DIGESTO ECONÔMICO, número 74, janeiro 1951.

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DIGESTO

ECONOMICO

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SOB OS Buspicios Du ASSOCIAÇÃO COMERCIAL DE SÃO PAULO E 00 FEDERAÇÃO 00 COMERCIO DO ESTADO DE SÃO PAULO

mvm ^^^ttAI.MF.NTE. t6Ha vfi que ai eircimv línri.-)^ 1 r*ÍE'i". n c;iroíínho dispõe

do auxílio pal»rno Mns. no futuro. Iná éle o pai srmprr n seu lado, par.s ciifrenlsr dtíinildarii-s r rrvfm^ Seja pru

dente hi'i' aRiir.T irtnotfa do fulnin lie *eu filho ób obvMriilcis rpie a itnprcvi-

dêndn ararreta, adiuirindo Hie. desiJe já. liiulos da Prudência Capiialixacão

S l M A R I o Unilal — Divisa comum para a AmórJca Latina — Richarci Lcwinshon Alguns aspectos do comércio exterior do Brasil — Aldo B Franco

in

Plano ostralógico para o Brasii — Dorival Teixeira Vieira Crítica ao imposlo de renda brasileiro — José Luiz de Almeida Nogueira Porto Fundo íerroviario — Roberto Pinto de Sousa . . r-orio ..

31 4d w

Juta, problema nacional — Moocyr Paixão

53

Companhias do inveslimenios — Orozimbo Otávio Roxô Lotirèirô Calógeras — Antonio Gontijo de Carvalho

O papel dos geólogos — Glycon de Paiva e Avelino de Ólivéirà Guicciardlnl e os impostos progressivos — Aliomar Baleeiro Economia e humanismo — Arnóbio Graça

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93 inn ín"

;

Inualdade e isenções fiscais — Paulo Barbosa de Campos Filho Filosofia e política do Padre Feijó — Miguel Reale A intuição econômica de Eça de Queiroz — DJacir Menezes

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111 115 120

Autarquias — Pessoas do Direito Público e do Direito Privado Proturê <enhe««fa i9m tompromíato, •»

<epJfoM2o*

<0o. ftOf Awo» vgnfo^ent rgoít • gorantio» êàlidot, obaoíufo».

„ , . Salario mínimo familiar — Rubens Maragllano

Dario de Almeida Magalhães 125 145

Dificuldades da transição na economia norte-americana — Geraldo Ò. Banaskíwitz 155

O aspecto social e econômico do trabalho — Cândido Mota Filho

tto

A habitabilldado dos trópicos — Pimentel Gomes

194

B-eve história da pecuária sul-riograndcnso — Nelson Wemeck Sodré

Negociações e negócics — Otávio Tarquínio de Sousa

PRUDÊNCIA CAPITALIZAÇÃO

les

173

A escrituração comercial e bancária do Padre Guilherme Pompóu de AÍmeida ~ Afonso de Taunay 177

COMPANHIA NAOuNAÍ PA^A fAVCPfCíP A iCO^lOMtA ♦

N-o

— JANEIRO DE 1951 — ANO Vil


o DIGESTO ECONÔMICO

Mobílfluíd 200

ESTA À VENDA

nos principais pontos de jornais no Brasil, ao preço de Cr$ 5,00. Ôs nossos agentes da relação abaixo estão aptos a suprir qualquer encomenda, bem como a receber pedidos de assinaturas, ao preço de Cr$ 50,00 anuais.

Agente geral para o Brasil FERNANDO CHINAGLIA

Avenida Presidente Vargas, 502, 19.o andar Rio de Janeiro

„v, Alagoas: Manoel Espíndola, Praça Pe dro II, 49, Maceió.

Paraná: J. Ghiagnone, Rua 15 de No

Amazonas: Agência Freitas, Rua Joa

Pernambuco:

quim Sarmento. 29, Manaus.

vembro, 423, Curitiba. Fernando

Chinaglia»

Rua do Imperador, 221, 3.o andar, Recife.

Eahia:

Alfredo J. de Souza & Cia.

R. Saldanha da Gama. 6, Salvador

A

Piauí: Cláudio M. Tote, Tereslna.

queèveiu proporcionar a V. S. novo saiisfocSo««emcarro, diriirir um

Ceará: J. Alaor de Albuquerque Ci Cia

Praça do Ferreira. 621, Fortaleza

Rio de Janeiro: Fernando Chinaglia, Av. Presidente Vargas, 502, 19.0

Sr'

i^-

andar.

Espírllo Sanlo: Viuva Copolllo & Fi lhos. Rua Jerônimo Monteiro, 361

Goiás: João Manarino, Rua Setenta A, Goiânia.

Maranhão:

Rio Grande do Norlo: Luís Rom^o,

Avenida Tavares Lira, 48, Natal.

Vitória.

Rio Grande do Sul: Sòmente para Por

to Alegre: Octavio Sagebin, Rua

Livraria Universal, Rua

João Lisboa, 114, São Luiz.

grande precisârF^a qT

aVTIÍ?. P^^«®°do.lhe 09 melhores

nriS, 200, cujas notáveis pro?• 6oranlem o perfeitoeficaimenlc funcionamento peças 1delicadas, prolegendo-os contradeo suas desm^nL T"®! ® PMsibilitando seu máximo rendi mento. Lembre-se: o fabricante de seu carro aprovou

Mobilfiuid 200

7 de Setembro, 789. Porto Alegre. Para locais fora de Pôrto A-Iegre:

Fernando Chinaglia, R. de Janeiro.

- UM NOVO PRODUTO MOBItOlt Mato Grosso: Carvalho, Pinheiro &

Santa Catarina: Pedro Xavier & Cia.,

Minas Gerais: Joaquim Mo.ss Vel^so,

São Paulo: A Intelectual. Ltda., Via duto Santa Eíigênia, 281, S. Paulo.

Cia., Pça. da República, 20. Cuiabá.

Avenida dos Andradas, 330, Belo

Rua Felipe Schmidt, 8, Florianóp.

■ Ainda que seu nulomável nSo possua trausmiasao automática, leve-o regularmente a um

Posto Autorizado Mobiloil para ser oorreta-

Horizonte.

Pará: Albano H. Martins

vessa Campos Sales, 85/89, Belém. Paraíba: Loja das Revistas. Rua Ba rão do Triunfo, 510-A, João Pessoa.

Sergipe: Livraria Regina Ltda., Rua

'*"ss/on Fíüffi Mobíloil

João Pessoa, 137, Aracaju.

Território do Acre: Diógenes de Oli veira, Rio Branco.

^ÊákA-

^n^ iubrificado com Mobiloil, Mobilube i Mobilgreaao - os afamados produtoa que de

fato garantem soa impecável cqoflerva^o


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Chinaglia»

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I" p," %

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■Ti»'T,v>

caslcados ^inopr para homens, senhoras e Crianças

t CACÜLã m OS MAIS

AFAMADOS

OS MAIS

PROCURADOS

OS MAIS

DESEJADOS

OS MAIS

DISPUTADOS INVEJADOS IM ITA DOS

OS MAIS

OS MAIS

Rua Libero Badaró, 110 — Sâo Paulo —

POREM NUNCA IGUALADOS REFRIGERANTES

V Ahf nrcusi IMIT4CÕÍ( CONTINUC SUOREIHOO O OUE t RdlMENTC SOM í O OUE li ESTik CONUCHIOO HÁ lONCOS «NOJ PEl> NOTORll PRErEREKCtl 00 PÚIIICO BRISILEIRO. QüE RECONHECEU E RECONHECE O

O CALCADO

GUARANÁ CHAMPAGNE t A

ÁGUA TÔNICA DE QUININO DA

ANTARCTKA COMO REFRIGERANTES DE INCONTESTÁYEl PRCDHE

(Io QUER PEIO DELICIOSO E INIGUAlilVEl SASOR QUER PELO ESMERO OA SUA EAÍRICAÇÀO ORIENTADA

§)GATAMAGGmA

CirNTiriCAMENIE PELOS MAIS RIGOROSOS PRINCÍPIOS

OJ TtCNICA MODERNA E lECISLAClO 00 PAÍS

'4

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T Unital - divisa comum para a America

DIGESTOECOUdHlCO

Latima

RICHAíU) Lewinsohn

g lUHsg BOS «eúcios RUH nmm kwh Publicado sob os auspícios do

ISSOClAÇUOCOHtRCUlDESlOPAUlO

América Latina não constitui uma

unidade econômica. O intercâmbio entro as vinte Repúblicas latino-ameri

FEDERAClD DO COMERCIO DO ESTADO DE SlO PAULO

canas é muito limitado. Atingia, cm 1949, 404 milhões dc dólares, ou sejam,

o Digcsto Econón>ií'« publicará no próximo número:

cerca dc 7% do coriiércio exterior total %

desses países, e a maior parte dessa mo

Martlm Afíonao Xavier da Silveira

PERSPECTIVAS DA DEMOCRACIA

desta parcela refere-se ao comércio entre países vizinhos. No comércio do Brasil

Diretor;

brasileira - Roland Corbisier.

Latina, o intercâmbio com a Argentina,

Dlrotor superlniendenle:

Aníonio Oonlijo de Carvalho

com as outras Repúblicas 'da"~ América

representou dois terços e o com o Uru

A REVOLUÇÃO COMUNISTA NA O Dlgaalo Ecosdmloo, órg&o de in formações econômicas e financei ras, é publicado mensalmente pela

CHINA

Amóbio Graça.

Edltôra Comercial Lida.

CALÓGERAS - Antônio Gontijo de A direção não se responsabiliza

Carvalho.

BANQUEIRO DE BANDEIRANTES -

nadOB

Afonso de Taunay. Na transcrição de artigos pede-se eitar o nome do Dlgesto

A INTUIÇÃO ECONÔMICA DE EÇA

DE QUEIROZ'- (II) - Djíicir Me

Zconóntieo.

nezes.

trangeiras.

A HABITABILIDADE DOS TRÓPI COS — (II) — Pimentei Comes.

ASSlKATDRAi:

Digeilo Econômico

Ano (simples)

••

Cr$ 50,00

(registrado)

Número do mês:

Cr| 58,00

Cr| 5.00

Atrasado: «

Redação e Admlniitraçlo:

Tladulo Boa VIsla, 87 - 7.o UAdu TeL 1-7488 — Caixa Postal. 840-3 gie Paulo

Fora do comércio mercantil, as rela ções econômicas são ainda menores. O

mente ao turismo. Sob esse aspecto, o

Uruguai tem uma situação privilegiada, recebendo anualmente cerca de 20 mi

lhões de dólares de turistas argentinos, mas gasta também, com viagens para o outro lado do Rio de Ia Plata, um terço dêsse montante.

Enfim, as transações meramente fi nanceiras, não ligadas ao comércio ex

Aceita-se intercâmbio com publi

cações congêneres nacionais e es

pais centros consumidores, como o Peru e a Colômbia, o comércio foi ínfimo.

intercâmbio de serviços limita-se pratica

pelos dados cujas fontes estejam devidamente citadas, nem pelos conceitos emitidos em artigos asai-

guai 12% do total. Já com os países vi

zinhos mas distantes dos nossos princi

terior entre as Repúblicas da América Latina, são também bastante limitadas.

São ranssimos os casos nos quais um

pais já tenha dado a outros desta região empréstimos não destinados à importa ção imediata de mercadorias. Todavia,

sitivos fiscais, provocam a saída de dis ponibilidades. Mesmo para a América

do Norte, o Uruguai parece, nas condi ções atuais, atrativo. Diz-se que, em 1950, nada menos de 400 milhões de dó

lares teriam chegado a Montevidéu, pro venientes da Argentina e dos Estados Unidos. Provavelmente, a cifra é exa

gerada, mas, mesmo que o montante ti vesse alcançado apenas 250 milhões de dólares — como afirmam observadores mais prudentes — tal soma seria, assim mesmo, maior que todos os investimen

tos de capitais estrangeiros realizados na mesma época no Brasil.

Entretanto, movimentos excepcionais desse gênero não podem ser considera dos como característicos. Em geral, o movimento financeiro entre os países da

América Latina é determinado pelo mo vimento mercantil.

Industrialização e intercâmbio

Os esforços para reforçar a coesão eco

nômica entre os países latino-americanos visam, pois, em primeiro lugar, a intensi ficação do comércio exterior entre eles.

Sem dúvida, as possibilidades a respei to são limitadas pela semelhança da es trutura econômica dêsscs países. Todos

eles ainda são principalmente exportado res de matérias-primas e devem impor tar boa parte dos manufaturados, par

existe certa migração de capitais dentro

ticularmente equipamento técnico de

dos países da América Latina. A êsse respeito, o Uruguai — a "Suíça" da

que necessitam, dos Estados Unidos ou

América do Sul — ocupa um lugar espe cial. E* um refúgio de capitais oriundos de países onde a situação monetária, e

Mas, não somente o Brasil, como também a Argentina, o Chile, o México e vários outros países da América Latina

às vezes também a política e os dispo

da Europa.

acham-se numa fase de intensa indug-


T Unital - divisa comum para a America

DIGESTOECOUdHlCO

Latima

RICHAíU) Lewinsohn

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América Latina não constitui uma

unidade econômica. O intercâmbio entro as vinte Repúblicas latino-ameri

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canas é muito limitado. Atingia, cm 1949, 404 milhões dc dólares, ou sejam,

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Martlm Afíonao Xavier da Silveira

PERSPECTIVAS DA DEMOCRACIA

desta parcela refere-se ao comércio entre países vizinhos. No comércio do Brasil

Diretor;

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A REVOLUÇÃO COMUNISTA NA O Dlgaalo Ecosdmloo, órg&o de in formações econômicas e financei ras, é publicado mensalmente pela

CHINA

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A HABITABILIDADE DOS TRÓPI COS — (II) — Pimentei Comes.

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Ano (simples)

••

Cr$ 50,00

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Número do mês:

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Redação e Admlniitraçlo:

Tladulo Boa VIsla, 87 - 7.o UAdu TeL 1-7488 — Caixa Postal. 840-3 gie Paulo

Fora do comércio mercantil, as rela ções econômicas são ainda menores. O

mente ao turismo. Sob esse aspecto, o

Uruguai tem uma situação privilegiada, recebendo anualmente cerca de 20 mi

lhões de dólares de turistas argentinos, mas gasta também, com viagens para o outro lado do Rio de Ia Plata, um terço dêsse montante.

Enfim, as transações meramente fi nanceiras, não ligadas ao comércio ex

Aceita-se intercâmbio com publi

cações congêneres nacionais e es

pais centros consumidores, como o Peru e a Colômbia, o comércio foi ínfimo.

intercâmbio de serviços limita-se pratica

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guai 12% do total. Já com os países vi

zinhos mas distantes dos nossos princi

terior entre as Repúblicas da América Latina, são também bastante limitadas.

São ranssimos os casos nos quais um

pais já tenha dado a outros desta região empréstimos não destinados à importa ção imediata de mercadorias. Todavia,

sitivos fiscais, provocam a saída de dis ponibilidades. Mesmo para a América

do Norte, o Uruguai parece, nas condi ções atuais, atrativo. Diz-se que, em 1950, nada menos de 400 milhões de dó

lares teriam chegado a Montevidéu, pro venientes da Argentina e dos Estados Unidos. Provavelmente, a cifra é exa

gerada, mas, mesmo que o montante ti vesse alcançado apenas 250 milhões de dólares — como afirmam observadores mais prudentes — tal soma seria, assim mesmo, maior que todos os investimen

tos de capitais estrangeiros realizados na mesma época no Brasil.

Entretanto, movimentos excepcionais desse gênero não podem ser considera dos como característicos. Em geral, o movimento financeiro entre os países da

América Latina é determinado pelo mo vimento mercantil.

Industrialização e intercâmbio

Os esforços para reforçar a coesão eco

nômica entre os países latino-americanos visam, pois, em primeiro lugar, a intensi ficação do comércio exterior entre eles.

Sem dúvida, as possibilidades a respei to são limitadas pela semelhança da es trutura econômica dêsscs países. Todos

eles ainda são principalmente exportado res de matérias-primas e devem impor tar boa parte dos manufaturados, par

existe certa migração de capitais dentro

ticularmente equipamento técnico de

dos países da América Latina. A êsse respeito, o Uruguai — a "Suíça" da

que necessitam, dos Estados Unidos ou

América do Sul — ocupa um lugar espe cial. E* um refúgio de capitais oriundos de países onde a situação monetária, e

Mas, não somente o Brasil, como também a Argentina, o Chile, o México e vários outros países da América Latina

às vezes também a política e os dispo

da Europa.

acham-se numa fase de intensa indug-


Dicesto Econômico Digesto Econóauco

trializaçáo. Muitas novas indústrias estão, desde o princípio, forçadas a exportar. Citamos, como exemplo, a nova grande usina sideriirgica do Chile — construída

com ampla assistência financeira dos Es tados Unidos - cuja capacidade ultra

passa de 60% o consumo total do país, em ferro e aço. Nossa própria indústria têxtil constitui outro exemplo de uma

indústria expqrtadora. Infelizmente, a industrialização da América Latina e^'oluiu, sob êsse aspec

to, de maneira muito mal coordena da. São criadas indústrias competido

ras, que se fazem no mercado interna cional uma concorrência ruinosa, ao pas

so que faltam capitais e mão-de-obra para outras indústrias que oferecem ain da um mercado seguro. Seja como fôr, indústrias capazes e obrigadas a expor

tar já existem e todos os indícios fazem prever que essa evolução continuará num ritmo acentuado.

Pela própria industrialização aumen tará a importação de matérias-primas.

incomparávcl. Mas, essa afirmação é somente verdadeira para a América La tina no seu conjunto. Na realidade, os países latino-americanos são, sem exce

ção, especializados em determinadas ma térias-primas. O país dc recursos natu rais mais variados ó, sem clii\'ida, o Bra

sil — fato, aliás, não surpreendente .se

compararmos a superfície do no.sso país com a das outras Repúblicas da América Latina. Ora, mesmo ao Brasil faltam al

gumas matérias básicas, como o cobre, c várias outras não podem ser racional mente exploradas sem investimentos enormes.

O intercâmbio de matcrias-príinas fi cará, portanto, para o Brasil — como pa ra os demais países da América Latina — durante muito tempo ainda indispen sável. Constituirá o segundo grande se tor do comércio intercontinental, ao lado

do intercâmbio de produtos manufatura dos, e em ampla escala condicionado por este.

C7m conlinenle séin moeda exlcrna

to possível, nas matérias-primas dos re.spectívos países. São bem raros os casos em que a mão-de-obra especializada ou

A nossa análise sumária mostra que,

vo, como acontece freqüentemente na

Europa c - exemplo clássico - no Egi to, cuja famosa indústria de cigarros tra balha somente com matérias-primas im

portadas. Porém, mesmo indústrias que dispõem no próprio país das principais matérias-primas, necessitam quase sem

pre de outras, secundárias, que devem ser importadas, e, alem disso, a urbani zação, que acompanha a industrializa ção, determina inevitàvelmente a impor tação de produtos que antes pareciam supérfluos.

Quanto às matérias-primas, a América

Latina possui uma riqueza e variedade

do lado das mercadorias, existem as ba

ses para um comércio muito mais inten so entre os países da América Latina. Mas, as mercadorias não constituem se não um lado da balança. Não queremos

voltar às formas mais primitivas da tro ca. Se, desde a guerra, tais formas às ve zes reapareciam, consideramo-las como um recuo e não como um progresso. O comércio entre os países da América La tina deverá ser um comércio normal, com

compra de mercadorias mediante moeda. Aqui começa o obstáculo, talvez o mais árduo, ao desenvolvimento do co mércio. Os países da América Latina

não possuem uma moeda que facilite o intercâmbio entre êles.

blicas, sua moeda foi naturalmente afe

tada pelas perturbações políticas. Mas, ainda nas últimas três décadas, período relativamente calmo para esta parte do mundo, a situação monetária tornou-se

precária. Com exceção de alguns países, como Cuba c Venezuela, cuja economia é estreitamente ligada à dos Estados Unidos, tôdas as Repúblicas da América

Latina^ sofreram freqüentes distúrbios monetários. Na maioria dos casos, não SC tratava de desvalorizações ordenadas

pelo governo, mas — o que é pior para a reputação da moeda — de flutuações violentas da taxa cam

bial, de um dia para ou tro, com uma tendência

geral para baixo. Como resultado dessa evolução, as moedas re

presentam hoje apenas uma fração de sou valor-

Certamente, as indústrias da América Latina ainda estão baseadas, tanto quan

outros fatôres técnicos dessem o incenti

tada. No século passado, durante a for

mação c consolidação das jovens Repú

Quase todos

têm uma história monetária muito agi-

ouro em 1921.

zeiro

figura

O cru

entre

as

moedas mais resistentes, pois guardou ainda um quarto do valorouro que o mil-réis possuía há trinta anos. O peso mexicano caiu, no mesmo

período, a um sétimo, o peso chileno a um duodécimo e o pêso argentino a um vigésimo de seu antigo valor. E' verda

de que o ouro perdeu em parte sua fun ção como medida internacional, que o dólar foi também desvalorizado do 41%, e a libra ainda mais. Por outro lado, as porcentagens de desvalorização mencio

pagamento internacional. A libra ester

lina, o mais recentemente o dólar, toma ram-se as divisas predominantes no co mércio exterior da América Latina, não sòmente para o intercâmbio com a Eu ropa e os Estados Unidos, como também

para os negócios entre os países latinoamericanos. A Argentina, cujas finanças se achavam desde fins do século passa do numa situação relativamente favorá

vel, conseguiu temporàriamente utilizar sua moeda

para transações

externas.

Nossas importações da Argentina e e.xportações para êsse país foram, durante

algum tempo, faturadas em pesos ar gentinos. Mas, a agravação da situação

monetária dessa Repúbljca tomou preferível para os dois países fatu rarem

suas

compras e

vendas em cruzeiros. E, já que o intercâjubio se efetua

sob

forma

de

compensação, sem paga mento imediato do saldo,

•acumulamos grandes dis ponibilidades em cruzei ros que valem divisas — com a condi

ção de utilizá-las exclusivamente para compras na Argentina. Compensação vndtihteral

Acordos bilaterais dêsse tipo são um e.xpedíente, mas não uma solução satis

fatória do problema cambial. A solu ção ideal seria, sem dúvida, a conversi

nadas acima referem-se às taxas fixadas pelas autoridades raonetáriasj considera

bilidade livre 8 ilimitada, a taxas fixas e estáveis, de tôdas as moedas do mundo.

do o preço das moedas da América La tina no mercado livre, a depreciação se

quantç que muitos países têm uma ba

ria ainda mais forte.

E' evidente que as grandes e freqüen tes variações da taxa cambial tornavam

essas moedas inutllizáveis como meio de

Mas, tal desejo não passa de utopia, en-

lança de pagamentos altamente passiva e não existe um órgão internacional efi

ciente para corrigir o desequilíbrio. Per manecem também mera literatura os projetos — já feitos no Brasil e em ou-


Dicesto Econômico Digesto Econóauco

trializaçáo. Muitas novas indústrias estão, desde o princípio, forçadas a exportar. Citamos, como exemplo, a nova grande usina sideriirgica do Chile — construída

com ampla assistência financeira dos Es tados Unidos - cuja capacidade ultra

passa de 60% o consumo total do país, em ferro e aço. Nossa própria indústria têxtil constitui outro exemplo de uma

indústria expqrtadora. Infelizmente, a industrialização da América Latina e^'oluiu, sob êsse aspec

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ras, que se fazem no mercado interna cional uma concorrência ruinosa, ao pas

so que faltam capitais e mão-de-obra para outras indústrias que oferecem ain da um mercado seguro. Seja como fôr, indústrias capazes e obrigadas a expor

tar já existem e todos os indícios fazem prever que essa evolução continuará num ritmo acentuado.

Pela própria industrialização aumen tará a importação de matérias-primas.

incomparávcl. Mas, essa afirmação é somente verdadeira para a América La tina no seu conjunto. Na realidade, os países latino-americanos são, sem exce

ção, especializados em determinadas ma térias-primas. O país dc recursos natu rais mais variados ó, sem clii\'ida, o Bra

sil — fato, aliás, não surpreendente .se

compararmos a superfície do no.sso país com a das outras Repúblicas da América Latina. Ora, mesmo ao Brasil faltam al

gumas matérias básicas, como o cobre, c várias outras não podem ser racional mente exploradas sem investimentos enormes.

O intercâmbio de matcrias-príinas fi cará, portanto, para o Brasil — como pa ra os demais países da América Latina — durante muito tempo ainda indispen sável. Constituirá o segundo grande se tor do comércio intercontinental, ao lado

do intercâmbio de produtos manufatura dos, e em ampla escala condicionado por este.

C7m conlinenle séin moeda exlcrna

to possível, nas matérias-primas dos re.spectívos países. São bem raros os casos em que a mão-de-obra especializada ou

A nossa análise sumária mostra que,

vo, como acontece freqüentemente na

Europa c - exemplo clássico - no Egi to, cuja famosa indústria de cigarros tra balha somente com matérias-primas im

portadas. Porém, mesmo indústrias que dispõem no próprio país das principais matérias-primas, necessitam quase sem

pre de outras, secundárias, que devem ser importadas, e, alem disso, a urbani zação, que acompanha a industrializa ção, determina inevitàvelmente a impor tação de produtos que antes pareciam supérfluos.

Quanto às matérias-primas, a América

Latina possui uma riqueza e variedade

do lado das mercadorias, existem as ba

ses para um comércio muito mais inten so entre os países da América Latina. Mas, as mercadorias não constituem se não um lado da balança. Não queremos

voltar às formas mais primitivas da tro ca. Se, desde a guerra, tais formas às ve zes reapareciam, consideramo-las como um recuo e não como um progresso. O comércio entre os países da América La tina deverá ser um comércio normal, com

compra de mercadorias mediante moeda. Aqui começa o obstáculo, talvez o mais árduo, ao desenvolvimento do co mércio. Os países da América Latina

não possuem uma moeda que facilite o intercâmbio entre êles.

blicas, sua moeda foi naturalmente afe

tada pelas perturbações políticas. Mas, ainda nas últimas três décadas, período relativamente calmo para esta parte do mundo, a situação monetária tornou-se

precária. Com exceção de alguns países, como Cuba c Venezuela, cuja economia é estreitamente ligada à dos Estados Unidos, tôdas as Repúblicas da América

Latina^ sofreram freqüentes distúrbios monetários. Na maioria dos casos, não SC tratava de desvalorizações ordenadas

pelo governo, mas — o que é pior para a reputação da moeda — de flutuações violentas da taxa cam

bial, de um dia para ou tro, com uma tendência

geral para baixo. Como resultado dessa evolução, as moedas re

presentam hoje apenas uma fração de sou valor-

Certamente, as indústrias da América Latina ainda estão baseadas, tanto quan

outros fatôres técnicos dessem o incenti

tada. No século passado, durante a for

mação c consolidação das jovens Repú

Quase todos

têm uma história monetária muito agi-

ouro em 1921.

zeiro

figura

O cru

entre

as

moedas mais resistentes, pois guardou ainda um quarto do valorouro que o mil-réis possuía há trinta anos. O peso mexicano caiu, no mesmo

período, a um sétimo, o peso chileno a um duodécimo e o pêso argentino a um vigésimo de seu antigo valor. E' verda

de que o ouro perdeu em parte sua fun ção como medida internacional, que o dólar foi também desvalorizado do 41%, e a libra ainda mais. Por outro lado, as porcentagens de desvalorização mencio

pagamento internacional. A libra ester

lina, o mais recentemente o dólar, toma ram-se as divisas predominantes no co mércio exterior da América Latina, não sòmente para o intercâmbio com a Eu ropa e os Estados Unidos, como também

para os negócios entre os países latinoamericanos. A Argentina, cujas finanças se achavam desde fins do século passa do numa situação relativamente favorá

vel, conseguiu temporàriamente utilizar sua moeda

para transações

externas.

Nossas importações da Argentina e e.xportações para êsse país foram, durante

algum tempo, faturadas em pesos ar gentinos. Mas, a agravação da situação

monetária dessa Repúbljca tomou preferível para os dois países fatu rarem

suas

compras e

vendas em cruzeiros. E, já que o intercâjubio se efetua

sob

forma

de

compensação, sem paga mento imediato do saldo,

•acumulamos grandes dis ponibilidades em cruzei ros que valem divisas — com a condi

ção de utilizá-las exclusivamente para compras na Argentina. Compensação vndtihteral

Acordos bilaterais dêsse tipo são um e.xpedíente, mas não uma solução satis

fatória do problema cambial. A solu ção ideal seria, sem dúvida, a conversi

nadas acima referem-se às taxas fixadas pelas autoridades raonetáriasj considera

bilidade livre 8 ilimitada, a taxas fixas e estáveis, de tôdas as moedas do mundo.

do o preço das moedas da América La tina no mercado livre, a depreciação se

quantç que muitos países têm uma ba

ria ainda mais forte.

E' evidente que as grandes e freqüen tes variações da taxa cambial tornavam

essas moedas inutllizáveis como meio de

Mas, tal desejo não passa de utopia, en-

lança de pagamentos altamente passiva e não existe um órgão internacional efi

ciente para corrigir o desequilíbrio. Per manecem também mera literatura os projetos — já feitos no Brasil e em ou-


Digesto EcoNÒAnco

Dícesto Econômico

tios países antes da segunda guerra mundial - que visam a criação de uma moeda única para tôda a América. Nao

podemos esperar que os Estados Unidos

tomarão, desse modo, a responsabilida de cambial para os países cujo comércio exterior se acha numa posição muito di

fícil ou que têm o costume de cobrir parte substancial de suas despesas pú blicas mediante emissões monetárias.

Ora, o repúdio de tais projetos inviá veis não significa que se deveria renun ciar a qualquer melhoria. Os países eu

ropeus, que desde a guerra tiverarn de passar por dificuldades muito maiores que as da América Latina, mostraram

que um plano razoável e realista pode

conduzir a uma solução satisfatória. A

União Européia de Pagamentos, de que tratamos no número de setembro ultimo

do "Digesto Econômico", já deu provas de sua eficiência. Iniciando suas ativi dades num momento particularmente

crítico, durante a guerra da Coréia,

quando os preços das matérias-primas subiam verticalmente, a nova instituição

permitiu aos países membros ampliar seu intercâmbio mediante um sistema de

compensação multilateral e um meio de pagamento comum, o EPUnit. O bom funcionamento do novo siste

ma fêz surgir a idéia de estehdê-lo aos países fora da Europa, com os quais cs

tal — consideramos as duas últimas le tras como abreviação de América Lati

todos os países dessa região é deficitá ria, pois importamos a maior parte do petróleo que consumimos das Antilbas

holandesas. Em 1949, a despesa com es

do Monetário ou o Banco Internacional, SC aceitarem o plano no seu conjunto,

sas compras ascendeu a 1.469 milhões

darão um crédito desse volume, que fi

elevada. Porém, as Antílhas holandesas

de cruzeiros, e em 1950 foi ainda mais

igual a um dólar, mas não neeessària-

caria muito abaixo do limite dos emprés timos previstos para os países membros

sil. Nossos gastos nesse pais represen

mente conversível em dólares dos Esta dos Unidos. E uma moeda especial, me

dessas instituições.

tam, pois, um déficit e — com exceção

A maior despesa em dólares

na. Um Unital seria, como o EPUnit,

ramente escriturai, com poder liberatório limitado aos pagamentos realizados através da União.

Naturalmente, a

União não pennitiria a um país membro fazer compras nos outros países à von tade. Cada pais receberia sua quota,

quer dizer, um empréstimo em conla

sil, obtém de seu comércio com os ou

temos de outros países da América Lati na, um dos problemas mais graves da

vio seria muito maior ainda se, além das

vinte Repúblicas da América Latina, também forem incluídas as colônias eu ropéias dessa região. Para o Brasil, isso e mesmo uma questão de importância

países membros. Na União Européia de Pagamentos, o

total das quotas foi fixado em cerca de 80® do intercâmbio anual entre os paí ses membros. Aplicando essa percenta-

transcendental.

Mesmo nos anos em que temos um superávit no comércio com as Repúbli cas latino-americanas, nossa balança com

gem ao comércio, em 1949, entre as Re públicas da América Latina, precisar-se-

ia apenas de um total de 120 milhões de dólares. Mas, em 1948, e provavelmen te também cm 1950, o intercâmbio foi

um pouco maior, e com o objetivo de estimular o comércio um montante glo bal de 150 milhões de dólares não parece

exagerado. Isso não implica nenhum pe

Ninguém contestará que os países da pazes de abrir entre si, para os seus ne

gócios mútuos, um crédito de tal monta.

í

Todavia, será oportuno garantir esse crédito com outros fundos. Na União

W

I,

Européia de Pagamentos, os recursos do X^lano Marshall servem como fundo de movimento até o limite de 400 milhões de dólares, o que corresponde apenas a 10% do total das quotas. Para dar um

de uma pequena parcela que podemos pagar em libras — um déficit cm dóla

res. E' o ônus mais pesado da nossa ba

sadas, mas um déficit em dólares. O alí

últimos três anos com o conjunto dos

não compram virtualmente nada ao Bra

As vantagens da União para os países da América Latina são evidentes, em particular para aqueles que, como o Bra

tros países latino-americanos, freqüente mente, um saldo em moedas compen

corrente, baseado no seu comércio nos

América Latina, no seu conjunto, são ca

para os países latino-americanos. O primeiro passo seria, portanto, a instituição de uma União de Pagamen tos da América Latina, espécie de cama-

de dólares. Não há dúvida que o Fun

mum que poderia ser denominada Uni-

de um dos principais países membros da

prévia de uma organização semelhante

se-ia ir ate 33%, ou sejam, 50 milhões

tre os países membros. Os pagumcnto.s seriam feitos numa divisa única e co

rigo de inflação.

União Européia sugeriu mesmo que se utilizasse o EPUnit como meio de paga mento no comércio com todos os países da América Latina, E' óbvio que tal ex tensão não seria possível sem a cnaçao

da à União da América Latina, poder-

pagamentos relativos ao intercâmbio en

europeus mantêm numerosos acordos de pagamentos bilaterais. O representante

fundamento financeiro mais seguro ain

Va de compensação que movim^*nte os

A,

t..'/ • .

lança comercial. Se pudéssemos pagar essa grande soma com os saldos que obbalança comercial seria resolvido.

Já por essa razão, a idéia de uma União de Pagamentos da América Lati na merece atenção.

Não subestimamos

cs obstáculos que se oporão à sua reali zação. Mas o exemplo da União Euro péia, que foi recebido no mundo inteiro

com grande satisfação e cujos primeiros resultados são nitidamente animadores, mostra que se trata de uma idéia per feitamente realizável.


Digesto EcoNÒAnco

Dícesto Econômico

tios países antes da segunda guerra mundial - que visam a criação de uma moeda única para tôda a América. Nao

podemos esperar que os Estados Unidos

tomarão, desse modo, a responsabilida de cambial para os países cujo comércio exterior se acha numa posição muito di

fícil ou que têm o costume de cobrir parte substancial de suas despesas pú blicas mediante emissões monetárias.

Ora, o repúdio de tais projetos inviá veis não significa que se deveria renun ciar a qualquer melhoria. Os países eu

ropeus, que desde a guerra tiverarn de passar por dificuldades muito maiores que as da América Latina, mostraram

que um plano razoável e realista pode

conduzir a uma solução satisfatória. A

União Européia de Pagamentos, de que tratamos no número de setembro ultimo

do "Digesto Econômico", já deu provas de sua eficiência. Iniciando suas ativi dades num momento particularmente

crítico, durante a guerra da Coréia,

quando os preços das matérias-primas subiam verticalmente, a nova instituição

permitiu aos países membros ampliar seu intercâmbio mediante um sistema de

compensação multilateral e um meio de pagamento comum, o EPUnit. O bom funcionamento do novo siste

ma fêz surgir a idéia de estehdê-lo aos países fora da Europa, com os quais cs

tal — consideramos as duas últimas le tras como abreviação de América Lati

todos os países dessa região é deficitá ria, pois importamos a maior parte do petróleo que consumimos das Antilbas

holandesas. Em 1949, a despesa com es

do Monetário ou o Banco Internacional, SC aceitarem o plano no seu conjunto,

sas compras ascendeu a 1.469 milhões

darão um crédito desse volume, que fi

elevada. Porém, as Antílhas holandesas

de cruzeiros, e em 1950 foi ainda mais

igual a um dólar, mas não neeessària-

caria muito abaixo do limite dos emprés timos previstos para os países membros

sil. Nossos gastos nesse pais represen

mente conversível em dólares dos Esta dos Unidos. E uma moeda especial, me

dessas instituições.

tam, pois, um déficit e — com exceção

A maior despesa em dólares

na. Um Unital seria, como o EPUnit,

ramente escriturai, com poder liberatório limitado aos pagamentos realizados através da União.

Naturalmente, a

União não pennitiria a um país membro fazer compras nos outros países à von tade. Cada pais receberia sua quota,

quer dizer, um empréstimo em conla

sil, obtém de seu comércio com os ou

temos de outros países da América Lati na, um dos problemas mais graves da

vio seria muito maior ainda se, além das

vinte Repúblicas da América Latina, também forem incluídas as colônias eu ropéias dessa região. Para o Brasil, isso e mesmo uma questão de importância

países membros. Na União Européia de Pagamentos, o

total das quotas foi fixado em cerca de 80® do intercâmbio anual entre os paí ses membros. Aplicando essa percenta-

transcendental.

Mesmo nos anos em que temos um superávit no comércio com as Repúbli cas latino-americanas, nossa balança com

gem ao comércio, em 1949, entre as Re públicas da América Latina, precisar-se-

ia apenas de um total de 120 milhões de dólares. Mas, em 1948, e provavelmen te também cm 1950, o intercâmbio foi

um pouco maior, e com o objetivo de estimular o comércio um montante glo bal de 150 milhões de dólares não parece

exagerado. Isso não implica nenhum pe

Ninguém contestará que os países da pazes de abrir entre si, para os seus ne

gócios mútuos, um crédito de tal monta.

í

Todavia, será oportuno garantir esse crédito com outros fundos. Na União

W

I,

Européia de Pagamentos, os recursos do X^lano Marshall servem como fundo de movimento até o limite de 400 milhões de dólares, o que corresponde apenas a 10% do total das quotas. Para dar um

de uma pequena parcela que podemos pagar em libras — um déficit cm dóla

res. E' o ônus mais pesado da nossa ba

sadas, mas um déficit em dólares. O alí

últimos três anos com o conjunto dos

não compram virtualmente nada ao Bra

As vantagens da União para os países da América Latina são evidentes, em particular para aqueles que, como o Bra

tros países latino-americanos, freqüente mente, um saldo em moedas compen

corrente, baseado no seu comércio nos

América Latina, no seu conjunto, são ca

para os países latino-americanos. O primeiro passo seria, portanto, a instituição de uma União de Pagamen tos da América Latina, espécie de cama-

de dólares. Não há dúvida que o Fun

mum que poderia ser denominada Uni-

de um dos principais países membros da

prévia de uma organização semelhante

se-ia ir ate 33%, ou sejam, 50 milhões

tre os países membros. Os pagumcnto.s seriam feitos numa divisa única e co

rigo de inflação.

União Européia sugeriu mesmo que se utilizasse o EPUnit como meio de paga mento no comércio com todos os países da América Latina, E' óbvio que tal ex tensão não seria possível sem a cnaçao

da à União da América Latina, poder-

pagamentos relativos ao intercâmbio en

europeus mantêm numerosos acordos de pagamentos bilaterais. O representante

fundamento financeiro mais seguro ain

Va de compensação que movim^*nte os

A,

t..'/ • .

lança comercial. Se pudéssemos pagar essa grande soma com os saldos que obbalança comercial seria resolvido.

Já por essa razão, a idéia de uma União de Pagamentos da América Lati na merece atenção.

Não subestimamos

cs obstáculos que se oporão à sua reali zação. Mas o exemplo da União Euro péia, que foi recebido no mundo inteiro

com grande satisfação e cujos primeiros resultados são nitidamente animadores, mostra que se trata de uma idéia per feitamente realizável.


V'

Dicesto Econômico

ALGUNS ASPECTOS DO COMERCIO

ANOS

BRASIL — Importações

EXTERIOR DO BRASIL Aldo B. Franco

'■

1947

1948

1949

87,2 12,8

87,7

89,9

12,3

10,1

«i

1950

jan/jun.

(Do Instituto de Economia o da l^acu<ac Nacional de Ciências Economicasj

Essenciais

Outras, menos essenciais

Q TEMA escolhido — "Alguns aspec tos do comércio exterior do Bra

sil" — encontra sua justificativa não só no fato de que -interpretamos esta série

de

reuniões

Economista"

oportunidade

como

da "Semana uma

do

excelente

para trocarmos nossas

impressões e experiências sòbre os fa tos e fenômenos econômicos que va mos vivendo e analisando, domo ainda

pela importância fundamental que tem

o comércio exterior para a vida eco nômica do Brasil.

Nesta palestra procuraremos relem brar alguns aspectos do comércio ex terior do Brasil, seus principais pro blemas, as medida^ que foram toma das e seus resultados, e tentaremos formular algumas indicações sòbre a política a seguir em face da atual con juntura.

Notas da conferência pronunciada na Faculdade de Ciências Políticas e Eco nômicas, no dia 20 de setembro de 1950: velo Prof. Dr. Aldo Baptisla Franco, na qualidade de orador oficial do Sindicato dos Economistas do Rio de Janeiro, em sessão comemorativa da "Semana do •

país, variando em função de numero citar a sua proporção em relação à renda nacional, em relação ao comér cio interno, ao maior ou menor grau

de dependência de suprimentos exter

ESSENCIAIS

1947

1948

1949

tanho, zinco, celulose etc.)

20,0

22,0

23,1

azeite de oliveira e outros)

17,9

18.6

16,3

42,4

40,3

42,6

. 6,9

e,8

6,5

87,2

87.7

92,3

H

bém à manutenção e desenvolvi

in

mento dos vários setores da pro

Matcrias-jDrimas

Gêneros alimentícios (trigo em grão, farinha de trigo, bacalhau, Manufaturas (equipamentos, má adubos, papel etc.)

e equipamentos;

b) com a exportação não só paga mos a importação e os demais

atividades eimque repousa a nos

i

Essas comparações percentuais evi denciam de maneira insofismável co nto prepondcram em nossas importa ções os produtos absolutamente indis

cau, fumo, tecidos, madeira, cou

pensáveis ao País, pondo em relêvo o sentido de rigidez de nossa importa

ros, minérios etc.

ção, isto é, como somos forçados a

sa economia: café, algodão, ca

É fundamental, portanto, que asse

ternos para o escoamento de sua pró

guremos o funcionamento das nossas

pria produção etc. Para a economia brasileira é extra

correntes de comércio com o exterior.

Analisando ràpidameiitc os dados de nossa importação verificamos:

1950

jan/jun. *

26,9

Fonte: — Resenha Econômica do Banco do Brasil.

mentos, mas também ensejamos

balho de grande número de bra sileiros nos principais ramos de

'

c combustí\'eis

quinas, chassis, locomoliva.s etc.) IV — Outras (soda cáustica, barrilha,

dução nacional: combustíveis, trigo, matérias-primas, máquinas

nos e à necessidade de mercados ex

ordinária a sujeição de sua estrutura

íribuídas:

à nossa .subsistência, senão tam

É óbvia a importância do comércio

ciais, iremo.s encontrá-las assim dis-, ||[f

(produtos do petróleo, carvão, cobre, eaxôfre, ferro c aço, es-

utilidades indispensáveis não só

a colocação dos excedentes da produção, como resultado do tra

sos fatòres, dentre os quais podemos

Sc descermos à minúcia, dentro do grupo das no.ssas importações essen-

I

em relação aos mercados internacio nais, pois, como é sabido, a) pela importação obtemos bens e

itens de nosso balanço de paga

exterior para a economia de qualquer

Fonte: — Resenha Econômica do Banco do Brasil.

%

Economista".

A importância do coméTcio exterior para o Brasil

. 92,3 7.7

efetuá-la, a fim de que possam ser sa

tisfeitas relevantes exigências da pro dução e do consumo internos. Por ou

fora, restringe de maneira ponderável os recursos e a maleabilidade seletiva

da nossa política de contròle sôbr.e o comércio com o resto do mundo. Pou

co, realmente, se pode alterar na com posição qualitativa da importação bra sileira, sem risco de ferir indeclináveis exigências do mercado interno.

No que diz respeito à exportação,

tro lado, o montante c[uase absoluto

como é notório, em reduzido número

das importações essenciais, no quadro

de produtos se baseiam as nossas fon

dos suprimentos

que

recebemos de

tes de divisas:


V'

Dicesto Econômico

ALGUNS ASPECTOS DO COMERCIO

ANOS

BRASIL — Importações

EXTERIOR DO BRASIL Aldo B. Franco

'■

1947

1948

1949

87,2 12,8

87,7

89,9

12,3

10,1

«i

1950

jan/jun.

(Do Instituto de Economia o da l^acu<ac Nacional de Ciências Economicasj

Essenciais

Outras, menos essenciais

Q TEMA escolhido — "Alguns aspec tos do comércio exterior do Bra

sil" — encontra sua justificativa não só no fato de que -interpretamos esta série

de

reuniões

Economista"

oportunidade

como

da "Semana uma

do

excelente

para trocarmos nossas

impressões e experiências sòbre os fa tos e fenômenos econômicos que va mos vivendo e analisando, domo ainda

pela importância fundamental que tem

o comércio exterior para a vida eco nômica do Brasil.

Nesta palestra procuraremos relem brar alguns aspectos do comércio ex terior do Brasil, seus principais pro blemas, as medida^ que foram toma das e seus resultados, e tentaremos formular algumas indicações sòbre a política a seguir em face da atual con juntura.

Notas da conferência pronunciada na Faculdade de Ciências Políticas e Eco nômicas, no dia 20 de setembro de 1950: velo Prof. Dr. Aldo Baptisla Franco, na qualidade de orador oficial do Sindicato dos Economistas do Rio de Janeiro, em sessão comemorativa da "Semana do •

país, variando em função de numero citar a sua proporção em relação à renda nacional, em relação ao comér cio interno, ao maior ou menor grau

de dependência de suprimentos exter

ESSENCIAIS

1947

1948

1949

tanho, zinco, celulose etc.)

20,0

22,0

23,1

azeite de oliveira e outros)

17,9

18.6

16,3

42,4

40,3

42,6

. 6,9

e,8

6,5

87,2

87.7

92,3

H

bém à manutenção e desenvolvi

in

mento dos vários setores da pro

Matcrias-jDrimas

Gêneros alimentícios (trigo em grão, farinha de trigo, bacalhau, Manufaturas (equipamentos, má adubos, papel etc.)

e equipamentos;

b) com a exportação não só paga mos a importação e os demais

atividades eimque repousa a nos

i

Essas comparações percentuais evi denciam de maneira insofismável co nto prepondcram em nossas importa ções os produtos absolutamente indis

cau, fumo, tecidos, madeira, cou

pensáveis ao País, pondo em relêvo o sentido de rigidez de nossa importa

ros, minérios etc.

ção, isto é, como somos forçados a

sa economia: café, algodão, ca

É fundamental, portanto, que asse

ternos para o escoamento de sua pró

guremos o funcionamento das nossas

pria produção etc. Para a economia brasileira é extra

correntes de comércio com o exterior.

Analisando ràpidameiitc os dados de nossa importação verificamos:

1950

jan/jun. *

26,9

Fonte: — Resenha Econômica do Banco do Brasil.

mentos, mas também ensejamos

balho de grande número de bra sileiros nos principais ramos de

'

c combustí\'eis

quinas, chassis, locomoliva.s etc.) IV — Outras (soda cáustica, barrilha,

dução nacional: combustíveis, trigo, matérias-primas, máquinas

nos e à necessidade de mercados ex

ordinária a sujeição de sua estrutura

íribuídas:

à nossa .subsistência, senão tam

É óbvia a importância do comércio

ciais, iremo.s encontrá-las assim dis-, ||[f

(produtos do petróleo, carvão, cobre, eaxôfre, ferro c aço, es-

utilidades indispensáveis não só

a colocação dos excedentes da produção, como resultado do tra

sos fatòres, dentre os quais podemos

Sc descermos à minúcia, dentro do grupo das no.ssas importações essen-

I

em relação aos mercados internacio nais, pois, como é sabido, a) pela importação obtemos bens e

itens de nosso balanço de paga

exterior para a economia de qualquer

Fonte: — Resenha Econômica do Banco do Brasil.

%

Economista".

A importância do coméTcio exterior para o Brasil

. 92,3 7.7

efetuá-la, a fim de que possam ser sa

tisfeitas relevantes exigências da pro dução e do consumo internos. Por ou

fora, restringe de maneira ponderável os recursos e a maleabilidade seletiva

da nossa política de contròle sôbr.e o comércio com o resto do mundo. Pou

co, realmente, se pode alterar na com posição qualitativa da importação bra sileira, sem risco de ferir indeclináveis exigências do mercado interno.

No que diz respeito à exportação,

tro lado, o montante c[uase absoluto

como é notório, em reduzido número

das importações essenciais, no quadro

de produtos se baseiam as nossas fon

dos suprimentos

que

recebemos de

tes de divisas:


KKl.i' Dicesto Econômico BRASIL — Exportação

_ ,,

Percentaeens sôbre o lotai âa

exportação brasileira ~Í947 café

36,6

algodão

14,5

tecidos de algodão

6,3

peles e couros

4,9

cacau

4,7

Dicesto Econóauco

Sc examinarmos alguns desses pro dutos de exportação, Lendo em couta

tram que a sua exportação represen ta cêrca de lÜVo da sua produção,

o que signiíicam na economia das re

cujos 9Ü'/o- são absorvidos pelo pró

giões de onde provêm, verificaremos

prio mercado norte-americano.

c|ue a sua importância econômica lo

A canalização daquela discreta percentagem pra o exterior é, entretanto,

cal é mais acentuada do que a expres

são do café para as exportações na

67,0

13

de grande importância para os Esta dos Unidos, inna vez, que qualquer di

cionais. llaja, vista, por exemplo, o cacau e o fumo, para a Bahia; o ba

ficuldade no escoamento daquela per-

baçu, para o Maranhão e o Piauí; a

centagcin da produção norte-america

madeira e o mate, para o Paraná e

na traria séria desorganização para a economia daquele país pelo aumento

pinho

3,9

arroz

3,5

Santa Catarina etc".

2,8 1,8 1,8

'da mão-de-ol)ra inativa, não apenas

13,8

E isso é extraordinariamente impor tante para qualquer política de co mércio exterior que se deseje seguir,

.~77T

19,2

porque se liga não apenas a proble mas de ordem económico-financeira,

coamento, mas também em

mas também políticos c sociais, que se complementam e se entrelaçam, for

sear-se no consumo das massas dc

ao desemprêgo.

bagas de mamona cêra de canaúba fumo

'

•... ;

outros

100.0

I94S

café algodão

41,5 15,5

cacau

49

mando complexos regionais sensíveis

pinho

3'y

às menores flutuações que atinjam os

peles e couros

3^5

arroz

açúcar tecidos de algodão ...." bagas de mamona cêra de carnaúba

'

69,1

produtos-base da economia local.

"34

Seria oportuno e interessante, aliás,

3*1 2,2 20 13

estimar o justo coeficiente entre a

produção nacional e o nosso comércio exterior, a fim de pormos em evidên

12 O 18,9

100,0

1949 ('); 57,6

algoaao

9,9

cacau

47

peles e cpuros

3*4

pinho tecidos de algodão cêra de carnaúba

cia: 1.°) como é alta a perc'entagem de nossa produção que encontra seu

' 78,5

bre o montante da nossa produção

' 1,2 0,9

não permitem que façamos ésse cote jo, mais ilustrativo, obrigando a nos cingirmos ao exame de nossas expor tações, como um todo, sem descermos

1950 (")(jan./pn.): café

à análise da sua expressão, ainda que 61,2

hontes: (®) Serviço de Estatística Econômica e Financeira do Ministério da Fazenda.

(°°) Resenha Econômica Mensal do Banco do Brasil S/A — Julho/1950.

nômenos fáceis de prever,, repetida

os embaraços eventualmente ofereci

' 1,3

100,0

tualmente a indústria e a agricultura nacionais, com uma série de graves fe

litativa e quantitativa em que se cn'contra a nossa produção, para que se

bagas de mamona carnes frigorifícadas

14,6

adquirir bens de consumo e de produ ção, sem os quais se paralisaria vir

profunda repercussão que encontram

fumo

outros

Já no Brasil, a base forte do es coamento da produção repousa na ex portação, da qual dependemos para

2.®) o forte grau de dependência qua

e pouco significativos que existem sô

6,9

operários que fóssem sendo lançados

mente

Infelizmente, porém, os dados esparsos

1,7

outros

mais, cuja atividade deixaria de ba

escoamento nos mercados externos;

torne efetiva, da importação de com bustíveis, máquinas e matérias-primas.

- 1,3

em relação aos setores diretamente atingidos pela supressão daquele es

manifestados

na

imediata

e

dos aos nossos exportadores. Pode-se afirmar, portanto, que a economia nacional constitui um con

junto que se firma precípuamente na exportação e na importação, vale di zer, no nosso comércio exterior. Hí * •'!<

Apresentados esses ligeiros comen tários sôbre a importância das rela

global, no volume da produção bra

ções comerciais do Brasil com o res to do mundo, julgarnos interessante

sileira.

fixar, na seguinte demonstração, a

As estatísticas sôbre os Estados

Unidos da América, entretanto, mos

distribuição

geográfica

das

nossas

correntes de comércio exterior:


KKl.i' Dicesto Econômico BRASIL — Exportação

_ ,,

Percentaeens sôbre o lotai âa

exportação brasileira ~Í947 café

36,6

algodão

14,5

tecidos de algodão

6,3

peles e couros

4,9

cacau

4,7

Dicesto Econóauco

Sc examinarmos alguns desses pro dutos de exportação, Lendo em couta

tram que a sua exportação represen ta cêrca de lÜVo da sua produção,

o que signiíicam na economia das re

cujos 9Ü'/o- são absorvidos pelo pró

giões de onde provêm, verificaremos

prio mercado norte-americano.

c|ue a sua importância econômica lo

A canalização daquela discreta percentagem pra o exterior é, entretanto,

cal é mais acentuada do que a expres

são do café para as exportações na

67,0

13

de grande importância para os Esta dos Unidos, inna vez, que qualquer di

cionais. llaja, vista, por exemplo, o cacau e o fumo, para a Bahia; o ba

ficuldade no escoamento daquela per-

baçu, para o Maranhão e o Piauí; a

centagcin da produção norte-america

madeira e o mate, para o Paraná e

na traria séria desorganização para a economia daquele país pelo aumento

pinho

3,9

arroz

3,5

Santa Catarina etc".

2,8 1,8 1,8

'da mão-de-ol)ra inativa, não apenas

13,8

E isso é extraordinariamente impor tante para qualquer política de co mércio exterior que se deseje seguir,

.~77T

19,2

porque se liga não apenas a proble mas de ordem económico-financeira,

coamento, mas também em

mas também políticos c sociais, que se complementam e se entrelaçam, for

sear-se no consumo das massas dc

ao desemprêgo.

bagas de mamona cêra de canaúba fumo

'

•... ;

outros

100.0

I94S

café algodão

41,5 15,5

cacau

49

mando complexos regionais sensíveis

pinho

3'y

às menores flutuações que atinjam os

peles e couros

3^5

arroz

açúcar tecidos de algodão ...." bagas de mamona cêra de carnaúba

'

69,1

produtos-base da economia local.

"34

Seria oportuno e interessante, aliás,

3*1 2,2 20 13

estimar o justo coeficiente entre a

produção nacional e o nosso comércio exterior, a fim de pormos em evidên

12 O 18,9

100,0

1949 ('); 57,6

algoaao

9,9

cacau

47

peles e cpuros

3*4

pinho tecidos de algodão cêra de carnaúba

cia: 1.°) como é alta a perc'entagem de nossa produção que encontra seu

' 78,5

bre o montante da nossa produção

' 1,2 0,9

não permitem que façamos ésse cote jo, mais ilustrativo, obrigando a nos cingirmos ao exame de nossas expor tações, como um todo, sem descermos

1950 (")(jan./pn.): café

à análise da sua expressão, ainda que 61,2

hontes: (®) Serviço de Estatística Econômica e Financeira do Ministério da Fazenda.

(°°) Resenha Econômica Mensal do Banco do Brasil S/A — Julho/1950.

nômenos fáceis de prever,, repetida

os embaraços eventualmente ofereci

' 1,3

100,0

tualmente a indústria e a agricultura nacionais, com uma série de graves fe

litativa e quantitativa em que se cn'contra a nossa produção, para que se

bagas de mamona carnes frigorifícadas

14,6

adquirir bens de consumo e de produ ção, sem os quais se paralisaria vir

profunda repercussão que encontram

fumo

outros

Já no Brasil, a base forte do es coamento da produção repousa na ex portação, da qual dependemos para

2.®) o forte grau de dependência qua

e pouco significativos que existem sô

6,9

operários que fóssem sendo lançados

mente

Infelizmente, porém, os dados esparsos

1,7

outros

mais, cuja atividade deixaria de ba

escoamento nos mercados externos;

torne efetiva, da importação de com bustíveis, máquinas e matérias-primas.

- 1,3

em relação aos setores diretamente atingidos pela supressão daquele es

manifestados

na

imediata

e

dos aos nossos exportadores. Pode-se afirmar, portanto, que a economia nacional constitui um con

junto que se firma precípuamente na exportação e na importação, vale di zer, no nosso comércio exterior. Hí * •'!<

Apresentados esses ligeiros comen tários sôbre a importância das rela

global, no volume da produção bra

ções comerciais do Brasil com o res to do mundo, julgarnos interessante

sileira.

fixar, na seguinte demonstração, a

As estatísticas sôbre os Estados

Unidos da América, entretanto, mos

distribuição

geográfica

das

nossas

correntes de comércio exterior:


'r.'

14

Digesto EcoNÓMica BRASIL — Comércio exterior

Europa

E. U. A.

Resto do mundo

36%

14%

1940/1945 (Guerra)

50% 18% 31%

57% 53%

25%

1946/1949

Períodos: 1924/1939

Nosso intercâmbio com os Estados

Unidos foi tradicionalmente favorável

e, com a Europa, desfavorável. E pa gávamos a esta com os saldos obtidos naquele paísi Durante a guerra, importamos me nos, pelas dificuldades de fornecimen

to e em virtude da escassex de espaço marítimo. Isso levou-nos a um enri

quecimento financeiro, à custa de um

Acumulamos saldos, mas nos desca

pitalizamos econòmicameiite, porque

E. assim, a partir dc fins de 1946, o problema da escassez dc dólares pas sou ao primeiro plano nas discussões internacionais dc assuntos econômicos.

bilhões em 1946, atingindo o máximo dc 22,8 bilhões em 1947. sjs :Í5 :!:

Amedida que se restabelecia a ordem e voltavam os povos a dedicar-se aos

dicional do nosso intercâmbio, pois que obtivcmos grandes saldos no Co mércio com a Europa. Mas, ao con trário do que antes acontecia, a incoitvcrsibilidadc das moedas européias não nos permitiu liquidar os déficits dc nosso balanço dc pagamentos com os Estados Unidos.

Ai estão as causas dos desequilíbrios

verificados nos balanços de pagamen tos, principalmente das nações euro péias e sul-americanas, inclusive do

trabalhos de paz, aumentava a pro

Brasil: enquanto os Estados Unidos,

transporte etc., eram sobrecarregados

cura de bens de produção, que, na quela época, sòniente possuíam uma fonte supridora, os Estados Unidos,

como centro de gravitação do comér

vale dizer, compras cm dólares.

pravam ao mundo mais 107%.

Efetivamente, o que se verificava no Brasil era a aceleração do ritmo de

trabalho de suas fontes produtoras, especialmente dos setores industriais, levados a utilizar a capacidade máxi

ma de suas instalações .e equipamen tos,-sacrificados pela falta de reposi

ção e ampliação normal ou socorri dos por improvisões no campo técnico.

eícperimentais

A indústria brasileira foi obrigada,

A exportação do referido país, ava

liada, em média, cm 4 bilhões de dó

lares em 1939/1941, passou a 11,7 bi lhões no triénio seguinte (1942/1944), atingindo a nTais de IS bilhões em

1947! Por outro lado, não evoluiu no mesmo ritmo a sita importação, pois de 2,7 bilhões de dólares no triênio

de 1939/1941, passou a 3,3 bilhões nos

três anos seguintes (1942/1944), ascen

assim, a um esforço redobrado, pois

dendo a 5,6 bilhões de dólares em

que teve de assumir a responsabilida

1947.

de do afendimento das exigências do mercado interno não suprido, em es

mo Com o déficit do balanço de pa gamentos dc 1947, desfrutar situa cias de caráter internacional' não

Por outro lado, nos anos de 1946, 1947 c 1948, inverteu-se a posição tra

os nossos equipamentos, meios de

Com maiores responsabilidades e per maneciam sem a adequada reposição.

durante o período da guerra e no após-guerra, poderia o Brasil, mes

ção de relativa folga, se contingên

16%

senvolvimento, possuíamos uma de manda acumulada de produtos menos essenciais, demanda essa que era esti mulada por forte inflação monetária. A conseqüência foi uma corrida à importação. Nossas importações passam dc 8,6 bilhões de cruzeiros cm 1945 para 13

empobrecimento econômico.

Dkíksto ECONÓ^^CO

cio internacional, aumentavam suas exportações em 275%, sòmcnte com Esses fatos, aliados à inconversibili-

dade das moedas européias, trouxeram como resultado para o Brasil: saldos cm certos países e atrasados comer ciais em outros.

Tivemos, assim, de estudar os pro blemas dc nosso comércio exterior

téndo em vista não o balanço de paga mentos do Brasil, mas os balanços dc pagamentos do Brasil, cujas dificul dades vieram não somente das im

•«

nos tivessem privado do direito de utilizar saldos em libras, francos e outras moedas, no valor aproxima-

:

do de 5 bilhões e 750 milhões de

,

cruzeiros, na cobertura do déficit do nosso balanço de contas com os Estadòs Unidos e'demais países dc . moeda forte.

Representam êsses créditos, assim , imoliilizados, som remuneração e vencimento certo, empréstimos for- '

çados, auxílios prestados pelo Bra sil no exterior, com sacrifício pró prio, visto não dispor de economia que lhe permita desempenhar o pa pel de país financeiramente credor. A suspensão do comércio triangu lar, iinpedindo-nos de usar os cré

ditos acumulados no exterior, estános forçando a vender, a prazo, grande parte do excedente exportá vel dc nossa produção e pagar, a vista, a maior parte das compras essenciais na área do dólar.

Para atenuar êsses desajustamen-

tos e impedir a exaustão das re- -./ servas era ouro e em dólares, foi o

Governo compelido a instituir o re

gime de Hcença-prévia (Lei n.° 262, de 23-2-1948)."

portações maciças e essenciais que

Por aí se vê que a base do nosso

Acrescentando os 5,5 bilhões de dó

realizáramos, menos ainda do aumen to das não essenciais, mas também da

intercâmbio, de multilateral passou

lares de saldo que obtivera em 1948,

cala adequada, em bens de consumo, o que forçou inclusive o surgimento

inconversibilidade das moedas euro

aos 10 bilhões de dólares de 1947, fi caram nos Estados Unidos, naqueles

te dos seguintes problemas funda-

|

péias.

mentais:

|

de inúmeras atividades supletivas das

dois anos, saldos superiores a 15 bi lhões de dólares, quando, em 1936/

trecho do Relatório do Banco do Bra sil, de 1948:

importações então difíceis. Terminada a guerra, além das ne cessidades de reequipamento c de de

1938, o saldo a seu favor não atingiu, em média, a 500 milhões de dólares 1

É, aliás, o que consigna o seguinte "Com os recursos provenientes de saldos de exportação, acumulados

para bilateral, o que nos colocou dian

a) pagamento dos atrasados comer-

!

ciais — Em 31-12-1948, segundo

Relatório do Banco do Brasil, -' êsses

atrasados

representavam

116 milhões de dólares, e poste-


'r.'

14

Digesto EcoNÓMica BRASIL — Comércio exterior

Europa

E. U. A.

Resto do mundo

36%

14%

1940/1945 (Guerra)

50% 18% 31%

57% 53%

25%

1946/1949

Períodos: 1924/1939

Nosso intercâmbio com os Estados

Unidos foi tradicionalmente favorável

e, com a Europa, desfavorável. E pa gávamos a esta com os saldos obtidos naquele paísi Durante a guerra, importamos me nos, pelas dificuldades de fornecimen

to e em virtude da escassex de espaço marítimo. Isso levou-nos a um enri

quecimento financeiro, à custa de um

Acumulamos saldos, mas nos desca

pitalizamos econòmicameiite, porque

E. assim, a partir dc fins de 1946, o problema da escassez dc dólares pas sou ao primeiro plano nas discussões internacionais dc assuntos econômicos.

bilhões em 1946, atingindo o máximo dc 22,8 bilhões em 1947. sjs :Í5 :!:

Amedida que se restabelecia a ordem e voltavam os povos a dedicar-se aos

dicional do nosso intercâmbio, pois que obtivcmos grandes saldos no Co mércio com a Europa. Mas, ao con trário do que antes acontecia, a incoitvcrsibilidadc das moedas européias não nos permitiu liquidar os déficits dc nosso balanço dc pagamentos com os Estados Unidos.

Ai estão as causas dos desequilíbrios

verificados nos balanços de pagamen tos, principalmente das nações euro péias e sul-americanas, inclusive do

trabalhos de paz, aumentava a pro

Brasil: enquanto os Estados Unidos,

transporte etc., eram sobrecarregados

cura de bens de produção, que, na quela época, sòniente possuíam uma fonte supridora, os Estados Unidos,

como centro de gravitação do comér

vale dizer, compras cm dólares.

pravam ao mundo mais 107%.

Efetivamente, o que se verificava no Brasil era a aceleração do ritmo de

trabalho de suas fontes produtoras, especialmente dos setores industriais, levados a utilizar a capacidade máxi

ma de suas instalações .e equipamen tos,-sacrificados pela falta de reposi

ção e ampliação normal ou socorri dos por improvisões no campo técnico.

eícperimentais

A indústria brasileira foi obrigada,

A exportação do referido país, ava

liada, em média, cm 4 bilhões de dó

lares em 1939/1941, passou a 11,7 bi lhões no triénio seguinte (1942/1944), atingindo a nTais de IS bilhões em

1947! Por outro lado, não evoluiu no mesmo ritmo a sita importação, pois de 2,7 bilhões de dólares no triênio

de 1939/1941, passou a 3,3 bilhões nos

três anos seguintes (1942/1944), ascen

assim, a um esforço redobrado, pois

dendo a 5,6 bilhões de dólares em

que teve de assumir a responsabilida

1947.

de do afendimento das exigências do mercado interno não suprido, em es

mo Com o déficit do balanço de pa gamentos dc 1947, desfrutar situa cias de caráter internacional' não

Por outro lado, nos anos de 1946, 1947 c 1948, inverteu-se a posição tra

os nossos equipamentos, meios de

Com maiores responsabilidades e per maneciam sem a adequada reposição.

durante o período da guerra e no após-guerra, poderia o Brasil, mes

ção de relativa folga, se contingên

16%

senvolvimento, possuíamos uma de manda acumulada de produtos menos essenciais, demanda essa que era esti mulada por forte inflação monetária. A conseqüência foi uma corrida à importação. Nossas importações passam dc 8,6 bilhões de cruzeiros cm 1945 para 13

empobrecimento econômico.

Dkíksto ECONÓ^^CO

cio internacional, aumentavam suas exportações em 275%, sòmcnte com Esses fatos, aliados à inconversibili-

dade das moedas européias, trouxeram como resultado para o Brasil: saldos cm certos países e atrasados comer ciais em outros.

Tivemos, assim, de estudar os pro blemas dc nosso comércio exterior

téndo em vista não o balanço de paga mentos do Brasil, mas os balanços dc pagamentos do Brasil, cujas dificul dades vieram não somente das im

•«

nos tivessem privado do direito de utilizar saldos em libras, francos e outras moedas, no valor aproxima-

:

do de 5 bilhões e 750 milhões de

,

cruzeiros, na cobertura do déficit do nosso balanço de contas com os Estadòs Unidos e'demais países dc . moeda forte.

Representam êsses créditos, assim , imoliilizados, som remuneração e vencimento certo, empréstimos for- '

çados, auxílios prestados pelo Bra sil no exterior, com sacrifício pró prio, visto não dispor de economia que lhe permita desempenhar o pa pel de país financeiramente credor. A suspensão do comércio triangu lar, iinpedindo-nos de usar os cré

ditos acumulados no exterior, estános forçando a vender, a prazo, grande parte do excedente exportá vel dc nossa produção e pagar, a vista, a maior parte das compras essenciais na área do dólar.

Para atenuar êsses desajustamen-

tos e impedir a exaustão das re- -./ servas era ouro e em dólares, foi o

Governo compelido a instituir o re

gime de Hcença-prévia (Lei n.° 262, de 23-2-1948)."

portações maciças e essenciais que

Por aí se vê que a base do nosso

Acrescentando os 5,5 bilhões de dó

realizáramos, menos ainda do aumen to das não essenciais, mas também da

intercâmbio, de multilateral passou

lares de saldo que obtivera em 1948,

cala adequada, em bens de consumo, o que forçou inclusive o surgimento

inconversibilidade das moedas euro

aos 10 bilhões de dólares de 1947, fi caram nos Estados Unidos, naqueles

te dos seguintes problemas funda-

|

péias.

mentais:

|

de inúmeras atividades supletivas das

dois anos, saldos superiores a 15 bi lhões de dólares, quando, em 1936/

trecho do Relatório do Banco do Bra sil, de 1948:

importações então difíceis. Terminada a guerra, além das ne cessidades de reequipamento c de de

1938, o saldo a seu favor não atingiu, em média, a 500 milhões de dólares 1

É, aliás, o que consigna o seguinte "Com os recursos provenientes de saldos de exportação, acumulados

para bilateral, o que nos colocou dian

a) pagamento dos atrasados comer-

!

ciais — Em 31-12-1948, segundo

Relatório do Banco do Brasil, -' êsses

atrasados

representavam

116 milhões de dólares, e poste-


ip

iii^i !

/

Dxgesto Econômico

16

Dicesto EcoNÓNnco 17

riores

informações, de

outras

fontes, indicam que atingiram, mais tarde, a casa dos 180 a 200 milhões;

b) boa utilização dos saldos em moedas inconversíveis — segun do vimos, menciona ainda aque le Relatório que nossos saldos, em esterlinos, francos e outras moedas inconyersíveis montavam

a aproximadamente 5 bilhões e 750 milhões

de cruzeiros, em

mento, o maior decréscimo da.s

mais prontamente aos fins que se ti

essenciais, obtido através da sclcçã<^

moedas fortes e déficits nos de moe

nham cm vista.

das fracas.

dos gastos de divisas, foi <le 12,8 7,7% sobre o valor global das iniiior'-

45

A aplicação da Lei n.° 262, de 23-2-1948, sobre licença prévia, dei xou clara a necessidade de que o li cenciamento da importação fòsse fei to com base em orçamentos cambiais,

.1í

O ideal, enquanto não pudermos

Eis porque, sendo necessário modi

ficar as nossas correntes de comércio,

tações realizadas. Daí decorria, fundamentalmente^' que a política de controle a ser ido-

para que sc atingissem os resultados

restabelecer o nosso intercâmbio em

bases nuiltilaterais, vale dizer de con

lada tinha dc ser gastar bem: adqu''

prévio licenciamento para as impor

rir njais utilidade, com a mc.sma dí^' ponibilidade c onde tivéssemos essa disponibilidade.

tações nacionais, -o que possibilitou

versibilidade monetária, será, tanto quanto-».possível, o de conseguir o equilíbrio dos nossos balanços parciais dc pagamentos em relação a cada um

transformar a posição dos nossos ba

dos países com que comerciamos.

lanços parciais dc pagamentos. É (Io conhecimento geral o efeito das medidas tomadas na execução des se sistema dc contròle: o Brasil pa

Não resta dúvida, entretanto, que é mais fácil solucionar o problema de déficits em moedas fracas, quando se

(lesejavci.s, foi utilizada a política do

O problema não consistia .simples

mente em restringir a importação ^

31-12-1948.

sim importar das áreas

monetárias

possui disponibilidades em moedas fortes, do que o de atrasados comer

mais convenientes, cm função da plu

gou seus atrasados comerciais, utili

ralidade de nossos balanços de paga mentos e dos seus aspectos particula

zou saldos inconversíveis, conseguiu ad(iuirir mais utilidade, com a mes

ciais em moedas conversíveis e gran

res.

ma

Com saldos em moedas fortes po dem-se pagar déficits em moedas fracas, mas a recíproca não é verda

disponibilidade, retirando-a

dos

des saldos em moedas inconversíveis.

que passaram a ser elaborados e se

Tínliamos dc discriminar não ape

países em que a possuía, acumulada,

guidos, a partir do segundo semestre

nas por produtos, mas também por países, c somente o regime de li cenças prévias atendia a essa .seleti-

improdutiva c se desvalorizando. Êsse resultado não se deve desvir tuar por uma errônea interpretação.

vidade, que qualquer outro sistema dc

Conijròle, inclusive o das taxas miil-

Se determinada moeda se tornou es

Para constatarmos estatisticamente

cassa, quando antes apresentava gran

tiplas de câmbio, não ensejaria. Re

a mudança das correntes de comércio,

des saldos inconversíveis, como por

provocada pela ação da licença pré via, é muito interessante a compara

de 1949, sob a Lei n.° 842, de 1949, que os constituiu como obrigação legal. Dentro desse quadro geral, a tica a ser adotada, para que se

4-10uma polí atin

gissem os objetivos do controle, tinha de atuar:

1^0 — sóbre os bens de menor essencialidade e

2.0

sóbre as correntes de comér cio.

"^"71

\

No primeiro item, conforme vimos,

a possibilidade de redução das impor tações era muito pequena e pouça margem oferecia para que, mediante a sua compressão maciça, se alterasse o

panorama da nossa situação financei

ra no exterior, porquanto as compras

brasileiras de equipamentos e produ tos essenciais ascendiam a 87,2% das

almente, se, ao invés da licença pré via, adotássemos o da múltipla taxa ção cambial, não conseguiríamos di

* * 4.'

ção do nosso intercâmbio, por áreas

rigir os nossos dispéndios de divisa-s para as áreas mais favoráveis, e con

va atingir era exatamente o da aplica ção daqueles saldos. Graças àquela política, a situação se inverteu: pas

já se nota perfeitamente o fenômeno,

tinuaríamos a importar indiferente

samos a ter saldos no balanço em

demonstrado no seguinte quadro:

mente, para pagamento em moedas escassas ou não escassas, orodutos

F.XPÜRTAÇflO

to aos quais dispúnhamos de grandes

tão somente, uma seleção qualitativa das nossas importações, mas não re•solveríamos os problemas com que atrasados comerciais e a boa utiliza

4- OU — na

IMPORTAÇÃO

EXPORTAÇÃO

Arcas monetárias

saldos inconversíveis. Pela mújtipla taxação, portanto, promovería^mos,

cional. Como ilustração, é interessan te constatar que, quando já em vigor

Entre o L° e o 2.® semestre de 1949

1949

cujas encomendas poderíamos ter co

nos defrontávamos : o pagamento dos

monetárias.

BRASIL - COMÉRCIO EXTERIOR POR ÁREAS MONETÁRIAS

locado, exclusivamente, em países jun

aquisições totais no mercado interna os controles que regem^ as importa ções nacionais, sob prévio licencia

e.xemplo a libra, convém não esquec'er que um dos objetivos que se procura

deira.

Moeda incoiivcrstvn]

ção dos saldos em moedas inconver síveis.,

1.® scmcslro

2.° semestre

3.01)Q.430

4 GBO.OIS

1.0 semestre

3.650.221

2.0 semestre

1.0 somesire

4 012.401

-

550.201

52.300

Moeda conversível

S.OS0.43G

Z.137.201

6.?64.248

5.312.211

• 1.202.810

-b 1.824 000

TolaI

0.155.830

Il.fl9?.2l6

10.423.460

10.224.612

- 2.262.601

4 1 222.004

Unidade: Cr$ 1.000,00

DÉFICIT no ano de 1949 =494.997 milhões de cruzeiros

J^onfe:

E a licença prévia atendia melhor e a

2.0 semestre

Resenha Econômica do Ranço do Brasil,


ip

iii^i !

/

Dxgesto Econômico

16

Dicesto EcoNÓNnco 17

riores

informações, de

outras

fontes, indicam que atingiram, mais tarde, a casa dos 180 a 200 milhões;

b) boa utilização dos saldos em moedas inconversíveis — segun do vimos, menciona ainda aque le Relatório que nossos saldos, em esterlinos, francos e outras moedas inconyersíveis montavam

a aproximadamente 5 bilhões e 750 milhões

de cruzeiros, em

mento, o maior decréscimo da.s

mais prontamente aos fins que se ti

essenciais, obtido através da sclcçã<^

moedas fortes e déficits nos de moe

nham cm vista.

das fracas.

dos gastos de divisas, foi <le 12,8 7,7% sobre o valor global das iniiior'-

45

A aplicação da Lei n.° 262, de 23-2-1948, sobre licença prévia, dei xou clara a necessidade de que o li cenciamento da importação fòsse fei to com base em orçamentos cambiais,

.1í

O ideal, enquanto não pudermos

Eis porque, sendo necessário modi

ficar as nossas correntes de comércio,

tações realizadas. Daí decorria, fundamentalmente^' que a política de controle a ser ido-

para que sc atingissem os resultados

restabelecer o nosso intercâmbio em

bases nuiltilaterais, vale dizer de con

lada tinha dc ser gastar bem: adqu''

prévio licenciamento para as impor

rir njais utilidade, com a mc.sma dí^' ponibilidade c onde tivéssemos essa disponibilidade.

tações nacionais, -o que possibilitou

versibilidade monetária, será, tanto quanto-».possível, o de conseguir o equilíbrio dos nossos balanços parciais dc pagamentos em relação a cada um

transformar a posição dos nossos ba

dos países com que comerciamos.

lanços parciais dc pagamentos. É (Io conhecimento geral o efeito das medidas tomadas na execução des se sistema dc contròle: o Brasil pa

Não resta dúvida, entretanto, que é mais fácil solucionar o problema de déficits em moedas fracas, quando se

(lesejavci.s, foi utilizada a política do

O problema não consistia .simples

mente em restringir a importação ^

31-12-1948.

sim importar das áreas

monetárias

possui disponibilidades em moedas fortes, do que o de atrasados comer

mais convenientes, cm função da plu

gou seus atrasados comerciais, utili

ralidade de nossos balanços de paga mentos e dos seus aspectos particula

zou saldos inconversíveis, conseguiu ad(iuirir mais utilidade, com a mes

ciais em moedas conversíveis e gran

res.

ma

Com saldos em moedas fortes po dem-se pagar déficits em moedas fracas, mas a recíproca não é verda

disponibilidade, retirando-a

dos

des saldos em moedas inconversíveis.

que passaram a ser elaborados e se

Tínliamos dc discriminar não ape

países em que a possuía, acumulada,

guidos, a partir do segundo semestre

nas por produtos, mas também por países, c somente o regime de li cenças prévias atendia a essa .seleti-

improdutiva c se desvalorizando. Êsse resultado não se deve desvir tuar por uma errônea interpretação.

vidade, que qualquer outro sistema dc

Conijròle, inclusive o das taxas miil-

Se determinada moeda se tornou es

Para constatarmos estatisticamente

cassa, quando antes apresentava gran

tiplas de câmbio, não ensejaria. Re

a mudança das correntes de comércio,

des saldos inconversíveis, como por

provocada pela ação da licença pré via, é muito interessante a compara

de 1949, sob a Lei n.° 842, de 1949, que os constituiu como obrigação legal. Dentro desse quadro geral, a tica a ser adotada, para que se

4-10uma polí atin

gissem os objetivos do controle, tinha de atuar:

1^0 — sóbre os bens de menor essencialidade e

2.0

sóbre as correntes de comér cio.

"^"71

\

No primeiro item, conforme vimos,

a possibilidade de redução das impor tações era muito pequena e pouça margem oferecia para que, mediante a sua compressão maciça, se alterasse o

panorama da nossa situação financei

ra no exterior, porquanto as compras

brasileiras de equipamentos e produ tos essenciais ascendiam a 87,2% das

almente, se, ao invés da licença pré via, adotássemos o da múltipla taxa ção cambial, não conseguiríamos di

* * 4.'

ção do nosso intercâmbio, por áreas

rigir os nossos dispéndios de divisa-s para as áreas mais favoráveis, e con

va atingir era exatamente o da aplica ção daqueles saldos. Graças àquela política, a situação se inverteu: pas

já se nota perfeitamente o fenômeno,

tinuaríamos a importar indiferente

samos a ter saldos no balanço em

demonstrado no seguinte quadro:

mente, para pagamento em moedas escassas ou não escassas, orodutos

F.XPÜRTAÇflO

to aos quais dispúnhamos de grandes

tão somente, uma seleção qualitativa das nossas importações, mas não re•solveríamos os problemas com que atrasados comerciais e a boa utiliza

4- OU — na

IMPORTAÇÃO

EXPORTAÇÃO

Arcas monetárias

saldos inconversíveis. Pela mújtipla taxação, portanto, promovería^mos,

cional. Como ilustração, é interessan te constatar que, quando já em vigor

Entre o L° e o 2.® semestre de 1949

1949

cujas encomendas poderíamos ter co

nos defrontávamos : o pagamento dos

monetárias.

BRASIL - COMÉRCIO EXTERIOR POR ÁREAS MONETÁRIAS

locado, exclusivamente, em países jun

aquisições totais no mercado interna os controles que regem^ as importa ções nacionais, sob prévio licencia

e.xemplo a libra, convém não esquec'er que um dos objetivos que se procura

deira.

Moeda incoiivcrstvn]

ção dos saldos em moedas inconver síveis.,

1.® scmcslro

2.° semestre

3.01)Q.430

4 GBO.OIS

1.0 semestre

3.650.221

2.0 semestre

1.0 somesire

4 012.401

-

550.201

52.300

Moeda conversível

S.OS0.43G

Z.137.201

6.?64.248

5.312.211

• 1.202.810

-b 1.824 000

TolaI

0.155.830

Il.fl9?.2l6

10.423.460

10.224.612

- 2.262.601

4 1 222.004

Unidade: Cr$ 1.000,00

DÉFICIT no ano de 1949 =494.997 milhões de cruzeiros

J^onfe:

E a licença prévia atendia melhor e a

2.0 semestre

Resenha Econômica do Ranço do Brasil,


DlCKSTO ECOxNÓMICO

18

No primeiro semestre, o

te ano acusou, cm confronto com

balanço de comércio foi de 2.

idêntico período de 1949, aumen

milhares de cruzeiros.

to de 941 milhões de cruzeiros,

No segundo semestre, o balanço de

DtCESTO Econômico

(— CrÇ 114.2/8.000,00), para

caminhões

comércio apresentou um saldo de

vendas de café (-1-Cr§

cidos tle Unho (— Cr$

1.772.604 milhares de cruzeiros. O nosso intercâmbio, na área con versível, no segundo semestre, ex

1.294.878.000,00) e de cacau cm

141.473.000,0). sificáveis

como

não

apresentaram redução de 661 mi

representaram 7,7% do valor das

importações efetivadas no pri

2) No que respeita ao volume lísi-

meiro semestre clêstc ano, en-

áreas do dólar, do escudo e do veram, praticamente, no mesmo

3). As importações provenientes da área Jwrcl indicaram diminuição

resultados do ano, como um todo, ti

ma (— 15.594 ton.s.), peles e cou ros (— 12.211 tons.), tortas para

to as aquisições feitas nas áreas

vemos um déficit no balanço de co

animais (— 21.490 tons.) e car

mércio de 494.997 milhares de cruzei

nes

ano de 1949 é muito curioso. Vistos os

ros, apesar do controle. A atuação deste, principalmente no segundo se mestre, na base de orçamento de câmbio, somente pode ser observada dividindo-se a estatística por semes

tres e áreas monetárias, como fizemos acima.

frigorificadas

(—

5.554 milliões

de

, cruzeiros, ou sejam, 9.7% mais que o importe de janeiro/junho

pras na área hard o principal fa

1) Apresentam flagrante contraste os resultados gerais dos primei quanto no ano findo se observou

janeiro/junho de 1949 e 1950:

1) O movimento importador, nos primeiros

ca seguida, à luz dos seguintes dados

mostrou acréscimo de 625.112 to

e comentários, extraídos da Resenha Econômica do Banco do Brasil (n.° 8,

neladas, relativamente ao mesmo

ano III):

lor global correspondeu a apenas 76% do montante registrado no BRASIL

ano anterior, graças, principal mente, à compressão exercida

Janeiro/junho de 1950, em comparação

nas compras de automóveis de passageiros (—Cr$ 262.883.000,00),

a) Exportação

1) O valor da exportação nacional no primeiro semestre do corren

COMÉRCIO EXTERIOR POR ÁREAS MONETÁRIAS

JANEIRO/JUNHO - 1949 e 1950

continuidade dos resultados da políti

com janeiro/junho de 1949.

Comparativamente, eis, em resumo, o movimento do nosso intercâmbio era

ro/junho de 1950, em comparação com

'•COMÉRCIO EXTERIOR DO

nesse campo comercial: saldo de 1.630 milhões de cruzeiros."

ros semestres de 1950 e 1949. En

BRASIL

meses

tor do excelente resultado obtido

c) Balança comercial

b) Importação

seis

Assim, foi a contração das coni-

ram incremento de 10,4%.

A" análise da estatística do comércio

janeiro/junho de 1949, mostra-nos a

ções se reduziram a pouco mais

da metade do importe de 1^9.

de moeda inconversível mostra

dc 1949.

exterior do Brasil, no período janei

nível do ano anterior; graças à alta dos preços do c"afé e a des peito da queda geral de volume físico, ao passo que as importa

dos períodos em apreço, enquan

tons.).

fraram-se em

franco-suíço em 1950 se manti

de 42% em valor, na comparação

11.401

3) Para os países das áreas de moe da conversível as exportações ci

ria.

2) As exportações nacionais para as

<inanto em janeiro/junho de 1949 sua participação foi de 12,6%.

sico, observou-se diminuição dc 208.600 toneladas, conseqüência, principalmente, de menores ven das de café (— 146.012 tons.), açúcar (— 38.566 tons.) bananas (— 38.205 tons.), algodão cm ra

O exame da situação estatística do

clusivamente ao saldo favorável obtido na referida área monetá

essenciais

lhões de cruzeiros.

1949 (1.707.810 milhares de cruzeiros), equivalente a mais de US$ 85.000.000.

câmbio com a área conversível contribuiu com 75%, em 1950 ve

2) As compras dc mercadorias clas

milhares de cruzeiros, maior do que o

merciais relativo ao 1.° semestre de

de cruzeiros, para o qual o inter

rificou-se o apreciável superávit de 1.131 milhões, que se deve ex

pressou-se por um saldo de 1.824.990 saldo total do mesmo semestre. Êssc saldo foi mais que suficiente para li quidar o contingente de atrasados co

o pesado déficit de 2.267 milhões

(— Cr§ 107.146.000,00), farinha de trigo (— CrÇ 268.331.000,00) e te

que SC deve, essencialmente, às

amêndoas (-{- Cr$ 307.070.000,00) I os demais produtos, cm conjunto,

chassis

e semelhantes

de

1950,

exportação

-f- ou — na

importação

EXPORTAÇÃO

Áreas monetárias 1949

1950

1949

1950

Moeda inconversível

3.095

3.543

3.659

4.041

Moeda conversível'

5.061

5.554

6.764

3.925

—1.703

+1.630

Total

8.156

9.097

10.423

7.966

-2.267-

+1.131'

1949

1950

período de 1949; contudo, o va

acessórios para automóveis de toda espécie (— Cr$

233.341.000,00), caminhões, ôni bus, ambulâncias e semelhantes

564

499

Unidade: Cr§ 1.000.000,00.

Fonte:

Resenha Econômica do Banco do Brasil (agôsto de 1950),

Costuma-se dar muita ênfase à con

tribuição dos altos preços do café pa

ra a liquidação dos nossos atrasados comerciais. Sem dúvida que foi exce-


DlCKSTO ECOxNÓMICO

18

No primeiro semestre, o

te ano acusou, cm confronto com

balanço de comércio foi de 2.

idêntico período de 1949, aumen

milhares de cruzeiros.

to de 941 milhões de cruzeiros,

No segundo semestre, o balanço de

DtCESTO Econômico

(— CrÇ 114.2/8.000,00), para

caminhões

comércio apresentou um saldo de

vendas de café (-1-Cr§

cidos tle Unho (— Cr$

1.772.604 milhares de cruzeiros. O nosso intercâmbio, na área con versível, no segundo semestre, ex

1.294.878.000,00) e de cacau cm

141.473.000,0). sificáveis

como

não

apresentaram redução de 661 mi

representaram 7,7% do valor das

importações efetivadas no pri

2) No que respeita ao volume lísi-

meiro semestre clêstc ano, en-

áreas do dólar, do escudo e do veram, praticamente, no mesmo

3). As importações provenientes da área Jwrcl indicaram diminuição

resultados do ano, como um todo, ti

ma (— 15.594 ton.s.), peles e cou ros (— 12.211 tons.), tortas para

to as aquisições feitas nas áreas

vemos um déficit no balanço de co

animais (— 21.490 tons.) e car

mércio de 494.997 milhares de cruzei

nes

ano de 1949 é muito curioso. Vistos os

ros, apesar do controle. A atuação deste, principalmente no segundo se mestre, na base de orçamento de câmbio, somente pode ser observada dividindo-se a estatística por semes

tres e áreas monetárias, como fizemos acima.

frigorificadas

(—

5.554 milliões

de

, cruzeiros, ou sejam, 9.7% mais que o importe de janeiro/junho

pras na área hard o principal fa

1) Apresentam flagrante contraste os resultados gerais dos primei quanto no ano findo se observou

janeiro/junho de 1949 e 1950:

1) O movimento importador, nos primeiros

ca seguida, à luz dos seguintes dados

mostrou acréscimo de 625.112 to

e comentários, extraídos da Resenha Econômica do Banco do Brasil (n.° 8,

neladas, relativamente ao mesmo

ano III):

lor global correspondeu a apenas 76% do montante registrado no BRASIL

ano anterior, graças, principal mente, à compressão exercida

Janeiro/junho de 1950, em comparação

nas compras de automóveis de passageiros (—Cr$ 262.883.000,00),

a) Exportação

1) O valor da exportação nacional no primeiro semestre do corren

COMÉRCIO EXTERIOR POR ÁREAS MONETÁRIAS

JANEIRO/JUNHO - 1949 e 1950

continuidade dos resultados da políti

com janeiro/junho de 1949.

Comparativamente, eis, em resumo, o movimento do nosso intercâmbio era

ro/junho de 1950, em comparação com

'•COMÉRCIO EXTERIOR DO

nesse campo comercial: saldo de 1.630 milhões de cruzeiros."

ros semestres de 1950 e 1949. En

BRASIL

meses

tor do excelente resultado obtido

c) Balança comercial

b) Importação

seis

Assim, foi a contração das coni-

ram incremento de 10,4%.

A" análise da estatística do comércio

janeiro/junho de 1949, mostra-nos a

ções se reduziram a pouco mais

da metade do importe de 1^9.

de moeda inconversível mostra

dc 1949.

exterior do Brasil, no período janei

nível do ano anterior; graças à alta dos preços do c"afé e a des peito da queda geral de volume físico, ao passo que as importa

dos períodos em apreço, enquan

tons.).

fraram-se em

franco-suíço em 1950 se manti

de 42% em valor, na comparação

11.401

3) Para os países das áreas de moe da conversível as exportações ci

ria.

2) As exportações nacionais para as

<inanto em janeiro/junho de 1949 sua participação foi de 12,6%.

sico, observou-se diminuição dc 208.600 toneladas, conseqüência, principalmente, de menores ven das de café (— 146.012 tons.), açúcar (— 38.566 tons.) bananas (— 38.205 tons.), algodão cm ra

O exame da situação estatística do

clusivamente ao saldo favorável obtido na referida área monetá

essenciais

lhões de cruzeiros.

1949 (1.707.810 milhares de cruzeiros), equivalente a mais de US$ 85.000.000.

câmbio com a área conversível contribuiu com 75%, em 1950 ve

2) As compras dc mercadorias clas

milhares de cruzeiros, maior do que o

merciais relativo ao 1.° semestre de

de cruzeiros, para o qual o inter

rificou-se o apreciável superávit de 1.131 milhões, que se deve ex

pressou-se por um saldo de 1.824.990 saldo total do mesmo semestre. Êssc saldo foi mais que suficiente para li quidar o contingente de atrasados co

o pesado déficit de 2.267 milhões

(— Cr§ 107.146.000,00), farinha de trigo (— CrÇ 268.331.000,00) e te

que SC deve, essencialmente, às

amêndoas (-{- Cr$ 307.070.000,00) I os demais produtos, cm conjunto,

chassis

e semelhantes

de

1950,

exportação

-f- ou — na

importação

EXPORTAÇÃO

Áreas monetárias 1949

1950

1949

1950

Moeda inconversível

3.095

3.543

3.659

4.041

Moeda conversível'

5.061

5.554

6.764

3.925

—1.703

+1.630

Total

8.156

9.097

10.423

7.966

-2.267-

+1.131'

1949

1950

período de 1949; contudo, o va

acessórios para automóveis de toda espécie (— Cr$

233.341.000,00), caminhões, ôni bus, ambulâncias e semelhantes

564

499

Unidade: Cr§ 1.000.000,00.

Fonte:

Resenha Econômica do Banco do Brasil (agôsto de 1950),

Costuma-se dar muita ênfase à con

tribuição dos altos preços do café pa

ra a liquidação dos nossos atrasados comerciais. Sem dúvida que foi exce-


' 'I . Digesto Econóníico

DiGiiSTo Econômico

20

lente essa contribuição, pois graças a ela nossa receita cambial proveniente

das exportações liquidáveis em dóla res, mau grado a diminuição do volu me físico das mercadorias exportadas, pôde manter-se em posição mais ou menos equilibrada. Aliás, o quadro es tatístico acima mostra-nos que, com

parando o pnmeiro semestre de 1949 com igual período do ano em curso,

houve um pequeno aumento do valor das exportações, para a área das moe^-

desvalorizar a libra esterlina, anuncia

Hoje, o que .se discute é se a solu

sua importação representados por

da a 18 de setembro de 1949, a

ção adotada foi a melhor, já que tam

qual foi imediatamente seguida por outros países, introduziu um elemento novo e prejudicial ao nosso comércio

produtos essenciais: combustíveis,

bém

para resolver o problema, que residia

mento, que passariam a ser ad

em dar escoamento aos "excedentes

quiridos a taxa alta, afetando o

com o exterior.

gravosos" da nossa produção.

custo de produção de todos os nossos produtos. E isto para aten

Aliada ao alto custo de nossa pro

outros caminhos se ofereciam

Aliás, valemo-nos dessa expressão

dução, a de.svalorização tia libra agra vou muitíssimo a situação de séria di ficuldade em que se encontravam mui tos de nosso produtos de exportação,

criando-llies condiçõe.s de impossibi lidade de Competição nos mercados

der a uma pequena parte da nosexportação, muito importante, como vimos, todavia pequena em

lo VI de uma Carta de Comércio In

uma medida que afetaria lòda a produção e cujo efeito seria uma

mhneros absolutos para justificar

quecer, porém, que o mesmo quadro indica também que a redução das im

rizado .suas moedas. O cacau, a ma

portações, na citada área monetária,

deira, o couro, a carne, o fumo, o si-

atingiu 2.839 milhões de cruzeiros, nos períodos em exame, donde se vé que

sal, o caroá, por exemplo, necessita

todo da produção. Assim, numa pro

vam ser escoados. Poder-se-Ía, talvez,

dução dc 100 que esteja atingida por

alegar que para isso nenhuma medida se fazia necessária, já que somente 10

um excedente gravoso de 20, nianifes-

cea contribuíram para a liquidação dos nossos débitos em moeda livre, senão

ou 15% de nossa exportação estavam

que, para isso, também concorreu, pre

cm dificuldades, ao passo que os de

que apenas deveriam, teoricamente, cingir-se à esses 20. Um problema par cial transforma-senumproblema geral. As soluções alvitradas e discutidas

ponderantemente, a política encetada

mais produtos — especialmente o ca

da mudança das correntes de comér

fé, pela situação excelente de preços

cio importador para os países de moe

em que se encontrava — compensa

da inconversível, que nos ofereciam condições mais favoráveis de paga

vam perfeitamente os prejuízos dos produtos em crises de colocação, evi tando que maiores problemas surgis

mento.

Segundo dados recentemente divul

gados pelo Banco do Brasil, relativos

sem pela diminuição de nossa receita cm divisas.

forte alta do custo de vida.

c) taxas múltiplas de câmbio As dificuldades da sua adoção

tam-se os problemas e as perturbações

para atenderem â situação dos produ

tos nacionais naquela situação eram as (

'4

equipa

— excedentes gravosos — pela preci

ternacional que se discutia na Confe rência de Genebra, aquela expressão veio batizar a parte da produção que, não encontrando escoamento, pertur ba o equilíbrio do mercado e afeta o

não só os altos preços daquela rubiá-

trigo,

são com <iue SC identifica ao fenôme no econômico que representa. Surgi da, cremos nós, no estudo do Capítu

internacionais, com os produtos idên ticos dos países que haviam desvalo

das arbitráveis, da ordem de 493 mi lhões de cruzeiros. É preciso não es

matérias-primas,

seguintes:

a) subsídio governamental Impossível, no Brasil, porque

seriam:

1) solução demorada, depen dendo da aprovação do Fundo Monetário Internacional;

2) estar em desacordo com a ^ política monetária geral, seguida pelo Govêrno; 3) introduzir mais um tipo de contròle, pois a .licença prévia ain da seria necessária para realizar a desejada transformação em nos sas correntes de comércio e na

primeiro semestre de 1950, enquanto

feita se esquecêssemos a importância

países ricos e conòmicamente de

nossa posição cambial; 4) não oferecer a mesma mobi

nosso balanço de comércio apresen

de tais produtos nas diferentes eco

senvolvidos e não de país, como o

lidade das chamadas "operações

tou um saldo de US$ 114.682.000 na

nomias regipnais que compõem o Bra

nosso, cuja economia tem fraca

vinculadas ".

área forte, o nosso balanço de paga

sil. Conforme acentuamos, a importân

estrutura. Por isso, não suporta

mentos expresSou-se por um saldo de

cia que muitos dêles têm para a re

ríamos uma política de subsídios,

US§ 61.086.000.^

gião que os produz é tão grande e as

sendo ilustrativa, a êsse respeito,

Terminada esta rápida análise dos problemas relativos à nossa importa

vêzes maior que a importância do ca

a nossa situação orçamentária.

fé para a economia nacional.

às operações de câmbio realizadas no

Tal afirmativa somente poderia ser

ção, das medidas tomadas e dos resul

Por motivos econômicos, sociais e

políticos, os produtos colocados na

tados obtidos, vejamos quais as prin(^ipais dificuldades surgidas para a

quela situação não puderam, nao de

nossa exportação.

viam e não foram abandonados.

A resolução do Govêrno inglês de

Para êles encontrou-se solução.

constitui

medida

acessível

a

b) desvalorização do cruzeiro

d) operações vinculadas As operações vinculadas de ex portação e importação consistem em garantir-se a concessão de li

cença de importação de determi Poderia ocasionar um mal maior

do que aquele que se procura atender.

Efetivamente,

convém

lembrar que o Brasil tem 90% de

nado produto desde que seja efe tivada a exportação de outro. Exemplo: geladeira, em troca de couro.


' 'I . Digesto Econóníico

DiGiiSTo Econômico

20

lente essa contribuição, pois graças a ela nossa receita cambial proveniente

das exportações liquidáveis em dóla res, mau grado a diminuição do volu me físico das mercadorias exportadas, pôde manter-se em posição mais ou menos equilibrada. Aliás, o quadro es tatístico acima mostra-nos que, com

parando o pnmeiro semestre de 1949 com igual período do ano em curso,

houve um pequeno aumento do valor das exportações, para a área das moe^-

desvalorizar a libra esterlina, anuncia

Hoje, o que .se discute é se a solu

sua importação representados por

da a 18 de setembro de 1949, a

ção adotada foi a melhor, já que tam

qual foi imediatamente seguida por outros países, introduziu um elemento novo e prejudicial ao nosso comércio

produtos essenciais: combustíveis,

bém

para resolver o problema, que residia

mento, que passariam a ser ad

em dar escoamento aos "excedentes

quiridos a taxa alta, afetando o

com o exterior.

gravosos" da nossa produção.

custo de produção de todos os nossos produtos. E isto para aten

Aliada ao alto custo de nossa pro

outros caminhos se ofereciam

Aliás, valemo-nos dessa expressão

dução, a de.svalorização tia libra agra vou muitíssimo a situação de séria di ficuldade em que se encontravam mui tos de nosso produtos de exportação,

criando-llies condiçõe.s de impossibi lidade de Competição nos mercados

der a uma pequena parte da nosexportação, muito importante, como vimos, todavia pequena em

lo VI de uma Carta de Comércio In

uma medida que afetaria lòda a produção e cujo efeito seria uma

mhneros absolutos para justificar

quecer, porém, que o mesmo quadro indica também que a redução das im

rizado .suas moedas. O cacau, a ma

portações, na citada área monetária,

deira, o couro, a carne, o fumo, o si-

atingiu 2.839 milhões de cruzeiros, nos períodos em exame, donde se vé que

sal, o caroá, por exemplo, necessita

todo da produção. Assim, numa pro

vam ser escoados. Poder-se-Ía, talvez,

dução dc 100 que esteja atingida por

alegar que para isso nenhuma medida se fazia necessária, já que somente 10

um excedente gravoso de 20, nianifes-

cea contribuíram para a liquidação dos nossos débitos em moeda livre, senão

ou 15% de nossa exportação estavam

que, para isso, também concorreu, pre

cm dificuldades, ao passo que os de

que apenas deveriam, teoricamente, cingir-se à esses 20. Um problema par cial transforma-senumproblema geral. As soluções alvitradas e discutidas

ponderantemente, a política encetada

mais produtos — especialmente o ca

da mudança das correntes de comér

fé, pela situação excelente de preços

cio importador para os países de moe

em que se encontrava — compensa

da inconversível, que nos ofereciam condições mais favoráveis de paga

vam perfeitamente os prejuízos dos produtos em crises de colocação, evi tando que maiores problemas surgis

mento.

Segundo dados recentemente divul

gados pelo Banco do Brasil, relativos

sem pela diminuição de nossa receita cm divisas.

forte alta do custo de vida.

c) taxas múltiplas de câmbio As dificuldades da sua adoção

tam-se os problemas e as perturbações

para atenderem â situação dos produ

tos nacionais naquela situação eram as (

'4

equipa

— excedentes gravosos — pela preci

ternacional que se discutia na Confe rência de Genebra, aquela expressão veio batizar a parte da produção que, não encontrando escoamento, pertur ba o equilíbrio do mercado e afeta o

não só os altos preços daquela rubiá-

trigo,

são com <iue SC identifica ao fenôme no econômico que representa. Surgi da, cremos nós, no estudo do Capítu

internacionais, com os produtos idên ticos dos países que haviam desvalo

das arbitráveis, da ordem de 493 mi lhões de cruzeiros. É preciso não es

matérias-primas,

seguintes:

a) subsídio governamental Impossível, no Brasil, porque

seriam:

1) solução demorada, depen dendo da aprovação do Fundo Monetário Internacional;

2) estar em desacordo com a ^ política monetária geral, seguida pelo Govêrno; 3) introduzir mais um tipo de contròle, pois a .licença prévia ain da seria necessária para realizar a desejada transformação em nos sas correntes de comércio e na

primeiro semestre de 1950, enquanto

feita se esquecêssemos a importância

países ricos e conòmicamente de

nossa posição cambial; 4) não oferecer a mesma mobi

nosso balanço de comércio apresen

de tais produtos nas diferentes eco

senvolvidos e não de país, como o

lidade das chamadas "operações

tou um saldo de US$ 114.682.000 na

nomias regipnais que compõem o Bra

nosso, cuja economia tem fraca

vinculadas ".

área forte, o nosso balanço de paga

sil. Conforme acentuamos, a importân

estrutura. Por isso, não suporta

mentos expresSou-se por um saldo de

cia que muitos dêles têm para a re

ríamos uma política de subsídios,

US§ 61.086.000.^

gião que os produz é tão grande e as

sendo ilustrativa, a êsse respeito,

Terminada esta rápida análise dos problemas relativos à nossa importa

vêzes maior que a importância do ca

a nossa situação orçamentária.

fé para a economia nacional.

às operações de câmbio realizadas no

Tal afirmativa somente poderia ser

ção, das medidas tomadas e dos resul

Por motivos econômicos, sociais e

políticos, os produtos colocados na

tados obtidos, vejamos quais as prin(^ipais dificuldades surgidas para a

quela situação não puderam, nao de

nossa exportação.

viam e não foram abandonados.

A resolução do Govêrno inglês de

Para êles encontrou-se solução.

constitui

medida

acessível

a

b) desvalorização do cruzeiro

d) operações vinculadas As operações vinculadas de ex portação e importação consistem em garantir-se a concessão de li

cença de importação de determi Poderia ocasionar um mal maior

do que aquele que se procura atender.

Efetivamente,

convém

lembrar que o Brasil tem 90% de

nado produto desde que seja efe tivada a exportação de outro. Exemplo: geladeira, em troca de couro.


-Í-- '"-"rijii

l

•'-•■r-T

Digesto Econômico

De todas as soluções possíveis, é fora de dúvida que as menos inconve nientes eram a de-taxas múltiplas de 'câmbio e a das "operações vinculadas

de exportação e importação". E esta

rigoso e, no entanto, extraordinaria mente útil.

O que é necessário, em primeiro lu gar, é bem entender o princípio fun damental das operações vinculadas. Elas não devem ser utilizadas com

última foi a escolhida.

O seu mecanismo econômico gira em tòrno da utilização da situação

o objetivo de fornecer mais cruzeiro.s ao exportador, e sim de possibilitar o

criada pelo regime de licença prévia,

escoamento

de escassez interna de produtos me nos essenciais, cuja procura foi alta mente estimulada pela melhoria do ní vel de vida, por um lado, e pela infla

Elas não devem ser utilizadas com o intuito de aumentar a produção, por

ção monetária, por outro. O importa

de

excedentes

gravosos.

que isto, econòmicamcntc, seria um

érro, e um erro grave. Aumentar arti ficialmente a produção de um produ

dor de produtos desse tipo, para obter a licença de importação, necessita conjugá-la com a exportação de um determinado produto nacional em cri

to sem possibilidade normal de es coamento, sem possibilidade de com

se de escoamento. E assim se propõe

substância

petir econòmicamcntc nos mercados internacionais, é aumentar a perda de econômica,

piorando

os

a pagar um ágio ao exportador daque

"têrmos de troca" do país; é dar mais

le produto, isto é, é o importador

cruzeiros ao exportador dc hoje, a

quem subvenciona o exportador ou, em última análise, é o consumidor de

de amanhã.

custa do aniquilamento da produção

artigos menos essenciais quem paga

Por motivos óbvios, pior ainda se

ao produtor nacional a diferença en

ria utilizar as operações vinculadas

tre o preço que necessita para ter re munerada sua produção e o preço do

com o objetivo de facilitar a impor Elas devem ser admitidas com ex

mercado internacional.

Por aí se vê tratar-se de um pro cesso

artificial.

Contém

tação.

inúmeros

inconvenientes, sendo dos mais csérios, dentre éles, o de ter a tendência de baixar o preço do produto nacional no mercado externo — ocasionando

Digesto Econômico

23

vera ser utilizada a não ser quando irrccorrível.

que êle sô seria aplicado aos produ tos que, de outra forma, não pudes

Para manter preços altos em cru

zeiros ou para dar remuneração mais alta do (|uc a estritamente cabível, as operações vinculadas são, a nosso ver, lesivas aos legíiítnos interesses da eco

sem ser .escoados. Além disso seu em

prego deverá ser sempre a curto pra

zo, a fim dc permitir a retirada de

tais produtos do regime de opera

nomia nacional. Utilizar o instrumen

ções vinculadas tão logo dêle nãomais necessitem, isto é, tão logo pos

to, com todos os seus inconvenientes, ciuancio o sou emprego não seja im

mercados externos.

perioso, c trabalhar contra a econo mia do País.

sam

ser

normalmente

colocados

nos

Tais operações, para proporciona rem o mínimo de inconvenientes e o

Mas, que vantagem tem ou que re-

máximo de resultados favoráveis, exi

.sultados práticos trouxe o emprego tlêssc processo denominado "opera

gem uma técnica de aplicação e o es

ções vinculadas"?

sendo modificado à medida que me

Basta um rápido exame da situação

tabelecimento de um sistema que vá

lhorem as condições de nossos produ

nossos

tos. É preciso, antes de tudo, estabe

produtores de cacau e seus derivados, de sisal, madeiras, cêra de carnaúba,

lecer uma " hierarquia das dificulda des " em que se encontram os produ

fumo, fécula dc mandioca, laranjas,

tos nacionais em crise de escoamento.

castanhas do Pará etc., para verifi-

O afastamento entre o preço do pro duto qtie exportamos e a cotação do

cm

que

-car-sc

se

que

encontravam

os

os

estoques vultosíssimos

que os afligiam obtiveram colocação integral, com enorme benefício para as regiões que os produzem e, por

mercado internacional não é o mes

tanto, para o País, que cdntinuou a dispor daqueles produtos no rol dos

Necessário se torna, portanto, estabèIccer-se a referida "hierarquia de di

seus recursos exportáveis normalmen

tremo cuidado e só-, exclusivamente, para atender aos casos em que fôr absolutamente necessária, imprescin dível, e somente a curto prazo, isto c,

res a abandonar suas lavouras ou suas

apenas enquanto fôr reclamada pelos excedentes gravosos da produção. Es coado tal excedente, cessa a necessi

podem ser normalmente colocados no

dade de sua aplicação.

tribuem nem poderiam contribuir pa

te, sem condenar os respectivos seto indústrias extrativas.

Os produtos nessas condições não mercado externo e, portanto, não con

mo para todos aqueles que se en

contrem em dificuldade de colocação.

ficuldades", isto é, o grupo de produ

tos que necessita um ágio de 10, o que demanda um ágio de 20, de 30 etc., a fim de que se estabeleça, en

tão, uma escala dos produtos importáveis em troca, segundo a sua possi

bilidade de financiar os produtos ex

de aumentar o preço em cruzeiros pa

' As operações vinculadas constituem

go ao exportador — podendo inflacio-

um instrumento e a respeito dela o

no exterior.

portáveis, passando-se a admitir, ape nas, que o vínculo da exportação e ca importação se faça entre os pro

nar setores de produção. Tende, as

exemplo do bisturi pode ser aplicado'

• Assim, o processo denominado ope

dutos dos grupos correspondentes.

sim, a aumentar o diferencial entre o preço em cruzeiros pago ao exporta

a cada passo. Entendemo-las como um mal neces

dor e o preço em moeda estrangeira

sário, medida precária e de emergên

rações vinculadas, se bem aplicado, isto é, como medida de emergência e

tamento, escoaremos o melhor e fi

recebido em troca do nosso produto.

cia, para debelar^ de pronto um mal

perda de substância econômica — e o

Por ser perigoso o instrumento, não deve ser êle condenado. O bisturi tam bém é um instrumento altamente pe

maior, que seria a retenção e a estag

nação de gravosos excedentes exportá veis. Nada mais que isto. Nunca de-

ra refórço dc nossas disponibilidades

Igualando todos, sob o mesmo tra

para atender a casos extremos, den tro dos princípios fundamentais enun

caremos com o pior.

ciados, não poderá constituir uma vál

mento

vula pela qual escapem divisas, pois

A sequencia da aplicação do instru operações vinculadas" deve

ser, segundo pensamos, a seguinte-


-Í-- '"-"rijii

l

•'-•■r-T

Digesto Econômico

De todas as soluções possíveis, é fora de dúvida que as menos inconve nientes eram a de-taxas múltiplas de 'câmbio e a das "operações vinculadas

de exportação e importação". E esta

rigoso e, no entanto, extraordinaria mente útil.

O que é necessário, em primeiro lu gar, é bem entender o princípio fun damental das operações vinculadas. Elas não devem ser utilizadas com

última foi a escolhida.

O seu mecanismo econômico gira em tòrno da utilização da situação

o objetivo de fornecer mais cruzeiro.s ao exportador, e sim de possibilitar o

criada pelo regime de licença prévia,

escoamento

de escassez interna de produtos me nos essenciais, cuja procura foi alta mente estimulada pela melhoria do ní vel de vida, por um lado, e pela infla

Elas não devem ser utilizadas com o intuito de aumentar a produção, por

ção monetária, por outro. O importa

de

excedentes

gravosos.

que isto, econòmicamcntc, seria um

érro, e um erro grave. Aumentar arti ficialmente a produção de um produ

dor de produtos desse tipo, para obter a licença de importação, necessita conjugá-la com a exportação de um determinado produto nacional em cri

to sem possibilidade normal de es coamento, sem possibilidade de com

se de escoamento. E assim se propõe

substância

petir econòmicamcntc nos mercados internacionais, é aumentar a perda de econômica,

piorando

os

a pagar um ágio ao exportador daque

"têrmos de troca" do país; é dar mais

le produto, isto é, é o importador

cruzeiros ao exportador dc hoje, a

quem subvenciona o exportador ou, em última análise, é o consumidor de

de amanhã.

custa do aniquilamento da produção

artigos menos essenciais quem paga

Por motivos óbvios, pior ainda se

ao produtor nacional a diferença en

ria utilizar as operações vinculadas

tre o preço que necessita para ter re munerada sua produção e o preço do

com o objetivo de facilitar a impor Elas devem ser admitidas com ex

mercado internacional.

Por aí se vê tratar-se de um pro cesso

artificial.

Contém

tação.

inúmeros

inconvenientes, sendo dos mais csérios, dentre éles, o de ter a tendência de baixar o preço do produto nacional no mercado externo — ocasionando

Digesto Econômico

23

vera ser utilizada a não ser quando irrccorrível.

que êle sô seria aplicado aos produ tos que, de outra forma, não pudes

Para manter preços altos em cru

zeiros ou para dar remuneração mais alta do (|uc a estritamente cabível, as operações vinculadas são, a nosso ver, lesivas aos legíiítnos interesses da eco

sem ser .escoados. Além disso seu em

prego deverá ser sempre a curto pra

zo, a fim dc permitir a retirada de

tais produtos do regime de opera

nomia nacional. Utilizar o instrumen

ções vinculadas tão logo dêle nãomais necessitem, isto é, tão logo pos

to, com todos os seus inconvenientes, ciuancio o sou emprego não seja im

mercados externos.

perioso, c trabalhar contra a econo mia do País.

sam

ser

normalmente

colocados

nos

Tais operações, para proporciona rem o mínimo de inconvenientes e o

Mas, que vantagem tem ou que re-

máximo de resultados favoráveis, exi

.sultados práticos trouxe o emprego tlêssc processo denominado "opera

gem uma técnica de aplicação e o es

ções vinculadas"?

sendo modificado à medida que me

Basta um rápido exame da situação

tabelecimento de um sistema que vá

lhorem as condições de nossos produ

nossos

tos. É preciso, antes de tudo, estabe

produtores de cacau e seus derivados, de sisal, madeiras, cêra de carnaúba,

lecer uma " hierarquia das dificulda des " em que se encontram os produ

fumo, fécula dc mandioca, laranjas,

tos nacionais em crise de escoamento.

castanhas do Pará etc., para verifi-

O afastamento entre o preço do pro duto qtie exportamos e a cotação do

cm

que

-car-sc

se

que

encontravam

os

os

estoques vultosíssimos

que os afligiam obtiveram colocação integral, com enorme benefício para as regiões que os produzem e, por

mercado internacional não é o mes

tanto, para o País, que cdntinuou a dispor daqueles produtos no rol dos

Necessário se torna, portanto, estabèIccer-se a referida "hierarquia de di

seus recursos exportáveis normalmen

tremo cuidado e só-, exclusivamente, para atender aos casos em que fôr absolutamente necessária, imprescin dível, e somente a curto prazo, isto c,

res a abandonar suas lavouras ou suas

apenas enquanto fôr reclamada pelos excedentes gravosos da produção. Es coado tal excedente, cessa a necessi

podem ser normalmente colocados no

dade de sua aplicação.

tribuem nem poderiam contribuir pa

te, sem condenar os respectivos seto indústrias extrativas.

Os produtos nessas condições não mercado externo e, portanto, não con

mo para todos aqueles que se en

contrem em dificuldade de colocação.

ficuldades", isto é, o grupo de produ

tos que necessita um ágio de 10, o que demanda um ágio de 20, de 30 etc., a fim de que se estabeleça, en

tão, uma escala dos produtos importáveis em troca, segundo a sua possi

bilidade de financiar os produtos ex

de aumentar o preço em cruzeiros pa

' As operações vinculadas constituem

go ao exportador — podendo inflacio-

um instrumento e a respeito dela o

no exterior.

portáveis, passando-se a admitir, ape nas, que o vínculo da exportação e ca importação se faça entre os pro

nar setores de produção. Tende, as

exemplo do bisturi pode ser aplicado'

• Assim, o processo denominado ope

dutos dos grupos correspondentes.

sim, a aumentar o diferencial entre o preço em cruzeiros pago ao exporta

a cada passo. Entendemo-las como um mal neces

dor e o preço em moeda estrangeira

sário, medida precária e de emergên

rações vinculadas, se bem aplicado, isto é, como medida de emergência e

tamento, escoaremos o melhor e fi

recebido em troca do nosso produto.

cia, para debelar^ de pronto um mal

perda de substância econômica — e o

Por ser perigoso o instrumento, não deve ser êle condenado. O bisturi tam bém é um instrumento altamente pe

maior, que seria a retenção e a estag

nação de gravosos excedentes exportá veis. Nada mais que isto. Nunca de-

ra refórço dc nossas disponibilidades

Igualando todos, sob o mesmo tra

para atender a casos extremos, den tro dos princípios fundamentais enun

caremos com o pior.

ciados, não poderá constituir uma vál

mento

vula pela qual escapem divisas, pois

A sequencia da aplicação do instru operações vinculadas" deve

ser, segundo pensamos, a seguinte-


iipfi

DicESTo Econômico

24

â) permissão de operações vincula das com a exportação de deter minado produto somente c en quanto fòr de absoluta necessi

dade para o escoamento daquele produto;

b) retirada do regime de opera ções

vinculadas

tão

logo

a) produtoâ altamente

procurados

pelas partes contratantes;

b) produtos normalmente colocáveis nos respectivos mercados e no

produto tenha seus excedentes

caso do Brasil, exigiram a apli cação do sistema de operações

nerador ho mercado internacio nal;

produtos dos grupos b e c, especial- mente os do grupo c, somente deve ir

c) produtos em dificuldades de es

coamento, isto é, aqueles que, no

É evidente que, não constando nos acordos de pagamentos a cláusula que sugerimos, o licenciamento das impor tações por parte do Brasil, para os

resto do mundo c

o

escoados e alcance preço remu-

i

DiniisTO Econômico

sendo processado à medida que for

vinculadas.

nicnte deve ir sendo permitida à me dida em que formos recebendo as im

portações dos produtos estrangeiros

importação classificados nos três gru

também classificados no grupo o. licenciamento na ordem indicada têm'

por objetivo evitar que no ajuste fi nal das contas, relativas à execução do acordo, não tenha o Brasil de pa

* * *

1.®) nos acordos de pagamentos, as sinados conjuntamente com os

gar cm moeda de livre curso interna

de comércio, constasse cláusula expressa de que um país so

de produtos menos essenciais (cate

cional as importações que tiver feito goria c) ou que o equilíbrio final se

mente seria obrigado a saldar em moeda o déficit resultante

que devera ir sendo paulatinamente

da execução do acordo de co

verifique entre exportações brasilei ras do grupo a e importações de pro

substituídas, como processo para ga rantir o escoamento de certos produ

mércio (verdadeiro ajuste de

dutos do grupo b ou c.

compensação), no caso de esse déficit ser resultante da comnunca pelo fato de outro pais

A inclusão, nos acOrdos de comér cio, dos produtos de difícil escoamen to nos daria tempo para, internamen te, tomar as medidas de racionalização

tação e Importação e concluídos pe

não haver comprado o valor de

e barateamento da produção — úni

lo Brasil.

A análise desses acordos nos mos

determinado produto ou pro dutos constantes de um grupo

tra que êles já se orientaram de modo a estabelecer um equilíbrio qualitati vo entre os produtos recebidos e ex

te estudados pela Carteira de Expor

portados pelas partes contratantes. Poderíamos, analisando o têxto desses

acordos, distinguir sob três aspectos

aquele equilíbrio, que se distribui por três classes distintas de produtos, as quais se correspondem e compensam, em harmonia com os interêsses nacio nais e dos países com que negocia mos ;

Os produtos que puderem ser bene maioridade econômica e poderão fir mercados internacionais.

Os outros estarão fadados a viver de

expedientes ou a desaparecer das pau tas do comércio mundial. ij; Hs *

A inclusão da cláusula acima ou o

da a conveniência que:

tos nacionais, pelos acordos de comér cio do tipo dos que foram ultimamen

de longo alcance.

mar-se nos

comércio dos produtos de exportação e

chega-se, efetivamente, à conclusão de que elas foram e podem ser muito úteis como medidas de emergência,

meiro processo, e nos darão mais tem

po para encaminharmos as medidas

mesmo modo que a exportação dos produtos brasileiros do grupo a sò-

seu escoamento pela sua inclusão nos acordos de comércio que fo rem negociados com países es

Tendo-se em vista os objetivos e o mecanismo das operações vinculadas,

tância, sem grande parte, enfim, dos inconvenientes apontados para o pri

ficiados por estas últimas atingirão a

A fim de que o justo equilíbrio do

trangeiros.

renovável), c'om menor perda de subs

mos e.xportando os produtos brasilei ros naqueles itens classificados. Do

c) ou quando se tenha garantido o

pos acima não se rompa, quando da execução dêsses acordos, seria de to

25

compra a mais que efetuou e

4

Da exposição que até aqui fizemos, historiando fatos, analisando medidas e providências tomadas e apontando

as linhas da política oficial de con trole das importações e exportações nacionais, fica evidente que o trata

mento dispensado a estas se orientou — e deve orientar-se — no sentido de

garantir o escoamento de nossa pro

dução exportável e o suprimento de produtos essenciais, no máximo limite possível, isto é, de assegurar o inter câmbio comercial do Brasil com o ex

terior, nunca de restringi-lo. As medidas de economia de divisas, especialmente de divisas escassas, não

cas (luc lhes dariam solução econômi ca definitiva. São medidas sabidamen

zer saldos no exterior e sim de corri

cujos correspondentes hajam si

te difíceis e de resultados demorados,

gir o desequilíbrio financeiro que co

do inteiramente completados pe la outra parte Contratante;

mus que proporcionariam o ultimo es

meçava a perturbar o nosso comércio

tágio na luta pela conquista perma nente dos mercados externos para

internacional, dificultando o fluxo das

importações, especialmente as de pro

aqueles produtos.

dutos essenciais.

2.°) sejam, pelo órgão 'controlador

foram tomadas com o objetivo de fa

do comércio exterior, examina

As operações vinculadas foram as

dos periòdicamenté os resulta

que resolveram imediatamente o pro^

O recebimento destas últimas tornava-se cada vez mais difícil devido

dos da execução dos acordos de

blema: os acordos de comércio do ti po a que nos referimos permitirão o

a que os fornecedores estrangeiros

comércio com o objetivo de ve rificar se ela se processou com

escoamento dos nossos produtos de

der às nossas encomendas, e isto por

equilíbrio nos três grupos aci

maneira mais ordenada, pbr tempo maior (geralmente prazo de um ano,

anos na fila de câmbio, para conse-

ma mencionados.

não mais desejavam suprir-nos e aten que não lhes Convinha esperar ano ou


iipfi

DicESTo Econômico

24

â) permissão de operações vincula das com a exportação de deter minado produto somente c en quanto fòr de absoluta necessi

dade para o escoamento daquele produto;

b) retirada do regime de opera ções

vinculadas

tão

logo

a) produtoâ altamente

procurados

pelas partes contratantes;

b) produtos normalmente colocáveis nos respectivos mercados e no

produto tenha seus excedentes

caso do Brasil, exigiram a apli cação do sistema de operações

nerador ho mercado internacio nal;

produtos dos grupos b e c, especial- mente os do grupo c, somente deve ir

c) produtos em dificuldades de es

coamento, isto é, aqueles que, no

É evidente que, não constando nos acordos de pagamentos a cláusula que sugerimos, o licenciamento das impor tações por parte do Brasil, para os

resto do mundo c

o

escoados e alcance preço remu-

i

DiniisTO Econômico

sendo processado à medida que for

vinculadas.

nicnte deve ir sendo permitida à me dida em que formos recebendo as im

portações dos produtos estrangeiros

importação classificados nos três gru

também classificados no grupo o. licenciamento na ordem indicada têm'

por objetivo evitar que no ajuste fi nal das contas, relativas à execução do acordo, não tenha o Brasil de pa

* * *

1.®) nos acordos de pagamentos, as sinados conjuntamente com os

gar cm moeda de livre curso interna

de comércio, constasse cláusula expressa de que um país so

de produtos menos essenciais (cate

cional as importações que tiver feito goria c) ou que o equilíbrio final se

mente seria obrigado a saldar em moeda o déficit resultante

que devera ir sendo paulatinamente

da execução do acordo de co

verifique entre exportações brasilei ras do grupo a e importações de pro

substituídas, como processo para ga rantir o escoamento de certos produ

mércio (verdadeiro ajuste de

dutos do grupo b ou c.

compensação), no caso de esse déficit ser resultante da comnunca pelo fato de outro pais

A inclusão, nos acOrdos de comér cio, dos produtos de difícil escoamen to nos daria tempo para, internamen te, tomar as medidas de racionalização

tação e Importação e concluídos pe

não haver comprado o valor de

e barateamento da produção — úni

lo Brasil.

A análise desses acordos nos mos

determinado produto ou pro dutos constantes de um grupo

tra que êles já se orientaram de modo a estabelecer um equilíbrio qualitati vo entre os produtos recebidos e ex

te estudados pela Carteira de Expor

portados pelas partes contratantes. Poderíamos, analisando o têxto desses

acordos, distinguir sob três aspectos

aquele equilíbrio, que se distribui por três classes distintas de produtos, as quais se correspondem e compensam, em harmonia com os interêsses nacio nais e dos países com que negocia mos ;

Os produtos que puderem ser bene maioridade econômica e poderão fir mercados internacionais.

Os outros estarão fadados a viver de

expedientes ou a desaparecer das pau tas do comércio mundial. ij; Hs *

A inclusão da cláusula acima ou o

da a conveniência que:

tos nacionais, pelos acordos de comér cio do tipo dos que foram ultimamen

de longo alcance.

mar-se nos

comércio dos produtos de exportação e

chega-se, efetivamente, à conclusão de que elas foram e podem ser muito úteis como medidas de emergência,

meiro processo, e nos darão mais tem

po para encaminharmos as medidas

mesmo modo que a exportação dos produtos brasileiros do grupo a sò-

seu escoamento pela sua inclusão nos acordos de comércio que fo rem negociados com países es

Tendo-se em vista os objetivos e o mecanismo das operações vinculadas,

tância, sem grande parte, enfim, dos inconvenientes apontados para o pri

ficiados por estas últimas atingirão a

A fim de que o justo equilíbrio do

trangeiros.

renovável), c'om menor perda de subs

mos e.xportando os produtos brasilei ros naqueles itens classificados. Do

c) ou quando se tenha garantido o

pos acima não se rompa, quando da execução dêsses acordos, seria de to

25

compra a mais que efetuou e

4

Da exposição que até aqui fizemos, historiando fatos, analisando medidas e providências tomadas e apontando

as linhas da política oficial de con trole das importações e exportações nacionais, fica evidente que o trata

mento dispensado a estas se orientou — e deve orientar-se — no sentido de

garantir o escoamento de nossa pro

dução exportável e o suprimento de produtos essenciais, no máximo limite possível, isto é, de assegurar o inter câmbio comercial do Brasil com o ex

terior, nunca de restringi-lo. As medidas de economia de divisas, especialmente de divisas escassas, não

cas (luc lhes dariam solução econômi ca definitiva. São medidas sabidamen

zer saldos no exterior e sim de corri

cujos correspondentes hajam si

te difíceis e de resultados demorados,

gir o desequilíbrio financeiro que co

do inteiramente completados pe la outra parte Contratante;

mus que proporcionariam o ultimo es

meçava a perturbar o nosso comércio

tágio na luta pela conquista perma nente dos mercados externos para

internacional, dificultando o fluxo das

importações, especialmente as de pro

aqueles produtos.

dutos essenciais.

2.°) sejam, pelo órgão 'controlador

foram tomadas com o objetivo de fa

do comércio exterior, examina

As operações vinculadas foram as

dos periòdicamenté os resulta

que resolveram imediatamente o pro^

O recebimento destas últimas tornava-se cada vez mais difícil devido

dos da execução dos acordos de

blema: os acordos de comércio do ti po a que nos referimos permitirão o

a que os fornecedores estrangeiros

comércio com o objetivo de ve rificar se ela se processou com

escoamento dos nossos produtos de

der às nossas encomendas, e isto por

equilíbrio nos três grupos aci

maneira mais ordenada, pbr tempo maior (geralmente prazo de um ano,

anos na fila de câmbio, para conse-

ma mencionados.

não mais desejavam suprir-nos e aten que não lhes Convinha esperar ano ou


Dicesto Econômico Dicesto Econômico

26

27

Ço marítimo, abrangendo as primeiras guirem o pagamento dos seus produ

se fenômeno, inclusive, como não po

tos de procura obrigatória nos mer

dia deixar de ser, para a estocagem

tudo aquilo tiue estiver sendo estoca do pelos nossos snpridores c todos os

cados internacionais.

de matérias-primas estratégicas e pa ra o controle da exportação de mate

rias-primas também em regime de

riais críticos.

estocagem naqueles países.

Tornou-se,, portanto, necessário que o controle do nosso comércio de im-

. portação fôsse feito por nós, de acor do com as conveniências do País, ao invés de passarmos a receber sòmen-

te os produtos cuja colocação no mer

cado nacional convinha ao exporta dor estrangeiro manter e estimular, por serem de difícil escoamento ou

por proporcionarem alta remuneração, inclusive porque davam margem a que 1

fòssem contornadas as dificuldades de

I

cobertura oficial, mediante recurso à

[

especulação no mercado livre de câmbio.

. Êsse conjunto de problemas, con-

^ vém relembrar, era conseqüência da forte escassez de divisas conversíveis, nas quais tínhamos atrasados comer

ciais a pagar, e do acúmulo de saldos cm moedas inconversíveis, que era de nosso interesse utilizar, e utilizar bem. Como resultado das medidas toma das, segundo constatamos estatistica

mente, esta é uma Situação absoluta mente superada. * * :h

produtos que dependerem de maté

Já sentimos as primeiras dificulda des que uma tal situação traz ao in-

Neste momento ainda poderemos, com relativa facilidade, importar aquilo que nos fôr fundamental c que não estiver sendo estocado pelos paí

tcrcàmiiio Comercial do inuiido.

Urge, pois, que também o Brasil se precavenha, se ajuste à realidade do

ses fornecedores.

momento e a ela procure adaptar-sc. Algumas modificações devem ser in

Para garantirmos a importação dos produtos ainda acessíveis onze já

troduzidas no nosso contròle de co mércio e.xterior e novas medidas de vem ser adotadas, a fim de que tanto

foram colocados em regime de "ma teriais críticos" nos Estados Unidos

quanto possível seja assegurado o su primento dos produtos indispensáveis

gociação e assinatura de "acordos de

'ao próprio funcionamento do nosso

Tais acordos de suprimentos dife-

pensamos que a solução está na ne suprimentos".

sistema econômico.

lem substancialmente do.s acordos de

Efetivamente, a escassez de divisas

comercio. Pstes últimos são geralmen te feitos numa base de equilíbrio das

não pennitia a íorihação de estoques;

por conseguinte, a política de comér

correntes de comércio, nas duas di reções, subordinados a uma corres

cio exterior que foi seguida pelo Bra sil tinha de ser, e o foi de fato, con-

pondência de valor. Já os acordos de suprimentos não têm êsse sentido.

tráría às aquisições para armazena

mento c consumo a longo prazo. Ain

O equilíbrio do acordo de supri

da agora, mesmo os artigos altamente essenciais e imprescindíveis são im portados' pqra atenderem às necessi.dades domésticas por período que nao

mentos e uin equilíbrio de essenciali-

dade. O equilíbrio que se procura es

tabelecer e o da importância vital que os produtos trocados têm para a eco nomia dos países contratantes. O que

vai além de seis meses, o que, para a

indústria, representa pouco mais do Hoje outros são os problemas que prendem nossa atenção e para os

que o mínimo, no que tange à maté ria-prima, a fim de que não haja so

quais deveremos estudar e adotar as soluções mais indicadas. No momento, o panorama interna

lução de continuidade em seu fun

cional se modifica. Surge a ameaça

cessária.

cionamento, quando nova importação,

por tão curto período, já se torne ne

de novo conflito mundial e tomamos

Dirigimos, por isso, a atenção para

conhecimento das primeiras medidas

o fato de que, em caso de conflito ar mado e mesmo de-preparo bélico, as restrições às nossas importações fu girão ao nosso controle c independe

de pre-guerra. Os Estados Unidos, por exemplo, encontram-se numa atitude ostensiva de reversão de economia de

verno norte- americano já tomou uma

paz para economia de guerra. O Go

rão da seleção que mais nos convenha fazer, pois virão a decorrer de di

série de providências que ilustram ês-

ficuldades de fornecimento e de espa-

SC visa é o atendimento das necessi i A

de rocha, o berilo, o tungstênio, a bor racha, a sêda, o óleo de mamona etc. Negociando e firmando acordos de su

primentos com aquele país, podería mos assegurar o fornecimento das

matérias-primas estratégicas brasilei

ras que lhes fòssem indispensáveis, contra garantia equivalente de que nos forneceriam quantidades- suficien tes dos produtos fundamentais ao fun

cionamento do sistema econômico na cional.

Precisamos ter sempre em mente que a moeda com que poderemos com prar os produtos críticos são os nos

sos próprios produtos considerados

estratégicos. Êles constituem a rigor o nosso único instrumento de troca

para os artigos vitais de que carece a nossa economia e devem, portanto, merecer tôda a nossa atenção.

Estamos, por isso, particularmente convencidos de que se uma política' de acordos de suprimentos vier a ser adotada em larga escala implicará na revisão dos critérios para a ejcportação de certos produtos ^ matérias-

primas fundamentais e na recompo sição das listas de produtos admitidos cm operações vinculadas. Realmente,

muitos dêsses produtos óleo de ma mona, minerais estratégicos etc., alta mente cotados êni situação como a

dades mínimas que cada país tem dos produtos indispensáveis de que o ou

que entrevemos e para a qual cami

tro é supridor ou produtor. As difen-

a ser exportados em condições que

ças em valor, decorrentes da aplica ção dos acordos de suprimentos, se riam liquidadas pelo intercâmbio co mum.

. Os Estados Unidos, por exemplo, atualmente

o

maior fornecedor

do

mundo, necessitarão, é evidente, de suprimentos de matérias-primas estra

tégicas brasileiras: o manganês, as

areias 'monazíticas, a mica, o cristal

nhamos a largos passos — passariam atuariam como uma função da sua csscnCialidade, na presente conjuntura internacional, livrando-se o Brasil de desperdiçar o seu "poder de troca", sem grande margem para fazê-lo, visto como a no&sa vida econômica

exige a importação de numerosos pro dutos essenciais.

Devemos ainda lembra.r que, sob contingências de guerra — conforme


Dicesto Econômico Dicesto Econômico

26

27

Ço marítimo, abrangendo as primeiras guirem o pagamento dos seus produ

se fenômeno, inclusive, como não po

tos de procura obrigatória nos mer

dia deixar de ser, para a estocagem

tudo aquilo tiue estiver sendo estoca do pelos nossos snpridores c todos os

cados internacionais.

de matérias-primas estratégicas e pa ra o controle da exportação de mate

rias-primas também em regime de

riais críticos.

estocagem naqueles países.

Tornou-se,, portanto, necessário que o controle do nosso comércio de im-

. portação fôsse feito por nós, de acor do com as conveniências do País, ao invés de passarmos a receber sòmen-

te os produtos cuja colocação no mer

cado nacional convinha ao exporta dor estrangeiro manter e estimular, por serem de difícil escoamento ou

por proporcionarem alta remuneração, inclusive porque davam margem a que 1

fòssem contornadas as dificuldades de

I

cobertura oficial, mediante recurso à

[

especulação no mercado livre de câmbio.

. Êsse conjunto de problemas, con-

^ vém relembrar, era conseqüência da forte escassez de divisas conversíveis, nas quais tínhamos atrasados comer

ciais a pagar, e do acúmulo de saldos cm moedas inconversíveis, que era de nosso interesse utilizar, e utilizar bem. Como resultado das medidas toma das, segundo constatamos estatistica

mente, esta é uma Situação absoluta mente superada. * * :h

produtos que dependerem de maté

Já sentimos as primeiras dificulda des que uma tal situação traz ao in-

Neste momento ainda poderemos, com relativa facilidade, importar aquilo que nos fôr fundamental c que não estiver sendo estocado pelos paí

tcrcàmiiio Comercial do inuiido.

Urge, pois, que também o Brasil se precavenha, se ajuste à realidade do

ses fornecedores.

momento e a ela procure adaptar-sc. Algumas modificações devem ser in

Para garantirmos a importação dos produtos ainda acessíveis onze já

troduzidas no nosso contròle de co mércio e.xterior e novas medidas de vem ser adotadas, a fim de que tanto

foram colocados em regime de "ma teriais críticos" nos Estados Unidos

quanto possível seja assegurado o su primento dos produtos indispensáveis

gociação e assinatura de "acordos de

'ao próprio funcionamento do nosso

Tais acordos de suprimentos dife-

pensamos que a solução está na ne suprimentos".

sistema econômico.

lem substancialmente do.s acordos de

Efetivamente, a escassez de divisas

comercio. Pstes últimos são geralmen te feitos numa base de equilíbrio das

não pennitia a íorihação de estoques;

por conseguinte, a política de comér

correntes de comércio, nas duas di reções, subordinados a uma corres

cio exterior que foi seguida pelo Bra sil tinha de ser, e o foi de fato, con-

pondência de valor. Já os acordos de suprimentos não têm êsse sentido.

tráría às aquisições para armazena

mento c consumo a longo prazo. Ain

O equilíbrio do acordo de supri

da agora, mesmo os artigos altamente essenciais e imprescindíveis são im portados' pqra atenderem às necessi.dades domésticas por período que nao

mentos e uin equilíbrio de essenciali-

dade. O equilíbrio que se procura es

tabelecer e o da importância vital que os produtos trocados têm para a eco nomia dos países contratantes. O que

vai além de seis meses, o que, para a

indústria, representa pouco mais do Hoje outros são os problemas que prendem nossa atenção e para os

que o mínimo, no que tange à maté ria-prima, a fim de que não haja so

quais deveremos estudar e adotar as soluções mais indicadas. No momento, o panorama interna

lução de continuidade em seu fun

cional se modifica. Surge a ameaça

cessária.

cionamento, quando nova importação,

por tão curto período, já se torne ne

de novo conflito mundial e tomamos

Dirigimos, por isso, a atenção para

conhecimento das primeiras medidas

o fato de que, em caso de conflito ar mado e mesmo de-preparo bélico, as restrições às nossas importações fu girão ao nosso controle c independe

de pre-guerra. Os Estados Unidos, por exemplo, encontram-se numa atitude ostensiva de reversão de economia de

verno norte- americano já tomou uma

paz para economia de guerra. O Go

rão da seleção que mais nos convenha fazer, pois virão a decorrer de di

série de providências que ilustram ês-

ficuldades de fornecimento e de espa-

SC visa é o atendimento das necessi i A

de rocha, o berilo, o tungstênio, a bor racha, a sêda, o óleo de mamona etc. Negociando e firmando acordos de su

primentos com aquele país, podería mos assegurar o fornecimento das

matérias-primas estratégicas brasilei

ras que lhes fòssem indispensáveis, contra garantia equivalente de que nos forneceriam quantidades- suficien tes dos produtos fundamentais ao fun

cionamento do sistema econômico na cional.

Precisamos ter sempre em mente que a moeda com que poderemos com prar os produtos críticos são os nos

sos próprios produtos considerados

estratégicos. Êles constituem a rigor o nosso único instrumento de troca

para os artigos vitais de que carece a nossa economia e devem, portanto, merecer tôda a nossa atenção.

Estamos, por isso, particularmente convencidos de que se uma política' de acordos de suprimentos vier a ser adotada em larga escala implicará na revisão dos critérios para a ejcportação de certos produtos ^ matérias-

primas fundamentais e na recompo sição das listas de produtos admitidos cm operações vinculadas. Realmente,

muitos dêsses produtos óleo de ma mona, minerais estratégicos etc., alta mente cotados êni situação como a

dades mínimas que cada país tem dos produtos indispensáveis de que o ou

que entrevemos e para a qual cami

tro é supridor ou produtor. As difen-

a ser exportados em condições que

ças em valor, decorrentes da aplica ção dos acordos de suprimentos, se riam liquidadas pelo intercâmbio co mum.

. Os Estados Unidos, por exemplo, atualmente

o

maior fornecedor

do

mundo, necessitarão, é evidente, de suprimentos de matérias-primas estra

tégicas brasileiras: o manganês, as

areias 'monazíticas, a mica, o cristal

nhamos a largos passos — passariam atuariam como uma função da sua csscnCialidade, na presente conjuntura internacional, livrando-se o Brasil de desperdiçar o seu "poder de troca", sem grande margem para fazê-lo, visto como a no&sa vida econômica

exige a importação de numerosos pro dutos essenciais.

Devemos ainda lembra.r que, sob contingências de guerra — conforme


28

ocorreu no conflito passado — sere

mos certamente solicitados a produ

zir mais em quantidade e em tipos de produtos estratégicos. E, a esse res

peito, é a nosso ver ilusória a impres são de que tal fato somente teria re percussões favoráveis para a nossa economia.

Efetivamente, a procura intensiva

dos produtos estratégicos nacionais, fa zendo subir os seus preços no merca

do internacional, leva ao desvio repen tino e desordenado de fatores de pro

dução e à sua utifização em bases de baixíssima produtividade técnica mui

ta vez, inclusive, de maneira predató ria das riquezas nacionais, o que traz grandes inconvenientes para a nossa economia, quer em virtude de a pro dução não ser padronizada, nem ra cionalizada, qtier ainda porque o mer cado interno vê diminuído o suprimen-to de artigos de consumo imediato de

DiGESTO Econômico

Dicesto Econômico

29

dades fundamentais para a nossa eco

mente aqueles que acompanham e es

nomia e com equilíbrio de esscnciali-

tudam diàriamcntc tais fenômenos em

dade com as que fornecemos.

Daí a necessidade de mantermos

seus

menores

detalhes, porque têm

por função orientar o nosso comér

controlada a exportação daqueles pro

cio com o exterior, poderão selecionar

dutos: evitando que o aumento desor denado de sua procura perturbe o nosso sistema produtivo possibili

e eleger as providencias em cada mo

tando sua troca por outros de essen-

Indispensável se torna, porém, que todas elas estejam enquadradas den

cialidade equivalente.

Os sacrifícios que uma produção

daqueles artigos em tais circunstân cias impõe à economia nacional de

verão'ser atenuados ao máximo por

intermédio de processos racionais de

produção e somente poderão até cer to ponto ser compensados se, em tro

ca deles, recebermos não divisas pa

ra aplicação futura, mas produtos vi

tais ao próprio e contínuo funcio namento do nosso sistema econômico. * ílí

que carece.

mento mais convenientes à economia do País.

tro de um mesmo sistema, equaciona do segundo as condições c as neces

da inconversível, para que natuialmente se restabeleçam as correntes de comércio

segundo

maior

vantagem

econômica para o País: tipo, quali dade e preço;

c) serem liberadas, no que diz res peito à moeda de pagamento e tradi ção dos importadores, as importações dos -produtos fundamentais constantes

da relação já elaborada pela Carteira de Exportação e Importação do Banco do Brasil. Isto significa que tais impor

sidades de nossa economia.

tações serão controladas sòmente va

Pensamos que, na atual conjuntura, para a construção daquele sistema de

ra que a Carteira verifique até on

veria ser levada em conta a possibi

zar, por si, a política de estocagem.

lidade de:

Como o contròle e as dificuldades de

a) continuação da política de auste ridade

na

aplicação

de

divisas,

de a iniciativa privada consegue reali

importação a

daqueles

produtos,

nas

atuais circunstâncias mundiais, advi

fim de que sejam reservadas verbas

rão do exterior, a função do Poder

no atual e futuros orçamentos de câml)io para a política de estocagem dos

mais no sentido de ajudar a livre ini

produtos fundamentais cuja relação já foi elaborada pela Carteira de Expor tação e Importação do Banco do Bra

ciativa a vencê-las. A continuação da necessidade de licença para importação de tais produtos indicará ao órgão

sil. Os saldos em moedas conversíveis

controlador ou as medidas que neces

não

sitará tomar para facilitar o seu for necimento por parte do exterior, in clusive por intermédio de "acordos de

Público

deverá

ser

exercida

muito

Se, por um lado, devemos facilitar de todos os modos e produção de tais artigos, em bases ^ racionais e econô

Tendo em vista, de tudo quanto foi exposto, que são outras as atuais con dições de nosso intercâmbio comer--

micas, por outro, torna-se indispensá

cial com o exterior, uma vez que fo

uma vez que êles foram obtidos em

vel uma eficiente fiscalização e um

ram resolvidos os problemas dos^ atra

inteligente contròle de sua exporta

sados comerciais em certos países e

ção, não só para evitar a desmorali

da utilização dos saldos inconversíveis

grande parte graças à utilização dos saldos em moedas inconversíveis, sal dos êstes que praticamente já se es

zação de nossos produtos pela sua ir regular e baixa qualidade como tam bém porque o interesse da economia

em outros, e que muito se modificoir

gotaram ;

garantia, não mais se fazendo necessá

a situação internacional, agora em

b) serem revistos os critérios vigorantes para a importação, no que diz

rias as facilidades sugeridas, quando,

respeito à moeda de pagamento, uma

gadas para a sua aquisição poderão

nacional não reside, a nosso ver, sim

fase de pré-guerra, com os grandes países tomando medidas de exceção,

plesmente em receber mais divisas em

pensamos que diversas devera ser as

divisas que ficariam acumuladas nos

modificações a serem feitas nos atuais ^ critérios orientadores da nossa políti

bancos estrangeiros, à nossa disposi

ca de comércio externo.

troca de nossos produtos estratégicos,

ção, mas sem possibilidades de empre go, a não ser em futuro remoto e de pois de desvalorizadas. Não só não te mos capacidade para financiar as im portações estrangeiras de nossos pro dutos estratégicos, como, e principal mente, necessitamos receber as utili

Seria impossível antever todas as medidas que se apresentarão necessá

rias para atenderem às bruscas muta ções que certamente se operarão em fenômenos de natureza essencialrnen-

te dinâmica, como são os da política e os do comércio internacionais. So

significam

propriamente

folga,

vez que êles visavam o desvio das cor rentes de comércio da área conversí

suprimentos, ou o momento em que a sua estocagem já atingiu o' limite de

então, os esforços e as divisas empre ser utilizados para outros produtos dos quais ainda não tenhamos conse

vel para a inconversível, c que atual mente, em virtude mesmo de sua apli

guido o suprimento satisfatório. Nun

cação, há maior escassez das últimas moedas do que das primeiras. Basta

ficou dito neste item se refere exclu

ca é demais lembrar que tudo o que

rá a permissão de importação, inde

sivamente aos produtos fundamentais já relacionados pela Carteira de Ex

pendentemente do tipo da moeda de pagamento, para certos produtos de

portação e Importação, quando suge riu a adoção da política de estoca

maior essencialidade e que antes so

gem;

mente podiam ser importados em moe

d) que fôsse criado naquele órgão

^


28

ocorreu no conflito passado — sere

mos certamente solicitados a produ

zir mais em quantidade e em tipos de produtos estratégicos. E, a esse res

peito, é a nosso ver ilusória a impres são de que tal fato somente teria re percussões favoráveis para a nossa economia.

Efetivamente, a procura intensiva

dos produtos estratégicos nacionais, fa zendo subir os seus preços no merca

do internacional, leva ao desvio repen tino e desordenado de fatores de pro

dução e à sua utifização em bases de baixíssima produtividade técnica mui

ta vez, inclusive, de maneira predató ria das riquezas nacionais, o que traz grandes inconvenientes para a nossa economia, quer em virtude de a pro dução não ser padronizada, nem ra cionalizada, qtier ainda porque o mer cado interno vê diminuído o suprimen-to de artigos de consumo imediato de

DiGESTO Econômico

Dicesto Econômico

29

dades fundamentais para a nossa eco

mente aqueles que acompanham e es

nomia e com equilíbrio de esscnciali-

tudam diàriamcntc tais fenômenos em

dade com as que fornecemos.

Daí a necessidade de mantermos

seus

menores

detalhes, porque têm

por função orientar o nosso comér

controlada a exportação daqueles pro

cio com o exterior, poderão selecionar

dutos: evitando que o aumento desor denado de sua procura perturbe o nosso sistema produtivo possibili

e eleger as providencias em cada mo

tando sua troca por outros de essen-

Indispensável se torna, porém, que todas elas estejam enquadradas den

cialidade equivalente.

Os sacrifícios que uma produção

daqueles artigos em tais circunstân cias impõe à economia nacional de

verão'ser atenuados ao máximo por

intermédio de processos racionais de

produção e somente poderão até cer to ponto ser compensados se, em tro

ca deles, recebermos não divisas pa

ra aplicação futura, mas produtos vi

tais ao próprio e contínuo funcio namento do nosso sistema econômico. * ílí

que carece.

mento mais convenientes à economia do País.

tro de um mesmo sistema, equaciona do segundo as condições c as neces

da inconversível, para que natuialmente se restabeleçam as correntes de comércio

segundo

maior

vantagem

econômica para o País: tipo, quali dade e preço;

c) serem liberadas, no que diz res peito à moeda de pagamento e tradi ção dos importadores, as importações dos -produtos fundamentais constantes

da relação já elaborada pela Carteira de Exportação e Importação do Banco do Brasil. Isto significa que tais impor

sidades de nossa economia.

tações serão controladas sòmente va

Pensamos que, na atual conjuntura, para a construção daquele sistema de

ra que a Carteira verifique até on

veria ser levada em conta a possibi

zar, por si, a política de estocagem.

lidade de:

Como o contròle e as dificuldades de

a) continuação da política de auste ridade

na

aplicação

de

divisas,

de a iniciativa privada consegue reali

importação a

daqueles

produtos,

nas

atuais circunstâncias mundiais, advi

fim de que sejam reservadas verbas

rão do exterior, a função do Poder

no atual e futuros orçamentos de câml)io para a política de estocagem dos

mais no sentido de ajudar a livre ini

produtos fundamentais cuja relação já foi elaborada pela Carteira de Expor tação e Importação do Banco do Bra

ciativa a vencê-las. A continuação da necessidade de licença para importação de tais produtos indicará ao órgão

sil. Os saldos em moedas conversíveis

controlador ou as medidas que neces

não

sitará tomar para facilitar o seu for necimento por parte do exterior, in clusive por intermédio de "acordos de

Público

deverá

ser

exercida

muito

Se, por um lado, devemos facilitar de todos os modos e produção de tais artigos, em bases ^ racionais e econô

Tendo em vista, de tudo quanto foi exposto, que são outras as atuais con dições de nosso intercâmbio comer--

micas, por outro, torna-se indispensá

cial com o exterior, uma vez que fo

uma vez que êles foram obtidos em

vel uma eficiente fiscalização e um

ram resolvidos os problemas dos^ atra

inteligente contròle de sua exporta

sados comerciais em certos países e

ção, não só para evitar a desmorali

da utilização dos saldos inconversíveis

grande parte graças à utilização dos saldos em moedas inconversíveis, sal dos êstes que praticamente já se es

zação de nossos produtos pela sua ir regular e baixa qualidade como tam bém porque o interesse da economia

em outros, e que muito se modificoir

gotaram ;

garantia, não mais se fazendo necessá

a situação internacional, agora em

b) serem revistos os critérios vigorantes para a importação, no que diz

rias as facilidades sugeridas, quando,

respeito à moeda de pagamento, uma

gadas para a sua aquisição poderão

nacional não reside, a nosso ver, sim

fase de pré-guerra, com os grandes países tomando medidas de exceção,

plesmente em receber mais divisas em

pensamos que diversas devera ser as

divisas que ficariam acumuladas nos

modificações a serem feitas nos atuais ^ critérios orientadores da nossa políti

bancos estrangeiros, à nossa disposi

ca de comércio externo.

troca de nossos produtos estratégicos,

ção, mas sem possibilidades de empre go, a não ser em futuro remoto e de pois de desvalorizadas. Não só não te mos capacidade para financiar as im portações estrangeiras de nossos pro dutos estratégicos, como, e principal mente, necessitamos receber as utili

Seria impossível antever todas as medidas que se apresentarão necessá

rias para atenderem às bruscas muta ções que certamente se operarão em fenômenos de natureza essencialrnen-

te dinâmica, como são os da política e os do comércio internacionais. So

significam

propriamente

folga,

vez que êles visavam o desvio das cor rentes de comércio da área conversí

suprimentos, ou o momento em que a sua estocagem já atingiu o' limite de

então, os esforços e as divisas empre ser utilizados para outros produtos dos quais ainda não tenhamos conse

vel para a inconversível, c que atual mente, em virtude mesmo de sua apli

guido o suprimento satisfatório. Nun

cação, há maior escassez das últimas moedas do que das primeiras. Basta

ficou dito neste item se refere exclu

ca é demais lembrar que tudo o que

rá a permissão de importação, inde

sivamente aos produtos fundamentais já relacionados pela Carteira de Ex

pendentemente do tipo da moeda de pagamento, para certos produtos de

portação e Importação, quando suge riu a adoção da política de estoca

maior essencialidade e que antes so

gem;

mente podiam ser importados em moe

d) que fôsse criado naquele órgão

^


T."

Digesto EcoNÓNnco

30

um setor encarregado dereceber e des pachar imediatamente os pedidos re lativos aos produtos da lista em apre ço. O tempo, nos momentos atuais, tem uma importância vital. Por um

dia pode-se perder a possibilidade de importação de um produto crítico. E como o objetivo do controle de tais produtos passará a ser de vigilância e de orientação para a Carteira, o seu despacho poderá . ser praticamente

Plano estratégico para o Brasil?

essenciais que ainda importamos, p

que nos permitiria utilizar a quota de espaço marítimo' que iios fósse <lcstinada, dirigindo-a para a importação

DonivAL Teixeira Vieira

de outros produtos essenciais e ense jando o advento de urna situação me nos angustiosa para o economia na

perspectivas da política interna

cional são cada vez mais sombrias; com a entrada da China comunista

cional :

no conflito da Coréia, mais que nun ca, a Organização das Nações Unidas

f) que fossem reexaminados os cri térios em vigor para a exportação de

Indaga-se, porém: para organiza ção de um plano de estratégia ecohó-

mica será necessário e. suficiente pre ver apenas a estocagem de matérias-

primas essenciais? Será que o impac to desta guerra será mais violento que

certos "produtos nacionais, especial

está diante do problema de se impor

imediato. Para isso êles precisam ser analisados à parte, independentemen

mente dos mais procurados cm caso de guerra. Como vimos, somente por

ou desaparecer.

te do volume imenso de pedidos dià-

intermédio <lc uma sábia política de

mais generalizada vem sendo a da im

a paz ou para a guerra e toda a po

exportação poderemos assegurar a im

lítica econômica que o mesmo envol

Por mais otimistas

que sejamos, hoje em dia, a idéia

o ocorrido na última? Todo e qual quer planejamento da economia para

e) que as normas para o licencia

portação dos produtos fundamentais à

possibilidade de se evitar nova guer ra, treiiienda sob todos os seus aspec

mento das importações proporcionem

tos, tanto militares quanto econômi

ca. Ora, é indiscutível que a base de

amplas facilidades à entrada das má

nossa economia e que estiverem clas sificados como de suprimento crítico.

quinas, dos equipamentos e das maté

Não será demais relembrar que nes

cos ou políticos, pelo seu poder de

rias-primas indispensáveis tanto à produção doméstica dos artigos cons

ses produtos nacionais reside,- sob o

nossa economia ainda repousa na agropecuária. O café e o algodão con

tantes do plano de estocagem ou dos

co instrumento de troca, para a aqui sição dos artigos de importação que

riamente recebidos pela Catteira;

que os possam substituir (combustí veis de um modo geral, como o xisto betuminoso, álcool, carvão mineral,

enxofre, soda cáustica, barrilha, chum bo etc.), como também à produção racional e econômica dos artigos que vão servir "de poder de troca nos no.ssos acordos de suprimentos (manga

ponto de vista econômico, o nosso úni nos são imprescindívei.s:

g) que, pelas mesmas razões, não sejam permitidas operações vincula

dos pelo destino, continuar à sua mar gem, não será sem grandes sacrifí

das com produtos nacionais conside

cios. Quando mais não seja, seremos

rados de grande importância cm caso

transformados numa espécie de celei ro de matérias-primas essenciais ao

de guerra. *

sH

cha, mica etc.). Evidentemente outras

porcionadas pelo Poder Público à produção daqueles artigos, tais como

destruição. O Brasil, como aliás qua se todos os países do mundo, possivclmcnle será levado, mau grado os seus mais pacíficos desejos, a tomar posição, e se, entre alguns privilegia

nês, areias monaxítiCas, cristal de ro facilidades podem e devem ser pro

vH

.Muitas outfas medidas de caráter econômico seriam

necessárias, para

facilidade de crédito, favorecimentos

que completássemos o quadro aqui esboçado. Elas, entretanto, não fa

fiscais etc. Surgindo a guerra e com

zem parte do tema da presente expo

ela o problema do transporte maríti mo, já teríamos uma parte do nosso

sição, já demasiadamente longa c que somente nos animamos a apresentar

ve dependem da estrutura econômi

tinuam a constituir os principais es teios da economia nacional e as prin cipais fontes de obtenção de divisas. Por outro lado, as nossas indústrias, mesmo as que contam com matérias-

primas nacionais, estão na estreita dependência do comércio internacio

csfòrço de guerra, ao mesmo tempo

nal, seja para obtenção de energia e lubrificantes, seja pelas necèssidades de equipamento e reequipamento que experimentam, uma vez que não pos

ein que, mais uma vez, sofreremos

suímos uma indústria de máquinas e

tremenda distorção em nossas impor

ferramentas bastante desenvolvida, seja ainda porque nos são indispen

tações essenciais..Esta idéia já se en-

'contra no espírito de todos os que se vêm dedicando aos problemas econô micos nacionais, tanto ^ssim que as classes produtoras já tiveram ocasião

de levantar ó problema da estocagem üe produtos essenciais e o Governo

suprimento assegurada pela política de

louvando-nos na paciência e envaide

estocagem e pelo fomento, aqui, da

cidos pela consideração desta assem

Federal já procurou tranqüilizar os

produção de algumas matérias-primas

bléia.

brasileiros, indicando a existência de uma comissão especial de estudos e

um programa de aumento de estoques

de^ produtos básicos de importação, até um total de 150 milhões de dólares.

sáveis os meios de transporte: e se passarmos das indústrias que encon tram em território nacional tôdã^ sua

fonte de suprimento de matéria-pri ma para aquelas que, pelo menos par

cialmente, as importam para pode rem realizar suas atividades, teremos

idéia nítida da importância que as trocas internacionais apresentam pa ra

nossa

sobrevivência

econômica.

Não poderemos, no entanto,- nos fur tar a uma futura distofção nas cor

rentes internacionais de.trocas com


T."

Digesto EcoNÓNnco

30

um setor encarregado dereceber e des pachar imediatamente os pedidos re lativos aos produtos da lista em apre ço. O tempo, nos momentos atuais, tem uma importância vital. Por um

dia pode-se perder a possibilidade de importação de um produto crítico. E como o objetivo do controle de tais produtos passará a ser de vigilância e de orientação para a Carteira, o seu despacho poderá . ser praticamente

Plano estratégico para o Brasil?

essenciais que ainda importamos, p

que nos permitiria utilizar a quota de espaço marítimo' que iios fósse <lcstinada, dirigindo-a para a importação

DonivAL Teixeira Vieira

de outros produtos essenciais e ense jando o advento de urna situação me nos angustiosa para o economia na

perspectivas da política interna

cional são cada vez mais sombrias; com a entrada da China comunista

cional :

no conflito da Coréia, mais que nun ca, a Organização das Nações Unidas

f) que fossem reexaminados os cri térios em vigor para a exportação de

Indaga-se, porém: para organiza ção de um plano de estratégia ecohó-

mica será necessário e. suficiente pre ver apenas a estocagem de matérias-

primas essenciais? Será que o impac to desta guerra será mais violento que

certos "produtos nacionais, especial

está diante do problema de se impor

imediato. Para isso êles precisam ser analisados à parte, independentemen

mente dos mais procurados cm caso de guerra. Como vimos, somente por

ou desaparecer.

te do volume imenso de pedidos dià-

intermédio <lc uma sábia política de

mais generalizada vem sendo a da im

a paz ou para a guerra e toda a po

exportação poderemos assegurar a im

lítica econômica que o mesmo envol

Por mais otimistas

que sejamos, hoje em dia, a idéia

o ocorrido na última? Todo e qual quer planejamento da economia para

e) que as normas para o licencia

portação dos produtos fundamentais à

possibilidade de se evitar nova guer ra, treiiienda sob todos os seus aspec

mento das importações proporcionem

tos, tanto militares quanto econômi

ca. Ora, é indiscutível que a base de

amplas facilidades à entrada das má

nossa economia e que estiverem clas sificados como de suprimento crítico.

quinas, dos equipamentos e das maté

Não será demais relembrar que nes

cos ou políticos, pelo seu poder de

rias-primas indispensáveis tanto à produção doméstica dos artigos cons

ses produtos nacionais reside,- sob o

nossa economia ainda repousa na agropecuária. O café e o algodão con

tantes do plano de estocagem ou dos

co instrumento de troca, para a aqui sição dos artigos de importação que

riamente recebidos pela Catteira;

que os possam substituir (combustí veis de um modo geral, como o xisto betuminoso, álcool, carvão mineral,

enxofre, soda cáustica, barrilha, chum bo etc.), como também à produção racional e econômica dos artigos que vão servir "de poder de troca nos no.ssos acordos de suprimentos (manga

ponto de vista econômico, o nosso úni nos são imprescindívei.s:

g) que, pelas mesmas razões, não sejam permitidas operações vincula

dos pelo destino, continuar à sua mar gem, não será sem grandes sacrifí

das com produtos nacionais conside

cios. Quando mais não seja, seremos

rados de grande importância cm caso

transformados numa espécie de celei ro de matérias-primas essenciais ao

de guerra. *

sH

cha, mica etc.). Evidentemente outras

porcionadas pelo Poder Público à produção daqueles artigos, tais como

destruição. O Brasil, como aliás qua se todos os países do mundo, possivclmcnle será levado, mau grado os seus mais pacíficos desejos, a tomar posição, e se, entre alguns privilegia

nês, areias monaxítiCas, cristal de ro facilidades podem e devem ser pro

vH

.Muitas outfas medidas de caráter econômico seriam

necessárias, para

facilidade de crédito, favorecimentos

que completássemos o quadro aqui esboçado. Elas, entretanto, não fa

fiscais etc. Surgindo a guerra e com

zem parte do tema da presente expo

ela o problema do transporte maríti mo, já teríamos uma parte do nosso

sição, já demasiadamente longa c que somente nos animamos a apresentar

ve dependem da estrutura econômi

tinuam a constituir os principais es teios da economia nacional e as prin cipais fontes de obtenção de divisas. Por outro lado, as nossas indústrias, mesmo as que contam com matérias-

primas nacionais, estão na estreita dependência do comércio internacio

csfòrço de guerra, ao mesmo tempo

nal, seja para obtenção de energia e lubrificantes, seja pelas necèssidades de equipamento e reequipamento que experimentam, uma vez que não pos

ein que, mais uma vez, sofreremos

suímos uma indústria de máquinas e

tremenda distorção em nossas impor

ferramentas bastante desenvolvida, seja ainda porque nos são indispen

tações essenciais..Esta idéia já se en-

'contra no espírito de todos os que se vêm dedicando aos problemas econô micos nacionais, tanto ^ssim que as classes produtoras já tiveram ocasião

de levantar ó problema da estocagem üe produtos essenciais e o Governo

suprimento assegurada pela política de

louvando-nos na paciência e envaide

estocagem e pelo fomento, aqui, da

cidos pela consideração desta assem

Federal já procurou tranqüilizar os

produção de algumas matérias-primas

bléia.

brasileiros, indicando a existência de uma comissão especial de estudos e

um programa de aumento de estoques

de^ produtos básicos de importação, até um total de 150 milhões de dólares.

sáveis os meios de transporte: e se passarmos das indústrias que encon tram em território nacional tôdã^ sua

fonte de suprimento de matéria-pri ma para aquelas que, pelo menos par

cialmente, as importam para pode rem realizar suas atividades, teremos

idéia nítida da importância que as trocas internacionais apresentam pa ra

nossa

sobrevivência

econômica.

Não poderemos, no entanto,- nos fur tar a uma futura distofção nas cor

rentes internacionais de.trocas com


Dicesto Econômico

32

o Brasil, tal como ocorreu no passa

ro, qual a distorção da importação

do, seja porque alguns países, nossos

durante a guerra e quais os produtos

fornecedores, transformar-se-ào cm teatro da guerra, seja porque o. es

que mais sofreram.

forço para envio e abastecimento de

ço de guerra e que, tendo praça, áceitem os carregamentos - de produ tos do exterior, necessários à econo mia brasileira.

Diante desse alarme e dessas pre

visões, é-nos lícito indagar se, antes

Papel e suas apHc Louça, porCel. vids. c cristais

mos a média do volume das importa

Linlio Pneumáticos e câmaras ....

zão da escolha desse biênio, em lu

gar de tomarmos apenas um dos dois anos, foi que os efeitos da guerra,

1

em relação a alguns produtos, apre sentaram certo retardo, enquanto O ano em que mais intensamente se

2.938.079

Carvão-dc-ped., briq. e coque 1.314.692

1.295.856 369.242 93.141 709.266 74.094 44.185 9.220 24.569 (i60 98.105 1.987 820

Gasolina

Ferro c aço em bruto

conflito foi o de 1943, período êssc

Ôlcos comb. (Fuel e Diesel)

de ativa preparação para invasão da

Celulose óleos lubrif

cupações de fornecimentos para fins

Cobre

cas foram feitas e tomadas medidas

Juta

Desta maneira poderíamos perceber se, de fato, previsões foram feitas e

estoques formados; segundo, se tais estoques foram suficientes, e tercei

1935

Máq. apar. fer. utens. .

483.105 60.488

Ferro e aço manuf. ...

201.733

Prod. quíra. farm. e sem.

103.091

Automóveis (unid.) Veículos e acessor

Chumbo Peles e couros Cimento 'Breu Estanho Enxofre '

já em 1944 e 1945, a tendência vinha sendo a de uma reação, quer dizer,

% de au-

1939-1940 mento ou

% de au 1943

(Em toneladas) redução

Manufaturas

mento ou

redução

17,0

565.293 53.922 217.923 148.328

9.753

22.622

54.710

30.827

11,0 . 8,0 43,9 132,0

44,0

Acetato de celulose Petróleo ou nafta

t

Alumínio Gên. alimentícios

Trigo cm grão

mento ou

Farinha de trigo

redução

brutas de mesa Bebidas Bacalhau

472.182

16,5

38.430 148.259 165.916 741 14.289

28.8

Cevada, torrefata ou malte

32,0

Azeitonas

Azeite de oliveira

10,0 5,0 12,0 1,0 12,8 45,5

40.832 12.827 190 91 368 748

7,5

1.705.942

1,5

538.149

33,6

14.409 630 23.765 1.106

1.098 " 23.663 1.332 45.779 • 1.656

111,4 49,7

274.994 39.453 368.048 45.566 36.069 8.001 8.275 1.861 69.357 6.510 350 14.257 1.202 13.347 13.534 272 32.447 15 28.851 488

1.003.318

1.021.875

1.8

1.121.925

881.723 45.464 19.282 7.350 17.158 4.130 13.330 2.344

912.386

3,5

1.042.601 25.588 15;241 6.979 63 273 10.130 1.299

276.328 91.761 436.712 63.410 35.664 10.164 24.349 816 93.889 1.281 1.309

Algodão

mínima foram atingidos em 1943 e,

respeito.

•.

J^ã

salvo raras exceções, os pontos de

de um aumento dos volumes impor tados. O quadro abaixo, no qual, por ordem de importância, se alinharam os principais produtos importados, dá-nos preciosas indicações a ésse

.•

Anilinas

Querosene

importações do Brasil mostra que,

Média

(§) Merc. importadas

fizeram sentir as conseqüências do

Europa, e no qual, portanto, as preo

47.068 — 13.679 — 799 3.585 — 362 1.109

2.732.245

não militares ficaram, em plano se cundário. A análise do volume das

mos a essa indagação seria conve niente conhecer quais as principais manufaturas, .matérias-primas e gê neros alimentícios importados, pri meiro, num ano normal, segundo, no início da guerra e, terceiro, durante o período mais agudo do conflito.

762

Matérias-primas

foram imediatos para certos outros.

52.365 14.412 712 3.624 321

Algodão

da guerra passada, previsões idênti da mesma natureza. Para responder

% de au1943

para avaliarmos os efeitos imediatos

ções dos anos de 1939 c 1940; a ra

sa exportação, necessários ao esfor

% de au-

1939-1940 mento ou

O ano base escolliido foi o dc 1935;

cional, restringirá, de muito, a tone-

destinem a conduzir produtos de nos

Média 1935

(Em toneladas) redução

da guerra sobre os estoques, toma

sendo necessário aguardar, em con seqüência, a vinda de vapores que se

33

(§) Merc. importadas

tropas em operação, exigindo a mo bilização da frota mercante interna

lagem disponível para transporte de mercadorias aos portos brasileiros,

Dicesto Econômico

7.982 371 115.389 8.740

785

1,5 62,4

16,8 23,9 —

9.3

0,9 19,1

4,5 55,1 —

269 30.108

37,4

26,8

10.124

— —

27,5 74,0 65,0 39,9 64,2

14.433

92,6

43,0

25.884 25.881

6.968

5,2

4.026 — 12.427 — 2.652

87,3 2,5 6,8 13,1

34,2

32.139

96,7 53,7

(§)

97,5

1.6

32,6

42,0

58,5 25,6

57.7

48,1

38,.-)

18,4

13,2 65,3

182.U

29.3

227.0

57,3

40.8

346,8

55,7

6,2

• 75,2 37,1

— •

ü —

37,Ü 70,5 9,8 14,3

— ■

1,2

41,1 0,9

— Classificadas por ordem de impoftância percentual, em valor. f

76,2

11,8

— _

13,3 6,2

99.0 99.0

19,5

51,0


Dicesto Econômico

32

o Brasil, tal como ocorreu no passa

ro, qual a distorção da importação

do, seja porque alguns países, nossos

durante a guerra e quais os produtos

fornecedores, transformar-se-ào cm teatro da guerra, seja porque o. es

que mais sofreram.

forço para envio e abastecimento de

ço de guerra e que, tendo praça, áceitem os carregamentos - de produ tos do exterior, necessários à econo mia brasileira.

Diante desse alarme e dessas pre

visões, é-nos lícito indagar se, antes

Papel e suas apHc Louça, porCel. vids. c cristais

mos a média do volume das importa

Linlio Pneumáticos e câmaras ....

zão da escolha desse biênio, em lu

gar de tomarmos apenas um dos dois anos, foi que os efeitos da guerra,

1

em relação a alguns produtos, apre sentaram certo retardo, enquanto O ano em que mais intensamente se

2.938.079

Carvão-dc-ped., briq. e coque 1.314.692

1.295.856 369.242 93.141 709.266 74.094 44.185 9.220 24.569 (i60 98.105 1.987 820

Gasolina

Ferro c aço em bruto

conflito foi o de 1943, período êssc

Ôlcos comb. (Fuel e Diesel)

de ativa preparação para invasão da

Celulose óleos lubrif

cupações de fornecimentos para fins

Cobre

cas foram feitas e tomadas medidas

Juta

Desta maneira poderíamos perceber se, de fato, previsões foram feitas e

estoques formados; segundo, se tais estoques foram suficientes, e tercei

1935

Máq. apar. fer. utens. .

483.105 60.488

Ferro e aço manuf. ...

201.733

Prod. quíra. farm. e sem.

103.091

Automóveis (unid.) Veículos e acessor

Chumbo Peles e couros Cimento 'Breu Estanho Enxofre '

já em 1944 e 1945, a tendência vinha sendo a de uma reação, quer dizer,

% de au-

1939-1940 mento ou

% de au 1943

(Em toneladas) redução

Manufaturas

mento ou

redução

17,0

565.293 53.922 217.923 148.328

9.753

22.622

54.710

30.827

11,0 . 8,0 43,9 132,0

44,0

Acetato de celulose Petróleo ou nafta

t

Alumínio Gên. alimentícios

Trigo cm grão

mento ou

Farinha de trigo

redução

brutas de mesa Bebidas Bacalhau

472.182

16,5

38.430 148.259 165.916 741 14.289

28.8

Cevada, torrefata ou malte

32,0

Azeitonas

Azeite de oliveira

10,0 5,0 12,0 1,0 12,8 45,5

40.832 12.827 190 91 368 748

7,5

1.705.942

1,5

538.149

33,6

14.409 630 23.765 1.106

1.098 " 23.663 1.332 45.779 • 1.656

111,4 49,7

274.994 39.453 368.048 45.566 36.069 8.001 8.275 1.861 69.357 6.510 350 14.257 1.202 13.347 13.534 272 32.447 15 28.851 488

1.003.318

1.021.875

1.8

1.121.925

881.723 45.464 19.282 7.350 17.158 4.130 13.330 2.344

912.386

3,5

1.042.601 25.588 15;241 6.979 63 273 10.130 1.299

276.328 91.761 436.712 63.410 35.664 10.164 24.349 816 93.889 1.281 1.309

Algodão

mínima foram atingidos em 1943 e,

respeito.

•.

J^ã

salvo raras exceções, os pontos de

de um aumento dos volumes impor tados. O quadro abaixo, no qual, por ordem de importância, se alinharam os principais produtos importados, dá-nos preciosas indicações a ésse

.•

Anilinas

Querosene

importações do Brasil mostra que,

Média

(§) Merc. importadas

fizeram sentir as conseqüências do

Europa, e no qual, portanto, as preo

47.068 — 13.679 — 799 3.585 — 362 1.109

2.732.245

não militares ficaram, em plano se cundário. A análise do volume das

mos a essa indagação seria conve niente conhecer quais as principais manufaturas, .matérias-primas e gê neros alimentícios importados, pri meiro, num ano normal, segundo, no início da guerra e, terceiro, durante o período mais agudo do conflito.

762

Matérias-primas

foram imediatos para certos outros.

52.365 14.412 712 3.624 321

Algodão

da guerra passada, previsões idênti da mesma natureza. Para responder

% de au1943

para avaliarmos os efeitos imediatos

ções dos anos de 1939 c 1940; a ra

sa exportação, necessários ao esfor

% de au-

1939-1940 mento ou

O ano base escolliido foi o dc 1935;

cional, restringirá, de muito, a tone-

destinem a conduzir produtos de nos

Média 1935

(Em toneladas) redução

da guerra sobre os estoques, toma

sendo necessário aguardar, em con seqüência, a vinda de vapores que se

33

(§) Merc. importadas

tropas em operação, exigindo a mo bilização da frota mercante interna

lagem disponível para transporte de mercadorias aos portos brasileiros,

Dicesto Econômico

7.982 371 115.389 8.740

785

1,5 62,4

16,8 23,9 —

9.3

0,9 19,1

4,5 55,1 —

269 30.108

37,4

26,8

10.124

— —

27,5 74,0 65,0 39,9 64,2

14.433

92,6

43,0

25.884 25.881

6.968

5,2

4.026 — 12.427 — 2.652

87,3 2,5 6,8 13,1

34,2

32.139

96,7 53,7

(§)

97,5

1.6

32,6

42,0

58,5 25,6

57.7

48,1

38,.-)

18,4

13,2 65,3

182.U

29.3

227.0

57,3

40.8

346,8

55,7

6,2

• 75,2 37,1

— •

ü —

37,Ü 70,5 9,8 14,3

— ■

1,2

41,1 0,9

— Classificadas por ordem de impoftância percentual, em valor. f

76,2

11,8

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13,3 6,2

99.0 99.0

19,5

51,0


jrirjçf .

tiSrÍ

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34

Digesto EcoNÒAaco

ao critério da iniciativa particular, foi insuficiente para suportar o período

cáustica, gasolina, combustível e lu brificantes, máquinas, aparelhos e

manufaturas acelerou as suas impor

prolongado de guerra, operando-sc,

tações no início da guerra, aumen-

além disso, de maneira irregular; os aumentos de volume nem sempre fo

ferramentas, veículos e acessórios, pa pel para imprensa, anilinas, cimento

Por este quadro verifica-se que, em

conjunto, o comérOio importador de

e mesmo ferro e aço em bruto, ne

tando-as de 17% em relação ao ano base. Observa-se, também, que a re

ram efetivos, não obedeceram a pro

cessários para completar as necessi

dução

porções indicadas pelas nossas neces

dades do nosso consumo, para o abas tecimento de um ano apenas, exigi

mais

considerável

atingiu

16,5%. Já o comércio importador de matérias-primas teve a sua capaci dade de previsão mais limitada, pois acusou, em seu conjunto, um aumen

sidades.

não se formaram estoques, como, por

riam o dispêndio de mais de 1 bilhão e 200 milhões de dólares, isto se não

to de compras de 7,5%, no começo

exemplo, na importação de máquinas, aparelhos, ferramentas e utensílios,

considerarmos a possível elevação de preços decorrente da escassez que, nos

da guerra, contra uma redução que,

na de veículo.s e acessórios, na de pa

só em 1943, atingiu 42%. Quanto aos

péis e suas aplicações, ou, entre as

gêneros alimentícios, se é verdade que não se formaram consideráveis

matérias-primas, o cobre, as anilinas,

mente advirá. Ora, atualmente a nos sa exportação nem sequer cobre ,as

o cimento.

necessidades normais de importação.

3. Em

muitos setores essenciais,

í

Estados Unidos, com a guerra, fatal

C u m p r'e ponderar, além disso, que hoje em

Não só não temos reservas de cam

dia o comércio importa dor e as indústrias es

pagar; daí ser certo que êsse possí vel fornecimento de guerra só poderia

oliveira e frutas de me

tão sujeitos à licença

ser coberto mediante troca bilatera!.

sa, todos os demais ar

prévia e limitados pela

Daí indagarmos qual a produção

tigos principais de ali

escassez

mentação

Ora, a maioria dos pro

exportável que poderia suportar a so brecarga de uma importação extraor

dutos

dinária.

estoques, é certo tam

bém que, salvo as re duções havidas no ba calhau, nq azeite de

acusaram

acréscimos.

No

tocan

de

de

dólares.

importação

plo, o que prejudicou o

proviria fatalmente dos Estados Unidos e a cri

abastecimento

se de dólares dificulta

te ao trigo, por exem interno

ria, se não impedisse

foi muito mais a irregu laridade

das

remessas

do que a redução efetiva do volume

importado. Pela análise feita podemos concluir que:

1. Efetivamente, houve certa capa

cidade de previsão, acompanhada de medidas de defesa, representadas pe

la formação de estoqües, em grande número de produtos importados, salientando-sc os produtos químicos, far macêuticos e semelhantes, e os auto

móveis, entre as manufaturas; a ga

solina, os combustíveis e os óleos lu brificantes e os minerais não metáli cos, principalmente o chumbo, entre as matérias-primas.

2. Essa estoíàgem, porém, deixada

mesmo, a formação de estoque.? pela iniciativa, particular. Por isso, compete ao Governo brasileiro

biais, como ainda temos atrasados a

Indaguemos primeiro da atual pro dução exportável, para depois perquirirmos as potencialmente possíveis. O café e o algodão, nossos principais fornecedores de divisas, não poderão ter as suas saídas consideràvelmctUe aumentadas. Mesmo que se conte com

lealizar previsões e pôr em pratica uma política comercial que permita 3. aquisição e a estocagem de produtos

o efeito estimulante da alta de pre

essenciais à nossa econornia ; mas, da

fazendas de café, é de se esperar que

ços, ocorrida no mercado internacio

nal, provocando a formação de novas

da a situação da nossa balança de pa

na eventualidade de uma guerra a

gamentos, restará como primeiro pro

América do Norte, nosso priticipal

blema saber como pagar. De antemãOe podemos afirmar que será impossível o pagamento pelos meios normais,

comprador, estabeleça preços-teto pa

principalmente se considerarmos a si tuação atual da produção exportável.

volume de cambiais do que atualmen te. Quanto ao algodão, concorrente

Estima-se que a compra de mercado

que é do produto norte-americano,

ra a rubiácea, de sorte que o tabelamento impedirá que se obtenha maior

rias^ essenciais, principalmente mine

não encontrou grande saída no mer

rais

cado norte-americano, tanto atual

não-ferrosos, barrilha

e

soda

35

mente quanto na guerra passada, pois

nossas vendas se fazem de preferên cia para a Europa. Ora, tudo faz crer que, mais uma vez, o Velho Continen

te se transforme em campo de bata

lha, o que provocará a quase anulação da venda de nosso algodão em rama para o exterior. No tocante às

carnes em conserva e frigorificadas,

deve-se notar que durante a guerra houve decréscimo na sua saída. Não

só há dificuldades de transportes, vis to seu envio exigir frigorificação, co mo a própria situação dos rebanhos

não permite esperar grande expan são nas vendas do produto. Basta no

tar que a escassez existe no próprio

mercado interno, exigindo a fixação de quotas de distribuição, como ocor re na capital de São Paulo. Há ainda

a considerar que, neste terreno, a con corrência internacional, desfavorável

ao Brasil, fará com que os países em luta procurem de preferência outras fontes de abastecimento.

Pouco se

pode esperar das madeiras, pois que_o seu mercado preponderante é o lati no-americano, o mesmo se podendo dizer da erva-mate. Deveremos ainda contar com os efeitos negativos da guerra sobre as vendas do fumo e

doutros produtos menores, como, por exemplo, as frutas de mesa.

Em relação à nossa atual estrutu ra, os produtos que poderiam supor tar uma sobrecarga e dos quais seria

lícito esperar um aumento da procuia internacional seriam: os couros q.pe les, a borracha, o cacau, a cêra de car naúba, o açúcar, o arroz e os fru tos oleaginosos, destacando-se o óleo

de mamona; mesmo assim, não se po dem esperar grandes saldos. Em pri meiro lugar, os couros e as peles, mui to embora já na outra guerra tenham

acusado um efeito favorável, lutam

^


jrirjçf .

tiSrÍ

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34

Digesto EcoNÒAaco

ao critério da iniciativa particular, foi insuficiente para suportar o período

cáustica, gasolina, combustível e lu brificantes, máquinas, aparelhos e

manufaturas acelerou as suas impor

prolongado de guerra, operando-sc,

tações no início da guerra, aumen-

além disso, de maneira irregular; os aumentos de volume nem sempre fo

ferramentas, veículos e acessórios, pa pel para imprensa, anilinas, cimento

Por este quadro verifica-se que, em

conjunto, o comérOio importador de

e mesmo ferro e aço em bruto, ne

tando-as de 17% em relação ao ano base. Observa-se, também, que a re

ram efetivos, não obedeceram a pro

cessários para completar as necessi

dução

porções indicadas pelas nossas neces

dades do nosso consumo, para o abas tecimento de um ano apenas, exigi

mais

considerável

atingiu

16,5%. Já o comércio importador de matérias-primas teve a sua capaci dade de previsão mais limitada, pois acusou, em seu conjunto, um aumen

sidades.

não se formaram estoques, como, por

riam o dispêndio de mais de 1 bilhão e 200 milhões de dólares, isto se não

to de compras de 7,5%, no começo

exemplo, na importação de máquinas, aparelhos, ferramentas e utensílios,

considerarmos a possível elevação de preços decorrente da escassez que, nos

da guerra, contra uma redução que,

na de veículo.s e acessórios, na de pa

só em 1943, atingiu 42%. Quanto aos

péis e suas aplicações, ou, entre as

gêneros alimentícios, se é verdade que não se formaram consideráveis

matérias-primas, o cobre, as anilinas,

mente advirá. Ora, atualmente a nos sa exportação nem sequer cobre ,as

o cimento.

necessidades normais de importação.

3. Em

muitos setores essenciais,

í

Estados Unidos, com a guerra, fatal

C u m p r'e ponderar, além disso, que hoje em

Não só não temos reservas de cam

dia o comércio importa dor e as indústrias es

pagar; daí ser certo que êsse possí vel fornecimento de guerra só poderia

oliveira e frutas de me

tão sujeitos à licença

ser coberto mediante troca bilatera!.

sa, todos os demais ar

prévia e limitados pela

Daí indagarmos qual a produção

tigos principais de ali

escassez

mentação

Ora, a maioria dos pro

exportável que poderia suportar a so brecarga de uma importação extraor

dutos

dinária.

estoques, é certo tam

bém que, salvo as re duções havidas no ba calhau, nq azeite de

acusaram

acréscimos.

No

tocan

de

de

dólares.

importação

plo, o que prejudicou o

proviria fatalmente dos Estados Unidos e a cri

abastecimento

se de dólares dificulta

te ao trigo, por exem interno

ria, se não impedisse

foi muito mais a irregu laridade

das

remessas

do que a redução efetiva do volume

importado. Pela análise feita podemos concluir que:

1. Efetivamente, houve certa capa

cidade de previsão, acompanhada de medidas de defesa, representadas pe

la formação de estoqües, em grande número de produtos importados, salientando-sc os produtos químicos, far macêuticos e semelhantes, e os auto

móveis, entre as manufaturas; a ga

solina, os combustíveis e os óleos lu brificantes e os minerais não metáli cos, principalmente o chumbo, entre as matérias-primas.

2. Essa estoíàgem, porém, deixada

mesmo, a formação de estoque.? pela iniciativa, particular. Por isso, compete ao Governo brasileiro

biais, como ainda temos atrasados a

Indaguemos primeiro da atual pro dução exportável, para depois perquirirmos as potencialmente possíveis. O café e o algodão, nossos principais fornecedores de divisas, não poderão ter as suas saídas consideràvelmctUe aumentadas. Mesmo que se conte com

lealizar previsões e pôr em pratica uma política comercial que permita 3. aquisição e a estocagem de produtos

o efeito estimulante da alta de pre

essenciais à nossa econornia ; mas, da

fazendas de café, é de se esperar que

ços, ocorrida no mercado internacio

nal, provocando a formação de novas

da a situação da nossa balança de pa

na eventualidade de uma guerra a

gamentos, restará como primeiro pro

América do Norte, nosso priticipal

blema saber como pagar. De antemãOe podemos afirmar que será impossível o pagamento pelos meios normais,

comprador, estabeleça preços-teto pa

principalmente se considerarmos a si tuação atual da produção exportável.

volume de cambiais do que atualmen te. Quanto ao algodão, concorrente

Estima-se que a compra de mercado

que é do produto norte-americano,

ra a rubiácea, de sorte que o tabelamento impedirá que se obtenha maior

rias^ essenciais, principalmente mine

não encontrou grande saída no mer

rais

cado norte-americano, tanto atual

não-ferrosos, barrilha

e

soda

35

mente quanto na guerra passada, pois

nossas vendas se fazem de preferên cia para a Europa. Ora, tudo faz crer que, mais uma vez, o Velho Continen

te se transforme em campo de bata

lha, o que provocará a quase anulação da venda de nosso algodão em rama para o exterior. No tocante às

carnes em conserva e frigorificadas,

deve-se notar que durante a guerra houve decréscimo na sua saída. Não

só há dificuldades de transportes, vis to seu envio exigir frigorificação, co mo a própria situação dos rebanhos

não permite esperar grande expan são nas vendas do produto. Basta no

tar que a escassez existe no próprio

mercado interno, exigindo a fixação de quotas de distribuição, como ocor re na capital de São Paulo. Há ainda

a considerar que, neste terreno, a con corrência internacional, desfavorável

ao Brasil, fará com que os países em luta procurem de preferência outras fontes de abastecimento.

Pouco se

pode esperar das madeiras, pois que_o seu mercado preponderante é o lati no-americano, o mesmo se podendo dizer da erva-mate. Deveremos ainda contar com os efeitos negativos da guerra sobre as vendas do fumo e

doutros produtos menores, como, por exemplo, as frutas de mesa.

Em relação à nossa atual estrutu ra, os produtos que poderiam supor tar uma sobrecarga e dos quais seria

lícito esperar um aumento da procuia internacional seriam: os couros q.pe les, a borracha, o cacau, a cêra de car naúba, o açúcar, o arroz e os fru tos oleaginosos, destacando-se o óleo

de mamona; mesmo assim, não se po dem esperar grandes saldos. Em pri meiro lugar, os couros e as peles, mui to embora já na outra guerra tenham

acusado um efeito favorável, lutam

^


Dicesto Econômico

Dígesto Econômico 37

36

com a concorrência internacional,

porque dificuldades de ordem técni ca, seja no trato dos animais, seja na

preparação dos couros e peles, seja ainda devido à lentidão do crescimen

to dos rebanhos, fazem com que, em

primeiro lugar, a nossa procura seja

complementar da de nossos concor rentes, alcançando, portanto, preços

menores, e, em segundo, não haja um

rápido aumento do volume da oferta, capaz de atender à procura maciça e

Voltcmo-nos então para o proble ma da possibilidade de alteraçno de nossa estrutura econômica, no senti do de alargar nossas ofertas c, aísim, conseguir a cobcrUira para as impor

tações essenciais. Há quem afirme a possibilidade de cncontrarmo.«; sua

chave na produç.ão extrativa mineral. O fornecimento de manganês, cri.stalde-rocha, minério de ferro, cromo. bauxita, tung.sténio, berilo, diamantes,

prima estratégica, devemos lembrar as dificílimas condições de exploração que,

areias monazíticas c urânio seria mais que suficiente para permitir obter os produtos de importação, até mesmo com uma certa folga. Já na guerra de 1939 a 1945, aceleraram-se, tremenda mente, a produção c venda do man ganês. íl de SC esperar, portanto, que mais uma vez o fenômeno se repita.

além de aumentar tremendamente o

Cumpre notar, porém, que as possi

custo do produto, do ponto de vista hu

bilidades de expansão já não s5o as

mano representam um tremendo sacri-

mesmas, segundo afirmam nossos téc

- fício do brasileiro. Êsse excedente de borracha produzida sê-lo-ia à custa

nicos em mineração. O manganês foi

mal explorado e os desperdícios havi

cobrir considerável parcela de- impor

tações essenciais. Quanto à borracha, embora

não se

possa negar que o

Brasil, mais uma vez, transformar-seá no maior fornecedor dessa matéria-

de vidas. Melhor sorte teríamos com

dos vêm provocando o rápido esgota

o aumento da. produção do Cacau, da carnaúba, das oleaginosas, do aqúcar

as nossas próprias necessidades side

e do arroz. Mesmo assim não pode

rúrgicas já nos encontramos na emer

mos esperar que o seu aumento de produção e conseqüente venda pos

dade inferior. Perguntamos, então: a'

mento de minério de alto teor. Para

gência de utilizar manganês de quali

sam atender às exigências de uma es-

menos que novas prospecções indi

tocagem de guerra para produtos es

quem a existência de jazidas ricas, se

senciais. Cumpre notar ainda que es

rá interessante acelerar a produção e

ses produtos agrícolas são necessá

a venda dêsse minério, essencial ao

rios ao abastecimento do próprio mer

cado interno e que, se a política eco

nômica de vendas para o exterior não fôr -muito bem conduzida, a acelera

ção das exportações implicará numa escassez interna, de conseqüência^ bastante desastrosas. Daí concluirmos

que a atual estrutura agropecuária brasileira não apresenta solidez eco

nômica suficiente para permitir a es-

tocagem de produtos de importação

que se pretende realizar.

nosso próprio desenvolvimento eConomico? O cristal-de-rocha também te ve a sua produção acelerada durante

a última guerra. As necessidades de seu emprego, porém, já mudaram bas tante nos mercados consumidores. Os industriais norte-americanos, durante

a última década, vêm-se queixando de irregularidades no fornecimento des sa matéria-prima, por parte do Bra

sil, e da falta de cumprimento dos contratos comerciais.

O fenômeno

tornou-se tão agudo que as indústrias

alto valor específico multo contribui

tiiiímicas daquela nação dedicaram-se,

rá para grande aumento do poder de

intensamente, à obtenção do cristal sintético, tendo tido cxito. Hoje êsse

compra do Brasil no exterior, sem a exigência de quantidades vultosas a

sucedâneo concorre com o cristal-de-

rocha c, segundo dizem os peritos, seu índice de aproveitamento é maior e o seu custo mais liaixo. É preciso não

esquecer ésses detalhes, pois, se não provocarem uma redução nas vendas

do no.sso cristal, pelo menos restringirfio bastante as possibilidades de au

mento de nossas saídas.

Quanto ao

cromo. à liaiixita e ao tungsténio, sua

c-xploraçao é ainda muito precária c as ocorrências não permitem adiantar

qual será, no futuro, a possibilidade

dc aumento da oferta cm condições favoráveis. Ê preciso notar a existên cia doutros concorrentes, fortemente aparelhados para realizar ésses forne

cimentos, além da existência dc jazi das

próprias nos Estados Unidos.

Quanto às areias monazíticas, real mente o Brasil pode fornecê-las, seja em bruto, seja depois de industriali zadas, separando o cério e o tório, o que aumentará o valor específico da exportação e permitirá tremenda mc-

llioria de preços. A existência da

djalmaíta, da qual se poderão ex trair 5% de urânio, também represen ta grande possibilidade potencial; não

sabemos, porém, se do ponto de vista e.stratcgico convém enveredarmos por essa exportação; há, pelo menos, uma" corrente, no Ministério da Guerra, em

princípio contrária a ura desfalque maciço dêsses materiais estratégicos, visto contribuir para o enfraqueci mento do poderio militar do Brasil. O

berilo ê os diamantes brutos para fins industriais têm grande emprego na guerra e é de se contar com con

siderável aumento da sua exportação. I-evemos em conta ainda que o seu

transportar. Parece-nos, porém, que a maior perspectiva se encontra no en

vio de minério de ferro. Se é verdade que na guerra passada pouco exportanios, isso se deveu às dificuldades de

transporte até o litoral. Ê inexplicável que o Brasil, país considerado como o maior reservatório de ferro do mun

do, com minério de altíssimo teor, ex porte êsse produto em tão pequena quantidade e, ao mesmo tempo, não tenha uma grande siderurgia, única

justificativa, para a restrição às saí das. É de se prever que a América do Norte, na eventualidade de uma guer ra, necessite efetuar enormes compras

de nosso ferro, pois a siderurgia ian que já se encontra aproveitando mi

nério de qualidade inferior e produ zindo, por isso, a custo crescente. Na eventualidade de uma guerra, em que o problema da poupança de. fatores de produção e da redução de custos se torna vital, é de se esperar que aquela nação busque a utilização de minério dc alto teor importado. Cum pre notar, porém, que para isso será

necessário investir - capitais que per mitam:

1. Racionalização dos processos 'de mineração e aumento considerável das plantas dessas empresas. 2. Construção de uma rêde ferro viária capaz de permitir o rápido es coamento dessa matéria-prima para os portos de embarque.

Além da produção extrativa mine

ral, podemos esperar também que al guns ramos da nossa produção indus trial contribuirão para aumentar as

nossas disponibilidades cambiais, co mo sejam as vendas de tecidos de al-


Dicesto Econômico

Dígesto Econômico 37

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com a concorrência internacional,

porque dificuldades de ordem técni ca, seja no trato dos animais, seja na

preparação dos couros e peles, seja ainda devido à lentidão do crescimen

to dos rebanhos, fazem com que, em

primeiro lugar, a nossa procura seja

complementar da de nossos concor rentes, alcançando, portanto, preços

menores, e, em segundo, não haja um

rápido aumento do volume da oferta, capaz de atender à procura maciça e

Voltcmo-nos então para o proble ma da possibilidade de alteraçno de nossa estrutura econômica, no senti do de alargar nossas ofertas c, aísim, conseguir a cobcrUira para as impor

tações essenciais. Há quem afirme a possibilidade de cncontrarmo.«; sua

chave na produç.ão extrativa mineral. O fornecimento de manganês, cri.stalde-rocha, minério de ferro, cromo. bauxita, tung.sténio, berilo, diamantes,

prima estratégica, devemos lembrar as dificílimas condições de exploração que,

areias monazíticas c urânio seria mais que suficiente para permitir obter os produtos de importação, até mesmo com uma certa folga. Já na guerra de 1939 a 1945, aceleraram-se, tremenda mente, a produção c venda do man ganês. íl de SC esperar, portanto, que mais uma vez o fenômeno se repita.

além de aumentar tremendamente o

Cumpre notar, porém, que as possi

custo do produto, do ponto de vista hu

bilidades de expansão já não s5o as

mano representam um tremendo sacri-

mesmas, segundo afirmam nossos téc

- fício do brasileiro. Êsse excedente de borracha produzida sê-lo-ia à custa

nicos em mineração. O manganês foi

mal explorado e os desperdícios havi

cobrir considerável parcela de- impor

tações essenciais. Quanto à borracha, embora

não se

possa negar que o

Brasil, mais uma vez, transformar-seá no maior fornecedor dessa matéria-

de vidas. Melhor sorte teríamos com

dos vêm provocando o rápido esgota

o aumento da. produção do Cacau, da carnaúba, das oleaginosas, do aqúcar

as nossas próprias necessidades side

e do arroz. Mesmo assim não pode

rúrgicas já nos encontramos na emer

mos esperar que o seu aumento de produção e conseqüente venda pos

dade inferior. Perguntamos, então: a'

mento de minério de alto teor. Para

gência de utilizar manganês de quali

sam atender às exigências de uma es-

menos que novas prospecções indi

tocagem de guerra para produtos es

quem a existência de jazidas ricas, se

senciais. Cumpre notar ainda que es

rá interessante acelerar a produção e

ses produtos agrícolas são necessá

a venda dêsse minério, essencial ao

rios ao abastecimento do próprio mer

cado interno e que, se a política eco

nômica de vendas para o exterior não fôr -muito bem conduzida, a acelera

ção das exportações implicará numa escassez interna, de conseqüência^ bastante desastrosas. Daí concluirmos

que a atual estrutura agropecuária brasileira não apresenta solidez eco

nômica suficiente para permitir a es-

tocagem de produtos de importação

que se pretende realizar.

nosso próprio desenvolvimento eConomico? O cristal-de-rocha também te ve a sua produção acelerada durante

a última guerra. As necessidades de seu emprego, porém, já mudaram bas tante nos mercados consumidores. Os industriais norte-americanos, durante

a última década, vêm-se queixando de irregularidades no fornecimento des sa matéria-prima, por parte do Bra

sil, e da falta de cumprimento dos contratos comerciais.

O fenômeno

tornou-se tão agudo que as indústrias

alto valor específico multo contribui

tiiiímicas daquela nação dedicaram-se,

rá para grande aumento do poder de

intensamente, à obtenção do cristal sintético, tendo tido cxito. Hoje êsse

compra do Brasil no exterior, sem a exigência de quantidades vultosas a

sucedâneo concorre com o cristal-de-

rocha c, segundo dizem os peritos, seu índice de aproveitamento é maior e o seu custo mais liaixo. É preciso não

esquecer ésses detalhes, pois, se não provocarem uma redução nas vendas

do no.sso cristal, pelo menos restringirfio bastante as possibilidades de au

mento de nossas saídas.

Quanto ao

cromo. à liaiixita e ao tungsténio, sua

c-xploraçao é ainda muito precária c as ocorrências não permitem adiantar

qual será, no futuro, a possibilidade

dc aumento da oferta cm condições favoráveis. Ê preciso notar a existên cia doutros concorrentes, fortemente aparelhados para realizar ésses forne

cimentos, além da existência dc jazi das

próprias nos Estados Unidos.

Quanto às areias monazíticas, real mente o Brasil pode fornecê-las, seja em bruto, seja depois de industriali zadas, separando o cério e o tório, o que aumentará o valor específico da exportação e permitirá tremenda mc-

llioria de preços. A existência da

djalmaíta, da qual se poderão ex trair 5% de urânio, também represen ta grande possibilidade potencial; não

sabemos, porém, se do ponto de vista e.stratcgico convém enveredarmos por essa exportação; há, pelo menos, uma" corrente, no Ministério da Guerra, em

princípio contrária a ura desfalque maciço dêsses materiais estratégicos, visto contribuir para o enfraqueci mento do poderio militar do Brasil. O

berilo ê os diamantes brutos para fins industriais têm grande emprego na guerra e é de se contar com con

siderável aumento da sua exportação. I-evemos em conta ainda que o seu

transportar. Parece-nos, porém, que a maior perspectiva se encontra no en

vio de minério de ferro. Se é verdade que na guerra passada pouco exportanios, isso se deveu às dificuldades de

transporte até o litoral. Ê inexplicável que o Brasil, país considerado como o maior reservatório de ferro do mun

do, com minério de altíssimo teor, ex porte êsse produto em tão pequena quantidade e, ao mesmo tempo, não tenha uma grande siderurgia, única

justificativa, para a restrição às saí das. É de se prever que a América do Norte, na eventualidade de uma guer ra, necessite efetuar enormes compras

de nosso ferro, pois a siderurgia ian que já se encontra aproveitando mi

nério de qualidade inferior e produ zindo, por isso, a custo crescente. Na eventualidade de uma guerra, em que o problema da poupança de. fatores de produção e da redução de custos se torna vital, é de se esperar que aquela nação busque a utilização de minério dc alto teor importado. Cum pre notar, porém, que para isso será

necessário investir - capitais que per mitam:

1. Racionalização dos processos 'de mineração e aumento considerável das plantas dessas empresas. 2. Construção de uma rêde ferro viária capaz de permitir o rápido es coamento dessa matéria-prima para os portos de embarque.

Além da produção extrativa mine

ral, podemos esperar também que al guns ramos da nossa produção indus trial contribuirão para aumentar as

nossas disponibilidades cambiais, co mo sejam as vendas de tecidos de al-


IP,

I''

1

Dioesto Econónuco

38

godão e de lã, o fornecimento de mentol e até mesmo de câmaras-de-ar e pneumáticos.

Neste ponto, chegamos a uma pri

também para tratar de empréstimos diretos, de modo a que as novas ativi dades encontrem

realização efetiva.

meira conclusão importante: a forma

Tudo isso leva tempo e fenômenos

ção de consideráveis estoques de ma térias-primas e manufaturas importa

como a guerra não esperam pelos

ajustes intergovernamcntais. É preci

das, para garantir o Brasil contra as

so, portanto, rever a política monetá

vicissitudés de uma guerra, só será possível mediante uma alteração subs

ria, financeira e creditícia do Gover no brasileiro para que se possa pen

tancia! na sua estrutura econômica.

sar na solução dos problemas de al

Em princípio, semelhante alteração é

teração de estrutura econômica.

possível, visto contarmos com alguns elementos capazes de nos fornecer a cobertura comercial necessária para

As dificuldades, porém, não param aí. Ê sabido, por exemplo, que a per turbação nos fornecimentos de pro

apelerar a importação.

dutos importados durante a última guerra foi devida muito mais à falta de transporte marítimo do que à im possibilidade de fornecimento, princi palmente por parte da América do

Note-se que

não falamos aqui em termo de divisas propriamente ditas, mas de permuta

de mercadorias por mercadorias, úni

ca forma viável numa situação espe cial de guerra.

Norte. Ora, os motivos que ditaram a

Para que essa alteração de estru

redução no ritmo de transportes no

tura seja, no entanto, viável, é preciso

vamente surgirão — necessidade de

lembrar que, a ela, outros problemas

abastecer tropas em operação, de en

se prendem. O mais importante deles

viar soldados, de retirar populações e

talvez seja o da obtenção de capitais

mesmo tropas. Seria necessário, pois,

para a realização de novos empreen dimentos. Não poderemos contar ape

que o Brasil pudesse garantir o trans porte maciço de mercadorias impor

nas com os parCos recursos existentes

tadas e, em certos momentos, o envio dos seus produtos de exportação,

internamente: cumpre facilitar a en

trada de capital estrangeiro.

Êstes,

porém, dirigir-se-ão espontâneamente para o Brasil? Na atual emergência parece-nos que não: sem substanciais alterações na legislação que regula a

exploração do subsolo, sem a corre

através da frota marítima nacional. Esta, porém, é insuficiente até mes mo para atender ao movimento co mercial normal. O transporte interno,

por sua vez, nas atuais circunstâncias, não poderá suportar a .sobrecarga que

ção dos defeitos do Código de Águas,

êsse programa de prevenção exigirá.

sem que se resolva o problema da bi-

O aumento da rêde ferroviária inter

tributação e, sobretudo, sem que se

na não é problema para resolver-se em

estabeleça maior confiança na situa

poucos dias.

ção interna da moeda e do crédito,

Há ainda outros aspectos que mere

não nos parece que os capitais parti culares possam espontâneamente diri

cem particular consideração. No Bra sil já é corrente o clamor de que a

gir-se para cá. Daí a necessidade de

indústria vem atraindo braços e o

negociações de governo a governo,

êxodo rural provocando dificuldades,

não só para criar condições favorá

cada vez maiores, na produção agrí-

Dicesto EconÓxMíco 39

veis aos novos investimentos, como '1

cola para abastecimento interno. Al terada violentamente a estrutura eco nômica brasileira, o desvio de mãode-obra para as novas atividades tornar-se-ia imperioso, sob pena do seu aniquilamento. Num país de tão fra

ca densidade demográfica, isso signi ficaria uma tremenda distorção no mercado de trabalho. Seria de se es perar um agravamento das condições de trabalho da zona rural, com amea

ça de maior escassez na produção agrícola. Não será possível, portanto,

rias? Ê conhecida a pobreza do nos so sistema de armazenamento. Poucos armazéns, mal localizados, na maio

ria tecnicamente inadequados, uão po dendo, portanto, suportar e guardar em boas condições de uso os produ tos que o Brasil obtivesse à custa de tremendos sacrifícios. Não chegare mos a afirmar que o problema é insò-

lúvel, mas queremos advertir àqueles que, com tanta simplicidade, preten

pensar em um programa dessa natuleza, sem rever as linhas mestras da

dem organizar um plano de emergên cia de guerra para o Brasil sôbre a complexidade e as dificuldades que o

política demográfica nacional. E dian

mesmo apresenta. E se sairmos do as

dutos essenciais à vida do povo bra.sileiro, necessário se tornaria voltar a política, de controle de preços c,

veredarmos para outro muito mais am

te da possibilidade de escassez de pro talvez, até mesmo, de consume diri gido.

Mesmo admitindo-se que seja pos sível multiplicar por três o volume da importação normal (pondo-se de

lado o problema da prefixação apro ximada do tempo de duração da guer ra, outra incógnita a resolver), surge um novo problema: onde armazenar

esse tremendo- volume de mercado-

pecto puramente econômico para en

plo,- político e social, queremos lem brar, por fim, que as condições atuais no mercado de trabalho são bem di

versas das existentes na outra guer ra. Se, para resolvermos ' problemas específicos, descurarmos de manter um mínimo de bem-estar para as popula-ções trabalhadoras, por certo a produtividade dõ trabalho cairá treniendamente e um clima de intranqüi

lidade perturbará a realização de todo e qualquer programa, por melhor idea lizado que seja.


IP,

I''

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Dioesto Econónuco

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godão e de lã, o fornecimento de mentol e até mesmo de câmaras-de-ar e pneumáticos.

Neste ponto, chegamos a uma pri

também para tratar de empréstimos diretos, de modo a que as novas ativi dades encontrem

realização efetiva.

meira conclusão importante: a forma

Tudo isso leva tempo e fenômenos

ção de consideráveis estoques de ma térias-primas e manufaturas importa

como a guerra não esperam pelos

ajustes intergovernamcntais. É preci

das, para garantir o Brasil contra as

so, portanto, rever a política monetá

vicissitudés de uma guerra, só será possível mediante uma alteração subs

ria, financeira e creditícia do Gover no brasileiro para que se possa pen

tancia! na sua estrutura econômica.

sar na solução dos problemas de al

Em princípio, semelhante alteração é

teração de estrutura econômica.

possível, visto contarmos com alguns elementos capazes de nos fornecer a cobertura comercial necessária para

As dificuldades, porém, não param aí. Ê sabido, por exemplo, que a per turbação nos fornecimentos de pro

apelerar a importação.

dutos importados durante a última guerra foi devida muito mais à falta de transporte marítimo do que à im possibilidade de fornecimento, princi palmente por parte da América do

Note-se que

não falamos aqui em termo de divisas propriamente ditas, mas de permuta

de mercadorias por mercadorias, úni

ca forma viável numa situação espe cial de guerra.

Norte. Ora, os motivos que ditaram a

Para que essa alteração de estru

redução no ritmo de transportes no

tura seja, no entanto, viável, é preciso

vamente surgirão — necessidade de

lembrar que, a ela, outros problemas

abastecer tropas em operação, de en

se prendem. O mais importante deles

viar soldados, de retirar populações e

talvez seja o da obtenção de capitais

mesmo tropas. Seria necessário, pois,

para a realização de novos empreen dimentos. Não poderemos contar ape

que o Brasil pudesse garantir o trans porte maciço de mercadorias impor

nas com os parCos recursos existentes

tadas e, em certos momentos, o envio dos seus produtos de exportação,

internamente: cumpre facilitar a en

trada de capital estrangeiro.

Êstes,

porém, dirigir-se-ão espontâneamente para o Brasil? Na atual emergência parece-nos que não: sem substanciais alterações na legislação que regula a

exploração do subsolo, sem a corre

através da frota marítima nacional. Esta, porém, é insuficiente até mes mo para atender ao movimento co mercial normal. O transporte interno,

por sua vez, nas atuais circunstâncias, não poderá suportar a .sobrecarga que

ção dos defeitos do Código de Águas,

êsse programa de prevenção exigirá.

sem que se resolva o problema da bi-

O aumento da rêde ferroviária inter

tributação e, sobretudo, sem que se

na não é problema para resolver-se em

estabeleça maior confiança na situa

poucos dias.

ção interna da moeda e do crédito,

Há ainda outros aspectos que mere

não nos parece que os capitais parti culares possam espontâneamente diri

cem particular consideração. No Bra sil já é corrente o clamor de que a

gir-se para cá. Daí a necessidade de

indústria vem atraindo braços e o

negociações de governo a governo,

êxodo rural provocando dificuldades,

não só para criar condições favorá

cada vez maiores, na produção agrí-

Dicesto EconÓxMíco 39

veis aos novos investimentos, como '1

cola para abastecimento interno. Al terada violentamente a estrutura eco nômica brasileira, o desvio de mãode-obra para as novas atividades tornar-se-ia imperioso, sob pena do seu aniquilamento. Num país de tão fra

ca densidade demográfica, isso signi ficaria uma tremenda distorção no mercado de trabalho. Seria de se es perar um agravamento das condições de trabalho da zona rural, com amea

ça de maior escassez na produção agrícola. Não será possível, portanto,

rias? Ê conhecida a pobreza do nos so sistema de armazenamento. Poucos armazéns, mal localizados, na maio

ria tecnicamente inadequados, uão po dendo, portanto, suportar e guardar em boas condições de uso os produ tos que o Brasil obtivesse à custa de tremendos sacrifícios. Não chegare mos a afirmar que o problema é insò-

lúvel, mas queremos advertir àqueles que, com tanta simplicidade, preten

pensar em um programa dessa natuleza, sem rever as linhas mestras da

dem organizar um plano de emergên cia de guerra para o Brasil sôbre a complexidade e as dificuldades que o

política demográfica nacional. E dian

mesmo apresenta. E se sairmos do as

dutos essenciais à vida do povo bra.sileiro, necessário se tornaria voltar a política, de controle de preços c,

veredarmos para outro muito mais am

te da possibilidade de escassez de pro talvez, até mesmo, de consume diri gido.

Mesmo admitindo-se que seja pos sível multiplicar por três o volume da importação normal (pondo-se de

lado o problema da prefixação apro ximada do tempo de duração da guer ra, outra incógnita a resolver), surge um novo problema: onde armazenar

esse tremendo- volume de mercado-

pecto puramente econômico para en

plo,- político e social, queremos lem brar, por fim, que as condições atuais no mercado de trabalho são bem di

versas das existentes na outra guer ra. Se, para resolvermos ' problemas específicos, descurarmos de manter um mínimo de bem-estar para as popula-ções trabalhadoras, por certo a produtividade dõ trabalho cairá treniendamente e um clima de intranqüi

lidade perturbará a realização de todo e qualquer programa, por melhor idea lizado que seja.


Dicesto

Econômico

casa — tributação essa que não foi rea justada, como as demais, nestes xiltimos

Crítica ao Imposto de Renda brasileiro |osÉ Luiz de Almeida Nogueiha Pôrto

Nosso impôsto sobre a renda tem fi nalidades simultaneamente fiscais e

económico-sociais. Dentro da finUlida-

de da justiça fiscal, êle procura tributar os rendimentos tendo em vista dois fa

tores: o grau de facilidade com que o contribuinte o auferiu c o seu montan

te. Para alcançar êsse objetivo, o im

pôsto total é composto de duas parcelas: uma, o chamado impôsto cedular, cujas

alíquotas variam na razão inversa da di ficuldade e da quantidade de trabalho

que o contribuinte despende para obter seus ingressos; outra, o chamado impôs

to complementar progressivo, que varia na razão direta do montante do rendi

mento global. ' O impôsto complementar progressivo, sendo uniforme para tôdas as catego

rias de rendimentos, provenham êles de salário, de honorários, de juros, de alu

— salários,

— honorários de profissionais liberais o outros trabalhadores autônomos, '!%■, — aluguéis de casas, 3 %; 3%;

que demonstra um propósito de se tri

butar mais pesadamente a grande em

juros de empréstimos, 10%;

butação.

mo até facilita, deixando de tributar as

Nada justifica a disparidade das alí quotas de tributação entre os juros de

comerciais c industriais, 10 %, 12 % c

^empréstimos privados c dc em

15 %, de acôrdo com o montante.

préstimos públicos, pois, nos dois

Esta última tributação, conhecida co

casos, o rendimento é da mes

mo impôsto sôbre pessoas jurídicas c

ma natureza.

arrecadada mediante declaração em fór mula própria, é, por sua natureza, im

O único objetivo é o de des viar capitais dos investimentos

pôsto cedular, cobrado diretamente das pessoas jurídicas, tanto assim que scuis componentes só ficam sujeitos ao -cha

particulares para os públicos, valendo a diferença de tributação como um acrés

cimo de juros dêstes últimos.

mado impôsto complementar progressivo. A simples indicação das alíquotas

Resta, finalmente, examinar a situa

ção dos lucros auferidos pelas pessoas

guel ou da exploração agrícola, comer

mostra a inobservância do critério que

jurídicas.

cial ou industrial, e variando tão sòmen-

justiça fiscal e patenteia os objetivos

Diga-se, inicialmente, que nos siste mas tributários modernos os empreendi

económico-sociais do imposto.

mentos comerciais e industriais são os

A isenção para lucros das atividades agrícolas, por exemplo, resulta cm parte do razões técnicas, pela impossibilidade do se imporem ao produtor agrícola as

mais visados pela tributação, o que, em parte, se explica pela maior facilidade de contrôle que as pessoas jurídicas ofe

te de acôrdo com a quantia global au ferida pelo contribuinte, é um impôsto "neutro", assim chamado porque visa atender a objetivos puramente fiscais.

Após a coleta, cada membro da coletivi dade terá menos, mas, em relação a seus concidadãos, conserva a mesma posição relativa.

O mesmo não acontece, porém, com o

chamado impôsto cedular, eis que suas

alíquotas nem sempre observam a nor ma que deveria presidir um tributo dessa

estaria de acôrdo com os princípios da

recem. Mas, ao passo que em outros países, altamente capitalizados, o im

formalidades, escrituração e sistema de contrôle necessários para impedir a eva

pôsto de renda tem servido para impe

são do impôsto, mas tem por principal objetivo compensar, por esse meio, os ménores lucros e os grandes riscos^ que

dir a concentração de capitais e favo

recer a melhor distribuição da riqueza, no Brasil tal não parece ser o objetivo

proporciona o empreendimento agrícola.

Entretanto, como essa tributação

dos proprietários através do congela mento dos aluguéis. Na impo.ssibilicladc dc di.stinguir entre aluguéis congelados e já reajustados, permanece baixa a tri objetivo dc favorccimento aos investi mentos cm títulos públicos.

— lucros provenientes de atividades

presa.

independe do capital investido, não se pode dizer que ela tenha o intuito de evitar a concentração dc capitais. Dc resto, nossa legislação não só não hostiliza a concentração do capitais, co

Com relação aos juros, é patente o

— juros dc títulos da dívida pública,

riação em função do lucro obtido, o

sejam auferidos com nenhum ou muito o enorme ônus já impôsto a determina

— lucros de exploração agrícola —

soas jurídicas sofre uma pequena xti-

anos — muito embora tais rendimentos

pouco trabalho, tcin por fim compensar

isentos;

41

reservas da sociedade com o impôsto progressivo devido pelos seus compo nentes, tributação essa que só tom lugar por ocasião da distribuição das reservas.

Isso não resulta, aliás, do propósito de liberado dc facilitar a concentra

ção de capitais, mas de razões

de ordem técnica, pois que re serva não distribuída é lucro que não foi obtido pelo contribuinte, pessoa física.

Nos países altamente capitalizados é e.xplicável a tendência da legislação fis cal de dificultar o mais possível o pro cesso de concentração de capitais. Ê o que sucede nos Estados Unidos, cm que os lucros não distribuídos sofrem uma

taxação de 27,5 %, quando não ultrapas sem de 100.000 dólares, e de 38,5 %

quando excedam êsse limite. "Le pre texto officiel de cette surtaxe — escreve

Laufemburger em "Finances Comparés" — est d'evitcr que Tabstention de dis-

tribuer les réserves ne permette aux actiçnnaires d'échapper aux impôts fortement prcgressifs sur le revenu des personnes physiques, impôts qui auraient été dus si les dividendes avaient été dis-

tribués. Mais en fait cot encouragement

visado.

fiscal des distribuitions est une réaction

centre Ia pratique de Tautofinancement

quantidade de trabalho aplicada à aú-

renda procura desviar recursos de capi

A tributação da concentração de capi tais, visando objetivos econômicos e so

ferição da renda.

tal- e técnica, de outros empreendimen

ciais, não existe de forma característica

mique qu'il implique".

tos, para a agricultura, através do atra

natureza: proporcionalidade inversa à Se não, vejamos a atual tributação cedular das diversas espécies de rendi mentos:

Por essa forma, o imposto sôbre a

tivo de uma isenção" do imposto cedular. A baixa tributação dos aluguéis de

em nossa legislação fiscal. É bem ver

dade que o impôsto de renda das pes-

À

des entreprises et de Ia puissance éconoNa França, a grande empresa é mais

tributada proporcionalmente do que a


Dicesto

Econômico

casa — tributação essa que não foi rea justada, como as demais, nestes xiltimos

Crítica ao Imposto de Renda brasileiro |osÉ Luiz de Almeida Nogueiha Pôrto

Nosso impôsto sobre a renda tem fi nalidades simultaneamente fiscais e

económico-sociais. Dentro da finUlida-

de da justiça fiscal, êle procura tributar os rendimentos tendo em vista dois fa

tores: o grau de facilidade com que o contribuinte o auferiu c o seu montan

te. Para alcançar êsse objetivo, o im

pôsto total é composto de duas parcelas: uma, o chamado impôsto cedular, cujas

alíquotas variam na razão inversa da di ficuldade e da quantidade de trabalho

que o contribuinte despende para obter seus ingressos; outra, o chamado impôs

to complementar progressivo, que varia na razão direta do montante do rendi

mento global. ' O impôsto complementar progressivo, sendo uniforme para tôdas as catego

rias de rendimentos, provenham êles de salário, de honorários, de juros, de alu

— salários,

— honorários de profissionais liberais o outros trabalhadores autônomos, '!%■, — aluguéis de casas, 3 %; 3%;

que demonstra um propósito de se tri

butar mais pesadamente a grande em

juros de empréstimos, 10%;

butação.

mo até facilita, deixando de tributar as

Nada justifica a disparidade das alí quotas de tributação entre os juros de

comerciais c industriais, 10 %, 12 % c

^empréstimos privados c dc em

15 %, de acôrdo com o montante.

préstimos públicos, pois, nos dois

Esta última tributação, conhecida co

casos, o rendimento é da mes

mo impôsto sôbre pessoas jurídicas c

ma natureza.

arrecadada mediante declaração em fór mula própria, é, por sua natureza, im

O único objetivo é o de des viar capitais dos investimentos

pôsto cedular, cobrado diretamente das pessoas jurídicas, tanto assim que scuis componentes só ficam sujeitos ao -cha

particulares para os públicos, valendo a diferença de tributação como um acrés

cimo de juros dêstes últimos.

mado impôsto complementar progressivo. A simples indicação das alíquotas

Resta, finalmente, examinar a situa

ção dos lucros auferidos pelas pessoas

guel ou da exploração agrícola, comer

mostra a inobservância do critério que

jurídicas.

cial ou industrial, e variando tão sòmen-

justiça fiscal e patenteia os objetivos

Diga-se, inicialmente, que nos siste mas tributários modernos os empreendi

económico-sociais do imposto.

mentos comerciais e industriais são os

A isenção para lucros das atividades agrícolas, por exemplo, resulta cm parte do razões técnicas, pela impossibilidade do se imporem ao produtor agrícola as

mais visados pela tributação, o que, em parte, se explica pela maior facilidade de contrôle que as pessoas jurídicas ofe

te de acôrdo com a quantia global au ferida pelo contribuinte, é um impôsto "neutro", assim chamado porque visa atender a objetivos puramente fiscais.

Após a coleta, cada membro da coletivi dade terá menos, mas, em relação a seus concidadãos, conserva a mesma posição relativa.

O mesmo não acontece, porém, com o

chamado impôsto cedular, eis que suas

alíquotas nem sempre observam a nor ma que deveria presidir um tributo dessa

estaria de acôrdo com os princípios da

recem. Mas, ao passo que em outros países, altamente capitalizados, o im

formalidades, escrituração e sistema de contrôle necessários para impedir a eva

pôsto de renda tem servido para impe

são do impôsto, mas tem por principal objetivo compensar, por esse meio, os ménores lucros e os grandes riscos^ que

dir a concentração de capitais e favo

recer a melhor distribuição da riqueza, no Brasil tal não parece ser o objetivo

proporciona o empreendimento agrícola.

Entretanto, como essa tributação

dos proprietários através do congela mento dos aluguéis. Na impo.ssibilicladc dc di.stinguir entre aluguéis congelados e já reajustados, permanece baixa a tri objetivo dc favorccimento aos investi mentos cm títulos públicos.

— lucros provenientes de atividades

presa.

independe do capital investido, não se pode dizer que ela tenha o intuito de evitar a concentração dc capitais. Dc resto, nossa legislação não só não hostiliza a concentração do capitais, co

Com relação aos juros, é patente o

— juros dc títulos da dívida pública,

riação em função do lucro obtido, o

sejam auferidos com nenhum ou muito o enorme ônus já impôsto a determina

— lucros de exploração agrícola —

soas jurídicas sofre uma pequena xti-

anos — muito embora tais rendimentos

pouco trabalho, tcin por fim compensar

isentos;

41

reservas da sociedade com o impôsto progressivo devido pelos seus compo nentes, tributação essa que só tom lugar por ocasião da distribuição das reservas.

Isso não resulta, aliás, do propósito de liberado dc facilitar a concentra

ção de capitais, mas de razões

de ordem técnica, pois que re serva não distribuída é lucro que não foi obtido pelo contribuinte, pessoa física.

Nos países altamente capitalizados é e.xplicável a tendência da legislação fis cal de dificultar o mais possível o pro cesso de concentração de capitais. Ê o que sucede nos Estados Unidos, cm que os lucros não distribuídos sofrem uma

taxação de 27,5 %, quando não ultrapas sem de 100.000 dólares, e de 38,5 %

quando excedam êsse limite. "Le pre texto officiel de cette surtaxe — escreve

Laufemburger em "Finances Comparés" — est d'evitcr que Tabstention de dis-

tribuer les réserves ne permette aux actiçnnaires d'échapper aux impôts fortement prcgressifs sur le revenu des personnes physiques, impôts qui auraient été dus si les dividendes avaient été dis-

tribués. Mais en fait cot encouragement

visado.

fiscal des distribuitions est une réaction

centre Ia pratique de Tautofinancement

quantidade de trabalho aplicada à aú-

renda procura desviar recursos de capi

A tributação da concentração de capi tais, visando objetivos econômicos e so

ferição da renda.

tal- e técnica, de outros empreendimen

ciais, não existe de forma característica

mique qu'il implique".

tos, para a agricultura, através do atra

natureza: proporcionalidade inversa à Se não, vejamos a atual tributação cedular das diversas espécies de rendi mentos:

Por essa forma, o imposto sôbre a

tivo de uma isenção" do imposto cedular. A baixa tributação dos aluguéis de

em nossa legislação fiscal. É bem ver

dade que o impôsto de renda das pes-

À

des entreprises et de Ia puissance éconoNa França, a grande empresa é mais

tributada proporcionalmente do que a


-JP^rr^

Dicestü Econômico

42

Dicesto Econòauco

pequena, e a fusão de empresas é forte

legislação fiscal é apontada como um

mente tributada com um imposto de 16% sôbre o aumento do capital. Além

dos fatôres responsáveis por essa situa ção. Não devemos chegar ao exagêro

disso, os grandes magazines sofrem uma tributação progressiva sôbre o volume

elemento decisivo na formação interna

de afirmar que a tributação constitua

dências socialistas são hostis à concen

de capitais, de vez que o bai.\o índice da renda nacional "per capita" impede uma expansão dêsse fator da produção

tração de capitais e lançam mão do re

na proporção desejada.

dos negócios.

Como regra geral, os governos de ten

gime fiscal para dificultá-la o mais possível. Já as nações, comó os economis

tas, de tendências capitalistas, seguem

rumo oposto e ou são indiferentes ou mesmo francamente favoráveis á con

centração e à formação de capitais. Mac CuUoch ("Principies of Politícal Eco-

nomy"). por exemplo, aconselhava que se tributassem fortemente as despesas de consumo, isentando-sê de impostos a parte poupada do rendimento. Essas duas tendências revelam con

cepções diferentes da ordem social e

esta não é a ocasião própria para discutilas. Uma coisa, porém, é certa: o ca

pital é um fator de produção, pertença ele aos cidadãos ou à coletividade repre sentada pelo Estado. A condição preli minar, portanto, é a de que ele exista e para isso é preciso que seja acumulado. Nessa ordem de idéias, no Brasil, a legis lação deveria ser nitidamente favorável à formação e à concentração de capi

tais, pois, de todos os fatôres da produ ção, esse é o mais escasso entre nós.

Ao passo que os Estados Unidos têm interesse em evitar a poupança indivi

dual, para poder dar escoamento, através do consumo interno, à sua colossal pro dução, o Brasil tem interesse na poupan

ça, para que as emprêsas disponham de' maior capital e, consequentemente, de melhores condições de produtividade

e para que o crédito se tome mais fácil e o juro menos elevado do que atualmente. É conhecida a extrema carência de

capitais de que padece o Brasil e nossa

setores da economia que necessitam de

renda,,condizente com nossa necessida de de incentivar a formação de K:apitais,

pode favorecer a consecução dêsse obje tivo.

Assim, preliminarmente, deve ser ate

nuado o encargo fiscal que pesa sôbre os empreendimentos comerciais e indus triais, a fim de se favorecer os investi mentos nesses setores da economia, rea-

justando-se as demais alíquotas da tri butação cedular dentro do critério da justiça fiscal, isto é, tributação tanto mais alta quanto menos trabalho e risco

exigir do contribuinte a obtenção do rendimento.

Restabelecido, assim, o equilíbrio en tre as diversas taxas, e tornado, por con

seguinte, "neutro" o impôsto, restaria no plano da ação económico-social estabe lecer-se um sistema de adicionais e de

duções nas diversas cédulas, de acòrdo

com as necessidades periódicas de incen tivar ou restringir determinadas ativida des, em função do interesse da econo mia nacional. Como um dos maiores interêsses eco

nômicos do País está na formação de

capitais e sua aplicação nos setores de atividade em que eles se mostram mais escassos, deveria ser elaborado um .pla no de deduções e isenções sôbre as par

celas de renda poupadas e investidas em bens de capital, o que contribuiria para incentivar a poupança e a inversão cm

maior desenvolvimento.

Êsse sistema de intervenção, contudo, será um bem ou um mal? A resposta

Assim, dentro dêsse plano, tòdas as quantias despendidas pelas emprêsas

depende, evidentemente, da atitude de cada um em face da ação do Estado no

com sua ampliação e aperfeiçoamento

plano econômico e social: para os inter-

técnico

gozariam de um tratamento

i

vencicnístas, será um bem; para os anti-

tanto mais favorecido quanto maior fôsse

intervencionistas, um mal.

o interesse nacional na atividade econô

Fazendo-se, porém, abstração dessa preliminar, resta indagar se, como sim

mica por elas explorada. As parcelas do rendimento individual

Mas, indiscutivelmente, uma legísla-

-ção fiscal, e notadamente do imposto de

43

aplicadas nas atividades produtoras tam

ples veículo de intervenção, o impôsto é ou não adequado.

bém gozariam de deduções do impôsto

Alguns autores, mesmo modernos —

ou mesmo de isenção, conforme fôsse o

além dos clássicos, como é natural —

setor para o qual se encaminhassem.

sustentam que o impôsto é uma fraca e

"For um sistema de tributação elabo

rado dentro dêsse plano, cujas linhas mestras foram aqui apenas esboçadas,

perigosa arma de inter\'eiição do Es

tado. Laufenburger, por exemplo, que

haveria possibilidade de se incentivar as

é o autor que melhor estuda êsse as pecto da tributação, sustenta, em seu

poupanças e de encaminhá-las para os

"Précis d'Êconomie et de Législation Fi-

ramos da economia nacional mais ne

cessitados de capitais, ainda com o pro

nancière^", que, na prática, a interven ção por meio do impôsto não tem dado

veito paralelo de se favorecer o comba

resultados satisfatórios.

E aconselha:

te à inflação, não só pelo aumento da produção que as novas inversões acarre

lorsque 1 Êtat veut accomplir des réformes, qu il le fasse directement par des

tariam, como pela imobilização, em apli cações reprodutivas, de considerável par

jour. L'impôt, qui est conçu pour pro-

cela de poder de compra que ora se en contra diluída na população, contribuin do para a elevação do custo da vida. Em lugar, porém, de favorecer a ca pitalização, o regime atual não observa o princípio da neutralidade fiscal e tam pouco o de conveniência econômica do

País. Não existe, por conseguinte, jus tificativa alguma para a disparidade de tratamento tributário entre as atividades da indústria e do comércio e as demais atividades.

É opinião geralmente aceita que o impôsto pode servir de veículo da. in tervenção do Estado em tòda a ordem

econômica e social. Pode, mesmo, se prestar a uma completa subvenção da ordem social, valendo por uma revolu ção. /

mesures appropriées et etalées au grand curer au Tresor des ressources financiè-

res, ne peut pas avoir Ia pretention de transformer Ia societé et de modifier Ia

structure économique du pays". Realmente, a experiência tem demons

trado, em muitos casos, que o fim pre tendido pelo impôsto de natureza polí tica não é alcançado e Laufenburger se alonga enumerando casos de insuces sos de uma política econômica e social

baseada no impôsto. Em outra obra sua, porem, "Finanças Comparées", aponta muitos resultados práticos de im postos lançados com objetivos políticos. Na verdade, não se pode pretender nem que o impôsto seja uma panacéia para todos os males sociais e econômi cos, nem que seja inteiramente inócuo

ou contraproducente, como pretende Laufenburger. Por certo, ninguém no


-JP^rr^

Dicestü Econômico

42

Dicesto Econòauco

pequena, e a fusão de empresas é forte

legislação fiscal é apontada como um

mente tributada com um imposto de 16% sôbre o aumento do capital. Além

dos fatôres responsáveis por essa situa ção. Não devemos chegar ao exagêro

disso, os grandes magazines sofrem uma tributação progressiva sôbre o volume

elemento decisivo na formação interna

de afirmar que a tributação constitua

dências socialistas são hostis à concen

de capitais, de vez que o bai.\o índice da renda nacional "per capita" impede uma expansão dêsse fator da produção

tração de capitais e lançam mão do re

na proporção desejada.

dos negócios.

Como regra geral, os governos de ten

gime fiscal para dificultá-la o mais possível. Já as nações, comó os economis

tas, de tendências capitalistas, seguem

rumo oposto e ou são indiferentes ou mesmo francamente favoráveis á con

centração e à formação de capitais. Mac CuUoch ("Principies of Politícal Eco-

nomy"). por exemplo, aconselhava que se tributassem fortemente as despesas de consumo, isentando-sê de impostos a parte poupada do rendimento. Essas duas tendências revelam con

cepções diferentes da ordem social e

esta não é a ocasião própria para discutilas. Uma coisa, porém, é certa: o ca

pital é um fator de produção, pertença ele aos cidadãos ou à coletividade repre sentada pelo Estado. A condição preli minar, portanto, é a de que ele exista e para isso é preciso que seja acumulado. Nessa ordem de idéias, no Brasil, a legis lação deveria ser nitidamente favorável à formação e à concentração de capi

tais, pois, de todos os fatôres da produ ção, esse é o mais escasso entre nós.

Ao passo que os Estados Unidos têm interesse em evitar a poupança indivi

dual, para poder dar escoamento, através do consumo interno, à sua colossal pro dução, o Brasil tem interesse na poupan

ça, para que as emprêsas disponham de' maior capital e, consequentemente, de melhores condições de produtividade

e para que o crédito se tome mais fácil e o juro menos elevado do que atualmente. É conhecida a extrema carência de

capitais de que padece o Brasil e nossa

setores da economia que necessitam de

renda,,condizente com nossa necessida de de incentivar a formação de K:apitais,

pode favorecer a consecução dêsse obje tivo.

Assim, preliminarmente, deve ser ate

nuado o encargo fiscal que pesa sôbre os empreendimentos comerciais e indus triais, a fim de se favorecer os investi mentos nesses setores da economia, rea-

justando-se as demais alíquotas da tri butação cedular dentro do critério da justiça fiscal, isto é, tributação tanto mais alta quanto menos trabalho e risco

exigir do contribuinte a obtenção do rendimento.

Restabelecido, assim, o equilíbrio en tre as diversas taxas, e tornado, por con

seguinte, "neutro" o impôsto, restaria no plano da ação económico-social estabe lecer-se um sistema de adicionais e de

duções nas diversas cédulas, de acòrdo

com as necessidades periódicas de incen tivar ou restringir determinadas ativida des, em função do interesse da econo mia nacional. Como um dos maiores interêsses eco

nômicos do País está na formação de

capitais e sua aplicação nos setores de atividade em que eles se mostram mais escassos, deveria ser elaborado um .pla no de deduções e isenções sôbre as par

celas de renda poupadas e investidas em bens de capital, o que contribuiria para incentivar a poupança e a inversão cm

maior desenvolvimento.

Êsse sistema de intervenção, contudo, será um bem ou um mal? A resposta

Assim, dentro dêsse plano, tòdas as quantias despendidas pelas emprêsas

depende, evidentemente, da atitude de cada um em face da ação do Estado no

com sua ampliação e aperfeiçoamento

plano econômico e social: para os inter-

técnico

gozariam de um tratamento

i

vencicnístas, será um bem; para os anti-

tanto mais favorecido quanto maior fôsse

intervencionistas, um mal.

o interesse nacional na atividade econô

Fazendo-se, porém, abstração dessa preliminar, resta indagar se, como sim

mica por elas explorada. As parcelas do rendimento individual

Mas, indiscutivelmente, uma legísla-

-ção fiscal, e notadamente do imposto de

43

aplicadas nas atividades produtoras tam

ples veículo de intervenção, o impôsto é ou não adequado.

bém gozariam de deduções do impôsto

Alguns autores, mesmo modernos —

ou mesmo de isenção, conforme fôsse o

além dos clássicos, como é natural —

setor para o qual se encaminhassem.

sustentam que o impôsto é uma fraca e

"For um sistema de tributação elabo

rado dentro dêsse plano, cujas linhas mestras foram aqui apenas esboçadas,

perigosa arma de inter\'eiição do Es

tado. Laufenburger, por exemplo, que

haveria possibilidade de se incentivar as

é o autor que melhor estuda êsse as pecto da tributação, sustenta, em seu

poupanças e de encaminhá-las para os

"Précis d'Êconomie et de Législation Fi-

ramos da economia nacional mais ne

cessitados de capitais, ainda com o pro

nancière^", que, na prática, a interven ção por meio do impôsto não tem dado

veito paralelo de se favorecer o comba

resultados satisfatórios.

E aconselha:

te à inflação, não só pelo aumento da produção que as novas inversões acarre

lorsque 1 Êtat veut accomplir des réformes, qu il le fasse directement par des

tariam, como pela imobilização, em apli cações reprodutivas, de considerável par

jour. L'impôt, qui est conçu pour pro-

cela de poder de compra que ora se en contra diluída na população, contribuin do para a elevação do custo da vida. Em lugar, porém, de favorecer a ca pitalização, o regime atual não observa o princípio da neutralidade fiscal e tam pouco o de conveniência econômica do

País. Não existe, por conseguinte, jus tificativa alguma para a disparidade de tratamento tributário entre as atividades da indústria e do comércio e as demais atividades.

É opinião geralmente aceita que o impôsto pode servir de veículo da. in tervenção do Estado em tòda a ordem

econômica e social. Pode, mesmo, se prestar a uma completa subvenção da ordem social, valendo por uma revolu ção. /

mesures appropriées et etalées au grand curer au Tresor des ressources financiè-

res, ne peut pas avoir Ia pretention de transformer Ia societé et de modifier Ia

structure économique du pays". Realmente, a experiência tem demons

trado, em muitos casos, que o fim pre tendido pelo impôsto de natureza polí tica não é alcançado e Laufenburger se alonga enumerando casos de insuces sos de uma política econômica e social

baseada no impôsto. Em outra obra sua, porem, "Finanças Comparées", aponta muitos resultados práticos de im postos lançados com objetivos políticos. Na verdade, não se pode pretender nem que o impôsto seja uma panacéia para todos os males sociais e econômi cos, nem que seja inteiramente inócuo

ou contraproducente, como pretende Laufenburger. Por certo, ninguém no


7?^ 44

Brasil contrai matrimônio ou prolifera

com o propósito de evitar os adicionais sôbre o imposto de renda, mas, também,

Digesto Econômico

sível, distinguír-se do imposto puramen

no País se os direitos aduaneiros não a

te fiscal, não só para que a queda na

amparassem contra a concorrência es

arrecadação de um não afete a produti

trangeira.

vidade do outro, como paru que se tcnba

O certo é que as conseqüências práti cas dependem do modo, da ocasião e

uma visão nítida dos objetivos preten

didos c se possa dosar a tributação do acordo com a importância c a urgência

não produz o resultado almejado. Por

desses objetivos. Com essas cautelas, pode o impòsto, vantajosamente, ser empregado como ar ma de intervenção do Estado na ordem

isso, deve o imposto de natureai política

econômica e social. E um dos que me

ser objeto de atento estudo, sob todos

lhor Se prestam a esse fim é o de renda.

sado pode provocar perturbações sérias na ordem econômica e um muito suave

ferroviário

Roberto Pinto de Soi^a

cado. Deve, também, tanto quanto pos

por certo, muita indústria não existiria

das condições em que é aplicado o im posto. Um tributo "excessivamente pe

Fundo

os seus prismas, analisadas todas as suas possíveis repercussões, antes de ser apli

As estradas de ícrro brasileiras atra

da dos passageiros; a qualidade das

vessam o .período mais crítico (Ia sua história, que ameaça atin

técnico e de sinalização incompleto e

gi-las sèriamcntc e, através delas,

anacrônico; oficinas mal equipadas,

cargas transportadas, aparelhamento .

a economia nacional. A razão da pre

não permitindo reparos eficientes dos

sente crise deve ser procurada, em

dcsarranjos e desgastes do material

primeiro lugar, na péssima posição fi

ferroviário.

nanceira e técnica das ferrovias na

Não é exagero dizer-se que a maio

cionais c, cm segundo, na concorrên cia que lhes move o transporte rodo viário, cujo vulto se avoluma dia a

ria das vias férreas do Brasil não so

dia, estimulado pelas melhores condi ções das novas rodovias e pelo pro gresso técnico dos caminhões.

locomotivas, os vagões, as linlias, são

É nosso intuito apontar neste arti

Central do Brasil, por exemplo, nos

freu nenhuma alteração desde o dia cm que iniciou as stias atividades. As

os mesmos. Um rápido olhar nos veí culos e nos trilhos e dormentes da

go as condições precárias em que se

certifica da sua idade vetusta. São do

cncoritram as vias férreas nacionais e o desacerto da política governamental

outro século, ou do comêço deste, por'

no setor dos transportes, incentivando a construção de novas estradas de ro

certo. Os contínuos descarrilamen tos, desastres, atrases dos trens e o

dcsconfôrto dos carros de passagei

dagem e abandonando as ferrovias à

ros, por seu turno, comprovam o des

sua triste sorte. Analisados esses dois

mantelo das estradas de ferro do País.

aspec^tos, procuraremos indicar uma possível solução para a atual crise

mento

das estradas de ferro. Situação econômica e técnica

Êsse quadro sombrio do aparelha técnico

das

vias férreas é

acompanhado do triste panorama das condições econômicas. Nem era de se esperar melhor situação financeira

em face de equipamentos obsoletos.

O pj;imciro ponto a chamar a aten

ção do observador que viaja pelas es tradas de ferro brasileiras é a má

condição técnica das ferrovias em to dos os seus aspectos: o péssimo esta

tradas de Ferro, mostram que, em 1949, de quarenta e nove empresas

do do leito das estradas e dos trilhos,

ferroviárias, espalhadas por todo o

-além do traçado mal feito e 6Ó parcialrnente retificado; a superestrutura antiquada e gasta e, portanto, em la mentável estado; material rodaiite

vc

As cifras da "Estatística das Es

tradas de Ferro do Brasil", editada pelo Departamento Nacional de Es

território nacional, apenas seis apre sentaram saldo no balanço do exercí

cio passado. É útil esclarecer que, das quarenta e nove vias férreas, apenas

obsoleto, apresentando uma ou oútra renovação, o que o torna anti-econó-

catorze são de administração parti

mico e até mesmo perigoso para a vi

tados ou ao Governo Federal.

cular ; as restantes pertencem aos Es


7?^ 44

Brasil contrai matrimônio ou prolifera

com o propósito de evitar os adicionais sôbre o imposto de renda, mas, também,

Digesto Econômico

sível, distinguír-se do imposto puramen

no País se os direitos aduaneiros não a

te fiscal, não só para que a queda na

amparassem contra a concorrência es

arrecadação de um não afete a produti

trangeira.

vidade do outro, como paru que se tcnba

O certo é que as conseqüências práti cas dependem do modo, da ocasião e

uma visão nítida dos objetivos preten

didos c se possa dosar a tributação do acordo com a importância c a urgência

não produz o resultado almejado. Por

desses objetivos. Com essas cautelas, pode o impòsto, vantajosamente, ser empregado como ar ma de intervenção do Estado na ordem

isso, deve o imposto de natureai política

econômica e social. E um dos que me

ser objeto de atento estudo, sob todos

lhor Se prestam a esse fim é o de renda.

sado pode provocar perturbações sérias na ordem econômica e um muito suave

ferroviário

Roberto Pinto de Soi^a

cado. Deve, também, tanto quanto pos

por certo, muita indústria não existiria

das condições em que é aplicado o im posto. Um tributo "excessivamente pe

Fundo

os seus prismas, analisadas todas as suas possíveis repercussões, antes de ser apli

As estradas de ícrro brasileiras atra

da dos passageiros; a qualidade das

vessam o .período mais crítico (Ia sua história, que ameaça atin

técnico e de sinalização incompleto e

gi-las sèriamcntc e, através delas,

anacrônico; oficinas mal equipadas,

cargas transportadas, aparelhamento .

a economia nacional. A razão da pre

não permitindo reparos eficientes dos

sente crise deve ser procurada, em

dcsarranjos e desgastes do material

primeiro lugar, na péssima posição fi

ferroviário.

nanceira e técnica das ferrovias na

Não é exagero dizer-se que a maio

cionais c, cm segundo, na concorrên cia que lhes move o transporte rodo viário, cujo vulto se avoluma dia a

ria das vias férreas do Brasil não so

dia, estimulado pelas melhores condi ções das novas rodovias e pelo pro gresso técnico dos caminhões.

locomotivas, os vagões, as linlias, são

É nosso intuito apontar neste arti

Central do Brasil, por exemplo, nos

freu nenhuma alteração desde o dia cm que iniciou as stias atividades. As

os mesmos. Um rápido olhar nos veí culos e nos trilhos e dormentes da

go as condições precárias em que se

certifica da sua idade vetusta. São do

cncoritram as vias férreas nacionais e o desacerto da política governamental

outro século, ou do comêço deste, por'

no setor dos transportes, incentivando a construção de novas estradas de ro

certo. Os contínuos descarrilamen tos, desastres, atrases dos trens e o

dcsconfôrto dos carros de passagei

dagem e abandonando as ferrovias à

ros, por seu turno, comprovam o des

sua triste sorte. Analisados esses dois

mantelo das estradas de ferro do País.

aspec^tos, procuraremos indicar uma possível solução para a atual crise

mento

das estradas de ferro. Situação econômica e técnica

Êsse quadro sombrio do aparelha técnico

das

vias férreas é

acompanhado do triste panorama das condições econômicas. Nem era de se esperar melhor situação financeira

em face de equipamentos obsoletos.

O pj;imciro ponto a chamar a aten

ção do observador que viaja pelas es tradas de ferro brasileiras é a má

condição técnica das ferrovias em to dos os seus aspectos: o péssimo esta

tradas de Ferro, mostram que, em 1949, de quarenta e nove empresas

do do leito das estradas e dos trilhos,

ferroviárias, espalhadas por todo o

-além do traçado mal feito e 6Ó parcialrnente retificado; a superestrutura antiquada e gasta e, portanto, em la mentável estado; material rodaiite

vc

As cifras da "Estatística das Es

tradas de Ferro do Brasil", editada pelo Departamento Nacional de Es

território nacional, apenas seis apre sentaram saldo no balanço do exercí

cio passado. É útil esclarecer que, das quarenta e nove vias férreas, apenas

obsoleto, apresentando uma ou oútra renovação, o que o torna anti-econó-

catorze são de administração parti

mico e até mesmo perigoso para a vi

tados ou ao Governo Federal.

cular ; as restantes pertencem aos Es


■7..V

* Dicesto Econômico í

46

Diojísto

Econômico

47

salde, não lograram distribuir .divi

registrou sempre saldos negativos. Es ses, porém, vêm crescendo aceniuada-

dendos. A única a distribuir juros aos

mente nos últimos anos. Em 1947, o

das vias férreas, o que mais agrava a

acionistas (8%), foi a Cia. Paulista de

déficit montava a 200 milhões de cru

posição já por si difícil das emprêsas

mento, porém, correspondeu a eleva ção do percurso médio, pois êste pas.sou de 199 quilômetros, em 1945, para 226, em 1949. Ora, sabemos que à me dida que se estende a média do per

Estradas de Ferro. A Cia. Mojiana de Estradas de Ferro e a Estrada de Ferro Santos a Jundiaí obtiveram su-

zeiros; em 1948 foi além dos 3ÜÜ mi lhões e, em 1949, ultrapassou 446 mi-

ferroviárias.

curso, menor rendimento proporciona

lliões.

<iue os caminhões vêm fazendo às es

a estrada de ferro, uma vez que as tarifas são diferenciais, isto é, o frete

Apesar da situação técnica e econô mica precária, as vias férreas vêm prestando relevante serviço ao País.

tradas

é mais barato para os longos ^percur-

trechos de uma reportagem publicada

Basta dizer que transportaram no ul

a situação das vias férreas brasileiras :

Cinco, das seis empresas que encer raram as contas do ano passado com

peravits relativamente pequenos, em comparação com os registrados em anos anteriores a 1946. É verdade que de 1940 a 1945 as estradas de ferro eram os únicos meios de transporte e nos anos anteriores a 1940 o transpor te rodoviário exercia pequena função, em cotejo com a de hoje. É interessante assinalar que a Es trada de Ferro Santos a Jundiaí, a

ro Central do Brasil.

timo

ano

Essa empresa

331.509.000

passageiros,

tornando-se um concorrente seríssimo

Para se aquilatar da concorrência dc

ferro,

vamos

transcrever

por um matutino de São Paulo sobre "Admitindo que do total de 110

1.216.957 toneladas de bagagens e en

mil toneladas por dia útil 50% se

comendas, 4.265.491 animais e 32.242.602

jam

"toneladas de mercadorias diversas, es

de

tráfego

remunerado —

tas últimas com um percurso médio

tráfego pretendido pelos cami nhões — observa-se que se não

de 226 quilômetros. .As cifras indicam,

tiverem as estradas de ferro a ne

que transporta

portanto, mé

o maior volu

dia

me

de

de

do traçado das e.stradas de rodagem, o tráfego de caminhões se acentuou,

carga

dc

cerca

110.000 to

cessária defesa e apoio por parte do Governo e dos que delas se utilizam, estarão ameaçadas de

para o pôrto

neladas

de Santos, re gistrou, em

dia

1949, um sal do positivo de

que, se as con

dições econô

do-.';e façam o mesmo percurso de

12 milhões de

micas

cruzeiros,

outras, bem di

226 quilômetros das mercadorias

perávit,

em

útil.

É

quando o su

1945,. atingira

39 mi

pôr

inegável

fossem

versos seriam os efeitos econômicos sobre a produ ção nacional. Sabemos das delongas

perder metade do seu tráfego, ou 55.000 toneladas diárias, para cujo

transporte são precisos apenas de 25.000 a 30.000 caminhões, supon-

que viajarem sobre trilhos.

Ora,

como no Brasil já trafegam cêrca

ríodo, apresentou um saldo positivo

nos transportes ferroviários, e, não

de quase 9 milhões de cruzeiros, ao

raro, da impossibilidade de carrear o

passo que, em 1945, dera um resulta

de 200.000 caminhões, somente com o acréscimo de 12,5% a 15% no número desses veículos ter-seá o. necessário para mais um

excesso da produção desta ou daquela região, impedindo o desenvolvimento

avanço no tráfego remunerador (portanto, não deficitário) ainda

lhões.. A Cia. Mojiana, em igual pe

do de 14 milhões.

Aliás, essa tendência de queda nas receitas a partir dc 1945 é geral pa ra as vias férreas. Todas reunidas

apresentaram um superávit de 283

milhões de cruzeiros em 1944 e 106 milhões em 1945; déficit de 240 mi

lhões, em 1946; .de 519 milhões em 1947, de 776 milhões em 1948, de 1.141

milhões em 1949.

^

Outro aspecto característico e o au

mento dos déíicits da Estrada de Fer

das mesmas.

detido pelas ferrovias. Em conse

qüência, aumentaria notavelmen R" odovia versus ferrovia

O transporte rodoviário, acoberta

do pelas deficiências das ferrovias, pôde ampliar-se livremente. O seu vul to se avoluma dia a dia, ameaçando sèriamente as estradas de ferro. Nes

tes últimos anos, dado o enorme de senvolvimento e melhoria do leito e

sos que para os pequenos. Isso signi fica que os caminhões estão desvian

do o transporte, a pouca distância, das ferrovias para as rodovias.

Há ainda outra consideração a fa zer sobre os dados estatísticos apon

tados acima. É que, se aumenta o per, curso médio, reduz-se o volume das"

mercadorias, cujo valor específico-per mite o pagamento de altos fretes. Òs números revelam que predominam nas estradas de ferro os produtos de fre

tes reduzidos, diminuindo, evidente mente.

as

receitas

provenientes

do

transporte remunerado.

Não desconhecemos a importante . função que as estradas de rodagem desempenham no sistema de trans porte e o auxílio fundamental que prestam ao desenvolvimento, entre

nós, das chamadas zonas pioneiras, onde as ferrovias ainda não estende ram as suas paralelas de aço; mas não

ignoramos que é preciso levar em conta a estrutura econômica do país

em questão. Sob êsse aspecto, há dqis pòntos importantes que precisamos tomar em consideração; 1) a nature

las estradas de rodagem. As estatísti

za da produção nacional, que condi ciona a qualidade e o valor específico dos produtos a serem transportados; 2) o grau de desenvolvimento da in dústria automobilística do país.

cas revelam que houve aumento de toneladas-quilômetro nas vias férreas,

Quanto ao primeiro, o Brasil apre senta uma produção que não se idap-

passando de 6.566.905.815, em 1945, pa ra 7.299.779.355, em 1949. A êsse aq-

ta às condições do transporte rodo

te o déficit."

Outros fatos colaboram na indica

ção da forte concorrência movida pe

viário. Somos um país de produção


■7..V

* Dicesto Econômico í

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Diojísto

Econômico

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salde, não lograram distribuir .divi

registrou sempre saldos negativos. Es ses, porém, vêm crescendo aceniuada-

dendos. A única a distribuir juros aos

mente nos últimos anos. Em 1947, o

das vias férreas, o que mais agrava a

acionistas (8%), foi a Cia. Paulista de

déficit montava a 200 milhões de cru

posição já por si difícil das emprêsas

mento, porém, correspondeu a eleva ção do percurso médio, pois êste pas.sou de 199 quilômetros, em 1945, para 226, em 1949. Ora, sabemos que à me dida que se estende a média do per

Estradas de Ferro. A Cia. Mojiana de Estradas de Ferro e a Estrada de Ferro Santos a Jundiaí obtiveram su-

zeiros; em 1948 foi além dos 3ÜÜ mi lhões e, em 1949, ultrapassou 446 mi-

ferroviárias.

curso, menor rendimento proporciona

lliões.

<iue os caminhões vêm fazendo às es

a estrada de ferro, uma vez que as tarifas são diferenciais, isto é, o frete

Apesar da situação técnica e econô mica precária, as vias férreas vêm prestando relevante serviço ao País.

tradas

é mais barato para os longos ^percur-

trechos de uma reportagem publicada

Basta dizer que transportaram no ul

a situação das vias férreas brasileiras :

Cinco, das seis empresas que encer raram as contas do ano passado com

peravits relativamente pequenos, em comparação com os registrados em anos anteriores a 1946. É verdade que de 1940 a 1945 as estradas de ferro eram os únicos meios de transporte e nos anos anteriores a 1940 o transpor te rodoviário exercia pequena função, em cotejo com a de hoje. É interessante assinalar que a Es trada de Ferro Santos a Jundiaí, a

ro Central do Brasil.

timo

ano

Essa empresa

331.509.000

passageiros,

tornando-se um concorrente seríssimo

Para se aquilatar da concorrência dc

ferro,

vamos

transcrever

por um matutino de São Paulo sobre "Admitindo que do total de 110

1.216.957 toneladas de bagagens e en

mil toneladas por dia útil 50% se

comendas, 4.265.491 animais e 32.242.602

jam

"toneladas de mercadorias diversas, es

de

tráfego

remunerado —

tas últimas com um percurso médio

tráfego pretendido pelos cami nhões — observa-se que se não

de 226 quilômetros. .As cifras indicam,

tiverem as estradas de ferro a ne

que transporta

portanto, mé

o maior volu

dia

me

de

de

do traçado das e.stradas de rodagem, o tráfego de caminhões se acentuou,

carga

dc

cerca

110.000 to

cessária defesa e apoio por parte do Governo e dos que delas se utilizam, estarão ameaçadas de

para o pôrto

neladas

de Santos, re gistrou, em

dia

1949, um sal do positivo de

que, se as con

dições econô

do-.';e façam o mesmo percurso de

12 milhões de

micas

cruzeiros,

outras, bem di

226 quilômetros das mercadorias

perávit,

em

útil.

É

quando o su

1945,. atingira

39 mi

pôr

inegável

fossem

versos seriam os efeitos econômicos sobre a produ ção nacional. Sabemos das delongas

perder metade do seu tráfego, ou 55.000 toneladas diárias, para cujo

transporte são precisos apenas de 25.000 a 30.000 caminhões, supon-

que viajarem sobre trilhos.

Ora,

como no Brasil já trafegam cêrca

ríodo, apresentou um saldo positivo

nos transportes ferroviários, e, não

de quase 9 milhões de cruzeiros, ao

raro, da impossibilidade de carrear o

passo que, em 1945, dera um resulta

de 200.000 caminhões, somente com o acréscimo de 12,5% a 15% no número desses veículos ter-seá o. necessário para mais um

excesso da produção desta ou daquela região, impedindo o desenvolvimento

avanço no tráfego remunerador (portanto, não deficitário) ainda

lhões.. A Cia. Mojiana, em igual pe

do de 14 milhões.

Aliás, essa tendência de queda nas receitas a partir dc 1945 é geral pa ra as vias férreas. Todas reunidas

apresentaram um superávit de 283

milhões de cruzeiros em 1944 e 106 milhões em 1945; déficit de 240 mi

lhões, em 1946; .de 519 milhões em 1947, de 776 milhões em 1948, de 1.141

milhões em 1949.

^

Outro aspecto característico e o au

mento dos déíicits da Estrada de Fer

das mesmas.

detido pelas ferrovias. Em conse

qüência, aumentaria notavelmen R" odovia versus ferrovia

O transporte rodoviário, acoberta

do pelas deficiências das ferrovias, pôde ampliar-se livremente. O seu vul to se avoluma dia a dia, ameaçando sèriamente as estradas de ferro. Nes

tes últimos anos, dado o enorme de senvolvimento e melhoria do leito e

sos que para os pequenos. Isso signi fica que os caminhões estão desvian

do o transporte, a pouca distância, das ferrovias para as rodovias.

Há ainda outra consideração a fa zer sobre os dados estatísticos apon

tados acima. É que, se aumenta o per, curso médio, reduz-se o volume das"

mercadorias, cujo valor específico-per mite o pagamento de altos fretes. Òs números revelam que predominam nas estradas de ferro os produtos de fre

tes reduzidos, diminuindo, evidente mente.

as

receitas

provenientes

do

transporte remunerado.

Não desconhecemos a importante . função que as estradas de rodagem desempenham no sistema de trans porte e o auxílio fundamental que prestam ao desenvolvimento, entre

nós, das chamadas zonas pioneiras, onde as ferrovias ainda não estende ram as suas paralelas de aço; mas não

ignoramos que é preciso levar em conta a estrutura econômica do país

em questão. Sob êsse aspecto, há dqis pòntos importantes que precisamos tomar em consideração; 1) a nature

las estradas de rodagem. As estatísti

za da produção nacional, que condi ciona a qualidade e o valor específico dos produtos a serem transportados; 2) o grau de desenvolvimento da in dústria automobilística do país.

cas revelam que houve aumento de toneladas-quilômetro nas vias férreas,

Quanto ao primeiro, o Brasil apre senta uma produção que não se idap-

passando de 6.566.905.815, em 1945, pa ra 7.299.779.355, em 1949. A êsse aq-

ta às condições do transporte rodo

te o déficit."

Outros fatos colaboram na indica

ção da forte concorrência movida pe

viário. Somos um país de produção


D1C12ST0

48

agrícola e extrativa. A nossa indústria não conseguiu ainda atingir o vigor da dos países altamente industrializa dos. Está num começo promctedor, sem constituir o traço marcante das

atividades produtoras internas. Sendo assim, o grosso das mercadorias a se rem transportadas é de baixo valor

Dioksto Econômico

Econoaíico

Scni a base industrial não é possí vel criar-.se uni sistema de transpor te rodoviário eficiente c barato, pois terá (inc depender da importação de caminhões c acessórios, o que forço

baixo valor, não oferecendo iretc.s remuneradores.

Nas condições aluais <la produção

brasileira, só as vias férreas podem oferecer o gênero de transporte adequa<lo, visto serem as únicas a permi tir a dcslocação de grandc.s (piantida-

samente elevará o preço dos veículos, encarecendo o frete. No caso do Bra sil, há àiiida outro aspecto a conside

dos de mercadorias a longas distân

.49

estrangeiro, de custo superior à so

ma despendida na aquisição dos ca minhões. Requererá ainda aumento

colossal da importação de petróleo, suscitando todos os problemas con cernentes ao armazenamento e trans porte dêsse produto.

Calculadas todas essas despesas,

rar; é que nao possuímos também a

elevados. Os únicos artigos que per

cias, mediante .fretes módicos. Nos países industrializados o transporte,

produção de combustíveis, o que nos

biais é enorme. Ê evidente que o Bra

mitem altos fretes são o café e o al

rodoviário se torna interessante, dado

obriga a importar gas<ílina c óleos ne-

sil só poderá dispor dêsse volume de divisas se restringir as suas aquisi

específico, não comportando fretes godão, e é por isso que se encontram

o alto valor específico dos produtos

cc.ssários. Dessa maneira, o transpor

situadas no Estado de São Paulo as

industriais. Se entre nós cies inidc-

te

melhores ferrovias do País. Os de mais produtos agrícolas e matérias-

ram medrar, foi, como já apontamos,

dependente da importação, vindo a so frer todas as vezes que é afetado o

devido às péssimas condições técnicas

rodoviário

torna-se inteiramente

ver-se-á que o dispêndio em cam

ções em equipamentos industriais e produtos essenciais, afetando o desen volvimento da sua produção.

primas, principalmente as últimas, re querem transporte em grande volu

das estradas de ferro brasileiras c à

movimento de entrada de mercadorias

orientação dos seus traçados. Na ver

no País, como ocorreu nos anos de

estatísticas do comércio exterior mos

me,'a largas distâncias e a preços mó

dade, as ferrovias brasileiras foram,

1940-45.

tram que os combustíveis e lubrifican

dicos.

na sua maioria, construídas para ser

As estradas de ferro, sob êsse pon to, já adquiriram maior 'independên cia. Em primeiro lugar, o pafque in

Esta simples constatação nos mos

tra que uma política de redução do custo da vida tem que se iniciar pela

renovação e desenvolvimento das es tradas de ferro brasileiras. Salta aos

vir ao escoamento da produção de um determinado produto, daí terem-se

circunscrito às regiões geo-cconómi-

dustrial interno está capacitado a pro

cas produtoras dos mesmos. As vías férreas paulistas são o exemplo mais típico dessa orientação, c poderiam

duzir vagões de carga, trilhos e mui

Esta alegação não é fantasia.

As

tes representam 13% do -volume total

de nossas importações, sendo ultrapas sados apenas pelas máquinas, apare lhos e ferramentas, que se elevam a 17%. É verdade que os óleos com

tos outros equipamentos indispensá

bustíveis e lubrificantes e a gasolina,

veis ao bom funcionamento das ferro vias. Além disso, as vias férreas bra sileiras podem utilizar-se quase exclu

portanto, mais aparelhados a construir

um sólido sistema de transporte fer

tar que os combustíveis representam

roviário do que uma rêde rodoviária

gado das regiões de invernagem para

fatureiro devidamente aparelhado a produzir caminhões e automóveis. Ora, sabemos que, nos países onde o transporte rodoviário atingiu desen volvimento igual ao das vias férreas,

sozinhos, não perfazem os 13%. Êstes se distribuem do seguinte modo; car vão de pedra 4,55%, gasolina 3,5%, óleos Combustíveis 2,31%, óleos lubri ficantes 1,37%, querosene 0,93%, pe tróleo ou nafta 0,34%. É preciso no

mais de metade das matérias-primas importadas, pois o total destas é de

os centros consumidores. Nessas con

a indústria automobilística tem capa

mos desprezar esse aspecto. Atraves

A importação de automóveis e de

abastecimento das populações urbanas

cidade para fornecer caminhões e pe ças a custo conveniente c os reparos

samos uma fase de crise de divisas in ternacionais, isto é, de déficits na ba

mais manufaturas destinadas ao trans

se torne mais satisfatório e meno.s dis

necessários

lança comercial, o que nos obriga a

Chamamos a atenção para o fato de

Dessa

um regime' de estreita economia de

forma, o transporte rodoviário é não

moedas fortes. A constituição de um

ocupar esta espécie de importação o segundo lugar no conjunto das manu

olhos que as dificuldades de transpor

te de gêneros de primeira necessida de representam um dos mais impor tantes fatores do encarecimento da

vida. É evidente que as deficiências das estradas de ferro acarretam per

das colossais de alimentos, ao mesmo

tempo que dificultam o transporte do

dições não se pode esperar que o pendioso.

Aliás, os dados mencionados atrás

ser denominadas "as estradas de fer ro do café".

No que diz respeito ao segundo pon

sivamente, como algumas o vêm fa

to, não possuímos um parque manu-

zendo, da energia elétrica. Estamos,

à

manutenção

funcionamento dos veículos.

do

de largas proporções.

Nas circunstâncias atuais não pode

bom

confirmam esta asserção, pois nos re

• só importante atividade de circulação

largo sistema de transporte rodoviá

velam que houve aumento da tonelada-quilómetro, acompanhado da ele vação do percurso médio, demonstran do os produtos carreados pelas es

de mercadorias, como também indús

rio obrigará o País a importar cente nas de milhares de caminhões. A ma

tradas dç ferro,são,em sua maioria, de

tria produtora altamente qualificada, que desempenha função de primeira

nutenção dêsses veículos forçará, por ^ua vez, a compra de uma série enor

ordem no conjunto das atividades pro dutoras' do País.

me ,de equipamentos e acessórios no .'ir? 1..

20,57%.

porte acusa um montante de 8,50%.

faturas entradas no País. O primei ro pertence às manufaturas, apare lhos e ferrartíentas mencionados atrás. É preciso considerar que os dados acima representam a média de um período em que as rodovias ainda não


D1C12ST0

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agrícola e extrativa. A nossa indústria não conseguiu ainda atingir o vigor da dos países altamente industrializa dos. Está num começo promctedor, sem constituir o traço marcante das

atividades produtoras internas. Sendo assim, o grosso das mercadorias a se rem transportadas é de baixo valor

Dioksto Econômico

Econoaíico

Scni a base industrial não é possí vel criar-.se uni sistema de transpor te rodoviário eficiente c barato, pois terá (inc depender da importação de caminhões c acessórios, o que forço

baixo valor, não oferecendo iretc.s remuneradores.

Nas condições aluais <la produção

brasileira, só as vias férreas podem oferecer o gênero de transporte adequa<lo, visto serem as únicas a permi tir a dcslocação de grandc.s (piantida-

samente elevará o preço dos veículos, encarecendo o frete. No caso do Bra sil, há àiiida outro aspecto a conside

dos de mercadorias a longas distân

.49

estrangeiro, de custo superior à so

ma despendida na aquisição dos ca minhões. Requererá ainda aumento

colossal da importação de petróleo, suscitando todos os problemas con cernentes ao armazenamento e trans porte dêsse produto.

Calculadas todas essas despesas,

rar; é que nao possuímos também a

elevados. Os únicos artigos que per

cias, mediante .fretes módicos. Nos países industrializados o transporte,

produção de combustíveis, o que nos

biais é enorme. Ê evidente que o Bra

mitem altos fretes são o café e o al

rodoviário se torna interessante, dado

obriga a importar gas<ílina c óleos ne-

sil só poderá dispor dêsse volume de divisas se restringir as suas aquisi

específico, não comportando fretes godão, e é por isso que se encontram

o alto valor específico dos produtos

cc.ssários. Dessa maneira, o transpor

situadas no Estado de São Paulo as

industriais. Se entre nós cies inidc-

te

melhores ferrovias do País. Os de mais produtos agrícolas e matérias-

ram medrar, foi, como já apontamos,

dependente da importação, vindo a so frer todas as vezes que é afetado o

devido às péssimas condições técnicas

rodoviário

torna-se inteiramente

ver-se-á que o dispêndio em cam

ções em equipamentos industriais e produtos essenciais, afetando o desen volvimento da sua produção.

primas, principalmente as últimas, re querem transporte em grande volu

das estradas de ferro brasileiras c à

movimento de entrada de mercadorias

orientação dos seus traçados. Na ver

no País, como ocorreu nos anos de

estatísticas do comércio exterior mos

me,'a largas distâncias e a preços mó

dade, as ferrovias brasileiras foram,

1940-45.

tram que os combustíveis e lubrifican

dicos.

na sua maioria, construídas para ser

As estradas de ferro, sob êsse pon to, já adquiriram maior 'independên cia. Em primeiro lugar, o pafque in

Esta simples constatação nos mos

tra que uma política de redução do custo da vida tem que se iniciar pela

renovação e desenvolvimento das es tradas de ferro brasileiras. Salta aos

vir ao escoamento da produção de um determinado produto, daí terem-se

circunscrito às regiões geo-cconómi-

dustrial interno está capacitado a pro

cas produtoras dos mesmos. As vías férreas paulistas são o exemplo mais típico dessa orientação, c poderiam

duzir vagões de carga, trilhos e mui

Esta alegação não é fantasia.

As

tes representam 13% do -volume total

de nossas importações, sendo ultrapas sados apenas pelas máquinas, apare lhos e ferramentas, que se elevam a 17%. É verdade que os óleos com

tos outros equipamentos indispensá

bustíveis e lubrificantes e a gasolina,

veis ao bom funcionamento das ferro vias. Além disso, as vias férreas bra sileiras podem utilizar-se quase exclu

portanto, mais aparelhados a construir

um sólido sistema de transporte fer

tar que os combustíveis representam

roviário do que uma rêde rodoviária

gado das regiões de invernagem para

fatureiro devidamente aparelhado a produzir caminhões e automóveis. Ora, sabemos que, nos países onde o transporte rodoviário atingiu desen volvimento igual ao das vias férreas,

sozinhos, não perfazem os 13%. Êstes se distribuem do seguinte modo; car vão de pedra 4,55%, gasolina 3,5%, óleos Combustíveis 2,31%, óleos lubri ficantes 1,37%, querosene 0,93%, pe tróleo ou nafta 0,34%. É preciso no

mais de metade das matérias-primas importadas, pois o total destas é de

os centros consumidores. Nessas con

a indústria automobilística tem capa

mos desprezar esse aspecto. Atraves

A importação de automóveis e de

abastecimento das populações urbanas

cidade para fornecer caminhões e pe ças a custo conveniente c os reparos

samos uma fase de crise de divisas in ternacionais, isto é, de déficits na ba

mais manufaturas destinadas ao trans

se torne mais satisfatório e meno.s dis

necessários

lança comercial, o que nos obriga a

Chamamos a atenção para o fato de

Dessa

um regime' de estreita economia de

forma, o transporte rodoviário é não

moedas fortes. A constituição de um

ocupar esta espécie de importação o segundo lugar no conjunto das manu

olhos que as dificuldades de transpor

te de gêneros de primeira necessida de representam um dos mais impor tantes fatores do encarecimento da

vida. É evidente que as deficiências das estradas de ferro acarretam per

das colossais de alimentos, ao mesmo

tempo que dificultam o transporte do

dições não se pode esperar que o pendioso.

Aliás, os dados mencionados atrás

ser denominadas "as estradas de fer ro do café".

No que diz respeito ao segundo pon

sivamente, como algumas o vêm fa

to, não possuímos um parque manu-

zendo, da energia elétrica. Estamos,

à

manutenção

funcionamento dos veículos.

do

de largas proporções.

Nas circunstâncias atuais não pode

bom

confirmam esta asserção, pois nos re

• só importante atividade de circulação

largo sistema de transporte rodoviá

velam que houve aumento da tonelada-quilómetro, acompanhado da ele vação do percurso médio, demonstran do os produtos carreados pelas es

de mercadorias, como também indús

rio obrigará o País a importar cente nas de milhares de caminhões. A ma

tradas dç ferro,são,em sua maioria, de

tria produtora altamente qualificada, que desempenha função de primeira

nutenção dêsses veículos forçará, por ^ua vez, a compra de uma série enor

ordem no conjunto das atividades pro dutoras' do País.

me ,de equipamentos e acessórios no .'ir? 1..

20,57%.

porte acusa um montante de 8,50%.

faturas entradas no País. O primei ro pertence às manufaturas, apare lhos e ferrartíentas mencionados atrás. É preciso considerar que os dados acima representam a média de um período em que as rodovias ainda não


■RMJil''.'

r

DICE.STO

50 atingiram o desenvolvimento que de las se espera. Quando alcançarem es

se ponto, as importações de veículos, - óleos combustíveis e lubrificantes c

gasolina serão pelo menos dez vezes maiores que as atuais. Representarão, portanto, mais do que toda a impor tação presente de manufaturas, que atinge a 51% cio total das importa ções. Daí termos dito que será ne cessário restringir a compra de ma nufaturas e matérias-primas essen ciais, em virtude do acanhado orça mento cambial.

As estradas de ferro não apresen

tam êsses inconvenientes. Boa parte do material

rodante

é

fabricada

no

ECONÓ.MtCÍ)

pelo princípio de aceleração. Revelam os estudos econômicos que tais pro

cessos acumulativos agem com maior intensidade quando os investimentos

DiGESTO EC0NÔ^flC0

nacionais. Perguntamos; como pode rão funcionar os caminhões? Haverá, como houve na guerra de 1939-45, palalisação quase completa do transpor

são feitos em setores econômicos pou

te rodoviário.

co ligados com o movimento impor tador, pois as suas repercussões se

tradas de ferro arcar, nas condições

circunscrevem ao âmbito das ativida des nacionais. Sendo feitos cm seto

res em contacto direto com a impor

tação, os efeitos acumulativos se fa

zem sentir na economia da nação ex portadora.

precárias em que se encontram, com todo o peso do transporte nacional? Os técnicos nos responderão, por cer to, (|uc isso é impossível. Daí a neces

sidade de procurarmos uma solução enquanto é tempo.

Transpostas essas noções para o se

tor econômico que estamos examinan do — ferrovias e rodovias — colhe mos a seguinte lição; os investimen

E fazemos mais uma

pergunta; como poderão as atuais es

Fundo ferroviário A situação financeira das vias fér-

tos nas vias férreas tendem a re

1 eas brasileiras não permite delongas

nomia interna, criando efeitos acumu

outro lado, o rumo dos acontecimen

As locomotivas, ao contrário dos ca

lativos altamente benéficos ao desen volvimento econômico do Brasil. Os investimentos no transporte rodoviá rio, ao contrário, repercutem quase

minhões, são máquinas de longa du ração, não necessitando de importa ções anuais em grandes quantidades, como os veículos a explosão. Além disso, eletrificadas as linhas férreas, elimina-se a importação de combustí veis. A energia é nacional. Advém da

eletrificação das ferrovias mais uma vantagem: distribui força elétrica pa ra a região servida pela estrada de ferro.

por inteiro na economia das nações exportadoras de veículos, acessórios,

tos internacionais não deixa dúvidas quanto ao seu desfecho béliCo dentro

de alguns meses. Êsses dois fatos pe dem açao imediata e rápida; caso

contrário, será tarde demais para se encontrarem os equipamentos neces

sários à remodelação do parque fer

econômicas, podemos dizer -rque no

Sugerimos duas medidas; l.a) a criação de um fundo ferroviário; 2.a)

primeiro caso há investimento e, no segundo, desinvestimento.

Vemos, pelos fatos apontados, que

Na fase histórica que atravessamos,

as vias férreas, além de permitirem

não podemos considerar apenas as

larga economia de cambiais, criam in

vantagens a largo prazo, como viemos

dústrias novas no País e desenvolvem indiretamente outras. É, portanto, um fator de progresso ecfonómico na

nossas vistas para as considerações do

cional.

na solução dos seus problemas. Por

óleos combustíveis e lubrificantes e

gasolina, prejudiciais, portanto, ao nosso país. Usando expressões macro

fazendo. Somos forçados a voltar as momento presente. O que nos mostra

a conjuntura atual? Mostra que esta

roviário nacional.

'a obtenção de empréstimos interna cionais. Ambas se destinam a finan ciar a renovação do material rodante

e o desenvolvimento das ferrovias, bem como a cobrir os déficits even tuais.

O Fundo é, incontestàvelraente, a pedra angular da solução do problema ferroviário brasileiro. Os empréstimos são os meios para permitir e acelerar

Os estudos de teoria econômica mostram que os investimentos são do tados da capacidade de desenvolver

mos às portas de nova conflagração mundial. Quando ela se verificar, as nossas importações sofrerão mudança radical. O traço dominante será a

motivo, devemos dar tôda atenção ao

ação que exercem sobre os réditos e

quase ausência da entrada de manu faturas e produtos essenciais, como o petróleo e seus derivados, nos portos

fornecedora dos recursos indispensá

processos acumulativos, em virtude da sobre o consumo. Tais acúmulos po

dem ser notados pelo multiplicador e

as aquisições dos equipamentos e ma terial rodante necessários.

subvenções às empresas ferroviárias, a fim de permitir que estas cobrem fretes baixos e renovem constante

mente o material técnico, senl prejuí zo dos resultados financeiros.

Ê noção pacífica que o transporte da.s mercadorias constitui serviço pú blico. Daí assistirmos à intervenção do Estado nesse setor, quer encam pando, quer subvencionando as estra

das de ferro e as companhias de na vegação marítima ou aérea.

País. Necessitamos, praticamente, da importação de locomotivas e de um ou de outro equipamento ferroviário.

percutir com mais intensidade na eco

ções das vias férreas nacionais e das

Por êsse

primeiro, uma vez que será a medida veis à modificação das atuais condi-

Entre

nós, o Estado já encampou várias ferrovias e construiu outras. Ê verda de que a administração estatal não foi brilhante, pois as vias férreas de propriedade do Governo Federal ou estadual são as que se encontram em

l)iores condições financeiras e técni cas. experiência nos aconselha, por

tanto, a fugirmos à intervenção go vernamental nas' ferrovias brasilei

ras. A subvenção, entretanto, não en volve a ingerência do Estado na ad ministração das companhias de trans porte. É apenas um auxílio que o Govêrno concede em benefício da co munidade. O erário público, infeliz mente, não está em condições de con

ceder largas subvenções às empresas ferroviárias. Pelo contrário, estamos informados de que deve às vias fér reas centenas de milhões de cruzeiros por serviços de transporte por elas fornecidos. A única maneira de o Go verno obter os recursos necessários é

a cViação de uma taxa, ou impòsto, a fim de formar todos os anos um fun do destinado a fornecer às estradas de

ferro os meios econômicos indispensá

veis à distribuição de um bom servi

ço de transportes. A idéia não é no va, pois existe já há algum tempo o Fundo Rodoviário, cuja finalidade é a melhoria e o desenvolvimento das es-


■RMJil''.'

r

DICE.STO

50 atingiram o desenvolvimento que de las se espera. Quando alcançarem es

se ponto, as importações de veículos, - óleos combustíveis e lubrificantes c

gasolina serão pelo menos dez vezes maiores que as atuais. Representarão, portanto, mais do que toda a impor tação presente de manufaturas, que atinge a 51% cio total das importa ções. Daí termos dito que será ne cessário restringir a compra de ma nufaturas e matérias-primas essen ciais, em virtude do acanhado orça mento cambial.

As estradas de ferro não apresen

tam êsses inconvenientes. Boa parte do material

rodante

é

fabricada

no

ECONÓ.MtCÍ)

pelo princípio de aceleração. Revelam os estudos econômicos que tais pro

cessos acumulativos agem com maior intensidade quando os investimentos

DiGESTO EC0NÔ^flC0

nacionais. Perguntamos; como pode rão funcionar os caminhões? Haverá, como houve na guerra de 1939-45, palalisação quase completa do transpor

são feitos em setores econômicos pou

te rodoviário.

co ligados com o movimento impor tador, pois as suas repercussões se

tradas de ferro arcar, nas condições

circunscrevem ao âmbito das ativida des nacionais. Sendo feitos cm seto

res em contacto direto com a impor

tação, os efeitos acumulativos se fa

zem sentir na economia da nação ex portadora.

precárias em que se encontram, com todo o peso do transporte nacional? Os técnicos nos responderão, por cer to, (|uc isso é impossível. Daí a neces

sidade de procurarmos uma solução enquanto é tempo.

Transpostas essas noções para o se

tor econômico que estamos examinan do — ferrovias e rodovias — colhe mos a seguinte lição; os investimen

E fazemos mais uma

pergunta; como poderão as atuais es

Fundo ferroviário A situação financeira das vias fér-

tos nas vias férreas tendem a re

1 eas brasileiras não permite delongas

nomia interna, criando efeitos acumu

outro lado, o rumo dos acontecimen

As locomotivas, ao contrário dos ca

lativos altamente benéficos ao desen volvimento econômico do Brasil. Os investimentos no transporte rodoviá rio, ao contrário, repercutem quase

minhões, são máquinas de longa du ração, não necessitando de importa ções anuais em grandes quantidades, como os veículos a explosão. Além disso, eletrificadas as linhas férreas, elimina-se a importação de combustí veis. A energia é nacional. Advém da

eletrificação das ferrovias mais uma vantagem: distribui força elétrica pa ra a região servida pela estrada de ferro.

por inteiro na economia das nações exportadoras de veículos, acessórios,

tos internacionais não deixa dúvidas quanto ao seu desfecho béliCo dentro

de alguns meses. Êsses dois fatos pe dem açao imediata e rápida; caso

contrário, será tarde demais para se encontrarem os equipamentos neces

sários à remodelação do parque fer

econômicas, podemos dizer -rque no

Sugerimos duas medidas; l.a) a criação de um fundo ferroviário; 2.a)

primeiro caso há investimento e, no segundo, desinvestimento.

Vemos, pelos fatos apontados, que

Na fase histórica que atravessamos,

as vias férreas, além de permitirem

não podemos considerar apenas as

larga economia de cambiais, criam in

vantagens a largo prazo, como viemos

dústrias novas no País e desenvolvem indiretamente outras. É, portanto, um fator de progresso ecfonómico na

nossas vistas para as considerações do

cional.

na solução dos seus problemas. Por

óleos combustíveis e lubrificantes e

gasolina, prejudiciais, portanto, ao nosso país. Usando expressões macro

fazendo. Somos forçados a voltar as momento presente. O que nos mostra

a conjuntura atual? Mostra que esta

roviário nacional.

'a obtenção de empréstimos interna cionais. Ambas se destinam a finan ciar a renovação do material rodante

e o desenvolvimento das ferrovias, bem como a cobrir os déficits even tuais.

O Fundo é, incontestàvelraente, a pedra angular da solução do problema ferroviário brasileiro. Os empréstimos são os meios para permitir e acelerar

Os estudos de teoria econômica mostram que os investimentos são do tados da capacidade de desenvolver

mos às portas de nova conflagração mundial. Quando ela se verificar, as nossas importações sofrerão mudança radical. O traço dominante será a

motivo, devemos dar tôda atenção ao

ação que exercem sobre os réditos e

quase ausência da entrada de manu faturas e produtos essenciais, como o petróleo e seus derivados, nos portos

fornecedora dos recursos indispensá

processos acumulativos, em virtude da sobre o consumo. Tais acúmulos po

dem ser notados pelo multiplicador e

as aquisições dos equipamentos e ma terial rodante necessários.

subvenções às empresas ferroviárias, a fim de permitir que estas cobrem fretes baixos e renovem constante

mente o material técnico, senl prejuí zo dos resultados financeiros.

Ê noção pacífica que o transporte da.s mercadorias constitui serviço pú blico. Daí assistirmos à intervenção do Estado nesse setor, quer encam pando, quer subvencionando as estra

das de ferro e as companhias de na vegação marítima ou aérea.

País. Necessitamos, praticamente, da importação de locomotivas e de um ou de outro equipamento ferroviário.

percutir com mais intensidade na eco

ções das vias férreas nacionais e das

Por êsse

primeiro, uma vez que será a medida veis à modificação das atuais condi-

Entre

nós, o Estado já encampou várias ferrovias e construiu outras. Ê verda de que a administração estatal não foi brilhante, pois as vias férreas de propriedade do Governo Federal ou estadual são as que se encontram em

l)iores condições financeiras e técni cas. experiência nos aconselha, por

tanto, a fugirmos à intervenção go vernamental nas' ferrovias brasilei

ras. A subvenção, entretanto, não en volve a ingerência do Estado na ad ministração das companhias de trans porte. É apenas um auxílio que o Govêrno concede em benefício da co munidade. O erário público, infeliz mente, não está em condições de con

ceder largas subvenções às empresas ferroviárias. Pelo contrário, estamos informados de que deve às vias fér reas centenas de milhões de cruzeiros por serviços de transporte por elas fornecidos. A única maneira de o Go verno obter os recursos necessários é

a cViação de uma taxa, ou impòsto, a fim de formar todos os anos um fun do destinado a fornecer às estradas de

ferro os meios econômicos indispensá

veis à distribuição de um bom servi

ço de transportes. A idéia não é no va, pois existe já há algum tempo o Fundo Rodoviário, cuja finalidade é a melhoria e o desenvolvimento das es-


Dicksto Económjco

tradas dc rodagem. Trata-se, agora, de se estender ésse benefício às vias fér

reas. Não vemos nenhuma irnpossibilidãde ou inconveniência na medida, ao contrário, só benefícios. Os recur sos obtidos seriam destribuídos me

diante condições estabelecidas em re

gulamento a ser, para tal fim, elabo

pulação rural para os centros urba nos c a queda da produção agrícola. A solução dêste envolve outra sorte i\c medidas, pertinentes ao campo do

planejamento econômico.

entre outros fatôrcs. a extensão das linhas, o consumo de combustível, o

às deficiências técnicas e finaiueira.s das estradas de ferro, dando a elas o tempo necessário para colliêr os futu ros efeitos de uma política econômica

coeficiente de exploração do trafego e a remuneração do capital contra iu aL

Moacyr Paixão

mica e social, como o êxodo ria po

rado pelo Departamento Nacional de Estradas de Ferro, tendo em_ vista, custo da tonclada-quilômetro bruta, o

Juta, problemci ncicional

Não ignoramos que o problema das estradas dc ferro é mais complexo, envolvendo questões de ordem econô

O Fundo

Ferroviário se tlestina apenas a acudír

de caráter mai.s amplo.

/^oNTiNUA sem uma solução concilia

tória aos diversos interesses cm jô«fo n competição entre a juta produzida na

Amazônia o sua similar importada da ín dia. Cada \-ez cpic ad\'cin uma perturba ção no mercado interno, ampliando cm retraindo a procura da fibra nacional pe los industriais da sacaria, surgem na im prensa e no Congresso debates amplos, embora geralmente apaixonados c sem inspiração na realidade do problema.^

mo saída indicada à estabíliz,ação das uti\idades na indxistria de aniagem

roalizou-sc a calorosa Convenção^ da Economia Juteira, em São Paulo, com a participação do próprio Ministro da Agri cultura. Como sempre, muitq discurso o amplas perspectivas. Dali saíram di versas recomendações visando estimu

lar o melhoramento da cultura dessa liliácea e ampliar o volume das suas sa

fras, normas de cooperação nos proble

Jlm meados do 1947, quando a In

mas de mercado, medidas relativas aos

glaterra nos impôs, devido ao nosso afas

impostos e fretes, ao maior emprego do crédito bancário etc. Paralelamente, a produção do Oriente enfraquecia, abrin-

tamento do ConscIIio Intemaeional Ali mentar do Emergência, entre outras san

ções, a suspensão das entregas de juta

do-nos a possibilidade de competir nou

indiana, houve o corre-corre. O Minis tério chegou a se considerar cm reunião

tros mercados carentes da fibra. Pare cia que marchávamos em direção a now

permanente, discutindo a situação posi

boom, no extremo-norte. ■

tivamente grave, porque representava o

escasseamcnto de sacaria disponível e punha em perigo nossos embarques de café, carne, mamona e cereais em geral para o exterior e as respectivas trocas no mercado interno. Além das nredidas imediatas arranjadas às pressas para cor rigir o desequilíbrio, inclusive a obten

ção de sacos de retôrno, tomam vulto os planos dc um maior aproveitamento dos varzeados da Aonazônia na cultura da

fibra liberiana, de maneira que o forne cimento dessa matéria-prima às fábricas de aniagem, no futuro, se fizesse sem

transtornos. Industriais, governo, técni cos, mostraram-se de acôrdo acerca da

necessidade de ampliar as áreas de culti

vo da fibra e garantir uma produção suficiente para atender ao consumo na cional.

Dentro desse clima de preocupações pela sorte do produto da Amazônia, co

Perturbações no mercado de juta Mas as cousas se encaminharam de

maneira diversa da prevista. Os proble mas de produção e circulação da juta nacional permaneceram insolúveis nos 3

últimos anos. E freqüentemente veio explodindo, sob disfarces e pretextos di versos, no mercado interno, a competi ção entre a fibra da Amazônia e a pro cedente de Paquistão-fndia. Assim, no início de 1048, um amplo moximento desenvolvido em nome dos e.xportadores

paulistas, da Sociedade Rural Brasileira, das companhias de armazéns gerais, for çou a concessão', pelo Congresso, da isenção de direitos e outros favores à importação de sacaria nova e de retôrno. Essa fórmula, visando contornar a es

cassez da matéria-prima de aniagem, cujos fornecimentos da índia acabavam


Dicksto Económjco

tradas dc rodagem. Trata-se, agora, de se estender ésse benefício às vias fér

reas. Não vemos nenhuma irnpossibilidãde ou inconveniência na medida, ao contrário, só benefícios. Os recur sos obtidos seriam destribuídos me

diante condições estabelecidas em re

gulamento a ser, para tal fim, elabo

pulação rural para os centros urba nos c a queda da produção agrícola. A solução dêste envolve outra sorte i\c medidas, pertinentes ao campo do

planejamento econômico.

entre outros fatôrcs. a extensão das linhas, o consumo de combustível, o

às deficiências técnicas e finaiueira.s das estradas de ferro, dando a elas o tempo necessário para colliêr os futu ros efeitos de uma política econômica

coeficiente de exploração do trafego e a remuneração do capital contra iu aL

Moacyr Paixão

mica e social, como o êxodo ria po

rado pelo Departamento Nacional de Estradas de Ferro, tendo em_ vista, custo da tonclada-quilômetro bruta, o

Juta, problemci ncicional

Não ignoramos que o problema das estradas dc ferro é mais complexo, envolvendo questões de ordem econô

O Fundo

Ferroviário se tlestina apenas a acudír

de caráter mai.s amplo.

/^oNTiNUA sem uma solução concilia

tória aos diversos interesses cm jô«fo n competição entre a juta produzida na

Amazônia o sua similar importada da ín dia. Cada \-ez cpic ad\'cin uma perturba ção no mercado interno, ampliando cm retraindo a procura da fibra nacional pe los industriais da sacaria, surgem na im prensa e no Congresso debates amplos, embora geralmente apaixonados c sem inspiração na realidade do problema.^

mo saída indicada à estabíliz,ação das uti\idades na indxistria de aniagem

roalizou-sc a calorosa Convenção^ da Economia Juteira, em São Paulo, com a participação do próprio Ministro da Agri cultura. Como sempre, muitq discurso o amplas perspectivas. Dali saíram di versas recomendações visando estimu

lar o melhoramento da cultura dessa liliácea e ampliar o volume das suas sa

fras, normas de cooperação nos proble

Jlm meados do 1947, quando a In

mas de mercado, medidas relativas aos

glaterra nos impôs, devido ao nosso afas

impostos e fretes, ao maior emprego do crédito bancário etc. Paralelamente, a produção do Oriente enfraquecia, abrin-

tamento do ConscIIio Intemaeional Ali mentar do Emergência, entre outras san

ções, a suspensão das entregas de juta

do-nos a possibilidade de competir nou

indiana, houve o corre-corre. O Minis tério chegou a se considerar cm reunião

tros mercados carentes da fibra. Pare cia que marchávamos em direção a now

permanente, discutindo a situação posi

boom, no extremo-norte. ■

tivamente grave, porque representava o

escasseamcnto de sacaria disponível e punha em perigo nossos embarques de café, carne, mamona e cereais em geral para o exterior e as respectivas trocas no mercado interno. Além das nredidas imediatas arranjadas às pressas para cor rigir o desequilíbrio, inclusive a obten

ção de sacos de retôrno, tomam vulto os planos dc um maior aproveitamento dos varzeados da Aonazônia na cultura da

fibra liberiana, de maneira que o forne cimento dessa matéria-prima às fábricas de aniagem, no futuro, se fizesse sem

transtornos. Industriais, governo, técni cos, mostraram-se de acôrdo acerca da

necessidade de ampliar as áreas de culti

vo da fibra e garantir uma produção suficiente para atender ao consumo na cional.

Dentro desse clima de preocupações pela sorte do produto da Amazônia, co

Perturbações no mercado de juta Mas as cousas se encaminharam de

maneira diversa da prevista. Os proble mas de produção e circulação da juta nacional permaneceram insolúveis nos 3

últimos anos. E freqüentemente veio explodindo, sob disfarces e pretextos di versos, no mercado interno, a competi ção entre a fibra da Amazônia e a pro cedente de Paquistão-fndia. Assim, no início de 1048, um amplo moximento desenvolvido em nome dos e.xportadores

paulistas, da Sociedade Rural Brasileira, das companhias de armazéns gerais, for çou a concessão', pelo Congresso, da isenção de direitos e outros favores à importação de sacaria nova e de retôrno. Essa fórmula, visando contornar a es

cassez da matéria-prima de aniagem, cujos fornecimentos da índia acabavam


DicESTO Econômico

54

Digesto Econômico

55

Essa indústria sc supre, até aqui. prin

de ser suspensos, e para corrigir a an

gustiante situação dos lavradores e do

telas, apresentou « seguinte média anual:

Milhões cie sacos

comércio exportador em face ao proble ma de sacaria de juta, indispensável ao acondicionamento da nossa produção

agrícola" — diziam em memorial à Câ mara Federal — na realidade atingia de cheio a indústria nacional de aniagem

e a lavoura juteira da Amazônia, porque as colocava cm disputa já agora com os

próprios produtos manufaturados.

Hoje a competição volta a cena, ain da mais acesa. Os produtores de juta da Amazônia, e mais particularmente os av.íadores de Belém e Manaus, que en-

feixam nas suas mãos os negócios de ex

portação da fibra para o sul, mostramse alarmados diante do retraimento dos mercados. Não somente desapareceu o

interêsse, por parte dos industriais de aniagem, em absorver o disponível da última safra, da ordem de 2 mil tonela das, como a situação promete assumir

Café

cipalmente da fibra procedente de PaQuistão-índia, que representa sempre cín ct da matéria-prima . mais do 50% benefi

19,3

Arroz

7,1

Cacau

2,0

Mamona Carne

1,8 0,9

Isto significa que anualmente, no pe

ríodo 1945-49, sòmente para assegurar a circulação de 5 produtos, gastamos mais de 31 milhões dc sacos, j? real mente, pelas estimativas conhecidas sa be-se que o consumo nacional de sacos em cada ano atinge a cêrca de 45

Ihões. Então, é fácil compreender que a queda de regularidade na dução fabril de aniagem ímediat' provoca sobressaltos a certos

lavoura e do comércio. A escass^^ sacos para embalagem pode levar

Miüxares de

aparente (toneladas)

1945

13.102 13.958

58.331 59.793

22.235 22.396

1946 1947 1948 1949

10.457

56.862

18.110

27.760 9.640

219.111 82.032

37.102

A preferência pela juta indiana con

É' comum afirmar-se que o produto na cional não oferece as mesmas condições

técnicos Okiro Braga e Wittus Cristiano Wollner, e divulgadas pelo Centro Na cional de Ensino e Pesquisas Agronômi

de elasticidade, de resistência à torsão e distensão, de durabilidade da sacaria as

mesmas propriedades físicas e químicas e rendimento industrial que a estrangei

tomados de desânimo.

Os suprimentos da indústria de aniagem

Devido a nossa condição de país fun

e 50%, respectivamente, dos fusos e tea

damentalmente produtor de bens agrí colas de consumo, cuja circulação se faz sob acondicionamento em sacos e telas

de juta, sejam nacionais ou estrangeiros,

de aniagem, ocupa um papel impor

cada redução do disponível dessa ma téria-prima no mercado, quando não

especiais, a juta, e com ela a indústria

tante na economia nacional.

No último qüinqüênio, o movimento

res do setor. Funcionando na depen dência dos suprimentos de fios brutos

existem estoques, perturba-lhes o ritmo

de exportação e cabotagem dos princi pais produtos agropecuários do País, que

da produção, afeta as condições de ocupação da mão-de-obra e amolece

sofrem ensacamento ou envolvimento em

tôda a atividade fabril de aniagem.

cas, positivaram as qualidades apreciá veis' do produto nacional, em confronto com o similar indiano. Abaixo, êsse confronto:

Caractensticas físicas

Elasticidade máxima (mm) ! ' Resistência à torsão (voltas) ..!

Pais 31 fabricas de sacaria, telas e fios de juta, locálizadas principalmente em São Paulo, que tem um potencial de 67%

Falar assim é fugir à realidade.

Análises de laboratório realizadas pelos

rável de queda dos preços na fo ^" deterioração dos produtos, e rprT os limites de safras futuras. ^^mdo

A fibra liheriana na economia nacional

ra.

25.212

tinua sem uma explicação satisfatória.

no País de 9 mil toneladas de juta in diana. A nova sàfra, cujos plantios estão sendo feitos agora em novembro, veio encontrar os juteiros e casas aviadoras

Salvo melhor informação, operam no

Consumo nacional

cruzeiros

Comprimento médio

ambiente é de apreensões.

ao consumo nacional aparente:

Toneladas

ralisação.uma parte considerável da' dução agrícola nacional, particular a cerealífera, atuando como fator

onde a juta é lavoura predominante, o

pramos ao exterior as seguintes partida? de juta, postas no quadro em relação

Anos

mais alta gravidade, devido as licenças concedidas pelo CEXIM para a entrada

Nas regiões

ciada no País. Nos ultimes anos. com

Resistência à distensão (carga de tura em gr)

Nacional

2,20

Indiana

1,60

(B3)

ru-

220,00 2,215 105,00

247,50 1,735

90,00

Evidentemente, a juta sêca da Ama zônia, não obstante as boas característi cas físicas que lhe são intrínsecas, não

clusive a juta perereca, espécie degene rada da planta. Hoje, na preparação

apresenta rigoroso preparo e acabamen

da Amazônia na proporção máxima de 40 %, sob o risco de comprometer a

to. Devido aos processos prímitivistas de cultivo postos em prática, seu nível

de qualidade vem sendo rebaixado subs

tancialmente. Os órgãos encarregados de atender aos problemas da técnica

agrícola funcionam apenas nas capitais da região, fora do círculo dos produto res. A própria distribuição de sementes — uma semente desacreditada entre os

juteiros — se faz a serviço de interêsses

das buchas, as fábricas incluem a juta qualidade da manufatura.

Toma-se claro, dêsse modo, que a in-

dispensabilidade da juta indiana pelas indústrias é uma decorrência das pró prias condições da fibra nacional posta no mercado, da sua qualidade deficiente cujas origens passamos a analisar. '

políticos. E, assim, os fardos que che

Panorama da agricultura jiiteira

gam às mãos dos industriais misturam

A produção da fibra liberiana na Ama zônia vem acusando um desenvolvimen-

tipos e tamanhos diferentes da fibra, in


DicESTO Econômico

54

Digesto Econômico

55

Essa indústria sc supre, até aqui. prin

de ser suspensos, e para corrigir a an

gustiante situação dos lavradores e do

telas, apresentou « seguinte média anual:

Milhões cie sacos

comércio exportador em face ao proble ma de sacaria de juta, indispensável ao acondicionamento da nossa produção

agrícola" — diziam em memorial à Câ mara Federal — na realidade atingia de cheio a indústria nacional de aniagem

e a lavoura juteira da Amazônia, porque as colocava cm disputa já agora com os

próprios produtos manufaturados.

Hoje a competição volta a cena, ain da mais acesa. Os produtores de juta da Amazônia, e mais particularmente os av.íadores de Belém e Manaus, que en-

feixam nas suas mãos os negócios de ex

portação da fibra para o sul, mostramse alarmados diante do retraimento dos mercados. Não somente desapareceu o

interêsse, por parte dos industriais de aniagem, em absorver o disponível da última safra, da ordem de 2 mil tonela das, como a situação promete assumir

Café

cipalmente da fibra procedente de PaQuistão-índia, que representa sempre cín ct da matéria-prima . mais do 50% benefi

19,3

Arroz

7,1

Cacau

2,0

Mamona Carne

1,8 0,9

Isto significa que anualmente, no pe

ríodo 1945-49, sòmente para assegurar a circulação de 5 produtos, gastamos mais de 31 milhões dc sacos, j? real mente, pelas estimativas conhecidas sa be-se que o consumo nacional de sacos em cada ano atinge a cêrca de 45

Ihões. Então, é fácil compreender que a queda de regularidade na dução fabril de aniagem ímediat' provoca sobressaltos a certos

lavoura e do comércio. A escass^^ sacos para embalagem pode levar

Miüxares de

aparente (toneladas)

1945

13.102 13.958

58.331 59.793

22.235 22.396

1946 1947 1948 1949

10.457

56.862

18.110

27.760 9.640

219.111 82.032

37.102

A preferência pela juta indiana con

É' comum afirmar-se que o produto na cional não oferece as mesmas condições

técnicos Okiro Braga e Wittus Cristiano Wollner, e divulgadas pelo Centro Na cional de Ensino e Pesquisas Agronômi

de elasticidade, de resistência à torsão e distensão, de durabilidade da sacaria as

mesmas propriedades físicas e químicas e rendimento industrial que a estrangei

tomados de desânimo.

Os suprimentos da indústria de aniagem

Devido a nossa condição de país fun

e 50%, respectivamente, dos fusos e tea

damentalmente produtor de bens agrí colas de consumo, cuja circulação se faz sob acondicionamento em sacos e telas

de juta, sejam nacionais ou estrangeiros,

de aniagem, ocupa um papel impor

cada redução do disponível dessa ma téria-prima no mercado, quando não

especiais, a juta, e com ela a indústria

tante na economia nacional.

No último qüinqüênio, o movimento

res do setor. Funcionando na depen dência dos suprimentos de fios brutos

existem estoques, perturba-lhes o ritmo

de exportação e cabotagem dos princi pais produtos agropecuários do País, que

da produção, afeta as condições de ocupação da mão-de-obra e amolece

sofrem ensacamento ou envolvimento em

tôda a atividade fabril de aniagem.

cas, positivaram as qualidades apreciá veis' do produto nacional, em confronto com o similar indiano. Abaixo, êsse confronto:

Caractensticas físicas

Elasticidade máxima (mm) ! ' Resistência à torsão (voltas) ..!

Pais 31 fabricas de sacaria, telas e fios de juta, locálizadas principalmente em São Paulo, que tem um potencial de 67%

Falar assim é fugir à realidade.

Análises de laboratório realizadas pelos

rável de queda dos preços na fo ^" deterioração dos produtos, e rprT os limites de safras futuras. ^^mdo

A fibra liheriana na economia nacional

ra.

25.212

tinua sem uma explicação satisfatória.

no País de 9 mil toneladas de juta in diana. A nova sàfra, cujos plantios estão sendo feitos agora em novembro, veio encontrar os juteiros e casas aviadoras

Salvo melhor informação, operam no

Consumo nacional

cruzeiros

Comprimento médio

ambiente é de apreensões.

ao consumo nacional aparente:

Toneladas

ralisação.uma parte considerável da' dução agrícola nacional, particular a cerealífera, atuando como fator

onde a juta é lavoura predominante, o

pramos ao exterior as seguintes partida? de juta, postas no quadro em relação

Anos

mais alta gravidade, devido as licenças concedidas pelo CEXIM para a entrada

Nas regiões

ciada no País. Nos ultimes anos. com

Resistência à distensão (carga de tura em gr)

Nacional

2,20

Indiana

1,60

(B3)

ru-

220,00 2,215 105,00

247,50 1,735

90,00

Evidentemente, a juta sêca da Ama zônia, não obstante as boas característi cas físicas que lhe são intrínsecas, não

clusive a juta perereca, espécie degene rada da planta. Hoje, na preparação

apresenta rigoroso preparo e acabamen

da Amazônia na proporção máxima de 40 %, sob o risco de comprometer a

to. Devido aos processos prímitivistas de cultivo postos em prática, seu nível

de qualidade vem sendo rebaixado subs

tancialmente. Os órgãos encarregados de atender aos problemas da técnica

agrícola funcionam apenas nas capitais da região, fora do círculo dos produto res. A própria distribuição de sementes — uma semente desacreditada entre os

juteiros — se faz a serviço de interêsses

das buchas, as fábricas incluem a juta qualidade da manufatura.

Toma-se claro, dêsse modo, que a in-

dispensabilidade da juta indiana pelas indústrias é uma decorrência das pró prias condições da fibra nacional posta no mercado, da sua qualidade deficiente cujas origens passamos a analisar. '

políticos. E, assim, os fardos que che

Panorama da agricultura jiiteira

gam às mãos dos industriais misturam

A produção da fibra liberiana na Ama zônia vem acusando um desenvolvimen-

tipos e tamanhos diferentes da fibra, in


Dicesto Econóníico 56

to muito aquém da normalidade:. As es

ao mercado c ao dinheiro .surge como es

tatísticas oficiais revelam a seguinte mar cha nos volumes das safras, no qüinqüê

dução da técnica, aumenta a produti\i-

nio 1945-49:

dução.

Anos

1945 1946

1947 1948 1949

tímulo às inversões de capital, à intro dadc no trabalho c os níveis de pro

Toneladas 8.896 9.349 6.782 9.292 13.419

(Quadro feito à hase das estatísticas de expei exportação do Pará e Amazonas, ae —

que nos pareceram mais mais nroxinias próximas da realidade.)

Dispondo de magníficas condições de solo e clima, um regime fluvial apro priado às c-xigências da cultura da fibra _ desde o plantio à maccraçao e lava rem - a Amazônia pode instalar nos

feus varzeados a exigente lavoura juteira cuias colheitas teriam aumentado ver tiginosamente, não fôssem determinados Ses negativos, de ordem econômica, Si ocorrentes. Em todo o Banvo Ama zonas (Parintins, Óbidos, Menquer,

Dicesto Econômico

Quando, afinal, é entregue às indústrias do aniagcm, deixa lucros geralmente ele

vados a diversos intermediários que fi guram no seu aparelho do circulação,

particularmente o barracão, as casas

Mas no caso da juta permanecem os

aviadoras o o regatão, excrcscencias do

métodos rudimentares, primiti vistas, aprendidos do índio. Evidentemente, a origem disso resido na sobrevivência de relações econômicas c sociais pré-capita-

regime econômico vigente na região. tatamos que mais de 45 por cento dos

listas, embaraçando a adoção cios proces

5 cruzeiros então pagos pelo quilograma

Ob.scrvando, certa vez, em 1946, a com

posição do preço da juta nacional, cons

sos de trabalho mais adiantados. Tanto

do produto revertiam como lucro aos

a massa som-terra como os camponeses

intermediários e latifundiários.

que pagam parceria (moação, tèrça etc ) das colheitas c os pequenos e médios proprietários, não se colocam cm rela

ção direta com o mercado, cmcr dizer' não tomaram seus destinos nas suas

''

prias mãos. Observei cm ParintinV óbT

dos, Urucará, Urucurituba c ItapiVa que os juteiros não se libertaram da.s"^'^ deias do latifúndio — dos annazénc

_ . «o barracão, da subordinação econômica pessoal à bondade ou ruindade do coro nel. Sem dispor de recursos para d senvolver a cultura da fibra, incluslvõ porque o escasso crédito bancário ofi ciai se faz quase que exclusivamente às 1

Junte-se a essa situação o protecionis mo às avessas dado à juta da Amazônia.

Êsso produto paga de amiazenagem, em nossos portos, onze vezes mais que o similar indiano. Paga, além disso, fre

Na Amazônia, à exceção do cacau e

ornná a agricultura é quase exclusivã^ i doméstica, mergulhada na etapa

r" onoTra natural; atividade aleató-

beira-de-praia. instalada pobrena L de oeir i '\ e%arc— direto no próprio circulo circuiu r «itua-se drcub dos P'—; produtores. Já a jutanae fase pro-

l"':cXlamercan^_^Histó™

fVeprcia da produção em relação

trabalho do campesinato.A fibra liberiana, dentro dessa estru

tura econômica arcaica, é produzida com

desprezo à técnica e à base de alto custo.

*

*

Os problemas da juta, envolvendo In-

"^51

teresses não apenas da Amazônia mas

•''

do setores di\ ersos, importantes, da eco nomia do País, não podem ser tomados a conta de indecifráveis. Antes, são cla ros e saltam fàcilmente à vista do obser

vador honesto. Representam, com vagas diferenças, os mesmos velhos problemas abertos em tôda a agricultura brasileira. Problemas cuja solução iremos atingir só mediante luna alteração substancial no produção mais adiantadas abriremos nos

corchantcs, numa base ad valorem, que Amazonas, como impostos de enfrada e

saída nos flutuantes de Manaus, mais de

2 mil cruzeiros, isso quando o seu preço final, à porta dás fábricas de sacaria, é

Aos grandes proprietários rurais, ba rões feudais que dominam com mão de

teressa inverter capitais em aparelha gem agrícola, nem aperfeiçoar os méto dos de produção (tratos de terreno, se leção das sementes etc.), se podem con tinuar abocanhando parte "da renda de

íK

oneram pesadamente o seu cu.sto real. Cada tonelada de fibra paga ainda, no

"rè era menor escala dentro de certas enfada o queimas de mato, plantando Las do Solimões, do Madeira Tocan além disso, apenas manchas insignifican tins e Tapajós (Manacapuru, Codajaz. tes de terra. ;r„,Voré Santarém etc.) observa-se a ferro terras e rios, por sua vez, não in

nha à juta um imposto flagrantemente inconstitucional e arbitrário.

regime de domínio da terra, no cam

aviodoras e latifundiários, os jutiMÔnte-Alegr<=. Itacoatiara etc.), de eco- casas cuTtores não podem sair da lavoura dê

S'ano tomadas pela inundação do rio.

Até a

Associação Comercial do Estado aboca

tes é impostos federais e estaduais es-

noSa pridominantemente agropeci.anoa de lutais nas terras molhadas,

aproximadamente de 8,50 mil.

/'

•1' .

••

/

po.

Após a conquista de relações de

sas portas à introdução da técnica agrí

cola, à rebaixa dos custos de produção e ao aumento poderoso dos plantios o

das colheitas. juta nacional.

Êssc, o problema da


Dicesto Econóníico 56

to muito aquém da normalidade:. As es

ao mercado c ao dinheiro .surge como es

tatísticas oficiais revelam a seguinte mar cha nos volumes das safras, no qüinqüê

dução da técnica, aumenta a produti\i-

nio 1945-49:

dução.

Anos

1945 1946

1947 1948 1949

tímulo às inversões de capital, à intro dadc no trabalho c os níveis de pro

Toneladas 8.896 9.349 6.782 9.292 13.419

(Quadro feito à hase das estatísticas de expei exportação do Pará e Amazonas, ae —

que nos pareceram mais mais nroxinias próximas da realidade.)

Dispondo de magníficas condições de solo e clima, um regime fluvial apro priado às c-xigências da cultura da fibra _ desde o plantio à maccraçao e lava rem - a Amazônia pode instalar nos

feus varzeados a exigente lavoura juteira cuias colheitas teriam aumentado ver tiginosamente, não fôssem determinados Ses negativos, de ordem econômica, Si ocorrentes. Em todo o Banvo Ama zonas (Parintins, Óbidos, Menquer,

Dicesto Econômico

Quando, afinal, é entregue às indústrias do aniagcm, deixa lucros geralmente ele

vados a diversos intermediários que fi guram no seu aparelho do circulação,

particularmente o barracão, as casas

Mas no caso da juta permanecem os

aviadoras o o regatão, excrcscencias do

métodos rudimentares, primiti vistas, aprendidos do índio. Evidentemente, a origem disso resido na sobrevivência de relações econômicas c sociais pré-capita-

regime econômico vigente na região. tatamos que mais de 45 por cento dos

listas, embaraçando a adoção cios proces

5 cruzeiros então pagos pelo quilograma

Ob.scrvando, certa vez, em 1946, a com

posição do preço da juta nacional, cons

sos de trabalho mais adiantados. Tanto

do produto revertiam como lucro aos

a massa som-terra como os camponeses

intermediários e latifundiários.

que pagam parceria (moação, tèrça etc ) das colheitas c os pequenos e médios proprietários, não se colocam cm rela

ção direta com o mercado, cmcr dizer' não tomaram seus destinos nas suas

''

prias mãos. Observei cm ParintinV óbT

dos, Urucará, Urucurituba c ItapiVa que os juteiros não se libertaram da.s"^'^ deias do latifúndio — dos annazénc

_ . «o barracão, da subordinação econômica pessoal à bondade ou ruindade do coro nel. Sem dispor de recursos para d senvolver a cultura da fibra, incluslvõ porque o escasso crédito bancário ofi ciai se faz quase que exclusivamente às 1

Junte-se a essa situação o protecionis mo às avessas dado à juta da Amazônia.

Êsso produto paga de amiazenagem, em nossos portos, onze vezes mais que o similar indiano. Paga, além disso, fre

Na Amazônia, à exceção do cacau e

ornná a agricultura é quase exclusivã^ i doméstica, mergulhada na etapa

r" onoTra natural; atividade aleató-

beira-de-praia. instalada pobrena L de oeir i '\ e%arc— direto no próprio circulo circuiu r «itua-se drcub dos P'—; produtores. Já a jutanae fase pro-

l"':cXlamercan^_^Histó™

fVeprcia da produção em relação

trabalho do campesinato.A fibra liberiana, dentro dessa estru

tura econômica arcaica, é produzida com

desprezo à técnica e à base de alto custo.

*

*

Os problemas da juta, envolvendo In-

"^51

teresses não apenas da Amazônia mas

•''

do setores di\ ersos, importantes, da eco nomia do País, não podem ser tomados a conta de indecifráveis. Antes, são cla ros e saltam fàcilmente à vista do obser

vador honesto. Representam, com vagas diferenças, os mesmos velhos problemas abertos em tôda a agricultura brasileira. Problemas cuja solução iremos atingir só mediante luna alteração substancial no produção mais adiantadas abriremos nos

corchantcs, numa base ad valorem, que Amazonas, como impostos de enfrada e

saída nos flutuantes de Manaus, mais de

2 mil cruzeiros, isso quando o seu preço final, à porta dás fábricas de sacaria, é

Aos grandes proprietários rurais, ba rões feudais que dominam com mão de

teressa inverter capitais em aparelha gem agrícola, nem aperfeiçoar os méto dos de produção (tratos de terreno, se leção das sementes etc.), se podem con tinuar abocanhando parte "da renda de

íK

oneram pesadamente o seu cu.sto real. Cada tonelada de fibra paga ainda, no

"rè era menor escala dentro de certas enfada o queimas de mato, plantando Las do Solimões, do Madeira Tocan além disso, apenas manchas insignifican tins e Tapajós (Manacapuru, Codajaz. tes de terra. ;r„,Voré Santarém etc.) observa-se a ferro terras e rios, por sua vez, não in

nha à juta um imposto flagrantemente inconstitucional e arbitrário.

regime de domínio da terra, no cam

aviodoras e latifundiários, os jutiMÔnte-Alegr<=. Itacoatiara etc.), de eco- casas cuTtores não podem sair da lavoura dê

S'ano tomadas pela inundação do rio.

Até a

Associação Comercial do Estado aboca

tes é impostos federais e estaduais es-

noSa pridominantemente agropeci.anoa de lutais nas terras molhadas,

aproximadamente de 8,50 mil.

/'

•1' .

••

/

po.

Após a conquista de relações de

sas portas à introdução da técnica agrí

cola, à rebaixa dos custos de produção e ao aumento poderoso dos plantios o

das colheitas. juta nacional.

Êssc, o problema da


1

DrcESTo EcoNÓAnco 59

estrangeiros, de maneira a obter as

Companhias de investimentos Orozimbo o. Roxo LouiiEmo

vantagens da lei das médias (no Brasil essa regra estatística é mais

d) porque o "trusf, como qual quer outra empresa, pôde obter vantagem no levantamento de

conhecida como a lei dos grandes

capitais de taxa fixa (ações

números) protegendo-se assim o ca

Definição da "investment compantj"

SOB o título de "investment company" ou "investment trust", existem na

Inglaterra e nos Estados Unidos inúme ras companhias financeiras, organizadas com a finalidade de oferecer ao inves tidor ou ao economizador as vantagens

de uma ampla diversificação em suas

aplicações, a par de melhores rendi

assim as vantagens de uma renda média

superior à dos títulos inglôscis, e sem incidir em cheio nos riscos de uma es colha limitada tão sòmcnte a uma deter

minada classe de papéis estrangeiros de uma só origem.

The Old English Trust

Com o rápido desenvolvimento de.

mentos e maior segurança na administra

sas companhias na Inglaterra

ção de seus capitais.

ciai com a finaUdade de rcsguard^^^^"

Origens

Diz-se que a "investment company" — companhia de investimentos — teve a

sua origem na Bélgica, em 1820. Mas

a primeira companhia desse tipo, na In glaterra, foi fundada na Escócia em 1860. E os motivos de sua fundação constituem ainda hoje a razão mais im

portante para a criação de tais empresas. Nessa ocasião os títulos ingleses estavam oferecendo uma renda anual de apenas 3

por cento, enquanto que os títulos es trangeiros rendiam de 5 a 6 por cento. Entretanto, os investidores escoceses re

ceavam assumir diretamente os riscos de

aplicar os seus recursos exclusivamente nesses títulos estrangeiros. Resolveram, então, reunir as suas economias em um

fundo comum (pool), de maneira que

uma parte dêsse fundo seria aplicada em

também a evoluir uma le^isl^P^r^*^'^^°" interêsses dos pequenos investido • cada dia mais se interessavam

crição dos títulos de tais emprêsas certas ocasiões, tal era a preferência T subscritores para esses títulos, que k ta a subscrição para a constituição "investment trust", os seus funda} eram obrigados a desdobrá-lo e

meiro, segundo e terceiro "inve^ trust", de maneira a acolher todos

teressados em participar da iniciativa"'" Para se dar uma idéia das linhas es truturais em que se fundamenta a gani^zaçâo dessas emprêsas na luíúntZ' ra, focalizaremos alguns itens do estatT to legal conhecido como "The Old P

glish Trust" — o velho trust inglês. "

1. "O seu capital é constituído medi in te a emissão de ações ordinárias ações preferenciais e debêntures. As

estrangeiros, e outra parte em uma longa

ações ordinárias e preferenciais são vendidas conjuntamente em certifi

série de títulos ínglêses ultra-conser-

cados de 10 libras, pagos integral

vadores e que maiores vantagens ofe

mente no ato da subscrito, ou em parcelas."

uma lista bem diversificada de papéis

recessem. Nessas condições, o capitai individual de cada investidor passou a

representar uma fração daquela extensa carteira de variadas inversões, obtendo

2. "Êle aplica os seus fundos em uma larga variedade de títulos nacionais e

preferenciais e debêntures) e

pital e os rendimentos."

3. "Êlc limita o total de seus investi mentos em cada classe de títulos, geralmente até o máximo de 10% do capital do "tmsl", de maneira a

aplicá-los em investimentos que ofereçam renda superior ao seu custo."

Tipos de "investment trust" americanos

evitar maiores riscos e para maior estabilidade das rendas."

4. "Êle mantém uma supervisão constan te das suas inversões, da mesma for ma que um administrador de bens

de terceiros executa os seus poderes discricionários."

5. "Êle pode oferecer uma remunera

ção mais favorável do que aquela

que oferecem outros investimentos da

mesma solidez. E isso êle consegue* a) porque a média de juros e di videndos que o "trust" pode obter, através de uma conscienciosa e eficiente seleção das aplicações, tende necessària-

mente a ser mais alta do que aquela que se poderia usufruir, com idêntica segurança, para um capital restrito e insufi ciente a uma extensiva diversi ficação;

b) porque o "trust" obtém lucros em investimentos de oportuni dade, através de uma orienta

ção adequada na compra e venda de títulos;

c) porque o "trust" aumenta constantemente as suas inversões, através das reservas e dos lu cros suspensos que vai acumu

lando anualmente, após o pa gamento dos dividendos;

E.xistem atualmente nos Estados Uni

dos diversos tipos òu categorias de "in vestment trusts".

1. O "fixed trust" é a categoria que mantém uma orientação mais rígida. Êle se organiza para adquirir deter minadas classes de títulos, com exclu

sividade. O subscritor adquire, por essa forma, um certificado de parti-cipação em um conjunto perfeita

mente definidó de investimentos que só serão liquidados ou vendidos por ocasião do termo do contrato social

do "trust", quando se reparte pro porcionalmente o ativo líquido da companhia entre todos os subscrito res.

2. O "limited-management trust" já é uma organização mais maleável. Êle

se organiza para fazer investimentos

variados, podendo comprar c vender títulos ou dispor de seus investimen tos segundo a orientação dos seus administradores ou "trustees". To davia, a ação dos administradores

está limitada por uma série de nor mas estabelecidas nos estatutos, a fim de evitar especulações ou maiores riscos para os seus capitais.

3. O "general-management trust" é um tipo ainda mais liberal. Essa com panhia, além de investimentos con

servadores, realjzá também empreen-


1

DrcESTo EcoNÓAnco 59

estrangeiros, de maneira a obter as

Companhias de investimentos Orozimbo o. Roxo LouiiEmo

vantagens da lei das médias (no Brasil essa regra estatística é mais

d) porque o "trusf, como qual quer outra empresa, pôde obter vantagem no levantamento de

conhecida como a lei dos grandes

capitais de taxa fixa (ações

números) protegendo-se assim o ca

Definição da "investment compantj"

SOB o título de "investment company" ou "investment trust", existem na

Inglaterra e nos Estados Unidos inúme ras companhias financeiras, organizadas com a finalidade de oferecer ao inves tidor ou ao economizador as vantagens

de uma ampla diversificação em suas

aplicações, a par de melhores rendi

assim as vantagens de uma renda média

superior à dos títulos inglôscis, e sem incidir em cheio nos riscos de uma es colha limitada tão sòmcnte a uma deter

minada classe de papéis estrangeiros de uma só origem.

The Old English Trust

Com o rápido desenvolvimento de.

mentos e maior segurança na administra

sas companhias na Inglaterra

ção de seus capitais.

ciai com a finaUdade de rcsguard^^^^"

Origens

Diz-se que a "investment company" — companhia de investimentos — teve a

sua origem na Bélgica, em 1820. Mas

a primeira companhia desse tipo, na In glaterra, foi fundada na Escócia em 1860. E os motivos de sua fundação constituem ainda hoje a razão mais im

portante para a criação de tais empresas. Nessa ocasião os títulos ingleses estavam oferecendo uma renda anual de apenas 3

por cento, enquanto que os títulos es trangeiros rendiam de 5 a 6 por cento. Entretanto, os investidores escoceses re

ceavam assumir diretamente os riscos de

aplicar os seus recursos exclusivamente nesses títulos estrangeiros. Resolveram, então, reunir as suas economias em um

fundo comum (pool), de maneira que

uma parte dêsse fundo seria aplicada em

também a evoluir uma le^isl^P^r^*^'^^°" interêsses dos pequenos investido • cada dia mais se interessavam

crição dos títulos de tais emprêsas certas ocasiões, tal era a preferência T subscritores para esses títulos, que k ta a subscrição para a constituição "investment trust", os seus funda} eram obrigados a desdobrá-lo e

meiro, segundo e terceiro "inve^ trust", de maneira a acolher todos

teressados em participar da iniciativa"'" Para se dar uma idéia das linhas es truturais em que se fundamenta a gani^zaçâo dessas emprêsas na luíúntZ' ra, focalizaremos alguns itens do estatT to legal conhecido como "The Old P

glish Trust" — o velho trust inglês. "

1. "O seu capital é constituído medi in te a emissão de ações ordinárias ações preferenciais e debêntures. As

estrangeiros, e outra parte em uma longa

ações ordinárias e preferenciais são vendidas conjuntamente em certifi

série de títulos ínglêses ultra-conser-

cados de 10 libras, pagos integral

vadores e que maiores vantagens ofe

mente no ato da subscrito, ou em parcelas."

uma lista bem diversificada de papéis

recessem. Nessas condições, o capitai individual de cada investidor passou a

representar uma fração daquela extensa carteira de variadas inversões, obtendo

2. "Êle aplica os seus fundos em uma larga variedade de títulos nacionais e

preferenciais e debêntures) e

pital e os rendimentos."

3. "Êlc limita o total de seus investi mentos em cada classe de títulos, geralmente até o máximo de 10% do capital do "tmsl", de maneira a

aplicá-los em investimentos que ofereçam renda superior ao seu custo."

Tipos de "investment trust" americanos

evitar maiores riscos e para maior estabilidade das rendas."

4. "Êle mantém uma supervisão constan te das suas inversões, da mesma for ma que um administrador de bens

de terceiros executa os seus poderes discricionários."

5. "Êle pode oferecer uma remunera

ção mais favorável do que aquela

que oferecem outros investimentos da

mesma solidez. E isso êle consegue* a) porque a média de juros e di videndos que o "trust" pode obter, através de uma conscienciosa e eficiente seleção das aplicações, tende necessària-

mente a ser mais alta do que aquela que se poderia usufruir, com idêntica segurança, para um capital restrito e insufi ciente a uma extensiva diversi ficação;

b) porque o "trust" obtém lucros em investimentos de oportuni dade, através de uma orienta

ção adequada na compra e venda de títulos;

c) porque o "trust" aumenta constantemente as suas inversões, através das reservas e dos lu cros suspensos que vai acumu

lando anualmente, após o pa gamento dos dividendos;

E.xistem atualmente nos Estados Uni

dos diversos tipos òu categorias de "in vestment trusts".

1. O "fixed trust" é a categoria que mantém uma orientação mais rígida. Êle se organiza para adquirir deter minadas classes de títulos, com exclu

sividade. O subscritor adquire, por essa forma, um certificado de parti-cipação em um conjunto perfeita

mente definidó de investimentos que só serão liquidados ou vendidos por ocasião do termo do contrato social

do "trust", quando se reparte pro porcionalmente o ativo líquido da companhia entre todos os subscrito res.

2. O "limited-management trust" já é uma organização mais maleável. Êle

se organiza para fazer investimentos

variados, podendo comprar c vender títulos ou dispor de seus investimen tos segundo a orientação dos seus administradores ou "trustees". To davia, a ação dos administradores

está limitada por uma série de nor mas estabelecidas nos estatutos, a fim de evitar especulações ou maiores riscos para os seus capitais.

3. O "general-management trust" é um tipo ainda mais liberal. Essa com panhia, além de investimentos con

servadores, realjzá também empreen-


Dicf.sto

Ef:oNÓMico

UioJCSTO

Econômico

61

60

dimenlos de envergadura, toma par

ticipação em negócios e faz o giro dos seus capitais com grande liberda de de ação. Esta categoria é a que oferece maiores possibilidades de

lucros, além de atender a uma tarefa de maior utilidade social através dos seus empreendimentos e iniciativas.

É o tipo que goza de preferência na

Inglaterra e nos Estados Unidos. O segredo do seu bom êxito está na existência de uma administração ho

nesta, competente e bem intencio nada.

É esta última categoria dos "invcst-

ment trust" que nos interessa particular

mente, pela sua maior conveniência c mais perfeita adaptabilidade ao nosso meio. É oportuno, porém, distingui-lo de duas outras companhias financeiras

de larga repercussão na Inglaterra e nos

liipotecas etc.) c passa a administrá-los por conta própria, pagando, entretanto,

pany" ou "investmcnt trust". O pri

aos primitivos titulares o»i seus herdei

americano, profe.ssor da Brown Univcrsity, técnico do Go\êrno Federal e con

ros, determinada ronda por determinado

prazo. E quando se c.xtinguc o contrato, Sü o mesmo não fòr perpétuo, devolve

todos os bens aos respectivos titulares, seus herdeiros ou Icgatários, tudo de acordo com os respectivos testamentos ou r>nntrntos dc "trusL". -.v....- .

cias são geralmente isentas de impostos c a elaboração de um contrato do "trust" com uma dessas companbias oferece mui

tas vantagens, inclusive a dc se livrar dos ônus dc administração do próprio i> uri mônio. dc assegurar aos bcrdciros renda certa e permanente c ' de cm 1 guns Estados americanos, .v,a, fucir'nr,. lugir aos " r» .-J

A,. j sados impostos dc renda e dè tr .r," ^Oc-

são aos herdeiros.

Convém mencionar, outrossini quc Os americanos distinguem ainda

de "investmcnt classes -1 _

Estados Unidos, e com

as quais êle é muito

freqüentemente confun

tl»

soguDcIo a.s cãmc-tcristr I vi-O ^

^

dido no Brasil: a "hol

ding company" e a "trust

iiaiiMorvn-

company" ou

cas do seu capital, q olosed-cnd investmont

selheiro dc in\cstimcntos de grandes companhias ianques. O segundo é "Chalrman of tlie Board of Thc Edin-

burgh Investmcnt Trust" (Escócia). "O enorme desenvolvimento dos "in

vestmcnt trust" não deixa qualquer dú vida sôbrc a sua eficácia e permanência como ínstiluição financeira. Inc\itàvcl-

mente existirão empresas que fracassa

rão. Mas o .succ.sso final dc qualquer "trust" dependo largamente, senão ex

clusivamente, da sua administração", na opinião do primeiro. "O investidor individual encontrará sempre dificuldade para analisar e dis tinguir um "investmcnt trust" eficiente de outro precário. Poderá certamente

interpretar os seus estatutos o regula

tado pelos estatutos. E

"O sucesso final do "tmst" depende

mentos especializados,

ou

de -- cí capital

companhia

aberto, isto

naturalmente de uma sábia seleção das

aplicações. Mas isto não quer dizer que apenas os títxilos do mais elevado grau

com a finalidade de exercer o controle de

e, de capital flutuante c

companhias; ela aplica

sujeito a aumentar ou

os seus recursos exclusi

diminuir segundo as exigências do negócio,

compra de títulos que, por uma ou outra

e conforme a conve

possibilidades de futura valorização. Isto requer discriminação e capacidade de julgamento, mas essas qualidades se de vem exigir dos administradores de um

vamente na compra de ações

das

empresas

controladas; geralmen

te controla emprêsas de serviços públicos, trans

portes, petróleo, seguros, bancos e outras entidades. A segunda é uma empresa

i

niência da organiza ção e de seus partici pantes. Futuro do "investment trust"

de segurança deveriam ser comprados."

"Os lucros reais são efetuados pela razão, se acham cà venda por preço infe rior ao seu valor real, ou com efetivas

"trust".

^"Um dos segredos da boa administra

que não encontra modelo na legislação

Vejamos agora a opinião dos mais

ção é permitir que uma parcela dos

brasileira; recebe valores patrimoniais,

destacados especialistas em investimen tos, sôbre o futuro da "inyestment com-

lucros seja mantida como reservas, para

por transferência, (imóveis — títulos —

quenos inversorcs que precisam dc scguroíxça, e que preferem «ma fa.va estácel

dc dividendos, mesmo pequena, a uma taxa incerta e flutuante."

Os 'trusts" de maior sucesso pos suem reservas vish^eis o invisíveis. Estas

ultimas são representadas pela valoriza ção constante das boas aplicações", eis o depoimento do último.

Por oportuno, transcrevemos também algumas palavras de um dos mais emipentes 'trustees" norte-americanos: "Mr. Alec Brock Stevenson, Vice-President and Trust Officer, The American Natío-

nal^ Bank of Nashville." "ít is apparent, therefore, that there is a place in the investmcnt scene for

the mvestment company, which in essencially a financial institution designed to posta.s a seus diretores. Mas isso pouco assemble a largo aggregate investment esclarece sôbre o futuro da empresa, from a multítude of individuais, porque, com uma administração adçqua- fund and to provide for thc- fund a calibcr da, quanto menores as restrições tanto melhor para o próprio "trust".

'"vestment

reser\'as permitem enfrentar futuros pre

juízos. E elas são particularmente ne cessárias porque o "trust" apela .em grande parte para as economias dos pe

mentos para encontrar as restrições im-

ccapital . fechado. ™mpanl,ia de

quer dizer, capiia"limj!

"corporate-fiduciary". A primeira delas é uma companhia de investi

meiro, Ralph Ea.stinan Badgcr, Ph. D., ó

reaplicação a juros compostos. Essas

of manag(^ent and a degree of divcrsifi-, cation ordmarily beyond the reach of any of its individual shareholders." -

Pelo exposto, não resta dúvida de que lugar para a mvestment company", a qual é essencialmente uma instituição fi no campo dos investimentos existe um

nanceira com a finalidade de reunir um

grande fundo para investímenlos com a contribuição de elevado número de pessoas e de fornecer uma qualidade de administração e um grau de diversificaçao que esta normalmente aquém das possibihdades de qualquer dos seus acio nistas mdmduais.

Finalidades do "investment tmst" Variada é a legislação ainericana atual sobre o investment trust" tados S.0

ai


Dicf.sto

Ef:oNÓMico

UioJCSTO

Econômico

61

60

dimenlos de envergadura, toma par

ticipação em negócios e faz o giro dos seus capitais com grande liberda de de ação. Esta categoria é a que oferece maiores possibilidades de

lucros, além de atender a uma tarefa de maior utilidade social através dos seus empreendimentos e iniciativas.

É o tipo que goza de preferência na

Inglaterra e nos Estados Unidos. O segredo do seu bom êxito está na existência de uma administração ho

nesta, competente e bem intencio nada.

É esta última categoria dos "invcst-

ment trust" que nos interessa particular

mente, pela sua maior conveniência c mais perfeita adaptabilidade ao nosso meio. É oportuno, porém, distingui-lo de duas outras companhias financeiras

de larga repercussão na Inglaterra e nos

liipotecas etc.) c passa a administrá-los por conta própria, pagando, entretanto,

pany" ou "investmcnt trust". O pri

aos primitivos titulares o»i seus herdei

americano, profe.ssor da Brown Univcrsity, técnico do Go\êrno Federal e con

ros, determinada ronda por determinado

prazo. E quando se c.xtinguc o contrato, Sü o mesmo não fòr perpétuo, devolve

todos os bens aos respectivos titulares, seus herdeiros ou Icgatários, tudo de acordo com os respectivos testamentos ou r>nntrntos dc "trusL". -.v....- .

cias são geralmente isentas de impostos c a elaboração de um contrato do "trust" com uma dessas companbias oferece mui

tas vantagens, inclusive a dc se livrar dos ônus dc administração do próprio i> uri mônio. dc assegurar aos bcrdciros renda certa e permanente c ' de cm 1 guns Estados americanos, .v,a, fucir'nr,. lugir aos " r» .-J

A,. j sados impostos dc renda e dè tr .r," ^Oc-

são aos herdeiros.

Convém mencionar, outrossini quc Os americanos distinguem ainda

de "investmcnt classes -1 _

Estados Unidos, e com

as quais êle é muito

freqüentemente confun

tl»

soguDcIo a.s cãmc-tcristr I vi-O ^

^

dido no Brasil: a "hol

ding company" e a "trust

iiaiiMorvn-

company" ou

cas do seu capital, q olosed-cnd investmont

selheiro dc in\cstimcntos de grandes companhias ianques. O segundo é "Chalrman of tlie Board of Thc Edin-

burgh Investmcnt Trust" (Escócia). "O enorme desenvolvimento dos "in

vestmcnt trust" não deixa qualquer dú vida sôbrc a sua eficácia e permanência como ínstiluição financeira. Inc\itàvcl-

mente existirão empresas que fracassa

rão. Mas o .succ.sso final dc qualquer "trust" dependo largamente, senão ex

clusivamente, da sua administração", na opinião do primeiro. "O investidor individual encontrará sempre dificuldade para analisar e dis tinguir um "investmcnt trust" eficiente de outro precário. Poderá certamente

interpretar os seus estatutos o regula

tado pelos estatutos. E

"O sucesso final do "tmst" depende

mentos especializados,

ou

de -- cí capital

companhia

aberto, isto

naturalmente de uma sábia seleção das

aplicações. Mas isto não quer dizer que apenas os títxilos do mais elevado grau

com a finalidade de exercer o controle de

e, de capital flutuante c

companhias; ela aplica

sujeito a aumentar ou

os seus recursos exclusi

diminuir segundo as exigências do negócio,

compra de títulos que, por uma ou outra

e conforme a conve

possibilidades de futura valorização. Isto requer discriminação e capacidade de julgamento, mas essas qualidades se de vem exigir dos administradores de um

vamente na compra de ações

das

empresas

controladas; geralmen

te controla emprêsas de serviços públicos, trans

portes, petróleo, seguros, bancos e outras entidades. A segunda é uma empresa

i

niência da organiza ção e de seus partici pantes. Futuro do "investment trust"

de segurança deveriam ser comprados."

"Os lucros reais são efetuados pela razão, se acham cà venda por preço infe rior ao seu valor real, ou com efetivas

"trust".

^"Um dos segredos da boa administra

que não encontra modelo na legislação

Vejamos agora a opinião dos mais

ção é permitir que uma parcela dos

brasileira; recebe valores patrimoniais,

destacados especialistas em investimen tos, sôbre o futuro da "inyestment com-

lucros seja mantida como reservas, para

por transferência, (imóveis — títulos —

quenos inversorcs que precisam dc scguroíxça, e que preferem «ma fa.va estácel

dc dividendos, mesmo pequena, a uma taxa incerta e flutuante."

Os 'trusts" de maior sucesso pos suem reservas vish^eis o invisíveis. Estas

ultimas são representadas pela valoriza ção constante das boas aplicações", eis o depoimento do último.

Por oportuno, transcrevemos também algumas palavras de um dos mais emipentes 'trustees" norte-americanos: "Mr. Alec Brock Stevenson, Vice-President and Trust Officer, The American Natío-

nal^ Bank of Nashville." "ít is apparent, therefore, that there is a place in the investmcnt scene for

the mvestment company, which in essencially a financial institution designed to posta.s a seus diretores. Mas isso pouco assemble a largo aggregate investment esclarece sôbre o futuro da empresa, from a multítude of individuais, porque, com uma administração adçqua- fund and to provide for thc- fund a calibcr da, quanto menores as restrições tanto melhor para o próprio "trust".

'"vestment

reser\'as permitem enfrentar futuros pre

juízos. E elas são particularmente ne cessárias porque o "trust" apela .em grande parte para as economias dos pe

mentos para encontrar as restrições im-

ccapital . fechado. ™mpanl,ia de

quer dizer, capiia"limj!

"corporate-fiduciary". A primeira delas é uma companhia de investi

meiro, Ralph Ea.stinan Badgcr, Ph. D., ó

reaplicação a juros compostos. Essas

of manag(^ent and a degree of divcrsifi-, cation ordmarily beyond the reach of any of its individual shareholders." -

Pelo exposto, não resta dúvida de que lugar para a mvestment company", a qual é essencialmente uma instituição fi no campo dos investimentos existe um

nanceira com a finalidade de reunir um

grande fundo para investímenlos com a contribuição de elevado número de pessoas e de fornecer uma qualidade de administração e um grau de diversificaçao que esta normalmente aquém das possibihdades de qualquer dos seus acio nistas mdmduais.

Finalidades do "investment tmst" Variada é a legislação ainericana atual sobre o investment trust" tados S.0

ai


Dicesto

Econonuco

Duíksto Econômico

encaminhar

sejam direta ou indiretamente interessa

62

63

ções à ação dessas emprêsas. Outros são mais rigorosos. A razão dêsse rigorismo é de duas ordens:

1. pela necessidade de garantir as eco nomias dos pequenos economizadores;

2. para evitar que o grande poderio fi nanceiro dessas companhias possa re

sultar em monopólios prejudiciais através do contrôle de determinadas emprêsas de serviços públicos e orga nizações industriais.

Dentre os Estados de legislação li-,

beral conta-se particularmente o Estado de Delaware. Vejamos através dos es tatutos da "Allied International Investing

"Fazer, participar ou

quaisquer ajustes ou entendimentos em

dos."

benefício desta corporação, com qual

quer autoridade pública nacional ou es

Outrossim, nenhum diretor ou geren te desta corporação será responsável pe

trangeira..."

rante ^la, seus acionistas ou credores,

mento, exceto por iniciativa de má fé. e nem se responsabilizará por lucros que liaja realizado cm negócios com a mes

adquirir êsses direitos." "Operar em qualquer ou cm todos os

firmas ou sociedades nn qual sejam

países do mundo, em negócios do qual quer natureza."

dividendos.

vestment trust":

objetivos semelhantes, no todo

poração, bem como os seus objetivos e finalidades, são os seguintes:

"Adquirir por compra, subscrição, con trato, ou por qualquer forma, e conser

var, vender, permutar, hipotecar, caucionar, ou dispor de todas as classes e es

pécies de títulos... e ajudar mediante qualquer outra íorma, qualquer pessõa empréstimo, subsídio, garantia, ou por

ou pessoas emissoras, fundadoras ou res

ponsáveis por êsses títulos ou papéis de

dívidas, ou ações, ou certificados de ju

ros, ou pessoas que sejam detentoras de títulos desta corporação ou por ela subs critos, ou de qualquer outra corporação em a qual esta tenha algum interesse como acionista, ou de qualquer outra natureza."

"Comprar, subscrever, conservar, ven

der, permutar, caucionar (valores) de qualquer espécie, natureza e descri ção... comprar, vender e negociar ha bitualmente em bôlsas nacionais ou es

trangeiras."

^

"Tomar dinheiro mediante emnréstimo, ou emitir titules. Endossar o., tri rantir o pagamento do capital, juros c

Corporation", organizada naquele Esta do, os principais objetivos de uma com panhia do tipo "general-management in"A natureza dos negócios desta Cor

por qualquer erro ou engano de julga

"Adquirir, no todo ou em parte, ne gócios, privilégios, direitos, propriedades, ou ativos de qualquer espécie... assim como solicitar, requerer, registrar, com prar, alugar ou, de qualquer fonna,

ma, quer pessoalmente ou através de

direta ou indiretamente interessados."

Como se vê, são bastante amplos os poderes outorgados aos diretores, e os

objetwos cobertos por essa grande companiua de investimentos do Estado de

Incorporar, fundir-

Possuímos também alguns

consolidar, de acôrdo com a

qualquer outra corporação qug ''

parte."

"

"Comprar, conservar, vender trrir, reemitir ou cancelar ações ri'

próprio capital."

^

"Em qualquer parte do niunclo m-m faturar, produzir, comprar, ou, de n i quer forma, adquirir, vender ou disno importar ou exportar mercadorias" '

"Tnh crentes ao contrato do International Seciuiües Trust social o£ Ame-

ncd que é muito mais restritivo do que *1 pois se enquadra na categoria

investment crusc . Apenas como orientação focali>^est"Ções principais; 1. A finalidade d^ste "trust" é exclu sivamente fazer investimentos, sendo

vedada a sua participação em em preendimento de qualquer natureza ou em quaisquer iniciativas com à finalidade de controle ou administra ção de outras emprêsas."

(Segue-se uma longa enumeração do atos jurídicos a serem praticados em beneficio dos interesses da Conipanhi i ) "Outrossim, é expressa finalidade dVs

2. "O "trust" não poderá adquirir ou

ta corporação executar empreendimentos ou fazer investimentos ou rcinvestimen-

los, (ações comuns _ preferenciais ou debêntures) exceto com a finali

tos de qualquer natureza, mesmo que possam ser considerados especulativos ou de certo risco, e ainda no caso dos

seus diretores ou gerentes serem pessoal mente, direta ou indiretamente interes sados nêsses empreendimentos ou com

panhias; e esta corporação também pode rá comprar, vender ou transacionar com seus diretores ou gerentes individualmen

te, ou com quaisquer firmas ou socieda des na qual êsses diretores ou gerentes

negociar com os seus próprios títu

dade de retirá-los do mercado para cancelamento."

3. "Nenhum título ou papel poderá ser adquirido,

a) sem que se tenham obtido prèviamente informações fidedig nas com respeito à Iiistófia, administração, ativos, lucros e

®

rendimentos, da autoridade go vernamental, corporação ou en-

tidade responsável pela sua emissão;

b) sem que a liistória da nação ou país de origem desses títulos possa evidenciar a sua estabili dade financeira, e o reconheci

mento dos direitos à proprieda de privada, e,

c) sem que a autoridade governa mental, corporação ou entida

de responsável pela emissão, já tenha sido estabelecida por mais de 4 anos."

4. "Do total dos fundos do "trust", não poderão ser investidos mais de 70 % em títulos norte-americanos, mais de

55% em títulos ingleses, nem mais de 35% em títulos de qualquer outro país. Do total permitido aplicar, se gundo essa discriminação territorial, não se poderá investir mais de 10 %

em títulos representativos de uma só categoria de comércio ou indústria ou

^ H

serviço público. O "trust" não de-

^

derá comprar ou conservar maioria

de interêsses em qualquer emissão de títulos de qualquer natureza". (Se guem-se outras regras percentuais de restrição, visando a mais perfeita divisão dos riscos).

5. "De tempos em tempos, e a seu cri tério, os administradores poderão dis por de determinados títulos para reinvestir segundo rnelhor conveniên

cia. Sempre que uma determinada classe de títulos existente em cartei

ra deixar de ser elegívei para nova aquisição, os administradores terão o

prazo de um ano para dispor dos mesmos (descarregá-los)."

6. *0 "trust" poderá emprestar a ter ceiros até 85% sôbre o valor de títu

los elegíveis para aquisição por êle mesmo, mediante caução ou penhor dos referidos títulos."


Dicesto

Econonuco

Duíksto Econômico

encaminhar

sejam direta ou indiretamente interessa

62

63

ções à ação dessas emprêsas. Outros são mais rigorosos. A razão dêsse rigorismo é de duas ordens:

1. pela necessidade de garantir as eco nomias dos pequenos economizadores;

2. para evitar que o grande poderio fi nanceiro dessas companhias possa re

sultar em monopólios prejudiciais através do contrôle de determinadas emprêsas de serviços públicos e orga nizações industriais.

Dentre os Estados de legislação li-,

beral conta-se particularmente o Estado de Delaware. Vejamos através dos es tatutos da "Allied International Investing

"Fazer, participar ou

quaisquer ajustes ou entendimentos em

dos."

benefício desta corporação, com qual

quer autoridade pública nacional ou es

Outrossim, nenhum diretor ou geren te desta corporação será responsável pe

trangeira..."

rante ^la, seus acionistas ou credores,

mento, exceto por iniciativa de má fé. e nem se responsabilizará por lucros que liaja realizado cm negócios com a mes

adquirir êsses direitos." "Operar em qualquer ou cm todos os

firmas ou sociedades nn qual sejam

países do mundo, em negócios do qual quer natureza."

dividendos.

vestment trust":

objetivos semelhantes, no todo

poração, bem como os seus objetivos e finalidades, são os seguintes:

"Adquirir por compra, subscrição, con trato, ou por qualquer forma, e conser

var, vender, permutar, hipotecar, caucionar, ou dispor de todas as classes e es

pécies de títulos... e ajudar mediante qualquer outra íorma, qualquer pessõa empréstimo, subsídio, garantia, ou por

ou pessoas emissoras, fundadoras ou res

ponsáveis por êsses títulos ou papéis de

dívidas, ou ações, ou certificados de ju

ros, ou pessoas que sejam detentoras de títulos desta corporação ou por ela subs critos, ou de qualquer outra corporação em a qual esta tenha algum interesse como acionista, ou de qualquer outra natureza."

"Comprar, subscrever, conservar, ven

der, permutar, caucionar (valores) de qualquer espécie, natureza e descri ção... comprar, vender e negociar ha bitualmente em bôlsas nacionais ou es

trangeiras."

^

"Tomar dinheiro mediante emnréstimo, ou emitir titules. Endossar o., tri rantir o pagamento do capital, juros c

Corporation", organizada naquele Esta do, os principais objetivos de uma com panhia do tipo "general-management in"A natureza dos negócios desta Cor

por qualquer erro ou engano de julga

"Adquirir, no todo ou em parte, ne gócios, privilégios, direitos, propriedades, ou ativos de qualquer espécie... assim como solicitar, requerer, registrar, com prar, alugar ou, de qualquer fonna,

ma, quer pessoalmente ou através de

direta ou indiretamente interessados."

Como se vê, são bastante amplos os poderes outorgados aos diretores, e os

objetwos cobertos por essa grande companiua de investimentos do Estado de

Incorporar, fundir-

Possuímos também alguns

consolidar, de acôrdo com a

qualquer outra corporação qug ''

parte."

"

"Comprar, conservar, vender trrir, reemitir ou cancelar ações ri'

próprio capital."

^

"Em qualquer parte do niunclo m-m faturar, produzir, comprar, ou, de n i quer forma, adquirir, vender ou disno importar ou exportar mercadorias" '

"Tnh crentes ao contrato do International Seciuiües Trust social o£ Ame-

ncd que é muito mais restritivo do que *1 pois se enquadra na categoria

investment crusc . Apenas como orientação focali>^est"Ções principais; 1. A finalidade d^ste "trust" é exclu sivamente fazer investimentos, sendo

vedada a sua participação em em preendimento de qualquer natureza ou em quaisquer iniciativas com à finalidade de controle ou administra ção de outras emprêsas."

(Segue-se uma longa enumeração do atos jurídicos a serem praticados em beneficio dos interesses da Conipanhi i ) "Outrossim, é expressa finalidade dVs

2. "O "trust" não poderá adquirir ou

ta corporação executar empreendimentos ou fazer investimentos ou rcinvestimen-

los, (ações comuns _ preferenciais ou debêntures) exceto com a finali

tos de qualquer natureza, mesmo que possam ser considerados especulativos ou de certo risco, e ainda no caso dos

seus diretores ou gerentes serem pessoal mente, direta ou indiretamente interes sados nêsses empreendimentos ou com

panhias; e esta corporação também pode rá comprar, vender ou transacionar com seus diretores ou gerentes individualmen

te, ou com quaisquer firmas ou socieda des na qual êsses diretores ou gerentes

negociar com os seus próprios títu

dade de retirá-los do mercado para cancelamento."

3. "Nenhum título ou papel poderá ser adquirido,

a) sem que se tenham obtido prèviamente informações fidedig nas com respeito à Iiistófia, administração, ativos, lucros e

®

rendimentos, da autoridade go vernamental, corporação ou en-

tidade responsável pela sua emissão;

b) sem que a liistória da nação ou país de origem desses títulos possa evidenciar a sua estabili dade financeira, e o reconheci

mento dos direitos à proprieda de privada, e,

c) sem que a autoridade governa mental, corporação ou entida

de responsável pela emissão, já tenha sido estabelecida por mais de 4 anos."

4. "Do total dos fundos do "trust", não poderão ser investidos mais de 70 % em títulos norte-americanos, mais de

55% em títulos ingleses, nem mais de 35% em títulos de qualquer outro país. Do total permitido aplicar, se gundo essa discriminação territorial, não se poderá investir mais de 10 %

em títulos representativos de uma só categoria de comércio ou indústria ou

^ H

serviço público. O "trust" não de-

^

derá comprar ou conservar maioria

de interêsses em qualquer emissão de títulos de qualquer natureza". (Se guem-se outras regras percentuais de restrição, visando a mais perfeita divisão dos riscos).

5. "De tempos em tempos, e a seu cri tério, os administradores poderão dis por de determinados títulos para reinvestir segundo rnelhor conveniên

cia. Sempre que uma determinada classe de títulos existente em cartei

ra deixar de ser elegívei para nova aquisição, os administradores terão o

prazo de um ano para dispor dos mesmos (descarregá-los)."

6. *0 "trust" poderá emprestar a ter ceiros até 85% sôbre o valor de títu

los elegíveis para aquisição por êle mesmo, mediante caução ou penhor dos referidos títulos."


Digesto Econômico

Digf-sto Econ-óahco

65

64

sempre .são lançadas através dos "invost-

7: "Todo. os titulos de

"trust" deverão ser conservados em cSfdia em Bancos, "trust compaou outras instituições rdevidamente aparelhadasfmance.para a

sua salvaguarda, e que gozem de absoluta idoneidade.

'8 "Na seleção dos títulos, de acôr o com as mencionadas restrrçoes, o administradores deverão autonzad •

çoes que lhes

América

merecedoras

-rtssoalmente ^a. responsáveis peou em quais-

scrao

o primeiro banco do mundo.

ment-bankcrs" (banqueiros de investi

Amadco Petcr Giannini, falecido em 1949, foi um dos mais extraordinários

mentos), que cobram uma taxa do ser viços para se encarregar da subscrição.

banqueiros que o mundo já conheceu. essas duas crganizaçõcs gigantescas.

Com reforôncia ao custo de adminis

Em pouco niais de 40 anos, construiu

tração do "investment trust" é bem de

citar que boa parte das empresas adota

Em certa ocasião teve de enfrentar

uma taxa anual de Js a 1 por cento sobre o valor do capital. Assim procedem a "Investment Managers Company", á

uma luta terrível contra "Wall Street",

"American Founders Trust" e a "Securi-

u que ee c sua família não possuíam sequer milhão de dólares do capital n n nn! A sua grande fôrça.

que

tíes Managemcnt Company", cujos di retores têm^a seu cargo a administração do grandes fundos cm investimentos na cionais e estrangeiros. Deve-se lembrar

dor Mario^cr

todavia, que a taxa média anual de rèn'

que conseguiíím'"''

• dimento líquido dos investimentos

17 Londres T nndres Em

ultrapassa, fre-

tuição de um ^

g

quentemente ^J

cento, e, nessas condições, o custoQ d

empresas

linistração vai, sa administração vai, nortnmrx portanto , de

razoes

para a for-

dS s grandes emprêsas são a preferencia

que, em se tratando de cmprés^s capitais de larga envergadura, essa

acionistas dessas

CompanbirAuvnsua finalidade ei " ad Stockholders" -

de administração assume expressão

nifícativa. Assim, um "trust" com U^'q" 10 milhões de capital oferece uma tè de administração de 100 mil dóla^''^

que

massa

s pequenos rendeiros

dos economizadores, p q

e

Ja nos Esm refa é E o motivo dcs

Unidos, a mesma tao i' e 10 por conto, majs alto é que conquistaram

aplicadores ^ rência das ,

emissões de títulos companhias indus-

essas empresas definitivo P"^' f de outras

preferência dos a intensa concorpúblicos.

'"l'lie"tenrbém que. para se ga.

o êxito da operação as em.ssoes

to títulos, nos Estados Unrdos. quase

tulo de maior banco do mundo, que então era o privilégio do "City Bank", de Nova York, Giannini respondeu pron tamente que não. E Noltando-se para o repórter indagou: Então o senhor não

sabe que eu sou o maior acionista do "City" ?"

É que, naquela ocasião, a sua compa nhia do investimentos era detentora de

mais de 20% do capital daquele banco da "Wall Street".

Já se vê o que é possível fazer, quan do se consegue conquistar a amizade, a compreensão e a confiança de uma imen sa caudal de modestos economizadores.,

A "Transamerica Corporation", além do ser a maior acionista do "Bank of

inúmeros bancos, companhias de segu ros, emprêsas de serviços públicos e transportes, de companhias industriais, agrícolas, comerciais e imobiliárias, além

'^ções das organizações de

Esta é a empresa de investimentos de

SsiCT ane o

É uma verdadeira subsidiária do

^

q"e fazer um dcaltos.

Sempre

hnní^ liquidava^'^lonista os seusprecisava títulos, de no dinheiro, mínimo, pelo mesmo preço que pagou. A par da sua e.xtraordinária capacidade e devo-

"Bank of América National Trust and

Savings Association", de São Francisco Ela é atualmente uma

tamento ao trabalho, e além de sua incomparavel honestidade, foi, talvez, êsse

das maiores, senão a maior companhia

sentido do segurança e proteção que

Para se

dar uma idéia do seu poderio, informe-se de passagem que o seu ativo líquido é

sempre procurou oferecer aos seus acio

nistas, o motivo principal do enorme

de quase um bilhão e quinhentos mi

êxito de Giannini."

Para se ter uma idéia do que é a

lUs An i^TAlarnc nti coía Aí^ Ihões de dólares , ou seja, de 6 an 8*vêzes

superior ao capital do próprio r»n

quistar para o Banco da América o tí

me quantidade de ações que possui de

de elevadas inversões em títulos públicos

A. P. Giannini.

de investimentos do mundo.

sódio que Se passou há alguns anos. "Perguntado por um jornalista se na verdade êle estava empenhado em con

nominal dàraç&iTt" "'"n"" °

«"xeguiu manter

A "Transamerica Corporation"

da Califórnia.

acionistas, é interessante narrar um epi

América", salienta-sc também pela enor

maçao ciessa» a

sua idade o

daquela modesta companhia auxiliar dos

Banco sempre oim f mr no fos.sem oferecidas ao

Lnmre r"

rcs

anuais.

confiança

nnrn em T™ 1904 n ^^ fundação do do seu seu Banco líarv ^lanmni criou a "Auxi-

anuais da companhia. Note-se, tanib'

e Edimburgh o ^custo do j ^^onsti-

^ continua-

. tenas de milharof 1

ame-

a 20 por cento sôbre os rcndiment^^

As despesas com a administração do

levantamentó ^

ricanos nuo ultrapassa geralmente ' o •■••Viitc

le pretendera arrancar o contrôlo

dessas organizações. E o mais notável

X

"ut chÍnatáneias. por agir dessa forma."

que é também, atualmente,

rln i-trArvrifí "Banlc of

Transamerica Corporation", sucessora

il

americanos e estrangeiros.

Razões para a criação de Companhias

de Investimentos em nosso país Não resta dúvida de que a fundação

de importantes companhias de investi mentos, segundo os moldes das grandes entidades financeiras inglesas e america nas a que nòs reportamos, é assunto que está na ordem do dia.

Basta examinar

o noticiário dos jornais, percorrer algu mas revistas de assuntos econômicos, ou

apreciar os debates que vão em anda

mento há quase 4 anos com respeito ao projeto da reforma bancária brasileira.


Digesto Econômico

Digf-sto Econ-óahco

65

64

sempre .são lançadas através dos "invost-

7: "Todo. os titulos de

"trust" deverão ser conservados em cSfdia em Bancos, "trust compaou outras instituições rdevidamente aparelhadasfmance.para a

sua salvaguarda, e que gozem de absoluta idoneidade.

'8 "Na seleção dos títulos, de acôr o com as mencionadas restrrçoes, o administradores deverão autonzad •

çoes que lhes

América

merecedoras

-rtssoalmente ^a. responsáveis peou em quais-

scrao

o primeiro banco do mundo.

ment-bankcrs" (banqueiros de investi

Amadco Petcr Giannini, falecido em 1949, foi um dos mais extraordinários

mentos), que cobram uma taxa do ser viços para se encarregar da subscrição.

banqueiros que o mundo já conheceu. essas duas crganizaçõcs gigantescas.

Com reforôncia ao custo de adminis

Em pouco niais de 40 anos, construiu

tração do "investment trust" é bem de

citar que boa parte das empresas adota

Em certa ocasião teve de enfrentar

uma taxa anual de Js a 1 por cento sobre o valor do capital. Assim procedem a "Investment Managers Company", á

uma luta terrível contra "Wall Street",

"American Founders Trust" e a "Securi-

u que ee c sua família não possuíam sequer milhão de dólares do capital n n nn! A sua grande fôrça.

que

tíes Managemcnt Company", cujos di retores têm^a seu cargo a administração do grandes fundos cm investimentos na cionais e estrangeiros. Deve-se lembrar

dor Mario^cr

todavia, que a taxa média anual de rèn'

que conseguiíím'"''

• dimento líquido dos investimentos

17 Londres T nndres Em

ultrapassa, fre-

tuição de um ^

g

quentemente ^J

cento, e, nessas condições, o custoQ d

empresas

linistração vai, sa administração vai, nortnmrx portanto , de

razoes

para a for-

dS s grandes emprêsas são a preferencia

que, em se tratando de cmprés^s capitais de larga envergadura, essa

acionistas dessas

CompanbirAuvnsua finalidade ei " ad Stockholders" -

de administração assume expressão

nifícativa. Assim, um "trust" com U^'q" 10 milhões de capital oferece uma tè de administração de 100 mil dóla^''^

que

massa

s pequenos rendeiros

dos economizadores, p q

e

Ja nos Esm refa é E o motivo dcs

Unidos, a mesma tao i' e 10 por conto, majs alto é que conquistaram

aplicadores ^ rência das ,

emissões de títulos companhias indus-

essas empresas definitivo P"^' f de outras

preferência dos a intensa concorpúblicos.

'"l'lie"tenrbém que. para se ga.

o êxito da operação as em.ssoes

to títulos, nos Estados Unrdos. quase

tulo de maior banco do mundo, que então era o privilégio do "City Bank", de Nova York, Giannini respondeu pron tamente que não. E Noltando-se para o repórter indagou: Então o senhor não

sabe que eu sou o maior acionista do "City" ?"

É que, naquela ocasião, a sua compa nhia do investimentos era detentora de

mais de 20% do capital daquele banco da "Wall Street".

Já se vê o que é possível fazer, quan do se consegue conquistar a amizade, a compreensão e a confiança de uma imen sa caudal de modestos economizadores.,

A "Transamerica Corporation", além do ser a maior acionista do "Bank of

inúmeros bancos, companhias de segu ros, emprêsas de serviços públicos e transportes, de companhias industriais, agrícolas, comerciais e imobiliárias, além

'^ções das organizações de

Esta é a empresa de investimentos de

SsiCT ane o

É uma verdadeira subsidiária do

^

q"e fazer um dcaltos.

Sempre

hnní^ liquidava^'^lonista os seusprecisava títulos, de no dinheiro, mínimo, pelo mesmo preço que pagou. A par da sua e.xtraordinária capacidade e devo-

"Bank of América National Trust and

Savings Association", de São Francisco Ela é atualmente uma

tamento ao trabalho, e além de sua incomparavel honestidade, foi, talvez, êsse

das maiores, senão a maior companhia

sentido do segurança e proteção que

Para se

dar uma idéia do seu poderio, informe-se de passagem que o seu ativo líquido é

sempre procurou oferecer aos seus acio

nistas, o motivo principal do enorme

de quase um bilhão e quinhentos mi

êxito de Giannini."

Para se ter uma idéia do que é a

lUs An i^TAlarnc nti coía Aí^ Ihões de dólares , ou seja, de 6 an 8*vêzes

superior ao capital do próprio r»n

quistar para o Banco da América o tí

me quantidade de ações que possui de

de elevadas inversões em títulos públicos

A. P. Giannini.

de investimentos do mundo.

sódio que Se passou há alguns anos. "Perguntado por um jornalista se na verdade êle estava empenhado em con

nominal dàraç&iTt" "'"n"" °

«"xeguiu manter

A "Transamerica Corporation"

da Califórnia.

acionistas, é interessante narrar um epi

América", salienta-sc também pela enor

maçao ciessa» a

sua idade o

daquela modesta companhia auxiliar dos

Banco sempre oim f mr no fos.sem oferecidas ao

Lnmre r"

rcs

anuais.

confiança

nnrn em T™ 1904 n ^^ fundação do do seu seu Banco líarv ^lanmni criou a "Auxi-

anuais da companhia. Note-se, tanib'

e Edimburgh o ^custo do j ^^onsti-

^ continua-

. tenas de milharof 1

ame-

a 20 por cento sôbre os rcndiment^^

As despesas com a administração do

levantamentó ^

ricanos nuo ultrapassa geralmente ' o •■••Viitc

le pretendera arrancar o contrôlo

dessas organizações. E o mais notável

X

"ut chÍnatáneias. por agir dessa forma."

que é também, atualmente,

rln i-trArvrifí "Banlc of

Transamerica Corporation", sucessora

il

americanos e estrangeiros.

Razões para a criação de Companhias

de Investimentos em nosso país Não resta dúvida de que a fundação

de importantes companhias de investi mentos, segundo os moldes das grandes entidades financeiras inglesas e america nas a que nòs reportamos, é assunto que está na ordem do dia.

Basta examinar

o noticiário dos jornais, percorrer algu mas revistas de assuntos econômicos, ou

apreciar os debates que vão em anda

mento há quase 4 anos com respeito ao projeto da reforma bancária brasileira.


l .LilPil i. J.lHiflfHPJdlIPPl

m

Dicesto Econômico

Digesto Eco^-ó^^co

67

66

para se constatar a atenção que os estu diosos e homens de negócios começam

a dedicar ao mercado de capitais. É de todos sabido que inúmeras iniciativas de maior vulto não se têm levado a efeito no Brasil, por falta de recursos com que realizá-los. E nem se discute que a nossa sociedade anônima de tipo fami

liar, com capital limitado às possibili dades de uma dezena de acionistas, não

poderá prosseguir como elemento de pro-

pulsâo da vida econômica de um país que está começando a sair de sua infância, para tomar um desenvolvimento que todos reconhecem como necessário e

perfeitamente possível em vista de seus enormes recursos potenciais, de sua

cente população, e da concentração de grandes massas cosmopolitas em impor tantes cidades do litoral e do interior, onde a técnica, a racionalização e a me canização do trabalho já começam a prevalecer. É bem verdade que o aviltamento

atual das cotações de excelentes papéis de bolsa, públicos e particulares, gera

Vantagem que oferecem as ações de

tulos estaduais, como 'as apólices unifi

Companhias de Investimentos

cadas c os papéis ferroviários, vêm ofe recendo 1) elevada renda," 2) relativa segurança, 3) excelente liquidez e 4)

Conformo já tivemds o ensejo de mos trar, a primeira e mais significativa van tagem que o econoniiziidor, o pequeno rendeiro e mesmo o capitalista poderão usufruir com a aquisição das ações de uma companhia de investimentos é

aquela que diz respeito à segurança do seu capital. Já vimos também que essa

valorização. Tudo isso, é de se notar,

vasta diversificação do suas aplicações.

cada negócio, ou melhor, a análise indi vidualizada de cada investimento. Pois

Uma rápida análise das condições quê

caracterizam um investimento perfeito nos permite salientar as diversas vanta

gens de uma ampla diversificação ■ Investimento perfeito seria aquêle n,,^ oferecesse. ao aplicador ns ^®guintes

vantagens:

2. Rendimento estável em base c r tória. sabsfa-

3, Liquidez permanente ou ccnversibill dado em dinheiro.

4. Valorização constante.

prejudicial desconfiança em relação ao

pre a máxima segurança, um rendimen to razoável, a facilidade permanente de

vável que a atenção dos inversores será aos poucos atraída para êsse mercado,

que além de oferecer enormes possibi

lidades de bons rendimentos e ótimos

lucros, representa também o veículo através do qual se hão de criár os gran

liquidá-lo e fazer dinheiro, e a sua pos

sível e constante valorização. Todavia

a prática nos mostra que essas qualida des geralmente se repelem, isto é, só muito raramente se acham conjugadas no mesmo investimento.

No momento

atual, por exemplo, as hipotecas são in vestimentos 1) de grande segurança,

2) de renda regular, 3) de fraca liquidez

des empreendimentos de utilidade pú

(difíceis de transferir) e 4) de nenhu ma valorização. Já os terrenos em São

blica para o nosso país.

Paulo têm-se demonstrado 1) aplicações

Ê"manifesta, portanto, a oportunidade

não dispensa o exame específico de há hipotecas muito precárias, há terrenos em franca desvalorização, certos títulos estão sujeitos a bruscas reviravoltas e nem todas as ações bancárias dão bom rendimento.

Ora, Se nenhum investimento, indivi

1. Segurança absoluta.

mercado de títulos. Entretanto, não há

sinais de recuperação. É bastante pro

mercado nos últimos meses). As ações

bancárias permitem alcançar boje cm dia 1) renda regular, 2) boa liquidez, 3) segurança satisfatória e 4) provável

segurança de que se revestem os títu los dessas companhias resulta de uma

Do fato. ao fazermos a aplicação de um determinado capital, buscamos sem

dúvida de que êsse mercado atingiu o seu fundo (bottom) e nele o observador experiente já consegue notar os primeiros

possibilidade de valorização (os especia listas consideram a melhor inversão do

excelentes como valorização, 2) de ele

que se oferece à criação de companhias-

vada segurança, 3) de fraca liquidez e

de investimentos em nosso país.

4) de nenhum rendimento.

Certos tí-

dualmente considerado, pode reunir em si mesmo tôdas as vantagens, sem qual quer inconveniente, então, a única so

lução para o aplicador bem orientado é

buscar uma média de boas qualidades e de mínimos defeitos, através de diferen tes apUcoçÕes. Assim, em lugar de apli car o seu dinheiro sòmente em hipote cas, em imóveis, em títulos, na partici pação em negócios ou em depósitos ban

cários, o capitalista avisado procura dis tribuir um pouco em cada categoria, para obter uma boa média de 1) segu rança, 2) de renda, 3) de valorizaçãb e de 4) liquidez ou conversibilidade. Dessa forma, as hipotecas lhe darão boa

zeiros, diversificar tão amplamente os seus recursos?

Calculem-se o tempo perdido, as preo cupações, os conhecimentos que precisa ria ter para distribuir os seus modestos recursos numa lúpoteca de Cr$ 20.000,00, num terreno de Cr$ 15.000,00, em um

punhado de títulos no valor de Cr§

17.000,00. E a canseíra para receber essas rendas fracionadas, para fiscalizar as aplicações, pagar cs seus impostos,*

discutir com os seus corretores e proce der ao controle dêsse modesto patrimô nio.

Pois bem, as ações de mna companhia

de investimentos, cujo ativo se compõe de uma vasta carteira de variadíssimas

aplicações, traz consigo uifia média de tôdas as vantagens que caracterizam o investimento ideal.

Elas oferecem se

gurança porque representam grande ni>

mero de hipotecas, propriedades, ações, títulos públicos, dinheiro em bancos e outras aplicações que se contrabalançam. Elas oferecem rendimento satisfatório e

estável, pois esta é a íua finalidade prin cipal. Oferecem valorização permanente através das reservas acumuladas e do crescimento do seu ativo. Oferecem li

quidez porque são títulos que gozam de preferência dos economizadores e

demais investidores, por tôdas as quali dades enumeradas e por representarem a participação em sociedades de grande vulto, de renome, de prestígio e de uti lidade pxxblica.

renda, os imóveis bem localizados lhe

' darão valorização, os títulos e os depó- sitos bancários lhe darão liquidez, e a participação em bons negócios lhe po derá dar excelentes lucros. Eis» por

A administração e os lucros das

Corhpanhias de Investimentos Ao estudarmos a classificação do "in

tanto, o que se denomina diversifica

vestment trust" americano verificamos

ção — isto é — não colocar todos os

que o tipo mais flexível e liberal é aquêle do "general-management open-end invesbnent trust". Êle se caracteriza por

ovos na mesma cesta.

Mas é possível a um economizador, que disponha de 20, 50 ou 100 mil cru

não possuir o capital limitado e por


l .LilPil i. J.lHiflfHPJdlIPPl

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Dicesto Econômico

Digesto Eco^-ó^^co

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66

para se constatar a atenção que os estu diosos e homens de negócios começam

a dedicar ao mercado de capitais. É de todos sabido que inúmeras iniciativas de maior vulto não se têm levado a efeito no Brasil, por falta de recursos com que realizá-los. E nem se discute que a nossa sociedade anônima de tipo fami

liar, com capital limitado às possibili dades de uma dezena de acionistas, não

poderá prosseguir como elemento de pro-

pulsâo da vida econômica de um país que está começando a sair de sua infância, para tomar um desenvolvimento que todos reconhecem como necessário e

perfeitamente possível em vista de seus enormes recursos potenciais, de sua

cente população, e da concentração de grandes massas cosmopolitas em impor tantes cidades do litoral e do interior, onde a técnica, a racionalização e a me canização do trabalho já começam a prevalecer. É bem verdade que o aviltamento

atual das cotações de excelentes papéis de bolsa, públicos e particulares, gera

Vantagem que oferecem as ações de

tulos estaduais, como 'as apólices unifi

Companhias de Investimentos

cadas c os papéis ferroviários, vêm ofe recendo 1) elevada renda," 2) relativa segurança, 3) excelente liquidez e 4)

Conformo já tivemds o ensejo de mos trar, a primeira e mais significativa van tagem que o econoniiziidor, o pequeno rendeiro e mesmo o capitalista poderão usufruir com a aquisição das ações de uma companhia de investimentos é

aquela que diz respeito à segurança do seu capital. Já vimos também que essa

valorização. Tudo isso, é de se notar,

vasta diversificação do suas aplicações.

cada negócio, ou melhor, a análise indi vidualizada de cada investimento. Pois

Uma rápida análise das condições quê

caracterizam um investimento perfeito nos permite salientar as diversas vanta

gens de uma ampla diversificação ■ Investimento perfeito seria aquêle n,,^ oferecesse. ao aplicador ns ^®guintes

vantagens:

2. Rendimento estável em base c r tória. sabsfa-

3, Liquidez permanente ou ccnversibill dado em dinheiro.

4. Valorização constante.

prejudicial desconfiança em relação ao

pre a máxima segurança, um rendimen to razoável, a facilidade permanente de

vável que a atenção dos inversores será aos poucos atraída para êsse mercado,

que além de oferecer enormes possibi

lidades de bons rendimentos e ótimos

lucros, representa também o veículo através do qual se hão de criár os gran

liquidá-lo e fazer dinheiro, e a sua pos

sível e constante valorização. Todavia

a prática nos mostra que essas qualida des geralmente se repelem, isto é, só muito raramente se acham conjugadas no mesmo investimento.

No momento

atual, por exemplo, as hipotecas são in vestimentos 1) de grande segurança,

2) de renda regular, 3) de fraca liquidez

des empreendimentos de utilidade pú

(difíceis de transferir) e 4) de nenhu ma valorização. Já os terrenos em São

blica para o nosso país.

Paulo têm-se demonstrado 1) aplicações

Ê"manifesta, portanto, a oportunidade

não dispensa o exame específico de há hipotecas muito precárias, há terrenos em franca desvalorização, certos títulos estão sujeitos a bruscas reviravoltas e nem todas as ações bancárias dão bom rendimento.

Ora, Se nenhum investimento, indivi

1. Segurança absoluta.

mercado de títulos. Entretanto, não há

sinais de recuperação. É bastante pro

mercado nos últimos meses). As ações

bancárias permitem alcançar boje cm dia 1) renda regular, 2) boa liquidez, 3) segurança satisfatória e 4) provável

segurança de que se revestem os títu los dessas companhias resulta de uma

Do fato. ao fazermos a aplicação de um determinado capital, buscamos sem

dúvida de que êsse mercado atingiu o seu fundo (bottom) e nele o observador experiente já consegue notar os primeiros

possibilidade de valorização (os especia listas consideram a melhor inversão do

excelentes como valorização, 2) de ele

que se oferece à criação de companhias-

vada segurança, 3) de fraca liquidez e

de investimentos em nosso país.

4) de nenhum rendimento.

Certos tí-

dualmente considerado, pode reunir em si mesmo tôdas as vantagens, sem qual quer inconveniente, então, a única so

lução para o aplicador bem orientado é

buscar uma média de boas qualidades e de mínimos defeitos, através de diferen tes apUcoçÕes. Assim, em lugar de apli car o seu dinheiro sòmente em hipote cas, em imóveis, em títulos, na partici pação em negócios ou em depósitos ban

cários, o capitalista avisado procura dis tribuir um pouco em cada categoria, para obter uma boa média de 1) segu rança, 2) de renda, 3) de valorizaçãb e de 4) liquidez ou conversibilidade. Dessa forma, as hipotecas lhe darão boa

zeiros, diversificar tão amplamente os seus recursos?

Calculem-se o tempo perdido, as preo cupações, os conhecimentos que precisa ria ter para distribuir os seus modestos recursos numa lúpoteca de Cr$ 20.000,00, num terreno de Cr$ 15.000,00, em um

punhado de títulos no valor de Cr§

17.000,00. E a canseíra para receber essas rendas fracionadas, para fiscalizar as aplicações, pagar cs seus impostos,*

discutir com os seus corretores e proce der ao controle dêsse modesto patrimô nio.

Pois bem, as ações de mna companhia

de investimentos, cujo ativo se compõe de uma vasta carteira de variadíssimas

aplicações, traz consigo uifia média de tôdas as vantagens que caracterizam o investimento ideal.

Elas oferecem se

gurança porque representam grande ni>

mero de hipotecas, propriedades, ações, títulos públicos, dinheiro em bancos e outras aplicações que se contrabalançam. Elas oferecem rendimento satisfatório e

estável, pois esta é a íua finalidade prin cipal. Oferecem valorização permanente através das reservas acumuladas e do crescimento do seu ativo. Oferecem li

quidez porque são títulos que gozam de preferência dos economizadores e

demais investidores, por tôdas as quali dades enumeradas e por representarem a participação em sociedades de grande vulto, de renome, de prestígio e de uti lidade pxxblica.

renda, os imóveis bem localizados lhe

' darão valorização, os títulos e os depó- sitos bancários lhe darão liquidez, e a participação em bons negócios lhe po derá dar excelentes lucros. Eis» por

A administração e os lucros das

Corhpanhias de Investimentos Ao estudarmos a classificação do "in

tanto, o que se denomina diversifica

vestment trust" americano verificamos

ção — isto é — não colocar todos os

que o tipo mais flexível e liberal é aquêle do "general-management open-end invesbnent trust". Êle se caracteriza por

ovos na mesma cesta.

Mas é possível a um economizador, que disponha de 20, 50 ou 100 mil cru

não possuir o capital limitado e por


Dicesto Econóasico

68

gozar a sua administração de grande li

sentação da sociedade. Um Superinten

berdade de iniciatís'a cm sua política de investímentos. Além de poder expandir

atividades c elaborar os planos financei

constantemente os recursos através da

dente com o encargo de supervisionar as

ros e operacionais da instituição. E mais

Dicesto EcoN6^^co

adotando uma estratégia que dá exce lentes resultados.

É claro que sòmcntc as vantagens econômicas e financeiras que represen

contínua emissão de novas ações, estas

um ou dois diretores, para executar as

companhias podem aplicar o seu capi tal em empreendimentos de qualquer na tureza, desde que o façam com a cautela

tarefas administrativas que lhes forem atribuídas pelo Conscllio.

Já foi dito que as despesas adminis

Rrasil, motivo suficientemente forte para

e a boa fé que se requer em quem

trativas de uma companliia dèssc tipo

administra capitais alheios. É esta regra

conquistar a opinião, a confiança o favor públicos.

da nos tribunais americanos como a

devem-se manter cm absoluta relação ao montante do seu capital c lucrps. Talvez fôsse de bom alvitrc adotar aqui

"prudent man nile" — a regra do ho

esse duplo critério.

de escolher com cautela, hoje vulgariza mem prudente — que nos parece a úni ca limitação extra-legal que os estatutos de uma companhia de investimentos de

veriam estabelecer, pois estamos conven cidos de que, entregue a uma adminis tração criteriosa e competente, a liber

dade de ação só vantagens poderá trazer.

O que nos parece indispensável, entre tanto, para o sucesso de uma companhia do investimentos, é a constituição de um Conselho Diretor composto de pes soas

capazes, esclarecidas, absoluta

Assim as^ despe

tam as ações das companhias de inves

timentos para o investidor particular não constituem, por enquanto, entre nós no

O que nos parece indispensável, cm tais casos, é lançar a companhia como patrocinadora de um empreendimento

sas fixas anuais, inclusive honorários de diretores, ordenados, impostos e outras, não deveriam ultrapassar um por cento

que conquiste logo a atenção e mereça

sobro o valor do capital realizado. E

o sucesso na subscrição dos títulos das

como estímulo às atividades do Conse

apoio da coletividade.

Outra condição muito importante para

69

companhias de investimentos no Brasil é que a sua constituição seja patrocinada por grupos financeiros reconhecida mente idôneos, tais como bancos, com

panhias de seguros e outras entidades realmente merecedoras da confiança pú

blica. Além di,sso, pontos capitais para o êxito da iniciativa, seja quanto à dis tribuição das ações ao público ou quanto aos resultados dos futuros negócios da empresa, é a capacidade técnica, a com petência comercial, a idoneidade moral

e, acima de tudo, o espírito público dos seus administradores, que deverão exer

cer a tarefa pelos ingleses denominada "trusteeship" — ou melhor — o exercício da administração em confiatiça.

lho, poderia ser-lhe atribuída uma parti cipação nos lucros líquidos da compa nliia, na base de dez ou quinze por cento.

Ainda com referência aos lucros líqui

dos, parece-nos razoável que a sua dis tribuição Se processe da seguinte forma:

mente idôneas, e de real prestígio. É certo que o processo ultra-democrático

americano de reunir sempre um grande

Fundo de Reserva Legal .. 5% Fundo de Reserva Especial 10%

número de diretores em um "Board of . Participação aos Diretores 15% Dírectors" tem vantagens substanciais. Dividendos — conforme deli beração da Assembléia Deve-se ter em conta que as funções Geral 70% 100% de diretor dessas companhias nada tem de absorvente. A função primordial do

Conselho é examinar os planos, propos tas e projetos que lhe forem apresenta dos, discutir e fixar as normas e progra

O lançamento de tais emprôsas

mas de ação, fiscalizar em conjunto, ou

Já tivemos oportunidade de explicar que nos Estados Unidos o capital das

mediante delegação a determinados di retores, todas as atividades da compa

nhia, para o fiel cumprimento de suas instruções. É claro que 2'ara o desem

penho diário das funções diretoras de vem ser indicados 3' ou 4 membros do Conselho com função executiva. Um

Presidente com função geral de repre

"ínvestment comparíies" é quase sempre lançado à subscrição pública através dos

banqueiros de investimentos. Muitas ve zes se reúnem grupos de "investmentbankers", formando uma espécie de sin dicato — "underwriters-syndicate" que

se encarrega de proceder ao lançamento, • jíi-.


Dicesto Econóasico

68

gozar a sua administração de grande li

sentação da sociedade. Um Superinten

berdade de iniciatís'a cm sua política de investímentos. Além de poder expandir

atividades c elaborar os planos financei

constantemente os recursos através da

dente com o encargo de supervisionar as

ros e operacionais da instituição. E mais

Dicesto EcoN6^^co

adotando uma estratégia que dá exce lentes resultados.

É claro que sòmcntc as vantagens econômicas e financeiras que represen

contínua emissão de novas ações, estas

um ou dois diretores, para executar as

companhias podem aplicar o seu capi tal em empreendimentos de qualquer na tureza, desde que o façam com a cautela

tarefas administrativas que lhes forem atribuídas pelo Conscllio.

Já foi dito que as despesas adminis

Rrasil, motivo suficientemente forte para

e a boa fé que se requer em quem

trativas de uma companliia dèssc tipo

administra capitais alheios. É esta regra

conquistar a opinião, a confiança o favor públicos.

da nos tribunais americanos como a

devem-se manter cm absoluta relação ao montante do seu capital c lucrps. Talvez fôsse de bom alvitrc adotar aqui

"prudent man nile" — a regra do ho

esse duplo critério.

de escolher com cautela, hoje vulgariza mem prudente — que nos parece a úni ca limitação extra-legal que os estatutos de uma companhia de investimentos de

veriam estabelecer, pois estamos conven cidos de que, entregue a uma adminis tração criteriosa e competente, a liber

dade de ação só vantagens poderá trazer.

O que nos parece indispensável, entre tanto, para o sucesso de uma companhia do investimentos, é a constituição de um Conselho Diretor composto de pes soas

capazes, esclarecidas, absoluta

Assim as^ despe

tam as ações das companhias de inves

timentos para o investidor particular não constituem, por enquanto, entre nós no

O que nos parece indispensável, cm tais casos, é lançar a companhia como patrocinadora de um empreendimento

sas fixas anuais, inclusive honorários de diretores, ordenados, impostos e outras, não deveriam ultrapassar um por cento

que conquiste logo a atenção e mereça

sobro o valor do capital realizado. E

o sucesso na subscrição dos títulos das

como estímulo às atividades do Conse

apoio da coletividade.

Outra condição muito importante para

69

companhias de investimentos no Brasil é que a sua constituição seja patrocinada por grupos financeiros reconhecida mente idôneos, tais como bancos, com

panhias de seguros e outras entidades realmente merecedoras da confiança pú

blica. Além di,sso, pontos capitais para o êxito da iniciativa, seja quanto à dis tribuição das ações ao público ou quanto aos resultados dos futuros negócios da empresa, é a capacidade técnica, a com petência comercial, a idoneidade moral

e, acima de tudo, o espírito público dos seus administradores, que deverão exer

cer a tarefa pelos ingleses denominada "trusteeship" — ou melhor — o exercício da administração em confiatiça.

lho, poderia ser-lhe atribuída uma parti cipação nos lucros líquidos da compa nliia, na base de dez ou quinze por cento.

Ainda com referência aos lucros líqui

dos, parece-nos razoável que a sua dis tribuição Se processe da seguinte forma:

mente idôneas, e de real prestígio. É certo que o processo ultra-democrático

americano de reunir sempre um grande

Fundo de Reserva Legal .. 5% Fundo de Reserva Especial 10%

número de diretores em um "Board of . Participação aos Diretores 15% Dírectors" tem vantagens substanciais. Dividendos — conforme deli beração da Assembléia Deve-se ter em conta que as funções Geral 70% 100% de diretor dessas companhias nada tem de absorvente. A função primordial do

Conselho é examinar os planos, propos tas e projetos que lhe forem apresenta dos, discutir e fixar as normas e progra

O lançamento de tais emprôsas

mas de ação, fiscalizar em conjunto, ou

Já tivemos oportunidade de explicar que nos Estados Unidos o capital das

mediante delegação a determinados di retores, todas as atividades da compa

nhia, para o fiel cumprimento de suas instruções. É claro que 2'ara o desem

penho diário das funções diretoras de vem ser indicados 3' ou 4 membros do Conselho com função executiva. Um

Presidente com função geral de repre

"ínvestment comparíies" é quase sempre lançado à subscrição pública através dos

banqueiros de investimentos. Muitas ve zes se reúnem grupos de "investmentbankers", formando uma espécie de sin dicato — "underwriters-syndicate" que

se encarrega de proceder ao lançamento, • jíi-.


Digesto Ecdnókcco 71

dora, dos quais èle possuía os segredos.

o JV Ivó Gr

Descentralização é a finalidade da re

forma. Descntrava a máquina governa

Antônio Gontijo de Carvalho

tiva. Desaparece, como por encanto, a .rotina.

Ao empossar-se, em entrevista conce

dida ao "Jornal do Comércio", publica O Ministro âa Agricultura

Eco da nacionalidade brasileira, Coe lho Neto saudava a ascensão de Ca-

lógeras ao Governo, com palavras de profecia: "Do seu alto valor provado na vida pública muito espera a Pátria. Pos

da em folheto com o título "O Proble ma Econômico do Brasil , traça as dire trizes administrativas, infelizmente bas tante cerceadas pela falta de verbas,

compreensível em período agudo de cri

los que tiverem negócios cm Secretarias

ção mundial, que exigia sacrifícios, tan

do Estado.

to dos contribuintes quanto dos diri

apregoado com a palavra e com a pena,

gentes•

a terra frutifícar

em messes

cimento do ministro, que os examina e

lança desde logo o despacho, para depois entrarem nos protocolos. Daí seguem o seu destino para o respectivo expediente. Iniciativa de alcance só percebível pe

se, como foi o do começo da conflagra

sa o amigo realizar na prática o que tem fazendo

Os papéis, com o novo método de tra

balho, vão em primeiro lugar ao conhe

Ato iniciai de Calógeras é o da repa

Interrompe a execução do "testamento

ministerial" do antecessor Edwiges de Queiroz o se mostra im

de sua autoria, reguladora da proprieda de das minas, conhecida por "Lei Caló geras".

Remodela os serviços de indústria pas toril e os geológicos, êstes de acôrdo com

o plano que organizou quando deputado federal, juntamente coin Orville Derby 6 Arrojado Lisboa, a convite do então ministro Rodolfo Miranda.

Deve-se a Calógeras a realização das explorações carboníferas do Sul e a uti

lização," naquela fase, de minérios de fer ro do Estado de Minas Gerais.

Multiplica nas repartições oficiais os pontos de contacto e de prestação de au

xílios entre os interessados e órgãos ofi

prósperas e extraindo-lhe do seio os te

ração de uma iniqüidade de que fôra

piedoso nos cortes do

ciais, tornando-se prá

souros que nela jazem". Ao assumir, pois, em 15 de novembro de 1914, a pasta da Agricultura, Comér

vítima humilde funcionário. Em despa

funcionalismo relapso. Incrementa a produ

dos investigados.

Estado na classificação de Hermes Li

cho escrito do próprio punho, faz esta advertência que deveria ser meditada pelos nossos administradores: A afir mação de que um funcionário não cor responde aos deveres do seu cargo de pende de prévia e rigorosa averiguação das faltas que, porventura, haja come tido. Nunca pode ser ato de arbítrio, pela gravidade da mácula assim lança

ma, era possuidor de programa de go-

da sôbre a honra profissional, da qual

cio e Indústria, que São Paulo recusou

por considerá-la de somenos importân cia, êrro-imperdoável de visão adminis trativa, estranhável por ter sido de ve

lho e experimentado estadista, Calógeras, o grande técnico da eficiência do vêrno maduramente pensado.

Conhecidas, as idéias de Calógeras. Era 1912, discutindo o orçamento da

Agricultura, cujo relator fôra o ático e probídoso Raul Fernandes, ao debater o problema da defesa da borracha, anali sou exaustivamente e com extraordinária

aptidão os serviços do Ministério, ini

ciados em má época, de efervescência

política. Acêrba, a sua crítica. O Minis tério havia sido organizado com direto res, bacharéis de outras secretarias ho mens competentes em assuntos de admimstração, mas leigos em técnica agrícola. Fustigou os erros. Como não era um destruidor, sugeriu os meios de emen dá-los.

tico o rumo dos estu

Imprime nova orien

ção do fumo e instala o ensino

preparo

da

cultura

do

tação aos Serviços de Informações e de Di

e

algodão,

vulgação, que se limita

que Edward Green, da Universidade

chigan,

vam

de Mi-

dirigiu

a

distribuir im

pressos e a um ou outro

com

perícia notável. Funda a Estação Central de

ininistrar conheci

mento científico. Alar

ga o âmbito de ação,

Química Agrícola e re

apura o valor das no

todo chefe tem o dever de ser guarda

gulamenta a de Biolo

zeloso, a bem do renome do conjunto

gia e Marinha.

dos serviços públicos". Considerava Çalógeras a prática da justiça, o dever pri

ma Reiffesen, promove o início da orga

quem devem prestar auxílio. Entende

mordial de um chefe de Estado para se

nização do crédito agrícola, prestigian do, com a ação indireta do Estado, o

distribui-los, serviço de que qualquer li-.

impor ao respeito dos seus concidadãos. Místico do patriotismo, duplica as ho

ções divulgadas e os

Entusiasta das cooperativas do siste

único sistema capaz de realizar a verda

ras do dia para doá-las, integrais, com o sacrifício da saúde, à pátria estremecida.

deira aspiração da lavoura, com juros

E' ininterrupta a sua .atividade. Re

mínimos e prazos máximos.

pandemônio, não com aquela ilusão gra

Estuda a substituição da gasolina pe lo álcool e providencia para que se sal vaguardem, durante a guerra européia, os direitos consagrados pelas leis e con

fica, de que fala Eduardo Prado, e faz com que o brasileiro confunda regula

invenções industriais, e aos proprietários

mentos com soluções de problemas, mas com saber teórico e capacidade realiza-

Põe.em execução sábia e minuciosa lei,

organiza cientificamente todos os depar tamentos do Ministério, um verdadeiro

venções internacionais

aos autores de

das marcas de fábrica e de comércio.

aproxima das classes a

que não é suficiente publicar folhetos e

vraria pode incumbir-se. Exige alma e não conglomerado de textos. De sua im portância, basta considerar a influência

que sôbre a expansão econômica dos Es

tados Unidos, do Canadá e da Argenti na exerce o Departamento Oficial en

carregado de idêntica tarefa. Obra apos

tólica e não de finaUdade de propagan

da pessoal de ministro que só realiza

serviços em noticiários dos jornais, cri minosamente estipendiados.

Resolve, em princípios de 1915, uma


Digesto Ecdnókcco 71

dora, dos quais èle possuía os segredos.

o JV Ivó Gr

Descentralização é a finalidade da re

forma. Descntrava a máquina governa

Antônio Gontijo de Carvalho

tiva. Desaparece, como por encanto, a .rotina.

Ao empossar-se, em entrevista conce

dida ao "Jornal do Comércio", publica O Ministro âa Agricultura

Eco da nacionalidade brasileira, Coe lho Neto saudava a ascensão de Ca-

lógeras ao Governo, com palavras de profecia: "Do seu alto valor provado na vida pública muito espera a Pátria. Pos

da em folheto com o título "O Proble ma Econômico do Brasil , traça as dire trizes administrativas, infelizmente bas tante cerceadas pela falta de verbas,

compreensível em período agudo de cri

los que tiverem negócios cm Secretarias

ção mundial, que exigia sacrifícios, tan

do Estado.

to dos contribuintes quanto dos diri

apregoado com a palavra e com a pena,

gentes•

a terra frutifícar

em messes

cimento do ministro, que os examina e

lança desde logo o despacho, para depois entrarem nos protocolos. Daí seguem o seu destino para o respectivo expediente. Iniciativa de alcance só percebível pe

se, como foi o do começo da conflagra

sa o amigo realizar na prática o que tem fazendo

Os papéis, com o novo método de tra

balho, vão em primeiro lugar ao conhe

Ato iniciai de Calógeras é o da repa

Interrompe a execução do "testamento

ministerial" do antecessor Edwiges de Queiroz o se mostra im

de sua autoria, reguladora da proprieda de das minas, conhecida por "Lei Caló geras".

Remodela os serviços de indústria pas toril e os geológicos, êstes de acôrdo com

o plano que organizou quando deputado federal, juntamente coin Orville Derby 6 Arrojado Lisboa, a convite do então ministro Rodolfo Miranda.

Deve-se a Calógeras a realização das explorações carboníferas do Sul e a uti

lização," naquela fase, de minérios de fer ro do Estado de Minas Gerais.

Multiplica nas repartições oficiais os pontos de contacto e de prestação de au

xílios entre os interessados e órgãos ofi

prósperas e extraindo-lhe do seio os te

ração de uma iniqüidade de que fôra

piedoso nos cortes do

ciais, tornando-se prá

souros que nela jazem". Ao assumir, pois, em 15 de novembro de 1914, a pasta da Agricultura, Comér

vítima humilde funcionário. Em despa

funcionalismo relapso. Incrementa a produ

dos investigados.

Estado na classificação de Hermes Li

cho escrito do próprio punho, faz esta advertência que deveria ser meditada pelos nossos administradores: A afir mação de que um funcionário não cor responde aos deveres do seu cargo de pende de prévia e rigorosa averiguação das faltas que, porventura, haja come tido. Nunca pode ser ato de arbítrio, pela gravidade da mácula assim lança

ma, era possuidor de programa de go-

da sôbre a honra profissional, da qual

cio e Indústria, que São Paulo recusou

por considerá-la de somenos importân cia, êrro-imperdoável de visão adminis trativa, estranhável por ter sido de ve

lho e experimentado estadista, Calógeras, o grande técnico da eficiência do vêrno maduramente pensado.

Conhecidas, as idéias de Calógeras. Era 1912, discutindo o orçamento da

Agricultura, cujo relator fôra o ático e probídoso Raul Fernandes, ao debater o problema da defesa da borracha, anali sou exaustivamente e com extraordinária

aptidão os serviços do Ministério, ini

ciados em má época, de efervescência

política. Acêrba, a sua crítica. O Minis tério havia sido organizado com direto res, bacharéis de outras secretarias ho mens competentes em assuntos de admimstração, mas leigos em técnica agrícola. Fustigou os erros. Como não era um destruidor, sugeriu os meios de emen dá-los.

tico o rumo dos estu

Imprime nova orien

ção do fumo e instala o ensino

preparo

da

cultura

do

tação aos Serviços de Informações e de Di

e

algodão,

vulgação, que se limita

que Edward Green, da Universidade

chigan,

vam

de Mi-

dirigiu

a

distribuir im

pressos e a um ou outro

com

perícia notável. Funda a Estação Central de

ininistrar conheci

mento científico. Alar

ga o âmbito de ação,

Química Agrícola e re

apura o valor das no

todo chefe tem o dever de ser guarda

gulamenta a de Biolo

zeloso, a bem do renome do conjunto

gia e Marinha.

dos serviços públicos". Considerava Çalógeras a prática da justiça, o dever pri

ma Reiffesen, promove o início da orga

quem devem prestar auxílio. Entende

mordial de um chefe de Estado para se

nização do crédito agrícola, prestigian do, com a ação indireta do Estado, o

distribui-los, serviço de que qualquer li-.

impor ao respeito dos seus concidadãos. Místico do patriotismo, duplica as ho

ções divulgadas e os

Entusiasta das cooperativas do siste

único sistema capaz de realizar a verda

ras do dia para doá-las, integrais, com o sacrifício da saúde, à pátria estremecida.

deira aspiração da lavoura, com juros

E' ininterrupta a sua .atividade. Re

mínimos e prazos máximos.

pandemônio, não com aquela ilusão gra

Estuda a substituição da gasolina pe lo álcool e providencia para que se sal vaguardem, durante a guerra européia, os direitos consagrados pelas leis e con

fica, de que fala Eduardo Prado, e faz com que o brasileiro confunda regula

invenções industriais, e aos proprietários

mentos com soluções de problemas, mas com saber teórico e capacidade realiza-

Põe.em execução sábia e minuciosa lei,

organiza cientificamente todos os depar tamentos do Ministério, um verdadeiro

venções internacionais

aos autores de

das marcas de fábrica e de comércio.

aproxima das classes a

que não é suficiente publicar folhetos e

vraria pode incumbir-se. Exige alma e não conglomerado de textos. De sua im portância, basta considerar a influência

que sôbre a expansão econômica dos Es

tados Unidos, do Canadá e da Argenti na exerce o Departamento Oficial en

carregado de idêntica tarefa. Obra apos

tólica e não de finaUdade de propagan

da pessoal de ministro que só realiza

serviços em noticiários dos jornais, cri minosamente estipendiados.

Resolve, em princípios de 1915, uma


DicESTo Econômico

Dicesto Econômico

73

72

crise séria de alimentação, com provi

dências rápidas e enérgicas junto ao go verno do Rio Grande do Sul, ao LIoyd

tério da Agricultura não fòssc tao cfêinera.

Empreendo uma viagem de e.stuclos a' Mato Grosso, para o aproveitamento da

do Ministério da Agricultura, escreveu

gunda presidência da República, no qua

quo as Diretorias de Inspeção c Defesa

Agrícola, Estatística c Meteorologia fo

triênio dc 1914 a 1918. , Era a impotência do gênio ante o ca-

ram as que maior influxo receberam da

taclisma Hermes.

admirável gestão Calógeras.

mo era o Brasil, compreende a importân

quelas inesgotáveis reservas de riqueza,. patentes da uberdade do solo e amcni-

cia da Diretoria do Fomento Agrícola,

dado do clima. Infelizmente, mero ca

criar cm Ribeirão Preto

o à Costeira.

Em país de organização empírica co

cuja superintendência

só deveria ser

confiada a homens de iniciativa, de es

pírito comercial, conhecedores das osci lações*dos mercados mundiais. "Pasta do fomento", cu denominaria a

da Agricultura. "Pasta de burocratas" tem sido, ou melhor, de "náufragos po líticos", apostrofava Calógeras, no Par

pítulo inicial que sofreu solução de con tinuidade.

Foi o ministro no quatriênio Veiices-

lau Braz que apresentou a primeira pro

posta do Orçamento. Os deputados fede rais, notadamente os relatores na Comis são de Finanças, queixavam-se a-miúdc, ante o indiferentísino dos respectivos ti

lamento. Poucos foram os Ministros que

tulares das pastas ministeriais, que as

realmente impulsionaram as nossas ri quezas. Receoso de um esquecimento, não os menciono. Mas a justiçaJraz-íno

leis dc meios eram votadas dc afogadi

lho o explicavam desta maneira a imper feição da obra.

à caneta o nome de Ildefonso Simões

Calógeras assim concluiu o estudo or

Lopes, grande auxiliar de Epitácio Pes

çamentário: "Em situação como a atual,

soa. Encontrei vestígios de sua ação em

quo só encontrará sua fórmula salvadora

todos os Departamentos dêsse Minis tério.

Calógeras remodela, sob cunho práti co, os serviços de inspeção de Defesa Agrícola, substituindo o bacharel em

no rápido incremento da riqueza públi ca, nenhum caminho levará mais depres sa à reconstrução financeira c econômi ca do País do que êste, que visa intensi ficar, por todos os modos c com o me

agricultura pelo instrutor técnico e "em

nor dispôndiü de tempo, a pecuária na

lugar do funcionário que só conhece o

cional".

cultivo da terra entre quatro paredes de uma Secretaria o arador calejado no ma

nejo dos instrumentos da profissão". O Estado, que só deve ensinar e am

parar, precisa fortalecer a iniciativa par ticular para os próprios lavradores cola borarem na cruzada salutar.

Não cumpríamos a nossa missão. Não

procurávamos o contucto da terra, abrindo-a em sulcos maravilhosos, de onde

emergeria a jorros a riqueza que almeja mos. O desenvolvimento agrícola esta va estacionado tal qual nas suas origens,

quando se desenvolvia o drama da colo nização.

'Calógeras realizaria integralmente o seu sonho, se a sua passagem pelo Minis

Palavras de verdade inconteste. Caló

geras, porém, a meu ver, não acertou ao

propor a fórmula dessa intensificação: .eliminar o zebu e criar raças finas euro

péias. Atitude em que incorreram quase todos os homens públicos do Brasil, in fluenciados pela campanha acre c pertinaz de Pereira Barreto, encantador eru

dito que se tornava panfletário quando escrevia sòbre pecuária. Hoje,^ a expe riência demonstrou que a razão estava com os fazendeiros de Uberaba, em só

admitir para um país tropical o bos indicus".

Teodureto de Camargo, a quem deve mos a fase áurea do Instituto Agronô

mico de Campinas e antigo funcionário

Pretendia o inesquecível brasilcifo — c o que nos revela o conhecido técnico —

uma e.staçao

destinada a estudar todos os problemas

agrícolas e tecnológicos referentes à pro dução econômica do café. Infelizmente, a saúde alterada do Mi

nistro da Fazenda, o seu grande amigo Sabino Barroso, e o descalabro financeiro

'

Calógeras recebe do govérno anterior um acervo do dificílima liquidação:'au sência de rendas para as necessidades mais urgentes; arrecadação aduaneira re duzida a um terço; enorme dívida flu

tuante; um segundo "funding"; as co

branças dc impostos suspensas para que fossem resolvidos com justiça os protes tos e reclamações; o comércio paralisado

pela cessação de transportes marítimos.

do País, cxiglram-lhc o sacrifício de di rigir, em junho de 1915, a título provi

Situação de verdadeiro caos.

sório, e definitivamente cm julho, a pas

gado a Carlos Peixoto, relator da Recei

Adverso às finanças de aventura e li

ta das Finanças, onde prestou memo ráveis serviços, interrompendo, entretan to, a atividade e a ação construtiva que estava exercendo no Ministério da Agri-

frendo desde logo da imprensa assoldada a mais repugnante campanha de di

cultiura, Comércio e Indústria.

e das pedras".

Administrada pela competência de Calógeras, a pasta desprezíxda era, no conjunto das tarefas governamentais, "a mais vasta, a mais útil e a mais vital".

ta, é mal recebido pelos papclistas, so

famação. Recebe "chuva das surriadas

Indiferente ao clamor popular, insufla do pelos interesses contrariados, realiza obra de salvação pública.

Impenitente

madrugador, inúmeras

Encerrado o longo período da sua vi da pública, intensificada a sua ação de escritor, deixa, treze anos depois, em

vêzes, às cinco horas da manhã, já esta va despachando em seu gabinete uma

'Problemas de Governo", obra de pen

narra em crônica deliciosa Medeiros e

sador c de estadista, o seguinte testemu

nho da sua experiência: "A pasta da Agricultura é a mais difícil de gerir, tantos e tão amplos são os conhecimen

tos que exige, para o seu chefe poder agir por si, sem ser mero joguete em

avalanche de processos,

cuja marcha,

Albuquerque, precisa memória reprodu zia. Exigia que o ponto fôsse uma ver

dade o era inflexível para com os fal tosos.

A primeira mensagem do governo Vcncesiau Braz, no capítulo das Finan

mãos dc seus subalternos c colabora

ças, redigida pelo próprio Calógeras, e

dores".

não por Sabino Barroso, que acabava de deixar o alto cargo de Mini.stro, não foi

Que salutar lição para alguns dos nos sos governantes !

bem acolhida. VI

O Ministro da Fazenda

"O Brasil é espólio de uma casa rou bada". Assim se pronunciava Rui Bar bosa, ao recusar a sua candidatura à se

As medidas propostas

não satisfaziam à opinião pública. As providências relativas às "sabinas", as

indicações

sòbíe a reorganização

do

Banco do Brasil, a lembrança do aumen

to de juros nas Caixas Econômicas, eram consideradas meros paliativos e não con-


DicESTo Econômico

Dicesto Econômico

73

72

crise séria de alimentação, com provi

dências rápidas e enérgicas junto ao go verno do Rio Grande do Sul, ao LIoyd

tério da Agricultura não fòssc tao cfêinera.

Empreendo uma viagem de e.stuclos a' Mato Grosso, para o aproveitamento da

do Ministério da Agricultura, escreveu

gunda presidência da República, no qua

quo as Diretorias de Inspeção c Defesa

Agrícola, Estatística c Meteorologia fo

triênio dc 1914 a 1918. , Era a impotência do gênio ante o ca-

ram as que maior influxo receberam da

taclisma Hermes.

admirável gestão Calógeras.

mo era o Brasil, compreende a importân

quelas inesgotáveis reservas de riqueza,. patentes da uberdade do solo e amcni-

cia da Diretoria do Fomento Agrícola,

dado do clima. Infelizmente, mero ca

criar cm Ribeirão Preto

o à Costeira.

Em país de organização empírica co

cuja superintendência

só deveria ser

confiada a homens de iniciativa, de es

pírito comercial, conhecedores das osci lações*dos mercados mundiais. "Pasta do fomento", cu denominaria a

da Agricultura. "Pasta de burocratas" tem sido, ou melhor, de "náufragos po líticos", apostrofava Calógeras, no Par

pítulo inicial que sofreu solução de con tinuidade.

Foi o ministro no quatriênio Veiices-

lau Braz que apresentou a primeira pro

posta do Orçamento. Os deputados fede rais, notadamente os relatores na Comis são de Finanças, queixavam-se a-miúdc, ante o indiferentísino dos respectivos ti

lamento. Poucos foram os Ministros que

tulares das pastas ministeriais, que as

realmente impulsionaram as nossas ri quezas. Receoso de um esquecimento, não os menciono. Mas a justiçaJraz-íno

leis dc meios eram votadas dc afogadi

lho o explicavam desta maneira a imper feição da obra.

à caneta o nome de Ildefonso Simões

Calógeras assim concluiu o estudo or

Lopes, grande auxiliar de Epitácio Pes

çamentário: "Em situação como a atual,

soa. Encontrei vestígios de sua ação em

quo só encontrará sua fórmula salvadora

todos os Departamentos dêsse Minis tério.

Calógeras remodela, sob cunho práti co, os serviços de inspeção de Defesa Agrícola, substituindo o bacharel em

no rápido incremento da riqueza públi ca, nenhum caminho levará mais depres sa à reconstrução financeira c econômi ca do País do que êste, que visa intensi ficar, por todos os modos c com o me

agricultura pelo instrutor técnico e "em

nor dispôndiü de tempo, a pecuária na

lugar do funcionário que só conhece o

cional".

cultivo da terra entre quatro paredes de uma Secretaria o arador calejado no ma

nejo dos instrumentos da profissão". O Estado, que só deve ensinar e am

parar, precisa fortalecer a iniciativa par ticular para os próprios lavradores cola borarem na cruzada salutar.

Não cumpríamos a nossa missão. Não

procurávamos o contucto da terra, abrindo-a em sulcos maravilhosos, de onde

emergeria a jorros a riqueza que almeja mos. O desenvolvimento agrícola esta va estacionado tal qual nas suas origens,

quando se desenvolvia o drama da colo nização.

'Calógeras realizaria integralmente o seu sonho, se a sua passagem pelo Minis

Palavras de verdade inconteste. Caló

geras, porém, a meu ver, não acertou ao

propor a fórmula dessa intensificação: .eliminar o zebu e criar raças finas euro

péias. Atitude em que incorreram quase todos os homens públicos do Brasil, in fluenciados pela campanha acre c pertinaz de Pereira Barreto, encantador eru

dito que se tornava panfletário quando escrevia sòbre pecuária. Hoje,^ a expe riência demonstrou que a razão estava com os fazendeiros de Uberaba, em só

admitir para um país tropical o bos indicus".

Teodureto de Camargo, a quem deve mos a fase áurea do Instituto Agronô

mico de Campinas e antigo funcionário

Pretendia o inesquecível brasilcifo — c o que nos revela o conhecido técnico —

uma e.staçao

destinada a estudar todos os problemas

agrícolas e tecnológicos referentes à pro dução econômica do café. Infelizmente, a saúde alterada do Mi

nistro da Fazenda, o seu grande amigo Sabino Barroso, e o descalabro financeiro

'

Calógeras recebe do govérno anterior um acervo do dificílima liquidação:'au sência de rendas para as necessidades mais urgentes; arrecadação aduaneira re duzida a um terço; enorme dívida flu

tuante; um segundo "funding"; as co

branças dc impostos suspensas para que fossem resolvidos com justiça os protes tos e reclamações; o comércio paralisado

pela cessação de transportes marítimos.

do País, cxiglram-lhc o sacrifício de di rigir, em junho de 1915, a título provi

Situação de verdadeiro caos.

sório, e definitivamente cm julho, a pas

gado a Carlos Peixoto, relator da Recei

Adverso às finanças de aventura e li

ta das Finanças, onde prestou memo ráveis serviços, interrompendo, entretan to, a atividade e a ação construtiva que estava exercendo no Ministério da Agri-

frendo desde logo da imprensa assoldada a mais repugnante campanha de di

cultiura, Comércio e Indústria.

e das pedras".

Administrada pela competência de Calógeras, a pasta desprezíxda era, no conjunto das tarefas governamentais, "a mais vasta, a mais útil e a mais vital".

ta, é mal recebido pelos papclistas, so

famação. Recebe "chuva das surriadas

Indiferente ao clamor popular, insufla do pelos interesses contrariados, realiza obra de salvação pública.

Impenitente

madrugador, inúmeras

Encerrado o longo período da sua vi da pública, intensificada a sua ação de escritor, deixa, treze anos depois, em

vêzes, às cinco horas da manhã, já esta va despachando em seu gabinete uma

'Problemas de Governo", obra de pen

narra em crônica deliciosa Medeiros e

sador c de estadista, o seguinte testemu

nho da sua experiência: "A pasta da Agricultura é a mais difícil de gerir, tantos e tão amplos são os conhecimen

tos que exige, para o seu chefe poder agir por si, sem ser mero joguete em

avalanche de processos,

cuja marcha,

Albuquerque, precisa memória reprodu zia. Exigia que o ponto fôsse uma ver

dade o era inflexível para com os fal tosos.

A primeira mensagem do governo Vcncesiau Braz, no capítulo das Finan

mãos dc seus subalternos c colabora

ças, redigida pelo próprio Calógeras, e

dores".

não por Sabino Barroso, que acabava de deixar o alto cargo de Mini.stro, não foi

Que salutar lição para alguns dos nos sos governantes !

bem acolhida. VI

O Ministro da Fazenda

"O Brasil é espólio de uma casa rou bada". Assim se pronunciava Rui Bar bosa, ao recusar a sua candidatura à se

As medidas propostas

não satisfaziam à opinião pública. As providências relativas às "sabinas", as

indicações

sòbíe a reorganização

do

Banco do Brasil, a lembrança do aumen

to de juros nas Caixas Econômicas, eram consideradas meros paliativos e não con-


- • •

Digesto Econômico

74

correriam para modificar a situação angustiosa. Mas o verdadeiro motivo do atacjue provinha da recusa da emissão de papel-moeda.

Honesto, opõe-se com férrea energia ao malbarato dos dinheiros públicos. Se

ria "homem digno", como de tantos corruptores se tem alardeado, se consen tisse no assalto ao Tesouro e distribuísse empregos.

Inicia-se então uma odisséia de sofri mentos morais. A concessão das areias

monazíticas e a indenização do dique da ilhíT das Cobras contribuem, injusta mente, para criar-lhe uma atmosfera de

hostilidade, de descrédito e de suspeita. Sofre porque tem a coragem de dar combate a defraudadores inveterados da

renda pública. Não havia, talvez, no mundo, pais onde fosse mais verdadeiro

o provérbio chinês de que "há mais gen te honrada nos presídios do que nas Al fândegas". Pela primeira vez, e só no Brasil se compreende, move-se virulenta campanha difamatória contra um Mi

so perdulário, propenso a tôdas as con cessões demagógicas, e habituado a \"otar despesas sem conhecer a receita. Regulariza p problema cia selagem dos estoques. Transforma, êlc próprio, a Ca sa da Moeda, que Honorío Hermeto di rigia com zêlo e capacidade, em ofici na de artefatos de guerra. Solucionaria o problema do carvão e o do ferro, se persístíssem na rota encetada, c resolvo, sob a sua orientação técnica e pessoal,

o da navegação, com os consertos rápi dos, por muitos tidos como irrealízáveis, da frota alemã requisitada pelo Brasil. Calógeras faz navegar a maior parte dos navios, demonstração pública e ine quívoca do seu valor profissional. Em

vencido de que, para a desenvolução benéfica da ação governamental, a en-

tro da Fazenda.

Irada para o Ministério de um elemento novo, sem a pesada bagagem da dolo rosa liquidação a que fui obrigado, vale por um fortalecimento e por um incen tivo em prosseguir na política racional

Calógeras, que ocupou as mais altas posições devido ao seu valor ímpar, mo desto e pobre, sem vícios, vivendo a existência que faria inveja a um monge, acusado de dilapidador dos cofres pri-

educação tributária do povo, qual se vê,

Calógeras não revida à torpeza da ca lúnia. Tôdas as acusações, mais tarde,

com tanto brilho, nos orçamentos da'In

caíram por terra, sem esfòrço, como a

prestado ao Brasil."

sejavam apenas a renúncia: o ataque vi-,

Calógeras retira-se do Ministério, sem deixar farrapos de sua consciência. Co

gral do cumprimento religioso do "fun-

sava a substituição de um Ministro im

ding". Honrando a palavra empenhada

permeável a transações escusas. Aban

do Brasil, afasta a ameaça do ccntrôle

donado o cargo, houve reação da opinião pública e a reparação foi.quase imedia

Se, em sua administração,-

não há

ta. Todos sentiram que Calógeras era A sua carta de demissão, escrita aos

Não conheço, em nossa literatura polí

Cultura imiversal e poliglota, esmeradamente polido, Calógeras era o homem talhado para a diplomacia.

ser gravado no coração dos moços, e .só

Relações Exteriores,

posições.

firme e abnegado, em hipótese nenhuma imolava os deveres imperiosos do seu cárgo.

Com austeridade resiste a um congres

1:000$000, cotadas a 691$000, alcan

çam, no final do seu govêrno, 840$0ü0. Êsse homem singular, que tinha a ob sessão do bem público, era indiferente

O Embaixador

Verificando que era inútil lutar con tra a campanha deflagrada pelo "quar to poder", que é a Imprensa, escreve êsse breviário de patriotismo, digno de

ra, realiza obra de severíssima vigilân

Mas,

VII

tica, página mais edificante. .

cia na arrecadação dos réditos e de es-

crupulosidade nos gastos indispensáveis. Dois fatos o comprovam: o câmbio de II penca sobe a 13 e as apólices de

A sua obra é hoje unanimemente re conhecida como orgulho de um povo.

'10 de julho de 1917, é lição de civismo.

clusões de inquérito.

em uma fase anormal, como a da guer

mo a Joaquim Murtinlio, fez-se justiça áo grande Ministro demissionário.

inocente.

inspirável por um profundo amor ao Brasil, bem maior que o seu apêgo às

cientemente sacrificava os seus.

glaterra.

cessidade de defesa. Os foliculários de

Chama a si a responsabilidade inte

Recife, proibindo-os de entrar nas adua nas, em virtude de irrespondíveis con Colocando-se ao lado dos interêsses do

e digna da verdade orçamentária e de

blicos!

sôpro do vento. Não houve sequer ne

grandes planos e reformas, impossíveis

Tesouro contra os dos políticos, cons

semelhante fator, se não estivesse con

rante a virulenta campanha, que jornais assalariados lhe moveram quando Minis

trangeiros, intensifica a venda dos pro

sas finanças estiveram tão florescentes".

contrabandos que a administração nun

Assim SC explica o seu estoicismo du

Não o alegaria eu a V. Excia., entre

tanto, pelo aspecto pessoal que possa ter

dutos brasileiros.

Calógeras impôs penas aos represen tantes de algumas firmas comerciais de

nas, famosa por ser vítima de numerosos

ça, com a qual não transigia.

cumprimento do dever.

Minha saída, portanto, nesta hora, lon ge de ato de egoísmo cômodo, será tàl\'ez pequeno serviço de ordem pública,

bandistas lhe pegavam fogo.

se de uma Alfândega, ninho de rataza

os seus atos por imia consciência inteiri

postas pelo momento. Êsse é o preço do

fòlha sêca de uma árvore cai ao menor

ca podia apurar. Processados, os contra

didas disciplinares, visando comercian tes mancomunados com funcionários aduaneiros para lesar o fisco. Tratava-

à opinião coletiva, quando desencadea da pelas pai-xões inferiores. Só pautava

75

acordos firmados com importadores es

estrangeiro em nossas alfândegas. Conclui o pagamento de letras-ouro, bem como o das garantias de juros, me diante o processo de acordos felizes com os interessados. Regulariza a dívida flu tuante, que bavia sido acumulada. Ao deixar o govêrno, recebe do ban queiro Rottschild, em solene documen to, a declaração de que "nunca as nos

nistro da Fazenda, porque tomou me

Digesto Econômico

"Receio que minha ação, em vez de

auxílio, seja um estorvo. Não se dirige a Fazenda Pública, principalmente em período como êste que atravessamos, sem suscitar graves dificuldades, e sem

incorrer, conscientemente, na impopula ridade que decorre das restrições im

Teria sido um grande

Ministro das

como

o foi da

Guerra.

Deputado federal, porta-voz do pensa mento de Rio Branco perante os seus

pares, foi, por designação do grande Chanceler, delegado à 3.^ e á.'' Confe rências Pan-Americanas.

Em tôdas ás

ocasiões difíceis, dentro e fora do Par

lamento, Rio Branco recorria aos "in substituíveis": Gastão da Cunha e Ca

lógeras. Em tôdas, portaram-se com ga-


- • •

Digesto Econômico

74

correriam para modificar a situação angustiosa. Mas o verdadeiro motivo do atacjue provinha da recusa da emissão de papel-moeda.

Honesto, opõe-se com férrea energia ao malbarato dos dinheiros públicos. Se

ria "homem digno", como de tantos corruptores se tem alardeado, se consen tisse no assalto ao Tesouro e distribuísse empregos.

Inicia-se então uma odisséia de sofri mentos morais. A concessão das areias

monazíticas e a indenização do dique da ilhíT das Cobras contribuem, injusta mente, para criar-lhe uma atmosfera de

hostilidade, de descrédito e de suspeita. Sofre porque tem a coragem de dar combate a defraudadores inveterados da

renda pública. Não havia, talvez, no mundo, pais onde fosse mais verdadeiro

o provérbio chinês de que "há mais gen te honrada nos presídios do que nas Al fândegas". Pela primeira vez, e só no Brasil se compreende, move-se virulenta campanha difamatória contra um Mi

so perdulário, propenso a tôdas as con cessões demagógicas, e habituado a \"otar despesas sem conhecer a receita. Regulariza p problema cia selagem dos estoques. Transforma, êlc próprio, a Ca sa da Moeda, que Honorío Hermeto di rigia com zêlo e capacidade, em ofici na de artefatos de guerra. Solucionaria o problema do carvão e o do ferro, se persístíssem na rota encetada, c resolvo, sob a sua orientação técnica e pessoal,

o da navegação, com os consertos rápi dos, por muitos tidos como irrealízáveis, da frota alemã requisitada pelo Brasil. Calógeras faz navegar a maior parte dos navios, demonstração pública e ine quívoca do seu valor profissional. Em

vencido de que, para a desenvolução benéfica da ação governamental, a en-

tro da Fazenda.

Irada para o Ministério de um elemento novo, sem a pesada bagagem da dolo rosa liquidação a que fui obrigado, vale por um fortalecimento e por um incen tivo em prosseguir na política racional

Calógeras, que ocupou as mais altas posições devido ao seu valor ímpar, mo desto e pobre, sem vícios, vivendo a existência que faria inveja a um monge, acusado de dilapidador dos cofres pri-

educação tributária do povo, qual se vê,

Calógeras não revida à torpeza da ca lúnia. Tôdas as acusações, mais tarde,

com tanto brilho, nos orçamentos da'In

caíram por terra, sem esfòrço, como a

prestado ao Brasil."

sejavam apenas a renúncia: o ataque vi-,

Calógeras retira-se do Ministério, sem deixar farrapos de sua consciência. Co

gral do cumprimento religioso do "fun-

sava a substituição de um Ministro im

ding". Honrando a palavra empenhada

permeável a transações escusas. Aban

do Brasil, afasta a ameaça do ccntrôle

donado o cargo, houve reação da opinião pública e a reparação foi.quase imedia

Se, em sua administração,-

não há

ta. Todos sentiram que Calógeras era A sua carta de demissão, escrita aos

Não conheço, em nossa literatura polí

Cultura imiversal e poliglota, esmeradamente polido, Calógeras era o homem talhado para a diplomacia.

ser gravado no coração dos moços, e .só

Relações Exteriores,

posições.

firme e abnegado, em hipótese nenhuma imolava os deveres imperiosos do seu cárgo.

Com austeridade resiste a um congres

1:000$000, cotadas a 691$000, alcan

çam, no final do seu govêrno, 840$0ü0. Êsse homem singular, que tinha a ob sessão do bem público, era indiferente

O Embaixador

Verificando que era inútil lutar con tra a campanha deflagrada pelo "quar to poder", que é a Imprensa, escreve êsse breviário de patriotismo, digno de

ra, realiza obra de severíssima vigilân

Mas,

VII

tica, página mais edificante. .

cia na arrecadação dos réditos e de es-

crupulosidade nos gastos indispensáveis. Dois fatos o comprovam: o câmbio de II penca sobe a 13 e as apólices de

A sua obra é hoje unanimemente re conhecida como orgulho de um povo.

'10 de julho de 1917, é lição de civismo.

clusões de inquérito.

em uma fase anormal, como a da guer

mo a Joaquim Murtinlio, fez-se justiça áo grande Ministro demissionário.

inocente.

inspirável por um profundo amor ao Brasil, bem maior que o seu apêgo às

cientemente sacrificava os seus.

glaterra.

cessidade de defesa. Os foliculários de

Chama a si a responsabilidade inte

Recife, proibindo-os de entrar nas adua nas, em virtude de irrespondíveis con Colocando-se ao lado dos interêsses do

e digna da verdade orçamentária e de

blicos!

sôpro do vento. Não houve sequer ne

grandes planos e reformas, impossíveis

Tesouro contra os dos políticos, cons

semelhante fator, se não estivesse con

rante a virulenta campanha, que jornais assalariados lhe moveram quando Minis

trangeiros, intensifica a venda dos pro

sas finanças estiveram tão florescentes".

contrabandos que a administração nun

Assim SC explica o seu estoicismo du

Não o alegaria eu a V. Excia., entre

tanto, pelo aspecto pessoal que possa ter

dutos brasileiros.

Calógeras impôs penas aos represen tantes de algumas firmas comerciais de

nas, famosa por ser vítima de numerosos

ça, com a qual não transigia.

cumprimento do dever.

Minha saída, portanto, nesta hora, lon ge de ato de egoísmo cômodo, será tàl\'ez pequeno serviço de ordem pública,

bandistas lhe pegavam fogo.

se de uma Alfândega, ninho de rataza

os seus atos por imia consciência inteiri

postas pelo momento. Êsse é o preço do

fòlha sêca de uma árvore cai ao menor

ca podia apurar. Processados, os contra

didas disciplinares, visando comercian tes mancomunados com funcionários aduaneiros para lesar o fisco. Tratava-

à opinião coletiva, quando desencadea da pelas pai-xões inferiores. Só pautava

75

acordos firmados com importadores es

estrangeiro em nossas alfândegas. Conclui o pagamento de letras-ouro, bem como o das garantias de juros, me diante o processo de acordos felizes com os interessados. Regulariza a dívida flu tuante, que bavia sido acumulada. Ao deixar o govêrno, recebe do ban queiro Rottschild, em solene documen to, a declaração de que "nunca as nos

nistro da Fazenda, porque tomou me

Digesto Econômico

"Receio que minha ação, em vez de

auxílio, seja um estorvo. Não se dirige a Fazenda Pública, principalmente em período como êste que atravessamos, sem suscitar graves dificuldades, e sem

incorrer, conscientemente, na impopula ridade que decorre das restrições im

Teria sido um grande

Ministro das

como

o foi da

Guerra.

Deputado federal, porta-voz do pensa mento de Rio Branco perante os seus

pares, foi, por designação do grande Chanceler, delegado à 3.^ e á.'' Confe rências Pan-Americanas.

Em tôdas ás

ocasiões difíceis, dentro e fora do Par

lamento, Rio Branco recorria aos "in substituíveis": Gastão da Cunha e Ca

lógeras. Em tôdas, portaram-se com ga-


Dicesto Econômico

76

Ihardia, honrando a sua terra e engran-

DicitsTo Econò>uco

A divulgação dessas idéias, expostas

digido emi data anterior á da recusa de

77

com rara lucidez, causou cm Buenos Ai

Rui, eu me convenci de que o e.xcelso

quo o grande brasileiro tenha escrito, nesta espinhosa missão, uma das mais

brasileiro estava com a razão em. decla

fulgurantes páginas de sua vida pública.

rar que o convite recebido fôra transmi

como chefe de delegações brasileiras em

res tão funda impressão, que "La Nacion", o prestigioso órgão sul-americano, reconheceu cm Calógeras a maior men

Buenos Aires, Versalhes e Londres.

talidade da Assembléia.

decendo-lhe o nome.

' Calógeras

desempenhou, posterior

mente, com brilho, missões de relevo,

Exercia a pasta das Finanças,' quan do, em 1916, se reuniu na Argentina o Congresso Financeiro Pan-Americano.

As delegações de todos os países foram presididas pelos titulares -dos Ministé rios da Fazenda.

Intelectuais de projeção americana —

Mac Adoo, Oliver, Armando Quesada, Pedro Cóssio e Euzébio Ayala — ^i^uravam, respectivamente, como delegados dos Estados Unidos, .Argentina, Chile, Uruguai e Paraguai.

Pandiá Calógeras, o enviado ,do Bra-

eil em caráter extraordinário. Enciclopé

dico, figura central da Conferência, era una intérprete seguro dos delegados, nos debates travados em plenário. Ao ser votado o estabelecimento de

um padrão americano monetário-ouro, sistema de unidade metálica, manifesta ram-se duas correntes no seio das dele

gações. Uma, chefiada pela Argentina,

e outra pelos Estados Unidos. Calóge ras foi o autor da formula conciliadora, que se tornou vitoriosa, e se-transformou

no tema principal da Conferência, de equiparar os regimens monetários do Continente pelo fracionamento do dólar

e pela sua harmonização com os siste-

Estava

dignificando

novamente

tido de má vontade e o desejo real do Govêmo, não o dc Rodrigues Alves, «ra

o

sua não aceitação.

Congresso Brasileiro, como rcprc.sentan-

Calógeras, ao ser nomeado embaixa dor do Brasil à Conferência da Paz, so

te de Minas Gerais, quando recebeu do

freu algumas alfinetadas de Rui Barbo

Domício da Gama a incumbência dc re

presentar o Brasil

na Conferência da

Paz, em Versalhes.

Os pormenorcs desse convite acham-

se expostos no interessante, infelizmente incompleto, "Diário da Conferência da Paz", só publicado por iniciativa minha ém data recente, documento precioso,

onde há parágrafos curiosíssimos*. As im pressões gravadas das entrevistas com Reinach, Clcmcnceau, Rafael George

Lovy, Briand, Wilson, Ribot e Millerand, são páginas de fina psicologia, pequenas miniaturas escritas com acuidade.

Há nas memórias este trecho signifi

cativo, revelador de honestidade e pa triotismo: "Falou-me Domício nas van

tagens que me seriam feitas. Interrompi-o, dizendo que, embora muito pobre,. eu nunca discutiria questões de dinheiro. O que me interessava era a missão, o al to encargo para o qúal me chamara a confiança do Governo, apesar de todos os "drawbacks" por mirh apontados. O que ele deliberasse quanto ao lado pe

-

sa, que ocabava de recusar a chefia da embaixada.

Batista Pereira, seu genro e o mais fervoroso dos seus biógrafos, escritor de linguagem castiça, explica nas "Diretri zes de Rui Barbosa", em nota, um dos motivos que determinaram a recusa.

Rui, na época, estava sinceramente convencido dc que Calógeras era um germanófilo de quatro costados. Não tivera oportunidade de privar com esse grande e luminoso espírito."

Foi o verdadeiro líder da Assembléia, ao manifestar a revolta ante a atitude

de Clemenceau, que excluiu, das co missões, os representantes dos povos não considerados grandes. A oração de Calógeras, vibrante e pro nunciada de improviso, foi demoradamente aplaudida pela quase unanimida de das delegações. O triunfo foi com pleto. As indicações feitas pela Confe rência das potências de interesses limi

tados, como êle propôs, foram homolo gadas em plenário.

Rodrigo Otávio reproduziu o depoi mento do embaixador português Alberto de 01i\'eira ao referir-lhe a surpresa e a admiração que causou em todos os de legados a primeira intervenção de Caló geras.

Calógeras, no relatório confidencial

Aos 28 de janeiro completou-se a nos

apresentado ao Conselheiro Rodrigues

sa delegação, sob a chefia do brillian-

Alves, advogou com entusiasmo a polí tica de franca cooperação com os alia

dos. Fato que Rui talvez ignorasse. Não • deveria, porém, desconhecer a atuação de Calógeras, no caso Dunshes Abran-

ches, de que se fez tanto eco na Impren sa. Rui, ferido em justos melindres, es

te jurisconsuUo Epitácio Pessoa, e ao Brasil, graças, em parte, aos esforços de Calógeras, coube entrar na comissão de maior responsabilidade, a da Socièdade

das Nações, instituída para concretizar o generoso sonho de Woodrow Wilson : "Os Estados Unidos não entraram na lu

tava evidentemente apaixonado.

ta para vencer um povo, sim dar vitó

Em H de dezembro, Calógeras se guiu a bordo do "Vasari" para a Euro^

ria à causa da paz".

pa. Mais tarde, embarcaram os embai

mo os de Raul Fernandes, na solução de

Foram valiosos os seus trabalhos, co

cuniário, estava de antemão aceito por

xadores Epitácio Pessoa, Raul Fernandes

mim".

e Rodrigo Otávio.

qual o dos navios alemães e o dos cafés

E' esclarecedora e dc estarrecer uma confidencia de Delfim Moreira sobre

Descrever a sua conduta nesse anfiliônio mundial é tarefa desnecessária. No

retidos.

Notável o trabalho lido em sessão ple nária, em que analisou as conseqüências

Rui Barbosa. O vice-presidente da Re

magnífico ensaio "O Brasil e a Socieda

da conflagração mundial, com o depau

seus antecedentes, o genial baiano não seria um elemento de concórdia e que

ção, a Bélgica. O Rei Alberto, em reco nhecimento pela obra dedicada aos

-mas metálicos decimais.

Estudou o problema dos transportes marítimos# cujo parecer foi adotado pela Assembléia.

peramento das energias. Examinou a si tuação do nosso crédito externo e o de

sequilíbrio provocado pelo retraimento das rendas alfandegárias.

pública, em exercício, achava que, pelos finanças e economia não eram objeto de seus estudos especializados... Lendo esse capítulo do "Diário", re-

de das Nações" e, minudentemente, no "Diário da Conferência da Paz",

problemas que interessavam ao Brasil, Homenageou, em comovente alocu-

A modéstia invencível de Calógeras, que

pequenos países, convidou-o pessoal mente, distinção única naquele momeuto histórico, para visitar em caráter ofi

o Padre Leonel Franca denomina humil

cial a nação martirizada.

presta contas da ação que desenvolveu.

dade, não impede o leitor atento sinta

Luiz Silveira acompanhou-o nessa ex-


Dicesto Econômico

76

Ihardia, honrando a sua terra e engran-

DicitsTo Econò>uco

A divulgação dessas idéias, expostas

digido emi data anterior á da recusa de

77

com rara lucidez, causou cm Buenos Ai

Rui, eu me convenci de que o e.xcelso

quo o grande brasileiro tenha escrito, nesta espinhosa missão, uma das mais

brasileiro estava com a razão em. decla

fulgurantes páginas de sua vida pública.

rar que o convite recebido fôra transmi

como chefe de delegações brasileiras em

res tão funda impressão, que "La Nacion", o prestigioso órgão sul-americano, reconheceu cm Calógeras a maior men

Buenos Aires, Versalhes e Londres.

talidade da Assembléia.

decendo-lhe o nome.

' Calógeras

desempenhou, posterior

mente, com brilho, missões de relevo,

Exercia a pasta das Finanças,' quan do, em 1916, se reuniu na Argentina o Congresso Financeiro Pan-Americano.

As delegações de todos os países foram presididas pelos titulares -dos Ministé rios da Fazenda.

Intelectuais de projeção americana —

Mac Adoo, Oliver, Armando Quesada, Pedro Cóssio e Euzébio Ayala — ^i^uravam, respectivamente, como delegados dos Estados Unidos, .Argentina, Chile, Uruguai e Paraguai.

Pandiá Calógeras, o enviado ,do Bra-

eil em caráter extraordinário. Enciclopé

dico, figura central da Conferência, era una intérprete seguro dos delegados, nos debates travados em plenário. Ao ser votado o estabelecimento de

um padrão americano monetário-ouro, sistema de unidade metálica, manifesta ram-se duas correntes no seio das dele

gações. Uma, chefiada pela Argentina,

e outra pelos Estados Unidos. Calóge ras foi o autor da formula conciliadora, que se tornou vitoriosa, e se-transformou

no tema principal da Conferência, de equiparar os regimens monetários do Continente pelo fracionamento do dólar

e pela sua harmonização com os siste-

Estava

dignificando

novamente

tido de má vontade e o desejo real do Govêmo, não o dc Rodrigues Alves, «ra

o

sua não aceitação.

Congresso Brasileiro, como rcprc.sentan-

Calógeras, ao ser nomeado embaixa dor do Brasil à Conferência da Paz, so

te de Minas Gerais, quando recebeu do

freu algumas alfinetadas de Rui Barbo

Domício da Gama a incumbência dc re

presentar o Brasil

na Conferência da

Paz, em Versalhes.

Os pormenorcs desse convite acham-

se expostos no interessante, infelizmente incompleto, "Diário da Conferência da Paz", só publicado por iniciativa minha ém data recente, documento precioso,

onde há parágrafos curiosíssimos*. As im pressões gravadas das entrevistas com Reinach, Clcmcnceau, Rafael George

Lovy, Briand, Wilson, Ribot e Millerand, são páginas de fina psicologia, pequenas miniaturas escritas com acuidade.

Há nas memórias este trecho signifi

cativo, revelador de honestidade e pa triotismo: "Falou-me Domício nas van

tagens que me seriam feitas. Interrompi-o, dizendo que, embora muito pobre,. eu nunca discutiria questões de dinheiro. O que me interessava era a missão, o al to encargo para o qúal me chamara a confiança do Governo, apesar de todos os "drawbacks" por mirh apontados. O que ele deliberasse quanto ao lado pe

-

sa, que ocabava de recusar a chefia da embaixada.

Batista Pereira, seu genro e o mais fervoroso dos seus biógrafos, escritor de linguagem castiça, explica nas "Diretri zes de Rui Barbosa", em nota, um dos motivos que determinaram a recusa.

Rui, na época, estava sinceramente convencido dc que Calógeras era um germanófilo de quatro costados. Não tivera oportunidade de privar com esse grande e luminoso espírito."

Foi o verdadeiro líder da Assembléia, ao manifestar a revolta ante a atitude

de Clemenceau, que excluiu, das co missões, os representantes dos povos não considerados grandes. A oração de Calógeras, vibrante e pro nunciada de improviso, foi demoradamente aplaudida pela quase unanimida de das delegações. O triunfo foi com pleto. As indicações feitas pela Confe rência das potências de interesses limi

tados, como êle propôs, foram homolo gadas em plenário.

Rodrigo Otávio reproduziu o depoi mento do embaixador português Alberto de 01i\'eira ao referir-lhe a surpresa e a admiração que causou em todos os de legados a primeira intervenção de Caló geras.

Calógeras, no relatório confidencial

Aos 28 de janeiro completou-se a nos

apresentado ao Conselheiro Rodrigues

sa delegação, sob a chefia do brillian-

Alves, advogou com entusiasmo a polí tica de franca cooperação com os alia

dos. Fato que Rui talvez ignorasse. Não • deveria, porém, desconhecer a atuação de Calógeras, no caso Dunshes Abran-

ches, de que se fez tanto eco na Impren sa. Rui, ferido em justos melindres, es

te jurisconsuUo Epitácio Pessoa, e ao Brasil, graças, em parte, aos esforços de Calógeras, coube entrar na comissão de maior responsabilidade, a da Socièdade

das Nações, instituída para concretizar o generoso sonho de Woodrow Wilson : "Os Estados Unidos não entraram na lu

tava evidentemente apaixonado.

ta para vencer um povo, sim dar vitó

Em H de dezembro, Calógeras se guiu a bordo do "Vasari" para a Euro^

ria à causa da paz".

pa. Mais tarde, embarcaram os embai

mo os de Raul Fernandes, na solução de

Foram valiosos os seus trabalhos, co

cuniário, estava de antemão aceito por

xadores Epitácio Pessoa, Raul Fernandes

mim".

e Rodrigo Otávio.

qual o dos navios alemães e o dos cafés

E' esclarecedora e dc estarrecer uma confidencia de Delfim Moreira sobre

Descrever a sua conduta nesse anfiliônio mundial é tarefa desnecessária. No

retidos.

Notável o trabalho lido em sessão ple nária, em que analisou as conseqüências

Rui Barbosa. O vice-presidente da Re

magnífico ensaio "O Brasil e a Socieda

da conflagração mundial, com o depau

seus antecedentes, o genial baiano não seria um elemento de concórdia e que

ção, a Bélgica. O Rei Alberto, em reco nhecimento pela obra dedicada aos

-mas metálicos decimais.

Estudou o problema dos transportes marítimos# cujo parecer foi adotado pela Assembléia.

peramento das energias. Examinou a si tuação do nosso crédito externo e o de

sequilíbrio provocado pelo retraimento das rendas alfandegárias.

pública, em exercício, achava que, pelos finanças e economia não eram objeto de seus estudos especializados... Lendo esse capítulo do "Diário", re-

de das Nações" e, minudentemente, no "Diário da Conferência da Paz",

problemas que interessavam ao Brasil, Homenageou, em comovente alocu-

A modéstia invencível de Calógeras, que

pequenos países, convidou-o pessoal mente, distinção única naquele momeuto histórico, para visitar em caráter ofi

o Padre Leonel Franca denomina humil

cial a nação martirizada.

presta contas da ação que desenvolveu.

dade, não impede o leitor atento sinta

Luiz Silveira acompanhou-o nessa ex-


DiGEsi-o

78

cursão e, em interessante crônica de re-

Roberto Simonsen, um dos delegados

W

Dkíesto

Econômico

79

Nenhum civil sc consagrou aos estu

As funções de comando e de admi

miniscêncías, descreveu a sua impressão

e cuja atuação foi eficiente, já divulgou

dos militares, nem assumiu atitudes tão

nistração, advogava com lógica, deve

de assombro ante a prodigiosa cultura

os serviços prestados ao Brasil pelo emi

destemidas nas controvérsias sobre a de

nente diplomata, nessa fase de sua ativi

fesa nacional como Calógeras.

riam ser subdivididas. A primeira, dirigi da pelo chefe do Estado-Maior, e, a se

do grande brasileiro. Em cada cidade ouvia enlevado a "descrição da história

dade pública.

Discutindo o

Orçamento da Guerra

gunda, pelo Ministro que prepara e for nece elementos para o primeiro utilizá-

um dos seus mais velhos habitantes".

discurso de Calógeras despertou o inte

na Câmara, -demonstrou sempre, não só preparo na especialidade, como decidi

Secretário da Delegação e testemunha fidedigna, narrou o noticiarista epi sódios significativos como o de que

resse das organizações industriais ingle

do pendor para esse ramo técnico da al

sas, pelo desenvolvimento da cultura do

ta administração do País.

"os seus memoriais eram rigorosamente

algodão no Brasjl, e trou.xe como resul tado a vinda ao nosso país da missão

militares, para estudar com segurança

Guerra. •

apresentados dentro de prazo predeter

Arno Peace, e cm conseqüência os no

os seus orçamentos.

minado", fato quase sempre isolado na quela grande assembléia de homens de todos os quadrantes, em que eram usuais os pedidos de prorrogação.

vos rumos da sua política. Calógeras yisitou inúmeras fábricas e

mas relações na classe e' contava com o apoio entusiástico da mocidade do Exér

pôs-se em contacto com homens repre sentativos da Inglaterra. Realizou pro paganda íntensíssíma das nossas rique

cito, congregada cm tôrno da rexásta "A

Divergiram em seus métodos Calóge ras e Benjamim Constant, iniciadores ambos de uma política, arautos de uma mentalidade. Calógeras era um civil com

regional, com minúcias e colorido de

Afirma, ainda, a referida testemunha

b

EcoNÓ>nc()

Narra o ilustre

engenheiro que um

que "Wilson e Lloyd George não escon diam a preferência que davam a Calógeras, para o estudo de qualquer tema

zas e das nossas possibilidades, discur sando e realizando conferências, como a que pronunciou, com extraordinário êxi

que exigisse rápida solução.

to, em inglês, perante a Comissão Exte

O discurso, em francês, proferido ao agradecer o banquete que lhe foi ofere cido em Paris, é um mimo literário, que, sem exagêro, não deslustraria as antolo

gias. O "In Memoriam" o inseriu na ín tegra.

Na Conferência da Paz, embora não

representasse uma grande potência com interesses imediatos, era, sem favor,

figura marcante, e a síntese com que o nosso embaixador em Haia condensou o

seu "curricUlum vit®" poderia ser apli cada ao brasileiro que elevou o seu país

não o fêz Raul Fernandes, forçado a

defesa nacional".

vocação militar. Benjamim era um mili

Os seus trabalhos de Câmara, referen tes a assuntos militares, notadamente os

realizados em 1908 e 1913, e o capítulo

tar com \'Ocação civil.

Como pensador e homem de Estado,

sôbre "Ministério da Guerra", inserto

no livro "Problemas do Administração", constituem explanações que merecem,

ma da instrução, idealizada pelo Minis tro do go\'êmo proWsório. Em uma fra

Escreveu ainda Roberto Simonsen que Calógeras fôra um dos liomens que pro duziram maior impressão no e.spíríto do

ainda hoje, ser lidas com proveito nas

se, sintetizou o seu juízo: "O programa

Escolas Militares, como o foram

do ensino militar é uma amálgama de

Rei Jorge V.

"História das batalhas de Frederico, o

rior da Câmara dos Comuns.

Calógeras era bem o tipo do univer sitário, da linhagem dos Herriot, Poincaré, Bourgeois, Nitti, Orlando e Scialoja.

Foi grande diplomata, como foi gran de parlamentar e grande administrador. Grande em tudo que foi. Era estadista de raça.

guerras

"As

napoleônicas" de Thicrs e a

Grande", de Carlyle. entusiasta da missão estrangeira e con correu decisivamente para que se votas se sem demora a lei que autorizou con tratá-la.

Epitácio Pessoa conheceu-o de perto em Versalhes e depositava

concepções

positivas e temas

metafí

sicos".

Matemático, o preparo de Benjamim

Foi, no Parlamento Brasileiro, o maior

tanta con

fiança na sua argiicia, competência e

não era dos maiores. Jamais competiria, por exemplo, com um Otto de Alencar ou um Comes de Sousa. Tentando re

organizar o Exército, fracassou o técnico. A estrela dêsse apóstolo empalidece

ante o halo que envolve o santo\ Vida austera, encárnação do desinteresse.

Calógeras era estadista de outro estô-

VIII

prestígio, que não hesitou um minuto

fo. Encarava o problema da" reconstru

em lhe passâr a chefia da nossa delega

ção militar pelo duplo aspecto do ho

O Ministro da Guerra

ção, ao eleger-se Presidente da Repú

mem 6 do elemento material.

Calógeras, "tout court", foi como êle assinou o Tratado de Versalhes. Tam bém o subscreveu Rodrigo Otávio. Só

Dispunha de óti

A realidade do "grande mudo" só foi exeqüível, após esforços ingentes, com o advento desse civil na pasta da

Teixeira Mendes fêz a Benjamim gra ves restrições. Crivou de ironia a refor

em Versalhes. "Estremeceu a pátria, viveu no trabalho e n<ão perdeu o ideal."

Assistia como deputado às manobras

los tècnicamente.

O primeiro, nós o possuíamos e cm •

blica.

"Entre as mais notáveis deficiências

Designou-o

ainda como o civil que

condições que lhe permitiam, na opinião

de nossos homens públicos, avulta a in

poderia, com brilhantismo e energia, ar

do General Gamelin, sustentar aírosa-

compreensão de nossos problemas mili

car com as tremendas responsabilidades

mente o paralelo com os melhores sol

tares de terra e de mar", escreveu, em conferência sôbre "As classes armadas",

de gerir, pela primeira vez na Repúbli

dados.

ca, o Ministério da Guerra.

designa-o, em junho de 1919, para che

o inolvidável estadista que, na Repúbli

fiar a Missão Comercial à Inglaterra.

ca, fora "primus inter pares".

Calógeras fôra sempre partidário de um civil na pasta militar.

uma viagem imprevista, devido a grave moléstia de pessoa de sua família. Fadua Sales, o Ministro da Agricul

tura, na interínidade Delfim Moreira,

Faltava-nos o segundo. Era preciso resgatar-nos da patente inferioridade de

armas e de aquartelamentos.


DiGEsi-o

78

cursão e, em interessante crônica de re-

Roberto Simonsen, um dos delegados

W

Dkíesto

Econômico

79

Nenhum civil sc consagrou aos estu

As funções de comando e de admi

miniscêncías, descreveu a sua impressão

e cuja atuação foi eficiente, já divulgou

dos militares, nem assumiu atitudes tão

nistração, advogava com lógica, deve

de assombro ante a prodigiosa cultura

os serviços prestados ao Brasil pelo emi

destemidas nas controvérsias sobre a de

nente diplomata, nessa fase de sua ativi

fesa nacional como Calógeras.

riam ser subdivididas. A primeira, dirigi da pelo chefe do Estado-Maior, e, a se

do grande brasileiro. Em cada cidade ouvia enlevado a "descrição da história

dade pública.

Discutindo o

Orçamento da Guerra

gunda, pelo Ministro que prepara e for nece elementos para o primeiro utilizá-

um dos seus mais velhos habitantes".

discurso de Calógeras despertou o inte

na Câmara, -demonstrou sempre, não só preparo na especialidade, como decidi

Secretário da Delegação e testemunha fidedigna, narrou o noticiarista epi sódios significativos como o de que

resse das organizações industriais ingle

do pendor para esse ramo técnico da al

sas, pelo desenvolvimento da cultura do

ta administração do País.

"os seus memoriais eram rigorosamente

algodão no Brasjl, e trou.xe como resul tado a vinda ao nosso país da missão

militares, para estudar com segurança

Guerra. •

apresentados dentro de prazo predeter

Arno Peace, e cm conseqüência os no

os seus orçamentos.

minado", fato quase sempre isolado na quela grande assembléia de homens de todos os quadrantes, em que eram usuais os pedidos de prorrogação.

vos rumos da sua política. Calógeras yisitou inúmeras fábricas e

mas relações na classe e' contava com o apoio entusiástico da mocidade do Exér

pôs-se em contacto com homens repre sentativos da Inglaterra. Realizou pro paganda íntensíssíma das nossas rique

cito, congregada cm tôrno da rexásta "A

Divergiram em seus métodos Calóge ras e Benjamim Constant, iniciadores ambos de uma política, arautos de uma mentalidade. Calógeras era um civil com

regional, com minúcias e colorido de

Afirma, ainda, a referida testemunha

b

EcoNÓ>nc()

Narra o ilustre

engenheiro que um

que "Wilson e Lloyd George não escon diam a preferência que davam a Calógeras, para o estudo de qualquer tema

zas e das nossas possibilidades, discur sando e realizando conferências, como a que pronunciou, com extraordinário êxi

que exigisse rápida solução.

to, em inglês, perante a Comissão Exte

O discurso, em francês, proferido ao agradecer o banquete que lhe foi ofere cido em Paris, é um mimo literário, que, sem exagêro, não deslustraria as antolo

gias. O "In Memoriam" o inseriu na ín tegra.

Na Conferência da Paz, embora não

representasse uma grande potência com interesses imediatos, era, sem favor,

figura marcante, e a síntese com que o nosso embaixador em Haia condensou o

seu "curricUlum vit®" poderia ser apli cada ao brasileiro que elevou o seu país

não o fêz Raul Fernandes, forçado a

defesa nacional".

vocação militar. Benjamim era um mili

Os seus trabalhos de Câmara, referen tes a assuntos militares, notadamente os

realizados em 1908 e 1913, e o capítulo

tar com \'Ocação civil.

Como pensador e homem de Estado,

sôbre "Ministério da Guerra", inserto

no livro "Problemas do Administração", constituem explanações que merecem,

ma da instrução, idealizada pelo Minis tro do go\'êmo proWsório. Em uma fra

Escreveu ainda Roberto Simonsen que Calógeras fôra um dos liomens que pro duziram maior impressão no e.spíríto do

ainda hoje, ser lidas com proveito nas

se, sintetizou o seu juízo: "O programa

Escolas Militares, como o foram

do ensino militar é uma amálgama de

Rei Jorge V.

"História das batalhas de Frederico, o

rior da Câmara dos Comuns.

Calógeras era bem o tipo do univer sitário, da linhagem dos Herriot, Poincaré, Bourgeois, Nitti, Orlando e Scialoja.

Foi grande diplomata, como foi gran de parlamentar e grande administrador. Grande em tudo que foi. Era estadista de raça.

guerras

"As

napoleônicas" de Thicrs e a

Grande", de Carlyle. entusiasta da missão estrangeira e con correu decisivamente para que se votas se sem demora a lei que autorizou con tratá-la.

Epitácio Pessoa conheceu-o de perto em Versalhes e depositava

concepções

positivas e temas

metafí

sicos".

Matemático, o preparo de Benjamim

Foi, no Parlamento Brasileiro, o maior

tanta con

fiança na sua argiicia, competência e

não era dos maiores. Jamais competiria, por exemplo, com um Otto de Alencar ou um Comes de Sousa. Tentando re

organizar o Exército, fracassou o técnico. A estrela dêsse apóstolo empalidece

ante o halo que envolve o santo\ Vida austera, encárnação do desinteresse.

Calógeras era estadista de outro estô-

VIII

prestígio, que não hesitou um minuto

fo. Encarava o problema da" reconstru

em lhe passâr a chefia da nossa delega

ção militar pelo duplo aspecto do ho

O Ministro da Guerra

ção, ao eleger-se Presidente da Repú

mem 6 do elemento material.

Calógeras, "tout court", foi como êle assinou o Tratado de Versalhes. Tam bém o subscreveu Rodrigo Otávio. Só

Dispunha de óti

A realidade do "grande mudo" só foi exeqüível, após esforços ingentes, com o advento desse civil na pasta da

Teixeira Mendes fêz a Benjamim gra ves restrições. Crivou de ironia a refor

em Versalhes. "Estremeceu a pátria, viveu no trabalho e n<ão perdeu o ideal."

Assistia como deputado às manobras

los tècnicamente.

O primeiro, nós o possuíamos e cm •

blica.

"Entre as mais notáveis deficiências

Designou-o

ainda como o civil que

condições que lhe permitiam, na opinião

de nossos homens públicos, avulta a in

poderia, com brilhantismo e energia, ar

do General Gamelin, sustentar aírosa-

compreensão de nossos problemas mili

car com as tremendas responsabilidades

mente o paralelo com os melhores sol

tares de terra e de mar", escreveu, em conferência sôbre "As classes armadas",

de gerir, pela primeira vez na Repúbli

dados.

ca, o Ministério da Guerra.

designa-o, em junho de 1919, para che

o inolvidável estadista que, na Repúbli

fiar a Missão Comercial à Inglaterra.

ca, fora "primus inter pares".

Calógeras fôra sempre partidário de um civil na pasta militar.

uma viagem imprevista, devido a grave moléstia de pessoa de sua família. Fadua Sales, o Ministro da Agricul

tura, na interínidade Delfim Moreira,

Faltava-nos o segundo. Era preciso resgatar-nos da patente inferioridade de

armas e de aquartelamentos.


hL

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Dicesto Econômico

DrcF_sTo EcoNó^^co 81

Em síntese modelar, descreve o glo rioso ministro os motivos que lhe deter minaram enfrentar o assunto capital e mais angustíoso do seu governo, o dos aquartelamentos, e cuja concrctação é

tcrmmado por duas causas principais: a

Adversário acérrimo da teoria, prègada pelos velhos e retrógrados oficiais

a.maior de suas vitórias. ,

posse do presidente eleito Artur Bcrnar-

inspirados em Augusto Comte, do "sol dado cidadão", combate sem tréguas o

mento dos efetivos de in.slrução de ou tras, as condições precaríssimas c até

Marechal Hermes da Fonseca.

grande mal da geração anterior que vi sava preparar filósofos da guerra e não

inacreditáveis dc muitas casernas anti gas, o desenvolvimento do ensino mili tar, o indispensável estabelecimento de depósitos regionais que não existiam o de outros centrais, que eram insuficicntíssimos, os melhoramentos nas instala ções dos serviços de saúde o veteriná

o estadista enérgico o fetichista da lei. Viril, entusiasma os brasileiros. O Exér

Página inglória que políticos "profis sionais" escreveram na história rèpu-

cito obedece ao seu evangelho e a or

blicann.

Auxiliado com eficácia por uma elite de generais de notória'competência — Malan D'Angrognc, Tasso Fragoso e Cândido Rondon — realiza integralmen te o seu patriótico programa.

guerreiros.

Procura integrar o Exército na Nação e é inces.sante a sua atividade. Percorre

diariamente os quartéis e põe-se em con-

tacto direto com as tropas. De uma pasta acéfala, faz uma organização. En

frenta com êxito os três grandes proble mas militares: o da educação, o do pes

"A criação das novas unidades, o au

ria, tudo isso pôs em foco e em primazia no Exército o problema dos aquartelamento.s, sem os quais nada valo resolver

que e.xcrccram, quer no Império, quer na República, a pasta da Guerra.

O Brasil começava a po.s.suir um Exercito, quando há o motim dc 22, dc-

clcs, c a lamentável, mas justa prisão do Neste momento histórico, Calógeras é

dem ó mantida cm todo o País.

Com serenidade, narra êstc minuto

culminante dc sua vida pública: "Sufo

o ostracismo político dc Calógeras, a que Artur Bcmardcs o condenou, enve-~ ncnado pelas intrigas, de fâmulos e des peitados, surgidas após a célebre re união do Cutete.

Não conseguiu elcgcr-se deputado fe- -

dernl c o maior dos seus homens públi cos tornou-sc em Minas um exilado.

Calógeras empregou então a ativida

de como industrial e jornalista. Em 1923, embarcou para a Europa a fim de

amizade, para obedecerem a Lei, impes

estudar a indústria de artefatos de cobre. Adquiriu a maquinaria e contratou os

corpos se moveram à voz de comando.

técnicos necessários para a sua instala ção em São Bernardo, município do Es

cando os sentimentos de família c dc

soal c superior aos indivíduos, todos os

soal e o do material.

os do pessoal e os do material."

Reforma radicalmente a instrução dos quadros e das tropas. Institui a Escola

Empreende e intensifica com incrível rapidez a construção dc quartéis eiu to do o País. Concluí cerca dc cem obras

Na Escola do Realengo se achavam fi

tado de São Paulo.

subjugar pela força esses moços mal

militares.

tação se manifestou. Na circunscrição

aconselhados e iludidos. Nenhuma hesi

Roberto Simonsen conserva^'a em precioso arquivo os relatórios que Calógeras lhe dirigiu da Alemanha. Alguns são

longínqua, o mesmo nobre espetáculo se

co que era êsse dinâmico homem de

de Aperfeiçoamento de Oficiais, destina da a completar a instrução técnica de tôdas as armas. Remodela a do Estado-

À Companhia Construtora dc Santos

Maior do Exército e funda escolas de

fiscalizada pela Diretoria de Engenha

aplicação de serviços de saúde. Da cooperação do Estado-Maíor com

ria do Ministério da Guerra, são dadíis as empreitadas dc maior vulto e as de menor às pequenas empresas. O General Cândido Rondon dc.rõe que o intuito de Calógeras era o dc exe cutar o seu vastíssimo programa dentro

a Missão Militar, surge um exército no vo.

Em seu governo é promulgado o

Código de Organização Judiciária e do Processo Militar.

Adquire grande parte dos nossos mo dernos armamentos, de infantaria e ar

tilharia, assim como os materiais de en

genharia e de ligação. Com as aquisi ções de aviões de observação, de bom bardeio e de caça compõe esquadrilhas,

reôrganizando a aviação, ate então inci piente.

O problema das indústrias militares é

lhos, irmãos, parentes dos chefes que iam

repetiu, e, surdos aos impulsos afetivos, os oficiais seguiram a combater seus ca maradas."

novembro de 1922, com a

força moral intacta, garantia a posse de Artur Bernardes, c retirava-se do gover

do curto período de seu triênio de go-

no com as bênçãos da nação agradeci da. Em cada oficial do nosso Exército,

vêrno.

deixava um amigo.

Pensava com razão Calógeras — é ain da o ilustre general quem o afirma — que só conseguiria

o seu dcsíderato

confiando os trabalhos a empresas orga nizadas e de indiscutível capacidade fi nanceira.

A construção dos quartéis e a luta titânica que sustentou para manter a Mis

IX

A última fase

Na política mineira, o grande eleitor de Calógeras era Sabino Barroso. Se

enfrentado com tanta clarividência que constituem as realizações um dos seus

são Militar Francesa, de resultados tão

estivesse vivo o aristocrático e orgulho so Presidente da Câmara dos Deputados

títulos de glória. Piquete e Realengo re

benéficos, constituem serviços imorre-

c aritigo chefe dos "viuvínhas", denomi

cebem incremento decisivo de sua ad

douros que o sagram, no julgamento de

nação dada em Minas aos companheiros

ministração. •

seus concidadãos, o maior dos ministros

de Silviano Brandão, não se consumaria

extensos c revelam o insuperável técni go\'emo.

Dirigiu com eficiência os seus primei ros passos e, em virtude de ser pequeno acionista da emprêsa que organizou, êle próprio fixou modestamente os seus ven cimentos de presidente. Percebia a in significante quantia de um conto de réis por mês.

Escreveu com assiduidade n'"0 Jor nal". Os artigos de Calógeras, peque ninos e sintéticos, num estilo telegráfico, ricos dc idéias, crítico ágil denominavaos de "comprimidos". Nos valiosos nú meros

especiais que

Assis Chateau- '

briand organizava com audácia, Caló geras era o mais prestativo e desinteres

sado dos colaboradores. Reviu e trans

formou a maravilhosa edição do "O Jor nal", dedicada a Pedro II, em volume da Revista do Instituto Histórico e Geo^

gráfico Brasileiro, obra indispensável a


hL

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Dicesto Econômico

DrcF_sTo EcoNó^^co 81

Em síntese modelar, descreve o glo rioso ministro os motivos que lhe deter minaram enfrentar o assunto capital e mais angustíoso do seu governo, o dos aquartelamentos, e cuja concrctação é

tcrmmado por duas causas principais: a

Adversário acérrimo da teoria, prègada pelos velhos e retrógrados oficiais

a.maior de suas vitórias. ,

posse do presidente eleito Artur Bcrnar-

inspirados em Augusto Comte, do "sol dado cidadão", combate sem tréguas o

mento dos efetivos de in.slrução de ou tras, as condições precaríssimas c até

Marechal Hermes da Fonseca.

grande mal da geração anterior que vi sava preparar filósofos da guerra e não

inacreditáveis dc muitas casernas anti gas, o desenvolvimento do ensino mili tar, o indispensável estabelecimento de depósitos regionais que não existiam o de outros centrais, que eram insuficicntíssimos, os melhoramentos nas instala ções dos serviços de saúde o veteriná

o estadista enérgico o fetichista da lei. Viril, entusiasma os brasileiros. O Exér

Página inglória que políticos "profis sionais" escreveram na história rèpu-

cito obedece ao seu evangelho e a or

blicann.

Auxiliado com eficácia por uma elite de generais de notória'competência — Malan D'Angrognc, Tasso Fragoso e Cândido Rondon — realiza integralmen te o seu patriótico programa.

guerreiros.

Procura integrar o Exército na Nação e é inces.sante a sua atividade. Percorre

diariamente os quartéis e põe-se em con-

tacto direto com as tropas. De uma pasta acéfala, faz uma organização. En

frenta com êxito os três grandes proble mas militares: o da educação, o do pes

"A criação das novas unidades, o au

ria, tudo isso pôs em foco e em primazia no Exército o problema dos aquartelamento.s, sem os quais nada valo resolver

que e.xcrccram, quer no Império, quer na República, a pasta da Guerra.

O Brasil começava a po.s.suir um Exercito, quando há o motim dc 22, dc-

clcs, c a lamentável, mas justa prisão do Neste momento histórico, Calógeras é

dem ó mantida cm todo o País.

Com serenidade, narra êstc minuto

culminante dc sua vida pública: "Sufo

o ostracismo político dc Calógeras, a que Artur Bcmardcs o condenou, enve-~ ncnado pelas intrigas, de fâmulos e des peitados, surgidas após a célebre re união do Cutete.

Não conseguiu elcgcr-se deputado fe- -

dernl c o maior dos seus homens públi cos tornou-sc em Minas um exilado.

Calógeras empregou então a ativida

de como industrial e jornalista. Em 1923, embarcou para a Europa a fim de

amizade, para obedecerem a Lei, impes

estudar a indústria de artefatos de cobre. Adquiriu a maquinaria e contratou os

corpos se moveram à voz de comando.

técnicos necessários para a sua instala ção em São Bernardo, município do Es

cando os sentimentos de família c dc

soal c superior aos indivíduos, todos os

soal e o do material.

os do pessoal e os do material."

Reforma radicalmente a instrução dos quadros e das tropas. Institui a Escola

Empreende e intensifica com incrível rapidez a construção dc quartéis eiu to do o País. Concluí cerca dc cem obras

Na Escola do Realengo se achavam fi

tado de São Paulo.

subjugar pela força esses moços mal

militares.

tação se manifestou. Na circunscrição

aconselhados e iludidos. Nenhuma hesi

Roberto Simonsen conserva^'a em precioso arquivo os relatórios que Calógeras lhe dirigiu da Alemanha. Alguns são

longínqua, o mesmo nobre espetáculo se

co que era êsse dinâmico homem de

de Aperfeiçoamento de Oficiais, destina da a completar a instrução técnica de tôdas as armas. Remodela a do Estado-

À Companhia Construtora dc Santos

Maior do Exército e funda escolas de

fiscalizada pela Diretoria de Engenha

aplicação de serviços de saúde. Da cooperação do Estado-Maíor com

ria do Ministério da Guerra, são dadíis as empreitadas dc maior vulto e as de menor às pequenas empresas. O General Cândido Rondon dc.rõe que o intuito de Calógeras era o dc exe cutar o seu vastíssimo programa dentro

a Missão Militar, surge um exército no vo.

Em seu governo é promulgado o

Código de Organização Judiciária e do Processo Militar.

Adquire grande parte dos nossos mo dernos armamentos, de infantaria e ar

tilharia, assim como os materiais de en

genharia e de ligação. Com as aquisi ções de aviões de observação, de bom bardeio e de caça compõe esquadrilhas,

reôrganizando a aviação, ate então inci piente.

O problema das indústrias militares é

lhos, irmãos, parentes dos chefes que iam

repetiu, e, surdos aos impulsos afetivos, os oficiais seguiram a combater seus ca maradas."

novembro de 1922, com a

força moral intacta, garantia a posse de Artur Bernardes, c retirava-se do gover

do curto período de seu triênio de go-

no com as bênçãos da nação agradeci da. Em cada oficial do nosso Exército,

vêrno.

deixava um amigo.

Pensava com razão Calógeras — é ain da o ilustre general quem o afirma — que só conseguiria

o seu dcsíderato

confiando os trabalhos a empresas orga nizadas e de indiscutível capacidade fi nanceira.

A construção dos quartéis e a luta titânica que sustentou para manter a Mis

IX

A última fase

Na política mineira, o grande eleitor de Calógeras era Sabino Barroso. Se

enfrentado com tanta clarividência que constituem as realizações um dos seus

são Militar Francesa, de resultados tão

estivesse vivo o aristocrático e orgulho so Presidente da Câmara dos Deputados

títulos de glória. Piquete e Realengo re

benéficos, constituem serviços imorre-

c aritigo chefe dos "viuvínhas", denomi

cebem incremento decisivo de sua ad

douros que o sagram, no julgamento de

nação dada em Minas aos companheiros

ministração. •

seus concidadãos, o maior dos ministros

de Silviano Brandão, não se consumaria

extensos c revelam o insuperável técni go\'emo.

Dirigiu com eficiência os seus primei ros passos e, em virtude de ser pequeno acionista da emprêsa que organizou, êle próprio fixou modestamente os seus ven cimentos de presidente. Percebia a in significante quantia de um conto de réis por mês.

Escreveu com assiduidade n'"0 Jor nal". Os artigos de Calógeras, peque ninos e sintéticos, num estilo telegráfico, ricos dc idéias, crítico ágil denominavaos de "comprimidos". Nos valiosos nú meros

especiais que

Assis Chateau- '

briand organizava com audácia, Caló geras era o mais prestativo e desinteres

sado dos colaboradores. Reviu e trans

formou a maravilhosa edição do "O Jor nal", dedicada a Pedro II, em volume da Revista do Instituto Histórico e Geo^

gráfico Brasileiro, obra indispensável a


in

digesto EcoNÒAaco

Dicesto Econômico

83

82

quem quiser conhecer a biografia com pleta do saudoso Imperador.

Afastado da política militante, desen volveu, de 1926 a 1930, prodigiosa ati vidade intelectual e tornou-se apóstolo de idéias que, objetivadas, fariam a

grandeza do Brasil.

Proferiu conferências e escreveu li

vros, como "Política Exterior do Impé rio"' "Problemas do Govérno", "Res Nostra" e "Formação Histórica do Bra sil", que honram a bibliografia de qual quer país de cultura superior. Mas, não desempenhando cargos públicos, sofria

aviltante c prolongado, da terra do Piratininga por um grupo de políticos inex perientes, que sacrificaram os ideais da

i

dou a reformar o sistema tributário do

da sua assinatura à nova Constituição,

seu Estado.

prestes a promulgar-se — e era a maior

Aceitou, empreendeu c terminou a ta

revolução de outubro, provocou pala

refa com o sacrifício da saúde já bas

vras suas de revolta.

tante alterada e com o maior dcsinterôs-

Calógeras, que nunca distinguiu fron

se pecuniário.

X

xamento dos laços da unidade nacional

e admitia a possibilidade remota da de sintegração do Brasil. Essa idéia o apa vorava e o germem do separatismo lan çado por alguns inconscientes fôra o

sua casa, i\ rua Voluntários da Pátria,

O Escritor

proferiu estas palavras que indelèvelmente se gravaram" em meu espírito; "Só agora se lembraram de mim, quan

maior crime que, até então, se perpetra

do já não sou o mesmo !"

Estava com cs olhos marejados de lá grimas. Sentia não ter podido corres ponder ao apêlo de Minas, como o dese

em seu acendrado patriotismo, por ser

estavam as

paixões e

meios de executar os seus amadurecidos

muitos erros se cometeram.

Vitoriosos

projetos de govêmo. Suportou com serenidade e altivez o

os que se batiam pela conservação de Cetúlio Vargas no poder, realiza-se no

ostracismo político.

Em conferências,

Brasil um fato da maior transcendência

Minas elegeu-o novamente seu repre

em discursos, em artigos, em livros, não

política. O Presidente da República, o

sentante na Assembléia Constituinte Fe

há uma palavra sequer que traduza uma

vencedor, estende generosamente a mão ao vencido e ao inimigo rancoroso da

putado alcançara em segundo turno no

véspera entrega o govêrno de São Paulo.

Brasil.

queixa ou de leve denote o desejo da aproximação. Bastava o elogio, e os

Exacerbadas

pigmeus envaidecidos do gigante cessa

Cetúlio Vargas faz a pacificação dos es

riam a conspiração. Calógeras, porém, não adulava e detestava os aduladores.

píritos e a data de 9 de julho, que re

A pavorosa injustiça só começou a ser reparada pelos políticos quando, já alquebrado e sem as antigas energias, não era o espantalho de outros tempos. Exerceu, nesta última fase da vida

pública, os cargos de Presidente da So

ciedade Brasileira de Engenheiros, da Liga Eleitoral Católica e do Conselho do Mackenzie College. ^ Vitoriosa a revolução de 1930, recu

sou-se a participar da/Junta Governati va instalada para exercer o Governo da República, como rejeitara anteriormen

te durante a campanha da Aliança Li

beral a chefia da Concentração Con servadora, em Minas Gerais. Estêve solidário com Sao Paulo em 1932 Estremecendo-o, como a Mato

Grosso ou a Minas, o espezinhamento,

Aos 21 de abril de 1934, falecia em Petrópolis o excelso estadista brasileiro.

Com que amargura, ao mostrar-me as laudas datilografadas do trabalho, em

teiras dentro do Brasil, previa o afrou

ra em nossa terra. Compreensão é o que advogava.

apenas um doutrinador e não possuir os

de suas últimas preocupações.

corda a dc uma luta fratricida, só é co

memorada para homenagear os mortos

que sacrificaram a vida na suposição de que a imolavam para a grandeza do Brasil.

Minas Gerais, que parecia não mais

reconhecer os extraordinários serviços dc

Calógeras à causa pública, pela voz dos políticos há muito o acusava injustamen te de ter dificultado a ascensão de uma

java. O pequeno ensaio, enfeixado em

folheto, não tem a profundeza das ante riores produções.

deral, cora a maior votação que um de Essa manifestação empolgante do po

pela multiplicidade de assuntos ventila

dos "Res Nostra" é obra quase única em nossa história literária.

Profundo

psicólogo, traçou perfis de personalida des nossas — Capistrano, Rio Branco Osório. Frei Vital, Padre Madureirai generosidade. Nessa preciosíssima cole tânea, com síntese, visão atilada, estu dou o fascismo e a Sociedade das Na

çar

uma página de carinho

à terra

montanhesa.

Gravemente enfermo, amparando-se a um braço amigo e sempre apoiado a uma bengala, mal podia comparecer a uma ou outra sessão da Assembléia. Ini

bido de escrever, proibido de mínima atividade mental, conseguiu, num esfôrço miraculoso, apresentar apenas algu mineração.

quela discutida reunião, a do Catete, por Epitácio Pessoa em "Pela Verdade",

A luta que travou aquêle cérebro, butrora possante, com o corpo minado por uma arteriosclerose progressiva, reprodu ziu em seu espírito a mèsma tragédia

OÍegário Maciel, velho amigo de Caló geras, no exercício das funções de Pre

Esquilo.

para reparar o grande êrro, e o convi-

zaçao da "Política Exterior do Império",

dando-lhe o ensejo de, reconhecido, tra

mas emendas referentes a assunto de

sidente de Minas, sentiu-se à vontade

A sua obra, resumo de uma biblioteca

inteira sôbre o Brasil. "Res Nostra", o livro que melhor lhe sintetiza a cultura polimorfa. Sem a unidade e a sistematí-

Gastão da Cimha, Oliveira Lima — em-

des, à Presidência da República. Serenadas as paixões e completamente

da-

go e moralista, Calógeras era uma ver dadeira Enciclopédia.

vo recompensou-o de muitas amarguras,

candidatura mineira, a de Artur Bemar-

esclarecidos todos os pormenores

Historiador, financista, sociólogo, eco-' nomista, geólogo, mineralogista, pedago

que vemos desenrolar

nos dramas de

O destino, tão avaro, não lhe permitiu encerrar a vida pública com a aposição

bebidos todos em largo sentimento de

ções, na matéria, das melhores que no Brasil se publicaram, e analisou, com sabedoria, as obras fundamentais de Tobias Monteiro e Eugênio de Castro. ' Sem ser um especialista, pois inte gral era a sua cultura, destacou-se como historiador, e Afonso Arinos, o laureado

contista do "Pelo Sertão", observou que Calógeras sabia muito mais do que dizia.

Freqüentador assíduo de arquivos, adotava, como lema: "Pas de documents, pas d'histoire". Na biblioteca do Itamarati, decifrou ofícios secretos redi

gidos em códigos de outras épocas e

graças à paciência exaustiva, descobriu^ nesses meandros do Ministério das Rela-


in

digesto EcoNÒAaco

Dicesto Econômico

83

82

quem quiser conhecer a biografia com pleta do saudoso Imperador.

Afastado da política militante, desen volveu, de 1926 a 1930, prodigiosa ati vidade intelectual e tornou-se apóstolo de idéias que, objetivadas, fariam a

grandeza do Brasil.

Proferiu conferências e escreveu li

vros, como "Política Exterior do Impé rio"' "Problemas do Govérno", "Res Nostra" e "Formação Histórica do Bra sil", que honram a bibliografia de qual quer país de cultura superior. Mas, não desempenhando cargos públicos, sofria

aviltante c prolongado, da terra do Piratininga por um grupo de políticos inex perientes, que sacrificaram os ideais da

i

dou a reformar o sistema tributário do

da sua assinatura à nova Constituição,

seu Estado.

prestes a promulgar-se — e era a maior

Aceitou, empreendeu c terminou a ta

revolução de outubro, provocou pala

refa com o sacrifício da saúde já bas

vras suas de revolta.

tante alterada e com o maior dcsinterôs-

Calógeras, que nunca distinguiu fron

se pecuniário.

X

xamento dos laços da unidade nacional

e admitia a possibilidade remota da de sintegração do Brasil. Essa idéia o apa vorava e o germem do separatismo lan çado por alguns inconscientes fôra o

sua casa, i\ rua Voluntários da Pátria,

O Escritor

proferiu estas palavras que indelèvelmente se gravaram" em meu espírito; "Só agora se lembraram de mim, quan

maior crime que, até então, se perpetra

do já não sou o mesmo !"

Estava com cs olhos marejados de lá grimas. Sentia não ter podido corres ponder ao apêlo de Minas, como o dese

em seu acendrado patriotismo, por ser

estavam as

paixões e

meios de executar os seus amadurecidos

muitos erros se cometeram.

Vitoriosos

projetos de govêmo. Suportou com serenidade e altivez o

os que se batiam pela conservação de Cetúlio Vargas no poder, realiza-se no

ostracismo político.

Em conferências,

Brasil um fato da maior transcendência

Minas elegeu-o novamente seu repre

em discursos, em artigos, em livros, não

política. O Presidente da República, o

sentante na Assembléia Constituinte Fe

há uma palavra sequer que traduza uma

vencedor, estende generosamente a mão ao vencido e ao inimigo rancoroso da

putado alcançara em segundo turno no

véspera entrega o govêrno de São Paulo.

Brasil.

queixa ou de leve denote o desejo da aproximação. Bastava o elogio, e os

Exacerbadas

pigmeus envaidecidos do gigante cessa

Cetúlio Vargas faz a pacificação dos es

riam a conspiração. Calógeras, porém, não adulava e detestava os aduladores.

píritos e a data de 9 de julho, que re

A pavorosa injustiça só começou a ser reparada pelos políticos quando, já alquebrado e sem as antigas energias, não era o espantalho de outros tempos. Exerceu, nesta última fase da vida

pública, os cargos de Presidente da So

ciedade Brasileira de Engenheiros, da Liga Eleitoral Católica e do Conselho do Mackenzie College. ^ Vitoriosa a revolução de 1930, recu

sou-se a participar da/Junta Governati va instalada para exercer o Governo da República, como rejeitara anteriormen

te durante a campanha da Aliança Li

beral a chefia da Concentração Con servadora, em Minas Gerais. Estêve solidário com Sao Paulo em 1932 Estremecendo-o, como a Mato

Grosso ou a Minas, o espezinhamento,

Aos 21 de abril de 1934, falecia em Petrópolis o excelso estadista brasileiro.

Com que amargura, ao mostrar-me as laudas datilografadas do trabalho, em

teiras dentro do Brasil, previa o afrou

ra em nossa terra. Compreensão é o que advogava.

apenas um doutrinador e não possuir os

de suas últimas preocupações.

corda a dc uma luta fratricida, só é co

memorada para homenagear os mortos

que sacrificaram a vida na suposição de que a imolavam para a grandeza do Brasil.

Minas Gerais, que parecia não mais

reconhecer os extraordinários serviços dc

Calógeras à causa pública, pela voz dos políticos há muito o acusava injustamen te de ter dificultado a ascensão de uma

java. O pequeno ensaio, enfeixado em

folheto, não tem a profundeza das ante riores produções.

deral, cora a maior votação que um de Essa manifestação empolgante do po

pela multiplicidade de assuntos ventila

dos "Res Nostra" é obra quase única em nossa história literária.

Profundo

psicólogo, traçou perfis de personalida des nossas — Capistrano, Rio Branco Osório. Frei Vital, Padre Madureirai generosidade. Nessa preciosíssima cole tânea, com síntese, visão atilada, estu dou o fascismo e a Sociedade das Na

çar

uma página de carinho

à terra

montanhesa.

Gravemente enfermo, amparando-se a um braço amigo e sempre apoiado a uma bengala, mal podia comparecer a uma ou outra sessão da Assembléia. Ini

bido de escrever, proibido de mínima atividade mental, conseguiu, num esfôrço miraculoso, apresentar apenas algu mineração.

quela discutida reunião, a do Catete, por Epitácio Pessoa em "Pela Verdade",

A luta que travou aquêle cérebro, butrora possante, com o corpo minado por uma arteriosclerose progressiva, reprodu ziu em seu espírito a mèsma tragédia

OÍegário Maciel, velho amigo de Caló geras, no exercício das funções de Pre

Esquilo.

para reparar o grande êrro, e o convi-

zaçao da "Política Exterior do Império",

dando-lhe o ensejo de, reconhecido, tra

mas emendas referentes a assunto de

sidente de Minas, sentiu-se à vontade

A sua obra, resumo de uma biblioteca

inteira sôbre o Brasil. "Res Nostra", o livro que melhor lhe sintetiza a cultura polimorfa. Sem a unidade e a sistematí-

Gastão da Cimha, Oliveira Lima — em-

des, à Presidência da República. Serenadas as paixões e completamente

da-

go e moralista, Calógeras era uma ver dadeira Enciclopédia.

vo recompensou-o de muitas amarguras,

candidatura mineira, a de Artur Bemar-

esclarecidos todos os pormenores

Historiador, financista, sociólogo, eco-' nomista, geólogo, mineralogista, pedago

que vemos desenrolar

nos dramas de

O destino, tão avaro, não lhe permitiu encerrar a vida pública com a aposição

bebidos todos em largo sentimento de

ções, na matéria, das melhores que no Brasil se publicaram, e analisou, com sabedoria, as obras fundamentais de Tobias Monteiro e Eugênio de Castro. ' Sem ser um especialista, pois inte gral era a sua cultura, destacou-se como historiador, e Afonso Arinos, o laureado

contista do "Pelo Sertão", observou que Calógeras sabia muito mais do que dizia.

Freqüentador assíduo de arquivos, adotava, como lema: "Pas de documents, pas d'histoire". Na biblioteca do Itamarati, decifrou ofícios secretos redi

gidos em códigos de outras épocas e

graças à paciência exaustiva, descobriu^ nesses meandros do Ministério das Rela-


Dicestc) Econômico

Digiísto Econômico 85

84

ções Exteriores, a cifra da correspon dência diplomática, relativa ao reconhe cimento do Império. O pesquisador Mozart Monteiro trouxe o depoimento

de que Calógeras "deixou, com a sua

livros brasileiros, cspontàncainento, re

caiu a preferência no de Calógcra.s. Em

"Política Exterior do Império",

tratado monumental no julgamento dos melhores historiadores, c.sludou, .simnl-

futuro não remoto, traçará as gencraliziições supremas.

Varnhagcn, observou Capistrano, foí, sobretudo, original, não imitando Rocha Iitu, que procurou no solo americano

própria letra, cópia da tradução ao lado^ tâneamente, sem fazer obra didatica pa do original a fim de, mais tarde, se ou-* ra o grande público, a política externa

cenas quc relembríuii

tros se perdessem por esses arcanos, não encontrassem aí, nesses documentos ci frados, as dificuldades por ele já ven

zontes novos.

sjinas divagaçõcs de filologia e etnoge-

cidas"/

três grossos volumes, inovou os estudos

Engenheiro de minas, examinou a His tória do Brasil, como geógrafo. Alcides Bezerra, diretor do Arquivo Nacional, e um dos seus melhores comentadores,

explica como é diferente a história des crita pelo bacharel da que é elaborada pelo engenheiro. Uma é o complemento da outra. "Ninguém com argúcia, es

creveu o erudito escritor, pode fugir à influência da instrução recebida. Ela in

corpora-se ao psiquismo.. Felizmente, a

história pátria tem sido tratada por in divíduos das mais diversas

formações

espirituais. Euclides da Cunha, Vicente Licínio Cardoso e Pandiá Calógeras, en

tre os historiadores nossos, distinguem-

se pela visão panorâmica que tiveram do meio cósmico. Fizeram história sem

perder de vista a terra, a vida econômi ca,,a influência do meio. São mesologistas." Dos méritos de historiador, o maior é

o de ter filiado a História do Brasil à

História Universal, entrelaçando os acontecimentos. Realizou, integralmen

te, êsse patriótico desiderato com a ad mirável "Formação Histórica do Brasil",

que Plínio Barreto considerou superior as obras de João Ribeiro e Oliveira Li ma. Êsse JUÍZO valioso foi confirmado pela Universidade de Stanford, nos Es tados Unidos, que a editou, em grande tiragem, prefaciada pelo professor Percy MarHn. De cada país, a Universidade escolheu a obra máxima no gênero. Dos

e a interna do Brasil, devassando hori

Em monografias originais, inscrtas nos sôbre o descobrimento do Brasil, a vin

da de D. João VI, o problema do tráfi co, o reconhecimento do Império, a ba cia do Prata, a atuação de Rosas, c a

questão religiosa. "A obra de Calógeras expôs nossas questões latinas com sereno espírito crí tico, sem laivos de ancestral malqueren ça, au.xiliando o trabalho dc aproxima ção continental da Chancelaria brasi leira."

O primeiro volume, que versa sôbre povoamento, é uma geografia humana. O segundo, "O Primeiro Reinado", a

reabilitação do grande brasileiro Caldei ra Brant, o Barbaccna, desfigurado pela calúnia. O terceiro "não é um jardim de flôres literárias: um farto celeiro de

frutos sazonados". Destaca-se perfil humano do Imperador.

pelo

Em . todos, preciosíssima a contribui ção individual.

Não tiveram visão* ampla de conjunto os nossos lústoriadores.

O Visconde de Porto Seguro foí um inovador no estudo das minas, no des cobrimento dos restos mortais de Cabral

e na publicação do texto mais fiel da carta de Vaz Caminha. Desempenhou,

para o conhecimento da História do Brasil, o papel que, atualmente, Gilber to Freire representa para a nossa socio^ logia: fornecer o material abundante c inédito ao cérebro poderoso que, em

as desenroladas

na Europa. Mas, não era um sociólogo e

nem resistiram à análise as suas curiosísnia brasileiras, sentenciou a crítica.

Capistrano de Abreu, o mestre, não conliecia o Segundo Império, com a se gurança com que resolvia qualquer diíiculd.>dc do período colonial. Em sua

Keinado^^^'^

^

Segundo

Martim Francisco, memória de um iaunay, apai.xonado e irreverente, odian do os adversários dos Andrhdas, como imnugos pessoais, conhecia as últimas

décadas do Império melhor do que Ca-

pisriano, mas seria incapaz de escrever os Capítulos da História Colonial", li vro ímpar.

Calógeras, erudito, autor de uma His toria do Brasil reputada a melhor, pelos competentes, era insuperável na descri

ção do reconhecimento do Império c das lutas da Regência. Como juiz, não ado tava o método de Capistrano. O des confiado cearense dizia, na intimidade, que o seu amigo era o terra-nova dos

n u ragos da Historia: desculpava os erros e realçava as. qualidades. Inútil, acrescentava o malicioso tapejara, fòra a tentativa de Calógeras de reabilitar a

memória de Carlota Joaquina, mas re conhecia a sua vitória na reabilitação de Rosas.

O encantador epistológrafo e crítico severo, Alberto Rangel, assim se pro nunciou sôbre o valor da "Política Ex terior do Império": "Percorrendo essas P'ginas meço-Ihe o sólido e vasto saber

c avalio o pêso do labor que exigira. Ilumina-se o frontão da história nacio

nal de todo um arco de luz calogeríana. A sua pena proba, infatigável e eruditíssíma, ajuda a pôr em ordem os nossos anais e continua a lanterna de Capis trano".

Eugênio dc Castro e Mário de Vas

concelos resumiram, para o grande pú blico, com fidelidade e arte, êsse exaus tivo Tratado. Obra de patriotismo, e do maior interesse, a sua divulgação: no conceito de Talleyrand, é da política exterior que os países vivem.

Em "Minas do Brasil", o coeficiente

pessoal e também enorme, quer como técnico, quer como historiador. Mestre, no empolgante capítulo das entradas e bandeiras. Decifrou e restabeleceu no vos roteiros, como o de Spinosa, em

1553, e conseguiu reabilitar D. Rodrigo de Castel Blanco.

Sobro o diamante, à exceção de Djalma Guimarães, em data posterior, nin-, guém escreveu com maior proficiência. Não é e.xagerada a afirmativa de que se trata de notável estudo.

Melancólico, Capistrano, em artigo publicado rio "Jornal do Comércio", que identifiquei, com o prestigio de sua au toridade e a visão de um profeta, ex clamou: "Em qualquer outro país a obra envelheceria depressa, porque ou tros se atirariam a ela. Aqui, onde as "Memórias do distrito diamantino", de Felício dos Santos, em trinta e seis anos

não tiveram segunda edição, o parecer agora apresentado à Câmara dos Depu tados ficará durante decênios como um marco solitário".

Djalma Guimarães, o reputado geó logo, atendeu ao apelo de Capistrano e durante algumas décadas será novamen te obra estável a formidável "Minas do Brasil".

"Calógeras fez-se geólogo - é o pen samento de Djalma - para conhecer o subsolo pátrio e inquirir sôbre as suas


Dicestc) Econômico

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ções Exteriores, a cifra da correspon dência diplomática, relativa ao reconhe cimento do Império. O pesquisador Mozart Monteiro trouxe o depoimento

de que Calógeras "deixou, com a sua

livros brasileiros, cspontàncainento, re

caiu a preferência no de Calógcra.s. Em

"Política Exterior do Império",

tratado monumental no julgamento dos melhores historiadores, c.sludou, .simnl-

futuro não remoto, traçará as gencraliziições supremas.

Varnhagcn, observou Capistrano, foí, sobretudo, original, não imitando Rocha Iitu, que procurou no solo americano

própria letra, cópia da tradução ao lado^ tâneamente, sem fazer obra didatica pa do original a fim de, mais tarde, se ou-* ra o grande público, a política externa

cenas quc relembríuii

tros se perdessem por esses arcanos, não encontrassem aí, nesses documentos ci frados, as dificuldades por ele já ven

zontes novos.

sjinas divagaçõcs de filologia e etnoge-

cidas"/

três grossos volumes, inovou os estudos

Engenheiro de minas, examinou a His tória do Brasil, como geógrafo. Alcides Bezerra, diretor do Arquivo Nacional, e um dos seus melhores comentadores,

explica como é diferente a história des crita pelo bacharel da que é elaborada pelo engenheiro. Uma é o complemento da outra. "Ninguém com argúcia, es

creveu o erudito escritor, pode fugir à influência da instrução recebida. Ela in

corpora-se ao psiquismo.. Felizmente, a

história pátria tem sido tratada por in divíduos das mais diversas

formações

espirituais. Euclides da Cunha, Vicente Licínio Cardoso e Pandiá Calógeras, en

tre os historiadores nossos, distinguem-

se pela visão panorâmica que tiveram do meio cósmico. Fizeram história sem

perder de vista a terra, a vida econômi ca,,a influência do meio. São mesologistas." Dos méritos de historiador, o maior é

o de ter filiado a História do Brasil à

História Universal, entrelaçando os acontecimentos. Realizou, integralmen

te, êsse patriótico desiderato com a ad mirável "Formação Histórica do Brasil",

que Plínio Barreto considerou superior as obras de João Ribeiro e Oliveira Li ma. Êsse JUÍZO valioso foi confirmado pela Universidade de Stanford, nos Es tados Unidos, que a editou, em grande tiragem, prefaciada pelo professor Percy MarHn. De cada país, a Universidade escolheu a obra máxima no gênero. Dos

e a interna do Brasil, devassando hori

Em monografias originais, inscrtas nos sôbre o descobrimento do Brasil, a vin

da de D. João VI, o problema do tráfi co, o reconhecimento do Império, a ba cia do Prata, a atuação de Rosas, c a

questão religiosa. "A obra de Calógeras expôs nossas questões latinas com sereno espírito crí tico, sem laivos de ancestral malqueren ça, au.xiliando o trabalho dc aproxima ção continental da Chancelaria brasi leira."

O primeiro volume, que versa sôbre povoamento, é uma geografia humana. O segundo, "O Primeiro Reinado", a

reabilitação do grande brasileiro Caldei ra Brant, o Barbaccna, desfigurado pela calúnia. O terceiro "não é um jardim de flôres literárias: um farto celeiro de

frutos sazonados". Destaca-se perfil humano do Imperador.

pelo

Em . todos, preciosíssima a contribui ção individual.

Não tiveram visão* ampla de conjunto os nossos lústoriadores.

O Visconde de Porto Seguro foí um inovador no estudo das minas, no des cobrimento dos restos mortais de Cabral

e na publicação do texto mais fiel da carta de Vaz Caminha. Desempenhou,

para o conhecimento da História do Brasil, o papel que, atualmente, Gilber to Freire representa para a nossa socio^ logia: fornecer o material abundante c inédito ao cérebro poderoso que, em

as desenroladas

na Europa. Mas, não era um sociólogo e

nem resistiram à análise as suas curiosísnia brasileiras, sentenciou a crítica.

Capistrano de Abreu, o mestre, não conliecia o Segundo Império, com a se gurança com que resolvia qualquer diíiculd.>dc do período colonial. Em sua

Keinado^^^'^

^

Segundo

Martim Francisco, memória de um iaunay, apai.xonado e irreverente, odian do os adversários dos Andrhdas, como imnugos pessoais, conhecia as últimas

décadas do Império melhor do que Ca-

pisriano, mas seria incapaz de escrever os Capítulos da História Colonial", li vro ímpar.

Calógeras, erudito, autor de uma His toria do Brasil reputada a melhor, pelos competentes, era insuperável na descri

ção do reconhecimento do Império c das lutas da Regência. Como juiz, não ado tava o método de Capistrano. O des confiado cearense dizia, na intimidade, que o seu amigo era o terra-nova dos

n u ragos da Historia: desculpava os erros e realçava as. qualidades. Inútil, acrescentava o malicioso tapejara, fòra a tentativa de Calógeras de reabilitar a

memória de Carlota Joaquina, mas re conhecia a sua vitória na reabilitação de Rosas.

O encantador epistológrafo e crítico severo, Alberto Rangel, assim se pro nunciou sôbre o valor da "Política Ex terior do Império": "Percorrendo essas P'ginas meço-Ihe o sólido e vasto saber

c avalio o pêso do labor que exigira. Ilumina-se o frontão da história nacio

nal de todo um arco de luz calogeríana. A sua pena proba, infatigável e eruditíssíma, ajuda a pôr em ordem os nossos anais e continua a lanterna de Capis trano".

Eugênio dc Castro e Mário de Vas

concelos resumiram, para o grande pú blico, com fidelidade e arte, êsse exaus tivo Tratado. Obra de patriotismo, e do maior interesse, a sua divulgação: no conceito de Talleyrand, é da política exterior que os países vivem.

Em "Minas do Brasil", o coeficiente

pessoal e também enorme, quer como técnico, quer como historiador. Mestre, no empolgante capítulo das entradas e bandeiras. Decifrou e restabeleceu no vos roteiros, como o de Spinosa, em

1553, e conseguiu reabilitar D. Rodrigo de Castel Blanco.

Sobro o diamante, à exceção de Djalma Guimarães, em data posterior, nin-, guém escreveu com maior proficiência. Não é e.xagerada a afirmativa de que se trata de notável estudo.

Melancólico, Capistrano, em artigo publicado rio "Jornal do Comércio", que identifiquei, com o prestigio de sua au toridade e a visão de um profeta, ex clamou: "Em qualquer outro país a obra envelheceria depressa, porque ou tros se atirariam a ela. Aqui, onde as "Memórias do distrito diamantino", de Felício dos Santos, em trinta e seis anos

não tiveram segunda edição, o parecer agora apresentado à Câmara dos Depu tados ficará durante decênios como um marco solitário".

Djalma Guimarães, o reputado geó logo, atendeu ao apelo de Capistrano e durante algumas décadas será novamen te obra estável a formidável "Minas do Brasil".

"Calógeras fez-se geólogo - é o pen samento de Djalma - para conhecer o subsolo pátrio e inquirir sôbre as suas


Dicesto Econômico se

riquezas; fêz-se historiador para sentir a orientação e as tendências da corrente evolutiva do meio social; fêz-se econo

mista para determinar a resultante des tas duas componentes e apontar os meios de combater as resistências passivas que

podem diminuir a aceleração do pro gresso de sua pátria." Como financista, é ortodoxo.

Em "La Politique Monétaire du Brésil", obra compacta de cêrca de 600 pá ginas, exposição sucinta de suas idéias fi nanceiras, há a história analítica da nos sa moeda metálica e fiduciária, dos ban

cos, do câmbio, das emissões e das múl

tiplas valorizações efetuadas no Brasil.

Combate

vigorosamente o regimem

da pluralidade dos bancos emissores e a política da Caixa de Conversão em

1906, preconizada por Davi Campista, manifesta como era, no seu entender, a dualidade da circulação pela coexis tência do papel inconversível do Tesou ro com as novas emissões conversíveis a

câmbio fixo.

Émile Lavasseur, em "Histoire du Commerce de Ia France", adotou inte

gralmente a sua opinião no tocante à in

fluência da moeda depreciada sôbre a taxa dos salários, aprovando a crítica de Calógeras às valorizações. Sociólogo, perfilhou, nos últimos tra balhos, a doutrina de Leão XIII, estam

pada na famosa encíclica "De Rerum Novarum" e ampliada pelo Papa Pio XI em sua "Quadragésimo ano". Estabeleceu, em termos claros, como

pedagogo católico, o seu programa, no

inquérito de repercussão nacional sôbre o problema universitário: — "A escola, em seu complexo, deve formar valores sociais, ensinar a viver,

aparelhar a

Outras lhe escapam, pois se filiam ao

problema das relações do homem com o Infinito."

Em "Problemas de Govêmo" e "Pro

blemas de Administração", o publicista confunde-se com o patriota. São obras básicas de organização na cional e roteiros seguros para governan

tes e governados. Revelam o extraordi

Dioesto Econômico

Da família intelectual dos Capistra no, Vamhagen, Rio Branco, Oliveira Lima, Joaquim Caetano e Martim Fran

cisco, os escritores nacionais da sua pre dileção, procurou elevar a sua terra no passado o no presente, traçando diretri zes para engrandecê-la no futuro. Brasil maior era a sua obsessão.

nário estadista que é Calógeras, o maior

XI

da República no dizer de Plínio Barrelo, que - analisou a sua produção em mais de uma dezena de rodapés do

A Cálogeriana

A Fundação Pandiá Calógeras progra

"O Estado de S. Paulo".

Ao verberar o cmpirismo desorganiza

mou dois empreendimentos de vulto: o

do do Brasil, no relatório confidencial,

Mapa Geológico e a Enciclopédia Eco

que deu a alguns a impressão de pan fleto, produziu o grande pensador talvez

nômica do Brasil.

a mais vibrante das suas obras.

Calógeras não pertenceu à Academia

Brasileira de Letras. Afonso Taunay, no discurso de saudação a Rodolfo Gar

cia, estranhou o fato, verberando-o, de três expoentes da nossa cultura — Ca-

pistrano, Martim Francisco e Calógeras — não terem sido membros daquele cenáculo.

E' verdade que Capistrano recusou ser um dos seus fundadores, com a sin

O geólogo Glycon de Paiva, em lin guagem simples, sem atavios, explicou,

com o brilho que lhe é peculiar, pelas colunas dos "Diários Associados", o signiticado do primeiro. O se^ndo consiste em adaptar "As mas do Brasil" às modernas pesqui® S®ologia e de mineralogia. Djalma Guimarães, êsse apaixonado a Ciência que os técnicos, uníssonos, proclamam o maior petrógrafo brasilei ro,^tá dirigindo graciosamente a sua

gular declaração de que a única socie dade a que pertencia, sem ter sido con

reedição.

sultado, era a do gênero humano, e dela não tinha que se louvar.

comentada, a

Breve surgirá, também"ampliada e "Política Monetária do assim, os seus fins

Mas, nem todos o compreenderam. Um espirito de escol, desvairado por sentimentalismo excessivo, propugnador, em fase conturbada da vida paulista, da de sintegração de sua própria terra, decla rou-me que receberia com tristeza a

notícia da adoção, nos ginásios piratininganos, da obra do nosso patrono. Não sendo paulista, Calógeras, a seu juízo, não compreendera o fenômeno do bandeirismo. Injustiça clamoroàa, foi a minha resposta: paulistas de nasciménto não são Afonso D*Escragnolle Taunay e Basílio de Magalhães, os historiadores das bandeiras.

Em "Minas do Brasil", Calógeras exal tou-as. Grande fôra a sua contribuição pessoal, descobrindo roteiros. Relesse a

"Formação Histórica", acrescentei, e te

ria de concordar em que, para enaltecer os deslumbramentos da luz, não era ne cessário olvidar as sombras. Não foi con

vincente a minha e.xplicação. Lembrei-

IKe,,então, o capítulo referente à Incon

fidência, que Capistrano esqueceu e Lúcio dos Santos, com abundância de do-

cumentos, julga uma página gloriosa da história mineira.

Rigorosa, a opinião de Calógeras. Ei1a, em conclusão: "Antes mesmo de nas cer, a Inconfidência tinha morrido. Re

Calógeras, porém,

se fôsse instado,

a Fundação Pandiá Calógeras". Divul

como Ramiz Galvão

o foi, aceitaria o

tiza o luminoso ideal de propugnar sem

ferências vagífS. Nada fôra feito para a

pre o Brasil forte e uno.

E* estranhável o representante de Minas transformar em lenda a página

convite e teria enriquecido o patrimônio cultural da Academia com a obra imortal

que legou aos pôsteres. Estudando o imenso acêrvo intelectual

do Calógeras, verificar-se-á

que a ex

clusiva preocupação, em tôda a obra, é

ga os ensinamentos do mestre e concre Reeditan-

do-lhe as obras, divulgará o Brasil. Não Afonso Celso, exalçado em

Porque me ufano do meu país". Mas o Brasil real, como Capistrano, em seus capítulos, descrevia. Nacionalista ex tremado, Calógeras, embora com outra

criança em todas as tendências da sua

a idéia de Pátria.

psiquê.

"Do primeiro ao último, os títulos cantam, em todos os tons, o Brasil que

tencer à escola do insuperável historia

amou 0 serviu."

dor cearense.

Umas, pode o Estado satisfazer, na parte referente a letras, artes e ciências.

Outra não foi a sua orientação ao de linear a "Formação Histórica do Brasil".

benevolência, não sentia pêjo em per

sumira-se em palavTas, projetos e con transformar em realidade".

mais emotiva da sua história?

Para o

meu espírito, não. Calógeras não falsearia para emulações prejudiciais en^ tre as diversas unidades regionais do País. A sua pátria era o Brasil e não

Minas Gerais.

O último argumento

emudecera o meu interlocutor..

Já ultrapassamos a fase da adulação

i


Dicesto Econômico se

riquezas; fêz-se historiador para sentir a orientação e as tendências da corrente evolutiva do meio social; fêz-se econo

mista para determinar a resultante des tas duas componentes e apontar os meios de combater as resistências passivas que

podem diminuir a aceleração do pro gresso de sua pátria." Como financista, é ortodoxo.

Em "La Politique Monétaire du Brésil", obra compacta de cêrca de 600 pá ginas, exposição sucinta de suas idéias fi nanceiras, há a história analítica da nos sa moeda metálica e fiduciária, dos ban

cos, do câmbio, das emissões e das múl

tiplas valorizações efetuadas no Brasil.

Combate

vigorosamente o regimem

da pluralidade dos bancos emissores e a política da Caixa de Conversão em

1906, preconizada por Davi Campista, manifesta como era, no seu entender, a dualidade da circulação pela coexis tência do papel inconversível do Tesou ro com as novas emissões conversíveis a

câmbio fixo.

Émile Lavasseur, em "Histoire du Commerce de Ia France", adotou inte

gralmente a sua opinião no tocante à in

fluência da moeda depreciada sôbre a taxa dos salários, aprovando a crítica de Calógeras às valorizações. Sociólogo, perfilhou, nos últimos tra balhos, a doutrina de Leão XIII, estam

pada na famosa encíclica "De Rerum Novarum" e ampliada pelo Papa Pio XI em sua "Quadragésimo ano". Estabeleceu, em termos claros, como

pedagogo católico, o seu programa, no

inquérito de repercussão nacional sôbre o problema universitário: — "A escola, em seu complexo, deve formar valores sociais, ensinar a viver,

aparelhar a

Outras lhe escapam, pois se filiam ao

problema das relações do homem com o Infinito."

Em "Problemas de Govêmo" e "Pro

blemas de Administração", o publicista confunde-se com o patriota. São obras básicas de organização na cional e roteiros seguros para governan

tes e governados. Revelam o extraordi

Dioesto Econômico

Da família intelectual dos Capistra no, Vamhagen, Rio Branco, Oliveira Lima, Joaquim Caetano e Martim Fran

cisco, os escritores nacionais da sua pre dileção, procurou elevar a sua terra no passado o no presente, traçando diretri zes para engrandecê-la no futuro. Brasil maior era a sua obsessão.

nário estadista que é Calógeras, o maior

XI

da República no dizer de Plínio Barrelo, que - analisou a sua produção em mais de uma dezena de rodapés do

A Cálogeriana

A Fundação Pandiá Calógeras progra

"O Estado de S. Paulo".

Ao verberar o cmpirismo desorganiza

mou dois empreendimentos de vulto: o

do do Brasil, no relatório confidencial,

Mapa Geológico e a Enciclopédia Eco

que deu a alguns a impressão de pan fleto, produziu o grande pensador talvez

nômica do Brasil.

a mais vibrante das suas obras.

Calógeras não pertenceu à Academia

Brasileira de Letras. Afonso Taunay, no discurso de saudação a Rodolfo Gar

cia, estranhou o fato, verberando-o, de três expoentes da nossa cultura — Ca-

pistrano, Martim Francisco e Calógeras — não terem sido membros daquele cenáculo.

E' verdade que Capistrano recusou ser um dos seus fundadores, com a sin

O geólogo Glycon de Paiva, em lin guagem simples, sem atavios, explicou,

com o brilho que lhe é peculiar, pelas colunas dos "Diários Associados", o signiticado do primeiro. O se^ndo consiste em adaptar "As mas do Brasil" às modernas pesqui® S®ologia e de mineralogia. Djalma Guimarães, êsse apaixonado a Ciência que os técnicos, uníssonos, proclamam o maior petrógrafo brasilei ro,^tá dirigindo graciosamente a sua

gular declaração de que a única socie dade a que pertencia, sem ter sido con

reedição.

sultado, era a do gênero humano, e dela não tinha que se louvar.

comentada, a

Breve surgirá, também"ampliada e "Política Monetária do assim, os seus fins

Mas, nem todos o compreenderam. Um espirito de escol, desvairado por sentimentalismo excessivo, propugnador, em fase conturbada da vida paulista, da de sintegração de sua própria terra, decla rou-me que receberia com tristeza a

notícia da adoção, nos ginásios piratininganos, da obra do nosso patrono. Não sendo paulista, Calógeras, a seu juízo, não compreendera o fenômeno do bandeirismo. Injustiça clamoroàa, foi a minha resposta: paulistas de nasciménto não são Afonso D*Escragnolle Taunay e Basílio de Magalhães, os historiadores das bandeiras.

Em "Minas do Brasil", Calógeras exal tou-as. Grande fôra a sua contribuição pessoal, descobrindo roteiros. Relesse a

"Formação Histórica", acrescentei, e te

ria de concordar em que, para enaltecer os deslumbramentos da luz, não era ne cessário olvidar as sombras. Não foi con

vincente a minha e.xplicação. Lembrei-

IKe,,então, o capítulo referente à Incon

fidência, que Capistrano esqueceu e Lúcio dos Santos, com abundância de do-

cumentos, julga uma página gloriosa da história mineira.

Rigorosa, a opinião de Calógeras. Ei1a, em conclusão: "Antes mesmo de nas cer, a Inconfidência tinha morrido. Re

Calógeras, porém,

se fôsse instado,

a Fundação Pandiá Calógeras". Divul

como Ramiz Galvão

o foi, aceitaria o

tiza o luminoso ideal de propugnar sem

ferências vagífS. Nada fôra feito para a

pre o Brasil forte e uno.

E* estranhável o representante de Minas transformar em lenda a página

convite e teria enriquecido o patrimônio cultural da Academia com a obra imortal

que legou aos pôsteres. Estudando o imenso acêrvo intelectual

do Calógeras, verificar-se-á

que a ex

clusiva preocupação, em tôda a obra, é

ga os ensinamentos do mestre e concre Reeditan-

do-lhe as obras, divulgará o Brasil. Não Afonso Celso, exalçado em

Porque me ufano do meu país". Mas o Brasil real, como Capistrano, em seus capítulos, descrevia. Nacionalista ex tremado, Calógeras, embora com outra

criança em todas as tendências da sua

a idéia de Pátria.

psiquê.

"Do primeiro ao último, os títulos cantam, em todos os tons, o Brasil que

tencer à escola do insuperável historia

amou 0 serviu."

dor cearense.

Umas, pode o Estado satisfazer, na parte referente a letras, artes e ciências.

Outra não foi a sua orientação ao de linear a "Formação Histórica do Brasil".

benevolência, não sentia pêjo em per

sumira-se em palavTas, projetos e con transformar em realidade".

mais emotiva da sua história?

Para o

meu espírito, não. Calógeras não falsearia para emulações prejudiciais en^ tre as diversas unidades regionais do País. A sua pátria era o Brasil e não

Minas Gerais.

O último argumento

emudecera o meu interlocutor..

Já ultrapassamos a fase da adulação

i


^WT-

Digesto Econômico 88

cega dos fatos históricos, sentenciou o amoroso da sua terra.

O Brasil assiste a uma metamorfose

espiritual. Há melhor compreensão no culto dos grandes homens. Desaparece

a preocupação de erigir bustos e esta tuas e surde o desejo de corporificar as ádéias que espalharam. Publicar as obras dos brasileiros ilus

tres, eis a palavra de ordem exigida pela juventude. Bem haja, pois, o empreendimento de reeditar Rui e Nabuco, Calógeras e

Capistrano, cumes do pensamento, lu zeiros da nacionalidade.

A Calogeriana, organizada pela Fun dação, proporcionará ao brasileiro o or-

guUio consciente de que necessita.

Vou narrar um fato, que vale por um índice.

Calógeras discutiu o Tratado dc Pctrópolis, a convite dc Rio Branco. Gastão da Cunha fora o incumbido da fase

contemporânea do litígio, c Encias Mar tins o do Direito Constitucional.

Caló

geras examinaria a evolução histórica c o aspecto geográfico, faces do proble ma dc extraordinária complexidade. Calógeras aceitou o convite dc Rio

Branco, segundo a sua própria expres são, por uma "coquetteríc" intelectual,

pois era corrente na Câmara dos Depu tados que só em meios especializados

poderia o assunto ser discutido. Impres cindível, dizia-se, a colaboração da chan celaria brasileira.

Calógeras recusou-a c não quis ter com o Barão a mínima confidencia. Es

XII

O Técnico

Calógeras era um engenheiro que hon rava as tradições da Escola de Ouro Preto.

O brilho do seu curso acadêmico; a

sua colaboração na prestigiosa "Revista

tudou a sós com os elementos que co lheu nas bibliotecas particulares c pro duziu, como é notório, um dos trabalhos valiosos do Parlamento brasileiro. Asso-

ciou-sé indissolüvelmente ao grande feito. Álvaro de Souza Lima compendiou e criticou as avançadas idéias c planos dc vias férreas que Calógeras elaborou como

deputado, e exibiu êsse fato significa

bre os problemas de estradas de forro e de geologia; a série de folhetos e en saios, alguns de premente atualidade,

tivo de que, já em 1897, êle assinava o "Biilletim de TAssociation Intornatio-

a sua atividade como consultor da Se cretaria da Viação, organizando com Hermílio Alves e Júlio Horta Barbosa o

nale du Congrès des Chemins de Fer", publicação exclusivamente dedicada aos problemas de estradas dc ferro e ainda hoje só manuseada pelos òspecialistas. Técnico-engenheiro, culmina o seu va

plano ferroviário para o Estado de Minas

lor ao escrever "As minas do Brasil e

Gerais, fizeram com que, ao eleger-so

a sua legislação".

deputado federal, estuando de juventu

Pires do Rio analisou a maior obra de

de, fosse recebido como autêntico repre

Calógeras com rara proficiência de geó

sentante da classe.

logo. "Do começo ao fim — diz o seu

Não houve assunto técnico ventilado

no casarão da Cadeia Velha, em que a

última palavra não fôsse a do represen tante mineiro.

ccndo a discussão por trazê-la ao terreno da ciência positi\a, da moderna técnica do engenheiro." Censurando a Hedberg ou à Câmara, a Eschwegc ou a Vamhagen, estudando a eletro-siderurgia ou a indústria carbo-

nífcra, Calógeras tornou-se em geologia mcslTc.

Um dos capítulos mais interessantes

dessa obra é o referente i\ crise do profcssorado nos institutos profissionais. Pa triota exaltado, Calógeras não concor

dava com o jacobinismo vesgo que exi gia certidão dc nacionalidade do pro fessor, o único critério para preenchi mento dos lugares de educadores das novas gerações. Pleiteava que se contra

tassem alhures cientistas de valor para colaborar conosco na formação dos cor pos técnicos.

E página de crítica vigorosa à deca dência do ensino superior no Brasil. Ministro, não mandava, fazia. Batista Pereira, ao prefaciar o "Res

de caráter eminentemente técnico mais

Brasileira", aos 23 anos, dissertando so

reproduzidos no "Jornal do Comércio";

Dicksto Econômico

laureado colega — os três volumes regis tram a independência e a originalidade do pensamento que os ditou, sem forçar a interpretação dos fatos, mas esclare-

Nostra", infonnou que "muitas vêzcs, nos arsenais ou - oficinas, os operários, que consertavam ou instalavam máqui nas, eram surpreendidos por um contra-

mestre desconhecido que os apressava, ensinava e partilhava dos trabalhos. A

blusa ocasional não conseguia dissimular aquele estranho operário, cujo ascenden te imediato, feito de saber e de experiên cia, todos sentiam. E' o ministro — cor

ria do boca em boca. E era, realmen te".

Quando o Brasil aceitou o estado de

guerra que lhe impôs a Alemanha, as

nossas classes armadas não dispunham de munições. Não possuíam cintas para as granadas, que eram, compradas dos Estados Unidos, e as importações esta vam suspensas.

Incapacitado o arsenal de guerra, Ca lógeras aventou a idéia de ser utilizada a Casa da Moeda, iniciativa classificada iíí.liíD.i... «i-

89

do irrisória pelos ministros da Guerra e da Marinha.

Resolvo o gestor da pasta das Finan ças dar-lhes uma lição de técnica militar. Dirige pessoalmente o serviço. Sem pa

letó, de ferramenta em punho, chegava pela manhã ao estabelecimento e volta va à tarde. Retirava-se somente horas da noite.

11

A suo vitória foi completa e de grande repercussão nos meios militares. Conse-

guiu-se pela primeira vez na América do Sul laminar cobre em vergas. Exi

bida do surpresa uma lâmina de um metro, para cintas, na mesa dos despa

chos, teve Calógeras um dos seus dias de glória. Memorável foi o seu triunfo profis

sional, fazendo navegar os ex-navios ale mães. Êsse fato deixou aturdido o Mi

nistro da Marinha, que não acreditava no êxito,

e repetidas vêzes dissera a

Calógeras tratar-se de a\'entura'"'comprometedora de seu nome profissional. Tive a fortuna de assistir a duas

atraentes inspeções do grande brasileiro, em circunstâncias especialíssímas. Uma, em São Bernardo, na fábrica

Conac, em companhia de Luiz Cintra do Prado. A outra, com Ari Torres, no Gabinete de Resistência dos Materiais, da Escola Politécnica de São Paulo.

Na primeira, Calógeras lomóu a pala vra e dissertou sobre a indústria de -fios

para a condução de eletricidade. Na segunda, repetiu a proeza e discorreu sôbre cimentos e as possibilidades dos nossos calcáreos.

Figmas de destaque do magistério su perior, de. reconhecida capacidade técni ca, Luiz Cintra do Prado e Ari Torres, em crônicas de recordações, descreveram

a magnífica impressão que lhes causa ram a memória e a erudição de Caló geras.

O nosso assombro atingira ao auge


^WT-

Digesto Econômico 88

cega dos fatos históricos, sentenciou o amoroso da sua terra.

O Brasil assiste a uma metamorfose

espiritual. Há melhor compreensão no culto dos grandes homens. Desaparece

a preocupação de erigir bustos e esta tuas e surde o desejo de corporificar as ádéias que espalharam. Publicar as obras dos brasileiros ilus

tres, eis a palavra de ordem exigida pela juventude. Bem haja, pois, o empreendimento de reeditar Rui e Nabuco, Calógeras e

Capistrano, cumes do pensamento, lu zeiros da nacionalidade.

A Calogeriana, organizada pela Fun dação, proporcionará ao brasileiro o or-

guUio consciente de que necessita.

Vou narrar um fato, que vale por um índice.

Calógeras discutiu o Tratado dc Pctrópolis, a convite dc Rio Branco. Gastão da Cunha fora o incumbido da fase

contemporânea do litígio, c Encias Mar tins o do Direito Constitucional.

Caló

geras examinaria a evolução histórica c o aspecto geográfico, faces do proble ma dc extraordinária complexidade. Calógeras aceitou o convite dc Rio

Branco, segundo a sua própria expres são, por uma "coquetteríc" intelectual,

pois era corrente na Câmara dos Depu tados que só em meios especializados

poderia o assunto ser discutido. Impres cindível, dizia-se, a colaboração da chan celaria brasileira.

Calógeras recusou-a c não quis ter com o Barão a mínima confidencia. Es

XII

O Técnico

Calógeras era um engenheiro que hon rava as tradições da Escola de Ouro Preto.

O brilho do seu curso acadêmico; a

sua colaboração na prestigiosa "Revista

tudou a sós com os elementos que co lheu nas bibliotecas particulares c pro duziu, como é notório, um dos trabalhos valiosos do Parlamento brasileiro. Asso-

ciou-sé indissolüvelmente ao grande feito. Álvaro de Souza Lima compendiou e criticou as avançadas idéias c planos dc vias férreas que Calógeras elaborou como

deputado, e exibiu êsse fato significa

bre os problemas de estradas de forro e de geologia; a série de folhetos e en saios, alguns de premente atualidade,

tivo de que, já em 1897, êle assinava o "Biilletim de TAssociation Intornatio-

a sua atividade como consultor da Se cretaria da Viação, organizando com Hermílio Alves e Júlio Horta Barbosa o

nale du Congrès des Chemins de Fer", publicação exclusivamente dedicada aos problemas de estradas dc ferro e ainda hoje só manuseada pelos òspecialistas. Técnico-engenheiro, culmina o seu va

plano ferroviário para o Estado de Minas

lor ao escrever "As minas do Brasil e

Gerais, fizeram com que, ao eleger-so

a sua legislação".

deputado federal, estuando de juventu

Pires do Rio analisou a maior obra de

de, fosse recebido como autêntico repre

Calógeras com rara proficiência de geó

sentante da classe.

logo. "Do começo ao fim — diz o seu

Não houve assunto técnico ventilado

no casarão da Cadeia Velha, em que a

última palavra não fôsse a do represen tante mineiro.

ccndo a discussão por trazê-la ao terreno da ciência positi\a, da moderna técnica do engenheiro." Censurando a Hedberg ou à Câmara, a Eschwegc ou a Vamhagen, estudando a eletro-siderurgia ou a indústria carbo-

nífcra, Calógeras tornou-se em geologia mcslTc.

Um dos capítulos mais interessantes

dessa obra é o referente i\ crise do profcssorado nos institutos profissionais. Pa triota exaltado, Calógeras não concor

dava com o jacobinismo vesgo que exi gia certidão dc nacionalidade do pro fessor, o único critério para preenchi mento dos lugares de educadores das novas gerações. Pleiteava que se contra

tassem alhures cientistas de valor para colaborar conosco na formação dos cor pos técnicos.

E página de crítica vigorosa à deca dência do ensino superior no Brasil. Ministro, não mandava, fazia. Batista Pereira, ao prefaciar o "Res

de caráter eminentemente técnico mais

Brasileira", aos 23 anos, dissertando so

reproduzidos no "Jornal do Comércio";

Dicksto Econômico

laureado colega — os três volumes regis tram a independência e a originalidade do pensamento que os ditou, sem forçar a interpretação dos fatos, mas esclare-

Nostra", infonnou que "muitas vêzcs, nos arsenais ou - oficinas, os operários, que consertavam ou instalavam máqui nas, eram surpreendidos por um contra-

mestre desconhecido que os apressava, ensinava e partilhava dos trabalhos. A

blusa ocasional não conseguia dissimular aquele estranho operário, cujo ascenden te imediato, feito de saber e de experiên cia, todos sentiam. E' o ministro — cor

ria do boca em boca. E era, realmen te".

Quando o Brasil aceitou o estado de

guerra que lhe impôs a Alemanha, as

nossas classes armadas não dispunham de munições. Não possuíam cintas para as granadas, que eram, compradas dos Estados Unidos, e as importações esta vam suspensas.

Incapacitado o arsenal de guerra, Ca lógeras aventou a idéia de ser utilizada a Casa da Moeda, iniciativa classificada iíí.liíD.i... «i-

89

do irrisória pelos ministros da Guerra e da Marinha.

Resolvo o gestor da pasta das Finan ças dar-lhes uma lição de técnica militar. Dirige pessoalmente o serviço. Sem pa

letó, de ferramenta em punho, chegava pela manhã ao estabelecimento e volta va à tarde. Retirava-se somente horas da noite.

11

A suo vitória foi completa e de grande repercussão nos meios militares. Conse-

guiu-se pela primeira vez na América do Sul laminar cobre em vergas. Exi

bida do surpresa uma lâmina de um metro, para cintas, na mesa dos despa

chos, teve Calógeras um dos seus dias de glória. Memorável foi o seu triunfo profis

sional, fazendo navegar os ex-navios ale mães. Êsse fato deixou aturdido o Mi

nistro da Marinha, que não acreditava no êxito,

e repetidas vêzes dissera a

Calógeras tratar-se de a\'entura'"'comprometedora de seu nome profissional. Tive a fortuna de assistir a duas

atraentes inspeções do grande brasileiro, em circunstâncias especialíssímas. Uma, em São Bernardo, na fábrica

Conac, em companhia de Luiz Cintra do Prado. A outra, com Ari Torres, no Gabinete de Resistência dos Materiais, da Escola Politécnica de São Paulo.

Na primeira, Calógeras lomóu a pala vra e dissertou sobre a indústria de -fios

para a condução de eletricidade. Na segunda, repetiu a proeza e discorreu sôbre cimentos e as possibilidades dos nossos calcáreos.

Figmas de destaque do magistério su perior, de. reconhecida capacidade técni ca, Luiz Cintra do Prado e Ari Torres, em crônicas de recordações, descreveram

a magnífica impressão que lhes causa ram a memória e a erudição de Caló geras.

O nosso assombro atingira ao auge


Dicesto Econômico

90

por ter o sábio brasileiro,

na mesma

época, realizado notáveis conferências,

Dicesto Economico

fato que fotografa um caráter inquc-

assunto que estudava, adquiriu aquela tecnieidade que servo do mofa aos ho

brantávol.

mens de apoucada cultura. Mus, como

Calógeras confiou-me a honrosa'in

culdade de Direito, sobre "As diretri

era profundamente intolígento, a niinu-

cumbência de editar, após a sua morte,

zes internacionais do Brasil"; no Institu

dência desaparecia para surgir o resumo do homem de Estado, com a superior

cs.so

aquiescência, li-ò e assombrci-me da es

visão que sempre foi o apanágio de seu

pantosa erudição c da larga visão com

espírito.

que encarava os problemas brasileiros.

de especialidades diversas: na Fa to Histórico, sôbre "Os meios de co municação do Brasil", e na Escola Po litécnica de São Paulo,' sôbre "A teoria

As qualidades que exigia para um ver

meditado

estudo. Com

a sua

tir c predomínio absoluto do ponto de

Não mc conformei que esse estudo não estive.ssc logo ao alcance dos nossos ho mens públicos, justamente no momen to em que se elaborava o pacto consti tucional. Insisti pela sua publicação.

vada nos anais da Revista do Grêmio

vista coletivo, ninguém no Brasil, salvo

Não era apenas um trabalho de valor

Politécnico.

e exatidão desses trabalhos, a radiosa in teligência de Luiz Cintra do Prado de-

algumas exceções, as possuía com o fulgor do próprio Calógeras. Administrava, agindo. Não se con

finiu-o: o pensador fielmente enamorado

puramente histórico, como poderia ao primeiro relance parecer, mas um apêlo angustioso c de evidência solar para que

tentava em mandar.

os postos de administração fôssem con-:

da verdade.

executava e concluía". Era a contribui

fiados a homens de saber e de caráter

ção do técnico ao estadista.

de Wegener e a formação dos continen tes", que exigiu grande número de ma pas e diagramas, por êlc próprio exe cutados.

Esta última preleção

aclia-se arqui

Entusiasmado pelo brilho

A Escola Mackenzie, em reconheci

mento aos inolvidáveis serviços que Ca-

lógeras prestou à profissão do engenhei ro, instituiu, para o aluno que melhor se distinguisse em todo o curso, o prêmio "Pandiá Calógeras". Fôra impossível encontrar melhor pa trono. São Paulo fêz justiça a um filho de outro Estado e demonstrou de ma

neira irrefragável os seus sentimentos de brasilidade. XIII

O Estadista

Em uma de suas preleções de caráter administrativo, Calógeras doutrinava

que para saber governar é necessário que o espírito de minúcia se transforme em vasta capacidade sintética.

O grande repúblico possuía o espírito de análise e de síntese.

Lia e anotava todos os relatórios de

governos federais e estaduais, e os de empresas particulares. Informava-se dos mínimos pormenores e, sôbre qualquer

dadeiro homem público, como intelec tualidade, desprendimento, coerência, valia moral, sinceridade religiosa no sen

"Via, ensinava,

•1

O homem de gabinete só era inferior

comprovados. Era, além do mais, a sua defesa irretorquível, ante a consciên

ao homem de ação. O pensador só era

cia reta de Rodrigues Alves. Calógeras

superado pelo realizador. A ciência era

aquiesceu.

o meio. A arte da administração, a fi

ráter confidencial, restrições a homens que estavam dirigindo os destinos da

nalidade precípua. Os livros que escreveu sôbre "Proble mas de govêmo", "Minas do Brasil" e "Problemas de administração", cheios

Mas como fizera, em ca

política de Minas, quis que fosse pu blicado, como de fato o foi, sem mu

dança de uma vírgula, tal qual fôra

de ciência e unção patriótica, estudam as nossas questões do aspecto governa

redigido. A leitura dessa obra utilíssima e a

mental, em função do Estado.

análise conscienciosa da administração

Debatendo os problemas de ensino,

dêsse sábio nas pastas da Agricultura,

que conhecia como verdadeiro técnico,

da Fazenda e da Guerra reduzem a

revelava-so mais estadista

teoria dos "não preparados", posta em

do que pe

dagogo. "Roteiro nacional" é a definição la pidar do professor Hermes Lima á sua obra de pensamento e de ação. Nin guém a definiu melhor. O relatório confidencial apresentado ao Conselheiro Rodrigues AlVes é um com

pêndio de civismo, cuja leitura deveria ser obrigatória aos homens que tratam de coisas públicas.

A propósito da sua publicação, que tonta celeuma levantou, quero narrar um

voga para combater o genial Rui Bar

bosa, em fumo que se dissipa nos ares. Estava apto para exercer com o mes

mo brilhantismo qualquer das pastas ministeriais. Era o técnico da política que, no dizer de Sales Júnior, é diferente das outras artes e habilitações, e só se

adquire pelo estudo e tirocínio dos nqgócios públicos, Calógeras foi dos nossos raros admi

nistradores que escreveram do próprio punho os relatórios. 'Dighos dos esta

distas inglêses, não eram amontoado de exposições redigidas pelos respectivos di retores do Ministério. Êsse,processo de apresentar idéias alheias como próprias

foi e tem sido usado por inúmeros secre tários de fama injustificável. Calóge ras excetuava-se.

Probo e conhecedor

emérito dos problemas do Brasil. Como parlamentar e publicista, foi se meador de idéias. Realizou-as em gran

de parte, quando no govêmo. Em mui tas, transigiu. Os problemas de caráter geral estudados com ortodoxia, muitas

vêzes, oferecem soluções diferentes na

prática. Quem já exerceu funções pú

blicas sabe que programas prèriamente anunciados são, não raro, meras exibi ções.

Política, arte de governar o Estado, e, no conceito do pensador alemão

Schãfle, a de guiar tôdas as tendências sociais divergentes, imprimindo-lhes no vas direções, comuns e médias, com a mínima resistência coletiva e a mínima

perda de fòrças.

As suas idéias de repulsa às emissões

de papel-moeda e às doutrinas de prote cionismo fóram sensivelmente modifica

das pelas injunções do momento. Tinha horror à burocracia e era ini

migo feroz do papelório. Governar é saber resistir. Medeiros e

Albuquerque costumava dizer, com "blague", que no Ministério Venceslau havia dois homens de filosofia administrativa

oposta:

Calógeras e Tavares de Lira.

Calógeras conhecia os problemas como técnico. Tavares de Lira sabia a fundo

a legislação. Calógeras, antes de exapaipar a matéria, dizia sempre "não" e só depois concordava. Tavares de Lira

dizia "sim", para depois negar. De an

temão, poder-se-ia escrever a resposta de ambos.

Calógeras deixou os postos de gover no com a convicção, enraigada de que o


Dicesto Econômico

90

por ter o sábio brasileiro,

na mesma

época, realizado notáveis conferências,

Dicesto Economico

fato que fotografa um caráter inquc-

assunto que estudava, adquiriu aquela tecnieidade que servo do mofa aos ho

brantávol.

mens de apoucada cultura. Mus, como

Calógeras confiou-me a honrosa'in

culdade de Direito, sobre "As diretri

era profundamente intolígento, a niinu-

cumbência de editar, após a sua morte,

zes internacionais do Brasil"; no Institu

dência desaparecia para surgir o resumo do homem de Estado, com a superior

cs.so

aquiescência, li-ò e assombrci-me da es

visão que sempre foi o apanágio de seu

pantosa erudição c da larga visão com

espírito.

que encarava os problemas brasileiros.

de especialidades diversas: na Fa to Histórico, sôbre "Os meios de co municação do Brasil", e na Escola Po litécnica de São Paulo,' sôbre "A teoria

As qualidades que exigia para um ver

meditado

estudo. Com

a sua

tir c predomínio absoluto do ponto de

Não mc conformei que esse estudo não estive.ssc logo ao alcance dos nossos ho mens públicos, justamente no momen to em que se elaborava o pacto consti tucional. Insisti pela sua publicação.

vada nos anais da Revista do Grêmio

vista coletivo, ninguém no Brasil, salvo

Não era apenas um trabalho de valor

Politécnico.

e exatidão desses trabalhos, a radiosa in teligência de Luiz Cintra do Prado de-

algumas exceções, as possuía com o fulgor do próprio Calógeras. Administrava, agindo. Não se con

finiu-o: o pensador fielmente enamorado

puramente histórico, como poderia ao primeiro relance parecer, mas um apêlo angustioso c de evidência solar para que

tentava em mandar.

os postos de administração fôssem con-:

da verdade.

executava e concluía". Era a contribui

fiados a homens de saber e de caráter

ção do técnico ao estadista.

de Wegener e a formação dos continen tes", que exigiu grande número de ma pas e diagramas, por êlc próprio exe cutados.

Esta última preleção

aclia-se arqui

Entusiasmado pelo brilho

A Escola Mackenzie, em reconheci

mento aos inolvidáveis serviços que Ca-

lógeras prestou à profissão do engenhei ro, instituiu, para o aluno que melhor se distinguisse em todo o curso, o prêmio "Pandiá Calógeras". Fôra impossível encontrar melhor pa trono. São Paulo fêz justiça a um filho de outro Estado e demonstrou de ma

neira irrefragável os seus sentimentos de brasilidade. XIII

O Estadista

Em uma de suas preleções de caráter administrativo, Calógeras doutrinava

que para saber governar é necessário que o espírito de minúcia se transforme em vasta capacidade sintética.

O grande repúblico possuía o espírito de análise e de síntese.

Lia e anotava todos os relatórios de

governos federais e estaduais, e os de empresas particulares. Informava-se dos mínimos pormenores e, sôbre qualquer

dadeiro homem público, como intelec tualidade, desprendimento, coerência, valia moral, sinceridade religiosa no sen

"Via, ensinava,

•1

O homem de gabinete só era inferior

comprovados. Era, além do mais, a sua defesa irretorquível, ante a consciên

ao homem de ação. O pensador só era

cia reta de Rodrigues Alves. Calógeras

superado pelo realizador. A ciência era

aquiesceu.

o meio. A arte da administração, a fi

ráter confidencial, restrições a homens que estavam dirigindo os destinos da

nalidade precípua. Os livros que escreveu sôbre "Proble mas de govêmo", "Minas do Brasil" e "Problemas de administração", cheios

Mas como fizera, em ca

política de Minas, quis que fosse pu blicado, como de fato o foi, sem mu

dança de uma vírgula, tal qual fôra

de ciência e unção patriótica, estudam as nossas questões do aspecto governa

redigido. A leitura dessa obra utilíssima e a

mental, em função do Estado.

análise conscienciosa da administração

Debatendo os problemas de ensino,

dêsse sábio nas pastas da Agricultura,

que conhecia como verdadeiro técnico,

da Fazenda e da Guerra reduzem a

revelava-so mais estadista

teoria dos "não preparados", posta em

do que pe

dagogo. "Roteiro nacional" é a definição la pidar do professor Hermes Lima á sua obra de pensamento e de ação. Nin guém a definiu melhor. O relatório confidencial apresentado ao Conselheiro Rodrigues AlVes é um com

pêndio de civismo, cuja leitura deveria ser obrigatória aos homens que tratam de coisas públicas.

A propósito da sua publicação, que tonta celeuma levantou, quero narrar um

voga para combater o genial Rui Bar

bosa, em fumo que se dissipa nos ares. Estava apto para exercer com o mes

mo brilhantismo qualquer das pastas ministeriais. Era o técnico da política que, no dizer de Sales Júnior, é diferente das outras artes e habilitações, e só se

adquire pelo estudo e tirocínio dos nqgócios públicos, Calógeras foi dos nossos raros admi

nistradores que escreveram do próprio punho os relatórios. 'Dighos dos esta

distas inglêses, não eram amontoado de exposições redigidas pelos respectivos di retores do Ministério. Êsse,processo de apresentar idéias alheias como próprias

foi e tem sido usado por inúmeros secre tários de fama injustificável. Calóge ras excetuava-se.

Probo e conhecedor

emérito dos problemas do Brasil. Como parlamentar e publicista, foi se meador de idéias. Realizou-as em gran

de parte, quando no govêmo. Em mui tas, transigiu. Os problemas de caráter geral estudados com ortodoxia, muitas

vêzes, oferecem soluções diferentes na

prática. Quem já exerceu funções pú

blicas sabe que programas prèriamente anunciados são, não raro, meras exibi ções.

Política, arte de governar o Estado, e, no conceito do pensador alemão

Schãfle, a de guiar tôdas as tendências sociais divergentes, imprimindo-lhes no vas direções, comuns e médias, com a mínima resistência coletiva e a mínima

perda de fòrças.

As suas idéias de repulsa às emissões

de papel-moeda e às doutrinas de prote cionismo fóram sensivelmente modifica

das pelas injunções do momento. Tinha horror à burocracia e era ini

migo feroz do papelório. Governar é saber resistir. Medeiros e

Albuquerque costumava dizer, com "blague", que no Ministério Venceslau havia dois homens de filosofia administrativa

oposta:

Calógeras e Tavares de Lira.

Calógeras conhecia os problemas como técnico. Tavares de Lira sabia a fundo

a legislação. Calógeras, antes de exapaipar a matéria, dizia sempre "não" e só depois concordava. Tavares de Lira

dizia "sim", para depois negar. De an

temão, poder-se-ia escrever a resposta de ambos.

Calógeras deixou os postos de gover no com a convicção, enraigada de que o


Dicesto Econômico

92

ro de possantes rcmígios c vôo largo —

fator principal na administração era o

dos galináceos da política."

de homens e não o de leis. Era inútil

executar qualquer plano se faltasse ao

A caraterística essencial da obra do

funcionário a noção do dever. Pediu e

Calógeras c a intangibilidadc do dogma da unidade nacional. Os nossos políti

exclamou sempre: homens e não som

cos são paulistas, mineiros, pernambu canos, baianos o riograndensos. Rarís-

bras.

"Estadista de verdade — escreveu

judiciosamente Plínio Barreto — Calógeras nunca foi, nem jamais poderia ter

simos os brasileiros.

Calógeras é uma

das exceções.

sido, um homem de partido. O par tido é um cercado e o estadista precisa

de espaço e liberdade.

As passagens dos estadistas pelos parti dos são por isso transitórias e dolorosas.

Calógeras serviu de ilustração à regra. A superioridade do seu espírito e o vigor

Paiva

"Atribue-me V. Exa., Senhor Presi

dente, a honrosa e grata incumbência de dar as boas-vindas da Academia ao seu novo membro titular, Dr. Avelino Tgnacio de Oliveira. Antigo aluno da Escola de Minas de Ouro Preto, aí iniciou carreira científi

no meio

político, que limitou a sua

carreira. Foi um apóstolo, quando de veria ter sido o Presidente da Repú

romper as grades partidárias em que tentaram fechá-lo, libertando-o — pássa

Saudação do acadêmico Gltjcon de

Êsso extraordinário homem público,

Calógeras não foi bem compreendido

da sua personalidade não tardaram a

Glvcon de Paiva e Avelino de OiuvEmA

no dizer do onsaista Azevedo Amaral,

"nasceu algumas dezenas de anos adian tado do tempo em que a sua personali dade vigorosa c o seu c.spírito constru tor poderiam representar no Brasil uin papel, que a ambiência dos seus dias não comportava".

Obrigar um estadista a viver dentro dos partidos é o mesmo que obrigar uma águia a viver dentro de galinheiros.

O papel dos geólogos

blica.

logia. Seus esforços e seu reconhecido Êxito como pesquisador das Ciências da Terra hoje mcrccidamcntc o conduzem

ao seio desta Academia, que orgulhosa o acolhe em sessão solene.

As circunstâncias de sua vida profis sional levaram-no à Amazônia, um ano após a formatura, cm 1916.

dezesseis longos anos, intensamente aproveitados em estudos de campo que se dilataram do estuário do grande rio até as lindes brasileiras da bacia, fronteiras das Guianas, da Venezuela, da Colôm bia, do Peru e da Bolívia.

Os resultados dessas investigações constituem uma dezena de publicações sobre a geologia amazônica. Entre êsscs trabalhos, "Reconhecimento Geoló-

flp ^íngu", "Através da Guiana Brasileira pelo rio Ercpecuru" e "Bacia do Rio Branco" são* clássicos da geologia regional.

Não se avalia, assim, à primeira vis ta, o que um reconhecimento geológico ao longo de qualquer das artérias tribu

tárias do Rio-Mar exige do pesquisador em disposição física, coragem silencio sa, fortaleza de animo, paciência, disci plina, esportividade, habiUdade profis sional, capacidade de. correlação, crité''

. .1

^

/

de Ciências e aos ilustres geólogos tiberabenses Ghjcon de Paiva e Avelino de Oliveira, o "Digesto Econômico" acolhe em suas colunas esses inagníficos dis cursos, que versam matéria de sumo interêsse.

ca orientada para os domínios da gco-

Na imensa planície equatorial residiu

I

Em honienagem d Academia Brasileira

« •♦ « *

rio para joeirar fatos de opiniões que manhosamente entre aqueles procuram infiltrar-se, e, finalmente, resignação, para, após longa c exaustiva expedição, apenas escrever um curto trabalho, con

tendo a nata das boas observações e as poucas conclusões sôbre elas cientifica mente fundadas.

E' que os. geólogos fazem ciência com afloramentos rochosos, e a abundância

destes depende do relevo topográfico. Por isso mesmo, são escassos os aflora mentos úteis nos baixos rios amazônicos, justamente onde mais dêles se neces sita.

Nem todos os estudiosos se resignam à escassez de rochas, e não poucas obras de

exploradores da Amazônia têm descambado para a seara suave da Geo grafia, da Sociologia e da Economia. Ao contrário, não são volumosas as

genuínas anáhses geológicas sôbre re

giões amazônicas. As escassas 19 pági nas do "Reconhecimento Geológico do Rio Xingu", por exemplo, representam semanas de preparação de viagem, me ses de viagem efetiva, para vencer a

motor de popa, a remo e varejão, oito graus de latitude e assim colhêr elemen tos indispensáveis para formular a his-


Dicesto Econômico

92

ro de possantes rcmígios c vôo largo —

fator principal na administração era o

dos galináceos da política."

de homens e não o de leis. Era inútil

executar qualquer plano se faltasse ao

A caraterística essencial da obra do

funcionário a noção do dever. Pediu e

Calógeras c a intangibilidadc do dogma da unidade nacional. Os nossos políti

exclamou sempre: homens e não som

cos são paulistas, mineiros, pernambu canos, baianos o riograndensos. Rarís-

bras.

"Estadista de verdade — escreveu

judiciosamente Plínio Barreto — Calógeras nunca foi, nem jamais poderia ter

simos os brasileiros.

Calógeras é uma

das exceções.

sido, um homem de partido. O par tido é um cercado e o estadista precisa

de espaço e liberdade.

As passagens dos estadistas pelos parti dos são por isso transitórias e dolorosas.

Calógeras serviu de ilustração à regra. A superioridade do seu espírito e o vigor

Paiva

"Atribue-me V. Exa., Senhor Presi

dente, a honrosa e grata incumbência de dar as boas-vindas da Academia ao seu novo membro titular, Dr. Avelino Tgnacio de Oliveira. Antigo aluno da Escola de Minas de Ouro Preto, aí iniciou carreira científi

no meio

político, que limitou a sua

carreira. Foi um apóstolo, quando de veria ter sido o Presidente da Repú

romper as grades partidárias em que tentaram fechá-lo, libertando-o — pássa

Saudação do acadêmico Gltjcon de

Êsso extraordinário homem público,

Calógeras não foi bem compreendido

da sua personalidade não tardaram a

Glvcon de Paiva e Avelino de OiuvEmA

no dizer do onsaista Azevedo Amaral,

"nasceu algumas dezenas de anos adian tado do tempo em que a sua personali dade vigorosa c o seu c.spírito constru tor poderiam representar no Brasil uin papel, que a ambiência dos seus dias não comportava".

Obrigar um estadista a viver dentro dos partidos é o mesmo que obrigar uma águia a viver dentro de galinheiros.

O papel dos geólogos

blica.

logia. Seus esforços e seu reconhecido Êxito como pesquisador das Ciências da Terra hoje mcrccidamcntc o conduzem

ao seio desta Academia, que orgulhosa o acolhe em sessão solene.

As circunstâncias de sua vida profis sional levaram-no à Amazônia, um ano após a formatura, cm 1916.

dezesseis longos anos, intensamente aproveitados em estudos de campo que se dilataram do estuário do grande rio até as lindes brasileiras da bacia, fronteiras das Guianas, da Venezuela, da Colôm bia, do Peru e da Bolívia.

Os resultados dessas investigações constituem uma dezena de publicações sobre a geologia amazônica. Entre êsscs trabalhos, "Reconhecimento Geoló-

flp ^íngu", "Através da Guiana Brasileira pelo rio Ercpecuru" e "Bacia do Rio Branco" são* clássicos da geologia regional.

Não se avalia, assim, à primeira vis ta, o que um reconhecimento geológico ao longo de qualquer das artérias tribu

tárias do Rio-Mar exige do pesquisador em disposição física, coragem silencio sa, fortaleza de animo, paciência, disci plina, esportividade, habiUdade profis sional, capacidade de. correlação, crité''

. .1

^

/

de Ciências e aos ilustres geólogos tiberabenses Ghjcon de Paiva e Avelino de Oliveira, o "Digesto Econômico" acolhe em suas colunas esses inagníficos dis cursos, que versam matéria de sumo interêsse.

ca orientada para os domínios da gco-

Na imensa planície equatorial residiu

I

Em honienagem d Academia Brasileira

« •♦ « *

rio para joeirar fatos de opiniões que manhosamente entre aqueles procuram infiltrar-se, e, finalmente, resignação, para, após longa c exaustiva expedição, apenas escrever um curto trabalho, con

tendo a nata das boas observações e as poucas conclusões sôbre elas cientifica mente fundadas.

E' que os. geólogos fazem ciência com afloramentos rochosos, e a abundância

destes depende do relevo topográfico. Por isso mesmo, são escassos os aflora mentos úteis nos baixos rios amazônicos, justamente onde mais dêles se neces sita.

Nem todos os estudiosos se resignam à escassez de rochas, e não poucas obras de

exploradores da Amazônia têm descambado para a seara suave da Geo grafia, da Sociologia e da Economia. Ao contrário, não são volumosas as

genuínas anáhses geológicas sôbre re

giões amazônicas. As escassas 19 pági nas do "Reconhecimento Geológico do Rio Xingu", por exemplo, representam semanas de preparação de viagem, me ses de viagem efetiva, para vencer a

motor de popa, a remo e varejão, oito graus de latitude e assim colhêr elemen tos indispensáveis para formular a his-


IHJ,

DlGESl O ECONÓNQCÍ)

Dicesto Econóauco

95

94

Êsse livro é demasiado conhecido de

tóría geológica de uma parte substancial

profissionais o de pessoas de cultura no

desse grande tributário do Amazonas. Em verdade, a Amazônia não se dei

Brasil c no estrangeiro, para que seja necessário explicá-lo aqui, aos cientistas

xa revelar ao naturalista sem prévio tri

buto de sacrifícios incomuns. Tudo se

passa como se imposta fôsse, aos perscrutadores de seus segredos, a condição do Divino Mestre e seus prospectivos dis

cio esfulfantes consultas a trabalhos ori

ginais e tem proporcionado visões de

conjunto aceitáveis sôbre amplos tratos do subsolo nacional.

conduzir à locaUzação de estruturas ar-

mazenadoras de petróleo comercial, na massa de sedimentos

O livro também é estupenda prova

de outras especialidades. Reprc.senta gi gantesco esforço dos autores para orga

do capacidade de trabalho porque a

nizar uma síntese de 140 anos dc análi

aterradora tarefa foi realizada. — "Por sua essência, como disse Paulino de Car

ses geológicas' em território brasileiro, a começar dos "Jornais de Viagens" de

leo, programa que eventualmente pode que atulham a

calha amazônica. Êsse tema foi progra

ma de trabalho do recipiendário de ho je desde que atravessou, pela primeira Vez, o umbral do reino amazônico. Deus

Martin Francisco Ribeiro dc Andrada,

valho, antigo diretor da Dixisão de Geologia e Mineralogia, não é obra de

dade nossa se converta o sonho em rea

Inspetor das Minas e Matas da Capita

finitiva; deve evolver com os conheci

lidade.

nia de São Paulo, no remoto ano de

mentos adquiridos, exigindo revisão pe

de Lucy Hartt, viúva do fundador da geologia amazônica, aquêle apêlo res-

1803.

riódica."

Pode a Academia regozijar-se com a escoUia que fêz do Dr. Avelino de Oli

sumbrando mágua que fêz a Derby, dis

da Terra, de modo que as partes do li

cípulos: "Se alguém me quer seguir, ne gue-se a si mesmo, tome a sua cruz c siga-me".

Tais sacrifícios provocaram da parte

vro se sucedem como as eras geológicas

cípulo do marido: "Mr. Derby; dont ever take a \vife

till you are satisfied \vith exploríng; dont ever run any risk of leaving a family unprovided for." Aos 42 anos de idade, Avelino de Oli veira encetou a fase administrativa da

sua carreira profissional,

O plano da obra obedece à História

ocupando o

Se de fato assim é, importa também dizer que, na futura Jiistória das sínteses sôbre a geologia

e os capítulos como os períodos. Já os parágrafos regulam-se pela corografia das formações, Estado por Estado, onde-

nardos será sempre assinala

quer que ocorram.

da como acontecimento mar

Adotado o plano, cumpre compulsar,

um por um, os trabalhos de análise geo lógica regional, e são milhares; assimilá-

los; dirigir-lhes o conteúdo; separar as

contribuição à Ciência pros seguiu sob essa forma dis

tâncias lhes têm anteposto.

Avelino de Oliveira teve fôrça de vontade bastante para acrescer mais

trinta publicações à sua bagagem cientí fica, apesar da superveniência de de\'eres.

Entre êsses títulos avulta a obra que

escreveu com o Prof. Othon Leonardos em 1940, originalmente com 472 pági nas de texto e com 782 páginas em se

gunda edição, sob o título "Geologia do Brasil". A/,

opiniões; correlacionar o homólogo e

creta,

opôr o antínômico, e, aos poucos, ir tra

enriquecer o patrimônio de

mando o urdume do livro até o re

conhecimentos da humani

mate.

dade, que é a de propiciar a carreira

mas

eficiente,

científica

servações geológicas de predecessores e sôbre os ensaios de composição geológi

precioso de um conselho adequado no

ca regional preexistentes. E' edifício composto e armado com os elementos de construção acumulados pelo trabalho se cular dos' geólogos em território nacio nal, segundo concepção arquitetônica esposada pelos seus autores, por êles jul

trabalho, de um objeto de estudos divi sado há muito e a que não foi possível dar corpo, de oportunidades de. via gens de investigação e de aprendizado.

momento oportuno, de um programa de

Presentemente,

Avelino de Oliveira

gada a mais compatível e a mais ade

vive momento excepcional da sua vida de homem de ciência, na iminência em

quada à realidade geológica do Brasil.

que se encontra de realizar na maturi

todas as sucessivas análises geológicas em território brasileiro citam "Geologia

do Brasil" como referêneia bibliográfica.

De fato, aos pesquisadores tem poupa-

ra o desconhecido, esfor

çaram-se por ampliá-los, na esperança de deparar com fatos novos e com princí

pios ignorados que benefi ciassem a humanidade.

Homens

tais

surgiram

sempre: eram os filósofos

de ter

ceiros, dando-lhes o auxílio

científi

cos do seu tempo e que, raciocmando do conhecido pa

de

autores, calcada sôbre milhares de ob

A utilidade do trabalho é inconteste :

mostraram insatisfeitas com

os conhecimentos

Como administrador de repartições científicas sua

boas das más observações e os fatos de

Geologia do Brasil, é criação de seus

pessoas que têm surgido em tôdas as épocas e que se

cante.

to da Produção Mineral, por duas ve zes, o de Diretor Técnico do Conselho, Nacional do Petróleo e o de Vice-Prcsidente dêsse órgão, posição que ocupa. Vale mencionar que, entre nós, essa

idade tem sido fatal para a tranqüilida

veira para seu membro titular: pertence êlo ao redusddo grupo de

brasileira, a obra de Avelino de Oliveira e de Otlion Leo

cargo de Diretor da Divisão de Fomen

de dos geólogos; poucos têm tido a sor te de, ao atingí-Ia, não serem forçados a afrouxar pesquisas para atènder a en cargos administrativos que as circuns

queira que para satisfação dele e felici

dos antigos e são os cientis

tas dos tempos modernos. Dou a V, Exa., Dr. Avelino de Olivei ra, em nome da Academia Brasileira de

Ciências, em virtude do generoso co mando de S. Exa., o Sr. Presidente, as boas vindas desta Casa, como elemen to indispensável a nosso meio, assim como os votos que fazemos pelo êxito

da participação de V. Exa., em nossos trabalhos."

dade um sonho da juventude. Em ver dade, acha-se em vias de conclusão um vasto programa de reconhecimentos geo

Oração do novo acadêmico Avelino de

gráficos no Vale do Amazonas sob a égide do Conselho Nacional do Petró

"Sejam as primeiras palavras para

Oliveira ti

manifestar o meu profundo reconheci-


IHJ,

DlGESl O ECONÓNQCÍ)

Dicesto Econóauco

95

94

Êsse livro é demasiado conhecido de

tóría geológica de uma parte substancial

profissionais o de pessoas de cultura no

desse grande tributário do Amazonas. Em verdade, a Amazônia não se dei

Brasil c no estrangeiro, para que seja necessário explicá-lo aqui, aos cientistas

xa revelar ao naturalista sem prévio tri

buto de sacrifícios incomuns. Tudo se

passa como se imposta fôsse, aos perscrutadores de seus segredos, a condição do Divino Mestre e seus prospectivos dis

cio esfulfantes consultas a trabalhos ori

ginais e tem proporcionado visões de

conjunto aceitáveis sôbre amplos tratos do subsolo nacional.

conduzir à locaUzação de estruturas ar-

mazenadoras de petróleo comercial, na massa de sedimentos

O livro também é estupenda prova

de outras especialidades. Reprc.senta gi gantesco esforço dos autores para orga

do capacidade de trabalho porque a

nizar uma síntese de 140 anos dc análi

aterradora tarefa foi realizada. — "Por sua essência, como disse Paulino de Car

ses geológicas' em território brasileiro, a começar dos "Jornais de Viagens" de

leo, programa que eventualmente pode que atulham a

calha amazônica. Êsse tema foi progra

ma de trabalho do recipiendário de ho je desde que atravessou, pela primeira Vez, o umbral do reino amazônico. Deus

Martin Francisco Ribeiro dc Andrada,

valho, antigo diretor da Dixisão de Geologia e Mineralogia, não é obra de

dade nossa se converta o sonho em rea

Inspetor das Minas e Matas da Capita

finitiva; deve evolver com os conheci

lidade.

nia de São Paulo, no remoto ano de

mentos adquiridos, exigindo revisão pe

de Lucy Hartt, viúva do fundador da geologia amazônica, aquêle apêlo res-

1803.

riódica."

Pode a Academia regozijar-se com a escoUia que fêz do Dr. Avelino de Oli

sumbrando mágua que fêz a Derby, dis

da Terra, de modo que as partes do li

cípulos: "Se alguém me quer seguir, ne gue-se a si mesmo, tome a sua cruz c siga-me".

Tais sacrifícios provocaram da parte

vro se sucedem como as eras geológicas

cípulo do marido: "Mr. Derby; dont ever take a \vife

till you are satisfied \vith exploríng; dont ever run any risk of leaving a family unprovided for." Aos 42 anos de idade, Avelino de Oli veira encetou a fase administrativa da

sua carreira profissional,

O plano da obra obedece à História

ocupando o

Se de fato assim é, importa também dizer que, na futura Jiistória das sínteses sôbre a geologia

e os capítulos como os períodos. Já os parágrafos regulam-se pela corografia das formações, Estado por Estado, onde-

nardos será sempre assinala

quer que ocorram.

da como acontecimento mar

Adotado o plano, cumpre compulsar,

um por um, os trabalhos de análise geo lógica regional, e são milhares; assimilá-

los; dirigir-lhes o conteúdo; separar as

contribuição à Ciência pros seguiu sob essa forma dis

tâncias lhes têm anteposto.

Avelino de Oliveira teve fôrça de vontade bastante para acrescer mais

trinta publicações à sua bagagem cientí fica, apesar da superveniência de de\'eres.

Entre êsses títulos avulta a obra que

escreveu com o Prof. Othon Leonardos em 1940, originalmente com 472 pági nas de texto e com 782 páginas em se

gunda edição, sob o título "Geologia do Brasil". A/,

opiniões; correlacionar o homólogo e

creta,

opôr o antínômico, e, aos poucos, ir tra

enriquecer o patrimônio de

mando o urdume do livro até o re

conhecimentos da humani

mate.

dade, que é a de propiciar a carreira

mas

eficiente,

científica

servações geológicas de predecessores e sôbre os ensaios de composição geológi

precioso de um conselho adequado no

ca regional preexistentes. E' edifício composto e armado com os elementos de construção acumulados pelo trabalho se cular dos' geólogos em território nacio nal, segundo concepção arquitetônica esposada pelos seus autores, por êles jul

trabalho, de um objeto de estudos divi sado há muito e a que não foi possível dar corpo, de oportunidades de. via gens de investigação e de aprendizado.

momento oportuno, de um programa de

Presentemente,

Avelino de Oliveira

gada a mais compatível e a mais ade

vive momento excepcional da sua vida de homem de ciência, na iminência em

quada à realidade geológica do Brasil.

que se encontra de realizar na maturi

todas as sucessivas análises geológicas em território brasileiro citam "Geologia

do Brasil" como referêneia bibliográfica.

De fato, aos pesquisadores tem poupa-

ra o desconhecido, esfor

çaram-se por ampliá-los, na esperança de deparar com fatos novos e com princí

pios ignorados que benefi ciassem a humanidade.

Homens

tais

surgiram

sempre: eram os filósofos

de ter

ceiros, dando-lhes o auxílio

científi

cos do seu tempo e que, raciocmando do conhecido pa

de

autores, calcada sôbre milhares de ob

A utilidade do trabalho é inconteste :

mostraram insatisfeitas com

os conhecimentos

Como administrador de repartições científicas sua

boas das más observações e os fatos de

Geologia do Brasil, é criação de seus

pessoas que têm surgido em tôdas as épocas e que se

cante.

to da Produção Mineral, por duas ve zes, o de Diretor Técnico do Conselho, Nacional do Petróleo e o de Vice-Prcsidente dêsse órgão, posição que ocupa. Vale mencionar que, entre nós, essa

idade tem sido fatal para a tranqüilida

veira para seu membro titular: pertence êlo ao redusddo grupo de

brasileira, a obra de Avelino de Oliveira e de Otlion Leo

cargo de Diretor da Divisão de Fomen

de dos geólogos; poucos têm tido a sor te de, ao atingí-Ia, não serem forçados a afrouxar pesquisas para atènder a en cargos administrativos que as circuns

queira que para satisfação dele e felici

dos antigos e são os cientis

tas dos tempos modernos. Dou a V, Exa., Dr. Avelino de Olivei ra, em nome da Academia Brasileira de

Ciências, em virtude do generoso co mando de S. Exa., o Sr. Presidente, as boas vindas desta Casa, como elemen to indispensável a nosso meio, assim como os votos que fazemos pelo êxito

da participação de V. Exa., em nossos trabalhos."

dade um sonho da juventude. Em ver dade, acha-se em vias de conclusão um vasto programa de reconhecimentos geo

Oração do novo acadêmico Avelino de

gráficos no Vale do Amazonas sob a égide do Conselho Nacional do Petró

"Sejam as primeiras palavras para

Oliveira ti

manifestar o meu profundo reconheci-


Digesto Econômico

96

mcnto à bondade dos amigos Othon H.

Leonardos, Silvio Froes Abreu, Rui de Lima e Silva e Luciano J. de Moraes

pela indicação do meu nome para pre

rcu para elevar o nome desta Academia. Orientador dc \'ária.s gerações {[ue pas

saram pela Escola dc Minas clc Ouro Preto, Odorico dc Albuquerque soube

encher uma das vagas da Academia Bra sileira de Ciências e, para tornar publi co estes agradecimentos, também àque les que apoiaram essa iniciativa, permi tindo que eu seja, hoje, acolhido no seio desta douta agremiação. De há muito esses amigos vinham manifestando de sejo e interesse de me verem entre eles,

fazer de cada aluno um eterno amigo o

colaborando na grandiosa obra que a

assuntos geológicos, aqui estou, clicio de

Academia Brasileira de Ciências realiza,

fé, com o desejo dc conjugar com os se

que é a de manter e, mais do que isso,

nhores acadêmicos os meus melhores es

elevar sempre o nome do Brasil, no cam

forços, não só para manter a tradição desta , casa, que sabidamente abriga es píritos de escol, alta cultura e inteligên

po dá?" Ciências, entre as nações civili zadas.

Abriga esta Academia

nomes que

brilham e sobressaem nos diversos seto res das atividades científicas. Neste mo

mento agrego-me ao grupo daqueles que têm procurado valorizar a Ciência Geológica no âmbito nacional. Entre os seus primeiros mestres é de justiça salientar o nome brilhante de Everardo

Bakheuser, professor de Geologia e Mi-

neralogia da velha Escola Politécnica,

que, durante muitos anos, orientou as gerações de estudantes que passaram por essa escola. Baklieuser foi um dos

admirador c, neste ccnáculo,

também

soube ser um operoso acadêmico. Embora não queira que as minhas pn • lavras sejam interpretadas como mani festação de modéstia, devo, entretanto,

afirmar que, apesar de não me julgar cientista, mas simplesmente técnico cm

OrcESTo Econômico üc intrincada da sociedade. Is.so é sim

modo a orientar as pesquisas de petró leo. Com a finalidade de atacar o pro

desenvolvimento das Ciências c o ver

nações de minerais pesados,

dadeiro progresso da humanidade.

Sinto-me en\'aidecido c honrado ao ser, neste momento, apresentado a W.

Exas. pelo nieu amigo c colega Glycon do Paiva, membro desta Academia e, portanto, assaz conhecido dos seus pares.

Engenheiro de minas, dedicado

com proficiência aos problemas dç geo

logia econômica, estratigrafia o tectônica, inteligência sobremodo brilhante,

não po''leria Glycon de Paiva ficar cir

com dedicação c entusiasmo pelo pro

cunscrito aos temas científicos e técnicos

Sei que a obra desta Academiá é de relevo inconteste. Os que aqui se con

gregam são homens possuidores dc cé rebros insatisfeitos com os seus atuais

conhecimentos' e que se esforçam para avançar, sem desfalecimentos, do conhe

cido para o desconhecido, na esperança de sempre pesquisar e desenvolver prin cípios novos que beneficiem o progres so humano. A Academia e.\ige, portan

vos às áreas scdimcntarcs do País, clc

plesmente obra dos cientistas que, emora tcniiam visado aò progresso mate rial cm benefício dc todos, nem sempre Viram os seus esforços aproveitados pa ra fins construtÍN-os. Entretanto, os que ^qui se congregam só têm cm mira o

cias brilhantes, mas contribuir também

gresso das Ciências.

97

da sua profissão. Dedicou-se também à Economia, onde se destaca entre as fi guras mais capazes dessa Ciência Social.

blema que lhe é pertinente, o Consellio Nacional do Petróleo tem-se valido de

estudos geológicos superficiais, descri ções litológicas subsuj>erficiais, determi

registros

elétricos de lesistividade e de wariaç-ões dc potencial para a correlação de ca

madas, e de métodos geofísicos, ativi dades essas que empregam a maior equi pe de cientistas e técnicos do hemisfério austral.

Desses trabalhos, considerados mun

dialmente como modelaros, têm-nos ad

vindo conhecimentos geológicos que modificam os conceitos antigos sôbre certas bacias sedimentares. Creio, por isso, que poderei trazer ao seio desta

Academia comunicações originais de es pecial interêsse para o avanço dos co-

Sou, portanto, agradecido não só pela

nhecimentos geológicos do nosso terri-

escolha de seu nome para introduzir-me nesta assembléia como pelos conceitos

laboração à grande obra da Academia

que acaba de emitir ao receber-me.

No decorrer da minha vida profissio nal tenho atuado especialmente no cam po da ciência geológica. Não preciso en carecer o valor desse ramo científico em

tório c, desse modo, prestar a minha coBrasileira de Ciências.

' Os meus patronos ressaltaram, na mi

nha carreira profissional, os trabalhos

que realizei como geólogo na bacia ama zônica. No anseio geral de conhecê-la,

todos nós nos sentimos atraídos por aquela imensa região, seja levados pela fantasia, s.eja arrastados pela curiosida

ação contínua, viva, patriótica e, sobre tudo, sincera. Pelo que conheço das suas

prol do progresso em geral. Minha atua ção como geólogo já foi relatada pelo acadêmico Glycon de Paiva, com os

se foram, aos quais rendo um preito de ]\omenagem, Alberto Betim Paes Leme,

atividades, desde a sua fundação, a Aca

exageros de vellio amigo. No momento

cumprindo deveres profissionais, lá es

demia

dirijo o setor técnico do Conselho Na

tive niourejando 16 anos.

Euzébio Paulo de Oliveira e Odorico

mantido sempre ein constantes esforços

cional do Petróleo. O que êssé orgão

minha mocidade e de lá trouxe uma

Rodrigues de Albuquerque, nomes de

em todos os setores científicos e tem" merecido a honra de receber em seu

especializado do Govêmo Federal tem

saudade indescritível.

procurado ampliar de modo marcante

um vasto campo para porquiriç-ões cien

são os conhecimentos da estratigrafia e

tificas. Geógrafos, geólogos, botânicos, zoólogos poderiam discorrer horas, dias

fundadores da Academia de Ciências e a ela dedicou com carinho os seus me

lhores esforços. Figuram entre os que já

todos bem conhecidos. Paes Leme, pro

fessor de Geologia do Museu Nacional, foi o mais vivo representante da Escola Francesa entre nós. Euzébio de Olivei

ra, diretor do Serviço Geológico e Mineralógico, foi um legítimo represen

tante da Escola Brasileira e, por longos anos e dedicação comprovada, concor-

to, de todos os seus associados,

Brasileira

de

Ciências

uma

tem-se

seio os maiores sábios estrangeiros.

Sc olharmos para o passado, à época

da nossa independência política, vere

mos quanto a humanidade progrediu

ate hoje, vencendo os preconceitos da ignorância, revolucionanclo idéias e mé todos c tornando possível a presente fa-

ria tectônica de todo o território nacio nal, tão necessários ao fim colimado.

de científica.

Entre os sonhadores, eLá deí.xei a

A Amazônia é

a fio, sem esgotar o manancial de curio

ção, procurando suprir em curto prazo

sidades que a região oferece. De minha parte, não desejo cansar a atenção dos que me ouvem descrevendo minúcias

a deficiência de conhecimentos relati-

geológicas. Darei apenas, em largos tra-

Dada a vastidão do nosso território, es tamos numa fase de intensa investiga

^


Digesto Econômico

96

mcnto à bondade dos amigos Othon H.

Leonardos, Silvio Froes Abreu, Rui de Lima e Silva e Luciano J. de Moraes

pela indicação do meu nome para pre

rcu para elevar o nome desta Academia. Orientador dc \'ária.s gerações {[ue pas

saram pela Escola dc Minas clc Ouro Preto, Odorico dc Albuquerque soube

encher uma das vagas da Academia Bra sileira de Ciências e, para tornar publi co estes agradecimentos, também àque les que apoiaram essa iniciativa, permi tindo que eu seja, hoje, acolhido no seio desta douta agremiação. De há muito esses amigos vinham manifestando de sejo e interesse de me verem entre eles,

fazer de cada aluno um eterno amigo o

colaborando na grandiosa obra que a

assuntos geológicos, aqui estou, clicio de

Academia Brasileira de Ciências realiza,

fé, com o desejo dc conjugar com os se

que é a de manter e, mais do que isso,

nhores acadêmicos os meus melhores es

elevar sempre o nome do Brasil, no cam

forços, não só para manter a tradição desta , casa, que sabidamente abriga es píritos de escol, alta cultura e inteligên

po dá?" Ciências, entre as nações civili zadas.

Abriga esta Academia

nomes que

brilham e sobressaem nos diversos seto res das atividades científicas. Neste mo

mento agrego-me ao grupo daqueles que têm procurado valorizar a Ciência Geológica no âmbito nacional. Entre os seus primeiros mestres é de justiça salientar o nome brilhante de Everardo

Bakheuser, professor de Geologia e Mi-

neralogia da velha Escola Politécnica,

que, durante muitos anos, orientou as gerações de estudantes que passaram por essa escola. Baklieuser foi um dos

admirador c, neste ccnáculo,

também

soube ser um operoso acadêmico. Embora não queira que as minhas pn • lavras sejam interpretadas como mani festação de modéstia, devo, entretanto,

afirmar que, apesar de não me julgar cientista, mas simplesmente técnico cm

OrcESTo Econômico üc intrincada da sociedade. Is.so é sim

modo a orientar as pesquisas de petró leo. Com a finalidade de atacar o pro

desenvolvimento das Ciências c o ver

nações de minerais pesados,

dadeiro progresso da humanidade.

Sinto-me en\'aidecido c honrado ao ser, neste momento, apresentado a W.

Exas. pelo nieu amigo c colega Glycon do Paiva, membro desta Academia e, portanto, assaz conhecido dos seus pares.

Engenheiro de minas, dedicado

com proficiência aos problemas dç geo

logia econômica, estratigrafia o tectônica, inteligência sobremodo brilhante,

não po''leria Glycon de Paiva ficar cir

com dedicação c entusiasmo pelo pro

cunscrito aos temas científicos e técnicos

Sei que a obra desta Academiá é de relevo inconteste. Os que aqui se con

gregam são homens possuidores dc cé rebros insatisfeitos com os seus atuais

conhecimentos' e que se esforçam para avançar, sem desfalecimentos, do conhe

cido para o desconhecido, na esperança de sempre pesquisar e desenvolver prin cípios novos que beneficiem o progres so humano. A Academia e.\ige, portan

vos às áreas scdimcntarcs do País, clc

plesmente obra dos cientistas que, emora tcniiam visado aò progresso mate rial cm benefício dc todos, nem sempre Viram os seus esforços aproveitados pa ra fins construtÍN-os. Entretanto, os que ^qui se congregam só têm cm mira o

cias brilhantes, mas contribuir também

gresso das Ciências.

97

da sua profissão. Dedicou-se também à Economia, onde se destaca entre as fi guras mais capazes dessa Ciência Social.

blema que lhe é pertinente, o Consellio Nacional do Petróleo tem-se valido de

estudos geológicos superficiais, descri ções litológicas subsuj>erficiais, determi

registros

elétricos de lesistividade e de wariaç-ões dc potencial para a correlação de ca

madas, e de métodos geofísicos, ativi dades essas que empregam a maior equi pe de cientistas e técnicos do hemisfério austral.

Desses trabalhos, considerados mun

dialmente como modelaros, têm-nos ad

vindo conhecimentos geológicos que modificam os conceitos antigos sôbre certas bacias sedimentares. Creio, por isso, que poderei trazer ao seio desta

Academia comunicações originais de es pecial interêsse para o avanço dos co-

Sou, portanto, agradecido não só pela

nhecimentos geológicos do nosso terri-

escolha de seu nome para introduzir-me nesta assembléia como pelos conceitos

laboração à grande obra da Academia

que acaba de emitir ao receber-me.

No decorrer da minha vida profissio nal tenho atuado especialmente no cam po da ciência geológica. Não preciso en carecer o valor desse ramo científico em

tório c, desse modo, prestar a minha coBrasileira de Ciências.

' Os meus patronos ressaltaram, na mi

nha carreira profissional, os trabalhos

que realizei como geólogo na bacia ama zônica. No anseio geral de conhecê-la,

todos nós nos sentimos atraídos por aquela imensa região, seja levados pela fantasia, s.eja arrastados pela curiosida

ação contínua, viva, patriótica e, sobre tudo, sincera. Pelo que conheço das suas

prol do progresso em geral. Minha atua ção como geólogo já foi relatada pelo acadêmico Glycon de Paiva, com os

se foram, aos quais rendo um preito de ]\omenagem, Alberto Betim Paes Leme,

atividades, desde a sua fundação, a Aca

exageros de vellio amigo. No momento

cumprindo deveres profissionais, lá es

demia

dirijo o setor técnico do Conselho Na

tive niourejando 16 anos.

Euzébio Paulo de Oliveira e Odorico

mantido sempre ein constantes esforços

cional do Petróleo. O que êssé orgão

minha mocidade e de lá trouxe uma

Rodrigues de Albuquerque, nomes de

em todos os setores científicos e tem" merecido a honra de receber em seu

especializado do Govêmo Federal tem

saudade indescritível.

procurado ampliar de modo marcante

um vasto campo para porquiriç-ões cien

são os conhecimentos da estratigrafia e

tificas. Geógrafos, geólogos, botânicos, zoólogos poderiam discorrer horas, dias

fundadores da Academia de Ciências e a ela dedicou com carinho os seus me

lhores esforços. Figuram entre os que já

todos bem conhecidos. Paes Leme, pro

fessor de Geologia do Museu Nacional, foi o mais vivo representante da Escola Francesa entre nós. Euzébio de Olivei

ra, diretor do Serviço Geológico e Mineralógico, foi um legítimo represen

tante da Escola Brasileira e, por longos anos e dedicação comprovada, concor-

to, de todos os seus associados,

Brasileira

de

Ciências

uma

tem-se

seio os maiores sábios estrangeiros.

Sc olharmos para o passado, à época

da nossa independência política, vere

mos quanto a humanidade progrediu

ate hoje, vencendo os preconceitos da ignorância, revolucionanclo idéias e mé todos c tornando possível a presente fa-

ria tectônica de todo o território nacio nal, tão necessários ao fim colimado.

de científica.

Entre os sonhadores, eLá deí.xei a

A Amazônia é

a fio, sem esgotar o manancial de curio

ção, procurando suprir em curto prazo

sidades que a região oferece. De minha parte, não desejo cansar a atenção dos que me ouvem descrevendo minúcias

a deficiência de conhecimentos relati-

geológicas. Darei apenas, em largos tra-

Dada a vastidão do nosso território, es tamos numa fase de intensa investiga

^


Digesto Econômico Dicesto Econômico

98

99

de inlerêsse político o científico que o ços, a fisionomia estrutural daquele avantajado bocado de terra.

tes e imprevisíveis dos levant .inentos sismográficos realizados pelo Conselho

Brasil \inha atraindo desde os fin.s do século XIX, previa, cm 1903, o desen

A. Amazônia não é nem o "salão de sarrumado onde o homem é um intruso"

Nacional do Petróleo, sabe-se que o ru

volvimento de investigações geológicas

— na expressão de Euclides da Cunha — nem o "Inferno Verde" impenetrável, como.a descreveu Rangel. E*, apenas,

o do leito do Amazonas ate à foz do

mo do eixo da bacia quase coincide com

mais acuradas no rio Amazonas, e, acres centava, "oxalá os conhecimentos da es

Tapajós. Daí para oeste passa a 150 quilômetros ao sul de Manaus c a 250 quilômetros ao sul da foz do Juruá e,

rcgiao possam ser ampliados o desen-

revestida na sua parle central c oeste de exuberante e monótona floresta equato

outrossim, sabe-se que a cobertura se

século XX".

rial. Fosse o "salão desarrumado" do

Amazonas, desde a proximidade do es

homem intruso, as bacias do Prata ou do

tuário desse rio até às lindes dos Esta dos do Pará e Amazonas, no eixo do

a maior bacia hidrográfica do planeta,

dimentar, não metamórfica,

geossinclíneo, é, apenas, da ordem de

drar cidades como Buenos Aires e Ro

1.000 metros. A partir desse limite, pa

sário, Nova Orleans e Baton Rouge, Ale xandria e Cairo, Astrakhan e Stalingrad.

ra oeste, a espessura dos sedimentos

E, quanto às suas florestas,

deira, 2.500 metros, e 3.000 metros ao

sul da foz do Juruá. O que é mais no

tropicais da Tijuca ou da Serra do Mar.

tável na maneira de apresentar essa ba cia sedimentar é que ela, nas vizinhan ças da foz do Amazonas, é quase inter

E se assim falo a VV. Exas., é por liberdades literárias dos fanlasistas. E, nesse sentido, minha reação não é ou

tra que a de Charles Frederic Hartt, Glycon de Paiva, Viktor Leinz e mui tos outros.

Aquela bacia é um dos grandes geos-

selho Nacional do Petróleo, têm um grande ínterêsse científico de âmbito in

ternacional, mas, sobretudo, permitem

Outra inesperada feição revelada pe

treita do baixo Amazonas, e alarga-se

de 100 quilômetros de largura e espes sura de 3.000 e 4.500 metros. Infletin-

des. Interessa transmitir a esta douta

do para leste, essa fossa corta o baixo Tocantins próximo a Cametá, e alcan

assembléia não a controvérsia sôbre a

ça, diminuindo sempre de espessura, o

gênese da bacia, mas afirmar que, em

noroeste do Maranhão.

Parece certo,

portanto, que durante .a sedimentação paleozóica da grande bacia MaranhãoPiauí houve uma ligação marítima com o Oceano Atlântico através da ilha de

sura dos sedimentos na sua área central.

Marajó, além de outra possível ligação através da baía de èão Marcos, em São

Tudo o que se afirmava era conjetura.

Luís.

Friedricli Katzer, ressaltando o gran-

2.132.182.256,10) anualmente, impos sibilitando ao País importar um sem nú

mero do utilidades, que ainda não po demos fabricar.

Num país em desenvolvimento inci

piente como o nosso, o papel dos geó logos reveste-se, pois, de uma impor tância prática somente comparável, se mo permitem, à dos higienistas. Quero com isto dizer que o mérito dessa obra

não é pessoa], mas sim da ciência que professamos e da técnica que aplicamos. Somos, apenas, os obreiros dessa campanha magnífica de que a Acade mia Brasileira de Ciências constitui um verdadeiro símbolo.

E, parte mínima desse conclave no

qual acabo de ingressar, quero, ao con cluir, manifestar aos senhores acadêmi cos os meus profundos agradecimentos

orientar as pesquisas do precioso com pelo fidalgo acolhimento e generosa bustível líquido no Brasil, cuja impor- ■ atenção que me dispensmam."

los estudos sismográficos é a existência

em leque, numa distância de mais de 2.800 quilômetros, até alcançar os An

Hoje, à luz dos resultados surpreenden

Redonstítuições paleográficas como es

ta que acabo de esboçar e que estão sendo tentadas pela conjugação de es forços dos geólogos e geofísicos do Con

até então ligação com o Atlântico.

de uma bacia ou fossa -sedimentar pro

nenhuma certeza havia sôbre a espes

País.

ra o Pacífico até o Cenozóico, não tinha

funda numa faixa que cruza, na direção norte-sul, a illia de Marajó, com mais

de Hartt, Derby e Gonzaga de Campos,

do Petróleo realiza naquela região do

rompida por uma sela elevada do emba

sinclíneos clássicos formados entre blo

por várias gerações de geólogos, entre os quais se destacam os nomes notáveis

os trabaUios que o Conselho Nacional

samento cristalino, o que faz crer que o mar mediterrâneo amazônico, aberto pa

cos continentais. Tem cerca de 200 qui lômetros de largura, na parte mais es

bora bem investigada superficialmente

O que Katzer preconizou liá meio século está, finalmente, em marcha com

cresce, ultrapassando, na foz do rio Ma

elas mais impenetráveis que as matas que, por mais sonhador que o cientista seja, não poderia êle, jamais, aceitar as

\'ol\qdos em tôda plenitude no no\'o

do baixo

Mississipi, do Nilo ou do Vólga, tam bém o seriam, e nelas não poderiam me

não são

trutura geológica des.sa importantíssima

taçao no momento atual consome cerca de I06.700\000 dólares (CrS

^


Digesto Econômico Dicesto Econômico

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99

de inlerêsse político o científico que o ços, a fisionomia estrutural daquele avantajado bocado de terra.

tes e imprevisíveis dos levant .inentos sismográficos realizados pelo Conselho

Brasil \inha atraindo desde os fin.s do século XIX, previa, cm 1903, o desen

A. Amazônia não é nem o "salão de sarrumado onde o homem é um intruso"

Nacional do Petróleo, sabe-se que o ru

volvimento de investigações geológicas

— na expressão de Euclides da Cunha — nem o "Inferno Verde" impenetrável, como.a descreveu Rangel. E*, apenas,

o do leito do Amazonas ate à foz do

mo do eixo da bacia quase coincide com

mais acuradas no rio Amazonas, e, acres centava, "oxalá os conhecimentos da es

Tapajós. Daí para oeste passa a 150 quilômetros ao sul de Manaus c a 250 quilômetros ao sul da foz do Juruá e,

rcgiao possam ser ampliados o desen-

revestida na sua parle central c oeste de exuberante e monótona floresta equato

outrossim, sabe-se que a cobertura se

século XX".

rial. Fosse o "salão desarrumado" do

Amazonas, desde a proximidade do es

homem intruso, as bacias do Prata ou do

tuário desse rio até às lindes dos Esta dos do Pará e Amazonas, no eixo do

a maior bacia hidrográfica do planeta,

dimentar, não metamórfica,

geossinclíneo, é, apenas, da ordem de

drar cidades como Buenos Aires e Ro

1.000 metros. A partir desse limite, pa

sário, Nova Orleans e Baton Rouge, Ale xandria e Cairo, Astrakhan e Stalingrad.

ra oeste, a espessura dos sedimentos

E, quanto às suas florestas,

deira, 2.500 metros, e 3.000 metros ao

sul da foz do Juruá. O que é mais no

tropicais da Tijuca ou da Serra do Mar.

tável na maneira de apresentar essa ba cia sedimentar é que ela, nas vizinhan ças da foz do Amazonas, é quase inter

E se assim falo a VV. Exas., é por liberdades literárias dos fanlasistas. E, nesse sentido, minha reação não é ou

tra que a de Charles Frederic Hartt, Glycon de Paiva, Viktor Leinz e mui tos outros.

Aquela bacia é um dos grandes geos-

selho Nacional do Petróleo, têm um grande ínterêsse científico de âmbito in

ternacional, mas, sobretudo, permitem

Outra inesperada feição revelada pe

treita do baixo Amazonas, e alarga-se

de 100 quilômetros de largura e espes sura de 3.000 e 4.500 metros. Infletin-

des. Interessa transmitir a esta douta

do para leste, essa fossa corta o baixo Tocantins próximo a Cametá, e alcan

assembléia não a controvérsia sôbre a

ça, diminuindo sempre de espessura, o

gênese da bacia, mas afirmar que, em

noroeste do Maranhão.

Parece certo,

portanto, que durante .a sedimentação paleozóica da grande bacia MaranhãoPiauí houve uma ligação marítima com o Oceano Atlântico através da ilha de

sura dos sedimentos na sua área central.

Marajó, além de outra possível ligação através da baía de èão Marcos, em São

Tudo o que se afirmava era conjetura.

Luís.

Friedricli Katzer, ressaltando o gran-

2.132.182.256,10) anualmente, impos sibilitando ao País importar um sem nú

mero do utilidades, que ainda não po demos fabricar.

Num país em desenvolvimento inci

piente como o nosso, o papel dos geó logos reveste-se, pois, de uma impor tância prática somente comparável, se mo permitem, à dos higienistas. Quero com isto dizer que o mérito dessa obra

não é pessoa], mas sim da ciência que professamos e da técnica que aplicamos. Somos, apenas, os obreiros dessa campanha magnífica de que a Acade mia Brasileira de Ciências constitui um verdadeiro símbolo.

E, parte mínima desse conclave no

qual acabo de ingressar, quero, ao con cluir, manifestar aos senhores acadêmi cos os meus profundos agradecimentos

orientar as pesquisas do precioso com pelo fidalgo acolhimento e generosa bustível líquido no Brasil, cuja impor- ■ atenção que me dispensmam."

los estudos sismográficos é a existência

em leque, numa distância de mais de 2.800 quilômetros, até alcançar os An

Hoje, à luz dos resultados surpreenden

Redonstítuições paleográficas como es

ta que acabo de esboçar e que estão sendo tentadas pela conjugação de es forços dos geólogos e geofísicos do Con

até então ligação com o Atlântico.

de uma bacia ou fossa -sedimentar pro

nenhuma certeza havia sôbre a espes

País.

ra o Pacífico até o Cenozóico, não tinha

funda numa faixa que cruza, na direção norte-sul, a illia de Marajó, com mais

de Hartt, Derby e Gonzaga de Campos,

do Petróleo realiza naquela região do

rompida por uma sela elevada do emba

sinclíneos clássicos formados entre blo

por várias gerações de geólogos, entre os quais se destacam os nomes notáveis

os trabaUios que o Conselho Nacional

samento cristalino, o que faz crer que o mar mediterrâneo amazônico, aberto pa

cos continentais. Tem cerca de 200 qui lômetros de largura, na parte mais es

bora bem investigada superficialmente

O que Katzer preconizou liá meio século está, finalmente, em marcha com

cresce, ultrapassando, na foz do rio Ma

elas mais impenetráveis que as matas que, por mais sonhador que o cientista seja, não poderia êle, jamais, aceitar as

\'ol\qdos em tôda plenitude no no\'o

do baixo

Mississipi, do Nilo ou do Vólga, tam bém o seriam, e nelas não poderiam me

não são

trutura geológica des.sa importantíssima

taçao no momento atual consome cerca de I06.700\000 dólares (CrS

^


1-1

Dioestcí Ec:o^'ó^IlCO

sentiam com

o XT IO o I ^

I IV I

os impostos progressivos ALIOMAR BALEIíIBO

(.CatecIrático'de l"inanças na Univ. da Haliia)

vocação alguma para

sino piú autoritá che é piú..." (2).

de, outro grande e generoso espírito da-Itália. Aderiam pura c simplesmen te aos vencedores e mergulliavam a

Não surpreende, pois, que a insti tuição dum impòsto de caráter pro gressivo, há quatro séculos, suscitasse

consciência na filosofia do fato con

a mais viva controvérsia na Florença

sumado.

de-governo popular, ou assim deno

Ora, no seio dum governo democrá-

Qom a Renascença, multiplicam-se os

causa di iiuorelarsi che é manco aves-"

mártir, como deveria dizer, mais tar

minado pelos florentinos da Renas

tico-lnirgués, como o da república flo

cença, por contraste com a anterior

pensadores que se inclinam sóbrc os problemas fiscais da época, escre

O desenho que enriquece esta segunda

rentina. os tributos, muito mais pesa

tirania da família Mediei.

vendo páginas que nos põem em con-

crônica do brilhante parlamentar Aliomar Baleeiro é o da Ponte Vecchia,

dos c freqüentes do que nas monar quias ou Estados feudais, não se le

tra o gravame'graduado, "a décima

tacto com as suas tentativas de in terpretação ou, mais freqüentemente, com as justificativas das soluções al-

vitradas ou adotadas segundo as pres

onde começa a Vw Guicciardini. Nesta Via residiram Machiavelli e Guicciardini, escritores famosos da Renascença.

vantariam sem debate nem atenção à relativa influência popular, bem ou mal expressa nas eleições que os ho mens mais categorizados celebravam

sões dos interesses do momento.

cujas idéias fiscais já foram coligidas

ocorre o sentido liarmonioso que une as questões fiscais como um sistema

c comentada.s num dos estudos publi cados, anos atrás, em honra a Frede

oigànico. É a preocupação de cará

rico Flora.

ter político que os leva à análise dos

Advogado no início de sua vida, his

embaraços experimentados pelo te

toriador, diplomata, estadista e ensaís

souro púl)lÍco para persuadir o con-

ta político, Guicciardini teve sob os

tiibuinte da legitimidade de arrecada

olhos, a excitar-lhe o espírito, a re

ções, naqueles tempos em que os go vernantes, embora os poderosos, ex

perimentavam resistências de súditos convencidos de que o príncipe deve ria viver de rendas dominiais. Os es

pública florentina do fim do século XV e princípio do século XVI, nos já últimos estertores antes de cair no-*^

vãmente sob

a

dominação

medi-

céia.

tudos dessa fase aproximam-se do ca ráter peculiar às modernas monogra fias ou, muitas vézes, estão esparsos

realmente seja a vida das repúblicas

em fragmentos por tóda a difusa obra

com as democracias contemporâneas,

do escritcír. Os primeiros cameralistas oferecem exemplos duma e doutra

tidárias, nas intrigas que precedem ou

dessas formas.

Guicciardini, de cuja complexa c

Por muito diferente que pareça e

italianas daquele tempo em confronto há bastante de comum nas lutas par

sucedem aos golpes ditatoriais, assim como nos anseios liberais afinal sufo

Rec"orde-se, a propósito, que, àque le tempo, foi suscitada também cm Florença a "questão da maioria abso

e discutidas por diversos financistas modernos de prol.

luta" e sobre ela conhecemos o pen

bre o impòsto progressivo, considera

samento de Guicciardini, segundo o seu método predileto de cruzamento da discussão,apresentados todos os ar gumentos favoráveis e, em seguida, os contrários. Nas páginas sob o título "Dei modo di eleggere gli Uffici nel

o historiador florentino como o mais A

qual se sorteariam os titulares dos

Na mesma época do aparecimento

da monografia do ilustre economista e

e mais uma das favas, independente da ordem de votação, "perchè non è dúbio che se sono qui cento uomini a dare giudicio se uno cittadino è buono per uno uficio o no, che commu-

financista americano da Universidade

mente sará piú sicUro quello giudicio a che si accorderanno, verbigrazia.ses-

posto tra i politici fiorentini" e reco

entre esses precursores de investiga ções financeiras, aspecto cm . que en contra coincidência também coni o seu

como as sonhavam à semelhança de certos períodos da vida política da

prevalessi quello che piacessi alia mi nore parte, o che el popolo avessi a consentire, quello che fussi delibera-

to, a altri, qui sarebbe giustissima

í

(3), transcrevendo literalmente vários

cargos dentre os eleitos pela metade

Econômico", bem pode ser incluído

Grécia ou de Roma (1). Mas não se

gressão, quer à luz da teoria das fa culdades ou capacidade econômica, quer sob inspirações sócio-políticas trechos do primeiro dos dois ensaios

no cinquanta". E mais adiante: "Se

amigo e contemporâneo Machiavelli,

antigo expositor de doutrinas da pro- ^

sobre "La Décima Scalata" (4).

santa, che quello a che si accorderan

conservar a fé em instituições livres,

Seligman, na sua obra clássica so

cista discutiu a provisão segundo a

le cose fossino ordinate in modo che

Digesto

dini, várias vêzes citadas, comentadas

Consiglio G;rande", o famoso publi

ção, Guicciardini e Machiavelli, uo fundo, são idealistas que desejariam

mos em artigo no último

20% e sucessivamente, até 30%, que era o teto. temos balanço minucioso e

lúcido, graças às páginas de Guicciar

cados pela opressão ou pela corrup

fascinante personalidade nos ocupa

scalatã", que seria arrecadada numaprogressão de lOÇí-, 12,5%, 15'^r, 17,5%,

já então.

lisses precursores não são ainda fi

nancistas ou economistas, nem Ibes

De todos os argumentos pró c con

de Columbia, Giuseppe Ricca Salerno, historiando as doutrinas financeiras

da Itália, atribuía a Guicciardini "anche per Ia parte financiaria il primo nhecia que os argumentos favoráveis, por êle Coligidos, ainda são retoma dos em consideração e servem de ban deira aos defensores da tributação no século XIX, como Stuart Mill, Wag ner,e tantos outros (5).

O autor da "História da Itália", no

primeiro discurso, antes de alinhar as ,


1-1

Dioestcí Ec:o^'ó^IlCO

sentiam com

o XT IO o I ^

I IV I

os impostos progressivos ALIOMAR BALEIíIBO

(.CatecIrático'de l"inanças na Univ. da Haliia)

vocação alguma para

sino piú autoritá che é piú..." (2).

de, outro grande e generoso espírito da-Itália. Aderiam pura c simplesmen te aos vencedores e mergulliavam a

Não surpreende, pois, que a insti tuição dum impòsto de caráter pro gressivo, há quatro séculos, suscitasse

consciência na filosofia do fato con

a mais viva controvérsia na Florença

sumado.

de-governo popular, ou assim deno

Ora, no seio dum governo democrá-

Qom a Renascença, multiplicam-se os

causa di iiuorelarsi che é manco aves-"

mártir, como deveria dizer, mais tar

minado pelos florentinos da Renas

tico-lnirgués, como o da república flo

cença, por contraste com a anterior

pensadores que se inclinam sóbrc os problemas fiscais da época, escre

O desenho que enriquece esta segunda

rentina. os tributos, muito mais pesa

tirania da família Mediei.

vendo páginas que nos põem em con-

crônica do brilhante parlamentar Aliomar Baleeiro é o da Ponte Vecchia,

dos c freqüentes do que nas monar quias ou Estados feudais, não se le

tra o gravame'graduado, "a décima

tacto com as suas tentativas de in terpretação ou, mais freqüentemente, com as justificativas das soluções al-

vitradas ou adotadas segundo as pres

onde começa a Vw Guicciardini. Nesta Via residiram Machiavelli e Guicciardini, escritores famosos da Renascença.

vantariam sem debate nem atenção à relativa influência popular, bem ou mal expressa nas eleições que os ho mens mais categorizados celebravam

sões dos interesses do momento.

cujas idéias fiscais já foram coligidas

ocorre o sentido liarmonioso que une as questões fiscais como um sistema

c comentada.s num dos estudos publi cados, anos atrás, em honra a Frede

oigànico. É a preocupação de cará

rico Flora.

ter político que os leva à análise dos

Advogado no início de sua vida, his

embaraços experimentados pelo te

toriador, diplomata, estadista e ensaís

souro púl)lÍco para persuadir o con-

ta político, Guicciardini teve sob os

tiibuinte da legitimidade de arrecada

olhos, a excitar-lhe o espírito, a re

ções, naqueles tempos em que os go vernantes, embora os poderosos, ex

perimentavam resistências de súditos convencidos de que o príncipe deve ria viver de rendas dominiais. Os es

pública florentina do fim do século XV e princípio do século XVI, nos já últimos estertores antes de cair no-*^

vãmente sob

a

dominação

medi-

céia.

tudos dessa fase aproximam-se do ca ráter peculiar às modernas monogra fias ou, muitas vézes, estão esparsos

realmente seja a vida das repúblicas

em fragmentos por tóda a difusa obra

com as democracias contemporâneas,

do escritcír. Os primeiros cameralistas oferecem exemplos duma e doutra

tidárias, nas intrigas que precedem ou

dessas formas.

Guicciardini, de cuja complexa c

Por muito diferente que pareça e

italianas daquele tempo em confronto há bastante de comum nas lutas par

sucedem aos golpes ditatoriais, assim como nos anseios liberais afinal sufo

Rec"orde-se, a propósito, que, àque le tempo, foi suscitada também cm Florença a "questão da maioria abso

e discutidas por diversos financistas modernos de prol.

luta" e sobre ela conhecemos o pen

bre o impòsto progressivo, considera

samento de Guicciardini, segundo o seu método predileto de cruzamento da discussão,apresentados todos os ar gumentos favoráveis e, em seguida, os contrários. Nas páginas sob o título "Dei modo di eleggere gli Uffici nel

o historiador florentino como o mais A

qual se sorteariam os titulares dos

Na mesma época do aparecimento

da monografia do ilustre economista e

e mais uma das favas, independente da ordem de votação, "perchè non è dúbio che se sono qui cento uomini a dare giudicio se uno cittadino è buono per uno uficio o no, che commu-

financista americano da Universidade

mente sará piú sicUro quello giudicio a che si accorderanno, verbigrazia.ses-

posto tra i politici fiorentini" e reco

entre esses precursores de investiga ções financeiras, aspecto cm . que en contra coincidência também coni o seu

como as sonhavam à semelhança de certos períodos da vida política da

prevalessi quello che piacessi alia mi nore parte, o che el popolo avessi a consentire, quello che fussi delibera-

to, a altri, qui sarebbe giustissima

í

(3), transcrevendo literalmente vários

cargos dentre os eleitos pela metade

Econômico", bem pode ser incluído

Grécia ou de Roma (1). Mas não se

gressão, quer à luz da teoria das fa culdades ou capacidade econômica, quer sob inspirações sócio-políticas trechos do primeiro dos dois ensaios

no cinquanta". E mais adiante: "Se

amigo e contemporâneo Machiavelli,

antigo expositor de doutrinas da pro- ^

sobre "La Décima Scalata" (4).

santa, che quello a che si accorderan

conservar a fé em instituições livres,

Seligman, na sua obra clássica so

cista discutiu a provisão segundo a

le cose fossino ordinate in modo che

Digesto

dini, várias vêzes citadas, comentadas

Consiglio G;rande", o famoso publi

ção, Guicciardini e Machiavelli, uo fundo, são idealistas que desejariam

mos em artigo no último

20% e sucessivamente, até 30%, que era o teto. temos balanço minucioso e

lúcido, graças às páginas de Guicciar

cados pela opressão ou pela corrup

fascinante personalidade nos ocupa

scalatã", que seria arrecadada numaprogressão de lOÇí-, 12,5%, 15'^r, 17,5%,

já então.

lisses precursores não são ainda fi

nancistas ou economistas, nem Ibes

De todos os argumentos pró c con

de Columbia, Giuseppe Ricca Salerno, historiando as doutrinas financeiras

da Itália, atribuía a Guicciardini "anche per Ia parte financiaria il primo nhecia que os argumentos favoráveis, por êle Coligidos, ainda são retoma dos em consideração e servem de ban deira aos defensores da tributação no século XIX, como Stuart Mill, Wag ner,e tantos outros (5).

O autor da "História da Itália", no

primeiro discurso, antes de alinhar as ,


Dicesto Econômico 103

razões favoráveis à "Décima Scalata", reconhece que os adversários de

todos os cidadãos, a exemplo do que teria feito a república lacedemònia, Ia piú santa, Ia piú virtuosa, mcglió

a tributação graduada era injusta e danosa porque " transforma os ricos

governata. .. di Grécia". Destarte, se,

la eram as " persone potenti e de principali delia cittá ' . Alegavam estes que -

em (jobrcs " em detrimento da cidade.

Refuta, desde logo, pois se havia

desigualdade era contra os pobres, pois, se estes e os opulentos pagassem a mesma pcrcentagem, muito mais so

freriam os primeiros: "Ia equalitá di tina gravessa non consiste in questo,

che ciascuno paghi per rata tanto Tun quanto Taltro, ma che el pagamento sia di sorte, che tanto si mcommoáf l'un quanto Valtro".

Desenvolve, então, o raciocínio de que as despesas dos cidadãos se clas

sificam em três categorias : a) por ne cessidade; Jj) por comodidade; c) to talmente supérfluas.

Tira do necessário para pagar o dí zimo quem ganha até 5ü ducados, ao passo que apenas perde na comodida

de quem dispõe de rendas de 100 a

150 ducados, assim como é atingido só no supérfluo aquele que goza de 250, 300 ou mais ducados.

É, afinal, a teoria da igualdade do sacrifício em tôda a sua clareza e que &

serviu de fundamento à crescente ex pansão dos impostos progressivos nos

úftimos 100 anos, a ponto de estenderse, no século XX, a todos oy quase todos os países, sobretudo, pela disse

minação universal do impòsto pessoal sobre a renda.

E Guicciardini passa em seguida a considerações sociais bem próximas dos financistas modernos de tendên

cias comunistas, — no sentido amplo

da palavra — òu, pelo menos, socia■ listas. Admite que a lei poderia limi tar a propriedade para que se nive lassem as condições econômicas de íl^ftíiflÍÉÉf>íll^-*'^-^-^-«iifci ■níl'Writfi^'ÍÉWiA ^'^itiifi I ... .

cerhi gratia, as terras toscanas admi

tissem cômoda e justa divisão para 2.0Ü0 .cidadãos, " avenando ognumo una porzione onesta", mas se 500 se apossassem de mais do que o razoá

vel, ficariam 1.500 de todo espoliados

(6). ^

Daí a conveniência e justiça de

■ una gravezza discreta, di sorte che per sgravarsi si a sforzato a vendere"

ou "sia constretto dare el supérfluo à bisogni delia patria". Seguem-se as razões jurídicas, eco

nômicas e políticas, também as de or

dem ética e até higiênica. Os ricaços seriam corruptores da cidade, na sua opulência "senza fatica e senza in

dustria".

Não dispõem de engenho,

quer para os negócios públicos, quer

para gestão de/seus interesses priva

dos, tanto assim que, se a má fortuna os atinge, não sabem manter-se, nem restaurar-se. Ociosos, sonliam com grandezas, e até "a mettere le tiran-

nide nelle cittá", "inimici delia liber ta e dei governo popolare".

E se tombam, afinal, em pobreza, pelos azares da sorte ou pelos pró prios defeitos, a vida" inútil que ar rastam encurta-lhes os dias e os faz

infelizes: "Vedete questi ricchi pieni di gotte, pieni di catarri, di rénelle, di mille accidenti che gli íanno morire piú presto che gli altri, e mente vivo-

no gli tengono in miséria... " (7). As sim, q excesso de bens, segundo o pri meiro Discurso, faz mal à cidade e até " ao titular dêles.

O segundo Discurso refuta o pri meiro e é reputado como sendo a opi nião pessoal do publicista, que, re corde-se de passagem, — pertencia a


Dicesto Econômico 103

razões favoráveis à "Décima Scalata", reconhece que os adversários de

todos os cidadãos, a exemplo do que teria feito a república lacedemònia, Ia piú santa, Ia piú virtuosa, mcglió

a tributação graduada era injusta e danosa porque " transforma os ricos

governata. .. di Grécia". Destarte, se,

la eram as " persone potenti e de principali delia cittá ' . Alegavam estes que -

em (jobrcs " em detrimento da cidade.

Refuta, desde logo, pois se havia

desigualdade era contra os pobres, pois, se estes e os opulentos pagassem a mesma pcrcentagem, muito mais so

freriam os primeiros: "Ia equalitá di tina gravessa non consiste in questo,

che ciascuno paghi per rata tanto Tun quanto Taltro, ma che el pagamento sia di sorte, che tanto si mcommoáf l'un quanto Valtro".

Desenvolve, então, o raciocínio de que as despesas dos cidadãos se clas

sificam em três categorias : a) por ne cessidade; Jj) por comodidade; c) to talmente supérfluas.

Tira do necessário para pagar o dí zimo quem ganha até 5ü ducados, ao passo que apenas perde na comodida

de quem dispõe de rendas de 100 a

150 ducados, assim como é atingido só no supérfluo aquele que goza de 250, 300 ou mais ducados.

É, afinal, a teoria da igualdade do sacrifício em tôda a sua clareza e que &

serviu de fundamento à crescente ex pansão dos impostos progressivos nos

úftimos 100 anos, a ponto de estenderse, no século XX, a todos oy quase todos os países, sobretudo, pela disse

minação universal do impòsto pessoal sobre a renda.

E Guicciardini passa em seguida a considerações sociais bem próximas dos financistas modernos de tendên

cias comunistas, — no sentido amplo

da palavra — òu, pelo menos, socia■ listas. Admite que a lei poderia limi tar a propriedade para que se nive lassem as condições econômicas de íl^ftíiflÍÉÉf>íll^-*'^-^-^-«iifci ■níl'Writfi^'ÍÉWiA ^'^itiifi I ... .

cerhi gratia, as terras toscanas admi

tissem cômoda e justa divisão para 2.0Ü0 .cidadãos, " avenando ognumo una porzione onesta", mas se 500 se apossassem de mais do que o razoá

vel, ficariam 1.500 de todo espoliados

(6). ^

Daí a conveniência e justiça de

■ una gravezza discreta, di sorte che per sgravarsi si a sforzato a vendere"

ou "sia constretto dare el supérfluo à bisogni delia patria". Seguem-se as razões jurídicas, eco

nômicas e políticas, também as de or

dem ética e até higiênica. Os ricaços seriam corruptores da cidade, na sua opulência "senza fatica e senza in

dustria".

Não dispõem de engenho,

quer para os negócios públicos, quer

para gestão de/seus interesses priva

dos, tanto assim que, se a má fortuna os atinge, não sabem manter-se, nem restaurar-se. Ociosos, sonliam com grandezas, e até "a mettere le tiran-

nide nelle cittá", "inimici delia liber ta e dei governo popolare".

E se tombam, afinal, em pobreza, pelos azares da sorte ou pelos pró prios defeitos, a vida" inútil que ar rastam encurta-lhes os dias e os faz

infelizes: "Vedete questi ricchi pieni di gotte, pieni di catarri, di rénelle, di mille accidenti che gli íanno morire piú presto che gli altri, e mente vivo-

no gli tengono in miséria... " (7). As sim, q excesso de bens, segundo o pri meiro Discurso, faz mal à cidade e até " ao titular dêles.

O segundo Discurso refuta o pri meiro e é reputado como sendo a opi nião pessoal do publicista, que, re corde-se de passagem, — pertencia a


Dicesto

Digesto Econó.nuco

o velho e próspero patriciado florentino que se alternava no govêrno popu lar e nas posições chaves da adminis tração. TC da ruína econômica os le vou à destruição política. Quatro séculos depois, a Constitui ção da República Italiana dc 1947 con

to ao escrever certos períbdos sibilinos

sagraria no art. 53 o princípio da Dé

relação aos estrangeiros e a do povo em

"in natibus cum orificiis quinquc , as

cima Scalata, tão bcin defendido no

relação ao clerlcalismo.

suas e.scrófulas e os caUrros, males

primeiro dos "Di.scorsi" de Guicciar

refletidos na íealdade fixada no re

dade dos parlamentos (Estados Gerais)

dini :

104

uma velha e abonada famiha, tendo casado com uma senhora dos Salviati, também abastados e poderosos. A au

tobiografia mostra que Guicciardini se associava aos irmãos em negócios m-

dustriais e comerciais. Por outro lado, o dote para as filhas era um pesade lo, que transparece dos seus assenta mentos íntimos e também da sua cor

respondência com Machiavelli, que, no particular, lhe forneceu conselho bem maquiaveliano (8).

É possível que a situação eseccial do escritor, colocando-o entre aqueles

reção atravé., da tributação graduada Guicciardini aludisse a notórias en

fermidades dc pessoas da família Me diei c dc outros clãs poderosos da Toscana, pois ainda hoje c lembrada a íístula de Leão X (João dc Mediei)

trato de Rafael, que se pode apreciar no Plazzo Pitti. A ascensão desse Pa dos seus parentes.

cittá",

Não fòra a gota a causa do faleci-

mento, aos 35 anos, de Guidobaldo de Montefeltro, Duque de Urbino? A inépcia não será a alusão a Pedro de

principali dcJia

Mediei (II)?

ro Nulli: "U'Guicciardini, possidente,

Os "Discorsi" foram escritos, pro

era, in fatto di política econômica, un

vavelmente, antes da restauração dos

tenace conservatore; non poteva am-

Mediei e é possível que, na primeira

mettere che, como c'è un evoluzione

parte, haja uma advertência contra a

política, deve essercene anche una econômica, e che le classi meno abbienti lianno purê diritto alia ricchez-

lia galgara a fòrça política pelo poder

plutocracia, sabido que aquela famí econômico no comércio e no banco. ^

za; per lui Io stato doveva essere

Cosmo de Mediei, "Pai da Pátria",

acerrimo difensore dei ricchi, per ciò nei due di.scorsi sulla "décima scala-

fora um Creso populista, que se apoia

ta

do de fome, para perpetuar-se no go

egli segue le opinloni di chi Ia

combatte, come imposta demagógica e che tendeva al pareggio delle riccliezze tra i cittadini di Firenze" (9). O

reparo, entretanto, parece-nos

profundamente injusto, pois não é exato que ambos os '"Discorsi" sòbre a Décima Scalata sejam repulsas a

êsse tributo. Vimos já que o primeiro é a defesa clara, luminosa e com a

vivacidade dos mesmos argumentos do

século XrX e até do século XX. C possível que mencionando a gota, o catarro e as mazelas que a ociosidade acarreta aos argentários, pelo sedentarismo ou por abuso de mesa, copo e

luxiiria — males susceptíveis de cor

_

bre a "décima sCalata

(1^ — Vide o trecho de Guicciardini, em nosso artigo anterior, em que consi derava suas aspirações supremas uma re

pública justa, a libertação da Itália em Machiavelli, no

próprio "Príncipe" reconhece a íecundina França como instituição sábia para se

re alie spesc pubblicbe in ragione

república ílorentina, entregue à presa

dos dois contraditórios discursos sò

gurança dos governos e liberdade dos ci "Tutti sono tenutti a concorre-

pa, em 1513, vai decidir da sorte da

atuasse em seu espírito, na defesa da proporcionalidade, justíficando-se, des tarte, o tom malévolo com que, mais uma vez, o castiga o seu biógrafo Si-

"potenti e

105

Econômico

dadãos e. noutro livro, proclama a temporariedadc dos mandatos em prazos cur

tos. como base de sobrevivência duma

delia loro capacita contril)utiva. II

república.

sistema tributário é informato a

critcri di progressivitá

corsi de Regimento di Firenze" (Edição Palmarocchl), pg. 175 a 195 — Bari. 1932.

*

(3) — Edwin Seligman — na "Progressive Taxation in Theory and Practice'

(2) — Guicciardini — "Dialogo e Dis

(1894).

A liistória, por certo, não se repete. Mas em repúl)licas plantadas naque las ásperas terras visitadas por outro florentino, Vespucci, contemporâneo dc Guicciardini, os fatos mostram que poderosos c opulentos podem unir-se facilmente à demagogia, a exemplo

(4) — Nos "Dialogo e Discorsi , citados,

de Guicciardini, estão os estudos sòbre a Décima Scalata, pg. 196 a 217.

(5) — G. Ricca Salerno — "Storia delle Dottrine Finanziarie in Italia" (Palermo; 1896), pg. 72 e seg. (2.a ed.").

(6) — Guicciardini — "Dialogo e Dis corsi", cit. pg. 199.

ú

(7) — Idem, pg. 203. (8) — Vide Guicciardini — "Studi Autobiografici e Rari (Bari, 1936) — "Rl-

I "

dos Mediei, para sucessivas ameaças

cordanze" pg. 51 e seg. e os biógrafos de

àquele "governo popolare", cuja pre servação o célebre historiador cia Re

nal, Wertheimer e tantos outros,

nascença talvez tivesse no pensamen

ra na plebe, sustentando-a em perío verno.

O segundo Discurso talvez advirta

sutilmente que os impo.stos projjorcionais também podem servir de arma de dois gumcs para fins demagógico.s, que resultariam na destruição das famí

lias capazes de enfrentar os Mediei, como a do sogro Salviati, décadas antes.

Os fatos posteriores — se é exata a

interpretação — mostraram que Guic ciardini fora profeta, pois a Décima Scalata, após a destruição da Repú blica, serviu de instrumento para que

Lourenço Mediei (II) e os demais pa rentes arruinassem intencionalmente li'- jtos'.' '.MiSiVtV,., ■.1.

Machiavelli, como Prezzolini, Gautier Vig-

(9) — Siro Atilio Nulli: "Guicciardini" (Bolonha, 1936) pg. 41.


Dicesto

Digesto Econó.nuco

o velho e próspero patriciado florentino que se alternava no govêrno popu lar e nas posições chaves da adminis tração. TC da ruína econômica os le vou à destruição política. Quatro séculos depois, a Constitui ção da República Italiana dc 1947 con

to ao escrever certos períbdos sibilinos

sagraria no art. 53 o princípio da Dé

relação aos estrangeiros e a do povo em

"in natibus cum orificiis quinquc , as

cima Scalata, tão bcin defendido no

relação ao clerlcalismo.

suas e.scrófulas e os caUrros, males

primeiro dos "Di.scorsi" de Guicciar

refletidos na íealdade fixada no re

dade dos parlamentos (Estados Gerais)

dini :

104

uma velha e abonada famiha, tendo casado com uma senhora dos Salviati, também abastados e poderosos. A au

tobiografia mostra que Guicciardini se associava aos irmãos em negócios m-

dustriais e comerciais. Por outro lado, o dote para as filhas era um pesade lo, que transparece dos seus assenta mentos íntimos e também da sua cor

respondência com Machiavelli, que, no particular, lhe forneceu conselho bem maquiaveliano (8).

É possível que a situação eseccial do escritor, colocando-o entre aqueles

reção atravé., da tributação graduada Guicciardini aludisse a notórias en

fermidades dc pessoas da família Me diei c dc outros clãs poderosos da Toscana, pois ainda hoje c lembrada a íístula de Leão X (João dc Mediei)

trato de Rafael, que se pode apreciar no Plazzo Pitti. A ascensão desse Pa dos seus parentes.

cittá",

Não fòra a gota a causa do faleci-

mento, aos 35 anos, de Guidobaldo de Montefeltro, Duque de Urbino? A inépcia não será a alusão a Pedro de

principali dcJia

Mediei (II)?

ro Nulli: "U'Guicciardini, possidente,

Os "Discorsi" foram escritos, pro

era, in fatto di política econômica, un

vavelmente, antes da restauração dos

tenace conservatore; non poteva am-

Mediei e é possível que, na primeira

mettere che, como c'è un evoluzione

parte, haja uma advertência contra a

política, deve essercene anche una econômica, e che le classi meno abbienti lianno purê diritto alia ricchez-

lia galgara a fòrça política pelo poder

plutocracia, sabido que aquela famí econômico no comércio e no banco. ^

za; per lui Io stato doveva essere

Cosmo de Mediei, "Pai da Pátria",

acerrimo difensore dei ricchi, per ciò nei due di.scorsi sulla "décima scala-

fora um Creso populista, que se apoia

ta

do de fome, para perpetuar-se no go

egli segue le opinloni di chi Ia

combatte, come imposta demagógica e che tendeva al pareggio delle riccliezze tra i cittadini di Firenze" (9). O

reparo, entretanto, parece-nos

profundamente injusto, pois não é exato que ambos os '"Discorsi" sòbre a Décima Scalata sejam repulsas a

êsse tributo. Vimos já que o primeiro é a defesa clara, luminosa e com a

vivacidade dos mesmos argumentos do

século XrX e até do século XX. C possível que mencionando a gota, o catarro e as mazelas que a ociosidade acarreta aos argentários, pelo sedentarismo ou por abuso de mesa, copo e

luxiiria — males susceptíveis de cor

_

bre a "décima sCalata

(1^ — Vide o trecho de Guicciardini, em nosso artigo anterior, em que consi derava suas aspirações supremas uma re

pública justa, a libertação da Itália em Machiavelli, no

próprio "Príncipe" reconhece a íecundina França como instituição sábia para se

re alie spesc pubblicbe in ragione

república ílorentina, entregue à presa

dos dois contraditórios discursos sò

gurança dos governos e liberdade dos ci "Tutti sono tenutti a concorre-

pa, em 1513, vai decidir da sorte da

atuasse em seu espírito, na defesa da proporcionalidade, justíficando-se, des tarte, o tom malévolo com que, mais uma vez, o castiga o seu biógrafo Si-

"potenti e

105

Econômico

dadãos e. noutro livro, proclama a temporariedadc dos mandatos em prazos cur

tos. como base de sobrevivência duma

delia loro capacita contril)utiva. II

república.

sistema tributário é informato a

critcri di progressivitá

corsi de Regimento di Firenze" (Edição Palmarocchl), pg. 175 a 195 — Bari. 1932.

*

(3) — Edwin Seligman — na "Progressive Taxation in Theory and Practice'

(2) — Guicciardini — "Dialogo e Dis

(1894).

A liistória, por certo, não se repete. Mas em repúl)licas plantadas naque las ásperas terras visitadas por outro florentino, Vespucci, contemporâneo dc Guicciardini, os fatos mostram que poderosos c opulentos podem unir-se facilmente à demagogia, a exemplo

(4) — Nos "Dialogo e Discorsi , citados,

de Guicciardini, estão os estudos sòbre a Décima Scalata, pg. 196 a 217.

(5) — G. Ricca Salerno — "Storia delle Dottrine Finanziarie in Italia" (Palermo; 1896), pg. 72 e seg. (2.a ed.").

(6) — Guicciardini — "Dialogo e Dis corsi", cit. pg. 199.

ú

(7) — Idem, pg. 203. (8) — Vide Guicciardini — "Studi Autobiografici e Rari (Bari, 1936) — "Rl-

I "

dos Mediei, para sucessivas ameaças

cordanze" pg. 51 e seg. e os biógrafos de

àquele "governo popolare", cuja pre servação o célebre historiador cia Re

nal, Wertheimer e tantos outros,

nascença talvez tivesse no pensamen

ra na plebe, sustentando-a em perío verno.

O segundo Discurso talvez advirta

sutilmente que os impo.stos projjorcionais também podem servir de arma de dois gumcs para fins demagógico.s, que resultariam na destruição das famí

lias capazes de enfrentar os Mediei, como a do sogro Salviati, décadas antes.

Os fatos posteriores — se é exata a

interpretação — mostraram que Guic ciardini fora profeta, pois a Décima Scalata, após a destruição da Repú blica, serviu de instrumento para que

Lourenço Mediei (II) e os demais pa rentes arruinassem intencionalmente li'- jtos'.' '.MiSiVtV,., ■.1.

Machiavelli, como Prezzolini, Gautier Vig-

(9) — Siro Atilio Nulli: "Guicciardini" (Bolonha, 1936) pg. 41.


Digesto Econóndco

ECONOMIA

E

HUMANISMO

Ahnóbio Graça (Catedrático da Faculdade de Direito do Recife)

PcoNOMiA e Humanismo consHtuem um grande movimento do reforma

cristã da sociedade contemporânea. Nas cido no presente século, do esfôrço de um grupo de idealistas, do traballio de notáveis pensadores católicos, o movi

mento humanista desempenhará papel importantíssimo em todo o mundo, pela

sua filosofia, pelos seus princípios o fins, pelas soluções que oferece para os pro blemas econômicos; políticos e sociajs da nossa era.

Trata-se de uma doutrina espiritualis ta e crista, oposta ao materialismo libe ral e marxista, assim como ao existencia-

lismo ateu, que está aumentando o nú mero dos seus adeptos. O materialismo A . de ° '<3eal de dos grandeza a exio gência salvação pobres:e torna marxismo um sistema anti-metafísico e

, filosòficamente frustrado por ser uma ne gação do espiritual, governando o ho mem e a sociedade. No marxismo, como no existencialismo sartreano, a "verdade está na presença efetiva das cousas".'

Na realidade objetiva. Na matéria e nos seus movimentos. Na e.xistêncía, an tecedendo à essência.

valor de produção e consumo. E' uma grandeza metafísica, finalista c sem tra

gédia — o que não se confunde com a grandeza do materialismo.

"L*existentialiste tient au con

trairá, que chez riiomme et chez Tliomme seul — Texistence précède ressence. À ce degré de géiieralité, Texistentialis-

ria e pensão para os seus sucessores, cm

Criador, sem Deus.

educar-lhe os filhos. Salvar o pobre é

4 — Significação anti-religiosa : o mundo e as coletividades podem exis tir, consoante Marx e Engels, sem o seu Profligando os erros do materialismo

muito mais do que is.so: c uma missão

marxista, o humanismo subordina a eco

espiritual t religiosa. Tem por fim trans formar o proletário em homem Ií\tc do erro ou do pecado, em pessoa integral, em verdadeiro cristão sôbre quem Lebret escreveu bolas palavras: "Le chrétíen se sait cnfant de Dicu, appelé au dépassement personnci ju.squ'à Ia saisic

nomia ao bem pessoal e dos grupos. Por isso, muitos o consideram, teimosamen

te, um socialismo comunitário, que não chega a destruir a ordem privada das ri quezas, mas impõe a estas uma função

oposta a que possuem sob o regime ca

pitalista. Lebret é bastante generoso na

de Dieu dans Ia picine lumièrc spirituello et.dans Tamour total; il est déjà par Ia grâce détenteur d'infini, prélude d'u-

sua análise sôbre o pensamento revolu

ne possession pléníère et définitíve"

científica, o materialismo e a técnica da

(Cuide de Milítant — vol. I — pág. 41. Materialismo marxista e humanismo economico

Segundo Henri Desroches, o materia

lismo de Marx e Engels possui; 1 — Significação realista, pois, nos

les questions hu-

maines cn Tefusant de donner à Tliom-

em movimento, a contradição é a base

manière d'envisager

une phasc de liberte" (Note sur les significations du materialísme marxiste — Economie ct Hiimanísme — n 36 — 1948).

seus esquemas, o mundo é impulsionado pelas forças de existência. 2 — Significação dialética : tudo está

me n'est rien du tout sinon une certaine

absoluta, sem exércitos, sem polícia e sem direito, e assim "Ia prochaine phasc des soeieté.s humaines sera précisemont do pas.ser de cctte phase.de necessite à

Salvar o pobre não consiste apenas cm dar-lhe habitação higiênica, assistência médica o hospitalar, em pagar-lhe salá rio mínimo, em garantir-lhe aposentado

No efêmero da

natureza humana contrário ao eterno ra cional:

quantitativo, não pode ser medida, nã<i SC prende ao limo da terra, nem é um

3 - Significação histórica : a socieda-

do se libertará do capitalismo e da bur guesia, chegando a um período de paz

cionário da atualidade. Do marxismo, o

ilustre dominicano repele a imprecisão violência que observa no mesmo, com raro brilho. Por sua vez, o nacional-so-

ciaiismo, Lebret não o considera total mente errado: "Du national-socialisme

— diz ele ~ le chrétien accepte 1'affirmation de Ia réalité nationale et Ia jus tice d'une réaction contre Taxcòs des in-

gérerices intcrnationales" (Op. cit. — vol. I — pág. 44).

A economia humanista é ordenada pa

me une nature fixée pour toujours" (J.

da vida e das ciências, assim como as

ra um fim — o bem-estar da pessoa e das comunidades. Estabelece "condições fa voráveis à e.xpansão da personalidade"

P. Sartre e H. Ch. Desroches).

relações de produção e troca determi

por meio da colaboração de todos os in

nam as superestruturas sociais e até a

divíduos humanos. Tem os seus grandes

consciência dos homens.

princípios, entre os quais aparecem: a)

A grandeza que existe no espiritualismo não é matemática, não tem sentido

— espiritualidade das ações individuais e

coletivas; b) — direito à vida e à educa-

107

ção; c) — economia a serviço do homem

o das comunidades; d) — participação de todos nos benefícios da civilização; e) — hierarquia das necessidades e jus tiça social ; f) — propriedade pessoal,

familiar e comunitária ; g) — trabalho como dever social, fixação de programas e planos no domínio das riquezas e em outros setores da vida nos agrupamen tos; h) — limitação da herança, velha instituição

do direito

individualista e

burguês; i) — equilíbrio entre a produ ção e o consumo, para que sejam evita das maiores crises; j) — cooperação, sin dicalismo e corporações; b) — seguro social e regulamentação do comércio im terno e externo; 1) — nacionalização e regime comunitário de muitos ramosda economia.

O princípio da espiritualidade

Os princípios e.xpostos servem para demonstrar que o humanismo de Lebret e de seus companheiros não preconiza uma reforma de superfície, mas a mu dança completa das estruturas da socie dade. O primeiro é o princípio de espi ritualidade, governando as nossas ações:

há sempre móveis psíquicos nas nossas atitudes, porque é o espírito que nos di rige. Não somos o resultado das forças terrenas em luta, porquanto, se tal acon tecesse, não seríamos corpo e alma, po

rém uma simples porção da matéria or ganizada. Todo homem tem o direito de viver

dignamente, conforme o seu grau de ca

pacidade intelectual e técnica, a sua po sição social, a sua classe e o seu traba

lho, cuja garantia compete ao Estado.

O homem não'vale apenas pelo que pro duz materialmente em benefício da co

letividade, que não deve ser dirigida sob forma totalitária pelas massas obreiras, nem por castas ou minorias exploradoras.


Digesto Econóndco

ECONOMIA

E

HUMANISMO

Ahnóbio Graça (Catedrático da Faculdade de Direito do Recife)

PcoNOMiA e Humanismo consHtuem um grande movimento do reforma

cristã da sociedade contemporânea. Nas cido no presente século, do esfôrço de um grupo de idealistas, do traballio de notáveis pensadores católicos, o movi

mento humanista desempenhará papel importantíssimo em todo o mundo, pela

sua filosofia, pelos seus princípios o fins, pelas soluções que oferece para os pro blemas econômicos; políticos e sociajs da nossa era.

Trata-se de uma doutrina espiritualis ta e crista, oposta ao materialismo libe ral e marxista, assim como ao existencia-

lismo ateu, que está aumentando o nú mero dos seus adeptos. O materialismo A . de ° '<3eal de dos grandeza a exio gência salvação pobres:e torna marxismo um sistema anti-metafísico e

, filosòficamente frustrado por ser uma ne gação do espiritual, governando o ho mem e a sociedade. No marxismo, como no existencialismo sartreano, a "verdade está na presença efetiva das cousas".'

Na realidade objetiva. Na matéria e nos seus movimentos. Na e.xistêncía, an tecedendo à essência.

valor de produção e consumo. E' uma grandeza metafísica, finalista c sem tra

gédia — o que não se confunde com a grandeza do materialismo.

"L*existentialiste tient au con

trairá, que chez riiomme et chez Tliomme seul — Texistence précède ressence. À ce degré de géiieralité, Texistentialis-

ria e pensão para os seus sucessores, cm

Criador, sem Deus.

educar-lhe os filhos. Salvar o pobre é

4 — Significação anti-religiosa : o mundo e as coletividades podem exis tir, consoante Marx e Engels, sem o seu Profligando os erros do materialismo

muito mais do que is.so: c uma missão

marxista, o humanismo subordina a eco

espiritual t religiosa. Tem por fim trans formar o proletário em homem Ií\tc do erro ou do pecado, em pessoa integral, em verdadeiro cristão sôbre quem Lebret escreveu bolas palavras: "Le chrétíen se sait cnfant de Dicu, appelé au dépassement personnci ju.squ'à Ia saisic

nomia ao bem pessoal e dos grupos. Por isso, muitos o consideram, teimosamen

te, um socialismo comunitário, que não chega a destruir a ordem privada das ri quezas, mas impõe a estas uma função

oposta a que possuem sob o regime ca

pitalista. Lebret é bastante generoso na

de Dieu dans Ia picine lumièrc spirituello et.dans Tamour total; il est déjà par Ia grâce détenteur d'infini, prélude d'u-

sua análise sôbre o pensamento revolu

ne possession pléníère et définitíve"

científica, o materialismo e a técnica da

(Cuide de Milítant — vol. I — pág. 41. Materialismo marxista e humanismo economico

Segundo Henri Desroches, o materia

lismo de Marx e Engels possui; 1 — Significação realista, pois, nos

les questions hu-

maines cn Tefusant de donner à Tliom-

em movimento, a contradição é a base

manière d'envisager

une phasc de liberte" (Note sur les significations du materialísme marxiste — Economie ct Hiimanísme — n 36 — 1948).

seus esquemas, o mundo é impulsionado pelas forças de existência. 2 — Significação dialética : tudo está

me n'est rien du tout sinon une certaine

absoluta, sem exércitos, sem polícia e sem direito, e assim "Ia prochaine phasc des soeieté.s humaines sera précisemont do pas.ser de cctte phase.de necessite à

Salvar o pobre não consiste apenas cm dar-lhe habitação higiênica, assistência médica o hospitalar, em pagar-lhe salá rio mínimo, em garantir-lhe aposentado

No efêmero da

natureza humana contrário ao eterno ra cional:

quantitativo, não pode ser medida, nã<i SC prende ao limo da terra, nem é um

3 - Significação histórica : a socieda-

do se libertará do capitalismo e da bur guesia, chegando a um período de paz

cionário da atualidade. Do marxismo, o

ilustre dominicano repele a imprecisão violência que observa no mesmo, com raro brilho. Por sua vez, o nacional-so-

ciaiismo, Lebret não o considera total mente errado: "Du national-socialisme

— diz ele ~ le chrétien accepte 1'affirmation de Ia réalité nationale et Ia jus tice d'une réaction contre Taxcòs des in-

gérerices intcrnationales" (Op. cit. — vol. I — pág. 44).

A economia humanista é ordenada pa

me une nature fixée pour toujours" (J.

da vida e das ciências, assim como as

ra um fim — o bem-estar da pessoa e das comunidades. Estabelece "condições fa voráveis à e.xpansão da personalidade"

P. Sartre e H. Ch. Desroches).

relações de produção e troca determi

por meio da colaboração de todos os in

nam as superestruturas sociais e até a

divíduos humanos. Tem os seus grandes

consciência dos homens.

princípios, entre os quais aparecem: a)

A grandeza que existe no espiritualismo não é matemática, não tem sentido

— espiritualidade das ações individuais e

coletivas; b) — direito à vida e à educa-

107

ção; c) — economia a serviço do homem

o das comunidades; d) — participação de todos nos benefícios da civilização; e) — hierarquia das necessidades e jus tiça social ; f) — propriedade pessoal,

familiar e comunitária ; g) — trabalho como dever social, fixação de programas e planos no domínio das riquezas e em outros setores da vida nos agrupamen tos; h) — limitação da herança, velha instituição

do direito

individualista e

burguês; i) — equilíbrio entre a produ ção e o consumo, para que sejam evita das maiores crises; j) — cooperação, sin dicalismo e corporações; b) — seguro social e regulamentação do comércio im terno e externo; 1) — nacionalização e regime comunitário de muitos ramosda economia.

O princípio da espiritualidade

Os princípios e.xpostos servem para demonstrar que o humanismo de Lebret e de seus companheiros não preconiza uma reforma de superfície, mas a mu dança completa das estruturas da socie dade. O primeiro é o princípio de espi ritualidade, governando as nossas ações:

há sempre móveis psíquicos nas nossas atitudes, porque é o espírito que nos di rige. Não somos o resultado das forças terrenas em luta, porquanto, se tal acon tecesse, não seríamos corpo e alma, po

rém uma simples porção da matéria or ganizada. Todo homem tem o direito de viver

dignamente, conforme o seu grau de ca

pacidade intelectual e técnica, a sua po sição social, a sua classe e o seu traba

lho, cuja garantia compete ao Estado.

O homem não'vale apenas pelo que pro duz materialmente em benefício da co

letividade, que não deve ser dirigida sob forma totalitária pelas massas obreiras, nem por castas ou minorias exploradoras.


109

Dioesto Econômico

DlCESTO ECON-ÓNfiCu

108

Direito à educação

A educação deva a criatura racional,

existe o coíisenso inferno, o elemento ins

reduz ao pragmatismo dc Dewey, pois o

caráter material ou econômico: é, co mo diz Perroux, uma fusão dc ativida

mestre da Universidade de Columbia crè

des c de consciências. Assim, declara o

soa aos elevados

no valor do pensamento, mas do pensa

ilustre pensador humanista: "La communauté est Ia catégoric de Ia fusion, au

enquanto a segunda e a terceira espé cies de organização scn apóiam no con

titucional, a adesão completa da pes- . fins da comunidade,

modificando-a num ser capaz de supe

mento subordinado à ação e ao interes

rar as dificuldades cotidianas, de vencer

se. Na pedagogia de Dewetj, a educa

delã simple justaposition ou de Ia co-

trato, no constrangimento e no império

o mal na luta pelo bem e de atingir a

ção é "um processo de reconstrução da

ordination. Fusion de quoi ? Dans Tor-

da lei positiva.

verdadeira perfeição. Formar a perso nalidade para a vida terrenal e supra- •

experiência", envolvendo, ordinàriamen-

dre externe: des activités. Dans Tordre

te, dois fatores cujas "influências mú tuas" foram representadas pelo professor

interne:

Por isso, está escrito no Manifesto de Economia e Humanismo que a comuni

Anísio Teixeira do seguinte modo :

jusqu'à Tindistinction. Cette fusion des

.terrenal — eis a finalidade das escolas,

da educação, motivo por que esta não se

des consciences, étant précisé

toutefois que cette fusion ne peut aller activités et des consciences s'opèrc dans

Situação

novo agente

Agente

nova situação

des conditions diverses qui pcrmettent

EXPERIÊNCIA

L.ehret, contrariando as idéias de De-

woy, bate-se pelo advento de uma peda

gogia cujo objetivo deve ser a formação de homens integrais em face das condi-

065 da idade contemporânea. O traba-,

Ino das escolas não é suficiente para

ensinar ao educando os complicados processos da luta pela existência, de sorte que é indispensável uma pedagogia

par Ia vie peur compléter Ia pédagogie par récole" (Op. cit. vol. II - pác 116).

do dessiner les degrés de Ia réalité eommunautairo". Pour un renouvellement de

ciai, bem comum, solidariedade ou co

— Économie et Humanisme — n. 1 —

ja menos infeliz.

1942 — págs. 2 e 3).

Com efeito, as idéias de unidade, complexos e ordem comunitária são bá

lho pela renovação da sociologia con

sicas no humanismo econômico. Lehret,

temporânea, distingue: a) a relação co munitária ou fusão das consciências e

classifica em:

das atividades; b) a estrutura comunitá

1 — Unidades elementares:

a famí

lia, a empresa, a aldeia e o bairro. 2 — Unidades de base: a comuna ou 3 — Unidades intermediárias:

a re

gião, e "le pays, groupement de communes autour de Ia ville-marché".

O humanismo econômico é anti-liberal

Outrossim, Perroux, no mesmo traba

por exemplo, define as unidades e as

município e, a cidade.

A economia humana e comunitária

1'Êconomie et de Ia Sociologie modernes

operação dc todos para que o mundo se

4 — Unidades profissionais: são os

ria ou o todo orgânico e espontâneo, for mado pela hierarquia de situações com plementares; c) a organização comuni

tária ou conjunto de regras e de instru mentos que exprimem a relação e a es trutura comunitárias.

Nas emprêsas, nos centros de negó

e anti-capitalista, porque

conjuntos de empresas ou

cios, nas fábricas e nos campos, os sêres racionais trabalham, realizando, porém,

as idéias

explorações da mesma pro

cada um

cunstâncias do século e as

fissão, indústria e ativi

imensas

dade.

ritmo geral, e a própria sociedade é uma vasta empresa onde todos produzem

cristãs, as

cir

necessidades do

proletariado repelem os preceitos clássicos e indi vidualistas que ainda cor rompem a sociedade. Co loca-se entre a crueldade

do regime burguês e imperialista e os devaneios da filosofia totalitária: nem

luta de classes,

uma das

maiores leis do capitalis mo, nem ditadura mono-

partidária, mas justiça so-

*•

:

5 — Unidade de segu rança primária: forma o "complexo geográfico" on de se realiza a produção e se distribuem as riquezas indispensáveis ao homem. 6 — Unidades de vida

total, associações e unida

de de segurança militar e unidades complementares. A comunidade não a-

brange sòniente rela0es de

a sua tarefa, consoante um

cousas úteis e serviços necessários à con tinuidade da vida em comum.

Além

dessa integração de atividades, observa

Perroux que as consciências podem estar separadas, em contacto ou em interpenetração. Eis, aí, um dos segredos da • organização comunitária, que é diferen

te da organização associacionista ou da quilo que François Perroux denomina organização societária. A primeira é

mais forte e duradoura,

porque nela

dade é um tipo de" grupo social que se caracteriza: a) pelos vínculos de san gue, de trabalho e de lugar; b) pelo todo orgânico que realmente é; c) pela consciência de nos, fortalecida pela união indissolúvel de três fôrças: a se melhança, a solidariedade e o amor.

A comunidade não é um partido polí tico, nem uma associação de interêsses exclusi\'amente econômicos, assim como

não exprime a "justaposição ocasional" de indivíduos. Tem base humana, xida

permanente e institucional. Obedece ao

princípio hierárquico das necessidades dos sêres racionais que a constituem. Economia e complexos sociais

E' longo e áspero o caminho que o humanismo econômico tem de percor

rer para redimir as nações da escravidão capitalista e materialista. Entretanto, convincente é a sua doutrina e podero sas as soluções que oferece para os mais graves problemas do mundo contempo râneo. Outrossim, é vasto o seu plano de trabalho.

Segundo a escola em análise, os com plexos podem ser de atividade e geográ ficos, havendo ainda os intercomplexos,

que se estendem do artesanato, do co mércio e dos mercados até a conjuntura econômica, demográfica e social. Os

complexos de atividade são divididos em cinco subgrupos :

A — Complexos que dependem dos


109

Dioesto Econômico

DlCESTO ECON-ÓNfiCu

108

Direito à educação

A educação deva a criatura racional,

existe o coíisenso inferno, o elemento ins

reduz ao pragmatismo dc Dewey, pois o

caráter material ou econômico: é, co mo diz Perroux, uma fusão dc ativida

mestre da Universidade de Columbia crè

des c de consciências. Assim, declara o

soa aos elevados

no valor do pensamento, mas do pensa

ilustre pensador humanista: "La communauté est Ia catégoric de Ia fusion, au

enquanto a segunda e a terceira espé cies de organização scn apóiam no con

titucional, a adesão completa da pes- . fins da comunidade,

modificando-a num ser capaz de supe

mento subordinado à ação e ao interes

rar as dificuldades cotidianas, de vencer

se. Na pedagogia de Dewetj, a educa

delã simple justaposition ou de Ia co-

trato, no constrangimento e no império

o mal na luta pelo bem e de atingir a

ção é "um processo de reconstrução da

ordination. Fusion de quoi ? Dans Tor-

da lei positiva.

verdadeira perfeição. Formar a perso nalidade para a vida terrenal e supra- •

experiência", envolvendo, ordinàriamen-

dre externe: des activités. Dans Tordre

te, dois fatores cujas "influências mú tuas" foram representadas pelo professor

interne:

Por isso, está escrito no Manifesto de Economia e Humanismo que a comuni

Anísio Teixeira do seguinte modo :

jusqu'à Tindistinction. Cette fusion des

.terrenal — eis a finalidade das escolas,

da educação, motivo por que esta não se

des consciences, étant précisé

toutefois que cette fusion ne peut aller activités et des consciences s'opèrc dans

Situação

novo agente

Agente

nova situação

des conditions diverses qui pcrmettent

EXPERIÊNCIA

L.ehret, contrariando as idéias de De-

woy, bate-se pelo advento de uma peda

gogia cujo objetivo deve ser a formação de homens integrais em face das condi-

065 da idade contemporânea. O traba-,

Ino das escolas não é suficiente para

ensinar ao educando os complicados processos da luta pela existência, de sorte que é indispensável uma pedagogia

par Ia vie peur compléter Ia pédagogie par récole" (Op. cit. vol. II - pác 116).

do dessiner les degrés de Ia réalité eommunautairo". Pour un renouvellement de

ciai, bem comum, solidariedade ou co

— Économie et Humanisme — n. 1 —

ja menos infeliz.

1942 — págs. 2 e 3).

Com efeito, as idéias de unidade, complexos e ordem comunitária são bá

lho pela renovação da sociologia con

sicas no humanismo econômico. Lehret,

temporânea, distingue: a) a relação co munitária ou fusão das consciências e

classifica em:

das atividades; b) a estrutura comunitá

1 — Unidades elementares:

a famí

lia, a empresa, a aldeia e o bairro. 2 — Unidades de base: a comuna ou 3 — Unidades intermediárias:

a re

gião, e "le pays, groupement de communes autour de Ia ville-marché".

O humanismo econômico é anti-liberal

Outrossim, Perroux, no mesmo traba

por exemplo, define as unidades e as

município e, a cidade.

A economia humana e comunitária

1'Êconomie et de Ia Sociologie modernes

operação dc todos para que o mundo se

4 — Unidades profissionais: são os

ria ou o todo orgânico e espontâneo, for mado pela hierarquia de situações com plementares; c) a organização comuni

tária ou conjunto de regras e de instru mentos que exprimem a relação e a es trutura comunitárias.

Nas emprêsas, nos centros de negó

e anti-capitalista, porque

conjuntos de empresas ou

cios, nas fábricas e nos campos, os sêres racionais trabalham, realizando, porém,

as idéias

explorações da mesma pro

cada um

cunstâncias do século e as

fissão, indústria e ativi

imensas

dade.

ritmo geral, e a própria sociedade é uma vasta empresa onde todos produzem

cristãs, as

cir

necessidades do

proletariado repelem os preceitos clássicos e indi vidualistas que ainda cor rompem a sociedade. Co loca-se entre a crueldade

do regime burguês e imperialista e os devaneios da filosofia totalitária: nem

luta de classes,

uma das

maiores leis do capitalis mo, nem ditadura mono-

partidária, mas justiça so-

*•

:

5 — Unidade de segu rança primária: forma o "complexo geográfico" on de se realiza a produção e se distribuem as riquezas indispensáveis ao homem. 6 — Unidades de vida

total, associações e unida

de de segurança militar e unidades complementares. A comunidade não a-

brange sòniente rela0es de

a sua tarefa, consoante um

cousas úteis e serviços necessários à con tinuidade da vida em comum.

Além

dessa integração de atividades, observa

Perroux que as consciências podem estar separadas, em contacto ou em interpenetração. Eis, aí, um dos segredos da • organização comunitária, que é diferen

te da organização associacionista ou da quilo que François Perroux denomina organização societária. A primeira é

mais forte e duradoura,

porque nela

dade é um tipo de" grupo social que se caracteriza: a) pelos vínculos de san gue, de trabalho e de lugar; b) pelo todo orgânico que realmente é; c) pela consciência de nos, fortalecida pela união indissolúvel de três fôrças: a se melhança, a solidariedade e o amor.

A comunidade não é um partido polí tico, nem uma associação de interêsses exclusi\'amente econômicos, assim como

não exprime a "justaposição ocasional" de indivíduos. Tem base humana, xida

permanente e institucional. Obedece ao

princípio hierárquico das necessidades dos sêres racionais que a constituem. Economia e complexos sociais

E' longo e áspero o caminho que o humanismo econômico tem de percor

rer para redimir as nações da escravidão capitalista e materialista. Entretanto, convincente é a sua doutrina e podero sas as soluções que oferece para os mais graves problemas do mundo contempo râneo. Outrossim, é vasto o seu plano de trabalho.

Segundo a escola em análise, os com plexos podem ser de atividade e geográ ficos, havendo ainda os intercomplexos,

que se estendem do artesanato, do co mércio e dos mercados até a conjuntura econômica, demográfica e social. Os

complexos de atividade são divididos em cinco subgrupos :

A — Complexos que dependem dos


110

Digrsto

Econômico

"ciclos produtivos biológicos": a) agri

(ferro, alumínio, inagnésio, níquel), das

cultura, criação de animais domésticos e

jazidas carboníferas, das riqueza^ flores

silvicultura; b) artesanato e pequeno co mércio rurjiis; c) pesca e artesanato cos teiros; d) gêneros alimentícios e bebi

das; e) corpos gordurosos; f) têxteis,

confecções e modas; g) couros e peles; h) madeiras e indústrias derivadas.

B — Os complexos que dependem "da extração ou da captação" têm valor ex traordinário na industrialização das na ções, e esta, não há dúvida, é fator vivo

de progresso e de liberdade. Tais com

plexos já foram objeto de debates no Congresso Brasileiro da Indústria, reali-

em dezembro de 1944 - o qual

fez uteis recomendações aos governan

tes e ao povo de nosso país. Com refe rencia aos problemas das indústrias de

base, da energia o combustíveis, o refe

rido Congresso estabeleceu, entre outras cousas, o seguinte: a) intensificação dametalurgia bem como das atividades

teansformadoras dela dependentes; b) desenvolvimento da grande indústria

química, abrangendo a produção dos ácidos minerais, das bases, dos adubos químicos e do aproveitamento dos bens resultantes da destilação da hulha e da

madeira; c) expansão das metalurgias

Igualdade e isenções fiscais Paulo Baubosa de Campos Filho

tais, do cimento, do petróleo, das fontes

(Presidente do Instituto dos .\dvogados de São Paulo)

do energia etc.

Os complexos de extração c captação, no plano de trabalho do humanismo eco

j^A coni?ÍiHiição que apresentou à

nômico e social, completam-se por meio dos complexos mistos, dc serviço e das atividades não designadas. Além dos complexos geográficos que possuem as

Legislação Tributária, reunida na Ca pital Federal em meados de 41, cui dou a representação paulista àquele

pectos interessantes, há os intcrcomple-

certame, não tanto de reformas de

-vos já referidos. O artesanato é uma das

mos das atividades produtivas. Divide-

estrutura, que em rigor lhe paredcram desnecessárias, quanto de providências destinadas ao "melhor aproveitamen

se em artesanato rural, urbano e de eco nomia industrial descentralizada. O co

dos e Municípios". Esse, aliás, foi o

formas destes, embora seja um dos ra

Primeira Conferência Nacional dc

to dos sistemas tributários dos Esta

mércio, mercados, feiras e bôlsas inte

título do trabalho então publicado,

gram essa categoria dos complexos e a conjuntura também. Esta supõe ciclos, crises ou rupturas históricas de equilí

onde se lembrou, logo em primeira

lização cada vez mais aproximada do ideal de justiça, deveriam tender, se

gundo penso, os estudos que se fizes sem com o fim de melhorar a nossa

legislação tributária, pois sempre en

tendi e entendo que legislar com desacêrto nessa matéria de tributos po de redundar em dano do contribuinte,

como pode resultar, também, em de

trimento do erário, mas representa sempre, e invariavelmente, um aten tado ou uma falta contra os princí pios da justiça. Haja vista para'o que

plana, e a condizer com os objetivos

se passa com o chamado gravame

imediatos da Conferência, o aprimolamento das nossas leis fiscais, tam

exc'essivo. À primeira vista, carreando

nhecimento desssa espécie de conjuntu

bém uma condição, e das mais impor

ra depende da estatística, da análise di reta das situações e evolução dos vários complexos de atividade ou geográficos e dos intercomplexos.

ções, parece-lhe proveitoso. Na reali

tantes, da sempre desejada melhoria

dade, porém, acarretando o sacrifício

de receita.

ou o estiolamento de iniciativas mui

Participante dos estudos que então se promoveram, não sei se diria ho

zo da coletividade e se converte em

brio material das coletividades.

O co

Por fim, na conjuntura demográfica e social, constatamos a proletarização e o

chômage, a desnatalidade e as migra ções, as guerras e a estiagem espiritual.

êle para o erário maiores contribui

tas vezes generoso, reverte em prejuí

je, com a mesma segurança, que se não fazem necessárias modificações

mal para o próprio fisco, por isso que

de fundo, tantas foram as transfor mações, que dali para cá se verifi

uma fonte de receita, de outra manei

tem como conseqüência o estancar

caram, em as nossas condições económico-financ'eiras. Continuaria a es

ra não tanto produtiva, porém dura doura, quando não permanente. Mas êsse — o de matar a galinha dos ovos

perar, entretanto, do sugerido aperfei

de ouro — não é o único mal do cha

çoamento das nossas leis fiscais, aque mento das diferentes fontes de recei

mado gravame excessivo, pois que êle, além dêsscs efeitos por assim dizer diretos, ainda repercute na ordem pri

ta, resultado

vada, provocando o aníquilamento de

le mesino resultado de melhor rendi

esse, porém, ao qual

acrescentaria um outro, que seria o de

uns em beneficio de outros, e isso

menos imperfeita realização de jus

constitui, essencialmente, injustiça.

tiça.

E que em tais assuntos, sem embar go do seu caráter eminentemente uti

Mas o setor da legislação tributá

ria, onde se fazem mais freqüentes as violações do apontado ideal, é o se

litário, devem também levar-se em

tor das isenções. E a razão é fácil de

linha de conta considerações ou cri térios dç ordçm moral, E a uma rea

apontar-se. Ê que as exigências tri

butárias, de qualquer natureza que se....j.

■:


110

Digrsto

Econômico

"ciclos produtivos biológicos": a) agri

(ferro, alumínio, inagnésio, níquel), das

cultura, criação de animais domésticos e

jazidas carboníferas, das riqueza^ flores

silvicultura; b) artesanato e pequeno co mércio rurjiis; c) pesca e artesanato cos teiros; d) gêneros alimentícios e bebi

das; e) corpos gordurosos; f) têxteis,

confecções e modas; g) couros e peles; h) madeiras e indústrias derivadas.

B — Os complexos que dependem "da extração ou da captação" têm valor ex traordinário na industrialização das na ções, e esta, não há dúvida, é fator vivo

de progresso e de liberdade. Tais com

plexos já foram objeto de debates no Congresso Brasileiro da Indústria, reali-

em dezembro de 1944 - o qual

fez uteis recomendações aos governan

tes e ao povo de nosso país. Com refe rencia aos problemas das indústrias de

base, da energia o combustíveis, o refe

rido Congresso estabeleceu, entre outras cousas, o seguinte: a) intensificação dametalurgia bem como das atividades

teansformadoras dela dependentes; b) desenvolvimento da grande indústria

química, abrangendo a produção dos ácidos minerais, das bases, dos adubos químicos e do aproveitamento dos bens resultantes da destilação da hulha e da

madeira; c) expansão das metalurgias

Igualdade e isenções fiscais Paulo Baubosa de Campos Filho

tais, do cimento, do petróleo, das fontes

(Presidente do Instituto dos .\dvogados de São Paulo)

do energia etc.

Os complexos de extração c captação, no plano de trabalho do humanismo eco

j^A coni?ÍiHiição que apresentou à

nômico e social, completam-se por meio dos complexos mistos, dc serviço e das atividades não designadas. Além dos complexos geográficos que possuem as

Legislação Tributária, reunida na Ca pital Federal em meados de 41, cui dou a representação paulista àquele

pectos interessantes, há os intcrcomple-

certame, não tanto de reformas de

-vos já referidos. O artesanato é uma das

mos das atividades produtivas. Divide-

estrutura, que em rigor lhe paredcram desnecessárias, quanto de providências destinadas ao "melhor aproveitamen

se em artesanato rural, urbano e de eco nomia industrial descentralizada. O co

dos e Municípios". Esse, aliás, foi o

formas destes, embora seja um dos ra

Primeira Conferência Nacional dc

to dos sistemas tributários dos Esta

mércio, mercados, feiras e bôlsas inte

título do trabalho então publicado,

gram essa categoria dos complexos e a conjuntura também. Esta supõe ciclos, crises ou rupturas históricas de equilí

onde se lembrou, logo em primeira

lização cada vez mais aproximada do ideal de justiça, deveriam tender, se

gundo penso, os estudos que se fizes sem com o fim de melhorar a nossa

legislação tributária, pois sempre en

tendi e entendo que legislar com desacêrto nessa matéria de tributos po de redundar em dano do contribuinte,

como pode resultar, também, em de

trimento do erário, mas representa sempre, e invariavelmente, um aten tado ou uma falta contra os princí pios da justiça. Haja vista para'o que

plana, e a condizer com os objetivos

se passa com o chamado gravame

imediatos da Conferência, o aprimolamento das nossas leis fiscais, tam

exc'essivo. À primeira vista, carreando

nhecimento desssa espécie de conjuntu

bém uma condição, e das mais impor

ra depende da estatística, da análise di reta das situações e evolução dos vários complexos de atividade ou geográficos e dos intercomplexos.

ções, parece-lhe proveitoso. Na reali

tantes, da sempre desejada melhoria

dade, porém, acarretando o sacrifício

de receita.

ou o estiolamento de iniciativas mui

Participante dos estudos que então se promoveram, não sei se diria ho

zo da coletividade e se converte em

brio material das coletividades.

O co

Por fim, na conjuntura demográfica e social, constatamos a proletarização e o

chômage, a desnatalidade e as migra ções, as guerras e a estiagem espiritual.

êle para o erário maiores contribui

tas vezes generoso, reverte em prejuí

je, com a mesma segurança, que se não fazem necessárias modificações

mal para o próprio fisco, por isso que

de fundo, tantas foram as transfor mações, que dali para cá se verifi

uma fonte de receita, de outra manei

tem como conseqüência o estancar

caram, em as nossas condições económico-financ'eiras. Continuaria a es

ra não tanto produtiva, porém dura doura, quando não permanente. Mas êsse — o de matar a galinha dos ovos

perar, entretanto, do sugerido aperfei

de ouro — não é o único mal do cha

çoamento das nossas leis fiscais, aque mento das diferentes fontes de recei

mado gravame excessivo, pois que êle, além dêsscs efeitos por assim dizer diretos, ainda repercute na ordem pri

ta, resultado

vada, provocando o aníquilamento de

le mesino resultado de melhor rendi

esse, porém, ao qual

acrescentaria um outro, que seria o de

uns em beneficio de outros, e isso

menos imperfeita realização de jus

constitui, essencialmente, injustiça.

tiça.

E que em tais assuntos, sem embar go do seu caráter eminentemente uti

Mas o setor da legislação tributá

ria, onde se fazem mais freqüentes as violações do apontado ideal, é o se

litário, devem também levar-se em

tor das isenções. E a razão é fácil de

linha de conta considerações ou cri térios dç ordçm moral, E a uma rea

apontar-se. Ê que as exigências tri

butárias, de qualquer natureza que se....j.

■:


I

DiCKsro Econômico

112

Dicesto EcoN6^^co 113

jaiTi, tém condicionada sempre a sua própria legitimidade ao pressuposto da igualdade. O imposto deve ser, an tes de tudo, e em princípio, igual e o mesmo para todos. Não o mesmo, e

igual, no sentido de contribuições que se expressem pelas mesmas cifras,

da medida, entre êles o maior ei:car-

go que passa a incidir sobre oi de

compreenderá que, se somente os as

mais.

Tempo houvesse para uma análise minuciosa, e eu daqui aiionfiria, re ceoso

lio necessite para a realização de um ideal de outra maneira inatingivel. E

de

contrariar

interjsscs, po

sociados dos Institutos vêm receben

do ajuda, tal sc tem verificado pela razão, toda acidental, de nêles sc te

rem criado carteiras imobiliárias, fa

mostra, documentando a asserção com os fatos, o que têm sido, històricaniente, as chamadas imunldades fis

cais : mero reflexo do alternativo pre domínio de umas classes sòbre as ou tras, no verdadeiro carrocei dos acon

iguais motivos de tributação e que se proporcionem, tanto quanto possível,

rém seguro de proclamar verdades, to do um sem-número de isenções só na aparência se justificam e que, no entanto, pleiteadas com ardor pe

às possibilidades econômico-financei ras dos diversos contribuintes. E por

los interessados, a ésscs se viram li beralizadas por evidente èrro de visão

riam, em tòrno de uma outra rega lia, outorgada a uma classe que de

mesmo quando recorda os privilégios do antigo regime, que o Parlamento

isso, exigir-se mais de algum contri

administrativa.

buinte do que aquilo que de outro se

tanto, bastará. Reflita o leitor, por al

todos merece as maiores simpatias. Refiro-me às isenções do imposto de

biam sempre defender com superabundància de argumentos. E quando

mas de encargos que pressuponham

Um exemplo, no en

vorecidas logo com isenções pelo le gislador que lhes deu existência. Considerações semelhantes cabe

tecimentos. E também JÉZE, que não é apenas historiador, mas financista

clássico, chega a dizer-nos quase o de Paris e as Cortes soberanas sa

reclame, quando se encontrem ambos

guns momentos, sòbre os favores fis

na mesma situação de fato, pressupo-

transmissão e do imposto predial con

cais que se vão concedendo, entre nós,

cedidas pela Constituição Federal aos

aos adquirentes de casa própria em

jornalistas profissionais, que outro imóvel não possuam. Consideradas em

veriam substituídas por auxílios, prê poderes públicos às atividades ou às

sitiva do tributo, é violar a lei da igualdade, injustiçando o mais onera do. Ora, isso mesmo que se diz da exigibilidade dos tributos

prestáções, filiados aos Institutos de

em g^eral, diz-se, também,

entendendo que é dever

si mesmas, as isenções em questão muito se assemelham às dispensadas

e com procedência não menor, da dispensa deles

do

aos inscritos nos Institutos de Previ

em favor de uns, que tam bém se não faça em rela ção aos que se encontrem

Previdência. À primeira vista, em se Estado

favorecer

a

dência. Afiguram-se, como estas, jus

economia popular, sobre tudo sob esse aspecto da aquisição da casa própria,

tas.

aquêles

tretanto — e êsse legislador foi o pró

mesmos

favores

O legislador que as concedeu, en

nada têm de iníquos. Se o leitor, porém, se detiver

prio constituinte, em disposição tran.sitória da Carta Alagna — deixou de

um pouco mais no exame

ter presente, no momento mesmo de

ciado, acrescerá ò gravame dos esque

do assunto, desviando agora a sua atenção dos associados

cidos, e'ainda — convém aqui ealien-

dispor sobre o assunto, o princípio da geral igualdade perante a lei, princí

dos Institutos para concentrá-la na

tar-se — o da massa geral dos con

multidão de outros contribuintes, que

pio êsse que, a serem concedidos favo res aos jornalistas profissionais, esta

em

situação semelhante,

pois então, ao favor pes soal recebido pelo benefi

tribuintes. Em nenhum terreno, em suma, é

de iguais favores se não têm benefi

va a reclamar que vantagens seme lhantes se outorgassem a outras cate

chamado a atuar com maior vigor o

ciado e que vêm, por sua vez, adqui rindo com sacrifícios sua casa pró

princípio da igualdade, quanto no do

pria, valendo-se de outros financia

também, possuidores de

mínio das isenções. E em nenhum se

mentos', ou o fazendo sem qualquer

prédio, que de residência própria lhes

tor, na prática, esse princípio é me

ajuda de instituições oficiais, bem di

servisse.

nos respeitado do que nesse mesmo

versa será por certo a sua impressão.

domínio dos privilégios fiscais. Tudo

Parecer-lbe-á, com efeito, que pode e deve merecer o auxílio do Estado, não

serve, na verdade, de pretexto à in vocação de benefícios, que o legisla dor liberaliza a mancheias, atento uni

prestamista desta ou daquelà organi

camente o contribuinte ou a atividade

zação de previdência, mas em geral, e

beneficiada, esquecidos os efeitos in

objetivamente, o candidato à aquisi ção da casa própria que dêsse auxí-

diretos ou as possíveis repercussões

apenas, e como tal, o associado ou

gorias de trabalhadores, desde que, um

único

Não é de hoje, aliás, que em maté

ria de isenções fiscais o simples jôgo das circunstâncias, e principalmente as alternativas dos sucessos políticos, vêm conseguindo fazer das suas. Num livro recente de História do Direito ( Les Étapes du Droit, des origines à nos jours, Paris, 1946), DECUGIS nos

preconiza, concluindo, a completa su pressão das isenções fiscais, que se

mios ou subvenções, concedidos pelos pessoas que de proteção especial se mostrassem merecedoras ("Traité de

Scicnce des Finances", Paris, 1909, p. 655).

Sem ir tão longe, o que desejo assi

nalar é a necessidade de' disciplina do assunto, objetivo êsse que poderá ser

alcançado a um único preço, e dos menos elevados, qual o de se lembra

rem os legisladores dos grandes prin

cípios que dominam a matéria, prin cípios êsses que são poucos e de mui fácil recordação. Em primeiro lugar, o de que não há nem pode haver isenção, sem lei que a conceda. Princípio, êsse, que em

última análise se confunde' com o de não haver imposto sem lei. Do mes mo modo que, sem lei, nenhum tribu to poderá ser exigido ou aumentado

(artigo 141 § 34 da Constituição Fe deral), assim também, sem lei, tribu

to algum poderá ser dispensado. Aqui lo exige isto.

Em segundo lugar, o de deverem as próprias leis, que concedam isen

ções fiscais, inspirar-se semprç em


I

DiCKsro Econômico

112

Dicesto EcoN6^^co 113

jaiTi, tém condicionada sempre a sua própria legitimidade ao pressuposto da igualdade. O imposto deve ser, an tes de tudo, e em princípio, igual e o mesmo para todos. Não o mesmo, e

igual, no sentido de contribuições que se expressem pelas mesmas cifras,

da medida, entre êles o maior ei:car-

go que passa a incidir sobre oi de

compreenderá que, se somente os as

mais.

Tempo houvesse para uma análise minuciosa, e eu daqui aiionfiria, re ceoso

lio necessite para a realização de um ideal de outra maneira inatingivel. E

de

contrariar

interjsscs, po

sociados dos Institutos vêm receben

do ajuda, tal sc tem verificado pela razão, toda acidental, de nêles sc te

rem criado carteiras imobiliárias, fa

mostra, documentando a asserção com os fatos, o que têm sido, històricaniente, as chamadas imunldades fis

cais : mero reflexo do alternativo pre domínio de umas classes sòbre as ou tras, no verdadeiro carrocei dos acon

iguais motivos de tributação e que se proporcionem, tanto quanto possível,

rém seguro de proclamar verdades, to do um sem-número de isenções só na aparência se justificam e que, no entanto, pleiteadas com ardor pe

às possibilidades econômico-financei ras dos diversos contribuintes. E por

los interessados, a ésscs se viram li beralizadas por evidente èrro de visão

riam, em tòrno de uma outra rega lia, outorgada a uma classe que de

mesmo quando recorda os privilégios do antigo regime, que o Parlamento

isso, exigir-se mais de algum contri

administrativa.

buinte do que aquilo que de outro se

tanto, bastará. Reflita o leitor, por al

todos merece as maiores simpatias. Refiro-me às isenções do imposto de

biam sempre defender com superabundància de argumentos. E quando

mas de encargos que pressuponham

Um exemplo, no en

vorecidas logo com isenções pelo le gislador que lhes deu existência. Considerações semelhantes cabe

tecimentos. E também JÉZE, que não é apenas historiador, mas financista

clássico, chega a dizer-nos quase o de Paris e as Cortes soberanas sa

reclame, quando se encontrem ambos

guns momentos, sòbre os favores fis

na mesma situação de fato, pressupo-

transmissão e do imposto predial con

cais que se vão concedendo, entre nós,

cedidas pela Constituição Federal aos

aos adquirentes de casa própria em

jornalistas profissionais, que outro imóvel não possuam. Consideradas em

veriam substituídas por auxílios, prê poderes públicos às atividades ou às

sitiva do tributo, é violar a lei da igualdade, injustiçando o mais onera do. Ora, isso mesmo que se diz da exigibilidade dos tributos

prestáções, filiados aos Institutos de

em g^eral, diz-se, também,

entendendo que é dever

si mesmas, as isenções em questão muito se assemelham às dispensadas

e com procedência não menor, da dispensa deles

do

aos inscritos nos Institutos de Previ

em favor de uns, que tam bém se não faça em rela ção aos que se encontrem

Previdência. À primeira vista, em se Estado

favorecer

a

dência. Afiguram-se, como estas, jus

economia popular, sobre tudo sob esse aspecto da aquisição da casa própria,

tas.

aquêles

tretanto — e êsse legislador foi o pró

mesmos

favores

O legislador que as concedeu, en

nada têm de iníquos. Se o leitor, porém, se detiver

prio constituinte, em disposição tran.sitória da Carta Alagna — deixou de

um pouco mais no exame

ter presente, no momento mesmo de

ciado, acrescerá ò gravame dos esque

do assunto, desviando agora a sua atenção dos associados

cidos, e'ainda — convém aqui ealien-

dispor sobre o assunto, o princípio da geral igualdade perante a lei, princí

dos Institutos para concentrá-la na

tar-se — o da massa geral dos con

multidão de outros contribuintes, que

pio êsse que, a serem concedidos favo res aos jornalistas profissionais, esta

em

situação semelhante,

pois então, ao favor pes soal recebido pelo benefi

tribuintes. Em nenhum terreno, em suma, é

de iguais favores se não têm benefi

va a reclamar que vantagens seme lhantes se outorgassem a outras cate

chamado a atuar com maior vigor o

ciado e que vêm, por sua vez, adqui rindo com sacrifícios sua casa pró

princípio da igualdade, quanto no do

pria, valendo-se de outros financia

também, possuidores de

mínio das isenções. E em nenhum se

mentos', ou o fazendo sem qualquer

prédio, que de residência própria lhes

tor, na prática, esse princípio é me

ajuda de instituições oficiais, bem di

servisse.

nos respeitado do que nesse mesmo

versa será por certo a sua impressão.

domínio dos privilégios fiscais. Tudo

Parecer-lbe-á, com efeito, que pode e deve merecer o auxílio do Estado, não

serve, na verdade, de pretexto à in vocação de benefícios, que o legisla dor liberaliza a mancheias, atento uni

prestamista desta ou daquelà organi

camente o contribuinte ou a atividade

zação de previdência, mas em geral, e

beneficiada, esquecidos os efeitos in

objetivamente, o candidato à aquisi ção da casa própria que dêsse auxí-

diretos ou as possíveis repercussões

apenas, e como tal, o associado ou

gorias de trabalhadores, desde que, um

único

Não é de hoje, aliás, que em maté

ria de isenções fiscais o simples jôgo das circunstâncias, e principalmente as alternativas dos sucessos políticos, vêm conseguindo fazer das suas. Num livro recente de História do Direito ( Les Étapes du Droit, des origines à nos jours, Paris, 1946), DECUGIS nos

preconiza, concluindo, a completa su pressão das isenções fiscais, que se

mios ou subvenções, concedidos pelos pessoas que de proteção especial se mostrassem merecedoras ("Traité de

Scicnce des Finances", Paris, 1909, p. 655).

Sem ir tão longe, o que desejo assi

nalar é a necessidade de' disciplina do assunto, objetivo êsse que poderá ser

alcançado a um único preço, e dos menos elevados, qual o de se lembra

rem os legisladores dos grandes prin

cípios que dominam a matéria, prin cípios êsses que são poucos e de mui fácil recordação. Em primeiro lugar, o de que não há nem pode haver isenção, sem lei que a conceda. Princípio, êsse, que em

última análise se confunde' com o de não haver imposto sem lei. Do mes mo modo que, sem lei, nenhum tribu to poderá ser exigido ou aumentado

(artigo 141 § 34 da Constituição Fe deral), assim também, sem lei, tribu

to algum poderá ser dispensado. Aqui lo exige isto.

Em segundo lugar, o de deverem as próprias leis, que concedam isen

ções fiscais, inspirar-se semprç em


■"^5

Dicestc) Econômico 114

motivos de interèsse público, no con-

Íeri-Ias. De olhos postos nesse prin

cípio, legislador algum dispensaria _^de tributos por motivos ou considerações de ordem particular ou pessoal, como

que apresenta, no entanto, graves in convenientes, entre eles o dc possi

velmente outorgar favores sem lei que o.s autorize, o de oferecer etisanchas ao favoritismo, ainda — the last but not the least — o de nunca saberem

legislador algum, desde que tivesse sempre presente o postulado da igual

os poderes contratantes, variáveis que

dade, favoreceria a determinadas clas ses, ou atividades, cm detrimento de outras ou da própria coletividade.

exercício, a quanto montariam o.s tri

Essa segunda regra, aliás, conviria

"Filosofia e política do Padre Feijo" o pc»«„d„r c o poli.ico . ncee«ária Miguel Reale (Professor da Faculdade de Direito de São Paulo)

são os impostos de um para outro butos dispensados. Dc se lembrar, a esta altura, a lição dc MINOT (Le.s

-- Convidado para falar no "Centro de Dcbate.s Econômicos Çasper Libero" quü ó hoje um dos elenícntos dinamiza^ chores da cultura paulista, acolhi a lem brança de meu caro amigo CarnYcIo

que viesse expressa no texto consti

príncipes du Droit Fiscal, pg- 168),

tucional, domo expressa devera vir a

quando escreve; "as regrae que de

primeira, sejam ambas, embora, o

terminam a exigibilidade do-S tributos interessam à ordem pública e não po dem ser elididas, ou modificadas pe las convenções dos particulares, não

Diogo Antônio Feijó, no plano político

complemento natural do texto, ou ne

le, e de certo modo, já se achem com

preendidas.

D Agoshno, no sentido de dizer alguma

cousa sôbre o pensamento • do Padre

Em terceiro e último lugar, o de deverem as isenções de caráter per

assistindo aos representantes do Te

0 econômico.

souro senão um poder, que é o de apli

manente, ou continuado, ficar na de

car as leis existentes, assegurando o

pendência de renovação periódica, su gestão feita, também, pela represen

recebimento dos impostos devidos".

tação paulista à Primeira Conferên

pectos dos mais interessantes, como interessantes são as conclusões a que

Essa sugestão prende-se; por certo a pubhcaçao recente de um meu pequeno estudo sôbre as convicções filosóficas do grande Regente do Império, a propó sito da doutrina de Kant no Brasil (1).

cia Nacional de Legislação Tributária

e que encontra justificativa na neces sidade de se verificar, exercício por exerdício, se subsistem as condições objetivas que motivaram a concessão

A matéria, como se vê, oferece as

nccessàriamente chega quem quer a

examine do ponto de 'vista do interès

se público, que parece reclamar, à primeira vista, mui^ cousa, mas que

Falando em um auditório destinado ao exame de questões econômicas, desejo

mostrar como as idéias filosóficas do 1 adre Feijó harmonizavam-se admirávelmente com os seus pontos de vista sô

do favor.

afinal exige, em última analise, um

bre os problemas essenciais do Estado e

Lembrou-se ainda que, nos contra tos celebrados com terceiras pessoas, as entidades tributantes jamais conce dessem isenções de seus próprios tri

só e único cuidado, que é o do respei to ao princípio da igualdade, funda

da Economia.

mental e básico em matéria tributá

pecial quanto à apreciação dêsse vulto

butos, prática essa de todos os dias.

problemas político-sociais.

ria, qomo de resto o é em quaisquer

Coloco-me, pois, em uma posição es

impressionante da época de nossa In dependência, considerando-o um homem

OU a rigidez implacável de suas atitudes.

Nao concordo, em suma, com a apre

sentação tradicional da figura do Padre Feijó como um-puro "homem de ação", de temperamento inflexível, de indomá

vel bravura cmca e alcandorado patrio

tismo, mas desprov ido dessa luz interior,

mais intensa e profunda, que só e.xiste quando os atos de governo traduzem um embasamento doutrinário plenamen te assentado. Julgo, portanto, que é ne cessária uma revisão, uma mudança de atitude no exame dessa alta personagem da liistória pátria.

Parece-me falha e infiel a idéia que

se tem geralmente de Feijó, não nos per

mitindo compreender certos momentos

críticos de sua agitada existência, deter minadas situações que têm sido apon

tadas como aberrantemente contraditó-

nas.

Apreciado o antigo Ministro do Impé rio à luz das idéias filosófico-políticas que condicionavam as suas decisões e

do pensamento e um homem de ação. e

os seus gestos, a sua conduta adquire, porém, um novo sentido, de maneira

comportamento refletia convicções ideo

tradições, estas logram, ao menos, uma

Estamos diante dc um pensador e de um político, e não perante um chefe

patia humana.

o que mais importa, um estadista cujo lógicas sinceramente amadurecidas.

político, notável apenas por sua aprecia

ção segura e pragmática da vida social

U) Cf. Miguel Reale — "A doutrina da

Kant no Brasil" _ 1949. O premente tra! g?áf£al segundo notas taqul-

que, se não resultam excluídas as con

compreensão com base na mais alta sim Feijó, Rousseau. e Kant

Foi o Padre Feijó contemporâneo de

altos espíritos nacionais, cuja cultura ainda hoje nos surpreende. Àquêles que possam julgar repentino e imprevisto o tato de nossa emancipação política, em


■"^5

Dicestc) Econômico 114

motivos de interèsse público, no con-

Íeri-Ias. De olhos postos nesse prin

cípio, legislador algum dispensaria _^de tributos por motivos ou considerações de ordem particular ou pessoal, como

que apresenta, no entanto, graves in convenientes, entre eles o dc possi

velmente outorgar favores sem lei que o.s autorize, o de oferecer etisanchas ao favoritismo, ainda — the last but not the least — o de nunca saberem

legislador algum, desde que tivesse sempre presente o postulado da igual

os poderes contratantes, variáveis que

dade, favoreceria a determinadas clas ses, ou atividades, cm detrimento de outras ou da própria coletividade.

exercício, a quanto montariam o.s tri

Essa segunda regra, aliás, conviria

"Filosofia e política do Padre Feijo" o pc»«„d„r c o poli.ico . ncee«ária Miguel Reale (Professor da Faculdade de Direito de São Paulo)

são os impostos de um para outro butos dispensados. Dc se lembrar, a esta altura, a lição dc MINOT (Le.s

-- Convidado para falar no "Centro de Dcbate.s Econômicos Çasper Libero" quü ó hoje um dos elenícntos dinamiza^ chores da cultura paulista, acolhi a lem brança de meu caro amigo CarnYcIo

que viesse expressa no texto consti

príncipes du Droit Fiscal, pg- 168),

tucional, domo expressa devera vir a

quando escreve; "as regrae que de

primeira, sejam ambas, embora, o

terminam a exigibilidade do-S tributos interessam à ordem pública e não po dem ser elididas, ou modificadas pe las convenções dos particulares, não

Diogo Antônio Feijó, no plano político

complemento natural do texto, ou ne

le, e de certo modo, já se achem com

preendidas.

D Agoshno, no sentido de dizer alguma

cousa sôbre o pensamento • do Padre

Em terceiro e último lugar, o de deverem as isenções de caráter per

assistindo aos representantes do Te

0 econômico.

souro senão um poder, que é o de apli

manente, ou continuado, ficar na de

car as leis existentes, assegurando o

pendência de renovação periódica, su gestão feita, também, pela represen

recebimento dos impostos devidos".

tação paulista à Primeira Conferên

pectos dos mais interessantes, como interessantes são as conclusões a que

Essa sugestão prende-se; por certo a pubhcaçao recente de um meu pequeno estudo sôbre as convicções filosóficas do grande Regente do Império, a propó sito da doutrina de Kant no Brasil (1).

cia Nacional de Legislação Tributária

e que encontra justificativa na neces sidade de se verificar, exercício por exerdício, se subsistem as condições objetivas que motivaram a concessão

A matéria, como se vê, oferece as

nccessàriamente chega quem quer a

examine do ponto de 'vista do interès

se público, que parece reclamar, à primeira vista, mui^ cousa, mas que

Falando em um auditório destinado ao exame de questões econômicas, desejo

mostrar como as idéias filosóficas do 1 adre Feijó harmonizavam-se admirávelmente com os seus pontos de vista sô

do favor.

afinal exige, em última analise, um

bre os problemas essenciais do Estado e

Lembrou-se ainda que, nos contra tos celebrados com terceiras pessoas, as entidades tributantes jamais conce dessem isenções de seus próprios tri

só e único cuidado, que é o do respei to ao princípio da igualdade, funda

da Economia.

mental e básico em matéria tributá

pecial quanto à apreciação dêsse vulto

butos, prática essa de todos os dias.

problemas político-sociais.

ria, qomo de resto o é em quaisquer

Coloco-me, pois, em uma posição es

impressionante da época de nossa In dependência, considerando-o um homem

OU a rigidez implacável de suas atitudes.

Nao concordo, em suma, com a apre

sentação tradicional da figura do Padre Feijó como um-puro "homem de ação", de temperamento inflexível, de indomá

vel bravura cmca e alcandorado patrio

tismo, mas desprov ido dessa luz interior,

mais intensa e profunda, que só e.xiste quando os atos de governo traduzem um embasamento doutrinário plenamen te assentado. Julgo, portanto, que é ne cessária uma revisão, uma mudança de atitude no exame dessa alta personagem da liistória pátria.

Parece-me falha e infiel a idéia que

se tem geralmente de Feijó, não nos per

mitindo compreender certos momentos

críticos de sua agitada existência, deter minadas situações que têm sido apon

tadas como aberrantemente contraditó-

nas.

Apreciado o antigo Ministro do Impé rio à luz das idéias filosófico-políticas que condicionavam as suas decisões e

do pensamento e um homem de ação. e

os seus gestos, a sua conduta adquire, porém, um novo sentido, de maneira

comportamento refletia convicções ideo

tradições, estas logram, ao menos, uma

Estamos diante dc um pensador e de um político, e não perante um chefe

patia humana.

o que mais importa, um estadista cujo lógicas sinceramente amadurecidas.

político, notável apenas por sua aprecia

ção segura e pragmática da vida social

U) Cf. Miguel Reale — "A doutrina da

Kant no Brasil" _ 1949. O premente tra! g?áf£al segundo notas taqul-

que, se não resultam excluídas as con

compreensão com base na mais alta sim Feijó, Rousseau. e Kant

Foi o Padre Feijó contemporâneo de

altos espíritos nacionais, cuja cultura ainda hoje nos surpreende. Àquêles que possam julgar repentino e imprevisto o tato de nossa emancipação política, em


L)icesto Econômico

Digesto Econômico

116

1822, bastaria lembrar vultos da esta tura de um José Bonifácio, de «nr M«r. fim Francicco, de um Visconde de Caini ou de um Evaristo da Veiga, para que

se imponba o reconhecimento de nossa maturidade política em face da Metró pole.

Mas o que mais se destaca, no caso

especial de Eeijo, e a circunstancia de^ ser êle o portador de uma cultura tôda formada em terra brasileira, na provin

ciana e acanhada cidade de São Paulo,

que então contava apenas 9.000 habitan tes, morando antes em Campinas e de

pois em Itu, de onde ia sair deputado

que o futuro Regente do Império, nu época em que foi eleito deputado paru representar o Brasil em Lisboa, já tinha

das fontes de informações de que se serviu nosso grande patrício, limito-me

O nosso padre, não obstante as defi

gência.

Do pensador genebrino recebeu êle a idéia de um "pacto social", como fun

e procurou conciliá-las com o espiritua

uma das passagens verticais de nossa

lismo católico, recorrendo a uma curio

consciência cívica — que o Padre Feijó, ■ já plenamente compenetrado dos emba

As atitudes do político Essas convicções doutrinárias o Padre

Às idéias do contratualis mo rousseauniano manteve-

se êle fiel, com um apêgo

demasiadamente rígido, que lhe iria tol

desprovido de livros e bibliotecas, es

dar, mais de uma vez, a visão de nos.sos

gativas do Executivo, renunciou à Re

Não é demais lembrar — por ser esta

tes que iria enfrentar, redigiu o seu testamento antes de assumir as funções

do Regente do Império. Êsse gesto dá bem a medida do ho mem. Na iminência de enfeixar em suas

pacto social"...

atividades. Lecionando em um meio

blicação de meus ensaios sôbre a dou trina de Kant no Brasil, pode-se verificar

conhecimento e das realidades últimas.

que fôra rompido o "antigo

pital, já demonstrara suas, propensões intelectuais pelo magistério, a que se dedicou com aquela paixão que sabia emprestar a todas as suas

a merecida e devida atençao ate a pu

fonte primordial inspiradora de todo o

leira, desde o momento em

.. lares no Seminário desta Ca

Padre Feijó na cidade de Itu. _ For esses trabalhos, a que se nao deu

sa concepção de "consciência" como

portuguôsas, a independên cia de cada província brasi

O Padre Feijó, ordenado

compêndios pertencentes a seu fvô. João Tibiriçá de Piratininga, discípulo do

des sintéticas a priori".

damento da sociedade e do

sacerdote após cursos regu-

aue Ure confiou para pubhcaçao dois

discutidos "juizes sintéticos a priori",

lamentarismo, não seria êle que ia entrar cm acordos para governar "com a maio ria do Congresso"... Quando viu que lhe era impossível preservar as prerro

O corto é que êle aceitou determina das posições da Filosofia transcendental

Estado, a tal ponto que che

1912 graças à gentileza do antigo pre-

cisiva da "descoberta kuntiana" dos tão

princípios: se o pacto social da Nação não consagrava, expressamente, o par

aos quais se refere como sendo "verda

gou a proclamar, nas Côrtes

sidente do Estado, dr. Jorge TJbija

a dizer que êle foi o primeiro, cm no.ssa terra, a compreender a importância de

parlamentares, mas não cedeu em seus

lado, o contratualismo de Rousseati, e, dfe outro, a filosofia crítica de Kant, em bora com limitações fàcilmente com preensíveis.

de idade.

trabalhos, enquanto que os outros dois foram publicados por Eugênio Egas, em

cia dos governos de gabinete. Arrostou uma luta ingrata contra os

filosófica.

boa em 1821, com 37 anos

dio de Retórica, um de Lógica e outro de Filosofia Moral e Metafísica. Não tenho notícias do primeiro desses

llie os seus Ministros, consoante exigên

idéias assentadas em matéria política e

eleito para as Côrtes de Lis

crevia êle mesmo os cornpêndios desti nados a seus alunos. Foi assim que, entre 1818 e 1821, compôs um compên

digidas provàvclmente entre 1818 c 1821.

Sem procurar desvendar o problema

ciências do meio, já se mostra plena mente integrado nas idéias mais avan çadas de seu tempo, aceitando, de um

.117

Feijó as revela e confirma nos momen

mãos a suprema autoridade do Império, êle quis resolver todos os seus proble

tos culminantes de sua vida. Contratualista, de um contratualismo

mas pessoais, até aquêle que represen-

^

taria a sua derradeira vontade, como

V

particular. Fazer o seu testamento era deixar definitivamente para trás os seus problemas de homem privado, para po der afrontar, corajosa e altivamente, os seus problemas de homem público. Não creio haja outra atitude de igual des

^

^em reservas, foi êle como deputado nas Côrtes de Lisboa, quando viu fraudadas as esperanças de firmar-se um "pacto

problemas, especialmente quando teve

social" entre o Brasil e Portugal, ixira a formação de um grande' Império.

que terçar armas com homens positivos e pragmáticos do cstôfo de José Boni fácio ouMe Bernardo Pereira de Vascon

Contratualista continuou sendo, de maneira pouco sensível às mutações po

celos.

Se as idéias de Rousseau haviam sido

difundidas pelo orbe ao sôpro das con quistas revolucionárias de 1889, o mes mo não se poderá dizer quanto à dou trina de Kant, que ainda em 1820 era ensinada, como novidade, em Paris, pelo mestre do espiritualismo eclético, Victor

ra política.

Ministro da Justiça e de Regente do Im pério; revelou-se, então, de uma energia indomável, para que, acima de tudo e

êlo deixava de pertencer-se a si mesmo,

de todos, prevalecessem os ditames da

ordem, consubstanciada na Constituição do Império, o "pacto social" da nova Nação.

Foi a sua cerrada ideologia contratua

Cousin.

lista responsável, em grande parte, pela agitação parlamentar que cercou sua

Por isso, não deixa de causar estra

nheza encontrar algumas idéias de Kant

atuação como Regente. Baseado na le

lúcidamente assimiladas nos compêndios

tra da Constituição, jamais quis reco nhecer ao Congresso o direito de impor-

do Padre Feijó, em notas de aula re-

1

prendimento na história de nossa cultu

líticas, quando investido dos cargos de

Fazendo seu testamento,

para passar a pertencer à Nação bra sileira.

Mas voltemos ao nosso tema, aprecian do, agora, não mais o Regente Feijó, defensor intemerato da ordem e da le

galidade, mas o Senador Feijó, paralítico, cercado pelas fôrças de Caxias na cida

de de Sorocaba, à testa de uma revolu ção sem esperanças.

É êste o episódio agônico do grande estadista e a página em que se costuma esculpir a palavra "contradição". Esta-


L)icesto Econômico

Digesto Econômico

116

1822, bastaria lembrar vultos da esta tura de um José Bonifácio, de «nr M«r. fim Francicco, de um Visconde de Caini ou de um Evaristo da Veiga, para que

se imponba o reconhecimento de nossa maturidade política em face da Metró pole.

Mas o que mais se destaca, no caso

especial de Eeijo, e a circunstancia de^ ser êle o portador de uma cultura tôda formada em terra brasileira, na provin

ciana e acanhada cidade de São Paulo,

que então contava apenas 9.000 habitan tes, morando antes em Campinas e de

pois em Itu, de onde ia sair deputado

que o futuro Regente do Império, nu época em que foi eleito deputado paru representar o Brasil em Lisboa, já tinha

das fontes de informações de que se serviu nosso grande patrício, limito-me

O nosso padre, não obstante as defi

gência.

Do pensador genebrino recebeu êle a idéia de um "pacto social", como fun

e procurou conciliá-las com o espiritua

uma das passagens verticais de nossa

lismo católico, recorrendo a uma curio

consciência cívica — que o Padre Feijó, ■ já plenamente compenetrado dos emba

As atitudes do político Essas convicções doutrinárias o Padre

Às idéias do contratualis mo rousseauniano manteve-

se êle fiel, com um apêgo

demasiadamente rígido, que lhe iria tol

desprovido de livros e bibliotecas, es

dar, mais de uma vez, a visão de nos.sos

gativas do Executivo, renunciou à Re

Não é demais lembrar — por ser esta

tes que iria enfrentar, redigiu o seu testamento antes de assumir as funções

do Regente do Império. Êsse gesto dá bem a medida do ho mem. Na iminência de enfeixar em suas

pacto social"...

atividades. Lecionando em um meio

blicação de meus ensaios sôbre a dou trina de Kant no Brasil, pode-se verificar

conhecimento e das realidades últimas.

que fôra rompido o "antigo

pital, já demonstrara suas, propensões intelectuais pelo magistério, a que se dedicou com aquela paixão que sabia emprestar a todas as suas

a merecida e devida atençao ate a pu

fonte primordial inspiradora de todo o

leira, desde o momento em

.. lares no Seminário desta Ca

Padre Feijó na cidade de Itu. _ For esses trabalhos, a que se nao deu

sa concepção de "consciência" como

portuguôsas, a independên cia de cada província brasi

O Padre Feijó, ordenado

compêndios pertencentes a seu fvô. João Tibiriçá de Piratininga, discípulo do

des sintéticas a priori".

damento da sociedade e do

sacerdote após cursos regu-

aue Ure confiou para pubhcaçao dois

discutidos "juizes sintéticos a priori",

lamentarismo, não seria êle que ia entrar cm acordos para governar "com a maio ria do Congresso"... Quando viu que lhe era impossível preservar as prerro

O corto é que êle aceitou determina das posições da Filosofia transcendental

Estado, a tal ponto que che

1912 graças à gentileza do antigo pre-

cisiva da "descoberta kuntiana" dos tão

princípios: se o pacto social da Nação não consagrava, expressamente, o par

aos quais se refere como sendo "verda

gou a proclamar, nas Côrtes

sidente do Estado, dr. Jorge TJbija

a dizer que êle foi o primeiro, cm no.ssa terra, a compreender a importância de

parlamentares, mas não cedeu em seus

lado, o contratualismo de Rousseati, e, dfe outro, a filosofia crítica de Kant, em bora com limitações fàcilmente com preensíveis.

de idade.

trabalhos, enquanto que os outros dois foram publicados por Eugênio Egas, em

cia dos governos de gabinete. Arrostou uma luta ingrata contra os

filosófica.

boa em 1821, com 37 anos

dio de Retórica, um de Lógica e outro de Filosofia Moral e Metafísica. Não tenho notícias do primeiro desses

llie os seus Ministros, consoante exigên

idéias assentadas em matéria política e

eleito para as Côrtes de Lis

crevia êle mesmo os cornpêndios desti nados a seus alunos. Foi assim que, entre 1818 e 1821, compôs um compên

digidas provàvclmente entre 1818 c 1821.

Sem procurar desvendar o problema

ciências do meio, já se mostra plena mente integrado nas idéias mais avan çadas de seu tempo, aceitando, de um

.117

Feijó as revela e confirma nos momen

mãos a suprema autoridade do Império, êle quis resolver todos os seus proble

tos culminantes de sua vida. Contratualista, de um contratualismo

mas pessoais, até aquêle que represen-

^

taria a sua derradeira vontade, como

V

particular. Fazer o seu testamento era deixar definitivamente para trás os seus problemas de homem privado, para po der afrontar, corajosa e altivamente, os seus problemas de homem público. Não creio haja outra atitude de igual des

^

^em reservas, foi êle como deputado nas Côrtes de Lisboa, quando viu fraudadas as esperanças de firmar-se um "pacto

problemas, especialmente quando teve

social" entre o Brasil e Portugal, ixira a formação de um grande' Império.

que terçar armas com homens positivos e pragmáticos do cstôfo de José Boni fácio ouMe Bernardo Pereira de Vascon

Contratualista continuou sendo, de maneira pouco sensível às mutações po

celos.

Se as idéias de Rousseau haviam sido

difundidas pelo orbe ao sôpro das con quistas revolucionárias de 1889, o mes mo não se poderá dizer quanto à dou trina de Kant, que ainda em 1820 era ensinada, como novidade, em Paris, pelo mestre do espiritualismo eclético, Victor

ra política.

Ministro da Justiça e de Regente do Im pério; revelou-se, então, de uma energia indomável, para que, acima de tudo e

êlo deixava de pertencer-se a si mesmo,

de todos, prevalecessem os ditames da

ordem, consubstanciada na Constituição do Império, o "pacto social" da nova Nação.

Foi a sua cerrada ideologia contratua

Cousin.

lista responsável, em grande parte, pela agitação parlamentar que cercou sua

Por isso, não deixa de causar estra

nheza encontrar algumas idéias de Kant

atuação como Regente. Baseado na le

lúcidamente assimiladas nos compêndios

tra da Constituição, jamais quis reco nhecer ao Congresso o direito de impor-

do Padre Feijó, em notas de aula re-

1

prendimento na história de nossa cultu

líticas, quando investido dos cargos de

Fazendo seu testamento,

para passar a pertencer à Nação bra sileira.

Mas voltemos ao nosso tema, aprecian do, agora, não mais o Regente Feijó, defensor intemerato da ordem e da le

galidade, mas o Senador Feijó, paralítico, cercado pelas fôrças de Caxias na cida

de de Sorocaba, à testa de uma revolu ção sem esperanças.

É êste o episódio agônico do grande estadista e a página em que se costuma esculpir a palavra "contradição". Esta-


Du;ivST< > Econóauco Digesto EcoNóxrico 118

mos, em verdade, ante o homem da lei

do projeto da Constituição du Córsega.

convertido em liomem da revolução: diante dêle parece brilhar, com um es

Pois bem, o nosso Padre Feijô, quando Regente, deixou assinalados os seus três

semprQ fiel à ordem constituída, a solu ção dos problemas à sombra da Consti

o apoio de projetos de leis o serviço-s -públicos, que, se tivessem sido segui

plendor invulgar, a espada de Caxijw, tuição e das leis.

Pois é aqui que ainda me,parece pos sível explicar a atitude do revolucioná rio à luz dos mesmos princípios que haviam inspirado o Regente. É que ele estava convencido de que os homens que se encontravam, então, à testa do Império, haviam violado o "pacto sociar^ de maneira que êles é que eram os revolucionários. Como (his os apon tava à Nação, quando se inscrevia ardo rosamente no movimento sedicioso de

Rafael Tobias de Aguiar. Certo ou errado, dominado pela pai xão ou cego de ressentimento, é inegável que há uma linha de coerência íntima governando as atitudes externamente

anos de administração pela iniciativa ou dos 8 realizados, teriam trazido incal culáveis benefícios a nos.so país. Era o Padre Feijô, como, aliás, acon tecia também com José Bonifácio, uin

liomem plenamente convicto dos males do trabalho servil e da necessidade de abolir-se a escravidão no Brasil.

Deu provas disso em seu testamento,

Pernambuco c outro para o Rio de lanciro; um engenheiro, perito prático "na

rável senso pratico de nossas realidades.

construção de pontes e calçadas, assim como um outro engenheiro especializado

harmoniza-sè com o sentido geral dc

em barcos a vapor, além de agricultores suíços, correndo por conta do Govémo a compra dos instrumentos de traba lho etc.

Ao lados dessas iniciativas, pcnsa\a Feijô na instituição de um Ranço, tendo incumbido o mesmo Marquês de Bar bacena de obter capitais para tal fim •ha Iriglaterra, com a cautela "de se

admitirem acionistas brasileiros para a metade do capital, fixando-se um prazo, findo o qual seria permitido vender as

no qual, além de estabelecer a liberta

ações"...

ção gradativa de seus escravos, declarou

Dentro do mesmo plano geral de aparclhamento econômico da nação recém-independcntc, o Padre Feijô cogi tava de dar, cm concessão, a exploração de três estradas de ferro,- uma ganhan

livres todos os descendentes destes, prin

cípio depois estendido pelo Visconde do Rio Branco a todo o território nacional,

com a Lei do Ventre Livre. Deu pro vas, ainda como Regente, abolindo o

tráfego negreiro.

Èle não era apenas um adversário da

119

Pois bem, essa ati\'idade do Regente

seus compêndios, merecendo destaque o que, nas notas de filosofia moral, elo escre\'eu sòbre o problema do valor,

que é um dos pontos capitais da Econo mia Política. "Valor, escrevera êle, é

a estima da coisa fundada na opinião pública." "Para formar-se esta opinião concorrem: 1.°) o físico da coisa, que a toma mais ou menos durável e aplicá\'el a mais ou menos usos e a usos dc

mais ou menos importância, 2.°) os

gastos de tempo, dinheiro e emprego de mais ou menos talentos para apropriálas aos nossos usos; 3.°) a raridade ou

abundância dela; 4.°) a concorrência

dos que usam, gastam e consomem a cousa." ("Compêndio de filosofia mo

do o Centro do país, via Ouro Preto

ral", ed. de Eugênio Egas — pg. 70). Eis aí, em pinceladas rápidas, alguns

uma outra para o.Sul até Porto Alegre

elementos marcantes de uma das mais

c uma terceira rumo ao Norte, via Sal

extraordinárias personalidades de nossa história, diante da qual não. nos cabe

discordantes dêsse homem, que não sou

escravidão, mas um entusiasta da orga

be ou não quis jamais ver as cousas

nização técnica do trabalho livre, plei teando três medidas complementares: a) a promoção de uma colonização me

viáno, com o mesmo espírito de organi

senão repetir as palavras que êle mes mo escreveu, no já citado compêndio de

zação que se traduzia na ação política

filosofia moral:

diante imigrantes europeus devidamente

do homem de Estado.

A -política econômica do Padre Feip

selecionados; b) a criação do escolas,

Enganam-se, porém, aquêles que vêem

inclusive escolas normais para ensino agrícola; e) a vinda de técnicos e espe

Também não lhe . passou desaperce bida a importância das companhias de navegação, tanto as internas como as de

cialistas.

cabotagem, o que demonstra um adnii.

" senão na sua granítica inteireza, sem to lerâncias ou concessões.

no P^re Feijô um ideólogo perdido em "cogitações metafísicas", tal como o re tratava o sarcasmo de José Bonifácio. O contiatualismo de Feijô era contra-

■ balançado por um admirável sentido de

problemas concretos, por um desejo de

Nesse sentido êle deu instruções muito claras ao Marquês de Barbacena, des

cendo até a minúcias, como, por exem plo, encarregando-o de promover "a vinda de colonos para todas as provín

soluções buscadas na experiência, talvez

cias, mediante contrato de trabalho de

por influxo do criticismo kantista. Aliás, o próprio Rousseau não era o sonhador que a semi-cultura apresenta, pois a

três anos, com condição de se lhes iJagar salário-- moderado, segundo os lugares em que se estabelecessem, e, findos os anos de contrato, dar-se-lhes terras para cultivar"; contratar dois engenheiros pe

sua doutrina do pacto-social tinha um sentido ficcionalista e pragmático, que

não lhe impedia a apreciação cautelosa

ritos em abrir fontes artesianas e que

dos fenômenos sociais, econômicos e

viessem socorridos de todos os utensí

geográficos, como o demonstrou no caso

lios necessários, destinando-se um para

vador, na Bahia. Era uma visão uni tária a expressar-se, no sistema ferro-

"Sacrificar-se por um só, por outro homem, é um sacrifício que atrai a admiração; mas sacrificar-se por mui tos é o destino do homem criado para conser\'ar a sua espécie."


Du;ivST< > Econóauco Digesto EcoNóxrico 118

mos, em verdade, ante o homem da lei

do projeto da Constituição du Córsega.

convertido em liomem da revolução: diante dêle parece brilhar, com um es

Pois bem, o nosso Padre Feijô, quando Regente, deixou assinalados os seus três

semprQ fiel à ordem constituída, a solu ção dos problemas à sombra da Consti

o apoio de projetos de leis o serviço-s -públicos, que, se tivessem sido segui

plendor invulgar, a espada de Caxijw, tuição e das leis.

Pois é aqui que ainda me,parece pos sível explicar a atitude do revolucioná rio à luz dos mesmos princípios que haviam inspirado o Regente. É que ele estava convencido de que os homens que se encontravam, então, à testa do Império, haviam violado o "pacto sociar^ de maneira que êles é que eram os revolucionários. Como (his os apon tava à Nação, quando se inscrevia ardo rosamente no movimento sedicioso de

Rafael Tobias de Aguiar. Certo ou errado, dominado pela pai xão ou cego de ressentimento, é inegável que há uma linha de coerência íntima governando as atitudes externamente

anos de administração pela iniciativa ou dos 8 realizados, teriam trazido incal culáveis benefícios a nos.so país. Era o Padre Feijô, como, aliás, acon tecia também com José Bonifácio, uin

liomem plenamente convicto dos males do trabalho servil e da necessidade de abolir-se a escravidão no Brasil.

Deu provas disso em seu testamento,

Pernambuco c outro para o Rio de lanciro; um engenheiro, perito prático "na

rável senso pratico de nossas realidades.

construção de pontes e calçadas, assim como um outro engenheiro especializado

harmoniza-sè com o sentido geral dc

em barcos a vapor, além de agricultores suíços, correndo por conta do Govémo a compra dos instrumentos de traba lho etc.

Ao lados dessas iniciativas, pcnsa\a Feijô na instituição de um Ranço, tendo incumbido o mesmo Marquês de Bar bacena de obter capitais para tal fim •ha Iriglaterra, com a cautela "de se

admitirem acionistas brasileiros para a metade do capital, fixando-se um prazo, findo o qual seria permitido vender as

no qual, além de estabelecer a liberta

ações"...

ção gradativa de seus escravos, declarou

Dentro do mesmo plano geral de aparclhamento econômico da nação recém-independcntc, o Padre Feijô cogi tava de dar, cm concessão, a exploração de três estradas de ferro,- uma ganhan

livres todos os descendentes destes, prin

cípio depois estendido pelo Visconde do Rio Branco a todo o território nacional,

com a Lei do Ventre Livre. Deu pro vas, ainda como Regente, abolindo o

tráfego negreiro.

Èle não era apenas um adversário da

119

Pois bem, essa ati\'idade do Regente

seus compêndios, merecendo destaque o que, nas notas de filosofia moral, elo escre\'eu sòbre o problema do valor,

que é um dos pontos capitais da Econo mia Política. "Valor, escrevera êle, é

a estima da coisa fundada na opinião pública." "Para formar-se esta opinião concorrem: 1.°) o físico da coisa, que a toma mais ou menos durável e aplicá\'el a mais ou menos usos e a usos dc

mais ou menos importância, 2.°) os

gastos de tempo, dinheiro e emprego de mais ou menos talentos para apropriálas aos nossos usos; 3.°) a raridade ou

abundância dela; 4.°) a concorrência

dos que usam, gastam e consomem a cousa." ("Compêndio de filosofia mo

do o Centro do país, via Ouro Preto

ral", ed. de Eugênio Egas — pg. 70). Eis aí, em pinceladas rápidas, alguns

uma outra para o.Sul até Porto Alegre

elementos marcantes de uma das mais

c uma terceira rumo ao Norte, via Sal

extraordinárias personalidades de nossa história, diante da qual não. nos cabe

discordantes dêsse homem, que não sou

escravidão, mas um entusiasta da orga

be ou não quis jamais ver as cousas

nização técnica do trabalho livre, plei teando três medidas complementares: a) a promoção de uma colonização me

viáno, com o mesmo espírito de organi

senão repetir as palavras que êle mes mo escreveu, no já citado compêndio de

zação que se traduzia na ação política

filosofia moral:

diante imigrantes europeus devidamente

do homem de Estado.

A -política econômica do Padre Feip

selecionados; b) a criação do escolas,

Enganam-se, porém, aquêles que vêem

inclusive escolas normais para ensino agrícola; e) a vinda de técnicos e espe

Também não lhe . passou desaperce bida a importância das companhias de navegação, tanto as internas como as de

cialistas.

cabotagem, o que demonstra um adnii.

" senão na sua granítica inteireza, sem to lerâncias ou concessões.

no P^re Feijô um ideólogo perdido em "cogitações metafísicas", tal como o re tratava o sarcasmo de José Bonifácio. O contiatualismo de Feijô era contra-

■ balançado por um admirável sentido de

problemas concretos, por um desejo de

Nesse sentido êle deu instruções muito claras ao Marquês de Barbacena, des

cendo até a minúcias, como, por exem plo, encarregando-o de promover "a vinda de colonos para todas as provín

soluções buscadas na experiência, talvez

cias, mediante contrato de trabalho de

por influxo do criticismo kantista. Aliás, o próprio Rousseau não era o sonhador que a semi-cultura apresenta, pois a

três anos, com condição de se lhes iJagar salário-- moderado, segundo os lugares em que se estabelecessem, e, findos os anos de contrato, dar-se-lhes terras para cultivar"; contratar dois engenheiros pe

sua doutrina do pacto-social tinha um sentido ficcionalista e pragmático, que

não lhe impedia a apreciação cautelosa

ritos em abrir fontes artesianas e que

dos fenômenos sociais, econômicos e

viessem socorridos de todos os utensí

geográficos, como o demonstrou no caso

lios necessários, destinando-se um para

vador, na Bahia. Era uma visão uni tária a expressar-se, no sistema ferro-

"Sacrificar-se por um só, por outro homem, é um sacrifício que atrai a admiração; mas sacrificar-se por mui tos é o destino do homem criado para conser\'ar a sua espécie."


Digesto

A IHTllÇÃO ECOUÓMICA DE EÇA DE OEEIROZ (I) DjAcm Menezes

(Prof. cat. da Faculdade Nacional de Filosofia)

[jÃo resta dúvida de que as melhores

N' observações de Eça sobre as ques

tões sociais de sua época estão na sua

obra jornalística, conforme já larga mente viram alguns críticos. No seu iti nerário de cônsul, em New Castle, de

des humanas permitiam-lhe penetrar agudamente e intuitivamente no exame

gem ficou-lhe na retína como um sím

lógicas.

O artista salvou o jornalista.

As guerras que rebentavam no Orien

berania da libra.

bolo de significação histórica; o exer cício oficial da autoridade inglêsa ma

lhando, a chibata dè nervo de hipopótamo, o lombo árabe.

Foi por isso que Eça teve sempre uma

generosa simpatia pelos povos domina

te Médio, as batalhas entre turcos e rus

dos, do egípcio ao irlandês.

sos, as preocupações do imperialismo in

nos conta, nas Cartas de Inglaterra, a

glês senhoreando posições estratégicas,

revolta do Khediva, por trás do pitores co da narrativa, cheia daquela graça c fulguração peculiares, a gente sente, co mo palpitação de fraternidade enterneci da, a atitude comovida para com os povos explorados colonialmente. Esse

as relações franco-alemãs, no último

quartel do século — tudo isso perpassa na pena ágil do escritor. Acompanha até as informações táticas e estratégicas dos combates, considerando as condições

geográficas, as fòrças armadas, a nature^ dos recontros, as atitudes c planos dos generais, os incidentes episódicos da campanha militar. E, em meio das lu tas e das suas formas, de modo claro, de lineia o expansionismo econômico apos-

sando-se de todos os pontos do globo on

de avultava o valor estratégico: os es treitos decisivos para a circulação mer

cantil — quer uma ilhota estéril, toda

Encontrou-o: os árabes limpavam, num recanto esquecido, um canhão esquecido.

"De,nenhum modo desejamos a compa

Os outros navios de outras nações, à

ríamos tolerar que a França pudesse adquirir uma certa influência no Egito". Então, os banqueiros franceses re

nhia da França; e ainda menos pode

pelos banqueiros britânicos no intuito de

John Buli assentava o tacão, e um pu nhado de soldados da marinha inglesa

Quando Eça desembarcou no Egito viu, num cais, um inglês bem vestido que cobria diligentemente o dorso cur vado de um felUih a chicotadas; a ima

científica, aquelas qualidades corrigiamlhe, de certo modo, as perspectivas ideo

França. Lord Salisbury escrev ia ao em

cusam dinheiro ao Tesouro egípcio, com

XIX.

dos acontecimentos. Assim, não dispon

baixador inglês, cm Paris, Lord Lyons:

iam começar as operações militares... • Mas que estava por trás daquela re volta do Khediva, daquela movimenta ção dc frotas? É o que a crônica não chegou a examinar. O Egito estava sob um controle financeiro anglo-francês — uma espécie de condomínio idealizado

cio de dois mundos. E onde a bota de

plantava um mastro com a bandeira —

do de uma sólida formação doutrinária e

fiado por Noubar-pachá, inquicta\a a

dc areia onde um canal abre o comér

estava irremediàvelincnte fincada a so

gência e percepção delicada das realida

pura a cidade iluminada; c o Almirante

Seymour, dc binóculo, pcrquirc sinais do rebeldia para começar o arrasamcnto.

vista do insulto a Jolin Buli, abandonam o pôrto, fazem-se ao largo — porque

pois em Neuilly, podia descortinar o tea

proudhonismo foram débeis. Sua inteli

121

eriçada de penedos, mas servindo dc sentincla para um oceano, quer uma nesga

tro europeu nas fecundíssimas e admirá veis décadas que fechavam o século Felizmente, as ilusões de seu

Econômico

Quando

sentimento é que lho faz brotar da pena o quadro final de um dos artigos —

quando a Inglaterra manda seu ultinuitum ao Egito: cm frente a Alexandria, festivamente engalanada, sob o silêncio azul da noite oriental, no mar que as ga

leras fenícias e' gregas singraram outrora, decidindo destinos, manobram orgu

lhosamente encouraçados da marinha

inglesa; as bôcas dos canhões voltam-se

o fito de não serem pagos os cupÕes dos credores, entre os quais se contava Bleichrceder, banqueiro de Bismarck: este logo dirigiu seu protesto ao Khediva. O pobre Khediva já fizera cortes nas des pesas, suprimindo cargos no exército, a

explorar os recursos naturais c o traba

fim de poupar dinheiro para atender às exigências da dívida externa. A Ingla

lho do povo egípcio em pagamento dos

terra ficou só em face das outras potên

cupões da dívida.

cias. A diplomacia de Bismarck orien tava-se no sentido de separar a França

Assim, no ano de

1877, a renda pública do Egito atin giu 9,5 milhões de libras: pois 7,5 mi lhões foram drenados para a bòlsa dos

da Grã-Bretanha.

credores. Restaram 2,5 milhões para o

o filho Texfik. Então se restabelece o É

pagamento do tributo ao Sultão, os acio

duplo contrôle anglo-francês, permane

nistas do canal de Suez e a manutenção

cendo os comissários financeiros estran

O Kliediva abdica e assume o governo

da administração pública. Esta se redu

geiros. O Tesouro está exausto, o povo

zia a 10% do orçamento...

dessangrado de impostos, a miséria

A finança estrangeira assaltara os car

alastra-se.

A administração, nas mãos

childs resolviam, com lucros obesos, os

dos banqueiros, não passa de um sis tema de sucção da riqueza egípcia.

problemas administrativos, e a fonte dos males, na opinião desses banqueiros, era

quadro:

a autoridade que possuía o Khediva. Foi reformado o sistema de governo, for mando-se um "ministério responsável" —

com morreões acesos, vigiando Alexan

o os ministros eram os representantes da

tado nos últimos dois anos no Cairo, de

•finança internacional. Êsse "grupo" de

pena átrás da orelha, fiscalizando, de ca

ministros heterogêneos embaraçava ain

maradagem, as finanças egípcias: porque sabem, decerto, que, tendo o Egito (en dividado até o alvo da pirâmides para com as burguesias financeiras de Paris e Londres) omitido o pagamento a alguns

gos diretivos da vida egípcia: os Rotlis-

da a penetração inglêsa. Pequenos in cidentes eram explorados. A imprensa desabava furores contra êsse "governo bárbaro".

Manobrando habilmente, a

Inglaterra se dispôs a explorar o movi mento nacionalista egípcio contra seus parceiros, os banqueiros franceses. A desaparição do ministério, até então chè-

Eis como Eça de Queiroz retrata o

"A França e a Inglaterra estavam ali, dria, de camaradagem, como tinham es

cupões — a França e a Inglaterra, pro tegendo maternalmente os interesses de seus agiotas, instalaram no Cairo dois cavalheiros, os srs. Caloin e Blegnières,


Digesto

A IHTllÇÃO ECOUÓMICA DE EÇA DE OEEIROZ (I) DjAcm Menezes

(Prof. cat. da Faculdade Nacional de Filosofia)

[jÃo resta dúvida de que as melhores

N' observações de Eça sobre as ques

tões sociais de sua época estão na sua

obra jornalística, conforme já larga mente viram alguns críticos. No seu iti nerário de cônsul, em New Castle, de

des humanas permitiam-lhe penetrar agudamente e intuitivamente no exame

gem ficou-lhe na retína como um sím

lógicas.

O artista salvou o jornalista.

As guerras que rebentavam no Orien

berania da libra.

bolo de significação histórica; o exer cício oficial da autoridade inglêsa ma

lhando, a chibata dè nervo de hipopótamo, o lombo árabe.

Foi por isso que Eça teve sempre uma

generosa simpatia pelos povos domina

te Médio, as batalhas entre turcos e rus

dos, do egípcio ao irlandês.

sos, as preocupações do imperialismo in

nos conta, nas Cartas de Inglaterra, a

glês senhoreando posições estratégicas,

revolta do Khediva, por trás do pitores co da narrativa, cheia daquela graça c fulguração peculiares, a gente sente, co mo palpitação de fraternidade enterneci da, a atitude comovida para com os povos explorados colonialmente. Esse

as relações franco-alemãs, no último

quartel do século — tudo isso perpassa na pena ágil do escritor. Acompanha até as informações táticas e estratégicas dos combates, considerando as condições

geográficas, as fòrças armadas, a nature^ dos recontros, as atitudes c planos dos generais, os incidentes episódicos da campanha militar. E, em meio das lu tas e das suas formas, de modo claro, de lineia o expansionismo econômico apos-

sando-se de todos os pontos do globo on

de avultava o valor estratégico: os es treitos decisivos para a circulação mer

cantil — quer uma ilhota estéril, toda

Encontrou-o: os árabes limpavam, num recanto esquecido, um canhão esquecido.

"De,nenhum modo desejamos a compa

Os outros navios de outras nações, à

ríamos tolerar que a França pudesse adquirir uma certa influência no Egito". Então, os banqueiros franceses re

nhia da França; e ainda menos pode

pelos banqueiros britânicos no intuito de

John Buli assentava o tacão, e um pu nhado de soldados da marinha inglesa

Quando Eça desembarcou no Egito viu, num cais, um inglês bem vestido que cobria diligentemente o dorso cur vado de um felUih a chicotadas; a ima

científica, aquelas qualidades corrigiamlhe, de certo modo, as perspectivas ideo

França. Lord Salisbury escrev ia ao em

cusam dinheiro ao Tesouro egípcio, com

XIX.

dos acontecimentos. Assim, não dispon

baixador inglês, cm Paris, Lord Lyons:

iam começar as operações militares... • Mas que estava por trás daquela re volta do Khediva, daquela movimenta ção dc frotas? É o que a crônica não chegou a examinar. O Egito estava sob um controle financeiro anglo-francês — uma espécie de condomínio idealizado

cio de dois mundos. E onde a bota de

plantava um mastro com a bandeira —

do de uma sólida formação doutrinária e

fiado por Noubar-pachá, inquicta\a a

dc areia onde um canal abre o comér

estava irremediàvelincnte fincada a so

gência e percepção delicada das realida

pura a cidade iluminada; c o Almirante

Seymour, dc binóculo, pcrquirc sinais do rebeldia para começar o arrasamcnto.

vista do insulto a Jolin Buli, abandonam o pôrto, fazem-se ao largo — porque

pois em Neuilly, podia descortinar o tea

proudhonismo foram débeis. Sua inteli

121

eriçada de penedos, mas servindo dc sentincla para um oceano, quer uma nesga

tro europeu nas fecundíssimas e admirá veis décadas que fechavam o século Felizmente, as ilusões de seu

Econômico

Quando

sentimento é que lho faz brotar da pena o quadro final de um dos artigos —

quando a Inglaterra manda seu ultinuitum ao Egito: cm frente a Alexandria, festivamente engalanada, sob o silêncio azul da noite oriental, no mar que as ga

leras fenícias e' gregas singraram outrora, decidindo destinos, manobram orgu

lhosamente encouraçados da marinha

inglesa; as bôcas dos canhões voltam-se

o fito de não serem pagos os cupÕes dos credores, entre os quais se contava Bleichrceder, banqueiro de Bismarck: este logo dirigiu seu protesto ao Khediva. O pobre Khediva já fizera cortes nas des pesas, suprimindo cargos no exército, a

explorar os recursos naturais c o traba

fim de poupar dinheiro para atender às exigências da dívida externa. A Ingla

lho do povo egípcio em pagamento dos

terra ficou só em face das outras potên

cupões da dívida.

cias. A diplomacia de Bismarck orien tava-se no sentido de separar a França

Assim, no ano de

1877, a renda pública do Egito atin giu 9,5 milhões de libras: pois 7,5 mi lhões foram drenados para a bòlsa dos

da Grã-Bretanha.

credores. Restaram 2,5 milhões para o

o filho Texfik. Então se restabelece o É

pagamento do tributo ao Sultão, os acio

duplo contrôle anglo-francês, permane

nistas do canal de Suez e a manutenção

cendo os comissários financeiros estran

O Kliediva abdica e assume o governo

da administração pública. Esta se redu

geiros. O Tesouro está exausto, o povo

zia a 10% do orçamento...

dessangrado de impostos, a miséria

A finança estrangeira assaltara os car

alastra-se.

A administração, nas mãos

childs resolviam, com lucros obesos, os

dos banqueiros, não passa de um sis tema de sucção da riqueza egípcia.

problemas administrativos, e a fonte dos males, na opinião desses banqueiros, era

quadro:

a autoridade que possuía o Khediva. Foi reformado o sistema de governo, for mando-se um "ministério responsável" —

com morreões acesos, vigiando Alexan

o os ministros eram os representantes da

tado nos últimos dois anos no Cairo, de

•finança internacional. Êsse "grupo" de

pena átrás da orelha, fiscalizando, de ca

ministros heterogêneos embaraçava ain

maradagem, as finanças egípcias: porque sabem, decerto, que, tendo o Egito (en dividado até o alvo da pirâmides para com as burguesias financeiras de Paris e Londres) omitido o pagamento a alguns

gos diretivos da vida egípcia: os Rotlis-

da a penetração inglêsa. Pequenos in cidentes eram explorados. A imprensa desabava furores contra êsse "governo bárbaro".

Manobrando habilmente, a

Inglaterra se dispôs a explorar o movi mento nacionalista egípcio contra seus parceiros, os banqueiros franceses. A desaparição do ministério, até então chè-

Eis como Eça de Queiroz retrata o

"A França e a Inglaterra estavam ali, dria, de camaradagem, como tinham es

cupões — a França e a Inglaterra, pro tegendo maternalmente os interesses de seus agiotas, instalaram no Cairo dois cavalheiros, os srs. Caloin e Blegnières,


Dicestü Econômico 123 122

DicKsro Econômico

E a pilhagem se processa cni têrinos belicosos.

ambos com funções de secretários de Fa zenda no ministério egípcio, ambos en

portanto, se resolveu a tirar a espada cin

carregados de colher a receita, geri-Ià e aplicar-lhe a parte mais pingue à amor

da dos pacliás turcos e dos agiotas cris

dade política tendo a acabar. Tôda a

tãos".

terra vai em brc\"c rcumir-sc nas mãos

tização de juros da famosa dívida egípcia!"

E, num resumo que é uma alegoria exfremamente viva dos fatos:

De sorte que as duas bandeiras, da Inglaterra e França, eram na realidade dois enormes papéis de crédito, içadas no topo dos couraçados". (1). O escritor vê, nos dois almirantes nas suas frotas, os dois fiscais Caloin e

Blegnièrçs dispondo de canhões; "e na baia

de

Ale

nome do fcllah, contra a opressão coliga

um

um patriota nas pátrias esmagadas pela

dc quatro ou cinco proprietários"...

exploração do exterior: C-xpuisão da iri"

Apenas não sabia explicar o mecanis

industriais, as hostilidades das classes,

Iromissão nos negócios internos, .supres

mo econômico por quo sc c.staria ope

dos pagamentos de dívidas externas,

rando o fenômeno — mc.smo porque a ciência econômica não tinha ainda apro

abolição de privilégios de isenção de im*

fundado seu c.xamc.

postos, garantias ao povo no .seu tra

Por isso, alude aos "instintos dc pi lhagem, de gatunicc, dc'pirataria, que alberga sempre a alma dum povo civi lizado e que, por con.sequência im

balho etc.

As "abomináveis idéias de Arabi"

acenderam uma furiosa indignação na "França republicana" c na "livre Ingla terra". Diz-nos

Eça: "Arabi " foi considera do uma fera.

grandes falidos

do Oriente, fro-'

Na Bolsa de Paris e no Sto-

tas unidas das

duas altas ci vilizações

ck-e.xchange de

do

usura armada". (2).

Através de alguns incidentes mais, que não é de interesse pormenorizar, tudo se encaminha para aquele lance descri to a pinceladas de artista: o arrasamen-

As idéias de Arabi eram as dc^

são dos tribunais de exceção, rei-isão

dos

Oriente representavam simplesmente a

Londres, onde

os fundos egípcios tinham descido, pe dia-se com energia a supressão ime diata desse iníquo aventureiro". E que queria esse aventureiro? Ape nas queria "modificar esse sistema, que convertia o povo egípcio numa horda

to da cidade, ante a neutralidade dos

de servos trabalhando para os financei

franceses e outras potências. A queda

ros de Paris e Londres" — comentava

de Gambetta e a constituição do novo

Eça na sua fina crítica social. A imprensa

gabinete Freycinet se traduzia nessa po lítica ressabiada.

A crônica de Eça, porém, acompanha

os episódios de Arabi, sua volta ao po der, seu sonho dum "Egito para os

egípcios" e os propósitos para elimina ção daquele regimem sórdido. Para o

européia, com a solene imprensa inglêsa à frente do rancho, lamentava, em

largos tropos democráticos, aquela "anar quia" que tumultuava na terra dos fa

raós.

A França riiodorrava naquela

"paz tépida e doce ein que ^amadurece

escritor Arabi foi "o primeiro que en

o Milhão" — e receava a Alenianiia, onde rosnava Bismarck como um bull-

tendeu que Alah, apesar de grande e forte, nâo pode atender a tudo, e que.

gos, dentro de uma atmosfera sombria

(1) Carías de Inglaterra, Edição do Cen tenário; p. 103.

(2) Idem.

Negro e o Cáucaso - wisa desagradá vel ao Czar. ® Quando Eça de Queiroz lança as

xastas para o Velho Continente, em con junto, nesse crepúsculo do século, no

xandria, peran te

Naquelas madrugadas, Eça de Quei roz vaticinava que "a pequena proprie

tos, que lhe tomaria acessível o Mar

dog. Os. outros países, em receios va de desconfiança. E a Inglaterra, na sua ilha, arranjava laboriosamente os argu mentos civilizados que justificassem a pilhagem que se esboçava.

plícita, só o selvagem, o homem da NatureM, abriga no peito os doces senti

mentos de fraternidade c de paz. Mas e porque não compreendeu os processos do luta pelos mercados, nesse cresci

mento de organismos econômicos que, absorvendo poder político, transviam-se de suas finalidades legítimas. É por isso mesmo que as páginas leves

da conquista do Afganistão pela Ingla terra estribilham sempre: "foi assim em

1840, é assim em 1880" — porque a história o uma velhota que se repete sem saber". Mas o que se está repe tindo em 1880 são exterioridades — os

móveis econômicos, que acionam aquelas tropas inglesas, aquela política divisionista, aqueles rajas jogados uns contra

os outros, divertidamente descritos por Eça, são muito diversos e muito compli cados. Aquêle simples mo\'imento de conquista só se compreende dentro do

movimento geral dos acontecimentos que so desenvolvem: a França e a Itália no

conflito em tômo da Tunísia, a França e a Inglaterra, a Inglaterra e a Rússia na Central... ^ A Rússia anexara a Turkmenia — e poderia ameaçar as índias. O

artigo Europa, em 1888. vê as crises os rancores e agonias da miséria, tudo crescendo e ameaçando - mas conso

la-se de que c o riüno normal e passa

ra, c continuará, e surgirão no\as aliansurgirão Ças, e novos go\'emos e novos trata dos... (3). *

*

O processo de Eça de Queiroz não c o de discuUr idéias - mas de apanhar ns idéias e os conflitos através de ima gens, de traços essenciais, cheios de côr.

Ele mesmo no-Io diz, ao resumir pito rescamente a filosofia de Antero: ofe-

recera-sc para ser o discípulo amado e propagar a doutrina com uma êpístolà aos corintios do Chiado.

Mas Antero

receia aquilo que Hugo recomendava e

aplicava: exprimer Vidée par Vimage. E, em vez de uma exposição doutrinária, o artista colorisse picturalmente qua dros, prejudicando a filosofia de Antero que, a julgar pelos seus escritos e através de alguns amigos, deveria reduzir-se mediocremente a um idealismo an- • gustiado e bem sofrível.

Mas, espírito muito visual, Eça tem a percepção feliz do tom, do traço, da

côr indefectível, que condensa atitude insinua no leitor tôda uma situação e toda uma personalidade, através de com

binações pictóricas. E reforça o traço definidor através de acentos de efeitos caricaturais — processo que ressalta com

governo russo namorava Bismarck, a

Turquia receava a Inglaterra nos estrei

(B) Nolas ConlempotUneas, artieo Pti ropa. . ®


Dicestü Econômico 123 122

DicKsro Econômico

E a pilhagem se processa cni têrinos belicosos.

ambos com funções de secretários de Fa zenda no ministério egípcio, ambos en

portanto, se resolveu a tirar a espada cin

carregados de colher a receita, geri-Ià e aplicar-lhe a parte mais pingue à amor

da dos pacliás turcos e dos agiotas cris

dade política tendo a acabar. Tôda a

tãos".

terra vai em brc\"c rcumir-sc nas mãos

tização de juros da famosa dívida egípcia!"

E, num resumo que é uma alegoria exfremamente viva dos fatos:

De sorte que as duas bandeiras, da Inglaterra e França, eram na realidade dois enormes papéis de crédito, içadas no topo dos couraçados". (1). O escritor vê, nos dois almirantes nas suas frotas, os dois fiscais Caloin e

Blegnièrçs dispondo de canhões; "e na baia

de

Ale

nome do fcllah, contra a opressão coliga

um

um patriota nas pátrias esmagadas pela

dc quatro ou cinco proprietários"...

exploração do exterior: C-xpuisão da iri"

Apenas não sabia explicar o mecanis

industriais, as hostilidades das classes,

Iromissão nos negócios internos, .supres

mo econômico por quo sc c.staria ope

dos pagamentos de dívidas externas,

rando o fenômeno — mc.smo porque a ciência econômica não tinha ainda apro

abolição de privilégios de isenção de im*

fundado seu c.xamc.

postos, garantias ao povo no .seu tra

Por isso, alude aos "instintos dc pi lhagem, de gatunicc, dc'pirataria, que alberga sempre a alma dum povo civi lizado e que, por con.sequência im

balho etc.

As "abomináveis idéias de Arabi"

acenderam uma furiosa indignação na "França republicana" c na "livre Ingla terra". Diz-nos

Eça: "Arabi " foi considera do uma fera.

grandes falidos

do Oriente, fro-'

Na Bolsa de Paris e no Sto-

tas unidas das

duas altas ci vilizações

ck-e.xchange de

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usura armada". (2).

Através de alguns incidentes mais, que não é de interesse pormenorizar, tudo se encaminha para aquele lance descri to a pinceladas de artista: o arrasamen-

As idéias de Arabi eram as dc^

são dos tribunais de exceção, rei-isão

dos

Oriente representavam simplesmente a

Londres, onde

os fundos egípcios tinham descido, pe dia-se com energia a supressão ime diata desse iníquo aventureiro". E que queria esse aventureiro? Ape nas queria "modificar esse sistema, que convertia o povo egípcio numa horda

to da cidade, ante a neutralidade dos

de servos trabalhando para os financei

franceses e outras potências. A queda

ros de Paris e Londres" — comentava

de Gambetta e a constituição do novo

Eça na sua fina crítica social. A imprensa

gabinete Freycinet se traduzia nessa po lítica ressabiada.

A crônica de Eça, porém, acompanha

os episódios de Arabi, sua volta ao po der, seu sonho dum "Egito para os

egípcios" e os propósitos para elimina ção daquele regimem sórdido. Para o

européia, com a solene imprensa inglêsa à frente do rancho, lamentava, em

largos tropos democráticos, aquela "anar quia" que tumultuava na terra dos fa

raós.

A França riiodorrava naquela

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escritor Arabi foi "o primeiro que en

o Milhão" — e receava a Alenianiia, onde rosnava Bismarck como um bull-

tendeu que Alah, apesar de grande e forte, nâo pode atender a tudo, e que.

gos, dentro de uma atmosfera sombria

(1) Carías de Inglaterra, Edição do Cen tenário; p. 103.

(2) Idem.

Negro e o Cáucaso - wisa desagradá vel ao Czar. ® Quando Eça de Queiroz lança as

xastas para o Velho Continente, em con junto, nesse crepúsculo do século, no

xandria, peran te

Naquelas madrugadas, Eça de Quei roz vaticinava que "a pequena proprie

tos, que lhe tomaria acessível o Mar

dog. Os. outros países, em receios va de desconfiança. E a Inglaterra, na sua ilha, arranjava laboriosamente os argu mentos civilizados que justificassem a pilhagem que se esboçava.

plícita, só o selvagem, o homem da NatureM, abriga no peito os doces senti

mentos de fraternidade c de paz. Mas e porque não compreendeu os processos do luta pelos mercados, nesse cresci

mento de organismos econômicos que, absorvendo poder político, transviam-se de suas finalidades legítimas. É por isso mesmo que as páginas leves

da conquista do Afganistão pela Ingla terra estribilham sempre: "foi assim em

1840, é assim em 1880" — porque a história o uma velhota que se repete sem saber". Mas o que se está repe tindo em 1880 são exterioridades — os

móveis econômicos, que acionam aquelas tropas inglesas, aquela política divisionista, aqueles rajas jogados uns contra

os outros, divertidamente descritos por Eça, são muito diversos e muito compli cados. Aquêle simples mo\'imento de conquista só se compreende dentro do

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conflito em tômo da Tunísia, a França e a Inglaterra, a Inglaterra e a Rússia na Central... ^ A Rússia anexara a Turkmenia — e poderia ameaçar as índias. O

artigo Europa, em 1888. vê as crises os rancores e agonias da miséria, tudo crescendo e ameaçando - mas conso

la-se de que c o riüno normal e passa

ra, c continuará, e surgirão no\as aliansurgirão Ças, e novos go\'emos e novos trata dos... (3). *

*

O processo de Eça de Queiroz não c o de discuUr idéias - mas de apanhar ns idéias e os conflitos através de ima gens, de traços essenciais, cheios de côr.

Ele mesmo no-Io diz, ao resumir pito rescamente a filosofia de Antero: ofe-

recera-sc para ser o discípulo amado e propagar a doutrina com uma êpístolà aos corintios do Chiado.

Mas Antero

receia aquilo que Hugo recomendava e

aplicava: exprimer Vidée par Vimage. E, em vez de uma exposição doutrinária, o artista colorisse picturalmente qua dros, prejudicando a filosofia de Antero que, a julgar pelos seus escritos e através de alguns amigos, deveria reduzir-se mediocremente a um idealismo an- • gustiado e bem sofrível.

Mas, espírito muito visual, Eça tem a percepção feliz do tom, do traço, da

côr indefectível, que condensa atitude insinua no leitor tôda uma situação e toda uma personalidade, através de com

binações pictóricas. E reforça o traço definidor através de acentos de efeitos caricaturais — processo que ressalta com

governo russo namorava Bismarck, a

Turquia receava a Inglaterra nos estrei

(B) Nolas ConlempotUneas, artieo Pti ropa. . ®


DlGliSTÜ

ECONO.NUCc,

124

mais vigor na Relíquia c no Conde de

mundial centralizou a finança do uni\'cr»

rece o processo. Fcj assim que viu, por

60 — inspirou-lhe uma indefinida c cons, tantc repulsa: não encontrava .senielhan» tes manifestações no generoso espirito

cantos do mundo, com seq espirito im

francês, na terra clássica das resoluções,

whisky, sua bíblia — a resumiu-lhes o espírito nacional como sendo o cartagi

que decapitara reis, o.scilara entre repú.. blicas e restaurações monárquicas, envoU tas numa rajada de idéias que a literatura csparzia na fecundação de outros povos

Abranhos. Num lango qualquer, apa

exemplo, o inglês espalhado nos quatro

permeável, seus hábitos fixados, seu nês do mundo moderno. No Coíonel Chabert, dc Balzac, há também uma nota sôbre a propensão do inglês para

ghbe trotter. No fundo não é tendên cia de raça ou coisa que o valha — mas

apenas os efeitos de uma civilização que estendia" seus agentes comerciais, sua

indústria, seu domínio econômico pelos

— fonte amável dc sentimentos uni\'cr-

sais acima dos cgoísmos bélicos, conside rada liricamente mãe do espírito moder no de fraternidade política. Assim ajui zou Eça de Queiroz durante muitos anos. Nessa atitude e nessa concepção, há

— armou para melhor defender as aspi-

um lirismo dc superfície lurdcado do romantismo de que se abcberara eiii Hugo; mas, dc certo modo, orienta seu julgamento c a posição de seu espírito

rações de uma burguesia ativa e utilita-

ante os acontecimentos que ressoavam na

rista, que até quase a segunda guerra

Europa de seu tempo.

quatro cantos do planeta. Toda sua ci vilização pragmática e industrial, gera da por um capitalismo poderoso, que se

-=„

-

1

.

..

AUTARQUIAS PESSOAS DE DIREITO PÚBLICO E DE DIREITO PRIVADO Dario de Almeida Magalhães

1 — O dccrcto-lci n." 9.403, dc 25

de junho de 1946, nos "considerandos"

que o precederam, c nos seus dispositivo.s, traduziu, com nitidez e precisão, o intuito do poder público (que o promul gou no exercício cumulativo das funções executivas e legislativas), e também a

natureza do órgão, cuja criação nêle so autorizava, para o desempenho dos serviços sociais previstos. A sumula do decreto-lei cm causa ex

prime, desde logo, a finalidade a que atendia;

"Atribui à Confederação Nacional

da Indústria o encargo de criar, organizar e dirigir o Seroiço Social da

Indústria, o dá outras providências." E as razões que inspiraram o ato do Govêrno foram manifestadas de manei ra inequívoca, de molde a esclarecer

Em nosso número anterior, publicamos

a aula em que o ilustre lente da Faculdade de Direito de São Paulo,

Teotânio Monteiro de Barras Filho, de reconhecido talento didata, oersou a ma

téria referente ao impôsto sindical, sus

tentando, com o brilho peculiar, idéias com as quais nem todos os publicistas

e professores estão acordes, como ele próprio nobremente o disse.

O "Digcsto Econômico", revista de cultura superior, debate idéias e divulga princípios, desde que firmados por au toridades incontestes — orientação da qual nunca se apartou. Em nossas colunas inserimos agora a não menos valiosa mo nografia, embora sob aspecto restrito,

que o nosso antigo colaborador Dàrio de Almeida Magallules escreveu sôbre au tarquias, um parecer que repercutiu.

qualquer dúvida, ou obscuridade, que porventura se houvesse alinhado nos pre

ceitos legais, a que servem de preâmbulo palavras como estas: TT Tn

Considerando que é dever do Estado concorrer, não só diretamen

te para a solução desses problemas, como favorecer e estimular a coope

sos auferidos dos empregadores, um serviço próprio, destinado a propor cionar assistência social c melhores

condições de habitação, nutrição, hi giene dos trabalhadores, e, bem as sim, desenvolver o espírito de soli dariedade entre, empregados e em

ração das classes em iniciativas ten

pregadores;

dentes a promover o bem-estar dos

Considerando que os resultados das ex-periências já realizadas com o aproveitamento da cooperação das

trabalhadores e de suas famílias; "Considerando que a Confederação

entidades de classe em empreendi

Nacional da Indústria, como entida

mentos de interêsse coletivo, em ou

de representativa dos interesses das atividades produtoras, em todo o País,

tro campo de ativadade, como o

oferece o seu concurso a essa obra,

são de molde a recomendar a atri

dispondo-se a organizar, com recur-

buição à Confederação Nacional da

Serviço de Aprendizagem Industrial,

i


DlGliSTÜ

ECONO.NUCc,

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mais vigor na Relíquia c no Conde de

mundial centralizou a finança do uni\'cr»

rece o processo. Fcj assim que viu, por

60 — inspirou-lhe uma indefinida c cons, tantc repulsa: não encontrava .senielhan» tes manifestações no generoso espirito

cantos do mundo, com seq espirito im

francês, na terra clássica das resoluções,

whisky, sua bíblia — a resumiu-lhes o espírito nacional como sendo o cartagi

que decapitara reis, o.scilara entre repú.. blicas e restaurações monárquicas, envoU tas numa rajada de idéias que a literatura csparzia na fecundação de outros povos

Abranhos. Num lango qualquer, apa

exemplo, o inglês espalhado nos quatro

permeável, seus hábitos fixados, seu nês do mundo moderno. No Coíonel Chabert, dc Balzac, há também uma nota sôbre a propensão do inglês para

ghbe trotter. No fundo não é tendên cia de raça ou coisa que o valha — mas

apenas os efeitos de uma civilização que estendia" seus agentes comerciais, sua

indústria, seu domínio econômico pelos

— fonte amável dc sentimentos uni\'cr-

sais acima dos cgoísmos bélicos, conside rada liricamente mãe do espírito moder no de fraternidade política. Assim ajui zou Eça de Queiroz durante muitos anos. Nessa atitude e nessa concepção, há

— armou para melhor defender as aspi-

um lirismo dc superfície lurdcado do romantismo de que se abcberara eiii Hugo; mas, dc certo modo, orienta seu julgamento c a posição de seu espírito

rações de uma burguesia ativa e utilita-

ante os acontecimentos que ressoavam na

rista, que até quase a segunda guerra

Europa de seu tempo.

quatro cantos do planeta. Toda sua ci vilização pragmática e industrial, gera da por um capitalismo poderoso, que se

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1

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AUTARQUIAS PESSOAS DE DIREITO PÚBLICO E DE DIREITO PRIVADO Dario de Almeida Magalhães

1 — O dccrcto-lci n." 9.403, dc 25

de junho de 1946, nos "considerandos"

que o precederam, c nos seus dispositivo.s, traduziu, com nitidez e precisão, o intuito do poder público (que o promul gou no exercício cumulativo das funções executivas e legislativas), e também a

natureza do órgão, cuja criação nêle so autorizava, para o desempenho dos serviços sociais previstos. A sumula do decreto-lei cm causa ex

prime, desde logo, a finalidade a que atendia;

"Atribui à Confederação Nacional

da Indústria o encargo de criar, organizar e dirigir o Seroiço Social da

Indústria, o dá outras providências." E as razões que inspiraram o ato do Govêrno foram manifestadas de manei ra inequívoca, de molde a esclarecer

Em nosso número anterior, publicamos

a aula em que o ilustre lente da Faculdade de Direito de São Paulo,

Teotânio Monteiro de Barras Filho, de reconhecido talento didata, oersou a ma

téria referente ao impôsto sindical, sus

tentando, com o brilho peculiar, idéias com as quais nem todos os publicistas

e professores estão acordes, como ele próprio nobremente o disse.

O "Digcsto Econômico", revista de cultura superior, debate idéias e divulga princípios, desde que firmados por au toridades incontestes — orientação da qual nunca se apartou. Em nossas colunas inserimos agora a não menos valiosa mo nografia, embora sob aspecto restrito,

que o nosso antigo colaborador Dàrio de Almeida Magallules escreveu sôbre au tarquias, um parecer que repercutiu.

qualquer dúvida, ou obscuridade, que porventura se houvesse alinhado nos pre

ceitos legais, a que servem de preâmbulo palavras como estas: TT Tn

Considerando que é dever do Estado concorrer, não só diretamen

te para a solução desses problemas, como favorecer e estimular a coope

sos auferidos dos empregadores, um serviço próprio, destinado a propor cionar assistência social c melhores

condições de habitação, nutrição, hi giene dos trabalhadores, e, bem as sim, desenvolver o espírito de soli dariedade entre, empregados e em

ração das classes em iniciativas ten

pregadores;

dentes a promover o bem-estar dos

Considerando que os resultados das ex-periências já realizadas com o aproveitamento da cooperação das

trabalhadores e de suas famílias; "Considerando que a Confederação

entidades de classe em empreendi

Nacional da Indústria, como entida

mentos de interêsse coletivo, em ou

de representativa dos interesses das atividades produtoras, em todo o País,

tro campo de ativadade, como o

oferece o seu concurso a essa obra,

são de molde a recomendar a atri

dispondo-se a organizar, com recur-

buição à Confederação Nacional da

Serviço de Aprendizagem Industrial,

i


DiCESTO EcONÓNnCÔ

126

DroESTü EcoNó^aco

Indústria dos eiicargos acitnn refe rido^'...

2 — Os objetivos que o poder públi co teve em vista, e assim enunciados dc maneira tão reiterada e franca, se ex

primiram fielmente no art. 1° do dccreto-Iei sob exame:

"Fica atribuído à Confederação Nacional da Indústria o encargo de

industriais

enquadrados na Confederação Nacional da Indústria (art. 577 do decretolei n.° 5.452, de 1 de maio do 1943),

pela portaria n.» 113, de 20 de julho de 1946, do Ministro do Trabalho, Indús tria o Comércio, não sc desviou dc orien

bem como aqueles referentes aos

tação, nem dos limites traçados na lei,

transportes, às comunicações e d

para cuja execução deveria es

pesca, serão obrigados ao pagamento de uma contribuição mensal ao Ser viço Social da Indústria para a reali

tabelecer os dispositivos com-

zação de seus fins.

Serviço Social da Indústria "cria

plcmentares.

da Indt'istria"; e, depois de pre

planejar e executar, direta ou indire

(2%) sobre o montante da remune

tamente, medidas que contribuam

ração paga pelos estabelecimentos contribuintes a todos os seus onipre-

cisar, nos arts. 2.® e 3.°, com minudência, os seus objetivos e o modo de rea

País, e, bem assim, para o aperfei çoamento moral e cívico e o desen

volvimento do espírito de solidarie dade entre as classes."

SÔbre a execução dos encargos atri buídos à entidade a ser criada, dispôs o § 2° do mesmo artigo: "O Serviço Social da Indústria

dará desempenho às suas atribuições em cooperação com os serviços afins

existentes no Ministério do Trabalho, Indústria e Comércio.

Quanto à organização do SESI, pres creveu o art. 2.®: to Serviço Social da Indústria,

com personalidade jurídica de Di reito privado, nos têrmos da lei civil, será organizado e dirigido nos ter mos do regulamento elaborado pela Confederação Nacional da Indústria

e aprovado por portaria do Ministro do Trabalho, Indústria e Comércio." Com relação aos recursos de que dis

poria a entidade, para o desempenho da ;ua tarefa, estipulou o art. 3.®:

contribuição será aquêlc sobre o qual

lização dêstes, declara no seu art. 4.®: "O Serviço Social da Indústria é

uma entidade de Direito privado, nos têrmos da lei civil, com sede e foro

lamento, que deveria prover sòbre a matéria:

"O regulamento de que trata o artigo segundo dará estruturação aos

órgãos dirigentes do Serviço Social da Indústria, constituindo um Conse

lho Nacional e Conselhos Regionais, dos quais farão parte representantes do Ministério do Trabalho, Indústria e Comércio, designados pelo respec tivo ministro.

Parágrafo único — O presidente do Conselho Nacional do Serviço Social da Indústria será de nomeação do

Parágrafo único — Os dirigentes e

A composição do Conselho

Nacional do Serviço Social da

Indústria está assim prevista no art. 12: a) um presidente nomeado peJ:? Pre sidente da República; b) o presidente dá Confederação Na cional da Indústria;

te e filiadas à Confederação Na cional da Indústria;

d) um ou mais representantes, até o

prepostos do Serviço Social da Indús

ma.ximo de três, de cada Conselho

tria, embora responsáveis, adminis trativa e criminalmente, pelas mal

zentos mil operários ou fração,

versações que cometerem, não res

pondem individualmente pelas obri gações da entidade."

SÔbre a extinção do ente criado dísp^, por sua vez, o art. 7.°:

Regional, na razão de imi por du existentes na base territorial res pectiva;

e) um representante do Ministério do Trabalho, Indústria e Comércio;

f) um representante do Ministério da Guerra;

"O. Serviço Social da Indústria, afora os casos de dissolução em virtu■do de lei, só poderá cessar a sua ati vidade por deliberação da Confede

g) um representante dos órgãos ar

ração Nacional da Indústria, tomada

que os representantes do.s Ministérios se

por três quartas partes dos votos do respectivo Conselho de Representan

tes, em reunião especíál, a que com

pareça a totalidade das federações

Presidente da República." 3 — 0 regulamento elaborado pela

filiadas, e devidamente homologada

Confederação Nacional da Indústria, na

E com relação ao destino do patrimô nio da entidade dissolvida, declara o §

conformidade do prescrito no.artigo 2.® do decreto-lei mencionado, e aprovado

a) Conselho Nacional, e

b) Departamento Nacional.

dustriais, reconhecidas oficialmen

tria.

normas a serem observadas pelo regu

Pelo art. 10, a administração, nacional foi confiada ao

cabendo a sua organização e direção

ria e pensões a que o contribuinte es

Relativamente aos órgãos dirigentes do

cional da Indústria."

c) os presidentes das federações in

à Confederação Nacional da Indús

SESI, estabeleceu o art. 6.®, traçando

seu patrimônio à Confederação Na

jurídico na Capital da República,

deve ser estabelecida a contribuição de previdência devida ao instituto de previdência ou caixa de aposentado tiver filiado."

Na lúpótese dc dissolução do Serriço Social da Indústria, reverterá o

do pela Confederação Nacional

§ 1.® — A contribuição referida

neste artigo será dc dois por cento

gados. Q montante da remuneração que servirá de base ao pagamento da

127

No seu artigo 1.®, rcferc-sc ao

criar o Serviço Social da Indústria

assemelhadas, concorrendo para a melhoria do padrão geral de vida no

I

estabelecimentos

(SESI), com a finalidade de estudar, para o bem-èstar social dos trabalha dores na indústria e nas atividades

ib

"Os

recadadores.

O § 2.® do mesmo artigo esclarece rão designados pelos respectivos titulares. Entro as atribuições do Conselho, es tabeleceu-se, no art. 13, letra d: aprovar 'a prestação de coiUas e o

pelo Ministério do Trabalho, Indús

relatório anual do Departamento Na

tria 6 Comércio."

cional

único do art. 6.°:

e na letra e:

aprovar o relatório anual dos depar tamentos regionais.


DiCESTO EcONÓNnCÔ

126

DroESTü EcoNó^aco

Indústria dos eiicargos acitnn refe rido^'...

2 — Os objetivos que o poder públi co teve em vista, e assim enunciados dc maneira tão reiterada e franca, se ex

primiram fielmente no art. 1° do dccreto-Iei sob exame:

"Fica atribuído à Confederação Nacional da Indústria o encargo de

industriais

enquadrados na Confederação Nacional da Indústria (art. 577 do decretolei n.° 5.452, de 1 de maio do 1943),

pela portaria n.» 113, de 20 de julho de 1946, do Ministro do Trabalho, Indús tria o Comércio, não sc desviou dc orien

bem como aqueles referentes aos

tação, nem dos limites traçados na lei,

transportes, às comunicações e d

para cuja execução deveria es

pesca, serão obrigados ao pagamento de uma contribuição mensal ao Ser viço Social da Indústria para a reali

tabelecer os dispositivos com-

zação de seus fins.

Serviço Social da Indústria "cria

plcmentares.

da Indt'istria"; e, depois de pre

planejar e executar, direta ou indire

(2%) sobre o montante da remune

tamente, medidas que contribuam

ração paga pelos estabelecimentos contribuintes a todos os seus onipre-

cisar, nos arts. 2.® e 3.°, com minudência, os seus objetivos e o modo de rea

País, e, bem assim, para o aperfei çoamento moral e cívico e o desen

volvimento do espírito de solidarie dade entre as classes."

SÔbre a execução dos encargos atri buídos à entidade a ser criada, dispôs o § 2° do mesmo artigo: "O Serviço Social da Indústria

dará desempenho às suas atribuições em cooperação com os serviços afins

existentes no Ministério do Trabalho, Indústria e Comércio.

Quanto à organização do SESI, pres creveu o art. 2.®: to Serviço Social da Indústria,

com personalidade jurídica de Di reito privado, nos têrmos da lei civil, será organizado e dirigido nos ter mos do regulamento elaborado pela Confederação Nacional da Indústria

e aprovado por portaria do Ministro do Trabalho, Indústria e Comércio." Com relação aos recursos de que dis

poria a entidade, para o desempenho da ;ua tarefa, estipulou o art. 3.®:

contribuição será aquêlc sobre o qual

lização dêstes, declara no seu art. 4.®: "O Serviço Social da Indústria é

uma entidade de Direito privado, nos têrmos da lei civil, com sede e foro

lamento, que deveria prover sòbre a matéria:

"O regulamento de que trata o artigo segundo dará estruturação aos

órgãos dirigentes do Serviço Social da Indústria, constituindo um Conse

lho Nacional e Conselhos Regionais, dos quais farão parte representantes do Ministério do Trabalho, Indústria e Comércio, designados pelo respec tivo ministro.

Parágrafo único — O presidente do Conselho Nacional do Serviço Social da Indústria será de nomeação do

Parágrafo único — Os dirigentes e

A composição do Conselho

Nacional do Serviço Social da

Indústria está assim prevista no art. 12: a) um presidente nomeado peJ:? Pre sidente da República; b) o presidente dá Confederação Na cional da Indústria;

te e filiadas à Confederação Na cional da Indústria;

d) um ou mais representantes, até o

prepostos do Serviço Social da Indús

ma.ximo de três, de cada Conselho

tria, embora responsáveis, adminis trativa e criminalmente, pelas mal

zentos mil operários ou fração,

versações que cometerem, não res

pondem individualmente pelas obri gações da entidade."

SÔbre a extinção do ente criado dísp^, por sua vez, o art. 7.°:

Regional, na razão de imi por du existentes na base territorial res pectiva;

e) um representante do Ministério do Trabalho, Indústria e Comércio;

f) um representante do Ministério da Guerra;

"O. Serviço Social da Indústria, afora os casos de dissolução em virtu■do de lei, só poderá cessar a sua ati vidade por deliberação da Confede

g) um representante dos órgãos ar

ração Nacional da Indústria, tomada

que os representantes do.s Ministérios se

por três quartas partes dos votos do respectivo Conselho de Representan

tes, em reunião especíál, a que com

pareça a totalidade das federações

Presidente da República." 3 — 0 regulamento elaborado pela

filiadas, e devidamente homologada

Confederação Nacional da Indústria, na

E com relação ao destino do patrimô nio da entidade dissolvida, declara o §

conformidade do prescrito no.artigo 2.® do decreto-lei mencionado, e aprovado

a) Conselho Nacional, e

b) Departamento Nacional.

dustriais, reconhecidas oficialmen

tria.

normas a serem observadas pelo regu

Pelo art. 10, a administração, nacional foi confiada ao

cabendo a sua organização e direção

ria e pensões a que o contribuinte es

Relativamente aos órgãos dirigentes do

cional da Indústria."

c) os presidentes das federações in

à Confederação Nacional da Indús

SESI, estabeleceu o art. 6.®, traçando

seu patrimônio à Confederação Na

jurídico na Capital da República,

deve ser estabelecida a contribuição de previdência devida ao instituto de previdência ou caixa de aposentado tiver filiado."

Na lúpótese dc dissolução do Serriço Social da Indústria, reverterá o

do pela Confederação Nacional

§ 1.® — A contribuição referida

neste artigo será dc dois por cento

gados. Q montante da remuneração que servirá de base ao pagamento da

127

No seu artigo 1.®, rcferc-sc ao

criar o Serviço Social da Indústria

assemelhadas, concorrendo para a melhoria do padrão geral de vida no

I

estabelecimentos

(SESI), com a finalidade de estudar, para o bem-èstar social dos trabalha dores na indústria e nas atividades

ib

"Os

recadadores.

O § 2.® do mesmo artigo esclarece rão designados pelos respectivos titulares. Entro as atribuições do Conselho, es tabeleceu-se, no art. 13, letra d: aprovar 'a prestação de coiUas e o

pelo Ministério do Trabalho, Indús

relatório anual do Departamento Na

tria 6 Comércio."

cional

único do art. 6.°:

e na letra e:

aprovar o relatório anual dos depar tamentos regionais.


Digesto Econômico

DrcKST-Q Econômico 129

128

As funções do Departamento Nacional assim SC definiram no art. 15:

"Constituem renda do Serviço So cial da Indústria:

a) 05 contribuições dos emprega

"O Departamento Nacional do Ser viço Social da Indústria, dirigido pelo

dores na indústria e atividades

presidente da Confederação Nacional da Indústria, será o órgão de coor denação entre o Conselho Nacional

si só, esclarece e rcsol\'c, de maneira

art. 3.° do decreto-lei n.° 9.403,

cabal, a questão que se suscita. Os textos reproduzidos revelam, eloqüen

e as administrações regionais, bem

como o órgão executivo para o Dis

c) as subvenções;

d) as multas arrecadadas por in

fração de dispositivos legais,

Em cada Estado em. que houver fe

regulamentarcs e regimentais;

deração de indústria, constituir-se-á, de acordo com o art. 17 do regulamento, um Conselho Regional, de que farão

parte, obrigatòriamente, um represen

e) as rendas eventuais.

Quanto à decisão final dos assuntos de

tante do Ministério do Trabalho, Indús

interêsse da entidade, pre.screve o art.

tria e Comércio e um representante do

31:

Governo do Estado, cabendo ao Conse

lho, nos termos do art. 18, letra c,

"O Conselho Nacional decidirá,

em última instância, as questões de

"aprovar a prestação de contas apre sentada pelo Diretor do Departa

ordem geral, de interêsse do Serviço

mento Regional."

que lhe forem submetidas pelo De partamento Nacional c pelos depar

4 — Relativamente à situação do pes

soal empregado no SESI, dispõe o § 1.°

Social de Indústria, "ex-officio", ou tamentos e conselhos regionais, por intermédio do primeiro."

do art. 24 do regulamento:

E, finalmente, cumpre recordar estes "Para todos os efeitos das leis tra

balhistas, os empregados do Serviço Social da Indtistria gozarão de re

galias e ficarão sujeitos às obrigações dos trabalhadores de indústría, con siderando-se o Serviço Social da In dústria, na sua qualidade de entida de de direito privado, como emprôsa empregadora"; '

dois artigos, cujo conteúdo interessa es pecialmente íi elucidação das questões propostas:

"Art. 33 — O presente regulamento

poderá ser alterado pela Confedera ção Nacional da Indústria, mediante

dois terços dos votos do Conselho de

Representantes e aprovação do Mi nistro do Trabalho, Indústria e Co

e o § 2.^:

mércio."

"Os servidores do Serviço Social da Indústria serão segurados obrigató rios do Instituto de Aposentadoria e

dos seus órgãos, poderá apreciar o

Pensões dos Industriarios,

ação do Serviço Social da Indústria,

Sôbre as fontes de renda do SESI, disse o art. 25:

que neste definem a natureza do SESI,

e dos dispositivos regulamentarcs, que disciplinaram o seu funcionamento, por

assemelhadas, previstas pelo de 25 de junho de 1946; b) as doações e legados;

trito Federal."

5 — A leitura das razões que justifica

ram o dccrcto-lei n.° 9.403, dos artigos

"Art. 34 — O Ministério do Traba

lho, Indústria e Comércio, através

temente, do maneira insistente e desen-

ganada, quase impertinente, pela sua reiteração, que o poder público, ao autotorizar a criação do SESI, não quis criar .mais uma autarquia administrativa. Ser-

Ihe-ia lícito, ó claro, fazê-lo, se o qui sesse; não o quis; e clara, expressa, peremptòriamente, declarou que não o queria. A êste respeito, a manifestação

que se destina, o serviço público que lhe incumbe desempenhar. Sobrecarregando-se de tarefas e encar gos, par e passo com a ampliação do

raio de sua intervenção, õ Estado mo

derno (transformado cm Estado-proridència, "Welfare-State"), procura, de outro ludo, c\'itar quanto pode o cres

cimento alarmante do seu aparclhamento burocrático e da sua estrutura cen

tralizada, mediante a personalizíição dc õertos seniços públicos, os quais, pela nalxu-eza das finalidades a que atendera, reclamam maior liberdade de movimen

tos e um sistema de organização e de

se insinue a dialética do intérprete dc-

funcionamento que os aproxime, tanto quanto possível, da organização ^ do funcionamento das empresas pri^■adas. Atra\'cs dessa, técnica ou processo de

liberadamente predisposto a provocar

Estado, sob o influxo da mentalidade

do legislador é "self-e.\planatoi*\'"; não deixou escaninho ou frincha por onde luna refração no sentido, de rara nitidez, com que se traduz a "intcntio legis". R — Ê sabido que as autarquias cria

das, desordenadamente, à medida que

o Estado expande o âmbito de sua in tervenção, e "au fur et à mesuro" que as necessidades do serviço público vão

justificando, ou exigindo, a sua institui

ção, não obedecem a um padrão único, a um modêlo, figurino ou estrutura uni forme. Bem ao contrário. Estabelecidas de maneira tumultuária, sob o influxo da extensão caótica e circunstancial da

interferôncia do poder público (que no mundo moderno vai sufocando tôdas as atividades privadas, sob êsse crescimen

to desmedido, que já se chamou de "elefantíaso" estatal), as entidades autár

quicas, ou os estabelecimentos pitblicos, assumem, aqui e alhures, as modalida

des mais diversas, e apresentam, na sua organização é funcionamento, traços di

com o objetivo de contribuir para o

ferenciais bem visíveis, segundo a le gislação própria que disciplina a vida

fiel desempenho de suas atribuições."

de cada uma, tendo em conta o fim a

descentralização administrativa, busca o

dominante (que o leva a incorporar, cada dia, ao âmbito da ação pública o que antes pertencia ao campo próprio de livre ação privada), mitigar os efei tos daquilo que já se denominou a "surmenago" estatal, e que ameaça trazer ã

administração centralizada tàl complexi dade e tão grandes empeços, que os des gastes, os conflitos e os desperdícios de esforços conduzirão o poder público a

uma situação de crise^^crescente, se não

acabar por conduzir à paralisia tôda a"

ciclópica maquinaria, em cujas engre

nagens se procura envolver tôda a vida

coletiva, sob o mesmo comando, que acabará, fatalmente, vencido, pela inefi ciência e pela irresponsabilidade, ao con servar a direção aparente de um con

junto babilônico de repartições e órgãos

cujas iniciativas e cuja atividade ineví-

tâvebnente lhe escaparão h vigilância e ao "contrôle".

A criação das autarquias, entes paraes-

tatais, ou estabelecmeutos públicos obe deoeu a êsse propósito de doscentralirar


Digesto Econômico

DrcKST-Q Econômico 129

128

As funções do Departamento Nacional assim SC definiram no art. 15:

"Constituem renda do Serviço So cial da Indústria:

a) 05 contribuições dos emprega

"O Departamento Nacional do Ser viço Social da Indústria, dirigido pelo

dores na indústria e atividades

presidente da Confederação Nacional da Indústria, será o órgão de coor denação entre o Conselho Nacional

si só, esclarece e rcsol\'c, de maneira

art. 3.° do decreto-lei n.° 9.403,

cabal, a questão que se suscita. Os textos reproduzidos revelam, eloqüen

e as administrações regionais, bem

como o órgão executivo para o Dis

c) as subvenções;

d) as multas arrecadadas por in

fração de dispositivos legais,

Em cada Estado em. que houver fe

regulamentarcs e regimentais;

deração de indústria, constituir-se-á, de acordo com o art. 17 do regulamento, um Conselho Regional, de que farão

parte, obrigatòriamente, um represen

e) as rendas eventuais.

Quanto à decisão final dos assuntos de

tante do Ministério do Trabalho, Indús

interêsse da entidade, pre.screve o art.

tria e Comércio e um representante do

31:

Governo do Estado, cabendo ao Conse

lho, nos termos do art. 18, letra c,

"O Conselho Nacional decidirá,

em última instância, as questões de

"aprovar a prestação de contas apre sentada pelo Diretor do Departa

ordem geral, de interêsse do Serviço

mento Regional."

que lhe forem submetidas pelo De partamento Nacional c pelos depar

4 — Relativamente à situação do pes

soal empregado no SESI, dispõe o § 1.°

Social de Indústria, "ex-officio", ou tamentos e conselhos regionais, por intermédio do primeiro."

do art. 24 do regulamento:

E, finalmente, cumpre recordar estes "Para todos os efeitos das leis tra

balhistas, os empregados do Serviço Social da Indtistria gozarão de re

galias e ficarão sujeitos às obrigações dos trabalhadores de indústría, con siderando-se o Serviço Social da In dústria, na sua qualidade de entida de de direito privado, como emprôsa empregadora"; '

dois artigos, cujo conteúdo interessa es pecialmente íi elucidação das questões propostas:

"Art. 33 — O presente regulamento

poderá ser alterado pela Confedera ção Nacional da Indústria, mediante

dois terços dos votos do Conselho de

Representantes e aprovação do Mi nistro do Trabalho, Indústria e Co

e o § 2.^:

mércio."

"Os servidores do Serviço Social da Indústria serão segurados obrigató rios do Instituto de Aposentadoria e

dos seus órgãos, poderá apreciar o

Pensões dos Industriarios,

ação do Serviço Social da Indústria,

Sôbre as fontes de renda do SESI, disse o art. 25:

que neste definem a natureza do SESI,

e dos dispositivos regulamentarcs, que disciplinaram o seu funcionamento, por

assemelhadas, previstas pelo de 25 de junho de 1946; b) as doações e legados;

trito Federal."

5 — A leitura das razões que justifica

ram o dccrcto-lei n.° 9.403, dos artigos

"Art. 34 — O Ministério do Traba

lho, Indústria e Comércio, através

temente, do maneira insistente e desen-

ganada, quase impertinente, pela sua reiteração, que o poder público, ao autotorizar a criação do SESI, não quis criar .mais uma autarquia administrativa. Ser-

Ihe-ia lícito, ó claro, fazê-lo, se o qui sesse; não o quis; e clara, expressa, peremptòriamente, declarou que não o queria. A êste respeito, a manifestação

que se destina, o serviço público que lhe incumbe desempenhar. Sobrecarregando-se de tarefas e encar gos, par e passo com a ampliação do

raio de sua intervenção, õ Estado mo

derno (transformado cm Estado-proridència, "Welfare-State"), procura, de outro ludo, c\'itar quanto pode o cres

cimento alarmante do seu aparclhamento burocrático e da sua estrutura cen

tralizada, mediante a personalizíição dc õertos seniços públicos, os quais, pela nalxu-eza das finalidades a que atendera, reclamam maior liberdade de movimen

tos e um sistema de organização e de

se insinue a dialética do intérprete dc-

funcionamento que os aproxime, tanto quanto possível, da organização ^ do funcionamento das empresas pri^■adas. Atra\'cs dessa, técnica ou processo de

liberadamente predisposto a provocar

Estado, sob o influxo da mentalidade

do legislador é "self-e.\planatoi*\'"; não deixou escaninho ou frincha por onde luna refração no sentido, de rara nitidez, com que se traduz a "intcntio legis". R — Ê sabido que as autarquias cria

das, desordenadamente, à medida que

o Estado expande o âmbito de sua in tervenção, e "au fur et à mesuro" que as necessidades do serviço público vão

justificando, ou exigindo, a sua institui

ção, não obedecem a um padrão único, a um modêlo, figurino ou estrutura uni forme. Bem ao contrário. Estabelecidas de maneira tumultuária, sob o influxo da extensão caótica e circunstancial da

interferôncia do poder público (que no mundo moderno vai sufocando tôdas as atividades privadas, sob êsse crescimen

to desmedido, que já se chamou de "elefantíaso" estatal), as entidades autár

quicas, ou os estabelecimentos pitblicos, assumem, aqui e alhures, as modalida

des mais diversas, e apresentam, na sua organização é funcionamento, traços di

com o objetivo de contribuir para o

ferenciais bem visíveis, segundo a le gislação própria que disciplina a vida

fiel desempenho de suas atribuições."

de cada uma, tendo em conta o fim a

descentralização administrativa, busca o

dominante (que o leva a incorporar, cada dia, ao âmbito da ação pública o que antes pertencia ao campo próprio de livre ação privada), mitigar os efei tos daquilo que já se denominou a "surmenago" estatal, e que ameaça trazer ã

administração centralizada tàl complexi dade e tão grandes empeços, que os des gastes, os conflitos e os desperdícios de esforços conduzirão o poder público a

uma situação de crise^^crescente, se não

acabar por conduzir à paralisia tôda a"

ciclópica maquinaria, em cujas engre

nagens se procura envolver tôda a vida

coletiva, sob o mesmo comando, que acabará, fatalmente, vencido, pela inefi ciência e pela irresponsabilidade, ao con servar a direção aparente de um con

junto babilônico de repartições e órgãos

cujas iniciativas e cuja atividade ineví-

tâvebnente lhe escaparão h vigilância e ao "contrôle".

A criação das autarquias, entes paraes-

tatais, ou estabelecmeutos públicos obe deoeu a êsse propósito de doscentralirar


Éí/p«-.

Dioesto Econômico 130

a direção c a execução dos serviços públi cos, destacandó-os do conjunto da orga nização burocrática centralizada, sem

que êles perdessem, todavia, a sua mitureza de serviços públicos, nem tampouco

administrativa que entrentamos. nessa

che esercitano pubbliche funzioni in

experiência, ainda rcccntc no nosso país, dc um "Eslado-positÍN'o", animado dc

qualità di pri\ati co o scnza un in

largo propósito intcrvcncionista.

7 — O primeiro traço marcante, inci

o órgão, entidade ou "agência", criada para desempcniiá-los, o caráter dc órgão

sivo, dominador, que apresenta uma au

estatal, de ente público, de pessoa jurí dica de Direito público. A instituição

pelo Estado. Êstc c o seu "signiim spe-

tarquia c ser uma pessoa pública, criada

de uma autarquia representa, assim, ape

cificum". Um particular, um grupo dc particulares, uma entidade privada nao

nas, um processo pelo qual se destaca

pode, evidentemente, dar nascimt.nto e

do mecanismo centralizado do Estado um serviço público, atribuindo-

vida a uma autarquia; só o Estado a pode criar, ou destacando, do complexo dc seus serviços, de

lhe personalidade própria, e re

Dícesto Econômico

teresse proprio".

E a esta concepção sc filiou o legis lador brasileiro, ao definir no decretolei n.° 6.016, de 22 de novembro dc 1943, art. 2.°:

"Considoram-sc autarquias, para efeito deste decreto-lei, o .serviço es tatal descentralizado, com personali

dade dc Direito público, explícita ou implicitamente rcconhociclo por lei."

cursos também próprios, para

terminado serviço para perso

que êle seja executado sob admi

nalizá-lo, ou incorporando ao círculo das atividades públicas atividades antes exercidas por

artigos reproduzidos no início deste tra

pessoas privadas, e criando uma pessoa pública para desempe

ato governamental, formulada cm ter

nistração autônoma.

No direito administrativo do

Brasil, ou de qualquer outro país, em que o movimente de

descentralização dos serviços públicos já atingiu a um grau de evolução mais

avançado, não há divergência quanto aos conceitos básicos enunciados, de natureza hoje corriqueira. Se não há uniformidade, como acen

tuamos, nos traços apresentados pelas diversas autarquias, criada cada uma de

acordo com as finalidades a que se des tina, segundo o molde ou o esquema

que o legislador entendeu mais conve

nhá-las.

Sôbre esse ponto não sc manifesta qualquer disputa entre os autores; trata-

se de questão tranqüila {Friiz Fleiner — Instituclones de Dcrecho Administra

decorre de próprio estágio da evolução

caracteriza as autarquias.

O poder público, como se vc do art. .1.° do decreto-lei em exame, não "criou"

tiãade: apenas "atribuiu" à Confedera

Istituzioni

ção Nacional da Indústria o encargo de

di

Diritto

Amministrativo,

1939, V. I, p. 386; Ranelletti — Istituzioni

di Diritto Publico, 1937, p. 493; Marcelo reito Administrativo, vol. I, p. 131;

cam de maneira inconfundível a natu reza jurídica, sob muitos aspectos cambiante - como é, aliás, compreensível,_ e

evidentemente, essa marca essencial que

nistrativo — 1936, p. 48; VAlcssio —

terminologia, que distingue esses órgãos admínistrati\-os, há, entre nós, uniformi

específicos e constantes que lhes mar

mos dc clareza inofuscá\'cl, põe de ma nifesto que essa entidade não apresenta,

o SESI; não o instituiu por ato seu; não

Caetano — Tratado Elementar de Di

davia' indicar, do cotejo entre os di versos entes autônomos existentes, e valendo-se dos elementos doutrinários mais idôneos, estabelecer alguns sinais

balho, elucidados pela justificação do

tivo, trad. de Sabino A. Cendin, 1933, p. 88; Salemi — Corso di Diritto Ammi-

niente seguir; se nem mesmo, quanto à

dade de pontos de vista, conforme já se assinalou (Oscar Saraiva - Bey. For., V 84 p- 772), será sempre possível, to

Ora, a simples leitura do dccrcto-lei

quo dispôs sobre o SESI, através dos

Franscisco Campos — Direito Adminis trativo, p. 272 e 273).

Porque, em verdade, a autarquia não c outra coisa senão, como -ensina hcn-

ii.ni (Istituzioni di Diritto Amministra

tivo, 1939, vol. I, p. 77):

teve a iniciatívíi de criar essa nova en--

"criá-la", o que é coisa diamctrahnentc diversa.

Porque assim procedeu o Governo Fe deral, então no exercício simultâneo dos poderes executivo o legislativo? Dissc-o, ao justificar o seu procedi mento, no preâmbulo do mesmo decre

to-lei: não quis chamar a si o encargo de executar diretamente os serviços que a Confederação Nacional da Indústria

131

prognuna, cuja realização a mesma Con

federação se ofereceu para levar a efeito, "dispondo-se", como se dispôs, "a or ganizar, com recursos auferidos dos em

pregadores, um serviço próprio". Nada mais claro, nem mais expressivo. O propósito do poder público, precisa mente manifestado e traduzido em ato solene, não era o de "criar" mais um

órgão, ou agência parocstatal, para de sempenhar o serviço de assistência social

previsto: limitava-sé o favorecer, esti

mular, cooperar, com uma entidade pri vada, para que esta estabelecesse, crias se ela própria, dc sua iniciativa, um ór-

gãp ou entidade que se desincumbisse da e.xccução do programa pré-estabcletido c julgado de interesse público. E o estímulo, a cooperação, o favorecimenfo por parte do poder público se traduziram nas várias medidas que no decreto-lei se concederam, a fim de que a entidade a criar-se sc desempe nhasse satisfatòriamentc da tarefa de> interêsso coletivo, que tomara a seu cargo.

A iniciativa da criação do SESI era

manifestamente uma deliberação da von

tade privada. O Estado apenas intervinha jjara autorizar a sua realização, e a fim de, considerando, dc outro lado,

os altos interesses coletivos a que ela consultava, conceder-Ilie certos favores e "prerrogativas.

Urna coisa ó a criação por ato estatal: outra, e bem diversa, e com diversos

efeitos, é apenas a autorização, ou re conhecimento, manifestado pelo Estado, para que a criação se opere.

"una forma spbcifica delia capa cita di diritto pubblico, própria di

se propôs a desempenhar; porém, tão sòmente procurou "favorece/ e estimu

quei soggetti ausiliari dello Stato che esercitano funzioni pubbliche per un

lar a cooperação" daquele órgão de classe, em "iniciativas tendentes a pro

de transformar em público o ente pri

interesse proprio che sia ugualmen-

mover o bem-estar dos traballiadores e de suas famílias", consubstanciadas no

Ferram (Teom delle persone giuridiche — 2.^ ed. — 1923, p. 747).

te pubblico, e non anchè di quell:

- * j'

Essa intervenção não tem o alcance

vado, que se quis criar com êsse carrHer.


Éí/p«-.

Dioesto Econômico 130

a direção c a execução dos serviços públi cos, destacandó-os do conjunto da orga nização burocrática centralizada, sem

que êles perdessem, todavia, a sua mitureza de serviços públicos, nem tampouco

administrativa que entrentamos. nessa

che esercitano pubbliche funzioni in

experiência, ainda rcccntc no nosso país, dc um "Eslado-positÍN'o", animado dc

qualità di pri\ati co o scnza un in

largo propósito intcrvcncionista.

7 — O primeiro traço marcante, inci

o órgão, entidade ou "agência", criada para desempcniiá-los, o caráter dc órgão

sivo, dominador, que apresenta uma au

estatal, de ente público, de pessoa jurí dica de Direito público. A instituição

pelo Estado. Êstc c o seu "signiim spe-

tarquia c ser uma pessoa pública, criada

de uma autarquia representa, assim, ape

cificum". Um particular, um grupo dc particulares, uma entidade privada nao

nas, um processo pelo qual se destaca

pode, evidentemente, dar nascimt.nto e

do mecanismo centralizado do Estado um serviço público, atribuindo-

vida a uma autarquia; só o Estado a pode criar, ou destacando, do complexo dc seus serviços, de

lhe personalidade própria, e re

Dícesto Econômico

teresse proprio".

E a esta concepção sc filiou o legis lador brasileiro, ao definir no decretolei n.° 6.016, de 22 de novembro dc 1943, art. 2.°:

"Considoram-sc autarquias, para efeito deste decreto-lei, o .serviço es tatal descentralizado, com personali

dade dc Direito público, explícita ou implicitamente rcconhociclo por lei."

cursos também próprios, para

terminado serviço para perso

que êle seja executado sob admi

nalizá-lo, ou incorporando ao círculo das atividades públicas atividades antes exercidas por

artigos reproduzidos no início deste tra

pessoas privadas, e criando uma pessoa pública para desempe

ato governamental, formulada cm ter

nistração autônoma.

No direito administrativo do

Brasil, ou de qualquer outro país, em que o movimente de

descentralização dos serviços públicos já atingiu a um grau de evolução mais

avançado, não há divergência quanto aos conceitos básicos enunciados, de natureza hoje corriqueira. Se não há uniformidade, como acen

tuamos, nos traços apresentados pelas diversas autarquias, criada cada uma de

acordo com as finalidades a que se des tina, segundo o molde ou o esquema

que o legislador entendeu mais conve

nhá-las.

Sôbre esse ponto não sc manifesta qualquer disputa entre os autores; trata-

se de questão tranqüila {Friiz Fleiner — Instituclones de Dcrecho Administra

decorre de próprio estágio da evolução

caracteriza as autarquias.

O poder público, como se vc do art. .1.° do decreto-lei em exame, não "criou"

tiãade: apenas "atribuiu" à Confedera

Istituzioni

ção Nacional da Indústria o encargo de

di

Diritto

Amministrativo,

1939, V. I, p. 386; Ranelletti — Istituzioni

di Diritto Publico, 1937, p. 493; Marcelo reito Administrativo, vol. I, p. 131;

cam de maneira inconfundível a natu reza jurídica, sob muitos aspectos cambiante - como é, aliás, compreensível,_ e

evidentemente, essa marca essencial que

nistrativo — 1936, p. 48; VAlcssio —

terminologia, que distingue esses órgãos admínistrati\-os, há, entre nós, uniformi

específicos e constantes que lhes mar

mos dc clareza inofuscá\'cl, põe de ma nifesto que essa entidade não apresenta,

o SESI; não o instituiu por ato seu; não

Caetano — Tratado Elementar de Di

davia' indicar, do cotejo entre os di versos entes autônomos existentes, e valendo-se dos elementos doutrinários mais idôneos, estabelecer alguns sinais

balho, elucidados pela justificação do

tivo, trad. de Sabino A. Cendin, 1933, p. 88; Salemi — Corso di Diritto Ammi-

niente seguir; se nem mesmo, quanto à

dade de pontos de vista, conforme já se assinalou (Oscar Saraiva - Bey. For., V 84 p- 772), será sempre possível, to

Ora, a simples leitura do dccrcto-lei

quo dispôs sobre o SESI, através dos

Franscisco Campos — Direito Adminis trativo, p. 272 e 273).

Porque, em verdade, a autarquia não c outra coisa senão, como -ensina hcn-

ii.ni (Istituzioni di Diritto Amministra

tivo, 1939, vol. I, p. 77):

teve a iniciatívíi de criar essa nova en--

"criá-la", o que é coisa diamctrahnentc diversa.

Porque assim procedeu o Governo Fe deral, então no exercício simultâneo dos poderes executivo o legislativo? Dissc-o, ao justificar o seu procedi mento, no preâmbulo do mesmo decre

to-lei: não quis chamar a si o encargo de executar diretamente os serviços que a Confederação Nacional da Indústria

131

prognuna, cuja realização a mesma Con

federação se ofereceu para levar a efeito, "dispondo-se", como se dispôs, "a or ganizar, com recursos auferidos dos em

pregadores, um serviço próprio". Nada mais claro, nem mais expressivo. O propósito do poder público, precisa mente manifestado e traduzido em ato solene, não era o de "criar" mais um

órgão, ou agência parocstatal, para de sempenhar o serviço de assistência social

previsto: limitava-sé o favorecer, esti

mular, cooperar, com uma entidade pri vada, para que esta estabelecesse, crias se ela própria, dc sua iniciativa, um ór-

gãp ou entidade que se desincumbisse da e.xccução do programa pré-estabcletido c julgado de interesse público. E o estímulo, a cooperação, o favorecimenfo por parte do poder público se traduziram nas várias medidas que no decreto-lei se concederam, a fim de que a entidade a criar-se sc desempe nhasse satisfatòriamentc da tarefa de> interêsso coletivo, que tomara a seu cargo.

A iniciativa da criação do SESI era

manifestamente uma deliberação da von

tade privada. O Estado apenas intervinha jjara autorizar a sua realização, e a fim de, considerando, dc outro lado,

os altos interesses coletivos a que ela consultava, conceder-Ilie certos favores e "prerrogativas.

Urna coisa ó a criação por ato estatal: outra, e bem diversa, e com diversos

efeitos, é apenas a autorização, ou re conhecimento, manifestado pelo Estado, para que a criação se opere.

"una forma spbcifica delia capa cita di diritto pubblico, própria di

se propôs a desempenhar; porém, tão sòmente procurou "favorece/ e estimu

quei soggetti ausiliari dello Stato che esercitano funzioni pubbliche per un

lar a cooperação" daquele órgão de classe, em "iniciativas tendentes a pro

de transformar em público o ente pri

interesse proprio che sia ugualmen-

mover o bem-estar dos traballiadores e de suas famílias", consubstanciadas no

Ferram (Teom delle persone giuridiche — 2.^ ed. — 1923, p. 747).

te pubblico, e non anchè di quell:

- * j'

Essa intervenção não tem o alcance

vado, que se quis criar com êsse carrHer.


IDicesto Econômico X32

"Ma é da osservare che Io Stato

"II faut se garder de considerer

interviene sempre nella costituzione delle persone giuridiche, nella crea-

commc decisifs les criterinms sui-

zione de! soggetto dí diritto, col riconoscimento, cTie può assere anche dato per Icgge, senza che perció

a) rintervention d'un acle dc Tautorité publique pour Ia formation

vants:

to, e d'altra parto un substrato na-

d'un etablisscmcnt n'es^ pas un criterium satisfaisant. En effet, cet acte aussi . est necessairo pour Ia recon-

turale o vokmtario si trova, pure

naissance d'utilité publique;

muti il carattere deli*ente riconosciu-

nelle persone di diritto publico. Ora, non si saprebbe come distinguere quando Tintervento dello Stato fa sorgere un soggetto pubblico e quan do uno privato. Dal resto Io Stato

stesso come persona giuridica può esscre fotidatore d'un ente, tanto

b) Du même, de fait que les re-

glements pour le régime et pour le service interieur d'un etablissement

doivent être approuvés par un agent

public (prefet, ministre, etc) n'est

pubblico che privato, ed è inesatto

pas decisif. Par c.xcmple, les statuts dc caisses d'epargne ordinaires,

pensare che ogni ente che ha origi

les statuts des socictés de secours

ne da un atto statale é statale".

D'Alessio - (op. vol. cit., p.-204): Infine, puo ariche darsi che Ia costituzione delia nuova persona

giuridica sia dovuta a privati. In tali casi. Ia discriminazione é certa

mente piú difficile. Airuopo é irriIe\'ante Telemento formale dei rico-

noscímento da parte dello Stato. Tale riconoscimento, che é stato sem

pre atto dello Stato, serve a trans formara le unítà dí fatto in unitá di

diritto; concede, cioé, alia unitá di

fatto (comunque costituita) Ia ca

pacita di diritto, che é un pressupposto delia qualificazione delia per sona giuridica come publica o privata, ma e assolutamente irrilevante ai fini delia qualificazione "medesime

Gasfon Jéze (Les príncipes generaux

mutueis sont soumis á l'approbation

des agents adminislratifs; pourtant ces etablissements sont, sans ancune

contestation, des etablissements d'uti-

lité publique, et non des ser\'ices publics".

Digésto Econômico

133

Ranelletti (op. cit., p. 493): "Le persone giuridichi constituite dallo Stato per compiere un ser\Í2io publico, sono senza dubbio pubbliche". ^

E em nota, ao pé da página, distingue com nitidez:

"Parliamo, si note bene, di costi tuzione delia persona giuridica, cioè delia formazione degli stessi elementi naturali nel concorso dei quali Ia persona giuridica può sorgere, vale. a diro delia formazione delia unitá di

fatto substrato delia persona giuridi noscimenio delia persona giuridica, cioé Tatto dello Stato che concede

alia unità di fatto Ia capacita di di ritto, Ia personalitá e che transfor ma quella unità di fatto in unità di

diritto, in persona giuridica.

Queslo riconoscimento é sempre

autorizar ou fiscalizar o funcionamento,

blico e può essere opera di privati,

como se verifica, sob graus diferentes, nas sociedades civis ou comerciais, fun

come abbiano detto. 11 riconoscimen

dações, partidos políticos, bancos, em

to é elemento irrelevante per Ia ques. tione delia natura puhblica o fxrivata

presas estrangeiras que pretendem esta

delia persona giuridica, perchè é ele

pessoa privada em pessoa pública; por*que, nesses casos, o fato gerador, o fato

mento necessário per il nascimento

di qualunque persona giuridica". Bonnard (Precis de Droit Administra tif ~ 1935 - p. 538):

"Le criterium auquel s'est arretée

criador do ente é a vontade privada, que

Ia jurisprudence est le suivant.

o instituiu e dirige a sua vida, e não

faut tenir compte de Vorigine de 1 etablissement en ce qui concerne

II

de droit administratif — 1930 — ed. 2.° vol., p. 22 e segs.), depois de passar, em revista os vários critérios fonnulados para se verificar se deparamos, ou ntão, com um serviço público personalizado,

gais, e merece ser legalmente reconhe

que dans Vinitiative et non dans

ensina:

cida.

Taote de creation lui-rfième, puisque

a estatal, que apenas reconhece que aquela vontade se manifestou regular mente, de acôrdo com os preceitos le

blico e dc Direito privado, que tem cons tituído, através dos tempos, um campo de disputa acirrada, entre os maiores juristas, teve as suas dificuldades acres

cidas em \'irtude de alargamento cres cente, ditado pelas circunstâncias que vêm assinalando a ação do Estado mo

funções públicas e as funções privadas

unità di fatto, invece, può essere opera dello Stato o di altro ente pu

tervenção resulte a transfiguração da

8 — O problema tormentoso da dis tinção entre as pessoas de Direito pú

questa costituzione il cosidetto rico-

conferir ou reconhecer personalidade ju rídica aos entes morais, ou para lhes

lecimentos escolares, sem que dessa in

contraire, elle emane de TEtat, c'est

un etablissement public."-

derno.

atto dello Stato; Ia costituzione delia

belecer-se no País, empresas de seguro,

venue d'un particulier, il y a un eta blissement d'utilité publique. Si, au

ca. E non si deve confondere con

A intervenção do Estado se dá sem pre, com efeito, sob modos diversos para

associações de utilidade pública, estabe

cet acte emane toujours de TEtat. Si donc 1 initiative de Ia creation est

celui qui a.pris Vinitiative de sa crea-

tion. La difference ne peut resider

As linhas divisórias entre as

se tomam cada vez mais imprecisas, in

definidas e movediças, por obra justa mente dos movimentos políticos e sociais que vão, dia a dia, recompondo a fisio nomia da sociedade, sob a pressão de fôrças 6 influências extremamente dinâ micas e contraditórias.

A ação estatal

não se pôde desenralver segundo um plano, senão, e de maneira precária, quanto aos objetivos gerais a perseguir;, os meios, os processos e os instrumentos

através dos quais a ação para alcançar os objetivos se desenvolve sofrem a cada instante retificações e mudanças, muitas vezes bruscas, improvisadas ao

sabor da hora que pàssa, e sob o impé rio das contingências inelutáveis. Há, em conseqüência, um largo trecho entre o campo privado e o campo de ação do Estado que se apresenta como "torra de ninguém", no qual se assinalam incur sões episódicas de um ou outro lado das fôrças em disputa, até que o Estado,

como o "ente-maior", acaba sempre por levar a melhor, e conquistar mais uma

porção do território em que sua ação se toma predominante, por essa tendên cia incoercível de tudo transformar em


IDicesto Econômico X32

"Ma é da osservare che Io Stato

"II faut se garder de considerer

interviene sempre nella costituzione delle persone giuridiche, nella crea-

commc decisifs les criterinms sui-

zione de! soggetto dí diritto, col riconoscimento, cTie può assere anche dato per Icgge, senza che perció

a) rintervention d'un acle dc Tautorité publique pour Ia formation

vants:

to, e d'altra parto un substrato na-

d'un etablisscmcnt n'es^ pas un criterium satisfaisant. En effet, cet acte aussi . est necessairo pour Ia recon-

turale o vokmtario si trova, pure

naissance d'utilité publique;

muti il carattere deli*ente riconosciu-

nelle persone di diritto publico. Ora, non si saprebbe come distinguere quando Tintervento dello Stato fa sorgere un soggetto pubblico e quan do uno privato. Dal resto Io Stato

stesso come persona giuridica può esscre fotidatore d'un ente, tanto

b) Du même, de fait que les re-

glements pour le régime et pour le service interieur d'un etablissement

doivent être approuvés par un agent

public (prefet, ministre, etc) n'est

pubblico che privato, ed è inesatto

pas decisif. Par c.xcmple, les statuts dc caisses d'epargne ordinaires,

pensare che ogni ente che ha origi

les statuts des socictés de secours

ne da un atto statale é statale".

D'Alessio - (op. vol. cit., p.-204): Infine, puo ariche darsi che Ia costituzione delia nuova persona

giuridica sia dovuta a privati. In tali casi. Ia discriminazione é certa

mente piú difficile. Airuopo é irriIe\'ante Telemento formale dei rico-

noscímento da parte dello Stato. Tale riconoscimento, che é stato sem

pre atto dello Stato, serve a trans formara le unítà dí fatto in unitá di

diritto; concede, cioé, alia unitá di

fatto (comunque costituita) Ia ca

pacita di diritto, che é un pressupposto delia qualificazione delia per sona giuridica come publica o privata, ma e assolutamente irrilevante ai fini delia qualificazione "medesime

Gasfon Jéze (Les príncipes generaux

mutueis sont soumis á l'approbation

des agents adminislratifs; pourtant ces etablissements sont, sans ancune

contestation, des etablissements d'uti-

lité publique, et non des ser\'ices publics".

Digésto Econômico

133

Ranelletti (op. cit., p. 493): "Le persone giuridichi constituite dallo Stato per compiere un ser\Í2io publico, sono senza dubbio pubbliche". ^

E em nota, ao pé da página, distingue com nitidez:

"Parliamo, si note bene, di costi tuzione delia persona giuridica, cioè delia formazione degli stessi elementi naturali nel concorso dei quali Ia persona giuridica può sorgere, vale. a diro delia formazione delia unitá di

fatto substrato delia persona giuridi noscimenio delia persona giuridica, cioé Tatto dello Stato che concede

alia unità di fatto Ia capacita di di ritto, Ia personalitá e che transfor ma quella unità di fatto in unità di

diritto, in persona giuridica.

Queslo riconoscimento é sempre

autorizar ou fiscalizar o funcionamento,

blico e può essere opera di privati,

como se verifica, sob graus diferentes, nas sociedades civis ou comerciais, fun

come abbiano detto. 11 riconoscimen

dações, partidos políticos, bancos, em

to é elemento irrelevante per Ia ques. tione delia natura puhblica o fxrivata

presas estrangeiras que pretendem esta

delia persona giuridica, perchè é ele

pessoa privada em pessoa pública; por*que, nesses casos, o fato gerador, o fato

mento necessário per il nascimento

di qualunque persona giuridica". Bonnard (Precis de Droit Administra tif ~ 1935 - p. 538):

"Le criterium auquel s'est arretée

criador do ente é a vontade privada, que

Ia jurisprudence est le suivant.

o instituiu e dirige a sua vida, e não

faut tenir compte de Vorigine de 1 etablissement en ce qui concerne

II

de droit administratif — 1930 — ed. 2.° vol., p. 22 e segs.), depois de passar, em revista os vários critérios fonnulados para se verificar se deparamos, ou ntão, com um serviço público personalizado,

gais, e merece ser legalmente reconhe

que dans Vinitiative et non dans

ensina:

cida.

Taote de creation lui-rfième, puisque

a estatal, que apenas reconhece que aquela vontade se manifestou regular mente, de acôrdo com os preceitos le

blico e dc Direito privado, que tem cons tituído, através dos tempos, um campo de disputa acirrada, entre os maiores juristas, teve as suas dificuldades acres

cidas em \'irtude de alargamento cres cente, ditado pelas circunstâncias que vêm assinalando a ação do Estado mo

funções públicas e as funções privadas

unità di fatto, invece, può essere opera dello Stato o di altro ente pu

tervenção resulte a transfiguração da

8 — O problema tormentoso da dis tinção entre as pessoas de Direito pú

questa costituzione il cosidetto rico-

conferir ou reconhecer personalidade ju rídica aos entes morais, ou para lhes

lecimentos escolares, sem que dessa in

contraire, elle emane de TEtat, c'est

un etablissement public."-

derno.

atto dello Stato; Ia costituzione delia

belecer-se no País, empresas de seguro,

venue d'un particulier, il y a un eta blissement d'utilité publique. Si, au

ca. E non si deve confondere con

A intervenção do Estado se dá sem pre, com efeito, sob modos diversos para

associações de utilidade pública, estabe

cet acte emane toujours de TEtat. Si donc 1 initiative de Ia creation est

celui qui a.pris Vinitiative de sa crea-

tion. La difference ne peut resider

As linhas divisórias entre as

se tomam cada vez mais imprecisas, in

definidas e movediças, por obra justa mente dos movimentos políticos e sociais que vão, dia a dia, recompondo a fisio nomia da sociedade, sob a pressão de fôrças 6 influências extremamente dinâ micas e contraditórias.

A ação estatal

não se pôde desenralver segundo um plano, senão, e de maneira precária, quanto aos objetivos gerais a perseguir;, os meios, os processos e os instrumentos

através dos quais a ação para alcançar os objetivos se desenvolve sofrem a cada instante retificações e mudanças, muitas vezes bruscas, improvisadas ao

sabor da hora que pàssa, e sob o impé rio das contingências inelutáveis. Há, em conseqüência, um largo trecho entre o campo privado e o campo de ação do Estado que se apresenta como "torra de ninguém", no qual se assinalam incur sões episódicas de um ou outro lado das fôrças em disputa, até que o Estado,

como o "ente-maior", acaba sempre por levar a melhor, e conquistar mais uma

porção do território em que sua ação se toma predominante, por essa tendên cia incoercível de tudo transformar em


PM A M W

rwiffrr-

DiGESTO ECONÓKtIGO

DrcESTo Econômico

135

134

social, reduzindo cada vez mais a _ar reservada à liwe ação privada.

Ferrara (op. cit., pag. 743 e scgs.) analisa os vários critérios propostos para disHnguir as pessoas públicas da pessoa privada, acentuando que a oco^encia de

um, ou mesmo de alguns, dos sinais apontados como discriminativos, em cer tos casos, não basta para extremar, com

segurança, uma categoria da outra, em que se bipartem os entes morais. A relatividade dos traços diferenciadores ressalta destas suas palavras, que se encontram na pág. 742 do livro a que nos reportamos:

nous avons peine á tracer Ia lignc de demarcation, parcc qii*il y a des

fronto tipi estremi, Ia differenza salta

agli occhi, ma quando si cominciano ad esamínare figure intermedie o sulI'orlo dei confine, allora da perplessitá diventa grave. Invero Ia linea di separazione é ondeggiante

entendeu coincnicntc, a fim de que se

formes intermcdiaires, qui rcunússcnt en eux des caracteres emprimtés aux

tomasse realidade a benfazcia inicia

deux types"...

tiva.

E pouco depois completa a observa ção (p. 214):

"II est certain en cffct qu'il faut, en cette question, se montrcr pnident, d*autant micux que Ia lol po sitive ne nous fournit pas rindication

sure et qu'il ne faut pas cbercher un signe unique, formant critcrium infaillible. Los signos proposés comme

"Poichè, finchè si mettono a con

Confederação Nacional da Indústria a

criar o SESI, c a conceder o amparo que

tels dans Ia doctrine laisscnt tous a desirer".

"O Serviço Soci<d da Indústria, com

personalidade jurídica dc J^ircito pri vado",. .. definiu o legislador, no art. 2.® do Decreto-lei 9.403.

Homa locuta est. A prudência do le gislador trancou, assim, o caminho a qualquer hermenêutica tortuosa. Não

se cria uma autarquia — pessoa jurídica

de direito público — dizendo-se, im lei, de maneira incisiva, que .se autoriza a criação de uma pessoa jurídica privada, para realizar determinados fin.s dc interêsse geral.

tini, op. vol. cits., p. 71; Litigi Raggi ~

O pronunciamento do legislador não pode deixar de ser decisivo: as dificul dades que a doutrina enfrenta, a lei re

Diritto Amministrativo, 1935, n'o1. IV,

solve com o seu comando.

Não é outra a conclusão dos maiores

autorizados tratadistas (Cfr. Arturo Lcn-

nei vari tipi, perchè non tutti in egual modo hanno il carattere di

p. 101 e segs). 9 — Em face da complexidade do

pubblicità.

Cino Vitta (Diritto Amministrati\o,

2.^ ed., 1937, vol. I, p. 122):

Daltra parte non deve

dimenticarsi che Ia concessione di

distintivos propostas, qual o meio de

"Airuopo le difficoltá sono grave,

ció che appartiene al diritto pubblico e privato é relativo ai vari siste-

se afastar a dificuldade, quando se

ma a mio avvisso un'avvertenza si

cuida de definir a natureza dc determi

imponc: cioè talora a dirimere co-

nada entidade, criada para exercer, valendo-so de certas prerrogativas que lhe

testa difficolta Io stesso legislatorc

unità, ma difformità secundo Io svi-

luppo giuridico e le idee di un po-

são outorgadas, serviços ou funções que,

polo; ció che p.es. é pubblico per

por seu caráter, se apresentam como de

il diritto francese che ancora sente

interesse coletivo?

]'eredítà dei passato, può non esscre tale per il diritto nostro". Michoud'iLa. theorie de Ia personna-

lité morale, v. I, p. 213) adverte de-

pois de também expor as dificuldades da distinção entre as duas classes de

pessoas jurídicas: "lei comme ailleurs les formes de

Ia vie sont tellement complexos que,

tout en poiivant indiqner les carac-

téres principaux de chaque classe,

Há um meio segura de extfíiguir as

perplexidades, de pôr têrmo às dúvidas, de "trancher Ia question": é a manifes tação expressa do próprio legislador, de finindo a natureza do ente cuja criação

esclusívamente su una base giuridico positiva, in rapporto ai lesti ed alia

condizione giiiridica che godono attualmente le varie associazione od istituzioni".

Hauríou (Prccis de Droit Adminis-

triitif - 12e. ed., p. 281): "Mais Ia question de savcir si un etablissement donné est incorpore a radministration publique, et par consequence chargé d'un veritablc servi

ço public, peut être en ccrtains cas três doutense, si clle nest pas tran-

chée par Ia loi-mêine".

Caston Jcze (op. loc. citados, p. 28):

.^

"Pour savoir s'il y a etablissement

'

public proprcment dit, il faut s'attacher à Ia volonté du legislateur". Manuel Waline (Manuel Elementairc de Droit Administratif — 4.'* ed., 1946,

problema e da relatividade dos critérios

mi positivi, non si ha assoluteza ed

"II primo luogo é d*avvcrtire che Ia distinzione deve essere condotta

ha dato Ia definizione dei carattere privato o pubblico deircnte, ed allo

P- 219): "II est dono três important de savoir arquei signe on distingue un etablissement public d'un etablisse

ment d'utilité public.

Si le legislateur d classe formelle-

ra alia definizione legislativa non v'è che da prestare ossequio, salvo a trarne de giuste conseguenze per il

ment un etablissement dans une ou

regime deircnte cosi considerato".

ficulté"

Só quando o legislador for omisso, e

se estabelecer a dúvida, é que, para re-

Vautre cotesprie, il nu a pas de die em nota esclarece o mesmo autor:

solvê-la, cabe invocar os subsídios dou

"Le Secours National a eté creé en 1915 et reconstítué em 1939

quis propiciar, ou cuja atividade quis

trinários. É o mesmo autor que ensina

comme etablissement d'utílíté pu

favorecer.

(p. 123):

blique. II conserve ce caractère malgre les priviléges qui lui reconriais-

Dêste meio, e de maneira peremptó ria, categórica, insistente, como se es

tivesse prevendo as contestações que, de futuro, pudessem surgir, lançou mão precisamente o legislador, ao autorizar a

"Quando il legislatore abbia tá cito, debbono soccorrere Ia dottrine

e Ia giurisprudenza".

Ainda Ferrara (op. loc. cits. p. 749):

sent differentes lois....

... Il a eté reorganizé par une ordonnance du 8 fe\'rier 1944 sous le

noni d'"Entr'aide française pour Ia

^

^


PM A M W

rwiffrr-

DiGESTO ECONÓKtIGO

DrcESTo Econômico

135

134

social, reduzindo cada vez mais a _ar reservada à liwe ação privada.

Ferrara (op. cit., pag. 743 e scgs.) analisa os vários critérios propostos para disHnguir as pessoas públicas da pessoa privada, acentuando que a oco^encia de

um, ou mesmo de alguns, dos sinais apontados como discriminativos, em cer tos casos, não basta para extremar, com

segurança, uma categoria da outra, em que se bipartem os entes morais. A relatividade dos traços diferenciadores ressalta destas suas palavras, que se encontram na pág. 742 do livro a que nos reportamos:

nous avons peine á tracer Ia lignc de demarcation, parcc qii*il y a des

fronto tipi estremi, Ia differenza salta

agli occhi, ma quando si cominciano ad esamínare figure intermedie o sulI'orlo dei confine, allora da perplessitá diventa grave. Invero Ia linea di separazione é ondeggiante

entendeu coincnicntc, a fim de que se

formes intermcdiaires, qui rcunússcnt en eux des caracteres emprimtés aux

tomasse realidade a benfazcia inicia

deux types"...

tiva.

E pouco depois completa a observa ção (p. 214):

"II est certain en cffct qu'il faut, en cette question, se montrcr pnident, d*autant micux que Ia lol po sitive ne nous fournit pas rindication

sure et qu'il ne faut pas cbercher un signe unique, formant critcrium infaillible. Los signos proposés comme

"Poichè, finchè si mettono a con

Confederação Nacional da Indústria a

criar o SESI, c a conceder o amparo que

tels dans Ia doctrine laisscnt tous a desirer".

"O Serviço Soci<d da Indústria, com

personalidade jurídica dc J^ircito pri vado",. .. definiu o legislador, no art. 2.® do Decreto-lei 9.403.

Homa locuta est. A prudência do le gislador trancou, assim, o caminho a qualquer hermenêutica tortuosa. Não

se cria uma autarquia — pessoa jurídica

de direito público — dizendo-se, im lei, de maneira incisiva, que .se autoriza a criação de uma pessoa jurídica privada, para realizar determinados fin.s dc interêsse geral.

tini, op. vol. cits., p. 71; Litigi Raggi ~

O pronunciamento do legislador não pode deixar de ser decisivo: as dificul dades que a doutrina enfrenta, a lei re

Diritto Amministrativo, 1935, n'o1. IV,

solve com o seu comando.

Não é outra a conclusão dos maiores

autorizados tratadistas (Cfr. Arturo Lcn-

nei vari tipi, perchè non tutti in egual modo hanno il carattere di

p. 101 e segs). 9 — Em face da complexidade do

pubblicità.

Cino Vitta (Diritto Amministrati\o,

2.^ ed., 1937, vol. I, p. 122):

Daltra parte non deve

dimenticarsi che Ia concessione di

distintivos propostas, qual o meio de

"Airuopo le difficoltá sono grave,

ció che appartiene al diritto pubblico e privato é relativo ai vari siste-

se afastar a dificuldade, quando se

ma a mio avvisso un'avvertenza si

cuida de definir a natureza dc determi

imponc: cioè talora a dirimere co-

nada entidade, criada para exercer, valendo-so de certas prerrogativas que lhe

testa difficolta Io stesso legislatorc

unità, ma difformità secundo Io svi-

luppo giuridico e le idee di un po-

são outorgadas, serviços ou funções que,

polo; ció che p.es. é pubblico per

por seu caráter, se apresentam como de

il diritto francese che ancora sente

interesse coletivo?

]'eredítà dei passato, può non esscre tale per il diritto nostro". Michoud'iLa. theorie de Ia personna-

lité morale, v. I, p. 213) adverte de-

pois de também expor as dificuldades da distinção entre as duas classes de

pessoas jurídicas: "lei comme ailleurs les formes de

Ia vie sont tellement complexos que,

tout en poiivant indiqner les carac-

téres principaux de chaque classe,

Há um meio segura de extfíiguir as

perplexidades, de pôr têrmo às dúvidas, de "trancher Ia question": é a manifes tação expressa do próprio legislador, de finindo a natureza do ente cuja criação

esclusívamente su una base giuridico positiva, in rapporto ai lesti ed alia

condizione giiiridica che godono attualmente le varie associazione od istituzioni".

Hauríou (Prccis de Droit Adminis-

triitif - 12e. ed., p. 281): "Mais Ia question de savcir si un etablissement donné est incorpore a radministration publique, et par consequence chargé d'un veritablc servi

ço public, peut être en ccrtains cas três doutense, si clle nest pas tran-

chée par Ia loi-mêine".

Caston Jcze (op. loc. citados, p. 28):

.^

"Pour savoir s'il y a etablissement

'

public proprcment dit, il faut s'attacher à Ia volonté du legislateur". Manuel Waline (Manuel Elementairc de Droit Administratif — 4.'* ed., 1946,

problema e da relatividade dos critérios

mi positivi, non si ha assoluteza ed

"II primo luogo é d*avvcrtire che Ia distinzione deve essere condotta

ha dato Ia definizione dei carattere privato o pubblico deircnte, ed allo

P- 219): "II est dono três important de savoir arquei signe on distingue un etablissement public d'un etablisse

ment d'utilité public.

Si le legislateur d classe formelle-

ra alia definizione legislativa non v'è che da prestare ossequio, salvo a trarne de giuste conseguenze per il

ment un etablissement dans une ou

regime deircnte cosi considerato".

ficulté"

Só quando o legislador for omisso, e

se estabelecer a dúvida, é que, para re-

Vautre cotesprie, il nu a pas de die em nota esclarece o mesmo autor:

solvê-la, cabe invocar os subsídios dou

"Le Secours National a eté creé en 1915 et reconstítué em 1939

quis propiciar, ou cuja atividade quis

trinários. É o mesmo autor que ensina

comme etablissement d'utílíté pu

favorecer.

(p. 123):

blique. II conserve ce caractère malgre les priviléges qui lui reconriais-

Dêste meio, e de maneira peremptó ria, categórica, insistente, como se es

tivesse prevendo as contestações que, de futuro, pudessem surgir, lançou mão precisamente o legislador, ao autorizar a

"Quando il legislatore abbia tá cito, debbono soccorrere Ia dottrine

e Ia giurisprudenza".

Ainda Ferrara (op. loc. cits. p. 749):

sent differentes lois....

... Il a eté reorganizé par une ordonnance du 8 fe\'rier 1944 sous le

noni d'"Entr'aide française pour Ia

^

^


Digesto Econó>uco 136

líberaüon", mais sans que sa nature

juridique ait été modifiée". Aos que, levados por devaneios es

T

estatuto que o erigira em "fundação (Rev. de Direito Administrativo, vol. II — fase. I — p. 156).

Dicrsto

ECONÓMICd

187

pecial, e devidamente homologada pelo Ministério do Trabalho; e, mais, que, em caso de dissolução, o seu patrimônio

tratif special tombent dans le pa trimoine administratif general (Etat,

reverterá à mesma Confederação.

(Cfr. Guscon tj Marin — Tratado de

Note-se que, no caso do InsL luto Mi

Como se poderia conceber uma autar

deparlements, communes, colonies). Derecho Administrativo, 1933,

peculativos, se propuseram a questão de

neiro do Café, não estava claramente

quia — uma pessoa jurídica de Direito

saber se o SESI é, ou não, uma autar

ed., vol. I, p. 234; Salemi, op. cit,

definido na lei qual a sua natureza ju

público, uma parcela do Estado, des

rídica; apenas a escritura de constitui

membrada da administração geral —

p. 69).

ção o declarou uma "fundação"; e

que se extinguisse por deliberação de

uma entidade privada, como o é a Con

formulada.

funções que o órgão criado desempe nhava eram, por sua finalidade, inerentes , ao poder público, que até então as exer cera; e, além do mais, o patrimônio da entidade era parte do patrimônio do

10 — Suscitou-se, a propósito da na tureza do Instituto Mineiro do Café,

Estado de Minas Gerais, que dêste se

só pode ser um patrimôjxio público — no caso de desaparecimento do ente

destacara.

autárquico, se transferisse para uma as

tério do Trabalho, o art. 34 apenas

sociação privada?

reconhece a faculdade de "apreciar a ,

quia, respondeu a lei, por antecipação: o SESI é uma entidade de Direito pri

vado, criada por iniciativa privada; logo, não é uma autarquia, porque esta é,

por natureza, uma pessoa pública cria da pelo Estado. A resposta da lei é, no caso, decisiva para espancar a dúvida

cuja criação fôra objeto da autorização da Lei n.® 1.203, de 16 de outubro

de 1930, do Estado de Minas Gerais, uma questão que se tomou famosa. A

controvérsia se originou do fato de, não definindo a lei clara

mente a personalidade jurídica do ente criado, haver sido de clarado na escritura de sua ins

tituição que êle ficava erigido "em fundação". Estabeleceu-se

daí a dúvida; se a pessoa jurí dica criada era de natureza priyada, ou, ao contrário, de natureza pública, con siderando os fins eminentemente públi cos e inequivocamente estatais que o novo órgão se destinava a atender.

Apesar, porém, de se haver criado o

A situação do SESI é muito diversa:

reito privado foi declarada expressamen te por lei federal: as suas funções não

são, por sua natureza, públicas, no sentido de que só possam

ser exercidas pelo poder público, pois múltiplas entidades priva das desempenham tarefas de as sistência social, como as come

11 — Se o decreto-lei n.® 9.403 não

bem claro que não se trata de uma au tarquia, conforme se vê dos textos re

tubro de 1944, o ponto de vista dos

que consideravam o Instituto Mineiro do Café pessoa jurídica de Direito pri

vado, porque assim o fôra declarado no

Michoud (op cit., vol. II - p. 383): "Pour les etablissements publics, fondations creés par TEtat ou des collectivítés territoriales; Ia dispantion volontaire ne se conçoit guére. L'organisme creé pour les representer a le dei>oír de fonctionner regu-

privativamente pelo Estado.

valecer, por decisão (da qual só dois

ção do Distrito Federal, em 20 de ou

tas entidades privadas: o propósito foi^ o de garantir ao SESI plena liberdade

de serviços públicos, antes executados

inerentes à atividade estatal, veio a pre

Câmaras Cíveis do Tribunal de Apela

administrando, não um patrimônio pú blico, porém um patrimônio privado, constituído, exclusivamente, pelas con tribuições dos associados da. Confedera

cela do patrimônio público; nem tam

postos na sua configuração tomariam

íulgadores divergiram), proferida pelas

ação do Serviço Social da Indústria,

com o objetivo de contribuir para o fiel desempenho de suas atribuições". Fiscalização muito mitigada, bem menor do que a exercida por vários órgãos go

pouco a êle se transferiu o desempenho

competiam diretamente ao Estado; e de

SESI poderá cessar a sua atividade por

deliberação da Confederação Nacional da Indústria, tomada por "quorum" es- . .

Orientação acertada ou

^

verão ser endereçados ao legislador. V 13 — E quanto aos empregados do SESI, como vimos, dispõe o § 1.® do art. 24 do regulamento que "gozarâo das regalias e ficarão sujeitas às obriga ções dos trabalhadores da indústria, cqnj

:

inettre fin à Ia personnalité morale

Direito privado, como emprêsa empre- * gadora"; acrescentando o § 2.® do mes mo artigo que "os servidores do Serviço.

administratif special (etablissement

Ministro do Trabalho, dispõem que o

burocráticas.

errada? As críticas, ou os louvores, d©- ^

|

"La suppression d'un patrimoine

to, aprovado pela portaria n.® 113 do

de mo%imentos, libertando-o das peias

tria, na sua qualidade de entidade de

Jêze (op. cit., p. 149):

Assim, os arts. 6.® e 7.® do regulamen

vernamentais sôbre atividades de mui

siderando-se o Serviço Social da Indús-

d*administration".

produzidos no início dêste parecer.

^

lièrement, et n'a point le droit de

dans laquelle il n'a qu'une rôle

WCJU'

Serviço Social da Indústria"; ao Minis

É que, assim dispondo, o regulamento,

ção Nacional da Indústria.

tidas ao SESI; não se confiou à

reção ao SESI, o art. 31 do regulamen

to declara que "o Conselho Nacional decidirá, em última U\stância, as ques tões de ordem geral, de interesse do

que mereceu a chancela governamental, estava coerente com a qualificação que a lei atribui ao SESI: uma entidade pri vada, criada por outra entidade privada,

sua administração nenhuma par

serem tais encargos, por sua natureza,

E

ainda mais: como admitir-se que o pa trimônio de um ente autárquico — que

o seu caráter de pessoa jurídica de Di

houvesse pronunciado a palavra final sòbre a natureza jurídica do SESI, definindo-a expressamente, outros traços

Instituto para exercer encargos que antes

federação Nacional da Indústria?

12 — De outro lado, assegxirando ple na autonomia de organização e de di

Social da Indústria serão segurados obri

gatórios do Instituto de Aposentadoria e Pensões dos Industriários".

Ora, é sabido que a natureza das re

public) a une consequence imme-

lações entre as autarquias e os seus

diate et necessaire: les choses com-

funcionários "é ^eminentemente de Di

prises dans le patrimoine adminis-

reito público", dada a natureza jurídica


Digesto Econó>uco 136

líberaüon", mais sans que sa nature

juridique ait été modifiée". Aos que, levados por devaneios es

T

estatuto que o erigira em "fundação (Rev. de Direito Administrativo, vol. II — fase. I — p. 156).

Dicrsto

ECONÓMICd

187

pecial, e devidamente homologada pelo Ministério do Trabalho; e, mais, que, em caso de dissolução, o seu patrimônio

tratif special tombent dans le pa trimoine administratif general (Etat,

reverterá à mesma Confederação.

(Cfr. Guscon tj Marin — Tratado de

Note-se que, no caso do InsL luto Mi

Como se poderia conceber uma autar

deparlements, communes, colonies). Derecho Administrativo, 1933,

peculativos, se propuseram a questão de

neiro do Café, não estava claramente

quia — uma pessoa jurídica de Direito

saber se o SESI é, ou não, uma autar

ed., vol. I, p. 234; Salemi, op. cit,

definido na lei qual a sua natureza ju

público, uma parcela do Estado, des

rídica; apenas a escritura de constitui

membrada da administração geral —

p. 69).

ção o declarou uma "fundação"; e

que se extinguisse por deliberação de

uma entidade privada, como o é a Con

formulada.

funções que o órgão criado desempe nhava eram, por sua finalidade, inerentes , ao poder público, que até então as exer cera; e, além do mais, o patrimônio da entidade era parte do patrimônio do

10 — Suscitou-se, a propósito da na tureza do Instituto Mineiro do Café,

Estado de Minas Gerais, que dêste se

só pode ser um patrimôjxio público — no caso de desaparecimento do ente

destacara.

autárquico, se transferisse para uma as

tério do Trabalho, o art. 34 apenas

sociação privada?

reconhece a faculdade de "apreciar a ,

quia, respondeu a lei, por antecipação: o SESI é uma entidade de Direito pri

vado, criada por iniciativa privada; logo, não é uma autarquia, porque esta é,

por natureza, uma pessoa pública cria da pelo Estado. A resposta da lei é, no caso, decisiva para espancar a dúvida

cuja criação fôra objeto da autorização da Lei n.® 1.203, de 16 de outubro

de 1930, do Estado de Minas Gerais, uma questão que se tomou famosa. A

controvérsia se originou do fato de, não definindo a lei clara

mente a personalidade jurídica do ente criado, haver sido de clarado na escritura de sua ins

tituição que êle ficava erigido "em fundação". Estabeleceu-se

daí a dúvida; se a pessoa jurí dica criada era de natureza priyada, ou, ao contrário, de natureza pública, con siderando os fins eminentemente públi cos e inequivocamente estatais que o novo órgão se destinava a atender.

Apesar, porém, de se haver criado o

A situação do SESI é muito diversa:

reito privado foi declarada expressamen te por lei federal: as suas funções não

são, por sua natureza, públicas, no sentido de que só possam

ser exercidas pelo poder público, pois múltiplas entidades priva das desempenham tarefas de as sistência social, como as come

11 — Se o decreto-lei n.® 9.403 não

bem claro que não se trata de uma au tarquia, conforme se vê dos textos re

tubro de 1944, o ponto de vista dos

que consideravam o Instituto Mineiro do Café pessoa jurídica de Direito pri

vado, porque assim o fôra declarado no

Michoud (op cit., vol. II - p. 383): "Pour les etablissements publics, fondations creés par TEtat ou des collectivítés territoriales; Ia dispantion volontaire ne se conçoit guére. L'organisme creé pour les representer a le dei>oír de fonctionner regu-

privativamente pelo Estado.

valecer, por decisão (da qual só dois

ção do Distrito Federal, em 20 de ou

tas entidades privadas: o propósito foi^ o de garantir ao SESI plena liberdade

de serviços públicos, antes executados

inerentes à atividade estatal, veio a pre

Câmaras Cíveis do Tribunal de Apela

administrando, não um patrimônio pú blico, porém um patrimônio privado, constituído, exclusivamente, pelas con tribuições dos associados da. Confedera

cela do patrimônio público; nem tam

postos na sua configuração tomariam

íulgadores divergiram), proferida pelas

ação do Serviço Social da Indústria,

com o objetivo de contribuir para o fiel desempenho de suas atribuições". Fiscalização muito mitigada, bem menor do que a exercida por vários órgãos go

pouco a êle se transferiu o desempenho

competiam diretamente ao Estado; e de

SESI poderá cessar a sua atividade por

deliberação da Confederação Nacional da Indústria, tomada por "quorum" es- . .

Orientação acertada ou

^

verão ser endereçados ao legislador. V 13 — E quanto aos empregados do SESI, como vimos, dispõe o § 1.® do art. 24 do regulamento que "gozarâo das regalias e ficarão sujeitas às obriga ções dos trabalhadores da indústria, cqnj

:

inettre fin à Ia personnalité morale

Direito privado, como emprêsa empre- * gadora"; acrescentando o § 2.® do mes mo artigo que "os servidores do Serviço.

administratif special (etablissement

Ministro do Trabalho, dispõem que o

burocráticas.

errada? As críticas, ou os louvores, d©- ^

|

"La suppression d'un patrimoine

to, aprovado pela portaria n.® 113 do

de mo%imentos, libertando-o das peias

tria, na sua qualidade de entidade de

Jêze (op. cit., p. 149):

Assim, os arts. 6.® e 7.® do regulamen

vernamentais sôbre atividades de mui

siderando-se o Serviço Social da Indús-

d*administration".

produzidos no início dêste parecer.

^

lièrement, et n'a point le droit de

dans laquelle il n'a qu'une rôle

WCJU'

Serviço Social da Indústria"; ao Minis

É que, assim dispondo, o regulamento,

ção Nacional da Indústria.

tidas ao SESI; não se confiou à

reção ao SESI, o art. 31 do regulamen

to declara que "o Conselho Nacional decidirá, em última U\stância, as ques tões de ordem geral, de interesse do

que mereceu a chancela governamental, estava coerente com a qualificação que a lei atribui ao SESI: uma entidade pri vada, criada por outra entidade privada,

sua administração nenhuma par

serem tais encargos, por sua natureza,

E

ainda mais: como admitir-se que o pa trimônio de um ente autárquico — que

o seu caráter de pessoa jurídica de Di

houvesse pronunciado a palavra final sòbre a natureza jurídica do SESI, definindo-a expressamente, outros traços

Instituto para exercer encargos que antes

federação Nacional da Indústria?

12 — De outro lado, assegxirando ple na autonomia de organização e de di

Social da Indústria serão segurados obri

gatórios do Instituto de Aposentadoria e Pensões dos Industriários".

Ora, é sabido que a natureza das re

public) a une consequence imme-

lações entre as autarquias e os seus

diate et necessaire: les choses com-

funcionários "é ^eminentemente de Di

prises dans le patrimoine adminis-

reito público", dada a natureza jurídica


■I'.f V-UJ If

■*«''

DiCESTO

138

daquelas entidades, conforme obser\'a

Econômico

órgãp declaradamente de cooperação

Temistocles Cavalcanti (R. D. Adminis

CO»» a administração pública (§ 2." do

trativo, vol. 11 — fase. I, p. 6). E é por

art. 1." do decreto-lei n." 9.403). evi

isto que prescreve o art. 7.", letra d

dentemente, não

da Consolidação das Leis do Trabalho,

tom,

igualmente, o

efeito de erigi-lo em ente público. Pres

com a redação que lhe deu o decreto-lei

tar serviços de assistência social não ó

n.*' 8.079, de 11 de outubro de 1945:

monopólio do Estado; não sc trata de encargo que, por sua natureza, só possa ou só deva ser desempenhado pelo Es

"Os preceitos constantes da pre

sente Consolidação, salvo quando fôr, em cada caso, expressamente deter

minado èm contrário, não se apli cam:

d) aos servidores de autarquias paraestatais, desde que sujeitos a regime próprio de proteção ao

trjibalho que lhes assegure situação análoga à dos funcionários

públicos."

Vê-se, dessa maneira, que houve qua? do bhbl P^^^PÓ^ito todos os obstinado traços que,de naretirar sur configmação, pudessem trazer qualq

sua

idéia de autarquia.

14

uer

tado.

Ao contrário: assumindo a assis

tência social os aspectos ou modalidades mais diversas, cada membro da coiruini-

dado é, de alguma forma, dentro de suas possibilidades, até por dever de solidariedade humana, obrigado a nela cooperar. E um sem número de grê mios, associações, ordens, colaboram nes

sa tarefa, quase sempre com maior efi ciência que o próprio Estado, que burocratiza serviços melhor prestados sou o espírito do voluntariado ou de cooperativismo,

Gabino Fraga (Derecho Administrati

vo, 2.^ ed., p. 21):

É verdade, porém, que, de ou

tro lado, ocorreram certas circunstan cias e foram concedidas à entidade cons tituída pela Confederação Nacional da

Indústria algumas prerrogativas que po deriam dar pábulo a dúvidas e hesi

tações sobre a sua natureza jurídica, se a lei não houvesse, sàbiamente, liquidado a questão, qualificando expressamente o órgão criado. A intervenção do poder público, atri buindo à Confederação Nacional da In

dústria o encargo de criar o SESI, já

vimos (item 7), não teria, de modo

algum, o alcance de elevar à categoria de pública uma entidade que, através dessa própria intervenção, se declarou

privada. O desempenho, por parte do SESI, de serviços de assistência social, como

"Como hemos sostenido en otro

lugar, ei Estado no tiene el monopolio de Ia satisfaccion de Ias nc-

T

Dicesto

Econômico

A isenção de impostos concedida cm favor do SESI, pelo art. 5." do decreto-

lei

9.403, SC justifica plenamente: era um auxílio à obra de alto interesse pú blico a que SC propunha a entidade; e aos estahelecimcitos privados da utili dade pública sempre se concederam es ses favores, pelos fins de bcncmerência que objeti\ am, sem que, em conseqüên cia da muniiicência estatal, alguém se lembrasse de qualificar tais estabeleci mentos, não de utilidade pública, po rém como estabelecimentos públicos, oti aulánpiieos.

E se fosse o SESI uma autarquia, dispensado estava o legislador de asscgurar-Ihc imunidade tributária, pois já estaria ôle acobertado pela lei geral — decreto-lei n.° 6.016, de 22 dc novembro dc 1943:

"

"Art. 1.° — A imunidade tributá

ria, a que se refere o art. 32 letra c

autarquias, e alcança os bens, ren

das e serviços de uns e outros."

obrigações contratuais, que Uie sejam

para satísfacerlas tienem Ia amplitud, regularidad y contimiidad que tales

devidas, o processo dos executivos fis cais {dispositivos cuja obrigatoriedade pode ser contestada com vantagem), se

neccsidades exigen, entonces puede

rá lícito ver nêlcs demasia, inconveniên

públicos realizados por iniciativa pri

cia, ou desacêrto; mas não induzem, por si sós, à conclusão de que o SESI seja

vada.

uma autarquia^ Ao contrário: se o SESI

tras sigan en manos de los particula res constituirán un servicio publico fuera dei Estado",

um representante do Ministério do Tra

balho, e outro do Ministério da Guerra,

(art. 12 do regulamento), também, por si só, não qualifica a entidade como

autarquia. Justificava-se essa participa ção do poder público pela nalurez;i do serviço a que deveria dar desempenho o pelo auxílio que o Govèrno se dispôs a conceder a organiz;ição, paru que esta pudesse atender satisfatòriamente às sua.s

finalidades.. Ao invés de designar lun fiscal seu, que acompanhasse a vida da entidade, apurando se ela bem sc desin-

cunibia das tarefas cometidas pela lei, a administração pública deliberou partici par dé certos órgãos de direção, sem que, contudo, nêles lhe caiba a pala pois que os outros membros do Conselho

Estados e Municípios, como as suas

cobrança das contribuições, multas e

tado es ya muy corto, poro mien-

(art. 6."^ § único do decreto-lei 9.403), e dc figurarem, no mesmo Conselho,

vra decisiva, nem o poder de deliberar,

Pues bien, cuando Ias necesida-

El paso de esta al control dei Es

meado pelo Presidente da República

os órgãos centralizi\dos da União,

Quanto aos dispositivos do regulamen to (arts. 5.° e 6.°) que declaram que o SESI deve ser demandado no juízo da Fazenda Pública e lhe estende, para a

hablarse de Ia existência de scrvicios

Io — A circunstancia dc ser o presi dente do Conselho Nacional do SESI no

da Constituição, compreende não só

cesidades collectivas. Una parte de ella corresponde al domínio de accion de los particulares. des son bastantes generalizadas y los médios que los particulares emplean

139

fôsse uma autarquia, não seria necessá rio que se lhe concedessem por disposi tivo expresso tais privilégios, pois há lei geral estendendo-os a todas as au tarquias federais. '

Nacional, designados por entidades pri vadas, são em nit/i7o maior número (art.

12 do regulamento), e o presidente é apenas o executor das deliberações do Conselho Nacional (art. 14 § único do regulamento).

Gaston Jèze (op. vol. cits., p. 22): "Du mème,- encore. Ia nomination

par le gouvemement, des certains administrateurs d'un etablissement ne

foumit pas necessairement Ia preuve que les gou\'ernants ont voulu adopter le procedé du service public". Pelas funções que cabem aos repre sentantes oficiais nos quadros do SESI, vê-se que através dêle se exerce, efe tivamente, apenas o "contrôle" do Esta

do, com o objetivo de apurar se a erttidade está desempenhando a contento os seus encargos, e se se faz merecedora

do auxílio, do campo e do estímulo que


■I'.f V-UJ If

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DiCESTO

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daquelas entidades, conforme obser\'a

Econômico

órgãp declaradamente de cooperação

Temistocles Cavalcanti (R. D. Adminis

CO»» a administração pública (§ 2." do

trativo, vol. 11 — fase. I, p. 6). E é por

art. 1." do decreto-lei n." 9.403). evi

isto que prescreve o art. 7.", letra d

dentemente, não

da Consolidação das Leis do Trabalho,

tom,

igualmente, o

efeito de erigi-lo em ente público. Pres

com a redação que lhe deu o decreto-lei

tar serviços de assistência social não ó

n.*' 8.079, de 11 de outubro de 1945:

monopólio do Estado; não sc trata de encargo que, por sua natureza, só possa ou só deva ser desempenhado pelo Es

"Os preceitos constantes da pre

sente Consolidação, salvo quando fôr, em cada caso, expressamente deter

minado èm contrário, não se apli cam:

d) aos servidores de autarquias paraestatais, desde que sujeitos a regime próprio de proteção ao

trjibalho que lhes assegure situação análoga à dos funcionários

públicos."

Vê-se, dessa maneira, que houve qua? do bhbl P^^^PÓ^ito todos os obstinado traços que,de naretirar sur configmação, pudessem trazer qualq

sua

idéia de autarquia.

14

uer

tado.

Ao contrário: assumindo a assis

tência social os aspectos ou modalidades mais diversas, cada membro da coiruini-

dado é, de alguma forma, dentro de suas possibilidades, até por dever de solidariedade humana, obrigado a nela cooperar. E um sem número de grê mios, associações, ordens, colaboram nes

sa tarefa, quase sempre com maior efi ciência que o próprio Estado, que burocratiza serviços melhor prestados sou o espírito do voluntariado ou de cooperativismo,

Gabino Fraga (Derecho Administrati

vo, 2.^ ed., p. 21):

É verdade, porém, que, de ou

tro lado, ocorreram certas circunstan cias e foram concedidas à entidade cons tituída pela Confederação Nacional da

Indústria algumas prerrogativas que po deriam dar pábulo a dúvidas e hesi

tações sobre a sua natureza jurídica, se a lei não houvesse, sàbiamente, liquidado a questão, qualificando expressamente o órgão criado. A intervenção do poder público, atri buindo à Confederação Nacional da In

dústria o encargo de criar o SESI, já

vimos (item 7), não teria, de modo

algum, o alcance de elevar à categoria de pública uma entidade que, através dessa própria intervenção, se declarou

privada. O desempenho, por parte do SESI, de serviços de assistência social, como

"Como hemos sostenido en otro

lugar, ei Estado no tiene el monopolio de Ia satisfaccion de Ias nc-

T

Dicesto

Econômico

A isenção de impostos concedida cm favor do SESI, pelo art. 5." do decreto-

lei

9.403, SC justifica plenamente: era um auxílio à obra de alto interesse pú blico a que SC propunha a entidade; e aos estahelecimcitos privados da utili dade pública sempre se concederam es ses favores, pelos fins de bcncmerência que objeti\ am, sem que, em conseqüên cia da muniiicência estatal, alguém se lembrasse de qualificar tais estabeleci mentos, não de utilidade pública, po rém como estabelecimentos públicos, oti aulánpiieos.

E se fosse o SESI uma autarquia, dispensado estava o legislador de asscgurar-Ihc imunidade tributária, pois já estaria ôle acobertado pela lei geral — decreto-lei n.° 6.016, de 22 dc novembro dc 1943:

"

"Art. 1.° — A imunidade tributá

ria, a que se refere o art. 32 letra c

autarquias, e alcança os bens, ren

das e serviços de uns e outros."

obrigações contratuais, que Uie sejam

para satísfacerlas tienem Ia amplitud, regularidad y contimiidad que tales

devidas, o processo dos executivos fis cais {dispositivos cuja obrigatoriedade pode ser contestada com vantagem), se

neccsidades exigen, entonces puede

rá lícito ver nêlcs demasia, inconveniên

públicos realizados por iniciativa pri

cia, ou desacêrto; mas não induzem, por si sós, à conclusão de que o SESI seja

vada.

uma autarquia^ Ao contrário: se o SESI

tras sigan en manos de los particula res constituirán un servicio publico fuera dei Estado",

um representante do Ministério do Tra

balho, e outro do Ministério da Guerra,

(art. 12 do regulamento), também, por si só, não qualifica a entidade como

autarquia. Justificava-se essa participa ção do poder público pela nalurez;i do serviço a que deveria dar desempenho o pelo auxílio que o Govèrno se dispôs a conceder a organiz;ição, paru que esta pudesse atender satisfatòriamente às sua.s

finalidades.. Ao invés de designar lun fiscal seu, que acompanhasse a vida da entidade, apurando se ela bem sc desin-

cunibia das tarefas cometidas pela lei, a administração pública deliberou partici par dé certos órgãos de direção, sem que, contudo, nêles lhe caiba a pala pois que os outros membros do Conselho

Estados e Municípios, como as suas

cobrança das contribuições, multas e

tado es ya muy corto, poro mien-

(art. 6."^ § único do decreto-lei 9.403), e dc figurarem, no mesmo Conselho,

vra decisiva, nem o poder de deliberar,

Pues bien, cuando Ias necesida-

El paso de esta al control dei Es

meado pelo Presidente da República

os órgãos centralizi\dos da União,

Quanto aos dispositivos do regulamen to (arts. 5.° e 6.°) que declaram que o SESI deve ser demandado no juízo da Fazenda Pública e lhe estende, para a

hablarse de Ia existência de scrvicios

Io — A circunstancia dc ser o presi dente do Conselho Nacional do SESI no

da Constituição, compreende não só

cesidades collectivas. Una parte de ella corresponde al domínio de accion de los particulares. des son bastantes generalizadas y los médios que los particulares emplean

139

fôsse uma autarquia, não seria necessá rio que se lhe concedessem por disposi tivo expresso tais privilégios, pois há lei geral estendendo-os a todas as au tarquias federais. '

Nacional, designados por entidades pri vadas, são em nit/i7o maior número (art.

12 do regulamento), e o presidente é apenas o executor das deliberações do Conselho Nacional (art. 14 § único do regulamento).

Gaston Jèze (op. vol. cits., p. 22): "Du mème,- encore. Ia nomination

par le gouvemement, des certains administrateurs d'un etablissement ne

foumit pas necessairement Ia preuve que les gou\'ernants ont voulu adopter le procedé du service public". Pelas funções que cabem aos repre sentantes oficiais nos quadros do SESI, vê-se que através dêle se exerce, efe tivamente, apenas o "contrôle" do Esta

do, com o objetivo de apurar se a erttidade está desempenhando a contento os seus encargos, e se se faz merecedora

do auxílio, do campo e do estímulo que


,Digesto Econónucô

Dicksto Econômico

140

se lhe deu, através da lei. É um contrôle", uma vigilância acauteladora, exer cida dentro dos Umites que a própria lei especial prescreveu; coisa muito di versa da ação que os representantes do

nada pelo Ministério do Trabalho,

tuas de seguros sôbre a vida, como é o caso da "Equitativa". O seu represen

Indústria e Comércio;

tante exerce o direito de voto dos au

uma das marcas características de pes

sentes, elegendo os órgãos de admi

soa pública? Exerce, em virtude do di.spositi\'o legal mencionado, o SESI, uma parcela de jus iniperii, traduzindo-se no

ausentes caberá à pessoa desig

b) ao representante assim designado caberá votar para os cargos de

Estado exercem nas autarquias, nos en

administração e de pscalização

tes públicos, nos quais o poder de deli

beração, a palavra final, a êles neces-

desta, ou para quaisquer outros dependentes de eleição, bem co

sàriamente deve caber, porque se trata

mo discutir e votar os assuntos

nistração e do fiscalização; som a pre sença dèsse representante não se podo realizar a assembléia geral; c o Govèrno Federal garante as reservas técnicas atuariais de tais sociedades, desde que

de conduzir a execução de um serviço

propostos."

os seus órgãos diretores sejam providos

público, em que são predominantes o

interêsse público, a autoridade pública,

o patrimônio público (Cfr. Santi Romano Corso di Diritto Ammínistrativo — 3.^

ed. 1937, p. 88).

Junto ao SESI, o Governo, ao invés de ter fiscais, com essa denomi

nação expressa, tem representan

tes, que exercem, de fato, apenas tarefa fiscalizadora, pois não lhes cabe o comando da instituição, pelas funções que lhes estão re servadas; o comando pertence aos

pela maneira indicada, isto é, pela es

E o art. 16, § único, diz:

"A reunião da assembléia geral não se poderá realizar sem a pre sença dêste representante (o repre sentante

do

Ministério

do

Tra

balho) podendo ser adiada a sua realização

mediante

nova

publicação de editais, se neces sário."

Por sua vez, dispõe o decreto-lei 4.609:

representantes da entidade privada que

"Art. 1.° — O Govêrno Federal

criou o serviço: a Confederação Nacional

garantirá subsidíàriamente, em favor

da Indústria.

dos segurados por contratos celebra-

A interferência oficial não tem, pois, no caso, o alcance de transformar, contra a vontade expressa da lei, a entidade

privada em pública. Há, entre nós, uma situação singular, relativa às sociedades mútuas de segu ros sôbre a vida, que configura uma in

tervenção muito mais profunda do Govêmo, sem que se opere a transforma

ção dessas sociedades em autarquias., A

dos no território nacional, as reservas técnicas atuariais de sociedades mú

colha do rcprc.sontante do Governo. A

buição; e a fixou em "2% (dois por

administração pública inter\'ém c assu

cento) sôbre o montante da remunera

me responsabilidade como se sp tratas

se de um patrimônio pi'iblico, de uma entidade pública. Nem por isso, toda via, se sustentaria que tais sociedades do seguros passaram a ser autarquias, por obra só dessa intervenção.

ção paga pelos estabelecimentos con

tribuintes a todos os seus empregados" (§ 1.° do art. 3."). O poder de estabe lecer a contribuição, de exigi-la, de fixála, não se transferiu do Estado para a entidade criada: apenas o produto da contribuição, arrecadada através do Ins

Ainda Ferrara (op. cit., p. 746): "Ne decisiva é Ia posizione di vigilanza o tutela cui Ia pcrsona giuridica é sottoposta? già per principio quasi tutti i corpi morali sono sog-

getti ad un alta vigilanza e limitaziono delia loro capacita giuridica:

tituto de Aposentadoria e Pensões dos Industnários (§ 2.° do mesmo artigo) ó que se destinou ao SESI, para custear os seus serriços. É patente, assim, que

o poder impositivo não se deslocou do Estado para a entidade criada; a esta ^

não se outorgou, assim, nenluuna parcela fl de jus impcrii, cujo exercício caracteriza ^

na giuridica, da ciò si potrà indurre

diretamente, e sim em fa\'or da Co»/c-

il carattere d'utilità pubblica deVente, non già Ia qualítà di soggcto di diritto pubblico, che son concetti di-

deração Nacional da Indústria — única

§ único do decreto-lei n.° 3.908, de 8 de dezembro de 1941. Art. 2.° — O Ministério do Traba

cional de Seguros Privados e Capi talização, imediata e especial fiscali

a presença de mais de metade dos sócios, a representação dos

A lei não conferiu ao SESI o poder de lançar uma contribuição suhre os indus triais: ela própria estabeleceu a contri

estabelecida no art. 14, letra a e b e

4Í609,' de 22 de agosto de 1942.

bléia geral não se realizarem com

poder impositivo?

ríconoscimento governativo, autorizzazione per ricevere donazioni o le-

lho, Indústria e Comércio exercerá,

"a) quando as reuniões da assem

atribuída ao SESI, dando-lhe, assim,

tuas de seguros sôbre a vida, em funcionamento à data da publicação desta lei, desde que os seus árgãos eletivos sejam providos pelos votos dos sócios representados na forma

matéria está regulada pelos decretos-leis 3.908, de 8 de dezembro de 1941, e Prescreve o art. 14 do primeiro dos decretos-leis mencionados:

que uma parcela do poder estatal foi

por intermédio do Departamento Na zação dos atos da administração das

sociedades que gozam de garantia estabelecida no presente decreto-lei." Aí está definida a interferência ampla do poder público, nas sociedades mú

gati, e símili.

Ma anche quando

quest*ingerenza si accentua e penetra profondamente nella vita delia perso-

versi".

a condição de pessoa de Direito público, segundo a teoria de Jellinck e Coviello. Acresce que, se essa outorga hou\'esse ocorrido, seria não em favor do SESI,

que teria autoridade para lançar con tribuição sôbre os próprios associados — para a manutenção do SESI — reduzido,

assim, apenas, a beneficiário dos recur

16 — Resta agora considerar o ponto relativo à contribuição mensal que os

sos arrecadados pela entidade que o

empregadores, enquadrados na Confe deração Nacional da Indústria, são obri

aquela Confederação, e não o órgão que

gados a fazer para a manutenção do

meios que lhe são propiciados pelos que integram os seus quadros. Nenhuma parcela de jus imperii exer cem, do fato, porém, a Confederação, ou

SESI, nos termos do art. 3.° do decretolei n.° 9.403.

A existência dessa contribuição indica

criara, E, neste caso, a autarquia seria

ela instituiu, para sustentar com os

^


,Digesto Econónucô

Dicksto Econômico

140

se lhe deu, através da lei. É um contrôle", uma vigilância acauteladora, exer cida dentro dos Umites que a própria lei especial prescreveu; coisa muito di versa da ação que os representantes do

nada pelo Ministério do Trabalho,

tuas de seguros sôbre a vida, como é o caso da "Equitativa". O seu represen

Indústria e Comércio;

tante exerce o direito de voto dos au

uma das marcas características de pes

sentes, elegendo os órgãos de admi

soa pública? Exerce, em virtude do di.spositi\'o legal mencionado, o SESI, uma parcela de jus iniperii, traduzindo-se no

ausentes caberá à pessoa desig

b) ao representante assim designado caberá votar para os cargos de

Estado exercem nas autarquias, nos en

administração e de pscalização

tes públicos, nos quais o poder de deli

beração, a palavra final, a êles neces-

desta, ou para quaisquer outros dependentes de eleição, bem co

sàriamente deve caber, porque se trata

mo discutir e votar os assuntos

nistração e do fiscalização; som a pre sença dèsse representante não se podo realizar a assembléia geral; c o Govèrno Federal garante as reservas técnicas atuariais de tais sociedades, desde que

de conduzir a execução de um serviço

propostos."

os seus órgãos diretores sejam providos

público, em que são predominantes o

interêsse público, a autoridade pública,

o patrimônio público (Cfr. Santi Romano Corso di Diritto Ammínistrativo — 3.^

ed. 1937, p. 88).

Junto ao SESI, o Governo, ao invés de ter fiscais, com essa denomi

nação expressa, tem representan

tes, que exercem, de fato, apenas tarefa fiscalizadora, pois não lhes cabe o comando da instituição, pelas funções que lhes estão re servadas; o comando pertence aos

pela maneira indicada, isto é, pela es

E o art. 16, § único, diz:

"A reunião da assembléia geral não se poderá realizar sem a pre sença dêste representante (o repre sentante

do

Ministério

do

Tra

balho) podendo ser adiada a sua realização

mediante

nova

publicação de editais, se neces sário."

Por sua vez, dispõe o decreto-lei 4.609:

representantes da entidade privada que

"Art. 1.° — O Govêrno Federal

criou o serviço: a Confederação Nacional

garantirá subsidíàriamente, em favor

da Indústria.

dos segurados por contratos celebra-

A interferência oficial não tem, pois, no caso, o alcance de transformar, contra a vontade expressa da lei, a entidade

privada em pública. Há, entre nós, uma situação singular, relativa às sociedades mútuas de segu ros sôbre a vida, que configura uma in

tervenção muito mais profunda do Govêmo, sem que se opere a transforma

ção dessas sociedades em autarquias., A

dos no território nacional, as reservas técnicas atuariais de sociedades mú

colha do rcprc.sontante do Governo. A

buição; e a fixou em "2% (dois por

administração pública inter\'ém c assu

cento) sôbre o montante da remunera

me responsabilidade como se sp tratas

se de um patrimônio pi'iblico, de uma entidade pública. Nem por isso, toda via, se sustentaria que tais sociedades do seguros passaram a ser autarquias, por obra só dessa intervenção.

ção paga pelos estabelecimentos con

tribuintes a todos os seus empregados" (§ 1.° do art. 3."). O poder de estabe lecer a contribuição, de exigi-la, de fixála, não se transferiu do Estado para a entidade criada: apenas o produto da contribuição, arrecadada através do Ins

Ainda Ferrara (op. cit., p. 746): "Ne decisiva é Ia posizione di vigilanza o tutela cui Ia pcrsona giuridica é sottoposta? già per principio quasi tutti i corpi morali sono sog-

getti ad un alta vigilanza e limitaziono delia loro capacita giuridica:

tituto de Aposentadoria e Pensões dos Industnários (§ 2.° do mesmo artigo) ó que se destinou ao SESI, para custear os seus serriços. É patente, assim, que

o poder impositivo não se deslocou do Estado para a entidade criada; a esta ^

não se outorgou, assim, nenluuna parcela fl de jus impcrii, cujo exercício caracteriza ^

na giuridica, da ciò si potrà indurre

diretamente, e sim em fa\'or da Co»/c-

il carattere d'utilità pubblica deVente, non già Ia qualítà di soggcto di diritto pubblico, che son concetti di-

deração Nacional da Indústria — única

§ único do decreto-lei n.° 3.908, de 8 de dezembro de 1941. Art. 2.° — O Ministério do Traba

cional de Seguros Privados e Capi talização, imediata e especial fiscali

a presença de mais de metade dos sócios, a representação dos

A lei não conferiu ao SESI o poder de lançar uma contribuição suhre os indus triais: ela própria estabeleceu a contri

estabelecida no art. 14, letra a e b e

4Í609,' de 22 de agosto de 1942.

bléia geral não se realizarem com

poder impositivo?

ríconoscimento governativo, autorizzazione per ricevere donazioni o le-

lho, Indústria e Comércio exercerá,

"a) quando as reuniões da assem

atribuída ao SESI, dando-lhe, assim,

tuas de seguros sôbre a vida, em funcionamento à data da publicação desta lei, desde que os seus árgãos eletivos sejam providos pelos votos dos sócios representados na forma

matéria está regulada pelos decretos-leis 3.908, de 8 de dezembro de 1941, e Prescreve o art. 14 do primeiro dos decretos-leis mencionados:

que uma parcela do poder estatal foi

por intermédio do Departamento Na zação dos atos da administração das

sociedades que gozam de garantia estabelecida no presente decreto-lei." Aí está definida a interferência ampla do poder público, nas sociedades mú

gati, e símili.

Ma anche quando

quest*ingerenza si accentua e penetra profondamente nella vita delia perso-

versi".

a condição de pessoa de Direito público, segundo a teoria de Jellinck e Coviello. Acresce que, se essa outorga hou\'esse ocorrido, seria não em favor do SESI,

que teria autoridade para lançar con tribuição sôbre os próprios associados — para a manutenção do SESI — reduzido,

assim, apenas, a beneficiário dos recur

16 — Resta agora considerar o ponto relativo à contribuição mensal que os

sos arrecadados pela entidade que o

empregadores, enquadrados na Confe deração Nacional da Indústria, são obri

aquela Confederação, e não o órgão que

gados a fazer para a manutenção do

meios que lhe são propiciados pelos que integram os seus quadros. Nenhuma parcela de jus imperii exer cem, do fato, porém, a Confederação, ou

SESI, nos termos do art. 3.° do decretolei n.° 9.403.

A existência dessa contribuição indica

criara, E, neste caso, a autarquia seria

ela instituiu, para sustentar com os

^


143

Diciísto EcoNO^^ca

Dicksto Econômico

.142

o SÉSI, em virtude das atribuições con feridas pelo decreto-lei n.° 9.403. E se

pelo decreto-lei n," 8.987, de 5 de fe

não basta para modificar a natureza

da sòbrc êste ponto: aquele Tribunal

vereiro de 1946).

píridica de certas entidades).

acaso a exercessem, o fariam não em

"São prerrogativas dos sindicatos;

sú julga as contas dos que são res ponsáveis por diuhciros, calores c mate

17 — A lei 830, de 23 de .setembro de

nome próprio, e sim em nome do Estado, por concessão ou delegação dêste. Atribuições de poder público exercem as empresas concessionárias de serviços públicos, desde a de cobrar contribui ções dos usuários obrigatórios dos ser

viços monopoliziidos, até o poder de po lítica e de desapropriar; nem por isso tais empresas se tornam autarquias (Ver

Arturo Lentini — op. vol. cits., p. 71-72Cino Vitta, op. vol. cits., p. 127; Santi Romano — op. cit., p. 88; Luigi Ragai op. cit. — 1935, V. IV, p. 110). Ranelletti (op. cit., p. 493);

"Quando Io Stato concede ad un i pcrsona giuridicá il potcre d'impero como diritto soggettivo proprio Ia pone necessariamente come subbietto

dl dmtto pubblico, perchè il potere

d impero non può appartenere, come diritto soggettivo proprio. ad una

1949, que reorganizou o Tribunal dc Conta-S da União, no seu art. 139, reza:

o) impor contribuições a tòdos aque

les que participam das categorias

"Considcram-sc

entidades

autár

das profis.sõcs liberais representa

autárquicas", como diz o art. 40, n.° IV

a) o ser\-iço estatal dcscenlralizjido com personalidade jurídica, cus

da mesma lei, de acordo com a Consti

tuição, justamente porque.as autarquias,

teado mediante orçamento pró

ou se constituem com patrimônio que

prio, independente do orçamento

pertence à Nação, ou se sustentam, total ou jíarciahnente, com dinheiros públi

das."

Veja-so bem: a contribuição é "impos

ta" pelo sindicato, que, além disso, exer

geral;

ce função dc caráter eniincntemcnle pú

b) as demais pessoas jurídicas, espe cialmente instituídas por lei, para e.xecução dc serviços dc interesse

cos, isto c, dinheiros que deveriam estar incorporados à receita nacional, e que Ofjcnas foram dela destacados para cus

público ou social, custeados por

tear os serviços de que se incumbem as

privado {Temistocles Cavalcanti — Tra

tributos dc qualquer natureza, ou

autarquias.

tado dc Direito Administrativo, \-oI. IV,

por outros recursos oriundos do

p. 138). Diz este prestigioso especialis ta, desenvolvendo o seu pensamento,

Tesouro."

blico. Apesar de tal circunstância, auto

ridades do maior pê.so sempre sustenta■ ram que o sindicato não é uma entidade autárquica, mas organização de Direito

A caracterização legal se vincula à

na pag. 38 da obra citada:

competência atribuída ao Tribunal dc

Contas. (Constituição, art. 77, n." II)

por dinheiros e outros bens piiblicos, e as

pessoa jurídica sujeita a um "con-

dos administradores das entidades au

ritto ali esercizio di poteri statali, come nel casi di assunzione per con-

trôle" do Estado e exercendo, por

tárquicas", mencionada nos mesmos ter

determinação legal, certas funções,

mos pelo art. 34 n.° II da referida lei

Nenhuma parcela de jus imperii de tém em nome próprio o SESI; nenhuma capacidade impositiva própria; é uma entidade privada que colabora na exe cução de serviços públicos, amparado e

favorecido pelo Estado, para a conse cução dos fins a que se destina.

ção do mesmo Tribunal, diz o art. 39

pecífica, destinada especialmente á

da aludida lei:

Delimitando, por sua vez, a jurisdi "O Tribunal de Contas tem juris dição própria e privativa sobre as

associação, recai sòmcnte sobre os seus associados.'

pessoas e matérias sujeitas à sua

Trata-se mais pròpriamente de uma contribuição social destinada,

j

nos termos claros do art. 38 do de

to-lei 5.452, de 1.° de maió de 1943, re

natureza jurídica dessas associações

vogado, em parte, pelo decreto-lei n."

830.

constituição do próprio capital da

solidação das Leis do Trabalho (decre 8.740, de 19 de janeiro de 1946, que, por sua vez, teve a vigência suspensa

para "julgar as contas dos responsáveis

inclusive a arrecadação da contribui ção impròpriamente chamada "im posto sindical", cuja finalidade es

creto-lei 1.402, de 1939, a constituir o patrimônio das associações sindi cais. Nem isso poderia constituir ar gumento, por si só, para modificar a

Capacidade impositiva se atribuiu, sim, aos sindicatos, pelo art. 513 da Con

tas "os administradores das entidades

quicas:

persona giuridicá privata. Un sub bietto privato può avere solo il di

blici".

tência para chamar à prestação de con

econômicas ou profissiojiais, ou

"Não negamos, entretanto, o ca ráter sui generis do sindicato, como

cessione dello Stato di servizi pub-

riais pertencentes à Nação; só sôbrc âsles tem jurisdição; o lhe assiste compe

competência, a qual abrange todos os responsáveis por dinheiros, valo res e materiais pertencentes à Na

ção, ou pelos quais esta responda, ainda quando exerçam êles suas fun ções, ou residam no exterior, bem

como os herdeiros, fiadores e repre sentantes dos preditos responsá\'eis."

(Ver Alessio. Ist. de Dir. Am., vol.

I, p. 199, onde êle mostra que a de

Não se pode, em face dos dispositi

legação de certas funções estatais

vos legais, estabelecer qualquer dúvi Min

Admitindo-sc, embora, que a lei or

dinária possa ampliar a competência do Tribunal de Contas, tal como a Consti

tuição a definiu, nunca seria admissível que o fizesse com o alcance e o efeito de submeter à jurisdição daquele Tribu nal, para que lhe prestasse contas, uma emprâsa ou entidade privada que não

maneja dinheiros públicos nem adminis- fl

tra patrimônio público. Seria uma fomia ^ insólita e sumária de incorporação ao dominio público de uma empresa ou pa

trimônio privado, que as garantias cons titucionais evidentemente impedem que

so consume, sem observância das forma-, lidades regulares, uma das quais seria a justa indenização, conseqüente a essa

deslocação para o domínio público de ■uma empresa, entidade ou patrimônio privado.

Não so podendo atribuir ao legislador êsse propósito, que êle não manifestou de modo inequívoco, como fôra necessá rio; nem tampouco a intenção de ado tar uma definição de autíirquia que se ria inteiramente anômala e subversiva

de todos os princípios doutrinários" e da

própria natureza da instituição — há de


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Dicksto Econômico

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o SÉSI, em virtude das atribuições con feridas pelo decreto-lei n.° 9.403. E se

pelo decreto-lei n," 8.987, de 5 de fe

não basta para modificar a natureza

da sòbrc êste ponto: aquele Tribunal

vereiro de 1946).

píridica de certas entidades).

acaso a exercessem, o fariam não em

"São prerrogativas dos sindicatos;

sú julga as contas dos que são res ponsáveis por diuhciros, calores c mate

17 — A lei 830, de 23 de .setembro de

nome próprio, e sim em nome do Estado, por concessão ou delegação dêste. Atribuições de poder público exercem as empresas concessionárias de serviços públicos, desde a de cobrar contribui ções dos usuários obrigatórios dos ser

viços monopoliziidos, até o poder de po lítica e de desapropriar; nem por isso tais empresas se tornam autarquias (Ver

Arturo Lentini — op. vol. cits., p. 71-72Cino Vitta, op. vol. cits., p. 127; Santi Romano — op. cit., p. 88; Luigi Ragai op. cit. — 1935, V. IV, p. 110). Ranelletti (op. cit., p. 493);

"Quando Io Stato concede ad un i pcrsona giuridicá il potcre d'impero como diritto soggettivo proprio Ia pone necessariamente come subbietto

dl dmtto pubblico, perchè il potere

d impero non può appartenere, come diritto soggettivo proprio. ad una

1949, que reorganizou o Tribunal dc Conta-S da União, no seu art. 139, reza:

o) impor contribuições a tòdos aque

les que participam das categorias

"Considcram-sc

entidades

autár

das profis.sõcs liberais representa

autárquicas", como diz o art. 40, n.° IV

a) o ser\-iço estatal dcscenlralizjido com personalidade jurídica, cus

da mesma lei, de acordo com a Consti

tuição, justamente porque.as autarquias,

teado mediante orçamento pró

ou se constituem com patrimônio que

prio, independente do orçamento

pertence à Nação, ou se sustentam, total ou jíarciahnente, com dinheiros públi

das."

Veja-so bem: a contribuição é "impos

ta" pelo sindicato, que, além disso, exer

geral;

ce função dc caráter eniincntemcnle pú

b) as demais pessoas jurídicas, espe cialmente instituídas por lei, para e.xecução dc serviços dc interesse

cos, isto c, dinheiros que deveriam estar incorporados à receita nacional, e que Ofjcnas foram dela destacados para cus

público ou social, custeados por

tear os serviços de que se incumbem as

privado {Temistocles Cavalcanti — Tra

tributos dc qualquer natureza, ou

autarquias.

tado dc Direito Administrativo, \-oI. IV,

por outros recursos oriundos do

p. 138). Diz este prestigioso especialis ta, desenvolvendo o seu pensamento,

Tesouro."

blico. Apesar de tal circunstância, auto

ridades do maior pê.so sempre sustenta■ ram que o sindicato não é uma entidade autárquica, mas organização de Direito

A caracterização legal se vincula à

na pag. 38 da obra citada:

competência atribuída ao Tribunal dc

Contas. (Constituição, art. 77, n." II)

por dinheiros e outros bens piiblicos, e as

pessoa jurídica sujeita a um "con-

dos administradores das entidades au

ritto ali esercizio di poteri statali, come nel casi di assunzione per con-

trôle" do Estado e exercendo, por

tárquicas", mencionada nos mesmos ter

determinação legal, certas funções,

mos pelo art. 34 n.° II da referida lei

Nenhuma parcela de jus imperii de tém em nome próprio o SESI; nenhuma capacidade impositiva própria; é uma entidade privada que colabora na exe cução de serviços públicos, amparado e

favorecido pelo Estado, para a conse cução dos fins a que se destina.

ção do mesmo Tribunal, diz o art. 39

pecífica, destinada especialmente á

da aludida lei:

Delimitando, por sua vez, a jurisdi "O Tribunal de Contas tem juris dição própria e privativa sobre as

associação, recai sòmcnte sobre os seus associados.'

pessoas e matérias sujeitas à sua

Trata-se mais pròpriamente de uma contribuição social destinada,

j

nos termos claros do art. 38 do de

to-lei 5.452, de 1.° de maió de 1943, re

natureza jurídica dessas associações

vogado, em parte, pelo decreto-lei n."

830.

constituição do próprio capital da

solidação das Leis do Trabalho (decre 8.740, de 19 de janeiro de 1946, que, por sua vez, teve a vigência suspensa

para "julgar as contas dos responsáveis

inclusive a arrecadação da contribui ção impròpriamente chamada "im posto sindical", cuja finalidade es

creto-lei 1.402, de 1939, a constituir o patrimônio das associações sindi cais. Nem isso poderia constituir ar gumento, por si só, para modificar a

Capacidade impositiva se atribuiu, sim, aos sindicatos, pelo art. 513 da Con

tas "os administradores das entidades

quicas:

persona giuridicá privata. Un sub bietto privato può avere solo il di

blici".

tência para chamar à prestação de con

econômicas ou profissiojiais, ou

"Não negamos, entretanto, o ca ráter sui generis do sindicato, como

cessione dello Stato di servizi pub-

riais pertencentes à Nação; só sôbrc âsles tem jurisdição; o lhe assiste compe

competência, a qual abrange todos os responsáveis por dinheiros, valo res e materiais pertencentes à Na

ção, ou pelos quais esta responda, ainda quando exerçam êles suas fun ções, ou residam no exterior, bem

como os herdeiros, fiadores e repre sentantes dos preditos responsá\'eis."

(Ver Alessio. Ist. de Dir. Am., vol.

I, p. 199, onde êle mostra que a de

Não se pode, em face dos dispositi

legação de certas funções estatais

vos legais, estabelecer qualquer dúvi Min

Admitindo-sc, embora, que a lei or

dinária possa ampliar a competência do Tribunal de Contas, tal como a Consti

tuição a definiu, nunca seria admissível que o fizesse com o alcance e o efeito de submeter à jurisdição daquele Tribu nal, para que lhe prestasse contas, uma emprâsa ou entidade privada que não

maneja dinheiros públicos nem adminis- fl

tra patrimônio público. Seria uma fomia ^ insólita e sumária de incorporação ao dominio público de uma empresa ou pa

trimônio privado, que as garantias cons titucionais evidentemente impedem que

so consume, sem observância das forma-, lidades regulares, uma das quais seria a justa indenização, conseqüente a essa

deslocação para o domínio público de ■uma empresa, entidade ou patrimônio privado.

Não so podendo atribuir ao legislador êsse propósito, que êle não manifestou de modo inequívoco, como fôra necessá rio; nem tampouco a intenção de ado tar uma definição de autíirquia que se ria inteiramente anômala e subversiva

de todos os princípios doutrinários" e da

própria natureza da instituição — há de


DICESTO ECONÓhUCft

Digesto Êconóxuco

souro" — disse propositadamente-o legis

vado", pre\'iu para u tomada de contas

axt. 139 da lei 830 no único sentido

lador, ligando a parte final do disposi

exato e correto que^êle comporta. A expressão "tributos" usada no in ciso legal tem significado técnico ri goroso, de natureza caracteristicamente jiscalr e corresponde às chamadas "en

tivo à imediatamente anterior, pois que

dos seus administradores um regime es pecial, estabelecido no regulamento

se entender o disposto na letra b do

tradas de direito público", com as quais o contribuinte concorre para a receita

pública, distínguindo-se das denomina das "entradas patrimoniais". Os tributos compreendem, assim,

só do Tesouro, ou através do Tesouro,

poderiam provir os "tributos", uma vez que só a União tem competência para lançá-los e cobrá-los.

Se se houvesse

dito apenas "recursos oriundos do Te souro", ainda se poderia discutir se os "tributos" teriam outra origem senão o

os impostos, as taxas e a contri

buição de melhoria, segundo a

buto" - tal como a usa a Constituição vigente - transparece sem mais expla-

"Nenhum tributo será exigido

ou

por motivo de guerra.?

Ensina Fritz Fleiner (op. cit., p. 336): 'Los tributos públicos son prestacioncs en dínero que ei Estado u otras Corporaciones de Derecho Pu

blico exige en forma unilateral a los ciudadanos para cubrir Ias necesídades econômicas".

deve ser entendida numa lei

destinada a regular matéria, em que o apuro científico se deve presumir. pecial com que os associados da Confe deração Ijiacional da Indústria concor rem para que o SEST realize os seus

prviços de utilidade social.

Não é

impôsto; não é taxa; não é contribuição

dé melhoria; não é mesmo qualquer, renda que a União cobre "no exercício

de Contas. É uma lei que não dispôs especialmente sobre o SESI. A êste não

'^1"^' tima contribuição esjjecial, com c estiuo certo, que os associados de uma

entidade privada fazem para manter .os serviços de outra entidade privada. O SESI^ não administra patrimônio pu jíico; não maneja dinheiros públicos; nao e custeado por "tributos" da União; jeito a prestar contas ao Tribunal de

redação do inciso;

Contas.

Acresce que a lei, que conferiu

à Confederação Nacional da Indústria p encargo de "criar e manter o SESI",

declarando ser êste uma "entidade pri

ziu, desajeitadamente, o art. 139, que já voca de autarquia. Essa lei de ordem geral não tem o efeito de revogar a lei especial — o

decreto-lei 9.403, que disciplinou a cria ção do SESI, com o fito de favorecer a criação, não de uma autarquia, mas de

25 de junho de 1946.

uma "entidade privada".

Uma lei esjyecial declarou, assim, ex■f^essamente, o SESI pessoa jurídica de

revogação .expressa da lei anterior; nem ocorre, evidentemente, qualquer hipótese de revogação tácita (Lei de.introdução

especial para lhe íoniar as contas, com a participação de. representantes ou fis

ao Cód. Civil, art. 2.° §§ 1.® e 2.®).

direito privado; e estabeleceu um órgão cais do Covêmo Federal, com o obje tivo do apurar se a entidade está cum

que o poder público lhe concedeu.

Tesouro; em conseqüência, não está su

hniiii

formidado do decreto-lei n.° 9.403, de

enumeração do art. 30 da Constituição. •

de seus bens ou serviços" — segundo a

da no art. 139 letra b da lei 830. Aliás,

'Ou outros recursos oriundos do Te

1946, do Ministro do Trabalho, na con-

prindo a sua tarefa, e se, em conseqüên

o seu significado se revela da própria

sos oriundos do .Tesouro".

Federal, conforme tudo se vê dos arts.

12 e 13 do regulamento aprovado pela portaria n.° 113, de 20 de junho de

do suas atribuições, ou pela utilização

18

Ora, a lei n.° 830 teve por objeto declarado a reorganização do Tribunal

comentamos, dando uma definição equí

e nem por outros recursos oriundos do

"custeados por tributos de qual

de molde a afastar qualquer^ dúvida.

dustria, os mesmos que pagam as con

A expressão "tributos", só no seu sentido específico poderia ser emprega

quer natureza ou por outros recur

dos da Confederação Nacional da In

por uma ab-rogação expressa, manifesta,

tribuições, com as quais a entidade se mantém. E desse órgão fazem piirte três membros designados pelo Governo

Ora, tributo não é a contribuição es

aumentado sem lei que o estabeleçanenhum será cobrado, em cada exercício, sem prévia autorização orça■ mentária, ressalvados, porém, a ta rifa aduaneira e o impôsto lançado

zem representar, em maioria, os associa

Medida tão radical e de tão

tros" e.spantou a dúvida, que, aliás, só existiria para quem teirigoro.9amente técnico, em que

O sentido da expressão "tri

obrigada a prestar contas da sua ges tão ao Conselho Nacional, onde se fa

anterior.

graves repercussões se deveria exprimir

se refere. Apenas, nesta lei se introdu

butos" outro sentido, que não o

80 da Constituição Federal.

administração superior do SESI está

o regime jurídico estabelecido pela lei

Tesouro; o emprêgo dos "ou mas.sc em dar à e.xpressão "tri

especificação constante do art.

aprovado pelo Ministro do Trabalho, nos termos do prescrito no seu art. 2.°. A

145

cia, faz jus ao amparo e ao estímulo

Para admitir-se que outra lei viesse a transformar esta "entidade privada" em entidade pública"; e alterar, correlatamente, o sistema de prestação de contas

a que ficaria sujeita (sem apreciar a legitimidade, ou as conseqüências de tal lei subversiva) seria necessário, pelo menos, que essa lei fôsse explícita, ter-

minante, inequívoca, no propósito e tio efeito de alterar de "fond en cambie"

Não houve

19 — Pelos fundamentos expostos,

concluímos, com plena ' convicção, que o SESI, em face da lei e à luz da melhor

doutrina, não é uma entidade autárqui

ca, e, em conseqüência, não está obriga do a prestar contas ao Tribunal de Con tas da União.

A organização do SESI apresenta as pectos peculiares, sendo um órgão de colaboração com o poder público, no de sempenho de ser\iço de interêsse cole

tivo — colaboração que pode assumir as mais diversas modalidades, como ex

põe, ex-professor, Bemard Gentj (La collaboration des particuliers avec TAdministration — 1930).


DICESTO ECONÓhUCft

Digesto Êconóxuco

souro" — disse propositadamente-o legis

vado", pre\'iu para u tomada de contas

axt. 139 da lei 830 no único sentido

lador, ligando a parte final do disposi

exato e correto que^êle comporta. A expressão "tributos" usada no in ciso legal tem significado técnico ri goroso, de natureza caracteristicamente jiscalr e corresponde às chamadas "en

tivo à imediatamente anterior, pois que

dos seus administradores um regime es pecial, estabelecido no regulamento

se entender o disposto na letra b do

tradas de direito público", com as quais o contribuinte concorre para a receita

pública, distínguindo-se das denomina das "entradas patrimoniais". Os tributos compreendem, assim,

só do Tesouro, ou através do Tesouro,

poderiam provir os "tributos", uma vez que só a União tem competência para lançá-los e cobrá-los.

Se se houvesse

dito apenas "recursos oriundos do Te souro", ainda se poderia discutir se os "tributos" teriam outra origem senão o

os impostos, as taxas e a contri

buição de melhoria, segundo a

buto" - tal como a usa a Constituição vigente - transparece sem mais expla-

"Nenhum tributo será exigido

ou

por motivo de guerra.?

Ensina Fritz Fleiner (op. cit., p. 336): 'Los tributos públicos son prestacioncs en dínero que ei Estado u otras Corporaciones de Derecho Pu

blico exige en forma unilateral a los ciudadanos para cubrir Ias necesídades econômicas".

deve ser entendida numa lei

destinada a regular matéria, em que o apuro científico se deve presumir. pecial com que os associados da Confe deração Ijiacional da Indústria concor rem para que o SEST realize os seus

prviços de utilidade social.

Não é

impôsto; não é taxa; não é contribuição

dé melhoria; não é mesmo qualquer, renda que a União cobre "no exercício

de Contas. É uma lei que não dispôs especialmente sobre o SESI. A êste não

'^1"^' tima contribuição esjjecial, com c estiuo certo, que os associados de uma

entidade privada fazem para manter .os serviços de outra entidade privada. O SESI^ não administra patrimônio pu jíico; não maneja dinheiros públicos; nao e custeado por "tributos" da União; jeito a prestar contas ao Tribunal de

redação do inciso;

Contas.

Acresce que a lei, que conferiu

à Confederação Nacional da Indústria p encargo de "criar e manter o SESI",

declarando ser êste uma "entidade pri

ziu, desajeitadamente, o art. 139, que já voca de autarquia. Essa lei de ordem geral não tem o efeito de revogar a lei especial — o

decreto-lei 9.403, que disciplinou a cria ção do SESI, com o fito de favorecer a criação, não de uma autarquia, mas de

25 de junho de 1946.

uma "entidade privada".

Uma lei esjyecial declarou, assim, ex■f^essamente, o SESI pessoa jurídica de

revogação .expressa da lei anterior; nem ocorre, evidentemente, qualquer hipótese de revogação tácita (Lei de.introdução

especial para lhe íoniar as contas, com a participação de. representantes ou fis

ao Cód. Civil, art. 2.° §§ 1.® e 2.®).

direito privado; e estabeleceu um órgão cais do Covêmo Federal, com o obje tivo do apurar se a entidade está cum

que o poder público lhe concedeu.

Tesouro; em conseqüência, não está su

hniiii

formidado do decreto-lei n.° 9.403, de

enumeração do art. 30 da Constituição. •

de seus bens ou serviços" — segundo a

da no art. 139 letra b da lei 830. Aliás,

'Ou outros recursos oriundos do Te

1946, do Ministro do Trabalho, na con-

prindo a sua tarefa, e se, em conseqüên

o seu significado se revela da própria

sos oriundos do .Tesouro".

Federal, conforme tudo se vê dos arts.

12 e 13 do regulamento aprovado pela portaria n.° 113, de 20 de junho de

do suas atribuições, ou pela utilização

18

Ora, a lei n.° 830 teve por objeto declarado a reorganização do Tribunal

comentamos, dando uma definição equí

e nem por outros recursos oriundos do

"custeados por tributos de qual

de molde a afastar qualquer^ dúvida.

dustria, os mesmos que pagam as con

A expressão "tributos", só no seu sentido específico poderia ser emprega

quer natureza ou por outros recur

dos da Confederação Nacional da In

por uma ab-rogação expressa, manifesta,

tribuições, com as quais a entidade se mantém. E desse órgão fazem piirte três membros designados pelo Governo

Ora, tributo não é a contribuição es

aumentado sem lei que o estabeleçanenhum será cobrado, em cada exercício, sem prévia autorização orça■ mentária, ressalvados, porém, a ta rifa aduaneira e o impôsto lançado

zem representar, em maioria, os associa

Medida tão radical e de tão

tros" e.spantou a dúvida, que, aliás, só existiria para quem teirigoro.9amente técnico, em que

O sentido da expressão "tri

obrigada a prestar contas da sua ges tão ao Conselho Nacional, onde se fa

anterior.

graves repercussões se deveria exprimir

se refere. Apenas, nesta lei se introdu

butos" outro sentido, que não o

80 da Constituição Federal.

administração superior do SESI está

o regime jurídico estabelecido pela lei

Tesouro; o emprêgo dos "ou mas.sc em dar à e.xpressão "tri

especificação constante do art.

aprovado pelo Ministro do Trabalho, nos termos do prescrito no seu art. 2.°. A

145

cia, faz jus ao amparo e ao estímulo

Para admitir-se que outra lei viesse a transformar esta "entidade privada" em entidade pública"; e alterar, correlatamente, o sistema de prestação de contas

a que ficaria sujeita (sem apreciar a legitimidade, ou as conseqüências de tal lei subversiva) seria necessário, pelo menos, que essa lei fôsse explícita, ter-

minante, inequívoca, no propósito e tio efeito de alterar de "fond en cambie"

Não houve

19 — Pelos fundamentos expostos,

concluímos, com plena ' convicção, que o SESI, em face da lei e à luz da melhor

doutrina, não é uma entidade autárqui

ca, e, em conseqüência, não está obriga do a prestar contas ao Tribunal de Con tas da União.

A organização do SESI apresenta as pectos peculiares, sendo um órgão de colaboração com o poder público, no de sempenho de ser\iço de interêsse cole

tivo — colaboração que pode assumir as mais diversas modalidades, como ex

põe, ex-professor, Bemard Gentj (La collaboration des particuliers avec TAdministration — 1930).


Digesto EcoNÓj;nco outros .só tcrao a lucrar com o me

Salário mínimo familiar

lhor entendimento que cada qual te nha (la.s dúvidas c dificuldades da ou

Rubens Mabacliano

tra parte, para que o espírito de com preensão c o ambiente do harmonia

não permitam quakiuer embaraço no

1 — O trabalho, fator da produção A economia clássica sempre mani festou certa tendência em colocar, num mesmo plano, as energias bási cas que, desde os primeiros economis tas se revelaram como fatores da pro

dução: a natureza, o trabalho e o ca pital. Cada um desses fatores deve, no entanto, ser apreciado em função do

No próximo número publicaremos a se gunda parte do estudo de Ruberis Maragliono, ilustre assessor técnico do Ins tituto de Economia da Associação Co mercial de São Paulo e da Federação

do Comércio do Estado de São Paulo.

Versará sôhre a regulamentação do salá rio mínimo familiar por força do inciso

tos de subsistência; — seguiu-se-lhe o trabalho, no esforço consciente e dirigido para acrescentar outras ca

racterísticas às riquezas naturais, que assim se tornaram mais úteis e pro

porcionaram novos benefícios aos se res viventes; — finalmente, do con

O trabalho é um bem complemen tar (jiie não se pode utilizar sem se dispor de outros

l iens : matéria-pri ma c anxiliares, ináciuinns e ins

cede

assim

t|ne,

quando faltam to

tureza era quase a exclusiva causa efi

tivo limitava-se a aplicar sua força física para dela recolher os .elemen

tudo, a i)aralisação do trabalho.

trumentos; — su

constitucional.

tempo em que surgiu. No início, á na

ciente do fenômeno e o homem primi

ritmo normal da produção, e, sobre

do trabalho escravo e da servidão e

foi reconhecida a superioridde do re gime livre e do trabalho assalariado. Apreciou-se então o trabalho pro dutivo como um bem de natureza es

pecial na cena econômica e os ho

mens estabeleceram, entre si, condi

do.-} os auxiliares c nao há possibi lidades de substi tui-los, não sòmentc se perde o pro duto específico de todos eles, com a paralisação coleti

ções que se renovavam c evoluíam no

va (Io esforço humano, mas ainda dos

tocante ao uso e emprêgo do esfôrço

bens complementares que não se po dem proveitar, das máquinas que fi

humano, na medida em que a civiliza

junto desses dois fatores ergueu-se o capital, operando o surto de desenvol-

ção instituía conceitos modernos para o trabalho e o Estado se inclinava a

cam paradas, das matérias-primas que

■ vimento que fez possível a técnica,

proteger os trabalhadores, regulando

tornando o trabalho menos árduo e

as relações dêstes com os patrões e estabelecendo linhas de restrições des

vezes SC deterioram. (1)

mais eficiente.

Do emprego inteligente desses ele mentos muItipHcaram-se as utilidades e elevou-se o grau dos conhecimentos

humanos. Os estágios da evolução econômica se sucederam, permitindonovas formas de produção e um bemestar crescente para os agrupamen tos sociais.

O trabalho, como agente ativo, me

lhor adaptou os frutos da^ natureza aos fins utilitários que a vida exige, abrindo lugar ao uso de máquinas e instrumentos. Passaram-se os períodos

tinadas a melhorar os níveis de vida da classe obreira.

O Direito Social veio assim despon tando e os elementos da produção se complementaram

num

entrosaniento

de interêsses. Todo o processo produ tivo é resultante da colaboração de ■vários

fatores,

inclusive

de

ordem

psicológica. Os patrões, ou melhor, se gundo a expressão social, as empre sas, têm os seus problemas derivados

de várias fontes; — os operários igualmente os têm. Tanto uns como

J- .

. rt. ,—A >«.

permanecem sem aplicação e muitas

2 — O salário, remuneração do trabalho O trabalho não é sòmente fator da produção, como, simultâneamente,

147

ram a acòrdo na conceituação do sa

lário. Se, para alguns, é simplesmente o preço do trabalho, para outros não passa de meio de subsistência do tra

balhador. Há, ainda, como observa llarassi, quem veja no salário a parte reservada ao trabalhador sòbrc o ca

pital do empregador, paga antecipa-», clamente sobre o produto da venda da mercadoria. (2). No sentido eco

nômico, parece as sim mais acertado defini-lo como sen

do a parcela de rendimento" que cabe ao

trabalho,

que,

pois

do

ponto de vista ju rídico, é a contraprestação recebida pelo empregado do empregador, como resultante

serviço

de

um

prestado.

Íí extensa a diferenciação a que os economistas e sociólogos submetem o

salário, cUstinguindo-o em nominal e real, em direto e indireto, em moeda e misto, em mínimo e máximo, em

vital, justo e convencional, em indivi dual, profissional e familiar. De outra parte, a quantia do salá rio é coisa extraordinariamente variá

lário, pode-se afirmar que a civilização

vel e móvel. Varia segundo a índole do trabalho, o estado do mercado, a atividade dos negócios, o custo das matérias-primas, a importância maior ou menor da procura interior e exte rior. Varia, igualmente, dentro de u*a

greco-romana conheceu esse regime.

mesma profissão, de região a região

fonte de remuneração. Conquanto se

ja controvertido o assunto, relativa mente à época em que se criou o conceito econômico e jurídico do sa

Os economistas ainda não chega-

e de localidade a localidade.

O que, porém, mais interessa no es(1) — O corporativismo e o problema

^^gSalário, Alberto de Seabra, Coimbra,

^ P Salário Direito Brasileiro Orlando Gomes, Rio,no1947. <*í>"eiro.


Digesto EcoNÓj;nco outros .só tcrao a lucrar com o me

Salário mínimo familiar

lhor entendimento que cada qual te nha (la.s dúvidas c dificuldades da ou

Rubens Mabacliano

tra parte, para que o espírito de com preensão c o ambiente do harmonia

não permitam quakiuer embaraço no

1 — O trabalho, fator da produção A economia clássica sempre mani festou certa tendência em colocar, num mesmo plano, as energias bási cas que, desde os primeiros economis tas se revelaram como fatores da pro

dução: a natureza, o trabalho e o ca pital. Cada um desses fatores deve, no entanto, ser apreciado em função do

No próximo número publicaremos a se gunda parte do estudo de Ruberis Maragliono, ilustre assessor técnico do Ins tituto de Economia da Associação Co mercial de São Paulo e da Federação

do Comércio do Estado de São Paulo.

Versará sôhre a regulamentação do salá rio mínimo familiar por força do inciso

tos de subsistência; — seguiu-se-lhe o trabalho, no esforço consciente e dirigido para acrescentar outras ca

racterísticas às riquezas naturais, que assim se tornaram mais úteis e pro

porcionaram novos benefícios aos se res viventes; — finalmente, do con

O trabalho é um bem complemen tar (jiie não se pode utilizar sem se dispor de outros

l iens : matéria-pri ma c anxiliares, ináciuinns e ins

cede

assim

t|ne,

quando faltam to

tureza era quase a exclusiva causa efi

tivo limitava-se a aplicar sua força física para dela recolher os .elemen

tudo, a i)aralisação do trabalho.

trumentos; — su

constitucional.

tempo em que surgiu. No início, á na

ciente do fenômeno e o homem primi

ritmo normal da produção, e, sobre

do trabalho escravo e da servidão e

foi reconhecida a superioridde do re gime livre e do trabalho assalariado. Apreciou-se então o trabalho pro dutivo como um bem de natureza es

pecial na cena econômica e os ho

mens estabeleceram, entre si, condi

do.-} os auxiliares c nao há possibi lidades de substi tui-los, não sòmentc se perde o pro duto específico de todos eles, com a paralisação coleti

ções que se renovavam c evoluíam no

va (Io esforço humano, mas ainda dos

tocante ao uso e emprêgo do esfôrço

bens complementares que não se po dem proveitar, das máquinas que fi

humano, na medida em que a civiliza

junto desses dois fatores ergueu-se o capital, operando o surto de desenvol-

ção instituía conceitos modernos para o trabalho e o Estado se inclinava a

cam paradas, das matérias-primas que

■ vimento que fez possível a técnica,

proteger os trabalhadores, regulando

tornando o trabalho menos árduo e

as relações dêstes com os patrões e estabelecendo linhas de restrições des

vezes SC deterioram. (1)

mais eficiente.

Do emprego inteligente desses ele mentos muItipHcaram-se as utilidades e elevou-se o grau dos conhecimentos

humanos. Os estágios da evolução econômica se sucederam, permitindonovas formas de produção e um bemestar crescente para os agrupamen tos sociais.

O trabalho, como agente ativo, me

lhor adaptou os frutos da^ natureza aos fins utilitários que a vida exige, abrindo lugar ao uso de máquinas e instrumentos. Passaram-se os períodos

tinadas a melhorar os níveis de vida da classe obreira.

O Direito Social veio assim despon tando e os elementos da produção se complementaram

num

entrosaniento

de interêsses. Todo o processo produ tivo é resultante da colaboração de ■vários

fatores,

inclusive

de

ordem

psicológica. Os patrões, ou melhor, se gundo a expressão social, as empre sas, têm os seus problemas derivados

de várias fontes; — os operários igualmente os têm. Tanto uns como

J- .

. rt. ,—A >«.

permanecem sem aplicação e muitas

2 — O salário, remuneração do trabalho O trabalho não é sòmente fator da produção, como, simultâneamente,

147

ram a acòrdo na conceituação do sa

lário. Se, para alguns, é simplesmente o preço do trabalho, para outros não passa de meio de subsistência do tra

balhador. Há, ainda, como observa llarassi, quem veja no salário a parte reservada ao trabalhador sòbrc o ca

pital do empregador, paga antecipa-», clamente sobre o produto da venda da mercadoria. (2). No sentido eco

nômico, parece as sim mais acertado defini-lo como sen

do a parcela de rendimento" que cabe ao

trabalho,

que,

pois

do

ponto de vista ju rídico, é a contraprestação recebida pelo empregado do empregador, como resultante

serviço

de

um

prestado.

Íí extensa a diferenciação a que os economistas e sociólogos submetem o

salário, cUstinguindo-o em nominal e real, em direto e indireto, em moeda e misto, em mínimo e máximo, em

vital, justo e convencional, em indivi dual, profissional e familiar. De outra parte, a quantia do salá rio é coisa extraordinariamente variá

lário, pode-se afirmar que a civilização

vel e móvel. Varia segundo a índole do trabalho, o estado do mercado, a atividade dos negócios, o custo das matérias-primas, a importância maior ou menor da procura interior e exte rior. Varia, igualmente, dentro de u*a

greco-romana conheceu esse regime.

mesma profissão, de região a região

fonte de remuneração. Conquanto se

ja controvertido o assunto, relativa mente à época em que se criou o conceito econômico e jurídico do sa

Os economistas ainda não chega-

e de localidade a localidade.

O que, porém, mais interessa no es(1) — O corporativismo e o problema

^^gSalário, Alberto de Seabra, Coimbra,

^ P Salário Direito Brasileiro Orlando Gomes, Rio,no1947. <*í>"eiro.


Digesto Económic

148

tudo da parcela de rendimento que ca be ao trabalho é a sua produtividade, os seus reflexos no custo da produção

tamente e do qual i)ossa rcsultar-lhes um aumento do próprio rendimento.

Só quando o operário se convence de

e a sua posição face aos conflitos

que o sistema lhe assegura uma quota

coletivos e às greves.

sempre maior, num produto que tam

A moderna teoria do salário é aque

la segundo a qual os seus dois limi tes estão determinados pela produti

bém vai aumentando, é que a produti

Dicesto Econômico

149

céncia, fica ainda um excesso que re presentará uma provisão para o futu ro ou a elevação do padrão de vida do

trabalhador. Isso está bem. Mas é preciso que no espírito e nos hábitos do trabalhador se incuta a idéia da

vidade poderá ser elevada ao máximo.

poupança. Quando não existir o ex

Em conseqüência, é preciso que, a

cesso apresentado pela poupança, ou

vidade do trabalho (limite superior) e

par dos elementos de organização téc

quando êste comece a minguar para

pelo "standard" de vida do trabalha

nica das empresas, se'dê ao trabalha

cobrir as deficiências dos

dor (limite inferior). Dentro desses li

salários nominais, podere

que não deve ser tão baixo a ponto

dor a consciência da importância que o seu maior ou menòr esforço possa ter num .setor a que êle está intima mente ligado, porque do aumento da produção decorre o bem-estar social

de deteriorar as qualidades físicas,

e os seus refle.xos são de alta valia

do de coisas na produtivi

morais ou espirituais dos trabalhado

para a defesa e o crescimento do sa

dade são violentas, insi-

res — o que resultaria, sem dúvida,

lário real, isto c, daquela parcela de rendimento do trabalho que se traduz

diosas e, por isso mes mo, muito graves (4), por-

mites o salário tem certa mobilidade e assim se explica a influência dos sin dicatos sóbre a formação do salário,

numa diminuição de rendimento, e nem tão alto que venha a ultrapas sar as possibilidades das empresas ou constituir óbice para o desenvolvimen

mos ter a certeza de sé

rias reivindicações de au mentos

de

salários.

entre nós a partir de 1945; — e que as do segundo

na quantidade de bens e serviços que

o'ie o afastamento sen-

o operário pode adquirir com o pro duto da sua remuneração.

sivel entre o salário e o custo de vida, crescendo

.

L

lhador coopera, de maneira singular, para que o seu salário e os ônus so

lários está condicionada ao aumento

ciais a êle incorporados se distribuam, com pêso menor, no custo de produ

rio real e gera o descontentamento entre os trabalhadores, o que traz, co mo resultado, certa má-vontade em

Se a greve tem um efeito

positivo, o trabalhador re-

cupera geralmente o seu prejuízo ou parte dêle; — mas se o efeito é negativo, a sua perda é defi nitiva e o custo da greve chega até a

relação à produção. Dêsse desconten

influir no teor de vida e na mentali

preço de venda da unidade fabricada.

tamento e dessa má-vontade é que

dade das classes obreiras.

Há quem reconheça a possibilidade

tantas vezes surgem os desentendi mentos, os cónflitos coletivos, as gre

de, a uma elevada taxa de salários,

lho a ser diariamente feito, mediante

corresponder um alto rendimento por

ves, o "lock-out" e a desarmonia en

parle do operário e, portanto, um bai

tre os patrões e os assalariados. Além

xo custo do trabalho. A teoria é acei-'

da desarmonia, que traz em seu bôjo

tável desde que ligada à produção eni

sementes geradoras de mau fruto, êsses elementos perturbadores da vida

geral, propiciando melhoria de condi ções para a massa obreira e não afe

tando o custo de vida, porque isso

seria de todo ponto contraproducente e o problema do salário continuaria em equação.

Não existirá o problema do salário

mo fato de que êles participem dire-

sempre que, indagando-se das despe

(3) O corporativismo e o problema do salário — Alberto Seabra, Coimbra,

sas do operariado, se verificar que, além de pagar todas as suas contas e garantir um mínimo de saúde e de-

ii.jLculL.'àJL.

e de grande desemprego,

n yni

ção, o que contribui para a redução do

pondente fixação da soma de traba

1943.

tipo quase sempre têm lu gar em período de de pressão,debaixa de preços

T

que nos dizem que a elevação dos sa

portanto, o aumento de produção co

tras condições do trabalho, ou resis tir à baixa daquele e ao agravamento destas. A experiência tem mostrado que as greves do primeiro tipo se realizam ordinàriamente em períodos de ços crescentes e de gran des lucros, como ocorreu

éste mais do que aquê-

res sejam levados a não se sentirem estranhos à empresa e a considerar,

Fundamentalmente, as greves visam obter a melhoria do salário ou de ou

repercurssões dêsse esta

le, opera a baixa do salá

sistemas que permitam a medição e análise de- todos os fatos e fenômenos relativos à origem, ao exercício e aos resultados do trabalho humano, — mas é preciso também, do ponto de vista psicológico, que os traballiado-

ção.

grande atividade, de pre

Produzindo mais e melhor o traba

sário não só' o estudo das melhores condições em que podem ser executa das determinadas tarefas e da corres

têm por vezes maiores gastos pelo próprio fato de estarem sem ocupa

As

to da produção. (3) São os ensinamentos da economia

cia produtividade. Para isso é neces

operários, porque êles não recebem e

econômica têm o seu custo para os dois lados:— para as emprêsas nos prejuízos que decorrem das despesas normais e forçadas e nos lucros que deixam de perceber durante o período da suspensão do trabalho; — para os w — Salário e produtividade do tra

balho, Dorival Teixeira Vieira, in "Digesto Econômico", junho 1949

É por isso necessário que se tenha em conta que a solução pacifica e ra

zoável, nas questões de salário, que são as que mais influem e operam nos conflitos coletivos e na paralisação do trabalho, é a que sempre traz melho res resultados para a produção e para a economia nacional. Mas, a respon sabilidade dessa solução se estende

igualmente ao Estado, porque êste tem o dever de zelar pela produção. 3 — Salârío mínimo e salário mínimo familiar ^ Não há dúvida de que em toda si tuação econômica existe um mínimo

íé ^


Digesto Económic

148

tudo da parcela de rendimento que ca be ao trabalho é a sua produtividade, os seus reflexos no custo da produção

tamente e do qual i)ossa rcsultar-lhes um aumento do próprio rendimento.

Só quando o operário se convence de

e a sua posição face aos conflitos

que o sistema lhe assegura uma quota

coletivos e às greves.

sempre maior, num produto que tam

A moderna teoria do salário é aque

la segundo a qual os seus dois limi tes estão determinados pela produti

bém vai aumentando, é que a produti

Dicesto Econômico

149

céncia, fica ainda um excesso que re presentará uma provisão para o futu ro ou a elevação do padrão de vida do

trabalhador. Isso está bem. Mas é preciso que no espírito e nos hábitos do trabalhador se incuta a idéia da

vidade poderá ser elevada ao máximo.

poupança. Quando não existir o ex

Em conseqüência, é preciso que, a

cesso apresentado pela poupança, ou

vidade do trabalho (limite superior) e

par dos elementos de organização téc

quando êste comece a minguar para

pelo "standard" de vida do trabalha

nica das empresas, se'dê ao trabalha

cobrir as deficiências dos

dor (limite inferior). Dentro desses li

salários nominais, podere

que não deve ser tão baixo a ponto

dor a consciência da importância que o seu maior ou menòr esforço possa ter num .setor a que êle está intima mente ligado, porque do aumento da produção decorre o bem-estar social

de deteriorar as qualidades físicas,

e os seus refle.xos são de alta valia

do de coisas na produtivi

morais ou espirituais dos trabalhado

para a defesa e o crescimento do sa

dade são violentas, insi-

res — o que resultaria, sem dúvida,

lário real, isto c, daquela parcela de rendimento do trabalho que se traduz

diosas e, por isso mes mo, muito graves (4), por-

mites o salário tem certa mobilidade e assim se explica a influência dos sin dicatos sóbre a formação do salário,

numa diminuição de rendimento, e nem tão alto que venha a ultrapas sar as possibilidades das empresas ou constituir óbice para o desenvolvimen

mos ter a certeza de sé

rias reivindicações de au mentos

de

salários.

entre nós a partir de 1945; — e que as do segundo

na quantidade de bens e serviços que

o'ie o afastamento sen-

o operário pode adquirir com o pro duto da sua remuneração.

sivel entre o salário e o custo de vida, crescendo

.

L

lhador coopera, de maneira singular, para que o seu salário e os ônus so

lários está condicionada ao aumento

ciais a êle incorporados se distribuam, com pêso menor, no custo de produ

rio real e gera o descontentamento entre os trabalhadores, o que traz, co mo resultado, certa má-vontade em

Se a greve tem um efeito

positivo, o trabalhador re-

cupera geralmente o seu prejuízo ou parte dêle; — mas se o efeito é negativo, a sua perda é defi nitiva e o custo da greve chega até a

relação à produção. Dêsse desconten

influir no teor de vida e na mentali

preço de venda da unidade fabricada.

tamento e dessa má-vontade é que

dade das classes obreiras.

Há quem reconheça a possibilidade

tantas vezes surgem os desentendi mentos, os cónflitos coletivos, as gre

de, a uma elevada taxa de salários,

lho a ser diariamente feito, mediante

corresponder um alto rendimento por

ves, o "lock-out" e a desarmonia en

parle do operário e, portanto, um bai

tre os patrões e os assalariados. Além

xo custo do trabalho. A teoria é acei-'

da desarmonia, que traz em seu bôjo

tável desde que ligada à produção eni

sementes geradoras de mau fruto, êsses elementos perturbadores da vida

geral, propiciando melhoria de condi ções para a massa obreira e não afe

tando o custo de vida, porque isso

seria de todo ponto contraproducente e o problema do salário continuaria em equação.

Não existirá o problema do salário

mo fato de que êles participem dire-

sempre que, indagando-se das despe

(3) O corporativismo e o problema do salário — Alberto Seabra, Coimbra,

sas do operariado, se verificar que, além de pagar todas as suas contas e garantir um mínimo de saúde e de-

ii.jLculL.'àJL.

e de grande desemprego,

n yni

ção, o que contribui para a redução do

pondente fixação da soma de traba

1943.

tipo quase sempre têm lu gar em período de de pressão,debaixa de preços

T

que nos dizem que a elevação dos sa

portanto, o aumento de produção co

tras condições do trabalho, ou resis tir à baixa daquele e ao agravamento destas. A experiência tem mostrado que as greves do primeiro tipo se realizam ordinàriamente em períodos de ços crescentes e de gran des lucros, como ocorreu

éste mais do que aquê-

res sejam levados a não se sentirem estranhos à empresa e a considerar,

Fundamentalmente, as greves visam obter a melhoria do salário ou de ou

repercurssões dêsse esta

le, opera a baixa do salá

sistemas que permitam a medição e análise de- todos os fatos e fenômenos relativos à origem, ao exercício e aos resultados do trabalho humano, — mas é preciso também, do ponto de vista psicológico, que os traballiado-

ção.

grande atividade, de pre

Produzindo mais e melhor o traba

sário não só' o estudo das melhores condições em que podem ser executa das determinadas tarefas e da corres

têm por vezes maiores gastos pelo próprio fato de estarem sem ocupa

As

to da produção. (3) São os ensinamentos da economia

cia produtividade. Para isso é neces

operários, porque êles não recebem e

econômica têm o seu custo para os dois lados:— para as emprêsas nos prejuízos que decorrem das despesas normais e forçadas e nos lucros que deixam de perceber durante o período da suspensão do trabalho; — para os w — Salário e produtividade do tra

balho, Dorival Teixeira Vieira, in "Digesto Econômico", junho 1949

É por isso necessário que se tenha em conta que a solução pacifica e ra

zoável, nas questões de salário, que são as que mais influem e operam nos conflitos coletivos e na paralisação do trabalho, é a que sempre traz melho res resultados para a produção e para a economia nacional. Mas, a respon sabilidade dessa solução se estende

igualmente ao Estado, porque êste tem o dever de zelar pela produção. 3 — Salârío mínimo e salário mínimo familiar ^ Não há dúvida de que em toda si tuação econômica existe um mínimo

íé ^


i.ii"

>ijii

biGESTO ECONÓNÜCrti

150

'Digesto Econômico

151

de salário abaixo do qual não se pode descer por longo tempo; — em cada

dicaí ainda: do ponto de vista econô

minaçuo da lei da oferta c da procura,

mico, acentuou, os trabalhadores de

<iue fixa, nos mercados, os preços dos

momento há ujn mínimo que se impõe à coletividade. A interpretação dêssc

bens.

mínimo é que tem variado muito no

vem considerar-se como verdadeiras máquinas, que fornecem um certo nu mero de forças produtivas e exigem,

fos.se nuiita c pouca a procura, o ope rário se veria na contingência dc acei

decurso do tempo.

em troca, determinadas despesas de

tar, pelo seu serviço, uma retribuição

manutenção e dc renovação para po derem funcionar de modo regular^e

rantir um salário humanamente sufi

insuficiente a satisfazer as exigências

ciente.

A história do pensamento econômi co tem dupla função: explicar o pas sado e auxiliar-nos a' compreender o presente. Examinando as teorias do passado, aprendemos a ver os proble

Quando a oferta do trabalho

as de reprodução do trabalho. Como se vê, o salário limitar-sc-ia

vcliio critério de considerar o trabalho como mercadoria sujeita às flutuações

ram-se debilitando na medida em que

das leis econômicas, chegando-se à

dução e manutenção do trabalho.

concepção, mais humana e mais so

cimento dos nossos dias.

Êsse é um

grande ensinamento que nos oferece Lionel Robbins, prefaciando em Lon

dres o livro de um autor chinês. (5) Assim, para os fisiocratas, o fato de um trabalhador receber mais do que o necessário para viver constituía

uma exceção devida a qualquer defei to do sistema econômico. Idêntico ponto de vista se vê nos economistas

clássicos: Malthus diz que as coisas se combinam de modo que a procura de homens, como a de tôdas as mer cadorias, regula necessàriamente a

produção dêles; _ aumenta-a quando é pequena e comprime-a quando se desenvolve muito rapidamente. Engels ilustraria, mais tarde, essas afirmações

Mas a doutrina foi evoluindo c. nu

cial, de valorização do homem que

ma concepção mais exata c mais lui-

concorre com o seu esforço e a sua

mana, passou-se a considerar o pre ço da oferta do traballio em função

inteligência para o liera-cstar geral e

do necessário ao sustento do traba lhador c à educação dos seus filhos. Ainda assim, a verdade 6 que se tra ta de uma concepção eminentemente estática e limitada ao estritamente in

guenclo-se, com a determinação de um

dispensável à vida, embora o princí pio tenha em conta as necessidades normais. O conceito de normal é, sem dúvida, relativo ao lugar e ao tempo em que o trabalhador presta os seus

serviços e vive a sua vida;

e o con

para o aumento da riqueza comum, er-

nivel mínimo de ganhos, um muro de proteção para o trabalho.

O problema do salário mínimo tem

sido, de há muito, ponto obrigatório do programa dc quase todos os parti dos socialistas. No Congresso de Pa ris, de 1880, votou-se uma resolução favorável à fixação de um sistema mí nimo de ganhos para os assalariados.

E tal tem sido, nestes últimos tempos,

ceito de nível de vida não é teórico,

o avanço realizado pelo Direito Social,

mas histórico, não é físico, mas social.

que cm muitos países a questão pro

O bem-estar social exige que o

vocada pelo salário mínimo recebeu

operário participe dos benefícios que

adequada solução mediante o sistema

o desenvolvimento da civilização e do

da regulamentação do trabalho pelo

progresso proporciona. Quando ha melhorias para o teor de vida de uma classe, todas as outras devem receber

Estado. Responde o novo sistema à ideia de que o trabalho é uma ordem de capital importância na vida social e que o salário, tanto por suas reper

despesa de 100 marcos, despesa essa

proporcionalmente os mesmos benefí cios, para que o bem comum seja res- '

que ia crescendo a partir do primeiro

peitado. (7)

respeito à dignidade liumana e da vi

de Malthus, escrevendo que o simples fato do nascimento de um filho, nas

classes

operárias, significava

uma

cussões na economia como no que diz

ano de vida, de modo que requereria,

Não seria lógico, em conseqüência,

até a maioridade da pessoa, cerca de 4.500 marcos (6). Molinari é mais ra-

que se abandonasse o salário em, um

da familiar, é o elemento que deve ser subtraído, no possível, à ação da

campo desprotegido, sujeito, à indeter-

lei da oferta e da procura e ao domí

(5) — An outline of intemational price theories, Chi-Yueii-Wu, 1939. _ (6) — Lezioni di economia política, tJenini, Bologna, 1936.

vação relativa, cumpre ao Estado ga

sua determinação estatal, nascidos do

ao estritamente necessário para a pro

as implicações e limitações do conhe

mínimo insuficiente à subsistência do

próprio indivíduo, até atingir uma ele

contínuo; — c que essas dc.spcsas são

dos olhos dos seus contemporâneos; presente podemos estabelecer meliior

riar numa estala que vai desde um

mais elementares dq vida. Por tais motivos, abandonou-se o

mas de outrora como se fosse através — comparando-as com as teorias do

ao salario. E como o salário pode va

(7)"— O corporativismo e o problema do salário — Alberto de Seabra, Coimbra. 1943.

Os obstáculos que se opunham à regime de uma economia liberal, fose acentuava o caráter institucional da economia e da família.

O princípio do salário mínimo não procura a capacidade do individuo na

produção, mas sim num mínimo pos

sível de retribuição à capacidade mí nima de produção; — êle representa

uma limitação à liberdade contratual,

uma Unha divisória nas condições <^o ajuste, abaixo da qual não é lícito

descer. Daí por diante é que o salá rio fica ao arbítrio das partes. Mas, é claro que o critério para a fixação dêsse mínimo deve subordinar-se à continuidade e ao desenvolvimento da

produção e que o estabelecimento de um padrão mínimo de vida, para a

grande maioria da população, contril)ui para que, no decorrer do tem po, se aumentem os índices de saúde e de produtividade, auxiliando a so lução de importantes problemas que retardam a marcha do progresso. Os argumentos em favor do salário mínimo se fortaleceram, no" espaço e

no tempo, criando alicerce.s sólidos en tre a civilização; — e, desde que se reconheça que a proteção devida à família não se restringe c nem se li mita ao campo da assistência social, mas abarca ainda, em visão mais am

nio da autonomia da vontade. O direito ao trabalho é reconhecido por tôdas as nações civilizadas; — de-

é necessário que, sem nenhum temor, se enfrente o problema do salário fa-

corr.entemente se reconhece o direito

miliar.

pla, a cena do trabalho e do salário,

"i


i.ii"

>ijii

biGESTO ECONÓNÜCrti

150

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151

de salário abaixo do qual não se pode descer por longo tempo; — em cada

dicaí ainda: do ponto de vista econô

minaçuo da lei da oferta c da procura,

mico, acentuou, os trabalhadores de

<iue fixa, nos mercados, os preços dos

momento há ujn mínimo que se impõe à coletividade. A interpretação dêssc

bens.

mínimo é que tem variado muito no

vem considerar-se como verdadeiras máquinas, que fornecem um certo nu mero de forças produtivas e exigem,

fos.se nuiita c pouca a procura, o ope rário se veria na contingência dc acei

decurso do tempo.

em troca, determinadas despesas de

tar, pelo seu serviço, uma retribuição

manutenção e dc renovação para po derem funcionar de modo regular^e

rantir um salário humanamente sufi

insuficiente a satisfazer as exigências

ciente.

A história do pensamento econômi co tem dupla função: explicar o pas sado e auxiliar-nos a' compreender o presente. Examinando as teorias do passado, aprendemos a ver os proble

Quando a oferta do trabalho

as de reprodução do trabalho. Como se vê, o salário limitar-sc-ia

vcliio critério de considerar o trabalho como mercadoria sujeita às flutuações

ram-se debilitando na medida em que

das leis econômicas, chegando-se à

dução e manutenção do trabalho.

concepção, mais humana e mais so

cimento dos nossos dias.

Êsse é um

grande ensinamento que nos oferece Lionel Robbins, prefaciando em Lon

dres o livro de um autor chinês. (5) Assim, para os fisiocratas, o fato de um trabalhador receber mais do que o necessário para viver constituía

uma exceção devida a qualquer defei to do sistema econômico. Idêntico ponto de vista se vê nos economistas

clássicos: Malthus diz que as coisas se combinam de modo que a procura de homens, como a de tôdas as mer cadorias, regula necessàriamente a

produção dêles; _ aumenta-a quando é pequena e comprime-a quando se desenvolve muito rapidamente. Engels ilustraria, mais tarde, essas afirmações

Mas a doutrina foi evoluindo c. nu

cial, de valorização do homem que

ma concepção mais exata c mais lui-

concorre com o seu esforço e a sua

mana, passou-se a considerar o pre ço da oferta do traballio em função

inteligência para o liera-cstar geral e

do necessário ao sustento do traba lhador c à educação dos seus filhos. Ainda assim, a verdade 6 que se tra ta de uma concepção eminentemente estática e limitada ao estritamente in

guenclo-se, com a determinação de um

dispensável à vida, embora o princí pio tenha em conta as necessidades normais. O conceito de normal é, sem dúvida, relativo ao lugar e ao tempo em que o trabalhador presta os seus

serviços e vive a sua vida;

e o con

para o aumento da riqueza comum, er-

nivel mínimo de ganhos, um muro de proteção para o trabalho.

O problema do salário mínimo tem

sido, de há muito, ponto obrigatório do programa dc quase todos os parti dos socialistas. No Congresso de Pa ris, de 1880, votou-se uma resolução favorável à fixação de um sistema mí nimo de ganhos para os assalariados.

E tal tem sido, nestes últimos tempos,

ceito de nível de vida não é teórico,

o avanço realizado pelo Direito Social,

mas histórico, não é físico, mas social.

que cm muitos países a questão pro

O bem-estar social exige que o

vocada pelo salário mínimo recebeu

operário participe dos benefícios que

adequada solução mediante o sistema

o desenvolvimento da civilização e do

da regulamentação do trabalho pelo

progresso proporciona. Quando ha melhorias para o teor de vida de uma classe, todas as outras devem receber

Estado. Responde o novo sistema à ideia de que o trabalho é uma ordem de capital importância na vida social e que o salário, tanto por suas reper

despesa de 100 marcos, despesa essa

proporcionalmente os mesmos benefí cios, para que o bem comum seja res- '

que ia crescendo a partir do primeiro

peitado. (7)

respeito à dignidade liumana e da vi

de Malthus, escrevendo que o simples fato do nascimento de um filho, nas

classes

operárias, significava

uma

cussões na economia como no que diz

ano de vida, de modo que requereria,

Não seria lógico, em conseqüência,

até a maioridade da pessoa, cerca de 4.500 marcos (6). Molinari é mais ra-

que se abandonasse o salário em, um

da familiar, é o elemento que deve ser subtraído, no possível, à ação da

campo desprotegido, sujeito, à indeter-

lei da oferta e da procura e ao domí

(5) — An outline of intemational price theories, Chi-Yueii-Wu, 1939. _ (6) — Lezioni di economia política, tJenini, Bologna, 1936.

vação relativa, cumpre ao Estado ga

sua determinação estatal, nascidos do

ao estritamente necessário para a pro

as implicações e limitações do conhe

mínimo insuficiente à subsistência do

próprio indivíduo, até atingir uma ele

contínuo; — c que essas dc.spcsas são

dos olhos dos seus contemporâneos; presente podemos estabelecer meliior

riar numa estala que vai desde um

mais elementares dq vida. Por tais motivos, abandonou-se o

mas de outrora como se fosse através — comparando-as com as teorias do

ao salario. E como o salário pode va

(7)"— O corporativismo e o problema do salário — Alberto de Seabra, Coimbra. 1943.

Os obstáculos que se opunham à regime de uma economia liberal, fose acentuava o caráter institucional da economia e da família.

O princípio do salário mínimo não procura a capacidade do individuo na

produção, mas sim num mínimo pos

sível de retribuição à capacidade mí nima de produção; — êle representa

uma limitação à liberdade contratual,

uma Unha divisória nas condições <^o ajuste, abaixo da qual não é lícito

descer. Daí por diante é que o salá rio fica ao arbítrio das partes. Mas, é claro que o critério para a fixação dêsse mínimo deve subordinar-se à continuidade e ao desenvolvimento da

produção e que o estabelecimento de um padrão mínimo de vida, para a

grande maioria da população, contril)ui para que, no decorrer do tem po, se aumentem os índices de saúde e de produtividade, auxiliando a so lução de importantes problemas que retardam a marcha do progresso. Os argumentos em favor do salário mínimo se fortaleceram, no" espaço e

no tempo, criando alicerce.s sólidos en tre a civilização; — e, desde que se reconheça que a proteção devida à família não se restringe c nem se li mita ao campo da assistência social, mas abarca ainda, em visão mais am

nio da autonomia da vontade. O direito ao trabalho é reconhecido por tôdas as nações civilizadas; — de-

é necessário que, sem nenhum temor, se enfrente o problema do salário fa-

corr.entemente se reconhece o direito

miliar.

pla, a cena do trabalho e do salário,

"i


Dicesto Econômico

Digesto Econômico

152

Apresenta o catolicismo social o problema do salário mínimo com o do

salário familiar, também consid^ado pelos antigos economistas. Leão fili em sua famosa "Rerum Noyarum proclamou, em 1891. o principio do salário justo, por êle chamado salario

gico da palavra, o empre.sário c um

existência destes. Isto nos leva a di

chefe a cujo cargo está o l>cm comum

lesiste bem às convulsões políticas e

zer que a continuidade da vida eco

e que èste bem. cm certo modo. se resume no bem próprio cios indivíduos que constituem a comunidade. E. as sim, se o homem tem o dever de ga nhar o sustento seu e de sua família,

às crises econômicas. A concórdia c a

nômica implica no fortalecimento das

harmonia reinariam, por outra parte, entre operários e patrões, porque uns e outros se beneficiariam, — os pri

gerações, cumprindo assim providen

ciar no sentido de ser paga aos traba lhadores uma retribuição que lhes as.segure a existência e lhes permita

vital. Dizia que do dever de conservar

o trabalhador possui o direito natural

a vida deriva o direito de procurar as coisas necessárias à subsistência. O

de viver e de fazer viver aos seus com

o seu trabalho, segundo as exigências

salário deve ser suficiente para manter

um operário sóbrio e honesto. Se o

da sua situação. (9) Remarcada influência exerceu a En

trabalhador, dominado pela necessi dade, se vê obrigado a aceitar condi ções duras, sofre uma violência con

cíclica "Quadragésimo Ano" na acei tação do critério do salário fanfiliar. Para que o salário seja justo, ressal

tra a qual protesta a justiça. O obrei-

tou Pio XT, em 1931, — é necessário

ro, — é ainda a Encíclica, — percebe rá um salário que possa satisfazer às

dem do dia de uma das Conferências

que se dê ao operário uma remune

ração que seja suficiente para o seu

Internacionais, a revisão da conven ção de 1928, sòbre métodos de fixação

próprio sustento e o de sua família.

de salários mínimos, a fim de que se

suas necessidades e às de sua família.

Em rigor, por salário mínimo fami

153

3

constituir família. (10) Considerações e circunstâncias des sa ordem levaram, por certo, a Con ferência Panamericana- do Trabalho, realizada cm Santiago do Chile, em 1936, a pedir ao Conselho de Adminis

tração da Organização Internacional

do Trabalho para ser incluída, na or

meiros porque não passariam penú rias, e os segundos. porque contariam com um pessoal satisfeito que, econo

micamente, renderia muito mais. 3.^ — O número de filhos dado a

um país é fator de engrandecimcnto e prosperidade. O problema da desnatalidade reconhece, entre outras coi sas, o fato de que a elevação "dos pre ços e um aumento crescente do "stan dard" de vida tornam impossível o au mento da família.

4.® Se o patrão deve conservar e renovar suas máquinas e instalações, com maior motivo deve sentir a mes

Deve ser feito todo esforço para que

apure a base do salário familiar que

liar não se deve entender o que se

os pais de família recebam uma re

proporciona a um número de indiví

muneração suficientemente ampla, pa ra que possam atender, conveniente

cubra as despesas normais de alimen tação, vestuário, habitação, ensino ge ral e profissional, descanso e diver

mente, às necessidades domésticas or

com que alimentar-se a si mesmo, co-

sões culturais.

mo irá entregar à indústria um suces- ^

duos que constituem família, mas sim ao que considera as necessidades do trabalhador em sua situação normal

dinárias. Se as circunstâncias da vida

que é a de formar uma família. Sis

não permitem fazer-se assim, pede a

tema

justiça social que, quanto antes, se

diferente

determinaria

uma

anarquia no regime de salários e le

introduzam

tais

reformas

e

que a

Estudando detidamente o salário fa

miliar, Martin Al'\?arado enumera as quatro razões que o justificam, além dos sentimentos humanitários:

varia as emprêsas à preferência dos

qualquer trabalhador adulto se asse

solteiros ou casados com famílias re duzidas. Não quer isto dizer, do pon

gure esse salário.

to ^de vista psico-soclal, que as car

de uma grande parte da população

gas familiares devam ser um fato in diferente à quantia da remuneração do trabalho. A idéia justa que preside ao salário familiar, — assim se exptime Renard, — é que, na emprêsa ins

residem nos rendimentos que lhe advêm do salário. E se a maioria não

lário deve permitir ao operário res

tituída, as relações de justiça comutativa entre os empregados se reab-

taurar a sua força e, portanto, con

sua prole em mãos alheias e estranhas

servar a sua vida, pois sem trabalho

para irem ganhar um salário que com plete o muito exíquo que percebe o

Não se pode negar que os recursos

dispõe de qualquer outro rendimento diferente, forçoso é concluir que o sa

sorvem em relações de justiça geral e distributiva (8); - isto eqüivale a di

não há produção e sem salários su ficientes para assegurar a subsistência

zer que, segundo o sentido etimolo-

dos trabalhadores não é possível a

(0) — La theorie de. rinstitution, Henard, Paris, 1630.

(9) _ Tratado Elemental de Derecho Social — Garcia Ovledo. Madrld, 1948.

ma preocupação quando se trata do pessoal. O U operano operário que nao não tenha ^ sor robusto? (II)

Essas razões, exçendidas em linhas simples e,'de certo modo, convincen

tes, nos levam a considerar que o Di

— Todos os homens têm direito

reito Social evolui com b progresso

a constituir um lar. Todavia, de que

das nações e que os níveis de vida

lhes serviria esse direito se não po

das classes trabalhadoras se acham

dem exercê-lo? O operário tem como

em íntima conexão com as condições econômicas de cada país.

única fonte de recursos o seu traba

lho, e sua remuneração deve, portan to, permitir ter esposa e filhos. Ade mais, assim se evitaria o trabalho das mulheres casadas, que devem deixar

marido para o susteiito do lar.

2A — Quando a família é sã e forte, (10) — O corporativismo e o problema

do salário, Alberto Seabra, Coimbra, 19tí.

O padrão de vida mínimo, que dis tingue a passagem do esta,do de po

breza para a primeira classe social que vive com um mínimo de conforto, —

afirma Roberto Simonsen, — varia, de certa forma, com o grau de civiliza ção dos povos. O notável crescimen to da população do país, em eviden te disparidade com os recursos eco-

(ll> — Temas de Derecho Social, Mar tin Alvarado, Buenos Aires, 1942.

!


Dicesto Econômico

Digesto Econômico

152

Apresenta o catolicismo social o problema do salário mínimo com o do

salário familiar, também consid^ado pelos antigos economistas. Leão fili em sua famosa "Rerum Noyarum proclamou, em 1891. o principio do salário justo, por êle chamado salario

gico da palavra, o empre.sário c um

existência destes. Isto nos leva a di

chefe a cujo cargo está o l>cm comum

lesiste bem às convulsões políticas e

zer que a continuidade da vida eco

e que èste bem. cm certo modo. se resume no bem próprio cios indivíduos que constituem a comunidade. E. as sim, se o homem tem o dever de ga nhar o sustento seu e de sua família,

às crises econômicas. A concórdia c a

nômica implica no fortalecimento das

harmonia reinariam, por outra parte, entre operários e patrões, porque uns e outros se beneficiariam, — os pri

gerações, cumprindo assim providen

ciar no sentido de ser paga aos traba lhadores uma retribuição que lhes as.segure a existência e lhes permita

vital. Dizia que do dever de conservar

o trabalhador possui o direito natural

a vida deriva o direito de procurar as coisas necessárias à subsistência. O

de viver e de fazer viver aos seus com

o seu trabalho, segundo as exigências

salário deve ser suficiente para manter

um operário sóbrio e honesto. Se o

da sua situação. (9) Remarcada influência exerceu a En

trabalhador, dominado pela necessi dade, se vê obrigado a aceitar condi ções duras, sofre uma violência con

cíclica "Quadragésimo Ano" na acei tação do critério do salário fanfiliar. Para que o salário seja justo, ressal

tra a qual protesta a justiça. O obrei-

tou Pio XT, em 1931, — é necessário

ro, — é ainda a Encíclica, — percebe rá um salário que possa satisfazer às

dem do dia de uma das Conferências

que se dê ao operário uma remune

ração que seja suficiente para o seu

Internacionais, a revisão da conven ção de 1928, sòbre métodos de fixação

próprio sustento e o de sua família.

de salários mínimos, a fim de que se

suas necessidades e às de sua família.

Em rigor, por salário mínimo fami

153

3

constituir família. (10) Considerações e circunstâncias des sa ordem levaram, por certo, a Con ferência Panamericana- do Trabalho, realizada cm Santiago do Chile, em 1936, a pedir ao Conselho de Adminis

tração da Organização Internacional

do Trabalho para ser incluída, na or

meiros porque não passariam penú rias, e os segundos. porque contariam com um pessoal satisfeito que, econo

micamente, renderia muito mais. 3.^ — O número de filhos dado a

um país é fator de engrandecimcnto e prosperidade. O problema da desnatalidade reconhece, entre outras coi sas, o fato de que a elevação "dos pre ços e um aumento crescente do "stan dard" de vida tornam impossível o au mento da família.

4.® Se o patrão deve conservar e renovar suas máquinas e instalações, com maior motivo deve sentir a mes

Deve ser feito todo esforço para que

apure a base do salário familiar que

liar não se deve entender o que se

os pais de família recebam uma re

proporciona a um número de indiví

muneração suficientemente ampla, pa ra que possam atender, conveniente

cubra as despesas normais de alimen tação, vestuário, habitação, ensino ge ral e profissional, descanso e diver

mente, às necessidades domésticas or

com que alimentar-se a si mesmo, co-

sões culturais.

mo irá entregar à indústria um suces- ^

duos que constituem família, mas sim ao que considera as necessidades do trabalhador em sua situação normal

dinárias. Se as circunstâncias da vida

que é a de formar uma família. Sis

não permitem fazer-se assim, pede a

tema

justiça social que, quanto antes, se

diferente

determinaria

uma

anarquia no regime de salários e le

introduzam

tais

reformas

e

que a

Estudando detidamente o salário fa

miliar, Martin Al'\?arado enumera as quatro razões que o justificam, além dos sentimentos humanitários:

varia as emprêsas à preferência dos

qualquer trabalhador adulto se asse

solteiros ou casados com famílias re duzidas. Não quer isto dizer, do pon

gure esse salário.

to ^de vista psico-soclal, que as car

de uma grande parte da população

gas familiares devam ser um fato in diferente à quantia da remuneração do trabalho. A idéia justa que preside ao salário familiar, — assim se exptime Renard, — é que, na emprêsa ins

residem nos rendimentos que lhe advêm do salário. E se a maioria não

lário deve permitir ao operário res

tituída, as relações de justiça comutativa entre os empregados se reab-

taurar a sua força e, portanto, con

sua prole em mãos alheias e estranhas

servar a sua vida, pois sem trabalho

para irem ganhar um salário que com plete o muito exíquo que percebe o

Não se pode negar que os recursos

dispõe de qualquer outro rendimento diferente, forçoso é concluir que o sa

sorvem em relações de justiça geral e distributiva (8); - isto eqüivale a di

não há produção e sem salários su ficientes para assegurar a subsistência

zer que, segundo o sentido etimolo-

dos trabalhadores não é possível a

(0) — La theorie de. rinstitution, Henard, Paris, 1630.

(9) _ Tratado Elemental de Derecho Social — Garcia Ovledo. Madrld, 1948.

ma preocupação quando se trata do pessoal. O U operano operário que nao não tenha ^ sor robusto? (II)

Essas razões, exçendidas em linhas simples e,'de certo modo, convincen

tes, nos levam a considerar que o Di

— Todos os homens têm direito

reito Social evolui com b progresso

a constituir um lar. Todavia, de que

das nações e que os níveis de vida

lhes serviria esse direito se não po

das classes trabalhadoras se acham

dem exercê-lo? O operário tem como

em íntima conexão com as condições econômicas de cada país.

única fonte de recursos o seu traba

lho, e sua remuneração deve, portan to, permitir ter esposa e filhos. Ade mais, assim se evitaria o trabalho das mulheres casadas, que devem deixar

marido para o susteiito do lar.

2A — Quando a família é sã e forte, (10) — O corporativismo e o problema

do salário, Alberto Seabra, Coimbra, 19tí.

O padrão de vida mínimo, que dis tingue a passagem do esta,do de po

breza para a primeira classe social que vive com um mínimo de conforto, —

afirma Roberto Simonsen, — varia, de certa forma, com o grau de civiliza ção dos povos. O notável crescimen to da população do país, em eviden te disparidade com os recursos eco-

(ll> — Temas de Derecho Social, Mar tin Alvarado, Buenos Aires, 1942.

!


Vi*

w"*•

Dicesto Econômico

154

nòmicos mobilizados a seu serviço, mostra cada vez mais a imperiosa ne cessidade de uma observação direta dos níveis de vida de nossa gente, da

solventci pcr.ctrcm c:n ;-oii, ambiente. A elevação da base <lc vida das clas ses obreiras eleva o nível físico, inte lectual e moral das mc.smas, ao pro

norte-americana

I¥ova ÍANO «Ii5 eoo{»eração com os componentes do blo€»o oci

porcionar-lhes

à sua melhoria e da constante aten

ção que se deve prestar à iníluéncia

de existência, influindo cm favor do seu hem-cstar: robustece a capacidade

- Os 4 pontos principais - ^^Uiislncss is nsual-' - O "'eeilinH'' -

desses fenômenos na própria forma

produtiva do homem e, pela maior

As verbas são escassas

ção da nacionalidade. (12)

quantidade de dinheiro cm giro, tende

Baseando-se na produtividade local e na contribuição das populações aos

Geraldo O. BANASKiwrrz

a desenvolver o consumo interno, o

que repercute nos mercados, intensi

erários

economista

ficando a produção de riquezás; —

pátrio organizou, em 1940, uma carta

por fim, vigoriza a raça, atalha a indigência e estabelece, para o Estado, uma diminuição de encargos sociais.

o o recrutamento ativo para o Exército,

Vários processos têm sido preconi zados para realizar o salário familiar:

a transição da economia norte-americana para a guerra se faz com remarcável

do Nova York, descreve esse fato como

lentidão. Pode-se mesmo afirmar que,

sendo índice de rebelião anglo-francesa

nos últimos quinze dias, nenhuma me

contra a liderança americana, num mo

geral comparativa de níveis de vida no Brasil, encontrando os índices se guintes: São Paulo e Distrito Fede ral acima de 200; — Rio Grande do

Sul e Rio de Janeiro, entre 100 e 200; — Minas Gerais, Paraná, Pernambu

co e Sta. Catarina, entre 60 e 100; — Acre, Alagoas, Amazonas, Bahia, Cea rá, Espírito Santo, Goiás, Mato Gros so, Paraíba, Rio Grande do Norte e

Sergipe, entre 30 e 60; — Maranhão, Pará e Piauí, abaixo de 30.

Neste último decênio, não se nos de parou qualquer outro estudo da mes ma natureza, que informasse^ de es cala substancialmente melhorada nos

. níveis regionais de 1940 e, tampouco, ■ de providências destinadas a corrigir, em parte ao menos, o contraste da

diferenciação apontada.

Não' se diga, portanto, que é pre matura a medida instituidora do salá

rio mínimo familiar. A primeira vista,

pode-se pensar assim. Mas, na verda de tal não ocorre. Os dias de hoje es tão sendo agitados por programas so

ciais de plano duvidoso; — quando a

fome espreita a porta do lar do tra balhador, é fácil que ideologias dis(12) — Níveis de Vida e a Economia 'Nacional, Roberto Simonsen, São Paulo, 1940.

adequados

economia

adoção dos processos mais adequados

públicos, aquele

elementos

Dificuldades da transição na

a) que cada um ganhe um salário mínimo proporcional ao volume da família;

dental - Da Casa Ilrancii ao Conselho d(» Paitto do Atlântico

Nova York, 26 de dezembro de 1950

A despeito da declaração do estado

de emergência pelo Presidente Truman,

Foster Dulles, sobre a adaptação da po lítica norte-americana à nova fase da guerra branca. Essa nova fase foi iniciada pela visita

do "premier" britânico a Washington; o boletim da "Foreign Policy Assocíation ,

dida foi tomada no sentido de se acele

mento crítico da luta entre o Ocidente

rar essa transição, e os fabricantes' de

e o Oriente. A política do "business is usual", que se observou entre julho e

b) o salário mínimo familiar deve

produtos de base queixam-se de que as

ser, suficiente para sustentar uma família média normal;

tidade e qualidade do seu traba

encomendas governamentais "para a guerra" representam ainda menos de 15% da produção corrente — contra 35% na verdadeira segunda guerra. O "céiling" deixou de ser estabelecido, e au

lho, e üm subsídio consoante as suas necessidades avultadas

trições impostas às exportações. ^ Há,

ton durante dois anos no seu combate

pelo volume da família que te

finalmente, ressentimentos contra a falta

ao totalitarismo, mas não aceitaram a orientação americana no momento em

c) o patrão deve dar a cada ope' rário um salário segundo a quan

nha a obrigação de sustentár;

d) o seguro familiar obrigatório. (13) Qualquer desses processos, posto em

prática, tem seus reflexos na produ ção e na ordem social; e três elemen

mentam as reclamações contra as res

de matérias-primas, o que obriga inú

meras fábricas de artigos de consumo a

novembro do corrente ano, em Paris,

Londres e Bruxelas, e que contrastou com as medidas de controle adotadas nos Estados Unidos, manifestou-se ago

ra também no terreno político. As na

ções européias acompanharam Washing

cessar suas atividades, sem

que a guerra branca ameaçou tornar-se guerra verdadeira.

esperanças de as reiniciar antes do "retômo à norma

Da Casa Branca ao canse-

lidade".

Uio do Pacto do Atlântico

Reina, pois, um senti

tos deverão estar presentes no mo

mento

mento da sua escolha e implantação:

meios econômicos, senti

reduzir o pensamento da

o sustento do operário e da sua fa

mento esse que parece par

mília, as condições e possibilidades da

tilhado pelos responsáveis

"Foreign Policy Association", cujo prestígio é sem

emprêsa e a necessidade do bem-es

pela política norte-america

tar coletivo.

na, como bem o demons

(13) — La Encíclica "Rèrum Novarum' y el salário familiar, Severino Aznar.

de incerteza

nos

Nestes tênnos pode-se

igual, nos Estados Unidos. A revista conclui que o re

tram as declarações contra

nascimento do espírito de

ditórias dos republicanos Herbert Hoover e John

maior independência no

Vellio Continente, e espe-


Vi*

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Dicesto Econômico

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nòmicos mobilizados a seu serviço, mostra cada vez mais a imperiosa ne cessidade de uma observação direta dos níveis de vida de nossa gente, da

solventci pcr.ctrcm c:n ;-oii, ambiente. A elevação da base <lc vida das clas ses obreiras eleva o nível físico, inte lectual e moral das mc.smas, ao pro

norte-americana

I¥ova ÍANO «Ii5 eoo{»eração com os componentes do blo€»o oci

porcionar-lhes

à sua melhoria e da constante aten

ção que se deve prestar à iníluéncia

de existência, influindo cm favor do seu hem-cstar: robustece a capacidade

- Os 4 pontos principais - ^^Uiislncss is nsual-' - O "'eeilinH'' -

desses fenômenos na própria forma

produtiva do homem e, pela maior

As verbas são escassas

ção da nacionalidade. (12)

quantidade de dinheiro cm giro, tende

Baseando-se na produtividade local e na contribuição das populações aos

Geraldo O. BANASKiwrrz

a desenvolver o consumo interno, o

que repercute nos mercados, intensi

erários

economista

ficando a produção de riquezás; —

pátrio organizou, em 1940, uma carta

por fim, vigoriza a raça, atalha a indigência e estabelece, para o Estado, uma diminuição de encargos sociais.

o o recrutamento ativo para o Exército,

Vários processos têm sido preconi zados para realizar o salário familiar:

a transição da economia norte-americana para a guerra se faz com remarcável

do Nova York, descreve esse fato como

lentidão. Pode-se mesmo afirmar que,

sendo índice de rebelião anglo-francesa

nos últimos quinze dias, nenhuma me

contra a liderança americana, num mo

geral comparativa de níveis de vida no Brasil, encontrando os índices se guintes: São Paulo e Distrito Fede ral acima de 200; — Rio Grande do

Sul e Rio de Janeiro, entre 100 e 200; — Minas Gerais, Paraná, Pernambu

co e Sta. Catarina, entre 60 e 100; — Acre, Alagoas, Amazonas, Bahia, Cea rá, Espírito Santo, Goiás, Mato Gros so, Paraíba, Rio Grande do Norte e

Sergipe, entre 30 e 60; — Maranhão, Pará e Piauí, abaixo de 30.

Neste último decênio, não se nos de parou qualquer outro estudo da mes ma natureza, que informasse^ de es cala substancialmente melhorada nos

. níveis regionais de 1940 e, tampouco, ■ de providências destinadas a corrigir, em parte ao menos, o contraste da

diferenciação apontada.

Não' se diga, portanto, que é pre matura a medida instituidora do salá

rio mínimo familiar. A primeira vista,

pode-se pensar assim. Mas, na verda de tal não ocorre. Os dias de hoje es tão sendo agitados por programas so

ciais de plano duvidoso; — quando a

fome espreita a porta do lar do tra balhador, é fácil que ideologias dis(12) — Níveis de Vida e a Economia 'Nacional, Roberto Simonsen, São Paulo, 1940.

adequados

economia

adoção dos processos mais adequados

públicos, aquele

elementos

Dificuldades da transição na

a) que cada um ganhe um salário mínimo proporcional ao volume da família;

dental - Da Casa Ilrancii ao Conselho d(» Paitto do Atlântico

Nova York, 26 de dezembro de 1950

A despeito da declaração do estado

de emergência pelo Presidente Truman,

Foster Dulles, sobre a adaptação da po lítica norte-americana à nova fase da guerra branca. Essa nova fase foi iniciada pela visita

do "premier" britânico a Washington; o boletim da "Foreign Policy Assocíation ,

dida foi tomada no sentido de se acele

mento crítico da luta entre o Ocidente

rar essa transição, e os fabricantes' de

e o Oriente. A política do "business is usual", que se observou entre julho e

b) o salário mínimo familiar deve

produtos de base queixam-se de que as

ser, suficiente para sustentar uma família média normal;

tidade e qualidade do seu traba

encomendas governamentais "para a guerra" representam ainda menos de 15% da produção corrente — contra 35% na verdadeira segunda guerra. O "céiling" deixou de ser estabelecido, e au

lho, e üm subsídio consoante as suas necessidades avultadas

trições impostas às exportações. ^ Há,

ton durante dois anos no seu combate

pelo volume da família que te

finalmente, ressentimentos contra a falta

ao totalitarismo, mas não aceitaram a orientação americana no momento em

c) o patrão deve dar a cada ope' rário um salário segundo a quan

nha a obrigação de sustentár;

d) o seguro familiar obrigatório. (13) Qualquer desses processos, posto em

prática, tem seus reflexos na produ ção e na ordem social; e três elemen

mentam as reclamações contra as res

de matérias-primas, o que obriga inú

meras fábricas de artigos de consumo a

novembro do corrente ano, em Paris,

Londres e Bruxelas, e que contrastou com as medidas de controle adotadas nos Estados Unidos, manifestou-se ago

ra também no terreno político. As na

ções européias acompanharam Washing

cessar suas atividades, sem

que a guerra branca ameaçou tornar-se guerra verdadeira.

esperanças de as reiniciar antes do "retômo à norma

Da Casa Branca ao canse-

lidade".

Uio do Pacto do Atlântico

Reina, pois, um senti

tos deverão estar presentes no mo

mento

mento da sua escolha e implantação:

meios econômicos, senti

reduzir o pensamento da

o sustento do operário e da sua fa

mento esse que parece par

mília, as condições e possibilidades da

tilhado pelos responsáveis

"Foreign Policy Association", cujo prestígio é sem

emprêsa e a necessidade do bem-es

pela política norte-america

tar coletivo.

na, como bem o demons

(13) — La Encíclica "Rèrum Novarum' y el salário familiar, Severino Aznar.

de incerteza

nos

Nestes tênnos pode-se

igual, nos Estados Unidos. A revista conclui que o re

tram as declarações contra

nascimento do espírito de

ditórias dos republicanos Herbert Hoover e John

maior independência no

Vellio Continente, e espe-


E>iGESTo Econômico

156

cialmente em Londres, contribuirá para

^'Business is usual"

induzir os Estados Unidos a acentuarem

seu desejo de colaborar, e não de deter-

rninar a política que se deve seguir. Não há dúvida de que os interêsses comuns das nações européias c dos Es

tados Unidos permitem chegar ràpidarnente a um novo acordo sôbre os pró

ximos passos a tomar, mas desde já parece evidente que o centro de futuras

decisões passou da Casa Branca para o Conselho do Pacto do Atlântico, e esèa teansição comporta uma fase de hesi-

açoes no terreno econômico, à qual já

rizemos alusão no início deste artigo.

Pesamos a descrever, em seguida, os

qua o pontos mais importantes dessa I

b-ansitória da economia norte-

dp maténas-primas. ^ primeiroPelo concerne à falta de volume da

P

uçao, fora e dentro dos Estados Uni

dos a escassez de metais não ferrosos, de fibras e de óleos vegetais, não tem

e^hcaçao. Nem se jusüfíca a evolu ção dos preços dêsses produtos. Admi te-se co^entemente, em Nova Yorlc, que no fundo, as compras de Washington são a origem da escassez e da alta dos

preços. Opinião, aliás, partilhada pela City e Paris. Há, na crítica dessa polí tica de estocagem, certa solidariedade

entre os homens de negócios daquele

O segundo problema em foco, na eco nomia norte-americana, c a competição crescente do Velho Continente nos mer

grau, os adeptos da política de "^isolacionismo de Hoover. Sem nos estender mos em maiores detalhes sÔbre o assun

produtos britânicos, alemães e franceses

nessas regiões, deveria ser registrada com satisfação, pois era um do.s postulados básicos do Plano Marshall conseguir a

recuperação econômica do Velho Mun do. Mas, entre planos govcrnamentai.s e a concepção competitiva das empresas particulares, há uma grande margem, c isso testemunham os inúmeros protestos

de firmas exportadoras americanas contra a falta de proteção, em face do "dum-

tributação do povo americano parece

chegar aos seus limites.

Descontando

as ^-erbas necessárias para o financia mento do rearmamento, não sobram so mas suficientes para manter o ritmo de subvenções • para as economias estran geiras c, ao mesmo tempo, para assegu

rar mercados estáveis à agricultura norte-amencana. Impõe-se; pois, o proble ma de limitar as doações para o estran geiro e pensar na possibilidade de redu

zir a proteção à produção agrícola e

ping" europeu.

Nesse ponto, ainda, a conciliação dos interêsses que estão em jôgo parece im possível.

pecuária.

-

As aerhas são escassas

Essa revisão inevitável — segundo a O *'ceilin^*

O terceiro ponto em foco nas discus sões, nos meios econômicos de Nova York,

conqeme ao "Ceiling price". A dificul dade de eliminar os protestos dos sindi catos, ou das associações patronais, con tra a base de cálculo adotado para o estabelecimento de um sistema de "pre-

ços-teto", já é grande. Mas ela é incom-

que os países "ao sul do Rio Grande" fazem a qualquer limitação de seus produtos de exportação, no mercado norte-americano.

A oposição visa em

Uma coordenação na comercialização

primeiro lugar o café, e se até agora a Administração de Washington não che gou a decretar o "ceiling" (se bem que

das matérias-primas torna-se inevitável, e espera-se que uma das primeiras inicia

ela disponha de todos os poderes legais para fazê-lo), a razão principal deverá

dos preços.

O quarto ponto atualmente discutido c o mais grave. Êle alimenta, em certo

to resumimos os fatos: a capacidade de

paràvelmente menor do que a oposição

cassez dos produtos e estimular a alta

dade do mercado para seus produto.s do e.xportação.

Próximo. Formalmente, a penetração de

as compras de Washington incitaram os no, a formação de estoques, o que con tribuiu para acentuar ainda mais a es-,

167

cados latino-americanos e no Oriente

e dêste lado do Atlântico. Por sua vez, governos europeus a iniciar, por seu tur

Digesto Econômico

tivas do Conselho do Atlântico vise o

ser procurada na firme atitude dos paí

estabelecimento de um "pool" ocidental.

ses sul-americanos em defender a liber

jetos de garantia para inversões de capi tais particulares em detenninadas re

giões do globo, estarão sujeitos a limita

ções. Mas, deve-se sublinhar que a mencionada revisão não importa num enfraquecimento dos princípios, pois as economias a fazer visarão, em primeiro lugar, certas verbas supérfluas, conce didas mais por questões políticas do que por considerações de ordem eco nômica.

A reforma da política agrícola não será menos dura, pois a estabilidade do poder de compra das zonas rurais era

um dos postulados básicos da era Rooseveltiana, aceita, aliás, pela Adminis tração Truman.

Os quatro pontos mencionados, e cuja solução o govêmo de Washington de verá encontrar dentro em pouco tempo, não representam fatores capazes de em baraçar sèríamente a política dos Es tados Unidos. A transição descrita exi

ge firmeza na execução dos conceitos

maioria dos observadores econômicos

adotados, e, se a interferência de inte

norte-americanos — implica na readap

rêsses políticos locais não fôr de molde' a desorientar os responsáveis pela admi nistração da grande República do Norte,

tação de certos conceitos básicos da po lítica ianque. Plano Marshall, Ponto IV, os Planos da ONU para o desenvolvi mento das nações "atrasadas", os pro

a presente crise do Ocidente será logo superada.


E>iGESTo Econômico

156

cialmente em Londres, contribuirá para

^'Business is usual"

induzir os Estados Unidos a acentuarem

seu desejo de colaborar, e não de deter-

rninar a política que se deve seguir. Não há dúvida de que os interêsses comuns das nações européias c dos Es

tados Unidos permitem chegar ràpidarnente a um novo acordo sôbre os pró

ximos passos a tomar, mas desde já parece evidente que o centro de futuras

decisões passou da Casa Branca para o Conselho do Pacto do Atlântico, e esèa teansição comporta uma fase de hesi-

açoes no terreno econômico, à qual já

rizemos alusão no início deste artigo.

Pesamos a descrever, em seguida, os

qua o pontos mais importantes dessa I

b-ansitória da economia norte-

dp maténas-primas. ^ primeiroPelo concerne à falta de volume da

P

uçao, fora e dentro dos Estados Uni

dos a escassez de metais não ferrosos, de fibras e de óleos vegetais, não tem

e^hcaçao. Nem se jusüfíca a evolu ção dos preços dêsses produtos. Admi te-se co^entemente, em Nova Yorlc, que no fundo, as compras de Washington são a origem da escassez e da alta dos

preços. Opinião, aliás, partilhada pela City e Paris. Há, na crítica dessa polí tica de estocagem, certa solidariedade

entre os homens de negócios daquele

O segundo problema em foco, na eco nomia norte-americana, c a competição crescente do Velho Continente nos mer

grau, os adeptos da política de "^isolacionismo de Hoover. Sem nos estender mos em maiores detalhes sÔbre o assun

produtos britânicos, alemães e franceses

nessas regiões, deveria ser registrada com satisfação, pois era um do.s postulados básicos do Plano Marshall conseguir a

recuperação econômica do Velho Mun do. Mas, entre planos govcrnamentai.s e a concepção competitiva das empresas particulares, há uma grande margem, c isso testemunham os inúmeros protestos

de firmas exportadoras americanas contra a falta de proteção, em face do "dum-

tributação do povo americano parece

chegar aos seus limites.

Descontando

as ^-erbas necessárias para o financia mento do rearmamento, não sobram so mas suficientes para manter o ritmo de subvenções • para as economias estran geiras c, ao mesmo tempo, para assegu

rar mercados estáveis à agricultura norte-amencana. Impõe-se; pois, o proble ma de limitar as doações para o estran geiro e pensar na possibilidade de redu

zir a proteção à produção agrícola e

ping" europeu.

Nesse ponto, ainda, a conciliação dos interêsses que estão em jôgo parece im possível.

pecuária.

-

As aerhas são escassas

Essa revisão inevitável — segundo a O *'ceilin^*

O terceiro ponto em foco nas discus sões, nos meios econômicos de Nova York,

conqeme ao "Ceiling price". A dificul dade de eliminar os protestos dos sindi catos, ou das associações patronais, con tra a base de cálculo adotado para o estabelecimento de um sistema de "pre-

ços-teto", já é grande. Mas ela é incom-

que os países "ao sul do Rio Grande" fazem a qualquer limitação de seus produtos de exportação, no mercado norte-americano.

A oposição visa em

Uma coordenação na comercialização

primeiro lugar o café, e se até agora a Administração de Washington não che gou a decretar o "ceiling" (se bem que

das matérias-primas torna-se inevitável, e espera-se que uma das primeiras inicia

ela disponha de todos os poderes legais para fazê-lo), a razão principal deverá

dos preços.

O quarto ponto atualmente discutido c o mais grave. Êle alimenta, em certo

to resumimos os fatos: a capacidade de

paràvelmente menor do que a oposição

cassez dos produtos e estimular a alta

dade do mercado para seus produto.s do e.xportação.

Próximo. Formalmente, a penetração de

as compras de Washington incitaram os no, a formação de estoques, o que con tribuiu para acentuar ainda mais a es-,

167

cados latino-americanos e no Oriente

e dêste lado do Atlântico. Por sua vez, governos europeus a iniciar, por seu tur

Digesto Econômico

tivas do Conselho do Atlântico vise o

ser procurada na firme atitude dos paí

estabelecimento de um "pool" ocidental.

ses sul-americanos em defender a liber

jetos de garantia para inversões de capi tais particulares em detenninadas re

giões do globo, estarão sujeitos a limita

ções. Mas, deve-se sublinhar que a mencionada revisão não importa num enfraquecimento dos princípios, pois as economias a fazer visarão, em primeiro lugar, certas verbas supérfluas, conce didas mais por questões políticas do que por considerações de ordem eco nômica.

A reforma da política agrícola não será menos dura, pois a estabilidade do poder de compra das zonas rurais era

um dos postulados básicos da era Rooseveltiana, aceita, aliás, pela Adminis tração Truman.

Os quatro pontos mencionados, e cuja solução o govêmo de Washington de verá encontrar dentro em pouco tempo, não representam fatores capazes de em baraçar sèríamente a política dos Es tados Unidos. A transição descrita exi

ge firmeza na execução dos conceitos

maioria dos observadores econômicos

adotados, e, se a interferência de inte

norte-americanos — implica na readap

rêsses políticos locais não fôr de molde' a desorientar os responsáveis pela admi nistração da grande República do Norte,

tação de certos conceitos básicos da po lítica ianque. Plano Marshall, Ponto IV, os Planos da ONU para o desenvolvi mento das nações "atrasadas", os pro

a presente crise do Ocidente será logo superada.


Dioesto Econômico

o aspecto social e econômico do trabalho Cândido Motta Filho

159

mo lalor de produçijo e riqueza. As sim, pela Constituição (art. 121), a lei

social do país. Reconlieceu, desde lo

promoveria o amparo da produção e

te e como um dever social (art. 4). Contudo, o trabalho, socialmente

cstai)elcceria as condições dc trabalho

na cidade e nos campos, tendo em vis As sucessivas revoluções que agitam

a sociedade moderna provocaram o culto do excessivo e do desconforme. Perdemos, com isso, o sentido da normalidade, o que eqüivale dizer, da

legalidade. Wilhelm Ropke, no seu li

ção. Fala-.sc cm harmonizar o capital e o trabalho, como se tratasse dc dois povos diferentes cm raça c costume,

quando o que .se trata principalmente é de harmonizar, dentro das exigên cias atuais, o traI)alho como valor

ta a proteção do traballiador e os in-

terésses econômicos do País.

Depois da última guerra, as consti tuições acentuaram, cm nome da paz

3)olíiica, a necessidade imperiosa des sa harmonia. A nossa Constituição de 1946 colocou, ainda uma vez, o traba lho no título consagrado a ordem econômica e social, e dispôs (art. 145)

vro "A crise social do nosso tempo"

econômico e o trabalho como valor

se refere mesmo "ao culto do colos

social.

sal". E lembra, diante dessa volúpia da incontinéncia, onde o dinheiro é a

íl verdade que o Estado moderno, jiclas suas leis fundamentai.s, procura

que a ordem econômica deve ser or

medida de tudo o que c grande, o

harmonizar êsscs dois aspectos.^\o

ganizada conforme o princípio de jus

go. porém, o trabalho como um direi-

amparado,

politicamente

e.xplorado,

desaparecia-se .como valor de produ ção, e isso porque, na prática, a har monia pregada entre os dois termos não existe.

A crise social, que nos atinge, fo menta explicàvelniente soluções con traditórias c utópicas. Desperta o en tusiasmo crítico, que alimenta o fogo cruzado das divergências. Cumpre as

sinalar, contudo, para a melhor com preensão dessas divergências, que há ctois pontos de vista unilaterais que

pensamento de Shakespeare, em Jú

lado do direito do trabaliio. susten

lio César:— "abusa-se da grandeza,

tiça social, conciliando a liberdade de

tado, durante a Revolução Francesa,

quando a consciência se divorcia do

por Sicyés, Torget, Carnot ou P.obcspicrre, e acolhido, depois da guerra de 1914, pela Constituição dc Wetniar,

iniciativa com a valorização do traba lho humano. E assegurou trabalho "que possibilite^ a todos existência digna",

encontramos também o trabalho co

ao mesmo tempo que o

mo dever social, assinalaflo já pela Constituição francesa de 1848 e rea

gação social".

vista é visivelmente revo

A Constituição france.sa de 1946 estabeleceu que

lucionário, quando susten ta que o problema da con

poder ".

' Nessa situação, o problema do tra

balho, que aparece como o problema central do nosso tempo, se encontra

envolvido por esse desequilíbrio e por essa incontinéncia. A devoção ao tra

balho é muito mais verbal do que real, é muito .mais um movimento político da exploração demagógica do traba lhador. Êste, que deveria ter o am

paro da justiça, se viu adulado pelos pretendentes ao poder. Antes, o tra balho era explorado econòmicamen-

te; hoje, é explorado politicamente. Assim, o social e o econômico, ao invés de se harmonizarem, dentro do âmbito do Estado, se vêm mantendo

firmado ainda pela referida Consti tuição de Weimar.

são, em grande parte, responsáveis pela permanência do con flito entre a situação eco

nômica e a Condição so cial.

afirmou como uma "obri

O primeiro ponto de

Porém, essa consagração constitu

todos têm o dever de tra

dição social do trabalha

cional não tem sido vista como foi planeada e escrita nas constituições. O aspecto social é o (lue empolgou a

balhar e o direito de obter

dor é o único problema a

todos os espíritos. Mesmo os regimes que se ergue ram contra o liberalismo e que esti

veram em voga, antes da última guer ra, acharam dc boa política ])rocla-

mu emprego. A

Consti

resolver.

tuição italiana de 1948 foi mais além.

Eogo no seu primeiro artigo afirmou que a Itália é uma república demo

crática fundada no trabalho. Nos de lates da Constituinte italiana houve

ate uma corrente que sustentava que

O homem que

tem assegurados os seus direitos, ga rantido o seu conforto, e se sente am

parado contra a exploração privile giada dos instrumentos de produção, será, realmente, como trabalhador, o criador incomparável de riquezas.

mar essa harmonia. A famosa "Carta

a Constituição devia definir o novo

dei lavoro", do fascismo italiano, de? clarava que o trabalho, sob tôdas as suas formas, organização e c.xecução, intelectual, técnico ou manual, é um

regime como uma república de tra

dever social.

sista. Tornou-se, entretanto (art. 3),

ballio é, assim, uma fonte de confli tos, uma vez que não passa de uma mercadoria a serviço da ambição das

compromisso da República remover os obstáculos de ordem econômico-

potências econômicas. E, à medida em que o trabalhador vai firmando -a

mos, uma vez que êle é puxado para

Essa preocupação se objetivou, en tre nôs, com a Constituição Federal de 1934, que o colocou no título des

social que impedissem a efetiva par

a direita e para a esquerda, ou jogado

tinado à ordem econômica e social.

ticipação dc todos os trabalhadores

consciência de seu • próprio valor, o trabalho se vai desvalorizando; à me

jio conflito entre a revolução e a rea

E ficou bem acentuado o trabalho co-

na organização política, econômica e

dida em que o trabalhador vai tendo

em conflito.

Tudo isso resulta de uma sociedade

que perdeu as suas antigas bases, as suas antigas certezas e convições, que

amplia as mutilações e os antagonis• mos. Não foi possível até agora colo car o trabalho em seus devidos têr-

balhadores. Prevaleceu a idéia de har monizar o econômico com

o social

para evitar qualquer tendência clas-

Como é encarado o trabalho atual

mente, isso é impossível. Êle só signi fica exploração ou escravidão. O tra-


Dioesto Econômico

o aspecto social e econômico do trabalho Cândido Motta Filho

159

mo lalor de produçijo e riqueza. As sim, pela Constituição (art. 121), a lei

social do país. Reconlieceu, desde lo

promoveria o amparo da produção e

te e como um dever social (art. 4). Contudo, o trabalho, socialmente

cstai)elcceria as condições dc trabalho

na cidade e nos campos, tendo em vis As sucessivas revoluções que agitam

a sociedade moderna provocaram o culto do excessivo e do desconforme. Perdemos, com isso, o sentido da normalidade, o que eqüivale dizer, da

legalidade. Wilhelm Ropke, no seu li

ção. Fala-.sc cm harmonizar o capital e o trabalho, como se tratasse dc dois povos diferentes cm raça c costume,

quando o que .se trata principalmente é de harmonizar, dentro das exigên cias atuais, o traI)alho como valor

ta a proteção do traballiador e os in-

terésses econômicos do País.

Depois da última guerra, as consti tuições acentuaram, cm nome da paz

3)olíiica, a necessidade imperiosa des sa harmonia. A nossa Constituição de 1946 colocou, ainda uma vez, o traba lho no título consagrado a ordem econômica e social, e dispôs (art. 145)

vro "A crise social do nosso tempo"

econômico e o trabalho como valor

se refere mesmo "ao culto do colos

social.

sal". E lembra, diante dessa volúpia da incontinéncia, onde o dinheiro é a

íl verdade que o Estado moderno, jiclas suas leis fundamentai.s, procura

que a ordem econômica deve ser or

medida de tudo o que c grande, o

harmonizar êsscs dois aspectos.^\o

ganizada conforme o princípio de jus

go. porém, o trabalho como um direi-

amparado,

politicamente

e.xplorado,

desaparecia-se .como valor de produ ção, e isso porque, na prática, a har monia pregada entre os dois termos não existe.

A crise social, que nos atinge, fo menta explicàvelniente soluções con traditórias c utópicas. Desperta o en tusiasmo crítico, que alimenta o fogo cruzado das divergências. Cumpre as

sinalar, contudo, para a melhor com preensão dessas divergências, que há ctois pontos de vista unilaterais que

pensamento de Shakespeare, em Jú

lado do direito do trabaliio. susten

lio César:— "abusa-se da grandeza,

tiça social, conciliando a liberdade de

tado, durante a Revolução Francesa,

quando a consciência se divorcia do

por Sicyés, Torget, Carnot ou P.obcspicrre, e acolhido, depois da guerra de 1914, pela Constituição dc Wetniar,

iniciativa com a valorização do traba lho humano. E assegurou trabalho "que possibilite^ a todos existência digna",

encontramos também o trabalho co

ao mesmo tempo que o

mo dever social, assinalaflo já pela Constituição francesa de 1848 e rea

gação social".

vista é visivelmente revo

A Constituição france.sa de 1946 estabeleceu que

lucionário, quando susten ta que o problema da con

poder ".

' Nessa situação, o problema do tra

balho, que aparece como o problema central do nosso tempo, se encontra

envolvido por esse desequilíbrio e por essa incontinéncia. A devoção ao tra

balho é muito mais verbal do que real, é muito .mais um movimento político da exploração demagógica do traba lhador. Êste, que deveria ter o am

paro da justiça, se viu adulado pelos pretendentes ao poder. Antes, o tra balho era explorado econòmicamen-

te; hoje, é explorado politicamente. Assim, o social e o econômico, ao invés de se harmonizarem, dentro do âmbito do Estado, se vêm mantendo

firmado ainda pela referida Consti tuição de Weimar.

são, em grande parte, responsáveis pela permanência do con flito entre a situação eco

nômica e a Condição so cial.

afirmou como uma "obri

O primeiro ponto de

Porém, essa consagração constitu

todos têm o dever de tra

dição social do trabalha

cional não tem sido vista como foi planeada e escrita nas constituições. O aspecto social é o (lue empolgou a

balhar e o direito de obter

dor é o único problema a

todos os espíritos. Mesmo os regimes que se ergue ram contra o liberalismo e que esti

veram em voga, antes da última guer ra, acharam dc boa política ])rocla-

mu emprego. A

Consti

resolver.

tuição italiana de 1948 foi mais além.

Eogo no seu primeiro artigo afirmou que a Itália é uma república demo

crática fundada no trabalho. Nos de lates da Constituinte italiana houve

ate uma corrente que sustentava que

O homem que

tem assegurados os seus direitos, ga rantido o seu conforto, e se sente am

parado contra a exploração privile giada dos instrumentos de produção, será, realmente, como trabalhador, o criador incomparável de riquezas.

mar essa harmonia. A famosa "Carta

a Constituição devia definir o novo

dei lavoro", do fascismo italiano, de? clarava que o trabalho, sob tôdas as suas formas, organização e c.xecução, intelectual, técnico ou manual, é um

regime como uma república de tra

dever social.

sista. Tornou-se, entretanto (art. 3),

ballio é, assim, uma fonte de confli tos, uma vez que não passa de uma mercadoria a serviço da ambição das

compromisso da República remover os obstáculos de ordem econômico-

potências econômicas. E, à medida em que o trabalhador vai firmando -a

mos, uma vez que êle é puxado para

Essa preocupação se objetivou, en tre nôs, com a Constituição Federal de 1934, que o colocou no título des

social que impedissem a efetiva par

a direita e para a esquerda, ou jogado

tinado à ordem econômica e social.

ticipação dc todos os trabalhadores

consciência de seu • próprio valor, o trabalho se vai desvalorizando; à me

jio conflito entre a revolução e a rea

E ficou bem acentuado o trabalho co-

na organização política, econômica e

dida em que o trabalhador vai tendo

em conflito.

Tudo isso resulta de uma sociedade

que perdeu as suas antigas bases, as suas antigas certezas e convições, que

amplia as mutilações e os antagonis• mos. Não foi possível até agora colo car o trabalho em seus devidos têr-

balhadores. Prevaleceu a idéia de har monizar o econômico com

o social

para evitar qualquer tendência clas-

Como é encarado o trabalho atual

mente, isso é impossível. Êle só signi fica exploração ou escravidão. O tra-


Dicesto Econômico

160

DroESTO EcoNÓKnco 161

a certeza de que pertence a uina clas

se oprimida e revolucionária, o traba lho vai perdendo a sua capacidade de protetor de riquezas.

Indiscutivelmente, a posição crítica de Marx nesse ponto é das mais va

liosas. Foi êle, no industrialismo, quem sentiu a necessidade de uma revisão

balho hão é uma parle de sua vida, mas um sacrifício dc sua vida (Tra

e oportunistas, o problema se reduz ao homem, e que se traduziria as

balho salariado e cai>ital).

sim:- u.n trabalhador bem alimeitta-

A máquina, produzindo, fêz com que o traballiador não aceitasse, pa ra si, a condição dc máquina de pro duzir riqueza para os outros, como nos famosos versos de Victor Hugo:

do c saudavel, confiante ein si mes

mo ou cm seus patrões, ou ainda no propr.o Estado, será o elemento deci

rém, o marxismo vai além de Marx e

"Travail mauvais qui rend Tâge

to^ a tudo isso. É a tendência da rea

favorece, com o correr dos tempos, o radicalismo revolucionário. Cumprenos, no entanto, reconhecer que Marx,

tendre cn sa serre",

ção confessada que parte folgadamente dc um pressuposto lógico produzir e enriquecer. Um povo que prodiiz e um povo rico. A prova está

"Qui produit Ia richesse en créant Ia misère".

não admitindo senão uma única fonte

de lucro, que é a mais valia, tirada do trabalho e repartida por entre muitos

beneficiários, tinha mostrado, como

ponto de partida de qualquer solução, a, concepção integral do trabalho. Na

sua crítica à economia política, êle acentuou, muito bem, as conseqüên cias do trabalho inútil. "Uma mer cadoria — escreveu Marx — tem um

valor, porque é uma cristalização do trabalho social" (Salários, preços e lucros). Sustenta ainda que "a quan tidade de valor de uma mercadoria

varia na razão inversa da força pro dutiva, que nela se realiza" (O Capi tal). E é assim que cresce o aspecto polêmico da doutrina do valor-trabaJho, que deveria passar o fenômeno

Se o trabalhador c, portanto, uma vítima do trabalho e representa, na

vida moderna, o papel de herói revo amparado a sua própria custa, nos

sua produção. No entanto,

seus direitos. Porqye só assim é que o trabalho se toma a base da produ

povo.s miseráveis ou ator

Em primeiro lugar, pois, a condi ção do trabalhador. Êsse programa revolucionário não se aninhou só nas

mentados pela miséria e onde o trabaiiiaclor e sempre o mais sacrificado. O problema do salário real, da distribuiÇfio racional e justa das mercadorias,

dobras da bandeira da revolução. A

proletarização do mundo vem sendo

produção.

feita pelos demagogos, pelos oportu

nistas, pelos Capitães de indústria e

de^produção

economia aparece bem nítida com

pelos políticos. Há, assim, numerosos

urguesia.

Opondo a um mundo

só pode realmente passar para o pri meiro piano quando o valor-trabalho

ma ao trabalho. Querem, assim, a paz

se manifesta como valor original e não condicionado ao mercado como

insincera do rebanho, esquecidos de que Marx escrevera que a classe tra

um valor de troca.

balhadora é revolucionária ou não é

Muito mais do que a teoria econô

ps povos improdutivos são

tudo, um problema da Pn'_oduçao e principalmente da livre

conservadores apavorados que acham que a solução maquiavélica é a de adular o trabalhador para que êle continue a entregar-se de corpo e al

da produção para o primeiro' plano (Pareto, Marshall). Mas, a produção

nos Estados Unidos, on tou o mais alto padr<ão de vida, pelo esplendor de

comum.

nada I

para

o

aprofundamento

das

crises.

Uma atitude mutila o conceito do tra

balho para transformar o trabalhador

num homem à-parte, como se fôsse um excluído da sociedade e que pre cisa conquistá-la a qual quer preço; Se essa con

quista se faz pela violên-

lUgP rV^ J

cia, éium desastre: se ela se faz por consentimento ou compreensão, é explo rada como um recuo. Con

sequentemente, o trabalho, ao invés de ser uma fôrça de produção, é uma arma política.O trabalhador sempre se

considerará um vendedor da fôrça de trabalho, porque os meios materiais de produção não lhe pertencem (O Capital). O salário, dentro dessa polí

tica de transação social, será um en godo, porque nunca passará de um salário nominal.

A segunda atitude é ainda mais complexa, porque, colocado o trabalho

ofí^n^sentido umao ensiva estabeleceu em grandenesse estilo contra espirito corporativo medieval. A má-

exclusivamente no plano da produção,

qmna foi vista, acima de tudo, como ma conquista da produção, multipHcando-a para o lucro. Werner Som-

nart, caracterizando êsse furor de pro duzir, mostra que ela afastou social

Chegaríamos assim à conclusão de Flaubert, no plano para o final de

mente o valor-homem dos valores eco

tica de luta pelo marxismo, foi acei

Bouvard et Pécuchet:— "Tout ne sera

nômicos: "Fiat productio et pereat

ta pela revolução. O proletário é o tipo natural do revolucionário moder no, porque, no dizer de Marx,"o tra-

plus qu'une vaste ribote d'ouvriers".

homo ".

marxistas, semi-marxistas, socialistas

Nenhuma dessas'atitudes representa uma solução. Qualquer delas concorri

fartura, a tornaria vitoriosa. Por

mica do trabalho, a teoria da condição social do trabalhador, posta como tá

Assim, para essa corrente, com os

Slc

de o trabalhador conquis

lucionário, êle precisa ser libertado,

ção econômica, fecunda para a vida

mais um povo produz mais o homem se sente feliz.

sivo da produção e da prosperidade .social.

O segundo ponto de vista é o opos

completa do conceito do trabalho. Po

da produção não podia esquecer o ho mem e sustentou sempre que quanto

■'^^"^^Jmente, depois de uma longa

experiência individualista, a economia

coloca-o à disposição da complexida de econômica, que passa do campo na cional para o campo internacional, com a criação das zonas monetárias, com a preponderância dos povos for

tes por sobre os povos fracos, com os choques entre o autoritarismo e o li

beralismo, de Estados de economia ri ca com os de economia pobre, de eco

nomia individualista com os de econo mia socializada.

Além disso, a todo instante, estamos


Dicesto Econômico

160

DroESTO EcoNÓKnco 161

a certeza de que pertence a uina clas

se oprimida e revolucionária, o traba lho vai perdendo a sua capacidade de protetor de riquezas.

Indiscutivelmente, a posição crítica de Marx nesse ponto é das mais va

liosas. Foi êle, no industrialismo, quem sentiu a necessidade de uma revisão

balho hão é uma parle de sua vida, mas um sacrifício dc sua vida (Tra

e oportunistas, o problema se reduz ao homem, e que se traduziria as

balho salariado e cai>ital).

sim:- u.n trabalhador bem alimeitta-

A máquina, produzindo, fêz com que o traballiador não aceitasse, pa ra si, a condição dc máquina de pro duzir riqueza para os outros, como nos famosos versos de Victor Hugo:

do c saudavel, confiante ein si mes

mo ou cm seus patrões, ou ainda no propr.o Estado, será o elemento deci

rém, o marxismo vai além de Marx e

"Travail mauvais qui rend Tâge

to^ a tudo isso. É a tendência da rea

favorece, com o correr dos tempos, o radicalismo revolucionário. Cumprenos, no entanto, reconhecer que Marx,

tendre cn sa serre",

ção confessada que parte folgadamente dc um pressuposto lógico produzir e enriquecer. Um povo que prodiiz e um povo rico. A prova está

"Qui produit Ia richesse en créant Ia misère".

não admitindo senão uma única fonte

de lucro, que é a mais valia, tirada do trabalho e repartida por entre muitos

beneficiários, tinha mostrado, como

ponto de partida de qualquer solução, a, concepção integral do trabalho. Na

sua crítica à economia política, êle acentuou, muito bem, as conseqüên cias do trabalho inútil. "Uma mer cadoria — escreveu Marx — tem um

valor, porque é uma cristalização do trabalho social" (Salários, preços e lucros). Sustenta ainda que "a quan tidade de valor de uma mercadoria

varia na razão inversa da força pro dutiva, que nela se realiza" (O Capi tal). E é assim que cresce o aspecto polêmico da doutrina do valor-trabaJho, que deveria passar o fenômeno

Se o trabalhador c, portanto, uma vítima do trabalho e representa, na

vida moderna, o papel de herói revo amparado a sua própria custa, nos

sua produção. No entanto,

seus direitos. Porqye só assim é que o trabalho se toma a base da produ

povo.s miseráveis ou ator

Em primeiro lugar, pois, a condi ção do trabalhador. Êsse programa revolucionário não se aninhou só nas

mentados pela miséria e onde o trabaiiiaclor e sempre o mais sacrificado. O problema do salário real, da distribuiÇfio racional e justa das mercadorias,

dobras da bandeira da revolução. A

proletarização do mundo vem sendo

produção.

feita pelos demagogos, pelos oportu

nistas, pelos Capitães de indústria e

de^produção

economia aparece bem nítida com

pelos políticos. Há, assim, numerosos

urguesia.

Opondo a um mundo

só pode realmente passar para o pri meiro piano quando o valor-trabalho

ma ao trabalho. Querem, assim, a paz

se manifesta como valor original e não condicionado ao mercado como

insincera do rebanho, esquecidos de que Marx escrevera que a classe tra

um valor de troca.

balhadora é revolucionária ou não é

Muito mais do que a teoria econô

ps povos improdutivos são

tudo, um problema da Pn'_oduçao e principalmente da livre

conservadores apavorados que acham que a solução maquiavélica é a de adular o trabalhador para que êle continue a entregar-se de corpo e al

da produção para o primeiro' plano (Pareto, Marshall). Mas, a produção

nos Estados Unidos, on tou o mais alto padr<ão de vida, pelo esplendor de

comum.

nada I

para

o

aprofundamento

das

crises.

Uma atitude mutila o conceito do tra

balho para transformar o trabalhador

num homem à-parte, como se fôsse um excluído da sociedade e que pre cisa conquistá-la a qual quer preço; Se essa con

quista se faz pela violên-

lUgP rV^ J

cia, éium desastre: se ela se faz por consentimento ou compreensão, é explo rada como um recuo. Con

sequentemente, o trabalho, ao invés de ser uma fôrça de produção, é uma arma política.O trabalhador sempre se

considerará um vendedor da fôrça de trabalho, porque os meios materiais de produção não lhe pertencem (O Capital). O salário, dentro dessa polí

tica de transação social, será um en godo, porque nunca passará de um salário nominal.

A segunda atitude é ainda mais complexa, porque, colocado o trabalho

ofí^n^sentido umao ensiva estabeleceu em grandenesse estilo contra espirito corporativo medieval. A má-

exclusivamente no plano da produção,

qmna foi vista, acima de tudo, como ma conquista da produção, multipHcando-a para o lucro. Werner Som-

nart, caracterizando êsse furor de pro duzir, mostra que ela afastou social

Chegaríamos assim à conclusão de Flaubert, no plano para o final de

mente o valor-homem dos valores eco

tica de luta pelo marxismo, foi acei

Bouvard et Pécuchet:— "Tout ne sera

nômicos: "Fiat productio et pereat

ta pela revolução. O proletário é o tipo natural do revolucionário moder no, porque, no dizer de Marx,"o tra-

plus qu'une vaste ribote d'ouvriers".

homo ".

marxistas, semi-marxistas, socialistas

Nenhuma dessas'atitudes representa uma solução. Qualquer delas concorri

fartura, a tornaria vitoriosa. Por

mica do trabalho, a teoria da condição social do trabalhador, posta como tá

Assim, para essa corrente, com os

Slc

de o trabalhador conquis

lucionário, êle precisa ser libertado,

ção econômica, fecunda para a vida

mais um povo produz mais o homem se sente feliz.

sivo da produção e da prosperidade .social.

O segundo ponto de vista é o opos

completa do conceito do trabalho. Po

da produção não podia esquecer o ho mem e sustentou sempre que quanto

■'^^"^^Jmente, depois de uma longa

experiência individualista, a economia

coloca-o à disposição da complexida de econômica, que passa do campo na cional para o campo internacional, com a criação das zonas monetárias, com a preponderância dos povos for

tes por sobre os povos fracos, com os choques entre o autoritarismo e o li

beralismo, de Estados de economia ri ca com os de economia pobre, de eco

nomia individualista com os de econo mia socializada.

Além disso, a todo instante, estamos


DiGiiSTo Econômico

Digesto Econóauco

162

assistindo ao dramático espetáculo de

povos:assaItados por contradições eco nômicas e sociais, coagidos por poderes internacionais, de um lado,, e, de outro lado, pela terrível voracidade de

uma política interna de arrecadação a qualquer preço.

-A política do .traballio, portanto,

precisa adçquar-se às condições do mundo atual e scr.pricntada num sen tido- orgânico c global, O que está es

França, escreve:— "nolrc conception essenticl c'est qiril ir.v a rivn liors du

sa ou. como um sinal de um conflito

vocação, de incapacidade e de indo

que a lei anima, acolhendo-o. Não c

lência. Assim, ao lado de um empe

possível eliminar-se o trabalho da jus

nho pela racionalização do trabalho,

tiça social, como não 6 possível reti

que se encontra no taylorismo ameri cano c no slakhonovismo russo, deve existir a mais perfeita compreensão do valor das várias espécies de trabalho, desde o manual até o intelectual, pa

tor de ódio de classe, explorado peJo lucro imoderado, que destrói a dig nidade do homem. Com a criação do Estado industrial, o trabalhador assa lariado se tornou um ser dependente.

O Estado, por isso, não pode limitarse a reconhecer a simples independên cia jurídica do indivíduo; deve criar efetivamente as condições para asse

ra que êlc não seja nem um

cio para os outros nem um privilegio para conflitos e ambições. Dcvc baver sempre a atenção para a condiç.io lu mana de cada tipo de.trabalho e de

gurar-lhe um mínimo de existência

cada tipo de trabalhador. "O furor de produzir", que Pcrgolczzi chama de "parqssismo dciratività produttiva ,

digna,-Não podemos ficar em meio do

sacrifica o homem, dcstrói-lhc o sen

caminho, para a integração natural

timento de justiça c estimula as rei víndicaçÕes revolucionárias por meios violentos. A mesma coisa acontece quando se olha só para o tra )a

do trabalhador na vida política do Es tado, Não devemos ter. classe prote

gida nem classe protetora, classes que só têm direitos e dasses que só tcni de,veros. Uma sociedade realmente de mocrática-não oferece distinções, Ela não é uma sociedade de cla.sses, mas uma sociedade, de homens livres. , . O trabalho não é um triste privilé

gio. Ê uma condição humajta. Quem não trabalha não .come. Mas o traba lho humano, não .é uma simples ativi dade instintiva e animal. É trabalhovalor. É trabalho-capa.cídade. Jouhaux, na chefia do sindicalismo em

Peut angagcr scs services, son temps,

'nais i! ne peut se vendrc lui-même; sa personne n'est pus une proprieté

como houve sempre, o homem que ex

dragem do pobre. E há entre os que trabalham os graus de capacidade .e

ílle não deve ser alimentado como fa

humano do trabalho da declaração trancesa de 1793:— "Tout homme

dos valores efetivos, para que não ha ja dependências injustas c somente as necessárias. Porque há. hoje em dia,

crito nas. constituições modernas não pode ficar apenas .como uma promes

rá-lo da base da produção da ri(]uc;i:a.

porâneo c preci.sü alargar o conceito

travai!, que le travai! dojt être tout . O que é preciso é colocá-lo no plano

plora a sua riqueza como o Iiomem que-explora a sua pobreza. Ha a ma landragem do rico como há a malan^

c se esquece o traballio como cond^

ção de vida social. Por isso. o art. 447 do Tratado de Versailles diz que o tra balho-não deve ser considerado sim plesmente como uma mercadoria ou como artigo de comércio, mas sobre-, tudo pela dignidade ética da , pessoa humana. O trabalho não é so um de ver do indivíduo para consigo mesmo

(erga se), mas para com a sociedade (erga.alius), como instrumenfo neces sário e insubstituível do,bem conuirn-

163

Paia a paz social do mundo contem

alienahle

Três, portanto, são os elementos 4

que

devem

concomitantcnVenle

ser

considerados para que paz social saia o labirinto moderno:— liumanização o traballio, organização do trabalho e retribuição do trabalho. A Consti

tuição de Liechtenstein, de 1921, já es tabelecia no seu an. 19 que o Estado protege a "capacidade" de trabalho,

'ssa c a fórmula básica que trans

forma o trabalho, de uma simples ativitlade física, duma simples ação, num valor tlc cultura c de solidariedade

iiumana. O salário, as lioras do traba lho, as relações de emprego, as fé rias e repou.so, a iiigiene e segurança no trabalho, a eficácia e continuidade

dos contratos, a moradia e a alimen tação, a participação no lucro, o se

guro e previdência, a instrução e edu cação, o mercado de trabalho e os prêmios de trabalho constituem com-

liromissos de integração do proletário na obra social não a serviço da pro

dução em si mesma, mas a serviço do homem livre, isto é, como pessoa, e a serviço da sociedade como bem co mum.


DiGiiSTo Econômico

Digesto Econóauco

162

assistindo ao dramático espetáculo de

povos:assaItados por contradições eco nômicas e sociais, coagidos por poderes internacionais, de um lado,, e, de outro lado, pela terrível voracidade de

uma política interna de arrecadação a qualquer preço.

-A política do .traballio, portanto,

precisa adçquar-se às condições do mundo atual e scr.pricntada num sen tido- orgânico c global, O que está es

França, escreve:— "nolrc conception essenticl c'est qiril ir.v a rivn liors du

sa ou. como um sinal de um conflito

vocação, de incapacidade e de indo

que a lei anima, acolhendo-o. Não c

lência. Assim, ao lado de um empe

possível eliminar-se o trabalho da jus

nho pela racionalização do trabalho,

tiça social, como não 6 possível reti

que se encontra no taylorismo ameri cano c no slakhonovismo russo, deve existir a mais perfeita compreensão do valor das várias espécies de trabalho, desde o manual até o intelectual, pa

tor de ódio de classe, explorado peJo lucro imoderado, que destrói a dig nidade do homem. Com a criação do Estado industrial, o trabalhador assa lariado se tornou um ser dependente.

O Estado, por isso, não pode limitarse a reconhecer a simples independên cia jurídica do indivíduo; deve criar efetivamente as condições para asse

ra que êlc não seja nem um

cio para os outros nem um privilegio para conflitos e ambições. Dcvc baver sempre a atenção para a condiç.io lu mana de cada tipo de.trabalho e de

gurar-lhe um mínimo de existência

cada tipo de trabalhador. "O furor de produzir", que Pcrgolczzi chama de "parqssismo dciratività produttiva ,

digna,-Não podemos ficar em meio do

sacrifica o homem, dcstrói-lhc o sen

caminho, para a integração natural

timento de justiça c estimula as rei víndicaçÕes revolucionárias por meios violentos. A mesma coisa acontece quando se olha só para o tra )a

do trabalhador na vida política do Es tado, Não devemos ter. classe prote

gida nem classe protetora, classes que só têm direitos e dasses que só tcni de,veros. Uma sociedade realmente de mocrática-não oferece distinções, Ela não é uma sociedade de cla.sses, mas uma sociedade, de homens livres. , . O trabalho não é um triste privilé

gio. Ê uma condição humajta. Quem não trabalha não .come. Mas o traba lho humano, não .é uma simples ativi dade instintiva e animal. É trabalhovalor. É trabalho-capa.cídade. Jouhaux, na chefia do sindicalismo em

Peut angagcr scs services, son temps,

'nais i! ne peut se vendrc lui-même; sa personne n'est pus une proprieté

como houve sempre, o homem que ex

dragem do pobre. E há entre os que trabalham os graus de capacidade .e

ílle não deve ser alimentado como fa

humano do trabalho da declaração trancesa de 1793:— "Tout homme

dos valores efetivos, para que não ha ja dependências injustas c somente as necessárias. Porque há. hoje em dia,

crito nas. constituições modernas não pode ficar apenas .como uma promes

rá-lo da base da produção da ri(]uc;i:a.

porâneo c preci.sü alargar o conceito

travai!, que le travai! dojt être tout . O que é preciso é colocá-lo no plano

plora a sua riqueza como o Iiomem que-explora a sua pobreza. Ha a ma landragem do rico como há a malan^

c se esquece o traballio como cond^

ção de vida social. Por isso. o art. 447 do Tratado de Versailles diz que o tra balho-não deve ser considerado sim plesmente como uma mercadoria ou como artigo de comércio, mas sobre-, tudo pela dignidade ética da , pessoa humana. O trabalho não é so um de ver do indivíduo para consigo mesmo

(erga se), mas para com a sociedade (erga.alius), como instrumenfo neces sário e insubstituível do,bem conuirn-

163

Paia a paz social do mundo contem

alienahle

Três, portanto, são os elementos 4

que

devem

concomitantcnVenle

ser

considerados para que paz social saia o labirinto moderno:— liumanização o traballio, organização do trabalho e retribuição do trabalho. A Consti

tuição de Liechtenstein, de 1921, já es tabelecia no seu an. 19 que o Estado protege a "capacidade" de trabalho,

'ssa c a fórmula básica que trans

forma o trabalho, de uma simples ativitlade física, duma simples ação, num valor tlc cultura c de solidariedade

iiumana. O salário, as lioras do traba lho, as relações de emprego, as fé rias e repou.so, a iiigiene e segurança no trabalho, a eficácia e continuidade

dos contratos, a moradia e a alimen tação, a participação no lucro, o se

guro e previdência, a instrução e edu cação, o mercado de trabalho e os prêmios de trabalho constituem com-

liromissos de integração do proletário na obra social não a serviço da pro

dução em si mesma, mas a serviço do homem livre, isto é, como pessoa, e a serviço da sociedade como bem co mum.


Dicesto EcoNó^^cu 165

HADITABILIDADE DOS TROPICÜS piMENTEL Gomes I

A ROTINA tem fôrça. Gestos, frases, que usamos boje, expIicam-sc, mui tas vezes, por crenças e bábitos prove nientes das mais antigas civilizações que SC conhecem. Uma referência vaga à

Atlântica fez com que, durante milha res de anos, se escrevesse sôbrc um con

tinente que teria existido entre a Europa e a América, e há dezenas de séculos

mergulhado nas águas, com suas cidades, seus portos, seus palácios e seus campos

de lavoura. Quanto a livro, quase tôdus

Se escrito no Brasil, não teria qualquer

Solos

mais bovinos do que Portugal. Na índia,

Para Gourou, os solos tropicais são pobres, incapazes de cultura. O sr Luís Amaral, cm "Outro Brasil", fala na inexorabilidado do pH", querendo dizer que os solos são ácidos c, por isso, mais

conforme Dutt e Pugh, em "Farm & Crop Production in índia", livro edita

ou inonos imprestáveis. Mas são pobres

repercussão. Era mais uma obra desti

e ácidos todos os solos tropicais? São

nada aos scbos. Prcfacia-o Raul RivclNo prefácio, sem querer, desmascara as finalidades da obra: ..."une sorte de sentimentalismo scmble dominer 1 c-s-

dos climas temperados? Não me parece.

prit de beauconp d'bommos dc bonne volonté, il est bon dc lirc ccs jjages ccn-

ricos c neutros ou alcalinos todos os

Existem imensas áreas de solos pau pérrimos, quase inapro\eitáveis, na França, Bélgica, Holanda, Alemanlia, Gra-Brctanlia, Espanha, Portugal, Dina

tes sans passions a\ec une froidcur \ou-

marca, Estados Unidos, Canadá etc. O

luc. C'est ainsi, et sculcmcnt ainsi que

centro c o oeste da Jutlàndia são landes paupérrimas. Os solos do norte da Ale

Ton pourra trouvcr Ia solution du problcnie qiii, brusqiiemcnt, vicnt de sc

manlia são afamados pela pobreza. As áreas cultiváveis da Escócia não são

as pala\Tas originaram-se no Oriente

poser dcvant toutcs les grandes pui.ssan-

Médio, na Grécia e em Roma, e têm,

ces colonialcs". Isto, duplamente tradu

agora, sentido muito diferente do primi

zido, quer dizer que, encontrando tema colonial grandes e crescentes difi

landa sao de solo paupérrimo. Pobres

estranhar, portanto, que, ainda boje, alguns escritores europeus se abalancem a escrever sôbrc os trópicos repisando cousas cediças que vêm mais ou menos dos tempos dos antigos gregos e que

culdades ante a consciência das elites,

condições das regiões tropicais sao de ordem a não permitir, a seus liabitantes, um grau elevado dc ci%'ilizaçao. Devem

Pouco cultiváveis são qua.so (odos os solos^ du União Sul-Africuna. Na União °^''^dca, o.s solos imprestáveis c pouco utilizáveis superam de muito, cm quantidade, os solos bons e

já não podem mais ser aceitas cm face

continuar sob a tutela dos países euro

sofríveis. A Rússia Branca sem-

da evidência dos fatos.

peus. Nada de independência para a

tivo.

A rotina tem fôrça.

Não é de

Estranbável é

que haja, no Brasil, quem os acompa

o Ii\ ro se esforça jJor demonstrar qnc as

nhe, negando o muito que temos con

Indochina e os paí.ses africanos, que es tariam destinados <à eterna csCravidao.

seguido e realizado e o encaminhamen

Terão razão?

to favorável dos nossos problemas vitais. Les Pays Tropicaux"

Um dos autores mais citados pelos

tardígrados que ainda discutem a babitabilidade dos trópicos é Gourou, Pierre

Gourou, professor da Faculdade de Bordéus da Universidade Livre de Bru xelas e do Colégio da França. Escre

veu um livro, Les Paijs Tropicaux, livro de rara mediocridade e escassa ciência, que é mais uma demonstração do recuo

que se nota em alguns setores europeus.

Não acredito.

NAun o

livro, para quem conhece os tropicos,

para quem os trabalhou como agrôno mo, para quem leu sôbrc os seus .solo.s o que escreveu um mestre de renome mundial como Theodureto de Camargo,

refletiu e comparou dados, tem dedu ção que não possa ser destruída. Mus o livro, vindo da Europa - que tem um

resto de prestígio, o prestígio dos nobres arruinados - ainda consegue impressio

nar os que não possuem cultura especia lizada.

Façamos uma análise geral.

muitas. As províncias orientais da Ho

são as terras do Estado de No\a York.

pro foi uma região pobre, dada : '/""li

a inferioridade de suas terras.

Em nossa vizinha Argentina, o ^echo pior é o mais frio — a Patagônia. As terras do Brandeburgo, onde fica Berlim, são de uma pobreza gritante. Nos trópicos, ao lado de muita terra ruim, bá, como na Rússia e nos Estados Unidos, muita terra boa. Os solos de grande parte da Repiiblica da Indonésia são afamados pela sua produtividade. E um dos países agricolamente mais

ricos do mundo, embora apanhado em cheio pela linha equinocial. Cuba é

famosa pela sua enorme produção de açúcar e fumo. Tem quase cinco vezes

do em Allahabad, há alguns dos solos mais férteis do mundo, em plena região tropical. Cultivam-nos há uns dois mil

anos, sem adubá-los. As próprias late ntes são consideradas passí\ eis de corre ção e estão sendo corrigidas e aprovei tadas. Dutt e Pugh são técnicos de um dos Institutos Agronômicos da índia. Quanto ao Brasil, temos, como em

qualquer outro país, solos muito férteis,

férteis, sofríveis e pobres. Embora haja ^'isitado, como agrônomo, todos os Es-.

tados c dois Territórios, não conheço terras inúteis em nosso país. Todas têm

ou podem ter uma aplicação econômica — lavoura, pastagem ou floresta. O Brasil não possui problema agronômicaniente insolúvel.

O conceituado geólogo S. Froes de

Abreu, em artigo publicado no Digesto Econômico, diz que "a área de derrames

basálticos, só no sul do Brasil abrange cêrca de 900.000 kni2; no seu total al

cança 1.200.000 km2.. Além, acrescenta o cientista patrício: "... o basalto facultou a forma-

ção dos solos mais férteis do

í|

País". Posteriormente, um agrônomo descobriu ampla faixa ba-

sáltica no Pará, atravessada pelo rio Tocantins. Propôs a forma

ção, aí, de grandes cafèzais, cujo pro duto facilmente se escoaria para os Es tados Unidos. O rio Tocantins, no tre

cho em apreço, é navegável por transa tlânticos.

O Instituto Agronônrico do Norte ve-

rificou que as várzeas do Guamá e de

outros rios amazônicos são excepcional mente férteis. Produzem, em média 2

mil quilos de juta por hectare, e mais de 3 mil quilos de arroz. Podem fornecer duas safras de arroz anualmente. a

H


Dicesto EcoNó^^cu 165

HADITABILIDADE DOS TROPICÜS piMENTEL Gomes I

A ROTINA tem fôrça. Gestos, frases, que usamos boje, expIicam-sc, mui tas vezes, por crenças e bábitos prove nientes das mais antigas civilizações que SC conhecem. Uma referência vaga à

Atlântica fez com que, durante milha res de anos, se escrevesse sôbrc um con

tinente que teria existido entre a Europa e a América, e há dezenas de séculos

mergulhado nas águas, com suas cidades, seus portos, seus palácios e seus campos

de lavoura. Quanto a livro, quase tôdus

Se escrito no Brasil, não teria qualquer

Solos

mais bovinos do que Portugal. Na índia,

Para Gourou, os solos tropicais são pobres, incapazes de cultura. O sr Luís Amaral, cm "Outro Brasil", fala na inexorabilidado do pH", querendo dizer que os solos são ácidos c, por isso, mais

conforme Dutt e Pugh, em "Farm & Crop Production in índia", livro edita

ou inonos imprestáveis. Mas são pobres

repercussão. Era mais uma obra desti

e ácidos todos os solos tropicais? São

nada aos scbos. Prcfacia-o Raul RivclNo prefácio, sem querer, desmascara as finalidades da obra: ..."une sorte de sentimentalismo scmble dominer 1 c-s-

dos climas temperados? Não me parece.

prit de beauconp d'bommos dc bonne volonté, il est bon dc lirc ccs jjages ccn-

ricos c neutros ou alcalinos todos os

Existem imensas áreas de solos pau pérrimos, quase inapro\eitáveis, na França, Bélgica, Holanda, Alemanlia, Gra-Brctanlia, Espanha, Portugal, Dina

tes sans passions a\ec une froidcur \ou-

marca, Estados Unidos, Canadá etc. O

luc. C'est ainsi, et sculcmcnt ainsi que

centro c o oeste da Jutlàndia são landes paupérrimas. Os solos do norte da Ale

Ton pourra trouvcr Ia solution du problcnie qiii, brusqiiemcnt, vicnt de sc

manlia são afamados pela pobreza. As áreas cultiváveis da Escócia não são

as pala\Tas originaram-se no Oriente

poser dcvant toutcs les grandes pui.ssan-

Médio, na Grécia e em Roma, e têm,

ces colonialcs". Isto, duplamente tradu

agora, sentido muito diferente do primi

zido, quer dizer que, encontrando tema colonial grandes e crescentes difi

landa sao de solo paupérrimo. Pobres

estranhar, portanto, que, ainda boje, alguns escritores europeus se abalancem a escrever sôbrc os trópicos repisando cousas cediças que vêm mais ou menos dos tempos dos antigos gregos e que

culdades ante a consciência das elites,

condições das regiões tropicais sao de ordem a não permitir, a seus liabitantes, um grau elevado dc ci%'ilizaçao. Devem

Pouco cultiváveis são qua.so (odos os solos^ du União Sul-Africuna. Na União °^''^dca, o.s solos imprestáveis c pouco utilizáveis superam de muito, cm quantidade, os solos bons e

já não podem mais ser aceitas cm face

continuar sob a tutela dos países euro

sofríveis. A Rússia Branca sem-

da evidência dos fatos.

peus. Nada de independência para a

tivo.

A rotina tem fôrça.

Não é de

Estranbável é

que haja, no Brasil, quem os acompa

o Ii\ ro se esforça jJor demonstrar qnc as

nhe, negando o muito que temos con

Indochina e os paí.ses africanos, que es tariam destinados <à eterna csCravidao.

seguido e realizado e o encaminhamen

Terão razão?

to favorável dos nossos problemas vitais. Les Pays Tropicaux"

Um dos autores mais citados pelos

tardígrados que ainda discutem a babitabilidade dos trópicos é Gourou, Pierre

Gourou, professor da Faculdade de Bordéus da Universidade Livre de Bru xelas e do Colégio da França. Escre

veu um livro, Les Paijs Tropicaux, livro de rara mediocridade e escassa ciência, que é mais uma demonstração do recuo

que se nota em alguns setores europeus.

Não acredito.

NAun o

livro, para quem conhece os tropicos,

para quem os trabalhou como agrôno mo, para quem leu sôbrc os seus .solo.s o que escreveu um mestre de renome mundial como Theodureto de Camargo,

refletiu e comparou dados, tem dedu ção que não possa ser destruída. Mus o livro, vindo da Europa - que tem um

resto de prestígio, o prestígio dos nobres arruinados - ainda consegue impressio

nar os que não possuem cultura especia lizada.

Façamos uma análise geral.

muitas. As províncias orientais da Ho

são as terras do Estado de No\a York.

pro foi uma região pobre, dada : '/""li

a inferioridade de suas terras.

Em nossa vizinha Argentina, o ^echo pior é o mais frio — a Patagônia. As terras do Brandeburgo, onde fica Berlim, são de uma pobreza gritante. Nos trópicos, ao lado de muita terra ruim, bá, como na Rússia e nos Estados Unidos, muita terra boa. Os solos de grande parte da Repiiblica da Indonésia são afamados pela sua produtividade. E um dos países agricolamente mais

ricos do mundo, embora apanhado em cheio pela linha equinocial. Cuba é

famosa pela sua enorme produção de açúcar e fumo. Tem quase cinco vezes

do em Allahabad, há alguns dos solos mais férteis do mundo, em plena região tropical. Cultivam-nos há uns dois mil

anos, sem adubá-los. As próprias late ntes são consideradas passí\ eis de corre ção e estão sendo corrigidas e aprovei tadas. Dutt e Pugh são técnicos de um dos Institutos Agronômicos da índia. Quanto ao Brasil, temos, como em

qualquer outro país, solos muito férteis,

férteis, sofríveis e pobres. Embora haja ^'isitado, como agrônomo, todos os Es-.

tados c dois Territórios, não conheço terras inúteis em nosso país. Todas têm

ou podem ter uma aplicação econômica — lavoura, pastagem ou floresta. O Brasil não possui problema agronômicaniente insolúvel.

O conceituado geólogo S. Froes de

Abreu, em artigo publicado no Digesto Econômico, diz que "a área de derrames

basálticos, só no sul do Brasil abrange cêrca de 900.000 kni2; no seu total al

cança 1.200.000 km2.. Além, acrescenta o cientista patrício: "... o basalto facultou a forma-

ção dos solos mais férteis do

í|

País". Posteriormente, um agrônomo descobriu ampla faixa ba-

sáltica no Pará, atravessada pelo rio Tocantins. Propôs a forma

ção, aí, de grandes cafèzais, cujo pro duto facilmente se escoaria para os Es tados Unidos. O rio Tocantins, no tre

cho em apreço, é navegável por transa tlânticos.

O Instituto Agronônrico do Norte ve-

rificou que as várzeas do Guamá e de

outros rios amazônicos são excepcional mente férteis. Produzem, em média 2

mil quilos de juta por hectare, e mais de 3 mil quilos de arroz. Podem fornecer duas safras de arroz anualmente. a

H


V.-"»

Dice,sto EcoNói.aco DiGBSTO Econômico

Nordeste, a exemplo do que também sucede em regiões dc climas tempera dos. Todo agrônomo que mereça o di ploma sabe corrigir a acidez do solo.

166

Índia colhe 1.500 quilos de juta por hectare O Rio Grande do Sul colhe

2.400 quilos de arroz, por hectare, e São Paulo 1.400. O rendimento do mi

lho, nas várzeas amazônicas, é também muito elevado. Para iniciar o aprovei

tamento de imensa área de solos ferieis, o Instituto Agronômico do Norte orga nizou um projeto de colonização do

Guamá, que está sendo executado. A

exporia café. Pode mulliplicar a produ ção. O Acre será, no futuro, grande

produtor de algodão crbáceo. Ainda não e.xiste, por lá, nenhuma praga. As pas

tagens são delicadas c criam bem o gado existente. Para melhorá-lo, chega ram de avião, há algun.s mc.scs, dezenas

do reprodutores zebuínos, adquiridos pelo novo governador. Gel. José Guiomard dc Santos, um mineiro opcrosíssi-

Amazônia será, mais cedo ou mais tarde,

mo. O Acre será, um dia, uma das re

o prato de arroz da América, na opinião dos técnicos que por Ia trabalham. Organizei e dirigi, durante trcs anos e

do Brasil.

meio, o Departamento da Produção, ór

giões agricolamente maís desenvolvidas O agrônomo José Sctzer, cm "Peque no Cunso dc Peclologia", elogia a ferti

gão do Govêrno do Acre, aliás depois

lidade dos solos do recôncavo baia

de ter organizado e dirigido, por muitos anos, o Departamento da Produção pa

no. O agrônomo Quintiliano Marques, em "Conservação do Solo cm Cafè-

raibano. No Acre, trabalhei durante as

zal", livro digno de ser lido e guarda

dinâmicas e progressistas administrações do Gel. Oscar Passos e do Gel. Luiz Sil

vestre Gomes Goélho — um, filho dos

pampas do extremo sul, e outro, das sa vanas e florestas nordestinas.

do carinhosamente, cita as terras de massapé e salmourão, que compreen dem imensos trechos dc Minas Gerais,

Espírito Santo, Bahia, São Paulo etc., como irmito férteis e de fácil recupera

Iniciou-se uma grande colônia agrícola

ção econômica. No Nordeste Brasileiro

nos arredores de Rio Branco. Fundaramse vastíssimas culturas de milho, man

nas serras e planaltos e nas aluviões dos

há muitas terras férteis na Zona da Mata,

dioca e feijão. Griaram-se hortas e po

rios e riachos. O cientista Leo Waibel,

mares. De.senvoIveu-se a criação de bo

em "A vegetação e o uso da terra no

vinos. Organizou-se um aviário indus trial com galinhas Legorne e Rodes. Fi zeram-se grandes criações de porcos Duroc-Jersey. O governador Luís Sil

Planalto Central", é francamente oti

vestre inaugurou a primeira exposição

solos alcalinos, como ha, no Brasil e

agropecuária da Amazônia. Gomo tudo isso se passava durante a última guerra,

mista.

Quanto ao pH, o trópico não tem o

monopólio dos solos ácidos, nem o dos alhures, quem suponha. Consídera-se^o

pH7 neutro. Abaixo de 7, os solos são os trabalhos foram repetidamente visi ácidos; acima de 7, alcalinos. Os solos tados por técnicos brasileiros do sul e lateritos, próprios dos trópicos úmidos, por técnicos norte-americanos. Julgo-me, têm um pH que varia, conforme Setzer. Lsim, com alguma experiência amazôni entre 5 e 6. São ácidos, portanto. Em ca. Posso afirmar que a iniciativa foi compensação, os podzóis, encontradiços vitoriosa e está sendo continuada. O Acre pode ter, para o consumo e para

nos países temperados-frios e frios, têm um pH que oscila, ainda conforme Set exportar, milho, arroz, mandioca, amen zer, 4 e 5, sendo, portanto, ainda doim, juta, café, frutas, hortaliças etc. maisentre ácidos. Temos solos alcalinos no Um dos municípios, Cnizeiro do Sul, já

f

167

quando excessiva, o que nem sempre acontece. Há, a respeito, uma velha

prática européia — a calagem — que só ultimamente começa a penetrar o Brasil.


V.-"»

Dice,sto EcoNói.aco DiGBSTO Econômico

Nordeste, a exemplo do que também sucede em regiões dc climas tempera dos. Todo agrônomo que mereça o di ploma sabe corrigir a acidez do solo.

166

Índia colhe 1.500 quilos de juta por hectare O Rio Grande do Sul colhe

2.400 quilos de arroz, por hectare, e São Paulo 1.400. O rendimento do mi

lho, nas várzeas amazônicas, é também muito elevado. Para iniciar o aprovei

tamento de imensa área de solos ferieis, o Instituto Agronômico do Norte orga nizou um projeto de colonização do

Guamá, que está sendo executado. A

exporia café. Pode mulliplicar a produ ção. O Acre será, no futuro, grande

produtor de algodão crbáceo. Ainda não e.xiste, por lá, nenhuma praga. As pas

tagens são delicadas c criam bem o gado existente. Para melhorá-lo, chega ram de avião, há algun.s mc.scs, dezenas

do reprodutores zebuínos, adquiridos pelo novo governador. Gel. José Guiomard dc Santos, um mineiro opcrosíssi-

Amazônia será, mais cedo ou mais tarde,

mo. O Acre será, um dia, uma das re

o prato de arroz da América, na opinião dos técnicos que por Ia trabalham. Organizei e dirigi, durante trcs anos e

do Brasil.

meio, o Departamento da Produção, ór

giões agricolamente maís desenvolvidas O agrônomo José Sctzer, cm "Peque no Cunso dc Peclologia", elogia a ferti

gão do Govêrno do Acre, aliás depois

lidade dos solos do recôncavo baia

de ter organizado e dirigido, por muitos anos, o Departamento da Produção pa

no. O agrônomo Quintiliano Marques, em "Conservação do Solo cm Cafè-

raibano. No Acre, trabalhei durante as

zal", livro digno de ser lido e guarda

dinâmicas e progressistas administrações do Gel. Oscar Passos e do Gel. Luiz Sil

vestre Gomes Goélho — um, filho dos

pampas do extremo sul, e outro, das sa vanas e florestas nordestinas.

do carinhosamente, cita as terras de massapé e salmourão, que compreen dem imensos trechos dc Minas Gerais,

Espírito Santo, Bahia, São Paulo etc., como irmito férteis e de fácil recupera

Iniciou-se uma grande colônia agrícola

ção econômica. No Nordeste Brasileiro

nos arredores de Rio Branco. Fundaramse vastíssimas culturas de milho, man

nas serras e planaltos e nas aluviões dos

há muitas terras férteis na Zona da Mata,

dioca e feijão. Griaram-se hortas e po

rios e riachos. O cientista Leo Waibel,

mares. De.senvoIveu-se a criação de bo

em "A vegetação e o uso da terra no

vinos. Organizou-se um aviário indus trial com galinhas Legorne e Rodes. Fi zeram-se grandes criações de porcos Duroc-Jersey. O governador Luís Sil

Planalto Central", é francamente oti

vestre inaugurou a primeira exposição

solos alcalinos, como ha, no Brasil e

agropecuária da Amazônia. Gomo tudo isso se passava durante a última guerra,

mista.

Quanto ao pH, o trópico não tem o

monopólio dos solos ácidos, nem o dos alhures, quem suponha. Consídera-se^o

pH7 neutro. Abaixo de 7, os solos são os trabalhos foram repetidamente visi ácidos; acima de 7, alcalinos. Os solos tados por técnicos brasileiros do sul e lateritos, próprios dos trópicos úmidos, por técnicos norte-americanos. Julgo-me, têm um pH que varia, conforme Setzer. Lsim, com alguma experiência amazôni entre 5 e 6. São ácidos, portanto. Em ca. Posso afirmar que a iniciativa foi compensação, os podzóis, encontradiços vitoriosa e está sendo continuada. O Acre pode ter, para o consumo e para

nos países temperados-frios e frios, têm um pH que oscila, ainda conforme Set exportar, milho, arroz, mandioca, amen zer, 4 e 5, sendo, portanto, ainda doim, juta, café, frutas, hortaliças etc. maisentre ácidos. Temos solos alcalinos no Um dos municípios, Cnizeiro do Sul, já

f

167

quando excessiva, o que nem sempre acontece. Há, a respeito, uma velha

prática européia — a calagem — que só ultimamente começa a penetrar o Brasil.


Digesto Econômico 169

Distante e com ligações difíceis, a zona sulina do território colonial por

Breve historia da pecuária sul-rio-grandense

tuguês constituiu-se em entidade iso

lada, de parcos contatos com o nú

I - As origens missionciras

cleo ])ülítico do centro-sul, desenvol

Nelson Werneck Sodré

vendo uma vida semi-aiitônoma, por largo espaço de tempo, e nessa au

compreensão aproximada do de UMAsenvolvimento histórico da região

da Campanha, bem como de tôda a antiga província de São Pedro do Rio Grande do Sul, é muito simplificada

quando podemos atentar para alguns fatores físicos e políticos que, por lar

gos decênios, influíram na formação rio-grandense.

Tais

fatores

foram,

sem dúvida, a distância que separava

a antiga Comandância Militar, depois Capitania, Província e Estado, do nú

militar, quase todos os episódios que constituem a nossa tradição heróica, enfim, situam-se nos plainos e coxiIhas, do Jacuí para baixo, aquém ou além da linha divisória, quando não

tonomia frisando os seus contrastes c as suas peculiaridades — difercn-

sobre esta."

de puderam neutralizar. lais carate-

ciando-sc, em suma.

rísticas foram: a existência de uma costa difícil, baixa, arenosa, sem an-

da: "Por isso, o que do Rio Grande

Por outro lado, a fisionomia de transição nao fêz mais que vincar

coradouros, semeada de dunas, em sua maior extensão, af)ós reduzido se tor em que, entrando pelo mar, a serra configurava uma linha abrupta

se vê, preferencialmente, são as ter ras contíguas â Argentina e à Banda

ainda aqueles traços. Geogràficamen-

Oriental, terras baixas e monótonas,

te, o Rio Grande se apresentou sem pre como uma extensa zona de tran

saturadas do prestígio épico das guer ras. Para a fixação, lá fora, dessa

sição entre o território brasileiro e

c áspera. Nessa costa, a barra do Rio Grande, porta natural à l.agoa do£ Patos, constituiu mais um obstáculo

aquele onde argentinos c uruguaios

imagem incompleta, que os eventos bé

do que uma facilidade, tal o temor

constituído no centro-sul, em torno do Rio de Janeiro, e estendendo-se às

que as suas agruras despertavam nos

Paulo — distância que acarretou o isolamento do grupo que, na costa ou no interior do Rio Grande, tentava articular uma vida política e social mais ou menos estável, ante as amea

culminantes da nossa vida política e

cursos da técnica só muito mais tar

cleo político colonial ou nacional,

regiões de Minas Gerais e de São

acabaram por impor a sua soberania

uma zona de clima predomi nantemente frio; transição de unia zona de montanhas, ou

quando menos movimentada, para uma zona de planura;transição de uma zona

carateristicas essenciais: o isolamen

açoitada por ventos cálídos, vindos do mterior, para uma zona de rajadas

to, a fisionomia de zona de transição, o caráter de região fronteiriça. En

pida dc vegetação; transição de uma zona de clima predoniinantemeiuc quente para

frações coloniais se processava atra

vés da navegação oceânica, ficava a

parte do sul privada, em grande par te, da possibilidade de se firmar nes

licos evocam, concorre a mesma litera tura regional, adstrita, invariàvelmentc, a paisagens e tipos fronteiriços". Assim, no desenvolvimento, atravé&^ do tempo, da longa e quase sempre áspera jornada da in tegração do Rio Grande do Sul, e de sua constituição po lítica, social c econômica, os episódios vão sofrendo os

transição dc uma zona de predo minância de mata para uma zona des

navegadores do pa.ssaclo. Numa época em que a ligação entre as diversas

.-\qucle comentarista acentua ain

efeitos# condicionadores dessas trê&

ças de tôda ordem; o papel de zona

sa forma costumeira. Quando surgiu o caminho terrestre, aciucle que se

de

geográfica,

estabeleceu da Laguna para o sul,

transição política, transição nacional, que sempre desempenhou a provín

buscando a Colônia do Sacraníento,

frias, descidas das encostas andianas,

trelaçados, quase sempre, êles atuam,

pôsto avançado do comercio luso no

cia; e o caráter de zona fronteiriça, e de fronteira viva e disputada, que

Prata, e percorrendo justamente a zona de. dunas e restingas que se es

sempre teve.

treita entre o litoral lagunar e o li

só muito tarde foram neutralizados. Região fronteiriça, em terceiro lu

de maneira efetiva, e conferem os tra ços que vão, progressivamente, dife renciando a gente sulina.

toral marítimo, sua extensão e as

gar — c uma vez ainda o fator tran

constantes e diversas ameaças que so

bre éles pesaram, durante todo o

sição — coube-lhc receber os atritos, fornecer o palèo e participar ativa

tempo, tornaram-no de percurso difí

mente da busca do equilíbrio entre as

transição, transição

O isolamento, o papel de zona de

transição, o caráter de região fron

teiriça — tomados isoladamente, mas quase sempre confundindo-se — in fluíram grandemente na formação su lina, condicionando o seu desenvolvi mento e vincando essencialmente a sua fisionomia.

O isolamento não proveio apenas da distância — constituindo esta, por

si só, um fator importante — mas de ^

caratcríslicas geográficas que os re

creveu João Pinto da Silva. — Os atos

-.

cil e aventuroso.

Tratava-se de um

cordão, próximo à costa, fugindo ao

interior, inteiramente excêntrico, longuíssimo e desprovido de qualquer ga rantia, constantemente cortado, e

cujas dificuldades naturais eram ja enormes.

•f

em tudo transição física, com o

acúmulo de fatores geográficos que

atrações antagônicas que, por tantos

decênios, atuaram, nesse cenário fácil, onde as lutas se sucederam com ta

manha intensidade que êle foi, por assim dizer, um acampamento perma nente. "Foi a fronteira que deu fisio nomia históric'a ao Rio Grande — es

:|j

.if

^

Desde 1580, após o desastre de Alcacer-Kibir, Espanha e Portugal cons

tituíam um só reino, dominado por Felipe lí, e as terras Coloniais sul-

americanas eram protegidas por uma

só bandeira, a espanhola, desapare cendo a razão de ser da divisória de

Tordesillas, que vinha marcando os limites de expansão dos povos penin-


Digesto Econômico 169

Distante e com ligações difíceis, a zona sulina do território colonial por

Breve historia da pecuária sul-rio-grandense

tuguês constituiu-se em entidade iso

lada, de parcos contatos com o nú

I - As origens missionciras

cleo ])ülítico do centro-sul, desenvol

Nelson Werneck Sodré

vendo uma vida semi-aiitônoma, por largo espaço de tempo, e nessa au

compreensão aproximada do de UMAsenvolvimento histórico da região

da Campanha, bem como de tôda a antiga província de São Pedro do Rio Grande do Sul, é muito simplificada

quando podemos atentar para alguns fatores físicos e políticos que, por lar

gos decênios, influíram na formação rio-grandense.

Tais

fatores

foram,

sem dúvida, a distância que separava

a antiga Comandância Militar, depois Capitania, Província e Estado, do nú

militar, quase todos os episódios que constituem a nossa tradição heróica, enfim, situam-se nos plainos e coxiIhas, do Jacuí para baixo, aquém ou além da linha divisória, quando não

tonomia frisando os seus contrastes c as suas peculiaridades — difercn-

sobre esta."

de puderam neutralizar. lais carate-

ciando-sc, em suma.

rísticas foram: a existência de uma costa difícil, baixa, arenosa, sem an-

da: "Por isso, o que do Rio Grande

Por outro lado, a fisionomia de transição nao fêz mais que vincar

coradouros, semeada de dunas, em sua maior extensão, af)ós reduzido se tor em que, entrando pelo mar, a serra configurava uma linha abrupta

se vê, preferencialmente, são as ter ras contíguas â Argentina e à Banda

ainda aqueles traços. Geogràficamen-

Oriental, terras baixas e monótonas,

te, o Rio Grande se apresentou sem pre como uma extensa zona de tran

saturadas do prestígio épico das guer ras. Para a fixação, lá fora, dessa

sição entre o território brasileiro e

c áspera. Nessa costa, a barra do Rio Grande, porta natural à l.agoa do£ Patos, constituiu mais um obstáculo

aquele onde argentinos c uruguaios

imagem incompleta, que os eventos bé

do que uma facilidade, tal o temor

constituído no centro-sul, em torno do Rio de Janeiro, e estendendo-se às

que as suas agruras despertavam nos

Paulo — distância que acarretou o isolamento do grupo que, na costa ou no interior do Rio Grande, tentava articular uma vida política e social mais ou menos estável, ante as amea

culminantes da nossa vida política e

cursos da técnica só muito mais tar

cleo político colonial ou nacional,

regiões de Minas Gerais e de São

acabaram por impor a sua soberania

uma zona de clima predomi nantemente frio; transição de unia zona de montanhas, ou

quando menos movimentada, para uma zona de planura;transição de uma zona

carateristicas essenciais: o isolamen

açoitada por ventos cálídos, vindos do mterior, para uma zona de rajadas

to, a fisionomia de zona de transição, o caráter de região fronteiriça. En

pida dc vegetação; transição de uma zona de clima predoniinantemeiuc quente para

frações coloniais se processava atra

vés da navegação oceânica, ficava a

parte do sul privada, em grande par te, da possibilidade de se firmar nes

licos evocam, concorre a mesma litera tura regional, adstrita, invariàvelmentc, a paisagens e tipos fronteiriços". Assim, no desenvolvimento, atravé&^ do tempo, da longa e quase sempre áspera jornada da in tegração do Rio Grande do Sul, e de sua constituição po lítica, social c econômica, os episódios vão sofrendo os

transição dc uma zona de predo minância de mata para uma zona des

navegadores do pa.ssaclo. Numa época em que a ligação entre as diversas

.-\qucle comentarista acentua ain

efeitos# condicionadores dessas trê&

ças de tôda ordem; o papel de zona

sa forma costumeira. Quando surgiu o caminho terrestre, aciucle que se

de

geográfica,

estabeleceu da Laguna para o sul,

transição política, transição nacional, que sempre desempenhou a provín

buscando a Colônia do Sacraníento,

frias, descidas das encostas andianas,

trelaçados, quase sempre, êles atuam,

pôsto avançado do comercio luso no

cia; e o caráter de zona fronteiriça, e de fronteira viva e disputada, que

Prata, e percorrendo justamente a zona de. dunas e restingas que se es

sempre teve.

treita entre o litoral lagunar e o li

só muito tarde foram neutralizados. Região fronteiriça, em terceiro lu

de maneira efetiva, e conferem os tra ços que vão, progressivamente, dife renciando a gente sulina.

toral marítimo, sua extensão e as

gar — c uma vez ainda o fator tran

constantes e diversas ameaças que so

bre éles pesaram, durante todo o

sição — coube-lhc receber os atritos, fornecer o palèo e participar ativa

tempo, tornaram-no de percurso difí

mente da busca do equilíbrio entre as

transição, transição

O isolamento, o papel de zona de

transição, o caráter de região fron

teiriça — tomados isoladamente, mas quase sempre confundindo-se — in fluíram grandemente na formação su lina, condicionando o seu desenvolvi mento e vincando essencialmente a sua fisionomia.

O isolamento não proveio apenas da distância — constituindo esta, por

si só, um fator importante — mas de ^

caratcríslicas geográficas que os re

creveu João Pinto da Silva. — Os atos

-.

cil e aventuroso.

Tratava-se de um

cordão, próximo à costa, fugindo ao

interior, inteiramente excêntrico, longuíssimo e desprovido de qualquer ga rantia, constantemente cortado, e

cujas dificuldades naturais eram ja enormes.

•f

em tudo transição física, com o

acúmulo de fatores geográficos que

atrações antagônicas que, por tantos

decênios, atuaram, nesse cenário fácil, onde as lutas se sucederam com ta

manha intensidade que êle foi, por assim dizer, um acampamento perma nente. "Foi a fronteira que deu fisio nomia históric'a ao Rio Grande — es

:|j

.if

^

Desde 1580, após o desastre de Alcacer-Kibir, Espanha e Portugal cons

tituíam um só reino, dominado por Felipe lí, e as terras Coloniais sul-

americanas eram protegidas por uma

só bandeira, a espanhola, desapare cendo a razão de ser da divisória de

Tordesillas, que vinha marcando os limites de expansão dos povos penin-


DiCESTO Eco.nómicü

sulares. Nações católicas, Portugal e

Espanha haviam juntado à tarefa de colonização, em todo o mundo, a da catequese jesuítica. Nos domínios por tugueses essa catequesefoiprontamen-

171

Digesto Econômico

170

pé na região do íjuí, do Ibicuí, avan çando depois para a vertente da La goa dos Patos e entrando nos vales

feraram, na região abandonada e de

do Jacuí c do Camaqnam, ali consti

vastada.

Ções haviam criado c desenvolvido fi

caram entregues a si mesmos, e proli

tuindo a província dos I apes.

Povos,-pôs em choque os dois ^ res que se levantavam na América colonial. Uomo sc tivessem insurgi o contra as raias traçadas na capita es

O restabelecimento da autonomia poriuguêsa, cm 1040, em território

panhóla, os jesuítas - adotavam

Rio Grande do Sul, pois. foi devassa

metropolitano

do pelos jesuítas, que néle estabele

cortes de Portugal e Espanha mau a

•uís suas colônias, foi històricamente

simultâneo à derrota dos bandeiran tes em Bororé, quando já haviam in

núcleo de povoamento do Nordeste se

ceram as suas reduções — devassado de oe.stc para este, do interior para o litoral, dentro da zona que a demar-

constituía na base da agricultura, com

catória de Tordesilías consignava ao

o trabalho escravo indígena, o núcleo subsidiário de São Paulo vivia do íor-

domínio espanhol, c dependente de um governo leigo que sc estabelecera

riccimento dos índios àquelas lavou

cm Assunção.

ras, através do apresamento, com as

Quando os jesuítas já liaviam cons tituído, nas reduções,- nCicleos huma nos ponderáveis, organizando-as para o trabalho, tornando-as entidades pro

te neutralizada pela necessidade, que

«urgiu desde os primeiros tempos, de lançar mão do braço indígena para as lavouras de cana-de-açúcar, que se de senvolveram no Nordeste. Enquanto o

entradas e descidas ao sertão. Ante

essa necessidade, a fòrça dos jesuíta.s

não foi suficiente para deter o im pulso dos paulistas, e acabaram por ver-se expulsos das terras de

Quase todo o atual território do

vadido a mesoi)ütâmia entre os rios Parana e Uruguai. O restabelecimen to da autonomia lusa correspondia à vigência, novamente, da divisória de

Tordesilías. Nesse mesmo tempo, os bandeirantes, atraído.s pelo advento da mineração — c já com as lavoura.s nordestinas fundamentando-se no

braço escr.avo de origem africana —

dutoras eficientes — ocorreu aos pau listas a carência dc estoques -

mudaram o caráter dê sua tarefa e o

rumo de suas penetrações, abandonan

indígenas pró.ximos c, pC

Piratininga.

do os.roteiros do sul. Disso se apro veitaram os jesuítas para, desde 1687,

um impulso natural, lança ram-se sòbre os povos jesuíticos, primeiro sòbre os do Guairá c dos Itatins, depois

Do lado das colônias es

panholas, entretanto, a si tuação era diversa: a colo

nização pôde vincular-se à

c, consequentemente,

tituído nas zonas da vertente da La

• e.stabeleccram, embora em território

mai.'; reduzido, a sua antiga organi-

lançou à conquista das levas indíge nas do interior sul-americano.

numerosas, e assolaram a região, ar

sunção, plantada sobre o baixo Pa raguai, constituiu, desde logo, o cen tro de irradiação cia avançada dos je suítas para as áreas servidas pela re de platina dc cursos dágua. Da região entre o Paraná, o Paraguai e o Tebicuari, onde organizaram as primeiras

reduções, para separar os elementos guaranis dos núcleos de povoamento leigo, partiram êles para o médio Pa raguai e para o médio Paraná, es tendendo-se às zonas do Guairá e dos Itatins, ao mesmo passo que se esta beleciam entre o Paraná e o Uruguai

€, transpondo êste último, fincavam

rebanhando o elemento indígena, que

destinavam ao tral)allio escravo. As penetrações bandeirantes no sul, pois, provieram do nordeste, mas foram

L

cinos aí articulara.

Ficaria a

'

novamente, entregue-ao seu de m > espalhando-se pelos campos altos o Vacaria dos Pinheirtiis e da Vacaria

Mar, c caminhando para o sul, ® jando o Ibicuí, as grandes mana a de gado que os religiosos haviam ci to desenvolver cm suas reduções,

n\as. Espalhados num ambiente fisico

goa dos Patos e ribeirinhas do Uru guai. Aí penetraram, cm bandeiras

i

mínio português, pondo tênno, ci nitivamente, à'organização econonn ca e política que a tenacidade dos m

tabelecer, na região do Ijuí, os Sete

Povos, encabeçados por S. Miguel.

1

em 1756, penetrando na região, vm a do sul, nela lançaria as bases do

segunda tentativa de torná-las enti dades produtoras poderosas e autono

Aí, ein outro meio século de tarefa,

As

ram contra êles a expedição ciie la a por Gomes Freire e Andonàégue que,

transpor novamente o Uruguai e es

sòbre os que se haviam cons

catequese, e todos os pontos e focos de povoamento foram bases de onde a Companhia de Jesus se

posição que lhes traria a ruína. -

''-a^ção.

O conflito entre os jesuítas e a ini

propício, êsses rebanhos se dcsenvo veram extraordiiiàriamcnte.

Tais rebanhos motivariam a base econômica sobre a qual se desenvo -

veria a etapa seguinte da pecuária su lina, quando o domíiiio português rea

ciativa particular, que caraterízara o

firmasse a sua vontade de manter-se

choque com o bandeirante, transita

e de expandir-se naquela região.

ria para novos moldes: agora o con

flito seria com a administração púl)li-

A divisória de Tordesilías, fixava a

ponta da Laguna, ao sul, como extre

transitórias. Nada liavia de perma

ca, com o poder real. E aquela admi

nente, no avanço dos paulistas, e os efeitos de suas penetrações foram

mo do domínio português. Desde a

nistração, francamente adversa à ta

apenas no sentido de repelir o povoa

fase de hostilidades entre Portugal e Espanha, na segunda metade do sé

acabou por ultimar a tarefa de cate

mento de origem

hispano-jesuítica

culo XVIII, após o tratado de El

quese, na forma com que vinha sen

que ali se estabeleceria em definitivo,

do desenvolvida nas reduções. O tra

Pardo, que rescindia a convenção fir-

não fôssc a ação predatória dos ho mens de São/Paulo. A destruição das missões correspondeu à derrocada de um sistema econômico: por cêrCa de

tado de limites firmado em Madrid,

tes, cm Madrid, os governos coloniais

nos meados do século XVIII, entre

lusos afirmavam a intenção de esten der para o sul o domínio do rcl de

meio século, os rebanhos que as redu-

mento,' a zona missioneira dos Sete

refa jesuítica, nessa fase histórica,

gando ao domínio português, em tro ca da cessão da Colônia do Sacra

niada pouco mais de um decênio an

Lisboa, em busca das terras de pasta gens aí existentes, e no sentido de


DiGESTO ECONÓAtlCO

172

penetrar na zona comercialmente in teressante encabeçada pejo estuário platino. O núcleo da Laguna, dos fins

quebra do isolamento em que vivia a

do século XVIII, seria um ponto de

Grande, um pósto avançado, que o

Negociações e negócios

Colônia do Sacramento, consistiram

em fundar, junto à barra do Rio

apoio indispensável àquela tarefa. A

Brigadeiro Silva

Colônia dó Sacramento, realmente no

Tais medidas do poder público foram,

sempre se revestiu de aspectos eco

simultâncamcnte, acompanhadas por

nômicos o financeiros, mais se acentua

iniciativas particulares do maior al cance. As populações do-altiplano do

va ainda essa feição quando os nubentos

artigos dc que se compimlia, seis ou

eram

sete dispunham acerca de bens, dc inte

centro-sul, entregues ao absorvente

Quase nula ficava então qualquer mar

mister da mineração, careciam cons

gem de arbítrio ou de aventura. Tudo

plo, diz respeito ao dote, às jóias o ao

tantemente de suprimentos, que lhes vinham, quer do norte, através do va le do Scão Francisco, quer do sul,

tinha que ser previsto, estudado, conven cionado. Negociação ou, mais pròpria-

enxoval da arquiduquesa. Em atos tais cumpria aos negociadores seguir os pre

Prata, desde 1680, em face de Buenos Aires, permanecia isolada, ante amea ças poderosas e constantes, de que lhe sobrevieram as sucessivas quedas e re tomadas. Para mantê-la, era indispen sável constituir pontos de apoio, no território intermediário, onde pudes sem estabelecer-se as forças destina-

dás a operar na campanha oriental,

Pais estabeleceu.

OrÁvij^ T/vnQuÍNio de Sousa

quando a Colônia fôsse ameaçada —

constituindo-se estes nas tropas de

além do apoio marítimo indispensá

gado em pé que — seguindo o cami

vel, ante a vastidão do estuário e a

proximidade das bases inimigas.

nho que, da Laguna, através dos cam pos de Lajes e Curitibanos, vinham a

Os primeiros atos do governo co lonial, no sentido de estabelecer a

Sorocaba — aí eram distribuídas aos elementos mineradores.

o casamento do comum dos homens

príncipes e futuros monarcas.

resses materiais. O artigo 3.®, por exem

mente, negócio, no qual só se tinham

cedentes. O precedente a in\ocar era o do casamento dc D. Mariana D'Áustria

do país.

Casar livremente, escolher

com D. João V. Naquela ocasião o dote

noiva ou noivo segundo o critério de

da noiva fora de "cem mil escudos de

beleza, simpatia recíproca ou amor cons tituiria privilégio burguês, hoje aliás em decadência. Aos príncipes cabia aceitar

oiro ou coroas, cada uma do valor dc

n noiva que os diplomatas julgassem

de Marialva para averiguar ao que cor respondia, no momento em que nego

quarenta plaquetas dc moeda da Flandres". Teve dores dc cabeça o Marquês

aliança política e, por isso, muitas vêzcs só conheciam a futura mulher depois de celebrado o casamento por procuração

ciava, o valor do dote de D. Mariana,

em terra longínqua.

Tal foi o caso de Pedro I, que assim

de apuradas pesquisas, chegou à conclu são dc que eqüivalia a pouco mais de

se casou duas vezes e a quem couberam

93 contos de réis portugueses em 1816-

duas mulheres bastante diferentes, uma feia, outra bela. Da primeira vez, ainda

Ao embaixador português, homem incli nado à grandeza e ao desperdício, pare

príncipe herdeiro, com 19 anos apenas,

ceu que deveria ser maior o dote; mas como havia o plano de casar também na Áustria uma das filhas de D. João VI, julgou prudente aceitar o quantum fi xado. O valor das jóias de D. Leopol

veio a ser marido da arquiduquesa aus tríaca D. Leopoldina. Arranjos de Na varro de Andrade e de Marialva. O pri meiro, Navarro de Andrade, dispondo de

*

ma de tudo se regulava o lado econômi co e financeiro do casamento. Dos doze

em mira as conveniências da dinastia ou

mais vantajosa do ponto de vista da

'

unia'convenção pecuniária, na qual aci

visto o desuso em que caíra o dinheiro

em que fora estipulado. Mas ao cabo

grande situação na Còrte de Viena, ami

dina deveria ser de duzentos mil florins,

go íntimo de Hudelist, diretor da Secre

ou sessenta e sete contos e quinhentos

taria de Estrangeiros, encaminhou fàcil-

o vinte mil réis. O en.\oval não estaria

inente as negociações de maneira que, aò chegar o Marquês de Marialva, embai xador ej^traordinário, só faltava a bem di

aí Compreendido. O artigo 4.° do tratado matrimonial

versava sobre a hipoteca, assim do dote

zer tornar o caso oficial, firmar os atos e

comô do contradote, sendo o valor deste

presidir as festas comemorativas. O tra

igual ao daquele, A estipulação do con tradote decorreu de exigência formal dos

tado matrimonial, assinado em Viena a 29 de novembro de 1816, é nitidamente

plenipotenciários austríacos. Só no caso


DiGESTO ECONÓAtlCO

172

penetrar na zona comercialmente in teressante encabeçada pejo estuário platino. O núcleo da Laguna, dos fins

quebra do isolamento em que vivia a

do século XVIII, seria um ponto de

Grande, um pósto avançado, que o

Negociações e negócios

Colônia do Sacramento, consistiram

em fundar, junto à barra do Rio

apoio indispensável àquela tarefa. A

Brigadeiro Silva

Colônia dó Sacramento, realmente no

Tais medidas do poder público foram,

sempre se revestiu de aspectos eco

simultâncamcnte, acompanhadas por

nômicos o financeiros, mais se acentua

iniciativas particulares do maior al cance. As populações do-altiplano do

va ainda essa feição quando os nubentos

artigos dc que se compimlia, seis ou

eram

sete dispunham acerca de bens, dc inte

centro-sul, entregues ao absorvente

Quase nula ficava então qualquer mar

mister da mineração, careciam cons

gem de arbítrio ou de aventura. Tudo

plo, diz respeito ao dote, às jóias o ao

tantemente de suprimentos, que lhes vinham, quer do norte, através do va le do Scão Francisco, quer do sul,

tinha que ser previsto, estudado, conven cionado. Negociação ou, mais pròpria-

enxoval da arquiduquesa. Em atos tais cumpria aos negociadores seguir os pre

Prata, desde 1680, em face de Buenos Aires, permanecia isolada, ante amea ças poderosas e constantes, de que lhe sobrevieram as sucessivas quedas e re tomadas. Para mantê-la, era indispen sável constituir pontos de apoio, no território intermediário, onde pudes sem estabelecer-se as forças destina-

dás a operar na campanha oriental,

Pais estabeleceu.

OrÁvij^ T/vnQuÍNio de Sousa

quando a Colônia fôsse ameaçada —

constituindo-se estes nas tropas de

além do apoio marítimo indispensá

gado em pé que — seguindo o cami

vel, ante a vastidão do estuário e a

proximidade das bases inimigas.

nho que, da Laguna, através dos cam pos de Lajes e Curitibanos, vinham a

Os primeiros atos do governo co lonial, no sentido de estabelecer a

Sorocaba — aí eram distribuídas aos elementos mineradores.

o casamento do comum dos homens

príncipes e futuros monarcas.

resses materiais. O artigo 3.®, por exem

mente, negócio, no qual só se tinham

cedentes. O precedente a in\ocar era o do casamento dc D. Mariana D'Áustria

do país.

Casar livremente, escolher

com D. João V. Naquela ocasião o dote

noiva ou noivo segundo o critério de

da noiva fora de "cem mil escudos de

beleza, simpatia recíproca ou amor cons tituiria privilégio burguês, hoje aliás em decadência. Aos príncipes cabia aceitar

oiro ou coroas, cada uma do valor dc

n noiva que os diplomatas julgassem

de Marialva para averiguar ao que cor respondia, no momento em que nego

quarenta plaquetas dc moeda da Flandres". Teve dores dc cabeça o Marquês

aliança política e, por isso, muitas vêzcs só conheciam a futura mulher depois de celebrado o casamento por procuração

ciava, o valor do dote de D. Mariana,

em terra longínqua.

Tal foi o caso de Pedro I, que assim

de apuradas pesquisas, chegou à conclu são dc que eqüivalia a pouco mais de

se casou duas vezes e a quem couberam

93 contos de réis portugueses em 1816-

duas mulheres bastante diferentes, uma feia, outra bela. Da primeira vez, ainda

Ao embaixador português, homem incli nado à grandeza e ao desperdício, pare

príncipe herdeiro, com 19 anos apenas,

ceu que deveria ser maior o dote; mas como havia o plano de casar também na Áustria uma das filhas de D. João VI, julgou prudente aceitar o quantum fi xado. O valor das jóias de D. Leopol

veio a ser marido da arquiduquesa aus tríaca D. Leopoldina. Arranjos de Na varro de Andrade e de Marialva. O pri meiro, Navarro de Andrade, dispondo de

*

ma de tudo se regulava o lado econômi co e financeiro do casamento. Dos doze

em mira as conveniências da dinastia ou

mais vantajosa do ponto de vista da

'

unia'convenção pecuniária, na qual aci

visto o desuso em que caíra o dinheiro

em que fora estipulado. Mas ao cabo

grande situação na Còrte de Viena, ami

dina deveria ser de duzentos mil florins,

go íntimo de Hudelist, diretor da Secre

ou sessenta e sete contos e quinhentos

taria de Estrangeiros, encaminhou fàcil-

o vinte mil réis. O en.\oval não estaria

inente as negociações de maneira que, aò chegar o Marquês de Marialva, embai xador ej^traordinário, só faltava a bem di

aí Compreendido. O artigo 4.° do tratado matrimonial

versava sobre a hipoteca, assim do dote

zer tornar o caso oficial, firmar os atos e

comô do contradote, sendo o valor deste

presidir as festas comemorativas. O tra

igual ao daquele, A estipulação do con tradote decorreu de exigência formal dos

tado matrimonial, assinado em Viena a 29 de novembro de 1816, é nitidamente

plenipotenciários austríacos. Só no caso


f^rç^

174

do ficar viúva com fillios e permanecen do no reino unido de Portugal, Brasil c Algarvee, teria a arquiduquesa direito a receber os juros do contradotc; e sain do do reino lhe seriam restituídas unica mente as terças partes do contradotc e

do dote, além das arras. A garantia hipoteciiria do dote e do contradotc re

cairia sobre as rendas do Estado cm

geral e sôbrc os bens da Coroa desig nados para esse fim, em particular. O artigo 6.0 cogitava da "mesada" de

D. Leopoldina: seria de cinco mil florins cada \nna, ou ses.senta mil florins anuais.

O artigo 7.° tratava do Morgaiuiticum ou

presente de casamento, ,na importância do sessenta mil florins. Tal o valor dos

DiGESTo Econômico

nessa espécie era costume da Còrtc por tuguesa obsequíar os embaixadores e ministros estrangeiros ao dc-ixarcm o

pôsto.' (É conhecida a recusa por parle

do embaixador inglês Lord Strangfqfd

Digesto

175

EcoNó^aco

poldina, varão de oitenta e três anos,

perdulário não foi o próprio Marialva

um presente, no mínimo, de mil duca-

dos; ao.s pagens, cm número de quatro

e, para provar, vale a pena transcrever um trecho de sua prestação de contas:

a seis, que acompanharam a noiva de

"Também seja-me lícito expressar a V.

D. Pedro, relógios com correntes de

E\*. a grande satisfação que tive em

ouro; aos intérpretes, guardas nobres e mais dois oficiais, um anel ou caixa de

concorrer com a minha própria fazenda para desempenhar, como tanto desejava,

ouro; ao Arcebispo de Viena uma Cruz

os de\'eres da sumamente honrosa e im

ce do dc.sposíSrio do futuro imperador

Peitoral. E mais as insígnias dos graus

portante Missão de que Sua Majestade

do Brasil, dc tudo cuidou com a .sabedo

mais elevados das ordens honoríficas ao

me incumbiu; e se ouso dizer a V. Ex.

que a despesa feita por minha conta naquela ocasião sobe à soma de

solução das que realmente iinportaiu-

Imperador e Imperatriz da Áustria e ao príncipe imperial, e condecorações à Condessa do Laznnsky e à Princesa de Metternich. E dinheiro para despesas,

Na impossibilidade de preparar as jóias

às Chancelarias ou Secretarias de Esta

da.s doze barras dc ouro ([iie lhe óforcceu D. João ein abril de 1815).

rialva, incticulosamcntc, para maior real ria de velho diplomata, segundo a qual o tacto no encaminhamento das coisas

na aparência in.significantes prepara a

o caixas com o retrato do fcí ou eoin

106:684$496 réis, é unicamente com o •

fim de fazer presente com o mais pro-

do, além de 500 ducados a doze pessoas

fimdo respeito a El-Rei, meu Senhor, que cumpri quanto em mim cabia com

presentes dessa natureza dados às arqui-

seu monogrania, propôs a substituição

entre cavalheiros e damas da Côrte, e

as Suas soberanas Intenções". Na ver-

duqucsas austríacas. Ne.ssc mesmo ar tigo, as arras eram arbitradas cm oiten ta mil florins. As arras, se

por barras dc ouro.

dade, o Marquês de Marialva, embele

Vejamos como foram afiuínlioadas grandes e pequenas personalidades aus

500 ducados ao mestre de cerimônias, 500 ducados ao diretor do correio, 50

gundo as pra.\es da família inip^rial da Áustria, variavam entre sessenta e cem mil flo

rins, sendo o mínimo para quando o noivo não ora prín cipe herdeiro e o máximo para o caso de príncipe reinante ou

monarca. O artigo 8.® regula va a hipoteca das arras c o,

9.°, 10.° e 11.° diziam respeito, entre outras coisas, ao contradotc. .

Não se limitaram ao tratado matri

tríacas. Sem falar na arqui

ducàdos aos guardas nobres, 100 duca dos ao cirurgião, 100 ducados ao cape

zando as "intenções" de D. João VI, timbrou em dar às festas um esplendor

capaz de deslumbrar os vienenses. A

do estipulado no tratado ma

de decoração, 100 ducados ao tesourei

entrada oficial do embaLxador português na cidade constituiu um raro espetá

trimonial, um retrato do noi-

ro, 100 ducados ao cozinheiro-chefe, 100

culo de beleza e fausto.

ducados ao copeiro-mor, e por último 1.000 ducados para distribuição entre

desfile destacava-se o séquito de Ma- g

duquesa, que recebeu, aleu) emoldurado muna cerca

dura dc ouro rutilante de bri

lhantes c capaz do embasba car aos hiais Iiabiluados, para

lão, 100 ducados ao diretor do serviço

pessoal subalterno, sem contar as caixas de ouro com retrato ou não, com mono-

No imenso

rialva, com os seus dois porteiros, dois ^ volantes, dezesseis criados, vinte guardaroupas e dez oficiais, exibindo fardas e

grama ou não, relógios, correntes, meda

líbrés, bordados e galões, plumas e ve

3.000 ducudos (cada ducado valia mais

lhas e medalhões, pentes, espelhos, brin cos, bracelctes e fechos com que foi gra

de onze francos o meio em moeda fran

tificada essa imensa fauna cortesã.

lados, em carruagens e cavalos magnífi cos. Menos primorosas não foram as festas oferecidas pelo embaixador *^6 D.

cesa da época) pela assinatura do tra

Dos gastos efetuados, o Marquês de Marialva prestou minuciosas contas. O

começar, ao Príncipe cie Met-

tcfnicli tocou um pre.scntc cie

João VI. Célebre ficou também o bai le que deu no jardim de Angarten, onde

monial os aspectos económico-fínancei-

tado, e outros 3.000 clucaclos pèla entre

ros do casamento de D. Pedro com a

ga da noiva no porto dc Liorne ao co

diplomata português foi o primeiro a

arquiduquesa D. Leopoldina. Naquele tempo, como ainda hoje, nada se fazia

missário incumbido dc recebê-la. E Ma-

considerar "avultada a despesa feita pela

beu o imperador e a família imperial e

rialva ainda reclamou para Meltcrnich a

Real Fazenda", mas não deixou de en

mais de 400 convidados.

grã-cruz dc uma das ordens honoríficas portuguesas, ófertando-llic o governo o

vaidecer-se da magnificência de que se

Mariab-a, com os seus hábitos de grão-

revestiram as cerimônias do casamento

senlior, sabia mover-se sem o menor

nos meios da Corte ou da alta adminis tração sem utilizar com maior ou menor desembaraço duas formas disfarçadas de remuneração ou pagamento; os presen

"placar" de brilhantes correspondente. Ao Conselheiro Hudelist, dois presentes,

tes e as condecorações. Larga, larguís-

cacla um cio valor de mil clucaclos, o o

sima, foi a distribuição de uns e outras. Quanto aos presentes, jnuitos .se concre

título de comendador, com o "placar" em diamantes; ao Príncipe da Trauttmansdorf, uma grã-cruz; ao Conde de Edling, mordomo da Arquiduquesa Leo-

tizaram em dinheiro, em moeda sonan-

te, ou em barras de ouro, sendo que

-

de D. Pedro, muito acima das do terceiro

casamento do próprio Imperador da Áustria, na parte relativa aos brilhantes. Despendeu-se de mãos abertas, em re cordações dos tempos opulentos de D.

João V, em que o Brasil abarrotara Portugal de ouro' e diamantes. Menos

mandou construir um vasto salão e rece

constrangimento nessa vída de mundanismo e aparato. Ao contrário do seu sc/6crano, antes sovina e desleixado, o embaixador como que tinha prazer em

gastar e ostentar; e como bom diploma ta, superestimava a missão de que es tava incumbido. Dir-se-ia que Marialva


f^rç^

174

do ficar viúva com fillios e permanecen do no reino unido de Portugal, Brasil c Algarvee, teria a arquiduquesa direito a receber os juros do contradotc; e sain do do reino lhe seriam restituídas unica mente as terças partes do contradotc e

do dote, além das arras. A garantia hipoteciiria do dote e do contradotc re

cairia sobre as rendas do Estado cm

geral e sôbrc os bens da Coroa desig nados para esse fim, em particular. O artigo 6.0 cogitava da "mesada" de

D. Leopoldina: seria de cinco mil florins cada \nna, ou ses.senta mil florins anuais.

O artigo 7.° tratava do Morgaiuiticum ou

presente de casamento, ,na importância do sessenta mil florins. Tal o valor dos

DiGESTo Econômico

nessa espécie era costume da Còrtc por tuguesa obsequíar os embaixadores e ministros estrangeiros ao dc-ixarcm o

pôsto.' (É conhecida a recusa por parle

do embaixador inglês Lord Strangfqfd

Digesto

175

EcoNó^aco

poldina, varão de oitenta e três anos,

perdulário não foi o próprio Marialva

um presente, no mínimo, de mil duca-

dos; ao.s pagens, cm número de quatro

e, para provar, vale a pena transcrever um trecho de sua prestação de contas:

a seis, que acompanharam a noiva de

"Também seja-me lícito expressar a V.

D. Pedro, relógios com correntes de

E\*. a grande satisfação que tive em

ouro; aos intérpretes, guardas nobres e mais dois oficiais, um anel ou caixa de

concorrer com a minha própria fazenda para desempenhar, como tanto desejava,

ouro; ao Arcebispo de Viena uma Cruz

os de\'eres da sumamente honrosa e im

ce do dc.sposíSrio do futuro imperador

Peitoral. E mais as insígnias dos graus

portante Missão de que Sua Majestade

do Brasil, dc tudo cuidou com a .sabedo

mais elevados das ordens honoríficas ao

me incumbiu; e se ouso dizer a V. Ex.

que a despesa feita por minha conta naquela ocasião sobe à soma de

solução das que realmente iinportaiu-

Imperador e Imperatriz da Áustria e ao príncipe imperial, e condecorações à Condessa do Laznnsky e à Princesa de Metternich. E dinheiro para despesas,

Na impossibilidade de preparar as jóias

às Chancelarias ou Secretarias de Esta

da.s doze barras dc ouro ([iie lhe óforcceu D. João ein abril de 1815).

rialva, incticulosamcntc, para maior real ria de velho diplomata, segundo a qual o tacto no encaminhamento das coisas

na aparência in.significantes prepara a

o caixas com o retrato do fcí ou eoin

106:684$496 réis, é unicamente com o •

fim de fazer presente com o mais pro-

do, além de 500 ducados a doze pessoas

fimdo respeito a El-Rei, meu Senhor, que cumpri quanto em mim cabia com

presentes dessa natureza dados às arqui-

seu monogrania, propôs a substituição

entre cavalheiros e damas da Côrte, e

as Suas soberanas Intenções". Na ver-

duqucsas austríacas. Ne.ssc mesmo ar tigo, as arras eram arbitradas cm oiten ta mil florins. As arras, se

por barras dc ouro.

dade, o Marquês de Marialva, embele

Vejamos como foram afiuínlioadas grandes e pequenas personalidades aus

500 ducados ao mestre de cerimônias, 500 ducados ao diretor do correio, 50

gundo as pra.\es da família inip^rial da Áustria, variavam entre sessenta e cem mil flo

rins, sendo o mínimo para quando o noivo não ora prín cipe herdeiro e o máximo para o caso de príncipe reinante ou

monarca. O artigo 8.® regula va a hipoteca das arras c o,

9.°, 10.° e 11.° diziam respeito, entre outras coisas, ao contradotc. .

Não se limitaram ao tratado matri

tríacas. Sem falar na arqui

ducàdos aos guardas nobres, 100 duca dos ao cirurgião, 100 ducados ao cape

zando as "intenções" de D. João VI, timbrou em dar às festas um esplendor

capaz de deslumbrar os vienenses. A

do estipulado no tratado ma

de decoração, 100 ducados ao tesourei

entrada oficial do embaLxador português na cidade constituiu um raro espetá

trimonial, um retrato do noi-

ro, 100 ducados ao cozinheiro-chefe, 100

culo de beleza e fausto.

ducados ao copeiro-mor, e por último 1.000 ducados para distribuição entre

desfile destacava-se o séquito de Ma- g

duquesa, que recebeu, aleu) emoldurado muna cerca

dura dc ouro rutilante de bri

lhantes c capaz do embasba car aos hiais Iiabiluados, para

lão, 100 ducados ao diretor do serviço

pessoal subalterno, sem contar as caixas de ouro com retrato ou não, com mono-

No imenso

rialva, com os seus dois porteiros, dois ^ volantes, dezesseis criados, vinte guardaroupas e dez oficiais, exibindo fardas e

grama ou não, relógios, correntes, meda

líbrés, bordados e galões, plumas e ve

3.000 ducudos (cada ducado valia mais

lhas e medalhões, pentes, espelhos, brin cos, bracelctes e fechos com que foi gra

de onze francos o meio em moeda fran

tificada essa imensa fauna cortesã.

lados, em carruagens e cavalos magnífi cos. Menos primorosas não foram as festas oferecidas pelo embaixador *^6 D.

cesa da época) pela assinatura do tra

Dos gastos efetuados, o Marquês de Marialva prestou minuciosas contas. O

começar, ao Príncipe cie Met-

tcfnicli tocou um pre.scntc cie

João VI. Célebre ficou também o bai le que deu no jardim de Angarten, onde

monial os aspectos económico-fínancei-

tado, e outros 3.000 clucaclos pèla entre

ros do casamento de D. Pedro com a

ga da noiva no porto dc Liorne ao co

diplomata português foi o primeiro a

arquiduquesa D. Leopoldina. Naquele tempo, como ainda hoje, nada se fazia

missário incumbido dc recebê-la. E Ma-

considerar "avultada a despesa feita pela

beu o imperador e a família imperial e

rialva ainda reclamou para Meltcrnich a

Real Fazenda", mas não deixou de en

mais de 400 convidados.

grã-cruz dc uma das ordens honoríficas portuguesas, ófertando-llic o governo o

vaidecer-se da magnificência de que se

Mariab-a, com os seus hábitos de grão-

revestiram as cerimônias do casamento

senlior, sabia mover-se sem o menor

nos meios da Corte ou da alta adminis tração sem utilizar com maior ou menor desembaraço duas formas disfarçadas de remuneração ou pagamento; os presen

"placar" de brilhantes correspondente. Ao Conselheiro Hudelist, dois presentes,

tes e as condecorações. Larga, larguís-

cacla um cio valor de mil clucaclos, o o

sima, foi a distribuição de uns e outras. Quanto aos presentes, jnuitos .se concre

título de comendador, com o "placar" em diamantes; ao Príncipe da Trauttmansdorf, uma grã-cruz; ao Conde de Edling, mordomo da Arquiduquesa Leo-

tizaram em dinheiro, em moeda sonan-

te, ou em barras de ouro, sendo que

-

de D. Pedro, muito acima das do terceiro

casamento do próprio Imperador da Áustria, na parte relativa aos brilhantes. Despendeu-se de mãos abertas, em re cordações dos tempos opulentos de D.

João V, em que o Brasil abarrotara Portugal de ouro' e diamantes. Menos

mandou construir um vasto salão e rece

constrangimento nessa vída de mundanismo e aparato. Ao contrário do seu sc/6crano, antes sovina e desleixado, o embaixador como que tinha prazer em

gastar e ostentar; e como bom diploma ta, superestimava a missão de que es tava incumbido. Dir-se-ia que Marialva


Digesto Ecoxó>íico 176

representava iinri marajá da índia, e não D. João VI, rei de Portugal e Algarves. É verdade que durante o rei

as finanças do reinado de D. João VI e as contas do próprio MariaKa, apesar

Basta dizer que o dote de D. Leopoldina

uma das mais fortes crises de ufanismo.

riquezas do novo reino ainda pareciam

não só não veio com ela no navio que a trouxe, como foi gasto cm pagaínentos de débitos da Real Fazenda cm Viena

fabulosas.

e aos banqueiros Bagucnault, cm Paris.

Afinal, não eram prósperas

Guilherme Rompeu dc Almeida (l656-171l)

do seu vulto, deixam transparecer isso.

nado joanino no Brasil ocorreu entre nós Acabara a fase da mineração, mas as

A escrituração comercial c bancaria do Padre^ Afonso de E. Taunay

â

J^FsincuEMOs, na documentação do

muito grandes. E só nos campos de-

Padre Guilherme Pompéu, alguns informes sobre o gênero de transações

cada vez mais o gado", anota o autor

que realizava.

de Cultura e opulência com tôda pro

Um dos seus mais importantes negó cios era u da \ enda dc boiadas.

r

Curitiba vai crescendo e multiplicando priedade.

O rebanho paulistano e paulista, no

Nada niais lucrativo. Um boi que em

alvorecer do ciclo de ouro, mostrava-se

São Paulo se vendià a dois, três ou quatro mil réis, alcançava facilmente,

ainda muito pequeno. Não havia na Capitania de São Vicente senão peque

nos lugares dc mineração de ouro, cem o cento c vinte oitavas, o <jue represen tava ({uantia entre 120 a 200 mil réis.

daquelas enormes glebas pastoris seten trionais onde se contavam, segundo o

E não havia mercadoria db tão imperio

jnesnío Antonil, seis, oito, dez, quinze

sa colocação como essa dc carne verde,

c até mais de vinte mil cabeças.

em terras onde não existia lavoura a

Pro\ a de tal disparidade temo-la nos próprios arrolamentos de um homem opulento como o Padre Pompéu, que

nao ser quanto a pequenos e escassos milharais.

Não podiam estes atender aos recla

mos de uma população de milhares de aventureiros e população que se avolu mava dia a dia.

A distância entre os campos paulistas e o local das minas não vinha a ser

nas fazendas criadoras, muito aquém

nos .seus diversos currais apenas conta\-a normalmente um milheiro escasso, talvez, de bovinos.

Fosse como fosse, descontadas as per das, em caminho, de reses mortas ou

tresmalhadas, era o negócio prodigiosa

assim tão considerável, embora o cami

mente rendoso e o Padre Pompéu a êle

nho das boiadas fosse muito mais áspe

se aplicou ardorosamente, despachando

ro do que o itinerário de norte a sul, do

bois seus e outros que adquiria.

interior baiano ao vale do Rio das Ve lhas e do Rio Doce.

Vejamos algumas referências aos ne gócios do creso de Pamaíba como mar chante, como hoje se diz, para se desig

Em compensação, o afastamento dos centros de abastecimento nortistas era

nar certo comércio especializado de gado,

muito maior do que o dos paulistas. O rebanho nortista, segundo Antonil,

sinônimo de mercador, como nos inculca

era então

Cil Vicente.

muito mais considerável do

que o sulista. O baiano orçava por meio milhão de reses, o pernambucano por oitocentas mil, o fluminense apenas por

pois no século XVI era o substantivo Tudo nos faz crer, aliás, que marchan

te decorre de marchar e mordia, visto

como tal profissão sugere logo a idéia

"Na vila de São Paulo matam as reses

da marcha das pontas em direção aos matadouros e açougues. Pretende Caldas

que têm em suas fazendas, que não são

Aulete que a etimologia é diversa, ará-

sessenta mil.


Digesto Ecoxó>íico 176

representava iinri marajá da índia, e não D. João VI, rei de Portugal e Algarves. É verdade que durante o rei

as finanças do reinado de D. João VI e as contas do próprio MariaKa, apesar

Basta dizer que o dote de D. Leopoldina

uma das mais fortes crises de ufanismo.

riquezas do novo reino ainda pareciam

não só não veio com ela no navio que a trouxe, como foi gasto cm pagaínentos de débitos da Real Fazenda cm Viena

fabulosas.

e aos banqueiros Bagucnault, cm Paris.

Afinal, não eram prósperas

Guilherme Rompeu dc Almeida (l656-171l)

do seu vulto, deixam transparecer isso.

nado joanino no Brasil ocorreu entre nós Acabara a fase da mineração, mas as

A escrituração comercial c bancaria do Padre^ Afonso de E. Taunay

â

J^FsincuEMOs, na documentação do

muito grandes. E só nos campos de-

Padre Guilherme Pompéu, alguns informes sobre o gênero de transações

cada vez mais o gado", anota o autor

que realizava.

de Cultura e opulência com tôda pro

Um dos seus mais importantes negó cios era u da \ enda dc boiadas.

r

Curitiba vai crescendo e multiplicando priedade.

O rebanho paulistano e paulista, no

Nada niais lucrativo. Um boi que em

alvorecer do ciclo de ouro, mostrava-se

São Paulo se vendià a dois, três ou quatro mil réis, alcançava facilmente,

ainda muito pequeno. Não havia na Capitania de São Vicente senão peque

nos lugares dc mineração de ouro, cem o cento c vinte oitavas, o <jue represen tava ({uantia entre 120 a 200 mil réis.

daquelas enormes glebas pastoris seten trionais onde se contavam, segundo o

E não havia mercadoria db tão imperio

jnesnío Antonil, seis, oito, dez, quinze

sa colocação como essa dc carne verde,

c até mais de vinte mil cabeças.

em terras onde não existia lavoura a

Pro\ a de tal disparidade temo-la nos próprios arrolamentos de um homem opulento como o Padre Pompéu, que

nao ser quanto a pequenos e escassos milharais.

Não podiam estes atender aos recla

mos de uma população de milhares de aventureiros e população que se avolu mava dia a dia.

A distância entre os campos paulistas e o local das minas não vinha a ser

nas fazendas criadoras, muito aquém

nos .seus diversos currais apenas conta\-a normalmente um milheiro escasso, talvez, de bovinos.

Fosse como fosse, descontadas as per das, em caminho, de reses mortas ou

tresmalhadas, era o negócio prodigiosa

assim tão considerável, embora o cami

mente rendoso e o Padre Pompéu a êle

nho das boiadas fosse muito mais áspe

se aplicou ardorosamente, despachando

ro do que o itinerário de norte a sul, do

bois seus e outros que adquiria.

interior baiano ao vale do Rio das Ve lhas e do Rio Doce.

Vejamos algumas referências aos ne gócios do creso de Pamaíba como mar chante, como hoje se diz, para se desig

Em compensação, o afastamento dos centros de abastecimento nortistas era

nar certo comércio especializado de gado,

muito maior do que o dos paulistas. O rebanho nortista, segundo Antonil,

sinônimo de mercador, como nos inculca

era então

Cil Vicente.

muito mais considerável do

que o sulista. O baiano orçava por meio milhão de reses, o pernambucano por oitocentas mil, o fluminense apenas por

pois no século XVI era o substantivo Tudo nos faz crer, aliás, que marchan

te decorre de marchar e mordia, visto

como tal profissão sugere logo a idéia

"Na vila de São Paulo matam as reses

da marcha das pontas em direção aos matadouros e açougues. Pretende Caldas

que têm em suas fazendas, que não são

Aulete que a etimologia é diversa, ará-

sessenta mil.


TI5Í.'

Digesto Econômico

179

Dioesto Econômico

bica. Vem o vocábulo de marcham, ferro de marca para o gado. Seja como fôr, isto é bem mais ra

cional do que a pretensão do^ ctimologista francês, que, a fina força, fez alfana descender de equus.. -

A 30 de agosto de 1699 visitou os

"currais do Joaquim" ondt! dispunha de 115 cabeças c os "do Antônio" onde onde SC reuniam 98.

Em 1700 c.ssG Antônio mandava di

zer-lhe que conla\a 10-1 bois.

Numa das páginas do Códice do Padre Pompéu tem-se interessante do

Quem se encarregava de, nos diver sos currais, reunir os ruminantes que de

cumento relativo ao transito dc vultosa

viam seguir para as minas era um capataz por nome João Pinto. Era escravo

boiada tangida para as terras aunferas,

representaria hoje perto dc um milheiro

reprcscntavíi muito para o tempo, quan

opulento tio 683 oitavas. Que lucros

do o valor venal da terra era, por assim dizer, nulo. Tanta o tanta terra, para tão

pouca gente! Tinha ainda oulro.s eurrais em Soro

como a da Mantiqueira e depois nos

outro cativo, liomcni feito, e um mole que, a ser dado dc presente.

Arguto como' era, compreendeu Gui lherme Pompéu — logo que lhe chega ram as notícias estupefacientes de desco berta das enormes jazidas do Sertão dos Cataguás — que lhe seria eminentemen te lucrativo fornecer víveres aos mine-

radores imprevidentes que para a região aurífera acudíam aos golfõcs, em mul tidão verdadeira.

dar numa caí.xínha 1.849 oitavas em 16

De seus campos dc criar pôde Pom péu tirar 300 bois para as minas em

tivos às transações do Padre Pompéu como marchante e grande conhece cr

1700.

das Minas Gerais.

que o elevava à categoria de sócio ou

Pedro Frazão e outro primo, dc Luiz Pedroso de Barros, homem

mais tarde notabilizado pelas fa çanhas praticadas no assédio de

a seu filho sua legítima para o tempo

São João d'El Rei, onde coman

assaz considerável, na importância de 106S920 rs., a 29 de julho de 1705.

daria a vanguarda do exército paulista do Amador Bueno da Veiga, tendo-se

Em junho de 1703 escrevia Pompéu: "tomei a fundar curral em vários campos

então portado com mais bravura e de cisão do que o cabo maior seu coman

meio de mercadoria movente, e bem sa

e sítios de Itu e tornei a botar da Ca

dante.

bemos que o arrendamento do corte c

pela Velha 60 cabeças novas c velhas".

dos açougucs foi uma das causas pri mordiais do conflito entre paulistas e emboabas, tão açulado por indivíduos da ganância de Manoel Nune.s Viana, Ama

Fora Pedro Frazão de Brito buscar

ral Coutinho e, sobretudo, o famoso e belicoso mercodário Frei Francisco de Menezes.

Assim tratou Pompéu de aumentar o

seu gado e de adquirir bois aqui e acolá.

Em setembro de 1697 possuía no

nos campos de Curitiba numerosos no vilhos.

Assim, nesses currais da Capela Velha possuía então o creso 144 cabeças, e, em

1706, um pouco mais, 206.

O negócio ali era feito em meação com Pedro Frazão.

Os currais de Itu pareciam mais po voados. Em 1699 ali pastavam 213 animais.

"Curral do Henrique" 120 reses de ferro.

Tostando a 30 de janeiro de 1710,

Em maio de 1698 ferrou mais lOI

declarava Pompéu que, além dos chãos

bois, deixando os animais devidos ao dízimo assinalados nas orelhas direitas,

dos seus currais, no chamado Porto dos Castelhanos, limítrofes do rocio da vila,

partidas.

possuía uma testa de 2.300 braças com

rências curiosas a esses negócios:

"Aos 6 do junho de 1703 anos

partiu meu afilhado o Capitao-

quem também era "tio segundo"

ca era o essencial e o mais prático por

O aprovisíonamento em cume fres

No livro borrador encontramos rete-

Em 1699 fundava o creso outra so

ciedade, tendo como sócios o mesmo

Com o genro déste, Miguel Leite, também mantinha o Padre negócios. Foi quem tratou do seu inventário, pagando

.

Vejamos, porém, alguns tópicos rela

reses.

barrctas, sendo que dèste ouro 101 oi tavas pertenciam a João Pinto, prova de interessado.

lista, dos lucros da aplicação das 1.42o mos à vista.

em Itu, onde em 1699 dispunha de 213

teria realizado nas minas? É o que a

escrituração examinada não esclare<^. Quanto teria êlc pago ao seu nada informam os assentamentos que te

de Pompéu, que o comprava num por cinqüenta mil réis ctn 1691, com

*

Em 1700 devia Pedroso de Barros ao

oitavas iniciais? É o que, infelizmente,

numa marcha de muitas centenas de qui lômetros e em zona sobremodo dobrada

Em 1699, declarava o clérigo guar

do contos, talvez.\

caba, Araçariguama, Parnaíba, ma.s os

principais viveiros de gado achavam-se

aproches do Espinhaço.

b

uma légua dc sertão de fundo, ou 33.396.000 metros quadrados: ou ainda uns 1.330 alqueires paulistas, o que não

Mor Pedro Frazão de Brito para

%íy as Minas das Cataguás e saiu de Parnaíba com 316 bois que

saem por conta minha e sua e m partiremos por meio o procedido deles tirando-se primeiro o que tenho gasto no custo deles que consta da lauda em i ^

.T •j J-

J J '^1 Al

frente e o mesmo fará o meu afilíiado no dinheiro com que entrou na compra

Mais tarde ainda se destacaria Luiz

Pedroso pelo que iria realizar nos pri meiros anos dos fatos matogrossenses, intentando abrir uma estrada para tro pas e boiadas dc São Paulo às margens do Rio Paraná.

A Frazão entregou Pompéu 1.426 oi

tavas para comprar bois.

A Luiz Pe

droso, nessa mesma ocasião, 221 oita

dos ditos bois.

Leva mais de minha conta cinco barris

de aguardente, cinco peruleiras de vinho da terra, oito arrobas e meia de touci nho e vinte e um negros meus com

quinze escopetas, quatro podões, duas enxadas, quatro cavalos, uma frasqueirinha."

A êste Pedro Frazão de Brito chama

vas, a fim de adquirir vacas da primeira

Pompéu, às vêzes, meu sobrinho, quan

parição. A um tal Diogo de Castro, de Curiti

Proença. Assim, vinha o padre a ser

ba, mandou 200 oitavas, a fim de lhe

tio segundo do afilhado e sócio, como

arranjar uma ponta.

sejam, no mínimo, 2:240$000, pois a

diziam os imligos paulistas. Teve êste papel muito saliente na his tória dos primeiros anos mineiros, tor

oitava devia valer naquela época, em

nando-se um dos principais moradores

São Paulo, uns três cruzados. Tal soma

das minas de Ribeirão do Carmo, onde.

Assim, a esses

três sócios forneceu 1.867 oitavas, ou

do era filho de sua prima-írmã Ana de


TI5Í.'

Digesto Econômico

179

Dioesto Econômico

bica. Vem o vocábulo de marcham, ferro de marca para o gado. Seja como fôr, isto é bem mais ra

cional do que a pretensão do^ ctimologista francês, que, a fina força, fez alfana descender de equus.. -

A 30 de agosto de 1699 visitou os

"currais do Joaquim" ondt! dispunha de 115 cabeças c os "do Antônio" onde onde SC reuniam 98.

Em 1700 c.ssG Antônio mandava di

zer-lhe que conla\a 10-1 bois.

Numa das páginas do Códice do Padre Pompéu tem-se interessante do

Quem se encarregava de, nos diver sos currais, reunir os ruminantes que de

cumento relativo ao transito dc vultosa

viam seguir para as minas era um capataz por nome João Pinto. Era escravo

boiada tangida para as terras aunferas,

representaria hoje perto dc um milheiro

reprcscntavíi muito para o tempo, quan

opulento tio 683 oitavas. Que lucros

do o valor venal da terra era, por assim dizer, nulo. Tanta o tanta terra, para tão

pouca gente! Tinha ainda oulro.s eurrais em Soro

como a da Mantiqueira e depois nos

outro cativo, liomcni feito, e um mole que, a ser dado dc presente.

Arguto como' era, compreendeu Gui lherme Pompéu — logo que lhe chega ram as notícias estupefacientes de desco berta das enormes jazidas do Sertão dos Cataguás — que lhe seria eminentemen te lucrativo fornecer víveres aos mine-

radores imprevidentes que para a região aurífera acudíam aos golfõcs, em mul tidão verdadeira.

dar numa caí.xínha 1.849 oitavas em 16

De seus campos dc criar pôde Pom péu tirar 300 bois para as minas em

tivos às transações do Padre Pompéu como marchante e grande conhece cr

1700.

das Minas Gerais.

que o elevava à categoria de sócio ou

Pedro Frazão e outro primo, dc Luiz Pedroso de Barros, homem

mais tarde notabilizado pelas fa çanhas praticadas no assédio de

a seu filho sua legítima para o tempo

São João d'El Rei, onde coman

assaz considerável, na importância de 106S920 rs., a 29 de julho de 1705.

daria a vanguarda do exército paulista do Amador Bueno da Veiga, tendo-se

Em junho de 1703 escrevia Pompéu: "tomei a fundar curral em vários campos

então portado com mais bravura e de cisão do que o cabo maior seu coman

meio de mercadoria movente, e bem sa

e sítios de Itu e tornei a botar da Ca

dante.

bemos que o arrendamento do corte c

pela Velha 60 cabeças novas c velhas".

dos açougucs foi uma das causas pri mordiais do conflito entre paulistas e emboabas, tão açulado por indivíduos da ganância de Manoel Nune.s Viana, Ama

Fora Pedro Frazão de Brito buscar

ral Coutinho e, sobretudo, o famoso e belicoso mercodário Frei Francisco de Menezes.

Assim tratou Pompéu de aumentar o

seu gado e de adquirir bois aqui e acolá.

Em setembro de 1697 possuía no

nos campos de Curitiba numerosos no vilhos.

Assim, nesses currais da Capela Velha possuía então o creso 144 cabeças, e, em

1706, um pouco mais, 206.

O negócio ali era feito em meação com Pedro Frazão.

Os currais de Itu pareciam mais po voados. Em 1699 ali pastavam 213 animais.

"Curral do Henrique" 120 reses de ferro.

Tostando a 30 de janeiro de 1710,

Em maio de 1698 ferrou mais lOI

declarava Pompéu que, além dos chãos

bois, deixando os animais devidos ao dízimo assinalados nas orelhas direitas,

dos seus currais, no chamado Porto dos Castelhanos, limítrofes do rocio da vila,

partidas.

possuía uma testa de 2.300 braças com

rências curiosas a esses negócios:

"Aos 6 do junho de 1703 anos

partiu meu afilhado o Capitao-

quem também era "tio segundo"

ca era o essencial e o mais prático por

O aprovisíonamento em cume fres

No livro borrador encontramos rete-

Em 1699 fundava o creso outra so

ciedade, tendo como sócios o mesmo

Com o genro déste, Miguel Leite, também mantinha o Padre negócios. Foi quem tratou do seu inventário, pagando

.

Vejamos, porém, alguns tópicos rela

reses.

barrctas, sendo que dèste ouro 101 oi tavas pertenciam a João Pinto, prova de interessado.

lista, dos lucros da aplicação das 1.42o mos à vista.

em Itu, onde em 1699 dispunha de 213

teria realizado nas minas? É o que a

escrituração examinada não esclare<^. Quanto teria êlc pago ao seu nada informam os assentamentos que te

de Pompéu, que o comprava num por cinqüenta mil réis ctn 1691, com

*

Em 1700 devia Pedroso de Barros ao

oitavas iniciais? É o que, infelizmente,

numa marcha de muitas centenas de qui lômetros e em zona sobremodo dobrada

Em 1699, declarava o clérigo guar

do contos, talvez.\

caba, Araçariguama, Parnaíba, ma.s os

principais viveiros de gado achavam-se

aproches do Espinhaço.

b

uma légua dc sertão de fundo, ou 33.396.000 metros quadrados: ou ainda uns 1.330 alqueires paulistas, o que não

Mor Pedro Frazão de Brito para

%íy as Minas das Cataguás e saiu de Parnaíba com 316 bois que

saem por conta minha e sua e m partiremos por meio o procedido deles tirando-se primeiro o que tenho gasto no custo deles que consta da lauda em i ^

.T •j J-

J J '^1 Al

frente e o mesmo fará o meu afilíiado no dinheiro com que entrou na compra

Mais tarde ainda se destacaria Luiz

Pedroso pelo que iria realizar nos pri meiros anos dos fatos matogrossenses, intentando abrir uma estrada para tro pas e boiadas dc São Paulo às margens do Rio Paraná.

A Frazão entregou Pompéu 1.426 oi

tavas para comprar bois.

A Luiz Pe

droso, nessa mesma ocasião, 221 oita

dos ditos bois.

Leva mais de minha conta cinco barris

de aguardente, cinco peruleiras de vinho da terra, oito arrobas e meia de touci nho e vinte e um negros meus com

quinze escopetas, quatro podões, duas enxadas, quatro cavalos, uma frasqueirinha."

A êste Pedro Frazão de Brito chama

vas, a fim de adquirir vacas da primeira

Pompéu, às vêzes, meu sobrinho, quan

parição. A um tal Diogo de Castro, de Curiti

Proença. Assim, vinha o padre a ser

ba, mandou 200 oitavas, a fim de lhe

tio segundo do afilhado e sócio, como

arranjar uma ponta.

sejam, no mínimo, 2:240$000, pois a

diziam os imligos paulistas. Teve êste papel muito saliente na his tória dos primeiros anos mineiros, tor

oitava devia valer naquela época, em

nando-se um dos principais moradores

São Paulo, uns três cruzados. Tal soma

das minas de Ribeirão do Carmo, onde.

Assim, a esses

três sócios forneceu 1.867 oitavas, ou

do era filho de sua prima-írmã Ana de


llll lllgl Pl1|i.ll 180

Digesto

^'pelo grande préstímo e tratamento de cavalheiro tão distinto, logrou grandes respeitos".

Durante a Guerra dos Emboabas pos

nuel Nunes Viana, que pretendiam apossar-se das minas do Carmo.

Nomeou-o o Capitão General Dom

Braz Baltazar da Silveira, Capitao-Mor 1722.

Não assentou Pompéu, infelizmente,

os preços dos gêneros conduzidos por Frazão e desapareceu a lauda corres pondente à compra dos bois.

Ao voltar de viagem contou-lbe o capataz João Pinto que de sua boiada res

h

tavam onze cabeças valendo 486 oitava.s, o que dá para cada boi o \aIor de 44 oitavas, ou uns 608000 rs., trinta vêzes

o preço da compra! Ótimo negócio!

Talvez fosse o refugo da ponta. A I.o de junho de 1704 recebia Pompeu 26 libras de ouro em p6 (uns 1"

Ambos minera\'am nas Minas Gerais:

Brito sete libras de metal (896 oitavas,

rs. cm dínbc/ro.

d'El Rei, perto dc Sabará, e boje Belo

(2:400$000), uns 6 quilos de metal, tal

ou 2.140 grs, aproximadamente) dívida encampada pelo padre. Na mesma ocasião ajustou Pompéu uma série de pequenas contas com Si mão Bueno, cuja mulher era sua paren te. "15$000, em dinheiro, que empres

débitos seus a dí\'er.s'os. anuidades de ir-

vez, e dele recebeu uma clareza de de

tei à minha prima e mais 4$000 de dois

mandade.s', carne dc \ aca fornecida a sua

pósito no cofre dos órfãos do Parnaíba.

cestos de farinha de trigo, dois pares de sapatos e chinelas (1,040 réis) cera e

As.sm), c.sso débito or

de réis.

niac (960 rs.) o que demonstra a ticulosidade das contas dc- Pompéu. felizmente, o que se sals oii da destruição foi apenas esse borrador tuimiltuaríssinio

paulista da era scísccntísta c sctccentísta!

A.s.sim, no borrador há referências co mo a seguinte: "esta.s contas ou adições

também estão assentadas na conta que

Dias (da Silva) na letra D no alfabeto

A 6 de julho de 1706

voltava este às minas, levando mercado

rias no valor de 1:32I§770 rs. Desta

soma teria de se pagar das despesas do" caminho.

Em novembro de 1710 ajustaram con

devedor de apenas 44$000.

truídos, quanta informação preciosa po

pita de 36 oitavas (126 gr). Em dezembro de 1705 voltava Frazão a Parnaíba, entregando ao tio mais trinta e cinco libras (pouco mais de 16

Anhanguera.

um baú vindo de Lisboa, 35$020 rs.".

Liquidadas as contas, ficou Simão Bueno

derão ministrar .sòbrc a vida econômica

ções) como com o Padre Vigário de Parnaíba (a fls. 9) e do dito meu primo

mão Bueno da Silva, irmão do segundo

rante fêz-sc em 1704, aparecendo aí uma transação mal explicada com o Anhan guera, a quem deveria Pedro Frazão de

existindo, contudo, numerosas referencias aos Ii\Tos razão do creso. Se acaso não foram totalmente des

seph Correia Leite, e, ainda, uma pe-

Em dezembro de 1704 despacha\'a

O encontro de contas com o bandei

em seus apontamentos niiiltifários, nèle

tenho em partidas (?) com os ditos

Pompéu outra expedição comercial às minas, sob a guarda de Frazão c de Si-

Mandou-lho, êstc, ouro a guardar na

do (Iccc do Frazão; algumas parcelas de

(pe.ssoas com quem mantinha transa

ouro representasse os lucros da venda

Horizxinte — e Simão não sabemo.s onde.

importância dc seis mil cruzados ....

Interc.ssantes são as \erbas da coluna

Rcmeteu-as Frazão por um escravo do tio, viajando em companhia de To-

do primeiro carregamento.

181

EcoNóanco

o Anhanguera nas imediações do Curral

quilos do metal).

quilos de ouro). Supomos que êsse

Digesto

tas tio e .sobrinho, ficando Frazão a dcvcT 1.572 oita\'íi.s dc ouro c 4278580

çaria por pouco mais de dois contos

se à testa de forte coluna, infligindo grande derrota aos partidários de Ma

regente dessas minas, onde faleceu em

Ecoxóinco

a fJs. 8 e com o Capitão-Mor Domingos deste livro".

Tal nota foi lançada a 29 de setem bro de 1699.

Em outros lugares ocorrem memen tos e referências, como estas: Capitão

Sínião Bueno fls. 75, Capitão Sulpieio Pedroso Xavier fls. 38, Santos Mendes Maciel, em Lisboa, fls. 74 etc. Naturalmente essas rcferência.s dizem

respeito a contas em confronto de deve e haver.

Negócios grandes teve Pompéu com os dois irmãos Bueno: Bartolomcu — o

segundo Anhanguera, o descobridor de Goiás —- e seu irmão Simão, sobretudo. ■* -> éLJj

'

'

C


llll lllgl Pl1|i.ll 180

Digesto

^'pelo grande préstímo e tratamento de cavalheiro tão distinto, logrou grandes respeitos".

Durante a Guerra dos Emboabas pos

nuel Nunes Viana, que pretendiam apossar-se das minas do Carmo.

Nomeou-o o Capitão General Dom

Braz Baltazar da Silveira, Capitao-Mor 1722.

Não assentou Pompéu, infelizmente,

os preços dos gêneros conduzidos por Frazão e desapareceu a lauda corres pondente à compra dos bois.

Ao voltar de viagem contou-lbe o capataz João Pinto que de sua boiada res

h

tavam onze cabeças valendo 486 oitava.s, o que dá para cada boi o \aIor de 44 oitavas, ou uns 608000 rs., trinta vêzes

o preço da compra! Ótimo negócio!

Talvez fosse o refugo da ponta. A I.o de junho de 1704 recebia Pompeu 26 libras de ouro em p6 (uns 1"

Ambos minera\'am nas Minas Gerais:

Brito sete libras de metal (896 oitavas,

rs. cm dínbc/ro.

d'El Rei, perto dc Sabará, e boje Belo

(2:400$000), uns 6 quilos de metal, tal

ou 2.140 grs, aproximadamente) dívida encampada pelo padre. Na mesma ocasião ajustou Pompéu uma série de pequenas contas com Si mão Bueno, cuja mulher era sua paren te. "15$000, em dinheiro, que empres

débitos seus a dí\'er.s'os. anuidades de ir-

vez, e dele recebeu uma clareza de de

tei à minha prima e mais 4$000 de dois

mandade.s', carne dc \ aca fornecida a sua

pósito no cofre dos órfãos do Parnaíba.

cestos de farinha de trigo, dois pares de sapatos e chinelas (1,040 réis) cera e

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de réis.

niac (960 rs.) o que demonstra a ticulosidade das contas dc- Pompéu. felizmente, o que se sals oii da destruição foi apenas esse borrador tuimiltuaríssinio

paulista da era scísccntísta c sctccentísta!

A.s.sim, no borrador há referências co mo a seguinte: "esta.s contas ou adições

também estão assentadas na conta que

Dias (da Silva) na letra D no alfabeto

A 6 de julho de 1706

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soma teria de se pagar das despesas do" caminho.

Em novembro de 1710 ajustaram con

devedor de apenas 44$000.

truídos, quanta informação preciosa po

pita de 36 oitavas (126 gr). Em dezembro de 1705 voltava Frazão a Parnaíba, entregando ao tio mais trinta e cinco libras (pouco mais de 16

Anhanguera.

um baú vindo de Lisboa, 35$020 rs.".

Liquidadas as contas, ficou Simão Bueno

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ções) como com o Padre Vigário de Parnaíba (a fls. 9) e do dito meu primo

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Em dezembro de 1704 despacha\'a

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ouro representasse os lucros da venda

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importância dc seis mil cruzados ....

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do primeiro carregamento.

181

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quilos do metal).

quilos de ouro). Supomos que êsse

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'

C


Concessionários

•-j- 1

31'. .-

Automóveis e Caminhões

r.ía. de 4^utcmcveis Alexandre ficrnstein SÃO

PAULO

Escrilório, vendas e secção de peças

RUA CAP. FAUSTINO

IRMÃOS

OFICINAS:

RUA CLAUDINO pinto. 55

LIMAi lÚS

Telefone: 2-8740

Teleíones:

Escritório e vendas . . . 2-8738

Secção de peças .... T 2-4564

b

FAKRI

CAIXA POSTAL, 2840 — SÃO PAULO —

BANCO DO BRASIL S. A. RUA ÁLVARES PENTEADO, 112 — SÃO PAULO

Endereço Telegráfico "Satélite" COBRANÇAS — DEPÓSITOS — EMPRÉSTIMOS — CÂMBIO — CUSTÓDIA — ORDENS DE PAGAMENTO — CRÉDITO agrícola E industrial — CARTEIRA DE

R u a I to b í, 1 79

FINANCIAMENTO.

TAXAS DAS CONTAS DE DEPÓSITO:' POPULARES (limite até CrS 10.000,00) LIMITADOS — Até Cr$ 50.000,00

tfi-y

Até Cr$ 100.000,00

4%% a.a. 4 % a.a.

3 % a.a.

SEM LIMITE

2 % a.a.

PRAZO FIXO — 12 meses

5 % a.a.

PRAZO FIXO (com pagamento metisal de'juros) — 12 meses

São

Paulo

AVISO PRÉVIO — 90 .dias "60 dias

30 dias

4%% a.a.

!...

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A SEMEWTEIRA Dr. Antonio Gontijo de Carvalho

DE

Rua Boa Vista, 51 - 9.® andar NASCIMENTO & COSTA. LTDA.

Capital

Importadores e distribuidores, de se^

mentes de ortaliças e flores dos

r-AT

melhores cultivadores.

VOTOS DE NATAL E ANO NOVO DIGESTO ECONÔMICO CUJA ALTA CUMPRIMENTOS PELA GRANDIOSA TRANSCORRE

SEMENTES

NO

REI UBLICANO ESTADO SÃO PAULO."

FLORILÊGIO

MARCA registrada ABRAÇOS

VENDAS POR ATACADO E VAREJO T Anr-/^

a) Glycon de Paiva

reembolso postal.

OSORIO. 25 End. Telegr.: "SEMENTEIRA'

— TELEFONE: 4-5271 *

SÃO PAULO

»

O Digestp Econômico" tomou-se um elemento essencial na vida paulista, refletindo, em suas diretrizes

fundamentais, uma feliz e rara harmonia entre os problemas concretos de ordem econômica e as questões mais eerais da política e da sociologia. Já se toma necessário recorrer as suus páginas para conhecimento objetivo de ahuns dos

Casa

problemas basilares de nossa cuUura.

Rieckmann

°

a) Miguel Reale

INDUSTRIAL E IMPORTADORA S. A. CAIXA POSTAL. 133

VENDAS POR ATACADO DE:

Trecho de uma carta do dr. Daniel de Csu-valho, então Ministro da Agricultura, ao dr. Antonio Gontijo de Carvalho:

ferragens* ferramentas. UTENSÍLIOS PARA LAVOURA, ETC.

,. e ^ Digesto Econdintco" está cuidado realmentena uma revista seria digna de todo apreço pelo escolha da matéria e dos colaboradores."

SAL

DIAMANTE" Novo endereço:

RUA FLORENCIO DE ABREU,673 SÃO

PAULO

Gráfica São José ~ Rua Calvão Bueno. 230 — Talafono 6-4812 — São Paulo i-j


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DIGESTO o DEPARTAMENTO

ECONOMICO

SOB OS AUSPÍCIOS DO ASSOCIAÇÃO COMERCIAL DE SÃO PAULO E da FEDERAÇÃO DO COMERCIO DO ESTADO DE SÃO PAULO

S-L sumario Perspectivas da democracia no Brasil — Roland Corbisier

**^^5

Inflaçao e imposto — Richard Lewinsohn

29

repartição — Dorival Teixeira Vieira

35

® /ndústrías-chaves — Roberto Pinto de Sousa

A função funr?« do capitalAgricultura e da técnica e Veterinária americanos de na Viçosa economia — Daniel brasileira de Carvalho — .

Garrido Torres

Atividades do Itamaratí ~ Raul Fernandes Calógeras — Antonio Gontijo de Carvalho balâno Mínimo familiar — Rubens Maragliano

absoluto e confiadas exclusim e diretamente aosinteressodcs.

60

65

69 93

.

A sovietizaçao da Ásia — Cândido Mota Filho Aspectos estruturais do Brasil — Bezerra de Freitas

e u/71 teposifàtio /precioso de informações guardadas sob sípilo

44

.. 53

108 112

Vigília do guerra — Aldo M. Azevedo

117

"Déficits" orçamentários — Geraldo O. Banaskiwitz

120

A intuição econômica de Eça de Queiroz — Djacir Menezes A revolução comunista na China — Arnóbio Graça

126 130

Breve história da pecuária sul-rio-grandense — O ciclo dos tropeiros — Nelson

Werneck

Sodré

Banqueiro de bandeirantes — Afonso de Taunay A habitabilidade dos trópicos •—• Pimentel Gomes

136

141 147

Análise sôbre o custo de produção de algodão e milho no setor de Presidente Prudente —

Oscar T. Ettori

153

üH/tí-Se tfár Hôiédr n N.o 75 — FEVEREIRO DE 1951 — ANO Vil


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