DIGESTO ECONÔMICO, número 75, fevereiro 1951

Page 1

I o departamento

I

Sl M Ü R I e

i)

Pág. Perspectivas da democracia no Brasil — Roland Corbisier Inflação e Imposto —Richard Lewinsohn

5 29

Problemas da repartição — Dorival Teixeira Vieira Investimento, poupança e indústrias-chaves — Roberto Pinto de Sousa

35 44

Escola Superior de Agricultura e Veterinária de Viçosa — Daniel de Carvalho ..

53

A função do capital e da técnica americanos na economia brasileira — Garrido Torres

e um repositório precioso de informações guardadas sob sigilo

absoluto e confiadas exclusiva e diretamente aosínleressodcs.

60

Atividades do Itamaratí — Raul Fernandes

65

Calógeras — Antônio Gontijo de Carvalho Salário Mínimo familiar — Rubens Maragliano

69 93

A sovietização da Ásia — Cândido Mota Filho Aspectos estruturais do Brasil — Bezerra de Freitas Vigília de guerra — Aldo M. Azevedo "Déficits" orçamentários — Geraldo O. Banaskiwitz

108 112 117 120

A intuição econômica de Eça de Queiroz — Djacir Menezes A revolução comunista na China — Arnóbio Graça Breve história da pecuária sul-rio-grandense — O ciclo dos tropeiros —

126 130 Sodré

136

Banqueiro de bandeirantes — Afonso de Taunay

Nelson

141

A habitabilidade dos trópicos — Pimentel Gomes Análise sôbre o custo de produção de algodão e milho no setor de Presidente

147

Prudente — Oscar T. Ettori

153

üH/tc-Se cón fwiéú'rktaóiXÓéér N.o 75 — FEVEREIRO DE 1951 — ANO VII

Werneck


MONSANTOj

o CMeMICAL COMPANY

o DIGESTO ECONOMlCO

I £,.5553.fUJíB

5AIN T

kO uís. mo.

USA.

PRODUTOS QUÍMICOS RARA INDÚSTRIA

FARMACÊUTICA, DA BORRACHA, ETC. MATÉRIAS PLÁSTICAS — DROGAS EM GERAL

ESTA À VENDA

nos principais pontos de jornais no Brasil, ao prc-ço oe Cr$ 5,00. Os nossos agentes da relação abaixo estão aptos a suprir qualquer cricoinenda, bem como a locebcr pedidos dc assinolur-.s, au preço de Cr$ 50,00 anuais.

J6RSEY

CITV.

N. J.

U. S. A

INTEANATtO

PRODUTOS

PARA

DESENGORDURAMENTO

AMACIAMENTO —

TINGIMENTO

ACABAMENTO, ETC Agente geral para o Brasil FERNANDO CHINAGLIA

Avenida Presidente Vargas, 502, 13.o andar R

O

H

N

s

n

s.

RATTeLN-SUlCA

A.

Rio de Janeiro

A!&soas: r.lanocl Eiplncoij, Praça Pe dro II. 40. Maceió.

.".ran^onas; Ayância Frelt.!.?. Rua Joa quim Sarmento. 29, Manaus.

NAPHTANILIDS — BASES — SAIS — CORANTES RONAGENES - HIDROSSULFITOS

Paraná: J. Gliinfínone. Rua 15 ne No

vembro, 4i'3, Curitiba. Pernambuco: Fernando Chinaglla. Rua do Imperador. 221. 3.o andar, Recife.

Eabia:

Alfredo J. de Souza Sc Cia.,

R. Saldanha da Gama, 6, Salvador.

Ceará: J. Alaor de Albuquerque C. Cia. Praça do Ferreira. 021, Fortaleza.

Piauí: Cláudio M. Tote. Teresina.

VHANO

*

HUeUSNIN

S.

A.

baiilSía

-

BulCi

F.lo do Janeiro: Fernando Chinaglla, Av. Presidente

Vargas, 502. 19.o

andar.

EcnfriJc Sanlo; Viuva Copolilo & Fi

lhos, Rua Jerònimo Monteiro. 361, Vitória.

Avenida Tavares Lira. 48. Nntal.

Goiás: João Manarino, Rua Setenta A, Goiânia.

r*Jar7r.hf.o:

Rio Grande do Norte: Luís Romão.

Livraria

Universal. Rua

João Lisboa, 114, São Luiz. Mato Grosso: Carvalho. Pinheiro ít

Cia.. Fça. da Repiiblica. 20. Cuiabá Minas Gerais: Joaquim Moss Velloso, Avenida dos Andradas, 330. Belo

P.io Grande do Sul: Sòmente para Por to Alegre: Oclavio Sagcbin. Rua 7 de Setembro. 789. Porto Alegre. Para locais fora de Pôvto A.legro: Fernando Chinnglia, R. de Janeiro.

Canía Catarina: Pedro Xavier &c Cia., rtua Felipe Schmidt, 0. Florianóp. São Paulo: A Inteiectual. Ltdn., Via duto Santa Eílgênia, 231, S. Paulo.

Horizonte.

Sorgíno: Livraria Regina Ltda., Rua Parú: Albano II. Martins &

vcssa Campos Sales, 85/89. Belém

Parsiba; Loja dos Revistas, Rua Ba rão do Triunfo. 510-A, João Pessoa.

CORANTES AO CROMO E "INDIGOSOIS" PARA TINTURARIA E ESTAMPARIA

REPRESENTAÇÕES PARA O BRASIL

JÓão Pessoa. 137, Aracaju.

DE

Território do Acre: Diógcnes de Oli veira, Rio Branco. RUA CONS. SARAIVA. 16• RIO OE lANEIRO

"•

SÜO PAULO • RUA KARTli aURCHARO, fi OA

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AORCURO. AQS CURITIBA


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o Ê UM

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ALIMENTO

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NASCIMENTO & COSTA, LTDA. PARA

Imporladores e dislribuidoies, de se»

O

HOMEM...

mentes de ortaliças e flores dos

— completa

Ok

EHÜ^^

melhores cultivadores.

SEMENTES

1

nutritivos

linha de deliciosos e

produtos Swift: pastas,

presuntada, ervilhas, presunto cozi do, carne em conserva, extrato de

MARCA. REGISTRADA

carne, salsichas, xarque. óleo e com posto "A PATROA".

VENDAS POR ATACADO E VAREJO Remessas pelo reembolso postal. LARGO GENERAL OSORIO, 25 — TELEFONE; 4-5271

End. Telegx.: "SEMENTEIRA"

SÃO PAULO os famosos adubos orgânicos "O

I

Semeador". Feitos de resíduos fres

hr ' ^ MATERIAIS ELÉTRICOS EM GERAL ~ INSTALAÇÕES DE LUZ E FORÇA — RADIOTELEFONIA — LUSTRES E ARAN-

T:

cos de carne, sangue e ossos de ani mais,os adubos Swift,"O Semeador", fecundam e enriquecem a terra,pro duzindo melhores e maiores frutos

DELAS DE ESTILO — ARTIGOS ELÉTRICOS PARA USO

e colheitas.

DOMÉSTICO — MATERIAL TELEFÔNICO

-.racÕes Swíft balanceadas de carne e ossos, Ossorinha, Sangarinha - pro

porcionam uma alimentação cientí

Ca§a E. Xant^Anna de Electricídade Ltda.

fica dosada para engorda, produção ou

IMPORTADORES aiMUjm

Rua Benjamim Constant, 187 Caixa Poítal, 1020 SÃO PAULO

crescimento de gado, porcos,

galinhas, etc.

End. Tel.; ELECTRO Tel.: 32-2963 — 32-2779

Cia. Swlfi do Brasil S. A.

HÁ MAIS DE UM QUARTO DE SÉCULO 0/SrfiiBuToOfi££ MUNOÍA/S D£ PRODUTOS BRASIL£IROS

í

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DIGESTO ECOiHICO

Perspectivas da democracia no Brasil

Pubncodo sob Of euipíeioi de

Roland Corbisier

I lUIIDQ DOS NEGÓCIOS NUM rUIRIUI MUUL

ESSDCiatllO COMERCIAI DE SlO PAÜLO

"S'i] y avait un peuple de dieux,

il se gouvemerait démocratíque-

FEDERACAD 0*0 COMÉRCIO BO O Mi;Aesto Eeoiiómicti

estado OE SlO PAUIO

publicará no próximo número: Lewinsolin.

Diretor;

Aaíonlo Gonlijo de Carvalho

O

fj-.iP.

Econômico, órgSo de In® económIcaB e flnancel-

*Mi+A pela E<Ut6raP^^Ucado Comercialmensalmente Ltda

SIGNIFICADO

POLÍTICO

DO

CORPORATIVISMO - José Pedro Galvão de Sousa.

O QUE SE DEVE CONHECER DE nfio se responsabiliza

peios dados cujas fontes estejam

ECONOMIA — Djacir Menezes.

devidamente citadas, nem pelos conceitos emitidos em artljíoi aesl» nados

Na transcrlc&o de artigos pede-se eltar

o

nome

do

D 19•s t o

DIVULGAÇÃO DE PROBLEMAS FI

Aceita-se intercâmbio com pubU-

ASSIIfATURAS:

flexão mais profunda não apenas sobre

que vêm provocando, sugerem uma re

ma escorreita, situou-se, com êsse livro, na atualidade, entre os mais cintilantes

o problema da democracia considerada

escritores políticos do Brasil.

em si mesma, mas principalmente cm suas relações com a nossa realidade his tórica e sociológica.

As apreciações e exegeses do pleito de 3 de outubro, muitas das quais con traditórias no julgamento dos seus re contram os próprios democratas em re

lação ao conceito, à essência mesma da democracia. E. se, levando em conta

as lições da sociologia do conhecimento,

E FRANCISCO SALES - Daniel

fizermos abstração de tudo o n^e n^.s-

do

ses pronunciamentos, pode ser atribuído aos interesses de classe, ao sectarismo

Carvalho.

Oliveira Filho.

partidário e aos preconceitos ideolóiricos, verificaremos que duas teses ou atitudes emergem do debate com perfeita cla

Ano (simples) (registrado)

Cr? 50,00 CrS 58,00

reza e nitidez.

Número do mês:

Cr?

Atrasado:

Cr? 0.00

Sem duvida, a elaboração racional dessas teses corresponde, não raro. a

5,00

uma tentativa inconsciente de d'-fender

e justificnr, no plano da ideologia polí

Redaçio « AdmintstraçSo:

tica, posições tomadas prèviamento. em função de interesses pessoais, de classe

TUdulo Boa Vista, «7 - 7.o andar TeL I-749Í — Caixa Postal. 249-B fie l^aulo

ou de partido. D?slígando-se, porém, dêsse condicionamento sociológico, as te1^

entidades. O sr. Roland Corbisier, que acaba de publicar "Consciência e Na ção", obra de afirmação e de fé, de elevado senso patriótico, vazada em for

Edmur de Sousa Queiroz.

MANIFESTO BURGUÊS - João de

Oigesto Econômico

As últimas e.xperiências eleitorais rea

lizadas em nosso país, e, especialmente, a de outubro de 1950, pela diversi dade dos comentários e interpretações

sultados, revelaram claramente a inde cisão e a perple.Nídade em' que se en

PARALELO ENTRE RAUL SOARES

Estado de São Paulo, sob os auspícios do Instituto de Economia das aludidas

LOSÓFICOS — Realismo — Paulo

Económleo,

cacOes congêneres nacionais e es trangeiras.

ne convicnt pas à des hommes."

Jean Jacqucs Rousseau (1).

QUE É INVESTIMENTO? - Ricbard tjt Buperlntendonio: wartlm Affonao Xavier da SUvelra

mcnt. Un gouvernemcnt si parfait

A conferência que ora inserimos em nossas colunas foi pronunciada no salão nobre da Associação Comercial de São Paulo e da Federação do Comércio do

ses assumem um valor próprio, inde

pendente dos motivos irracionais que lhes deram origem. Pois, ao traduzir-se em têrmos conceituais, ao configurar-se em ideologia, os interesses de ciasse se

in.screvem no plano das motivações ra cionais, das exigências e reivindicações que Se justificam diante de sí mesmas

na medida em que correspondem às ca tegorias universais do direito e da jus tiça.

Não desconhecendo, portanto, êsse condicionamento sociológico, mas consi

derando apenas o que há de racional nas atitudes assumidas em face da nossa

mais recente experiência democrática,

diríamos que, em relação aos seus resul tados, ó possível distinguir duas teses não só diversas mas contraditórias.

Julgando os resultados das últimas eleições, alguns os consideram uma vi

tória da democracia porque, de um modo geral, o pleito transcorreu em or

dem e o eleitorado pôde exercer em


DIGESTO ECOiHICO

Perspectivas da democracia no Brasil

Pubncodo sob Of euipíeioi de

Roland Corbisier

I lUIIDQ DOS NEGÓCIOS NUM rUIRIUI MUUL

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Edmur de Sousa Queiroz.

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in.screvem no plano das motivações ra cionais, das exigências e reivindicações que Se justificam diante de sí mesmas

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Não desconhecendo, portanto, êsse condicionamento sociológico, mas consi

derando apenas o que há de racional nas atitudes assumidas em face da nossa

mais recente experiência democrática,

diríamos que, em relação aos seus resul tados, ó possível distinguir duas teses não só diversas mas contraditórias.

Julgando os resultados das últimas eleições, alguns os consideram uma vi

tória da democracia porque, de um modo geral, o pleito transcorreu em or

dem e o eleitorado pôde exercer em


Dicesto EcoNÓ.\nco ^•ó^^co Dicesto Eco^*ó^^co

7 • ••

a

estão na raiz e constituem o fundamen

plena liberdade o direito do voto, ma nifestando sem qualquer coação a sua vontade e as suas preferências. O sis tema teria funcionado de modo irre

preensível, assegurando ao povo sobe rano, pelo voto secreto, a possibilidade de exercer essa soberania, escolhendo livre 0 conscientemente os seus repre

sentantes. Reconhecida a lisiua do plei to, não haveria outra coisa a fazer senão

apenas uma crise da democracia en quanto instituição, forma de po\ ômo ou regime político, mas há também uma crise da democracia enquanto teoria da sociedade e do Estado, enquanto con

cepção das relações entre a Jibcrdade individual e o poder pviblico, entre a iniciativa e a propriedade particular e a autoridade social.

A crise não é só

to dc sistemas políticos írrcconciliávcis. O problema se desdobra, portanto, em dois aspectos principais: o primeiro, hu mano c universal; o segundo, brasileiro c nacional. Queremos salientar a irre-

il est dans les fers" (2), todo o esfôrço de Rousseau, nesse lii ro tão cliuo que ó uma obra-prima do racionalismo po lítico, se aplica em conceber um regime no qual êsse homem, que nasceu livre, possa recuperar a sua liberdade e garan

dulibilidade desses dois aspectos, por

tir o seu e.xWcício em face do poder.

que, assim como a unidade não anula

É conhecida a fórmula dc Rousseau

a variedade, esta, por sua vez, não dcs-

para resolver o problema da antinomia

trói a unidade. O que repugna ao es pírito, feito para distinguir e unir, é a

entre a liberdade e a autoridade.

A

maioria relativa ou absoluta dos sufrá

da palavra, do termo, mas do objeto ao qual a palavra se refere, pois embora a palavra seja a mesma, o seu significado tomou-se equívoco, uma vez que alude

gios.

a instituições e regimes não só diferen

mano, acham-se indissolúvclmente liga dos um ao outro,'embora sejam perfei

tes como contraditórios.

tamente distintos. O destino da demo

tant qu'à lui-même, et reste aussi libre

das eleições, longe de assinalarem um triunfo da democracia, significaram, ao

Ora, c precisamente porque há uma crise da democracia que sentimos a

cracia no Brasil está, sem dúvida, vin culado à sua sorte no mundo, mas a

qu'auparavant" (3). A solução desse

contrário, um malôgro do regime, pois,

necessidade de tomar consciência da

compreensão dos êxitos e malogros desse regime no plano da existência nacional

lhendo não os melhores mas os piores

quilo que constitui a sua essência, a fim de podermos saber o que estamos defen dendo c pelo que estamos lutando.

dentre os candidatos, a sua imaturida

Pois chega sempre um momento, o mo

de política, a sua carência de discerni mento e de capacidade de escolha. O

"julgamento", em que as palavras já não

aceitar o pronunciamento das umas. que traduz a vontade do povo, e.xpressa na Para outros, no entanto, os resultados

embora não tenha havido nem coação nem fraude, o eleitorado revelou, esco

sistema só teria funcionado bem

do

ponto de vista formal, isto é, quanto ao mecanismo ou processo de captação e

reconhecimento da vontade popular. No entanto, apesar de ter exercido livre

mento da "crise", etimològicamenté do nos podem satisfazer e no qual a inte ligência exige a ruptura do invólucro das palavras e o julgamento rigoroso da sua significação. A crise das instituições e

mente o seu direito de escolha, o povo

dos regimes provoca sempre êsse reflexo no plano do espírito, essa repercussão

teria revelado, não pela forma mas pelo

nas consciências que se empenham, en

conteúdo ou objeto dessa escolha, a sua

tão, a fim de poderem orientar e dirigir

inconsciência, a sua ignorância e a sua

a conduta humana, em discernir e escla

inaptidão para eleger os que merece riam representá-lo e dirigi-lo. O problema que está implicado nes

recer as origens da crise bem como o seu sentido e prováveis conseqüências. O problema da democracia brasileira, embora apresente aspectos próprios e es pecificamente nacionais, se inscreve nu

sas duas teses é o da própria essência

da democracia. Pois tanto os que de-

fendém a primeira como os que advo

gam a segunda se têm na conta de de mocratas autênticos. A sua divergên cia, porém, não envolve apenas uma

questão adjetiva ou secundária, mas atin ge os fundamentos e a natureza mesma

do regime democrático. Porque não ha

confusão e a separação.

Os dois as

pectos do problema, o nacional c o hu

dependo do conhecimento dos antece dentes históricos e das condições socio lógicas que constituem a sua "circuns tância" especificamente brasileira.

Indaguemos, pois, em primeiro lugar, refletindo sobre os resultados do nossas últimas experiências eleitorais e sobre as

diversas interpretações de que têm sido objeto, em que consiste a essência desse regime que segundo alguns se afirmou vitorioso no pleito de 3 dc outubro e, segundo outros, sofreu nessa mesma data

mais uma sensacional e espetacular derrota.

questão estava em "trouver une forme

d association qui défende et protège de touto Ia force conimune Ia perscnne et

les biens des associes, et par laquelle chacun, s'unissant à tous, n'obéisse pourproblema fundamental se encontra no "contrato social". Confundindo as sociedades naturais

com as sociedades artificiais, e postulan do gratuitamente um estado natural em que os homens teriam sido livres e iguais, Rousseau coloca, na origem da socieda de humana, um livre acordo de vonta

des, um pacto ou contrato pelo qual 'chacun se donnant à tous ne se donne

à personne" (4). A liberdade primitiva, incondicionada e total, sacrificada pelo homem ao concluir o pacto social, é em seguida recuperada, pois, obedecendo à vontade geral, o homem se obriga a ser

li\Te, uma vez que, na realidade, esta obedecendo apenas a si mesmo. "Ce que riiomnie perd par le, contrat social,

Sc consultarmos o livro que está na

c'est sa liberté naturelle et un droit

illimité à tout ce qu'il tente et peut

ma perspectiva mais ampla que- é a

raiz de todo o pensamento democráüco contemporâneo, êsse livro que tantos citam mas que tão poucos parecem ter lido, so consultarmos o "Contrato So

da situação e do destino desse regime

cial" de Rousseau, veremos que o essen

no mundo, ameaçado por uma nova

cial à democracia, tal como êle a con

guerra que não será apenas uma luta pela conquista de mercados e de terri tórios, mas também o choque entre duas concepções da vida e do homem que

cebe, não 6 propriamente a igualdade mas a liberdade. Desde a declararão

inicial,."1 homme est né libre, et partout

attcindre; ce qu'il gagne c'est Ia liberté

civile et Ia propriété de tout ce qu'il possède" (5).

A fonte do direito não será mais, por tanto, a natureza- humana, a razão, orien

tada pelos critérios transcendentes da

verdade e da justiça, mas o "contrato social", isto é, o livre acordo de vonta-


Dicesto EcoNÓ.\nco ^•ó^^co Dicesto Eco^*ó^^co

7 • ••

a

estão na raiz e constituem o fundamen

plena liberdade o direito do voto, ma nifestando sem qualquer coação a sua vontade e as suas preferências. O sis tema teria funcionado de modo irre

preensível, assegurando ao povo sobe rano, pelo voto secreto, a possibilidade de exercer essa soberania, escolhendo livre 0 conscientemente os seus repre

sentantes. Reconhecida a lisiua do plei to, não haveria outra coisa a fazer senão

apenas uma crise da democracia en quanto instituição, forma de po\ ômo ou regime político, mas há também uma crise da democracia enquanto teoria da sociedade e do Estado, enquanto con

cepção das relações entre a Jibcrdade individual e o poder pviblico, entre a iniciativa e a propriedade particular e a autoridade social.

A crise não é só

to dc sistemas políticos írrcconciliávcis. O problema se desdobra, portanto, em dois aspectos principais: o primeiro, hu mano c universal; o segundo, brasileiro c nacional. Queremos salientar a irre-

il est dans les fers" (2), todo o esfôrço de Rousseau, nesse lii ro tão cliuo que ó uma obra-prima do racionalismo po lítico, se aplica em conceber um regime no qual êsse homem, que nasceu livre, possa recuperar a sua liberdade e garan

dulibilidade desses dois aspectos, por

tir o seu e.xWcício em face do poder.

que, assim como a unidade não anula

É conhecida a fórmula dc Rousseau

a variedade, esta, por sua vez, não dcs-

para resolver o problema da antinomia

trói a unidade. O que repugna ao es pírito, feito para distinguir e unir, é a

entre a liberdade e a autoridade.

A

maioria relativa ou absoluta dos sufrá

da palavra, do termo, mas do objeto ao qual a palavra se refere, pois embora a palavra seja a mesma, o seu significado tomou-se equívoco, uma vez que alude

gios.

a instituições e regimes não só diferen

mano, acham-se indissolúvclmente liga dos um ao outro,'embora sejam perfei

tes como contraditórios.

tamente distintos. O destino da demo

tant qu'à lui-même, et reste aussi libre

das eleições, longe de assinalarem um triunfo da democracia, significaram, ao

Ora, c precisamente porque há uma crise da democracia que sentimos a

cracia no Brasil está, sem dúvida, vin culado à sua sorte no mundo, mas a

qu'auparavant" (3). A solução desse

contrário, um malôgro do regime, pois,

necessidade de tomar consciência da

compreensão dos êxitos e malogros desse regime no plano da existência nacional

lhendo não os melhores mas os piores

quilo que constitui a sua essência, a fim de podermos saber o que estamos defen dendo c pelo que estamos lutando.

dentre os candidatos, a sua imaturida

Pois chega sempre um momento, o mo

de política, a sua carência de discerni mento e de capacidade de escolha. O

"julgamento", em que as palavras já não

aceitar o pronunciamento das umas. que traduz a vontade do povo, e.xpressa na Para outros, no entanto, os resultados

embora não tenha havido nem coação nem fraude, o eleitorado revelou, esco

sistema só teria funcionado bem

do

ponto de vista formal, isto é, quanto ao mecanismo ou processo de captação e

reconhecimento da vontade popular. No entanto, apesar de ter exercido livre

mento da "crise", etimològicamenté do nos podem satisfazer e no qual a inte ligência exige a ruptura do invólucro das palavras e o julgamento rigoroso da sua significação. A crise das instituições e

mente o seu direito de escolha, o povo

dos regimes provoca sempre êsse reflexo no plano do espírito, essa repercussão

teria revelado, não pela forma mas pelo

nas consciências que se empenham, en

conteúdo ou objeto dessa escolha, a sua

tão, a fim de poderem orientar e dirigir

inconsciência, a sua ignorância e a sua

a conduta humana, em discernir e escla

inaptidão para eleger os que merece riam representá-lo e dirigi-lo. O problema que está implicado nes

recer as origens da crise bem como o seu sentido e prováveis conseqüências. O problema da democracia brasileira, embora apresente aspectos próprios e es pecificamente nacionais, se inscreve nu

sas duas teses é o da própria essência

da democracia. Pois tanto os que de-

fendém a primeira como os que advo

gam a segunda se têm na conta de de mocratas autênticos. A sua divergên cia, porém, não envolve apenas uma

questão adjetiva ou secundária, mas atin ge os fundamentos e a natureza mesma

do regime democrático. Porque não ha

confusão e a separação.

Os dois as

pectos do problema, o nacional c o hu

dependo do conhecimento dos antece dentes históricos e das condições socio lógicas que constituem a sua "circuns tância" especificamente brasileira.

Indaguemos, pois, em primeiro lugar, refletindo sobre os resultados do nossas últimas experiências eleitorais e sobre as

diversas interpretações de que têm sido objeto, em que consiste a essência desse regime que segundo alguns se afirmou vitorioso no pleito de 3 dc outubro e, segundo outros, sofreu nessa mesma data

mais uma sensacional e espetacular derrota.

questão estava em "trouver une forme

d association qui défende et protège de touto Ia force conimune Ia perscnne et

les biens des associes, et par laquelle chacun, s'unissant à tous, n'obéisse pourproblema fundamental se encontra no "contrato social". Confundindo as sociedades naturais

com as sociedades artificiais, e postulan do gratuitamente um estado natural em que os homens teriam sido livres e iguais, Rousseau coloca, na origem da socieda de humana, um livre acordo de vonta

des, um pacto ou contrato pelo qual 'chacun se donnant à tous ne se donne

à personne" (4). A liberdade primitiva, incondicionada e total, sacrificada pelo homem ao concluir o pacto social, é em seguida recuperada, pois, obedecendo à vontade geral, o homem se obriga a ser

li\Te, uma vez que, na realidade, esta obedecendo apenas a si mesmo. "Ce que riiomnie perd par le, contrat social,

Sc consultarmos o livro que está na

c'est sa liberté naturelle et un droit

illimité à tout ce qu'il tente et peut

ma perspectiva mais ampla que- é a

raiz de todo o pensamento democráüco contemporâneo, êsse livro que tantos citam mas que tão poucos parecem ter lido, so consultarmos o "Contrato So

da situação e do destino desse regime

cial" de Rousseau, veremos que o essen

no mundo, ameaçado por uma nova

cial à democracia, tal como êle a con

guerra que não será apenas uma luta pela conquista de mercados e de terri tórios, mas também o choque entre duas concepções da vida e do homem que

cebe, não 6 propriamente a igualdade mas a liberdade. Desde a declararão

inicial,."1 homme est né libre, et partout

attcindre; ce qu'il gagne c'est Ia liberté

civile et Ia propriété de tout ce qu'il possède" (5).

A fonte do direito não será mais, por tanto, a natureza- humana, a razão, orien

tada pelos critérios transcendentes da

verdade e da justiça, mas o "contrato social", isto é, o livre acordo de vonta-


rrjp-'-

DiGESTO ECONÓ>nCO

des que estaria na origem da sociedade humana, explicando assim a sua consti

tuição. "II n'y a", escreve ainda Rous-

seau, "ni ne peut y avoir nulle espèce de loi fondamentale obrigatoire pour le corps du peuple, pas même le contrat

gia democrática. Do mito inicial da li berdade e da igualdade dos homens, é possível deduzir lògicamcnte o mito d i soberania do povo e da vontade geral, ao qual se prende o princípio majori tário. Estabelecidos os fundamentos do

social" (6). A lei não nascerá mais da

novo regime, assentadas as suas premis

tradição, do costume, da autoridade, d i

sas teóricas, como rcalizíí-Io pràlicamcntc? Como fazer para que se exerça a

justiça e da razão, mas da liberdade e

do direito ilimitado que tem o homem "a tudo o que êle tenta e pode alcançar".

soberania do povo c sc manifeste a von

E como também não há mais nenhu

O go\ôrno direto do povo pelo próprio povo inclui uma impossibilidade mani festa, pois como observa René

ma ordem ontológica preexistindo à liberdade e regulando o seu

exercício, a liberdade só po derá ser limitada ou por si mesma, pelo interesse do pró prio sujeito, ou pela força, isto

tade geral?

I t

DiGESTO ECONÓ^^CO

poder a qualquer representante do povo significa uma rc.strição ao exercício dn sua soberania.

Levado às suas últimas

presentativa inaugura, portanto, um novo

critério para a aferição do justo e do verdadeiro. Até então, o critério da ver

conseqüências, o pensamento democrá tico, que não passa da rcfração do ra-

ou na impossibilidade desta, o da auto

cionalismo no campo da filosofia polí

ridade. O racionalismo da Enciclopédia

tica, conduz inevitavelmente ou à anar

rompe, porém, com a subordinação tra dicional da liberdade à verdade, inver

quia ou à tirania, como veremos adiante. A reivindicação da autonomia absoluta

para o povo, fonte única da soberania o do poder, requer, pelo menos em tese, a possibilidade de exercer pràticamente essa soberania. Pòís, como escreve ain

da Rousseau, "toute loi que le peuple

Guénon, "il est contradicloiro d'admetre que Ics mênvís

en personne n'a pas ratifiée est nullc; CG n'est point une loi. Le peuple an-

hommes puisserit êtrc à Ia fois gouvernants et gouvemés, parco que, pour employer le langage aristotélicien, un mê

glaís pense être libre, il se trompe fort;

dade havia sido a evidência e, na falta

tendo os termos do problema e fazen do a verdade depender da liberdade. A pergunta que está na raiz da de mocracia é a pergunta de Pilatos ao povo de Jerusalém: "quid est veritas?". Se somos capazes de conhecer a verda de e se possuímos critérios que nos permitem

descobri-la e reconhecê-la,

por que a abandonaríamos à irrespon

il ne Tcst que durant rélection des membres du parlcment: sitôt qu'ils sont élus, il est esclavc, il nost rien" (8). Ora, como vencer não a impossibili dade metafísica mas a dificuldade prá

sabilidade e à violência dos pronuncia

même temps et sous le même

dicação da liberdade. Se, de

tica, como fazer para que o povo possa

rapport. II y a lá une rela-

exercer a sua soberania e governar-se a

acôrdo com a sociologia do

tion qui supposc nécessairement deux termes en présen-

si mesmo? Excluída, por impossível, a

a

Interpretando o pensamento do autor do "Contrato Social", Simone Weil, num artigo de surpreendente lucidez, in titulado "Note sur Ia supression générale

obra de Rousseau no contexto

oc: 11 ne pourrait y avoir do

histórico em que foi produ

governés s'il n'y avait aussl

compromisso, a democracia indireta, o regime representativo. Desse compro

des gouvernants" (7). No entanto, é

misso entre a ideologia e a realidade

Rousseau partia de duas evidências:uma, que a razão escolhe a justiça e

essa impossibilidade que Rousseau pre

surgem duas instituições: o princípio

que o crime tem por móvel a paixão;

tende resolver ao imaginar o regime re

majoritário o o sufrágio universal. Am bos procedem, em última análise, do

é, pela afirmação das outras liberdades contrárias.

A mola que anima e propul siona o pensamento democrá tico é, pois, a idéia, a reivin

conhecimento,

situarmos

zida, compreenderemos melhor o seu ca ráter polêmico, de instrumento de luta contra uma ordem social e política ba seada na tradição, na autoridade e nos

privilégios. Na ordem de urgências, porém, a reivindicação da liberdade deveria preceder a da igualdade, embora

me ôtre ne peut être "cn ,acte" et "en puissance" cn

presentativo. Sem dúvida, a soberania é inalienável e, por isso, a teoria da re

No "Contrato Social" encontramos

tos que constituem a essência da ideolo

outra, que a razão é a mesma em todos

os homens, enquanto as paixões variam. As opiniões dos homens, portanto, de verão coincidir no que contêm de justo c de racional e diferir no que incluem

da realidade, embora o ideal, em sua

losófico, o cerne do problema da de-' do injusto e dé irracional. "Só em fun

pureza, exigisse o govôrno direto do po\'0

mocracia.

pelo próprio povo.

perfeitamente definidos todos esses mi

des partis politiques" (10), observa que

uma capitulação da ideologia em face

criar uma nova ideologia, ou uma nova

ciência e da razão.

cer sobre a vontade do menor número?

dogma fundamental da soberania do povo, mas o primeiro nos permite tocar no que constitui, do ponto de vista fi

presentação significa um compromisso,

ambas figurassem juntas no lema da Revolução Francesa. O essencial era

mitologia política, que canalizasse o ím peto revolucionário da burguesia nas cente e o justificasse no plano da cons

democracia direta, resta a solução de

mentos majoritários? Como justificar a

tese de que a vontade da maioria, ape nas por ser a da maioria, deve prevale

O dogma da liberdade c da igual dade exclui, em princípio, qualquer transferência ou delegação do poder. E a democracia autêntica seria aquela na

qual o povo mesmo, sem intermediários, faria as suas leis, as aprovaria e poria

em execução.

Qualquer outorga de

Seria assunto para um estudo especial, o exame das relações entre a democracia e a teoria do conhecimento. Limite-

mo-nos agora a observar que, como o

ção de um raciocínio semelhante — es

creve Simone Weil — é possível admitir que o consenso universal exprima a verdade" (11).

reconhece o próprio Hans Kelscn, "o

A verdade, bem como a justiça, é vuna só, ao passo que cada homem sus

postulado do princípio majoritário é o da equivalência das opiniões dos diver

Poderiam, assim, os homens concordar

sos indivíduos" (9). A democracia re

em relação ao justo e ao verdadeiro e.

cita novas formas de êrro e de injustiça.


rrjp-'-

DiGESTO ECONÓ>nCO

des que estaria na origem da sociedade humana, explicando assim a sua consti

tuição. "II n'y a", escreve ainda Rous-

seau, "ni ne peut y avoir nulle espèce de loi fondamentale obrigatoire pour le corps du peuple, pas même le contrat

gia democrática. Do mito inicial da li berdade e da igualdade dos homens, é possível deduzir lògicamcnte o mito d i soberania do povo e da vontade geral, ao qual se prende o princípio majori tário. Estabelecidos os fundamentos do

social" (6). A lei não nascerá mais da

novo regime, assentadas as suas premis

tradição, do costume, da autoridade, d i

sas teóricas, como rcalizíí-Io pràlicamcntc? Como fazer para que se exerça a

justiça e da razão, mas da liberdade e

do direito ilimitado que tem o homem "a tudo o que êle tenta e pode alcançar".

soberania do povo c sc manifeste a von

E como também não há mais nenhu

O go\ôrno direto do povo pelo próprio povo inclui uma impossibilidade mani festa, pois como observa René

ma ordem ontológica preexistindo à liberdade e regulando o seu

exercício, a liberdade só po derá ser limitada ou por si mesma, pelo interesse do pró prio sujeito, ou pela força, isto

tade geral?

I t

DiGESTO ECONÓ^^CO

poder a qualquer representante do povo significa uma rc.strição ao exercício dn sua soberania.

Levado às suas últimas

presentativa inaugura, portanto, um novo

critério para a aferição do justo e do verdadeiro. Até então, o critério da ver

conseqüências, o pensamento democrá tico, que não passa da rcfração do ra-

ou na impossibilidade desta, o da auto

cionalismo no campo da filosofia polí

ridade. O racionalismo da Enciclopédia

tica, conduz inevitavelmente ou à anar

rompe, porém, com a subordinação tra dicional da liberdade à verdade, inver

quia ou à tirania, como veremos adiante. A reivindicação da autonomia absoluta

para o povo, fonte única da soberania o do poder, requer, pelo menos em tese, a possibilidade de exercer pràticamente essa soberania. Pòís, como escreve ain

da Rousseau, "toute loi que le peuple

Guénon, "il est contradicloiro d'admetre que Ics mênvís

en personne n'a pas ratifiée est nullc; CG n'est point une loi. Le peuple an-

hommes puisserit êtrc à Ia fois gouvernants et gouvemés, parco que, pour employer le langage aristotélicien, un mê

glaís pense être libre, il se trompe fort;

dade havia sido a evidência e, na falta

tendo os termos do problema e fazen do a verdade depender da liberdade. A pergunta que está na raiz da de mocracia é a pergunta de Pilatos ao povo de Jerusalém: "quid est veritas?". Se somos capazes de conhecer a verda de e se possuímos critérios que nos permitem

descobri-la e reconhecê-la,

por que a abandonaríamos à irrespon

il ne Tcst que durant rélection des membres du parlcment: sitôt qu'ils sont élus, il est esclavc, il nost rien" (8). Ora, como vencer não a impossibili dade metafísica mas a dificuldade prá

sabilidade e à violência dos pronuncia

même temps et sous le même

dicação da liberdade. Se, de

tica, como fazer para que o povo possa

rapport. II y a lá une rela-

exercer a sua soberania e governar-se a

acôrdo com a sociologia do

tion qui supposc nécessairement deux termes en présen-

si mesmo? Excluída, por impossível, a

a

Interpretando o pensamento do autor do "Contrato Social", Simone Weil, num artigo de surpreendente lucidez, in titulado "Note sur Ia supression générale

obra de Rousseau no contexto

oc: 11 ne pourrait y avoir do

histórico em que foi produ

governés s'il n'y avait aussl

compromisso, a democracia indireta, o regime representativo. Desse compro

des gouvernants" (7). No entanto, é

misso entre a ideologia e a realidade

Rousseau partia de duas evidências:uma, que a razão escolhe a justiça e

essa impossibilidade que Rousseau pre

surgem duas instituições: o princípio

que o crime tem por móvel a paixão;

tende resolver ao imaginar o regime re

majoritário o o sufrágio universal. Am bos procedem, em última análise, do

é, pela afirmação das outras liberdades contrárias.

A mola que anima e propul siona o pensamento democrá tico é, pois, a idéia, a reivin

conhecimento,

situarmos

zida, compreenderemos melhor o seu ca ráter polêmico, de instrumento de luta contra uma ordem social e política ba seada na tradição, na autoridade e nos

privilégios. Na ordem de urgências, porém, a reivindicação da liberdade deveria preceder a da igualdade, embora

me ôtre ne peut être "cn ,acte" et "en puissance" cn

presentativo. Sem dúvida, a soberania é inalienável e, por isso, a teoria da re

No "Contrato Social" encontramos

tos que constituem a essência da ideolo

outra, que a razão é a mesma em todos

os homens, enquanto as paixões variam. As opiniões dos homens, portanto, de verão coincidir no que contêm de justo c de racional e diferir no que incluem

da realidade, embora o ideal, em sua

losófico, o cerne do problema da de-' do injusto e dé irracional. "Só em fun

pureza, exigisse o govôrno direto do po\'0

mocracia.

pelo próprio povo.

perfeitamente definidos todos esses mi

des partis politiques" (10), observa que

uma capitulação da ideologia em face

criar uma nova ideologia, ou uma nova

ciência e da razão.

cer sobre a vontade do menor número?

dogma fundamental da soberania do povo, mas o primeiro nos permite tocar no que constitui, do ponto de vista fi

presentação significa um compromisso,

ambas figurassem juntas no lema da Revolução Francesa. O essencial era

mitologia política, que canalizasse o ím peto revolucionário da burguesia nas cente e o justificasse no plano da cons

democracia direta, resta a solução de

mentos majoritários? Como justificar a

tese de que a vontade da maioria, ape nas por ser a da maioria, deve prevale

O dogma da liberdade c da igual dade exclui, em princípio, qualquer transferência ou delegação do poder. E a democracia autêntica seria aquela na

qual o povo mesmo, sem intermediários, faria as suas leis, as aprovaria e poria

em execução.

Qualquer outorga de

Seria assunto para um estudo especial, o exame das relações entre a democracia e a teoria do conhecimento. Limite-

mo-nos agora a observar que, como o

ção de um raciocínio semelhante — es

creve Simone Weil — é possível admitir que o consenso universal exprima a verdade" (11).

reconhece o próprio Hans Kelscn, "o

A verdade, bem como a justiça, é vuna só, ao passo que cada homem sus

postulado do princípio majoritário é o da equivalência das opiniões dos diver

Poderiam, assim, os homens concordar

sos indivíduos" (9). A democracia re

em relação ao justo e ao verdadeiro e.

cita novas formas de êrro e de injustiça.


Dicesto EcoNÓAnco

11

Digesto EcONÓ^^co

10

progresso necessário e indefinido, ao in-

como a união cria a fôrça, talvez fôsse

soberania.

possível dêsse modo fazer a justiça e a

resultar do pronunciamento unânime do

verdade prevalecerem sôbre o êrro e a injustiça. A democracia, por meio do

povo, mas como essa unanimidade é pra ticamente impossível, a teoria se resigna

princípio majoritário e do sufrágio uni

a fazer da vontade da maioria, da me

versal, deveria assegurar e promover esse predomínio. Pois uma injustiça, mes mo endossada pela vontade da maioria do povo, não seria menos injusta do que

tade mais um, a fonte do dircilo e da

a injustiça de um só homem. Rousseau acreditava, como ainda observa Simone

Weil, que "uma vontade comum a todo

a qual, por sua vez, postula o relativísmo metafísico. A democracia é, por tanto, a expressão política do racionalismo. O que está na sua raiz não é o

êle o único motivo de preferir a vonta

peitoso dos outros como de si mesmo —

de do povo a uma vontade particular"'

na expressão de Bergson — inserindo-se em obrigações que considera absolutas, e

Ora, para que a "vontade geral", as

pensável, em primeiro lugar, que, no ato de tomar consciência de si mesma e

exprimir-se, nenhuma paixão coletiva a

que culminou na filosofia positivista de Augusto Comte, bem como às reivindi cações sociais e políticas da burguesia.

como vimos, a equivalência das opiniões,

ciências antropológicas o revelam c ex

sim entendida, pudesse manifestar-se li vremente, ém sua pureza, seria indis

nalismo anti-religioso e anti-metafísico

justiça. O princípio majoritário implica,

um povo é de fato conforme à justiça, pela neutralização e pela compensação das pakões particulares. Êsse era para (12).

diistrialismo, ao "objctivismo" científi co, ao culto da "c.xpcriência", ao racio-

Em tese, as leis deveriam

homem real tal como a história e as

plicam, mas um homem hipotético, "res

coincidindo tão bem com êsse abso

luto que não se pode mais dizer se é o dever que confere o direito ou o di reito que impõe o dever" (14). Êsse

homem ideal, legislador e súdito ao mesmo tempo, é o "cidadão", unidade ou átomo que, somado aos outros áto

perturbasse e, em segundo, que o objeto do seu pronunciamento não fossem ape nas pessoas ou coletividades irrespon

mos, irá constituir o "povo", deposi

sáveis, mas os problemas da nação. "O

dãos têm, por hipótese, os mesmos direi

tário da soberania.

E como os cida

4:

que nasceram os mo\imcntos que se pro-" punham destruí-las. Veremos, na ter

ceira parte dôste trabalho, as razões liistóricas que explicam a crise da demo cracia o quais as perspectivas que se

O problema que a democracia se pro punha resolver era o da organização da

abrem" para êsse regime, no mundo e em nosso país.' Digamos, porém, desde já, que, em relação à experiência na cional e ao pleito de 3 de outubro de

sociedade humana em função apenas da liberdade, e de uma liberdade eman

sustentam a tese de que o pleito assina

1950, a razão está com aquéles que

cipada da tradição, da autoridade o da

lou uma vitória da democracia, porque,

própria verdade, e diluída no subjetivisjno individualista. Ignorando a natu reza humana, e as condições reais em

embora os eleitos não tenham sido os

que se desenvolve a dialética da liberdade — que, desvinculada de qualquer instância ontclógica que a regule e pre serve, se corrompe em arbítrio ou em

puro capricho - a democracia criou tôdas as condições que deveriam condu zir as sociedades humanas a essa osci lação permanente entre a anarquia e

tirania. Pois o paradoxo da liberdade

melhores, o povo votou li\Temente e livremente e.xerceu o seu direito de es

colha. Pois, como acabamos de ver, e como ensina Hans Kelsen, "a idéia da

liberdade é o princípio fundamental da democracia" (15). A eleição dos melhores, dos mais

aptos, dos mais capazes, nunca foi o objetivo, a razão de ser da democracia, que é, por definição, o regime das maio rias e, portanto, da incompetência e da

da própria liberdade. Desfeita a unidade

mediocridade. Se o regime se propu-" sesse levar ao poder os melhores e os mais capazes, escolliendo-os segundo o critério do valor e da competência, dei

espiritual e moral que assegurava a coe

xaria de ser democrático e se tornaria

são da vida humana em sociedade, como

uma aristocracia .eletiva.

que rompeu sua subordinação à ver dade é o de que, em seu nome, é pos sível defender e preconizar a supressão

Os melhores

simples enunciado dessas duas condições — conclui Simone Weil — mostra que jamais conhecemos nada que se pareça

tos, inclusive o de defender livremente

organizá-la em função apenas de uma

qualquer opinião, e, como todas as opi niões têm o mesmo valor porque a

liberdade que se tomou inútil e absurda

serem os seus nomes consagrados nas

desde que a vida humana perdeu o

umas, nem dependem do aplauso das

mesmo de longe com uma democracia"

verdade se tornou incognoscívcl, para

sentido?

(13). Enquanto arquétipo platônico, e em função das exigências da sua lógi ca interior, a democracia sempre foi

conseguir um mínimo de entendimento,

apenas, como único recurso, a contagem

multidões para serem o que são. De acordo com a lógica do sistema, a democracia se realiza desde que seja

e sempre será inexequível. O que cha

mecânica das opiniões equivalentes, se

mamos de democracia não é a teoria

gundo o critério da maioria relativa ou

tal como se acha formulada no "Contra to Social", por exemplo, mas o que re sulta do compromisso, da transigência da teoria com a realidade.

absoluta.

Porque não basta sustentar a tese da

necessário à aprovação das leis, resta

A democracia tem, pois, um caráter puramente formal, de mecanismo neutro

e indiferente, destinado apenas a permi tir a livre manifestação das diferentes

soberania do povo. É indispensável en

opiniões. Se a inserirmos em seu com

contrar os meios, os processos, que tor

plexo cultural e histórico, veremos que

nem possível ao povo o exercício dessa

a democracia está ligada ao dogma do iS" SVtMSll

Piá uma religião democrática, ou an

tes uma idolatria democrática, porque

não se tomam melhores pelo fato de

a democracia converteu o relativo em absoluto e fêz da liberdade um ídolo,

assegurada ao eleitorado a liberdade de

esquecendo-se de que, convertida em seu próprio fim e desligada da verdade e da

escolher e votar. Outro problema seria o de examinar, à luz da sociologia do conhecimento, a que se reduz, na reali

justiça, a liberdade conduz inevitàvel-

dade, essa liberdade do eleitor. Disse

mente à desordem ou à opressão. A ex

mos que há uma crise também da pala vra democracia porque não sabemos

periência histórica ilustra e confirma essa dialética da liberdade, mostrando-nos

que foi do seio das democracias liberais

mais o que significa e porque exigimos do regime a que alude o que deveria-


Dicesto EcoNÓAnco

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Digesto EcONÓ^^co

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progresso necessário e indefinido, ao in-

como a união cria a fôrça, talvez fôsse

soberania.

possível dêsse modo fazer a justiça e a

resultar do pronunciamento unânime do

verdade prevalecerem sôbre o êrro e a injustiça. A democracia, por meio do

povo, mas como essa unanimidade é pra ticamente impossível, a teoria se resigna

princípio majoritário e do sufrágio uni

a fazer da vontade da maioria, da me

versal, deveria assegurar e promover esse predomínio. Pois uma injustiça, mes mo endossada pela vontade da maioria do povo, não seria menos injusta do que

tade mais um, a fonte do dircilo e da

a injustiça de um só homem. Rousseau acreditava, como ainda observa Simone

Weil, que "uma vontade comum a todo

a qual, por sua vez, postula o relativísmo metafísico. A democracia é, por tanto, a expressão política do racionalismo. O que está na sua raiz não é o

êle o único motivo de preferir a vonta

peitoso dos outros como de si mesmo —

de do povo a uma vontade particular"'

na expressão de Bergson — inserindo-se em obrigações que considera absolutas, e

Ora, para que a "vontade geral", as

pensável, em primeiro lugar, que, no ato de tomar consciência de si mesma e

exprimir-se, nenhuma paixão coletiva a

que culminou na filosofia positivista de Augusto Comte, bem como às reivindi cações sociais e políticas da burguesia.

como vimos, a equivalência das opiniões,

ciências antropológicas o revelam c ex

sim entendida, pudesse manifestar-se li vremente, ém sua pureza, seria indis

nalismo anti-religioso e anti-metafísico

justiça. O princípio majoritário implica,

um povo é de fato conforme à justiça, pela neutralização e pela compensação das pakões particulares. Êsse era para (12).

diistrialismo, ao "objctivismo" científi co, ao culto da "c.xpcriência", ao racio-

Em tese, as leis deveriam

homem real tal como a história e as

plicam, mas um homem hipotético, "res

coincidindo tão bem com êsse abso

luto que não se pode mais dizer se é o dever que confere o direito ou o di reito que impõe o dever" (14). Êsse

homem ideal, legislador e súdito ao mesmo tempo, é o "cidadão", unidade ou átomo que, somado aos outros áto

perturbasse e, em segundo, que o objeto do seu pronunciamento não fossem ape nas pessoas ou coletividades irrespon

mos, irá constituir o "povo", deposi

sáveis, mas os problemas da nação. "O

dãos têm, por hipótese, os mesmos direi

tário da soberania.

E como os cida

4:

que nasceram os mo\imcntos que se pro-" punham destruí-las. Veremos, na ter

ceira parte dôste trabalho, as razões liistóricas que explicam a crise da demo cracia o quais as perspectivas que se

O problema que a democracia se pro punha resolver era o da organização da

abrem" para êsse regime, no mundo e em nosso país.' Digamos, porém, desde já, que, em relação à experiência na cional e ao pleito de 3 de outubro de

sociedade humana em função apenas da liberdade, e de uma liberdade eman

sustentam a tese de que o pleito assina

1950, a razão está com aquéles que

cipada da tradição, da autoridade o da

lou uma vitória da democracia, porque,

própria verdade, e diluída no subjetivisjno individualista. Ignorando a natu reza humana, e as condições reais em

embora os eleitos não tenham sido os

que se desenvolve a dialética da liberdade — que, desvinculada de qualquer instância ontclógica que a regule e pre serve, se corrompe em arbítrio ou em

puro capricho - a democracia criou tôdas as condições que deveriam condu zir as sociedades humanas a essa osci lação permanente entre a anarquia e

tirania. Pois o paradoxo da liberdade

melhores, o povo votou li\Temente e livremente e.xerceu o seu direito de es

colha. Pois, como acabamos de ver, e como ensina Hans Kelsen, "a idéia da

liberdade é o princípio fundamental da democracia" (15). A eleição dos melhores, dos mais

aptos, dos mais capazes, nunca foi o objetivo, a razão de ser da democracia, que é, por definição, o regime das maio rias e, portanto, da incompetência e da

da própria liberdade. Desfeita a unidade

mediocridade. Se o regime se propu-" sesse levar ao poder os melhores e os mais capazes, escolliendo-os segundo o critério do valor e da competência, dei

espiritual e moral que assegurava a coe

xaria de ser democrático e se tornaria

são da vida humana em sociedade, como

uma aristocracia .eletiva.

que rompeu sua subordinação à ver dade é o de que, em seu nome, é pos sível defender e preconizar a supressão

Os melhores

simples enunciado dessas duas condições — conclui Simone Weil — mostra que jamais conhecemos nada que se pareça

tos, inclusive o de defender livremente

organizá-la em função apenas de uma

qualquer opinião, e, como todas as opi niões têm o mesmo valor porque a

liberdade que se tomou inútil e absurda

serem os seus nomes consagrados nas

desde que a vida humana perdeu o

umas, nem dependem do aplauso das

mesmo de longe com uma democracia"

verdade se tornou incognoscívcl, para

sentido?

(13). Enquanto arquétipo platônico, e em função das exigências da sua lógi ca interior, a democracia sempre foi

conseguir um mínimo de entendimento,

apenas, como único recurso, a contagem

multidões para serem o que são. De acordo com a lógica do sistema, a democracia se realiza desde que seja

e sempre será inexequível. O que cha

mecânica das opiniões equivalentes, se

mamos de democracia não é a teoria

gundo o critério da maioria relativa ou

tal como se acha formulada no "Contra to Social", por exemplo, mas o que re sulta do compromisso, da transigência da teoria com a realidade.

absoluta.

Porque não basta sustentar a tese da

necessário à aprovação das leis, resta

A democracia tem, pois, um caráter puramente formal, de mecanismo neutro

e indiferente, destinado apenas a permi tir a livre manifestação das diferentes

soberania do povo. É indispensável en

opiniões. Se a inserirmos em seu com

contrar os meios, os processos, que tor

plexo cultural e histórico, veremos que

nem possível ao povo o exercício dessa

a democracia está ligada ao dogma do iS" SVtMSll

Piá uma religião democrática, ou an

tes uma idolatria democrática, porque

não se tomam melhores pelo fato de

a democracia converteu o relativo em absoluto e fêz da liberdade um ídolo,

assegurada ao eleitorado a liberdade de

esquecendo-se de que, convertida em seu próprio fim e desligada da verdade e da

escolher e votar. Outro problema seria o de examinar, à luz da sociologia do conhecimento, a que se reduz, na reali

justiça, a liberdade conduz inevitàvel-

dade, essa liberdade do eleitor. Disse

mente à desordem ou à opressão. A ex

mos que há uma crise também da pala vra democracia porque não sabemos

periência histórica ilustra e confirma essa dialética da liberdade, mostrando-nos

que foi do seio das democracias liberais

mais o que significa e porque exigimos do regime a que alude o que deveria-


11^

A

Digesto Econónuco

Dicesto EcoNÓAnco

12

mos exigir de outro, isto é, da aristocra cia eletiva.

Nesse sentido escreve um

moço brasileiro, Jorge de Serpa Filho: "Acontece que a elite é algo que não se concilia ou que pclò menos até agora não se conciliou com o regime democrá tico. O espetáculo que se nos depara em todas as partes do mundo é o do

zendo e a realidade há alguma rela

vade o desejo de renunciar definitiva

ção, alguma correspondência. Ora, a vigência desse lugar-comum não teria maior importância se não fosse o sintoma do um mal imiito mais gra\'0,

mente à cultura, tal como a concebemos, de acordo com os moldes europeus, e de

que é o do "marginalismo" da inteligên

fim de coincidir com suas formas de Na

nos afundarmos no "interior" do País, isto

é, no que o País teria de mais íntimo, a

da primitivas e espontâneas; ora nos in

cia brasileira e o da total ínconsciência

vade o desejo contrário, isto é, de re

das nossas elites em relação à realidade

nunciar ao País, que não é uma fonte

13

da imensa maioria do nosso povo proble mas de simples sobrevivência — habita ção, alimentação, vestuário, transporte, liigiene, ensino primário etc. — assumem as questões pròpriamente culturais, re

lativas ao "saber culto", na expressão de Max Scheler, um aspecto de jôgo incon seqüente, de divertimento fútil, de dis tração inocente a que se entregam os que nada de mais sério têm a fazer. Porque estamos em luta com um meio

que quando os valores espirituais são

histórica e sociológica da Nação. Es

submetidos à votação, ao jogo puro da

capa ao plano deste trabalho tentar a

cie cultura e que nada nos oferece co

quantidade, aniquilam-se.

descrição e a explicação dêsso fenôme no, já denunciado por numerosos dos

para o Velho Mundo, a fim de ir ao en

ainda não dominado e submetido ao

contro das próprias matrizes da cultura

homem, ainda não "humanizado", valo

nossos ensaístas. Queremos salientar, no

em cujas formas modelamos o nosso

rizamos, em função do critério da efi

teligência que nos leva ao conhecimento

São derro

tados e %'encidos pela anti-cultura, isto é, pela propaganda" (16).

mo alimento para o espírito, e emigrar

Como conciliar, portanto, o sufrágio

entanto, que o problema político nacio

universal com a necessidade de conduzir

nal não poderá ser colocado nem resol

aos postos de governo não os medíocres

espírito. Não conseguimos ainda conciliar, em

vido enquanto não comprcendcnnos que é apenas um aspecto do problema da própria "cultura" brasileira.

nós mesmos, no íntimo da consciência, a nossa situação existencial de brasileiros com as exigências do es

e os incompetentes, mas os melhores c

os mais capazes? Como evitar que a democracia se corrompa em demagogia

e em plutocracia e crie as condições que tomam inevitável a ditadura? Êsse é o

problema de que nos ocuparemos ao concluir este trabalho. Antes de enfren

tá-lo, porém, examinaremos o problema da democracia não mais em si mesmo, mas à luz da nossa realidade histórica e sociológica. ^

^

^

e ao controle do mundo exterior e da

natureza. Pois sentimos que a técni

O malôíiro de muitas das nossas e.x-

pírito, que só poderiam

ca poderia criar, na selva americana, um espaço

periências políticas tem a mesma raiz o a mesma explicação que o malogro de

ser plenamente satisfei

humano dentro do qual

tas num "contê.xto" cul

nos moveríamos com mais

certas iniciativas culturai.s e aventuras

tural semelhante ou equi

desembaraço e segurança. E a piedosa comiseração com que olhamos para os

do espírito que se revelaram com o

valente ao europeu. Há um drama do espírito no Brasil, que explica o "marginalismo" das suas elites, e a nossa incapaci dade de criar instâncias do consciência e de cultura que funcio

tempo artificiais o inautênticas. Pois o nosso comportamento, isto é, a conduta

dos homens que constituem a elite do País, não é outro no plano político do qiiQ no plano cultural. Participamos si multaneamente da vida de dois mundos.

É freqüente encontrarmos, nos 'edito-

O primeiro, que é o nosso e que repre senta a "circunstância" dentro da qual

riais de imprensa, nos discursos políticos

so desenrola a nossa existência concreta;

e mesmo em orações solenes, alusões e

o segundo, aquele para o qual está .sem

referências às nossas tradições democrá

pre voltada a nossa consciência, o mun

ticas e liberais. Sempre nos surpreendeu

do da cultura, criado principalmente pe

a desenvoltura com que se faziam se

los europeus.

melhantes afirmações, pois, pelo que nos

Para satisfazer à curiosidade do nosso

fora dado aprender a respeito de nosso

espírito, que conseguiu despertar, mau grado a sonolencia e o torpor do trópico,

passado e de nossa história política, nada poderia autorizá-las e justificá-las. Es

cácia 6 da utilidade, aquele uso da in

importamos c procuramos assimilar a

tamos, sem dúvida, diante de mais uma

cultura estrangeira.

frase feita, uma dessas fórmulas prontas,

na estrutura do nosso ser, um conflito e

Instalamos assim,

que os levianos empregam e repetem co mo papagaios, sem se darem ao traba lho de verificar se entre o que estão di-

uma ruptura, que explicam o duplo mo vimento, a dupla solicitação a que cons tantemente nos entregamos. Ora nos in-

nem em conexão com o ambiente, em

correspondência com a alma do País. A

nossos "poetas" e "filó

sofos", só é comparável à devoção e ao respeito que tributamos aos espe cialistas e técnicos.

O homem brasileiro, e talvez o sularnericano de um modo geral, ao con

Quando a cultura existe, como acon

trário do europeu, apresenta essa capa

tece na Europa, cultivar-se não é ler

cidade de viver simultaneamente em

museus, mas conversar com as pessoas,

dois planos diversos que, embora não se conciliem um com o outro, nem por

andar pelas ruas, viver simplesmente. Nos países como o nosso, em que o es

isso despertam na consciência o senti mento da culpa, tornando-a uma "má

pirito ainda não emergiu, não se liber

consciência". O brasileiro culto confun

apenas nem visitar periòdicamente os

tou da "terra", a cultura assume inevitàvelmente êsse caráter inautêntico e ar

de facilmente a imagem do que gosta ria de ser, diríamos hoje o seu "projeto

tificial, de coisa estranha, importada e adventícia, superposta a um fundo de torpor, de ínconsciência e de sono ve

existencial", com a realidade do que de fato é. E, em lugar de empenhar-se na

getal. Por serem também os problemas

praz na contemplação do ideal que não

promoção do seu ser autêntico, se com


11^

A

Digesto Econónuco

Dicesto EcoNÓAnco

12

mos exigir de outro, isto é, da aristocra cia eletiva.

Nesse sentido escreve um

moço brasileiro, Jorge de Serpa Filho: "Acontece que a elite é algo que não se concilia ou que pclò menos até agora não se conciliou com o regime democrá tico. O espetáculo que se nos depara em todas as partes do mundo é o do

zendo e a realidade há alguma rela

vade o desejo de renunciar definitiva

ção, alguma correspondência. Ora, a vigência desse lugar-comum não teria maior importância se não fosse o sintoma do um mal imiito mais gra\'0,

mente à cultura, tal como a concebemos, de acordo com os moldes europeus, e de

que é o do "marginalismo" da inteligên

fim de coincidir com suas formas de Na

nos afundarmos no "interior" do País, isto

é, no que o País teria de mais íntimo, a

da primitivas e espontâneas; ora nos in

cia brasileira e o da total ínconsciência

vade o desejo contrário, isto é, de re

das nossas elites em relação à realidade

nunciar ao País, que não é uma fonte

13

da imensa maioria do nosso povo proble mas de simples sobrevivência — habita ção, alimentação, vestuário, transporte, liigiene, ensino primário etc. — assumem as questões pròpriamente culturais, re

lativas ao "saber culto", na expressão de Max Scheler, um aspecto de jôgo incon seqüente, de divertimento fútil, de dis tração inocente a que se entregam os que nada de mais sério têm a fazer. Porque estamos em luta com um meio

que quando os valores espirituais são

histórica e sociológica da Nação. Es

submetidos à votação, ao jogo puro da

capa ao plano deste trabalho tentar a

cie cultura e que nada nos oferece co

quantidade, aniquilam-se.

descrição e a explicação dêsso fenôme no, já denunciado por numerosos dos

para o Velho Mundo, a fim de ir ao en

ainda não dominado e submetido ao

contro das próprias matrizes da cultura

homem, ainda não "humanizado", valo

nossos ensaístas. Queremos salientar, no

em cujas formas modelamos o nosso

rizamos, em função do critério da efi

teligência que nos leva ao conhecimento

São derro

tados e %'encidos pela anti-cultura, isto é, pela propaganda" (16).

mo alimento para o espírito, e emigrar

Como conciliar, portanto, o sufrágio

entanto, que o problema político nacio

universal com a necessidade de conduzir

nal não poderá ser colocado nem resol

aos postos de governo não os medíocres

espírito. Não conseguimos ainda conciliar, em

vido enquanto não comprcendcnnos que é apenas um aspecto do problema da própria "cultura" brasileira.

nós mesmos, no íntimo da consciência, a nossa situação existencial de brasileiros com as exigências do es

e os incompetentes, mas os melhores c

os mais capazes? Como evitar que a democracia se corrompa em demagogia

e em plutocracia e crie as condições que tomam inevitável a ditadura? Êsse é o

problema de que nos ocuparemos ao concluir este trabalho. Antes de enfren

tá-lo, porém, examinaremos o problema da democracia não mais em si mesmo, mas à luz da nossa realidade histórica e sociológica. ^

^

^

e ao controle do mundo exterior e da

natureza. Pois sentimos que a técni

O malôíiro de muitas das nossas e.x-

pírito, que só poderiam

ca poderia criar, na selva americana, um espaço

periências políticas tem a mesma raiz o a mesma explicação que o malogro de

ser plenamente satisfei

humano dentro do qual

tas num "contê.xto" cul

nos moveríamos com mais

certas iniciativas culturai.s e aventuras

tural semelhante ou equi

desembaraço e segurança. E a piedosa comiseração com que olhamos para os

do espírito que se revelaram com o

valente ao europeu. Há um drama do espírito no Brasil, que explica o "marginalismo" das suas elites, e a nossa incapaci dade de criar instâncias do consciência e de cultura que funcio

tempo artificiais o inautênticas. Pois o nosso comportamento, isto é, a conduta

dos homens que constituem a elite do País, não é outro no plano político do qiiQ no plano cultural. Participamos si multaneamente da vida de dois mundos.

É freqüente encontrarmos, nos 'edito-

O primeiro, que é o nosso e que repre senta a "circunstância" dentro da qual

riais de imprensa, nos discursos políticos

so desenrola a nossa existência concreta;

e mesmo em orações solenes, alusões e

o segundo, aquele para o qual está .sem

referências às nossas tradições democrá

pre voltada a nossa consciência, o mun

ticas e liberais. Sempre nos surpreendeu

do da cultura, criado principalmente pe

a desenvoltura com que se faziam se

los europeus.

melhantes afirmações, pois, pelo que nos

Para satisfazer à curiosidade do nosso

fora dado aprender a respeito de nosso

espírito, que conseguiu despertar, mau grado a sonolencia e o torpor do trópico,

passado e de nossa história política, nada poderia autorizá-las e justificá-las. Es

cácia 6 da utilidade, aquele uso da in

importamos c procuramos assimilar a

tamos, sem dúvida, diante de mais uma

cultura estrangeira.

frase feita, uma dessas fórmulas prontas,

na estrutura do nosso ser, um conflito e

Instalamos assim,

que os levianos empregam e repetem co mo papagaios, sem se darem ao traba lho de verificar se entre o que estão di-

uma ruptura, que explicam o duplo mo vimento, a dupla solicitação a que cons tantemente nos entregamos. Ora nos in-

nem em conexão com o ambiente, em

correspondência com a alma do País. A

nossos "poetas" e "filó

sofos", só é comparável à devoção e ao respeito que tributamos aos espe cialistas e técnicos.

O homem brasileiro, e talvez o sularnericano de um modo geral, ao con

Quando a cultura existe, como acon

trário do europeu, apresenta essa capa

tece na Europa, cultivar-se não é ler

cidade de viver simultaneamente em

museus, mas conversar com as pessoas,

dois planos diversos que, embora não se conciliem um com o outro, nem por

andar pelas ruas, viver simplesmente. Nos países como o nosso, em que o es

isso despertam na consciência o senti mento da culpa, tornando-a uma "má

pirito ainda não emergiu, não se liber

consciência". O brasileiro culto confun

apenas nem visitar periòdicamente os

tou da "terra", a cultura assume inevitàvelmente êsse caráter inautêntico e ar

de facilmente a imagem do que gosta ria de ser, diríamos hoje o seu "projeto

tificial, de coisa estranha, importada e adventícia, superposta a um fundo de torpor, de ínconsciência e de sono ve

existencial", com a realidade do que de fato é. E, em lugar de empenhar-se na

getal. Por serem também os problemas

praz na contemplação do ideal que não

promoção do seu ser autêntico, se com


. -

Digesto ECONÓ^UCO

14

coisas do que os símbolos que as de\eríam representar?

consegue encarnar e converter em vida. A exagerada importância que atribuímos aos "cargos", por exemplo, se explica porque a posse de um cargo nos dá a

"marginalísmo" político das elites brasi

ilusão de que a importância que passa

leiras à luz dessa peculiar estrutura

Procuremos, pois, compreender

o

. l'.íi.iipiiiHVWi 15

Dicesto EcoNÓKnco

estivéssemos "tamando cada vez mais um

1'aristocratie aux états médiocres en ri-

povo de inconscientes e de irresponsá

chesse ainsi qu'en grandeur; Ia démocra-

veis. Porque ignorar a história do seu

tie aux états petits et pauwes" (17). O problema dos nossos políticos o constítucionalistas não era o da organização

país é'como ignorar o nome dos pró prios pais. E suprimir a memória, que

mos a ter vem de nós mesmos e não

psicológica, modelada pelas circunstân

da situação que estamos ocupando ou das funções que estamos exercendo.

é a consciência ,do passado, é suprimir também a possibilidade do ideal e %àver,

de um regime em consonância com a rea

cultura. E não fosse êsse "bovarysino" congênito do nosso espírito, c só a má

em regime de inconsciência, apenas o

inserção dessa realidade em esquemas e

fé, a leviandade ou a total ignorância em

momento que passa.

quadros jurídicos modelados segundo a experiência e o exemplo dos povos es

Essa confusão entre o "ser" e o "pa recer" nos dispensa do esforço a que ficaríamos obrigados se nos dispusésse mos a realizar o nosso ser. Deixamos, pois, que a nossa existência concreta

transcorra no plano da irresponsabili dade, da incoerência, do capricho, por

cias que constituem o complexo da nossa

relação ao nosso passado e <à nossa his

tória, poderiam explicar a teimosia com

sário reagir contra o "marginalísmo" c

trangeiros.

que insistimos em falar em nossas "tra

o "bovarysmo" das elites brasileiras, afir

oriundos da experiência — escreve Oli veira Vianna — jamais tiveram qual quer significação para os nossos homens políticos e para os nossos constitucionalistas. Uma mesma experiência que ma logre, é renovada indefinidamente, des de que seja considerada liberal e demo

dições democráticas e liberais". Ao "bo-

que a constante presença do ideal, como

varysmo" deveríamos acrescentar, aliás, um traço que não o exclui porque o

a persistência da imagem na retina, nos dá a ilusão de que a nossa vida verda

cia punctiforrhe, desvinculada do tempo

deira não é a que realmente vivemos, mas a outra, indicada pelo ideal. Instalamo-nos, assim, diretamente na "trans cendência", como se pudéssemos fazer

abstração do seu suporte, que é precisa mente o plano da "imanência".

E de tal maneira nos acumpliciamos com êsse desdobramento, que estranha mos e repelimos com violência qualquer

completa, o da predileção pela existên

mando a necessidade e a urgência de

tomarmos uma clara consciência do que realmente somos e poderemos ser. Sem

pre nos impressionou essa capacidade, especialmente dos nossos jurisfas, de vi

quanto à tradição, i\ história, e despreo

ver fora do País, como se o País não existisse ou fosse outro, a França, a In

cupada e indiferente em relação ao fu turo. Se a tradição não existe, isto é, se

posteriores a Silvio Romero, Alberto

em sua fluência criadora, inconsciente

o passado não representa um conteúdo

vivo em nossa consciência, por que não o reinventarmos ao sabor dos nossos de

sejos e das nossas preferências? Não temos tradições liberais nem de

mocráticas, mas gostaríamos de tê-las

denúncia da inautenticidade da nossa si

6, como vivemos no ideal confundindo-o

tuação. Não somos, por exemplo, nem intelectuais nem escritores, porque não

com a realidade, falamos e agimos como se de fato tivéssemos essas tradições. Na

nos queremos dar ao trabalho de re

melhor das hipóteses, e admitindo que

fletir e de escrever, no entanto, nos com

a República tivesse instaurado a demo

portamos como se fôssemos uma coisa e

cracia, teríamos quatrocentos anos de ^ tradições feudais e aristocráticas e ape

outra e esperamos que nos dispensem um tratamento correspondente a essa

Mais do que nunca parece-nos neces

lidade nacional, mas, ao contrário, o da

"Os dados ou revelações

crática" (18).

glaterra ou os Estados Unidos. Éramos

Do Descobrimento até a proclamação da Independência em 1822, duran

Torres, Euclydes da Cunha e Oliveira Vianna. E se a formação filosófica deve ria dar-nos o senso da totalidade e a compreensão de que não há problemas isolados, mais tarde as ciências sociais

te mais de trezentos anos, portanto, ha víamos sido não um país livre mas uma colônia de Portugal. No imenso territó-

deveriam mostrar-nos o absurdo de le

o povoamento se processaram não só de acordo com os interesses da Metró

gislar em abstrato, para um homem ideal e para uma nação ideal, sem levar em conta a realidade da estrutura psico lógica e dos comportamentos coletivos dos grupos humanos nacionais.

rio, que se desdobrava em milhares de

quilômetros quadrados, a colonização e

pole, mas também segundo as imposi ções do meio americano. Desde o pri meiro século, o Brasil apresenta, em li nhas gerais, a mesma estmtura. Um

Embora o direito escrito ou po

imenso espaço quase deserto, no qual

sitivo não se confunda com o direito

encontramos, como ilhas perdidas, os arrabaldes, as povoações, as vilas, as

exigência. Na Europa, os homens ocupam altos cargos e desempenham al

liberais e democráticas. Sustentamos, no

costumeiro ou consuetudinário, nem por isso ó possível legislar fazendo tabula

entanto, que nem mesmo a Primeira Re

raza de tudo o que há de próprio e de

fundamental que não deveríamos ja

tas funções por serem importantes e te

pública pode ser considerada uma de

característico no povo para o qual se

mais perder de vista: a imensidade terri

rem valor. Aqui, ao contrário, os ho

mocracia.

mens só. se tomam importantes na me

Consultemos, pois, nossos historiadores e sociólogos a fim de recordar aquilo que deveria estar presente no espírito de todos nós, e especialmente no dos polí ticos e no das novas gerações, se não nos

pretende legislar. Nossos constitucionalistas jamais se lembraram da lição de

torial e não só a escassez, a rarefação demográfica, mas a sua distribuição em nódulos distantes, em gânglios separa

dida em que ocupam êsses cargos e exercem essas funções.

Que quer isto

dizer senão que valorizamos menos a realidade do que a aparência, menos as

nas quarenta ou cinqüenta de tradições

Rousseau e nunca lhes ocorreu, como

ensina o autor de "Emile", "que toute forme de gouvemement nest pas pro-

pre à tout pays", pois, "Ia monarcliie ne convient dono qu'aux nations opulentes;

pequenas cidades. Êsse é o aspecto

dos e incomunicáveis.

Não só a política da Metrópole explica essa forma de colonização e povoamen to, mas também as ciicunstâncias locais


. -

Digesto ECONÓ^UCO

14

coisas do que os símbolos que as de\eríam representar?

consegue encarnar e converter em vida. A exagerada importância que atribuímos aos "cargos", por exemplo, se explica porque a posse de um cargo nos dá a

"marginalísmo" político das elites brasi

ilusão de que a importância que passa

leiras à luz dessa peculiar estrutura

Procuremos, pois, compreender

o

. l'.íi.iipiiiHVWi 15

Dicesto EcoNÓKnco

estivéssemos "tamando cada vez mais um

1'aristocratie aux états médiocres en ri-

povo de inconscientes e de irresponsá

chesse ainsi qu'en grandeur; Ia démocra-

veis. Porque ignorar a história do seu

tie aux états petits et pauwes" (17). O problema dos nossos políticos o constítucionalistas não era o da organização

país é'como ignorar o nome dos pró prios pais. E suprimir a memória, que

mos a ter vem de nós mesmos e não

psicológica, modelada pelas circunstân

da situação que estamos ocupando ou das funções que estamos exercendo.

é a consciência ,do passado, é suprimir também a possibilidade do ideal e %àver,

de um regime em consonância com a rea

cultura. E não fosse êsse "bovarysino" congênito do nosso espírito, c só a má

em regime de inconsciência, apenas o

inserção dessa realidade em esquemas e

fé, a leviandade ou a total ignorância em

momento que passa.

quadros jurídicos modelados segundo a experiência e o exemplo dos povos es

Essa confusão entre o "ser" e o "pa recer" nos dispensa do esforço a que ficaríamos obrigados se nos dispusésse mos a realizar o nosso ser. Deixamos, pois, que a nossa existência concreta

transcorra no plano da irresponsabili dade, da incoerência, do capricho, por

cias que constituem o complexo da nossa

relação ao nosso passado e <à nossa his

tória, poderiam explicar a teimosia com

sário reagir contra o "marginalísmo" c

trangeiros.

que insistimos em falar em nossas "tra

o "bovarysmo" das elites brasileiras, afir

oriundos da experiência — escreve Oli veira Vianna — jamais tiveram qual quer significação para os nossos homens políticos e para os nossos constitucionalistas. Uma mesma experiência que ma logre, é renovada indefinidamente, des de que seja considerada liberal e demo

dições democráticas e liberais". Ao "bo-

que a constante presença do ideal, como

varysmo" deveríamos acrescentar, aliás, um traço que não o exclui porque o

a persistência da imagem na retina, nos dá a ilusão de que a nossa vida verda

cia punctiforrhe, desvinculada do tempo

deira não é a que realmente vivemos, mas a outra, indicada pelo ideal. Instalamo-nos, assim, diretamente na "trans cendência", como se pudéssemos fazer

abstração do seu suporte, que é precisa mente o plano da "imanência".

E de tal maneira nos acumpliciamos com êsse desdobramento, que estranha mos e repelimos com violência qualquer

completa, o da predileção pela existên

mando a necessidade e a urgência de

tomarmos uma clara consciência do que realmente somos e poderemos ser. Sem

pre nos impressionou essa capacidade, especialmente dos nossos jurisfas, de vi

quanto à tradição, i\ história, e despreo

ver fora do País, como se o País não existisse ou fosse outro, a França, a In

cupada e indiferente em relação ao fu turo. Se a tradição não existe, isto é, se

posteriores a Silvio Romero, Alberto

em sua fluência criadora, inconsciente

o passado não representa um conteúdo

vivo em nossa consciência, por que não o reinventarmos ao sabor dos nossos de

sejos e das nossas preferências? Não temos tradições liberais nem de

mocráticas, mas gostaríamos de tê-las

denúncia da inautenticidade da nossa si

6, como vivemos no ideal confundindo-o

tuação. Não somos, por exemplo, nem intelectuais nem escritores, porque não

com a realidade, falamos e agimos como se de fato tivéssemos essas tradições. Na

nos queremos dar ao trabalho de re

melhor das hipóteses, e admitindo que

fletir e de escrever, no entanto, nos com

a República tivesse instaurado a demo

portamos como se fôssemos uma coisa e

cracia, teríamos quatrocentos anos de ^ tradições feudais e aristocráticas e ape

outra e esperamos que nos dispensem um tratamento correspondente a essa

Mais do que nunca parece-nos neces

lidade nacional, mas, ao contrário, o da

"Os dados ou revelações

crática" (18).

glaterra ou os Estados Unidos. Éramos

Do Descobrimento até a proclamação da Independência em 1822, duran

Torres, Euclydes da Cunha e Oliveira Vianna. E se a formação filosófica deve ria dar-nos o senso da totalidade e a compreensão de que não há problemas isolados, mais tarde as ciências sociais

te mais de trezentos anos, portanto, ha víamos sido não um país livre mas uma colônia de Portugal. No imenso territó-

deveriam mostrar-nos o absurdo de le

o povoamento se processaram não só de acordo com os interesses da Metró

gislar em abstrato, para um homem ideal e para uma nação ideal, sem levar em conta a realidade da estrutura psico lógica e dos comportamentos coletivos dos grupos humanos nacionais.

rio, que se desdobrava em milhares de

quilômetros quadrados, a colonização e

pole, mas também segundo as imposi ções do meio americano. Desde o pri meiro século, o Brasil apresenta, em li nhas gerais, a mesma estmtura. Um

Embora o direito escrito ou po

imenso espaço quase deserto, no qual

sitivo não se confunda com o direito

encontramos, como ilhas perdidas, os arrabaldes, as povoações, as vilas, as

exigência. Na Europa, os homens ocupam altos cargos e desempenham al

liberais e democráticas. Sustentamos, no

costumeiro ou consuetudinário, nem por isso ó possível legislar fazendo tabula

entanto, que nem mesmo a Primeira Re

raza de tudo o que há de próprio e de

fundamental que não deveríamos ja

tas funções por serem importantes e te

pública pode ser considerada uma de

característico no povo para o qual se

mais perder de vista: a imensidade terri

rem valor. Aqui, ao contrário, os ho

mocracia.

mens só. se tomam importantes na me

Consultemos, pois, nossos historiadores e sociólogos a fim de recordar aquilo que deveria estar presente no espírito de todos nós, e especialmente no dos polí ticos e no das novas gerações, se não nos

pretende legislar. Nossos constitucionalistas jamais se lembraram da lição de

torial e não só a escassez, a rarefação demográfica, mas a sua distribuição em nódulos distantes, em gânglios separa

dida em que ocupam êsses cargos e exercem essas funções.

Que quer isto

dizer senão que valorizamos menos a realidade do que a aparência, menos as

nas quarenta ou cinqüenta de tradições

Rousseau e nunca lhes ocorreu, como

ensina o autor de "Emile", "que toute forme de gouvemement nest pas pro-

pre à tout pays", pois, "Ia monarcliie ne convient dono qu'aux nations opulentes;

pequenas cidades. Êsse é o aspecto

dos e incomunicáveis.

Não só a política da Metrópole explica essa forma de colonização e povoamen to, mas também as ciicunstâncias locais


16

' Digesto Econômico

Digesto Econômico 17

e o ritmo com que os bandeirantes pe netravam

os sertões e semeavam

as

por sôbre a vida dos seus escravos e

agregados.

Cronistas da época, como

suas cidades. A concessão, por parte da

Júlio Bello, depõem sobre o temor c

Coroa, das sesmarias ou "datas de terra",

o religioso respeito que inspiravam esses pequenos monarcas, ciosos das suas prer rogativas e do prestígio da sua autorida

que correspondiam a muitas léguas qua dradas de chão, espalhava os colonos, separando as "estâncias", as fazendas, os engenhos, que ficavam assim a vários dias de viagem uns dos outros. "Basta notar que se tinha por lei — escreve

Oliveira Vianna — que guardar a dis tância mínima de mil e quinhentas bra ças de engenho a engenho, ou de "meia

légua", segundo prescrevia uma provi são régia de 1681. É claro que, dadas

as condições de transporte do tempo,

essa distância criava o isolamento da

população desses núcleos agrários" (19).

As pequenas povoações e vilarejos,

que, aliás, raramente vingavam, não

eram fundados espontaneamente pelo povo em suas migrações pelo interior, mas

pela iniciativa oficial das autoridades da Metrópole. Nessas pequenas cidades, que os viajantes estrangeiros encontra

breza dos.|'homens bons", entre os quais sao escolhidos os que devem ocupar os postos da administração e do governo.

poder central os temia, não ousando en

Assentando no trabalho servil, a estru tura econômica do período colonial era

criminosos e bandidos que porventura

latifundiária, aristocrática e patriarcal,

Essa estrutura também se explica pela

g rando instituições e costumes políti cos que nada apresentam do liberal o de democrálico. Os clSs feudais são domínios inexpugnáveis, cuja vida Gra vita em tômo do senhor onipotente, o cuja força se desdobra e amplia pela in corporação do clã parental e, mais tarde, do cia eleitoral. Criados espontaneamen te, pelas condições peculiares em que se

necessidade constante de enfrentar os

processou a nossa colonização, encontra

ataques dos índios, do quilômbola, do

mos certos tipos sociais tais como o "co

"açoitassem".

Separados uns dos outros por muitas léguas de distância, os

domínios ru

rais apresentavam, do ponto de vista

da organização social e política, um ca ráter nitidamente aristocrático e feudal, e, do ponto de vista econômico, um sen tido de autarquia e de auto-suficiência.

; . t

invasor estrangeiro c dos próprios se

ronel", o "afilhado", o "capanga", e

nhores feudais, em luta constante uns

instituições como o "fílhotismo", o "com-

com os outros. Configuravam-se esses

padrismo" etc., que nada têm de de mocráticos mas que constituem a nossa

ao tempo das bandeiras, nessas aldeias

, tivos do ambiente e à necessidade de

res da terra nem o grosso da população

como também o poder político, pois constituem a aristocracia do País, a no

frentá-los nem prender, por exemplo, os

núcleos da vida brasileira, durante a

ção local, não residiam nem os senho

co, porque são os produtores da riqueza,

de. Era tão grande a sua fôrça que o

vam às vezes desertas, como Piratininga que eram apenas a sede da administra

País. Não só detêm o poder econômi

Colônia, em obediência aos imperasobrevivência. Eram sociedades natu

rais, constituídas sob a pressão do pe rigo, da ameaça permanente, estrutura

realidade e a nossa tradição política. Quanto à formação do poder político, o povo, durante a Colônia, não interfe ria nem sequer na constituição do poder

municipal. O govérnc municipal, para

ponto de vista econômico. O domínio

nos exércitos armados, a enfrentar não

rural, sede da produção do açúcar, do café e da criação do gado, era o centro

só o selvícola amotinado mas o flibusteiro holandês e normando e também os

não falar naturalmente nas províncias governadas por autoridades diretamen te nomeadas pela Corte, as "Câmaras" eram órgãos e instrumentos das classes dominantes, expressão dos interesses e da fôrça política da "nobreza da terra". Nesse sentido, escreve o insuspeito Rocha

da vida brasileira, onde se plasmou a psicologia do nosso povo e onde se mo

outros clãs rivais e inimigos. No interior dos clãs feudais, nada po

ções eram eleitos anualmente entre o.s

branca e de cor. Êstes viviam todos nos

engenhos e nas fazendas, nos domínios rurais, estruturas rigorosamente feudais e aristocráticas, e auto-suficientes do

das em função da eventualidade da de

fesa e do ataque, incluindo às vezes mi lhares de agregados, de escravos, de cabras', que se convertiam em peque

Pombo: "Os membros dessas corpora

não de fidalgos, de nobres, de aristocra tas, inscritos nos "pelouros" e únicos

que podiam eleger e ser eleitos. O gros so da população dos engenhos e das fa zendas, das vilas e povoações, os cabras, colonos, escravos, emprega dos, tôda a "gente mecânica", como se

dizia na linguagem do tempo, estava excluída do país legal, do "jus sufragii" e do jus honorum". Para que pudessem ser incluídos nos "pelouros", chegar às Camaras e participar do governo do mu nicípio, precisavam adquirir prèviamente a condição da nobreza. Os que al cançavam essa distinção, apresentavamse nas Câmaras como representantes da casta priWlegiada dos "homens bons", da aristocracia ou nobreza da terra. A

investidura no cargo público correspon dia, aliás, a uma dignificação, despindo o ocupante da condição dc plebeu. Tô-

oas as camadas inferiores da população, os negociantes de "vara e côvado", por

e.\empIo, os "torneiros", os que exerciam ofícios manuais, os pardos, mulatos e mestiços, nao podiam nem votar nem

ser votados. "Durante cêrca de trezen tos anos _ escreve Oliveira Vianna -

nao colaboraram portanto, nem podiam colaborar, na administração local, nem

f?o™os''T2U.™'"

Nesses três séculos de legime colonial,

crmram-se usos, costumes, tipos e insti-

uiçoes que constituem precisamente as nossas tradições sociais e políticas. Essa estrutura feudal, aristocrática e patriar

cal, transmitiu-se intacta ao Império e

demos encontrar que não seja uma rigo

homens bons da terra, espécie de no

se prolongou até mesmo durante a Re

rosa discriminação de funções, e um

breza constituída em classe e muito

publica. Nosso direito público costu meiro ou consuetudinário, tal como nos

senhores em relação aos escravos e de

ciosa dos seus privilégios. Quem não fosse fidalgo não poderia exercer a ve-

ó revelado pela história e pela sociolo

toridade do senhor era absoluta e in-

pendentes. Os senhores feudais são o

reança" (20).

contrastável, incluindo o direito de dis-

verdadeiro poder, a verdadeira fôrça do

nada tem de liberal e de democrático.

delaram, durante os trezentos anos de colônia, os seus hábitos sociais e o.s

seus costumes políticos. Dentro dos limites do feudo, a au

vivíssimo "sentimento da distância" dos

O eleitorado não era constituído se

gia, constitui um complexo cultural que

Pois o eixo da nossa vida, tanto do pon-


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' Digesto Econômico

Digesto Econômico 17

e o ritmo com que os bandeirantes pe netravam

os sertões e semeavam

as

por sôbre a vida dos seus escravos e

agregados.

Cronistas da época, como

suas cidades. A concessão, por parte da

Júlio Bello, depõem sobre o temor c

Coroa, das sesmarias ou "datas de terra",

o religioso respeito que inspiravam esses pequenos monarcas, ciosos das suas prer rogativas e do prestígio da sua autorida

que correspondiam a muitas léguas qua dradas de chão, espalhava os colonos, separando as "estâncias", as fazendas, os engenhos, que ficavam assim a vários dias de viagem uns dos outros. "Basta notar que se tinha por lei — escreve

Oliveira Vianna — que guardar a dis tância mínima de mil e quinhentas bra ças de engenho a engenho, ou de "meia

légua", segundo prescrevia uma provi são régia de 1681. É claro que, dadas

as condições de transporte do tempo,

essa distância criava o isolamento da

população desses núcleos agrários" (19).

As pequenas povoações e vilarejos,

que, aliás, raramente vingavam, não

eram fundados espontaneamente pelo povo em suas migrações pelo interior, mas

pela iniciativa oficial das autoridades da Metrópole. Nessas pequenas cidades, que os viajantes estrangeiros encontra

breza dos.|'homens bons", entre os quais sao escolhidos os que devem ocupar os postos da administração e do governo.

poder central os temia, não ousando en

Assentando no trabalho servil, a estru tura econômica do período colonial era

criminosos e bandidos que porventura

latifundiária, aristocrática e patriarcal,

Essa estrutura também se explica pela

g rando instituições e costumes políti cos que nada apresentam do liberal o de democrálico. Os clSs feudais são domínios inexpugnáveis, cuja vida Gra vita em tômo do senhor onipotente, o cuja força se desdobra e amplia pela in corporação do clã parental e, mais tarde, do cia eleitoral. Criados espontaneamen te, pelas condições peculiares em que se

necessidade constante de enfrentar os

processou a nossa colonização, encontra

ataques dos índios, do quilômbola, do

mos certos tipos sociais tais como o "co

"açoitassem".

Separados uns dos outros por muitas léguas de distância, os

domínios ru

rais apresentavam, do ponto de vista

da organização social e política, um ca ráter nitidamente aristocrático e feudal, e, do ponto de vista econômico, um sen tido de autarquia e de auto-suficiência.

; . t

invasor estrangeiro c dos próprios se

ronel", o "afilhado", o "capanga", e

nhores feudais, em luta constante uns

instituições como o "fílhotismo", o "com-

com os outros. Configuravam-se esses

padrismo" etc., que nada têm de de mocráticos mas que constituem a nossa

ao tempo das bandeiras, nessas aldeias

, tivos do ambiente e à necessidade de

res da terra nem o grosso da população

como também o poder político, pois constituem a aristocracia do País, a no

frentá-los nem prender, por exemplo, os

núcleos da vida brasileira, durante a

ção local, não residiam nem os senho

co, porque são os produtores da riqueza,

de. Era tão grande a sua fôrça que o

vam às vezes desertas, como Piratininga que eram apenas a sede da administra

País. Não só detêm o poder econômi

Colônia, em obediência aos imperasobrevivência. Eram sociedades natu

rais, constituídas sob a pressão do pe rigo, da ameaça permanente, estrutura

realidade e a nossa tradição política. Quanto à formação do poder político, o povo, durante a Colônia, não interfe ria nem sequer na constituição do poder

municipal. O govérnc municipal, para

ponto de vista econômico. O domínio

nos exércitos armados, a enfrentar não

rural, sede da produção do açúcar, do café e da criação do gado, era o centro

só o selvícola amotinado mas o flibusteiro holandês e normando e também os

não falar naturalmente nas províncias governadas por autoridades diretamen te nomeadas pela Corte, as "Câmaras" eram órgãos e instrumentos das classes dominantes, expressão dos interesses e da fôrça política da "nobreza da terra". Nesse sentido, escreve o insuspeito Rocha

da vida brasileira, onde se plasmou a psicologia do nosso povo e onde se mo

outros clãs rivais e inimigos. No interior dos clãs feudais, nada po

ções eram eleitos anualmente entre o.s

branca e de cor. Êstes viviam todos nos

engenhos e nas fazendas, nos domínios rurais, estruturas rigorosamente feudais e aristocráticas, e auto-suficientes do

das em função da eventualidade da de

fesa e do ataque, incluindo às vezes mi lhares de agregados, de escravos, de cabras', que se convertiam em peque

Pombo: "Os membros dessas corpora

não de fidalgos, de nobres, de aristocra tas, inscritos nos "pelouros" e únicos

que podiam eleger e ser eleitos. O gros so da população dos engenhos e das fa zendas, das vilas e povoações, os cabras, colonos, escravos, emprega dos, tôda a "gente mecânica", como se

dizia na linguagem do tempo, estava excluída do país legal, do "jus sufragii" e do jus honorum". Para que pudessem ser incluídos nos "pelouros", chegar às Camaras e participar do governo do mu nicípio, precisavam adquirir prèviamente a condição da nobreza. Os que al cançavam essa distinção, apresentavamse nas Câmaras como representantes da casta priWlegiada dos "homens bons", da aristocracia ou nobreza da terra. A

investidura no cargo público correspon dia, aliás, a uma dignificação, despindo o ocupante da condição dc plebeu. Tô-

oas as camadas inferiores da população, os negociantes de "vara e côvado", por

e.\empIo, os "torneiros", os que exerciam ofícios manuais, os pardos, mulatos e mestiços, nao podiam nem votar nem

ser votados. "Durante cêrca de trezen tos anos _ escreve Oliveira Vianna -

nao colaboraram portanto, nem podiam colaborar, na administração local, nem

f?o™os''T2U.™'"

Nesses três séculos de legime colonial,

crmram-se usos, costumes, tipos e insti-

uiçoes que constituem precisamente as nossas tradições sociais e políticas. Essa estrutura feudal, aristocrática e patriar

cal, transmitiu-se intacta ao Império e

demos encontrar que não seja uma rigo

homens bons da terra, espécie de no

se prolongou até mesmo durante a Re

rosa discriminação de funções, e um

breza constituída em classe e muito

publica. Nosso direito público costu meiro ou consuetudinário, tal como nos

senhores em relação aos escravos e de

ciosa dos seus privilégios. Quem não fosse fidalgo não poderia exercer a ve-

ó revelado pela história e pela sociolo

toridade do senhor era absoluta e in-

pendentes. Os senhores feudais são o

reança" (20).

contrastável, incluindo o direito de dis-

verdadeiro poder, a verdadeira fôrça do

nada tem de liberal e de democrático.

delaram, durante os trezentos anos de colônia, os seus hábitos sociais e o.s

seus costumes políticos. Dentro dos limites do feudo, a au

vivíssimo "sentimento da distância" dos

O eleitorado não era constituído se

gia, constitui um complexo cultural que

Pois o eixo da nossa vida, tanto do pon-


Digesto Econômico 19

Digesto Econômico 18

pessoais e de família e nenhum homem

to de vista social e econômico como do

que tenha o que fazer se prestará a perder o seu tempo em combates com

ponto de vista político, sempre foi o clã feudal que se desdobraria no clã parental e eleitoral, raiz do que mais tarde viriam a ser os nossos partidos

políticos. O que herdamos, portanto,

do quatro séculos de história, foi o indi vidualismo dos clãs locais, a ausência de

espírito público e de consciência dos in teresses nacionais, a política municipalista do "coronel", do "compadre", do "afilhado", do "jiüz nosso" e do "dele

gado nosso", das atas falsas, do "eleito rado de cabresto", e também das lutas

ferozes e sanguinolentas entre os clãs, como as dos Montes e Feitosas no Ceará

e as dos Pires e Camargos em São Paulo. , A política das ameaças, do suborno, da corrupção eleitoral, das vinditas, das

"derrubadas" em massa dos inimigos e do assassínio dos adversários mais peri gosos. Dono da terra e da gente, íncontrastável em seu poderio, o senhor feudal, durante 300 anos de Colônia, foi

no Brasil o único e verdadeiro poder. Não contraímos, portanto, nem podería

mos ter contraído hábitos que nos dispusessem à prática da democracia tal como é exercida na Europa e principalmente

nos países anglo-saxões. Não temos cm nossa formação histórica e social esse

lastro de tradição, esse suhstratum cul

tural que o regime democrático postula e exige para poder instaurar-se e fun cionar.

No Império, sem dúvida, procuramos ensaiar a democracia parlamentar, de acordo com o figurino inglês. Mas, em bora tivesse sido ampliada a participa

ção do povo na formação do governo, o regime continuava a ser rigorosamen te aristocrático. "Durante o Império — escreve ainda Oliveira Vianna — tudo continuou a ser feito por designação do

Centro, isto é, carismàlicamente, como

no tempo da Colônia" (22). A Constituição dc 1824 criou de novo apenas as Assembléias Legislativas pro

sombras" (23).

As nossas "tradições democráticas" te

riam começado, portanto, com a Repú-

vinciais e o Parlamento Nacional (Se

ica. Seriam algo de recente, em con

nado e Câmara) eleitos por sufrágio direto. Os governadores das províncias, no entanto, nomeados pelo poder cen tral e representantes da imediata con fiança do Imperador, centralizavam a

fronto com as tradições feudais, aristocr. ticas c centralizadoras que nos foram egadas por quatro séculos de história. entanto, a Proclamação da República nao Significou a instauração da demo cracia. O movimento não traduzia ne-

fôrça política e decidiam da constituição

dos legislativos provinciais.

O elei

torado não elegia pròpriamente, mas se limitava a ratificar escolhas prévias, a

^ mm anseio, nenhuma reivindicação popu ar, e ocorreu como costumam ocor-

homologar nomes e chapas que vinham do Rio de Janeiro, tal como outrora acontecia, no tempo dos govcmadores-

ticos.

diria Aristides Lobo, numa frase que se tomou célebre.

^istória da República somos qua^"^P^^^^oeos. Não me parece, no tenhamos tomado desse pasoma consciência suficien-

n e clara. Lembraremos apenas hü-oi 'nenhuma modificação estni„

na vida do País. Os fenô-

como^

tomariam decisivos, tais ® ® industrialização,

Apesar das eleições e do Parlamento,

e de uma prática política inspirada no

sistema inglês, o Império nada tem de democrático. A estrutura econômica do País continua a assentar na escravidão, 6 a política nos municípios continua a ser dominada pelos clãs feudais e parentaís agora desdobrados cm clãs eleitorais. "O sistema representativo é assim um enxerto de formas parlamentares num

governo patriarcal," dizia Nabuco a pro

pósito do Segundo Império,"e senadores e deputados só tomam a sério o papel que lhes compete nesta paródia de de mocracia pelas vantagens que auferem. Suprima-se o subsídio e forcem-nos a não se servirem de sua posição para fins

Os eleitos

tegidos", os "crias", os "parentes" dos senhores das terras que continuavam a dominar o eleitorado, agora de cabres to, como os seus avós e bisavós do tem

po do Império e da Colônia haviam do minado a escravaria africana e o selvícola domesticado.

Recordemos também a impopulari dade dos nossos melhores governos, dos nossos maiores presidentes e a anarquia

latente de todo o período republicano. que o seu Ministro da Guerra o salva.

racteri20u o Segundo Reinado. O céle

permanente, as suas figuras mais expres sivas, os seus autênticos valores polí

a que se referiu Nabuco.

eram sempre os "afilhados", os "pro

o que significava",

formação da aristocracia política que ca-

punham a serviço da Nação, dc modo

a tradição da "paródia da democracia"

Prudente de Morais é vítima de um

eleitorado contribuiu também p''^ra a

bre "lápis vermelho" do Imperador e a vítaliciedade de muitos cargos públicos

As eleições feitas a "bico de

coUer em coisas Brasil, ninguém nemnocomo nemsem porque. "O povo assistiu àquilo bcstializado, atôni-

gerais e dos vice-reis,

Essa independência em relação ao

rurais.

pena e pelas "atas falsas", conservam

meçavam intocada

Estados do Sul, coE^nas a esboçar-se, deixando

dencialism?'^^''j

cstniH.

®

Abolição, do presl-

® regime federativo, a

mos fl

que receberada Colônia ®e política do Império,

8'"^nde fonte da riqueza nacional

_

^

n c zenH--

deslocado do nordeste para ®5ncar o café. Os fa®nibora para não mais ostentassem

^ agricultura, apesar de

títulos nobiliárquicos, descendiam dos

condes e barões do Império e conserva vam a mesma psicologia e o mesmo incontrastável poder nos seus domínios

atentado e só não morre por acaso, por Campos Salles, que empreende a recu

peração financeira do País, deixa o go verno debaixo de uma vaia estrondosa, e acusado de desonesto.

O Marechal

Hermes é ironizado pela Nação inteira, e não passa de um títere nas mãos

de Pinheiro Machado. E é o estado de sítio que lhe permite manter-se no

govêmo até o fim do mandato. Ruy Barbosa, que encarnava a consciência

jurídica da Nação e era o maior repre sentante do espírito liberal e democrá tico, é duas vezes derrotado na luta

pela presidência da república. Em 1922 irrompe um movimento armado, e Arthur Bemardes também governa com o estado de sítio. Até 30,

o Pais vive em permanente inquietação. Lembremos ainda que, por volta de 30, uma das principais reridndicações dos

re\'olucionários contra a velha oligar quia que dominava a política nos Es tados era o voto secreto. Pois as elei ções nada representavam senão a rati

ficação, pelo "eleitorado de cabresto", das escolhas prévias, feitas pelos direto-


Digesto Econômico 19

Digesto Econômico 18

pessoais e de família e nenhum homem

to de vista social e econômico como do

que tenha o que fazer se prestará a perder o seu tempo em combates com

ponto de vista político, sempre foi o clã feudal que se desdobraria no clã parental e eleitoral, raiz do que mais tarde viriam a ser os nossos partidos

políticos. O que herdamos, portanto,

do quatro séculos de história, foi o indi vidualismo dos clãs locais, a ausência de

espírito público e de consciência dos in teresses nacionais, a política municipalista do "coronel", do "compadre", do "afilhado", do "jiüz nosso" e do "dele

gado nosso", das atas falsas, do "eleito rado de cabresto", e também das lutas

ferozes e sanguinolentas entre os clãs, como as dos Montes e Feitosas no Ceará

e as dos Pires e Camargos em São Paulo. , A política das ameaças, do suborno, da corrupção eleitoral, das vinditas, das

"derrubadas" em massa dos inimigos e do assassínio dos adversários mais peri gosos. Dono da terra e da gente, íncontrastável em seu poderio, o senhor feudal, durante 300 anos de Colônia, foi

no Brasil o único e verdadeiro poder. Não contraímos, portanto, nem podería

mos ter contraído hábitos que nos dispusessem à prática da democracia tal como é exercida na Europa e principalmente

nos países anglo-saxões. Não temos cm nossa formação histórica e social esse

lastro de tradição, esse suhstratum cul

tural que o regime democrático postula e exige para poder instaurar-se e fun cionar.

No Império, sem dúvida, procuramos ensaiar a democracia parlamentar, de acordo com o figurino inglês. Mas, em bora tivesse sido ampliada a participa

ção do povo na formação do governo, o regime continuava a ser rigorosamen te aristocrático. "Durante o Império — escreve ainda Oliveira Vianna — tudo continuou a ser feito por designação do

Centro, isto é, carismàlicamente, como

no tempo da Colônia" (22). A Constituição dc 1824 criou de novo apenas as Assembléias Legislativas pro

sombras" (23).

As nossas "tradições democráticas" te

riam começado, portanto, com a Repú-

vinciais e o Parlamento Nacional (Se

ica. Seriam algo de recente, em con

nado e Câmara) eleitos por sufrágio direto. Os governadores das províncias, no entanto, nomeados pelo poder cen tral e representantes da imediata con fiança do Imperador, centralizavam a

fronto com as tradições feudais, aristocr. ticas c centralizadoras que nos foram egadas por quatro séculos de história. entanto, a Proclamação da República nao Significou a instauração da demo cracia. O movimento não traduzia ne-

fôrça política e decidiam da constituição

dos legislativos provinciais.

O elei

torado não elegia pròpriamente, mas se limitava a ratificar escolhas prévias, a

^ mm anseio, nenhuma reivindicação popu ar, e ocorreu como costumam ocor-

homologar nomes e chapas que vinham do Rio de Janeiro, tal como outrora acontecia, no tempo dos govcmadores-

ticos.

diria Aristides Lobo, numa frase que se tomou célebre.

^istória da República somos qua^"^P^^^^oeos. Não me parece, no tenhamos tomado desse pasoma consciência suficien-

n e clara. Lembraremos apenas hü-oi 'nenhuma modificação estni„

na vida do País. Os fenô-

como^

tomariam decisivos, tais ® ® industrialização,

Apesar das eleições e do Parlamento,

e de uma prática política inspirada no

sistema inglês, o Império nada tem de democrático. A estrutura econômica do País continua a assentar na escravidão, 6 a política nos municípios continua a ser dominada pelos clãs feudais e parentaís agora desdobrados cm clãs eleitorais. "O sistema representativo é assim um enxerto de formas parlamentares num

governo patriarcal," dizia Nabuco a pro

pósito do Segundo Império,"e senadores e deputados só tomam a sério o papel que lhes compete nesta paródia de de mocracia pelas vantagens que auferem. Suprima-se o subsídio e forcem-nos a não se servirem de sua posição para fins

Os eleitos

tegidos", os "crias", os "parentes" dos senhores das terras que continuavam a dominar o eleitorado, agora de cabres to, como os seus avós e bisavós do tem

po do Império e da Colônia haviam do minado a escravaria africana e o selvícola domesticado.

Recordemos também a impopulari dade dos nossos melhores governos, dos nossos maiores presidentes e a anarquia

latente de todo o período republicano. que o seu Ministro da Guerra o salva.

racteri20u o Segundo Reinado. O céle

permanente, as suas figuras mais expres sivas, os seus autênticos valores polí

a que se referiu Nabuco.

eram sempre os "afilhados", os "pro

o que significava",

formação da aristocracia política que ca-

punham a serviço da Nação, dc modo

a tradição da "paródia da democracia"

Prudente de Morais é vítima de um

eleitorado contribuiu também p''^ra a

bre "lápis vermelho" do Imperador e a vítaliciedade de muitos cargos públicos

As eleições feitas a "bico de

coUer em coisas Brasil, ninguém nemnocomo nemsem porque. "O povo assistiu àquilo bcstializado, atôni-

gerais e dos vice-reis,

Essa independência em relação ao

rurais.

pena e pelas "atas falsas", conservam

meçavam intocada

Estados do Sul, coE^nas a esboçar-se, deixando

dencialism?'^^''j

cstniH.

®

Abolição, do presl-

® regime federativo, a

mos fl

que receberada Colônia ®e política do Império,

8'"^nde fonte da riqueza nacional

_

^

n c zenH--

deslocado do nordeste para ®5ncar o café. Os fa®nibora para não mais ostentassem

^ agricultura, apesar de

títulos nobiliárquicos, descendiam dos

condes e barões do Império e conserva vam a mesma psicologia e o mesmo incontrastável poder nos seus domínios

atentado e só não morre por acaso, por Campos Salles, que empreende a recu

peração financeira do País, deixa o go verno debaixo de uma vaia estrondosa, e acusado de desonesto.

O Marechal

Hermes é ironizado pela Nação inteira, e não passa de um títere nas mãos

de Pinheiro Machado. E é o estado de sítio que lhe permite manter-se no

govêmo até o fim do mandato. Ruy Barbosa, que encarnava a consciência

jurídica da Nação e era o maior repre sentante do espírito liberal e democrá tico, é duas vezes derrotado na luta

pela presidência da república. Em 1922 irrompe um movimento armado, e Arthur Bemardes também governa com o estado de sítio. Até 30,

o Pais vive em permanente inquietação. Lembremos ainda que, por volta de 30, uma das principais reridndicações dos

re\'olucionários contra a velha oligar quia que dominava a política nos Es tados era o voto secreto. Pois as elei ções nada representavam senão a rati

ficação, pelo "eleitorado de cabresto", das escolhas prévias, feitas pelos direto-


Digesto Econômico

Dicesto EcoNÓivnco

20

rios centrais. A maneira de libertar o eleitorado e instaurar a verdadeira de mocracia era o voto secreto. De 30

para cá, os acontecimentos estão na memória de todos e é desnecessário re cordá-los.

Que perspectivas se abrem para a política do País, na presente conjuntura,

21

por motivos de ordem social e econô mica. Hâ uma crise geral da cultura moderna, que poderíamos caracterizar

pela falência do racionalismo c do cicntificismo. Dessa falência a democracia

.sofre o contragolpe e a repercussão, pois, como nos diz Paul Valéry, "toute politique, même Ia plus grossière, sup-

poso une idée de 1'homme, car il s agit de disposer de lui, de s'en servir, et même de le servir" (25).

A crise do humanismo racionalista e

mundial e nacional? Há, sem dúvida. uma crise da democracia que seria

ateu envolve a crise das formas políti

inútil procurar desconhecer. Essa crise,

cas que lhe são correspondentes e cujo

aliás, se inscreve no contêxto mais am

suposto era o relativismo metafísico. A

plo da crise da cultura e da civilização

partir do Renascimento, a humanidade ocidental vem dilapidando um patrimô

revelia dc qualquer contato com a fé

o de qualquer inspiração religiosa, a

ultima filosofia do Ocidente descobre o revela a idéia do nada, c faz do de sespero, do tédio, da angústia c da mor

te os seus temas mais urgentes e quase

obscssionais.

Vinculada hislòricamcnte ao destino o uma ciasse social, a democracia foi a íirma corn que a burguesia destruiu o jincien-régime" e justificou sua ascen são ao poder. O êxito da democracia

As insolúveis dificuldades em que se debatem os países democráticos têm um

e a contemplação da Idade Média ha

valor de sintoma, revelando as contra

viam acumulado durante mais de dez

durante o século XIX, no entanto, foi devido a um conjunto de circunstân cias que já desapareceram e que cer tamente nao poderão mais reproduzir-se. bo tomássemos a Inglaterra como exem plo, e analisássemos a sua evolução política desde 1815 até 1914, verifica ríamos que o ê.xito do regime parla

dições internas do regime e a impossi

séculos.

Estamos fechando agora esse

mentar se explica não pelas virtudes

bilidade de resolvê-las nos quadros da democracia burguesa e capitalista. A crise é um momento do processo dia

circuito, ao verificar que a existência humana não se pode fundar e dispor

o próprio sistema mas por condições especialíssimas que deram à Inglaterra, fite a segunda grande guerra, uma siniaçao privilegiada que acaba de per der e não conseguirá mais recuperar.

ocidental.

lético que põe a nu, que promove a eclosão das incoerências implicadas no

nio de crenças e Valores que a ascese

apenas sôbre a razão, porque esta, por sua vez, assim como tôda a cultura,

assenta em pressupostos indemonstráveis

sistema. E o regime só poderá sobre viver se conseguir tomar consciência des sas contradições que, no plano moral,

em crenças. Ora, como diz Berdiaeff, num livro que não me parece ter per

assina ar, por exemplo, a elevação de vi-

dido a atualidade, "a democracia pro

fi as classes operárias, que se tomou

por exemplo, assumem a forma da injus

cura organizar a sociedade, do ponto de vista político, como se a verdade não

tiça, e superá-las realizando uma ordem humana que corresponda às exigên cias da justiça, contidas na própria ló gica do regime.

Foge ao objetivo deste ensaio a in dicação de todos os nexos e articula

ções entre a crise da democracia e os de mais aspectos da crise da cultura. E embora possamos discuti-la e criticá-la

no plano puramente lógico, a democra cia liberal coincide com mais de um século de história da Europa e da Amé rica, e a sua crise atual não pode ser

explicada apenas por razoes de ordem religiosa ou filosófica, mas ^também

existisse" (26).

Quando o relativismo deixa de ser

Entre essas condições, poderíamos possível graças ao desenvolvimento cien-

''^o e ao progresso da tecnologia. Êsse ^créscimo de bem-estar material , não se azia em prejuízo da classe dos pa-

uma atitude polêmica ou uma posição

roes e proprietários, pois a estrutura

apenas da inteligência, para tomar-se

a ecoriomia inglesa assentava na imporfiçao das matérias-primas e na explo

uma experiência concreta, existencial, demonstra, por uma espécie de redução ao absurdo, que a inteligência se nega a si mesma e a vida se destrói, ao negar

os fundamentos, os suportes religiosos,

ração do trabalho nas colônias, bem

como na exportação dos produtos manutaturados para os países subdesenvol vidos. Pioneira do industrialismo, a

as crenças, que estão na raiz da cul

ng aterra desfrutou, até o advento do

tura e da própria existência humana.

parque manufatureiro norte-americano,

Nos limites dêsse trabalho corrosivo, de

prospecção, de escavação das bases do pensamento pelo próprio pensamento, à

uma situação de predomínio que per mitia à classe dos patrões e proprie tários atender a certas reivindicações

dos trabalhadores sem com isso com prometer a sua posição nos mercados internacionais.

O Oriente não se insurgira ainda contra a tutela do Ocidente, a imigração para a América era livre e, no mundo todo,

ha\ia regiões onde aplicar capitais sem grandes riscos e com amplas possibi lidades de considerável remuneração. O capitalismo não assumira ainda as for

mas agudas que assumiria mais tarde, do imperialismo do petróleo, do carvão e da alta finança, que ameaçariam a própria independência política das na ções. A paz social era obtida a preço módico, c o mesmo otimismo, a mesma confiança na ciência, na indústria e nas

instituições democráticas, no progresso

social, empolgava nobres e plebeus, ca

pitalistas e operários. Do ponto de vista político, obser va Harold Laski, "o êxito do sistema

á

parlamentar na Grã-Bretanha é devi- " do ao fato de os dois grandes partidos no Estado poderem aceitar a sua legis

lação respectiva, pois nem um nem outro alterava os fundamentos do sistema

econômico e social a que estavam li gados os interesses de ambos" (27). Tanto liberais como conservadores esta

vam de acôrdo em relação a tôdas as

questões substantivas da política e do regime, divergindo apenas quanto às questões adjetivas e secundárias. A dialética do sistema, no entanto, deveria

agravar cada vez mais a contradição en

tre a democracia política e o capitalis mo econômico. E, propiciando às mas sas, pelo sufrágio universal, a possibili dade de dominar o mecanismo político o de pô-lo a serviço de suas reivindica

ções, o regime é levado à negação de si mesmo, resolvendo-se em seu contrário isto é, na ditadura.


Digesto Econômico

Dicesto EcoNÓivnco

20

rios centrais. A maneira de libertar o eleitorado e instaurar a verdadeira de mocracia era o voto secreto. De 30

para cá, os acontecimentos estão na memória de todos e é desnecessário re cordá-los.

Que perspectivas se abrem para a política do País, na presente conjuntura,

21

por motivos de ordem social e econô mica. Hâ uma crise geral da cultura moderna, que poderíamos caracterizar

pela falência do racionalismo c do cicntificismo. Dessa falência a democracia

.sofre o contragolpe e a repercussão, pois, como nos diz Paul Valéry, "toute politique, même Ia plus grossière, sup-

poso une idée de 1'homme, car il s agit de disposer de lui, de s'en servir, et même de le servir" (25).

A crise do humanismo racionalista e

mundial e nacional? Há, sem dúvida. uma crise da democracia que seria

ateu envolve a crise das formas políti

inútil procurar desconhecer. Essa crise,

cas que lhe são correspondentes e cujo

aliás, se inscreve no contêxto mais am

suposto era o relativismo metafísico. A

plo da crise da cultura e da civilização

partir do Renascimento, a humanidade ocidental vem dilapidando um patrimô

revelia dc qualquer contato com a fé

o de qualquer inspiração religiosa, a

ultima filosofia do Ocidente descobre o revela a idéia do nada, c faz do de sespero, do tédio, da angústia c da mor

te os seus temas mais urgentes e quase

obscssionais.

Vinculada hislòricamcnte ao destino o uma ciasse social, a democracia foi a íirma corn que a burguesia destruiu o jincien-régime" e justificou sua ascen são ao poder. O êxito da democracia

As insolúveis dificuldades em que se debatem os países democráticos têm um

e a contemplação da Idade Média ha

valor de sintoma, revelando as contra

viam acumulado durante mais de dez

durante o século XIX, no entanto, foi devido a um conjunto de circunstân cias que já desapareceram e que cer tamente nao poderão mais reproduzir-se. bo tomássemos a Inglaterra como exem plo, e analisássemos a sua evolução política desde 1815 até 1914, verifica ríamos que o ê.xito do regime parla

dições internas do regime e a impossi

séculos.

Estamos fechando agora esse

mentar se explica não pelas virtudes

bilidade de resolvê-las nos quadros da democracia burguesa e capitalista. A crise é um momento do processo dia

circuito, ao verificar que a existência humana não se pode fundar e dispor

o próprio sistema mas por condições especialíssimas que deram à Inglaterra, fite a segunda grande guerra, uma siniaçao privilegiada que acaba de per der e não conseguirá mais recuperar.

ocidental.

lético que põe a nu, que promove a eclosão das incoerências implicadas no

nio de crenças e Valores que a ascese

apenas sôbre a razão, porque esta, por sua vez, assim como tôda a cultura,

assenta em pressupostos indemonstráveis

sistema. E o regime só poderá sobre viver se conseguir tomar consciência des sas contradições que, no plano moral,

em crenças. Ora, como diz Berdiaeff, num livro que não me parece ter per

assina ar, por exemplo, a elevação de vi-

dido a atualidade, "a democracia pro

fi as classes operárias, que se tomou

por exemplo, assumem a forma da injus

cura organizar a sociedade, do ponto de vista político, como se a verdade não

tiça, e superá-las realizando uma ordem humana que corresponda às exigên cias da justiça, contidas na própria ló gica do regime.

Foge ao objetivo deste ensaio a in dicação de todos os nexos e articula

ções entre a crise da democracia e os de mais aspectos da crise da cultura. E embora possamos discuti-la e criticá-la

no plano puramente lógico, a democra cia liberal coincide com mais de um século de história da Europa e da Amé rica, e a sua crise atual não pode ser

explicada apenas por razoes de ordem religiosa ou filosófica, mas ^também

existisse" (26).

Quando o relativismo deixa de ser

Entre essas condições, poderíamos possível graças ao desenvolvimento cien-

''^o e ao progresso da tecnologia. Êsse ^créscimo de bem-estar material , não se azia em prejuízo da classe dos pa-

uma atitude polêmica ou uma posição

roes e proprietários, pois a estrutura

apenas da inteligência, para tomar-se

a ecoriomia inglesa assentava na imporfiçao das matérias-primas e na explo

uma experiência concreta, existencial, demonstra, por uma espécie de redução ao absurdo, que a inteligência se nega a si mesma e a vida se destrói, ao negar

os fundamentos, os suportes religiosos,

ração do trabalho nas colônias, bem

como na exportação dos produtos manutaturados para os países subdesenvol vidos. Pioneira do industrialismo, a

as crenças, que estão na raiz da cul

ng aterra desfrutou, até o advento do

tura e da própria existência humana.

parque manufatureiro norte-americano,

Nos limites dêsse trabalho corrosivo, de

prospecção, de escavação das bases do pensamento pelo próprio pensamento, à

uma situação de predomínio que per mitia à classe dos patrões e proprie tários atender a certas reivindicações

dos trabalhadores sem com isso com prometer a sua posição nos mercados internacionais.

O Oriente não se insurgira ainda contra a tutela do Ocidente, a imigração para a América era livre e, no mundo todo,

ha\ia regiões onde aplicar capitais sem grandes riscos e com amplas possibi lidades de considerável remuneração. O capitalismo não assumira ainda as for

mas agudas que assumiria mais tarde, do imperialismo do petróleo, do carvão e da alta finança, que ameaçariam a própria independência política das na ções. A paz social era obtida a preço módico, c o mesmo otimismo, a mesma confiança na ciência, na indústria e nas

instituições democráticas, no progresso

social, empolgava nobres e plebeus, ca

pitalistas e operários. Do ponto de vista político, obser va Harold Laski, "o êxito do sistema

á

parlamentar na Grã-Bretanha é devi- " do ao fato de os dois grandes partidos no Estado poderem aceitar a sua legis

lação respectiva, pois nem um nem outro alterava os fundamentos do sistema

econômico e social a que estavam li gados os interesses de ambos" (27). Tanto liberais como conservadores esta

vam de acôrdo em relação a tôdas as

questões substantivas da política e do regime, divergindo apenas quanto às questões adjetivas e secundárias. A dialética do sistema, no entanto, deveria

agravar cada vez mais a contradição en

tre a democracia política e o capitalis mo econômico. E, propiciando às mas sas, pelo sufrágio universal, a possibili dade de dominar o mecanismo político o de pô-lo a serviço de suas reivindica

ções, o regime é levado à negação de si mesmo, resolvendo-se em seu contrário isto é, na ditadura.


Digesto Econômico 22

Digesto Econômico

A falência do liberalismo, do "laissez-

fairo" da época vitoriana, implicava o reconhecimento de que a democracia não fora senão a máscara do capitalismo, e

de que a justiça social não se alcança ria automàticamente, pelo livre jôgo dos interesses individuais, mas apenas

profundeza de novas religiões, é porque já não basta aos iiomcns sabcrcm-sc ga rantidos no exercício da sua liberdade,

da liberdade democrática abstrata e for mal, pois também exigem que a essa

tamos vivendo — escreve Karl Man-

nheim — em uma época de transição do "laissez-faire" para uma sociedade pla-

surreição das massas o com o niilismo

nificação da economia nacional. "Es

nificada" (28). O problema não é mais o de escolher entre o liberalismo

e a planificação, mas entre a planificação com ou sem liberdade. Reconhe cer o malôgro do liberalismo é reco nhecer também a necessidade do pla

em que se acha mergulhada a humani dade, coloca, em toda a sua amplitude e urgência, o problema da sobrevivência coletiva, que não será resolvido nem pelo agnosticismo burguês nem pela tolerância liberal em face do bem e do

mal, mas por um novo surto de fé e de

de controles sociais que permitam reali

esperança religiosa.

zar a justiça nas relações de trabalho e

Na perspectiva dessa crise, de que .a eclosão dos regimes fascista e comunis ta foi o sintoma mais eloqüente, se ins creve o problema da organização polí

A eclosão não só dos movimentos fas

cistas e comunistas, mas de outras for mas de socialismo, como o trabalhismo

tica nacional. Não acreditamos, porém,

britânico, assinalam a crise da democra

que o problema político possa ser iso

cia burguesa e capitalista e a necessida

lado do problema da cultura nacional,

de de um reajustamento entre as ins

nem resolvido à revelia da experiência

tituições políticas e as novas exigências econômicas e sociais que a própria de mocracia suscitou. A democracia só

histórica e do conhecimento da nossa

poderá sobreviver e resistir ao impacto dos regimes totalitários na medida em que fôr capaz de superar o seu formalismo abstrato, o seu relativismo metafísi co dando um sentido concreto à liber dade que se propõe preservar, e se em

penhando na promoção da justiça social aue o capitalismo não soube realizar. A recuperação da unidade espiritual, em torno de um repertório de crenças e de valores comuns, é a condição basica de uma reorganização social e política das democracias ocidentais.

Se a democracia deixou de ser uma

durante algum tempo com êle, esposan do provisòriamente a sua direção inicial.

armas atômicas, coincidindo com a in

nejamento da economia e da instituição na distribuição da riqueza.

o do coincidência com o real, como con dição de qualquer reforma do homem e da sociedade. Para <lesviar um trilho de sua direção, diz o autor de "L'Evolution Creatrice", é necessário coincidir

munismo ganhavam a intensidade c a

liberdade seja dado um sentido, que justifique o sen esforço, o seu sofrimcnte, a sua Wda, enfim. A fabricação das

pela intervenção do Estado e pela pla-

23

idéia-fôrça, enquanto o nazismo e o co

realidade.

Não temos tradições demo

cráticas e liberais. Mas porque sofre mos de superstição jurídica, sempre atri

buímos mais importância ao direito legal ou escrito do que ao direito costumeiro. Para nós, o importante é que existam

normas legais, embora os costumes não coincidam com elas e mesmo as contra

riem.

No entanto, o direito público

não pode mais prescindir da contribuição da sociologia e das outras ciências so ciais.

As ciências sociais, a história e

a sociologia acham-se, assim, na base da arte política. Há uma metáfora de

Bergson que nos ajuda a compreender essa necessidade de conhecimento prévio

r

Devemos, portanto, reconhecer que nada encontramos em nosso passado o em nossa psicologia coletiva que possa servir de ponto de apoio para as expenencias democráticas. Ao contrário do que ocorre especialmente nos países an-

glo-saxoes, a democracia e as instituições

políticas que lhe são correspondentes nao foram aqui suscitadas pelo nosso próprio desenvolvimento cultural e liistó

rico. mas trazidas de fora, importadas, e anexadas". A sua sócio-gênese é ar tificial, nao correspondendo a nenhuma exigência do nosso povo, formado, como vimos por quatro séculos de regime

blemas nos propomos resolver. Esque cemo-nos, assim, que, de acordo com

o próprio Rousseau, não há regimes melhores ou piores se os tomarmos em

abstrato, e que cs ótimos para deter minados países podem ser péssimos para outros. O "margínalismo" em que \àvemos nos impede de fazer esse esforço

de reconhecimento e de aceitação da realidade. Ignoramos ou fingimos igno rar que o Brasil, como diz Oliveira

Víanna, é uma espécie de museu de sociologia retrospectiva e de história comparada.

_No território imenso, com as propor ções de um continente, e ainda quase deserto, coexistem todos os estágios so ciais, tôdas as épocas históricas e todos

os níveis de cultura. A poucas horas de \àagem dos grandes centros urbanos,

das grandes capitais, comparáveis às

Nunca houve entre nós ósse conjunto

melhores cidades do mundo, encontra mos às margens do Araguaia índios semi-

do motivações, hóbitos e , formas de conduta que os sociólogos chamariam de "complexo democrático". Faltam-nos

como há quatrocentos anos frechavam o invasor lusitano. Nos Estados mais

feudal e aristocrático.

como sempre nos faltaram, o sentimento 6 a consciência do interesse nacional. Toda a nossa vida política, no municí pio como nas províncias e mesmo no

nus, frechando o branco escopeteiro,

prósperos e mais ricos, como São Paulo êsses desníveis e contrastes não são me nos chocantes. Inclusive nas melhores

fazendas o "meeiro", o "agregado", o

camarada", vivem ainda em condições plano nacional, é dominada pelo "espí miseráveis, com um mínimo de assistên rito do clã". Não temos opinião públi cia, em casebres de pau-a-pica nem partidos políticos e, no entanto, que. Em certasimundos regiões do País, há nos obstinamos em realizar um regime, ^pula^es que ainda se encontram na que depende antes de mais nada da . idade do couro, e outras que não co opinião pública e dos partidos políticos. "Não temos opinião e não temos dire ção mental" (29), escrevia Alberto Tor res em 1914.

Ao colocar o problema político, por que o colocamos em termos pessoais, de grupo ou .d© família, e não nacionais,

perdemos sempre de vista o essencial! isto é, a realidade do país cujos pro-

nhecem o uso do dinheiro.

Mau grado a heterogeneidade, a rarefaçao, a diversidade cultural, dos nos sos nódulos de população, espalhados pelo território como pequenas ilhas de humanidade primitiva na solidão dos mares desertos, apesar dessa desconti-

nuídade, dessa configuração ganglionar do nosso povo, que explica em grande


Digesto Econômico 22

Digesto Econômico

A falência do liberalismo, do "laissez-

fairo" da época vitoriana, implicava o reconhecimento de que a democracia não fora senão a máscara do capitalismo, e

de que a justiça social não se alcança ria automàticamente, pelo livre jôgo dos interesses individuais, mas apenas

profundeza de novas religiões, é porque já não basta aos iiomcns sabcrcm-sc ga rantidos no exercício da sua liberdade,

da liberdade democrática abstrata e for mal, pois também exigem que a essa

tamos vivendo — escreve Karl Man-

nheim — em uma época de transição do "laissez-faire" para uma sociedade pla-

surreição das massas o com o niilismo

nificação da economia nacional. "Es

nificada" (28). O problema não é mais o de escolher entre o liberalismo

e a planificação, mas entre a planificação com ou sem liberdade. Reconhe cer o malôgro do liberalismo é reco nhecer também a necessidade do pla

em que se acha mergulhada a humani dade, coloca, em toda a sua amplitude e urgência, o problema da sobrevivência coletiva, que não será resolvido nem pelo agnosticismo burguês nem pela tolerância liberal em face do bem e do

mal, mas por um novo surto de fé e de

de controles sociais que permitam reali

esperança religiosa.

zar a justiça nas relações de trabalho e

Na perspectiva dessa crise, de que .a eclosão dos regimes fascista e comunis ta foi o sintoma mais eloqüente, se ins creve o problema da organização polí

A eclosão não só dos movimentos fas

cistas e comunistas, mas de outras for mas de socialismo, como o trabalhismo

tica nacional. Não acreditamos, porém,

britânico, assinalam a crise da democra

que o problema político possa ser iso

cia burguesa e capitalista e a necessida

lado do problema da cultura nacional,

de de um reajustamento entre as ins

nem resolvido à revelia da experiência

tituições políticas e as novas exigências econômicas e sociais que a própria de mocracia suscitou. A democracia só

histórica e do conhecimento da nossa

poderá sobreviver e resistir ao impacto dos regimes totalitários na medida em que fôr capaz de superar o seu formalismo abstrato, o seu relativismo metafísi co dando um sentido concreto à liber dade que se propõe preservar, e se em

penhando na promoção da justiça social aue o capitalismo não soube realizar. A recuperação da unidade espiritual, em torno de um repertório de crenças e de valores comuns, é a condição basica de uma reorganização social e política das democracias ocidentais.

Se a democracia deixou de ser uma

durante algum tempo com êle, esposan do provisòriamente a sua direção inicial.

armas atômicas, coincidindo com a in

nejamento da economia e da instituição na distribuição da riqueza.

o do coincidência com o real, como con dição de qualquer reforma do homem e da sociedade. Para <lesviar um trilho de sua direção, diz o autor de "L'Evolution Creatrice", é necessário coincidir

munismo ganhavam a intensidade c a

liberdade seja dado um sentido, que justifique o sen esforço, o seu sofrimcnte, a sua Wda, enfim. A fabricação das

pela intervenção do Estado e pela pla-

23

idéia-fôrça, enquanto o nazismo e o co

realidade.

Não temos tradições demo

cráticas e liberais. Mas porque sofre mos de superstição jurídica, sempre atri

buímos mais importância ao direito legal ou escrito do que ao direito costumeiro. Para nós, o importante é que existam

normas legais, embora os costumes não coincidam com elas e mesmo as contra

riem.

No entanto, o direito público

não pode mais prescindir da contribuição da sociologia e das outras ciências so ciais.

As ciências sociais, a história e

a sociologia acham-se, assim, na base da arte política. Há uma metáfora de

Bergson que nos ajuda a compreender essa necessidade de conhecimento prévio

r

Devemos, portanto, reconhecer que nada encontramos em nosso passado o em nossa psicologia coletiva que possa servir de ponto de apoio para as expenencias democráticas. Ao contrário do que ocorre especialmente nos países an-

glo-saxoes, a democracia e as instituições

políticas que lhe são correspondentes nao foram aqui suscitadas pelo nosso próprio desenvolvimento cultural e liistó

rico. mas trazidas de fora, importadas, e anexadas". A sua sócio-gênese é ar tificial, nao correspondendo a nenhuma exigência do nosso povo, formado, como vimos por quatro séculos de regime

blemas nos propomos resolver. Esque cemo-nos, assim, que, de acordo com

o próprio Rousseau, não há regimes melhores ou piores se os tomarmos em

abstrato, e que cs ótimos para deter minados países podem ser péssimos para outros. O "margínalismo" em que \àvemos nos impede de fazer esse esforço

de reconhecimento e de aceitação da realidade. Ignoramos ou fingimos igno rar que o Brasil, como diz Oliveira

Víanna, é uma espécie de museu de sociologia retrospectiva e de história comparada.

_No território imenso, com as propor ções de um continente, e ainda quase deserto, coexistem todos os estágios so ciais, tôdas as épocas históricas e todos

os níveis de cultura. A poucas horas de \àagem dos grandes centros urbanos,

das grandes capitais, comparáveis às

Nunca houve entre nós ósse conjunto

melhores cidades do mundo, encontra mos às margens do Araguaia índios semi-

do motivações, hóbitos e , formas de conduta que os sociólogos chamariam de "complexo democrático". Faltam-nos

como há quatrocentos anos frechavam o invasor lusitano. Nos Estados mais

feudal e aristocrático.

como sempre nos faltaram, o sentimento 6 a consciência do interesse nacional. Toda a nossa vida política, no municí pio como nas províncias e mesmo no

nus, frechando o branco escopeteiro,

prósperos e mais ricos, como São Paulo êsses desníveis e contrastes não são me nos chocantes. Inclusive nas melhores

fazendas o "meeiro", o "agregado", o

camarada", vivem ainda em condições plano nacional, é dominada pelo "espí miseráveis, com um mínimo de assistên rito do clã". Não temos opinião públi cia, em casebres de pau-a-pica nem partidos políticos e, no entanto, que. Em certasimundos regiões do País, há nos obstinamos em realizar um regime, ^pula^es que ainda se encontram na que depende antes de mais nada da . idade do couro, e outras que não co opinião pública e dos partidos políticos. "Não temos opinião e não temos dire ção mental" (29), escrevia Alberto Tor res em 1914.

Ao colocar o problema político, por que o colocamos em termos pessoais, de grupo ou .d© família, e não nacionais,

perdemos sempre de vista o essencial! isto é, a realidade do país cujos pro-

nhecem o uso do dinheiro.

Mau grado a heterogeneidade, a rarefaçao, a diversidade cultural, dos nos sos nódulos de população, espalhados pelo território como pequenas ilhas de humanidade primitiva na solidão dos mares desertos, apesar dessa desconti-

nuídade, dessa configuração ganglionar do nosso povo, que explica em grande


Digesto EcONÓ^^CO

25

DicESTo Econômico 24

política federal, aceitavam todas as com

aquisições morais: estas se comunicam

parte o seu "localismo", o seu "espírito

que temos feito sempre senão confun

binações, cambalachos e acordos nas pro

em seguida por meio de uma educa

de clã", e a falta de consciência nacio

dir o sertão com o "município neutro" e

legislar para o País como se êle fòsse apenas o Rio de Janeiro? Quanto aos partidos, continuaram a

víncias o nos municípios. Candidatos irreconciliávcis em relação à presidên cia da República ou dos seus Estados, por exemplo, se tornaram aliados na

sileiro a escolher os seus representantes,

ser no Império e na República uma soma

luta pela conquista das prefeituras mu

não só para os governos municipais e

de clãs senhoriaís.

nicipais e pela constituição das câmaras

nal, apesar da ignorância, da incultura, da carência de quaisquer hábitos de vida pública, insistimos em forçar o povo bra estaduais mas também para o govêmo federal.

Criamos, sem dú

vida, depois de 30, e por um ato cio govêmo central, os partidos nacionais.

A essas populações, politicamente in capazes, atribuímos então o encargo de

Mais uma vez, no entanto, incidimos no

constituir e organizar os executivos e le gislativos municipais e estaduais, e o legislativo e executivo nacionais. Obser vemos, aliás, que a nossa democracia de aparência é, na realidade, uma aris

da lei ou do decreto poderia nascer uma

mesmo erro, ao imaginar que do tè.xlo instituição da complexidade c da am

plitude de um partido político nacional.

t

O problema não é o de realizar uma

a nossa civilização, aliás, uma democra

política ideológica de amplitude nacio nal nem mesmo estadual, mas eleger-se

pulação de 50 milhões de habitantes

pância entre a ideologia dos reforma

para pô-los ao serviço dos parentes, ami gos e correligionários políticos. Como

apenas 10 milhões, isto é 25 %, exercem o direito de votar. É, portanto, a mi

dores e a realidade da política brasi

poderiam organizar-se e funcionar em

leira.

um país como o Brasil os partidos na cionais? Se os nossos núcleos de popu

legal", embora o critério adotado para a

mente nacionais, não passam, na reali

formação desse corpo eleitoral nos pare

dade, do uma agregado do clãs locais,

ça inteiramente absurdo.

municipais e regionais, unificados pelo prestígio pessoal de um chefe, um líder.

Supomos e

damos como existente o que na reali

formas de conduta política que certa

Além de não apresentarem nenhum con teúdo ideológico, pois os seus programas nada significam, não correspondem aos

mente se encontram na Inglaterra e nos

interesses nacionais nem cs exprimem,

dade não existe.

Postulamos tradi

ções, sentimentos, valores, hábitos e

países escandinavos, mas que jamais existiram e ainda não existem entre nós.

Permanecendo surdos e cegos às lições

da experiência, teimamos em fazer fun cionar no trópico a opinião pública, o sufrágio universal e a política partiEm 1869, dizia o senador Nabuco

de Arauio, a propósito da necessidade de

Icl!realidade,. "Isto

do preconceito

f''"/"'''•

o preconceito das leis absolntas; entre tanto, a melhor qualidade, das leis e a sua relação com as circunstâncias locais. Não podia convir ao sertão o que con

vém ao município neutro" (30). E o

nem poderiam exprimi-los, pois, na psi

cologia dos membros dos partidos, o que está presente c apenas o estreito ho rizonte do município ou da região em

que habitam. Os motivos pessoais, os interêsses de família e de grupo, pre valecem invariàvelmcntc sobre qual quer outro sistema de motivações.

Verificamos, nas últimas eleições, que os partidos nacionais não existem como

unidade de direção e de atitude polí

tica, pois nos três planos, municipal, es tadual e federal, os mesmos partidos as sumiram atitudes e revelaram comporta

mentos inteiramente diversos. Partidos intolerantes e escrupulosos no piano da

Assentamos nossas instituições políticas na incompreensão e no desconhecimento da realidade nacional. E nos surpreen

demos então que as instituições não te nham aqui o rendimento e não dêem os resultados que se obse^^'am em outros

tocracia de alfabetizados, pois numa po

Embora os partidos sejam nominal

acabamos por crer hereditários" (31).

de vereadores. Porque, em nossa demo cracia do aparências, e pelas razões já apontadas, o que determina a conduta dos homens na política é o espírito de clã, feudal, parental e eleitoral.

E, ao longo das mais recentes experiên cias eleitorais, especialmente da última, pudemos verificar o contraste, a discre

noria da Nação que constitui o "país

ção de todos os instantes; e assim pas

sam de geração em geração hábitos que

de qualquer maneira, ocupar os cargos

lação vivem perdidos pelo interior do imenso território," separados uns dos ou tros por distâncias praticamente intrans poníveis, sem nenhuma consciência do

que é o país como um todo, num está

gio cultural de absoluto primitivismo? A todas as razões que explicam a crise da democracia no mundo, acrescenta-

países.

Satisfazemos, no entanto, o

nosso "bovar}'smo", criando, como toda cia do aparências ou uma paródia de democracia, para usar a expressão de Nabuco.

Em um país que é um deserto, e cujas elites vão mais fàcilmonte à Europa do que a Mato Grosso ou ao Ceará, o sufrágio imiversal, a eleição direta, por aqueles dos quais se exige serem apenas alfabetizados, dos governos estaduais

e do govêmo federal, é uma insensatez ^ que só o nosso marginalismo é capaz de H explicar. Nos próprios países da Europa, na França e na Inglaterra, homens como Winston Churchill e André Tardieu re

conhecem que o sufrágio universal pro vocou uma queda considerável na qua-

mos os motivos nacionais, as peculia

lidade e no nível cultural e moral das

ridades da nossa formação e da nossa psicologia que a tornam, na forma in glesa, por e.xemplo, praticamente irrea-

assembléias e parlamentos. Porque a

significação do voto é proporcional ao conhecimento que tem 0 eleitor do can

lizável. Pois o regime supõe o que não

didato.

existe entre nós: a consciência nacional, o espirito público, o sentido do interês-

observa o próprio Rousseau, a democra

so coletivo, a preocupação do bem comum e a capacidade de distinguir os negó cios particulares dos negócios do Estado,

dades onda todos se conhecem e po

Sempre desprezamos o essencial, Isto

é, a realidade do nosso comportamento político. Ora, como ensina Bergson, "é

Em princípio, portanto, como

cia só é viável nas pequenas comuni

dem escolher sabendo porque o fazem. Quanto mais aumenta a distância ou o desconhecimento entre o eleitor e o can

didato, mais absurdo se toma o voto.

Como escolher, como preferir entre A

nos costumes, nas instituições, na pró

e B, se não conhecemos nem A nem B?

pria linguagem que se depositam as

E que sentido passa a ter o voto desde


Digesto EcONÓ^^CO

25

DicESTo Econômico 24

política federal, aceitavam todas as com

aquisições morais: estas se comunicam

parte o seu "localismo", o seu "espírito

que temos feito sempre senão confun

binações, cambalachos e acordos nas pro

em seguida por meio de uma educa

de clã", e a falta de consciência nacio

dir o sertão com o "município neutro" e

legislar para o País como se êle fòsse apenas o Rio de Janeiro? Quanto aos partidos, continuaram a

víncias o nos municípios. Candidatos irreconciliávcis em relação à presidên cia da República ou dos seus Estados, por exemplo, se tornaram aliados na

sileiro a escolher os seus representantes,

ser no Império e na República uma soma

luta pela conquista das prefeituras mu

não só para os governos municipais e

de clãs senhoriaís.

nicipais e pela constituição das câmaras

nal, apesar da ignorância, da incultura, da carência de quaisquer hábitos de vida pública, insistimos em forçar o povo bra estaduais mas também para o govêmo federal.

Criamos, sem dú

vida, depois de 30, e por um ato cio govêmo central, os partidos nacionais.

A essas populações, politicamente in capazes, atribuímos então o encargo de

Mais uma vez, no entanto, incidimos no

constituir e organizar os executivos e le gislativos municipais e estaduais, e o legislativo e executivo nacionais. Obser vemos, aliás, que a nossa democracia de aparência é, na realidade, uma aris

da lei ou do decreto poderia nascer uma

mesmo erro, ao imaginar que do tè.xlo instituição da complexidade c da am

plitude de um partido político nacional.

t

O problema não é o de realizar uma

a nossa civilização, aliás, uma democra

política ideológica de amplitude nacio nal nem mesmo estadual, mas eleger-se

pulação de 50 milhões de habitantes

pância entre a ideologia dos reforma

para pô-los ao serviço dos parentes, ami gos e correligionários políticos. Como

apenas 10 milhões, isto é 25 %, exercem o direito de votar. É, portanto, a mi

dores e a realidade da política brasi

poderiam organizar-se e funcionar em

leira.

um país como o Brasil os partidos na cionais? Se os nossos núcleos de popu

legal", embora o critério adotado para a

mente nacionais, não passam, na reali

formação desse corpo eleitoral nos pare

dade, do uma agregado do clãs locais,

ça inteiramente absurdo.

municipais e regionais, unificados pelo prestígio pessoal de um chefe, um líder.

Supomos e

damos como existente o que na reali

formas de conduta política que certa

Além de não apresentarem nenhum con teúdo ideológico, pois os seus programas nada significam, não correspondem aos

mente se encontram na Inglaterra e nos

interesses nacionais nem cs exprimem,

dade não existe.

Postulamos tradi

ções, sentimentos, valores, hábitos e

países escandinavos, mas que jamais existiram e ainda não existem entre nós.

Permanecendo surdos e cegos às lições

da experiência, teimamos em fazer fun cionar no trópico a opinião pública, o sufrágio universal e a política partiEm 1869, dizia o senador Nabuco

de Arauio, a propósito da necessidade de

Icl!realidade,. "Isto

do preconceito

f''"/"'''•

o preconceito das leis absolntas; entre tanto, a melhor qualidade, das leis e a sua relação com as circunstâncias locais. Não podia convir ao sertão o que con

vém ao município neutro" (30). E o

nem poderiam exprimi-los, pois, na psi

cologia dos membros dos partidos, o que está presente c apenas o estreito ho rizonte do município ou da região em

que habitam. Os motivos pessoais, os interêsses de família e de grupo, pre valecem invariàvelmcntc sobre qual quer outro sistema de motivações.

Verificamos, nas últimas eleições, que os partidos nacionais não existem como

unidade de direção e de atitude polí

tica, pois nos três planos, municipal, es tadual e federal, os mesmos partidos as sumiram atitudes e revelaram comporta

mentos inteiramente diversos. Partidos intolerantes e escrupulosos no piano da

Assentamos nossas instituições políticas na incompreensão e no desconhecimento da realidade nacional. E nos surpreen

demos então que as instituições não te nham aqui o rendimento e não dêem os resultados que se obse^^'am em outros

tocracia de alfabetizados, pois numa po

Embora os partidos sejam nominal

acabamos por crer hereditários" (31).

de vereadores. Porque, em nossa demo cracia do aparências, e pelas razões já apontadas, o que determina a conduta dos homens na política é o espírito de clã, feudal, parental e eleitoral.

E, ao longo das mais recentes experiên cias eleitorais, especialmente da última, pudemos verificar o contraste, a discre

noria da Nação que constitui o "país

ção de todos os instantes; e assim pas

sam de geração em geração hábitos que

de qualquer maneira, ocupar os cargos

lação vivem perdidos pelo interior do imenso território," separados uns dos ou tros por distâncias praticamente intrans poníveis, sem nenhuma consciência do

que é o país como um todo, num está

gio cultural de absoluto primitivismo? A todas as razões que explicam a crise da democracia no mundo, acrescenta-

países.

Satisfazemos, no entanto, o

nosso "bovar}'smo", criando, como toda cia do aparências ou uma paródia de democracia, para usar a expressão de Nabuco.

Em um país que é um deserto, e cujas elites vão mais fàcilmonte à Europa do que a Mato Grosso ou ao Ceará, o sufrágio imiversal, a eleição direta, por aqueles dos quais se exige serem apenas alfabetizados, dos governos estaduais

e do govêmo federal, é uma insensatez ^ que só o nosso marginalismo é capaz de H explicar. Nos próprios países da Europa, na França e na Inglaterra, homens como Winston Churchill e André Tardieu re

conhecem que o sufrágio universal pro vocou uma queda considerável na qua-

mos os motivos nacionais, as peculia

lidade e no nível cultural e moral das

ridades da nossa formação e da nossa psicologia que a tornam, na forma in glesa, por e.xemplo, praticamente irrea-

assembléias e parlamentos. Porque a

significação do voto é proporcional ao conhecimento que tem 0 eleitor do can

lizável. Pois o regime supõe o que não

didato.

existe entre nós: a consciência nacional, o espirito público, o sentido do interês-

observa o próprio Rousseau, a democra

so coletivo, a preocupação do bem comum e a capacidade de distinguir os negó cios particulares dos negócios do Estado,

dades onda todos se conhecem e po

Sempre desprezamos o essencial, Isto

é, a realidade do nosso comportamento político. Ora, como ensina Bergson, "é

Em princípio, portanto, como

cia só é viável nas pequenas comuni

dem escolher sabendo porque o fazem. Quanto mais aumenta a distância ou o desconhecimento entre o eleitor e o can

didato, mais absurdo se toma o voto.

Como escolher, como preferir entre A

nos costumes, nas instituições, na pró

e B, se não conhecemos nem A nem B?

pria linguagem que se depositam as

E que sentido passa a ter o voto desde


Digesto Econó.nuco

26

Dicusto Econômico

que nada sabemos a respeito daqueles nos quais votamos? Como as indica

americano. Num país desgovernado e acéfalo, sem elites políticas c intelec

ções não podem vir de baixo, democrà-

tuais militantes, em plenu ananjuiu mo ral c mental, confiar o destino da políti

ticamento, continuam a vir clc cima, e

27

tal como quatrocentos anos de história o configuraram.

Preconizaríamos, por e.xemplo, a su

serem incluídas no programa de um novo partido ou movimento político, nos

pareçam inoportunas, inviáveis ou ingê

os nomes e as chapas continuam a ser

ca nacional ao povo dcsorganiziido e

pressão do sufrágio universal e direto,

impostos ao eleitorado, não só por meio

inconsciente, simples soma aritmética

e a constituição de diferentes eleitorados,

das injunções pessoais' e partidárias, mas também pela sugestão e pela violência

dos cidadãos ou eleitores, é instaurar u

escolhidos segundo um critério de com

anarquia legal c criar as condições que

da propaganda.

tornam inevitáveis as ditaduras periódi

petência e responsabilidade, que elege riam sucessivamente os governos muni

cipais e estaduais e o govêmo federal.

que não há relação determinante entre

A soberania popular c um mito,

cas. Não podemos, porém, viver indefi nidamente assim, nessa oscilação pcndu-

Exigências rigorosas, de credenciais e de

o povo jamais se dirigiu e jamais se

lar, da desordem democrática para a

dirigirá sozinho. O sufrágio universal é

ordem ditatorial e vice-versa.

Qual a

candidatar-se aos cargos públicos. Dimi

o nível cultural dos povos e a sua capa cidade para o exercício dêste ou da quele regime político. Bastaria lembrar

uma farsa, e o voto nada significa por

solução, portanto, e que perspectivas se abrem para a política brasileira?

nuição dos subsídios, a fim de que as

o exemplo da Grécia.

funções públicas não se tornem, ou me

O que vamos dizer talvez não seja

lhor, deixem de ser uma sinecura, um

Outros proporão a ditadura. Mas di tadura de quem, e por quanto tempo?

meio de enriquecer à custa do Estado. Candidaturas regionais e distritais, vin culadas à região onde o candidato resi

tica e se recolhem à vida privada. "A minha geração — escreve Almeida Salles — quando atinge os vinte anos, não en contra nada em torno que a empolgue

hábil do ponto de vista da política elei toral e de qualquer eventual aspiração de prestígio junto às massas. Não esta mos fazendo demagogia, porém, nem tampouco propaganda partidária. O que está em jogo não são interesses pessoais ou de grupo, mas é o próprio destino da Nação. Acreditamos, em primeiro lugar, quo qualquer reforma política deverá

6 entusiasme.

ser precedida dessa tomada de consciên

O regime se deteriora em sua própria raiz.

que o eleitorado é inconsciente, e não conhecendo os candidatos nem se inte

ressando por êles, deixa-se corromper pelo dinheiro e pela propaganda. E

como para eleger-se é preciso corromper o eleitorado, com o suborno e a dema

gogia, os melhores se ausentam da polí

Esmagada entre duas

guerras mundiais, vai atingir a madure-

cia da nossa realidade, à luz da e.xpe-

za num instante em que o alijamento das elites do cenário da República é uma

riencia histórica e dos ensinamentos das ciências sociais. E acreditamos também

política sistemática de governo" (32).

que o problema não está em querer fazer funcionar um regime concebido a priori, e importado de outros povos diferentes

Fica, assim, o País entregue aos aventu

reiros, aos aproveitadores, aos cínicos, aos negocistas, aos medíocres, aos dema

gogos, a essa multidão de desclassifica dos que as lu^nas se obstinam em despe jar nas nossas assembléias e parlamentos. Êsse povo tão cioso das suas imaginá rias tradições liberais e democráticas não elegeu Ruy Barbosa, que era a encarnação do liberalismo e da democra

do nosso.

de e c conhecido. Proibição da propíiganda pessoal e designação dos candida tos pela legenda partidária. Reforma da lei eleitoral e do regimento dos par tidos. E, em outro plano, a federaliza-

ção do aparelho judiciário e policial, a fim de que a liberdade civil possa scxpreser\'ada e garantida contra o arbí trio dos executivos locais.

Pouco importa que essas medidas, a (1) Jean

1^1

Pouco importam os rótulos e as etique tas. O essencial é o conteúdo, é a vida concreta das sociedades e dos homens.

O problema brasileiro continua a ser o da "organização nacional", como diria

às urtigas essas tradições e governou dis-

dencialismo norte-americano. Seria algo

cricionàriamente o País, de acordo com OS moldes clássicos do caqdilhismo sul-

de nosso, de peculiar, em consonância

Rousseau

"Du

(2) Idem, Livro I, Cap. I, (3) Idem. Livro I, Cap. VI. (4) Idem, Livro I, Cap. VI. (5) Idem, Livro I. Cap. VIII. (6) Idem, Livro I, Cap. VII. (7) René Guénon — "La Crise du Mondo Modorne" ^ pág. 88, Cap. XV.

(fl) Hans Kelsen — "Esencia y Valor de Ia Democracia" — pág. 25. (10) In "La Table Ronde", n.o 26, fe

ria dessa "organização" não seria uma

tador que durante quinze anos mandou

Jacques

Contrat Social" — Livro ni, Cap. IV.

(8) Rousseau'— Ob. clt,. Livro m

Alberto Torres. O regime que resulta cópia, uma reprodução do parlamenta rismo inglês, nem tampouco do presi

cia. No entanto, acaba de eleger o di

títulos, para todos aqueles que quisessem

vereiro de 1950.

(11) Idem, pág. 11.

(12) Idem, pág. 11. (13) Idem,. pág. 13. (14) Henri Bergson — "Les Deux Sources de Ia Morale et de Ia Religion" — pág. 304.

com a nossa fisionomia o o nosso caráter,

nuas. Não são outras as sugestões que poderíamos recolher da nossa experiên cia histórica e da nossa atual realida

de. Diriam os racionalistas que o essen cial é educar o povo, esquecendo-se de

Se a ditadura não se institucionalizar,

será tão efêmera quanto a vida do di tador e, no caso contrário, o importan te terão sido as instituições que criou e

que sobrevivem ao ditador. Que fazer, portanto? Organizar o regime, a fim de que não só realize o imperativo da justiça social, mas condu za aos postos de govêmo os mais capa

zes e os melhores, pois, como ensina

Rousseau, "c'est Toràre le meilleur et le plus natural que les pius sages gouvement Ia multitude" (33). (16) Jorge de Serpa Filho — "Pers

pectivas Contemporâneas" — In "Colégio" — n.o 5, pág. 28.

(17) Rousseau — ob. cit.. Livro HI, Cap. VIII.

(18) Oliveira Vianna — "Instituições Políticas Brasileiras" — Tomo I, pág. 28. (19) Idem, pág. 126. (20)

Rocha Pombo — "História do Bra

sil" — Ed. do "Anuário do Brasil", Tomo II, pág. 15. (21) Oliveira Vianna — Ob. clt.. Tomo I, pág. 153.

(22) Idem, pág. 346. (23) Joaquim Nabuco — "O Abolicio nismo" — pág. 196. í24) Pedro Calmon — "História da Ci

vilização Brasileira" — pág. 276. (25) Paul Valéry — "Fluctuations sur

Ia Liberté" in "La France veut Ia Liberté", pág. XXV. (26) Nicolas Berdiaeff — "Un Nouveau

(15) Hans Kelsen — Ob. cit., pág. 29. Moyen-Age" — pág. 245.

J


Digesto Econó.nuco

26

Dicusto Econômico

que nada sabemos a respeito daqueles nos quais votamos? Como as indica

americano. Num país desgovernado e acéfalo, sem elites políticas c intelec

ções não podem vir de baixo, democrà-

tuais militantes, em plenu ananjuiu mo ral c mental, confiar o destino da políti

ticamento, continuam a vir clc cima, e

27

tal como quatrocentos anos de história o configuraram.

Preconizaríamos, por e.xemplo, a su

serem incluídas no programa de um novo partido ou movimento político, nos

pareçam inoportunas, inviáveis ou ingê

os nomes e as chapas continuam a ser

ca nacional ao povo dcsorganiziido e

pressão do sufrágio universal e direto,

impostos ao eleitorado, não só por meio

inconsciente, simples soma aritmética

e a constituição de diferentes eleitorados,

das injunções pessoais' e partidárias, mas também pela sugestão e pela violência

dos cidadãos ou eleitores, é instaurar u

escolhidos segundo um critério de com

anarquia legal c criar as condições que

da propaganda.

tornam inevitáveis as ditaduras periódi

petência e responsabilidade, que elege riam sucessivamente os governos muni

cipais e estaduais e o govêmo federal.

que não há relação determinante entre

A soberania popular c um mito,

cas. Não podemos, porém, viver indefi nidamente assim, nessa oscilação pcndu-

Exigências rigorosas, de credenciais e de

o povo jamais se dirigiu e jamais se

lar, da desordem democrática para a

dirigirá sozinho. O sufrágio universal é

ordem ditatorial e vice-versa.

Qual a

candidatar-se aos cargos públicos. Dimi

o nível cultural dos povos e a sua capa cidade para o exercício dêste ou da quele regime político. Bastaria lembrar

uma farsa, e o voto nada significa por

solução, portanto, e que perspectivas se abrem para a política brasileira?

nuição dos subsídios, a fim de que as

o exemplo da Grécia.

funções públicas não se tornem, ou me

O que vamos dizer talvez não seja

lhor, deixem de ser uma sinecura, um

Outros proporão a ditadura. Mas di tadura de quem, e por quanto tempo?

meio de enriquecer à custa do Estado. Candidaturas regionais e distritais, vin culadas à região onde o candidato resi

tica e se recolhem à vida privada. "A minha geração — escreve Almeida Salles — quando atinge os vinte anos, não en contra nada em torno que a empolgue

hábil do ponto de vista da política elei toral e de qualquer eventual aspiração de prestígio junto às massas. Não esta mos fazendo demagogia, porém, nem tampouco propaganda partidária. O que está em jogo não são interesses pessoais ou de grupo, mas é o próprio destino da Nação. Acreditamos, em primeiro lugar, quo qualquer reforma política deverá

6 entusiasme.

ser precedida dessa tomada de consciên

O regime se deteriora em sua própria raiz.

que o eleitorado é inconsciente, e não conhecendo os candidatos nem se inte

ressando por êles, deixa-se corromper pelo dinheiro e pela propaganda. E

como para eleger-se é preciso corromper o eleitorado, com o suborno e a dema

gogia, os melhores se ausentam da polí

Esmagada entre duas

guerras mundiais, vai atingir a madure-

cia da nossa realidade, à luz da e.xpe-

za num instante em que o alijamento das elites do cenário da República é uma

riencia histórica e dos ensinamentos das ciências sociais. E acreditamos também

política sistemática de governo" (32).

que o problema não está em querer fazer funcionar um regime concebido a priori, e importado de outros povos diferentes

Fica, assim, o País entregue aos aventu

reiros, aos aproveitadores, aos cínicos, aos negocistas, aos medíocres, aos dema

gogos, a essa multidão de desclassifica dos que as lu^nas se obstinam em despe jar nas nossas assembléias e parlamentos. Êsse povo tão cioso das suas imaginá rias tradições liberais e democráticas não elegeu Ruy Barbosa, que era a encarnação do liberalismo e da democra

do nosso.

de e c conhecido. Proibição da propíiganda pessoal e designação dos candida tos pela legenda partidária. Reforma da lei eleitoral e do regimento dos par tidos. E, em outro plano, a federaliza-

ção do aparelho judiciário e policial, a fim de que a liberdade civil possa scxpreser\'ada e garantida contra o arbí trio dos executivos locais.

Pouco importa que essas medidas, a (1) Jean

1^1

Pouco importam os rótulos e as etique tas. O essencial é o conteúdo, é a vida concreta das sociedades e dos homens.

O problema brasileiro continua a ser o da "organização nacional", como diria

às urtigas essas tradições e governou dis-

dencialismo norte-americano. Seria algo

cricionàriamente o País, de acordo com OS moldes clássicos do caqdilhismo sul-

de nosso, de peculiar, em consonância

Rousseau

"Du

(2) Idem, Livro I, Cap. I, (3) Idem. Livro I, Cap. VI. (4) Idem, Livro I, Cap. VI. (5) Idem, Livro I. Cap. VIII. (6) Idem, Livro I, Cap. VII. (7) René Guénon — "La Crise du Mondo Modorne" ^ pág. 88, Cap. XV.

(fl) Hans Kelsen — "Esencia y Valor de Ia Democracia" — pág. 25. (10) In "La Table Ronde", n.o 26, fe

ria dessa "organização" não seria uma

tador que durante quinze anos mandou

Jacques

Contrat Social" — Livro ni, Cap. IV.

(8) Rousseau'— Ob. clt,. Livro m

Alberto Torres. O regime que resulta cópia, uma reprodução do parlamenta rismo inglês, nem tampouco do presi

cia. No entanto, acaba de eleger o di

títulos, para todos aqueles que quisessem

vereiro de 1950.

(11) Idem, pág. 11.

(12) Idem, pág. 11. (13) Idem,. pág. 13. (14) Henri Bergson — "Les Deux Sources de Ia Morale et de Ia Religion" — pág. 304.

com a nossa fisionomia o o nosso caráter,

nuas. Não são outras as sugestões que poderíamos recolher da nossa experiên cia histórica e da nossa atual realida

de. Diriam os racionalistas que o essen cial é educar o povo, esquecendo-se de

Se a ditadura não se institucionalizar,

será tão efêmera quanto a vida do di tador e, no caso contrário, o importan te terão sido as instituições que criou e

que sobrevivem ao ditador. Que fazer, portanto? Organizar o regime, a fim de que não só realize o imperativo da justiça social, mas condu za aos postos de govêmo os mais capa

zes e os melhores, pois, como ensina

Rousseau, "c'est Toràre le meilleur et le plus natural que les pius sages gouvement Ia multitude" (33). (16) Jorge de Serpa Filho — "Pers

pectivas Contemporâneas" — In "Colégio" — n.o 5, pág. 28.

(17) Rousseau — ob. cit.. Livro HI, Cap. VIII.

(18) Oliveira Vianna — "Instituições Políticas Brasileiras" — Tomo I, pág. 28. (19) Idem, pág. 126. (20)

Rocha Pombo — "História do Bra

sil" — Ed. do "Anuário do Brasil", Tomo II, pág. 15. (21) Oliveira Vianna — Ob. clt.. Tomo I, pág. 153.

(22) Idem, pág. 346. (23) Joaquim Nabuco — "O Abolicio nismo" — pág. 196. í24) Pedro Calmon — "História da Ci

vilização Brasileira" — pág. 276. (25) Paul Valéry — "Fluctuations sur

Ia Liberté" in "La France veut Ia Liberté", pág. XXV. (26) Nicolas Berdiaeff — "Un Nouveau

(15) Hans Kelsen — Ob. cit., pág. 29. Moyen-Age" — pág. 245.

J


Digesto Eco^?ó^^co

28

(27) Harold Laski — "Le toumant de Ia Démocratie" — in "Archives de Phi-

losophie du Droit et de Sociologie Juridique" — n.o 3-4. de 1934. (28) Karl Mannheim — "Diagnostico de Nuestro Tiempo" — pág. 9. (29) Alberto Torres — "O Problema Nacional Brasileiro" — Ia. ed., pág. XVI.

INFLAÇAO E IMPÔSTO

(30) Joaquim Nabuco — "Um estadis ta do Império" — I.° vol. (31) Henri Bergson — "Los Doux Sources de Ia Moralc et de Ia Religion". pág. 294-5.

Richabd LeavINSOHN

(32) Almeida Salles — "A Geraçáo de Brasilio Machado" — in "Colégio", n.o 3 pág. 5.

(33) Rousseau — "Le Contrat Social — Livro III. Cap. 3.

grave inflação que assolava, após a primeira guerra mundial, a Euro pa, John Maynard Keynes escreveu

to. O próprio governo obriga-se a aceitá-lo como meio de pagamento de

um "Tratado sòbre a reforma mone

impostos.

tária" no qual se encontrava esta fór

mula espirituosa: "Na Inglaterra, po demos jogar na cesta o recibo do im posto de renda; na Alemanha, o reci bo chama-se papel-moeda e pÕe-se na

carteira; na França, chama-se apóli ce e fica bem guardado no Cofre for te ".

Foi a primeira vez que economista de destaque ousou definir a emissão de papel-moeda como uma forma de imposto. Nos tratados sóbre as finan

Nos países onde o governo, e não o banco central, faz e garante as emis sões, o papel-moeda é expressamente classificado como parte da dívida pú blica. Assim, o nosso Código de Con tabilidade considera o papel-moeda como parte da dívida flutuante e fi xa mesmo Certas normas para a amor

tização. Entretanto, as amortizações tornam-se mera forma se forem ime

moeda como. uma espécie de crédito

diatamente substituídas por novas emissões. Na realidade, o papel-moe da é, de todas as espécies de dívida pública, a mais durável. Ê uma dívida perpétua, pois são raríssimos os ca

que o governo recebe do povo. Desse

sos nos quais uma parcela importante

conceito provém o têrmo, às vezes utilizado ainda hoje, de "emissão fi-

é eliminada da circulação. Só em al gumas operações de deflação brutal — como aconteceu depois da primeira guerra mundial na Tchecoslováquia, depois da última guerra na Bélgica e recentemente na Indonésia — o papel-

ças públicas, como também na admi

nistração, era uso considerar o papel-

duciária". Evidentemente, o valor das notas de papel não reside no material, como o faz, até certo ponto, no caso da moeda de ouro, e sim na confian

um título de dívida, e não um impos

ça. A inflação, ou seja, a emissão de

moeda

masiada, abala a confiança, mas, en quanto o público não repudia comple

Normalmente, as reduções são insig

tamente o papel-moeda como meio de pagamento, o governo pode emitir.

Sem dúvida, a emissão fiduciária é

foi

reduzido

até

à

metade.

nificantes em relação às novas emis sões. Pode-se, portanto, dizer que o papel-moeda é uma dívida crescente

e nunca resgatadâ.

um empréstimo sui generis que não

)

i

traz juros, um empréstimo compulsó rio, pois a lei determina o poder liberatório das cédulas e obriga os ha bitantes do país a aceitá-las na liqui

A emissão como receita governamental Em vista de tais contradições, a maioria dos economistas abandonou o

dação de dívidas e em outras ocor

conceito da moeda-dívida e passou pa

rências. Mas, encarado do ponto de vista do govèrno, o papel-moeda fica

ra o conceito de Keynes, consideran

do o papel-moeda emitido para fins


Digesto Eco^?ó^^co

28

(27) Harold Laski — "Le toumant de Ia Démocratie" — in "Archives de Phi-

losophie du Droit et de Sociologie Juridique" — n.o 3-4. de 1934. (28) Karl Mannheim — "Diagnostico de Nuestro Tiempo" — pág. 9. (29) Alberto Torres — "O Problema Nacional Brasileiro" — Ia. ed., pág. XVI.

INFLAÇAO E IMPÔSTO

(30) Joaquim Nabuco — "Um estadis ta do Império" — I.° vol. (31) Henri Bergson — "Los Doux Sources de Ia Moralc et de Ia Religion". pág. 294-5.

Richabd LeavINSOHN

(32) Almeida Salles — "A Geraçáo de Brasilio Machado" — in "Colégio", n.o 3 pág. 5.

(33) Rousseau — "Le Contrat Social — Livro III. Cap. 3.

grave inflação que assolava, após a primeira guerra mundial, a Euro pa, John Maynard Keynes escreveu

to. O próprio governo obriga-se a aceitá-lo como meio de pagamento de

um "Tratado sòbre a reforma mone

impostos.

tária" no qual se encontrava esta fór

mula espirituosa: "Na Inglaterra, po demos jogar na cesta o recibo do im posto de renda; na Alemanha, o reci bo chama-se papel-moeda e pÕe-se na

carteira; na França, chama-se apóli ce e fica bem guardado no Cofre for te ".

Foi a primeira vez que economista de destaque ousou definir a emissão de papel-moeda como uma forma de imposto. Nos tratados sóbre as finan

Nos países onde o governo, e não o banco central, faz e garante as emis sões, o papel-moeda é expressamente classificado como parte da dívida pú blica. Assim, o nosso Código de Con tabilidade considera o papel-moeda como parte da dívida flutuante e fi xa mesmo Certas normas para a amor

tização. Entretanto, as amortizações tornam-se mera forma se forem ime

moeda como. uma espécie de crédito

diatamente substituídas por novas emissões. Na realidade, o papel-moe da é, de todas as espécies de dívida pública, a mais durável. Ê uma dívida perpétua, pois são raríssimos os ca

que o governo recebe do povo. Desse

sos nos quais uma parcela importante

conceito provém o têrmo, às vezes utilizado ainda hoje, de "emissão fi-

é eliminada da circulação. Só em al gumas operações de deflação brutal — como aconteceu depois da primeira guerra mundial na Tchecoslováquia, depois da última guerra na Bélgica e recentemente na Indonésia — o papel-

ças públicas, como também na admi

nistração, era uso considerar o papel-

duciária". Evidentemente, o valor das notas de papel não reside no material, como o faz, até certo ponto, no caso da moeda de ouro, e sim na confian

um título de dívida, e não um impos

ça. A inflação, ou seja, a emissão de

moeda

masiada, abala a confiança, mas, en quanto o público não repudia comple

Normalmente, as reduções são insig

tamente o papel-moeda como meio de pagamento, o governo pode emitir.

Sem dúvida, a emissão fiduciária é

foi

reduzido

até

à

metade.

nificantes em relação às novas emis sões. Pode-se, portanto, dizer que o papel-moeda é uma dívida crescente

e nunca resgatadâ.

um empréstimo sui generis que não

)

i

traz juros, um empréstimo compulsó rio, pois a lei determina o poder liberatório das cédulas e obriga os ha bitantes do país a aceitá-las na liqui

A emissão como receita governamental Em vista de tais contradições, a maioria dos economistas abandonou o

dação de dívidas e em outras ocor

conceito da moeda-dívida e passou pa

rências. Mas, encarado do ponto de vista do govèrno, o papel-moeda fica

ra o conceito de Keynes, consideran

do o papel-moeda emitido para fins


Digesto EcoNÓmco

DiCESTO Econónuco

30

menos desagradável de tributação do que a criação de novos impostos. É,

do governo como uma forma de tri butação. É 'claro que nem todas as

através do Banco do Brasil e da Car

teira de Redescontos, pela emissão

emissões têm èsse caráter e que os

monetária. As perspectivas para 1951

casos nos quais a emissão constitui

não são muito favoráveis sob esse as

no, como aconteceu em 1923 na Ale

pecto. Já o orçamento votado polo Congresso conta com um déficit de

manha, são felizmente raros e não tí picos. Mas, é um fato que em muitos

2,3 bilhões, ou sejam, 10% da despe sa e, sendo a criação de novos impos

países a emissão representa uma fon

tos durante o exercício vetada pela Constituição, torna-se a contração da

virtualmente a única receita do gover

te subsidiária da receita governamen

tal, sendo utilizada se as outras fontes

despesa o único meio para evitar

não são suficientes para custear a

emissões.

despesa.

Descrevendo de maneira pouco or todoxa, mas realista, a estrutura das nossas finanças públicas, deve-se di

Em países, como o Brasil, que não

dispõem de um mercado forte e bem

praticamente o único

sos — o imposto de

recurso

consumo, o imposto de renda, o imposto

Gesell elaborou seu sistema há sessen ta anos, quando vivia como comer

Smith diz que os encargos fiscais de

ciante em Buenos Aires. Observando

vem ser para a população tão cômo

os juros altos que se pagam na Amé rica do Sul, tornou-se um dos adver

dos quanto possível. O sistema de Silvio Gesell

a

receita

da

União compõe-se de cinco grandes recur

ra eliminar os efeitos nocivos dos jur ros, Gesell recomenda uma deprecia

nanciamento governamental, dever-se-

ção lenta mas contínua da moeda. Ca

ia tentar transformá-la num instru mento menos perigoso, aperfeiçoá-la

tecnicamente e atenuar suas repercus sões desfavoráveis. Infelizmente, os homens que já se esforçaram neste

de importação, o im posto de

emissão como instrumento ideal das fi

déficit não é uma ex

emissão de papel-

sélo e a

ceção, mas quase a

moeda. Segundo sua

nanças públicas, que deveria substituir todos os impostos. Eram teóricos obse-

regra, a emissão para fins governamentais

importância, esta úl

cados por uma idéia fixa, "outsiders

tima fonte figura

sem conhecimentos do mecanismo fi

atualmente

nanceiro, dos princípios básicos da tri

ins

no

ter

tituição. Já mostra

ceiro lugar, ultrapas

mos

sada apenas pelos im

butação e da moeda. Mas, alguns den tre êles eram pensadores originais, e

desta revista (feve

postos de consumo e

o problema é tão árduo e de uma im

reiro de 1950) que,

de renda.

noutro

artigo

nos 128 anos desde a Independência, houve apenas 21 exercícios sem défi cit. Entretanto, passou mais um ano

com forte déficit, coberto indiretamen te mediante emissão. Em geral, a emissão para êsse fim mantem-se em certos limites. O último déficit eleva díssimo registrou-se em 1932, quando a receita da União cobriu apenas 60% da despesa. Desde essa época, o défi cit não ultrapassou 20% da despesa. Em 1949 e 1950, aproximadamente

12-14% da despesa foram finançíados.

sários ardentes de juros em geral, sen do estes, na sua opinião, o maior obs

cional da emissão como meio de fi

sentido caíam freqüentemente em exagerações absurdas. Queriam fazer do vício uma virtude. Proclamavam a

uma

da" várias páginas cheias de elogios.

o famoso "cânon" fiscal de Adam

o déficit orçamen tário e extraorçamentário. E, já que o

tornou-se

teoria geral de emprêgo, juros è moe

táculo à formação do capital real. Pa

zer:

cobrir

mínio é hoje, provavelmente, o econo mista alemão Silvio Gesell, ao qual Keynes votou na sua obra-prima "A

ria financeira, a uma condenação. Já

Reconhecendo o caráter inconstitu

organizado de títulos públicos, a emissão de papel-moeda é para

não há dúvida, um comodismo, mas, essa palavra, um tanto pejorativa, não eqüivale obrigatoriamente, em maté

31

Escusado dizer que o financiamento da despesa pública pela emissão é in desejável. As desvantagens da infla ção são bastante conhecidas. Mas, o

fenômeno de que —mau grado todos os seus inconvenientes - a inflação para fins governamentais existe c continua, desde há séculos, deveria também ser

apreciado como fato importante. É uma prova de que o povo, seus repre sentantes legítimos e, até certo ponto,

o próprio governo, Consideram a emis são de papel-moeda como uma forma

portância tão vital que mesmo suges tões estranhas merecem ser examina das.

Queremos, por isso, analisar aqui brevemente as principais teses e pro postas feitas a respeito. Deixamos de

lado os planos que visam a inflação

da mês o valor das notas deveria ser

reduzido mediante carimbos ou selos.

Gesell sugeria que a redução deveria ser de 0,1% por semana, ou cérca de 5% ao ano — taxa que coincide curio samente com a taxa média da diminui

ção do valor aquisitivo da moeda no Brasil, nos últimos quarenta anos.

Naturalmente o valor da moeda não | poderia ser continuamente reduzido

sem que a parcela eliminada do meio circulante seja substituída por novas notas emitidas no valor integral, mas

sujeitas ao mesmo processo de desva lorização sistemática. A emissão e des

valorização da moeda tornar-se-iam assim um mecanismo rotativo, regular,

periódico e bem planejado, contraria mente à desvalorização irregular e im

prevista que domina nos países com déficit orçamentário. Não haveria in flação, pois o valor total do meio cir culante não aumentaria, mas haveria permanentemente emissões, e dessa

temporária ou permanente como uma

maneira o governo obteria uma nova

política econômica e social, e nos li

fonte perfeitamente legítima de re- .

mitamos à questão específica; a emis são como meio financeiro do governo.

ceita.

O teórico mais conhecido nesse do

.

Aplicando a sugestão de Gesell ao

volume monetário do Brasil, o govêr-


Digesto EcoNÓmco

DiCESTO Econónuco

30

menos desagradável de tributação do que a criação de novos impostos. É,

do governo como uma forma de tri butação. É 'claro que nem todas as

através do Banco do Brasil e da Car

teira de Redescontos, pela emissão

emissões têm èsse caráter e que os

monetária. As perspectivas para 1951

casos nos quais a emissão constitui

não são muito favoráveis sob esse as

no, como aconteceu em 1923 na Ale

pecto. Já o orçamento votado polo Congresso conta com um déficit de

manha, são felizmente raros e não tí picos. Mas, é um fato que em muitos

2,3 bilhões, ou sejam, 10% da despe sa e, sendo a criação de novos impos

países a emissão representa uma fon

tos durante o exercício vetada pela Constituição, torna-se a contração da

virtualmente a única receita do gover

te subsidiária da receita governamen

tal, sendo utilizada se as outras fontes

despesa o único meio para evitar

não são suficientes para custear a

emissões.

despesa.

Descrevendo de maneira pouco or todoxa, mas realista, a estrutura das nossas finanças públicas, deve-se di

Em países, como o Brasil, que não

dispõem de um mercado forte e bem

praticamente o único

sos — o imposto de

recurso

consumo, o imposto de renda, o imposto

Gesell elaborou seu sistema há sessen ta anos, quando vivia como comer

Smith diz que os encargos fiscais de

ciante em Buenos Aires. Observando

vem ser para a população tão cômo

os juros altos que se pagam na Amé rica do Sul, tornou-se um dos adver

dos quanto possível. O sistema de Silvio Gesell

a

receita

da

União compõe-se de cinco grandes recur

ra eliminar os efeitos nocivos dos jur ros, Gesell recomenda uma deprecia

nanciamento governamental, dever-se-

ção lenta mas contínua da moeda. Ca

ia tentar transformá-la num instru mento menos perigoso, aperfeiçoá-la

tecnicamente e atenuar suas repercus sões desfavoráveis. Infelizmente, os homens que já se esforçaram neste

de importação, o im posto de

emissão como instrumento ideal das fi

déficit não é uma ex

emissão de papel-

sélo e a

ceção, mas quase a

moeda. Segundo sua

nanças públicas, que deveria substituir todos os impostos. Eram teóricos obse-

regra, a emissão para fins governamentais

importância, esta úl

cados por uma idéia fixa, "outsiders

tima fonte figura

sem conhecimentos do mecanismo fi

atualmente

nanceiro, dos princípios básicos da tri

ins

no

ter

tituição. Já mostra

ceiro lugar, ultrapas

mos

sada apenas pelos im

butação e da moeda. Mas, alguns den tre êles eram pensadores originais, e

desta revista (feve

postos de consumo e

o problema é tão árduo e de uma im

reiro de 1950) que,

de renda.

noutro

artigo

nos 128 anos desde a Independência, houve apenas 21 exercícios sem défi cit. Entretanto, passou mais um ano

com forte déficit, coberto indiretamen te mediante emissão. Em geral, a emissão para êsse fim mantem-se em certos limites. O último déficit eleva díssimo registrou-se em 1932, quando a receita da União cobriu apenas 60% da despesa. Desde essa época, o défi cit não ultrapassou 20% da despesa. Em 1949 e 1950, aproximadamente

12-14% da despesa foram finançíados.

sários ardentes de juros em geral, sen do estes, na sua opinião, o maior obs

cional da emissão como meio de fi

sentido caíam freqüentemente em exagerações absurdas. Queriam fazer do vício uma virtude. Proclamavam a

uma

da" várias páginas cheias de elogios.

o famoso "cânon" fiscal de Adam

o déficit orçamen tário e extraorçamentário. E, já que o

tornou-se

teoria geral de emprêgo, juros è moe

táculo à formação do capital real. Pa

zer:

cobrir

mínio é hoje, provavelmente, o econo mista alemão Silvio Gesell, ao qual Keynes votou na sua obra-prima "A

ria financeira, a uma condenação. Já

Reconhecendo o caráter inconstitu

organizado de títulos públicos, a emissão de papel-moeda é para

não há dúvida, um comodismo, mas, essa palavra, um tanto pejorativa, não eqüivale obrigatoriamente, em maté

31

Escusado dizer que o financiamento da despesa pública pela emissão é in desejável. As desvantagens da infla ção são bastante conhecidas. Mas, o

fenômeno de que —mau grado todos os seus inconvenientes - a inflação para fins governamentais existe c continua, desde há séculos, deveria também ser

apreciado como fato importante. É uma prova de que o povo, seus repre sentantes legítimos e, até certo ponto,

o próprio governo, Consideram a emis são de papel-moeda como uma forma

portância tão vital que mesmo suges tões estranhas merecem ser examina das.

Queremos, por isso, analisar aqui brevemente as principais teses e pro postas feitas a respeito. Deixamos de

lado os planos que visam a inflação

da mês o valor das notas deveria ser

reduzido mediante carimbos ou selos.

Gesell sugeria que a redução deveria ser de 0,1% por semana, ou cérca de 5% ao ano — taxa que coincide curio samente com a taxa média da diminui

ção do valor aquisitivo da moeda no Brasil, nos últimos quarenta anos.

Naturalmente o valor da moeda não | poderia ser continuamente reduzido

sem que a parcela eliminada do meio circulante seja substituída por novas notas emitidas no valor integral, mas

sujeitas ao mesmo processo de desva lorização sistemática. A emissão e des

valorização da moeda tornar-se-iam assim um mecanismo rotativo, regular,

periódico e bem planejado, contraria mente à desvalorização irregular e im

prevista que domina nos países com déficit orçamentário. Não haveria in flação, pois o valor total do meio cir culante não aumentaria, mas haveria permanentemente emissões, e dessa

temporária ou permanente como uma

maneira o governo obteria uma nova

política econômica e social, e nos li

fonte perfeitamente legítima de re- .

mitamos à questão específica; a emis são como meio financeiro do governo.

ceita.

O teórico mais conhecido nesse do

.

Aplicando a sugestão de Gesell ao

volume monetário do Brasil, o govêr-


■Dl

iiii I

Digesto

32

no receberia, pela substituição de 5% do meio circulante, de cêrca de 30 bi

lhões, um montante de 1,5 bilhões — sem contar a moeda escriturai, que de

EcoNÓAnco

idéia ficou viva e mantida por toda uma escola de adeptos.

Inflação dirigida

veria, logicamente, ser sujeita a um

processo semelhante. Se todos os nos sos meios de pagamento — 80 bilhões de cruzeiros — íòssem sujeitos à taxa

ção, uma taxa anual de 3% seria sufi ciente para cobrir o déficit da União, verificado nos

últimos anos. . .

Es

cusado dizer que fazemos aqui êsse cálculo

apenas

como

exemplo,

para

mostrar o mecanismo da "moeda fun-

dente "

(" Schuwundgeld ") imaginada

por Gesell. Quando

Silvio

Gesell morreu, em

1930, aos 68 anos de idade, era consi derado apenas como um sectário um

lizar a moeda diretamente como base

da tributação. No fundo, é um sistema anti-inílacionista, mesmo com tendên cia deflacionista. Do ponto de vista técnico, como também por razões psi cológicas, seria talvez mais fácil pro ceder no sentido oposto, quer dizer, emitir antes de desvalorizar, mas su jeitar a emissão, assim como a desva lorização, a um estrito contròlc.

Planos desse gênero já foram feitos muitas vêzes, mas raramente de ma

33

verdadeiras transações efetuar-se-âo em francos-papel, que terão um lastro-ouro vanavel entre 37,5% e 5ü7o, mas ésie é sem importância para o

mecanismo do sistema.

A quantidade

do papel-moeda é continuamente au

mentada, na proporção de 3% jjor mês.

Quando, após oito meses e dez dias, o meio circulante, medido em francos-

ouro, ficar acrescido de 25%, o papelmoeda será desvalorizado; quer dizer que o franco-ouro passará de lU para 12,50. francos-papel, e simultâneamen-

te todos os preços, salários, divida.s etc., serão ajustados na mesma propor ção. As receitas, despesas e compio-

missos dos particulares e do govêrno ficarão, portanto, inalterados. Em se

guida, o processo recomeça novamen

fissionais manifestavam profundo desprêzo pelas suas idéias. Mas, logo em seguida, começou sua glória mundial. Na Inglaterra, o grande Keynes jul gou a idéia na base da moeda íundente sã, e sua aplicação numa escala li mitada possível ("General Theory",

neira tão sistemática e clara quanto num livro recentemente publicado em Bruxelas e Paris, sob o título " Vers Ia suppressions des impôts par Tinflation dirigée? " O autor do estudo, Victor Brien, é um reputado engenheiro belga, professor na Universidade de Bruxelas, e seu trabalho mostra tôdas

pag. 357). Nos Estados Unidos, o mais

as vantagens e desvantagens de sua

Depois de transcorridos dez ciclos

formação: um pensamento rigidamen te matemático e uma apresentação

desse tipo, com o meio circulante dc-

tanto confuso, e os economistas pro

»

O princípio da "moeda fuiulente" é somente uma das possibilidades de uti

Digesto Econômico

famoso economista da época, Irving

Fisher, expressou sua simpatia pelo sistema monetário de Gesell. Na Fran

ça, o Primeiro Ministro Daladier de clarou-se, em 1935, partidário conven cido da moeda fundente.

Entretanto, já se tinham formado na

Alemanha, na Áustria, na Suíça, e até no Texas, associações que propagavam

as idéias de Gesell. Numa pequena ci

dade austríaca, a Prefeitura aplicou du rante algum tempo a doutrina do mes

tre, ao que parece com Certo sucesso.

Tais tentativas, feitas numa escala mi núscula, naturalmente não podiam con sagrar o sistema, e nenhum país se ar riscou a experimentá-lo.

Porém, a

■com muitas equações algébricas inú

teis, cálculos esquemáticos e compli cados diagramas geométricos, enquan to o fundamento teórico é incompara

velmente mais fraco do que na obra de Gesell. Mas, é um livro corajoso e estimulante.

O esquema básico do prof. Brien é

bem simples. Todos os preços, salá rios, empréstimos e outros compromis

sos de pagamentos, como também o orçamento do governo, serão fixados

numa moeda invariável, chamada frauco-ouro, mas que não é mais que unia moeda de conta ou de referência. As

te e prossegue da mesma maneira,

apenas sujeito a pequenas ditere.-ças na duração do ciclo, a fim do o preço do franco-ouro em franco-papel sem pre possa ser expresso em números

simples (10 — 12,5 _ 15 _ 2U — 25 — 30 — 40 — 50 — 60 — 80 — lOü).

cuplicado, o período de inflação será encerrado e efetuar-se-á uma grande deflação: o valor de 1.000 francos-pa pel do tipo A será reduzido a 100 fran--

cos do tipo B, Mas, essa operação não passa de mera denominação, para evi tar o cálculo em números astronômi cos. Económicamente nada muda, e o

segundo "período de inflação 'com 10 "ciclos de inflação", desenvolverse-a do mesmo modo que o primeiro. O sr. Brien examina duas formas de

economia em que êsse sistema pode ria funcionar: uma economia rigoro samente dirigida e outra livre. É óbvio que um regime onde preços, salários e todos os, demais fatores da economia

são congelados — o sr. Brien conta mesmo com uma população completa

mente estática — a inflação dirigida

funcionará muito mellior do que numa economia livre. É de se esperar que, no último caso, já antes do fim do ci

clo de inflação, ou seja, antes da des valorização, os produtores e comer

ciantes aumentarão seus preços e os empregados exigirão salários mais ele

vados. Mas, é provável que a espe culação não possa ir muito longe en quanto a quantidade da moeda fica

limitada, e com a condição de que o crédito bancário seja sujeito a um ri goroso contrôle, para impedir a infla ção desordenada de crédito.

Além disso, é claro que o sistema necessita do controle do câmbio. Mas, como todos os compromissos, também a taxa cambial sendo fixada em íran-

cos-ouro, é possível que a inflação contínua não aflija muito o valor ex terno da moeda. Em suma, as restri

ções não deverão ser mais amplas do que as já hoje existentes em muitoí países.

O mais injtísto dos tributos O ponto nevrálgico dêsse sistema é o efeito sobre as finanças públicas. O sr. Brien baseia seus cálculos na hipó

tese de que o govêrno deveria substi tuir 72% dos impostos atuais pela emissão de papel-moeda. Tal sugestão mostra apenas sua inexperiência em matéria tributária. A tributação me

diante inflação — dirigida ou não di rigida — é sempre uma forma extre mamente injusta, do ponto de vista so cial, pois atinge, na melhor das hipó teses, as grandes e as pequenas ren

das na mesma proporção, mas, via de

regra, as pequenas mais do que as

grandes, pois estas podem defender-se


■Dl

iiii I

Digesto

32

no receberia, pela substituição de 5% do meio circulante, de cêrca de 30 bi

lhões, um montante de 1,5 bilhões — sem contar a moeda escriturai, que de

EcoNÓAnco

idéia ficou viva e mantida por toda uma escola de adeptos.

Inflação dirigida

veria, logicamente, ser sujeita a um

processo semelhante. Se todos os nos sos meios de pagamento — 80 bilhões de cruzeiros — íòssem sujeitos à taxa

ção, uma taxa anual de 3% seria sufi ciente para cobrir o déficit da União, verificado nos

últimos anos. . .

Es

cusado dizer que fazemos aqui êsse cálculo

apenas

como

exemplo,

para

mostrar o mecanismo da "moeda fun-

dente "

(" Schuwundgeld ") imaginada

por Gesell. Quando

Silvio

Gesell morreu, em

1930, aos 68 anos de idade, era consi derado apenas como um sectário um

lizar a moeda diretamente como base

da tributação. No fundo, é um sistema anti-inílacionista, mesmo com tendên cia deflacionista. Do ponto de vista técnico, como também por razões psi cológicas, seria talvez mais fácil pro ceder no sentido oposto, quer dizer, emitir antes de desvalorizar, mas su jeitar a emissão, assim como a desva lorização, a um estrito contròlc.

Planos desse gênero já foram feitos muitas vêzes, mas raramente de ma

33

verdadeiras transações efetuar-se-âo em francos-papel, que terão um lastro-ouro vanavel entre 37,5% e 5ü7o, mas ésie é sem importância para o

mecanismo do sistema.

A quantidade

do papel-moeda é continuamente au

mentada, na proporção de 3% jjor mês.

Quando, após oito meses e dez dias, o meio circulante, medido em francos-

ouro, ficar acrescido de 25%, o papelmoeda será desvalorizado; quer dizer que o franco-ouro passará de lU para 12,50. francos-papel, e simultâneamen-

te todos os preços, salários, divida.s etc., serão ajustados na mesma propor ção. As receitas, despesas e compio-

missos dos particulares e do govêrno ficarão, portanto, inalterados. Em se

guida, o processo recomeça novamen

fissionais manifestavam profundo desprêzo pelas suas idéias. Mas, logo em seguida, começou sua glória mundial. Na Inglaterra, o grande Keynes jul gou a idéia na base da moeda íundente sã, e sua aplicação numa escala li mitada possível ("General Theory",

neira tão sistemática e clara quanto num livro recentemente publicado em Bruxelas e Paris, sob o título " Vers Ia suppressions des impôts par Tinflation dirigée? " O autor do estudo, Victor Brien, é um reputado engenheiro belga, professor na Universidade de Bruxelas, e seu trabalho mostra tôdas

pag. 357). Nos Estados Unidos, o mais

as vantagens e desvantagens de sua

Depois de transcorridos dez ciclos

formação: um pensamento rigidamen te matemático e uma apresentação

desse tipo, com o meio circulante dc-

tanto confuso, e os economistas pro

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O princípio da "moeda fuiulente" é somente uma das possibilidades de uti

Digesto Econômico

famoso economista da época, Irving

Fisher, expressou sua simpatia pelo sistema monetário de Gesell. Na Fran

ça, o Primeiro Ministro Daladier de clarou-se, em 1935, partidário conven cido da moeda fundente.

Entretanto, já se tinham formado na

Alemanha, na Áustria, na Suíça, e até no Texas, associações que propagavam

as idéias de Gesell. Numa pequena ci

dade austríaca, a Prefeitura aplicou du rante algum tempo a doutrina do mes

tre, ao que parece com Certo sucesso.

Tais tentativas, feitas numa escala mi núscula, naturalmente não podiam con sagrar o sistema, e nenhum país se ar riscou a experimentá-lo.

Porém, a

■com muitas equações algébricas inú

teis, cálculos esquemáticos e compli cados diagramas geométricos, enquan to o fundamento teórico é incompara

velmente mais fraco do que na obra de Gesell. Mas, é um livro corajoso e estimulante.

O esquema básico do prof. Brien é

bem simples. Todos os preços, salá rios, empréstimos e outros compromis

sos de pagamentos, como também o orçamento do governo, serão fixados

numa moeda invariável, chamada frauco-ouro, mas que não é mais que unia moeda de conta ou de referência. As

te e prossegue da mesma maneira,

apenas sujeito a pequenas ditere.-ças na duração do ciclo, a fim do o preço do franco-ouro em franco-papel sem pre possa ser expresso em números

simples (10 — 12,5 _ 15 _ 2U — 25 — 30 — 40 — 50 — 60 — 80 — lOü).

cuplicado, o período de inflação será encerrado e efetuar-se-á uma grande deflação: o valor de 1.000 francos-pa pel do tipo A será reduzido a 100 fran--

cos do tipo B, Mas, essa operação não passa de mera denominação, para evi tar o cálculo em números astronômi cos. Económicamente nada muda, e o

segundo "período de inflação 'com 10 "ciclos de inflação", desenvolverse-a do mesmo modo que o primeiro. O sr. Brien examina duas formas de

economia em que êsse sistema pode ria funcionar: uma economia rigoro samente dirigida e outra livre. É óbvio que um regime onde preços, salários e todos os, demais fatores da economia

são congelados — o sr. Brien conta mesmo com uma população completa

mente estática — a inflação dirigida

funcionará muito mellior do que numa economia livre. É de se esperar que, no último caso, já antes do fim do ci

clo de inflação, ou seja, antes da des valorização, os produtores e comer

ciantes aumentarão seus preços e os empregados exigirão salários mais ele

vados. Mas, é provável que a espe culação não possa ir muito longe en quanto a quantidade da moeda fica

limitada, e com a condição de que o crédito bancário seja sujeito a um ri goroso contrôle, para impedir a infla ção desordenada de crédito.

Além disso, é claro que o sistema necessita do controle do câmbio. Mas, como todos os compromissos, também a taxa cambial sendo fixada em íran-

cos-ouro, é possível que a inflação contínua não aflija muito o valor ex terno da moeda. Em suma, as restri

ções não deverão ser mais amplas do que as já hoje existentes em muitoí países.

O mais injtísto dos tributos O ponto nevrálgico dêsse sistema é o efeito sobre as finanças públicas. O sr. Brien baseia seus cálculos na hipó

tese de que o govêrno deveria substi tuir 72% dos impostos atuais pela emissão de papel-moeda. Tal sugestão mostra apenas sua inexperiência em matéria tributária. A tributação me

diante inflação — dirigida ou não di rigida — é sempre uma forma extre mamente injusta, do ponto de vista so cial, pois atinge, na melhor das hipó teses, as grandes e as pequenas ren

das na mesma proporção, mas, via de

regra, as pequenas mais do que as

grandes, pois estas podem defender-se


Digesto Econômico

34

contra a desvalorização vindoura por

compras antecipadas e melhor adapta ção às ílutuaçõcs da conjuntura. Ora, na Bélgica, como no Brasil e em todos os outros países civilizados, não só os impostos diretos sóbre a renda e o capital, como também os

ção desapareceria. Mesmo se os res

tantes 28% fòssem coletados exclusi vamente pelo impòsto de renda com

Dorival Teixeira ViEmA

muito menos social que nos sistemas tributários hoje em vigor.

impostos indiretos, são diferenciados

Já por essa razão parece inadmissí

sob o aspecto social. .A.s taxas aduanei sôbre artigos de luxo são mais eleva

vel financiar a despesa pública em am pla escala com emissões. Mas, concor damos com o autor belga neste ponto:

das que as sôbrcartígos de primeira ne

uma inflação cuidadosamente progra

cessidade, que em grande parte ficam

mada, escalonada c limitada, é prefe

ras e as taxas do imposto de consumo

PROBLEMAS DA REPARTIGÃG

taxas altamente progressivas, a distri buição dos encargos fiscais seria ainda

isentos da tributação. Com um impos

rível a uma inflação desordenada e

to monetário de 72%, essa diferencia-

ilimitada.

O'tribuem rendimentos da produção se dis de acordo com os seus ele

periódica da poupança-e dos investimen tos o pesquisas capazes de permitir a

mentos, cabendo a renda aos fatores

construção de bons índices de preços de atacado, de varejo e de custo de vida, para todo o país. O Instituto Brasileiro

naturais, o juro ao capital, o salário ao

trabalho e o lucro ao empreendimento e organização. Essas várias parcelas do rendimento da produção, reunidas em

um todo, formam o que chamamos renda nacional. Poderíamos, pois, defini-la co mo a soma dos rendimentos líquidos de

de Geografia e Estatística começa a rea lizar trabalhos no sentido de se conse

guir saber, no futuro, com aproximação

bastante aceitável, qual nossa renda na cional; no momento, porém, possuímos

todos os agentes da produção; sabemos,' dados qxie só nos permitem uma esti porém, que em uma economia onde a moeda funciona como instrumento de

trocas todos os bens e serviços tem um

preço, quer dizer, são avaliados pela moeda; por isso, podemos dizer que a renda nacional é a expressão monetária do conjunto de bens e sersdços produti vos realizados pelos habitantes de um país, dentro de um ano. O estudo da renda nacional envolve

quatro perguntas importantes: 1. Quan to existe no país para ser distribuído? 2. Entre que pessoas ou fatores dividir-

se-á o rendimento? 3. Quem decidirá que soma caberá a cada grupo e aos vá rios indivíduos dentro do grupo? 4. Co mo será aplicada cada parcela, para o bem-estar social?

O problema de se saber qual a renda nacional de um país pertence à estatís

tica econômica. Só se poderá dizer qual a renda nacional do Brasil, quando ti

mativa grosseira. Para o cálculo da renda nacional, podemos usar o processo da avaliação direta de uma das partes

que a compõem, graças ao chamado cri tério real, ou, então, procurando conhe cer qual a soma dos rendimentos dos

indivíduos componentes da população, com o critério pessoal. Por uma dessas duas fonnas, teríamos o cálculo direto

da renda; há, porém, processos de cál culo indireto. Convém notar que, con forme o critério de cálculo adotado, os

resultados obtidos diferirão ligeiramente uns dos outros. Utilizando-se, portanto,

boas estatísticas, é possível saber, com

aproximação bastante aceitável, qual a renda nacional do país. Costa Miranda, diretor do Serviço de Estatística da Previdência e do Trabalho,

realizou a respeito da renda nacional uma pesquisa detalhada: avaliou a ren da brasileira nos anos de 1926. e 1942

vermos estatísticas completas sôbre a

e, graças ás duas cifras, obteve depois,

propriedade mobiliária e imobiliária, sô-" bre a produção industrial, sôbre a re muneração do trabalho nos seus vários

mediante interpolação, tôda uma série de valores referentes aos anos do pe ríodo 1919-1942. Richard Lewinsohn,

setores e quando, além do mais, forem

confrontando dados obtidos por Colin

feitas uma estimativa aceitável do con

Clarlc referentes aos anos de 1927-1928

sumo alimentar e geral, uma avaliação

com os valores correspondentes, substap-


Digesto Econômico

34

contra a desvalorização vindoura por

compras antecipadas e melhor adapta ção às ílutuaçõcs da conjuntura. Ora, na Bélgica, como no Brasil e em todos os outros países civilizados, não só os impostos diretos sóbre a renda e o capital, como também os

ção desapareceria. Mesmo se os res

tantes 28% fòssem coletados exclusi vamente pelo impòsto de renda com

Dorival Teixeira ViEmA

muito menos social que nos sistemas tributários hoje em vigor.

impostos indiretos, são diferenciados

Já por essa razão parece inadmissí

sob o aspecto social. .A.s taxas aduanei sôbre artigos de luxo são mais eleva

vel financiar a despesa pública em am pla escala com emissões. Mas, concor damos com o autor belga neste ponto:

das que as sôbrcartígos de primeira ne

uma inflação cuidadosamente progra

cessidade, que em grande parte ficam

mada, escalonada c limitada, é prefe

ras e as taxas do imposto de consumo

PROBLEMAS DA REPARTIGÃG

taxas altamente progressivas, a distri buição dos encargos fiscais seria ainda

isentos da tributação. Com um impos

rível a uma inflação desordenada e

to monetário de 72%, essa diferencia-

ilimitada.

O'tribuem rendimentos da produção se dis de acordo com os seus ele

periódica da poupança-e dos investimen tos o pesquisas capazes de permitir a

mentos, cabendo a renda aos fatores

construção de bons índices de preços de atacado, de varejo e de custo de vida, para todo o país. O Instituto Brasileiro

naturais, o juro ao capital, o salário ao

trabalho e o lucro ao empreendimento e organização. Essas várias parcelas do rendimento da produção, reunidas em

um todo, formam o que chamamos renda nacional. Poderíamos, pois, defini-la co mo a soma dos rendimentos líquidos de

de Geografia e Estatística começa a rea lizar trabalhos no sentido de se conse

guir saber, no futuro, com aproximação

bastante aceitável, qual nossa renda na cional; no momento, porém, possuímos

todos os agentes da produção; sabemos,' dados qxie só nos permitem uma esti porém, que em uma economia onde a moeda funciona como instrumento de

trocas todos os bens e serviços tem um

preço, quer dizer, são avaliados pela moeda; por isso, podemos dizer que a renda nacional é a expressão monetária do conjunto de bens e sersdços produti vos realizados pelos habitantes de um país, dentro de um ano. O estudo da renda nacional envolve

quatro perguntas importantes: 1. Quan to existe no país para ser distribuído? 2. Entre que pessoas ou fatores dividir-

se-á o rendimento? 3. Quem decidirá que soma caberá a cada grupo e aos vá rios indivíduos dentro do grupo? 4. Co mo será aplicada cada parcela, para o bem-estar social?

O problema de se saber qual a renda nacional de um país pertence à estatís

tica econômica. Só se poderá dizer qual a renda nacional do Brasil, quando ti

mativa grosseira. Para o cálculo da renda nacional, podemos usar o processo da avaliação direta de uma das partes

que a compõem, graças ao chamado cri tério real, ou, então, procurando conhe cer qual a soma dos rendimentos dos

indivíduos componentes da população, com o critério pessoal. Por uma dessas duas fonnas, teríamos o cálculo direto

da renda; há, porém, processos de cál culo indireto. Convém notar que, con forme o critério de cálculo adotado, os

resultados obtidos diferirão ligeiramente uns dos outros. Utilizando-se, portanto,

boas estatísticas, é possível saber, com

aproximação bastante aceitável, qual a renda nacional do país. Costa Miranda, diretor do Serviço de Estatística da Previdência e do Trabalho,

realizou a respeito da renda nacional uma pesquisa detalhada: avaliou a ren da brasileira nos anos de 1926. e 1942

vermos estatísticas completas sôbre a

e, graças ás duas cifras, obteve depois,

propriedade mobiliária e imobiliária, sô-" bre a produção industrial, sôbre a re muneração do trabalho nos seus vários

mediante interpolação, tôda uma série de valores referentes aos anos do pe ríodo 1919-1942. Richard Lewinsohn,

setores e quando, além do mais, forem

confrontando dados obtidos por Colin

feitas uma estimativa aceitável do con

Clarlc referentes aos anos de 1927-1928

sumo alimentar e geral, uma avaliação

com os valores correspondentes, substap-


■1

DiGESTo Econômico

36

cialmento

concordantes,

obtidos

por

Costa Miranda, julga válidas as conclu

mos à medida que se aproximam da época atual.

sões do autor brasileiro. Costa Miranda

Uma pesquisa sôbre a renda nacional

atribui para o país uma renda líquida

do Brasil devida a Richard Levvinsohn

1926, atingindo CrS 39.938.000.000,00 em 1942. É possivel tentar-se atualizar esta última cifra, admitindo-se que a renda efetiva cresça proporcionalmente ao crescimento da populaçcão e que au

quisa dos precedentes bibliográficos, co mo por algumas considerações metodoló

mente nominalmente na razão inversa da desvalorização monetária. Conside

recente, o Dr. Lewinsohn achou o valor

global de Cr$ 10.144.000.000,00 para

rando que, segundo estimativa do Prof.

ó digna do nota, seja pela acurada pes gicas e técnicas e, por fim, por uma avaliação da renda consumida nos anos

do período 1940-1945. Para o ano mais

permanecer invariável o consumo médio

"per capita", desde 1944. Essa hipótese

aos valores de consumo. O Dr. Lewin

pança, mesmo que se quisesse pôr de

tência de, pelo menos, duas passagens de mãos e de três pagamentos de im

tindo-se da renda de Cr$

Cr$ 126.300.000.000,00 que, pelas con

dual efetivo, bastante provável. Deve mos, porém, acrescentar que Nunes de

ria o consumo nacional, na hipótese de

se acrescentar uma pequena cota de pou

Fazendo-se os necessários cálculos obtém-

leve em conta um aumento médio indivi

60 %, obtendo-se um valor aproximado

de Cr§ 96.000.000.000,00, que exprimi

tegração aceitável para as duas partes; é certo, porém, que, de acôrdo com os

Chega-se a um resultado ligeiramente mais baixo, atualizado para 1947, par

ligeiramente aumentado, desde que se

teiga, verdura, óleos, sal, azeite, vinagre

alimentos ao consumo total, na base de

Obtido o valor total dado pelos pre ços do produtor, é necessário passarmos

lado uma diminuta variação da cota

em 1946, num recente estudo de Sérgio

essenciais, não incluídos nas estatísticas

normais, como peixe, aves e ovos, man

despesas alimentares da população do

Brasil cm 1947. Resta apenas passar dos

derar 4 % de aumento da população e

103.000.000.000,00.

Nunes de Magalhães Júnior; a atuali zação dá, como resultado, Cr$ . .. . . . . . 101.500.000.000,00, o qual deveria ser

da quantidade disponível para o con

sumo. Tal dado exige uma integração para que se considerem muitos produtos

57.300.000.000,00 como expressão das

gida, acrescentando-se uma cota da pou

o índice de custo no Estado de São

92.200.000.000,00, atribuídos ao Brasil,

importados, obtem-se o valor residual

ga-se imediatamente a um valor de Cr$

quase todos os países civilizados.

o dado para o ano de 1947, e passar do 37,6% de aumento dos preços, devendo-

para este ano, uma cifra de Cr$ . . .

teriormente, o excedente dos produtos alimentícios e.xportados, em relação aos

é manifestamente pessimista, e, além

Para atualizar

G. Mortara, a população deste país, de

Paulo aumentou de 135,8 % obtém-se,

não consideradas e eliminando-se, pos

37

etc., que têm uma importância relevan

de Cr$ 88.500.000,00.

consumo à renda real, não basta consi

1942 a 1947, aumentou de 10 % e que

Digesto Econômico

média individual e da renda efetiva'.

te na dieta, tanto déste país como de

sohn e outros estudiosos admitem a e.xisposto sôbre vendas. Adotando um au

se para o ano de 1947 um valor de

mento de preços de 40 % para cada pas

siderações aqui feitas, se elevaria a

Dr. Lewinsohn e calculando o impôsto

cerca de Cr$ 130.000.000.000,00. O Prof. Marcelo Boldrini, em sua visi ta ao Brasil, procurando calcular a ren

da nacional brasileira em função do consumo, afirmou que não estaremos

muito longe da realidade estimando que o* consumo alimentar no Brasil absorve

sagem, de acôrdo com a estimativa do

em 1,8% do valor da venda (pois esta foi a média das partes alíquotas dos vá rios Estados da Federação), os preços

de atacado transformam-se em preços de venda ao consumidor. Acrescenta-se, ainda, uma parcela para transformação 6 preparação dos alimentos, a qual não pode ser inferior a 20 %, pois compreen

disso, a última cifra deveria ser corri

pança anual.

É difícil estimar uma in

resultados obtidos, não se deveria afas

tar muito de Cr$ 100.000.000.000,00 a renda nacional total do Brasil em 1947.

O problema de se saber entre que

pessoas ou fatôres essa renda deverá

ser dividida, estará automàticamente res

pondido quando conhecermos quais os fatôres de produção; já vimos que o pro duzido se reparte pelos seus quatro fatô res — natureza, capital, trabalho e em

preendimento — de onde podermos con siderar que a renda nacional se consti tuirá, grosso modo, de quatro grandes" parcelas: renda, juro, salário e lucro —

O

de muitas e variadas operações que se

expressas

que pudesse, pelo menos, permitir ava-

vez, poderá fazer-se retirando da ta-

h'ar a exatidão dos seus cálculos.

h. por Rafael Xavier publicação da série econômica da numa Fun

processam desde a fábrica, como a fa bricação da farinha e beneficiamento do

essas parcelas, de modo a que elas cor respondam sempre e apenas a rendimen tos resultantes de atividades produtivas,

]^jagalhães nenhum elemento forneceu Nin

guém poderá, realmente, orientar-se me diante a simples informação do autor de se haver servido dos dados do comér cio exterior.

Além disso, é necessário

dízer-se que Nunes de Magalhães cal culou a renda brasileira para todos os anos do período 1912-1946; mas, que se os dados mais afastados estão bem

próximos dos obtidos por Costa Miran da, afastam-se cada vez mais dos mes

nacional brasileira.

cálculo do consumo alimentar, por sun

dação Getulio Vargas, os valores, na fonte de origem, dos gêneros alimentí cios para os quais o Instituto Brasileiro do Geografia e Estatística fornece o ele mento periódico.

Os dado.s referem-se

ao ano de 1944.

Subtraindo-se cêrca

de 20 %, como cota-parte destinada à semeadura e alimentação de animais,

bem cOmo a várias indústrias agrícolas

arroz e o empacotamento de alimentos, até a indústria de "atclicr" doméstico e mesmo a própria cozinha. Todo êste complexo de cálculos conduz a um valor

dos alimentos de Cr$ 36.000.000.000,00 para 1944.

Dessa época até 1947, a população

brasileira aumentou de 6 %, enquanto os preços, a julgar pelo número índice do custo de vida de São Paulo, cresceram

de 50 %. Considerando êstes dados, che

em

valores

monetários.

É

preciso, porém, ter cuidado ao computar

não se podendo considerar, no cômputo, as simples transferências de rendimentos, que não correspondam a um bem pro

duzido ou um sennço prestado. Restará o problema de se saber quem

decide que soma caberá a cada grupo ou a vários indivíduos dentro do grupo. A maior ou menor equidade na sua

distribuição decide do bem-estar dos in divíduos dentro da nação.


■1

DiGESTo Econômico

36

cialmento

concordantes,

obtidos

por

Costa Miranda, julga válidas as conclu

mos à medida que se aproximam da época atual.

sões do autor brasileiro. Costa Miranda

Uma pesquisa sôbre a renda nacional

atribui para o país uma renda líquida

do Brasil devida a Richard Levvinsohn

1926, atingindo CrS 39.938.000.000,00 em 1942. É possivel tentar-se atualizar esta última cifra, admitindo-se que a renda efetiva cresça proporcionalmente ao crescimento da populaçcão e que au

quisa dos precedentes bibliográficos, co mo por algumas considerações metodoló

mente nominalmente na razão inversa da desvalorização monetária. Conside

recente, o Dr. Lewinsohn achou o valor

global de Cr$ 10.144.000.000,00 para

rando que, segundo estimativa do Prof.

ó digna do nota, seja pela acurada pes gicas e técnicas e, por fim, por uma avaliação da renda consumida nos anos

do período 1940-1945. Para o ano mais

permanecer invariável o consumo médio

"per capita", desde 1944. Essa hipótese

aos valores de consumo. O Dr. Lewin

pança, mesmo que se quisesse pôr de

tência de, pelo menos, duas passagens de mãos e de três pagamentos de im

tindo-se da renda de Cr$

Cr$ 126.300.000.000,00 que, pelas con

dual efetivo, bastante provável. Deve mos, porém, acrescentar que Nunes de

ria o consumo nacional, na hipótese de

se acrescentar uma pequena cota de pou

Fazendo-se os necessários cálculos obtém-

leve em conta um aumento médio indivi

60 %, obtendo-se um valor aproximado

de Cr§ 96.000.000.000,00, que exprimi

tegração aceitável para as duas partes; é certo, porém, que, de acôrdo com os

Chega-se a um resultado ligeiramente mais baixo, atualizado para 1947, par

ligeiramente aumentado, desde que se

teiga, verdura, óleos, sal, azeite, vinagre

alimentos ao consumo total, na base de

Obtido o valor total dado pelos pre ços do produtor, é necessário passarmos

lado uma diminuta variação da cota

em 1946, num recente estudo de Sérgio

essenciais, não incluídos nas estatísticas

normais, como peixe, aves e ovos, man

despesas alimentares da população do

Brasil cm 1947. Resta apenas passar dos

derar 4 % de aumento da população e

103.000.000.000,00.

Nunes de Magalhães Júnior; a atuali zação dá, como resultado, Cr$ . .. . . . . . 101.500.000.000,00, o qual deveria ser

da quantidade disponível para o con

sumo. Tal dado exige uma integração para que se considerem muitos produtos

57.300.000.000,00 como expressão das

gida, acrescentando-se uma cota da pou

o índice de custo no Estado de São

92.200.000.000,00, atribuídos ao Brasil,

importados, obtem-se o valor residual

ga-se imediatamente a um valor de Cr$

quase todos os países civilizados.

o dado para o ano de 1947, e passar do 37,6% de aumento dos preços, devendo-

para este ano, uma cifra de Cr$ . . .

teriormente, o excedente dos produtos alimentícios e.xportados, em relação aos

é manifestamente pessimista, e, além

Para atualizar

G. Mortara, a população deste país, de

Paulo aumentou de 135,8 % obtém-se,

não consideradas e eliminando-se, pos

37

etc., que têm uma importância relevan

de Cr$ 88.500.000,00.

consumo à renda real, não basta consi

1942 a 1947, aumentou de 10 % e que

Digesto Econômico

média individual e da renda efetiva'.

te na dieta, tanto déste país como de

sohn e outros estudiosos admitem a e.xisposto sôbre vendas. Adotando um au

se para o ano de 1947 um valor de

mento de preços de 40 % para cada pas

siderações aqui feitas, se elevaria a

Dr. Lewinsohn e calculando o impôsto

cerca de Cr$ 130.000.000.000,00. O Prof. Marcelo Boldrini, em sua visi ta ao Brasil, procurando calcular a ren

da nacional brasileira em função do consumo, afirmou que não estaremos

muito longe da realidade estimando que o* consumo alimentar no Brasil absorve

sagem, de acôrdo com a estimativa do

em 1,8% do valor da venda (pois esta foi a média das partes alíquotas dos vá rios Estados da Federação), os preços

de atacado transformam-se em preços de venda ao consumidor. Acrescenta-se, ainda, uma parcela para transformação 6 preparação dos alimentos, a qual não pode ser inferior a 20 %, pois compreen

disso, a última cifra deveria ser corri

pança anual.

É difícil estimar uma in

resultados obtidos, não se deveria afas

tar muito de Cr$ 100.000.000.000,00 a renda nacional total do Brasil em 1947.

O problema de se saber entre que

pessoas ou fatôres essa renda deverá

ser dividida, estará automàticamente res

pondido quando conhecermos quais os fatôres de produção; já vimos que o pro duzido se reparte pelos seus quatro fatô res — natureza, capital, trabalho e em

preendimento — de onde podermos con siderar que a renda nacional se consti tuirá, grosso modo, de quatro grandes" parcelas: renda, juro, salário e lucro —

O

de muitas e variadas operações que se

expressas

que pudesse, pelo menos, permitir ava-

vez, poderá fazer-se retirando da ta-

h'ar a exatidão dos seus cálculos.

h. por Rafael Xavier publicação da série econômica da numa Fun

processam desde a fábrica, como a fa bricação da farinha e beneficiamento do

essas parcelas, de modo a que elas cor respondam sempre e apenas a rendimen tos resultantes de atividades produtivas,

]^jagalhães nenhum elemento forneceu Nin

guém poderá, realmente, orientar-se me diante a simples informação do autor de se haver servido dos dados do comér cio exterior.

Além disso, é necessário

dízer-se que Nunes de Magalhães cal culou a renda brasileira para todos os anos do período 1912-1946; mas, que se os dados mais afastados estão bem

próximos dos obtidos por Costa Miran da, afastam-se cada vez mais dos mes

nacional brasileira.

cálculo do consumo alimentar, por sun

dação Getulio Vargas, os valores, na fonte de origem, dos gêneros alimentí cios para os quais o Instituto Brasileiro do Geografia e Estatística fornece o ele mento periódico.

Os dado.s referem-se

ao ano de 1944.

Subtraindo-se cêrca

de 20 %, como cota-parte destinada à semeadura e alimentação de animais,

bem cOmo a várias indústrias agrícolas

arroz e o empacotamento de alimentos, até a indústria de "atclicr" doméstico e mesmo a própria cozinha. Todo êste complexo de cálculos conduz a um valor

dos alimentos de Cr$ 36.000.000.000,00 para 1944.

Dessa época até 1947, a população

brasileira aumentou de 6 %, enquanto os preços, a julgar pelo número índice do custo de vida de São Paulo, cresceram

de 50 %. Considerando êstes dados, che

em

valores

monetários.

É

preciso, porém, ter cuidado ao computar

não se podendo considerar, no cômputo, as simples transferências de rendimentos, que não correspondam a um bem pro

duzido ou um sennço prestado. Restará o problema de se saber quem

decide que soma caberá a cada grupo ou a vários indivíduos dentro do grupo. A maior ou menor equidade na sua

distribuição decide do bem-estar dos in divíduos dentro da nação.


T^-r-T^

1

Dicesto Econômico

39

Dicesto Eco.vómii:o 38

O sistema de empresa, dentro do qual, no Brasil, a repartição se verifica, pres

supõe a liberdade de iniciativa e de con

corrência e, de modo mais amplo, tem

como postulado a inteira liberdade do indivíduo, dotado de vontade própria, inteiramente responsável por seus atos. Há uma liberdade que pressupõe a

dade pessoal e do respeito às liberdades de cada um traz consigo a idéia dc que os indivíduos nunca entrarão em con

flito, pois que o mesmo a ninguém be neficiaria, além de traduzir uma deso

nestidade de propósito, incompatível com

o princípio da responsabilidade pessoal.

responsabilidade pessoal; sendo todos li-

O Estudo não precisará inter\ir na atividade econômica porque os interes

\ res e responsáveis, os interesses de cada

ses econômicos dos individuo.s em pre

\im se harmonizam com os demais e o

sença, no proce.sso dc produção e dis

interêsse geral é, assim, respeitado. Claro está que ao afirmarmos que o

tribuição, se identificariam com o das próprias empresas, seja como proprietá rio, capitalista e produtor, seja como em

sistema de empresa pressupõe o quadro juridíco de respeito à propriedade pri

presário, operário ou consumidor.

A

vada e do livre direito de sucessão, su

produção, por exemplo, não liga apenas,

pomos, atrás desse direito, regendo toda

13or laços de interêsse comum, capitalis tas, empreendedores, trabalhadores c o próprio Estado, e sim vai intcressar todos

a vida social e econômica, o Estado. Não

é possível prescindir do mesmo, porque para que todas as atividades se realizem, harmoniosamente, necessárias se tornam

os indivíduos dentro da sociedade.

É preciso não esquecer ainda que ^

a ordem, de que so mente o Estado pode

ção depende neces-

cuidar, e a proteção

sàriamcnte das exi

à propriedade e à

qualidade da produ gências do consumo

iniciativa.

jC, assim sendo, o

Se admitirmos que todos os indivíduos

consumidor é o res

têm consciência de

ponsável, o princi pal agente do desen

suas responsabilida des 6 são capazes de

mico de um país;

agir de acordo com

se suas solicitações

volvimento

econô

produção, cresce, também, o comércio; a concorrência aumenta e os preços se tornam cada vez mais favoráveis ao pró prio consumidor. O Estado, por sua vez, graças à maior atividade econômica re

sultante da concorrência de interesses entre produtores, comerciantes e consu

midores, teria maior facilidade para ar recadar tributos; poderia prestar maiores serviços e aumentar a arrecadação de

suas taxas, tendo todo interesse, portan to, em deixar que a atividade econômica se desenvolva Hvremente, em obediência ao princípio de liberdade de iniciativa e de concorrência.

Êsse argumento dos adeptos do libe ralismo econômico pressupõe, no entan to, que a iniciativa privada seria capaz de se dirigir a tôda e qualquer ativida de econômica tendente à satisfação de necessidades humanas. Sabemos, toda via, que o móvel da ação no sistema de

livre empreendimento é o lucro, e que atividades há, necessárias à coletividade, porém pouco lucrativas. Uma empresa privada, por exemplo, nunca tomaria a si o trabalho de pavimentação de miia ci

dade, contentando-se, quando muito, em pavimentar os caminhos necessários à

circulação de seus veículos. Além do mais, se deixássemos a cada um o traba

lho de pavimentar os caminhos conve nientes às suas atividades, a cidade natu

ralmente ficaria mal calçada, pois não

os direitos que a so

são quantitativamen

ciedade lhes faculta,

te pequenas ou qua

respeitando o direi

litativamente pouco

A outra fallia do liberalismo é que

to alheio, ao Estado

exigentes, a produ-

pressupõe a responsabilidade de todos

caberia

solucionar

dúvidas quanto à

propriedade ou quanto à distribuição da

herança, impedir conflitos de concorrên cias, em que a força põe em perigo o direito. Teoricamente, poder-se-ia de fender a idéia de que ao Estado nem mesmo seria necessária essa fiscalização,

porque a pressuposição da responsabili-

haveria um plano de pavimentação.

ção não cresce, nem

os indivíduos; se todos fôssem igualmen

sua qualidade me

te responsáveis e defendessem seus di

lhora, os métodos de trabalho continua

reitos, respeitando os alheios, nem se

rão anacrônicos, uma vez que não ba estímulo para grandes inovações. Se, porém, a massa de consumidores é

quer haveria necessidade de polícia e do prisões. Ora, sabemos, no entanto,

grande e exigente quanto à qualidade do produto, a produção, estimulada, cresce e se aperfeiçoa. Com o crescer da

mostra que a responsabilidade pessoal não é uma cousa espontânea, nem existe

que uma e outra cousa e.xistem, o que

em todos os indivíduos. Quantos há agindo unicamente por temor à prisão, ao castigo, e que, certamente, não hesi tariam em prejudicar seu vizinho, se ti vessem certeza da impunidade de seu crime. Por esta razão, o Estado vê-se

obrigado a intervir de duas maneiras:

supletiva e repressivamente. O Estado pode substituir o empreen

dedor, iiêle se transformar; procura in divíduos que tenham iniciativa e que, como funcionários do Estado, organizem a emprêsa e produzam o bem, ou pres tem o serviço sem objetivo nenhum. Outras atividades há, ainda, em que ha veria a possibilidade dê obtenção de lu cro, até mesmo vultoso, mas êste seria

tirado de todos os cidadãos, poderia tor nar-se extorsivo e prejudicaria a tranqüi

lidade do país. Um exemplo típico disto pode encontrar-se na distribuição de água. Nesses casos, o Estado intervém, determinando as condições de funcio namento da emprêsa, proibindo que a mesma fixe seus preços sem consulta prévia aos interesses da cidade. Todos

os serviços de utilidade pública estão sujeitos a intervenção direta do Estado.

A ação repressiva consiste na punição daqueles que agem em contradição com os interesses da coletividade," lançando mão de seus direitos e furtando-se às

responsabilidades que os mesmos envol

vem. Assim é que o Estado pune a fa lência fraudulenta, em que o indivíduo prejudica os seus fornecedores e os seus

empregados; pune a sonegação de esto ques, provocando escassez artificial para que, com o aumento dos preços, aumen

te o lucro da empresa; pune a concorrên cia desleal quando, por meios violentos e criminosos, um empreendedor procura subsistir, eliminando os demais.

Êsso

é o intervencionismo do Estado, que apresenta vários graus, conforme pender


T^-r-T^

1

Dicesto Econômico

39

Dicesto Eco.vómii:o 38

O sistema de empresa, dentro do qual, no Brasil, a repartição se verifica, pres

supõe a liberdade de iniciativa e de con

corrência e, de modo mais amplo, tem

como postulado a inteira liberdade do indivíduo, dotado de vontade própria, inteiramente responsável por seus atos. Há uma liberdade que pressupõe a

dade pessoal e do respeito às liberdades de cada um traz consigo a idéia dc que os indivíduos nunca entrarão em con

flito, pois que o mesmo a ninguém be neficiaria, além de traduzir uma deso

nestidade de propósito, incompatível com

o princípio da responsabilidade pessoal.

responsabilidade pessoal; sendo todos li-

O Estudo não precisará inter\ir na atividade econômica porque os interes

\ res e responsáveis, os interesses de cada

ses econômicos dos individuo.s em pre

\im se harmonizam com os demais e o

sença, no proce.sso dc produção e dis

interêsse geral é, assim, respeitado. Claro está que ao afirmarmos que o

tribuição, se identificariam com o das próprias empresas, seja como proprietá rio, capitalista e produtor, seja como em

sistema de empresa pressupõe o quadro juridíco de respeito à propriedade pri

presário, operário ou consumidor.

A

vada e do livre direito de sucessão, su

produção, por exemplo, não liga apenas,

pomos, atrás desse direito, regendo toda

13or laços de interêsse comum, capitalis tas, empreendedores, trabalhadores c o próprio Estado, e sim vai intcressar todos

a vida social e econômica, o Estado. Não

é possível prescindir do mesmo, porque para que todas as atividades se realizem, harmoniosamente, necessárias se tornam

os indivíduos dentro da sociedade.

É preciso não esquecer ainda que ^

a ordem, de que so mente o Estado pode

ção depende neces-

cuidar, e a proteção

sàriamcnte das exi

à propriedade e à

qualidade da produ gências do consumo

iniciativa.

jC, assim sendo, o

Se admitirmos que todos os indivíduos

consumidor é o res

têm consciência de

ponsável, o princi pal agente do desen

suas responsabilida des 6 são capazes de

mico de um país;

agir de acordo com

se suas solicitações

volvimento

econô

produção, cresce, também, o comércio; a concorrência aumenta e os preços se tornam cada vez mais favoráveis ao pró prio consumidor. O Estado, por sua vez, graças à maior atividade econômica re

sultante da concorrência de interesses entre produtores, comerciantes e consu

midores, teria maior facilidade para ar recadar tributos; poderia prestar maiores serviços e aumentar a arrecadação de

suas taxas, tendo todo interesse, portan to, em deixar que a atividade econômica se desenvolva Hvremente, em obediência ao princípio de liberdade de iniciativa e de concorrência.

Êsse argumento dos adeptos do libe ralismo econômico pressupõe, no entan to, que a iniciativa privada seria capaz de se dirigir a tôda e qualquer ativida de econômica tendente à satisfação de necessidades humanas. Sabemos, toda via, que o móvel da ação no sistema de

livre empreendimento é o lucro, e que atividades há, necessárias à coletividade, porém pouco lucrativas. Uma empresa privada, por exemplo, nunca tomaria a si o trabalho de pavimentação de miia ci

dade, contentando-se, quando muito, em pavimentar os caminhos necessários à

circulação de seus veículos. Além do mais, se deixássemos a cada um o traba

lho de pavimentar os caminhos conve nientes às suas atividades, a cidade natu

ralmente ficaria mal calçada, pois não

os direitos que a so

são quantitativamen

ciedade lhes faculta,

te pequenas ou qua

respeitando o direi

litativamente pouco

A outra fallia do liberalismo é que

to alheio, ao Estado

exigentes, a produ-

pressupõe a responsabilidade de todos

caberia

solucionar

dúvidas quanto à

propriedade ou quanto à distribuição da

herança, impedir conflitos de concorrên cias, em que a força põe em perigo o direito. Teoricamente, poder-se-ia de fender a idéia de que ao Estado nem mesmo seria necessária essa fiscalização,

porque a pressuposição da responsabili-

haveria um plano de pavimentação.

ção não cresce, nem

os indivíduos; se todos fôssem igualmen

sua qualidade me

te responsáveis e defendessem seus di

lhora, os métodos de trabalho continua

reitos, respeitando os alheios, nem se

rão anacrônicos, uma vez que não ba estímulo para grandes inovações. Se, porém, a massa de consumidores é

quer haveria necessidade de polícia e do prisões. Ora, sabemos, no entanto,

grande e exigente quanto à qualidade do produto, a produção, estimulada, cresce e se aperfeiçoa. Com o crescer da

mostra que a responsabilidade pessoal não é uma cousa espontânea, nem existe

que uma e outra cousa e.xistem, o que

em todos os indivíduos. Quantos há agindo unicamente por temor à prisão, ao castigo, e que, certamente, não hesi tariam em prejudicar seu vizinho, se ti vessem certeza da impunidade de seu crime. Por esta razão, o Estado vê-se

obrigado a intervir de duas maneiras:

supletiva e repressivamente. O Estado pode substituir o empreen

dedor, iiêle se transformar; procura in divíduos que tenham iniciativa e que, como funcionários do Estado, organizem a emprêsa e produzam o bem, ou pres tem o serviço sem objetivo nenhum. Outras atividades há, ainda, em que ha veria a possibilidade dê obtenção de lu cro, até mesmo vultoso, mas êste seria

tirado de todos os cidadãos, poderia tor nar-se extorsivo e prejudicaria a tranqüi

lidade do país. Um exemplo típico disto pode encontrar-se na distribuição de água. Nesses casos, o Estado intervém, determinando as condições de funcio namento da emprêsa, proibindo que a mesma fixe seus preços sem consulta prévia aos interesses da cidade. Todos

os serviços de utilidade pública estão sujeitos a intervenção direta do Estado.

A ação repressiva consiste na punição daqueles que agem em contradição com os interesses da coletividade," lançando mão de seus direitos e furtando-se às

responsabilidades que os mesmos envol

vem. Assim é que o Estado pune a fa lência fraudulenta, em que o indivíduo prejudica os seus fornecedores e os seus

empregados; pune a sonegação de esto ques, provocando escassez artificial para que, com o aumento dos preços, aumen

te o lucro da empresa; pune a concorrên cia desleal quando, por meios violentos e criminosos, um empreendedor procura subsistir, eliminando os demais.

Êsso

é o intervencionismo do Estado, que apresenta vários graus, conforme pender


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DlCESTO

40

)Nnco f Econoníico Dicesto Econômico

xnais paxa o respeito à liberdade do ini ciativa e concorrência ou para sua su

fesa do consumidor, através das coope rativas de consumo. Pede, porem, para

ganham menos. Deve tributar pesada

versões. Por fim, 4. — o nível de mí

mente a sucessão, corrigindo, dessa ma

nimo de confôrto, no qual, além das

o sistema liberal. Pede que o Estado in-

que a finalidade das mesmas não seja desvirtuada, que pertençam ao Estado e ajam no sentido mais dc disciplinar o comércio, evitando lucros exagerados, do que pròpriamento no sentido dc destruílo, substituindo-o por um monopólio de

tervenha, unicamente, no sentido de su

Estado.

o sistema de emprêsa em sua plenitude,

prir as omissões ou insuficiências do em preendimento privado e corrigir as impropriedades de sua atuação. No campo da produção, acredita que basta proibir

Acha que as melhores armas de con trôle e intervenção indireta do Estado

sem que se tome necessário dar ao Es

pressão.

Convém aqui destacar a importância atual do neo-líberalismo, que pretende

pedir ao Estado normas corretoras, sem dar-Uíe demasiada força e sem destruir

tenham a um só tempo as fontes de

minando, embora indiretamente, o mo

abastecimento, os meios de transforma

vimento dos negócios e o ritmo da pro

poucos, a todos capitalistas. Pede, ain da mais, que o Estado defenda o consu midor, estabelecendo meios de contrôle direto da qualidade dos produtos; fisca

lize a propaganda, de modo que a mes ma seja verdadeira e não induza a erro e, controlando ainda o comércio, de mo do a que as trocas sejam honestas e não haja sonegação de estoques e escassez artificial do produto.

O neo-Iiberalismo aceita a idéia coo-

perativista, de defesa do produtor, prin cipalmente o pequeno e xnedio, através das cooperativas de produção e a de de

seus filhos, pelo menos até o grau secim-

É fato sabido que a capacidade de consumo deriva da possibilidade de, adquirir, e tanto mais se consegue quan to mais forte é o poder de compra da moeda possuída. No caso do Brasil, a

estaremos muito seguros.

as emissões e controlar o crédito, deter

luindo a força do capital, tornando, aos

a reconstituí-los, graças ao trabalho. Dessa maneira pretende-se restabelecer.

tado uma fôrça de cujo emprego não

formação de grandes empresas que de

lucros integralmente, parte em salários, parte em dividendos, aumentando, desta forma, o poder aquisitivo da massa, que poderá viver melhor e adquirir maior quantidade de bens, facilitando a pou pança e a disseminação de capitais, di

família poderão atender às suas necessi

tributação.

Bancos Centrais pode o Estado dirigir

ainda, que se proíba o auto-finaiiciamento, devendo as firmas distribuir seus

condições anteriores, o indivíduo e sua

gando o herdeiro, despojado de uma parte dos bens acumulados pelo doador,

residem no dirigismo monetário e na

a integração econômica, quer dizer, a

ção da matéria-prima e, muitas vezes, a própria distribuição do produto acaba do, dando lugar, desta maneira, ao res tabelecimento da divisão do traballio e da especialização por emprêsa. Pede,

neira, os inconvenientes da mesma, obri

cscoimado dos defeitos, dos exageros,

Com efeito, através dos

É fácil compreender-se que um de sequilíbrio na distribuição da renda, fi

cando muitas pessoas com parcelas pe quenas do rendimento e poucas com grandes rendimentos, provocará fortes desníveis nos vários padrões de vida. O

dução. Além do que, graças a ôsse di rigismo, com uma política monetária e

que será, porém, padrão de vida? Cha mamos padrão de vida ao modo de exis tência e grau de conforto habituais a um grupo, òu classe econômica, e dos

creditícia bem orientada, estará o Estado garantindo a poupança e o consumo, por estar em condições de estabilizar o valor da moeda.

quais somente desistirão com grande

Os neo-liberais, por fim, não se ilu dem quanto às desigualdades humanas e não participam do sonho de impedir di ferenças na distribuição dos rendimentos.

relutância.

De um modo geral, poderemos consi

derar quatro tipos de padrão de vida: 1. — o nível de pauperismo, no qual oindivíduo tem onde morar e com que se

Afirmam que, qualquer que seja o re gime econômico, haverá sempre lugar para que os mais ativos e eficientes se

sobreponham aos demais, conseguindo maiores vantagens e melhor posição so cial. Será melhor encorajá-los do que de por baixo; através da tributação e possível corrigir essas desigualdades, ate nuando ou, se possível até, eliminando recaem com a mesma incidência sôbre

todos os cidadãos, sem atender às dife renças de fortuna) e substituindo-os

tirar dos que ganham mais, para distri buir, embora indiretamente, pelos que

J

moeda se tem desvalorizado cada vez

mais.

Basta dizer que, em média, em

todo o território brasileiro, pode-se cal cular que o aumento de preços, entre 1944 e 1947, foi, no mínimo, de 60%.

É preciso, porém, recordar que há gran des desigualdades entre os vários Esta dos, pois os preços tendem a subir mais nas grandes cidades e nos Estados de vida econômica mais intensa. A eleva

ção de preços de São Paulo e Rio de

Janeiro não tem paralelo com a de ne nhum outro Estado, muito embora não

tenhamos dados seguros para poder ava

liar as. diferenças do poder de compra, em relação aos diferentes Estados e ci

dades brasileiras. Sendo fraco o poder

de compra, o nível de consumo é baixo, e, portanto, o padrão de vida tem de ser baixo também. No Brasil é o que real mente se passa. É suficiente dizer que, na cidade de São Paulo, onde a cla^e operária goza de um padrão de vida mais elevado, em relação ao resto do

País, 54% da despesa total de uma

não será suficiente para atender a ne

família são absorvidos em alimentos, res

cessidades culturais; 3. — o nível de mí-

tando apenas 46 % para aluguel, luz,combustível, água, transporte, vestuá

- nimo de saúde e decência, no qual o in

pelos diretos, incidindo sôbre os rendi mentos, de modo que o Estado possa

dário.

rendimento; qualquer doença ou o sim ples descmprêgo conduzi-lo-ia à fome; 2. — o nível de mínimo de subsistência, va para acudir a possíveis doenças, ou se manter por pequeno espaço de tem po desempregado; mas seu rendimento

os impostos indiretos (injustos porque

dades culturais e estender o ensino aos

alimentar, mas nisto consome todo seu

no qual a pesso*a tem abrigo e alimenta ção suficientes e, talvez, alguma reser

desanima-los, não nivelando a socieda

41

divíduo, além de abrigo e sustento pró

rio, assistência médica, educação e di-

prios, pode constituir uma família até de 5 pessoas, dando-lhe tòda assistência sa

"N^rsões; para termo de comparação, bas

nitária, educando seus filhos em nível

ta-nos dizer que, em cidades industriais do tipo de São Paulo, na Inglaterra, Es

primário, podendo ainda ter algumas di

tados Unidos e França, as despesas de


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xnais paxa o respeito à liberdade do ini ciativa e concorrência ou para sua su

fesa do consumidor, através das coope rativas de consumo. Pede, porem, para

ganham menos. Deve tributar pesada

versões. Por fim, 4. — o nível de mí

mente a sucessão, corrigindo, dessa ma

nimo de confôrto, no qual, além das

o sistema liberal. Pede que o Estado in-

que a finalidade das mesmas não seja desvirtuada, que pertençam ao Estado e ajam no sentido mais dc disciplinar o comércio, evitando lucros exagerados, do que pròpriamento no sentido dc destruílo, substituindo-o por um monopólio de

tervenha, unicamente, no sentido de su

Estado.

o sistema de emprêsa em sua plenitude,

prir as omissões ou insuficiências do em preendimento privado e corrigir as impropriedades de sua atuação. No campo da produção, acredita que basta proibir

Acha que as melhores armas de con trôle e intervenção indireta do Estado

sem que se tome necessário dar ao Es

pressão.

Convém aqui destacar a importância atual do neo-líberalismo, que pretende

pedir ao Estado normas corretoras, sem dar-Uíe demasiada força e sem destruir

tenham a um só tempo as fontes de

minando, embora indiretamente, o mo

abastecimento, os meios de transforma

vimento dos negócios e o ritmo da pro

poucos, a todos capitalistas. Pede, ain da mais, que o Estado defenda o consu midor, estabelecendo meios de contrôle direto da qualidade dos produtos; fisca

lize a propaganda, de modo que a mes ma seja verdadeira e não induza a erro e, controlando ainda o comércio, de mo do a que as trocas sejam honestas e não haja sonegação de estoques e escassez artificial do produto.

O neo-Iiberalismo aceita a idéia coo-

perativista, de defesa do produtor, prin cipalmente o pequeno e xnedio, através das cooperativas de produção e a de de

seus filhos, pelo menos até o grau secim-

É fato sabido que a capacidade de consumo deriva da possibilidade de, adquirir, e tanto mais se consegue quan to mais forte é o poder de compra da moeda possuída. No caso do Brasil, a

estaremos muito seguros.

as emissões e controlar o crédito, deter

luindo a força do capital, tornando, aos

a reconstituí-los, graças ao trabalho. Dessa maneira pretende-se restabelecer.

tado uma fôrça de cujo emprego não

formação de grandes empresas que de

lucros integralmente, parte em salários, parte em dividendos, aumentando, desta forma, o poder aquisitivo da massa, que poderá viver melhor e adquirir maior quantidade de bens, facilitando a pou pança e a disseminação de capitais, di

família poderão atender às suas necessi

tributação.

Bancos Centrais pode o Estado dirigir

ainda, que se proíba o auto-finaiiciamento, devendo as firmas distribuir seus

condições anteriores, o indivíduo e sua

gando o herdeiro, despojado de uma parte dos bens acumulados pelo doador,

residem no dirigismo monetário e na

a integração econômica, quer dizer, a

ção da matéria-prima e, muitas vezes, a própria distribuição do produto acaba do, dando lugar, desta maneira, ao res tabelecimento da divisão do traballio e da especialização por emprêsa. Pede,

neira, os inconvenientes da mesma, obri

cscoimado dos defeitos, dos exageros,

Com efeito, através dos

É fácil compreender-se que um de sequilíbrio na distribuição da renda, fi

cando muitas pessoas com parcelas pe quenas do rendimento e poucas com grandes rendimentos, provocará fortes desníveis nos vários padrões de vida. O

dução. Além do que, graças a ôsse di rigismo, com uma política monetária e

que será, porém, padrão de vida? Cha mamos padrão de vida ao modo de exis tência e grau de conforto habituais a um grupo, òu classe econômica, e dos

creditícia bem orientada, estará o Estado garantindo a poupança e o consumo, por estar em condições de estabilizar o valor da moeda.

quais somente desistirão com grande

Os neo-liberais, por fim, não se ilu dem quanto às desigualdades humanas e não participam do sonho de impedir di ferenças na distribuição dos rendimentos.

relutância.

De um modo geral, poderemos consi

derar quatro tipos de padrão de vida: 1. — o nível de pauperismo, no qual oindivíduo tem onde morar e com que se

Afirmam que, qualquer que seja o re gime econômico, haverá sempre lugar para que os mais ativos e eficientes se

sobreponham aos demais, conseguindo maiores vantagens e melhor posição so cial. Será melhor encorajá-los do que de por baixo; através da tributação e possível corrigir essas desigualdades, ate nuando ou, se possível até, eliminando recaem com a mesma incidência sôbre

todos os cidadãos, sem atender às dife renças de fortuna) e substituindo-os

tirar dos que ganham mais, para distri buir, embora indiretamente, pelos que

J

moeda se tem desvalorizado cada vez

mais.

Basta dizer que, em média, em

todo o território brasileiro, pode-se cal cular que o aumento de preços, entre 1944 e 1947, foi, no mínimo, de 60%.

É preciso, porém, recordar que há gran des desigualdades entre os vários Esta dos, pois os preços tendem a subir mais nas grandes cidades e nos Estados de vida econômica mais intensa. A eleva

ção de preços de São Paulo e Rio de

Janeiro não tem paralelo com a de ne nhum outro Estado, muito embora não

tenhamos dados seguros para poder ava

liar as. diferenças do poder de compra, em relação aos diferentes Estados e ci

dades brasileiras. Sendo fraco o poder

de compra, o nível de consumo é baixo, e, portanto, o padrão de vida tem de ser baixo também. No Brasil é o que real mente se passa. É suficiente dizer que, na cidade de São Paulo, onde a cla^e operária goza de um padrão de vida mais elevado, em relação ao resto do

País, 54% da despesa total de uma

não será suficiente para atender a ne

família são absorvidos em alimentos, res

cessidades culturais; 3. — o nível de mí-

tando apenas 46 % para aluguel, luz,combustível, água, transporte, vestuá

- nimo de saúde e decência, no qual o in

pelos diretos, incidindo sôbre os rendi mentos, de modo que o Estado possa

dário.

rendimento; qualquer doença ou o sim ples descmprêgo conduzi-lo-ia à fome; 2. — o nível de mínimo de subsistência, va para acudir a possíveis doenças, ou se manter por pequeno espaço de tem po desempregado; mas seu rendimento

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dades culturais e estender o ensino aos

alimentar, mas nisto consome todo seu

no qual a pesso*a tem abrigo e alimenta ção suficientes e, talvez, alguma reser

desanima-los, não nivelando a socieda

41

divíduo, além de abrigo e sustento pró

rio, assistência médica, educação e di-

prios, pode constituir uma família até de 5 pessoas, dando-lhe tòda assistência sa

"N^rsões; para termo de comparação, bas

nitária, educando seus filhos em nível

ta-nos dizer que, em cidades industriais do tipo de São Paulo, na Inglaterra, Es

primário, podendo ainda ter algumas di

tados Unidos e França, as despesas de


Dioesto

EcoNÓ^^co

43

DiCESTo Econômico

42

dos os balanços que se têm dado nas

dia, 60% dos rendimentos individuais,

alimentação oscilavam, antes da guerra,

neira que o custo dessa distribuição não

condições humanas de trabalho levam

é natural que haja carência de capi

entre 38 % e 47 %.

anule o barateamento da própria produçao São precisos, portanto, transportes baratos e cm expansão crescente.

à dolorosa conclusão de que nos faltam

tais, e atualmente isso é sinônimo de

braços técnicos especializados e mesmo população em quantidade suficiente para

impossibilidade para certas iniciativas de

Podemos afirmar, sem risco de êrro,

que em grande parte do País, nas classes mais pobres do interior, a alimentação absorve cerca de 2/3 do rendimento dos

indivíduos. Isso eqüivale a dizer que nos encontramos próximos a um nível de pauperismo, que chega a ser' o de muitas famílias, em localidades do inte

exploração conveniente de nossos recur

grande vulto, como sejam, exploração petrolífera, aproveitamento de energia

rizam o progrc.sso econômico c que são capazes de contribuir eficazmente para

sos.

hidrelétrica, sidemrgia.

demasiadamente fraca e exige que se

E, desde que não temos capitais em quantidade sufi

elevação do padrão de vida, por fim,

incremente o povoamento. Daí as vá

ciente, urge oferecer meios para que

nada representaria sem uma distribui ção equitativa da renda nacional, quer

rias medidas legislativas tendentes a fo mentar a imigração, não só de trabalha

Êsse conjunto de fatôres que caracte

rior, e que, quando muito, alcançamos

dizer, da riqueza do país. Para tal cou-

nas cidades mais adiantadas, e mesmo

sa é necessária, além do mais, a difusão

assim, na classe média, o nível mínimo

da educação, porque sòmentc educando

de saúde e decência, enquanto a maioria se conserva tendo abrigo e alimentação

apenas suficientes, sem poder atender a necessidades culturais. Não é, pois, de admirar, dado nosso baixo padrão de vida, que se acuse o homem brasileiro

de ser inculto, uma vez que cultura é sinônimo de padrão de vida elevado.

A tendência desejável para a nação c que o padrão de vida de seu povo, nas várias classes sociais, se eleve a ponto de se generalizar o mínimo de conforto.

Essa elevação depende de seu progresso econômico e social. Realmente, para se viver melhor é antes de tudo necessário

produzir mais, melhor e mais barato. Só onde a produção cresce e a inventividade e labor de seus habitantes permitem obter artigos a baixo custo, é que o pa drão de vida pode aumentar. O desen volvimento técnico, a organização, o es

pírito criador a serviço da produção, permitem o aparecimento de novos em pregos e, com eles, a possibilidade de maior número de colocações, com o que

se evita o desemprego, quer dizer, evita-

se que uma parte da população tenha um rendimento igual a zero, pelo menos durante períodos curtos. Não basta, po rém, produzir mais, melhor e mais ba rato; é preciso distribuir o produzido com rapidez e uniformidade, de tal ma-

um povo é que se podem criar nele de

sejos de progredir e melhorar de vida;

sòmentc por ela é que se poderão criar

Nossa densidade demográfica é

dores rurais não qualificados, como de especialistas, operários técnicos para os

mesmos permitirão o desen\'ol\4mento da economia nacional e, com ela, a me

lhoria do padrão de vida do povo brasi

vários rumos da indústria.

leiro. Basta que se discipline o seu em

Em um país de moeda fraca, onde a alimentação chega a consumir, em mé

prego, de modo a que não sejam de

novos hábitos, difundir o consumo de

novos produtos e a utilização de novos serviços; é pela educação, também, que se conseguirá o desenvolvimento Fécni-

co e científico para a realização do pró prio progresso econômico e será ela ain

da que, aos poucos, permitirá ao altruís mo sobrepor-se ao egoísmo, sem o que não se poderá falar em equidade na dis tribuição da riqueza.

Convém lembrar, entretanto, que a distribuição equitativa da renda nacio nal ou sua redistribuição, no caso de

desigualdades flagrantes, por si só, é in

suficiente para a elevação do padrão ds vida da população; o requisito funda mental e prévio, para o aumento do pa

drão de vida de um povo, é a expansão do volume total de sua produção; isso significa que a operosidade dos habitan

tes de um país é a única capaz de ga rantir o levantamento do seu padrão de vida.

Assim sendo, não é para se estranhar, também, que apenas nas cidades mais prósperas, principalmente em São Paulo,

eles possam afluir do exterior. O perigo não está em fazê-los vir, pois que os

' 1'

se tenha desenvolvido o ensino técnico

profissional, indispensável ao progresso econômico do País. A verdade é que to Ç. . ti

masiado onerosos para o País.


Dioesto

EcoNÓ^^co

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dos os balanços que se têm dado nas

dia, 60% dos rendimentos individuais,

alimentação oscilavam, antes da guerra,

neira que o custo dessa distribuição não

condições humanas de trabalho levam

é natural que haja carência de capi

entre 38 % e 47 %.

anule o barateamento da própria produçao São precisos, portanto, transportes baratos e cm expansão crescente.

à dolorosa conclusão de que nos faltam

tais, e atualmente isso é sinônimo de

braços técnicos especializados e mesmo população em quantidade suficiente para

impossibilidade para certas iniciativas de

Podemos afirmar, sem risco de êrro,

que em grande parte do País, nas classes mais pobres do interior, a alimentação absorve cerca de 2/3 do rendimento dos

indivíduos. Isso eqüivale a dizer que nos encontramos próximos a um nível de pauperismo, que chega a ser' o de muitas famílias, em localidades do inte

exploração conveniente de nossos recur

grande vulto, como sejam, exploração petrolífera, aproveitamento de energia

rizam o progrc.sso econômico c que são capazes de contribuir eficazmente para

sos.

hidrelétrica, sidemrgia.

demasiadamente fraca e exige que se

E, desde que não temos capitais em quantidade sufi

elevação do padrão de vida, por fim,

incremente o povoamento. Daí as vá

ciente, urge oferecer meios para que

nada representaria sem uma distribui ção equitativa da renda nacional, quer

rias medidas legislativas tendentes a fo mentar a imigração, não só de trabalha

Êsse conjunto de fatôres que caracte

rior, e que, quando muito, alcançamos

dizer, da riqueza do país. Para tal cou-

nas cidades mais adiantadas, e mesmo

sa é necessária, além do mais, a difusão

assim, na classe média, o nível mínimo

da educação, porque sòmentc educando

de saúde e decência, enquanto a maioria se conserva tendo abrigo e alimentação

apenas suficientes, sem poder atender a necessidades culturais. Não é, pois, de admirar, dado nosso baixo padrão de vida, que se acuse o homem brasileiro

de ser inculto, uma vez que cultura é sinônimo de padrão de vida elevado.

A tendência desejável para a nação c que o padrão de vida de seu povo, nas várias classes sociais, se eleve a ponto de se generalizar o mínimo de conforto.

Essa elevação depende de seu progresso econômico e social. Realmente, para se viver melhor é antes de tudo necessário

produzir mais, melhor e mais barato. Só onde a produção cresce e a inventividade e labor de seus habitantes permitem obter artigos a baixo custo, é que o pa drão de vida pode aumentar. O desen volvimento técnico, a organização, o es

pírito criador a serviço da produção, permitem o aparecimento de novos em pregos e, com eles, a possibilidade de maior número de colocações, com o que

se evita o desemprego, quer dizer, evita-

se que uma parte da população tenha um rendimento igual a zero, pelo menos durante períodos curtos. Não basta, po rém, produzir mais, melhor e mais ba rato; é preciso distribuir o produzido com rapidez e uniformidade, de tal ma-

um povo é que se podem criar nele de

sejos de progredir e melhorar de vida;

sòmentc por ela é que se poderão criar

Nossa densidade demográfica é

dores rurais não qualificados, como de especialistas, operários técnicos para os

mesmos permitirão o desen\'ol\4mento da economia nacional e, com ela, a me

lhoria do padrão de vida do povo brasi

vários rumos da indústria.

leiro. Basta que se discipline o seu em

Em um país de moeda fraca, onde a alimentação chega a consumir, em mé

prego, de modo a que não sejam de

novos hábitos, difundir o consumo de

novos produtos e a utilização de novos serviços; é pela educação, também, que se conseguirá o desenvolvimento Fécni-

co e científico para a realização do pró prio progresso econômico e será ela ain

da que, aos poucos, permitirá ao altruís mo sobrepor-se ao egoísmo, sem o que não se poderá falar em equidade na dis tribuição da riqueza.

Convém lembrar, entretanto, que a distribuição equitativa da renda nacio nal ou sua redistribuição, no caso de

desigualdades flagrantes, por si só, é in

suficiente para a elevação do padrão ds vida da população; o requisito funda mental e prévio, para o aumento do pa

drão de vida de um povo, é a expansão do volume total de sua produção; isso significa que a operosidade dos habitan

tes de um país é a única capaz de ga rantir o levantamento do seu padrão de vida.

Assim sendo, não é para se estranhar, também, que apenas nas cidades mais prósperas, principalmente em São Paulo,

eles possam afluir do exterior. O perigo não está em fazê-los vir, pois que os

' 1'

se tenha desenvolvido o ensino técnico

profissional, indispensável ao progresso econômico do País. A verdade é que to Ç. . ti

masiado onerosos para o País.


1

INVESTIMENTO, POUPANÇA E INDÜSTRIAS-CHAVES

Digesto Econômico

45

a eles a responsabilidade da marcha da

rem ou restringirem os investimentos.

vida econômica. Quando aumentam os

mesmo tempo que distribuem maiores

Assim, no sistema do li\Te empreendi mento, cada qual faz o que quer, mas o que cada um quer é decidido pelos empreendedores. De fato, se os poupadores decidirem gastar menos do que fazem comumente, haverá menor consumo, o que forçará as indústrias produtoras desses artigos a

lucros aos seus acionistas.

reduzirem as suas atividades.

investimentos.^e se conserva constante o Roberto Pinto de Souza

Há, entre nós, certa má vontade

assunto, vamos restringír-nos ao aspecto

com relação às indústrias nacionais. Os

1.

argumentos principais que alimentam a

da teoria da poupança c do investimen to, no que diz respeito às indústrias-

animosidade são o alto preço e a má

chaves.

qualidade do produto brasileiro. Alegam os oponentes que seria melhor permitir

a entrada, livre de direitos, do artigo estrangeiro, do que proteger o parque manufatureiro interno através de pesa dos direitos alfandegários. O livre-câm-

bio, a se acreditar nas idéias dos que o apoiam, traz uma dupla vantagem: a) permite aos consumidores comprarem, por menor preço, artigos melhores; b)

diminui o custo da produção agrícola. Dai resulta um benefício geral para a

comunidade — o barateamento do custo da vida.

Assiste alguma razão aos que assim

pensam, desde que considerem um pe

ríodo curto de tempo e raciocinem em

termos de preço e qualidade do produ to. Infelizmente, a economia nacional é

lun complexo de ações, relações e reper cussões econômicas que se desenvolve no tempo. A visão restrita dos livre-cambis-

tas deforma a realidade econômica, reti rando tôda consistência à argumentação por eles desenvolvida. É nosso intuito demonstrar, no presen te artigo, porque os opositores da indús tria brasileira estão enganados. A pro dução manufatureira, antes de ser um

volume da poupança, o ritmo do fabrico de bens de produção se acelera. As in dústrias produtoras desses bens, em vir tude do desenvolvimento de suas ativi

dades, assalariam novos empregados, ao

2. No sistema de iniciativa privada

Essa re

dução força a dispensa de operários e a qúeda dos lucros, res tringindo o rendimento das pessoas ligadas às

agentes econômicos as qualidades e as

quantidades de mercadorias que devem ser produzidas, portanto, o volume de

de bens de consumo, o que se traduz em acele

atividades dêsse setor da

capital que deve ser investido e o mon

ração

víduos,

a marcha da economia, isto é, não há

nenhuma autoridade suprema a dizer aos

da

produção.

manufatura

Êsses indi naturalmente,

tante da poupança que deve ser pôsto de

dessas mercadorias. No

lado pela comunidade. São os empreen

vos operários são empregados e novos

nos do que o faziam antes.

dedores que tomam a si essa tarefa e

lucros são distribuídos, estendendo o

dêsse modo, nova redução no consu

a executam

aumento de rendimento a outros consu

mo, que, por sua vez, irá determinar

midores e elevando

mais uma vez a

novos cortes nos rendimentos de outros

renda geral da comunidade. A observação nos revela que tôda ele vação do rendimento é acompanhada de poupança. Satisfeitas as necessidades mais prementes, os indivíduos que rece

agentes econômicos. Sim, porque os gastos de uma pessoa são os rendimentos de outras, e quando uma gasta menos, outras ganham menos. Assim, à medida que os réditos baixam, a soma que os

bem maiores salários e dividendos ten

indivíduos desejam poupar diminui e a

dem a pôr de lado uma parcela do

renda da comunidade se reduz a um

previsões.

de acôrdo com

as suas

Dessa forma, tudo que se

passa na vida econômica é o resultado

do inúmeras decisões individuais e inde

pendentes. É verdade que os homeus • de negócios se guiam por certos fatôres gerais, que os levam a decidir desta ou

daquela maneira, o as decisões de cada um influem nas dos outros, formando uma corrente de decisões intimamente

relacionadas, que dão unidade ao siste ma do livre empreendimento. Assim, no sistema em questão, são os empreende- ' dores, principalmente os industriais, que .

fixam o volume de capital que deve ser utilizado na produção, portanto, o vo lume de emprêgo que deve caber aos ' membros da comunidade; ao mesmo

j

tempo, são os consumidores (assalaria-

«

ela conseguiremos elevar o padrão de

dos e empreendedores) que, através dos

vida brasileiro. O tema não é novo. Foi

sobejamente tratado pelos defensores da

seus réditos, ditam o volume de merca dorias a ser consumido e o montante de

industrialização do parque produtor bra

capitais novos a ser formado.

sileiro. Contudo, um argumento a mais

quem estabelece os réditos dos consumi

nunca faz mal. Dada a amplitude do

dores são os empreendedores, daí caber

pêso, é um fator de progresso, e sô por

Os réditos

aumentam, ipso facto. Os consumidores que vêem seus rendi mentos acrescidos adqui rem maior quantidade

não existe direção central a determinar

Porém,

passarão a comprar me

Haverá,

acréscimo do rendimento. É essa a re

nível tal que o volume real da poupan

gra geral. Não desconhecemos que isso

ça se toma inferior ao do investimento. A conclusão a se tirar é que, seja

nem sempre se verifica. Não raras vêzcs há alterações substanciais nos há

que habitualmente (nota-se isso prin

qual fôr a atitude dos particulares com relação à poupança, o total geral das suas poupanças efetivas será determi nado pelas decisões dos empreendedo

cipalmente nas fases de inflação) ou a

res, relativas ao total de bens de inves

poupar mais do que estão acostumados.

timento que lhes convém produzir. Os poupadores individuais não exercem ne

bitos de consumo e de poupança. Os particulares passam a consumir mais do

A poupança depende dos réditos, e estes do ritmo de produção dos bens de investimento. Cada um poupa a quan tia que entende, porém a soma da sua

nhuma influência direta sôbre o mon

tante do investimento. Os empreende

dores só aplicam capitais se prevêem

poupança depende do rendimento per

lucros futuros.

cebido que, por sua vez, decorre das

de retração dos negócios, não haverá

decisões dos empreendedores de alarga

investimentos. A iniciativa é apanágio

Se as perspectivas são


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INVESTIMENTO, POUPANÇA E INDÜSTRIAS-CHAVES

Digesto Econômico

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a eles a responsabilidade da marcha da

rem ou restringirem os investimentos.

vida econômica. Quando aumentam os

mesmo tempo que distribuem maiores

Assim, no sistema do li\Te empreendi mento, cada qual faz o que quer, mas o que cada um quer é decidido pelos empreendedores. De fato, se os poupadores decidirem gastar menos do que fazem comumente, haverá menor consumo, o que forçará as indústrias produtoras desses artigos a

lucros aos seus acionistas.

reduzirem as suas atividades.

investimentos.^e se conserva constante o Roberto Pinto de Souza

Há, entre nós, certa má vontade

assunto, vamos restringír-nos ao aspecto

com relação às indústrias nacionais. Os

1.

argumentos principais que alimentam a

da teoria da poupança c do investimen to, no que diz respeito às indústrias-

animosidade são o alto preço e a má

chaves.

qualidade do produto brasileiro. Alegam os oponentes que seria melhor permitir

a entrada, livre de direitos, do artigo estrangeiro, do que proteger o parque manufatureiro interno através de pesa dos direitos alfandegários. O livre-câm-

bio, a se acreditar nas idéias dos que o apoiam, traz uma dupla vantagem: a) permite aos consumidores comprarem, por menor preço, artigos melhores; b)

diminui o custo da produção agrícola. Dai resulta um benefício geral para a

comunidade — o barateamento do custo da vida.

Assiste alguma razão aos que assim

pensam, desde que considerem um pe

ríodo curto de tempo e raciocinem em

termos de preço e qualidade do produ to. Infelizmente, a economia nacional é

lun complexo de ações, relações e reper cussões econômicas que se desenvolve no tempo. A visão restrita dos livre-cambis-

tas deforma a realidade econômica, reti rando tôda consistência à argumentação por eles desenvolvida. É nosso intuito demonstrar, no presen te artigo, porque os opositores da indús tria brasileira estão enganados. A pro dução manufatureira, antes de ser um

volume da poupança, o ritmo do fabrico de bens de produção se acelera. As in dústrias produtoras desses bens, em vir tude do desenvolvimento de suas ativi

dades, assalariam novos empregados, ao

2. No sistema de iniciativa privada

Essa re

dução força a dispensa de operários e a qúeda dos lucros, res tringindo o rendimento das pessoas ligadas às

agentes econômicos as qualidades e as

quantidades de mercadorias que devem ser produzidas, portanto, o volume de

de bens de consumo, o que se traduz em acele

atividades dêsse setor da

capital que deve ser investido e o mon

ração

víduos,

a marcha da economia, isto é, não há

nenhuma autoridade suprema a dizer aos

da

produção.

manufatura

Êsses indi naturalmente,

tante da poupança que deve ser pôsto de

dessas mercadorias. No

lado pela comunidade. São os empreen

vos operários são empregados e novos

nos do que o faziam antes.

dedores que tomam a si essa tarefa e

lucros são distribuídos, estendendo o

dêsse modo, nova redução no consu

a executam

aumento de rendimento a outros consu

mo, que, por sua vez, irá determinar

midores e elevando

mais uma vez a

novos cortes nos rendimentos de outros

renda geral da comunidade. A observação nos revela que tôda ele vação do rendimento é acompanhada de poupança. Satisfeitas as necessidades mais prementes, os indivíduos que rece

agentes econômicos. Sim, porque os gastos de uma pessoa são os rendimentos de outras, e quando uma gasta menos, outras ganham menos. Assim, à medida que os réditos baixam, a soma que os

bem maiores salários e dividendos ten

indivíduos desejam poupar diminui e a

dem a pôr de lado uma parcela do

renda da comunidade se reduz a um

previsões.

de acôrdo com

as suas

Dessa forma, tudo que se

passa na vida econômica é o resultado

do inúmeras decisões individuais e inde

pendentes. É verdade que os homeus • de negócios se guiam por certos fatôres gerais, que os levam a decidir desta ou

daquela maneira, o as decisões de cada um influem nas dos outros, formando uma corrente de decisões intimamente

relacionadas, que dão unidade ao siste ma do livre empreendimento. Assim, no sistema em questão, são os empreende- ' dores, principalmente os industriais, que .

fixam o volume de capital que deve ser utilizado na produção, portanto, o vo lume de emprêgo que deve caber aos ' membros da comunidade; ao mesmo

j

tempo, são os consumidores (assalaria-

«

ela conseguiremos elevar o padrão de

dos e empreendedores) que, através dos

vida brasileiro. O tema não é novo. Foi

sobejamente tratado pelos defensores da

seus réditos, ditam o volume de merca dorias a ser consumido e o montante de

industrialização do parque produtor bra

capitais novos a ser formado.

sileiro. Contudo, um argumento a mais

quem estabelece os réditos dos consumi

nunca faz mal. Dada a amplitude do

dores são os empreendedores, daí caber

pêso, é um fator de progresso, e sô por

Os réditos

aumentam, ipso facto. Os consumidores que vêem seus rendi mentos acrescidos adqui rem maior quantidade

não existe direção central a determinar

Porém,

passarão a comprar me

Haverá,

acréscimo do rendimento. É essa a re

nível tal que o volume real da poupan

gra geral. Não desconhecemos que isso

ça se toma inferior ao do investimento. A conclusão a se tirar é que, seja

nem sempre se verifica. Não raras vêzcs há alterações substanciais nos há

que habitualmente (nota-se isso prin

qual fôr a atitude dos particulares com relação à poupança, o total geral das suas poupanças efetivas será determi nado pelas decisões dos empreendedo

cipalmente nas fases de inflação) ou a

res, relativas ao total de bens de inves

poupar mais do que estão acostumados.

timento que lhes convém produzir. Os poupadores individuais não exercem ne

bitos de consumo e de poupança. Os particulares passam a consumir mais do

A poupança depende dos réditos, e estes do ritmo de produção dos bens de investimento. Cada um poupa a quan tia que entende, porém a soma da sua

nhuma influência direta sôbre o mon

tante do investimento. Os empreende

dores só aplicam capitais se prevêem

poupança depende do rendimento per

lucros futuros.

cebido que, por sua vez, decorre das

de retração dos negócios, não haverá

decisões dos empreendedores de alarga

investimentos. A iniciativa é apanágio

Se as perspectivas são


ri ■ VWÍ «j-

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Digesto Econômico

dos empreendedores e não dos poupadores. Êstes, cm conjunto, estão à mercê dos investidores, se bem que individual mente gozem da liberdade de poupar a

quantidade que lhes aproiu-er. Se O de sejo de poupar dos indivíduos aumenta

sem elevação correspondente de inves timentos por parte dos empreendedores,

não haverá efetivamente ampliação da poupança total.

Vejamos o que se passa nas ativida des econômicas quando se verifica um aumento de investimento, ou melhor,

quais os efeitos das aplicações de capi-

^is sobre os réditos e as poupanças.

jiinto das pessoas que trabalha nesse rarr

Quando, em virtude de maiores apli

cessário para colocar o artigo, pronto

do sapatos, de camisas, de vestidos e ternos de roupa, freqüenta mais as salas

cações de capitais, aumentam o emprego o os d.,'''dendos num país qualquer, e,

para o consumo, nas mãos do consumi

de diversões etc., o que incrementa as

consequentemente, o consumo, parte dos

das possuem todos ou quase todos os'

bons adquiridos não é produzida no país; daí, uma fração do aumento secundário

elos da corrente de produção, desde a semeadura dos produtos agrícolas e ex

dc emprego, decorrente de investimentos

tração da matéria-prima, até o último

mo da produção adquire maior número

atividades das indústrias de bens de

consumo. Estas, por sua vez, emprega rão maior volume de mão-de-obra e dis

tribuirão maiores dividendos. Há, assim,

aumento dos rendimentos dos agentes econômicos ligados a esse gênero dc pro

dução. Possuidores de maior poder aqui sitivo, vão, por seu turno, elevar o con sumo, acelerando ainda mais as ativi

dades das empresas produtoras de bens

Tais efeitos são perceptíveis pelos pro cessos acumulativos do multiplicador e do principio de aceleração. Não é ne cessário^ entrar em pormenores quanto

de consumo, e assim sucessivamente. A esse nov.o acréscimo de emprego nas in

a atuaçao desses processos; uma sumá

mento secundário".

ria descnçao do multiplicador, segundo I amedir exposição de Keynes, é suficiente para o alcance das repercussões dos investimentos.

Suponhamos que num dado momen to se intensifique a construção

dústrias dc consumo denomina-se "au

Vemos, pela sumaríssima descrição acima, que o investimento inicial deter mina uma série de aumentos de rendi

mentos c de consumo. A série, porém, não é indefinida. A cada passagem dc

encanadores, eletricistas, pintores etc.,

fabricação italiana, contribuirão para o

Isso

to acrescido é gasto, uma parte

é poupada. A soma despendida

estádios do manufaturamento determi nam efeitos acumulativos sôbre os de

incremento das atividades da indústria

mais, incrementando o consumo e a

do sapatos italiana. Caso, porém, adqui

poupança, que por sua vez aceleram as

ram sapatos de fabricação nacional, con correm diretamente para aceleração das atividades da indústria dc sapatos dos

atividades produtivas.

curtumes britânicos, e, como o couro

é importado da Austrália e da Argentina, contribuem indiretamente para o de senvolvimento da produção de couro

bnito naquelas nações.

O mesmo se

passa quando compram roupas confec dos Unidos; parte do aumento secundá

meira conseqüência é o aumen

mas em toda a cadeia das indústrias de construção — olarias, vidraçarias, serra

cializada para atraírem o consumidor. Os investimentos feitos em qualquer dos

vão-se tomando menores.

porque nem todo novo rendimen

aumentem os investimentos nas

edifícios, como pedreiros, marceneiros,

acondicionamento e propaganda espe

tras naçãcs. Se os pedreiros ingleses, em lugar de comprarem sapatos pro duzidos na Inglaterra, adquirirem os de

cionadas com tecidos de algodão. A Grã-Bretanha importa algodão dos Esta

indústrias de construção. A pri to não só do número de empre gados que trabalham diretamente nos

realizados no país, se transfere para ou

uma para outra série, as repercussões

de casas de moradia, isto é, que

dor. As nações altamente industrializa

rio fogo para essa nação. Quanto mais

a economia de um país depende de pro

Nos países de estrutura econômica agrícola e extrativa as atividades produ tivas são muito restritas — resumem-se

no trabalho rural e no das minas e, às

vezes, no de semi-manufaturas. O cam

po de investimentos é diminuto e os efeitos acumulath'OS, portanto, quase nulos, indo atuar nas economias das na ções industrializadas fornecedoras de ar

tigos manufaturados. Por êsse motivo,

são países cujas economias se acham vol tadas para os mercados externos, pois

para aumentar o consumo é, em

a fuga de emprego secundário para os

deles dependem não só para a colocação dos produtos em bruto como para o

cada série, inferior ao total dos

mercados externos.

fornecimento de mercadorias industriali

réditos. Portanto, em cada passagem diminuí o número de novos empregos. A relação entre o aumento total de emprego e o aumento primário é cha

mada "o multiplicador". Se há, por exemplo, um aumento de dois empre

rias, fábricas de tinta, de azulejo, de canos, de torneiras, de aparelhos sanitá rios etc. A esses novos empregados dá-

sumo para cada novo operário tomado

se o nome de "aumento primário" de

pelas industrias de bons dc produção, o

mão-de-obra. Em virtude do acréscimo

de investimentos, o rédito total do setor industrial — edificações — se elevou.

multiplicador é igual a 3. 3. Até aqui examinamos o multipli cador de uma forma geral. Vejamos a

Isso significa que o consumo total do

sua atuação no quadro de uma econo

setor também aumentou. Agora, o con-

mia

gados nas indústrias de bens de con

nacional.

dutos vindos de outras nações, maior é

Os países de estrutura econômica agrí

zadas. Daí a denominação de economia

cola e extrativa pouco desfrutam das re

reflexa a essas estruturas econômicas.

percussões do multiplicador. Ê que não

A despeito de serem nações voltadas para o comércio internacional, dele não tiram vantagens, porque, ao se estabe

possuem uma distribuição hierárquica entre os vários estádios da produção. Os elementos fornecidos pela natureza

lecerem as relações comerciais entre

não SC encontram em condições de se

os países agrícolas e os industrializados,

rem consumidos imediatamente pelo ho

formam-se imediatamente desigualdades econômicas que se tomam aparentes nas relações de troca. É que as primeiras

mem, daí ser necessário o trab;ilho dc

transformação e adaptação, a fim dc tomá-los aptos áo consumo. Êsse tra balho vai desde a primeira transfonnação da matéria-prima em produto semimanufaturado, até o último esforço ne

exportam produtos de fraco valor espe cífico e importam mercadorias de alto valor especifico. Dessa forma, acabam

entregando, por .assim dizer, de graça.


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Digesto Econômico

dos empreendedores e não dos poupadores. Êstes, cm conjunto, estão à mercê dos investidores, se bem que individual mente gozem da liberdade de poupar a

quantidade que lhes aproiu-er. Se O de sejo de poupar dos indivíduos aumenta

sem elevação correspondente de inves timentos por parte dos empreendedores,

não haverá efetivamente ampliação da poupança total.

Vejamos o que se passa nas ativida des econômicas quando se verifica um aumento de investimento, ou melhor,

quais os efeitos das aplicações de capi-

^is sobre os réditos e as poupanças.

jiinto das pessoas que trabalha nesse rarr

Quando, em virtude de maiores apli

cessário para colocar o artigo, pronto

do sapatos, de camisas, de vestidos e ternos de roupa, freqüenta mais as salas

cações de capitais, aumentam o emprego o os d.,'''dendos num país qualquer, e,

para o consumo, nas mãos do consumi

de diversões etc., o que incrementa as

consequentemente, o consumo, parte dos

das possuem todos ou quase todos os'

bons adquiridos não é produzida no país; daí, uma fração do aumento secundário

elos da corrente de produção, desde a semeadura dos produtos agrícolas e ex

dc emprego, decorrente de investimentos

tração da matéria-prima, até o último

mo da produção adquire maior número

atividades das indústrias de bens de

consumo. Estas, por sua vez, emprega rão maior volume de mão-de-obra e dis

tribuirão maiores dividendos. Há, assim,

aumento dos rendimentos dos agentes econômicos ligados a esse gênero dc pro

dução. Possuidores de maior poder aqui sitivo, vão, por seu turno, elevar o con sumo, acelerando ainda mais as ativi

dades das empresas produtoras de bens

Tais efeitos são perceptíveis pelos pro cessos acumulativos do multiplicador e do principio de aceleração. Não é ne cessário^ entrar em pormenores quanto

de consumo, e assim sucessivamente. A esse nov.o acréscimo de emprego nas in

a atuaçao desses processos; uma sumá

mento secundário".

ria descnçao do multiplicador, segundo I amedir exposição de Keynes, é suficiente para o alcance das repercussões dos investimentos.

Suponhamos que num dado momen to se intensifique a construção

dústrias dc consumo denomina-se "au

Vemos, pela sumaríssima descrição acima, que o investimento inicial deter mina uma série de aumentos de rendi

mentos c de consumo. A série, porém, não é indefinida. A cada passagem dc

encanadores, eletricistas, pintores etc.,

fabricação italiana, contribuirão para o

Isso

to acrescido é gasto, uma parte

é poupada. A soma despendida

estádios do manufaturamento determi nam efeitos acumulativos sôbre os de

incremento das atividades da indústria

mais, incrementando o consumo e a

do sapatos italiana. Caso, porém, adqui

poupança, que por sua vez aceleram as

ram sapatos de fabricação nacional, con correm diretamente para aceleração das atividades da indústria dc sapatos dos

atividades produtivas.

curtumes britânicos, e, como o couro

é importado da Austrália e da Argentina, contribuem indiretamente para o de senvolvimento da produção de couro

bnito naquelas nações.

O mesmo se

passa quando compram roupas confec dos Unidos; parte do aumento secundá

meira conseqüência é o aumen

mas em toda a cadeia das indústrias de construção — olarias, vidraçarias, serra

cializada para atraírem o consumidor. Os investimentos feitos em qualquer dos

vão-se tomando menores.

porque nem todo novo rendimen

aumentem os investimentos nas

edifícios, como pedreiros, marceneiros,

acondicionamento e propaganda espe

tras naçãcs. Se os pedreiros ingleses, em lugar de comprarem sapatos pro duzidos na Inglaterra, adquirirem os de

cionadas com tecidos de algodão. A Grã-Bretanha importa algodão dos Esta

indústrias de construção. A pri to não só do número de empre gados que trabalham diretamente nos

realizados no país, se transfere para ou

uma para outra série, as repercussões

de casas de moradia, isto é, que

dor. As nações altamente industrializa

rio fogo para essa nação. Quanto mais

a economia de um país depende de pro

Nos países de estrutura econômica agrícola e extrativa as atividades produ tivas são muito restritas — resumem-se

no trabalho rural e no das minas e, às

vezes, no de semi-manufaturas. O cam

po de investimentos é diminuto e os efeitos acumulath'OS, portanto, quase nulos, indo atuar nas economias das na ções industrializadas fornecedoras de ar

tigos manufaturados. Por êsse motivo,

são países cujas economias se acham vol tadas para os mercados externos, pois

para aumentar o consumo é, em

a fuga de emprego secundário para os

deles dependem não só para a colocação dos produtos em bruto como para o

cada série, inferior ao total dos

mercados externos.

fornecimento de mercadorias industriali

réditos. Portanto, em cada passagem diminuí o número de novos empregos. A relação entre o aumento total de emprego e o aumento primário é cha

mada "o multiplicador". Se há, por exemplo, um aumento de dois empre

rias, fábricas de tinta, de azulejo, de canos, de torneiras, de aparelhos sanitá rios etc. A esses novos empregados dá-

sumo para cada novo operário tomado

se o nome de "aumento primário" de

pelas industrias de bons dc produção, o

mão-de-obra. Em virtude do acréscimo

de investimentos, o rédito total do setor industrial — edificações — se elevou.

multiplicador é igual a 3. 3. Até aqui examinamos o multipli cador de uma forma geral. Vejamos a

Isso significa que o consumo total do

sua atuação no quadro de uma econo

setor também aumentou. Agora, o con-

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gados nas indústrias de bens de con

nacional.

dutos vindos de outras nações, maior é

Os países de estrutura econômica agrí

zadas. Daí a denominação de economia

cola e extrativa pouco desfrutam das re

reflexa a essas estruturas econômicas.

percussões do multiplicador. Ê que não

A despeito de serem nações voltadas para o comércio internacional, dele não tiram vantagens, porque, ao se estabe

possuem uma distribuição hierárquica entre os vários estádios da produção. Os elementos fornecidos pela natureza

lecerem as relações comerciais entre

não SC encontram em condições de se

os países agrícolas e os industrializados,

rem consumidos imediatamente pelo ho

formam-se imediatamente desigualdades econômicas que se tomam aparentes nas relações de troca. É que as primeiras

mem, daí ser necessário o trab;ilho dc

transformação e adaptação, a fim dc tomá-los aptos áo consumo. Êsse tra balho vai desde a primeira transfonnação da matéria-prima em produto semimanufaturado, até o último esforço ne

exportam produtos de fraco valor espe cífico e importam mercadorias de alto valor especifico. Dessa forma, acabam

entregando, por .assim dizer, de graça.


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48

Dicesto Econômico

Dicesto Econômico 49

aquilo que produzem, pagancio cada vez

como êsses tendem a aumentar num rit

mais caro pelo que recebem. Essa discrepância entre os valores es

mo mais acelerado que os dos oaíses

pecíficos das mercadorias remetidas e

A diferença de produtividade-e.xerce ainda influência sobre outros aspectos

recebidas se traduz cm perda de subs tância para as nações econòmicamente fracas. Essa perda, que repercute tão

econômicos de grande rclc\ânaa.

nocivamente em toda a economia na

dos, o aumento de produtividade se tem

cional, deve-se a dois fatores: em pri meiro lugar, a falta de paralelismo e concomitância entre as oscilações dos preços de matérias-primas e os de

produtos manufaturados; em segundo lugar, as quedas de câmbio, típicas dos países cuja balança de contas é defici

tária, favorecendo os prêmios à e.xportação, obrigando assim os países a venderenr mais e a receberem menos.

É preciso considerar ainda que essa

»

subdesenvolvidos.

situação desvantajosa nas relações de trocas SC agrava em virtude de os pro dutos primários, de modo geral, serem

inelástícos e de, inversamente, os pro dutos manufaturados terem uma alta elasticidade. A evolução dos preços de uns e outros produtos mostra disparida des.. As flutuações dos níveis de preços atingem mais duramente os produtos primários do que os manufaturados, de

preciando as relações de-troca dos países e.vportaclorcs do primeiro. Por outro Jado, os preços dos produtos primários, via de regra, não são influenciados pelos

países produtores, mas ditados pelas nações manufatureiras.

É

que, nos países altamente indu.strializa-

traduzido em elevação de renda, c, como conseqüência, o incremento dos in

vestimentos, o que c.xplica as grandes concentrações de capitais existentes nes

ses países. Na.s nações agrícolas, o pro gresso da produtividade tem determina

do queda dc preço e não acumulação

dos reduzidos e vivem quase exclusiva mente dos produtos da terra, consumin do alguns artigos manufaturados de bai

xa qualidade. A produção agrícola e e.vtrativa, portanto, não distribui de mo

do mais ou menos uniforme os réditos, o que não permite a formação de uma

população altamente consumidora, ao mesmo tempo que não dá margem a

uma forte poupança, daí dizer-se que são nações pré-capitalistas. Tais países, om virtude do tipo de suas atividades econômicas, não têm fatores de radia ção econômica dinâmica, pois os novos

técnica de produção, o trabalho é al tamente remunerado, o que permite con sumo e poupança elevados. Assim, todo aumento de investimentos se traduz ime

diatamente em maiores ganhos, que ten dem a repercutir sôbre todos os seto res da vida econômica nacional. Os

efeitos acumulatívos atuam plenamente. 4. O fator principal da industriali zação são as indústrias-chaves. Sem elas

o parque manufatureiro sô pode atingir um determinado grau de desenvolvimen to, restringindo-se aos setores das indús trias que semi-manufaturam as matérias-

de capitais. Daí a imensa desigualda de econômica entre as nações, desigual

investimentos não determinam modifica

primas ou dão o toque final nos produ

ções^ nos rendimentos e no consumo,

tos semi-manufaturados provenientes do

dade que tende a se acentuar cada vez mais, pois as importações de bens dc consumo manufaturados, por parte dos países subdcscnvobidos, contribuem

isto é, não criam efeitos acumulatívos.

estrangeiro. Por esse motivo, a produ

Nas fases de prosperidade aumentam as

ção industrial se limita às fábricas de

rendas do.s proprietários, enquanto se elevam em pequena escala os vencimen

tecido e às indústrias de alimentação. E, no geral, emprega técnica atrasada, pois

substancialmente para o aumento da produção das nações industriais. Ha outro aspecto, ainda não salienta

do, responsável pela desigiialdade econô mica entre os países agrícolas e os in dustrializados. Queremos referir-nos à c istribiiiçao do poder aquisitivo entro os membros da comunidade. Nos pri meiros, a cstratificação social é muito

pobre; compõe-se no gorai da classe dos proprietários abastados, de uma peque na classe média formada pelos funcioná

tos dos outros membros da comunidade.

as dificuldades de importação de equi

O consumo de produtos nacionais pouco

pamentos, somadas aos tropeços econô micos da produção interna em face da concorrência externa, levam à utilização

so altera, ao passo que se eleva o de artigos manufaturados estrangeiros. Nas fases de depressão decaem os rendimen tos dos proprietários, reduzindo-se em pequena escala o dos outros agentes eco

nômicos. A economia nacional perma nece estagnada, a única modificação são os altos e baixos dos rendimentos dos donos da terra.

Completamente diversa é a composi

rios públicos e empregados no

ção dos réditos das várias classes dos

Além disso, é preciso levar

comercio e da grande classe dos trabalhadores rurais. Os ricos

em conta os graus diversos de

proprietários consomem artigos dc

países altamente industrializados. Em primeiro lugar, a distribuição dos rendi mentos é mais uniforme, não havendo

de máquinas antiquadas, o que torna, por sua vez, a produção nacional mais

vulnerável à concorrência dos parques manufatureiros exteriores. Daí a neces

sidade da proteção alfandegária. Aco bertada pelos direitos aduaneiros, a téc nica se toma cada vez mais obsoleta,

forçando o aumento dos impostos de importação. O parque industrial apena.s se mantém e dificilmente consegue ampliar-se.

luxo importados, exercendo pe

em conjunto disparidades sensíveis entre

^ Quando se apresenta uma fase favo rável ao desenvolvimento da produção

quena influência no consumo in

terno. A pequena burguesia, composta

das não conseguem tirar partido das

a produtividade, além de ser muito mais

de funcionários c empregados, possui

os vencimentos da classe média, da pe quena burguesia e da classe operária,

elevada, cresce em proporção muito

fraco poder aquisitivo, e não dá margem

^'^^7<2ppndo apenas os dos capitães-de-

maior que a dos segundos.

a consumo em larga escala. Os traba

produtividade que, existem entre a produção dos países manufatureíros e a dos agrícolas. Nos primeiros,

Assim, .as

nações industriais não só apresentam ní veis de vida mais altos que as agrícolas

lhadores agrícolas, apesar de formarem o grosso da população, recebem ordeua-

indústria. Nota-se isso principalmente

nos Estados Unidos, onde pràticamente nao existe o que se entende por classe operaria. Em segundo lugar, dada a

manufatureíra, as nações subdesenvolvi vantagens que se lhes apresentam. É que, para realizarem o desenvolvimen

to econômico interno, necessitam impor tar equipamentos em larga escala, a fim

de alargarem as suas produções. Além disso, o progresso econômico traz dífe-


I ■■ ■

-

48

Dicesto Econômico

Dicesto Econômico 49

aquilo que produzem, pagancio cada vez

como êsses tendem a aumentar num rit

mais caro pelo que recebem. Essa discrepância entre os valores es

mo mais acelerado que os dos oaíses

pecíficos das mercadorias remetidas e

A diferença de produtividade-e.xerce ainda influência sobre outros aspectos

recebidas se traduz cm perda de subs tância para as nações econòmicamente fracas. Essa perda, que repercute tão

econômicos de grande rclc\ânaa.

nocivamente em toda a economia na

dos, o aumento de produtividade se tem

cional, deve-se a dois fatores: em pri meiro lugar, a falta de paralelismo e concomitância entre as oscilações dos preços de matérias-primas e os de

produtos manufaturados; em segundo lugar, as quedas de câmbio, típicas dos países cuja balança de contas é defici

tária, favorecendo os prêmios à e.xportação, obrigando assim os países a venderenr mais e a receberem menos.

É preciso considerar ainda que essa

»

subdesenvolvidos.

situação desvantajosa nas relações de trocas SC agrava em virtude de os pro dutos primários, de modo geral, serem

inelástícos e de, inversamente, os pro dutos manufaturados terem uma alta elasticidade. A evolução dos preços de uns e outros produtos mostra disparida des.. As flutuações dos níveis de preços atingem mais duramente os produtos primários do que os manufaturados, de

preciando as relações de-troca dos países e.vportaclorcs do primeiro. Por outro Jado, os preços dos produtos primários, via de regra, não são influenciados pelos

países produtores, mas ditados pelas nações manufatureiras.

É

que, nos países altamente indu.strializa-

traduzido em elevação de renda, c, como conseqüência, o incremento dos in

vestimentos, o que c.xplica as grandes concentrações de capitais existentes nes

ses países. Na.s nações agrícolas, o pro gresso da produtividade tem determina

do queda dc preço e não acumulação

dos reduzidos e vivem quase exclusiva mente dos produtos da terra, consumin do alguns artigos manufaturados de bai

xa qualidade. A produção agrícola e e.vtrativa, portanto, não distribui de mo

do mais ou menos uniforme os réditos, o que não permite a formação de uma

população altamente consumidora, ao mesmo tempo que não dá margem a

uma forte poupança, daí dizer-se que são nações pré-capitalistas. Tais países, om virtude do tipo de suas atividades econômicas, não têm fatores de radia ção econômica dinâmica, pois os novos

técnica de produção, o trabalho é al tamente remunerado, o que permite con sumo e poupança elevados. Assim, todo aumento de investimentos se traduz ime

diatamente em maiores ganhos, que ten dem a repercutir sôbre todos os seto res da vida econômica nacional. Os

efeitos acumulatívos atuam plenamente. 4. O fator principal da industriali zação são as indústrias-chaves. Sem elas

o parque manufatureiro sô pode atingir um determinado grau de desenvolvimen to, restringindo-se aos setores das indús trias que semi-manufaturam as matérias-

de capitais. Daí a imensa desigualda de econômica entre as nações, desigual

investimentos não determinam modifica

primas ou dão o toque final nos produ

ções^ nos rendimentos e no consumo,

tos semi-manufaturados provenientes do

dade que tende a se acentuar cada vez mais, pois as importações de bens dc consumo manufaturados, por parte dos países subdcscnvobidos, contribuem

isto é, não criam efeitos acumulatívos.

estrangeiro. Por esse motivo, a produ

Nas fases de prosperidade aumentam as

ção industrial se limita às fábricas de

rendas do.s proprietários, enquanto se elevam em pequena escala os vencimen

tecido e às indústrias de alimentação. E, no geral, emprega técnica atrasada, pois

substancialmente para o aumento da produção das nações industriais. Ha outro aspecto, ainda não salienta

do, responsável pela desigiialdade econô mica entre os países agrícolas e os in dustrializados. Queremos referir-nos à c istribiiiçao do poder aquisitivo entro os membros da comunidade. Nos pri meiros, a cstratificação social é muito

pobre; compõe-se no gorai da classe dos proprietários abastados, de uma peque na classe média formada pelos funcioná

tos dos outros membros da comunidade.

as dificuldades de importação de equi

O consumo de produtos nacionais pouco

pamentos, somadas aos tropeços econô micos da produção interna em face da concorrência externa, levam à utilização

so altera, ao passo que se eleva o de artigos manufaturados estrangeiros. Nas fases de depressão decaem os rendimen tos dos proprietários, reduzindo-se em pequena escala o dos outros agentes eco

nômicos. A economia nacional perma nece estagnada, a única modificação são os altos e baixos dos rendimentos dos donos da terra.

Completamente diversa é a composi

rios públicos e empregados no

ção dos réditos das várias classes dos

Além disso, é preciso levar

comercio e da grande classe dos trabalhadores rurais. Os ricos

em conta os graus diversos de

proprietários consomem artigos dc

países altamente industrializados. Em primeiro lugar, a distribuição dos rendi mentos é mais uniforme, não havendo

de máquinas antiquadas, o que torna, por sua vez, a produção nacional mais

vulnerável à concorrência dos parques manufatureiros exteriores. Daí a neces

sidade da proteção alfandegária. Aco bertada pelos direitos aduaneiros, a téc nica se toma cada vez mais obsoleta,

forçando o aumento dos impostos de importação. O parque industrial apena.s se mantém e dificilmente consegue ampliar-se.

luxo importados, exercendo pe

em conjunto disparidades sensíveis entre

^ Quando se apresenta uma fase favo rável ao desenvolvimento da produção

quena influência no consumo in

terno. A pequena burguesia, composta

das não conseguem tirar partido das

a produtividade, além de ser muito mais

de funcionários c empregados, possui

os vencimentos da classe média, da pe quena burguesia e da classe operária,

elevada, cresce em proporção muito

fraco poder aquisitivo, e não dá margem

^'^^7<2ppndo apenas os dos capitães-de-

maior que a dos segundos.

a consumo em larga escala. Os traba

produtividade que, existem entre a produção dos países manufatureíros e a dos agrícolas. Nos primeiros,

Assim, .as

nações industriais não só apresentam ní veis de vida mais altos que as agrícolas

lhadores agrícolas, apesar de formarem o grosso da população, recebem ordeua-

indústria. Nota-se isso principalmente

nos Estados Unidos, onde pràticamente nao existe o que se entende por classe operaria. Em segundo lugar, dada a

manufatureíra, as nações subdesenvolvi vantagens que se lhes apresentam. É que, para realizarem o desenvolvimen

to econômico interno, necessitam impor tar equipamentos em larga escala, a fim

de alargarem as suas produções. Além disso, o progresso econômico traz dífe-


Dicesto Econômico

51

Digesto Econômico 50

de investimentos num país cuja estru

renciação nas produções internas, o que determina novas necessidades, que so

podem ser saHsfeitas pela importação. Isso significa que os novos investimentos, se bem determinem efeitos acumulati\o.s internos, exercem maiores repercussões

acumulativas nas importações, criando a crise de divisas, o que impossibilita efetuar as importações de equipamentos no volume necessário.

O Brasil é um caso típico. Boa parte da crise cambial que atravessamos se deve ao ritmo crescente da industria-

* lização de nossa economia. Ê que esta veio e.xigir a importação de uma série enorme de maquinismos, portanto, de bens de produção de alto valor específico. Â medida

que esses bens de produção são

utilizados, dão nascimento, por repercussão, à necessidade de importa ção de outros artigos, incrementando o nosso comércio exterior,

Compare-se a importação presente com a anterior à guerra de 1914-18. O

forte, naquela época, eram as entradas

de bens.de consumo de baixo valor espe cífico, em comparação com os equipa mentos modernos. A exportação deixava

'então saldos favoráveis na balança co mercial, o que permitia fazer face aos déficits na balança de pagamentos pro venientes das reme.ssas de capitais para a

liquidação dos juros de nossas dívidas internacionais. Dessas considerações po-

demo": tirar o princípio, já apontado, de Que a industrialização das economias

vouco desenvolvidas se traduz em benek'io para os países altamente industria lizados, porque o multiplicador atua mais sôbre o comércio exterior do que sobre a economia interna.

Vamos levar a análise um pouco mais

adiante, a fim de melhor esclarecenuos

êsse ponto. O desenvolvimento indus-

trial ocorrido entre nós, nestes viltimos

dez anos, deu nascimento a uma serie de novas fábricas, bem como ao incremen

to dos transportes. O aumento dessas atividades implicou cm maiores investi mentos, o que levou à cicvaçao dos ren dimentos dos consumidores.

As riovas

empresas, porém, não puderam ser cons tituídas com equipamentos nacionais, uma vez que não os produzimos. Os novos equipamentos tiveram que ser

importados. Além disso, a expansão da produção aumentou os desgastes dos maquinismos existentes no País, obri gando à importação de novas máquinas. O desenvolvimento geral do parque mannfaturciro forçou, por outro lado, a melho ria da técnica dos setores indus

triais mais antigos, levando a importação de novos equipamentos. A ampliação geral das manufaturas forçou o alargamento dos transportes, obrigan do à importação de inúmeros caminhões. As novas máquinas entradas no Pais detenninaram o aumento da importação de peças e acessórios. A elevação dos

rendimentos dos agentes econômicos in crementou, por seu turno, o consumo,

não só de produtos nacionais como de artigos estrangeiros, o que atuou dupla mente sôbre a importação, pois levou ao aumento de importação de bens de produção c de bens de consumo.

Temos agora visão mais pormenoriza da dos inconvenientes da ausência de indústrías-cliaves na economia interna de

um país. A estrutura econômica de uma

nação de fraca industrialização dificil mente consegue desenvolver-se, e, quan do o faz, a atuação dos efeitos acumu-

lativos, provenientes do aumento de in vestimentos, se exerce na economia dos

países altamente industrializados. Bem diversa é a ação do incremento

tura econômica se assenta em sólidas

indústrias-chaves. Isso porque não pode haver expansão econômica sem que a produção dessas indústrias não aumen

te, uma vez que o sistema da produção

está distribuído em setores, ocupando as indústrias-chaves o setor central, de onde partem todas as atividades e para onde

vão ter todas as repercussões. Qualquer investimento feito neste ou naquele setor da produção repercute sôbre as ativida des das indústrias-chaves. Por seu tur no, as expansões da produção dessas em presas agem sôbre as atividades dos de

mais setores da produção. Dessa maneira, um país detentor de indústrias-cliavcs possui uma estrutura cujas ações e reações econômicas se circunscrevem ao âmbito da economia

interna.

Isto c, os investimentos reali

zados nos demais setores da produção repercutem sôbre as atividades dos se

tores afins e destes as das indústrias-

chaves, que por sua vez devolvem as

volvimento da produção de outros seto res industriais e agrícolas. A nova am

pliação do fabrico exige por sua vez maiores bens de produção, o que re percuto sôbre a produção das indústrias-

chaves, forçando-as a expandir novamen te a produção, e portanto, a efetuarem novos investimentos.

Conhecemos a atuação dos investimen

tos sôbre o consumo e a poupança. A cada novo investimento corresponde au mento de consumo e de poupança, que, por sua vez, detemiina novos investimen tos. Assim, numa economia altamente

industrializada os sistemas da produção, do consumo e do investimento se acham perfeitamente relacionados, de forma que as ações e reações agem umas sôbre as outras, acümulando os efeitos. O processo é o mesmo do de uma vela co

locada entre quatro espelhos. A luz se reflete sôbre os quatro espelhos, que por seu turno refletem a mesma luz para os espelhos opostos, e êstes para os es

vidades dos setores em que os inves

pelhos primitivos, e assim sucessivamen te, multiplicando inúmeras vezes a luz

timentos foram feitos e as dos setores

da vela.

onde ainda não o foram.

5. A exposição que fizemos nos leva à conclusão de que as indústrias-chaves são o elemento fundamental do progres so econômico, uma vez que permite a

repercussões, ativando ainda mais as ati

Suponhamos que, num dado jnoniento, aumente o consumo dc automóveis* e

geladeiras nos Estados Unidos. A in

dústria desses produtos, para atender a nova demanda, acelera a produção, rea lizando novos investimentos. Aumenta, ipso facto, a procura de ferro, aço, alu

mínio e energia elétrica, o que obriga as indústrias-chaves a elevarem a pro dução e a aplicarem novos capitais. Os novos investimentos ampliam o volume

dos rendimentos dos agentes econômi cos dos setores onde foram feitos os investimentos. Haverá aumento de con sumo em geral, isto é, de todos os bens

de consumo, o que implica em desen-

plena atuação dos efeitos acumulativos sôbre a economia interna. Tendo assim

importância tão fimdamental no sistema

da produção nacional, não se deve pen sar em indústrias-chaves em termos de

preço.

Mesmo que o produto básico

de fabricação nacional seja mais caro que o estrangeiro, é mais econômico —

devido aos efeitos acumulativos — produzi-Io no país, do que importá-lo. Os que são contrários à produção nacional

de alumínio, de soda cáustica, de en-

xòfre etc., pelo alto custo dêsses produ-


Dicesto Econômico

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Digesto Econômico 50

de investimentos num país cuja estru

renciação nas produções internas, o que determina novas necessidades, que so

podem ser saHsfeitas pela importação. Isso significa que os novos investimentos, se bem determinem efeitos acumulati\o.s internos, exercem maiores repercussões

acumulativas nas importações, criando a crise de divisas, o que impossibilita efetuar as importações de equipamentos no volume necessário.

O Brasil é um caso típico. Boa parte da crise cambial que atravessamos se deve ao ritmo crescente da industria-

* lização de nossa economia. Ê que esta veio e.xigir a importação de uma série enorme de maquinismos, portanto, de bens de produção de alto valor específico. Â medida

que esses bens de produção são

utilizados, dão nascimento, por repercussão, à necessidade de importa ção de outros artigos, incrementando o nosso comércio exterior,

Compare-se a importação presente com a anterior à guerra de 1914-18. O

forte, naquela época, eram as entradas

de bens.de consumo de baixo valor espe cífico, em comparação com os equipa mentos modernos. A exportação deixava

'então saldos favoráveis na balança co mercial, o que permitia fazer face aos déficits na balança de pagamentos pro venientes das reme.ssas de capitais para a

liquidação dos juros de nossas dívidas internacionais. Dessas considerações po-

demo": tirar o princípio, já apontado, de Que a industrialização das economias

vouco desenvolvidas se traduz em benek'io para os países altamente industria lizados, porque o multiplicador atua mais sôbre o comércio exterior do que sobre a economia interna.

Vamos levar a análise um pouco mais

adiante, a fim de melhor esclarecenuos

êsse ponto. O desenvolvimento indus-

trial ocorrido entre nós, nestes viltimos

dez anos, deu nascimento a uma serie de novas fábricas, bem como ao incremen

to dos transportes. O aumento dessas atividades implicou cm maiores investi mentos, o que levou à cicvaçao dos ren dimentos dos consumidores.

As riovas

empresas, porém, não puderam ser cons tituídas com equipamentos nacionais, uma vez que não os produzimos. Os novos equipamentos tiveram que ser

importados. Além disso, a expansão da produção aumentou os desgastes dos maquinismos existentes no País, obri gando à importação de novas máquinas. O desenvolvimento geral do parque mannfaturciro forçou, por outro lado, a melho ria da técnica dos setores indus

triais mais antigos, levando a importação de novos equipamentos. A ampliação geral das manufaturas forçou o alargamento dos transportes, obrigan do à importação de inúmeros caminhões. As novas máquinas entradas no Pais detenninaram o aumento da importação de peças e acessórios. A elevação dos

rendimentos dos agentes econômicos in crementou, por seu turno, o consumo,

não só de produtos nacionais como de artigos estrangeiros, o que atuou dupla mente sôbre a importação, pois levou ao aumento de importação de bens de produção c de bens de consumo.

Temos agora visão mais pormenoriza da dos inconvenientes da ausência de indústrías-cliaves na economia interna de

um país. A estrutura econômica de uma

nação de fraca industrialização dificil mente consegue desenvolver-se, e, quan do o faz, a atuação dos efeitos acumu-

lativos, provenientes do aumento de in vestimentos, se exerce na economia dos

países altamente industrializados. Bem diversa é a ação do incremento

tura econômica se assenta em sólidas

indústrias-chaves. Isso porque não pode haver expansão econômica sem que a produção dessas indústrias não aumen

te, uma vez que o sistema da produção

está distribuído em setores, ocupando as indústrias-chaves o setor central, de onde partem todas as atividades e para onde

vão ter todas as repercussões. Qualquer investimento feito neste ou naquele setor da produção repercute sôbre as ativida des das indústrias-chaves. Por seu tur no, as expansões da produção dessas em presas agem sôbre as atividades dos de

mais setores da produção. Dessa maneira, um país detentor de indústrias-cliavcs possui uma estrutura cujas ações e reações econômicas se circunscrevem ao âmbito da economia

interna.

Isto c, os investimentos reali

zados nos demais setores da produção repercutem sôbre as atividades dos se

tores afins e destes as das indústrias-

chaves, que por sua vez devolvem as

volvimento da produção de outros seto res industriais e agrícolas. A nova am

pliação do fabrico exige por sua vez maiores bens de produção, o que re percuto sôbre a produção das indústrias-

chaves, forçando-as a expandir novamen te a produção, e portanto, a efetuarem novos investimentos.

Conhecemos a atuação dos investimen

tos sôbre o consumo e a poupança. A cada novo investimento corresponde au mento de consumo e de poupança, que, por sua vez, detemiina novos investimen tos. Assim, numa economia altamente

industrializada os sistemas da produção, do consumo e do investimento se acham perfeitamente relacionados, de forma que as ações e reações agem umas sôbre as outras, acümulando os efeitos. O processo é o mesmo do de uma vela co

locada entre quatro espelhos. A luz se reflete sôbre os quatro espelhos, que por seu turno refletem a mesma luz para os espelhos opostos, e êstes para os es

vidades dos setores em que os inves

pelhos primitivos, e assim sucessivamen te, multiplicando inúmeras vezes a luz

timentos foram feitos e as dos setores

da vela.

onde ainda não o foram.

5. A exposição que fizemos nos leva à conclusão de que as indústrias-chaves são o elemento fundamental do progres so econômico, uma vez que permite a

repercussões, ativando ainda mais as ati

Suponhamos que, num dado jnoniento, aumente o consumo dc automóveis* e

geladeiras nos Estados Unidos. A in

dústria desses produtos, para atender a nova demanda, acelera a produção, rea lizando novos investimentos. Aumenta, ipso facto, a procura de ferro, aço, alu

mínio e energia elétrica, o que obriga as indústrias-chaves a elevarem a pro dução e a aplicarem novos capitais. Os novos investimentos ampliam o volume

dos rendimentos dos agentes econômi cos dos setores onde foram feitos os investimentos. Haverá aumento de con sumo em geral, isto é, de todos os bens

de consumo, o que implica em desen-

plena atuação dos efeitos acumulativos sôbre a economia interna. Tendo assim

importância tão fimdamental no sistema

da produção nacional, não se deve pen sar em indústrias-chaves em termos de

preço.

Mesmo que o produto básico

de fabricação nacional seja mais caro que o estrangeiro, é mais econômico —

devido aos efeitos acumulativos — produzi-Io no país, do que importá-lo. Os que são contrários à produção nacional

de alumínio, de soda cáustica, de en-

xòfre etc., pelo alto custo dêsses produ-


Dicesto

52

tos se vierem a ser produzidos no Brasil, estão muito enganados. Os produtos essenciais, temos que produzi-los a qual

quer preço. Semelhante crítica já foi feita por ocasião da construção àe Volta Redonda. É de todos conhecida a in fluência dessa Usinã sôbre a economia nacional. Incontestàvelmente, marcou

Econômico

nova etapa na evolução econômica do ^ Brasil. Marcarão outras etapas as novas

i

indústrias-chaves que forem construídas, |

ESCOLA SUPERIOR DE AGRICULTURA E VETERINÁRIA DE VIÇOSA (Snbsidius para a hisldrla da sna fundação)

mesmo a preço anti-cconómico c com

sacrifícios ingentes. Indústrias-chaves representam na economia nacional o que pontos estratégicos representam na guer ra — 6 preciso tê-los, custe o que custar.

Daniel de Carvalho

(Ex-Ministro da Agricultura - Deputado Federal) • Escola Superior de Agricultura e

Veterinária de Viçosa soube prender-me a esüma desde os dias remotos

de 1922, em que passou a constituir minha principal preocupação de admi nistrador.

Quanto à Escola de Viçosa, adiantou que as obras estavam apenas em começo e

a conclui-las dentro do quatriênio. Seria

apresentá-la ao Brasil como o monu

homenagem prestada ao Presidente Ber-

davam já muito que falar. Era pre ciso acelerar o seu andamento de modo um grande serviço a Minas e a melhor

mento de uma idéia nova, capaz de transformar os nossos processos empíri

nardes.

cos de exploração da terra em verdadei

tei logo de tomar alturas. Verifiquei

ra agricultura, com a utilização racional

do solo para produção agrícola e pas toril.

rrT-Tn

três problemas que o preocupavam, a saber: a Escola de Viçosa, a Rede SulMineira e a Navegação do S. Francisco.

Deu-me trabalho, canseiras, aborreci mentos e satisfações que não tiveram intermitêneia durante quatro anos. Ao

cabo deles, o governo de Minas pôde

I

antes mesmo de tomar posse, estudasse

. Essa Escola tem paternidade conheci da. É uma das mais felizes iniciativas

do Dr. Arthur Bemardes na presidên cia de Minas, em que teve como Secre tário da Agricultura o saudoso Professor^da Escola de Minas, Dr. Clodomiro de Oliveira.

Coube-me, todavia, encontrando-a apenas lançada, levar a efeito a tarefa

de sua construção, bem como impul

sionar a sua organização administrativa

e técnica. Vale a pena lembrar alguns fatos de interesse para o historiador que se decida a narrar a verdade e corri gir enganos e omissões, involuntários ou intencionais, de publicações oficiais fei tas em 1935 e em 1939. Quando Raul Soares venceu a minha relutância em

aceitar o cargo de Secretário da Agricul tura, Viação e Obras Públicas, pediu que,

Deu-me carta branca para agir. E tra

que o Dr. Peter H. Rolfs, competente

professor norte-americano contratado pa ra fundar a Escola, havia procedido com sabedoria no seu planejamento. Ouviu o Presidente do Estado e seus auxiliares, estudou o caráter do povo mineiro e o sistema da educação existente.

Falou

com alguns professôres e funcionários e

ainda com um ou outro agricultor ou criador que entendesse inglês ou supor tasse a tortura de um intérprete. Visitou a Escola Nacional de Agricul tura e Veterinária, localizada então em

Niterói, dependência do Ministério da Agricultura e da Secretaria de São Paulo,

a Escola Luiz de Queiroz, de Piracicaba, e a Escola de Agricultura de Lavras,

não como turista, mas como investigador, ouvindo os competentes e conferindo com êles as próprias observações. Comprovou a diferença entre a orien tação seguida no Brasil e nos Estados

Unidos, relativamente ao ensino agrí-


Dicesto

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tos se vierem a ser produzidos no Brasil, estão muito enganados. Os produtos essenciais, temos que produzi-los a qual

quer preço. Semelhante crítica já foi feita por ocasião da construção àe Volta Redonda. É de todos conhecida a in fluência dessa Usinã sôbre a economia nacional. Incontestàvelmente, marcou

Econômico

nova etapa na evolução econômica do ^ Brasil. Marcarão outras etapas as novas

i

indústrias-chaves que forem construídas, |

ESCOLA SUPERIOR DE AGRICULTURA E VETERINÁRIA DE VIÇOSA (Snbsidius para a hisldrla da sna fundação)

mesmo a preço anti-cconómico c com

sacrifícios ingentes. Indústrias-chaves representam na economia nacional o que pontos estratégicos representam na guer ra — 6 preciso tê-los, custe o que custar.

Daniel de Carvalho

(Ex-Ministro da Agricultura - Deputado Federal) • Escola Superior de Agricultura e

Veterinária de Viçosa soube prender-me a esüma desde os dias remotos

de 1922, em que passou a constituir minha principal preocupação de admi nistrador.

Quanto à Escola de Viçosa, adiantou que as obras estavam apenas em começo e

a conclui-las dentro do quatriênio. Seria

apresentá-la ao Brasil como o monu

homenagem prestada ao Presidente Ber-

davam já muito que falar. Era pre ciso acelerar o seu andamento de modo um grande serviço a Minas e a melhor

mento de uma idéia nova, capaz de transformar os nossos processos empíri

nardes.

cos de exploração da terra em verdadei

tei logo de tomar alturas. Verifiquei

ra agricultura, com a utilização racional

do solo para produção agrícola e pas toril.

rrT-Tn

três problemas que o preocupavam, a saber: a Escola de Viçosa, a Rede SulMineira e a Navegação do S. Francisco.

Deu-me trabalho, canseiras, aborreci mentos e satisfações que não tiveram intermitêneia durante quatro anos. Ao

cabo deles, o governo de Minas pôde

I

antes mesmo de tomar posse, estudasse

. Essa Escola tem paternidade conheci da. É uma das mais felizes iniciativas

do Dr. Arthur Bemardes na presidên cia de Minas, em que teve como Secre tário da Agricultura o saudoso Professor^da Escola de Minas, Dr. Clodomiro de Oliveira.

Coube-me, todavia, encontrando-a apenas lançada, levar a efeito a tarefa

de sua construção, bem como impul

sionar a sua organização administrativa

e técnica. Vale a pena lembrar alguns fatos de interesse para o historiador que se decida a narrar a verdade e corri gir enganos e omissões, involuntários ou intencionais, de publicações oficiais fei tas em 1935 e em 1939. Quando Raul Soares venceu a minha relutância em

aceitar o cargo de Secretário da Agricul tura, Viação e Obras Públicas, pediu que,

Deu-me carta branca para agir. E tra

que o Dr. Peter H. Rolfs, competente

professor norte-americano contratado pa ra fundar a Escola, havia procedido com sabedoria no seu planejamento. Ouviu o Presidente do Estado e seus auxiliares, estudou o caráter do povo mineiro e o sistema da educação existente.

Falou

com alguns professôres e funcionários e

ainda com um ou outro agricultor ou criador que entendesse inglês ou supor tasse a tortura de um intérprete. Visitou a Escola Nacional de Agricul tura e Veterinária, localizada então em

Niterói, dependência do Ministério da Agricultura e da Secretaria de São Paulo,

a Escola Luiz de Queiroz, de Piracicaba, e a Escola de Agricultura de Lavras,

não como turista, mas como investigador, ouvindo os competentes e conferindo com êles as próprias observações. Comprovou a diferença entre a orien tação seguida no Brasil e nos Estados

Unidos, relativamente ao ensino agrí-


Dicesto EcONÓ^OCO 54

Dicesto Econômico

cola. Aqui, procuravam-se adaptar ao meio instituições européias, enquanto Ia se buscavam abrir novos caminhos, ba seando-se principalmente na experiên cia nacional.

O que convinha ao Brasil seria apro

55

de novembro de 1921, os planos e a

Não sendo isso possível sem alterar

planta para a desapropriação cias pro priedades partícularc.s, compreendidas na

o plano geral das obras e sem prejudicar

área escolhida, foram adquiridos os ter

a orientação dada pelo ilustre cientista

renos c, em seguida, criada a Escola,

americano, procurei fazer toda economia

pelo decreto n.° 6.0.53, dc 30 de março

possível na realização do projeto e tomei providências para o rápido andamento

de 1922.

Incumbido das obras, pelo

tação geral das obras e dos trabalhos, bem como nas finalidades do estabele

cimento, que o Dr. Rolfs pôde gozar em 1925 as férias do seu contrato e, em 1926, voltar aos Estados Unidos em comissão do Governo Federal.

veitar um pouco das lições da Europa e muito do ensinamento da América do Norte, do Canadá, da Austrália e da

processo dc administração direta, o aba

dos trabalhos.

lizado profissional Dr. líonorio Hcnne-

Nova Zelândia, e formular um programa

to deu os primeiros passos para a orga

A primeira medida consistiu na desig nação de um engenlieiro que passasse

próprio. Sua direção devia ser firme no

nização c aparclhamenfo dos serviços.

a residir no local o ficasse exclusivamen

Convidado alguns meses depois para di

riências agrícolas.

sentido de preparar o País para a even

te incumbido das obras.

mais de duzentas dessas experiências pu

tual concorrência da América Central

retor da Casa da Moeda no Rio dc Ja

c Meridional, da Austrália, da índia e

neiro, transferiu a direção dos traba

teiro Machado indicou para essa tarefa o seu auxiliar, engenheiro João Carlos

da África do Sul.

lhos, em julho do mesmo nno de 1922.

Belo Lisboa. Em longa conferência que

a outro engenheiro, de provada compe tência, Dr. Mário Monteiro Machado. A êstc coube a conclusão do aparelhamcnto e o início das obras propriamente

tivemos, confirmou êle as referências do

O programa, examinado em linha alta,

pareceu-me satisfatório, estranhando, to

davia, no elenco das cadeiras propostas, a de revisão de língua portuguesa com uma parte de retórica agrícola e outra de jornalismo agrícola.

Conforme veremos adiante, essa pe quena reserva, num ponto que

me parecia secundário, veio a tomar aspecto grave na ocasião

Assentados os rumos, cuidou-se

de localizar o estabelecimento na Zona da Mata. O Dr. Rolfs e o engenheiro Álvaro da Silveira, cuja competência e

integridade não preciso ressaltar, visi taram novas localidades em seis sema nas de trabalho exaustivo e optaram pelo local em que nos encontramos.

A situação dos terrenos no centro de

uma zona agrícola, o clima e a salubridade do sítio, a abundância de águas e de terras lavradias, a adaptação do solo a variadas culturas, a facilidade de co municação e transportes por via ferrea e a proximidade de um cidade como Viçosa, foram os fatores determinantes da preferência.

Aprovados pelo decreto 5.800, de 30

seu colega. Era, realmente, um jovem enérgico, entusiasta, capaz de enfrentar

Estas, por sua magniti:de, não

as cobiças da politicagem e com a nobre ambição de ligar o seu nome a uma

podiam ficar a cargo do engenheiro da

grande obra. Era o homem para o lugar.

14.^ Circunscrição com sede em Ubá e encarregado de tôdas as obras públicas em vários municípios (pontes, estradas, cadeias, fóruns,

Não compreendia também que se es

ditas.

da organização definitiva do cur rículo escolar.

Mário Mon

tivesse construindo a Escola em Viçosa e o Dr. Rolfs residisse em

Belo Horizonte, aguardando a construção do magnífico prédio

edifícios escolares e outras).

^

Tratava-se de mais de cinqüen ta edifícios e suas dependências,

destinado à sua moradia.

Com a colaboração de^ Dona

avultando entre eles o imponente pavi

Clarisse, sua filha e secretária, logra

lhão central e a suntuosa casa do Dire

mos convencê-lo de que poderia vir

tor. Era preciso dar rápido andamento à constração, inaugurar quanto antes a Escola, para provar, por fatos, o acerto

morar na casa velha da fazenda, uma

vez que nesta se fizessem os reparos, adaptações e instalações necessárias. Recomendei ao engenheiro Belo Lis boa uma divisão de trabalho com o Dr.

da iniciativa.

O Presidente Raul Soares achava o

projeto grande demais para o nosso

Rolfs, para que êle pudesse encetar Jogo

meio e para os nossos recursos. Pensou

os serviços agrícolas e para poder tra

em sustar a construção do enorme Pavi lhão Central, única obra começada e

balhar sem nenhuma contraríedade e

ainda nos alicerces, e substituí-lo por uni

novo estabelecimento; facilitar a sua

O engenheiro compreendeu o seu papel. Traduzia o pensamento do mes tre e adaptava-o ao nosso meio. En tendiam-se bem; um, era a idéia, o outro, a prática. Um era, assim, o com

construção e tomá-la mais econômica.

plemento do outro.

produzir o máximo de sua capacidade.

dades menores, que fôssem construídas à medida do desenvolvimento da Escola.

Seu intuito era antecipar os benefícios do

i

Tão identificados ficaram na orien

Residindo na Escola, acompanhou a localização e construção dos edifícios e

dependências e começou logo as expe Os resultados de

deram ser apreciados pelos lavradores em 1925.

Cêrca de dois anos antes da conclusão

dos edifícios e da inauguração d_a Escola, começava ela a desempenhar a sua mis são, fazendo demonstrações semanais públicas aos fazendeiros, não só do ma

nejo e emprêgo de máquinas como de preparo de solo, seleção de sementes e

processos de adubagem e irrigação. Foi êsse o embrião da "Semana dos Fazendeiros", iniciativa de Vi

çosa, depois adotada pelo Mi nistério da Agricultura e que precisa ser espalhada por todo o Brasil.

À medida que se construía a Escola

e se desenvolviam os trabalhos do campo de experimentação, iam tomando con tornos as idéias novas trazidas pelo emi nente diretor da Escola de Agricultura da Flórida.

Discutimos várias vezes a

matéria. Na mensagem do Presidente Raul Soares, de 1924, já podia o chefe do governo mineiro declarar: "Várias e complexas serão, em suma, as funções

do estabelecimento, cujo fim é adqui rir e disseminar conhecimentos agríco las úteis. A Escola Superior de Agricul tura não só dá instrução aos estudantes

regularmente matriculados, mas também

a milhares de pessoas, que a procuram com o fim de aumentar os seus conheci

mentos em assuntos agrícolas especiais.


Dicesto EcONÓ^OCO 54

Dicesto Econômico

cola. Aqui, procuravam-se adaptar ao meio instituições européias, enquanto Ia se buscavam abrir novos caminhos, ba seando-se principalmente na experiên cia nacional.

O que convinha ao Brasil seria apro

55

de novembro de 1921, os planos e a

Não sendo isso possível sem alterar

planta para a desapropriação cias pro priedades partícularc.s, compreendidas na

o plano geral das obras e sem prejudicar

área escolhida, foram adquiridos os ter

a orientação dada pelo ilustre cientista

renos c, em seguida, criada a Escola,

americano, procurei fazer toda economia

pelo decreto n.° 6.0.53, dc 30 de março

possível na realização do projeto e tomei providências para o rápido andamento

de 1922.

Incumbido das obras, pelo

tação geral das obras e dos trabalhos, bem como nas finalidades do estabele

cimento, que o Dr. Rolfs pôde gozar em 1925 as férias do seu contrato e, em 1926, voltar aos Estados Unidos em comissão do Governo Federal.

veitar um pouco das lições da Europa e muito do ensinamento da América do Norte, do Canadá, da Austrália e da

processo dc administração direta, o aba

dos trabalhos.

lizado profissional Dr. líonorio Hcnne-

Nova Zelândia, e formular um programa

to deu os primeiros passos para a orga

A primeira medida consistiu na desig nação de um engenlieiro que passasse

próprio. Sua direção devia ser firme no

nização c aparclhamenfo dos serviços.

a residir no local o ficasse exclusivamen

Convidado alguns meses depois para di

riências agrícolas.

sentido de preparar o País para a even

te incumbido das obras.

mais de duzentas dessas experiências pu

tual concorrência da América Central

retor da Casa da Moeda no Rio dc Ja

c Meridional, da Austrália, da índia e

neiro, transferiu a direção dos traba

teiro Machado indicou para essa tarefa o seu auxiliar, engenheiro João Carlos

da África do Sul.

lhos, em julho do mesmo nno de 1922.

Belo Lisboa. Em longa conferência que

a outro engenheiro, de provada compe tência, Dr. Mário Monteiro Machado. A êstc coube a conclusão do aparelhamcnto e o início das obras propriamente

tivemos, confirmou êle as referências do

O programa, examinado em linha alta,

pareceu-me satisfatório, estranhando, to

davia, no elenco das cadeiras propostas, a de revisão de língua portuguesa com uma parte de retórica agrícola e outra de jornalismo agrícola.

Conforme veremos adiante, essa pe quena reserva, num ponto que

me parecia secundário, veio a tomar aspecto grave na ocasião

Assentados os rumos, cuidou-se

de localizar o estabelecimento na Zona da Mata. O Dr. Rolfs e o engenheiro Álvaro da Silveira, cuja competência e

integridade não preciso ressaltar, visi taram novas localidades em seis sema nas de trabalho exaustivo e optaram pelo local em que nos encontramos.

A situação dos terrenos no centro de

uma zona agrícola, o clima e a salubridade do sítio, a abundância de águas e de terras lavradias, a adaptação do solo a variadas culturas, a facilidade de co municação e transportes por via ferrea e a proximidade de um cidade como Viçosa, foram os fatores determinantes da preferência.

Aprovados pelo decreto 5.800, de 30

seu colega. Era, realmente, um jovem enérgico, entusiasta, capaz de enfrentar

Estas, por sua magniti:de, não

as cobiças da politicagem e com a nobre ambição de ligar o seu nome a uma

podiam ficar a cargo do engenheiro da

grande obra. Era o homem para o lugar.

14.^ Circunscrição com sede em Ubá e encarregado de tôdas as obras públicas em vários municípios (pontes, estradas, cadeias, fóruns,

Não compreendia também que se es

ditas.

da organização definitiva do cur rículo escolar.

Mário Mon

tivesse construindo a Escola em Viçosa e o Dr. Rolfs residisse em

Belo Horizonte, aguardando a construção do magnífico prédio

edifícios escolares e outras).

^

Tratava-se de mais de cinqüen ta edifícios e suas dependências,

destinado à sua moradia.

Com a colaboração de^ Dona

avultando entre eles o imponente pavi

Clarisse, sua filha e secretária, logra

lhão central e a suntuosa casa do Dire

mos convencê-lo de que poderia vir

tor. Era preciso dar rápido andamento à constração, inaugurar quanto antes a Escola, para provar, por fatos, o acerto

morar na casa velha da fazenda, uma

vez que nesta se fizessem os reparos, adaptações e instalações necessárias. Recomendei ao engenheiro Belo Lis boa uma divisão de trabalho com o Dr.

da iniciativa.

O Presidente Raul Soares achava o

projeto grande demais para o nosso

Rolfs, para que êle pudesse encetar Jogo

meio e para os nossos recursos. Pensou

os serviços agrícolas e para poder tra

em sustar a construção do enorme Pavi lhão Central, única obra começada e

balhar sem nenhuma contraríedade e

ainda nos alicerces, e substituí-lo por uni

novo estabelecimento; facilitar a sua

O engenheiro compreendeu o seu papel. Traduzia o pensamento do mes tre e adaptava-o ao nosso meio. En tendiam-se bem; um, era a idéia, o outro, a prática. Um era, assim, o com

construção e tomá-la mais econômica.

plemento do outro.

produzir o máximo de sua capacidade.

dades menores, que fôssem construídas à medida do desenvolvimento da Escola.

Seu intuito era antecipar os benefícios do

i

Tão identificados ficaram na orien

Residindo na Escola, acompanhou a localização e construção dos edifícios e

dependências e começou logo as expe Os resultados de

deram ser apreciados pelos lavradores em 1925.

Cêrca de dois anos antes da conclusão

dos edifícios e da inauguração d_a Escola, começava ela a desempenhar a sua mis são, fazendo demonstrações semanais públicas aos fazendeiros, não só do ma

nejo e emprêgo de máquinas como de preparo de solo, seleção de sementes e

processos de adubagem e irrigação. Foi êsse o embrião da "Semana dos Fazendeiros", iniciativa de Vi

çosa, depois adotada pelo Mi nistério da Agricultura e que precisa ser espalhada por todo o Brasil.

À medida que se construía a Escola

e se desenvolviam os trabalhos do campo de experimentação, iam tomando con tornos as idéias novas trazidas pelo emi nente diretor da Escola de Agricultura da Flórida.

Discutimos várias vezes a

matéria. Na mensagem do Presidente Raul Soares, de 1924, já podia o chefe do governo mineiro declarar: "Várias e complexas serão, em suma, as funções

do estabelecimento, cujo fim é adqui rir e disseminar conhecimentos agríco las úteis. A Escola Superior de Agricul tura não só dá instrução aos estudantes

regularmente matriculados, mas também

a milhares de pessoas, que a procuram com o fim de aumentar os seus conheci

mentos em assuntos agrícolas especiais.


Digesto EcoNÓ^^co

57

Digesto EcoNÓ.saco

56

Esta feição da Escola é uma das mais

atraentes, devendo produzir resultados

balho original. Tenho cm meu poder cópia dêsse documento, de 12 do abril

reservado à Escola será o de coordenar

de 1926, onde há a nota do seu punho: "Translated and arranged bij Dr. Belo

e dirigir o serviço de e.xperiências agríco

Lisboa".

diretos sôbre as fazendas. Outro papel las, que se fará, não só nos seus campos,

Aceitou a redação "adquirir c disse

como também em outras escolas, hortos

minar conhecimentos agrícolas úteis ,

e aprendizados".

constante da mensagem de Raul Soares,

Eis aí a idéia de reunir o ensino e a

para definir os objetivos da Escola, e

res e divisão da retórica; c) invenção, seu objeto e suas regras; d) disposição, partes do discurso e suas regras; e) elocução, estilo e suas regras; f) compo sição em prosa, gêneros de prosa; g) elo qüência acadêmica, seu caráter; h) declamação".

Em cerca de uma hora de debate, ten

tei demovê-lo do seu ponto de vista.

Se bem julgasse certo, em princípio, o

me that tliis course would greatly prejudice tire people of tlie state against tlie Escola. Such is usually advocated by tliose who wish to eliminate educa-

tion from tlie Agricultural Collcges. The farmers of Minas want their sons to be

able to think and express themselves clcarly and forcefully. The tlúnking peo ple of Minas want tlieir sons to be sometliing more than machines that can do what tlieir masters command. That is

pesquisa e tomar a Escola o centro de

acrescentou: "Será orientada de modo

que propunha, entendi não convir ainda

irradiação, de comando, de articulação

a educar a população agrícola do Estado em todos os assuntos pertencentes ã vida

ao Brasil, onde, pelo reconhecimento da vocação generalizada para o beletrismo,

exactly the great fault of the European

rural e melhorar suas condições morais, mentais e econômicas, no mais breve

havia já, como conseqüência, uma forte

are not taught nor allowed to think

prevenção contra a "agricultura de livro"

or speak independently, but must follow

o os "doutores em agricultura".

slavishly what their professors have

de todos os estudos e trabalhos para a transformação dos nossos métodos de

agricultura e criação do gado.

A Escola de Viçosa foi, por conse guinte, o laboratório em que essa idéia passou pelos cadinhos da expe riência para, depois, florescer em outras iniciativas fecundas. Ali

foi cultivado o germe que veio a desabrochar nessa concepção ar-

,

rojada, nessa esplêndida realida de, que é o Centro Nacional de Ensino e Pesquisas Agronômicas do quilômetro 47 da Estrada Rio-São Paulo.

Se na interinidade de Olegário Ma ciel, varão egrégio a cuja memória rendo

aqui homenagem, as obras não sofreram alteração no seu ritmo, no governo di nâmico do Dr. Melo Viana receberam

novo impulso para abreviar a inaugu ração.

Apesar de assentadas as diretrizes do estabelecimento e de despertarem en tusiasmo em meu espírito algumas idéias

inovadoras alvitradas pelo Dr. Rolfs, não foi fácil a organização do regulamento da Escola.

Em maio de 1925, ficou elaborada, de acordo com o esbôço anteriormente

fornecido por ele, a primeira minuta. Submetida a exame dos Drs. Álvaro da Silveira e Leon Renault, foi pessoalmen

te revista por mim. O Dr. Rolfs não

quis emendá-la. Preferiu redigir tra

tempo possível". Os críticos sugeriram que se cortassem

esta e outras proposições da mesma índole esparsas no tê.xto,

Não

condenava a idéia, sòmente a considera va inoportuna para o nosso meio e,

sobretudo, para o momento. Tratava-se

porque, embora certas como

de acreditar a Escola perante o povo

doutrina, não deviam figurar no

e os fazendeiros. Havia uma corrente de

regulamento, no rigor da técni

opinião à espreita de qualquer brecha para atacar a iniciativa.

ca legislativa.

Reconheci que seria conveniente man ter algumas delas, inspiradas nos mais

nobres propósitos, como a que obriga

. O Dr. Rolfs zangou-se e não cedeu uma polegada. Foi mister escrever-lhe. Em atenciosa

agricultures Colleges.

Their students

taught tliem."

Depois de perguntar quem havia es crito sôbre agricultura prática no Brasil, se eu pretendia negar aos moços de

Minas a oportunidade de escrever ar tigos 6 livros sôbre agricultura e se tor narem futuros líderes, ou pretendia con

tinuar a expulsar da agricultura para outras profissões os moços mais brilhan

tes e de maior capacidade mental, acres

va todos os catedráticos, professores c

carta, fiz-lhe ver que a cadeira com a

centava:

assistentes do ensino a encontrar-se fre

matéria assim distribuída não seria bem

qüentemente com os alunos, "visando a

aceita pela opinião pública do País, que,

"The universal complaint in Brasil and in Minas especially aniong the educated

orientá-los para uma melhor mentalidade

despertando do preconceito contra os

e moralidade".

trabalhos manuais e objetivos, tendia a repelir mesmo tudo que se relacionas se com a retórica ou com o que se con vencionou chamar de bacharelismo, prin cipalmente tratando-se de um assunto, como a agricultura, em que é e.xigida maior soma de conhecimentos práticos.

Estranhei a fiscalização dos exames

por um representante da Secretaria da Agricultura e a assinatura dos diplomas pelo Presidente do Estado.

Também

não mo agradaram os "cursos de um dia"

o outras novidades que podiam ser mal recebidas pela opinião pública, tal como a exigência, para ingresso aos cursos de especialização, de falar fluentemente

uma língua estrangeira e traduzir com facilidade o inglês. Mas no que nossa divergência se extremou foi quanto á cadeira de redação agrícola, com um programa em que havia "a) origem e

objeto da retórica; b) noções prelimina-

Na longa resposta, dada no mesmo dia, 13 de abril, nervoso a ponto de co meçar "My der Dr. Carvalho", êle se manteve irredutível. A seu ver, seria

uma perda irreparável para a Escola a supressão daquela cadeira. Convém transcrever alguns tópicos: "1 know that it is a mistake to assu

fazendeiros is that there is so little agri cultural literature of any kind. Then too what has been written is so poorly written trat the reader cannot make

out what tlie writer wished to say". Alongando-se em outras considerações,

atribuiu o progresso da produção agrí cola dos Estados Unidos ao fato de pos suírem mais literatura e mais escritores

especializados em agricultura do que to dos os países da Europa juntos, para concluir sarcàsticamente: "I can scarcely

believe that you are proposing this question serioualy and that you are not perpetrating on me some kind of a "practical joke".


Digesto EcoNÓ^^co

57

Digesto EcoNÓ.saco

56

Esta feição da Escola é uma das mais

atraentes, devendo produzir resultados

balho original. Tenho cm meu poder cópia dêsse documento, de 12 do abril

reservado à Escola será o de coordenar

de 1926, onde há a nota do seu punho: "Translated and arranged bij Dr. Belo

e dirigir o serviço de e.xperiências agríco

Lisboa".

diretos sôbre as fazendas. Outro papel las, que se fará, não só nos seus campos,

Aceitou a redação "adquirir c disse

como também em outras escolas, hortos

minar conhecimentos agrícolas úteis ,

e aprendizados".

constante da mensagem de Raul Soares,

Eis aí a idéia de reunir o ensino e a

para definir os objetivos da Escola, e

res e divisão da retórica; c) invenção, seu objeto e suas regras; d) disposição, partes do discurso e suas regras; e) elocução, estilo e suas regras; f) compo sição em prosa, gêneros de prosa; g) elo qüência acadêmica, seu caráter; h) declamação".

Em cerca de uma hora de debate, ten

tei demovê-lo do seu ponto de vista.

Se bem julgasse certo, em princípio, o

me that tliis course would greatly prejudice tire people of tlie state against tlie Escola. Such is usually advocated by tliose who wish to eliminate educa-

tion from tlie Agricultural Collcges. The farmers of Minas want their sons to be

able to think and express themselves clcarly and forcefully. The tlúnking peo ple of Minas want tlieir sons to be sometliing more than machines that can do what tlieir masters command. That is

pesquisa e tomar a Escola o centro de

acrescentou: "Será orientada de modo

que propunha, entendi não convir ainda

irradiação, de comando, de articulação

a educar a população agrícola do Estado em todos os assuntos pertencentes ã vida

ao Brasil, onde, pelo reconhecimento da vocação generalizada para o beletrismo,

exactly the great fault of the European

rural e melhorar suas condições morais, mentais e econômicas, no mais breve

havia já, como conseqüência, uma forte

are not taught nor allowed to think

prevenção contra a "agricultura de livro"

or speak independently, but must follow

o os "doutores em agricultura".

slavishly what their professors have

de todos os estudos e trabalhos para a transformação dos nossos métodos de

agricultura e criação do gado.

A Escola de Viçosa foi, por conse guinte, o laboratório em que essa idéia passou pelos cadinhos da expe riência para, depois, florescer em outras iniciativas fecundas. Ali

foi cultivado o germe que veio a desabrochar nessa concepção ar-

,

rojada, nessa esplêndida realida de, que é o Centro Nacional de Ensino e Pesquisas Agronômicas do quilômetro 47 da Estrada Rio-São Paulo.

Se na interinidade de Olegário Ma ciel, varão egrégio a cuja memória rendo

aqui homenagem, as obras não sofreram alteração no seu ritmo, no governo di nâmico do Dr. Melo Viana receberam

novo impulso para abreviar a inaugu ração.

Apesar de assentadas as diretrizes do estabelecimento e de despertarem en tusiasmo em meu espírito algumas idéias

inovadoras alvitradas pelo Dr. Rolfs, não foi fácil a organização do regulamento da Escola.

Em maio de 1925, ficou elaborada, de acordo com o esbôço anteriormente

fornecido por ele, a primeira minuta. Submetida a exame dos Drs. Álvaro da Silveira e Leon Renault, foi pessoalmen

te revista por mim. O Dr. Rolfs não

quis emendá-la. Preferiu redigir tra

tempo possível". Os críticos sugeriram que se cortassem

esta e outras proposições da mesma índole esparsas no tê.xto,

Não

condenava a idéia, sòmente a considera va inoportuna para o nosso meio e,

sobretudo, para o momento. Tratava-se

porque, embora certas como

de acreditar a Escola perante o povo

doutrina, não deviam figurar no

e os fazendeiros. Havia uma corrente de

regulamento, no rigor da técni

opinião à espreita de qualquer brecha para atacar a iniciativa.

ca legislativa.

Reconheci que seria conveniente man ter algumas delas, inspiradas nos mais

nobres propósitos, como a que obriga

. O Dr. Rolfs zangou-se e não cedeu uma polegada. Foi mister escrever-lhe. Em atenciosa

agricultures Colleges.

Their students

taught tliem."

Depois de perguntar quem havia es crito sôbre agricultura prática no Brasil, se eu pretendia negar aos moços de

Minas a oportunidade de escrever ar tigos 6 livros sôbre agricultura e se tor narem futuros líderes, ou pretendia con

tinuar a expulsar da agricultura para outras profissões os moços mais brilhan

tes e de maior capacidade mental, acres

va todos os catedráticos, professores c

carta, fiz-lhe ver que a cadeira com a

centava:

assistentes do ensino a encontrar-se fre

matéria assim distribuída não seria bem

qüentemente com os alunos, "visando a

aceita pela opinião pública do País, que,

"The universal complaint in Brasil and in Minas especially aniong the educated

orientá-los para uma melhor mentalidade

despertando do preconceito contra os

e moralidade".

trabalhos manuais e objetivos, tendia a repelir mesmo tudo que se relacionas se com a retórica ou com o que se con vencionou chamar de bacharelismo, prin cipalmente tratando-se de um assunto, como a agricultura, em que é e.xigida maior soma de conhecimentos práticos.

Estranhei a fiscalização dos exames

por um representante da Secretaria da Agricultura e a assinatura dos diplomas pelo Presidente do Estado.

Também

não mo agradaram os "cursos de um dia"

o outras novidades que podiam ser mal recebidas pela opinião pública, tal como a exigência, para ingresso aos cursos de especialização, de falar fluentemente

uma língua estrangeira e traduzir com facilidade o inglês. Mas no que nossa divergência se extremou foi quanto á cadeira de redação agrícola, com um programa em que havia "a) origem e

objeto da retórica; b) noções prelimina-

Na longa resposta, dada no mesmo dia, 13 de abril, nervoso a ponto de co meçar "My der Dr. Carvalho", êle se manteve irredutível. A seu ver, seria

uma perda irreparável para a Escola a supressão daquela cadeira. Convém transcrever alguns tópicos: "1 know that it is a mistake to assu

fazendeiros is that there is so little agri cultural literature of any kind. Then too what has been written is so poorly written trat the reader cannot make

out what tlie writer wished to say". Alongando-se em outras considerações,

atribuiu o progresso da produção agrí cola dos Estados Unidos ao fato de pos suírem mais literatura e mais escritores

especializados em agricultura do que to dos os países da Europa juntos, para concluir sarcàsticamente: "I can scarcely

believe that you are proposing this question serioualy and that you are not perpetrating on me some kind of a "practical joke".


Dict-STO Econômico

58

Digesto Econômico

Embora a carta me comovesse pelo

tom de sinceridade e pelo ardor comba

59

Regulamento aprovado [Xílo Decreto todo o País: o eniprcendimenlo esteve realizado e vitoriosa a idéia que o ins

7.323, de 25 de agôsto de 1926.

samento do grande cientista e pensador

brancos, não cedi, tanto mais quanto,

O artigo 4° desse Regulamento é o mesmo artigo 4." do Projeto Rolfs e dis

ao dizer que nossas publicações agríco

tribui os cursos da Escola em: I. Breves

laram-sc as vozes dos negativistas e de-

mas a sua alma, o seu espírito, a chama

las eram mal escritas e sem sentido,

— II. Elementares — 111. Médios —

molidorcs.

A Escola constitui nm dos

IV. Superiores — V. Especializados.

de nobres ideais nela feraorosamente

confirmava o meu receio de que conti nuassem a ser, desde que houvesse en sejo de conservar aqui preocupações pu

assuntos mais significativos da fôlha de serviços do Presidente Arthur 3ei-navcles,

cursos breves, elementares e médios, co

quo a idealizou, dos Presidentes Haul

ramente verbais, cm vez de conduzi-las

Soares e Melo Viana, que a cons

para os fatos, as experiências, os nú

mo absolutamente indispensáveis ao pla no de educação das massas agrícolas de

mantida por Diretores, professores e alunos que tomaram o estabelecimento um motivo de orgulho de Minas e do Brasil.

truíram e organizaram, e dos Presiden

meros dos laboratórios c dos campos,

Minas.

tivo admirável num vellio de cabelos

pirara. Como geralmente aontece. ca-

O Dr. Rolfs recomendava muito os

únicas fontes de onde podem sair livros

Os Presidentes Raul Soares e Melo

tes Antônio Carlos c Olcgário Ma<MC-I, que completaram a sua estrutmavão,

e artigos claros e definidos sôbre a agricultura.

Viana aplaudiram os cursos elementares

bem como do Governo do Estado de

e médios, aquêles consagrados a prcpa

Minas, que lhe tem dispensado o cari nho que merece. Na época da inauguração, o Dr.

Lastimei que o incidente prejudicasse nossas relações pessoais.

Ainda sôbre a cadeira de redação agrícola, enviou-me uma no

ta seca, de censura, de que apenas destaco dois tópicos: "Êsse ato do governo de Mi nas parece indicar oposição à disseminação

de

conheci

mentos úteis de agricultu

ra"... "O governo, com êsse ato, atra sará muito a agricultura deste grande Estado".

Volvidos tantos anos, continuo a com

preender o argumento do grande pro

rar agricultores eficientes e capatazes

rurais e estes destinados principalmente a filhos de fazendeiros sem curso gina-

l

cuniário, porque baseada não no custo,

cargo de Vice-Diretor, que

mas no valor das obras.

didática e administrativa.

tradores rurais.

cola para o Govêrno Federal mediante

Entre as poucas modifica-

me parecia indispensável e devia ser mente indicada — o Dr. Belo Lisboa

O Presidente Melo Viana mandou su

Regulamento dividiu a Escola em duas,

tentei com as vistas voltadas para a

uma de Agricultura e outra de Veteri

mentalidade contemporânea de nossa

nária. Na organização anterior os Cur

gente.

sos eram paralelos e distintos, mas den tro de uma mesma Escola. A inauguração oficial do estabeleci

nho de 1926, remeteu ele de Viçosa para Belo Horizonte a minuta que, com pequenas alterações, se converteu no

Opus meu veto a essa idéia, apoiado pelo Presidente Melo Viana, e disso não mo arrependo. Vim a saber, ultimamente, pelo Dr.

ocupado pela pessoa para êle natural

7.461, de 21 de janeiro de 1927. Êsse

entregue ao Dr. Belo Lisboa para prepa ro do projeto definitivo. Em 30 de ju

matriculados em 1950 nos cursos médio e superior, 85 vieram de outros Esta

lamento está a supressão do

sobro a possibilidade de transferir a Es

se possível, do acerto daquele que sus

transformou no esboço de regulamento

seus portões para os filhos de outras unidades da Federação: de 103 alunos

indenização, que seria altamente vanta josa para o primeiro sob o aspecto pe

tura, consultou o Governo de Minas

técnicos agrícolas e adminis-

devemos, mas ainda mais convencido,

Álvaro da Silveira, Soares de Gouveia

Não é uma escola só para Minas. Nem mesmo só para o Brasil. Abre os

ções introduzidas no Regu-

Miguel Calmon, Ministro da Agricul

sial, visando formar bons

fessor americano a quem tanto e tanto

e por mim, o trabalho do Dr. Rolfs so

O que vale nela não é o seu corpo,

dos. E recebe também de braços aber tos os candidatos naturais de outros paí ses: até 1949, havia diplomado 50 rapazes nascidos em terras estrangeiras. Hoje faz parte da Universidade Rural, criada pela lei n.° 262, de 3 de novem bro de 1948, com autonomia financeira,

primir êsse cargo, que o Presidente An tônio Carlos restabeleceu pelo Decreto

Cuidadosamente revisto pelos Drs.

norte-americano Dr. Peter Rolfs.

mento se deu a 28 de agôsto de 1926, ainda na Presidência Melo Viana, em

bora a Seção Experimental c alguns cursos práticos já estivessem funcionan do desde dois anos antes.

A inauguração da Escola foi um acon tecimento de grande repercussão cm

I

O nobre intuito do Governador Milton

Campos e seus colaboradores, nesta ini

ciativa benemérita, foi preservar as ca racterísticas da Escola, mantê-la inde

Arthur Bernardes, que êle não apro

pendente das contingências políticas,

vara também a idéia do seu Ministro

conservá-la imune dos males comuns

da Agricultura.

as Escolas corroídas pelos vícios da bu

A Escola tem correspondido às espe ranças dos seus criadores e ao nobre pen

rocracia, do comodismo dos professores

o da indisciplina e vadiagem dos alunos.


Dict-STO Econômico

58

Digesto Econômico

Embora a carta me comovesse pelo

tom de sinceridade e pelo ardor comba

59

Regulamento aprovado [Xílo Decreto todo o País: o eniprcendimenlo esteve realizado e vitoriosa a idéia que o ins

7.323, de 25 de agôsto de 1926.

samento do grande cientista e pensador

brancos, não cedi, tanto mais quanto,

O artigo 4° desse Regulamento é o mesmo artigo 4." do Projeto Rolfs e dis

ao dizer que nossas publicações agríco

tribui os cursos da Escola em: I. Breves

laram-sc as vozes dos negativistas e de-

mas a sua alma, o seu espírito, a chama

las eram mal escritas e sem sentido,

— II. Elementares — 111. Médios —

molidorcs.

A Escola constitui nm dos

IV. Superiores — V. Especializados.

de nobres ideais nela feraorosamente

confirmava o meu receio de que conti nuassem a ser, desde que houvesse en sejo de conservar aqui preocupações pu

assuntos mais significativos da fôlha de serviços do Presidente Arthur 3ei-navcles,

cursos breves, elementares e médios, co

quo a idealizou, dos Presidentes Haul

ramente verbais, cm vez de conduzi-las

Soares e Melo Viana, que a cons

para os fatos, as experiências, os nú

mo absolutamente indispensáveis ao pla no de educação das massas agrícolas de

mantida por Diretores, professores e alunos que tomaram o estabelecimento um motivo de orgulho de Minas e do Brasil.

truíram e organizaram, e dos Presiden

meros dos laboratórios c dos campos,

Minas.

tivo admirável num vellio de cabelos

pirara. Como geralmente aontece. ca-

O Dr. Rolfs recomendava muito os

únicas fontes de onde podem sair livros

Os Presidentes Raul Soares e Melo

tes Antônio Carlos c Olcgário Ma<MC-I, que completaram a sua estrutmavão,

e artigos claros e definidos sôbre a agricultura.

Viana aplaudiram os cursos elementares

bem como do Governo do Estado de

e médios, aquêles consagrados a prcpa

Minas, que lhe tem dispensado o cari nho que merece. Na época da inauguração, o Dr.

Lastimei que o incidente prejudicasse nossas relações pessoais.

Ainda sôbre a cadeira de redação agrícola, enviou-me uma no

ta seca, de censura, de que apenas destaco dois tópicos: "Êsse ato do governo de Mi nas parece indicar oposição à disseminação

de

conheci

mentos úteis de agricultu

ra"... "O governo, com êsse ato, atra sará muito a agricultura deste grande Estado".

Volvidos tantos anos, continuo a com

preender o argumento do grande pro

rar agricultores eficientes e capatazes

rurais e estes destinados principalmente a filhos de fazendeiros sem curso gina-

l

cuniário, porque baseada não no custo,

cargo de Vice-Diretor, que

mas no valor das obras.

didática e administrativa.

tradores rurais.

cola para o Govêrno Federal mediante

Entre as poucas modifica-

me parecia indispensável e devia ser mente indicada — o Dr. Belo Lisboa

O Presidente Melo Viana mandou su

Regulamento dividiu a Escola em duas,

tentei com as vistas voltadas para a

uma de Agricultura e outra de Veteri

mentalidade contemporânea de nossa

nária. Na organização anterior os Cur

gente.

sos eram paralelos e distintos, mas den tro de uma mesma Escola. A inauguração oficial do estabeleci

nho de 1926, remeteu ele de Viçosa para Belo Horizonte a minuta que, com pequenas alterações, se converteu no

Opus meu veto a essa idéia, apoiado pelo Presidente Melo Viana, e disso não mo arrependo. Vim a saber, ultimamente, pelo Dr.

ocupado pela pessoa para êle natural

7.461, de 21 de janeiro de 1927. Êsse

entregue ao Dr. Belo Lisboa para prepa ro do projeto definitivo. Em 30 de ju

matriculados em 1950 nos cursos médio e superior, 85 vieram de outros Esta

lamento está a supressão do

sobro a possibilidade de transferir a Es

se possível, do acerto daquele que sus

transformou no esboço de regulamento

seus portões para os filhos de outras unidades da Federação: de 103 alunos

indenização, que seria altamente vanta josa para o primeiro sob o aspecto pe

tura, consultou o Governo de Minas

técnicos agrícolas e adminis-

devemos, mas ainda mais convencido,

Álvaro da Silveira, Soares de Gouveia

Não é uma escola só para Minas. Nem mesmo só para o Brasil. Abre os

ções introduzidas no Regu-

Miguel Calmon, Ministro da Agricul

sial, visando formar bons

fessor americano a quem tanto e tanto

e por mim, o trabalho do Dr. Rolfs so

O que vale nela não é o seu corpo,

dos. E recebe também de braços aber tos os candidatos naturais de outros paí ses: até 1949, havia diplomado 50 rapazes nascidos em terras estrangeiras. Hoje faz parte da Universidade Rural, criada pela lei n.° 262, de 3 de novem bro de 1948, com autonomia financeira,

primir êsse cargo, que o Presidente An tônio Carlos restabeleceu pelo Decreto

Cuidadosamente revisto pelos Drs.

norte-americano Dr. Peter Rolfs.

mento se deu a 28 de agôsto de 1926, ainda na Presidência Melo Viana, em

bora a Seção Experimental c alguns cursos práticos já estivessem funcionan do desde dois anos antes.

A inauguração da Escola foi um acon tecimento de grande repercussão cm

I

O nobre intuito do Governador Milton

Campos e seus colaboradores, nesta ini

ciativa benemérita, foi preservar as ca racterísticas da Escola, mantê-la inde

Arthur Bernardes, que êle não apro

pendente das contingências políticas,

vara também a idéia do seu Ministro

conservá-la imune dos males comuns

da Agricultura.

as Escolas corroídas pelos vícios da bu

A Escola tem correspondido às espe ranças dos seus criadores e ao nobre pen

rocracia, do comodismo dos professores

o da indisciplina e vadiagem dos alunos.


Dicesto EcoNÓNnco 61

A faação do capital e da técnica americanos

entre 1925-29 e o último ano. A am

pliação das instalações prevista para Volta Redonda visa a atender à rápida

na economia brasileira

expansão da procura interna.

Garrido Torres

O cimento é outro exemplo. Em 1941, o Brasil consumiu 790.000 toneladas, das quais 3,3 % foram importados. Após o

(O economista José Garrido Torres, Diretor do Escritório de Expansão Comercial do Brasil em Nova York, realizou uma conferência para os

enorme "boom" de construções, utiliza

membros do National Management Council, de Nova York, a 17 de

mos agora 1.470.000 toneladas por ano,

novembro do ano findo, em que analisou os índices do aumento da

nossa produção e o papel que o capital c a técnica americanos pode

das quais importamos 450.000. A pro dução quase duplicou, mas as impor

rão desempenhar no aceleramento do progresso do Brasil. Publicamos a seguir a parte central dessa conferência.) Sistema econômico em pleno desenvolvimento '

"O Brasil é talvez o país latino-ame

ricano que apresenta a manifestação

I

mais característica dos fenômenos dinâ micos próprios a um sistema econômico em pleno desenvolvimento."

Não faço esta declaração com intuito patriótico; na verdade, ela não é minha. Apenas cito a redação preliminar do Re

latório de 1949, preparado pela Comis são Econômica para a América Latina, das Nações Unidas.

O Brasil marcha, e — como A. "M.

Lederer, vosso e meu bom amigo, es

tações aumentaram de 20 vêzes, por

que não pudemos obter o equipamento ca Latina diz, por exemplo, que, embo

que nos permitisse produzir mais ci

ra a população do Brasil tenha cresci

mento.

do de 41,3% entre os qüinqüênios 1925-

O Brasil tom sido tradicionalmente

ura país agrícola. Ainda hoje, cerca de

Em

1941, o- Brasil

produzia 12.160 tonela das de artefatos de bor

racha.

No xiltimo ano,

trabalhadores industriais subiu de 166%.

porém, sua produção

se observam hoje na economia brasileira.

elevou-se a 24.000 — mais 100%. Essa in

Isso indica as mudanças estruturais que

creveu recentemente — o Brasil não é

Até os primeiros anos da década de

mais aquela terra eternamente promis sora do futuro. O país está ràpidamente atingindo a inaioridade. Alguns de

1930, a produção agrícola era maior do

forma que o Brasil,

que a produção fabril em cêrca de 37 %.

terra

Agora dá-se o contrário.

irá, provàvelmente, im portar a matéria-prima

seus problemas e dificuldades têm sido mal compreendidos e obscurecidos, mas seu progresso atual, contra grandes obs táculos iniciais, fala por si mesmo,

dústria

Durante o

qüinqüênio 1945-49, o índice da pro dução industrial excedeu, em 33,7%, o

cresce

da

de tal

A produção de fôrça

Eis alguns exemplos do desenvolvi

hidrelétrica

subiu

de

"^gumas vezes a intensidade do cres

mento industrial: no qüinqüênio 1925-

40 %

cimento de um país pode ser mais sen

1929, das 458.000 toneladas de ferro e aço anualmente consumidas no Brasil,

1946, e grandes progra mas de e.xpansão estão

sòmcnte 3,3% eram de fabricação na cional. Hoje, nossas usinas fornecem

sendo e serão executa

lhão por ano, e sua produção se expan

mais de 70% do consumo anual brasi

várias centenas de mi

de ainda mais depressa.

leiro, orçado em 820.000 toneladas. A

tida do que medida, mas não há dúvi da de que também pode ser medida. A população do Brasil aumenta de 1 mi A Comissão Econômica para a Améri

produção aumentou cêrca de 40 vêzes

sòmento

desde

dos na magnitude de lhões de dólares.

i

para 1946, isto é, quase o dôbro em 4

de consiuno, estas já estão

Nossa produção de

satisfatòriamente

estabelecidas no Brasil

e

em

condições

de

manter o País razoàvel

mente bem abastecido.

Insuficiência da impor tação e do capital estrangeiro

seringueira,

muito em breve.

da agrícola.

grama de construção de refinarias e de

uma frota de navios-tanques, de modo a reduzir os custos, e também o frete, e para que disponhamos de um supri

anos. No que toca às indústrias de bens

necessidades.

65% da população que trabalha ocupamse das atividades do campo. Mas entre 1920 e 1940, enquanto esta aumentou de cêrca de 18 % somente, o total dos

Acreditamos dispor de lençóis petrolí feros razoàvelmente importantes no Brasil, mas, até que estes estejam de senvolvidos, decidimos adotar um pro

Fabricamos, agora,

papel por ano.

e produção disponíveis.

piamos a atacar o problema seriamente.

171.000 — 3 vêzes mais — mas isso representa somente a metade de nossas

produzia cêrca de 58.000 toneladas de

do índice total para bens de consumo

O petróleo constitui um elo fraco

nessa cadeia de progresso, mas princi

Limitei-me aqui à apresentação de cifras relativas à produção, básica, as que melhor ilustram o nosso progresso, cujo índice é agora de 195 contra 100

melliantc. Entre 1930 e 1934 o Brasil

tou de 70,4 %, na base das flutuações

2.133.450 toneladas métricas.

mento seguro em caso de guerra.

O papel apresenta uma situação se-

1929 e 1945-1949, a renda real aumen

carvão mineral aumentou de 481,5% desde 1925-29. Em 1949 extraímos ..

A despeito da inten sificação das atividades econômicas e do desen volvimento do mercado Interno, o Brasil ainda

está

dependente

dos

caprichos do comércio internacional e não é

tão auto-dependente co

mo se poderá esperar que o venha a ser um

dia, graças à sua gran de área, recursos diver-


Dicesto EcoNÓNnco 61

A faação do capital e da técnica americanos

entre 1925-29 e o último ano. A am

pliação das instalações prevista para Volta Redonda visa a atender à rápida

na economia brasileira

expansão da procura interna.

Garrido Torres

O cimento é outro exemplo. Em 1941, o Brasil consumiu 790.000 toneladas, das quais 3,3 % foram importados. Após o

(O economista José Garrido Torres, Diretor do Escritório de Expansão Comercial do Brasil em Nova York, realizou uma conferência para os

enorme "boom" de construções, utiliza

membros do National Management Council, de Nova York, a 17 de

mos agora 1.470.000 toneladas por ano,

novembro do ano findo, em que analisou os índices do aumento da

nossa produção e o papel que o capital c a técnica americanos pode

das quais importamos 450.000. A pro dução quase duplicou, mas as impor

rão desempenhar no aceleramento do progresso do Brasil. Publicamos a seguir a parte central dessa conferência.) Sistema econômico em pleno desenvolvimento '

"O Brasil é talvez o país latino-ame

ricano que apresenta a manifestação

I

mais característica dos fenômenos dinâ micos próprios a um sistema econômico em pleno desenvolvimento."

Não faço esta declaração com intuito patriótico; na verdade, ela não é minha. Apenas cito a redação preliminar do Re

latório de 1949, preparado pela Comis são Econômica para a América Latina, das Nações Unidas.

O Brasil marcha, e — como A. "M.

Lederer, vosso e meu bom amigo, es

tações aumentaram de 20 vêzes, por

que não pudemos obter o equipamento ca Latina diz, por exemplo, que, embo

que nos permitisse produzir mais ci

ra a população do Brasil tenha cresci

mento.

do de 41,3% entre os qüinqüênios 1925-

O Brasil tom sido tradicionalmente

ura país agrícola. Ainda hoje, cerca de

Em

1941, o- Brasil

produzia 12.160 tonela das de artefatos de bor

racha.

No xiltimo ano,

trabalhadores industriais subiu de 166%.

porém, sua produção

se observam hoje na economia brasileira.

elevou-se a 24.000 — mais 100%. Essa in

Isso indica as mudanças estruturais que

creveu recentemente — o Brasil não é

Até os primeiros anos da década de

mais aquela terra eternamente promis sora do futuro. O país está ràpidamente atingindo a inaioridade. Alguns de

1930, a produção agrícola era maior do

forma que o Brasil,

que a produção fabril em cêrca de 37 %.

terra

Agora dá-se o contrário.

irá, provàvelmente, im portar a matéria-prima

seus problemas e dificuldades têm sido mal compreendidos e obscurecidos, mas seu progresso atual, contra grandes obs táculos iniciais, fala por si mesmo,

dústria

Durante o

qüinqüênio 1945-49, o índice da pro dução industrial excedeu, em 33,7%, o

cresce

da

de tal

A produção de fôrça

Eis alguns exemplos do desenvolvi

hidrelétrica

subiu

de

"^gumas vezes a intensidade do cres

mento industrial: no qüinqüênio 1925-

40 %

cimento de um país pode ser mais sen

1929, das 458.000 toneladas de ferro e aço anualmente consumidas no Brasil,

1946, e grandes progra mas de e.xpansão estão

sòmcnte 3,3% eram de fabricação na cional. Hoje, nossas usinas fornecem

sendo e serão executa

lhão por ano, e sua produção se expan

mais de 70% do consumo anual brasi

várias centenas de mi

de ainda mais depressa.

leiro, orçado em 820.000 toneladas. A

tida do que medida, mas não há dúvi da de que também pode ser medida. A população do Brasil aumenta de 1 mi A Comissão Econômica para a Améri

produção aumentou cêrca de 40 vêzes

sòmento

desde

dos na magnitude de lhões de dólares.

i

para 1946, isto é, quase o dôbro em 4

de consiuno, estas já estão

Nossa produção de

satisfatòriamente

estabelecidas no Brasil

e

em

condições

de

manter o País razoàvel

mente bem abastecido.

Insuficiência da impor tação e do capital estrangeiro

seringueira,

muito em breve.

da agrícola.

grama de construção de refinarias e de

uma frota de navios-tanques, de modo a reduzir os custos, e também o frete, e para que disponhamos de um supri

anos. No que toca às indústrias de bens

necessidades.

65% da população que trabalha ocupamse das atividades do campo. Mas entre 1920 e 1940, enquanto esta aumentou de cêrca de 18 % somente, o total dos

Acreditamos dispor de lençóis petrolí feros razoàvelmente importantes no Brasil, mas, até que estes estejam de senvolvidos, decidimos adotar um pro

Fabricamos, agora,

papel por ano.

e produção disponíveis.

piamos a atacar o problema seriamente.

171.000 — 3 vêzes mais — mas isso representa somente a metade de nossas

produzia cêrca de 58.000 toneladas de

do índice total para bens de consumo

O petróleo constitui um elo fraco

nessa cadeia de progresso, mas princi

Limitei-me aqui à apresentação de cifras relativas à produção, básica, as que melhor ilustram o nosso progresso, cujo índice é agora de 195 contra 100

melliantc. Entre 1930 e 1934 o Brasil

tou de 70,4 %, na base das flutuações

2.133.450 toneladas métricas.

mento seguro em caso de guerra.

O papel apresenta uma situação se-

1929 e 1945-1949, a renda real aumen

carvão mineral aumentou de 481,5% desde 1925-29. Em 1949 extraímos ..

A despeito da inten sificação das atividades econômicas e do desen volvimento do mercado Interno, o Brasil ainda

está

dependente

dos

caprichos do comércio internacional e não é

tão auto-dependente co

mo se poderá esperar que o venha a ser um

dia, graças à sua gran de área, recursos diver-


-■VI n ■ kN. jyn" '1 i'j Jtí Nv í*"^

-if:

DicESTO EcoNÓxnco

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sificados e população crescente. Sua re lação dc trocas (terms of irade) deterio rou após a crise de 1929 c reduziu, con

sequentemente, sua capacidade de im portação, desta forma afetando mate rialmente o volume dos bens de produ

ção adquiridos no e.xterior. Essa deterioração foi tão marcante du

rante a década de 1930 que, não obstan

te a recuperação verificada nestes últi mos anos, a capacidade importadora do Brasil não se tornou muito maior do que era antes da depressão., Êsse fato, alia do à insuficiência dos investimentos es

trangeiros, nos obrigou a contar quase que exclusivamente com os nossos pró prios recursos para a industrialização.

Fora do setor da energia elétrica, os in vestimentos estrangeiros, no que diz res peito à indústria, são, por assim dizer, negligiveis.

O caráter desfavorável da nossa rela

ção de trocas limitou o progresso, na medida cm que impediu mais volumosas

importações de bens de produção.

O

extraordinário desenvolvimento que tem ocorrido no Brasil processou-se, em ver

dade, apesar dessa relação de trocas negativa.

O capital americano tem, a meu ver,

em maior \'olumc.

Mas os brasifciros

estão mais dcscjosos dc obter capital estrangeiro que sc interesse pelo desen volvimento das atividades econômicas

básicas. Reduzindo nossas necessidades

do importação, o capital prodnti\o alie nígena contribuiria para maior equilí

1 ■ I

Dicesto Eco^'ó^^co

Essa ó a razão por que o Governo do Presidente Dutra adotou o Plano SALTE, orçado em 1 bilhão de dólares, para

investido e reinvestido em nossa terra.

melhorar as condições de saúde, nutri

lares durante período idêntico. Dois grandes obstáculos precisam ain

ção, transporte e energia — os 4 pro

blemas básicos do Brasil — e por que tem èle vigorosamente atacado projetos tais como o da exterminação da malária

brio da nossa balança de pagamentos e

e outras moléstias tropicais, o da abo

tomaria mais fácil o serviço dos inves timentos cm moeda estrangeira.

lição do analfabetismo e o da eletrifi cação do Vale do São Francisco.

Essa ênfase, dada ao capital produtivo, torna-se mais e mais a nota predomi

nante da política nacional com rclaçao aos investimentos estrangeiros e é uma

tendência que a futura administração do Brasil provavelmente cristaliziíra.

Aqueles que insistem em que deve ríamos primeiro desenvolver a agricul tura, ou que são de opinião que a in

Na proporção em que esses projetos se forem completando, o campo da ini ciativa privada se irá expandindo, obra essa, aliás, que poderia ser de muito fa

cilitada e acelerada por empréstimos a longo prazo, de governos estrangeiros e agências internacionais, no espírito da filosofia do Ponto IV.

longe de prejudicar a agricultura, a in

Em artigo recente, publicado peJa re vista "United Nations World,", que es pero alguns de vós tenham lido, tratei, com certo detalhe, de possíveis áreas

dústria lhe tem, na verdade, sido abso

para investimentos americanos, abran

lutamente necessária, ao prover um mer cado interno maior, mais compensador e estável para sua produção, e ao fabri

fibras e outras.

dústria se tem e.xpandido à custa da agricultura, deveriam compreender que,

car implementos, indispensáveis ao au mento de sua produtividade, que se tor naram cada vez mais difíceis de importar.

Eis o que declarou recentemente, em

gendo papel, óleos vegetais, fertilizantes,

Como já afirmei, não há falta de es

tímulo para o capital estrangeiro, em

uma entrevista, o sr. Gctúlio Vargas,

matéria de lucros.

Brasil, em que pese a uma remuneração

nosso presidente-eleito virtual;

sobe a 40 e mais por cento, não obstan

"O capital estrangeiro será muito bem recebido pelo Brasil, desde que êle ve nha colaborar para o desenvolvimento

vos há também, tais como isenção de impostos para novas indústrias e garan tias constitucionais. Estas asseguram igualdade de tratamento e previnem

te outros incentivos reais. Nota-se a tendência para encarar o Brasil mera mente como uma fonte de matérias-pri

mas e um mercado de distribuição de

utilidades exportadas para lá. Êsse pon

to de vista limitado já é inatual e repre senta um capítulo na historia econômica do Brasil que se está rapidamente en cerrando.

Naturalmente, o Brasil continuara a

produzir matérias-primas — e até mesmo

Qas nossas indústrias básicas e criação

de novas, com o aproveitamento das re servas nacionais de matérias-primas, co

mo, para citar algumas, o azòto, os álcalis, a soda cáustica, o papel." Não esperamos, é claro, milagres do capital estrangeiro, e bem compreende mos que há setores cujo risco seria de masiado ou que são excessivamente am plos para o capital particular.

Essa soma eqüivale ao que recebemos na forma de novos iu\'estimentos em dó

da ser removidos, entretanto, que não dependem do Brasil ou e.xclusivanienle

dele. O primeiro é a nossa impossibi

lidade de prover cambio suficiente em

todas as ocasiões, o que poderia ser re mediado, aliás, por empréstimos e inves

timentos a longo prazo e de natureza construti\'a, aliados à capacidade aquisi tiva de dólares de nossas exportações, dado o caráter complementar destas cm relação à vossa produção. O segundo — e de importância decisiva — é o proble ma da bitributação, problema êsse que compete às nações e.xportadoras de ca

pital resolver, conformando sua legisla ção fiscal ao seu papel. Acredito que a maioria daqueles den tre vós que são diretores de empresas já conliecem e bem avaliam as oportu nidades que o Brasil oferece aos inves tidores, as quais terei muito prazer em discutir convosco em maior minúcia. Se

Planejamento e p■ rodutividade

injustificadamente hesitado em entrar no

extraordinariamente convidativa, a qual

63

a expropriação.

Mas outros incenti

O Brasil é .um hotn

risco; o seu "rocord" o prova sem som

bra de dúvida. Isso é. particularmente verdadeiro no que diz respeito às in versões americanas diretas.

Já se estimou que, durante os último.s cinco anos, cêrca de 175 milhões de dólares deixaram o Brasil na forma de

dividendos sôbrc o capital americano

tendes capital e técnica para aplicar produtivamente, há, certamente, poucos lugares no mundo que mais vos recom pensaria considerar sèriamente.

Antes de concluir quero dizer algu mas palavras mais aos engenheiros aqui presentes.

O Brasil evidencia um dos

índices mais altos de progresso de qual quer país, mas ainda tem um longo ca minho a percorrer. Seu desenvolvimento

dinâmico faz com que sofra hoje em dia de uma crise de crescimento, ou do que chamais de "dores de crescimento". Al

gumas dessas dores assumem a forma de

custos relativamente altos e de desajustamentos derivados dc um desenvolvi

mento segundo linhas que são mais euro

péias do que americanas, embora o tipo


-■VI n ■ kN. jyn" '1 i'j Jtí Nv í*"^

-if:

DicESTO EcoNÓxnco

62

sificados e população crescente. Sua re lação dc trocas (terms of irade) deterio rou após a crise de 1929 c reduziu, con

sequentemente, sua capacidade de im portação, desta forma afetando mate rialmente o volume dos bens de produ

ção adquiridos no e.xterior. Essa deterioração foi tão marcante du

rante a década de 1930 que, não obstan

te a recuperação verificada nestes últi mos anos, a capacidade importadora do Brasil não se tornou muito maior do que era antes da depressão., Êsse fato, alia do à insuficiência dos investimentos es

trangeiros, nos obrigou a contar quase que exclusivamente com os nossos pró prios recursos para a industrialização.

Fora do setor da energia elétrica, os in vestimentos estrangeiros, no que diz res peito à indústria, são, por assim dizer, negligiveis.

O caráter desfavorável da nossa rela

ção de trocas limitou o progresso, na medida cm que impediu mais volumosas

importações de bens de produção.

O

extraordinário desenvolvimento que tem ocorrido no Brasil processou-se, em ver

dade, apesar dessa relação de trocas negativa.

O capital americano tem, a meu ver,

em maior \'olumc.

Mas os brasifciros

estão mais dcscjosos dc obter capital estrangeiro que sc interesse pelo desen volvimento das atividades econômicas

básicas. Reduzindo nossas necessidades

do importação, o capital prodnti\o alie nígena contribuiria para maior equilí

1 ■ I

Dicesto Eco^'ó^^co

Essa ó a razão por que o Governo do Presidente Dutra adotou o Plano SALTE, orçado em 1 bilhão de dólares, para

investido e reinvestido em nossa terra.

melhorar as condições de saúde, nutri

lares durante período idêntico. Dois grandes obstáculos precisam ain

ção, transporte e energia — os 4 pro

blemas básicos do Brasil — e por que tem èle vigorosamente atacado projetos tais como o da exterminação da malária

brio da nossa balança de pagamentos e

e outras moléstias tropicais, o da abo

tomaria mais fácil o serviço dos inves timentos cm moeda estrangeira.

lição do analfabetismo e o da eletrifi cação do Vale do São Francisco.

Essa ênfase, dada ao capital produtivo, torna-se mais e mais a nota predomi

nante da política nacional com rclaçao aos investimentos estrangeiros e é uma

tendência que a futura administração do Brasil provavelmente cristaliziíra.

Aqueles que insistem em que deve ríamos primeiro desenvolver a agricul tura, ou que são de opinião que a in

Na proporção em que esses projetos se forem completando, o campo da ini ciativa privada se irá expandindo, obra essa, aliás, que poderia ser de muito fa

cilitada e acelerada por empréstimos a longo prazo, de governos estrangeiros e agências internacionais, no espírito da filosofia do Ponto IV.

longe de prejudicar a agricultura, a in

Em artigo recente, publicado peJa re vista "United Nations World,", que es pero alguns de vós tenham lido, tratei, com certo detalhe, de possíveis áreas

dústria lhe tem, na verdade, sido abso

para investimentos americanos, abran

lutamente necessária, ao prover um mer cado interno maior, mais compensador e estável para sua produção, e ao fabri

fibras e outras.

dústria se tem e.xpandido à custa da agricultura, deveriam compreender que,

car implementos, indispensáveis ao au mento de sua produtividade, que se tor naram cada vez mais difíceis de importar.

Eis o que declarou recentemente, em

gendo papel, óleos vegetais, fertilizantes,

Como já afirmei, não há falta de es

tímulo para o capital estrangeiro, em

uma entrevista, o sr. Gctúlio Vargas,

matéria de lucros.

Brasil, em que pese a uma remuneração

nosso presidente-eleito virtual;

sobe a 40 e mais por cento, não obstan

"O capital estrangeiro será muito bem recebido pelo Brasil, desde que êle ve nha colaborar para o desenvolvimento

vos há também, tais como isenção de impostos para novas indústrias e garan tias constitucionais. Estas asseguram igualdade de tratamento e previnem

te outros incentivos reais. Nota-se a tendência para encarar o Brasil mera mente como uma fonte de matérias-pri

mas e um mercado de distribuição de

utilidades exportadas para lá. Êsse pon

to de vista limitado já é inatual e repre senta um capítulo na historia econômica do Brasil que se está rapidamente en cerrando.

Naturalmente, o Brasil continuara a

produzir matérias-primas — e até mesmo

Qas nossas indústrias básicas e criação

de novas, com o aproveitamento das re servas nacionais de matérias-primas, co

mo, para citar algumas, o azòto, os álcalis, a soda cáustica, o papel." Não esperamos, é claro, milagres do capital estrangeiro, e bem compreende mos que há setores cujo risco seria de masiado ou que são excessivamente am plos para o capital particular.

Essa soma eqüivale ao que recebemos na forma de novos iu\'estimentos em dó

da ser removidos, entretanto, que não dependem do Brasil ou e.xclusivanienle

dele. O primeiro é a nossa impossibi

lidade de prover cambio suficiente em

todas as ocasiões, o que poderia ser re mediado, aliás, por empréstimos e inves

timentos a longo prazo e de natureza construti\'a, aliados à capacidade aquisi tiva de dólares de nossas exportações, dado o caráter complementar destas cm relação à vossa produção. O segundo — e de importância decisiva — é o proble ma da bitributação, problema êsse que compete às nações e.xportadoras de ca

pital resolver, conformando sua legisla ção fiscal ao seu papel. Acredito que a maioria daqueles den tre vós que são diretores de empresas já conliecem e bem avaliam as oportu nidades que o Brasil oferece aos inves tidores, as quais terei muito prazer em discutir convosco em maior minúcia. Se

Planejamento e p■ rodutividade

injustificadamente hesitado em entrar no

extraordinariamente convidativa, a qual

63

a expropriação.

Mas outros incenti

O Brasil é .um hotn

risco; o seu "rocord" o prova sem som

bra de dúvida. Isso é. particularmente verdadeiro no que diz respeito às in versões americanas diretas.

Já se estimou que, durante os último.s cinco anos, cêrca de 175 milhões de dólares deixaram o Brasil na forma de

dividendos sôbrc o capital americano

tendes capital e técnica para aplicar produtivamente, há, certamente, poucos lugares no mundo que mais vos recom pensaria considerar sèriamente.

Antes de concluir quero dizer algu mas palavras mais aos engenheiros aqui presentes.

O Brasil evidencia um dos

índices mais altos de progresso de qual quer país, mas ainda tem um longo ca minho a percorrer. Seu desenvolvimento

dinâmico faz com que sofra hoje em dia de uma crise de crescimento, ou do que chamais de "dores de crescimento". Al

gumas dessas dores assumem a forma de

custos relativamente altos e de desajustamentos derivados dc um desenvolvi

mento segundo linhas que são mais euro

péias do que americanas, embora o tipo


II>|.«IW . V

Digesto ECONÓ^UC0

64

americano, nas circunstâncias do Brasil,

Precisamos achar o termo que concilie

seja um modelo muito mais recomendavel, segundo creio. Ha amplo espaço

do trabalhador com as das classes patro

para desenvolvimento horizontal c pio neiro, como há necessidade de meUioramento vertical e estrutural. Precisamos de um desenvolvimento

mais sistemático, e metódico — daí a ên fase ora dada, entre nós, à técnica do

planejamento. Necessitamos, tanto quan to possível, de economizar tempo e esfôrço e de impulsionar o País a um ritmo mais acelerado, com o mínimo de privação para o nosso povo. Temos de

elevar os padrões de vida, ao mesmo tempo que aumentamos a disponibilida

de de capital.

Em outras palavras,

Atividades do Itamarati

a satisfação das necessidades legítimas

Embaixador RAxn, Fernandes

nais, porque se coíiiplctain e sc con fundem no interôssc nacional."

Êsso têrmo, ou essa chave do pro

A

Agência Nacional convidou os

Ministros de Estado a ocuparem,

blema de mais çquitativa distribuição da riqueza pari pasm a uma capitaliza ção crescente é, penso cu, a produtivi

por alguns minutos, êste microfone, para uma breve exposição das atividades mais

dade.

relevantes da administração a seu car

Precisamos da vossa colabora

ção para reproduzir o milagre america no da produtividade na medida qtie avançamos. E creio que não exagero

go durante os cinco, anos de govêrno do General Eurico Dutra.

Em homenagem ao eminente furisconsuUa, político e diplomata, que acaba de deixar o cargo de Ministro das Re

lações Exteriores, o "Digesto Econô mico" insere em suas colunas a peque nina oração em que Raul Fernandes sintetizou, na "Hora do Brasil", alguns

Essa iniciativa merece aplausos, pois os governantes devem contas ao povo

dos relevantes serviços prestados, por

so disser que encontrareis nossos homens

de empresa e trabalhadores maís e mais

o o poder de difusão do rádio deixa

altas funções.

receptivos à sua significação.

a perder de vista o das mensagens, re

No Brasil, ombro a ombro com nossos

S. Excia., no exercício daquelas

latórios e outros escritos.

Aqui estou, consequentemente, para

queremos modernizar e dinamizar nossa

engenheiros, ainda em número reduzi

atual capacidade produtiva e avançar

do, podereís espalhar o que se poderia chamar de "culto da produtividade" e

dizer do Ministério das Relações Exte

a uma orientação herdada dos nossos an

riores, e aos olhos do público hei de

tepassados e que está na linha dos nos

encenar outra vez o grande espetáculo sem precedentes da prosperidade geral,

fazer figura do parente pobre na famí lia do govêrno. O povo aprecia, com

sos mais claros interêsses morais e ma

numa base racional, aproveitando-nos da e.\periência adquirida onde a revolu

ção industrial se processou prèviamen-

te e do adiantamento tecnológico que re presentais, aplicando-o à agricultura, in dustria e outras atividades econômicas

Essa deverá ser a vossa contribuição se desejardes ser os vanguardeiros do progresso no resto do mundo, de modo a introduzir ou a preservar a democra cia nas áreas subdesenvolvidas. Vossa assistência técnica é indispensável à so

lução do problema de custo "versas" lucro. Êsse problema tem hoje grande atualidade no Brasil, como frisou re centemente o nosso futuro presidente. "Para melhorar os salários, disse êle,

é preciso que também o empregador

prospere. Não podemos romper essa re lação constante entre o salário e o lucro.

mediante a produção em série a preços

muita razão, o que no linguajar da épo

acessíveis ao maior número possível.

ca se chamam as realizações, isto é,

Êstes são os fatos, as cifras, as ten

dências 8 as idéias que desejei debater convosco. Tentei pintar-vos, em bosquejo rude, o quadro dos problemas bra

sileiros, do que já realizamos c do que resta a fazer.

E, ao terminar, desejo

que penseis no que significa o progres

so do Brasil para a segurança e bemestar econômico do vosso próprio país. Nesta altura só figuramos cm posição secundária à do Canadá, no valor do

coisas tangíveis de que êle lucra, ou deve lucrar, utilidades práticas e imediatas: estradas, hospitais, escolas, estádios es portivos etc.

governos, sem outra condição a não ser

a da reciprocidade, que só num caso, e não por culpa nossa, falhou. Na es fera continental, sobretudo, nossa dili

gência com êsse objeto se extremou, e

O que está na alçada do Itamarati não ó nada dêsse gênero, ou só o será oca sionalmente e por exceção. Sua tarefa

são manifestos os testemunhos da amiza

é de outro tipo; seu traballio, para ser eficiente, há de fugir à publicidade;

o nosso convívio com as nações ame

suas construções são políticas, invisíveis

te de maior número de materiais estraté

por definição, insensíveis de imediato, mas originárias de largas e profundas repercussões. Em grande parte, a base indispensável da fruição pacífica dos

gicos. Que qüer isto dizer em termos do presente e do futuro?-

bens materiais que são as escolas, os hospitais, as estradas e os estádios es

comércio com os Estados Unidos, c li deramos o Canadá, acredito, como fon

teriais. Com essa preocupação primor dial cultivamos com o zelo maís apura do as relações cora os demais povos e

portivos, está na prudência, na vigilância

de, confiança e respeito que agora, co mo em nenhuma outra época, marcam ricanas.

Com estas celebramos o tratado do

Rio de Janeiro, de 2 de setembro de 1947, para a Manutenção da Paz e da Segurança no Continente.

Êsso ato diplomático passará à histó ria como o mais importante de quantos já se celebraram na América, porquanto

e no atilamento da política exterior.

não só firmou o princípio e as regras

Nesse domínio, o governo do Gene ral Dutra pode arrolar, entre os seus

da defesa coletiva contra a agressão ex terna ou interna, mas ainda, e sobretu

serviços ao País, a fidelidade guardada

do, porque prescreveu sanções efetivas


II>|.«IW . V

Digesto ECONÓ^UC0

64

americano, nas circunstâncias do Brasil,

Precisamos achar o termo que concilie

seja um modelo muito mais recomendavel, segundo creio. Ha amplo espaço

do trabalhador com as das classes patro

para desenvolvimento horizontal c pio neiro, como há necessidade de meUioramento vertical e estrutural. Precisamos de um desenvolvimento

mais sistemático, e metódico — daí a ên fase ora dada, entre nós, à técnica do

planejamento. Necessitamos, tanto quan to possível, de economizar tempo e esfôrço e de impulsionar o País a um ritmo mais acelerado, com o mínimo de privação para o nosso povo. Temos de

elevar os padrões de vida, ao mesmo tempo que aumentamos a disponibilida

de de capital.

Em outras palavras,

Atividades do Itamarati

a satisfação das necessidades legítimas

Embaixador RAxn, Fernandes

nais, porque se coíiiplctain e sc con fundem no interôssc nacional."

Êsso têrmo, ou essa chave do pro

A

Agência Nacional convidou os

Ministros de Estado a ocuparem,

blema de mais çquitativa distribuição da riqueza pari pasm a uma capitaliza ção crescente é, penso cu, a produtivi

por alguns minutos, êste microfone, para uma breve exposição das atividades mais

dade.

relevantes da administração a seu car

Precisamos da vossa colabora

ção para reproduzir o milagre america no da produtividade na medida qtie avançamos. E creio que não exagero

go durante os cinco, anos de govêrno do General Eurico Dutra.

Em homenagem ao eminente furisconsuUa, político e diplomata, que acaba de deixar o cargo de Ministro das Re

lações Exteriores, o "Digesto Econô mico" insere em suas colunas a peque nina oração em que Raul Fernandes sintetizou, na "Hora do Brasil", alguns

Essa iniciativa merece aplausos, pois os governantes devem contas ao povo

dos relevantes serviços prestados, por

so disser que encontrareis nossos homens

de empresa e trabalhadores maís e mais

o o poder de difusão do rádio deixa

altas funções.

receptivos à sua significação.

a perder de vista o das mensagens, re

No Brasil, ombro a ombro com nossos

S. Excia., no exercício daquelas

latórios e outros escritos.

Aqui estou, consequentemente, para

queremos modernizar e dinamizar nossa

engenheiros, ainda em número reduzi

atual capacidade produtiva e avançar

do, podereís espalhar o que se poderia chamar de "culto da produtividade" e

dizer do Ministério das Relações Exte

a uma orientação herdada dos nossos an

riores, e aos olhos do público hei de

tepassados e que está na linha dos nos

encenar outra vez o grande espetáculo sem precedentes da prosperidade geral,

fazer figura do parente pobre na famí lia do govêrno. O povo aprecia, com

sos mais claros interêsses morais e ma

numa base racional, aproveitando-nos da e.\periência adquirida onde a revolu

ção industrial se processou prèviamen-

te e do adiantamento tecnológico que re presentais, aplicando-o à agricultura, in dustria e outras atividades econômicas

Essa deverá ser a vossa contribuição se desejardes ser os vanguardeiros do progresso no resto do mundo, de modo a introduzir ou a preservar a democra cia nas áreas subdesenvolvidas. Vossa assistência técnica é indispensável à so

lução do problema de custo "versas" lucro. Êsse problema tem hoje grande atualidade no Brasil, como frisou re centemente o nosso futuro presidente. "Para melhorar os salários, disse êle,

é preciso que também o empregador

prospere. Não podemos romper essa re lação constante entre o salário e o lucro.

mediante a produção em série a preços

muita razão, o que no linguajar da épo

acessíveis ao maior número possível.

ca se chamam as realizações, isto é,

Êstes são os fatos, as cifras, as ten

dências 8 as idéias que desejei debater convosco. Tentei pintar-vos, em bosquejo rude, o quadro dos problemas bra

sileiros, do que já realizamos c do que resta a fazer.

E, ao terminar, desejo

que penseis no que significa o progres

so do Brasil para a segurança e bemestar econômico do vosso próprio país. Nesta altura só figuramos cm posição secundária à do Canadá, no valor do

coisas tangíveis de que êle lucra, ou deve lucrar, utilidades práticas e imediatas: estradas, hospitais, escolas, estádios es portivos etc.

governos, sem outra condição a não ser

a da reciprocidade, que só num caso, e não por culpa nossa, falhou. Na es fera continental, sobretudo, nossa dili

gência com êsse objeto se extremou, e

O que está na alçada do Itamarati não ó nada dêsse gênero, ou só o será oca sionalmente e por exceção. Sua tarefa

são manifestos os testemunhos da amiza

é de outro tipo; seu traballio, para ser eficiente, há de fugir à publicidade;

o nosso convívio com as nações ame

suas construções são políticas, invisíveis

te de maior número de materiais estraté

por definição, insensíveis de imediato, mas originárias de largas e profundas repercussões. Em grande parte, a base indispensável da fruição pacífica dos

gicos. Que qüer isto dizer em termos do presente e do futuro?-

bens materiais que são as escolas, os hospitais, as estradas e os estádios es

comércio com os Estados Unidos, c li deramos o Canadá, acredito, como fon

teriais. Com essa preocupação primor dial cultivamos com o zelo maís apura do as relações cora os demais povos e

portivos, está na prudência, na vigilância

de, confiança e respeito que agora, co mo em nenhuma outra época, marcam ricanas.

Com estas celebramos o tratado do

Rio de Janeiro, de 2 de setembro de 1947, para a Manutenção da Paz e da Segurança no Continente.

Êsso ato diplomático passará à histó ria como o mais importante de quantos já se celebraram na América, porquanto

e no atilamento da política exterior.

não só firmou o princípio e as regras

Nesse domínio, o governo do Gene ral Dutra pode arrolar, entre os seus

da defesa coletiva contra a agressão ex terna ou interna, mas ainda, e sobretu

serviços ao País, a fidelidade guardada

do, porque prescreveu sanções efetivas


li!

,11.

kwpi.

w^-

Digesto Econômico

66

contra os agressores. A adoção de medi das repressivas de ordem diplomática, fi

lermos assento no Conselho dc Segu

nanceira ou comercial, se deliberada pela

vados à presidência da Assembléia na pessoa do chefe da delegação brasileira.

maioria qualificada de 2/3 dos participdtates, é obrigatória para todos. Isto marca a entrada da democracia na or dem internacional e nunca será demais

encarecer a significação de haverem os

signatários, entre eles a poderosa Re pública do Norte, renunciado ao direito de "veto", ou — o que é a mesma coisa

— à regra tradicional da unanimidade das deliberações.

Êsse convênio, tão engenhosamente

arquitetado que já serviu de paradigma para o Pacto do Atlântico Norte, não

foi obra .exclusiva do Itamarati; ao contrário, resultou de um trabalho co

letivo, com base em projeto preparado pela União Pan-Americana.

Mas o que geralmente se reconheceu, aqui e no exterior, e pode ser recordado sem jactância, é que à direção dos tra

balhos da Conferência e à eficiência do secretariado, que incumbiram ao Govêr-

no brasileiro, se devem a rapidez e a unanimidade das deliberações.

DtCESTO EcoNÓAnco

mou, também, um convênio com a Ho

rança, c outras tantas vôzes fomos ele

Negociaram-se, neste qüinqüênio, inú meros acordos bilaterais — do coopera ção cultura], de comércio, dc imigração e de natureza econômica. Recebemos e concedemos centenas de bolsas escola

landa, que nos promete agricultores e

nêses residentes no Brasil, e que tinham sido vertidos no Fundo de Indenizações,

pecuaristas, e assinovi o importante acôr do com a Itália, de 8 de outubro de

criado pelo Decreto-lei n.° 4.166, de

1949, em virtude do qual o Govêmo ita

com os bens dos residentes no exterior,

liano fornece o capital.de 300 milhões de cruzeiros para uma sociedade de imi gração o colonização, sediada no Brasil,

regressiva contra os seus Estados nacio

a qual já está constituída, realizou cs

res, e êsse intercâmbio é dos mais bené

primeiros 100 milhões de capital e pro

ficos por nos aproximar moral e intelec tualmente das nações amigas. ciais, imprescindíveis com os países de

moeda inconversível, que são agora a maior parte, o Itamarati obteve do Pre

sidente Dutra a criação, quase inteira mente gratuita, de corpos consultivas, de que participam também os produtores

mico do Ministério tem sido de um

valor inapreciávcl. Passei os meus quatro anos e meses no Ministério sofrendo críticas diárias

por suposto descaso em promover a

salvo aos proprietários o direito de ação nais.

Tais soluções foram humanas, úteis à

para núcleos coloniais a fundar em vá rios Estados.

trangeiro no Brasil.

Com o Govêrno dos Estados Unidos

Foi com o mesmo espírito que, já na

da América celebramos, recentemente, um acôrdo administrativo para a consti

Conferência da Paz, em 1946, o Brasil advogou — infelizmente sem êxito —

tuição de uma comissão mista encarre

uma paz justa com a Itália.

gada de organizar os planos e projetos

sião, o Govêmo foi censurado por alguns, que o diziam inspirado por um senti mento injustificado, esquecido o fato de haver a Itália feito uma guerra de

para investimentos financeiros em trans portes, energia elétrica, agricultura e ou tras atividades da produção. Com essa

e os distribuidores, e cuja cooperação com os serviços do Departamento Econô

1942, pagando-se as reparações apenas

economia nacional e concorrem para não se abalar a confiança, sem a qual é im possível a cooperação do trabalho e.s-

cede atualmente à escoUia de terrenos

Para celebração dos acordos comer

67

Na oca

base, o Brasil poderá receber, em con dições a ajustar em cada caso, a coo

agressão.

peração financeira prevista no programa do Presidente Truman, já sancionado

Os próprios delegados italianos à Con

pelo Congresso norte-americano.

Essa censura era, contudo, descabida.

ferência reconheceram a responsabilida de nacional pelos erros do regime fas

cas Americanas, reunida nò mesmo ano

imigração intensiva. Os censores perde ram de vista o fato de que a compe tência, nesta matéria, não é do Minis tério das Relações Exteriores e, sim,

em Bogotá, a qual estruturou os órgãos para sua execução, e a êsse conclave le

do Conselho de Imigração e Coloniza

da passada guerra o espinhoso problema das reparações pagáveis com bens per tencentes aos Estados inimigos ou a seus

ção, órgão autônomo.

nacionais.

vamos uma importante contribuição.

lho, êle mesmo, não pode ser censura

Sendo a paz indivisível no mundo mo derno, não nos basta, infelizmente, ex

do, pois a imigração intensiva é caríssi

Govêmo desde o ano de 1946 liberou

toriais do tratado, contra a renúncia às

ma e o qüinqüênio do Presidente Dutra

os bens pertencentes aos italianos, pes soas físicas, residentes no País; pelo já

colônias

citado acôrdo ítalo-brasilciro de 1949 li

berou os demais bens italianos, com a

militar que nem sequer deixava à na ção italiana os meios adequados de de

O Tratado do Rio de Janeiro foi com

pletado pela Conferência das Repúbli

tirpar a insegmança entre vizinlios. Daí a nossa entrada e cooperação nas Na

ções Unidas, à qual o Govêmo do Ge neral Dutra dfeu inteiro apoio moral e o máximo de auxílio material compatí vel com os nossos meios. Na vida ain da breve e tão acidentada desse orga nismo mundial, a leal devoção do Brasil aos seus ideais nos valeu a eleição duas

vezes para, em períodos de dois anos,

O Govêmo do General Dutra herdou

Mas o Conse

Avaliadas as indenizações devidas, o

foi de apertos financeiros. Mesmo assim, quando o ,Itamarati pôde tomar iniciativas, não se descuidou: por acôrdo direto com o Comitê prepa ratório da Organização Internacional dos Refugiados, introduzia alguns milhares de boiis imigrantes, inclusive muitos ope rários qualificados que o Govêrno do Estado de São Paulo reputou ótimos e deseja fazer vir em maior número. Fir*

J

cista e inclinaram-se ante o dever de

reparar, na medida do possível, os da nos da guerra. Nesse ponto os repre sentantes brasileiros associaram-se aos

demais plenipotenciários aliados. Levantamo-nos, sim, contra as cláusulas terri

laboriosamente

estabelecidas

pela Itália na África, e contra o estatuto

contrapartida de lucrar imigrantes e co

fesa das fronteiras. Nisso não nos mo-

lonos, tantos quantos se possam trans

ria a simpatia dos brasileiros pelos ita

portar e estabelecer com o dispêndio de 300 milhões de cruzeiros, a cargo do

lianos, por mais justificada que seja pelos vínculos de tôda ordem que nos

Estado italiano. Ao Congresso o Gene

unem uns aos outros. Éramos, sim, im

ral Dutra pediu, e dêle obteve, uma

pulsionados por um sentimento de jus«

lei pela qual se liberam também, e inte

tíça, pois a Itália rompera durante a guerra sua vinculaçâo com a Alemanha

gralmente, os bens de alemães e japo-


li!

,11.

kwpi.

w^-

Digesto Econômico

66

contra os agressores. A adoção de medi das repressivas de ordem diplomática, fi

lermos assento no Conselho dc Segu

nanceira ou comercial, se deliberada pela

vados à presidência da Assembléia na pessoa do chefe da delegação brasileira.

maioria qualificada de 2/3 dos participdtates, é obrigatória para todos. Isto marca a entrada da democracia na or dem internacional e nunca será demais

encarecer a significação de haverem os

signatários, entre eles a poderosa Re pública do Norte, renunciado ao direito de "veto", ou — o que é a mesma coisa

— à regra tradicional da unanimidade das deliberações.

Êsse convênio, tão engenhosamente

arquitetado que já serviu de paradigma para o Pacto do Atlântico Norte, não

foi obra .exclusiva do Itamarati; ao contrário, resultou de um trabalho co

letivo, com base em projeto preparado pela União Pan-Americana.

Mas o que geralmente se reconheceu, aqui e no exterior, e pode ser recordado sem jactância, é que à direção dos tra

balhos da Conferência e à eficiência do secretariado, que incumbiram ao Govêr-

no brasileiro, se devem a rapidez e a unanimidade das deliberações.

DtCESTO EcoNÓAnco

mou, também, um convênio com a Ho

rança, c outras tantas vôzes fomos ele

Negociaram-se, neste qüinqüênio, inú meros acordos bilaterais — do coopera ção cultura], de comércio, dc imigração e de natureza econômica. Recebemos e concedemos centenas de bolsas escola

landa, que nos promete agricultores e

nêses residentes no Brasil, e que tinham sido vertidos no Fundo de Indenizações,

pecuaristas, e assinovi o importante acôr do com a Itália, de 8 de outubro de

criado pelo Decreto-lei n.° 4.166, de

1949, em virtude do qual o Govêmo ita

com os bens dos residentes no exterior,

liano fornece o capital.de 300 milhões de cruzeiros para uma sociedade de imi gração o colonização, sediada no Brasil,

regressiva contra os seus Estados nacio

a qual já está constituída, realizou cs

res, e êsse intercâmbio é dos mais bené

primeiros 100 milhões de capital e pro

ficos por nos aproximar moral e intelec tualmente das nações amigas. ciais, imprescindíveis com os países de

moeda inconversível, que são agora a maior parte, o Itamarati obteve do Pre

sidente Dutra a criação, quase inteira mente gratuita, de corpos consultivas, de que participam também os produtores

mico do Ministério tem sido de um

valor inapreciávcl. Passei os meus quatro anos e meses no Ministério sofrendo críticas diárias

por suposto descaso em promover a

salvo aos proprietários o direito de ação nais.

Tais soluções foram humanas, úteis à

para núcleos coloniais a fundar em vá rios Estados.

trangeiro no Brasil.

Com o Govêrno dos Estados Unidos

Foi com o mesmo espírito que, já na

da América celebramos, recentemente, um acôrdo administrativo para a consti

Conferência da Paz, em 1946, o Brasil advogou — infelizmente sem êxito —

tuição de uma comissão mista encarre

uma paz justa com a Itália.

gada de organizar os planos e projetos

sião, o Govêmo foi censurado por alguns, que o diziam inspirado por um senti mento injustificado, esquecido o fato de haver a Itália feito uma guerra de

para investimentos financeiros em trans portes, energia elétrica, agricultura e ou tras atividades da produção. Com essa

e os distribuidores, e cuja cooperação com os serviços do Departamento Econô

1942, pagando-se as reparações apenas

economia nacional e concorrem para não se abalar a confiança, sem a qual é im possível a cooperação do trabalho e.s-

cede atualmente à escoUia de terrenos

Para celebração dos acordos comer

67

Na oca

base, o Brasil poderá receber, em con dições a ajustar em cada caso, a coo

agressão.

peração financeira prevista no programa do Presidente Truman, já sancionado

Os próprios delegados italianos à Con

pelo Congresso norte-americano.

Essa censura era, contudo, descabida.

ferência reconheceram a responsabilida de nacional pelos erros do regime fas

cas Americanas, reunida nò mesmo ano

imigração intensiva. Os censores perde ram de vista o fato de que a compe tência, nesta matéria, não é do Minis tério das Relações Exteriores e, sim,

em Bogotá, a qual estruturou os órgãos para sua execução, e a êsse conclave le

do Conselho de Imigração e Coloniza

da passada guerra o espinhoso problema das reparações pagáveis com bens per tencentes aos Estados inimigos ou a seus

ção, órgão autônomo.

nacionais.

vamos uma importante contribuição.

lho, êle mesmo, não pode ser censura

Sendo a paz indivisível no mundo mo derno, não nos basta, infelizmente, ex

do, pois a imigração intensiva é caríssi

Govêmo desde o ano de 1946 liberou

toriais do tratado, contra a renúncia às

ma e o qüinqüênio do Presidente Dutra

os bens pertencentes aos italianos, pes soas físicas, residentes no País; pelo já

colônias

citado acôrdo ítalo-brasilciro de 1949 li

berou os demais bens italianos, com a

militar que nem sequer deixava à na ção italiana os meios adequados de de

O Tratado do Rio de Janeiro foi com

pletado pela Conferência das Repúbli

tirpar a insegmança entre vizinlios. Daí a nossa entrada e cooperação nas Na

ções Unidas, à qual o Govêmo do Ge neral Dutra dfeu inteiro apoio moral e o máximo de auxílio material compatí vel com os nossos meios. Na vida ain da breve e tão acidentada desse orga nismo mundial, a leal devoção do Brasil aos seus ideais nos valeu a eleição duas

vezes para, em períodos de dois anos,

O Govêmo do General Dutra herdou

Mas o Conse

Avaliadas as indenizações devidas, o

foi de apertos financeiros. Mesmo assim, quando o ,Itamarati pôde tomar iniciativas, não se descuidou: por acôrdo direto com o Comitê prepa ratório da Organização Internacional dos Refugiados, introduzia alguns milhares de boiis imigrantes, inclusive muitos ope rários qualificados que o Govêrno do Estado de São Paulo reputou ótimos e deseja fazer vir em maior número. Fir*

J

cista e inclinaram-se ante o dever de

reparar, na medida do possível, os da nos da guerra. Nesse ponto os repre sentantes brasileiros associaram-se aos

demais plenipotenciários aliados. Levantamo-nos, sim, contra as cláusulas terri

laboriosamente

estabelecidas

pela Itália na África, e contra o estatuto

contrapartida de lucrar imigrantes e co

fesa das fronteiras. Nisso não nos mo-

lonos, tantos quantos se possam trans

ria a simpatia dos brasileiros pelos ita

portar e estabelecer com o dispêndio de 300 milhões de cruzeiros, a cargo do

lianos, por mais justificada que seja pelos vínculos de tôda ordem que nos

Estado italiano. Ao Congresso o Gene

unem uns aos outros. Éramos, sim, im

ral Dutra pediu, e dêle obteve, uma

pulsionados por um sentimento de jus«

lei pela qual se liberam também, e inte

tíça, pois a Itália rompera durante a guerra sua vinculaçâo com a Alemanha

gralmente, os bens de alemães e japo-


T.

68

Dicesto Ecoxó^^co

de Hitler e, reagindo contra a ocupação

Eis, em rápido bosquejo, a obra do

germânica do seu temtorio, tornara-se co-beligerante com as democracias alia das, dando-Uies apreciável concurso mi

Governo do Presidente Dutra em maté

ria de política exterior.

litar até a rendição do Marechal Kessel-

que acabo dc fazer, e documentam,

ring. ■ Nossa voz isolada nao encontrou eco,

igualmente, alguns scr\iços prestados para resguardar, com êxito, a altivez c

XIV

mas os erros do tratado estão patentes c

certos direitos inalienáveis do país e que

O Nacionalista

o problema atual dos próprios vencedo

a mais elementar discrição impede de

res é emendá-lo para corrigir a injustiça.

trazer a público."

o

Os arquivos

Antônio Gontijo de Carv/U.ho

do Ministério documentam as afirmações

AS

aguerrida falange de tribunos que, nas pugnas do Parlamento, contundia o ad

^ALÓCERAs pertencia a uma plêiade de homens de Estado que, no pe ríodo áureo de Rodrigues Alves, fulgurou no Parlamento e foi a pioneira de profunda reação política. Oradores, quo fulgiriam em assem bléias mundiais e seriam laureados no

versário com o manejo impecável do florete.

Em livros que são compêndios de ci vismo, resumo das necessidades brasilei

ras, advertia o "grande técnico da efi ciência do Estado" que as democracias não permitem uma elevada seleção de

valores, em virtude de a representação de suas opiniões ser baseada em ficções

regime parlamentar, em que a pala\Ta exerce influência preponderante, apesar

de lógica duvidosa.

de insuperáveis qualidades tribunícias,

denciou o insigne jurista Francisco Cam pos, em seu livro "O Estado Nacional", ao revesti-la de uma lógica indestrutível.

manifestaram-se descrentes da sua efi

ciência para consecução de medidas le gislativas. Em inesquecíveis torneios espirituais,

combateram

aquêles mosqueteiros de

Rodrigues Alves — o célebre "Jardim da Infância" — a existência das agremia ções partidárias permanentes. Extrênuos

Tese de verdade cristalina, como evi

Duvidará da falência da democracia

liberal, dos seus métodos e resultados, quem não tiver os olhos atentos para o desenrolar dos acontecimentos mundiais.

Não me alistei entre os que supu

nham estar-se decidindo nos campos san

defensores do regime presidencial, pro-

grentos do Velho Continente a sorte dos

pugnavam as

regimes.

Ligas Temporárias para

que os homens se agrupassem segundo os problemas e não teimassem em adap tar os. problemas aos seus imutáveis agrupamentos.

Advertência de que não se aproveita

Vitoriosos — assim o escrevi

na época — os que pregavam- a estra nha teoria do espaço vital, ou vencedo res os que defendiam os postulados de Versalhes, não disciplinaria o caos re sultante da monstruosa hecatombe a ve

ram improvisados estadistas, lançando

lha concepção da democracia liberal.

Estados brasileiros em prolongadas de

Doutrina permissível em século anterior

savenças internas, com a tentativa inú

ao das trágicas realidades, não sobrevi

til de fundar partidos em tomo de no mes sem raízes na opinião pública.

veria. Sobreviveriam as nações que har monizassem a coexistência de uma disci

das coisas, que o individualizava, adver

plina severa com os princípios básicos do corporativismo, sistema em que o pre

sário das facções organizadas, propug-

domínio do capital é substituído pela

nador da nação militarizada, entusias

ascendência do trabalho.

Com o conhecimento dos homens e

ta de um Poder Executivo forte, em sua

Quem compulsar o acervo intelectual

campanha doutrinária, Calógeras foi muito além do que pleiteava aquela

de Calógeras, verdadeira enciclopédia de coisas brasileiras, ou meditar sôbre a


T.

68

Dicesto Ecoxó^^co

de Hitler e, reagindo contra a ocupação

Eis, em rápido bosquejo, a obra do

germânica do seu temtorio, tornara-se co-beligerante com as democracias alia das, dando-Uies apreciável concurso mi

Governo do Presidente Dutra em maté

ria de política exterior.

litar até a rendição do Marechal Kessel-

que acabo dc fazer, e documentam,

ring. ■ Nossa voz isolada nao encontrou eco,

igualmente, alguns scr\iços prestados para resguardar, com êxito, a altivez c

XIV

mas os erros do tratado estão patentes c

certos direitos inalienáveis do país e que

O Nacionalista

o problema atual dos próprios vencedo

a mais elementar discrição impede de

res é emendá-lo para corrigir a injustiça.

trazer a público."

o

Os arquivos

Antônio Gontijo de Carv/U.ho

do Ministério documentam as afirmações

AS

aguerrida falange de tribunos que, nas pugnas do Parlamento, contundia o ad

^ALÓCERAs pertencia a uma plêiade de homens de Estado que, no pe ríodo áureo de Rodrigues Alves, fulgurou no Parlamento e foi a pioneira de profunda reação política. Oradores, quo fulgiriam em assem bléias mundiais e seriam laureados no

versário com o manejo impecável do florete.

Em livros que são compêndios de ci vismo, resumo das necessidades brasilei

ras, advertia o "grande técnico da efi ciência do Estado" que as democracias não permitem uma elevada seleção de

valores, em virtude de a representação de suas opiniões ser baseada em ficções

regime parlamentar, em que a pala\Ta exerce influência preponderante, apesar

de lógica duvidosa.

de insuperáveis qualidades tribunícias,

denciou o insigne jurista Francisco Cam pos, em seu livro "O Estado Nacional", ao revesti-la de uma lógica indestrutível.

manifestaram-se descrentes da sua efi

ciência para consecução de medidas le gislativas. Em inesquecíveis torneios espirituais,

combateram

aquêles mosqueteiros de

Rodrigues Alves — o célebre "Jardim da Infância" — a existência das agremia ções partidárias permanentes. Extrênuos

Tese de verdade cristalina, como evi

Duvidará da falência da democracia

liberal, dos seus métodos e resultados, quem não tiver os olhos atentos para o desenrolar dos acontecimentos mundiais.

Não me alistei entre os que supu

nham estar-se decidindo nos campos san

defensores do regime presidencial, pro-

grentos do Velho Continente a sorte dos

pugnavam as

regimes.

Ligas Temporárias para

que os homens se agrupassem segundo os problemas e não teimassem em adap tar os. problemas aos seus imutáveis agrupamentos.

Advertência de que não se aproveita

Vitoriosos — assim o escrevi

na época — os que pregavam- a estra nha teoria do espaço vital, ou vencedo res os que defendiam os postulados de Versalhes, não disciplinaria o caos re sultante da monstruosa hecatombe a ve

ram improvisados estadistas, lançando

lha concepção da democracia liberal.

Estados brasileiros em prolongadas de

Doutrina permissível em século anterior

savenças internas, com a tentativa inú

ao das trágicas realidades, não sobrevi

til de fundar partidos em tomo de no mes sem raízes na opinião pública.

veria. Sobreviveriam as nações que har monizassem a coexistência de uma disci

das coisas, que o individualizava, adver

plina severa com os princípios básicos do corporativismo, sistema em que o pre

sário das facções organizadas, propug-

domínio do capital é substituído pela

nador da nação militarizada, entusias

ascendência do trabalho.

Com o conhecimento dos homens e

ta de um Poder Executivo forte, em sua

Quem compulsar o acervo intelectual

campanha doutrinária, Calógeras foi muito além do que pleiteava aquela

de Calógeras, verdadeira enciclopédia de coisas brasileiras, ou meditar sôbre a


Digiísto Econónhco

70

tro do nosso território, não recebeu Ca-

sua ação construtiva de homem de govêmo, verificará que o pensador ilustre

lógeras, de Minas Gerais, a incumbên

nunca se afastou das diretrizes do binô

cia de ser um dos seus representantes

mio: a írrefragabilidade do dogma da

naquela Comissão dc Finanças. Ouvi de seus próprios lábios essa ex

Unidade Nacional, que foi o milagre do

Império, e o ardente nacionalismo na solução dos nossos magnos problemas. Incontáveis exemplos poderia citar. Ofereço um, de profunda significação.

Financista emérito, cultura poliédrica,

plicação, ao ser interrogado sôbre o fa to, que, sem exame detido, me parecia estranho e inexplicável.

Nessa incompreensão política não só Minas Gerais incorreu. Incorreram todos

insuperado na análise de todos os nossos

os Estados, com graves prejuízos para o

orçamentos, autor de obra clássica sobre

progresso e unidade do Brasil.

política monetária, em sua longa passa gem pelo Parlamento, não pertenceu à Comissão de Finanças, a

Felizmente, sob esse aspecto, o Bra sil avançou.

71

parlagés — Son Johnny.

rante quarenta e três anos com Capis-

Pa-

ris 15.4.1901.

Dix ans plus tard;

trano, sem uma nuvem e sem" um des-

falccímento. A Alberto Rangel, que se

rien à

achava em Paris, escrevia, em 1919, o

changer sur ce que j'ai écrit

lústoriador cearense: "Aí está Calóge

cí-dcssous. Rio 15.4.1911 —

ras e V. poderá ficar conhecendo-o de perto. Com certeza V., como eu, não respira a gosto o budum oficial; mas

Johnny.

Aujourd'hui plus qu'hier et bien moins que démain. Rio 15.4.1917 - Johnny".

Calógeras permite uma exceção: é bom, inteligente, talvez ilustrado demais".

Capistrano amava a Calógeras como

Ofereceu-lhe o primeiro exemplar das "Minas do Brasil" com estas palavras carinhosas : "À ma femme bien aimée,

mais importante e cobiça da de tôdas as Comissões

XV

ma consolatrice dans les moments som-

bres de Ia vie,

ma compagne fidcle

dans Ia joíe et dans Ia tristesse, souvenir

Permanentes.

O Homem

O critério da sua compo sição — nenhuma novidade

Calógeras era um tempe

descrevo —■ não era exciusivamente o seletivo de ca

Ç/r

pacidades, tirado de uma câmara global. O critério

ramento reservado e prati cava a verdadeira carida de: não comentava o nem

censurava

era o regional. Integra vam-na representantes dos Estados de maior coeficien te eleitoral. Era um crité

Digesto EcoNÓxnco

a

má conduta

alheia.

Modêlo, na vida conju v/j

rio que patenteava não se

rem os nossos homens pú

blicos, principalmente os chefes de par tidos, — mentores das combinações —

políticos de visão nacional.

Calógeras constituía uma das exce ções, e célebre tomou-se um seu apar te ao revidar, com sobranceria, injusta

acusação de propor medida de caráter local: "Não há trecho no Brasil que pa ra mim não seja Brasil. Não compreen do lutas regionais". Considerado pelos seus pares como

deputado do Brasil, e não de Minas Ge rais, título que sempre reivindicava com

a maior ufania, discutindo, no plenário, com desnorteante erudição, problemas como se não existissem fronteiras den-

gai. Raramente saía de casa;

as visitas a passeios eram

impreterlyelmente realiza dos em companhia da espôsa. Dona Elisa tinha as primícias da lei tura de todos os seus trabalhos, assim

como a primeira dedicatória de todos os seus livros. Na "Imitação de Cristo",

que Calógeras ofertou à amantíssima companheira, encontram-se estes pensa

mentos tão simples e que bem revelam

a delicadeza de sua alma e a felicidade dêsse casal: "Souvenirs

à ma femme chérie, souvenir de dix ans de bonheur com-

raum et de douleurs toujours

d'infini dévouement et de reconnaissan-

ce sans bomes de son Johnny".

a um irmão. Da sua correspondência, que Eugênio de Castro tiou.xe á luz da publicidade, cito êste trecho de uma car

ta dirigida à espôsa de Calógeras, a qual

desmente a apregoada insensibilidade do "tapuia" :

"Honorina entrou para o convento de Santa Teresa, no dia 10. Obedeceu à sua consciência, e é a única forma ver dadeira de ser feliz.

Eis o temo coração, poetando aos ses

senta anos para festejar a data natalícia

Eu tenho ficado em casa para me

da espôsa :

concentrar todo.

Amor meu, que no júbilo e no pranto,

dispensará coivaras. A dor geral já pas

Companheira fiei, leniste a dor, E, na luta, alentaste meu ardor;

sou, mas sinto às vezes um frio íntimo

A violência do incêndio desencadeado

Amor meu, minha vida e meu encanto:

que sobe pela espinha e termina nos olhos enchendo-os d'água. Contudo, o frio vai diminuindo e os acessos se es

Na maior das procelas, qual um canto

paçando: considero-me curado.

Se não tivesse medo das perguntas e consolações já poderia sair à rua. Se me

D'esperança, de alento e de fervor.

Tua voz reacende o meu vigor E no peito dissipa todo o,espanto. f

De mãos dadas, serenos, venceremos Da jornada o decimio tenebroso

Que da vida assinala os fins extremos.

E ao chegar o momento do repouso, Sempre amantes, unidos, dormiremos

No remanso do nosso último pouso. Profundamente afetivo,

era de uma

sensibilidade feminina, para com os pa rentes e amigos.

Conviveu, disse êle de público, du-

escreveres, não toques nisso. Adeus, Sinhoca, freira do Convento de um frade só."

Sendo um gigante intelectual, teve amigos do melhor quilate. A sua casa era um cenáculo. Lá se reuniam os sa

bedores e os apaixonados da História do Brasil.

Eram íntimos de Calógeras, na fase em que o freqüentei: Capistrano de

Abreu, Martim Francisco, Francisco Sá, Leopoldo de Bulhões, Pires Brandão, Arrojado Lisboa, Domíoio da Gama, 1 avares de Lira, Cândido Rondon, Tasso


Digiísto Econónhco

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tro do nosso território, não recebeu Ca-

sua ação construtiva de homem de govêmo, verificará que o pensador ilustre

lógeras, de Minas Gerais, a incumbên

nunca se afastou das diretrizes do binô

cia de ser um dos seus representantes

mio: a írrefragabilidade do dogma da

naquela Comissão dc Finanças. Ouvi de seus próprios lábios essa ex

Unidade Nacional, que foi o milagre do

Império, e o ardente nacionalismo na solução dos nossos magnos problemas. Incontáveis exemplos poderia citar. Ofereço um, de profunda significação.

Financista emérito, cultura poliédrica,

plicação, ao ser interrogado sôbre o fa to, que, sem exame detido, me parecia estranho e inexplicável.

Nessa incompreensão política não só Minas Gerais incorreu. Incorreram todos

insuperado na análise de todos os nossos

os Estados, com graves prejuízos para o

orçamentos, autor de obra clássica sobre

progresso e unidade do Brasil.

política monetária, em sua longa passa gem pelo Parlamento, não pertenceu à Comissão de Finanças, a

Felizmente, sob esse aspecto, o Bra sil avançou.

71

parlagés — Son Johnny.

rante quarenta e três anos com Capis-

Pa-

ris 15.4.1901.

Dix ans plus tard;

trano, sem uma nuvem e sem" um des-

falccímento. A Alberto Rangel, que se

rien à

achava em Paris, escrevia, em 1919, o

changer sur ce que j'ai écrit

lústoriador cearense: "Aí está Calóge

cí-dcssous. Rio 15.4.1911 —

ras e V. poderá ficar conhecendo-o de perto. Com certeza V., como eu, não respira a gosto o budum oficial; mas

Johnny.

Aujourd'hui plus qu'hier et bien moins que démain. Rio 15.4.1917 - Johnny".

Calógeras permite uma exceção: é bom, inteligente, talvez ilustrado demais".

Capistrano amava a Calógeras como

Ofereceu-lhe o primeiro exemplar das "Minas do Brasil" com estas palavras carinhosas : "À ma femme bien aimée,

mais importante e cobiça da de tôdas as Comissões

XV

ma consolatrice dans les moments som-

bres de Ia vie,

ma compagne fidcle

dans Ia joíe et dans Ia tristesse, souvenir

Permanentes.

O Homem

O critério da sua compo sição — nenhuma novidade

Calógeras era um tempe

descrevo —■ não era exciusivamente o seletivo de ca

Ç/r

pacidades, tirado de uma câmara global. O critério

ramento reservado e prati cava a verdadeira carida de: não comentava o nem

censurava

era o regional. Integra vam-na representantes dos Estados de maior coeficien te eleitoral. Era um crité

Digesto EcoNÓxnco

a

má conduta

alheia.

Modêlo, na vida conju v/j

rio que patenteava não se

rem os nossos homens pú

blicos, principalmente os chefes de par tidos, — mentores das combinações —

políticos de visão nacional.

Calógeras constituía uma das exce ções, e célebre tomou-se um seu apar te ao revidar, com sobranceria, injusta

acusação de propor medida de caráter local: "Não há trecho no Brasil que pa ra mim não seja Brasil. Não compreen do lutas regionais". Considerado pelos seus pares como

deputado do Brasil, e não de Minas Ge rais, título que sempre reivindicava com

a maior ufania, discutindo, no plenário, com desnorteante erudição, problemas como se não existissem fronteiras den-

gai. Raramente saía de casa;

as visitas a passeios eram

impreterlyelmente realiza dos em companhia da espôsa. Dona Elisa tinha as primícias da lei tura de todos os seus trabalhos, assim

como a primeira dedicatória de todos os seus livros. Na "Imitação de Cristo",

que Calógeras ofertou à amantíssima companheira, encontram-se estes pensa

mentos tão simples e que bem revelam

a delicadeza de sua alma e a felicidade dêsse casal: "Souvenirs

à ma femme chérie, souvenir de dix ans de bonheur com-

raum et de douleurs toujours

d'infini dévouement et de reconnaissan-

ce sans bomes de son Johnny".

a um irmão. Da sua correspondência, que Eugênio de Castro tiou.xe á luz da publicidade, cito êste trecho de uma car

ta dirigida à espôsa de Calógeras, a qual

desmente a apregoada insensibilidade do "tapuia" :

"Honorina entrou para o convento de Santa Teresa, no dia 10. Obedeceu à sua consciência, e é a única forma ver dadeira de ser feliz.

Eis o temo coração, poetando aos ses

senta anos para festejar a data natalícia

Eu tenho ficado em casa para me

da espôsa :

concentrar todo.

Amor meu, que no júbilo e no pranto,

dispensará coivaras. A dor geral já pas

Companheira fiei, leniste a dor, E, na luta, alentaste meu ardor;

sou, mas sinto às vezes um frio íntimo

A violência do incêndio desencadeado

Amor meu, minha vida e meu encanto:

que sobe pela espinha e termina nos olhos enchendo-os d'água. Contudo, o frio vai diminuindo e os acessos se es

Na maior das procelas, qual um canto

paçando: considero-me curado.

Se não tivesse medo das perguntas e consolações já poderia sair à rua. Se me

D'esperança, de alento e de fervor.

Tua voz reacende o meu vigor E no peito dissipa todo o,espanto. f

De mãos dadas, serenos, venceremos Da jornada o decimio tenebroso

Que da vida assinala os fins extremos.

E ao chegar o momento do repouso, Sempre amantes, unidos, dormiremos

No remanso do nosso último pouso. Profundamente afetivo,

era de uma

sensibilidade feminina, para com os pa rentes e amigos.

Conviveu, disse êle de público, du-

escreveres, não toques nisso. Adeus, Sinhoca, freira do Convento de um frade só."

Sendo um gigante intelectual, teve amigos do melhor quilate. A sua casa era um cenáculo. Lá se reuniam os sa

bedores e os apaixonados da História do Brasil.

Eram íntimos de Calógeras, na fase em que o freqüentei: Capistrano de

Abreu, Martim Francisco, Francisco Sá, Leopoldo de Bulhões, Pires Brandão, Arrojado Lisboa, Domíoio da Gama, 1 avares de Lira, Cândido Rondon, Tasso


1

Digesto Econóídco

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Fragoso, Malan D'Angrogne e tantos outros, dc grande cultura e que traziam

Tendo dedicado os últimos anos da sua e.xistcncia à elaboração da "Política

Digesto Econômico

73'

a cultivar unicamente a música sacra.

como divisa a do Barão do Rio Branco:

Exterior do Império", obra planejada em

Sugeriu-me a audição do "Largo" do "Oratório Xerxes" de Hãndel, que acei

"Ubique patrias memor". Manteve relações de amizade frater

quatro alentados tomos, quis, apesar da proibição do médico assistente, publicar

lene de minha vida.

nal com os jesuítas Leonel Franca e Jo

o terceiro volume: "Da Regência à que

sé Manuel Madureira.

da dc Rosas''. O último capítulo, refe rente ao tirano argentino, foi escrito com

Conta-se que José Pires Brandão, um Ídolo da sociedade carioca, causídico no

extraordinária

tável e "causeur" magnífico, quando queria tachar alguém de incorreto ou dc

guardando o leito e redigindo uma pá

maldoso, costumava dizer: "Fulano não

fusos o desiguais traem o seu estado de

presta: chega até o ponto de falar mal

do Catogeras . Fra a suprema injustiça:

o coração de Calógeras, para cs que o conheciam na intimidade, era puro co mo o arminho.

Muito cuidadoso com a correspondên cia particular, Calógeras não possuía os defeitos que os políticos atribuíam a Da

vi Campista: "o de não responder car-

tâs •

Copiava até as respostas, com aquela

letra tão pouco legível e guardava, fi

chadas, tôdas as que recebia. Devol veu-me a sua distintíssima viúva duas centenas de missivas que lhe enviei, com a anotação da data em que foram res pondidas. Calógeras conservava, como

Nabuco de Araújo, todos os papéis, e o seu arquivo, se for examinado, muita luz trará aos acontecimentos do Brasil.

Calógeras tinha a paixão da leitura. Dizia-me que eu o encontraria sempre

dificuldade

material,

gina cm cada dia. Certos períodos con

tei de bom grado, ao paraninfar ato so

Revivendo esses episódios, na aparên cia do somenos importância,

tenho a

O original da obra didática "A For mação Histórica do Brasil" foi redigido em inglês, com a visão de um sociólogo, para que os estudantes norte-americanos melhor pudessem compreender o Brasil. Calógeras conhecia bem os idiomas de Goethe, Dante e Cer\'antes. Em São

impressão de que retrato o Calógeras bem diferente daquele de tipo mavórti-

Bernardo, os seus diálogos com os técni

co que as revistas ilustradas estampa

com rapidez o grego antigo e manejava com alguma facilidade o moderno, que lhe foi ensinado pelo pai. A sua paixão,

vam.

Em pintura, o exímio Navarro da Cos

cos eram travados em alemão. Traduzia

saúde. Calógeras temia o seu desapa recimento sem cumprir êsse dever pa

ta descreveu o seu assombro ao assistir

adquirida na meninice e conservada até

Calógeras dissortar como mestre, na fa

cs últimos anos de xâda, era, entretanto,

ra com o público.

mosa

a do latim, cujo manuseio constante lhe

"Morro sem realizar tôdas as minhas

finalidades, por excesso de trabalho ,

Pinacoteca de Munich, sôbre as

mais variadas telas. Dizia o grande pin

trai o estilo caratcrístico. Calógeras foi

tor que, ouvindo-o, se sentiu, muitas ve

um dos nossos grandes latinistas. Horá-

escreve-me em carta desalentada. Con

zes, mal ferido em sua muito legítima

cio, um dos seus autores prediletos. Re

seguiu ver realizado o seu desejo. "Dei

vaidade de artista culto.

zava em latim. O Missale Romaniim, o seu livro de cabeceira. "Res Nostra" foi

parte do minha vida", disse-me logo, em

Conhecia as melhores obras do teatro

outra. Venceu o dever. Não suportou

francês. Em 1926, Batista Pereira, um

o título escolhido

a saúde êsse imenso sacrifício.

esteta do Renascimento, exemplar de humanista que já escasseia em nossa ter ra, visitou-o no Hotel Terminus. A pa lestra, a que assisti, só versou sôbre pe ças de autores franceses, antigos e mo

melhores obras.

Calógeras era um temperamento ar

tístico. Apaixonado pela música, fre qüentava os concertos sinfônicos. Com

que enlevo ouvia a sua sobrinha, a exi mia cantora Vera Janacópulos, nos ora tórios, nas caníatas e nas fugas de Bach e Hãndel! Apreciava os dramas líricos do Wagner e confessou-me, certa vez, para satisfação da minha curiosidade,

que, dos compositores franceses, prefe ria Berlioz. "Danação do Fausto" era

uma das suas óperas prediletas. Dc via

com a pena ou o livro na mão. Era a

gem marcada para o Brasil, retardou o

ne\TOse do trabalho, moléstia que os crí

seu regresso, por uma semana, para as

ticos lhe diagnosticaram. Déle, escre

sistir, em Paris, o "Fidélio" de Beetho-

veu Basílio de Magalhães, é que se po deria dizer que estudava 28 horas por dia, como paradoxalmente afirmou dos

ven e assim conhecer a única ópera do grande romântico. Dos russos, se não admirava os autores de alma ocidental,

para uma das suas Narrou-me

Fernando

Azevedo o fato de, proferindo uma con ferência na Escola Normal de São Pau

lo, sôbre as vantagens do ensino de la tim, a primeira carta de aplausos que re

sua impressão foi a de espanto ante a

cebeu foi a do Ministro da Guerra, que, naquela época, não o conhecia pessoal

cultura e a maravilhosa memória de Ca

mente.

lógeras, que reproduziu de cor, com precisão notável, inúmeros trechos de

clios de péssimo latim judiciário" e em

dernos, e durou cerca de três horas. A

Racine e Corneille. A sua retentiva rivalizava com a de

um Scaligcro e a de um Macaulay. Como o Cardeal Mezoffante, pasmosa

Para mestre Capistrano traduziu "tietodos os seus documentos, até mesmo em

suas cartas particulares, jamais deixava de escrever um pensamento no idioma de Cícero. Presenciei, certa vez, Caló

a sua facilidade para conhecer os segre

geras fazer exercícios de memória, com

dos e OS modismos dos idiomas estran geiros.

trechos da "Ponte de César",

no De

O francês lhe era tão familiar como

Bello Gallico. O seu nome como historiador do Bra

o português. A obra "La Politique Mo-

sil não se desmerece ao lado do Capis trano, 6 em geografia não pede meças a

alemães certo escritor nosso.

como Tchaikowsky, ouvia, de pi'eferên-

nétaire du Brésil", apesar da aridez do

Julgava-se um grilheta da pena. E' a razão pela qual um homem, de vida regrada, sem vícios e detestando os pra

cia, os de motivos orientais, Rimsky-Kor-

assunto versado, é vazi\da em estilo cor-

Arrojado Lisboa, o conhecedor do nos

sakoff, Borodin e Mussorgsky, e não che

rentio.

so "hinterland".

zeres mundanos, sucumbe aos sessenta e

mo Stravinsky.

três anos de idade I

gou nunca a compreender o moderníssiVindo-lhe a mística religiosa, passou

Em francês foram escritos os

seus primeiros

trabalhos técnicos e o

comovente livro de confissões, "Ascen

Em História Universal, a soma de co nhecimentos revelados nesta "Política

sões d'Alma".

Exterior do Império" atesta a sua cultu-


1

Digesto Econóídco

72

Fragoso, Malan D'Angrogne e tantos outros, dc grande cultura e que traziam

Tendo dedicado os últimos anos da sua e.xistcncia à elaboração da "Política

Digesto Econômico

73'

a cultivar unicamente a música sacra.

como divisa a do Barão do Rio Branco:

Exterior do Império", obra planejada em

Sugeriu-me a audição do "Largo" do "Oratório Xerxes" de Hãndel, que acei

"Ubique patrias memor". Manteve relações de amizade frater

quatro alentados tomos, quis, apesar da proibição do médico assistente, publicar

lene de minha vida.

nal com os jesuítas Leonel Franca e Jo

o terceiro volume: "Da Regência à que

sé Manuel Madureira.

da dc Rosas''. O último capítulo, refe rente ao tirano argentino, foi escrito com

Conta-se que José Pires Brandão, um Ídolo da sociedade carioca, causídico no

extraordinária

tável e "causeur" magnífico, quando queria tachar alguém de incorreto ou dc

guardando o leito e redigindo uma pá

maldoso, costumava dizer: "Fulano não

fusos o desiguais traem o seu estado de

presta: chega até o ponto de falar mal

do Catogeras . Fra a suprema injustiça:

o coração de Calógeras, para cs que o conheciam na intimidade, era puro co mo o arminho.

Muito cuidadoso com a correspondên cia particular, Calógeras não possuía os defeitos que os políticos atribuíam a Da

vi Campista: "o de não responder car-

tâs •

Copiava até as respostas, com aquela

letra tão pouco legível e guardava, fi

chadas, tôdas as que recebia. Devol veu-me a sua distintíssima viúva duas centenas de missivas que lhe enviei, com a anotação da data em que foram res pondidas. Calógeras conservava, como

Nabuco de Araújo, todos os papéis, e o seu arquivo, se for examinado, muita luz trará aos acontecimentos do Brasil.

Calógeras tinha a paixão da leitura. Dizia-me que eu o encontraria sempre

dificuldade

material,

gina cm cada dia. Certos períodos con

tei de bom grado, ao paraninfar ato so

Revivendo esses episódios, na aparên cia do somenos importância,

tenho a

O original da obra didática "A For mação Histórica do Brasil" foi redigido em inglês, com a visão de um sociólogo, para que os estudantes norte-americanos melhor pudessem compreender o Brasil. Calógeras conhecia bem os idiomas de Goethe, Dante e Cer\'antes. Em São

impressão de que retrato o Calógeras bem diferente daquele de tipo mavórti-

Bernardo, os seus diálogos com os técni

co que as revistas ilustradas estampa

com rapidez o grego antigo e manejava com alguma facilidade o moderno, que lhe foi ensinado pelo pai. A sua paixão,

vam.

Em pintura, o exímio Navarro da Cos

cos eram travados em alemão. Traduzia

saúde. Calógeras temia o seu desapa recimento sem cumprir êsse dever pa

ta descreveu o seu assombro ao assistir

adquirida na meninice e conservada até

Calógeras dissortar como mestre, na fa

cs últimos anos de xâda, era, entretanto,

ra com o público.

mosa

a do latim, cujo manuseio constante lhe

"Morro sem realizar tôdas as minhas

finalidades, por excesso de trabalho ,

Pinacoteca de Munich, sôbre as

mais variadas telas. Dizia o grande pin

trai o estilo caratcrístico. Calógeras foi

tor que, ouvindo-o, se sentiu, muitas ve

um dos nossos grandes latinistas. Horá-

escreve-me em carta desalentada. Con

zes, mal ferido em sua muito legítima

cio, um dos seus autores prediletos. Re

seguiu ver realizado o seu desejo. "Dei

vaidade de artista culto.

zava em latim. O Missale Romaniim, o seu livro de cabeceira. "Res Nostra" foi

parte do minha vida", disse-me logo, em

Conhecia as melhores obras do teatro

outra. Venceu o dever. Não suportou

francês. Em 1926, Batista Pereira, um

o título escolhido

a saúde êsse imenso sacrifício.

esteta do Renascimento, exemplar de humanista que já escasseia em nossa ter ra, visitou-o no Hotel Terminus. A pa lestra, a que assisti, só versou sôbre pe ças de autores franceses, antigos e mo

melhores obras.

Calógeras era um temperamento ar

tístico. Apaixonado pela música, fre qüentava os concertos sinfônicos. Com

que enlevo ouvia a sua sobrinha, a exi mia cantora Vera Janacópulos, nos ora tórios, nas caníatas e nas fugas de Bach e Hãndel! Apreciava os dramas líricos do Wagner e confessou-me, certa vez, para satisfação da minha curiosidade,

que, dos compositores franceses, prefe ria Berlioz. "Danação do Fausto" era

uma das suas óperas prediletas. Dc via

com a pena ou o livro na mão. Era a

gem marcada para o Brasil, retardou o

ne\TOse do trabalho, moléstia que os crí

seu regresso, por uma semana, para as

ticos lhe diagnosticaram. Déle, escre

sistir, em Paris, o "Fidélio" de Beetho-

veu Basílio de Magalhães, é que se po deria dizer que estudava 28 horas por dia, como paradoxalmente afirmou dos

ven e assim conhecer a única ópera do grande romântico. Dos russos, se não admirava os autores de alma ocidental,

para uma das suas Narrou-me

Fernando

Azevedo o fato de, proferindo uma con ferência na Escola Normal de São Pau

lo, sôbre as vantagens do ensino de la tim, a primeira carta de aplausos que re

sua impressão foi a de espanto ante a

cebeu foi a do Ministro da Guerra, que, naquela época, não o conhecia pessoal

cultura e a maravilhosa memória de Ca

mente.

lógeras, que reproduziu de cor, com precisão notável, inúmeros trechos de

clios de péssimo latim judiciário" e em

dernos, e durou cerca de três horas. A

Racine e Corneille. A sua retentiva rivalizava com a de

um Scaligcro e a de um Macaulay. Como o Cardeal Mezoffante, pasmosa

Para mestre Capistrano traduziu "tietodos os seus documentos, até mesmo em

suas cartas particulares, jamais deixava de escrever um pensamento no idioma de Cícero. Presenciei, certa vez, Caló

a sua facilidade para conhecer os segre

geras fazer exercícios de memória, com

dos e OS modismos dos idiomas estran geiros.

trechos da "Ponte de César",

no De

O francês lhe era tão familiar como

Bello Gallico. O seu nome como historiador do Bra

o português. A obra "La Politique Mo-

sil não se desmerece ao lado do Capis trano, 6 em geografia não pede meças a

alemães certo escritor nosso.

como Tchaikowsky, ouvia, de pi'eferên-

nétaire du Brésil", apesar da aridez do

Julgava-se um grilheta da pena. E' a razão pela qual um homem, de vida regrada, sem vícios e detestando os pra

cia, os de motivos orientais, Rimsky-Kor-

assunto versado, é vazi\da em estilo cor-

Arrojado Lisboa, o conhecedor do nos

sakoff, Borodin e Mussorgsky, e não che

rentio.

so "hinterland".

zeres mundanos, sucumbe aos sessenta e

mo Stravinsky.

três anos de idade I

gou nunca a compreender o moderníssiVindo-lhe a mística religiosa, passou

Em francês foram escritos os

seus primeiros

trabalhos técnicos e o

comovente livro de confissões, "Ascen

Em História Universal, a soma de co nhecimentos revelados nesta "Política

sões d'Alma".

Exterior do Império" atesta a sua cultu-


Digesto Econókoco

74

que Orville Derbv considerava o mais

músico.

acham em meu poder, e as conservarei como relíquias preciosas — obscr\^

De geologia, mecânica, metalurgia e mineralogia é mestre acatado cm "Minas

culto do Brasil. Relendo as cartas ínti

que se

Como poucos, conhecia "Resistência

quanto era realmente humilde o homem privilegiado que no século se chamou João Pandíá Caíógeras.

dos materiais".'Ari Torres, que não o supunha especialista na matéria, sentiu-

Instado para prefaciar a importante obra sôbre os jesuítas do ilustre filho dc

do Brasil".

se maravilhado em ouvi-lo no seu labo ratório da Escola Politécnica.

Aplicou os seus estudos de filosofia à

História e à Religião. Divulgada, a cor respondência inédita com o Padre Madureira desvendará o teólogo. Críticos de microscópio fizeram restri ções ao seu estilo. Caíógeras. realmente

abusava dos períodos sintéticos c da or

dem indireta. Não é escritor popular e

os assuntos que versou só poderão ser

apreciados por reduzida elite de estu diosos. Mas concordo, plenamente com a tese irrespondível de Alcides Be/erra-

'Nao ha escritor de valor que não tenha estilo. O esHlo de Caíógeras consis tia, sobretudo, nesse soberano desdém pelos aiTebiques da forma literária, e em

que tanto se comprazem os qu'e têm pouco que dizer e muito tempo para o lavor. Diante das canteiras de nossa his tória, preferiu arrancar os grandes blo cos para a construção de um edifício ciclópico a tomar somente um deles para O trabalho do desbastamento e da estatuária.

Não se peça aos desbravadores ôsse mister somenos dos epígonos, especiali zados na feitura de pequenos quadros e no afã muito menos penoso do polimento".

Santo Inácio, neste longo trecho, sem inveja e com humildade, responde: "No

"Dies irac", o pecador atribulado, com a visão de suas culpas c dc .seus erros,

75

Êle é verdadeiro

fôlhas diárias, alguns trabalhos cm que

pontífice nessas cousas. Mas eu? Santo

pus o mellior que supunha saber sôbre uns quantos assuntos. Agradeço a todos os amigos essa nobre.lembrança. Claro que o livro que daí resultar pertence a esses amigos". Desprovido de bens materiais, mas ri

Deus, como sinto e lealmente confesso

minha pequenez 1

Domine, non stnn

dignus. So o Amigo e.xigir, obedecerei à sua ordem, por amor e respeito à obediên

cia, e para mortificar minha vaidade, certo, porém, de que não me julgo idô neo nem preparado para tal missão.

e.vclama :

lar riquezas.

Eu que só sei e lamento quanto igno

Nasceu exclusivamente para servir à causa pública.

Prívei-me na sua intimidade e conheci

Quem patronum rogaturus Cum vix justus sit sccunis.

mens e cousas. Espírito de raro equilí brio, a detração e o elogio recebidos

tão mal sei julgar as próprias, a ponto

de lhes consentir aparecerem I... Só poderia

salientar o ambiente de

desconhecimento generalizado cm que a Sociedade de Jesus tem crescido c pre.»)tado seus admiráveis serviços, niostror

niai.s rima vez que eles são os grandes caluniados da História.

Citarei meu

proprio caso, confessando ignorar, mais

do que devera, o Ratio Studiorum, o c[ue me impediu, em várío.s pontos, de ser justo na minha apreciação de 1911. Te rei de sublinhar o grave êrro histórico

de apreciar e parcialmente condenar a obra pedagógica de Santo Inácio, à luz

das idéias dos séculos XIX e XX, c para isso restituíria os planos de 1599 ao tem po e ao meio em que foram formulados e postos em prática.

creveu uns sessenta volumes...

seu livro merece muito mais, e de espí rito mais autorizado que o meu. Compreendo e louvo que nosso gran-

Tudo isso é pouco, pouquíssimo, e

J.

Inteligentíssimo, trabalhador e econô

lhos do mesmo quilate. Mas julgar !...

alguns de seus julgamentos sôbre ho

que justo, de dizer dc seu 1í\to. Quem sou eu para apreciar obra alheia, eu que

ra estremecida.

mico, ainda assim não conseguiu acumu

Quid sum miser, tunc dictunis

E' meu sentimento próprio ao ler seu pedido, bondoso e indulgentc mais do

co de idealismo, e com a idéia fixa no Brasil, oferecia o seu labor inteiro à ter

Creia que, com grande prazer, estou a seu dispor para revisões e outros traba ro 1"...

Esquecem ainda esses críticos impie dosos que Caíógeras, homem de ação, es Modéstia quase doentia — todos Os seus amigos o atestam — a do intelectual

ECONÓ^UCO

de Capistrano fale.

ra e confirma a veracidade das doutri nas do atavismo. Calóçeras seria histo riador como um Bach haveria de ser

mas ao Padre Madnrcira

DiCESTO

Caíógeras viveu e morreu pobre. XVI O Cristão

lhe eram quase indiferentes. Se, com a sua generosidade, não en

Caíógeras, de família de gregos cis-

contrava mérito nos livros que o procu

máticos, foi batizado na religião dos seus

ravam elevar, com citações amáveis, era

pais.

incapaz de uma inverdade. Está, pois, justificada a sua categórica declaração a

que professou nos últimos sete anos de

Gustão da Cunha: "Tôda a minha cor

esforços e aos talentos do Padre Madu-

respondência poderá vir a público.

reira, da Companlúa de Jesus.

Nimca menti".

De julho de 1926 a julho de 1928, Caíógeras trocou com esse grande após

Os detratores de Caíógeras, não lhe

podendo negar a formidável cultura, que o tornava uma figura singular no am

biente político brasileiro, acoimavam-no. com perversidade, de milionário. Em 1930, assim me escrevia, ao receber a

comunicação de que os seus amigos de São Paulo iriam imprimir o "Res Nostra": "Obrigadíssimo pela generosa e delicada lembrança de reimprünirem trabalhos meus esparsos. De fato, não o

poderia eu pessoalmente fazer; há lua ano que não trabalho; a minha vida ma terial exige de minha parte cuidadoso regime, para não seguir o exemplo do Brasil, a lutar com os "deficits". Sensi

A sua conversão ao catolicismo,

vida, deveu, com a graça divina, aos

tolo da Ordem de Santo Inácio uma sé

rie de cartas eruditas, procurando delir tôdas as suas dúvidas religiosas, notadamente a da existência real na Comunhão.

Escritas com alma, sem um artifício,

confundindo-se com a própria verdade, constituem

esses

documentos

manan

cial precioso para espelhar o verdadeiro Caíógeras: sábio e santo. Transcrevendo alguns trechos dessa correspondência, outro objetivo não me anima senão o de evidenciar que a sua conversão foi consciente e só atingiu a

fé absoluta pelo raciocínio e pela lógica. Dos inéditos, o Padre Leonel Franca,

bilizou-me, portanto, muito fundo o não

com o intuito de levar às consciências

desaparecerem, na duração efêmera das

iim ralo de luz e o estímulo para serem


Digesto Econókoco

74

que Orville Derbv considerava o mais

músico.

acham em meu poder, e as conservarei como relíquias preciosas — obscr\^

De geologia, mecânica, metalurgia e mineralogia é mestre acatado cm "Minas

culto do Brasil. Relendo as cartas ínti

que se

Como poucos, conhecia "Resistência

quanto era realmente humilde o homem privilegiado que no século se chamou João Pandíá Caíógeras.

dos materiais".'Ari Torres, que não o supunha especialista na matéria, sentiu-

Instado para prefaciar a importante obra sôbre os jesuítas do ilustre filho dc

do Brasil".

se maravilhado em ouvi-lo no seu labo ratório da Escola Politécnica.

Aplicou os seus estudos de filosofia à

História e à Religião. Divulgada, a cor respondência inédita com o Padre Madureira desvendará o teólogo. Críticos de microscópio fizeram restri ções ao seu estilo. Caíógeras. realmente

abusava dos períodos sintéticos c da or

dem indireta. Não é escritor popular e

os assuntos que versou só poderão ser

apreciados por reduzida elite de estu diosos. Mas concordo, plenamente com a tese irrespondível de Alcides Be/erra-

'Nao ha escritor de valor que não tenha estilo. O esHlo de Caíógeras consis tia, sobretudo, nesse soberano desdém pelos aiTebiques da forma literária, e em

que tanto se comprazem os qu'e têm pouco que dizer e muito tempo para o lavor. Diante das canteiras de nossa his tória, preferiu arrancar os grandes blo cos para a construção de um edifício ciclópico a tomar somente um deles para O trabalho do desbastamento e da estatuária.

Não se peça aos desbravadores ôsse mister somenos dos epígonos, especiali zados na feitura de pequenos quadros e no afã muito menos penoso do polimento".

Santo Inácio, neste longo trecho, sem inveja e com humildade, responde: "No

"Dies irac", o pecador atribulado, com a visão de suas culpas c dc .seus erros,

75

Êle é verdadeiro

fôlhas diárias, alguns trabalhos cm que

pontífice nessas cousas. Mas eu? Santo

pus o mellior que supunha saber sôbre uns quantos assuntos. Agradeço a todos os amigos essa nobre.lembrança. Claro que o livro que daí resultar pertence a esses amigos". Desprovido de bens materiais, mas ri

Deus, como sinto e lealmente confesso

minha pequenez 1

Domine, non stnn

dignus. So o Amigo e.xigir, obedecerei à sua ordem, por amor e respeito à obediên

cia, e para mortificar minha vaidade, certo, porém, de que não me julgo idô neo nem preparado para tal missão.

e.vclama :

lar riquezas.

Eu que só sei e lamento quanto igno

Nasceu exclusivamente para servir à causa pública.

Prívei-me na sua intimidade e conheci

Quem patronum rogaturus Cum vix justus sit sccunis.

mens e cousas. Espírito de raro equilí brio, a detração e o elogio recebidos

tão mal sei julgar as próprias, a ponto

de lhes consentir aparecerem I... Só poderia

salientar o ambiente de

desconhecimento generalizado cm que a Sociedade de Jesus tem crescido c pre.»)tado seus admiráveis serviços, niostror

niai.s rima vez que eles são os grandes caluniados da História.

Citarei meu

proprio caso, confessando ignorar, mais

do que devera, o Ratio Studiorum, o c[ue me impediu, em várío.s pontos, de ser justo na minha apreciação de 1911. Te rei de sublinhar o grave êrro histórico

de apreciar e parcialmente condenar a obra pedagógica de Santo Inácio, à luz

das idéias dos séculos XIX e XX, c para isso restituíria os planos de 1599 ao tem po e ao meio em que foram formulados e postos em prática.

creveu uns sessenta volumes...

seu livro merece muito mais, e de espí rito mais autorizado que o meu. Compreendo e louvo que nosso gran-

Tudo isso é pouco, pouquíssimo, e

J.

Inteligentíssimo, trabalhador e econô

lhos do mesmo quilate. Mas julgar !...

alguns de seus julgamentos sôbre ho

que justo, de dizer dc seu 1í\to. Quem sou eu para apreciar obra alheia, eu que

ra estremecida.

mico, ainda assim não conseguiu acumu

Quid sum miser, tunc dictunis

E' meu sentimento próprio ao ler seu pedido, bondoso e indulgentc mais do

co de idealismo, e com a idéia fixa no Brasil, oferecia o seu labor inteiro à ter

Creia que, com grande prazer, estou a seu dispor para revisões e outros traba ro 1"...

Esquecem ainda esses críticos impie dosos que Caíógeras, homem de ação, es Modéstia quase doentia — todos Os seus amigos o atestam — a do intelectual

ECONÓ^UCO

de Capistrano fale.

ra e confirma a veracidade das doutri nas do atavismo. Calóçeras seria histo riador como um Bach haveria de ser

mas ao Padre Madnrcira

DiCESTO

Caíógeras viveu e morreu pobre. XVI O Cristão

lhe eram quase indiferentes. Se, com a sua generosidade, não en

Caíógeras, de família de gregos cis-

contrava mérito nos livros que o procu

máticos, foi batizado na religião dos seus

ravam elevar, com citações amáveis, era

pais.

incapaz de uma inverdade. Está, pois, justificada a sua categórica declaração a

que professou nos últimos sete anos de

Gustão da Cunha: "Tôda a minha cor

esforços e aos talentos do Padre Madu-

respondência poderá vir a público.

reira, da Companlúa de Jesus.

Nimca menti".

De julho de 1926 a julho de 1928, Caíógeras trocou com esse grande após

Os detratores de Caíógeras, não lhe

podendo negar a formidável cultura, que o tornava uma figura singular no am

biente político brasileiro, acoimavam-no. com perversidade, de milionário. Em 1930, assim me escrevia, ao receber a

comunicação de que os seus amigos de São Paulo iriam imprimir o "Res Nostra": "Obrigadíssimo pela generosa e delicada lembrança de reimprünirem trabalhos meus esparsos. De fato, não o

poderia eu pessoalmente fazer; há lua ano que não trabalho; a minha vida ma terial exige de minha parte cuidadoso regime, para não seguir o exemplo do Brasil, a lutar com os "deficits". Sensi

A sua conversão ao catolicismo,

vida, deveu, com a graça divina, aos

tolo da Ordem de Santo Inácio uma sé

rie de cartas eruditas, procurando delir tôdas as suas dúvidas religiosas, notadamente a da existência real na Comunhão.

Escritas com alma, sem um artifício,

confundindo-se com a própria verdade, constituem

esses

documentos

manan

cial precioso para espelhar o verdadeiro Caíógeras: sábio e santo. Transcrevendo alguns trechos dessa correspondência, outro objetivo não me anima senão o de evidenciar que a sua conversão foi consciente e só atingiu a

fé absoluta pelo raciocínio e pela lógica. Dos inéditos, o Padre Leonel Franca,

bilizou-me, portanto, muito fundo o não

com o intuito de levar às consciências

desaparecerem, na duração efêmera das

iim ralo de luz e o estímulo para serem


Í7J

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70

Dicesto EcoNÓhaco

melhores, já divulgou essa encantadora e suave prece "Ascensões d'Alma", redigi da quando já integrado na posse com pleta da verdade religiosa. O notável jesuíta, autor de "Psicolo gia da Fé", comentando-a, com a auto ridade da sua pena, escreveu no "In Memoriam" talvez o mais emocionante de

seus trabalhos. No dizer do Padre Ma-

dureira, há naquela oração pensamentos dignos de Santo Agostinho.

E' desnecessária, pois, qualquer pala vra sôbre o valor dessa lição de humil dade e de £é religiosa.

Citarei apenas o depoimento de um

paulista ilustre. Convertido à Igreia de

Roma Pedro de Toledo, que foi quando Ministro severamente criticado pelo Calogeras, nobremente proclamou esta verdade: neste mundo, em que se con tam por legiões as almas mortas, Caló-

77

Digesto Econômico

Reconheço, aliás, que na minha bro chura não fui bastante claro. Acontece que, recentemente, tive de

bom aluno: apenas um espírito curioso

nunca me tentou e por isso nenhum mé

ao qual interessa

rito tenho em nada ter feito por con

abordar o problema, para estudar as chamadas Emendas religiosas, ofereci

Em seguida, agradecia o prazer que

lhe proporcionava o esclarecimento de

das à Constituição, c creio ter ní deixa

tantas dxividas e não se pejava em con

do um pensamento menos confuso. Re meto-lhe um exemplar do artigo que es

fessar: "Do Ratio Studiorum tinha no

fundamente tôda a

obra divina da Criação".

quistá-la de modo escuso ou mesmo por trabalho de mero proveito material. Os Ministérios, eu os conto como os perío

crevi em 24 de outubro de 25, a fim de

desconhecia por completo. Fêz-se bas

lhe mostrar que não estamos tão separa

tante luz, após o atento estudo que aca

dos de maior provação de minha vida, pelo muito que procurei fazer e pelo pouco que consegui, pelo muito que me fèz sofrer a injustiça dos homens, de turpando e caluniando meus mais puros

dos quanto poderia parecer. Além do que, certas observações mi nhas são relativas a métodos pedagó

bo de realizar com as provas".

esforços.

gicos".

Logo a seguir, confessando-se admira

dor dos jesuítas, c.stranliava que se e.xaltasse Anchicta e se olvidasse Manuel

ção imperfeitíssima; certos

pontos eu

Insistia novamente em declarar que

continuava a lucrar c a aprender com a leitura: "Assim, na questão da Ínictíitiva, na da uniformidade do tipo mental, tinha eu idéias falsas em alguns pontos e a latere em outros. Seu trabalho depu

Sofrimentos morais terríveis,

que ofereci ao Senhor. Das bajulaçõe.s sempre tive horror e dó: basta dizer-Uie que nunca os bajuladores tiveram jun to a mim outro acesso senão o que me

impunham as necessidades do serriço

público. Nimca insistiram e nunca lhes dei entrada no círculo de minhas amiza

da Nóbrega. Estadista e não crente, opinava: "Tenho, pelo primeiro, a ve neração que merece um homem que tal vez venha a ser canonizado por suas vir

rou meu conceito anterior.

temáticos da S. J. Acho até em ambos

querem mal, e, eu mesmo, a ninguém

E' a impressão que também nos dá

tudes e por seus feitos. Pelo segundo, nutro a admiração a que fazem jus o cé

largo esforço liberal por bem entende

quero mal".

O manuseio desse tesouro, que é a sua correspondência íntima. Será a minha

rebro político, a administração arguta o

rem a Ordem e Uie tributarem louvores.

enérgica, a visão quase profética do pri meiro chefe da leva que aportou ao Bra

De outro ponto de vista, mas que e.x-

gumas linhas de Capistrano para o seu

plana o que sinto e traduz um pouco o que quero, eles representam, protestan

livro e pedia a intercessão de Caló

sil com Tomé de Sousa. E é esse senti

mento histórico que me causa mágua

tes embora, o papel que os soberanos

lhe remetera provas, para leitura, do vo

em ver Nóbrega olvidado.

antigos queriam ter na igreja; bispo de

lumoso trabalho sôbre a Companhia de Jesus, redigido com o maior escrúpulo.

Ouçamos a resposta, de valor tão sig nificativo e insofismável prova, há de se reconhecer, do caráter do insuperá

jesuítas, eu veria a Nóbrega como figu

geras tomou-se digno de um altar.

única fonte.

Calógeras conheceu o Padfe Madureira por intermédio de Capistrano, que

Apressou-se o copioso publicista, em

sua primeira carta, em lhe dizer: "Per

No monumento que o Brasil deve aos

Há certos

trechos, entretanto, cm que divergimos

um pouco. Não tenho Boehmer, e me nos ainda Monod, como adversários sis

fora. Em Monod, especialmente, a sim

ra centralj ao crmão Josepli, como acó-

patia pelos jesuítas é evidente". Ao agradecer os votos ardentes de fe

litoj e aos admiráveis Luiz da Grã, Francisco Pinto, Aspilcueta Navarro e

licidades do Padre Madureira que, aos

des. Não é orgulho, sim sentimento de mal-estar. Nem ódio ou desamor, pois

oro díàriamente por aqueles que me Deseja\'a o Padre Madureira obter al geras.

vel autor dos "Capítulos da História Co lonial" : "Ao Capistrano, que vejo qua se diàriamente, falarei novamente sôbre

fiquei penhoradíssimo com sua exclusiva

tantos outros, em bai.xos-relevos, abawo do primeiro. A Vieira eu colocaria no

bondade para comigo. Non sum dignus,

grupo principal, subordinado também a

tava outras letras, respondia Calógeras

seu desejo, e com êle insistirei para que não deixe de corresponder ao apêlo. Nosso amigo é avesso a escrever, e acha desvahoso quanto lhe sai da pena. Êsse

DoTnine, repito, humilde e convencida

Nóbrega.

com sinceridade e altivez: "Das letras

feitio, com a idade, vai-se tomando do

que me deseja, e que tanto bem me fa

minante. Já me disse que nada escre

corri-as com a mais viva curiosidade, e

mente. Certas reservas e correções feitas

Como sabe, ventas prcevalebít e há

três "ss" pedidos do escolástico belga da Companhia, São João Berchmans — saúde, sciencia o santidade — acrescen

a meu opúsculo pelo Am.°, são, em gran

de chegar o dia em que essa dívida se

riam

de parte, devidas à divergência dos pon

tes algumas de que também precisaria,

veria, que o estimava muito, e que sua colaboração fôra uma prova de muito

tos de vista. O Amigo escreve sob o

rá paga aos formadores mentais e reli giosos do nossa terra".

aspecto confissional. Eu rabisquei do ângulo de visão de homem de governo,

Revendo as provas, acentuava modes tamente: "Óbvio que o farei do ponto

tais como caridade maior para o próxi mo, humildade maior pelo nada que sou.

era impossível, pois suas convicções pró

neutro em assunto religioso. Daí, con clusões algo distintas.

de vista tipográfico, pois, longe de ser mestre em pedagogia, nem sequer sou

se eu as possuísse, estão ausen

aprêço em que o tem; mas que escrever

dosa carta, creio que não experimento

prias diferiam muito das do Am.° e que se a probidade cientifica lhe permitia a

sacrifício.

revisão, as convicções não consentiriam

Das que me faltam, segundo sua bon A riqueza, à fé em Deus,


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Dicesto EcoNÓhaco

melhores, já divulgou essa encantadora e suave prece "Ascensões d'Alma", redigi da quando já integrado na posse com pleta da verdade religiosa. O notável jesuíta, autor de "Psicolo gia da Fé", comentando-a, com a auto ridade da sua pena, escreveu no "In Memoriam" talvez o mais emocionante de

seus trabalhos. No dizer do Padre Ma-

dureira, há naquela oração pensamentos dignos de Santo Agostinho.

E' desnecessária, pois, qualquer pala vra sôbre o valor dessa lição de humil dade e de £é religiosa.

Citarei apenas o depoimento de um

paulista ilustre. Convertido à Igreia de

Roma Pedro de Toledo, que foi quando Ministro severamente criticado pelo Calogeras, nobremente proclamou esta verdade: neste mundo, em que se con tam por legiões as almas mortas, Caló-

77

Digesto Econômico

Reconheço, aliás, que na minha bro chura não fui bastante claro. Acontece que, recentemente, tive de

bom aluno: apenas um espírito curioso

nunca me tentou e por isso nenhum mé

ao qual interessa

rito tenho em nada ter feito por con

abordar o problema, para estudar as chamadas Emendas religiosas, ofereci

Em seguida, agradecia o prazer que

lhe proporcionava o esclarecimento de

das à Constituição, c creio ter ní deixa

tantas dxividas e não se pejava em con

do um pensamento menos confuso. Re meto-lhe um exemplar do artigo que es

fessar: "Do Ratio Studiorum tinha no

fundamente tôda a

obra divina da Criação".

quistá-la de modo escuso ou mesmo por trabalho de mero proveito material. Os Ministérios, eu os conto como os perío

crevi em 24 de outubro de 25, a fim de

desconhecia por completo. Fêz-se bas

lhe mostrar que não estamos tão separa

tante luz, após o atento estudo que aca

dos de maior provação de minha vida, pelo muito que procurei fazer e pelo pouco que consegui, pelo muito que me fèz sofrer a injustiça dos homens, de turpando e caluniando meus mais puros

dos quanto poderia parecer. Além do que, certas observações mi nhas são relativas a métodos pedagó

bo de realizar com as provas".

esforços.

gicos".

Logo a seguir, confessando-se admira

dor dos jesuítas, c.stranliava que se e.xaltasse Anchicta e se olvidasse Manuel

ção imperfeitíssima; certos

pontos eu

Insistia novamente em declarar que

continuava a lucrar c a aprender com a leitura: "Assim, na questão da Ínictíitiva, na da uniformidade do tipo mental, tinha eu idéias falsas em alguns pontos e a latere em outros. Seu trabalho depu

Sofrimentos morais terríveis,

que ofereci ao Senhor. Das bajulaçõe.s sempre tive horror e dó: basta dizer-Uie que nunca os bajuladores tiveram jun to a mim outro acesso senão o que me

impunham as necessidades do serriço

público. Nimca insistiram e nunca lhes dei entrada no círculo de minhas amiza

da Nóbrega. Estadista e não crente, opinava: "Tenho, pelo primeiro, a ve neração que merece um homem que tal vez venha a ser canonizado por suas vir

rou meu conceito anterior.

temáticos da S. J. Acho até em ambos

querem mal, e, eu mesmo, a ninguém

E' a impressão que também nos dá

tudes e por seus feitos. Pelo segundo, nutro a admiração a que fazem jus o cé

largo esforço liberal por bem entende

quero mal".

O manuseio desse tesouro, que é a sua correspondência íntima. Será a minha

rebro político, a administração arguta o

rem a Ordem e Uie tributarem louvores.

enérgica, a visão quase profética do pri meiro chefe da leva que aportou ao Bra

De outro ponto de vista, mas que e.x-

gumas linhas de Capistrano para o seu

plana o que sinto e traduz um pouco o que quero, eles representam, protestan

livro e pedia a intercessão de Caló

sil com Tomé de Sousa. E é esse senti

mento histórico que me causa mágua

tes embora, o papel que os soberanos

lhe remetera provas, para leitura, do vo

em ver Nóbrega olvidado.

antigos queriam ter na igreja; bispo de

lumoso trabalho sôbre a Companhia de Jesus, redigido com o maior escrúpulo.

Ouçamos a resposta, de valor tão sig nificativo e insofismável prova, há de se reconhecer, do caráter do insuperá

jesuítas, eu veria a Nóbrega como figu

geras tomou-se digno de um altar.

única fonte.

Calógeras conheceu o Padfe Madureira por intermédio de Capistrano, que

Apressou-se o copioso publicista, em

sua primeira carta, em lhe dizer: "Per

No monumento que o Brasil deve aos

Há certos

trechos, entretanto, cm que divergimos

um pouco. Não tenho Boehmer, e me nos ainda Monod, como adversários sis

fora. Em Monod, especialmente, a sim

ra centralj ao crmão Josepli, como acó-

patia pelos jesuítas é evidente". Ao agradecer os votos ardentes de fe

litoj e aos admiráveis Luiz da Grã, Francisco Pinto, Aspilcueta Navarro e

licidades do Padre Madureira que, aos

des. Não é orgulho, sim sentimento de mal-estar. Nem ódio ou desamor, pois

oro díàriamente por aqueles que me Deseja\'a o Padre Madureira obter al geras.

vel autor dos "Capítulos da História Co lonial" : "Ao Capistrano, que vejo qua se diàriamente, falarei novamente sôbre

fiquei penhoradíssimo com sua exclusiva

tantos outros, em bai.xos-relevos, abawo do primeiro. A Vieira eu colocaria no

bondade para comigo. Non sum dignus,

grupo principal, subordinado também a

tava outras letras, respondia Calógeras

seu desejo, e com êle insistirei para que não deixe de corresponder ao apêlo. Nosso amigo é avesso a escrever, e acha desvahoso quanto lhe sai da pena. Êsse

DoTnine, repito, humilde e convencida

Nóbrega.

com sinceridade e altivez: "Das letras

feitio, com a idade, vai-se tomando do

que me deseja, e que tanto bem me fa

minante. Já me disse que nada escre

corri-as com a mais viva curiosidade, e

mente. Certas reservas e correções feitas

Como sabe, ventas prcevalebít e há

três "ss" pedidos do escolástico belga da Companhia, São João Berchmans — saúde, sciencia o santidade — acrescen

a meu opúsculo pelo Am.°, são, em gran

de chegar o dia em que essa dívida se

riam

de parte, devidas à divergência dos pon

tes algumas de que também precisaria,

veria, que o estimava muito, e que sua colaboração fôra uma prova de muito

tos de vista. O Amigo escreve sob o

rá paga aos formadores mentais e reli giosos do nossa terra".

aspecto confissional. Eu rabisquei do ângulo de visão de homem de governo,

Revendo as provas, acentuava modes tamente: "Óbvio que o farei do ponto

tais como caridade maior para o próxi mo, humildade maior pelo nada que sou.

era impossível, pois suas convicções pró

neutro em assunto religioso. Daí, con clusões algo distintas.

de vista tipográfico, pois, longe de ser mestre em pedagogia, nem sequer sou

se eu as possuísse, estão ausen

aprêço em que o tem; mas que escrever

dosa carta, creio que não experimento

prias diferiam muito das do Am.° e que se a probidade cientifica lhe permitia a

sacrifício.

revisão, as convicções não consentiriam

Das que me faltam, segundo sua bon A riqueza, à fé em Deus,


Dxgrsto Econômico

78

aprovar tudo quanto está no livro. Res pondi-lhe que, em poucas linhas, pode ria aludir às divergências, mas salientar as concordâncias

com mais

extensão.

Voltarei ao assunto, c espero convencêlo. E' ele uma das almas mais nobres,

mais altas, mais sensíveis, que conheço.

díndo-me. estas, em meu íntimo me senti

culpado c me penitenciei 1. . . Como vê o Amigo, sou insensível ao chamado respeito humano, covardia mo ral, quando não cálculo de conveniên cias.

Sou, por convicção, um isolado e um

tir ao retiro recluso de fevereiro em Fri--

burgo, Calógeras escreve carta de cstftinha sinceridade. Há trechos edificantcs como este: "Sou e sempre fui um tímü

do, um solitário. Procuro sistematica mente, nao por afetação, mas por índo

le intima, posições sem evidência. De las, só forçado me tenho separado. Sou pouco praHcante, se bem que ore ma -

.

'

-

oie

ma-

e noite, pelo menos. Faço-o, entre ■»tanto, como ensinou o Mestre: "Tu autem cum oraveris, intra in cubiculum tuum, et clauso ostio, ora Patrem tuum nha

in abscondito. . . "

a existência.

Tão intensa, tão terrivel

mente presente e operante,

que nunca

me defendi de acusações, veritas prceva-

lebit, e nunca me prendi pelas aprecia

ções humanas.

Não por orgulho, que

não creio ter,

mas por sentir o saber

que minhas vozes interiores tinliam ou

tro peso, outra severidade e outras san ções morais do que as mesquinhas cen suras epidérmicas das paixões do dia. Quantas vézes, inversamente, aplau-

mais pujante por sua seqüência, sua fi delidade dogmática e disciplinar, era uma censura e uma repulsa ao caos dis ciplinar e dogmático de Constantinopla.

religiosa, as sedes de Antióquia e de Ale xandria. Avultava Roma, à qual, aliás,

Esta não podia de bom grado aceitar a superioridade da Cidade Eterna. E, co

mento, ofereço a Deus cm resgate de

minhas culpas". Faz cm seguida a descrição do meio religioso e moral em que nasceu e foi

vista humano, e não religioso, mas que

me levava a concluir pela supremacia

criança, procurei saber a diferença entre

manifestação do velho conflito de auto

o de suas simpatias o clero ocidental,

ridade — o papa, cabeça da Igreja, ou o parlamentarismo episcopal a que só o Concilio do Vaticano pôs termo em

desde sua cabeça visível até os últimos

batizado, acrescentando: "Muitas vêzes, as duas religiões, e sempre, na minha

família, me responderam ser quase nula: a que.stão da supremacia papal, o modo

de fazer o "pelo sinal", a autoridade dos padres da Igreja. Mais tarde, cres cendo c procurando compreender, é que pude verificar os fatos".

Profundamente erudito, nos dá esta

magnífica lição de história religiosa: Ignorante como sou cm teologia, não

ocidental.

Quanto ao filioque, era ainda grave

1870.

Note que não entro na parte dogmá tica, por minha evidente incompetên cia . Fere-mo o espírito o lado, digamos, disciplinar: a noção e a modalidade da autoridade. Desde que, passados os pri meiros tempos da Igreja primitiva, se

posso nem tento entrar nas discussões do

fêz sentir a necessidade de organização

omoios c do omonsios; o nos fundamen

no seio da massa crescente dos fiéis, as soluções foram idênticas: dioceses, sés

Credo. Apenas, como amador das coi

patriarcais, concentração da fonte disci plinar em número limitado de cabeças.

tos da recusa de aceitar o filioque do

sas ^históricas, posso procurar entrever . ^^zões, no plano histórico, para com co ou ginástica labial, mas pondo tôda preender os empecilhos que sempre fi

nhor. Êrro, insuficiente instrução, tal vez, mas, certamente, fmto direto da intensíssiraa vida interior que me guia

própria história e se afirmava cada vez

e dos monofisitas que enfraqueceram, respectivamente, em sua ação política e Conslantínopla prestou ho

Faço-o não como exercício mnemôni-

a minha alma na comunhão com o Se

vista puramente humano, surgiu da

siásticas e os triunfes do nestorianismo

Repito ainda: era ponto de

tanta bondade e tanta elevação se não baseiem em um fundo latente e inconfessado de ideal. Não sei como ele o

Convidado com insistência para assis

concilies e de outras assembléias ecle

menagem.

mudo. O que daí me advém de sofri

minado mas presente".

79

Econômico

mais tarde,

Diz-se ateu, mas parece impossível que

quereria denominar, mas, para mim, te nho que êsse Ideal Superior é Deus, ino-

DiGESTo

Das três capitais iniciais, duas vão ca

minhando para o ocaso, enquanto a ou

mo religião e política desde remotas eras se aliavam nas regiões do Oriente, a repercussão disciplinar se fazia sentir

no rumo de dissociar do poder imperial párocos. Fotius, imi dos principais fatôres do dissídio, é um caso político de ambição não satisfeita. A excomunhão fulminada

por Leão IX contra Miguel Cerulário e

tôda a Igreja oriental rematava, por um

ato gravíssimo, o longo dissídio que vai de Nicéía a 1054. Que não risava con

seqüências perpétuas, a prova está nas tentativas freqüentes da União, que Ro ma sempre pro\'ocou, mas que Constan

tinopla só iniciou sob pressão de fato.s políticos, e não de acordo dogmático.

Tanto que não fnitifícaram, senão na escala mínima das cristandades uníatas.

Digo-lhe tudo isso, meu padre, para

zeram malograr os esforços dc reunião:

tra, liberta da tutela imperial, e regida por grandes bispos, mantém a pureza da

Uie explicar o processo formativo de mi nha situação religiosa. Creio que me

primeiras sedes patriarcais, Alexandria, Antióquia o Roma, deu o primado a es

fó e o prestígio espiritual. Surge o no

não atribuirá o mau gosto de fazer eru

vo patriarcado em Constantinopla, sob a pressão dos basiléis, que chegaram a fazer mártires de muitos patriarcas. Mui

dição

água ao mar.

tos foram heróis, mártires, mas nem a todos coube tal excelência. Isto, cessões

pouco

a questão de disciplina, que,

das três

ta; a questão dogmática referente ao Es pirito Santo, ou o caso do filioqtie.

E desse ponto de vista, puramente

hj^ano, é certo, não tive como desco

nhecer que o espírito argumentador e chicanista dos sofistas gregos tinha con tinuado a animar êsses teólogos natos que são os orientais, enquanto' nos lati nos perduravam a clareza e a simplici dade do pensamento romano. Como

conseqüência, as disputas sem fim dos

compulsórias, a religião caída em ques

barata, ou de pretender levar

Assim, por êsses motivos, fui levado a pouco a me

aproximar

de

Roma.

Hoje, em minhas devoções, faço o si

tão do Estado, turbas fanáticas etc., tu

nal da cruz da esquerda para a direita,

do explica a paralisação relativa do es

e não em sentido inverso com os três

pírito verdadeiramente religioso que deu lugar às agitações externas, de que, na

dedos, como faz o ritual grego. Rezo o

iconoclãstia, temos a manifestação mais

mo fazia.

ruidosa e mais séria.

O primado romano, que, do ponto de

Pater Noster, e não o Pater eniün co

Ainda restam, contudo, numerosos há bitos anteriores.


Dxgrsto Econômico

78

aprovar tudo quanto está no livro. Res pondi-lhe que, em poucas linhas, pode ria aludir às divergências, mas salientar as concordâncias

com mais

extensão.

Voltarei ao assunto, c espero convencêlo. E' ele uma das almas mais nobres,

mais altas, mais sensíveis, que conheço.

díndo-me. estas, em meu íntimo me senti

culpado c me penitenciei 1. . . Como vê o Amigo, sou insensível ao chamado respeito humano, covardia mo ral, quando não cálculo de conveniên cias.

Sou, por convicção, um isolado e um

tir ao retiro recluso de fevereiro em Fri--

burgo, Calógeras escreve carta de cstftinha sinceridade. Há trechos edificantcs como este: "Sou e sempre fui um tímü

do, um solitário. Procuro sistematica mente, nao por afetação, mas por índo

le intima, posições sem evidência. De las, só forçado me tenho separado. Sou pouco praHcante, se bem que ore ma -

.

'

-

oie

ma-

e noite, pelo menos. Faço-o, entre ■»tanto, como ensinou o Mestre: "Tu autem cum oraveris, intra in cubiculum tuum, et clauso ostio, ora Patrem tuum nha

in abscondito. . . "

a existência.

Tão intensa, tão terrivel

mente presente e operante,

que nunca

me defendi de acusações, veritas prceva-

lebit, e nunca me prendi pelas aprecia

ções humanas.

Não por orgulho, que

não creio ter,

mas por sentir o saber

que minhas vozes interiores tinliam ou

tro peso, outra severidade e outras san ções morais do que as mesquinhas cen suras epidérmicas das paixões do dia. Quantas vézes, inversamente, aplau-

mais pujante por sua seqüência, sua fi delidade dogmática e disciplinar, era uma censura e uma repulsa ao caos dis ciplinar e dogmático de Constantinopla.

religiosa, as sedes de Antióquia e de Ale xandria. Avultava Roma, à qual, aliás,

Esta não podia de bom grado aceitar a superioridade da Cidade Eterna. E, co

mento, ofereço a Deus cm resgate de

minhas culpas". Faz cm seguida a descrição do meio religioso e moral em que nasceu e foi

vista humano, e não religioso, mas que

me levava a concluir pela supremacia

criança, procurei saber a diferença entre

manifestação do velho conflito de auto

o de suas simpatias o clero ocidental,

ridade — o papa, cabeça da Igreja, ou o parlamentarismo episcopal a que só o Concilio do Vaticano pôs termo em

desde sua cabeça visível até os últimos

batizado, acrescentando: "Muitas vêzes, as duas religiões, e sempre, na minha

família, me responderam ser quase nula: a que.stão da supremacia papal, o modo

de fazer o "pelo sinal", a autoridade dos padres da Igreja. Mais tarde, cres cendo c procurando compreender, é que pude verificar os fatos".

Profundamente erudito, nos dá esta

magnífica lição de história religiosa: Ignorante como sou cm teologia, não

ocidental.

Quanto ao filioque, era ainda grave

1870.

Note que não entro na parte dogmá tica, por minha evidente incompetên cia . Fere-mo o espírito o lado, digamos, disciplinar: a noção e a modalidade da autoridade. Desde que, passados os pri meiros tempos da Igreja primitiva, se

posso nem tento entrar nas discussões do

fêz sentir a necessidade de organização

omoios c do omonsios; o nos fundamen

no seio da massa crescente dos fiéis, as soluções foram idênticas: dioceses, sés

Credo. Apenas, como amador das coi

patriarcais, concentração da fonte disci plinar em número limitado de cabeças.

tos da recusa de aceitar o filioque do

sas ^históricas, posso procurar entrever . ^^zões, no plano histórico, para com co ou ginástica labial, mas pondo tôda preender os empecilhos que sempre fi

nhor. Êrro, insuficiente instrução, tal vez, mas, certamente, fmto direto da intensíssiraa vida interior que me guia

própria história e se afirmava cada vez

e dos monofisitas que enfraqueceram, respectivamente, em sua ação política e Conslantínopla prestou ho

Faço-o não como exercício mnemôni-

a minha alma na comunhão com o Se

vista puramente humano, surgiu da

siásticas e os triunfes do nestorianismo

Repito ainda: era ponto de

tanta bondade e tanta elevação se não baseiem em um fundo latente e inconfessado de ideal. Não sei como ele o

Convidado com insistência para assis

concilies e de outras assembléias ecle

menagem.

mudo. O que daí me advém de sofri

minado mas presente".

79

Econômico

mais tarde,

Diz-se ateu, mas parece impossível que

quereria denominar, mas, para mim, te nho que êsse Ideal Superior é Deus, ino-

DiGESTo

Das três capitais iniciais, duas vão ca

minhando para o ocaso, enquanto a ou

mo religião e política desde remotas eras se aliavam nas regiões do Oriente, a repercussão disciplinar se fazia sentir

no rumo de dissociar do poder imperial párocos. Fotius, imi dos principais fatôres do dissídio, é um caso político de ambição não satisfeita. A excomunhão fulminada

por Leão IX contra Miguel Cerulário e

tôda a Igreja oriental rematava, por um

ato gravíssimo, o longo dissídio que vai de Nicéía a 1054. Que não risava con

seqüências perpétuas, a prova está nas tentativas freqüentes da União, que Ro ma sempre pro\'ocou, mas que Constan

tinopla só iniciou sob pressão de fato.s políticos, e não de acordo dogmático.

Tanto que não fnitifícaram, senão na escala mínima das cristandades uníatas.

Digo-lhe tudo isso, meu padre, para

zeram malograr os esforços dc reunião:

tra, liberta da tutela imperial, e regida por grandes bispos, mantém a pureza da

Uie explicar o processo formativo de mi nha situação religiosa. Creio que me

primeiras sedes patriarcais, Alexandria, Antióquia o Roma, deu o primado a es

fó e o prestígio espiritual. Surge o no

não atribuirá o mau gosto de fazer eru

vo patriarcado em Constantinopla, sob a pressão dos basiléis, que chegaram a fazer mártires de muitos patriarcas. Mui

dição

água ao mar.

tos foram heróis, mártires, mas nem a todos coube tal excelência. Isto, cessões

pouco

a questão de disciplina, que,

das três

ta; a questão dogmática referente ao Es pirito Santo, ou o caso do filioqtie.

E desse ponto de vista, puramente

hj^ano, é certo, não tive como desco

nhecer que o espírito argumentador e chicanista dos sofistas gregos tinha con tinuado a animar êsses teólogos natos que são os orientais, enquanto' nos lati nos perduravam a clareza e a simplici dade do pensamento romano. Como

conseqüência, as disputas sem fim dos

compulsórias, a religião caída em ques

barata, ou de pretender levar

Assim, por êsses motivos, fui levado a pouco a me

aproximar

de

Roma.

Hoje, em minhas devoções, faço o si

tão do Estado, turbas fanáticas etc., tu

nal da cruz da esquerda para a direita,

do explica a paralisação relativa do es

e não em sentido inverso com os três

pírito verdadeiramente religioso que deu lugar às agitações externas, de que, na

dedos, como faz o ritual grego. Rezo o

iconoclãstia, temos a manifestação mais

mo fazia.

ruidosa e mais séria.

O primado romano, que, do ponto de

Pater Noster, e não o Pater eniün co

Ainda restam, contudo, numerosos há bitos anteriores.


Digesto Econômico »M1C0

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Como sabe, nunca houve igreja orto doxa no Rio.

Além disso, a confissão

quase só existe nominalmente e a co

M

Amor. E' minha ignorância, minha in-| ' compreensão, que me detêm. Bem vê que ainda não amadureci

'

Digesto Econômico

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mágua, pois sei compreender c acatar as imposições dos imperativos categóri cos"; o sôbre o retiro, insistia na tecla

bastante. Sei que o ideal seria possuir a alma branca da santa pucrícia. E, ai do mim 1 ainda estou por demais enve

anterior e reafirmava: "Creia que sou sincero, dizendo que preciso pensar. Em

nenado por meus hábitos de homem ra-

culparia de proceder sem funda medita

ciocinante.

Não me repugna coisa alguma da li ção católica. Mas a conheço tão pouco,

são e à comunhão. Calógeras não es

ção. O respeito profundo que tenho por tais assuntos exige que eu aja com âni mo religioso, isto é, formando bloco,

apesar de tudo. Por isso, na intensida

conde a sua ignorância e expõe as dú vidas, em busca da verdade: "Da con

de abrasada de meu viver íntimo, bus

sentimentos, pensamentos e atos. Ora,

munhão, sob as duas espécies, não é

freqüente. Nessas condições, e aqui mo rando sempre, é compreensível que eu

mmca haja gado".

confessado nem

comun

Entretanto, os trechos mais interessan tes, a meu ver, são referentes à confis

fissão, quase não preciso dizer que a admiro e nela vejo poderoso elemento de

aperfeiçoamento moral e religioso Tôdi a minha vida, no meu esfôrço, tenho procurado onentar-me no sentido da sin

cera manifestação de minhas intenções e de meus atos. Na.minha vida pública (que nao separo da vida privada) no que escrevo e digo, nas minhas pró

prias cartas pode o amigo ver que Ls-

co quanto possível obedecer-lhe às re gras supremas, ser cristão na medida de

minha fraqueza, sem coragem para sair de minha sombra, adorando o Senhor e o seu altar iluminado do canto escuro

em que vivo, e no qual, com o mais

Tristemente lhe digo, Domine, non sum dignus."

^ Ao remeter ao Padre Madurcira o pre fácio da obra sôbre os jesuítas, dizia Calógeras: "Escrevi por obediência, e

O que me inspira mêdo é a comu nhão. Sou tão ignorante das coisas re

meu Ensaio de 1911, que a leitura das provas do livro

ligiosas í... O Poverello, e era' um san

ciou.

oe

hie re

pecador como eu, por mais sincero e profundo o seu arrependimento, tre ma em aproximar-se da Reconciliação ? Como agir conscientemente ? Eu, que nada sei! Não é o mistério que me re

pele. Mistério é tudo quanto nos cerca, do grão de areia aos sóis, e no mistério se funda a vida e se baseia o Além. Pa-

do Am.° me

eviden

Não preciso lembrar-lhe que, sendo

eu homem de boa fé, e tendo consignado minhas observações como as senti, pos

sível é não sejam inteiramente confor mes com a opinião assente na S. J. Re-

também, sem solicitá-lo em demasia,

que fazer um podido. Não sei porque, apesar de suas pilhérias, respostas nega tivas e declarações humorísticas, tenho a impressão da superficialidade de tudo, como que um aparelho

de defesa da

aeternitatis, que é o ponto de vista da Igreja; eu, do ponto de vista humano da

conciliação de regras mais altas com a tarefa de governar.

reza por ele,

pecador. Judicame, domine, non secun-

to naiuiai uu

trabalho junto ao do Am.°, fica autori

J.A r, r>nmn a T,ii7. Rptó e espírito, rínando quando éé, como a Luz Re

zado a pô-lo na cesta de papéis inúteis,

ligiosa, a Ciência Suprema e o Alto

0 sem que eu experimente

natural do homem, da «j" vida, Ti-,,,, do mun-

Com o Capistrano, por várias vezes, tenlio conversado, e minha Senhora

sentímentalidade própria do nosso ami go. Não posso crer que, bom, dedicado e generoso como é, êle se julgue apenas um amontoado biofísico-químico. Em

corde-se, entretanto, que escrevemos em dois planos diversos: o Am.°, sub specic

\J iXiZdLdXd iXIOj •OVlikliliVylJ do. Antes, o mistério oUôl atraí-me, sentímen-

o mistério (..uuiv como elemenu imoi-ciiv cíwucií-

do amigo dileto. Carinhosamente, assim se manifesta em relação ao inolvidável cearense:

mais procurando criar um ambiente do

Em todo caso, creio que, se houver qualquer inconveniente em figurar meu

reiiiio ra mim, tenho

Creia que sou amigo, mais do que ninguém, lamenta a própria ignorância, Nessas cartas, Capistrano é um dos assuntos prediletos e visível a sua pre ocupação com a falta de religiosidade

confessar dois erros de apreciação do

licet, como admirar que um po-

bato nem nego, ignoro. e procura a luz".

tribunal da penitência.

.

de certos influxos que lhe exporei, pu ramente espirituais e morais. Não com

divinos ensinamentos.

por dever de probidade intelectual de

to, por humildade se não ordenou. Se

no meu microcosmo, a reproduzir o grande mundo e.xterior, sofro o embate

entranhado amor, procuro seguir-lhe os

co por minha alma a nu. Não me re pugna, antes louvo e amo a confissão Nao desconheço, nem limito o poder do

parva

tais questões, essenciais, nada me des

qualquer

^..áL

todo caso, tanta gente lhe quer bem e que sempre haverá na

Bondade Suprema misericórdia para o

pírito, escreveu esta síntese que dispen sa qualquer interpretação: "Não é de hojo que me preocupa o nosso destino. Tive uma fase de hibernação (não de indiferença religiosa). No íntimo, po rém, sempre cri. Como menino e rapaz, pareceu-me prova de superioridade inte

lectual ser materialista. Mas, pouco du rou. Logo vi que, do próprio ponto de \ista meramente humano e experimen tal, eu substituía um postulado basilar por outro; em vez de Deus, a matéria

imortal e permanente na essência, se

bem variá\'el em suas manifestações. Como arguir uma hipótese de anti-cien-

tífica e a outra de ortodo.xa perante o saber humano e.xperiniental, se ambas partiam de um postulado aceito sem de monstração material possível ? Mais, até.

Como assim proceder, se o dogma tem sua vida e sua sanção acima dos senti

dos humanos, num caso, e da matéria, só perquirenda nos laboratórios, e esses tão pouco

dizem e tanto se contradi

zem ?

Breve voltei aos ensinamentos fami

liares. Período longo, em que no sub consciente se elaborava a germinação

da semente, ou antes o frondejar da planta mesquinha, mas sempre viva e imorredoura. Quanto tempo durou, mal poderei dizer. Creio, contudo, que dos 15 aos 25 anos minha vida foi mais vol

tada para o mundo do que para o céu, o então começou a reação. Já aos 40, pude refletir com madureza maior. Uma

coisa, entretanto, lhe posso afirmar: sempre procurei, mesmo na fase amorte

cida de mínlia vida espiritual, seguir o evangelho e ser cristão, tal o afeto en

ternecido que sempre experimentei pelo Salvador. Cada dia aumenta êste, e não

dum magnam iniquitatem meam, seã secundum misericórdia tuam. (Esta é in

leio uma vez a Oratio Montana sem au

finita)".

feito reparo que, em tudo quanto es crevo, falo nela. E' fácil a explicação

Sôbre a evolução religiosa de seu es

mentar êste sentimento. Já se me tem


Digesto Econômico »M1C0

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Como sabe, nunca houve igreja orto doxa no Rio.

Além disso, a confissão

quase só existe nominalmente e a co

M

Amor. E' minha ignorância, minha in-| ' compreensão, que me detêm. Bem vê que ainda não amadureci

'

Digesto Econômico

81

mágua, pois sei compreender c acatar as imposições dos imperativos categóri cos"; o sôbre o retiro, insistia na tecla

bastante. Sei que o ideal seria possuir a alma branca da santa pucrícia. E, ai do mim 1 ainda estou por demais enve

anterior e reafirmava: "Creia que sou sincero, dizendo que preciso pensar. Em

nenado por meus hábitos de homem ra-

culparia de proceder sem funda medita

ciocinante.

Não me repugna coisa alguma da li ção católica. Mas a conheço tão pouco,

são e à comunhão. Calógeras não es

ção. O respeito profundo que tenho por tais assuntos exige que eu aja com âni mo religioso, isto é, formando bloco,

apesar de tudo. Por isso, na intensida

conde a sua ignorância e expõe as dú vidas, em busca da verdade: "Da con

de abrasada de meu viver íntimo, bus

sentimentos, pensamentos e atos. Ora,

munhão, sob as duas espécies, não é

freqüente. Nessas condições, e aqui mo rando sempre, é compreensível que eu

mmca haja gado".

confessado nem

comun

Entretanto, os trechos mais interessan tes, a meu ver, são referentes à confis

fissão, quase não preciso dizer que a admiro e nela vejo poderoso elemento de

aperfeiçoamento moral e religioso Tôdi a minha vida, no meu esfôrço, tenho procurado onentar-me no sentido da sin

cera manifestação de minhas intenções e de meus atos. Na.minha vida pública (que nao separo da vida privada) no que escrevo e digo, nas minhas pró

prias cartas pode o amigo ver que Ls-

co quanto possível obedecer-lhe às re gras supremas, ser cristão na medida de

minha fraqueza, sem coragem para sair de minha sombra, adorando o Senhor e o seu altar iluminado do canto escuro

em que vivo, e no qual, com o mais

Tristemente lhe digo, Domine, non sum dignus."

^ Ao remeter ao Padre Madurcira o pre fácio da obra sôbre os jesuítas, dizia Calógeras: "Escrevi por obediência, e

O que me inspira mêdo é a comu nhão. Sou tão ignorante das coisas re

meu Ensaio de 1911, que a leitura das provas do livro

ligiosas í... O Poverello, e era' um san

ciou.

oe

hie re

pecador como eu, por mais sincero e profundo o seu arrependimento, tre ma em aproximar-se da Reconciliação ? Como agir conscientemente ? Eu, que nada sei! Não é o mistério que me re

pele. Mistério é tudo quanto nos cerca, do grão de areia aos sóis, e no mistério se funda a vida e se baseia o Além. Pa-

do Am.° me

eviden

Não preciso lembrar-lhe que, sendo

eu homem de boa fé, e tendo consignado minhas observações como as senti, pos

sível é não sejam inteiramente confor mes com a opinião assente na S. J. Re-

também, sem solicitá-lo em demasia,

que fazer um podido. Não sei porque, apesar de suas pilhérias, respostas nega tivas e declarações humorísticas, tenho a impressão da superficialidade de tudo, como que um aparelho

de defesa da

aeternitatis, que é o ponto de vista da Igreja; eu, do ponto de vista humano da

conciliação de regras mais altas com a tarefa de governar.

reza por ele,

pecador. Judicame, domine, non secun-

to naiuiai uu

trabalho junto ao do Am.°, fica autori

J.A r, r>nmn a T,ii7. Rptó e espírito, rínando quando éé, como a Luz Re

zado a pô-lo na cesta de papéis inúteis,

ligiosa, a Ciência Suprema e o Alto

0 sem que eu experimente

natural do homem, da «j" vida, Ti-,,,, do mun-

Com o Capistrano, por várias vezes, tenlio conversado, e minha Senhora

sentímentalidade própria do nosso ami go. Não posso crer que, bom, dedicado e generoso como é, êle se julgue apenas um amontoado biofísico-químico. Em

corde-se, entretanto, que escrevemos em dois planos diversos: o Am.°, sub specic

\J iXiZdLdXd iXIOj •OVlikliliVylJ do. Antes, o mistério oUôl atraí-me, sentímen-

o mistério (..uuiv como elemenu imoi-ciiv cíwucií-

do amigo dileto. Carinhosamente, assim se manifesta em relação ao inolvidável cearense:

mais procurando criar um ambiente do

Em todo caso, creio que, se houver qualquer inconveniente em figurar meu

reiiiio ra mim, tenho

Creia que sou amigo, mais do que ninguém, lamenta a própria ignorância, Nessas cartas, Capistrano é um dos assuntos prediletos e visível a sua pre ocupação com a falta de religiosidade

confessar dois erros de apreciação do

licet, como admirar que um po-

bato nem nego, ignoro. e procura a luz".

tribunal da penitência.

.

de certos influxos que lhe exporei, pu ramente espirituais e morais. Não com

divinos ensinamentos.

por dever de probidade intelectual de

to, por humildade se não ordenou. Se

no meu microcosmo, a reproduzir o grande mundo e.xterior, sofro o embate

entranhado amor, procuro seguir-lhe os

co por minha alma a nu. Não me re pugna, antes louvo e amo a confissão Nao desconheço, nem limito o poder do

parva

tais questões, essenciais, nada me des

qualquer

^..áL

todo caso, tanta gente lhe quer bem e que sempre haverá na

Bondade Suprema misericórdia para o

pírito, escreveu esta síntese que dispen sa qualquer interpretação: "Não é de hojo que me preocupa o nosso destino. Tive uma fase de hibernação (não de indiferença religiosa). No íntimo, po rém, sempre cri. Como menino e rapaz, pareceu-me prova de superioridade inte

lectual ser materialista. Mas, pouco du rou. Logo vi que, do próprio ponto de \ista meramente humano e experimen tal, eu substituía um postulado basilar por outro; em vez de Deus, a matéria

imortal e permanente na essência, se

bem variá\'el em suas manifestações. Como arguir uma hipótese de anti-cien-

tífica e a outra de ortodo.xa perante o saber humano e.xperiniental, se ambas partiam de um postulado aceito sem de monstração material possível ? Mais, até.

Como assim proceder, se o dogma tem sua vida e sua sanção acima dos senti

dos humanos, num caso, e da matéria, só perquirenda nos laboratórios, e esses tão pouco

dizem e tanto se contradi

zem ?

Breve voltei aos ensinamentos fami

liares. Período longo, em que no sub consciente se elaborava a germinação

da semente, ou antes o frondejar da planta mesquinha, mas sempre viva e imorredoura. Quanto tempo durou, mal poderei dizer. Creio, contudo, que dos 15 aos 25 anos minha vida foi mais vol

tada para o mundo do que para o céu, o então começou a reação. Já aos 40, pude refletir com madureza maior. Uma

coisa, entretanto, lhe posso afirmar: sempre procurei, mesmo na fase amorte

cida de mínlia vida espiritual, seguir o evangelho e ser cristão, tal o afeto en

ternecido que sempre experimentei pelo Salvador. Cada dia aumenta êste, e não

dum magnam iniquitatem meam, seã secundum misericórdia tuam. (Esta é in

leio uma vez a Oratio Montana sem au

finita)".

feito reparo que, em tudo quanto es crevo, falo nela. E' fácil a explicação

Sôbre a evolução religiosa de seu es

mentar êste sentimento. Já se me tem


^5» Dicesto Econômico

Dicesto EcoNÓAnco

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82

e decorre do que lhe tenho confessado: só escrevo o que sinto, tanto me absor ve 6 dirige minha vida interior, e o Ser mão divino é o ideal supremo que reve

rencio e que procuro, de tão longe, ai de mim, seguir e observar. Assim cheguei, aos poucos, mas com

relativa segurança, onde estou. Não ces sou o movimento, mas ignoro onde me conduzirá ainda". E' uma auto-psicologia.

Contente de retificar erros anteriores,

primeiro deve presidir a tudo, a criatu ra reverenciando, amando c obedecendo ao Criador. Para o Estado, respeitando tôda a crença e dando, sem escolha, o

possível auxílio a tôdas, sem se imiscuir em nenhum. E' o amicum fcedus, a que

fácio, a notícia me foi grata: receava

déstia. Infelizmente, não é assim, nem a

destoar do tom geral de seu livro, o que

modéstia caberia em assunto tão grave.

não seria honesto. Dizia Horacio: sit

E' real o que aleguei. Ou antes, a si

omne simplex, duntaxat et ÜNüM. Por

isso mesmo não aprecio as obras em que o prefaciante, a título de estudo ou de

tive de ler umas tantas coisas, mas a

linguagem comum, a do historiador tam bém, não é a da Igreja, e muito possí vel ó que certas coisas, que minha inte

História da Confederação Argentina, de

Adolfo Saldéas; respeito ambas as opi niões, mas separadasj na mesma enca

dernação, sob a mesma capa, êles hurhnt de se trouver ensemble. Por outro

lado, estimei poder confessar de j)úblico dois erros meus, também praticados de

público, sobre a pedagogia da Socieda de.

Tenho horror à improbidade de

ligência não compreende,

vor. E' .-x explicação, Icntucln cm certOS

jú reconhecido' . Não diverge do Padre Madureira, no que diz rcspcilo ás relações do ensino com a Igreja e o Estado, pois não pen sava em dissociar os dois elementos es pirituais: o educativo e o instrutivo.

"Ambos, para mim, são modos de servir a Deus e ao próximo; primeiro moHvo da unidade essencial. Ambos servem a caridade universal, ensino cristão de um

lado, solidariedade humana do outro. Para cada qual, homem ou família, o

lise, intoxicado polo vírus da leitura e

das discussões científicas, que, por pli intelectual, não sabe caminhar para fren te numa tese sem ter as provas do que ficou para trás. Por mal meu, não sinto bastante e perco-me no dédalo da chi cana do pseudo-íntelectualismo. Eis meu grande mal, entre outros.

Como aproximar-me, de consciência

tranqüila, da mesa da comunhão; como

receber a hóstia do perdão, sem profanála; como ter ti provei clu auproiiia reconcilinção, qnnndo tíil hesitação lavra cni nieu espírito ?

Sim, muiula cor meum et super nioem

dealbabor. Mas é preciso primeiro pu

tidários da presença real. Vejo, sinto e

rificar-me coração e espírito. Há trevo.s

mo comovo com efusSo com o admirá

a espancar. Por isso lhe disse: ainda não

vel símbolo de fraternidade que o Cris to Se dignou de conferir à mísera e mes

csiou maduro. Esclareça-me, dissipe mi nha lamentável inópia de conhecimen tos".

i

Martírio. Vejo o Sermão da Montanha, j

pósito firme de me corrigir. Posso dizer-

lhe que hoje me domino bastante para já não agir como o impulsivo que de fa to sou: reflito e meço meu sentimento para ver se não se afasLa do meu ideal, a oratio montaria, E isso não é recente:

era mais moço; menos falhadamente, à

ça, que age só por sentimento. Mas, sou um velho, inveterado nos hábitos de aná

Rcprodnz-stí cin mim n antiga dispu

e.xamc íntimo de consciência, com o pro

ja. Atribuo, portanto, à minha infinita

Escrevi-lhe, uma voz, que dera tudo

ta dos primeiros séculos da Igreja, o conflito entre os nominalislas e os par

té-Io visto por minhas Ciutas. Renovo-

faz muitos anos que a isto me acostumei,

por ter a mentalidade ingênua da crian

casos, que meu espírito não entende.

discípulo respondia: "Realmente, meu

trem dúvidas sôbre tal ponto. Sei, por outro lado, a lógica profunda da Igre ignorância o que experimento. Preciso compreender, para agir.

Não é o mistério que me abala: o mis tério é o normal da vida para quem sabe

quinha criatura humana. Nele vejo a imensa ternura de um afeto que foi ao Supremo Sacrifício, à Ignomínia o ao

precioso fator de aperfeiçoamento moral. Experimento-a diàriamente, ao fazer um

mentais. E creio saber que concilies condenavam quantos se afastam ou nu

zer a meio. Age quod agis, é ponto de fé para mim. Quando me dou, é sem re

peito próprio que faz persistir no erro,

no Além.

Tenho demasiado respeito de um sa

mais do que ignorância do sentido que a teologia lhes dá. Ora, precisamente, é de um desses casos que vou tratar. Como o amigo tem visto, nada sei fa servas covardes.

lhe minha afirmação anterior: nela vejo

cramento para o praticar com restrições

não sejam

todos os gêneros, e talvez o mais grave modo de se manifestar seja a do pensa mento. Por isso não admito o falso res

Mestre Amado, Luz guiadora na vida e

dá ?

mal sabe os títulos de capítulos de uma obra que desconhece. Històricamente

apresentado. Êsse ó o caso de Mitre na

nidade das lições e dos exemplos do

caso não é o temor da confissão. Deve

real. Não será ignorância minha no senti

tuação é pior: a do meio ignorante que

comentário, investe contra o trabalho

cm símbolo pelos tempos afora. A Eter

do exato e verdadeiro que a Igreja lhe

de em afirmar a sua ignorância religio sa e, com o coração nos lábios, confessa humildemente: "O amigo pensa que fa

lei em minha ignorância por falsa mo

cesse aos retiros espirituais. Tateante, o

Não compreendo bem a presença

aspiram tôdas as almas que se preocu pam com o essencial da vida". Calógeras timbra sempre com lealda

contínua: "Da aprovação do meu pre

coroado e divinízado no Gólgota. A Ceia última. Amor e liame fraterno, repetida

O Padre Madureira não de.sanimava.

Teimava para que Calógeras compare

mas com êxito variável: pouco, quando

medida que meditação e idade e expe riência da vida me fortaleceram. Tanto que, para mim, nada me custaria menos

do que me aproximar com sinceridade inteira do tribunal da penitência. Também me parece não ser meu ca

so, pelo menos, como entendo, o respei to mal entendido e exagerado do sacra

mento. Compreendo e plenamente acei to o verbo conciliar, propier homines. Doutrina do amor, só é lógico e lumino

so o que favorece, aumenta, ampara e consolida o duplo movimento da alma da criatura pelo Criador (amor e adora ção), do Criador para a criatura (amor e amparo patemal). Meu anseio é fnito

de dúplíce hesitar. Um, de banal honeslidiitlc: não praticar um ato de fé, sem

plcilu convicção, respeito c adesão ao sentido próprio que 11)6 dá a auioiltUicle que o instituiu. Outro de incompreen são: vejo e sinto e vivo o slmholo ; não compreendo, por ignorância minha provãvolinentc, o que OS concílios afirma ram ser a verdade — a presença real

Creio saber que o teologia usa as pulnvras com uma significação precisa, que não é em geral a da interpretação vul

gar. Além disso, o anseio próprio do


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e decorre do que lhe tenho confessado: só escrevo o que sinto, tanto me absor ve 6 dirige minha vida interior, e o Ser mão divino é o ideal supremo que reve

rencio e que procuro, de tão longe, ai de mim, seguir e observar. Assim cheguei, aos poucos, mas com

relativa segurança, onde estou. Não ces sou o movimento, mas ignoro onde me conduzirá ainda". E' uma auto-psicologia.

Contente de retificar erros anteriores,

primeiro deve presidir a tudo, a criatu ra reverenciando, amando c obedecendo ao Criador. Para o Estado, respeitando tôda a crença e dando, sem escolha, o

possível auxílio a tôdas, sem se imiscuir em nenhum. E' o amicum fcedus, a que

fácio, a notícia me foi grata: receava

déstia. Infelizmente, não é assim, nem a

destoar do tom geral de seu livro, o que

modéstia caberia em assunto tão grave.

não seria honesto. Dizia Horacio: sit

E' real o que aleguei. Ou antes, a si

omne simplex, duntaxat et ÜNüM. Por

isso mesmo não aprecio as obras em que o prefaciante, a título de estudo ou de

tive de ler umas tantas coisas, mas a

linguagem comum, a do historiador tam bém, não é a da Igreja, e muito possí vel ó que certas coisas, que minha inte

História da Confederação Argentina, de

Adolfo Saldéas; respeito ambas as opi niões, mas separadasj na mesma enca

dernação, sob a mesma capa, êles hurhnt de se trouver ensemble. Por outro

lado, estimei poder confessar de j)úblico dois erros meus, também praticados de

público, sobre a pedagogia da Socieda de.

Tenho horror à improbidade de

ligência não compreende,

vor. E' .-x explicação, Icntucln cm certOS

jú reconhecido' . Não diverge do Padre Madureira, no que diz rcspcilo ás relações do ensino com a Igreja e o Estado, pois não pen sava em dissociar os dois elementos es pirituais: o educativo e o instrutivo.

"Ambos, para mim, são modos de servir a Deus e ao próximo; primeiro moHvo da unidade essencial. Ambos servem a caridade universal, ensino cristão de um

lado, solidariedade humana do outro. Para cada qual, homem ou família, o

lise, intoxicado polo vírus da leitura e

das discussões científicas, que, por pli intelectual, não sabe caminhar para fren te numa tese sem ter as provas do que ficou para trás. Por mal meu, não sinto bastante e perco-me no dédalo da chi cana do pseudo-íntelectualismo. Eis meu grande mal, entre outros.

Como aproximar-me, de consciência

tranqüila, da mesa da comunhão; como

receber a hóstia do perdão, sem profanála; como ter ti provei clu auproiiia reconcilinção, qnnndo tíil hesitação lavra cni nieu espírito ?

Sim, muiula cor meum et super nioem

dealbabor. Mas é preciso primeiro pu

tidários da presença real. Vejo, sinto e

rificar-me coração e espírito. Há trevo.s

mo comovo com efusSo com o admirá

a espancar. Por isso lhe disse: ainda não

vel símbolo de fraternidade que o Cris to Se dignou de conferir à mísera e mes

csiou maduro. Esclareça-me, dissipe mi nha lamentável inópia de conhecimen tos".

i

Martírio. Vejo o Sermão da Montanha, j

pósito firme de me corrigir. Posso dizer-

lhe que hoje me domino bastante para já não agir como o impulsivo que de fa to sou: reflito e meço meu sentimento para ver se não se afasLa do meu ideal, a oratio montaria, E isso não é recente:

era mais moço; menos falhadamente, à

ça, que age só por sentimento. Mas, sou um velho, inveterado nos hábitos de aná

Rcprodnz-stí cin mim n antiga dispu

e.xamc íntimo de consciência, com o pro

ja. Atribuo, portanto, à minha infinita

Escrevi-lhe, uma voz, que dera tudo

ta dos primeiros séculos da Igreja, o conflito entre os nominalislas e os par

té-Io visto por minhas Ciutas. Renovo-

faz muitos anos que a isto me acostumei,

por ter a mentalidade ingênua da crian

casos, que meu espírito não entende.

discípulo respondia: "Realmente, meu

trem dúvidas sôbre tal ponto. Sei, por outro lado, a lógica profunda da Igre ignorância o que experimento. Preciso compreender, para agir.

Não é o mistério que me abala: o mis tério é o normal da vida para quem sabe

quinha criatura humana. Nele vejo a imensa ternura de um afeto que foi ao Supremo Sacrifício, à Ignomínia o ao

precioso fator de aperfeiçoamento moral. Experimento-a diàriamente, ao fazer um

mentais. E creio saber que concilies condenavam quantos se afastam ou nu

zer a meio. Age quod agis, é ponto de fé para mim. Quando me dou, é sem re

peito próprio que faz persistir no erro,

no Além.

Tenho demasiado respeito de um sa

mais do que ignorância do sentido que a teologia lhes dá. Ora, precisamente, é de um desses casos que vou tratar. Como o amigo tem visto, nada sei fa servas covardes.

lhe minha afirmação anterior: nela vejo

cramento para o praticar com restrições

não sejam

todos os gêneros, e talvez o mais grave modo de se manifestar seja a do pensa mento. Por isso não admito o falso res

Mestre Amado, Luz guiadora na vida e

dá ?

mal sabe os títulos de capítulos de uma obra que desconhece. Històricamente

apresentado. Êsse ó o caso de Mitre na

nidade das lições e dos exemplos do

caso não é o temor da confissão. Deve

real. Não será ignorância minha no senti

tuação é pior: a do meio ignorante que

comentário, investe contra o trabalho

cm símbolo pelos tempos afora. A Eter

do exato e verdadeiro que a Igreja lhe

de em afirmar a sua ignorância religio sa e, com o coração nos lábios, confessa humildemente: "O amigo pensa que fa

lei em minha ignorância por falsa mo

cesse aos retiros espirituais. Tateante, o

Não compreendo bem a presença

aspiram tôdas as almas que se preocu pam com o essencial da vida". Calógeras timbra sempre com lealda

contínua: "Da aprovação do meu pre

coroado e divinízado no Gólgota. A Ceia última. Amor e liame fraterno, repetida

O Padre Madureira não de.sanimava.

Teimava para que Calógeras compare

mas com êxito variável: pouco, quando

medida que meditação e idade e expe riência da vida me fortaleceram. Tanto que, para mim, nada me custaria menos

do que me aproximar com sinceridade inteira do tribunal da penitência. Também me parece não ser meu ca

so, pelo menos, como entendo, o respei to mal entendido e exagerado do sacra

mento. Compreendo e plenamente acei to o verbo conciliar, propier homines. Doutrina do amor, só é lógico e lumino

so o que favorece, aumenta, ampara e consolida o duplo movimento da alma da criatura pelo Criador (amor e adora ção), do Criador para a criatura (amor e amparo patemal). Meu anseio é fnito

de dúplíce hesitar. Um, de banal honeslidiitlc: não praticar um ato de fé, sem

plcilu convicção, respeito c adesão ao sentido próprio que 11)6 dá a auioiltUicle que o instituiu. Outro de incompreen são: vejo e sinto e vivo o slmholo ; não compreendo, por ignorância minha provãvolinentc, o que OS concílios afirma ram ser a verdade — a presença real

Creio saber que o teologia usa as pulnvras com uma significação precisa, que não é em geral a da interpretação vul

gar. Além disso, o anseio próprio do


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ignorante, esmagada pelo misténo c a perquirír manifestações reais que llie es clareçam ou 4"^ ciareçam que " a mente não alcança; - • crendice popular; o sedimento que sem

pre ficou de politeísmos e de fetichismos

j. 2. ^falsear o anteriores; tudo conspira para « .

__ ^ L

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/N

a

ambiente, e materializar o que e puro es

pírito e irradiação do Amor Divino. Mas tudo isso é fruto da inquietação da alma

que procura a luz, e tateia ainda na tre-

vti. __ treinamenva Ainda é conseqüência do

to mental; preciso compreender, mesmo nas coisas em que deve reinar soberano o sentimento.

E afirmo-lhe não ser mera atitude, sim esfôrço leal e aturado por ascender espiritualmente. Diariamente, noite e

lhe ter dito que nunca me vinguei, "»»ca nutri ódio pelos que me queriam mal

e por êlcs rezo sem falha do um só dia.

Inútil acrescentar que não quero mal a pessoa alguma; se, no momento cm que sou ferido, a fraqueza humana cm mim se queixa, nem um momento me vem ao

espírito ou ao coração a idéia sequer do revide e da vingança.

Não sei se, por isso, tenho tido a ventur.a de grandes consolos morais c !ne.smo de certos privilégios inferiores, mate riais, a que ligo menos apreço, entre tanto. Nem sei quantas vêzes atos que visavam prej'uízos meus se transforma ram em fontes de benefícios, principal

Digesto Econômico

85

feira santa confessava-o, com impressio nante juízo sobre o protestantisnío. Eis

as suas palavras: "Erudição, lógica, e.xe-

gese e equanimidade equilibram-se nesse repositório valioso de (permita-me a ex pressão) filosofia religiosa o histórica. Para quem se ocupa das coisas essen ciais da Vida e da Morte, isto é, — o pensamento humano e a revelação, o

ideal a seguir, e as regras de conduta para o aüngir - difícil será achar me

lhor compêndio. A posição escolhida é invencivelmen-

te lógica: dirige-se aos que acreditam em Cristo. De fato, para os que nêle

não crêem, e são deístas, a lógica aponta

mente morais, mas, em várias instâncias,

ções. A única coisa que peço para mim

o judaísmo. Para ateus, o livro não tem interesse:

gando-me erroneamente, intentaram pct-

partem de outra base, inteiramente ar

cristão, segundo o vosso coração, digno

seguir-me, pude, ou diretamente ou u sua descendência, prestar modesto auxí

manhã,

no mínimo, faço minhas ora

é essa: Senhor, fazei de mim um bom

do sacrifício supremo que por mim fizes tes; dai-me coragem, perseverança e fôrça para dominar e vencer minhas inúme ras faltas.

Como vê, não sei se conversão será

propriamente o modo de caraterizar meu

processo mental. Fui um tíbio, uma al

trazendo vantagens. A pessoas que, jullio. Do próprio sofrimento que me fize

ram experimentar, colhi largos ensina mentos, de sorte que lhes não posso que rer mal.

Conto-lhe tudo isso por causa

de sua frase:

"Analise bem, mais que

puder, a sua vida, e há de concluir que

trinta anos que procuro aproximar-me da

Deus não o perdeu de vista". Bem vè o amigo que vou tão longe nessa convic ção, que receio envaidecer-me, se bem que, com a maior humildade, o agrade

luz do pouso de que me havia deixado

ça a Deus.

ma hibernante (digamos assim).

díscolo, nem indiferente.

Nem

Há mais de

distanciar, sem nunca ter inteiramente

Negativa, certamente lhe não dou.

erdido de vista seu brilho. Ainda não ,P j.-.— ^ o Viíaím Hq /*»namo ouso sentar-me à beira da chama, mas

Continuo meditando, e aflito por apren

UU

..«w

me aquece e alenta e guia seu luminoso

calor.

Neste mundo tudo é providência, diz o amigo muito bem, e exprime uma ver

der 6 melhorar. E' muito possível, se o

amigo me permitir, que um dia eu vá a Fríburgo, mesmo ^em ser na época do retiro, para conversar com o amigo. Acredito, até,

ser esta a solução mais

dade que inúmeras vezes tenho sentiao,

proveitosa".

quinha existência. Tanto que outras tan

uma formidável brecha, enviando-lhe n

viva e operante, na minha mesma mes

tas vêzes tenho sèriamente receado estar

em pecado de orgulho e desvairada pre

sunção, por me julgar especialinente favorecido pela proteção do Alto. Creio

O Padre Madureira consegue abrir monumental obra "A Igreja, a Reforma e a Civilização", do Padre Leonel Fran. ca. A impressão produzida em seu es

pírito foi profunda. Em uma quinta-

bitrária e desmentida pelas observações cientificas — a perpetuidade das ener gias de todo gênero, olvidados que eri gem um novo dogma, que pretendem verificável, mas que hoje já se não de fende ante os fatos demonstrados da de

gradação da energia e da reintegração da matéria.

Resta, pois, no Ocidente,

o grande

grupo de confissões cristãs, e, delas, o conjunto das derivadas, por cissiparida-

de, da Confissão de Augsburgo. Como profundo interêsse me desper

tam tais problemas essenciais, é natural haja lido alguma coisa sobre tal assunto

o, por isso, tenha achado algumas alega ções já conhecidas minhas nessa nobre

obra de retificação de adulterações his tóricas e religiosas. As "Variações Pro testantes" permanecem infrangíveís. Mas achei tanto ponto de vista novo,

tanto fato ignorado,

tanto depoimento

irrefutável, que não sei se haverá livro

imensa ignorância. Tenho, entretanto, a impressão funda da exatidão da frase

de Maistre que o Padre Leonel cita: as heresias deformam-se a si e reformamnos a nós.

Do grande cisma grego, já lhe escrevi uma vez o que me afastou dêle: os im

pulsos e apetites políticos e meramente pessoais de Fotius e Miguel Ccrulário. Mas mil vêzes pior, moral e intelec tualmente, é a progênie da Reforma. Nem consigo apreender como se possa defendê-las, no seu nascimento e no seu

evolver, quer do' ponto de vista da lüstória, quer dogmaticamente ou social mente. Sempre tive essa opinião, e o li vro que lhe vou devolver a fortalece de

modo inabalável. Poderia eu ser tudo, menos

protestante.

E note o Amigo

(trahet sua quemque voluptas), o prin cípio Intimamente dissolvente procla mado por Lutero lhe vai aniquilando a própria obra. Hoje as inúmeras deno minações nada mais traduzem do que o esfacêlo da primeira voz de rebeldia, a desfechar na opinião individual do intér prete, na qual, por não haver lògicamente dois sêres idênticos, senão apenas se melhantes, desaparece a religião, social e dogmaticamente, por não haver dois fiéis a religar. Curiosa Nemesis histórica e religiosa ! Para triunfar, no domínio do senso co mum, da imoralidade fundamental da

predestinação e da justificação só pela fé, tiveram os protestantes de matizes vários de recuar e aconselhar as obras que marcam a colaboração do livre ar

bítrio humano nos alvos coiimados pe

la concessão gratuita da graça. Catolicizaram-se para poderem conservar sua

que possa fazer concorrência a A Igreja,

"emprise" sobre as almas.

a Reforma e a Civilização.

rar-se volte ao aprisco a ovelha tresma

Sobre as heresias dos primeiros cinco séculos, pouquíssimo sei, na minha

Que muito é, portanto, poder espe

lhada, de boa fé e sem pastor? E' questão de tempo e de missão, que bem


h

JPVI'

i«.'fi DiGESTO Econômico

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ignorante, esmagada pelo misténo c a perquirír manifestações reais que llie es clareçam ou 4"^ ciareçam que " a mente não alcança; - • crendice popular; o sedimento que sem

pre ficou de politeísmos e de fetichismos

j. 2. ^falsear o anteriores; tudo conspira para « .

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a

ambiente, e materializar o que e puro es

pírito e irradiação do Amor Divino. Mas tudo isso é fruto da inquietação da alma

que procura a luz, e tateia ainda na tre-

vti. __ treinamenva Ainda é conseqüência do

to mental; preciso compreender, mesmo nas coisas em que deve reinar soberano o sentimento.

E afirmo-lhe não ser mera atitude, sim esfôrço leal e aturado por ascender espiritualmente. Diariamente, noite e

lhe ter dito que nunca me vinguei, "»»ca nutri ódio pelos que me queriam mal

e por êlcs rezo sem falha do um só dia.

Inútil acrescentar que não quero mal a pessoa alguma; se, no momento cm que sou ferido, a fraqueza humana cm mim se queixa, nem um momento me vem ao

espírito ou ao coração a idéia sequer do revide e da vingança.

Não sei se, por isso, tenho tido a ventur.a de grandes consolos morais c !ne.smo de certos privilégios inferiores, mate riais, a que ligo menos apreço, entre tanto. Nem sei quantas vêzes atos que visavam prej'uízos meus se transforma ram em fontes de benefícios, principal

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feira santa confessava-o, com impressio nante juízo sobre o protestantisnío. Eis

as suas palavras: "Erudição, lógica, e.xe-

gese e equanimidade equilibram-se nesse repositório valioso de (permita-me a ex pressão) filosofia religiosa o histórica. Para quem se ocupa das coisas essen ciais da Vida e da Morte, isto é, — o pensamento humano e a revelação, o

ideal a seguir, e as regras de conduta para o aüngir - difícil será achar me

lhor compêndio. A posição escolhida é invencivelmen-

te lógica: dirige-se aos que acreditam em Cristo. De fato, para os que nêle

não crêem, e são deístas, a lógica aponta

mente morais, mas, em várias instâncias,

ções. A única coisa que peço para mim

o judaísmo. Para ateus, o livro não tem interesse:

gando-me erroneamente, intentaram pct-

partem de outra base, inteiramente ar

cristão, segundo o vosso coração, digno

seguir-me, pude, ou diretamente ou u sua descendência, prestar modesto auxí

manhã,

no mínimo, faço minhas ora

é essa: Senhor, fazei de mim um bom

do sacrifício supremo que por mim fizes tes; dai-me coragem, perseverança e fôrça para dominar e vencer minhas inúme ras faltas.

Como vê, não sei se conversão será

propriamente o modo de caraterizar meu

processo mental. Fui um tíbio, uma al

trazendo vantagens. A pessoas que, jullio. Do próprio sofrimento que me fize

ram experimentar, colhi largos ensina mentos, de sorte que lhes não posso que rer mal.

Conto-lhe tudo isso por causa

de sua frase:

"Analise bem, mais que

puder, a sua vida, e há de concluir que

trinta anos que procuro aproximar-me da

Deus não o perdeu de vista". Bem vè o amigo que vou tão longe nessa convic ção, que receio envaidecer-me, se bem que, com a maior humildade, o agrade

luz do pouso de que me havia deixado

ça a Deus.

ma hibernante (digamos assim).

díscolo, nem indiferente.

Nem

Há mais de

distanciar, sem nunca ter inteiramente

Negativa, certamente lhe não dou.

erdido de vista seu brilho. Ainda não ,P j.-.— ^ o Viíaím Hq /*»namo ouso sentar-me à beira da chama, mas

Continuo meditando, e aflito por apren

UU

..«w

me aquece e alenta e guia seu luminoso

calor.

Neste mundo tudo é providência, diz o amigo muito bem, e exprime uma ver

der 6 melhorar. E' muito possível, se o

amigo me permitir, que um dia eu vá a Fríburgo, mesmo ^em ser na época do retiro, para conversar com o amigo. Acredito, até,

ser esta a solução mais

dade que inúmeras vezes tenho sentiao,

proveitosa".

quinha existência. Tanto que outras tan

uma formidável brecha, enviando-lhe n

viva e operante, na minha mesma mes

tas vêzes tenho sèriamente receado estar

em pecado de orgulho e desvairada pre

sunção, por me julgar especialinente favorecido pela proteção do Alto. Creio

O Padre Madureira consegue abrir monumental obra "A Igreja, a Reforma e a Civilização", do Padre Leonel Fran. ca. A impressão produzida em seu es

pírito foi profunda. Em uma quinta-

bitrária e desmentida pelas observações cientificas — a perpetuidade das ener gias de todo gênero, olvidados que eri gem um novo dogma, que pretendem verificável, mas que hoje já se não de fende ante os fatos demonstrados da de

gradação da energia e da reintegração da matéria.

Resta, pois, no Ocidente,

o grande

grupo de confissões cristãs, e, delas, o conjunto das derivadas, por cissiparida-

de, da Confissão de Augsburgo. Como profundo interêsse me desper

tam tais problemas essenciais, é natural haja lido alguma coisa sobre tal assunto

o, por isso, tenha achado algumas alega ções já conhecidas minhas nessa nobre

obra de retificação de adulterações his tóricas e religiosas. As "Variações Pro testantes" permanecem infrangíveís. Mas achei tanto ponto de vista novo,

tanto fato ignorado,

tanto depoimento

irrefutável, que não sei se haverá livro

imensa ignorância. Tenho, entretanto, a impressão funda da exatidão da frase

de Maistre que o Padre Leonel cita: as heresias deformam-se a si e reformamnos a nós.

Do grande cisma grego, já lhe escrevi uma vez o que me afastou dêle: os im

pulsos e apetites políticos e meramente pessoais de Fotius e Miguel Ccrulário. Mas mil vêzes pior, moral e intelec tualmente, é a progênie da Reforma. Nem consigo apreender como se possa defendê-las, no seu nascimento e no seu

evolver, quer do' ponto de vista da lüstória, quer dogmaticamente ou social mente. Sempre tive essa opinião, e o li vro que lhe vou devolver a fortalece de

modo inabalável. Poderia eu ser tudo, menos

protestante.

E note o Amigo

(trahet sua quemque voluptas), o prin cípio Intimamente dissolvente procla mado por Lutero lhe vai aniquilando a própria obra. Hoje as inúmeras deno minações nada mais traduzem do que o esfacêlo da primeira voz de rebeldia, a desfechar na opinião individual do intér prete, na qual, por não haver lògicamente dois sêres idênticos, senão apenas se melhantes, desaparece a religião, social e dogmaticamente, por não haver dois fiéis a religar. Curiosa Nemesis histórica e religiosa ! Para triunfar, no domínio do senso co mum, da imoralidade fundamental da

predestinação e da justificação só pela fé, tiveram os protestantes de matizes vários de recuar e aconselhar as obras que marcam a colaboração do livre ar

bítrio humano nos alvos coiimados pe

la concessão gratuita da graça. Catolicizaram-se para poderem conservar sua

que possa fazer concorrência a A Igreja,

"emprise" sobre as almas.

a Reforma e a Civilização.

rar-se volte ao aprisco a ovelha tresma

Sobre as heresias dos primeiros cinco séculos, pouquíssimo sei, na minha

Que muito é, portanto, poder espe

lhada, de boa fé e sem pastor? E' questão de tempo e de missão, que bem


nr-T

DiCESTo Econômico

Digesto EcoNÓNnco

86

87

scncial, reconheço), que nao compreen do no ensino da Igreja.

cabo à Igreja, cuja história não é senão a história

de uma paciência

etcma.

Creio no progresso humano, em todos os sentidos. E por isso creio também na volta à unidade da Fé, unus

pastor,

untim ovile.

c, dêsse ponto de vista, cada vez mais

Ainda hoje, indo ã missa, orei pelo amigo, pelo Padre Leonel, cm sinal, quanto a ôste, da gratidão que lhe devo

se robustece em minha opinião a \'anta-

a presença real do frade dominicano Hu-

dentes. Parece-me inegável que o dog

pelo seu livro".

no Colégio Angélico, cm Roma, aonde

gon, professor de teologia e de filosofia

Meticuloso, faz uma consulta que bem

O que eu ignorava quase completa mente, e a obra do Padre Franca me en sinou, entre outras, era o passado dos reformadores. Confesso que atribuía a

h

O Padre Madurcira, que previa a hibernação estar anunciando flores e fnitos de cstio, lhe remete o livro sôbre

Lutero, a Zsvingli, a Calvino, motivos de

afluíam todos os estudantes selecionados

revela a delicadeza de seus sentimentos: "Das dificuldades materiais com que \a-

da Ordem dc S. Domingos.

vo, uma das causas reside no esforço que

gralmente satisfatória. Sincero e inca

A resposta de Calógcras não era inte

tive dc fazer para adquirir de meus ir mãos as partes que possuíam na casa de Pctrópolís, que meu pai comprara há quase cinqüenta anos. Que quer ? Não

paz de uma inverdade, mínima que fôs-

propclido por sua sensualidade inconti-

mo pude resignar a deixar em mãos es

se, traçou contudo uma página de cinti lante beleza, que vou reproduzir na ínte gra. Percebe-se-lhe o desejo de crer: "Não quis eu responder-lhe à sua

da. Não se tratava de almas, mas de

tranhas e indiferentes o prédio cm que

carta do 19 de abril sem ter lido o tra

natureza

intelectual e de revolta por

qualquer título. Vejo agora que o revol tado epidérmico era simplesmente um

baixas exigências corporais não sofrea-

se passou longo período dc nossa vida

das. A libertação proclamada (o los von

balho do Padre Hugon. Terminei hoje

familiar, onde élc adoeceu da moléstia a que sucumbiu no Rio, onde minha mãe e uma irmã querida faleceram. E, essa, seria a única solução, pois meus irmãos vivem na Europa, e eu, só, estou no

essa leitura, e posso assim escrever-lhe.

inexato: para tanto, é demasiado defi

Brasil.

ciente meu preparo teológico, quase nulo

Tive de fazer uns reparos. Na entra da do terraço, no revestimento do azu

tendo do filosofia para tentar esclarecer-

Rom ainda sustenta) mascarava jura mentos quebrados.

Mas o que mais me assombrou foi a irracionalidade da Reforma; a insinceridade com que praticava excessos mil vê-

zes piores do que as faltas humanas que profligava; sua imoralidade ingênita, em suma.

,

j

Creía que a impressão causada foi

grande em meu espírito. E' um grande e nobre livro. Se o Pa dre Leonel Franca se não incomodar com as felicitações de um ignorante co

mo eu, peço dar-lhe a segurança do

quanto apreciei e admirei seu belíssimo trabalho.

Para meu caso, porém, nada encontrei,

porque, de fato, não figurava no pro grama de seu estudo.

Oue poderia eu ler e meditar para sa ber o que a Igreja entende pela presen ça real na EucarisÜa ? Peço guiar-me. Tanto me tenho confessado nessas mi nhas longas cartas (que até parecem mensagens governativas), que conto nao abusar de sua caridade solicitando seu ministério espiritual no ponto único (es-

Um mcs, quase, levei nessa empresa, por trechos curtos, a fim de poder meditar. Dizer-lhe que tudo compreendi, seria

mesmo. Vali-me do pouquíssimo que en me: inda assim, lacunas imensas existem

lejos, pus uma cruz. No meu intuito, seria uma profissão de fé e o assegurar de acolhida cristã a quem viesse procu Ainda encerraria, no

em meu espírito, notadamente no que diz respeito à superposição e ao entrela çamento do aspectos distintos e comple-

meu desejo, um duplo símbolo, por se

mentarcs do ser, e de suas características

achar em nível abaixo do soco: afirmaria

elementares. Substância, essência, espé-

rar nosso home.

gem que a Igreja leva sôbre seus dissi

ma de hoje é o que sempre foi e que as investidas e as divergências só logra ram evidenciar a imutabilidade dos con

ceitos iniciais. Assim, quanto à eucaris tia, a transubstanciação,

à comunhão

sob uma e sob duas espécies, à valoncia intrínseca da missa, da consagração, seu efeito e.r opere operato sem cogitar da valia pessoal de quem consagrou. Sem dúvida, é obra una través os séculos. E, mais do que isso, é admirável monumen

to de lógica perfeita e cerrada. Precisa mente, o que me seduziu e fêz voltar da

ortodoxia grega ao credo romano. No

símbolo de Nicéia, que noite e manhã repito, o filioque mo relembra sempre.

Tenho por hábito nao rezar maquinalmente, sim pesando em meu espírito e meditando as palavras (o eontrário do

lipsCrvice inglês ou dos moinhos de pre ces budistas). Nenhuma oração une mais Ultimamente e mais e.ssencialmente

meu sentimento e minha inteligência do

que a dominical. Sinto e experimento a união perfeita de minha alma com essa

admirável invocação dos filhos ao Pai. E o mesmo que me faz estremecer o Sermão da Montanha, sobretudo apud

que sobre a Cruz repousavam a constru

cíe.s, dansam ante meus olhos em ronda

ção material e a constituição da vida es

visto as iniciais simbólicas em constm-

confusa e nem sempre diví.so limites ou reconheço propriedades peculiares e di ferenciais. Contudo, a obra mc prestou bastante, para melodizar minhas idéias, confirmar noções que já tinha e consoli dar o conceito que sempre fiz do cato licismo: a mais formidável construção ló

ções religiosas e objetos do culto, receei abusar, aplicando-as cm uma casa par

gica que o engenho humano fundou na

oposição, mas por incompreensão. Ima

revelação.

gine que acho tudo claro, luminoso, diá-

piritual de seus moradores. Para lhe dar êsse caráter e não confundir o desenho

com um simples ornato arquitetural, quis sotopor-lhe o I. H. S. rituais. Recuei do

propósito por escrúpulo. Tendo sempre

ticular. E é o que venho indagar do

Não estou em condições de analisar

amigo. Posso, sem merecer crítica ou censura, inscrever na entrada de nosso

nem de discutir a parte dogmática, e nem tal presunção me passou nunca pelo espírito. Posso, talvez, apreciar menos incompetentemente a parte tradicional.

tugúrio 0 sob a Cruz liminar, a invoca ção ao Alto ?"

J

Mathseum. Serenidade, fôrça, inteligên cia...

tudo paira na altura máxima

atingível ao homem.

E esta sensação de plenitude moral, religiosa portanto, que me falta em grau igual quanto à eucaristia. Não por fano... e aqui meus olhos, o instinto da

alma, encontram uma névoa. Nem por sombras me ínsurjo. Quid sum, miser?

Ignorante, desconhecendo a significa ção precisa dos vocábulos da linguagem


nr-T

DiCESTo Econômico

Digesto EcoNÓNnco

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scncial, reconheço), que nao compreen do no ensino da Igreja.

cabo à Igreja, cuja história não é senão a história

de uma paciência

etcma.

Creio no progresso humano, em todos os sentidos. E por isso creio também na volta à unidade da Fé, unus

pastor,

untim ovile.

c, dêsse ponto de vista, cada vez mais

Ainda hoje, indo ã missa, orei pelo amigo, pelo Padre Leonel, cm sinal, quanto a ôste, da gratidão que lhe devo

se robustece em minha opinião a \'anta-

a presença real do frade dominicano Hu-

dentes. Parece-me inegável que o dog

pelo seu livro".

no Colégio Angélico, cm Roma, aonde

gon, professor de teologia e de filosofia

Meticuloso, faz uma consulta que bem

O que eu ignorava quase completa mente, e a obra do Padre Franca me en sinou, entre outras, era o passado dos reformadores. Confesso que atribuía a

h

O Padre Madurcira, que previa a hibernação estar anunciando flores e fnitos de cstio, lhe remete o livro sôbre

Lutero, a Zsvingli, a Calvino, motivos de

afluíam todos os estudantes selecionados

revela a delicadeza de seus sentimentos: "Das dificuldades materiais com que \a-

da Ordem dc S. Domingos.

vo, uma das causas reside no esforço que

gralmente satisfatória. Sincero e inca

A resposta de Calógcras não era inte

tive dc fazer para adquirir de meus ir mãos as partes que possuíam na casa de Pctrópolís, que meu pai comprara há quase cinqüenta anos. Que quer ? Não

paz de uma inverdade, mínima que fôs-

propclido por sua sensualidade inconti-

mo pude resignar a deixar em mãos es

se, traçou contudo uma página de cinti lante beleza, que vou reproduzir na ínte gra. Percebe-se-lhe o desejo de crer: "Não quis eu responder-lhe à sua

da. Não se tratava de almas, mas de

tranhas e indiferentes o prédio cm que

carta do 19 de abril sem ter lido o tra

natureza

intelectual e de revolta por

qualquer título. Vejo agora que o revol tado epidérmico era simplesmente um

baixas exigências corporais não sofrea-

se passou longo período dc nossa vida

das. A libertação proclamada (o los von

balho do Padre Hugon. Terminei hoje

familiar, onde élc adoeceu da moléstia a que sucumbiu no Rio, onde minha mãe e uma irmã querida faleceram. E, essa, seria a única solução, pois meus irmãos vivem na Europa, e eu, só, estou no

essa leitura, e posso assim escrever-lhe.

inexato: para tanto, é demasiado defi

Brasil.

ciente meu preparo teológico, quase nulo

Tive de fazer uns reparos. Na entra da do terraço, no revestimento do azu

tendo do filosofia para tentar esclarecer-

Rom ainda sustenta) mascarava jura mentos quebrados.

Mas o que mais me assombrou foi a irracionalidade da Reforma; a insinceridade com que praticava excessos mil vê-

zes piores do que as faltas humanas que profligava; sua imoralidade ingênita, em suma.

,

j

Creía que a impressão causada foi

grande em meu espírito. E' um grande e nobre livro. Se o Pa dre Leonel Franca se não incomodar com as felicitações de um ignorante co

mo eu, peço dar-lhe a segurança do

quanto apreciei e admirei seu belíssimo trabalho.

Para meu caso, porém, nada encontrei,

porque, de fato, não figurava no pro grama de seu estudo.

Oue poderia eu ler e meditar para sa ber o que a Igreja entende pela presen ça real na EucarisÜa ? Peço guiar-me. Tanto me tenho confessado nessas mi nhas longas cartas (que até parecem mensagens governativas), que conto nao abusar de sua caridade solicitando seu ministério espiritual no ponto único (es-

Um mcs, quase, levei nessa empresa, por trechos curtos, a fim de poder meditar. Dizer-lhe que tudo compreendi, seria

mesmo. Vali-me do pouquíssimo que en me: inda assim, lacunas imensas existem

lejos, pus uma cruz. No meu intuito, seria uma profissão de fé e o assegurar de acolhida cristã a quem viesse procu Ainda encerraria, no

em meu espírito, notadamente no que diz respeito à superposição e ao entrela çamento do aspectos distintos e comple-

meu desejo, um duplo símbolo, por se

mentarcs do ser, e de suas características

achar em nível abaixo do soco: afirmaria

elementares. Substância, essência, espé-

rar nosso home.

gem que a Igreja leva sôbre seus dissi

ma de hoje é o que sempre foi e que as investidas e as divergências só logra ram evidenciar a imutabilidade dos con

ceitos iniciais. Assim, quanto à eucaris tia, a transubstanciação,

à comunhão

sob uma e sob duas espécies, à valoncia intrínseca da missa, da consagração, seu efeito e.r opere operato sem cogitar da valia pessoal de quem consagrou. Sem dúvida, é obra una través os séculos. E, mais do que isso, é admirável monumen

to de lógica perfeita e cerrada. Precisa mente, o que me seduziu e fêz voltar da

ortodoxia grega ao credo romano. No

símbolo de Nicéia, que noite e manhã repito, o filioque mo relembra sempre.

Tenho por hábito nao rezar maquinalmente, sim pesando em meu espírito e meditando as palavras (o eontrário do

lipsCrvice inglês ou dos moinhos de pre ces budistas). Nenhuma oração une mais Ultimamente e mais e.ssencialmente

meu sentimento e minha inteligência do

que a dominical. Sinto e experimento a união perfeita de minha alma com essa

admirável invocação dos filhos ao Pai. E o mesmo que me faz estremecer o Sermão da Montanha, sobretudo apud

que sobre a Cruz repousavam a constru

cíe.s, dansam ante meus olhos em ronda

ção material e a constituição da vida es

visto as iniciais simbólicas em constm-

confusa e nem sempre diví.so limites ou reconheço propriedades peculiares e di ferenciais. Contudo, a obra mc prestou bastante, para melodizar minhas idéias, confirmar noções que já tinha e consoli dar o conceito que sempre fiz do cato licismo: a mais formidável construção ló

ções religiosas e objetos do culto, receei abusar, aplicando-as cm uma casa par

gica que o engenho humano fundou na

oposição, mas por incompreensão. Ima

revelação.

gine que acho tudo claro, luminoso, diá-

piritual de seus moradores. Para lhe dar êsse caráter e não confundir o desenho

com um simples ornato arquitetural, quis sotopor-lhe o I. H. S. rituais. Recuei do

propósito por escrúpulo. Tendo sempre

ticular. E é o que venho indagar do

Não estou em condições de analisar

amigo. Posso, sem merecer crítica ou censura, inscrever na entrada de nosso

nem de discutir a parte dogmática, e nem tal presunção me passou nunca pelo espírito. Posso, talvez, apreciar menos incompetentemente a parte tradicional.

tugúrio 0 sob a Cruz liminar, a invoca ção ao Alto ?"

J

Mathseum. Serenidade, fôrça, inteligên cia...

tudo paira na altura máxima

atingível ao homem.

E esta sensação de plenitude moral, religiosa portanto, que me falta em grau igual quanto à eucaristia. Não por fano... e aqui meus olhos, o instinto da

alma, encontram uma névoa. Nem por sombras me ínsurjo. Quid sum, miser?

Ignorante, desconhecendo a significa ção precisa dos vocábulos da linguagem


Dicesto Econômico

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técnica dos dogmatistas, que ridículo, o meu, se o fizesse..•

O problema eterno apresenta-se, para mim como um mundo de fenômenos a

explicar. Que soluções propôs o homem? Ponhamos de lado o dogma de alguns -

a matéria — que nada explica e peca

pela base: altera-se, degrada-se e con some-se enquanto assistimos a manifes tações de energias permanentes. Matc-

rialismo, penso eu, eqüivale a uma peti ção de princípios para a complexidade dos fatos humanos : é porque é, e nada mais. Nada dá causas e menos ainda a causa primeira; limita-se a verificar o

que existe, e a deduzir relações, leis ou nexos causais, entre fenômenos secun

ao qual este é semelhante, mas subor

Bento. Irei lá. Também falarei ao Pa

dinado cm todos os sentidos.

dre Natuzzi, quando estiver no Rio, so bro o Dicionário D'Alès. Creio, entre tanto, que preferirei Battifol, pois várias

em si. A explicação única que açode ao espírito é: o fínito não pode compre ender o infinito, pois pertencem a dois planos fenomenais diferentes. Daí o mis

atribuí, como ainda atribuo, a falta a mim mesmo. Pedi-lhe, ainda, meios de

Para empregar têrmos gerais, como cm matemática se usam, uma força exter

o fato material, pois o sentimos e ve

dente,

mos, cumpre remontar a plano mais alto

elemento externo; a própria vontade e

do que o da humanidade.

sabedoria, se fôr consciente: — é o fato

Com os nossos recursos mentais tão sòmente, como explicar o mistério uni versal em que nos debatemos e ansea-

divino) — no caso figurado, repito, na da rnãTs compreensível e normal do que a possibilidade de alterar as leis, secun dárias sempre, dos fenômenos. O que

Lissor do raio, e, à razão de 300.000 km por segundo, tem-se chegado a nú meros que traduzem milhões de séculos para o momento em que a vibraçao se deu, que só hoje se percebe, e milhões de anos de luz para o afastamento entre a estrela e a nossa minúscula Terra. Que

para velar sua ignorância própria, nem confunda suas próprias interpretações

existente. E' a Causa Primeira: o Cria dor.

Para isso, para o inacessível à pura razão humana, e que existe tanto quanto

Dossível calcular a distancia do astro

não recorra por demais ao sobrenatural

com a revelação. Deo quod Dei; Cxsari

na a um sistema

sência e em seu alcance, tais abismos, corre rumo da loucura. O infinito ó um fato: a luz de uma estrela que fere nos sa retina neste instante prova tal exis tência, no tempo e no espaço, pois é

O que peço, apenas, é que o homem

tério. Daí a necessidade implícita de conceber uma energia externa, regedora (a harmonia universal o prova) mas in dependente, c como tal podendo exce tuar, para si, na obediência incondicio nal às regras firmadas para o complexo

obedeça nem seja influenciada por estas senão em condições especiais (no caso de uma fôrça absolutamente indepen

plesmente a compreender, em sua es

89

essencialmente finita c limitada ? Nada,

onde a estaca O ?

mos ? O do mal, o do bem, o da ampli

ECONÓAflCO

significa isto, para nossa humanidade

dários. E, para falar como engenheiro

dão, o dos conflitos entre moral e inte resses ? Inteligência que, dentro das contingências puramente sensoriais, se abalaiiça por não interpretar, mas sim

DiGESTO

de forças c que não

a condição seria intrínseca ao

so chama o mistério revela apenas: nos

casos devidos à ignorância do homem, o atraso de seus meios de indagação; nos casos transcendentes, o desconhecimen

to do que se passa em plano mais alto do que o nosso, a ausência de medida comum

entre o fenômeno

e quem o

aprecia. O milagre é a ação da fôrça externa interventora na norma costumei

ra dos fenômenos.,

Admitido, como para nós, crentes, o fato divino, nada mais acessível do que

o fato do milagre, sem que por isso lhe conheçamos a essência e o processo.

Por isso, em meu espírito, não me causam abalo mistério e milagre, nem

me repugnam à razão como manifesta ções de um poder superior ao homem.

quod Csesaris, por assim dizer. No caso da eucaristia, como lhe dis

se, o símbolo, a representação fazem-me

bater o coração. Não consigo compre ender a presença real, escrevi-lhe eu, c

me iluminar o espírito. Para mim, igno rante, e sem preparo especial, o livro do Padre Hugon é alimento forte demais.

Apenas pude assimilar algumas noções,

explanações dèstc, citadas por Hugon, embora nem sempre apoiadas por êste, me impressionaram."

Entusiasmado pelo homem de ciência

o de boa fé que era Calógeras, o jesuí ta, com a constância de um apóstolo, o auxilia nas investigações da verdade e lho envia o artigo "Eucharistie" de Jules Lebreton, da Companhia de Jesus, inserto no Dicionário Apologético da Fé

Católica de D'Alès, um trabalho magis tral sôbre a presença real. Calógeras com assiduidade punha o mestre a par de seus estudos e não

tanto que lhe venho solicitar o favor de

me furto ao prazer de transcrever uma

deixar ficar o volume em minhas mãos

de suas hndas confissões:

por mais algum tempo: preciso relê-lo e aqui em Petxópolis eu não encontraria

exemplar a venda. No Rio, adquirirei um e devolverei o da Biblioteca do Co

légio Anchieta. No tocante à transubstanciação, base

de tudo, confesso-lhe que estou lutando com dificuldades sérias e grandes, oriun das de minha falta de familiaridade com

os assuntos de teologia. Já encontrei, entretanto, alguns pontos de apoio. Ve rifiquei, por exemplo, que eu desconhe cia a significação dogmática de muitos

"Estou lendo o artigo de Lebreton e mais alguns.

Realmente, mais fàci'-

mente o compreendo do que o livro de Hugon. Além do que, êste é mais rígi do e duro em imi tomismo absoluto, en

quanto o outro me parece um pouco I mais latitudinárlo. Já achei vários pon tos que me valeram. Mas preciso insis tir e reler o Hugon; talvez agora o en-_ tenda menos deficientemente. Lingua gem e dialética são de fato um pouco

áridas. Mas é coisa que me não repele e que nunca me inspiraria abandonar o

têrmos, que tomava em sentido demasia

estudo. Dizer que há coisa mais impor

do literal. Verifiquei também que a car

tante, como o amigo por pilhéria escre

ne e o sangue

tem que ser

propria

mente entendidos, pela multiplicidade de noções que todo ser encerra. Mas êsse

ponto ainda não está claro para mim, e preciso meditar mais sôbre êle. Pobre de

veu que poderia parecer à gente frívola, não me passaria pelo espírito; vita cetcrna agiiur. Faz muitos anos, li na biogra fia do Miguel Servet, a vítima de Cal-

mim 1... Como Tomé, preciso pôr as

vino, um trecho que me calou na men te. Salvo êrro de memória, ia êle, estu

mãos nas

feridas para reconhecer e

dante paupérrimo e ne patjant pas de

crer... Credam firmius, devo repetir

mine, rumo de Bolonha ou de Pádua a

sempre e sempre.

iniciar ou aperfeiçoar seus estudos mé

Mudemos de assunto.

Recebi o cartão para o abade de S.

dicos. Próximo à fronteira do Piemonte, e já em território dêste, caiu gravemente


Dicesto Econômico

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técnica dos dogmatistas, que ridículo, o meu, se o fizesse..•

O problema eterno apresenta-se, para mim como um mundo de fenômenos a

explicar. Que soluções propôs o homem? Ponhamos de lado o dogma de alguns -

a matéria — que nada explica e peca

pela base: altera-se, degrada-se e con some-se enquanto assistimos a manifes tações de energias permanentes. Matc-

rialismo, penso eu, eqüivale a uma peti ção de princípios para a complexidade dos fatos humanos : é porque é, e nada mais. Nada dá causas e menos ainda a causa primeira; limita-se a verificar o

que existe, e a deduzir relações, leis ou nexos causais, entre fenômenos secun

ao qual este é semelhante, mas subor

Bento. Irei lá. Também falarei ao Pa

dinado cm todos os sentidos.

dre Natuzzi, quando estiver no Rio, so bro o Dicionário D'Alès. Creio, entre tanto, que preferirei Battifol, pois várias

em si. A explicação única que açode ao espírito é: o fínito não pode compre ender o infinito, pois pertencem a dois planos fenomenais diferentes. Daí o mis

atribuí, como ainda atribuo, a falta a mim mesmo. Pedi-lhe, ainda, meios de

Para empregar têrmos gerais, como cm matemática se usam, uma força exter

o fato material, pois o sentimos e ve

dente,

mos, cumpre remontar a plano mais alto

elemento externo; a própria vontade e

do que o da humanidade.

sabedoria, se fôr consciente: — é o fato

Com os nossos recursos mentais tão sòmente, como explicar o mistério uni versal em que nos debatemos e ansea-

divino) — no caso figurado, repito, na da rnãTs compreensível e normal do que a possibilidade de alterar as leis, secun dárias sempre, dos fenômenos. O que

Lissor do raio, e, à razão de 300.000 km por segundo, tem-se chegado a nú meros que traduzem milhões de séculos para o momento em que a vibraçao se deu, que só hoje se percebe, e milhões de anos de luz para o afastamento entre a estrela e a nossa minúscula Terra. Que

para velar sua ignorância própria, nem confunda suas próprias interpretações

existente. E' a Causa Primeira: o Cria dor.

Para isso, para o inacessível à pura razão humana, e que existe tanto quanto

Dossível calcular a distancia do astro

não recorra por demais ao sobrenatural

com a revelação. Deo quod Dei; Cxsari

na a um sistema

sência e em seu alcance, tais abismos, corre rumo da loucura. O infinito ó um fato: a luz de uma estrela que fere nos sa retina neste instante prova tal exis tência, no tempo e no espaço, pois é

O que peço, apenas, é que o homem

tério. Daí a necessidade implícita de conceber uma energia externa, regedora (a harmonia universal o prova) mas in dependente, c como tal podendo exce tuar, para si, na obediência incondicio nal às regras firmadas para o complexo

obedeça nem seja influenciada por estas senão em condições especiais (no caso de uma fôrça absolutamente indepen

plesmente a compreender, em sua es

89

essencialmente finita c limitada ? Nada,

onde a estaca O ?

mos ? O do mal, o do bem, o da ampli

ECONÓAflCO

significa isto, para nossa humanidade

dários. E, para falar como engenheiro

dão, o dos conflitos entre moral e inte resses ? Inteligência que, dentro das contingências puramente sensoriais, se abalaiiça por não interpretar, mas sim

DiGESTO

de forças c que não

a condição seria intrínseca ao

so chama o mistério revela apenas: nos

casos devidos à ignorância do homem, o atraso de seus meios de indagação; nos casos transcendentes, o desconhecimen

to do que se passa em plano mais alto do que o nosso, a ausência de medida comum

entre o fenômeno

e quem o

aprecia. O milagre é a ação da fôrça externa interventora na norma costumei

ra dos fenômenos.,

Admitido, como para nós, crentes, o fato divino, nada mais acessível do que

o fato do milagre, sem que por isso lhe conheçamos a essência e o processo.

Por isso, em meu espírito, não me causam abalo mistério e milagre, nem

me repugnam à razão como manifesta ções de um poder superior ao homem.

quod Csesaris, por assim dizer. No caso da eucaristia, como lhe dis

se, o símbolo, a representação fazem-me

bater o coração. Não consigo compre ender a presença real, escrevi-lhe eu, c

me iluminar o espírito. Para mim, igno rante, e sem preparo especial, o livro do Padre Hugon é alimento forte demais.

Apenas pude assimilar algumas noções,

explanações dèstc, citadas por Hugon, embora nem sempre apoiadas por êste, me impressionaram."

Entusiasmado pelo homem de ciência

o de boa fé que era Calógeras, o jesuí ta, com a constância de um apóstolo, o auxilia nas investigações da verdade e lho envia o artigo "Eucharistie" de Jules Lebreton, da Companhia de Jesus, inserto no Dicionário Apologético da Fé

Católica de D'Alès, um trabalho magis tral sôbre a presença real. Calógeras com assiduidade punha o mestre a par de seus estudos e não

tanto que lhe venho solicitar o favor de

me furto ao prazer de transcrever uma

deixar ficar o volume em minhas mãos

de suas hndas confissões:

por mais algum tempo: preciso relê-lo e aqui em Petxópolis eu não encontraria

exemplar a venda. No Rio, adquirirei um e devolverei o da Biblioteca do Co

légio Anchieta. No tocante à transubstanciação, base

de tudo, confesso-lhe que estou lutando com dificuldades sérias e grandes, oriun das de minha falta de familiaridade com

os assuntos de teologia. Já encontrei, entretanto, alguns pontos de apoio. Ve rifiquei, por exemplo, que eu desconhe cia a significação dogmática de muitos

"Estou lendo o artigo de Lebreton e mais alguns.

Realmente, mais fàci'-

mente o compreendo do que o livro de Hugon. Além do que, êste é mais rígi do e duro em imi tomismo absoluto, en

quanto o outro me parece um pouco I mais latitudinárlo. Já achei vários pon tos que me valeram. Mas preciso insis tir e reler o Hugon; talvez agora o en-_ tenda menos deficientemente. Lingua gem e dialética são de fato um pouco

áridas. Mas é coisa que me não repele e que nunca me inspiraria abandonar o

têrmos, que tomava em sentido demasia

estudo. Dizer que há coisa mais impor

do literal. Verifiquei também que a car

tante, como o amigo por pilhéria escre

ne e o sangue

tem que ser

propria

mente entendidos, pela multiplicidade de noções que todo ser encerra. Mas êsse

ponto ainda não está claro para mim, e preciso meditar mais sôbre êle. Pobre de

veu que poderia parecer à gente frívola, não me passaria pelo espírito; vita cetcrna agiiur. Faz muitos anos, li na biogra fia do Miguel Servet, a vítima de Cal-

mim 1... Como Tomé, preciso pôr as

vino, um trecho que me calou na men te. Salvo êrro de memória, ia êle, estu

mãos nas

feridas para reconhecer e

dante paupérrimo e ne patjant pas de

crer... Credam firmius, devo repetir

mine, rumo de Bolonha ou de Pádua a

sempre e sempre.

iniciar ou aperfeiçoar seus estudos mé

Mudemos de assunto.

Recebi o cartão para o abade de S.

dicos. Próximo à fronteira do Piemonte, e já em território dêste, caiu gravemente


Dicesto Econômico

90

Digesto Econômico

91

enfermo. Foi chamado um facultativo,

rá ele um dêsscs discipics qui s'ignorcnt?

sagração, se acha o Eleito, mas que nos

e depois outro, a fim de confcrcncia-

A viú\a do Martim consiiltou-nie sobre

não diziam, por sermos crianças.

rem, tão sério pareceu o caso. Vendo o

SC, sabida como era a falta dc crenças

pobre doente, miserável no aspecto, lojpondo-o alheio a qualquer latinidadc, c, propôs um — dos — cientistas ao — colega

do marido, devia mandar rezar missa por sua alma. Respondi logo que sim, por que èle era bom demais para que, no fundo, fòssc estranho a Dcu.s. Ilá, cm

sa estarão prestes terminados. Minha

— faciamus experímentum in anima vili.

Edniond Rostand, na sua oljra-prima,

presença aqui se torna menos precisa, e

serviço e creia que todos os dias, manhã e noite, peço a Deus o tenha em Sua Santa Glória".

mando-o por mendigo ou pouco mais, c su

Indignado, ergueu-se Scrvet da enxerga e fulminou: vilem appellas animatti pro qua Christus non dedignatus est mori. E era apenas da vida material que se tra tava- ..

Imagine então o que, em minha al

ma, se passa dessa coisa superior que é a salvação, a vida espiritual !... Dez vezes mais árduo fôsse o livro do Hugon, e dez vezes mais esforço desenvol veria eu para tentar compreendê-lo!

Mas Lebreton está-me servindo, mal

piritual verdadeiro influxo depurador. Graças lhe rendo por esse inestimável

minha ausência do Rio perturba meus trabalhos em todos os sentidos.

veu fundamente: Je sttis pcu mi fond de teus les 7nots d'amour. Assim também

Logo que eu A-eja findos os trabalhos dos operários, terei de mandar abençoar

nas

a casa. Quis custodiei domum, niíi do-

meira comunhão e, dessa data, em todas as primeiras sextas-feiras de cada mês,

consciente ou não, sc acha Deus ausen

minus custodierit eam ? Em Belo Hori

te. E é por isso que, pelo Martim, in-

invariávelmente recebia o Corpo de

zonte, onde tive uma cafua, assim fiz,

Cristo.

^•oco c imploro sempre.a infinita e pa-

o não abandono o precedente agora que se trata de minha casa familiar, a que

Comemorando êsse grande" triunfo da Igreja Católica, que alistava entre os

se prendem tantas emoções nossas."

seus fiéis um dos mais puros caracteres

Entregando-se de corpo e alma ao es tudo do problema eucarístico, Calógeras faz um longo extrato do artigo de

e dos maiores cérebros do País, o Padre

Lebreton. Altino Arantes, um dos ra ros amigos que o manusearam, teceu-lhe

foi o seu companheiro inseparável.

ações boas:

de ncnlumia

ternal misericórdia divina:

delas,

non secun-

dam magnam iniquilatem meam, sed secundinn magnam misaricordiam tuam.

mais as dificuldades do professor do Co légio Angélico. Quando Üver terminado

bém partilho o seu dito sôbre panem

a releitura do artigo do Dicionário Apo-

confesso-lhe quanto compreendo melhor o trecho correspondente da orath mon-

minha impressão. E' certo que já com preendo melhor certos pontos e inter

Penso que, dentro em breve, regres sarei ao Rio. Os consertos de nossa ca

La Samarituine, um verso que põe na

Suas observações sôbre a argumenta ção histórica, tradicional, é justa, assim como seu non phis quam oportct. Tam

logético, escreverei ao amigo dando-lhe

fruto de minha ignorância, não de qual quer má-fé. E.xerceu na minha vida es

verei.

boca dc Cristo e que sempre inc como

comparando, de Gradus ad Parnassum. Penso penetrar-lhe melhor o sentido c

assim talvez consiga decifrar um pouco

Sôbre tudo isso, mais tarde lhe escre

fletir sôbre pontos inúmeros; a sentir o erro de várias interpretações minhas,

nostrum quotidiamim. E a ôsse respeito, lana — panem nostrum suprasubstantialem na versão de Mateus.

Esclarecido e consciente do ato, no

os mais encomiásticos elogios. As cartas que Calógeras escreveu ao

dia 5 de agosto de 1927 fêz a sua pri

Madureira

ofereceu-lhe

um

artístico

Missale Romanum, livro de orações, que Surgiu um novo apóstolo. Como o insígne Alceu de Amoroso Lima, pôs a sua pena e a sua palavra ao serviço da Igre

Padre Madureira, em data de 30 de

ja. Estudou a questão

junho c de 16 de julho de 1927, são

atuação de Frei Vital, escrevendo pala

verdadeiras lições de teologia, dignas de seu cérebro privilegiado.

seu ensaio sôbre Feijó e a crise religio

religiosa e a

vras definitivas, como definitivo foi o

preto menos erroneamente outros. Com

Lebreton, mais do que Hugon, fêz-

o vício ingênito da educação matemáti

mo entrever tôda a significação da mis sa e da eucaristia, mistério da fé, mis tério do amor, assistência aos fracos e

senhor cio assunto, que tanto o apaixo

"Política Exterior do Império".

aos fortes, viático na vida até o Além.

nara, como os melhores professôres. Documentos longos e especializados,

Paulo sôbre a Ordem de S. Bento e a

reveladores de uma assimilação prodigio sa, a Fundação Calógeras breve os pu

síntese magistral dos estudos sérios de

blicará com o resumo do Lebreton.

Draper, Viilari, Butier e Mabillon.

ca, desprovida de souplesse, verifico que dei significado por demais literal a mui tas palavras: creio que foi o erro dos cafarnaítas. Mas, ainda nisto, fui inspi rado pela versão de Mateus — est, est; non, non. Já vejo que preciso dar mais elasticidade ao valor dos textos, para não

Também me fez melhor compreender certas práticas familiares.

Meus pais

(coino'muítos outros, naturalmente) no.s ensinavam, a seus filhos, a não derrubar

cair no engano de atribuir à matéria su

o pão, e, quando tal acontecesse, a le

premacia sobre o espírito.

vantá-lo com respeito, beijando-o. Pen sava eu, quando criança, que tal se fa

O trecho de Sertillanges que me man

dou, e que não conhecia, veio trazer-me

grande consôlo. Perdi, vai para um mês, um grande amigo, Martim Francisco,

que era um justo e viveu segundo a lei divina, se bem que se dissesse ateu. Se

zia em memória da oração dominical,

da dádiva divina. Vejo agora que ha via mais do que isso, nesse gesto que

Sem um resquício de dúvida, estava

Ao Padre Madureira, endereçava es

tas palavras

de reconhecimento

c de

sa, inserto no terceiro volume de sua

" A. sua conferência realizada em São

Civilização é um monumento de cultura,

São páginas de ternura as que escre-

N'eu sôbre o Padre Madureira c de jus

amizade: "Preciso dizer-lhe quanto sou

tiça as que redigiu em defesa da Com

grato à sua direção espiritual. Claro: consciência, alguma leitura, preocupa ção principal da vida interior, fé em Deus, tudo isto preexistia em mim.

panhia de Jesus.

sião, tal a energia de seus ataques, a ira

Mas era muito confuso o estado de meu

dos seus adversários.

até hoje não abandonei: o respeito ao

espírito, quase caótico.

elemento, em cuja espécie, após a con-

Amigo a coordenar minha crença; a re

Obrigou-me o

Combateu o divórcio a vinculo e as

doutrinas bolcheristas, atraindo na oca

Como paraninfo dos engenhelrandos

do Maclcenzie College, em 1928, profe-


Dicesto Econômico

90

Digesto Econômico

91

enfermo. Foi chamado um facultativo,

rá ele um dêsscs discipics qui s'ignorcnt?

sagração, se acha o Eleito, mas que nos

e depois outro, a fim de confcrcncia-

A viú\a do Martim consiiltou-nie sobre

não diziam, por sermos crianças.

rem, tão sério pareceu o caso. Vendo o

SC, sabida como era a falta dc crenças

pobre doente, miserável no aspecto, lojpondo-o alheio a qualquer latinidadc, c, propôs um — dos — cientistas ao — colega

do marido, devia mandar rezar missa por sua alma. Respondi logo que sim, por que èle era bom demais para que, no fundo, fòssc estranho a Dcu.s. Ilá, cm

sa estarão prestes terminados. Minha

— faciamus experímentum in anima vili.

Edniond Rostand, na sua oljra-prima,

presença aqui se torna menos precisa, e

serviço e creia que todos os dias, manhã e noite, peço a Deus o tenha em Sua Santa Glória".

mando-o por mendigo ou pouco mais, c su

Indignado, ergueu-se Scrvet da enxerga e fulminou: vilem appellas animatti pro qua Christus non dedignatus est mori. E era apenas da vida material que se tra tava- ..

Imagine então o que, em minha al

ma, se passa dessa coisa superior que é a salvação, a vida espiritual !... Dez vezes mais árduo fôsse o livro do Hugon, e dez vezes mais esforço desenvol veria eu para tentar compreendê-lo!

Mas Lebreton está-me servindo, mal

piritual verdadeiro influxo depurador. Graças lhe rendo por esse inestimável

minha ausência do Rio perturba meus trabalhos em todos os sentidos.

veu fundamente: Je sttis pcu mi fond de teus les 7nots d'amour. Assim também

Logo que eu A-eja findos os trabalhos dos operários, terei de mandar abençoar

nas

a casa. Quis custodiei domum, niíi do-

meira comunhão e, dessa data, em todas as primeiras sextas-feiras de cada mês,

consciente ou não, sc acha Deus ausen

minus custodierit eam ? Em Belo Hori

te. E é por isso que, pelo Martim, in-

invariávelmente recebia o Corpo de

zonte, onde tive uma cafua, assim fiz,

Cristo.

^•oco c imploro sempre.a infinita e pa-

o não abandono o precedente agora que se trata de minha casa familiar, a que

Comemorando êsse grande" triunfo da Igreja Católica, que alistava entre os

se prendem tantas emoções nossas."

seus fiéis um dos mais puros caracteres

Entregando-se de corpo e alma ao es tudo do problema eucarístico, Calógeras faz um longo extrato do artigo de

e dos maiores cérebros do País, o Padre

Lebreton. Altino Arantes, um dos ra ros amigos que o manusearam, teceu-lhe

foi o seu companheiro inseparável.

ações boas:

de ncnlumia

ternal misericórdia divina:

delas,

non secun-

dam magnam iniquilatem meam, sed secundinn magnam misaricordiam tuam.

mais as dificuldades do professor do Co légio Angélico. Quando Üver terminado

bém partilho o seu dito sôbre panem

a releitura do artigo do Dicionário Apo-

confesso-lhe quanto compreendo melhor o trecho correspondente da orath mon-

minha impressão. E' certo que já com preendo melhor certos pontos e inter

Penso que, dentro em breve, regres sarei ao Rio. Os consertos de nossa ca

La Samarituine, um verso que põe na

Suas observações sôbre a argumenta ção histórica, tradicional, é justa, assim como seu non phis quam oportct. Tam

logético, escreverei ao amigo dando-lhe

fruto de minha ignorância, não de qual quer má-fé. E.xerceu na minha vida es

verei.

boca dc Cristo e que sempre inc como

comparando, de Gradus ad Parnassum. Penso penetrar-lhe melhor o sentido c

assim talvez consiga decifrar um pouco

Sôbre tudo isso, mais tarde lhe escre

fletir sôbre pontos inúmeros; a sentir o erro de várias interpretações minhas,

nostrum quotidiamim. E a ôsse respeito, lana — panem nostrum suprasubstantialem na versão de Mateus.

Esclarecido e consciente do ato, no

os mais encomiásticos elogios. As cartas que Calógeras escreveu ao

dia 5 de agosto de 1927 fêz a sua pri

Madureira

ofereceu-lhe

um

artístico

Missale Romanum, livro de orações, que Surgiu um novo apóstolo. Como o insígne Alceu de Amoroso Lima, pôs a sua pena e a sua palavra ao serviço da Igre

Padre Madureira, em data de 30 de

ja. Estudou a questão

junho c de 16 de julho de 1927, são

atuação de Frei Vital, escrevendo pala

verdadeiras lições de teologia, dignas de seu cérebro privilegiado.

seu ensaio sôbre Feijó e a crise religio

religiosa e a

vras definitivas, como definitivo foi o

preto menos erroneamente outros. Com

Lebreton, mais do que Hugon, fêz-

o vício ingênito da educação matemáti

mo entrever tôda a significação da mis sa e da eucaristia, mistério da fé, mis tério do amor, assistência aos fracos e

senhor cio assunto, que tanto o apaixo

"Política Exterior do Império".

aos fortes, viático na vida até o Além.

nara, como os melhores professôres. Documentos longos e especializados,

Paulo sôbre a Ordem de S. Bento e a

reveladores de uma assimilação prodigio sa, a Fundação Calógeras breve os pu

síntese magistral dos estudos sérios de

blicará com o resumo do Lebreton.

Draper, Viilari, Butier e Mabillon.

ca, desprovida de souplesse, verifico que dei significado por demais literal a mui tas palavras: creio que foi o erro dos cafarnaítas. Mas, ainda nisto, fui inspi rado pela versão de Mateus — est, est; non, non. Já vejo que preciso dar mais elasticidade ao valor dos textos, para não

Também me fez melhor compreender certas práticas familiares.

Meus pais

(coino'muítos outros, naturalmente) no.s ensinavam, a seus filhos, a não derrubar

cair no engano de atribuir à matéria su

o pão, e, quando tal acontecesse, a le

premacia sobre o espírito.

vantá-lo com respeito, beijando-o. Pen sava eu, quando criança, que tal se fa

O trecho de Sertillanges que me man

dou, e que não conhecia, veio trazer-me

grande consôlo. Perdi, vai para um mês, um grande amigo, Martim Francisco,

que era um justo e viveu segundo a lei divina, se bem que se dissesse ateu. Se

zia em memória da oração dominical,

da dádiva divina. Vejo agora que ha via mais do que isso, nesse gesto que

Sem um resquício de dúvida, estava

Ao Padre Madureira, endereçava es

tas palavras

de reconhecimento

c de

sa, inserto no terceiro volume de sua

" A. sua conferência realizada em São

Civilização é um monumento de cultura,

São páginas de ternura as que escre-

N'eu sôbre o Padre Madureira c de jus

amizade: "Preciso dizer-lhe quanto sou

tiça as que redigiu em defesa da Com

grato à sua direção espiritual. Claro: consciência, alguma leitura, preocupa ção principal da vida interior, fé em Deus, tudo isto preexistia em mim.

panhia de Jesus.

sião, tal a energia de seus ataques, a ira

Mas era muito confuso o estado de meu

dos seus adversários.

até hoje não abandonei: o respeito ao

espírito, quase caótico.

elemento, em cuja espécie, após a con-

Amigo a coordenar minha crença; a re

Obrigou-me o

Combateu o divórcio a vinculo e as

doutrinas bolcheristas, atraindo na oca

Como paraninfo dos engenhelrandos

do Maclcenzie College, em 1928, profe-


Digesto EcoNÓNaco

92

riu essa notabilíssima oração "Senso da

inteiramente a sua alma purificada. A

Vida", resumo do seu pensamento filo

morte foi para élc apenas a queda de

sófico e religioso. E' realmente dos seus

uma barreira material, cuja opacidade se

melhores trabalhos, como fundo e como

adelgaçava mais c mais; às penumbras

forma, e que causou indelével impressão

da fé sucedeu o cxta.sc da \'isão imedia

nos meios universitários.

ta do Infinito Bem que ele tanto amou. Não queremos fazer mais comentários

A sua oração, lida pelo dr. Rêgo Mon teiro ao ser inaugurado o monumento do

nem deduzir as lições que se encerram

Redentor, no Corcovado, como presiden

nesta vida admíràvclmentc fecunda. A

te da Liga Eleitoral Católica, é de

simples leitura dc.stcs fragmentos inédi

alma profundamente cristã. "Obra-pri ma e de elevação espiritual patriótica que todos ouviram comovidos e edifica-

dos", foram os termos do telegrama do Cardeal Arcebispo.

Solicitado pelo Cardeal D. Sebastião

I

Leme. escreveu, já bastante enfermo. Conceito cristão do trabalho", sinteti-

zando as doutrinas da Igreja Romana,

expostas na enciclica "De Rerum Novarum", de Leão XIII.

Foram êsses, em resumo, os extraor dinários serviços que João Pandiá Caló

geras prestou à Igreja Católica, após a sua conversão religiosa.

Não quero finalizar êste capítulo sem reproduzir as palavras de seu confessoí, o Padre Leonel Franca, artista e

beleza serena do espírito totalmente sub

misso aos desígnios adoráveis da Provi dência e fixo na contemplação interior das realidades eternas. Deus enchera

4 — As convenções internacionais c a

legislação projetada

laboração livre e eficaz na produção das riquezas.

O problema relacionado com os mé

sil se comprometeu a observar e exe

todos ou bases para se chegar <à fixa

ce interior de um dos maiores estadistas

cutar as regras tendentes a metodizar

ção dos salários mínimos foi discuti do em Genebra em 1927 e uma decisão final foi adotada em 1928. O convê

e das mais sólidas culturas

e regulamentar a organização do tra balho, ditadas nesse histórico do

ses participantes se obrigavam a ins

cumento, visando a melhoria das con

tituir e conservar métodos que per

do Brasil

contemporâneo. O sôpro que lhe ani mou tôda a existência e inspirou a bele za das ações foi o amor sincero e abso luto de Deus e a fidelidade inqucbrantável aos ensinamentos do Evangelho. Sô-

bre todas as coisas prezava êlc a sua dignidade de cristão. O mundo gravaria talvez na lousa da sua sepultura o elen co glorioso de suas benemerênclas inte

lectuais e sociais; êle preferiu resumir a sua vida num ato religioso, simples e su blime. Entre os escritos deixados à fa

mília foi encontrada, em dois lugares di

res traçados por mão trêmula, os dizeres:

enfraquecendo de dia para dia, luzia a

11

uma face tal\'ez menos conhecida, a fa

"Ascensões d'A!ma".

vólucro material de um corpo que se ia

Rubens Mabacliano

Como uma das altas partes signatá rias do Tratado de ^''e^sallles, o Bra

ferentes, uma folha de papel, tendo no

ciam-no com facilidade. Através do in

Salário mínimo familiar

tos tem por si a eloqüência singular das grandes realidades. ÊIcs revelam-nos

pensador, orgulho da Igreja e do Brasil, ao publicar essa pequena obra-prima^ "Os que tiveram a dita de b respirar de perto nos últimos tempos reconhe

- >.'1

alto uma cruz, e, em baixo, cm caracte Ad pedes tuos. .. Fiat voluntas tua...

E nada mais.

E' a maior lição que de João Pandiá Calógeras aprenderá a posteridade." O justo e sábio jesuíta lavrou o seu veredito. Enterrou-se com o burel fran-

ciscano o imortal Calógeras,

nio aprovado estabeleceu que os paí

dições dos trabalhadores de todos os

mitissem fixar uma taxa mínima de

países e, de modo particular, dos per

retribuição para os operários, desde

tencentes às nações que aquéle pacto internacional.

que não existisse um regime para o

firmaram

Os métodos recomendados teriam de

estabelecimento de salários por via de acordos Coletivos, tendo-se era conta a necessidade de assegurar aos traba

ser adotados segundo as peculiarida des de cada país, tendo em conta as

lhadores interessados um nível de vida

tendências e a cultura das coletivida

conveniente.

des a serem abrangidas, não depen

Conquanto permitisse a cada nação adotar os sistemas que entendesse

dendo, assim, a elaboração das leis do trabalho apenas e tão somente da vontade do poder público, mas tam bém de fatores vários, dos usos e cos tumes, das condições econômicas, da tradição industrial, e, ainda, da opor tunidade dc aplicação dos novos prin

cípios gerais que devem reger o pre paro daquelas leis. Daí c que, como resultante de con

venção internacional, se deu o primei ro passo para garantir aos trabalha dores o pagamento de um salário que lhes assegurasse um nível de vida sem maiores preocupações e de acòrdo

mais consentâneos com o ambiente

próprio, o convênio recomendou, po

rém, que os organismos incumbidos da fixação dos mínimos de salários se guissem normas sobre cálculos, com

binando as variações dos ganlios efe tivos, ou do salário nominal, e as va riações do custo de vida, adotando as necessárias precauções para assegu rar-se a comparação entre as duas sé

ries de dados. Êsse procedimento cons tituiria, pois, uma relação entre dois índices: um dêles representativo do nível referente à receita do trabalha

com o tempo e a cõndição do seu país,

dor, e o outro correspondendo aos

considerando-sc então o trabalho, não

seus gastos familiares.

como simples mercadoria ou artigo de

Já então, como se vê, os Congres sos Internacionais informavam da

ÇOmúrcio, mas como elemento de co


Digesto EcoNÓNaco

92

riu essa notabilíssima oração "Senso da

inteiramente a sua alma purificada. A

Vida", resumo do seu pensamento filo

morte foi para élc apenas a queda de

sófico e religioso. E' realmente dos seus

uma barreira material, cuja opacidade se

melhores trabalhos, como fundo e como

adelgaçava mais c mais; às penumbras

forma, e que causou indelével impressão

da fé sucedeu o cxta.sc da \'isão imedia

nos meios universitários.

ta do Infinito Bem que ele tanto amou. Não queremos fazer mais comentários

A sua oração, lida pelo dr. Rêgo Mon teiro ao ser inaugurado o monumento do

nem deduzir as lições que se encerram

Redentor, no Corcovado, como presiden

nesta vida admíràvclmentc fecunda. A

te da Liga Eleitoral Católica, é de

simples leitura dc.stcs fragmentos inédi

alma profundamente cristã. "Obra-pri ma e de elevação espiritual patriótica que todos ouviram comovidos e edifica-

dos", foram os termos do telegrama do Cardeal Arcebispo.

Solicitado pelo Cardeal D. Sebastião

I

Leme. escreveu, já bastante enfermo. Conceito cristão do trabalho", sinteti-

zando as doutrinas da Igreja Romana,

expostas na enciclica "De Rerum Novarum", de Leão XIII.

Foram êsses, em resumo, os extraor dinários serviços que João Pandiá Caló

geras prestou à Igreja Católica, após a sua conversão religiosa.

Não quero finalizar êste capítulo sem reproduzir as palavras de seu confessoí, o Padre Leonel Franca, artista e

beleza serena do espírito totalmente sub

misso aos desígnios adoráveis da Provi dência e fixo na contemplação interior das realidades eternas. Deus enchera

4 — As convenções internacionais c a

legislação projetada

laboração livre e eficaz na produção das riquezas.

O problema relacionado com os mé

sil se comprometeu a observar e exe

todos ou bases para se chegar <à fixa

ce interior de um dos maiores estadistas

cutar as regras tendentes a metodizar

ção dos salários mínimos foi discuti do em Genebra em 1927 e uma decisão final foi adotada em 1928. O convê

e das mais sólidas culturas

e regulamentar a organização do tra balho, ditadas nesse histórico do

ses participantes se obrigavam a ins

cumento, visando a melhoria das con

tituir e conservar métodos que per

do Brasil

contemporâneo. O sôpro que lhe ani mou tôda a existência e inspirou a bele za das ações foi o amor sincero e abso luto de Deus e a fidelidade inqucbrantável aos ensinamentos do Evangelho. Sô-

bre todas as coisas prezava êlc a sua dignidade de cristão. O mundo gravaria talvez na lousa da sua sepultura o elen co glorioso de suas benemerênclas inte

lectuais e sociais; êle preferiu resumir a sua vida num ato religioso, simples e su blime. Entre os escritos deixados à fa

mília foi encontrada, em dois lugares di

res traçados por mão trêmula, os dizeres:

enfraquecendo de dia para dia, luzia a

11

uma face tal\'ez menos conhecida, a fa

"Ascensões d'A!ma".

vólucro material de um corpo que se ia

Rubens Mabacliano

Como uma das altas partes signatá rias do Tratado de ^''e^sallles, o Bra

ferentes, uma folha de papel, tendo no

ciam-no com facilidade. Através do in

Salário mínimo familiar

tos tem por si a eloqüência singular das grandes realidades. ÊIcs revelam-nos

pensador, orgulho da Igreja e do Brasil, ao publicar essa pequena obra-prima^ "Os que tiveram a dita de b respirar de perto nos últimos tempos reconhe

- >.'1

alto uma cruz, e, em baixo, cm caracte Ad pedes tuos. .. Fiat voluntas tua...

E nada mais.

E' a maior lição que de João Pandiá Calógeras aprenderá a posteridade." O justo e sábio jesuíta lavrou o seu veredito. Enterrou-se com o burel fran-

ciscano o imortal Calógeras,

nio aprovado estabeleceu que os paí

dições dos trabalhadores de todos os

mitissem fixar uma taxa mínima de

países e, de modo particular, dos per

retribuição para os operários, desde

tencentes às nações que aquéle pacto internacional.

que não existisse um regime para o

firmaram

Os métodos recomendados teriam de

estabelecimento de salários por via de acordos Coletivos, tendo-se era conta a necessidade de assegurar aos traba

ser adotados segundo as peculiarida des de cada país, tendo em conta as

lhadores interessados um nível de vida

tendências e a cultura das coletivida

conveniente.

des a serem abrangidas, não depen

Conquanto permitisse a cada nação adotar os sistemas que entendesse

dendo, assim, a elaboração das leis do trabalho apenas e tão somente da vontade do poder público, mas tam bém de fatores vários, dos usos e cos tumes, das condições econômicas, da tradição industrial, e, ainda, da opor tunidade dc aplicação dos novos prin

cípios gerais que devem reger o pre paro daquelas leis. Daí c que, como resultante de con

venção internacional, se deu o primei ro passo para garantir aos trabalha dores o pagamento de um salário que lhes assegurasse um nível de vida sem maiores preocupações e de acòrdo

mais consentâneos com o ambiente

próprio, o convênio recomendou, po

rém, que os organismos incumbidos da fixação dos mínimos de salários se guissem normas sobre cálculos, com

binando as variações dos ganlios efe tivos, ou do salário nominal, e as va riações do custo de vida, adotando as necessárias precauções para assegu rar-se a comparação entre as duas sé

ries de dados. Êsse procedimento cons tituiria, pois, uma relação entre dois índices: um dêles representativo do nível referente à receita do trabalha

com o tempo e a cõndição do seu país,

dor, e o outro correspondendo aos

considerando-sc então o trabalho, não

seus gastos familiares.

como simples mercadoria ou artigo de

Já então, como se vê, os Congres sos Internacionais informavam da

ÇOmúrcio, mas como elemento de co


DiCESTO ECONÓ&OCO

94

preocupação resultante do problema,

quando proclamados os Princípios So

situando este no quadro mais amplo

ciais da América, estabeleceu que o

da célula social constituída pela fa

salário mínimo deve satisfazer, con

mília do trabalhador.

forme as condições de cada região, às

Embora participando de Congressos c firmando tratados e convenções,

desde 1919, visando a melhoria das condições dos trabalhadores, o nosso

país só em 1934 teve inscrito, em seu sistema constitucional, o preceito que outorgou ao trabalhador o direito a \im salário mínimo capaz de satisfazer

às

suas

necessidades

normais (1).

Esse mesmo preceito se vé na Carta

tle 10 de novembro de 1937 (2).

A constituição de 1946, aceitando, entretanto, a linha traçada na Confe

rência de Chapultepec (3), em 1945, (1) Constituição Brasileira de 1934

^t. 121. § IO.; A legislação do trabalho observara os seguintes preceitos além de outros que colimem melhorar as condi

tindo norma da Constituição de 1934,

que a lei proibirá qualquer diferença de salário, para um mesmo trabalho, por motivo, dentre outros, de estado civil, — o que corresponde ao sentido

tos e das pesquisas, pois que era pre ciso conhecer, preliminarmente, das condições variáveis nas regiões em que o país fôra dividido, para chegar-

de organização constitucional da nos

se a resultados que permitissem a aceitação dos dados colliidos. O problema apresentava dificulda

necessidades normais do trabalhador e de sua família; — e, também, repe

sa ordem económico-social, que obje tiva conciliar a liberdade de iniciati va com a valorização do trabalho hu

mano, asseguradas, por meio deste, as possibilidades de existência digna (4). Em 1936 a Lei 185 instituiu as Co missões de Salário Mínimo, definindo êste como a remuneração mínima de vida ao trabalhador adulto, por dia

normal de serviço e c'apaz de satisfa

a) proibição de diferença de salário pa

zer, em determinada região do país .e

de idade, sexo nacionalidade ou es

em determinada época, às suas neces

tado civil;

sidades normais de alimentação, ha

b) salário mínimo, capaz de satisfazer

conforme as condições de cada re-

• giâo, às necessidades normais do tra balhador.

(2) Carta Constitucional de 1937 _ Art 137: A legislação do trabalho obser vará, além de outros, os seguintes pre ceitos:

bitação, vestuário, higiene e transpor te, — cumprindo às Comissões fixas as porcentagens com que esses cinco fatores contribuam para a formação do salário.

.

h) salano mínimo, capaz de satisfazer,

(3) Conferência Interamericana do Mé xico 1945. Resolução LVII, Princípios Sociais da América. Recomendações; 2.a)

Que os governos das repúblicas america

nas incorporem em sua legislação prin-

cípios que estabeleçam:

remunerativa garanta e também au

mente o poder aquisitivo do trabalha dor mantendo-o em harmonia « equilíbrio tanto com as condições va riáveis dos tempos G das regiões, co mo com o melhor rendimento na. pro dução e a conseqüente diminuição dos custos unitários.

(4) Constituição Brasileira de 1946 —

ai Que o salário mínimo de que devera

Art. 157: A legislação do trabalho e a da

gião, se considere suficiente P^r^ sa tisfazer às necessidades normais da

tes preceitos, além de outros que visem a melhoria da condição dos trabalhado res: I — salário mínimo capaz de satisfa zer, conforme as condições de cada re

aesrrutar desfrutar ^ o trabalhador rio seránarla o ^—» que. 1 1— toatendendo às condições de cada re

vida do obreiro, sua educação e seus

prazeres honestos^ em seu caráter de

chefe de família; fo)

que o salário mínimo seja bastante flexível iiexivea para auapiai-sc paia adaptar-se àw alta dos preços, a fim de que sua capacidade

des de ordem coletiva, que assumetn a maior importância no campo rela tivo às ciências sociais. É naturalmen

te difícil que uma lei possa determi nar, com exatidão, o que por sua na tureza muda de contínuo.

Tornando-se

necessário fixar uma

fatores de ordem econômica tenham

alterado substancialmente a situação econômica c financeira na região in teressada.

Essa possibilidade dc variar o salá

rio mínimo, no tempo e no espaço, acompanhando as curvas, ascendentes

c descendentes, das condições econô micas cm todo o país, dá ao instituto uma linlia de flexibilidade em que se resguarda o interesse coletivo.

Para atingirem os resultados cuja

aceitação ponderada fôsse admitida,

tiveram as Comissões de operar entre duas balisas, que marcam nitidamente os extremos de variabilidade impostos

à solução do problema: de um lado, as possibilidades da situação econômi ca regional e, de outro, as despesas diárias com a conveniente alimenta

ção, habitação, vestuário, higiene e transporte, necessárias à vida de um

tabela de salários que atendesse às

trabalhador adulto.

necessidades mínimas do trabalhador, foi indispensável considerar:

Com a aceitação ponderada dos re sultados colhidos pelas Comissões e

a) a diferenciação no espaço, segun do a identidade das condições e neces

levando-se cm conta os índices repre sentativos de Cada uma das conjuntu

sidades normais de vida nas respecti vas regiões;

b) a variação no tempo, desde que

ras econômicas estaduais, baseados nas series financeira, econômica e de mográfica, além da especial, formada

pelos salários reais, foi possível cbegar-se à tabela dc . salários posta em

de acôrdo com as condições de cada

região, às necessidades normais do trabalhador.

Ficou assim o salário minimo subor dinado a esses fatores, que integram a lista das necessidades do homem do trabalho, cuja satisfação é indispensá vel. Os trabailios das Comissões, bai xado que foi o regulamento aprovado pelo dccrcto-lei 399, dc 1938, se orien taram, então, no quadro dos inquéri

ções do trabalhador: ra um mesmo trabalho, por motivo

Dicesto Econômico

previdência social obedecerão aos seguin

gião. às necessidades normais do traba lhador e de sua família; II — proibição de diferença- de salário para um mesmo trabalho por motivo de idade, sexo. na cionalidade ou estado civil.

vigor a 1.0 de maio de 1940, pelo de creto-lei n.o 2162.

É bem de ver, no entanto, que sen do o salário mínimo representado pe la fórmula Sm=a-f b-fc-fd-fe, cm que a, b, c, d Q c represen tam, respectivamente, o valor das despesas diárias com alimenta-


DiCESTO ECONÓ&OCO

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preocupação resultante do problema,

quando proclamados os Princípios So

situando este no quadro mais amplo

ciais da América, estabeleceu que o

da célula social constituída pela fa

salário mínimo deve satisfazer, con

mília do trabalhador.

forme as condições de cada região, às

Embora participando de Congressos c firmando tratados e convenções,

desde 1919, visando a melhoria das condições dos trabalhadores, o nosso

país só em 1934 teve inscrito, em seu sistema constitucional, o preceito que outorgou ao trabalhador o direito a \im salário mínimo capaz de satisfazer

às

suas

necessidades

normais (1).

Esse mesmo preceito se vé na Carta

tle 10 de novembro de 1937 (2).

A constituição de 1946, aceitando, entretanto, a linha traçada na Confe

rência de Chapultepec (3), em 1945, (1) Constituição Brasileira de 1934

^t. 121. § IO.; A legislação do trabalho observara os seguintes preceitos além de outros que colimem melhorar as condi

tindo norma da Constituição de 1934,

que a lei proibirá qualquer diferença de salário, para um mesmo trabalho, por motivo, dentre outros, de estado civil, — o que corresponde ao sentido

tos e das pesquisas, pois que era pre ciso conhecer, preliminarmente, das condições variáveis nas regiões em que o país fôra dividido, para chegar-

de organização constitucional da nos

se a resultados que permitissem a aceitação dos dados colliidos. O problema apresentava dificulda

necessidades normais do trabalhador e de sua família; — e, também, repe

sa ordem económico-social, que obje tiva conciliar a liberdade de iniciati va com a valorização do trabalho hu

mano, asseguradas, por meio deste, as possibilidades de existência digna (4). Em 1936 a Lei 185 instituiu as Co missões de Salário Mínimo, definindo êste como a remuneração mínima de vida ao trabalhador adulto, por dia

normal de serviço e c'apaz de satisfa

a) proibição de diferença de salário pa

zer, em determinada região do país .e

de idade, sexo nacionalidade ou es

em determinada época, às suas neces

tado civil;

sidades normais de alimentação, ha

b) salário mínimo, capaz de satisfazer

conforme as condições de cada re-

• giâo, às necessidades normais do tra balhador.

(2) Carta Constitucional de 1937 _ Art 137: A legislação do trabalho obser vará, além de outros, os seguintes pre ceitos:

bitação, vestuário, higiene e transpor te, — cumprindo às Comissões fixas as porcentagens com que esses cinco fatores contribuam para a formação do salário.

.

h) salano mínimo, capaz de satisfazer,

(3) Conferência Interamericana do Mé xico 1945. Resolução LVII, Princípios Sociais da América. Recomendações; 2.a)

Que os governos das repúblicas america

nas incorporem em sua legislação prin-

cípios que estabeleçam:

remunerativa garanta e também au

mente o poder aquisitivo do trabalha dor mantendo-o em harmonia « equilíbrio tanto com as condições va riáveis dos tempos G das regiões, co mo com o melhor rendimento na. pro dução e a conseqüente diminuição dos custos unitários.

(4) Constituição Brasileira de 1946 —

ai Que o salário mínimo de que devera

Art. 157: A legislação do trabalho e a da

gião, se considere suficiente P^r^ sa tisfazer às necessidades normais da

tes preceitos, além de outros que visem a melhoria da condição dos trabalhado res: I — salário mínimo capaz de satisfa zer, conforme as condições de cada re

aesrrutar desfrutar ^ o trabalhador rio seránarla o ^—» que. 1 1— toatendendo às condições de cada re

vida do obreiro, sua educação e seus

prazeres honestos^ em seu caráter de

chefe de família; fo)

que o salário mínimo seja bastante flexível iiexivea para auapiai-sc paia adaptar-se àw alta dos preços, a fim de que sua capacidade

des de ordem coletiva, que assumetn a maior importância no campo rela tivo às ciências sociais. É naturalmen

te difícil que uma lei possa determi nar, com exatidão, o que por sua na tureza muda de contínuo.

Tornando-se

necessário fixar uma

fatores de ordem econômica tenham

alterado substancialmente a situação econômica c financeira na região in teressada.

Essa possibilidade dc variar o salá

rio mínimo, no tempo e no espaço, acompanhando as curvas, ascendentes

c descendentes, das condições econô micas cm todo o país, dá ao instituto uma linlia de flexibilidade em que se resguarda o interesse coletivo.

Para atingirem os resultados cuja

aceitação ponderada fôsse admitida,

tiveram as Comissões de operar entre duas balisas, que marcam nitidamente os extremos de variabilidade impostos

à solução do problema: de um lado, as possibilidades da situação econômi ca regional e, de outro, as despesas diárias com a conveniente alimenta

ção, habitação, vestuário, higiene e transporte, necessárias à vida de um

tabela de salários que atendesse às

trabalhador adulto.

necessidades mínimas do trabalhador, foi indispensável considerar:

Com a aceitação ponderada dos re sultados colhidos pelas Comissões e

a) a diferenciação no espaço, segun do a identidade das condições e neces

levando-se cm conta os índices repre sentativos de Cada uma das conjuntu

sidades normais de vida nas respecti vas regiões;

b) a variação no tempo, desde que

ras econômicas estaduais, baseados nas series financeira, econômica e de mográfica, além da especial, formada

pelos salários reais, foi possível cbegar-se à tabela dc . salários posta em

de acôrdo com as condições de cada

região, às necessidades normais do trabalhador.

Ficou assim o salário minimo subor dinado a esses fatores, que integram a lista das necessidades do homem do trabalho, cuja satisfação é indispensá vel. Os trabailios das Comissões, bai xado que foi o regulamento aprovado pelo dccrcto-lei 399, dc 1938, se orien taram, então, no quadro dos inquéri

ções do trabalhador: ra um mesmo trabalho, por motivo

Dicesto Econômico

previdência social obedecerão aos seguin

gião. às necessidades normais do traba lhador e de sua família; II — proibição de diferença- de salário para um mesmo trabalho por motivo de idade, sexo. na cionalidade ou estado civil.

vigor a 1.0 de maio de 1940, pelo de creto-lei n.o 2162.

É bem de ver, no entanto, que sen do o salário mínimo representado pe la fórmula Sm=a-f b-fc-fd-fe, cm que a, b, c, d Q c represen tam, respectivamente, o valor das despesas diárias com alimenta-


Dicesto Econónhco

Digesto Econômico

97

96

ção, habitação, vestuário, . higiene c transporte, — nos casos em que o em

pregador fornecer "in natura" uma ou mais dessas parcelas, o salário em di nheiro se determina, com a dedução das porcentagens correspondentes aos fornecimentos feitos, até a ocorrên cia máxima de 70%, de maneira a que nunca seja inferior a 30% do mínimo legal. A lei que fixou os níveis de salário

retamente ligados à produção manufaturcira ou à transformação de utilida

des, estendciido-sc depois êsse benefí cio aos trabalhadores das empresas de transportes c comunicações. O salano

de compensação, criado para benefi ciar os empregados í|uc tinham peque

nos ordenados, nao visou, dc modo al gum, aumentar mccãnicaincntc os sa lários para dar maiores proventos a

partir de 5 de julho de 1940. Em 1943,

quem já os tinha razoáveis, por isso que -SÓ o percebiam aqueles cuja re muneração se achasse compreendida

modificadas que já se achavam as

entre o salário mínimo, exclusivo, co

curvas das nossas condições econô

mo limite inferior, c o dobro do sa lário mínimo, como limite superior.

mínimo para todo o país vigorou a

micas, como decorrência do conflito internacional em que o Brasil se viu

Foi até aí a direta intervenção do

envolvido, era visível a ascensão dos preços das utilidades de consumo e a decorrente baixa dos salários reais. A Coordenação da Mobilização Econô

estabelecimento da remuneração míni

mica, pela Portaria n.o 36, de 8 de ja

rado, não se levando em conta se êsse

neiro de 1943, elevou os valores dos salários mínimos de 25% para as ca

pitais dos Estados e de 30% para as demais loôalidades.

Estado no campo dos salários, com o ma essencial à subsistência do hornem

do trabalho, individualmente conside mínimo era ou não suficiente para o sustento da família.

Dizemos intervenção direta. Porque,

por via dos dissídios coletivos, a Jus

Ainda nesse mesmo ano três atos

oficiais modificaram, a 10 de novem bro, a posição dos salários. O decre to-lei n." 5.977 alterou a tabela do sa lário mínimo, procedendo a aumentos

segundo a identidade das condições e necessidades normais de vida nas vá rias regiões do país; — o decreto-lei

o 5 978 modificou a tabela do salário

tiça do Trabalho vem, desde 1945, pro

cessando e procedendo a sucessivas

majorações de salários, tendo em con ta os índices acusadores da alta do

Acliando-se cm andamento, na Câ

liio. O salário mínimo pago em dinhei

do Segadas Viana, dc 1.° dc outubro

ro, após o desconto dos fornecimentos

de 1948 o dc 9 dc março dc 1949, res pectivamente., — o projeto oferecido pelo Presidente da República teve em

de utilidades feitos pelo empregador,

conta, como se infere da sua justifica tiva, o pensamento já manifestado no Legislativo; — muitos pontos são as

sim conciliados, o que nos leva a apre ciar, mais diretamente, a orientação que o Poder Executivo está imprimin do ao assunto, sem abandono, é cla ro, dos outros dois trabalhos.

mínimo, a

contraprestação

nal que possam comprometer o senti

do de unidade de produção nacional, atendam ás peculiaridades do traba-

não poderá ser inferior a 40% da base legal. No pagamento do salário mínimo

não haverá distinção de estado civil e a quota correspondente às necessida

des da família sòmente será recebida

pelo trabalhador quando éste provar que arrosta com encargos de manu

tenção familiar, sendo, caso contrário,

recolhida à entidade de previdência

Conceitua o projeto, como salário

mínima

devida c paga diretamente pelo em

social a que esteja filiado ou á Caixa

Econômica Federal que tenha sede na região, se o trabalhador prestar servi

pregador a todo trabalhador, inclusi

ços na agricultura, e destinada ao cus

ve o rural, capaz dc satisfazer, em de

teio dos mútuos de casamento, insti tuído pelo artigo 8.° do decreto-lei n.° 3.200, de 19 de abril de 1941, que

terminada época e região do país, ás necessidades ncrmais do assalariado e de sua família, relativas u alimenta

dispõe sôbre a organização e proteção

ção, habitação, vestuário, higiene, re creação e transporte, — sem distinção de sc-xo, sendo a unidade de tempo o dia normal dc serviço. O cômputo

da família.

das necessidades da família será fei

igual período; — excepcionalmente, e

custo de vida.

to em função dc valor absoluto, não havendo distinção quanto ao núme

5 -- A legislação projetada

ro dos dependentes, respeitadas, po

Em 14 de fevereiro do corrente ano o Senhor Presidente da República en

cos de competições de caráter regio

mara dos Deputados, dois outras pro jetos versando a mesma matéria, — o substitutivo da Comissão dc Legis lação Social c o subscrito pelo deputa

rém, as condições dc tempo e espaço, determinada época e região do país. Na fixação do salário mínimo as

O salário mínimo, uma vez fixado,

vigorará pelo prazo de 3 anos, poden

do ser modificado ou confirmado por mediante o voto de ^ dos componen tes da Comissão" de Salário Mínimo, poderá êstc ser alterado antes de de

corrido o triênio, desde que fatores de ordem econômica tenham modificado

de maneira sensível a situação econô

odfríónal para a indústria, criado pelo decreto-lei n.° 5.473, de 11 de maio do

caminhou ao Congresso Nacional a Exposição de Motivos que acompa

Comissões

mesmo ano; - e o decreto-lei n.°

nhou o anteprojeto de lei relativo ao

6Ò%> segundo os graus, máximo, médio

subzona interessada.

salário mínimo familiar, segundo a

e mínimo, do serviço insalubre; — reduzir até a metade o salário mínimo do trabalhador de menos de 18 e mais de 14 anos, desde que se caracterize a condição dc aprendiz, sujeito a forma ção profissional; — e instituir taxas

São computados para formação do salário mínimo, inclusive taxas adicio nais, os abonos ou aumentos efetivos que, por iniciativa própria, tenham os empregadores concedido aos seus em pregados a partir de 10 de íevéreiro

adicionais que, destinadas a obstar ris

de 1944, nos termos do decreto-lei n.°

5 979 dispôs sobre o salano de com-

conceituação da Constituição Federal.

^^olllkrio adicional para a indústria,

Assim, sob n.° 1.369, de 1950, foi apre

destinado à correção do salário míni-

sentado na Câmara dos Deputados o

mo, luiíi '

mínimo para o trabalhador e sua fa

, fôra instituído em favor de todo — <•. ««A ]/-riT

empregado que, sob qualquer forma de remuneração, prestasse serviços di

projeto de lei que institui o salario mília e dá outras providências.

poderão

acrescentar

até

mica e financeira da região, zona ou

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Dicesto Econónhco

Digesto Econômico

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96

ção, habitação, vestuário, . higiene c transporte, — nos casos em que o em

pregador fornecer "in natura" uma ou mais dessas parcelas, o salário em di nheiro se determina, com a dedução das porcentagens correspondentes aos fornecimentos feitos, até a ocorrên cia máxima de 70%, de maneira a que nunca seja inferior a 30% do mínimo legal. A lei que fixou os níveis de salário

retamente ligados à produção manufaturcira ou à transformação de utilida

des, estendciido-sc depois êsse benefí cio aos trabalhadores das empresas de transportes c comunicações. O salano

de compensação, criado para benefi ciar os empregados í|uc tinham peque

nos ordenados, nao visou, dc modo al gum, aumentar mccãnicaincntc os sa lários para dar maiores proventos a

partir de 5 de julho de 1940. Em 1943,

quem já os tinha razoáveis, por isso que -SÓ o percebiam aqueles cuja re muneração se achasse compreendida

modificadas que já se achavam as

entre o salário mínimo, exclusivo, co

curvas das nossas condições econô

mo limite inferior, c o dobro do sa lário mínimo, como limite superior.

mínimo para todo o país vigorou a

micas, como decorrência do conflito internacional em que o Brasil se viu

Foi até aí a direta intervenção do

envolvido, era visível a ascensão dos preços das utilidades de consumo e a decorrente baixa dos salários reais. A Coordenação da Mobilização Econô

estabelecimento da remuneração míni

mica, pela Portaria n.o 36, de 8 de ja

rado, não se levando em conta se êsse

neiro de 1943, elevou os valores dos salários mínimos de 25% para as ca

pitais dos Estados e de 30% para as demais loôalidades.

Estado no campo dos salários, com o ma essencial à subsistência do hornem

do trabalho, individualmente conside mínimo era ou não suficiente para o sustento da família.

Dizemos intervenção direta. Porque,

por via dos dissídios coletivos, a Jus

Ainda nesse mesmo ano três atos

oficiais modificaram, a 10 de novem bro, a posição dos salários. O decre to-lei n." 5.977 alterou a tabela do sa lário mínimo, procedendo a aumentos

segundo a identidade das condições e necessidades normais de vida nas vá rias regiões do país; — o decreto-lei

o 5 978 modificou a tabela do salário

tiça do Trabalho vem, desde 1945, pro

cessando e procedendo a sucessivas

majorações de salários, tendo em con ta os índices acusadores da alta do

Acliando-se cm andamento, na Câ

liio. O salário mínimo pago em dinhei

do Segadas Viana, dc 1.° dc outubro

ro, após o desconto dos fornecimentos

de 1948 o dc 9 dc março dc 1949, res pectivamente., — o projeto oferecido pelo Presidente da República teve em

de utilidades feitos pelo empregador,

conta, como se infere da sua justifica tiva, o pensamento já manifestado no Legislativo; — muitos pontos são as

sim conciliados, o que nos leva a apre ciar, mais diretamente, a orientação que o Poder Executivo está imprimin do ao assunto, sem abandono, é cla ro, dos outros dois trabalhos.

mínimo, a

contraprestação

nal que possam comprometer o senti

do de unidade de produção nacional, atendam ás peculiaridades do traba-

não poderá ser inferior a 40% da base legal. No pagamento do salário mínimo

não haverá distinção de estado civil e a quota correspondente às necessida

des da família sòmente será recebida

pelo trabalhador quando éste provar que arrosta com encargos de manu

tenção familiar, sendo, caso contrário,

recolhida à entidade de previdência

Conceitua o projeto, como salário

mínima

devida c paga diretamente pelo em

social a que esteja filiado ou á Caixa

Econômica Federal que tenha sede na região, se o trabalhador prestar servi

pregador a todo trabalhador, inclusi

ços na agricultura, e destinada ao cus

ve o rural, capaz dc satisfazer, em de

teio dos mútuos de casamento, insti tuído pelo artigo 8.° do decreto-lei n.° 3.200, de 19 de abril de 1941, que

terminada época e região do país, ás necessidades ncrmais do assalariado e de sua família, relativas u alimenta

dispõe sôbre a organização e proteção

ção, habitação, vestuário, higiene, re creação e transporte, — sem distinção de sc-xo, sendo a unidade de tempo o dia normal dc serviço. O cômputo

da família.

das necessidades da família será fei

igual período; — excepcionalmente, e

custo de vida.

to em função dc valor absoluto, não havendo distinção quanto ao núme

5 -- A legislação projetada

ro dos dependentes, respeitadas, po

Em 14 de fevereiro do corrente ano o Senhor Presidente da República en

cos de competições de caráter regio

mara dos Deputados, dois outras pro jetos versando a mesma matéria, — o substitutivo da Comissão dc Legis lação Social c o subscrito pelo deputa

rém, as condições dc tempo e espaço, determinada época e região do país. Na fixação do salário mínimo as

O salário mínimo, uma vez fixado,

vigorará pelo prazo de 3 anos, poden

do ser modificado ou confirmado por mediante o voto de ^ dos componen tes da Comissão" de Salário Mínimo, poderá êstc ser alterado antes de de

corrido o triênio, desde que fatores de ordem econômica tenham modificado

de maneira sensível a situação econô

odfríónal para a indústria, criado pelo decreto-lei n.° 5.473, de 11 de maio do

caminhou ao Congresso Nacional a Exposição de Motivos que acompa

Comissões

mesmo ano; - e o decreto-lei n.°

nhou o anteprojeto de lei relativo ao

6Ò%> segundo os graus, máximo, médio

subzona interessada.

salário mínimo familiar, segundo a

e mínimo, do serviço insalubre; — reduzir até a metade o salário mínimo do trabalhador de menos de 18 e mais de 14 anos, desde que se caracterize a condição dc aprendiz, sujeito a forma ção profissional; — e instituir taxas

São computados para formação do salário mínimo, inclusive taxas adicio nais, os abonos ou aumentos efetivos que, por iniciativa própria, tenham os empregadores concedido aos seus em pregados a partir de 10 de íevéreiro

adicionais que, destinadas a obstar ris

de 1944, nos termos do decreto-lei n.°

5 979 dispôs sobre o salano de com-

conceituação da Constituição Federal.

^^olllkrio adicional para a indústria,

Assim, sob n.° 1.369, de 1950, foi apre

destinado à correção do salário míni-

sentado na Câmara dos Deputados o

mo, luiíi '

mínimo para o trabalhador e sua fa

, fôra instituído em favor de todo — <•. ««A ]/-riT

empregado que, sob qualquer forma de remuneração, prestasse serviços di

projeto de lei que institui o salario mília e dá outras providências.

poderão

acrescentar

até

mica e financeira da região, zona ou

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DlCESTO EcoNÓMicr 98

Digesto Eco^^ó^^co

3.81J, de 10 de novembro de 1941. As alterações consignadas pelo pro

do mutuário e cujo título de proprie dade será transcrito com avcrbaçao <Ie

abones em favor das famílias de prole numerosa, assim consideradas as que

uma vez que não se pode distinguir,

tiverem pelo menos 8 filhos, — e êsse

nima, o estado civil daquele que pres

para efeito do pagamento da taxa mí

jeto, em relação aos dispositivos da lei vigente, que regem o salário míni mo, cifram-se no seguinte : a) entre os fatores que contribuem

bem de família c com as cláusulas dc inalicnaljilidadc e itnpcnhorabiUdade, a

para a formação do salário mínimo

mente devido.

do mútuo dc casamento de outro ato

também, a ocorrência de outros, em sentido diferente. O preceito constitu cional estabelece que se dê ao traba

a não ser o da fixação, pelo Presiden

lhador um salário não inferior ao li

te da República, dos limites em que

mite que possa satisfazer, conforme as

foi incluído aquele atinentc à re creação;

b) o desconto, correspondente aos for necimentos'"in natura" feitos pelo empregador, limita-se a 60% do va lor do salário mínimo, havendo as

sim uma redução de 10%;

c) o salário mínimo pago em dinheiro, após o desconto das prestações "in natura" feito pelo empregador, não

não ser pelo débito re.sultanlc do em préstimo, — sendo feito o resgate no

auxílio vem sendo regularmente con

ta serviços, no sentido de evitar;

cedido. Para isso, foi criado o adicio

prazo dc 2Ü anos, cm amortizaçóo

nal de 15% sôbrc o imposto de renda,

mensais e com os juros anuais de 5/fPor motivo dc nascimento dc cada fi lho do casal se fará no mútuo dedu ção da importância correspondente a 10% c, quando cada filho completar 10 anos, outra redução de 10% obterá o mutuante, ambas no valor inicial

a ser pago pelos contribuintes soltei

a) o esinagamento das empresas que acaso possuam maior número de empregados com mulher e filhos; e

ros ou viúvos, maiores de 25 anos, sem

b) a preferência que maliciosamente

No caso de trabalhadores que não hajam

ol)tido

empréstimos

para a

filhos, — de 10% pelos casados, nas

se incline pela admissão de empre

mesmas condições, — c de 5% pelos

gados solteiros ou sem filhos. O argumento é interessante. Mas há,

que, maiores de 45 anos, só tenham -tim -jilho.

Dependeria, porventura, a concessão

será inferior a 40%, resultando um

aquisição dc imóveis, ser-lhes-á con

cada uma das instituições concessoras

condições de cada região, às suas ne

acréscimo de 10%;

cedido um mútuo da importância re

poderia operar? Não parece que assim seja, dado

cessidades normais e de sua família.

d) incluem-se, na conceituação do sa lário mínimo, as necessidades da família do trabalhador; e) na hipótese de trabalhador sem en

ferente a um ano dc suas vantagens ^

pecuniárias, não excedentes de | Cr| 6.000,00, a juros de 6% anuais, para j

que a lei é expressa e o seu corres

pondente dispositivo não ficou sujei

Isso evidentemente não implica e nem importa em reconhecer que a percep ção do empregado, isento de encargos

aqui.sição de enxoval e instalação de |

to a vigorar mediante condições no vas.

sera destinada ao custeio dos mú

casa, amortizável cm prestações men- ; sais no prazo dc 5 anos. O pagamen

tuos de casamento.

to só se iniciará depois de decorridos j

problema dc difícil solução no proje

se a prorrogações de prazos e dedu

tado estatuto do salário mínimo, pois que não mais se deverá ter em conta

ções sucessivas do mútuo, de 20%, de

apenas o indivíduo, e sim também os

mais 20%, de mais 30% e enfim ex

empregador, — e a que destina as quo

tinta a dívida, com o nascimento, com vida, do primeiro, do segundo, do ter

seus encargos familiares. E que a Constituição Federal, mandando que a legislação do traljalho e a da previ

do trabalhador, por aquelas pessoas cuja subsistência dele depende, e na turalmente não foi outro o objetivo do legislador constituinte. O conflito entre os dois indsos do

tas dos trabalhadores que não arros

ceiro e do quarto filho.

dência social ditem normas atinentes:

artigo 157 da Constituição, — diz Te-

Não subordina o decreto-lei n.° 3.200 a concessão do mútuo a qual

l.o — a salário mínimo capaz de satis fazer, conforme as condições de cada região, às necessidades

téria (5), — estaria no "estado civil",

cargo familiar, a quota de família Duas inovações são substanciais e de relevante importância: a que ins titui a quota de família em função de valor absoluto, paga diretamente pelo tem com encargos familiares ao cus teio dos mútuos de casamento. O mútuo de casamento, instituído

pela lei de proteção à família, tem por fim permitir a trabalhadores, de idade inferior a 30 anos, a obtenção de em

préstimo, não excedente do montante do salário percebido em um triênio,

para aplicação da respectiva impor tância em imóvel, adquirido pela ins

tituição de previdência social ou pela Caixa Econômica Federal em nome

12 meses do matrimônio, procedendo|

quer contriljuição especial de empre gados ou empregadores. Ao contrário^ autoriza, desde logo, em seu artigo 8.",

Alega-se, entretanto, que há um

normais do trabalhador e de sua

família; — e

de manutenção familiar, deva ser igual ao daquele que arrosta com tais encar gos. Parece claro que a instituição do salário familiar se destina a socorrer o

núcleo social constituído pela família

mistocles Cavalcanti, apreciando a ma aparentemente em antítese ao salário familiar. Mas a verdade é que a di

ferença se justificaria, não em conse qüência do estado civil, da situação

os institutos de previdência social e

2.0 — a proibição de diferença de sa

as Caixas Econômicas Federais a con cederem o benefício, dentro do limite

por motivo de idade, sexo, na

de casado, viúvo ou solteiro, mas dos encargos de família muitas vezes mais

cionalidade ou estado civil,

pesados mesmo entre os solteiros,

a ser fixado, para cada organismo, pe lo Presidente da República.

Aliás, dispondo sobre a proteção à família, a lei instituiu, também, os

lário para Um mesmo trabalho

determina ao legislador ordinário que concilie esses dois textos e imponha um único tipo de salário-base para

obrigados a ter sob sua responsabili

todos os trabalhadores assalariados,

Temistocles Cavalcanti, Rio, 1947.

dade humerosas pessoas. (5) Constituirão

Cornentada


DlCESTO EcoNÓMicr 98

Digesto Eco^^ó^^co

3.81J, de 10 de novembro de 1941. As alterações consignadas pelo pro

do mutuário e cujo título de proprie dade será transcrito com avcrbaçao <Ie

abones em favor das famílias de prole numerosa, assim consideradas as que

uma vez que não se pode distinguir,

tiverem pelo menos 8 filhos, — e êsse

nima, o estado civil daquele que pres

para efeito do pagamento da taxa mí

jeto, em relação aos dispositivos da lei vigente, que regem o salário míni mo, cifram-se no seguinte : a) entre os fatores que contribuem

bem de família c com as cláusulas dc inalicnaljilidadc e itnpcnhorabiUdade, a

para a formação do salário mínimo

mente devido.

do mútuo dc casamento de outro ato

também, a ocorrência de outros, em sentido diferente. O preceito constitu cional estabelece que se dê ao traba

a não ser o da fixação, pelo Presiden

lhador um salário não inferior ao li

te da República, dos limites em que

mite que possa satisfazer, conforme as

foi incluído aquele atinentc à re creação;

b) o desconto, correspondente aos for necimentos'"in natura" feitos pelo empregador, limita-se a 60% do va lor do salário mínimo, havendo as

sim uma redução de 10%;

c) o salário mínimo pago em dinheiro, após o desconto das prestações "in natura" feito pelo empregador, não

não ser pelo débito re.sultanlc do em préstimo, — sendo feito o resgate no

auxílio vem sendo regularmente con

ta serviços, no sentido de evitar;

cedido. Para isso, foi criado o adicio

prazo dc 2Ü anos, cm amortizaçóo

nal de 15% sôbrc o imposto de renda,

mensais e com os juros anuais de 5/fPor motivo dc nascimento dc cada fi lho do casal se fará no mútuo dedu ção da importância correspondente a 10% c, quando cada filho completar 10 anos, outra redução de 10% obterá o mutuante, ambas no valor inicial

a ser pago pelos contribuintes soltei

a) o esinagamento das empresas que acaso possuam maior número de empregados com mulher e filhos; e

ros ou viúvos, maiores de 25 anos, sem

b) a preferência que maliciosamente

No caso de trabalhadores que não hajam

ol)tido

empréstimos

para a

filhos, — de 10% pelos casados, nas

se incline pela admissão de empre

mesmas condições, — c de 5% pelos

gados solteiros ou sem filhos. O argumento é interessante. Mas há,

que, maiores de 45 anos, só tenham -tim -jilho.

Dependeria, porventura, a concessão

será inferior a 40%, resultando um

aquisição dc imóveis, ser-lhes-á con

cada uma das instituições concessoras

condições de cada região, às suas ne

acréscimo de 10%;

cedido um mútuo da importância re

poderia operar? Não parece que assim seja, dado

cessidades normais e de sua família.

d) incluem-se, na conceituação do sa lário mínimo, as necessidades da família do trabalhador; e) na hipótese de trabalhador sem en

ferente a um ano dc suas vantagens ^

pecuniárias, não excedentes de | Cr| 6.000,00, a juros de 6% anuais, para j

que a lei é expressa e o seu corres

pondente dispositivo não ficou sujei

Isso evidentemente não implica e nem importa em reconhecer que a percep ção do empregado, isento de encargos

aqui.sição de enxoval e instalação de |

to a vigorar mediante condições no vas.

sera destinada ao custeio dos mú

casa, amortizável cm prestações men- ; sais no prazo dc 5 anos. O pagamen

tuos de casamento.

to só se iniciará depois de decorridos j

problema dc difícil solução no proje

se a prorrogações de prazos e dedu

tado estatuto do salário mínimo, pois que não mais se deverá ter em conta

ções sucessivas do mútuo, de 20%, de

apenas o indivíduo, e sim também os

mais 20%, de mais 30% e enfim ex

empregador, — e a que destina as quo

tinta a dívida, com o nascimento, com vida, do primeiro, do segundo, do ter

seus encargos familiares. E que a Constituição Federal, mandando que a legislação do traljalho e a da previ

do trabalhador, por aquelas pessoas cuja subsistência dele depende, e na turalmente não foi outro o objetivo do legislador constituinte. O conflito entre os dois indsos do

tas dos trabalhadores que não arros

ceiro e do quarto filho.

dência social ditem normas atinentes:

artigo 157 da Constituição, — diz Te-

Não subordina o decreto-lei n.° 3.200 a concessão do mútuo a qual

l.o — a salário mínimo capaz de satis fazer, conforme as condições de cada região, às necessidades

téria (5), — estaria no "estado civil",

cargo familiar, a quota de família Duas inovações são substanciais e de relevante importância: a que ins titui a quota de família em função de valor absoluto, paga diretamente pelo tem com encargos familiares ao cus teio dos mútuos de casamento. O mútuo de casamento, instituído

pela lei de proteção à família, tem por fim permitir a trabalhadores, de idade inferior a 30 anos, a obtenção de em

préstimo, não excedente do montante do salário percebido em um triênio,

para aplicação da respectiva impor tância em imóvel, adquirido pela ins

tituição de previdência social ou pela Caixa Econômica Federal em nome

12 meses do matrimônio, procedendo|

quer contriljuição especial de empre gados ou empregadores. Ao contrário^ autoriza, desde logo, em seu artigo 8.",

Alega-se, entretanto, que há um

normais do trabalhador e de sua

família; — e

de manutenção familiar, deva ser igual ao daquele que arrosta com tais encar gos. Parece claro que a instituição do salário familiar se destina a socorrer o

núcleo social constituído pela família

mistocles Cavalcanti, apreciando a ma aparentemente em antítese ao salário familiar. Mas a verdade é que a di

ferença se justificaria, não em conse qüência do estado civil, da situação

os institutos de previdência social e

2.0 — a proibição de diferença de sa

as Caixas Econômicas Federais a con cederem o benefício, dentro do limite

por motivo de idade, sexo, na

de casado, viúvo ou solteiro, mas dos encargos de família muitas vezes mais

cionalidade ou estado civil,

pesados mesmo entre os solteiros,

a ser fixado, para cada organismo, pe lo Presidente da República.

Aliás, dispondo sobre a proteção à família, a lei instituiu, também, os

lário para Um mesmo trabalho

determina ao legislador ordinário que concilie esses dois textos e imponha um único tipo de salário-base para

obrigados a ter sob sua responsabili

todos os trabalhadores assalariados,

Temistocles Cavalcanti, Rio, 1947.

dade humerosas pessoas. (5) Constituirão

Cornentada


I I I ji.ini]ij|i^!|pp||i,i 100

Digesto Ecoxómico

A nossa Constituição dc 1934 con signava já o preceito proibitivo de sa

lário diferc^^te, para um mesmo tra

Digesto Econômico — é que as necessidades da família devem ser integradas na estrutura do salário mínimo e. para isso, a Cons

101

mente, porque tal forma revestiria a

transferencia

para as cmprêsas de

direto ao núcleo social, mediante o pagamento em moeda.

balho, por motivo de idade, sexo, na

tituição conferiu liberdade ampla ao

cionalidade ou estado civil; não cui

um ônus que cabe ao Estado, a cujo

legislador para dispor sobre a maté

dava, porem, do salário familiar, don

ria. Sc o Icgíslatlor, pelos projetos

cargo SC acha o dever de proteção à

çada nos inquéritos procedidos para

de se infere que a norma impeditiva

família.

em curso no Congresso Xacional, fala

a fixação dos novos níveis do salário

teria forçosamente outra mira, visando

um sentido de igualdade social e pos

Pelas informações colhidas sobre

cm (luota correspondente à unidade

os cálculos referentes à quota fami

familiar ou às necessidades de famí

liar, esta deverá ser fixada na ordem de Cr$ 102,00 a Cb$ 180,00, conforme as várias regiões do país, de molde

sibilitando:

lia, é óbvio (juc SC considera essa quo

a) que

ta um sobrc-salário ou um suplemen to dc salário a ser outorgado a um

a que não se represente por menos

certo grupo de trabalhadores, ou se-

de 60% nos níveis até Cr$ 195,00 e

os trabalhadores de idade avançada não se vejam, após anos seguidos de esforços empregados no serviço, em situação econômi

ca de nível inferior aos demais- e que aos menores não se impo-

nham condições que reduzam a remuneração, salvo quando a lei o permita;

b) que as mulheres, cujo trabalho necessita ser rodeado de algumas

prescrições e ainda de cufdados

especiais, segundo a situação e o

estado em que se encontrem, em odasioes dadas, não sejam, por ISSO, consideradas em base de me nor percepção que a dos homensc) que se assegure um tratamento economico equitativo a todos os

trabalhadores^ que legalmente re sidam no país, sem distinção de nacionalidade ;

d) e, finalmente, que, por motivo dc estado civil, ninguém situado em

classes

j«^m exatamente aqueles que rcunerr os requisitos indispensáveis ao seu

recebimento. Incluir-se no mesmo di reito outros que não provem idênti

um subsídio proporcional ao número

Constituição.

Vê-se pelo substitutivo da Comis são de Legislação Social e pelo pro

te mínimo de três, subsídio ésse a

se reveste, a fim de que tècnicamen-

ser pago pelo fundo constituído para

jeto de origem presidencial que o problema é de difícil solução, pelo empenho de não estatuir norma que venha possibilitar diferenciação de

salários entre os trabalhadores que tenham ou que não tenham pessoas que vivam sob sua exclusiva depen dência econômica. Mas a verdade é

a quota que não couber, em paga

solteiros.

mento, ao trabalhador isento das des

Pontes de Miranda, Rio, 1947.

no Inquérito do Salário Mínimo, o

tro tipo de família, que chamaríamos

de intermédia, em favor da qual po deria ser distribuído periodicamente de dependentes que excedam ao limi

ser igual para o adulto e para o menor, para os homens e as mu lheres, para os casados, viúvos ou

(6) Comentários à Constituição de 1946,

com o abono familiar criado pelo mesmo diploma. Resta, assim, um ou

e Trabalho, — para que se compreen da a verdadeira significação de que

to, é que não encontra guarida na

que a dificuldade surge do critério

O que ocorre agora — e antes não

face às circunstâncias da família e não a atender às diversas necessidades das

Serviço de Estatística da Previdência

de implantação do salário familiar tipo absoluto, pago diretamente pela emprêsa. Nos limites dêsse critério, outra solução não açode que possa garantir plena realização à iniciativa, senão a de transferir, para um fundo,

acentua Pontes de Miranda (6), o

aquela que compreender oito ou mais

pessoas que compõem a família, dis

possa ser

preço da produção normal tem de

A família de prole numerosa, de que fala o decreto-lei n."» 3200, c filhos, beneficiada, além da quota,

tinção substancial — como acentua,

diferenciadas

para o efeito de salário; — como

plementar.

pois 'que deve destinar-se a fazer

cos requisitos, porque não arrostam ra o custeio dos mútuos de casamen

mínimo, é representada pelo traba lhador e mais três dependentes, re unindo assim quatro pessoas; — esse grupo é contemplado pela quota su

mais de 50% nos níveis até Cr§ 360,00,

com os encargos de família, e trans

ferir depois a quota suplementar pa

A família típica, ou média, alcan

pesas de manutenção familiar. Mas não, evidentemente, um fundo desti nado ao custeio dos mútuos de casa-

te aquela quota se situe no gabarito normal do abono familiar, concedido pelo Estado aos chefes de proles nu

recolher as quotas dos trabalhadores

Os encargos sociais já oneram em

sem direito à sua percepção, pela au sência dos encargos familiares. Dentre as justificativas que o Exe cutivo apresenta, em favor do salário

mais de 40%, a cargo exclusivo do empregador, as folhas de salários das

familiar absoluto", ressalta aquela que alude a êsse sistema como sendo pre

empresas, apenas com as obrigações

originárias de contribuições para os

conizado pela orientação religiosa e defendido pela Corrente leiga.

institutos de previdência, serviços so ciais e dc aprendizagem, repouso re munerado, férias, acidentes do traba

tência^ igualmente lembrada pela ori

merosas, economicamente fracas.

Mas, cabe sem dúvida uma adver

entação religiosa (Congresso Católi

lho c faltas ao' serviço. E qualquer

co de Liège, de 1890, — e EncícHca

novo gravame que recaia na produ

Quadragésimo Ano", Pio XI, 1931); é o lado econômico das emprêsas e, de modo ger;^al, o bem comum. Assim,

ção deve ser atenta e particularmente

estudado, para que se atenue, quanto possível, o seu reflexo no salário real.

O instituto do salário familiar não

se traduz em benefícios indiretos, co mo seja o mútuo de casamento ou o empréstimo para enxoval e instala ção de casa; — êle impõe o auxílio

o que cumpre saber é se a experiên

cia aconselha o salário familiar abso-

hito, nos moldes sustentados pelos projetos mencionados, — ou aquele de tipo relativo, em que o suplemento resulta de contribuição comoulsó- ^


I I I ji.ini]ij|i^!|pp||i,i 100

Digesto Ecoxómico

A nossa Constituição dc 1934 con signava já o preceito proibitivo de sa

lário diferc^^te, para um mesmo tra

Digesto Econômico — é que as necessidades da família devem ser integradas na estrutura do salário mínimo e. para isso, a Cons

101

mente, porque tal forma revestiria a

transferencia

para as cmprêsas de

direto ao núcleo social, mediante o pagamento em moeda.

balho, por motivo de idade, sexo, na

tituição conferiu liberdade ampla ao

cionalidade ou estado civil; não cui

um ônus que cabe ao Estado, a cujo

legislador para dispor sobre a maté

dava, porem, do salário familiar, don

ria. Sc o Icgíslatlor, pelos projetos

cargo SC acha o dever de proteção à

çada nos inquéritos procedidos para

de se infere que a norma impeditiva

família.

em curso no Congresso Xacional, fala

a fixação dos novos níveis do salário

teria forçosamente outra mira, visando

um sentido de igualdade social e pos

Pelas informações colhidas sobre

cm (luota correspondente à unidade

os cálculos referentes à quota fami

familiar ou às necessidades de famí

liar, esta deverá ser fixada na ordem de Cr$ 102,00 a Cb$ 180,00, conforme as várias regiões do país, de molde

sibilitando:

lia, é óbvio (juc SC considera essa quo

a) que

ta um sobrc-salário ou um suplemen to dc salário a ser outorgado a um

a que não se represente por menos

certo grupo de trabalhadores, ou se-

de 60% nos níveis até Cr$ 195,00 e

os trabalhadores de idade avançada não se vejam, após anos seguidos de esforços empregados no serviço, em situação econômi

ca de nível inferior aos demais- e que aos menores não se impo-

nham condições que reduzam a remuneração, salvo quando a lei o permita;

b) que as mulheres, cujo trabalho necessita ser rodeado de algumas

prescrições e ainda de cufdados

especiais, segundo a situação e o

estado em que se encontrem, em odasioes dadas, não sejam, por ISSO, consideradas em base de me nor percepção que a dos homensc) que se assegure um tratamento economico equitativo a todos os

trabalhadores^ que legalmente re sidam no país, sem distinção de nacionalidade ;

d) e, finalmente, que, por motivo dc estado civil, ninguém situado em

classes

j«^m exatamente aqueles que rcunerr os requisitos indispensáveis ao seu

recebimento. Incluir-se no mesmo di reito outros que não provem idênti

um subsídio proporcional ao número

Constituição.

Vê-se pelo substitutivo da Comis são de Legislação Social e pelo pro

te mínimo de três, subsídio ésse a

se reveste, a fim de que tècnicamen-

ser pago pelo fundo constituído para

jeto de origem presidencial que o problema é de difícil solução, pelo empenho de não estatuir norma que venha possibilitar diferenciação de

salários entre os trabalhadores que tenham ou que não tenham pessoas que vivam sob sua exclusiva depen dência econômica. Mas a verdade é

a quota que não couber, em paga

solteiros.

mento, ao trabalhador isento das des

Pontes de Miranda, Rio, 1947.

no Inquérito do Salário Mínimo, o

tro tipo de família, que chamaríamos

de intermédia, em favor da qual po deria ser distribuído periodicamente de dependentes que excedam ao limi

ser igual para o adulto e para o menor, para os homens e as mu lheres, para os casados, viúvos ou

(6) Comentários à Constituição de 1946,

com o abono familiar criado pelo mesmo diploma. Resta, assim, um ou

e Trabalho, — para que se compreen da a verdadeira significação de que

to, é que não encontra guarida na

que a dificuldade surge do critério

O que ocorre agora — e antes não

face às circunstâncias da família e não a atender às diversas necessidades das

Serviço de Estatística da Previdência

de implantação do salário familiar tipo absoluto, pago diretamente pela emprêsa. Nos limites dêsse critério, outra solução não açode que possa garantir plena realização à iniciativa, senão a de transferir, para um fundo,

acentua Pontes de Miranda (6), o

aquela que compreender oito ou mais

pessoas que compõem a família, dis

possa ser

preço da produção normal tem de

A família de prole numerosa, de que fala o decreto-lei n."» 3200, c filhos, beneficiada, além da quota,

tinção substancial — como acentua,

diferenciadas

para o efeito de salário; — como

plementar.

pois 'que deve destinar-se a fazer

cos requisitos, porque não arrostam ra o custeio dos mútuos de casamen

mínimo, é representada pelo traba lhador e mais três dependentes, re unindo assim quatro pessoas; — esse grupo é contemplado pela quota su

mais de 50% nos níveis até Cr§ 360,00,

com os encargos de família, e trans

ferir depois a quota suplementar pa

A família típica, ou média, alcan

pesas de manutenção familiar. Mas não, evidentemente, um fundo desti nado ao custeio dos mútuos de casa-

te aquela quota se situe no gabarito normal do abono familiar, concedido pelo Estado aos chefes de proles nu

recolher as quotas dos trabalhadores

Os encargos sociais já oneram em

sem direito à sua percepção, pela au sência dos encargos familiares. Dentre as justificativas que o Exe cutivo apresenta, em favor do salário

mais de 40%, a cargo exclusivo do empregador, as folhas de salários das

familiar absoluto", ressalta aquela que alude a êsse sistema como sendo pre

empresas, apenas com as obrigações

originárias de contribuições para os

conizado pela orientação religiosa e defendido pela Corrente leiga.

institutos de previdência, serviços so ciais e dc aprendizagem, repouso re munerado, férias, acidentes do traba

tência^ igualmente lembrada pela ori

merosas, economicamente fracas.

Mas, cabe sem dúvida uma adver

entação religiosa (Congresso Católi

lho c faltas ao' serviço. E qualquer

co de Liège, de 1890, — e EncícHca

novo gravame que recaia na produ

Quadragésimo Ano", Pio XI, 1931); é o lado econômico das emprêsas e, de modo ger;^al, o bem comum. Assim,

ção deve ser atenta e particularmente

estudado, para que se atenue, quanto possível, o seu reflexo no salário real.

O instituto do salário familiar não

se traduz em benefícios indiretos, co mo seja o mútuo de casamento ou o empréstimo para enxoval e instala ção de casa; — êle impõe o auxílio

o que cumpre saber é se a experiên

cia aconselha o salário familiar abso-

hito, nos moldes sustentados pelos projetos mencionados, — ou aquele de tipo relativo, em que o suplemento resulta de contribuição comoulsó- ^


ria sóbre os salários em geral e o versalidade da sua distribuição, como

sucede em muitos países que adotam o sistema dos subsídios, auxílios, abonos ou prestações familiares.

os competentes organismos, com con tribuições comjnilsórias do patrona*^.iModernamente, cm alguns países in

0 — O sistema de subsídios ou abonos familiares

tema (Io salário familiar, outorgatido

O sistema de subsídios ou auxílios

familiares é de origem francesa e^dc iniciativa particular. Coincidentemen

te, ou por influência, data éle do mes mo ano em que Leão XIII deu a pviblico a sua famosa "Rerum Xovarum". Em 1891, por iniciativa das

companhias de estradas de ferro da França, foi instituído o sistema de subsídios familiares. Mais tarde, o industrial Romanet, de Grenoble, em

1916, e Maresche, de Loríent, em 1918, criaram, em cada uma das localidades onde residiam, caixas de compensação

entre os seus colegas, alimentadas ex clusivamente por contribuições patro nais calculadas em tanto por cento

dos salários pagos e aplicadas em sub sídios aos seus operários c emprega dos, proporcionalmente aos seus en

cargos de família, Depois da primei ra guerra mundial, grandes empresas adotaram o mesmo sistema, notadamente as companhias de seguro, sob forma, que deveria resultar obrigató ria mais tarde, de caixas de compen

sação. O Estado, desde 1918, aplicou a mesma modalidade aos seus funcio nários. Em 1920, existiam na França

6 caixas, abrangendo 50.000 trabalha dores Em 1930 o número de caixas se elevava a 232 e os trabalhadores com

preendidos a 1.820.000: - as contri buições recolhidas nesse ano somaram 342 milhões de francos franceses.

Inspirados nessa iniciativa patronal,

ta a cargo do empregador, <jue devia dar a seus trabalhadores um auxilio para cada filho de idade infermr a 17

anos. Este sistema, (juc não era ba seado no princípio dc Fundo de Cnmpensaç.ão, mostrou-sc logo pouco sa

dustriais SC começou a praticar o sis

tisfatório, tanto (pic induziu o Exe cutivo a estudar uma nova o radical

as empresas bonificações a seus ope rários,

prc^porcionalmcnte

aos

forma para ser aproveitada ]5or via

seus

legislativa, o ((ue foi feito pela lei de 22 dc julho dc 1948, (juc prevê o paga

encargos familiares. Com o objetivo de evitar {|ue essas bonificações one rassem

exclusivamente

as

103

ma do salário familiar, mediante cpio-

a Bélgica, cm 1930, c a França, em 1932, tornaram obrigatória a conces são do.s subsídios familiares, criando

peso do ônus é diminuído pela uni

Dioesto Econômico

Dick.stí) Económjco

102

mento

empresas

do

auxílio

na

importância

anual dc 7,200 marcos, cm quatro

com trabalhadores de famílias mais

prcstaçõc.s trimestrais, a favor de to

numerosas, o ciuc lhes daria motivo

dos os filhos menores dc 16 anos, re

para preferirem, cm seus contratos de

sidentes no país. O custeio dêsse au

trabalho, o pessoal jovem e solteiro,

xílio é feito mediante a contribuição

cm prejuízo cio que assim não o fôsse, idealizou-se a criação de caixas de

compensação encarregadas da forma ção cie um fundo comum com contri tre os trabalhadores. Evoluiu a idéia

A Constituição portuguesa de 1933

primento dc 20 anos nos casos de cur

consigna, cm seu texto, disposições sôbre o salário mínimo familiar, pre

concorrendo

0 menor é órfão de pai c mão ou se,

órfão dc um só genitor, não viver permanentemente cm sua companhia: — se o pai é morto ou se é titular de pensão dc Invalidez, velhice, ou doen ça a longo curso: — se, concorrendo determinadas circunstâncias, o pai não

providencia a manutenção do filho. O ônus financeiro do auxílio constitui encargo conjunto do Estado c das Municipalidades.

A lei n." 154, dc 13 de dezembro dc

1945, adotou na Cliccoslovaquia o sis tema de auxílio familiar para os fi

ronda pessoal que, juntamente com o

com menos de 16 anos de idade, mas que pode ser prorrogado até o ciim

xação do salário mínimo familiar (7).

necessidade,

dos empregadores, dc 4% sóbre os

cabe ao primeiro e ao segundo filhos

bém se generalizou como método de fi

de

salários pagos aos seus empregados, cabendo ao Estado as despesas res Na Holanda, a lei de 21 de dezem bro cie 1946 estabeleceu modificaçüC.> no sistema do auxílio familiar, o qual

quanto aos subsídios familiares e tam

tado

(|ual(iucr das seguintes condições: se

lhos menores dc 18 anos, a cargo dos

tantes.

buições equitativas, para sua distri buição, cm forma convencionada, en

a c.xigéncia dc ser comprovado o es

trabalhadores que não possuam uma

auxílio familiar, alcance determinada

importância. O sistema é alimentado por uma contribuição a cargo dos ein 1 regadorcs, na base de 47c dos salá rios pagos.

Na Grã-Bretanha e Irlanda do Nor te o auxílio familiar foi criado pela lei de 15 de junho de 1945, para cada

sos dc instrução ou aprendizagem. A

filho depois do primeiro, até a idade

contribuição dos empregadores é de

chefe da família receba prestação do

de 16 anos, salvo nos casos em que o

ceito esse cjuc encontrou solução pe lo decreto-lei n.° 32.192, de 13 de

5V2% sôbre as folhas dos salários

agosto dc 1942, que instituiu o regime

Desde 28 de dezembro de 1938 a Hungria adotou o sistema do auxílio familiar, modificado pelas leis de 13 de outubro de 1946 e 4 de fevereiro

xílio é concedido também para o pri meiro filho. O ônus recai integralmen

de 1947. O auxílio é concedido para

do abono de família para os traba lhadores assalariados. A lei de auxílio familiar, na Finlân

dia. é de 30 de abril de 1943, para fa mílias com pelo menos 5 filhos ou viú vas com pelo menos 3 filhos a seu

cargo. Em 1946, modificou-se o diplo ma, reduzindo o número de filhos pa ra 2. A 8 de novembro de 1947 uma

decisão do governo instituiu o siste(7") Tratado Elemental de Derecho So cial, Garcia Oviedo, Madrid, 1948.

pagos.

1

seguro social, hipótese em que o au

te sôbre o Estado.

A lei de 20 de outubro de 1947 con

cada filho menor de 18 anos e o sis

cede, no Grão-Ducado de Luxembur go, subsídio às famílias, mediante um

tema administrado pelo Instituto Na

fundo de compensação especial a ser

cional do Seguro SocTál. O ônus, a cargo do empregador, não pode ser superior a 6% dos salários pagos.

o fundo, custeará as despesas.

A Suécia instituiu o sistema pela lei de 26 de julho de 1947, mas fixou

criado; — o Estado, até que se crie A Sttíça instituiu, em 1944, o auxí lio familiar aos trabalhadores agríco

las e aos camponeses das regiões


ria sóbre os salários em geral e o versalidade da sua distribuição, como

sucede em muitos países que adotam o sistema dos subsídios, auxílios, abonos ou prestações familiares.

os competentes organismos, com con tribuições comjnilsórias do patrona*^.iModernamente, cm alguns países in

0 — O sistema de subsídios ou abonos familiares

tema (Io salário familiar, outorgatido

O sistema de subsídios ou auxílios

familiares é de origem francesa e^dc iniciativa particular. Coincidentemen

te, ou por influência, data éle do mes mo ano em que Leão XIII deu a pviblico a sua famosa "Rerum Xovarum". Em 1891, por iniciativa das

companhias de estradas de ferro da França, foi instituído o sistema de subsídios familiares. Mais tarde, o industrial Romanet, de Grenoble, em

1916, e Maresche, de Loríent, em 1918, criaram, em cada uma das localidades onde residiam, caixas de compensação

entre os seus colegas, alimentadas ex clusivamente por contribuições patro nais calculadas em tanto por cento

dos salários pagos e aplicadas em sub sídios aos seus operários c emprega dos, proporcionalmente aos seus en

cargos de família, Depois da primei ra guerra mundial, grandes empresas adotaram o mesmo sistema, notadamente as companhias de seguro, sob forma, que deveria resultar obrigató ria mais tarde, de caixas de compen

sação. O Estado, desde 1918, aplicou a mesma modalidade aos seus funcio nários. Em 1920, existiam na França

6 caixas, abrangendo 50.000 trabalha dores Em 1930 o número de caixas se elevava a 232 e os trabalhadores com

preendidos a 1.820.000: - as contri buições recolhidas nesse ano somaram 342 milhões de francos franceses.

Inspirados nessa iniciativa patronal,

ta a cargo do empregador, <jue devia dar a seus trabalhadores um auxilio para cada filho de idade infermr a 17

anos. Este sistema, (juc não era ba seado no princípio dc Fundo de Cnmpensaç.ão, mostrou-sc logo pouco sa

dustriais SC começou a praticar o sis

tisfatório, tanto (pic induziu o Exe cutivo a estudar uma nova o radical

as empresas bonificações a seus ope rários,

prc^porcionalmcnte

aos

forma para ser aproveitada ]5or via

seus

legislativa, o ((ue foi feito pela lei de 22 dc julho dc 1948, (juc prevê o paga

encargos familiares. Com o objetivo de evitar {|ue essas bonificações one rassem

exclusivamente

as

103

ma do salário familiar, mediante cpio-

a Bélgica, cm 1930, c a França, em 1932, tornaram obrigatória a conces são do.s subsídios familiares, criando

peso do ônus é diminuído pela uni

Dioesto Econômico

Dick.stí) Económjco

102

mento

empresas

do

auxílio

na

importância

anual dc 7,200 marcos, cm quatro

com trabalhadores de famílias mais

prcstaçõc.s trimestrais, a favor de to

numerosas, o ciuc lhes daria motivo

dos os filhos menores dc 16 anos, re

para preferirem, cm seus contratos de

sidentes no país. O custeio dêsse au

trabalho, o pessoal jovem e solteiro,

xílio é feito mediante a contribuição

cm prejuízo cio que assim não o fôsse, idealizou-se a criação de caixas de

compensação encarregadas da forma ção cie um fundo comum com contri tre os trabalhadores. Evoluiu a idéia

A Constituição portuguesa de 1933

primento dc 20 anos nos casos de cur

consigna, cm seu texto, disposições sôbre o salário mínimo familiar, pre

concorrendo

0 menor é órfão de pai c mão ou se,

órfão dc um só genitor, não viver permanentemente cm sua companhia: — se o pai é morto ou se é titular de pensão dc Invalidez, velhice, ou doen ça a longo curso: — se, concorrendo determinadas circunstâncias, o pai não

providencia a manutenção do filho. O ônus financeiro do auxílio constitui encargo conjunto do Estado c das Municipalidades.

A lei n." 154, dc 13 de dezembro dc

1945, adotou na Cliccoslovaquia o sis tema de auxílio familiar para os fi

ronda pessoal que, juntamente com o

com menos de 16 anos de idade, mas que pode ser prorrogado até o ciim

xação do salário mínimo familiar (7).

necessidade,

dos empregadores, dc 4% sóbre os

cabe ao primeiro e ao segundo filhos

bém se generalizou como método de fi

de

salários pagos aos seus empregados, cabendo ao Estado as despesas res Na Holanda, a lei de 21 de dezem bro cie 1946 estabeleceu modificaçüC.> no sistema do auxílio familiar, o qual

quanto aos subsídios familiares e tam

tado

(|ual(iucr das seguintes condições: se

lhos menores dc 18 anos, a cargo dos

tantes.

buições equitativas, para sua distri buição, cm forma convencionada, en

a c.xigéncia dc ser comprovado o es

trabalhadores que não possuam uma

auxílio familiar, alcance determinada

importância. O sistema é alimentado por uma contribuição a cargo dos ein 1 regadorcs, na base de 47c dos salá rios pagos.

Na Grã-Bretanha e Irlanda do Nor te o auxílio familiar foi criado pela lei de 15 de junho de 1945, para cada

sos dc instrução ou aprendizagem. A

filho depois do primeiro, até a idade

contribuição dos empregadores é de

chefe da família receba prestação do

de 16 anos, salvo nos casos em que o

ceito esse cjuc encontrou solução pe lo decreto-lei n.° 32.192, de 13 de

5V2% sôbre as folhas dos salários

agosto dc 1942, que instituiu o regime

Desde 28 de dezembro de 1938 a Hungria adotou o sistema do auxílio familiar, modificado pelas leis de 13 de outubro de 1946 e 4 de fevereiro

xílio é concedido também para o pri meiro filho. O ônus recai integralmen

de 1947. O auxílio é concedido para

do abono de família para os traba lhadores assalariados. A lei de auxílio familiar, na Finlân

dia. é de 30 de abril de 1943, para fa mílias com pelo menos 5 filhos ou viú vas com pelo menos 3 filhos a seu

cargo. Em 1946, modificou-se o diplo ma, reduzindo o número de filhos pa ra 2. A 8 de novembro de 1947 uma

decisão do governo instituiu o siste(7") Tratado Elemental de Derecho So cial, Garcia Oviedo, Madrid, 1948.

pagos.

1

seguro social, hipótese em que o au

te sôbre o Estado.

A lei de 20 de outubro de 1947 con

cada filho menor de 18 anos e o sis

cede, no Grão-Ducado de Luxembur go, subsídio às famílias, mediante um

tema administrado pelo Instituto Na

fundo de compensação especial a ser

cional do Seguro SocTál. O ônus, a cargo do empregador, não pode ser superior a 6% dos salários pagos.

o fundo, custeará as despesas.

A Suécia instituiu o sistema pela lei de 26 de julho de 1947, mas fixou

criado; — o Estado, até que se crie A Sttíça instituiu, em 1944, o auxí lio familiar aos trabalhadores agríco

las e aos camponeses das regiões


'•»

Digesto Econômico

104

montanhosas, auxílio ésse que é ou

to profissional, ou seja, da atividade

torgado tanto à íamília como a cada

de uma só pessoa; — êste último au

Dicesto

Econômico

105

íilho menor de 15 anos. Os emprega

xílio é concedido a partir do primeiro

cação e seus prazeres honestos, como

dores agrícolas contribuem com 1%

íilho.

sòbre as íólhas de salários, cabendo ao Governo Federal e aos Cantões as

chefe de família. A lei federal, repe tindo o disposto na Constituição,

sistema de subsídio familiar. O decre

adianta que o salário mínimo deve

de'mais despesas.

to dc 19 de maio dc 1948 introduziu

também considerar os recursos neces

A Itália instituíra desde há muito o

21,33%, e a quota correspondente a cada pessoa é de 400 pesos chilenos por mês.

O

auxílio

é outorgado somente

modiffcaçôes, sendo o auxílio conce

sários para a subsistência durante os

àqueles que, em situação de emprego nas atividades privadas, realizem tra

1945, modificada em 29 de março de 1946, a Espanha fixou um sistema de pontos para a concessão de subsídios

dido para cada filho até a idade de 14 anos, no caso dc operários, e dc 18

dias de repouso semanal. O Uruguai adotou, igualmente, o

intelectual sòbre o físico, conceito

anos, no caso dc empregados, para

familiares, criados em 1938, em bene

sistema dos auxílios familiares, pela

com que a legislação do Chile define

marido ou mulher em estado de inva-

lei n.° 10.449, de 12 de novembro de

o empregado, distinguindo-o assim do

lidez e para qualquer genitor que viva a cargo da família. O auxílio varia se

1943.

operário

trabalho manual.

gundo as atividades econômicas, sen

Com a aprovação do ato de auxílios familiares, de agòsto de 1944, foi ins

do de mais alta base a dos trabalha

tituído no Canadá um sistema nacio

dores na indústria e dc base menor

os da agricultura. O ônus é pôsto a

nal de proteção ao trabalho, cm favor de cada filho até a idade de 16 anos,

cargo do empregador, em tabelas va

sendo o ônus suportado inteiramente

Como se vê, são muitos os países que introduziram, em suas legislações, essas interessantes instituições do mo derno direito social, em regime que

riáveis segundo as respectivas ativi dades, oscilando as porcentagens en

pelo Estado. Ao fim do primeiro ano

pode ser chamado de subsídio fami

de aplicação da lei, e dadas a vasti

Pela ordenança de 19 de junho de

fício dos filhos e demais dependentes do trabalhador.

Na Noruega, a lei de 24 de outubro

de 1946 instituiu o auxílio familiar pa ra tóda pessoa com filho menor de 16

anos, sendo as depesas repartidas eii° (7/8) e as Comunas U/oj-

Desde 1930 a Bélgica adotou o sub sidio em favor da família. Pelo de creto de 30 de março de 1948 o be

nefício foi estendido aos trabalhado res não indígenas do Congo Belga, em favor da esposa e dos filhos.

Pela lei de 11 de março de 1932 a França adotou obrigatoriamente o sis tema que, como se viu, surgiu nesse país pela iniciativa privada. A lei de 22 de agosto de 1946 modificou a es trutura geral do auxílio familiar, que é devido a partir do segundo filho,

balho em que predomina o esíôrço

que executa normalmente Hc

4^

tre 11% e 22%, como mínimo e máxi

dão do território canadense e a es

liar, de abono familiar, de auxílio fa miliar ou de prestação familiar, des

mo, respectivamente, sobre o mon tante dos salários dos empregados c

cassa

tinado à proteção social da família

que não permitiu individualizar, com

e da natalidade.

operários em geral.

exatidão, o número dos que têm di reito ao auxílio — os pagamentos fo ram feitos na ordem de 14 dólares por família e de 6 dólares para cada filho

um modo geral, mediante contribui ção compulsória sôbre os salários, ou

Na América só me foi dado encon

trar elementos que, no tocante ao as sunto, se referem aos países nomea

dos a seguir. A Constituição argentina, de 11 de

densidade da população — o

Êsse regime tem permitido que, de

sòbre determinado limite dos mesmos, se

menor.

distribua aos trabalhadores uma

O au.xílio familiar foi incorporado

quota variável segundo o número de dependentes. Em alguns países essa distribuição é feita em base à remu

março de 1949, consigna o preceito de

à legislação do Cliile pela lei n.° 6.020,

que ao traljalhador se dê uma retri

de 8 de fevereiro de 1937. A lei n.°

buição suficiente para seu sustento e

7.295, de 1940, modificou a matéria e

neração

até a idade de 17 anos, a cargo de to

o de sua família, compensatório do

estabeleceu que o benefício seria con

do trabalhador residente na França. O diploma se aplica também nas ati vidades agrícolas. O decreto de 24 de setembro de 1947 fixa em 13%, sobre os salários, a taxa de contribuição dos

esforço realizado c dó rendimento

cedido em favor dos empregados que justificassem ter a seu cargo os se guintes dependentes; mulher, filhos legítimos, naturais ou adotivos, me

quando não alcance um nível míni mo de ganhos; — em outros, tendo

empregadores, mas esta Contribuição financia também o auxilio à materni dade, o auxílio pré-natal e o auxílio chamado de salário único, criado em favor das famílias assalariadas não beneficiadas que de um só rendimen

obtido. A legislação, anterior à Cons tituição, dispõe sobre o salário míni mo vital e Sua proibição de diminuilo, por acordo individual ou coletivo. O México adotou o princípio con

nores de 18 anos ou, se maiores, físi

percebida

pelo

operário,

em conta apenas os descendentes; — nos demais, em razão do cônjuge e parentes que vivam sob a dependên cia econômica do obreiro.

ca ou mentalmente inválidos ou im

Conclusão

tido na Carta de Chapultepec, de que

possibilitados para o trabalho, — e a

Em linhas gerais, a matéria atinen-

o salário mínimo do trabalhador de

mãe legítima ou natural, viúva ou abandonada pelo cônjuge. O fundo

te ao salário mínimo familiar aqui se

verá ser suficiente, atendendo às con

dições de cada região, para satisfazer

destinado ao auxílio familiar é custea

bre o sistema que, em nosso país,

do pela contribuição de 2% do em pregado e de 19,33% do empregador,

atenda ao preceito constitucional e melhor se concilie com os interêsses

sobre

da produção.

a suas necessidades normais, sua edu-

os

salários,

num

total de

acha exposta. Resta a indagação sô


'•»

Digesto Econômico

104

montanhosas, auxílio ésse que é ou

to profissional, ou seja, da atividade

torgado tanto à íamília como a cada

de uma só pessoa; — êste último au

Dicesto

Econômico

105

íilho menor de 15 anos. Os emprega

xílio é concedido a partir do primeiro

cação e seus prazeres honestos, como

dores agrícolas contribuem com 1%

íilho.

sòbre as íólhas de salários, cabendo ao Governo Federal e aos Cantões as

chefe de família. A lei federal, repe tindo o disposto na Constituição,

sistema de subsídio familiar. O decre

adianta que o salário mínimo deve

de'mais despesas.

to dc 19 de maio dc 1948 introduziu

também considerar os recursos neces

A Itália instituíra desde há muito o

21,33%, e a quota correspondente a cada pessoa é de 400 pesos chilenos por mês.

O

auxílio

é outorgado somente

modiffcaçôes, sendo o auxílio conce

sários para a subsistência durante os

àqueles que, em situação de emprego nas atividades privadas, realizem tra

1945, modificada em 29 de março de 1946, a Espanha fixou um sistema de pontos para a concessão de subsídios

dido para cada filho até a idade de 14 anos, no caso dc operários, e dc 18

dias de repouso semanal. O Uruguai adotou, igualmente, o

intelectual sòbre o físico, conceito

anos, no caso dc empregados, para

familiares, criados em 1938, em bene

sistema dos auxílios familiares, pela

com que a legislação do Chile define

marido ou mulher em estado de inva-

lei n.° 10.449, de 12 de novembro de

o empregado, distinguindo-o assim do

lidez e para qualquer genitor que viva a cargo da família. O auxílio varia se

1943.

operário

trabalho manual.

gundo as atividades econômicas, sen

Com a aprovação do ato de auxílios familiares, de agòsto de 1944, foi ins

do de mais alta base a dos trabalha

tituído no Canadá um sistema nacio

dores na indústria e dc base menor

os da agricultura. O ônus é pôsto a

nal de proteção ao trabalho, cm favor de cada filho até a idade de 16 anos,

cargo do empregador, em tabelas va

sendo o ônus suportado inteiramente

Como se vê, são muitos os países que introduziram, em suas legislações, essas interessantes instituições do mo derno direito social, em regime que

riáveis segundo as respectivas ativi dades, oscilando as porcentagens en

pelo Estado. Ao fim do primeiro ano

pode ser chamado de subsídio fami

de aplicação da lei, e dadas a vasti

Pela ordenança de 19 de junho de

fício dos filhos e demais dependentes do trabalhador.

Na Noruega, a lei de 24 de outubro

de 1946 instituiu o auxílio familiar pa ra tóda pessoa com filho menor de 16

anos, sendo as depesas repartidas eii° (7/8) e as Comunas U/oj-

Desde 1930 a Bélgica adotou o sub sidio em favor da família. Pelo de creto de 30 de março de 1948 o be

nefício foi estendido aos trabalhado res não indígenas do Congo Belga, em favor da esposa e dos filhos.

Pela lei de 11 de março de 1932 a França adotou obrigatoriamente o sis tema que, como se viu, surgiu nesse país pela iniciativa privada. A lei de 22 de agosto de 1946 modificou a es trutura geral do auxílio familiar, que é devido a partir do segundo filho,

balho em que predomina o esíôrço

que executa normalmente Hc

4^

tre 11% e 22%, como mínimo e máxi

dão do território canadense e a es

liar, de abono familiar, de auxílio fa miliar ou de prestação familiar, des

mo, respectivamente, sobre o mon tante dos salários dos empregados c

cassa

tinado à proteção social da família

que não permitiu individualizar, com

e da natalidade.

operários em geral.

exatidão, o número dos que têm di reito ao auxílio — os pagamentos fo ram feitos na ordem de 14 dólares por família e de 6 dólares para cada filho

um modo geral, mediante contribui ção compulsória sôbre os salários, ou

Na América só me foi dado encon

trar elementos que, no tocante ao as sunto, se referem aos países nomea

dos a seguir. A Constituição argentina, de 11 de

densidade da população — o

Êsse regime tem permitido que, de

sòbre determinado limite dos mesmos, se

menor.

distribua aos trabalhadores uma

O au.xílio familiar foi incorporado

quota variável segundo o número de dependentes. Em alguns países essa distribuição é feita em base à remu

março de 1949, consigna o preceito de

à legislação do Cliile pela lei n.° 6.020,

que ao traljalhador se dê uma retri

de 8 de fevereiro de 1937. A lei n.°

buição suficiente para seu sustento e

7.295, de 1940, modificou a matéria e

neração

até a idade de 17 anos, a cargo de to

o de sua família, compensatório do

estabeleceu que o benefício seria con

do trabalhador residente na França. O diploma se aplica também nas ati vidades agrícolas. O decreto de 24 de setembro de 1947 fixa em 13%, sobre os salários, a taxa de contribuição dos

esforço realizado c dó rendimento

cedido em favor dos empregados que justificassem ter a seu cargo os se guintes dependentes; mulher, filhos legítimos, naturais ou adotivos, me

quando não alcance um nível míni mo de ganhos; — em outros, tendo

empregadores, mas esta Contribuição financia também o auxilio à materni dade, o auxílio pré-natal e o auxílio chamado de salário único, criado em favor das famílias assalariadas não beneficiadas que de um só rendimen

obtido. A legislação, anterior à Cons tituição, dispõe sobre o salário míni mo vital e Sua proibição de diminuilo, por acordo individual ou coletivo. O México adotou o princípio con

nores de 18 anos ou, se maiores, físi

percebida

pelo

operário,

em conta apenas os descendentes; — nos demais, em razão do cônjuge e parentes que vivam sob a dependên cia econômica do obreiro.

ca ou mentalmente inválidos ou im

Conclusão

tido na Carta de Chapultepec, de que

possibilitados para o trabalho, — e a

Em linhas gerais, a matéria atinen-

o salário mínimo do trabalhador de

mãe legítima ou natural, viúva ou abandonada pelo cônjuge. O fundo

te ao salário mínimo familiar aqui se

verá ser suficiente, atendendo às con

dições de cada região, para satisfazer

destinado ao auxílio familiar é custea

bre o sistema que, em nosso país,

do pela contribuição de 2% do em pregado e de 19,33% do empregador,

atenda ao preceito constitucional e melhor se concilie com os interêsses

sobre

da produção.

a suas necessidades normais, sua edu-

os

salários,

num

total de

acha exposta. Resta a indagação sô


DrcESTO

gens elevadas. Para o setor rural é o

ticas consignadas às outras duas for mas ; — mas oferece a vantagem de

que mais facilita a aplicação da lei.

atenuar a força das mesmas críticas

dcncia social já apresentam percentaDícesto Econômico

106

Dois tipos de salário devem ser ob

jeto de consideração: o absoluto e o relativo. O primeiro não leva em con

O segundo tipo dc salário, chamado

relativo, é o que varia conforme o nú mero das pc-s.soas da família. A im-

ta o número dos dependentes e sim a

praticabilidadc desse sistema, sempre

família média, possibilitando ao traba

que os encargos totais, — isto é.

lhador a percepção de uma quota su plementar, para atender às circunstân

aqueles, derivados da contraprcstação do serviço c os resultantes do número de pessoas dependentes do trai>alhador, — fiquem a cargo direto cio em pregador, foi já demonstrada na Fin

cias ordinárias dò núcleo social.

Os trés projetos de lei, em andamento no Congresso Nacional, adotaram êséé ti po, com variantes diversas: o substi

107

Econômico

O tipo relativo é o que, doutrinàriamentc, oferece possibilidades mais consentâncas com o objetivo econòniico-sücial do instituto. Disso não tcmo.s dúvidas. Cada tralialhaclor rece beria um subsídio proporcional ao

número de pessoas que compõem a fa mília e o ônus teria o seu peso redu

c de fazer com que o valor do suple mento ao salário mínimo reverta, em

sua totalidade, em fav^^r da econo mia familiar.

Nessa ordem dc considerações, —

e tendo em conta que a quota fami liar recai, por fôrça de dispositivo

constitucional, na estrutura üo salá

zido pela generalidade da distribuição.

rio mínimo, não permitindo assim o estudo de plano diverso e mais am

lândia, de vez <iue umas empresas eram mais gravadas e outras menos,

Mas, tal modalidade exigiria a cria

plo, o que aliás se observa no crité

ção dc órgãos arrecadadores das con

rio seguido pela legislação projetada,

do c.vil no pagamento do salário m!mmo, determina o recolhimento da quota correspondente à unidade fami

estaI)elcceiKlo um regime de desigual dade c dcscquiliI)rando os custos da

tribuições, ou de carteiras especiais nas instituições de previdência exis

que de si já indica, por certo modo, a

tentes, com a organização de todo um

gresso Nacional, — pensamos ser pos

c"l cial, Tsd desde que o trabalhador P-vidència não nro ™-

nismos adequados, mediante determi

tutivo da Comissão de Legislação So cial, não admitindo distinção de esta-

ve que arrosta com o encargo "Utençao correspondente; L

2''

subscr.to pelo deputado Segadas^

pelo trabalhador, pelos integrlmtt

fam.ba, os prem.os de produção e as

siduidade, os abonos, inclusive o cruo fór pago pelo Estado, e o que ainda resultar de participação nos lucrosnão atingindo, a soma dessas parcelas' o dobro do salário mínimo, a diferen ça será paga pela instituição de pre vidência social correspondente. Ne nhum desses dois projetos, que incluem o trabalhador rural nos bene fícios, se lembrou de que a previdên

produção. Eis 'porc|uc tal modalidade só se opera por intermédio cie orga

mento familiar em proporção aos en

perda de tempo para estes e para a

cargos f|ue devem arrostar; — e em

produção, além cie impor, como é na

base a êsse critério é que apreciamos

tural, um moroso trabalho de apura

a forma relativa.

ção do número de dependentes em re lação a cada assalariado. No traba

isentos dos encargos de manuten

lho rural o sistema seria de difícil

te para a outorga de subsídios fa

O tipo absoluto possibilita uma so

lução mais simples e prática: o ônus é pago diretamente pela emprésa, sem a intervenção de terceiros, não de mandando qualquer perda de tempo para o trabalhador o seu recebimen

to. O pêsQ do encargo recai tão só

embaraços à execução de um plano dessa natureza.

ua estrutura do salário mínimo. Ofe

Um tipo misto conciliaria, possivel mente melhor, os vários interêsses,

dores (8), que no quadro da* previ(8) Os 5% que as instituições de pre

como vimos, adotando o critério do

casamento.

aplicação, tendo em vista a extensão territorial do país, que opõe sérios

rece a vantagem de evitar despesas administrativas dos órgãos arrecada

vidência vêm arrecadando dos segurados sao. pràticamente empregados na con cessão de benefícios e de assistência mé

colhida aos institutos de previdência e às Caixas Econômicas Federais se destinará ao custeio dos mútuos de

cluindo:

qüência das despesas administrativas que daí adviriam ; — o pagamento das quotas aos trabalhadores demandaria

Finalmente, o projeto do Executivo,

ção Social, estabelece que a quota re

sível responder à indagação, con

nada contribuição Compulsória sobre os salários em geral, distribuindo se aos trabalhadores a quota de suple

cia não abrange o homem do campo.

substitutivo da Comissão de Legisla

novo .serviço burocrático e a Conse

orientação a ser seguida pelo Con

dica, representando as despesas adminis trativas dessa contribuição, — Aluízio Alves, A Previdência Social no Brasil.

São Paulo, 1948. Atualmente, segundo informações co lhidas em boa fonte, essas despesas ad ministrativas se representam em porcen

tagens bem mais elevadas.

feito o pagamento direto da quota pe lo empregador, e desde que a impor tância das quotas recolhidas aos ins titutos dc previdência e às Caixas Econômicas Federais voltem à cir

culação em direto benefício às fa

o sistema de salário familiar abso

luto é o que, face às nossas condi ções, oferece no momento solução mais prática, desde que as quotas

não percebidas pelos trabalhadores, ção de família, se destinem à cons tituição de um fundo exclusivamen miliares.

A solução apontada não reveste

tipo ideal. Mas, de tôdas as pro postas é a que, a nosso ver, abre me

lhor caminho para que se busque, na experiência e no tempo, o molde mais adequado ao nosso ambiente, capaz de proporcionar benefícios reais à famí lia operária e possibilitar o efetivo

desenvolvimento da produção, pois deste último fenômeno é que, na ver

dade, poderá haver melhoria nos ní

mílias dos trabalhadores, sob a fôr

veis de vida em nosso pais, o que se

ma de subsídips. É certo que esta su gestão admite, ainda, parte das crí-

impõe em defesa da coletividade e da formação demográfica brasileira.


DrcESTO

gens elevadas. Para o setor rural é o

ticas consignadas às outras duas for mas ; — mas oferece a vantagem de

que mais facilita a aplicação da lei.

atenuar a força das mesmas críticas

dcncia social já apresentam percentaDícesto Econômico

106

Dois tipos de salário devem ser ob

jeto de consideração: o absoluto e o relativo. O primeiro não leva em con

O segundo tipo dc salário, chamado

relativo, é o que varia conforme o nú mero das pc-s.soas da família. A im-

ta o número dos dependentes e sim a

praticabilidadc desse sistema, sempre

família média, possibilitando ao traba

que os encargos totais, — isto é.

lhador a percepção de uma quota su plementar, para atender às circunstân

aqueles, derivados da contraprcstação do serviço c os resultantes do número de pessoas dependentes do trai>alhador, — fiquem a cargo direto cio em pregador, foi já demonstrada na Fin

cias ordinárias dò núcleo social.

Os trés projetos de lei, em andamento no Congresso Nacional, adotaram êséé ti po, com variantes diversas: o substi

107

Econômico

O tipo relativo é o que, doutrinàriamentc, oferece possibilidades mais consentâncas com o objetivo econòniico-sücial do instituto. Disso não tcmo.s dúvidas. Cada tralialhaclor rece beria um subsídio proporcional ao

número de pessoas que compõem a fa mília e o ônus teria o seu peso redu

c de fazer com que o valor do suple mento ao salário mínimo reverta, em

sua totalidade, em fav^^r da econo mia familiar.

Nessa ordem dc considerações, —

e tendo em conta que a quota fami liar recai, por fôrça de dispositivo

constitucional, na estrutura üo salá

zido pela generalidade da distribuição.

rio mínimo, não permitindo assim o estudo de plano diverso e mais am

lândia, de vez <iue umas empresas eram mais gravadas e outras menos,

Mas, tal modalidade exigiria a cria

plo, o que aliás se observa no crité

ção dc órgãos arrecadadores das con

rio seguido pela legislação projetada,

do c.vil no pagamento do salário m!mmo, determina o recolhimento da quota correspondente à unidade fami

estaI)elcceiKlo um regime de desigual dade c dcscquiliI)rando os custos da

tribuições, ou de carteiras especiais nas instituições de previdência exis

que de si já indica, por certo modo, a

tentes, com a organização de todo um

gresso Nacional, — pensamos ser pos

c"l cial, Tsd desde que o trabalhador P-vidència não nro ™-

nismos adequados, mediante determi

tutivo da Comissão de Legislação So cial, não admitindo distinção de esta-

ve que arrosta com o encargo "Utençao correspondente; L

2''

subscr.to pelo deputado Segadas^

pelo trabalhador, pelos integrlmtt

fam.ba, os prem.os de produção e as

siduidade, os abonos, inclusive o cruo fór pago pelo Estado, e o que ainda resultar de participação nos lucrosnão atingindo, a soma dessas parcelas' o dobro do salário mínimo, a diferen ça será paga pela instituição de pre vidência social correspondente. Ne nhum desses dois projetos, que incluem o trabalhador rural nos bene fícios, se lembrou de que a previdên

produção. Eis 'porc|uc tal modalidade só se opera por intermédio cie orga

mento familiar em proporção aos en

perda de tempo para estes e para a

cargos f|ue devem arrostar; — e em

produção, além cie impor, como é na

base a êsse critério é que apreciamos

tural, um moroso trabalho de apura

a forma relativa.

ção do número de dependentes em re lação a cada assalariado. No traba

isentos dos encargos de manuten

lho rural o sistema seria de difícil

te para a outorga de subsídios fa

O tipo absoluto possibilita uma so

lução mais simples e prática: o ônus é pago diretamente pela emprésa, sem a intervenção de terceiros, não de mandando qualquer perda de tempo para o trabalhador o seu recebimen

to. O pêsQ do encargo recai tão só

embaraços à execução de um plano dessa natureza.

ua estrutura do salário mínimo. Ofe

Um tipo misto conciliaria, possivel mente melhor, os vários interêsses,

dores (8), que no quadro da* previ(8) Os 5% que as instituições de pre

como vimos, adotando o critério do

casamento.

aplicação, tendo em vista a extensão territorial do país, que opõe sérios

rece a vantagem de evitar despesas administrativas dos órgãos arrecada

vidência vêm arrecadando dos segurados sao. pràticamente empregados na con cessão de benefícios e de assistência mé

colhida aos institutos de previdência e às Caixas Econômicas Federais se destinará ao custeio dos mútuos de

cluindo:

qüência das despesas administrativas que daí adviriam ; — o pagamento das quotas aos trabalhadores demandaria

Finalmente, o projeto do Executivo,

ção Social, estabelece que a quota re

sível responder à indagação, con

nada contribuição Compulsória sobre os salários em geral, distribuindo se aos trabalhadores a quota de suple

cia não abrange o homem do campo.

substitutivo da Comissão de Legisla

novo .serviço burocrático e a Conse

orientação a ser seguida pelo Con

dica, representando as despesas adminis trativas dessa contribuição, — Aluízio Alves, A Previdência Social no Brasil.

São Paulo, 1948. Atualmente, segundo informações co lhidas em boa fonte, essas despesas ad ministrativas se representam em porcen

tagens bem mais elevadas.

feito o pagamento direto da quota pe lo empregador, e desde que a impor tância das quotas recolhidas aos ins titutos dc previdência e às Caixas Econômicas Federais voltem à cir

culação em direto benefício às fa

o sistema de salário familiar abso

luto é o que, face às nossas condi ções, oferece no momento solução mais prática, desde que as quotas

não percebidas pelos trabalhadores, ção de família, se destinem à cons tituição de um fundo exclusivamen miliares.

A solução apontada não reveste

tipo ideal. Mas, de tôdas as pro postas é a que, a nosso ver, abre me

lhor caminho para que se busque, na experiência e no tempo, o molde mais adequado ao nosso ambiente, capaz de proporcionar benefícios reais à famí lia operária e possibilitar o efetivo

desenvolvimento da produção, pois deste último fenômeno é que, na ver

dade, poderá haver melhoria nos ní

mílias dos trabalhadores, sob a fôr

veis de vida em nosso pais, o que se

ma de subsídips. É certo que esta su gestão admite, ainda, parte das crí-

impõe em defesa da coletividade e da formação demográfica brasileira.


1'

A sovietízação da Ásia Canduío Motta Filho

russos nunca perderam Odedirigentes vista a possibilidade de uma so-

vietização da Asia, em grande escala Teoricamente, preferiam dominar o Ocidente, para depois assegurar o completo domínio sobre a Asia Po

rém, desde logo, as dificuldades se tor" naram visíveis. Q Ocidente oferecia a

dela se prevalecendo que Stalin se consolidou no poder c exterminou a oposição. O que era necessário, aci ma de tudo, era uma defesa diante

do capitalismo europeu, agressivo e resistente, e uma compreensão asiá tica da Rússia, iíin 1921, Lenine dava

Dicesto

Eco^*ó^aco

109

dente. Yalta e Lcningrado foram mo mentos decisivos. Dentro em pouco os exércitos russos clicgavam a Berlim,

campeava, com desenvoltura, o desen

sentindo, desde aí, o Kremlin, que a

tendimento. Na própria região alemã,

Europa poderia ser então uma presa fácil. Seus grandes países estavam arruinados, suas elites tinham pere cido nas convulsões sociais. Os pla

ocupada pelos russos, as dificuldades SC multiplicaram. O espírito fronteiri

rios energia, redobrada vigilância e

nos foram traçados. Os partidos co

sucessivos expurgos.

munistas deixaram a linguagem dire ta c revolucionária e usaram da tática

resistência de uma cultura histórica ativa e realizadora. O Oriente ofere

a Stalin instruções a esse respeito;

colaboracionista, empregando por fim

•— "Devemos insistir, absolutamente,

a política "da mão estendida".

cia a resistência geográfiV^

para

indiferentes à téínka ' .

Central

que

as

se.ssões

da

Comissão

comunistas do Ocidente. "A teoria da

espontaneidade — escreveu cie — é a

niano, um georgiano ctC. Absoluta mente!"

como uma luta contra os excessos do

to trabalhista espontâneo, a teoria que

individualismo. Possuía uma formação

nega de fato o papel do dirigente de

histórica indestrutível. Os comunistas

"Diário de viajem de um filósofo",

franceses e os comunistas italianos, que eram os mais numerosos, defen

vanguarda da classe trabalhadora." A luta empreendida contra o Plano Marshall, a exploração dos zelos na

diam

muito mais uma doutrina ética

cionalistas, as greves, as ocupações

de justiça social do que outra coisa.

das fábricas, o inconformismo diante dos salários, o desemprego, o custo de vida, a perspectiva de lutas imperia-

viu em 1927, com nitidez, ésse pro blema, ou melhor, essa identificação. Agora estou — escreve élc — na

em imponente unidade, todos os po

no. A revolução tinha sido. para èle

vos do interior. Psicològicamente, o

um salto no escuro. Lenine tivera a au' dácia de dar esse salto e se tornar vitorioso. O problema não era o de

russo está mais perto do hindu do

pelos preconceitos culturais, pela ten dência reiterada para o subjetivismo, pela indecisão diante de um programa de luta. A maioria dos ocidentais que

Que do chinês. Em vários sentidos a

alma russa vibra uníssona com a al™a da antiga índia. Os povos man

posições, mas o de conservar as po

tém a mesma relação com Deus e a

sições conquistadas. Já, em outubro de 1919, Lenine dizia: — "Não que

o russo mais se aproxima do chinês."

não se interessa por aumentar o nú

mero de seus filiados, mas apenas aumentar a sua qualidade, que expul sa de suas fileiras os vacilantes, é o

nosso partido da classe trabalhadora revolucionária ".

Essa política foi então seguida. Foi '

consiste cm render culto ao movimen

A Asia era a Rússia. A Rússia era

Eram, até de certo modo, perigosos,

cios. O único partido, no poder, que

teoria do oportunismo, a teoria que

a Asia. O Conde -Keiserling, no seu

Asia, onde a Rússia começa e reúne,

remos, mesmo grátis, membros fictí

Stalin, que antevira ésse estado de coisas, procurou circunscrevê-lo, quan do fez a crítica da "teoria da espon taneidade ", tão do gosto dos teóricos

Não foi, entretanto, essa tática co>-

presididas

ca, acentuou a neTesliSdTdl^^se^^ltÍ silenciar o expansionismo revolucioná qvançar para a conquista de novas

ço cm nada ajudava. Foram necessá

roada de êxito. A Europa, à medida que aceitava o comunismo, o aceitava a seu modo, modelado principalmente

Nacional sejam

rotativamente i:)or um russo, um ucra-

tir, colo iõlmZTl europeus, pondo de lado'rnm°^ ácnty teoria da revolução

Havia, assim, um terreno intranspo nível, uma terra de ninguém, onde

natureza. Porém, no fundo da alma,

O russo, na Ásia, está em sua ca sa, sem constrangimentos ou afeta

ções. Para enfrentar um Ocidente in

quieto e armado, 'apoiado na civiliza ção da máquina, a Rússia poderia movimentar-se nas infinitas extensões

asiaticas e se preciso fosse, um dia faria do asiático um bárbaro armado.

A última guerra teve, entretanto, a virtude de aproximar a Rússia do Oci

freqüentavam os congressos e pro curavam

Koestler "O Yogi e o proletário", que nenhuma influência poderia ter no es

pírito de um autêntico stalinUta, fêz

militantes, em

sensação enorme em todo o Ocidente,

contato com os dirigentes de Moscou,

alcançando as Américas. Por sua vez, a figura de seu romance "O zero e o

se

estar, como

listas, de nada valeram. O Hvro de

norteava

por

um

marxismo ro

mântico, que não era nem o de Marx,

infinito", o trágico e sombrio Rouba-

nem o retificado de Lenine. No íntimo

eram uns decepcionados. Aquilo que, mais tarde, aconteceu com Pfander,

c'hof, que, para o leninismo, seria uma caricatura, ficou, no Ocidente, marca do como um tipo simbólico. No entan

Koestler, Gide ou Silone, já .se deli

to, se fôsse um verdadeiro bolchevista

neara em 1935.

russo, isto é, um asiático, não falaria

v


1'

A sovietízação da Ásia Canduío Motta Filho

russos nunca perderam Odedirigentes vista a possibilidade de uma so-

vietização da Asia, em grande escala Teoricamente, preferiam dominar o Ocidente, para depois assegurar o completo domínio sobre a Asia Po

rém, desde logo, as dificuldades se tor" naram visíveis. Q Ocidente oferecia a

dela se prevalecendo que Stalin se consolidou no poder c exterminou a oposição. O que era necessário, aci ma de tudo, era uma defesa diante

do capitalismo europeu, agressivo e resistente, e uma compreensão asiá tica da Rússia, iíin 1921, Lenine dava

Dicesto

Eco^*ó^aco

109

dente. Yalta e Lcningrado foram mo mentos decisivos. Dentro em pouco os exércitos russos clicgavam a Berlim,

campeava, com desenvoltura, o desen

sentindo, desde aí, o Kremlin, que a

tendimento. Na própria região alemã,

Europa poderia ser então uma presa fácil. Seus grandes países estavam arruinados, suas elites tinham pere cido nas convulsões sociais. Os pla

ocupada pelos russos, as dificuldades SC multiplicaram. O espírito fronteiri

rios energia, redobrada vigilância e

nos foram traçados. Os partidos co

sucessivos expurgos.

munistas deixaram a linguagem dire ta c revolucionária e usaram da tática

resistência de uma cultura histórica ativa e realizadora. O Oriente ofere

a Stalin instruções a esse respeito;

colaboracionista, empregando por fim

•— "Devemos insistir, absolutamente,

a política "da mão estendida".

cia a resistência geográfiV^

para

indiferentes à téínka ' .

Central

que

as

se.ssões

da

Comissão

comunistas do Ocidente. "A teoria da

espontaneidade — escreveu cie — é a

niano, um georgiano ctC. Absoluta mente!"

como uma luta contra os excessos do

to trabalhista espontâneo, a teoria que

individualismo. Possuía uma formação

nega de fato o papel do dirigente de

histórica indestrutível. Os comunistas

"Diário de viajem de um filósofo",

franceses e os comunistas italianos, que eram os mais numerosos, defen

vanguarda da classe trabalhadora." A luta empreendida contra o Plano Marshall, a exploração dos zelos na

diam

muito mais uma doutrina ética

cionalistas, as greves, as ocupações

de justiça social do que outra coisa.

das fábricas, o inconformismo diante dos salários, o desemprego, o custo de vida, a perspectiva de lutas imperia-

viu em 1927, com nitidez, ésse pro blema, ou melhor, essa identificação. Agora estou — escreve élc — na

em imponente unidade, todos os po

no. A revolução tinha sido. para èle

vos do interior. Psicològicamente, o

um salto no escuro. Lenine tivera a au' dácia de dar esse salto e se tornar vitorioso. O problema não era o de

russo está mais perto do hindu do

pelos preconceitos culturais, pela ten dência reiterada para o subjetivismo, pela indecisão diante de um programa de luta. A maioria dos ocidentais que

Que do chinês. Em vários sentidos a

alma russa vibra uníssona com a al™a da antiga índia. Os povos man

posições, mas o de conservar as po

tém a mesma relação com Deus e a

sições conquistadas. Já, em outubro de 1919, Lenine dizia: — "Não que

o russo mais se aproxima do chinês."

não se interessa por aumentar o nú

mero de seus filiados, mas apenas aumentar a sua qualidade, que expul sa de suas fileiras os vacilantes, é o

nosso partido da classe trabalhadora revolucionária ".

Essa política foi então seguida. Foi '

consiste cm render culto ao movimen

A Asia era a Rússia. A Rússia era

Eram, até de certo modo, perigosos,

cios. O único partido, no poder, que

teoria do oportunismo, a teoria que

a Asia. O Conde -Keiserling, no seu

Asia, onde a Rússia começa e reúne,

remos, mesmo grátis, membros fictí

Stalin, que antevira ésse estado de coisas, procurou circunscrevê-lo, quan do fez a crítica da "teoria da espon taneidade ", tão do gosto dos teóricos

Não foi, entretanto, essa tática co>-

presididas

ca, acentuou a neTesliSdTdl^^se^^ltÍ silenciar o expansionismo revolucioná qvançar para a conquista de novas

ço cm nada ajudava. Foram necessá

roada de êxito. A Europa, à medida que aceitava o comunismo, o aceitava a seu modo, modelado principalmente

Nacional sejam

rotativamente i:)or um russo, um ucra-

tir, colo iõlmZTl europeus, pondo de lado'rnm°^ ácnty teoria da revolução

Havia, assim, um terreno intranspo nível, uma terra de ninguém, onde

natureza. Porém, no fundo da alma,

O russo, na Ásia, está em sua ca sa, sem constrangimentos ou afeta

ções. Para enfrentar um Ocidente in

quieto e armado, 'apoiado na civiliza ção da máquina, a Rússia poderia movimentar-se nas infinitas extensões

asiaticas e se preciso fosse, um dia faria do asiático um bárbaro armado.

A última guerra teve, entretanto, a virtude de aproximar a Rússia do Oci

freqüentavam os congressos e pro curavam

Koestler "O Yogi e o proletário", que nenhuma influência poderia ter no es

pírito de um autêntico stalinUta, fêz

militantes, em

sensação enorme em todo o Ocidente,

contato com os dirigentes de Moscou,

alcançando as Américas. Por sua vez, a figura de seu romance "O zero e o

se

estar, como

listas, de nada valeram. O Hvro de

norteava

por

um

marxismo ro

mântico, que não era nem o de Marx,

infinito", o trágico e sombrio Rouba-

nem o retificado de Lenine. No íntimo

eram uns decepcionados. Aquilo que, mais tarde, aconteceu com Pfander,

c'hof, que, para o leninismo, seria uma caricatura, ficou, no Ocidente, marca do como um tipo simbólico. No entan

Koestler, Gide ou Silone, já .se deli

to, se fôsse um verdadeiro bolchevista

neara em 1935.

russo, isto é, um asiático, não falaria

v


Dicesto Econômico

110

DIGESTO Econômico

a

das Nações! Outra era, entretanto, a

Maurice Thorez ou Togliatti são

atitude da U. R. S. S. na Asia. Os agentes consulares fazem abertamente

em

"oportunidade"

substituindo

"honorabilidadc ".

figuras de pontes, intérpretes ambíguos de dois territórios diferen

ternacional se une aos homens dc go

tes. Os russos não viam com bons

verno para um traballio comum. Esse

olhos o patriotismo francês c Com des confiança maior a diminuição dos par

trabalho é, para Rivière, o da "sovietização da Asia". "Não é — diz êle

mais

tidários italianos. Afinal, os america nos não saíram da Europa e continua

ram, com sua incomparável riqueza, a alÚTientar a resistência.

Em 1935, Jean Marques-Rivière pu blicava um interessante ensaio sòbre a

expansão soviética, onde afirma que o único meio de se compreender a Rússia, de nao mais vê-la como "ter

ra incógnita", é o de "se débarrasser de Ia sensibile occidentale qui est si nuisible dans Tétude des choses de Torient

Rivière mostra então a diferença da' atitude da Rússia até 1918, no Ociden

a agitação. O Komintern da Illa. In

— a posse territorial direta que os Soviets procuram. Não é também a con quista econômica". A Asia imo apa rece, para os Soviets, como uma má quina que dá dividendo, mas como uma massa de homens qnc devem ser

dirigidos para a revolução mundial. Esse é o sentido profundo da marcha soviética para a China e para a Índia. E Rivière, há quinze anos, com uma visão segura das manobras soviéticas, afirma que "com um sentido agudo das coisas e uma sutileza asiática, que é preciso reconhecer na U. R. S. S., o

planos serão traçados.

Crescerão as

9590 da população. Num artigo intitu

reações asiáticas: — "les réactions

ficuldades. "Sem socialização agrícola

dans ce mystcrieux Extrcme-Oricnt sont souvent déconcertantes, toujours

— escreve êle •— não poderá haver so

imprévisibles

Mas, apesar dessa compreensão da alma asiática por parte dos 'políticos soviéticos, a "sovietização da Asia" é, em si mesma, uma revolução de pro fundidade, que recai num terreno de vastado, mas firme ainda em seu

soviética só caminham numa, extensa

quista asiática, que agora está pondo em execução".

desenvolvimento de uma indústria po

derosa, constituída principalmente pe las emprêsas do Estado." E acrescen ta: "Temos, diante de nós, a dura mis- são da edificação econômica".

Os países asiáticos, que não olham geira, vêem na sovietização um estra asiastismo. Os bárbaros armados náo

pertencem às hordas de Gengis Khan, mas a uma concepção evoluída da vi

Assim, a guerra na Coréia não é s6

ecos. Só na China, há o imperioso pro blema dc nutrir 470 milhões de homens e de colocá-los de forma a serem uti

uma guerra de desgaste, uma guerra

lizados na construção de uma possível

destinada a desmoralizar as Nações

sociedade socialista. Trata-se de um

Unidas. É uma guerra destinada a efe tivar a "sovietização da Asia", solidi

país de economia atrasadíssima, 909ó

nas narrativas de Fernando Ossendi-

apoiada numa agricultura rudimentar e primária. A miséria, acentuada por prolongados anos de guerra civil, é in

grandes e tristes interrogações da vi

de que os russos jamais compreende

ficando a fcente c'ontra a civilização ocidental, num jogo que, por sua vez,

ram a psicologia do Ocidente. Mas, ao

não se coaduna com a lógica mecâni

mesmo tempo, os agentes secretos de

ca da burguesia. Não é só ainda, co

Moscou, obrigados a bater em retira

mo pensa Rivière, um movimento para a utilização de massas humanas, mas também, com a tática de movimentos surpreendentes, a posse de riquezas in

exportação de revolução e de ideolo gia, mas de estabelecer relações pací ficas com as nações européias, para,

cialismo completo e sólido. Para sociJilizar a agricultura é indispensável o

nho processo para a vitória do p^i- ^

te na Asia. A atividade dos agentes

da, não mais se preocupavam com a

que é o caudilho responsável pela pe netração soviética, não esconde as di

tura, a nacionalização das terras, en fim os novos processos da economia

da Illa. Internacional tem por fim do minante suscitar motins, revoltas, e destruir, nas nações européias, o sis tema capitalista". Entretanto, por on empresa fracassa pelo simples motivo

democracia popular", Mao Tsé Toung,

com bons olhos a penetração estran

paisagem amorfa, sem paredes e sem

nha, na França, mesmc) na Espanha, a

lado "Por uma paz durável e por uma

"quietismo" oriental. A técnica da máquina, a racionalização da agricul

seu govêrno traçou o plano da con

de agiu, na Alemanha, na Grã-Breta

descritível, e o analfabetismo atinge a

:urpresas c os imprevistos. .^índa cm 194Ô, Jeanc Cuisinicr, num artigo inti tulado "La Franco vuc de Saigon", analisando a posição de Ho-chÍ Mihn, acCTitua o caráter surpreendente das

dispensáveis para a indústria básica e para a indústria de guerra. É, por fim,

com isso, fazer a sua política de pe netração. Os seus agentes diplomáti cos não vacilavam, para isso, em assi

um golpe de efeito, capaz de derrubar as últimas resistências morais dos paí

nar tratados comerciais e pactos de

ses democráticos.

não-agressão, enquanto Litvinov, sor rindo, tomava assento na Sociedade

diferente e, consequentemente, outros

De posse da Asia, o jogo russo será

da, isto é, a uma concepção baseada na máquina e na técnica. Désse modo, a Asia misteriosa, à margem do des tino do mundo, coiitinua a ser, como

vvski, a terra para onde se voltam as da ç da morte.


Dicesto Econômico

110

DIGESTO Econômico

a

das Nações! Outra era, entretanto, a

Maurice Thorez ou Togliatti são

atitude da U. R. S. S. na Asia. Os agentes consulares fazem abertamente

em

"oportunidade"

substituindo

"honorabilidadc ".

figuras de pontes, intérpretes ambíguos de dois territórios diferen

ternacional se une aos homens dc go

tes. Os russos não viam com bons

verno para um traballio comum. Esse

olhos o patriotismo francês c Com des confiança maior a diminuição dos par

trabalho é, para Rivière, o da "sovietização da Asia". "Não é — diz êle

mais

tidários italianos. Afinal, os america nos não saíram da Europa e continua

ram, com sua incomparável riqueza, a alÚTientar a resistência.

Em 1935, Jean Marques-Rivière pu blicava um interessante ensaio sòbre a

expansão soviética, onde afirma que o único meio de se compreender a Rússia, de nao mais vê-la como "ter

ra incógnita", é o de "se débarrasser de Ia sensibile occidentale qui est si nuisible dans Tétude des choses de Torient

Rivière mostra então a diferença da' atitude da Rússia até 1918, no Ociden

a agitação. O Komintern da Illa. In

— a posse territorial direta que os Soviets procuram. Não é também a con quista econômica". A Asia imo apa rece, para os Soviets, como uma má quina que dá dividendo, mas como uma massa de homens qnc devem ser

dirigidos para a revolução mundial. Esse é o sentido profundo da marcha soviética para a China e para a Índia. E Rivière, há quinze anos, com uma visão segura das manobras soviéticas, afirma que "com um sentido agudo das coisas e uma sutileza asiática, que é preciso reconhecer na U. R. S. S., o

planos serão traçados.

Crescerão as

9590 da população. Num artigo intitu

reações asiáticas: — "les réactions

ficuldades. "Sem socialização agrícola

dans ce mystcrieux Extrcme-Oricnt sont souvent déconcertantes, toujours

— escreve êle •— não poderá haver so

imprévisibles

Mas, apesar dessa compreensão da alma asiática por parte dos 'políticos soviéticos, a "sovietização da Asia" é, em si mesma, uma revolução de pro fundidade, que recai num terreno de vastado, mas firme ainda em seu

soviética só caminham numa, extensa

quista asiática, que agora está pondo em execução".

desenvolvimento de uma indústria po

derosa, constituída principalmente pe las emprêsas do Estado." E acrescen ta: "Temos, diante de nós, a dura mis- são da edificação econômica".

Os países asiáticos, que não olham geira, vêem na sovietização um estra asiastismo. Os bárbaros armados náo

pertencem às hordas de Gengis Khan, mas a uma concepção evoluída da vi

Assim, a guerra na Coréia não é s6

ecos. Só na China, há o imperioso pro blema dc nutrir 470 milhões de homens e de colocá-los de forma a serem uti

uma guerra de desgaste, uma guerra

lizados na construção de uma possível

destinada a desmoralizar as Nações

sociedade socialista. Trata-se de um

Unidas. É uma guerra destinada a efe tivar a "sovietização da Asia", solidi

país de economia atrasadíssima, 909ó

nas narrativas de Fernando Ossendi-

apoiada numa agricultura rudimentar e primária. A miséria, acentuada por prolongados anos de guerra civil, é in

grandes e tristes interrogações da vi

de que os russos jamais compreende

ficando a fcente c'ontra a civilização ocidental, num jogo que, por sua vez,

ram a psicologia do Ocidente. Mas, ao

não se coaduna com a lógica mecâni

mesmo tempo, os agentes secretos de

ca da burguesia. Não é só ainda, co

Moscou, obrigados a bater em retira

mo pensa Rivière, um movimento para a utilização de massas humanas, mas também, com a tática de movimentos surpreendentes, a posse de riquezas in

exportação de revolução e de ideolo gia, mas de estabelecer relações pací ficas com as nações européias, para,

cialismo completo e sólido. Para sociJilizar a agricultura é indispensável o

nho processo para a vitória do p^i- ^

te na Asia. A atividade dos agentes

da, não mais se preocupavam com a

que é o caudilho responsável pela pe netração soviética, não esconde as di

tura, a nacionalização das terras, en fim os novos processos da economia

da Illa. Internacional tem por fim do minante suscitar motins, revoltas, e destruir, nas nações européias, o sis tema capitalista". Entretanto, por on empresa fracassa pelo simples motivo

democracia popular", Mao Tsé Toung,

com bons olhos a penetração estran

paisagem amorfa, sem paredes e sem

nha, na França, mesmc) na Espanha, a

lado "Por uma paz durável e por uma

"quietismo" oriental. A técnica da máquina, a racionalização da agricul

seu govêrno traçou o plano da con

de agiu, na Alemanha, na Grã-Breta

descritível, e o analfabetismo atinge a

:urpresas c os imprevistos. .^índa cm 194Ô, Jeanc Cuisinicr, num artigo inti tulado "La Franco vuc de Saigon", analisando a posição de Ho-chÍ Mihn, acCTitua o caráter surpreendente das

dispensáveis para a indústria básica e para a indústria de guerra. É, por fim,

com isso, fazer a sua política de pe netração. Os seus agentes diplomáti cos não vacilavam, para isso, em assi

um golpe de efeito, capaz de derrubar as últimas resistências morais dos paí

nar tratados comerciais e pactos de

ses democráticos.

não-agressão, enquanto Litvinov, sor rindo, tomava assento na Sociedade

diferente e, consequentemente, outros

De posse da Asia, o jogo russo será

da, isto é, a uma concepção baseada na máquina e na técnica. Désse modo, a Asia misteriosa, à margem do des tino do mundo, coiitinua a ser, como

vvski, a terra para onde se voltam as da ç da morte.


".r-

Fi"

Dicesto Econômico

Aspectos estruturais do Brasil Bezerba de Freitas

1X3

bridado que só podem ler aqueles cujo problema da subsistência está resolvido de maneira estável e cabal.

Assim, pois, verificamos que a aristo 1. — A periferia e o centro

Viana, no seu livro O povo brasileiro ^

Há uma evidente incompreensão en tre as fôrças produtoras que atuam na

periferia e os elementos que atuam no centro do nosso país. Fenômeno aliás que nao nos parece tipicamente brasilei'

ro, mas de características universais Porque assim ocorre no Brasil como na Inglaterra, na França, na

T

Norte, na Argentina, em Portugal e em muitos outros países. Uma linhí i

sua evolução — temos sido um po^o agricultores e pastores. O espírito co

a -Peresttaa'

f=

poTriam- mlderL"'sSar básicas argumentam unst sem'a a,T yrdade especulativa e eontroladcra tios rntermed.anos nos grandes centros ct^m

sum.doros, todo o esfórço dos criadores de gado, agricultores e mineradores seria

improficuo - replicam outros. A ver dade, entretanto, é que as energias de uns e de outros se ajustam, se estendem e se completam criando o espetáculo magnífico da organização econômica, po-

ria de um povo agrícola, é a história

de uma sociedade de lavradores c pas tores.

E' no campo que se forma a

nossa raça e se elaboram as forças ínti

breve, mas seguro e objetivo, sobre O Império Brasileiro, o historiador Oliveira

Lima revcla-nos que havia por bai.xo da prosperidade financeira do fim do Império um relativo mal-estar econômi

co que ^ a tomava mais aparente que real: "A Abolição — escreve o autor

do Doin João VI no Brasil — arruinara muitos agricultores no norte, no geral adiantados com os seus correspondentes e apenas dispondo de atrasados apare lhos de trabalho, tendo os senhores de

da nossa história, no período colonial,

engenho de lutar com a moléstia da cana

vem do campo. Do campo, as bases em

da no.ssa sociedade, no período im perial."

lítica e social dos povos, suscitando de

Assinala ainda Oliveira Viana que, no longo período do Império, o gosto pela vida rural se apura e refina, despindose dos aspectos grosseiros do período da

bates ideológicos, plasmando o pensa mento e o caráter das nações que aspi

zendeiro se torna uma aspiração comum

ram viver com liberdade e independên cia. O passado brasileiro, a crônica da nossa nacionalidade, atesta, contudo, uma tendência decisiva para as lides rurais, para o labor dos campos, para as árduas conquistas da terra. "Desde os primeiros dias da nossa história — depõe o claro e autorizado sociólogo Oliveira

planos de conjunto. Toda\aa, grandes

mas da nos.sa civilização. O dinamismo que se assenta a estabilidade admirável

conquista: a posse de um latifúndio fa

a todos os espíritos amantes da tranqüi lidade o da paz. Por outro lado, os elementos do escol social, os políticos em evidência, os estadistas, como todos

os que queriam possuir um pouco de

autoridade social, procuram o ponto de apoio de um domínio rural; de modo

que, na vida pública o privada, agem com o decoro, a independência e a hom-

D. Pedro II não era,

seu tempo queria dizer a chinesa, por

nossa política econômica. Num estudo

social. Toda a nossa liistória c a histó

tanto, social.

somos capazes do conceber e.xcelentes

aos poucos, a sua energia até desapare

mem do campo. O urbanismo é con dição modcrníssima da nossa evolução

tronco português era uma condição \'iva

da homogeneidade econômica e, por

trangeira: era em demasiado nacional

falhas c dificuldades têm entravado a

cer de todo. O tipo do "natural da terra" cedo contrasta com o ádvena pela sua feitura essencialmente rural, pelo

cano e seus descendentes enxertados no

mentos dirigentes da políHca no período nnporial. Nossa tradição d© povo de agricultores e pastores mostra-nos que

mercial dos portugueses do ciclo das navegações, dominante na sua c.tpansão para as índias, de.sdc que j^:cnetra o terra brasileira se obscurcce, perdendo,

seu temperamento fundamental de ho

Sem o aproveitamento rrcLarj;f

cracia rural é que fornece todos os ele

uma seção do País, quando a do afri

e com os preços bai.\os do produto pela produção cubana e européia. Não con tavam eles com outro braço senão o do

liberto e este por algum tempo quis gozar da liberdade. Os tra

balhadores que desciam da caa tinga para substituir os da mata

faziam falta nos algodoais e eram enxotados de uma crise para ou tra. O Sul ia desenvolver-se, em contrasto, graças ao imigrante, o italiano especialmente, que afluiu a São Paulo c tornou uma realidade nos cafèzais o mito do El-Dorado.

O negro foi, durante o Império, o grande fator do progresso nacional, co

mo o colono europeu o está sendo pre sentemente, embora produzindo uma

condição de desequilíbrio no todo bra

aliás, grande amigo da colonização es para istó. De imigração amarela, que no que o Japão ainda não entrara na fase

de expansão, nem queria ouWr falar: foi êle quem mais contribuiu para fazer gorar o Plano Sinimbu. Da branca re

ceava, no seu \ibrante patriotismo, que distinguisse sôbre o caráter histórico da

população e lhe emprestasse um ar cos mopolita. A colonização era, porém,

fatal se o Brasil quisesse progredir, cor responder à sua grandeza territorial e l aos seus destinos, e por isso nunca ces sou esse assunto, durante o século XIX,

de reclamar a atenção dos homens pú blicos."

Êsse é o elemento histórico. A Re

publica soube corrigir alguns dêsses er ros, embora, por sua vez, também inci

disse noutros. Devemos assinalar que os erros da política econômica da Re

pública se originaram tanto de paixões partidárias como da' inex

periência de alguns dos seus es tadistas ou da falta de tato de

muitos dos seus homens repre sentativos, divorciados de assun

tos que impõem uma sólida educação técnica.

2. — O sentido de ruralidade

É necessário criar em todo o País uma

sadia consciência agrária, em profundo sentido de ruralidade. Os estudos bási

cos para a realização dêsse objetivo já

concluídos. Cumpre, agora, por sileiro, porque sua ação abraça apenas foram meio de medidas práticas e iniciativas


".r-

Fi"

Dicesto Econômico

Aspectos estruturais do Brasil Bezerba de Freitas

1X3

bridado que só podem ler aqueles cujo problema da subsistência está resolvido de maneira estável e cabal.

Assim, pois, verificamos que a aristo 1. — A periferia e o centro

Viana, no seu livro O povo brasileiro ^

Há uma evidente incompreensão en tre as fôrças produtoras que atuam na

periferia e os elementos que atuam no centro do nosso país. Fenômeno aliás que nao nos parece tipicamente brasilei'

ro, mas de características universais Porque assim ocorre no Brasil como na Inglaterra, na França, na

T

Norte, na Argentina, em Portugal e em muitos outros países. Uma linhí i

sua evolução — temos sido um po^o agricultores e pastores. O espírito co

a -Peresttaa'

f=

poTriam- mlderL"'sSar básicas argumentam unst sem'a a,T yrdade especulativa e eontroladcra tios rntermed.anos nos grandes centros ct^m

sum.doros, todo o esfórço dos criadores de gado, agricultores e mineradores seria

improficuo - replicam outros. A ver dade, entretanto, é que as energias de uns e de outros se ajustam, se estendem e se completam criando o espetáculo magnífico da organização econômica, po-

ria de um povo agrícola, é a história

de uma sociedade de lavradores c pas tores.

E' no campo que se forma a

nossa raça e se elaboram as forças ínti

breve, mas seguro e objetivo, sobre O Império Brasileiro, o historiador Oliveira

Lima revcla-nos que havia por bai.xo da prosperidade financeira do fim do Império um relativo mal-estar econômi

co que ^ a tomava mais aparente que real: "A Abolição — escreve o autor

do Doin João VI no Brasil — arruinara muitos agricultores no norte, no geral adiantados com os seus correspondentes e apenas dispondo de atrasados apare lhos de trabalho, tendo os senhores de

da nossa história, no período colonial,

engenho de lutar com a moléstia da cana

vem do campo. Do campo, as bases em

da no.ssa sociedade, no período im perial."

lítica e social dos povos, suscitando de

Assinala ainda Oliveira Viana que, no longo período do Império, o gosto pela vida rural se apura e refina, despindose dos aspectos grosseiros do período da

bates ideológicos, plasmando o pensa mento e o caráter das nações que aspi

zendeiro se torna uma aspiração comum

ram viver com liberdade e independên cia. O passado brasileiro, a crônica da nossa nacionalidade, atesta, contudo, uma tendência decisiva para as lides rurais, para o labor dos campos, para as árduas conquistas da terra. "Desde os primeiros dias da nossa história — depõe o claro e autorizado sociólogo Oliveira

planos de conjunto. Toda\aa, grandes

mas da nos.sa civilização. O dinamismo que se assenta a estabilidade admirável

conquista: a posse de um latifúndio fa

a todos os espíritos amantes da tranqüi lidade o da paz. Por outro lado, os elementos do escol social, os políticos em evidência, os estadistas, como todos

os que queriam possuir um pouco de

autoridade social, procuram o ponto de apoio de um domínio rural; de modo

que, na vida pública o privada, agem com o decoro, a independência e a hom-

D. Pedro II não era,

seu tempo queria dizer a chinesa, por

nossa política econômica. Num estudo

social. Toda a nossa liistória c a histó

tanto, social.

somos capazes do conceber e.xcelentes

aos poucos, a sua energia até desapare

mem do campo. O urbanismo é con dição modcrníssima da nossa evolução

tronco português era uma condição \'iva

da homogeneidade econômica e, por

trangeira: era em demasiado nacional

falhas c dificuldades têm entravado a

cer de todo. O tipo do "natural da terra" cedo contrasta com o ádvena pela sua feitura essencialmente rural, pelo

cano e seus descendentes enxertados no

mentos dirigentes da políHca no período nnporial. Nossa tradição d© povo de agricultores e pastores mostra-nos que

mercial dos portugueses do ciclo das navegações, dominante na sua c.tpansão para as índias, de.sdc que j^:cnetra o terra brasileira se obscurcce, perdendo,

seu temperamento fundamental de ho

Sem o aproveitamento rrcLarj;f

cracia rural é que fornece todos os ele

uma seção do País, quando a do afri

e com os preços bai.\os do produto pela produção cubana e européia. Não con tavam eles com outro braço senão o do

liberto e este por algum tempo quis gozar da liberdade. Os tra

balhadores que desciam da caa tinga para substituir os da mata

faziam falta nos algodoais e eram enxotados de uma crise para ou tra. O Sul ia desenvolver-se, em contrasto, graças ao imigrante, o italiano especialmente, que afluiu a São Paulo c tornou uma realidade nos cafèzais o mito do El-Dorado.

O negro foi, durante o Império, o grande fator do progresso nacional, co

mo o colono europeu o está sendo pre sentemente, embora produzindo uma

condição de desequilíbrio no todo bra

aliás, grande amigo da colonização es para istó. De imigração amarela, que no que o Japão ainda não entrara na fase

de expansão, nem queria ouWr falar: foi êle quem mais contribuiu para fazer gorar o Plano Sinimbu. Da branca re

ceava, no seu \ibrante patriotismo, que distinguisse sôbre o caráter histórico da

população e lhe emprestasse um ar cos mopolita. A colonização era, porém,

fatal se o Brasil quisesse progredir, cor responder à sua grandeza territorial e l aos seus destinos, e por isso nunca ces sou esse assunto, durante o século XIX,

de reclamar a atenção dos homens pú blicos."

Êsse é o elemento histórico. A Re

publica soube corrigir alguns dêsses er ros, embora, por sua vez, também inci

disse noutros. Devemos assinalar que os erros da política econômica da Re

pública se originaram tanto de paixões partidárias como da' inex

periência de alguns dos seus es tadistas ou da falta de tato de

muitos dos seus homens repre sentativos, divorciados de assun

tos que impõem uma sólida educação técnica.

2. — O sentido de ruralidade

É necessário criar em todo o País uma

sadia consciência agrária, em profundo sentido de ruralidade. Os estudos bási

cos para a realização dêsse objetivo já

concluídos. Cumpre, agora, por sileiro, porque sua ação abraça apenas foram meio de medidas práticas e iniciativas


Dioesto

Econômico

115

DiGESTO Econômico

3. — O fator demográfico

114

inteligentes, desfazer, tanto quanto possí vel, essa manifesta tendência para o ur banismo, que se observa em tôdas as

O aumento não deixa de ser impor tante. As unidades que apresentam

maior número dc propriedades agrícolas

estatísticas do Ministério da Agricultura,

são, pela ordem, São Paulo, Minas Ge rais, Rio Grande do Sul, Pernambuco,

existiam no Brasil, em 1940, 1.904..589

Bahia e Santa Catarina, sendo eviden

propriedades rurais. Pelo recenseamento

te o interesse cm conhecer-se o que apu

regiões do País. Segundo informações

dc 1948, o número dessas propriedades

rou o recenseamento de 19o0 e sobre

SC elevava a 2.128.314, assim distri

tudo a cifra das pequenas propriedade.^.

buídas:

Certo, essa imensa desproporção em área o valor exprimo um sintoma, por

Agricultura:

poderá ser efetivada se lhe forem pro porcionados recursos assistenciais nos

No conjunto das medidas que hão de ser tomadas cm benefício dos homens

domínios da valorização biológica, higie ne, educação, complementos lógicos de

do campo figuram no primeiro plano as

uma vivenda asseada e digna.

que se referem à sua assimilação e à sua

A seleção imigratória não pode ser um

fixação. Donald Pienson, professor de Sociologia e Antropologia Social, expli ca a assimilação como um processo em que a modificação ocorre na experiên

simples rótulo, mas o resultado de uma

cia interior e pelo qual os indivíduos vêm a adquirir pensamentos comuns, memórias comuns, símbolos comuns, ati

política sadia, apoiada em fónnulas prá ticas e estudos técnicos, e, só assim,

acreditamos, desaparecerá esse nomadismo tão pernicioso à nossa vida e ao

nosso equilíbrio social. Já se observou, com razão, que aTguns proprietiírios agrí colas que se queixam da falta de braços e das migrações do traballiador rural concorrem para êsse fenô

Em grande escala

7.830

isso que denuncia () inconsistência de uma política que mantém as forças agrá

Em pequena escala

582.492

rias concentradas o mal distribuídas. Se

te ter em conta que, apesar de a

considerarmos que, no Brasil, 70% da

acomodação não ser o mesmo que

meno, tanto por omissão no cum

população vivem á custa do rendimento produtivo da terra, e se considerarmos

assimilação, a primeira facilmente conduz à segunda. Pois, desde

primento de certos deveres em

a falta de proteção ao homem rural,

que o indivíduo aceite os símbo

elemento dc tanta influencia no mercado consumidor, facilmente verificaremos que a reforma da nossa estrutura agrícola

tão lançadas as bases para uma transi

quele trabalhador, quanto ou mais ainda, pelo próprio exemplo de absenteísmo, de repúdio ao meio rural, pas

gência em suas atitudes e pontos de vista, especialmente se essa acomoda

nas capitais. Na realidade, toraa-se in

Agropecuária;

Em grande escala Em pequena escala

4 208 1.129 638

Pecuária:

Em grande escala Em pequena escala Outras modalidades

5-7 ggg 57.458 65.074

Observa-se, no setor agrícola e agro

ção tende a remover os traços caracterís

ainda não escrito, da nossa geografia

Dôsse

constituem fonte de emulação e de uma

finalidade da reforma agrária pode ser

um dos seus, e, consequentemente, sua nova orientação cultural poderá proces sar-se mais rapidamente. Em síntese,

completa integração ecológica.

cuárias e aumentar o poder aquisitivo

nestes

tôrmos;

promover

a

quando se lê o total do valor da pro

dos trabalhadores da terra. Teorias vão

dução.

surgindo, doutrinas antagônicas vão to mando posição. Sugerem alguns a insti tuição de uma política do campo, des

quenas deram em 1940 um rendimento

de Cr§ 84.921.000,00.

dispensável a permanência da famüia proprietária participando da vida na fa zenda, apurando hábitos e atividades que

grupo ficam mais aptos a tratá-lo como

quena escala. Contraste que se amplia

dades pecuárias renderam Cr$ 1 032.878.000,00, enquanto 57.458 pe

sando a habitar nas cidades próximas ou

to positivo da nossa cultura política. A

maior expansão das atividades agrope

tinada a observar o desenvolvimento da

produção e distribuição do consumidor; entendem outros que o Estado deve do-, minar a situação, enfeixando os poderes administrativos. De qualquer modo, $emos de criar a nossa consciência rural, temos de resolver a situação do traba

lhador agrícola sob os seus três aspectos fundamentais - o demográfico, o econô mico e o social.

modo, outros membros do novo

relação às necessidades ritais da

econômica, será também um documen definida

setor agropecuário, 4.208 propriedades renderam Cr$ 676.633.000,00 e 1 129 638 cêrca de Cr$ 4.415.827.000,00. 'Finalmente, 57.889 grandes proprie

los exteriores de uma nova cultura, es

ticos de sua condição de alienígena.

pecuário, o grande contraste entre o nú

renderam Cr$ 558.560.000,00, enquan to 582 492 pequenas propriedades deram xmi lucro de CrS 1.155.292.000,00. No

acrescenta Pierson, é convenien

se apresenta como uma autêntica medi da de salvação pública. Êsse capitulo,

mero de propriedades de grande e pe

Apenas 7.830 propriedades agrícolas

tudes e senlíinentos comuns. Contudo,'

como o indivíduo tende a repetir em sua imaginação o modo de agir dos outros, êle começa a assumir inconscientemen

te, e sem premeditação, os gestos, ati

tudes e desejos dêstes outros. A assimilação dos usos.e costumes da

vida rural assume, quanto ao elemento alienígena, as características de uma ver

dadeira transplantação; quanto ao ele

mento nacional, julgamo-la um fenôme no de readaptação. Outro fator de alta expressão demo gráfica e econômica é, sem dúvida, a fixação do homem ao solo, que sòmente

4. — A repercussão econômica

No campo econômico, as repercussões da orientação agrária atual têm sido per niciosas as e.xigências dos nossos merca

dos internos e ao nosso conceito e.xtemo.

Assim, nos termos em que os interêsses públicos e privados colocaram o pro blema da exploração da terra - sem

crédito, nem garantia do preço, nem ra cionalização das normas de trabalho,

nem os benefícios do seguro rural per maneceremos no regime do latifúndio,

da semi-escravidão e da desintegração, com todas as suas conseqüências. O de-


Dioesto

Econômico

115

DiGESTO Econômico

3. — O fator demográfico

114

inteligentes, desfazer, tanto quanto possí vel, essa manifesta tendência para o ur banismo, que se observa em tôdas as

O aumento não deixa de ser impor tante. As unidades que apresentam

maior número dc propriedades agrícolas

estatísticas do Ministério da Agricultura,

são, pela ordem, São Paulo, Minas Ge rais, Rio Grande do Sul, Pernambuco,

existiam no Brasil, em 1940, 1.904..589

Bahia e Santa Catarina, sendo eviden

propriedades rurais. Pelo recenseamento

te o interesse cm conhecer-se o que apu

regiões do País. Segundo informações

dc 1948, o número dessas propriedades

rou o recenseamento de 19o0 e sobre

SC elevava a 2.128.314, assim distri

tudo a cifra das pequenas propriedade.^.

buídas:

Certo, essa imensa desproporção em área o valor exprimo um sintoma, por

Agricultura:

poderá ser efetivada se lhe forem pro porcionados recursos assistenciais nos

No conjunto das medidas que hão de ser tomadas cm benefício dos homens

domínios da valorização biológica, higie ne, educação, complementos lógicos de

do campo figuram no primeiro plano as

uma vivenda asseada e digna.

que se referem à sua assimilação e à sua

A seleção imigratória não pode ser um

fixação. Donald Pienson, professor de Sociologia e Antropologia Social, expli ca a assimilação como um processo em que a modificação ocorre na experiên

simples rótulo, mas o resultado de uma

cia interior e pelo qual os indivíduos vêm a adquirir pensamentos comuns, memórias comuns, símbolos comuns, ati

política sadia, apoiada em fónnulas prá ticas e estudos técnicos, e, só assim,

acreditamos, desaparecerá esse nomadismo tão pernicioso à nossa vida e ao

nosso equilíbrio social. Já se observou, com razão, que aTguns proprietiírios agrí colas que se queixam da falta de braços e das migrações do traballiador rural concorrem para êsse fenô

Em grande escala

7.830

isso que denuncia () inconsistência de uma política que mantém as forças agrá

Em pequena escala

582.492

rias concentradas o mal distribuídas. Se

te ter em conta que, apesar de a

considerarmos que, no Brasil, 70% da

acomodação não ser o mesmo que

meno, tanto por omissão no cum

população vivem á custa do rendimento produtivo da terra, e se considerarmos

assimilação, a primeira facilmente conduz à segunda. Pois, desde

primento de certos deveres em

a falta de proteção ao homem rural,

que o indivíduo aceite os símbo

elemento dc tanta influencia no mercado consumidor, facilmente verificaremos que a reforma da nossa estrutura agrícola

tão lançadas as bases para uma transi

quele trabalhador, quanto ou mais ainda, pelo próprio exemplo de absenteísmo, de repúdio ao meio rural, pas

gência em suas atitudes e pontos de vista, especialmente se essa acomoda

nas capitais. Na realidade, toraa-se in

Agropecuária;

Em grande escala Em pequena escala

4 208 1.129 638

Pecuária:

Em grande escala Em pequena escala Outras modalidades

5-7 ggg 57.458 65.074

Observa-se, no setor agrícola e agro

ção tende a remover os traços caracterís

ainda não escrito, da nossa geografia

Dôsse

constituem fonte de emulação e de uma

finalidade da reforma agrária pode ser

um dos seus, e, consequentemente, sua nova orientação cultural poderá proces sar-se mais rapidamente. Em síntese,

completa integração ecológica.

cuárias e aumentar o poder aquisitivo

nestes

tôrmos;

promover

a

quando se lê o total do valor da pro

dos trabalhadores da terra. Teorias vão

dução.

surgindo, doutrinas antagônicas vão to mando posição. Sugerem alguns a insti tuição de uma política do campo, des

quenas deram em 1940 um rendimento

de Cr§ 84.921.000,00.

dispensável a permanência da famüia proprietária participando da vida na fa zenda, apurando hábitos e atividades que

grupo ficam mais aptos a tratá-lo como

quena escala. Contraste que se amplia

dades pecuárias renderam Cr$ 1 032.878.000,00, enquanto 57.458 pe

sando a habitar nas cidades próximas ou

to positivo da nossa cultura política. A

maior expansão das atividades agrope

tinada a observar o desenvolvimento da

produção e distribuição do consumidor; entendem outros que o Estado deve do-, minar a situação, enfeixando os poderes administrativos. De qualquer modo, $emos de criar a nossa consciência rural, temos de resolver a situação do traba

lhador agrícola sob os seus três aspectos fundamentais - o demográfico, o econô mico e o social.

modo, outros membros do novo

relação às necessidades ritais da

econômica, será também um documen definida

setor agropecuário, 4.208 propriedades renderam Cr$ 676.633.000,00 e 1 129 638 cêrca de Cr$ 4.415.827.000,00. 'Finalmente, 57.889 grandes proprie

los exteriores de uma nova cultura, es

ticos de sua condição de alienígena.

pecuário, o grande contraste entre o nú

renderam Cr$ 558.560.000,00, enquan to 582 492 pequenas propriedades deram xmi lucro de CrS 1.155.292.000,00. No

acrescenta Pierson, é convenien

se apresenta como uma autêntica medi da de salvação pública. Êsse capitulo,

mero de propriedades de grande e pe

Apenas 7.830 propriedades agrícolas

tudes e senlíinentos comuns. Contudo,'

como o indivíduo tende a repetir em sua imaginação o modo de agir dos outros, êle começa a assumir inconscientemen

te, e sem premeditação, os gestos, ati

tudes e desejos dêstes outros. A assimilação dos usos.e costumes da

vida rural assume, quanto ao elemento alienígena, as características de uma ver

dadeira transplantação; quanto ao ele

mento nacional, julgamo-la um fenôme no de readaptação. Outro fator de alta expressão demo gráfica e econômica é, sem dúvida, a fixação do homem ao solo, que sòmente

4. — A repercussão econômica

No campo econômico, as repercussões da orientação agrária atual têm sido per niciosas as e.xigências dos nossos merca

dos internos e ao nosso conceito e.xtemo.

Assim, nos termos em que os interêsses públicos e privados colocaram o pro blema da exploração da terra - sem

crédito, nem garantia do preço, nem ra cionalização das normas de trabalho,

nem os benefícios do seguro rural per maneceremos no regime do latifúndio,

da semi-escravidão e da desintegração, com todas as suas conseqüências. O de-


Dicesto EcoNÓKnco

118

nominado crédito agrícola é uma insti

tuição mais fictícia do que real, cum

nacional. Quando os municípios brasi leiros, numa perfeita articulação de es

Vig^ília de guerra

prindo, por isso mesmo, dar-lhe uma

forços e vontades, se empenharem, a

forma definitiva, o que até agora os

fundo, na tarefa da educação rural,

poderes públicos não conseguiram. A lei da oferta e da procura não tem sig

abrindo escolas profissionais ao lado de

Qu.msqueh que sejam os acontecimen

centros de alfabctização, melhorando as

tos militares da campanha corea na, ninguém duvida da proximidade de

nificação alguma nos negócios da lavou ra, os quais se processam, na verdade, dentro de ura círculo de artificialismo.

E o resultado lógico de tudo isso é o ■ êxodo rural crescente, é a inconsciência

condições de vida, então passaremos da

Aux) M. Azevedo

esfera dos planos e das intenções para o

nova comoção mundial, agora com o

domínio absoluto dos fatos.

carater de uma guerra civil generali

Certo, de amparo tanto carece o pro prietário como o simples trabalhador

zada. Diante dessa horrorosa expecta tiva, pergunta-se o que deveremos fa

dramática dêsse problema coletivo, a in diferença, a indignação, o pânico da eco nomia rural, quando tudo indica a ne

rural. O dono da torra também pode

zer, isto é, o que o Brasil, por seu go

?er vítima da e.xploração do arrendatário,

cessidade de uma mobibzaçáo ampla

do parceiro ou dos próprio.s assalariados.

verno, por suas instituições principais responsáveis, e por seu povo, precisa

de braços e inteligências em defesa des

ses bens, dessa riqueza, dessas conquis tas inestimáveis.

Uma revelação surpreendente, feita

por especialistas no assunto, c a de que não possuímos o cadastro das nossas terras.

5. — A experiência social

Incumbe-nos vencer o empirismo e a

mercia de meio século. De certo modo constrange-nos afirmar que os inovado

res e os homens de ação do regime re publicano, que promoveram, com êxito, algumas experiências sociais, não intro duziram modificações substanciais no sis tema rotineiro do nosso trabalho rural.

Falta-nos dinamismo e perseverança. A recuperação vai-se tornando, assim, cada

vez mais difícil. O apelo dirigido aos municípios brasileiros, em número apro ximado de 2.000, no sentido de que se congreguem, em defesa própria, como se

Essa afirmativa traduz, na sua

simplicidade, uma das feições mais gra ves, senão a mais alarmante, da nossa

vida rural. Prãticamente, está tudo por fazer. Se as grandes propriedades exis tentes cm zonas densamente povoadas,

próximas aos grandes centros consumido res, continuarem incultas, à espera de

valorização, a fim de proporcionar "enri quecimento injusto" aos seus proprietá rios, então as aflições coletivas não te

rão fim. A sorte da reforma agrária, que terá de ser obra dos poderes legis lativo e executivo, dada a sua extrema complexidade, muito depende também

da compreensão do problema por par te de todos aqueles que se entregam no

fossem uma vasta e proveitosa coopera

cultivo do solo.

tiva, há de ser plenamente correspon dido, pois esse trabalho de cooperação repre.senta o ponto alto dêsse problema

tura o de mentalidade a que sc encon

Uma reforma de cstni-

tram vinculados os nossos próprios des tinos econômicos e sociais.

prever c prover. A resposta não é fá

cil, eis que existem mil e uma opiniões

diferentes a respeito de cada coisa, que o próprio povo brasileiro, na sua

grande maioria, ainda não se capaci

çavam. Limito-me — como o leitor de

ve compreender

aos aspectos econô

micos e sociais de uma conflagração

mundial. Naturalmente, as medidas de natureza militar ou política não cabem

nesta ligeira apreciação.

Não obstante uma grande maioria do povo brasileiro ainda não tenha a

consciência plena do horizonte som

brio dèste princípio de 1951, é certo que muitos já se preparam para tirar o máximo proveito da situação que se

esboça e toma forma. O agudo espíri to especulativo de muitos brasileiros

Nessas

já farejou no ar os promissores lucros

condições, tudo se complica e, o que é

inflação ou a deflagração do conflito

tou dessa ameaça iminente.

pior, um programa preventivo realis ta, por mínimo que seja, tem uma re

cepção negativa por parte daqueles que deveriam ser os primeiros a acei ta-lo e considerar sua imprescindível necessidade.

As medidas previsíveis, a serem postas em prática quanto antes, não constituem novidade para quem tenha mais de trmta e cinco anos de idade. isso, não é de admirar que um ci

dadão ocupe um pouco de seu tempo

disponível para alinhar as principais,

extraordinários que um novo ciclo de certamente

propiciarão. Assim, há

grande azáfama nos círculos financei

ros e meios industriais mais atingidos,

não só pela possível escassez de certas

matérias-primas essenciais, como tam

bém pelo prognóstico da cessação de importação de muitos produtos. Po rem, se não considerarmos essa parce

la mais oportunista da população do Brasil, há a mais completa indiferença pelo que está por vir, como se a nos sa pátria estivesse situada noutro pla neta.

aquelas que na verdade deveriam ser o grave problema princi tomadas quase que espontâneamente piaPortanto, por aí, a meu ver. Como dar ao pelos próprios brasileiros, cada um in povo brasileiro — latu sensu — a cons dividualmente no setor em que atua e ciência da realidade?... Na guerra de pode influir. Nessa questão, devo até 1914 (era ainda ginasiano mas me lem penitenciar-me inicialmente, se por bro perfeitamente) o Presidente Wenacaso repetir-me, visto como no prin-" ceslau Braz mandou organizar um ser cipio da última guerra também pre viço de propaganda, não só para o au tendi chamar a atenção do público mento da produção nacional como no brasileiro para os perigos que o amea sentido de haver "parcimônia nos gas-


Dicesto EcoNÓKnco

118

nominado crédito agrícola é uma insti

tuição mais fictícia do que real, cum

nacional. Quando os municípios brasi leiros, numa perfeita articulação de es

Vig^ília de guerra

prindo, por isso mesmo, dar-lhe uma

forços e vontades, se empenharem, a

forma definitiva, o que até agora os

fundo, na tarefa da educação rural,

poderes públicos não conseguiram. A lei da oferta e da procura não tem sig

abrindo escolas profissionais ao lado de

Qu.msqueh que sejam os acontecimen

centros de alfabctização, melhorando as

tos militares da campanha corea na, ninguém duvida da proximidade de

nificação alguma nos negócios da lavou ra, os quais se processam, na verdade, dentro de ura círculo de artificialismo.

E o resultado lógico de tudo isso é o ■ êxodo rural crescente, é a inconsciência

condições de vida, então passaremos da

Aux) M. Azevedo

esfera dos planos e das intenções para o

nova comoção mundial, agora com o

domínio absoluto dos fatos.

carater de uma guerra civil generali

Certo, de amparo tanto carece o pro prietário como o simples trabalhador

zada. Diante dessa horrorosa expecta tiva, pergunta-se o que deveremos fa

dramática dêsse problema coletivo, a in diferença, a indignação, o pânico da eco nomia rural, quando tudo indica a ne

rural. O dono da torra também pode

zer, isto é, o que o Brasil, por seu go

?er vítima da e.xploração do arrendatário,

cessidade de uma mobibzaçáo ampla

do parceiro ou dos próprio.s assalariados.

verno, por suas instituições principais responsáveis, e por seu povo, precisa

de braços e inteligências em defesa des

ses bens, dessa riqueza, dessas conquis tas inestimáveis.

Uma revelação surpreendente, feita

por especialistas no assunto, c a de que não possuímos o cadastro das nossas terras.

5. — A experiência social

Incumbe-nos vencer o empirismo e a

mercia de meio século. De certo modo constrange-nos afirmar que os inovado

res e os homens de ação do regime re publicano, que promoveram, com êxito, algumas experiências sociais, não intro duziram modificações substanciais no sis tema rotineiro do nosso trabalho rural.

Falta-nos dinamismo e perseverança. A recuperação vai-se tornando, assim, cada

vez mais difícil. O apelo dirigido aos municípios brasileiros, em número apro ximado de 2.000, no sentido de que se congreguem, em defesa própria, como se

Essa afirmativa traduz, na sua

simplicidade, uma das feições mais gra ves, senão a mais alarmante, da nossa

vida rural. Prãticamente, está tudo por fazer. Se as grandes propriedades exis tentes cm zonas densamente povoadas,

próximas aos grandes centros consumido res, continuarem incultas, à espera de

valorização, a fim de proporcionar "enri quecimento injusto" aos seus proprietá rios, então as aflições coletivas não te

rão fim. A sorte da reforma agrária, que terá de ser obra dos poderes legis lativo e executivo, dada a sua extrema complexidade, muito depende também

da compreensão do problema por par te de todos aqueles que se entregam no

fossem uma vasta e proveitosa coopera

cultivo do solo.

tiva, há de ser plenamente correspon dido, pois esse trabalho de cooperação repre.senta o ponto alto dêsse problema

tura o de mentalidade a que sc encon

Uma reforma de cstni-

tram vinculados os nossos próprios des tinos econômicos e sociais.

prever c prover. A resposta não é fá

cil, eis que existem mil e uma opiniões

diferentes a respeito de cada coisa, que o próprio povo brasileiro, na sua

grande maioria, ainda não se capaci

çavam. Limito-me — como o leitor de

ve compreender

aos aspectos econô

micos e sociais de uma conflagração

mundial. Naturalmente, as medidas de natureza militar ou política não cabem

nesta ligeira apreciação.

Não obstante uma grande maioria do povo brasileiro ainda não tenha a

consciência plena do horizonte som

brio dèste princípio de 1951, é certo que muitos já se preparam para tirar o máximo proveito da situação que se

esboça e toma forma. O agudo espíri to especulativo de muitos brasileiros

Nessas

já farejou no ar os promissores lucros

condições, tudo se complica e, o que é

inflação ou a deflagração do conflito

tou dessa ameaça iminente.

pior, um programa preventivo realis ta, por mínimo que seja, tem uma re

cepção negativa por parte daqueles que deveriam ser os primeiros a acei ta-lo e considerar sua imprescindível necessidade.

As medidas previsíveis, a serem postas em prática quanto antes, não constituem novidade para quem tenha mais de trmta e cinco anos de idade. isso, não é de admirar que um ci

dadão ocupe um pouco de seu tempo

disponível para alinhar as principais,

extraordinários que um novo ciclo de certamente

propiciarão. Assim, há

grande azáfama nos círculos financei

ros e meios industriais mais atingidos,

não só pela possível escassez de certas

matérias-primas essenciais, como tam

bém pelo prognóstico da cessação de importação de muitos produtos. Po rem, se não considerarmos essa parce

la mais oportunista da população do Brasil, há a mais completa indiferença pelo que está por vir, como se a nos sa pátria estivesse situada noutro pla neta.

aquelas que na verdade deveriam ser o grave problema princi tomadas quase que espontâneamente piaPortanto, por aí, a meu ver. Como dar ao pelos próprios brasileiros, cada um in povo brasileiro — latu sensu — a cons dividualmente no setor em que atua e ciência da realidade?... Na guerra de pode influir. Nessa questão, devo até 1914 (era ainda ginasiano mas me lem penitenciar-me inicialmente, se por bro perfeitamente) o Presidente Wenacaso repetir-me, visto como no prin-" ceslau Braz mandou organizar um ser cipio da última guerra também pre viço de propaganda, não só para o au tendi chamar a atenção do público mento da produção nacional como no brasileiro para os perigos que o amea sentido de haver "parcimônia nos gas-


DiGESTO Econômico 118

tos de qualquer natureza". Na minha memória só permaneceram esses latos,

pois não me recordo dos "efeitos da propaganda oficial, então largamente desenvolvida por todo o território do Brasil.

ção

Evidentemente, essa prepara

digamos melhor: — essa for

mação ou conformação para a nova guerra — não significa que desejemos que ela se deflagre imediatamente... Mas, não podemos permanecer nesse Citado de inconscicncia coletiva. Ao mesmo tempo que instruímos o

povo a respeito das possibilidades de uma nova conflagração, seria neces sário prepará-lo para enfrentar as di-

diculdades futuras, alinhando desde já

as restrições prováveis nos artigos de consumo, com a recomendação para

que não sejam feitos estoques exage rados, que levem à corrida pela "es cassez antecipada" dos gêneros neces sários. É um pro

o estocjue deveria ser constituído e guardado por uma entidade oficial, co

foi moderada, como demonstram as es

inales oriundos de unia inflação, que,

tatísticas.

para o caso brasileiro, poderia ser

buição do material estocado seria fei ta por quotas, segundo o critério ado tado alualmciitc para licenciamento de importações. Haverá muita burocracia nesse sistema, bem sei; mas, não vejo como seria possível assegurar a iodos os que delas necessitam o suprimento de matérias-primas de importação. Do mesmo modo, seria indispensável

organizar um orçamento de aparelhamento e máquinas de importação, de que não podemos prescindir — como

grandes geradores elétricos, locomoti

Bretanha.

Mas,

dores, que também têm as suas neces certagrau

preferencial. risco

para

a

pança. Havendo abundância de gêne

trosa.

visto como todos serão servidos a pre ços razoáveis.

De minha parte, farei o que estiver — para evitar essa ocorrência desas-,

Dirão os cétidos que as campa nhas aqui delineadas seriam contra

producentes ou, pelo menos, inúteis em nosso meio, dado o caráter inde

pendente e pouco disciplinado da maio

ria dos brasileiros. Não penso assim. Pelo contrário, creio que os brasileiros

já são bastante receptivos aos cha

ção é justamente o terror da "falta"

mamentos do bom-senso, que, como

das coisas mais necessárias, simulta

economia e a vida

neamente com o sentimento de que ha

ja "sobra" de dinheiro para comprálas... Não é preciso rememorar os

tos.

vo, no caso de guerra, é a infla ção monetária. O Brasil, que acaba de sair de um sur

um cruzeiro de 1950 só valia 0,25 de um cruzeiro de 1939. Com grande esfòrço

ção. Para impedir a especulação fatal,

em minhas forças — que são poucas

social de um po

rá um poderoso auxiliar dos governos

matérias-primas essenciais de importa

pois são uma defesa do poder aquisi tivo da moeda, que procuram valori zar, pelo incentivo à produção e à pou

dizia Dcbcartes, é a coisa mais bem distribuída no mundo...

to inflacionário de duração de cerca

Enquanto é tempo, e como tem sido assinalado por eminentes homens da indústria e do comércio, e indispensá vel que o Brasil reúna um estoque de

brasileira, é possível que tudo o que ficou escrito acima seja contestado...

O fundamento psicológico da infla

Mas,o mais gra

quem considere a inflação da moeda como um estado normal da economia

lidade, em sentido contrário à inflação,

nada por um ato voluntário de cada um de nós. Então, as rações, as filas, os tabelamentos. parecerão inúteis,

dificuldades, éle deve ser encarado e teremos de tentar uma solução. Tam bém aqui a propaganda bem feita se e das autoridades.

monetária, tão recentemente elas ocor reram entre nós. Mas, como ainda há

nhecimentos rudimentares dos fenôineno.s econômicos logo percebem que aquelas medidas de natureza funda mentalmente psicológica atuam, na rea

da não seria viável — a fim de nos ha

bilitarmos perante os países fornece

ve

não obstante suas

qüências perniciosas da depreciação

da moeda. Entretanto, os que têm co

aquisição, a economia ficará discipli

lações altamente educadas e imbuídas de espírito pú

última

í

das nada têm (jue ver com a inflação

ros e comedimcnto no seu consumo e

em

na Grã-

i

classificada como uma "recaída Es tão na memória de todos ás conse

vas, tratores, caminhões e outras ma

mente,

na

Aparentemente, as campanhas edu cativas preparatórias antes preconiza

quinas cuja fabricação entre nós ain

blema difícil, só resolvido eficaz mente pelas popu

teceu

119

tante do Governo da União. A distri

e,

guerra

Econômico

mo o Banco do Brasil, como represen

sidades

blico, como acon

Digesto

de sete anos, viu a sua moeda perder o valor em pouco tempo, de modo que — e isto ainda não foi bastante Pro

clamado e reconhecido — o Governo

Federal conseguiu dominar a inflação em 1947, de modo que dêsse ano em

diante a depreciação da moeda, medi da pelo seu poder aquisitivo interno, ti-

Ib'--

Aguardemos, pois, os acontecimen


DiGESTO Econômico 118

tos de qualquer natureza". Na minha memória só permaneceram esses latos,

pois não me recordo dos "efeitos da propaganda oficial, então largamente desenvolvida por todo o território do Brasil.

ção

Evidentemente, essa prepara

digamos melhor: — essa for

mação ou conformação para a nova guerra — não significa que desejemos que ela se deflagre imediatamente... Mas, não podemos permanecer nesse Citado de inconscicncia coletiva. Ao mesmo tempo que instruímos o

povo a respeito das possibilidades de uma nova conflagração, seria neces sário prepará-lo para enfrentar as di-

diculdades futuras, alinhando desde já

as restrições prováveis nos artigos de consumo, com a recomendação para

que não sejam feitos estoques exage rados, que levem à corrida pela "es cassez antecipada" dos gêneros neces sários. É um pro

o estocjue deveria ser constituído e guardado por uma entidade oficial, co

foi moderada, como demonstram as es

inales oriundos de unia inflação, que,

tatísticas.

para o caso brasileiro, poderia ser

buição do material estocado seria fei ta por quotas, segundo o critério ado tado alualmciitc para licenciamento de importações. Haverá muita burocracia nesse sistema, bem sei; mas, não vejo como seria possível assegurar a iodos os que delas necessitam o suprimento de matérias-primas de importação. Do mesmo modo, seria indispensável

organizar um orçamento de aparelhamento e máquinas de importação, de que não podemos prescindir — como

grandes geradores elétricos, locomoti

Bretanha.

Mas,

dores, que também têm as suas neces certagrau

preferencial. risco

para

a

pança. Havendo abundância de gêne

trosa.

visto como todos serão servidos a pre ços razoáveis.

De minha parte, farei o que estiver — para evitar essa ocorrência desas-,

Dirão os cétidos que as campa nhas aqui delineadas seriam contra

producentes ou, pelo menos, inúteis em nosso meio, dado o caráter inde

pendente e pouco disciplinado da maio

ria dos brasileiros. Não penso assim. Pelo contrário, creio que os brasileiros

já são bastante receptivos aos cha

ção é justamente o terror da "falta"

mamentos do bom-senso, que, como

das coisas mais necessárias, simulta

economia e a vida

neamente com o sentimento de que ha

ja "sobra" de dinheiro para comprálas... Não é preciso rememorar os

tos.

vo, no caso de guerra, é a infla ção monetária. O Brasil, que acaba de sair de um sur

um cruzeiro de 1950 só valia 0,25 de um cruzeiro de 1939. Com grande esfòrço

ção. Para impedir a especulação fatal,

em minhas forças — que são poucas

social de um po

rá um poderoso auxiliar dos governos

matérias-primas essenciais de importa

pois são uma defesa do poder aquisi tivo da moeda, que procuram valori zar, pelo incentivo à produção e à pou

dizia Dcbcartes, é a coisa mais bem distribuída no mundo...

to inflacionário de duração de cerca

Enquanto é tempo, e como tem sido assinalado por eminentes homens da indústria e do comércio, e indispensá vel que o Brasil reúna um estoque de

brasileira, é possível que tudo o que ficou escrito acima seja contestado...

O fundamento psicológico da infla

Mas,o mais gra

quem considere a inflação da moeda como um estado normal da economia

lidade, em sentido contrário à inflação,

nada por um ato voluntário de cada um de nós. Então, as rações, as filas, os tabelamentos. parecerão inúteis,

dificuldades, éle deve ser encarado e teremos de tentar uma solução. Tam bém aqui a propaganda bem feita se e das autoridades.

monetária, tão recentemente elas ocor reram entre nós. Mas, como ainda há

nhecimentos rudimentares dos fenôineno.s econômicos logo percebem que aquelas medidas de natureza funda mentalmente psicológica atuam, na rea

da não seria viável — a fim de nos ha

bilitarmos perante os países fornece

ve

não obstante suas

qüências perniciosas da depreciação

da moeda. Entretanto, os que têm co

aquisição, a economia ficará discipli

lações altamente educadas e imbuídas de espírito pú

última

í

das nada têm (jue ver com a inflação

ros e comedimcnto no seu consumo e

em

na Grã-

i

classificada como uma "recaída Es tão na memória de todos ás conse

vas, tratores, caminhões e outras ma

mente,

na

Aparentemente, as campanhas edu cativas preparatórias antes preconiza

quinas cuja fabricação entre nós ain

blema difícil, só resolvido eficaz mente pelas popu

teceu

119

tante do Governo da União. A distri

e,

guerra

Econômico

mo o Banco do Brasil, como represen

sidades

blico, como acon

Digesto

de sete anos, viu a sua moeda perder o valor em pouco tempo, de modo que — e isto ainda não foi bastante Pro

clamado e reconhecido — o Governo

Federal conseguiu dominar a inflação em 1947, de modo que dêsse ano em

diante a depreciação da moeda, medi da pelo seu poder aquisitivo interno, ti-

Ib'--

Aguardemos, pois, os acontecimen


VIWIM1 1

I

Digesto Econômico

^^Défiicits" orçamentários

121

iores para inversões em obras produtivas,

mas no exterior confere aos países produ

sem que para tal seja necessário recorrer

tores desses produtos uma fonte de renda

ao aumento de contribuição dos cidadãos.

suplementar inesperada, sem que para

Num país novo como o Brasil, a inicia tiva particular ás vezes não se mostra

tanto as e.xportações sejam sacrificadas. Pensa-se, especialmente, na ta.xação das vendas para o e.xterior, consideradas até

Reforma do sistema tribatário - A divisão dn Reeellii da União

muito entusiasmada por inversões de ca

- Distribuição das Reeeifas Uiíbliras

pital em determinados ramos que ofere

agora como um tributo anti-económico,

Geraldo O. Banaskiwitz

cem riscos desproporcionais, como os ser

pois sua e.xistência dificultaria a competi

viços públicos. Neste caso, para não cor rer o perigo de impedir a expansão manufatureira, o governo precisa substituir,

fo mvmdo de nossos dias, quando a política penetra profundamente no

terreno econômico, e quando as conside rações de defesa sobrepujam considera

ções clássicas, os "déficits", orçamentá rios ou da balança de pagamento, não mais assustam.

Nao há dúvida de que a existência

do um orçamento deficitário perturba a

r f a ocntoTT" ponto de tansformar-se em fonte"5° de

todos os males. Assim, os comentários sobre a nefasta tradição dos "déficits" or^mentários no Brasil, e sua influência sobre o resto da economia, só têm sen tido quando expõem a relatividade da posição de nosso país no conjunto inter nacional.

Reconhecemos que existem meios de absorver o desequilíbrio orçamentário fe

deral, mas não se deve esquecer que a evolução da situação internacional poderá criar novas condições, nas quais é sim plesmente impossível o equilíbrio orça mentário. Especialmente numa eventual

participação do Brasil na corrida armamentista, e que até agora não se mani festou.

A presente estrutura do orçamento bra sileiro — no seu conjunto federal, esta

dual e municipais — é um produto da era do café. Nunca houve, no fundo, uma

ciais se resumiram na introdução de no

vos impostos, sem que o conjunto da

bre o café em toda a América Central

tivamente induzidas a seguir o caminlio traçado pelo Governo Federal e os gover

e México, sôbre a borracha nas posses sões britânicas, para só citar alguns. A lista Se alonga diàriamente, demons

etc.), o isto só poderá ser feito através do orçamento.

chocam díàriamentc com a realidade.

O aparellio burocrático do Brasil cor responde a remota época, quando o Esta

do era simplesmente o "policement" da produção nacional, limitando-se a contro

lar, proteger e a exercer as funções de super\'isor. Essa era exatamente a situação das

nos de São Paulo, Minas, Rio Grande do A Divisão da Receita da União

nente, um século atrás. Seria, por con

A Constituição de 1946 estabeleceu

seguinte, injusto identificar os chama

dos vícios do aparelho burocrático à mentalidade especial em nosso País; trata-se simplesmente da mentalidade à

orçamentários com receitas oriundas de

ramos de atividade que conferem, pas

uma divisão das rendas entre o Governo

sageiramente, lucros desproporcionais a

Federal, os Estados e os Municípios, que

determinados grupos. Vejamos agora qual é a dirisão da

não permite ao Brasil adaptar-se às cir

qual correspondente a estrutura dos or ganismos governamentais, a situação dos serviços públicos e a mentahdade de to dos os apologistas da era do café.

África do Sul, Austrália e Uruguai, so

trando que os governos interessados pensam cobrir os respectivos "déficits"

Sul, Pernambuco c Bahia.

Repartições Públicas norte-americanas antes da guerra civil, e do Velho Conti

cional está na ordem do dia, porque

França, sobre a lã na Nova • Zelândia,

gendo a União e os principais Estados. As outras unidades do País serão grada-

nestes ramos (eletricidade, transportes

o mosaico dos impostos e taxas oferece um quadro de improvisações, que se

A reforma do sistema tributário na

junto da Administração Pública, abran

passageiramente, a iniciativa particular

receita pública fôsse coordenada. Assim

Reforma do Sistema Tributário

Essa medida deverá ser tomada no con

ção. No momento atual, porém, desapare ceu praticamente a competição nos mer cados mundiais, e essa medida já foi adotada pelos governos mais adiantados do globo. Menciona-se, a titulo de exem plo, a anunciada taxa de exportação so bre o papel c celulose na Suécia, sobre o minério da Noruega, África do Sul e

cunstâncias reinantes no resto do mundo.

receita da Uuiâo, para os anos de 1949,

A fase da valorização das matérias-pri

1950 e I95I.

RECEITA DA UNIÃO - 1949 a 1951

(Em milhões de cruzeiros)

f

1949

Discriminação Arrecadaçio

tsso

1951

Arrecadação

Proposta do

Projeto da

Revisão

Execullvo

Cãrraia

do Senado

2.048 6.586

1.655 6.577 5.888 1.901 3

16.024

prevista

Diferença

os choques com a realidade são tão

freqüentes que a transformam em impe dimento do progresso. Uma das princi pais preocupações das esferas competen tes deve ser a do melliorar qualitativa

modemÍ2iação que tomasse em considera ção a diversificação da economia nacio nal, a introdução da manufatura, o cres

mente as verbas de despesas.

cimento da classe média, o deslocamen

duzir as despesas destinadas ao pessoal

to do campo para a cidade da maior parte produtiva do País. As reformas par

nicipais, para poder dispor de fundos ma-

De outro lado, deve-se pensar em re nos orçamentos federais, estaduais e mu

Importação

1.701

Consumo

5.639

Renda

4.785

Sôlo

1.589

Territórios

Tributárias

3

1.555 5.995 5.400 1.800 2

13.717

14.752

+ +

146 356 615 1

1.701 3

1.555 6.477 5.988 1.801 3

+

211

-f 1.035

16.137

15.824

5.799


VIWIM1 1

I

Digesto Econômico

^^Défiicits" orçamentários

121

iores para inversões em obras produtivas,

mas no exterior confere aos países produ

sem que para tal seja necessário recorrer

tores desses produtos uma fonte de renda

ao aumento de contribuição dos cidadãos.

suplementar inesperada, sem que para

Num país novo como o Brasil, a inicia tiva particular ás vezes não se mostra

tanto as e.xportações sejam sacrificadas. Pensa-se, especialmente, na ta.xação das vendas para o e.xterior, consideradas até

Reforma do sistema tribatário - A divisão dn Reeellii da União

muito entusiasmada por inversões de ca

- Distribuição das Reeeifas Uiíbliras

pital em determinados ramos que ofere

agora como um tributo anti-económico,

Geraldo O. Banaskiwitz

cem riscos desproporcionais, como os ser

pois sua e.xistência dificultaria a competi

viços públicos. Neste caso, para não cor rer o perigo de impedir a expansão manufatureira, o governo precisa substituir,

fo mvmdo de nossos dias, quando a política penetra profundamente no

terreno econômico, e quando as conside rações de defesa sobrepujam considera

ções clássicas, os "déficits", orçamentá rios ou da balança de pagamento, não mais assustam.

Nao há dúvida de que a existência

do um orçamento deficitário perturba a

r f a ocntoTT" ponto de tansformar-se em fonte"5° de

todos os males. Assim, os comentários sobre a nefasta tradição dos "déficits" or^mentários no Brasil, e sua influência sobre o resto da economia, só têm sen tido quando expõem a relatividade da posição de nosso país no conjunto inter nacional.

Reconhecemos que existem meios de absorver o desequilíbrio orçamentário fe

deral, mas não se deve esquecer que a evolução da situação internacional poderá criar novas condições, nas quais é sim plesmente impossível o equilíbrio orça mentário. Especialmente numa eventual

participação do Brasil na corrida armamentista, e que até agora não se mani festou.

A presente estrutura do orçamento bra sileiro — no seu conjunto federal, esta

dual e municipais — é um produto da era do café. Nunca houve, no fundo, uma

ciais se resumiram na introdução de no

vos impostos, sem que o conjunto da

bre o café em toda a América Central

tivamente induzidas a seguir o caminlio traçado pelo Governo Federal e os gover

e México, sôbre a borracha nas posses sões britânicas, para só citar alguns. A lista Se alonga diàriamente, demons

etc.), o isto só poderá ser feito através do orçamento.

chocam díàriamentc com a realidade.

O aparellio burocrático do Brasil cor responde a remota época, quando o Esta

do era simplesmente o "policement" da produção nacional, limitando-se a contro

lar, proteger e a exercer as funções de super\'isor. Essa era exatamente a situação das

nos de São Paulo, Minas, Rio Grande do A Divisão da Receita da União

nente, um século atrás. Seria, por con

A Constituição de 1946 estabeleceu

seguinte, injusto identificar os chama

dos vícios do aparelho burocrático à mentalidade especial em nosso País; trata-se simplesmente da mentalidade à

orçamentários com receitas oriundas de

ramos de atividade que conferem, pas

uma divisão das rendas entre o Governo

sageiramente, lucros desproporcionais a

Federal, os Estados e os Municípios, que

determinados grupos. Vejamos agora qual é a dirisão da

não permite ao Brasil adaptar-se às cir

qual correspondente a estrutura dos or ganismos governamentais, a situação dos serviços públicos e a mentahdade de to dos os apologistas da era do café.

África do Sul, Austrália e Uruguai, so

trando que os governos interessados pensam cobrir os respectivos "déficits"

Sul, Pernambuco c Bahia.

Repartições Públicas norte-americanas antes da guerra civil, e do Velho Conti

cional está na ordem do dia, porque

França, sobre a lã na Nova • Zelândia,

gendo a União e os principais Estados. As outras unidades do País serão grada-

nestes ramos (eletricidade, transportes

o mosaico dos impostos e taxas oferece um quadro de improvisações, que se

A reforma do sistema tributário na

junto da Administração Pública, abran

passageiramente, a iniciativa particular

receita pública fôsse coordenada. Assim

Reforma do Sistema Tributário

Essa medida deverá ser tomada no con

ção. No momento atual, porém, desapare ceu praticamente a competição nos mer cados mundiais, e essa medida já foi adotada pelos governos mais adiantados do globo. Menciona-se, a titulo de exem plo, a anunciada taxa de exportação so bre o papel c celulose na Suécia, sobre o minério da Noruega, África do Sul e

cunstâncias reinantes no resto do mundo.

receita da Uuiâo, para os anos de 1949,

A fase da valorização das matérias-pri

1950 e I95I.

RECEITA DA UNIÃO - 1949 a 1951

(Em milhões de cruzeiros)

f

1949

Discriminação Arrecadaçio

tsso

1951

Arrecadação

Proposta do

Projeto da

Revisão

Execullvo

Cãrraia

do Senado

2.048 6.586

1.655 6.577 5.888 1.901 3

16.024

prevista

Diferença

os choques com a realidade são tão

freqüentes que a transformam em impe dimento do progresso. Uma das princi pais preocupações das esferas competen tes deve ser a do melliorar qualitativa

modemÍ2iação que tomasse em considera ção a diversificação da economia nacio nal, a introdução da manufatura, o cres

mente as verbas de despesas.

cimento da classe média, o deslocamen

duzir as despesas destinadas ao pessoal

to do campo para a cidade da maior parte produtiva do País. As reformas par

nicipais, para poder dispor de fundos ma-

De outro lado, deve-se pensar em re nos orçamentos federais, estaduais e mu

Importação

1.701

Consumo

5.639

Renda

4.785

Sôlo

1.589

Territórios

Tributárias

3

1.555 5.995 5.400 1.800 2

13.717

14.752

+ +

146 356 615 1

1.701 3

1.555 6.477 5.988 1.801 3

+

211

-f 1.035

16.137

15.824

5.799


Digicstíj Econókhco

122

180

180

693

745

1.827

1.850

Renda ordinária ... 16.417

17.528

patrimoniais Industriais

Diversas rendas ..•

Renda extraordinária

1.500

892

Receita geral: .... 17.917

18.420

52

230 762

230 762

23

2.170

2.170

230 840 3.840

-f I-IH

19.289

18.987

20.946

+ 4-

608

1.104

1.104

944

+

503

20.393

20.091

21.890

T

Dicesto

Econômico

que ela merece. Outrossim, não pode

figura ainda a taxa sobre e.vportação. Entre nós, é geral a concepção de que

rá haver uniformidade na taxação dos

a taxa sobre a exportação é anti-econó-

país moderno, a competência de orien tar a taxa de exportação só poderá ser

mlca, É este um argumento de antes da guerra. Claro está que os 21 governos

do Brasil não estão suficientemente equi pados para poder seguir atentamente as flutuações dos mercados externos e con

ferir à taxa de exportação a flexibilidade

mesmos produtos.

Assim sendo, num

10 5 15

1928 1938 1947

Haiti

1948

J

35

8.8

14,3

113

9,6

157 154

1928 1938 1947 1948

México

Como se vê, no quadro acima, não

123

-

592 838 1.989 2.594

10 28 212

105

1,7 3,3

10,6 4,0

A título comparativo, apresentare mos a seguir um quadro sôbre a mu

despesas governamentais, em diversos países latino-americanos, a partir de

dança observada na distribuição das

1928:

federal, mesmo que para tal seja ne

MUDANÇA OBSERVADA NA DISTRIBUIÇÃO DAS DESPESAS

cessário proceder a uma reforma da tri

butação — na parte que interessa à dis

GOVERNAMENTAIS

tribuição das rendas entre o Governo

Federal, os Estados e os Municípios.

Países

Anos

?eiv da

Oai. Inl.

Despesas

Obras

Outras

div. púb.

e externo

sociais

públicas

despesss

17.1 19,8 30.0 30.2 24.8

17.7 19.6 20.7 16.1 31.5

15.0 17.1

28.4

24.S

23.8

27.9

17.2

23.7

14.4 21.1

3.4 8.3

30.5

5.6

32.5 31.3 29.7

17.9 23.4 26.3 16.3

40.9 19.9 26.6 34.2

10.2

IMPOSTOS S/EXPORTAÇAO EM RELAÇAO AO VALOR TOTAL DAS EXPORTAÇÕES Anos

Argentina

Direitos das

Total das

exportações

exportações

28,0

1928 1938 1947 1948

-

2.397 1.401 5.505

5.465

Em %

Argentina

1,2

Brasil

Colômbia

Equador

1928 1938 1947 1948

1 1 1

1928

5,1

74

1938

0,3

107

7.9 7.8

577 494

1947 1948

S. Salvador

1928 1938 1947

'

3,2

133 144 427 507

49

27

7,2

100

0,7 0,3 0,2 6,9 0,3 1,4 1,6

Chile

6,5

1928 1938

1947 1948

2 2 2 2

28 18 52

50 ■

19.4 14.7 8.8 5.6 . 6.5 7.5

1928 1930 1938 1947 1948 1949

33.3 27.3 21.3 9.3

1928 1931

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-

1938

2.2

1947 1948 1949

0.5 7.4 9.0

1928 1938 1947 1948

1.4 19.1 9.7

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1949

Colômbia

1928 1938

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7.7 11.3

29.5

16.1

19.5 37.1 23.6 22.9

19.6 34.0

21.5

7,2 México

Guatemala

1928 1938 1947 1948 1949 1950

25.3 27.6 16.8

22.4 19.2 17.6

16.3

27.3

18.1 17.1

'

12.8

_

-

11.5 19.0 12,5 13.8

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33.5

7.2

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15.7

33.8 15.8 16.8 14.2

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18.7

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19.Ò

27.7 20.5

16.2

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19.4

38.4

24.7

40.3

19.8

21.8 18.9


Digicstíj Econókhco

122

180

180

693

745

1.827

1.850

Renda ordinária ... 16.417

17.528

patrimoniais Industriais

Diversas rendas ..•

Renda extraordinária

1.500

892

Receita geral: .... 17.917

18.420

52

230 762

230 762

23

2.170

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18.987

20.946

+ 4-

608

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503

20.393

20.091

21.890

T

Dicesto

Econômico

que ela merece. Outrossim, não pode

figura ainda a taxa sobre e.vportação. Entre nós, é geral a concepção de que

rá haver uniformidade na taxação dos

a taxa sobre a exportação é anti-econó-

país moderno, a competência de orien tar a taxa de exportação só poderá ser

mlca, É este um argumento de antes da guerra. Claro está que os 21 governos

do Brasil não estão suficientemente equi pados para poder seguir atentamente as flutuações dos mercados externos e con

ferir à taxa de exportação a flexibilidade

mesmos produtos.

Assim sendo, num

10 5 15

1928 1938 1947

Haiti

1948

J

35

8.8

14,3

113

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157 154

1928 1938 1947 1948

México

Como se vê, no quadro acima, não

123

-

592 838 1.989 2.594

10 28 212

105

1,7 3,3

10,6 4,0

A título comparativo, apresentare mos a seguir um quadro sôbre a mu

despesas governamentais, em diversos países latino-americanos, a partir de

dança observada na distribuição das

1928:

federal, mesmo que para tal seja ne

MUDANÇA OBSERVADA NA DISTRIBUIÇÃO DAS DESPESAS

cessário proceder a uma reforma da tri

butação — na parte que interessa à dis

GOVERNAMENTAIS

tribuição das rendas entre o Governo

Federal, os Estados e os Municípios.

Países

Anos

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Oai. Inl.

Despesas

Obras

Outras

div. púb.

e externo

sociais

públicas

despesss

17.1 19,8 30.0 30.2 24.8

17.7 19.6 20.7 16.1 31.5

15.0 17.1

28.4

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17.2

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3.4 8.3

30.5

5.6

32.5 31.3 29.7

17.9 23.4 26.3 16.3

40.9 19.9 26.6 34.2

10.2

IMPOSTOS S/EXPORTAÇAO EM RELAÇAO AO VALOR TOTAL DAS EXPORTAÇÕES Anos

Argentina

Direitos das

Total das

exportações

exportações

28,0

1928 1938 1947 1948

-

2.397 1.401 5.505

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Em %

Argentina

1,2

Brasil

Colômbia

Equador

1928 1938 1947 1948

1 1 1

1928

5,1

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1938

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1947 1948

S. Salvador

1928 1938 1947

'

3,2

133 144 427 507

49

27

7,2

100

0,7 0,3 0,2 6,9 0,3 1,4 1,6

Chile

6,5

1928 1938

1947 1948

2 2 2 2

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50 ■

19.4 14.7 8.8 5.6 . 6.5 7.5

1928 1930 1938 1947 1948 1949

33.3 27.3 21.3 9.3

1928 1931

22.7 23.1

-

1938

2.2

1947 1948 1949

0.5 7.4 9.0

1928 1938 1947 1948

1.4 19.1 9.7

7,1 11.1 3,8 4,0

1949

Colômbia

1928 1938

1947

7.7 11.3

29.5

16.1

19.5 37.1 23.6 22.9

19.6 34.0

21.5

7,2 México

Guatemala

1928 1938 1947 1948 1949 1950

25.3 27.6 16.8

22.4 19.2 17.6

16.3

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12.8

_

-

11.5 19.0 12,5 13.8

20.2 18.2 14.2 39.8

8.6

33.5

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11.5

15.7

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19.Ò

27.7 20.5

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38.4

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19.8

21.8 18.9


I «1/1 tfi'!

Digesto Econômico DlCESTO EcoNÓAnco

124 1948 1949 1950

Colômbia

1928 1938

Equador

1949

12.3 4.7 3.2 4.1 5.7

1928 1938 1947 1948

33.3 5.9 5.9 5.2

1947 1948

S. Salvador

12.4

13.8 16.1 17.1

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21.3 26.6 20.8

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8.6

9.7

23.1

41.0

13.1 14.2

21.6 18.5

35.4 35.1

17.5 27.3 26.2 30.1 27.1

19.3 11.7 15.9 21.8 25.2

33.9 23.3 23.8

11.1 11.8

37.1 . 58.8

__

3.9 8.4

7.8 5.2

profunda, que interessa diretamente am bas as partes. A reforma proposta deve ria, evidentemente, passar em revist-i toda a divisão dos impostos e taxas ar recadados, para conseguir noVas bases de

IMPORTÂNCIA DA

Anos

Federal

Estadual

Municipal

37,9%

11,2%

509%

70.6

77.6

gãos locais na distribuição da massa tri butária iria contra uma tendência uni

versal. Deve-se sublinhar, ainda, que essa tendência se manifesta com igual vigor nos países unitários, tais como as nações organizadas nos moldes federais. O quadro que se segue é elucidativo a esse respeito:

I^CAL EM RELAÇAO AO TOTAL DA

Estados unitários

PROVENIÊNCIA DAS RECEITAS PÚBLICAS 1902

que deixa bem claro que qualquer ten tativa de forçar a participação de ór

receita dos governos (Em porcentagem)

^ seguir um quadro

29.6

"Kosten Ausgeleich" (divisão da Se bem que não haja grandes dife 5um receita pública entre os organismos cen renças na estatura fisial dos Estados trais, estaduais e municipais). tastem grandes divergências nas pr„; Sem entrar em detalhes, deve-se men postas sôbre eventuais reformas, e seria um erro deixar exclusivamente a cargo cionar, entretanto, que o Brasil deverá dos Parlamentos estaduais a decisão sê- forçosamente tomar em consideração as bre as eventuais modificações a serem tendências observadas em outros países. introduzidas na tributação nacional p Assistimos, de fato, à centralização das recomendável uma cooperação entre o finanças públicas em todos os países, o

Governo Federal e todos os Executivos

referente ao™Estados^'^ljSdosT°^^

29.7

Distnbuição das receitas públicas

estaduais, pois diversos impostos - co mo, por exemplo, o da exportação precisam passar por uma reorganização

125

1925

37.0%

15,2%

47,8%

1935/36

Inglaterra

43,7 %

30,3 %

França

20,1 %

37,8 %

Estados Unidos

69,9%

Canadá

51,2%

Austrália ...• Alemanha

70,7% 56,1% .

57,7 %• 57,7% 62,1 % 47,8 %

Estados federativos

JoO S

1941 46,3% 26,5% 27,2% ioo% Dada a similitude das organizações no âmbito administrativo- o que existe administrativas, brasileira e norte-ameri- ó uma completa ausência de coordena-

cana, essa tendência deverá merecer a maior atenção por parte dos responsáveis

ção, uma compeüção entre União e Estados, maior participação na distribui-

pela nossa pró.xima reforma tributária.

Ç«o das receitas públicas, do que resulta

No Brasil ainda não se observa o mes-

desorganização, colabo-

mo grau de centraliz^ição da massa tributárla, como nos outros países_ De ou-

mentários" déficits" orçaVejamos qual é a distribuição dada a

tro lado. também nao se pode dizer que

cada 100 cruzeiros pagos pelos contri

existe uma descentralização financeira

buintes:

^

f

DE 100 CBUZEIHOS PAGOS^PELOS CONTRIBUINTES NACIONAIS,

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IX

"

"esltr

1945 1946

58,6 % 58.4% 51,1%

^ ^

os Municípios 33'o^^ 34'3^® 383%

12.1%

16,5% 8,4%

(®) -• estimativa.

'

Do ponto de vista evolutivo, obser- mar municípios ou Estndn va-se no Brasil a mesma tendência de butária do Lí.

enfraquecimento relativo da receita fe-

duas realidade ^

deral em beneficio das receitas regio-

Brasil rU

mento através dos livros de liistória, sobre a economia norte-americana em

com ureênein do de evifor'

j- -

uais e locais, de que se tem conheci- nSas lã„ A

1913/14

Total

fins do século passado.

f?

-7

u ^ase tn-

choc^a com as

"

geográficas e eco^ ® 1 ^ esforço no senti-

i™'" de

Entre nós, seria utopia querer transfor- Iceais." sem esJieLçT dTlrito"''™'"""' S


I «1/1 tfi'!

Digesto Econômico DlCESTO EcoNÓAnco

124 1948 1949 1950

Colômbia

1928 1938

Equador

1949

12.3 4.7 3.2 4.1 5.7

1928 1938 1947 1948

33.3 5.9 5.9 5.2

1947 1948

S. Salvador

12.4

13.8 16.1 17.1

13.8 15.1

21.3 26.6 20.8

20.7 18.2 18.5 23.5 11.8

8.6

9.7

23.1

41.0

13.1 14.2

21.6 18.5

35.4 35.1

17.5 27.3 26.2 30.1 27.1

19.3 11.7 15.9 21.8 25.2

33.9 23.3 23.8

11.1 11.8

37.1 . 58.8

__

3.9 8.4

7.8 5.2

profunda, que interessa diretamente am bas as partes. A reforma proposta deve ria, evidentemente, passar em revist-i toda a divisão dos impostos e taxas ar recadados, para conseguir noVas bases de

IMPORTÂNCIA DA

Anos

Federal

Estadual

Municipal

37,9%

11,2%

509%

70.6

77.6

gãos locais na distribuição da massa tri butária iria contra uma tendência uni

versal. Deve-se sublinhar, ainda, que essa tendência se manifesta com igual vigor nos países unitários, tais como as nações organizadas nos moldes federais. O quadro que se segue é elucidativo a esse respeito:

I^CAL EM RELAÇAO AO TOTAL DA

Estados unitários

PROVENIÊNCIA DAS RECEITAS PÚBLICAS 1902

que deixa bem claro que qualquer ten tativa de forçar a participação de ór

receita dos governos (Em porcentagem)

^ seguir um quadro

29.6

"Kosten Ausgeleich" (divisão da Se bem que não haja grandes dife 5um receita pública entre os organismos cen renças na estatura fisial dos Estados trais, estaduais e municipais). tastem grandes divergências nas pr„; Sem entrar em detalhes, deve-se men postas sôbre eventuais reformas, e seria um erro deixar exclusivamente a cargo cionar, entretanto, que o Brasil deverá dos Parlamentos estaduais a decisão sê- forçosamente tomar em consideração as bre as eventuais modificações a serem tendências observadas em outros países. introduzidas na tributação nacional p Assistimos, de fato, à centralização das recomendável uma cooperação entre o finanças públicas em todos os países, o

Governo Federal e todos os Executivos

referente ao™Estados^'^ljSdosT°^^

29.7

Distnbuição das receitas públicas

estaduais, pois diversos impostos - co mo, por exemplo, o da exportação precisam passar por uma reorganização

125

1925

37.0%

15,2%

47,8%

1935/36

Inglaterra

43,7 %

30,3 %

França

20,1 %

37,8 %

Estados Unidos

69,9%

Canadá

51,2%

Austrália ...• Alemanha

70,7% 56,1% .

57,7 %• 57,7% 62,1 % 47,8 %

Estados federativos

JoO S

1941 46,3% 26,5% 27,2% ioo% Dada a similitude das organizações no âmbito administrativo- o que existe administrativas, brasileira e norte-ameri- ó uma completa ausência de coordena-

cana, essa tendência deverá merecer a maior atenção por parte dos responsáveis

ção, uma compeüção entre União e Estados, maior participação na distribui-

pela nossa pró.xima reforma tributária.

Ç«o das receitas públicas, do que resulta

No Brasil ainda não se observa o mes-

desorganização, colabo-

mo grau de centraliz^ição da massa tributárla, como nos outros países_ De ou-

mentários" déficits" orçaVejamos qual é a distribuição dada a

tro lado. também nao se pode dizer que

cada 100 cruzeiros pagos pelos contri

existe uma descentralização financeira

buintes:

^

f

DE 100 CBUZEIHOS PAGOS^PELOS CONTRIBUINTES NACIONAIS,

ov

IX

"

"esltr

1945 1946

58,6 % 58.4% 51,1%

^ ^

os Municípios 33'o^^ 34'3^® 383%

12.1%

16,5% 8,4%

(®) -• estimativa.

'

Do ponto de vista evolutivo, obser- mar municípios ou Estndn va-se no Brasil a mesma tendência de butária do Lí.

enfraquecimento relativo da receita fe-

duas realidade ^

deral em beneficio das receitas regio-

Brasil rU

mento através dos livros de liistória, sobre a economia norte-americana em

com ureênein do de evifor'

j- -

uais e locais, de que se tem conheci- nSas lã„ A

1913/14

Total

fins do século passado.

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choc^a com as

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geográficas e eco^ ® 1 ^ esforço no senti-

i™'" de

Entre nós, seria utopia querer transfor- Iceais." sem esJieLçT dTlrito"''™'"""' S


Dicesto

\ WTWÇ^O ECO\OMICA de m DE OIEIROZ n

DjAcm Menezes

(Prof. cat. da Faculdade Nacional de Filosofia)

EcoNó^uco

A clas.sc trabalhadora, afundando gra

deixa na miséria quatro milliões de ho

dualmente na miséria, vè o fblativo fra

mens. Tem todo o território ocupado

casso dos métodos legislativos nas enti

militannente. Apenas uin patriota co

dades jurídicas de conciliação — enquan

meça a ter influência na Irlanda, pren

to a camada dirigente, com a habilidade

de o patriota. Quando a eloqüência dos deputados irlandeses se toma inquiettidora, abafa-a, quebrando sem escrúpu los uma tradição parlamentar de séculos. Vai governar a Irlanda pela lei marcial, como qualquer czar. E, para suspender

política dc que sempre deu provas, apa gou a virulência da agitação e manteve

sua influência apaziguadora e cstabiliPBOBLEMA da Irlanda, estudado cm

balho estupidificantc e exaustÍ\Q das

Ziinte.

artigo jornalístico, é onde mais se

minas, a brutalizaçuo do álcool, os bair

contra\'a o caldo de cultura necessário

ros da miséria inumerável, debaixo de instituições onde circula a aristocracia

sua incompatibilidade com a mentalida-

acentua sua capacidade para entender as relações entre a burguesia inglesa e a

127

O .socialismo marxista não en-

a propagação — a tese vigente era de

os planos da Liga Agrária, riola o se gredo das cartas".

aristocracia territorial irlandesa, em face

politicamente mais astuta do mundo.

do e as condições britânicas. Sydiiey

da população rural mergulhada na misé

Não tomou o tema como estudo porque

Webb c Bcrnard Shaw fundavam em

outros ressoam elogios ao liberalismo bri

ria mais negra. Os atos de desespero das

1884 a sociedade que iria difundir as

tânico — muito vistoso aos povos longín

nalistas, como Molly Maguire, como os feníanos, são os reflexos dessa luta sem

seus objetivos artísticos eram outros. Mas tôda vez que lançou, como jorna lista, os olhos sôbrc a nação, nao dei xou de colher, às vezes em poucas li

esperança.

nhas, as palpitações do problema con

sociedades secretas, ardentemente nacio

Debalde os mártires irlan

deses se sacrificam pela independência de sua pátria. Seu próprio catolicismo exacerba-se. excitado pela necessidade política. A Inglaterra é prote.stante? Tanto basta para que o irlandês se sinta inflexivelmente católico. É um meio

temporâneo. Os anos de 1870-80, de áspero chô-

mage: os métodos das írr/de-i/n/ofus não facultavam subida de salarios e prosse

guia uma luta pela restrição da jornada

ideológico de acentuar seu protesto em

de trabalho dé muTIiercs e adolescentes.

todas as esferas da vida. Mobiliza o céu

criação das "royal comissions para in

católico contra o inglês. O escritor nos pinta a fome dos cam

pos, a vida em casebres, as vexações do fisco cobrado por um frio senhorio feu dal, que vive bem e vive longe, em Londres, nas cidades inglesas, afundado no conforto que uma minoria inteligente

soube organizar dentro de um belo país

O parlamento votava nessa década a

teorias do "socialismo fabiano"; repe-

quos.

liiun declaradamente a teoria da revo

reino da opinião livre, nos fins do nosso

lução catastrófica e pregavam a bata lha gradual e progressiva contra o ca pitalismo, para uma modificação paula

Império, onde havia de fato uma larga

tina, através de reformas sucessivas. O

plo — e olhávamos outros.

"socialismo fabiano" era uma tradução inglesa do socialismo de Estado, uma

Através dos sucessos políticos, dos dis cursos inflamados que enchem o Par lamento inglês, naqueles tempos agitados — a raiz da questão é descarnada ao

edição parlanientarizada e inteligente das classes médias, imbuídas de sentimentos liberais e hostis às formas de ditadura.

liberdade de opinião, do crença, de im prensa, Nós é que éramos o belo e:em-

vivo pelo romancista: "Há também outra coisa que se per

vestigar as condições dc \ida dos ope rários que trabalhavam em indústrias

cebe bem: é que a população trabalha

em que vigorava o sweating system. A

governos que tão fielmente mostram seu

a classe proprietária, os land-lord^ indig-

poder* de observação — e que dão à sua produção jornalística um valor que ain da não .foi integralmente reconhecido. Tais qualidades se revelam mais vigoro

inglesa, quando os trabalhadores mani festam essa pretensão absurda e revolu

história do trabalho infantil — escreve

Rothstein - é a página mais vergonho

sa da história inglesa. A legislação não

impede a exploração desalmada, que se amplia e aprofunda no fim do século. A

lanço, em passagens anteriores — ao

concorrência exterior, com os novos Es

ticos, onde se prepara a educação convinhável às classes incumbidas da dire

ção pública, apurando-lhes os hábitos

secessão, a Alemanha unificada, a Fran ça em expansão — ameaçava o comércio

Liga Agrária".

britânico, cujo monopólio sofria os pri meiros golpes sérios. As "câmaras de conciliação" e os "tribunais de arbitra

questão religiosa, a questão de proprie

América do Norte após a guerra de

gem" encontravam dificuldades em apa ziguar as agitações. Aumentava a agres sividade contra as organizações sindicais.

dora da Irlanda morre de fome, e que nam-se e reclamam o auxílio da policia

cionária — comer."

samente — e já o mencionamos, de re

tados industriais que despontavam — a

ção da posse das instituições governati vas mais perfeitas do mundo. Eça soube ver além da fachada cons titucional e política: viu as dores e os sofrimentos dos povos sacrificados, viu o egoísmo de sua burguesia, viu o tra

Nós embasbacávamos para o

Lá da Inglaterra, de seu modesto con sulado, o escritor ia traçando, na improvização do intuitivo, perfis de povos e

— desde o home aos colégios aristocrá

de domínio e fortalecendo-lhes a convic

Enquanto Eça de Queiroz diz isso,

examinar a situação política e social que

vem descrita no artigo "A Irlanda e a

Sob a complexidade da questão — a dade, a questão da independência — o escritor vai direto ao ponto: "a Inglater ra, para não perturbar os interesses tirâ

nicos dum milhar de ricos proprietários,

Cumpre-nos indicar apenas como Eça

de Queiroz viu a questão agrária irlan desa — que não difere, substancialmente, de outras questões agrárias de outros países. O dono da terra, o lord, arren

da-a-a famílias que ali vivem de longa data, passando-a dc pais a filhos, com os mesmos deveres pesados. Ê a mesma

gente taillable, tuable et corvéable, de que falava Courrier. O agricultor irlan-


Dicesto

\ WTWÇ^O ECO\OMICA de m DE OIEIROZ n

DjAcm Menezes

(Prof. cat. da Faculdade Nacional de Filosofia)

EcoNó^uco

A clas.sc trabalhadora, afundando gra

deixa na miséria quatro milliões de ho

dualmente na miséria, vè o fblativo fra

mens. Tem todo o território ocupado

casso dos métodos legislativos nas enti

militannente. Apenas uin patriota co

dades jurídicas de conciliação — enquan

meça a ter influência na Irlanda, pren

to a camada dirigente, com a habilidade

de o patriota. Quando a eloqüência dos deputados irlandeses se toma inquiettidora, abafa-a, quebrando sem escrúpu los uma tradição parlamentar de séculos. Vai governar a Irlanda pela lei marcial, como qualquer czar. E, para suspender

política dc que sempre deu provas, apa gou a virulência da agitação e manteve

sua influência apaziguadora e cstabiliPBOBLEMA da Irlanda, estudado cm

balho estupidificantc e exaustÍ\Q das

Ziinte.

artigo jornalístico, é onde mais se

minas, a brutalizaçuo do álcool, os bair

contra\'a o caldo de cultura necessário

ros da miséria inumerável, debaixo de instituições onde circula a aristocracia

sua incompatibilidade com a mentalida-

acentua sua capacidade para entender as relações entre a burguesia inglesa e a

127

O .socialismo marxista não en-

a propagação — a tese vigente era de

os planos da Liga Agrária, riola o se gredo das cartas".

aristocracia territorial irlandesa, em face

politicamente mais astuta do mundo.

do e as condições britânicas. Sydiiey

da população rural mergulhada na misé

Não tomou o tema como estudo porque

Webb c Bcrnard Shaw fundavam em

outros ressoam elogios ao liberalismo bri

ria mais negra. Os atos de desespero das

1884 a sociedade que iria difundir as

tânico — muito vistoso aos povos longín

nalistas, como Molly Maguire, como os feníanos, são os reflexos dessa luta sem

seus objetivos artísticos eram outros. Mas tôda vez que lançou, como jorna lista, os olhos sôbrc a nação, nao dei xou de colher, às vezes em poucas li

esperança.

nhas, as palpitações do problema con

sociedades secretas, ardentemente nacio

Debalde os mártires irlan

deses se sacrificam pela independência de sua pátria. Seu próprio catolicismo exacerba-se. excitado pela necessidade política. A Inglaterra é prote.stante? Tanto basta para que o irlandês se sinta inflexivelmente católico. É um meio

temporâneo. Os anos de 1870-80, de áspero chô-

mage: os métodos das írr/de-i/n/ofus não facultavam subida de salarios e prosse

guia uma luta pela restrição da jornada

ideológico de acentuar seu protesto em

de trabalho dé muTIiercs e adolescentes.

todas as esferas da vida. Mobiliza o céu

criação das "royal comissions para in

católico contra o inglês. O escritor nos pinta a fome dos cam

pos, a vida em casebres, as vexações do fisco cobrado por um frio senhorio feu dal, que vive bem e vive longe, em Londres, nas cidades inglesas, afundado no conforto que uma minoria inteligente

soube organizar dentro de um belo país

O parlamento votava nessa década a

teorias do "socialismo fabiano"; repe-

quos.

liiun declaradamente a teoria da revo

reino da opinião livre, nos fins do nosso

lução catastrófica e pregavam a bata lha gradual e progressiva contra o ca pitalismo, para uma modificação paula

Império, onde havia de fato uma larga

tina, através de reformas sucessivas. O

plo — e olhávamos outros.

"socialismo fabiano" era uma tradução inglesa do socialismo de Estado, uma

Através dos sucessos políticos, dos dis cursos inflamados que enchem o Par lamento inglês, naqueles tempos agitados — a raiz da questão é descarnada ao

edição parlanientarizada e inteligente das classes médias, imbuídas de sentimentos liberais e hostis às formas de ditadura.

liberdade de opinião, do crença, de im prensa, Nós é que éramos o belo e:em-

vivo pelo romancista: "Há também outra coisa que se per

vestigar as condições dc \ida dos ope rários que trabalhavam em indústrias

cebe bem: é que a população trabalha

em que vigorava o sweating system. A

governos que tão fielmente mostram seu

a classe proprietária, os land-lord^ indig-

poder* de observação — e que dão à sua produção jornalística um valor que ain da não .foi integralmente reconhecido. Tais qualidades se revelam mais vigoro

inglesa, quando os trabalhadores mani festam essa pretensão absurda e revolu

história do trabalho infantil — escreve

Rothstein - é a página mais vergonho

sa da história inglesa. A legislação não

impede a exploração desalmada, que se amplia e aprofunda no fim do século. A

lanço, em passagens anteriores — ao

concorrência exterior, com os novos Es

ticos, onde se prepara a educação convinhável às classes incumbidas da dire

ção pública, apurando-lhes os hábitos

secessão, a Alemanha unificada, a Fran ça em expansão — ameaçava o comércio

Liga Agrária".

britânico, cujo monopólio sofria os pri meiros golpes sérios. As "câmaras de conciliação" e os "tribunais de arbitra

questão religiosa, a questão de proprie

América do Norte após a guerra de

gem" encontravam dificuldades em apa ziguar as agitações. Aumentava a agres sividade contra as organizações sindicais.

dora da Irlanda morre de fome, e que nam-se e reclamam o auxílio da policia

cionária — comer."

samente — e já o mencionamos, de re

tados industriais que despontavam — a

ção da posse das instituições governati vas mais perfeitas do mundo. Eça soube ver além da fachada cons titucional e política: viu as dores e os sofrimentos dos povos sacrificados, viu o egoísmo de sua burguesia, viu o tra

Nós embasbacávamos para o

Lá da Inglaterra, de seu modesto con sulado, o escritor ia traçando, na improvização do intuitivo, perfis de povos e

— desde o home aos colégios aristocrá

de domínio e fortalecendo-lhes a convic

Enquanto Eça de Queiroz diz isso,

examinar a situação política e social que

vem descrita no artigo "A Irlanda e a

Sob a complexidade da questão — a dade, a questão da independência — o escritor vai direto ao ponto: "a Inglater ra, para não perturbar os interesses tirâ

nicos dum milhar de ricos proprietários,

Cumpre-nos indicar apenas como Eça

de Queiroz viu a questão agrária irlan desa — que não difere, substancialmente, de outras questões agrárias de outros países. O dono da terra, o lord, arren

da-a-a famílias que ali vivem de longa data, passando-a dc pais a filhos, com os mesmos deveres pesados. Ê a mesma

gente taillable, tuable et corvéable, de que falava Courrier. O agricultor irlan-


Digesto Econômico

128

dês, comò todo agricultor, apega-sc

passa dc "um dc\'oto da força do idea

obstinadamente ao solo, arrostando todas as dificuldades. Os contratos agrários

lismo licróico, dos gênios providenciais".

são leoninos. O proprietário se apodera

chorou como seu grande rclórico, o can

Foi o Iiomcm que a burguesia inglesa

OrcESTO

Econômico *

129 *

Em frente dessa análise, por c.xemplo, Ramalho é muito inferior. Ramalho,

quciro ciuunou Ramalho de "repórter de gênio". Realmente, sua memória do pormenor, sua percepção classificativa, enu-

merativa dos incidentes, não fatiga o lei

de quase todo o produto. Sc porventura

tor cm prosa dc sua.s qualidades repre

bem instalado na vida, amando o sentin

tor.

lho fornece escasso material dc traballio,

sentativas, num instante eni que os in

frase luminosa e ampla, que se desdobra

vale-se disso para cobrar-lhc o dobro do

teresses comerciais o industriais passa

valor.

vam à frente dos demais, encarnados

do sempre com o século XIX, só te\c quase oliios para o confort britânico: o sport, a educação, o beef, a corrida do cavalos, a lareira, eternamente des

lapidaraiente, num ritmo de saúde ver

liberdade de pesquisa, pela indagação filosófica, pelo experinientalismo, tem

lumbrado com as boas roupas, a ele gância, as soiróes, as seasons, toda a ma

nácula, onde quase se pressente a ri queza do sangue da própria "ramalhal figura". Não há enfado para quem o ouve. Dissemos ou\'e — porque a prosa

dos Pares da Inglaterra, não seria mais áspera, mais hostil ao pobre e mais

nessa transformação suas raízes mais evi

neira do gozar a vida dos que tão sábia c vigorosamente organizaram seu próprio

avara de si mesma. A natureza, quando

silenciosa das leituras.

sophkjuCii, não se cançaria de louvar as

bem-estar. Ramalho viu bem o confòrlo

não se apresenta sob o aspecto de solo

liberdades inglesas cm assuntos interdi

pedregoso, mostra-se sob o aspecto de pântano. Oferece-lhe de um lado um

tados no continente.

inglês. Quase só viu êsse aspecto — o nao hesitou em comparar.com a burgue sia lisboeta, tão diversa nas suas posses

"A natureza, mãe fecunda e amante, comporta-se aqui pior que os lordc.s: se a natureza tivesse assento na Câmara

penedo, do outro um charco. E diz-lhe com sua ternura de mãe:

— Escolhe. De qual preferes tu tirar os meios de subsistência? -

O segredo disso está na arte da

pelos hind-lords. O impulso advindo pela

dentes*. Voltairc, nas suas Lcttrcs Philo-

Em correspondência de 1878, escrita do New Castle, dc novo aflora em sua pena o assunto das greves. Os motivos que determinam o movimento dos tra

o lorde Também é Sua Graçapreços quemé

balhadores do Lancashirc "são complica dos c prendem-se com uma difícil ques tão de economia política" — discorre

o expulsa, apropriando-se de tudo ano

Eça. Os incidentes tumultuários reben

ele construiu."

tam. Comenta Eça:

"

Analisando esses aspectos íntimos da civilização britânica, o escritor revela in

ordem, no respeito à propriedade, no

tuição de seus processos econômicos,

sentimento da obediência â lei etc., mas

"É muito bonito, realmente, falar na

exagerando-Ihe as proporções em cari

quando milhares de homens vêem as

caturas sociais. Por traz de todos os sucessos da rainha dos mares e das so berbas frotas, num domínio onde o sol não se pÕe como os de Felipe II — êle percebia o jogo dos interesses comer ciais, a atividade nem sempre moral da alta finança, o egoísmo das classes pro prietárias, e a legião numerosa, gigan tesca, dos que trabalham e produzem.

suas famílias sem lume na lareira, sem

um pedaço de pão, os fillios a morrer

de miséria, e ao mesmo tempo os pa trões, prósperos e fartos, comprando pro priedades, quadros, apostando nas cor ridas e dando bailes que custam centos de libras, bom Deus, é difícil ir falar aos

desgraçados de regras do Economia Po lítica, convencê-los de que, cm virtu de dos melhores autores da ciência eco

"Êsse Gladstone que nos parecia como o cavaleiro andante das verdades eternas

nômica, êles devem continuar por alguns

saí-nos um representante estreito das

á cal das paredesi" (4).

meses mais a comer vento e aquecer-se

classes proprietárias do anglícanismo" — confessará ao constante amigo Rama-

Iho. E dirá que o próprio Carlyle não

(4) Crônicas de Londres, Editorial Aviz, p. 266.

c no seu domínio, com uma formação psicológica o social tão diferente. Mas

não cometamos a injustiça de dizer que

Ramalho só viu sua terra através de^sa comparação. São famosos os quadros rurais, onde o pintor, muitas vezes arre

batado nas asas do brismo, se deleita

na descrição das paisagens e trabalhos dos campos. As províncias portuguesas tiveram na sua pena o mais engenhoso dos pincéis. Desaparecia o sarcasta so cial, que ria rijamente dos homens e

dos costumes do seu tempo. Mas sua

critica jamais desceu a certa profundida

de: foi uni escritor muito mais preso à

superfície, não admira que, munindoso apressadamente das e.xpllcações cien tíficas para dar conselhos sôbre educa ção, sôbre política, sôbre Iiistória, sôbre positivismo, sôbre teatro, sôbre arte, não atinasse com explicações científicas sô

canta num belo ritmo, através da mais

Mas fica sondo sempre uma reporla'geni. A Holanda é a mais admirável das

reportagens de todas as literaturas.

Aquela ouverture, com rasgos de orques tração histórica, que é o primeiro capí tulo do livro, passa depressa - e estiunos logo diante do "repórter de gênio": lá se vai o autor anotando o interior

doméstico, o asseio, a mobília, as rou

pas de linho, os pratos da cozinha, os

perfumes, os sapatos, os transportes, a arte, a instalação na vida e na proprie

dade. É o tema preferido pela sua pena. Compraz-se na satisfação epicurista de bon viceiir. A toiUète, a elegância, a mesa lu.\uosa, a ostentação do bem pro vido dos requintes da civilização — eis os quadros que ocupam muitas páginas dos seus li\'ros. A paisagem entra, copiosa e magnífica. Mas a argúcia para sus peitar dos conflitos essenciais da civiliza

ção, que contempla\ a, era fraca diante

de dotes tão poderosos. Se não fôsse a potência inexcedível do artista — aquela

bre as relações sociais que entravavam o

incessante volta sôbre determinados as

progresso, porque denodadamente se ba

tàvelmente parventic.

teu com tão nobre esforço para educar as gerações de sua querida terra.

Pensamos que, sob êsse aspecto, o da intuição das realidades sociais, Eça ul trapassa Ramalho no jornalismo. Jun-

suntos torna-se-ia nionocórdia e insupor-

(Trecho do livro "Crítica Social

de Eça de Queiroz", a sair em

breve; transcrição especial para "Digesto Econômico").


Digesto Econômico

128

dês, comò todo agricultor, apega-sc

passa dc "um dc\'oto da força do idea

obstinadamente ao solo, arrostando todas as dificuldades. Os contratos agrários

lismo licróico, dos gênios providenciais".

são leoninos. O proprietário se apodera

chorou como seu grande rclórico, o can

Foi o Iiomcm que a burguesia inglesa

OrcESTO

Econômico *

129 *

Em frente dessa análise, por c.xemplo, Ramalho é muito inferior. Ramalho,

quciro ciuunou Ramalho de "repórter de gênio". Realmente, sua memória do pormenor, sua percepção classificativa, enu-

merativa dos incidentes, não fatiga o lei

de quase todo o produto. Sc porventura

tor cm prosa dc sua.s qualidades repre

bem instalado na vida, amando o sentin

tor.

lho fornece escasso material dc traballio,

sentativas, num instante eni que os in

frase luminosa e ampla, que se desdobra

vale-se disso para cobrar-lhc o dobro do

teresses comerciais o industriais passa

valor.

vam à frente dos demais, encarnados

do sempre com o século XIX, só te\c quase oliios para o confort britânico: o sport, a educação, o beef, a corrida do cavalos, a lareira, eternamente des

lapidaraiente, num ritmo de saúde ver

liberdade de pesquisa, pela indagação filosófica, pelo experinientalismo, tem

lumbrado com as boas roupas, a ele gância, as soiróes, as seasons, toda a ma

nácula, onde quase se pressente a ri queza do sangue da própria "ramalhal figura". Não há enfado para quem o ouve. Dissemos ou\'e — porque a prosa

dos Pares da Inglaterra, não seria mais áspera, mais hostil ao pobre e mais

nessa transformação suas raízes mais evi

neira do gozar a vida dos que tão sábia c vigorosamente organizaram seu próprio

avara de si mesma. A natureza, quando

silenciosa das leituras.

sophkjuCii, não se cançaria de louvar as

bem-estar. Ramalho viu bem o confòrlo

não se apresenta sob o aspecto de solo

liberdades inglesas cm assuntos interdi

pedregoso, mostra-se sob o aspecto de pântano. Oferece-lhe de um lado um

tados no continente.

inglês. Quase só viu êsse aspecto — o nao hesitou em comparar.com a burgue sia lisboeta, tão diversa nas suas posses

"A natureza, mãe fecunda e amante, comporta-se aqui pior que os lordc.s: se a natureza tivesse assento na Câmara

penedo, do outro um charco. E diz-lhe com sua ternura de mãe:

— Escolhe. De qual preferes tu tirar os meios de subsistência? -

O segredo disso está na arte da

pelos hind-lords. O impulso advindo pela

dentes*. Voltairc, nas suas Lcttrcs Philo-

Em correspondência de 1878, escrita do New Castle, dc novo aflora em sua pena o assunto das greves. Os motivos que determinam o movimento dos tra

o lorde Também é Sua Graçapreços quemé

balhadores do Lancashirc "são complica dos c prendem-se com uma difícil ques tão de economia política" — discorre

o expulsa, apropriando-se de tudo ano

Eça. Os incidentes tumultuários reben

ele construiu."

tam. Comenta Eça:

"

Analisando esses aspectos íntimos da civilização britânica, o escritor revela in

ordem, no respeito à propriedade, no

tuição de seus processos econômicos,

sentimento da obediência â lei etc., mas

"É muito bonito, realmente, falar na

exagerando-Ihe as proporções em cari

quando milhares de homens vêem as

caturas sociais. Por traz de todos os sucessos da rainha dos mares e das so berbas frotas, num domínio onde o sol não se pÕe como os de Felipe II — êle percebia o jogo dos interesses comer ciais, a atividade nem sempre moral da alta finança, o egoísmo das classes pro prietárias, e a legião numerosa, gigan tesca, dos que trabalham e produzem.

suas famílias sem lume na lareira, sem

um pedaço de pão, os fillios a morrer

de miséria, e ao mesmo tempo os pa trões, prósperos e fartos, comprando pro priedades, quadros, apostando nas cor ridas e dando bailes que custam centos de libras, bom Deus, é difícil ir falar aos

desgraçados de regras do Economia Po lítica, convencê-los de que, cm virtu de dos melhores autores da ciência eco

"Êsse Gladstone que nos parecia como o cavaleiro andante das verdades eternas

nômica, êles devem continuar por alguns

saí-nos um representante estreito das

á cal das paredesi" (4).

meses mais a comer vento e aquecer-se

classes proprietárias do anglícanismo" — confessará ao constante amigo Rama-

Iho. E dirá que o próprio Carlyle não

(4) Crônicas de Londres, Editorial Aviz, p. 266.

c no seu domínio, com uma formação psicológica o social tão diferente. Mas

não cometamos a injustiça de dizer que

Ramalho só viu sua terra através de^sa comparação. São famosos os quadros rurais, onde o pintor, muitas vezes arre

batado nas asas do brismo, se deleita

na descrição das paisagens e trabalhos dos campos. As províncias portuguesas tiveram na sua pena o mais engenhoso dos pincéis. Desaparecia o sarcasta so cial, que ria rijamente dos homens e

dos costumes do seu tempo. Mas sua

critica jamais desceu a certa profundida

de: foi uni escritor muito mais preso à

superfície, não admira que, munindoso apressadamente das e.xpllcações cien tíficas para dar conselhos sôbre educa ção, sôbre política, sôbre Iiistória, sôbre positivismo, sôbre teatro, sôbre arte, não atinasse com explicações científicas sô

canta num belo ritmo, através da mais

Mas fica sondo sempre uma reporla'geni. A Holanda é a mais admirável das

reportagens de todas as literaturas.

Aquela ouverture, com rasgos de orques tração histórica, que é o primeiro capí tulo do livro, passa depressa - e estiunos logo diante do "repórter de gênio": lá se vai o autor anotando o interior

doméstico, o asseio, a mobília, as rou

pas de linho, os pratos da cozinha, os

perfumes, os sapatos, os transportes, a arte, a instalação na vida e na proprie

dade. É o tema preferido pela sua pena. Compraz-se na satisfação epicurista de bon viceiir. A toiUète, a elegância, a mesa lu.\uosa, a ostentação do bem pro vido dos requintes da civilização — eis os quadros que ocupam muitas páginas dos seus li\'ros. A paisagem entra, copiosa e magnífica. Mas a argúcia para sus peitar dos conflitos essenciais da civiliza

ção, que contempla\ a, era fraca diante

de dotes tão poderosos. Se não fôsse a potência inexcedível do artista — aquela

bre as relações sociais que entravavam o

incessante volta sôbre determinados as

progresso, porque denodadamente se ba

tàvelmente parventic.

teu com tão nobre esforço para educar as gerações de sua querida terra.

Pensamos que, sob êsse aspecto, o da intuição das realidades sociais, Eça ul trapassa Ramalho no jornalismo. Jun-

suntos torna-se-ia nionocórdia e insupor-

(Trecho do livro "Crítica Social

de Eça de Queiroz", a sair em

breve; transcrição especial para "Digesto Econômico").


I,'

DrcESTci

^ revolução Abnóbio comunista Graça

na

(Da Faculdade de Direito e da Faculdade de Ciências Econômicas da Universidade do Recife)

Econónoco

a ruína da família, que tinha bases pa triarcais; a decadência moral c a ne

cessidade de proteção das classes pobres, especialmente das massas camponesas; a falta de justiça social e o nascimento d^

A Conjuntura Missionária na China ó o titulo de um trabalho de Geor-

ges Pontmarin, publicado recentemente

cularmente pela conquista dc uma inde pendência progressiva. Tais fatos con trariaram não só as tradições do pais

na revista católica e franceza — Idées et

mas também revelam o sentido dcsagre-

forces. Trata-se de um longo e valioso

gador e anti-cristão da violenta mu

estudo onde o autor sente a tragédia que está vivendo a terra de Confúcio.

dança.

Quem teve o ensejo de ir além da ex

pressão material das palavras que com-'

põem a brilhante exposição sociológica de Pontmarin sabe que as raízes do mo

mento histórico da China estão mergu lhadas profundamente no espírito, na cul^ra e na própria civilização desse lendário povo da Ásia.

Em 1912, foi estabelecido o regime republicano. Postergada oficialmente a doutrina de Confúcio, criou-se uma atmosfera de ampla curiosidade em tômo dos problemas da cultura dêsse invencí vel mundo ocidental. As classes mais

instruídas, após o contacto com o pen samento de outras nações amadurecidas mentalmente, não se satisfizeram com o que conheceram em matéria de Filoso fia, Religião, Política, Direito, Economia

É certo que a China não progrediu muito durante séculos e isto foi consti

tuindo uma espécie de comple.xos psico

lógico e sociológico, porém tudo have ria de ser modificado por um tremen do esfôrço, arrastando a naç.ão para a cultura ocidental ou, infelizmente, para a

zona de influência ideológica da Rússia. É verdade que o passado sempre foi objeto do respeito chinês, formando o "grande vínculo e o grande culto do país", mas tudo se acabou, porque um

manto de sangue envolveu o destino his

tórico dêsse pedaço comunista da Ásia. Referindo-se à China, escreveu H. G. Wells: "En Chine, nous trouvons un

système social qui s'est développé sur un plan absolument distinct de celui des civilisations indienne et occidentale. La

civiüsation cliinoise, plus encore que

e Sociologia. Mas os escritores ociden

rhindoue, est organisée en vue de Ia tais produziram na alma dêsse povo asiá . paix, et le guerrier n'y joue q'un rôle tico uma inquietação sem precedentes, medíocre" (Esquisse de rHistoire Uni-

e tudo parecia o fim de uma civiUzação

verselle — Paris — 1926 — pag. 113).

construída há muitos e muitos séculos.

Então, começou a decadência da fa

O catolicismo e a revolução chinesa

mília patriarcal, que era o sustentáculo da sociedade. O casamento foi perdendo as suas antigas características, até se transformar numa livre e transitória união de sexos. A mulher foi-se oci

dentalizando por novos hábitos, parti

A China se descaracterizou sob a

pressão antitradlcionalista e guerreira da União Soviética; sofreu modificações pro

fundas cujas causas foram apontadas porGeorges Pontmarin, no trabalho citado:

perigosas místicas políticas á semelhança do que aconteceu no mundo ocidental e, por fim, o universalismo chinês.

No país misterioso dc Chinong, o tra

balhador rural, que jamais teve o apoio que merecia, dada a organização social

131

o conflito entre o comunismo nisso, qitc triunfou, 6 a e\iingeIização ou a obra missionária à sombra do catolicismo. A marcha da hecatombe chinesa se iniciou

em Pekim, num centro urbano de estu

dos de onde brotou o partido comunis ta que, por sua vez, foi ganliando ter reno, principalmente nos meios universi

tário" c graças ao auxílio da Rússia, que está espalhando os seus adeptos em todo o inundo. Os jovens se deixaram em

reinante, caiu em miséria extrema por

polgar pelas idéias do bolchevismo. Não

fôrça da prolongada guerra com o Japão. O movimento inflacíonista e o paupcri,s-

há dn\'ida dc que o comunismo nisso-

mo tornaram-se males nacionais, proble mas insolúveis, que a imprensa mundial costumava descrever em cores carrega

de propaganda entre os estudantes dos

das. A reforma agrária, segundo os prin

de cima para bai.xo. Um morimento

cípios cristãos, era um imperativo, mas

contra o cristianismo, as democracias

Tchang Kai Chelc sòmente se dei.\ou

ocidentais e o ideal nacionalista.

arrebatar pela crença nacionalista. Foi um êrro imperdoável, pois a classe cam

Stalin foram traduzidos com zêlo espe

ponesa atinge mais de 70% da popula

ção. Os planos militares, o protecionismo escandaloso, os pesados gastos admi nistrativos, a política econômica deficie.nte. a corrupção geral, tudo isto fêz da

^ina um campo fértil para que sôbre ele fôsse lançada a semente do comu nismo.

Gerou-se uma mentalidade con

trária às tradições. Era preciso rasgar o véu do passado, libertar o país da miséria material, e essa revolução, no julgamento dos intelectuais e das classes

proletárias, só poderia ser realizada por meio de uma nova filosofia da vida — a

filosofia da ação de Meiti e Hou-Che. E o próprio Kai Chek, sentindo a difi culdade dos problemas e a desmoraliza ção completa do governo, aceitou a dou trina e chegou a escrever, como diz Pontmarin, um trabalho sob o título ~ A Filosofia da Ação. Há outro aspecto interessante na His tória da revolução social da China: é

chinc,s teve o seu começo e o seu centro cursos superiores, os mestres e a chama da elite intelectual. Foi um movimento

Os lixTos de Marx, Engels, Lenine e

cial e em linguagem acess{x'el a todos. Foram ainda distribuídos gratuitamente

ou vendidos por preços ínfimos, porquan to os comunistas tinham o interêsse de

difundir por todos os meios a doutrina marxista. A Igreja Católica, porém, não dispunha de recursos materiais, não com

prava propaganda, nem tinha a coope ração de potência estrangeira. As suas obras eram escassas, mal traduzidas, dc sorte que não se di\ailgaram fàcilmentc nas várias camadas sociais. Os padres eram caluniados e perseguidos. Além disso, como afirma Georges Pontmarin, a Igreja se conser\'ou ocidentalizada e latina — o que impediu muito a com preensão das massas populares relativa mente aos princípios da cristandade. Instituiu-se um clero chinês, mas êste

nab" conseguiu impor-se na crença geral pelas dificuldades do meio, pela fraca assimilação intelectual dos nacionais e pelas condições bem preparadas para o


I,'

DrcESTci

^ revolução Abnóbio comunista Graça

na

(Da Faculdade de Direito e da Faculdade de Ciências Econômicas da Universidade do Recife)

Econónoco

a ruína da família, que tinha bases pa triarcais; a decadência moral c a ne

cessidade de proteção das classes pobres, especialmente das massas camponesas; a falta de justiça social e o nascimento d^

A Conjuntura Missionária na China ó o titulo de um trabalho de Geor-

ges Pontmarin, publicado recentemente

cularmente pela conquista dc uma inde pendência progressiva. Tais fatos con trariaram não só as tradições do pais

na revista católica e franceza — Idées et

mas também revelam o sentido dcsagre-

forces. Trata-se de um longo e valioso

gador e anti-cristão da violenta mu

estudo onde o autor sente a tragédia que está vivendo a terra de Confúcio.

dança.

Quem teve o ensejo de ir além da ex

pressão material das palavras que com-'

põem a brilhante exposição sociológica de Pontmarin sabe que as raízes do mo

mento histórico da China estão mergu lhadas profundamente no espírito, na cul^ra e na própria civilização desse lendário povo da Ásia.

Em 1912, foi estabelecido o regime republicano. Postergada oficialmente a doutrina de Confúcio, criou-se uma atmosfera de ampla curiosidade em tômo dos problemas da cultura dêsse invencí vel mundo ocidental. As classes mais

instruídas, após o contacto com o pen samento de outras nações amadurecidas mentalmente, não se satisfizeram com o que conheceram em matéria de Filoso fia, Religião, Política, Direito, Economia

É certo que a China não progrediu muito durante séculos e isto foi consti

tuindo uma espécie de comple.xos psico

lógico e sociológico, porém tudo have ria de ser modificado por um tremen do esfôrço, arrastando a naç.ão para a cultura ocidental ou, infelizmente, para a

zona de influência ideológica da Rússia. É verdade que o passado sempre foi objeto do respeito chinês, formando o "grande vínculo e o grande culto do país", mas tudo se acabou, porque um

manto de sangue envolveu o destino his

tórico dêsse pedaço comunista da Ásia. Referindo-se à China, escreveu H. G. Wells: "En Chine, nous trouvons un

système social qui s'est développé sur un plan absolument distinct de celui des civilisations indienne et occidentale. La

civiüsation cliinoise, plus encore que

e Sociologia. Mas os escritores ociden

rhindoue, est organisée en vue de Ia tais produziram na alma dêsse povo asiá . paix, et le guerrier n'y joue q'un rôle tico uma inquietação sem precedentes, medíocre" (Esquisse de rHistoire Uni-

e tudo parecia o fim de uma civiUzação

verselle — Paris — 1926 — pag. 113).

construída há muitos e muitos séculos.

Então, começou a decadência da fa

O catolicismo e a revolução chinesa

mília patriarcal, que era o sustentáculo da sociedade. O casamento foi perdendo as suas antigas características, até se transformar numa livre e transitória união de sexos. A mulher foi-se oci

dentalizando por novos hábitos, parti

A China se descaracterizou sob a

pressão antitradlcionalista e guerreira da União Soviética; sofreu modificações pro

fundas cujas causas foram apontadas porGeorges Pontmarin, no trabalho citado:

perigosas místicas políticas á semelhança do que aconteceu no mundo ocidental e, por fim, o universalismo chinês.

No país misterioso dc Chinong, o tra

balhador rural, que jamais teve o apoio que merecia, dada a organização social

131

o conflito entre o comunismo nisso, qitc triunfou, 6 a e\iingeIização ou a obra missionária à sombra do catolicismo. A marcha da hecatombe chinesa se iniciou

em Pekim, num centro urbano de estu

dos de onde brotou o partido comunis ta que, por sua vez, foi ganliando ter reno, principalmente nos meios universi

tário" c graças ao auxílio da Rússia, que está espalhando os seus adeptos em todo o inundo. Os jovens se deixaram em

reinante, caiu em miséria extrema por

polgar pelas idéias do bolchevismo. Não

fôrça da prolongada guerra com o Japão. O movimento inflacíonista e o paupcri,s-

há dn\'ida dc que o comunismo nisso-

mo tornaram-se males nacionais, proble mas insolúveis, que a imprensa mundial costumava descrever em cores carrega

de propaganda entre os estudantes dos

das. A reforma agrária, segundo os prin

de cima para bai.xo. Um morimento

cípios cristãos, era um imperativo, mas

contra o cristianismo, as democracias

Tchang Kai Chelc sòmente se dei.\ou

ocidentais e o ideal nacionalista.

arrebatar pela crença nacionalista. Foi um êrro imperdoável, pois a classe cam

Stalin foram traduzidos com zêlo espe

ponesa atinge mais de 70% da popula

ção. Os planos militares, o protecionismo escandaloso, os pesados gastos admi nistrativos, a política econômica deficie.nte. a corrupção geral, tudo isto fêz da

^ina um campo fértil para que sôbre ele fôsse lançada a semente do comu nismo.

Gerou-se uma mentalidade con

trária às tradições. Era preciso rasgar o véu do passado, libertar o país da miséria material, e essa revolução, no julgamento dos intelectuais e das classes

proletárias, só poderia ser realizada por meio de uma nova filosofia da vida — a

filosofia da ação de Meiti e Hou-Che. E o próprio Kai Chek, sentindo a difi culdade dos problemas e a desmoraliza ção completa do governo, aceitou a dou trina e chegou a escrever, como diz Pontmarin, um trabalho sob o título ~ A Filosofia da Ação. Há outro aspecto interessante na His tória da revolução social da China: é

chinc,s teve o seu começo e o seu centro cursos superiores, os mestres e a chama da elite intelectual. Foi um movimento

Os lixTos de Marx, Engels, Lenine e

cial e em linguagem acess{x'el a todos. Foram ainda distribuídos gratuitamente

ou vendidos por preços ínfimos, porquan to os comunistas tinham o interêsse de

difundir por todos os meios a doutrina marxista. A Igreja Católica, porém, não dispunha de recursos materiais, não com

prava propaganda, nem tinha a coope ração de potência estrangeira. As suas obras eram escassas, mal traduzidas, dc sorte que não se di\ailgaram fàcilmentc nas várias camadas sociais. Os padres eram caluniados e perseguidos. Além disso, como afirma Georges Pontmarin, a Igreja se conser\'ou ocidentalizada e latina — o que impediu muito a com preensão das massas populares relativa mente aos princípios da cristandade. Instituiu-se um clero chinês, mas êste

nab" conseguiu impor-se na crença geral pelas dificuldades do meio, pela fraca assimilação intelectual dos nacionais e pelas condições bem preparadas para o


132

Dicesto Econónhoo

DICE.STO

EcONÓXfICO

133

avanço das idéias comunistas. Dessartc,

do Pontmarin, sc o clero permaneceu

a obra missionária sc féz à maneira an

divorciado da \'ida c, por isso, não

dos séculos XVI c XVH, a revolução in dustrial que surgiu na Inglaterra, as

tiga, latina, formal e inadaptável às circunstancias do tempo o à situação do

penetrou na intimidade dos lares c dos enormes sofrimentos do po\o, apesar do

o Ilegel, as rcfle.xões puritanislas, o des

país. É o que declara Pontmarin: "Au

alto sentido humano e social do cris

contraíra, le catholicisme est reste un

effort étranger, une rcligion importée do rextérieur. L*Eglíse n'a pas réiissí i se dépouiller de son caractèrc occidencal, gardant dans sa liturgie comme Jans son droit canonique une toumure

latina inacccssiblc aux Çliinois".

O êxito que obtiveram os técnicos da revolução comunista foi muito maior do

tianismo, houve, porém, outras causas

da revolução chinesa que teremos do apontar. Se a obra missionária, em di versas partes do mundo onde as condi ções materiais o espirituais eram piores, produziu benéficos resultados, por que não se verificou na China o mesmo fe nômeno do domínio absoluto do cristia

l,

)

governo, as falhas administrativas, a jnorto da fé c os sofrimentos do homem

pulsa tem ocasionado nos povos demo cráticos do Ocidente. Assim, a ignorân cia e as superstíções do camponês, a miséria das classes operárias, os proces

do povo. Demais, como afirma Harold

sos medie\'ais de cultura do solo, os lati

Laski, a "aventura russa fòi um movi

fúndios, a sujeira das habitações, a crise moral, o pessimismo religioso, a "fome de

mento europeu" (Reflexões sobre a re

volução dc nossa época — São Paulo — 1946 — pags. 53 o scgs.). A apreciação de Harold Laski sobro o

felicidade" tão bem explorada pelos es critores nacionais, tudo contribuiu para que triunfasse a crença na impossível so

fenômeno russo é sociològicamente pro funda, mas está minada pela sua inegá vel paixão política. Acreditamos que as

ciedade comunista.

A revohiçõo nissa e

causas da revolução bolchevista foram de

trés ordens — material, espiritual e mo ral — o que outros autores denominam simplcsmeijtc fatores subjetivos e objeti

tórica não só do comunismo russo, mas

a revolução chinesa

nismo católico?

que a conquista es

piritual da Igreja Católica, apesar do

concepções de Ilobbcs, Lockc, Rousscau

rista que corroboram a nossa visão do

fenômeno que tanto inèdo e tanta re

Quanto à revolução chinesa, não há

dúvida de que foi uma resultante lústambém daqueles fatôres apontados por

trina marxista, no leninismo, na angús

Georges Pontmarin. Atualmente, na China, há quatro re ligiões: o budismo, o credo muçulmano,

ções, como a Rússia,

tia, no fatalismo c nas tendências místi

o protestantismo e o catolicismo. O art.

processos de luta do que os seminaristas

a China, a índia e.o

povo da República terá liberdade de pensamento, de palaxTa, de publicação,

e padres chineses.

tores costumam di zer que esses países

cas das multidões eslavas, no inconsciento da raça, nos erros filosóficos do Oci dente e no revolueionarismo dos séculos

heróico esfôrço feito. Diz o articulista ci

tado que os bolchevistas estavam mais bem instruídos nos

Nos estabelecimen tos de ensino reli

gioso, não se levava em conta a verda deira situação do

país, onde o catoli cismo tinha de enfrentar inimigos peri

gosos e adestrados. Conta-nos Pontma-rin que, após a visita que realizou em díverso.s seminários da China, se con

venceu de que a formação dos alunos e futuros sacerdotes era demasiadamen te latina, desencarnada e impotente para

preparar "eficientes apóstolos numa pá

Meditando sobro

a evolução econômi ca e social de na

Brasil, certos escri

haverão de formar o maior bloco marxis ta do mundo. Essa

XVIII e XIX, enquanto os segundos, isto e, os fatores objetivos, compreendem

a desorganização econômica, política e social da Rússia antes de 1917.

Clioe

do Programa Comum dispõe: "O

de reunião, de associação, de correspon dência, de pessoa, de domicílio, da mu dança de lugar, de crença religiosa e a liberdade de organizar demonstrações

Dfly, por exemplo, refere-se à jncompetêncía e ao estúpido egoísmo dos di rigentes czaristas: ' "Thc Russian go-

e procissões". Demais, o poeta-campo-

damento científico; todavia, precisamos

vernment, an autocracy in fonn but a

constituição de uma frente contra 0 que

refletir sobro as causas da revolução co munista na Rússia e na China, assim

bureaucracy in fact, invited revolution by its incompetence and its stupid selfísliness" (Economic Development in

êle denomina imperialismo — a qual se ria composta dos comunistas e de certos

Europe — New York — 1942 — pág.

govêmo chinês mantém uma atitude hos

.568).

til a todas as religiões e, especialmente, ao catolicismo, sôbre o qual lança as suas mentiras, resumidas assim por Georges

profecia, como tan tas outras, é inacei tável, não tem fun

como sobre as condições gerais do Brasil, a fim de que possamos destruir fàcilmcnte essa previsão sAbre o destino de muitos milhões de homens.

Analisando a revolução russa, que foi

Hewlett Johnson, em obras cheias de

sectarismo, lidas em várias línguas e di

nês Mao Tsé Tung, o Lenine da "no\'a democracia" asiática, defende a tese de

fiéis de algumas crenças. Entretanto, o

vulgadas em diversas nações, diz cousas

Pontmarin:

ção básica dos princípios da civilização

sôbre a revolução bolchevista nas quais

ocidental", Harold La^ki entende que a

nem sempre é possível crennos; todavia,

1 — A Igreja Católica é o instrumento político do Vaticano que, por sua vez,

o famoso Deão põe em evidência, sem

faz o jôgo dos poderosos imperialistas.

que o perceba, aspectos da Rússia cza-

2 — A condenaçãç solene do comu-

tria em plena transformação social".

"o primeiro degrau de uma transforma

A nosso ver, toda responsabilidade pe las faltas cometidas não deve ser impu tada às instituições de ensino religioso

mesma teve diversas causas: as idéias da era moderna, a renovação científica

e aos padres. Se é lógica a observação

vos. Os primeiros sc manifestam na dou


132

Dicesto Econónhoo

DICE.STO

EcONÓXfICO

133

avanço das idéias comunistas. Dessartc,

do Pontmarin, sc o clero permaneceu

a obra missionária sc féz à maneira an

divorciado da \'ida c, por isso, não

dos séculos XVI c XVH, a revolução in dustrial que surgiu na Inglaterra, as

tiga, latina, formal e inadaptável às circunstancias do tempo o à situação do

penetrou na intimidade dos lares c dos enormes sofrimentos do po\o, apesar do

o Ilegel, as rcfle.xões puritanislas, o des

país. É o que declara Pontmarin: "Au

alto sentido humano e social do cris

contraíra, le catholicisme est reste un

effort étranger, une rcligion importée do rextérieur. L*Eglíse n'a pas réiissí i se dépouiller de son caractèrc occidencal, gardant dans sa liturgie comme Jans son droit canonique une toumure

latina inacccssiblc aux Çliinois".

O êxito que obtiveram os técnicos da revolução comunista foi muito maior do

tianismo, houve, porém, outras causas

da revolução chinesa que teremos do apontar. Se a obra missionária, em di versas partes do mundo onde as condi ções materiais o espirituais eram piores, produziu benéficos resultados, por que não se verificou na China o mesmo fe nômeno do domínio absoluto do cristia

l,

)

governo, as falhas administrativas, a jnorto da fé c os sofrimentos do homem

pulsa tem ocasionado nos povos demo cráticos do Ocidente. Assim, a ignorân cia e as superstíções do camponês, a miséria das classes operárias, os proces

do povo. Demais, como afirma Harold

sos medie\'ais de cultura do solo, os lati

Laski, a "aventura russa fòi um movi

fúndios, a sujeira das habitações, a crise moral, o pessimismo religioso, a "fome de

mento europeu" (Reflexões sobre a re

volução dc nossa época — São Paulo — 1946 — pags. 53 o scgs.). A apreciação de Harold Laski sobro o

felicidade" tão bem explorada pelos es critores nacionais, tudo contribuiu para que triunfasse a crença na impossível so

fenômeno russo é sociològicamente pro funda, mas está minada pela sua inegá vel paixão política. Acreditamos que as

ciedade comunista.

A revohiçõo nissa e

causas da revolução bolchevista foram de

trés ordens — material, espiritual e mo ral — o que outros autores denominam simplcsmeijtc fatores subjetivos e objeti

tórica não só do comunismo russo, mas

a revolução chinesa

nismo católico?

que a conquista es

piritual da Igreja Católica, apesar do

concepções de Ilobbcs, Lockc, Rousscau

rista que corroboram a nossa visão do

fenômeno que tanto inèdo e tanta re

Quanto à revolução chinesa, não há

dúvida de que foi uma resultante lústambém daqueles fatôres apontados por

trina marxista, no leninismo, na angús

Georges Pontmarin. Atualmente, na China, há quatro re ligiões: o budismo, o credo muçulmano,

ções, como a Rússia,

tia, no fatalismo c nas tendências místi

o protestantismo e o catolicismo. O art.

processos de luta do que os seminaristas

a China, a índia e.o

povo da República terá liberdade de pensamento, de palaxTa, de publicação,

e padres chineses.

tores costumam di zer que esses países

cas das multidões eslavas, no inconsciento da raça, nos erros filosóficos do Oci dente e no revolueionarismo dos séculos

heróico esfôrço feito. Diz o articulista ci

tado que os bolchevistas estavam mais bem instruídos nos

Nos estabelecimen tos de ensino reli

gioso, não se levava em conta a verda deira situação do

país, onde o catoli cismo tinha de enfrentar inimigos peri

gosos e adestrados. Conta-nos Pontma-rin que, após a visita que realizou em díverso.s seminários da China, se con

venceu de que a formação dos alunos e futuros sacerdotes era demasiadamen te latina, desencarnada e impotente para

preparar "eficientes apóstolos numa pá

Meditando sobro

a evolução econômi ca e social de na

Brasil, certos escri

haverão de formar o maior bloco marxis ta do mundo. Essa

XVIII e XIX, enquanto os segundos, isto e, os fatores objetivos, compreendem

a desorganização econômica, política e social da Rússia antes de 1917.

Clioe

do Programa Comum dispõe: "O

de reunião, de associação, de correspon dência, de pessoa, de domicílio, da mu dança de lugar, de crença religiosa e a liberdade de organizar demonstrações

Dfly, por exemplo, refere-se à jncompetêncía e ao estúpido egoísmo dos di rigentes czaristas: ' "Thc Russian go-

e procissões". Demais, o poeta-campo-

damento científico; todavia, precisamos

vernment, an autocracy in fonn but a

constituição de uma frente contra 0 que

refletir sobro as causas da revolução co munista na Rússia e na China, assim

bureaucracy in fact, invited revolution by its incompetence and its stupid selfísliness" (Economic Development in

êle denomina imperialismo — a qual se ria composta dos comunistas e de certos

Europe — New York — 1942 — pág.

govêmo chinês mantém uma atitude hos

.568).

til a todas as religiões e, especialmente, ao catolicismo, sôbre o qual lança as suas mentiras, resumidas assim por Georges

profecia, como tan tas outras, é inacei tável, não tem fun

como sobre as condições gerais do Brasil, a fim de que possamos destruir fàcilmcnte essa previsão sAbre o destino de muitos milhões de homens.

Analisando a revolução russa, que foi

Hewlett Johnson, em obras cheias de

sectarismo, lidas em várias línguas e di

nês Mao Tsé Tung, o Lenine da "no\'a democracia" asiática, defende a tese de

fiéis de algumas crenças. Entretanto, o

vulgadas em diversas nações, diz cousas

Pontmarin:

ção básica dos princípios da civilização

sôbre a revolução bolchevista nas quais

ocidental", Harold La^ki entende que a

nem sempre é possível crennos; todavia,

1 — A Igreja Católica é o instrumento político do Vaticano que, por sua vez,

o famoso Deão põe em evidência, sem

faz o jôgo dos poderosos imperialistas.

que o perceba, aspectos da Rússia cza-

2 — A condenaçãç solene do comu-

tria em plena transformação social".

"o primeiro degrau de uma transforma

A nosso ver, toda responsabilidade pe las faltas cometidas não deve ser impu tada às instituições de ensino religioso

mesma teve diversas causas: as idéias da era moderna, a renovação científica

e aos padres. Se é lógica a observação

vos. Os primeiros sc manifestam na dou


-r, lã-

Dicesto Econômico

135

Di&ksto EcoNÓNaco

134

nísmo pela Santa Sé é um ultimato às democracias populares, como a China. 3 _ O clero se comprometeu com a ^

Ow

I*

*'* *•w VV

VWiJi

Li

reação dirigida por Tchang Kai Chck e continua a fazer intrigas no estrangeiro

para destruir o novo regime. 4 — A Igreja Católica é a mais rica

proprietária de terras na China e, por conseguinte, é inimiga 3o povo. Tais acusações atiradas contra o cris

tianismo católico são absolutamente fal

sas. Revelam o ódio de um sistema con tra a doutrina da fé, do amor, da liber

dade, da pessoa e da redenção eterna

Essa orientação do govêmo não é. aliás' novidade, porque, segundo os marxistas

ortodoxos a religião é uma superestru-

^ra ideológica, fundamentada nas con dições da produção material. Senão, ve

jamos o que declara Marx: "A realidade social determina a consciência dos ho mens (jurídica, política, artística, re

ligiosa formas ideológicas). É pre ciso explicar essa consciência pelas con tradições da vida material, pelo conOito que existe entre as fôrças produtivas so

ciais e as relações de produção" (Con tribuição d critica da Economia Política — São Paulo — 1946 — pág. 31).

Com efeito, essa consciência de que trata KarI Marx é também religiosa, mo

China.

O exercício do culto não foi

abolido, porém sofre restriçx')cs daquilo que Karl Mannheim denomina a quarta forma do mentalidade utópica, de ma

neira que os missionários nao podem pregar as suas idéias cm muitos lugares. As escolas católicas "snnt duromcnt tou-

chécs", como diz Pontmarin, c os que

as freqüentam estão obrigados a um cur so marxista por iniciativa estatal. A au toridade eclesiástica não ó respeitada.

Trata-se de uma religião dirigida dentro

cristianismo c o matcrialismo dc Mar.x,

Engcls, Lenínc, Stalin c Mao Tsé Tung; assim, os alunos ficarão aptos a freqüen tar os cursos marxistas e defender com

sabedoria a sua fé religiosa. 3 — Participação dos católicos na \ida política nacional; c necessário que os

ças praticados pelos ocidentais no mundo

oriental, a fim de que os chineses se con\'ençam de que o catolicismo não é

aliado daquilo que êles conhecem com o nome de imperialismo. São, inegavelmente, êsses os pontos

básicos do programa de expansão do

mesmos ingressem nos partidos não-co-

cristianismo numa nação mergulliada nas

inunistas da Frente Popular, para que

sombras da filosofia materialista e do

possam dar o seu apoio às boas medidas

ateísmo.

China

A obra missionária nesse remoto país

4

asiático é um trabalho dc hoijiens abne

gados, de verdadeiros heróis. A Cliina não possui tradição cristã; o campo de

ação cvangelizadora 6 difícil, acidenta do, perigoso; exige paciência, coragem e capacidade para os grandes e nobres sa crifícios.

A China é, hoje, comunista;

há quatro religiões, formando os cató licos uma minoria que não pode viver na democracia de Mao Tsé Tung sem colaboração com os marxistas. O cami

nho é longo e ainda inexplorado, razão pela qual se diz que a China é uma

ideologies encore plus élevées, c'est-àdire encore píus éloignées de leur base

pode ser obtida.

materíelle, économique, prennent Ia for

sin, em China Missionanj, e Georges

me de Ia philosophie et de Ia réligion. Icí, le rapport des êtres avec leurs con-

Pontmarin, a solução do mesmo depende

Paris - Éditions Socíales - 1947 pág. 51). Apesar da forte oposição governamen tal, o catolicismo continua a existir na

ligamia, a usura, a superstição etc. 4 — Combate aos crimes e às injusti

católica e do conflito que há entre o

A solução do problema religioso na

nação missionária. A solução do seu problema relicíoso, embora complexa,

ditions d'existence matérielles devient

do govêmo contra a prostituição, a po

blica das verdades contidas na doutrina

de uma democracia também dirigida.

tivo por que escreveu Engcls: "Des

de plus en plus complexe, mais il existe cependant (Études Fhilosophiques -

logos para o estudo c demonstração pú

Segundo Alfred Bonningue, de Tientde vários fatôres:

1 — Debate com o governo a res

peito dos bens eclesiásticos, assim como a manutenção das escolas católicas a todo custo, desenvolvendo-se hábil opo sição ao ensino do marxismo nas mes mas.

2 — Organização de-um corpo de teó-

, t


-r, lã-

Dicesto Econômico

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Di&ksto EcoNÓNaco

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nísmo pela Santa Sé é um ultimato às democracias populares, como a China. 3 _ O clero se comprometeu com a ^

Ow

I*

*'* *•w VV

VWiJi

Li

reação dirigida por Tchang Kai Chck e continua a fazer intrigas no estrangeiro

para destruir o novo regime. 4 — A Igreja Católica é a mais rica

proprietária de terras na China e, por conseguinte, é inimiga 3o povo. Tais acusações atiradas contra o cris

tianismo católico são absolutamente fal

sas. Revelam o ódio de um sistema con tra a doutrina da fé, do amor, da liber

dade, da pessoa e da redenção eterna

Essa orientação do govêmo não é. aliás' novidade, porque, segundo os marxistas

ortodoxos a religião é uma superestru-

^ra ideológica, fundamentada nas con dições da produção material. Senão, ve

jamos o que declara Marx: "A realidade social determina a consciência dos ho mens (jurídica, política, artística, re

ligiosa formas ideológicas). É pre ciso explicar essa consciência pelas con tradições da vida material, pelo conOito que existe entre as fôrças produtivas so

ciais e as relações de produção" (Con tribuição d critica da Economia Política — São Paulo — 1946 — pág. 31).

Com efeito, essa consciência de que trata KarI Marx é também religiosa, mo

China.

O exercício do culto não foi

abolido, porém sofre restriçx')cs daquilo que Karl Mannheim denomina a quarta forma do mentalidade utópica, de ma

neira que os missionários nao podem pregar as suas idéias cm muitos lugares. As escolas católicas "snnt duromcnt tou-

chécs", como diz Pontmarin, c os que

as freqüentam estão obrigados a um cur so marxista por iniciativa estatal. A au toridade eclesiástica não ó respeitada.

Trata-se de uma religião dirigida dentro

cristianismo c o matcrialismo dc Mar.x,

Engcls, Lenínc, Stalin c Mao Tsé Tung; assim, os alunos ficarão aptos a freqüen tar os cursos marxistas e defender com

sabedoria a sua fé religiosa. 3 — Participação dos católicos na \ida política nacional; c necessário que os

ças praticados pelos ocidentais no mundo

oriental, a fim de que os chineses se con\'ençam de que o catolicismo não é

aliado daquilo que êles conhecem com o nome de imperialismo. São, inegavelmente, êsses os pontos

básicos do programa de expansão do

mesmos ingressem nos partidos não-co-

cristianismo numa nação mergulliada nas

inunistas da Frente Popular, para que

sombras da filosofia materialista e do

possam dar o seu apoio às boas medidas

ateísmo.

China

A obra missionária nesse remoto país

4

asiático é um trabalho dc hoijiens abne

gados, de verdadeiros heróis. A Cliina não possui tradição cristã; o campo de

ação cvangelizadora 6 difícil, acidenta do, perigoso; exige paciência, coragem e capacidade para os grandes e nobres sa crifícios.

A China é, hoje, comunista;

há quatro religiões, formando os cató licos uma minoria que não pode viver na democracia de Mao Tsé Tung sem colaboração com os marxistas. O cami

nho é longo e ainda inexplorado, razão pela qual se diz que a China é uma

ideologies encore plus élevées, c'est-àdire encore píus éloignées de leur base

pode ser obtida.

materíelle, économique, prennent Ia for

sin, em China Missionanj, e Georges

me de Ia philosophie et de Ia réligion. Icí, le rapport des êtres avec leurs con-

Pontmarin, a solução do mesmo depende

Paris - Éditions Socíales - 1947 pág. 51). Apesar da forte oposição governamen tal, o catolicismo continua a existir na

ligamia, a usura, a superstição etc. 4 — Combate aos crimes e às injusti

católica e do conflito que há entre o

A solução do problema religioso na

nação missionária. A solução do seu problema relicíoso, embora complexa,

ditions d'existence matérielles devient

do govêmo contra a prostituição, a po

blica das verdades contidas na doutrina

de uma democracia também dirigida.

tivo por que escreveu Engcls: "Des

de plus en plus complexe, mais il existe cependant (Études Fhilosophiques -

logos para o estudo c demonstração pú

Segundo Alfred Bonningue, de Tientde vários fatôres:

1 — Debate com o governo a res

peito dos bens eclesiásticos, assim como a manutenção das escolas católicas a todo custo, desenvolvendo-se hábil opo sição ao ensino do marxismo nas mes mas.

2 — Organização de-um corpo de teó-

, t


Dicesto

Breve história da pecuária sul-río-grandense II - O ciclo dos Cropeiros Nelson Weuneck Sodiié

A fUNçÃo capital do pòsto avançado da Laguna consistiu, por isso mcs-

THO, em reunir os tropeiros que, lan-

çando-se na região em que o gado, abandonado pela ruína da estrutura

administrativa das reduções jesuíticas,

se multiplicava, traziam os animais que levariam-à feira de Sorocaba.

Necessidades de comércio, para pe netrar os grandes mercados que ti

não só o desenvolvimento da atividade

dos tropeiros, como uma base menos instável para as atividades militares que os choques provocados pela posse

]

da Colônia do Sacramento exigiam. Quando as cortes peninsularcs estive ram de acordo, conforme o que fora estipulado em Madrid, nos meados do

Econômico

agrÍLuliura c a cidade era o seu meio

tjualquer tentativa de colonização re

natural ; o segundo cntregava-sc ao

gular nesse território. Formou-se, mer

pastoreio, e vivia tia campanha. Aquèle, corpori ficava o sentido da ordem,

cê das circunstâncias, uma classe nu

da estabilidade; da fixação; êstc, sig

nando a existência afanosa da labuta

nificava o espírito aventureiro, a àn-sia anárquica, o nomadismo. Um c ou tro juntavani-sc, nas lutas militares — mas, enquanto o que vivia nas cidades

agrícola, entregava-se ao nomadismo

O tratado de Santo Ildefonso, san

cionando uma série de choques mili

c o desenvolvimento estável, o da cani-

tares desfavoráveis aos elementos por-

panha fundamentava a conquista da terra, o avanço intermitente, a perma

tuguêses, e uma predominância quase

nente instabilidade.

campo internacional, retirava ao domí

da

população agrícola,

concentrada cm núcleos relativamen

las Missões, ficando estas na posse dos

sedutor da prca de gado das linhas de fronteira."

fundamentava o povoamento contínuo

"Ao lado

século XVIII, na troca da Colônia pe

merosa de aventureiros que, abando

total da Espanha sòbre Portugal, no nio português a região missioneira e a Colônia do Sacramento. Ficava o ter ritório sulino confinado à faixa em

nham sua porta natural no estuário platino, bem como a intenção de pro

portugueses, o núcleo de colonização

te densos — escreveu Rubens de Bar

curar um limite geográfico que contri

da beira do Guaíba, como o presídio do

Rio Grande, foram os pontos de apoio

celos — outra nascia e se formava, di versas pelos costumes e, em parte,

que permitiram a expedição militar

pela origem.

mista de Gomes Freire e Andonaégue, (luc consumou a conquista missioneira,

SC grupavam cm comunidades, repar-

acabando com o domínio jesuítico.

formes pelo traçados das ruelas e das

po, no interior, mais larga ao norte, na altura da zona colonizadora açorita, estreitando-se para o sul, justamente

A fase de choques militares que se seguiu ao distrato de El Fardo, quan

praças, sob a invocação de seus velhos oragos, à orilha dos rios e das lagoas, a campanha era o teatro das correrias

onde se encontravam os melhores cam pos para as pastagens. Independente do que havia sido tratado entre as cor

^dos aventureiros paulistas e portugue ses, entregues à caça dos numerosos

tes, entretanto, a realidade impunha

buísse para pôr fim à luta pela posse dos campos sulinos, haviam conduzido os portugueses a estabelecer-se na Co-

lôma do Sacramento. Iniciativa privada, fundada na.ânsia comercial de tra ficar com os rebanhos de gado aban donados naqueles campos, conferiram

uma destacada importância a Laguna. Entre um e outro désses pontos, en tretanto, restava o vazio, que só foi

sendo preenchido, pouco a pouco, se ja através de medidas de ordem públi ca, como a fundação do presídio do Rio Grande, seja através de estímulos

particulares, como o do tráfico dos tropeiros. Tal tráfico, devassando a zona riquíssima do Guaíba, condicio

nou o estabelecimento do núcleo aço-

tindo-se em povoados regulares, uni

do forças espanholas e portuguesas voltaram a se encontrar nos campos de batalha sulinos — já deparou a so ciedade da Comandância Militar, de

rebanhos de gado bravio. Era de pos

pendente do Rio de Janeiro e rece

bendo reforços por via marítima, apoiando-se no Rio Grande, no Por to dos Casais e em Rio Pardo, reparti

da em dois grupos bem distintos. Q primeiro, constituído pela iniciativa <lo poder público, quer nos postos milita res, quer nos núcleos urbanos civis, ar

rita que, em 1742 e em 1747, lançou os fundamentos de uma colonização estável, naquela zona circundânte do estuário, no Viamão e no Porto dos

zadas e hierárquicas, escalaiido-se em

Casais.

ao nomadismo, à aventura, entregava-

r

tôrno do litoral lagunar ou do litoral

marítimo; enquanto o segundo, afeito

se ao apresamento do gado, no inte

ção e:"tável permitiu, por outro lado,

rior do continente. O primeiro vivia da

1

res de caráter estável haviam consoli dado o domínio, e uma faixa de cam

outro quadro. Partindo das zonas em que a colonização se fundamentara e

se litigiosa tòda essa zona. Arroga-

se estabilizara, os aventureiros, prea-

vam-se direitos de domínio sòbre ela os espanhóis do Prata, flutuando cons tantemente a Unha raiana mal deter minada. Até a conquista de Missões (1801), não obstante o tratado de 1750, c o posterior de S. Ildefonso (1777), os postos castelhanos e as suas parti

dores de gado, acostumados à vida di

das volantes impediam ou dificultavam

ticulava-se cm bases estáveis, organi

O estabelecimento de uma coloniza

Enquanto os açorianos

que a colonização e os postos milita

fícil e áspera da campanha, não re conheceram, por atos. as discrimina

ções dos diplomatas, e permaneceram na sua atividade constante de conquis ta e de arrebatamento dos animais sol tos nos campos, ou mesmo daqueles de posses espanholas que não reco-


Dicesto

Breve história da pecuária sul-río-grandense II - O ciclo dos Cropeiros Nelson Weuneck Sodiié

A fUNçÃo capital do pòsto avançado da Laguna consistiu, por isso mcs-

THO, em reunir os tropeiros que, lan-

çando-se na região em que o gado, abandonado pela ruína da estrutura

administrativa das reduções jesuíticas,

se multiplicava, traziam os animais que levariam-à feira de Sorocaba.

Necessidades de comércio, para pe netrar os grandes mercados que ti

não só o desenvolvimento da atividade

dos tropeiros, como uma base menos instável para as atividades militares que os choques provocados pela posse

]

da Colônia do Sacramento exigiam. Quando as cortes peninsularcs estive ram de acordo, conforme o que fora estipulado em Madrid, nos meados do

Econômico

agrÍLuliura c a cidade era o seu meio

tjualquer tentativa de colonização re

natural ; o segundo cntregava-sc ao

gular nesse território. Formou-se, mer

pastoreio, e vivia tia campanha. Aquèle, corpori ficava o sentido da ordem,

cê das circunstâncias, uma classe nu

da estabilidade; da fixação; êstc, sig

nando a existência afanosa da labuta

nificava o espírito aventureiro, a àn-sia anárquica, o nomadismo. Um c ou tro juntavani-sc, nas lutas militares — mas, enquanto o que vivia nas cidades

agrícola, entregava-se ao nomadismo

O tratado de Santo Ildefonso, san

cionando uma série de choques mili

c o desenvolvimento estável, o da cani-

tares desfavoráveis aos elementos por-

panha fundamentava a conquista da terra, o avanço intermitente, a perma

tuguêses, e uma predominância quase

nente instabilidade.

campo internacional, retirava ao domí

da

população agrícola,

concentrada cm núcleos relativamen

las Missões, ficando estas na posse dos

sedutor da prca de gado das linhas de fronteira."

fundamentava o povoamento contínuo

"Ao lado

século XVIII, na troca da Colônia pe

merosa de aventureiros que, abando

total da Espanha sòbre Portugal, no nio português a região missioneira e a Colônia do Sacramento. Ficava o ter ritório sulino confinado à faixa em

nham sua porta natural no estuário platino, bem como a intenção de pro

portugueses, o núcleo de colonização

te densos — escreveu Rubens de Bar

curar um limite geográfico que contri

da beira do Guaíba, como o presídio do

Rio Grande, foram os pontos de apoio

celos — outra nascia e se formava, di versas pelos costumes e, em parte,

que permitiram a expedição militar

pela origem.

mista de Gomes Freire e Andonaégue, (luc consumou a conquista missioneira,

SC grupavam cm comunidades, repar-

acabando com o domínio jesuítico.

formes pelo traçados das ruelas e das

po, no interior, mais larga ao norte, na altura da zona colonizadora açorita, estreitando-se para o sul, justamente

A fase de choques militares que se seguiu ao distrato de El Fardo, quan

praças, sob a invocação de seus velhos oragos, à orilha dos rios e das lagoas, a campanha era o teatro das correrias

onde se encontravam os melhores cam pos para as pastagens. Independente do que havia sido tratado entre as cor

^dos aventureiros paulistas e portugue ses, entregues à caça dos numerosos

tes, entretanto, a realidade impunha

buísse para pôr fim à luta pela posse dos campos sulinos, haviam conduzido os portugueses a estabelecer-se na Co-

lôma do Sacramento. Iniciativa privada, fundada na.ânsia comercial de tra ficar com os rebanhos de gado aban donados naqueles campos, conferiram

uma destacada importância a Laguna. Entre um e outro désses pontos, en tretanto, restava o vazio, que só foi

sendo preenchido, pouco a pouco, se ja através de medidas de ordem públi ca, como a fundação do presídio do Rio Grande, seja através de estímulos

particulares, como o do tráfico dos tropeiros. Tal tráfico, devassando a zona riquíssima do Guaíba, condicio

nou o estabelecimento do núcleo aço-

tindo-se em povoados regulares, uni

do forças espanholas e portuguesas voltaram a se encontrar nos campos de batalha sulinos — já deparou a so ciedade da Comandância Militar, de

rebanhos de gado bravio. Era de pos

pendente do Rio de Janeiro e rece

bendo reforços por via marítima, apoiando-se no Rio Grande, no Por to dos Casais e em Rio Pardo, reparti

da em dois grupos bem distintos. Q primeiro, constituído pela iniciativa <lo poder público, quer nos postos milita res, quer nos núcleos urbanos civis, ar

rita que, em 1742 e em 1747, lançou os fundamentos de uma colonização estável, naquela zona circundânte do estuário, no Viamão e no Porto dos

zadas e hierárquicas, escalaiido-se em

Casais.

ao nomadismo, à aventura, entregava-

r

tôrno do litoral lagunar ou do litoral

marítimo; enquanto o segundo, afeito

se ao apresamento do gado, no inte

ção e:"tável permitiu, por outro lado,

rior do continente. O primeiro vivia da

1

res de caráter estável haviam consoli dado o domínio, e uma faixa de cam

outro quadro. Partindo das zonas em que a colonização se fundamentara e

se litigiosa tòda essa zona. Arroga-

se estabilizara, os aventureiros, prea-

vam-se direitos de domínio sòbre ela os espanhóis do Prata, flutuando cons tantemente a Unha raiana mal deter minada. Até a conquista de Missões (1801), não obstante o tratado de 1750, c o posterior de S. Ildefonso (1777), os postos castelhanos e as suas parti

dores de gado, acostumados à vida di

das volantes impediam ou dificultavam

ticulava-se cm bases estáveis, organi

O estabelecimento de uma coloniza

Enquanto os açorianos

que a colonização e os postos milita

fícil e áspera da campanha, não re conheceram, por atos. as discrimina

ções dos diplomatas, e permaneceram na sua atividade constante de conquis ta e de arrebatamento dos animais sol tos nos campos, ou mesmo daqueles de posses espanholas que não reco-


Dií:i-u>to 138

139

Econômico

Digjísto Econóauco

deni-no, Irocani, c dclc vivem, sem denhcciaiTi. arriadas.

É

a

fase

tumultuosa

das

"São os preadores de gado — escre ve Oliveira'Viana — isto é, os fazedo

res de arriadas que, justamente por is to, se constituem também os primeiroá apropriadores da grande planície. Ho mens audazes e de temperamento

mo tempo que se apresenta a oportu

apropriadores, os desbravadores e os

pcnuer de outra autoridade ou de ou

nidade de fazer valer a soberania nas

pré-civilizadore.s da planície gaúcha. CoiKiuistando-a, limpando-a do espa-

tra tutela que não a própria. Quando

zonas que o tratado de Santo Ildefon-

aparece o couro como mercadoria de

so retirara ao domínio luso. Em 1811,

nliol c do índio, para que nela .se pos

D. Diogo de Sousa invade a Banda

sam estabelecer a seguro os verdadei

importância comercial, abandonam as longas jornadas com que levam o ga

ros colonizadores,"

do aos centros consumidores — o são

forças ao conflito platino como afir

Oriental e não só vai levar as suas

É devido à ação desses aventureiros

ainda independentes, porque matam as

ma a intenção de posse e de povoa

inquietos e sempre prontos à luta,

reses x)aru retirar os couros, e alimen-

mento de tôda a zona de campos e pas

, tam-se da carne, c esse alimento fácil,

res de mulas e cavalos ou matadores de gados para a courama; são tam

que a penetração se vai estendendo.

tagens — os férteis campos do Ibicuí,

Os núcleos antigo.s, do Vianião e do

desprezado e abundante, llies permite

confinantes com a Banda Oriental, e

bém árdegos guerrilheiros porque, na planície desafogada ainda sem dono

Rio Grande, con.stÍtucm a primcrra fa

ainda a autonomia total.

contestados sempre — concedendo ses-

se do apossamcnto das terras sulinas,

aventureiro, não são apenas pilhado-

êles eneontram, a cada passo, pela frente, o espanhol disputando-lhes o

direito de prêsa aos rebanhos bravios

Dai o choque entre as duas expan'

res, pelo seu v.ver desordenado e ll

we, fazem a inrmietação e mesmo o ' desespero das autoridades da capita nia: — Nesta povoação ou nas suas vizinhanças, diz o cronista Betamio é que por estudo vivem muitos homens separados da comunicação para esta rem mais aptos e poderem sair a cam po, fazendo os roubos de gados, a que chamam arriadas, sendo estes homens havidos por desembaraçados e resolu tos campistas e dignos de qualquer empresa: mas, quanto a mim, são uma

peste que reside ali, e uns perturbado res da paz e sossego públicos, que pa

O

desprezo

pela

caVne, como no

marias a granel, naquela íai-va onde a posse não estava ainda consolidada. A

seguido de povoamento organizado e

líainpa argentino c nas planicies uru

contínuo. Acompanhando a linha fácil

do vale do JaCuí, operam, cm segun

guaias, é absoluto. A propósito desse de.sprezo, dessa dcsvalia da carne,

da fase, o avanço de que surge a zo

Concoiorcorva escreveu, tratando do

mas traduz uma reafirmação indireta

na do Rio Pardo. A terceira fase se

da posse naqueles campos.

rá a que vai incorporar o antigo ter ritório missionciro. Mas esta última

processo na Argentina: "... a carne possuem com tanta abundância que se a conduz aos quartos, em carretas, pa

fase se processa quando Já Espanha c Portugal, no alvorecer do século XIX,

caminlio, como vi, um quarto inteiro,

entravam cm novo período de cho

o carreteiro não se detém para o apa

ques. As lutas de 1801, assim, permi

nhar, ainda que se lhe chame a aten ção, c mesmo que casualmente passe

tem a conquista, por Borges do Canto

ra o mercado e, se por acaso cai, no

um necessitado não a leva para casa, a

expedição de Lécor, um lustro mais

tarde, tem caráter unicamente militar,

O período posterior à autonomia dos povos platitios, que deu lugar a uma fase de constantes choques mihtares na zona fronteiriça, tem sido ba tizado, com propriedade, como dos dragões. Tratando-se de uma fase de características militares, de instabili dade, em que o predominante era a lu

e Santos Pedroso, da região missioneira, e^está lançada a raiz portugue sa, que dentro em pouco será brasilei; ra, até o corte do rio Uruguai. Está no crepúsculo o ciclo dos tropeiros.

• fim de que não lhe custe o trabalho de carregá-la. Ao entardecer, muitas ^êzcs, SC distribui carne, porque todos diais se matam muitas reses, a mais

militar que se organizou para enfren

Vivera, primeiro, do tráfego de gado

do suficiente para o consumo, só pelo

tar tais acontecimentos, tem cabimen to, sem dúvida alguma, a apresenta

cni pé. Em seguida, da matança de

animais, para obtenção do couro. A

interèsse do couro." O advento da fase em que se pro

ta, o recrutamento, a correria pelas coxilhas, e como os dragões do Rio Pardo constituíram o núcleo da força

ção de um ciclo dos dragões.

segunda parte desse ciclo primitivo de

cessa a luta pela independência dos

conquista — que tanto se assemelha,

povos platines vai alterar, em sua es

em seu processo, ao desenvolvimento

sência, esse quadro habitual, tumul

cimentos, entretanto; aquilo que se traduziu em fatos e que alcançou res

Isso constituiu o quadro dos aconte

platino e daí identidades e antinomias estimula ainda os ímpetos de in

tuoso e confuso — vai acentuar a ten

sonância. Porque, em verdade, a socie

dência para a eliminação dos contras

dependência, os arremesses bravios da

tes entre a cidade e a campanha. Em

dade sulina estava, nesse mesmo tem po, mercê de fatores que estiveram

ra se conservar me parecia melhor ti

gente da campaniia. São indomáveis,

rá-los a todos das fronteiras, e dar-

destemerosos e altivos, a nada se sub

primeiro lugar, quando os choques partidários entre os platinos ameaçara

lhes suas moradas no interior do País,

metem, porque a vida lhes corre apa

repercutir

português,

res, padecendo uma transformação de conseqüências duradouras e expressi

e até conceder-llies terrenos equiva

rentemente fácil, à custa da aventura.

lentes aos que lá possuírem.

Quando precisam, a campanha os con vida à conquista, e o gado disperso es

agora com o govêrno metropolitano instalado no Rio de Janeiro, há neces

vas, de que emergiria um novo qua dro e um novo dispositivo social e

sidade de intervir nessas lutas, ao mes

econômico para o pastoreio regional.

"Fazedores- de arriadas, êles têm ali uma função culminante: são os

tá ao alcance de seus avanços. Ven-

em

território

estreitamente ligados às lutas milita


Dií:i-u>to 138

139

Econômico

Digjísto Econóauco

deni-no, Irocani, c dclc vivem, sem denhcciaiTi. arriadas.

É

a

fase

tumultuosa

das

"São os preadores de gado — escre ve Oliveira'Viana — isto é, os fazedo

res de arriadas que, justamente por is to, se constituem também os primeiroá apropriadores da grande planície. Ho mens audazes e de temperamento

mo tempo que se apresenta a oportu

apropriadores, os desbravadores e os

pcnuer de outra autoridade ou de ou

nidade de fazer valer a soberania nas

pré-civilizadore.s da planície gaúcha. CoiKiuistando-a, limpando-a do espa-

tra tutela que não a própria. Quando

zonas que o tratado de Santo Ildefon-

aparece o couro como mercadoria de

so retirara ao domínio luso. Em 1811,

nliol c do índio, para que nela .se pos

D. Diogo de Sousa invade a Banda

sam estabelecer a seguro os verdadei

importância comercial, abandonam as longas jornadas com que levam o ga

ros colonizadores,"

do aos centros consumidores — o são

forças ao conflito platino como afir

Oriental e não só vai levar as suas

É devido à ação desses aventureiros

ainda independentes, porque matam as

ma a intenção de posse e de povoa

inquietos e sempre prontos à luta,

reses x)aru retirar os couros, e alimen-

mento de tôda a zona de campos e pas

, tam-se da carne, c esse alimento fácil,

res de mulas e cavalos ou matadores de gados para a courama; são tam

que a penetração se vai estendendo.

tagens — os férteis campos do Ibicuí,

Os núcleos antigo.s, do Vianião e do

desprezado e abundante, llies permite

confinantes com a Banda Oriental, e

bém árdegos guerrilheiros porque, na planície desafogada ainda sem dono

Rio Grande, con.stÍtucm a primcrra fa

ainda a autonomia total.

contestados sempre — concedendo ses-

se do apossamcnto das terras sulinas,

aventureiro, não são apenas pilhado-

êles eneontram, a cada passo, pela frente, o espanhol disputando-lhes o

direito de prêsa aos rebanhos bravios

Dai o choque entre as duas expan'

res, pelo seu v.ver desordenado e ll

we, fazem a inrmietação e mesmo o ' desespero das autoridades da capita nia: — Nesta povoação ou nas suas vizinhanças, diz o cronista Betamio é que por estudo vivem muitos homens separados da comunicação para esta rem mais aptos e poderem sair a cam po, fazendo os roubos de gados, a que chamam arriadas, sendo estes homens havidos por desembaraçados e resolu tos campistas e dignos de qualquer empresa: mas, quanto a mim, são uma

peste que reside ali, e uns perturbado res da paz e sossego públicos, que pa

O

desprezo

pela

caVne, como no

marias a granel, naquela íai-va onde a posse não estava ainda consolidada. A

seguido de povoamento organizado e

líainpa argentino c nas planicies uru

contínuo. Acompanhando a linha fácil

do vale do JaCuí, operam, cm segun

guaias, é absoluto. A propósito desse de.sprezo, dessa dcsvalia da carne,

da fase, o avanço de que surge a zo

Concoiorcorva escreveu, tratando do

mas traduz uma reafirmação indireta

na do Rio Pardo. A terceira fase se

da posse naqueles campos.

rá a que vai incorporar o antigo ter ritório missionciro. Mas esta última

processo na Argentina: "... a carne possuem com tanta abundância que se a conduz aos quartos, em carretas, pa

fase se processa quando Já Espanha c Portugal, no alvorecer do século XIX,

caminlio, como vi, um quarto inteiro,

entravam cm novo período de cho

o carreteiro não se detém para o apa

ques. As lutas de 1801, assim, permi

nhar, ainda que se lhe chame a aten ção, c mesmo que casualmente passe

tem a conquista, por Borges do Canto

ra o mercado e, se por acaso cai, no

um necessitado não a leva para casa, a

expedição de Lécor, um lustro mais

tarde, tem caráter unicamente militar,

O período posterior à autonomia dos povos platitios, que deu lugar a uma fase de constantes choques mihtares na zona fronteiriça, tem sido ba tizado, com propriedade, como dos dragões. Tratando-se de uma fase de características militares, de instabili dade, em que o predominante era a lu

e Santos Pedroso, da região missioneira, e^está lançada a raiz portugue sa, que dentro em pouco será brasilei; ra, até o corte do rio Uruguai. Está no crepúsculo o ciclo dos tropeiros.

• fim de que não lhe custe o trabalho de carregá-la. Ao entardecer, muitas ^êzcs, SC distribui carne, porque todos diais se matam muitas reses, a mais

militar que se organizou para enfren

Vivera, primeiro, do tráfego de gado

do suficiente para o consumo, só pelo

tar tais acontecimentos, tem cabimen to, sem dúvida alguma, a apresenta

cni pé. Em seguida, da matança de

animais, para obtenção do couro. A

interèsse do couro." O advento da fase em que se pro

ta, o recrutamento, a correria pelas coxilhas, e como os dragões do Rio Pardo constituíram o núcleo da força

ção de um ciclo dos dragões.

segunda parte desse ciclo primitivo de

cessa a luta pela independência dos

conquista — que tanto se assemelha,

povos platines vai alterar, em sua es

em seu processo, ao desenvolvimento

sência, esse quadro habitual, tumul

cimentos, entretanto; aquilo que se traduziu em fatos e que alcançou res

Isso constituiu o quadro dos aconte

platino e daí identidades e antinomias estimula ainda os ímpetos de in

tuoso e confuso — vai acentuar a ten

sonância. Porque, em verdade, a socie

dência para a eliminação dos contras

dependência, os arremesses bravios da

tes entre a cidade e a campanha. Em

dade sulina estava, nesse mesmo tem po, mercê de fatores que estiveram

ra se conservar me parecia melhor ti

gente da campaniia. São indomáveis,

rá-los a todos das fronteiras, e dar-

destemerosos e altivos, a nada se sub

primeiro lugar, quando os choques partidários entre os platinos ameaçara

lhes suas moradas no interior do País,

metem, porque a vida lhes corre apa

repercutir

português,

res, padecendo uma transformação de conseqüências duradouras e expressi

e até conceder-llies terrenos equiva

rentemente fácil, à custa da aventura.

lentes aos que lá possuírem.

Quando precisam, a campanha os con vida à conquista, e o gado disperso es

agora com o govêrno metropolitano instalado no Rio de Janeiro, há neces

vas, de que emergiria um novo qua dro e um novo dispositivo social e

sidade de intervir nessas lutas, ao mes

econômico para o pastoreio regional.

"Fazedores- de arriadas, êles têm ali uma função culminante: são os

tá ao alcance de seus avanços. Ven-

em

território

estreitamente ligados às lutas milita


140

O que se gerava, realmente, era a estância. Xa parte inicial da existên

cia sulina, que apresentamos, e que convencionamos chamar de ciclo dos

tropeiros, ficou evidenciado o contras

te entre a cidade — com a fixação, o regime agrícola, o sentido da ordem, a caracterização hierárquica e a campanha — com o nomadismo, a au

tonomia do tropeiro, o regime pasto ril, a vida fácil, ao sabor dos aconte

cimentos, o contraste com qualquer caracterização hierárquica, o espírito aventureiro.

O desenvolvimento da estância vem

alterar, em seus fundamentos, êsse quadro e, portanto, o contrasto ante rior, entre a campanha e a cidade. Em

pnme.ro lugar, a agricultura entra em

positiva decadência. Descamba para

um nivel muito baixo, não só devido as incertezas dos choques militares, a

Dioksto Econômico

neccssitiade de polarizar cm tòrno do esforço bélico tudo o que a capitania c a província possuiam cm recursos, como de causas outras, entre elas os desequilíbrios cliinaréricos e também

Banqueiro de bandeirantes Afonso de E. Taunay

as doenças dos vegetais.

JÁ cm 1098 mandava o Padre Dr. Gui- -

O pastoreio, com outras característi cas, bem diversas da(|uelas, de sim ples aventura, com (luo .se vinha arti

dições às Minas e dali recebia ouro.

culando, passaria a dominar, de for

tamentos do famoso crcso de Parnaí-

ma a!)soluta, a paisagem sulina. E tal

385$000 o07§5ó0

Ihcrme Pompéu dc Almeida expe É o c|uo SC depreende destes assen

"-Aos 25 dc julho dc 1698 anos rece

bi o ouro c|uc João Pinto me reme

truturaria cm tórno da estância. .A es

teu pelo Padre Frei Gaspar Fragoso

tância viniia corresponder a uma al teração na vida da camiianha. Tornar-

c cpic me entregou Inácio dc Cubas o pesou oitenta oitavas em pó: quintado êsie ouro, foi vendido em Santos

Ihe-ia olirigatória a fixação, o sentido da propriedade, a liierar(|uia, a discri

por via do Padre Raposo a 1.548 e ren

minação dos elementos .sociais, e tam

bém uma mudança radical no proces so de aproveitamento do gado. com a

introdução das cliarqucadas.

505OOP

7425560'

Não tardou que João Pinto se rcaIcntasse com o socorro.

.Anota o Padre Pompéu:

"Aos 12 de janeiro de 1699 a. recebi ouro cm pó que me mandou João P"^ to pelos meus negros 18 libras e meia

deu em dinheiro 105.600 rs. Xo mesmo dia acima e ano dito rc-

(oito e meio quilos dc metal) de ouro em pó procedido da carregação

ccl)i na mesma ocasião o oviro que me

jhe matidei."

remeteu meu primo Sulpício Pedroso Xavier c foram quarenta oitavas em pó; quintado, ficou cm 3iyú, que, ven dido em Santos, rendeu com a quebra f[Ue teve que se vendeu a 1.540 a oitae o dinheiro quebrou e ficou em

.Assim, a expedição custava ao creso umas 750 oitavas, tendo em três we ses recebido de João Pinto mais do triplo dc tal valor. E provàvelmente

970 a oitava."

ainda não estavam as contas liquidadas.

Conteniporâneamente, recebia Pom

péu ■■ de seu primo V. Pedroso 23

lista refere-se à baixa da moeda havi

libras e mais que lhe mandara S. P- • Êsse S. P. não pode deixar de ser

da em todos os Estados do Brasil, por

Sulpicio Pedroso e V. P. Valentim

ordem de D. Pedro II.

pedi os negros para as Minas aos 29

Pedroso de Barres, o bandeirante de tão largo destaque nos primeiros anos mineiros, irmão do famoso Jeròninio

de setembro de 1698 anos, por cabos a

Pedroso de Barres, cuja rixa com

Essa quebra a que alude o capita

"Dia do Arcanjo São Miguel des

João, mamcluco, e Sebastião, tecelão,

Manuel Nunes Viana foi o primeiro

a levar socorro a João Pinto e impor

episódio da Guerra dos Emboabas.

taram os gastos desta viagem com o que mando 300.000 rs., nãò avaliando as

Seria êsse mesmo Jcrònimo quem,

à testa dos paulistas, viria a consti

escopetas dos negros, de mantimentos

tuir um dos grandes esteios da auto

e os dois tachos mais em dinheiro para

ridade do Conde de Assumar, ataca

os guias 7í560.

do pelo aventureiro português Felipe

Com

que

importam

estes

gastos

. 307.550 e quando partiu João Pinto. IV.-.

Perdi o negro Vicente e importa

ba :

regime, cm se'iis novos moldes, se esr

(.925560

íi.-

dos Santos, o famoso personagem ar

vorado pelos cultores da História do


140

O que se gerava, realmente, era a estância. Xa parte inicial da existên

cia sulina, que apresentamos, e que convencionamos chamar de ciclo dos

tropeiros, ficou evidenciado o contras

te entre a cidade — com a fixação, o regime agrícola, o sentido da ordem, a caracterização hierárquica e a campanha — com o nomadismo, a au

tonomia do tropeiro, o regime pasto ril, a vida fácil, ao sabor dos aconte

cimentos, o contraste com qualquer caracterização hierárquica, o espírito aventureiro.

O desenvolvimento da estância vem

alterar, em seus fundamentos, êsse quadro e, portanto, o contrasto ante rior, entre a campanha e a cidade. Em

pnme.ro lugar, a agricultura entra em

positiva decadência. Descamba para

um nivel muito baixo, não só devido as incertezas dos choques militares, a

Dioksto Econômico

neccssitiade de polarizar cm tòrno do esforço bélico tudo o que a capitania c a província possuiam cm recursos, como de causas outras, entre elas os desequilíbrios cliinaréricos e também

Banqueiro de bandeirantes Afonso de E. Taunay

as doenças dos vegetais.

JÁ cm 1098 mandava o Padre Dr. Gui- -

O pastoreio, com outras característi cas, bem diversas da(|uelas, de sim ples aventura, com (luo .se vinha arti

dições às Minas e dali recebia ouro.

culando, passaria a dominar, de for

tamentos do famoso crcso de Parnaí-

ma a!)soluta, a paisagem sulina. E tal

385$000 o07§5ó0

Ihcrme Pompéu dc Almeida expe É o c|uo SC depreende destes assen

"-Aos 25 dc julho dc 1698 anos rece

bi o ouro c|uc João Pinto me reme

truturaria cm tórno da estância. .A es

teu pelo Padre Frei Gaspar Fragoso

tância viniia corresponder a uma al teração na vida da camiianha. Tornar-

c cpic me entregou Inácio dc Cubas o pesou oitenta oitavas em pó: quintado êsie ouro, foi vendido em Santos

Ihe-ia olirigatória a fixação, o sentido da propriedade, a liierar(|uia, a discri

por via do Padre Raposo a 1.548 e ren

minação dos elementos .sociais, e tam

bém uma mudança radical no proces so de aproveitamento do gado. com a

introdução das cliarqucadas.

505OOP

7425560'

Não tardou que João Pinto se rcaIcntasse com o socorro.

.Anota o Padre Pompéu:

"Aos 12 de janeiro de 1699 a. recebi ouro cm pó que me mandou João P"^ to pelos meus negros 18 libras e meia

deu em dinheiro 105.600 rs. Xo mesmo dia acima e ano dito rc-

(oito e meio quilos dc metal) de ouro em pó procedido da carregação

ccl)i na mesma ocasião o oviro que me

jhe matidei."

remeteu meu primo Sulpício Pedroso Xavier c foram quarenta oitavas em pó; quintado, ficou cm 3iyú, que, ven dido em Santos, rendeu com a quebra f[Ue teve que se vendeu a 1.540 a oitae o dinheiro quebrou e ficou em

.Assim, a expedição custava ao creso umas 750 oitavas, tendo em três we ses recebido de João Pinto mais do triplo dc tal valor. E provàvelmente

970 a oitava."

ainda não estavam as contas liquidadas.

Conteniporâneamente, recebia Pom

péu ■■ de seu primo V. Pedroso 23

lista refere-se à baixa da moeda havi

libras e mais que lhe mandara S. P- • Êsse S. P. não pode deixar de ser

da em todos os Estados do Brasil, por

Sulpicio Pedroso e V. P. Valentim

ordem de D. Pedro II.

pedi os negros para as Minas aos 29

Pedroso de Barres, o bandeirante de tão largo destaque nos primeiros anos mineiros, irmão do famoso Jeròninio

de setembro de 1698 anos, por cabos a

Pedroso de Barres, cuja rixa com

Essa quebra a que alude o capita

"Dia do Arcanjo São Miguel des

João, mamcluco, e Sebastião, tecelão,

Manuel Nunes Viana foi o primeiro

a levar socorro a João Pinto e impor

episódio da Guerra dos Emboabas.

taram os gastos desta viagem com o que mando 300.000 rs., nãò avaliando as

Seria êsse mesmo Jcrònimo quem,

à testa dos paulistas, viria a consti

escopetas dos negros, de mantimentos

tuir um dos grandes esteios da auto

e os dois tachos mais em dinheiro para

ridade do Conde de Assumar, ataca

os guias 7í560.

do pelo aventureiro português Felipe

Com

que

importam

estes

gastos

. 307.550 e quando partiu João Pinto. IV.-.

Perdi o negro Vicente e importa

ba :

regime, cm se'iis novos moldes, se esr

(.925560

íi.-

dos Santos, o famoso personagem ar

vorado pelos cultores da História do


142

Dicicsto Econômico

Brasil, pelo Método Confuso, em pa-

ladino de nossa independência nac:o-

Digksto

cílímo esboçar qualquer paridade de

valores entre espécies de economia tão díspar quanto a do penúltimo do

A insofismável e esmagadora do-

século XVil e o nosso ano da graça

cumentaçao arrolada e analisada por

<ie 1950

Feu de Carvalho irrespondivelmente demonstra a mamdadc de tão incrível pretensão. ^

K seria a margem de lucro deixada pela venda das carregações üü treso de Parnaíba? imensa, pela cer-

Assim, ja cm princípios de 1669 rp.. viv. iw:/ re cet)ia Guilherme Pompeu nada nipnnç

t-,

143

Econômico

riscadas, (j. são as contas miúdas c do Cap.m Bento do Rego Barbosa e me fica devendo cm dr° 10.360 mais 200

principal cada anno 13.928 rs. Ha de

de cera.

annos.

'• Deve me mais um alqre de sal. Re

pagar mo por tudo 175.082 rs.

" Pagou tudo aos 27 de abril de 1699 Gme Pompeu de Almeida". .

cebi uma pessa de pano a conta do que deve hoje 2 de junho e são dez

Por volta de 1700 o afluxo de ouro às arcas do creso parnaibano se avo

ta, |)<.'|a dos preços de Antonil.

mil reis cp lhe descontei pela peça de

lumou consideràvclmeníe.

pano, cjuc assim corre o pano neste

duas remessas tiocumcntadas 192~8 gramas de ouro, ou fòsscm SJZO oV vas. '^

Cotejemos alguns dados comparai'entre o preço dos artigos em São Paulo e nas Minas,

preste mcs de junho e dará pela car

Curiosa é a c"onta aberta com Pau Io de Barros, personagem casado com

Esse ouro, a calcularmos pelo valor

Antouil e

, .->

"X-nos

de 42 libras do ouro das Gerais só de

. • e nos reportarmos a famosa tai . ,

aquisitivo da moeda temno sentaria boje, quiçá nouns •'' _

,r

,

^

ga de sal 4000 rs. q, assim a comprei.

preciosos assentamentos dosSão li4a iMordomia da .'\badia de

contos, senão muito mais no'"^° i"r' '

na vila paulistana, relativos ao.s

-Ewi São Paulo

a filha de Pompéu, Inez de Lima, con forme declarou formalmente num item

28 de julho cjue lhe descontarei em

de seu testamento, ao tornar público

11000 na villa está a dez mil reis no

que a casara dando-lhe o dote compe

preste tempo.

27 de agosto do ano em 10500, por este

tente, não sendo ela, aliás, herdeira forçada dêle tcstador, "conforme a ordenação de Sua Majestade que pri

preço vendo

vava dêste direito os filhos naturai»

" Recebi mais hua pesa de pano aos

últimos milésimos sciscentistas.

.

" Recebi mais hua pesa de pano aos

a Dos da Roóha por

Nas Minas

via de André Nunes deve de hua co

dos nobres".

berta 12000. " Recebi mais vinte rs aos 25 de de

um dos bastardos do ilustre bandei

Uma librTVViWar*"^ 4e .mandioca ....

^40 rs

43.000 rs

Uma caixa de marmelada

200 rs

6.000 rs

Uma galinha

240 rs

3.600 rs

" Recebi aos 4 de agosto de 1697 an nos 12000 rs a conta dos juros que de

Uma arroba de carne verde

"

Um queijo da terra

160 rs

4.000 rs

Um queijo flamengo Um boi de corte

120 rs 640 rs

3.600 rs 19.200 rs

2.000 rs ' 10.000 rs

120.000 rs 120.000 rs

Um cavalo

Difícil será encontrar-se espécirnem

da do que a dos apontamentos do Pa- !r.nn dre Pompéu. ™ "''■i ""^is Copiemos uma página corresponden- fmiibot'^'annn T

nome, cm todo o caso, nao f.gurou nas

obras de Pedro Taques e Silva Leme. "Deve me o cap Bento do Rego

"Ajustei estas contas tudo meüdamente cm prcs'^ de meu comp° An dré Nunes de Leivas (?) q. as fez athé a era de 1697 aos 14 de

T" de obras 104.

1696.

via são doze mil rs que recebi.

»

de escrita contabilista mais desordena-

te a umaT3 série de transações como o * Ado T? D l Capitao Bento Re.,o_Barbosa. Seu

zembro de

h

Cedo despachou Pompéu o seu gen

ro postiço aos territó o

se c descontando se os

como se depreende de

mamaluco

operou

muito proveitosamente,

^ elle que^aa asentei Pto dis recebeu com com q.Dosabaterei esta conta em

ganhos de tudo qto me

uma página do livro do

devi a pagar todas as

clérigo.

R^^ebi 5120, deve me 5000 de um

"Ano de 1700 aos 28

Dos Pto como o dito disser,

contas

me a dever liquido da

Fevro, Contas de Pau

torno. . . gde se entra nas contas aci-

principal 174.104 que aos 11 de agosto de

lo de Barros.

fica e resta

da Confraria do Snr. Recebi os ditos

1697 annos como q. aos

este anno de 96.

640.

anno de 1698 pagará os

cada anno

de sua índia Maria Pequena.

rios auríferos, onde

de 1693 annos e tem pago os juros até

juros

dios, segundo parece, *e não por seu concunhado Alberto Pires^Tivera An tônio Pedroso esse Paulo de Barros

e descontando tudo o que recebi e abatendo-

ma. Ri mais 640 qdo me pagou o dr°

os

rante .4ntônio Pedroso^de Barros, as sassinado numa revolta dos seus m

março do anno de 1698

Barbüsa dr» a juros aos 11 de agosto "Importão 15$273 rs.

Talvez haja Paulo de Barros sido

"Aos 20 de mayo de 1696 annos ajustamos as contas acima, as q. estão

11 de agosto deste dito juros da

dita

conta e

que são 174.104. " E importa o ganho

" Deve me por conta

do q. recebi do C. Gpar.

Gonçalves de Araújo

^

do sustento dos mole

ques 46350 reis. " Tenho em dr® db

seu ouro q. vendi ao Pe.


142

Dicicsto Econômico

Brasil, pelo Método Confuso, em pa-

ladino de nossa independência nac:o-

Digksto

cílímo esboçar qualquer paridade de

valores entre espécies de economia tão díspar quanto a do penúltimo do

A insofismável e esmagadora do-

século XVil e o nosso ano da graça

cumentaçao arrolada e analisada por

<ie 1950

Feu de Carvalho irrespondivelmente demonstra a mamdadc de tão incrível pretensão. ^

K seria a margem de lucro deixada pela venda das carregações üü treso de Parnaíba? imensa, pela cer-

Assim, ja cm princípios de 1669 rp.. viv. iw:/ re cet)ia Guilherme Pompeu nada nipnnç

t-,

143

Econômico

riscadas, (j. são as contas miúdas c do Cap.m Bento do Rego Barbosa e me fica devendo cm dr° 10.360 mais 200

principal cada anno 13.928 rs. Ha de

de cera.

annos.

'• Deve me mais um alqre de sal. Re

pagar mo por tudo 175.082 rs.

" Pagou tudo aos 27 de abril de 1699 Gme Pompeu de Almeida". .

cebi uma pessa de pano a conta do que deve hoje 2 de junho e são dez

Por volta de 1700 o afluxo de ouro às arcas do creso parnaibano se avo

ta, |)<.'|a dos preços de Antonil.

mil reis cp lhe descontei pela peça de

lumou consideràvclmeníe.

pano, cjuc assim corre o pano neste

duas remessas tiocumcntadas 192~8 gramas de ouro, ou fòsscm SJZO oV vas. '^

Cotejemos alguns dados comparai'entre o preço dos artigos em São Paulo e nas Minas,

preste mcs de junho e dará pela car

Curiosa é a c"onta aberta com Pau Io de Barros, personagem casado com

Esse ouro, a calcularmos pelo valor

Antouil e

, .->

"X-nos

de 42 libras do ouro das Gerais só de

. • e nos reportarmos a famosa tai . ,

aquisitivo da moeda temno sentaria boje, quiçá nouns •'' _

,r

,

^

ga de sal 4000 rs. q, assim a comprei.

preciosos assentamentos dosSão li4a iMordomia da .'\badia de

contos, senão muito mais no'"^° i"r' '

na vila paulistana, relativos ao.s

-Ewi São Paulo

a filha de Pompéu, Inez de Lima, con forme declarou formalmente num item

28 de julho cjue lhe descontarei em

de seu testamento, ao tornar público

11000 na villa está a dez mil reis no

que a casara dando-lhe o dote compe

preste tempo.

27 de agosto do ano em 10500, por este

tente, não sendo ela, aliás, herdeira forçada dêle tcstador, "conforme a ordenação de Sua Majestade que pri

preço vendo

vava dêste direito os filhos naturai»

" Recebi mais hua pesa de pano aos

últimos milésimos sciscentistas.

.

" Recebi mais hua pesa de pano aos

a Dos da Roóha por

Nas Minas

via de André Nunes deve de hua co

dos nobres".

berta 12000. " Recebi mais vinte rs aos 25 de de

um dos bastardos do ilustre bandei

Uma librTVViWar*"^ 4e .mandioca ....

^40 rs

43.000 rs

Uma caixa de marmelada

200 rs

6.000 rs

Uma galinha

240 rs

3.600 rs

" Recebi aos 4 de agosto de 1697 an nos 12000 rs a conta dos juros que de

Uma arroba de carne verde

"

Um queijo da terra

160 rs

4.000 rs

Um queijo flamengo Um boi de corte

120 rs 640 rs

3.600 rs 19.200 rs

2.000 rs ' 10.000 rs

120.000 rs 120.000 rs

Um cavalo

Difícil será encontrar-se espécirnem

da do que a dos apontamentos do Pa- !r.nn dre Pompéu. ™ "''■i ""^is Copiemos uma página corresponden- fmiibot'^'annn T

nome, cm todo o caso, nao f.gurou nas

obras de Pedro Taques e Silva Leme. "Deve me o cap Bento do Rego

"Ajustei estas contas tudo meüdamente cm prcs'^ de meu comp° An dré Nunes de Leivas (?) q. as fez athé a era de 1697 aos 14 de

T" de obras 104.

1696.

via são doze mil rs que recebi.

»

de escrita contabilista mais desordena-

te a umaT3 série de transações como o * Ado T? D l Capitao Bento Re.,o_Barbosa. Seu

zembro de

h

Cedo despachou Pompéu o seu gen

ro postiço aos territó o

se c descontando se os

como se depreende de

mamaluco

operou

muito proveitosamente,

^ elle que^aa asentei Pto dis recebeu com com q.Dosabaterei esta conta em

ganhos de tudo qto me

uma página do livro do

devi a pagar todas as

clérigo.

R^^ebi 5120, deve me 5000 de um

"Ano de 1700 aos 28

Dos Pto como o dito disser,

contas

me a dever liquido da

Fevro, Contas de Pau

torno. . . gde se entra nas contas aci-

principal 174.104 que aos 11 de agosto de

lo de Barros.

fica e resta

da Confraria do Snr. Recebi os ditos

1697 annos como q. aos

este anno de 96.

640.

anno de 1698 pagará os

cada anno

de sua índia Maria Pequena.

rios auríferos, onde

de 1693 annos e tem pago os juros até

juros

dios, segundo parece, *e não por seu concunhado Alberto Pires^Tivera An tônio Pedroso esse Paulo de Barros

e descontando tudo o que recebi e abatendo-

ma. Ri mais 640 qdo me pagou o dr°

os

rante .4ntônio Pedroso^de Barros, as sassinado numa revolta dos seus m

março do anno de 1698

Barbüsa dr» a juros aos 11 de agosto "Importão 15$273 rs.

Talvez haja Paulo de Barros sido

"Aos 20 de mayo de 1696 annos ajustamos as contas acima, as q. estão

11 de agosto deste dito juros da

dita

conta e

que são 174.104. " E importa o ganho

" Deve me por conta

do q. recebi do C. Gpar.

Gonçalves de Araújo

^

do sustento dos mole

ques 46350 reis. " Tenho em dr® db

seu ouro q. vendi ao Pe.


144

DiCliSTO EcONÓMICQ

Dici-isTo Econômico 145

Raposo para seu cunhado João Fer reira q. foram 417 oitavas 581.880. Entreguei todo este dro. e íicão safas

Mais trinta c dous mil r.s, mais 960, mais da confra

estas contas q. entreguei em dinheiro

Mais de confraria do Snr.

abatida a conta acima 533.530.

ria

o seu corrc.spoiulcnte na Bahia, Iná

cio (k« .Matos, vcr.savam priiicipalmenIc sóbi c compra de escravos para êle

1.440

c diversos dos seus. 1.760."

lamhétn diziam respeito à compra

As praça.s com as c|uais negociava

da prata lavrada e folhas de ouro quando realizava a obra da douração

ano de 1706

"Fizemos contas cÕ Paulo de Bar-

ros hoje 27 de março de 170Í) e de todo o ouro que me tem dado a guar dar tenho em meu poder 637 oitavas

Pompcu eram Santos, Rio de Janeiro,

de ouro quintado (2329 grs). Deve me em dro. 9280. Deve me mais em dro.

Tinha, conio correspondentes prin cipais, na primeira Ga-spar Gonçalves de .'\raújo, na segunda Manuel Jacin

320.000 mais deve uma barreta de ouro

de 13 oitavas a 1500 a oitava 20§250 rs. mais de huns fechos 6400 hua coronha de pistola 480 duas coronhas

mais de bacamartes 2S600 hua molinlia mais a pro de Mattos peguei em dro.

das chaves de ouro

4260

"Aos 18 de julho de 1701 fizemos contas CO Paulo de Barros e ha o se gumte;

"Tenho em minha mão o ouro seu embarretado 628 oitavas e meia A es ta conta de curo hei de pagar ao Dr João Leite da Silva (irmão de Fer" não Dias Paes) 300$000 rs.

dc talha da sua capela cm Araçarí-

Bahia c I.ishoa.

to Pinto e Antônio Correia Pimenta, na

terceira

Inácio

de

Mato.s

e

na

quarta Santos .Mendes Maciel c An

tônio Correia

Monção, tio de Pi

menta.

Antes de surgir o afluxo de ouro enviava o clérigo a .Araújo bastante pano de algodão. Assim, cm novembro de 1695 llie re meteu 3730 varas cm 36 peças, das quais cinco de 102 varas cada qual; dc presente ao Ouvidor Geral duas, ao

seu escrivão uma e ao seu ineírínlio

duas, presentes esses de propósitos

i

guania, consagraila a Nossa Senhora

da Conceição, "a cujo mistério tinha cordial devoção", como e.xplica Pe dro Tn(|ues, e era igreja "tôcla ador nada dc excelente talha, dourada com muita magnificência". Nela fazia rea

lizar estrondosa.s festas, todos os oito de dezembro, com um "oitavário dc festas de missas cantadas. Sacramen to expo.sio e sermão a vários santos

Km 1687 remeteu Pompéu a Matos 4 barretas de ouro para que lhe man to do Amaral e correspondia a 200

contavam 112 metros de pano.

oitavas "se me não engano, que não

Deve me do Caminho do Mar qdo. se fez a con fraria do Snr

O valor dessas peças era de 10.200 rs. em 1695 e 11.000 no ano seguinte. 4400

A 30 de maio de 1696, vendeu Araú jo o pano por 283.470 réis, sobrando-

Mais da confraria do Snr.

Ihe ainda três peças. Em 1698 a peça

ano de 1703 Deve me mais dro. q. pa

subira a 11$200.

1440

Couros também remctia-Ihc Poiu-

guei ao Dr. João Leite 355.000

da Silva

Déve mais dro. q. dei a sua mulher Inez de Mais desaseis mil Mais 20000 mais fraria do Snr. 1704

Lima ... rs da con ano dé

12.000

16.000

péu, no valor de 700 réis por peça. E recebia do correspondente de Santos ferro e aço. O ferro pagava-o a 5.000 rs. o quintal (58k,758) o aço a 150 rs. a libra (Ok, 459). Já nas contas de 1699 começam a aparecer as remessas de ouro.

1.160

As contas do creso parnaibano com

que aSvim quisesse seu proprietário. rcrenios o ensejo de voltar a esses tópicos interessantes. .A 8 de fevereiro de 1699 remetia

Pompéu, a Inácio de Matos, pela fra gata dos Padres da Companhia, duas

libras de ouro (918 gr) que perten ciam a Paulo de Barros, o marido de

Incz, a sua bastarda, "para lhe vir em moleques, mais 236 oitavas (826

prata lavrada".

teados. Se as peças tinham 102 vara^,

fico eu devendo 777.720.

A prata, que constituía o grosso da circulação monetária do Brasil colo nial, podia ser amoedada à hora em

missa cantada c sermão para excitar a devoção dos fiéis ouvintes ".

razão de 1400 rs a oitava 872.200 q abaíendo-se do q. me deve são 94.480

qüente, pois 40 arròbas chegam a ser (piase 600 quilos de metal.

gr) do Capitão Miguel Garcia, para o mesmo fim e mais três que lhe eram

suspeitos, prova veiniente

provocado

mais de 40 arrobas cm sua copa, o que nos parece por demais grandilo

tlc sua especial devoção c se concluía o oitavário com um aniversário pelas almas do purgatório, com ofício de

"Deve me o dito Paulo de Barros em dro. 94480 rs, importão as 623 a

por insinuação dos poderosos presen

Ihcnnc Pompcu chegara a possuir

dasse o 'procedido em moleques. Êsse ouro pertencia ao Sargento-mor Ben

estou certo", anotava o banqueiro.

Com as barretas seguiram 6 peças de algodão que Mato.s receberia em troca de um púcaro, uma salva e um saleiro dc prata.

Kssa questão de formar copa de prata, a que tantas vêzes se refere

Pedro Taques, era um processo de ca pitalizar naquela época em que não

próprias (1397 gr) para lhe enviar Foram mais 839 varas brutas de pa no de algodão em sete peças para tudo voltar em prata. .Assim, como vemos, havia exporta

ção de tecidos do planalto paulista para a região baiana.

Entretanto, não seguiu essa remes sa, por motivo dc prudência.

Anota Pompéu: "Tornei a recolher este ouro e o pano por causa dos pi ratas ". Êstes então infestavam a còrte brasileira, sobretudo nas vizinhan

ças de Angra .dos Reis e Parati, atraí dos pela fama do ouro que sabiam descer das Minas. A 27 de abril de 1699 escrevia Ma

existia no Brasil o menor vestígio de

tos dizendo-lhe que, se quisesse, man

aparelhamento bancário nem vislum-

dasse a prata lavrada a Santos, que lha pagaria em ouro a mil e quinhen

algum de cooperativismo capita lista sob a forma de inversões em so ciedades anônimas.

Pretende Pedro Taques que já o capítão-mor pai e homônimo de Gui-

tos réis a oitava.

Já em março de 1700 parece que a segurança das vias marítimas aumen tara, não se tçmçndo tanto as aborda-


144

DiCliSTO EcONÓMICQ

Dici-isTo Econômico 145

Raposo para seu cunhado João Fer reira q. foram 417 oitavas 581.880. Entreguei todo este dro. e íicão safas

Mais trinta c dous mil r.s, mais 960, mais da confra

estas contas q. entreguei em dinheiro

Mais de confraria do Snr.

abatida a conta acima 533.530.

ria

o seu corrc.spoiulcnte na Bahia, Iná

cio (k« .Matos, vcr.savam priiicipalmenIc sóbi c compra de escravos para êle

1.440

c diversos dos seus. 1.760."

lamhétn diziam respeito à compra

As praça.s com as c|uais negociava

da prata lavrada e folhas de ouro quando realizava a obra da douração

ano de 1706

"Fizemos contas cÕ Paulo de Bar-

ros hoje 27 de março de 170Í) e de todo o ouro que me tem dado a guar dar tenho em meu poder 637 oitavas

Pompcu eram Santos, Rio de Janeiro,

de ouro quintado (2329 grs). Deve me em dro. 9280. Deve me mais em dro.

Tinha, conio correspondentes prin cipais, na primeira Ga-spar Gonçalves de .'\raújo, na segunda Manuel Jacin

320.000 mais deve uma barreta de ouro

de 13 oitavas a 1500 a oitava 20§250 rs. mais de huns fechos 6400 hua coronha de pistola 480 duas coronhas

mais de bacamartes 2S600 hua molinlia mais a pro de Mattos peguei em dro.

das chaves de ouro

4260

"Aos 18 de julho de 1701 fizemos contas CO Paulo de Barros e ha o se gumte;

"Tenho em minha mão o ouro seu embarretado 628 oitavas e meia A es ta conta de curo hei de pagar ao Dr João Leite da Silva (irmão de Fer" não Dias Paes) 300$000 rs.

dc talha da sua capela cm Araçarí-

Bahia c I.ishoa.

to Pinto e Antônio Correia Pimenta, na

terceira

Inácio

de

Mato.s

e

na

quarta Santos .Mendes Maciel c An

tônio Correia

Monção, tio de Pi

menta.

Antes de surgir o afluxo de ouro enviava o clérigo a .Araújo bastante pano de algodão. Assim, cm novembro de 1695 llie re meteu 3730 varas cm 36 peças, das quais cinco de 102 varas cada qual; dc presente ao Ouvidor Geral duas, ao

seu escrivão uma e ao seu ineírínlio

duas, presentes esses de propósitos

i

guania, consagraila a Nossa Senhora

da Conceição, "a cujo mistério tinha cordial devoção", como e.xplica Pe dro Tn(|ues, e era igreja "tôcla ador nada dc excelente talha, dourada com muita magnificência". Nela fazia rea

lizar estrondosa.s festas, todos os oito de dezembro, com um "oitavário dc festas de missas cantadas. Sacramen to expo.sio e sermão a vários santos

Km 1687 remeteu Pompéu a Matos 4 barretas de ouro para que lhe man to do Amaral e correspondia a 200

contavam 112 metros de pano.

oitavas "se me não engano, que não

Deve me do Caminho do Mar qdo. se fez a con fraria do Snr

O valor dessas peças era de 10.200 rs. em 1695 e 11.000 no ano seguinte. 4400

A 30 de maio de 1696, vendeu Araú jo o pano por 283.470 réis, sobrando-

Mais da confraria do Snr.

Ihe ainda três peças. Em 1698 a peça

ano de 1703 Deve me mais dro. q. pa

subira a 11$200.

1440

Couros também remctia-Ihc Poiu-

guei ao Dr. João Leite 355.000

da Silva

Déve mais dro. q. dei a sua mulher Inez de Mais desaseis mil Mais 20000 mais fraria do Snr. 1704

Lima ... rs da con ano dé

12.000

16.000

péu, no valor de 700 réis por peça. E recebia do correspondente de Santos ferro e aço. O ferro pagava-o a 5.000 rs. o quintal (58k,758) o aço a 150 rs. a libra (Ok, 459). Já nas contas de 1699 começam a aparecer as remessas de ouro.

1.160

As contas do creso parnaibano com

que aSvim quisesse seu proprietário. rcrenios o ensejo de voltar a esses tópicos interessantes. .A 8 de fevereiro de 1699 remetia

Pompéu, a Inácio de Matos, pela fra gata dos Padres da Companhia, duas

libras de ouro (918 gr) que perten ciam a Paulo de Barros, o marido de

Incz, a sua bastarda, "para lhe vir em moleques, mais 236 oitavas (826

prata lavrada".

teados. Se as peças tinham 102 vara^,

fico eu devendo 777.720.

A prata, que constituía o grosso da circulação monetária do Brasil colo nial, podia ser amoedada à hora em

missa cantada c sermão para excitar a devoção dos fiéis ouvintes ".

razão de 1400 rs a oitava 872.200 q abaíendo-se do q. me deve são 94.480

qüente, pois 40 arròbas chegam a ser (piase 600 quilos de metal.

gr) do Capitão Miguel Garcia, para o mesmo fim e mais três que lhe eram

suspeitos, prova veiniente

provocado

mais de 40 arrobas cm sua copa, o que nos parece por demais grandilo

tlc sua especial devoção c se concluía o oitavário com um aniversário pelas almas do purgatório, com ofício de

"Deve me o dito Paulo de Barros em dro. 94480 rs, importão as 623 a

por insinuação dos poderosos presen

Ihcnnc Pompcu chegara a possuir

dasse o 'procedido em moleques. Êsse ouro pertencia ao Sargento-mor Ben

estou certo", anotava o banqueiro.

Com as barretas seguiram 6 peças de algodão que Mato.s receberia em troca de um púcaro, uma salva e um saleiro dc prata.

Kssa questão de formar copa de prata, a que tantas vêzes se refere

Pedro Taques, era um processo de ca pitalizar naquela época em que não

próprias (1397 gr) para lhe enviar Foram mais 839 varas brutas de pa no de algodão em sete peças para tudo voltar em prata. .Assim, como vemos, havia exporta

ção de tecidos do planalto paulista para a região baiana.

Entretanto, não seguiu essa remes sa, por motivo dc prudência.

Anota Pompéu: "Tornei a recolher este ouro e o pano por causa dos pi ratas ". Êstes então infestavam a còrte brasileira, sobretudo nas vizinhan

ças de Angra .dos Reis e Parati, atraí dos pela fama do ouro que sabiam descer das Minas. A 27 de abril de 1699 escrevia Ma

existia no Brasil o menor vestígio de

tos dizendo-lhe que, se quisesse, man

aparelhamento bancário nem vislum-

dasse a prata lavrada a Santos, que lha pagaria em ouro a mil e quinhen

algum de cooperativismo capita lista sob a forma de inversões em so ciedades anônimas.

Pretende Pedro Taques que já o capítão-mor pai e homônimo de Gui-

tos réis a oitava.

Já em março de 1700 parece que a segurança das vias marítimas aumen tara, não se tçmçndo tanto as aborda-


DltUiSTO Et;ONÓMICO

140

gens dos corsários ou pexelingres. Assim se decidiu Pompéu a remeter

aa seu correspondente quatro libras de ouro (1870 gr) por intermédio do

Capitão-mor Pedro Taques de Almei

para a a(iuisição de uns dez c.scravos.

A HABITABILIDADE DOS TRÓPICOS

.A Santos Mendes Maciel, o corres

pondente de Lisboa, mandava Pom péu ouro para comprar artigos que não encontraria no Brasil, sobretudo

PiMENTEL COMKS n

pratarin.

y/^IMOS, no artigo anterior, que, ao

mulatos "sem reparar no preço de

A 29 de março de 1700 remetia-lhe 126 oitava.s para as suas encomendas.

urrejjio das idéias dos que se fiam eni (jourou, há, nos trópicos como fo

les".

Mas se o saldo existente em Portu

ra délcs, terras boas, rcgulares e ruins.

gal fósse suficiente para saldar essas

da e de Gaspar Gonçalves de Araújo. Com ésse ouro compraria negros ou

ouro pertencente a Simão Bueno, o

compras, aplicasse êle tal ouro man

irmão do Anhanguera.

dando fazer 12 cuvilhctes (pratos pe

Ademais, a acidcz não é uma exclusivida<le tios solos tropicais. Mais áci dos do cjue os solos latcríticos são os

quenos) para a mesa, cinco para sopa

podzóis tios climas temperados-frios'e

N'a

mesma ocasião remeteu

mais

Em fins de março nova remessa de

ouro efetuou, mais 259 oitavas (906,5

e caldo, dois castiçais de mesa e duas

gr).

galhetas com seus pratinhos.

.Assim, tinha Matos em mãos 771 oi

tavas, ou 1:156$500 rs., para compra de "negros bons". Já adquirira dêsses cativos a 180§000 rs. ou a 120 oitavas por escravo, soma imensa para o tempo.

Mas também a revenda nas minas

ainda dava larga margem de lucros, como nos inculca a tabela de preços do bom Antonil.

"Por um negro 6era feito, valente e ladino, trezentas oitavas.

Por um mulecão, duzentos e cin

qüenta oitavas. Por um crioulo bom oficial, qui nhentas oitavas.

Por um mulato de partes, ou oficial,

quinhentas oitavas. Por um trombeteiro, quinhentas oi tavas."

Também recomendava Pompéu ao correspondente: "não repare no preço."

E ainda entendeu o creso aumentar

o cabedal remetido a Matos com mais 190 oitavas. Assim, teria o negociante baiano à sua disposição 1:441$500 rs.

frios. A correção dos solos tropicais nao é mais um mistério para os bons ítgronomos dos países cultos. Fazein-

pa e, de régiia em punho, ensina-nos o que de muito grave representa o trópico de Capricórnio. E tòda a clas se treme assustada e fica possuída do complexo de inferioridade. Entrega os

pontos. Não vale a pena trabalhar. Te mos que ficar na cubata e na pedra lascada.

Depois as calças se encompridam e o buço aponta. Compramos a primeira

Tirasse íla harreta vinte oitavas de presente para fazer um anel. Era Mendes Maciel homem sério.

fta as estações experimentais da Índia,

navalha. Lemos outros livros. Livros mais adiantados. Estudamos meteoro

^ progressista nação asiática. Reali

logia. Compulsamos os tratados de eco

Mandou dizer ao opulento cliente que

zam-na agrônomos brasileiros. O culto

logia. Verificamos, então, que o ensino

tinha saldo em sua casa, descontado o

agrônomo José Setzer afirma: "Os

da professora foi absolutamente incom

preço das folhas de ouro destinadas à douração da capela de Araçarigua-

cuidados e remédios não são mais-tra

ma. De modo que Pompéu lhe enco

'^""^cnte aplicados a solos não late-

mendou um guião de cetim de 19 covados, com suas franjas e cachos (?). A 29 de maio de 1701 recebia Pom péu em Parnaíba a prata

^

guião de "calamaço caramesi"- Calamaço é hoje nome dessueto c esqueci

do; correspondia a certo tipo de fa zenda de lã, correspondente, segundo parece, ao francês calmande ou cflía-

balhosos nem dispendiosos que os coriticos dos países densamente povoa'• Apenas os não possuidores de

cultura especializada poderiam acredido solos dos países temperaírios são sempre neutros, sem-

Assim, cm vez de cetim recebia o misto de seda e lã.

Em três de julho dêsse ano assen

tava Pompéu que o seu saldo cm Lis boa em mãos de Mendes Maciel era

em dinheiro 479$199 rs. e mais cinco barretas de ouro.

As correntes oceânicas e a altitude

têm influências tão grandes que eli

minam, muitas vézes, quase completa mente, a ação da latitude.

No setor

temperatura, a eliminação pode ser to tal. Acrescentem-se outros fatores: o

férteis e não precisam de corre-

hemisfério considerado, a distância do

para adaptá-los às necessidades

oceano, a presença de grandes lagos,

hiinianas.

o regime dos ventos e das chuvas, a

continuemos.

mande.

clérigo lã. Verdade é que o calamaço era uma espécie de tecido Uístroso,

pleto. Deu-nos ela uma noção e esque ceu muitas outras, e importantíssimas.

Temperatura

Nos tempos felizes em que, de calças curtas, freqüentamos os grupos es

colares, aprendemos que há três cli cas no planêta, no irrequieto planeta em que vivemos: o tórrido, entre os

vegetação. A ação desencontrada de

tantos fatores altera as regras da professôrazinha. O polo frio não coincide

com o polo geográfico. O equador tér mico não se situa no equador geográ

fico (na América do Sul perlonga o Mar das Antilhas). As isotermas não são paralelas à linha equinocial. As vezes se apresentam, em grandes tre

trópicos; o temperado, entre as linhas tropicais e os círculos polares; o frio, OP glacial, nas calotas polares. A pro

camente deveria haver desertos sur gem terras muito pluviosas. Trechos

fessora solenemente desdobra o ma-

teòricamente chuvosos apresentam-se

chos, até perpendiculares. Onde teori


DltUiSTO Et;ONÓMICO

140

gens dos corsários ou pexelingres. Assim se decidiu Pompéu a remeter

aa seu correspondente quatro libras de ouro (1870 gr) por intermédio do

Capitão-mor Pedro Taques de Almei

para a a(iuisição de uns dez c.scravos.

A HABITABILIDADE DOS TRÓPICOS

.A Santos Mendes Maciel, o corres

pondente de Lisboa, mandava Pom péu ouro para comprar artigos que não encontraria no Brasil, sobretudo

PiMENTEL COMKS n

pratarin.

y/^IMOS, no artigo anterior, que, ao

mulatos "sem reparar no preço de

A 29 de março de 1700 remetia-lhe 126 oitava.s para as suas encomendas.

urrejjio das idéias dos que se fiam eni (jourou, há, nos trópicos como fo

les".

Mas se o saldo existente em Portu

ra délcs, terras boas, rcgulares e ruins.

gal fósse suficiente para saldar essas

da e de Gaspar Gonçalves de Araújo. Com ésse ouro compraria negros ou

ouro pertencente a Simão Bueno, o

compras, aplicasse êle tal ouro man

irmão do Anhanguera.

dando fazer 12 cuvilhctes (pratos pe

Ademais, a acidcz não é uma exclusivida<le tios solos tropicais. Mais áci dos do cjue os solos latcríticos são os

quenos) para a mesa, cinco para sopa

podzóis tios climas temperados-frios'e

N'a

mesma ocasião remeteu

mais

Em fins de março nova remessa de

ouro efetuou, mais 259 oitavas (906,5

e caldo, dois castiçais de mesa e duas

gr).

galhetas com seus pratinhos.

.Assim, tinha Matos em mãos 771 oi

tavas, ou 1:156$500 rs., para compra de "negros bons". Já adquirira dêsses cativos a 180§000 rs. ou a 120 oitavas por escravo, soma imensa para o tempo.

Mas também a revenda nas minas

ainda dava larga margem de lucros, como nos inculca a tabela de preços do bom Antonil.

"Por um negro 6era feito, valente e ladino, trezentas oitavas.

Por um mulecão, duzentos e cin

qüenta oitavas. Por um crioulo bom oficial, qui nhentas oitavas.

Por um mulato de partes, ou oficial,

quinhentas oitavas. Por um trombeteiro, quinhentas oi tavas."

Também recomendava Pompéu ao correspondente: "não repare no preço."

E ainda entendeu o creso aumentar

o cabedal remetido a Matos com mais 190 oitavas. Assim, teria o negociante baiano à sua disposição 1:441$500 rs.

frios. A correção dos solos tropicais nao é mais um mistério para os bons ítgronomos dos países cultos. Fazein-

pa e, de régiia em punho, ensina-nos o que de muito grave representa o trópico de Capricórnio. E tòda a clas se treme assustada e fica possuída do complexo de inferioridade. Entrega os

pontos. Não vale a pena trabalhar. Te mos que ficar na cubata e na pedra lascada.

Depois as calças se encompridam e o buço aponta. Compramos a primeira

Tirasse íla harreta vinte oitavas de presente para fazer um anel. Era Mendes Maciel homem sério.

fta as estações experimentais da Índia,

navalha. Lemos outros livros. Livros mais adiantados. Estudamos meteoro

^ progressista nação asiática. Reali

logia. Compulsamos os tratados de eco

Mandou dizer ao opulento cliente que

zam-na agrônomos brasileiros. O culto

logia. Verificamos, então, que o ensino

tinha saldo em sua casa, descontado o

agrônomo José Setzer afirma: "Os

da professora foi absolutamente incom

preço das folhas de ouro destinadas à douração da capela de Araçarigua-

cuidados e remédios não são mais-tra

ma. De modo que Pompéu lhe enco

'^""^cnte aplicados a solos não late-

mendou um guião de cetim de 19 covados, com suas franjas e cachos (?). A 29 de maio de 1701 recebia Pom péu em Parnaíba a prata

^

guião de "calamaço caramesi"- Calamaço é hoje nome dessueto c esqueci

do; correspondia a certo tipo de fa zenda de lã, correspondente, segundo parece, ao francês calmande ou cflía-

balhosos nem dispendiosos que os coriticos dos países densamente povoa'• Apenas os não possuidores de

cultura especializada poderiam acredido solos dos países temperaírios são sempre neutros, sem-

Assim, cm vez de cetim recebia o misto de seda e lã.

Em três de julho dêsse ano assen

tava Pompéu que o seu saldo cm Lis boa em mãos de Mendes Maciel era

em dinheiro 479$199 rs. e mais cinco barretas de ouro.

As correntes oceânicas e a altitude

têm influências tão grandes que eli

minam, muitas vézes, quase completa mente, a ação da latitude.

No setor

temperatura, a eliminação pode ser to tal. Acrescentem-se outros fatores: o

férteis e não precisam de corre-

hemisfério considerado, a distância do

para adaptá-los às necessidades

oceano, a presença de grandes lagos,

hiinianas.

o regime dos ventos e das chuvas, a

continuemos.

mande.

clérigo lã. Verdade é que o calamaço era uma espécie de tecido Uístroso,

pleto. Deu-nos ela uma noção e esque ceu muitas outras, e importantíssimas.

Temperatura

Nos tempos felizes em que, de calças curtas, freqüentamos os grupos es

colares, aprendemos que há três cli cas no planêta, no irrequieto planeta em que vivemos: o tórrido, entre os

vegetação. A ação desencontrada de

tantos fatores altera as regras da professôrazinha. O polo frio não coincide

com o polo geográfico. O equador tér mico não se situa no equador geográ

fico (na América do Sul perlonga o Mar das Antilhas). As isotermas não são paralelas à linha equinocial. As vezes se apresentam, em grandes tre

trópicos; o temperado, entre as linhas tropicais e os círculos polares; o frio, OP glacial, nas calotas polares. A pro

camente deveria haver desertos sur gem terras muito pluviosas. Trechos

fessora solenemente desdobra o ma-

teòricamente chuvosos apresentam-se

chos, até perpendiculares. Onde teori


Digesto Econômico

148

semí-dcsérticos. Eníim, os trcs climas iundamentais sc csíarclam em muitos outros e acabam numa pulverização de microclimas. As ciência das calças compridas destrói a ciência das calças

W-J

Sc tornou independente. É o clima do opulento sul da Flórida.

chos temperados, um no centro de

Têm clima Am — quente, chuvoso,

Goiás e outro no centro de Mato

com ijcqueno período sêco — ampla

Grosso. Há o clima BSh (séco, com

faixa da Amazônia, o norte c o oriente

temperatura média acima de 18 graus

de Culía, um trato da Índia.

e verão séco). Domina o centro da

trecho da .Amazônia e o litoral brasi

meteorologistas sorriem com a histó

Argentina, além de Cór<loba, indo até

leiro entre a baía de Todos os San

ria da inexorabilidade da linha tropi

às fronteiras da Bolívia e do Chaco

tos c a Guanabara, têm clima Af —

cal. Sorriem e alirem volumes mos

Paraguaio. No Brasil, tcmo.s clima BSh cm grande parte do interior do

quente e chuvoso. íi o clima de uns

nortcste oriental c fio leste setentrio nal. Têm clima ICSh o setentriao do

va. O litoral tio cabo de São Roque,

curtas.

planaltos, até às proximidades do pa ralelo 15. Há ainda dois pc(iueiios tre

Dicksto Econômico

Compreende-se, assim, porque os

trando que, após séculos de tentativas infrutíferas, Kóppen

apresentou

ao

mundo cientifico uma classificação dos climas, classificação hoje clássica e

universalmente adotada após ser mo

Egito e da Líbia, e grandes trechos do México, Estados Unidos, Arábia, Ira

Outro

dois terços da fértil c rica ilha de Jaao norte da baía de Todos os Santos,"

e As' — c|uentc com chuvas de outo no e inverno.

íi um dos tratos mais

verdade que o Morro do Chapéu, nas proximidades do paralelo 12, leni 18,^ graus de temperatura média anual. E

no Ceará, nas proximidades dos para

lelos 4 e 5, há Guaramiranga, com 20,4, e vários municípios, como Viçosa, Ubajara, Tianguá, Campo Grande, Baturité, São Benedito, São Pedro, Itapagé, Itapipoca, Crato etc., gozando, parcial ou totalmente, de temperatu ras semelhantes.

Na Paraíba, com

temperaturas médias anuais entre 20

c 22 graus, há Ararima, Cuité, Bana

neiras, Serraria, Areia, Esperança, La ranjeiras, Campina Grande, Monteiro,

dificada por téc

que, Jrào, Pa-

nicos ianques. No Brasil, gra ças ao Serviço de Meteorologia

f<^cundos do País. Nêlc se situa Reci-

quistão.

Sul-Africana, ín

íc. cidade de crescimento muito rápi^lo, dinâmica, fortemente industriali-

dia,

Austrália,

zada, embora disponha de energia es

(áreas do Quc-

cassa e cara. Terá extraordinário sur

ensland, Nova Gales do Sul,

anos, por lá chegar a eletricidade far

média, a temperatura baixa de um

tíssima e barata de Paulo Afonso. O

grau por 150 metros de elevação c que

censo de 1960 deve encontrar um mi

Salvador, ao nível do mar, tem menos de 25 graus de temperatura média

do Ministério da

Agricultura, que dispõe de técni cos de grande renome, a clas

sificação sofreu melhor distribui

ção no mapa do País.

Na

classifica

riij

União

Austrália Meri dional c Austrá lia Ocidental). Grande parte

do clima do Bra

to de progresso quando, dentro de dois

lhão de pessoas em Recife. Ucpois de apresentar, em traços ráP^í^los, o clima do Brasil, comparando-o o de outros países, limitando-me

^ Citar a classificação de Koppen, que

até menos. Entre 601 e 900 metros a

Universalmente adotada nas univer

enslancl, na Austrália, parte povoada exclusivamente por nórdicos, cujo

O Brasil é principalmente um planalto. Teòricamente, em climas secos,

comportamento aí examinaremos pos

o Brasil meridional, indo, pelos nossos^

anual, pode-se avaliar era menos de

sil ccntro-oeste,

no não pode ter o desenvolvimento do

para o norte, envolvendo o Uruguai e

quase mil km2. Se pensarmos que, em

leste, nordeste e norte é do tipo

Não diz que Santana, bairro paulista

êste clima a parte oriental da Argenti na, até Baia Blanca, ao sul, e mais ou menos Córdoba, a oeste. Prolonga-se

ma semelhante é muito grande. Cite mos Garanhuus com 20,2. Na Bahia, a área entre 901 e 1.500 metros é de

19 graus a média de tão grande zona. Em parte, deve ter 18 graus e talvez

ção de Koppen não se fala em linha equinocial, trópicos e círculos polares. Triângulo porque um fica acima e ou tro abaixo do trópico de Capricórnio. Na classificação de Koppen, os climas mesotérmicos, os climas temperados, são indicados pela letra C, que é ini cial. Na América do Sul, pertencem a

Batalhão, Teixeira e outros municí

pios. Em Pernambuco, a área de cli

Baliia tem 153 mil km2. Apontemos,

sidades e nos cursos especializados,

entre centenas de outros exemplos que

rão. Ê o tipo dos climas de savana.

Consideremos

É do mesmo tipo grande parte do Que-

niaiores esclarecimentos.

Aw, isto é, quente com chuvas de ve

alguns

detalhes, para

^ temperatura desce de um grau centí

poderiam ser dados: Petrópolis, 18,0; Terezópolis, 16,6; Friburgo, 17,5; Ita tiaia, 11,1; Formosa, 20,8; Caxambu, 17,7: Mar de Espanha, 19,7; Araguari, 21,0; Oliveira, 18,3; Cachoeira do

teriormente, com documentos austra

grado por 100 metros de elevação

Campo, 17,5; São Lourenço, 18,2: Bar-

lianos. Ê do mesmo tipo o sul de Cuba,

(Kleiii) ; nos úmidos, cai de 0,5. Des

um dos países agrícolas mais ricos que-

se fato, que é primordial, surgem fa

bacena, 17,7; Queluz, 19,9; Diamanti na, 18,5 — Todas entre o trópico e o

se conhecem; grande faixa da rica In donésia; um trato da União Sul-Africana; talvez a maior parte da índia, país de civilização milenar e em fran co e acelerado progresso em todos os

tos que atrapalhariam D. Neita, a mi nha querida c saudosa professora pri mária. Belo Horizonte, sob o paralelo

ramos da atividade humana depois que

20, tem temperatura média anual (20 graus) inferior à de Corrientes, na Ar gentina (21,9), sob o paralelo 28. É

equador.

A Argentina tem, com temperaturas superiores a 20 graus centígrados, to

tal ou parcialmente, as seguintes pro

víncias e territórios, conforme o geó grafo

argentino Jorge Boero, em


Digesto Econômico

148

semí-dcsérticos. Eníim, os trcs climas iundamentais sc csíarclam em muitos outros e acabam numa pulverização de microclimas. As ciência das calças compridas destrói a ciência das calças

W-J

Sc tornou independente. É o clima do opulento sul da Flórida.

chos temperados, um no centro de

Têm clima Am — quente, chuvoso,

Goiás e outro no centro de Mato

com ijcqueno período sêco — ampla

Grosso. Há o clima BSh (séco, com

faixa da Amazônia, o norte c o oriente

temperatura média acima de 18 graus

de Culía, um trato da Índia.

e verão séco). Domina o centro da

trecho da .Amazônia e o litoral brasi

meteorologistas sorriem com a histó

Argentina, além de Cór<loba, indo até

leiro entre a baía de Todos os San

ria da inexorabilidade da linha tropi

às fronteiras da Bolívia e do Chaco

tos c a Guanabara, têm clima Af —

cal. Sorriem e alirem volumes mos

Paraguaio. No Brasil, tcmo.s clima BSh cm grande parte do interior do

quente e chuvoso. íi o clima de uns

nortcste oriental c fio leste setentrio nal. Têm clima ICSh o setentriao do

va. O litoral tio cabo de São Roque,

curtas.

planaltos, até às proximidades do pa ralelo 15. Há ainda dois pc(iueiios tre

Dicksto Econômico

Compreende-se, assim, porque os

trando que, após séculos de tentativas infrutíferas, Kóppen

apresentou

ao

mundo cientifico uma classificação dos climas, classificação hoje clássica e

universalmente adotada após ser mo

Egito e da Líbia, e grandes trechos do México, Estados Unidos, Arábia, Ira

Outro

dois terços da fértil c rica ilha de Jaao norte da baía de Todos os Santos,"

e As' — c|uentc com chuvas de outo no e inverno.

íi um dos tratos mais

verdade que o Morro do Chapéu, nas proximidades do paralelo 12, leni 18,^ graus de temperatura média anual. E

no Ceará, nas proximidades dos para

lelos 4 e 5, há Guaramiranga, com 20,4, e vários municípios, como Viçosa, Ubajara, Tianguá, Campo Grande, Baturité, São Benedito, São Pedro, Itapagé, Itapipoca, Crato etc., gozando, parcial ou totalmente, de temperatu ras semelhantes.

Na Paraíba, com

temperaturas médias anuais entre 20

c 22 graus, há Ararima, Cuité, Bana

neiras, Serraria, Areia, Esperança, La ranjeiras, Campina Grande, Monteiro,

dificada por téc

que, Jrào, Pa-

nicos ianques. No Brasil, gra ças ao Serviço de Meteorologia

f<^cundos do País. Nêlc se situa Reci-

quistão.

Sul-Africana, ín

íc. cidade de crescimento muito rápi^lo, dinâmica, fortemente industriali-

dia,

Austrália,

zada, embora disponha de energia es

(áreas do Quc-

cassa e cara. Terá extraordinário sur

ensland, Nova Gales do Sul,

anos, por lá chegar a eletricidade far

média, a temperatura baixa de um

tíssima e barata de Paulo Afonso. O

grau por 150 metros de elevação c que

censo de 1960 deve encontrar um mi

Salvador, ao nível do mar, tem menos de 25 graus de temperatura média

do Ministério da

Agricultura, que dispõe de técni cos de grande renome, a clas

sificação sofreu melhor distribui

ção no mapa do País.

Na

classifica

riij

União

Austrália Meri dional c Austrá lia Ocidental). Grande parte

do clima do Bra

to de progresso quando, dentro de dois

lhão de pessoas em Recife. Ucpois de apresentar, em traços ráP^í^los, o clima do Brasil, comparando-o o de outros países, limitando-me

^ Citar a classificação de Koppen, que

até menos. Entre 601 e 900 metros a

Universalmente adotada nas univer

enslancl, na Austrália, parte povoada exclusivamente por nórdicos, cujo

O Brasil é principalmente um planalto. Teòricamente, em climas secos,

comportamento aí examinaremos pos

o Brasil meridional, indo, pelos nossos^

anual, pode-se avaliar era menos de

sil ccntro-oeste,

no não pode ter o desenvolvimento do

para o norte, envolvendo o Uruguai e

quase mil km2. Se pensarmos que, em

leste, nordeste e norte é do tipo

Não diz que Santana, bairro paulista

êste clima a parte oriental da Argenti na, até Baia Blanca, ao sul, e mais ou menos Córdoba, a oeste. Prolonga-se

ma semelhante é muito grande. Cite mos Garanhuus com 20,2. Na Bahia, a área entre 901 e 1.500 metros é de

19 graus a média de tão grande zona. Em parte, deve ter 18 graus e talvez

ção de Koppen não se fala em linha equinocial, trópicos e círculos polares. Triângulo porque um fica acima e ou tro abaixo do trópico de Capricórnio. Na classificação de Koppen, os climas mesotérmicos, os climas temperados, são indicados pela letra C, que é ini cial. Na América do Sul, pertencem a

Batalhão, Teixeira e outros municí

pios. Em Pernambuco, a área de cli

Baliia tem 153 mil km2. Apontemos,

sidades e nos cursos especializados,

entre centenas de outros exemplos que

rão. Ê o tipo dos climas de savana.

Consideremos

É do mesmo tipo grande parte do Que-

niaiores esclarecimentos.

Aw, isto é, quente com chuvas de ve

alguns

detalhes, para

^ temperatura desce de um grau centí

poderiam ser dados: Petrópolis, 18,0; Terezópolis, 16,6; Friburgo, 17,5; Ita tiaia, 11,1; Formosa, 20,8; Caxambu, 17,7: Mar de Espanha, 19,7; Araguari, 21,0; Oliveira, 18,3; Cachoeira do

teriormente, com documentos austra

grado por 100 metros de elevação

Campo, 17,5; São Lourenço, 18,2: Bar-

lianos. Ê do mesmo tipo o sul de Cuba,

(Kleiii) ; nos úmidos, cai de 0,5. Des

um dos países agrícolas mais ricos que-

se fato, que é primordial, surgem fa

bacena, 17,7; Queluz, 19,9; Diamanti na, 18,5 — Todas entre o trópico e o

se conhecem; grande faixa da rica In donésia; um trato da União Sul-Africana; talvez a maior parte da índia, país de civilização milenar e em fran co e acelerado progresso em todos os

tos que atrapalhariam D. Neita, a mi nha querida c saudosa professora pri mária. Belo Horizonte, sob o paralelo

ramos da atividade humana depois que

20, tem temperatura média anual (20 graus) inferior à de Corrientes, na Ar gentina (21,9), sob o paralelo 28. É

equador.

A Argentina tem, com temperaturas superiores a 20 graus centígrados, to

tal ou parcialmente, as seguintes pro

víncias e territórios, conforme o geó grafo

argentino Jorge Boero, em


DiGiiSTO Econômico

150

** Geografia de Ia Nación Argentina": üissioncs, Formosa, Chaco, Corricn-

tes, Santa Fé, Cordoba, Santiago dei Estero, La Rioja, Catamarca, Tucutnan, Salta e Jujui.

1.

22,3; São Lourenço (Minas Gerais) 21,6. Vejamos as temperaturas médias do mês mais quente do ano, em algu mas cidades estrangeiras ; Santiago dei Estero (.Argentina), 28; Corricntes

J

DicEsro Econóauco

noloiiia (luc muita gente pensa. Além cie outros fatòrcs — as noites são os invernos da Amazônia —há as célebres

friagcn.s , Cjuebrando a monotonia, isto é, cutda.s frias (juc a atingem em

absolutas não se encontram entre os

(.Argentina), 26,1; }>ueno.s .Aires, 23,8; Filadélfia, Ballimore, São Luís e Cin-

trópicos, fato conhecido de qualquer

cinati, 25,4. No sul dos Estados Uni

e baixam consicleràvehneiitc a tenipe-

estudante de meteorologia. Estão nos

dos, a temperatura média do mês mais quente oscila entre 23 e 3U graus cen tígrados. O sul lios Estados Uniilos en trou numa fase de rapidíssima, prodi

intura. durante dias seguidos. As on

As maiores temperaturas máximas

países de climas temperados. Em bai xas latitudes e altitudes temos as se

guintes máximas absolutas : Sena Madureira (Acre), 37,5; Manaus, 37,8;

Belém, 35,1; São Luís, 34,8; Grajaii, (Maranhão), 37,0; Sobral (Ceará), 39,4; Mondubim (Ceará), 34,6; João Pessoa, 34,5; Propriá (Sergipe), 40,8;

Ondina (Bahia), 35,5. Nos planaltos; Guaramiranga, (Ceará), 32,0; Areia, (Paraíba), 32,9; Garanhuns (Pernam buco), 36,0; São Lourenço (Minas Ge

rais), 34,6; Santa Luzia (Goiás), 36,0. Comparemos Com Santiago dei Estero, 46,0; Catamarca, 43,5; Concórdia, 43,5;

Córdoba, 43; Goya, 43,0; La Rioja',

45,5; Mendoza, 42,0; Patagones, 43,0; Tucuman, 44,1; Baia Blanca, 42,5. To das essas cidades ficam na Argentina. Outros exemplos: Sevilha (Espanha), 50 graus; Death Valley (Estados Uni

dos), 57,2; Paris, 40; Montpellier (França), 42,9; Aziziz (Líbia), 58,1; Salamanca (Espanha), 44,8. Mais expressiva é a temperatura

giosa industrialização. Mas vejamos, noutras cidades iamiues, ainda a tem peratura média do mês mais

graus; Wcllington (ICansns), 28; .Amos

nho a agosto e justificam o emprego de soln-ctudos, mesmo durante o dia, c dc grossos cobertores, à noite, nas

priamente dita do clima. Ambas exa geradas e mesmo infundadas, são es

sas duas espécies de objeções devidas, geralmente, ao incompleto conheci mento dos fatos e à má discriminação de causas e efeitos.

"Realmente, o exame individual dos principais elementos climáticos mos

trou que nenhum deles apresenta limi tes prejudiciais à atividade do homem.

lelo 15, às margens do Guaporé, a tem

"A temperatura — elemento regula

peratura atinge menores temperaturas

dor que pode ser considerado — não

iriínimas absolutas: 4,4 em agosto, 6,5

em Julho, 6,7 em junho, 9,4 em maio, 1,2 em sctcmI>ro. Em Coxipó, Mato c^rosso, entre os paralelos 14 e 15, a

rael, 29 graus; Cairo, no Egito, 28 graus; Massauá (Eritréia), 34; Halls

volvimento das qualidades de energia — que subestinam a salubridade pro

c de 12 graus e a de outubro de 13,9. 1-ni Mato Grosso, cidade sob o para

peratura media do mês mais quente cleva-se a 34 graus; em Beirute, ca pital do Líbano, antiga Fenícia, graus; Jafa, na novel reptiblica de Is

certas Condições climáticas como in*

cômodas ou pouco propícias ao desen

tico, SC sucedem principalmente de ju

cni junho. A mínima absoluta de maio

tantas civilizações floresceram, a tem

"De duas ordens têm sido essas ob-

jeções: umas que consideram apenas

e iniciativa dos habitantes; as outras

temperatura cai a 5 graus positivos — '"íniina absoluta em agosto. Desce a 8 cni setembro, a 8,7 em julho e a 7,5

(Califórnia). 38,9; (ireeiiland (Califór nia), 39,8; Bagdá (Califórnia), 35,1. Em Bagdá c Mossul (Iraque), onde

priedade para a boa marcha da ativida de humana.

das frias, provenientes do polo antár

camas, l-.ni Sena Madureira, Acre, a

do ano: Mot Spring (.Arkansas), 2

ultrapassa 28 graus nem desce abai xo de 12 graus, em média anual. Os

Pequena altitude, observam-se mínimas

próprios valores extremos superiores clêsse elemento não alcançam os que, longe dos trópicos, ocorrem com fre

(Grécia), 27,3; Trípoli (Líbia), 30,1.

absolutas ainda menores: 1,7 graus ^l^aixo de zero em junlio, 3,3 graus po

os rigores de inverno dos países tem

Creek (Austrália), 30 graus: Smirna (Turquia), 27,3; Roma, 24,2; Atenas

Carachi (Paquistão), 32,1; In Sa a'

sitivos em julho, 6,7 em agosto, 10,2 em

(Argélia), 37; Lahore (índia), 32,5.

uiaio, 10.4 em setembro.

Os verões da Ibéria e da Itália em regra, muito quentes, às vezes mul

tratados de meteorologia e ecologia,

média do mês mais quente do ano:

to mais quentes do que os dos plaua

Sena Madureira, 26,0; Manaus, 27,6; Belém, 26,2; Mondubim, 26,3; João Pessoa, 26,1; Ondina, 26,2; Niterói, 25 5. Nos planaltos: Guaramiranga,

tos cearenses, paraibanos, pernambu

21,1; Campina Grande (Paraiba), 23,9; Areia, 23,0; Garanhuns, 22,0; Formo sa (Goiás), 27,7; Maria Madalena (Estado do Rio), 22.2; Valença (Esta do do Rio), 23,2; Monte Serrat (Esta do do Rio), 21,3; Santa Luzia (Goiás),

sua parte ocidental, durante o inverno,

151

Como sou apenas um folheador de quero ultimar o capítulo Com uma

longa citação de um mestre — o Dr.

Salomão .Serebrenick, chefe da Seção

Canos, baianos e goianos. Sevilha,

de Meteorologia e Estatística do Ser viço cie Aleteorologia do Ministério da

linda cidade cias margens do Guadalquivir, na alegre Andaluzia, terra de fartos vinhedos e olivais, tem 29,1

Agricultura. É longa mas vale a pena.

graus de temperatura média no mes mais quente. É uma indicação do que

"Êsse belo e variado clima do Bra

sil — clima que não conhece excessos

chegam a ser os verões em grande parte da Ibéria. O clima da Amazônia não tem a mo-

i

de calor ou de frio, livre de ciclones e de fenômenos catastróficos — tem si do, não obstante, vítima de juízos res

tritivos, no que diz respeito à sua pro

qüência. No Brasil não se conhecem perados e frios nem o tormento dos

seus dias de verão. São aqui raríssi-

mos os casos de insolação, tão comuns nos estios dos países temperados. "A umidade — outro elemento de capital importância — só na Amazô

nia se mostra exagerada, e na faixa li torânea é relativamente alta; a parte principal do.território brasileiro achase, ao contrário, compreendida entre

as isohigras anuais de 80%, chegando a umidade a descer em muitos pontos

abaixo de 65%, na média anual. Existe,

além disso, uma certa compensação entre os valores da temperatura e da umidade, que se desenvolvem em sen-


DiGiiSTO Econômico

150

** Geografia de Ia Nación Argentina": üissioncs, Formosa, Chaco, Corricn-

tes, Santa Fé, Cordoba, Santiago dei Estero, La Rioja, Catamarca, Tucutnan, Salta e Jujui.

1.

22,3; São Lourenço (Minas Gerais) 21,6. Vejamos as temperaturas médias do mês mais quente do ano, em algu mas cidades estrangeiras ; Santiago dei Estero (.Argentina), 28; Corricntes

J

DicEsro Econóauco

noloiiia (luc muita gente pensa. Além cie outros fatòrcs — as noites são os invernos da Amazônia —há as célebres

friagcn.s , Cjuebrando a monotonia, isto é, cutda.s frias (juc a atingem em

absolutas não se encontram entre os

(.Argentina), 26,1; }>ueno.s .Aires, 23,8; Filadélfia, Ballimore, São Luís e Cin-

trópicos, fato conhecido de qualquer

cinati, 25,4. No sul dos Estados Uni

e baixam consicleràvehneiitc a tenipe-

estudante de meteorologia. Estão nos

dos, a temperatura média do mês mais quente oscila entre 23 e 3U graus cen tígrados. O sul lios Estados Uniilos en trou numa fase de rapidíssima, prodi

intura. durante dias seguidos. As on

As maiores temperaturas máximas

países de climas temperados. Em bai xas latitudes e altitudes temos as se

guintes máximas absolutas : Sena Madureira (Acre), 37,5; Manaus, 37,8;

Belém, 35,1; São Luís, 34,8; Grajaii, (Maranhão), 37,0; Sobral (Ceará), 39,4; Mondubim (Ceará), 34,6; João Pessoa, 34,5; Propriá (Sergipe), 40,8;

Ondina (Bahia), 35,5. Nos planaltos; Guaramiranga, (Ceará), 32,0; Areia, (Paraíba), 32,9; Garanhuns (Pernam buco), 36,0; São Lourenço (Minas Ge

rais), 34,6; Santa Luzia (Goiás), 36,0. Comparemos Com Santiago dei Estero, 46,0; Catamarca, 43,5; Concórdia, 43,5;

Córdoba, 43; Goya, 43,0; La Rioja',

45,5; Mendoza, 42,0; Patagones, 43,0; Tucuman, 44,1; Baia Blanca, 42,5. To das essas cidades ficam na Argentina. Outros exemplos: Sevilha (Espanha), 50 graus; Death Valley (Estados Uni

dos), 57,2; Paris, 40; Montpellier (França), 42,9; Aziziz (Líbia), 58,1; Salamanca (Espanha), 44,8. Mais expressiva é a temperatura

giosa industrialização. Mas vejamos, noutras cidades iamiues, ainda a tem peratura média do mês mais

graus; Wcllington (ICansns), 28; .Amos

nho a agosto e justificam o emprego de soln-ctudos, mesmo durante o dia, c dc grossos cobertores, à noite, nas

priamente dita do clima. Ambas exa geradas e mesmo infundadas, são es

sas duas espécies de objeções devidas, geralmente, ao incompleto conheci mento dos fatos e à má discriminação de causas e efeitos.

"Realmente, o exame individual dos principais elementos climáticos mos

trou que nenhum deles apresenta limi tes prejudiciais à atividade do homem.

lelo 15, às margens do Guaporé, a tem

"A temperatura — elemento regula

peratura atinge menores temperaturas

dor que pode ser considerado — não

iriínimas absolutas: 4,4 em agosto, 6,5

em Julho, 6,7 em junho, 9,4 em maio, 1,2 em sctcmI>ro. Em Coxipó, Mato c^rosso, entre os paralelos 14 e 15, a

rael, 29 graus; Cairo, no Egito, 28 graus; Massauá (Eritréia), 34; Halls

volvimento das qualidades de energia — que subestinam a salubridade pro

c de 12 graus e a de outubro de 13,9. 1-ni Mato Grosso, cidade sob o para

peratura media do mês mais quente cleva-se a 34 graus; em Beirute, ca pital do Líbano, antiga Fenícia, graus; Jafa, na novel reptiblica de Is

certas Condições climáticas como in*

cômodas ou pouco propícias ao desen

tico, SC sucedem principalmente de ju

cni junho. A mínima absoluta de maio

tantas civilizações floresceram, a tem

"De duas ordens têm sido essas ob-

jeções: umas que consideram apenas

e iniciativa dos habitantes; as outras

temperatura cai a 5 graus positivos — '"íniina absoluta em agosto. Desce a 8 cni setembro, a 8,7 em julho e a 7,5

(Califórnia). 38,9; (ireeiiland (Califór nia), 39,8; Bagdá (Califórnia), 35,1. Em Bagdá c Mossul (Iraque), onde

priedade para a boa marcha da ativida de humana.

das frias, provenientes do polo antár

camas, l-.ni Sena Madureira, Acre, a

do ano: Mot Spring (.Arkansas), 2

ultrapassa 28 graus nem desce abai xo de 12 graus, em média anual. Os

Pequena altitude, observam-se mínimas

próprios valores extremos superiores clêsse elemento não alcançam os que, longe dos trópicos, ocorrem com fre

(Grécia), 27,3; Trípoli (Líbia), 30,1.

absolutas ainda menores: 1,7 graus ^l^aixo de zero em junlio, 3,3 graus po

os rigores de inverno dos países tem

Creek (Austrália), 30 graus: Smirna (Turquia), 27,3; Roma, 24,2; Atenas

Carachi (Paquistão), 32,1; In Sa a'

sitivos em julho, 6,7 em agosto, 10,2 em

(Argélia), 37; Lahore (índia), 32,5.

uiaio, 10.4 em setembro.

Os verões da Ibéria e da Itália em regra, muito quentes, às vezes mul

tratados de meteorologia e ecologia,

média do mês mais quente do ano:

to mais quentes do que os dos plaua

Sena Madureira, 26,0; Manaus, 27,6; Belém, 26,2; Mondubim, 26,3; João Pessoa, 26,1; Ondina, 26,2; Niterói, 25 5. Nos planaltos: Guaramiranga,

tos cearenses, paraibanos, pernambu

21,1; Campina Grande (Paraiba), 23,9; Areia, 23,0; Garanhuns, 22,0; Formo sa (Goiás), 27,7; Maria Madalena (Estado do Rio), 22.2; Valença (Esta do do Rio), 23,2; Monte Serrat (Esta do do Rio), 21,3; Santa Luzia (Goiás),

sua parte ocidental, durante o inverno,

151

Como sou apenas um folheador de quero ultimar o capítulo Com uma

longa citação de um mestre — o Dr.

Salomão .Serebrenick, chefe da Seção

Canos, baianos e goianos. Sevilha,

de Meteorologia e Estatística do Ser viço cie Aleteorologia do Ministério da

linda cidade cias margens do Guadalquivir, na alegre Andaluzia, terra de fartos vinhedos e olivais, tem 29,1

Agricultura. É longa mas vale a pena.

graus de temperatura média no mes mais quente. É uma indicação do que

"Êsse belo e variado clima do Bra

sil — clima que não conhece excessos

chegam a ser os verões em grande parte da Ibéria. O clima da Amazônia não tem a mo-

i

de calor ou de frio, livre de ciclones e de fenômenos catastróficos — tem si do, não obstante, vítima de juízos res

tritivos, no que diz respeito à sua pro

qüência. No Brasil não se conhecem perados e frios nem o tormento dos

seus dias de verão. São aqui raríssi-

mos os casos de insolação, tão comuns nos estios dos países temperados. "A umidade — outro elemento de capital importância — só na Amazô

nia se mostra exagerada, e na faixa li torânea é relativamente alta; a parte principal do.território brasileiro achase, ao contrário, compreendida entre

as isohigras anuais de 80%, chegando a umidade a descer em muitos pontos

abaixo de 65%, na média anual. Existe,

além disso, uma certa compensação entre os valores da temperatura e da umidade, que se desenvolvem em sen-


/

152

tido inverso, resultando daí uma ate

nuação mútua dc efeitos. "Da pressão atmosférica, do vento c da nebulosidade — menos importantes,

já se yc — nem se impõe falar. São éles de uma distribuição, pode-se di zer, tão regular que de nenhuma for ma podem servir de empecilho ao traballio humano.

"Outro aspecto da questão da im-

Dicesto Ecosónuco

verno

gularmente por massas dc ar frias, po lares — invasões que se sucedem coni intervalos médios dc seis dias e, des-

sarte, perturbam

pcriòdicamciUe^ o

tempo; invasões <iuc

muitas vezes

atingem a zona equatorial da costa c a

do a sua suposta constância, que repercutirir nocivamente sòbre a ener

conhecido fenômeno dc "friagcm "

em suficiente grau a luta pela vida. "Mais uma vez, há cxagêro na su posição. Se, incgàvelmente, está o cli ma do Brasil isento de excessos, lon ge se acha dessa pretendida uniformi dade. Sem falar na zona temperada do País, que abrange vários Estados, e

não sol>rará lugar para falar cm cons tância do clima l)rasilciro.

"Isto, (luanto à constância do tem po. Com respeito à uniformidade no espaço, mais patente ainda c a sua

inexistência.

Em

regiões

estrcjtas

mesmo, é freqüente alternarcm-se djmá.s de costa e continentais, de planí

cie e de montanha, secos c úmidos, quentes e temperados.

onde se apresentam bem acentuadas as

"Se, finalmente, não se perder dc

estações do ano, é de se notar que, nas regiões tropicais, onde essa discrimi

vista a expansão extraordinária qUÇ,

nação é fraca, existe a circunstância extraordinariamente favorável de se rem grandes as oscilações diurnas da

temperatura. Quase todo o País goza de amplitudes diurnas médias supe riores a 10 graus, não sendo raras as

que ultrapassam 15 graus. Onde falta, pois, a Caracterização sazonal, as noi-

Oscar T. Ettori

o País é cm grande parte invadido re

região amazônica, ocasionando nesta o

ta psicológico, já por não estimular

milho no setor de Presidente Prudente

"E se, além das variações térmicas anuais c diurnas citadas, se notar que

propriedade do clima brasileiro tem si

gia dos haoitantes, já do ponto de vis

Análise sobre o custo de produção de algodão e

tes desempenham a íiniçáo do "in

nos últimos tempo.s, vem tendo a uti lização do "ar condicionado',

gar-se-á à conclusão dc que o orgaius

mo humano, já por si dotado dc nina grande elasticidade quanto à adapta ção às condições climáticas ambientes, nada tem a recear da parte do di'n® deste país, que lhe possa tirar o con fôrto ou dcl)ilitar as energias físicas c intelectuais."

(Da Secretaria da Agricultura do Estado de São Paulo) I

J

CUSTO de produção é geralmente determinado tendo-sc em vista dois

dificuldades preliminares que surgem ao levantar-se o custo de produção adicio

principais objetivos: 1) auxiliar o agri

nam-se outros, quais sejam: um custo

cultor na organização ou na reorganiza

para cada propriedade, variação anual

ção dc sua propriedade; 2) ser\'ir de

do custo, falta de boa escrituração agrí

base para se traçar uma política agrí cola. No primeiro caso o agricultor en

cola etc.

contrará elementos que lhe permitirão

meiro ensaio a fim de se determinar o

comparar os cu.stos dos diversos méto

dos culturais ou apreciar os custos de

custo de produção das principais cultu ras do Estado foi realizado pela Subdi-

produção de várias propriedades explo

xásão de Econoniia Rural em 1949. Essa

radas sob determinados sistemas.

repartição da Secretaria da ,\gricultura

Quanto ao caso de formulação de uma

política agrícola, o custo de produção poderá servir de base para o governo fixar preços mínimos para os produtos agrícolas ou estabelecer preços bases que

estimulem a produção de certas merca

dorias para as quais o país oferece me lhores condições agrícolas e econômicas, Ou ainda poderá ser usado como base

Apesar dessas dificuldades, um pri

detemiinou o custo mcdío total da pro

dução de arroz, algodão, milho, trigo, feijão e café produzidos no Estado. Com au.\ílio de alguns dados obtidos naquele extenso "survey" econômico que cobriu todo o Estado, mostraremos aqui o trabalho necessário em dias de

serviço de homens, máquinas e ani mais, para produzir um alqueire de al

para determinar os preços que seriam

godão e de milho no setor de Presidente

Capazes de manter uma produção agrí cola suficiente para atender às neces sidades da população.

Prudente, na safra de 1948/49. O custo

A despeito do auxílio que o custo de produção pode trazer na solução de cer tos problemas de organização rural e de política agrícola, a sua determinação im plica em sérios debates. Assim, o pro

diário de operação dos fatores de pro dução (homem, animal de tração e má

quinas), assim como os gastos com os agentes de produção (sementes, adubos o inseticidas) serão aqui também'apre sentados.

Os elementos usados na análise que

dutor pensa em custo relacionando-o com

ora apresentamos foram coletados em 25

o preço de venda que ele recebe, en quanto o consumidor procura ver a re

Setor Agrícola de Presidente Prudente —

propriedades distribuídas dentro do

lação entre o custo e o preço que êle paga. Cada grupo de interessados está

que compreende vasta área da Soroca-

inclinado a aceitar o conceito de custo

napanema e Paraná, tendo início na al

o o custo de produção que sirva para defender seu ponto ,de vista. A essas

possua as culturas de algodão e de mi-

bana, limitada pelos rios do Peixe, Paratura de Assis.

Embora essa área não


/

152

tido inverso, resultando daí uma ate

nuação mútua dc efeitos. "Da pressão atmosférica, do vento c da nebulosidade — menos importantes,

já se yc — nem se impõe falar. São éles de uma distribuição, pode-se di zer, tão regular que de nenhuma for ma podem servir de empecilho ao traballio humano.

"Outro aspecto da questão da im-

Dicesto Ecosónuco

verno

gularmente por massas dc ar frias, po lares — invasões que se sucedem coni intervalos médios dc seis dias e, des-

sarte, perturbam

pcriòdicamciUe^ o

tempo; invasões <iuc

muitas vezes

atingem a zona equatorial da costa c a

do a sua suposta constância, que repercutirir nocivamente sòbre a ener

conhecido fenômeno dc "friagcm "

em suficiente grau a luta pela vida. "Mais uma vez, há cxagêro na su posição. Se, incgàvelmente, está o cli ma do Brasil isento de excessos, lon ge se acha dessa pretendida uniformi dade. Sem falar na zona temperada do País, que abrange vários Estados, e

não sol>rará lugar para falar cm cons tância do clima l)rasilciro.

"Isto, (luanto à constância do tem po. Com respeito à uniformidade no espaço, mais patente ainda c a sua

inexistência.

Em

regiões

estrcjtas

mesmo, é freqüente alternarcm-se djmá.s de costa e continentais, de planí

cie e de montanha, secos c úmidos, quentes e temperados.

onde se apresentam bem acentuadas as

"Se, finalmente, não se perder dc

estações do ano, é de se notar que, nas regiões tropicais, onde essa discrimi

vista a expansão extraordinária qUÇ,

nação é fraca, existe a circunstância extraordinariamente favorável de se rem grandes as oscilações diurnas da

temperatura. Quase todo o País goza de amplitudes diurnas médias supe riores a 10 graus, não sendo raras as

que ultrapassam 15 graus. Onde falta, pois, a Caracterização sazonal, as noi-

Oscar T. Ettori

o País é cm grande parte invadido re

região amazônica, ocasionando nesta o

ta psicológico, já por não estimular

milho no setor de Presidente Prudente

"E se, além das variações térmicas anuais c diurnas citadas, se notar que

propriedade do clima brasileiro tem si

gia dos haoitantes, já do ponto de vis

Análise sobre o custo de produção de algodão e

tes desempenham a íiniçáo do "in

nos últimos tempo.s, vem tendo a uti lização do "ar condicionado',

gar-se-á à conclusão dc que o orgaius

mo humano, já por si dotado dc nina grande elasticidade quanto à adapta ção às condições climáticas ambientes, nada tem a recear da parte do di'n® deste país, que lhe possa tirar o con fôrto ou dcl)ilitar as energias físicas c intelectuais."

(Da Secretaria da Agricultura do Estado de São Paulo) I

J

CUSTO de produção é geralmente determinado tendo-sc em vista dois

dificuldades preliminares que surgem ao levantar-se o custo de produção adicio

principais objetivos: 1) auxiliar o agri

nam-se outros, quais sejam: um custo

cultor na organização ou na reorganiza

para cada propriedade, variação anual

ção dc sua propriedade; 2) ser\'ir de

do custo, falta de boa escrituração agrí

base para se traçar uma política agrí cola. No primeiro caso o agricultor en

cola etc.

contrará elementos que lhe permitirão

meiro ensaio a fim de se determinar o

comparar os cu.stos dos diversos méto

dos culturais ou apreciar os custos de

custo de produção das principais cultu ras do Estado foi realizado pela Subdi-

produção de várias propriedades explo

xásão de Econoniia Rural em 1949. Essa

radas sob determinados sistemas.

repartição da Secretaria da ,\gricultura

Quanto ao caso de formulação de uma

política agrícola, o custo de produção poderá servir de base para o governo fixar preços mínimos para os produtos agrícolas ou estabelecer preços bases que

estimulem a produção de certas merca

dorias para as quais o país oferece me lhores condições agrícolas e econômicas, Ou ainda poderá ser usado como base

Apesar dessas dificuldades, um pri

detemiinou o custo mcdío total da pro

dução de arroz, algodão, milho, trigo, feijão e café produzidos no Estado. Com au.\ílio de alguns dados obtidos naquele extenso "survey" econômico que cobriu todo o Estado, mostraremos aqui o trabalho necessário em dias de

serviço de homens, máquinas e ani mais, para produzir um alqueire de al

para determinar os preços que seriam

godão e de milho no setor de Presidente

Capazes de manter uma produção agrí cola suficiente para atender às neces sidades da população.

Prudente, na safra de 1948/49. O custo

A despeito do auxílio que o custo de produção pode trazer na solução de cer tos problemas de organização rural e de política agrícola, a sua determinação im plica em sérios debates. Assim, o pro

diário de operação dos fatores de pro dução (homem, animal de tração e má

quinas), assim como os gastos com os agentes de produção (sementes, adubos o inseticidas) serão aqui também'apre sentados.

Os elementos usados na análise que

dutor pensa em custo relacionando-o com

ora apresentamos foram coletados em 25

o preço de venda que ele recebe, en quanto o consumidor procura ver a re

Setor Agrícola de Presidente Prudente —

propriedades distribuídas dentro do

lação entre o custo e o preço que êle paga. Cada grupo de interessados está

que compreende vasta área da Soroca-

inclinado a aceitar o conceito de custo

napanema e Paraná, tendo início na al

o o custo de produção que sirva para defender seu ponto ,de vista. A essas

possua as culturas de algodão e de mi-

bana, limitada pelos rios do Peixe, Paratura de Assis.

Embora essa área não


Digesto EcoNÓNnco

154

D1GK.ST0

Econômico

155

lho com as melhores médias de rendi

um terceiro grupo, que constituía a

mento por região no Estado, ela con

zação das máquinas o veículos nas explo

pas manuais.

da produção total de algodão c milho

maioria, praticava a agricultura meca nizada a tração animal. Entre todos esses produtores cncontravam-sc proprie

rações \-isitadas era relativamente baixa.

de São Paulo, em 1949. Os rendimen

tários, arrendatários c parceiros (mcci-

Parto disso 6 de\'ido ao fato de algumas

Por conseguinte, se considerarmos sòmente as propriedades que usaram as

tos das culturas de algodão c milho nessa

máquinas não serem usadas em certas opcraçõc.s culturais embora as mesmas

máquinas em tôdas as operações cultu rais, veremos, pelos dados do quadro 11,

que podem ser atribuídas a várias cau

ro3, terceiros etc.). Alguns deles explo ravam c.xclusivamcnte algodão ou milho, enquanto outros sc dedicavam a ambas

fossem mecanizadas.

Assim, entre as

que o número médio dc dias de sei^ã-

sas, tais como tratos culturais, sistemas

culturas ou \árias delas ao mesmo tem

propriedades visitadas, algumas aravam

po.

mas não gradeavam, enquanto outras realizavam essas operações mas não apíi-

ço de utilização das máquinas, veículos e animais de tração eleva-se por uni

correu com 35 % e 5% respectivamente,

zona apresentaram grandes oscilações,

de exploração, qualidades das terras,

Nós limitamos nossa análise ao

condições climáticas etc. Assim, encon tramos produção desde 90 até 300 arro

grupo dos produtores que sc utilizavam

bas c 36 até 120 sacas por alqueire,

ser esse o grupo que representava a

respectivamente para o algodão c milho.

de máquinas em suas explorações, por

nica de exploração adotada cm cada

maior parte do volume produzido pari os centros consumidores. A despeito dessa característica da agricultura co

termos físicos) realizados com homem,

lizavam a automecanização e adotavam praticas racionais para tornar mais efi cientes suas explorações. Finalmente

AGENTES

propriedade c medirmos os gastos (cm

Animal de tração

animais de tração c implementos em cada operação cultural — roçada, aração, semeadura, capinas, combate às pra

Arado Grade

Bico de pato

gas, colheita etc. — determinamos o nú

Meia lua Planct Semeadeira

mero médio de dias de serviço de utili zação de homem, animais e das diver

sas máquinas, por alqueire de área cul

Adubadeira Plantadeira Pulverizador Polvilhadeira

quadro I

UtlliZQÇQO Tnédio d€ JlOTnpm vytííjt •

«/rr/.j' ® animais nas propriedades parcialmente mecanizadas algodão

Dias por alqueire Braço

Animal de tração

^

.

. .." :

Veículo

MILHO

Os dados do quadro II, além de nos

Dias por alqueire

MILHO

Dias por alqueire

52,49 8,27

33,55

2,06 9,22

1,68 5,07

4,72

6,61

-

0,57 _

2,04

11,30

1,00 2,40 3,00

0,61

2,87

padas em cinco fases distintas: 1) prepa

mostrarem a utilização média das má

ro do solo; 2) adubação e semeadura;

quinas nas propriedades visitadas, apre

3) tratos culturais; 4) colheita e 5) re moção dos restos culturais. Tendo-se em

sentam-nos também o tempo médio gas

27,72

ALGODÃO

Dias por alqueire

1,60 1.20 1,60 1,94

Fole

138,41

Arado Grade

dade de área.

QUADRO II

tivada.

_

cavam a carpideàa, limitando-se às car-

Utilização média de máquinas e animais nas propriedades inteiratnentc mecanizadas

maioria. Depois de ob.scr\'armo,s a téc

Os produtores da região, de um modo geral, destinavam a totalidade ou a

mercializada, alguns dêles ainda seguiam os métodos rotineiros da exploração agrícola auto-suficiente. Outros, porém, uti

Como vemo.s, a intensidade dc utili

to na execução de certas operações cul

vista não só apreciar a mão-de-obra e o

Bico de pato ...

turais como a aração, gradeação, aduba-

trabalho de animais usados em cada uma

Meia lua

ção e semeadura mecânica.

daquelas fases da exploração, como tam bém a porcentagem de serviço que êles

Como sabemos, a exploração do al

Planet

Semeadeira Adubadeira Plantadeira .• • • Pulverizador Polvilhadeira ...

10,55

Fole Veículo

godão e do milho envolve diversas ope

representam no total gasto, apresentamos

rações culturais, e estas podem ser agru

o quadro III.


Digesto EcoNÓNnco

154

D1GK.ST0

Econômico

155

lho com as melhores médias de rendi

um terceiro grupo, que constituía a

mento por região no Estado, ela con

zação das máquinas o veículos nas explo

pas manuais.

da produção total de algodão c milho

maioria, praticava a agricultura meca nizada a tração animal. Entre todos esses produtores cncontravam-sc proprie

rações \-isitadas era relativamente baixa.

de São Paulo, em 1949. Os rendimen

tários, arrendatários c parceiros (mcci-

Parto disso 6 de\'ido ao fato de algumas

Por conseguinte, se considerarmos sòmente as propriedades que usaram as

tos das culturas de algodão c milho nessa

máquinas não serem usadas em certas opcraçõc.s culturais embora as mesmas

máquinas em tôdas as operações cultu rais, veremos, pelos dados do quadro 11,

que podem ser atribuídas a várias cau

ro3, terceiros etc.). Alguns deles explo ravam c.xclusivamcnte algodão ou milho, enquanto outros sc dedicavam a ambas

fossem mecanizadas.

Assim, entre as

que o número médio dc dias de sei^ã-

sas, tais como tratos culturais, sistemas

culturas ou \árias delas ao mesmo tem

propriedades visitadas, algumas aravam

po.

mas não gradeavam, enquanto outras realizavam essas operações mas não apíi-

ço de utilização das máquinas, veículos e animais de tração eleva-se por uni

correu com 35 % e 5% respectivamente,

zona apresentaram grandes oscilações,

de exploração, qualidades das terras,

Nós limitamos nossa análise ao

condições climáticas etc. Assim, encon tramos produção desde 90 até 300 arro

grupo dos produtores que sc utilizavam

bas c 36 até 120 sacas por alqueire,

ser esse o grupo que representava a

respectivamente para o algodão c milho.

de máquinas em suas explorações, por

nica de exploração adotada cm cada

maior parte do volume produzido pari os centros consumidores. A despeito dessa característica da agricultura co

termos físicos) realizados com homem,

lizavam a automecanização e adotavam praticas racionais para tornar mais efi cientes suas explorações. Finalmente

AGENTES

propriedade c medirmos os gastos (cm

Animal de tração

animais de tração c implementos em cada operação cultural — roçada, aração, semeadura, capinas, combate às pra

Arado Grade

Bico de pato

gas, colheita etc. — determinamos o nú

Meia lua Planct Semeadeira

mero médio de dias de serviço de utili zação de homem, animais e das diver

sas máquinas, por alqueire de área cul

Adubadeira Plantadeira Pulverizador Polvilhadeira

quadro I

UtlliZQÇQO Tnédio d€ JlOTnpm vytííjt •

«/rr/.j' ® animais nas propriedades parcialmente mecanizadas algodão

Dias por alqueire Braço

Animal de tração

^

.

. .." :

Veículo

MILHO

Os dados do quadro II, além de nos

Dias por alqueire

MILHO

Dias por alqueire

52,49 8,27

33,55

2,06 9,22

1,68 5,07

4,72

6,61

-

0,57 _

2,04

11,30

1,00 2,40 3,00

0,61

2,87

padas em cinco fases distintas: 1) prepa

mostrarem a utilização média das má

ro do solo; 2) adubação e semeadura;

quinas nas propriedades visitadas, apre

3) tratos culturais; 4) colheita e 5) re moção dos restos culturais. Tendo-se em

sentam-nos também o tempo médio gas

27,72

ALGODÃO

Dias por alqueire

1,60 1.20 1,60 1,94

Fole

138,41

Arado Grade

dade de área.

QUADRO II

tivada.

_

cavam a carpideàa, limitando-se às car-

Utilização média de máquinas e animais nas propriedades inteiratnentc mecanizadas

maioria. Depois de ob.scr\'armo,s a téc

Os produtores da região, de um modo geral, destinavam a totalidade ou a

mercializada, alguns dêles ainda seguiam os métodos rotineiros da exploração agrícola auto-suficiente. Outros, porém, uti

Como vemo.s, a intensidade dc utili

to na execução de certas operações cul

vista não só apreciar a mão-de-obra e o

Bico de pato ...

turais como a aração, gradeação, aduba-

trabalho de animais usados em cada uma

Meia lua

ção e semeadura mecânica.

daquelas fases da exploração, como tam bém a porcentagem de serviço que êles

Como sabemos, a exploração do al

Planet

Semeadeira Adubadeira Plantadeira .• • • Pulverizador Polvilhadeira ...

10,55

Fole Veículo

godão e do milho envolve diversas ope

representam no total gasto, apresentamos

rações culturais, e estas podem ser agru

o quadro III.


Digksto Econômico

156

Drci-:.sTo

QUADRO III Utilização de homem e animais de tração por alqueire cultivado ALGOD.AO

OPERAÇÕES

Homem (I) Dias

%

Ecónó.x iico

157

QUADRO IV

Custí) médio diário de máquinas, veículos e animais de tração (1)

MILHO

Animal Dias %

I-IOMKM (l) Dias

%

MAQUINAS

Veículos

Animal

Dias

Adub. semeadura . .. Tratos culturais

capinas manuais . ..

capinas mecânicas.. combate à praga .. Colheita (2) Arrancamento e quei

ma de soq Total

20,16 3,75

14,6 17,80 2,7 0,42

49,5 16,89 1,2 2,11

29.9 3,7

22,63 7,81 13,43

16,0 5,6 9,7

9,12 2,99

25,4 8,3

10,27 2,98

63,83

46,1

5,42

15,1

0,83 23,47

6,80

4,9

0,16

0,5

.54,2

0,14

0,5

18,2 5.2

3,77

13,6

Grado dc dente Plantadcira manual •. ... Scmcadeira mecânica ... Adubadcira

1,5 41,5

Bico de pato

7,10

8,79

31,7

Planct

8,90

Meia lua Pulverizador manual .... Polvilhadeira manual ... Fole

4,20 8,10 9,20 4,10

Uma vez determinada a quantidade de

de tração usados. No caso destes últimos

serviços gastos com os diversos agentes

consideramos ainda o valor da ração e

empregados na exploração, passaremos a

do pasto consumido por cabeça, c o sen preço de venda depois de certo número

de anos de serviço na propriedade (®).

utilização de um arado, de um burro

(*) As fórmulas usadas no cálculo

etc.

Custo diário de operação de máquinas, veículos e animais de tração

Na determinação dêsses custos leva mos em conta os preços de compra, número total de dias de serviço Reali

zado na propriedade, anos de duração, conservação e reparos, e juros sôbre o valor das diversas máquinas e animais

mento para colheita de algodão foi, em

média, Cr$ 8,40 por arroba. (2) Inclui a colheita, transporte para

a tulha, secagem e ensacamento do algo dão. Para o milho está inclwdo o trans

porte e o armazenamento, mas não a debulha.

por dia

Carroça

Finalmente, se desejarmos os elemen tos necessários para se calcular um custo do produção para o algodão o o milho,

tiuas de algodão e inexistente nas do milho. O combate ãs pragas algodoeiras era medida generalizada, embora, algu mas vêzes, não fôsse efetuada com efi

mentes, adubos e inseticidas.

ciência. Isso podia ser atribuído à falta

1) - C.U.D.

adubação era pouco difundida nas cul-

Na região notamos que a prática da C+ J

Burro

devemos ver as despesas feitas com se Custos com sementes, inseticidas e adubos

de conhecimento do agricultor e à ca rência de inseticidas. Na cultura do milho os inseticidas eram usados so-

mente no extermínio das formigas.

QUADRO V

(maquinas e veículos) = N

2) - C.U.D.

Cr$

tração

5,00 7,10 13,80 19,30

do custo diário foram;

Desj^as com adubos, inseticidas e sementes por alqueire

P_P +A-bJ Adubos

CrS

(animal de tração) =: N

P = preço de compra

(1) A diária média do trabalhador da região era de Cr$ 25,40. O paga

8,30

15,02

138,41 100,0 35,91 lOO.O 56,55 100,0 27,72 100,0

ver o custo de operação dos mesmos, ou seja, quanto custa para o produtor a

A^^^£AIS DE

%

Arado dc ai\'cca

Preparo do solo ....

Ct$

por dia

Algodão Milho

132,90 —

Inseticidas Cr$

416,90 35,20

Ser)ientes

Cr$

.135,50 76,20

p =z preço de venda do animal

N = número total de dias de serviço rea lizado durante o ano n = número de anos de .serviço

C = conservação e reparos anuais A = Alimentação e pasto consumido anualmente por cabeça-

J = furos de 5% sôbre metade do preço de compra

De posse de todos esses dados, po

de-se calcular o custo parcial de pro (1) A diária média do trabalhador

da região era de Cr$ 25,40. O paga mento para colheita de algodão era, em

média, de Cr$ 8,40 por arrôba.

dução (2) das culturas estudadas no setor de Presidente Pnidente.

(2) O custo total de produção, assim como a renda obtida nessas culturas, serão vistos posteriormente em ouiro artigo.


Digksto Econômico

156

Drci-:.sTo

QUADRO III Utilização de homem e animais de tração por alqueire cultivado ALGOD.AO

OPERAÇÕES

Homem (I) Dias

%

Ecónó.x iico

157

QUADRO IV

Custí) médio diário de máquinas, veículos e animais de tração (1)

MILHO

Animal Dias %

I-IOMKM (l) Dias

%

MAQUINAS

Veículos

Animal

Dias

Adub. semeadura . .. Tratos culturais

capinas manuais . ..

capinas mecânicas.. combate à praga .. Colheita (2) Arrancamento e quei

ma de soq Total

20,16 3,75

14,6 17,80 2,7 0,42

49,5 16,89 1,2 2,11

29.9 3,7

22,63 7,81 13,43

16,0 5,6 9,7

9,12 2,99

25,4 8,3

10,27 2,98

63,83

46,1

5,42

15,1

0,83 23,47

6,80

4,9

0,16

0,5

.54,2

0,14

0,5

18,2 5.2

3,77

13,6

Grado dc dente Plantadcira manual •. ... Scmcadeira mecânica ... Adubadcira

1,5 41,5

Bico de pato

7,10

8,79

31,7

Planct

8,90

Meia lua Pulverizador manual .... Polvilhadeira manual ... Fole

4,20 8,10 9,20 4,10

Uma vez determinada a quantidade de

de tração usados. No caso destes últimos

serviços gastos com os diversos agentes

consideramos ainda o valor da ração e

empregados na exploração, passaremos a

do pasto consumido por cabeça, c o sen preço de venda depois de certo número

de anos de serviço na propriedade (®).

utilização de um arado, de um burro

(*) As fórmulas usadas no cálculo

etc.

Custo diário de operação de máquinas, veículos e animais de tração

Na determinação dêsses custos leva mos em conta os preços de compra, número total de dias de serviço Reali

zado na propriedade, anos de duração, conservação e reparos, e juros sôbre o valor das diversas máquinas e animais

mento para colheita de algodão foi, em

média, Cr$ 8,40 por arroba. (2) Inclui a colheita, transporte para

a tulha, secagem e ensacamento do algo dão. Para o milho está inclwdo o trans

porte e o armazenamento, mas não a debulha.

por dia

Carroça

Finalmente, se desejarmos os elemen tos necessários para se calcular um custo do produção para o algodão o o milho,

tiuas de algodão e inexistente nas do milho. O combate ãs pragas algodoeiras era medida generalizada, embora, algu mas vêzes, não fôsse efetuada com efi

mentes, adubos e inseticidas.

ciência. Isso podia ser atribuído à falta

1) - C.U.D.

adubação era pouco difundida nas cul-

Na região notamos que a prática da C+ J

Burro

devemos ver as despesas feitas com se Custos com sementes, inseticidas e adubos

de conhecimento do agricultor e à ca rência de inseticidas. Na cultura do milho os inseticidas eram usados so-

mente no extermínio das formigas.

QUADRO V

(maquinas e veículos) = N

2) - C.U.D.

Cr$

tração

5,00 7,10 13,80 19,30

do custo diário foram;

Desj^as com adubos, inseticidas e sementes por alqueire

P_P +A-bJ Adubos

CrS

(animal de tração) =: N

P = preço de compra

(1) A diária média do trabalhador da região era de Cr$ 25,40. O paga

8,30

15,02

138,41 100,0 35,91 lOO.O 56,55 100,0 27,72 100,0

ver o custo de operação dos mesmos, ou seja, quanto custa para o produtor a

A^^^£AIS DE

%

Arado dc ai\'cca

Preparo do solo ....

Ct$

por dia

Algodão Milho

132,90 —

Inseticidas Cr$

416,90 35,20

Ser)ientes

Cr$

.135,50 76,20

p =z preço de venda do animal

N = número total de dias de serviço rea lizado durante o ano n = número de anos de .serviço

C = conservação e reparos anuais A = Alimentação e pasto consumido anualmente por cabeça-

J = furos de 5% sôbre metade do preço de compra

De posse de todos esses dados, po

de-se calcular o custo parcial de pro (1) A diária média do trabalhador

da região era de Cr$ 25,40. O paga mento para colheita de algodão era, em

média, de Cr$ 8,40 por arrôba.

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Secção de rádios e acessórios — Material para iluminação fluorescente

Fones; 33-1523 e 33-1235 — Caixa Postal, 2311 End. Teleg.; 2ÉKALIL Rua Libero Badaró, 472 — Fone: 32-2374 — Caixa Postal, 1003 SÃO PAULO


I AÇÚCAR

—ÁLCOOL

Companhia Usina Vassununga SOCIEDADE ANÔNIMA

Meu caro Gontijo, Escritório Central:

Usina:

R. DR. FALCÃO FILHO, 56

lO.o andar — salas 1053/5/61 End. Telegr.: "SORRAB" Telefone: 2-7286 SÃO PAULO

End. Telegr.: "USINA"

Estação Vassununga - C. P. (Estado de São Paulo)

Torno a congratular-me com Você pcb magmfico empreendimento cultural sob sua direção. O "Digesto" é uma demonstração do vigor do espirito paulista, esse mesmo espírito que serviu de ponto de partida para "Reconquistd'. Duas revistas, dois programas que devem conjugar-se para hem do Brasil: o tradicionalismo de "Reconquislcf' c a força econômica de São Paulo, posta a serviço da cultura através do "Digesto".

Um grande abraço do a) José Pedro Galvão de Sousa (Professor da Faculdade Católica de Direito

e Diretor da "Reconquista")

/cr.. lUL ÃAiERiCÃNA CE CEECÃCEiC/ LTDA. DESPACHOS NA ALFANDEGA DE SANTOS

COLIS-POSTAUX, IMPORTAÇÃO, EXPORTAÇÃO E CABOTAGEM

Matriz: SÃO PAULO R. 15 DE NOVEMBRO, 228, 3.o and. CAIXA POSTAL, 4637

Filial: SANTOS RUA

ANTONIO CAIXA

TELLES,

POSTAL.

SO

465

TEL.: 3-3944 — 2-0734

TELEFONE

Emd. Tel.: ANTHERSUL

End. Tel.: ANTHERSUL

8185

Gráfica São José — Rua Galvão Bueno, 230 — Telefone 6-4812 — São Paulo


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o DEPARTAMENTO

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SUMARIO

(50®

Que 6 inveslimetiio? — Richard Lewinshon

O signlíicado político do corporalivismo — J. P. Galvâo de Sousa O que se deve conhecer de economia — Djacir Menezes Perspectivas da Economia de Guerra no Brasil — Roberto Pinto de Sousa Francisco Glicério e o ensilhamenío — Dorival Teixeira Vieira Qalógeras, financista — A. C. Salles Júnior rês perfis — Antônio Gontijo de Carvallto aralolo entre Haul Soares e Francisco Sales — Daniel de Carvalho

^

dos solos ácidos — José Setzer

Q ^udustriaiiaação" da cafeicultura — J. Testa

■-M.

e um repositório pjedoso de informações guardadas sob sigilo absoluto e conjtadas exclusiva e direlamenle aosinteressodcs '

^turo Banco Central e o mercado de caritais — Geraldo Banasklwitz

sniíesto burguês — João de Oliveira Filho profundidades da revolução comunista — Cândido Mota Filho

habitabilidade dos trópicos — Pimentel Gomes

5

10 15 20 29 33 39 44

48

52

56

63 73

78

^ivulgaçâo dos problemas filosóficos — Realismo — Paulo Edmur de Sousa Queiroz 85 ®Bpolio do banqueiro dos bandeirantes — Afonso de Taunay

irvã -Se trár- noSScr eaaóiSÓéú

Pág.

reve história da pecuária sul-riograndense — Nelson Werneck Sodré usto da produção e renda das culturas de algodão e milho — Oscar Ettori

RUA BOA VISTA. 51 — 9.° ANDAR — FONE 3-1112

N.o 76 — MARÇO DE 1951 — ANO VII

93

98 IQ4

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