

trangeiros.

dessas taxas é muito arbitrária.

Porém, em gíria, "curb"

guardou, nos Estados Unidos como na

Inglaterra, o sentido de negócios na nia, ao ar livre e em plena liberdade,

e é nesse sentido que o térmo é hoje utilizado também em publicações ofi• ciais, em particular as do Fundo Mo

194;.' janeiro

taxas do mercado livre são diàriamentc

Principalmente, são publicadas as ta xas livres das moedas dos países da

fewiciro

"

marçíí junho

l().*l()

agosto

10.60

seti mbro outubro noxembro dezembro 1950 janeiro

13,00

13,50 16,50 15,80 15,15

fevereiro

14.80

março

13,90

netário Internacional, para negócios

latino-americanas, sòinentc a taxa livre

cambiais no mercado livre.

do franco suíço c a da lira são mencio

nadas no Boletim do Fundo Monetário —

Como evidencia o alta do cló'ar no aproximadamente, da (-j- 50%) no Brasil e

quadro acima, a após-gucrra foi, mesma proporção no Uruguai, mas

muito mais forte na Argentina e no

As faxes registradas pelo Fundo

a última com a designação "Curb" —

Chile (-f 200%).

Monetário

c, além dis.so, com o título respeitoso de "Taxa inoficial de compra cm Nova

biais ficou pouco influenciado pela ma

Sem dúvida, o nome mais simples e mais apropriado de "mercado livre"

também tem seus inconvenientes. Já foi usado e abusado antes da guerra

para certas taxas de câmbio que nada

27,50

65.94

28,75 28,50

61.95

29,00 30,50 30,25 31,25

32,50 27,00 30,75 30,15 33,00 32,45

América Latina. Entre (js países euro

peus cujas moedas acusa\-am, até bâ pouco, maiores deságios que a.s moedas

York", a taxa livre do dólar canadense.

A taxa livre do franco francês, que fi gura na mesma publicação, não ó a \'crdadeira taxa livre que foi, temporàriamente, duas vêzes menor que a taxa oficial, mas a taxa fixada, sob controle

tinham de livres, mas eram fixadas pelas autoridades monetárias. A fim de evitar a confusão desses tipos de câmbio

do govôrno, pelos bancos auloriziidos. Limitamos, portanto, o quadro seguinte

O mais significati

vo ó que o movimento das taxas cam nutenção ou pelas mudanças das taxas oficiais. No Bradl. a taxa oficial ficou

práticamente a mesma, apenas ligeira mente alterada pela suspensão tempo rária (1946/47) do imposto sobre a transferencia de fundos para o exterioi*. No Chile as taxas múltiplas oficiais ficaram inalteradas até janeiro de 1950, quando foi criada uma nova taxa de 60,10 pesos por dólar — ao lado de

com as taxas verdadeiramente livres, o

à reprodução do movimento das taxas 1»'

Fundo Monetário Internacional recorre

vres e diferentes das ta.xas oficiais

a uma terminologia própria e pouco

diversas moedas, de acordo com os d»'

clara. Designa, por exempla, a taxa livre

entre 10,47 o 43,10. A criação da nova taxa não teve repercussão sensível sobre

dos publicados pelo Fundo Monetáfi^

a taxa do dólar no mercado livre.

do cruzeiro, em relação ao dólar, por

Internacional.

diversas outras que continuam variando

A desvalorização do pêso argentino,

60.48

60,72 64,68 71,12

81,57 93,15 96,44 99.96 102,15 98,80 97.62 96,95

Uruguai

1,90 2,38 2,50 2,32 2,25 2,25 2,28

2,65 2,64

2.77 2,85 3,60 3,10 2,60 2,85 2.78

em outubro do ano passado, provocou

uma forte alta do dólar no mercado li

vre, mas essa reação durou apenas al gumas semanas. Em seguida o dólar

desceu, pura atingir em março último

o mesmo nível em que se encontrava nas vésperas da desvalorização. Quanto ao

peso uruguaio, a reação sôbre a desvalo

rização foi semelhante: imediatamente

depms da mudança da taxa oficial, uma forte baixa do preço no mercado livre depois a volta ao nível anterior à de7; valorização.

O mercado de notas em Zurique '"dependência de movimentos no mercado livre em face da

deravalorização das taxas oficiais não é

uma particularidade das moedas da

América Latina. Fenômenos semelhan tes verificaram-se também para as moedas européias recentemente desvalori zadas.


■WT"

Dic£sto Econômico

Dir.rsro

PREÇOS DO DÓLAR NOS MERCADOS LIVRES

teralmente, essa palavra significa "vah". "Special Frce Rate" — taxa 1í\tc es pecial — termo completamente fora de Foi introduzida na linguagem financei ra liá mais de um século, para denunciar uso no Brasil. como "curb brolcers" os corretores dissi dentes da Bolsa de Nova York, que continuam fazendo seus negocies na rua.

EcoNóxnro

Pcríoílo

Seja qual fór o têrino, o mercado lixTc de câmbio é um fato internacional c um fato importante que ninj^uém mais

Ariicnlina

Brasil

(pesos arg.)

Chile

(cruzeiros)

(pesos chil.)

(pesos unig.)

21,00 23,25 26,55

34,86 47,89

1,90

26,50

66,59

19*10 média 19*17 19-lS

-1,80

Bôlsa de Títulos de Nova Yorkv ao

Monetário Inlcrnacionai reconlieceii a

"

al,ril

9,25 9,.'5() 9.3.5 9,.50 10,30

lado do "Stock Exchange". É um mer cado perfeitamente organizado e fisca lizado, onde são negociados títulos de importantes companhias e a grande

importância dessas taxas, publicando vá rias delas regularmente no seu boletim

"

maio

9.60

mensal "International Financial Slatis-

" " "

Entretanto, já há muito tempo que a palavra perdeu seu caráter pejorativo. O "Curb Market" é a segunda grande

pode ignorar.

Em vários países, as

notadas pelos jornais, e o própri:) I*'imdo

tics".

Ê verdade que não sònu-nle it

maioria dos títulos governamentais es

terminologia como também a seleção

trangeiros.

dessas taxas é muito arbitrária.

Porém, em gíria, "curb"

guardou, nos Estados Unidos como na

Inglaterra, o sentido de negócios na nia, ao ar livre e em plena liberdade,

e é nesse sentido que o térmo é hoje utilizado também em publicações ofi• ciais, em particular as do Fundo Mo

194;.' janeiro

taxas do mercado livre são diàriamentc

Principalmente, são publicadas as ta xas livres das moedas dos países da

fewiciro

"

marçíí junho

l().*l()

agosto

10.60

seti mbro outubro noxembro dezembro 1950 janeiro

13,00

13,50 16,50 15,80 15,15

fevereiro

14.80

março

13,90

netário Internacional, para negócios

latino-americanas, sòinentc a taxa livre

cambiais no mercado livre.

do franco suíço c a da lira são mencio

nadas no Boletim do Fundo Monetário —

Como evidencia o alta do cló'ar no aproximadamente, da (-j- 50%) no Brasil e

quadro acima, a após-gucrra foi, mesma proporção no Uruguai, mas

muito mais forte na Argentina e no

As faxes registradas pelo Fundo

a última com a designação "Curb" —

Chile (-f 200%).

Monetário

c, além dis.so, com o título respeitoso de "Taxa inoficial de compra cm Nova

biais ficou pouco influenciado pela ma

Sem dúvida, o nome mais simples e mais apropriado de "mercado livre"

também tem seus inconvenientes. Já foi usado e abusado antes da guerra

para certas taxas de câmbio que nada

27,50

65.94

28,75 28,50

61.95

29,00 30,50 30,25 31,25

32,50 27,00 30,75 30,15 33,00 32,45

América Latina. Entre (js países euro

peus cujas moedas acusa\-am, até bâ pouco, maiores deságios que a.s moedas

York", a taxa livre do dólar canadense.

A taxa livre do franco francês, que fi gura na mesma publicação, não ó a \'crdadeira taxa livre que foi, temporàriamente, duas vêzes menor que a taxa oficial, mas a taxa fixada, sob controle

tinham de livres, mas eram fixadas pelas autoridades monetárias. A fim de evitar a confusão desses tipos de câmbio

do govôrno, pelos bancos auloriziidos. Limitamos, portanto, o quadro seguinte

O mais significati

vo ó que o movimento das taxas cam nutenção ou pelas mudanças das taxas oficiais. No Bradl. a taxa oficial ficou

práticamente a mesma, apenas ligeira mente alterada pela suspensão tempo rária (1946/47) do imposto sobre a transferencia de fundos para o exterioi*. No Chile as taxas múltiplas oficiais ficaram inalteradas até janeiro de 1950, quando foi criada uma nova taxa de 60,10 pesos por dólar — ao lado de

com as taxas verdadeiramente livres, o

à reprodução do movimento das taxas 1»'

Fundo Monetário Internacional recorre

vres e diferentes das ta.xas oficiais

a uma terminologia própria e pouco

diversas moedas, de acordo com os d»'

clara. Designa, por exempla, a taxa livre

entre 10,47 o 43,10. A criação da nova taxa não teve repercussão sensível sobre

dos publicados pelo Fundo Monetáfi^

a taxa do dólar no mercado livre.

do cruzeiro, em relação ao dólar, por

Internacional.

diversas outras que continuam variando

A desvalorização do pêso argentino,

60.48

60,72 64,68 71,12

81,57 93,15 96,44 99.96 102,15 98,80 97.62 96,95

Uruguai

1,90 2,38 2,50 2,32 2,25 2,25 2,28

2,65 2,64

2.77 2,85 3,60 3,10 2,60 2,85 2.78

em outubro do ano passado, provocou

uma forte alta do dólar no mercado li

vre, mas essa reação durou apenas al gumas semanas. Em seguida o dólar

desceu, pura atingir em março último

o mesmo nível em que se encontrava nas vésperas da desvalorização. Quanto ao

peso uruguaio, a reação sôbre a desvalo

rização foi semelhante: imediatamente

depms da mudança da taxa oficial, uma forte baixa do preço no mercado livre depois a volta ao nível anterior à de7; valorização.

O mercado de notas em Zurique '"dependência de movimentos no mercado livre em face da

deravalorização das taxas oficiais não é

uma particularidade das moedas da

América Latina. Fenômenos semelhan tes verificaram-se também para as moedas européias recentemente desvalori zadas.


IT

I1

*

DlCESl

Dicesto EcoNÓNnco

9

Diciwro EcONÓ>aco

taxa oficial do dólar.' Desde essa época,

o preço do íló'ar livre cm Zurique os cila muito píTlo da taxa oficial.

qual o mercado livre antecipa as de-

o melhor pôsto <3e observação a esse

mundo são cliàHamcntc publicados rros

êsse aspecto, muna posição privilegiada,

absolulamintc certos. Sao ma;s indica

mento das mta-das européias que foram

nlunão e ao franco francês, tal explica

ções do que cotações. Em parlicidar, os preçcs das moedas de menor movi

oficialmente desvalorizadas etn 1949 —

ção é, sem dúvida, insuficiente.

a pescta espanhola ("taxa preferenciai")

querer atribuir nos Ixincos e particula

mento, tal o cnizxiro, acusam lelalivamcntc grandes fluluaçoe-;, f a mar

cm outubro, o xi.ing austríaco oin no

res que operam ncssê mercado dons

vembro, as outras niocvlas cm setembro.

proféticos, deve-se reconhecer que o

gem entre a taxa de compra c a taxa

Algumas, cm particular o marco alemão,

do venda difere ás vezes até 2(Kr, mar

o franco francês c o florim Imlandés

respeito é o mercado suíço, cm parlí- .grandes jornais suíços. Toda%ia, não cuiar o de Zurique. A Suíça está. sob se pode considerar ús'es dados como não somente por ser o único país eu

ropeu que não desvalorizou sua moeda desde a guerra, como também porque seus negócios cambiais gozam de plena liberdade.

Não se limitam, como na

maioria dos outros países, a casas espe cializadas em câmbio — via de regra

casas de maior vulto — mas os grandes bancos suíços tomam parte muito ati va no mercado cambial, o que lhe dá maior relêvo.

Porém, imiitv) mais curioso é o movi

gem em conscqtiència do risco de man

acu-javain já antes da desvalorizuição uma

ter as notas durante muito tempo antes

forte alta.

de encontrar um clit nle. Não obstante,

continuaram subindo depois da sna dcs-

os preços de Zurique são considerados

valoriz.ação, de 21% c 22!t> respectiva

na Europa como os mais representativos

mente, enquanto (iiie o florim. (jue foi desvuloriz.acio na proporção de G0%, fi

do mercado livre e servem como orien

Ao lado das divisas pròpriamente di

O marco e o franco Iranccs

ci}:üe.s das autoridades monetárias é vá

lida apenas cm algun.s casos. Em ou tros, como no que diz respeito ao marco Sem

movimento dos preços reflete, grosso

modo, a situação cambial dos rcíjpectivos países. O aumento ou a diminuição das reservas de ouro e de divisas cambiais, dos atrasados comerciais, a obtenção de empréstimos estrangeiros, a balança co mercial, em suma todos os elementos da

balança dc pagamentos entram no cál culo. Além disso, a inflação interna, o

há na Suíça um amplo mercado de notas

tação nas praças menos importantes. Utilizamos, portanto, é.sses preço.s para evidenciar o movimento das notas anle.s

cm francos suíços, nràticamenlo estável,

déficit orçuimcntário, o acréscimo ou de

.sofrendo apenas uma l);uxa de 8% cm

créscimo da produção têm efeitos sobre

estrangeiras, Os preços das cédulas de

e depois da desvaloriziição da libra es

relação ao dólar.

a fíumaçâo dos preços no mercado li

uns vinte países de tôdas as parles do

terlina cm setembro de 1949.

tas — transações em moeda e-critural —

cou desde o mês dc setembro, medido

A. baixa da libra cin relação ao franco

suíço foi igualmente pequena, depois

PREÇOS DE PAPEL-MOEDA NO MERCADO DE ZURIQUE

da desvalorização, ma.s neste caso o

(Em francos suíços) Paises

Unidúdes dezembro agôsto 48

Estados Unidos

Inglatena França Alemanha

Bélgica Holanda Suécia Itália

Áustria Dinamarca

Noruega

Espanha Portugal

49

I dólar

3,98

3,97

1 libra 100 francos 100 marcos 100 francos 100 florins 100 coroas 100 liras 100 xilings

12,40 .0,78 20,00 7,35

11,40

73,00

75,00 0,61

10,00 100 coroas 44,00 100 coroas 43,00 100 pesetas 11,20 100 escudos 14,70

1,07 e.s,50 8,65 106,00

outubro dezembro 49

4,33 11,10 1.13 67,30

8,63

10,25

100,00 70,00 0,85 14,20 50,00 50.00 10,00

15,25

14,50

71,00 0,67 16,00 53,00 52,00

mercado livre já antecipou a alteração da taxa oficial, c as notas inglesas guar

junho 50

49

daram um déficit dc cérca do 8% cm relação ã nova taxa oficiai cio dólar

4.32

4,29 10,05 1,10

11,15

(2,58 em vez de 2.80).

1,20

e.scandinavas,

83,00

As moedas

desvalorizadas

dc

30%,

72,00 8,60 103,00

8,50 106,50

67,00

70,75

sivelmente inferiores à nova taxa oficial.

0,66 13,50

0,63 13,50 49,00 49,00

O movimento das outras moedas tam

50,00 47,00 9,00

15,00

baixaram no mercado livro de 8-12%;

entretanto, os seus preços são ainda sen

bém ficou pouco influenciado pela clcsvaloriziição.

8,45 14,80

O critério do mercado Jiore

vro de câmbio.

Em outros casos, elementos mera

mente técnicos tornam-se decisivos. Tal

critério manifesta-se, sobretudo, na di ferenciação de diversas contas da mesma

moeda. A libra, por exemplo, não é mais inna divisa única. A Inglaterra mantém contas especiais de diversos

países, e os saldos dessas contas podem ser utilizados somente cm transações com o pais respectivo. Por conseguin te, o valor da libra não depende unica

mente da situação geral da Inglaterra, mas da posição comercial e financeira

da Grã-Bretanha em relação ao país em questão.

O negócio dessas divisas é

particularmente de:envolvido em Tanger, um dos mais importantes mercados li vres no mundo. No dia da desvaloriza

Para apreciar os

dados no quadro

setembro de 1949, no mercado

uma baixa de cerca de 8% em

fato de que os preços são expressos em francos suíços e que o próprio franco

ao dólar. Não foi uma depreciação sentido comum, pois o franco

suíço sofreu, sem ser desvalorizado, em

acusava antes um ágio em relação a

J

Em vista desses movimentos de apa rência paradoxal, surge a questão de saber qual é o critério do mercado li vre, A explicação comodista segundo a

ção do esterlino (18/9/49), as cotações

desses diversos tipos de libras inglêsas foram, dc acôrdo com o Banco Interna

cional de Tânger, as seguintes:


IT

I1

*

DlCESl

Dicesto EcoNÓNnco

9

Diciwro EcONÓ>aco

taxa oficial do dólar.' Desde essa época,

o preço do íló'ar livre cm Zurique os cila muito píTlo da taxa oficial.

qual o mercado livre antecipa as de-

o melhor pôsto <3e observação a esse

mundo são cliàHamcntc publicados rros

êsse aspecto, muna posição privilegiada,

absolulamintc certos. Sao ma;s indica

mento das mta-das européias que foram

nlunão e ao franco francês, tal explica

ções do que cotações. Em parlicidar, os preçcs das moedas de menor movi

oficialmente desvalorizadas etn 1949 —

ção é, sem dúvida, insuficiente.

a pescta espanhola ("taxa preferenciai")

querer atribuir nos Ixincos e particula

mento, tal o cnizxiro, acusam lelalivamcntc grandes fluluaçoe-;, f a mar

cm outubro, o xi.ing austríaco oin no

res que operam ncssê mercado dons

vembro, as outras niocvlas cm setembro.

proféticos, deve-se reconhecer que o

gem entre a taxa de compra c a taxa

Algumas, cm particular o marco alemão,

do venda difere ás vezes até 2(Kr, mar

o franco francês c o florim Imlandés

respeito é o mercado suíço, cm parlí- .grandes jornais suíços. Toda%ia, não cuiar o de Zurique. A Suíça está. sob se pode considerar ús'es dados como não somente por ser o único país eu

ropeu que não desvalorizou sua moeda desde a guerra, como também porque seus negócios cambiais gozam de plena liberdade.

Não se limitam, como na

maioria dos outros países, a casas espe cializadas em câmbio — via de regra

casas de maior vulto — mas os grandes bancos suíços tomam parte muito ati va no mercado cambial, o que lhe dá maior relêvo.

Porém, imiitv) mais curioso é o movi

gem em conscqtiència do risco de man

acu-javain já antes da desvalorizuição uma

ter as notas durante muito tempo antes

forte alta.

de encontrar um clit nle. Não obstante,

continuaram subindo depois da sna dcs-

os preços de Zurique são considerados

valoriz.ação, de 21% c 22!t> respectiva

na Europa como os mais representativos

mente, enquanto (iiie o florim. (jue foi desvuloriz.acio na proporção de G0%, fi

do mercado livre e servem como orien

Ao lado das divisas pròpriamente di

O marco e o franco Iranccs

ci}:üe.s das autoridades monetárias é vá

lida apenas cm algun.s casos. Em ou tros, como no que diz respeito ao marco Sem

movimento dos preços reflete, grosso

modo, a situação cambial dos rcíjpectivos países. O aumento ou a diminuição das reservas de ouro e de divisas cambiais, dos atrasados comerciais, a obtenção de empréstimos estrangeiros, a balança co mercial, em suma todos os elementos da

balança dc pagamentos entram no cál culo. Além disso, a inflação interna, o

há na Suíça um amplo mercado de notas

tação nas praças menos importantes. Utilizamos, portanto, é.sses preço.s para evidenciar o movimento das notas anle.s

cm francos suíços, nràticamenlo estável,

déficit orçuimcntário, o acréscimo ou de

.sofrendo apenas uma l);uxa de 8% cm

créscimo da produção têm efeitos sobre

estrangeiras, Os preços das cédulas de

e depois da desvaloriziição da libra es

relação ao dólar.

a fíumaçâo dos preços no mercado li

uns vinte países de tôdas as parles do

terlina cm setembro de 1949.

tas — transações em moeda e-critural —

cou desde o mês dc setembro, medido

A. baixa da libra cin relação ao franco

suíço foi igualmente pequena, depois

PREÇOS DE PAPEL-MOEDA NO MERCADO DE ZURIQUE

da desvalorização, ma.s neste caso o

(Em francos suíços) Paises

Unidúdes dezembro agôsto 48

Estados Unidos

Inglatena França Alemanha

Bélgica Holanda Suécia Itália

Áustria Dinamarca

Noruega

Espanha Portugal

49

I dólar

3,98

3,97

1 libra 100 francos 100 marcos 100 francos 100 florins 100 coroas 100 liras 100 xilings

12,40 .0,78 20,00 7,35

11,40

73,00

75,00 0,61

10,00 100 coroas 44,00 100 coroas 43,00 100 pesetas 11,20 100 escudos 14,70

1,07 e.s,50 8,65 106,00

outubro dezembro 49

4,33 11,10 1.13 67,30

8,63

10,25

100,00 70,00 0,85 14,20 50,00 50.00 10,00

15,25

14,50

71,00 0,67 16,00 53,00 52,00

mercado livre já antecipou a alteração da taxa oficial, c as notas inglesas guar

junho 50

49

daram um déficit dc cérca do 8% cm relação ã nova taxa oficiai cio dólar

4.32

4,29 10,05 1,10

11,15

(2,58 em vez de 2.80).

1,20

e.scandinavas,

83,00

As moedas

desvalorizadas

dc

30%,

72,00 8,60 103,00

8,50 106,50

67,00

70,75

sivelmente inferiores à nova taxa oficial.

0,66 13,50

0,63 13,50 49,00 49,00

O movimento das outras moedas tam

50,00 47,00 9,00

15,00

baixaram no mercado livro de 8-12%;

entretanto, os seus preços são ainda sen

bém ficou pouco influenciado pela clcsvaloriziição.

8,45 14,80

O critério do mercado Jiore

vro de câmbio.

Em outros casos, elementos mera

mente técnicos tornam-se decisivos. Tal

critério manifesta-se, sobretudo, na di ferenciação de diversas contas da mesma

moeda. A libra, por exemplo, não é mais inna divisa única. A Inglaterra mantém contas especiais de diversos

países, e os saldos dessas contas podem ser utilizados somente cm transações com o pais respectivo. Por conseguin te, o valor da libra não depende unica

mente da situação geral da Inglaterra, mas da posição comercial e financeira

da Grã-Bretanha em relação ao país em questão.

O negócio dessas divisas é

particularmente de:envolvido em Tanger, um dos mais importantes mercados li vres no mundo. No dia da desvaloriza

Para apreciar os

dados no quadro

setembro de 1949, no mercado

uma baixa de cerca de 8% em

fato de que os preços são expressos em francos suíços e que o próprio franco

ao dólar. Não foi uma depreciação sentido comum, pois o franco

suíço sofreu, sem ser desvalorizado, em

acusava antes um ágio em relação a

J

Em vista desses movimentos de apa rência paradoxal, surge a questão de saber qual é o critério do mercado li vre, A explicação comodista segundo a

ção do esterlino (18/9/49), as cotações

desses diversos tipos de libras inglêsas foram, dc acôrdo com o Banco Interna

cional de Tânger, as seguintes:


í IL Mlt.fl

Dicesto Económ^c®

10

i Conta de Tânger £ " argentina £ " belga

^ 3,32 - 3.30 ^ 3,30 _ .3..J0 5 3,70 - 3,80

£

"

£

" francesa n.® .1

holandesa transferível

$ 3,10 — 3,15

£ £ f

" espanhola " do Irã " portuguesa

$ 3,03 — 3,14 $ 3,OS — .3,lfi $ 3,45 — 3.70

£

" dinamarquesa

•$ 2,97 — 3^0.5

A conjuntura histórica e o Brasil

3 3.13 — 3.21

IIeuo Jacuahide

(Confcrâticúi rcaliziula, cm 2S de julho tí//«;no, sob os ouspícios do Instituto de Economia da Associação Comercio/ dc São Paulo e da Federação do Comercio do Estado de São Paulo) 1 — EMEnCÊNClA Naciünaj,

í;

A libra da conta brasileira tem tam-

se deveria scbrccslirriar o volume das

bém seu preço especial, bem diferente do preço geral da libra no mercado livrc.

transações nesse mercado. Embora somcm provavelmente lodo dia \';iríos nnIhõer. de dólares, são pcrpienas -cm re-

Enfim, o mercad. livre de câmbio ''^.^'..'""anSbiÔ "T""''"

observa, naturalmente, com grande "í"-'"",' H atençáe, os acontecimentos políticos in-

temacionais, A invasão da Coréia do '"""í''.'''"'

o Brasil, a despeito de suas insufi

T"'

"" «-«nier-

indica, porém, que essa fase está ul trapassada. Se c.vaininanuüs a conjun tura de nossa éjioca, \'Cieinos <iue a

passado, fôra-se tornando uma unida

aceleração dos fenômenos históricos su

de de interesses e de cultura a que não correspondia a pluralidade dos Estados .soberanos. Enquanto o desenvolvimen

S11I flp.. ^ " «a tc^orcia üo Su! deu imediatamente ensejo a um re-

internacional. Milhares de homens ..gócios em todos os poises acrcdi-

çao ao do.ar, em particular do franco

no mercado livre são mais realistas qno

c,s preços

perou a capacidade de rcajuslamento

rances. Não se deveria esperar que

as taxas oficiais, o essa convicção dá aO

vegelativo das nações. Se examinarmos nossa própria existência nacional, obser

cuo de varias moedas européias, em rc-

a opinião dos cambi:tas do mercado

livre sempre seja justa. Também não

com ou sem ra-adi„,

mórdios de.-ta centviria, em séria crise. A desproporção entre o nível cul-

ciências históricas, pode subsistia, até 'iurnl e técnico atingido pelos Estados nossos dias, como nação autônoma, por curopvus e a ordenação político-econô que nossa vitalidade vegetaliva tem bas mica inlomacional, provocou a ruptura tado para nossa auto-conservação. Tudo do equilíbrio das potências e desenca

l- rc c- rrnr.to F

cimento capitalístico, entrou, nos pri-

mercado livre sua verdadeira importáii'

varemos, confirmando essa preincncia,

cia na economia mundial.

que nossas crises se complicam umas com as outras, que nossa existência se em

bota, que o Brasil está na iminência de perder, inapelàvclmente, suas possibi

lidade:, de existência superior. As considerações que se seguem con sistem um esforço de análise da conjun

deou a guerra de 1914. A Europa, a partir da segunda metade do século

to europeu encontrou facilidades em ca

nalizar seu impulso para as áreas sub desenvolvidas do mundo, o imperialismo

colonial pôde dar vazão ao sôbie-poder dos Estados europeus. Desde que se esgotaram, contudo, as

pos;ibi!idades do imperialismo colonial,

aquele sôbre-poder levou-os a disputar

tura histórica e de nossa situação.

a hegemonia da Europa, conduzindo-os à gueira. A repartição de forças, entre

II — A coNjuNTunA msTÓniCA

as duas constelações de alianças, tomou impossível a afirmação de qualquer he gemonia, resultando a l.-"» Grande Guer

Individualismo político dos Estados

1

À cultura ocidental, de que somos modesta c vacilante expressão, mas a cujo destino estamos ligados, atravessa em nossa época um de seus momentos

de individualismo político dos grandes Estados europeus. Incapazes de ela borar uma ordenação política interna cional, voltaram a se defrontar em nova

decisivos'. O mundo formado pela Be-

lUta, mais violenta e destruidora que a

volução Francesa e consolidado, no sé culo XIX, pela criação de Estados mo

duas guerras foi o definitivo aniquíla-

dernos de base nacional e pelo enrique ... .

ra num debilitamento geral. Com isso surgiu a crise do que se poderia chamar

anterior. E a conseqüência final dejsas mento das potências européias. Nenhu-


í IL Mlt.fl

Dicesto Económ^c®

10

i Conta de Tânger £ " argentina £ " belga

^ 3,32 - 3.30 ^ 3,30 _ .3..J0 5 3,70 - 3,80

£

"

£

" francesa n.® .1

holandesa transferível

$ 3,10 — 3,15

£ £ f

" espanhola " do Irã " portuguesa

$ 3,03 — 3,14 $ 3,OS — .3,lfi $ 3,45 — 3.70

£

" dinamarquesa

•$ 2,97 — 3^0.5

A conjuntura histórica e o Brasil

3 3.13 — 3.21

IIeuo Jacuahide

(Confcrâticúi rcaliziula, cm 2S de julho tí//«;no, sob os ouspícios do Instituto de Economia da Associação Comercio/ dc São Paulo e da Federação do Comercio do Estado de São Paulo) 1 — EMEnCÊNClA Naciünaj,

í;

A libra da conta brasileira tem tam-

se deveria scbrccslirriar o volume das

bém seu preço especial, bem diferente do preço geral da libra no mercado livrc.

transações nesse mercado. Embora somcm provavelmente lodo dia \';iríos nnIhõer. de dólares, são pcrpienas -cm re-

Enfim, o mercad. livre de câmbio ''^.^'..'""anSbiÔ "T""''"

observa, naturalmente, com grande "í"-'"",' H atençáe, os acontecimentos políticos in-

temacionais, A invasão da Coréia do '"""í''.'''"'

o Brasil, a despeito de suas insufi

T"'

"" «-«nier-

indica, porém, que essa fase está ul trapassada. Se c.vaininanuüs a conjun tura de nossa éjioca, \'Cieinos <iue a

passado, fôra-se tornando uma unida

aceleração dos fenômenos históricos su

de de interesses e de cultura a que não correspondia a pluralidade dos Estados .soberanos. Enquanto o desenvolvimen

S11I flp.. ^ " «a tc^orcia üo Su! deu imediatamente ensejo a um re-

internacional. Milhares de homens ..gócios em todos os poises acrcdi-

çao ao do.ar, em particular do franco

no mercado livre são mais realistas qno

c,s preços

perou a capacidade de rcajuslamento

rances. Não se deveria esperar que

as taxas oficiais, o essa convicção dá aO

vegelativo das nações. Se examinarmos nossa própria existência nacional, obser

cuo de varias moedas européias, em rc-

a opinião dos cambi:tas do mercado

livre sempre seja justa. Também não

com ou sem ra-adi„,

mórdios de.-ta centviria, em séria crise. A desproporção entre o nível cul-

ciências históricas, pode subsistia, até 'iurnl e técnico atingido pelos Estados nossos dias, como nação autônoma, por curopvus e a ordenação político-econô que nossa vitalidade vegetaliva tem bas mica inlomacional, provocou a ruptura tado para nossa auto-conservação. Tudo do equilíbrio das potências e desenca

l- rc c- rrnr.to F

cimento capitalístico, entrou, nos pri-

mercado livre sua verdadeira importáii'

varemos, confirmando essa preincncia,

cia na economia mundial.

que nossas crises se complicam umas com as outras, que nossa existência se em

bota, que o Brasil está na iminência de perder, inapelàvclmente, suas possibi

lidade:, de existência superior. As considerações que se seguem con sistem um esforço de análise da conjun

deou a guerra de 1914. A Europa, a partir da segunda metade do século

to europeu encontrou facilidades em ca

nalizar seu impulso para as áreas sub desenvolvidas do mundo, o imperialismo

colonial pôde dar vazão ao sôbie-poder dos Estados europeus. Desde que se esgotaram, contudo, as

pos;ibi!idades do imperialismo colonial,

aquele sôbre-poder levou-os a disputar

tura histórica e de nossa situação.

a hegemonia da Europa, conduzindo-os à gueira. A repartição de forças, entre

II — A coNjuNTunA msTÓniCA

as duas constelações de alianças, tomou impossível a afirmação de qualquer he gemonia, resultando a l.-"» Grande Guer

Individualismo político dos Estados

1

À cultura ocidental, de que somos modesta c vacilante expressão, mas a cujo destino estamos ligados, atravessa em nossa época um de seus momentos

de individualismo político dos grandes Estados europeus. Incapazes de ela borar uma ordenação política interna cional, voltaram a se defrontar em nova

decisivos'. O mundo formado pela Be-

lUta, mais violenta e destruidora que a

volução Francesa e consolidado, no sé culo XIX, pela criação de Estados mo

duas guerras foi o definitivo aniquíla-

dernos de base nacional e pelo enrique ... .

ra num debilitamento geral. Com isso surgiu a crise do que se poderia chamar

anterior. E a conseqüência final dejsas mento das potências européias. Nenhu-


♦V '

DlCESTÜ licX)NáMlCO

12

ma delas logrou a hegemODÍa do con tinente. E a Europa, como unidade económico-poliüca, perdeu a hegemo nia do mundo, tomando-se tributária de novas potências.

perdrndo-s<? muitos dos N'alorcs criados e acumulados pela cultura ocidental. A crise esjjhitual

A crise que afeta as bases du vida Comparação com a Grécia

Não se pode deixar de ver uma sin gular corre-pondência entre ês:es fenô

material do Ocidente, sobretudo

da

Europa, encontra paralelo, it:j tprau ainda mais acentuado, ua perturbação

menos e os acontecimentos na Gréci4»

a partir de Pérlcles. Também a penín

O Ocidente é produto da feciindução do legado grego pelo cristianismo.

EcoNÔKnco

mesma não tarde muito.

As massas,

no seu destino sobrenatural, o não po

trata, fundamentalmente, de uma coli- '

dem, assim, consi rvar-se nos padrões culturais do Ocidente, cujos supostos ra

são entre o Ocidente e o Oriente.

dicam

numa

visão

transcendente do

Scroidão tccnicn

As perturbações materiais e espirituais que afetaram a vida ocidental li\'eram como efeito ncutializ;ir

tõdas as con

quistas mareadas pela ciência e pela téc

a Grécia se constituía numa unidade

tuída pelo espírito cientifico, nossa cul

eoonómico-cuitural e con:eguiu superar

tura passou a dirivar, perigosamente, para a negação de seus vahnes. O naturalúmo oitoccntisla marcou, no plano

De fato, o grande resultado da ciên

o depauperamento helênico e a conquis ta da península pelos macedônios e pos teriormente por Roma. Individualismo social

Se o individualismo político dos Es

das idéias, o momento crítico dessa auto-destruição.

Por coincidência, que oculta razões maLs profundas, a crise espiritual do

Ocidente atingiu seu máximo quando a Europa sc achava na plenitude de suas

potencialidades. Aí o motivo pelo qual

tados europeus os conduziu á situação

as elites culturais européias puderam su

em que ora se encontram, o individua

perar o naturalismo do século passado,

lismo social dos cidadãos deu causa a não menos graves resultados. Como é sabido, a incapacidade dos líderes da burguesia em elaborar um sistema de vida que assegurasse ao proletariado a satisfaçao de suas necessidades mínimas,

entendido êsse mínimo sob um ponto de vista histórico, levou o proletariado a se arregimentar contra as classes do

minantes, solapando as bases de seu poder. A conseqiiência da crise social foi a perturbação da economia íntima

de tôdas as nações, onde, quer persistam

no poder as classes burguesas, quer te nha este passado às mãos do proletaria do, a -vida humana ficou degradada.

abrindo novas e imensas por.spectivas para o espírito. Mas a superação dessa crise cultural não se fez sem deixar profundas cicatrizes. Quando as van guardas do pensamento ocidental aban

donavam o materialismo ''^^itoceulrista, ôssc atingia as massas, dcsorganizando-as espiritualmente. Sua mais grave conse qüência foi a causada no domínio reli

gioso. As elites ocidentais consoguiraiti»

cm certa margem, substit\iir a fé religio sa pela fé filoiófica. Embora esta não seja redutível àquela, pode-se admitir

que as elites conservem sua integrida de espiritual enquanto não se processo

uma renovação religiosa, desde que ®

nica nos últimos trezentos anos.

cia e da técnica ocidentais fõra o con trole da natureza.

Os fenômenos natu-

rai.s. graças à ciência e à técnica, foramse transformando, de ameaças, cm auxíliaros da vida.

Com as crises dos últi

mos decênios, essas vantagens desapare

ceram, porque a vida social, tornando-se caótica c problemática, adquiriu Ioda a insegurança e carregou-sc do tôdas as

ameaças que, liá trezentos anos. se ocul

tavam no mundo dos fenômenos natu rais.

A tecnificação da vida, realizada pelo afã de domínio do mundo, sc processou

à margem de qualquer controle e previ são.

Não SC elaborou uma técnica ca

paz de controlar a incursão das técnicas no âmbito da vida Iiumana.

Ri- 1

gorosnmente. um e outro não existem ,

mais. O Oriente ativo, representado pelo bloco russo, é um Oriente ocidentaliza- do, qnc licrdou a ciência e a técnica eu

mundo.

independência, que, na época em que a ameaça persa, entraram na luta pela hegemonia. O resultado dessa luta foi

iiílcrciscs o cuja forma de vida em tal ^

modo sc opõem que parece ine\'itável a ! deflagração de nova guerra. Não se '

Quando, a partir do Heuascimcnlo, a religiosidade ocidental foi sendo substi

dos-cidades, formados sob o clima da

entre duas potências antagônicas, cujos

porém, incapazes dc uma reação espe culativa, ficaram entregues ao imcdiatisino. Com isto, perderam a esperança

que desorganiza os supustos espírilvuiis de nossa cultura.

sula hclênica era um viveiro de Esta-

Du.ksio

Em com

ropéias e que se tomou perigoso justa mente por SC Inivcr integrado completa- > mente nos princípios científico-técnicos

do Ocidente. O Ocidente ati\'o, repre sentado pelo bloco americano, exprime uma cultura ocidental já decadente, desligada de seus supostos transcendentes.

Tampouco cabe dizer que o antagonismo russo-amcricano corresponda à' , luta do socialismo contra o capitalismo. ' O quadro cm que se formou essa lutai que era o da Europa democrático-libe--^ ral-capitalista, já foi profundamente al terado.

O socialismo mar.xísta, em .sua,'

aplicação soviética, tornou-se capitalis- ^ mo de Estado, monopólio dc Estado, 1 mais-\'alia de Estado. A liberdade eco nômica transformou-se em servidão to

tal. com supressão da liberdade política ' e individual. Por seu lado, a democra-'

cia liberal desapareceu, para dar lugar

a oligarquias, ao intervencionismo e à massificação.

O antagonismo russo-americano expri

seqüência, a vida humana ficou tccniíi-

me a necessidade de estabelecimento de uma ordenação político-econômica do mundo, impossível de se realizar suasò-

homem unicamente às suas dimensões

riamente pela oposição de interesses,

cada, despida de todos os valores con cretos da personalidade, reduzindo-se o sociais.

Antagonismo russo-americano

A ruína económico-política da Euro pa, sucedeu uma repartição do mundo

pela incompreensão de dois blocos de

diferente formação cultural, pela falta

recíproca de confiança, pela vontade de hegemonia. Exprime, no plano internai cional, a impotência do homem moder-


♦V '

DlCESTÜ licX)NáMlCO

12

ma delas logrou a hegemODÍa do con tinente. E a Europa, como unidade económico-poliüca, perdeu a hegemo nia do mundo, tomando-se tributária de novas potências.

perdrndo-s<? muitos dos N'alorcs criados e acumulados pela cultura ocidental. A crise esjjhitual

A crise que afeta as bases du vida Comparação com a Grécia

Não se pode deixar de ver uma sin gular corre-pondência entre ês:es fenô

material do Ocidente, sobretudo

da

Europa, encontra paralelo, it:j tprau ainda mais acentuado, ua perturbação

menos e os acontecimentos na Gréci4»

a partir de Pérlcles. Também a penín

O Ocidente é produto da feciindução do legado grego pelo cristianismo.

EcoNÔKnco

mesma não tarde muito.

As massas,

no seu destino sobrenatural, o não po

trata, fundamentalmente, de uma coli- '

dem, assim, consi rvar-se nos padrões culturais do Ocidente, cujos supostos ra

são entre o Ocidente e o Oriente.

dicam

numa

visão

transcendente do

Scroidão tccnicn

As perturbações materiais e espirituais que afetaram a vida ocidental li\'eram como efeito ncutializ;ir

tõdas as con

quistas mareadas pela ciência e pela téc

a Grécia se constituía numa unidade

tuída pelo espírito cientifico, nossa cul

eoonómico-cuitural e con:eguiu superar

tura passou a dirivar, perigosamente, para a negação de seus vahnes. O naturalúmo oitoccntisla marcou, no plano

De fato, o grande resultado da ciên

o depauperamento helênico e a conquis ta da península pelos macedônios e pos teriormente por Roma. Individualismo social

Se o individualismo político dos Es

das idéias, o momento crítico dessa auto-destruição.

Por coincidência, que oculta razões maLs profundas, a crise espiritual do

Ocidente atingiu seu máximo quando a Europa sc achava na plenitude de suas

potencialidades. Aí o motivo pelo qual

tados europeus os conduziu á situação

as elites culturais européias puderam su

em que ora se encontram, o individua

perar o naturalismo do século passado,

lismo social dos cidadãos deu causa a não menos graves resultados. Como é sabido, a incapacidade dos líderes da burguesia em elaborar um sistema de vida que assegurasse ao proletariado a satisfaçao de suas necessidades mínimas,

entendido êsse mínimo sob um ponto de vista histórico, levou o proletariado a se arregimentar contra as classes do

minantes, solapando as bases de seu poder. A conseqiiência da crise social foi a perturbação da economia íntima

de tôdas as nações, onde, quer persistam

no poder as classes burguesas, quer te nha este passado às mãos do proletaria do, a -vida humana ficou degradada.

abrindo novas e imensas por.spectivas para o espírito. Mas a superação dessa crise cultural não se fez sem deixar profundas cicatrizes. Quando as van guardas do pensamento ocidental aban

donavam o materialismo ''^^itoceulrista, ôssc atingia as massas, dcsorganizando-as espiritualmente. Sua mais grave conse qüência foi a causada no domínio reli

gioso. As elites ocidentais consoguiraiti»

cm certa margem, substit\iir a fé religio sa pela fé filoiófica. Embora esta não seja redutível àquela, pode-se admitir

que as elites conservem sua integrida de espiritual enquanto não se processo

uma renovação religiosa, desde que ®

nica nos últimos trezentos anos.

cia e da técnica ocidentais fõra o con trole da natureza.

Os fenômenos natu-

rai.s. graças à ciência e à técnica, foramse transformando, de ameaças, cm auxíliaros da vida.

Com as crises dos últi

mos decênios, essas vantagens desapare

ceram, porque a vida social, tornando-se caótica c problemática, adquiriu Ioda a insegurança e carregou-sc do tôdas as

ameaças que, liá trezentos anos. se ocul

tavam no mundo dos fenômenos natu rais.

A tecnificação da vida, realizada pelo afã de domínio do mundo, sc processou

à margem de qualquer controle e previ são.

Não SC elaborou uma técnica ca

paz de controlar a incursão das técnicas no âmbito da vida Iiumana.

Ri- 1

gorosnmente. um e outro não existem ,

mais. O Oriente ativo, representado pelo bloco russo, é um Oriente ocidentaliza- do, qnc licrdou a ciência e a técnica eu

mundo.

independência, que, na época em que a ameaça persa, entraram na luta pela hegemonia. O resultado dessa luta foi

iiílcrciscs o cuja forma de vida em tal ^

modo sc opõem que parece ine\'itável a ! deflagração de nova guerra. Não se '

Quando, a partir do Heuascimcnlo, a religiosidade ocidental foi sendo substi

dos-cidades, formados sob o clima da

entre duas potências antagônicas, cujos

porém, incapazes dc uma reação espe culativa, ficaram entregues ao imcdiatisino. Com isto, perderam a esperança

que desorganiza os supustos espírilvuiis de nossa cultura.

sula hclênica era um viveiro de Esta-

Du.ksio

Em com

ropéias e que se tomou perigoso justa mente por SC Inivcr integrado completa- > mente nos princípios científico-técnicos

do Ocidente. O Ocidente ati\'o, repre sentado pelo bloco americano, exprime uma cultura ocidental já decadente, desligada de seus supostos transcendentes.

Tampouco cabe dizer que o antagonismo russo-amcricano corresponda à' , luta do socialismo contra o capitalismo. ' O quadro cm que se formou essa lutai que era o da Europa democrático-libe--^ ral-capitalista, já foi profundamente al terado.

O socialismo mar.xísta, em .sua,'

aplicação soviética, tornou-se capitalis- ^ mo de Estado, monopólio dc Estado, 1 mais-\'alia de Estado. A liberdade eco nômica transformou-se em servidão to

tal. com supressão da liberdade política ' e individual. Por seu lado, a democra-'

cia liberal desapareceu, para dar lugar

a oligarquias, ao intervencionismo e à massificação.

O antagonismo russo-americano expri

seqüência, a vida humana ficou tccniíi-

me a necessidade de estabelecimento de uma ordenação político-econômica do mundo, impossível de se realizar suasò-

homem unicamente às suas dimensões

riamente pela oposição de interesses,

cada, despida de todos os valores con cretos da personalidade, reduzindo-se o sociais.

Antagonismo russo-americano

A ruína económico-política da Euro pa, sucedeu uma repartição do mundo

pela incompreensão de dois blocos de

diferente formação cultural, pela falta

recíproca de confiança, pela vontade de hegemonia. Exprime, no plano internai cional, a impotência do homem moder-


r/T-v'

Dicesro

no em face da tecnificaçáu da vida, an te a inexistência de uma técnica ^que controle socialmente as técnicas.

Outros perigos internacionais

A terminação da fase imperialista eu ropéia se fc-z coincidindo com o desenmvirnento do imperialismo americano.

Sem analisar os múltiplos aspectos dêsse

imperialismo, basta caracterizar dois

.pontos do mesmo. De um lado, a luta pe.os mercados de manufaturados fez os Estados Uhidos conservarem suas tari

fas potecionistas, de sorte a tomar im possível a concoiTência industrial estrangeiia em território americano. De

outro lado, o autarquismo ianque e a ne cessidade de aplicar capitais com maior endimento estão levando os Estados Unidos à formação de grandes lavou ras tropicais na África, ameaçando, pe

i

rigosamente, a agricultura sul-america na, principalmente a brasileira. Acres-

Econónhco

leo. Principalmente se- pefistirnvis eni

querer industrializar o pctrób-a <onlant]u apenas com o capital nacional. Concomitantcmente, aiiul.» «pu- pos

ção das mais amplas conseqüências. A transição do carvão-de-pedra para o petro.eo marcou a passagem do predomí nio inglês para o americano. A desçoberta da energia atômica e seu não dis tante emprêgo industrial tornarão obso-

letas as atuais formas de obtenção de energia e os processos industriais neles

baseados. Isso se dara precisamente quando o Brasil inicia o aproveitamento

de seu petróleo. E' muito possível que o aproveitamento industrial da energia atômica se faça em prazo bastante curto

para nos impedir um lucro compensador

da extração e do refinamento do petró

a integridade do planeta, com 'tudo que néle existe, em face das possibilidades

se inigiinlada, sobretudo por causa da

de autn-deslruição.

americano 6 cada vez menos capaz de dar escoamento h produção do país. Multiplicada essa produção com o esfôr- " ço dc guerra, c .suprimidos os mercados

suamos um dos combustíveis nnc-Iearcs

Em prazo mais imediato, podemos di

hoje conhecidos — o lório. tl«- nossas areias nionazílicas — não tlisponios do "baclc' ground" técnico-indu trial m-ccs-

zer (pie o antagoni.snío russo-amerlcano,

prestes a causar uma guerra incontrolá

superprodução.

O

mercado

interno

vel. é capaz de pro\ocar a ruína de to da a Europa e de afetar, i-ni escala ini-

europeus, não terão mais os norte-ame

mento seu aparelho ecninómico.

teremos de lutar com niii atraso inicial

maginá\cl, a \ ida americana. Tudo indi ca (juc a no\a marra acarretará a ocu pação, pela Rússia, de tôda a Europa con

que pode não ser rcc upí rãx cl.

tinental. com incmitáxel extermínio de

sário à utilização dos combustÍNeis atô

micos. E portanto, (pianclo enscrcdarmos pela obtenção da eneripa nuclear,

i! d

vidas e destruição de bens.

Os países

ricanos meios de manter

em funciona

O itiutrdo ibérico \

Consídorc-sc. agora, essa fração do

ocupados serão explorados implacàvel-

Ocidente que é o mundo ibérico, com-

menle; sa^us recursos canalizados para a

procndondo a Península Ibérica e a Amé

Nunca os homens cloniinarain a liistória. O desenrolar dos aconlcc-inu'n-

Hús.siu t orientados para a satisfação das necessidades so\-iclicas, sua população vá

rica Latina, especialmente importante para nós, que somos uma das principais

tos sempre ultrapassou os limites da

lida condenada ao trabalho cscra\o. Se,

nações qiie o integram.

consciência e da ação buinanas. Acon

numa segunda etapa da guer

A desintegração do mondo

tece, porém, (jue a cicucia c a técnica

ra, ;i reaçfu) americana lexar a

müderna.s intervém, cfelis aincntc, f ein

lula para o território russo, a

grande escala, na composição clc nosso futuro. Apesar disso, nossa incapacidade de controlar e pre\cr os r-fcilos dessa

retirada das forças soviéticas

a história se cle.senrolc à nossa revelia.

lo.s de serxàr aos americanos.

cente-se a isso outro fato relevante, qual seja o da transição, que ora se processa, intervenção continuam fazendo coni (pic para uma nova fonte de energia. Como e sabido, a adoção de novas fontes de energia constituiu sempre uma revolu

15

Dicesto EcoNó^aco

Achanio-nos, pois, na grave e paradoxal situação de provocarmos, consciente mente, efeitos que afetam, ein longo prazo, o nosso futuro, sendo incapazes de dirigir o conj'unto e o sentido desses efeitos.

O mundo da cultura, que sempre con sistiu num mundo à imagem c seme

lhança do homem, tornoii-se indepen dente do próprio homem.

Além do mundo natural, que cerca a vida da e.spécie de um permanente risco, estamos envolvidos por um mundo cultural, cons

truído por nós mas hoj'e independente de nossa vontade, incontrolável e im' previsível, que ameaça a integridade nosso espírito. Que ameaça, inclusive,

não se fará

sem a completa

destruição dos territórios ocu

pados, \'isando impossibilitáUma tal de.strnição poderá causar a morte de dezenas de milhões de vidas,

não tanto por seus

efeitos imediatos quanto pelo fato de a vida moderna depender da articulação de uma complicada lédc de uHHdadcs e serviços cuja desorganização se torna fatal . Sem luz e fôrça, sem água e es

gotos, sem transportes, sem fontes c e produção, sem intercâmbio comercial, a população de qualquer país moderno, sobretudo as populações urbanas, estão

Depois de um letargo dc dois séculos, a Espanha de nossos dias ocupou, quase su bitamente, uma

posição

de

vanguarda no pensamento oci dental. A men.sagem espanho la não se caracteriza, todavia,

por inovações no domínio téc-

nico-cicntífico, que foi onde melhores frutos produziu a J cultxira do Ocidente nos últimos tre- " zentos anos. Justamente o que há de importante no pensamento ibérico mo

derno é que ele voltou a se ocupar, verdadeiramente, do homem e de seu destino. Mas esse no\'o humanismo

ibériec, tão rico de perspectivas filosó ficas, contrasta, singularmente, com as

condições cconómico-políticas da Espa nha. Essa desproporção empresta uma

condenadas a uma rápida extcrminaçao.

feição agônica à moderna cultura espa

Reduzida a Europa a um campo de ruí nas, dizimada sua população, desorgani

nhola. E' como o canto do cisne de uma grande nação que não reúne mais os requisitos necessários para sobrevi ver. E' verdade que a América Latina, com todas as suas possibilidades virgens,

zada sua vida económico-poHtica, os Es tados Unidos deverão enfrentar, depois da guerra, embora vencendo-a, uma cri


r/T-v'

Dicesro

no em face da tecnificaçáu da vida, an te a inexistência de uma técnica ^que controle socialmente as técnicas.

Outros perigos internacionais

A terminação da fase imperialista eu ropéia se fc-z coincidindo com o desenmvirnento do imperialismo americano.

Sem analisar os múltiplos aspectos dêsse

imperialismo, basta caracterizar dois

.pontos do mesmo. De um lado, a luta pe.os mercados de manufaturados fez os Estados Uhidos conservarem suas tari

fas potecionistas, de sorte a tomar im possível a concoiTência industrial estrangeiia em território americano. De

outro lado, o autarquismo ianque e a ne cessidade de aplicar capitais com maior endimento estão levando os Estados Unidos à formação de grandes lavou ras tropicais na África, ameaçando, pe

i

rigosamente, a agricultura sul-america na, principalmente a brasileira. Acres-

Econónhco

leo. Principalmente se- pefistirnvis eni

querer industrializar o pctrób-a <onlant]u apenas com o capital nacional. Concomitantcmente, aiiul.» «pu- pos

ção das mais amplas conseqüências. A transição do carvão-de-pedra para o petro.eo marcou a passagem do predomí nio inglês para o americano. A desçoberta da energia atômica e seu não dis tante emprêgo industrial tornarão obso-

letas as atuais formas de obtenção de energia e os processos industriais neles

baseados. Isso se dara precisamente quando o Brasil inicia o aproveitamento

de seu petróleo. E' muito possível que o aproveitamento industrial da energia atômica se faça em prazo bastante curto

para nos impedir um lucro compensador

da extração e do refinamento do petró

a integridade do planeta, com 'tudo que néle existe, em face das possibilidades

se inigiinlada, sobretudo por causa da

de autn-deslruição.

americano 6 cada vez menos capaz de dar escoamento h produção do país. Multiplicada essa produção com o esfôr- " ço dc guerra, c .suprimidos os mercados

suamos um dos combustíveis nnc-Iearcs

Em prazo mais imediato, podemos di

hoje conhecidos — o lório. tl«- nossas areias nionazílicas — não tlisponios do "baclc' ground" técnico-indu trial m-ccs-

zer (pie o antagoni.snío russo-amerlcano,

prestes a causar uma guerra incontrolá

superprodução.

O

mercado

interno

vel. é capaz de pro\ocar a ruína de to da a Europa e de afetar, i-ni escala ini-

europeus, não terão mais os norte-ame

mento seu aparelho ecninómico.

teremos de lutar com niii atraso inicial

maginá\cl, a \ ida americana. Tudo indi ca (juc a no\a marra acarretará a ocu pação, pela Rússia, de tôda a Europa con

que pode não ser rcc upí rãx cl.

tinental. com incmitáxel extermínio de

sário à utilização dos combustÍNeis atô

micos. E portanto, (pianclo enscrcdarmos pela obtenção da eneripa nuclear,

i! d

vidas e destruição de bens.

Os países

ricanos meios de manter

em funciona

O itiutrdo ibérico \

Consídorc-sc. agora, essa fração do

ocupados serão explorados implacàvel-

Ocidente que é o mundo ibérico, com-

menle; sa^us recursos canalizados para a

procndondo a Península Ibérica e a Amé

Nunca os homens cloniinarain a liistória. O desenrolar dos aconlcc-inu'n-

Hús.siu t orientados para a satisfação das necessidades so\-iclicas, sua população vá

rica Latina, especialmente importante para nós, que somos uma das principais

tos sempre ultrapassou os limites da

lida condenada ao trabalho cscra\o. Se,

nações qiie o integram.

consciência e da ação buinanas. Acon

numa segunda etapa da guer

A desintegração do mondo

tece, porém, (jue a cicucia c a técnica

ra, ;i reaçfu) americana lexar a

müderna.s intervém, cfelis aincntc, f ein

lula para o território russo, a

grande escala, na composição clc nosso futuro. Apesar disso, nossa incapacidade de controlar e pre\cr os r-fcilos dessa

retirada das forças soviéticas

a história se cle.senrolc à nossa revelia.

lo.s de serxàr aos americanos.

cente-se a isso outro fato relevante, qual seja o da transição, que ora se processa, intervenção continuam fazendo coni (pic para uma nova fonte de energia. Como e sabido, a adoção de novas fontes de energia constituiu sempre uma revolu

15

Dicesto EcoNó^aco

Achanio-nos, pois, na grave e paradoxal situação de provocarmos, consciente mente, efeitos que afetam, ein longo prazo, o nosso futuro, sendo incapazes de dirigir o conj'unto e o sentido desses efeitos.

O mundo da cultura, que sempre con sistiu num mundo à imagem c seme

lhança do homem, tornoii-se indepen dente do próprio homem.

Além do mundo natural, que cerca a vida da e.spécie de um permanente risco, estamos envolvidos por um mundo cultural, cons

truído por nós mas hoj'e independente de nossa vontade, incontrolável e im' previsível, que ameaça a integridade nosso espírito. Que ameaça, inclusive,

não se fará

sem a completa

destruição dos territórios ocu

pados, \'isando impossibilitáUma tal de.strnição poderá causar a morte de dezenas de milhões de vidas,

não tanto por seus

efeitos imediatos quanto pelo fato de a vida moderna depender da articulação de uma complicada lédc de uHHdadcs e serviços cuja desorganização se torna fatal . Sem luz e fôrça, sem água e es

gotos, sem transportes, sem fontes c e produção, sem intercâmbio comercial, a população de qualquer país moderno, sobretudo as populações urbanas, estão

Depois de um letargo dc dois séculos, a Espanha de nossos dias ocupou, quase su bitamente, uma

posição

de

vanguarda no pensamento oci dental. A men.sagem espanho la não se caracteriza, todavia,

por inovações no domínio téc-

nico-cicntífico, que foi onde melhores frutos produziu a J cultxira do Ocidente nos últimos tre- " zentos anos. Justamente o que há de importante no pensamento ibérico mo

derno é que ele voltou a se ocupar, verdadeiramente, do homem e de seu destino. Mas esse no\'o humanismo

ibériec, tão rico de perspectivas filosó ficas, contrasta, singularmente, com as

condições cconómico-políticas da Espa nha. Essa desproporção empresta uma

condenadas a uma rápida extcrminaçao.

feição agônica à moderna cultura espa

Reduzida a Europa a um campo de ruí nas, dizimada sua população, desorgani

nhola. E' como o canto do cisne de uma grande nação que não reúne mais os requisitos necessários para sobrevi ver. E' verdade que a América Latina, com todas as suas possibilidades virgens,

zada sua vida económico-poHtica, os Es tados Unidos deverão enfrentar, depois da guerra, embora vencendo-a, uma cri


■»r'

DlGESTO ECONÓNflOO

16

absor\'e a mensagem da velha metró pole e poderia tomar-se, com maior fuhiro, a portadora dessa cultura. Mas a situa^-ão po'ítico-económica da América Latina não inspira menores apreensões. A maioria dos países latino-america nos não conseguiu superar suas limita'•.Ções geográficas, econômicas e sociais. São países prematuramente condenados

à morte, sufocados pelas resistências do nneio^ pela escassez de população e de ■ recursos. Apenas a Argentina e o Bra sil apresentam condições mais sóíidas de perduração, A falta de compreensão de

tica de crescente incompatibilidade. As redações oficiais entre a Argentina e o Brasil se tomam cada vez mais tensas.

Embora a economia desses dois países seja complementar, embora represente mos, com a Argentina, as duas expres• sóes mais

viáveis da cultura ibérica,

apesar, portanto, de compormos uma unidade

económico-cultural,

estamos

sendo levados, por ínconsciência, por uiepcia, por concessão a ridículas" pre

tensões de hegemonia, a nos tomarmos países hostis, caminhando insanamente

para uma guerra. E a deflagração de uma guerra argentino-brasileira repre sentará um golpe, talvez fatal, para as possibilidades históricas dos dois países. Nem um nem outro está em condições e.xercer uma hegemonia sul-america-

ua, que, inclusive, não significaria coi sa alguma na totalidade da conjuntura histórica; tanto mais que se trata de

dois países que só podem prosperar uni dos e que poderiam facilmente camipara a composição de um ordena mento internacional sul-americano,

17

*00 inconsciente perturlxui o mecanismo

Em suma

^ produção e consumiu, cm iniciativas A conjuntura

histórica se apresenta

com as còrcs mais sombrias. Estamos

planejadas, fabulosas parcelas da 'cceita pública. Por oulrti lado, sendo

entrem em falência, esmagadas sob o pê-

so dc dcficits crescentes, incapazes de renovar seu equipamento, consütuindo

no fim do ciclo europeu da culttira oci

o fiincionali.smo púl)IÍco a única ativi-

dental. No momento mais delicado da cultura ibérica. Estamos no limiar da

uma ferida aberta por onde se esvai a receita pública.

o Estado viu-.^^e íiirçado a ampliar, ca-

A crise poUtica c administrativa

*hido que se apresenta â classe média,

era atômica. Apesar disso nos, brasi leiros, não vimos agindo em função des

ponto dc comprometer em seu paga-

ses fatôres, nem temos clara consciên

^<?nto a maior parte de sua receita.

cia dos mesmos e de sua significação,

"a vez mais, os quadros do pessoal, ao

Iticomprccn.sâo da moeda

III — A SITUAÇÃO DRASILEIIIA

No plano financeiro, fomos incapazes

Estagnação econômica

Qe compreender o xcrdadeiro sentido da

i^uas respectivas situações, contudo, está

levando as duas repúblicas a uma polí

DicESTo EconAnuco

Contemp'ando a situação interna do Brasil, verificaremos que a nossa econo mia está afetada por um cre ccnte anquilosamcnto. Nossa produção não au menta na proporção do crescimento xa»jetalivo da população. Os centros ur banos provocaram o ôxodo dos campos, com prejuízo para a mão-de-obra agrí cola, tornando-se grandes consumidores de uma produção estacionaria. E os capitais concentrados nas grandes cida

des vêm afluindo, prevalentemcnlo, pa ra a especulação imobiliária. Os juros compensadores das operações urbanas dificultaram cada vez mais o crédito ru

ral. A clarse média, cujo crescimento é

correspondente ao das grandes cidades,

^ocda num país como o nosso. Vimos ^dotando conceitos clássicos sòbre os ^^eíos de pagamento,

som nos darmos

Conta de q\ic os proiileiuas de inflação

o def.açao não se ccjuaeionam igualnicnto nos países em cpic a produção supera corresponde ao consumo e nos países

Cm que ela fica abai.vu deste.

Além de

^fílor, a moeda é cnc rgia. Se, do pon-

Ic dc vista cslátict», ela acusa o valor riquezíi existente, do ponto dc vista

dinâmico ela representa um título de

^''cdílo sôbre a produção futura. Apesar de nosso classicismo, porem,

somos forçados a emitir para saldar os dcficits. Mas éstes, dado o excesso de

funcionários públicos, se origina das fôfhas de pagamento. Destarte, chegamos

tem-se visto a braços com dificuldades

oq absurdo dc preconizar uma política

do vida sempre maiores, acliando-sc cm plena crise. De tudo isso resultou uma progressi

def,acionária e anti-creditícia, para aca

va e inconsciente estatização.

Por fal

ta de compreensão de nossos problemas, nunca fomos capazes de prever e de evi tar as crises.

Ocorridas estas, o Esta

do, premido pelas circunstâncias, foi di latando, sem o menor planejamento, a esfera de sua intervenção. Êsse estatis-

barmos financiando o consumo, ou seja, praticarmos a essência da inflação. En quanto isso, se estagnam nossas fontes

produtivas, por falta de financiamento. Por outro lado, apesar de 80% do nos so intercâmbio de mercadorias se pro cessarem por intermédio das estradas de

^erro, deixamos que estas, não auferin do a necessária compensação dos fretes,

Política e administrativamente, a si tuação brasileira ainda é pior.

Os ór-

gãü.s e os homens públicos não repre

sentam nenhum interèsse coletivo. Se omitirmos algumas declarações constitu

cionais e dii posições de nossos códigos,

não poderemos dizer se a política brasi

leira é capitalista ou proletária. Porque nossa política não tem vinculação algu ma com os interesses fundamentais das

clasíes, nem representa as aspirações da nacionalidade. Entregues ao jogo fortuilo da i>olitica de clientela, somos do

minados por uma oligarquia de políti cos profissionais, que, por força de -le

gislação eleitoral, monopolizam o poder

dc indicar candidatos e de promover sua eleição, Tôda a política brasileira está controlada por algumas centenas de homens, que compõem a fraternidade

dos políticos profissionais, a revezar-se no poder.

Por outro lado, o Estado brasileiro, como instrumento do serviço público está completamente desaparelhado para exercer suas funções. Carecemos de equipes especializadas. Com exceção dos ministérios militares e do Itamarati, os demais órgãos do serviço público não contam com funcionários especialmente adestrados para suas tarefas. Tôda a vida económico-financeira do Brasil está entregue a homens improvisados, que o

favoriüsmo oficial coloca em funções básicas.

Há uma completa subversão

administrativa no tocante nos órgãos e


■»r'

DlGESTO ECONÓNflOO

16

absor\'e a mensagem da velha metró pole e poderia tomar-se, com maior fuhiro, a portadora dessa cultura. Mas a situa^-ão po'ítico-económica da América Latina não inspira menores apreensões. A maioria dos países latino-america nos não conseguiu superar suas limita'•.Ções geográficas, econômicas e sociais. São países prematuramente condenados

à morte, sufocados pelas resistências do nneio^ pela escassez de população e de ■ recursos. Apenas a Argentina e o Bra sil apresentam condições mais sóíidas de perduração, A falta de compreensão de

tica de crescente incompatibilidade. As redações oficiais entre a Argentina e o Brasil se tomam cada vez mais tensas.

Embora a economia desses dois países seja complementar, embora represente mos, com a Argentina, as duas expres• sóes mais

viáveis da cultura ibérica,

apesar, portanto, de compormos uma unidade

económico-cultural,

estamos

sendo levados, por ínconsciência, por uiepcia, por concessão a ridículas" pre

tensões de hegemonia, a nos tomarmos países hostis, caminhando insanamente

para uma guerra. E a deflagração de uma guerra argentino-brasileira repre sentará um golpe, talvez fatal, para as possibilidades históricas dos dois países. Nem um nem outro está em condições e.xercer uma hegemonia sul-america-

ua, que, inclusive, não significaria coi sa alguma na totalidade da conjuntura histórica; tanto mais que se trata de

dois países que só podem prosperar uni dos e que poderiam facilmente camipara a composição de um ordena mento internacional sul-americano,

17

*00 inconsciente perturlxui o mecanismo

Em suma

^ produção e consumiu, cm iniciativas A conjuntura

histórica se apresenta

com as còrcs mais sombrias. Estamos

planejadas, fabulosas parcelas da 'cceita pública. Por oulrti lado, sendo

entrem em falência, esmagadas sob o pê-

so dc dcficits crescentes, incapazes de renovar seu equipamento, consütuindo

no fim do ciclo europeu da culttira oci

o fiincionali.smo púl)IÍco a única ativi-

dental. No momento mais delicado da cultura ibérica. Estamos no limiar da

uma ferida aberta por onde se esvai a receita pública.

o Estado viu-.^^e íiirçado a ampliar, ca-

A crise poUtica c administrativa

*hido que se apresenta â classe média,

era atômica. Apesar disso nos, brasi leiros, não vimos agindo em função des

ponto dc comprometer em seu paga-

ses fatôres, nem temos clara consciên

^<?nto a maior parte de sua receita.

cia dos mesmos e de sua significação,

"a vez mais, os quadros do pessoal, ao

Iticomprccn.sâo da moeda

III — A SITUAÇÃO DRASILEIIIA

No plano financeiro, fomos incapazes

Estagnação econômica

Qe compreender o xcrdadeiro sentido da

i^uas respectivas situações, contudo, está

levando as duas repúblicas a uma polí

DicESTo EconAnuco

Contemp'ando a situação interna do Brasil, verificaremos que a nossa econo mia está afetada por um cre ccnte anquilosamcnto. Nossa produção não au menta na proporção do crescimento xa»jetalivo da população. Os centros ur banos provocaram o ôxodo dos campos, com prejuízo para a mão-de-obra agrí cola, tornando-se grandes consumidores de uma produção estacionaria. E os capitais concentrados nas grandes cida

des vêm afluindo, prevalentemcnlo, pa ra a especulação imobiliária. Os juros compensadores das operações urbanas dificultaram cada vez mais o crédito ru

ral. A clarse média, cujo crescimento é

correspondente ao das grandes cidades,

^ocda num país como o nosso. Vimos ^dotando conceitos clássicos sòbre os ^^eíos de pagamento,

som nos darmos

Conta de q\ic os proiileiuas de inflação

o def.açao não se ccjuaeionam igualnicnto nos países em cpic a produção supera corresponde ao consumo e nos países

Cm que ela fica abai.vu deste.

Além de

^fílor, a moeda é cnc rgia. Se, do pon-

Ic dc vista cslátict», ela acusa o valor riquezíi existente, do ponto dc vista

dinâmico ela representa um título de

^''cdílo sôbre a produção futura. Apesar de nosso classicismo, porem,

somos forçados a emitir para saldar os dcficits. Mas éstes, dado o excesso de

funcionários públicos, se origina das fôfhas de pagamento. Destarte, chegamos

tem-se visto a braços com dificuldades

oq absurdo dc preconizar uma política

do vida sempre maiores, acliando-sc cm plena crise. De tudo isso resultou uma progressi

def,acionária e anti-creditícia, para aca

va e inconsciente estatização.

Por fal

ta de compreensão de nossos problemas, nunca fomos capazes de prever e de evi tar as crises.

Ocorridas estas, o Esta

do, premido pelas circunstâncias, foi di latando, sem o menor planejamento, a esfera de sua intervenção. Êsse estatis-

barmos financiando o consumo, ou seja, praticarmos a essência da inflação. En quanto isso, se estagnam nossas fontes

produtivas, por falta de financiamento. Por outro lado, apesar de 80% do nos so intercâmbio de mercadorias se pro cessarem por intermédio das estradas de

^erro, deixamos que estas, não auferin do a necessária compensação dos fretes,

Política e administrativamente, a si tuação brasileira ainda é pior.

Os ór-

gãü.s e os homens públicos não repre

sentam nenhum interèsse coletivo. Se omitirmos algumas declarações constitu

cionais e dii posições de nossos códigos,

não poderemos dizer se a política brasi

leira é capitalista ou proletária. Porque nossa política não tem vinculação algu ma com os interesses fundamentais das

clasíes, nem representa as aspirações da nacionalidade. Entregues ao jogo fortuilo da i>olitica de clientela, somos do

minados por uma oligarquia de políti cos profissionais, que, por força de -le

gislação eleitoral, monopolizam o poder

dc indicar candidatos e de promover sua eleição, Tôda a política brasileira está controlada por algumas centenas de homens, que compõem a fraternidade

dos políticos profissionais, a revezar-se no poder.

Por outro lado, o Estado brasileiro, como instrumento do serviço público está completamente desaparelhado para exercer suas funções. Carecemos de equipes especializadas. Com exceção dos ministérios militares e do Itamarati, os demais órgãos do serviço público não contam com funcionários especialmente adestrados para suas tarefas. Tôda a vida económico-financeira do Brasil está entregue a homens improvisados, que o

favoriüsmo oficial coloca em funções básicas.

Há uma completa subversão

administrativa no tocante nos órgãos e


Dicesto EcoNó^^co

18

ir

Descendo do nível universitário para

aos servidores do Estado. O Banco do Brasil, uma sociedade particular isenta

o secundário, presenciamos um verda

dos necessários controles, estende -"^eus

deiro descalabro.

A

instrução

piora

pseudópodos por toda a administração, à

verticalmente.

As turmas ípif sarm de

revelia dos ministérios especializados e

nossos ginásios e que vão constituir a

do Congresso Nacional. Êste, por seu

opinião e a cultura mctlia do Pais, são

lado, carece de menor aparelhagem pa

destiluidas das mais rudinunlarcs no

ra o exercício de suas atribuições, per manecendo numa dependência do Exe

ções sõbre qualquer assunto. Paulainos nossa educação secundária por uni hu manismo arcaico c mal compreendido.

cutivo incompatível com o cumprimento das suas finalidades.

Confundimos,

como o \ellio clero do

Império, humanismo com ensino de la A crise cultural

tim. Confundimos a aprendiza*.;! in coiu o

cultivo da memória, c isso numa época

Passando do plano econômico e político-administrativo para o cultural, no ta-se a mesma situação de insuficiência

cm que as tabelas e informações iichadas tornam dc reduzida \alia o e fur<;"0 mncmònico. Além disso, o que uíiicla

w Dir;FMí» El UNiÚMiru americano.s tr.itam conosco em têrmos

tôdas essas questões, que se desenham

enniciciai.s.

cm planos tão distintos, desde o filosófi-

Paralc.aincntc, de.sciuoKc-sc a dema

gogia tl.is correntes populistas, que pronicteni dar o que não tem. fazer o que nao iaheni v repartir uma ri(|ue7.a incXtstentc, Mas (jue. de quah|uer modo,

sâo^ o (pie há de mais eficaz no Brasil, parco.a da pcípiena burguesia. En quanto i.s.so, no.ssos homens públicos, in capazes dl- lorem fé mim país cpic seja

por éle.s governado, seguros da geral •rresponsahiliclade, se aproxeitam dos cargos para !oeup'etaçües e orientam to-

ficável man a de padronização, nnm país

cultura moderna. Reina o mais primá

em que os Estados têm condiç-ão e ida

a l^ajulação dos parasitas.

rio objetivismo. As ciências são enten didas como coisas perfeitas e acabadas, e se confundem

com seus programas

oficiais. Nosso saber é técnico ou cien-

tífico-especializado, e ainda assim em nível precário. Falta-nos completamen te êsse saber culto, que consiste nu

ma compreensão filosófico-histórica do

de histórica tão diferente. De sorte que ncsso cn ino secundário nc-m resulta nu ma efetiva educação humanista, nem

equipa nossos gínasianos c<nn a instru ção necessária para (juc \i\ani sc-gundo as concliçõc.s concretas di- seus Estados

e Municípios c as e.xigcncias técnicoeconómicas do mundo contemporâneo.

mundo.

O panorama universitário e educacio nal do Brasil não nos promete uma rápi da elevação de nossa cultura. As uni versidades atendem, unicamente, à for

mação técnico-profi^sional dos futuros membros da classe liberal. E o fazem

muito deficitàriamentc. As Faculdades de Filosofia, que representam um esfôr-

Difisociação nacional

País sem iniciativa prixada, eiii c^uc

pululam as cidades c falta um correspon dente parque induFtrial, cm quo a re ceita pública é devorada pelas folhas de pagamento, em que a falta de produ

Na prática, tais faculdades são escolas

ção impede a importação dos equipa mentos básicos, estamos mergulhando, vertiginosamente, no pauperismo e na miséria. Ficamos, então, tudo aguar dando do Estado, ou do auxílio pater-

normais superiores que formam profes

nalístico da América do Norte, surpresos

sores de ginásio,

e indignados quando observamos que os

ço para a superação desse nível, não es tão adaptadas a suas funções. Falta-lhes uma colocação adequada em face da pró

pria filosofia e das ciências culturais.

o brasileiro contemporâneos. O futuro da religião

urbano dt- eonsÍderá\cl

sileiro se acha completamente a quo da

c mais grave, pecamos por uma injusti

que sumãrianiente, as per£pecti\'as que ■

SC abrem para o homem ocidental e para

^ ja granjear.un a adesão de <piase todo o proletariado

a .sua x lda pública para a conquista "•as peqiuuias xantagons do prestigio — o ^■arro oficial, a saudação dos contínuos,

e desmoronamento. O pensamento bra

co-roligioso até o político e econômico. Cumpre, entretanto, considerar, ainda

Nesse clima, o nível moral do País,

aletado pdas conx-ulscães espirituais de

nossa época, pela descristianização do "aindo, pela tecnificação da vida, pela uincionalização da pessoa luimana, en'^"nlra noxo.i.-. fatòres do per\'crsão. Nospovo perdeu, delinitixamcnle, a con-

hinça em seus dirigentes. Está perden

do a esperança em seu futuro. Sem sao que fazer da vida, o povo brasi leiro está-se abastardando. — PehsPECTIVAS E POSSIBILID/VDES

A tomada de con.sciéncia da conjunhistórica c da situação brasileira, a

A análise da conjuntura histórica reve

la que se encontram em crise os supos

tos espirituais e materiais do Ocidente. Essas crises, contudo, não são necessàriamente ínsuperáxeís.

Considerando, inicialmente,

o plano

filosófico-religloFo, devemos observar que a religiosidade é uma constante es piritual do homem. Por outro lado, não

é crível que a altura religiosa atingida jDelo Ocidente se perca para sempre. A indiferença religiosa das massas acusa apenas a impossibilidade de (continua rem vigindo, no mundo contemporâneo,

os modelos

de religiosidade formados

pela Europa mcdiewal e renascentista.

Em grau menor, houve crises semelhan

tes na história do cristianismo. Assim, os modelos de religiosidade patrística, apoiados no ccnobitismo e na contem

plação mística, ficaram íibalados no pe ríodo feudal 230sterior à ruína do impé

rio carolínglo. A reação de S. Fran cisco de Assis possibilitou uma renova

ção do cristianismo, segundo o modelo

da santidade pela pobreza. Por sua vez,

c.xemplo do esboçado nas linhas ante

a ciise re.igiosa

aguarda a cultura ocidental e a pessoa

vidualismo religioso, criou o modelo do puritano. De outro lado, pela Contra-

riores, suscita uma angnstíosa interroga ção. Que vai ser do mundo e do Biaiiil, nestes anos vindouros ? Que futuro

humana, tal como a forjou essa cultura ? O âmbito deste trabalho não compor

ta, evidentemente, uma elucidação de

do Renascimento foi

superada, de um lado, pela Reforma,

que, na base do lixTe exame e do indi

Reforma, que, na base de obediência,

criou o modelo da santidade pela abdi cação da vontade. Tudo indica que,

\


Dicesto EcoNó^^co

18

ir

Descendo do nível universitário para

aos servidores do Estado. O Banco do Brasil, uma sociedade particular isenta

o secundário, presenciamos um verda

dos necessários controles, estende -"^eus

deiro descalabro.

A

instrução

piora

pseudópodos por toda a administração, à

verticalmente.

As turmas ípif sarm de

revelia dos ministérios especializados e

nossos ginásios e que vão constituir a

do Congresso Nacional. Êste, por seu

opinião e a cultura mctlia do Pais, são

lado, carece de menor aparelhagem pa

destiluidas das mais rudinunlarcs no

ra o exercício de suas atribuições, per manecendo numa dependência do Exe

ções sõbre qualquer assunto. Paulainos nossa educação secundária por uni hu manismo arcaico c mal compreendido.

cutivo incompatível com o cumprimento das suas finalidades.

Confundimos,

como o \ellio clero do

Império, humanismo com ensino de la A crise cultural

tim. Confundimos a aprendiza*.;! in coiu o

cultivo da memória, c isso numa época

Passando do plano econômico e político-administrativo para o cultural, no ta-se a mesma situação de insuficiência

cm que as tabelas e informações iichadas tornam dc reduzida \alia o e fur<;"0 mncmònico. Além disso, o que uíiicla

w Dir;FMí» El UNiÚMiru americano.s tr.itam conosco em têrmos

tôdas essas questões, que se desenham

enniciciai.s.

cm planos tão distintos, desde o filosófi-

Paralc.aincntc, de.sciuoKc-sc a dema

gogia tl.is correntes populistas, que pronicteni dar o que não tem. fazer o que nao iaheni v repartir uma ri(|ue7.a incXtstentc, Mas (jue. de quah|uer modo,

sâo^ o (pie há de mais eficaz no Brasil, parco.a da pcípiena burguesia. En quanto i.s.so, no.ssos homens públicos, in capazes dl- lorem fé mim país cpic seja

por éle.s governado, seguros da geral •rresponsahiliclade, se aproxeitam dos cargos para !oeup'etaçües e orientam to-

ficável man a de padronização, nnm país

cultura moderna. Reina o mais primá

em que os Estados têm condiç-ão e ida

a l^ajulação dos parasitas.

rio objetivismo. As ciências são enten didas como coisas perfeitas e acabadas, e se confundem

com seus programas

oficiais. Nosso saber é técnico ou cien-

tífico-especializado, e ainda assim em nível precário. Falta-nos completamen te êsse saber culto, que consiste nu

ma compreensão filosófico-histórica do

de histórica tão diferente. De sorte que ncsso cn ino secundário nc-m resulta nu ma efetiva educação humanista, nem

equipa nossos gínasianos c<nn a instru ção necessária para (juc \i\ani sc-gundo as concliçõc.s concretas di- seus Estados

e Municípios c as e.xigcncias técnicoeconómicas do mundo contemporâneo.

mundo.

O panorama universitário e educacio nal do Brasil não nos promete uma rápi da elevação de nossa cultura. As uni versidades atendem, unicamente, à for

mação técnico-profi^sional dos futuros membros da classe liberal. E o fazem

muito deficitàriamentc. As Faculdades de Filosofia, que representam um esfôr-

Difisociação nacional

País sem iniciativa prixada, eiii c^uc

pululam as cidades c falta um correspon dente parque induFtrial, cm quo a re ceita pública é devorada pelas folhas de pagamento, em que a falta de produ

Na prática, tais faculdades são escolas

ção impede a importação dos equipa mentos básicos, estamos mergulhando, vertiginosamente, no pauperismo e na miséria. Ficamos, então, tudo aguar dando do Estado, ou do auxílio pater-

normais superiores que formam profes

nalístico da América do Norte, surpresos

sores de ginásio,

e indignados quando observamos que os

ço para a superação desse nível, não es tão adaptadas a suas funções. Falta-lhes uma colocação adequada em face da pró

pria filosofia e das ciências culturais.

o brasileiro contemporâneos. O futuro da religião

urbano dt- eonsÍderá\cl

sileiro se acha completamente a quo da

c mais grave, pecamos por uma injusti

que sumãrianiente, as per£pecti\'as que ■

SC abrem para o homem ocidental e para

^ ja granjear.un a adesão de <piase todo o proletariado

a .sua x lda pública para a conquista "•as peqiuuias xantagons do prestigio — o ^■arro oficial, a saudação dos contínuos,

e desmoronamento. O pensamento bra

co-roligioso até o político e econômico. Cumpre, entretanto, considerar, ainda

Nesse clima, o nível moral do País,

aletado pdas conx-ulscães espirituais de

nossa época, pela descristianização do "aindo, pela tecnificação da vida, pela uincionalização da pessoa luimana, en'^"nlra noxo.i.-. fatòres do per\'crsão. Nospovo perdeu, delinitixamcnle, a con-

hinça em seus dirigentes. Está perden

do a esperança em seu futuro. Sem sao que fazer da vida, o povo brasi leiro está-se abastardando. — PehsPECTIVAS E POSSIBILID/VDES

A tomada de con.sciéncia da conjunhistórica c da situação brasileira, a

A análise da conjuntura histórica reve

la que se encontram em crise os supos

tos espirituais e materiais do Ocidente. Essas crises, contudo, não são necessàriamente ínsuperáxeís.

Considerando, inicialmente,

o plano

filosófico-religloFo, devemos observar que a religiosidade é uma constante es piritual do homem. Por outro lado, não

é crível que a altura religiosa atingida jDelo Ocidente se perca para sempre. A indiferença religiosa das massas acusa apenas a impossibilidade de (continua rem vigindo, no mundo contemporâneo,

os modelos

de religiosidade formados

pela Europa mcdiewal e renascentista.

Em grau menor, houve crises semelhan

tes na história do cristianismo. Assim, os modelos de religiosidade patrística, apoiados no ccnobitismo e na contem

plação mística, ficaram íibalados no pe ríodo feudal 230sterior à ruína do impé

rio carolínglo. A reação de S. Fran cisco de Assis possibilitou uma renova

ção do cristianismo, segundo o modelo

da santidade pela pobreza. Por sua vez,

c.xemplo do esboçado nas linhas ante

a ciise re.igiosa

aguarda a cultura ocidental e a pessoa

vidualismo religioso, criou o modelo do puritano. De outro lado, pela Contra-

riores, suscita uma angnstíosa interroga ção. Que vai ser do mundo e do Biaiiil, nestes anos vindouros ? Que futuro

humana, tal como a forjou essa cultura ? O âmbito deste trabalho não compor

ta, evidentemente, uma elucidação de

do Renascimento foi

superada, de um lado, pela Reforma,

que, na base do lixTe exame e do indi

Reforma, que, na base de obediência,

criou o modelo da santidade pela abdi cação da vontade. Tudo indica que,

\


Dicesto

f

Econômico

Dic;1"sto Eco.nómico

20

em nossos dias, com as grandes propor

ções peculiares à época, a crise religio sa será novamente superada no sentido do transcendentismo, provàvelmente dentro dos próprios quadros do cristia nismo. Faz-se apenas mister que um

grande gênio religioso crie novos mo delos de religiosidade compatíveis com as estruturas da vida moderna e capa zes de superá-las. O futuro da técnica

caçôo pública e de um pouco nuiis do

ricH», com o que subsistem certos prin cípios que devem informar aquele.

lucidez, podem conduzir o lirosil ao nível das nações de vanguarda.

dificuldades provenientes do peronismo c outros falôres, poderia ser convertida

numa relação de franca cooperação, da Possibilidades internacionais

Horizontes do Brasil

da a complementaridade de nossas eco nomias e a mutualidade de nossos inte-

Precisamos, como preliminar clc qual

quer recuperação, adc^uirir consciòncio da realidade brasileira.

Essa prepara

ção espiritual, embora restrita a ujn pe

queno grupo de intelectuais, vem sendo tentada desde os últimos anos cia Repú

Assim, por exemplu, a análise da si tuação internacional, sob o ponto de vis ta e(M!nómico-poHtico, revela a possibi lidade de tirarmos proveito dos próprios pt figos que ameaçam o bloco ocidental. O fato dií os Estados Unidos estarem

rêsscs internacionais. Possibilidades econômicas

As limitações internas do Brasil tam bém são supcrávcis. Nossa fraca den

para uma nova guerra c,

sidade cconómico-demognífica poderia ser ràpiclamcnte remediada por uma nox'a política econômica e populacional.

tica e cncomiástica de seus di

por cansa dela, correndo os riscos de uma futura crise de superprodução, faz com que a República do Norte lenha

rigentes. Mas liá fortes indí

necessidade de desccntraliz;ir seu par

ropeu têm interesse cm fazer grandes

cios de que se renoxam os es

que industrial e de contribuir para o

investimentos em nosso país, onde há

aumento do poder aquisitivo da Amé

possibilidades virgens a serem e.xplora-

çâo da vida ocidental ainda é

forços de auto-compreensao. A partir de uma compreensão de nossa realidade será perfei

muito recente.

Seus efeitos

tamente possível nos sobrepor

concretos escapam à ordenação

mos a nossos obstáculos tra

jurídica ou são tratados cir

dicionais.

blica Velha. O Estado No\o intorrom-

Considerando que as crises de uma cultura tanto podem levá-la a sua ex tinção como a um renascimen

to, podemos admitir que está perfeitamente no alcance de nossa cultura a superação da servidão técnica. A tecnifica-

cunstancialmente. Nada impe

de que se desenvolva um direito regu lador da técnica, que, por formalização, assegure a liberdade pessoal dos cida dãos de um mundo

altamente tecni-

ficado.

Atitude de esperança

pEU êssc despertar da aulo-crílica brasi leira, difundindo uma literatura ufanís-

Não é ôste o local indicado

para se traçar programas. Tal faina compete à política militante. E' certo, porém, que a análise da situação brasi leira e de suas relações com a conju"^^*~ ra histórica impõe determinados princí

Se, como é lícito esperar, a conjuntu

próxima derrocada da cultura ocidental, e subsistirem, embora com nova confi

guração, os supostos fundamentais de

das, há menor risco de convulsões béli

sa obter esses resultados na Europa, é um plano de previsão a prazo curto, com a finalidade do fortificar a Europa oci

cas e são maiores as taxas de rendimen

dental para a pvó.xima guerra. Em prazo longo, o mesmo espirito do Plano Mar

inconversibilidade cambial, a bitributa-

ção da renda, o protecionismo aduanei

shall tem dc levar os americanos a in

ro americano, as medidas restritivas da

vestimentos no henu::fério sul, de sorte

exportação de capitais, na Europa etc. Isso não obsta, porém, a que exista um

a possibilitar um escoamento para sua

produção na fase posterior ao término

to. E' evidente que para tal precisa mos transpor alguns obstáculos, como a

grande interesse do capital estrangeiro

da futura guerra. Essa necessidade de defender mercados no futuro post-guerra

o ensejamento de tais inversões.

ser observados.

ainda não se tornou plenamente cons

Se a Filosofia

nunca, o papel histórico da liberdade, e reconhece a existência, na esfera do . .

as

lítico, de uma imensa margem P' ..

opções gratuitas, por outro lado, a

cia Política vem-se tornando cada ^ ^

nossa cultura, o Brasil ainda pode go

mais relacionada com a Sociologia ^

Economia Política, erttraindo

omissões, podem modificar-se brusca mente. Dttíis gerações, dotadas de vo-

rica Latina. O Plano Marshall, que \'i-

pios básicos, que tOm forçosamente de

zar de um extraordinário engrandecimento. Os países como o nosso, em que

as limitações consistem sobretudo em

Tanto o capital americano como o eu

pelo Brasil, cabendo à nossa habilidade

ca de nossos dias acentua, mais do ra histórica não nos conduzir para uma

caminhando

supostos para a colocação de seus

blemas.''Vale isso, portanto, ^ firmaçâo da necessidade de se P^ poU^ ação política por um prévio saber

Imigração

ciente nos Estados Unidos. Seria a ta refa do Brasil e da Argentina suscitar a

compreensão dessa necessidade, com aproveitamento de seus remltados. Por outro lado, a crise de sobrevivên

cia material que afeta a península ibé rica poderia ser aproveitada pelo Brasil o pela Argentina para assumirem a lide rança da cultura ibérica, atraindo seus

principais valores e dando guarida aos tesouros artísticos da Espanha e Portu gal. A tensão político-econômica entre a Argentina e o Brasil, mau grado as

I

O mesmo se dá no tocante à imigra ção.

A necessidade americana de au

mentar o poder consumidor da América do Sul deve levar os Estados Unidos a cooperar para a canalização de uma

grande corrente imigratória para o Bra sil e para a Argentina. As populações européias, convulsionadas pela guerra e aterrorizadas pela perspectiva de nova guerra, desejam reiniciar suas vidas em outro continente.

Também a êsse res-


Dicesto

f

Econômico

Dic;1"sto Eco.nómico

20

em nossos dias, com as grandes propor

ções peculiares à época, a crise religio sa será novamente superada no sentido do transcendentismo, provàvelmente dentro dos próprios quadros do cristia nismo. Faz-se apenas mister que um

grande gênio religioso crie novos mo delos de religiosidade compatíveis com as estruturas da vida moderna e capa zes de superá-las. O futuro da técnica

caçôo pública e de um pouco nuiis do

ricH», com o que subsistem certos prin cípios que devem informar aquele.

lucidez, podem conduzir o lirosil ao nível das nações de vanguarda.

dificuldades provenientes do peronismo c outros falôres, poderia ser convertida

numa relação de franca cooperação, da Possibilidades internacionais

Horizontes do Brasil

da a complementaridade de nossas eco nomias e a mutualidade de nossos inte-

Precisamos, como preliminar clc qual

quer recuperação, adc^uirir consciòncio da realidade brasileira.

Essa prepara

ção espiritual, embora restrita a ujn pe

queno grupo de intelectuais, vem sendo tentada desde os últimos anos cia Repú

Assim, por exemplu, a análise da si tuação internacional, sob o ponto de vis ta e(M!nómico-poHtico, revela a possibi lidade de tirarmos proveito dos próprios pt figos que ameaçam o bloco ocidental. O fato dií os Estados Unidos estarem

rêsscs internacionais. Possibilidades econômicas

As limitações internas do Brasil tam bém são supcrávcis. Nossa fraca den

para uma nova guerra c,

sidade cconómico-demognífica poderia ser ràpiclamcnte remediada por uma nox'a política econômica e populacional.

tica e cncomiástica de seus di

por cansa dela, correndo os riscos de uma futura crise de superprodução, faz com que a República do Norte lenha

rigentes. Mas liá fortes indí

necessidade de desccntraliz;ir seu par

ropeu têm interesse cm fazer grandes

cios de que se renoxam os es

que industrial e de contribuir para o

investimentos em nosso país, onde há

aumento do poder aquisitivo da Amé

possibilidades virgens a serem e.xplora-

çâo da vida ocidental ainda é

forços de auto-compreensao. A partir de uma compreensão de nossa realidade será perfei

muito recente.

Seus efeitos

tamente possível nos sobrepor

concretos escapam à ordenação

mos a nossos obstáculos tra

jurídica ou são tratados cir

dicionais.

blica Velha. O Estado No\o intorrom-

Considerando que as crises de uma cultura tanto podem levá-la a sua ex tinção como a um renascimen

to, podemos admitir que está perfeitamente no alcance de nossa cultura a superação da servidão técnica. A tecnifica-

cunstancialmente. Nada impe

de que se desenvolva um direito regu lador da técnica, que, por formalização, assegure a liberdade pessoal dos cida dãos de um mundo

altamente tecni-

ficado.

Atitude de esperança

pEU êssc despertar da aulo-crílica brasi leira, difundindo uma literatura ufanís-

Não é ôste o local indicado

para se traçar programas. Tal faina compete à política militante. E' certo, porém, que a análise da situação brasi leira e de suas relações com a conju"^^*~ ra histórica impõe determinados princí

Se, como é lícito esperar, a conjuntu

próxima derrocada da cultura ocidental, e subsistirem, embora com nova confi

guração, os supostos fundamentais de

das, há menor risco de convulsões béli

sa obter esses resultados na Europa, é um plano de previsão a prazo curto, com a finalidade do fortificar a Europa oci

cas e são maiores as taxas de rendimen

dental para a pvó.xima guerra. Em prazo longo, o mesmo espirito do Plano Mar

inconversibilidade cambial, a bitributa-

ção da renda, o protecionismo aduanei

shall tem dc levar os americanos a in

ro americano, as medidas restritivas da

vestimentos no henu::fério sul, de sorte

exportação de capitais, na Europa etc. Isso não obsta, porém, a que exista um

a possibilitar um escoamento para sua

produção na fase posterior ao término

to. E' evidente que para tal precisa mos transpor alguns obstáculos, como a

grande interesse do capital estrangeiro

da futura guerra. Essa necessidade de defender mercados no futuro post-guerra

o ensejamento de tais inversões.

ser observados.

ainda não se tornou plenamente cons

Se a Filosofia

nunca, o papel histórico da liberdade, e reconhece a existência, na esfera do . .

as

lítico, de uma imensa margem P' ..

opções gratuitas, por outro lado, a

cia Política vem-se tornando cada ^ ^

nossa cultura, o Brasil ainda pode go

mais relacionada com a Sociologia ^

Economia Política, erttraindo

omissões, podem modificar-se brusca mente. Dttíis gerações, dotadas de vo-

rica Latina. O Plano Marshall, que \'i-

pios básicos, que tOm forçosamente de

zar de um extraordinário engrandecimento. Os países como o nosso, em que

as limitações consistem sobretudo em

Tanto o capital americano como o eu

pelo Brasil, cabendo à nossa habilidade

ca de nossos dias acentua, mais do ra histórica não nos conduzir para uma

caminhando

supostos para a colocação de seus

blemas.''Vale isso, portanto, ^ firmaçâo da necessidade de se P^ poU^ ação política por um prévio saber

Imigração

ciente nos Estados Unidos. Seria a ta refa do Brasil e da Argentina suscitar a

compreensão dessa necessidade, com aproveitamento de seus remltados. Por outro lado, a crise de sobrevivên

cia material que afeta a península ibé rica poderia ser aproveitada pelo Brasil o pela Argentina para assumirem a lide rança da cultura ibérica, atraindo seus

principais valores e dando guarida aos tesouros artísticos da Espanha e Portu gal. A tensão político-econômica entre a Argentina e o Brasil, mau grado as

I

O mesmo se dá no tocante à imigra ção.

A necessidade americana de au

mentar o poder consumidor da América do Sul deve levar os Estados Unidos a cooperar para a canalização de uma

grande corrente imigratória para o Bra sil e para a Argentina. As populações européias, convulsionadas pela guerra e aterrorizadas pela perspectiva de nova guerra, desejam reiniciar suas vidas em outro continente.

Também a êsse res-


Dicf-sto

22

EcoNÓNnco

peito não faltam obstáculos, como nos

talidade nova. a organização cio institu

sas dificuldades econômicas, para o transporte e o estabelecimento dos imi grantes, as restrições emigratórias nos

tos de cultura superior c a con^ocaçrio

países do Velho Continente, os vícios que afetara grande parte da população eu ropéia etc.

Mas subsiste

o interêsse

fundamental das populações européias em emigrar e dos Estados Unidos em desenvolver a América Latina como

mercado consumidor. Acresce que, até hoje, não foram estudadas nem aprovei tadas as possibilidades de imigração in diana, para a qual encontraríamos facili dades muito especiais. O futuro político e cultural

de professòres o inteleclnais oslraiT^eiros. Nosso espaço cultural c um espaço vazio, aguardando apenas o aparecimen to de homrns capazes de comunicar a menragem de que necessitam os espí

<pie atermentam o mundo, os ins

Movimento nacional dc recuperação

titutos votados aos estudos econômicos t? administrativos tendem a assumir uma

Todo esse panorama de perigos imi nentes e de possibilidades aliuiis cons titui um grande apjlo para nossa inteli

iniporlãneia crese<'nte. E mais ressalta o

to que a perduração das condições pre

papel (pie lhes está re.servado na realiza ção do progro so educativo dentro dos qtiudros noviços da cultura nacional. Cabe llies, indiscutivelmente, e-stimulav

sentes acarretará, em curto pra/o, a ruí

e .sistenializ;ir o desenv olviim nlo da in-

gência e para a nossa ação,

Se é cer

na da Nação, não é menos cctIo que ainda dispomos de recur.sos para reme

também podem ser remediadas. Se é

marmos como país de vanguarda . Vi vemos, por isso, o momento definitis"0

lítica de clientela, não é menos verdade

diar nossos erros tradicionais c nos afir

dc nossa história. Os prazos para nos.sa salvação se tornaram extremamente

podem agrupar-se as figuras mais re

exíguos. Mas ainda não estão vencidos. Daí a extraordinária responsabilidade das gerações contemporâneas. Somos as gerações definitivas. Sc formos ca pazes de compreender as verdadeiras

presentativas das diversas correntes nu

condições da conjuntura histórica c na

que essa própria situação facilita uma

rápida renovação política. Por isso mesmo que os partidos não possuem compromissos ideológicos irredutíveis,

ma frente comum, visando a realização de medidas objetivas. E permanecem

sempre abertas as possibilidades da con

versão de nossa política de clientela, ba

seada em interesses pessoais, numa po

cional c se tivermos o valor de agir na forma apropriada, teremos garantido as

possibilidades Brasil.

de dc.scnvolviincnto do

Caso contrário, corriprometere-

lítica'ideológica, fundada em interesses

mos, inapelàvclmente, o futuro nacional* Cumpre-nos, por isso, acima c além de

coletivos.

naturais divergências, nos empenharmos

Por outro lado, a fraqueza cultural do Brasil c os defeitos de nossas univer sidades facilitam a criação de uma men

])iAC:m Mr.XKz.Rs

(Prof. cat. da Eaciildadc Nacional de Filosofia) \irludc- da natureza dos problemas

ritos.

^ Se examinarmos nossas limitações po líticas e culturais, concluiremos que elas verdade que os partidos políticos brasi leiros se conservaram, por circunstân cias diversas, no estágio primário da po

ASPECTOS POLÍTICOS DOS PROBLEMAS ECONÔMICOS

num movimento nacional dc reeiipo^'^'

ção, traçando e cumprindo um progr*^' ma mínimo objetivo.

^■estigação teórica, da especulação dou trinária, da pesquisa desintcresfoda, alheia aos (íbjelivos imediatos o fixan do (piestões fine evoluem além dos ho rizontes das facções políticas. Ao aludir, porém, á cultura "de interessada", clefrontamo-nos, de chofre, <-'om uma interrogação .séria, que impõe tixplicações iniciais.

ta, ao longo dos continentes, milhares de seres humanos. . .

Muitos nssim o entenderam, em dias

pas.saclos: a função do homem de pen

samento seria meter-se no gabinete, no laboratório, remexendo relortas e teo rias, arredio ao tumulto da realidade e

dc suas dores. Porque, desta forma, cindiam radicalmente o teórico do prá tico, separando o racional do empírico, cm conceitos irredutíveis entre si.

Também não se dcduza das c>onside-

rações feitas que se dev-a jungir o estu dioso ao couce ,dns interesses políticos reduzindo as cátedras e organismos educativo.s à scrvillieta das ambições mo

mentâneas, sempre prontas a se dissimu

larem sob os objetivos permanentes da nação.

É adniis.sível ciência pura, no sentido cie especulação no vácuo, j^cdida nos

A tradição dc estudos econômicos

céus das abstrações lógicas, como se a

Não se pode esconder que os estudos teóricos têm lá tradic»ão digna em nosso

razão fosse algo que se constrius.se a si mesma, de .si mesma, por proliferação

autóctone, separada do mundo dos pro

meio. Recorde-se, de passagem, a operosa personalidade de Leoptíldo de Bu- ■

o suor do rosto? Seria simplesmente cô

Ihões, ministro e senador dedicado ao exame das questões financeiras, onde

modo ou covarde edíficar tais institutos

revelou seu claro senso de economi.sta

como pequenas ilhas cie egoísmo, nir

sagaz; Vieira Souto, que regeu, desde

vana de indiferença ilustrada, onde os

1880, a cadeira de Economia Política na gloriosa Escola Politécnica do Rio

blemas onde o homem labora o pão com

estudiosos, como dezenas cie Budas se

renos, serenamente quedassem na contemplaç.ão dos próprios umbigos intelec tuais, nos reinos sagrados da ciência pu ra — escolastas redivivos, em torneios ^ dentro de Bizâncio envolta na tormen-

ta, que uiva em torno, e açoita e maltra

de Janeiro, jubilando-se em 1914, no fecho de um magistério fecundo; Al meida Nogueira, macleodiano de raras

.qualidades intelectuais, legando ao pa trimônio cultural do País o Curso Didá'

tico de Economia Política; Calógeras.


Dicf-sto

22

EcoNÓNnco

peito não faltam obstáculos, como nos

talidade nova. a organização cio institu

sas dificuldades econômicas, para o transporte e o estabelecimento dos imi grantes, as restrições emigratórias nos

tos de cultura superior c a con^ocaçrio

países do Velho Continente, os vícios que afetara grande parte da população eu ropéia etc.

Mas subsiste

o interêsse

fundamental das populações européias em emigrar e dos Estados Unidos em desenvolver a América Latina como

mercado consumidor. Acresce que, até hoje, não foram estudadas nem aprovei tadas as possibilidades de imigração in diana, para a qual encontraríamos facili dades muito especiais. O futuro político e cultural

de professòres o inteleclnais oslraiT^eiros. Nosso espaço cultural c um espaço vazio, aguardando apenas o aparecimen to de homrns capazes de comunicar a menragem de que necessitam os espí

<pie atermentam o mundo, os ins

Movimento nacional dc recuperação

titutos votados aos estudos econômicos t? administrativos tendem a assumir uma

Todo esse panorama de perigos imi nentes e de possibilidades aliuiis cons titui um grande apjlo para nossa inteli

iniporlãneia crese<'nte. E mais ressalta o

to que a perduração das condições pre

papel (pie lhes está re.servado na realiza ção do progro so educativo dentro dos qtiudros noviços da cultura nacional. Cabe llies, indiscutivelmente, e-stimulav

sentes acarretará, em curto pra/o, a ruí

e .sistenializ;ir o desenv olviim nlo da in-

gência e para a nossa ação,

Se é cer

na da Nação, não é menos cctIo que ainda dispomos de recur.sos para reme

também podem ser remediadas. Se é

marmos como país de vanguarda . Vi vemos, por isso, o momento definitis"0

lítica de clientela, não é menos verdade

diar nossos erros tradicionais c nos afir

dc nossa história. Os prazos para nos.sa salvação se tornaram extremamente

podem agrupar-se as figuras mais re

exíguos. Mas ainda não estão vencidos. Daí a extraordinária responsabilidade das gerações contemporâneas. Somos as gerações definitivas. Sc formos ca pazes de compreender as verdadeiras

presentativas das diversas correntes nu

condições da conjuntura histórica c na

que essa própria situação facilita uma

rápida renovação política. Por isso mesmo que os partidos não possuem compromissos ideológicos irredutíveis,

ma frente comum, visando a realização de medidas objetivas. E permanecem

sempre abertas as possibilidades da con

versão de nossa política de clientela, ba

seada em interesses pessoais, numa po

cional c se tivermos o valor de agir na forma apropriada, teremos garantido as

possibilidades Brasil.

de dc.scnvolviincnto do

Caso contrário, corriprometere-

lítica'ideológica, fundada em interesses

mos, inapelàvclmente, o futuro nacional* Cumpre-nos, por isso, acima c além de

coletivos.

naturais divergências, nos empenharmos

Por outro lado, a fraqueza cultural do Brasil c os defeitos de nossas univer sidades facilitam a criação de uma men

])iAC:m Mr.XKz.Rs

(Prof. cat. da Eaciildadc Nacional de Filosofia) \irludc- da natureza dos problemas

ritos.

^ Se examinarmos nossas limitações po líticas e culturais, concluiremos que elas verdade que os partidos políticos brasi leiros se conservaram, por circunstân cias diversas, no estágio primário da po

ASPECTOS POLÍTICOS DOS PROBLEMAS ECONÔMICOS

num movimento nacional dc reeiipo^'^'

ção, traçando e cumprindo um progr*^' ma mínimo objetivo.

^■estigação teórica, da especulação dou trinária, da pesquisa desintcresfoda, alheia aos (íbjelivos imediatos o fixan do (piestões fine evoluem além dos ho rizontes das facções políticas. Ao aludir, porém, á cultura "de interessada", clefrontamo-nos, de chofre, <-'om uma interrogação .séria, que impõe tixplicações iniciais.

ta, ao longo dos continentes, milhares de seres humanos. . .

Muitos nssim o entenderam, em dias

pas.saclos: a função do homem de pen

samento seria meter-se no gabinete, no laboratório, remexendo relortas e teo rias, arredio ao tumulto da realidade e

dc suas dores. Porque, desta forma, cindiam radicalmente o teórico do prá tico, separando o racional do empírico, cm conceitos irredutíveis entre si.

Também não se dcduza das c>onside-

rações feitas que se dev-a jungir o estu dioso ao couce ,dns interesses políticos reduzindo as cátedras e organismos educativo.s à scrvillieta das ambições mo

mentâneas, sempre prontas a se dissimu

larem sob os objetivos permanentes da nação.

É adniis.sível ciência pura, no sentido cie especulação no vácuo, j^cdida nos

A tradição dc estudos econômicos

céus das abstrações lógicas, como se a

Não se pode esconder que os estudos teóricos têm lá tradic»ão digna em nosso

razão fosse algo que se constrius.se a si mesma, de .si mesma, por proliferação

autóctone, separada do mundo dos pro

meio. Recorde-se, de passagem, a operosa personalidade de Leoptíldo de Bu- ■

o suor do rosto? Seria simplesmente cô

Ihões, ministro e senador dedicado ao exame das questões financeiras, onde

modo ou covarde edíficar tais institutos

revelou seu claro senso de economi.sta

como pequenas ilhas cie egoísmo, nir

sagaz; Vieira Souto, que regeu, desde

vana de indiferença ilustrada, onde os

1880, a cadeira de Economia Política na gloriosa Escola Politécnica do Rio

blemas onde o homem labora o pão com

estudiosos, como dezenas cie Budas se

renos, serenamente quedassem na contemplaç.ão dos próprios umbigos intelec tuais, nos reinos sagrados da ciência pu ra — escolastas redivivos, em torneios ^ dentro de Bizâncio envolta na tormen-

ta, que uiva em torno, e açoita e maltra

de Janeiro, jubilando-se em 1914, no fecho de um magistério fecundo; Al meida Nogueira, macleodiano de raras

.qualidades intelectuais, legando ao pa trimônio cultural do País o Curso Didá'

tico de Economia Política; Calógeras.


rrr

Dicesto Econômico

r)lor.STO Eco.vómico

24

polígrafo abundante, historiador, econo mista, estadista, deixando larga biblio

grafia sobre, os mais sérios problemas

fonte opulenta da convivência, dos estí mulos sociais, graças aos quais o espí rito humano amadurece c fnilifica, cm

nacionais, animado de um patriotismo

níveis superiores, criando técuicas mais

sadio e criador; Cairu, lá nas brumas da

altas de controle das coisas nalíirais.

Colônia, quase debruçado no nasce douro da nacionalidade, inconfundíval na sua cultiura extensa e variada, ins

Um olhar pela história social do Brasil mostra como se formaram os clãs parentais e feudais, durante a fase colonial,

pirando as medidas que fundaram o

quando se constituía a grande proprie

Império...

dade territorial. As atribuições do senhor

As cogitações econômicas prendem-se

de engenho, em cortas latitiules de ex pansão da riqueza agrícola, eram varia das, c levam a considerar a fanrilia pa triarcal como uma entidade complexa,

Vidã associativa e organização

mentos psícólogicos dos ideais de igual dade humana, que alxorejam desde os

lismo e tutela as demais ciências, como j

clãs, ;is lrii).)s, as fiátria.s, as cidades...

aproiuc a alguns divulgar.

significa que submeta ao seu imperia-'*

Mas o pruccssí) não c .só inlegralivo: há

Alegam que é preciso distingui-la da

lambem o conflito c a lula. Assim, no lado dos falõrcs assoeialÍ\'Os, há o.=; dis-

"sociologia econômica". Para essa dis tinção, procuram elaborar conceitos puro.s, expurgados de tôda sei\-a socioló gica c liistórica (escola psi

.s(K:iali\üs: a prcdação, a voracidade, a rapinagem, contrah.rlançando as liçõe.s genero. as dos sen timentos conpeiali\'os. A

formação

de

círculos

cológica, escola austríaca ou

niargínalista e suas moda lidades).

vivamente ao sistema de relações e

somando funções as mais diversas, (|uo

crifícios luimanos. Tal acon

De qualquer modo, e não enfrentando agora o assun to, assentamos que as fontes

ajustamentos ínterindíviduais, que se

socialmente se conjuga.

teceu fjuando se delinearam

do estudo econômico estão .,

estabilizam no que se denomina "orga

pois, ao desmembramento dessas funções,

nização social".

quando passamos i\ Independênt ia. O regimem de cidadania, cslendc-ndo-se A peonagcm, aos trabalhadores li\rcs dos

Esta não é uma formação acidental, mas resultado de um processo que tem

Assisle-sc. de

sua gênese nas necessidades humanas e nos esforços vitais que os homens, sères biològicamente independentes, realizam socialmente conjugados. A família foi o grande órgão que, no

campos, aos forciros, aos cídonos. abriu e alargou o terreno social e político: c aos clãs parentais sucedem, num sin-

passado, centralizou funções sociais re levantes. Foi a matriz de tôda \ida ins

torais, que se ampliam cm provinciais, dentro de urna estrutura agrária que*

titucional. Facultou ao homem tudo de

persiste e serve de base á reação con

que careceu inicialmente. Acumulou junções biológicas — a do. crescimento das populações; funções educativas — a

servadora, desencadeada em 1840. Es

cretismo estudado por Oliceira Viana, os clãs de base municinai para fins elei

tudo acurado da família na Colônia e no

da tiansmissibilidade cultural; funções

Império mostraria como sc definem as instituições, nesse período de nosso dc-

econômicas — a de promover a satisfa

scnvohimento histórico, com raízes nas

ção das necessidades humanas.

relações de convivência e nas formas

È"se complexo de funções, embrionáriamente exercidas pelo grupo domésti co, foi-se de.smembrando, com o nascer

sociais nelas baseadas.

síi-se .á custa de grandes sa

as e<jnfignrações políticas da nação, em que se fundiram, na Europa ocidental, os feu dos dispersos. Nos dias que correm, a visão pioneira de alguns idealistas pensa des cortinar perfis de formações sociais

mais

largas, . que

transcendem as nações, cujas configura ções continuam vivazes o consistentes.

As fontes do estudo econômico Na vida social tudo vai ter sua raiz

nos esforços conjugados que os indiví duos realízíim para atender ás necessi dades coletivas. Aí reside o ponto nu

clear dos estudos econômicos e adminis

trativos. O ponto que lhes dá unidade

c sentido político. São ciências praticas, Processo econômico e vido soi

de outros órgãos, por meio dos quais se realizavam melhor os propositos da

sociais mais amplos proces-

Da experiência da vida em comum»

que observam aspectos da reaiidade hu mana e dispõem dos processos metodo lógicos comuns a todas as ciências. A Economia Política situa-se quase

as castas de guerreiros e sacerdotes,

através de todas as vicissitudcs que se atropelam na história jocial do homem,

conselhos de chefes, corpos legislativos

vão medrando os ideais de auxílio vici-

Bem sabemos que nem todos compar

6 judiciários, propriedade privada, sis

nal, de cooperação fraterna, de entendi

tilham desse modo de ver, que coioca a Economia Política no centro do ar

existência comum. Surgiram, de;sarte,

tema mercantil etc. Tudo brotava da

mento reciproco, preparando os funda"

tôda na irradiação daquele problema.

quipélago das relações sociais. Mas não

nas próprias relações que se definem

na

atividade

criação da riqueza.

de '

Des- >•

tncamos, no observá-la, os

organismos econômicos (em

presas, mercados, bancos...) ^ e os processos de ajustamen to das fôrças econômicas.

Relatórios de bancos, balanços de em

presas, estatísticas de todos os órgãos capazes de ministrar dados sobre a vida econômica, constituem o material vivo,

que nos permite ajuizar sôbre o siste ma econômico e seu funcionamento, (®).

Transformação e cultura

i

Muito se tem dito que atravessamos k,) uma profunda tiansformaçâo. Pois exa tamente por isso se torna necessário bus

car diretiva científica para nos orientar- . mos em meio à confusão ideológica e polí tica que se desencadeia. A unificação de opinião seria coisa inteiramente incom

preensível, a menos aue se erija um fas cismo policiando consciências, cujo único ; dever é o da verdade, no campo dos (•) Djacir Menezes,

Política, cap. 11.

Curso de Economia


rrr

Dicesto Econômico

r)lor.STO Eco.vómico

24

polígrafo abundante, historiador, econo mista, estadista, deixando larga biblio

grafia sobre, os mais sérios problemas

fonte opulenta da convivência, dos estí mulos sociais, graças aos quais o espí rito humano amadurece c fnilifica, cm

nacionais, animado de um patriotismo

níveis superiores, criando técuicas mais

sadio e criador; Cairu, lá nas brumas da

altas de controle das coisas nalíirais.

Colônia, quase debruçado no nasce douro da nacionalidade, inconfundíval na sua cultiura extensa e variada, ins

Um olhar pela história social do Brasil mostra como se formaram os clãs parentais e feudais, durante a fase colonial,

pirando as medidas que fundaram o

quando se constituía a grande proprie

Império...

dade territorial. As atribuições do senhor

As cogitações econômicas prendem-se

de engenho, em cortas latitiules de ex pansão da riqueza agrícola, eram varia das, c levam a considerar a fanrilia pa triarcal como uma entidade complexa,

Vidã associativa e organização

mentos psícólogicos dos ideais de igual dade humana, que alxorejam desde os

lismo e tutela as demais ciências, como j

clãs, ;is lrii).)s, as fiátria.s, as cidades...

aproiuc a alguns divulgar.

significa que submeta ao seu imperia-'*

Mas o pruccssí) não c .só inlegralivo: há

Alegam que é preciso distingui-la da

lambem o conflito c a lula. Assim, no lado dos falõrcs assoeialÍ\'Os, há o.=; dis-

"sociologia econômica". Para essa dis tinção, procuram elaborar conceitos puro.s, expurgados de tôda sei\-a socioló gica c liistórica (escola psi

.s(K:iali\üs: a prcdação, a voracidade, a rapinagem, contrah.rlançando as liçõe.s genero. as dos sen timentos conpeiali\'os. A

formação

de

círculos

cológica, escola austríaca ou

niargínalista e suas moda lidades).

vivamente ao sistema de relações e

somando funções as mais diversas, (|uo

crifícios luimanos. Tal acon

De qualquer modo, e não enfrentando agora o assun to, assentamos que as fontes

ajustamentos ínterindíviduais, que se

socialmente se conjuga.

teceu fjuando se delinearam

do estudo econômico estão .,

estabilizam no que se denomina "orga

pois, ao desmembramento dessas funções,

nização social".

quando passamos i\ Independênt ia. O regimem de cidadania, cslendc-ndo-se A peonagcm, aos trabalhadores li\rcs dos

Esta não é uma formação acidental, mas resultado de um processo que tem

Assisle-sc. de

sua gênese nas necessidades humanas e nos esforços vitais que os homens, sères biològicamente independentes, realizam socialmente conjugados. A família foi o grande órgão que, no

campos, aos forciros, aos cídonos. abriu e alargou o terreno social e político: c aos clãs parentais sucedem, num sin-

passado, centralizou funções sociais re levantes. Foi a matriz de tôda \ida ins

torais, que se ampliam cm provinciais, dentro de urna estrutura agrária que*

titucional. Facultou ao homem tudo de

persiste e serve de base á reação con

que careceu inicialmente. Acumulou junções biológicas — a do. crescimento das populações; funções educativas — a

servadora, desencadeada em 1840. Es

cretismo estudado por Oliceira Viana, os clãs de base municinai para fins elei

tudo acurado da família na Colônia e no

da tiansmissibilidade cultural; funções

Império mostraria como sc definem as instituições, nesse período de nosso dc-

econômicas — a de promover a satisfa

scnvohimento histórico, com raízes nas

ção das necessidades humanas.

relações de convivência e nas formas

È"se complexo de funções, embrionáriamente exercidas pelo grupo domésti co, foi-se de.smembrando, com o nascer

sociais nelas baseadas.

síi-se .á custa de grandes sa

as e<jnfignrações políticas da nação, em que se fundiram, na Europa ocidental, os feu dos dispersos. Nos dias que correm, a visão pioneira de alguns idealistas pensa des cortinar perfis de formações sociais

mais

largas, . que

transcendem as nações, cujas configura ções continuam vivazes o consistentes.

As fontes do estudo econômico Na vida social tudo vai ter sua raiz

nos esforços conjugados que os indiví duos realízíim para atender ás necessi dades coletivas. Aí reside o ponto nu

clear dos estudos econômicos e adminis

trativos. O ponto que lhes dá unidade

c sentido político. São ciências praticas, Processo econômico e vido soi

de outros órgãos, por meio dos quais se realizavam melhor os propositos da

sociais mais amplos proces-

Da experiência da vida em comum»

que observam aspectos da reaiidade hu mana e dispõem dos processos metodo lógicos comuns a todas as ciências. A Economia Política situa-se quase

as castas de guerreiros e sacerdotes,

através de todas as vicissitudcs que se atropelam na história jocial do homem,

conselhos de chefes, corpos legislativos

vão medrando os ideais de auxílio vici-

Bem sabemos que nem todos compar

6 judiciários, propriedade privada, sis

nal, de cooperação fraterna, de entendi

tilham desse modo de ver, que coioca a Economia Política no centro do ar

existência comum. Surgiram, de;sarte,

tema mercantil etc. Tudo brotava da

mento reciproco, preparando os funda"

tôda na irradiação daquele problema.

quipélago das relações sociais. Mas não

nas próprias relações que se definem

na

atividade

criação da riqueza.

de '

Des- >•

tncamos, no observá-la, os

organismos econômicos (em

presas, mercados, bancos...) ^ e os processos de ajustamen to das fôrças econômicas.

Relatórios de bancos, balanços de em

presas, estatísticas de todos os órgãos capazes de ministrar dados sobre a vida econômica, constituem o material vivo,

que nos permite ajuizar sôbre o siste ma econômico e seu funcionamento, (®).

Transformação e cultura

i

Muito se tem dito que atravessamos k,) uma profunda tiansformaçâo. Pois exa tamente por isso se torna necessário bus

car diretiva científica para nos orientar- . mos em meio à confusão ideológica e polí tica que se desencadeia. A unificação de opinião seria coisa inteiramente incom

preensível, a menos aue se erija um fas cismo policiando consciências, cujo único ; dever é o da verdade, no campo dos (•) Djacir Menezes,

Política, cap. 11.

Curso de Economia


Dice-sto

que estudam.

Por isso mesmo, só o

clima de liberdade intelectual permite o progresso das ciências sociais e, es pecialmente, dos estudos econômicos,

Ec.ONVíMICO

•Mas em face da sociedade, o homem

continuou técnicas que havia abando

cujo material de exame é p conjunto das

nado diante da natureza. .\ão quis mais dirigir as chuvas, os rios, ou debi.lar a peste fazendo eiconjuros, poniue aceitou

relações'que compõem a vida assoda-

a causalidade natural dos fenômenos.

tiva, material palpitante e vivo a que

Mas ainda quer dirigir a sociedade como

está ligado o próprio observador. Em

se não existi.sse a "ciência da socieda

resumo, não cabe à ciência confeccio

de", de que a Economia Política é a

Dicesto EcoNÓ>aco

27

sentido dos objetivos sociais o das téc nicas dc contròlc. E deseja-se uma intirftTência racional no jogo das fórças Não o um problema político apenas Se a vida coletiva

nar receitas ao sabor de conveniências

parle básica.

partidárias, no fito de proselitismos.

ficou desconhecida para os lidere; po líticos e sociais. Em \c/. da compreen

deve e lar sob contrôle de órgãos for mados pelas d.cisões da coletividade, isso não significa que os sociólogos, os economistas, os espcciali^tas nas ciências sociais se candidatem aos postos dc go

são das leis do dc.senvolviniento social, caminha-se sempre para o autoritarismo

Donald Piorson.

No desencontro salutar das opiniões e convicções — é bem oportuno salien tar — está um sintoma de vitalidade.

A inlnição <lc C^amte

Quando se fala em democracia com tan to ardor, assentemos o fundamento es

cego, que se cerca, muitas vèzes, dc

sencialmente democrático, de que de pendem os progressos da cultura. Ninguém duvida que a cultura está

mitologia política. A autoridade, cm lugar de mergulhar raízes no demos, procura energia em elites carismáticas, que esquecem a ba-^e social como ma

em transformação, reflexo das estruturas

rítcs mágico-animislas, recursos místicos,

verno. como ironizava

maliciosamente

Êsse monopólio sofo-

crático do poder seria uma solução sim plória. Não SC nega que seja uma ne cessidade crescente a participação ativa dos estudiosos na solução dos problemas através de órgãos do investigação c pen samento. Mas participação lixTC, com

que mudam. Cultura e.xprímíndo o to tal das criações do esforço humano, des

triz indispensável das formas políticas.

liberdade mental, como condição essen

Entretanto, o rumo só pode ser um:

de as técnicas materiais às espirituais,

o das soluções democráticas por vio

das máquinas às normas jurídicas e éti cas. Não adianta querer parar com pa

científica. Se o problema fundamental,

cial. A experiência política não é espe culação de gabinete, nem se pode re duzir a regras metodológicas. Nela en

lavras a mudança e paralisar a crítica.

homens passaram a estudar como os

fenômenos se comportavam, surpreendendo-lhes a regularidade para enunciálas em leis. Sua intimidade com os fatos

do mundo cresceu, a liberdade cresceu, a previsão deu-lhes provisão, deu-lhes

forças sobre a natureza. Domina-se a

si\7". Detrás abrigam-sc interêssc.s lon gamente cstratificados, por isso mesmo feito tabus. É a zona da cultura onde estão as minas... Pois aqui é mister

examinar prudentemente, porque é o mar onde bóiam, ao léii das correntes os torpedos invisíveis do obscurantis mo, capazes de dinamitar os patrulheíros que se dispõem a avançar calma mente no domínio das idéias e das teo rias, a serviço das realidades nacionais.

Êles não sc dispõem a pregar messianismos encamisados e furiosos.

está, em grande parle, assentado no ter

dispõem a nenhum messianismo de ne

tivar. para orientar as condutas, para sentir o pressentir choques sociais, uma

nhuma cor. Têm o espírito livre para

espécie de instinto vital das realidades

pirações da verdade. E se, por acaso, vigiando esses mares ameaçados dos

nômicos que deverão orientar uma ação política esclarecida, capaz de conduzir à maior estabilidade dí> país.

formas rituais ou apelos místicos, os

Analisá-las lewanta maldições. É o que Oilvcrton chamou de "Cultural compul-

oriundo das habilidades instintivo-afe-

ram deter o curso do astro - com in-

o comportamento dos fenômenos, com

icsistências, desde as inspiradas no inteVêsse mercantil às oriundas dos tabus organizados, normas inlangibilizadas polo noili mc tangera das convxniências.

que se apresenta no mundo moderno,

reno econômico — são os estudos eco

vecíivas e pedradas. Palavras jamais

a interferência encontra toda sorte de

tra um quid proprium incxprimível,

Seria como aqueles selvagens que espe

pararam^ coisa alguma desde a façanha e Jt^sue, quando o sol não encontrara ainda Copémico. Em vez de contrariar

das relações sociais só se legitima quan do feita pelos indicativos da Ciência.

Mar. nao é fácil. Na matéria social,

sociais.

no vcIIk} sentido.

decisão de intervir no desenvolvimento

Mone))ólio sojocrálico do poder A revolução industrial, da qual saúh

sociais, se me permitem a expressão.

Êste SC traduz cm conjunto de qualida des psicológicas, que se não definem,

l^arados para os choques inúteis, que se

do — eis um líder.

recolham ao grupo de estudo, para com- , binar racional e cientificamente o meio

proporções jamais previstas. U que noS está acontecendo agora também escapa» na sua totalidade e no seu alcance, ^

Há, pois, um imperativo que paira sobre a cabeça dos que estudam, e que fica bem enunciar num órgão de publi cidade como o "Dlgesto Econômico": a

nisiparendo.

cia: hoje já se pode entender melhor o

manas, um aprofundamento de conscieri'

vaga, a deriva das correntezas sociais,

mas que sc constatam, e que compreen

A democracia pela ciência

ve, no desenvolvimento das relações

preconceitos, lobrigam, na crista da

demos quando indicamos alguém, dizen

no plano ideológico, promoveu mutações colossais na comunidade humana, err»

consciência dos observadores. Mas

todos os exames, aberto a todas as ins

alguma concentração de explosivos, pre-

até certo ponto, a Economia Política,

natureza obedecendo-a - dizia o pro vérbio antigo, Natura non imperatur

Não se

persuasivo de subtrair o efeito defla

grador, evitando o .sacrifício tumultuo

so, que poderá agradar aos profetas, mas não aos cientistas, que querem pennanecer fiéis às responsabilidades impos tas pela ciência.


Dice-sto

que estudam.

Por isso mesmo, só o

clima de liberdade intelectual permite o progresso das ciências sociais e, es pecialmente, dos estudos econômicos,

Ec.ONVíMICO

•Mas em face da sociedade, o homem

continuou técnicas que havia abando

cujo material de exame é p conjunto das

nado diante da natureza. .\ão quis mais dirigir as chuvas, os rios, ou debi.lar a peste fazendo eiconjuros, poniue aceitou

relações'que compõem a vida assoda-

a causalidade natural dos fenômenos.

tiva, material palpitante e vivo a que

Mas ainda quer dirigir a sociedade como

está ligado o próprio observador. Em

se não existi.sse a "ciência da socieda

resumo, não cabe à ciência confeccio

de", de que a Economia Política é a

Dicesto EcoNÓ>aco

27

sentido dos objetivos sociais o das téc nicas dc contròlc. E deseja-se uma intirftTência racional no jogo das fórças Não o um problema político apenas Se a vida coletiva

nar receitas ao sabor de conveniências

parle básica.

partidárias, no fito de proselitismos.

ficou desconhecida para os lidere; po líticos e sociais. Em \c/. da compreen

deve e lar sob contrôle de órgãos for mados pelas d.cisões da coletividade, isso não significa que os sociólogos, os economistas, os espcciali^tas nas ciências sociais se candidatem aos postos dc go

são das leis do dc.senvolviniento social, caminha-se sempre para o autoritarismo

Donald Piorson.

No desencontro salutar das opiniões e convicções — é bem oportuno salien tar — está um sintoma de vitalidade.

A inlnição <lc C^amte

Quando se fala em democracia com tan to ardor, assentemos o fundamento es

cego, que se cerca, muitas vèzes, dc

sencialmente democrático, de que de pendem os progressos da cultura. Ninguém duvida que a cultura está

mitologia política. A autoridade, cm lugar de mergulhar raízes no demos, procura energia em elites carismáticas, que esquecem a ba-^e social como ma

em transformação, reflexo das estruturas

rítcs mágico-animislas, recursos místicos,

verno. como ironizava

maliciosamente

Êsse monopólio sofo-

crático do poder seria uma solução sim plória. Não SC nega que seja uma ne cessidade crescente a participação ativa dos estudiosos na solução dos problemas através de órgãos do investigação c pen samento. Mas participação lixTC, com

que mudam. Cultura e.xprímíndo o to tal das criações do esforço humano, des

triz indispensável das formas políticas.

liberdade mental, como condição essen

Entretanto, o rumo só pode ser um:

de as técnicas materiais às espirituais,

o das soluções democráticas por vio

das máquinas às normas jurídicas e éti cas. Não adianta querer parar com pa

científica. Se o problema fundamental,

cial. A experiência política não é espe culação de gabinete, nem se pode re duzir a regras metodológicas. Nela en

lavras a mudança e paralisar a crítica.

homens passaram a estudar como os

fenômenos se comportavam, surpreendendo-lhes a regularidade para enunciálas em leis. Sua intimidade com os fatos

do mundo cresceu, a liberdade cresceu, a previsão deu-lhes provisão, deu-lhes

forças sobre a natureza. Domina-se a

si\7". Detrás abrigam-sc interêssc.s lon gamente cstratificados, por isso mesmo feito tabus. É a zona da cultura onde estão as minas... Pois aqui é mister

examinar prudentemente, porque é o mar onde bóiam, ao léii das correntes os torpedos invisíveis do obscurantis mo, capazes de dinamitar os patrulheíros que se dispõem a avançar calma mente no domínio das idéias e das teo rias, a serviço das realidades nacionais.

Êles não sc dispõem a pregar messianismos encamisados e furiosos.

está, em grande parle, assentado no ter

dispõem a nenhum messianismo de ne

tivar. para orientar as condutas, para sentir o pressentir choques sociais, uma

nhuma cor. Têm o espírito livre para

espécie de instinto vital das realidades

pirações da verdade. E se, por acaso, vigiando esses mares ameaçados dos

nômicos que deverão orientar uma ação política esclarecida, capaz de conduzir à maior estabilidade dí> país.

formas rituais ou apelos místicos, os

Analisá-las lewanta maldições. É o que Oilvcrton chamou de "Cultural compul-

oriundo das habilidades instintivo-afe-

ram deter o curso do astro - com in-

o comportamento dos fenômenos, com

icsistências, desde as inspiradas no inteVêsse mercantil às oriundas dos tabus organizados, normas inlangibilizadas polo noili mc tangera das convxniências.

que se apresenta no mundo moderno,

reno econômico — são os estudos eco

vecíivas e pedradas. Palavras jamais

a interferência encontra toda sorte de

tra um quid proprium incxprimível,

Seria como aqueles selvagens que espe

pararam^ coisa alguma desde a façanha e Jt^sue, quando o sol não encontrara ainda Copémico. Em vez de contrariar

das relações sociais só se legitima quan do feita pelos indicativos da Ciência.

Mar. nao é fácil. Na matéria social,

sociais.

no vcIIk} sentido.

decisão de intervir no desenvolvimento

Mone))ólio sojocrálico do poder A revolução industrial, da qual saúh

sociais, se me permitem a expressão.

Êste SC traduz cm conjunto de qualida des psicológicas, que se não definem,

l^arados para os choques inúteis, que se

do — eis um líder.

recolham ao grupo de estudo, para com- , binar racional e cientificamente o meio

proporções jamais previstas. U que noS está acontecendo agora também escapa» na sua totalidade e no seu alcance, ^

Há, pois, um imperativo que paira sobre a cabeça dos que estudam, e que fica bem enunciar num órgão de publi cidade como o "Dlgesto Econômico": a

nisiparendo.

cia: hoje já se pode entender melhor o

manas, um aprofundamento de conscieri'

vaga, a deriva das correntezas sociais,

mas que sc constatam, e que compreen

A democracia pela ciência

ve, no desenvolvimento das relações

preconceitos, lobrigam, na crista da

demos quando indicamos alguém, dizen

no plano ideológico, promoveu mutações colossais na comunidade humana, err»

consciência dos observadores. Mas

todos os exames, aberto a todas as ins

alguma concentração de explosivos, pre-

até certo ponto, a Economia Política,

natureza obedecendo-a - dizia o pro vérbio antigo, Natura non imperatur

Não se

persuasivo de subtrair o efeito defla

grador, evitando o .sacrifício tumultuo

so, que poderá agradar aos profetas, mas não aos cientistas, que querem pennanecer fiéis às responsabilidades impos tas pela ciência.


DicESTO

o custo das leis sociais Dorival Teixeira Vieira

Üala*se constantemente em custo das

* leis sociais. Estudos têm sido realiza dos no sentido da determinação do seu "quantum". Tais trabalhos, no entanto, constituem meras aproximações, visto

não haver estatísticas bem organizadas

ra, haveria um ponto cli- cí|uiÜI)rio tleterminado pelo preço "PI". v( ndc nclose a êsse preço u qmintidacle dc uma certa mercadoria, de acôrdo eoni a

capacidade de absorção dos eonsiimi-

Econômico

quociente da divisão do acréscimo "d"

pela quanlicl.ado produzida. Isto pôslo, colocamo-nos diante da seguinte alter nativa: ou esta parcela será retirada do

lucro c representará uma parcela de lu cro cessante, ou será aercseida ao preço

de mercado. Neste segundo momento, ao preço de \enda "PI" se acrescenta

aquélc quociente. Isso eqüivale a dizer que .'•altamos do preço "PI" para o pre

que permitam conhecer qual o compor

dores. Para prccluzi-la seria necessário efetuar uma certa dcspe.sa total; t> custo

tamento dos custos, nos vários setores

de cada unidade produzida seria obti

da produção; não só os estudiosos vêm lutando por falta de dados, como tam

do dividindo-se a de.spcsa pela quan

cínio. quais serão as conseqüências para

tidade.

o mercado?

bém, por esta ou por aquela razão, as empresas consideram o custo um dado

sigiioso, e sempre relutam em fornecer

elementos que permitam um cálculo exato.

Apesar da falta de dados estatísticos,

de um ponto de vista teórico, mas que nos parece bastante aproximado da reali

dade, poderemos analisar os argumentos conducentes à afirmação da existência

Uma vez postas em \ igor as U-i.s tra

balhistas, a essa despesa primitiva so mou-se uma icrie de parcelas: os aci dentes do trabalho, onerando oni média as despesas anteriores em 2,8T sobre o valor das folhas de pagamentos; as fal

ço "P2", resultante desta ioma. Admllindo-sc a validade cléste racio

sociais, aumentando a despesa total,

portamento dos produtores, e a procura, que exprimiria os hábitos da população consumidora, esta última invariável em

períodos curtos e médios; graças ao fun cionamento da lei da oferta e da procu

provocará majoração do custo de produção por

preço mediante uma par

são, um aumento obriga

remuneradas, em 5.56%; as indenizações

de transacionada; então

do. Temps de tomar uma

em 8,33% a 16,66%; o repouso semanal remunerado em 19,4%; a prcviclèncria so-

teremos o consumo ab

tas ao serviço, cm 1^; as férias anuais

sorvendo a quantidade "QO" menor do que *'Q1".

Se as empresas continuarem a prodiízir na base do preço anterior, haverá um estoque não vendido; para que tal não ocorra, estas diminuirão a sua pro

aproximadamente entre 1/3 e 3/4 do

mercantis: a oferta, traduzindo o com

Resta-nos saber se este mecanismo é

cur\'ii de procura se mantiver inalterada, o falo dc se majorar o

nará nova situação de equilíbrio do mer cado. Haverá então, ao mesmo tempo, certa majoração de preço e redução da quantidade produzida e transacionada. Os consumidores irão, pois, sofrer uma

mentos determinantes das transações

fenômenos.

exato, isto é, se a existência dessas leis

dução; a nova curva de oferta passará, então, pelo ponto "b", o qual determi

Isso significa que dois seriam os ele

para o consumo, provocaria maior es

cassez, agravando desse modo aqueles

Em primeiro lugar, .se a

42% sobre o valor cias folhas dc paga naríamos leis trabalhistas", o mercado, mento. Ccmo os salários representam

equilíbrio do mercado.

população, rendimentos que se mante riam no mesmo nível do período ante rior e, subindo os preços, ou se redu zirão as poupanças, ou baixará o nível de vida. Além disso, o roajustamento da política de produção das empresas, fa zendo baixar a quantidade dispouíxel

cela adicional, represen tada pelo chamado custo das leis trabalhistas, de terminará nova quantida

de um custo das leis sociais. Para isso, .cial e o serviço social em cerca de 9%; isolemos dois momentos: um, que pode juntando a estas parcelas mais o avi.so remos chamar "ti", uma determinada as horas .suplementares e extraor data, um determinado período, anterior prévio, dinárias, o imposto sindical o os encar à vigência dessas leis; e outro, "t2", pos gos referentes á maternidade, a despe terior às mesmas; antes da existência sa total aparece majorada cm cerca cie das^ leis sociais, e que melhor denomi funcionando livremente, determinava um certo preço e uma certa quantidade de

com estas leis, teríamos em conseqüên cia, pelo menos para uma certa parte da

custo total de produção, teríamos um

acréscimo à despesa total, variável eniTC 14% e 31,5%. Chamemos "d" esta no

va parcela; o custo unitário passaria a ser

dado, no segundo momento "l2", pela soma deste novo elemento à despesa total, sem aumento correspondente

dupla pressão, a do preço majorado por essa parcela d -r- Q1 e a da quantidade, reduzida em virtude da nova política

de produção.

A majoração de preço

unidade

e, em

conse

qüência, pela repercus tório do preço de merca do

duas

posições; ou

aceitamos que as leis traballiistas são decorrência

de uma inegável reali dade, imperativo da época, contra o

qual não se pode ou não se deve lu tar, ou então afirmaremos que essas leis são dispensáveis, que não estão aten dendo a uma realidade sócio-eoonómica,

e que seu custo constitui o que Stuart Mill chamaria "elementos artificiais do custo", devendo ser eliminados.

Não julgamos que êste aumento de

despesa constitua um elemento artitictal do custo. Achamos que o mesmo é natural, tão natural quanto as demais partes integrantes das chamadas equa ções de custo; poderemos adiantar que o raciocínio até aqui e.xposto é falso, por"

quantidade produzida; isto significa cju® ao custo unitário anterior juntar-sc-lí^

eqüivalerá a um aumento do custo de

uma nova fração, determinada pel®

vida; admitindo-se, por outro lado, que

que o aumento da despesa total não sig nifica obrigatòriamente um aumento de

nem tôda a pppulaçãc se beneficiaria

custo.

É capcioso supor constante a


DicESTO

o custo das leis sociais Dorival Teixeira Vieira

Üala*se constantemente em custo das

* leis sociais. Estudos têm sido realiza dos no sentido da determinação do seu "quantum". Tais trabalhos, no entanto, constituem meras aproximações, visto

não haver estatísticas bem organizadas

ra, haveria um ponto cli- cí|uiÜI)rio tleterminado pelo preço "PI". v( ndc nclose a êsse preço u qmintidacle dc uma certa mercadoria, de acôrdo eoni a

capacidade de absorção dos eonsiimi-

Econômico

quociente da divisão do acréscimo "d"

pela quanlicl.ado produzida. Isto pôslo, colocamo-nos diante da seguinte alter nativa: ou esta parcela será retirada do

lucro c representará uma parcela de lu cro cessante, ou será aercseida ao preço

de mercado. Neste segundo momento, ao preço de \enda "PI" se acrescenta

aquélc quociente. Isso eqüivale a dizer que .'•altamos do preço "PI" para o pre

que permitam conhecer qual o compor

dores. Para prccluzi-la seria necessário efetuar uma certa dcspe.sa total; t> custo

tamento dos custos, nos vários setores

de cada unidade produzida seria obti

da produção; não só os estudiosos vêm lutando por falta de dados, como tam

do dividindo-se a de.spcsa pela quan

cínio. quais serão as conseqüências para

tidade.

o mercado?

bém, por esta ou por aquela razão, as empresas consideram o custo um dado

sigiioso, e sempre relutam em fornecer

elementos que permitam um cálculo exato.

Apesar da falta de dados estatísticos,

de um ponto de vista teórico, mas que nos parece bastante aproximado da reali

dade, poderemos analisar os argumentos conducentes à afirmação da existência

Uma vez postas em \ igor as U-i.s tra

balhistas, a essa despesa primitiva so mou-se uma icrie de parcelas: os aci dentes do trabalho, onerando oni média as despesas anteriores em 2,8T sobre o valor das folhas de pagamentos; as fal

ço "P2", resultante desta ioma. Admllindo-sc a validade cléste racio

sociais, aumentando a despesa total,

portamento dos produtores, e a procura, que exprimiria os hábitos da população consumidora, esta última invariável em

períodos curtos e médios; graças ao fun cionamento da lei da oferta e da procu

provocará majoração do custo de produção por

preço mediante uma par

são, um aumento obriga

remuneradas, em 5.56%; as indenizações

de transacionada; então

do. Temps de tomar uma

em 8,33% a 16,66%; o repouso semanal remunerado em 19,4%; a prcviclèncria so-

teremos o consumo ab

tas ao serviço, cm 1^; as férias anuais

sorvendo a quantidade "QO" menor do que *'Q1".

Se as empresas continuarem a prodiízir na base do preço anterior, haverá um estoque não vendido; para que tal não ocorra, estas diminuirão a sua pro

aproximadamente entre 1/3 e 3/4 do

mercantis: a oferta, traduzindo o com

Resta-nos saber se este mecanismo é

cur\'ii de procura se mantiver inalterada, o falo dc se majorar o

nará nova situação de equilíbrio do mer cado. Haverá então, ao mesmo tempo, certa majoração de preço e redução da quantidade produzida e transacionada. Os consumidores irão, pois, sofrer uma

mentos determinantes das transações

fenômenos.

exato, isto é, se a existência dessas leis

dução; a nova curva de oferta passará, então, pelo ponto "b", o qual determi

Isso significa que dois seriam os ele

para o consumo, provocaria maior es

cassez, agravando desse modo aqueles

Em primeiro lugar, .se a

42% sobre o valor cias folhas dc paga naríamos leis trabalhistas", o mercado, mento. Ccmo os salários representam

equilíbrio do mercado.

população, rendimentos que se mante riam no mesmo nível do período ante rior e, subindo os preços, ou se redu zirão as poupanças, ou baixará o nível de vida. Além disso, o roajustamento da política de produção das empresas, fa zendo baixar a quantidade dispouíxel

cela adicional, represen tada pelo chamado custo das leis trabalhistas, de terminará nova quantida

de um custo das leis sociais. Para isso, .cial e o serviço social em cerca de 9%; isolemos dois momentos: um, que pode juntando a estas parcelas mais o avi.so remos chamar "ti", uma determinada as horas .suplementares e extraor data, um determinado período, anterior prévio, dinárias, o imposto sindical o os encar à vigência dessas leis; e outro, "t2", pos gos referentes á maternidade, a despe terior às mesmas; antes da existência sa total aparece majorada cm cerca cie das^ leis sociais, e que melhor denomi funcionando livremente, determinava um certo preço e uma certa quantidade de

com estas leis, teríamos em conseqüên cia, pelo menos para uma certa parte da

custo total de produção, teríamos um

acréscimo à despesa total, variável eniTC 14% e 31,5%. Chamemos "d" esta no

va parcela; o custo unitário passaria a ser

dado, no segundo momento "l2", pela soma deste novo elemento à despesa total, sem aumento correspondente

dupla pressão, a do preço majorado por essa parcela d -r- Q1 e a da quantidade, reduzida em virtude da nova política

de produção.

A majoração de preço

unidade

e, em

conse

qüência, pela repercus tório do preço de merca do

duas

posições; ou

aceitamos que as leis traballiistas são decorrência

de uma inegável reali dade, imperativo da época, contra o

qual não se pode ou não se deve lu tar, ou então afirmaremos que essas leis são dispensáveis, que não estão aten dendo a uma realidade sócio-eoonómica,

e que seu custo constitui o que Stuart Mill chamaria "elementos artificiais do custo", devendo ser eliminados.

Não julgamos que êste aumento de

despesa constitua um elemento artitictal do custo. Achamos que o mesmo é natural, tão natural quanto as demais partes integrantes das chamadas equa ções de custo; poderemos adiantar que o raciocínio até aqui e.xposto é falso, por"

quantidade produzida; isto significa cju® ao custo unitário anterior juntar-sc-lí^

eqüivalerá a um aumento do custo de

uma nova fração, determinada pel®

vida; admitindo-se, por outro lado, que

que o aumento da despesa total não sig nifica obrigatòriamente um aumento de

nem tôda a pppulaçãc se beneficiaria

custo.

É capcioso supor constante a


Dir.KAH5

Kconòmico

despesa ; aumentar.á então a produtivi dade da emprè.a, crescendo a quantida

trabalhar por vontade própria. v.ini, movido por circunstâncias ocasionais,

mático, feito cxjiii base na teoria econô

de produzida

mica,

(pjc nos permita contradizer o

unitário, conforme Simiand comprovou.

afirmado. Diante do proba ina traba lhista. tli-fronlaino-nos com duas posi ções, unui delas niuito bem expressa por •Sliiart Mill, .segundo a qual nada nos

Podemos então afirmar que, a despeito do um aumento das de.spesas totais, por

sua fôrça de trabalho em dott rminncla

necessidades reais do trabalhador, ela

acidentais, da própria atividade <pie c.xerce. Seria desumant) impedir rjue se lhe proporcionem recursos e pris^-ibili-

possibihdade de diminuir o custo uni

dades de refazer sua força de trabalho, para voltar a e.xerccr sua profissão. Ou tro exemplo nos é dado pelas férias anuais remuneradas; cm úllinia análise, estas dão ao trabalhador a pcíssibilidadc

tário,

de descansar e refazer as suas <-iierjgias

medida que a quantidade cresce pelo aumento de produtividade, a parcela d será absorvida, havendo mesmo a

indiscutível o fato de os fatores de proução, uma vez incorporados ao produ to, precisarem ser repostos. Qualquer

para poder voltar a trabalhar com maior eficiência. A maior parle do con teúdo das leis trabalhistas, analisada sob esse prisma, nos conduz à afirma ção de que as mesmas conslitvici,, uinn forma de obrigatorií.-claclc legal de obe

empreendedor sabe que uma peça de máquina desgastada precisa ser subsli-

fatores de produção.

E curioso notar que, no estudo dos euslos, não há empreendedor digno des se nome que não aceite como verdade

tuída, que o ó'eo lubrificante, uma vez

utilizado, precisa ser trocado, que a materia-prima transformada em produto acabado precisa ser reposta, refazendose o estoque necessário para a continuí-

ade da produção. Por que essa mes ma lei aceita para todos cs demais fa tores do custo de produção, não funcio nara para o próprio trabalho ?

Na teoria do valor-trabalho há uma

distmção de excepcional importância en tre o trabalho como potência e como ato, ou seja, a força do trabalho e o tra

balho pròpriamente dito. Derde que não possamos organizá-lo de tal forma

exercício da sua profissão, fica temporà-

autorizaria a af.rmar quo o aumento da parc<'la alribuivel ao trabalho não pode rá crescer tl«' tal maneira que ab orva os demais bitóres cie produção, anulan do a capacidade produtiva ; a outra, por nó:; aceita, sinlLtiza-sc na afirmação de

que nada nos autoriza a asseverar que

o contrário ó verdadeiro, isto é, que o

auinenlo das despesas, por efeito da le gislação social, possa e venha trazer o íiumcnto da produtividade, capaz, in clusive, de fazer diminuir o custo por

diência à lei econômica de reposiç-ão dos

unidade c dc provocar fenômenos in-

Graças a elas torna-se possível refazerem-se as forças do trabalhador c res-

\'ersos

tituír-se a plenitude da sua capacidade

comprovar até que ponto a teoria está

o custo por unidade dimintia, manten

acertada, ao aplicar a lei das reposições ao próprio trabalho e mostrar a possibi

parciais deverão ser feitas no sentido de

lidade de uma legislação social adequa

anterior, quer dizer, .sem prejuíz.,, pa^ as empresas e até com i^ossibiudadc d^^ uma baixa do preço de mercado. Mantendo-se inalterada a curva d"

da, permitindo a redução do custo de produção.

Á

reduzir-sc o custo uni

tário.

Cumpre ponderar ainda que a resis tência patronal â melhoria do trabalho, das concliçíães do trabalhador e da sua remuneração, tem iim custo muito ele

vado, porque ó falo comprovado que o assalariado dc.scontento produz menos. Poder-se-á discutir se o operário plenamento .satisfeito produzirá mais ; é, po rém, indiscutível que o insatisfeito pro duz cada vez menos. E não só produz menos, aplicando menor energia, como

pode impedir que se apliquem plena mente os demais fatores de produção,

lo aumento de produtividade, c,n bene fício de todos. Absorvida a parcela adi

do-se, além disso, a margem de lucfU

efeito da aplicação das leis trabalhistas, .será possível

isto é, pode desperdiçar a matéria-pri ma, quebrar máquinas, reduzir não só a

coletividade. Pesquisas estatísticas im

cional da despesa, poderá ocorrer 'qU^

e rcduzindo-se o custo

aos descritos pelos adeptos da

aumento de bens postos à disposição da

zirá a um crescimento da produção, pe

que possam compensar o aumento de

primeira corrente : diminuição do preço do mercado, redução do custo do vida e

de realização, o que fatabnente condu

que a energia apíícada possa ser refeita, procura, cresceria a oferta, o que cqui' não poderemos chegar à reposição da valeria a afirmar-se a existência cie ui'^ aumento de bens disponíveis para a sn' fôrça de trabalho despendida. tisfação das necessidades da colctiv»' Analisando-se o conteúdo das leis dade. trabalhistas, o que verificamos ? — Se Poderão contestar-nos : Do ponto

por exemplo, o indivíduo se acidenta no

3l

atividade ; é evidente (jtie não cU-ixa de

rianieute impossibilitado do aplicar a

e no momento "t2". Se admitirmos que a legislação trabalhista visa atender às

lho ; tal aumento fará com que, no se gundo momento, não tenhamos a quan tidade produzida "Ql", e sim uma no va quantidade maior que a anterior ; à

Digksto Econômico

verificação daquilo que a teoria econô mica procura provar, — Em primeiro lugar, diremos mão haver e.tudo siste

quantidade produzida no momento "ll"

aumentará sua produtividade de traba

W

sua produtividade, como também a de todos os fatores de produção, postos em equação no processo produth'0. Quando há visível má vontade por parte da classe patronal, quando esta se esforça por manter-se numa posição rea

cionária de retorno ao passado, tal com portamento provoca uma redução na produtividade ; existe, portanto, um cus

Poderemos observar ainda que, quan do, por qualquer circunstância, a par

to de resistência. Pesquisas realizadas nos E.stados Unidos, Inglaterra e Ale

cela atribuível ao salário aumenta de tal

manha, têm mostrado a existência do fe nômeno. Alega-se qne, apesar da nos sa legislação trabalhista, a produtivida

maneira que a empresa se desequilibra,

vista teórico esse raciocínio é muito

isto é, que diminuí a parcela disponível para aquisição de outros fatores de pro dução, ocorre em longa duração um reajustamento das plantas das empresas, Isto é, o empreendedor reage de manei

estas vêm eivadas de suspeição, pelas fontes de onde promanam ; em verdade

Io, mas os Fatos não tem permitido ^

ra a introduzir melhoramentos técnicos

nos parece que

de de trabalho tem diminuído ; há es tatísticas levantadas nesse sentido, mas

quando essas leis sãO


Dir.KAH5

Kconòmico

despesa ; aumentar.á então a produtivi dade da emprè.a, crescendo a quantida

trabalhar por vontade própria. v.ini, movido por circunstâncias ocasionais,

mático, feito cxjiii base na teoria econô

de produzida

mica,

(pjc nos permita contradizer o

unitário, conforme Simiand comprovou.

afirmado. Diante do proba ina traba lhista. tli-fronlaino-nos com duas posi ções, unui delas niuito bem expressa por •Sliiart Mill, .segundo a qual nada nos

Podemos então afirmar que, a despeito do um aumento das de.spesas totais, por

sua fôrça de trabalho em dott rminncla

necessidades reais do trabalhador, ela

acidentais, da própria atividade <pie c.xerce. Seria desumant) impedir rjue se lhe proporcionem recursos e pris^-ibili-

possibihdade de diminuir o custo uni

dades de refazer sua força de trabalho, para voltar a e.xerccr sua profissão. Ou tro exemplo nos é dado pelas férias anuais remuneradas; cm úllinia análise, estas dão ao trabalhador a pcíssibilidadc

tário,

de descansar e refazer as suas <-iierjgias

medida que a quantidade cresce pelo aumento de produtividade, a parcela d será absorvida, havendo mesmo a

indiscutível o fato de os fatores de proução, uma vez incorporados ao produ to, precisarem ser repostos. Qualquer

para poder voltar a trabalhar com maior eficiência. A maior parle do con teúdo das leis trabalhistas, analisada sob esse prisma, nos conduz à afirma ção de que as mesmas conslitvici,, uinn forma de obrigatorií.-claclc legal de obe

empreendedor sabe que uma peça de máquina desgastada precisa ser subsli-

fatores de produção.

E curioso notar que, no estudo dos euslos, não há empreendedor digno des se nome que não aceite como verdade

tuída, que o ó'eo lubrificante, uma vez

utilizado, precisa ser trocado, que a materia-prima transformada em produto acabado precisa ser reposta, refazendose o estoque necessário para a continuí-

ade da produção. Por que essa mes ma lei aceita para todos cs demais fa tores do custo de produção, não funcio nara para o próprio trabalho ?

Na teoria do valor-trabalho há uma

distmção de excepcional importância en tre o trabalho como potência e como ato, ou seja, a força do trabalho e o tra

balho pròpriamente dito. Derde que não possamos organizá-lo de tal forma

exercício da sua profissão, fica temporà-

autorizaria a af.rmar quo o aumento da parc<'la alribuivel ao trabalho não pode rá crescer tl«' tal maneira que ab orva os demais bitóres cie produção, anulan do a capacidade produtiva ; a outra, por nó:; aceita, sinlLtiza-sc na afirmação de

que nada nos autoriza a asseverar que

o contrário ó verdadeiro, isto é, que o

auinenlo das despesas, por efeito da le gislação social, possa e venha trazer o íiumcnto da produtividade, capaz, in clusive, de fazer diminuir o custo por

diência à lei econômica de reposiç-ão dos

unidade c dc provocar fenômenos in-

Graças a elas torna-se possível refazerem-se as forças do trabalhador c res-

\'ersos

tituír-se a plenitude da sua capacidade

comprovar até que ponto a teoria está

o custo por unidade dimintia, manten

acertada, ao aplicar a lei das reposições ao próprio trabalho e mostrar a possibi

parciais deverão ser feitas no sentido de

lidade de uma legislação social adequa

anterior, quer dizer, .sem prejuíz.,, pa^ as empresas e até com i^ossibiudadc d^^ uma baixa do preço de mercado. Mantendo-se inalterada a curva d"

da, permitindo a redução do custo de produção.

Á

reduzir-sc o custo uni

tário.

Cumpre ponderar ainda que a resis tência patronal â melhoria do trabalho, das concliçíães do trabalhador e da sua remuneração, tem iim custo muito ele

vado, porque ó falo comprovado que o assalariado dc.scontento produz menos. Poder-se-á discutir se o operário plenamento .satisfeito produzirá mais ; é, po rém, indiscutível que o insatisfeito pro duz cada vez menos. E não só produz menos, aplicando menor energia, como

pode impedir que se apliquem plena mente os demais fatores de produção,

lo aumento de produtividade, c,n bene fício de todos. Absorvida a parcela adi

do-se, além disso, a margem de lucfU

efeito da aplicação das leis trabalhistas, .será possível

isto é, pode desperdiçar a matéria-pri ma, quebrar máquinas, reduzir não só a

coletividade. Pesquisas estatísticas im

cional da despesa, poderá ocorrer 'qU^

e rcduzindo-se o custo

aos descritos pelos adeptos da

aumento de bens postos à disposição da

zirá a um crescimento da produção, pe

que possam compensar o aumento de

primeira corrente : diminuição do preço do mercado, redução do custo do vida e

de realização, o que fatabnente condu

que a energia apíícada possa ser refeita, procura, cresceria a oferta, o que cqui' não poderemos chegar à reposição da valeria a afirmar-se a existência cie ui'^ aumento de bens disponíveis para a sn' fôrça de trabalho despendida. tisfação das necessidades da colctiv»' Analisando-se o conteúdo das leis dade. trabalhistas, o que verificamos ? — Se Poderão contestar-nos : Do ponto

por exemplo, o indivíduo se acidenta no

3l

atividade ; é evidente (jtie não cU-ixa de

rianieute impossibilitado do aplicar a

e no momento "t2". Se admitirmos que a legislação trabalhista visa atender às

lho ; tal aumento fará com que, no se gundo momento, não tenhamos a quan tidade produzida "Ql", e sim uma no va quantidade maior que a anterior ; à

Digksto Econômico

verificação daquilo que a teoria econô mica procura provar, — Em primeiro lugar, diremos mão haver e.tudo siste

quantidade produzida no momento "ll"

aumentará sua produtividade de traba

W

sua produtividade, como também a de todos os fatores de produção, postos em equação no processo produth'0. Quando há visível má vontade por parte da classe patronal, quando esta se esforça por manter-se numa posição rea

cionária de retorno ao passado, tal com portamento provoca uma redução na produtividade ; existe, portanto, um cus

Poderemos observar ainda que, quan do, por qualquer circunstância, a par

to de resistência. Pesquisas realizadas nos E.stados Unidos, Inglaterra e Ale

cela atribuível ao salário aumenta de tal

manha, têm mostrado a existência do fe nômeno. Alega-se qne, apesar da nos sa legislação trabalhista, a produtivida

maneira que a empresa se desequilibra,

vista teórico esse raciocínio é muito

isto é, que diminuí a parcela disponível para aquisição de outros fatores de pro dução, ocorre em longa duração um reajustamento das plantas das empresas, Isto é, o empreendedor reage de manei

estas vêm eivadas de suspeição, pelas fontes de onde promanam ; em verdade

Io, mas os Fatos não tem permitido ^

ra a introduzir melhoramentos técnicos

nos parece que

de de trabalho tem diminuído ; há es tatísticas levantadas nesse sentido, mas

quando essas leis sãO


ilU

UM! '«

Díckstí) Er.í>N()Mic:o

34

Dtcesto EcoNóNnco

cio de uma nacionalidade; terra de bên çãos e de paz, terra de tolerância, mas

de ordem, em que a ordem material não é mais do que a expressão da ordem e do equilíbrio que reinam nos espíritos, terra remuneradora e larga, mas modes ta, ecônoma, severa e vigilante, terra de irresistível vocação política, que produz, por si mesma, espontâneamente, sem coerção ou constrangimento, por virtu

economia de produção dou h vida hu mana uma tal densidade de problemas sociais, téc-nicos, políticos e jurídicos, que os estudos econômicos constituem

pensáveis preparações para a nioc idaclc» seja qual for a carreira a (pie >4. desti ne c, muito partíciilannenle, se f«)r a clu

os maravilhosos frutos da educação c da cultura humana.

desequilíbrio existente entre ;i nossa já

é onde se sente, em tôda a amplitude de sua onda, a vibração da alma brasileira,

no ritmo da língua, no compasso da mú sica, na expressão dos sentimentos cívi-

cos, de maneira a se poder dizer que a Bahia é o padrão do Brasil, que nela se encontram, nas suas formas típicas, as categorias espirituais por cujo intermé

dio se exprimem e se traduzem a inteli gência e o coração do Brasil. Bem vedes, srs. bacharelandos, como

foi grato ao meu espírito o convite que me fizestes, propiciando-me, de uma só vez, o encantamento e o enleio em que me encontro desde o meu primeiro contacto com a Bahia, e a satisfação de me

ver lembrado por um grupo de moços de inteligência esclarecida c alerta, em dia com os rumos e o sentido do mun

do contemporâneo, compreendendo co

umas e a outros, de sorte a colocá-los

em forma, o que significa, na técnica econômica, o maior aproveitamento das matérias-primas o o mais intenso rendi mento do trabalho humano, constitui uma exigência indeclinável a que ne nhum país poderá fugir sem renunciar à luta por um lugar no ciclo planetário da economia contemporânea. Problemas

Constitui, por isto mesmo,

car, como me foi grato fazé-lo na Babia,

de es'coias, destinadas à racionalivuição do trabalho intelectual na indústria e

dantes cia Faculdade de Ciências Eco

no comércio, ainda entrcguo entre uós

ensino comercial

ao acaso das vocações e ao empirístno

e o entusiasmo,

do aprendizado rotineiro. O rudimento do ensino

penho o o zêlo

nômicas, das lacunas e deficiências do

outros,

ganização

e todos

tlo, SC dispuseram a ele\'ar o nível desse ensino, colocando-o no plano que lhe cumpre ocupar, abaixo de nenhum ou

Foi, pcrcm, apenas o ponto dc parti da de um largo movimento, cujo ritirio cumpre acelerar cm todo o País cie

1

ban

cária, problemas

de comum acôr-

nanças'.

te SC encontra apenas no seu início- ^

problemas do crédito e da or

com que uns e

abrangendo apenas uma das aliviclados do comércio, a de contador, foi corisideràvelmc-nlü ampliado g dcsenvoiVÍcl<J em diversos cursos técnicos, conio o guarda-livros, de adniinistiador-vencl<-'" dor, perito-contador, e, finalmente, curso superior de adininistraç-ão o f'"

ao espírito como no século passado o interessavam os problemas da política.

da produção e

do consumo,

a decisão, o em

eoinerciah

tão dignos de interessar intensamente

imediato pelas fontes e pelos processos

(Ia sua economia. Conhecer a fundo a

mais difíceis com que já lutou o ensino

a lúcida compreensão, tanto da parte dos profess('iics como da parte dos estu

haviam sido criadas categorias o-pcciais

mil, que a densidade da vida contempo rânea põe ao homem outros problemas, c que a atitude não só dos indivíduos, como dcjs Inovou, das nações e dos Es tados é hoje condieionada do n>odo

Estamos alravesstmdo um dos momentos

no Brasil.

ncira a tornar realidade no Brasil

pos sob o sinal do religioso e do político. A passagem da economia de consumo à

que nos mais antigos se manifestam por uma forma tão ostensiva e generalizada.

motivo dc alento e dc conforto verifi

organização capaz e eficiente do ensino comercial, econômico e financeiro. Ê'*"

econômico como já viveu em outros tem

cente as mesmas causas e repercussões

uma educação adequada às novas for mas de atividade comercial e incUistrial, para as quais, cm todo o niunclo,

abre ao espírito perspectivas e panoramas

vive hoje sob o sinal do

estamos em \ia de \i\cr sob um outro si-

intensa vida econômica e a ausência cie

mo poucos que a economia do Brasil

mundo

docente, são os mesmos cm todos eles.

A crise (pie atravessa o nosso sistema

cío. Quandri chamado a ocupar a pas ta da Educação no Govêrno Provisório, impressionou-me desde logo o falo cio

des, compreendendo, desta maneira, que

de educação tem no seu ramo mais re

sua escolha a da indústria ou cln tcmicr-

econômicos, em tódas as suas modalida

dc organização c dc seleção do corpo Os males de que padece um são os mes mos males de que padecem os demais.

hoje uma das mais necessárias e indis

de do seu próprio gènío pacífico e civi lizador, a ordem, o governo, a justiça, Aqui, nesta quente e luminosa Bahia,

Os problemas do método, assim cKimo os

85

V ■ fiscal, organização tiibutaria e de política e, domi-

nando-os a todos, porque na economia da produção esta não se destina apenas ao mercado nacional, mas à permuta in ternacional, os problemas de política comercial, os mais importantes de todos

tro ramo de ensino, tão indispensável ao País como qualquer dos outros, e sem o qual a nossa economia não pode rá atingir o grau de organização e de racionalização a que nos cumpre elcváia ràpidamentc, a fim de que o nosso

e para os quais é urgente a formação entre nós de um corpo de técnicos e de peritos, de maneira que os tratados de

trabalho não continue a ser um dos mais

comercio consultem os interesses da

improdutivos do mundo e as nossas ri quezas naturais um moti\o de animadas conjeturas patrióticas ou um lema de

nio ainda virgem entre nós e dc que é

nossa economia, eis aí um imenso domí

sino superior. Há uma unidade técni

Folgo em verificar que a Bahia, onde mais a fundo e com maior gôsto foram

função das Faculdades Econômicas le vantar o mapa ou a carta topográfica, que orienta a política e a administração nas suas medidas, iniciati\'as e regula

ca entre.todos Os ramos de educaçá^•

cultivados os estudos clássicos e literá

mentações.

problema do ensino

comercial oferece

entre nós a.s mesmas dificuldades e ficiências do ensino ::ccundário e do en

dissertações mais ou menos literárias.

rios, se coloca na vanguarda dos estudos

Fomos surpreendidos pehi economia


ilU

UM! '«

Díckstí) Er.í>N()Mic:o

34

Dtcesto EcoNóNnco

cio de uma nacionalidade; terra de bên çãos e de paz, terra de tolerância, mas

de ordem, em que a ordem material não é mais do que a expressão da ordem e do equilíbrio que reinam nos espíritos, terra remuneradora e larga, mas modes ta, ecônoma, severa e vigilante, terra de irresistível vocação política, que produz, por si mesma, espontâneamente, sem coerção ou constrangimento, por virtu

economia de produção dou h vida hu mana uma tal densidade de problemas sociais, téc-nicos, políticos e jurídicos, que os estudos econômicos constituem

pensáveis preparações para a nioc idaclc» seja qual for a carreira a (pie >4. desti ne c, muito partíciilannenle, se f«)r a clu

os maravilhosos frutos da educação c da cultura humana.

desequilíbrio existente entre ;i nossa já

é onde se sente, em tôda a amplitude de sua onda, a vibração da alma brasileira,

no ritmo da língua, no compasso da mú sica, na expressão dos sentimentos cívi-

cos, de maneira a se poder dizer que a Bahia é o padrão do Brasil, que nela se encontram, nas suas formas típicas, as categorias espirituais por cujo intermé

dio se exprimem e se traduzem a inteli gência e o coração do Brasil. Bem vedes, srs. bacharelandos, como

foi grato ao meu espírito o convite que me fizestes, propiciando-me, de uma só vez, o encantamento e o enleio em que me encontro desde o meu primeiro contacto com a Bahia, e a satisfação de me

ver lembrado por um grupo de moços de inteligência esclarecida c alerta, em dia com os rumos e o sentido do mun

do contemporâneo, compreendendo co

umas e a outros, de sorte a colocá-los

em forma, o que significa, na técnica econômica, o maior aproveitamento das matérias-primas o o mais intenso rendi mento do trabalho humano, constitui uma exigência indeclinável a que ne nhum país poderá fugir sem renunciar à luta por um lugar no ciclo planetário da economia contemporânea. Problemas

Constitui, por isto mesmo,

car, como me foi grato fazé-lo na Babia,

de es'coias, destinadas à racionalivuição do trabalho intelectual na indústria e

dantes cia Faculdade de Ciências Eco

no comércio, ainda entrcguo entre uós

ensino comercial

ao acaso das vocações e ao empirístno

e o entusiasmo,

do aprendizado rotineiro. O rudimento do ensino

penho o o zêlo

nômicas, das lacunas e deficiências do

outros,

ganização

e todos

tlo, SC dispuseram a ele\'ar o nível desse ensino, colocando-o no plano que lhe cumpre ocupar, abaixo de nenhum ou

Foi, pcrcm, apenas o ponto dc parti da de um largo movimento, cujo ritirio cumpre acelerar cm todo o País cie

1

ban

cária, problemas

de comum acôr-

nanças'.

te SC encontra apenas no seu início- ^

problemas do crédito e da or

com que uns e

abrangendo apenas uma das aliviclados do comércio, a de contador, foi corisideràvelmc-nlü ampliado g dcsenvoiVÍcl<J em diversos cursos técnicos, conio o guarda-livros, de adniinistiador-vencl<-'" dor, perito-contador, e, finalmente, curso superior de adininistraç-ão o f'"

ao espírito como no século passado o interessavam os problemas da política.

da produção e

do consumo,

a decisão, o em

eoinerciah

tão dignos de interessar intensamente

imediato pelas fontes e pelos processos

(Ia sua economia. Conhecer a fundo a

mais difíceis com que já lutou o ensino

a lúcida compreensão, tanto da parte dos profess('iics como da parte dos estu

haviam sido criadas categorias o-pcciais

mil, que a densidade da vida contempo rânea põe ao homem outros problemas, c que a atitude não só dos indivíduos, como dcjs Inovou, das nações e dos Es tados é hoje condieionada do n>odo

Estamos alravesstmdo um dos momentos

no Brasil.

ncira a tornar realidade no Brasil

pos sob o sinal do religioso e do político. A passagem da economia de consumo à

que nos mais antigos se manifestam por uma forma tão ostensiva e generalizada.

motivo dc alento e dc conforto verifi

organização capaz e eficiente do ensino comercial, econômico e financeiro. Ê'*"

econômico como já viveu em outros tem

cente as mesmas causas e repercussões

uma educação adequada às novas for mas de atividade comercial e incUistrial, para as quais, cm todo o niunclo,

abre ao espírito perspectivas e panoramas

vive hoje sob o sinal do

estamos em \ia de \i\cr sob um outro si-

intensa vida econômica e a ausência cie

mo poucos que a economia do Brasil

mundo

docente, são os mesmos cm todos eles.

A crise (pie atravessa o nosso sistema

cío. Quandri chamado a ocupar a pas ta da Educação no Govêrno Provisório, impressionou-me desde logo o falo cio

des, compreendendo, desta maneira, que

de educação tem no seu ramo mais re

sua escolha a da indústria ou cln tcmicr-

econômicos, em tódas as suas modalida

dc organização c dc seleção do corpo Os males de que padece um são os mes mos males de que padecem os demais.

hoje uma das mais necessárias e indis

de do seu próprio gènío pacífico e civi lizador, a ordem, o governo, a justiça, Aqui, nesta quente e luminosa Bahia,

Os problemas do método, assim cKimo os

85

V ■ fiscal, organização tiibutaria e de política e, domi-

nando-os a todos, porque na economia da produção esta não se destina apenas ao mercado nacional, mas à permuta in ternacional, os problemas de política comercial, os mais importantes de todos

tro ramo de ensino, tão indispensável ao País como qualquer dos outros, e sem o qual a nossa economia não pode rá atingir o grau de organização e de racionalização a que nos cumpre elcváia ràpidamentc, a fim de que o nosso

e para os quais é urgente a formação entre nós de um corpo de técnicos e de peritos, de maneira que os tratados de

trabalho não continue a ser um dos mais

comercio consultem os interesses da

improdutivos do mundo e as nossas ri quezas naturais um moti\o de animadas conjeturas patrióticas ou um lema de

nio ainda virgem entre nós e dc que é

nossa economia, eis aí um imenso domí

sino superior. Há uma unidade técni

Folgo em verificar que a Bahia, onde mais a fundo e com maior gôsto foram

função das Faculdades Econômicas le vantar o mapa ou a carta topográfica, que orienta a política e a administração nas suas medidas, iniciati\'as e regula

ca entre.todos Os ramos de educaçá^•

cultivados os estudos clássicos e literá

mentações.

problema do ensino

comercial oferece

entre nós a.s mesmas dificuldades e ficiências do ensino ::ccundário e do en

dissertações mais ou menos literárias.

rios, se coloca na vanguarda dos estudos

Fomos surpreendidos pehi economia


.'•Jf

Dicesto Econónoco

S6

dirigida em,lamentável estado de penú» ria quanto ao pessoal técnico indispen

aspectos gerais dos problemas econômi cos, como sôbre cada um délcs em par

sável à direção da economia nacional. Como dirigir uma economia, sem co

ticular, desde os processos agrícolas on

industriais da produção até os da distri

nhecer as fontes e os processos da sua

buição,

produção, sem aparelhainento bancário

Economia nacional dirigida pressupõe,

e financeiro destinado a regular o ritmo

portanto, uma vasta organização de en

da produção e da distribuição, sem uma

sino econômico, em todos os seus ra

larga e esclarecida política comercial, fundada no seguro conhecimento das condições

do mercado interno e das

suas relações dinâmicas com o mercado

internacional ? Dirigir a economia na

cional, sem uma intensa preparação científica e prática de um corpo de téc nicos e de peritos destinados a orientar as medidas legislativas e as intervenções

do governo, é, evidentemente, passar dos mais competentes, que são os pro dutores, para o empirisrao e as aventu ras oficiais, o governo da riqueza nacio nal. Economia dirigida é, sobretudo,

do comércio c

do consumo.

mos e variedades.

Até há pouco, porém, as nossas eli tes dirigentes se mostravam tão sòmen te interessadas pelos estudos cIússíchís c

literários, não se animando a voltar as

suas vistas para o ensino técnico e pro fissional, de tão sadia infiuôncia na for mação moral e intelectual do homem, e aparelhamcnto indispensável ao recru

tamento e à mobilização dc um corpo de peritos destinado a exercer na indús

economia organizada e racionalizada. O.

tria e no comércio funções absolutamen te viscerais à organização de uma eco nomia nacional apercebida de todos os

Estado se propõe dirigir à ecdiiomla na

instrumentos necessários às operações

cional precisamente para imprimir ao

dia a dia mais complexas de transforma ção e de distribuição das riquezas.

seu ritmo regularidade, harmonia e se gurança, de maneira a evitar o risco

das aventuras individuais, os desperdí

cios resultantes de uma concorrência anárquica, organizando em sistema a economia nacional, articulando ao coniCTcio a indústria, a produção à distri

buição, transformando, enfim, em eco nomia sistemática a economia capricho sa e desorganizada cuja orientação obe

dece tão somente ao jogo dos interêsses individuais. Ora, esta imensa obra de organização e de racionalização da eco

nomia nacional não pode evidentemente estar na competência dos parlamentos e

dos governos, se êstes não dispõem de órgãos consultivos e de agentes especia lizados, com suficiente preparação cien tífica Q técnica, não sòmente sôbre os

A instrução clássica, por mais útil quo seja, não pode assumir sòzinha as res ponsabilidades que incumbem à inteli

gência nos destinos da Nação. A Nação não é, com efeito, apenas ordem jurídica 6 ordem moral, função de autoridade ou de governo; é, também, e hoje antes de tudo, uma usina e um mercado. A ins

trução clássica podia no século passado atender às exigências da vida cívica e da atividade política. As últimas conse qüências da revolução industrial cria ram, porém, aos governos, novas e com

plexas funções, estendendo a área do seu contrôle de maneira a envolver na

sua deliberação questões para a elucida ção das quais se exigem conhecimentos técnicos e especializados, cada vez mais

Dicesto Econômico

87

remotos, mesmo à compreensão das pes

de política que transforma os países em

soas cultivadas.

nações.

Os problemas do século passado eram essencialmente problemas políticos, sus ceptíveis de serem colocados em ter mos dc sentimento ou de encontrar res

posta adequada

ou satisfatória na at

mosfera de emoção originada dos deba tes públicos. Eram questões humanas por excelência, no sentido de acessíveis ao entendimento ou ao sentimento ge

ral. As que.stões que se encontram hoje no p\ino dc cogitação dos governos são, porém, de outra natureza. São ques tões que c\oluem fora dos quadros dos

estudos clássicos ou literários; questões sobretudo técnicas, particularmente de economia e de administração, para as quais evidentemente não se acha volta

do o foco de interesse das disciplinas literárias, dc cuia substância se compõe o quadro da educação clássica ou tradi

^

E dever de tôda nação, se pretende durar e impor-se ao respeito e à condderaçao das outras, cuidar de aumentar

e multiplicar a sua riqueza, pois a ri

queza. mais entre as nações do que en tre os indivíduos, é o infalível instru

mento da magistratura e do império. çao e do comércio a riqueza nacional é

Dadas as aluais condições da produ-

antes o resultado da aplicação da inteli gência 6 da técnica do que obra da na tureza e do acaso. E' função do ensino profissional preparar elites para o mer

cado, assim como o ensino clássico pre

parava no século passado as elites para a vida pública. A função das primeiras nada fica a dever em importância à fun

ção das segundas. Ambas colaboram, cada qual na sua esfera, na grande obra

coletiva de formação e de emancipação

cional. Sòmente uma educação espe cializada e técnica pode preparar o ho

nacionais. ■

mem para as funções do mercado, com os seus problemas próprios, os seus ti

vida nacional são as bôlsas de merca

pos particulares de atividade social e

econômica, os seus procos.sos técnicos definidos e inconfundíveis. Só a nação que tem o seu mercado aparelhado, apercebido de órgãos e instrumentos perfeitamente adaptados às funções da sua vida econômica, é que se pode dizer realmente emancipada e autônoma. A emancipação política será apenas um ente de razão, se o mercado econômico

não se diferencia e se organiza na mes ma latitude em que se diferencia e or ganiza a vida política. Um país sem organização industrial e comercial, com tôda a sua majestade, as suas dragonas, os seus parlamentos, as suas declarações d© direito, nunca poderá ter a densida-

O que é certo é que mudou o clima espiritual do mundo. Hoje os nós da

dorias, os bancos, as empresas de pro

dução e de transporte, os institutos de

fomento e de amparo à produção os grandes organismos econômicos que regukm, nutrem e enriquecem as nações.

hoi êste o meu pensamento ao translormar o antigo ensino comercial em vários cursos técnicos, dando como cupu.a ao edifício o curso superior de economia ç finanças.

Sente-se que o cUma espiritual da a lia está mudando. A sua economia

esta em vias de ser organizada e racio nalizada, graças às notáveis iniciativas do seu govêmo, com o Instituto do Cacau, em pleno funcionamento, e do Fumo e da Pecuária, em curso de orga nização.


.'•Jf

Dicesto Econónoco

S6

dirigida em,lamentável estado de penú» ria quanto ao pessoal técnico indispen

aspectos gerais dos problemas econômi cos, como sôbre cada um délcs em par

sável à direção da economia nacional. Como dirigir uma economia, sem co

ticular, desde os processos agrícolas on

industriais da produção até os da distri

nhecer as fontes e os processos da sua

buição,

produção, sem aparelhainento bancário

Economia nacional dirigida pressupõe,

e financeiro destinado a regular o ritmo

portanto, uma vasta organização de en

da produção e da distribuição, sem uma

sino econômico, em todos os seus ra

larga e esclarecida política comercial, fundada no seguro conhecimento das condições

do mercado interno e das

suas relações dinâmicas com o mercado

internacional ? Dirigir a economia na

cional, sem uma intensa preparação científica e prática de um corpo de téc nicos e de peritos destinados a orientar as medidas legislativas e as intervenções

do governo, é, evidentemente, passar dos mais competentes, que são os pro dutores, para o empirisrao e as aventu ras oficiais, o governo da riqueza nacio nal. Economia dirigida é, sobretudo,

do comércio c

do consumo.

mos e variedades.

Até há pouco, porém, as nossas eli tes dirigentes se mostravam tão sòmen te interessadas pelos estudos cIússíchís c

literários, não se animando a voltar as

suas vistas para o ensino técnico e pro fissional, de tão sadia infiuôncia na for mação moral e intelectual do homem, e aparelhamcnto indispensável ao recru

tamento e à mobilização dc um corpo de peritos destinado a exercer na indús

economia organizada e racionalizada. O.

tria e no comércio funções absolutamen te viscerais à organização de uma eco nomia nacional apercebida de todos os

Estado se propõe dirigir à ecdiiomla na

instrumentos necessários às operações

cional precisamente para imprimir ao

dia a dia mais complexas de transforma ção e de distribuição das riquezas.

seu ritmo regularidade, harmonia e se gurança, de maneira a evitar o risco

das aventuras individuais, os desperdí

cios resultantes de uma concorrência anárquica, organizando em sistema a economia nacional, articulando ao coniCTcio a indústria, a produção à distri

buição, transformando, enfim, em eco nomia sistemática a economia capricho sa e desorganizada cuja orientação obe

dece tão somente ao jogo dos interêsses individuais. Ora, esta imensa obra de organização e de racionalização da eco

nomia nacional não pode evidentemente estar na competência dos parlamentos e

dos governos, se êstes não dispõem de órgãos consultivos e de agentes especia lizados, com suficiente preparação cien tífica Q técnica, não sòmente sôbre os

A instrução clássica, por mais útil quo seja, não pode assumir sòzinha as res ponsabilidades que incumbem à inteli

gência nos destinos da Nação. A Nação não é, com efeito, apenas ordem jurídica 6 ordem moral, função de autoridade ou de governo; é, também, e hoje antes de tudo, uma usina e um mercado. A ins

trução clássica podia no século passado atender às exigências da vida cívica e da atividade política. As últimas conse qüências da revolução industrial cria ram, porém, aos governos, novas e com

plexas funções, estendendo a área do seu contrôle de maneira a envolver na

sua deliberação questões para a elucida ção das quais se exigem conhecimentos técnicos e especializados, cada vez mais

Dicesto Econômico

87

remotos, mesmo à compreensão das pes

de política que transforma os países em

soas cultivadas.

nações.

Os problemas do século passado eram essencialmente problemas políticos, sus ceptíveis de serem colocados em ter mos dc sentimento ou de encontrar res

posta adequada

ou satisfatória na at

mosfera de emoção originada dos deba tes públicos. Eram questões humanas por excelência, no sentido de acessíveis ao entendimento ou ao sentimento ge

ral. As que.stões que se encontram hoje no p\ino dc cogitação dos governos são, porém, de outra natureza. São ques tões que c\oluem fora dos quadros dos

estudos clássicos ou literários; questões sobretudo técnicas, particularmente de economia e de administração, para as quais evidentemente não se acha volta

do o foco de interesse das disciplinas literárias, dc cuia substância se compõe o quadro da educação clássica ou tradi

^

E dever de tôda nação, se pretende durar e impor-se ao respeito e à condderaçao das outras, cuidar de aumentar

e multiplicar a sua riqueza, pois a ri

queza. mais entre as nações do que en tre os indivíduos, é o infalível instru

mento da magistratura e do império. çao e do comércio a riqueza nacional é

Dadas as aluais condições da produ-

antes o resultado da aplicação da inteli gência 6 da técnica do que obra da na tureza e do acaso. E' função do ensino profissional preparar elites para o mer

cado, assim como o ensino clássico pre

parava no século passado as elites para a vida pública. A função das primeiras nada fica a dever em importância à fun

ção das segundas. Ambas colaboram, cada qual na sua esfera, na grande obra

coletiva de formação e de emancipação

cional. Sòmente uma educação espe cializada e técnica pode preparar o ho

nacionais. ■

mem para as funções do mercado, com os seus problemas próprios, os seus ti

vida nacional são as bôlsas de merca

pos particulares de atividade social e

econômica, os seus procos.sos técnicos definidos e inconfundíveis. Só a nação que tem o seu mercado aparelhado, apercebido de órgãos e instrumentos perfeitamente adaptados às funções da sua vida econômica, é que se pode dizer realmente emancipada e autônoma. A emancipação política será apenas um ente de razão, se o mercado econômico

não se diferencia e se organiza na mes ma latitude em que se diferencia e or ganiza a vida política. Um país sem organização industrial e comercial, com tôda a sua majestade, as suas dragonas, os seus parlamentos, as suas declarações d© direito, nunca poderá ter a densida-

O que é certo é que mudou o clima espiritual do mundo. Hoje os nós da

dorias, os bancos, as empresas de pro

dução e de transporte, os institutos de

fomento e de amparo à produção os grandes organismos econômicos que regukm, nutrem e enriquecem as nações.

hoi êste o meu pensamento ao translormar o antigo ensino comercial em vários cursos técnicos, dando como cupu.a ao edifício o curso superior de economia ç finanças.

Sente-se que o cUma espiritual da a lia está mudando. A sua economia

esta em vias de ser organizada e racio nalizada, graças às notáveis iniciativas do seu govêmo, com o Instituto do Cacau, em pleno funcionamento, e do Fumo e da Pecuária, em curso de orga nização.


If I IM MiJ.P. IIIi*!

Dicesto EcosòNnco

CARLOS Outro indício notável é o interesse da

sua mocidade pelos estudos econômicos iniciativas no

uma nova forma de aliviclach- intelectual

sentido de dotar a capital do Estado de

a serviço das riquezas da Bahia, inte grando-a no novo clima espiritiial do mundo, que ap:nas já atingiu alguns ra ros pontos do Brasil c de cuja difusão

e as suas confortadoras

uma Faculdade de Ciências Econômi

cas digna de despertar emulação em ou tros pontos do País.

Senhores bacharéis, eu vos renovo o

meu agradecimento pela honra com que

PEIXOTO

me dislinguisles, e confio não errar espe rando que sereis na Bahia os pioneiros dc AntüXIO GonTIJO nc r^.vn^-AT ti/-v O cstuclanie

O "Digesto Econômico" tem publicado i"- nador progcnic ilustre, filho clc antigopelo se D" do Império, descendente

pelo nosso país depcncleni a sua ordem, a sua prosperidade, a sua fòrç-a e a sua

lado materno de nobre família da Vila do Príncipe, hoje cidade do Serro, Carlos Peixoto de Melo Filho nasceu, cm 1.°

grandeza.

dc junho de 1871, na cidade do Ubá, Estado de Minas Gerais.

Carlos Peixoto fèz. os exames dc ina-

dureza no Ateneu Mineiro de Juiz de Fora, dirigido por um exilado político

uma serie dc ligeiras biografias de fi nancistas c eccnomistas brasileiros. Neste número inscrc-sc a dc Carlos Peixoto,

celebrado parlamentar, chefe do "Jar dim da Infância", e que figura uò "vo

lume "E,iadktas da República"^ }'\á muito esgotado. São atuais as idéias que Carlos Peixoto sustentou sóbre os

ptiitidui; pulíllLVa.

português, unix-ersitário dc Coimbra,

Santos Vuicnte, que locioiiava qualquer matéria e foi o principal coordenador do

outros estudantes, Mendes Pimentel,

Dicionário Aulcte.

era considerado polo \'elho professor

Edmundo Lins, Afonso Arinos, Herculano dc Freitas, João Luiz Abes, Otávio Mendes, Paulo Prado, Camilo Soares e

como aluno modelar.

Afonio de Carvalho, que se salientaram

Carlinhos, o menino de olhos negros, De José Rangel, membro da Acade

mia Mineira de Letras, seu condiscipulo "O Ateneu, há estas impressões sobre o

festejado prcparatoriano: "Dócil, a\'és:"o

"Encontrei-o, pela primeira vez, no prin cípio de 1886, vendo-o a cavalo, não

aos jogos e brinquedos, cumpridor dos

em selim, porém em uma janela de "re

deveres, insinuantc, afeiçoado aos mesIres mas altivo, desembaraçado na expo-

pública". A apresentação foi feita de

•siç-cão das liçõe.s bem sabidas".

olhar com respeito para o veterano".

Estudaram no Ateneu o João Luiz Alves, o Estevão Lobo, o Barbosa Lima, trindade que exalçou os métodos peda gógicos daquele estabelecimento.

província. Na imagem poética de Afon-

Inteligência precoce e viva, aos treze anor. de idade concluiu os preparatórios.

y-f*r' .-.V

nas pugnas da inteligência. Escragnolle Dóría assim o conheceu:

aixo para cima.

Q calouro teve de

São Paulo era uma cidadezinha de

® ^'^rvallio, que evocou aquele tes, dos entrudos, das serenatas, dos período, uma cidadezinha dos estudan

quiosques, dos tílburis, dos bondínhos

Matriculou-se, em 1885, na Faculdade

ít tração animal, das casinhas térreas

de Direito de São Paulo, em virtude dè

com beirais.

licença erpecial concedida pelo Minis tro da Justiça. Carlos Peixoto era o benjamim de

Sedenta de ideais era a sua mocidade. Não seguia à risca o conselho de

uma turma em que se contavam, entre

da realidade como o dever exclusivo da

...

Mürger, que pregava a despreocupação


If I IM MiJ.P. IIIi*!

Dicesto EcosòNnco

CARLOS Outro indício notável é o interesse da

sua mocidade pelos estudos econômicos iniciativas no

uma nova forma de aliviclach- intelectual

sentido de dotar a capital do Estado de

a serviço das riquezas da Bahia, inte grando-a no novo clima espiritiial do mundo, que ap:nas já atingiu alguns ra ros pontos do Brasil c de cuja difusão

e as suas confortadoras

uma Faculdade de Ciências Econômi

cas digna de despertar emulação em ou tros pontos do País.

Senhores bacharéis, eu vos renovo o

meu agradecimento pela honra com que

PEIXOTO

me dislinguisles, e confio não errar espe rando que sereis na Bahia os pioneiros dc AntüXIO GonTIJO nc r^.vn^-AT ti/-v O cstuclanie

O "Digesto Econômico" tem publicado i"- nador progcnic ilustre, filho clc antigopelo se D" do Império, descendente

pelo nosso país depcncleni a sua ordem, a sua prosperidade, a sua fòrç-a e a sua

lado materno de nobre família da Vila do Príncipe, hoje cidade do Serro, Carlos Peixoto de Melo Filho nasceu, cm 1.°

grandeza.

dc junho de 1871, na cidade do Ubá, Estado de Minas Gerais.

Carlos Peixoto fèz. os exames dc ina-

dureza no Ateneu Mineiro de Juiz de Fora, dirigido por um exilado político

uma serie dc ligeiras biografias de fi nancistas c eccnomistas brasileiros. Neste número inscrc-sc a dc Carlos Peixoto,

celebrado parlamentar, chefe do "Jar dim da Infância", e que figura uò "vo

lume "E,iadktas da República"^ }'\á muito esgotado. São atuais as idéias que Carlos Peixoto sustentou sóbre os

ptiitidui; pulíllLVa.

português, unix-ersitário dc Coimbra,

Santos Vuicnte, que locioiiava qualquer matéria e foi o principal coordenador do

outros estudantes, Mendes Pimentel,

Dicionário Aulcte.

era considerado polo \'elho professor

Edmundo Lins, Afonso Arinos, Herculano dc Freitas, João Luiz Abes, Otávio Mendes, Paulo Prado, Camilo Soares e

como aluno modelar.

Afonio de Carvalho, que se salientaram

Carlinhos, o menino de olhos negros, De José Rangel, membro da Acade

mia Mineira de Letras, seu condiscipulo "O Ateneu, há estas impressões sobre o

festejado prcparatoriano: "Dócil, a\'és:"o

"Encontrei-o, pela primeira vez, no prin cípio de 1886, vendo-o a cavalo, não

aos jogos e brinquedos, cumpridor dos

em selim, porém em uma janela de "re

deveres, insinuantc, afeiçoado aos mesIres mas altivo, desembaraçado na expo-

pública". A apresentação foi feita de

•siç-cão das liçõe.s bem sabidas".

olhar com respeito para o veterano".

Estudaram no Ateneu o João Luiz Alves, o Estevão Lobo, o Barbosa Lima, trindade que exalçou os métodos peda gógicos daquele estabelecimento.

província. Na imagem poética de Afon-

Inteligência precoce e viva, aos treze anor. de idade concluiu os preparatórios.

y-f*r' .-.V

nas pugnas da inteligência. Escragnolle Dóría assim o conheceu:

aixo para cima.

Q calouro teve de

São Paulo era uma cidadezinha de

® ^'^rvallio, que evocou aquele tes, dos entrudos, das serenatas, dos período, uma cidadezinha dos estudan

quiosques, dos tílburis, dos bondínhos

Matriculou-se, em 1885, na Faculdade

ít tração animal, das casinhas térreas

de Direito de São Paulo, em virtude dè

com beirais.

licença erpecial concedida pelo Minis tro da Justiça. Carlos Peixoto era o benjamim de

Sedenta de ideais era a sua mocidade. Não seguia à risca o conselho de

uma turma em que se contavam, entre

da realidade como o dever exclusivo da

...

Mürger, que pregava a despreocupação


DlGEíriXj

40

juventude. Se aplaudia com delírio exa gerado, atingindo às raias do fanatis mo, a incomparável Sarah Bcmhardt, no teatrinho do Largo da Assembléia, apos-

EcONÓMÍt:*»

DlCESTO ECONÓKnCO

clamada a República, colou grau ^n*

ma da re\'ísão constitucional, com a re

ciativas de caráter legislativo tomadas

ciências jurídicas e sociais.

forma da Organização Judiciária e a do Poder Municipal. Discutiram-na, nu ausência de João

pelos representantes do povo.

Luiz, que fôra eleito deputado federal, O debate na

a tribuna c destacando-se como defensor impertérrito dos direitos individuais.

iirmavu a reputação dc primoroso "de-

O Deputado Estadual

tolava, com entusiasmo não menor, nas

A Câmara E:.taduul c o uo\-iciaclo d»

esquinas, nas ruas, nos comícios, nos teatros, a Abolição e a República.

tribuna parlamentar. Fase preparatória para os grandes debates, os políticos

Ambiente de sonho e de liberdade, o

terçam nesse cenário restrito as armas

do casarão do Largo de São Francisco.

iniciais, discutindo os problemas do in-

Assembléia resumiu-se no duelo c.spiritual travado entre ambos. Divergiam em pontos essenciais o em série de emendas

Herculano de Freitas e João Luiz Alves brandiam na imprensa acadêmica as ••

terêsse regional.

sustentaram com calor as suas convic

Na quinta legis se iniciava, não er

líticas; João Augus

raria

no

quem predissesse o

que se apagou, e

futuro radioso dois estreantes.

literários; Edmundo Lins

ensaiava

os

vôos nos domínios da ciência do Di reito e era dos raros

Um, antigo ma gistrado, promotor público e agente

reputação de gran tada

mencionaria:

João

que se fêz homem, verboso orador, ído lo dos estudantes;

Dutra Rodrigues, romanista insigne, de

em

célebre

júri de Ubá, em que estiveram

envolvi

dos membros da família Soares de Moura, imediata mente aclamado lí

der dos seus cole gas.

um físico semelhante ao de Cavour; Sá

Outro, diplomata de carreira, que de

e Benevides, dogmático e conservador;

ra mostras de saber jurídico na Procura

Leite de Morais, loquaz e declamador;

doria Seccional da República.

Dino Bueno, dídata por excelência, cuja

Carlos Peixoto Filho e Afrànio de Melo

palavra tinha a limpidez da água da

Franco, os novos licurgos, empolgaram

fonte e, para não me alongar, Mamede e o Cônego Andrade, símbolos de uma geração pretérita.

a modesta assembléia, a todos sobre

Nesse ambiente, Carlos Peixoto for-

Q seu espírito, e em 1889, já pro

nistério Público, para os juízos que não soubessem iionrar a toga. Ambos, de fendendo a tese de que a Justiça é o número um na hierarquia dos proble

cípio de Rio Bran co, precedido da

de orador, conquis

Monteiro, a vaidade

Senado e da Relação e do Chefe do Mi

executivo do muni

Ordenações do Rei

Dos professôres,

ção de 24*dc fevereiro, era um felichista da precminência do Poder Judiciário no julgamento dos seus pares. Peixoto propugnava a criação de um tribuna! especial, coniposlo dos Presidentes do

de

que manuseavam as no.

Melo Franco, partidário da Constitui

vaticíirio

to Fleuri, um sol

Afonso Arinos, brí-

ções.

latura mineira, que

primeiras armas po- ^

Ihavam nos folhetins

Pci.xolo e Melo Franco.

pujando pelo brilho e operosidade. Na legislatura finda, João Luiz Alves, que se revelou parlamentar consumado,

eloqüente na tribuna, agitou o proble

^

mas de governo. De sã consciência, não se pode afir mar a quem coube a palma da vitória. Se, em Peixoto, predominava o tempera mento político, em Melo Franco a cons ciência jurídica era o instrumento dos seus triunfos.

Peixoto foi autor de uma reforma elei

Melo Franco exerceu o mandato em

toda a legislatura, ocupando diariamente

Rápida é a passagem de Peixoto pela Gamara Estadual. Em quatro meses bater" e se elegia deputado federal pelo segundo distrito eleitoral, cuja sede era

a cidade de Juiz de Fora. A estréia

Memorável, a estréia de Carlos Pei.xoto na tribuna da Câmara Federal. Barbosa Lima pronuncia comovido dis curso dc apelo às tradições liberais de Minas, para que se não conceda a li

cença de processar o deputado oposicio nista Alfredo Varela. Lírico, a peroração arrebata o auditório: "Libertas quaj sera tamen" é a última invocação.

Da bancada montanhesa, surge um desconliecido.

Sereno, enérgico, com o senso do ju rista e o floreio do artista, confunde o competidor.

Sustenta que o caso não pode ser en carado e decidido sob o critério único

do coleguismo. "Em um regimem re

toral para regenerar costumes políticos, deturpados por vicioso sistema represen

cura humilhar a qualquer dos nossos

tativo.

colegas, levando-o à barra de um tri

O debate ampliou-se com os

discursos de Melo Franco, de culto à

- Liberdade. Esmiuçados foram todos os

publicano, pcde-se dizer que se probunal?" Esooimar-se-á de uma su pei

ta como qua quer cidadão. Dímonstra

artigos da reforma e o projeto, que se

que a Câmara não tem o direito de

converteu em lei, atenta o civismo desses

substituir a um tribunal judiciário, de jul

bravos lutadores.

gar do delito e submeter a julgamento

O regimem não estava conspurcado. Os deputados ainda não abdicavam das funções definidas pela Constituição. Ha via liberdade nas discussões e os gover nadores não se agaslavam com as ini

prévio o colega acusado. Estuda os im

ponderáveis e traça uma página de sutil psicologia sobre o nosso excessivo amor à liberdade. Como se estivesse no Areó-

pago, assim conclui o finíssimo orador;


DlGEíriXj

40

juventude. Se aplaudia com delírio exa gerado, atingindo às raias do fanatis mo, a incomparável Sarah Bcmhardt, no teatrinho do Largo da Assembléia, apos-

EcONÓMÍt:*»

DlCESTO ECONÓKnCO

clamada a República, colou grau ^n*

ma da re\'ísão constitucional, com a re

ciativas de caráter legislativo tomadas

ciências jurídicas e sociais.

forma da Organização Judiciária e a do Poder Municipal. Discutiram-na, nu ausência de João

pelos representantes do povo.

Luiz, que fôra eleito deputado federal, O debate na

a tribuna c destacando-se como defensor impertérrito dos direitos individuais.

iirmavu a reputação dc primoroso "de-

O Deputado Estadual

tolava, com entusiasmo não menor, nas

A Câmara E:.taduul c o uo\-iciaclo d»

esquinas, nas ruas, nos comícios, nos teatros, a Abolição e a República.

tribuna parlamentar. Fase preparatória para os grandes debates, os políticos

Ambiente de sonho e de liberdade, o

terçam nesse cenário restrito as armas

do casarão do Largo de São Francisco.

iniciais, discutindo os problemas do in-

Assembléia resumiu-se no duelo c.spiritual travado entre ambos. Divergiam em pontos essenciais o em série de emendas

Herculano de Freitas e João Luiz Alves brandiam na imprensa acadêmica as ••

terêsse regional.

sustentaram com calor as suas convic

Na quinta legis se iniciava, não er

líticas; João Augus

raria

no

quem predissesse o

que se apagou, e

futuro radioso dois estreantes.

literários; Edmundo Lins

ensaiava

os

vôos nos domínios da ciência do Di reito e era dos raros

Um, antigo ma gistrado, promotor público e agente

reputação de gran tada

mencionaria:

João

que se fêz homem, verboso orador, ído lo dos estudantes;

Dutra Rodrigues, romanista insigne, de

em

célebre

júri de Ubá, em que estiveram

envolvi

dos membros da família Soares de Moura, imediata mente aclamado lí

der dos seus cole gas.

um físico semelhante ao de Cavour; Sá

Outro, diplomata de carreira, que de

e Benevides, dogmático e conservador;

ra mostras de saber jurídico na Procura

Leite de Morais, loquaz e declamador;

doria Seccional da República.

Dino Bueno, dídata por excelência, cuja

Carlos Peixoto Filho e Afrànio de Melo

palavra tinha a limpidez da água da

Franco, os novos licurgos, empolgaram

fonte e, para não me alongar, Mamede e o Cônego Andrade, símbolos de uma geração pretérita.

a modesta assembléia, a todos sobre

Nesse ambiente, Carlos Peixoto for-

Q seu espírito, e em 1889, já pro

nistério Público, para os juízos que não soubessem iionrar a toga. Ambos, de fendendo a tese de que a Justiça é o número um na hierarquia dos proble

cípio de Rio Bran co, precedido da

de orador, conquis

Monteiro, a vaidade

Senado e da Relação e do Chefe do Mi

executivo do muni

Ordenações do Rei

Dos professôres,

ção de 24*dc fevereiro, era um felichista da precminência do Poder Judiciário no julgamento dos seus pares. Peixoto propugnava a criação de um tribuna! especial, coniposlo dos Presidentes do

de

que manuseavam as no.

Melo Franco, partidário da Constitui

vaticíirio

to Fleuri, um sol

Afonso Arinos, brí-

ções.

latura mineira, que

primeiras armas po- ^

Ihavam nos folhetins

Pci.xolo e Melo Franco.

pujando pelo brilho e operosidade. Na legislatura finda, João Luiz Alves, que se revelou parlamentar consumado,

eloqüente na tribuna, agitou o proble

^

mas de governo. De sã consciência, não se pode afir mar a quem coube a palma da vitória. Se, em Peixoto, predominava o tempera mento político, em Melo Franco a cons ciência jurídica era o instrumento dos seus triunfos.

Peixoto foi autor de uma reforma elei

Melo Franco exerceu o mandato em

toda a legislatura, ocupando diariamente

Rápida é a passagem de Peixoto pela Gamara Estadual. Em quatro meses bater" e se elegia deputado federal pelo segundo distrito eleitoral, cuja sede era

a cidade de Juiz de Fora. A estréia

Memorável, a estréia de Carlos Pei.xoto na tribuna da Câmara Federal. Barbosa Lima pronuncia comovido dis curso dc apelo às tradições liberais de Minas, para que se não conceda a li

cença de processar o deputado oposicio nista Alfredo Varela. Lírico, a peroração arrebata o auditório: "Libertas quaj sera tamen" é a última invocação.

Da bancada montanhesa, surge um desconliecido.

Sereno, enérgico, com o senso do ju rista e o floreio do artista, confunde o competidor.

Sustenta que o caso não pode ser en carado e decidido sob o critério único

do coleguismo. "Em um regimem re

toral para regenerar costumes políticos, deturpados por vicioso sistema represen

cura humilhar a qualquer dos nossos

tativo.

colegas, levando-o à barra de um tri

O debate ampliou-se com os

discursos de Melo Franco, de culto à

- Liberdade. Esmiuçados foram todos os

publicano, pcde-se dizer que se probunal?" Esooimar-se-á de uma su pei

ta como qua quer cidadão. Dímonstra

artigos da reforma e o projeto, que se

que a Câmara não tem o direito de

converteu em lei, atenta o civismo desses

substituir a um tribunal judiciário, de jul

bravos lutadores.

gar do delito e submeter a julgamento

O regimem não estava conspurcado. Os deputados ainda não abdicavam das funções definidas pela Constituição. Ha via liberdade nas discussões e os gover nadores não se agaslavam com as ini

prévio o colega acusado. Estuda os im

ponderáveis e traça uma página de sutil psicologia sobre o nosso excessivo amor à liberdade. Como se estivesse no Areó-

pago, assim conclui o finíssimo orador;


Dici::sro EcoNÓNnco

43

PlCKSTO EcONÓNHCO

42

Estruge na

vivesse num polo e V. Excia. em outro".

como pela causa da moléstia que lhe mi

com um "muito bem".

que, nos mementos de crise, nos mo

nava o organismo. Então nao poiipax'a

sala uma gargalhada geral e todos in terpretam aquele "muito bem" como a

Pcixcto, que era um temperamento afetivo c desigual, ocupava a tribuna

resposta <le Cambrone.

''Mineiros, nós nos habituamos a saber mentos de destruição, nos momentos de

o íntru.sf).

luta. o espírito crítico toma a sua pri

A quantos incidentes pitorescos não pre

meira e princioal feição, a feição neçatívista que aparece em todo o seu vjgor;

senciou a (Câmara! A um depiitaclo do Norte, do manei ras adamadas, oue insistia eni fazcrllie ob"eçües. deu esta réplica fi-rinfi. nue provccou risadas no ret into: "A observação do meu colega não tem ca

mas todos aprendemos iiriialm^nte que, derrubados, temoe Drincioalmente o de

ver. os revolucionários de ontem, de nos acobertarmos juntamente com todos os

demais, vencedores e vencidos, sob a mesma égide protetora da lei. (Muito bem).

E a lei não se faz para abroquelar violências contra aquilo que nela se con sagra; a lei não se faz para acobertar Of. crimes nem os criminosos, de onde quer que partam (muito bem); a lei não

se faz senão pa^a que, ao seu influxo, nós outros aprendamos a cumpri-la, a executá-la dignamente. Fatigueí demais a atenção da Câmara e resumirei o que queria dizer: "Minei ros, não esquecemos o amor da liberda

de, mas queremo-la, sempre e indefective'mente. sob a lei: "sub lege liber tas" (Palmas prolongadas). "Libertas quae sera tamen" e "Liber tas sub lege" definiram duas mentali-

S r\'0 me, para com o moú

fogo.so contrnditor. de uma exn^cssão espanhola.

Grande, a impressão causada. Os jornais, unânimes, proclamaram o jovem

parlamentar o maior orador político da Gamara.

O orador

"■Orador moderno, era sóbrio nos ges

Impressionantes e características,

as mutações fisionômicas. Detestava a retórica e era rigorosamente honesto nas

opiniões. Convicto dos princípios que sustentava, perdia a serenidade e repli cava com farpas, quando aparteado. Tornava-se, às vezes, irascível nas dis

cussões. Não pelo indiscutível orgulho,

com certa timidez e se inflamava ao

Paul Dcschanei. que prefaciou uma

ouvir a primeira interrupção. Muitos ami

traduçã:) dos discursos de Ihu Barbosa proferidos em Haia, era o Presidente

gos o c; ptcaçavam propositadamente pa ra sentir os lampejos da sua eloqüência.

da Câmara dos Deputados da França c o apuro da sua indumentária estava sendo jocosamente comentado pelos jor nais oposicionistas de Paris. João Lage, para ser agradável a Pi-

dos representantes do Estado de Goiás. O assunto era banal e talvez nenhum

nh.ciro

Machado,

tentou

ridicularizar

Dizem que os casii^lninos,

Carlos Peixoto pelas colunas cVO País",

quando contestam a afirmati\'a d(? uma

apelidando-o (íc "Deschanel de Ubá".

Peixoto vai discutir o reconhecimento

outro deputado despertasse no plenário qua.quer interesse de ordem intelectual.

O conlestante apartcia-o de üricio

com azedume. Peixoto irrita-se e pro

fere longo di.curso, pontilhado de fina

razón, poro poquis^^ima". Seria (í caso".

Ao

ironia. Recorda o seu passado de gló

ontrar no rccinlr) da Câmara, um colega

rias e toda a oração é vasada em estra

Certa vez. quando discursa\ :i no Par

oxibc-lhe o suelto. Impuhno, pede ime

senhora, declaram ícmpre: "Tionc ustcd

lamente, defendendo o parecer da Re ceita. recebeu aparte inoportuno de um desafct.-). Calmo. acintovaineni<-. J^va o monóculo ao ôlbo esquerdo o. iiiclinan-

do-sc, ligeiramente, lenta ver o autor da interrupção. Atov, nesse longo minuto.

Reconhe

ce o deputado. Mas, não lhe reconhece

a autoridade.

Faz um gesto de des

dém e a oração prossegue inalterável. Há ríso.s amarelos e o deputado retirase do recinto.

dades.

tos.

bimento.

Dcstroçava-o, pHo riclículo-

Peixoto, quando orava na

tribuna,

exigia compostura c respeito dos colegas. Um deles, representante do Distrito Fe deral,- genro de político influente, es-

carrapachado na cadeira, com ar displi

cente de grão-senhor, interrompeu-o com imprudência. Peixoto, que sabia ser

teatral nas ocasiões solenes, levando a

mão à orelha, pede ao deputado, que sc achava sentado defronte à tribuna, para reproduzir o aparte.

É atendido com arrogância. O aparte

ó repetido em voz alta e pausada. Pei xoto, num relâmpago, com expressão

de rosto característica, responde apenas

Peixoto não tinha lido a verrina.

nha melancolia. Lega à literatura polí

diatamente a pahnra. Concedida, debuxa o perfil do adulador. desvendan-

tica verdadeira obra-prima, improvisa

do-llrc os intuitos c declara que o faz

No dizer de um confidente, Carlos Peixoto era orador nato, pois não redi

com a "prata da casa", alus-ão a uns

da ao calor do debate.

negócios escusos de "prata da Aicmu-

gia escrevendo, senão ditando.

Puixoto e o incidente transforma-se nu

vel argumentador, dotado de maravi lhoso poder de síntese. Deslumbrava primeiro para depois convencer. Em su ma, artista da palaxTa.

nha", cm que se dizia, na época, estar tnvolvido aquele jornalista. A Câmara, cm pê.o, aplaude a Carlos

ma vitória para o laureado parlamentar. A um deputado multimilionario, que só comparecia ao Congresso quando se tratava do reconhecimento de poderes

e tinha o hábito de se fingir de doente

para inspirar piedade, deu-lhe Peixoto esta resposta maldosa: "V. Excia. ha de mo desculpar. Nao sou medico e o mal de V. Excia. é crônico. Nao posso ministrar-lho o remédio salvador". E o

deputado não £oi reconhecido. . . Réplicas contundentes poder-se-iam acrescentar para pôr em evidência que às vezes agia no plenário como uin "malcriado".

"Eu não sabia que tinha

tanta intimidade

com V.

Excia.", ou

"Êsse mundo estaria enado se eu não

Terrí

"Espero ter demonstrado, assim, sr. Presidente, rapidamente, que pelo me

nos não estava na situação de um certo

espadachim italiano, cuia história me recordo de ter lido nõo 'há muito tem po. Levou âie tôdu sua vida batendo-

se em duelo contra quem quer que sus

tentasse ser Ariosto menor do que Tasso. Habu no jôgo das armas, venceu sem

pre; ao fim da décima quinta luta,--foi ferido.

Alguém lhe disse: Tu morres

feliz, convencido de que Ariosto é maior do que Tasso. O moribundo confessou

então humildemente: A verdade é que morro triste, porque nunca li nem Tasso nem Ariosto.

(Risada).

Espero que a Câmara não queira atrir


Dici::sro EcoNÓNnco

43

PlCKSTO EcONÓNHCO

42

Estruge na

vivesse num polo e V. Excia. em outro".

como pela causa da moléstia que lhe mi

com um "muito bem".

que, nos mementos de crise, nos mo

nava o organismo. Então nao poiipax'a

sala uma gargalhada geral e todos in terpretam aquele "muito bem" como a

Pcixcto, que era um temperamento afetivo c desigual, ocupava a tribuna

resposta <le Cambrone.

''Mineiros, nós nos habituamos a saber mentos de destruição, nos momentos de

o íntru.sf).

luta. o espírito crítico toma a sua pri

A quantos incidentes pitorescos não pre

meira e princioal feição, a feição neçatívista que aparece em todo o seu vjgor;

senciou a (Câmara! A um depiitaclo do Norte, do manei ras adamadas, oue insistia eni fazcrllie ob"eçües. deu esta réplica fi-rinfi. nue provccou risadas no ret into: "A observação do meu colega não tem ca

mas todos aprendemos iiriialm^nte que, derrubados, temoe Drincioalmente o de

ver. os revolucionários de ontem, de nos acobertarmos juntamente com todos os

demais, vencedores e vencidos, sob a mesma égide protetora da lei. (Muito bem).

E a lei não se faz para abroquelar violências contra aquilo que nela se con sagra; a lei não se faz para acobertar Of. crimes nem os criminosos, de onde quer que partam (muito bem); a lei não

se faz senão pa^a que, ao seu influxo, nós outros aprendamos a cumpri-la, a executá-la dignamente. Fatigueí demais a atenção da Câmara e resumirei o que queria dizer: "Minei ros, não esquecemos o amor da liberda

de, mas queremo-la, sempre e indefective'mente. sob a lei: "sub lege liber tas" (Palmas prolongadas). "Libertas quae sera tamen" e "Liber tas sub lege" definiram duas mentali-

S r\'0 me, para com o moú

fogo.so contrnditor. de uma exn^cssão espanhola.

Grande, a impressão causada. Os jornais, unânimes, proclamaram o jovem

parlamentar o maior orador político da Gamara.

O orador

"■Orador moderno, era sóbrio nos ges

Impressionantes e características,

as mutações fisionômicas. Detestava a retórica e era rigorosamente honesto nas

opiniões. Convicto dos princípios que sustentava, perdia a serenidade e repli cava com farpas, quando aparteado. Tornava-se, às vezes, irascível nas dis

cussões. Não pelo indiscutível orgulho,

com certa timidez e se inflamava ao

Paul Dcschanei. que prefaciou uma

ouvir a primeira interrupção. Muitos ami

traduçã:) dos discursos de Ihu Barbosa proferidos em Haia, era o Presidente

gos o c; ptcaçavam propositadamente pa ra sentir os lampejos da sua eloqüência.

da Câmara dos Deputados da França c o apuro da sua indumentária estava sendo jocosamente comentado pelos jor nais oposicionistas de Paris. João Lage, para ser agradável a Pi-

dos representantes do Estado de Goiás. O assunto era banal e talvez nenhum

nh.ciro

Machado,

tentou

ridicularizar

Dizem que os casii^lninos,

Carlos Peixoto pelas colunas cVO País",

quando contestam a afirmati\'a d(? uma

apelidando-o (íc "Deschanel de Ubá".

Peixoto vai discutir o reconhecimento

outro deputado despertasse no plenário qua.quer interesse de ordem intelectual.

O conlestante apartcia-o de üricio

com azedume. Peixoto irrita-se e pro

fere longo di.curso, pontilhado de fina

razón, poro poquis^^ima". Seria (í caso".

Ao

ironia. Recorda o seu passado de gló

ontrar no rccinlr) da Câmara, um colega

rias e toda a oração é vasada em estra

Certa vez. quando discursa\ :i no Par

oxibc-lhe o suelto. Impuhno, pede ime

senhora, declaram ícmpre: "Tionc ustcd

lamente, defendendo o parecer da Re ceita. recebeu aparte inoportuno de um desafct.-). Calmo. acintovaineni<-. J^va o monóculo ao ôlbo esquerdo o. iiiclinan-

do-sc, ligeiramente, lenta ver o autor da interrupção. Atov, nesse longo minuto.

Reconhe

ce o deputado. Mas, não lhe reconhece

a autoridade.

Faz um gesto de des

dém e a oração prossegue inalterável. Há ríso.s amarelos e o deputado retirase do recinto.

dades.

tos.

bimento.

Dcstroçava-o, pHo riclículo-

Peixoto, quando orava na

tribuna,

exigia compostura c respeito dos colegas. Um deles, representante do Distrito Fe deral,- genro de político influente, es-

carrapachado na cadeira, com ar displi

cente de grão-senhor, interrompeu-o com imprudência. Peixoto, que sabia ser

teatral nas ocasiões solenes, levando a

mão à orelha, pede ao deputado, que sc achava sentado defronte à tribuna, para reproduzir o aparte.

É atendido com arrogância. O aparte

ó repetido em voz alta e pausada. Pei xoto, num relâmpago, com expressão

de rosto característica, responde apenas

Peixoto não tinha lido a verrina.

nha melancolia. Lega à literatura polí

diatamente a pahnra. Concedida, debuxa o perfil do adulador. desvendan-

tica verdadeira obra-prima, improvisa

do-llrc os intuitos c declara que o faz

No dizer de um confidente, Carlos Peixoto era orador nato, pois não redi

com a "prata da casa", alus-ão a uns

da ao calor do debate.

negócios escusos de "prata da Aicmu-

gia escrevendo, senão ditando.

Puixoto e o incidente transforma-se nu

vel argumentador, dotado de maravi lhoso poder de síntese. Deslumbrava primeiro para depois convencer. Em su ma, artista da palaxTa.

nha", cm que se dizia, na época, estar tnvolvido aquele jornalista. A Câmara, cm pê.o, aplaude a Carlos

ma vitória para o laureado parlamentar. A um deputado multimilionario, que só comparecia ao Congresso quando se tratava do reconhecimento de poderes

e tinha o hábito de se fingir de doente

para inspirar piedade, deu-lhe Peixoto esta resposta maldosa: "V. Excia. ha de mo desculpar. Nao sou medico e o mal de V. Excia. é crônico. Nao posso ministrar-lho o remédio salvador". E o

deputado não £oi reconhecido. . . Réplicas contundentes poder-se-iam acrescentar para pôr em evidência que às vezes agia no plenário como uin "malcriado".

"Eu não sabia que tinha

tanta intimidade

com V.

Excia.", ou

"Êsse mundo estaria enado se eu não

Terrí

"Espero ter demonstrado, assim, sr. Presidente, rapidamente, que pelo me

nos não estava na situação de um certo

espadachim italiano, cuia história me recordo de ter lido nõo 'há muito tem po. Levou âie tôdu sua vida batendo-

se em duelo contra quem quer que sus

tentasse ser Ariosto menor do que Tasso. Habu no jôgo das armas, venceu sem

pre; ao fim da décima quinta luta,--foi ferido.

Alguém lhe disse: Tu morres

feliz, convencido de que Ariosto é maior do que Tasso. O moribundo confessou

então humildemente: A verdade é que morro triste, porque nunca li nem Tasso nem Ariosto.

(Risada).

Espero que a Câmara não queira atrir


Dicesto

44

buir-me essa situação a propósito das minhas considerações na questão dos portos." Improvisou êsse mimo, ao debater

uma simples questão de ordem. A presença de Carlos Peixoto na tri buna tinha o condão de levantar os es

píritos. O uso oportuno da palavra constituía o segredo das suas vitórias. A cultura

Carlos Peixoto dispunha de sólida cul tura de humanidades. Ledor insaciável, freqüentador de livrarias, assinava as prin cipais revistas européias para acompa nhar o movimento intelectual do mundo.

Embora fosse "um talento que ope rava melhor orando", comentava as lei

1

EcüNÓ>uao

mas, Ferrero, Ferri e Paul Adam. Ma-

dame Paul Adam, digna embaixatriz da

rapazes da imprensa. Assim evitava falar

graça francesa, dc superior cultura, disse

cm política.

a Tristão da Cunha: "Pci.xoto é o mais

Peixoto, rpie era rejer\'a-

díssimo para com os próprios amigos ín

encantador dos brasileiros".

timos, só dizia o que con\'inlia ser dito.

estraniiar esse conceito: o traço carac

Mário Calaruza, repórter do "Correto da Manhã", votava a Carlos Peixoto e

dinária polidcz para com as senhoras.

a Davi Campista irrestrita admiraç-fio. Cantando cm prosa c verso os triunfos

parlamentares das duas grandes figuras

Eduardo Prado, o esciitor preferido.

a sua pedra para aurcolar o nome cie

Torturado, de

ambos. Os valores, sirvo-me de uma imagem de Joaquim Sales, são como ajs pedras preciosas: existem, mas ocultas na terra. Outro é o mérito de Calaruza

procurava revestir o pensamento de for

quo tanto cultuava a inteligência: a li

cupação da onomatopéia;

a sôldo de políticos incscrupulosos, pro curavam denegrir o valor incontcste dôsscs grandes astros do Brasil.

rias: "Reflexões após 14 meses de minha queda política". Meticuloso, tudo anotava, até míni

mas despesas particulares. Entretanto, como era solteiro, os tais escavadores

de reputação atribuíam-lhe um teor de

vida boêmio, mais aparente do que real. Talvez possuísse aquela boêmia intelec tual, que o fazia amante das longas palestras, de- que foi também acusado Aristídes Briand, o político francês que

terístico da sua educação era a extraor

do "Jardim da Infância", contribuiu com

acontecimentos políticos, que se iam de

constituiria êxito nas montras das livra

Não é de

llcnan, "o quase único", na definição de Rui, e que tão marcada influência exerceu no estilo de Joaquim Nabuco c

senrolando no País.

Agenor de Roure um caderno de Carlos

45

Discutia, quando líder da maioria ou

ção de civismo que dava, como estran

Peixoto que, se tivesse sido publicado,

Econômico

Presidente da Câmara, literatura com os

turas prediletas, em notas à margem dos livros, assim como os principais Otávio de Sousa Leão mimoseou a

L>íí:kmu

geiro, a certos colegas brasileiros que,

Carlos Peixoto conhecia, como poucos Platão e Bergson, e fôra um dos maio-' res entusiastas de Alberto Torres, cujas

idéias ainda não estavam em voga. Em política era um pragmatista. Tentava conciliar o pensamento à ação, e a ver dade, aos olhos lúcidos do grande homem de Estado, estava no exame acurado que fazia sôbre as vantagens ou pre juízos que decorriam da sua verificação. Apaixonado do Bra.si!, em convivên

cia com os estrangeiros ilustres que nos visitavam, fazia obra de verdadeira catequese.

mais se lhe assemelhava pela irradia ção pessoal e cintilação na tribuna, Não praticarei o exagêro de Vítor Viana em considerá-lo um poliglota. Não era pouco falar corretamente o francês e traduzir com perfeição o inglês

tão da Cunba fala da grande admiração

e o italiano.

o estima que lhe votavam Richet, Du-

Em Roma, Enrique Ferri, ao regressar do Brasil, declarou, em entrevista con cedida à ímprenra, que Peixoto o im pressionara vivamente. Em artigo pu

blicado no "Mercúrio de França", Tris-

displicência

quase sempre, entre ele-

n os munigos que se chocam e com-

em com dureza; mas ninguém o en-

nde assim xailgarmente e, sobretudo ,

íTA

cmocracia, "\nlgo" quer dizer

°\

opinião ou sentimento

!nn' f. ando da do noseuparecer Emer-a própriode país,

tfotn " dí^^onastidades, sendo ônibiiq'

ua opinião dêle, a dos

aparente,

ma agradável. Eís um trecho característico de dis

curso parlamentar, com a visível preo "Não SC trata propriamente de uma crise, na acepção que gerainienle damos a êssc vocábulo, e que aliás não é a verdadeira.

Com efeito, ao invés de lhe atribuir mos a signilicação de desfecho, convul são lentamente preparada em um orga

nismo pela luta demorada e tenaz de vários e.ementos antagônicos, ligamos em regra a êssc vocábuio simples, singelo e nada onomatopaico, a idéia de convul são, catástrofe ou calaclismo imprevis

to, e subiláneo, qualquer coisa compa rável a raio em céu azul e sereno.

De ordinário, quando falam em crise, querem referir-se a um estado catastró fico ou a uma inesperada deflagração, como que uma e.spécie db ciclone subi tamente desencadeado, que colhe desa percebidos os navegantes, por mais há beis, cuidadosos e previdentes. Certamente, crise, do grego Krisis, é cientificamente, em rigor, o contrário

O discurso que proferiu contra o ce ticismo dissob-ente, escreveu Viloi Via

na, e verdadeiro brinco, lição de fé, pe

quenina obra-prima dc sagacidade.

riir ^ e.aborado por palavras inúteis oe dir-se-m um Lafaiete, gemo da síntese.

pü.itico. A sua personalidade enriqueaa-se com êsses contrastes, pois nos

^nt astes é que Carlyle via a ^andeza dos homens providenciais.

Tnorista, desejava o aparecimento de

S" do chefe . ruigma com o earismáUca parlamenlarisoLr®"™

PresidenciaÜsta.

o lavor HterArio^d^s^^^srTc;™

nem sequer os corrigia depois de nro! nunciados Simples deputado, era orgu-

hoso, desdenhando o Lditórto. Prisl

dente da Gamara, revelava-se modesto quando se sentava à mesa de um café

com os empregados da Secretaria,

urepub.ica -^^fnnio Peixoto, seunão companheiro de escreveu, há muito, que a vida não lhe dera a conliecer ninguém mais inteligente e frisava que já convi

disso, devendo entender-se como o fi nal, o resultado bom ou mau, feliz ou

veu com grandes artistas e grandes pen

desgraçado de uma luta anterior, demo-

sadores.


Dicesto

44

buir-me essa situação a propósito das minhas considerações na questão dos portos." Improvisou êsse mimo, ao debater

uma simples questão de ordem. A presença de Carlos Peixoto na tri buna tinha o condão de levantar os es

píritos. O uso oportuno da palavra constituía o segredo das suas vitórias. A cultura

Carlos Peixoto dispunha de sólida cul tura de humanidades. Ledor insaciável, freqüentador de livrarias, assinava as prin cipais revistas européias para acompa nhar o movimento intelectual do mundo.

Embora fosse "um talento que ope rava melhor orando", comentava as lei

1

EcüNÓ>uao

mas, Ferrero, Ferri e Paul Adam. Ma-

dame Paul Adam, digna embaixatriz da

rapazes da imprensa. Assim evitava falar

graça francesa, dc superior cultura, disse

cm política.

a Tristão da Cunha: "Pci.xoto é o mais

Peixoto, rpie era rejer\'a-

díssimo para com os próprios amigos ín

encantador dos brasileiros".

timos, só dizia o que con\'inlia ser dito.

estraniiar esse conceito: o traço carac

Mário Calaruza, repórter do "Correto da Manhã", votava a Carlos Peixoto e

dinária polidcz para com as senhoras.

a Davi Campista irrestrita admiraç-fio. Cantando cm prosa c verso os triunfos

parlamentares das duas grandes figuras

Eduardo Prado, o esciitor preferido.

a sua pedra para aurcolar o nome cie

Torturado, de

ambos. Os valores, sirvo-me de uma imagem de Joaquim Sales, são como ajs pedras preciosas: existem, mas ocultas na terra. Outro é o mérito de Calaruza

procurava revestir o pensamento de for

quo tanto cultuava a inteligência: a li

cupação da onomatopéia;

a sôldo de políticos incscrupulosos, pro curavam denegrir o valor incontcste dôsscs grandes astros do Brasil.

rias: "Reflexões após 14 meses de minha queda política". Meticuloso, tudo anotava, até míni

mas despesas particulares. Entretanto, como era solteiro, os tais escavadores

de reputação atribuíam-lhe um teor de

vida boêmio, mais aparente do que real. Talvez possuísse aquela boêmia intelec tual, que o fazia amante das longas palestras, de- que foi também acusado Aristídes Briand, o político francês que

terístico da sua educação era a extraor

do "Jardim da Infância", contribuiu com

acontecimentos políticos, que se iam de

constituiria êxito nas montras das livra

Não é de

llcnan, "o quase único", na definição de Rui, e que tão marcada influência exerceu no estilo de Joaquim Nabuco c

senrolando no País.

Agenor de Roure um caderno de Carlos

45

Discutia, quando líder da maioria ou

ção de civismo que dava, como estran

Peixoto que, se tivesse sido publicado,

Econômico

Presidente da Câmara, literatura com os

turas prediletas, em notas à margem dos livros, assim como os principais Otávio de Sousa Leão mimoseou a

L>íí:kmu

geiro, a certos colegas brasileiros que,

Carlos Peixoto conhecia, como poucos Platão e Bergson, e fôra um dos maio-' res entusiastas de Alberto Torres, cujas

idéias ainda não estavam em voga. Em política era um pragmatista. Tentava conciliar o pensamento à ação, e a ver dade, aos olhos lúcidos do grande homem de Estado, estava no exame acurado que fazia sôbre as vantagens ou pre juízos que decorriam da sua verificação. Apaixonado do Bra.si!, em convivên

cia com os estrangeiros ilustres que nos visitavam, fazia obra de verdadeira catequese.

mais se lhe assemelhava pela irradia ção pessoal e cintilação na tribuna, Não praticarei o exagêro de Vítor Viana em considerá-lo um poliglota. Não era pouco falar corretamente o francês e traduzir com perfeição o inglês

tão da Cunba fala da grande admiração

e o italiano.

o estima que lhe votavam Richet, Du-

Em Roma, Enrique Ferri, ao regressar do Brasil, declarou, em entrevista con cedida à ímprenra, que Peixoto o im pressionara vivamente. Em artigo pu

blicado no "Mercúrio de França", Tris-

displicência

quase sempre, entre ele-

n os munigos que se chocam e com-

em com dureza; mas ninguém o en-

nde assim xailgarmente e, sobretudo ,

íTA

cmocracia, "\nlgo" quer dizer

°\

opinião ou sentimento

!nn' f. ando da do noseuparecer Emer-a própriode país,

tfotn " dí^^onastidades, sendo ônibiiq'

ua opinião dêle, a dos

aparente,

ma agradável. Eís um trecho característico de dis

curso parlamentar, com a visível preo "Não SC trata propriamente de uma crise, na acepção que gerainienle damos a êssc vocábulo, e que aliás não é a verdadeira.

Com efeito, ao invés de lhe atribuir mos a signilicação de desfecho, convul são lentamente preparada em um orga

nismo pela luta demorada e tenaz de vários e.ementos antagônicos, ligamos em regra a êssc vocábuio simples, singelo e nada onomatopaico, a idéia de convul são, catástrofe ou calaclismo imprevis

to, e subiláneo, qualquer coisa compa rável a raio em céu azul e sereno.

De ordinário, quando falam em crise, querem referir-se a um estado catastró fico ou a uma inesperada deflagração, como que uma e.spécie db ciclone subi tamente desencadeado, que colhe desa percebidos os navegantes, por mais há beis, cuidadosos e previdentes. Certamente, crise, do grego Krisis, é cientificamente, em rigor, o contrário

O discurso que proferiu contra o ce ticismo dissob-ente, escreveu Viloi Via

na, e verdadeiro brinco, lição de fé, pe

quenina obra-prima dc sagacidade.

riir ^ e.aborado por palavras inúteis oe dir-se-m um Lafaiete, gemo da síntese.

pü.itico. A sua personalidade enriqueaa-se com êsses contrastes, pois nos

^nt astes é que Carlyle via a ^andeza dos homens providenciais.

Tnorista, desejava o aparecimento de

S" do chefe . ruigma com o earismáUca parlamenlarisoLr®"™

PresidenciaÜsta.

o lavor HterArio^d^s^^^srTc;™

nem sequer os corrigia depois de nro! nunciados Simples deputado, era orgu-

hoso, desdenhando o Lditórto. Prisl

dente da Gamara, revelava-se modesto quando se sentava à mesa de um café

com os empregados da Secretaria,

urepub.ica -^^fnnio Peixoto, seunão companheiro de escreveu, há muito, que a vida não lhe dera a conliecer ninguém mais inteligente e frisava que já convi

disso, devendo entender-se como o fi nal, o resultado bom ou mau, feliz ou

veu com grandes artistas e grandes pen

desgraçado de uma luta anterior, demo-

sadores.


iJiiiillMWWWil --40

Dicksto EcoNôsnco Dicesto Eco^•ó^^co

Oracular era a sua voz na Câmara

elementos decorativos clc ccrrlmica paru

dos Deputados. O presHgto, inigualável,

omamonlo de pilastras c apoiasa a teo ria de Francisco Otaviano cK- Almeida Rosa, que, ao destruir o ícticlii'inci dos então chamados "homens de pr<'st5iTio", preconizava, para saru-auu-uto do mal, O advento dos "honieris noxns", nfu) con

e o julgamento, disputado. Sales Júnior estreou no Parlamento brasileiro, discutindo o Orçamento da

Receita. Confirmou o valor que todos, desde os bancos acadêmicos, lhe reco nhecemos.

Terminada a oração magnífica, Álva

taminados pelo vírus da p:)liticalha.

os contemporâneos que Barbosa Lima,

cérebro pos.sante, ao proferir o necro lógio do grande tribuno, com evidente exagero, exclamou: "A palavra incon

tolerava o predomínio do empolgante

blemas que discutiu foram sempre de

moço dc Ubá.

caráter doutrinário.

Francisco Sá, lendo conxávido. na Asícmhléia Provincial do Minas, com o

deputado serrano que sc destacou como orador fecundo c elegante, expõe o motivo por qiu- Sabino renunciou às emoções sedutoras da tribuna:

ro de Carvalho, radiante, faz a confi-

dência desejada: "Bravos! Peixoto ouviu e o aplaudiu". "Roma locuta est". Peixoto impressionou tão fortemente

47

A bancada r/u'm7ira

"Lera

da floresta e preferiu a serenidade irô nica à eloíiuència do silêncio".

Joaquim Sales, eoulK'c'cdí>r

curso notável sõbic a legitimidade da

dos bastidores, dá esta explicação: '*I\a-

intervenção do Govèrno da União no

Paraunento brasileiro.

Amigo dc Carlos Peixoto, sem contu

Não soube manejar a grande arma polí

do grax ilar cm tôrno da sua órbita, Afra-

tica que era o número dos deputados

nío dc Melo Franco, Estreou com dis

mineiros.

Estado dc Mato Grosso.

figura primacial da política e mestre

O medalhão

companheiros dois ou três amigos alheios à política, foi perdendo o contado com

hotéis em que eles residiam, tendo por

métodos na política brasileira. Foi um

os seus patrícios que guardavam por esse alheamcnto não pccpjeno ressenti

renovador. Combateu o medalhão com tôdas as arras do seu talento.

mento",

doutrinas modernas do Direito e da

Governar é uma função da inteligên cia, e Peixoto não admitia que políticos que detestavam o livro e amavam o

"pano verde" fôssem mentores da opi nião pública, impulsionadores da má quina administrativa.

Peixoto comparava os medalhões a

O "Jardim da Infância"

O ''Jardim da Infância", de efêmera duração, c do qual Peixoto fôra uma das figuras mais cintilantes, não era mr tido imlítico, mas uma elite de estudio sos dos nossos problemas econômicos financeiros, sociais c políticos, que pro curaram elevar o nível intelectual do

Carlos Pei.xoto, hfjslilizado pjir Pinlv-iro Machado, sofria, dc ali;nns dos companheiros dc l)ancada, líucrra surda.

c-olegas dc bancada. Não morando nos

Economia Política.

companheirc>s, grande ascendência

ou adi\inh:ira, na frase de CarRle, que

ramente era visto na companbia dos

Medalhão, como êle o entendia, não e sinonimo de velho. Ilá velhos que re novam sempre e valem pelo valor da in teligência e cultura, consubstanciadas nas idéias que advogam. Em São Paulo, cito homens de outras gerações, como Sales Júnior e .Rafael Sampaio Vidal, que estão em dia com as

so que exerceu, posteriormente, sobre os

os grandi's homens são como as raízes

fundível de Peixoto tinha a profundeza de um Blaise Pascal e a elegância de um Renan". Calógeras considerava-o, na República, o maior dos deputados. Carlos Peixoto tentou introduzir novos

Eicmento digno de registro especial c Bucno Brandão, autodidata, orador de palavra fácil e fluente, político astucio

Sabino Barroso, íntimo de Pinheiro Machado, capitaneava a rcaç-ão com a solidariedade de Aslolfo Dutra, huma nista da Renascença, perdido em uma cidade da Zona da Mala, enviado A Metrópole, para reforço inteicctual da bancada de Minas.

Astolfo, cujo espírito fora plasmado pelo Caraça, ora emérito latinista. Cri ticava os fatos com sutileza e prostrava o adversário sem magoá-lo. Zombeteava como Martinho Campos e adorava os paradoxos. Os ironistas franceses e os humoristas ingleses forneciam os ins

Em hrcxc.

É dos raros brasileiros eminentes pou

pados pela democracia. O talisma rcsumc-sc no binômio: fazer-se amar c ser temido. Suavidade nas maneiras,

delicadeza nos sentimentos, cintilação na

palestra, sempre norteada para a coisa pública, fazem-no um encantador. Des

treza na pugna e agudcza na visão po lítica, tornam-no um respeitado. _A re sultante dessas (jualidadcs não nos po deria surpreender; o ostracismo nunca lhe rondou as portas c a sua xida confunde-sc, nas duas iiltimas décadas, com a da própria República. Prestigiosa, a sua voz na Comissão de Justiça, da qual fora Presidente. Como Rui e Epitácio, não escreveu um tra tado de Direito Constitucional.

Mas

grande prestígio, não só político como

talvez não haja artigo da nossa Consti tuição que não tenlia comentado. Justiça há de ser feita a Afrànio de

pessoal.

Melo Franco.

trumentos ao malicioso mineiro.

Sabino Barroso era um homem de Reservado, cerímonioso, não

Carlos Peixoto, Davi Campista, Pedro Moacir. Gastão da Cunlia, Paiidiá Caló-

na diplomacia.

Jamais o preocuparam

assuntos de natureza pessoal e os pro-

gcras,_ Miguel Calnion, João Luiz Alves, para os debates da Câmara os grandes problemas nacionais. Era a reação da enllura txue infelizmente o Brasil não comportava. Predominaria a teoria dos

Esteraro Lobo e Jaime Darei trouxeram

não preparados", advogada por Quin-

tmo Boca.uvat e Carlos Peixoto, o^"orgulho da inteligência", como o definhi

dsT

°

Jj^_Mesquita. em uma das últimas■,

Varias , rememorandn

Marecbal Hermes, apontava^S^dT ou-

Nesse dm, de luto nacional, falecia an Belo Horizonte João Pinheiro, "o

Oleiro de Caeté". Esboroava-sc o gran

de esfôrço de Carlos Peixoto: o Brasil governado pelo apóstolo.

Com o surto

do militarismo, desaparecia o "Jardim da Infância",


iJiiiillMWWWil --40

Dicksto EcoNôsnco Dicesto Eco^•ó^^co

Oracular era a sua voz na Câmara

elementos decorativos clc ccrrlmica paru

dos Deputados. O presHgto, inigualável,

omamonlo de pilastras c apoiasa a teo ria de Francisco Otaviano cK- Almeida Rosa, que, ao destruir o ícticlii'inci dos então chamados "homens de pr<'st5iTio", preconizava, para saru-auu-uto do mal, O advento dos "honieris noxns", nfu) con

e o julgamento, disputado. Sales Júnior estreou no Parlamento brasileiro, discutindo o Orçamento da

Receita. Confirmou o valor que todos, desde os bancos acadêmicos, lhe reco nhecemos.

Terminada a oração magnífica, Álva

taminados pelo vírus da p:)liticalha.

os contemporâneos que Barbosa Lima,

cérebro pos.sante, ao proferir o necro lógio do grande tribuno, com evidente exagero, exclamou: "A palavra incon

tolerava o predomínio do empolgante

blemas que discutiu foram sempre de

moço dc Ubá.

caráter doutrinário.

Francisco Sá, lendo conxávido. na Asícmhléia Provincial do Minas, com o

deputado serrano que sc destacou como orador fecundo c elegante, expõe o motivo por qiu- Sabino renunciou às emoções sedutoras da tribuna:

ro de Carvalho, radiante, faz a confi-

dência desejada: "Bravos! Peixoto ouviu e o aplaudiu". "Roma locuta est". Peixoto impressionou tão fortemente

47

A bancada r/u'm7ira

"Lera

da floresta e preferiu a serenidade irô nica à eloíiuència do silêncio".

Joaquim Sales, eoulK'c'cdí>r

curso notável sõbic a legitimidade da

dos bastidores, dá esta explicação: '*I\a-

intervenção do Govèrno da União no

Paraunento brasileiro.

Amigo dc Carlos Peixoto, sem contu

Não soube manejar a grande arma polí

do grax ilar cm tôrno da sua órbita, Afra-

tica que era o número dos deputados

nío dc Melo Franco, Estreou com dis

mineiros.

Estado dc Mato Grosso.

figura primacial da política e mestre

O medalhão

companheiros dois ou três amigos alheios à política, foi perdendo o contado com

hotéis em que eles residiam, tendo por

métodos na política brasileira. Foi um

os seus patrícios que guardavam por esse alheamcnto não pccpjeno ressenti

renovador. Combateu o medalhão com tôdas as arras do seu talento.

mento",

doutrinas modernas do Direito e da

Governar é uma função da inteligên cia, e Peixoto não admitia que políticos que detestavam o livro e amavam o

"pano verde" fôssem mentores da opi nião pública, impulsionadores da má quina administrativa.

Peixoto comparava os medalhões a

O "Jardim da Infância"

O ''Jardim da Infância", de efêmera duração, c do qual Peixoto fôra uma das figuras mais cintilantes, não era mr tido imlítico, mas uma elite de estudio sos dos nossos problemas econômicos financeiros, sociais c políticos, que pro curaram elevar o nível intelectual do

Carlos Pei.xoto, hfjslilizado pjir Pinlv-iro Machado, sofria, dc ali;nns dos companheiros dc l)ancada, líucrra surda.

c-olegas dc bancada. Não morando nos

Economia Política.

companheirc>s, grande ascendência

ou adi\inh:ira, na frase de CarRle, que

ramente era visto na companbia dos

Medalhão, como êle o entendia, não e sinonimo de velho. Ilá velhos que re novam sempre e valem pelo valor da in teligência e cultura, consubstanciadas nas idéias que advogam. Em São Paulo, cito homens de outras gerações, como Sales Júnior e .Rafael Sampaio Vidal, que estão em dia com as

so que exerceu, posteriormente, sobre os

os grandi's homens são como as raízes

fundível de Peixoto tinha a profundeza de um Blaise Pascal e a elegância de um Renan". Calógeras considerava-o, na República, o maior dos deputados. Carlos Peixoto tentou introduzir novos

Eicmento digno de registro especial c Bucno Brandão, autodidata, orador de palavra fácil e fluente, político astucio

Sabino Barroso, íntimo de Pinheiro Machado, capitaneava a rcaç-ão com a solidariedade de Aslolfo Dutra, huma nista da Renascença, perdido em uma cidade da Zona da Mala, enviado A Metrópole, para reforço inteicctual da bancada de Minas.

Astolfo, cujo espírito fora plasmado pelo Caraça, ora emérito latinista. Cri ticava os fatos com sutileza e prostrava o adversário sem magoá-lo. Zombeteava como Martinho Campos e adorava os paradoxos. Os ironistas franceses e os humoristas ingleses forneciam os ins

Em hrcxc.

É dos raros brasileiros eminentes pou

pados pela democracia. O talisma rcsumc-sc no binômio: fazer-se amar c ser temido. Suavidade nas maneiras,

delicadeza nos sentimentos, cintilação na

palestra, sempre norteada para a coisa pública, fazem-no um encantador. Des

treza na pugna e agudcza na visão po lítica, tornam-no um respeitado. _A re sultante dessas (jualidadcs não nos po deria surpreender; o ostracismo nunca lhe rondou as portas c a sua xida confunde-sc, nas duas iiltimas décadas, com a da própria República. Prestigiosa, a sua voz na Comissão de Justiça, da qual fora Presidente. Como Rui e Epitácio, não escreveu um tra tado de Direito Constitucional.

Mas

grande prestígio, não só político como

talvez não haja artigo da nossa Consti tuição que não tenlia comentado. Justiça há de ser feita a Afrànio de

pessoal.

Melo Franco.

trumentos ao malicioso mineiro.

Sabino Barroso era um homem de Reservado, cerímonioso, não

Carlos Peixoto, Davi Campista, Pedro Moacir. Gastão da Cunlia, Paiidiá Caló-

na diplomacia.

Jamais o preocuparam

assuntos de natureza pessoal e os pro-

gcras,_ Miguel Calnion, João Luiz Alves, para os debates da Câmara os grandes problemas nacionais. Era a reação da enllura txue infelizmente o Brasil não comportava. Predominaria a teoria dos

Esteraro Lobo e Jaime Darei trouxeram

não preparados", advogada por Quin-

tmo Boca.uvat e Carlos Peixoto, o^"orgulho da inteligência", como o definhi

dsT

°

Jj^_Mesquita. em uma das últimas■,

Varias , rememorandn

Marecbal Hermes, apontava^S^dT ou-

Nesse dm, de luto nacional, falecia an Belo Horizonte João Pinheiro, "o

Oleiro de Caeté". Esboroava-sc o gran

de esfôrço de Carlos Peixoto: o Brasil governado pelo apóstolo.

Com o surto

do militarismo, desaparecia o "Jardim da Infância",


Digesto Econômico •

48

A renúncia

ral espalharam o boato dc que, em cepção na Sorbonne, oferecida ao Nía-

contrastável que indicava senadores, ministros e governadores, renunciava à

rechal, que em breve se empossaria co mo Presidente. Barbo.sa Lima closincnorgulhoso do patrício ilustre, exclamou uma frase que correu mundo — "Peixoto

do Comércio", João Luso descreveu êsse fato histórico, de graves conseqüências

não verga".

para o Brasil.

da sua queda. Tentou reparar o mal

Pelo recinto, notava-se uma espécie

pleiteando, espontâncaniente, a reelei ção do grande parlamentar. A sua fi sionomia moral não lhe permitiria nun

sidencial.

ca o tripudio sôbrc o adversário que

pareceu tão admirável, tão superior co

cer contente, e, com efeito, sorria. Na

melhor dos seus discur.os. "Um par

tido já SC formou: o da rcsisluncia á in vasão da cauclilhageni." üs delegados delirarain com essa frase.

Assiz Brasil, limidamcnte, aparlcia,

dizendo que em toda a coligação há um programa. Peixoto fulmina-o: "Quem se coliga cede. Estamos aqui reunidos

para salvar a Pátria". Fôra impossível contínua.*. Os aplausos não lhe permi

O civilismo

cido. Em transe para outros tão agu nha tal serenidade que chegava a pare

do grande salão o subiu á tribuna sob ensurdecedora o\'ação. Pei.xolo profere ta]\e/. o menor e o

tombava.

mo nesse momento de se confessar ven

do e aflitivo, a sua fisionomia manti

gado. "Contra isso é que me revolto", foram as palavras que proferiu no centro

Astolfo Dutra fôra um dos artífices

de frenesi de febre. Carlos Peixoto suE nunca êsse homem me

vidava de que Assiz Brasil seria esma

tiu-o, em enérgico discurso, no qual,

tem enriquecido as colunas do "Jornal

ihm ao estrado, ocupou a cadeira pre

apoderou da Assembléia. Ninguém du

Paris, Peixoto comparecera a uma re

Aos 37 anos de idade, árbitro, até então, dos destinos do Brasil, chefe in-

presidência da Câmara dos Deputados. Testemunha presencial, cronista que

DlCESTO EcoNÓAnco

tiram concluir o discurso.

Na Convenção cie 22 dc agcjsto, que

a Convenção. Assiz Brasil, que deseja

escolheu a candidatura dc Rui Rarbosa para a presidência da República Assiz

sala estabeleceu-se um silêncio ansioso; Bjasíl, com surpresa geral, fizera obietodos olhavam a mesa, para além da ções, em discurso escrito, ao programa do qual a figura de Carlos Peixoto se erguia, civilismo. Exigia manifesto antecipado magnífica na sua resolução, animada

para, então, se proceder à escolha do

e inspirada pela certeza do dever a cumprir. A cerimônia formidável redu

candidato.

ziu-se a uma rápida declaração; nenhu

Federal, tenta responder ás objeções, não

ma retórica, nenhum termo que exigis se do orador qualquer cuidado decla matório ou cuja intenção precisasse de ser sub inhada. As idéias mais límpidas na mais correta das formas. E êsse dis-

^rso ficou céleb-e. e os seus conceitos hão de sempre oferecer a definição de uma fare política e do homem que nela

Houve sensação de estupor.

Todos

tiveram a impressão de que a Conven

mais dignamente se salientou." O poder não mais o seduziu. O ca

ção naufragara.

ráter era inamolgável, e visível o des dém pelos políticos liliputianos. Poden

cionado com as ruidosas manifestações

do tudò, se transigisse, nada quis. Hermes da Fonseca tinha fascinação pela sua inteligência e a proclamava sempre. Os invejosos do seu valor mo

curso, faz vibrar de emoção patriótica

Carlos Peixoto, profundamente emo

populares, que recebera ao atravessar as ruas para ir ao Teatro Lírico como dele

gado do município de Ubá, levanta-se, na platéia, e pede a palavra.

Não se descreve o entusiasmo que s©

Rui, que o assistiu, de

clarou a amigos (esse fato me foi narra

serva de negar o voto ao candídalo se

■A

causnda"'°*

desalento é a impressão

Levanta-se o grande ri\^al. Elabora da na própria tcmpcstuosidadc do de-

batc a peça política é digna de um Gladstone. O professor de otimimio en sina: O pessimismo é terreno em que nao medram iniciativas e em que se es-

tiolam energias". Aos pessimistas, en

dereça este conceito de Guízol: "Com \oces nao se conta, porque não agem e

sao apenas espectadores". Ao estadista

nao e hcito cultivar o desalento: o esta

dista é um guia que deve infundir nas mu.a de Waldeck Rousseau: "Governar

o país inteiro.

teria a votar na Cons-cnção com a re

dos Municípios á União, com grande

hostes um pouco de ideal.

do glorioso movimento, cm vésperas do pleito, Peixoto, com surpreendente dis

volta à tribuna e declara que se subme

projeto de contribuição dos Estados e

cabisbaixo; com a derrota que Peixoto lho infligiu, inicia-se a derrocada do seu nome. A multidão aguarda a saída de Peixoto, tentando carregá-lo em triunfo. Na sacada do Grande Hotel, em Belo

conseguindo, todavia, refutá-las. A-siz Brasil, que era um nome aureolado

E foi dos maiores que o Brasil produziu. Pedro Moacir combate, em 1915, o

va ser candidato, retira-se luimilhado e

Horizonte, ladeado de Carvalho de Brito e Afonso Pena Júnior, na fase aguda

Brício Filho, representante da Capital

o programa lhe não .satisfizesse.

Estava salva

receu o político c surgiu o financista.

do por Otávio de Sousa Leão, que o ouviu do próprio Rui), que não re re cordava de ler alguém recebido tão prolongada ovação ccmo a que coroou as últimas palavras do extraordinário orador.

6 poder . Nao compreende que se fale em impostos quando não se fale em econom.as. Concorda em que, com

poUhca má as nações podem viUr ^ vtvem Mas, eonr finanças péssi^s nao há pais que se salve. Modelo de equilíbrio é a

F^^simas,

A-cindo Guanabara enlíl a idéias ventiladas, intima

pasta da Fazenda,

^

^

^

Silveira

acremènte? as Xlnze ' tro da Fazenda nuo ^

Êsse estranhou a crítin""

Mmis-

licitou idéias oo^st^to^"!:.":'^ ^

plicou o Sansão dos Pan;pas^ ^'Era"õ

O doutrinaílor

Estavam mortos João Pinheiro e Oavi Campista. Derrotado no reconhe cimento estava Rui Barbosa.

Homem de govôrno, adotava a fér

Perdidas

estavam, pois, as suas ilusões. Desapa-

™ias".

p-''

Orgulhava-se o notável mineiro do


Digesto Econômico •

48

A renúncia

ral espalharam o boato dc que, em cepção na Sorbonne, oferecida ao Nía-

contrastável que indicava senadores, ministros e governadores, renunciava à

rechal, que em breve se empossaria co mo Presidente. Barbo.sa Lima closincnorgulhoso do patrício ilustre, exclamou uma frase que correu mundo — "Peixoto

do Comércio", João Luso descreveu êsse fato histórico, de graves conseqüências

não verga".

para o Brasil.

da sua queda. Tentou reparar o mal

Pelo recinto, notava-se uma espécie

pleiteando, espontâncaniente, a reelei ção do grande parlamentar. A sua fi sionomia moral não lhe permitiria nun

sidencial.

ca o tripudio sôbrc o adversário que

pareceu tão admirável, tão superior co

cer contente, e, com efeito, sorria. Na

melhor dos seus discur.os. "Um par

tido já SC formou: o da rcsisluncia á in vasão da cauclilhageni." üs delegados delirarain com essa frase.

Assiz Brasil, limidamcnte, aparlcia,

dizendo que em toda a coligação há um programa. Peixoto fulmina-o: "Quem se coliga cede. Estamos aqui reunidos

para salvar a Pátria". Fôra impossível contínua.*. Os aplausos não lhe permi

O civilismo

cido. Em transe para outros tão agu nha tal serenidade que chegava a pare

do grande salão o subiu á tribuna sob ensurdecedora o\'ação. Pei.xolo profere ta]\e/. o menor e o

tombava.

mo nesse momento de se confessar ven

do e aflitivo, a sua fisionomia manti

gado. "Contra isso é que me revolto", foram as palavras que proferiu no centro

Astolfo Dutra fôra um dos artífices

de frenesi de febre. Carlos Peixoto suE nunca êsse homem me

vidava de que Assiz Brasil seria esma

tiu-o, em enérgico discurso, no qual,

tem enriquecido as colunas do "Jornal

ihm ao estrado, ocupou a cadeira pre

apoderou da Assembléia. Ninguém du

Paris, Peixoto comparecera a uma re

Aos 37 anos de idade, árbitro, até então, dos destinos do Brasil, chefe in-

presidência da Câmara dos Deputados. Testemunha presencial, cronista que

DlCESTO EcoNÓAnco

tiram concluir o discurso.

Na Convenção cie 22 dc agcjsto, que

a Convenção. Assiz Brasil, que deseja

escolheu a candidatura dc Rui Rarbosa para a presidência da República Assiz

sala estabeleceu-se um silêncio ansioso; Bjasíl, com surpresa geral, fizera obietodos olhavam a mesa, para além da ções, em discurso escrito, ao programa do qual a figura de Carlos Peixoto se erguia, civilismo. Exigia manifesto antecipado magnífica na sua resolução, animada

para, então, se proceder à escolha do

e inspirada pela certeza do dever a cumprir. A cerimônia formidável redu

candidato.

ziu-se a uma rápida declaração; nenhu

Federal, tenta responder ás objeções, não

ma retórica, nenhum termo que exigis se do orador qualquer cuidado decla matório ou cuja intenção precisasse de ser sub inhada. As idéias mais límpidas na mais correta das formas. E êsse dis-

^rso ficou céleb-e. e os seus conceitos hão de sempre oferecer a definição de uma fare política e do homem que nela

Houve sensação de estupor.

Todos

tiveram a impressão de que a Conven

mais dignamente se salientou." O poder não mais o seduziu. O ca

ção naufragara.

ráter era inamolgável, e visível o des dém pelos políticos liliputianos. Poden

cionado com as ruidosas manifestações

do tudò, se transigisse, nada quis. Hermes da Fonseca tinha fascinação pela sua inteligência e a proclamava sempre. Os invejosos do seu valor mo

curso, faz vibrar de emoção patriótica

Carlos Peixoto, profundamente emo

populares, que recebera ao atravessar as ruas para ir ao Teatro Lírico como dele

gado do município de Ubá, levanta-se, na platéia, e pede a palavra.

Não se descreve o entusiasmo que s©

Rui, que o assistiu, de

clarou a amigos (esse fato me foi narra

serva de negar o voto ao candídalo se

■A

causnda"'°*

desalento é a impressão

Levanta-se o grande ri\^al. Elabora da na própria tcmpcstuosidadc do de-

batc a peça política é digna de um Gladstone. O professor de otimimio en sina: O pessimismo é terreno em que nao medram iniciativas e em que se es-

tiolam energias". Aos pessimistas, en

dereça este conceito de Guízol: "Com \oces nao se conta, porque não agem e

sao apenas espectadores". Ao estadista

nao e hcito cultivar o desalento: o esta

dista é um guia que deve infundir nas mu.a de Waldeck Rousseau: "Governar

o país inteiro.

teria a votar na Cons-cnção com a re

dos Municípios á União, com grande

hostes um pouco de ideal.

do glorioso movimento, cm vésperas do pleito, Peixoto, com surpreendente dis

volta à tribuna e declara que se subme

projeto de contribuição dos Estados e

cabisbaixo; com a derrota que Peixoto lho infligiu, inicia-se a derrocada do seu nome. A multidão aguarda a saída de Peixoto, tentando carregá-lo em triunfo. Na sacada do Grande Hotel, em Belo

conseguindo, todavia, refutá-las. A-siz Brasil, que era um nome aureolado

E foi dos maiores que o Brasil produziu. Pedro Moacir combate, em 1915, o

va ser candidato, retira-se luimilhado e

Horizonte, ladeado de Carvalho de Brito e Afonso Pena Júnior, na fase aguda

Brício Filho, representante da Capital

o programa lhe não .satisfizesse.

Estava salva

receu o político c surgiu o financista.

do por Otávio de Sousa Leão, que o ouviu do próprio Rui), que não re re cordava de ler alguém recebido tão prolongada ovação ccmo a que coroou as últimas palavras do extraordinário orador.

6 poder . Nao compreende que se fale em impostos quando não se fale em econom.as. Concorda em que, com

poUhca má as nações podem viUr ^ vtvem Mas, eonr finanças péssi^s nao há pais que se salve. Modelo de equilíbrio é a

F^^simas,

A-cindo Guanabara enlíl a idéias ventiladas, intima

pasta da Fazenda,

^

^

^

Silveira

acremènte? as Xlnze ' tro da Fazenda nuo ^

Êsse estranhou a crítin""

Mmis-

licitou idéias oo^st^to^"!:.":'^ ^

plicou o Sansão dos Pan;pas^ ^'Era"õ

O doutrinaílor

Estavam mortos João Pinheiro e Oavi Campista. Derrotado no reconhe cimento estava Rui Barbosa.

Homem de govôrno, adotava a fér

Perdidas

estavam, pois, as suas ilusões. Desapa-

™ias".

p-''

Orgulhava-se o notável mineiro do


■Mil

Dicesto Dicesto

50

Ministro da Fazenda que se chamava

Pandíá Calógeras.

Peixoto, que não

mais freqüentava ministérios, só fazia exceção ao da Fazenda, de cujo titular era amigo sincero.

Apóstolo da verdade orçamentária, insurgia-se nos pareceres contra a ado ção do método automático, verdadeira operação aritmética, para orçar a Re ceita. Pleiteava, com destemor, o dire

to, adotado na Inglaterra, na Itália e na Bélgica, onde o cálculo para o exercí cio futuro não era o da média dos três

m últimos anos, mas o da observação dire

M t

doto, dos povos da Grécia q«3r, nflo tendo tomado parte na Batalba cio Pla téia, ergueram depois cenoláfio.*: de pedra amontoada para fazerem acredi tar que ali repousavam compatriotas seus

que houvcs'^cni coparticip.aclo dos peri gos e do triunfo. "Assim, creio, con cluiu, que ninguém (juercrá proceder no Brasil; creio antes cpic, difundido

entre todos o sentimento nacional, não veremos no campo da xitória nenhum

cenotáfío vazio. Haverá, tíiKcz, túmulosnão haverá essa terra amontoada". (Sensação).

sagrada dos brasileiros, como aquele

sem fixar prèviamente as despesas pú

que Peixoto entoou na lonj^a peroração

Raras vézes, cm tôcla a sua histcíria o Parlamento terá ouvido um hino tão impressionante, conclamando a união

blicas. O único método razoável era o

Muitos deputado.s ainda citam do cor

de estudar o limite a que poderia atin

o trecho em que Peixoto lembra o epi

gir a tributação e tratar de o não exce der, submetendo-se a essa medida a dos

sódio famoso, narrado por Uomain Rol-

talina, a conclusão; alargar a Receita na . medida das necessidades.

Econômico

51

EcoN6Nncx>

ta da natureza e das condições de cada produto, de cada fonte de renda. Ino vação que exigia sinceridade. Sustentava ser absurdo orç-ar a Receita

gastos indispensáveis ou urgentes. Cris

chamava nos políticos acomodatícios e "carloniància

financeira",

os

métodos

de paliativos paru conjurar as nossas crises.

Protecionista, como Jofm Pinheiro e João Luiz .AKos, e não proibicionisla, as suas teorias nicrcceni, no caos atual do

mundo, di\ulgaçãü ampla.

Anti-emis-

sionisfn, estudou as bases de no\a refor

ma tributária, em excelente monografia. Exatos eram os seus cxmhecimentos

das nossas condições de vida e dcsen-

vohàmento. Estudava os problemas bra

sileiros com a \'isão de um sociólogo. "Acredito, sr. presidente, que essa nossa inconscquência, senão relativa incapacidade, decorre cm primeiro lu gar e essencialmente de uma falsa noção

ou sentimento fundamental á psicolo gia geral do brasileiro, por causas que

scntjdo de modificar as carateríslicas

fundamentais da raça brasileira, corri

gindo o que elas têm de mau e bus

cando desen\'olver o muito que têm de

bom. Venhamos, porém, ao exame de uma outra daquelas fontes de êrro. Es

sa outra razão psicológica de ordem ge

ral c o nosso detestável pendor para o que. na acepção comum dos vocábulos,

se denomina "espírito partidário". Nãci há como contestar-lhe, ao sectarismo, os perniciosos efeitos; ninguém ignora hoje que essa tendência sectária não é

dotes naturais, nas qualidades não adqui

e a sua fé absoluta na natureza, nos

bout, les morts".

desenvolve o tema predileto, o horror ao personalismo, e focaliza alguns males que tanto prejudicam o desenvolvimen

A Peixoto poderia aplicar-so a ima gem de Poíncaré à arte do Briand- "o grande estrategista da palavra". Con-

to material do nosso país. O patriotismo não o cegava. Não era

em tôrmos precisos no momento apro

catenava os argumentos e os ressaltava

priado. Era feliz em seus "achados". Foi sua, por exemplo, a expressão "ne-

o fim da nossa raça. Nos momentos di

vrose capadoçal", glosada pela imprensa de todo o País, como fotografia de uma

fíceis, era otimista.

época.

Em agôsío de 1916, em fulgurante

nosso esfôrço deve dirigir-se sempre no

cado de moribundos, concitava os com panheiros à resistência, gritando: "Dc-

leiro, com a acuidade de um psicólogo,

tava com rudeza. Mas nunca profetizou

excelente

malidade primitiva.

homem e o seu merecimento, muito mais

Conhecia as nossas fraquezas e as apon

c« colheríamos

ça no trabalho lento, no esforço persis tente e sistemático, na cultura, enfim,

blime eloqüência c a Nação scntiu-se aliviada. Êsse discurso, repU-lo de ima gens, ficou conhecido como o do "De-

Via o Brasil com lucidez.

pragmatismo

resultado, porque evidentemente todo o

land, de um soldado francês ípu', acua do, a ponto de perder a trincheira, cer

importantes documentos que os Anais da Câmara registram, o emérito brasi

sonhador.

tar essa ultima, a fim de procurar modi

ficar essa perniciosa tendência psicoló gica. Faríamos, assim, um pouco de

senão um remanescente anacrônico das épocas ou fases guerreiras da socieda

ridas, nas forças naturais.

orçamento da Receita, um dos mais

to com a tese contrária, conviria susten

ta!\'ez me anime um dia a analisar de tidamente: — u sua nenhuma confian

bout, Ics morts". Peixoto lampejou su

Ao emitir, em 1915, parecer sobre o

>

Propugnador da educação in

tegral, desdenhosamente denominava 9

oração, em resposta a Cincinato Braga,

bacharelice de "mandarinato burguês".

recordou o episódio, narrado por Heró-

"Mudos de serralhos", era como êle

Ordinariamente, quando julgamos um

facilmente lhe apreciamos a natural in teligência do que o trabalho e o esforço lento e tenaz, graças ao qual êle tenha vencido cm determinado ramo da ati

vidade humana.

Isso provirá da pró

pria imensidade da natureza que nos cerca e muito também da nossa educa

ção; seja, porém, como for, essa é uma das causas ou raízes psicológicas de to dos os nossos erros de api"eciação e con

seqüentes falsos juízos; e por certo, num país em que ninguém preconiza as vantagens do esfôrço e todos se fiam apenas nas forças naturais, quando mes mo a verdade não estivesse em absolu

de, muito próximas do período da ani

Permita a Gamara que eu recorde ter sempre sustentado que o velho sistema

de partidos rotativos, para o qual vive-

mo.s a apelar (como para todas as cousas rotineiras) não tem mais razão de

ser e decididamente não pode mais dar frutos em um país moderno e civilizado. O movimento das idéias é de tal modo

intenso lioje, a modificação, pelo estudo e pela e.xpcrioncia, das nossas fôrças psí quicas e da nossa própria organização mental, faz-se tão ràpidamente pela aqui sição cotidiana de noções e de conheci mentos novos, que é absolutamente errô

neo acreditar que seja possível tomar de uma porção de homens e èncerrá-los de

finitivamente no "clichê" de uma deter

minada fórmula rígida da qual nenhum

se deva jamais evadir, sem incorrer na pecha de desertor, apóstata, traidor


■Mil

Dicesto Dicesto

50

Ministro da Fazenda que se chamava

Pandíá Calógeras.

Peixoto, que não

mais freqüentava ministérios, só fazia exceção ao da Fazenda, de cujo titular era amigo sincero.

Apóstolo da verdade orçamentária, insurgia-se nos pareceres contra a ado ção do método automático, verdadeira operação aritmética, para orçar a Re ceita. Pleiteava, com destemor, o dire

to, adotado na Inglaterra, na Itália e na Bélgica, onde o cálculo para o exercí cio futuro não era o da média dos três

m últimos anos, mas o da observação dire

M t

doto, dos povos da Grécia q«3r, nflo tendo tomado parte na Batalba cio Pla téia, ergueram depois cenoláfio.*: de pedra amontoada para fazerem acredi tar que ali repousavam compatriotas seus

que houvcs'^cni coparticip.aclo dos peri gos e do triunfo. "Assim, creio, con cluiu, que ninguém (juercrá proceder no Brasil; creio antes cpic, difundido

entre todos o sentimento nacional, não veremos no campo da xitória nenhum

cenotáfío vazio. Haverá, tíiKcz, túmulosnão haverá essa terra amontoada". (Sensação).

sagrada dos brasileiros, como aquele

sem fixar prèviamente as despesas pú

que Peixoto entoou na lonj^a peroração

Raras vézes, cm tôcla a sua histcíria o Parlamento terá ouvido um hino tão impressionante, conclamando a união

blicas. O único método razoável era o

Muitos deputado.s ainda citam do cor

de estudar o limite a que poderia atin

o trecho em que Peixoto lembra o epi

gir a tributação e tratar de o não exce der, submetendo-se a essa medida a dos

sódio famoso, narrado por Uomain Rol-

talina, a conclusão; alargar a Receita na . medida das necessidades.

Econômico

51

EcoN6Nncx>

ta da natureza e das condições de cada produto, de cada fonte de renda. Ino vação que exigia sinceridade. Sustentava ser absurdo orç-ar a Receita

gastos indispensáveis ou urgentes. Cris

chamava nos políticos acomodatícios e "carloniància

financeira",

os

métodos

de paliativos paru conjurar as nossas crises.

Protecionista, como Jofm Pinheiro e João Luiz .AKos, e não proibicionisla, as suas teorias nicrcceni, no caos atual do

mundo, di\ulgaçãü ampla.

Anti-emis-

sionisfn, estudou as bases de no\a refor

ma tributária, em excelente monografia. Exatos eram os seus cxmhecimentos

das nossas condições de vida e dcsen-

vohàmento. Estudava os problemas bra

sileiros com a \'isão de um sociólogo. "Acredito, sr. presidente, que essa nossa inconscquência, senão relativa incapacidade, decorre cm primeiro lu gar e essencialmente de uma falsa noção

ou sentimento fundamental á psicolo gia geral do brasileiro, por causas que

scntjdo de modificar as carateríslicas

fundamentais da raça brasileira, corri

gindo o que elas têm de mau e bus

cando desen\'olver o muito que têm de

bom. Venhamos, porém, ao exame de uma outra daquelas fontes de êrro. Es

sa outra razão psicológica de ordem ge

ral c o nosso detestável pendor para o que. na acepção comum dos vocábulos,

se denomina "espírito partidário". Nãci há como contestar-lhe, ao sectarismo, os perniciosos efeitos; ninguém ignora hoje que essa tendência sectária não é

dotes naturais, nas qualidades não adqui

e a sua fé absoluta na natureza, nos

bout, les morts".

desenvolve o tema predileto, o horror ao personalismo, e focaliza alguns males que tanto prejudicam o desenvolvimen

A Peixoto poderia aplicar-so a ima gem de Poíncaré à arte do Briand- "o grande estrategista da palavra". Con-

to material do nosso país. O patriotismo não o cegava. Não era

em tôrmos precisos no momento apro

catenava os argumentos e os ressaltava

priado. Era feliz em seus "achados". Foi sua, por exemplo, a expressão "ne-

o fim da nossa raça. Nos momentos di

vrose capadoçal", glosada pela imprensa de todo o País, como fotografia de uma

fíceis, era otimista.

época.

Em agôsío de 1916, em fulgurante

nosso esfôrço deve dirigir-se sempre no

cado de moribundos, concitava os com panheiros à resistência, gritando: "Dc-

leiro, com a acuidade de um psicólogo,

tava com rudeza. Mas nunca profetizou

excelente

malidade primitiva.

homem e o seu merecimento, muito mais

Conhecia as nossas fraquezas e as apon

c« colheríamos

ça no trabalho lento, no esforço persis tente e sistemático, na cultura, enfim,

blime eloqüência c a Nação scntiu-se aliviada. Êsse discurso, repU-lo de ima gens, ficou conhecido como o do "De-

Via o Brasil com lucidez.

pragmatismo

resultado, porque evidentemente todo o

land, de um soldado francês ípu', acua do, a ponto de perder a trincheira, cer

importantes documentos que os Anais da Câmara registram, o emérito brasi

sonhador.

tar essa ultima, a fim de procurar modi

ficar essa perniciosa tendência psicoló gica. Faríamos, assim, um pouco de

senão um remanescente anacrônico das épocas ou fases guerreiras da socieda

ridas, nas forças naturais.

orçamento da Receita, um dos mais

to com a tese contrária, conviria susten

ta!\'ez me anime um dia a analisar de tidamente: — u sua nenhuma confian

bout, Ics morts". Peixoto lampejou su

Ao emitir, em 1915, parecer sobre o

>

Propugnador da educação in

tegral, desdenhosamente denominava 9

oração, em resposta a Cincinato Braga,

bacharelice de "mandarinato burguês".

recordou o episódio, narrado por Heró-

"Mudos de serralhos", era como êle

Ordinariamente, quando julgamos um

facilmente lhe apreciamos a natural in teligência do que o trabalho e o esforço lento e tenaz, graças ao qual êle tenha vencido cm determinado ramo da ati

vidade humana.

Isso provirá da pró

pria imensidade da natureza que nos cerca e muito também da nossa educa

ção; seja, porém, como for, essa é uma das causas ou raízes psicológicas de to dos os nossos erros de api"eciação e con

seqüentes falsos juízos; e por certo, num país em que ninguém preconiza as vantagens do esfôrço e todos se fiam apenas nas forças naturais, quando mes mo a verdade não estivesse em absolu

de, muito próximas do período da ani

Permita a Gamara que eu recorde ter sempre sustentado que o velho sistema

de partidos rotativos, para o qual vive-

mo.s a apelar (como para todas as cousas rotineiras) não tem mais razão de

ser e decididamente não pode mais dar frutos em um país moderno e civilizado. O movimento das idéias é de tal modo

intenso lioje, a modificação, pelo estudo e pela e.xpcrioncia, das nossas fôrças psí quicas e da nossa própria organização mental, faz-se tão ràpidamente pela aqui sição cotidiana de noções e de conheci mentos novos, que é absolutamente errô

neo acreditar que seja possível tomar de uma porção de homens e èncerrá-los de

finitivamente no "clichê" de uma deter

minada fórmula rígida da qual nenhum

se deva jamais evadir, sem incorrer na pecha de desertor, apóstata, traidor


Dicesto

ou qualquer outro dos qualificativos que são de rigor em casos tais.

existe ainda influência de uma opinião esclarecida, bastante forte para servir de

gregarismo partidário; mas, cm todo ca

contrapôso aos desvios dos que gover

so, a chamada díscip.ina rccpier forçosa

nam e de suporte e apoio às qualidades dc uma elite; sobretudo no Brasil, dada

mente compromisso, a trans;ição diutuf-

a falta dessa fôrça, é claro que, se dc um lado, por isso mesmo, aumenta a

responsabilidade dessa elite, do outro lado não pode deixar de ser inconveni ente e pernicioso o seu enfeudamento no quadro rígido e definitivo de um parti do, ou partidos, pois trato o assunto de

do que precisamos é de nos re-

^plvcrnios a abandonar esse último feticho

parlamentarista dos partidos rotati vos; o que é preciso é que nos façamos smcernmente presidencialistas."

Procurou sempre, na preparação dou trinária, reforçar o prestígio da autori-

regionais, do apoio dc cujos representan tes precisa o partido para \iver, por muito que êles contrariem aos grandes e legítimos interósses da Nação."

adc. A reforma do regimento da Càtnara dos Deputados, conhecida como llefortna Carlos Peixoto", foi tachada rie tirania das comissões permanentes", t^estringiu, para vigorar o regimem pre

fisse capítulo, dc frcmontc atualida

sidencial, a liberdade dos deputados;

de, não pcderia ser assinado pelos maio res sociólogos brasileiros?

cas:ou-,hcs a iniciativa dc aumentar as

na e permant-nle com todos os interesses

^^spcsas; opôs-se à anarquia de orçar a receita antes de fixar a despesa; impe

A razão dos partidos políticos não

um modo geral. Se deixarmos as regiões imprecisas du teoria e descermos à prática e ao con

creto, recordaremos que não é raro ver.

, nessa mesma casa, fulminada uma medi da ou preconizada tal outra, que nada. absolutamente nada, tem que ver com

EcoNÓ^nco 53

ínterêsse pessoal. Falando deste último, claro que me não refiro já à natural ten dência de cada um para manter e con servar sua situação poliiica, cedendo aO

Mas, sobretudo no Brasil, onde não

TO

Econ

diu as discussõ;'s demoradas sob pretex

está admíiàvelmcnte e.xposta? Manuel Duarte, político fluminense,

to de encaminhar as votações. Coerente, sustentou a tese de que o

resumiu com fidelidade, cm opúsculo,

Qusso regimem não comporta a formadas agremiações partidárias na-

as idéias de Carlos Peixoto de comba te ao parlamentarismo, de crítica ú ne

fasta influencia dos partidos no Império o ponto àe vista partidário, exatamente c na República. em nome dêsse nefasto espírito de parti O presidencialista do; e nem só às idéias, mas ainda ao? homens estamos vendo que ..-abe fre Carlos Peixoto foi, talvez, no Brasil, qüentemente a glória ou a infâmia, ü- o político que mais apregoava as vanta beralizadas só exclusivamente por âsse gens do regimem presidencial. AcérrimO mesmo espírito, que, visto de perto, adversário das instituições inglesas o en não raro mascara e dissimula apenas tusiasta das constituições americanas, a ridícula carcassa dos nossos inte fez, na divulgação dessas idéias, obra

tíionais.

Trinta anos após, Francisco Campos advogava com êxito a sua extinção, co operando na implantação do Estado Na cional, para conciliar, em seu entender, uo século XX, os direitos do indivíduo e os do Estado.

decantada falta de partidos organizados

nislau Zeballos, Ministro das Relações

erros, pois não se esqueça que falo nes

SC atribuam todas as nossas dificuldadesÉ que os que assim pensam procedei»^ como aquêle rei da Bíblia, que, converti' do, quebrou todos os ídolos o se admira'

Exteriores e intelectual de prestígio na Argentina, acompanhava atentamente a vida política, econômica e social do país

Mascaramos ê:se apelo ao facricsis-

mo, alegando que com ele coincidem, ao

va de que lhe não chegassem depreS'

menos remotamente, grandes interesses

?a, apesar disso, as graças providenciaisUm profeta, consultado a respeito, aca

públicos, quando de fato e em geral ca

Pei.xoto, que muito se impressionou com o célebre telegrama n.° 9, de Esta-

de Alberdi e Sarmiento.

da um de nós denomina muito freqüen bou por encontrar em um desvão, cui temente "interesse nacional" o do seu dadosamente oculto, um grande ídolo a*'

campanário, quando nao o seu próp

no

qual se bateu pela obrigatoriedade do

serviço militar em nossa terra. Enten

dia, com tôda razão, que nação desar mada e presa apetecida.

A um companheiro inseparável, disíe certa vez: 'Sei que amigos indigitaram o meu nome para Ministro das Relações

Exteriores. Em hipótese alguma aceitanL""o r'®"' com Governo em pòslo de tãocolaborar imediata

^nfiança. Aceitaria de bom grado o de Ministro na Republica Argentina, para aplainar as nossas dificuldades." Aqueles cadernos estiveram em poder

de Otávio de Sousa Leão, que os manuseou e se recorda de ter lido, subli

nhado a lápis vermelho: "Tudo nos une e nada nos separa" será uma frase ver dadeira quando o Brasil estiver forte." Hoje, graças aos esforços dos ho mens e Estado que têm a responsabi

lidade dos destinos das duas grandes na-

çoes americanas e compreenderam que a política da boa vizinhança é a única que consu.ta os seus interósses, não pai-

.™ taizonte nuve. se,u„ de les-

de professor, ou melhor, de apóstolo. "É freqüente - dizia ôlc — que à tão

sileiro.

ricano, temia uma guerra, motivo pelo

Carlos Peixoto e a Arsentina

resses subalternos. É a dolorosa verda de e sem dúvida a todos e a cada um de nós cabe uma parcela de culpa nesses

te momento da psicologia geral do bra

Renetindo o ambiente de tensão ner vosa que havia no continente sul-ame

qual o rei sacrificava às escondidas^

fratern-. «

amizade

Carlos Peixoto e Rodrigues Alves Carlos Peixoto foi o líder da maio

ria durante o quatriênio Rodrigues Al

Lia, diàriamente, os grandes órgãos platinos "La Prensa" e "La Naclon".

sentante da Câmara dos Deputados em

Escreveu, cheio de transcrições e obser

tace do Executivo e não feitor da Câma

vações pessoais, duas dezenas de cader nos que constituem documentado estudo sôbre a grandeza da Argeatina.

ra por ordem do Executivo. A posição do líder tomou, mais tarde, outra feição: o líder representava o Executivo perante

es.

roc amou sempre que era repre


Dicesto

ou qualquer outro dos qualificativos que são de rigor em casos tais.

existe ainda influência de uma opinião esclarecida, bastante forte para servir de

gregarismo partidário; mas, cm todo ca

contrapôso aos desvios dos que gover

so, a chamada díscip.ina rccpier forçosa

nam e de suporte e apoio às qualidades dc uma elite; sobretudo no Brasil, dada

mente compromisso, a trans;ição diutuf-

a falta dessa fôrça, é claro que, se dc um lado, por isso mesmo, aumenta a

responsabilidade dessa elite, do outro lado não pode deixar de ser inconveni ente e pernicioso o seu enfeudamento no quadro rígido e definitivo de um parti do, ou partidos, pois trato o assunto de

do que precisamos é de nos re-

^plvcrnios a abandonar esse último feticho

parlamentarista dos partidos rotati vos; o que é preciso é que nos façamos smcernmente presidencialistas."

Procurou sempre, na preparação dou trinária, reforçar o prestígio da autori-

regionais, do apoio dc cujos representan tes precisa o partido para \iver, por muito que êles contrariem aos grandes e legítimos interósses da Nação."

adc. A reforma do regimento da Càtnara dos Deputados, conhecida como llefortna Carlos Peixoto", foi tachada rie tirania das comissões permanentes", t^estringiu, para vigorar o regimem pre

fisse capítulo, dc frcmontc atualida

sidencial, a liberdade dos deputados;

de, não pcderia ser assinado pelos maio res sociólogos brasileiros?

cas:ou-,hcs a iniciativa dc aumentar as

na e permant-nle com todos os interesses

^^spcsas; opôs-se à anarquia de orçar a receita antes de fixar a despesa; impe

A razão dos partidos políticos não

um modo geral. Se deixarmos as regiões imprecisas du teoria e descermos à prática e ao con

creto, recordaremos que não é raro ver.

, nessa mesma casa, fulminada uma medi da ou preconizada tal outra, que nada. absolutamente nada, tem que ver com

EcoNÓ^nco 53

ínterêsse pessoal. Falando deste último, claro que me não refiro já à natural ten dência de cada um para manter e con servar sua situação poliiica, cedendo aO

Mas, sobretudo no Brasil, onde não

TO

Econ

diu as discussõ;'s demoradas sob pretex

está admíiàvelmcnte e.xposta? Manuel Duarte, político fluminense,

to de encaminhar as votações. Coerente, sustentou a tese de que o

resumiu com fidelidade, cm opúsculo,

Qusso regimem não comporta a formadas agremiações partidárias na-

as idéias de Carlos Peixoto de comba te ao parlamentarismo, de crítica ú ne

fasta influencia dos partidos no Império o ponto àe vista partidário, exatamente c na República. em nome dêsse nefasto espírito de parti O presidencialista do; e nem só às idéias, mas ainda ao? homens estamos vendo que ..-abe fre Carlos Peixoto foi, talvez, no Brasil, qüentemente a glória ou a infâmia, ü- o político que mais apregoava as vanta beralizadas só exclusivamente por âsse gens do regimem presidencial. AcérrimO mesmo espírito, que, visto de perto, adversário das instituições inglesas o en não raro mascara e dissimula apenas tusiasta das constituições americanas, a ridícula carcassa dos nossos inte fez, na divulgação dessas idéias, obra

tíionais.

Trinta anos após, Francisco Campos advogava com êxito a sua extinção, co operando na implantação do Estado Na cional, para conciliar, em seu entender, uo século XX, os direitos do indivíduo e os do Estado.

decantada falta de partidos organizados

nislau Zeballos, Ministro das Relações

erros, pois não se esqueça que falo nes

SC atribuam todas as nossas dificuldadesÉ que os que assim pensam procedei»^ como aquêle rei da Bíblia, que, converti' do, quebrou todos os ídolos o se admira'

Exteriores e intelectual de prestígio na Argentina, acompanhava atentamente a vida política, econômica e social do país

Mascaramos ê:se apelo ao facricsis-

mo, alegando que com ele coincidem, ao

va de que lhe não chegassem depreS'

menos remotamente, grandes interesses

?a, apesar disso, as graças providenciaisUm profeta, consultado a respeito, aca

públicos, quando de fato e em geral ca

Pei.xoto, que muito se impressionou com o célebre telegrama n.° 9, de Esta-

de Alberdi e Sarmiento.

da um de nós denomina muito freqüen bou por encontrar em um desvão, cui temente "interesse nacional" o do seu dadosamente oculto, um grande ídolo a*'

campanário, quando nao o seu próp

no

qual se bateu pela obrigatoriedade do

serviço militar em nossa terra. Enten

dia, com tôda razão, que nação desar mada e presa apetecida.

A um companheiro inseparável, disíe certa vez: 'Sei que amigos indigitaram o meu nome para Ministro das Relações

Exteriores. Em hipótese alguma aceitanL""o r'®"' com Governo em pòslo de tãocolaborar imediata

^nfiança. Aceitaria de bom grado o de Ministro na Republica Argentina, para aplainar as nossas dificuldades." Aqueles cadernos estiveram em poder

de Otávio de Sousa Leão, que os manuseou e se recorda de ter lido, subli

nhado a lápis vermelho: "Tudo nos une e nada nos separa" será uma frase ver dadeira quando o Brasil estiver forte." Hoje, graças aos esforços dos ho mens e Estado que têm a responsabi

lidade dos destinos das duas grandes na-

çoes americanas e compreenderam que a política da boa vizinhança é a única que consu.ta os seus interósses, não pai-

.™ taizonte nuve. se,u„ de les-

de professor, ou melhor, de apóstolo. "É freqüente - dizia ôlc — que à tão

sileiro.

ricano, temia uma guerra, motivo pelo

Carlos Peixoto e a Arsentina

resses subalternos. É a dolorosa verda de e sem dúvida a todos e a cada um de nós cabe uma parcela de culpa nesses

te momento da psicologia geral do bra

Renetindo o ambiente de tensão ner vosa que havia no continente sul-ame

qual o rei sacrificava às escondidas^

fratern-. «

amizade

Carlos Peixoto e Rodrigues Alves Carlos Peixoto foi o líder da maio

ria durante o quatriênio Rodrigues Al

Lia, diàriamente, os grandes órgãos platinos "La Prensa" e "La Naclon".

sentante da Câmara dos Deputados em

Escreveu, cheio de transcrições e obser

tace do Executivo e não feitor da Câma

vações pessoais, duas dezenas de cader nos que constituem documentado estudo sôbre a grandeza da Argeatina.

ra por ordem do Executivo. A posição do líder tomou, mais tarde, outra feição: o líder representava o Executivo perante

es.

roc amou sempre que era repre


wsfmmm MICO 9. DicESTO Econômico

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Dici:sTo EcoNÓ>aco

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a Câmara e não a Câmara perante o

nardes, traçado por Antônio Fe-licÍP.nO

nia para impugnar o reconhecimento do

cebcndo os honorários em apólices, dei

Executivo.

do Castilho, dir-se-ia fjiio Carlos Pei;«o-

Marechal Hermes, Carlos Peixoto, então

xou-as aos herdeiros.

to se fazia admirar e C.irlos de Campos

membro da oposição, negou-se a aten

em casos graves para o princípio da au

sabia ser amado.

toridade do Govêmo, dissera, como lí

Lembro-me de trr lido alíinro.s <|uc o preferível, para a sua asr-cn ã<í. 4) po

dê-lo. "R^conticço que houve fraude, naram-llie o túmido. Houvc defesa ime disso êle. Nenhum deputado, porém, tem diata. Nos"A pedidos" d*"0 País", Mário autoridade moral para proferir lihc'o. de^^AIcncar. o amigo fiel, confundiu-os. aciralório. A origem do nosso mandato Mutilados no chão, ficaram csbravec a mesma: b'c:) dc pena e ata falsa." ccndü na impotência do seu veneno." Em certa ocasião, político influente A morte pediu-lhe cpie telefonasse ao Calógrras Carlos Peixoto esboçava um Iíxto de a fim de rjuc um dos genros, dc prepa

Peixoto escreveu que, muitas vôzes,

der, ao Presidente, "que tal medida por êle projetada e que se comprometia a

lítico ser temido do rpie estimado, lema

tomar, a Câmara não a aceitaria, sendo

que os cismógrafos da História des»*n- 9

êle, Peixoto, o primeiro a combatê-la,

volveram para justificar a fpjcda do Ge

e a medida não se realizava". Peixoto

neral Francisco Glicério.

contava pouco mais de trinta anos de

idade, quando assim brincava com o

destino da sua carreira política. Justificada, portanto, a sua grande ad miração pelo presidente paulista e ex plicada está a causa pela qual, em 1917, tanto trabalhou pela volta de Rodrigues Alves ao poder.

Carlos Peixoto e Carlos de Campos Costa Rôgo, em artigo ínserto no

"Correio da Manhã", escreveu que Car los Peixoto e Carlos de Campos foram os lideres mais completos que conheceu.

Desmentiu a assertiva o destino cie

ambos. Carlos Peixoto tombou em plena mocidade. Carlos dt; Ctimpos aliuti«u,

ro nulo. fòssc nomeado Diretor do Lói-

contra a sua vontade, a Presidência dc

obtc." a ligação. Com surpresa do aludi do político, f|m> as^^istia à cena. desliga

São Paulo.

de. Peixoto, amigo do solicitaiile, tenta

o aparelho, segundos anós. "Não tenho

O homem

o direito do fazer êsse pedido. O Caló-

Alto, moreno, nariz, adimco e olhar

imperativo cie águia, timbre de x'CrZ agradabilissimo, sorriso inagnélico, de ex traordinário encanto pessoal. O sorriso não era intencional, mas e.x-

gcras, com ceiieza me fará esta per gunta: Você Ministro da Fazenda, fa

ria a nrmcação? En teria que responder:

Não. Você mc perdoe a franqueza." Um senador federal pede a Carlos

Escanda.izados, os maldizentes profa-

análise social sôbre o Brasil, tendo até redigido o prefácio de que Miguel Me lo teve as primícias da leitura. Intitula ra-o "Natureza c Cultura".

Desgraçadamente, a tuberculose, que lia muito o espreitava, atacou-lhe o frágil organismo.

Isolado, viveu cm Jacarepaguá. Cerca va-o reduzido número de amigos Proi bido de ler, distraía-se ouvindo'melo dias de Verdi e Rosrini, em um fonógrafo, dádiva de Miguel Calmon. Otávio de Sousa Leão, que foi o melhor dos

prcssão nativa da inteligência, não se particuiarizava nos lábios, nem escolhia

Não me recordo do seu fundamento.

Peixoto, que se achava em companhia dc Otávio dc Sousa Leão, para obter a

momentos: estava no total das suas fei-

Mas, de vários deputados não ouvi ou

ç-õcs, esclarecia Mário dc Alencar. Quem

tro julgado. Temperamentos opostos, di vergiam nos métodos de ação política.

nomeação de um fillio para cargo que se vagara no Ministério da Viação; "Pe

fícas.se

diria se vagasse o de Ministro na Chi

dedicado enfermeiro, com amizade pu ra e desinteressada, resgatava a ingra

Carlos Peixoto era dominador, absor\'en-

magia. "Em pre:;ença dêlc era preciso

na, que ó um cargo inteiramente inú til", foi a sua resposta. Outros exemplos ]')oderia rememorar.

sentou melhoras. Conversou aninfado

te, voluntarioso, tratava os colegas como se fôssem meninos de colégio. Carlos de Campos era todo doçura, todo meíguice.

ao

alcance

dessa

irradiação,

acrescenta o ilustre escritor, sofria-lhe a

uma fôrça nova c rara para cjuebrar o

Carlos Peixoto simbolizava a inteligên

magnetismo." Tão grande era esse mag netismo que os amigos lhe suportavam a franqueza rude, o traço marcante do

cia. Carlos de Campos, a bondade. Car

seu caráter.

los Peixoto era melhor tribuno. Carlos de Campos, mais artista. Carlos Peixoto exi

gia. Carlos de Campos solicitava. Carlos Peixoto era intransigente.

Carlos de

Campos, ccnciliador. Carlos Peixoto, um

encantador que timbrava em restringir o grupo dos seus amigos. Carlos de Campos, um comunicativo que procura va ampliar o circulo dos seus íntinics. Imitando o paralelo de Vieira e Ber-

Quando líder da maioria, muitas vêzcs procurava o deputado que se ti nha inscrito para discutir determinado assunto e lhe ordenava não faze-lo, pois a um outro, dc melhor preparo, compe tiria desempenhar-se da incumbêncio*

Seria tarefa inútil. O homem está de finido. A calúnia

Advogado militante no foro do Rio de Janeiro, em determinada fase da vi

amigos e o estimava como a um irmão

tidão dos políticos que o abandonaram No dia do desenlace, Peixoto anre-

com A.varo de Carvalho, Miguel Calmon e Sousa Leão.

Pavoroso o derradeiro instante. Súbi ta bemorragra pulmonar sufocon-ren,

j^nntos quase sem agonia. MiCl Me Io ass,sl.n-o nesse momento °n'utee

Em seu peito recebeu as golfadafde sangue. Ao sofrer a hemo^ptise fàtal

Liderava a Câmara como se fosse um

da, patrocinou, com êxito, a causa do Pará, na que-tão dos limites. Em labor de cinco anos, regularizou a situação embaraçosa de importante empresa de navegação, conseguindo que

general a dar ordens em campo de ba

o ativo fosse acrescido da soma de trin

nacionalidade se a memória de um bra

ta mil contos de réis. Cobrou, em pa gamento dos serviços profissionais, cin co por cento do capital constituído. Ke-

o caráter e grande pela inteligência, nao fôr reverenciada pela juventude.

talha.

Convidado por Alexandre Barbosa Li-

Peixoto, aterrado, deu um grito- "Estó tudo perdido!"

'

E:tará irremediâvelmente perdida a sileiro, como Carlos Peixoto, grande pe-


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a Câmara e não a Câmara perante o

nardes, traçado por Antônio Fe-licÍP.nO

nia para impugnar o reconhecimento do

cebcndo os honorários em apólices, dei

Executivo.

do Castilho, dir-se-ia fjiio Carlos Pei;«o-

Marechal Hermes, Carlos Peixoto, então

xou-as aos herdeiros.

to se fazia admirar e C.irlos de Campos

membro da oposição, negou-se a aten

em casos graves para o princípio da au

sabia ser amado.

toridade do Govêmo, dissera, como lí

Lembro-me de trr lido alíinro.s <|uc o preferível, para a sua asr-cn ã<í. 4) po

dê-lo. "R^conticço que houve fraude, naram-llie o túmido. Houvc defesa ime disso êle. Nenhum deputado, porém, tem diata. Nos"A pedidos" d*"0 País", Mário autoridade moral para proferir lihc'o. de^^AIcncar. o amigo fiel, confundiu-os. aciralório. A origem do nosso mandato Mutilados no chão, ficaram csbravec a mesma: b'c:) dc pena e ata falsa." ccndü na impotência do seu veneno." Em certa ocasião, político influente A morte pediu-lhe cpie telefonasse ao Calógrras Carlos Peixoto esboçava um Iíxto de a fim de rjuc um dos genros, dc prepa

Peixoto escreveu que, muitas vôzes,

der, ao Presidente, "que tal medida por êle projetada e que se comprometia a

lítico ser temido do rpie estimado, lema

tomar, a Câmara não a aceitaria, sendo

que os cismógrafos da História des»*n- 9

êle, Peixoto, o primeiro a combatê-la,

volveram para justificar a fpjcda do Ge

e a medida não se realizava". Peixoto

neral Francisco Glicério.

contava pouco mais de trinta anos de

idade, quando assim brincava com o

destino da sua carreira política. Justificada, portanto, a sua grande ad miração pelo presidente paulista e ex plicada está a causa pela qual, em 1917, tanto trabalhou pela volta de Rodrigues Alves ao poder.

Carlos Peixoto e Carlos de Campos Costa Rôgo, em artigo ínserto no

"Correio da Manhã", escreveu que Car los Peixoto e Carlos de Campos foram os lideres mais completos que conheceu.

Desmentiu a assertiva o destino cie

ambos. Carlos Peixoto tombou em plena mocidade. Carlos dt; Ctimpos aliuti«u,

ro nulo. fòssc nomeado Diretor do Lói-

contra a sua vontade, a Presidência dc

obtc." a ligação. Com surpresa do aludi do político, f|m> as^^istia à cena. desliga

São Paulo.

de. Peixoto, amigo do solicitaiile, tenta

o aparelho, segundos anós. "Não tenho

O homem

o direito do fazer êsse pedido. O Caló-

Alto, moreno, nariz, adimco e olhar

imperativo cie águia, timbre de x'CrZ agradabilissimo, sorriso inagnélico, de ex traordinário encanto pessoal. O sorriso não era intencional, mas e.x-

gcras, com ceiieza me fará esta per gunta: Você Ministro da Fazenda, fa

ria a nrmcação? En teria que responder:

Não. Você mc perdoe a franqueza." Um senador federal pede a Carlos

Escanda.izados, os maldizentes profa-

análise social sôbre o Brasil, tendo até redigido o prefácio de que Miguel Me lo teve as primícias da leitura. Intitula ra-o "Natureza c Cultura".

Desgraçadamente, a tuberculose, que lia muito o espreitava, atacou-lhe o frágil organismo.

Isolado, viveu cm Jacarepaguá. Cerca va-o reduzido número de amigos Proi bido de ler, distraía-se ouvindo'melo dias de Verdi e Rosrini, em um fonógrafo, dádiva de Miguel Calmon. Otávio de Sousa Leão, que foi o melhor dos

prcssão nativa da inteligência, não se particuiarizava nos lábios, nem escolhia

Não me recordo do seu fundamento.

Peixoto, que se achava em companhia dc Otávio dc Sousa Leão, para obter a

momentos: estava no total das suas fei-

Mas, de vários deputados não ouvi ou

ç-õcs, esclarecia Mário dc Alencar. Quem

tro julgado. Temperamentos opostos, di vergiam nos métodos de ação política.

nomeação de um fillio para cargo que se vagara no Ministério da Viação; "Pe

fícas.se

diria se vagasse o de Ministro na Chi

dedicado enfermeiro, com amizade pu ra e desinteressada, resgatava a ingra

Carlos Peixoto era dominador, absor\'en-

magia. "Em pre:;ença dêlc era preciso

na, que ó um cargo inteiramente inú til", foi a sua resposta. Outros exemplos ]')oderia rememorar.

sentou melhoras. Conversou aninfado

te, voluntarioso, tratava os colegas como se fôssem meninos de colégio. Carlos de Campos era todo doçura, todo meíguice.

ao

alcance

dessa

irradiação,

acrescenta o ilustre escritor, sofria-lhe a

uma fôrça nova c rara para cjuebrar o

Carlos Peixoto simbolizava a inteligên

magnetismo." Tão grande era esse mag netismo que os amigos lhe suportavam a franqueza rude, o traço marcante do

cia. Carlos de Campos, a bondade. Car

seu caráter.

los Peixoto era melhor tribuno. Carlos de Campos, mais artista. Carlos Peixoto exi

gia. Carlos de Campos solicitava. Carlos Peixoto era intransigente.

Carlos de

Campos, ccnciliador. Carlos Peixoto, um

encantador que timbrava em restringir o grupo dos seus amigos. Carlos de Campos, um comunicativo que procura va ampliar o circulo dos seus íntinics. Imitando o paralelo de Vieira e Ber-

Quando líder da maioria, muitas vêzcs procurava o deputado que se ti nha inscrito para discutir determinado assunto e lhe ordenava não faze-lo, pois a um outro, dc melhor preparo, compe tiria desempenhar-se da incumbêncio*

Seria tarefa inútil. O homem está de finido. A calúnia

Advogado militante no foro do Rio de Janeiro, em determinada fase da vi

amigos e o estimava como a um irmão

tidão dos políticos que o abandonaram No dia do desenlace, Peixoto anre-

com A.varo de Carvalho, Miguel Calmon e Sousa Leão.

Pavoroso o derradeiro instante. Súbi ta bemorragra pulmonar sufocon-ren,

j^nntos quase sem agonia. MiCl Me Io ass,sl.n-o nesse momento °n'utee

Em seu peito recebeu as golfadafde sangue. Ao sofrer a hemo^ptise fàtal

Liderava a Câmara como se fosse um

da, patrocinou, com êxito, a causa do Pará, na que-tão dos limites. Em labor de cinco anos, regularizou a situação embaraçosa de importante empresa de navegação, conseguindo que

general a dar ordens em campo de ba

o ativo fosse acrescido da soma de trin

nacionalidade se a memória de um bra

ta mil contos de réis. Cobrou, em pa gamento dos serviços profissionais, cin co por cento do capital constituído. Ke-

o caráter e grande pela inteligência, nao fôr reverenciada pela juventude.

talha.

Convidado por Alexandre Barbosa Li-

Peixoto, aterrado, deu um grito- "Estó tudo perdido!"

'

E:tará irremediâvelmente perdida a sileiro, como Carlos Peixoto, grande pe-


ÍJlCESTO ECONÓKaCO

Uma fase de transição

SB qualquer aspecto que se pos a

Nelson Webneck Sodré dução ainda bastante colonial, c o trau

estudar a vida brasileira atual,

matismo da luta militar, trazendo pela

parece fora de dúvida que atravessamos uma fase de tran

primeira vez uma positiva ameaça à costa brasileira, nos alerlon snficiontc-

sição. No campo das atividades

mentc para que possamos permanecer

econômicas, entretanto, essa fa se é mais nítida, mais acentuada, e as sinala um momento dos mais difíceis na

vida nacional. Trata-se, agora, de de finir rumos, de .aproveitar os ensina mentos do período intercalar, profunda mente afetado pelo último conflito mundial, de enfrentar problemas an tigos e insolúveis e de precisar as di retrizes para uma economia que não

inativo'; c confundidos entre oricntaçx>es contraditórias.

Sc a.s guerras, o principalmente a:»

SC processa com muito maior intensida

de, quando se trata de países como o Brasil, em que a estrutura econômica

articulou ainda em normas cstAvcis de

mente, desde o seu início, em 1939.

agravando-se consideravelmente depois submeteu a estrutura econômica brasi

flito, constituiu a maior prova a que sc leira, em tôda a sua história.

A conflagração anterior, generalizando-se cm 1917, não afetou tão forte-

mento a economia dos países, porque a navegação oceânica, merco do reduzi do raio de ação da arma submarina e

d?, arma aé-ea, na época, conseguiu manter, em nível compatível com as ne cessidades imediatas, a circulação da ri

dança- e sem as ameaças de novas va

queza. A técnica militar do tempo não acompanhou, com a eficiôncia dos

riações.

seus meios, a universalização do confli

A fase de transição foi assinalada

principalmente pelo advento da guerra mundial. Chegamos ao quinto decênio

do século com ubkí estrutura de pro

ção oceânica, sendo extra-conti-

nentais, ao mesmo tempo que nos

solicitavam

fornecimentos

são da praça de Hamburgo, en

mais abundantes, e até nos obri

tre as importadoras do café bra

gavam a uma diversificação para

compradores, em particular aos Estados

da entrada dos Estados Unidos no con

qual as iniciativas e os inve:tÍmentos possam assentar, sem temores de mu

mercados impunha a navega

ções profundas no ritmo econômico dos países, isto 6 muito mais verdadeiro, e

medidas e iniciativas que precisem uma política econômica, abandonando as in

cional uma diretriz permanente, sob a

ros habituais, não trouxe abalo profun do c duradouro, uma voz que permane cemos fornecendo aos grandes compra dores do exterior os produtos básicos cm que assentava, en tão, como hoje ainda assenta, a riqueza nacional. A supres

a qual não estávamos prepara

gundo tal programa urge a adoção de

manentes, que ertiolam todo o traba

cia da falta de fornecimentos estraniici-

dos, e que foi estabelecida no

organização. O impacto da guerra, real

lho construtor e dispersam, de maneira inequívoca, o esfôrço contínuo de um povo que chega à metade do século XX sem ter elaborado ainda uma política segura e sem ter dado à produção na

produção e consumo, a perturbação da cabotagem afetou de forma grave a si tuação do mercado interno, quando já vinha impondo às relações com os mer cados externos alterações significativas, lima vez que a maior parte daqueles

nosso parque industrial, cm conseqüên

mento das vendas aos antigos

cessa de sofrer abalos e derorient^õcs

decisões, as flutuações, as dúvidas per

País, entre as suas zonas econômicas de

guerras prolongadas, inlrodirzom altera

a que as condições do mundo moderno e as necessidades internas do País já É todo um programa a definir, e se

ral de suu expansão ecoiióniicn. Tendo contribnido para o desenvolvimento do

sileiro, foi compensada pelo au

depende de um maior número de fatôres, alguns de origem externa, e não se

não se podem sujeitar.

57

to, e a distância conseguiu proteger dos seus efeitos imediatos aqueles que, em bora participantes, permaneceram em condições de prosseguir no ritmo natu

Unidos, com os quais a navegação per

maneceu prâücamente sem alteração, e

velho regimem das improvizações. Os efeitos do conflito foram ainda mais extensos, embora algumas dc suas

mesmo cMDin os mercados europeus nno

manifestações não se traduzissem de for

ligados í\ praça alemã do Mar do Norte. A supressão de alguns fornecimentos, principalmente os que provinham do parque industrial europeu, contribuindo para um surto particular da fabricação

ma gritante, e só aparecessem depois de um estudo atento ou de uma observação

brasileira, não foi de molde a produzir

um abalo profundo no mercado interno. Aquela que se encerrou cm 1945, en tretanto, pelo esfôrço titânico a que obrigou, em todos os quadrantes do

mundo, pela generalização rápida de seus efeitos, pela ameaça constante à circulação da produção, acarretou um

choque profundo em tôda a economia universal, choque que se constituiu, cm países como o nosso, na maior crise de sua história econômica. Para aquilatar da amplitude de seus efeitos imediatos e diretos, basta verificar que a partici

pação do Brasil no conflito derivou de um ataque brutal e inédito h nossa na vegação de cabotagem. Permanecendo o oceano, ainda neste

século, como o espaço quase único de circulação entre as diversas partes do

demorada.

Traduziram-se também riO

desaparecimento de antigos mercados, pela importância crescente de outros, novos na freqüência dos nossos produ tos, pela redução do número de clien

tes e pela ampliação de suas solicitações,

pela primazia dos preços impostos do exterior sòbre aqueles que o mercado interno poderia comportar, nos casos de produtos de colocação tanto fora como dentro do País, como foi o de alimen

tícios; pelo desvio da estrutura de pro dução, no sentido de adaptar-se às no vas condições, num ritmo acelerado, mas sem a previsão da parada ou da

redução futura desse ritmo, o que de veria ocorrer em muitos casos; pelos reflexos que as alterações trouxeram à vida interna, com as conseqüências do desnível entre a exportação e a im portação, fornecendo reservas de em prego impossível no momento em que

se acumulavam; pelo desequilíbrio de

.


ÍJlCESTO ECONÓKaCO

Uma fase de transição

SB qualquer aspecto que se pos a

Nelson Webneck Sodré dução ainda bastante colonial, c o trau

estudar a vida brasileira atual,

matismo da luta militar, trazendo pela

parece fora de dúvida que atravessamos uma fase de tran

primeira vez uma positiva ameaça à costa brasileira, nos alerlon snficiontc-

sição. No campo das atividades

mentc para que possamos permanecer

econômicas, entretanto, essa fa se é mais nítida, mais acentuada, e as sinala um momento dos mais difíceis na

vida nacional. Trata-se, agora, de de finir rumos, de .aproveitar os ensina mentos do período intercalar, profunda mente afetado pelo último conflito mundial, de enfrentar problemas an tigos e insolúveis e de precisar as di retrizes para uma economia que não

inativo'; c confundidos entre oricntaçx>es contraditórias.

Sc a.s guerras, o principalmente a:»

SC processa com muito maior intensida

de, quando se trata de países como o Brasil, em que a estrutura econômica

articulou ainda em normas cstAvcis de

mente, desde o seu início, em 1939.

agravando-se consideravelmente depois submeteu a estrutura econômica brasi

flito, constituiu a maior prova a que sc leira, em tôda a sua história.

A conflagração anterior, generalizando-se cm 1917, não afetou tão forte-

mento a economia dos países, porque a navegação oceânica, merco do reduzi do raio de ação da arma submarina e

d?, arma aé-ea, na época, conseguiu manter, em nível compatível com as ne cessidades imediatas, a circulação da ri

dança- e sem as ameaças de novas va

queza. A técnica militar do tempo não acompanhou, com a eficiôncia dos

riações.

seus meios, a universalização do confli

A fase de transição foi assinalada

principalmente pelo advento da guerra mundial. Chegamos ao quinto decênio

do século com ubkí estrutura de pro

ção oceânica, sendo extra-conti-

nentais, ao mesmo tempo que nos

solicitavam

fornecimentos

são da praça de Hamburgo, en

mais abundantes, e até nos obri

tre as importadoras do café bra

gavam a uma diversificação para

compradores, em particular aos Estados

da entrada dos Estados Unidos no con

qual as iniciativas e os inve:tÍmentos possam assentar, sem temores de mu

mercados impunha a navega

ções profundas no ritmo econômico dos países, isto 6 muito mais verdadeiro, e

medidas e iniciativas que precisem uma política econômica, abandonando as in

cional uma diretriz permanente, sob a

ros habituais, não trouxe abalo profun do c duradouro, uma voz que permane cemos fornecendo aos grandes compra dores do exterior os produtos básicos cm que assentava, en tão, como hoje ainda assenta, a riqueza nacional. A supres

a qual não estávamos prepara

gundo tal programa urge a adoção de

manentes, que ertiolam todo o traba

cia da falta de fornecimentos estraniici-

dos, e que foi estabelecida no

organização. O impacto da guerra, real

lho construtor e dispersam, de maneira inequívoca, o esfôrço contínuo de um povo que chega à metade do século XX sem ter elaborado ainda uma política segura e sem ter dado à produção na

produção e consumo, a perturbação da cabotagem afetou de forma grave a si tuação do mercado interno, quando já vinha impondo às relações com os mer cados externos alterações significativas, lima vez que a maior parte daqueles

nosso parque industrial, cm conseqüên

mento das vendas aos antigos

cessa de sofrer abalos e derorient^õcs

decisões, as flutuações, as dúvidas per

País, entre as suas zonas econômicas de

guerras prolongadas, inlrodirzom altera

a que as condições do mundo moderno e as necessidades internas do País já É todo um programa a definir, e se

ral de suu expansão ecoiióniicn. Tendo contribnido para o desenvolvimento do

sileiro, foi compensada pelo au

depende de um maior número de fatôres, alguns de origem externa, e não se

não se podem sujeitar.

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to, e a distância conseguiu proteger dos seus efeitos imediatos aqueles que, em bora participantes, permaneceram em condições de prosseguir no ritmo natu

Unidos, com os quais a navegação per

maneceu prâücamente sem alteração, e

velho regimem das improvizações. Os efeitos do conflito foram ainda mais extensos, embora algumas dc suas

mesmo cMDin os mercados europeus nno

manifestações não se traduzissem de for

ligados í\ praça alemã do Mar do Norte. A supressão de alguns fornecimentos, principalmente os que provinham do parque industrial europeu, contribuindo para um surto particular da fabricação

ma gritante, e só aparecessem depois de um estudo atento ou de uma observação

brasileira, não foi de molde a produzir

um abalo profundo no mercado interno. Aquela que se encerrou cm 1945, en tretanto, pelo esfôrço titânico a que obrigou, em todos os quadrantes do

mundo, pela generalização rápida de seus efeitos, pela ameaça constante à circulação da produção, acarretou um

choque profundo em tôda a economia universal, choque que se constituiu, cm países como o nosso, na maior crise de sua história econômica. Para aquilatar da amplitude de seus efeitos imediatos e diretos, basta verificar que a partici

pação do Brasil no conflito derivou de um ataque brutal e inédito h nossa na vegação de cabotagem. Permanecendo o oceano, ainda neste

século, como o espaço quase único de circulação entre as diversas partes do

demorada.

Traduziram-se também riO

desaparecimento de antigos mercados, pela importância crescente de outros, novos na freqüência dos nossos produ tos, pela redução do número de clien

tes e pela ampliação de suas solicitações,

pela primazia dos preços impostos do exterior sòbre aqueles que o mercado interno poderia comportar, nos casos de produtos de colocação tanto fora como dentro do País, como foi o de alimen

tícios; pelo desvio da estrutura de pro dução, no sentido de adaptar-se às no vas condições, num ritmo acelerado, mas sem a previsão da parada ou da

redução futura desse ritmo, o que de veria ocorrer em muitos casos; pelos reflexos que as alterações trouxeram à vida interna, com as conseqüências do desnível entre a exportação e a im portação, fornecendo reservas de em prego impossível no momento em que

se acumulavam; pelo desequilíbrio de

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58

nicr.sTi»

EcoNÓMirO

S Dicksto Econômico

uma estrutura econômica instável, que se mantinha à custa de sucessivos pa

eventualidade cie perdermos iiiereados

liativos e que não estava, por isso mes

conqui^tados no decorri r do conflito, e que pareciam definitivamente g:mhos

mo, em condições de sofrer uma mu

para os nossos fonieeiníenlo»;, o regresso

dança tão rápida.

a condições antigas, c-m relação a forne

Em conseqüência de tais problemas, surgidos de maneira súbita, e enfrenta

dos com medidas de emergência, e que o Brasil, ao contrário de países que ti veram uma participação mais ativa no

conflito, vai demorando mais para se readaptar às condições normais de paz. Por mais íntima e acentuada que tivesse

sido a participação daqueles países, por mais que tivessem sofrido, e alguns so

freram intensamente, as conseqüências da luta militar, a verdade é que nós, apesar de tudo, estávamos em situação econômica pior para enfrentar a reto

mada de ritmo normal. Nesse sentido, embora pareça parado.Kal, não há uma relação proporcional direta entre a par ticipação e a readaptação. Países que participaram ativamente, ou que sofre ram perturbações profundas em seu sis tema de produção, regressaram mais de pressa aos níveis antigos, òu mesmo

quando não atingindo tais níveis, em volume ou valor, mostraram uma vita lidade excepcional em tornarem às con dições anteriores ao conflito, ou a se en

quadrarem em condições que o após- guerra lhes impôs.

cimentos do estrangeiro, (pie pari^eiam

decisi\amcnte afa lados rli- líossas cí)gitações, pela passibilidadi-, que a guerra noj Irou.xc, íle produzirmos sinrilaros — foram alguns <los exemplos grit;inles, que surpreendcam os menos avisados, e fizeram desanimar íupu'-lfs tpie. \erifl-

permanente ou periódica crise de forne

samente bombardeados e ocupados por um inimigo rapinante e destruidor, a

e

inadiáveis.

Tomados cm sen sentido absoluto,

dade, mas cuja efetivação não chegava.

realmente, os dados do balanço de 19-15, ano cm cpie terminou a guerra, denun ciavam aumento na balança comercial,

Enquanto isso se processava, num ritmo (jue nao sofria pausas e que independia da \ontade dos homens, a.s discordàn-

um grande saldo, em proporções até en

cias passaram a se manifestar, os inte

tão não atingidas, favorável ao nosso país, cm valor. Sc fôssemos mais longe

resses a clamar, como se normas par ticulares, destinadas a resolver parte dos problemas, tivessem o condão de trans

ficiais, culpando fatores cireunslanciais, ccmo homens e goví-nios, na \'erdade

verificaríamos que ela sc marcava jx)r uma ascensão contínua, quer na tone-

formar o quadro. Os elementos ligados à indústria cuidavam poder continuar

impotentes para dar fisionomia idt al a

lagem, quer nos preços cm moeda na

um país profiindamenlc conturbado.

cional. Qualquer estudioso dos proble

ternos. Os da lavoura acredita\'am que

mas econômicos, entretanto, saberia per

no ritmo acelerado de produção, de altos preços, de crescentes fornecimentos ex

Estávamos, na verdade, quando a guerra se encerrou, frente a um cios

feitamente que o traiKjuilo otimismo de

p;;ríodos mais graves da nossa evolução econômica, porque nos apri.-senlávamos

rivado da visão dc números o dc grá

medidas destinadas a ampará-la deviam ter indiscutível primazia. Não raro, apareciam soluções simplistas, em que

ficos assim aprc.scntados não passava de

tudo se reporia em ordem mediante al

desaparelhados, para enfrentar uma com

uma ilusão, a que fato algum conce

gumas inovações isoladas, dependentes

dia a po.ssibilidade de realidade efetiva.

apenas da iniciativa administrativa.

O sintoma mais curioso da história econômica brasileira da fase de transição

Na verdade, todos êsses problemas se resumiam em um só, que a todos inte ressava e afetava, e a cujas origens os

petição que regressaria aos lermos an tigos, ou que se tornaria mais acentua

da. Ao contrário do rpic em geral se pensava, pouco possuíamos cm rirjueza, para oferecer, porque o sistema econô mico vigente, cujos erros c deficiências estavam ancorados num pasr ado muito

distante, não pirmiliu a articulação de

presas de vulto que a naturczii exige

cimento de carnes, o aparente paradoxo de importarmos batatas de países inten

moeda, seria suficiente pura dar a todos a imprissão exala, em suas linhas gerais.

significativas

tcrior, dc um lustro até o fim da guerra,

veem as aparências e deixam passar as razões profundas e originárias dos fenô fato de atravesrarmos uma situação de

Nem a lavoura, nem a indústria pode riam considerar-se a salvo de problemas os mais graves, sôbre cujas soluções teóricas parecia haver ansiosa unanimi

c traçásicmos a curva do comércio e.x-

poderosas fontes e o acúmulo de capi

cs nossos problemas de após-guerra, O

teraçõcs

ção, traduzida cm doscrjuilibrios dc toda

cando tais disparidades, ao m<-smo temjvo <iue esperavam uma época de prosperi dade, cntrcgaram-se às c-rilicas super

^Os observadores ingênuos, os que menos econômicos, espantaram-se com

sucessivos — a desarticulação da produ sorte, o mais evidente deles sendo o da

I

59

tais que permitissem, finalmente, as em para dar aos liomens os seus bens.

Se

outros sinais, monos

ao

perceptíveis

leigo, não tivcs.scm iá aparecido, e com insistência alarmante, para nos indicar a gravidade do momcnlo, sobre a nossa impreparação gerai no rcntido de en

frentar o após-guena, e sobre a derro cada dc uma estrutura que ,sc manteve, no Brasil, instável ao longo dos decênios

consistiu, certamente, em apresentar a

balança comercial do País, durante a

demais estão estreitamente ligados: o

guerra, com os índices mais altos até en

sistema econômico brasileiro encontrava-

tão conhecidos, enquanto, na verdade,

se desarticulado, com os órgãos absole-

o Brasil, nesse período, se empobrecia a

tos, os rumos perdidos ou ausentes, o

olhos vistos, desaparelhando-se em todos

aparelhamento fora de quaisquer normas

os sentidos, desarticulando todas as suas

compatíveis com as necessidades e os

peças de produção e entrando em um terreno perigoso, logo traduzido nas me didas de emergência, que sô afetavam o setor das finanças, e que contribuíram para desenvolver a inflação que ainda nos aperta e da qual não vemos possibi lidades de saída próxima. Não havia setor, entre nós, cm que as necessidades de aparelhamento não fossem enormes.

índices do momento de competição in

O trabalho, a produção em si mesma, a

momento, no mundo e no Pais.

circulação, o consumo, demandavam al-

ternacional extremada e ativa. De tal sorte que só reformas de conjunto, en carando a estrutura inteira da produção, calcadas na realidade nacional e inter nacional, poderiam atenuar as conse qüências do descalabro desse sistema

em cheque, em inomediável crise, incompatibilizado com as condições do Issq significava, ínfehzniente, que não


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S Dicksto Econômico

uma estrutura econômica instável, que se mantinha à custa de sucessivos pa

eventualidade cie perdermos iiiereados

liativos e que não estava, por isso mes

conqui^tados no decorri r do conflito, e que pareciam definitivamente g:mhos

mo, em condições de sofrer uma mu

para os nossos fonieeiníenlo»;, o regresso

dança tão rápida.

a condições antigas, c-m relação a forne

Em conseqüência de tais problemas, surgidos de maneira súbita, e enfrenta

dos com medidas de emergência, e que o Brasil, ao contrário de países que ti veram uma participação mais ativa no

conflito, vai demorando mais para se readaptar às condições normais de paz. Por mais íntima e acentuada que tivesse

sido a participação daqueles países, por mais que tivessem sofrido, e alguns so

freram intensamente, as conseqüências da luta militar, a verdade é que nós, apesar de tudo, estávamos em situação econômica pior para enfrentar a reto

mada de ritmo normal. Nesse sentido, embora pareça parado.Kal, não há uma relação proporcional direta entre a par ticipação e a readaptação. Países que participaram ativamente, ou que sofre ram perturbações profundas em seu sis tema de produção, regressaram mais de pressa aos níveis antigos, òu mesmo

quando não atingindo tais níveis, em volume ou valor, mostraram uma vita lidade excepcional em tornarem às con dições anteriores ao conflito, ou a se en

quadrarem em condições que o após- guerra lhes impôs.

cimentos do estrangeiro, (pie pari^eiam

decisi\amcnte afa lados rli- líossas cí)gitações, pela passibilidadi-, que a guerra noj Irou.xc, íle produzirmos sinrilaros — foram alguns <los exemplos grit;inles, que surpreendcam os menos avisados, e fizeram desanimar íupu'-lfs tpie. \erifl-

permanente ou periódica crise de forne

samente bombardeados e ocupados por um inimigo rapinante e destruidor, a

e

inadiáveis.

Tomados cm sen sentido absoluto,

dade, mas cuja efetivação não chegava.

realmente, os dados do balanço de 19-15, ano cm cpie terminou a guerra, denun ciavam aumento na balança comercial,

Enquanto isso se processava, num ritmo (jue nao sofria pausas e que independia da \ontade dos homens, a.s discordàn-

um grande saldo, em proporções até en

cias passaram a se manifestar, os inte

tão não atingidas, favorável ao nosso país, cm valor. Sc fôssemos mais longe

resses a clamar, como se normas par ticulares, destinadas a resolver parte dos problemas, tivessem o condão de trans

ficiais, culpando fatores cireunslanciais, ccmo homens e goví-nios, na \'erdade

verificaríamos que ela sc marcava jx)r uma ascensão contínua, quer na tone-

formar o quadro. Os elementos ligados à indústria cuidavam poder continuar

impotentes para dar fisionomia idt al a

lagem, quer nos preços cm moeda na

um país profiindamenlc conturbado.

cional. Qualquer estudioso dos proble

ternos. Os da lavoura acredita\'am que

mas econômicos, entretanto, saberia per

no ritmo acelerado de produção, de altos preços, de crescentes fornecimentos ex

Estávamos, na verdade, quando a guerra se encerrou, frente a um cios

feitamente que o traiKjuilo otimismo de

p;;ríodos mais graves da nossa evolução econômica, porque nos apri.-senlávamos

rivado da visão dc números o dc grá

medidas destinadas a ampará-la deviam ter indiscutível primazia. Não raro, apareciam soluções simplistas, em que

ficos assim aprc.scntados não passava de

tudo se reporia em ordem mediante al

desaparelhados, para enfrentar uma com

uma ilusão, a que fato algum conce

gumas inovações isoladas, dependentes

dia a po.ssibilidade de realidade efetiva.

apenas da iniciativa administrativa.

O sintoma mais curioso da história econômica brasileira da fase de transição

Na verdade, todos êsses problemas se resumiam em um só, que a todos inte ressava e afetava, e a cujas origens os

petição que regressaria aos lermos an tigos, ou que se tornaria mais acentua

da. Ao contrário do rpic em geral se pensava, pouco possuíamos cm rirjueza, para oferecer, porque o sistema econô mico vigente, cujos erros c deficiências estavam ancorados num pasr ado muito

distante, não pirmiliu a articulação de

presas de vulto que a naturczii exige

cimento de carnes, o aparente paradoxo de importarmos batatas de países inten

moeda, seria suficiente pura dar a todos a imprissão exala, em suas linhas gerais.

significativas

tcrior, dc um lustro até o fim da guerra,

veem as aparências e deixam passar as razões profundas e originárias dos fenô fato de atravesrarmos uma situação de

Nem a lavoura, nem a indústria pode riam considerar-se a salvo de problemas os mais graves, sôbre cujas soluções teóricas parecia haver ansiosa unanimi

c traçásicmos a curva do comércio e.x-

poderosas fontes e o acúmulo de capi

cs nossos problemas de após-guerra, O

teraçõcs

ção, traduzida cm doscrjuilibrios dc toda

cando tais disparidades, ao m<-smo temjvo <iue esperavam uma época de prosperi dade, cntrcgaram-se às c-rilicas super

^Os observadores ingênuos, os que menos econômicos, espantaram-se com

sucessivos — a desarticulação da produ sorte, o mais evidente deles sendo o da

I

59

tais que permitissem, finalmente, as em para dar aos liomens os seus bens.

Se

outros sinais, monos

ao

perceptíveis

leigo, não tivcs.scm iá aparecido, e com insistência alarmante, para nos indicar a gravidade do momcnlo, sobre a nossa impreparação gerai no rcntido de en

frentar o após-guena, e sobre a derro cada dc uma estrutura que ,sc manteve, no Brasil, instável ao longo dos decênios

consistiu, certamente, em apresentar a

balança comercial do País, durante a

demais estão estreitamente ligados: o

guerra, com os índices mais altos até en

sistema econômico brasileiro encontrava-

tão conhecidos, enquanto, na verdade,

se desarticulado, com os órgãos absole-

o Brasil, nesse período, se empobrecia a

tos, os rumos perdidos ou ausentes, o

olhos vistos, desaparelhando-se em todos

aparelhamento fora de quaisquer normas

os sentidos, desarticulando todas as suas

compatíveis com as necessidades e os

peças de produção e entrando em um terreno perigoso, logo traduzido nas me didas de emergência, que sô afetavam o setor das finanças, e que contribuíram para desenvolver a inflação que ainda nos aperta e da qual não vemos possibi lidades de saída próxima. Não havia setor, entre nós, cm que as necessidades de aparelhamento não fossem enormes.

índices do momento de competição in

O trabalho, a produção em si mesma, a

momento, no mundo e no Pais.

circulação, o consumo, demandavam al-

ternacional extremada e ativa. De tal sorte que só reformas de conjunto, en carando a estrutura inteira da produção, calcadas na realidade nacional e inter nacional, poderiam atenuar as conse qüências do descalabro desse sistema

em cheque, em inomediável crise, incompatibilizado com as condições do Issq significava, ínfehzniente, que não


60

E>ZCESTO

Económtoo

havia possibilidades para soluções ime diatas. que nâo ha\ia cabimento para

término da guerra, quando os traços ossenciaís do quadro não se modifícarann,

remédios circunstanciais salvadores, dês-

e quando mesmo a injeção dos altos pre

ses que, como varinhas de condão, trans

ços do café conferiram um passageiro desafôgo à situação, permanecendo, en

formam todas as linhas de um quadro, mudando as côres, e fazendo aparecer

Londrina vorsas t uriliha — A «liNtribnição «In r«'do bniicâria no a*araiid —

tretanto, os mesmos fatores discordan

riqueza onde existe generalizado pauperismo. Embora fôsre facil desesperar

tes c contrários — resta-nos enfrentar Q

e acusar, e isso até constituísse um de

vigência, uma estrutura econômica an

safogo narrai, a verdade é que nin guém, individualmente, órgão, institui ção, poder público, entidade adminis trativa, partido políHco, associação ou

tiquada, eivada dc erros c de fallias, que é necessário reformar. Para unia

realidade dc que o Brasil possui, em

reforma de tal porte, entretanto, é in

simples posse de algumas fórmulas, ira-

dispensável que se definam os rumos daquilo que não tem passado de ex pressão vazia, própria para o discurso e sem correspondência com dado algum

duzíveis em atos e decretos. Resta-nos, um lustro passado sôbre o

ços de uma política econômica.

grupo, possui o poder de transformar um quadro impôsto pela realidade, pela

Majestade o Café

da realidade — que se definam os tra

IlaneoN panilslas no l'nriiirá

C.Kn.VLDO o. Baxaskiwitz

INDISCUTÍVKL a cxccpcioiial iniportàn-

Brasil, é anterior à desvalorização da

cia, no conjunto das expí)vtações

libra c outras moedas européias. Ainda

do Sul — Paraná, Santa Catarina c Rio Grande do Sul. Excluindo a exporta-

do comércio externo depois de 19 de setembro de 1949, data da depreciação

mcrcial ocupa situação inteiramente á

rém, esra medida monetária veio a^ra-

brasileiras, da posição dos três Estados

Ção de São Paulo, que em matéria co-

não conseguimos estatísticas completas da niceda inglésa; evidentemente, po-

parte, verifica-se que a exportação pcr

var a crise das exportações, Com efeito

capita dos Estados do Sul foi cxtracrdinàriamente elevada cm 1948, em relação ao resto do País. A posição dc Santa Catarina é, a êsse respeito, mais fraca; apesar disso, entretanto, a média dos

os Estados do Sul dependem, comercialmente, mais dos países de moedas fracas do que da zona do dólar, de modo que a depreciação da libra veio dificultar a situação de suas mercadorias em

três Estados sulinos 6 bem superior à

diferentes mercados,

do Brasil, com exceção - repetimos de São Paulo.

PasSando-se em revista os oito principais produtos brasileiros provenientes,

Pode-se afirmar que a crise que se fôz sentir em fins do ano findo e comêço de 1950, nas regiões meridionais do

principalmente, do Paraná, Santa Catarina e Rio Grande do Sul, verifica-se a verdade de nossa afirmação;

PARTICIPAÇÃO DOS ESTADOS SULINOS NA EXPORTAÇÃO NAQONAL (") Estauos ExronTADOiiES:

Mercados externosArroz

Rio Grande do Sul .... 65%

Ceilão

São Paulo

índia

35%

ew

''

Carnes

Rio Grande do Sul ... . 100%

Suíça

gQ^

Inglaterra Estados Unidos

25% 15X

Farinha de mandioca

Rio Grande do Sul .... 33%

Bélgica

33%


60

E>ZCESTO

Económtoo

havia possibilidades para soluções ime diatas. que nâo ha\ia cabimento para

término da guerra, quando os traços ossenciaís do quadro não se modifícarann,

remédios circunstanciais salvadores, dês-

e quando mesmo a injeção dos altos pre

ses que, como varinhas de condão, trans

ços do café conferiram um passageiro desafôgo à situação, permanecendo, en

formam todas as linhas de um quadro, mudando as côres, e fazendo aparecer

Londrina vorsas t uriliha — A «liNtribnição «In r«'do bniicâria no a*araiid —

tretanto, os mesmos fatores discordan

riqueza onde existe generalizado pauperismo. Embora fôsre facil desesperar

tes c contrários — resta-nos enfrentar Q

e acusar, e isso até constituísse um de

vigência, uma estrutura econômica an

safogo narrai, a verdade é que nin guém, individualmente, órgão, institui ção, poder público, entidade adminis trativa, partido políHco, associação ou

tiquada, eivada dc erros c de fallias, que é necessário reformar. Para unia

realidade dc que o Brasil possui, em

reforma de tal porte, entretanto, é in

simples posse de algumas fórmulas, ira-

dispensável que se definam os rumos daquilo que não tem passado de ex pressão vazia, própria para o discurso e sem correspondência com dado algum

duzíveis em atos e decretos. Resta-nos, um lustro passado sôbre o

ços de uma política econômica.

grupo, possui o poder de transformar um quadro impôsto pela realidade, pela

Majestade o Café

da realidade — que se definam os tra

IlaneoN panilslas no l'nriiirá

C.Kn.VLDO o. Baxaskiwitz

INDISCUTÍVKL a cxccpcioiial iniportàn-

Brasil, é anterior à desvalorização da

cia, no conjunto das expí)vtações

libra c outras moedas européias. Ainda

do Sul — Paraná, Santa Catarina c Rio Grande do Sul. Excluindo a exporta-

do comércio externo depois de 19 de setembro de 1949, data da depreciação

mcrcial ocupa situação inteiramente á

rém, esra medida monetária veio a^ra-

brasileiras, da posição dos três Estados

Ção de São Paulo, que em matéria co-

não conseguimos estatísticas completas da niceda inglésa; evidentemente, po-

parte, verifica-se que a exportação pcr

var a crise das exportações, Com efeito

capita dos Estados do Sul foi cxtracrdinàriamente elevada cm 1948, em relação ao resto do País. A posição dc Santa Catarina é, a êsse respeito, mais fraca; apesar disso, entretanto, a média dos

os Estados do Sul dependem, comercialmente, mais dos países de moedas fracas do que da zona do dólar, de modo que a depreciação da libra veio dificultar a situação de suas mercadorias em

três Estados sulinos 6 bem superior à

diferentes mercados,

do Brasil, com exceção - repetimos de São Paulo.

PasSando-se em revista os oito principais produtos brasileiros provenientes,

Pode-se afirmar que a crise que se fôz sentir em fins do ano findo e comêço de 1950, nas regiões meridionais do

principalmente, do Paraná, Santa Catarina e Rio Grande do Sul, verifica-se a verdade de nossa afirmação;

PARTICIPAÇÃO DOS ESTADOS SULINOS NA EXPORTAÇÃO NAQONAL (") Estauos ExronTADOiiES:

Mercados externosArroz

Rio Grande do Sul .... 65%

Ceilão

São Paulo

índia

35%

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''

Carnes

Rio Grande do Sul ... . 100%

Suíça

gQ^

Inglaterra Estados Unidos

25% 15X

Farinha de mandioca

Rio Grande do Sul .... 33%

Bélgica

33%


Dioesto Econômico Dicesto

62

resto do Brasil. Santa Catarina Outros Estados

25%

52%

Estados Unidos

30%

terno negligenciam ostensivamente o in

isso, o que passou quase despercebido

tercâmbio com a Europa, c.spcrando, de braços cruzados, que a nossa balança conurcial se torne siicessi\aniente passi va com a Inglaterra, a Bélgica, a França, a Alemanha e os Países Baixos, a crise das exportações do Síil tenderá a agra

em São Paulo é no Sul comentado com

20%

Bélgica

15%

São Paulo

50%

Itália

10%

E«^panha

25%

China

15%

Áustria

35%

60% 40%

Argentina Espanha

18% 31%

França Holanda

25% 20%

66%

Argentina

34%

Chile

10%

Uruguai

45%

Brasil nuo dispõe de mercadorias ex

portáveis. Com efeito, o que falta ao Sul não são mercadorias, mas mercados! portante parcela das exportações lotais do Brasil, para diversos países:

EXPORTAÇÕES DOS ESTADOS DO SUL

País importador

Produto

Mate Pinho

Distrito Federal ..

15%

São Paulo Rio Grande do Sul

Inglaterra

4o%

45%

Estados Unidos França

20% 5%

Holanda Itália Portugal Tchecoslováquia

15% 5% 5% 10%

23%

Uruguai

Mate

20%

Chile

Mate

10%

Couros Pinho

17%

Carnes

3%

.

Inglaterra

Portugal

Arroz

Pinho

Santa Catarina

60% 40%

Peles

Argentina Inglaterra Uruguai

80% IQjg 10^

- Produtos provenientes, em grandes quantidades, do Paraná, Santa Catarina

Suíça

Carnes

Tchecoslováquia

Couros

ve dois terços das exportações paulistas,

os Estados do Sul encaminham para os Estados Unidos uma parcela insignifi

cante de suas exportações.

..

7% 15%

30% 15% 15% 30%

Sob esse

ponto de vista, a estrutura econômica das regiões sulinas assemelha-se mais à das Repúblicas do Prata do que à do

28%

50%

e nio Grande do Sul.

Ao passo que a área do dólar absor

8%

28%

Carnes

Paraná

3% 25%

42%

Peles e couros

40%

de um delegado britânico, de que o

(Porcentagem sobre a exportação total de produtos brasileiros)

Argentina

Mate

amargas expressões, como a observação

Os produtos do Sul representam im

vai-se.

Scnte-sc, na parte meridional do País, muito mais <lo que em São Paulo c

Fumo

Paraná Santa Catarina

na Capital Federal, a atual dificuldado do comércio com o Velho Mundo. Por

França

Rio Grande do Sul

Rio Grande do Sul

Ora, como os cinco

órgãos dirigentes do nosso comércio e.\-

15%

Feijão

Bahia

63

Econômico

Holanda

Couros

10%

índia

Arroz

80%

iii'iHiHi


Dioesto Econômico Dicesto

62

resto do Brasil. Santa Catarina Outros Estados

25%

52%

Estados Unidos

30%

terno negligenciam ostensivamente o in

isso, o que passou quase despercebido

tercâmbio com a Europa, c.spcrando, de braços cruzados, que a nossa balança conurcial se torne siicessi\aniente passi va com a Inglaterra, a Bélgica, a França, a Alemanha e os Países Baixos, a crise das exportações do Síil tenderá a agra

em São Paulo é no Sul comentado com

20%

Bélgica

15%

São Paulo

50%

Itália

10%

E«^panha

25%

China

15%

Áustria

35%

60% 40%

Argentina Espanha

18% 31%

França Holanda

25% 20%

66%

Argentina

34%

Chile

10%

Uruguai

45%

Brasil nuo dispõe de mercadorias ex

portáveis. Com efeito, o que falta ao Sul não são mercadorias, mas mercados! portante parcela das exportações lotais do Brasil, para diversos países:

EXPORTAÇÕES DOS ESTADOS DO SUL

País importador

Produto

Mate Pinho

Distrito Federal ..

15%

São Paulo Rio Grande do Sul

Inglaterra

4o%

45%

Estados Unidos França

20% 5%

Holanda Itália Portugal Tchecoslováquia

15% 5% 5% 10%

23%

Uruguai

Mate

20%

Chile

Mate

10%

Couros Pinho

17%

Carnes

3%

.

Inglaterra

Portugal

Arroz

Pinho

Santa Catarina

60% 40%

Peles

Argentina Inglaterra Uruguai

80% IQjg 10^

- Produtos provenientes, em grandes quantidades, do Paraná, Santa Catarina

Suíça

Carnes

Tchecoslováquia

Couros

ve dois terços das exportações paulistas,

os Estados do Sul encaminham para os Estados Unidos uma parcela insignifi

cante de suas exportações.

..

7% 15%

30% 15% 15% 30%

Sob esse

ponto de vista, a estrutura econômica das regiões sulinas assemelha-se mais à das Repúblicas do Prata do que à do

28%

50%

e nio Grande do Sul.

Ao passo que a área do dólar absor

8%

28%

Carnes

Paraná

3% 25%

42%

Peles e couros

40%

de um delegado britânico, de que o

(Porcentagem sobre a exportação total de produtos brasileiros)

Argentina

Mate

amargas expressões, como a observação

Os produtos do Sul representam im

vai-se.

Scnte-sc, na parte meridional do País, muito mais <lo que em São Paulo c

Fumo

Paraná Santa Catarina

na Capital Federal, a atual dificuldado do comércio com o Velho Mundo. Por

França

Rio Grande do Sul

Rio Grande do Sul

Ora, como os cinco

órgãos dirigentes do nosso comércio e.\-

15%

Feijão

Bahia

63

Econômico

Holanda

Couros

10%

índia

Arroz

80%

iii'iHiHi


ir

Ojckm ro

CcoNÓ )NÓMinl

LILM H»

^tOKSTO ECOKÓMICO

■]- - J

-

-

-

~

63

São, indubitàvelmente, proporções im

sada por LíOndrina, ao Norte do

pressionantes, que põem em rciêvo o

do, cm constante crescendo.

êrro do Govêmo brasileiro em sua dis

nístraçáo estadual já teve di- le\ar em

plicência no considerar o problema das exportações sulinas. A crise que ali se

conta o rápido dcscnvoKíniento da jo

delineia não representa um fenômeno regional; ao contrário, ela tende a es tender-se rapidamente a lodo o País. Essa é a perspectiva que se nos apre senta diante da letargia com que os órgãos dirigentes do nosso comércio ex terno encaram a questão do intercâm bio com outras zonas que não a do

outros centros urlmnos de iniporlAntia^* numerosas delegacias regionais. Pro-

vem cidade, cstabclecenílo íili. como e»a

cura-se, entretanto, .sustentar a prepon

derância da Capital, criando vias dc

e o pórto de Paranaguá, passando por Curitiba. Êssc é, por c.vemplo, o pro jeto da Central do Paraná. \ia férrea que o Norte do Estado está da Estrada

Londrina cersus Curitiba

muitas vêzes enganadoras, somos leva dos a considerar

ío - paranaenses do que todos os pai-

relações

iicrciais com o Paraná. Fala-se muito

bóm o fascínio que São Paulo ainda

3a .nanlivcrem nos níveis de 1948, as

Mas isso é coi

dade dinâmica, . pelas modifica

desejo de Minas

ções ali ocorri das durante o

paranaoses dois terços são nb<5oiv;rir,c

cêrca de j

ro um terço an-mc

n-

j j

parte das mercadorias enviadas a São Paulo são exportadas ndn

i

j

Santos; .nas ó inegivel a eslablndade estaduais.

^

fronte.ras

VENDAS DO PARANÁ PARA OS MERCADOS NACIONAIS (Médias mensais)

Estados

Em milhões de cruzeiros 1948 119 21

paranaen.se.

sa ainda para o futuro, como o

para o

s

exerce .sôbre a população da vasta áreâ

Curitiba uma ci

São Paulo Distrito Federal Santa Catarina

194Q 110 24

10

H

8

11

165

167

Rio Grande do Sul

i

Gerais dé evítax

o pôrto de San tos, promovendo

breve espaço de Real

o escoamento de

mente, quem volta à bela ci

dade após um ano verifica que se erguem por tôda parte novas cons

truções, embora, proporcionalmente, em menor ritmo que na Capital paulista.

Ve-se que Curitiba atrai menos do que São Paulo a atenção das grandes em presas ccmercjaís e industriais.

sozinho, ^o nosso Estado ab;orve

T""". Paraná.

anualniente maior quantidade de pro- nacional, dirigindo-se para o^csh-^nKi-

de Ferro Sorocabana, combatendo tam-

Embora as aparências externas sejam

um ano.

^

comun-cação entre o Norte do Cstado

destinada a diminuir a dcpondéncia

dólar.

r n%ersa<,"oes e que enche as estatisti-

A adntf-

Aliás,

um dos traços comuns aos Estados do Sul é a descentralização das ativida

des econômicas, ao contrário do que se dá em São Paulo, onde a tendência é para a centralização de tudo na Ca

pital.

Curitiba sente tjue começa a ser eclip

sua produção por Angra dos Reis. Essas ten tativas de eman

cipação vêm geralmente acompanhadas do desejo da preponderância econômi ca. Desejo compreensível e cstimulador que se inspira no exemplo paulista c

que é fator indiscutível de progresso. É uma competição pacífica da qual, em qualquer hipótese, o Brasil será o grande beneficiado. Digna, pois, de in

centivo, principalmente quando adqui re a forma de uma corrida de veioci-

dade na execução de projetos em tempo recorde.

Para os paranaenses, São Paulo é lun

Total do País

Vejamos agora a parte referente aos países estrangeiros:

VENDAS DO PARANÁ PARA OS PAÍSES ESTRANGEIROS

'

(Médias mensais)

Países

,

Em milhões de cruzeiros J949

Estados Unidos

40

5,4 11

gj ,g',

Inglaterra,

1,5 394

' . '

Uruguai Argentina

Outros países

Total par.a todos os países estrangeiros

Destaca-se do quadro supra a importóncia do mercado norte-americano.

Trata-se, aliás, de um fenômeno recen-

105^0

'

te. devido ao crescimento da importância do café como produto de e.xportação do Paraná. A estrutura

comércio ex-


ir

Ojckm ro

CcoNÓ )NÓMinl

LILM H»

^tOKSTO ECOKÓMICO

■]- - J

-

-

-

~

63

São, indubitàvelmente, proporções im

sada por LíOndrina, ao Norte do

pressionantes, que põem em rciêvo o

do, cm constante crescendo.

êrro do Govêmo brasileiro em sua dis

nístraçáo estadual já teve di- le\ar em

plicência no considerar o problema das exportações sulinas. A crise que ali se

conta o rápido dcscnvoKíniento da jo

delineia não representa um fenômeno regional; ao contrário, ela tende a es tender-se rapidamente a lodo o País. Essa é a perspectiva que se nos apre senta diante da letargia com que os órgãos dirigentes do nosso comércio ex terno encaram a questão do intercâm bio com outras zonas que não a do

outros centros urlmnos de iniporlAntia^* numerosas delegacias regionais. Pro-

vem cidade, cstabclecenílo íili. como e»a

cura-se, entretanto, .sustentar a prepon

derância da Capital, criando vias dc

e o pórto de Paranaguá, passando por Curitiba. Êssc é, por c.vemplo, o pro jeto da Central do Paraná. \ia férrea que o Norte do Estado está da Estrada

Londrina cersus Curitiba

muitas vêzes enganadoras, somos leva dos a considerar

ío - paranaenses do que todos os pai-

relações

iicrciais com o Paraná. Fala-se muito

bóm o fascínio que São Paulo ainda

3a .nanlivcrem nos níveis de 1948, as

Mas isso é coi

dade dinâmica, . pelas modifica

desejo de Minas

ções ali ocorri das durante o

paranaoses dois terços são nb<5oiv;rir,c

cêrca de j

ro um terço an-mc

n-

j j

parte das mercadorias enviadas a São Paulo são exportadas ndn

i

j

Santos; .nas ó inegivel a eslablndade estaduais.

^

fronte.ras

VENDAS DO PARANÁ PARA OS MERCADOS NACIONAIS (Médias mensais)

Estados

Em milhões de cruzeiros 1948 119 21

paranaen.se.

sa ainda para o futuro, como o

para o

s

exerce .sôbre a população da vasta áreâ

Curitiba uma ci

São Paulo Distrito Federal Santa Catarina

194Q 110 24

10

H

8

11

165

167

Rio Grande do Sul

i

Gerais dé evítax

o pôrto de San tos, promovendo

breve espaço de Real

o escoamento de

mente, quem volta à bela ci

dade após um ano verifica que se erguem por tôda parte novas cons

truções, embora, proporcionalmente, em menor ritmo que na Capital paulista.

Ve-se que Curitiba atrai menos do que São Paulo a atenção das grandes em presas ccmercjaís e industriais.

sozinho, ^o nosso Estado ab;orve

T""". Paraná.

anualniente maior quantidade de pro- nacional, dirigindo-se para o^csh-^nKi-

de Ferro Sorocabana, combatendo tam-

Embora as aparências externas sejam

um ano.

^

comun-cação entre o Norte do Cstado

destinada a diminuir a dcpondéncia

dólar.

r n%ersa<,"oes e que enche as estatisti-

A adntf-

Aliás,

um dos traços comuns aos Estados do Sul é a descentralização das ativida

des econômicas, ao contrário do que se dá em São Paulo, onde a tendência é para a centralização de tudo na Ca

pital.

Curitiba sente tjue começa a ser eclip

sua produção por Angra dos Reis. Essas ten tativas de eman

cipação vêm geralmente acompanhadas do desejo da preponderância econômi ca. Desejo compreensível e cstimulador que se inspira no exemplo paulista c

que é fator indiscutível de progresso. É uma competição pacífica da qual, em qualquer hipótese, o Brasil será o grande beneficiado. Digna, pois, de in

centivo, principalmente quando adqui re a forma de uma corrida de veioci-

dade na execução de projetos em tempo recorde.

Para os paranaenses, São Paulo é lun

Total do País

Vejamos agora a parte referente aos países estrangeiros:

VENDAS DO PARANÁ PARA OS PAÍSES ESTRANGEIROS

'

(Médias mensais)

Países

,

Em milhões de cruzeiros J949

Estados Unidos

40

5,4 11

gj ,g',

Inglaterra,

1,5 394

' . '

Uruguai Argentina

Outros países

Total par.a todos os países estrangeiros

Destaca-se do quadro supra a importóncia do mercado norte-americano.

Trata-se, aliás, de um fenômeno recen-

105^0

'

te. devido ao crescimento da importância do café como produto de e.xportação do Paraná. A estrutura

comércio ex-


Du:ej»to Kconómico

Dicksto Econômico

67

00

temo paranaense assemelha-se, pois, in timamente, mais à do comércio de Santa

Catarina e do Rio Grande do Sul que, em nenhuma circunstância, podem ex

A medida rpn- o café sc firma rm

pauta dos produtos exportáveis, aumen ta a média dos preços da tonelada portada. Essa e\-oluç.ão contrasta com

portar mercadorias em vasta escala para

a dos preços dos produtos encaminha

os Estados Unidos.

dos ao mercado nacional:

que cria para o extremo Estado meri-

co do Brasil aos três diferentes Estados

dional uma situação absolutamente e.v-

do Sul. Para maior facilidade de con-

cepeional.

fronte, incluimos também no quadro os

Daremos a seguir uni quadro ipie re-

créditos concedidos pelo Banco do Bra-

Ncla a diferença de tratamento cio Ban-

sil em São Paulo:

CRÉDITOS CONCEDIDOS PELO BANCO DO BRASIL (Em milhões de cruzeiros)

\TNDAS DO PARANÁ

Pccuá-

(Valor médio por tonelada, em cruzeiros)

Estados

Para o mercado

Para o mercado

Anos

nacional

estrangeiro

1948 1949

1.813

4.770 5.240

"T'

A queda dos preços médios das mer

1.740

Mas 6 difícil, quando da reuirião áe

cadorias vendidas ao mercado nacional

uma conferência nacional, examinar com

reflete a crise da madeira e o declínio

segurança as bases das propostas apre

dos preços dos cereais. Quanto à me lhora dos preços das exportações, é de

sentadas, ou simplesmente das queixas

vida ao "Iwom" do café. Graças a ôste produto, o Paraná conseguiu manter-se em equilíbrio. Mas será razoável que se permaneça passivamente nesta corda bamba, na cega crença de que Deus é brasileiro e que o café continuará a sus

ou de estudo pode-se, porem, colher am

plo

material

informativo.

gQ 219 l.iSQ

bem maiores os favores concedidos ao

péisitos é interessante, revelando serem Estados

Rio Grande do Sul:

Totais dos créditos concedidos

^ '

Totais dos depósitos no Banco do Brasil

(Em milhões de cruzeiros)

Paraná Santa Catarina Rio Grande do Sul

263

São Paulo

010

449 150 756

3.171

4.519

freqüentemente, a esse respeito, amargas observações nos meios bancários,

nada a diminuir a dependência em que o País se acha de fornecimentos estran-

hr essa dupla função de banco oficial e de banco comercial. Não houve ne-

Já não c o mesmo o que ocorre eiO Santa Catarina e no Rio Grande do Sid-

geíros.

nhuma crítica à atual orientação do

O primeiro dêsses Estados jamais go

ção dos créditos pelo Banco do Brasil. se essa^ duplicidade um deienvolvimen-

ria rêde de bancos comerciais começa

ativamente ate mesmo do fiiumciamenti> da cafeicultura nas regiões do Norte do Estado.

ral que encontrássemos traços dela nos

zou de favores especiai.s por parte dos

Estados meridionais do Brasil. Deve-se

planos oficiais de financiamento; o R»o Grande do Sul, porém, tem sido tratado,

protestar contra a deficiência de crédito aos produtores.

128

_ 7 146

depósitos, explica-se em boa parte pelo fato de preferir o Banco do Brasil financiar as atividades consideradas de real importância para o Governo Federai, como a campanha do trigo, desti-

Estado do Paraná

varam, principalmente do Paraná, para

25 187 392

comercial, isto é, fazendo concorrência aos outros bancos privados, ouvem-se

a estender-se pelo Estado, participando

ferência de Araxá algumas vozes se ele

43

— 15 58

O confronto dos créditos com os de-

Agro-ind. iriais Exportad. Partia.

O excesso dos créditos no Rio Grande, em confronto com o volume dos

A distribuição da rêde bancária no

lembrar, a esse propósito, que na Con

15

4 229 353

observar, por exemplo, cpie não são

do País. Isso porque uma extraordiná

capitais e, o qne é pior, sem sistema bancário digno dôsse nome, seria natu

18

4 126 282

grandes os créditos concedidos pek>

externos?

dução permanente num país, como o nosso, de pequenas disponibilidades de

58

Puden>os

posição que ora ocupa nos mercados

Com a cri/e de financiamento da pro

263

Santa Catarina ... 114 Rio Grande do Sul 910 São Paulo 3.171

formuladas. Em viagem de observnçrto

Banco do Brsil aos produtores paranaenses; mas as (pieixas contra a falta de financiamento são incomparàvclinente menores ali do (pie cm outras regiões

tentar-se indefinidamente na brilhante

Af^rícolas

Paraná

rios

Indus-

Total

.

Essa política repercute na distribui-

que se inquietam diante desta anorma-

lidada. Principalmente em Curitiba, ou ye-se falar da necessidade de se abo Banco do Brasil; ao contrário, considera

Assim, no Paraná, Santa Catarina e São Paulo, os créditos concedidos a parti-

to histórico que só a projetada reforma bancária poderá corrigir. Infelizmente,

ciliares ultrapassam, em importância,

o Congresso Nacional continua a oon-

nesse terreno, com certa preferência: o volume dos créditos concedidos pelo

qualquer rubrica de créditos ôspedaliza-

siderar q assunto com uma displicêri-

dos. Ora, cohio as transações com par-

cia e uma lentidão que já se vão tor-

Banco do Brasil é sensivelmente maior

tículares são justamente as em que o

nando irritantes.

que o dos depósitos feitos no Estado, o

Banco do Brasil age como .simples banco

Não ppdemos dizer que ti\ éssemos


Du:ej»to Kconómico

Dicksto Econômico

67

00

temo paranaense assemelha-se, pois, in timamente, mais à do comércio de Santa

Catarina e do Rio Grande do Sul que, em nenhuma circunstância, podem ex

A medida rpn- o café sc firma rm

pauta dos produtos exportáveis, aumen ta a média dos preços da tonelada portada. Essa e\-oluç.ão contrasta com

portar mercadorias em vasta escala para

a dos preços dos produtos encaminha

os Estados Unidos.

dos ao mercado nacional:

que cria para o extremo Estado meri-

co do Brasil aos três diferentes Estados

dional uma situação absolutamente e.v-

do Sul. Para maior facilidade de con-

cepeional.

fronte, incluimos também no quadro os

Daremos a seguir uni quadro ipie re-

créditos concedidos pelo Banco do Bra-

Ncla a diferença de tratamento cio Ban-

sil em São Paulo:

CRÉDITOS CONCEDIDOS PELO BANCO DO BRASIL (Em milhões de cruzeiros)

\TNDAS DO PARANÁ

Pccuá-

(Valor médio por tonelada, em cruzeiros)

Estados

Para o mercado

Para o mercado

Anos

nacional

estrangeiro

1948 1949

1.813

4.770 5.240

"T'

A queda dos preços médios das mer

1.740

Mas 6 difícil, quando da reuirião áe

cadorias vendidas ao mercado nacional

uma conferência nacional, examinar com

reflete a crise da madeira e o declínio

segurança as bases das propostas apre

dos preços dos cereais. Quanto à me lhora dos preços das exportações, é de

sentadas, ou simplesmente das queixas

vida ao "Iwom" do café. Graças a ôste produto, o Paraná conseguiu manter-se em equilíbrio. Mas será razoável que se permaneça passivamente nesta corda bamba, na cega crença de que Deus é brasileiro e que o café continuará a sus

ou de estudo pode-se, porem, colher am

plo

material

informativo.

gQ 219 l.iSQ

bem maiores os favores concedidos ao

péisitos é interessante, revelando serem Estados

Rio Grande do Sul:

Totais dos créditos concedidos

^ '

Totais dos depósitos no Banco do Brasil

(Em milhões de cruzeiros)

Paraná Santa Catarina Rio Grande do Sul

263

São Paulo

010

449 150 756

3.171

4.519

freqüentemente, a esse respeito, amargas observações nos meios bancários,

nada a diminuir a dependência em que o País se acha de fornecimentos estran-

hr essa dupla função de banco oficial e de banco comercial. Não houve ne-

Já não c o mesmo o que ocorre eiO Santa Catarina e no Rio Grande do Sid-

geíros.

nhuma crítica à atual orientação do

O primeiro dêsses Estados jamais go

ção dos créditos pelo Banco do Brasil. se essa^ duplicidade um deienvolvimen-

ria rêde de bancos comerciais começa

ativamente ate mesmo do fiiumciamenti> da cafeicultura nas regiões do Norte do Estado.

ral que encontrássemos traços dela nos

zou de favores especiai.s por parte dos

Estados meridionais do Brasil. Deve-se

planos oficiais de financiamento; o R»o Grande do Sul, porém, tem sido tratado,

protestar contra a deficiência de crédito aos produtores.

128

_ 7 146

depósitos, explica-se em boa parte pelo fato de preferir o Banco do Brasil financiar as atividades consideradas de real importância para o Governo Federai, como a campanha do trigo, desti-

Estado do Paraná

varam, principalmente do Paraná, para

25 187 392

comercial, isto é, fazendo concorrência aos outros bancos privados, ouvem-se

a estender-se pelo Estado, participando

ferência de Araxá algumas vozes se ele

43

— 15 58

O confronto dos créditos com os de-

Agro-ind. iriais Exportad. Partia.

O excesso dos créditos no Rio Grande, em confronto com o volume dos

A distribuição da rêde bancária no

lembrar, a esse propósito, que na Con

15

4 229 353

observar, por exemplo, cpie não são

do País. Isso porque uma extraordiná

capitais e, o qne é pior, sem sistema bancário digno dôsse nome, seria natu

18

4 126 282

grandes os créditos concedidos pek>

externos?

dução permanente num país, como o nosso, de pequenas disponibilidades de

58

Puden>os

posição que ora ocupa nos mercados

Com a cri/e de financiamento da pro

263

Santa Catarina ... 114 Rio Grande do Sul 910 São Paulo 3.171

formuladas. Em viagem de observnçrto

Banco do Brsil aos produtores paranaenses; mas as (pieixas contra a falta de financiamento são incomparàvclinente menores ali do (pie cm outras regiões

tentar-se indefinidamente na brilhante

Af^rícolas

Paraná

rios

Indus-

Total

.

Essa política repercute na distribui-

que se inquietam diante desta anorma-

lidada. Principalmente em Curitiba, ou ye-se falar da necessidade de se abo Banco do Brasil; ao contrário, considera

Assim, no Paraná, Santa Catarina e São Paulo, os créditos concedidos a parti-

to histórico que só a projetada reforma bancária poderá corrigir. Infelizmente,

ciliares ultrapassam, em importância,

o Congresso Nacional continua a oon-

nesse terreno, com certa preferência: o volume dos créditos concedidos pelo

qualquer rubrica de créditos ôspedaliza-

siderar q assunto com uma displicêri-

dos. Ora, cohio as transações com par-

cia e uma lentidão que já se vão tor-

Banco do Brasil é sensivelmente maior

tículares são justamente as em que o

nando irritantes.

que o dos depósitos feitos no Estado, o

Banco do Brasil age como .simples banco

Não ppdemos dizer que ti\ éssemos


DicESTo Econômico

ouvido no Sul qualquer queixa contra tívas do Govônio^ Federal contra o»

Dicesto Eoonómicü

Os bancos paulistas no Paraná

a distribuição de créditos especiais em

antigos súditos do "Eixo . Essa política

favor de outras regiões brasileiras, em detrímento dos Estados meridionais.

provocou intenso incremento cia chnmada economia clc meia". en> Blu-

um verdadeiro "run" bancário para o

Compreende-se perfeitamente, ali, o pa-

menau, Joinville, Drusrjnc e eni todo o

Paraná. O número de matrizes, sucur

Tem-se notado nestes últimos unos

68

em 1949, o que representa o mais forte índice de crescimento observado cm to do o Brasil.

pel equilibrador do Banco oficial, con-

Sul do Estadf), onde o elemento cslmn-

sais c agências bancárias existentes no

Desse total, três quartos pertencem a bancos cuja sede se acha estabelecida no próprio Estado do Paraná. Se não

siderando-se coisa anormal a drenagem

geiro é fortemente repre* entaclo.

E.staclo passou de 82, em 1947, a 126

vejamos:

de fundos financeiros para as regiões

tosas somas foram assim sn])traíclas à

economicamente meno.s de.senvolvidas.

circulação normal, cnm o rpie sofrem os

Vul-

O mesmo se pede dizer das Caixas Eco- hmcos c a estrutura financeira em jicral. nómicas Federais, que coletam, sobrctu- ^ grande a dcscon íançn contra os ban do no Paraná, importantes depósitos que podem a/er contra èsse não são, certamente, aplicados nesse Estado.

Deve-se assinalar, a esse respeito, que

estado de coisas.

^ "s criticam, no

' Sucursais

Banco Comercial do Paraná

Banco do Estado do Paraná

!.!!!!!]!

Banco de Curitiba

Banco Meridional da Produção

!.*!

4

SuL a incompreensível manutenção dôs-

82

sc estado de guerra contra elementos

produção agrícola e industrial,

m Santa Catarina o movimento dos

Vejamos os depósitos nas Caixas Eco-

Bancos e das Caixas Econômicas não co^esponde ao surto econômico do Es-

nómicas das principais cidades do Rio Grande do Sul, do Paraná e de Santa

tado, o que se explica pelas leis restri-

Catarina:

30

O Banco do Brasil possui no Estado 9 sucursais. Os bancos paulistas

estabeleceram também ah uma impor-

tante rêde de agências e sucursais, co mo se poderá verificar^ do se^uintl

quadro:

Sucursaií

^

Banco Brasileiro de Descontos

SALDO DOS DEPÓSITOS NA CAIXA ECONÔMICA FEDERAL , (Em milhões de cruzeiros)

Banco Noroeste do Estado de São Paulo ....!!!!!!!!! Banco Paulista do Comércio ' Banco do Comércio e Indústria de São Paulo !!.'!!!!]'

Rio Grande do Sul;

Pôrto Alegre

327

Rio Grande

São João Pelotas

Caxias

52

'. ]]!1 1 i!!! 1 .*!!!.'.'!!!!*!!

!!!!!!!*. 1 *]****!!!!! 1

9 3 2

Banco Mercantil de São Paulo

3

Banco Nacional de São Paulo

36 sq

Banco Itaú

Banco Brasileiro para a América do SuJ

is

!1*.!!!! * '

1

|

Parcndj

Curitiba Londrina Ponta Grossa

É visível o interesse dos bancos pau-

141

1

!

18

Santa Catarina:

Florianópolis

Não figuram na estatística, como se

10

tarinense a maioria dos funcionários da

vê, importantes cidades catarinenses co- administração estadual, com capacidade mo Blumenau, Itaiai, Brusque, Joinville

e outras, embora de importância econó-

.

.

«.ativamente elevada. A au-

mica superior a Florianópolis. A cifra de saneia de depósitos nas outras cidades 10 milhões de cruzeiros registrada na Caixa Econômica de Florianópolis explíca-se pelo fato de reaídÜr na capital ca-

^cima citadas é o resultado da abstinência de elementos de ascendência alemã e it^ana.

interêssc pelo nôrto Aa

listas pelo Norte do Paraná, e principalmento pela zona cafeeira. Com efei-

ve-se acrescentar aind tulos paulistas de cr'cl*t

to, quase todos os bancos acima mencionados deram preferência às cidades

mente reeionaio « ° essencialturam fora A-x ( ^^r^^mente se aven-

de Londrina, Rolândia, Cambé, Apuca-

de São Paulo % ""^^teiras do Estado

rana. Cambará, Comélio Procópio, Ja-

a expansão doe

carèzinho e Paranaguá (para a expor-

sucursais:

'ncos mineiros, cujas

cursais. Fora dessa zona, sua atividade

cala oom o

u

^«trasta com

taçáo), par. a insSíaçJ de sua,^^- tad^Ta Mrra'^^,

menor es-

á imignmcante._ Mesmo em Curiüba, ses.' Aa aüvidlderr L„"cT

it"rawT^if;Zs~ ■ díruCLtr T4 . Ultrapassam de longe o volume de . Só oltimamwt, w mimif«tou certo

negócios umadizer pequena sucursal. O mesmo scdepode do Banco de Cré-


DicESTo Econômico

ouvido no Sul qualquer queixa contra tívas do Govônio^ Federal contra o»

Dicesto Eoonómicü

Os bancos paulistas no Paraná

a distribuição de créditos especiais em

antigos súditos do "Eixo . Essa política

favor de outras regiões brasileiras, em detrímento dos Estados meridionais.

provocou intenso incremento cia chnmada economia clc meia". en> Blu-

um verdadeiro "run" bancário para o

Compreende-se perfeitamente, ali, o pa-

menau, Joinville, Drusrjnc e eni todo o

Paraná. O número de matrizes, sucur

Tem-se notado nestes últimos unos

68

em 1949, o que representa o mais forte índice de crescimento observado cm to do o Brasil.

pel equilibrador do Banco oficial, con-

Sul do Estadf), onde o elemento cslmn-

sais c agências bancárias existentes no

Desse total, três quartos pertencem a bancos cuja sede se acha estabelecida no próprio Estado do Paraná. Se não

siderando-se coisa anormal a drenagem

geiro é fortemente repre* entaclo.

E.staclo passou de 82, em 1947, a 126

vejamos:

de fundos financeiros para as regiões

tosas somas foram assim sn])traíclas à

economicamente meno.s de.senvolvidas.

circulação normal, cnm o rpie sofrem os

Vul-

O mesmo se pede dizer das Caixas Eco- hmcos c a estrutura financeira em jicral. nómicas Federais, que coletam, sobrctu- ^ grande a dcscon íançn contra os ban do no Paraná, importantes depósitos que podem a/er contra èsse não são, certamente, aplicados nesse Estado.

Deve-se assinalar, a esse respeito, que

estado de coisas.

^ "s criticam, no

' Sucursais

Banco Comercial do Paraná

Banco do Estado do Paraná

!.!!!!!]!

Banco de Curitiba

Banco Meridional da Produção

!.*!

4

SuL a incompreensível manutenção dôs-

82

sc estado de guerra contra elementos

produção agrícola e industrial,

m Santa Catarina o movimento dos

Vejamos os depósitos nas Caixas Eco-

Bancos e das Caixas Econômicas não co^esponde ao surto econômico do Es-

nómicas das principais cidades do Rio Grande do Sul, do Paraná e de Santa

tado, o que se explica pelas leis restri-

Catarina:

30

O Banco do Brasil possui no Estado 9 sucursais. Os bancos paulistas

estabeleceram também ah uma impor-

tante rêde de agências e sucursais, co mo se poderá verificar^ do se^uintl

quadro:

Sucursaií

^

Banco Brasileiro de Descontos

SALDO DOS DEPÓSITOS NA CAIXA ECONÔMICA FEDERAL , (Em milhões de cruzeiros)

Banco Noroeste do Estado de São Paulo ....!!!!!!!!! Banco Paulista do Comércio ' Banco do Comércio e Indústria de São Paulo !!.'!!!!]'

Rio Grande do Sul;

Pôrto Alegre

327

Rio Grande

São João Pelotas

Caxias

52

'. ]]!1 1 i!!! 1 .*!!!.'.'!!!!*!!

!!!!!!!*. 1 *]****!!!!! 1

9 3 2

Banco Mercantil de São Paulo

3

Banco Nacional de São Paulo

36 sq

Banco Itaú

Banco Brasileiro para a América do SuJ

is

!1*.!!!! * '

1

|

Parcndj

Curitiba Londrina Ponta Grossa

É visível o interesse dos bancos pau-

141

1

!

18

Santa Catarina:

Florianópolis

Não figuram na estatística, como se

10

tarinense a maioria dos funcionários da

vê, importantes cidades catarinenses co- administração estadual, com capacidade mo Blumenau, Itaiai, Brusque, Joinville

e outras, embora de importância econó-

.

.

«.ativamente elevada. A au-

mica superior a Florianópolis. A cifra de saneia de depósitos nas outras cidades 10 milhões de cruzeiros registrada na Caixa Econômica de Florianópolis explíca-se pelo fato de reaídÜr na capital ca-

^cima citadas é o resultado da abstinência de elementos de ascendência alemã e it^ana.

interêssc pelo nôrto Aa

listas pelo Norte do Paraná, e principalmento pela zona cafeeira. Com efei-

ve-se acrescentar aind tulos paulistas de cr'cl*t

to, quase todos os bancos acima mencionados deram preferência às cidades

mente reeionaio « ° essencialturam fora A-x ( ^^r^^mente se aven-

de Londrina, Rolândia, Cambé, Apuca-

de São Paulo % ""^^teiras do Estado

rana. Cambará, Comélio Procópio, Ja-

a expansão doe

carèzinho e Paranaguá (para a expor-

sucursais:

'ncos mineiros, cujas

cursais. Fora dessa zona, sua atividade

cala oom o

u

^«trasta com

taçáo), par. a insSíaçJ de sua,^^- tad^Ta Mrra'^^,

menor es-

á imignmcante._ Mesmo em Curiüba, ses.' Aa aüvidlderr L„"cT

it"rawT^if;Zs~ ■ díruCLtr T4 . Ultrapassam de longe o volume de . Só oltimamwt, w mimif«tou certo

negócios umadizer pequena sucursal. O mesmo scdepode do Banco de Cré-


I

}

V'"À

Dir.KSTo Econômico DlOBStO

T-1

Económk o

Se esse quadro incluissc também o mês de dezembro, a diferença seria ain

filtram na economia paranaense apenas com o fim de atrair depósitos e de enminhá-los depois para São Paulo. Es peramos que essa demonstração ponha

dito Real de Minas Gerais, bem como do Banco da Lavoura de Minas Gerais e do Banco Nacional do Comércio do Rio Grande do Sul. As transações dôs. ses estabelecimentos distribuem-se entre todos os ramos, não demonstrando ne

tribuirem para qiic sc amrnizassom as crílíc-as de hábito dirigidas contra as de

da mais sensível, pois a alta do café foi

ficiências de crédito distribuído aos pro

do. Entretanto, para um Estado que se diz em crise, essa comparação já

nhuma preferência pelo café, como

ser olvidado pelos observadores e inte

acontece com os bancos de São Paulo.

Assim, essa atitude repercute melhor cm Curitiba do que a dos bancos paulistas

ressados paranaenses. É, no entanto, verdadeira a frase que ouvimos no Sul — **Os bancos paulistas

em operações na zona cafeeira do Norte

seguem o cheiro do café . Ooniprccn-

do Paraná.

de-se a fascinação qu<-

Dos bancos estrangeiros só o "London Bank" possui sucursais nesse Estado. Os bancos estatais se têm beneficiado da

prosperidade do café, mas, no fundo, seus negócios se acham distribuídos re

gularmente entre tôdas as regiões para naenses. Nota-se, por isso, certo ressen

timento contra os bancos paulistas, que monopolizam, praticamente, os negócios bancários no Norte do Estado.

dutores pelo Banco do Br.isíl.

Lis um

aspecto interessante c ípic não deve

grande produto

exerce .sôbrc os boniens de negócios em

geral, quando se observam as mnclificações provocadas no setor bancário, no espaç-o de um ano, pela alta das cota notável influência desse produto permi te-nos dividir o Paraná, no que con cerne ao movimento bancário, em duas

partes distintas: a dos municípios em que o café representa uma certa impor tância, c o resto do Estado. É altamen

ou não as operações bancárias no norte

giões, cm setembro do 1948 c no mesmo mês de 1949. O quadro seguinte rcfere-.se à região cafeeira"!

Empiíéstimos

Setembro

Setembro 1948

Depósitcís

1949

1948

1949

(Em milhões de cruzeiros)

Arapongas Assai

Cambe

Apucarana Rolándia

, Totítis

.

156 67 71 12 4

6 14 3 15 348'

'264

105

77 91 48 35 22 24 21

15 34 17 8 14 18

, 10

15

15

597

236

19 33 37 19 419

nos meios econômicos de Curitiba. *

Para demonstrar bem claramente a

diferença existente entre os bancos pau listas e os demais, elaboramos o seguin te quadro, em que se põem em confron

1949. cpic os empréstimos ultrapassam, na região cafeeira, o volume dos de pósitos. Ora. como é ncss;\s cidades que .se localiziun as sucursais dos bancos

paulistas, é simplesmente absurda â afir-

to os movimentos banciVi"iüs, nos mesmc;; meses de 1948 e 1949, nas zonas em

que não c.stão bem representados o.s bancos do São Paulo:

Empréstimos

Setembro 1948 1949

Depósitos

SetembroJ94S

'

1949

(Em milhões de cruzeiros) Curitiba .......

Paranaguá Ponta Grossa ...

União da Vitória

342 21 58 16

422 33 68 20

501 25 76 14

612 32 85 18

437

543

616

747

O café é um produto tão atraente que bancos de toda espécie, de São Paulo ou de Curitiba, de Belo Horizonte ou

de Porto Alegre, desenvolvem sérios es forços para introduzir-se nos negócios da rubiácca. Isso explica o fato de, em cidades como Londrina, Jacarèzinho e Cornélio Procópio, os empréstimos ul

trapassarem o volume dos depósitos. A 158 22 51 51 29

fi^m aos rumores que a respeito correm

revela uma \'italidado que o resto do mundo invejaria. Verifiea-se no quadro, além do gran de anmenlo. observado entre 1948 e

te revelador, a êsse respeito, o confron to do movimento bancário nas duas re

do Paraná, é o que menos importa: o que vale é terem eles proporcionado meios de expansão à economia daquela

Londrina

mais pronunciada no fim do ano passa

ções do café nos mercados externos. A

Entretanto, o fato de monopolizarem

facarèzínho Comélío Procópio ...,

maçâu de que os bancos paulistas sc in

rica região paranaense, a ponto de con-

nosso ver, é questão de muito pouco tempo a entrada dos bancos mineiros e

riograndenses no Norte do Paraná, pois geralmente se considera essa região cottio excelente campo de atividades, onde a ausência de competição oficial cria ambiente favorável ao desenvobãmento

da iniciativa privada.

4

i

Interessante é a inexistência de ban

cos estrangeiros em tão progressista re gião. Embora esses estabelecimentos de^

crédito já tenham considerado, muitas vezes, a possibilidade da instalação de sucursais cm Londrina, seus planos não se concretizam, em virtude, provàvel-

mente, das modificações de processos de trabalho que a noA-a região para naense imporia aos tradicionais instilu-

tor. bancários. É muito possível, entretantc, que à medida que se fôr conso lidando a situação econômica do Norte

do Paraná, os grandes bancos estrangei

ros realizem seus projetos de estabelecer sucursais naquela zona, reforçando as

sim a competição, já bem viya, que ali . se nota.


I

}

V'"À

Dir.KSTo Econômico DlOBStO

T-1

Económk o

Se esse quadro incluissc também o mês de dezembro, a diferença seria ain

filtram na economia paranaense apenas com o fim de atrair depósitos e de enminhá-los depois para São Paulo. Es peramos que essa demonstração ponha

dito Real de Minas Gerais, bem como do Banco da Lavoura de Minas Gerais e do Banco Nacional do Comércio do Rio Grande do Sul. As transações dôs. ses estabelecimentos distribuem-se entre todos os ramos, não demonstrando ne

tribuirem para qiic sc amrnizassom as crílíc-as de hábito dirigidas contra as de

da mais sensível, pois a alta do café foi

ficiências de crédito distribuído aos pro

do. Entretanto, para um Estado que se diz em crise, essa comparação já

nhuma preferência pelo café, como

ser olvidado pelos observadores e inte

acontece com os bancos de São Paulo.

Assim, essa atitude repercute melhor cm Curitiba do que a dos bancos paulistas

ressados paranaenses. É, no entanto, verdadeira a frase que ouvimos no Sul — **Os bancos paulistas

em operações na zona cafeeira do Norte

seguem o cheiro do café . Ooniprccn-

do Paraná.

de-se a fascinação qu<-

Dos bancos estrangeiros só o "London Bank" possui sucursais nesse Estado. Os bancos estatais se têm beneficiado da

prosperidade do café, mas, no fundo, seus negócios se acham distribuídos re

gularmente entre tôdas as regiões para naenses. Nota-se, por isso, certo ressen

timento contra os bancos paulistas, que monopolizam, praticamente, os negócios bancários no Norte do Estado.

dutores pelo Banco do Br.isíl.

Lis um

aspecto interessante c ípic não deve

grande produto

exerce .sôbrc os boniens de negócios em

geral, quando se observam as mnclificações provocadas no setor bancário, no espaç-o de um ano, pela alta das cota notável influência desse produto permi te-nos dividir o Paraná, no que con cerne ao movimento bancário, em duas

partes distintas: a dos municípios em que o café representa uma certa impor tância, c o resto do Estado. É altamen

ou não as operações bancárias no norte

giões, cm setembro do 1948 c no mesmo mês de 1949. O quadro seguinte rcfere-.se à região cafeeira"!

Empiíéstimos

Setembro

Setembro 1948

Depósitcís

1949

1948

1949

(Em milhões de cruzeiros)

Arapongas Assai

Cambe

Apucarana Rolándia

, Totítis

.

156 67 71 12 4

6 14 3 15 348'

'264

105

77 91 48 35 22 24 21

15 34 17 8 14 18

, 10

15

15

597

236

19 33 37 19 419

nos meios econômicos de Curitiba. *

Para demonstrar bem claramente a

diferença existente entre os bancos pau listas e os demais, elaboramos o seguin te quadro, em que se põem em confron

1949. cpic os empréstimos ultrapassam, na região cafeeira, o volume dos de pósitos. Ora. como é ncss;\s cidades que .se localiziun as sucursais dos bancos

paulistas, é simplesmente absurda â afir-

to os movimentos banciVi"iüs, nos mesmc;; meses de 1948 e 1949, nas zonas em

que não c.stão bem representados o.s bancos do São Paulo:

Empréstimos

Setembro 1948 1949

Depósitos

SetembroJ94S

'

1949

(Em milhões de cruzeiros) Curitiba .......

Paranaguá Ponta Grossa ...

União da Vitória

342 21 58 16

422 33 68 20

501 25 76 14

612 32 85 18

437

543

616

747

O café é um produto tão atraente que bancos de toda espécie, de São Paulo ou de Curitiba, de Belo Horizonte ou

de Porto Alegre, desenvolvem sérios es forços para introduzir-se nos negócios da rubiácca. Isso explica o fato de, em cidades como Londrina, Jacarèzinho e Cornélio Procópio, os empréstimos ul

trapassarem o volume dos depósitos. A 158 22 51 51 29

fi^m aos rumores que a respeito correm

revela uma \'italidado que o resto do mundo invejaria. Verifiea-se no quadro, além do gran de anmenlo. observado entre 1948 e

te revelador, a êsse respeito, o confron to do movimento bancário nas duas re

do Paraná, é o que menos importa: o que vale é terem eles proporcionado meios de expansão à economia daquela

Londrina

mais pronunciada no fim do ano passa

ções do café nos mercados externos. A

Entretanto, o fato de monopolizarem

facarèzínho Comélío Procópio ...,

maçâu de que os bancos paulistas sc in

rica região paranaense, a ponto de con-

nosso ver, é questão de muito pouco tempo a entrada dos bancos mineiros e

riograndenses no Norte do Paraná, pois geralmente se considera essa região cottio excelente campo de atividades, onde a ausência de competição oficial cria ambiente favorável ao desenvobãmento

da iniciativa privada.

4

i

Interessante é a inexistência de ban

cos estrangeiros em tão progressista re gião. Embora esses estabelecimentos de^

crédito já tenham considerado, muitas vezes, a possibilidade da instalação de sucursais cm Londrina, seus planos não se concretizam, em virtude, provàvel-

mente, das modificações de processos de trabalho que a noA-a região para naense imporia aos tradicionais instilu-

tor. bancários. É muito possível, entretantc, que à medida que se fôr conso lidando a situação econômica do Norte

do Paraná, os grandes bancos estrangei

ros realizem seus projetos de estabelecer sucursais naquela zona, reforçando as

sim a competição, já bem viya, que ali . se nota.


ymr * •> ^Av Dicesto Econômico

Crise profunda na economia nacional Moac\*r PaixAo

l^osTRAM-sE Otimistas os últimos do-

ç&o, de caráter meramente In-

flacíonário, nem o da pqtência instalada, que não acompanhou o ritmo cias exigências,indus

nos ocasionais e estreitos.

Um exame

triais, ajudam a figurar devida

73

fôrças decisivas no desenvolvi mento da indústria brasileira. Tanto no período 1914-18 co mo em 1939-45, certos setores

de nossa indústria evidente

mais aprofundado das condiç-ões atuais

mente o pretendido surto.

mente

da economia nacional, do mox imento e tendências das suas fôrças prorlutivas.

Quanto às novas cmprôsas, elas surgiram, nesse período, em

grande animação, especial

põe imediatamente a nti essa prosperi' dadc de superfície.

número de 35 mil, aproxima damente, mas fora da forma clá.ssica de concentração o cen

têxtil e a própria siderurgia. E é importante recordar que

A indústria atxinça dentro da crise

tralização fabril; e antes, fo ram fábricas e oficinas repre

E' certo que a indústria, a agricultu ra e o comércio, salvo casos excepcio

Sem dúvida, um dos fatos marcantes em nossa vida econômica, nos últimos

sentando a disseminação da

nais, atravessam uma fase de bons ne

30 anos, e parlicularnientc no período

sanato.

nhamos de divisas para fazer

gócios. Em 1949 os lucros da indústria

1930-49, foi a c.xpansão da indústria. Embora sem cair no exagero dos que

A mão-de-obra igualmente náo se concentrou, como suce

face às importações normais,

enxergam a ocorrôncia

deria num processo regular de desenvolvimento capitalista da

ocupado pelos arHgos saídos do parque manufatureiro na cional, que funcionava às e.xpensas de matérias-primas ad quiridas a baixo preço e utili zando mão-de-obra extrema mente mal paga.

cumentos oficiais, quando se refe rem à situação da economia nacional.

Tomam certos índices da atual conjun tura econômica, realmente favoráveis,

para caracterizar, generalizando, um pe ríodo de segurança e prosperidade, e descobrir no futuro perspectivas ainda mais satisfatórias.

e do comércio presumivelmente foram ainda maiores que no ano anterior. As

de um grande

pequena indústria e do arte

sim, cêrca de 800 sociedades anônimas

surto industrial no País, a realidade é

Industriais e comerciais, operando em

que viemos reduzindo os limites das im portações de manufaturas, dos bens de

indústria. O número de ope

consumo sobretudo, correspondendo es sa alteração no.,comércio exterior à fun

1940, reduziu-se de 22 para 16, confirmando as caracterís

dação de indústrias novas ou ú amplia ção das existeútes, para a produção dos

sanal do parque manufatureiro, da sua

bens mais solicitados

pcbreza técnica e indiretamente da au

São Paulo e Distrito Federal, e movi mentando um capital de 7,7 bilhões de cruzeiros, acusaram nos seus balanços

um lucro líquido global de 2,3 bilhões de cruzeiros, ou sejam, em média, 30% sô-

bre o capital; isso quando, em 1948, as mesmas companhias haviam auferido lu

cros de 1,7 bilhões, eqüivalendo a 23% de seu capital.

Outros elementos tomados para com provação dessa estabilidade e do ritmo de ampliação da economia do País, nos últimos anos, são os aumentos do valor da produção industrial e agrícola, a boa

no mercado in

rários por fábrica, de 1920 a ticas do desenvolvimento nrle-

sência de especialização da massa ope

terno.

Os dois censos — o de 1920 o o de

1940 — se encarregam de colocar nas suas devidas proporções o aumento do

nosso parque industrial. O quadro abai xo exprime o fenômeno, no período dos 20 anos indicados:

Aumento em %

rária.

De 1940 em diante, só o novo censo irá esclarecer com maior precisão o grau de desenvolvimento do parque indus

trial.

Contudo, utilizando-se o rcgfs-

tro do lAPI e os dados relativos às áibricas que pagam imposto de consumo, é possível observar que a indústria na cional, mesmo influenciada pelas condi

marcha das operações bancárias, o reequilíbrio do comércio exterior — com

Número de mentos

a liquidação dos atracados comerciais — e particularmente a melhoria da situação interna e externa dos nossos produtosrei, como o café, o cacau e o algodão.

Potência instalada (HP)

226

Número de operários ..

166

ções da guerra, não deu mais que avan ços lentos e precários. E lá em 1948 e

446

setores, e provàvelmente um recuo sô-

estabeleci 264

1949 indicou estacionamento em vários

Valor da produção (no minal)

bre os níveis de maior àlta.

E' falsa tôda essa ordem de raciocí-

oio, nascida da observação dp fenôme

Nem o aumento do valor da produ-

Freqüentemente se diz que as duas grandes guerras mundiais serviram como

entraram em fase de

mente. os de alimentação, o

esse fenômeno foi observado mesmo durante a crise cíclica de 1929-32, num mercado de baixa para os produtos manu

faturados. Como não dispúo vazio do mercado interno foi

Uma indústria originada dessa con juntura acidental encontra nela os limi

tes da sua expansão. Cessados os efeitos da crise ou o retraimento da concor rência causado pelas guenas. a indús tria enúa em dificuldades e decai a sua produção no conjunto da renda nacio;ndustria '3 têxtil, « que teve a osuasucedido idade deà ouro durante a guerra, avançando in clusive para outros mercados (as machegaram a ocupar 11% do valor g'obal das nossas exporta ções). Recentemente, essa indústria perdeu o seu brilho anterior e se "vê ameaçada, no próprio território do País, pela concorrência de similares estrangei» ros produzidos a baixo custo.

O desenvolvimento da indústria, qua-


ymr * •> ^Av Dicesto Econômico

Crise profunda na economia nacional Moac\*r PaixAo

l^osTRAM-sE Otimistas os últimos do-

ç&o, de caráter meramente In-

flacíonário, nem o da pqtência instalada, que não acompanhou o ritmo cias exigências,indus

nos ocasionais e estreitos.

Um exame

triais, ajudam a figurar devida

73

fôrças decisivas no desenvolvi mento da indústria brasileira. Tanto no período 1914-18 co mo em 1939-45, certos setores

de nossa indústria evidente

mais aprofundado das condiç-ões atuais

mente o pretendido surto.

mente

da economia nacional, do mox imento e tendências das suas fôrças prorlutivas.

Quanto às novas cmprôsas, elas surgiram, nesse período, em

grande animação, especial

põe imediatamente a nti essa prosperi' dadc de superfície.

número de 35 mil, aproxima damente, mas fora da forma clá.ssica de concentração o cen

têxtil e a própria siderurgia. E é importante recordar que

A indústria atxinça dentro da crise

tralização fabril; e antes, fo ram fábricas e oficinas repre

E' certo que a indústria, a agricultu ra e o comércio, salvo casos excepcio

Sem dúvida, um dos fatos marcantes em nossa vida econômica, nos últimos

sentando a disseminação da

nais, atravessam uma fase de bons ne

30 anos, e parlicularnientc no período

sanato.

nhamos de divisas para fazer

gócios. Em 1949 os lucros da indústria

1930-49, foi a c.xpansão da indústria. Embora sem cair no exagero dos que

A mão-de-obra igualmente náo se concentrou, como suce

face às importações normais,

enxergam a ocorrôncia

deria num processo regular de desenvolvimento capitalista da

ocupado pelos arHgos saídos do parque manufatureiro na cional, que funcionava às e.xpensas de matérias-primas ad quiridas a baixo preço e utili zando mão-de-obra extrema mente mal paga.

cumentos oficiais, quando se refe rem à situação da economia nacional.

Tomam certos índices da atual conjun tura econômica, realmente favoráveis,

para caracterizar, generalizando, um pe ríodo de segurança e prosperidade, e descobrir no futuro perspectivas ainda mais satisfatórias.

e do comércio presumivelmente foram ainda maiores que no ano anterior. As

de um grande

pequena indústria e do arte

sim, cêrca de 800 sociedades anônimas

surto industrial no País, a realidade é

Industriais e comerciais, operando em

que viemos reduzindo os limites das im portações de manufaturas, dos bens de

indústria. O número de ope

consumo sobretudo, correspondendo es sa alteração no.,comércio exterior à fun

1940, reduziu-se de 22 para 16, confirmando as caracterís

dação de indústrias novas ou ú amplia ção das existeútes, para a produção dos

sanal do parque manufatureiro, da sua

bens mais solicitados

pcbreza técnica e indiretamente da au

São Paulo e Distrito Federal, e movi mentando um capital de 7,7 bilhões de cruzeiros, acusaram nos seus balanços

um lucro líquido global de 2,3 bilhões de cruzeiros, ou sejam, em média, 30% sô-

bre o capital; isso quando, em 1948, as mesmas companhias haviam auferido lu

cros de 1,7 bilhões, eqüivalendo a 23% de seu capital.

Outros elementos tomados para com provação dessa estabilidade e do ritmo de ampliação da economia do País, nos últimos anos, são os aumentos do valor da produção industrial e agrícola, a boa

no mercado in

rários por fábrica, de 1920 a ticas do desenvolvimento nrle-

sência de especialização da massa ope

terno.

Os dois censos — o de 1920 o o de

1940 — se encarregam de colocar nas suas devidas proporções o aumento do

nosso parque industrial. O quadro abai xo exprime o fenômeno, no período dos 20 anos indicados:

Aumento em %

rária.

De 1940 em diante, só o novo censo irá esclarecer com maior precisão o grau de desenvolvimento do parque indus

trial.

Contudo, utilizando-se o rcgfs-

tro do lAPI e os dados relativos às áibricas que pagam imposto de consumo, é possível observar que a indústria na cional, mesmo influenciada pelas condi

marcha das operações bancárias, o reequilíbrio do comércio exterior — com

Número de mentos

a liquidação dos atracados comerciais — e particularmente a melhoria da situação interna e externa dos nossos produtosrei, como o café, o cacau e o algodão.

Potência instalada (HP)

226

Número de operários ..

166

ções da guerra, não deu mais que avan ços lentos e precários. E lá em 1948 e

446

setores, e provàvelmente um recuo sô-

estabeleci 264

1949 indicou estacionamento em vários

Valor da produção (no minal)

bre os níveis de maior àlta.

E' falsa tôda essa ordem de raciocí-

oio, nascida da observação dp fenôme

Nem o aumento do valor da produ-

Freqüentemente se diz que as duas grandes guerras mundiais serviram como

entraram em fase de

mente. os de alimentação, o

esse fenômeno foi observado mesmo durante a crise cíclica de 1929-32, num mercado de baixa para os produtos manu

faturados. Como não dispúo vazio do mercado interno foi

Uma indústria originada dessa con juntura acidental encontra nela os limi

tes da sua expansão. Cessados os efeitos da crise ou o retraimento da concor rência causado pelas guenas. a indús tria enúa em dificuldades e decai a sua produção no conjunto da renda nacio;ndustria '3 têxtil, « que teve a osuasucedido idade deà ouro durante a guerra, avançando in clusive para outros mercados (as machegaram a ocupar 11% do valor g'obal das nossas exporta ções). Recentemente, essa indústria perdeu o seu brilho anterior e se "vê ameaçada, no próprio território do País, pela concorrência de similares estrangei» ros produzidos a baixo custo.

O desenvolvimento da indústria, qua-


Du;t:Mi() Ec.<>nómico

DicF-sTO

74'

75

Econômico

/U- exportações perdem o poder de compra

sé exclusivainente indústria leve, de bens de consumo, traz no seu boío'uma con tradição fundamental: aumenta-lhe as necessidades de máquinas, combustíveis, matérias-primas essenciais, cuja produ ção só raramente conseguimos introdu zir no País, e isso de maneira precá

fé teve um boor\ nnimaclor, nrrancnndn

ria. Êsse fato acentua a condição de

fundamentalmente a certos tínipos mo

correspondendo em valor a uma redu ção de 1.551 milhões de cruzciro.s, não

dependência, em que vive a indústria nacional, dos fornecedores de bens de

nopolistas estrangeiros — entrr outros a SANBRA c Anderson Claytou no algo

do café.

produção, e nossa vulnerabilidade à no

dão, Amcrican Coffei-, Marcl Iland on

va crise cíclica atualmente c-m marcha

Lcon Lsrael no café, os grupo.s do Coccoa

nos paises capitalistas.

do.exterior preços .sem precedrntcs. O cacau, dcpoi-S de meriínlliar muna imen sa crise dc terior.

alta no.s preços, além di^ bcnoficiarcin

dos últimos anos? Certamente que as

dução.

modificações operadas ne.-^se setor da

Os produtos agrícolas pi<'dominante-

produção, tomadas na ordem dos seus

mentc dc consumo interno, também não

valores, são bastante sensíveis, chegando

conseguiram melhorar dc .situação. Al guns, a exemplo do arro'/. c; cio feijão, passam a depender cada vez em maior

ao ano anterior,

obstante as receitas originadas da alta

Certos produtos experimentaram torto di-clínio nas exportações, particularmen

te o algodão, o arroz, o açúcar e o mi lho Só no algodão, perdemos no ano ■érca dc 1,4 bilhões de cruzeiros cm cli-

— não se

prosperidade na agricultura, no correr

à média anual de 15% no período 194449. O fato não é animador, e tem ex

toneladas cm relação

Contudo, èsscs movimentos de

no cacau

Nossas ex

portações, em 1949. caíram de 914 mil

ano, quase recuperou o níst-I altista an

Trade Comiltee

Que fatos assinalaram a situação de

No plano do comércio exterior, a si tuação não é menos grave.

mercados até maio dés.se'

acompanbaram dc aumentos correspon dentes do.s volumes da prorluç.ão. Es tamos presenciando um feiiònu-no de melhoria dos preços dentro cie um rclraimento cada vez mais acentuado da pro

Falsa prosperidade na agrictãtura

I

visa.s.

As madeiras, mate c frutas de

3iiesa (laranjas etc.), que tem seus ^.^lorcs compradores na área do csterlíno, viram-se sòriamentc afetadas pelas dificiildiulcs cambiais e pela desv^abrização da moeda nos países clientes. Aparentemente, devido à ix)sição do café, verificou-se em 1949 uma eleva

ção no preço médio na mercadoria ex portada. Mas na realidade, nos últi

E passam a

^

.surgir novos problemas de câmbio, fór-

ceirns com outros países.

>

mulas esdrúxulas arranjadas às pressas ixira atender às exigências dc nossa ba-' "« lança de pagamentos permanentemente deficitária, representativa dos lucros re-

tirados

pelos capitais estrangeiros da

renda nacional, em cada ano.

Drama da Nação e do povo Essa, em rápida análise, a situação

atual da economia brasileira. Comple tando

o desmentido à tese da nos-^a

prosperidade^ e.stá ainda aí o quadro desolador das finanças públicas, a co

meçar pelas dividas do Tesouro' Nacio nal no Bancai do Brasil, quç atingiam a 11 bilhões de cruzeiros em maio pas sado .

Essas dívidas só tendem a aumentar

porque o Govènio não sabe mais como' conter o desequilíbrio dos orçamentos

como barrar a marcha dos déficits, que

no exercício em curso já ameaçam' pas sar de 6 bilhões de cruzeiros.

As sal

das mais experimentadas são o apelo aos

plicação, como no caso dos valores in-

escala do coniércio exterior, devido ã

flacionados da indústria, no processo de

fraca capacidade dc absorção do mer

mos ano.s, nossos produtos vem perden

vertiginosa desvalorização da moeda. O

cado nacional. Presentemente, tanto mais gra\'e,s as

tivamente às importações. Essa piora no

cária. Assim, em 1949, os meios de pa-

contrabalançada pelo aumento do vo

deenor. cruzeiros, ao ano anE ja relativamente em 1950 as emissões de moeda manual, pnra cobertura de com promissos governamentais, inclusive pa ra garantir com financiamentos espe

aumento da produção agrícola, visto em

quantidades, não ultrapassou 2% ao ano, media ainda assim influenciada pela maior participação de produtos pesados, como a cana-de-açúcar e a mandioca.

E não se julgue que esses 2% repre sentem um aumento real, porque a po pulação do País cresce em escala mais forte, accntuando-se assim a baixa pre sença dos produtos do campo no merca

do o poder de compra no exterior, rela

financiamentos do Banco do Brasil e à guitarra da Caixa de Mobilização Ban

consas se acham, que surgiu na impren

poder de compra, quando não pode ser

gamento expandiram-se de 6,6 bilhões

sa um movimento pleiteando subsídios governamentais aos produtos cujos pre ços, mais altos no mercado interno que

lume nas exportações — e isso ultima

sua exportação. Com esse novo recur so inflacionisla, pretendem os defenso

mente tem sido freqüente - coloca-nos diante da contingência de restringir o comércio de importação, a procura de um balanço favorável cada vez mais di

res da velha economia agrária cio País

fícil .

no internacional, criam dificuldaclcs à

ambiente de otimismo entre certos seto

contornar os problemas da nossa produ ção agrícola atrasada, encontrar uma saída às freqüentes altas no custo da pro dução e à própria crise crônica em que mergulhamos', deixando intactas as re lações de produção precapitalistas que determinam e aprofundam êsses fenô-

res econômicos. Assim; em 1949, o ca

meijos,

do interno e conduzindo-sc

o per ca

pita agrícola (tanto de produção como de consumo) em tendência depreciati va. Casos isolados podem fundar um

Em 1949 apresentamos um déficit de 495 milhões

transações

de cruzeiros nas

nossas

comerciais com o exterior,

apesar do hoon do café e das limitações dc toda ordem impostas aos negócios de importação. Aprofunda-se o drama das nossas relações comerciais e fínan. Aa*. .

ciais a prosperidade do café, do arroz e

c o^ algodao, aproximam-se de 900 mi lhões de cruzeiros.

Tudo isso mostra o aguçameiito da crise económico-financeira em que nos afundamos. Revela o drama do País e do, povo, e exige medidas drásticas, am

plas e profundas, capazes de recompor a situação.


Du;t:Mi() Ec.<>nómico

DicF-sTO

74'

75

Econômico

/U- exportações perdem o poder de compra

sé exclusivainente indústria leve, de bens de consumo, traz no seu boío'uma con tradição fundamental: aumenta-lhe as necessidades de máquinas, combustíveis, matérias-primas essenciais, cuja produ ção só raramente conseguimos introdu zir no País, e isso de maneira precá

fé teve um boor\ nnimaclor, nrrancnndn

ria. Êsse fato acentua a condição de

fundamentalmente a certos tínipos mo

correspondendo em valor a uma redu ção de 1.551 milhões de cruzciro.s, não

dependência, em que vive a indústria nacional, dos fornecedores de bens de

nopolistas estrangeiros — entrr outros a SANBRA c Anderson Claytou no algo

do café.

produção, e nossa vulnerabilidade à no

dão, Amcrican Coffei-, Marcl Iland on

va crise cíclica atualmente c-m marcha

Lcon Lsrael no café, os grupo.s do Coccoa

nos paises capitalistas.

do.exterior preços .sem precedrntcs. O cacau, dcpoi-S de meriínlliar muna imen sa crise dc terior.

alta no.s preços, além di^ bcnoficiarcin

dos últimos anos? Certamente que as

dução.

modificações operadas ne.-^se setor da

Os produtos agrícolas pi<'dominante-

produção, tomadas na ordem dos seus

mentc dc consumo interno, também não

valores, são bastante sensíveis, chegando

conseguiram melhorar dc .situação. Al guns, a exemplo do arro'/. c; cio feijão, passam a depender cada vez em maior

ao ano anterior,

obstante as receitas originadas da alta

Certos produtos experimentaram torto di-clínio nas exportações, particularmen

te o algodão, o arroz, o açúcar e o mi lho Só no algodão, perdemos no ano ■érca dc 1,4 bilhões de cruzeiros cm cli-

— não se

prosperidade na agricultura, no correr

à média anual de 15% no período 194449. O fato não é animador, e tem ex

toneladas cm relação

Contudo, èsscs movimentos de

no cacau

Nossas ex

portações, em 1949. caíram de 914 mil

ano, quase recuperou o níst-I altista an

Trade Comiltee

Que fatos assinalaram a situação de

No plano do comércio exterior, a si tuação não é menos grave.

mercados até maio dés.se'

acompanbaram dc aumentos correspon dentes do.s volumes da prorluç.ão. Es tamos presenciando um feiiònu-no de melhoria dos preços dentro cie um rclraimento cada vez mais acentuado da pro

Falsa prosperidade na agrictãtura

I

visa.s.

As madeiras, mate c frutas de

3iiesa (laranjas etc.), que tem seus ^.^lorcs compradores na área do csterlíno, viram-se sòriamentc afetadas pelas dificiildiulcs cambiais e pela desv^abrização da moeda nos países clientes. Aparentemente, devido à ix)sição do café, verificou-se em 1949 uma eleva

ção no preço médio na mercadoria ex portada. Mas na realidade, nos últi

E passam a

^

.surgir novos problemas de câmbio, fór-

ceirns com outros países.

>

mulas esdrúxulas arranjadas às pressas ixira atender às exigências dc nossa ba-' "« lança de pagamentos permanentemente deficitária, representativa dos lucros re-

tirados

pelos capitais estrangeiros da

renda nacional, em cada ano.

Drama da Nação e do povo Essa, em rápida análise, a situação

atual da economia brasileira. Comple tando

o desmentido à tese da nos-^a

prosperidade^ e.stá ainda aí o quadro desolador das finanças públicas, a co

meçar pelas dividas do Tesouro' Nacio nal no Bancai do Brasil, quç atingiam a 11 bilhões de cruzeiros em maio pas sado .

Essas dívidas só tendem a aumentar

porque o Govènio não sabe mais como' conter o desequilíbrio dos orçamentos

como barrar a marcha dos déficits, que

no exercício em curso já ameaçam' pas sar de 6 bilhões de cruzeiros.

As sal

das mais experimentadas são o apelo aos

plicação, como no caso dos valores in-

escala do coniércio exterior, devido ã

flacionados da indústria, no processo de

fraca capacidade dc absorção do mer

mos ano.s, nossos produtos vem perden

vertiginosa desvalorização da moeda. O

cado nacional. Presentemente, tanto mais gra\'e,s as

tivamente às importações. Essa piora no

cária. Assim, em 1949, os meios de pa-

contrabalançada pelo aumento do vo

deenor. cruzeiros, ao ano anE ja relativamente em 1950 as emissões de moeda manual, pnra cobertura de com promissos governamentais, inclusive pa ra garantir com financiamentos espe

aumento da produção agrícola, visto em

quantidades, não ultrapassou 2% ao ano, media ainda assim influenciada pela maior participação de produtos pesados, como a cana-de-açúcar e a mandioca.

E não se julgue que esses 2% repre sentem um aumento real, porque a po pulação do País cresce em escala mais forte, accntuando-se assim a baixa pre sença dos produtos do campo no merca

do o poder de compra no exterior, rela

financiamentos do Banco do Brasil e à guitarra da Caixa de Mobilização Ban

consas se acham, que surgiu na impren

poder de compra, quando não pode ser

gamento expandiram-se de 6,6 bilhões

sa um movimento pleiteando subsídios governamentais aos produtos cujos pre ços, mais altos no mercado interno que

lume nas exportações — e isso ultima

sua exportação. Com esse novo recur so inflacionisla, pretendem os defenso

mente tem sido freqüente - coloca-nos diante da contingência de restringir o comércio de importação, a procura de um balanço favorável cada vez mais di

res da velha economia agrária cio País

fícil .

no internacional, criam dificuldaclcs à

ambiente de otimismo entre certos seto

contornar os problemas da nossa produ ção agrícola atrasada, encontrar uma saída às freqüentes altas no custo da pro dução e à própria crise crônica em que mergulhamos', deixando intactas as re lações de produção precapitalistas que determinam e aprofundam êsses fenô-

res econômicos. Assim; em 1949, o ca

meijos,

do interno e conduzindo-sc

o per ca

pita agrícola (tanto de produção como de consumo) em tendência depreciati va. Casos isolados podem fundar um

Em 1949 apresentamos um déficit de 495 milhões

transações

de cruzeiros nas

nossas

comerciais com o exterior,

apesar do hoon do café e das limitações dc toda ordem impostas aos negócios de importação. Aprofunda-se o drama das nossas relações comerciais e fínan. Aa*. .

ciais a prosperidade do café, do arroz e

c o^ algodao, aproximam-se de 900 mi lhões de cruzeiros.

Tudo isso mostra o aguçameiito da crise económico-financeira em que nos afundamos. Revela o drama do País e do, povo, e exige medidas drásticas, am

plas e profundas, capazes de recompor a situação.


Dicesto EcoN-ÔNnco

DEPARTAMENTO DE ECOJNOAllA PARA O LEGISLATIVO Roberto Piítto de Souza

o/' vida

econômica está-se tornan-

do cada dia mais complexa, e com ela aumentam a extensão e a dificuldade

dos conhecimentos econômicos. Quem examinar um compêndio de Economia Política do fim do século XIX e um moderno livro de textos sôbre o mesmo assunto do estudante hodiemo encontra

rá uma alteração substancial, c a custo perceberá as linhas mestras que estru turam os dois manuais.

So o mesmo observador fôr examinar o curriculum das matérias do aluno do

século XIX e o do universitário atua), notará que naquela época os estudos econômicos eram apenas elucidativos dos estudos jurídicos. Andavam certos os educadores daquele tempo. O Direito regula não sô relações civis entre pes soas, mas relações comerciais e de pro dução. Há, portanto, ao lado do fato jurídico o fato econômico, constituindo

êste o substractum do Direito que re gulamenta as transações econômicas. Daí

ser indispensável, para boa compreen são do fenômeno jurídico, um conheci mento do fenômeno econômico. é,

assim, a Economia Política o comple mento indispensável para a formação cultural dos advogados, legisladores e

juristas. Por êsse motivo é que se en sina, até hoje, acertadamente, nas Fa culdades de Direito, a Ciência Económica O Ministro Francisco Campos co locou o estudo dôsse ramo do conhe cimento na reforma do ensmo por êle

realizada, no primeiro ano das Faculda-

des de Direito, como preâmbul^ conjuntamente c«m a introdução à Qênda

do Direito, às deiuais disciplinas jurí-

Babson Institute e muitos outros, nos Estados Unidos. O da London School

/

of Economics, na Inglaterra. O histi' tut fur Kon/tinlrfur/orvc/iuMg, em Berlim, o vários outros na Europa. Além dêsscs inslilulos oficiais, as

cas.

Em face dêsse estado de coisas,

ó necessário x-asto desen\'olvimento dos

estudos econômicos e largas pesquisas referentes aos problemas nacionais, a fim de se penetrar na realidade brasi leira — enigma para todos. nós.

Política nas Faculdades de Direito, tal estudo não esgota a matéria, são ontcs

tos especiais destinados a observar a

Impõe-se o desenvolvimento de ór gãos especializados, com economistas peritos, que possuam conhecimento per

marcha dos negócios.

feito do movimento da nossa vida eco

estudos econômicos "com um bafejo de Direito", na expressão feliz do prof. Cardozo de Mello Neto. Ê <|ue a Ciên cia Econômica se dcsen\'olvcu muito,

de classe acompanharam êsse movimen to. Dessa fomna, existe cm tôdas as

dicas.

3e é correta a inclusão da Economia

abrangendo conhecimentos matemáticos, estatísticos, sociológicos e históricos. Por

grandes cmprêsas, c principalmente os grandes bancos, fundaram departamen As organizações

nações uma série enorme de órgãos es pecializados em estudos c pesquisas eco nômicos. Entre nós, infelizmente, temso dado pouca atenção a êsse aspecto;

ôssG motivo encontrará o nosso obserx'a-

afora os das entidades de classe e de

dor, na organização universitária do pre sente, uma Faculdade especial^ só para

alguns ministérios, quase nada se tem

ôsses estudos, e notará no curricuíum

Entretanto, a economia brasileira está

feito.

nômica, e assim capazes de mostrar

qual a direção que deveria tomar o ritmo dos nossos negócios e quais as medidas

que caberia adotar. Não se julgue que a força econômica dos Estados Unidas e da Europa nasceu de improviso. Há, atrás dela, todo um passado de experiên cias e todo um acúmulo de conhecimen

tos, e, principalmente, a orientá-la no presente, um vasto arcabouço cientifico, sociológico e econômico, coordenado por depar tamentos especializados,

uma série enorme de disciplinas econô micas e outras tantas sociológicas, his tóricas, matemáticas e estatísticas. Verá

que a projeta, continua

como é complexa a Ciência Econômica

mente, para um futuro

e, se percorrer os programas das dife rentes disciplinas, verificará que para compreender a vida econômica moderna

tôdas são indispensáveis. Louvará, por certo, o embaixador Macedo Soares por haver criado, em boa hora, uma Aca

demia, na Universidade de São Paulo, especializada no ensino desse ramo do saber humano, indispensável para o pro gresso do País. A Economia Política, dada a sua ex tensão e complexidade, exige especiali zação. Além disso, como lida com a economia ao víyo, requer pesquisas lar

gas e demorada-s. Especialização e pes quisas pedem tempo, paciência e Equipe, daí terem sido criados institutos espe cializados nesses estudos e pesquisas co mo o dé Harvard, o de Washington, o

cada

vez mais rico de

possibilidades. Entre nós nada há de

necessitando de organismos como esses, pois, i\ medida que se de.senvolve, as

semelhante.

Tôda a nossa evolução

econômica se. processou improvisada-

suas relações se vão tornando mais in

menle, amoldando-se às contingências

trincadas e os seus problemas mais di fíceis, principalmente quando se reflete que o parque produtor nacional apre

do momento. Acomodação realizada na

senta grande atraso de técnica, os meios

maioria das vêzes por leis e decretos elaborados às pressas, sem reflexão su ficiente e sem pesquisas e estudos ma

do transportes são deficientes e a mão-

duros capazes de ressaltar o mal que

de-obra de baixa produtividade; quan do se observa que os impostos, as regu lamentações e os encargos sociais estão criando um ônus fabuloso para a pro dução interna; e quando se verifica que

afeta a economia e a melhor forma de

existe grande desarticulação entre os

vários setores da economia, comportàndo-se cada região como ilhas econômi

estancá-lo, e dar bases para se as:entar

o progresso do País. Daí vermos, não raras vêzes, processos aventados e tor nados obrigatórios por leis e decretos redundarem em sérios prejuízos para a

economia nacional. À guisa de exemplo, vamos citar um apenas — a revaloriza-


Dicesto EcoN-ÔNnco

DEPARTAMENTO DE ECOJNOAllA PARA O LEGISLATIVO Roberto Piítto de Souza

o/' vida

econômica está-se tornan-

do cada dia mais complexa, e com ela aumentam a extensão e a dificuldade

dos conhecimentos econômicos. Quem examinar um compêndio de Economia Política do fim do século XIX e um moderno livro de textos sôbre o mesmo assunto do estudante hodiemo encontra

rá uma alteração substancial, c a custo perceberá as linhas mestras que estru turam os dois manuais.

So o mesmo observador fôr examinar o curriculum das matérias do aluno do

século XIX e o do universitário atua), notará que naquela época os estudos econômicos eram apenas elucidativos dos estudos jurídicos. Andavam certos os educadores daquele tempo. O Direito regula não sô relações civis entre pes soas, mas relações comerciais e de pro dução. Há, portanto, ao lado do fato jurídico o fato econômico, constituindo

êste o substractum do Direito que re gulamenta as transações econômicas. Daí

ser indispensável, para boa compreen são do fenômeno jurídico, um conheci mento do fenômeno econômico. é,

assim, a Economia Política o comple mento indispensável para a formação cultural dos advogados, legisladores e

juristas. Por êsse motivo é que se en sina, até hoje, acertadamente, nas Fa culdades de Direito, a Ciência Económica O Ministro Francisco Campos co locou o estudo dôsse ramo do conhe cimento na reforma do ensmo por êle

realizada, no primeiro ano das Faculda-

des de Direito, como preâmbul^ conjuntamente c«m a introdução à Qênda

do Direito, às deiuais disciplinas jurí-

Babson Institute e muitos outros, nos Estados Unidos. O da London School

/

of Economics, na Inglaterra. O histi' tut fur Kon/tinlrfur/orvc/iuMg, em Berlim, o vários outros na Europa. Além dêsscs inslilulos oficiais, as

cas.

Em face dêsse estado de coisas,

ó necessário x-asto desen\'olvimento dos

estudos econômicos e largas pesquisas referentes aos problemas nacionais, a fim de se penetrar na realidade brasi leira — enigma para todos. nós.

Política nas Faculdades de Direito, tal estudo não esgota a matéria, são ontcs

tos especiais destinados a observar a

Impõe-se o desenvolvimento de ór gãos especializados, com economistas peritos, que possuam conhecimento per

marcha dos negócios.

feito do movimento da nossa vida eco

estudos econômicos "com um bafejo de Direito", na expressão feliz do prof. Cardozo de Mello Neto. Ê <|ue a Ciên cia Econômica se dcsen\'olvcu muito,

de classe acompanharam êsse movimen to. Dessa fomna, existe cm tôdas as

dicas.

3e é correta a inclusão da Economia

abrangendo conhecimentos matemáticos, estatísticos, sociológicos e históricos. Por

grandes cmprêsas, c principalmente os grandes bancos, fundaram departamen As organizações

nações uma série enorme de órgãos es pecializados em estudos c pesquisas eco nômicos. Entre nós, infelizmente, temso dado pouca atenção a êsse aspecto;

ôssG motivo encontrará o nosso obserx'a-

afora os das entidades de classe e de

dor, na organização universitária do pre sente, uma Faculdade especial^ só para

alguns ministérios, quase nada se tem

ôsses estudos, e notará no curricuíum

Entretanto, a economia brasileira está

feito.

nômica, e assim capazes de mostrar

qual a direção que deveria tomar o ritmo dos nossos negócios e quais as medidas

que caberia adotar. Não se julgue que a força econômica dos Estados Unidas e da Europa nasceu de improviso. Há, atrás dela, todo um passado de experiên cias e todo um acúmulo de conhecimen

tos, e, principalmente, a orientá-la no presente, um vasto arcabouço cientifico, sociológico e econômico, coordenado por depar tamentos especializados,

uma série enorme de disciplinas econô micas e outras tantas sociológicas, his tóricas, matemáticas e estatísticas. Verá

que a projeta, continua

como é complexa a Ciência Econômica

mente, para um futuro

e, se percorrer os programas das dife rentes disciplinas, verificará que para compreender a vida econômica moderna

tôdas são indispensáveis. Louvará, por certo, o embaixador Macedo Soares por haver criado, em boa hora, uma Aca

demia, na Universidade de São Paulo, especializada no ensino desse ramo do saber humano, indispensável para o pro gresso do País. A Economia Política, dada a sua ex tensão e complexidade, exige especiali zação. Além disso, como lida com a economia ao víyo, requer pesquisas lar

gas e demorada-s. Especialização e pes quisas pedem tempo, paciência e Equipe, daí terem sido criados institutos espe cializados nesses estudos e pesquisas co mo o dé Harvard, o de Washington, o

cada

vez mais rico de

possibilidades. Entre nós nada há de

necessitando de organismos como esses, pois, i\ medida que se de.senvolve, as

semelhante.

Tôda a nossa evolução

econômica se. processou improvisada-

suas relações se vão tornando mais in

menle, amoldando-se às contingências

trincadas e os seus problemas mais di fíceis, principalmente quando se reflete que o parque produtor nacional apre

do momento. Acomodação realizada na

senta grande atraso de técnica, os meios

maioria das vêzes por leis e decretos elaborados às pressas, sem reflexão su ficiente e sem pesquisas e estudos ma

do transportes são deficientes e a mão-

duros capazes de ressaltar o mal que

de-obra de baixa produtividade; quan do se observa que os impostos, as regu lamentações e os encargos sociais estão criando um ônus fabuloso para a pro dução interna; e quando se verifica que

afeta a economia e a melhor forma de

existe grande desarticulação entre os

vários setores da economia, comportàndo-se cada região como ilhas econômi

estancá-lo, e dar bases para se as:entar

o progresso do País. Daí vermos, não raras vêzes, processos aventados e tor nados obrigatórios por leis e decretos redundarem em sérios prejuízos para a

economia nacional. À guisa de exemplo, vamos citar um apenas — a revaloriza-


DiCKSlO

78

ção do café no período de Washinglon Luíj.

Foi pensando nessa ordem de idéias que julgamos necessário criar no Legis lativo um Departamento de Economia

Econónuco

economia com peritos economistas, boa organização estatística <• \asta fonte de informações.

Os li-gi.sl.idnrcs pediriam

os estudos c inforint-s iu'c cssários a êsse

departamento e t( riam olcnicnlos p.ira

destinado a estudar os projetos de lei sob o aspecto econômico e as reper

os problemas seriam verificados cm pro

cussões dos mesmos sòhre a economia

fundidade e as leis votadas com base

interna. Creio que essa medida viria

na objetividade. Os projetos prejudiciais cairiam por si, uma vez apresentados os estudos so bre as repercussões e conômicas dos mes

eliminar muitos projetos em curso no Legislativo e modificar mais de um ar

tigo _e parágrafo de outros dignos de serem aprovados, escoimando-os de im

perativos prejudiciais à vida econômica nacional.

diicussõcs bem fundamcntatlas. oiii que

dêsse modo. as portas do Legislativo

par-.-, esses cientistas, dando a èlcs a

oportunidade dc servirem á causa pú blica.

O mesmo dar-se-ia com os professôres das universidades. Êstcs, presos aos

seus trabalhos científicos e umvorsita-

rios, nr«. se podem omolscr no v.da

ativa, da política. O departan.ento po-

ciais à lx>a elaboração das leis — dc um

lado, o espírito audaz, dos representan tes populistas, e, de outro, o conheci mento científico, a análise refletida, a

pesquisa minuciosa e o espírito ponde rado o desapaixonado dos cientistas e universitários.

assistimos por ocasião da discussão do

legais cujo fito é escoimar das leis as

Estado de São Paulo, c, incvitàvelnicntc, o nível dos debates sc elevaria.

não no do econômico?

especialistas. O departamento abriria,

deria funcionar como elemento dc liga ção entre a Universidade e o Legislativo. Dessa forma, ter-se-ia a possibilidade da conjugação dos dois elementos essen

mos-. Evilar-se-ium assim imut<fs erros e

aumento do funcionalismo público do

Direito, e dar-lhes uma redação confor me com a linguagem jurídica. Se tul se passa no domínio do Direito, porque

dc, assim, n contribuição valiosa desses

sobretudo muita demagogia, como a que

Existem nas Câmaras departamentos

disposições contrárias aos princípios do

Dir.K.sTo Eco.sómico

Estão na pauta das discussões do Le gislativo Federal vários projetos dc lei que exercerão, sc aprovados, sérias con seqüências na economia nacional. Entre estes convém destacar o da participação

Os deputados, quase todos de pro fissões liberais e não raro professores nos lucros c o da lei antitrusto. Ambos universitários, apesar da competência' merecem estudos mais acurados, pois as que possuem, não dispõem de tempo para pesquisas econômicas e muitas

vêzes não reúnem, em grau suficiente, os conhecimentos especializados neces

sários a perfeita compreensão do proble

ma em causa. Para quem apelar? Para os Ministérios, as Secretarias e demais

orgaos da administração? Todos, reco nhecemos, têm a competência necessária, mas são órgãos políticos, uns, e asso berbados de serviços administrativos, ou tros. Dai, quando respondem às con sultas, deturparem ou se limitarem a me ras informações vazias de conteúdo.

Dessa forma, os deputados ficam de sarmados para combater determinados

projetos e o Pais sofre as conseqüências. Tal não aconteceria se as Câmaras

possuíssem apareijiados departamentos de

repercussões que terão nas atividades econômicas poderão causar danos im previsíveis. Não SC podem fazer expe riências com OS fatos sociais: eles são

irreversíveis.

Êsscs projetos não resis

tiriam, por certo, a uma análise apro fundada dos mesmos, em face da es

trutura da economia brasileira. Tal aná

S.

),• V

lise poderia ser feita imparcialmente pelo Departamento de Economia do Legis lativo, prestando assim inestimável ser viço à Nação.

Outro aspecto a se considerar é' o fato de as representações denominadas hoje populistas tenderem a levar cada vez mais ao Legislativo homens de ação mas afastando do Congresso os cidadâoá

de larga cultura e de feitio menos afeitd às pelejas da vida política. O País per-

"A


DiCKSlO

78

ção do café no período de Washinglon Luíj.

Foi pensando nessa ordem de idéias que julgamos necessário criar no Legis lativo um Departamento de Economia

Econónuco

economia com peritos economistas, boa organização estatística <• \asta fonte de informações.

Os li-gi.sl.idnrcs pediriam

os estudos c inforint-s iu'c cssários a êsse

departamento e t( riam olcnicnlos p.ira

destinado a estudar os projetos de lei sob o aspecto econômico e as reper

os problemas seriam verificados cm pro

cussões dos mesmos sòhre a economia

fundidade e as leis votadas com base

interna. Creio que essa medida viria

na objetividade. Os projetos prejudiciais cairiam por si, uma vez apresentados os estudos so bre as repercussões e conômicas dos mes

eliminar muitos projetos em curso no Legislativo e modificar mais de um ar

tigo _e parágrafo de outros dignos de serem aprovados, escoimando-os de im

perativos prejudiciais à vida econômica nacional.

diicussõcs bem fundamcntatlas. oiii que

dêsse modo. as portas do Legislativo

par-.-, esses cientistas, dando a èlcs a

oportunidade dc servirem á causa pú blica.

O mesmo dar-se-ia com os professôres das universidades. Êstcs, presos aos

seus trabalhos científicos e umvorsita-

rios, nr«. se podem omolscr no v.da

ativa, da política. O departan.ento po-

ciais à lx>a elaboração das leis — dc um

lado, o espírito audaz, dos representan tes populistas, e, de outro, o conheci mento científico, a análise refletida, a

pesquisa minuciosa e o espírito ponde rado o desapaixonado dos cientistas e universitários.

assistimos por ocasião da discussão do

legais cujo fito é escoimar das leis as

Estado de São Paulo, c, incvitàvelnicntc, o nível dos debates sc elevaria.

não no do econômico?

especialistas. O departamento abriria,

deria funcionar como elemento dc liga ção entre a Universidade e o Legislativo. Dessa forma, ter-se-ia a possibilidade da conjugação dos dois elementos essen

mos-. Evilar-se-ium assim imut<fs erros e

aumento do funcionalismo público do

Direito, e dar-lhes uma redação confor me com a linguagem jurídica. Se tul se passa no domínio do Direito, porque

dc, assim, n contribuição valiosa desses

sobretudo muita demagogia, como a que

Existem nas Câmaras departamentos

disposições contrárias aos princípios do

Dir.K.sTo Eco.sómico

Estão na pauta das discussões do Le gislativo Federal vários projetos dc lei que exercerão, sc aprovados, sérias con seqüências na economia nacional. Entre estes convém destacar o da participação

Os deputados, quase todos de pro fissões liberais e não raro professores nos lucros c o da lei antitrusto. Ambos universitários, apesar da competência' merecem estudos mais acurados, pois as que possuem, não dispõem de tempo para pesquisas econômicas e muitas

vêzes não reúnem, em grau suficiente, os conhecimentos especializados neces

sários a perfeita compreensão do proble

ma em causa. Para quem apelar? Para os Ministérios, as Secretarias e demais

orgaos da administração? Todos, reco nhecemos, têm a competência necessária, mas são órgãos políticos, uns, e asso berbados de serviços administrativos, ou tros. Dai, quando respondem às con sultas, deturparem ou se limitarem a me ras informações vazias de conteúdo.

Dessa forma, os deputados ficam de sarmados para combater determinados

projetos e o Pais sofre as conseqüências. Tal não aconteceria se as Câmaras

possuíssem apareijiados departamentos de

repercussões que terão nas atividades econômicas poderão causar danos im previsíveis. Não SC podem fazer expe riências com OS fatos sociais: eles são

irreversíveis.

Êsscs projetos não resis

tiriam, por certo, a uma análise apro fundada dos mesmos, em face da es

trutura da economia brasileira. Tal aná

S.

),• V

lise poderia ser feita imparcialmente pelo Departamento de Economia do Legis lativo, prestando assim inestimável ser viço à Nação.

Outro aspecto a se considerar é' o fato de as representações denominadas hoje populistas tenderem a levar cada vez mais ao Legislativo homens de ação mas afastando do Congresso os cidadâoá

de larga cultura e de feitio menos afeitd às pelejas da vida política. O País per-

"A


Dicesto Econômico

irrigação do Baixo Açu. no Rio Grande

Ad dêcad nú-tcLeétínaé

do Norte. A água o atingirá após des cer 220 quilômetros pelo leito do rio Piranhas ou Açu. Êste rio tomar-se-á

III

perene. Verificou-se que os grandes açudes Gargalhciras (200 milhões), Pa-

PlifENTEL COKÍBS

(Engenheíro-agrônomo) Os grandes sistemas

Procurando sístematízar as obras de tógação, que se faziam de modo muito

dispersivo: o atual Departamento Nacio nal de Obras Contra as Sôcas, em 1931,

classificou os açudes em grandes (capa cidade superior a 10 milhões de metros cúbicos), médios (capacidade entre 3 e

10 milhões) e pequenos (capacidade

entre 0,5 e 3 milhões). Ademais, orgaluzou um plano de "construção dos

grandes açudes, canais de irrigação e obras complementares para regulariza ção do regimem dos cursos dágua, pro teção e aproveitamento das terras cul-

tros cúbicos, também pertence à bacia do Curu. Outras grandes obras, como

a de Passagem Funda, represando o Apodi num açude <le 3 bilhões dc me tros cúbicos dágua, estão cm constru

ção ou projetadas. É interessante, po rém, verificar o que pensa con cguir o Departamento nos quatro grandes sis

temas, que podem e dcvern ser reduzi dos a trés, pois o Alto Piranhas é o curso superior do Bai.xo Açu. O sis:tema mais adiantado e melhor

estudado é o Piranhas-Açu (juntemos os dois últimos num único). Aí se en contra D Instituto Agronômico José Au-

(400 milhões) apenas terão ação re guladora das enchentes. Acreditam os engenheiros que seria preferível subs tituí-los por um grande açude em Barra do Oiticica, sõbro o próprio Açu, que represaria 600 milhões de metros cúbi cos dágua, c que "poderia fornecer, concomitantemcnte, energia

das turbinas do conjãmto Curema-Mãe d'Agua".

Imediatamente se iniciará "a irrigação por elevação me

massem os quatro grandes sistemas.

Não foi possível obedecer totalmen

te ao plano. O açude General Sampaio, com 322 milhões de metros cúbicos, fica na bacia hidrográfica do Curu, Ceará.

O Pentecostes, cora 400 mílhõos

me

exlraordinàrmmente férteis. Acreditam OS técnicos que a área manterá 400 mil pessoas com razoável padrão de vida

550 imlhoes de cruzeiros. Intensifican do a agricu.tura. substitníndo-se umas

tirntas culturas por outras de nrSto mator valor, levando-se etn considera

ção o que se consegue nos trechos re

gados da Espanha, o valor da produção Há a acrescen

tar as áreas rega das nas outras ba

cias

hidrográfi

cas ~ Curu, Mun-

apenas abaixo do

daú, Coreaú, Apo

terreno natural — solução que já

di etc., _ Qs

praticada, na illia

chos irrigados pe las fontes, pelos

nais dc rega íá dominam a área de 5

Sacramento, onde

riachos perenes e

mil hectares, e serão i>rolongados quan

existe uma pequena instalação experi mental do Ministério da Agricultura, além de algumas instalações menores, de

subsolo, além das

iniciativa particular". O Departamento vai começar com uma instalação central diesel-elétrica, de

tirá ürá a^nd a industrianzaçâo f produzida da zona. permi

tarej.

A ir.igação começou.

Os ca

do conveniente. Em alguns trechos des

Nas outras bacias, construir-se-íam açudes médios e pequenos, como obras de emergência apenas, até que se ulti

Os quatro grandes sistemas irrigarão, no immmo. 200 mil hectares de Irras

poderá ser tripli

10, cinco metros

Grande do Norte".

para a construção do Orós, sobre o rio

principal, açude que represará 4 billiôes de metros cúbicos dágua.

cado.

Além disso, estão quase prontos todos

™ Alto Piranhas, na Paraíba. IV - Sistema do Baixo Açu, no Rio

As obras do Sistema do Jaguaritíe es tão muito atrasadas. Agora, o Plano Salte incluiu 300 milhões de cruzeiros

nos inundá veis, aproveitando

dado e classificado os solos a irrigar.

Ceará.

Departamento Nacional de Obras Con tra as Sècas.

cânica, em terre

cas, que passariam a constituir os se guintes sistemas gerais de obras:

os seus grandes açudes. Há, a irrigar, as várzeas de Souza, às margens do Piranhas e do rio do PeLxe, afluente do primeiro, de 20 mil hec-

baí\o

sazonal, para irrigação, da descarga

jjs ágo^s do lençt)l freálico abimdan-

níficos trabalhos experimentais e estu

ao

vale e servir de obra de regularização

gu.sto Trindade, que tem realizado mag

n-Sistema do Jaguaribe, no I•

relhas (180 milhões) e Serra Negra

tíváveis em quatro bacias hidrográfiI - Sistema do Acaraú, no Ceará.

81

sa e de outras várzeas do Alto Piranhas, utÍli2mrão a abundante água freática

graças à energia hidrelétrica que será

vem

sendo

ali

fornecida pelo conj'unto Curema-Mãe d'Agua, pertencente ao sistema e acumulando 1.358 milhões de metros

500 quilovátios, o suficiente para irrigar

cúbicos dágua. O Mãe d*Agua e o Curema fornece rão a maior parte da água necessária è

10 a 15 hectares.

1.500 hectares, podendo ser aumenta da, quando preciso. Os lotes serão do Os trabalhos da la

voura, controlados pelos agrônomos do

iniriam Ac

ATnera-

irrigações que se

Francisco.

Há ainda outros fatôres ponderáveis. Zonas úmidas e sub-úmidas

Mas no Nordeste Oriental (Ceará, Rio Grande do Norte, Paraíba, Pernambu co e Alagoas), que temos estudado, não


Dicesto Econômico

irrigação do Baixo Açu. no Rio Grande

Ad dêcad nú-tcLeétínaé

do Norte. A água o atingirá após des cer 220 quilômetros pelo leito do rio Piranhas ou Açu. Êste rio tomar-se-á

III

perene. Verificou-se que os grandes açudes Gargalhciras (200 milhões), Pa-

PlifENTEL COKÍBS

(Engenheíro-agrônomo) Os grandes sistemas

Procurando sístematízar as obras de tógação, que se faziam de modo muito

dispersivo: o atual Departamento Nacio nal de Obras Contra as Sôcas, em 1931,

classificou os açudes em grandes (capa cidade superior a 10 milhões de metros cúbicos), médios (capacidade entre 3 e

10 milhões) e pequenos (capacidade

entre 0,5 e 3 milhões). Ademais, orgaluzou um plano de "construção dos

grandes açudes, canais de irrigação e obras complementares para regulariza ção do regimem dos cursos dágua, pro teção e aproveitamento das terras cul-

tros cúbicos, também pertence à bacia do Curu. Outras grandes obras, como

a de Passagem Funda, represando o Apodi num açude <le 3 bilhões dc me tros cúbicos dágua, estão cm constru

ção ou projetadas. É interessante, po rém, verificar o que pensa con cguir o Departamento nos quatro grandes sis

temas, que podem e dcvern ser reduzi dos a trés, pois o Alto Piranhas é o curso superior do Bai.xo Açu. O sis:tema mais adiantado e melhor

estudado é o Piranhas-Açu (juntemos os dois últimos num único). Aí se en contra D Instituto Agronômico José Au-

(400 milhões) apenas terão ação re guladora das enchentes. Acreditam os engenheiros que seria preferível subs tituí-los por um grande açude em Barra do Oiticica, sõbro o próprio Açu, que represaria 600 milhões de metros cúbi cos dágua, c que "poderia fornecer, concomitantemcnte, energia

das turbinas do conjãmto Curema-Mãe d'Agua".

Imediatamente se iniciará "a irrigação por elevação me

massem os quatro grandes sistemas.

Não foi possível obedecer totalmen

te ao plano. O açude General Sampaio, com 322 milhões de metros cúbicos, fica na bacia hidrográfica do Curu, Ceará.

O Pentecostes, cora 400 mílhõos

me

exlraordinàrmmente férteis. Acreditam OS técnicos que a área manterá 400 mil pessoas com razoável padrão de vida

550 imlhoes de cruzeiros. Intensifican do a agricu.tura. substitníndo-se umas

tirntas culturas por outras de nrSto mator valor, levando-se etn considera

ção o que se consegue nos trechos re

gados da Espanha, o valor da produção Há a acrescen

tar as áreas rega das nas outras ba

cias

hidrográfi

cas ~ Curu, Mun-

apenas abaixo do

daú, Coreaú, Apo

terreno natural — solução que já

di etc., _ Qs

praticada, na illia

chos irrigados pe las fontes, pelos

nais dc rega íá dominam a área de 5

Sacramento, onde

riachos perenes e

mil hectares, e serão i>rolongados quan

existe uma pequena instalação experi mental do Ministério da Agricultura, além de algumas instalações menores, de

subsolo, além das

iniciativa particular". O Departamento vai começar com uma instalação central diesel-elétrica, de

tirá ürá a^nd a industrianzaçâo f produzida da zona. permi

tarej.

A ir.igação começou.

Os ca

do conveniente. Em alguns trechos des

Nas outras bacias, construir-se-íam açudes médios e pequenos, como obras de emergência apenas, até que se ulti

Os quatro grandes sistemas irrigarão, no immmo. 200 mil hectares de Irras

poderá ser tripli

10, cinco metros

Grande do Norte".

para a construção do Orós, sobre o rio

principal, açude que represará 4 billiôes de metros cúbicos dágua.

cado.

Além disso, estão quase prontos todos

™ Alto Piranhas, na Paraíba. IV - Sistema do Baixo Açu, no Rio

As obras do Sistema do Jaguaritíe es tão muito atrasadas. Agora, o Plano Salte incluiu 300 milhões de cruzeiros

nos inundá veis, aproveitando

dado e classificado os solos a irrigar.

Ceará.

Departamento Nacional de Obras Con tra as Sècas.

cânica, em terre

cas, que passariam a constituir os se guintes sistemas gerais de obras:

os seus grandes açudes. Há, a irrigar, as várzeas de Souza, às margens do Piranhas e do rio do PeLxe, afluente do primeiro, de 20 mil hec-

baí\o

sazonal, para irrigação, da descarga

jjs ágo^s do lençt)l freálico abimdan-

níficos trabalhos experimentais e estu

ao

vale e servir de obra de regularização

gu.sto Trindade, que tem realizado mag

n-Sistema do Jaguaribe, no I•

relhas (180 milhões) e Serra Negra

tíváveis em quatro bacias hidrográfiI - Sistema do Acaraú, no Ceará.

81

sa e de outras várzeas do Alto Piranhas, utÍli2mrão a abundante água freática

graças à energia hidrelétrica que será

vem

sendo

ali

fornecida pelo conj'unto Curema-Mãe d'Agua, pertencente ao sistema e acumulando 1.358 milhões de metros

500 quilovátios, o suficiente para irrigar

cúbicos dágua. O Mãe d*Agua e o Curema fornece rão a maior parte da água necessária è

10 a 15 hectares.

1.500 hectares, podendo ser aumenta da, quando preciso. Os lotes serão do Os trabalhos da la

voura, controlados pelos agrônomos do

iniriam Ac

ATnera-

irrigações que se

Francisco.

Há ainda outros fatôres ponderáveis. Zonas úmidas e sub-úmidas

Mas no Nordeste Oriental (Ceará, Rio Grande do Norte, Paraíba, Pernambu co e Alagoas), que temos estudado, não


Dir.ESTO Et:oNÓMico.

82

há apenas zonas semi-áridas. De um

Infelizmente, tem faltado a essas duas

úmido no restante, com rios perenes,

zonas um piano agronômico beiii estru turado. As vistas dos téenicos voltaramse, até agora, quase exclusivamente para

cachoeiras a aproveitar. Estão ai as maio

a zona semi-árida.

modo geral, todo o trecho a leste da Borborema é úmido em parte e sub-

res plantações brasileiras de cana-deaçúcar e sísal, grandes lavouras de café, milho, arroz, algodão etc., grandes la ranjais, pecuária muito desenvolvida, com bons plantéis de holandeses e ze-

buínos. Existem municípios rurais com

Nos trechos não irrigados da região

semi-árida, já se fazem culturas de plan pouquíssima chuva. Examinemos per-

densidades maiores e com melhor pa

functòriamcntc algumas delas.

pc, Apodi, São Pedro, Uruburetama,

Secretário da Agricultura do Ceará, con

seguiu, em sua fazenda, em plena re gião semi-árida, e cm ano excepcional

trecho litorâneo do Ceará — uns 700

quilômetros de comprimento por uns 20 de largura, às vêzes mais, zona de ribeirões perenes, chuvas abundantes e mais ou menos regularmente distribuí das, lagoas numerosas, e farta e boa

água do subsolo. É uma faixa de muito futuro, que o govêrno do Ceará ainda não soube aproveitar.

Em trechos mínimos, indicando ape nas as possibilidades da zona, há bons

plantéis de holandês semi-estabulado, pomares de fruteiras dos climas tropi cais, algumas plantações de sisal, cana viais minúsculos e pouco mais.

Perlongando esta, há outra zona me nos chuvosa mas ainda de grandes pos sibilidades econômicas, sem se rcconer à irrigação,

José Augusto Trindade observaram que um hectare de carnaubal, ao preço de

Cr$ 20,00 o quilo de cora (o quilo de cera vale atualmente de Cr$ 35,00 a Cr-S 40,00), dá um lucro líquido anual

dl- Crs' 2.250,00.

O engenheiro Pompcu Sobrinho, atual

fèzais, canaviais, pomares, florestas etc., ao lado de riachos perenes e quedas dágua não aproveitadas.

sibilidades.

Os agrônomos do Instituto Agronômico

secas, não produz sati.sfatòriamentc.

Citemos ainda o licurizeiro, outra pal-

mente séco, 40 arrôbas de algodão por lieetare, mais ou menos a média no

O algodociro mocó é perene. 1'lantações com dez anos de vicia ainda pro duzem muito bom.

O sisal está invadindo rápidamente os

planaltos semi-áridos da Borborema, na

m

Paraíba. Produz, com muito pouca chu

va, muito bem, e fibra do primeira Terras outrora muito desvalo

rizadas, recebendo 450 a 700 milímetros de chuva, estão fornecendo safras mag níficas, muito lucrativas. Pode-se cal cular, sem otimismo, que um hectare de sisal, nos planaltos semi-áridos, pe los preços atuais, dá cerca de Cr$ 3.000,00 de lucros anuais.

Daí o ex

traordinário impulso que as plantações estão tomando. Em 1939.. iniciava-se a

cultura do sisal na Paraíba. Em 1945,

Há várias outras plantas .xerófitas de

valor econômico, não aproveitadas ou aproveitadas em escala mínima.

Quando diretor do Serviço Florestal

do Ministério da Agricultura, consegui trazer da orla meridional do Saara'^ a

Acacia Senegal, produtora de goma ará

bica, introduzindo-a no nossso país. Po de produzir bem . nas nossas zonas mais sêcas, pois vem de clima muito mais sêco que o das nossas zonas mais esturncadas.

i I

Estado de São Paulo.

ordem.

No Nordeste Oriental é nulo,

50.000 dentro de um lustro.

secos.

Levado para zonas menos

nal des.sa palmeira ainda é muito pe queno.

embora ela encerre (extraordinárias pos

que dá maiores lucros nos anos mais

fibra do Brasil e uma das melhores do mundo. O seu "habitai" é quente c semi-árido.

A safr i déste

mcira xerófita, grande produtora de

coquilhos oleaginosos e dc cera. A pro dução de coquillios oleaginosos (óleo comestível) ultrapassa uma tonelada por hectare-ano. O aproxeitamento racio

ano deve ultrapassar as 30.000 tonela das. Calcula-se que se aproximará das A carnaubeira c palmeira xerófita,

O algodoeíro mocó produz a melhor

Matas, Pereiro etc. Há também aí ca-

Acrescente-se, entre outras zonas, o

a 25.867. valendo 108 milhões de cru-

zciro.s, ein 1948. Deste total, saíram das dos outros Estados 843.

quadrado, tendo possibilidades para

rá e Rio Grande do Norte — Ibiapaba, Araripe, Meruoca, Balurité, Marangua-

a produção brasileira ele\ava-se a 2.569 tonelatla.s; atingia a 9.625 cm 1947, e

Culturas xerófitas

tas xerófitas, isto é. de plantas que crescem bem e produzem bem com

temperado as serras e planaltos do Cea

83

terras paraibanas 25.024 toneladas, e

100 e 150 habitantes por quilômetro

drão de vida. São úmidos ou sub-úmidos e de clima

OiGESTo Econômico

> . .

«V..


Dir.ESTO Et:oNÓMico.

82

há apenas zonas semi-áridas. De um

Infelizmente, tem faltado a essas duas

úmido no restante, com rios perenes,

zonas um piano agronômico beiii estru turado. As vistas dos téenicos voltaramse, até agora, quase exclusivamente para

cachoeiras a aproveitar. Estão ai as maio

a zona semi-árida.

modo geral, todo o trecho a leste da Borborema é úmido em parte e sub-

res plantações brasileiras de cana-deaçúcar e sísal, grandes lavouras de café, milho, arroz, algodão etc., grandes la ranjais, pecuária muito desenvolvida, com bons plantéis de holandeses e ze-

buínos. Existem municípios rurais com

Nos trechos não irrigados da região

semi-árida, já se fazem culturas de plan pouquíssima chuva. Examinemos per-

densidades maiores e com melhor pa

functòriamcntc algumas delas.

pc, Apodi, São Pedro, Uruburetama,

Secretário da Agricultura do Ceará, con

seguiu, em sua fazenda, em plena re gião semi-árida, e cm ano excepcional

trecho litorâneo do Ceará — uns 700

quilômetros de comprimento por uns 20 de largura, às vêzes mais, zona de ribeirões perenes, chuvas abundantes e mais ou menos regularmente distribuí das, lagoas numerosas, e farta e boa

água do subsolo. É uma faixa de muito futuro, que o govêrno do Ceará ainda não soube aproveitar.

Em trechos mínimos, indicando ape nas as possibilidades da zona, há bons

plantéis de holandês semi-estabulado, pomares de fruteiras dos climas tropi cais, algumas plantações de sisal, cana viais minúsculos e pouco mais.

Perlongando esta, há outra zona me nos chuvosa mas ainda de grandes pos sibilidades econômicas, sem se rcconer à irrigação,

José Augusto Trindade observaram que um hectare de carnaubal, ao preço de

Cr$ 20,00 o quilo de cora (o quilo de cera vale atualmente de Cr$ 35,00 a Cr-S 40,00), dá um lucro líquido anual

dl- Crs' 2.250,00.

O engenheiro Pompcu Sobrinho, atual

fèzais, canaviais, pomares, florestas etc., ao lado de riachos perenes e quedas dágua não aproveitadas.

sibilidades.

Os agrônomos do Instituto Agronômico

secas, não produz sati.sfatòriamentc.

Citemos ainda o licurizeiro, outra pal-

mente séco, 40 arrôbas de algodão por lieetare, mais ou menos a média no

O algodociro mocó é perene. 1'lantações com dez anos de vicia ainda pro duzem muito bom.

O sisal está invadindo rápidamente os

planaltos semi-áridos da Borborema, na

m

Paraíba. Produz, com muito pouca chu

va, muito bem, e fibra do primeira Terras outrora muito desvalo

rizadas, recebendo 450 a 700 milímetros de chuva, estão fornecendo safras mag níficas, muito lucrativas. Pode-se cal cular, sem otimismo, que um hectare de sisal, nos planaltos semi-áridos, pe los preços atuais, dá cerca de Cr$ 3.000,00 de lucros anuais.

Daí o ex

traordinário impulso que as plantações estão tomando. Em 1939.. iniciava-se a

cultura do sisal na Paraíba. Em 1945,

Há várias outras plantas .xerófitas de

valor econômico, não aproveitadas ou aproveitadas em escala mínima.

Quando diretor do Serviço Florestal

do Ministério da Agricultura, consegui trazer da orla meridional do Saara'^ a

Acacia Senegal, produtora de goma ará

bica, introduzindo-a no nossso país. Po de produzir bem . nas nossas zonas mais sêcas, pois vem de clima muito mais sêco que o das nossas zonas mais esturncadas.

i I

Estado de São Paulo.

ordem.

No Nordeste Oriental é nulo,

50.000 dentro de um lustro.

secos.

Levado para zonas menos

nal des.sa palmeira ainda é muito pe queno.

embora ela encerre (extraordinárias pos

que dá maiores lucros nos anos mais

fibra do Brasil e uma das melhores do mundo. O seu "habitai" é quente c semi-árido.

A safr i déste

mcira xerófita, grande produtora de

coquilhos oleaginosos e dc cera. A pro dução de coquillios oleaginosos (óleo comestível) ultrapassa uma tonelada por hectare-ano. O aproxeitamento racio

ano deve ultrapassar as 30.000 tonela das. Calcula-se que se aproximará das A carnaubeira c palmeira xerófita,

O algodoeíro mocó produz a melhor

Matas, Pereiro etc. Há também aí ca-

Acrescente-se, entre outras zonas, o

a 25.867. valendo 108 milhões de cru-

zciro.s, ein 1948. Deste total, saíram das dos outros Estados 843.

quadrado, tendo possibilidades para

rá e Rio Grande do Norte — Ibiapaba, Araripe, Meruoca, Balurité, Marangua-

a produção brasileira ele\ava-se a 2.569 tonelatla.s; atingia a 9.625 cm 1947, e

Culturas xerófitas

tas xerófitas, isto é. de plantas que crescem bem e produzem bem com

temperado as serras e planaltos do Cea

83

terras paraibanas 25.024 toneladas, e

100 e 150 habitantes por quilômetro

drão de vida. São úmidos ou sub-úmidos e de clima

OiGESTo Econômico

> . .

«V..


ÜIGESTÜ

ECONÓ&noO

■ ..T •■ ■ C

•y r •

Caminhemos com calma através os

A política do manganês

estudos dos doutos e dos que se detive ram cuidadosamente sôbre a matéria,

em face das in\'estigaçôes até agora

OtTO PUAZEnES

feitas.

pASSADos qyatro séculos e raeío da

corou bem perto

data em que foi escrita, a carta de Pero Vaz Caminha ainda exerce uma

teria descrito todo o lençol do pre

minas da Baliia,

cioso líquido, avaliado a extensão e a profundidade, tudo servido pela sonda brasheira. Veto, como se soube depois, da sua imaginação ou pCiO seu cálculo. nem sequer foi à terra para desta ter Pendo para o cálculo, porque Pero yma ligeira impressão e descrever na sua Vaz Caminha, pintando o quadro com

influída de valia na mentalidade geral célebre missiva, que, num quadro que

se encontra na Câmara dos Deputados

Federais, está classificada como "pri meiro capítulo da história pátria",.. Pero soube, pelos que se aproximaram

m selvagens, armados de arco e flecha e

a terra, em bote, que ali foram vistos

em atitude pouco tranquilizadora; mes mo depois que o segundo bote desem

barcou alguns homens e êstes apuraram

a atitude não agressiva dos "índios", mnda assim Pero não se convenceu e

ficou cautelosamente na nave cm que

côres tão vivas e tão alegres, outro in tuito não teve senão o de causar essa

mesma alegria ao Hei, motivar uma eu foria real, que o levasse ã bondade e perdoasse ao genro do autor da carta»^ o qual eslava na África, degredado, por motivo de uma habilidade punida pelo

código penal com cadeia. Não sei, ao certo, sc o desígnio da missiva teve o resultado que a motivara

ou, pelo menos, causara o tom do es crito. O fato, porém, 6 que até hoje

está influindo na mentalidade geral bra\riajava, sanentando que a sua missão era .sileíra, inspirando um otimismo doentio, outra e que, "se fôsse comido pelos ca que lança um denso nevoeiro sôbre a nibais" - quem escreveria a narração verdadeira fisionomia das cousas. dos fatos para o Rei? É o que se dá com o manganês bra Realmente, não seria fácil encontrar sileiro no momento que decorre. a bordo outro indivíduo com a sua

competência e talento para fazer uma descnçao do que não vira com tantas impressões, que parecem bem sentidas e bem meditadas.

Cantou, então, um hino à terra. Co

locou nas linhas escritas tudo aquilo que era sonhado e que encorajara a expedi

Leio em jornais do Rio de Janeiro

notas e comentários sôbre a riqueza es

tupenda que possuímos em manganês, o mineral metálico imprescindível para fabricação do aço, c a afirmativa de que devemos tudo fazer para que a no.sa

exportação dêsse minério, às portas do

pôrto do Rio de Janeiro, possa ser efeção, agrupando ambiciosos de tôdas as 'tuada "cada ano, em quantidade que espécies. Disse que a terra era magní não deve ser inferior a meio bilhão de fica, um verdadeiro paraíso, onde tudo" ^'toneladas". E assim é afirmado erri bretava, belo 6'útil, sem necessidade do

seções econômicas e comerciais da im

trabalho do homem. Se, na época, co nhecido fôsse o petróleo, êle, que an

prensa da Capital da Repi';biica!... Onde ou qual a verdade?

O motivo presente dos comentários

85

275.552 toneladas

1944 1945 1940

146.983 244.469 149.149

" " "

4947 1948

142.092 " 141.253 ^ "

acima referidos foram trabalhos de e.s-

da situação pouco amistosa entre os

Como se vê, o úlümo ano abrangido pela estatística acima acusa uma e.xpor-

Estados Unidos e a Rússia. Esta vendia

tação menor do que em 1939.

àqueles grande parte do minério e fe chou a exportação, não só para eWtar

torme os conseJios referidos?

pecialistas norte-americanos, esn face

a fabricação de aço ao inimigo, como

para satisfazer às .necessidades mais crescentes do grande surto industrial russo em aparelhagens que são comu-

mentc chamados de^ produtos

Devemos animar a e.xportaçâo cono Govêmo de Minas Gerais, entran-

do em caminho certo e seguro para er

guer a situação económico-tinanceira do

Estado, traçou um plano, cuja realiza

ção começou e a que deu a

denominação de "recuperação

da "indústria pesada". Aconselham os citados espe-

econômica",

Esse plano não poderia dei-

cialistus queintensidade, procurados os sejarn. mi-

com maior —

nérios brasileiros, e dai a alede nacionais nossos, a ^"har com exportação "mínima, anual, !iT nuinlientas mil toneladas..." pelo

pôrto do Rio de Janeiro. Em 1939, isto é, no ano em que co

meçou o último e grande conflito mun dial a nossa exportação de manganês

atingiu 189.003 toneladas.

^i>r de atender à riqueza do Estado em minerais, sua prin cipal riqueza, e apurou que

asorreservas restantes do miníio de X nao vao além de oito milhões de toneladas, total que o especialista Glyccn de Paiva, um dos maiores estudiosa e

Sra ae ? exagerado, seis mirnões d" mudadas"

Em 1940 e 1941 o movimento foi o seguinte:

1940

222.713 toneladas

1941

437.402

si-

"

Foi, talvez, essa cifra de 1941, unida 00 sentimento da mentalidade criada

por Pero Vaz Caminha, que inspirou

os conselhos publicados de que devemos tudo fazer para ex-^rtar meio bilhão de toneladas por ano. Mas a exporta ção baixou, em 1942, para 306.241, e

quinhentas mtl toneladas por ano, tere mos o esgotamento das minas de man ganês em 1986. Se o sr. Glyccn l aiva tiver razão, êsse esgotamento se dará em 1962.

^°"^^cendo essas cifras, & fissão

continuou descendo, de acôrdo com os

Abbinck ficou espantada com a nossa política econômica de verdadeiros loucos,

seguintes algarismos:

porquanto fizemos hercúleos esforços


ÜIGESTÜ

ECONÓ&noO

■ ..T •■ ■ C

•y r •

Caminhemos com calma através os

A política do manganês

estudos dos doutos e dos que se detive ram cuidadosamente sôbre a matéria,

em face das in\'estigaçôes até agora

OtTO PUAZEnES

feitas.

pASSADos qyatro séculos e raeío da

corou bem perto

data em que foi escrita, a carta de Pero Vaz Caminha ainda exerce uma

teria descrito todo o lençol do pre

minas da Baliia,

cioso líquido, avaliado a extensão e a profundidade, tudo servido pela sonda brasheira. Veto, como se soube depois, da sua imaginação ou pCiO seu cálculo. nem sequer foi à terra para desta ter Pendo para o cálculo, porque Pero yma ligeira impressão e descrever na sua Vaz Caminha, pintando o quadro com

influída de valia na mentalidade geral célebre missiva, que, num quadro que

se encontra na Câmara dos Deputados

Federais, está classificada como "pri meiro capítulo da história pátria",.. Pero soube, pelos que se aproximaram

m selvagens, armados de arco e flecha e

a terra, em bote, que ali foram vistos

em atitude pouco tranquilizadora; mes mo depois que o segundo bote desem

barcou alguns homens e êstes apuraram

a atitude não agressiva dos "índios", mnda assim Pero não se convenceu e

ficou cautelosamente na nave cm que

côres tão vivas e tão alegres, outro in tuito não teve senão o de causar essa

mesma alegria ao Hei, motivar uma eu foria real, que o levasse ã bondade e perdoasse ao genro do autor da carta»^ o qual eslava na África, degredado, por motivo de uma habilidade punida pelo

código penal com cadeia. Não sei, ao certo, sc o desígnio da missiva teve o resultado que a motivara

ou, pelo menos, causara o tom do es crito. O fato, porém, 6 que até hoje

está influindo na mentalidade geral bra\riajava, sanentando que a sua missão era .sileíra, inspirando um otimismo doentio, outra e que, "se fôsse comido pelos ca que lança um denso nevoeiro sôbre a nibais" - quem escreveria a narração verdadeira fisionomia das cousas. dos fatos para o Rei? É o que se dá com o manganês bra Realmente, não seria fácil encontrar sileiro no momento que decorre. a bordo outro indivíduo com a sua

competência e talento para fazer uma descnçao do que não vira com tantas impressões, que parecem bem sentidas e bem meditadas.

Cantou, então, um hino à terra. Co

locou nas linhas escritas tudo aquilo que era sonhado e que encorajara a expedi

Leio em jornais do Rio de Janeiro

notas e comentários sôbre a riqueza es

tupenda que possuímos em manganês, o mineral metálico imprescindível para fabricação do aço, c a afirmativa de que devemos tudo fazer para que a no.sa

exportação dêsse minério, às portas do

pôrto do Rio de Janeiro, possa ser efeção, agrupando ambiciosos de tôdas as 'tuada "cada ano, em quantidade que espécies. Disse que a terra era magní não deve ser inferior a meio bilhão de fica, um verdadeiro paraíso, onde tudo" ^'toneladas". E assim é afirmado erri bretava, belo 6'útil, sem necessidade do

seções econômicas e comerciais da im

trabalho do homem. Se, na época, co nhecido fôsse o petróleo, êle, que an

prensa da Capital da Repi';biica!... Onde ou qual a verdade?

O motivo presente dos comentários

85

275.552 toneladas

1944 1945 1940

146.983 244.469 149.149

" " "

4947 1948

142.092 " 141.253 ^ "

acima referidos foram trabalhos de e.s-

da situação pouco amistosa entre os

Como se vê, o úlümo ano abrangido pela estatística acima acusa uma e.xpor-

Estados Unidos e a Rússia. Esta vendia

tação menor do que em 1939.

àqueles grande parte do minério e fe chou a exportação, não só para eWtar

torme os conseJios referidos?

pecialistas norte-americanos, esn face

a fabricação de aço ao inimigo, como

para satisfazer às .necessidades mais crescentes do grande surto industrial russo em aparelhagens que são comu-

mentc chamados de^ produtos

Devemos animar a e.xportaçâo cono Govêmo de Minas Gerais, entran-

do em caminho certo e seguro para er

guer a situação económico-tinanceira do

Estado, traçou um plano, cuja realiza

ção começou e a que deu a

denominação de "recuperação

da "indústria pesada". Aconselham os citados espe-

econômica",

Esse plano não poderia dei-

cialistus queintensidade, procurados os sejarn. mi-

com maior —

nérios brasileiros, e dai a alede nacionais nossos, a ^"har com exportação "mínima, anual, !iT nuinlientas mil toneladas..." pelo

pôrto do Rio de Janeiro. Em 1939, isto é, no ano em que co

meçou o último e grande conflito mun dial a nossa exportação de manganês

atingiu 189.003 toneladas.

^i>r de atender à riqueza do Estado em minerais, sua prin cipal riqueza, e apurou que

asorreservas restantes do miníio de X nao vao além de oito milhões de toneladas, total que o especialista Glyccn de Paiva, um dos maiores estudiosa e

Sra ae ? exagerado, seis mirnões d" mudadas"

Em 1940 e 1941 o movimento foi o seguinte:

1940

222.713 toneladas

1941

437.402

si-

"

Foi, talvez, essa cifra de 1941, unida 00 sentimento da mentalidade criada

por Pero Vaz Caminha, que inspirou

os conselhos publicados de que devemos tudo fazer para ex-^rtar meio bilhão de toneladas por ano. Mas a exporta ção baixou, em 1942, para 306.241, e

quinhentas mtl toneladas por ano, tere mos o esgotamento das minas de man ganês em 1986. Se o sr. Glyccn l aiva tiver razão, êsse esgotamento se dará em 1962.

^°"^^cendo essas cifras, & fissão

continuou descendo, de acôrdo com os

Abbinck ficou espantada com a nossa política econômica de verdadeiros loucos,

seguintes algarismos:

porquanto fizemos hercúleos esforços


DiGKsro

It.í-:(>N*t»Mu;o

Dkesto EcoNóxnco

para moDtar uma grande usina siderúr

gica e queremos exportar todo o miné rio que existe nas proximidades da usi na, que se verá entre as pontas de um

dilema: ou terá que apagar os seus fomos, tomando-se mais um formidá

vel maiôgro da grande indústria brasi

leira, ou importar manganês de minas longínquas, o que, certamente, influirá decisivamente no custo da fabricação, e assim teremos que desistir da nossa ve

leidade de colocação de nossos produtos

cional que nntiiralizou Dcns, uu que foi além, porque o clá como nalo —

^ Govêrno da República, que baixou

quando afirma: "Deus e brasiiciro".. •

um decreto dcclar.mdo as minas rr,srnvi

mineralogísta'' st? inostravam

receosos

Ihoj; da Missão .Abbinek, um caboclo do

Amapá, ccan o sugesliví) nome cio Níúrio Cruz, encoiitr<}u unia "pedra esquisita

teor. Averiguaçõf^ posteriores apuraram

como decisiva na fabricação de aço) j exportamos quase onze milhões de

toneladas dêsse minério, quantidade que daria para exaurir todos os depó sitos baianos conhecidos, de alto teor, nas terras de Jacobina e Santo Antô

nio, e a melhor parte da existência de Minas Gerais.

Devemos, à vista dessa situação, tão

claramente desenhada, proibir a expor

tação para os Estados Unidos, e isto num momento em que, em virtude dos

a^ntecimentos da Coréia, anunciamos oficialmente que teremos de prestar todo

volume esgotável em pouco tempo, de vendo scT impc-dida a exportação, mcllior seria negociar desde logo com o

serem dais os grandes depósitos já visi

estrangeiro o manganês do Amapá. Hiivoria nisso grande vantagem para o

tados c uin cálculo preliiniiiar declara a existência dc uma cjiiantidadc míni

pais iinporiador. pois (pie o caminho do mineral para chegada a portos norteamericanos, partindo do Amapá, é me

ma de quarenta niilbões dc toneladas, isto é, cinco vêzcs a quantidade restan te em Minas Gerais, segundo algumas

nor cm clvias mil milhas tnarílimas. mais

avaliações, ou qiiaso sete vezes nos al garismos encontrados pelo sr. Glycim de Paiva, sempre cauteloso. Dirão os que conlieccm o assunl"

mi menos, do que partidas do pôrlo do Rio de Janeiro. Autorizou, então, o Govêrno Federal, ^"Pois de ouvido o Conselho dc Minas

que, há muito tempo, são conhecidas

e Metalurgia, o contrato para explora

ção das minas do Tcnilório. Os inte ressados fizeram custosos estudos próprios, para melhor fir mar os compromissos

depósitos de manganês cm Mato GrossoÉ verdade, porém êsses depósitos na®

apresentam as vantagens permanent^'^ dos depósitos do Amapá e nem aten dem ao momento presente, rclativanieO' te aos compromissos que assumimos

papel de líder, e líder ativo, nas N®'

Unidos, segundo os compromissos assu

ções Unidas, como vamos ver. tencia 'de ótimo manganês cm

tcrri'

mercado nacional dc dinheiro.

Essa dificuldade não existe. ])orcm,

nos Estudos Unidos, c o órgão próprio

para intervir na matéria dc tanta monta seria o Banco Internacional de Recons trução c Fomento. Êsse eslabelcdmenlo,

porém, quase que sòmente transaciona com as nações c, dêsse modo, exigiu o a\-al ou garantia do Govèmo dc Brasil c este já pediu a devida autorização ao Congresso Nacional, em mensagem que . constou do expediente de uma das sess<5cs da Câmara dos Deputados. Realizado o empréstimo, apoiado ofi

cialmente pelo Govêrno Brasileiro, onde a garantia de compra e uso do manganês do Amapá, isto é, de ne

gócios suficientes para poder haver tranqüili

foi

concluído

dade na obtenção de dinheiro para os com

aproveitamento das mi nas existentes nas mar

promissos assumidos no

gens do rio Amapari,

Essa garantia de con sumo do manganês do Amapá, resultante da exportação em preparo,

tório amapacnse era um fato cientif'' camente verificado, e que as minas, p"^®

melhor estudadas.

teor e volume do minério, poderiam

nério c superior a 50%, o que o classifica como

lado nunca nos faltou a Bondade Di

com grande vantagem, comercialmenl® exploradas, o Govêrno do Território d®^

vina, o que bem justifica o ditado na

parte ou fêz a comunicação oficial

O teor médio do mi

à

Para que tudo islo ficasse à altura do emprecndiniento, calculada foi uma despesa, de início, dc vinte milhões de dólares, quantia difícil dc ser obtida no

acordo

ploração começar polo

Logo que provado ficou que a cNÍ=''

c vinte quilômetros.

de^ ambos lados, e um em princípios de junho findo, devendo a ex

os Estados Unidos, em virtude do se®

auxilio economico possível aos Estados midos nas Nações Unidas c na ausência de compromisso de remessa de forças? Antes de dar resposta a essa inter rogação, devemos salientar que, se Pero Vaz Caminha foi um grande... exage rado na sua célebre missiva, por outro

Mas, desde Ingo, salientado foi (pi;', a vista dos cálculos sobre as jazidas mais próximas da grande usina sidenugica, cálculos <pie dão a essas ja/.idus um

que foram escritos ou ouvidos os consc-

Segundo o especialista já citado, Glycon de Paiva, no presente século (a ca, muito embora a importância desse metal haja sido assinalada desde 1860

da sujeito a modificações, cm duzentos

rávcis, e cpiase no mesmo instante ein

que se verificou ser manganês de ali"

Ias, mas que bastem para o lucro co mercial. exige um pôrto com capacida de para embarcações de regular tonelagem c uma estrada dc ferro que traga o mineral da mina ao pôrto. O traça do, já estudado, calcula o percurso, ain

quanto ao próximo esgotamento cias mi nas cie manganês comerc-ialnienle explu-

em mercados estrangeiros.

início depois de proclamada a Repúbli

mcionol.

Quase na mesma ot asião em cjue os

87:

excelente. A exporta ção, para que atinja mesmo a cifras modes-

empréstimo?

foi dada pela Betlileem Steel Company, uma das maiores organizainr»

â


DiGKsro

It.í-:(>N*t»Mu;o

Dkesto EcoNóxnco

para moDtar uma grande usina siderúr

gica e queremos exportar todo o miné rio que existe nas proximidades da usi na, que se verá entre as pontas de um

dilema: ou terá que apagar os seus fomos, tomando-se mais um formidá

vel maiôgro da grande indústria brasi

leira, ou importar manganês de minas longínquas, o que, certamente, influirá decisivamente no custo da fabricação, e assim teremos que desistir da nossa ve

leidade de colocação de nossos produtos

cional que nntiiralizou Dcns, uu que foi além, porque o clá como nalo —

^ Govêrno da República, que baixou

quando afirma: "Deus e brasiiciro".. •

um decreto dcclar.mdo as minas rr,srnvi

mineralogísta'' st? inostravam

receosos

Ihoj; da Missão .Abbinek, um caboclo do

Amapá, ccan o sugesliví) nome cio Níúrio Cruz, encoiitr<}u unia "pedra esquisita

teor. Averiguaçõf^ posteriores apuraram

como decisiva na fabricação de aço) j exportamos quase onze milhões de

toneladas dêsse minério, quantidade que daria para exaurir todos os depó sitos baianos conhecidos, de alto teor, nas terras de Jacobina e Santo Antô

nio, e a melhor parte da existência de Minas Gerais.

Devemos, à vista dessa situação, tão

claramente desenhada, proibir a expor

tação para os Estados Unidos, e isto num momento em que, em virtude dos

a^ntecimentos da Coréia, anunciamos oficialmente que teremos de prestar todo

volume esgotável em pouco tempo, de vendo scT impc-dida a exportação, mcllior seria negociar desde logo com o

serem dais os grandes depósitos já visi

estrangeiro o manganês do Amapá. Hiivoria nisso grande vantagem para o

tados c uin cálculo preliiniiiar declara a existência dc uma cjiiantidadc míni

pais iinporiador. pois (pie o caminho do mineral para chegada a portos norteamericanos, partindo do Amapá, é me

ma de quarenta niilbões dc toneladas, isto é, cinco vêzcs a quantidade restan te em Minas Gerais, segundo algumas

nor cm clvias mil milhas tnarílimas. mais

avaliações, ou qiiaso sete vezes nos al garismos encontrados pelo sr. Glycim de Paiva, sempre cauteloso. Dirão os que conlieccm o assunl"

mi menos, do que partidas do pôrlo do Rio de Janeiro. Autorizou, então, o Govêrno Federal, ^"Pois de ouvido o Conselho dc Minas

que, há muito tempo, são conhecidas

e Metalurgia, o contrato para explora

ção das minas do Tcnilório. Os inte ressados fizeram custosos estudos próprios, para melhor fir mar os compromissos

depósitos de manganês cm Mato GrossoÉ verdade, porém êsses depósitos na®

apresentam as vantagens permanent^'^ dos depósitos do Amapá e nem aten dem ao momento presente, rclativanieO' te aos compromissos que assumimos

papel de líder, e líder ativo, nas N®'

Unidos, segundo os compromissos assu

ções Unidas, como vamos ver. tencia 'de ótimo manganês cm

tcrri'

mercado nacional dc dinheiro.

Essa dificuldade não existe. ])orcm,

nos Estudos Unidos, c o órgão próprio

para intervir na matéria dc tanta monta seria o Banco Internacional de Recons trução c Fomento. Êsse eslabelcdmenlo,

porém, quase que sòmente transaciona com as nações c, dêsse modo, exigiu o a\-al ou garantia do Govèmo dc Brasil c este já pediu a devida autorização ao Congresso Nacional, em mensagem que . constou do expediente de uma das sess<5cs da Câmara dos Deputados. Realizado o empréstimo, apoiado ofi

cialmente pelo Govêrno Brasileiro, onde a garantia de compra e uso do manganês do Amapá, isto é, de ne

gócios suficientes para poder haver tranqüili

foi

concluído

dade na obtenção de dinheiro para os com

aproveitamento das mi nas existentes nas mar

promissos assumidos no

gens do rio Amapari,

Essa garantia de con sumo do manganês do Amapá, resultante da exportação em preparo,

tório amapacnse era um fato cientif'' camente verificado, e que as minas, p"^®

melhor estudadas.

teor e volume do minério, poderiam

nério c superior a 50%, o que o classifica como

lado nunca nos faltou a Bondade Di

com grande vantagem, comercialmenl® exploradas, o Govêrno do Território d®^

vina, o que bem justifica o ditado na

parte ou fêz a comunicação oficial

O teor médio do mi

à

Para que tudo islo ficasse à altura do emprecndiniento, calculada foi uma despesa, de início, dc vinte milhões de dólares, quantia difícil dc ser obtida no

acordo

ploração começar polo

Logo que provado ficou que a cNÍ=''

c vinte quilômetros.

de^ ambos lados, e um em princípios de junho findo, devendo a ex

os Estados Unidos, em virtude do se®

auxilio economico possível aos Estados midos nas Nações Unidas c na ausência de compromisso de remessa de forças? Antes de dar resposta a essa inter rogação, devemos salientar que, se Pero Vaz Caminha foi um grande... exage rado na sua célebre missiva, por outro

Mas, desde Ingo, salientado foi (pi;', a vista dos cálculos sobre as jazidas mais próximas da grande usina sidenugica, cálculos <pie dão a essas ja/.idus um

que foram escritos ou ouvidos os consc-

Segundo o especialista já citado, Glycon de Paiva, no presente século (a ca, muito embora a importância desse metal haja sido assinalada desde 1860

da sujeito a modificações, cm duzentos

rávcis, e cpiase no mesmo instante ein

que se verificou ser manganês de ali"

Ias, mas que bastem para o lucro co mercial. exige um pôrto com capacida de para embarcações de regular tonelagem c uma estrada dc ferro que traga o mineral da mina ao pôrto. O traça do, já estudado, calcula o percurso, ain

quanto ao próximo esgotamento cias mi nas cie manganês comerc-ialnienle explu-

em mercados estrangeiros.

início depois de proclamada a Repúbli

mcionol.

Quase na mesma ot asião em cjue os

87:

excelente. A exporta ção, para que atinja mesmo a cifras modes-

empréstimo?

foi dada pela Betlileem Steel Company, uma das maiores organizainr»

â


■riKjy

Dicesto Eoonòmioo

88

prometea-se ela a comprar maDgaoèa pelo menos em quantidade que baste para assegurar todos os serviços, amor

ésgotadas as Jazidas brasileiras?

tizações e juros do empréstimo. Com prará aos preços do mercado. Parte da produção, se assim o entender a em-

de trinta e cinco mil toneladas por anO»

prêsa nacional, poderá procurar outros mercados estrangeiros ou outros compra dores norte-americanos.

manganês no sul do País não \'ai aléni

Perguntarão ainda; a usina de Volta Redonda ficará neste modesto consiuriO ou pedirá mais, muito mais, de acôrdo

É evidente que os acontecimentos

com a sua capacidade de produção e n®

justa ânsia do conquistar mercados? A pergunta procede, mas a resposta

amigável — se êste adietivo pode ser

não ó difícil.

empregado hoje em relação à política Internacional, que traça um sulco pro fundo entre dois grupos de nacionalida

Se a usina siden'irgica nacional tiver necessidade, no seu desenvolvimento, o«»i

des — não trará a calma aos espíritos e estará em uso permanente o ditado, tão

ouvido e lido no nosso país, de que o pre^ da liberdade é a constante vigi lância. O aço é um dos elementos probantes dessa vigilância...

melhor, para aumento da produção que é capaz, de maior quantidade manganês, estudará as vantagens de iíW' portar, por mar, manganês da Bahia oo trazer por terra o manganês de Mato Grosso.

As jazidas da Bahia são, no presente

Não será demais encarecer que a ex portação do manganês do Amapá — que

momento, segundo os cálculos dos com* petentes, superiores ao que resta cfO

se projeta tomar apto a uma exportação

Minas Gerais. Glycon de Paiva atribui* lhes um volume quase duplo em relação

anual de meio bilhão de toneladas —

deixará vantagens não pequenas aos wfrw federais, imediatas, sob a forma

ao volume restante mineiro.

o manganês da Bahia, quer ® de impostos nas suas variadas figuras, deQuer Mato Grosso, oferecerão vantagens sendo as principais o tributo de expor decisivas nos transportes, em compara tação e o tributo sôbre as rendas. Se

a exportação fôr da quantidade citada, a soma dos impostos é calculada em ca

CONSTANTINO C. FpacA

É exato; mas, p consumo interno

da Coréia, mesmo resolvidos a conten-

• to ou mesmo tendo fim por assim dizer

-genero de primeira necessidade

Não se afirma que, exportadas qoi" nhentas ml! toneladas por ano, estarão

ção com o manganês do Amapá, extrflí' do das margens do rio Amapari.

B

ASTANTE estranha

6 a

atitude dos

brasileiros em relação ao café.

En

quanto certos povos não perdem oportu nidade de exaltar as virtudes dos produtos-símbolos das suas pátrias, o bra sileiro age de maneira inteiramente di versa, senão mesmo oposta. Assim é

que vemos dum lado o francês, procla mando as excelências do vinho c princi

palmente dos vinhos da França; o suíço, difundindo por tôda pártc a qualidade dos seus renomados queijos; o inglês não admitindo discussões sôbre "whis-

kies" — enfim, quase todos os povos orocurando propagar, e de certo modo I oor seus hábitos e seus produtos aos povos. Doutro lado vemos o em qualquer lugar e com

uem em

recluz o apetite, constitui vício perni cioso, "nÃo presta para crianças", é em resumo um veneno, cujo único valor reside no fato de ser nossa maior fonte de divisas. Não raro encontram-se ain da entre nós os acérrimos defensores da tese de que o País deve orientar sua

economia para a produção de gêneros

traçada, e, ao que parece, bem traçado» embora, como tôda política económicO'

não fara falta ao mercado nacional em

esteja, no momento mundial, a exigir oS

de primeira necessidade, relegando a segundo piano as "sobremesas".

xima?

do prumo, para a perfeita navegação.• •

Entretanto, pode-se afirmar sem re ceio que a grande maioria dessas pes soas jamais cogitou de perguntar a si mesmas o que vem a ser uma bebida

que produza vícios, ou qual o con ~iON »»

ceito exato de gênero alimentício de pri meira necessidade.

lÉJL

quer é víciadora, i:to é, provoca vícios,

quando e freqüentemente solicitada pelo organismo. Uma droga viciadora é t'óMca quando, além de provocar essa so

licitação imperiosa do organismo, nêlo

provoca distúrbios graves, prejukican! O-O em vários sentidos.

Assim, uma

bebida pode conter princípios que isc

ados, São tó.xicos. sem eníretal aprl

xC

das bebidas tó-

reza do té

destacam a natu-

esteja, não trepidando

A política do manganês está, poís«

maiores cuidados ou o constante lanço^

Sem nos atermos às definições de di.

cionáríos, diremos que uma droga qual

afirmar que o café "tira o sono".

torze milhões de cruzeiros por ano. A exportação do manganês do Amapá época próxima, ou relativamente pró

Vejamos inicialmente a primeira ques-

qua:rdro:x»

-'atVT™ 'd É neste u.timo sentido

^

™ ^>^^=>550.

se coneeitua uL "' ei^"^ maioria se enrn,.h centes

F éV. ■

clfl ne.

á'\<i ■ das 1hipóteses,

'

'

^

grande entorpe-

que Situar O

na melhor grande seria, exagêro. Com proprie ade, q que se deve dizer é que

tal ou qual pessoa é habituada ao café, da mesma maneira que nos referimos ao hábito de tomar chá, leite ou guaraná. Ademais, tanto quanto até hoje se saiba, o principio ativo básico do café, aquêle


■riKjy

Dicesto Eoonòmioo

88

prometea-se ela a comprar maDgaoèa pelo menos em quantidade que baste para assegurar todos os serviços, amor

ésgotadas as Jazidas brasileiras?

tizações e juros do empréstimo. Com prará aos preços do mercado. Parte da produção, se assim o entender a em-

de trinta e cinco mil toneladas por anO»

prêsa nacional, poderá procurar outros mercados estrangeiros ou outros compra dores norte-americanos.

manganês no sul do País não \'ai aléni

Perguntarão ainda; a usina de Volta Redonda ficará neste modesto consiuriO ou pedirá mais, muito mais, de acôrdo

É evidente que os acontecimentos

com a sua capacidade de produção e n®

justa ânsia do conquistar mercados? A pergunta procede, mas a resposta

amigável — se êste adietivo pode ser

não ó difícil.

empregado hoje em relação à política Internacional, que traça um sulco pro fundo entre dois grupos de nacionalida

Se a usina siden'irgica nacional tiver necessidade, no seu desenvolvimento, o«»i

des — não trará a calma aos espíritos e estará em uso permanente o ditado, tão

ouvido e lido no nosso país, de que o pre^ da liberdade é a constante vigi lância. O aço é um dos elementos probantes dessa vigilância...

melhor, para aumento da produção que é capaz, de maior quantidade manganês, estudará as vantagens de iíW' portar, por mar, manganês da Bahia oo trazer por terra o manganês de Mato Grosso.

As jazidas da Bahia são, no presente

Não será demais encarecer que a ex portação do manganês do Amapá — que

momento, segundo os cálculos dos com* petentes, superiores ao que resta cfO

se projeta tomar apto a uma exportação

Minas Gerais. Glycon de Paiva atribui* lhes um volume quase duplo em relação

anual de meio bilhão de toneladas —

deixará vantagens não pequenas aos wfrw federais, imediatas, sob a forma

ao volume restante mineiro.

o manganês da Bahia, quer ® de impostos nas suas variadas figuras, deQuer Mato Grosso, oferecerão vantagens sendo as principais o tributo de expor decisivas nos transportes, em compara tação e o tributo sôbre as rendas. Se

a exportação fôr da quantidade citada, a soma dos impostos é calculada em ca

CONSTANTINO C. FpacA

É exato; mas, p consumo interno

da Coréia, mesmo resolvidos a conten-

• to ou mesmo tendo fim por assim dizer

-genero de primeira necessidade

Não se afirma que, exportadas qoi" nhentas ml! toneladas por ano, estarão

ção com o manganês do Amapá, extrflí' do das margens do rio Amapari.

B

ASTANTE estranha

6 a

atitude dos

brasileiros em relação ao café.

En

quanto certos povos não perdem oportu nidade de exaltar as virtudes dos produtos-símbolos das suas pátrias, o bra sileiro age de maneira inteiramente di versa, senão mesmo oposta. Assim é

que vemos dum lado o francês, procla mando as excelências do vinho c princi

palmente dos vinhos da França; o suíço, difundindo por tôda pártc a qualidade dos seus renomados queijos; o inglês não admitindo discussões sôbre "whis-

kies" — enfim, quase todos os povos orocurando propagar, e de certo modo I oor seus hábitos e seus produtos aos povos. Doutro lado vemos o em qualquer lugar e com

uem em

recluz o apetite, constitui vício perni cioso, "nÃo presta para crianças", é em resumo um veneno, cujo único valor reside no fato de ser nossa maior fonte de divisas. Não raro encontram-se ain da entre nós os acérrimos defensores da tese de que o País deve orientar sua

economia para a produção de gêneros

traçada, e, ao que parece, bem traçado» embora, como tôda política económicO'

não fara falta ao mercado nacional em

esteja, no momento mundial, a exigir oS

de primeira necessidade, relegando a segundo piano as "sobremesas".

xima?

do prumo, para a perfeita navegação.• •

Entretanto, pode-se afirmar sem re ceio que a grande maioria dessas pes soas jamais cogitou de perguntar a si mesmas o que vem a ser uma bebida

que produza vícios, ou qual o con ~iON »»

ceito exato de gênero alimentício de pri meira necessidade.

lÉJL

quer é víciadora, i:to é, provoca vícios,

quando e freqüentemente solicitada pelo organismo. Uma droga viciadora é t'óMca quando, além de provocar essa so

licitação imperiosa do organismo, nêlo

provoca distúrbios graves, prejukican! O-O em vários sentidos.

Assim, uma

bebida pode conter princípios que isc

ados, São tó.xicos. sem eníretal aprl

xC

das bebidas tó-

reza do té

destacam a natu-

esteja, não trepidando

A política do manganês está, poís«

maiores cuidados ou o constante lanço^

Sem nos atermos às definições de di.

cionáríos, diremos que uma droga qual

afirmar que o café "tira o sono".

torze milhões de cruzeiros por ano. A exportação do manganês do Amapá época próxima, ou relativamente pró

Vejamos inicialmente a primeira ques-

qua:rdro:x»

-'atVT™ 'd É neste u.timo sentido

^

™ ^>^^=>550.

se coneeitua uL "' ei^"^ maioria se enrn,.h centes

F éV. ■

clfl ne.

á'\<i ■ das 1hipóteses,

'

'

^

grande entorpe-

que Situar O

na melhor grande seria, exagêro. Com proprie ade, q que se deve dizer é que

tal ou qual pessoa é habituada ao café, da mesma maneira que nos referimos ao hábito de tomar chá, leite ou guaraná. Ademais, tanto quanto até hoje se saiba, o principio ativo básico do café, aquêle


nír.F«!TO

90

RconíSmíco Dicf-sto

que lhe imprime características de esti mulante, que atua sôbre o sistema ner voso central, ativando-o benèíicamente, o a cafeína, e esta existe, em muitas be-

Órgão

Café

Fruto

ser forçosamente favorável ao cafó, clas

porções que no cnfé. Fàcilmente podcrí-inos \cTÍficar isso,

% <lc cafeína

X lucília dc

rafcína U3

2,2

0,5

(chá da China)

como

estimulante

de

alto

4,8

2

a

2.5

Vejamos, agora, a segunda questão, isto é, aquela referente aos gêneros de primeira necc-ssiclado. Como pre\lramos, não encontramos em nenhum li\ro

ou dicionário especializado (pialquer de finição do gâncTo dc primeira necessi dade. A expressão é \'aga c só justifica

bolismo animal e de xital importância. Sao êlcs o oxigênio e a água. Destes, o primeiro não apre.sonla expressão eco nômica no âmbito dos assuntos de que estamos tratando, c o .segundo, não obs tante sua importíincia econômica, pos

sui a peculiaridade de ser pràticamcnte comerciada "in natura".

Afora esses, o

único (juc se pode equiparar àqueles

dois, inas guardando respeitável distêmcia, c o prosaico sal de cozinha.

Todos

o.s demais são sub.slihu\'cis dc "per si"

(chá da índia)

cia que muitas \'êzcs se lhe empresta

por um ou mais alimentos. Só adqui rem importância xâtal quando tomados

em portaria.s c resoluções baixadas pelos

em conjunto.

Ilex paraguayensis (ou outros ilex, co-

organismos de direção econômica.

tretanto, .se aceitarmos wmo gênero de

A fim de melhor proxarmos esta as sertiva, consideremos os gêneros ali

primeira necessidade todo o alimento in

mentícios no tempo e no espaço.

Thea assamica

Mate

sificando-o valor.

pela tabela abaixo:

Thea sinensis Chá

91

!>idas dc iis<j coiniini. «*u» jnaii>res pro

% DE CAFEÍNA EM ALGUNS DOS MAIS CONHECIDOS PRODUTOS VEGETAIS UTILIZADOS COMO BEBIDA Planta

Econômico

Fôlha

Fôlha

1

0,27

a

2

a

Guaraná

Fruto

3,1

a

5

Cacau

Fruto

a

0,36

Cola (boliviana)

Fruto

0,05 2,3

a

3,6

13

2,3

fato bastante conhecido dé que a ca feína é comercialmente extraída do chá,

sendo o sèu nome derivado do café por ■questões puramente cronológicas. De fato, decorreu certo tempo até se pro var que a "teína" (principio ativo do cha) outra cousa não era senão a ca feína.

Pode-se, é claro, argumentar que a combinação da cafeína com outros com

ponentes do café, principalmente óleos

voláteis e ácidos orgânicos, é que im primiriam o poder tóxico a essa bebida.

No entanto, uma alegação desse tipo teria valor meramente teórico, sem con

sistência alguma, uma vez que, até o presente, não se isolou nenhum princí-

pio capaz de situar o café entre as be bidas tóxicas.

Agora, que certas pessoas se sintoii^ inal com o café, ó uma s erclaclo incon

testável, mas que em nada

mos estar interpretando com certa fidelidade o conceito

v/ulcannente difundido. Outra : jcrpietaçõo o considerar colal os alimentos que co-

iSanamente participam da

L. Ralph Holt Cheney - 1925.

. Confirmando isso, podemos citar o

En

dispensável ao organismo humano, cre

Fonte: — "Coffee" — A monograph of the economic species of the Genus Coffea ■ ■

considerações em virtude da importân

desaboao

e.ssa bebida. Essa intolerância decorre de

estados parlicularíssimos do indivíduo» estados esses identificados em medicinai

sob o nome de idiossincrasias e alergiasDo mesmo modo, há pessoas que toleram o chá, o leite, o arroz, a past^* de dentes etc.

É, portanto, erro grosseiro condenar

uma bebida porque entre as pessoas daS nossas relações há alguém que não a tolera. Temos de julgá-la pelos seus efeitos na massa da população. Se assim o fizermos, nosso x'eredicto terá de

dieta habitantes dc uma dctei-minada região e indispen•Avcis à manutenção do meta bolismo humano. Ainda um outro conceito corrente é aque le que admite como gênero de

primeira necessidade, além dos gêneros

alimentícios,

certos

produtos de consumo "força do", como tecidos de algodão, sapatos etc.

Fa

zendo-o em relação ao tempo, \'ercmos que certos alimentos que hoje apresentam enorme importân

cia econômica e que se en quadram imediatamente no conceito comum do gêneros de primeira necessidade eram, em épocas passadas, inteiramente ignorados ou não tinham valor

algum. Como exemplo temos

a batatinha, de enorme impor tância para a Europa de hoje ü inteiramente desconhecida antes da descoberta da Amé rica. Apesar disso, os euro peus viviam muito bem sem

esse tubérculo.

A beterraba

tratando de alimentos, não ire

CHinstitui outro importante exemplo, pois antes de ter sido descoberto o processo da sua utilização no fabrico do açú

mos cuidar do terceiro, embora

car, .sua importância era ínfi

sua inclusão não prejudique a tese) só existem, a rigor, d(n.s alimentos de primeira necessi dade, imprescindíveis ao meta-

ma, quando comparada com o

Ora, dentro dos dois primei conceitos (por estarmos

ros

destaque que hoje possui. O milho, a soja, a mandioca etc., são outros, entre muitos e.xem-


nír.F«!TO

90

RconíSmíco Dicf-sto

que lhe imprime características de esti mulante, que atua sôbre o sistema ner voso central, ativando-o benèíicamente, o a cafeína, e esta existe, em muitas be-

Órgão

Café

Fruto

ser forçosamente favorável ao cafó, clas

porções que no cnfé. Fàcilmente podcrí-inos \cTÍficar isso,

% <lc cafeína

X lucília dc

rafcína U3

2,2

0,5

(chá da China)

como

estimulante

de

alto

4,8

2

a

2.5

Vejamos, agora, a segunda questão, isto é, aquela referente aos gêneros de primeira necc-ssiclado. Como pre\lramos, não encontramos em nenhum li\ro

ou dicionário especializado (pialquer de finição do gâncTo dc primeira necessi dade. A expressão é \'aga c só justifica

bolismo animal e de xital importância. Sao êlcs o oxigênio e a água. Destes, o primeiro não apre.sonla expressão eco nômica no âmbito dos assuntos de que estamos tratando, c o .segundo, não obs tante sua importíincia econômica, pos

sui a peculiaridade de ser pràticamcnte comerciada "in natura".

Afora esses, o

único (juc se pode equiparar àqueles

dois, inas guardando respeitável distêmcia, c o prosaico sal de cozinha.

Todos

o.s demais são sub.slihu\'cis dc "per si"

(chá da índia)

cia que muitas \'êzcs se lhe empresta

por um ou mais alimentos. Só adqui rem importância xâtal quando tomados

em portaria.s c resoluções baixadas pelos

em conjunto.

Ilex paraguayensis (ou outros ilex, co-

organismos de direção econômica.

tretanto, .se aceitarmos wmo gênero de

A fim de melhor proxarmos esta as sertiva, consideremos os gêneros ali

primeira necessidade todo o alimento in

mentícios no tempo e no espaço.

Thea assamica

Mate

sificando-o valor.

pela tabela abaixo:

Thea sinensis Chá

91

!>idas dc iis<j coiniini. «*u» jnaii>res pro

% DE CAFEÍNA EM ALGUNS DOS MAIS CONHECIDOS PRODUTOS VEGETAIS UTILIZADOS COMO BEBIDA Planta

Econômico

Fôlha

Fôlha

1

0,27

a

2

a

Guaraná

Fruto

3,1

a

5

Cacau

Fruto

a

0,36

Cola (boliviana)

Fruto

0,05 2,3

a

3,6

13

2,3

fato bastante conhecido dé que a ca feína é comercialmente extraída do chá,

sendo o sèu nome derivado do café por ■questões puramente cronológicas. De fato, decorreu certo tempo até se pro var que a "teína" (principio ativo do cha) outra cousa não era senão a ca feína.

Pode-se, é claro, argumentar que a combinação da cafeína com outros com

ponentes do café, principalmente óleos

voláteis e ácidos orgânicos, é que im primiriam o poder tóxico a essa bebida.

No entanto, uma alegação desse tipo teria valor meramente teórico, sem con

sistência alguma, uma vez que, até o presente, não se isolou nenhum princí-

pio capaz de situar o café entre as be bidas tóxicas.

Agora, que certas pessoas se sintoii^ inal com o café, ó uma s erclaclo incon

testável, mas que em nada

mos estar interpretando com certa fidelidade o conceito

v/ulcannente difundido. Outra : jcrpietaçõo o considerar colal os alimentos que co-

iSanamente participam da

L. Ralph Holt Cheney - 1925.

. Confirmando isso, podemos citar o

En

dispensável ao organismo humano, cre

Fonte: — "Coffee" — A monograph of the economic species of the Genus Coffea ■ ■

considerações em virtude da importân

desaboao

e.ssa bebida. Essa intolerância decorre de

estados parlicularíssimos do indivíduo» estados esses identificados em medicinai

sob o nome de idiossincrasias e alergiasDo mesmo modo, há pessoas que toleram o chá, o leite, o arroz, a past^* de dentes etc.

É, portanto, erro grosseiro condenar

uma bebida porque entre as pessoas daS nossas relações há alguém que não a tolera. Temos de julgá-la pelos seus efeitos na massa da população. Se assim o fizermos, nosso x'eredicto terá de

dieta habitantes dc uma dctei-minada região e indispen•Avcis à manutenção do meta bolismo humano. Ainda um outro conceito corrente é aque le que admite como gênero de

primeira necessidade, além dos gêneros

alimentícios,

certos

produtos de consumo "força do", como tecidos de algodão, sapatos etc.

Fa

zendo-o em relação ao tempo, \'ercmos que certos alimentos que hoje apresentam enorme importân

cia econômica e que se en quadram imediatamente no conceito comum do gêneros de primeira necessidade eram, em épocas passadas, inteiramente ignorados ou não tinham valor

algum. Como exemplo temos

a batatinha, de enorme impor tância para a Europa de hoje ü inteiramente desconhecida antes da descoberta da Amé rica. Apesar disso, os euro peus viviam muito bem sem

esse tubérculo.

A beterraba

tratando de alimentos, não ire

CHinstitui outro importante exemplo, pois antes de ter sido descoberto o processo da sua utilização no fabrico do açú

mos cuidar do terceiro, embora

car, .sua importância era ínfi

sua inclusão não prejudique a tese) só existem, a rigor, d(n.s alimentos de primeira necessi dade, imprescindíveis ao meta-

ma, quando comparada com o

Ora, dentro dos dois primei conceitos (por estarmos

ros

destaque que hoje possui. O milho, a soja, a mandioca etc., são outros, entre muitos e.xem-


Dicksto

92

CcoNÓMicn

pios que 5c podem dtar, de alimentos

conceito, Isto é, so considerarmos como

que hoje têm grande importância, mas

ainda êste fato. Com efeito, vemos que

gêneros de primeira necessidade todos aquêles alimentos que fazem habitual mente parle da dieta dos habitantes du ma determinada região, com consumo freqüente e elevado, a (jue se costuma

o trigo é alimento de grande importân cia para os ocidentais, não o sendo para

empregar a expressão "consumo força do", então a coisa muda muito de fi

os povos do Extremo Oriente, onde im

gura. Nesse caso, indubità\e'nienle, os

pera o arroz. O leite, o mais completo

gêneros citados seriam gêneros de pri

que nem sempre a tiveram. A consideração dos alimentos no es

paço evidencia com maior objetividade

DiCKSTO Econômico

93

Vemos que o café, o chá, o mate, fi

guram aí como alimentos, com função bem definida no metabolismo humano.

Nenluuna dessas bebidas 6 imprescindí vel, do.sdc que seja substituída por uma ou mais bebidas.

O mesmo se

passa com o trigo, arroz, milho, feijão etc. Considerados isoladamente, repi tamos, apenas o oxigênio e n água têm

número que os últimos o, por conse guinte, de mais difícil substituição.

Então, se por gênero de primeira ne cessidade entendemos todos os alimen

tos habitualmente consumidos por certas populações em volume substancial, fôrça

ó convir que o café tem que ser aí in cluído. Neste caso, o que classifica um

alimento na categoria de gênero de pri

de todos os alimentos, que valor tem

meira necessidade, assim como o seriam

para os índios e habitantes de certas

no Brasil o arroz, o feijão, a carne sêca,

regiões do Brasil que não o consomem?

importância vital, sfio insubstituíveis. De qualquer modo, o homem tem necessi dade dum alimento estimulante, qual quer que seja êle. do mesmo modo que

a farinha de mandioca etc.

A soja, de há muito constituindo alimen to de suma importância para os chine ses, só agora vai sendo introduzida no

necessita consumir os alimentos mistos.

mo podemos constatar pela seguinte

ríamos dc incluir tambê-in o café e o

Note-se que as bebidas são em menor

tabela;

Ocidente. Vemos, assim, que nenhum

nulo não lhes tira o caráter de alimen

dêsses alimentos apresenta o caráter de gênero essencial, insubstituível. Ê certo

que a ausência de um dêles poderá exi gir o consumo de muitos para que haja perfeita compensação, mas a substitui ção é sempre possível. Toma-se assim óbvio que nem o trigo, nem o leite, o ôvo, a came ou qualquer dos mais co nhecidos alimentos, é imprescindível, in

substituível, é, enfim, genêro de pri meira necessidade.

Se, entretanto, admitirmos o terceiro

' FlásHooa - água e sais Energéticos - oxigênio

Aqui, te

mate, pois o fato dc essa.s e outras be bidas po.ssuírem valor nutritivo quase tos.

faz uso. Aliás, o arroz e a farinha de mandioca têm valor nutritivo muitíssi

Área plantadoy em J.,000 ha. Café Chá

5.412 (®)

Cacau

1.038

LACAU

Produção, em 1.000 toneladas'métricas 2.433.2

1.080

495,348

741,0

mo menor que a came ou o feijão, e

nem por isso deixam de ser generos de primeira necessidade. A qualidade de alimento que possui o café poderá ser comprovada por qualquer classificação de alimentos que queiramos compulsar. Vejamos uma delas;

Fonte: - fF.A.O. das Nações Unidas - 1949.

(O) ^ Não é completa.

Nota: - O cotejo entre o valorobtê-lo. dn produção seria talvez mais significativo, mas. í^fgljzrnente, nao conseguimos ^ exclusão do café de entre os gê

tenor. Dentre tais empecilhos, podemos

citar as resWções de ordem moral em que sao colocados os encarregados da autêntico preconceito. Só poderemos ex prcpa^nda cafeeira. o campo livre que cluí-lo se estendermos aquela noção se deixa às demais bebidas e ainda o neros de primeira necessidade não tem

. gjjficativa alguma, não passando de minerais

prepcnderahtemonte plásticos — proteínas; came, ôvo, leite etc.

cos alimentos mais, como os óleos vege tais. Míis nerse caso a expressão "gê nero de primeira necessidade" perde

quase que por inteiro o seu valor e não

MISTOS

preponderantemente energéticos —

hidrates de

carbono e gorduras; mel, doces, óleos etc.

Alimentos protetores ou reguladores — vitaminas e sais minerais. Alimcffltos

do vanguarda na sua categoria, co

NO PERÍODO 1934/38

apenas aos cereais, à came e uns pou

ALIMENTOS

e nesse ponto o café ocupa posição

ÁREA PLANTADA E PRODUÇÃO MUNDIAL DE CAFÉ CHÁ E r*Ar'ATT

O valor nutritivo do alimento não

importa no caso. Importa, isto sim, é o seu consumo pela população quo dôle

meira necessidade é a sua produção, o seu volume comercial, o seu consumo,

chá, mate etc.

descaso que certos homens públicos de^

café e que muitas vêzes é o

reflexo duma animosidade motivada por aquela falsa noção.

É surpreendente nossa ingratidão com

faz jus à importância que se lhe costu

um produto que vem há cento e vinte

ma emprestar. A nós, brasileiros, cum pre não esquecer que um preconceito ar raigado como êsse constitui sério empe

anos consecutivos liderando nosso co

cilho à maior difusão do café no ex-

mércio exportador. Representa êle um ciclo econômico do nosso país, cuja lon gevidade vai-se aproximando daquela


Dicksto

92

CcoNÓMicn

pios que 5c podem dtar, de alimentos

conceito, Isto é, so considerarmos como

que hoje têm grande importância, mas

ainda êste fato. Com efeito, vemos que

gêneros de primeira necessidade todos aquêles alimentos que fazem habitual mente parle da dieta dos habitantes du ma determinada região, com consumo freqüente e elevado, a (jue se costuma

o trigo é alimento de grande importân cia para os ocidentais, não o sendo para

empregar a expressão "consumo força do", então a coisa muda muito de fi

os povos do Extremo Oriente, onde im

gura. Nesse caso, indubità\e'nienle, os

pera o arroz. O leite, o mais completo

gêneros citados seriam gêneros de pri

que nem sempre a tiveram. A consideração dos alimentos no es

paço evidencia com maior objetividade

DiCKSTO Econômico

93

Vemos que o café, o chá, o mate, fi

guram aí como alimentos, com função bem definida no metabolismo humano.

Nenluuna dessas bebidas 6 imprescindí vel, do.sdc que seja substituída por uma ou mais bebidas.

O mesmo se

passa com o trigo, arroz, milho, feijão etc. Considerados isoladamente, repi tamos, apenas o oxigênio e n água têm

número que os últimos o, por conse guinte, de mais difícil substituição.

Então, se por gênero de primeira ne cessidade entendemos todos os alimen

tos habitualmente consumidos por certas populações em volume substancial, fôrça

ó convir que o café tem que ser aí in cluído. Neste caso, o que classifica um

alimento na categoria de gênero de pri

de todos os alimentos, que valor tem

meira necessidade, assim como o seriam

para os índios e habitantes de certas

no Brasil o arroz, o feijão, a carne sêca,

regiões do Brasil que não o consomem?

importância vital, sfio insubstituíveis. De qualquer modo, o homem tem necessi dade dum alimento estimulante, qual quer que seja êle. do mesmo modo que

a farinha de mandioca etc.

A soja, de há muito constituindo alimen to de suma importância para os chine ses, só agora vai sendo introduzida no

necessita consumir os alimentos mistos.

mo podemos constatar pela seguinte

ríamos dc incluir tambê-in o café e o

Note-se que as bebidas são em menor

tabela;

Ocidente. Vemos, assim, que nenhum

nulo não lhes tira o caráter de alimen

dêsses alimentos apresenta o caráter de gênero essencial, insubstituível. Ê certo

que a ausência de um dêles poderá exi gir o consumo de muitos para que haja perfeita compensação, mas a substitui ção é sempre possível. Toma-se assim óbvio que nem o trigo, nem o leite, o ôvo, a came ou qualquer dos mais co nhecidos alimentos, é imprescindível, in

substituível, é, enfim, genêro de pri meira necessidade.

Se, entretanto, admitirmos o terceiro

' FlásHooa - água e sais Energéticos - oxigênio

Aqui, te

mate, pois o fato dc essa.s e outras be bidas po.ssuírem valor nutritivo quase tos.

faz uso. Aliás, o arroz e a farinha de mandioca têm valor nutritivo muitíssi

Área plantadoy em J.,000 ha. Café Chá

5.412 (®)

Cacau

1.038

LACAU

Produção, em 1.000 toneladas'métricas 2.433.2

1.080

495,348

741,0

mo menor que a came ou o feijão, e

nem por isso deixam de ser generos de primeira necessidade. A qualidade de alimento que possui o café poderá ser comprovada por qualquer classificação de alimentos que queiramos compulsar. Vejamos uma delas;

Fonte: - fF.A.O. das Nações Unidas - 1949.

(O) ^ Não é completa.

Nota: - O cotejo entre o valorobtê-lo. dn produção seria talvez mais significativo, mas. í^fgljzrnente, nao conseguimos ^ exclusão do café de entre os gê

tenor. Dentre tais empecilhos, podemos

citar as resWções de ordem moral em que sao colocados os encarregados da autêntico preconceito. Só poderemos ex prcpa^nda cafeeira. o campo livre que cluí-lo se estendermos aquela noção se deixa às demais bebidas e ainda o neros de primeira necessidade não tem

. gjjficativa alguma, não passando de minerais

prepcnderahtemonte plásticos — proteínas; came, ôvo, leite etc.

cos alimentos mais, como os óleos vege tais. Míis nerse caso a expressão "gê nero de primeira necessidade" perde

quase que por inteiro o seu valor e não

MISTOS

preponderantemente energéticos —

hidrates de

carbono e gorduras; mel, doces, óleos etc.

Alimentos protetores ou reguladores — vitaminas e sais minerais. Alimcffltos

do vanguarda na sua categoria, co

NO PERÍODO 1934/38

apenas aos cereais, à came e uns pou

ALIMENTOS

e nesse ponto o café ocupa posição

ÁREA PLANTADA E PRODUÇÃO MUNDIAL DE CAFÉ CHÁ E r*Ar'ATT

O valor nutritivo do alimento não

importa no caso. Importa, isto sim, é o seu consumo pela população quo dôle

meira necessidade é a sua produção, o seu volume comercial, o seu consumo,

chá, mate etc.

descaso que certos homens públicos de^

café e que muitas vêzes é o

reflexo duma animosidade motivada por aquela falsa noção.

É surpreendente nossa ingratidão com

faz jus à importância que se lhe costu

um produto que vem há cento e vinte

ma emprestar. A nós, brasileiros, cum pre não esquecer que um preconceito ar raigado como êsse constitui sério empe

anos consecutivos liderando nosso co

cilho à maior difusão do café no ex-

mércio exportador. Representa êle um ciclo econômico do nosso país, cuja lon gevidade vai-se aproximando daquela


EconcSmico >MtCO

apresentada pelo ciclo açucareiro. Signi

supremacia quo o nosso país vem ocupan

nio do comércio mundial do açúcar des

O café constituí, incílà\'t*inu'nte, o ali

ficativo é ainda o fato de que o predomí

frutado pelo Brasil em épocas passadas já foi superado em número de anos pela

||7

prcpried ade

cerce sôbrc o qual se iissenta o mais bri lhante período da cisaliz-íção brasileira.

H

José Aivriiun Rios regimkm das scsmarias permaneceu

1695.

alterações substanciais até Nesse ano. sofreu a mudança

que veio desfigurá-lo completamente. O mciro, "segundo a grandeza ou bonda

Estado passou a impor foros ao scsdo da terra". Isto significava uma apro

priação legal do domínio direto. Rui Cirno Lima vê no fato o caractenstico

dò regiicm dominalistn das se.smar.as.

Fstas são agora verdadeiros latifúndios,

1 i oO colono propriedade, sofreu uma restrição lado, passandonoa seu CUreu

■" ter

^

/.»:i

«r.nMnnhn ílO

O domínio útil, enquanto no o exercício do domínio di-

jjsta o ^ proprietário, por essa lei, sc ransformava em cnfiteuta, já que a enc se se caracterizafiniial pela perpctuidade IdO dfi um foro

elo pagamento anual de um foro

?

c invariável É isso o que signi-

a carla-régia de 27 de dezembro

determinar que "às i:>essoas se der de lUturo futuro sesnuiiuis, sesmatias, se se eni s®

^ nonha além da obrigação de pagar !v'imo à Ordem de Cristo e as mais

X'

terra

no Erasil Coienia^:^

do no comércio internacional cio café.

O sem

"7'-.

da

O novo regimem não foi recebido seni controvérsia, o que llie retardou a apli

cação. Sua influência se projeta sôbre diversos atos legislativos animados de idêntico espírito, os quais foram final

mente consolidados pelo abará de 5 de outubro de 1795, desligando as scsma rias das Ordenações e preparando-as para um regimem especial. José Honório Rodrigues, aliás, considera-o "a mais

completa e mais perfeita lei de scsma

rias e reputa-o "uma peça que honra a cultura jurídica portuguêsa". Neste período, as concessões de ter-

ra.s eram feitas, a requerimento dos in

teressados, pelos governadores é capitãesgenerais, que delegavam poderes a ou-

^em por disposição especial, dependen

do de confirmação pelo Conselho Ulbamarino, e, mais tarde, pela Mesa dp Desembargo do Paço. A Coroa exercia, assim, através dos seus órgãos ju diciários e administrativos, uma estrei ta fiscalização sôbre o domínio. _ ®

diante, as cartas de doa-

costumadas, a de um toro segundo a

de fòro por

gr

nos aparece, na Bahia, é de José de

andeza e bondade da terra . A lei, entretanto, não foi cumprida

^ registrar a cláusula légua. A primeira que anual assim

Souza da Cunha, junto à vila então de

até o govêrno de Manoel da Cunha e Menezes, em 1777. Foi êste, em suas portarias e alvarás, quem mandou que

Jagcaripe e defronte do riacho das Ca meleiras. O sesmeiro ficava na obriga ção de pagar ISOOO de fòro. Noutra carta, de 1789, o sesmeiro, além de pa-gar o fôro de 2$000, tinha a obrigação

do distrito manda proceder por dois

de plantar, no primeiro ano, 1.000 covas

"o sesmeiro pagasse certo fôro arbitrado segundo a avaliação a que a Câmara louvados, como atualmente se pratica".

de mandioca por escravo que tivesse,

Á


EconcSmico >MtCO

apresentada pelo ciclo açucareiro. Signi

supremacia quo o nosso país vem ocupan

nio do comércio mundial do açúcar des

O café constituí, incílà\'t*inu'nte, o ali

ficativo é ainda o fato de que o predomí

frutado pelo Brasil em épocas passadas já foi superado em número de anos pela

||7

prcpried ade

cerce sôbrc o qual se iissenta o mais bri lhante período da cisaliz-íção brasileira.

H

José Aivriiun Rios regimkm das scsmarias permaneceu

1695.

alterações substanciais até Nesse ano. sofreu a mudança

que veio desfigurá-lo completamente. O mciro, "segundo a grandeza ou bonda

Estado passou a impor foros ao scsdo da terra". Isto significava uma apro

priação legal do domínio direto. Rui Cirno Lima vê no fato o caractenstico

dò regiicm dominalistn das se.smar.as.

Fstas são agora verdadeiros latifúndios,

1 i oO colono propriedade, sofreu uma restrição lado, passandonoa seu CUreu

■" ter

^

/.»:i

«r.nMnnhn ílO

O domínio útil, enquanto no o exercício do domínio di-

jjsta o ^ proprietário, por essa lei, sc ransformava em cnfiteuta, já que a enc se se caracterizafiniial pela perpctuidade IdO dfi um foro

elo pagamento anual de um foro

?

c invariável É isso o que signi-

a carla-régia de 27 de dezembro

determinar que "às i:>essoas se der de lUturo futuro sesnuiiuis, sesmatias, se se eni s®

^ nonha além da obrigação de pagar !v'imo à Ordem de Cristo e as mais

X'

terra

no Erasil Coienia^:^

do no comércio internacional cio café.

O sem

"7'-.

da

O novo regimem não foi recebido seni controvérsia, o que llie retardou a apli

cação. Sua influência se projeta sôbre diversos atos legislativos animados de idêntico espírito, os quais foram final

mente consolidados pelo abará de 5 de outubro de 1795, desligando as scsma rias das Ordenações e preparando-as para um regimem especial. José Honório Rodrigues, aliás, considera-o "a mais

completa e mais perfeita lei de scsma

rias e reputa-o "uma peça que honra a cultura jurídica portuguêsa". Neste período, as concessões de ter-

ra.s eram feitas, a requerimento dos in

teressados, pelos governadores é capitãesgenerais, que delegavam poderes a ou-

^em por disposição especial, dependen

do de confirmação pelo Conselho Ulbamarino, e, mais tarde, pela Mesa dp Desembargo do Paço. A Coroa exercia, assim, através dos seus órgãos ju diciários e administrativos, uma estrei ta fiscalização sôbre o domínio. _ ®

diante, as cartas de doa-

costumadas, a de um toro segundo a

de fòro por

gr

nos aparece, na Bahia, é de José de

andeza e bondade da terra . A lei, entretanto, não foi cumprida

^ registrar a cláusula légua. A primeira que anual assim

Souza da Cunha, junto à vila então de

até o govêrno de Manoel da Cunha e Menezes, em 1777. Foi êste, em suas portarias e alvarás, quem mandou que

Jagcaripe e defronte do riacho das Ca meleiras. O sesmeiro ficava na obriga ção de pagar ISOOO de fòro. Noutra carta, de 1789, o sesmeiro, além de pa-gar o fôro de 2$000, tinha a obrigação

do distrito manda proceder por dois

de plantar, no primeiro ano, 1.000 covas

"o sesmeiro pagasse certo fôro arbitrado segundo a avaliação a que a Câmara louvados, como atualmente se pratica".

de mandioca por escravo que tivesse,

Á


j «pj

f>inF.«rro

EcoN6>ítf**

Dic.esto Econômico

Em Pernambuco, uma junta, convo cada para decidir algumas dúvidas sô-

gfõcs" na linguagem cl.i época, a pa garem díxímo como seculares. Parece que as ordens rccalcitravam cm cum prir com esta obrigação. E a lei esti pulava que, cm tal caso, dar-sc-iam as terras por dcvolulas, cabendo a quem os

lhe ter sido concedida outra data c o ouvidor ordcna\a a publicação de edi

bre o assunto, resolveu que cada légua

denunciasse.

os houvesse, pudessem

A Coroa nunca pôs eni execução o al vará de 5 de outubro de 1795. O decre

Além disso, compctin-llie acarear teste

remetendo a certidão à Câmara.

mostra como o latifúndio e

Isso

monocul

tura estavam tomando agudo o proble ma da lavoura de subsistência.

de terra até 30 léguas de distância do

Recife, e de OÜnda, pagasse e$000 de

fôro, sCTdo essa resolução aprovada por carta-regia de 28 de setembro de 1800. Vemos assim que essas cláusulas de fôro

constituem bom ponto de partida para um estudo sôbre a valorização das terras.

Desde 1698, a legislação exigia a con firmação do título para garanüa da propriedade p.ena. E a provisão de 19 de maio de 1729 tenta, mais uma vez. comgir a ext^ensão tomada pelas sesma^ '^Suas primento e a uma^ de largura.de Acomlei

continuou letra morta. Os latifundiários sempre encontravam meios de

a burlar. Outra restrição era a i

que á xenofobia lusa impunha

to de 10 de dezembro dc 179(3 suspen deu-lho a execução, a fim de ou\ir a

respeito os governadores das capiianias do Brasil. Solicitado a manifestar-se sô

bre a lei que tão fundamente alterou nosso direito territorial, D. rrancísco de

Souza Coulinlio, governador e capitãogeneral do Pará, enviou á metrópole al gumas sugestões que Ibc pareciam mais sensatas para que vie.ssc a produzir o

desejado efeito. Estas informações pro jetam forte luz sôbre o regimem colonial das terras, seus progressos e os fatôres que lhe embaraçavam a aplica ção.

Em primeiro lugar, o gover nador, compreendendo a confu

aos estrangeiros. Êstes eram ex cluídos da concessão de sesmarias e assim permaneceram até

são que devia resultar do sem

1809. ^ As datas continuavam a incluir

clausu.as sôbre abertura de estradas,

número de leis, decretos e al

'

vista da resolução de 26 de junho de 1711> tcmada em consulta do Conselho Ultramarino e participada ao Vice-Ròi Vasco Fernandes César de Menezes, em provisão de 7 de agôsto de 1727, e ao governador do Rio de Janeiro, em carta-

régía de 27 de junho, do mesmo ano, essa exclusão foi suprimida. Apenas fiçôvara obrigadas as ordens, "as reli-

que até hoje sua sugestão não tenha sido seguida... Em segundo lugar, pro punha modificações no processo de re quisição das terras. Pelo visto, o pro cesso era complicado. O interessado en viava um requerimento ao ouvidor, indi cando a terra desejada e qualificandose. Ao ouvidor cabia mandar proce der às necessárias diligências e informar

No requerimento, o candi

tais a fim de que os interessados em

contrariar a pretensão do requerente, se manifestar-se.

munhas que disícssein da doNolução das

terras c-das possibilidades que o reque rente tinha dc aproveilá-lus. Da infor

mação do ouvidor dependia a concessão,

que podia ser lolal ou i>aicirt], resbulvando-sc sempre o direito dc terceiros. 0 praiieísco de Souza CouUnho su••i nlgninas medidas adicionais que,

mórdios, sofreu as conseqüências da imprecisão de limites entre as sesmarias.

Iladdück Lobo atribui a üsse fato a ir regularidade. cstreiteza e insalubridade

das ruas da cidade colonial. A demar

cação foi protelada não só pelos goNcniadorcs, qxic tinham intcrèsse em aumentar a população e fa\orccer o

eonitreio, como também pelos próprios sc.sinciros, entro os quais o.s jesuítas, que e.scoi nam os terrenos mais férteis, con

do 1667 f

rtnc rji"'

Assim, a medição

intcrfe-

- <1--

^^nosso ver, de tão minuciosas, compli cariam " processo. Achav.i

e possibilidades de cultivo do re- ussas dificuIcladeT 's° conhecia ^ucrente deviam ser especificadas, práticas e bast-nit "S"'" '"""as mais

S rangendo o número de escravos que C ssuía, ferramentas etc. Sugeria ^ -íbém qne n Cãniam nomeasse dois í''^"vados que avaliassem o valor das ters requeridas, os gcMieros a que me-

O tempo df fl ' ^ ^^íinçadas para

ndf sh^,^--^^das«^f^ciente tcrris, oa tombamento d-is t. "-"imo d

° ""

tira Ilie pareci-,

ífor se prestassem, as matas, capoeiras

rátcr cxtenS;^

M ide

lavrador com cem escva

, bem como a extensão de cada qua-

° requerente poderia e de-

, euUivíir a fim de valorizá-las, le-

varás que existiam sôbre o assunto, pro

a refusâo de todos êles no corpo proibição de extrair madeiras e paus- punha do novo estatuto, a fim de que os re A legislação, a princípio, estatuía que querentes pudessem ter uma idéia cla as ordens religiosas náo deviam ser be ra de seus direitos e obrigações. poi o primeiro a propor a unificação nefíciadas com as sesmarias mas, em assim de nossa legislação agrária e é pena

-reais.

n respeito.

dato juntava certidão provando nunca

do-se

conta os seus recursos.

Parecia nisso um precursor dos clabn-

muito, se tivermos em

vista as deficiências . 1 do «meio e• da épo l qq Souza Coutinho nao as desconbeca.

Criticava, por exemplo, a maneira

ral a■'i lei estabelecia pela qui^i estabelecia aa medição medição ee

demarcação das terras, provando sua im-

praticabiiidade. Aliás, foi esse um dos escolhos permanentes em que soçobva-

ram as boas intenções da nossa legisla ção agrária. O processo era dispendio so 6 se fazia a olho.

A cidade do Rio

de Janeiro, por exemplo, nos seus pri-

í

1"®

dc e sexo, dispondo deTrhta cm" f"' capacidade de trabalho .A

ceifar, no máximo adores do nosso último censo agrícola. «as de frente im^-

'Era

°

Pregaclo peios coionor'AciT'™''' '

i

^

Poderia apro^00 bra-

^ lei Ih 1 lhe ffacultava o de ok(\fundo. onn u Ora, quadradas, dificultand rio cumnrir "^"^tando ao concessioná-

e hvorLn 7^^"^ ^ ol^rigação do cultivo tpr '

tanto desejava conibainguem mcibor que o capitão-

pneral do Pará exprimiu o espírito da eu em exigência que mereceria epigra-

far qualquer estatuto agrário: "Regular a extensão das concessões pela qualida de do estabelecimento e das fòrças que houver em cada um para o exe-


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Dic.esto Econômico

Em Pernambuco, uma junta, convo cada para decidir algumas dúvidas sô-

gfõcs" na linguagem cl.i época, a pa garem díxímo como seculares. Parece que as ordens rccalcitravam cm cum prir com esta obrigação. E a lei esti pulava que, cm tal caso, dar-sc-iam as terras por dcvolulas, cabendo a quem os

lhe ter sido concedida outra data c o ouvidor ordcna\a a publicação de edi

bre o assunto, resolveu que cada légua

denunciasse.

os houvesse, pudessem

A Coroa nunca pôs eni execução o al vará de 5 de outubro de 1795. O decre

Além disso, compctin-llie acarear teste

remetendo a certidão à Câmara.

mostra como o latifúndio e

Isso

monocul

tura estavam tomando agudo o proble ma da lavoura de subsistência.

de terra até 30 léguas de distância do

Recife, e de OÜnda, pagasse e$000 de

fôro, sCTdo essa resolução aprovada por carta-regia de 28 de setembro de 1800. Vemos assim que essas cláusulas de fôro

constituem bom ponto de partida para um estudo sôbre a valorização das terras.

Desde 1698, a legislação exigia a con firmação do título para garanüa da propriedade p.ena. E a provisão de 19 de maio de 1729 tenta, mais uma vez. comgir a ext^ensão tomada pelas sesma^ '^Suas primento e a uma^ de largura.de Acomlei

continuou letra morta. Os latifundiários sempre encontravam meios de

a burlar. Outra restrição era a i

que á xenofobia lusa impunha

to de 10 de dezembro dc 179(3 suspen deu-lho a execução, a fim de ou\ir a

respeito os governadores das capiianias do Brasil. Solicitado a manifestar-se sô

bre a lei que tão fundamente alterou nosso direito territorial, D. rrancísco de

Souza Coulinlio, governador e capitãogeneral do Pará, enviou á metrópole al gumas sugestões que Ibc pareciam mais sensatas para que vie.ssc a produzir o

desejado efeito. Estas informações pro jetam forte luz sôbre o regimem colonial das terras, seus progressos e os fatôres que lhe embaraçavam a aplica ção.

Em primeiro lugar, o gover nador, compreendendo a confu

aos estrangeiros. Êstes eram ex cluídos da concessão de sesmarias e assim permaneceram até

são que devia resultar do sem

1809. ^ As datas continuavam a incluir

clausu.as sôbre abertura de estradas,

número de leis, decretos e al

'

vista da resolução de 26 de junho de 1711> tcmada em consulta do Conselho Ultramarino e participada ao Vice-Ròi Vasco Fernandes César de Menezes, em provisão de 7 de agôsto de 1727, e ao governador do Rio de Janeiro, em carta-

régía de 27 de junho, do mesmo ano, essa exclusão foi suprimida. Apenas fiçôvara obrigadas as ordens, "as reli-

que até hoje sua sugestão não tenha sido seguida... Em segundo lugar, pro punha modificações no processo de re quisição das terras. Pelo visto, o pro cesso era complicado. O interessado en viava um requerimento ao ouvidor, indi cando a terra desejada e qualificandose. Ao ouvidor cabia mandar proce der às necessárias diligências e informar

No requerimento, o candi

tais a fim de que os interessados em

contrariar a pretensão do requerente, se manifestar-se.

munhas que disícssein da doNolução das

terras c-das possibilidades que o reque rente tinha dc aproveilá-lus. Da infor

mação do ouvidor dependia a concessão,

que podia ser lolal ou i>aicirt], resbulvando-sc sempre o direito dc terceiros. 0 praiieísco de Souza CouUnho su••i nlgninas medidas adicionais que,

mórdios, sofreu as conseqüências da imprecisão de limites entre as sesmarias.

Iladdück Lobo atribui a üsse fato a ir regularidade. cstreiteza e insalubridade

das ruas da cidade colonial. A demar

cação foi protelada não só pelos goNcniadorcs, qxic tinham intcrèsse em aumentar a população e fa\orccer o

eonitreio, como também pelos próprios sc.sinciros, entro os quais o.s jesuítas, que e.scoi nam os terrenos mais férteis, con

do 1667 f

rtnc rji"'

Assim, a medição

intcrfe-

- <1--

^^nosso ver, de tão minuciosas, compli cariam " processo. Achav.i

e possibilidades de cultivo do re- ussas dificuIcladeT 's° conhecia ^ucrente deviam ser especificadas, práticas e bast-nit "S"'" '"""as mais

S rangendo o número de escravos que C ssuía, ferramentas etc. Sugeria ^ -íbém qne n Cãniam nomeasse dois í''^"vados que avaliassem o valor das ters requeridas, os gcMieros a que me-

O tempo df fl ' ^ ^^íinçadas para

ndf sh^,^--^^das«^f^ciente tcrris, oa tombamento d-is t. "-"imo d

° ""

tira Ilie pareci-,

ífor se prestassem, as matas, capoeiras

rátcr cxtenS;^

M ide

lavrador com cem escva

, bem como a extensão de cada qua-

° requerente poderia e de-

, euUivíir a fim de valorizá-las, le-

varás que existiam sôbre o assunto, pro

a refusâo de todos êles no corpo proibição de extrair madeiras e paus- punha do novo estatuto, a fim de que os re A legislação, a princípio, estatuía que querentes pudessem ter uma idéia cla as ordens religiosas náo deviam ser be ra de seus direitos e obrigações. poi o primeiro a propor a unificação nefíciadas com as sesmarias mas, em assim de nossa legislação agrária e é pena

-reais.

n respeito.

dato juntava certidão provando nunca

do-se

conta os seus recursos.

Parecia nisso um precursor dos clabn-

muito, se tivermos em

vista as deficiências . 1 do «meio e• da épo l qq Souza Coutinho nao as desconbeca.

Criticava, por exemplo, a maneira

ral a■'i lei estabelecia pela qui^i estabelecia aa medição medição ee

demarcação das terras, provando sua im-

praticabiiidade. Aliás, foi esse um dos escolhos permanentes em que soçobva-

ram as boas intenções da nossa legisla ção agrária. O processo era dispendio so 6 se fazia a olho.

A cidade do Rio

de Janeiro, por exemplo, nos seus pri-

í

1"®

dc e sexo, dispondo deTrhta cm" f"' capacidade de trabalho .A

ceifar, no máximo adores do nosso último censo agrícola. «as de frente im^-

'Era

°

Pregaclo peios coionor'AciT'™''' '

i

^

Poderia apro^00 bra-

^ lei Ih 1 lhe ffacultava o de ok(\fundo. onn u Ora, quadradas, dificultand rio cumnrir "^"^tando ao concessioná-

e hvorLn 7^^"^ ^ ol^rigação do cultivo tpr '

tanto desejava conibainguem mcibor que o capitão-

pneral do Pará exprimiu o espírito da eu em exigência que mereceria epigra-

far qualquer estatuto agrário: "Regular a extensão das concessões pela qualida de do estabelecimento e das fòrças que houver em cada um para o exe-


Dit;ii.vr<» lícoNÓMico

cutar, avaiíado tudo por pessoas pcrít.is

Tudo ís.so concorria para o atraso e a

e imparciais."

fraca produliviclatlc da aigrí< iiitnra i-nlro-

Apesar das tentativas de simplificação das dcações, consubstanciadas no alvará

de 3 de março de 1770, o regimtm das sesmarias não conseguiu uma distribui ção racional das terras. Os legisladores "jamais conseguiram corrigir os vícios fundamentais do sistema, dilatando as

concessões de maneira a ampliar a base agrária de nessa sociedade c a quebrar seu rígido caráter aristocrático. O efeitos são óbvios.

Não faltaram,

em todas as épocas, olhos experimentados tí cabçças sensatas que os diagn:)slicasscm. Gonçalves Chaves, em memória

escrita sob anonimato no tempo da In dependência, fez a análise dessa estrutu

ra agrária que a colônia legava à Nação, e que esta carregaria ainda por muito tempo como um pêso morto, como uma

esclerose nas suas mais importantes fon tes de vida. Anotava a desproporção en tre o povoamento e o território, agravada pelo monopólio de grandes extensões dc terra, subtraídas à colonização. Ficavam

apenas por distribuir as que sc achavam em lugares remotos ou expostos a inva sões de índios. As primeiras tentativas

giic à rotina, a csciavos jja^ais

adminis

tradores incultos qijf, cm I'.)rttii;al, ua opinião do CJon.sclIiciro Vi-loso iK* ()li\a»ira, nunca teriam passado dc inor.-ns de

Digksto Econômico

99

Êsse decreto abriu caminlio à peque

doação c scsmaria \isto terem seus .an

na propriedade, lançando as bases da

tecessores abusado dês'-e direito, a pon

nossa melhor colonização.

to de as darem, multiplicadas, das mes

Representa

uma fase no\a na história da imigração para o Brasil.

Não constitui fali) isola

ma.? terras, do que resultou não haver , terra que chegasse para o mimero de , '

pelas quais os governantes pretendiam incentivar o povoamento e fomentar a

carta? conferidas. Não admira que D. i Rodrigo de Souza Coutinho, chamado a dar pan cer sòbrc a lei dc sesmarias, rc- v

entretanto, que rpiando da clicuada dc

agricultura e a indústria.

conhecc.sse sua inanidade.

D. João ao Brasil, embora não modifi a nossa legislação agrária deu um gran de pas.so, ccncedindo aos eslra igciros o acesso à propriedade da terra. Segundo J, Fernando Carneiro, o decrclí» <le 25 de novembro de 1808 marcou o Início da imigração espontânea para o Brasil."Vem gente de toda parle, da Suci iu, da Ale manha, da Inglaterra, da França, da América do Norte c das cf)lònias espa

Nao pcdcmo.?, entretanto, deixar de Quando a Resolução dc 17 de julho de 1822 pós fim ao rcgimem das ses- . assinalar um fat.o importante que ficará como a contribuição concreta de.«sa le niíiria;'., veio simplesmente sancionar um gislação colonial ao nosso direito agrário. fato consumado. Poucas sesmarias fo Em lódu ela ó transparente a tendên ram concedidas no século XIX. As que o foram, aparecem com cláusula de foro cia de subordinar a propriedade da terra que varia conforme o valor econômico no seu uso. Embora as condições do da;; áreas. Às vèzcs figura nas cartas meio, a distância, a fraca densidade de mográfica, a estrutura social baseada no a proibição dc derrubar árvores, ou mes mo plantar cm lugares que nao fossem latifúndio, no escravo e na monocultura examinados pelos Juizes de Consolida •tornassem inoperantes es§:is tentativas,

nholas da América do Sul. Segundo de

ção das Matas (!)•

poimentos da época, e.ssa gente não no Rio de Janeiro, mas se dirig(-- para o interior, onde recebem sesmarias ou conipyram sítios ou conseguem alguns prúq. légiüs." Os lermos do decreto eram os

suas conseqüências. A confusão c e tí tulos, por exemplo, legon-nos litígios intermináveis, às vezes resolvido.? a tiro. Na Bahia, o processo de subdi\'isao das

seguinte.?:

se.^marias demasiado extensas que passa

lavoura.

Não poclcnio.s deixar dc r«. conliccer. casse os seus caractcríslico.s ess-cnciais,

de colonização iriam ressentir-se dura

"Sendo conveniente ao

mente dêsse problema. Muitos núcleos

serviço e ao bem público aumentar

colocados em pontos remotos, fora do alcance dos mercados, viriam a perecer

a lavoura e a população cpie se aclia

meu

real

muito diminuta neste Estado; e p^j. outros mülí\'os que me fórum pre-

na apatia e no isolamento. A situação era agravada pela existência dc enorme população sem terra que, ou se engajava

5.entes: liei por bem que aos e.stran-

do. Prcndc-so a uma série dc medidas

A ,abolição do rcgimem não suprimiu

vam às mãos de diversos possuidores ge rou pleitos judiciários exaustivamente documentados na obra de Felisbelo Freire. Houve questões famosas, como

a que envolveu o Governador da Ca pitania e alguns particulares, no come

não c menos verdade que a Coroa, por

diversas vêzes, tentou interferir na pro- 1

pricdadc quando c.?la não .se legitimava pelo cultivo. Característica é, por exem plo. a carta régia de 20 de outubro de 1783, que veio resolver longa pendência enti-c moradores do Piauí e do Rio Qran-' dc do Norte e os proprietários de ses marias.

Tinham sido concedidas em recom pensa aos feitos dos primeiros povoadores nas lulas contra os índios e abran giam quase tcdo o território dessas oa-\

ço do século. Ou a que se levantou

pitanias. ^ Os povoadores que vieram no

ao serviço dos proprietários rurais como

conceder datas de terras por se.^ima-

entre a Câmara de Jaccbina e os her deiros de Antônio Guedes do Brito,

agregados ou capangas, ou corria para

rius pela mesma forma com que, se gundo as minhas reais ordens, se

rastro desses pioneiros, cm busca de lorra, não se podiam con.stituir como pioprietários, não passando de simples

cos da legislação, que era a deficiência

as cidades em formação, gerando um

geiros residentes no Brasil se possam

proletariado nômade no qual se recruta

concedem aos meus x-a^-DuIos, sem

vam os vadiüs e malfeitores. O número

embargo de quaisquer leis ou dis-

elevado de malandro.s', mendigos e de

pojíições em contrário.

A Mesa do

linqüentes e.spanta\'a todos os observa

Désembargo do. Paço o tenha assim

dores e.strangeiros que aqui passavam.

entendido e o faça executar."

sôbre duas sesmarias dc 300 léguas. Tudo isso mostra um dos pontos fra

do cadastro, a insegurança que cercava on títulos de propriedade. Certa feita, D. José I, por uma carta regia de 7 de

arrendatários, à mercê dos senhores de

feição feudal que ali se tinham estabe lecido. Repre.sentaram, então, ao Con selho Ultramarino, e a questão foi re solvida em carta-régia de D. José I,

agosto de 1753, teve de proibir ao ca-

que a seguir transcrevemos, por consti

nitflü-mor do Ceará conceder cartas de

tuir, na opinião abalizada de Felisbelo


Dit;ii.vr<» lícoNÓMico

cutar, avaiíado tudo por pessoas pcrít.is

Tudo ís.so concorria para o atraso e a

e imparciais."

fraca produliviclatlc da aigrí< iiitnra i-nlro-

Apesar das tentativas de simplificação das dcações, consubstanciadas no alvará

de 3 de março de 1770, o regimtm das sesmarias não conseguiu uma distribui ção racional das terras. Os legisladores "jamais conseguiram corrigir os vícios fundamentais do sistema, dilatando as

concessões de maneira a ampliar a base agrária de nessa sociedade c a quebrar seu rígido caráter aristocrático. O efeitos são óbvios.

Não faltaram,

em todas as épocas, olhos experimentados tí cabçças sensatas que os diagn:)slicasscm. Gonçalves Chaves, em memória

escrita sob anonimato no tempo da In dependência, fez a análise dessa estrutu

ra agrária que a colônia legava à Nação, e que esta carregaria ainda por muito tempo como um pêso morto, como uma

esclerose nas suas mais importantes fon tes de vida. Anotava a desproporção en tre o povoamento e o território, agravada pelo monopólio de grandes extensões dc terra, subtraídas à colonização. Ficavam

apenas por distribuir as que sc achavam em lugares remotos ou expostos a inva sões de índios. As primeiras tentativas

giic à rotina, a csciavos jja^ais

adminis

tradores incultos qijf, cm I'.)rttii;al, ua opinião do CJon.sclIiciro Vi-loso iK* ()li\a»ira, nunca teriam passado dc inor.-ns de

Digksto Econômico

99

Êsse decreto abriu caminlio à peque

doação c scsmaria \isto terem seus .an

na propriedade, lançando as bases da

tecessores abusado dês'-e direito, a pon

nossa melhor colonização.

to de as darem, multiplicadas, das mes

Representa

uma fase no\a na história da imigração para o Brasil.

Não constitui fali) isola

ma.? terras, do que resultou não haver , terra que chegasse para o mimero de , '

pelas quais os governantes pretendiam incentivar o povoamento e fomentar a

carta? conferidas. Não admira que D. i Rodrigo de Souza Coutinho, chamado a dar pan cer sòbrc a lei dc sesmarias, rc- v

entretanto, que rpiando da clicuada dc

agricultura e a indústria.

conhecc.sse sua inanidade.

D. João ao Brasil, embora não modifi a nossa legislação agrária deu um gran de pas.so, ccncedindo aos eslra igciros o acesso à propriedade da terra. Segundo J, Fernando Carneiro, o decrclí» <le 25 de novembro de 1808 marcou o Início da imigração espontânea para o Brasil."Vem gente de toda parle, da Suci iu, da Ale manha, da Inglaterra, da França, da América do Norte c das cf)lònias espa

Nao pcdcmo.?, entretanto, deixar de Quando a Resolução dc 17 de julho de 1822 pós fim ao rcgimem das ses- . assinalar um fat.o importante que ficará como a contribuição concreta de.«sa le niíiria;'., veio simplesmente sancionar um gislação colonial ao nosso direito agrário. fato consumado. Poucas sesmarias fo Em lódu ela ó transparente a tendên ram concedidas no século XIX. As que o foram, aparecem com cláusula de foro cia de subordinar a propriedade da terra que varia conforme o valor econômico no seu uso. Embora as condições do da;; áreas. Às vèzcs figura nas cartas meio, a distância, a fraca densidade de mográfica, a estrutura social baseada no a proibição dc derrubar árvores, ou mes mo plantar cm lugares que nao fossem latifúndio, no escravo e na monocultura examinados pelos Juizes de Consolida •tornassem inoperantes es§:is tentativas,

nholas da América do Sul. Segundo de

ção das Matas (!)•

poimentos da época, e.ssa gente não no Rio de Janeiro, mas se dirig(-- para o interior, onde recebem sesmarias ou conipyram sítios ou conseguem alguns prúq. légiüs." Os lermos do decreto eram os

suas conseqüências. A confusão c e tí tulos, por exemplo, legon-nos litígios intermináveis, às vezes resolvido.? a tiro. Na Bahia, o processo de subdi\'isao das

seguinte.?:

se.^marias demasiado extensas que passa

lavoura.

Não poclcnio.s deixar dc r«. conliccer. casse os seus caractcríslico.s ess-cnciais,

de colonização iriam ressentir-se dura

"Sendo conveniente ao

mente dêsse problema. Muitos núcleos

serviço e ao bem público aumentar

colocados em pontos remotos, fora do alcance dos mercados, viriam a perecer

a lavoura e a população cpie se aclia

meu

real

muito diminuta neste Estado; e p^j. outros mülí\'os que me fórum pre-

na apatia e no isolamento. A situação era agravada pela existência dc enorme população sem terra que, ou se engajava

5.entes: liei por bem que aos e.stran-

do. Prcndc-so a uma série dc medidas

A ,abolição do rcgimem não suprimiu

vam às mãos de diversos possuidores ge rou pleitos judiciários exaustivamente documentados na obra de Felisbelo Freire. Houve questões famosas, como

a que envolveu o Governador da Ca pitania e alguns particulares, no come

não c menos verdade que a Coroa, por

diversas vêzes, tentou interferir na pro- 1

pricdadc quando c.?la não .se legitimava pelo cultivo. Característica é, por exem plo. a carta régia de 20 de outubro de 1783, que veio resolver longa pendência enti-c moradores do Piauí e do Rio Qran-' dc do Norte e os proprietários de ses marias.

Tinham sido concedidas em recom pensa aos feitos dos primeiros povoadores nas lulas contra os índios e abran giam quase tcdo o território dessas oa-\

ço do século. Ou a que se levantou

pitanias. ^ Os povoadores que vieram no

ao serviço dos proprietários rurais como

conceder datas de terras por se.^ima-

entre a Câmara de Jaccbina e os her deiros de Antônio Guedes do Brito,

agregados ou capangas, ou corria para

rius pela mesma forma com que, se gundo as minhas reais ordens, se

rastro desses pioneiros, cm busca de lorra, não se podiam con.stituir como pioprietários, não passando de simples

cos da legislação, que era a deficiência

as cidades em formação, gerando um

geiros residentes no Brasil se possam

proletariado nômade no qual se recruta

concedem aos meus x-a^-DuIos, sem

vam os vadiüs e malfeitores. O número

embargo de quaisquer leis ou dis-

elevado de malandro.s', mendigos e de

pojíições em contrário.

A Mesa do

linqüentes e.spanta\'a todos os observa

Désembargo do. Paço o tenha assim

dores e.strangeiros que aqui passavam.

entendido e o faça executar."

sôbre duas sesmarias dc 300 léguas. Tudo isso mostra um dos pontos fra

do cadastro, a insegurança que cercava on títulos de propriedade. Certa feita, D. José I, por uma carta regia de 7 de

arrendatários, à mercê dos senhores de

feição feudal que ali se tinham estabe lecido. Repre.sentaram, então, ao Con selho Ultramarino, e a questão foi re solvida em carta-régia de D. José I,

agosto de 1753, teve de proibir ao ca-

que a seguir transcrevemos, por consti

nitflü-mor do Ceará conceder cartas de

tuir, na opinião abalizada de Felisbelo


100

Dici-sro

Econômico

Freire, um dos documentos básicos de nossa legislação territorial:

as sesmarias senõo para sc.smciro as

"Para evitar oposiçõcs e prejuízos dos moradores do Piauí, sertões da

tirem e darem a outros que a con-

Dicr.sio Econômico

Indiscutível, porém, é que essa cartarégia. assentando o requisito do cultivo pura consolidação da propriedade, abria eaiuinho à di\isão da gleba em propor ções mais iiumanas, ampiiando as pos sibilidades do acesso á propriedade da

abastecimento que isso provocaria. As sim, cm 1725, a um pedido dc confir

possuem por se não cumprir para

Itara. Não foi essa a única \'ez em que a Coroa sc arrogou o direito do interfe rir nas relações de propriedade, com

rabaldes do Rio dc Janeiro, El-Roi des

terra de sesmaria que nulamente

tas terras que llics coik-oíIo polas le rem cultivado êlcs mais rpic p<.'direm dc sesmarias cstanch) nos dis

tritos dc suas primoiras datas c

batendo, quer diretamente quer através

que ficam próximas ás cidades não se

que foram concedidas e dadas na queles distritos a Francisc-o Dias a Ávila Francisco Barbosa Leão,

dos seus representantes, o espírito lati fundiário. O Marques do Lavradio, no

dão dc sesmarias e só de aforamento quando não podem scr\ir ao Público".

período dc seu vice-reínado. decorrido de 1769 a 1779. lc\'e ocasião de amea

Muitas vêzes, o pensamento de su prir as cidades de gêneros que a mo

çou- os lavradores que não cultivavam

nocultura ameaçava reduzir, levou o

Bahia e Pernambuco, por ocasião das contendas e litígios que lhes mo veram os chamados sisrneiros (síc), um excessivo número de léguas de

Bernardo Pereira Cago, Domingos

cultivarem (sic) não para as rcpar* qulstem, rateiem c cn/rrni a fabri

car, o que só é permitido aos capi tães donatãrio.s e não os sesmciros

(síc) aos quais hei por bom quo des

achando-so ainda ínctillas c despo voadas se Ibes passem caria dc ses maria cni que se dcN'e pôr as cláu sulas com que ao presente sc passam,

Afonso Sertão, Francisco de Souza dcciarando-se as léguas «pie com agundes, Antonio Guedes de Bríto e Bernardo Vieira Ravasco, cxpreenderem e suas confrontações e limites como declaração dc 3 léguas penmentaram os moradores grandes vexaçoes na ocasião das sentenças de comprido c 1 de largo". (O grifo a e es alcançadas na expulsão* é nosso). de suas fazendas e fôros das ditas terras, sôbre que mandei tirar as in O que ôste diploma consagra, no sou formações necessárias e os ditos sis- português tortuo.so, é o princípio da meiros me fizeram suas representa apropriação xitil da terra. A proprieda ções em que foram ouvidos e res

ponderam os procuradores da minha fazenda; sou servido, em vista da Resolução de U de abril e 2 de agÔsto do presente ano, tomadas em

Consulta Ultramarina, anular, abolir

e cassar tôdas as ditas ordens, sentenças que tem havido nesta matéria para se darem os fundamentos^as demandas que pode haver de uma e outra parte, cancelando as mesmas sesmarias por nova praça tôdas as

terras que eles têm cultivado por si, seus feitores ou criados, ainda que estas se achem de presente arrenda

de é função do cultivo.

A terra não

pode ser objeto de especulações ganan ciosas.

Felisbelo Freire, comentando e

traduzindo êsse documento, esclarece: "As sesmarias foram consideradas caducas, menos as zonas cultivadas pelos sesmeiros, seus feitores e arrendatários. Os foreiros foram garantidos cm sou

direito de propriedade e transformados em senhorios, e as porções nfio cultiva-.

onde se tinham distribuído sesmarias, fanto na ilha como na terra firme, po-

Sc deduz dc outros documentos.

dra, onde houvesse terras devolutas, co

mo patrimônio próprio, a fim de que as aforassem a pequenos cultivadores. Em 1814, por exemplo, o intendente de polícia do Rio, Paulo Fernandes Viana,

rém os que as pediram e a quem se deram a maior parte, as procuravam mais por ostentação que para as fazer

remetia 50 casais de ilhéus para Viana,

"teis a si e ao Estado". E atribuindo a

500 de fundo.

isso as condições em que se achava

aquela capitania, sugere que se as dis tribuam, a título de prêmio, entie os*

••»oldados da guamição de Santa Catarie do Rio Grande do Sul. Ao se refe rir aos pobres que não tinham recursos para se estabelecerem, do que decor reu o fraco aumento da Capitania, o

relatório uma nota de modernidade.

arrendamento, pOr niío serem dadas

soas entraram a rotear e cultivar,

governante a conceder as vilas recém-

criadas, sesmarias de uma légua em qua

primeiros sesmciros obtô-las, mas se gundo os termos da legislação em vigor,

ainda fôsse a título de aforamento ou

das a outros colonos, nas quais se não deve incluir as cjue outras pes

pachou mandando ouvir os oficiais da Câmara e estabelecendo: "... As terras

de llias tomar. No relatório que dirigiu •^o seu sucessor, o Vícc-Rci Luiz de ^'^asconcelos, chama a atenção deste para o povoamento de Santa Catarina,

Marquês do Lavradio introduz em seu

tensão de 3 léguas de comprido e 1 de largo". Apenas quanto à afirmação de que as sesmarias não poderiam ser repartidas senão por capitão-mor parece ter havido opiniões cm contrário, como

concedida por D. Rodrigo César dc Menezes a Manoel Lniz Ferraz, nos ar

siius terras com a medida eficacíssima

das con.sideradas devolulas, podendo os

para colonizarem em três anos c na ex

mação de sesmaria de 4.000 braças de comprimento e outras tantas do testada,

Aliás, ôsses estadistas do .século XVIll mostram-se e.xtremamente sensíveis ao

no Espírito Santo. Concederam-se-lhes

sesmarias de 112 braças de testada por

Note-se que os açorianos foram utili

zados. desde o século XVIII, para im

plantar e difundir no Brasil a pequena propriedade. O Governador do Pará, Tancisco de Souza Coutinho, em sua informação de 1795, sôbre a lei de sesmarias, chamava a atenção para o sis ema peculiar de disliibuição de terque os ilhéus haviam levado para. 1808,

mandam-se

vir

1.500 famílias açorianas para o Rio

problema da terra e à necessidade de

Grande do Sul. O objetivo, aqui, era

reformar a estrutura agrária colonial.

essencialmente militar, fornecendo sol

Já existe, muito nítido, o pensamento do evitar o monopólio da propriedade nos arredores das cidades maiores.

A

Coroa compreende os problemas, de

dados á fronteira, mas o resultado foi também econômico, pois os imigrantes ti'ouxeram suas famílias e receberam pe

quenos lotes de torra. O decreto de D.

João é claro;


100

Dici-sro

Econômico

Freire, um dos documentos básicos de nossa legislação territorial:

as sesmarias senõo para sc.smciro as

"Para evitar oposiçõcs e prejuízos dos moradores do Piauí, sertões da

tirem e darem a outros que a con-

Dicr.sio Econômico

Indiscutível, porém, é que essa cartarégia. assentando o requisito do cultivo pura consolidação da propriedade, abria eaiuinho à di\isão da gleba em propor ções mais iiumanas, ampiiando as pos sibilidades do acesso á propriedade da

abastecimento que isso provocaria. As sim, cm 1725, a um pedido dc confir

possuem por se não cumprir para

Itara. Não foi essa a única \'ez em que a Coroa sc arrogou o direito do interfe rir nas relações de propriedade, com

rabaldes do Rio dc Janeiro, El-Roi des

terra de sesmaria que nulamente

tas terras que llics coik-oíIo polas le rem cultivado êlcs mais rpic p<.'direm dc sesmarias cstanch) nos dis

tritos dc suas primoiras datas c

batendo, quer diretamente quer através

que ficam próximas ás cidades não se

que foram concedidas e dadas na queles distritos a Francisc-o Dias a Ávila Francisco Barbosa Leão,

dos seus representantes, o espírito lati fundiário. O Marques do Lavradio, no

dão dc sesmarias e só de aforamento quando não podem scr\ir ao Público".

período dc seu vice-reínado. decorrido de 1769 a 1779. lc\'e ocasião de amea

Muitas vêzes, o pensamento de su prir as cidades de gêneros que a mo

çou- os lavradores que não cultivavam

nocultura ameaçava reduzir, levou o

Bahia e Pernambuco, por ocasião das contendas e litígios que lhes mo veram os chamados sisrneiros (síc), um excessivo número de léguas de

Bernardo Pereira Cago, Domingos

cultivarem (sic) não para as rcpar* qulstem, rateiem c cn/rrni a fabri

car, o que só é permitido aos capi tães donatãrio.s e não os sesmciros

(síc) aos quais hei por bom quo des

achando-so ainda ínctillas c despo voadas se Ibes passem caria dc ses maria cni que se dcN'e pôr as cláu sulas com que ao presente sc passam,

Afonso Sertão, Francisco de Souza dcciarando-se as léguas «pie com agundes, Antonio Guedes de Bríto e Bernardo Vieira Ravasco, cxpreenderem e suas confrontações e limites como declaração dc 3 léguas penmentaram os moradores grandes vexaçoes na ocasião das sentenças de comprido c 1 de largo". (O grifo a e es alcançadas na expulsão* é nosso). de suas fazendas e fôros das ditas terras, sôbre que mandei tirar as in O que ôste diploma consagra, no sou formações necessárias e os ditos sis- português tortuo.so, é o princípio da meiros me fizeram suas representa apropriação xitil da terra. A proprieda ções em que foram ouvidos e res

ponderam os procuradores da minha fazenda; sou servido, em vista da Resolução de U de abril e 2 de agÔsto do presente ano, tomadas em

Consulta Ultramarina, anular, abolir

e cassar tôdas as ditas ordens, sentenças que tem havido nesta matéria para se darem os fundamentos^as demandas que pode haver de uma e outra parte, cancelando as mesmas sesmarias por nova praça tôdas as

terras que eles têm cultivado por si, seus feitores ou criados, ainda que estas se achem de presente arrenda

de é função do cultivo.

A terra não

pode ser objeto de especulações ganan ciosas.

Felisbelo Freire, comentando e

traduzindo êsse documento, esclarece: "As sesmarias foram consideradas caducas, menos as zonas cultivadas pelos sesmeiros, seus feitores e arrendatários. Os foreiros foram garantidos cm sou

direito de propriedade e transformados em senhorios, e as porções nfio cultiva-.

onde se tinham distribuído sesmarias, fanto na ilha como na terra firme, po-

Sc deduz dc outros documentos.

dra, onde houvesse terras devolutas, co

mo patrimônio próprio, a fim de que as aforassem a pequenos cultivadores. Em 1814, por exemplo, o intendente de polícia do Rio, Paulo Fernandes Viana,

rém os que as pediram e a quem se deram a maior parte, as procuravam mais por ostentação que para as fazer

remetia 50 casais de ilhéus para Viana,

"teis a si e ao Estado". E atribuindo a

500 de fundo.

isso as condições em que se achava

aquela capitania, sugere que se as dis tribuam, a título de prêmio, entie os*

••»oldados da guamição de Santa Catarie do Rio Grande do Sul. Ao se refe rir aos pobres que não tinham recursos para se estabelecerem, do que decor reu o fraco aumento da Capitania, o

relatório uma nota de modernidade.

arrendamento, pOr niío serem dadas

soas entraram a rotear e cultivar,

governante a conceder as vilas recém-

criadas, sesmarias de uma légua em qua

primeiros sesmciros obtô-las, mas se gundo os termos da legislação em vigor,

ainda fôsse a título de aforamento ou

das a outros colonos, nas quais se não deve incluir as cjue outras pes

pachou mandando ouvir os oficiais da Câmara e estabelecendo: "... As terras

de llias tomar. No relatório que dirigiu •^o seu sucessor, o Vícc-Rci Luiz de ^'^asconcelos, chama a atenção deste para o povoamento de Santa Catarina,

Marquês do Lavradio introduz em seu

tensão de 3 léguas de comprido e 1 de largo". Apenas quanto à afirmação de que as sesmarias não poderiam ser repartidas senão por capitão-mor parece ter havido opiniões cm contrário, como

concedida por D. Rodrigo César dc Menezes a Manoel Lniz Ferraz, nos ar

siius terras com a medida eficacíssima

das con.sideradas devolulas, podendo os

para colonizarem em três anos c na ex

mação de sesmaria de 4.000 braças de comprimento e outras tantas do testada,

Aliás, ôsses estadistas do .século XVIll mostram-se e.xtremamente sensíveis ao

no Espírito Santo. Concederam-se-lhes

sesmarias de 112 braças de testada por

Note-se que os açorianos foram utili

zados. desde o século XVIII, para im

plantar e difundir no Brasil a pequena propriedade. O Governador do Pará, Tancisco de Souza Coutinho, em sua informação de 1795, sôbre a lei de sesmarias, chamava a atenção para o sis ema peculiar de disliibuição de terque os ilhéus haviam levado para. 1808,

mandam-se

vir

1.500 famílias açorianas para o Rio

problema da terra e à necessidade de

Grande do Sul. O objetivo, aqui, era

reformar a estrutura agrária colonial.

essencialmente militar, fornecendo sol

Já existe, muito nítido, o pensamento do evitar o monopólio da propriedade nos arredores das cidades maiores.

A

Coroa compreende os problemas, de

dados á fronteira, mas o resultado foi também econômico, pois os imigrantes ti'ouxeram suas famílias e receberam pe

quenos lotes de torra. O decreto de D.

João é claro;


TFT^rTTTV

Digivsto

102

Econômico

tribuição da terra v sua propriedade à noção do bem comum cb<»ea\ain-se lu-

de homens e mulheres em termos de

luralmcntc contra a resistênc ia dos se

casar, tirando, quanto se possa, voluntàriamente das mesmas ilhas para se transportarem para a Capitania do

Rio Grande, onde ordeno ao respec tivo governador e capitão-general, lhes mande distribuir pequenas sesmarias que hajam de cultivar, favo recendo, quanto se possa, o seu es

tabelecimento, na firme esperança que daí haja de resultar um grande aumento de povoamento, com que

A liberdade de iniciativa

Essas tentatí\as dc* .siibntolcr a dis

"Sou servido ordenar que das ilhas dos Açores se mandem vir 1.500 fa mílias ou um proporcional número

Cândido Motta ru.uo

nhores da trrra, garantidos pt)r privilé

A Constituição dc 1946, no seu iirti-

gios que remontavam, às \ ê/es. ao pri

go 145, diz que a ordem econômica dc\(« ser organizada conforme os prin cípios da justiça social, conciliando a

princípios da justiça social e quando exercida m;s limites do bem público. Antes, não constituía preocupação porque era uma conquista indi.sciitível

liberdade dc iniciativa com a valoriza

do indi\àdualismo liberal.

meiro século.

São cies os antecessores

dos fazendeiros do ImpiTío que com bateram sistematicamente a lei dc ter ras de 1850 e tentaram por todos os

ção do trabalho humano.

meios dificultar a inrigraçati dc colonos livres. São ainda cies os precursores dos reacionários de boje «'[ue, na im

sua feição autoritária, timbrou, como a Carta do Trabalho da Itália fascista, em

prensa e no parlamento, i>loqnciam si«j-

depois não só resulte o acréscimo de riqueza e prosperidade da mesma

temàticamcnte as tonlali\as dc dar ao

Capitania, mas se segure a sua de fesa em tempo de guerra."

no nosso campo uma estrutura demo

país um sistema dc terras eapaz dc criar crática.

A Constituição dc 1937. apesar de

Tcdo o sistema constitucional se cor-

poiificava. sem discussão, nas prerroga tivas indi\iduais, na afirmação da liber dade contratual, no reconhecimento do

dividual, no poder dc criaçao de orga

direito de propriedade em sua plenitu de e na afiimação dos direitos c garan tias individuais. Quando a Constitui

nização e dc invenção dn indivíduo, exercida no limito do bem público, fun-

rava a brasileiros e estrangeiros residen

resguardar a livre iniciati\'a. Prescre^'eu, no art. 135, que na iniciativa in

da-sc a riqueza e a prosperidade nacio-

ção de 1891, pelo seu art. 72, assegu tes no País a inviolabilidadè dos direito.;

concernentes à liberdade, à segurança ■rial. A intci-venção do Estado no do mínio econômico só se legitima para - individual e à propriedade, assegurava

s«prir as deficiências da iniciativa inclividual e coordenar os fatores da produ ção, dc maneira a evitar ou resolver os seus conflitos c introduzir no jogo cias competições individuais o pensamento dos interôsses da Nação, representados

tudo isso sem restrições, tanto mais que,

pelo parágrafo 17 desse mesmo artigo, o direito de propriedade

manter-se-ia

em toda a plenitude, salvo a desapro priação por necessidade e utilidade pú blica, mediante indenização prévia.

A Constituição de 1934 não fala em

A plenitude do direito de proprieda de, configurada em, seu sentido qmri-

estabelece que a ordem econômica deve

tario, era, afinal, a base de toda a or dem liberal. Graças a ela o homem nã :

so podia se defender contra as ameaça;

justiça e as necessidades da vida nacio

do poder arbitrário, como também agir

pelo Estado.

•i\'re iniciativa.

Apenas, no art. lio

ser organizada conforme os princípios da

nal, de modo que possibilite a todos existência digna. Dentro desses limi tes seria garantida a liberdade econô mica.

Assim, depois de 1930, dentro das

sucessivas transformações políticas e so

ciais, a livre iniciativa mereceu coloca- • ção especial na ordem constitucional do País, porque ela só se justificaria daí por diante, quando em harmonia com os

por conta própria e construir o seu mun

do econômico.

No elemento "estático"'

da vida social que é a propriedade, ti

nha assegurada assim a livre iniciativa, que é o seu "elemento dinâmico".

Se a propriedade era considerada co mo direito do indivíduo de gozar e di,.por da coisa de modo exclusivo, nc'e evidentemente estava incluída, con-.i sua decorrência, a livre iniciativa.

P.;À.


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Digivsto

102

Econômico

tribuição da terra v sua propriedade à noção do bem comum cb<»ea\ain-se lu-

de homens e mulheres em termos de

luralmcntc contra a resistênc ia dos se

casar, tirando, quanto se possa, voluntàriamente das mesmas ilhas para se transportarem para a Capitania do

Rio Grande, onde ordeno ao respec tivo governador e capitão-general, lhes mande distribuir pequenas sesmarias que hajam de cultivar, favo recendo, quanto se possa, o seu es

tabelecimento, na firme esperança que daí haja de resultar um grande aumento de povoamento, com que

A liberdade de iniciativa

Essas tentatí\as dc* .siibntolcr a dis

"Sou servido ordenar que das ilhas dos Açores se mandem vir 1.500 fa mílias ou um proporcional número

Cândido Motta ru.uo

nhores da trrra, garantidos pt)r privilé

A Constituição dc 1946, no seu iirti-

gios que remontavam, às \ ê/es. ao pri

go 145, diz que a ordem econômica dc\(« ser organizada conforme os prin cípios da justiça social, conciliando a

princípios da justiça social e quando exercida m;s limites do bem público. Antes, não constituía preocupação porque era uma conquista indi.sciitível

liberdade dc iniciativa com a valoriza

do indi\àdualismo liberal.

meiro século.

São cies os antecessores

dos fazendeiros do ImpiTío que com bateram sistematicamente a lei dc ter ras de 1850 e tentaram por todos os

ção do trabalho humano.

meios dificultar a inrigraçati dc colonos livres. São ainda cies os precursores dos reacionários de boje «'[ue, na im

sua feição autoritária, timbrou, como a Carta do Trabalho da Itália fascista, em

prensa e no parlamento, i>loqnciam si«j-

depois não só resulte o acréscimo de riqueza e prosperidade da mesma

temàticamcnte as tonlali\as dc dar ao

Capitania, mas se segure a sua de fesa em tempo de guerra."

no nosso campo uma estrutura demo

país um sistema dc terras eapaz dc criar crática.

A Constituição dc 1937. apesar de

Tcdo o sistema constitucional se cor-

poiificava. sem discussão, nas prerroga tivas indi\iduais, na afirmação da liber dade contratual, no reconhecimento do

dividual, no poder dc criaçao de orga

direito de propriedade em sua plenitu de e na afiimação dos direitos c garan tias individuais. Quando a Constitui

nização e dc invenção dn indivíduo, exercida no limito do bem público, fun-

rava a brasileiros e estrangeiros residen

resguardar a livre iniciati\'a. Prescre^'eu, no art. 135, que na iniciativa in

da-sc a riqueza e a prosperidade nacio-

ção de 1891, pelo seu art. 72, assegu tes no País a inviolabilidadè dos direito.;

concernentes à liberdade, à segurança ■rial. A intci-venção do Estado no do mínio econômico só se legitima para - individual e à propriedade, assegurava

s«prir as deficiências da iniciativa inclividual e coordenar os fatores da produ ção, dc maneira a evitar ou resolver os seus conflitos c introduzir no jogo cias competições individuais o pensamento dos interôsses da Nação, representados

tudo isso sem restrições, tanto mais que,

pelo parágrafo 17 desse mesmo artigo, o direito de propriedade

manter-se-ia

em toda a plenitude, salvo a desapro priação por necessidade e utilidade pú blica, mediante indenização prévia.

A Constituição de 1934 não fala em

A plenitude do direito de proprieda de, configurada em, seu sentido qmri-

estabelece que a ordem econômica deve

tario, era, afinal, a base de toda a or dem liberal. Graças a ela o homem nã :

so podia se defender contra as ameaça;

justiça e as necessidades da vida nacio

do poder arbitrário, como também agir

pelo Estado.

•i\'re iniciativa.

Apenas, no art. lio

ser organizada conforme os princípios da

nal, de modo que possibilite a todos existência digna. Dentro desses limi tes seria garantida a liberdade econô mica.

Assim, depois de 1930, dentro das

sucessivas transformações políticas e so

ciais, a livre iniciativa mereceu coloca- • ção especial na ordem constitucional do País, porque ela só se justificaria daí por diante, quando em harmonia com os

por conta própria e construir o seu mun

do econômico.

No elemento "estático"'

da vida social que é a propriedade, ti

nha assegurada assim a livre iniciativa, que é o seu "elemento dinâmico".

Se a propriedade era considerada co mo direito do indivíduo de gozar e di,.por da coisa de modo exclusivo, nc'e evidentemente estava incluída, con-.i sua decorrência, a livre iniciativa.

P.;À.


104

Dicksto KcoNÓMtca OlCESTO Econó.mico

ra os teóricos do século XVIII a proprie dade é justa e necessária à liberdade.

E a Revolução Americana e, em segui da, a Revolução Francesa, estabelece

ram como objeto de tôda sociedade po lítica a conservação da liberdade e da

propriedade. E' daí a exclamação de

Maury, que se tornou famosa, quando

o socialismo procurava insinuar-se na ideologia da Revolução Francesa : -

Vós quereis ser livres; mas sem pro priedade não há liberdade. A própria liberdade não é mais do que a primeira das propriedades".

cia, garantida por uma \'olumosa legí>' lação, sente-se desarlíctiiatla, c a nova«

grupos econômicos, num natural instin

que surge, ainda sem configurações as sentadas, se movimenta dentro de uma

to de defesa, tomam posição política, a

fim de assegurar, pelo Estado, a garan

linha confusa e arbitrária, qm* feria clc

tia efetiva e legal de seus inlorèsscs. E se a representação dc classe não consegue

morte principalnn ntc a velha noção do contrato, uma afirmação di.* vontades li vres e utna das formas da re iniviaiiva. A liberdade começou a ser acusada de negativa c formal. Pi-rinitintlo como permitia, ela fav<<r<*cera as cliferencíações perigü.sa.s. F.n<inanto as cons

via participar dos processos da pro

dução

econômica,

u

A democracia liberal, como democracia "sé explicava, no fundo e na fôrma, como

da livre iniciativa.

Com a modificação dos quadros económicos e políticos, que assumiu as

pecto de crise de civilização com a primeira guerra mundial, a unidade eco nômica vai aceleradamente deixando de

ser o "indivíduo" para ser a "cmprêsa". A economia dominante deixa o sistema de "concorrência" para ser de "mono

pólio".

cos e nas classes. E no Parlamento, pa-

diistrial. st preocu

•■a satisfazer aos que o elegeram, vão >"eclamando o auxilio do Estado ou, em

Em primeiro lugar, a Constituição é um plano, neste título, contra o desam paro social, pois ela assegurava a todos, pelo trabalho, uma existência digna (art. 145, parágrafo único). Em seguida, é um plano dc equilíbrio social c econô

eni

luantcr

imis.

a livre iniciativa, aceitava-Se o postu

lado ne pas trop gouverner

de.scnvoivrinento

suu.s linhas tradício-

das concorrências. Assim, para garantir

O número de empresas autô

nomas tende a diminuir, diante das cir cunstâncias, enquanto se assinala a ten

certos casos, sua intervenção.

A derrota do corporati\'ismo fascista

Ne.ssas condiç-ões, as relações dc no

c o repúdio à representação de classe

vos interôsscs,

econômica da política moderna nos paí-

postas pelas novas exigÔDcias da vida, vão facilitando, e ali, a vitória de idéias revolucionárias que revelam a presença das classes me

profissional não impediram a revisão

se.s democráticos, onde perdurava a cri(Ia produção c do desemprego. Assim. por todos os lados a incoerência do poder individual fazia com que esse po-

mico. O uso da propriedade está "con dicionado" ao bem-estar social.

A lei

poderá, ressalvadas garantias anteriores,

promover a justa distribuição da pro priedade, com igual oportunidade para

A Constituição, que deveria ser uma

ciativa .

cada

vez mais se

impor o preço, uma vez que desapare cera o livre jogo da oferta e da pro

lei fundamental de organização dos po-

cura.

ção social.

deres, se tomou uma lei básica de dire Todos os "dirigismos" co-

nieçaram a encontrar, em seus dispositi

ra aplacar os desentendimentos com a consagração dos princípios da declara

vos, amparo para os seus fins. E, se o

ção dos direitos sociais, vê-se,

como o protetor dos economicamente fracos, êle justifica plenamente essa

no en

nômica e social.

venção se fará tendo por base o interes se público e por limite os direitos fun damentais assegurados na Constituição

sente ameaçada pelo triunfo das gran

O liberalismo social, que aparece pa

assinalado no título sobre u ordem eco

todos (art. 147). A União poderá, me diante lei especial, intervir no domínio econômico e monopolizar determinada

(^Gsmo nos países novos, onde o progres so só seria possível através da livre ini

des e poderosas empresas, capazes de

mcntc pode ser de difícil definição, e

enfraquecesse,

nos favorecidas na estruturação da or dem social. E, com elas, está certa mente a massa dos consumidores qu© ^

Estado intervencionista

se apresentava

dência para a concentração de capitais e para a formação das grandes em-

tanto, envolvido por numerosas contra dições, que o deprimem e o desfiguram.

prêsas.

O socialismo, em tôdas as suas formas,

operava no mundo, por entre guerras e

conquista, com êle, novas posições, e os

revoluções.

A situação econômica que desapare

to de propriedade é ganintido, salvo o caso de desapropriação por necessidade ou utilidade pública, ou por "interesse social", mediante prévia e justa indeni

vado, dcsconliecendo a.s exigências do pava

que surgiria.espon tânea do regimem

grande vitória, transformando as bases

da representação política. Os candida

nômica e de protcç.ão dos fracos. Pelo art. 141. parágrafo 16, o direi

zação cm dinheiro. Êsse "iiitorêsse social", que juiidica-

ciais, o direito pri

so mesmo, não de

tada (Constituição de 1931, art. 23),

da, entretanto, consegue realmente uma

tcr\'encion!smo social, que se manifes tou no plano do direito do trabalho e nos princípios reguladores da vida eco

tos ao Parlam<'nto sentem a fragilidade oitcma dos partidos e a insuficiência dos argumentos políticos e sabem que a for ça moderna capaz de levá-los ao Par lamento reside nos interesses econômi

tituições se alheavam dos problemas so

O Estado, por is

formalmente uma vitória, apesar dc ten

tra coisa não fêz senão apoiar êsse in-

atitude diante da crise econômica que se

A Constituição bra.sileira de 1946 ou

indústria em atividade.

E essa inter

(art. 146). Por sua vez, a lei repriniírá tôda e qualquer forma de poder econômico, inclusive as uniões ou agru

pamentos de empresas individuais ou sociais, seja qual fôr a sua natureza, que tenham por fim dominar os mercados nacionais, eliminar a concorrência e au mentar arbitràriamente os lucros (art. 148).

' Em seguida a Constituição assegura frQ'h{illiíst.T p cIg nreví-


104

Dicksto KcoNÓMtca OlCESTO Econó.mico

ra os teóricos do século XVIII a proprie dade é justa e necessária à liberdade.

E a Revolução Americana e, em segui da, a Revolução Francesa, estabelece

ram como objeto de tôda sociedade po lítica a conservação da liberdade e da

propriedade. E' daí a exclamação de

Maury, que se tornou famosa, quando

o socialismo procurava insinuar-se na ideologia da Revolução Francesa : -

Vós quereis ser livres; mas sem pro priedade não há liberdade. A própria liberdade não é mais do que a primeira das propriedades".

cia, garantida por uma \'olumosa legí>' lação, sente-se desarlíctiiatla, c a nova«

grupos econômicos, num natural instin

que surge, ainda sem configurações as sentadas, se movimenta dentro de uma

to de defesa, tomam posição política, a

fim de assegurar, pelo Estado, a garan

linha confusa e arbitrária, qm* feria clc

tia efetiva e legal de seus inlorèsscs. E se a representação dc classe não consegue

morte principalnn ntc a velha noção do contrato, uma afirmação di.* vontades li vres e utna das formas da re iniviaiiva. A liberdade começou a ser acusada de negativa c formal. Pi-rinitintlo como permitia, ela fav<<r<*cera as cliferencíações perigü.sa.s. F.n<inanto as cons

via participar dos processos da pro

dução

econômica,

u

A democracia liberal, como democracia "sé explicava, no fundo e na fôrma, como

da livre iniciativa.

Com a modificação dos quadros económicos e políticos, que assumiu as

pecto de crise de civilização com a primeira guerra mundial, a unidade eco nômica vai aceleradamente deixando de

ser o "indivíduo" para ser a "cmprêsa". A economia dominante deixa o sistema de "concorrência" para ser de "mono

pólio".

cos e nas classes. E no Parlamento, pa-

diistrial. st preocu

•■a satisfazer aos que o elegeram, vão >"eclamando o auxilio do Estado ou, em

Em primeiro lugar, a Constituição é um plano, neste título, contra o desam paro social, pois ela assegurava a todos, pelo trabalho, uma existência digna (art. 145, parágrafo único). Em seguida, é um plano dc equilíbrio social c econô

eni

luantcr

imis.

a livre iniciativa, aceitava-Se o postu

lado ne pas trop gouverner

de.scnvoivrinento

suu.s linhas tradício-

das concorrências. Assim, para garantir

O número de empresas autô

nomas tende a diminuir, diante das cir cunstâncias, enquanto se assinala a ten

certos casos, sua intervenção.

A derrota do corporati\'ismo fascista

Ne.ssas condiç-ões, as relações dc no

c o repúdio à representação de classe

vos interôsscs,

econômica da política moderna nos paí-

postas pelas novas exigÔDcias da vida, vão facilitando, e ali, a vitória de idéias revolucionárias que revelam a presença das classes me

profissional não impediram a revisão

se.s democráticos, onde perdurava a cri(Ia produção c do desemprego. Assim. por todos os lados a incoerência do poder individual fazia com que esse po-

mico. O uso da propriedade está "con dicionado" ao bem-estar social.

A lei

poderá, ressalvadas garantias anteriores,

promover a justa distribuição da pro priedade, com igual oportunidade para

A Constituição, que deveria ser uma

ciativa .

cada

vez mais se

impor o preço, uma vez que desapare cera o livre jogo da oferta e da pro

lei fundamental de organização dos po-

cura.

ção social.

deres, se tomou uma lei básica de dire Todos os "dirigismos" co-

nieçaram a encontrar, em seus dispositi

ra aplacar os desentendimentos com a consagração dos princípios da declara

vos, amparo para os seus fins. E, se o

ção dos direitos sociais, vê-se,

como o protetor dos economicamente fracos, êle justifica plenamente essa

no en

nômica e social.

venção se fará tendo por base o interes se público e por limite os direitos fun damentais assegurados na Constituição

sente ameaçada pelo triunfo das gran

O liberalismo social, que aparece pa

assinalado no título sobre u ordem eco

todos (art. 147). A União poderá, me diante lei especial, intervir no domínio econômico e monopolizar determinada

(^Gsmo nos países novos, onde o progres so só seria possível através da livre ini

des e poderosas empresas, capazes de

mcntc pode ser de difícil definição, e

enfraquecesse,

nos favorecidas na estruturação da or dem social. E, com elas, está certa mente a massa dos consumidores qu© ^

Estado intervencionista

se apresentava

dência para a concentração de capitais e para a formação das grandes em-

tanto, envolvido por numerosas contra dições, que o deprimem e o desfiguram.

prêsas.

O socialismo, em tôdas as suas formas,

operava no mundo, por entre guerras e

conquista, com êle, novas posições, e os

revoluções.

A situação econômica que desapare

to de propriedade é ganintido, salvo o caso de desapropriação por necessidade ou utilidade pública, ou por "interesse social", mediante prévia e justa indeni

vado, dcsconliecendo a.s exigências do pava

que surgiria.espon tânea do regimem

grande vitória, transformando as bases

da representação política. Os candida

nômica e de protcç.ão dos fracos. Pelo art. 141. parágrafo 16, o direi

zação cm dinheiro. Êsse "iiitorêsse social", que juiidica-

ciais, o direito pri

so mesmo, não de

tada (Constituição de 1931, art. 23),

da, entretanto, consegue realmente uma

tcr\'encion!smo social, que se manifes tou no plano do direito do trabalho e nos princípios reguladores da vida eco

tos ao Parlam<'nto sentem a fragilidade oitcma dos partidos e a insuficiência dos argumentos políticos e sabem que a for ça moderna capaz de levá-los ao Par lamento reside nos interesses econômi

tituições se alheavam dos problemas so

O Estado, por is

formalmente uma vitória, apesar dc ten

tra coisa não fêz senão apoiar êsse in-

atitude diante da crise econômica que se

A Constituição bra.sileira de 1946 ou

indústria em atividade.

E essa inter

(art. 146). Por sua vez, a lei repriniírá tôda e qualquer forma de poder econômico, inclusive as uniões ou agru

pamentos de empresas individuais ou sociais, seja qual fôr a sua natureza, que tenham por fim dominar os mercados nacionais, eliminar a concorrência e au mentar arbitràriamente os lucros (art. 148).

' Em seguida a Constituição assegura frQ'h{illiíst.T p cIg nreví-


OiCFsro

DIOE5TO

106

dência social que vise à melhoria da condição dos trabalhadores (art. 157). Salário mínimo; igualdade de salário,

em igualdade de condições; salário no turno superior ao diumo; participação obrigatória e direta no lucro das cmprêsas; regulamentação das horas de

trabalho; repouso e férias remunera

das ; higiene e segurança no trabalho; : proibição de trabalho a menores de ca

Econômico

107

EcüNÔ.VUCO

145); das idéias sociais modernas, apoiou a ordem econômica, conforme

Os princípios sociais, o traballio como obrigação social, a intervenção do Estado :

/no domínio ccíinómico, o nso da pro- ^

criação da famosa corporação de direi

autoritário, num Estado liberal,

tos públicos — "Toncsscc Vallcv Authorithy" (T. V. A.) — (pio é um dos pi lares do "New Deal" c que, para explo rar cconòmicamenle o potencial do vale do Tcnessee, abrangeu, ao me.smo tem

socialismo imposto dentro de uma or

nesse

dem individualista, a li\re iniciativa se

recolhe e, com ela, o capital necessário aos empreendimentos de base.

da União americana.

O que é necessário, nessa política in ternacional de período de crise, é olhar o problema de frente e afirmar que, nu

Como se m(>\imcntar, dentro desscis condições, c dessas exitíencias, a liber

A lei Shernian, que é de 1890, e foi completada pela lei Claylon, que 6 de

a liberdade de iniciativa não pode real-

dade de iniciativa ?

priedade condicionado ao I)ein-cst;ir so- . •ciai, a repressão ao abuso ílo [xidcr eco nômico.

po, parte dc territórios de sete Estados

ma legislação fomentadora de conflitos,

i^.ssa pergunta se

1914, com a criação da "Federal Trade

mcnto c.xistir e. ao invés de chciiav à so-

dezoito anos, em indústrias insalubres,

torna ainda mais significati\a <|nando é

cialização da riqueza, se alcançará com

, e de trabalho noturno a menores de de zoito anos; direito da gestante e descan-

certo que a livre iniciativa .se encontra

Coinission" — não produz.iu os efeitos desejados, principalmente porque eslava desamparada de um conhecimento exa

torze anos,

a mulheres e menores de

so antes e depois do parto, sem prejuí zo do emprego nem do salário; estabi lidade, na empresa ou na exploração ru

ral, e indenização ao trabalhador despe

dido; reconhecimento das convenções coletivas de trabalho; assistência médi ca e hospitalar preventiva ao trabalha dor e à gestante ; assistência aos desem pregados; previdência social, com a con

tribuição da União, dos empregadores e dos empregados, contra as conseqüên cias da doença, da velhice, da invalidez

c da morte - constituem compromissos amplos e extensos, que exigem a mais completa e constante ingerência do Es tado.

' Mas não fica aí o intervencionismo do Estado, porque a família raerecè sua

(especial proteção (art. 16) e é obriga tória, em todo o território nacional, a

dependente dc leis e de organizações que a fazem dependente do interesse do Estado,

uma vez cpic as

to da situação industrial, o que só foi

"anti-trust

fcilo com a criação legal do "Tempo-

laws" têm sido inteiramente insiifioi(.»|^_

rary National Economia Commiltee". que apresentou então mo exaustivo e oionumcnlal inquérito sôbre a economia

tes, como também

a consagração dos

contratos dirigidos.

Assim, por mais que se prochinio a liberdade dc iniciativa, o (pie se vò,

realidade, c a aceitação do "dirigisnío", muito embora êle se mostre incerto e in

Êsse incpicritü, porém, nao decorreu só dc unia capacidade notoria de invéseconomia definida.

táculo real, efetivo,

à livre iniciativa,

para ela oferecidas por um país de

Nos países de economia fraca, de im precisão social, de incerteziis políticas, êsso dirigismo se mostra apoiado na

que recua desamparada e enfraquecida,

"razão de Estado" e se processa em meio de dificuldades intransponíveis. E

confundida com seus erros c suas de

êsse dirigismo autoritário e revolucioná

turpações c com a probabilidade de se afundar de vez na socialização dos meios

assistência à maternidade, à infância e <à adolescência, devendo a lei instituir auxílio às famílias de prole numerosa. Da concepção do individuali.smo libe

inquéritos perfeitos,

ral a Constituição aceitou os direitos do homem concernentes à vida, à liberda

caminhar com certa segurança. Nos Estados Unidos, o "New Deal" e o N.

de, à segurança individual e à proprie dade (art. 141); a igual oportunidade para todos, a liberdade de iniciativa e

R. A. tiveram que marchar por entre di ficuldades políticas, sociais e jurídicas. O próprio federalismo foi obrigado a

livre concorrência (art. 147, 148 e

recuar, como o individualismo, com n

de produção.

Nos países perfeitamente organizados, com as suas estatísticas

exatas e seus

os planos podem

inconfessá-

tivo do mundo moderno, deve ser lan

economia regolata). Essa economia õ, entretanto, traída pela experiência som propício, o obs

econômicos

çada em campo definido e com indis

bgação, como também das possibilida-

constitui, em clima

de privilégios

\'eis. O que é preciso, portanto, é eli minar êsses conflitos e chegar-se a uma definição de posições. A luta cx)ntra a injustiça social c contra a exploração do v homem pelo homem, que é um impera

americana.

seguro (Planwirtschaft, planned cconomy, economy planiiig, ccouomic dirigóe, bria do poder soviético. E' cia que se

ela a socialização da pcniíria e a oriaçãí)

rio não só vai de encontro aos econòmicamente fracos, mas faz aumentar o número dos descamisados, dos que, pa-

rasitàriamente, florescem à custa do po

der público, das comissões de contrôle de preço, do mercado negro e dos ins titutos e autarquias; fomenta a baixa da produção, o desinteresse do trabalhador,

pensável conhecimento de causa.

O

motivo social não pode ser vago e im preciso, pois, se assim o for, levará o Es

tado ao caminho da avbitiariedade, o que seria uma contradição com o seu próprio conceito. A liberdade da ini- \

ciativa precisa saber até onde ela pode ' contar consigo mesma, até onde ela po de ser aceita e compreendida como um elemento de constmção social, até onde ela pode ser considerada justa o eficaz..., Se não houver resposta a êsse pedido do definição, o Estado demasiadamente

custoso por sobre uma economia pobre, deixará de ser o que êle deve ser, mi nado e desmoralizado por suas contiadições internas. E êle será visto, nesse vasto campo propicio à arbitrariedade,

funcionários públicos, dos intermediá

como a violência organizada, quando o que dele se espera é a liberdade do ho

rios, dos fiscais.

mem e a justiça social.

o aumento

assustador do exército dos Com êsse dirigismo


OiCFsro

DIOE5TO

106

dência social que vise à melhoria da condição dos trabalhadores (art. 157). Salário mínimo; igualdade de salário,

em igualdade de condições; salário no turno superior ao diumo; participação obrigatória e direta no lucro das cmprêsas; regulamentação das horas de

trabalho; repouso e férias remunera

das ; higiene e segurança no trabalho; : proibição de trabalho a menores de ca

Econômico

107

EcüNÔ.VUCO

145); das idéias sociais modernas, apoiou a ordem econômica, conforme

Os princípios sociais, o traballio como obrigação social, a intervenção do Estado :

/no domínio ccíinómico, o nso da pro- ^

criação da famosa corporação de direi

autoritário, num Estado liberal,

tos públicos — "Toncsscc Vallcv Authorithy" (T. V. A.) — (pio é um dos pi lares do "New Deal" c que, para explo rar cconòmicamenle o potencial do vale do Tcnessee, abrangeu, ao me.smo tem

socialismo imposto dentro de uma or

nesse

dem individualista, a li\re iniciativa se

recolhe e, com ela, o capital necessário aos empreendimentos de base.

da União americana.

O que é necessário, nessa política in ternacional de período de crise, é olhar o problema de frente e afirmar que, nu

Como se m(>\imcntar, dentro desscis condições, c dessas exitíencias, a liber

A lei Shernian, que é de 1890, e foi completada pela lei Claylon, que 6 de

a liberdade de iniciativa não pode real-

dade de iniciativa ?

priedade condicionado ao I)ein-cst;ir so- . •ciai, a repressão ao abuso ílo [xidcr eco nômico.

po, parte dc territórios de sete Estados

ma legislação fomentadora de conflitos,

i^.ssa pergunta se

1914, com a criação da "Federal Trade

mcnto c.xistir e. ao invés de chciiav à so-

dezoito anos, em indústrias insalubres,

torna ainda mais significati\a <|nando é

cialização da riqueza, se alcançará com

, e de trabalho noturno a menores de de zoito anos; direito da gestante e descan-

certo que a livre iniciativa .se encontra

Coinission" — não produz.iu os efeitos desejados, principalmente porque eslava desamparada de um conhecimento exa

torze anos,

a mulheres e menores de

so antes e depois do parto, sem prejuí zo do emprego nem do salário; estabi lidade, na empresa ou na exploração ru

ral, e indenização ao trabalhador despe

dido; reconhecimento das convenções coletivas de trabalho; assistência médi ca e hospitalar preventiva ao trabalha dor e à gestante ; assistência aos desem pregados; previdência social, com a con

tribuição da União, dos empregadores e dos empregados, contra as conseqüên cias da doença, da velhice, da invalidez

c da morte - constituem compromissos amplos e extensos, que exigem a mais completa e constante ingerência do Es tado.

' Mas não fica aí o intervencionismo do Estado, porque a família raerecè sua

(especial proteção (art. 16) e é obriga tória, em todo o território nacional, a

dependente dc leis e de organizações que a fazem dependente do interesse do Estado,

uma vez cpic as

to da situação industrial, o que só foi

"anti-trust

fcilo com a criação legal do "Tempo-

laws" têm sido inteiramente insiifioi(.»|^_

rary National Economia Commiltee". que apresentou então mo exaustivo e oionumcnlal inquérito sôbre a economia

tes, como também

a consagração dos

contratos dirigidos.

Assim, por mais que se prochinio a liberdade dc iniciativa, o (pie se vò,

realidade, c a aceitação do "dirigisnío", muito embora êle se mostre incerto e in

Êsse incpicritü, porém, nao decorreu só dc unia capacidade notoria de invéseconomia definida.

táculo real, efetivo,

à livre iniciativa,

para ela oferecidas por um país de

Nos países de economia fraca, de im precisão social, de incerteziis políticas, êsso dirigismo se mostra apoiado na

que recua desamparada e enfraquecida,

"razão de Estado" e se processa em meio de dificuldades intransponíveis. E

confundida com seus erros c suas de

êsse dirigismo autoritário e revolucioná

turpações c com a probabilidade de se afundar de vez na socialização dos meios

assistência à maternidade, à infância e <à adolescência, devendo a lei instituir auxílio às famílias de prole numerosa. Da concepção do individuali.smo libe

inquéritos perfeitos,

ral a Constituição aceitou os direitos do homem concernentes à vida, à liberda

caminhar com certa segurança. Nos Estados Unidos, o "New Deal" e o N.

de, à segurança individual e à proprie dade (art. 141); a igual oportunidade para todos, a liberdade de iniciativa e

R. A. tiveram que marchar por entre di ficuldades políticas, sociais e jurídicas. O próprio federalismo foi obrigado a

livre concorrência (art. 147, 148 e

recuar, como o individualismo, com n

de produção.

Nos países perfeitamente organizados, com as suas estatísticas

exatas e seus

os planos podem

inconfessá-

tivo do mundo moderno, deve ser lan

economia regolata). Essa economia õ, entretanto, traída pela experiência som propício, o obs

econômicos

çada em campo definido e com indis

bgação, como também das possibilida-

constitui, em clima

de privilégios

\'eis. O que é preciso, portanto, é eli minar êsses conflitos e chegar-se a uma definição de posições. A luta cx)ntra a injustiça social c contra a exploração do v homem pelo homem, que é um impera

americana.

seguro (Planwirtschaft, planned cconomy, economy planiiig, ccouomic dirigóe, bria do poder soviético. E' cia que se

ela a socialização da pcniíria e a oriaçãí)

rio não só vai de encontro aos econòmicamente fracos, mas faz aumentar o número dos descamisados, dos que, pa-

rasitàriamente, florescem à custa do po

der público, das comissões de contrôle de preço, do mercado negro e dos ins titutos e autarquias; fomenta a baixa da produção, o desinteresse do trabalhador,

pensável conhecimento de causa.

O

motivo social não pode ser vago e im preciso, pois, se assim o for, levará o Es

tado ao caminho da avbitiariedade, o que seria uma contradição com o seu próprio conceito. A liberdade da ini- \

ciativa precisa saber até onde ela pode ' contar consigo mesma, até onde ela po de ser aceita e compreendida como um elemento de constmção social, até onde ela pode ser considerada justa o eficaz..., Se não houver resposta a êsse pedido do definição, o Estado demasiadamente

custoso por sobre uma economia pobre, deixará de ser o que êle deve ser, mi nado e desmoralizado por suas contiadições internas. E êle será visto, nesse vasto campo propicio à arbitrariedade,

funcionários públicos, dos intermediá

como a violência organizada, quando o que dele se espera é a liberdade do ho

rios, dos fiscais.

mem e a justiça social.

o aumento

assustador do exército dos Com êsse dirigismo


PSPT

109

Dicrsiu Kconómico

O cacau no vale dn rio Doce

\

Clóvis Caldeiha

Fisiografia elementar do vale

viométrico (2), quo dá para a mesma O total de 84.700 íjuílõmctros quadrados,

formado pelas ser-

exh-pmM e do Espinhaço, na G«T5, a• altitude , aproximada de de Minas 1.200

dividida em trés seções distintas.

"Fcfa ^1 Steaín

quilômetros ou mais. escreveu William John

'mu o vltit™ '«««. tentrinml a no, onde oêleponto maispersen^onal do faz uma

Slfí o seu curso até encontrar' uma soberba cadeia de den tadas eminências conhecidas por Serra

dos Aimorés." (i) i / da 1 serra, ^ passa gem através o t-orçando rio entra no ter-

ntóno espiríto-santense, onde, após um curso oriental de 180 quilômetros, des peja as águas no escoadouro atlântico, por duas bocas.

As estimativas a respeito do curso

total do no Doce divergem, por vêzes, lômetros a 977 e até mil. Ainda que sensivelmente, elevando-se de 778 qui

de maneira um tanto arbitrária, tería mos, adotado o critério da média arit-

méHca simples, a extensão de pouco mais de 918 quilômetros. As mesmas divergências ocorrem

quanto à área da bacia hidrográfica. Fiquemos, nesse particular, com os da dos ofipíais, constantes do Anuário plur / r

(1) "O Vale do Rio Doce", Almanaque Brasileiro Garnier, 1914, págs. 225 a 233 tradução de G. Noronha, da Sociedade de Geografia.

afluentes laterais.

sária à vida das plantações.

*'No bai.xo rio Doce," onde o cone de bida das úllitna.s serras (serras da Terra

!Am i do ^seu Wos

quase norte, por uma dis-

inundam tôda a zona, mas constituem

inaprcciável reserva de umidade, neces

dem de 69.000,

tributários apresenta características di ferenciadas, podendo, entretanto, ser

tânnil

maior e assim se forma um rosário de

dejeção c eünsiderá\"cl c começa a su

A zona banhada pelo rio Doce e seus

A parte que fica a oeste da Serra dos Aimort'.s, denominação que aí recebe a

Serra do Mar, forma uma de.spida pia- '' nície, c-om elevações que variam de tre zentos a novecentos metros acima do nível do mar.

Na parte leste da .serra, a terra, de gradada em platòs baixos, inelina-se gradualmente para a costa, bccobrenina espês-sas matas, cujas variedades mais \aliosas estão constituídas por jacarandá, ipê, peroba, vinliálico, pau d'arco, angico, sapucaia, bicuília, coração-denegro, massaranduba, graúna e guarabu. A terceira seção, próxima ao litoral, é constituída por extenso plano aluvial ocupado em grande parte por lagoas que se comunicam por meio do riachos. A origem dessas lagoas, algumas das quais são, em sentido rigoroso, verda

deiros lagos, foi magistralmente expli cada pelo Professor Píerre Deffontaines. "Êsses caudais de água — refere-se

.sobretudo, ao rio Doce — descendo do planalto por degraus sucessivos, tem uma grande potência de erosão e são

transportadores de matérias, principal mente areias, com que constróem vastos

Alta e da baunilha), os lagos de bar

mc.smo após a baixa das águas, perma necem cheios o resto do ano.

.separada do seu leito por um simples

fluência que êsso regimem de águas exerce sôbre as precipitações atmosfé

cordão litorâneo — unia restinga fluvial.

Merece, finalmente, destaque a in

Outros, como a Juparana, junto a foz do ricas no baixo vale, onde são desconlreSão José, são muito vastas. Esta tem cidas as estiagens prolongadas. Detcnhamo-nos. para os fins do pre dezoito quilômetros de extensão maior, sente trabalho, nesta seção do rio, con atingindo às vezes vinte metros de pro fundidade.

Está bordada por um ter

raço de tabuleiros que atingem setenta metros do altitude. O seu fluxo efetua-

se nas épocas de estiagem por um rio

siderada, até certa altura, de escasso

valor biogeográfico, mas que hoje se revela promissora ao influ.xo de nova e fascinante atividade econômica.

sinuoso, do uns quinze quilômetros, o

rio Pequeno, que nas enchentes do rio Doce pode correr em sentido contrário,

Linhares

i

A ocupação humana do bai.xo rio

^ permitindo a passagem do rio Doce

para o lago. Freqüentemente, alias a foz do rio Pequeno, aberta através dos

Doce, ainda hoje por se fazer em gran de parte, foi várias vêzes tentada entre os fins do século XVIII e coraeços do

depósitos arenosos do rio Doce, sofre deslocamentos importantes, seguindo as

atual, com sucessivas remessas de colo

grandes inundações. Pode até obstruir-

era, de par com as péssimas condições de salubridade da zona lacustre e pan-

se transitòriamcnte, abrindo o rio uma

nova passagem." (3).

Êsses lagos — chamemo-los assim — desempenham importante papel na vida da zoria do baixo vale, constituindo ver

nos. O maior entrave ao povoamento lanosa (malária endêmica), a terrível resistência oposta aos colonizadores pe los indígenas que a habitavam. Aliados aos Goitacazes, tradicionais inimigos da véspera, os Gés defendem ferozmente

(3) "Ensaio de Divisões Regionais e Es tudo de unia Civilização Pioneira" (Esta

as suas matas e rios de caça e pesca (4).

do do Espirito Santo), Bolelim Geográfi co. ano II, n.o 19, outubro de 1944, Con selho

correm desenhando aneurismas instáveis.

(trab. cit.) dava para a lagoa Juparanã trinta quilômetros de comprimento e cêr-

/.}.

Além dos lagos, articulados ao siste ma dellaico, desempenham também pa pel dc relevo os grandes valões abertos pcla.s águas das enchentes, os quais,

ragem são sem número. Alguns são peqiicno.s, como a lagoa do Óleo, sus pensa a doze metros acima do rio, e

cones de dejeção, sobre os quais êles ta) Publicação da Divisão de Áffuas.

dadeiro sistema regulador das águas. Não só impedem a violência das águas, durante as enchentes periódicas que

lagos ribeirinhos, inundando os vales dos

superior á estimada jxir Geilier, da or

metas acima do nível do mar, o rio

198 Lquicurso, empelos direção

Os afluentes que atingem por aí o rio principal encontram-se barrados pelos dcpó.>ito.s das cristas marginais ao rio

Nacional

de

Geografin.

ca de três de largura na de austral.

Steains

sua extremida

(4) Ainda em 1904 os Botucudos, ramo dos Aimorés, atacavam em Colatina os engenheiros que procediam à exploração do traçado da Estrada de Ferro Vitória a Minas


PSPT

109

Dicrsiu Kconómico

O cacau no vale dn rio Doce

\

Clóvis Caldeiha

Fisiografia elementar do vale

viométrico (2), quo dá para a mesma O total de 84.700 íjuílõmctros quadrados,

formado pelas ser-

exh-pmM e do Espinhaço, na G«T5, a• altitude , aproximada de de Minas 1.200

dividida em trés seções distintas.

"Fcfa ^1 Steaín

quilômetros ou mais. escreveu William John

'mu o vltit™ '«««. tentrinml a no, onde oêleponto maispersen^onal do faz uma

Slfí o seu curso até encontrar' uma soberba cadeia de den tadas eminências conhecidas por Serra

dos Aimorés." (i) i / da 1 serra, ^ passa gem através o t-orçando rio entra no ter-

ntóno espiríto-santense, onde, após um curso oriental de 180 quilômetros, des peja as águas no escoadouro atlântico, por duas bocas.

As estimativas a respeito do curso

total do no Doce divergem, por vêzes, lômetros a 977 e até mil. Ainda que sensivelmente, elevando-se de 778 qui

de maneira um tanto arbitrária, tería mos, adotado o critério da média arit-

méHca simples, a extensão de pouco mais de 918 quilômetros. As mesmas divergências ocorrem

quanto à área da bacia hidrográfica. Fiquemos, nesse particular, com os da dos ofipíais, constantes do Anuário plur / r

(1) "O Vale do Rio Doce", Almanaque Brasileiro Garnier, 1914, págs. 225 a 233 tradução de G. Noronha, da Sociedade de Geografia.

afluentes laterais.

sária à vida das plantações.

*'No bai.xo rio Doce," onde o cone de bida das úllitna.s serras (serras da Terra

!Am i do ^seu Wos

quase norte, por uma dis-

inundam tôda a zona, mas constituem

inaprcciável reserva de umidade, neces

dem de 69.000,

tributários apresenta características di ferenciadas, podendo, entretanto, ser

tânnil

maior e assim se forma um rosário de

dejeção c eünsiderá\"cl c começa a su

A zona banhada pelo rio Doce e seus

A parte que fica a oeste da Serra dos Aimort'.s, denominação que aí recebe a

Serra do Mar, forma uma de.spida pia- '' nície, c-om elevações que variam de tre zentos a novecentos metros acima do nível do mar.

Na parte leste da .serra, a terra, de gradada em platòs baixos, inelina-se gradualmente para a costa, bccobrenina espês-sas matas, cujas variedades mais \aliosas estão constituídas por jacarandá, ipê, peroba, vinliálico, pau d'arco, angico, sapucaia, bicuília, coração-denegro, massaranduba, graúna e guarabu. A terceira seção, próxima ao litoral, é constituída por extenso plano aluvial ocupado em grande parte por lagoas que se comunicam por meio do riachos. A origem dessas lagoas, algumas das quais são, em sentido rigoroso, verda

deiros lagos, foi magistralmente expli cada pelo Professor Píerre Deffontaines. "Êsses caudais de água — refere-se

.sobretudo, ao rio Doce — descendo do planalto por degraus sucessivos, tem uma grande potência de erosão e são

transportadores de matérias, principal mente areias, com que constróem vastos

Alta e da baunilha), os lagos de bar

mc.smo após a baixa das águas, perma necem cheios o resto do ano.

.separada do seu leito por um simples

fluência que êsso regimem de águas exerce sôbre as precipitações atmosfé

cordão litorâneo — unia restinga fluvial.

Merece, finalmente, destaque a in

Outros, como a Juparana, junto a foz do ricas no baixo vale, onde são desconlreSão José, são muito vastas. Esta tem cidas as estiagens prolongadas. Detcnhamo-nos. para os fins do pre dezoito quilômetros de extensão maior, sente trabalho, nesta seção do rio, con atingindo às vezes vinte metros de pro fundidade.

Está bordada por um ter

raço de tabuleiros que atingem setenta metros do altitude. O seu fluxo efetua-

se nas épocas de estiagem por um rio

siderada, até certa altura, de escasso

valor biogeográfico, mas que hoje se revela promissora ao influ.xo de nova e fascinante atividade econômica.

sinuoso, do uns quinze quilômetros, o

rio Pequeno, que nas enchentes do rio Doce pode correr em sentido contrário,

Linhares

i

A ocupação humana do bai.xo rio

^ permitindo a passagem do rio Doce

para o lago. Freqüentemente, alias a foz do rio Pequeno, aberta através dos

Doce, ainda hoje por se fazer em gran de parte, foi várias vêzes tentada entre os fins do século XVIII e coraeços do

depósitos arenosos do rio Doce, sofre deslocamentos importantes, seguindo as

atual, com sucessivas remessas de colo

grandes inundações. Pode até obstruir-

era, de par com as péssimas condições de salubridade da zona lacustre e pan-

se transitòriamcnte, abrindo o rio uma

nova passagem." (3).

Êsses lagos — chamemo-los assim — desempenham importante papel na vida da zoria do baixo vale, constituindo ver

nos. O maior entrave ao povoamento lanosa (malária endêmica), a terrível resistência oposta aos colonizadores pe los indígenas que a habitavam. Aliados aos Goitacazes, tradicionais inimigos da véspera, os Gés defendem ferozmente

(3) "Ensaio de Divisões Regionais e Es tudo de unia Civilização Pioneira" (Esta

as suas matas e rios de caça e pesca (4).

do do Espirito Santo), Bolelim Geográfi co. ano II, n.o 19, outubro de 1944, Con selho

correm desenhando aneurismas instáveis.

(trab. cit.) dava para a lagoa Juparanã trinta quilômetros de comprimento e cêr-

/.}.

Além dos lagos, articulados ao siste ma dellaico, desempenham também pa pel dc relevo os grandes valões abertos pcla.s águas das enchentes, os quais,

ragem são sem número. Alguns são peqiicno.s, como a lagoa do Óleo, sus pensa a doze metros acima do rio, e

cones de dejeção, sobre os quais êles ta) Publicação da Divisão de Áffuas.

dadeiro sistema regulador das águas. Não só impedem a violência das águas, durante as enchentes periódicas que

lagos ribeirinhos, inundando os vales dos

superior á estimada jxir Geilier, da or

metas acima do nível do mar, o rio

198 Lquicurso, empelos direção

Os afluentes que atingem por aí o rio principal encontram-se barrados pelos dcpó.>ito.s das cristas marginais ao rio

Nacional

de

Geografin.

ca de três de largura na de austral.

Steains

sua extremida

(4) Ainda em 1904 os Botucudos, ramo dos Aimorés, atacavam em Colatina os engenheiros que procediam à exploração do traçado da Estrada de Ferro Vitória a Minas


110

Dioksto Econômico

Entretanto, a despeito de tôdas as dificuldades, desde 1809 foram lan^-íi-

clareíra.s abertas, desborcla na clircçâo

das, no local onde já existia nm pôsto

Enquanto isso. I^inliar<-s tuilra t*m franca decadência, ceth-ndo o posto ü nova zrma, transfoninuia eiti piuito de irradiação dc corri nics cohmi/aílirras para as ferras até ali Nirgens au norte

militar, o quartel de Cousins, as bases

de um po\oado que viria a se tornar,

mais adiante, o principal núcleo de po voamento do baixo vale — Linhares —,

; denominação dada cm homenagem ao Ministro de Dom João VI, o Conde de Linhares.

Em 1815 Linhares já apresenta sinai? de franco florescimento. Amnstra.s

de linho, cânhamo e trigo, ali cultivados, são enviadas a Dom João. Em 1833,

norte, (5).

Hí çuo que, posta a funcionar e após lentativas malogradas de coloniza^-úo da zona, cessa definitivamente o.s seus ser, viços. Igual sorte estaria reservada à nova linha de navegação marítimo-fluvial que, mais

Há cêrca dc cinqüenta aiio.s — i-s.sa a versão mais corrente ~ um tnihalliador

Eenòmeiio idêutieo já so observara na

frutos de cacau, plantando as sna.s se mentes no lugar rlcnoniinatlo Eonlal da Balança, na niargcni direita cio rio. I^sso acontecimento, aparcnlc-mcnle sc-m im.

portància, iria produzir, mais adiante, grandes consccpièncías. Ao proceder assim, repeli, do, cm condi

ções de tempo c e.spaço

decadência mar

Luís

cada pelo adven-

pelas alturas de 1764, levou do

Deslocando, mais para a montan

Pará as primei

te, o centro de

imigrantes, notadamente italianos, polo neses e alemães. Do ponto onde se encontra Colatina, o movimento pionei ro, baseado na derribada e exploração comercial de certas espécies florestais e conseqüente utilização, pela cultura, das

Frederico

Warncau.x,

, to da ferrovia.

da Bami de Santa Maria na progressis

diferon-

lc.s, o feito do súdito francês

qual teve a sua

ta cidade de Colatina, para onde não tardaram a acorrer sucessivas leva.s de

ro da região sul-baiana — "média anual

/\ itilroduçíio (Io tyicüii im t ale (IchtUco

a

gravidade demográfica do baixo vale, a

tura do cacau na zona dellaica, as se-

do 23.4, total do precipitações superior

a comunicar Li-

estrada de ferro transformou o arraial

mento do sr. Manuel Salusliano. Prefeito

de Linhares, a (puni devemos grande número de iiulieações a respeito da cul

O rcgimem das temperaturas e das prccipilaçôe.s, condicionadoras de um clima quente-úmido, quase não difere, conforme já notou o sr. Pierre Mombeig, do de llliêus, importante centro cacaucía 2.000 milímetros, .som estação seca

• nhares à capital Estado,

In

eram da variedade Comum, dc tòdas a mais rústica, de difícil adaptaçao,

dc Colatina.

adiante, passou do

tarde ainda, para clivirsas outras.

felizmente, conforme o valioso depoi

mentc.s levadas pi lo trabalhador baiano

chamado Anlênít» \'4'iiâncio, tjrigjorgani^-se, em Londres, com nacionai.s rural nárío da I3alii;i. Icvmi para o vah- algurjs

e mgitses, uma companhia de navega-

111

Diciurro Econômico

ras scmento.s de

pelas suas exigências de solo e clima, e, sobretudo, de poiiea produtividade. zona eaeaneira baiana, notadamente nos

vales do Pardo e do Jcquilinhonba, onde só por uma ípieslão de rotina não se

fêz até hoje a substituição do Comum por outras variedades econômicas. E-sa circunstância negativa concorreu

decisivamente para levar o desanimo aos novos cacauicultorcs, cpie nao

trando compensação para os seus es oi Ços ou capitais abandonaram as p.anla-

çúes, até que em 1919 novos im.poi-

tes, desta vez proccdcnles da Bahia, se estabeleceram na zona, introduzindo ah sementes de outras varlcdadc.s. üs êxi

tos conseguidos pelos fazendeiros baia

nos, a maioria dos qimis afeita, cm sua terra natal, à cultura do cacau,

ressurgir o entusiasmo adormecido, de vendando novos e proniissoies louzon

tes para a lavoura cacaueira.

Os magníficos resultados obtidos nesse

cacau para a Bahia, Manuel Vcnàncio eslava longe dc saber que acabava de recuar o.s limites meridionais do cacau

tipo dc \itividade econômica, no bai

no Brasil.

tos relacionados com o cacau, o sr.

Alguns anos depois, daquela modesta

plantação foram retiradas scmento.s para as fazendas Taquaral e Sossego e, mais

xo vale, levariam um técnico em assun

(_5) Ver, a propósito, o "Vale do Rio Do

bro a fevereiro, oom tompo.<tadcs'' (6). Acro.sccnte-so a isso uma hidroseopici-

dade de 86 grau.s, bastante favorável à, cultura, sabidamente c.xigonto em maté ria dc umidade.

O solo, dc natureza argilosa ou sílico-

argilosa. apreyonla igualmente condi ções favoráveis, dada a constante depo sição de matéria aliivial üazida pelas enchentes, ricas em sais resultantes da

erosão, pelas chuvas das grandes trovoudas no planalto, das rochas do Com plexo Cristalino. As ilhas e taludes marginais, principalmente, são de gran de fertilidade.

Ao contrário do que acontece nalguns vales de rios cacaueiros baianos, como

o do Jequitinhonha, sujeitos a enchen tes violentas que tudo destroem cm sua marcha, depositando grandes quantida des de areia nas plantações marginais, as inundações do rio Doce são geral mente inofensivas, mercê do grande nú mero de lagos reguladores da zona. Não apenas inofensivas, mas, como vi-

Gregóriü Bondar, a prever, para futu

ro não muito distante, o deslocamento do eixo da produção cacaueira para aquela zona.

Sob vários aspectos, realmente, a zona ce". palestra de autoria do Professor LA-

nitidamonlc marcada, mas com dois

máximo: inn do maio a julho, com chu vas longas o rogularcs; outro do novem

deltaica reproduz, em escala relativa

cío de Castro Soares, publicada no Bole

mente reduzida, as condições de um

tim Geográfico, n.o 5, agôsto de 1943.

excelente "habitat" do cacau,

(6) "Os Problemas Geográficos do Ca cau no Sul do Estado da Bahia", Bolelim

Geográfico, ano II. n.o 24, março de 1945. Já de acordo com os elementos que nos

foram fornecidos pelo Prefeito de Linha

res, a temperatura média, ali, é de 23

graus, iiEAtnraineule inferior à assinalada pelo Professor Mombeig, e a irrigação anual, de «37 (mínima) a 1.500 milíine-

tcns (máxima].


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Dioksto Econômico

Entretanto, a despeito de tôdas as dificuldades, desde 1809 foram lan^-íi-

clareíra.s abertas, desborcla na clircçâo

das, no local onde já existia nm pôsto

Enquanto isso. I^inliar<-s tuilra t*m franca decadência, ceth-ndo o posto ü nova zrma, transfoninuia eiti piuito de irradiação dc corri nics cohmi/aílirras para as ferras até ali Nirgens au norte

militar, o quartel de Cousins, as bases

de um po\oado que viria a se tornar,

mais adiante, o principal núcleo de po voamento do baixo vale — Linhares —,

; denominação dada cm homenagem ao Ministro de Dom João VI, o Conde de Linhares.

Em 1815 Linhares já apresenta sinai? de franco florescimento. Amnstra.s

de linho, cânhamo e trigo, ali cultivados, são enviadas a Dom João. Em 1833,

norte, (5).

Hí çuo que, posta a funcionar e após lentativas malogradas de coloniza^-úo da zona, cessa definitivamente o.s seus ser, viços. Igual sorte estaria reservada à nova linha de navegação marítimo-fluvial que, mais

Há cêrca dc cinqüenta aiio.s — i-s.sa a versão mais corrente ~ um tnihalliador

Eenòmeiio idêutieo já so observara na

frutos de cacau, plantando as sna.s se mentes no lugar rlcnoniinatlo Eonlal da Balança, na niargcni direita cio rio. I^sso acontecimento, aparcnlc-mcnle sc-m im.

portància, iria produzir, mais adiante, grandes consccpièncías. Ao proceder assim, repeli, do, cm condi

ções de tempo c e.spaço

decadência mar

Luís

cada pelo adven-

pelas alturas de 1764, levou do

Deslocando, mais para a montan

Pará as primei

te, o centro de

imigrantes, notadamente italianos, polo neses e alemães. Do ponto onde se encontra Colatina, o movimento pionei ro, baseado na derribada e exploração comercial de certas espécies florestais e conseqüente utilização, pela cultura, das

Frederico

Warncau.x,

, to da ferrovia.

da Bami de Santa Maria na progressis

diferon-

lc.s, o feito do súdito francês

qual teve a sua

ta cidade de Colatina, para onde não tardaram a acorrer sucessivas leva.s de

ro da região sul-baiana — "média anual

/\ itilroduçíio (Io tyicüii im t ale (IchtUco

a

gravidade demográfica do baixo vale, a

tura do cacau na zona dellaica, as se-

do 23.4, total do precipitações superior

a comunicar Li-

estrada de ferro transformou o arraial

mento do sr. Manuel Salusliano. Prefeito

de Linhares, a (puni devemos grande número de iiulieações a respeito da cul

O rcgimem das temperaturas e das prccipilaçôe.s, condicionadoras de um clima quente-úmido, quase não difere, conforme já notou o sr. Pierre Mombeig, do de llliêus, importante centro cacaucía 2.000 milímetros, .som estação seca

• nhares à capital Estado,

In

eram da variedade Comum, dc tòdas a mais rústica, de difícil adaptaçao,

dc Colatina.

adiante, passou do

tarde ainda, para clivirsas outras.

felizmente, conforme o valioso depoi

mentc.s levadas pi lo trabalhador baiano

chamado Anlênít» \'4'iiâncio, tjrigjorgani^-se, em Londres, com nacionai.s rural nárío da I3alii;i. Icvmi para o vah- algurjs

e mgitses, uma companhia de navega-

111

Diciurro Econômico

ras scmento.s de

pelas suas exigências de solo e clima, e, sobretudo, de poiiea produtividade. zona eaeaneira baiana, notadamente nos

vales do Pardo e do Jcquilinhonba, onde só por uma ípieslão de rotina não se

fêz até hoje a substituição do Comum por outras variedades econômicas. E-sa circunstância negativa concorreu

decisivamente para levar o desanimo aos novos cacauicultorcs, cpie nao

trando compensação para os seus es oi Ços ou capitais abandonaram as p.anla-

çúes, até que em 1919 novos im.poi-

tes, desta vez proccdcnles da Bahia, se estabeleceram na zona, introduzindo ah sementes de outras varlcdadc.s. üs êxi

tos conseguidos pelos fazendeiros baia

nos, a maioria dos qimis afeita, cm sua terra natal, à cultura do cacau,

ressurgir o entusiasmo adormecido, de vendando novos e proniissoies louzon

tes para a lavoura cacaueira.

Os magníficos resultados obtidos nesse

cacau para a Bahia, Manuel Vcnàncio eslava longe dc saber que acabava de recuar o.s limites meridionais do cacau

tipo dc \itividade econômica, no bai

no Brasil.

tos relacionados com o cacau, o sr.

Alguns anos depois, daquela modesta

plantação foram retiradas scmento.s para as fazendas Taquaral e Sossego e, mais

xo vale, levariam um técnico em assun

(_5) Ver, a propósito, o "Vale do Rio Do

bro a fevereiro, oom tompo.<tadcs'' (6). Acro.sccnte-so a isso uma hidroseopici-

dade de 86 grau.s, bastante favorável à, cultura, sabidamente c.xigonto em maté ria dc umidade.

O solo, dc natureza argilosa ou sílico-

argilosa. apreyonla igualmente condi ções favoráveis, dada a constante depo sição de matéria aliivial üazida pelas enchentes, ricas em sais resultantes da

erosão, pelas chuvas das grandes trovoudas no planalto, das rochas do Com plexo Cristalino. As ilhas e taludes marginais, principalmente, são de gran de fertilidade.

Ao contrário do que acontece nalguns vales de rios cacaueiros baianos, como

o do Jequitinhonha, sujeitos a enchen tes violentas que tudo destroem cm sua marcha, depositando grandes quantida des de areia nas plantações marginais, as inundações do rio Doce são geral mente inofensivas, mercê do grande nú mero de lagos reguladores da zona. Não apenas inofensivas, mas, como vi-

Gregóriü Bondar, a prever, para futu

ro não muito distante, o deslocamento do eixo da produção cacaueira para aquela zona.

Sob vários aspectos, realmente, a zona ce". palestra de autoria do Professor LA-

nitidamonlc marcada, mas com dois

máximo: inn do maio a julho, com chu vas longas o rogularcs; outro do novem

deltaica reproduz, em escala relativa

cío de Castro Soares, publicada no Bole

mente reduzida, as condições de um

tim Geográfico, n.o 5, agôsto de 1943.

excelente "habitat" do cacau,

(6) "Os Problemas Geográficos do Ca cau no Sul do Estado da Bahia", Bolelim

Geográfico, ano II. n.o 24, março de 1945. Já de acordo com os elementos que nos

foram fornecidos pelo Prefeito de Linha

res, a temperatura média, ali, é de 23

graus, iiEAtnraineule inferior à assinalada pelo Professor Mombeig, e a irrigação anual, de «37 (mínima) a 1.500 milíine-

tcns (máxima].


I^ESTo Econômico

mos, altamente fertilizantes, em virtude

vflic do Santa Maria, eram vendidos a

da vaza que trazem e depositam nas quem os dc.seja.sse. Conio re.'^iiJtado, pjj. ilhas e terras ribeirinhas.

ralclíimcnte a um certo núiiu-n» de

quenas propriedades, priuí jp.ilim-nte vdlcs dos afjiientes. grande.s- sireas planta cacau tenns foram cmpabnad.ic ptir redii^ifjQ dc proprietários. O processo A cultura de cacau na zona dcllaica número mais usual era o da coinjjra de lotes vi desenvolve-se uas terras planas, de na- zinhos. Emendando "c-olòiiias". algo^j tureza quaternária ou aluvial, que mar- índívídiio.s cedf) se tr.-nisforiiiarain goaudo o no no percurso de 67 quilô dono.s dc con'-ideráveis áreas <le terra metros se estendem em profundidade de

Delimitação da área em que ie

1

forma vanavel e desigual. Assim é que cm de ermmados pontos atingem dezoi to quilômetros e em outros 8.5 e ate um quilômetro. Também nas ilhas se-

^ eomecam a f^osas pela sua fertilidade, c-oustituir-se grandes plan-

latifimdío; de mil hectares e mais.

'

de sua totalidade. Tôdo ^ . ^

^

Outros, porém, praticam a

que dificulta presentemente cslabclecerso uma média e.xata de produção por

hectare. Entretanto, eni plantações adul tas, vem-se obtendo francamente a mé

dia de oitocentos quilos por liectare, que comporta oitocentas árx-ores.

O

cabroca, fazendo o sombrcamcnto com

fmto do cacau pesa em média 390 gra

algumas leguininosns encontradas em es

mas e contém de 32 a 34 amêndoas, po.ssuindo cada amêndoa as dimensões

tado nati\'o, como a ingàzeira e o

colhidas e experimentadas, como a Erj/-

sagregadas e postas em cochos de ma

thrina Vcluthui. Enjlhiina Litospcrma, Alcuriles, Mullucaiia. Alhizzia Mídluca-

sa geralmente em seis dias, .sob tem

ções menores, que num coneeilo muito

pó íto. que na área total apropriada.

cerca de cem mi! licctarcs, apenas 7.3gg conforme os dados do Scrvivo de Esta tística da Produção, rclaliví)s a IO49 se achavam em cultivo.

*

Métodos de plantio e cuidados culturais

D soinbreaincnlo com leguminosas es

Doce, atraídos ou con\'idados i^elos

primeiro ali se estabeleceram, os baianos

levaram para o novo meio longa exp^, riência de cultura eaeaueira, tanto mais valiosa porque rica cm observações acumuladas durante dois séculos, mas nem por isso isenta dos inconvenientes

do empirismo. Tirante uma ou outra exceção, limitaram-se a prolongar, em

terras do Espírito Santo, os velhos mé lotes ou "colônias", de 25 hectares, tal todos de plantio e cuidados culturais, como já havia sido feito, no passado, caracterizados para a fixação de colonos europeus no mentarismo. pelo mais acentuado rudi-

de 21x11 milímetros e o pêso de um grama.

Como na Bahia, as amêndoas são de

deira para fermentação, que se proces

na, CravAlia e outras.

Aliás, em matéda de .somlireamenlo. a opinião dos fa

peratura natural de 45 graus centígra dos. Nos três primeiros dias, essa fer

zendeiros está longe de ser \iniforine, va

mentação é inteiramente alcoólica e,

riando ao sabor cie observações parciais

nos outros três, alcoólíco-acética. Fin

de simples inluições. Má, até mes"10. os cpio desaconselham qualquer cs-

da a fermentação, as amêndoas, comple tamente despidas da polpa, são levadas ao sol para a secagem, que se realiza

pécio de sombrcamento.

^ ospacejamento das ár\'ores. que na

no período de cinco dias, sob tempe

Bahia 6 geralmente de três metros, ratura de cinqüenta graus. A secagem ali a tré.s metros e sessenta ccn-

tímelros, o que parece dar bons resul tados.

Transladando-se para o \'ale do r|Q

uma companhia territorial onde também havia influências particulares. Essa companhia, com sede em Colatina, tinha por finalidade lotear as terras devolutas da 2»na a fim de receber colonos de imigração dirigida do Rio de Janeiro. Os

busliva.

Na área cultivada existem aproxima damente dez milhões dc cacaueiros, a maioria cm começo de frutificação, o

zona deltaica, proprieíhub.-s de propor»

a zona está

Regimem de propriedade Em 1922 o govêmo capixaba fundou

Toda\ia, \erificam-sc ligeiras varian tes. O sistí-ma da cabroca ou cabrouca, muito usual na Bahia, o que consist<? na morte lenta das gramlcs árvores, mediante taliios profundos no cerne, foi, por muitos, subsiiluíclo pela dcrribada das ár\'orcs menores. O cueauciro to mou assim o lugar da subvegetação ar-

mulungu. Veni-so aconselhando, e al guns já o faziun com bons resultados,

A área apropriada, da ordem de no manho médio. O qnc, porém, iiiexisvecentos a mil quilômetros quadrados, i te, ao reverso do qne ainda bojo. sc ve de.irnitada ao norte por uma série de rifica na zona eaeaueira da líahia, <5 ^ grandes lagos que constituem a maior pequena propriedade. Basta \ er, a prol

teiras acidentadas a montante do rio Supoe-se que o devassamento da zona eaeaueira tenha alcançado apenas 20%

113

Nessas condições, a granílc proprieda de daria a nota dominante na lavoora eaeaueira do vale, Há, por c<?rto, elástico piidein ser coií.sideradas do

■ defesa geográfica da zona; ao sul, por terrenos pantanosos e cm formação' a este, pelo Atlântico, e a oeste, pélas

Digesto Econó>uco

Duas são as variedades dc cacau cul tivadas no rio Doce: o Comum, que se

tornou indesejável por falta de adapta ção, e o Pará, que vem substituindo a

também pode ser feita em estufa, no

período de trinta horas, sob temperatu ra de 60 a 65 graus. A secagem ao sol, conquanto mais demorada, sujeita aos caprichos do tempo, oferece a vantagem de ser mais uniforme e guardar o valor intrínseco da amêndoa.

primeira. O cacau Pará adaptou-se de maneira feliz na zona, onde é cultivado

Origem da mão-de-obra

em larga escala e tem dado excelentes O principal fornecedor de mão-de-

resultados. (7).

obra a lavoura eaeaueira é ainda o sul Ambas as variedades, conforme a

da Bahia, fato explicável, em parte,

classificação de Pittier, citado pelo sr.

pela preferência dos fazendeiros esta-,

Gregório

belecidos no vale pelo trabalhador fa miliarizado com essa atividade agrícola. Deslocando-se, a pé, das propriedades

(7)

Bondar

na

sua

monografia

A Cultura de Cacau na Bahia, perten cem ao tipo Theobroma Lolocarpum ou cacau dial.

Forastero, na

terminolocia

mun


I^ESTo Econômico

mos, altamente fertilizantes, em virtude

vflic do Santa Maria, eram vendidos a

da vaza que trazem e depositam nas quem os dc.seja.sse. Conio re.'^iiJtado, pjj. ilhas e terras ribeirinhas.

ralclíimcnte a um certo núiiu-n» de

quenas propriedades, priuí jp.ilim-nte vdlcs dos afjiientes. grande.s- sireas planta cacau tenns foram cmpabnad.ic ptir redii^ifjQ dc proprietários. O processo A cultura de cacau na zona dcllaica número mais usual era o da coinjjra de lotes vi desenvolve-se uas terras planas, de na- zinhos. Emendando "c-olòiiias". algo^j tureza quaternária ou aluvial, que mar- índívídiio.s cedf) se tr.-nisforiiiarain goaudo o no no percurso de 67 quilô dono.s dc con'-ideráveis áreas <le terra metros se estendem em profundidade de

Delimitação da área em que ie

1

forma vanavel e desigual. Assim é que cm de ermmados pontos atingem dezoi to quilômetros e em outros 8.5 e ate um quilômetro. Também nas ilhas se-

^ eomecam a f^osas pela sua fertilidade, c-oustituir-se grandes plan-

latifimdío; de mil hectares e mais.

'

de sua totalidade. Tôdo ^ . ^

^

Outros, porém, praticam a

que dificulta presentemente cslabclecerso uma média e.xata de produção por

hectare. Entretanto, eni plantações adul tas, vem-se obtendo francamente a mé

dia de oitocentos quilos por liectare, que comporta oitocentas árx-ores.

O

cabroca, fazendo o sombrcamcnto com

fmto do cacau pesa em média 390 gra

algumas leguininosns encontradas em es

mas e contém de 32 a 34 amêndoas, po.ssuindo cada amêndoa as dimensões

tado nati\'o, como a ingàzeira e o

colhidas e experimentadas, como a Erj/-

sagregadas e postas em cochos de ma

thrina Vcluthui. Enjlhiina Litospcrma, Alcuriles, Mullucaiia. Alhizzia Mídluca-

sa geralmente em seis dias, .sob tem

ções menores, que num coneeilo muito

pó íto. que na área total apropriada.

cerca de cem mi! licctarcs, apenas 7.3gg conforme os dados do Scrvivo de Esta tística da Produção, rclaliví)s a IO49 se achavam em cultivo.

*

Métodos de plantio e cuidados culturais

D soinbreaincnlo com leguminosas es

Doce, atraídos ou con\'idados i^elos

primeiro ali se estabeleceram, os baianos

levaram para o novo meio longa exp^, riência de cultura eaeaueira, tanto mais valiosa porque rica cm observações acumuladas durante dois séculos, mas nem por isso isenta dos inconvenientes

do empirismo. Tirante uma ou outra exceção, limitaram-se a prolongar, em

terras do Espírito Santo, os velhos mé lotes ou "colônias", de 25 hectares, tal todos de plantio e cuidados culturais, como já havia sido feito, no passado, caracterizados para a fixação de colonos europeus no mentarismo. pelo mais acentuado rudi-

de 21x11 milímetros e o pêso de um grama.

Como na Bahia, as amêndoas são de

deira para fermentação, que se proces

na, CravAlia e outras.

Aliás, em matéda de .somlireamenlo. a opinião dos fa

peratura natural de 45 graus centígra dos. Nos três primeiros dias, essa fer

zendeiros está longe de ser \iniforine, va

mentação é inteiramente alcoólica e,

riando ao sabor cie observações parciais

nos outros três, alcoólíco-acética. Fin

de simples inluições. Má, até mes"10. os cpio desaconselham qualquer cs-

da a fermentação, as amêndoas, comple tamente despidas da polpa, são levadas ao sol para a secagem, que se realiza

pécio de sombrcamento.

^ ospacejamento das ár\'ores. que na

no período de cinco dias, sob tempe

Bahia 6 geralmente de três metros, ratura de cinqüenta graus. A secagem ali a tré.s metros e sessenta ccn-

tímelros, o que parece dar bons resul tados.

Transladando-se para o \'ale do r|Q

uma companhia territorial onde também havia influências particulares. Essa companhia, com sede em Colatina, tinha por finalidade lotear as terras devolutas da 2»na a fim de receber colonos de imigração dirigida do Rio de Janeiro. Os

busliva.

Na área cultivada existem aproxima damente dez milhões dc cacaueiros, a maioria cm começo de frutificação, o

zona deltaica, proprieíhub.-s de propor»

a zona está

Regimem de propriedade Em 1922 o govêmo capixaba fundou

Toda\ia, \erificam-sc ligeiras varian tes. O sistí-ma da cabroca ou cabrouca, muito usual na Bahia, o que consist<? na morte lenta das gramlcs árvores, mediante taliios profundos no cerne, foi, por muitos, subsiiluíclo pela dcrribada das ár\'orcs menores. O cueauciro to mou assim o lugar da subvegetação ar-

mulungu. Veni-so aconselhando, e al guns já o faziun com bons resultados,

A área apropriada, da ordem de no manho médio. O qnc, porém, iiiexisvecentos a mil quilômetros quadrados, i te, ao reverso do qne ainda bojo. sc ve de.irnitada ao norte por uma série de rifica na zona eaeaueira da líahia, <5 ^ grandes lagos que constituem a maior pequena propriedade. Basta \ er, a prol

teiras acidentadas a montante do rio Supoe-se que o devassamento da zona eaeaueira tenha alcançado apenas 20%

113

Nessas condições, a granílc proprieda de daria a nota dominante na lavoora eaeaueira do vale, Há, por c<?rto, elástico piidein ser coií.sideradas do

■ defesa geográfica da zona; ao sul, por terrenos pantanosos e cm formação' a este, pelo Atlântico, e a oeste, pélas

Digesto Econó>uco

Duas são as variedades dc cacau cul tivadas no rio Doce: o Comum, que se

tornou indesejável por falta de adapta ção, e o Pará, que vem substituindo a

também pode ser feita em estufa, no

período de trinta horas, sob temperatu ra de 60 a 65 graus. A secagem ao sol, conquanto mais demorada, sujeita aos caprichos do tempo, oferece a vantagem de ser mais uniforme e guardar o valor intrínseco da amêndoa.

primeira. O cacau Pará adaptou-se de maneira feliz na zona, onde é cultivado

Origem da mão-de-obra

em larga escala e tem dado excelentes O principal fornecedor de mão-de-

resultados. (7).

obra a lavoura eaeaueira é ainda o sul Ambas as variedades, conforme a

da Bahia, fato explicável, em parte,

classificação de Pittier, citado pelo sr.

pela preferência dos fazendeiros esta-,

Gregório

belecidos no vale pelo trabalhador fa miliarizado com essa atividade agrícola. Deslocando-se, a pé, das propriedades

(7)

Bondar

na

sua

monografia

A Cultura de Cacau na Bahia, perten cem ao tipo Theobroma Lolocarpum ou cacau dial.

Forastero, na

terminolocia

mun


Dicesto Econômico

114

baianas, aos grupos, acompanhados dc suas famílias, êles chegam ao vale do rio Doce à procura de trabalho.

quílômclro.s dt* u-xtíiisát). IDo pôrlo ma rítimo dc Vitória, a

íamo-su

rícpieza

tropical srgiuí dírcl.niu ji!<- para os nier-

Entretanto, nestes últimos anos, cm

c-ados consnínidorc, no M.xtfrior. onde

\irtude do êxodo rural para os grandes centros, a mão-de-obra agrícola vai-se

é bastante apreciada, pelt) amargo das

tomando escassa.

Tcdor: cs serviços são praticados pelo sistema de diárias (salariato) e das em

preitadas, estas mediante ajuste prévio, conforme a tarefa a executar, e aque las à base de dezoito cruzeiro-s vm mé dia, por jornada de trabalho. Sendo bastante elevado o custo da \ida na zona, não é difícil imaginar as dificul dades que atravessam os assalariados do

cacau no vale. Alguns dentre êles, logo que podem, estabelecem-se por c-onta própria, além. das margens do rio, em terras já apropriadas pelos grandes fa zendeiros, abrindo pequenas roças na floresta. Mas nem por isso podem ser considerados pequenos proprietários; fal ta-lhes, para tanto, a principal condição — a propriedade da terra.

Outros tipos de atividade econômica

No estágio em que presentemente se encontra, isto é, em princípio de desen volvimento, o cacau ainda não se cons tituiu, ali, naquele tirano exclusivista do sul da Bahia.

amêndoas, para misturas cotu outros tipos. Apenas uma pequena percenla-

gem da produção é clvstiiiaila à incUi:trializíição no País. O custo do Iransporlí- \aria cie do7. a doze criizeiríis p:jr saco dc- .sessenta

c|uílos, infcrif..' ao cobrado em percursos menores na zona cacaueiia da Haliia.

Nenhum iinpòsto ou taxa incide .so

bre o imóxcl, mas apcn.is sobre a pro dução, no total cie 7,5'/, sendo 2,5 5

do imposto dc \cnda.s e c onsignações e 5% dc taxa de fomcnlo agrícola. Estado da baliia, os impostos e la.xas

que pesam .sobro a laxoura cacaucdra sc elevam atimlmontc a 50/ do x alor cia produção.

No que respeita no crédito, a bu ouru de cacau no vale do ri(5 Doce tom o único financiamento da CarUura de Cré-

dito Agrícola cio Banco do Brasil, que faz empréstimos à base dc 30/ do valor da safra em curso ou cm fornuição, a juros de 7% c prazo máximo dc um ano. Somando-sc aos juros algumas ta.xas

corrcspondcnlc.s a avaliaçao ctc., a percenlagcm real, c, apro.ximadamente,

Embora seja a cultura predominante, existem outras de importância menor, tais ccmo a da cana-de-açúcar, mandio

ca,'arroz e principalmente café, cuja lavoura, paralelamente à do cacau, vem

despertando grande interesse em tôda p. zona.

Perspectioa s de expansão

Em relação à produção brasileira de cacau, da ordem dc 1.38.54.5 toneladas, em 1949, para a qual sòincnle a Bahia contribuiu, no mesmo ano, com o con

tingente de 115.149 toneladas (96,23 56 Transporte, crédito, impostos

O escoamento da produção é feito pela rodovia Linliares-Vitória, com 146

do total), a do vale do rio Doce é, ainda, insignificante, rcpre.sentando me nos de 2 %.

Mas não deixa de revestir

Significação a circunstância dc, em sç

Díc.fsic) Econó.micc)

tratando de zona cacauoira rcccnlc. Ocupar o .segundo lugar n;i escala das zonas produtoras do Pais, inelu>^ivc a njais antiga, ou s«-ja, a .Amazônia, de

115

ontraw ao desenvolvimento dessa no\a

meiras scnuntcs dc cacau para a Bahia,

cultura c.slá justamente no atual regiinem de propriedade, pela concentra ção de grandes áreas de terra nas mãos do reduzido número dc pessoas. Toda a zona cacaueira, conforme .se afirmou

que acabou por llic arrcl)alar o cclro. Alguns anos clc preços lavoráxcis nos

não mais e.xislindo terras devolutas. Conhecido o papel que històvicamen-

onde-, como vimos, foram Icxadas as pri

mercados consumiilorcs, paralclami-ntc a

uma política de auxílio efctixo aos agri

cultores, representariam, sc-m dúxida, poderoso estímulo ã expansão da cultura

de cacau no \alc. presentemente nuiilü longe dc atingir os limites teóricos da zona geográfica passível de exploração vconómica.

Enírelunto, e cabe esta obserxação final, tudo cslá a indicar que o maiin-

mni.s atrás, já se cncxmtra apropriada, te desempenha n pequena propriedade na formação de culturas do tipo consi derado, nas quai,s. pela auscneia de ca

pitais, o trabulho do homem e de sua família constitui importante fator do

produção, não se de\e esperar, sem a modificação do atual regimem. que a lavoura cacaueira do vale do rio Doce" ícalize, nos próximos anos, progressos de monta.


Dicesto Econômico

114

baianas, aos grupos, acompanhados dc suas famílias, êles chegam ao vale do rio Doce à procura de trabalho.

quílômclro.s dt* u-xtíiisát). IDo pôrlo ma rítimo dc Vitória, a

íamo-su

rícpieza

tropical srgiuí dírcl.niu ji!<- para os nier-

Entretanto, nestes últimos anos, cm

c-ados consnínidorc, no M.xtfrior. onde

\irtude do êxodo rural para os grandes centros, a mão-de-obra agrícola vai-se

é bastante apreciada, pelt) amargo das

tomando escassa.

Tcdor: cs serviços são praticados pelo sistema de diárias (salariato) e das em

preitadas, estas mediante ajuste prévio, conforme a tarefa a executar, e aque las à base de dezoito cruzeiro-s vm mé dia, por jornada de trabalho. Sendo bastante elevado o custo da \ida na zona, não é difícil imaginar as dificul dades que atravessam os assalariados do

cacau no vale. Alguns dentre êles, logo que podem, estabelecem-se por c-onta própria, além. das margens do rio, em terras já apropriadas pelos grandes fa zendeiros, abrindo pequenas roças na floresta. Mas nem por isso podem ser considerados pequenos proprietários; fal ta-lhes, para tanto, a principal condição — a propriedade da terra.

Outros tipos de atividade econômica

No estágio em que presentemente se encontra, isto é, em princípio de desen volvimento, o cacau ainda não se cons tituiu, ali, naquele tirano exclusivista do sul da Bahia.

amêndoas, para misturas cotu outros tipos. Apenas uma pequena percenla-

gem da produção é clvstiiiaila à incUi:trializíição no País. O custo do Iransporlí- \aria cie do7. a doze criizeiríis p:jr saco dc- .sessenta

c|uílos, infcrif..' ao cobrado em percursos menores na zona cacaueiia da Haliia.

Nenhum iinpòsto ou taxa incide .so

bre o imóxcl, mas apcn.is sobre a pro dução, no total cie 7,5'/, sendo 2,5 5

do imposto dc \cnda.s e c onsignações e 5% dc taxa de fomcnlo agrícola. Estado da baliia, os impostos e la.xas

que pesam .sobro a laxoura cacaucdra sc elevam atimlmontc a 50/ do x alor cia produção.

No que respeita no crédito, a bu ouru de cacau no vale do ri(5 Doce tom o único financiamento da CarUura de Cré-

dito Agrícola cio Banco do Brasil, que faz empréstimos à base dc 30/ do valor da safra em curso ou cm fornuição, a juros de 7% c prazo máximo dc um ano. Somando-sc aos juros algumas ta.xas

corrcspondcnlc.s a avaliaçao ctc., a percenlagcm real, c, apro.ximadamente,

Embora seja a cultura predominante, existem outras de importância menor, tais ccmo a da cana-de-açúcar, mandio

ca,'arroz e principalmente café, cuja lavoura, paralelamente à do cacau, vem

despertando grande interesse em tôda p. zona.

Perspectioa s de expansão

Em relação à produção brasileira de cacau, da ordem dc 1.38.54.5 toneladas, em 1949, para a qual sòincnle a Bahia contribuiu, no mesmo ano, com o con

tingente de 115.149 toneladas (96,23 56 Transporte, crédito, impostos

O escoamento da produção é feito pela rodovia Linliares-Vitória, com 146

do total), a do vale do rio Doce é, ainda, insignificante, rcpre.sentando me nos de 2 %.

Mas não deixa de revestir

Significação a circunstância dc, em sç

Díc.fsic) Econó.micc)

tratando de zona cacauoira rcccnlc. Ocupar o .segundo lugar n;i escala das zonas produtoras do Pais, inelu>^ivc a njais antiga, ou s«-ja, a .Amazônia, de

115

ontraw ao desenvolvimento dessa no\a

meiras scnuntcs dc cacau para a Bahia,

cultura c.slá justamente no atual regiinem de propriedade, pela concentra ção de grandes áreas de terra nas mãos do reduzido número dc pessoas. Toda a zona cacaueira, conforme .se afirmou

que acabou por llic arrcl)alar o cclro. Alguns anos clc preços lavoráxcis nos

não mais e.xislindo terras devolutas. Conhecido o papel que històvicamen-

onde-, como vimos, foram Icxadas as pri

mercados consumiilorcs, paralclami-ntc a

uma política de auxílio efctixo aos agri

cultores, representariam, sc-m dúxida, poderoso estímulo ã expansão da cultura

de cacau no \alc. presentemente nuiilü longe dc atingir os limites teóricos da zona geográfica passível de exploração vconómica.

Enírelunto, e cabe esta obserxação final, tudo cslá a indicar que o maiin-

mni.s atrás, já se cncxmtra apropriada, te desempenha n pequena propriedade na formação de culturas do tipo consi derado, nas quai,s. pela auscneia de ca

pitais, o trabulho do homem e de sua família constitui importante fator do

produção, não se de\e esperar, sem a modificação do atual regimem. que a lavoura cacaueira do vale do rio Doce" ícalize, nos próximos anos, progressos de monta.


DIOESTO ECONti.MlCO

o pensamento economico na Grécia

léria. Hegel é idealista, enquanto Marx

Recomenda Xenofonte a prática da

A Grécia e em Roma, as idéias

ciar o idcallsnín licgeliano c a doutriO*

eine Religion.

econômicas estiveram mistura

marxista, cpic não c tolalmcnlf^ nrigiu^'

er erstens cín System von Iclzlen Zielen, die den Sinn des Leben enthalten und

temperança e a boa distribuição das ati vidades produtivas. Despreza o traba lho manual, porque definJia o corpo e embota o espírito, mas a agricultura ocupa lugar de relevo nas Econémícfls. Além disso.-proteger o comércio e acolher o estrangeiro são obrigações que êle

absolule Masslübe sind. nuch wolcben

atribuía aos atenienses, porém "il sait si

Eroignissc und Taten beurteilt werden konnen; und zwcitens bietet cr sich ais Fubrer zu jcncn Ziclcn, was gleicbbcdeutend ist mit einem Erlosungsplan und mit der Aufdeckung des Übels, von dem

pcu pourquoi et jusqu'à quel point il a raison, qu'il met en doute dans un autre

Ahnódio Ghaça

defende o

malerialismo dialético o

o que Joseph Schumpetcr denominou a

(Caledrático da Faculdade de Direito do RecifeJ

religião do profeta comunista: "In eincr wicbtigen Ilinsiclit ist der Marxismus

das com a religião, a filosofia

Consoante Ileráclití). liá lota dos con

e a arte. Fustcl de Coulanges

trários que se modifica oin liarnionia dos mesmos, porfjnanlo os sères estão subor

aponta-nos a influência do culto aos

deuses na cidade antiga, que era uma espécie de santuário onde a religião, ao invés de elevar espiritualmente as cria turas, se transformou em geratríz do

ódio e da iniqüidade. Privilégios sacra mentais, direito de propriedade, justiya, desigualdade das classes, tudo se funcrença religiosa, que era mo-

nopóiio dos chefes de família, dos pri

mogênitos, que oravam e exerciam os

misteres de senhor e magistrado. Os

clientes não podiam ser proprietários; ccmpareciam às cerimônias, porém não

lhes era conferido o direito de possuir um deus e de rezar, porque "a santa tradição, os ritos, as palavras sacramen

tais, as fórmulas onipotentes que mo tivavam a ação das divindades", constitoiam pnvilégio do sangue, ou here ditário. (1).

A poesia de Hesíodo sobre o trabalho

e a vida rural, a confraria de Piiágoras, a dialética de Heráclito, as concepções de Xenofonte, a sátira de Aristófanes, os diálogos de Platão e a crematística de

Aristóteles demonstram a antiqüíssima união da arte e da filosofia com as idéias econômicas.

Se Pitágoras foi o gênio fabuloso que instituiu uma confraria científico-reli-

giosa onde houve o comunismo dos bens e das mulheres, a construção dialética de Heráclito resistiu de tal maneira à

ação do tempo, que chegou a influen

dinados ao perpétuo dcvcnir.

uni

verso, tudo é movimento, tudo fluí, co mo o rio, tudo é c não é. simultànea-

menlc. O pessimismo dialétieo levou Heráclito a admitir que *'o saber é ignorância, a grandeza é baixeza e o

prazer é dor", assim como fez do prín cipe c filósofo da Jònia o prenunciador de um mundo obscuro e materialista que sòmente no século XIX da era cristã começou a exercer irreprimível fascina ção na consciência das massas operárias da Europa. Heráclito é a antítese de Aristóteles: se o primeiro teve uma concepção dia

lética do universo, o segundo criou n metafísica em cujos fundamentos se en contra o princípio de contradição. S© Pleráclito .supõe que "somos e não so« mos", que Indo muda permanentemen te, Aristóteles afirma que uma cousa

não podo ser e deixar de ser ao mesmo tempo, no mesmo sujeito e sob o mesmo aspecto. (2).

Dem Glüubigon bietet

dío Menscbhcil odor ein auscrwnblter Teil der Menschbcit erlost werden

A teoria dialética de Heráclito foi

transformada por Hegel, Marx e Engels. Salienta Boukharíne qne, se Ilcráclilo e

trato da sociedade em que viveu. Max Beer considera imenso o realismo desse

"aristocrata da inteligência" no qual os

Marx revolta-se contra os que ousam confundir o seu método com o do sábio

personagens revelam a fisionomia do ho mem e da época. São filósofos, místi

representante da filosofia clássica alemã:

Sabe muy bicn que mi método de de^^rrolo no es hcgeleano, desde que yo soy

"^^tcrialista y Hegel cs idealista". (4). Xenofonte e Aristófones

Xenofonte surgiu na história da Grécia ^rítiga como um escritor de raro brilho.

suas concepções a respeito do bem, do b"abalho, da utilidade, da agricultura, do Capital e do comércio surpreendem os se aventuram a analisá-las. Segun do Xenofonte, o bem econômico é tudo o moedas não dimimii o valor destas — o

que constitui, boje, êrro no domínio da ciência de Quesnay e Smith. O capitaldinbeiro é mercadoria, depende das osci lações das trocas, de modo que, se a sua

Demócríto aceitam o movimento como

quantidade aumenta, decresce o seu va

base de tudo o que existe, Hegel e

lor, irrompendo o movimento inflacionista que tantos males tem gerado nas socie

Marx sustentam, respectivamente, o di namismo contínuo do espírito e da ma-

profitable á Ia république". (5). Aristófanes é o gênio da comédia, da ironia, da sátira. As obras do mais cé lebre poeta de Atenas constituem o re

Süll". (3). Demais, em sua carta de 6 de março de 1868 enviada a Kugelmann, Karl

que possui utilidade e a abundância de líerúclito, Hegel e Marx

endroit si Ic commercc est vcrítablement

dades.

cos, delatores, comunistas, revolucioná rios, políticos 6 plutocrat^as, que o mes tre ateniense "flagela sem piedade" e

contra os quais levantou o monumento da sua glória literária. Aristófanes é autor de muitas comé

dias, entre as quais A Assembléia de Mulheres, Plutão, As Rãs, As Nuvens

e As Vespas. Na primeira, segundo nos conta Max Beer, Aristófanes ima gina uma revolta de mulheres contra os homens que arruinaram Atenas. Elas se

apoderam do governo, usando roupas masculinas, e propõem, numa assem bléia noturna, a reforma social. Beer reproduz uma parte do pitoresco diálo go de Blepino e de sua espôsa, Praxágora, • dirigente da revolução feminista. (6).

Julgam certos autores que a melhor comédia de Aristófanes é PlutãO. Esta

possui diálogos interessantes e de alto valor ideológico, embora Aristófanes não


DIOESTO ECONti.MlCO

o pensamento economico na Grécia

léria. Hegel é idealista, enquanto Marx

Recomenda Xenofonte a prática da

A Grécia e em Roma, as idéias

ciar o idcallsnín licgeliano c a doutriO*

eine Religion.

econômicas estiveram mistura

marxista, cpic não c tolalmcnlf^ nrigiu^'

er erstens cín System von Iclzlen Zielen, die den Sinn des Leben enthalten und

temperança e a boa distribuição das ati vidades produtivas. Despreza o traba lho manual, porque definJia o corpo e embota o espírito, mas a agricultura ocupa lugar de relevo nas Econémícfls. Além disso.-proteger o comércio e acolher o estrangeiro são obrigações que êle

absolule Masslübe sind. nuch wolcben

atribuía aos atenienses, porém "il sait si

Eroignissc und Taten beurteilt werden konnen; und zwcitens bietet cr sich ais Fubrer zu jcncn Ziclcn, was gleicbbcdeutend ist mit einem Erlosungsplan und mit der Aufdeckung des Übels, von dem

pcu pourquoi et jusqu'à quel point il a raison, qu'il met en doute dans un autre

Ahnódio Ghaça

defende o

malerialismo dialético o

o que Joseph Schumpetcr denominou a

(Caledrático da Faculdade de Direito do RecifeJ

religião do profeta comunista: "In eincr wicbtigen Ilinsiclit ist der Marxismus

das com a religião, a filosofia

Consoante Ileráclití). liá lota dos con

e a arte. Fustcl de Coulanges

trários que se modifica oin liarnionia dos mesmos, porfjnanlo os sères estão subor

aponta-nos a influência do culto aos

deuses na cidade antiga, que era uma espécie de santuário onde a religião, ao invés de elevar espiritualmente as cria turas, se transformou em geratríz do

ódio e da iniqüidade. Privilégios sacra mentais, direito de propriedade, justiya, desigualdade das classes, tudo se funcrença religiosa, que era mo-

nopóiio dos chefes de família, dos pri

mogênitos, que oravam e exerciam os

misteres de senhor e magistrado. Os

clientes não podiam ser proprietários; ccmpareciam às cerimônias, porém não

lhes era conferido o direito de possuir um deus e de rezar, porque "a santa tradição, os ritos, as palavras sacramen

tais, as fórmulas onipotentes que mo tivavam a ação das divindades", constitoiam pnvilégio do sangue, ou here ditário. (1).

A poesia de Hesíodo sobre o trabalho

e a vida rural, a confraria de Piiágoras, a dialética de Heráclito, as concepções de Xenofonte, a sátira de Aristófanes, os diálogos de Platão e a crematística de

Aristóteles demonstram a antiqüíssima união da arte e da filosofia com as idéias econômicas.

Se Pitágoras foi o gênio fabuloso que instituiu uma confraria científico-reli-

giosa onde houve o comunismo dos bens e das mulheres, a construção dialética de Heráclito resistiu de tal maneira à

ação do tempo, que chegou a influen

dinados ao perpétuo dcvcnir.

uni

verso, tudo é movimento, tudo fluí, co mo o rio, tudo é c não é. simultànea-

menlc. O pessimismo dialétieo levou Heráclito a admitir que *'o saber é ignorância, a grandeza é baixeza e o

prazer é dor", assim como fez do prín cipe c filósofo da Jònia o prenunciador de um mundo obscuro e materialista que sòmente no século XIX da era cristã começou a exercer irreprimível fascina ção na consciência das massas operárias da Europa. Heráclito é a antítese de Aristóteles: se o primeiro teve uma concepção dia

lética do universo, o segundo criou n metafísica em cujos fundamentos se en contra o princípio de contradição. S© Pleráclito .supõe que "somos e não so« mos", que Indo muda permanentemen te, Aristóteles afirma que uma cousa

não podo ser e deixar de ser ao mesmo tempo, no mesmo sujeito e sob o mesmo aspecto. (2).

Dem Glüubigon bietet

dío Menscbhcil odor ein auscrwnblter Teil der Menschbcit erlost werden

A teoria dialética de Heráclito foi

transformada por Hegel, Marx e Engels. Salienta Boukharíne qne, se Ilcráclilo e

trato da sociedade em que viveu. Max Beer considera imenso o realismo desse

"aristocrata da inteligência" no qual os

Marx revolta-se contra os que ousam confundir o seu método com o do sábio

personagens revelam a fisionomia do ho mem e da época. São filósofos, místi

representante da filosofia clássica alemã:

Sabe muy bicn que mi método de de^^rrolo no es hcgeleano, desde que yo soy

"^^tcrialista y Hegel cs idealista". (4). Xenofonte e Aristófones

Xenofonte surgiu na história da Grécia ^rítiga como um escritor de raro brilho.

suas concepções a respeito do bem, do b"abalho, da utilidade, da agricultura, do Capital e do comércio surpreendem os se aventuram a analisá-las. Segun do Xenofonte, o bem econômico é tudo o moedas não dimimii o valor destas — o

que constitui, boje, êrro no domínio da ciência de Quesnay e Smith. O capitaldinbeiro é mercadoria, depende das osci lações das trocas, de modo que, se a sua

Demócríto aceitam o movimento como

quantidade aumenta, decresce o seu va

base de tudo o que existe, Hegel e

lor, irrompendo o movimento inflacionista que tantos males tem gerado nas socie

Marx sustentam, respectivamente, o di namismo contínuo do espírito e da ma-

profitable á Ia république". (5). Aristófanes é o gênio da comédia, da ironia, da sátira. As obras do mais cé lebre poeta de Atenas constituem o re

Süll". (3). Demais, em sua carta de 6 de março de 1868 enviada a Kugelmann, Karl

que possui utilidade e a abundância de líerúclito, Hegel e Marx

endroit si Ic commercc est vcrítablement

dades.

cos, delatores, comunistas, revolucioná rios, políticos 6 plutocrat^as, que o mes tre ateniense "flagela sem piedade" e

contra os quais levantou o monumento da sua glória literária. Aristófanes é autor de muitas comé

dias, entre as quais A Assembléia de Mulheres, Plutão, As Rãs, As Nuvens

e As Vespas. Na primeira, segundo nos conta Max Beer, Aristófanes ima gina uma revolta de mulheres contra os homens que arruinaram Atenas. Elas se

apoderam do governo, usando roupas masculinas, e propõem, numa assem bléia noturna, a reforma social. Beer reproduz uma parte do pitoresco diálo go de Blepino e de sua espôsa, Praxágora, • dirigente da revolução feminista. (6).

Julgam certos autores que a melhor comédia de Aristófanes é PlutãO. Esta

possui diálogos interessantes e de alto valor ideológico, embora Aristófanes não


Diorsio

118

FcoNrtsnco

seja um socialista à maneira platônica. Está mais próximo de Aristóteles, por que, apesar da sua repulsa à plutocra-

sol) o ponto de vista analitioo", reside,

cia, não tem idéias igualitárias.

conforme Eri<- lloll, na explicaç.lo da

Con

dena a perversidade dos ritos e põe em evidência a virtude dos explorados; to

davia, desccbre utilidade na pobreza, que é um dos personagens da sua comé

dia PhtâO: "Vocês querem expulsar-me - grita a Pobreza, dirigindo-se a Cremilo. — Pensam que vão salvar a humanida de se me eliminarem? Pois estão en

ganados. Só poderão prejudicá-la. Quando todos os homens forem ricos, quem irá dedicar-se às ciências ou às

artes? E se os trabalhadores desapare cerem, quem construirá os barcos, la\ rara a terra ou exercerá o comercio e

a .ndustria? Atualmente, os rieos têm tudo o de que necessitam, porque há pobres que trabalham e fabricam os produtos indispensáveis à vida. É pre ciso não confundir a pobreza com a misena. É evidente que os homens não devem ser miseráveis. Mas é necessá rio também que não vivam em abun

dância, pois deixarão de trabalhar e

há pouco, vocês disseram que os pobres

sao melhores do que os ricos". (7) Platão e Aristóteles

Discípulo de Sócrates e mestre de Aristóteles, Platão foi um dos maiores

história. Traçou planos cie oriianização do Estado, porém <> "m u maior O.xito,

origem da ciflade <* na pr-scjuisa (juc* féz sobre a divisãií do tr.iliailio. tliegando até a especialização das profissões. (8). A Rcpúblicii c As contém a.s suas idéias econômicas fundamentais.

São

duas grandes utopias, como afirma ■\Vc!l.s — as (piais possní-iii algo de novo na evolução da liumanidade: "Sa Républiquc, hi premicre de tonles Ics nto-

pies, c.st le révé que fait un jcune

genrc.

II y a dans Plalon uno foule

de choses dont nous no jionvons songer

à nous ocupcr ici, mais son oeiivre cons

tituo Tun dcs jaions de notre líistoiro; c'cst quclrpic cliosc de nonvcau dans Tevolucion de riunnanité". (9),

Apesar do utíipicas, no diz.cr de Wells. as concepções platémicas nao niorreram com o decorrer dos tempos.

Na Idade

Média, exerceram

inflcíõncia

bastante

cultural através das obras patrísticas e, .sobretudo, na penetração cias idéias de

Grécia antiga, pois há outros aspectos importantes da sua obra. Como refor mador, Platão ocupa lugar de relevo na

ciência da aclininislração doméstica, e a

Trata-se cio Isslado ciuc seria rc-

gid:) por um .sistema socialista do ca ráter utópico c onde haveria a igualda de dos luiiuc-iis e cias mulheres, a pro

deve produzir juro. Diz Eric Roll que o pensamento eco nômico dc Arislótele.s compreende:

a) diferença entre a economia, ou

ciência do abastecimento, que "trata da arte da aquisição"; h) análise da circulação e teoria

priedade coletiva cias terras c das ha

monetária;

bitações. a hannonia das classes, a pro teção à família nobre, a educação obri-

combato ao "comunismo platônico" e

gatcVia para a formação da elite diri Partidário do govérno clc elite, do pre

sábios. Platão foi tão poderoso na his tória das idéias (pie, no século passa do, românticos e utopistas, adeptos do racionalismo c até socialistas revolucio

nários, seguiram os princípios cia sua

doutrina. Por isso, tem razão Eric Roll.

qnando explica: "Parcto e Wells revi

dem a idéia clc^ um govérno de elite, um considerando-a como fôrça propulsora

c) valor dc uso o valor de troca, defesa da c.scravidão;

d) justo u:o"cla propriedade privada c condenação da usura, do comércio

pelo desejo dc lucro e da acumulação dos bens;

e) subordinação do processo das ri quezas às regras morais. Entretanto, o comunista Kavl Marx

julgou liaver descoberto, no pensamento do Aristóteles, oposição entre a Cremalística e a Economia. Por isso, afirma: "Aristóteles stellt der Clirematistik dié

Ockonomik entgegen. Er 'geht von der Oekonomik aus.

Soweit sic Erwerbs-

todo o passado social e o outro ^'"1110 idéia especialmente idônea para

kunst, beschrlinkt sie sich auf die Vers-

" exercício do govérno justo, raciona e benévolo do futuro. Nos escritos dos

uncl für das Piaus oder den Staat nütz-

chaffung der zum Leben nothwendigen lichen Güter. .

(11).

Assim, a Crcmatística é a arte de

Santo Agostinho na filosofia desse pe

filósofos racionalistas revive a crença no

ríodo histórico cios povos.

govérno da razão". (10).

adquirir dinheiro, ao passo que a Eco

Segundo Gustav Schmoller, Aristóte les opõe a arte natural da economia do

vida e iiteis à família ou no Estado.

Em síntese, a doutrina cconómico-so-

a) criação do Estado ideal e socia lismo baseado na razão, cm leis justas, na prática das virtudes, na igualdade e

perfeito, o geômetra da academia ou o apóstolo da renovação intelectual da

nas.

domínio político de unia aristocracia de

vros, que são numerosos, demonstram a

o filósofo, o moralista, o crente no amor

cessário, medida do valor — a qual não

serait ordonnée selou iin plan ncuf et mcilleur; sou dernier ouvrage, d'aillours inachevé — Lcs Lois — envisage Torga-

cial de Platão abrange:

davia, não deve ser considerado apenas

vemaclo.s, sendo a primeira composta dc filósofos, clc homens expeiimcntiulos no trato das ciências, na arte da guerra, c a segunda constituída dos indivicliios íjue exerceriam as profi-^sõcs menos dig

gente e a vitória completa da alegria.

nisatíon d'uno aulrc Utopic? du mònie

119

Econónuco

hcmme d'une cité <iu Ia \ie liiimainc

filósofos da antigüidade. Os seus li universalidade do gênio ateniense. To

Digesto

na concórdia entro os liomcns;

b) teoria da divisão do trabalho;

c) concepção da moeda como instru mento de troca e de consumo.

No Estado platônico, haveria duas classes, a dos governantes e a cios go-

méstica, fundada no modo primitivo da produção cios bens, à arte nova de aqui

nomia ]>rocura os bens necessários à A

Crematística objetiva o enriquecimento

absoluto, pois. ao contrário da Econo

sição de ouro, nascida com o comércio; o sábio belénico descreve como as clas

mia, não tem limite.

ses sociais e as profissões surgiram da

da sua conhecida hostilidade ao "co

divisão do trabalho e da repartição das

riquezas; investiga as conseqüências psieológicas e morais das diferentes indús trias e ocupações, assim como define a moeda como instrumento cie troca iie-

Apesar do seu apoio à escravidão e munismo platônico", Aristóteles é con

siderado por eminentes historiadores das doutrinas econômicas grande adepto do socialismo na antigüidade. Consoante René Gonnard, êle repeliu o comunismo,

:


Diorsio

118

FcoNrtsnco

seja um socialista à maneira platônica. Está mais próximo de Aristóteles, por que, apesar da sua repulsa à plutocra-

sol) o ponto de vista analitioo", reside,

cia, não tem idéias igualitárias.

conforme Eri<- lloll, na explicaç.lo da

Con

dena a perversidade dos ritos e põe em evidência a virtude dos explorados; to

davia, desccbre utilidade na pobreza, que é um dos personagens da sua comé

dia PhtâO: "Vocês querem expulsar-me - grita a Pobreza, dirigindo-se a Cremilo. — Pensam que vão salvar a humanida de se me eliminarem? Pois estão en

ganados. Só poderão prejudicá-la. Quando todos os homens forem ricos, quem irá dedicar-se às ciências ou às

artes? E se os trabalhadores desapare cerem, quem construirá os barcos, la\ rara a terra ou exercerá o comercio e

a .ndustria? Atualmente, os rieos têm tudo o de que necessitam, porque há pobres que trabalham e fabricam os produtos indispensáveis à vida. É pre ciso não confundir a pobreza com a misena. É evidente que os homens não devem ser miseráveis. Mas é necessá rio também que não vivam em abun

dância, pois deixarão de trabalhar e

há pouco, vocês disseram que os pobres

sao melhores do que os ricos". (7) Platão e Aristóteles

Discípulo de Sócrates e mestre de Aristóteles, Platão foi um dos maiores

história. Traçou planos cie oriianização do Estado, porém <> "m u maior O.xito,

origem da ciflade <* na pr-scjuisa (juc* féz sobre a divisãií do tr.iliailio. tliegando até a especialização das profissões. (8). A Rcpúblicii c As contém a.s suas idéias econômicas fundamentais.

São

duas grandes utopias, como afirma ■\Vc!l.s — as (piais possní-iii algo de novo na evolução da liumanidade: "Sa Républiquc, hi premicre de tonles Ics nto-

pies, c.st le révé que fait un jcune

genrc.

II y a dans Plalon uno foule

de choses dont nous no jionvons songer

à nous ocupcr ici, mais son oeiivre cons

tituo Tun dcs jaions de notre líistoiro; c'cst quclrpic cliosc de nonvcau dans Tevolucion de riunnanité". (9),

Apesar do utíipicas, no diz.cr de Wells. as concepções platémicas nao niorreram com o decorrer dos tempos.

Na Idade

Média, exerceram

inflcíõncia

bastante

cultural através das obras patrísticas e, .sobretudo, na penetração cias idéias de

Grécia antiga, pois há outros aspectos importantes da sua obra. Como refor mador, Platão ocupa lugar de relevo na

ciência da aclininislração doméstica, e a

Trata-se cio Isslado ciuc seria rc-

gid:) por um .sistema socialista do ca ráter utópico c onde haveria a igualda de dos luiiuc-iis e cias mulheres, a pro

deve produzir juro. Diz Eric Roll que o pensamento eco nômico dc Arislótele.s compreende:

a) diferença entre a economia, ou

ciência do abastecimento, que "trata da arte da aquisição"; h) análise da circulação e teoria

priedade coletiva cias terras c das ha

monetária;

bitações. a hannonia das classes, a pro teção à família nobre, a educação obri-

combato ao "comunismo platônico" e

gatcVia para a formação da elite diri Partidário do govérno clc elite, do pre

sábios. Platão foi tão poderoso na his tória das idéias (pie, no século passa do, românticos e utopistas, adeptos do racionalismo c até socialistas revolucio

nários, seguiram os princípios cia sua

doutrina. Por isso, tem razão Eric Roll.

qnando explica: "Parcto e Wells revi

dem a idéia clc^ um govérno de elite, um considerando-a como fôrça propulsora

c) valor dc uso o valor de troca, defesa da c.scravidão;

d) justo u:o"cla propriedade privada c condenação da usura, do comércio

pelo desejo dc lucro e da acumulação dos bens;

e) subordinação do processo das ri quezas às regras morais. Entretanto, o comunista Kavl Marx

julgou liaver descoberto, no pensamento do Aristóteles, oposição entre a Cremalística e a Economia. Por isso, afirma: "Aristóteles stellt der Clirematistik dié

Ockonomik entgegen. Er 'geht von der Oekonomik aus.

Soweit sic Erwerbs-

todo o passado social e o outro ^'"1110 idéia especialmente idônea para

kunst, beschrlinkt sie sich auf die Vers-

" exercício do govérno justo, raciona e benévolo do futuro. Nos escritos dos

uncl für das Piaus oder den Staat nütz-

chaffung der zum Leben nothwendigen lichen Güter. .

(11).

Assim, a Crcmatística é a arte de

Santo Agostinho na filosofia desse pe

filósofos racionalistas revive a crença no

ríodo histórico cios povos.

govérno da razão". (10).

adquirir dinheiro, ao passo que a Eco

Segundo Gustav Schmoller, Aristóte les opõe a arte natural da economia do

vida e iiteis à família ou no Estado.

Em síntese, a doutrina cconómico-so-

a) criação do Estado ideal e socia lismo baseado na razão, cm leis justas, na prática das virtudes, na igualdade e

perfeito, o geômetra da academia ou o apóstolo da renovação intelectual da

nas.

domínio político de unia aristocracia de

vros, que são numerosos, demonstram a

o filósofo, o moralista, o crente no amor

cessário, medida do valor — a qual não

serait ordonnée selou iin plan ncuf et mcilleur; sou dernier ouvrage, d'aillours inachevé — Lcs Lois — envisage Torga-

cial de Platão abrange:

davia, não deve ser considerado apenas

vemaclo.s, sendo a primeira composta dc filósofos, clc homens expeiimcntiulos no trato das ciências, na arte da guerra, c a segunda constituída dos indivicliios íjue exerceriam as profi-^sõcs menos dig

gente e a vitória completa da alegria.

nisatíon d'uno aulrc Utopic? du mònie

119

Econónuco

hcmme d'une cité <iu Ia \ie liiimainc

filósofos da antigüidade. Os seus li universalidade do gênio ateniense. To

Digesto

na concórdia entro os liomcns;

b) teoria da divisão do trabalho;

c) concepção da moeda como instru mento de troca e de consumo.

No Estado platônico, haveria duas classes, a dos governantes e a cios go-

méstica, fundada no modo primitivo da produção cios bens, à arte nova de aqui

nomia ]>rocura os bens necessários à A

Crematística objetiva o enriquecimento

absoluto, pois. ao contrário da Econo

sição de ouro, nascida com o comércio; o sábio belénico descreve como as clas

mia, não tem limite.

ses sociais e as profissões surgiram da

da sua conhecida hostilidade ao "co

divisão do trabalho e da repartição das

riquezas; investiga as conseqüências psieológicas e morais das diferentes indús trias e ocupações, assim como define a moeda como instrumento cie troca iie-

Apesar do seu apoio à escravidão e munismo platônico", Aristóteles é con

siderado por eminentes historiadores das doutrinas econômicas grande adepto do socialismo na antigüidade. Consoante René Gonnard, êle repeliu o comunismo,

:


Oif;Ki>To

porém não se libertou da influência das

idéias socialistas: "Quant à Aristolc, il condamne bien le communisme, mais il reste encore três largement sous Tin-

fluence des doclrínes sodalistes, et tout son système tend à faire régner Tuni-

formité et Tágalité des conditíons". (12), Se Contreiras Rodrigues, fundado nas

investigações de célebres autores, de clara que o discípulo de Platão foi so cialista, Manollesco vê em Aristóteles

o sábio precursor do sociologismo de C^mte e Durkheim. Por sua vez, Aris tóteles admite que a cidade é o todo

cujas partes são os indivíduos e os grupos menores, assim como teoriza a so-

ciabiUdade à maneira de fôrça predonjmante no homem: "Es evidente que ei hombre es animal sociable, mucho mas que ias abejas o cualquier otro gregano". (13).

Todos êsses autores citados e as pró prias idéias de Aristóteles demonstram que o gênio estagirita há sido muito ca luniado por aquêles que o transforma ram no escravocrata impiedoso, no ini

migo das classes pobres, no reacionário impenitente. cujas concepções servem

hoje, aos que lutam em favor do capitausmo e da burguesia. Felizmente,

'l."

Econômico

Em torno dos tratados de 1810

as acusações atiradas contra o maior filósofo da Grécia antiga f >ião-sc desfa

zendo pfla falta abvdnt.i de consistên cia e verdade. ^ É a justa reabilitação i\<- Aristóteles.

Otávio Tabquínio de Sousa

Qó (|ncin igníira.ssc os lermos dos tra

Em meio da grita mais ou menos dis- .

tido da ptilítica inglesa cm relação a Rertugal potlcria cslranliar o que pac

farçada que os tratados de ISl susci taram, houve vozes do aplauso ® ^ justificação, como a de Jose da biíva

segs. A. D. SorlIIIangos — Lc Christia-

tuaram no Rio de Janeiro, em 1810, o Conde de Linhares c Lorde Slrangford. A sul)erdinação dc Portugal aos inte-

lude do futuro Visconde de Cairu por móveis subalternos, saho no que toca

nisme et les Philosophes — Paris — imI

têsscs econômicos da Grã-Rretanlia vi

tados anUTÍorts e o vertUideiro sen

FONTES;

(1) Fuitol de Coulonge» —

A

Cidade

Antiga — Lisboa — 1011 — vol. li — págs. 13 e scRS.

(2) Jullán Marfas — Historia de Ln Filosofia — Madri —

1018 —

pã^s. 36 e

— vol. 11 — págs. 208 o scft.s.

nha de há muito se earaclcrizando atra vés dos numerosos atos celebrados entre

(3) e (4) Joioph A. Schumpoíer — Ka-

pilallsmus, So/.ialismus und

Demokratie

— Bern — 194G — póg. 19. Karl Marx e Frledrlch Engole — Corre.sponclôncia Buenos Aires —

os dois paí.se.s. Para o reino luso e seus

1947.

domínios ultramarinos a política de e.Kpansão comercial britânica tinha as vis

(5) e (6) Dictionnalrc d'Économie Po-

litiquG — Paris — 1803

vql. II —

blícado sob a direção dc Cociuolin et Guillaumln. Max Beor — História do Socialismo o das Lula.s Sociai.s — vol. T _ Rio — 1944 — págs. 108 c segs.

Í7). (8) c (9) Max Beer — op. cit. Eric Rol! — História das Doutrinas Econômi cas — São Paulo — 1948 — pág. 25. h G. Wells — Esquisse dc riiistoiro UniversGlle — Pari.s — 1926 — págs. 158 e

(12) René Gonnard — Hlstoirc des Doc-

Sm pleno florescimento de sua ativida

trines Économiques — Paris — 1947

de mercantil, a nação senhora dos ma

pág. 7.

(13) Arislóloles ~ Política — Madri

res tratou de consubstanciar em conven

1933 — Livro I — Cap. 1 — pág. 8.

J

1 :i

nifestação do seu por vêzes simplório liberalismo econômico, do seu horror

França revolucionária, da sua anglo-

tida denomina aquilo que o própno Canniiig, autor das instruções em que

tetores dos ingleses, êstes souberam tí'■ar partido das circunstâncias. Transfe rida a sede do governo português para Brasil, sob os auspícios da Inglateira,

127 — Nota.

tos. Muito mais verídico será quem vir na defesa de Silva Lisboa uma ma

sejo de novas conquistas e lucros. . Quan do chegou o momento em que ao goameaças napoleônicas e os gestos pro

1 — Buch I — Hamburgo — 1883 —

aos pendores áulicos que lhe eram ma

fiha exaltada.

possível hesitar ou tergiversar entre as

(10) Eric Roll — op. cit. pág. 28. (11) Karl Marx — Das Kapital — Band

Seria injusto explicar a aU-

tas sempre voltadas e não perdia en vômo do regente D. João não foi mais

segs.

Lisboa.

ções solenes os seus planos de predo mínio do Novo Mundo.

As críticas aos tratados de comércio

e navegação e de amizade e aliança de 1810 são contemporâneas deles.

Pro-

"Má.ximo benefício do

Senhor D. João VI", eis como de par

se baseou o ajuste, tachou de "impolitico e odioso".

Longe de ser, como o

acusavam, "golpe de graça na indústria de Portugal, aniquilação do comércio do Brasil, odioso monopólio extorquido

por um governo que sofre ditadura do corpo mercantil do país", o tratado de comércio de 19 de fevereiro de 1810

combatia privilégios de indivíduos e companiiias e partilhava com os inglêses benefícios concedidos a outras na

ções. Silva Lisboa sustenta a necessida de de outorgar aos britânicos o máximo do favores razoáveis: "sem tarifa regu

sem falar no de Methuen, de 1703. Mas

lada 6 certeza de asilo, mercado e pri vilégio, é impossível estabelecerem-se relações comerciais sólidas e extensas entre países independentes e remotos".

senão aperfeiçoar aquêles instrumentos,

de certas críticas, o clamoroso de dispo

vàvelmente não se tinha lembrança pre

cisa dos dizeres dos pactos mais anti

gos - o de 1642, o de 1654, o de 1661, a verdade é que Strangford não fÍB

apurar-lhes as exigências, deixar mais explícitas as vantagens.

Por certo não lhe escapava a evidência

sições em que se fazia do Brasil outra "\nnV««

Trífrlpç".


Oif;Ki>To

porém não se libertou da influência das

idéias socialistas: "Quant à Aristolc, il condamne bien le communisme, mais il reste encore três largement sous Tin-

fluence des doclrínes sodalistes, et tout son système tend à faire régner Tuni-

formité et Tágalité des conditíons". (12), Se Contreiras Rodrigues, fundado nas

investigações de célebres autores, de clara que o discípulo de Platão foi so cialista, Manollesco vê em Aristóteles

o sábio precursor do sociologismo de C^mte e Durkheim. Por sua vez, Aris tóteles admite que a cidade é o todo

cujas partes são os indivíduos e os grupos menores, assim como teoriza a so-

ciabiUdade à maneira de fôrça predonjmante no homem: "Es evidente que ei hombre es animal sociable, mucho mas que ias abejas o cualquier otro gregano". (13).

Todos êsses autores citados e as pró prias idéias de Aristóteles demonstram que o gênio estagirita há sido muito ca luniado por aquêles que o transforma ram no escravocrata impiedoso, no ini

migo das classes pobres, no reacionário impenitente. cujas concepções servem

hoje, aos que lutam em favor do capitausmo e da burguesia. Felizmente,

'l."

Econômico

Em torno dos tratados de 1810

as acusações atiradas contra o maior filósofo da Grécia antiga f >ião-sc desfa

zendo pfla falta abvdnt.i de consistên cia e verdade. ^ É a justa reabilitação i\<- Aristóteles.

Otávio Tabquínio de Sousa

Qó (|ncin igníira.ssc os lermos dos tra

Em meio da grita mais ou menos dis- .

tido da ptilítica inglesa cm relação a Rertugal potlcria cslranliar o que pac

farçada que os tratados de ISl susci taram, houve vozes do aplauso ® ^ justificação, como a de Jose da biíva

segs. A. D. SorlIIIangos — Lc Christia-

tuaram no Rio de Janeiro, em 1810, o Conde de Linhares c Lorde Slrangford. A sul)erdinação dc Portugal aos inte-

lude do futuro Visconde de Cairu por móveis subalternos, saho no que toca

nisme et les Philosophes — Paris — imI

têsscs econômicos da Grã-Rretanlia vi

tados anUTÍorts e o vertUideiro sen

FONTES;

(1) Fuitol de Coulonge» —

A

Cidade

Antiga — Lisboa — 1011 — vol. li — págs. 13 e scRS.

(2) Jullán Marfas — Historia de Ln Filosofia — Madri —

1018 —

pã^s. 36 e

— vol. 11 — págs. 208 o scft.s.

nha de há muito se earaclcrizando atra vés dos numerosos atos celebrados entre

(3) e (4) Joioph A. Schumpoíer — Ka-

pilallsmus, So/.ialismus und

Demokratie

— Bern — 194G — póg. 19. Karl Marx e Frledrlch Engole — Corre.sponclôncia Buenos Aires —

os dois paí.se.s. Para o reino luso e seus

1947.

domínios ultramarinos a política de e.Kpansão comercial britânica tinha as vis

(5) e (6) Dictionnalrc d'Économie Po-

litiquG — Paris — 1803

vql. II —

blícado sob a direção dc Cociuolin et Guillaumln. Max Beor — História do Socialismo o das Lula.s Sociai.s — vol. T _ Rio — 1944 — págs. 108 c segs.

Í7). (8) c (9) Max Beer — op. cit. Eric Rol! — História das Doutrinas Econômi cas — São Paulo — 1948 — pág. 25. h G. Wells — Esquisse dc riiistoiro UniversGlle — Pari.s — 1926 — págs. 158 e

(12) René Gonnard — Hlstoirc des Doc-

Sm pleno florescimento de sua ativida

trines Économiques — Paris — 1947

de mercantil, a nação senhora dos ma

pág. 7.

(13) Arislóloles ~ Política — Madri

res tratou de consubstanciar em conven

1933 — Livro I — Cap. 1 — pág. 8.

J

1 :i

nifestação do seu por vêzes simplório liberalismo econômico, do seu horror

França revolucionária, da sua anglo-

tida denomina aquilo que o própno Canniiig, autor das instruções em que

tetores dos ingleses, êstes souberam tí'■ar partido das circunstâncias. Transfe rida a sede do governo português para Brasil, sob os auspícios da Inglateira,

127 — Nota.

tos. Muito mais verídico será quem vir na defesa de Silva Lisboa uma ma

sejo de novas conquistas e lucros. . Quan do chegou o momento em que ao goameaças napoleônicas e os gestos pro

1 — Buch I — Hamburgo — 1883 —

aos pendores áulicos que lhe eram ma

fiha exaltada.

possível hesitar ou tergiversar entre as

(10) Eric Roll — op. cit. pág. 28. (11) Karl Marx — Das Kapital — Band

Seria injusto explicar a aU-

tas sempre voltadas e não perdia en vômo do regente D. João não foi mais

segs.

Lisboa.

ções solenes os seus planos de predo mínio do Novo Mundo.

As críticas aos tratados de comércio

e navegação e de amizade e aliança de 1810 são contemporâneas deles.

Pro-

"Má.ximo benefício do

Senhor D. João VI", eis como de par

se baseou o ajuste, tachou de "impolitico e odioso".

Longe de ser, como o

acusavam, "golpe de graça na indústria de Portugal, aniquilação do comércio do Brasil, odioso monopólio extorquido

por um governo que sofre ditadura do corpo mercantil do país", o tratado de comércio de 19 de fevereiro de 1810

combatia privilégios de indivíduos e companiiias e partilhava com os inglêses benefícios concedidos a outras na

ções. Silva Lisboa sustenta a necessida de de outorgar aos britânicos o máximo do favores razoáveis: "sem tarifa regu

sem falar no de Methuen, de 1703. Mas

lada 6 certeza de asilo, mercado e pri vilégio, é impossível estabelecerem-se relações comerciais sólidas e extensas entre países independentes e remotos".

senão aperfeiçoar aquêles instrumentos,

de certas críticas, o clamoroso de dispo

vàvelmente não se tinha lembrança pre

cisa dos dizeres dos pactos mais anti

gos - o de 1642, o de 1654, o de 1661, a verdade é que Strangford não fÍB

apurar-lhes as exigências, deixar mais explícitas as vantagens.

Por certo não lhe escapava a evidência

sições em que se fazia do Brasil outra "\nnV««

Trífrlpç".


'W

122

PorUigal depois do Iralado de Níethuen. A», então Silva Lisboa apelava para as circunstâncias políticas em que fôra feito o tratado de comércio, entenden

do que seria absurdo prescindir delas por "abstração metafísica". Num rea

lismo de quem não queria ver a reali dade, avançava: "o Livro da Ra'/áo dos Soberanos não é o dos mercadores

os Gabinetes nas transações diplomáti cas só atendem à aritmética política ... no sistema de esclarecida Finança, dois

e dois, em vez de somar quatro, fre qüentemente dão menos de um..."

Judo isso poderia dizer Cairu para

cooneslar o estado de coação em que se encontraram D. Rodrigo de Sousa Coutinho c o princípe-

liCONÒMKUI

ram, tinina Iransfoinia»,.

O próprio Cairii confessa «jm* o.s tra tados levantaram

aos ouvidos de Ih-nry Koster, o inglês

tão simpático qoe ní\< 'i l>ra>.il< liamcnte CJn

os tratados foram

Caso rigorosamente atribuíveis aos mo tivos que aponta, fazem mais honra à

inteligência do advogado as alegações de que depois dos tratados aumentara a e.xportação de gêneros do Brasil, as condições gerais de existência melhora ram aqui, não só avultaram as casas de

comércio de negociantes brasileiros e os trabalhos para oficiais mecânicos, como novas embarcações foram cons truídas, novos estabelecimentos indus

triais tentados, novos edifícios se ergue

mais

imparciais

rèsscs britànieos lograram \-an-

tagens cm alguns pontos, ce deram cm

câmbio

outros,

comercial

c o

inter

entro

os

dois países se colocou em con

o tom beato que assume ao invocar textos bíblicos em justificativa dos tratados: "o mais sábio dos Reis bem disse

teJiz dar que receber".

os

possíveis, cnibtíra r< gistrando as nume rosas discussões t[iie a sna eelebraçâu suscitara. E lenta justificá-los. Assim é que, para cie, se «is into-

que se lhe queira conceder,

nima é a que se conforma à máxima

e iM rescu o seu

meados de 1810. Koster diz a serio que

excede o crédito de boa fé

hbera do Historiador Sagrado - ó nrai.s

Pt rnainbiico.

Traveis ín lirozU de meados de 1815 a

gências de Strangford; mas,

firme", ou "a política magnâ-

grandes (jueixas e

'■que rnuít<j se d<-cíain:m sôlire a falta dc igualdade c reciproeidarle". Quci« .xas e tleclaniações etijos ecos chegaram

regente ao aceitarem as exi

— o Irmão que é ajudado pelo Irmão é como a Cidade

l.iMjrúvel de

costumes c estilos de \ida.

dições betn fa\()iVi\ eis.

Care

cia dc base. a sou parecer, a censura quanto a conces sões territoriais a sxâditos in

gleses. Isso concorreria para o desenvolvimento do Brasil, cuja política de\ia animar ao máximo ei vinda dc estrangeiros para aqui se cstubelecerem, tornarem-se pro prietários, fazerem-se brasileiros, com li berdade religiosa e participação na vida

política do País. Mas Koster se esque cia de que os tratados só cogitavam de súditos ingleses, e que esses viriam (e vieram) apenas como mercadores dis postos a ficar nas cidades, e não seriam jamais tiaballiadorcs agrícolas nem se quer pequenos ou grandes proprietários rurais.

Outra recriminação julgada por Kos ter destituída de qualquer fundamento era a relativa à justiça privativa, o cba-

Diclsto

123

lÍ)CONt'»MlCO

mado "Juiz Conser\ador da Nação In glesa", estabi-lccido no Brasil a e.xcm-

plo do que desde muito tempo <>\istia cm Portugal.

(Auli-s im-snío dos trata-

do:j de 1810. a l de maio de 1808, fora

criado atpn o famigerado l\nzo. incum bido de N iàar pelos pri\ ilégios dos ne gociantes britânicos).

Alegava Koster

que a -justiça p;vtuguêsa era tarda, in

fluenciável, c-orrupla, ao passo que os ingleses estavam habituados aos tribu nais de sua pátria, modelos de presteza,

respeitabilidade e lisura. Procediam, é certo, as acusações aos juizes e tribunais dc Portugal e do Brasil, mas nem por isso deixava de ser bumilbanle o direito concedido aos ingleses, ^relo artigo 10." do tratado de comércio c navegação de

1810, dc elegerem o Juiz Conservador,

levado o noine escolhido ao.govèrno do

l^rasil, pelo embaixador da Gvã-Bvetauba, para mora confirmação.

Henr)' Koster. defendendo os tratados,

estava afinal no seu papel de inglês;

^'Iva Lisboa, no de bisloriudor oficial e pencgirista. Quem os apreciou- porém, admirável lucidez foi Ilipólito da ^usta, no seu Correio Brasilicnse. Moríindo em Londres, tião se deixou domi

nar pelo meio e soube discernir tudo o que havia de inconveniente e nocivo aos interesses brasileiros nos pactos arran

cados por Lorde Strangford. Recipro cidade é que não havia de modo algum nas relações comerciais entre o Brasil e a Grã-Bretanha.

Vários dos princi

pais gêneros brasileiros, como o açúcar e o café, concorriam com as produções das colônias inglesas e se viam auto-

torado inglês exercido sôbre Po^uga,

que se pretendia estender ao rasi, na nova fase de sua v ida, num i"! reginicm de privilégio cio comercio ri-, lânico. A Inglaterra oblinha uma tan fa preferencial de 15% para as suas

mercadorias, cnqmuito que as de lor-

tugal ou transportadas cm navios por tugueses pagavam 16%, e as dc outros

países, vindas em barcos cstrangcnros,

estariam sujeitas à taxa de 24% od uct-

loicin.

Como se não bastassem favores

tão escandalosos, conseguiu Strangford incluir uma cláusula (no tratado de amiziule) facultando â Inglaterra com

prar e cortar madeiras, para constru ção dc seus navios de guerra, nos bos ques, florestas e matas do Brasil, e inaisa permissão de construir, prover c re parar os mesmos navios nos portos e baías brasileiros. Pelos tratados, Por

tugal logrou o consòlo platônico de na

ção mais favorecida.

Mau grado a trama de disposições tão habilmente urdidas, não recolheram os inglê.ses tôdas as vantagens antegozadas. Circunstâncias diversas, de ordem internacional, com reflexos positivos na

situação interna da Inglaterra, depois da

paz na Europa, perturbaram os planos da política comercial inglesa no Brasil. Se Portugal sofreu em definitivo gran des danos, bem menores foram os nos

sos.

Paradoxalmente, parece até que os

tratados de arrôcho mais nos favorece

ram do que prejudicaram. Thomas Sunter, ministro cios Estados Unidos junto à Corte do Rio, acabou por considerálos benéficos aos nossos interesses, uma

màticamente excluídos do mercado bri

vez que os portos brasileiros foram inun

tânico; outros só encontrariam nele es

dados de mercadorias britânicas ven

cassa procura. Hipólito não se iludiu a respeito do verdadeiro significaclo cios Lon\-ônios: era o mal disfarçado prote-

didas muito barato, alcançando os nos

sos pvodiitns p-eços mais elevados do que devia permitir a tabela oin vigor.

4


'W

122

PorUigal depois do Iralado de Níethuen. A», então Silva Lisboa apelava para as circunstâncias políticas em que fôra feito o tratado de comércio, entenden

do que seria absurdo prescindir delas por "abstração metafísica". Num rea

lismo de quem não queria ver a reali dade, avançava: "o Livro da Ra'/áo dos Soberanos não é o dos mercadores

os Gabinetes nas transações diplomáti cas só atendem à aritmética política ... no sistema de esclarecida Finança, dois

e dois, em vez de somar quatro, fre qüentemente dão menos de um..."

Judo isso poderia dizer Cairu para

cooneslar o estado de coação em que se encontraram D. Rodrigo de Sousa Coutinho c o princípe-

liCONÒMKUI

ram, tinina Iransfoinia»,.

O próprio Cairii confessa «jm* o.s tra tados levantaram

aos ouvidos de Ih-nry Koster, o inglês

tão simpático qoe ní\< 'i l>ra>.il< liamcnte CJn

os tratados foram

Caso rigorosamente atribuíveis aos mo tivos que aponta, fazem mais honra à

inteligência do advogado as alegações de que depois dos tratados aumentara a e.xportação de gêneros do Brasil, as condições gerais de existência melhora ram aqui, não só avultaram as casas de

comércio de negociantes brasileiros e os trabalhos para oficiais mecânicos, como novas embarcações foram cons truídas, novos estabelecimentos indus

triais tentados, novos edifícios se ergue

mais

imparciais

rèsscs britànieos lograram \-an-

tagens cm alguns pontos, ce deram cm

câmbio

outros,

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dois países se colocou em con

o tom beato que assume ao invocar textos bíblicos em justificativa dos tratados: "o mais sábio dos Reis bem disse

teJiz dar que receber".

os

possíveis, cnibtíra r< gistrando as nume rosas discussões t[iie a sna eelebraçâu suscitara. E lenta justificá-los. Assim é que, para cie, se «is into-

que se lhe queira conceder,

nima é a que se conforma à máxima

e iM rescu o seu

meados de 1810. Koster diz a serio que

excede o crédito de boa fé

hbera do Historiador Sagrado - ó nrai.s

Pt rnainbiico.

Traveis ín lirozU de meados de 1815 a

gências de Strangford; mas,

firme", ou "a política magnâ-

grandes (jueixas e

'■que rnuít<j se d<-cíain:m sôlire a falta dc igualdade c reciproeidarle". Quci« .xas e tleclaniações etijos ecos chegaram

regente ao aceitarem as exi

— o Irmão que é ajudado pelo Irmão é como a Cidade

l.iMjrúvel de

costumes c estilos de \ida.

dições betn fa\()iVi\ eis.

Care

cia dc base. a sou parecer, a censura quanto a conces sões territoriais a sxâditos in

gleses. Isso concorreria para o desenvolvimento do Brasil, cuja política de\ia animar ao máximo ei vinda dc estrangeiros para aqui se cstubelecerem, tornarem-se pro prietários, fazerem-se brasileiros, com li berdade religiosa e participação na vida

política do País. Mas Koster se esque cia de que os tratados só cogitavam de súditos ingleses, e que esses viriam (e vieram) apenas como mercadores dis postos a ficar nas cidades, e não seriam jamais tiaballiadorcs agrícolas nem se quer pequenos ou grandes proprietários rurais.

Outra recriminação julgada por Kos ter destituída de qualquer fundamento era a relativa à justiça privativa, o cba-

Diclsto

123

lÍ)CONt'»MlCO

mado "Juiz Conser\ador da Nação In glesa", estabi-lccido no Brasil a e.xcm-

plo do que desde muito tempo <>\istia cm Portugal.

(Auli-s im-snío dos trata-

do:j de 1810. a l de maio de 1808, fora

criado atpn o famigerado l\nzo. incum bido de N iàar pelos pri\ ilégios dos ne gociantes britânicos).

Alegava Koster

que a -justiça p;vtuguêsa era tarda, in

fluenciável, c-orrupla, ao passo que os ingleses estavam habituados aos tribu nais de sua pátria, modelos de presteza,

respeitabilidade e lisura. Procediam, é certo, as acusações aos juizes e tribunais dc Portugal e do Brasil, mas nem por isso deixava de ser bumilbanle o direito concedido aos ingleses, ^relo artigo 10." do tratado de comércio c navegação de

1810, dc elegerem o Juiz Conservador,

levado o noine escolhido ao.govèrno do

l^rasil, pelo embaixador da Gvã-Bvetauba, para mora confirmação.

Henr)' Koster. defendendo os tratados,

estava afinal no seu papel de inglês;

^'Iva Lisboa, no de bisloriudor oficial e pencgirista. Quem os apreciou- porém, admirável lucidez foi Ilipólito da ^usta, no seu Correio Brasilicnse. Moríindo em Londres, tião se deixou domi

nar pelo meio e soube discernir tudo o que havia de inconveniente e nocivo aos interesses brasileiros nos pactos arran

cados por Lorde Strangford. Recipro cidade é que não havia de modo algum nas relações comerciais entre o Brasil e a Grã-Bretanha.

Vários dos princi

pais gêneros brasileiros, como o açúcar e o café, concorriam com as produções das colônias inglesas e se viam auto-

torado inglês exercido sôbre Po^uga,

que se pretendia estender ao rasi, na nova fase de sua v ida, num i"! reginicm de privilégio cio comercio ri-, lânico. A Inglaterra oblinha uma tan fa preferencial de 15% para as suas

mercadorias, cnqmuito que as de lor-

tugal ou transportadas cm navios por tugueses pagavam 16%, e as dc outros

países, vindas em barcos cstrangcnros,

estariam sujeitas à taxa de 24% od uct-

loicin.

Como se não bastassem favores

tão escandalosos, conseguiu Strangford incluir uma cláusula (no tratado de amiziule) facultando â Inglaterra com

prar e cortar madeiras, para constru ção dc seus navios de guerra, nos bos ques, florestas e matas do Brasil, e inaisa permissão de construir, prover c re parar os mesmos navios nos portos e baías brasileiros. Pelos tratados, Por

tugal logrou o consòlo platônico de na

ção mais favorecida.

Mau grado a trama de disposições tão habilmente urdidas, não recolheram os inglê.ses tôdas as vantagens antegozadas. Circunstâncias diversas, de ordem internacional, com reflexos positivos na

situação interna da Inglaterra, depois da

paz na Europa, perturbaram os planos da política comercial inglesa no Brasil. Se Portugal sofreu em definitivo gran des danos, bem menores foram os nos

sos.

Paradoxalmente, parece até que os

tratados de arrôcho mais nos favorece

ram do que prejudicaram. Thomas Sunter, ministro cios Estados Unidos junto à Corte do Rio, acabou por considerálos benéficos aos nossos interesses, uma

màticamente excluídos do mercado bri

vez que os portos brasileiros foram inun

tânico; outros só encontrariam nele es

dados de mercadorias britânicas ven

cassa procura. Hipólito não se iludiu a respeito do verdadeiro significaclo cios Lon\-ônios: era o mal disfarçado prote-

didas muito barato, alcançando os nos

sos pvodiitns p-eços mais elevados do que devia permitir a tabela oin vigor.

4


124

DicKSTI) KroNÓxnco

Cumpre ainda não esquecer que a pauta do impôsto de importação marcava taxas fixas para certos produtos, quando eram flutuantes os seus preços e, dada a ten

dência para baixa, dominante nos cen

tros fabris inglêses, havia artigos que em vez de 15% pagavam realmente 25

e 30% de direitos. Sierra y Mariscai assevera que, em virtude dos tratados, entrou no Brasil tôda espécie de mer

cadorias, desde móveis, roupas, sapa

tos feitos, colchões, até caixoezinhos ji j« tos reilUS,

enfeitados para enterrar crianças. Muita cousa boa chegou da Inglaterra, e aos

niMi lliíillll

ingiéscs qtie para cá \icram elevemos alguns excelentes l».''i!>ilo.s. Sc havia alguns tão desconfiados do país que manda\'ani lavar e engomar a roupa na

Inglaterra, outros aqui .sc enraizaram e

IIIIIUMÍIH

ainda .se fazem lembrados nos a|?elídos britânicos de tantos bons brasileiros de agora.

Sfiiv ito iianco (io lircisit, no Hio do Jancir..,

NO BANCO DO BRASIL. cm numerosas organisftçòos bancárias AS MAquinas Biirronghs

facilitum o trabalho e simplificam a contabilidade! ^03 bancos, ms rcpnrUções. nos era -des

serviço; fornecendo as máquinas que farão

escritórios comerciais e Industriais, onde é erando a complexidade dos problemas

do dum serviço mecânico eficiente para manter as suas maquinas em perfeito fun

contabilidade, tornam-se Indlspcnsíiveis máquinaí; comerciais especializadas.

Ajudar o Governo, o comércio e a indusU-ia a resolver os seus problemas de con tabilidade é tarcf.» da Burrouyhs: acon

selhando, com ex!:)erIGnc{a. o sistema de trabalho que mais con.ém a determinado

êsse serviço mais eficientemente; dispon

cionamento permanentemente; dispondo

sempre de completo estoque de peças sobressalentes... concorrendo, finalmente,

para o progresso e expansão do comércio e da indústria e para o bom funciona

mento dos serviços públicos.

CIA. BURRIIUGHS DO BRASIL, IXC. lUo dc Janeiro: Rua rncoude do Inhaúma, lO-l-lZo. andar - ToN.. 23.IC90 « 23-I69P São Vauio: Larffo faissandá, 51-sobreloja IcU.: 6.6090 o 6-6099 AGENTES EM: íj-i'/.

Recife - Salvador - Manaus - B. Iloriionlo - C.mpos - Snutoa - B.u.r,'. - P. Alegre - Pelotas Florianúiiolis - Curitiba

ONDE HÁ NEGÓCIOS HÁ MÁQUINAS

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Máquinas rfc tornar, calcular, dc contabilidade o do cslniígiica • Caí*aí rogcitradoras • Serviço «io ManutcnçOo • Acctsórioi,


124

DicKSTI) KroNÓxnco

Cumpre ainda não esquecer que a pauta do impôsto de importação marcava taxas fixas para certos produtos, quando eram flutuantes os seus preços e, dada a ten

dência para baixa, dominante nos cen

tros fabris inglêses, havia artigos que em vez de 15% pagavam realmente 25

e 30% de direitos. Sierra y Mariscai assevera que, em virtude dos tratados, entrou no Brasil tôda espécie de mer

cadorias, desde móveis, roupas, sapa

tos feitos, colchões, até caixoezinhos ji j« tos reilUS,

enfeitados para enterrar crianças. Muita cousa boa chegou da Inglaterra, e aos

niMi lliíillll

ingiéscs qtie para cá \icram elevemos alguns excelentes l».''i!>ilo.s. Sc havia alguns tão desconfiados do país que manda\'ani lavar e engomar a roupa na

Inglaterra, outros aqui .sc enraizaram e

IIIIIUMÍIH

ainda .se fazem lembrados nos a|?elídos britânicos de tantos bons brasileiros de agora.

Sfiiv ito iianco (io lircisit, no Hio do Jancir..,

NO BANCO DO BRASIL. cm numerosas organisftçòos bancárias AS MAquinas Biirronghs

facilitum o trabalho e simplificam a contabilidade! ^03 bancos, ms rcpnrUções. nos era -des

serviço; fornecendo as máquinas que farão

escritórios comerciais e Industriais, onde é erando a complexidade dos problemas

do dum serviço mecânico eficiente para manter as suas maquinas em perfeito fun

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