I o departamento
I
Sl M Ü R I e
i)
Pág. Perspectivas da democracia no Brasil — Roland Corbisier Inflação e Imposto —Richard Lewinsohn
5 29
Problemas da repartição — Dorival Teixeira Vieira Investimento, poupança e indústrias-chaves — Roberto Pinto de Sousa
35 44
Escola Superior de Agricultura e Veterinária de Viçosa — Daniel de Carvalho ..
53
A função do capital e da técnica americanos na economia brasileira — Garrido Torres
e um repositório precioso de informações guardadas sob sigilo
absoluto e confiadas exclusiva e diretamente aosínleressodcs.
60
Atividades do Itamaratí — Raul Fernandes
65
Calógeras — Antônio Gontijo de Carvalho Salário Mínimo familiar — Rubens Maragliano
69 93
A sovietização da Ásia — Cândido Mota Filho Aspectos estruturais do Brasil — Bezerra de Freitas Vigília de guerra — Aldo M. Azevedo "Déficits" orçamentários — Geraldo O. Banaskiwitz
108 112 117 120
A intuição econômica de Eça de Queiroz — Djacir Menezes A revolução comunista na China — Arnóbio Graça Breve história da pecuária sul-rio-grandense — O ciclo dos tropeiros —
126 130 Sodré
136
Banqueiro de bandeirantes — Afonso de Taunay
Nelson
141
A habitabilidade dos trópicos — Pimentel Gomes Análise sôbre o custo de produção de algodão e milho no setor de Presidente
147
Prudente — Oscar T. Ettori
153
üH/tc-Se cón fwiéú'rktaóiXÓéér N.o 75 — FEVEREIRO DE 1951 — ANO VII
Werneck
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e colheitas.
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porcionam uma alimentação cientí
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DIGESTO ECOiHICO
Perspectivas da democracia no Brasil
Pubncodo sob Of euipíeioi de
Roland Corbisier
I lUIIDQ DOS NEGÓCIOS NUM rUIRIUI MUUL
ESSDCiatllO COMERCIAI DE SlO PAÜLO
"S'i] y avait un peuple de dieux,
il se gouvemerait démocratíque-
FEDERACAD 0*0 COMÉRCIO BO O Mi;Aesto Eeoiiómicti
estado OE SlO PAUIO
publicará no próximo número: Lewinsolin.
Diretor;
Aaíonlo Gonlijo de Carvalho
O
fj-.iP.
Econômico, órgSo de In® económIcaB e flnancel-
*Mi+A pela E<Ut6raP^^Ucado Comercialmensalmente Ltda
SIGNIFICADO
POLÍTICO
DO
CORPORATIVISMO - José Pedro Galvão de Sousa.
O QUE SE DEVE CONHECER DE nfio se responsabiliza
peios dados cujas fontes estejam
ECONOMIA — Djacir Menezes.
devidamente citadas, nem pelos conceitos emitidos em artljíoi aesl» nados
Na transcrlc&o de artigos pede-se eltar
o
nome
do
D 19•s t o
DIVULGAÇÃO DE PROBLEMAS FI
Aceita-se intercâmbio com pubU-
ASSIIfATURAS:
flexão mais profunda não apenas sobre
que vêm provocando, sugerem uma re
ma escorreita, situou-se, com êsse livro, na atualidade, entre os mais cintilantes
o problema da democracia considerada
escritores políticos do Brasil.
em si mesma, mas principalmente cm suas relações com a nossa realidade his tórica e sociológica.
As apreciações e exegeses do pleito de 3 de outubro, muitas das quais con traditórias no julgamento dos seus re contram os próprios democratas em re
lação ao conceito, à essência mesma da democracia. E. se, levando em conta
as lições da sociologia do conhecimento,
E FRANCISCO SALES - Daniel
fizermos abstração de tudo o n^e n^.s-
do
ses pronunciamentos, pode ser atribuído aos interesses de classe, ao sectarismo
Carvalho.
Oliveira Filho.
partidário e aos preconceitos ideolóiricos, verificaremos que duas teses ou atitudes emergem do debate com perfeita cla
Ano (simples) (registrado)
Cr? 50,00 CrS 58,00
reza e nitidez.
Número do mês:
Cr?
Atrasado:
Cr? 0.00
Sem duvida, a elaboração racional dessas teses corresponde, não raro. a
5,00
uma tentativa inconsciente de d'-fender
♦
e justificnr, no plano da ideologia polí
Redaçio « AdmintstraçSo:
tica, posições tomadas prèviamento. em função de interesses pessoais, de classe
TUdulo Boa Vista, «7 - 7.o andar TeL I-749Í — Caixa Postal. 249-B fie l^aulo
ou de partido. D?slígando-se, porém, dêsse condicionamento sociológico, as te1^
entidades. O sr. Roland Corbisier, que acaba de publicar "Consciência e Na ção", obra de afirmação e de fé, de elevado senso patriótico, vazada em for
Edmur de Sousa Queiroz.
MANIFESTO BURGUÊS - João de
Oigesto Econômico
As últimas e.xperiências eleitorais rea
lizadas em nosso país, e, especialmente, a de outubro de 1950, pela diversi dade dos comentários e interpretações
sultados, revelaram claramente a inde cisão e a perple.Nídade em' que se en
PARALELO ENTRE RAUL SOARES
Estado de São Paulo, sob os auspícios do Instituto de Economia das aludidas
LOSÓFICOS — Realismo — Paulo
Económleo,
cacOes congêneres nacionais e es trangeiras.
ne convicnt pas à des hommes."
Jean Jacqucs Rousseau (1).
QUE É INVESTIMENTO? - Ricbard tjt Buperlntendonio: wartlm Affonao Xavier da SUvelra
mcnt. Un gouvernemcnt si parfait
A conferência que ora inserimos em nossas colunas foi pronunciada no salão nobre da Associação Comercial de São Paulo e da Federação do Comércio do
ses assumem um valor próprio, inde
pendente dos motivos irracionais que lhes deram origem. Pois, ao traduzir-se em têrmos conceituais, ao configurar-se em ideologia, os interesses de ciasse se
in.screvem no plano das motivações ra cionais, das exigências e reivindicações que Se justificam diante de sí mesmas
na medida em que correspondem às ca tegorias universais do direito e da jus tiça.
Não desconhecendo, portanto, êsse condicionamento sociológico, mas consi
derando apenas o que há de racional nas atitudes assumidas em face da nossa
mais recente experiência democrática,
diríamos que, em relação aos seus resul tados, ó possível distinguir duas teses não só diversas mas contraditórias.
Julgando os resultados das últimas eleições, alguns os consideram uma vi
tória da democracia porque, de um modo geral, o pleito transcorreu em or
dem e o eleitorado pôde exercer em
DIGESTO ECOiHICO
Perspectivas da democracia no Brasil
Pubncodo sob Of euipíeioi de
Roland Corbisier
I lUIIDQ DOS NEGÓCIOS NUM rUIRIUI MUUL
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lação ao conceito, à essência mesma da democracia. E. se, levando em conta
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Jean Jacqucs Rousseau (1).
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Não desconhecendo, portanto, êsse condicionamento sociológico, mas consi
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mais recente experiência democrática,
diríamos que, em relação aos seus resul tados, ó possível distinguir duas teses não só diversas mas contraditórias.
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tória da democracia porque, de um modo geral, o pleito transcorreu em or
dem e o eleitorado pôde exercer em
Dicesto EcoNÓ.\nco ^•ó^^co Dicesto Eco^*ó^^co
7 • ••
a
estão na raiz e constituem o fundamen
plena liberdade o direito do voto, ma nifestando sem qualquer coação a sua vontade e as suas preferências. O sis tema teria funcionado de modo irre
preensível, assegurando ao povo sobe rano, pelo voto secreto, a possibilidade de exercer essa soberania, escolhendo livre 0 conscientemente os seus repre
sentantes. Reconhecida a lisiua do plei to, não haveria outra coisa a fazer senão
apenas uma crise da democracia en quanto instituição, forma de po\ ômo ou regime político, mas há também uma crise da democracia enquanto teoria da sociedade e do Estado, enquanto con
cepção das relações entre a Jibcrdade individual e o poder pviblico, entre a iniciativa e a propriedade particular e a autoridade social.
A crise não é só
to dc sistemas políticos írrcconciliávcis. O problema se desdobra, portanto, em dois aspectos principais: o primeiro, hu mano c universal; o segundo, brasileiro c nacional. Queremos salientar a irre-
il est dans les fers" (2), todo o esfôrço de Rousseau, nesse lii ro tão cliuo que ó uma obra-prima do racionalismo po lítico, se aplica em conceber um regime no qual êsse homem, que nasceu livre, possa recuperar a sua liberdade e garan
dulibilidade desses dois aspectos, por
tir o seu e.xWcício em face do poder.
que, assim como a unidade não anula
É conhecida a fórmula dc Rousseau
a variedade, esta, por sua vez, não dcs-
para resolver o problema da antinomia
trói a unidade. O que repugna ao es pírito, feito para distinguir e unir, é a
entre a liberdade e a autoridade.
A
maioria relativa ou absoluta dos sufrá
da palavra, do termo, mas do objeto ao qual a palavra se refere, pois embora a palavra seja a mesma, o seu significado tomou-se equívoco, uma vez que alude
gios.
a instituições e regimes não só diferen
mano, acham-se indissolúvclmente liga dos um ao outro,'embora sejam perfei
tes como contraditórios.
tamente distintos. O destino da demo
tant qu'à lui-même, et reste aussi libre
das eleições, longe de assinalarem um triunfo da democracia, significaram, ao
Ora, c precisamente porque há uma crise da democracia que sentimos a
cracia no Brasil está, sem dúvida, vin culado à sua sorte no mundo, mas a
qu'auparavant" (3). A solução desse
contrário, um malôgro do regime, pois,
necessidade de tomar consciência da
compreensão dos êxitos e malogros desse regime no plano da existência nacional
lhendo não os melhores mas os piores
quilo que constitui a sua essência, a fim de podermos saber o que estamos defen dendo c pelo que estamos lutando.
dentre os candidatos, a sua imaturida
Pois chega sempre um momento, o mo
de política, a sua carência de discerni mento e de capacidade de escolha. O
"julgamento", em que as palavras já não
aceitar o pronunciamento das umas. que traduz a vontade do povo, e.xpressa na Para outros, no entanto, os resultados
embora não tenha havido nem coação nem fraude, o eleitorado revelou, esco
sistema só teria funcionado bem
do
ponto de vista formal, isto é, quanto ao mecanismo ou processo de captação e
reconhecimento da vontade popular. No entanto, apesar de ter exercido livre
mento da "crise", etimològicamenté do nos podem satisfazer e no qual a inte ligência exige a ruptura do invólucro das palavras e o julgamento rigoroso da sua significação. A crise das instituições e
mente o seu direito de escolha, o povo
dos regimes provoca sempre êsse reflexo no plano do espírito, essa repercussão
teria revelado, não pela forma mas pelo
nas consciências que se empenham, en
conteúdo ou objeto dessa escolha, a sua
tão, a fim de poderem orientar e dirigir
inconsciência, a sua ignorância e a sua
a conduta humana, em discernir e escla
inaptidão para eleger os que merece riam representá-lo e dirigi-lo. O problema que está implicado nes
recer as origens da crise bem como o seu sentido e prováveis conseqüências. O problema da democracia brasileira, embora apresente aspectos próprios e es pecificamente nacionais, se inscreve nu
sas duas teses é o da própria essência
da democracia. Pois tanto os que de-
fendém a primeira como os que advo
gam a segunda se têm na conta de de mocratas autênticos. A sua divergên cia, porém, não envolve apenas uma
questão adjetiva ou secundária, mas atin ge os fundamentos e a natureza mesma
do regime democrático. Porque não ha
confusão e a separação.
Os dois as
pectos do problema, o nacional c o hu
dependo do conhecimento dos antece dentes históricos e das condições socio lógicas que constituem a sua "circuns tância" especificamente brasileira.
Indaguemos, pois, em primeiro lugar, refletindo sobre os resultados do nossas últimas experiências eleitorais e sobre as
diversas interpretações de que têm sido objeto, em que consiste a essência desse regime que segundo alguns se afirmou vitorioso no pleito de 3 dc outubro e, segundo outros, sofreu nessa mesma data
mais uma sensacional e espetacular derrota.
questão estava em "trouver une forme
d association qui défende et protège de touto Ia force conimune Ia perscnne et
les biens des associes, et par laquelle chacun, s'unissant à tous, n'obéisse pourproblema fundamental se encontra no "contrato social". Confundindo as sociedades naturais
com as sociedades artificiais, e postulan do gratuitamente um estado natural em que os homens teriam sido livres e iguais, Rousseau coloca, na origem da socieda de humana, um livre acordo de vonta
des, um pacto ou contrato pelo qual 'chacun se donnant à tous ne se donne
à personne" (4). A liberdade primitiva, incondicionada e total, sacrificada pelo homem ao concluir o pacto social, é em seguida recuperada, pois, obedecendo à vontade geral, o homem se obriga a ser
li\Te, uma vez que, na realidade, esta obedecendo apenas a si mesmo. "Ce que riiomnie perd par le, contrat social,
Sc consultarmos o livro que está na
c'est sa liberté naturelle et un droit
illimité à tout ce qu'il tente et peut
ma perspectiva mais ampla que- é a
raiz de todo o pensamento democráüco contemporâneo, êsse livro que tantos citam mas que tão poucos parecem ter lido, so consultarmos o "Contrato So
da situação e do destino desse regime
cial" de Rousseau, veremos que o essen
no mundo, ameaçado por uma nova
cial à democracia, tal como êle a con
guerra que não será apenas uma luta pela conquista de mercados e de terri tórios, mas também o choque entre duas concepções da vida e do homem que
cebe, não 6 propriamente a igualdade mas a liberdade. Desde a declararão
inicial,."1 homme est né libre, et partout
attcindre; ce qu'il gagne c'est Ia liberté
civile et Ia propriété de tout ce qu'il possède" (5).
A fonte do direito não será mais, por tanto, a natureza- humana, a razão, orien
tada pelos critérios transcendentes da
verdade e da justiça, mas o "contrato social", isto é, o livre acordo de vonta-
Dicesto EcoNÓ.\nco ^•ó^^co Dicesto Eco^*ó^^co
7 • ••
a
estão na raiz e constituem o fundamen
plena liberdade o direito do voto, ma nifestando sem qualquer coação a sua vontade e as suas preferências. O sis tema teria funcionado de modo irre
preensível, assegurando ao povo sobe rano, pelo voto secreto, a possibilidade de exercer essa soberania, escolhendo livre 0 conscientemente os seus repre
sentantes. Reconhecida a lisiua do plei to, não haveria outra coisa a fazer senão
apenas uma crise da democracia en quanto instituição, forma de po\ ômo ou regime político, mas há também uma crise da democracia enquanto teoria da sociedade e do Estado, enquanto con
cepção das relações entre a Jibcrdade individual e o poder pviblico, entre a iniciativa e a propriedade particular e a autoridade social.
A crise não é só
to dc sistemas políticos írrcconciliávcis. O problema se desdobra, portanto, em dois aspectos principais: o primeiro, hu mano c universal; o segundo, brasileiro c nacional. Queremos salientar a irre-
il est dans les fers" (2), todo o esfôrço de Rousseau, nesse lii ro tão cliuo que ó uma obra-prima do racionalismo po lítico, se aplica em conceber um regime no qual êsse homem, que nasceu livre, possa recuperar a sua liberdade e garan
dulibilidade desses dois aspectos, por
tir o seu e.xWcício em face do poder.
que, assim como a unidade não anula
É conhecida a fórmula dc Rousseau
a variedade, esta, por sua vez, não dcs-
para resolver o problema da antinomia
trói a unidade. O que repugna ao es pírito, feito para distinguir e unir, é a
entre a liberdade e a autoridade.
A
maioria relativa ou absoluta dos sufrá
da palavra, do termo, mas do objeto ao qual a palavra se refere, pois embora a palavra seja a mesma, o seu significado tomou-se equívoco, uma vez que alude
gios.
a instituições e regimes não só diferen
mano, acham-se indissolúvclmente liga dos um ao outro,'embora sejam perfei
tes como contraditórios.
tamente distintos. O destino da demo
tant qu'à lui-même, et reste aussi libre
das eleições, longe de assinalarem um triunfo da democracia, significaram, ao
Ora, c precisamente porque há uma crise da democracia que sentimos a
cracia no Brasil está, sem dúvida, vin culado à sua sorte no mundo, mas a
qu'auparavant" (3). A solução desse
contrário, um malôgro do regime, pois,
necessidade de tomar consciência da
compreensão dos êxitos e malogros desse regime no plano da existência nacional
lhendo não os melhores mas os piores
quilo que constitui a sua essência, a fim de podermos saber o que estamos defen dendo c pelo que estamos lutando.
dentre os candidatos, a sua imaturida
Pois chega sempre um momento, o mo
de política, a sua carência de discerni mento e de capacidade de escolha. O
"julgamento", em que as palavras já não
aceitar o pronunciamento das umas. que traduz a vontade do povo, e.xpressa na Para outros, no entanto, os resultados
embora não tenha havido nem coação nem fraude, o eleitorado revelou, esco
sistema só teria funcionado bem
do
ponto de vista formal, isto é, quanto ao mecanismo ou processo de captação e
reconhecimento da vontade popular. No entanto, apesar de ter exercido livre
mento da "crise", etimològicamenté do nos podem satisfazer e no qual a inte ligência exige a ruptura do invólucro das palavras e o julgamento rigoroso da sua significação. A crise das instituições e
mente o seu direito de escolha, o povo
dos regimes provoca sempre êsse reflexo no plano do espírito, essa repercussão
teria revelado, não pela forma mas pelo
nas consciências que se empenham, en
conteúdo ou objeto dessa escolha, a sua
tão, a fim de poderem orientar e dirigir
inconsciência, a sua ignorância e a sua
a conduta humana, em discernir e escla
inaptidão para eleger os que merece riam representá-lo e dirigi-lo. O problema que está implicado nes
recer as origens da crise bem como o seu sentido e prováveis conseqüências. O problema da democracia brasileira, embora apresente aspectos próprios e es pecificamente nacionais, se inscreve nu
sas duas teses é o da própria essência
da democracia. Pois tanto os que de-
fendém a primeira como os que advo
gam a segunda se têm na conta de de mocratas autênticos. A sua divergên cia, porém, não envolve apenas uma
questão adjetiva ou secundária, mas atin ge os fundamentos e a natureza mesma
do regime democrático. Porque não ha
confusão e a separação.
Os dois as
pectos do problema, o nacional c o hu
dependo do conhecimento dos antece dentes históricos e das condições socio lógicas que constituem a sua "circuns tância" especificamente brasileira.
Indaguemos, pois, em primeiro lugar, refletindo sobre os resultados do nossas últimas experiências eleitorais e sobre as
diversas interpretações de que têm sido objeto, em que consiste a essência desse regime que segundo alguns se afirmou vitorioso no pleito de 3 dc outubro e, segundo outros, sofreu nessa mesma data
mais uma sensacional e espetacular derrota.
questão estava em "trouver une forme
d association qui défende et protège de touto Ia force conimune Ia perscnne et
les biens des associes, et par laquelle chacun, s'unissant à tous, n'obéisse pourproblema fundamental se encontra no "contrato social". Confundindo as sociedades naturais
com as sociedades artificiais, e postulan do gratuitamente um estado natural em que os homens teriam sido livres e iguais, Rousseau coloca, na origem da socieda de humana, um livre acordo de vonta
des, um pacto ou contrato pelo qual 'chacun se donnant à tous ne se donne
à personne" (4). A liberdade primitiva, incondicionada e total, sacrificada pelo homem ao concluir o pacto social, é em seguida recuperada, pois, obedecendo à vontade geral, o homem se obriga a ser
li\Te, uma vez que, na realidade, esta obedecendo apenas a si mesmo. "Ce que riiomnie perd par le, contrat social,
Sc consultarmos o livro que está na
c'est sa liberté naturelle et un droit
illimité à tout ce qu'il tente et peut
ma perspectiva mais ampla que- é a
raiz de todo o pensamento democráüco contemporâneo, êsse livro que tantos citam mas que tão poucos parecem ter lido, so consultarmos o "Contrato So
da situação e do destino desse regime
cial" de Rousseau, veremos que o essen
no mundo, ameaçado por uma nova
cial à democracia, tal como êle a con
guerra que não será apenas uma luta pela conquista de mercados e de terri tórios, mas também o choque entre duas concepções da vida e do homem que
cebe, não 6 propriamente a igualdade mas a liberdade. Desde a declararão
inicial,."1 homme est né libre, et partout
attcindre; ce qu'il gagne c'est Ia liberté
civile et Ia propriété de tout ce qu'il possède" (5).
A fonte do direito não será mais, por tanto, a natureza- humana, a razão, orien
tada pelos critérios transcendentes da
verdade e da justiça, mas o "contrato social", isto é, o livre acordo de vonta-
rrjp-'-
DiGESTO ECONÓ>nCO
des que estaria na origem da sociedade humana, explicando assim a sua consti
tuição. "II n'y a", escreve ainda Rous-
seau, "ni ne peut y avoir nulle espèce de loi fondamentale obrigatoire pour le corps du peuple, pas même le contrat
gia democrática. Do mito inicial da li berdade e da igualdade dos homens, é possível deduzir lògicamcnte o mito d i soberania do povo e da vontade geral, ao qual se prende o princípio majori tário. Estabelecidos os fundamentos do
social" (6). A lei não nascerá mais da
novo regime, assentadas as suas premis
tradição, do costume, da autoridade, d i
sas teóricas, como rcalizíí-Io pràlicamcntc? Como fazer para que se exerça a
justiça e da razão, mas da liberdade e
do direito ilimitado que tem o homem "a tudo o que êle tenta e pode alcançar".
soberania do povo c sc manifeste a von
E como também não há mais nenhu
O go\ôrno direto do povo pelo próprio povo inclui uma impossibilidade mani festa, pois como observa René
ma ordem ontológica preexistindo à liberdade e regulando o seu
exercício, a liberdade só po derá ser limitada ou por si mesma, pelo interesse do pró prio sujeito, ou pela força, isto
tade geral?
I t
DiGESTO ECONÓ^^CO
poder a qualquer representante do povo significa uma rc.strição ao exercício dn sua soberania.
Levado às suas últimas
presentativa inaugura, portanto, um novo
critério para a aferição do justo e do verdadeiro. Até então, o critério da ver
conseqüências, o pensamento democrá tico, que não passa da rcfração do ra-
ou na impossibilidade desta, o da auto
cionalismo no campo da filosofia polí
ridade. O racionalismo da Enciclopédia
tica, conduz inevitavelmente ou à anar
rompe, porém, com a subordinação tra dicional da liberdade à verdade, inver
quia ou à tirania, como veremos adiante. A reivindicação da autonomia absoluta
para o povo, fonte única da soberania o do poder, requer, pelo menos em tese, a possibilidade de exercer pràticamente essa soberania. Pòís, como escreve ain
da Rousseau, "toute loi que le peuple
Guénon, "il est contradicloiro d'admetre que Ics mênvís
en personne n'a pas ratifiée est nullc; CG n'est point une loi. Le peuple an-
hommes puisserit êtrc à Ia fois gouvernants et gouvemés, parco que, pour employer le langage aristotélicien, un mê
glaís pense être libre, il se trompe fort;
dade havia sido a evidência e, na falta
tendo os termos do problema e fazen do a verdade depender da liberdade. A pergunta que está na raiz da de mocracia é a pergunta de Pilatos ao povo de Jerusalém: "quid est veritas?". Se somos capazes de conhecer a verda de e se possuímos critérios que nos permitem
descobri-la e reconhecê-la,
por que a abandonaríamos à irrespon
il ne Tcst que durant rélection des membres du parlcment: sitôt qu'ils sont élus, il est esclavc, il nost rien" (8). Ora, como vencer não a impossibili dade metafísica mas a dificuldade prá
sabilidade e à violência dos pronuncia
même temps et sous le même
dicação da liberdade. Se, de
tica, como fazer para que o povo possa
rapport. II y a lá une rela-
exercer a sua soberania e governar-se a
acôrdo com a sociologia do
tion qui supposc nécessairement deux termes en présen-
si mesmo? Excluída, por impossível, a
a
Interpretando o pensamento do autor do "Contrato Social", Simone Weil, num artigo de surpreendente lucidez, in titulado "Note sur Ia supression générale
obra de Rousseau no contexto
oc: 11 ne pourrait y avoir do
histórico em que foi produ
governés s'il n'y avait aussl
compromisso, a democracia indireta, o regime representativo. Desse compro
des gouvernants" (7). No entanto, é
misso entre a ideologia e a realidade
Rousseau partia de duas evidências:uma, que a razão escolhe a justiça e
essa impossibilidade que Rousseau pre
surgem duas instituições: o princípio
que o crime tem por móvel a paixão;
tende resolver ao imaginar o regime re
majoritário o o sufrágio universal. Am bos procedem, em última análise, do
é, pela afirmação das outras liberdades contrárias.
A mola que anima e propul siona o pensamento democrá tico é, pois, a idéia, a reivin
conhecimento,
situarmos
zida, compreenderemos melhor o seu ca ráter polêmico, de instrumento de luta contra uma ordem social e política ba seada na tradição, na autoridade e nos
privilégios. Na ordem de urgências, porém, a reivindicação da liberdade deveria preceder a da igualdade, embora
me ôtre ne peut être "cn ,acte" et "en puissance" cn
presentativo. Sem dúvida, a soberania é inalienável e, por isso, a teoria da re
No "Contrato Social" encontramos
tos que constituem a essência da ideolo
outra, que a razão é a mesma em todos
os homens, enquanto as paixões variam. As opiniões dos homens, portanto, de verão coincidir no que contêm de justo c de racional e diferir no que incluem
da realidade, embora o ideal, em sua
losófico, o cerne do problema da de-' do injusto e dé irracional. "Só em fun
pureza, exigisse o govôrno direto do po\'0
mocracia.
pelo próprio povo.
perfeitamente definidos todos esses mi
des partis politiques" (10), observa que
uma capitulação da ideologia em face
criar uma nova ideologia, ou uma nova
ciência e da razão.
cer sobre a vontade do menor número?
dogma fundamental da soberania do povo, mas o primeiro nos permite tocar no que constitui, do ponto de vista fi
presentação significa um compromisso,
ambas figurassem juntas no lema da Revolução Francesa. O essencial era
mitologia política, que canalizasse o ím peto revolucionário da burguesia nas cente e o justificasse no plano da cons
democracia direta, resta a solução de
mentos majoritários? Como justificar a
tese de que a vontade da maioria, ape nas por ser a da maioria, deve prevale
O dogma da liberdade c da igual dade exclui, em princípio, qualquer transferência ou delegação do poder. E a democracia autêntica seria aquela na
qual o povo mesmo, sem intermediários, faria as suas leis, as aprovaria e poria
em execução.
Qualquer outorga de
Seria assunto para um estudo especial, o exame das relações entre a democracia e a teoria do conhecimento. Limite-
mo-nos agora a observar que, como o
ção de um raciocínio semelhante — es
creve Simone Weil — é possível admitir que o consenso universal exprima a verdade" (11).
reconhece o próprio Hans Kelscn, "o
A verdade, bem como a justiça, é vuna só, ao passo que cada homem sus
postulado do princípio majoritário é o da equivalência das opiniões dos diver
Poderiam, assim, os homens concordar
sos indivíduos" (9). A democracia re
em relação ao justo e ao verdadeiro e.
cita novas formas de êrro e de injustiça.
rrjp-'-
DiGESTO ECONÓ>nCO
des que estaria na origem da sociedade humana, explicando assim a sua consti
tuição. "II n'y a", escreve ainda Rous-
seau, "ni ne peut y avoir nulle espèce de loi fondamentale obrigatoire pour le corps du peuple, pas même le contrat
gia democrática. Do mito inicial da li berdade e da igualdade dos homens, é possível deduzir lògicamcnte o mito d i soberania do povo e da vontade geral, ao qual se prende o princípio majori tário. Estabelecidos os fundamentos do
social" (6). A lei não nascerá mais da
novo regime, assentadas as suas premis
tradição, do costume, da autoridade, d i
sas teóricas, como rcalizíí-Io pràlicamcntc? Como fazer para que se exerça a
justiça e da razão, mas da liberdade e
do direito ilimitado que tem o homem "a tudo o que êle tenta e pode alcançar".
soberania do povo c sc manifeste a von
E como também não há mais nenhu
O go\ôrno direto do povo pelo próprio povo inclui uma impossibilidade mani festa, pois como observa René
ma ordem ontológica preexistindo à liberdade e regulando o seu
exercício, a liberdade só po derá ser limitada ou por si mesma, pelo interesse do pró prio sujeito, ou pela força, isto
tade geral?
I t
DiGESTO ECONÓ^^CO
poder a qualquer representante do povo significa uma rc.strição ao exercício dn sua soberania.
Levado às suas últimas
presentativa inaugura, portanto, um novo
critério para a aferição do justo e do verdadeiro. Até então, o critério da ver
conseqüências, o pensamento democrá tico, que não passa da rcfração do ra-
ou na impossibilidade desta, o da auto
cionalismo no campo da filosofia polí
ridade. O racionalismo da Enciclopédia
tica, conduz inevitavelmente ou à anar
rompe, porém, com a subordinação tra dicional da liberdade à verdade, inver
quia ou à tirania, como veremos adiante. A reivindicação da autonomia absoluta
para o povo, fonte única da soberania o do poder, requer, pelo menos em tese, a possibilidade de exercer pràticamente essa soberania. Pòís, como escreve ain
da Rousseau, "toute loi que le peuple
Guénon, "il est contradicloiro d'admetre que Ics mênvís
en personne n'a pas ratifiée est nullc; CG n'est point une loi. Le peuple an-
hommes puisserit êtrc à Ia fois gouvernants et gouvemés, parco que, pour employer le langage aristotélicien, un mê
glaís pense être libre, il se trompe fort;
dade havia sido a evidência e, na falta
tendo os termos do problema e fazen do a verdade depender da liberdade. A pergunta que está na raiz da de mocracia é a pergunta de Pilatos ao povo de Jerusalém: "quid est veritas?". Se somos capazes de conhecer a verda de e se possuímos critérios que nos permitem
descobri-la e reconhecê-la,
por que a abandonaríamos à irrespon
il ne Tcst que durant rélection des membres du parlcment: sitôt qu'ils sont élus, il est esclavc, il nost rien" (8). Ora, como vencer não a impossibili dade metafísica mas a dificuldade prá
sabilidade e à violência dos pronuncia
même temps et sous le même
dicação da liberdade. Se, de
tica, como fazer para que o povo possa
rapport. II y a lá une rela-
exercer a sua soberania e governar-se a
acôrdo com a sociologia do
tion qui supposc nécessairement deux termes en présen-
si mesmo? Excluída, por impossível, a
a
Interpretando o pensamento do autor do "Contrato Social", Simone Weil, num artigo de surpreendente lucidez, in titulado "Note sur Ia supression générale
obra de Rousseau no contexto
oc: 11 ne pourrait y avoir do
histórico em que foi produ
governés s'il n'y avait aussl
compromisso, a democracia indireta, o regime representativo. Desse compro
des gouvernants" (7). No entanto, é
misso entre a ideologia e a realidade
Rousseau partia de duas evidências:uma, que a razão escolhe a justiça e
essa impossibilidade que Rousseau pre
surgem duas instituições: o princípio
que o crime tem por móvel a paixão;
tende resolver ao imaginar o regime re
majoritário o o sufrágio universal. Am bos procedem, em última análise, do
é, pela afirmação das outras liberdades contrárias.
A mola que anima e propul siona o pensamento democrá tico é, pois, a idéia, a reivin
conhecimento,
situarmos
zida, compreenderemos melhor o seu ca ráter polêmico, de instrumento de luta contra uma ordem social e política ba seada na tradição, na autoridade e nos
privilégios. Na ordem de urgências, porém, a reivindicação da liberdade deveria preceder a da igualdade, embora
me ôtre ne peut être "cn ,acte" et "en puissance" cn
presentativo. Sem dúvida, a soberania é inalienável e, por isso, a teoria da re
No "Contrato Social" encontramos
tos que constituem a essência da ideolo
outra, que a razão é a mesma em todos
os homens, enquanto as paixões variam. As opiniões dos homens, portanto, de verão coincidir no que contêm de justo c de racional e diferir no que incluem
da realidade, embora o ideal, em sua
losófico, o cerne do problema da de-' do injusto e dé irracional. "Só em fun
pureza, exigisse o govôrno direto do po\'0
mocracia.
pelo próprio povo.
perfeitamente definidos todos esses mi
des partis politiques" (10), observa que
uma capitulação da ideologia em face
criar uma nova ideologia, ou uma nova
ciência e da razão.
cer sobre a vontade do menor número?
dogma fundamental da soberania do povo, mas o primeiro nos permite tocar no que constitui, do ponto de vista fi
presentação significa um compromisso,
ambas figurassem juntas no lema da Revolução Francesa. O essencial era
mitologia política, que canalizasse o ím peto revolucionário da burguesia nas cente e o justificasse no plano da cons
democracia direta, resta a solução de
mentos majoritários? Como justificar a
tese de que a vontade da maioria, ape nas por ser a da maioria, deve prevale
O dogma da liberdade c da igual dade exclui, em princípio, qualquer transferência ou delegação do poder. E a democracia autêntica seria aquela na
qual o povo mesmo, sem intermediários, faria as suas leis, as aprovaria e poria
em execução.
Qualquer outorga de
Seria assunto para um estudo especial, o exame das relações entre a democracia e a teoria do conhecimento. Limite-
mo-nos agora a observar que, como o
ção de um raciocínio semelhante — es
creve Simone Weil — é possível admitir que o consenso universal exprima a verdade" (11).
reconhece o próprio Hans Kelscn, "o
A verdade, bem como a justiça, é vuna só, ao passo que cada homem sus
postulado do princípio majoritário é o da equivalência das opiniões dos diver
Poderiam, assim, os homens concordar
sos indivíduos" (9). A democracia re
em relação ao justo e ao verdadeiro e.
cita novas formas de êrro e de injustiça.
Dicesto EcoNÓAnco
11
Digesto EcONÓ^^co
10
progresso necessário e indefinido, ao in-
como a união cria a fôrça, talvez fôsse
soberania.
possível dêsse modo fazer a justiça e a
resultar do pronunciamento unânime do
verdade prevalecerem sôbre o êrro e a injustiça. A democracia, por meio do
povo, mas como essa unanimidade é pra ticamente impossível, a teoria se resigna
princípio majoritário e do sufrágio uni
a fazer da vontade da maioria, da me
versal, deveria assegurar e promover esse predomínio. Pois uma injustiça, mes mo endossada pela vontade da maioria do povo, não seria menos injusta do que
tade mais um, a fonte do dircilo e da
a injustiça de um só homem. Rousseau acreditava, como ainda observa Simone
Weil, que "uma vontade comum a todo
a qual, por sua vez, postula o relativísmo metafísico. A democracia é, por tanto, a expressão política do racionalismo. O que está na sua raiz não é o
êle o único motivo de preferir a vonta
peitoso dos outros como de si mesmo —
de do povo a uma vontade particular"'
na expressão de Bergson — inserindo-se em obrigações que considera absolutas, e
Ora, para que a "vontade geral", as
pensável, em primeiro lugar, que, no ato de tomar consciência de si mesma e
exprimir-se, nenhuma paixão coletiva a
que culminou na filosofia positivista de Augusto Comte, bem como às reivindi cações sociais e políticas da burguesia.
como vimos, a equivalência das opiniões,
ciências antropológicas o revelam c ex
sim entendida, pudesse manifestar-se li vremente, ém sua pureza, seria indis
nalismo anti-religioso e anti-metafísico
justiça. O princípio majoritário implica,
um povo é de fato conforme à justiça, pela neutralização e pela compensação das pakões particulares. Êsse era para (12).
diistrialismo, ao "objctivismo" científi co, ao culto da "c.xpcriência", ao racio-
Em tese, as leis deveriam
homem real tal como a história e as
plicam, mas um homem hipotético, "res
coincidindo tão bem com êsse abso
luto que não se pode mais dizer se é o dever que confere o direito ou o di reito que impõe o dever" (14). Êsse
homem ideal, legislador e súdito ao mesmo tempo, é o "cidadão", unidade ou átomo que, somado aos outros áto
perturbasse e, em segundo, que o objeto do seu pronunciamento não fossem ape nas pessoas ou coletividades irrespon
mos, irá constituir o "povo", deposi
sáveis, mas os problemas da nação. "O
dãos têm, por hipótese, os mesmos direi
tário da soberania.
E como os cida
4:
que nasceram os mo\imcntos que se pro-" punham destruí-las. Veremos, na ter
ceira parte dôste trabalho, as razões liistóricas que explicam a crise da demo cracia o quais as perspectivas que se
O problema que a democracia se pro punha resolver era o da organização da
abrem" para êsse regime, no mundo e em nosso país.' Digamos, porém, desde já, que, em relação à experiência na cional e ao pleito de 3 de outubro de
sociedade humana em função apenas da liberdade, e de uma liberdade eman
sustentam a tese de que o pleito assina
1950, a razão está com aquéles que
cipada da tradição, da autoridade o da
lou uma vitória da democracia, porque,
própria verdade, e diluída no subjetivisjno individualista. Ignorando a natu reza humana, e as condições reais em
embora os eleitos não tenham sido os
que se desenvolve a dialética da liberdade — que, desvinculada de qualquer instância ontclógica que a regule e pre serve, se corrompe em arbítrio ou em
puro capricho - a democracia criou tôdas as condições que deveriam condu zir as sociedades humanas a essa osci lação permanente entre a anarquia e
tirania. Pois o paradoxo da liberdade
melhores, o povo votou li\Temente e livremente e.xerceu o seu direito de es
colha. Pois, como acabamos de ver, e como ensina Hans Kelsen, "a idéia da
liberdade é o princípio fundamental da democracia" (15). A eleição dos melhores, dos mais
aptos, dos mais capazes, nunca foi o objetivo, a razão de ser da democracia, que é, por definição, o regime das maio rias e, portanto, da incompetência e da
da própria liberdade. Desfeita a unidade
mediocridade. Se o regime se propu-" sesse levar ao poder os melhores e os mais capazes, escolliendo-os segundo o critério do valor e da competência, dei
espiritual e moral que assegurava a coe
xaria de ser democrático e se tornaria
são da vida humana em sociedade, como
uma aristocracia .eletiva.
que rompeu sua subordinação à ver dade é o de que, em seu nome, é pos sível defender e preconizar a supressão
Os melhores
simples enunciado dessas duas condições — conclui Simone Weil — mostra que jamais conhecemos nada que se pareça
tos, inclusive o de defender livremente
organizá-la em função apenas de uma
qualquer opinião, e, como todas as opi niões têm o mesmo valor porque a
liberdade que se tomou inútil e absurda
serem os seus nomes consagrados nas
desde que a vida humana perdeu o
umas, nem dependem do aplauso das
mesmo de longe com uma democracia"
verdade se tornou incognoscívcl, para
sentido?
(13). Enquanto arquétipo platônico, e em função das exigências da sua lógi ca interior, a democracia sempre foi
conseguir um mínimo de entendimento,
apenas, como único recurso, a contagem
multidões para serem o que são. De acordo com a lógica do sistema, a democracia se realiza desde que seja
e sempre será inexequível. O que cha
mecânica das opiniões equivalentes, se
mamos de democracia não é a teoria
gundo o critério da maioria relativa ou
tal como se acha formulada no "Contra to Social", por exemplo, mas o que re sulta do compromisso, da transigência da teoria com a realidade.
absoluta.
Porque não basta sustentar a tese da
necessário à aprovação das leis, resta
A democracia tem, pois, um caráter puramente formal, de mecanismo neutro
e indiferente, destinado apenas a permi tir a livre manifestação das diferentes
soberania do povo. É indispensável en
opiniões. Se a inserirmos em seu com
contrar os meios, os processos, que tor
plexo cultural e histórico, veremos que
nem possível ao povo o exercício dessa
a democracia está ligada ao dogma do iS" SVtMSll
Piá uma religião democrática, ou an
tes uma idolatria democrática, porque
não se tomam melhores pelo fato de
a democracia converteu o relativo em absoluto e fêz da liberdade um ídolo,
assegurada ao eleitorado a liberdade de
esquecendo-se de que, convertida em seu próprio fim e desligada da verdade e da
escolher e votar. Outro problema seria o de examinar, à luz da sociologia do conhecimento, a que se reduz, na reali
justiça, a liberdade conduz inevitàvel-
dade, essa liberdade do eleitor. Disse
mente à desordem ou à opressão. A ex
mos que há uma crise também da pala vra democracia porque não sabemos
periência histórica ilustra e confirma essa dialética da liberdade, mostrando-nos
que foi do seio das democracias liberais
mais o que significa e porque exigimos do regime a que alude o que deveria-
Dicesto EcoNÓAnco
11
Digesto EcONÓ^^co
10
progresso necessário e indefinido, ao in-
como a união cria a fôrça, talvez fôsse
soberania.
possível dêsse modo fazer a justiça e a
resultar do pronunciamento unânime do
verdade prevalecerem sôbre o êrro e a injustiça. A democracia, por meio do
povo, mas como essa unanimidade é pra ticamente impossível, a teoria se resigna
princípio majoritário e do sufrágio uni
a fazer da vontade da maioria, da me
versal, deveria assegurar e promover esse predomínio. Pois uma injustiça, mes mo endossada pela vontade da maioria do povo, não seria menos injusta do que
tade mais um, a fonte do dircilo e da
a injustiça de um só homem. Rousseau acreditava, como ainda observa Simone
Weil, que "uma vontade comum a todo
a qual, por sua vez, postula o relativísmo metafísico. A democracia é, por tanto, a expressão política do racionalismo. O que está na sua raiz não é o
êle o único motivo de preferir a vonta
peitoso dos outros como de si mesmo —
de do povo a uma vontade particular"'
na expressão de Bergson — inserindo-se em obrigações que considera absolutas, e
Ora, para que a "vontade geral", as
pensável, em primeiro lugar, que, no ato de tomar consciência de si mesma e
exprimir-se, nenhuma paixão coletiva a
que culminou na filosofia positivista de Augusto Comte, bem como às reivindi cações sociais e políticas da burguesia.
como vimos, a equivalência das opiniões,
ciências antropológicas o revelam c ex
sim entendida, pudesse manifestar-se li vremente, ém sua pureza, seria indis
nalismo anti-religioso e anti-metafísico
justiça. O princípio majoritário implica,
um povo é de fato conforme à justiça, pela neutralização e pela compensação das pakões particulares. Êsse era para (12).
diistrialismo, ao "objctivismo" científi co, ao culto da "c.xpcriência", ao racio-
Em tese, as leis deveriam
homem real tal como a história e as
plicam, mas um homem hipotético, "res
coincidindo tão bem com êsse abso
luto que não se pode mais dizer se é o dever que confere o direito ou o di reito que impõe o dever" (14). Êsse
homem ideal, legislador e súdito ao mesmo tempo, é o "cidadão", unidade ou átomo que, somado aos outros áto
perturbasse e, em segundo, que o objeto do seu pronunciamento não fossem ape nas pessoas ou coletividades irrespon
mos, irá constituir o "povo", deposi
sáveis, mas os problemas da nação. "O
dãos têm, por hipótese, os mesmos direi
tário da soberania.
E como os cida
4:
que nasceram os mo\imcntos que se pro-" punham destruí-las. Veremos, na ter
ceira parte dôste trabalho, as razões liistóricas que explicam a crise da demo cracia o quais as perspectivas que se
O problema que a democracia se pro punha resolver era o da organização da
abrem" para êsse regime, no mundo e em nosso país.' Digamos, porém, desde já, que, em relação à experiência na cional e ao pleito de 3 de outubro de
sociedade humana em função apenas da liberdade, e de uma liberdade eman
sustentam a tese de que o pleito assina
1950, a razão está com aquéles que
cipada da tradição, da autoridade o da
lou uma vitória da democracia, porque,
própria verdade, e diluída no subjetivisjno individualista. Ignorando a natu reza humana, e as condições reais em
embora os eleitos não tenham sido os
que se desenvolve a dialética da liberdade — que, desvinculada de qualquer instância ontclógica que a regule e pre serve, se corrompe em arbítrio ou em
puro capricho - a democracia criou tôdas as condições que deveriam condu zir as sociedades humanas a essa osci lação permanente entre a anarquia e
tirania. Pois o paradoxo da liberdade
melhores, o povo votou li\Temente e livremente e.xerceu o seu direito de es
colha. Pois, como acabamos de ver, e como ensina Hans Kelsen, "a idéia da
liberdade é o princípio fundamental da democracia" (15). A eleição dos melhores, dos mais
aptos, dos mais capazes, nunca foi o objetivo, a razão de ser da democracia, que é, por definição, o regime das maio rias e, portanto, da incompetência e da
da própria liberdade. Desfeita a unidade
mediocridade. Se o regime se propu-" sesse levar ao poder os melhores e os mais capazes, escolliendo-os segundo o critério do valor e da competência, dei
espiritual e moral que assegurava a coe
xaria de ser democrático e se tornaria
são da vida humana em sociedade, como
uma aristocracia .eletiva.
que rompeu sua subordinação à ver dade é o de que, em seu nome, é pos sível defender e preconizar a supressão
Os melhores
simples enunciado dessas duas condições — conclui Simone Weil — mostra que jamais conhecemos nada que se pareça
tos, inclusive o de defender livremente
organizá-la em função apenas de uma
qualquer opinião, e, como todas as opi niões têm o mesmo valor porque a
liberdade que se tomou inútil e absurda
serem os seus nomes consagrados nas
desde que a vida humana perdeu o
umas, nem dependem do aplauso das
mesmo de longe com uma democracia"
verdade se tornou incognoscívcl, para
sentido?
(13). Enquanto arquétipo platônico, e em função das exigências da sua lógi ca interior, a democracia sempre foi
conseguir um mínimo de entendimento,
apenas, como único recurso, a contagem
multidões para serem o que são. De acordo com a lógica do sistema, a democracia se realiza desde que seja
e sempre será inexequível. O que cha
mecânica das opiniões equivalentes, se
mamos de democracia não é a teoria
gundo o critério da maioria relativa ou
tal como se acha formulada no "Contra to Social", por exemplo, mas o que re sulta do compromisso, da transigência da teoria com a realidade.
absoluta.
Porque não basta sustentar a tese da
necessário à aprovação das leis, resta
A democracia tem, pois, um caráter puramente formal, de mecanismo neutro
e indiferente, destinado apenas a permi tir a livre manifestação das diferentes
soberania do povo. É indispensável en
opiniões. Se a inserirmos em seu com
contrar os meios, os processos, que tor
plexo cultural e histórico, veremos que
nem possível ao povo o exercício dessa
a democracia está ligada ao dogma do iS" SVtMSll
Piá uma religião democrática, ou an
tes uma idolatria democrática, porque
não se tomam melhores pelo fato de
a democracia converteu o relativo em absoluto e fêz da liberdade um ídolo,
assegurada ao eleitorado a liberdade de
esquecendo-se de que, convertida em seu próprio fim e desligada da verdade e da
escolher e votar. Outro problema seria o de examinar, à luz da sociologia do conhecimento, a que se reduz, na reali
justiça, a liberdade conduz inevitàvel-
dade, essa liberdade do eleitor. Disse
mente à desordem ou à opressão. A ex
mos que há uma crise também da pala vra democracia porque não sabemos
periência histórica ilustra e confirma essa dialética da liberdade, mostrando-nos
que foi do seio das democracias liberais
mais o que significa e porque exigimos do regime a que alude o que deveria-
11^
A
Digesto Econónuco
Dicesto EcoNÓAnco
12
mos exigir de outro, isto é, da aristocra cia eletiva.
Nesse sentido escreve um
moço brasileiro, Jorge de Serpa Filho: "Acontece que a elite é algo que não se concilia ou que pclò menos até agora não se conciliou com o regime democrá tico. O espetáculo que se nos depara em todas as partes do mundo é o do
zendo e a realidade há alguma rela
vade o desejo de renunciar definitiva
ção, alguma correspondência. Ora, a vigência desse lugar-comum não teria maior importância se não fosse o sintoma do um mal imiito mais gra\'0,
mente à cultura, tal como a concebemos, de acordo com os moldes europeus, e de
que é o do "marginalismo" da inteligên
fim de coincidir com suas formas de Na
nos afundarmos no "interior" do País, isto
é, no que o País teria de mais íntimo, a
da primitivas e espontâneas; ora nos in
cia brasileira e o da total ínconsciência
vade o desejo contrário, isto é, de re
das nossas elites em relação à realidade
nunciar ao País, que não é uma fonte
13
da imensa maioria do nosso povo proble mas de simples sobrevivência — habita ção, alimentação, vestuário, transporte, liigiene, ensino primário etc. — assumem as questões pròpriamente culturais, re
lativas ao "saber culto", na expressão de Max Scheler, um aspecto de jôgo incon seqüente, de divertimento fútil, de dis tração inocente a que se entregam os que nada de mais sério têm a fazer. Porque estamos em luta com um meio
que quando os valores espirituais são
histórica e sociológica da Nação. Es
submetidos à votação, ao jogo puro da
capa ao plano deste trabalho tentar a
cie cultura e que nada nos oferece co
quantidade, aniquilam-se.
descrição e a explicação dêsso fenôme no, já denunciado por numerosos dos
para o Velho Mundo, a fim de ir ao en
ainda não dominado e submetido ao
contro das próprias matrizes da cultura
homem, ainda não "humanizado", valo
nossos ensaístas. Queremos salientar, no
em cujas formas modelamos o nosso
rizamos, em função do critério da efi
teligência que nos leva ao conhecimento
São derro
tados e %'encidos pela anti-cultura, isto é, pela propaganda" (16).
mo alimento para o espírito, e emigrar
Como conciliar, portanto, o sufrágio
entanto, que o problema político nacio
universal com a necessidade de conduzir
nal não poderá ser colocado nem resol
aos postos de governo não os medíocres
espírito. Não conseguimos ainda conciliar, em
vido enquanto não comprcendcnnos que é apenas um aspecto do problema da própria "cultura" brasileira.
nós mesmos, no íntimo da consciência, a nossa situação existencial de brasileiros com as exigências do es
e os incompetentes, mas os melhores c
os mais capazes? Como evitar que a democracia se corrompa em demagogia
e em plutocracia e crie as condições que tomam inevitável a ditadura? Êsse é o
problema de que nos ocuparemos ao concluir este trabalho. Antes de enfren
tá-lo, porém, examinaremos o problema da democracia não mais em si mesmo, mas à luz da nossa realidade histórica e sociológica. ^
^
^
e ao controle do mundo exterior e da
natureza. Pois sentimos que a técni
O malôíiro de muitas das nossas e.x-
pírito, que só poderiam
ca poderia criar, na selva americana, um espaço
periências políticas tem a mesma raiz o a mesma explicação que o malogro de
ser plenamente satisfei
humano dentro do qual
tas num "contê.xto" cul
nos moveríamos com mais
certas iniciativas culturai.s e aventuras
tural semelhante ou equi
desembaraço e segurança. E a piedosa comiseração com que olhamos para os
do espírito que se revelaram com o
valente ao europeu. Há um drama do espírito no Brasil, que explica o "marginalismo" das suas elites, e a nossa incapaci dade de criar instâncias do consciência e de cultura que funcio
tempo artificiais o inautênticas. Pois o nosso comportamento, isto é, a conduta
dos homens que constituem a elite do País, não é outro no plano político do qiiQ no plano cultural. Participamos si multaneamente da vida de dois mundos.
É freqüente encontrarmos, nos 'edito-
O primeiro, que é o nosso e que repre senta a "circunstância" dentro da qual
riais de imprensa, nos discursos políticos
so desenrola a nossa existência concreta;
e mesmo em orações solenes, alusões e
o segundo, aquele para o qual está .sem
referências às nossas tradições democrá
pre voltada a nossa consciência, o mun
ticas e liberais. Sempre nos surpreendeu
do da cultura, criado principalmente pe
a desenvoltura com que se faziam se
los europeus.
melhantes afirmações, pois, pelo que nos
Para satisfazer à curiosidade do nosso
fora dado aprender a respeito de nosso
espírito, que conseguiu despertar, mau grado a sonolencia e o torpor do trópico,
passado e de nossa história política, nada poderia autorizá-las e justificá-las. Es
cácia 6 da utilidade, aquele uso da in
importamos c procuramos assimilar a
tamos, sem dúvida, diante de mais uma
cultura estrangeira.
frase feita, uma dessas fórmulas prontas,
na estrutura do nosso ser, um conflito e
Instalamos assim,
que os levianos empregam e repetem co mo papagaios, sem se darem ao traba lho de verificar se entre o que estão di-
uma ruptura, que explicam o duplo mo vimento, a dupla solicitação a que cons tantemente nos entregamos. Ora nos in-
nem em conexão com o ambiente, em
correspondência com a alma do País. A
nossos "poetas" e "filó
sofos", só é comparável à devoção e ao respeito que tributamos aos espe cialistas e técnicos.
O homem brasileiro, e talvez o sularnericano de um modo geral, ao con
Quando a cultura existe, como acon
trário do europeu, apresenta essa capa
tece na Europa, cultivar-se não é ler
cidade de viver simultaneamente em
museus, mas conversar com as pessoas,
dois planos diversos que, embora não se conciliem um com o outro, nem por
andar pelas ruas, viver simplesmente. Nos países como o nosso, em que o es
isso despertam na consciência o senti mento da culpa, tornando-a uma "má
pirito ainda não emergiu, não se liber
consciência". O brasileiro culto confun
apenas nem visitar periòdicamente os
tou da "terra", a cultura assume inevitàvelmente êsse caráter inautêntico e ar
de facilmente a imagem do que gosta ria de ser, diríamos hoje o seu "projeto
tificial, de coisa estranha, importada e adventícia, superposta a um fundo de torpor, de ínconsciência e de sono ve
existencial", com a realidade do que de fato é. E, em lugar de empenhar-se na
getal. Por serem também os problemas
praz na contemplação do ideal que não
promoção do seu ser autêntico, se com
11^
A
Digesto Econónuco
Dicesto EcoNÓAnco
12
mos exigir de outro, isto é, da aristocra cia eletiva.
Nesse sentido escreve um
moço brasileiro, Jorge de Serpa Filho: "Acontece que a elite é algo que não se concilia ou que pclò menos até agora não se conciliou com o regime democrá tico. O espetáculo que se nos depara em todas as partes do mundo é o do
zendo e a realidade há alguma rela
vade o desejo de renunciar definitiva
ção, alguma correspondência. Ora, a vigência desse lugar-comum não teria maior importância se não fosse o sintoma do um mal imiito mais gra\'0,
mente à cultura, tal como a concebemos, de acordo com os moldes europeus, e de
que é o do "marginalismo" da inteligên
fim de coincidir com suas formas de Na
nos afundarmos no "interior" do País, isto
é, no que o País teria de mais íntimo, a
da primitivas e espontâneas; ora nos in
cia brasileira e o da total ínconsciência
vade o desejo contrário, isto é, de re
das nossas elites em relação à realidade
nunciar ao País, que não é uma fonte
13
da imensa maioria do nosso povo proble mas de simples sobrevivência — habita ção, alimentação, vestuário, transporte, liigiene, ensino primário etc. — assumem as questões pròpriamente culturais, re
lativas ao "saber culto", na expressão de Max Scheler, um aspecto de jôgo incon seqüente, de divertimento fútil, de dis tração inocente a que se entregam os que nada de mais sério têm a fazer. Porque estamos em luta com um meio
que quando os valores espirituais são
histórica e sociológica da Nação. Es
submetidos à votação, ao jogo puro da
capa ao plano deste trabalho tentar a
cie cultura e que nada nos oferece co
quantidade, aniquilam-se.
descrição e a explicação dêsso fenôme no, já denunciado por numerosos dos
para o Velho Mundo, a fim de ir ao en
ainda não dominado e submetido ao
contro das próprias matrizes da cultura
homem, ainda não "humanizado", valo
nossos ensaístas. Queremos salientar, no
em cujas formas modelamos o nosso
rizamos, em função do critério da efi
teligência que nos leva ao conhecimento
São derro
tados e %'encidos pela anti-cultura, isto é, pela propaganda" (16).
mo alimento para o espírito, e emigrar
Como conciliar, portanto, o sufrágio
entanto, que o problema político nacio
universal com a necessidade de conduzir
nal não poderá ser colocado nem resol
aos postos de governo não os medíocres
espírito. Não conseguimos ainda conciliar, em
vido enquanto não comprcendcnnos que é apenas um aspecto do problema da própria "cultura" brasileira.
nós mesmos, no íntimo da consciência, a nossa situação existencial de brasileiros com as exigências do es
e os incompetentes, mas os melhores c
os mais capazes? Como evitar que a democracia se corrompa em demagogia
e em plutocracia e crie as condições que tomam inevitável a ditadura? Êsse é o
problema de que nos ocuparemos ao concluir este trabalho. Antes de enfren
tá-lo, porém, examinaremos o problema da democracia não mais em si mesmo, mas à luz da nossa realidade histórica e sociológica. ^
^
^
e ao controle do mundo exterior e da
natureza. Pois sentimos que a técni
O malôíiro de muitas das nossas e.x-
pírito, que só poderiam
ca poderia criar, na selva americana, um espaço
periências políticas tem a mesma raiz o a mesma explicação que o malogro de
ser plenamente satisfei
humano dentro do qual
tas num "contê.xto" cul
nos moveríamos com mais
certas iniciativas culturai.s e aventuras
tural semelhante ou equi
desembaraço e segurança. E a piedosa comiseração com que olhamos para os
do espírito que se revelaram com o
valente ao europeu. Há um drama do espírito no Brasil, que explica o "marginalismo" das suas elites, e a nossa incapaci dade de criar instâncias do consciência e de cultura que funcio
tempo artificiais o inautênticas. Pois o nosso comportamento, isto é, a conduta
dos homens que constituem a elite do País, não é outro no plano político do qiiQ no plano cultural. Participamos si multaneamente da vida de dois mundos.
É freqüente encontrarmos, nos 'edito-
O primeiro, que é o nosso e que repre senta a "circunstância" dentro da qual
riais de imprensa, nos discursos políticos
so desenrola a nossa existência concreta;
e mesmo em orações solenes, alusões e
o segundo, aquele para o qual está .sem
referências às nossas tradições democrá
pre voltada a nossa consciência, o mun
ticas e liberais. Sempre nos surpreendeu
do da cultura, criado principalmente pe
a desenvoltura com que se faziam se
los europeus.
melhantes afirmações, pois, pelo que nos
Para satisfazer à curiosidade do nosso
fora dado aprender a respeito de nosso
espírito, que conseguiu despertar, mau grado a sonolencia e o torpor do trópico,
passado e de nossa história política, nada poderia autorizá-las e justificá-las. Es
cácia 6 da utilidade, aquele uso da in
importamos c procuramos assimilar a
tamos, sem dúvida, diante de mais uma
cultura estrangeira.
frase feita, uma dessas fórmulas prontas,
na estrutura do nosso ser, um conflito e
Instalamos assim,
que os levianos empregam e repetem co mo papagaios, sem se darem ao traba lho de verificar se entre o que estão di-
uma ruptura, que explicam o duplo mo vimento, a dupla solicitação a que cons tantemente nos entregamos. Ora nos in-
nem em conexão com o ambiente, em
correspondência com a alma do País. A
nossos "poetas" e "filó
sofos", só é comparável à devoção e ao respeito que tributamos aos espe cialistas e técnicos.
O homem brasileiro, e talvez o sularnericano de um modo geral, ao con
Quando a cultura existe, como acon
trário do europeu, apresenta essa capa
tece na Europa, cultivar-se não é ler
cidade de viver simultaneamente em
museus, mas conversar com as pessoas,
dois planos diversos que, embora não se conciliem um com o outro, nem por
andar pelas ruas, viver simplesmente. Nos países como o nosso, em que o es
isso despertam na consciência o senti mento da culpa, tornando-a uma "má
pirito ainda não emergiu, não se liber
consciência". O brasileiro culto confun
apenas nem visitar periòdicamente os
tou da "terra", a cultura assume inevitàvelmente êsse caráter inautêntico e ar
de facilmente a imagem do que gosta ria de ser, diríamos hoje o seu "projeto
tificial, de coisa estranha, importada e adventícia, superposta a um fundo de torpor, de ínconsciência e de sono ve
existencial", com a realidade do que de fato é. E, em lugar de empenhar-se na
getal. Por serem também os problemas
praz na contemplação do ideal que não
promoção do seu ser autêntico, se com
. -
Digesto ECONÓ^UCO
14
coisas do que os símbolos que as de\eríam representar?
consegue encarnar e converter em vida. A exagerada importância que atribuímos aos "cargos", por exemplo, se explica porque a posse de um cargo nos dá a
"marginalísmo" político das elites brasi
ilusão de que a importância que passa
leiras à luz dessa peculiar estrutura
Procuremos, pois, compreender
o
. l'.íi.iipiiiHVWi 15
Dicesto EcoNÓKnco
estivéssemos "tamando cada vez mais um
1'aristocratie aux états médiocres en ri-
povo de inconscientes e de irresponsá
chesse ainsi qu'en grandeur; Ia démocra-
veis. Porque ignorar a história do seu
tie aux états petits et pauwes" (17). O problema dos nossos políticos o constítucionalistas não era o da organização
país é'como ignorar o nome dos pró prios pais. E suprimir a memória, que
mos a ter vem de nós mesmos e não
psicológica, modelada pelas circunstân
da situação que estamos ocupando ou das funções que estamos exercendo.
é a consciência ,do passado, é suprimir também a possibilidade do ideal e %àver,
de um regime em consonância com a rea
cultura. E não fosse êsse "bovarysino" congênito do nosso espírito, c só a má
em regime de inconsciência, apenas o
inserção dessa realidade em esquemas e
fé, a leviandade ou a total ignorância em
momento que passa.
quadros jurídicos modelados segundo a experiência e o exemplo dos povos es
Essa confusão entre o "ser" e o "pa recer" nos dispensa do esforço a que ficaríamos obrigados se nos dispusésse mos a realizar o nosso ser. Deixamos, pois, que a nossa existência concreta
transcorra no plano da irresponsabili dade, da incoerência, do capricho, por
cias que constituem o complexo da nossa
relação ao nosso passado e <à nossa his
tória, poderiam explicar a teimosia com
sário reagir contra o "marginalísmo" c
trangeiros.
que insistimos em falar em nossas "tra
o "bovarysmo" das elites brasileiras, afir
oriundos da experiência — escreve Oli veira Vianna — jamais tiveram qual quer significação para os nossos homens políticos e para os nossos constitucionalistas. Uma mesma experiência que ma logre, é renovada indefinidamente, des de que seja considerada liberal e demo
dições democráticas e liberais". Ao "bo-
que a constante presença do ideal, como
varysmo" deveríamos acrescentar, aliás, um traço que não o exclui porque o
a persistência da imagem na retina, nos dá a ilusão de que a nossa vida verda
cia punctiforrhe, desvinculada do tempo
deira não é a que realmente vivemos, mas a outra, indicada pelo ideal. Instalamo-nos, assim, diretamente na "trans cendência", como se pudéssemos fazer
abstração do seu suporte, que é precisa mente o plano da "imanência".
E de tal maneira nos acumpliciamos com êsse desdobramento, que estranha mos e repelimos com violência qualquer
completa, o da predileção pela existên
mando a necessidade e a urgência de
tomarmos uma clara consciência do que realmente somos e poderemos ser. Sem
pre nos impressionou essa capacidade, especialmente dos nossos jurisfas, de vi
quanto à tradição, i\ história, e despreo
ver fora do País, como se o País não existisse ou fosse outro, a França, a In
cupada e indiferente em relação ao fu turo. Se a tradição não existe, isto é, se
posteriores a Silvio Romero, Alberto
em sua fluência criadora, inconsciente
o passado não representa um conteúdo
vivo em nossa consciência, por que não o reinventarmos ao sabor dos nossos de
sejos e das nossas preferências? Não temos tradições liberais nem de
mocráticas, mas gostaríamos de tê-las
denúncia da inautenticidade da nossa si
6, como vivemos no ideal confundindo-o
tuação. Não somos, por exemplo, nem intelectuais nem escritores, porque não
com a realidade, falamos e agimos como se de fato tivéssemos essas tradições. Na
nos queremos dar ao trabalho de re
melhor das hipóteses, e admitindo que
fletir e de escrever, no entanto, nos com
a República tivesse instaurado a demo
portamos como se fôssemos uma coisa e
cracia, teríamos quatrocentos anos de ^ tradições feudais e aristocráticas e ape
outra e esperamos que nos dispensem um tratamento correspondente a essa
Mais do que nunca parece-nos neces
lidade nacional, mas, ao contrário, o da
"Os dados ou revelações
crática" (18).
glaterra ou os Estados Unidos. Éramos
Do Descobrimento até a proclamação da Independência em 1822, duran
Torres, Euclydes da Cunha e Oliveira Vianna. E se a formação filosófica deve ria dar-nos o senso da totalidade e a compreensão de que não há problemas isolados, mais tarde as ciências sociais
te mais de trezentos anos, portanto, ha víamos sido não um país livre mas uma colônia de Portugal. No imenso territó-
deveriam mostrar-nos o absurdo de le
o povoamento se processaram não só de acordo com os interesses da Metró
gislar em abstrato, para um homem ideal e para uma nação ideal, sem levar em conta a realidade da estrutura psico lógica e dos comportamentos coletivos dos grupos humanos nacionais.
rio, que se desdobrava em milhares de
quilômetros quadrados, a colonização e
pole, mas também segundo as imposi ções do meio americano. Desde o pri meiro século, o Brasil apresenta, em li nhas gerais, a mesma estmtura. Um
Embora o direito escrito ou po
imenso espaço quase deserto, no qual
sitivo não se confunda com o direito
encontramos, como ilhas perdidas, os arrabaldes, as povoações, as vilas, as
exigência. Na Europa, os homens ocupam altos cargos e desempenham al
liberais e democráticas. Sustentamos, no
costumeiro ou consuetudinário, nem por isso ó possível legislar fazendo tabula
entanto, que nem mesmo a Primeira Re
raza de tudo o que há de próprio e de
fundamental que não deveríamos ja
tas funções por serem importantes e te
pública pode ser considerada uma de
característico no povo para o qual se
mais perder de vista: a imensidade terri
rem valor. Aqui, ao contrário, os ho
mocracia.
mens só. se tomam importantes na me
Consultemos, pois, nossos historiadores e sociólogos a fim de recordar aquilo que deveria estar presente no espírito de todos nós, e especialmente no dos polí ticos e no das novas gerações, se não nos
pretende legislar. Nossos constitucionalistas jamais se lembraram da lição de
torial e não só a escassez, a rarefação demográfica, mas a sua distribuição em nódulos distantes, em gânglios separa
dida em que ocupam êsses cargos e exercem essas funções.
Que quer isto
dizer senão que valorizamos menos a realidade do que a aparência, menos as
nas quarenta ou cinqüenta de tradições
Rousseau e nunca lhes ocorreu, como
ensina o autor de "Emile", "que toute forme de gouvemement nest pas pro-
pre à tout pays", pois, "Ia monarcliie ne convient dono qu'aux nations opulentes;
pequenas cidades. Êsse é o aspecto
dos e incomunicáveis.
Não só a política da Metrópole explica essa forma de colonização e povoamen to, mas também as ciicunstâncias locais
. -
Digesto ECONÓ^UCO
14
coisas do que os símbolos que as de\eríam representar?
consegue encarnar e converter em vida. A exagerada importância que atribuímos aos "cargos", por exemplo, se explica porque a posse de um cargo nos dá a
"marginalísmo" político das elites brasi
ilusão de que a importância que passa
leiras à luz dessa peculiar estrutura
Procuremos, pois, compreender
o
. l'.íi.iipiiiHVWi 15
Dicesto EcoNÓKnco
estivéssemos "tamando cada vez mais um
1'aristocratie aux états médiocres en ri-
povo de inconscientes e de irresponsá
chesse ainsi qu'en grandeur; Ia démocra-
veis. Porque ignorar a história do seu
tie aux états petits et pauwes" (17). O problema dos nossos políticos o constítucionalistas não era o da organização
país é'como ignorar o nome dos pró prios pais. E suprimir a memória, que
mos a ter vem de nós mesmos e não
psicológica, modelada pelas circunstân
da situação que estamos ocupando ou das funções que estamos exercendo.
é a consciência ,do passado, é suprimir também a possibilidade do ideal e %àver,
de um regime em consonância com a rea
cultura. E não fosse êsse "bovarysino" congênito do nosso espírito, c só a má
em regime de inconsciência, apenas o
inserção dessa realidade em esquemas e
fé, a leviandade ou a total ignorância em
momento que passa.
quadros jurídicos modelados segundo a experiência e o exemplo dos povos es
Essa confusão entre o "ser" e o "pa recer" nos dispensa do esforço a que ficaríamos obrigados se nos dispusésse mos a realizar o nosso ser. Deixamos, pois, que a nossa existência concreta
transcorra no plano da irresponsabili dade, da incoerência, do capricho, por
cias que constituem o complexo da nossa
relação ao nosso passado e <à nossa his
tória, poderiam explicar a teimosia com
sário reagir contra o "marginalísmo" c
trangeiros.
que insistimos em falar em nossas "tra
o "bovarysmo" das elites brasileiras, afir
oriundos da experiência — escreve Oli veira Vianna — jamais tiveram qual quer significação para os nossos homens políticos e para os nossos constitucionalistas. Uma mesma experiência que ma logre, é renovada indefinidamente, des de que seja considerada liberal e demo
dições democráticas e liberais". Ao "bo-
que a constante presença do ideal, como
varysmo" deveríamos acrescentar, aliás, um traço que não o exclui porque o
a persistência da imagem na retina, nos dá a ilusão de que a nossa vida verda
cia punctiforrhe, desvinculada do tempo
deira não é a que realmente vivemos, mas a outra, indicada pelo ideal. Instalamo-nos, assim, diretamente na "trans cendência", como se pudéssemos fazer
abstração do seu suporte, que é precisa mente o plano da "imanência".
E de tal maneira nos acumpliciamos com êsse desdobramento, que estranha mos e repelimos com violência qualquer
completa, o da predileção pela existên
mando a necessidade e a urgência de
tomarmos uma clara consciência do que realmente somos e poderemos ser. Sem
pre nos impressionou essa capacidade, especialmente dos nossos jurisfas, de vi
quanto à tradição, i\ história, e despreo
ver fora do País, como se o País não existisse ou fosse outro, a França, a In
cupada e indiferente em relação ao fu turo. Se a tradição não existe, isto é, se
posteriores a Silvio Romero, Alberto
em sua fluência criadora, inconsciente
o passado não representa um conteúdo
vivo em nossa consciência, por que não o reinventarmos ao sabor dos nossos de
sejos e das nossas preferências? Não temos tradições liberais nem de
mocráticas, mas gostaríamos de tê-las
denúncia da inautenticidade da nossa si
6, como vivemos no ideal confundindo-o
tuação. Não somos, por exemplo, nem intelectuais nem escritores, porque não
com a realidade, falamos e agimos como se de fato tivéssemos essas tradições. Na
nos queremos dar ao trabalho de re
melhor das hipóteses, e admitindo que
fletir e de escrever, no entanto, nos com
a República tivesse instaurado a demo
portamos como se fôssemos uma coisa e
cracia, teríamos quatrocentos anos de ^ tradições feudais e aristocráticas e ape
outra e esperamos que nos dispensem um tratamento correspondente a essa
Mais do que nunca parece-nos neces
lidade nacional, mas, ao contrário, o da
"Os dados ou revelações
crática" (18).
glaterra ou os Estados Unidos. Éramos
Do Descobrimento até a proclamação da Independência em 1822, duran
Torres, Euclydes da Cunha e Oliveira Vianna. E se a formação filosófica deve ria dar-nos o senso da totalidade e a compreensão de que não há problemas isolados, mais tarde as ciências sociais
te mais de trezentos anos, portanto, ha víamos sido não um país livre mas uma colônia de Portugal. No imenso territó-
deveriam mostrar-nos o absurdo de le
o povoamento se processaram não só de acordo com os interesses da Metró
gislar em abstrato, para um homem ideal e para uma nação ideal, sem levar em conta a realidade da estrutura psico lógica e dos comportamentos coletivos dos grupos humanos nacionais.
rio, que se desdobrava em milhares de
quilômetros quadrados, a colonização e
pole, mas também segundo as imposi ções do meio americano. Desde o pri meiro século, o Brasil apresenta, em li nhas gerais, a mesma estmtura. Um
Embora o direito escrito ou po
imenso espaço quase deserto, no qual
sitivo não se confunda com o direito
encontramos, como ilhas perdidas, os arrabaldes, as povoações, as vilas, as
exigência. Na Europa, os homens ocupam altos cargos e desempenham al
liberais e democráticas. Sustentamos, no
costumeiro ou consuetudinário, nem por isso ó possível legislar fazendo tabula
entanto, que nem mesmo a Primeira Re
raza de tudo o que há de próprio e de
fundamental que não deveríamos ja
tas funções por serem importantes e te
pública pode ser considerada uma de
característico no povo para o qual se
mais perder de vista: a imensidade terri
rem valor. Aqui, ao contrário, os ho
mocracia.
mens só. se tomam importantes na me
Consultemos, pois, nossos historiadores e sociólogos a fim de recordar aquilo que deveria estar presente no espírito de todos nós, e especialmente no dos polí ticos e no das novas gerações, se não nos
pretende legislar. Nossos constitucionalistas jamais se lembraram da lição de
torial e não só a escassez, a rarefação demográfica, mas a sua distribuição em nódulos distantes, em gânglios separa
dida em que ocupam êsses cargos e exercem essas funções.
Que quer isto
dizer senão que valorizamos menos a realidade do que a aparência, menos as
nas quarenta ou cinqüenta de tradições
Rousseau e nunca lhes ocorreu, como
ensina o autor de "Emile", "que toute forme de gouvemement nest pas pro-
pre à tout pays", pois, "Ia monarcliie ne convient dono qu'aux nations opulentes;
pequenas cidades. Êsse é o aspecto
dos e incomunicáveis.
Não só a política da Metrópole explica essa forma de colonização e povoamen to, mas também as ciicunstâncias locais
16
' Digesto Econômico
Digesto Econômico 17
e o ritmo com que os bandeirantes pe netravam
os sertões e semeavam
as
por sôbre a vida dos seus escravos e
agregados.
Cronistas da época, como
suas cidades. A concessão, por parte da
Júlio Bello, depõem sobre o temor c
Coroa, das sesmarias ou "datas de terra",
o religioso respeito que inspiravam esses pequenos monarcas, ciosos das suas prer rogativas e do prestígio da sua autorida
que correspondiam a muitas léguas qua dradas de chão, espalhava os colonos, separando as "estâncias", as fazendas, os engenhos, que ficavam assim a vários dias de viagem uns dos outros. "Basta notar que se tinha por lei — escreve
Oliveira Vianna — que guardar a dis tância mínima de mil e quinhentas bra ças de engenho a engenho, ou de "meia
légua", segundo prescrevia uma provi são régia de 1681. É claro que, dadas
as condições de transporte do tempo,
essa distância criava o isolamento da
população desses núcleos agrários" (19).
As pequenas povoações e vilarejos,
que, aliás, raramente vingavam, não
eram fundados espontaneamente pelo povo em suas migrações pelo interior, mas
pela iniciativa oficial das autoridades da Metrópole. Nessas pequenas cidades, que os viajantes estrangeiros encontra
breza dos.|'homens bons", entre os quais sao escolhidos os que devem ocupar os postos da administração e do governo.
poder central os temia, não ousando en
Assentando no trabalho servil, a estru tura econômica do período colonial era
criminosos e bandidos que porventura
latifundiária, aristocrática e patriarcal,
Essa estrutura também se explica pela
g rando instituições e costumes políti cos que nada apresentam do liberal o de democrálico. Os clSs feudais são domínios inexpugnáveis, cuja vida Gra vita em tômo do senhor onipotente, o cuja força se desdobra e amplia pela in corporação do clã parental e, mais tarde, do cia eleitoral. Criados espontaneamen te, pelas condições peculiares em que se
necessidade constante de enfrentar os
processou a nossa colonização, encontra
ataques dos índios, do quilômbola, do
mos certos tipos sociais tais como o "co
"açoitassem".
Separados uns dos outros por muitas léguas de distância, os
domínios ru
rais apresentavam, do ponto de vista
da organização social e política, um ca ráter nitidamente aristocrático e feudal, e, do ponto de vista econômico, um sen tido de autarquia e de auto-suficiência.
; . t
invasor estrangeiro c dos próprios se
ronel", o "afilhado", o "capanga", e
nhores feudais, em luta constante uns
instituições como o "fílhotismo", o "com-
com os outros. Configuravam-se esses
padrismo" etc., que nada têm de de mocráticos mas que constituem a nossa
ao tempo das bandeiras, nessas aldeias
, tivos do ambiente e à necessidade de
res da terra nem o grosso da população
como também o poder político, pois constituem a aristocracia do País, a no
frentá-los nem prender, por exemplo, os
núcleos da vida brasileira, durante a
ção local, não residiam nem os senho
co, porque são os produtores da riqueza,
de. Era tão grande a sua fôrça que o
vam às vezes desertas, como Piratininga que eram apenas a sede da administra
País. Não só detêm o poder econômi
Colônia, em obediência aos imperasobrevivência. Eram sociedades natu
rais, constituídas sob a pressão do pe rigo, da ameaça permanente, estrutura
realidade e a nossa tradição política. Quanto à formação do poder político, o povo, durante a Colônia, não interfe ria nem sequer na constituição do poder
municipal. O govérnc municipal, para
ponto de vista econômico. O domínio
nos exércitos armados, a enfrentar não
rural, sede da produção do açúcar, do café e da criação do gado, era o centro
só o selvícola amotinado mas o flibusteiro holandês e normando e também os
não falar naturalmente nas províncias governadas por autoridades diretamen te nomeadas pela Corte, as "Câmaras" eram órgãos e instrumentos das classes dominantes, expressão dos interesses e da fôrça política da "nobreza da terra". Nesse sentido, escreve o insuspeito Rocha
da vida brasileira, onde se plasmou a psicologia do nosso povo e onde se mo
outros clãs rivais e inimigos. No interior dos clãs feudais, nada po
ções eram eleitos anualmente entre o.s
branca e de cor. Êstes viviam todos nos
engenhos e nas fazendas, nos domínios rurais, estruturas rigorosamente feudais e aristocráticas, e auto-suficientes do
das em função da eventualidade da de
fesa e do ataque, incluindo às vezes mi lhares de agregados, de escravos, de cabras', que se convertiam em peque
Pombo: "Os membros dessas corpora
não de fidalgos, de nobres, de aristocra tas, inscritos nos "pelouros" e únicos
que podiam eleger e ser eleitos. O gros so da população dos engenhos e das fa zendas, das vilas e povoações, os cabras, colonos, escravos, emprega dos, tôda a "gente mecânica", como se
dizia na linguagem do tempo, estava excluída do país legal, do "jus sufragii" e do jus honorum". Para que pudessem ser incluídos nos "pelouros", chegar às Camaras e participar do governo do mu nicípio, precisavam adquirir prèviamente a condição da nobreza. Os que al cançavam essa distinção, apresentavamse nas Câmaras como representantes da casta priWlegiada dos "homens bons", da aristocracia ou nobreza da terra. A
investidura no cargo público correspon dia, aliás, a uma dignificação, despindo o ocupante da condição dc plebeu. Tô-
oas as camadas inferiores da população, os negociantes de "vara e côvado", por
e.\empIo, os "torneiros", os que exerciam ofícios manuais, os pardos, mulatos e mestiços, nao podiam nem votar nem
ser votados. "Durante cêrca de trezen tos anos _ escreve Oliveira Vianna -
nao colaboraram portanto, nem podiam colaborar, na administração local, nem
f?o™os''T2U.™'"
Nesses três séculos de legime colonial,
crmram-se usos, costumes, tipos e insti-
uiçoes que constituem precisamente as nossas tradições sociais e políticas. Essa estrutura feudal, aristocrática e patriar
cal, transmitiu-se intacta ao Império e
demos encontrar que não seja uma rigo
homens bons da terra, espécie de no
se prolongou até mesmo durante a Re
rosa discriminação de funções, e um
breza constituída em classe e muito
publica. Nosso direito público costu meiro ou consuetudinário, tal como nos
senhores em relação aos escravos e de
ciosa dos seus privilégios. Quem não fosse fidalgo não poderia exercer a ve-
ó revelado pela história e pela sociolo
toridade do senhor era absoluta e in-
pendentes. Os senhores feudais são o
reança" (20).
contrastável, incluindo o direito de dis-
verdadeiro poder, a verdadeira fôrça do
nada tem de liberal e de democrático.
delaram, durante os trezentos anos de colônia, os seus hábitos sociais e o.s
seus costumes políticos. Dentro dos limites do feudo, a au
vivíssimo "sentimento da distância" dos
O eleitorado não era constituído se
gia, constitui um complexo cultural que
Pois o eixo da nossa vida, tanto do pon-
16
' Digesto Econômico
Digesto Econômico 17
e o ritmo com que os bandeirantes pe netravam
os sertões e semeavam
as
por sôbre a vida dos seus escravos e
agregados.
Cronistas da época, como
suas cidades. A concessão, por parte da
Júlio Bello, depõem sobre o temor c
Coroa, das sesmarias ou "datas de terra",
o religioso respeito que inspiravam esses pequenos monarcas, ciosos das suas prer rogativas e do prestígio da sua autorida
que correspondiam a muitas léguas qua dradas de chão, espalhava os colonos, separando as "estâncias", as fazendas, os engenhos, que ficavam assim a vários dias de viagem uns dos outros. "Basta notar que se tinha por lei — escreve
Oliveira Vianna — que guardar a dis tância mínima de mil e quinhentas bra ças de engenho a engenho, ou de "meia
légua", segundo prescrevia uma provi são régia de 1681. É claro que, dadas
as condições de transporte do tempo,
essa distância criava o isolamento da
população desses núcleos agrários" (19).
As pequenas povoações e vilarejos,
que, aliás, raramente vingavam, não
eram fundados espontaneamente pelo povo em suas migrações pelo interior, mas
pela iniciativa oficial das autoridades da Metrópole. Nessas pequenas cidades, que os viajantes estrangeiros encontra
breza dos.|'homens bons", entre os quais sao escolhidos os que devem ocupar os postos da administração e do governo.
poder central os temia, não ousando en
Assentando no trabalho servil, a estru tura econômica do período colonial era
criminosos e bandidos que porventura
latifundiária, aristocrática e patriarcal,
Essa estrutura também se explica pela
g rando instituições e costumes políti cos que nada apresentam do liberal o de democrálico. Os clSs feudais são domínios inexpugnáveis, cuja vida Gra vita em tômo do senhor onipotente, o cuja força se desdobra e amplia pela in corporação do clã parental e, mais tarde, do cia eleitoral. Criados espontaneamen te, pelas condições peculiares em que se
necessidade constante de enfrentar os
processou a nossa colonização, encontra
ataques dos índios, do quilômbola, do
mos certos tipos sociais tais como o "co
"açoitassem".
Separados uns dos outros por muitas léguas de distância, os
domínios ru
rais apresentavam, do ponto de vista
da organização social e política, um ca ráter nitidamente aristocrático e feudal, e, do ponto de vista econômico, um sen tido de autarquia e de auto-suficiência.
; . t
invasor estrangeiro c dos próprios se
ronel", o "afilhado", o "capanga", e
nhores feudais, em luta constante uns
instituições como o "fílhotismo", o "com-
com os outros. Configuravam-se esses
padrismo" etc., que nada têm de de mocráticos mas que constituem a nossa
ao tempo das bandeiras, nessas aldeias
, tivos do ambiente e à necessidade de
res da terra nem o grosso da população
como também o poder político, pois constituem a aristocracia do País, a no
frentá-los nem prender, por exemplo, os
núcleos da vida brasileira, durante a
ção local, não residiam nem os senho
co, porque são os produtores da riqueza,
de. Era tão grande a sua fôrça que o
vam às vezes desertas, como Piratininga que eram apenas a sede da administra
País. Não só detêm o poder econômi
Colônia, em obediência aos imperasobrevivência. Eram sociedades natu
rais, constituídas sob a pressão do pe rigo, da ameaça permanente, estrutura
realidade e a nossa tradição política. Quanto à formação do poder político, o povo, durante a Colônia, não interfe ria nem sequer na constituição do poder
municipal. O govérnc municipal, para
ponto de vista econômico. O domínio
nos exércitos armados, a enfrentar não
rural, sede da produção do açúcar, do café e da criação do gado, era o centro
só o selvícola amotinado mas o flibusteiro holandês e normando e também os
não falar naturalmente nas províncias governadas por autoridades diretamen te nomeadas pela Corte, as "Câmaras" eram órgãos e instrumentos das classes dominantes, expressão dos interesses e da fôrça política da "nobreza da terra". Nesse sentido, escreve o insuspeito Rocha
da vida brasileira, onde se plasmou a psicologia do nosso povo e onde se mo
outros clãs rivais e inimigos. No interior dos clãs feudais, nada po
ções eram eleitos anualmente entre o.s
branca e de cor. Êstes viviam todos nos
engenhos e nas fazendas, nos domínios rurais, estruturas rigorosamente feudais e aristocráticas, e auto-suficientes do
das em função da eventualidade da de
fesa e do ataque, incluindo às vezes mi lhares de agregados, de escravos, de cabras', que se convertiam em peque
Pombo: "Os membros dessas corpora
não de fidalgos, de nobres, de aristocra tas, inscritos nos "pelouros" e únicos
que podiam eleger e ser eleitos. O gros so da população dos engenhos e das fa zendas, das vilas e povoações, os cabras, colonos, escravos, emprega dos, tôda a "gente mecânica", como se
dizia na linguagem do tempo, estava excluída do país legal, do "jus sufragii" e do jus honorum". Para que pudessem ser incluídos nos "pelouros", chegar às Camaras e participar do governo do mu nicípio, precisavam adquirir prèviamente a condição da nobreza. Os que al cançavam essa distinção, apresentavamse nas Câmaras como representantes da casta priWlegiada dos "homens bons", da aristocracia ou nobreza da terra. A
investidura no cargo público correspon dia, aliás, a uma dignificação, despindo o ocupante da condição dc plebeu. Tô-
oas as camadas inferiores da população, os negociantes de "vara e côvado", por
e.\empIo, os "torneiros", os que exerciam ofícios manuais, os pardos, mulatos e mestiços, nao podiam nem votar nem
ser votados. "Durante cêrca de trezen tos anos _ escreve Oliveira Vianna -
nao colaboraram portanto, nem podiam colaborar, na administração local, nem
f?o™os''T2U.™'"
Nesses três séculos de legime colonial,
crmram-se usos, costumes, tipos e insti-
uiçoes que constituem precisamente as nossas tradições sociais e políticas. Essa estrutura feudal, aristocrática e patriar
cal, transmitiu-se intacta ao Império e
demos encontrar que não seja uma rigo
homens bons da terra, espécie de no
se prolongou até mesmo durante a Re
rosa discriminação de funções, e um
breza constituída em classe e muito
publica. Nosso direito público costu meiro ou consuetudinário, tal como nos
senhores em relação aos escravos e de
ciosa dos seus privilégios. Quem não fosse fidalgo não poderia exercer a ve-
ó revelado pela história e pela sociolo
toridade do senhor era absoluta e in-
pendentes. Os senhores feudais são o
reança" (20).
contrastável, incluindo o direito de dis-
verdadeiro poder, a verdadeira fôrça do
nada tem de liberal e de democrático.
delaram, durante os trezentos anos de colônia, os seus hábitos sociais e o.s
seus costumes políticos. Dentro dos limites do feudo, a au
vivíssimo "sentimento da distância" dos
O eleitorado não era constituído se
gia, constitui um complexo cultural que
Pois o eixo da nossa vida, tanto do pon-
Digesto Econômico 19
Digesto Econômico 18
pessoais e de família e nenhum homem
to de vista social e econômico como do
que tenha o que fazer se prestará a perder o seu tempo em combates com
ponto de vista político, sempre foi o clã feudal que se desdobraria no clã parental e eleitoral, raiz do que mais tarde viriam a ser os nossos partidos
políticos. O que herdamos, portanto,
do quatro séculos de história, foi o indi vidualismo dos clãs locais, a ausência de
espírito público e de consciência dos in teresses nacionais, a política municipalista do "coronel", do "compadre", do "afilhado", do "jiüz nosso" e do "dele
gado nosso", das atas falsas, do "eleito rado de cabresto", e também das lutas
ferozes e sanguinolentas entre os clãs, como as dos Montes e Feitosas no Ceará
e as dos Pires e Camargos em São Paulo. , A política das ameaças, do suborno, da corrupção eleitoral, das vinditas, das
"derrubadas" em massa dos inimigos e do assassínio dos adversários mais peri gosos. Dono da terra e da gente, íncontrastável em seu poderio, o senhor feudal, durante 300 anos de Colônia, foi
no Brasil o único e verdadeiro poder. Não contraímos, portanto, nem podería
mos ter contraído hábitos que nos dispusessem à prática da democracia tal como é exercida na Europa e principalmente
nos países anglo-saxões. Não temos cm nossa formação histórica e social esse
lastro de tradição, esse suhstratum cul
tural que o regime democrático postula e exige para poder instaurar-se e fun cionar.
•
No Império, sem dúvida, procuramos ensaiar a democracia parlamentar, de acordo com o figurino inglês. Mas, em bora tivesse sido ampliada a participa
ção do povo na formação do governo, o regime continuava a ser rigorosamen te aristocrático. "Durante o Império — escreve ainda Oliveira Vianna — tudo continuou a ser feito por designação do
Centro, isto é, carismàlicamente, como
no tempo da Colônia" (22). A Constituição dc 1824 criou de novo apenas as Assembléias Legislativas pro
sombras" (23).
As nossas "tradições democráticas" te
riam começado, portanto, com a Repú-
vinciais e o Parlamento Nacional (Se
ica. Seriam algo de recente, em con
nado e Câmara) eleitos por sufrágio direto. Os governadores das províncias, no entanto, nomeados pelo poder cen tral e representantes da imediata con fiança do Imperador, centralizavam a
fronto com as tradições feudais, aristocr. ticas c centralizadoras que nos foram egadas por quatro séculos de história. entanto, a Proclamação da República nao Significou a instauração da demo cracia. O movimento não traduzia ne-
fôrça política e decidiam da constituição
dos legislativos provinciais.
O elei
torado não elegia pròpriamente, mas se limitava a ratificar escolhas prévias, a
^ mm anseio, nenhuma reivindicação popu ar, e ocorreu como costumam ocor-
homologar nomes e chapas que vinham do Rio de Janeiro, tal como outrora acontecia, no tempo dos govcmadores-
ticos.
diria Aristides Lobo, numa frase que se tomou célebre.
^istória da República somos qua^"^P^^^^oeos. Não me parece, no tenhamos tomado desse pasoma consciência suficien-
n e clara. Lembraremos apenas hü-oi 'nenhuma modificação estni„
na vida do País. Os fenô-
como^
tomariam decisivos, tais ® ® industrialização,
Apesar das eleições e do Parlamento,
e de uma prática política inspirada no
sistema inglês, o Império nada tem de democrático. A estrutura econômica do País continua a assentar na escravidão, 6 a política nos municípios continua a ser dominada pelos clãs feudais e parentaís agora desdobrados cm clãs eleitorais. "O sistema representativo é assim um enxerto de formas parlamentares num
governo patriarcal," dizia Nabuco a pro
pósito do Segundo Império,"e senadores e deputados só tomam a sério o papel que lhes compete nesta paródia de de mocracia pelas vantagens que auferem. Suprima-se o subsídio e forcem-nos a não se servirem de sua posição para fins
Os eleitos
tegidos", os "crias", os "parentes" dos senhores das terras que continuavam a dominar o eleitorado, agora de cabres to, como os seus avós e bisavós do tem
po do Império e da Colônia haviam do minado a escravaria africana e o selvícola domesticado.
Recordemos também a impopulari dade dos nossos melhores governos, dos nossos maiores presidentes e a anarquia
latente de todo o período republicano. que o seu Ministro da Guerra o salva.
racteri20u o Segundo Reinado. O céle
permanente, as suas figuras mais expres sivas, os seus autênticos valores polí
a que se referiu Nabuco.
eram sempre os "afilhados", os "pro
o que significava",
formação da aristocracia política que ca-
punham a serviço da Nação, dc modo
a tradição da "paródia da democracia"
Prudente de Morais é vítima de um
eleitorado contribuiu também p''^ra a
bre "lápis vermelho" do Imperador e a vítaliciedade de muitos cargos públicos
As eleições feitas a "bico de
coUer em coisas Brasil, ninguém nemnocomo nemsem porque. "O povo assistiu àquilo bcstializado, atôni-
gerais e dos vice-reis,
Essa independência em relação ao
rurais.
pena e pelas "atas falsas", conservam
meçavam intocada
Estados do Sul, coE^nas a esboçar-se, deixando
dencialism?'^^''j
cstniH.
®
Abolição, do presl-
® regime federativo, a
mos fl
que receberada Colônia ®e política do Império,
8'"^nde fonte da riqueza nacional
_
^
n c zenH--
deslocado do nordeste para ®5ncar o café. Os fa®nibora para não mais ostentassem
^ agricultura, apesar de
títulos nobiliárquicos, descendiam dos
condes e barões do Império e conserva vam a mesma psicologia e o mesmo incontrastável poder nos seus domínios
atentado e só não morre por acaso, por Campos Salles, que empreende a recu
peração financeira do País, deixa o go verno debaixo de uma vaia estrondosa, e acusado de desonesto.
O Marechal
Hermes é ironizado pela Nação inteira, e não passa de um títere nas mãos
de Pinheiro Machado. E é o estado de sítio que lhe permite manter-se no
govêmo até o fim do mandato. Ruy Barbosa, que encarnava a consciência
jurídica da Nação e era o maior repre sentante do espírito liberal e democrá tico, é duas vezes derrotado na luta
pela presidência da república. Em 1922 irrompe um movimento armado, e Arthur Bemardes também governa com o estado de sítio. Até 30,
o Pais vive em permanente inquietação. Lembremos ainda que, por volta de 30, uma das principais reridndicações dos
re\'olucionários contra a velha oligar quia que dominava a política nos Es tados era o voto secreto. Pois as elei ções nada representavam senão a rati
ficação, pelo "eleitorado de cabresto", das escolhas prévias, feitas pelos direto-
Digesto Econômico 19
Digesto Econômico 18
pessoais e de família e nenhum homem
to de vista social e econômico como do
que tenha o que fazer se prestará a perder o seu tempo em combates com
ponto de vista político, sempre foi o clã feudal que se desdobraria no clã parental e eleitoral, raiz do que mais tarde viriam a ser os nossos partidos
políticos. O que herdamos, portanto,
do quatro séculos de história, foi o indi vidualismo dos clãs locais, a ausência de
espírito público e de consciência dos in teresses nacionais, a política municipalista do "coronel", do "compadre", do "afilhado", do "jiüz nosso" e do "dele
gado nosso", das atas falsas, do "eleito rado de cabresto", e também das lutas
ferozes e sanguinolentas entre os clãs, como as dos Montes e Feitosas no Ceará
e as dos Pires e Camargos em São Paulo. , A política das ameaças, do suborno, da corrupção eleitoral, das vinditas, das
"derrubadas" em massa dos inimigos e do assassínio dos adversários mais peri gosos. Dono da terra e da gente, íncontrastável em seu poderio, o senhor feudal, durante 300 anos de Colônia, foi
no Brasil o único e verdadeiro poder. Não contraímos, portanto, nem podería
mos ter contraído hábitos que nos dispusessem à prática da democracia tal como é exercida na Europa e principalmente
nos países anglo-saxões. Não temos cm nossa formação histórica e social esse
lastro de tradição, esse suhstratum cul
tural que o regime democrático postula e exige para poder instaurar-se e fun cionar.
•
No Império, sem dúvida, procuramos ensaiar a democracia parlamentar, de acordo com o figurino inglês. Mas, em bora tivesse sido ampliada a participa
ção do povo na formação do governo, o regime continuava a ser rigorosamen te aristocrático. "Durante o Império — escreve ainda Oliveira Vianna — tudo continuou a ser feito por designação do
Centro, isto é, carismàlicamente, como
no tempo da Colônia" (22). A Constituição dc 1824 criou de novo apenas as Assembléias Legislativas pro
sombras" (23).
As nossas "tradições democráticas" te
riam começado, portanto, com a Repú-
vinciais e o Parlamento Nacional (Se
ica. Seriam algo de recente, em con
nado e Câmara) eleitos por sufrágio direto. Os governadores das províncias, no entanto, nomeados pelo poder cen tral e representantes da imediata con fiança do Imperador, centralizavam a
fronto com as tradições feudais, aristocr. ticas c centralizadoras que nos foram egadas por quatro séculos de história. entanto, a Proclamação da República nao Significou a instauração da demo cracia. O movimento não traduzia ne-
fôrça política e decidiam da constituição
dos legislativos provinciais.
O elei
torado não elegia pròpriamente, mas se limitava a ratificar escolhas prévias, a
^ mm anseio, nenhuma reivindicação popu ar, e ocorreu como costumam ocor-
homologar nomes e chapas que vinham do Rio de Janeiro, tal como outrora acontecia, no tempo dos govcmadores-
ticos.
diria Aristides Lobo, numa frase que se tomou célebre.
^istória da República somos qua^"^P^^^^oeos. Não me parece, no tenhamos tomado desse pasoma consciência suficien-
n e clara. Lembraremos apenas hü-oi 'nenhuma modificação estni„
na vida do País. Os fenô-
como^
tomariam decisivos, tais ® ® industrialização,
Apesar das eleições e do Parlamento,
e de uma prática política inspirada no
sistema inglês, o Império nada tem de democrático. A estrutura econômica do País continua a assentar na escravidão, 6 a política nos municípios continua a ser dominada pelos clãs feudais e parentaís agora desdobrados cm clãs eleitorais. "O sistema representativo é assim um enxerto de formas parlamentares num
governo patriarcal," dizia Nabuco a pro
pósito do Segundo Império,"e senadores e deputados só tomam a sério o papel que lhes compete nesta paródia de de mocracia pelas vantagens que auferem. Suprima-se o subsídio e forcem-nos a não se servirem de sua posição para fins
Os eleitos
tegidos", os "crias", os "parentes" dos senhores das terras que continuavam a dominar o eleitorado, agora de cabres to, como os seus avós e bisavós do tem
po do Império e da Colônia haviam do minado a escravaria africana e o selvícola domesticado.
Recordemos também a impopulari dade dos nossos melhores governos, dos nossos maiores presidentes e a anarquia
latente de todo o período republicano. que o seu Ministro da Guerra o salva.
racteri20u o Segundo Reinado. O céle
permanente, as suas figuras mais expres sivas, os seus autênticos valores polí
a que se referiu Nabuco.
eram sempre os "afilhados", os "pro
o que significava",
formação da aristocracia política que ca-
punham a serviço da Nação, dc modo
a tradição da "paródia da democracia"
Prudente de Morais é vítima de um
eleitorado contribuiu também p''^ra a
bre "lápis vermelho" do Imperador e a vítaliciedade de muitos cargos públicos
As eleições feitas a "bico de
coUer em coisas Brasil, ninguém nemnocomo nemsem porque. "O povo assistiu àquilo bcstializado, atôni-
gerais e dos vice-reis,
Essa independência em relação ao
rurais.
pena e pelas "atas falsas", conservam
meçavam intocada
Estados do Sul, coE^nas a esboçar-se, deixando
dencialism?'^^''j
cstniH.
®
Abolição, do presl-
® regime federativo, a
mos fl
que receberada Colônia ®e política do Império,
8'"^nde fonte da riqueza nacional
_
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n c zenH--
deslocado do nordeste para ®5ncar o café. Os fa®nibora para não mais ostentassem
^ agricultura, apesar de
títulos nobiliárquicos, descendiam dos
condes e barões do Império e conserva vam a mesma psicologia e o mesmo incontrastável poder nos seus domínios
atentado e só não morre por acaso, por Campos Salles, que empreende a recu
peração financeira do País, deixa o go verno debaixo de uma vaia estrondosa, e acusado de desonesto.
O Marechal
Hermes é ironizado pela Nação inteira, e não passa de um títere nas mãos
de Pinheiro Machado. E é o estado de sítio que lhe permite manter-se no
govêmo até o fim do mandato. Ruy Barbosa, que encarnava a consciência
jurídica da Nação e era o maior repre sentante do espírito liberal e democrá tico, é duas vezes derrotado na luta
pela presidência da república. Em 1922 irrompe um movimento armado, e Arthur Bemardes também governa com o estado de sítio. Até 30,
o Pais vive em permanente inquietação. Lembremos ainda que, por volta de 30, uma das principais reridndicações dos
re\'olucionários contra a velha oligar quia que dominava a política nos Es tados era o voto secreto. Pois as elei ções nada representavam senão a rati
ficação, pelo "eleitorado de cabresto", das escolhas prévias, feitas pelos direto-
Digesto Econômico
Dicesto EcoNÓivnco
20
rios centrais. A maneira de libertar o eleitorado e instaurar a verdadeira de mocracia era o voto secreto. De 30
para cá, os acontecimentos estão na memória de todos e é desnecessário re cordá-los.
Que perspectivas se abrem para a política do País, na presente conjuntura,
21
por motivos de ordem social e econô mica. Hâ uma crise geral da cultura moderna, que poderíamos caracterizar
pela falência do racionalismo c do cicntificismo. Dessa falência a democracia
.sofre o contragolpe e a repercussão, pois, como nos diz Paul Valéry, "toute politique, même Ia plus grossière, sup-
poso une idée de 1'homme, car il s agit de disposer de lui, de s'en servir, et même de le servir" (25).
A crise do humanismo racionalista e
mundial e nacional? Há, sem dúvida. uma crise da democracia que seria
ateu envolve a crise das formas políti
inútil procurar desconhecer. Essa crise,
cas que lhe são correspondentes e cujo
aliás, se inscreve no contêxto mais am
suposto era o relativismo metafísico. A
plo da crise da cultura e da civilização
partir do Renascimento, a humanidade ocidental vem dilapidando um patrimô
revelia dc qualquer contato com a fé
o de qualquer inspiração religiosa, a
ultima filosofia do Ocidente descobre o revela a idéia do nada, c faz do de sespero, do tédio, da angústia c da mor
te os seus temas mais urgentes e quase
obscssionais.
Vinculada hislòricamcnte ao destino o uma ciasse social, a democracia foi a íirma corn que a burguesia destruiu o jincien-régime" e justificou sua ascen são ao poder. O êxito da democracia
As insolúveis dificuldades em que se debatem os países democráticos têm um
e a contemplação da Idade Média ha
valor de sintoma, revelando as contra
viam acumulado durante mais de dez
durante o século XIX, no entanto, foi devido a um conjunto de circunstân cias que já desapareceram e que cer tamente nao poderão mais reproduzir-se. bo tomássemos a Inglaterra como exem plo, e analisássemos a sua evolução política desde 1815 até 1914, verifica ríamos que o ê.xito do regime parla
dições internas do regime e a impossi
séculos.
Estamos fechando agora esse
mentar se explica não pelas virtudes
bilidade de resolvê-las nos quadros da democracia burguesa e capitalista. A crise é um momento do processo dia
circuito, ao verificar que a existência humana não se pode fundar e dispor
o próprio sistema mas por condições especialíssimas que deram à Inglaterra, fite a segunda grande guerra, uma siniaçao privilegiada que acaba de per der e não conseguirá mais recuperar.
ocidental.
lético que põe a nu, que promove a eclosão das incoerências implicadas no
nio de crenças e Valores que a ascese
apenas sôbre a razão, porque esta, por sua vez, assim como tôda a cultura,
assenta em pressupostos indemonstráveis
sistema. E o regime só poderá sobre viver se conseguir tomar consciência des sas contradições que, no plano moral,
em crenças. Ora, como diz Berdiaeff, num livro que não me parece ter per
assina ar, por exemplo, a elevação de vi-
dido a atualidade, "a democracia pro
fi as classes operárias, que se tomou
por exemplo, assumem a forma da injus
cura organizar a sociedade, do ponto de vista político, como se a verdade não
tiça, e superá-las realizando uma ordem humana que corresponda às exigên cias da justiça, contidas na própria ló gica do regime.
Foge ao objetivo deste ensaio a in dicação de todos os nexos e articula
ções entre a crise da democracia e os de mais aspectos da crise da cultura. E embora possamos discuti-la e criticá-la
no plano puramente lógico, a democra cia liberal coincide com mais de um século de história da Europa e da Amé rica, e a sua crise atual não pode ser
explicada apenas por razoes de ordem religiosa ou filosófica, mas ^também
existisse" (26).
Quando o relativismo deixa de ser
Entre essas condições, poderíamos possível graças ao desenvolvimento cien-
''^o e ao progresso da tecnologia. Êsse ^créscimo de bem-estar material , não se azia em prejuízo da classe dos pa-
uma atitude polêmica ou uma posição
roes e proprietários, pois a estrutura
apenas da inteligência, para tomar-se
a ecoriomia inglesa assentava na imporfiçao das matérias-primas e na explo
uma experiência concreta, existencial, demonstra, por uma espécie de redução ao absurdo, que a inteligência se nega a si mesma e a vida se destrói, ao negar
os fundamentos, os suportes religiosos,
ração do trabalho nas colônias, bem
como na exportação dos produtos manutaturados para os países subdesenvol vidos. Pioneira do industrialismo, a
as crenças, que estão na raiz da cul
ng aterra desfrutou, até o advento do
tura e da própria existência humana.
parque manufatureiro norte-americano,
Nos limites dêsse trabalho corrosivo, de
prospecção, de escavação das bases do pensamento pelo próprio pensamento, à
uma situação de predomínio que per mitia à classe dos patrões e proprie tários atender a certas reivindicações
dos trabalhadores sem com isso com prometer a sua posição nos mercados internacionais.
O Oriente não se insurgira ainda contra a tutela do Ocidente, a imigração para a América era livre e, no mundo todo,
ha\ia regiões onde aplicar capitais sem grandes riscos e com amplas possibi lidades de considerável remuneração. O capitalismo não assumira ainda as for
mas agudas que assumiria mais tarde, do imperialismo do petróleo, do carvão e da alta finança, que ameaçariam a própria independência política das na ções. A paz social era obtida a preço módico, c o mesmo otimismo, a mesma confiança na ciência, na indústria e nas
instituições democráticas, no progresso
social, empolgava nobres e plebeus, ca
pitalistas e operários. Do ponto de vista político, obser va Harold Laski, "o êxito do sistema
á
parlamentar na Grã-Bretanha é devi- " do ao fato de os dois grandes partidos no Estado poderem aceitar a sua legis
lação respectiva, pois nem um nem outro alterava os fundamentos do sistema
econômico e social a que estavam li gados os interesses de ambos" (27). Tanto liberais como conservadores esta
vam de acôrdo em relação a tôdas as
questões substantivas da política e do regime, divergindo apenas quanto às questões adjetivas e secundárias. A dialética do sistema, no entanto, deveria
agravar cada vez mais a contradição en
tre a democracia política e o capitalis mo econômico. E, propiciando às mas sas, pelo sufrágio universal, a possibili dade de dominar o mecanismo político o de pô-lo a serviço de suas reivindica
ções, o regime é levado à negação de si mesmo, resolvendo-se em seu contrário isto é, na ditadura.
Digesto Econômico
Dicesto EcoNÓivnco
20
rios centrais. A maneira de libertar o eleitorado e instaurar a verdadeira de mocracia era o voto secreto. De 30
para cá, os acontecimentos estão na memória de todos e é desnecessário re cordá-los.
Que perspectivas se abrem para a política do País, na presente conjuntura,
21
por motivos de ordem social e econô mica. Hâ uma crise geral da cultura moderna, que poderíamos caracterizar
pela falência do racionalismo c do cicntificismo. Dessa falência a democracia
.sofre o contragolpe e a repercussão, pois, como nos diz Paul Valéry, "toute politique, même Ia plus grossière, sup-
poso une idée de 1'homme, car il s agit de disposer de lui, de s'en servir, et même de le servir" (25).
A crise do humanismo racionalista e
mundial e nacional? Há, sem dúvida. uma crise da democracia que seria
ateu envolve a crise das formas políti
inútil procurar desconhecer. Essa crise,
cas que lhe são correspondentes e cujo
aliás, se inscreve no contêxto mais am
suposto era o relativismo metafísico. A
plo da crise da cultura e da civilização
partir do Renascimento, a humanidade ocidental vem dilapidando um patrimô
revelia dc qualquer contato com a fé
o de qualquer inspiração religiosa, a
ultima filosofia do Ocidente descobre o revela a idéia do nada, c faz do de sespero, do tédio, da angústia c da mor
te os seus temas mais urgentes e quase
obscssionais.
Vinculada hislòricamcnte ao destino o uma ciasse social, a democracia foi a íirma corn que a burguesia destruiu o jincien-régime" e justificou sua ascen são ao poder. O êxito da democracia
As insolúveis dificuldades em que se debatem os países democráticos têm um
e a contemplação da Idade Média ha
valor de sintoma, revelando as contra
viam acumulado durante mais de dez
durante o século XIX, no entanto, foi devido a um conjunto de circunstân cias que já desapareceram e que cer tamente nao poderão mais reproduzir-se. bo tomássemos a Inglaterra como exem plo, e analisássemos a sua evolução política desde 1815 até 1914, verifica ríamos que o ê.xito do regime parla
dições internas do regime e a impossi
séculos.
Estamos fechando agora esse
mentar se explica não pelas virtudes
bilidade de resolvê-las nos quadros da democracia burguesa e capitalista. A crise é um momento do processo dia
circuito, ao verificar que a existência humana não se pode fundar e dispor
o próprio sistema mas por condições especialíssimas que deram à Inglaterra, fite a segunda grande guerra, uma siniaçao privilegiada que acaba de per der e não conseguirá mais recuperar.
ocidental.
lético que põe a nu, que promove a eclosão das incoerências implicadas no
nio de crenças e Valores que a ascese
apenas sôbre a razão, porque esta, por sua vez, assim como tôda a cultura,
assenta em pressupostos indemonstráveis
sistema. E o regime só poderá sobre viver se conseguir tomar consciência des sas contradições que, no plano moral,
em crenças. Ora, como diz Berdiaeff, num livro que não me parece ter per
assina ar, por exemplo, a elevação de vi-
dido a atualidade, "a democracia pro
fi as classes operárias, que se tomou
por exemplo, assumem a forma da injus
cura organizar a sociedade, do ponto de vista político, como se a verdade não
tiça, e superá-las realizando uma ordem humana que corresponda às exigên cias da justiça, contidas na própria ló gica do regime.
Foge ao objetivo deste ensaio a in dicação de todos os nexos e articula
ções entre a crise da democracia e os de mais aspectos da crise da cultura. E embora possamos discuti-la e criticá-la
no plano puramente lógico, a democra cia liberal coincide com mais de um século de história da Europa e da Amé rica, e a sua crise atual não pode ser
explicada apenas por razoes de ordem religiosa ou filosófica, mas ^também
existisse" (26).
Quando o relativismo deixa de ser
Entre essas condições, poderíamos possível graças ao desenvolvimento cien-
''^o e ao progresso da tecnologia. Êsse ^créscimo de bem-estar material , não se azia em prejuízo da classe dos pa-
uma atitude polêmica ou uma posição
roes e proprietários, pois a estrutura
apenas da inteligência, para tomar-se
a ecoriomia inglesa assentava na imporfiçao das matérias-primas e na explo
uma experiência concreta, existencial, demonstra, por uma espécie de redução ao absurdo, que a inteligência se nega a si mesma e a vida se destrói, ao negar
os fundamentos, os suportes religiosos,
ração do trabalho nas colônias, bem
como na exportação dos produtos manutaturados para os países subdesenvol vidos. Pioneira do industrialismo, a
as crenças, que estão na raiz da cul
ng aterra desfrutou, até o advento do
tura e da própria existência humana.
parque manufatureiro norte-americano,
Nos limites dêsse trabalho corrosivo, de
prospecção, de escavação das bases do pensamento pelo próprio pensamento, à
uma situação de predomínio que per mitia à classe dos patrões e proprie tários atender a certas reivindicações
dos trabalhadores sem com isso com prometer a sua posição nos mercados internacionais.
O Oriente não se insurgira ainda contra a tutela do Ocidente, a imigração para a América era livre e, no mundo todo,
ha\ia regiões onde aplicar capitais sem grandes riscos e com amplas possibi lidades de considerável remuneração. O capitalismo não assumira ainda as for
mas agudas que assumiria mais tarde, do imperialismo do petróleo, do carvão e da alta finança, que ameaçariam a própria independência política das na ções. A paz social era obtida a preço módico, c o mesmo otimismo, a mesma confiança na ciência, na indústria e nas
instituições democráticas, no progresso
social, empolgava nobres e plebeus, ca
pitalistas e operários. Do ponto de vista político, obser va Harold Laski, "o êxito do sistema
á
parlamentar na Grã-Bretanha é devi- " do ao fato de os dois grandes partidos no Estado poderem aceitar a sua legis
lação respectiva, pois nem um nem outro alterava os fundamentos do sistema
econômico e social a que estavam li gados os interesses de ambos" (27). Tanto liberais como conservadores esta
vam de acôrdo em relação a tôdas as
questões substantivas da política e do regime, divergindo apenas quanto às questões adjetivas e secundárias. A dialética do sistema, no entanto, deveria
agravar cada vez mais a contradição en
tre a democracia política e o capitalis mo econômico. E, propiciando às mas sas, pelo sufrágio universal, a possibili dade de dominar o mecanismo político o de pô-lo a serviço de suas reivindica
ções, o regime é levado à negação de si mesmo, resolvendo-se em seu contrário isto é, na ditadura.
Digesto Econômico 22
Digesto Econômico
A falência do liberalismo, do "laissez-
fairo" da época vitoriana, implicava o reconhecimento de que a democracia não fora senão a máscara do capitalismo, e
de que a justiça social não se alcança ria automàticamente, pelo livre jôgo dos interesses individuais, mas apenas
profundeza de novas religiões, é porque já não basta aos iiomcns sabcrcm-sc ga rantidos no exercício da sua liberdade,
da liberdade democrática abstrata e for mal, pois também exigem que a essa
tamos vivendo — escreve Karl Man-
nheim — em uma época de transição do "laissez-faire" para uma sociedade pla-
surreição das massas o com o niilismo
nificação da economia nacional. "Es
nificada" (28). O problema não é mais o de escolher entre o liberalismo
e a planificação, mas entre a planificação com ou sem liberdade. Reconhe cer o malôgro do liberalismo é reco nhecer também a necessidade do pla
em que se acha mergulhada a humani dade, coloca, em toda a sua amplitude e urgência, o problema da sobrevivência coletiva, que não será resolvido nem pelo agnosticismo burguês nem pela tolerância liberal em face do bem e do
mal, mas por um novo surto de fé e de
de controles sociais que permitam reali
esperança religiosa.
zar a justiça nas relações de trabalho e
Na perspectiva dessa crise, de que .a eclosão dos regimes fascista e comunis ta foi o sintoma mais eloqüente, se ins creve o problema da organização polí
A eclosão não só dos movimentos fas
cistas e comunistas, mas de outras for mas de socialismo, como o trabalhismo
tica nacional. Não acreditamos, porém,
britânico, assinalam a crise da democra
que o problema político possa ser iso
cia burguesa e capitalista e a necessida
lado do problema da cultura nacional,
de de um reajustamento entre as ins
nem resolvido à revelia da experiência
tituições políticas e as novas exigências econômicas e sociais que a própria de mocracia suscitou. A democracia só
histórica e do conhecimento da nossa
poderá sobreviver e resistir ao impacto dos regimes totalitários na medida em que fôr capaz de superar o seu formalismo abstrato, o seu relativismo metafísi co dando um sentido concreto à liber dade que se propõe preservar, e se em
penhando na promoção da justiça social aue o capitalismo não soube realizar. A recuperação da unidade espiritual, em torno de um repertório de crenças e de valores comuns, é a condição basica de uma reorganização social e política das democracias ocidentais.
Se a democracia deixou de ser uma
durante algum tempo com êle, esposan do provisòriamente a sua direção inicial.
armas atômicas, coincidindo com a in
nejamento da economia e da instituição na distribuição da riqueza.
o do coincidência com o real, como con dição de qualquer reforma do homem e da sociedade. Para <lesviar um trilho de sua direção, diz o autor de "L'Evolution Creatrice", é necessário coincidir
munismo ganhavam a intensidade c a
liberdade seja dado um sentido, que justifique o sen esforço, o seu sofrimcnte, a sua Wda, enfim. A fabricação das
pela intervenção do Estado e pela pla-
23
idéia-fôrça, enquanto o nazismo e o co
realidade.
Não temos tradições demo
cráticas e liberais. Mas porque sofre mos de superstição jurídica, sempre atri
buímos mais importância ao direito legal ou escrito do que ao direito costumeiro. Para nós, o importante é que existam
normas legais, embora os costumes não coincidam com elas e mesmo as contra
riem.
No entanto, o direito público
não pode mais prescindir da contribuição da sociologia e das outras ciências so ciais.
As ciências sociais, a história e
a sociologia acham-se, assim, na base da arte política. Há uma metáfora de
Bergson que nos ajuda a compreender essa necessidade de conhecimento prévio
r
Devemos, portanto, reconhecer que nada encontramos em nosso passado o em nossa psicologia coletiva que possa servir de ponto de apoio para as expenencias democráticas. Ao contrário do que ocorre especialmente nos países an-
glo-saxoes, a democracia e as instituições
políticas que lhe são correspondentes nao foram aqui suscitadas pelo nosso próprio desenvolvimento cultural e liistó
rico. mas trazidas de fora, importadas, e anexadas". A sua sócio-gênese é ar tificial, nao correspondendo a nenhuma exigência do nosso povo, formado, como vimos por quatro séculos de regime
blemas nos propomos resolver. Esque cemo-nos, assim, que, de acordo com
o próprio Rousseau, não há regimes melhores ou piores se os tomarmos em
abstrato, e que cs ótimos para deter minados países podem ser péssimos para outros. O "margínalismo" em que \àvemos nos impede de fazer esse esforço
de reconhecimento e de aceitação da realidade. Ignoramos ou fingimos igno rar que o Brasil, como diz Oliveira
Víanna, é uma espécie de museu de sociologia retrospectiva e de história comparada.
_No território imenso, com as propor ções de um continente, e ainda quase deserto, coexistem todos os estágios so ciais, tôdas as épocas históricas e todos
os níveis de cultura. A poucas horas de \àagem dos grandes centros urbanos,
das grandes capitais, comparáveis às
Nunca houve entre nós ósse conjunto
melhores cidades do mundo, encontra mos às margens do Araguaia índios semi-
do motivações, hóbitos e , formas de conduta que os sociólogos chamariam de "complexo democrático". Faltam-nos
como há quatrocentos anos frechavam o invasor lusitano. Nos Estados mais
feudal e aristocrático.
como sempre nos faltaram, o sentimento 6 a consciência do interesse nacional. Toda a nossa vida política, no municí pio como nas províncias e mesmo no
nus, frechando o branco escopeteiro,
prósperos e mais ricos, como São Paulo êsses desníveis e contrastes não são me nos chocantes. Inclusive nas melhores
fazendas o "meeiro", o "agregado", o
camarada", vivem ainda em condições plano nacional, é dominada pelo "espí miseráveis, com um mínimo de assistên rito do clã". Não temos opinião públi cia, em casebres de pau-a-pica nem partidos políticos e, no entanto, que. Em certasimundos regiões do País, há nos obstinamos em realizar um regime, ^pula^es que ainda se encontram na que depende antes de mais nada da . idade do couro, e outras que não co opinião pública e dos partidos políticos. "Não temos opinião e não temos dire ção mental" (29), escrevia Alberto Tor res em 1914.
Ao colocar o problema político, por que o colocamos em termos pessoais, de grupo ou .d© família, e não nacionais,
perdemos sempre de vista o essencial! isto é, a realidade do país cujos pro-
nhecem o uso do dinheiro.
Mau grado a heterogeneidade, a rarefaçao, a diversidade cultural, dos nos sos nódulos de população, espalhados pelo território como pequenas ilhas de humanidade primitiva na solidão dos mares desertos, apesar dessa desconti-
nuídade, dessa configuração ganglionar do nosso povo, que explica em grande
Digesto Econômico 22
Digesto Econômico
A falência do liberalismo, do "laissez-
fairo" da época vitoriana, implicava o reconhecimento de que a democracia não fora senão a máscara do capitalismo, e
de que a justiça social não se alcança ria automàticamente, pelo livre jôgo dos interesses individuais, mas apenas
profundeza de novas religiões, é porque já não basta aos iiomcns sabcrcm-sc ga rantidos no exercício da sua liberdade,
da liberdade democrática abstrata e for mal, pois também exigem que a essa
tamos vivendo — escreve Karl Man-
nheim — em uma época de transição do "laissez-faire" para uma sociedade pla-
surreição das massas o com o niilismo
nificação da economia nacional. "Es
nificada" (28). O problema não é mais o de escolher entre o liberalismo
e a planificação, mas entre a planificação com ou sem liberdade. Reconhe cer o malôgro do liberalismo é reco nhecer também a necessidade do pla
em que se acha mergulhada a humani dade, coloca, em toda a sua amplitude e urgência, o problema da sobrevivência coletiva, que não será resolvido nem pelo agnosticismo burguês nem pela tolerância liberal em face do bem e do
mal, mas por um novo surto de fé e de
de controles sociais que permitam reali
esperança religiosa.
zar a justiça nas relações de trabalho e
Na perspectiva dessa crise, de que .a eclosão dos regimes fascista e comunis ta foi o sintoma mais eloqüente, se ins creve o problema da organização polí
A eclosão não só dos movimentos fas
cistas e comunistas, mas de outras for mas de socialismo, como o trabalhismo
tica nacional. Não acreditamos, porém,
britânico, assinalam a crise da democra
que o problema político possa ser iso
cia burguesa e capitalista e a necessida
lado do problema da cultura nacional,
de de um reajustamento entre as ins
nem resolvido à revelia da experiência
tituições políticas e as novas exigências econômicas e sociais que a própria de mocracia suscitou. A democracia só
histórica e do conhecimento da nossa
poderá sobreviver e resistir ao impacto dos regimes totalitários na medida em que fôr capaz de superar o seu formalismo abstrato, o seu relativismo metafísi co dando um sentido concreto à liber dade que se propõe preservar, e se em
penhando na promoção da justiça social aue o capitalismo não soube realizar. A recuperação da unidade espiritual, em torno de um repertório de crenças e de valores comuns, é a condição basica de uma reorganização social e política das democracias ocidentais.
Se a democracia deixou de ser uma
durante algum tempo com êle, esposan do provisòriamente a sua direção inicial.
armas atômicas, coincidindo com a in
nejamento da economia e da instituição na distribuição da riqueza.
o do coincidência com o real, como con dição de qualquer reforma do homem e da sociedade. Para <lesviar um trilho de sua direção, diz o autor de "L'Evolution Creatrice", é necessário coincidir
munismo ganhavam a intensidade c a
liberdade seja dado um sentido, que justifique o sen esforço, o seu sofrimcnte, a sua Wda, enfim. A fabricação das
pela intervenção do Estado e pela pla-
23
idéia-fôrça, enquanto o nazismo e o co
realidade.
Não temos tradições demo
cráticas e liberais. Mas porque sofre mos de superstição jurídica, sempre atri
buímos mais importância ao direito legal ou escrito do que ao direito costumeiro. Para nós, o importante é que existam
normas legais, embora os costumes não coincidam com elas e mesmo as contra
riem.
No entanto, o direito público
não pode mais prescindir da contribuição da sociologia e das outras ciências so ciais.
As ciências sociais, a história e
a sociologia acham-se, assim, na base da arte política. Há uma metáfora de
Bergson que nos ajuda a compreender essa necessidade de conhecimento prévio
r
Devemos, portanto, reconhecer que nada encontramos em nosso passado o em nossa psicologia coletiva que possa servir de ponto de apoio para as expenencias democráticas. Ao contrário do que ocorre especialmente nos países an-
glo-saxoes, a democracia e as instituições
políticas que lhe são correspondentes nao foram aqui suscitadas pelo nosso próprio desenvolvimento cultural e liistó
rico. mas trazidas de fora, importadas, e anexadas". A sua sócio-gênese é ar tificial, nao correspondendo a nenhuma exigência do nosso povo, formado, como vimos por quatro séculos de regime
blemas nos propomos resolver. Esque cemo-nos, assim, que, de acordo com
o próprio Rousseau, não há regimes melhores ou piores se os tomarmos em
abstrato, e que cs ótimos para deter minados países podem ser péssimos para outros. O "margínalismo" em que \àvemos nos impede de fazer esse esforço
de reconhecimento e de aceitação da realidade. Ignoramos ou fingimos igno rar que o Brasil, como diz Oliveira
Víanna, é uma espécie de museu de sociologia retrospectiva e de história comparada.
_No território imenso, com as propor ções de um continente, e ainda quase deserto, coexistem todos os estágios so ciais, tôdas as épocas históricas e todos
os níveis de cultura. A poucas horas de \àagem dos grandes centros urbanos,
das grandes capitais, comparáveis às
Nunca houve entre nós ósse conjunto
melhores cidades do mundo, encontra mos às margens do Araguaia índios semi-
do motivações, hóbitos e , formas de conduta que os sociólogos chamariam de "complexo democrático". Faltam-nos
como há quatrocentos anos frechavam o invasor lusitano. Nos Estados mais
feudal e aristocrático.
como sempre nos faltaram, o sentimento 6 a consciência do interesse nacional. Toda a nossa vida política, no municí pio como nas províncias e mesmo no
nus, frechando o branco escopeteiro,
prósperos e mais ricos, como São Paulo êsses desníveis e contrastes não são me nos chocantes. Inclusive nas melhores
fazendas o "meeiro", o "agregado", o
camarada", vivem ainda em condições plano nacional, é dominada pelo "espí miseráveis, com um mínimo de assistên rito do clã". Não temos opinião públi cia, em casebres de pau-a-pica nem partidos políticos e, no entanto, que. Em certasimundos regiões do País, há nos obstinamos em realizar um regime, ^pula^es que ainda se encontram na que depende antes de mais nada da . idade do couro, e outras que não co opinião pública e dos partidos políticos. "Não temos opinião e não temos dire ção mental" (29), escrevia Alberto Tor res em 1914.
Ao colocar o problema político, por que o colocamos em termos pessoais, de grupo ou .d© família, e não nacionais,
perdemos sempre de vista o essencial! isto é, a realidade do país cujos pro-
nhecem o uso do dinheiro.
Mau grado a heterogeneidade, a rarefaçao, a diversidade cultural, dos nos sos nódulos de população, espalhados pelo território como pequenas ilhas de humanidade primitiva na solidão dos mares desertos, apesar dessa desconti-
nuídade, dessa configuração ganglionar do nosso povo, que explica em grande
Digesto EcONÓ^^CO
25
DicESTo Econômico 24
política federal, aceitavam todas as com
aquisições morais: estas se comunicam
parte o seu "localismo", o seu "espírito
que temos feito sempre senão confun
binações, cambalachos e acordos nas pro
em seguida por meio de uma educa
de clã", e a falta de consciência nacio
dir o sertão com o "município neutro" e
legislar para o País como se êle fòsse apenas o Rio de Janeiro? Quanto aos partidos, continuaram a
víncias o nos municípios. Candidatos irreconciliávcis em relação à presidên cia da República ou dos seus Estados, por exemplo, se tornaram aliados na
sileiro a escolher os seus representantes,
ser no Império e na República uma soma
luta pela conquista das prefeituras mu
não só para os governos municipais e
de clãs senhoriaís.
nicipais e pela constituição das câmaras
nal, apesar da ignorância, da incultura, da carência de quaisquer hábitos de vida pública, insistimos em forçar o povo bra estaduais mas também para o govêmo federal.
Criamos, sem dú
vida, depois de 30, e por um ato cio govêmo central, os partidos nacionais.
A essas populações, politicamente in capazes, atribuímos então o encargo de
Mais uma vez, no entanto, incidimos no
constituir e organizar os executivos e le gislativos municipais e estaduais, e o legislativo e executivo nacionais. Obser vemos, aliás, que a nossa democracia de aparência é, na realidade, uma aris
da lei ou do decreto poderia nascer uma
mesmo erro, ao imaginar que do tè.xlo instituição da complexidade c da am
plitude de um partido político nacional.
t
O problema não é o de realizar uma
a nossa civilização, aliás, uma democra
política ideológica de amplitude nacio nal nem mesmo estadual, mas eleger-se
pulação de 50 milhões de habitantes
pância entre a ideologia dos reforma
para pô-los ao serviço dos parentes, ami gos e correligionários políticos. Como
apenas 10 milhões, isto é 25 %, exercem o direito de votar. É, portanto, a mi
dores e a realidade da política brasi
poderiam organizar-se e funcionar em
leira.
um país como o Brasil os partidos na cionais? Se os nossos núcleos de popu
legal", embora o critério adotado para a
mente nacionais, não passam, na reali
formação desse corpo eleitoral nos pare
dade, do uma agregado do clãs locais,
ça inteiramente absurdo.
municipais e regionais, unificados pelo prestígio pessoal de um chefe, um líder.
Supomos e
damos como existente o que na reali
formas de conduta política que certa
Além de não apresentarem nenhum con teúdo ideológico, pois os seus programas nada significam, não correspondem aos
mente se encontram na Inglaterra e nos
interesses nacionais nem cs exprimem,
dade não existe.
Postulamos tradi
ções, sentimentos, valores, hábitos e
países escandinavos, mas que jamais existiram e ainda não existem entre nós.
Permanecendo surdos e cegos às lições
da experiência, teimamos em fazer fun cionar no trópico a opinião pública, o sufrágio universal e a política partiEm 1869, dizia o senador Nabuco
de Arauio, a propósito da necessidade de
Icl!realidade,. "Isto
do preconceito
f''"/"'''•
o preconceito das leis absolntas; entre tanto, a melhor qualidade, das leis e a sua relação com as circunstâncias locais. Não podia convir ao sertão o que con
vém ao município neutro" (30). E o
nem poderiam exprimi-los, pois, na psi
cologia dos membros dos partidos, o que está presente c apenas o estreito ho rizonte do município ou da região em
que habitam. Os motivos pessoais, os interêsses de família e de grupo, pre valecem invariàvelmcntc sobre qual quer outro sistema de motivações.
Verificamos, nas últimas eleições, que os partidos nacionais não existem como
unidade de direção e de atitude polí
tica, pois nos três planos, municipal, es tadual e federal, os mesmos partidos as sumiram atitudes e revelaram comporta
mentos inteiramente diversos. Partidos intolerantes e escrupulosos no piano da
Assentamos nossas instituições políticas na incompreensão e no desconhecimento da realidade nacional. E nos surpreen
demos então que as instituições não te nham aqui o rendimento e não dêem os resultados que se obse^^'am em outros
tocracia de alfabetizados, pois numa po
Embora os partidos sejam nominal
acabamos por crer hereditários" (31).
de vereadores. Porque, em nossa demo cracia do aparências, e pelas razões já apontadas, o que determina a conduta dos homens na política é o espírito de clã, feudal, parental e eleitoral.
E, ao longo das mais recentes experiên cias eleitorais, especialmente da última, pudemos verificar o contraste, a discre
noria da Nação que constitui o "país
ção de todos os instantes; e assim pas
sam de geração em geração hábitos que
de qualquer maneira, ocupar os cargos
lação vivem perdidos pelo interior do imenso território," separados uns dos ou tros por distâncias praticamente intrans poníveis, sem nenhuma consciência do
que é o país como um todo, num está
gio cultural de absoluto primitivismo? A todas as razões que explicam a crise da democracia no mundo, acrescenta-
países.
Satisfazemos, no entanto, o
nosso "bovar}'smo", criando, como toda cia do aparências ou uma paródia de democracia, para usar a expressão de Nabuco.
Em um país que é um deserto, e cujas elites vão mais fàcilmonte à Europa do que a Mato Grosso ou ao Ceará, o sufrágio imiversal, a eleição direta, por aqueles dos quais se exige serem apenas alfabetizados, dos governos estaduais
e do govêmo federal, é uma insensatez ^ que só o nosso marginalismo é capaz de H explicar. Nos próprios países da Europa, na França e na Inglaterra, homens como Winston Churchill e André Tardieu re
conhecem que o sufrágio universal pro vocou uma queda considerável na qua-
mos os motivos nacionais, as peculia
lidade e no nível cultural e moral das
ridades da nossa formação e da nossa psicologia que a tornam, na forma in glesa, por e.xemplo, praticamente irrea-
assembléias e parlamentos. Porque a
significação do voto é proporcional ao conhecimento que tem 0 eleitor do can
lizável. Pois o regime supõe o que não
didato.
existe entre nós: a consciência nacional, o espirito público, o sentido do interês-
observa o próprio Rousseau, a democra
so coletivo, a preocupação do bem comum e a capacidade de distinguir os negó cios particulares dos negócios do Estado,
dades onda todos se conhecem e po
Sempre desprezamos o essencial, Isto
é, a realidade do nosso comportamento político. Ora, como ensina Bergson, "é
Em princípio, portanto, como
cia só é viável nas pequenas comuni
dem escolher sabendo porque o fazem. Quanto mais aumenta a distância ou o desconhecimento entre o eleitor e o can
didato, mais absurdo se toma o voto.
Como escolher, como preferir entre A
nos costumes, nas instituições, na pró
e B, se não conhecemos nem A nem B?
pria linguagem que se depositam as
E que sentido passa a ter o voto desde
Digesto EcONÓ^^CO
25
DicESTo Econômico 24
política federal, aceitavam todas as com
aquisições morais: estas se comunicam
parte o seu "localismo", o seu "espírito
que temos feito sempre senão confun
binações, cambalachos e acordos nas pro
em seguida por meio de uma educa
de clã", e a falta de consciência nacio
dir o sertão com o "município neutro" e
legislar para o País como se êle fòsse apenas o Rio de Janeiro? Quanto aos partidos, continuaram a
víncias o nos municípios. Candidatos irreconciliávcis em relação à presidên cia da República ou dos seus Estados, por exemplo, se tornaram aliados na
sileiro a escolher os seus representantes,
ser no Império e na República uma soma
luta pela conquista das prefeituras mu
não só para os governos municipais e
de clãs senhoriaís.
nicipais e pela constituição das câmaras
nal, apesar da ignorância, da incultura, da carência de quaisquer hábitos de vida pública, insistimos em forçar o povo bra estaduais mas também para o govêmo federal.
Criamos, sem dú
vida, depois de 30, e por um ato cio govêmo central, os partidos nacionais.
A essas populações, politicamente in capazes, atribuímos então o encargo de
Mais uma vez, no entanto, incidimos no
constituir e organizar os executivos e le gislativos municipais e estaduais, e o legislativo e executivo nacionais. Obser vemos, aliás, que a nossa democracia de aparência é, na realidade, uma aris
da lei ou do decreto poderia nascer uma
mesmo erro, ao imaginar que do tè.xlo instituição da complexidade c da am
plitude de um partido político nacional.
t
O problema não é o de realizar uma
a nossa civilização, aliás, uma democra
política ideológica de amplitude nacio nal nem mesmo estadual, mas eleger-se
pulação de 50 milhões de habitantes
pância entre a ideologia dos reforma
para pô-los ao serviço dos parentes, ami gos e correligionários políticos. Como
apenas 10 milhões, isto é 25 %, exercem o direito de votar. É, portanto, a mi
dores e a realidade da política brasi
poderiam organizar-se e funcionar em
leira.
um país como o Brasil os partidos na cionais? Se os nossos núcleos de popu
legal", embora o critério adotado para a
mente nacionais, não passam, na reali
formação desse corpo eleitoral nos pare
dade, do uma agregado do clãs locais,
ça inteiramente absurdo.
municipais e regionais, unificados pelo prestígio pessoal de um chefe, um líder.
Supomos e
damos como existente o que na reali
formas de conduta política que certa
Além de não apresentarem nenhum con teúdo ideológico, pois os seus programas nada significam, não correspondem aos
mente se encontram na Inglaterra e nos
interesses nacionais nem cs exprimem,
dade não existe.
Postulamos tradi
ções, sentimentos, valores, hábitos e
países escandinavos, mas que jamais existiram e ainda não existem entre nós.
Permanecendo surdos e cegos às lições
da experiência, teimamos em fazer fun cionar no trópico a opinião pública, o sufrágio universal e a política partiEm 1869, dizia o senador Nabuco
de Arauio, a propósito da necessidade de
Icl!realidade,. "Isto
do preconceito
f''"/"'''•
o preconceito das leis absolntas; entre tanto, a melhor qualidade, das leis e a sua relação com as circunstâncias locais. Não podia convir ao sertão o que con
vém ao município neutro" (30). E o
nem poderiam exprimi-los, pois, na psi
cologia dos membros dos partidos, o que está presente c apenas o estreito ho rizonte do município ou da região em
que habitam. Os motivos pessoais, os interêsses de família e de grupo, pre valecem invariàvelmcntc sobre qual quer outro sistema de motivações.
Verificamos, nas últimas eleições, que os partidos nacionais não existem como
unidade de direção e de atitude polí
tica, pois nos três planos, municipal, es tadual e federal, os mesmos partidos as sumiram atitudes e revelaram comporta
mentos inteiramente diversos. Partidos intolerantes e escrupulosos no piano da
Assentamos nossas instituições políticas na incompreensão e no desconhecimento da realidade nacional. E nos surpreen
demos então que as instituições não te nham aqui o rendimento e não dêem os resultados que se obse^^'am em outros
tocracia de alfabetizados, pois numa po
Embora os partidos sejam nominal
acabamos por crer hereditários" (31).
de vereadores. Porque, em nossa demo cracia do aparências, e pelas razões já apontadas, o que determina a conduta dos homens na política é o espírito de clã, feudal, parental e eleitoral.
E, ao longo das mais recentes experiên cias eleitorais, especialmente da última, pudemos verificar o contraste, a discre
noria da Nação que constitui o "país
ção de todos os instantes; e assim pas
sam de geração em geração hábitos que
de qualquer maneira, ocupar os cargos
lação vivem perdidos pelo interior do imenso território," separados uns dos ou tros por distâncias praticamente intrans poníveis, sem nenhuma consciência do
que é o país como um todo, num está
gio cultural de absoluto primitivismo? A todas as razões que explicam a crise da democracia no mundo, acrescenta-
países.
Satisfazemos, no entanto, o
nosso "bovar}'smo", criando, como toda cia do aparências ou uma paródia de democracia, para usar a expressão de Nabuco.
Em um país que é um deserto, e cujas elites vão mais fàcilmonte à Europa do que a Mato Grosso ou ao Ceará, o sufrágio imiversal, a eleição direta, por aqueles dos quais se exige serem apenas alfabetizados, dos governos estaduais
e do govêmo federal, é uma insensatez ^ que só o nosso marginalismo é capaz de H explicar. Nos próprios países da Europa, na França e na Inglaterra, homens como Winston Churchill e André Tardieu re
conhecem que o sufrágio universal pro vocou uma queda considerável na qua-
mos os motivos nacionais, as peculia
lidade e no nível cultural e moral das
ridades da nossa formação e da nossa psicologia que a tornam, na forma in glesa, por e.xemplo, praticamente irrea-
assembléias e parlamentos. Porque a
significação do voto é proporcional ao conhecimento que tem 0 eleitor do can
lizável. Pois o regime supõe o que não
didato.
existe entre nós: a consciência nacional, o espirito público, o sentido do interês-
observa o próprio Rousseau, a democra
so coletivo, a preocupação do bem comum e a capacidade de distinguir os negó cios particulares dos negócios do Estado,
dades onda todos se conhecem e po
Sempre desprezamos o essencial, Isto
é, a realidade do nosso comportamento político. Ora, como ensina Bergson, "é
Em princípio, portanto, como
cia só é viável nas pequenas comuni
dem escolher sabendo porque o fazem. Quanto mais aumenta a distância ou o desconhecimento entre o eleitor e o can
didato, mais absurdo se toma o voto.
Como escolher, como preferir entre A
nos costumes, nas instituições, na pró
e B, se não conhecemos nem A nem B?
pria linguagem que se depositam as
E que sentido passa a ter o voto desde
Digesto Econó.nuco
26
Dicusto Econômico
que nada sabemos a respeito daqueles nos quais votamos? Como as indica
americano. Num país desgovernado e acéfalo, sem elites políticas c intelec
ções não podem vir de baixo, democrà-
tuais militantes, em plenu ananjuiu mo ral c mental, confiar o destino da políti
ticamento, continuam a vir clc cima, e
27
tal como quatrocentos anos de história o configuraram.
Preconizaríamos, por e.xemplo, a su
serem incluídas no programa de um novo partido ou movimento político, nos
pareçam inoportunas, inviáveis ou ingê
os nomes e as chapas continuam a ser
ca nacional ao povo dcsorganiziido e
pressão do sufrágio universal e direto,
impostos ao eleitorado, não só por meio
inconsciente, simples soma aritmética
e a constituição de diferentes eleitorados,
das injunções pessoais' e partidárias, mas também pela sugestão e pela violência
dos cidadãos ou eleitores, é instaurar u
escolhidos segundo um critério de com
anarquia legal c criar as condições que
da propaganda.
tornam inevitáveis as ditaduras periódi
petência e responsabilidade, que elege riam sucessivamente os governos muni
cipais e estaduais e o govêmo federal.
que não há relação determinante entre
A soberania popular c um mito,
cas. Não podemos, porém, viver indefi nidamente assim, nessa oscilação pcndu-
Exigências rigorosas, de credenciais e de
o povo jamais se dirigiu e jamais se
lar, da desordem democrática para a
dirigirá sozinho. O sufrágio universal é
ordem ditatorial e vice-versa.
Qual a
candidatar-se aos cargos públicos. Dimi
o nível cultural dos povos e a sua capa cidade para o exercício dêste ou da quele regime político. Bastaria lembrar
uma farsa, e o voto nada significa por
solução, portanto, e que perspectivas se abrem para a política brasileira?
nuição dos subsídios, a fim de que as
o exemplo da Grécia.
funções públicas não se tornem, ou me
O que vamos dizer talvez não seja
lhor, deixem de ser uma sinecura, um
Outros proporão a ditadura. Mas di tadura de quem, e por quanto tempo?
meio de enriquecer à custa do Estado. Candidaturas regionais e distritais, vin culadas à região onde o candidato resi
tica e se recolhem à vida privada. "A minha geração — escreve Almeida Salles — quando atinge os vinte anos, não en contra nada em torno que a empolgue
hábil do ponto de vista da política elei toral e de qualquer eventual aspiração de prestígio junto às massas. Não esta mos fazendo demagogia, porém, nem tampouco propaganda partidária. O que está em jogo não são interesses pessoais ou de grupo, mas é o próprio destino da Nação. Acreditamos, em primeiro lugar, quo qualquer reforma política deverá
6 entusiasme.
ser precedida dessa tomada de consciên
O regime se deteriora em sua própria raiz.
que o eleitorado é inconsciente, e não conhecendo os candidatos nem se inte
ressando por êles, deixa-se corromper pelo dinheiro e pela propaganda. E
como para eleger-se é preciso corromper o eleitorado, com o suborno e a dema
gogia, os melhores se ausentam da polí
Esmagada entre duas
guerras mundiais, vai atingir a madure-
cia da nossa realidade, à luz da e.xpe-
za num instante em que o alijamento das elites do cenário da República é uma
riencia histórica e dos ensinamentos das ciências sociais. E acreditamos também
política sistemática de governo" (32).
que o problema não está em querer fazer funcionar um regime concebido a priori, e importado de outros povos diferentes
Fica, assim, o País entregue aos aventu
reiros, aos aproveitadores, aos cínicos, aos negocistas, aos medíocres, aos dema
gogos, a essa multidão de desclassifica dos que as lu^nas se obstinam em despe jar nas nossas assembléias e parlamentos. Êsse povo tão cioso das suas imaginá rias tradições liberais e democráticas não elegeu Ruy Barbosa, que era a encarnação do liberalismo e da democra
do nosso.
de e c conhecido. Proibição da propíiganda pessoal e designação dos candida tos pela legenda partidária. Reforma da lei eleitoral e do regimento dos par tidos. E, em outro plano, a federaliza-
ção do aparelho judiciário e policial, a fim de que a liberdade civil possa scxpreser\'ada e garantida contra o arbí trio dos executivos locais.
Pouco importa que essas medidas, a (1) Jean
1^1
Pouco importam os rótulos e as etique tas. O essencial é o conteúdo, é a vida concreta das sociedades e dos homens.
O problema brasileiro continua a ser o da "organização nacional", como diria
às urtigas essas tradições e governou dis-
dencialismo norte-americano. Seria algo
cricionàriamente o País, de acordo com OS moldes clássicos do caqdilhismo sul-
de nosso, de peculiar, em consonância
Rousseau
—
"Du
(2) Idem, Livro I, Cap. I, (3) Idem. Livro I, Cap. VI. (4) Idem, Livro I, Cap. VI. (5) Idem, Livro I. Cap. VIII. (6) Idem, Livro I, Cap. VII. (7) René Guénon — "La Crise du Mondo Modorne" ^ pág. 88, Cap. XV.
(fl) Hans Kelsen — "Esencia y Valor de Ia Democracia" — pág. 25. (10) In "La Table Ronde", n.o 26, fe
ria dessa "organização" não seria uma
tador que durante quinze anos mandou
Jacques
Contrat Social" — Livro ni, Cap. IV.
(8) Rousseau'— Ob. clt,. Livro m
Alberto Torres. O regime que resulta cópia, uma reprodução do parlamenta rismo inglês, nem tampouco do presi
cia. No entanto, acaba de eleger o di
títulos, para todos aqueles que quisessem
vereiro de 1950.
(11) Idem, pág. 11.
(12) Idem, pág. 11. (13) Idem,. pág. 13. (14) Henri Bergson — "Les Deux Sources de Ia Morale et de Ia Religion" — pág. 304.
com a nossa fisionomia o o nosso caráter,
nuas. Não são outras as sugestões que poderíamos recolher da nossa experiên cia histórica e da nossa atual realida
de. Diriam os racionalistas que o essen cial é educar o povo, esquecendo-se de
Se a ditadura não se institucionalizar,
será tão efêmera quanto a vida do di tador e, no caso contrário, o importan te terão sido as instituições que criou e
que sobrevivem ao ditador. Que fazer, portanto? Organizar o regime, a fim de que não só realize o imperativo da justiça social, mas condu za aos postos de govêmo os mais capa
zes e os melhores, pois, como ensina
Rousseau, "c'est Toràre le meilleur et le plus natural que les pius sages gouvement Ia multitude" (33). (16) Jorge de Serpa Filho — "Pers
pectivas Contemporâneas" — In "Colégio" — n.o 5, pág. 28.
(17) Rousseau — ob. cit.. Livro HI, Cap. VIII.
(18) Oliveira Vianna — "Instituições Políticas Brasileiras" — Tomo I, pág. 28. (19) Idem, pág. 126. (20)
Rocha Pombo — "História do Bra
sil" — Ed. do "Anuário do Brasil", Tomo II, pág. 15. (21) Oliveira Vianna — Ob. clt.. Tomo I, pág. 153.
(22) Idem, pág. 346. (23) Joaquim Nabuco — "O Abolicio nismo" — pág. 196. í24) Pedro Calmon — "História da Ci
vilização Brasileira" — pág. 276. (25) Paul Valéry — "Fluctuations sur
Ia Liberté" in "La France veut Ia Liberté", pág. XXV. (26) Nicolas Berdiaeff — "Un Nouveau
(15) Hans Kelsen — Ob. cit., pág. 29. Moyen-Age" — pág. 245.
J
Digesto Econó.nuco
26
Dicusto Econômico
que nada sabemos a respeito daqueles nos quais votamos? Como as indica
americano. Num país desgovernado e acéfalo, sem elites políticas c intelec
ções não podem vir de baixo, democrà-
tuais militantes, em plenu ananjuiu mo ral c mental, confiar o destino da políti
ticamento, continuam a vir clc cima, e
27
tal como quatrocentos anos de história o configuraram.
Preconizaríamos, por e.xemplo, a su
serem incluídas no programa de um novo partido ou movimento político, nos
pareçam inoportunas, inviáveis ou ingê
os nomes e as chapas continuam a ser
ca nacional ao povo dcsorganiziido e
pressão do sufrágio universal e direto,
impostos ao eleitorado, não só por meio
inconsciente, simples soma aritmética
e a constituição de diferentes eleitorados,
das injunções pessoais' e partidárias, mas também pela sugestão e pela violência
dos cidadãos ou eleitores, é instaurar u
escolhidos segundo um critério de com
anarquia legal c criar as condições que
da propaganda.
tornam inevitáveis as ditaduras periódi
petência e responsabilidade, que elege riam sucessivamente os governos muni
cipais e estaduais e o govêmo federal.
que não há relação determinante entre
A soberania popular c um mito,
cas. Não podemos, porém, viver indefi nidamente assim, nessa oscilação pcndu-
Exigências rigorosas, de credenciais e de
o povo jamais se dirigiu e jamais se
lar, da desordem democrática para a
dirigirá sozinho. O sufrágio universal é
ordem ditatorial e vice-versa.
Qual a
candidatar-se aos cargos públicos. Dimi
o nível cultural dos povos e a sua capa cidade para o exercício dêste ou da quele regime político. Bastaria lembrar
uma farsa, e o voto nada significa por
solução, portanto, e que perspectivas se abrem para a política brasileira?
nuição dos subsídios, a fim de que as
o exemplo da Grécia.
funções públicas não se tornem, ou me
O que vamos dizer talvez não seja
lhor, deixem de ser uma sinecura, um
Outros proporão a ditadura. Mas di tadura de quem, e por quanto tempo?
meio de enriquecer à custa do Estado. Candidaturas regionais e distritais, vin culadas à região onde o candidato resi
tica e se recolhem à vida privada. "A minha geração — escreve Almeida Salles — quando atinge os vinte anos, não en contra nada em torno que a empolgue
hábil do ponto de vista da política elei toral e de qualquer eventual aspiração de prestígio junto às massas. Não esta mos fazendo demagogia, porém, nem tampouco propaganda partidária. O que está em jogo não são interesses pessoais ou de grupo, mas é o próprio destino da Nação. Acreditamos, em primeiro lugar, quo qualquer reforma política deverá
6 entusiasme.
ser precedida dessa tomada de consciên
O regime se deteriora em sua própria raiz.
que o eleitorado é inconsciente, e não conhecendo os candidatos nem se inte
ressando por êles, deixa-se corromper pelo dinheiro e pela propaganda. E
como para eleger-se é preciso corromper o eleitorado, com o suborno e a dema
gogia, os melhores se ausentam da polí
Esmagada entre duas
guerras mundiais, vai atingir a madure-
cia da nossa realidade, à luz da e.xpe-
za num instante em que o alijamento das elites do cenário da República é uma
riencia histórica e dos ensinamentos das ciências sociais. E acreditamos também
política sistemática de governo" (32).
que o problema não está em querer fazer funcionar um regime concebido a priori, e importado de outros povos diferentes
Fica, assim, o País entregue aos aventu
reiros, aos aproveitadores, aos cínicos, aos negocistas, aos medíocres, aos dema
gogos, a essa multidão de desclassifica dos que as lu^nas se obstinam em despe jar nas nossas assembléias e parlamentos. Êsse povo tão cioso das suas imaginá rias tradições liberais e democráticas não elegeu Ruy Barbosa, que era a encarnação do liberalismo e da democra
do nosso.
de e c conhecido. Proibição da propíiganda pessoal e designação dos candida tos pela legenda partidária. Reforma da lei eleitoral e do regimento dos par tidos. E, em outro plano, a federaliza-
ção do aparelho judiciário e policial, a fim de que a liberdade civil possa scxpreser\'ada e garantida contra o arbí trio dos executivos locais.
Pouco importa que essas medidas, a (1) Jean
1^1
Pouco importam os rótulos e as etique tas. O essencial é o conteúdo, é a vida concreta das sociedades e dos homens.
O problema brasileiro continua a ser o da "organização nacional", como diria
às urtigas essas tradições e governou dis-
dencialismo norte-americano. Seria algo
cricionàriamente o País, de acordo com OS moldes clássicos do caqdilhismo sul-
de nosso, de peculiar, em consonância
Rousseau
—
"Du
(2) Idem, Livro I, Cap. I, (3) Idem. Livro I, Cap. VI. (4) Idem, Livro I, Cap. VI. (5) Idem, Livro I. Cap. VIII. (6) Idem, Livro I, Cap. VII. (7) René Guénon — "La Crise du Mondo Modorne" ^ pág. 88, Cap. XV.
(fl) Hans Kelsen — "Esencia y Valor de Ia Democracia" — pág. 25. (10) In "La Table Ronde", n.o 26, fe
ria dessa "organização" não seria uma
tador que durante quinze anos mandou
Jacques
Contrat Social" — Livro ni, Cap. IV.
(8) Rousseau'— Ob. clt,. Livro m
Alberto Torres. O regime que resulta cópia, uma reprodução do parlamenta rismo inglês, nem tampouco do presi
cia. No entanto, acaba de eleger o di
títulos, para todos aqueles que quisessem
vereiro de 1950.
(11) Idem, pág. 11.
(12) Idem, pág. 11. (13) Idem,. pág. 13. (14) Henri Bergson — "Les Deux Sources de Ia Morale et de Ia Religion" — pág. 304.
com a nossa fisionomia o o nosso caráter,
nuas. Não são outras as sugestões que poderíamos recolher da nossa experiên cia histórica e da nossa atual realida
de. Diriam os racionalistas que o essen cial é educar o povo, esquecendo-se de
Se a ditadura não se institucionalizar,
será tão efêmera quanto a vida do di tador e, no caso contrário, o importan te terão sido as instituições que criou e
que sobrevivem ao ditador. Que fazer, portanto? Organizar o regime, a fim de que não só realize o imperativo da justiça social, mas condu za aos postos de govêmo os mais capa
zes e os melhores, pois, como ensina
Rousseau, "c'est Toràre le meilleur et le plus natural que les pius sages gouvement Ia multitude" (33). (16) Jorge de Serpa Filho — "Pers
pectivas Contemporâneas" — In "Colégio" — n.o 5, pág. 28.
(17) Rousseau — ob. cit.. Livro HI, Cap. VIII.
(18) Oliveira Vianna — "Instituições Políticas Brasileiras" — Tomo I, pág. 28. (19) Idem, pág. 126. (20)
Rocha Pombo — "História do Bra
sil" — Ed. do "Anuário do Brasil", Tomo II, pág. 15. (21) Oliveira Vianna — Ob. clt.. Tomo I, pág. 153.
(22) Idem, pág. 346. (23) Joaquim Nabuco — "O Abolicio nismo" — pág. 196. í24) Pedro Calmon — "História da Ci
vilização Brasileira" — pág. 276. (25) Paul Valéry — "Fluctuations sur
Ia Liberté" in "La France veut Ia Liberté", pág. XXV. (26) Nicolas Berdiaeff — "Un Nouveau
(15) Hans Kelsen — Ob. cit., pág. 29. Moyen-Age" — pág. 245.
J
Digesto Eco^?ó^^co
28
(27) Harold Laski — "Le toumant de Ia Démocratie" — in "Archives de Phi-
losophie du Droit et de Sociologie Juridique" — n.o 3-4. de 1934. (28) Karl Mannheim — "Diagnostico de Nuestro Tiempo" — pág. 9. (29) Alberto Torres — "O Problema Nacional Brasileiro" — Ia. ed., pág. XVI.
INFLAÇAO E IMPÔSTO
(30) Joaquim Nabuco — "Um estadis ta do Império" — I.° vol. (31) Henri Bergson — "Los Doux Sources de Ia Moralc et de Ia Religion". pág. 294-5.
Richabd LeavINSOHN
(32) Almeida Salles — "A Geraçáo de Brasilio Machado" — in "Colégio", n.o 3 pág. 5.
(33) Rousseau — "Le Contrat Social — Livro III. Cap. 3.
grave inflação que assolava, após a primeira guerra mundial, a Euro pa, John Maynard Keynes escreveu
to. O próprio governo obriga-se a aceitá-lo como meio de pagamento de
um "Tratado sòbre a reforma mone
impostos.
tária" no qual se encontrava esta fór
mula espirituosa: "Na Inglaterra, po demos jogar na cesta o recibo do im posto de renda; na Alemanha, o reci bo chama-se papel-moeda e pÕe-se na
carteira; na França, chama-se apóli ce e fica bem guardado no Cofre for te ".
Foi a primeira vez que economista de destaque ousou definir a emissão de papel-moeda como uma forma de imposto. Nos tratados sóbre as finan
Nos países onde o governo, e não o banco central, faz e garante as emis sões, o papel-moeda é expressamente classificado como parte da dívida pú blica. Assim, o nosso Código de Con tabilidade considera o papel-moeda como parte da dívida flutuante e fi xa mesmo Certas normas para a amor
tização. Entretanto, as amortizações tornam-se mera forma se forem ime
moeda como. uma espécie de crédito
diatamente substituídas por novas emissões. Na realidade, o papel-moe da é, de todas as espécies de dívida pública, a mais durável. Ê uma dívida perpétua, pois são raríssimos os ca
que o governo recebe do povo. Desse
sos nos quais uma parcela importante
conceito provém o têrmo, às vezes utilizado ainda hoje, de "emissão fi-
é eliminada da circulação. Só em al gumas operações de deflação brutal — como aconteceu depois da primeira guerra mundial na Tchecoslováquia, depois da última guerra na Bélgica e recentemente na Indonésia — o papel-
ças públicas, como também na admi
nistração, era uso considerar o papel-
duciária". Evidentemente, o valor das notas de papel não reside no material, como o faz, até certo ponto, no caso da moeda de ouro, e sim na confian
4»
um título de dívida, e não um impos
ça. A inflação, ou seja, a emissão de
moeda
masiada, abala a confiança, mas, en quanto o público não repudia comple
Normalmente, as reduções são insig
tamente o papel-moeda como meio de pagamento, o governo pode emitir.
Sem dúvida, a emissão fiduciária é
foi
reduzido
até
à
metade.
nificantes em relação às novas emis sões. Pode-se, portanto, dizer que o papel-moeda é uma dívida crescente
e nunca resgatadâ.
um empréstimo sui generis que não
)
i
traz juros, um empréstimo compulsó rio, pois a lei determina o poder liberatório das cédulas e obriga os ha bitantes do país a aceitá-las na liqui
A emissão como receita governamental Em vista de tais contradições, a maioria dos economistas abandonou o
dação de dívidas e em outras ocor
conceito da moeda-dívida e passou pa
rências. Mas, encarado do ponto de vista do govèrno, o papel-moeda fica
ra o conceito de Keynes, consideran
do o papel-moeda emitido para fins
Digesto Eco^?ó^^co
28
(27) Harold Laski — "Le toumant de Ia Démocratie" — in "Archives de Phi-
losophie du Droit et de Sociologie Juridique" — n.o 3-4. de 1934. (28) Karl Mannheim — "Diagnostico de Nuestro Tiempo" — pág. 9. (29) Alberto Torres — "O Problema Nacional Brasileiro" — Ia. ed., pág. XVI.
INFLAÇAO E IMPÔSTO
(30) Joaquim Nabuco — "Um estadis ta do Império" — I.° vol. (31) Henri Bergson — "Los Doux Sources de Ia Moralc et de Ia Religion". pág. 294-5.
Richabd LeavINSOHN
(32) Almeida Salles — "A Geraçáo de Brasilio Machado" — in "Colégio", n.o 3 pág. 5.
(33) Rousseau — "Le Contrat Social — Livro III. Cap. 3.
grave inflação que assolava, após a primeira guerra mundial, a Euro pa, John Maynard Keynes escreveu
to. O próprio governo obriga-se a aceitá-lo como meio de pagamento de
um "Tratado sòbre a reforma mone
impostos.
tária" no qual se encontrava esta fór
mula espirituosa: "Na Inglaterra, po demos jogar na cesta o recibo do im posto de renda; na Alemanha, o reci bo chama-se papel-moeda e pÕe-se na
carteira; na França, chama-se apóli ce e fica bem guardado no Cofre for te ".
Foi a primeira vez que economista de destaque ousou definir a emissão de papel-moeda como uma forma de imposto. Nos tratados sóbre as finan
Nos países onde o governo, e não o banco central, faz e garante as emis sões, o papel-moeda é expressamente classificado como parte da dívida pú blica. Assim, o nosso Código de Con tabilidade considera o papel-moeda como parte da dívida flutuante e fi xa mesmo Certas normas para a amor
tização. Entretanto, as amortizações tornam-se mera forma se forem ime
moeda como. uma espécie de crédito
diatamente substituídas por novas emissões. Na realidade, o papel-moe da é, de todas as espécies de dívida pública, a mais durável. Ê uma dívida perpétua, pois são raríssimos os ca
que o governo recebe do povo. Desse
sos nos quais uma parcela importante
conceito provém o têrmo, às vezes utilizado ainda hoje, de "emissão fi-
é eliminada da circulação. Só em al gumas operações de deflação brutal — como aconteceu depois da primeira guerra mundial na Tchecoslováquia, depois da última guerra na Bélgica e recentemente na Indonésia — o papel-
ças públicas, como também na admi
nistração, era uso considerar o papel-
duciária". Evidentemente, o valor das notas de papel não reside no material, como o faz, até certo ponto, no caso da moeda de ouro, e sim na confian
4»
um título de dívida, e não um impos
ça. A inflação, ou seja, a emissão de
moeda
masiada, abala a confiança, mas, en quanto o público não repudia comple
Normalmente, as reduções são insig
tamente o papel-moeda como meio de pagamento, o governo pode emitir.
Sem dúvida, a emissão fiduciária é
foi
reduzido
até
à
metade.
nificantes em relação às novas emis sões. Pode-se, portanto, dizer que o papel-moeda é uma dívida crescente
e nunca resgatadâ.
um empréstimo sui generis que não
)
i
traz juros, um empréstimo compulsó rio, pois a lei determina o poder liberatório das cédulas e obriga os ha bitantes do país a aceitá-las na liqui
A emissão como receita governamental Em vista de tais contradições, a maioria dos economistas abandonou o
dação de dívidas e em outras ocor
conceito da moeda-dívida e passou pa
rências. Mas, encarado do ponto de vista do govèrno, o papel-moeda fica
ra o conceito de Keynes, consideran
do o papel-moeda emitido para fins
Digesto EcoNÓmco
DiCESTO Econónuco
30
menos desagradável de tributação do que a criação de novos impostos. É,
do governo como uma forma de tri butação. É 'claro que nem todas as
através do Banco do Brasil e da Car
teira de Redescontos, pela emissão
emissões têm èsse caráter e que os
monetária. As perspectivas para 1951
casos nos quais a emissão constitui
não são muito favoráveis sob esse as
no, como aconteceu em 1923 na Ale
pecto. Já o orçamento votado polo Congresso conta com um déficit de
manha, são felizmente raros e não tí picos. Mas, é um fato que em muitos
2,3 bilhões, ou sejam, 10% da despe sa e, sendo a criação de novos impos
países a emissão representa uma fon
tos durante o exercício vetada pela Constituição, torna-se a contração da
virtualmente a única receita do gover
te subsidiária da receita governamen
tal, sendo utilizada se as outras fontes
despesa o único meio para evitar
não são suficientes para custear a
emissões.
despesa.
Descrevendo de maneira pouco or todoxa, mas realista, a estrutura das nossas finanças públicas, deve-se di
Em países, como o Brasil, que não
dispõem de um mercado forte e bem
praticamente o único
sos — o imposto de
recurso
consumo, o imposto de renda, o imposto
Gesell elaborou seu sistema há sessen ta anos, quando vivia como comer
Smith diz que os encargos fiscais de
ciante em Buenos Aires. Observando
vem ser para a população tão cômo
os juros altos que se pagam na Amé rica do Sul, tornou-se um dos adver
dos quanto possível. O sistema de Silvio Gesell
a
receita
da
União compõe-se de cinco grandes recur
ra eliminar os efeitos nocivos dos jur ros, Gesell recomenda uma deprecia
nanciamento governamental, dever-se-
ção lenta mas contínua da moeda. Ca
ia tentar transformá-la num instru mento menos perigoso, aperfeiçoá-la
tecnicamente e atenuar suas repercus sões desfavoráveis. Infelizmente, os homens que já se esforçaram neste
de importação, o im posto de
emissão como instrumento ideal das fi
déficit não é uma ex
emissão de papel-
sélo e a
ceção, mas quase a
moeda. Segundo sua
nanças públicas, que deveria substituir todos os impostos. Eram teóricos obse-
regra, a emissão para fins governamentais
importância, esta úl
cados por uma idéia fixa, "outsiders
tima fonte figura
sem conhecimentos do mecanismo fi
atualmente
nanceiro, dos princípios básicos da tri
ins
no
ter
tituição. Já mostra
ceiro lugar, ultrapas
mos
sada apenas pelos im
butação e da moeda. Mas, alguns den tre êles eram pensadores originais, e
desta revista (feve
postos de consumo e
o problema é tão árduo e de uma im
reiro de 1950) que,
de renda.
noutro
artigo
nos 128 anos desde a Independência, houve apenas 21 exercícios sem défi cit. Entretanto, passou mais um ano
com forte déficit, coberto indiretamen te mediante emissão. Em geral, a emissão para êsse fim mantem-se em certos limites. O último déficit eleva díssimo registrou-se em 1932, quando a receita da União cobriu apenas 60% da despesa. Desde essa época, o défi cit não ultrapassou 20% da despesa. Em 1949 e 1950, aproximadamente
12-14% da despesa foram finançíados.
sários ardentes de juros em geral, sen do estes, na sua opinião, o maior obs
cional da emissão como meio de fi
sentido caíam freqüentemente em exagerações absurdas. Queriam fazer do vício uma virtude. Proclamavam a
uma
da" várias páginas cheias de elogios.
o famoso "cânon" fiscal de Adam
o déficit orçamen tário e extraorçamentário. E, já que o
tornou-se
teoria geral de emprêgo, juros è moe
táculo à formação do capital real. Pa
zer:
cobrir
mínio é hoje, provavelmente, o econo mista alemão Silvio Gesell, ao qual Keynes votou na sua obra-prima "A
ria financeira, a uma condenação. Já
Reconhecendo o caráter inconstitu
organizado de títulos públicos, a emissão de papel-moeda é para
não há dúvida, um comodismo, mas, essa palavra, um tanto pejorativa, não eqüivale obrigatoriamente, em maté
31
Escusado dizer que o financiamento da despesa pública pela emissão é in desejável. As desvantagens da infla ção são bastante conhecidas. Mas, o
fenômeno de que —mau grado todos os seus inconvenientes - a inflação para fins governamentais existe c continua, desde há séculos, deveria também ser
apreciado como fato importante. É uma prova de que o povo, seus repre sentantes legítimos e, até certo ponto,
o próprio governo, Consideram a emis são de papel-moeda como uma forma
portância tão vital que mesmo suges tões estranhas merecem ser examina das.
Queremos, por isso, analisar aqui brevemente as principais teses e pro postas feitas a respeito. Deixamos de
lado os planos que visam a inflação
da mês o valor das notas deveria ser
reduzido mediante carimbos ou selos.
Gesell sugeria que a redução deveria ser de 0,1% por semana, ou cérca de 5% ao ano — taxa que coincide curio samente com a taxa média da diminui
ção do valor aquisitivo da moeda no Brasil, nos últimos quarenta anos.
Naturalmente o valor da moeda não | poderia ser continuamente reduzido
sem que a parcela eliminada do meio circulante seja substituída por novas notas emitidas no valor integral, mas
sujeitas ao mesmo processo de desva lorização sistemática. A emissão e des
valorização da moeda tornar-se-iam assim um mecanismo rotativo, regular,
periódico e bem planejado, contraria mente à desvalorização irregular e im
prevista que domina nos países com déficit orçamentário. Não haveria in flação, pois o valor total do meio cir culante não aumentaria, mas haveria permanentemente emissões, e dessa
temporária ou permanente como uma
maneira o governo obteria uma nova
política econômica e social, e nos li
fonte perfeitamente legítima de re- .
mitamos à questão específica; a emis são como meio financeiro do governo.
ceita.
O teórico mais conhecido nesse do
.
Aplicando a sugestão de Gesell ao
volume monetário do Brasil, o govêr-
Digesto EcoNÓmco
DiCESTO Econónuco
30
menos desagradável de tributação do que a criação de novos impostos. É,
do governo como uma forma de tri butação. É 'claro que nem todas as
através do Banco do Brasil e da Car
teira de Redescontos, pela emissão
emissões têm èsse caráter e que os
monetária. As perspectivas para 1951
casos nos quais a emissão constitui
não são muito favoráveis sob esse as
no, como aconteceu em 1923 na Ale
pecto. Já o orçamento votado polo Congresso conta com um déficit de
manha, são felizmente raros e não tí picos. Mas, é um fato que em muitos
2,3 bilhões, ou sejam, 10% da despe sa e, sendo a criação de novos impos
países a emissão representa uma fon
tos durante o exercício vetada pela Constituição, torna-se a contração da
virtualmente a única receita do gover
te subsidiária da receita governamen
tal, sendo utilizada se as outras fontes
despesa o único meio para evitar
não são suficientes para custear a
emissões.
despesa.
Descrevendo de maneira pouco or todoxa, mas realista, a estrutura das nossas finanças públicas, deve-se di
Em países, como o Brasil, que não
dispõem de um mercado forte e bem
praticamente o único
sos — o imposto de
recurso
consumo, o imposto de renda, o imposto
Gesell elaborou seu sistema há sessen ta anos, quando vivia como comer
Smith diz que os encargos fiscais de
ciante em Buenos Aires. Observando
vem ser para a população tão cômo
os juros altos que se pagam na Amé rica do Sul, tornou-se um dos adver
dos quanto possível. O sistema de Silvio Gesell
a
receita
da
União compõe-se de cinco grandes recur
ra eliminar os efeitos nocivos dos jur ros, Gesell recomenda uma deprecia
nanciamento governamental, dever-se-
ção lenta mas contínua da moeda. Ca
ia tentar transformá-la num instru mento menos perigoso, aperfeiçoá-la
tecnicamente e atenuar suas repercus sões desfavoráveis. Infelizmente, os homens que já se esforçaram neste
de importação, o im posto de
emissão como instrumento ideal das fi
déficit não é uma ex
emissão de papel-
sélo e a
ceção, mas quase a
moeda. Segundo sua
nanças públicas, que deveria substituir todos os impostos. Eram teóricos obse-
regra, a emissão para fins governamentais
importância, esta úl
cados por uma idéia fixa, "outsiders
tima fonte figura
sem conhecimentos do mecanismo fi
atualmente
nanceiro, dos princípios básicos da tri
ins
no
ter
tituição. Já mostra
ceiro lugar, ultrapas
mos
sada apenas pelos im
butação e da moeda. Mas, alguns den tre êles eram pensadores originais, e
desta revista (feve
postos de consumo e
o problema é tão árduo e de uma im
reiro de 1950) que,
de renda.
noutro
artigo
nos 128 anos desde a Independência, houve apenas 21 exercícios sem défi cit. Entretanto, passou mais um ano
com forte déficit, coberto indiretamen te mediante emissão. Em geral, a emissão para êsse fim mantem-se em certos limites. O último déficit eleva díssimo registrou-se em 1932, quando a receita da União cobriu apenas 60% da despesa. Desde essa época, o défi cit não ultrapassou 20% da despesa. Em 1949 e 1950, aproximadamente
12-14% da despesa foram finançíados.
sários ardentes de juros em geral, sen do estes, na sua opinião, o maior obs
cional da emissão como meio de fi
sentido caíam freqüentemente em exagerações absurdas. Queriam fazer do vício uma virtude. Proclamavam a
uma
da" várias páginas cheias de elogios.
o famoso "cânon" fiscal de Adam
o déficit orçamen tário e extraorçamentário. E, já que o
tornou-se
teoria geral de emprêgo, juros è moe
táculo à formação do capital real. Pa
zer:
cobrir
mínio é hoje, provavelmente, o econo mista alemão Silvio Gesell, ao qual Keynes votou na sua obra-prima "A
ria financeira, a uma condenação. Já
Reconhecendo o caráter inconstitu
organizado de títulos públicos, a emissão de papel-moeda é para
não há dúvida, um comodismo, mas, essa palavra, um tanto pejorativa, não eqüivale obrigatoriamente, em maté
31
Escusado dizer que o financiamento da despesa pública pela emissão é in desejável. As desvantagens da infla ção são bastante conhecidas. Mas, o
fenômeno de que —mau grado todos os seus inconvenientes - a inflação para fins governamentais existe c continua, desde há séculos, deveria também ser
apreciado como fato importante. É uma prova de que o povo, seus repre sentantes legítimos e, até certo ponto,
o próprio governo, Consideram a emis são de papel-moeda como uma forma
portância tão vital que mesmo suges tões estranhas merecem ser examina das.
Queremos, por isso, analisar aqui brevemente as principais teses e pro postas feitas a respeito. Deixamos de
lado os planos que visam a inflação
da mês o valor das notas deveria ser
reduzido mediante carimbos ou selos.
Gesell sugeria que a redução deveria ser de 0,1% por semana, ou cérca de 5% ao ano — taxa que coincide curio samente com a taxa média da diminui
ção do valor aquisitivo da moeda no Brasil, nos últimos quarenta anos.
Naturalmente o valor da moeda não | poderia ser continuamente reduzido
sem que a parcela eliminada do meio circulante seja substituída por novas notas emitidas no valor integral, mas
sujeitas ao mesmo processo de desva lorização sistemática. A emissão e des
valorização da moeda tornar-se-iam assim um mecanismo rotativo, regular,
periódico e bem planejado, contraria mente à desvalorização irregular e im
prevista que domina nos países com déficit orçamentário. Não haveria in flação, pois o valor total do meio cir culante não aumentaria, mas haveria permanentemente emissões, e dessa
temporária ou permanente como uma
maneira o governo obteria uma nova
política econômica e social, e nos li
fonte perfeitamente legítima de re- .
mitamos à questão específica; a emis são como meio financeiro do governo.
ceita.
O teórico mais conhecido nesse do
.
Aplicando a sugestão de Gesell ao
volume monetário do Brasil, o govêr-
■Dl
iiii I
Digesto
32
no receberia, pela substituição de 5% do meio circulante, de cêrca de 30 bi
lhões, um montante de 1,5 bilhões — sem contar a moeda escriturai, que de
EcoNÓAnco
idéia ficou viva e mantida por toda uma escola de adeptos.
Inflação dirigida
veria, logicamente, ser sujeita a um
processo semelhante. Se todos os nos sos meios de pagamento — 80 bilhões de cruzeiros — íòssem sujeitos à taxa
ção, uma taxa anual de 3% seria sufi ciente para cobrir o déficit da União, verificado nos
últimos anos. . .
Es
cusado dizer que fazemos aqui êsse cálculo
apenas
como
exemplo,
para
mostrar o mecanismo da "moeda fun-
dente "
(" Schuwundgeld ") imaginada
por Gesell. Quando
Silvio
Gesell morreu, em
1930, aos 68 anos de idade, era consi derado apenas como um sectário um
lizar a moeda diretamente como base
da tributação. No fundo, é um sistema anti-inílacionista, mesmo com tendên cia deflacionista. Do ponto de vista técnico, como também por razões psi cológicas, seria talvez mais fácil pro ceder no sentido oposto, quer dizer, emitir antes de desvalorizar, mas su jeitar a emissão, assim como a desva lorização, a um estrito contròlc.
Planos desse gênero já foram feitos muitas vêzes, mas raramente de ma
33
verdadeiras transações efetuar-se-âo em francos-papel, que terão um lastro-ouro vanavel entre 37,5% e 5ü7o, mas ésie é sem importância para o
mecanismo do sistema.
A quantidade
do papel-moeda é continuamente au
mentada, na proporção de 3% jjor mês.
Quando, após oito meses e dez dias, o meio circulante, medido em francos-
ouro, ficar acrescido de 25%, o papelmoeda será desvalorizado; quer dizer que o franco-ouro passará de lU para 12,50. francos-papel, e simultâneamen-
te todos os preços, salários, divida.s etc., serão ajustados na mesma propor ção. As receitas, despesas e compio-
missos dos particulares e do govêrno ficarão, portanto, inalterados. Em se
guida, o processo recomeça novamen
fissionais manifestavam profundo desprêzo pelas suas idéias. Mas, logo em seguida, começou sua glória mundial. Na Inglaterra, o grande Keynes jul gou a idéia na base da moeda íundente sã, e sua aplicação numa escala li mitada possível ("General Theory",
neira tão sistemática e clara quanto num livro recentemente publicado em Bruxelas e Paris, sob o título " Vers Ia suppressions des impôts par Tinflation dirigée? " O autor do estudo, Victor Brien, é um reputado engenheiro belga, professor na Universidade de Bruxelas, e seu trabalho mostra tôdas
pag. 357). Nos Estados Unidos, o mais
as vantagens e desvantagens de sua
Depois de transcorridos dez ciclos
formação: um pensamento rigidamen te matemático e uma apresentação
desse tipo, com o meio circulante dc-
tanto confuso, e os economistas pro
»
O princípio da "moeda fuiulente" é somente uma das possibilidades de uti
Digesto Econômico
famoso economista da época, Irving
Fisher, expressou sua simpatia pelo sistema monetário de Gesell. Na Fran
ça, o Primeiro Ministro Daladier de clarou-se, em 1935, partidário conven cido da moeda fundente.
Entretanto, já se tinham formado na
Alemanha, na Áustria, na Suíça, e até no Texas, associações que propagavam
as idéias de Gesell. Numa pequena ci
dade austríaca, a Prefeitura aplicou du rante algum tempo a doutrina do mes
tre, ao que parece com Certo sucesso.
Tais tentativas, feitas numa escala mi núscula, naturalmente não podiam con sagrar o sistema, e nenhum país se ar riscou a experimentá-lo.
Porém, a
■com muitas equações algébricas inú
teis, cálculos esquemáticos e compli cados diagramas geométricos, enquan to o fundamento teórico é incompara
velmente mais fraco do que na obra de Gesell. Mas, é um livro corajoso e estimulante.
O esquema básico do prof. Brien é
bem simples. Todos os preços, salá rios, empréstimos e outros compromis
sos de pagamentos, como também o orçamento do governo, serão fixados
numa moeda invariável, chamada frauco-ouro, mas que não é mais que unia moeda de conta ou de referência. As
te e prossegue da mesma maneira,
apenas sujeito a pequenas ditere.-ças na duração do ciclo, a fim do o preço do franco-ouro em franco-papel sem pre possa ser expresso em números
simples (10 — 12,5 _ 15 _ 2U — 25 — 30 — 40 — 50 — 60 — 80 — lOü).
cuplicado, o período de inflação será encerrado e efetuar-se-á uma grande deflação: o valor de 1.000 francos-pa pel do tipo A será reduzido a 100 fran--
cos do tipo B, Mas, essa operação não passa de mera denominação, para evi tar o cálculo em números astronômi cos. Económicamente nada muda, e o
segundo "período de inflação 'com 10 "ciclos de inflação", desenvolverse-a do mesmo modo que o primeiro. O sr. Brien examina duas formas de
economia em que êsse sistema pode ria funcionar: uma economia rigoro samente dirigida e outra livre. É óbvio que um regime onde preços, salários e todos os, demais fatores da economia
são congelados — o sr. Brien conta mesmo com uma população completa
mente estática — a inflação dirigida
funcionará muito mellior do que numa economia livre. É de se esperar que, no último caso, já antes do fim do ci
clo de inflação, ou seja, antes da des valorização, os produtores e comer
ciantes aumentarão seus preços e os empregados exigirão salários mais ele
vados. Mas, é provável que a espe culação não possa ir muito longe en quanto a quantidade da moeda fica
limitada, e com a condição de que o crédito bancário seja sujeito a um ri goroso contrôle, para impedir a infla ção desordenada de crédito.
Além disso, é claro que o sistema necessita do controle do câmbio. Mas, como todos os compromissos, também a taxa cambial sendo fixada em íran-
cos-ouro, é possível que a inflação contínua não aflija muito o valor ex terno da moeda. Em suma, as restri
ções não deverão ser mais amplas do que as já hoje existentes em muitoí países.
O mais injtísto dos tributos O ponto nevrálgico dêsse sistema é o efeito sobre as finanças públicas. O sr. Brien baseia seus cálculos na hipó
tese de que o govêrno deveria substi tuir 72% dos impostos atuais pela emissão de papel-moeda. Tal sugestão mostra apenas sua inexperiência em matéria tributária. A tributação me
diante inflação — dirigida ou não di rigida — é sempre uma forma extre mamente injusta, do ponto de vista so cial, pois atinge, na melhor das hipó teses, as grandes e as pequenas ren
das na mesma proporção, mas, via de
regra, as pequenas mais do que as
grandes, pois estas podem defender-se
■Dl
iiii I
Digesto
32
no receberia, pela substituição de 5% do meio circulante, de cêrca de 30 bi
lhões, um montante de 1,5 bilhões — sem contar a moeda escriturai, que de
EcoNÓAnco
idéia ficou viva e mantida por toda uma escola de adeptos.
Inflação dirigida
veria, logicamente, ser sujeita a um
processo semelhante. Se todos os nos sos meios de pagamento — 80 bilhões de cruzeiros — íòssem sujeitos à taxa
ção, uma taxa anual de 3% seria sufi ciente para cobrir o déficit da União, verificado nos
últimos anos. . .
Es
cusado dizer que fazemos aqui êsse cálculo
apenas
como
exemplo,
para
mostrar o mecanismo da "moeda fun-
dente "
(" Schuwundgeld ") imaginada
por Gesell. Quando
Silvio
Gesell morreu, em
1930, aos 68 anos de idade, era consi derado apenas como um sectário um
lizar a moeda diretamente como base
da tributação. No fundo, é um sistema anti-inílacionista, mesmo com tendên cia deflacionista. Do ponto de vista técnico, como também por razões psi cológicas, seria talvez mais fácil pro ceder no sentido oposto, quer dizer, emitir antes de desvalorizar, mas su jeitar a emissão, assim como a desva lorização, a um estrito contròlc.
Planos desse gênero já foram feitos muitas vêzes, mas raramente de ma
33
verdadeiras transações efetuar-se-âo em francos-papel, que terão um lastro-ouro vanavel entre 37,5% e 5ü7o, mas ésie é sem importância para o
mecanismo do sistema.
A quantidade
do papel-moeda é continuamente au
mentada, na proporção de 3% jjor mês.
Quando, após oito meses e dez dias, o meio circulante, medido em francos-
ouro, ficar acrescido de 25%, o papelmoeda será desvalorizado; quer dizer que o franco-ouro passará de lU para 12,50. francos-papel, e simultâneamen-
te todos os preços, salários, divida.s etc., serão ajustados na mesma propor ção. As receitas, despesas e compio-
missos dos particulares e do govêrno ficarão, portanto, inalterados. Em se
guida, o processo recomeça novamen
fissionais manifestavam profundo desprêzo pelas suas idéias. Mas, logo em seguida, começou sua glória mundial. Na Inglaterra, o grande Keynes jul gou a idéia na base da moeda íundente sã, e sua aplicação numa escala li mitada possível ("General Theory",
neira tão sistemática e clara quanto num livro recentemente publicado em Bruxelas e Paris, sob o título " Vers Ia suppressions des impôts par Tinflation dirigée? " O autor do estudo, Victor Brien, é um reputado engenheiro belga, professor na Universidade de Bruxelas, e seu trabalho mostra tôdas
pag. 357). Nos Estados Unidos, o mais
as vantagens e desvantagens de sua
Depois de transcorridos dez ciclos
formação: um pensamento rigidamen te matemático e uma apresentação
desse tipo, com o meio circulante dc-
tanto confuso, e os economistas pro
»
O princípio da "moeda fuiulente" é somente uma das possibilidades de uti
Digesto Econômico
famoso economista da época, Irving
Fisher, expressou sua simpatia pelo sistema monetário de Gesell. Na Fran
ça, o Primeiro Ministro Daladier de clarou-se, em 1935, partidário conven cido da moeda fundente.
Entretanto, já se tinham formado na
Alemanha, na Áustria, na Suíça, e até no Texas, associações que propagavam
as idéias de Gesell. Numa pequena ci
dade austríaca, a Prefeitura aplicou du rante algum tempo a doutrina do mes
tre, ao que parece com Certo sucesso.
Tais tentativas, feitas numa escala mi núscula, naturalmente não podiam con sagrar o sistema, e nenhum país se ar riscou a experimentá-lo.
Porém, a
■com muitas equações algébricas inú
teis, cálculos esquemáticos e compli cados diagramas geométricos, enquan to o fundamento teórico é incompara
velmente mais fraco do que na obra de Gesell. Mas, é um livro corajoso e estimulante.
O esquema básico do prof. Brien é
bem simples. Todos os preços, salá rios, empréstimos e outros compromis
sos de pagamentos, como também o orçamento do governo, serão fixados
numa moeda invariável, chamada frauco-ouro, mas que não é mais que unia moeda de conta ou de referência. As
te e prossegue da mesma maneira,
apenas sujeito a pequenas ditere.-ças na duração do ciclo, a fim do o preço do franco-ouro em franco-papel sem pre possa ser expresso em números
simples (10 — 12,5 _ 15 _ 2U — 25 — 30 — 40 — 50 — 60 — 80 — lOü).
cuplicado, o período de inflação será encerrado e efetuar-se-á uma grande deflação: o valor de 1.000 francos-pa pel do tipo A será reduzido a 100 fran--
cos do tipo B, Mas, essa operação não passa de mera denominação, para evi tar o cálculo em números astronômi cos. Económicamente nada muda, e o
segundo "período de inflação 'com 10 "ciclos de inflação", desenvolverse-a do mesmo modo que o primeiro. O sr. Brien examina duas formas de
economia em que êsse sistema pode ria funcionar: uma economia rigoro samente dirigida e outra livre. É óbvio que um regime onde preços, salários e todos os, demais fatores da economia
são congelados — o sr. Brien conta mesmo com uma população completa
mente estática — a inflação dirigida
funcionará muito mellior do que numa economia livre. É de se esperar que, no último caso, já antes do fim do ci
clo de inflação, ou seja, antes da des valorização, os produtores e comer
ciantes aumentarão seus preços e os empregados exigirão salários mais ele
vados. Mas, é provável que a espe culação não possa ir muito longe en quanto a quantidade da moeda fica
limitada, e com a condição de que o crédito bancário seja sujeito a um ri goroso contrôle, para impedir a infla ção desordenada de crédito.
Além disso, é claro que o sistema necessita do controle do câmbio. Mas, como todos os compromissos, também a taxa cambial sendo fixada em íran-
cos-ouro, é possível que a inflação contínua não aflija muito o valor ex terno da moeda. Em suma, as restri
ções não deverão ser mais amplas do que as já hoje existentes em muitoí países.
O mais injtísto dos tributos O ponto nevrálgico dêsse sistema é o efeito sobre as finanças públicas. O sr. Brien baseia seus cálculos na hipó
tese de que o govêrno deveria substi tuir 72% dos impostos atuais pela emissão de papel-moeda. Tal sugestão mostra apenas sua inexperiência em matéria tributária. A tributação me
diante inflação — dirigida ou não di rigida — é sempre uma forma extre mamente injusta, do ponto de vista so cial, pois atinge, na melhor das hipó teses, as grandes e as pequenas ren
das na mesma proporção, mas, via de
regra, as pequenas mais do que as
grandes, pois estas podem defender-se
Digesto Econômico
34
contra a desvalorização vindoura por
compras antecipadas e melhor adapta ção às ílutuaçõcs da conjuntura. Ora, na Bélgica, como no Brasil e em todos os outros países civilizados, não só os impostos diretos sóbre a renda e o capital, como também os
ção desapareceria. Mesmo se os res
tantes 28% fòssem coletados exclusi vamente pelo impòsto de renda com
Dorival Teixeira ViEmA
muito menos social que nos sistemas tributários hoje em vigor.
impostos indiretos, são diferenciados
Já por essa razão parece inadmissí
sob o aspecto social. .A.s taxas aduanei sôbre artigos de luxo são mais eleva
vel financiar a despesa pública em am pla escala com emissões. Mas, concor damos com o autor belga neste ponto:
das que as sôbrcartígos de primeira ne
uma inflação cuidadosamente progra
cessidade, que em grande parte ficam
mada, escalonada c limitada, é prefe
ras e as taxas do imposto de consumo
PROBLEMAS DA REPARTIGÃG
taxas altamente progressivas, a distri buição dos encargos fiscais seria ainda
isentos da tributação. Com um impos
rível a uma inflação desordenada e
to monetário de 72%, essa diferencia-
ilimitada.
O'tribuem rendimentos da produção se dis de acordo com os seus ele
periódica da poupança-e dos investimen tos o pesquisas capazes de permitir a
mentos, cabendo a renda aos fatores
construção de bons índices de preços de atacado, de varejo e de custo de vida, para todo o país. O Instituto Brasileiro
naturais, o juro ao capital, o salário ao
trabalho e o lucro ao empreendimento e organização. Essas várias parcelas do rendimento da produção, reunidas em
um todo, formam o que chamamos renda nacional. Poderíamos, pois, defini-la co mo a soma dos rendimentos líquidos de
de Geografia e Estatística começa a rea lizar trabalhos no sentido de se conse
guir saber, no futuro, com aproximação
bastante aceitável, qual nossa renda na cional; no momento, porém, possuímos
todos os agentes da produção; sabemos,' dados qxie só nos permitem uma esti porém, que em uma economia onde a moeda funciona como instrumento de
trocas todos os bens e serviços tem um
preço, quer dizer, são avaliados pela moeda; por isso, podemos dizer que a renda nacional é a expressão monetária do conjunto de bens e sersdços produti vos realizados pelos habitantes de um país, dentro de um ano. O estudo da renda nacional envolve
quatro perguntas importantes: 1. Quan to existe no país para ser distribuído? 2. Entre que pessoas ou fatores dividir-
se-á o rendimento? 3. Quem decidirá que soma caberá a cada grupo e aos vá rios indivíduos dentro do grupo? 4. Co mo será aplicada cada parcela, para o bem-estar social?
O problema de se saber qual a renda nacional de um país pertence à estatís
tica econômica. Só se poderá dizer qual a renda nacional do Brasil, quando ti
mativa grosseira. Para o cálculo da renda nacional, podemos usar o processo da avaliação direta de uma das partes
que a compõem, graças ao chamado cri tério real, ou, então, procurando conhe cer qual a soma dos rendimentos dos
indivíduos componentes da população, com o critério pessoal. Por uma dessas duas fonnas, teríamos o cálculo direto
da renda; há, porém, processos de cál culo indireto. Convém notar que, con forme o critério de cálculo adotado, os
resultados obtidos diferirão ligeiramente uns dos outros. Utilizando-se, portanto,
boas estatísticas, é possível saber, com
aproximação bastante aceitável, qual a renda nacional do país. Costa Miranda, diretor do Serviço de Estatística da Previdência e do Trabalho,
realizou a respeito da renda nacional uma pesquisa detalhada: avaliou a ren da brasileira nos anos de 1926. e 1942
vermos estatísticas completas sôbre a
e, graças ás duas cifras, obteve depois,
propriedade mobiliária e imobiliária, sô-" bre a produção industrial, sôbre a re muneração do trabalho nos seus vários
mediante interpolação, tôda uma série de valores referentes aos anos do pe ríodo 1919-1942. Richard Lewinsohn,
setores e quando, além do mais, forem
confrontando dados obtidos por Colin
feitas uma estimativa aceitável do con
Clarlc referentes aos anos de 1927-1928
sumo alimentar e geral, uma avaliação
com os valores correspondentes, substap-
Digesto Econômico
34
contra a desvalorização vindoura por
compras antecipadas e melhor adapta ção às ílutuaçõcs da conjuntura. Ora, na Bélgica, como no Brasil e em todos os outros países civilizados, não só os impostos diretos sóbre a renda e o capital, como também os
ção desapareceria. Mesmo se os res
tantes 28% fòssem coletados exclusi vamente pelo impòsto de renda com
Dorival Teixeira ViEmA
muito menos social que nos sistemas tributários hoje em vigor.
impostos indiretos, são diferenciados
Já por essa razão parece inadmissí
sob o aspecto social. .A.s taxas aduanei sôbre artigos de luxo são mais eleva
vel financiar a despesa pública em am pla escala com emissões. Mas, concor damos com o autor belga neste ponto:
das que as sôbrcartígos de primeira ne
uma inflação cuidadosamente progra
cessidade, que em grande parte ficam
mada, escalonada c limitada, é prefe
ras e as taxas do imposto de consumo
PROBLEMAS DA REPARTIGÃG
taxas altamente progressivas, a distri buição dos encargos fiscais seria ainda
isentos da tributação. Com um impos
rível a uma inflação desordenada e
to monetário de 72%, essa diferencia-
ilimitada.
O'tribuem rendimentos da produção se dis de acordo com os seus ele
periódica da poupança-e dos investimen tos o pesquisas capazes de permitir a
mentos, cabendo a renda aos fatores
construção de bons índices de preços de atacado, de varejo e de custo de vida, para todo o país. O Instituto Brasileiro
naturais, o juro ao capital, o salário ao
trabalho e o lucro ao empreendimento e organização. Essas várias parcelas do rendimento da produção, reunidas em
um todo, formam o que chamamos renda nacional. Poderíamos, pois, defini-la co mo a soma dos rendimentos líquidos de
de Geografia e Estatística começa a rea lizar trabalhos no sentido de se conse
guir saber, no futuro, com aproximação
bastante aceitável, qual nossa renda na cional; no momento, porém, possuímos
todos os agentes da produção; sabemos,' dados qxie só nos permitem uma esti porém, que em uma economia onde a moeda funciona como instrumento de
trocas todos os bens e serviços tem um
preço, quer dizer, são avaliados pela moeda; por isso, podemos dizer que a renda nacional é a expressão monetária do conjunto de bens e sersdços produti vos realizados pelos habitantes de um país, dentro de um ano. O estudo da renda nacional envolve
quatro perguntas importantes: 1. Quan to existe no país para ser distribuído? 2. Entre que pessoas ou fatores dividir-
se-á o rendimento? 3. Quem decidirá que soma caberá a cada grupo e aos vá rios indivíduos dentro do grupo? 4. Co mo será aplicada cada parcela, para o bem-estar social?
O problema de se saber qual a renda nacional de um país pertence à estatís
tica econômica. Só se poderá dizer qual a renda nacional do Brasil, quando ti
mativa grosseira. Para o cálculo da renda nacional, podemos usar o processo da avaliação direta de uma das partes
que a compõem, graças ao chamado cri tério real, ou, então, procurando conhe cer qual a soma dos rendimentos dos
indivíduos componentes da população, com o critério pessoal. Por uma dessas duas fonnas, teríamos o cálculo direto
da renda; há, porém, processos de cál culo indireto. Convém notar que, con forme o critério de cálculo adotado, os
resultados obtidos diferirão ligeiramente uns dos outros. Utilizando-se, portanto,
boas estatísticas, é possível saber, com
aproximação bastante aceitável, qual a renda nacional do país. Costa Miranda, diretor do Serviço de Estatística da Previdência e do Trabalho,
realizou a respeito da renda nacional uma pesquisa detalhada: avaliou a ren da brasileira nos anos de 1926. e 1942
vermos estatísticas completas sôbre a
e, graças ás duas cifras, obteve depois,
propriedade mobiliária e imobiliária, sô-" bre a produção industrial, sôbre a re muneração do trabalho nos seus vários
mediante interpolação, tôda uma série de valores referentes aos anos do pe ríodo 1919-1942. Richard Lewinsohn,
setores e quando, além do mais, forem
confrontando dados obtidos por Colin
feitas uma estimativa aceitável do con
Clarlc referentes aos anos de 1927-1928
sumo alimentar e geral, uma avaliação
com os valores correspondentes, substap-
■1
DiGESTo Econômico
36
cialmento
concordantes,
obtidos
por
Costa Miranda, julga válidas as conclu
mos à medida que se aproximam da época atual.
sões do autor brasileiro. Costa Miranda
Uma pesquisa sôbre a renda nacional
atribui para o país uma renda líquida
do Brasil devida a Richard Levvinsohn
1926, atingindo CrS 39.938.000.000,00 em 1942. É possivel tentar-se atualizar esta última cifra, admitindo-se que a renda efetiva cresça proporcionalmente ao crescimento da populaçcão e que au
quisa dos precedentes bibliográficos, co mo por algumas considerações metodoló
mente nominalmente na razão inversa da desvalorização monetária. Conside
recente, o Dr. Lewinsohn achou o valor
global de Cr$ 10.144.000.000,00 para
rando que, segundo estimativa do Prof.
ó digna do nota, seja pela acurada pes gicas e técnicas e, por fim, por uma avaliação da renda consumida nos anos
do período 1940-1945. Para o ano mais
permanecer invariável o consumo médio
"per capita", desde 1944. Essa hipótese
aos valores de consumo. O Dr. Lewin
pança, mesmo que se quisesse pôr de
tência de, pelo menos, duas passagens de mãos e de três pagamentos de im
tindo-se da renda de Cr$
Cr$ 126.300.000.000,00 que, pelas con
dual efetivo, bastante provável. Deve mos, porém, acrescentar que Nunes de
ria o consumo nacional, na hipótese de
se acrescentar uma pequena cota de pou
Fazendo-se os necessários cálculos obtém-
leve em conta um aumento médio indivi
60 %, obtendo-se um valor aproximado
de Cr§ 96.000.000.000,00, que exprimi
tegração aceitável para as duas partes; é certo, porém, que, de acôrdo com os
Chega-se a um resultado ligeiramente mais baixo, atualizado para 1947, par
ligeiramente aumentado, desde que se
teiga, verdura, óleos, sal, azeite, vinagre
alimentos ao consumo total, na base de
Obtido o valor total dado pelos pre ços do produtor, é necessário passarmos
lado uma diminuta variação da cota
em 1946, num recente estudo de Sérgio
essenciais, não incluídos nas estatísticas
normais, como peixe, aves e ovos, man
despesas alimentares da população do
Brasil cm 1947. Resta apenas passar dos
derar 4 % de aumento da população e
103.000.000.000,00.
Nunes de Magalhães Júnior; a atuali zação dá, como resultado, Cr$ . .. . . . . . 101.500.000.000,00, o qual deveria ser
da quantidade disponível para o con
sumo. Tal dado exige uma integração para que se considerem muitos produtos
57.300.000.000,00 como expressão das
gida, acrescentando-se uma cota da pou
o índice de custo no Estado de São
92.200.000.000,00, atribuídos ao Brasil,
importados, obtem-se o valor residual
ga-se imediatamente a um valor de Cr$
quase todos os países civilizados.
o dado para o ano de 1947, e passar do 37,6% de aumento dos preços, devendo-
para este ano, uma cifra de Cr$ . . .
teriormente, o excedente dos produtos alimentícios e.xportados, em relação aos
é manifestamente pessimista, e, além
Para atualizar
G. Mortara, a população deste país, de
Paulo aumentou de 135,8 % obtém-se,
não consideradas e eliminando-se, pos
37
etc., que têm uma importância relevan
de Cr$ 88.500.000,00.
consumo à renda real, não basta consi
1942 a 1947, aumentou de 10 % e que
Digesto Econômico
média individual e da renda efetiva'.
te na dieta, tanto déste país como de
sohn e outros estudiosos admitem a e.xisposto sôbre vendas. Adotando um au
se para o ano de 1947 um valor de
mento de preços de 40 % para cada pas
siderações aqui feitas, se elevaria a
Dr. Lewinsohn e calculando o impôsto
cerca de Cr$ 130.000.000.000,00. O Prof. Marcelo Boldrini, em sua visi ta ao Brasil, procurando calcular a ren
da nacional brasileira em função do consumo, afirmou que não estaremos
muito longe da realidade estimando que o* consumo alimentar no Brasil absorve
sagem, de acôrdo com a estimativa do
em 1,8% do valor da venda (pois esta foi a média das partes alíquotas dos vá rios Estados da Federação), os preços
de atacado transformam-se em preços de venda ao consumidor. Acrescenta-se, ainda, uma parcela para transformação 6 preparação dos alimentos, a qual não pode ser inferior a 20 %, pois compreen
disso, a última cifra deveria ser corri
pança anual.
É difícil estimar uma in
resultados obtidos, não se deveria afas
tar muito de Cr$ 100.000.000.000,00 a renda nacional total do Brasil em 1947.
O problema de se saber entre que
pessoas ou fatôres essa renda deverá
ser dividida, estará automàticamente res
pondido quando conhecermos quais os fatôres de produção; já vimos que o pro duzido se reparte pelos seus quatro fatô res — natureza, capital, trabalho e em
preendimento — de onde podermos con siderar que a renda nacional se consti tuirá, grosso modo, de quatro grandes" parcelas: renda, juro, salário e lucro —
O
de muitas e variadas operações que se
expressas
que pudesse, pelo menos, permitir ava-
vez, poderá fazer-se retirando da ta-
h'ar a exatidão dos seus cálculos.
h. por Rafael Xavier publicação da série econômica da numa Fun
processam desde a fábrica, como a fa bricação da farinha e beneficiamento do
essas parcelas, de modo a que elas cor respondam sempre e apenas a rendimen tos resultantes de atividades produtivas,
]^jagalhães nenhum elemento forneceu Nin
guém poderá, realmente, orientar-se me diante a simples informação do autor de se haver servido dos dados do comér cio exterior.
Além disso, é necessário
dízer-se que Nunes de Magalhães cal culou a renda brasileira para todos os anos do período 1912-1946; mas, que se os dados mais afastados estão bem
próximos dos obtidos por Costa Miran da, afastam-se cada vez mais dos mes
nacional brasileira.
cálculo do consumo alimentar, por sun
dação Getulio Vargas, os valores, na fonte de origem, dos gêneros alimentí cios para os quais o Instituto Brasileiro do Geografia e Estatística fornece o ele mento periódico.
Os dado.s referem-se
ao ano de 1944.
Subtraindo-se cêrca
de 20 %, como cota-parte destinada à semeadura e alimentação de animais,
bem cOmo a várias indústrias agrícolas
arroz e o empacotamento de alimentos, até a indústria de "atclicr" doméstico e mesmo a própria cozinha. Todo êste complexo de cálculos conduz a um valor
dos alimentos de Cr$ 36.000.000.000,00 para 1944.
Dessa época até 1947, a população
brasileira aumentou de 6 %, enquanto os preços, a julgar pelo número índice do custo de vida de São Paulo, cresceram
de 50 %. Considerando êstes dados, che
em
valores
monetários.
É
preciso, porém, ter cuidado ao computar
não se podendo considerar, no cômputo, as simples transferências de rendimentos, que não correspondam a um bem pro
duzido ou um sennço prestado. Restará o problema de se saber quem
decide que soma caberá a cada grupo ou a vários indivíduos dentro do grupo. A maior ou menor equidade na sua
distribuição decide do bem-estar dos in divíduos dentro da nação.
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DiGESTo Econômico
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cialmento
concordantes,
obtidos
por
Costa Miranda, julga válidas as conclu
mos à medida que se aproximam da época atual.
sões do autor brasileiro. Costa Miranda
Uma pesquisa sôbre a renda nacional
atribui para o país uma renda líquida
do Brasil devida a Richard Levvinsohn
1926, atingindo CrS 39.938.000.000,00 em 1942. É possivel tentar-se atualizar esta última cifra, admitindo-se que a renda efetiva cresça proporcionalmente ao crescimento da populaçcão e que au
quisa dos precedentes bibliográficos, co mo por algumas considerações metodoló
mente nominalmente na razão inversa da desvalorização monetária. Conside
recente, o Dr. Lewinsohn achou o valor
global de Cr$ 10.144.000.000,00 para
rando que, segundo estimativa do Prof.
ó digna do nota, seja pela acurada pes gicas e técnicas e, por fim, por uma avaliação da renda consumida nos anos
do período 1940-1945. Para o ano mais
permanecer invariável o consumo médio
"per capita", desde 1944. Essa hipótese
aos valores de consumo. O Dr. Lewin
pança, mesmo que se quisesse pôr de
tência de, pelo menos, duas passagens de mãos e de três pagamentos de im
tindo-se da renda de Cr$
Cr$ 126.300.000.000,00 que, pelas con
dual efetivo, bastante provável. Deve mos, porém, acrescentar que Nunes de
ria o consumo nacional, na hipótese de
se acrescentar uma pequena cota de pou
Fazendo-se os necessários cálculos obtém-
leve em conta um aumento médio indivi
60 %, obtendo-se um valor aproximado
de Cr§ 96.000.000.000,00, que exprimi
tegração aceitável para as duas partes; é certo, porém, que, de acôrdo com os
Chega-se a um resultado ligeiramente mais baixo, atualizado para 1947, par
ligeiramente aumentado, desde que se
teiga, verdura, óleos, sal, azeite, vinagre
alimentos ao consumo total, na base de
Obtido o valor total dado pelos pre ços do produtor, é necessário passarmos
lado uma diminuta variação da cota
em 1946, num recente estudo de Sérgio
essenciais, não incluídos nas estatísticas
normais, como peixe, aves e ovos, man
despesas alimentares da população do
Brasil cm 1947. Resta apenas passar dos
derar 4 % de aumento da população e
103.000.000.000,00.
Nunes de Magalhães Júnior; a atuali zação dá, como resultado, Cr$ . .. . . . . . 101.500.000.000,00, o qual deveria ser
da quantidade disponível para o con
sumo. Tal dado exige uma integração para que se considerem muitos produtos
57.300.000.000,00 como expressão das
gida, acrescentando-se uma cota da pou
o índice de custo no Estado de São
92.200.000.000,00, atribuídos ao Brasil,
importados, obtem-se o valor residual
ga-se imediatamente a um valor de Cr$
quase todos os países civilizados.
o dado para o ano de 1947, e passar do 37,6% de aumento dos preços, devendo-
para este ano, uma cifra de Cr$ . . .
teriormente, o excedente dos produtos alimentícios e.xportados, em relação aos
é manifestamente pessimista, e, além
Para atualizar
G. Mortara, a população deste país, de
Paulo aumentou de 135,8 % obtém-se,
não consideradas e eliminando-se, pos
37
etc., que têm uma importância relevan
de Cr$ 88.500.000,00.
consumo à renda real, não basta consi
1942 a 1947, aumentou de 10 % e que
Digesto Econômico
média individual e da renda efetiva'.
te na dieta, tanto déste país como de
sohn e outros estudiosos admitem a e.xisposto sôbre vendas. Adotando um au
se para o ano de 1947 um valor de
mento de preços de 40 % para cada pas
siderações aqui feitas, se elevaria a
Dr. Lewinsohn e calculando o impôsto
cerca de Cr$ 130.000.000.000,00. O Prof. Marcelo Boldrini, em sua visi ta ao Brasil, procurando calcular a ren
da nacional brasileira em função do consumo, afirmou que não estaremos
muito longe da realidade estimando que o* consumo alimentar no Brasil absorve
sagem, de acôrdo com a estimativa do
em 1,8% do valor da venda (pois esta foi a média das partes alíquotas dos vá rios Estados da Federação), os preços
de atacado transformam-se em preços de venda ao consumidor. Acrescenta-se, ainda, uma parcela para transformação 6 preparação dos alimentos, a qual não pode ser inferior a 20 %, pois compreen
disso, a última cifra deveria ser corri
pança anual.
É difícil estimar uma in
resultados obtidos, não se deveria afas
tar muito de Cr$ 100.000.000.000,00 a renda nacional total do Brasil em 1947.
O problema de se saber entre que
pessoas ou fatôres essa renda deverá
ser dividida, estará automàticamente res
pondido quando conhecermos quais os fatôres de produção; já vimos que o pro duzido se reparte pelos seus quatro fatô res — natureza, capital, trabalho e em
preendimento — de onde podermos con siderar que a renda nacional se consti tuirá, grosso modo, de quatro grandes" parcelas: renda, juro, salário e lucro —
O
de muitas e variadas operações que se
expressas
que pudesse, pelo menos, permitir ava-
vez, poderá fazer-se retirando da ta-
h'ar a exatidão dos seus cálculos.
h. por Rafael Xavier publicação da série econômica da numa Fun
processam desde a fábrica, como a fa bricação da farinha e beneficiamento do
essas parcelas, de modo a que elas cor respondam sempre e apenas a rendimen tos resultantes de atividades produtivas,
]^jagalhães nenhum elemento forneceu Nin
guém poderá, realmente, orientar-se me diante a simples informação do autor de se haver servido dos dados do comér cio exterior.
Além disso, é necessário
dízer-se que Nunes de Magalhães cal culou a renda brasileira para todos os anos do período 1912-1946; mas, que se os dados mais afastados estão bem
próximos dos obtidos por Costa Miran da, afastam-se cada vez mais dos mes
nacional brasileira.
cálculo do consumo alimentar, por sun
dação Getulio Vargas, os valores, na fonte de origem, dos gêneros alimentí cios para os quais o Instituto Brasileiro do Geografia e Estatística fornece o ele mento periódico.
Os dado.s referem-se
ao ano de 1944.
Subtraindo-se cêrca
de 20 %, como cota-parte destinada à semeadura e alimentação de animais,
bem cOmo a várias indústrias agrícolas
arroz e o empacotamento de alimentos, até a indústria de "atclicr" doméstico e mesmo a própria cozinha. Todo êste complexo de cálculos conduz a um valor
dos alimentos de Cr$ 36.000.000.000,00 para 1944.
Dessa época até 1947, a população
brasileira aumentou de 6 %, enquanto os preços, a julgar pelo número índice do custo de vida de São Paulo, cresceram
de 50 %. Considerando êstes dados, che
em
valores
monetários.
É
preciso, porém, ter cuidado ao computar
não se podendo considerar, no cômputo, as simples transferências de rendimentos, que não correspondam a um bem pro
duzido ou um sennço prestado. Restará o problema de se saber quem
decide que soma caberá a cada grupo ou a vários indivíduos dentro do grupo. A maior ou menor equidade na sua
distribuição decide do bem-estar dos in divíduos dentro da nação.
T^-r-T^
1
Dicesto Econômico
39
Dicesto Eco.vómii:o 38
O sistema de empresa, dentro do qual, no Brasil, a repartição se verifica, pres
supõe a liberdade de iniciativa e de con
corrência e, de modo mais amplo, tem
como postulado a inteira liberdade do indivíduo, dotado de vontade própria, inteiramente responsável por seus atos. Há uma liberdade que pressupõe a
dade pessoal e do respeito às liberdades de cada um traz consigo a idéia dc que os indivíduos nunca entrarão em con
flito, pois que o mesmo a ninguém be neficiaria, além de traduzir uma deso
nestidade de propósito, incompatível com
o princípio da responsabilidade pessoal.
responsabilidade pessoal; sendo todos li-
O Estudo não precisará inter\ir na atividade econômica porque os interes
\ res e responsáveis, os interesses de cada
ses econômicos dos individuo.s em pre
\im se harmonizam com os demais e o
sença, no proce.sso dc produção e dis
interêsse geral é, assim, respeitado. Claro está que ao afirmarmos que o
tribuição, se identificariam com o das próprias empresas, seja como proprietá rio, capitalista e produtor, seja como em
sistema de empresa pressupõe o quadro juridíco de respeito à propriedade pri
presário, operário ou consumidor.
A
vada e do livre direito de sucessão, su
produção, por exemplo, não liga apenas,
pomos, atrás desse direito, regendo toda
13or laços de interêsse comum, capitalis tas, empreendedores, trabalhadores c o próprio Estado, e sim vai intcressar todos
a vida social e econômica, o Estado. Não
é possível prescindir do mesmo, porque para que todas as atividades se realizem, harmoniosamente, necessárias se tornam
os indivíduos dentro da sociedade.
É preciso não esquecer ainda que ^
a ordem, de que so mente o Estado pode
ção depende neces-
cuidar, e a proteção
sàriamcnte das exi
à propriedade e à
qualidade da produ gências do consumo
iniciativa.
jC, assim sendo, o
Se admitirmos que todos os indivíduos
consumidor é o res
têm consciência de
ponsável, o princi pal agente do desen
suas responsabilida des 6 são capazes de
mico de um país;
agir de acordo com
se suas solicitações
volvimento
econô
produção, cresce, também, o comércio; a concorrência aumenta e os preços se tornam cada vez mais favoráveis ao pró prio consumidor. O Estado, por sua vez, graças à maior atividade econômica re
sultante da concorrência de interesses entre produtores, comerciantes e consu
midores, teria maior facilidade para ar recadar tributos; poderia prestar maiores serviços e aumentar a arrecadação de
suas taxas, tendo todo interesse, portan to, em deixar que a atividade econômica se desenvolva Hvremente, em obediência ao princípio de liberdade de iniciativa e de concorrência.
Êsse argumento dos adeptos do libe ralismo econômico pressupõe, no entan to, que a iniciativa privada seria capaz de se dirigir a tôda e qualquer ativida de econômica tendente à satisfação de necessidades humanas. Sabemos, toda via, que o móvel da ação no sistema de
livre empreendimento é o lucro, e que atividades há, necessárias à coletividade, porém pouco lucrativas. Uma empresa privada, por exemplo, nunca tomaria a si o trabalho de pavimentação de miia ci
dade, contentando-se, quando muito, em pavimentar os caminhos necessários à
circulação de seus veículos. Além do mais, se deixássemos a cada um o traba
lho de pavimentar os caminhos conve nientes às suas atividades, a cidade natu
ralmente ficaria mal calçada, pois não
os direitos que a so
são quantitativamen
ciedade lhes faculta,
te pequenas ou qua
respeitando o direi
litativamente pouco
A outra fallia do liberalismo é que
to alheio, ao Estado
exigentes, a produ-
pressupõe a responsabilidade de todos
caberia
solucionar
dúvidas quanto à
propriedade ou quanto à distribuição da
herança, impedir conflitos de concorrên cias, em que a força põe em perigo o direito. Teoricamente, poder-se-ia de fender a idéia de que ao Estado nem mesmo seria necessária essa fiscalização,
porque a pressuposição da responsabili-
haveria um plano de pavimentação.
ção não cresce, nem
os indivíduos; se todos fôssem igualmen
sua qualidade me
te responsáveis e defendessem seus di
lhora, os métodos de trabalho continua
reitos, respeitando os alheios, nem se
rão anacrônicos, uma vez que não ba estímulo para grandes inovações. Se, porém, a massa de consumidores é
quer haveria necessidade de polícia e do prisões. Ora, sabemos, no entanto,
grande e exigente quanto à qualidade do produto, a produção, estimulada, cresce e se aperfeiçoa. Com o crescer da
mostra que a responsabilidade pessoal não é uma cousa espontânea, nem existe
que uma e outra cousa e.xistem, o que
em todos os indivíduos. Quantos há agindo unicamente por temor à prisão, ao castigo, e que, certamente, não hesi tariam em prejudicar seu vizinho, se ti vessem certeza da impunidade de seu crime. Por esta razão, o Estado vê-se
obrigado a intervir de duas maneiras:
supletiva e repressivamente. O Estado pode substituir o empreen
dedor, iiêle se transformar; procura in divíduos que tenham iniciativa e que, como funcionários do Estado, organizem a emprêsa e produzam o bem, ou pres tem o serviço sem objetivo nenhum. Outras atividades há, ainda, em que ha veria a possibilidade dê obtenção de lu cro, até mesmo vultoso, mas êste seria
tirado de todos os cidadãos, poderia tor nar-se extorsivo e prejudicaria a tranqüi
lidade do país. Um exemplo típico disto pode encontrar-se na distribuição de água. Nesses casos, o Estado intervém, determinando as condições de funcio namento da emprêsa, proibindo que a mesma fixe seus preços sem consulta prévia aos interesses da cidade. Todos
os serviços de utilidade pública estão sujeitos a intervenção direta do Estado.
A ação repressiva consiste na punição daqueles que agem em contradição com os interesses da coletividade," lançando mão de seus direitos e furtando-se às
responsabilidades que os mesmos envol
vem. Assim é que o Estado pune a fa lência fraudulenta, em que o indivíduo prejudica os seus fornecedores e os seus
empregados; pune a sonegação de esto ques, provocando escassez artificial para que, com o aumento dos preços, aumen
te o lucro da empresa; pune a concorrên cia desleal quando, por meios violentos e criminosos, um empreendedor procura subsistir, eliminando os demais.
Êsso
é o intervencionismo do Estado, que apresenta vários graus, conforme pender
T^-r-T^
1
Dicesto Econômico
39
Dicesto Eco.vómii:o 38
O sistema de empresa, dentro do qual, no Brasil, a repartição se verifica, pres
supõe a liberdade de iniciativa e de con
corrência e, de modo mais amplo, tem
como postulado a inteira liberdade do indivíduo, dotado de vontade própria, inteiramente responsável por seus atos. Há uma liberdade que pressupõe a
dade pessoal e do respeito às liberdades de cada um traz consigo a idéia dc que os indivíduos nunca entrarão em con
flito, pois que o mesmo a ninguém be neficiaria, além de traduzir uma deso
nestidade de propósito, incompatível com
o princípio da responsabilidade pessoal.
responsabilidade pessoal; sendo todos li-
O Estudo não precisará inter\ir na atividade econômica porque os interes
\ res e responsáveis, os interesses de cada
ses econômicos dos individuo.s em pre
\im se harmonizam com os demais e o
sença, no proce.sso dc produção e dis
interêsse geral é, assim, respeitado. Claro está que ao afirmarmos que o
tribuição, se identificariam com o das próprias empresas, seja como proprietá rio, capitalista e produtor, seja como em
sistema de empresa pressupõe o quadro juridíco de respeito à propriedade pri
presário, operário ou consumidor.
A
vada e do livre direito de sucessão, su
produção, por exemplo, não liga apenas,
pomos, atrás desse direito, regendo toda
13or laços de interêsse comum, capitalis tas, empreendedores, trabalhadores c o próprio Estado, e sim vai intcressar todos
a vida social e econômica, o Estado. Não
é possível prescindir do mesmo, porque para que todas as atividades se realizem, harmoniosamente, necessárias se tornam
os indivíduos dentro da sociedade.
É preciso não esquecer ainda que ^
a ordem, de que so mente o Estado pode
ção depende neces-
cuidar, e a proteção
sàriamcnte das exi
à propriedade e à
qualidade da produ gências do consumo
iniciativa.
jC, assim sendo, o
Se admitirmos que todos os indivíduos
consumidor é o res
têm consciência de
ponsável, o princi pal agente do desen
suas responsabilida des 6 são capazes de
mico de um país;
agir de acordo com
se suas solicitações
volvimento
econô
produção, cresce, também, o comércio; a concorrência aumenta e os preços se tornam cada vez mais favoráveis ao pró prio consumidor. O Estado, por sua vez, graças à maior atividade econômica re
sultante da concorrência de interesses entre produtores, comerciantes e consu
midores, teria maior facilidade para ar recadar tributos; poderia prestar maiores serviços e aumentar a arrecadação de
suas taxas, tendo todo interesse, portan to, em deixar que a atividade econômica se desenvolva Hvremente, em obediência ao princípio de liberdade de iniciativa e de concorrência.
Êsse argumento dos adeptos do libe ralismo econômico pressupõe, no entan to, que a iniciativa privada seria capaz de se dirigir a tôda e qualquer ativida de econômica tendente à satisfação de necessidades humanas. Sabemos, toda via, que o móvel da ação no sistema de
livre empreendimento é o lucro, e que atividades há, necessárias à coletividade, porém pouco lucrativas. Uma empresa privada, por exemplo, nunca tomaria a si o trabalho de pavimentação de miia ci
dade, contentando-se, quando muito, em pavimentar os caminhos necessários à
circulação de seus veículos. Além do mais, se deixássemos a cada um o traba
lho de pavimentar os caminhos conve nientes às suas atividades, a cidade natu
ralmente ficaria mal calçada, pois não
os direitos que a so
são quantitativamen
ciedade lhes faculta,
te pequenas ou qua
respeitando o direi
litativamente pouco
A outra fallia do liberalismo é que
to alheio, ao Estado
exigentes, a produ-
pressupõe a responsabilidade de todos
caberia
solucionar
dúvidas quanto à
propriedade ou quanto à distribuição da
herança, impedir conflitos de concorrên cias, em que a força põe em perigo o direito. Teoricamente, poder-se-ia de fender a idéia de que ao Estado nem mesmo seria necessária essa fiscalização,
porque a pressuposição da responsabili-
haveria um plano de pavimentação.
ção não cresce, nem
os indivíduos; se todos fôssem igualmen
sua qualidade me
te responsáveis e defendessem seus di
lhora, os métodos de trabalho continua
reitos, respeitando os alheios, nem se
rão anacrônicos, uma vez que não ba estímulo para grandes inovações. Se, porém, a massa de consumidores é
quer haveria necessidade de polícia e do prisões. Ora, sabemos, no entanto,
grande e exigente quanto à qualidade do produto, a produção, estimulada, cresce e se aperfeiçoa. Com o crescer da
mostra que a responsabilidade pessoal não é uma cousa espontânea, nem existe
que uma e outra cousa e.xistem, o que
em todos os indivíduos. Quantos há agindo unicamente por temor à prisão, ao castigo, e que, certamente, não hesi tariam em prejudicar seu vizinho, se ti vessem certeza da impunidade de seu crime. Por esta razão, o Estado vê-se
obrigado a intervir de duas maneiras:
supletiva e repressivamente. O Estado pode substituir o empreen
dedor, iiêle se transformar; procura in divíduos que tenham iniciativa e que, como funcionários do Estado, organizem a emprêsa e produzam o bem, ou pres tem o serviço sem objetivo nenhum. Outras atividades há, ainda, em que ha veria a possibilidade dê obtenção de lu cro, até mesmo vultoso, mas êste seria
tirado de todos os cidadãos, poderia tor nar-se extorsivo e prejudicaria a tranqüi
lidade do país. Um exemplo típico disto pode encontrar-se na distribuição de água. Nesses casos, o Estado intervém, determinando as condições de funcio namento da emprêsa, proibindo que a mesma fixe seus preços sem consulta prévia aos interesses da cidade. Todos
os serviços de utilidade pública estão sujeitos a intervenção direta do Estado.
A ação repressiva consiste na punição daqueles que agem em contradição com os interesses da coletividade," lançando mão de seus direitos e furtando-se às
responsabilidades que os mesmos envol
vem. Assim é que o Estado pune a fa lência fraudulenta, em que o indivíduo prejudica os seus fornecedores e os seus
empregados; pune a sonegação de esto ques, provocando escassez artificial para que, com o aumento dos preços, aumen
te o lucro da empresa; pune a concorrên cia desleal quando, por meios violentos e criminosos, um empreendedor procura subsistir, eliminando os demais.
Êsso
é o intervencionismo do Estado, que apresenta vários graus, conforme pender
Wv
"JFT
DlCESTO
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)Nnco f Econoníico Dicesto Econômico
xnais paxa o respeito à liberdade do ini ciativa e concorrência ou para sua su
fesa do consumidor, através das coope rativas de consumo. Pede, porem, para
ganham menos. Deve tributar pesada
versões. Por fim, 4. — o nível de mí
mente a sucessão, corrigindo, dessa ma
nimo de confôrto, no qual, além das
o sistema liberal. Pede que o Estado in-
que a finalidade das mesmas não seja desvirtuada, que pertençam ao Estado e ajam no sentido mais dc disciplinar o comércio, evitando lucros exagerados, do que pròpriamento no sentido dc destruílo, substituindo-o por um monopólio de
tervenha, unicamente, no sentido de su
Estado.
o sistema de emprêsa em sua plenitude,
prir as omissões ou insuficiências do em preendimento privado e corrigir as impropriedades de sua atuação. No campo da produção, acredita que basta proibir
Acha que as melhores armas de con trôle e intervenção indireta do Estado
sem que se tome necessário dar ao Es
pressão.
Convém aqui destacar a importância atual do neo-líberalismo, que pretende
pedir ao Estado normas corretoras, sem dar-Uíe demasiada força e sem destruir
tenham a um só tempo as fontes de
minando, embora indiretamente, o mo
abastecimento, os meios de transforma
vimento dos negócios e o ritmo da pro
poucos, a todos capitalistas. Pede, ain da mais, que o Estado defenda o consu midor, estabelecendo meios de contrôle direto da qualidade dos produtos; fisca
lize a propaganda, de modo que a mes ma seja verdadeira e não induza a erro e, controlando ainda o comércio, de mo do a que as trocas sejam honestas e não haja sonegação de estoques e escassez artificial do produto.
O neo-Iiberalismo aceita a idéia coo-
perativista, de defesa do produtor, prin cipalmente o pequeno e xnedio, através das cooperativas de produção e a de de
seus filhos, pelo menos até o grau secim-
É fato sabido que a capacidade de consumo deriva da possibilidade de, adquirir, e tanto mais se consegue quan to mais forte é o poder de compra da moeda possuída. No caso do Brasil, a
estaremos muito seguros.
as emissões e controlar o crédito, deter
luindo a força do capital, tornando, aos
a reconstituí-los, graças ao trabalho. Dessa maneira pretende-se restabelecer.
tado uma fôrça de cujo emprego não
formação de grandes empresas que de
lucros integralmente, parte em salários, parte em dividendos, aumentando, desta forma, o poder aquisitivo da massa, que poderá viver melhor e adquirir maior quantidade de bens, facilitando a pou pança e a disseminação de capitais, di
família poderão atender às suas necessi
tributação.
Bancos Centrais pode o Estado dirigir
ainda, que se proíba o auto-finaiiciamento, devendo as firmas distribuir seus
condições anteriores, o indivíduo e sua
gando o herdeiro, despojado de uma parte dos bens acumulados pelo doador,
residem no dirigismo monetário e na
a integração econômica, quer dizer, a
ção da matéria-prima e, muitas vezes, a própria distribuição do produto acaba do, dando lugar, desta maneira, ao res tabelecimento da divisão do traballio e da especialização por emprêsa. Pede,
neira, os inconvenientes da mesma, obri
cscoimado dos defeitos, dos exageros,
Com efeito, através dos
É fácil compreender-se que um de sequilíbrio na distribuição da renda, fi
cando muitas pessoas com parcelas pe quenas do rendimento e poucas com grandes rendimentos, provocará fortes desníveis nos vários padrões de vida. O
dução. Além do que, graças a ôsse di rigismo, com uma política monetária e
que será, porém, padrão de vida? Cha mamos padrão de vida ao modo de exis tência e grau de conforto habituais a um grupo, òu classe econômica, e dos
creditícia bem orientada, estará o Estado garantindo a poupança e o consumo, por estar em condições de estabilizar o valor da moeda.
quais somente desistirão com grande
Os neo-liberais, por fim, não se ilu dem quanto às desigualdades humanas e não participam do sonho de impedir di ferenças na distribuição dos rendimentos.
relutância.
De um modo geral, poderemos consi
derar quatro tipos de padrão de vida: 1. — o nível de pauperismo, no qual oindivíduo tem onde morar e com que se
Afirmam que, qualquer que seja o re gime econômico, haverá sempre lugar para que os mais ativos e eficientes se
sobreponham aos demais, conseguindo maiores vantagens e melhor posição so cial. Será melhor encorajá-los do que de por baixo; através da tributação e possível corrigir essas desigualdades, ate nuando ou, se possível até, eliminando recaem com a mesma incidência sôbre
todos os cidadãos, sem atender às dife renças de fortuna) e substituindo-os
tirar dos que ganham mais, para distri buir, embora indiretamente, pelos que
J
moeda se tem desvalorizado cada vez
mais.
Basta dizer que, em média, em
todo o território brasileiro, pode-se cal cular que o aumento de preços, entre 1944 e 1947, foi, no mínimo, de 60%.
É preciso, porém, recordar que há gran des desigualdades entre os vários Esta dos, pois os preços tendem a subir mais nas grandes cidades e nos Estados de vida econômica mais intensa. A eleva
ção de preços de São Paulo e Rio de
Janeiro não tem paralelo com a de ne nhum outro Estado, muito embora não
tenhamos dados seguros para poder ava
liar as. diferenças do poder de compra, em relação aos diferentes Estados e ci
dades brasileiras. Sendo fraco o poder
de compra, o nível de consumo é baixo, e, portanto, o padrão de vida tem de ser baixo também. No Brasil é o que real mente se passa. É suficiente dizer que, na cidade de São Paulo, onde a cla^e operária goza de um padrão de vida mais elevado, em relação ao resto do
País, 54% da despesa total de uma
não será suficiente para atender a ne
família são absorvidos em alimentos, res
cessidades culturais; 3. — o nível de mí-
tando apenas 46 % para aluguel, luz,combustível, água, transporte, vestuá
- nimo de saúde e decência, no qual o in
pelos diretos, incidindo sôbre os rendi mentos, de modo que o Estado possa
dário.
rendimento; qualquer doença ou o sim ples descmprêgo conduzi-lo-ia à fome; 2. — o nível de mínimo de subsistência, va para acudir a possíveis doenças, ou se manter por pequeno espaço de tem po desempregado; mas seu rendimento
os impostos indiretos (injustos porque
dades culturais e estender o ensino aos
alimentar, mas nisto consome todo seu
no qual a pesso*a tem abrigo e alimenta ção suficientes e, talvez, alguma reser
desanima-los, não nivelando a socieda
41
divíduo, além de abrigo e sustento pró
rio, assistência médica, educação e di-
prios, pode constituir uma família até de 5 pessoas, dando-lhe tòda assistência sa
"N^rsões; para termo de comparação, bas
nitária, educando seus filhos em nível
ta-nos dizer que, em cidades industriais do tipo de São Paulo, na Inglaterra, Es
primário, podendo ainda ter algumas di
tados Unidos e França, as despesas de
Wv
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xnais paxa o respeito à liberdade do ini ciativa e concorrência ou para sua su
fesa do consumidor, através das coope rativas de consumo. Pede, porem, para
ganham menos. Deve tributar pesada
versões. Por fim, 4. — o nível de mí
mente a sucessão, corrigindo, dessa ma
nimo de confôrto, no qual, além das
o sistema liberal. Pede que o Estado in-
que a finalidade das mesmas não seja desvirtuada, que pertençam ao Estado e ajam no sentido mais dc disciplinar o comércio, evitando lucros exagerados, do que pròpriamento no sentido dc destruílo, substituindo-o por um monopólio de
tervenha, unicamente, no sentido de su
Estado.
o sistema de emprêsa em sua plenitude,
prir as omissões ou insuficiências do em preendimento privado e corrigir as impropriedades de sua atuação. No campo da produção, acredita que basta proibir
Acha que as melhores armas de con trôle e intervenção indireta do Estado
sem que se tome necessário dar ao Es
pressão.
Convém aqui destacar a importância atual do neo-líberalismo, que pretende
pedir ao Estado normas corretoras, sem dar-Uíe demasiada força e sem destruir
tenham a um só tempo as fontes de
minando, embora indiretamente, o mo
abastecimento, os meios de transforma
vimento dos negócios e o ritmo da pro
poucos, a todos capitalistas. Pede, ain da mais, que o Estado defenda o consu midor, estabelecendo meios de contrôle direto da qualidade dos produtos; fisca
lize a propaganda, de modo que a mes ma seja verdadeira e não induza a erro e, controlando ainda o comércio, de mo do a que as trocas sejam honestas e não haja sonegação de estoques e escassez artificial do produto.
O neo-Iiberalismo aceita a idéia coo-
perativista, de defesa do produtor, prin cipalmente o pequeno e xnedio, através das cooperativas de produção e a de de
seus filhos, pelo menos até o grau secim-
É fato sabido que a capacidade de consumo deriva da possibilidade de, adquirir, e tanto mais se consegue quan to mais forte é o poder de compra da moeda possuída. No caso do Brasil, a
estaremos muito seguros.
as emissões e controlar o crédito, deter
luindo a força do capital, tornando, aos
a reconstituí-los, graças ao trabalho. Dessa maneira pretende-se restabelecer.
tado uma fôrça de cujo emprego não
formação de grandes empresas que de
lucros integralmente, parte em salários, parte em dividendos, aumentando, desta forma, o poder aquisitivo da massa, que poderá viver melhor e adquirir maior quantidade de bens, facilitando a pou pança e a disseminação de capitais, di
família poderão atender às suas necessi
tributação.
Bancos Centrais pode o Estado dirigir
ainda, que se proíba o auto-finaiiciamento, devendo as firmas distribuir seus
condições anteriores, o indivíduo e sua
gando o herdeiro, despojado de uma parte dos bens acumulados pelo doador,
residem no dirigismo monetário e na
a integração econômica, quer dizer, a
ção da matéria-prima e, muitas vezes, a própria distribuição do produto acaba do, dando lugar, desta maneira, ao res tabelecimento da divisão do traballio e da especialização por emprêsa. Pede,
neira, os inconvenientes da mesma, obri
cscoimado dos defeitos, dos exageros,
Com efeito, através dos
É fácil compreender-se que um de sequilíbrio na distribuição da renda, fi
cando muitas pessoas com parcelas pe quenas do rendimento e poucas com grandes rendimentos, provocará fortes desníveis nos vários padrões de vida. O
dução. Além do que, graças a ôsse di rigismo, com uma política monetária e
que será, porém, padrão de vida? Cha mamos padrão de vida ao modo de exis tência e grau de conforto habituais a um grupo, òu classe econômica, e dos
creditícia bem orientada, estará o Estado garantindo a poupança e o consumo, por estar em condições de estabilizar o valor da moeda.
quais somente desistirão com grande
Os neo-liberais, por fim, não se ilu dem quanto às desigualdades humanas e não participam do sonho de impedir di ferenças na distribuição dos rendimentos.
relutância.
De um modo geral, poderemos consi
derar quatro tipos de padrão de vida: 1. — o nível de pauperismo, no qual oindivíduo tem onde morar e com que se
Afirmam que, qualquer que seja o re gime econômico, haverá sempre lugar para que os mais ativos e eficientes se
sobreponham aos demais, conseguindo maiores vantagens e melhor posição so cial. Será melhor encorajá-los do que de por baixo; através da tributação e possível corrigir essas desigualdades, ate nuando ou, se possível até, eliminando recaem com a mesma incidência sôbre
todos os cidadãos, sem atender às dife renças de fortuna) e substituindo-os
tirar dos que ganham mais, para distri buir, embora indiretamente, pelos que
J
moeda se tem desvalorizado cada vez
mais.
Basta dizer que, em média, em
todo o território brasileiro, pode-se cal cular que o aumento de preços, entre 1944 e 1947, foi, no mínimo, de 60%.
É preciso, porém, recordar que há gran des desigualdades entre os vários Esta dos, pois os preços tendem a subir mais nas grandes cidades e nos Estados de vida econômica mais intensa. A eleva
ção de preços de São Paulo e Rio de
Janeiro não tem paralelo com a de ne nhum outro Estado, muito embora não
tenhamos dados seguros para poder ava
liar as. diferenças do poder de compra, em relação aos diferentes Estados e ci
dades brasileiras. Sendo fraco o poder
de compra, o nível de consumo é baixo, e, portanto, o padrão de vida tem de ser baixo também. No Brasil é o que real mente se passa. É suficiente dizer que, na cidade de São Paulo, onde a cla^e operária goza de um padrão de vida mais elevado, em relação ao resto do
País, 54% da despesa total de uma
não será suficiente para atender a ne
família são absorvidos em alimentos, res
cessidades culturais; 3. — o nível de mí-
tando apenas 46 % para aluguel, luz,combustível, água, transporte, vestuá
- nimo de saúde e decência, no qual o in
pelos diretos, incidindo sôbre os rendi mentos, de modo que o Estado possa
dário.
rendimento; qualquer doença ou o sim ples descmprêgo conduzi-lo-ia à fome; 2. — o nível de mínimo de subsistência, va para acudir a possíveis doenças, ou se manter por pequeno espaço de tem po desempregado; mas seu rendimento
os impostos indiretos (injustos porque
dades culturais e estender o ensino aos
alimentar, mas nisto consome todo seu
no qual a pesso*a tem abrigo e alimenta ção suficientes e, talvez, alguma reser
desanima-los, não nivelando a socieda
41
divíduo, além de abrigo e sustento pró
rio, assistência médica, educação e di-
prios, pode constituir uma família até de 5 pessoas, dando-lhe tòda assistência sa
"N^rsões; para termo de comparação, bas
nitária, educando seus filhos em nível
ta-nos dizer que, em cidades industriais do tipo de São Paulo, na Inglaterra, Es
primário, podendo ainda ter algumas di
tados Unidos e França, as despesas de
Dioesto
EcoNÓ^^co
43
DiCESTo Econômico
42
dos os balanços que se têm dado nas
dia, 60% dos rendimentos individuais,
alimentação oscilavam, antes da guerra,
neira que o custo dessa distribuição não
condições humanas de trabalho levam
é natural que haja carência de capi
entre 38 % e 47 %.
anule o barateamento da própria produçao São precisos, portanto, transportes baratos e cm expansão crescente.
à dolorosa conclusão de que nos faltam
tais, e atualmente isso é sinônimo de
braços técnicos especializados e mesmo população em quantidade suficiente para
impossibilidade para certas iniciativas de
Podemos afirmar, sem risco de êrro,
que em grande parte do País, nas classes mais pobres do interior, a alimentação absorve cerca de 2/3 do rendimento dos
indivíduos. Isso eqüivale a dizer que nos encontramos próximos a um nível de pauperismo, que chega a ser' o de muitas famílias, em localidades do inte
exploração conveniente de nossos recur
grande vulto, como sejam, exploração petrolífera, aproveitamento de energia
rizam o progrc.sso econômico c que são capazes de contribuir eficazmente para
sos.
hidrelétrica, sidemrgia.
demasiadamente fraca e exige que se
E, desde que não temos capitais em quantidade sufi
elevação do padrão de vida, por fim,
incremente o povoamento. Daí as vá
ciente, urge oferecer meios para que
nada representaria sem uma distribui ção equitativa da renda nacional, quer
rias medidas legislativas tendentes a fo mentar a imigração, não só de trabalha
Êsse conjunto de fatôres que caracte
rior, e que, quando muito, alcançamos
dizer, da riqueza do país. Para tal cou-
nas cidades mais adiantadas, e mesmo
sa é necessária, além do mais, a difusão
assim, na classe média, o nível mínimo
da educação, porque sòmentc educando
de saúde e decência, enquanto a maioria se conserva tendo abrigo e alimentação
apenas suficientes, sem poder atender a necessidades culturais. Não é, pois, de admirar, dado nosso baixo padrão de vida, que se acuse o homem brasileiro
de ser inculto, uma vez que cultura é sinônimo de padrão de vida elevado.
A tendência desejável para a nação c que o padrão de vida de seu povo, nas várias classes sociais, se eleve a ponto de se generalizar o mínimo de conforto.
Essa elevação depende de seu progresso econômico e social. Realmente, para se viver melhor é antes de tudo necessário
produzir mais, melhor e mais barato. Só onde a produção cresce e a inventividade e labor de seus habitantes permitem obter artigos a baixo custo, é que o pa drão de vida pode aumentar. O desen volvimento técnico, a organização, o es
pírito criador a serviço da produção, permitem o aparecimento de novos em pregos e, com eles, a possibilidade de maior número de colocações, com o que
se evita o desemprego, quer dizer, evita-
se que uma parte da população tenha um rendimento igual a zero, pelo menos durante períodos curtos. Não basta, po rém, produzir mais, melhor e mais ba rato; é preciso distribuir o produzido com rapidez e uniformidade, de tal ma-
um povo é que se podem criar nele de
sejos de progredir e melhorar de vida;
sòmentc por ela é que se poderão criar
Nossa densidade demográfica é
dores rurais não qualificados, como de especialistas, operários técnicos para os
mesmos permitirão o desen\'ol\4mento da economia nacional e, com ela, a me
lhoria do padrão de vida do povo brasi
vários rumos da indústria.
leiro. Basta que se discipline o seu em
Em um país de moeda fraca, onde a alimentação chega a consumir, em mé
prego, de modo a que não sejam de
novos hábitos, difundir o consumo de
novos produtos e a utilização de novos serviços; é pela educação, também, que se conseguirá o desenvolvimento Fécni-
co e científico para a realização do pró prio progresso econômico e será ela ain
da que, aos poucos, permitirá ao altruís mo sobrepor-se ao egoísmo, sem o que não se poderá falar em equidade na dis tribuição da riqueza.
Convém lembrar, entretanto, que a distribuição equitativa da renda nacio nal ou sua redistribuição, no caso de
desigualdades flagrantes, por si só, é in
suficiente para a elevação do padrão ds vida da população; o requisito funda mental e prévio, para o aumento do pa
drão de vida de um povo, é a expansão do volume total de sua produção; isso significa que a operosidade dos habitan
tes de um país é a única capaz de ga rantir o levantamento do seu padrão de vida.
Assim sendo, não é para se estranhar, também, que apenas nas cidades mais prósperas, principalmente em São Paulo,
eles possam afluir do exterior. O perigo não está em fazê-los vir, pois que os
' 1'
se tenha desenvolvido o ensino técnico
profissional, indispensável ao progresso econômico do País. A verdade é que to Ç. . ti
masiado onerosos para o País.
Dioesto
EcoNÓ^^co
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dos os balanços que se têm dado nas
dia, 60% dos rendimentos individuais,
alimentação oscilavam, antes da guerra,
neira que o custo dessa distribuição não
condições humanas de trabalho levam
é natural que haja carência de capi
entre 38 % e 47 %.
anule o barateamento da própria produçao São precisos, portanto, transportes baratos e cm expansão crescente.
à dolorosa conclusão de que nos faltam
tais, e atualmente isso é sinônimo de
braços técnicos especializados e mesmo população em quantidade suficiente para
impossibilidade para certas iniciativas de
Podemos afirmar, sem risco de êrro,
que em grande parte do País, nas classes mais pobres do interior, a alimentação absorve cerca de 2/3 do rendimento dos
indivíduos. Isso eqüivale a dizer que nos encontramos próximos a um nível de pauperismo, que chega a ser' o de muitas famílias, em localidades do inte
exploração conveniente de nossos recur
grande vulto, como sejam, exploração petrolífera, aproveitamento de energia
rizam o progrc.sso econômico c que são capazes de contribuir eficazmente para
sos.
hidrelétrica, sidemrgia.
demasiadamente fraca e exige que se
E, desde que não temos capitais em quantidade sufi
elevação do padrão de vida, por fim,
incremente o povoamento. Daí as vá
ciente, urge oferecer meios para que
nada representaria sem uma distribui ção equitativa da renda nacional, quer
rias medidas legislativas tendentes a fo mentar a imigração, não só de trabalha
Êsse conjunto de fatôres que caracte
rior, e que, quando muito, alcançamos
dizer, da riqueza do país. Para tal cou-
nas cidades mais adiantadas, e mesmo
sa é necessária, além do mais, a difusão
assim, na classe média, o nível mínimo
da educação, porque sòmentc educando
de saúde e decência, enquanto a maioria se conserva tendo abrigo e alimentação
apenas suficientes, sem poder atender a necessidades culturais. Não é, pois, de admirar, dado nosso baixo padrão de vida, que se acuse o homem brasileiro
de ser inculto, uma vez que cultura é sinônimo de padrão de vida elevado.
A tendência desejável para a nação c que o padrão de vida de seu povo, nas várias classes sociais, se eleve a ponto de se generalizar o mínimo de conforto.
Essa elevação depende de seu progresso econômico e social. Realmente, para se viver melhor é antes de tudo necessário
produzir mais, melhor e mais barato. Só onde a produção cresce e a inventividade e labor de seus habitantes permitem obter artigos a baixo custo, é que o pa drão de vida pode aumentar. O desen volvimento técnico, a organização, o es
pírito criador a serviço da produção, permitem o aparecimento de novos em pregos e, com eles, a possibilidade de maior número de colocações, com o que
se evita o desemprego, quer dizer, evita-
se que uma parte da população tenha um rendimento igual a zero, pelo menos durante períodos curtos. Não basta, po rém, produzir mais, melhor e mais ba rato; é preciso distribuir o produzido com rapidez e uniformidade, de tal ma-
um povo é que se podem criar nele de
sejos de progredir e melhorar de vida;
sòmentc por ela é que se poderão criar
Nossa densidade demográfica é
dores rurais não qualificados, como de especialistas, operários técnicos para os
mesmos permitirão o desen\'ol\4mento da economia nacional e, com ela, a me
lhoria do padrão de vida do povo brasi
vários rumos da indústria.
leiro. Basta que se discipline o seu em
Em um país de moeda fraca, onde a alimentação chega a consumir, em mé
prego, de modo a que não sejam de
novos hábitos, difundir o consumo de
novos produtos e a utilização de novos serviços; é pela educação, também, que se conseguirá o desenvolvimento Fécni-
co e científico para a realização do pró prio progresso econômico e será ela ain
da que, aos poucos, permitirá ao altruís mo sobrepor-se ao egoísmo, sem o que não se poderá falar em equidade na dis tribuição da riqueza.
Convém lembrar, entretanto, que a distribuição equitativa da renda nacio nal ou sua redistribuição, no caso de
desigualdades flagrantes, por si só, é in
suficiente para a elevação do padrão ds vida da população; o requisito funda mental e prévio, para o aumento do pa
drão de vida de um povo, é a expansão do volume total de sua produção; isso significa que a operosidade dos habitan
tes de um país é a única capaz de ga rantir o levantamento do seu padrão de vida.
Assim sendo, não é para se estranhar, também, que apenas nas cidades mais prósperas, principalmente em São Paulo,
eles possam afluir do exterior. O perigo não está em fazê-los vir, pois que os
' 1'
se tenha desenvolvido o ensino técnico
profissional, indispensável ao progresso econômico do País. A verdade é que to Ç. . ti
masiado onerosos para o País.
1
INVESTIMENTO, POUPANÇA E INDÜSTRIAS-CHAVES
Digesto Econômico
45
a eles a responsabilidade da marcha da
rem ou restringirem os investimentos.
vida econômica. Quando aumentam os
mesmo tempo que distribuem maiores
Assim, no sistema do li\Te empreendi mento, cada qual faz o que quer, mas o que cada um quer é decidido pelos empreendedores. De fato, se os poupadores decidirem gastar menos do que fazem comumente, haverá menor consumo, o que forçará as indústrias produtoras desses artigos a
lucros aos seus acionistas.
reduzirem as suas atividades.
investimentos.^e se conserva constante o Roberto Pinto de Souza
Há, entre nós, certa má vontade
assunto, vamos restringír-nos ao aspecto
com relação às indústrias nacionais. Os
1.
argumentos principais que alimentam a
da teoria da poupança c do investimen to, no que diz respeito às indústrias-
animosidade são o alto preço e a má
chaves.
qualidade do produto brasileiro. Alegam os oponentes que seria melhor permitir
a entrada, livre de direitos, do artigo estrangeiro, do que proteger o parque manufatureiro interno através de pesa dos direitos alfandegários. O livre-câm-
bio, a se acreditar nas idéias dos que o apoiam, traz uma dupla vantagem: a) permite aos consumidores comprarem, por menor preço, artigos melhores; b)
diminui o custo da produção agrícola. Dai resulta um benefício geral para a
comunidade — o barateamento do custo da vida.
Assiste alguma razão aos que assim
pensam, desde que considerem um pe
ríodo curto de tempo e raciocinem em
termos de preço e qualidade do produ to. Infelizmente, a economia nacional é
lun complexo de ações, relações e reper cussões econômicas que se desenvolve no tempo. A visão restrita dos livre-cambis-
tas deforma a realidade econômica, reti rando tôda consistência à argumentação por eles desenvolvida. É nosso intuito demonstrar, no presen te artigo, porque os opositores da indús tria brasileira estão enganados. A pro dução manufatureira, antes de ser um
volume da poupança, o ritmo do fabrico de bens de produção se acelera. As in dústrias produtoras desses bens, em vir tude do desenvolvimento de suas ativi
dades, assalariam novos empregados, ao
2. No sistema de iniciativa privada
Essa re
dução força a dispensa de operários e a qúeda dos lucros, res tringindo o rendimento das pessoas ligadas às
agentes econômicos as qualidades e as
quantidades de mercadorias que devem ser produzidas, portanto, o volume de
de bens de consumo, o que se traduz em acele
atividades dêsse setor da
capital que deve ser investido e o mon
ração
víduos,
a marcha da economia, isto é, não há
nenhuma autoridade suprema a dizer aos
da
produção.
manufatura
Êsses indi naturalmente,
tante da poupança que deve ser pôsto de
dessas mercadorias. No
lado pela comunidade. São os empreen
vos operários são empregados e novos
nos do que o faziam antes.
dedores que tomam a si essa tarefa e
lucros são distribuídos, estendendo o
dêsse modo, nova redução no consu
a executam
aumento de rendimento a outros consu
mo, que, por sua vez, irá determinar
midores e elevando
mais uma vez a
novos cortes nos rendimentos de outros
renda geral da comunidade. A observação nos revela que tôda ele vação do rendimento é acompanhada de poupança. Satisfeitas as necessidades mais prementes, os indivíduos que rece
agentes econômicos. Sim, porque os gastos de uma pessoa são os rendimentos de outras, e quando uma gasta menos, outras ganham menos. Assim, à medida que os réditos baixam, a soma que os
bem maiores salários e dividendos ten
indivíduos desejam poupar diminui e a
dem a pôr de lado uma parcela do
renda da comunidade se reduz a um
previsões.
de acôrdo com
as suas
Dessa forma, tudo que se
passa na vida econômica é o resultado
do inúmeras decisões individuais e inde
pendentes. É verdade que os homeus • de negócios se guiam por certos fatôres gerais, que os levam a decidir desta ou
daquela maneira, o as decisões de cada um influem nas dos outros, formando uma corrente de decisões intimamente
relacionadas, que dão unidade ao siste ma do livre empreendimento. Assim, no sistema em questão, são os empreende- ' dores, principalmente os industriais, que .
fixam o volume de capital que deve ser utilizado na produção, portanto, o vo lume de emprêgo que deve caber aos ' membros da comunidade; ao mesmo
j
tempo, são os consumidores (assalaria-
«
ela conseguiremos elevar o padrão de
dos e empreendedores) que, através dos
•
vida brasileiro. O tema não é novo. Foi
sobejamente tratado pelos defensores da
seus réditos, ditam o volume de merca dorias a ser consumido e o montante de
industrialização do parque produtor bra
capitais novos a ser formado.
sileiro. Contudo, um argumento a mais
quem estabelece os réditos dos consumi
nunca faz mal. Dada a amplitude do
dores são os empreendedores, daí caber
pêso, é um fator de progresso, e sô por
Os réditos
aumentam, ipso facto. Os consumidores que vêem seus rendi mentos acrescidos adqui rem maior quantidade
não existe direção central a determinar
Porém,
passarão a comprar me
Haverá,
acréscimo do rendimento. É essa a re
nível tal que o volume real da poupan
gra geral. Não desconhecemos que isso
ça se toma inferior ao do investimento. A conclusão a se tirar é que, seja
nem sempre se verifica. Não raras vêzcs há alterações substanciais nos há
que habitualmente (nota-se isso prin
qual fôr a atitude dos particulares com relação à poupança, o total geral das suas poupanças efetivas será determi nado pelas decisões dos empreendedo
cipalmente nas fases de inflação) ou a
res, relativas ao total de bens de inves
poupar mais do que estão acostumados.
timento que lhes convém produzir. Os poupadores individuais não exercem ne
bitos de consumo e de poupança. Os particulares passam a consumir mais do
A poupança depende dos réditos, e estes do ritmo de produção dos bens de investimento. Cada um poupa a quan tia que entende, porém a soma da sua
nhuma influência direta sôbre o mon
tante do investimento. Os empreende
dores só aplicam capitais se prevêem
poupança depende do rendimento per
lucros futuros.
cebido que, por sua vez, decorre das
de retração dos negócios, não haverá
decisões dos empreendedores de alarga
investimentos. A iniciativa é apanágio
Se as perspectivas são
1
INVESTIMENTO, POUPANÇA E INDÜSTRIAS-CHAVES
Digesto Econômico
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a eles a responsabilidade da marcha da
rem ou restringirem os investimentos.
vida econômica. Quando aumentam os
mesmo tempo que distribuem maiores
Assim, no sistema do li\Te empreendi mento, cada qual faz o que quer, mas o que cada um quer é decidido pelos empreendedores. De fato, se os poupadores decidirem gastar menos do que fazem comumente, haverá menor consumo, o que forçará as indústrias produtoras desses artigos a
lucros aos seus acionistas.
reduzirem as suas atividades.
investimentos.^e se conserva constante o Roberto Pinto de Souza
Há, entre nós, certa má vontade
assunto, vamos restringír-nos ao aspecto
com relação às indústrias nacionais. Os
1.
argumentos principais que alimentam a
da teoria da poupança c do investimen to, no que diz respeito às indústrias-
animosidade são o alto preço e a má
chaves.
qualidade do produto brasileiro. Alegam os oponentes que seria melhor permitir
a entrada, livre de direitos, do artigo estrangeiro, do que proteger o parque manufatureiro interno através de pesa dos direitos alfandegários. O livre-câm-
bio, a se acreditar nas idéias dos que o apoiam, traz uma dupla vantagem: a) permite aos consumidores comprarem, por menor preço, artigos melhores; b)
diminui o custo da produção agrícola. Dai resulta um benefício geral para a
comunidade — o barateamento do custo da vida.
Assiste alguma razão aos que assim
pensam, desde que considerem um pe
ríodo curto de tempo e raciocinem em
termos de preço e qualidade do produ to. Infelizmente, a economia nacional é
lun complexo de ações, relações e reper cussões econômicas que se desenvolve no tempo. A visão restrita dos livre-cambis-
tas deforma a realidade econômica, reti rando tôda consistência à argumentação por eles desenvolvida. É nosso intuito demonstrar, no presen te artigo, porque os opositores da indús tria brasileira estão enganados. A pro dução manufatureira, antes de ser um
volume da poupança, o ritmo do fabrico de bens de produção se acelera. As in dústrias produtoras desses bens, em vir tude do desenvolvimento de suas ativi
dades, assalariam novos empregados, ao
2. No sistema de iniciativa privada
Essa re
dução força a dispensa de operários e a qúeda dos lucros, res tringindo o rendimento das pessoas ligadas às
agentes econômicos as qualidades e as
quantidades de mercadorias que devem ser produzidas, portanto, o volume de
de bens de consumo, o que se traduz em acele
atividades dêsse setor da
capital que deve ser investido e o mon
ração
víduos,
a marcha da economia, isto é, não há
nenhuma autoridade suprema a dizer aos
da
produção.
manufatura
Êsses indi naturalmente,
tante da poupança que deve ser pôsto de
dessas mercadorias. No
lado pela comunidade. São os empreen
vos operários são empregados e novos
nos do que o faziam antes.
dedores que tomam a si essa tarefa e
lucros são distribuídos, estendendo o
dêsse modo, nova redução no consu
a executam
aumento de rendimento a outros consu
mo, que, por sua vez, irá determinar
midores e elevando
mais uma vez a
novos cortes nos rendimentos de outros
renda geral da comunidade. A observação nos revela que tôda ele vação do rendimento é acompanhada de poupança. Satisfeitas as necessidades mais prementes, os indivíduos que rece
agentes econômicos. Sim, porque os gastos de uma pessoa são os rendimentos de outras, e quando uma gasta menos, outras ganham menos. Assim, à medida que os réditos baixam, a soma que os
bem maiores salários e dividendos ten
indivíduos desejam poupar diminui e a
dem a pôr de lado uma parcela do
renda da comunidade se reduz a um
previsões.
de acôrdo com
as suas
Dessa forma, tudo que se
passa na vida econômica é o resultado
do inúmeras decisões individuais e inde
pendentes. É verdade que os homeus • de negócios se guiam por certos fatôres gerais, que os levam a decidir desta ou
daquela maneira, o as decisões de cada um influem nas dos outros, formando uma corrente de decisões intimamente
relacionadas, que dão unidade ao siste ma do livre empreendimento. Assim, no sistema em questão, são os empreende- ' dores, principalmente os industriais, que .
fixam o volume de capital que deve ser utilizado na produção, portanto, o vo lume de emprêgo que deve caber aos ' membros da comunidade; ao mesmo
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tempo, são os consumidores (assalaria-
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ela conseguiremos elevar o padrão de
dos e empreendedores) que, através dos
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vida brasileiro. O tema não é novo. Foi
sobejamente tratado pelos defensores da
seus réditos, ditam o volume de merca dorias a ser consumido e o montante de
industrialização do parque produtor bra
capitais novos a ser formado.
sileiro. Contudo, um argumento a mais
quem estabelece os réditos dos consumi
nunca faz mal. Dada a amplitude do
dores são os empreendedores, daí caber
pêso, é um fator de progresso, e sô por
Os réditos
aumentam, ipso facto. Os consumidores que vêem seus rendi mentos acrescidos adqui rem maior quantidade
não existe direção central a determinar
Porém,
passarão a comprar me
Haverá,
acréscimo do rendimento. É essa a re
nível tal que o volume real da poupan
gra geral. Não desconhecemos que isso
ça se toma inferior ao do investimento. A conclusão a se tirar é que, seja
nem sempre se verifica. Não raras vêzcs há alterações substanciais nos há
que habitualmente (nota-se isso prin
qual fôr a atitude dos particulares com relação à poupança, o total geral das suas poupanças efetivas será determi nado pelas decisões dos empreendedo
cipalmente nas fases de inflação) ou a
res, relativas ao total de bens de inves
poupar mais do que estão acostumados.
timento que lhes convém produzir. Os poupadores individuais não exercem ne
bitos de consumo e de poupança. Os particulares passam a consumir mais do
A poupança depende dos réditos, e estes do ritmo de produção dos bens de investimento. Cada um poupa a quan tia que entende, porém a soma da sua
nhuma influência direta sôbre o mon
tante do investimento. Os empreende
dores só aplicam capitais se prevêem
poupança depende do rendimento per
lucros futuros.
cebido que, por sua vez, decorre das
de retração dos negócios, não haverá
decisões dos empreendedores de alarga
investimentos. A iniciativa é apanágio
Se as perspectivas são
ri ■ VWÍ «j-
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Digesto Econômico
dos empreendedores e não dos poupadores. Êstes, cm conjunto, estão à mercê dos investidores, se bem que individual mente gozem da liberdade de poupar a
quantidade que lhes aproiu-er. Se O de sejo de poupar dos indivíduos aumenta
sem elevação correspondente de inves timentos por parte dos empreendedores,
não haverá efetivamente ampliação da poupança total.
Vejamos o que se passa nas ativida des econômicas quando se verifica um aumento de investimento, ou melhor,
quais os efeitos das aplicações de capi-
^is sobre os réditos e as poupanças.
jiinto das pessoas que trabalha nesse rarr
Quando, em virtude de maiores apli
cessário para colocar o artigo, pronto
do sapatos, de camisas, de vestidos e ternos de roupa, freqüenta mais as salas
cações de capitais, aumentam o emprego o os d.,'''dendos num país qualquer, e,
para o consumo, nas mãos do consumi
de diversões etc., o que incrementa as
consequentemente, o consumo, parte dos
das possuem todos ou quase todos os'
bons adquiridos não é produzida no país; daí, uma fração do aumento secundário
elos da corrente de produção, desde a semeadura dos produtos agrícolas e ex
dc emprego, decorrente de investimentos
tração da matéria-prima, até o último
mo da produção adquire maior número
atividades das indústrias de bens de
consumo. Estas, por sua vez, emprega rão maior volume de mão-de-obra e dis
tribuirão maiores dividendos. Há, assim,
aumento dos rendimentos dos agentes econômicos ligados a esse gênero dc pro
dução. Possuidores de maior poder aqui sitivo, vão, por seu turno, elevar o con sumo, acelerando ainda mais as ativi
dades das empresas produtoras de bens
Tais efeitos são perceptíveis pelos pro cessos acumulativos do multiplicador e do principio de aceleração. Não é ne cessário^ entrar em pormenores quanto
de consumo, e assim sucessivamente. A esse nov.o acréscimo de emprego nas in
a atuaçao desses processos; uma sumá
mento secundário".
ria descnçao do multiplicador, segundo I amedir exposição de Keynes, é suficiente para o alcance das repercussões dos investimentos.
Suponhamos que num dado momen to se intensifique a construção
dústrias dc consumo denomina-se "au
Vemos, pela sumaríssima descrição acima, que o investimento inicial deter mina uma série de aumentos de rendi
mentos c de consumo. A série, porém, não é indefinida. A cada passagem dc
encanadores, eletricistas, pintores etc.,
fabricação italiana, contribuirão para o
Isso
to acrescido é gasto, uma parte
é poupada. A soma despendida
estádios do manufaturamento determi nam efeitos acumulativos sôbre os de
incremento das atividades da indústria
mais, incrementando o consumo e a
do sapatos italiana. Caso, porém, adqui
poupança, que por sua vez aceleram as
ram sapatos de fabricação nacional, con correm diretamente para aceleração das atividades da indústria dc sapatos dos
atividades produtivas.
curtumes britânicos, e, como o couro
é importado da Austrália e da Argentina, contribuem indiretamente para o de senvolvimento da produção de couro
bnito naquelas nações.
O mesmo se
passa quando compram roupas confec dos Unidos; parte do aumento secundá
meira conseqüência é o aumen
mas em toda a cadeia das indústrias de construção — olarias, vidraçarias, serra
cializada para atraírem o consumidor. Os investimentos feitos em qualquer dos
vão-se tomando menores.
porque nem todo novo rendimen
aumentem os investimentos nas
edifícios, como pedreiros, marceneiros,
acondicionamento e propaganda espe
tras naçãcs. Se os pedreiros ingleses, em lugar de comprarem sapatos pro duzidos na Inglaterra, adquirirem os de
cionadas com tecidos de algodão. A Grã-Bretanha importa algodão dos Esta
indústrias de construção. A pri to não só do número de empre gados que trabalham diretamente nos
realizados no país, se transfere para ou
uma para outra série, as repercussões
de casas de moradia, isto é, que
dor. As nações altamente industrializa
rio fogo para essa nação. Quanto mais
a economia de um país depende de pro
Nos países de estrutura econômica agrícola e extrativa as atividades produ tivas são muito restritas — resumem-se
no trabalho rural e no das minas e, às
vezes, no de semi-manufaturas. O cam
po de investimentos é diminuto e os efeitos acumulath'OS, portanto, quase nulos, indo atuar nas economias das na ções industrializadas fornecedoras de ar
tigos manufaturados. Por êsse motivo,
são países cujas economias se acham vol tadas para os mercados externos, pois
para aumentar o consumo é, em
a fuga de emprego secundário para os
deles dependem não só para a colocação dos produtos em bruto como para o
cada série, inferior ao total dos
mercados externos.
fornecimento de mercadorias industriali
réditos. Portanto, em cada passagem diminuí o número de novos empregos. A relação entre o aumento total de emprego e o aumento primário é cha
mada "o multiplicador". Se há, por exemplo, um aumento de dois empre
rias, fábricas de tinta, de azulejo, de canos, de torneiras, de aparelhos sanitá rios etc. A esses novos empregados dá-
sumo para cada novo operário tomado
se o nome de "aumento primário" de
pelas industrias de bons dc produção, o
mão-de-obra. Em virtude do acréscimo
de investimentos, o rédito total do setor industrial — edificações — se elevou.
multiplicador é igual a 3. 3. Até aqui examinamos o multipli cador de uma forma geral. Vejamos a
Isso significa que o consumo total do
sua atuação no quadro de uma econo
setor também aumentou. Agora, o con-
mia
gados nas indústrias de bens de con
nacional.
dutos vindos de outras nações, maior é
Os países de estrutura econômica agrí
zadas. Daí a denominação de economia
cola e extrativa pouco desfrutam das re
reflexa a essas estruturas econômicas.
percussões do multiplicador. Ê que não
A despeito de serem nações voltadas para o comércio internacional, dele não tiram vantagens, porque, ao se estabe
possuem uma distribuição hierárquica entre os vários estádios da produção. Os elementos fornecidos pela natureza
lecerem as relações comerciais entre
não SC encontram em condições de se
os países agrícolas e os industrializados,
rem consumidos imediatamente pelo ho
formam-se imediatamente desigualdades econômicas que se tomam aparentes nas relações de troca. É que as primeiras
mem, daí ser necessário o trab;ilho dc
transformação e adaptação, a fim dc tomá-los aptos áo consumo. Êsse tra balho vai desde a primeira transfonnação da matéria-prima em produto semimanufaturado, até o último esforço ne
exportam produtos de fraco valor espe cífico e importam mercadorias de alto valor especifico. Dessa forma, acabam
entregando, por .assim dizer, de graça.
ri ■ VWÍ «j-
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dos empreendedores e não dos poupadores. Êstes, cm conjunto, estão à mercê dos investidores, se bem que individual mente gozem da liberdade de poupar a
quantidade que lhes aproiu-er. Se O de sejo de poupar dos indivíduos aumenta
sem elevação correspondente de inves timentos por parte dos empreendedores,
não haverá efetivamente ampliação da poupança total.
Vejamos o que se passa nas ativida des econômicas quando se verifica um aumento de investimento, ou melhor,
quais os efeitos das aplicações de capi-
^is sobre os réditos e as poupanças.
jiinto das pessoas que trabalha nesse rarr
Quando, em virtude de maiores apli
cessário para colocar o artigo, pronto
do sapatos, de camisas, de vestidos e ternos de roupa, freqüenta mais as salas
cações de capitais, aumentam o emprego o os d.,'''dendos num país qualquer, e,
para o consumo, nas mãos do consumi
de diversões etc., o que incrementa as
consequentemente, o consumo, parte dos
das possuem todos ou quase todos os'
bons adquiridos não é produzida no país; daí, uma fração do aumento secundário
elos da corrente de produção, desde a semeadura dos produtos agrícolas e ex
dc emprego, decorrente de investimentos
tração da matéria-prima, até o último
mo da produção adquire maior número
atividades das indústrias de bens de
consumo. Estas, por sua vez, emprega rão maior volume de mão-de-obra e dis
tribuirão maiores dividendos. Há, assim,
aumento dos rendimentos dos agentes econômicos ligados a esse gênero dc pro
dução. Possuidores de maior poder aqui sitivo, vão, por seu turno, elevar o con sumo, acelerando ainda mais as ativi
dades das empresas produtoras de bens
Tais efeitos são perceptíveis pelos pro cessos acumulativos do multiplicador e do principio de aceleração. Não é ne cessário^ entrar em pormenores quanto
de consumo, e assim sucessivamente. A esse nov.o acréscimo de emprego nas in
a atuaçao desses processos; uma sumá
mento secundário".
ria descnçao do multiplicador, segundo I amedir exposição de Keynes, é suficiente para o alcance das repercussões dos investimentos.
Suponhamos que num dado momen to se intensifique a construção
dústrias dc consumo denomina-se "au
Vemos, pela sumaríssima descrição acima, que o investimento inicial deter mina uma série de aumentos de rendi
mentos c de consumo. A série, porém, não é indefinida. A cada passagem dc
encanadores, eletricistas, pintores etc.,
fabricação italiana, contribuirão para o
Isso
to acrescido é gasto, uma parte
é poupada. A soma despendida
estádios do manufaturamento determi nam efeitos acumulativos sôbre os de
incremento das atividades da indústria
mais, incrementando o consumo e a
do sapatos italiana. Caso, porém, adqui
poupança, que por sua vez aceleram as
ram sapatos de fabricação nacional, con correm diretamente para aceleração das atividades da indústria dc sapatos dos
atividades produtivas.
curtumes britânicos, e, como o couro
é importado da Austrália e da Argentina, contribuem indiretamente para o de senvolvimento da produção de couro
bnito naquelas nações.
O mesmo se
passa quando compram roupas confec dos Unidos; parte do aumento secundá
meira conseqüência é o aumen
mas em toda a cadeia das indústrias de construção — olarias, vidraçarias, serra
cializada para atraírem o consumidor. Os investimentos feitos em qualquer dos
vão-se tomando menores.
porque nem todo novo rendimen
aumentem os investimentos nas
edifícios, como pedreiros, marceneiros,
acondicionamento e propaganda espe
tras naçãcs. Se os pedreiros ingleses, em lugar de comprarem sapatos pro duzidos na Inglaterra, adquirirem os de
cionadas com tecidos de algodão. A Grã-Bretanha importa algodão dos Esta
indústrias de construção. A pri to não só do número de empre gados que trabalham diretamente nos
realizados no país, se transfere para ou
uma para outra série, as repercussões
de casas de moradia, isto é, que
dor. As nações altamente industrializa
rio fogo para essa nação. Quanto mais
a economia de um país depende de pro
Nos países de estrutura econômica agrícola e extrativa as atividades produ tivas são muito restritas — resumem-se
no trabalho rural e no das minas e, às
vezes, no de semi-manufaturas. O cam
po de investimentos é diminuto e os efeitos acumulath'OS, portanto, quase nulos, indo atuar nas economias das na ções industrializadas fornecedoras de ar
tigos manufaturados. Por êsse motivo,
são países cujas economias se acham vol tadas para os mercados externos, pois
para aumentar o consumo é, em
a fuga de emprego secundário para os
deles dependem não só para a colocação dos produtos em bruto como para o
cada série, inferior ao total dos
mercados externos.
fornecimento de mercadorias industriali
réditos. Portanto, em cada passagem diminuí o número de novos empregos. A relação entre o aumento total de emprego e o aumento primário é cha
mada "o multiplicador". Se há, por exemplo, um aumento de dois empre
rias, fábricas de tinta, de azulejo, de canos, de torneiras, de aparelhos sanitá rios etc. A esses novos empregados dá-
sumo para cada novo operário tomado
se o nome de "aumento primário" de
pelas industrias de bons dc produção, o
mão-de-obra. Em virtude do acréscimo
de investimentos, o rédito total do setor industrial — edificações — se elevou.
multiplicador é igual a 3. 3. Até aqui examinamos o multipli cador de uma forma geral. Vejamos a
Isso significa que o consumo total do
sua atuação no quadro de uma econo
setor também aumentou. Agora, o con-
mia
gados nas indústrias de bens de con
nacional.
dutos vindos de outras nações, maior é
Os países de estrutura econômica agrí
zadas. Daí a denominação de economia
cola e extrativa pouco desfrutam das re
reflexa a essas estruturas econômicas.
percussões do multiplicador. Ê que não
A despeito de serem nações voltadas para o comércio internacional, dele não tiram vantagens, porque, ao se estabe
possuem uma distribuição hierárquica entre os vários estádios da produção. Os elementos fornecidos pela natureza
lecerem as relações comerciais entre
não SC encontram em condições de se
os países agrícolas e os industrializados,
rem consumidos imediatamente pelo ho
formam-se imediatamente desigualdades econômicas que se tomam aparentes nas relações de troca. É que as primeiras
mem, daí ser necessário o trab;ilho dc
transformação e adaptação, a fim dc tomá-los aptos áo consumo. Êsse tra balho vai desde a primeira transfonnação da matéria-prima em produto semimanufaturado, até o último esforço ne
exportam produtos de fraco valor espe cífico e importam mercadorias de alto valor especifico. Dessa forma, acabam
entregando, por .assim dizer, de graça.
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48
Dicesto Econômico
Dicesto Econômico 49
aquilo que produzem, pagancio cada vez
como êsses tendem a aumentar num rit
mais caro pelo que recebem. Essa discrepância entre os valores es
mo mais acelerado que os dos oaíses
pecíficos das mercadorias remetidas e
A diferença de produtividade-e.xerce ainda influência sobre outros aspectos
recebidas se traduz cm perda de subs tância para as nações econòmicamente fracas. Essa perda, que repercute tão
econômicos de grande rclc\ânaa.
nocivamente em toda a economia na
dos, o aumento de produtividade se tem
cional, deve-se a dois fatores: em pri meiro lugar, a falta de paralelismo e concomitância entre as oscilações dos preços de matérias-primas e os de
produtos manufaturados; em segundo lugar, as quedas de câmbio, típicas dos países cuja balança de contas é defici
tária, favorecendo os prêmios à e.xportação, obrigando assim os países a venderenr mais e a receberem menos.
É preciso considerar ainda que essa
»
subdesenvolvidos.
situação desvantajosa nas relações de trocas SC agrava em virtude de os pro dutos primários, de modo geral, serem
inelástícos e de, inversamente, os pro dutos manufaturados terem uma alta elasticidade. A evolução dos preços de uns e outros produtos mostra disparida des.. As flutuações dos níveis de preços atingem mais duramente os produtos primários do que os manufaturados, de
preciando as relações de-troca dos países e.vportaclorcs do primeiro. Por outro Jado, os preços dos produtos primários, via de regra, não são influenciados pelos
países produtores, mas ditados pelas nações manufatureiras.
É
que, nos países altamente indu.strializa-
traduzido em elevação de renda, c, como conseqüência, o incremento dos in
vestimentos, o que c.xplica as grandes concentrações de capitais existentes nes
ses países. Na.s nações agrícolas, o pro gresso da produtividade tem determina
do queda dc preço e não acumulação
dos reduzidos e vivem quase exclusiva mente dos produtos da terra, consumin do alguns artigos manufaturados de bai
xa qualidade. A produção agrícola e e.vtrativa, portanto, não distribui de mo
do mais ou menos uniforme os réditos, o que não permite a formação de uma
população altamente consumidora, ao mesmo tempo que não dá margem a
uma forte poupança, daí dizer-se que são nações pré-capitalistas. Tais países, om virtude do tipo de suas atividades econômicas, não têm fatores de radia ção econômica dinâmica, pois os novos
técnica de produção, o trabalho é al tamente remunerado, o que permite con sumo e poupança elevados. Assim, todo aumento de investimentos se traduz ime
diatamente em maiores ganhos, que ten dem a repercutir sôbre todos os seto res da vida econômica nacional. Os
efeitos acumulatívos atuam plenamente. 4. O fator principal da industriali zação são as indústrias-chaves. Sem elas
o parque manufatureiro sô pode atingir um determinado grau de desenvolvimen to, restringindo-se aos setores das indús trias que semi-manufaturam as matérias-
de capitais. Daí a imensa desigualda de econômica entre as nações, desigual
investimentos não determinam modifica
primas ou dão o toque final nos produ
ções^ nos rendimentos e no consumo,
tos semi-manufaturados provenientes do
dade que tende a se acentuar cada vez mais, pois as importações de bens dc consumo manufaturados, por parte dos países subdcscnvobidos, contribuem
isto é, não criam efeitos acumulatívos.
estrangeiro. Por esse motivo, a produ
Nas fases de prosperidade aumentam as
ção industrial se limita às fábricas de
rendas do.s proprietários, enquanto se elevam em pequena escala os vencimen
tecido e às indústrias de alimentação. E, no geral, emprega técnica atrasada, pois
substancialmente para o aumento da produção das nações industriais. Ha outro aspecto, ainda não salienta
do, responsável pela desigiialdade econô mica entre os países agrícolas e os in dustrializados. Queremos referir-nos à c istribiiiçao do poder aquisitivo entro os membros da comunidade. Nos pri meiros, a cstratificação social é muito
pobre; compõe-se no gorai da classe dos proprietários abastados, de uma peque na classe média formada pelos funcioná
tos dos outros membros da comunidade.
as dificuldades de importação de equi
O consumo de produtos nacionais pouco
pamentos, somadas aos tropeços econô micos da produção interna em face da concorrência externa, levam à utilização
so altera, ao passo que se eleva o de artigos manufaturados estrangeiros. Nas fases de depressão decaem os rendimen tos dos proprietários, reduzindo-se em pequena escala o dos outros agentes eco
nômicos. A economia nacional perma nece estagnada, a única modificação são os altos e baixos dos rendimentos dos donos da terra.
Completamente diversa é a composi
rios públicos e empregados no
ção dos réditos das várias classes dos
Além disso, é preciso levar
comercio e da grande classe dos trabalhadores rurais. Os ricos
em conta os graus diversos de
proprietários consomem artigos dc
países altamente industrializados. Em primeiro lugar, a distribuição dos rendi mentos é mais uniforme, não havendo
de máquinas antiquadas, o que torna, por sua vez, a produção nacional mais
vulnerável à concorrência dos parques manufatureiros exteriores. Daí a neces
sidade da proteção alfandegária. Aco bertada pelos direitos aduaneiros, a téc nica se toma cada vez mais obsoleta,
forçando o aumento dos impostos de importação. O parque industrial apena.s se mantém e dificilmente consegue ampliar-se.
luxo importados, exercendo pe
em conjunto disparidades sensíveis entre
^ Quando se apresenta uma fase favo rável ao desenvolvimento da produção
quena influência no consumo in
terno. A pequena burguesia, composta
das não conseguem tirar partido das
a produtividade, além de ser muito mais
de funcionários c empregados, possui
os vencimentos da classe média, da pe quena burguesia e da classe operária,
elevada, cresce em proporção muito
fraco poder aquisitivo, e não dá margem
^'^^7<2ppndo apenas os dos capitães-de-
maior que a dos segundos.
a consumo em larga escala. Os traba
produtividade que, existem entre a produção dos países manufatureíros e a dos agrícolas. Nos primeiros,
Assim, .as
nações industriais não só apresentam ní veis de vida mais altos que as agrícolas
lhadores agrícolas, apesar de formarem o grosso da população, recebem ordeua-
indústria. Nota-se isso principalmente
nos Estados Unidos, onde pràticamente nao existe o que se entende por classe operaria. Em segundo lugar, dada a
manufatureíra, as nações subdesenvolvi vantagens que se lhes apresentam. É que, para realizarem o desenvolvimen
to econômico interno, necessitam impor tar equipamentos em larga escala, a fim
de alargarem as suas produções. Além disso, o progresso econômico traz dífe-
I ■■ ■
■
-
48
Dicesto Econômico
Dicesto Econômico 49
aquilo que produzem, pagancio cada vez
como êsses tendem a aumentar num rit
mais caro pelo que recebem. Essa discrepância entre os valores es
mo mais acelerado que os dos oaíses
pecíficos das mercadorias remetidas e
A diferença de produtividade-e.xerce ainda influência sobre outros aspectos
recebidas se traduz cm perda de subs tância para as nações econòmicamente fracas. Essa perda, que repercute tão
econômicos de grande rclc\ânaa.
nocivamente em toda a economia na
dos, o aumento de produtividade se tem
cional, deve-se a dois fatores: em pri meiro lugar, a falta de paralelismo e concomitância entre as oscilações dos preços de matérias-primas e os de
produtos manufaturados; em segundo lugar, as quedas de câmbio, típicas dos países cuja balança de contas é defici
tária, favorecendo os prêmios à e.xportação, obrigando assim os países a venderenr mais e a receberem menos.
É preciso considerar ainda que essa
»
subdesenvolvidos.
situação desvantajosa nas relações de trocas SC agrava em virtude de os pro dutos primários, de modo geral, serem
inelástícos e de, inversamente, os pro dutos manufaturados terem uma alta elasticidade. A evolução dos preços de uns e outros produtos mostra disparida des.. As flutuações dos níveis de preços atingem mais duramente os produtos primários do que os manufaturados, de
preciando as relações de-troca dos países e.vportaclorcs do primeiro. Por outro Jado, os preços dos produtos primários, via de regra, não são influenciados pelos
países produtores, mas ditados pelas nações manufatureiras.
É
que, nos países altamente indu.strializa-
traduzido em elevação de renda, c, como conseqüência, o incremento dos in
vestimentos, o que c.xplica as grandes concentrações de capitais existentes nes
ses países. Na.s nações agrícolas, o pro gresso da produtividade tem determina
do queda dc preço e não acumulação
dos reduzidos e vivem quase exclusiva mente dos produtos da terra, consumin do alguns artigos manufaturados de bai
xa qualidade. A produção agrícola e e.vtrativa, portanto, não distribui de mo
do mais ou menos uniforme os réditos, o que não permite a formação de uma
população altamente consumidora, ao mesmo tempo que não dá margem a
uma forte poupança, daí dizer-se que são nações pré-capitalistas. Tais países, om virtude do tipo de suas atividades econômicas, não têm fatores de radia ção econômica dinâmica, pois os novos
técnica de produção, o trabalho é al tamente remunerado, o que permite con sumo e poupança elevados. Assim, todo aumento de investimentos se traduz ime
diatamente em maiores ganhos, que ten dem a repercutir sôbre todos os seto res da vida econômica nacional. Os
efeitos acumulatívos atuam plenamente. 4. O fator principal da industriali zação são as indústrias-chaves. Sem elas
o parque manufatureiro sô pode atingir um determinado grau de desenvolvimen to, restringindo-se aos setores das indús trias que semi-manufaturam as matérias-
de capitais. Daí a imensa desigualda de econômica entre as nações, desigual
investimentos não determinam modifica
primas ou dão o toque final nos produ
ções^ nos rendimentos e no consumo,
tos semi-manufaturados provenientes do
dade que tende a se acentuar cada vez mais, pois as importações de bens dc consumo manufaturados, por parte dos países subdcscnvobidos, contribuem
isto é, não criam efeitos acumulatívos.
estrangeiro. Por esse motivo, a produ
Nas fases de prosperidade aumentam as
ção industrial se limita às fábricas de
rendas do.s proprietários, enquanto se elevam em pequena escala os vencimen
tecido e às indústrias de alimentação. E, no geral, emprega técnica atrasada, pois
substancialmente para o aumento da produção das nações industriais. Ha outro aspecto, ainda não salienta
do, responsável pela desigiialdade econô mica entre os países agrícolas e os in dustrializados. Queremos referir-nos à c istribiiiçao do poder aquisitivo entro os membros da comunidade. Nos pri meiros, a cstratificação social é muito
pobre; compõe-se no gorai da classe dos proprietários abastados, de uma peque na classe média formada pelos funcioná
tos dos outros membros da comunidade.
as dificuldades de importação de equi
O consumo de produtos nacionais pouco
pamentos, somadas aos tropeços econô micos da produção interna em face da concorrência externa, levam à utilização
so altera, ao passo que se eleva o de artigos manufaturados estrangeiros. Nas fases de depressão decaem os rendimen tos dos proprietários, reduzindo-se em pequena escala o dos outros agentes eco
nômicos. A economia nacional perma nece estagnada, a única modificação são os altos e baixos dos rendimentos dos donos da terra.
Completamente diversa é a composi
rios públicos e empregados no
ção dos réditos das várias classes dos
Além disso, é preciso levar
comercio e da grande classe dos trabalhadores rurais. Os ricos
em conta os graus diversos de
proprietários consomem artigos dc
países altamente industrializados. Em primeiro lugar, a distribuição dos rendi mentos é mais uniforme, não havendo
de máquinas antiquadas, o que torna, por sua vez, a produção nacional mais
vulnerável à concorrência dos parques manufatureiros exteriores. Daí a neces
sidade da proteção alfandegária. Aco bertada pelos direitos aduaneiros, a téc nica se toma cada vez mais obsoleta,
forçando o aumento dos impostos de importação. O parque industrial apena.s se mantém e dificilmente consegue ampliar-se.
luxo importados, exercendo pe
em conjunto disparidades sensíveis entre
^ Quando se apresenta uma fase favo rável ao desenvolvimento da produção
quena influência no consumo in
terno. A pequena burguesia, composta
das não conseguem tirar partido das
a produtividade, além de ser muito mais
de funcionários c empregados, possui
os vencimentos da classe média, da pe quena burguesia e da classe operária,
elevada, cresce em proporção muito
fraco poder aquisitivo, e não dá margem
^'^^7<2ppndo apenas os dos capitães-de-
maior que a dos segundos.
a consumo em larga escala. Os traba
produtividade que, existem entre a produção dos países manufatureíros e a dos agrícolas. Nos primeiros,
Assim, .as
nações industriais não só apresentam ní veis de vida mais altos que as agrícolas
lhadores agrícolas, apesar de formarem o grosso da população, recebem ordeua-
indústria. Nota-se isso principalmente
nos Estados Unidos, onde pràticamente nao existe o que se entende por classe operaria. Em segundo lugar, dada a
manufatureíra, as nações subdesenvolvi vantagens que se lhes apresentam. É que, para realizarem o desenvolvimen
to econômico interno, necessitam impor tar equipamentos em larga escala, a fim
de alargarem as suas produções. Além disso, o progresso econômico traz dífe-
Dicesto Econômico
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Digesto Econômico 50
de investimentos num país cuja estru
renciação nas produções internas, o que determina novas necessidades, que so
podem ser saHsfeitas pela importação. Isso significa que os novos investimentos, se bem determinem efeitos acumulati\o.s internos, exercem maiores repercussões
acumulativas nas importações, criando a crise de divisas, o que impossibilita efetuar as importações de equipamentos no volume necessário.
O Brasil é um caso típico. Boa parte da crise cambial que atravessamos se deve ao ritmo crescente da industria-
* lização de nossa economia. Ê que esta veio e.xigir a importação de uma série enorme de maquinismos, portanto, de bens de produção de alto valor específico. Â medida
que esses bens de produção são
utilizados, dão nascimento, por repercussão, à necessidade de importa ção de outros artigos, incrementando o nosso comércio exterior,
Compare-se a importação presente com a anterior à guerra de 1914-18. O
forte, naquela época, eram as entradas
de bens.de consumo de baixo valor espe cífico, em comparação com os equipa mentos modernos. A exportação deixava
'então saldos favoráveis na balança co mercial, o que permitia fazer face aos déficits na balança de pagamentos pro venientes das reme.ssas de capitais para a
liquidação dos juros de nossas dívidas internacionais. Dessas considerações po-
demo": tirar o princípio, já apontado, de Que a industrialização das economias
vouco desenvolvidas se traduz em benek'io para os países altamente industria lizados, porque o multiplicador atua mais sôbre o comércio exterior do que sobre a economia interna.
Vamos levar a análise um pouco mais
adiante, a fim de melhor esclarecenuos
êsse ponto. O desenvolvimento indus-
trial ocorrido entre nós, nestes viltimos
dez anos, deu nascimento a uma serie de novas fábricas, bem como ao incremen
to dos transportes. O aumento dessas atividades implicou cm maiores investi mentos, o que levou à cicvaçao dos ren dimentos dos consumidores.
As riovas
empresas, porém, não puderam ser cons tituídas com equipamentos nacionais, uma vez que não os produzimos. Os novos equipamentos tiveram que ser
importados. Além disso, a expansão da produção aumentou os desgastes dos maquinismos existentes no País, obri gando à importação de novas máquinas. O desenvolvimento geral do parque mannfaturciro forçou, por outro lado, a melho ria da técnica dos setores indus
triais mais antigos, levando a importação de novos equipamentos. A ampliação geral das manufaturas forçou o alargamento dos transportes, obrigan do à importação de inúmeros caminhões. As novas máquinas entradas no Pais detenninaram o aumento da importação de peças e acessórios. A elevação dos
rendimentos dos agentes econômicos in crementou, por seu turno, o consumo,
não só de produtos nacionais como de artigos estrangeiros, o que atuou dupla mente sôbre a importação, pois levou ao aumento de importação de bens de produção c de bens de consumo.
Temos agora visão mais pormenoriza da dos inconvenientes da ausência de indústrías-cliaves na economia interna de
um país. A estrutura econômica de uma
nação de fraca industrialização dificil mente consegue desenvolver-se, e, quan do o faz, a atuação dos efeitos acumu-
lativos, provenientes do aumento de in vestimentos, se exerce na economia dos
países altamente industrializados. Bem diversa é a ação do incremento
tura econômica se assenta em sólidas
indústrias-chaves. Isso porque não pode haver expansão econômica sem que a produção dessas indústrias não aumen
te, uma vez que o sistema da produção
está distribuído em setores, ocupando as indústrias-chaves o setor central, de onde partem todas as atividades e para onde
vão ter todas as repercussões. Qualquer investimento feito neste ou naquele setor da produção repercute sôbre as ativida des das indústrias-chaves. Por seu tur no, as expansões da produção dessas em presas agem sôbre as atividades dos de
mais setores da produção. Dessa maneira, um país detentor de indústrias-cliavcs possui uma estrutura cujas ações e reações econômicas se circunscrevem ao âmbito da economia
interna.
Isto c, os investimentos reali
zados nos demais setores da produção repercutem sôbre as atividades dos se
tores afins e destes as das indústrias-
chaves, que por sua vez devolvem as
volvimento da produção de outros seto res industriais e agrícolas. A nova am
pliação do fabrico exige por sua vez maiores bens de produção, o que re percuto sôbre a produção das indústrias-
chaves, forçando-as a expandir novamen te a produção, e portanto, a efetuarem novos investimentos.
Conhecemos a atuação dos investimen
tos sôbre o consumo e a poupança. A cada novo investimento corresponde au mento de consumo e de poupança, que, por sua vez, detemiina novos investimen tos. Assim, numa economia altamente
industrializada os sistemas da produção, do consumo e do investimento se acham perfeitamente relacionados, de forma que as ações e reações agem umas sôbre as outras, acümulando os efeitos. O processo é o mesmo do de uma vela co
locada entre quatro espelhos. A luz se reflete sôbre os quatro espelhos, que por seu turno refletem a mesma luz para os espelhos opostos, e êstes para os es
vidades dos setores em que os inves
pelhos primitivos, e assim sucessivamen te, multiplicando inúmeras vezes a luz
timentos foram feitos e as dos setores
da vela.
onde ainda não o foram.
5. A exposição que fizemos nos leva à conclusão de que as indústrias-chaves são o elemento fundamental do progres so econômico, uma vez que permite a
repercussões, ativando ainda mais as ati
Suponhamos que, num dado jnoniento, aumente o consumo dc automóveis* e
geladeiras nos Estados Unidos. A in
dústria desses produtos, para atender a nova demanda, acelera a produção, rea lizando novos investimentos. Aumenta, ipso facto, a procura de ferro, aço, alu
mínio e energia elétrica, o que obriga as indústrias-chaves a elevarem a pro dução e a aplicarem novos capitais. Os novos investimentos ampliam o volume
dos rendimentos dos agentes econômi cos dos setores onde foram feitos os investimentos. Haverá aumento de con sumo em geral, isto é, de todos os bens
de consumo, o que implica em desen-
plena atuação dos efeitos acumulativos sôbre a economia interna. Tendo assim
importância tão fimdamental no sistema
da produção nacional, não se deve pen sar em indústrias-chaves em termos de
preço.
Mesmo que o produto básico
de fabricação nacional seja mais caro que o estrangeiro, é mais econômico —
devido aos efeitos acumulativos — produzi-Io no país, do que importá-lo. Os que são contrários à produção nacional
de alumínio, de soda cáustica, de en-
xòfre etc., pelo alto custo dêsses produ-
Dicesto Econômico
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Digesto Econômico 50
de investimentos num país cuja estru
renciação nas produções internas, o que determina novas necessidades, que so
podem ser saHsfeitas pela importação. Isso significa que os novos investimentos, se bem determinem efeitos acumulati\o.s internos, exercem maiores repercussões
acumulativas nas importações, criando a crise de divisas, o que impossibilita efetuar as importações de equipamentos no volume necessário.
O Brasil é um caso típico. Boa parte da crise cambial que atravessamos se deve ao ritmo crescente da industria-
* lização de nossa economia. Ê que esta veio e.xigir a importação de uma série enorme de maquinismos, portanto, de bens de produção de alto valor específico. Â medida
que esses bens de produção são
utilizados, dão nascimento, por repercussão, à necessidade de importa ção de outros artigos, incrementando o nosso comércio exterior,
Compare-se a importação presente com a anterior à guerra de 1914-18. O
forte, naquela época, eram as entradas
de bens.de consumo de baixo valor espe cífico, em comparação com os equipa mentos modernos. A exportação deixava
'então saldos favoráveis na balança co mercial, o que permitia fazer face aos déficits na balança de pagamentos pro venientes das reme.ssas de capitais para a
liquidação dos juros de nossas dívidas internacionais. Dessas considerações po-
demo": tirar o princípio, já apontado, de Que a industrialização das economias
vouco desenvolvidas se traduz em benek'io para os países altamente industria lizados, porque o multiplicador atua mais sôbre o comércio exterior do que sobre a economia interna.
Vamos levar a análise um pouco mais
adiante, a fim de melhor esclarecenuos
êsse ponto. O desenvolvimento indus-
trial ocorrido entre nós, nestes viltimos
dez anos, deu nascimento a uma serie de novas fábricas, bem como ao incremen
to dos transportes. O aumento dessas atividades implicou cm maiores investi mentos, o que levou à cicvaçao dos ren dimentos dos consumidores.
As riovas
empresas, porém, não puderam ser cons tituídas com equipamentos nacionais, uma vez que não os produzimos. Os novos equipamentos tiveram que ser
importados. Além disso, a expansão da produção aumentou os desgastes dos maquinismos existentes no País, obri gando à importação de novas máquinas. O desenvolvimento geral do parque mannfaturciro forçou, por outro lado, a melho ria da técnica dos setores indus
triais mais antigos, levando a importação de novos equipamentos. A ampliação geral das manufaturas forçou o alargamento dos transportes, obrigan do à importação de inúmeros caminhões. As novas máquinas entradas no Pais detenninaram o aumento da importação de peças e acessórios. A elevação dos
rendimentos dos agentes econômicos in crementou, por seu turno, o consumo,
não só de produtos nacionais como de artigos estrangeiros, o que atuou dupla mente sôbre a importação, pois levou ao aumento de importação de bens de produção c de bens de consumo.
Temos agora visão mais pormenoriza da dos inconvenientes da ausência de indústrías-cliaves na economia interna de
um país. A estrutura econômica de uma
nação de fraca industrialização dificil mente consegue desenvolver-se, e, quan do o faz, a atuação dos efeitos acumu-
lativos, provenientes do aumento de in vestimentos, se exerce na economia dos
países altamente industrializados. Bem diversa é a ação do incremento
tura econômica se assenta em sólidas
indústrias-chaves. Isso porque não pode haver expansão econômica sem que a produção dessas indústrias não aumen
te, uma vez que o sistema da produção
está distribuído em setores, ocupando as indústrias-chaves o setor central, de onde partem todas as atividades e para onde
vão ter todas as repercussões. Qualquer investimento feito neste ou naquele setor da produção repercute sôbre as ativida des das indústrias-chaves. Por seu tur no, as expansões da produção dessas em presas agem sôbre as atividades dos de
mais setores da produção. Dessa maneira, um país detentor de indústrias-cliavcs possui uma estrutura cujas ações e reações econômicas se circunscrevem ao âmbito da economia
interna.
Isto c, os investimentos reali
zados nos demais setores da produção repercutem sôbre as atividades dos se
tores afins e destes as das indústrias-
chaves, que por sua vez devolvem as
volvimento da produção de outros seto res industriais e agrícolas. A nova am
pliação do fabrico exige por sua vez maiores bens de produção, o que re percuto sôbre a produção das indústrias-
chaves, forçando-as a expandir novamen te a produção, e portanto, a efetuarem novos investimentos.
Conhecemos a atuação dos investimen
tos sôbre o consumo e a poupança. A cada novo investimento corresponde au mento de consumo e de poupança, que, por sua vez, detemiina novos investimen tos. Assim, numa economia altamente
industrializada os sistemas da produção, do consumo e do investimento se acham perfeitamente relacionados, de forma que as ações e reações agem umas sôbre as outras, acümulando os efeitos. O processo é o mesmo do de uma vela co
locada entre quatro espelhos. A luz se reflete sôbre os quatro espelhos, que por seu turno refletem a mesma luz para os espelhos opostos, e êstes para os es
vidades dos setores em que os inves
pelhos primitivos, e assim sucessivamen te, multiplicando inúmeras vezes a luz
timentos foram feitos e as dos setores
da vela.
onde ainda não o foram.
5. A exposição que fizemos nos leva à conclusão de que as indústrias-chaves são o elemento fundamental do progres so econômico, uma vez que permite a
repercussões, ativando ainda mais as ati
Suponhamos que, num dado jnoniento, aumente o consumo dc automóveis* e
geladeiras nos Estados Unidos. A in
dústria desses produtos, para atender a nova demanda, acelera a produção, rea lizando novos investimentos. Aumenta, ipso facto, a procura de ferro, aço, alu
mínio e energia elétrica, o que obriga as indústrias-chaves a elevarem a pro dução e a aplicarem novos capitais. Os novos investimentos ampliam o volume
dos rendimentos dos agentes econômi cos dos setores onde foram feitos os investimentos. Haverá aumento de con sumo em geral, isto é, de todos os bens
de consumo, o que implica em desen-
plena atuação dos efeitos acumulativos sôbre a economia interna. Tendo assim
importância tão fimdamental no sistema
da produção nacional, não se deve pen sar em indústrias-chaves em termos de
preço.
Mesmo que o produto básico
de fabricação nacional seja mais caro que o estrangeiro, é mais econômico —
devido aos efeitos acumulativos — produzi-Io no país, do que importá-lo. Os que são contrários à produção nacional
de alumínio, de soda cáustica, de en-
xòfre etc., pelo alto custo dêsses produ-
Dicesto
52
tos se vierem a ser produzidos no Brasil, estão muito enganados. Os produtos essenciais, temos que produzi-los a qual
quer preço. Semelhante crítica já foi feita por ocasião da construção àe Volta Redonda. É de todos conhecida a in fluência dessa Usinã sôbre a economia nacional. Incontestàvelmente, marcou
Econômico
nova etapa na evolução econômica do ^ Brasil. Marcarão outras etapas as novas
i
indústrias-chaves que forem construídas, |
ESCOLA SUPERIOR DE AGRICULTURA E VETERINÁRIA DE VIÇOSA (Snbsidius para a hisldrla da sna fundação)
mesmo a preço anti-cconómico c com
sacrifícios ingentes. Indústrias-chaves representam na economia nacional o que pontos estratégicos representam na guer ra — 6 preciso tê-los, custe o que custar.
Daniel de Carvalho
(Ex-Ministro da Agricultura - Deputado Federal) • Escola Superior de Agricultura e
Veterinária de Viçosa soube prender-me a esüma desde os dias remotos
de 1922, em que passou a constituir minha principal preocupação de admi nistrador.
Quanto à Escola de Viçosa, adiantou que as obras estavam apenas em começo e
a conclui-las dentro do quatriênio. Seria
apresentá-la ao Brasil como o monu
homenagem prestada ao Presidente Ber-
davam já muito que falar. Era pre ciso acelerar o seu andamento de modo um grande serviço a Minas e a melhor
mento de uma idéia nova, capaz de transformar os nossos processos empíri
nardes.
cos de exploração da terra em verdadei
tei logo de tomar alturas. Verifiquei
ra agricultura, com a utilização racional
do solo para produção agrícola e pas toril.
rrT-Tn
três problemas que o preocupavam, a saber: a Escola de Viçosa, a Rede SulMineira e a Navegação do S. Francisco.
Deu-me trabalho, canseiras, aborreci mentos e satisfações que não tiveram intermitêneia durante quatro anos. Ao
cabo deles, o governo de Minas pôde
I
antes mesmo de tomar posse, estudasse
. Essa Escola tem paternidade conheci da. É uma das mais felizes iniciativas
do Dr. Arthur Bemardes na presidên cia de Minas, em que teve como Secre tário da Agricultura o saudoso Professor^da Escola de Minas, Dr. Clodomiro de Oliveira.
Coube-me, todavia, encontrando-a apenas lançada, levar a efeito a tarefa
de sua construção, bem como impul
sionar a sua organização administrativa
e técnica. Vale a pena lembrar alguns fatos de interesse para o historiador que se decida a narrar a verdade e corri gir enganos e omissões, involuntários ou intencionais, de publicações oficiais fei tas em 1935 e em 1939. Quando Raul Soares venceu a minha relutância em
aceitar o cargo de Secretário da Agricul tura, Viação e Obras Públicas, pediu que,
Deu-me carta branca para agir. E tra
que o Dr. Peter H. Rolfs, competente
professor norte-americano contratado pa ra fundar a Escola, havia procedido com sabedoria no seu planejamento. Ouviu o Presidente do Estado e seus auxiliares, estudou o caráter do povo mineiro e o sistema da educação existente.
Falou
com alguns professôres e funcionários e
ainda com um ou outro agricultor ou criador que entendesse inglês ou supor tasse a tortura de um intérprete. Visitou a Escola Nacional de Agricul tura e Veterinária, localizada então em
Niterói, dependência do Ministério da Agricultura e da Secretaria de São Paulo,
a Escola Luiz de Queiroz, de Piracicaba, e a Escola de Agricultura de Lavras,
não como turista, mas como investigador, ouvindo os competentes e conferindo com êles as próprias observações. Comprovou a diferença entre a orien tação seguida no Brasil e nos Estados
Unidos, relativamente ao ensino agrí-
Dicesto
52
tos se vierem a ser produzidos no Brasil, estão muito enganados. Os produtos essenciais, temos que produzi-los a qual
quer preço. Semelhante crítica já foi feita por ocasião da construção àe Volta Redonda. É de todos conhecida a in fluência dessa Usinã sôbre a economia nacional. Incontestàvelmente, marcou
Econômico
nova etapa na evolução econômica do ^ Brasil. Marcarão outras etapas as novas
i
indústrias-chaves que forem construídas, |
ESCOLA SUPERIOR DE AGRICULTURA E VETERINÁRIA DE VIÇOSA (Snbsidius para a hisldrla da sna fundação)
mesmo a preço anti-cconómico c com
sacrifícios ingentes. Indústrias-chaves representam na economia nacional o que pontos estratégicos representam na guer ra — 6 preciso tê-los, custe o que custar.
Daniel de Carvalho
(Ex-Ministro da Agricultura - Deputado Federal) • Escola Superior de Agricultura e
Veterinária de Viçosa soube prender-me a esüma desde os dias remotos
de 1922, em que passou a constituir minha principal preocupação de admi nistrador.
Quanto à Escola de Viçosa, adiantou que as obras estavam apenas em começo e
a conclui-las dentro do quatriênio. Seria
apresentá-la ao Brasil como o monu
homenagem prestada ao Presidente Ber-
davam já muito que falar. Era pre ciso acelerar o seu andamento de modo um grande serviço a Minas e a melhor
mento de uma idéia nova, capaz de transformar os nossos processos empíri
nardes.
cos de exploração da terra em verdadei
tei logo de tomar alturas. Verifiquei
ra agricultura, com a utilização racional
do solo para produção agrícola e pas toril.
rrT-Tn
três problemas que o preocupavam, a saber: a Escola de Viçosa, a Rede SulMineira e a Navegação do S. Francisco.
Deu-me trabalho, canseiras, aborreci mentos e satisfações que não tiveram intermitêneia durante quatro anos. Ao
cabo deles, o governo de Minas pôde
I
antes mesmo de tomar posse, estudasse
. Essa Escola tem paternidade conheci da. É uma das mais felizes iniciativas
do Dr. Arthur Bemardes na presidên cia de Minas, em que teve como Secre tário da Agricultura o saudoso Professor^da Escola de Minas, Dr. Clodomiro de Oliveira.
Coube-me, todavia, encontrando-a apenas lançada, levar a efeito a tarefa
de sua construção, bem como impul
sionar a sua organização administrativa
e técnica. Vale a pena lembrar alguns fatos de interesse para o historiador que se decida a narrar a verdade e corri gir enganos e omissões, involuntários ou intencionais, de publicações oficiais fei tas em 1935 e em 1939. Quando Raul Soares venceu a minha relutância em
aceitar o cargo de Secretário da Agricul tura, Viação e Obras Públicas, pediu que,
Deu-me carta branca para agir. E tra
que o Dr. Peter H. Rolfs, competente
professor norte-americano contratado pa ra fundar a Escola, havia procedido com sabedoria no seu planejamento. Ouviu o Presidente do Estado e seus auxiliares, estudou o caráter do povo mineiro e o sistema da educação existente.
Falou
com alguns professôres e funcionários e
ainda com um ou outro agricultor ou criador que entendesse inglês ou supor tasse a tortura de um intérprete. Visitou a Escola Nacional de Agricul tura e Veterinária, localizada então em
Niterói, dependência do Ministério da Agricultura e da Secretaria de São Paulo,
a Escola Luiz de Queiroz, de Piracicaba, e a Escola de Agricultura de Lavras,
não como turista, mas como investigador, ouvindo os competentes e conferindo com êles as próprias observações. Comprovou a diferença entre a orien tação seguida no Brasil e nos Estados
Unidos, relativamente ao ensino agrí-
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Dicesto Econômico
cola. Aqui, procuravam-se adaptar ao meio instituições européias, enquanto Ia se buscavam abrir novos caminhos, ba seando-se principalmente na experiên cia nacional.
O que convinha ao Brasil seria apro
55
de novembro de 1921, os planos e a
Não sendo isso possível sem alterar
planta para a desapropriação cias pro priedades partícularc.s, compreendidas na
o plano geral das obras e sem prejudicar
área escolhida, foram adquiridos os ter
a orientação dada pelo ilustre cientista
renos c, em seguida, criada a Escola,
americano, procurei fazer toda economia
pelo decreto n.° 6.0.53, dc 30 de março
possível na realização do projeto e tomei providências para o rápido andamento
de 1922.
Incumbido das obras, pelo
tação geral das obras e dos trabalhos, bem como nas finalidades do estabele
cimento, que o Dr. Rolfs pôde gozar em 1925 as férias do seu contrato e, em 1926, voltar aos Estados Unidos em comissão do Governo Federal.
veitar um pouco das lições da Europa e muito do ensinamento da América do Norte, do Canadá, da Austrália e da
processo dc administração direta, o aba
dos trabalhos.
lizado profissional Dr. líonorio Hcnne-
Nova Zelândia, e formular um programa
to deu os primeiros passos para a orga
A primeira medida consistiu na desig nação de um engenlieiro que passasse
próprio. Sua direção devia ser firme no
nização c aparclhamenfo dos serviços.
a residir no local o ficasse exclusivamen
Convidado alguns meses depois para di
riências agrícolas.
sentido de preparar o País para a even
te incumbido das obras.
mais de duzentas dessas experiências pu
tual concorrência da América Central
retor da Casa da Moeda no Rio dc Ja
c Meridional, da Austrália, da índia e
neiro, transferiu a direção dos traba
teiro Machado indicou para essa tarefa o seu auxiliar, engenheiro João Carlos
da África do Sul.
lhos, em julho do mesmo nno de 1922.
Belo Lisboa. Em longa conferência que
a outro engenheiro, de provada compe tência, Dr. Mário Monteiro Machado. A êstc coube a conclusão do aparelhamcnto e o início das obras propriamente
tivemos, confirmou êle as referências do
O programa, examinado em linha alta,
pareceu-me satisfatório, estranhando, to
davia, no elenco das cadeiras propostas, a de revisão de língua portuguesa com uma parte de retórica agrícola e outra de jornalismo agrícola.
Conforme veremos adiante, essa pe quena reserva, num ponto que
me parecia secundário, veio a tomar aspecto grave na ocasião
Assentados os rumos, cuidou-se
de localizar o estabelecimento na Zona da Mata. O Dr. Rolfs e o engenheiro Álvaro da Silveira, cuja competência e
integridade não preciso ressaltar, visi taram novas localidades em seis sema nas de trabalho exaustivo e optaram pelo local em que nos encontramos.
A situação dos terrenos no centro de
uma zona agrícola, o clima e a salubridade do sítio, a abundância de águas e de terras lavradias, a adaptação do solo a variadas culturas, a facilidade de co municação e transportes por via ferrea e a proximidade de um cidade como Viçosa, foram os fatores determinantes da preferência.
Aprovados pelo decreto 5.800, de 30
seu colega. Era, realmente, um jovem enérgico, entusiasta, capaz de enfrentar
Estas, por sua magniti:de, não
as cobiças da politicagem e com a nobre ambição de ligar o seu nome a uma
podiam ficar a cargo do engenheiro da
grande obra. Era o homem para o lugar.
14.^ Circunscrição com sede em Ubá e encarregado de tôdas as obras públicas em vários municípios (pontes, estradas, cadeias, fóruns,
Não compreendia também que se es
ditas.
da organização definitiva do cur rículo escolar.
Mário Mon
tivesse construindo a Escola em Viçosa e o Dr. Rolfs residisse em
Belo Horizonte, aguardando a construção do magnífico prédio
edifícios escolares e outras).
^
Tratava-se de mais de cinqüen ta edifícios e suas dependências,
destinado à sua moradia.
Com a colaboração de^ Dona
avultando entre eles o imponente pavi
Clarisse, sua filha e secretária, logra
lhão central e a suntuosa casa do Dire
mos convencê-lo de que poderia vir
tor. Era preciso dar rápido andamento à constração, inaugurar quanto antes a Escola, para provar, por fatos, o acerto
morar na casa velha da fazenda, uma
vez que nesta se fizessem os reparos, adaptações e instalações necessárias. Recomendei ao engenheiro Belo Lis boa uma divisão de trabalho com o Dr.
da iniciativa.
O Presidente Raul Soares achava o
projeto grande demais para o nosso
Rolfs, para que êle pudesse encetar Jogo
meio e para os nossos recursos. Pensou
os serviços agrícolas e para poder tra
em sustar a construção do enorme Pavi lhão Central, única obra começada e
balhar sem nenhuma contraríedade e
ainda nos alicerces, e substituí-lo por uni
novo estabelecimento; facilitar a sua
O engenheiro compreendeu o seu papel. Traduzia o pensamento do mes tre e adaptava-o ao nosso meio. En tendiam-se bem; um, era a idéia, o outro, a prática. Um era, assim, o com
construção e tomá-la mais econômica.
plemento do outro.
produzir o máximo de sua capacidade.
dades menores, que fôssem construídas à medida do desenvolvimento da Escola.
Seu intuito era antecipar os benefícios do
i
Tão identificados ficaram na orien
Residindo na Escola, acompanhou a localização e construção dos edifícios e
dependências e começou logo as expe Os resultados de
deram ser apreciados pelos lavradores em 1925.
Cêrca de dois anos antes da conclusão
dos edifícios e da inauguração d_a Escola, começava ela a desempenhar a sua mis são, fazendo demonstrações semanais públicas aos fazendeiros, não só do ma
nejo e emprêgo de máquinas como de preparo de solo, seleção de sementes e
processos de adubagem e irrigação. Foi êsse o embrião da "Semana dos Fazendeiros", iniciativa de Vi
çosa, depois adotada pelo Mi nistério da Agricultura e que precisa ser espalhada por todo o Brasil.
À medida que se construía a Escola
e se desenvolviam os trabalhos do campo de experimentação, iam tomando con tornos as idéias novas trazidas pelo emi nente diretor da Escola de Agricultura da Flórida.
Discutimos várias vezes a
matéria. Na mensagem do Presidente Raul Soares, de 1924, já podia o chefe do governo mineiro declarar: "Várias e complexas serão, em suma, as funções
do estabelecimento, cujo fim é adqui rir e disseminar conhecimentos agríco las úteis. A Escola Superior de Agricul tura não só dá instrução aos estudantes
regularmente matriculados, mas também
a milhares de pessoas, que a procuram com o fim de aumentar os seus conheci
mentos em assuntos agrícolas especiais.
Dicesto EcONÓ^OCO 54
Dicesto Econômico
cola. Aqui, procuravam-se adaptar ao meio instituições européias, enquanto Ia se buscavam abrir novos caminhos, ba seando-se principalmente na experiên cia nacional.
O que convinha ao Brasil seria apro
55
de novembro de 1921, os planos e a
Não sendo isso possível sem alterar
planta para a desapropriação cias pro priedades partícularc.s, compreendidas na
o plano geral das obras e sem prejudicar
área escolhida, foram adquiridos os ter
a orientação dada pelo ilustre cientista
renos c, em seguida, criada a Escola,
americano, procurei fazer toda economia
pelo decreto n.° 6.0.53, dc 30 de março
possível na realização do projeto e tomei providências para o rápido andamento
de 1922.
Incumbido das obras, pelo
tação geral das obras e dos trabalhos, bem como nas finalidades do estabele
cimento, que o Dr. Rolfs pôde gozar em 1925 as férias do seu contrato e, em 1926, voltar aos Estados Unidos em comissão do Governo Federal.
veitar um pouco das lições da Europa e muito do ensinamento da América do Norte, do Canadá, da Austrália e da
processo dc administração direta, o aba
dos trabalhos.
lizado profissional Dr. líonorio Hcnne-
Nova Zelândia, e formular um programa
to deu os primeiros passos para a orga
A primeira medida consistiu na desig nação de um engenlieiro que passasse
próprio. Sua direção devia ser firme no
nização c aparclhamenfo dos serviços.
a residir no local o ficasse exclusivamen
Convidado alguns meses depois para di
riências agrícolas.
sentido de preparar o País para a even
te incumbido das obras.
mais de duzentas dessas experiências pu
tual concorrência da América Central
retor da Casa da Moeda no Rio dc Ja
c Meridional, da Austrália, da índia e
neiro, transferiu a direção dos traba
teiro Machado indicou para essa tarefa o seu auxiliar, engenheiro João Carlos
da África do Sul.
lhos, em julho do mesmo nno de 1922.
Belo Lisboa. Em longa conferência que
a outro engenheiro, de provada compe tência, Dr. Mário Monteiro Machado. A êstc coube a conclusão do aparelhamcnto e o início das obras propriamente
tivemos, confirmou êle as referências do
O programa, examinado em linha alta,
pareceu-me satisfatório, estranhando, to
davia, no elenco das cadeiras propostas, a de revisão de língua portuguesa com uma parte de retórica agrícola e outra de jornalismo agrícola.
Conforme veremos adiante, essa pe quena reserva, num ponto que
me parecia secundário, veio a tomar aspecto grave na ocasião
Assentados os rumos, cuidou-se
de localizar o estabelecimento na Zona da Mata. O Dr. Rolfs e o engenheiro Álvaro da Silveira, cuja competência e
integridade não preciso ressaltar, visi taram novas localidades em seis sema nas de trabalho exaustivo e optaram pelo local em que nos encontramos.
A situação dos terrenos no centro de
uma zona agrícola, o clima e a salubridade do sítio, a abundância de águas e de terras lavradias, a adaptação do solo a variadas culturas, a facilidade de co municação e transportes por via ferrea e a proximidade de um cidade como Viçosa, foram os fatores determinantes da preferência.
Aprovados pelo decreto 5.800, de 30
seu colega. Era, realmente, um jovem enérgico, entusiasta, capaz de enfrentar
Estas, por sua magniti:de, não
as cobiças da politicagem e com a nobre ambição de ligar o seu nome a uma
podiam ficar a cargo do engenheiro da
grande obra. Era o homem para o lugar.
14.^ Circunscrição com sede em Ubá e encarregado de tôdas as obras públicas em vários municípios (pontes, estradas, cadeias, fóruns,
Não compreendia também que se es
ditas.
da organização definitiva do cur rículo escolar.
Mário Mon
tivesse construindo a Escola em Viçosa e o Dr. Rolfs residisse em
Belo Horizonte, aguardando a construção do magnífico prédio
edifícios escolares e outras).
^
Tratava-se de mais de cinqüen ta edifícios e suas dependências,
destinado à sua moradia.
Com a colaboração de^ Dona
avultando entre eles o imponente pavi
Clarisse, sua filha e secretária, logra
lhão central e a suntuosa casa do Dire
mos convencê-lo de que poderia vir
tor. Era preciso dar rápido andamento à constração, inaugurar quanto antes a Escola, para provar, por fatos, o acerto
morar na casa velha da fazenda, uma
vez que nesta se fizessem os reparos, adaptações e instalações necessárias. Recomendei ao engenheiro Belo Lis boa uma divisão de trabalho com o Dr.
da iniciativa.
O Presidente Raul Soares achava o
projeto grande demais para o nosso
Rolfs, para que êle pudesse encetar Jogo
meio e para os nossos recursos. Pensou
os serviços agrícolas e para poder tra
em sustar a construção do enorme Pavi lhão Central, única obra começada e
balhar sem nenhuma contraríedade e
ainda nos alicerces, e substituí-lo por uni
novo estabelecimento; facilitar a sua
O engenheiro compreendeu o seu papel. Traduzia o pensamento do mes tre e adaptava-o ao nosso meio. En tendiam-se bem; um, era a idéia, o outro, a prática. Um era, assim, o com
construção e tomá-la mais econômica.
plemento do outro.
produzir o máximo de sua capacidade.
dades menores, que fôssem construídas à medida do desenvolvimento da Escola.
Seu intuito era antecipar os benefícios do
i
Tão identificados ficaram na orien
Residindo na Escola, acompanhou a localização e construção dos edifícios e
dependências e começou logo as expe Os resultados de
deram ser apreciados pelos lavradores em 1925.
Cêrca de dois anos antes da conclusão
dos edifícios e da inauguração d_a Escola, começava ela a desempenhar a sua mis são, fazendo demonstrações semanais públicas aos fazendeiros, não só do ma
nejo e emprêgo de máquinas como de preparo de solo, seleção de sementes e
processos de adubagem e irrigação. Foi êsse o embrião da "Semana dos Fazendeiros", iniciativa de Vi
çosa, depois adotada pelo Mi nistério da Agricultura e que precisa ser espalhada por todo o Brasil.
À medida que se construía a Escola
e se desenvolviam os trabalhos do campo de experimentação, iam tomando con tornos as idéias novas trazidas pelo emi nente diretor da Escola de Agricultura da Flórida.
Discutimos várias vezes a
matéria. Na mensagem do Presidente Raul Soares, de 1924, já podia o chefe do governo mineiro declarar: "Várias e complexas serão, em suma, as funções
do estabelecimento, cujo fim é adqui rir e disseminar conhecimentos agríco las úteis. A Escola Superior de Agricul tura não só dá instrução aos estudantes
regularmente matriculados, mas também
a milhares de pessoas, que a procuram com o fim de aumentar os seus conheci
mentos em assuntos agrícolas especiais.
Digesto EcoNÓ^^co
57
Digesto EcoNÓ.saco
56
Esta feição da Escola é uma das mais
atraentes, devendo produzir resultados
balho original. Tenho cm meu poder cópia dêsse documento, de 12 do abril
reservado à Escola será o de coordenar
de 1926, onde há a nota do seu punho: "Translated and arranged bij Dr. Belo
e dirigir o serviço de e.xperiências agríco
Lisboa".
diretos sôbre as fazendas. Outro papel las, que se fará, não só nos seus campos,
Aceitou a redação "adquirir c disse
como também em outras escolas, hortos
minar conhecimentos agrícolas úteis ,
e aprendizados".
constante da mensagem de Raul Soares,
Eis aí a idéia de reunir o ensino e a
para definir os objetivos da Escola, e
res e divisão da retórica; c) invenção, seu objeto e suas regras; d) disposição, partes do discurso e suas regras; e) elocução, estilo e suas regras; f) compo sição em prosa, gêneros de prosa; g) elo qüência acadêmica, seu caráter; h) declamação".
Em cerca de uma hora de debate, ten
tei demovê-lo do seu ponto de vista.
Se bem julgasse certo, em princípio, o
me that tliis course would greatly prejudice tire people of tlie state against tlie Escola. Such is usually advocated by tliose who wish to eliminate educa-
tion from tlie Agricultural Collcges. The farmers of Minas want their sons to be
able to think and express themselves clcarly and forcefully. The tlúnking peo ple of Minas want tlieir sons to be sometliing more than machines that can do what tlieir masters command. That is
pesquisa e tomar a Escola o centro de
acrescentou: "Será orientada de modo
que propunha, entendi não convir ainda
irradiação, de comando, de articulação
a educar a população agrícola do Estado em todos os assuntos pertencentes ã vida
ao Brasil, onde, pelo reconhecimento da vocação generalizada para o beletrismo,
exactly the great fault of the European
rural e melhorar suas condições morais, mentais e econômicas, no mais breve
havia já, como conseqüência, uma forte
are not taught nor allowed to think
prevenção contra a "agricultura de livro"
or speak independently, but must follow
o os "doutores em agricultura".
slavishly what their professors have
de todos os estudos e trabalhos para a transformação dos nossos métodos de
agricultura e criação do gado.
A Escola de Viçosa foi, por conse guinte, o laboratório em que essa idéia passou pelos cadinhos da expe riência para, depois, florescer em outras iniciativas fecundas. Ali
foi cultivado o germe que veio a desabrochar nessa concepção ar-
,
rojada, nessa esplêndida realida de, que é o Centro Nacional de Ensino e Pesquisas Agronômicas do quilômetro 47 da Estrada Rio-São Paulo.
Se na interinidade de Olegário Ma ciel, varão egrégio a cuja memória rendo
aqui homenagem, as obras não sofreram alteração no seu ritmo, no governo di nâmico do Dr. Melo Viana receberam
novo impulso para abreviar a inaugu ração.
Apesar de assentadas as diretrizes do estabelecimento e de despertarem en tusiasmo em meu espírito algumas idéias
inovadoras alvitradas pelo Dr. Rolfs, não foi fácil a organização do regulamento da Escola.
Em maio de 1925, ficou elaborada, de acordo com o esbôço anteriormente
fornecido por ele, a primeira minuta. Submetida a exame dos Drs. Álvaro da Silveira e Leon Renault, foi pessoalmen
te revista por mim. O Dr. Rolfs não
quis emendá-la. Preferiu redigir tra
tempo possível". Os críticos sugeriram que se cortassem
esta e outras proposições da mesma índole esparsas no tê.xto,
Não
condenava a idéia, sòmente a considera va inoportuna para o nosso meio e,
sobretudo, para o momento. Tratava-se
porque, embora certas como
de acreditar a Escola perante o povo
doutrina, não deviam figurar no
e os fazendeiros. Havia uma corrente de
regulamento, no rigor da técni
opinião à espreita de qualquer brecha para atacar a iniciativa.
ca legislativa.
Reconheci que seria conveniente man ter algumas delas, inspiradas nos mais
nobres propósitos, como a que obriga
. O Dr. Rolfs zangou-se e não cedeu uma polegada. Foi mister escrever-lhe. Em atenciosa
agricultures Colleges.
Their students
taught tliem."
Depois de perguntar quem havia es crito sôbre agricultura prática no Brasil, se eu pretendia negar aos moços de
Minas a oportunidade de escrever ar tigos 6 livros sôbre agricultura e se tor narem futuros líderes, ou pretendia con
tinuar a expulsar da agricultura para outras profissões os moços mais brilhan
tes e de maior capacidade mental, acres
va todos os catedráticos, professores c
carta, fiz-lhe ver que a cadeira com a
centava:
assistentes do ensino a encontrar-se fre
matéria assim distribuída não seria bem
qüentemente com os alunos, "visando a
aceita pela opinião pública do País, que,
"The universal complaint in Brasil and in Minas especially aniong the educated
orientá-los para uma melhor mentalidade
despertando do preconceito contra os
e moralidade".
trabalhos manuais e objetivos, tendia a repelir mesmo tudo que se relacionas se com a retórica ou com o que se con vencionou chamar de bacharelismo, prin cipalmente tratando-se de um assunto, como a agricultura, em que é e.xigida maior soma de conhecimentos práticos.
Estranhei a fiscalização dos exames
por um representante da Secretaria da Agricultura e a assinatura dos diplomas pelo Presidente do Estado.
Também
não mo agradaram os "cursos de um dia"
o outras novidades que podiam ser mal recebidas pela opinião pública, tal como a exigência, para ingresso aos cursos de especialização, de falar fluentemente
uma língua estrangeira e traduzir com facilidade o inglês. Mas no que nossa divergência se extremou foi quanto á cadeira de redação agrícola, com um programa em que havia "a) origem e
objeto da retórica; b) noções prelimina-
Na longa resposta, dada no mesmo dia, 13 de abril, nervoso a ponto de co meçar "My der Dr. Carvalho", êle se manteve irredutível. A seu ver, seria
uma perda irreparável para a Escola a supressão daquela cadeira. Convém transcrever alguns tópicos: "1 know that it is a mistake to assu
fazendeiros is that there is so little agri cultural literature of any kind. Then too what has been written is so poorly written trat the reader cannot make
out what tlie writer wished to say". Alongando-se em outras considerações,
atribuiu o progresso da produção agrí cola dos Estados Unidos ao fato de pos suírem mais literatura e mais escritores
especializados em agricultura do que to dos os países da Europa juntos, para concluir sarcàsticamente: "I can scarcely
believe that you are proposing this question serioualy and that you are not perpetrating on me some kind of a "practical joke".
Digesto EcoNÓ^^co
57
Digesto EcoNÓ.saco
56
Esta feição da Escola é uma das mais
atraentes, devendo produzir resultados
balho original. Tenho cm meu poder cópia dêsse documento, de 12 do abril
reservado à Escola será o de coordenar
de 1926, onde há a nota do seu punho: "Translated and arranged bij Dr. Belo
e dirigir o serviço de e.xperiências agríco
Lisboa".
diretos sôbre as fazendas. Outro papel las, que se fará, não só nos seus campos,
Aceitou a redação "adquirir c disse
como também em outras escolas, hortos
minar conhecimentos agrícolas úteis ,
e aprendizados".
constante da mensagem de Raul Soares,
Eis aí a idéia de reunir o ensino e a
para definir os objetivos da Escola, e
res e divisão da retórica; c) invenção, seu objeto e suas regras; d) disposição, partes do discurso e suas regras; e) elocução, estilo e suas regras; f) compo sição em prosa, gêneros de prosa; g) elo qüência acadêmica, seu caráter; h) declamação".
Em cerca de uma hora de debate, ten
tei demovê-lo do seu ponto de vista.
Se bem julgasse certo, em princípio, o
me that tliis course would greatly prejudice tire people of tlie state against tlie Escola. Such is usually advocated by tliose who wish to eliminate educa-
tion from tlie Agricultural Collcges. The farmers of Minas want their sons to be
able to think and express themselves clcarly and forcefully. The tlúnking peo ple of Minas want tlieir sons to be sometliing more than machines that can do what tlieir masters command. That is
pesquisa e tomar a Escola o centro de
acrescentou: "Será orientada de modo
que propunha, entendi não convir ainda
irradiação, de comando, de articulação
a educar a população agrícola do Estado em todos os assuntos pertencentes ã vida
ao Brasil, onde, pelo reconhecimento da vocação generalizada para o beletrismo,
exactly the great fault of the European
rural e melhorar suas condições morais, mentais e econômicas, no mais breve
havia já, como conseqüência, uma forte
are not taught nor allowed to think
prevenção contra a "agricultura de livro"
or speak independently, but must follow
o os "doutores em agricultura".
slavishly what their professors have
de todos os estudos e trabalhos para a transformação dos nossos métodos de
agricultura e criação do gado.
A Escola de Viçosa foi, por conse guinte, o laboratório em que essa idéia passou pelos cadinhos da expe riência para, depois, florescer em outras iniciativas fecundas. Ali
foi cultivado o germe que veio a desabrochar nessa concepção ar-
,
rojada, nessa esplêndida realida de, que é o Centro Nacional de Ensino e Pesquisas Agronômicas do quilômetro 47 da Estrada Rio-São Paulo.
Se na interinidade de Olegário Ma ciel, varão egrégio a cuja memória rendo
aqui homenagem, as obras não sofreram alteração no seu ritmo, no governo di nâmico do Dr. Melo Viana receberam
novo impulso para abreviar a inaugu ração.
Apesar de assentadas as diretrizes do estabelecimento e de despertarem en tusiasmo em meu espírito algumas idéias
inovadoras alvitradas pelo Dr. Rolfs, não foi fácil a organização do regulamento da Escola.
Em maio de 1925, ficou elaborada, de acordo com o esbôço anteriormente
fornecido por ele, a primeira minuta. Submetida a exame dos Drs. Álvaro da Silveira e Leon Renault, foi pessoalmen
te revista por mim. O Dr. Rolfs não
quis emendá-la. Preferiu redigir tra
tempo possível". Os críticos sugeriram que se cortassem
esta e outras proposições da mesma índole esparsas no tê.xto,
Não
condenava a idéia, sòmente a considera va inoportuna para o nosso meio e,
sobretudo, para o momento. Tratava-se
porque, embora certas como
de acreditar a Escola perante o povo
doutrina, não deviam figurar no
e os fazendeiros. Havia uma corrente de
regulamento, no rigor da técni
opinião à espreita de qualquer brecha para atacar a iniciativa.
ca legislativa.
Reconheci que seria conveniente man ter algumas delas, inspiradas nos mais
nobres propósitos, como a que obriga
. O Dr. Rolfs zangou-se e não cedeu uma polegada. Foi mister escrever-lhe. Em atenciosa
agricultures Colleges.
Their students
taught tliem."
Depois de perguntar quem havia es crito sôbre agricultura prática no Brasil, se eu pretendia negar aos moços de
Minas a oportunidade de escrever ar tigos 6 livros sôbre agricultura e se tor narem futuros líderes, ou pretendia con
tinuar a expulsar da agricultura para outras profissões os moços mais brilhan
tes e de maior capacidade mental, acres
va todos os catedráticos, professores c
carta, fiz-lhe ver que a cadeira com a
centava:
assistentes do ensino a encontrar-se fre
matéria assim distribuída não seria bem
qüentemente com os alunos, "visando a
aceita pela opinião pública do País, que,
"The universal complaint in Brasil and in Minas especially aniong the educated
orientá-los para uma melhor mentalidade
despertando do preconceito contra os
e moralidade".
trabalhos manuais e objetivos, tendia a repelir mesmo tudo que se relacionas se com a retórica ou com o que se con vencionou chamar de bacharelismo, prin cipalmente tratando-se de um assunto, como a agricultura, em que é e.xigida maior soma de conhecimentos práticos.
Estranhei a fiscalização dos exames
por um representante da Secretaria da Agricultura e a assinatura dos diplomas pelo Presidente do Estado.
Também
não mo agradaram os "cursos de um dia"
o outras novidades que podiam ser mal recebidas pela opinião pública, tal como a exigência, para ingresso aos cursos de especialização, de falar fluentemente
uma língua estrangeira e traduzir com facilidade o inglês. Mas no que nossa divergência se extremou foi quanto á cadeira de redação agrícola, com um programa em que havia "a) origem e
objeto da retórica; b) noções prelimina-
Na longa resposta, dada no mesmo dia, 13 de abril, nervoso a ponto de co meçar "My der Dr. Carvalho", êle se manteve irredutível. A seu ver, seria
uma perda irreparável para a Escola a supressão daquela cadeira. Convém transcrever alguns tópicos: "1 know that it is a mistake to assu
fazendeiros is that there is so little agri cultural literature of any kind. Then too what has been written is so poorly written trat the reader cannot make
out what tlie writer wished to say". Alongando-se em outras considerações,
atribuiu o progresso da produção agrí cola dos Estados Unidos ao fato de pos suírem mais literatura e mais escritores
especializados em agricultura do que to dos os países da Europa juntos, para concluir sarcàsticamente: "I can scarcely
believe that you are proposing this question serioualy and that you are not perpetrating on me some kind of a "practical joke".
Dict-STO Econômico
58
Digesto Econômico
Embora a carta me comovesse pelo
tom de sinceridade e pelo ardor comba
59
Regulamento aprovado [Xílo Decreto todo o País: o eniprcendimenlo esteve realizado e vitoriosa a idéia que o ins
7.323, de 25 de agôsto de 1926.
samento do grande cientista e pensador
brancos, não cedi, tanto mais quanto,
O artigo 4° desse Regulamento é o mesmo artigo 4." do Projeto Rolfs e dis
ao dizer que nossas publicações agríco
tribui os cursos da Escola em: I. Breves
laram-sc as vozes dos negativistas e de-
mas a sua alma, o seu espírito, a chama
las eram mal escritas e sem sentido,
— II. Elementares — 111. Médios —
molidorcs.
A Escola constitui nm dos
IV. Superiores — V. Especializados.
de nobres ideais nela feraorosamente
confirmava o meu receio de que conti nuassem a ser, desde que houvesse en sejo de conservar aqui preocupações pu
assuntos mais significativos da fôlha de serviços do Presidente Arthur 3ei-navcles,
cursos breves, elementares e médios, co
quo a idealizou, dos Presidentes Haul
ramente verbais, cm vez de conduzi-las
Soares e Melo Viana, que a cons
para os fatos, as experiências, os nú
mo absolutamente indispensáveis ao pla no de educação das massas agrícolas de
mantida por Diretores, professores e alunos que tomaram o estabelecimento um motivo de orgulho de Minas e do Brasil.
truíram e organizaram, e dos Presiden
meros dos laboratórios c dos campos,
Minas.
tivo admirável num vellio de cabelos
pirara. Como geralmente aontece. ca-
O Dr. Rolfs recomendava muito os
únicas fontes de onde podem sair livros
Os Presidentes Raul Soares e Melo
tes Antônio Carlos c Olcgário Ma<MC-I, que completaram a sua estrutmavão,
e artigos claros e definidos sôbre a agricultura.
Viana aplaudiram os cursos elementares
bem como do Governo do Estado de
e médios, aquêles consagrados a prcpa
Minas, que lhe tem dispensado o cari nho que merece. Na época da inauguração, o Dr.
Lastimei que o incidente prejudicasse nossas relações pessoais.
Ainda sôbre a cadeira de redação agrícola, enviou-me uma no
ta seca, de censura, de que apenas destaco dois tópicos: "Êsse ato do governo de Mi nas parece indicar oposição à disseminação
de
conheci
mentos úteis de agricultu
ra"... "O governo, com êsse ato, atra sará muito a agricultura deste grande Estado".
Volvidos tantos anos, continuo a com
preender o argumento do grande pro
rar agricultores eficientes e capatazes
rurais e estes destinados principalmente a filhos de fazendeiros sem curso gina-
l
cuniário, porque baseada não no custo,
cargo de Vice-Diretor, que
mas no valor das obras.
didática e administrativa.
tradores rurais.
cola para o Govêrno Federal mediante
Entre as poucas modifica-
me parecia indispensável e devia ser mente indicada — o Dr. Belo Lisboa
O Presidente Melo Viana mandou su
Regulamento dividiu a Escola em duas,
tentei com as vistas voltadas para a
uma de Agricultura e outra de Veteri
mentalidade contemporânea de nossa
nária. Na organização anterior os Cur
gente.
sos eram paralelos e distintos, mas den tro de uma mesma Escola. A inauguração oficial do estabeleci
nho de 1926, remeteu ele de Viçosa para Belo Horizonte a minuta que, com pequenas alterações, se converteu no
Opus meu veto a essa idéia, apoiado pelo Presidente Melo Viana, e disso não mo arrependo. Vim a saber, ultimamente, pelo Dr.
ocupado pela pessoa para êle natural
7.461, de 21 de janeiro de 1927. Êsse
entregue ao Dr. Belo Lisboa para prepa ro do projeto definitivo. Em 30 de ju
matriculados em 1950 nos cursos médio e superior, 85 vieram de outros Esta
lamento está a supressão do
sobro a possibilidade de transferir a Es
se possível, do acerto daquele que sus
transformou no esboço de regulamento
seus portões para os filhos de outras unidades da Federação: de 103 alunos
indenização, que seria altamente vanta josa para o primeiro sob o aspecto pe
tura, consultou o Governo de Minas
técnicos agrícolas e adminis-
devemos, mas ainda mais convencido,
Álvaro da Silveira, Soares de Gouveia
Não é uma escola só para Minas. Nem mesmo só para o Brasil. Abre os
ções introduzidas no Regu-
Miguel Calmon, Ministro da Agricul
sial, visando formar bons
fessor americano a quem tanto e tanto
e por mim, o trabalho do Dr. Rolfs so
O que vale nela não é o seu corpo,
dos. E recebe também de braços aber tos os candidatos naturais de outros paí ses: até 1949, havia diplomado 50 rapazes nascidos em terras estrangeiras. Hoje faz parte da Universidade Rural, criada pela lei n.° 262, de 3 de novem bro de 1948, com autonomia financeira,
primir êsse cargo, que o Presidente An tônio Carlos restabeleceu pelo Decreto
Cuidadosamente revisto pelos Drs.
norte-americano Dr. Peter Rolfs.
mento se deu a 28 de agôsto de 1926, ainda na Presidência Melo Viana, em
bora a Seção Experimental c alguns cursos práticos já estivessem funcionan do desde dois anos antes.
A inauguração da Escola foi um acon tecimento de grande repercussão cm
I
O nobre intuito do Governador Milton
Campos e seus colaboradores, nesta ini
ciativa benemérita, foi preservar as ca racterísticas da Escola, mantê-la inde
Arthur Bernardes, que êle não apro
pendente das contingências políticas,
vara também a idéia do seu Ministro
conservá-la imune dos males comuns
da Agricultura.
as Escolas corroídas pelos vícios da bu
A Escola tem correspondido às espe ranças dos seus criadores e ao nobre pen
rocracia, do comodismo dos professores
o da indisciplina e vadiagem dos alunos.
Dict-STO Econômico
58
Digesto Econômico
Embora a carta me comovesse pelo
tom de sinceridade e pelo ardor comba
59
Regulamento aprovado [Xílo Decreto todo o País: o eniprcendimenlo esteve realizado e vitoriosa a idéia que o ins
7.323, de 25 de agôsto de 1926.
samento do grande cientista e pensador
brancos, não cedi, tanto mais quanto,
O artigo 4° desse Regulamento é o mesmo artigo 4." do Projeto Rolfs e dis
ao dizer que nossas publicações agríco
tribui os cursos da Escola em: I. Breves
laram-sc as vozes dos negativistas e de-
mas a sua alma, o seu espírito, a chama
las eram mal escritas e sem sentido,
— II. Elementares — 111. Médios —
molidorcs.
A Escola constitui nm dos
IV. Superiores — V. Especializados.
de nobres ideais nela feraorosamente
confirmava o meu receio de que conti nuassem a ser, desde que houvesse en sejo de conservar aqui preocupações pu
assuntos mais significativos da fôlha de serviços do Presidente Arthur 3ei-navcles,
cursos breves, elementares e médios, co
quo a idealizou, dos Presidentes Haul
ramente verbais, cm vez de conduzi-las
Soares e Melo Viana, que a cons
para os fatos, as experiências, os nú
mo absolutamente indispensáveis ao pla no de educação das massas agrícolas de
mantida por Diretores, professores e alunos que tomaram o estabelecimento um motivo de orgulho de Minas e do Brasil.
truíram e organizaram, e dos Presiden
meros dos laboratórios c dos campos,
Minas.
tivo admirável num vellio de cabelos
pirara. Como geralmente aontece. ca-
O Dr. Rolfs recomendava muito os
únicas fontes de onde podem sair livros
Os Presidentes Raul Soares e Melo
tes Antônio Carlos c Olcgário Ma<MC-I, que completaram a sua estrutmavão,
e artigos claros e definidos sôbre a agricultura.
Viana aplaudiram os cursos elementares
bem como do Governo do Estado de
e médios, aquêles consagrados a prcpa
Minas, que lhe tem dispensado o cari nho que merece. Na época da inauguração, o Dr.
Lastimei que o incidente prejudicasse nossas relações pessoais.
Ainda sôbre a cadeira de redação agrícola, enviou-me uma no
ta seca, de censura, de que apenas destaco dois tópicos: "Êsse ato do governo de Mi nas parece indicar oposição à disseminação
de
conheci
mentos úteis de agricultu
ra"... "O governo, com êsse ato, atra sará muito a agricultura deste grande Estado".
Volvidos tantos anos, continuo a com
preender o argumento do grande pro
rar agricultores eficientes e capatazes
rurais e estes destinados principalmente a filhos de fazendeiros sem curso gina-
l
cuniário, porque baseada não no custo,
cargo de Vice-Diretor, que
mas no valor das obras.
didática e administrativa.
tradores rurais.
cola para o Govêrno Federal mediante
Entre as poucas modifica-
me parecia indispensável e devia ser mente indicada — o Dr. Belo Lisboa
O Presidente Melo Viana mandou su
Regulamento dividiu a Escola em duas,
tentei com as vistas voltadas para a
uma de Agricultura e outra de Veteri
mentalidade contemporânea de nossa
nária. Na organização anterior os Cur
gente.
sos eram paralelos e distintos, mas den tro de uma mesma Escola. A inauguração oficial do estabeleci
nho de 1926, remeteu ele de Viçosa para Belo Horizonte a minuta que, com pequenas alterações, se converteu no
Opus meu veto a essa idéia, apoiado pelo Presidente Melo Viana, e disso não mo arrependo. Vim a saber, ultimamente, pelo Dr.
ocupado pela pessoa para êle natural
7.461, de 21 de janeiro de 1927. Êsse
entregue ao Dr. Belo Lisboa para prepa ro do projeto definitivo. Em 30 de ju
matriculados em 1950 nos cursos médio e superior, 85 vieram de outros Esta
lamento está a supressão do
sobro a possibilidade de transferir a Es
se possível, do acerto daquele que sus
transformou no esboço de regulamento
seus portões para os filhos de outras unidades da Federação: de 103 alunos
indenização, que seria altamente vanta josa para o primeiro sob o aspecto pe
tura, consultou o Governo de Minas
técnicos agrícolas e adminis-
devemos, mas ainda mais convencido,
Álvaro da Silveira, Soares de Gouveia
Não é uma escola só para Minas. Nem mesmo só para o Brasil. Abre os
ções introduzidas no Regu-
Miguel Calmon, Ministro da Agricul
sial, visando formar bons
fessor americano a quem tanto e tanto
e por mim, o trabalho do Dr. Rolfs so
O que vale nela não é o seu corpo,
dos. E recebe também de braços aber tos os candidatos naturais de outros paí ses: até 1949, havia diplomado 50 rapazes nascidos em terras estrangeiras. Hoje faz parte da Universidade Rural, criada pela lei n.° 262, de 3 de novem bro de 1948, com autonomia financeira,
primir êsse cargo, que o Presidente An tônio Carlos restabeleceu pelo Decreto
Cuidadosamente revisto pelos Drs.
norte-americano Dr. Peter Rolfs.
mento se deu a 28 de agôsto de 1926, ainda na Presidência Melo Viana, em
bora a Seção Experimental c alguns cursos práticos já estivessem funcionan do desde dois anos antes.
A inauguração da Escola foi um acon tecimento de grande repercussão cm
I
O nobre intuito do Governador Milton
Campos e seus colaboradores, nesta ini
ciativa benemérita, foi preservar as ca racterísticas da Escola, mantê-la inde
Arthur Bernardes, que êle não apro
pendente das contingências políticas,
vara também a idéia do seu Ministro
conservá-la imune dos males comuns
da Agricultura.
as Escolas corroídas pelos vícios da bu
A Escola tem correspondido às espe ranças dos seus criadores e ao nobre pen
rocracia, do comodismo dos professores
o da indisciplina e vadiagem dos alunos.
Dicesto EcoNÓNnco 61
A faação do capital e da técnica americanos
entre 1925-29 e o último ano. A am
pliação das instalações prevista para Volta Redonda visa a atender à rápida
na economia brasileira
expansão da procura interna.
Garrido Torres
O cimento é outro exemplo. Em 1941, o Brasil consumiu 790.000 toneladas, das quais 3,3 % foram importados. Após o
(O economista José Garrido Torres, Diretor do Escritório de Expansão Comercial do Brasil em Nova York, realizou uma conferência para os
enorme "boom" de construções, utiliza
membros do National Management Council, de Nova York, a 17 de
mos agora 1.470.000 toneladas por ano,
novembro do ano findo, em que analisou os índices do aumento da
nossa produção e o papel que o capital c a técnica americanos pode
das quais importamos 450.000. A pro dução quase duplicou, mas as impor
rão desempenhar no aceleramento do progresso do Brasil. Publicamos a seguir a parte central dessa conferência.) Sistema econômico em pleno desenvolvimento '
"O Brasil é talvez o país latino-ame
ricano que apresenta a manifestação
I
mais característica dos fenômenos dinâ micos próprios a um sistema econômico em pleno desenvolvimento."
Não faço esta declaração com intuito patriótico; na verdade, ela não é minha. Apenas cito a redação preliminar do Re
latório de 1949, preparado pela Comis são Econômica para a América Latina, das Nações Unidas.
O Brasil marcha, e — como A. "M.
Lederer, vosso e meu bom amigo, es
tações aumentaram de 20 vêzes, por
que não pudemos obter o equipamento ca Latina diz, por exemplo, que, embo
que nos permitisse produzir mais ci
ra a população do Brasil tenha cresci
mento.
do de 41,3% entre os qüinqüênios 1925-
O Brasil tom sido tradicionalmente
ura país agrícola. Ainda hoje, cerca de
Em
1941, o- Brasil
produzia 12.160 tonela das de artefatos de bor
racha.
No xiltimo ano,
trabalhadores industriais subiu de 166%.
porém, sua produção
se observam hoje na economia brasileira.
elevou-se a 24.000 — mais 100%. Essa in
Isso indica as mudanças estruturais que
creveu recentemente — o Brasil não é
Até os primeiros anos da década de
mais aquela terra eternamente promis sora do futuro. O país está ràpidamente atingindo a inaioridade. Alguns de
1930, a produção agrícola era maior do
forma que o Brasil,
que a produção fabril em cêrca de 37 %.
terra
Agora dá-se o contrário.
irá, provàvelmente, im portar a matéria-prima
seus problemas e dificuldades têm sido mal compreendidos e obscurecidos, mas seu progresso atual, contra grandes obs táculos iniciais, fala por si mesmo,
dústria
Durante o
qüinqüênio 1945-49, o índice da pro dução industrial excedeu, em 33,7%, o
cresce
da
de tal
A produção de fôrça
Eis alguns exemplos do desenvolvi
hidrelétrica
subiu
de
"^gumas vezes a intensidade do cres
mento industrial: no qüinqüênio 1925-
40 %
cimento de um país pode ser mais sen
1929, das 458.000 toneladas de ferro e aço anualmente consumidas no Brasil,
1946, e grandes progra mas de e.xpansão estão
sòmcnte 3,3% eram de fabricação na cional. Hoje, nossas usinas fornecem
sendo e serão executa
lhão por ano, e sua produção se expan
mais de 70% do consumo anual brasi
várias centenas de mi
de ainda mais depressa.
leiro, orçado em 820.000 toneladas. A
tida do que medida, mas não há dúvi da de que também pode ser medida. A população do Brasil aumenta de 1 mi A Comissão Econômica para a Améri
produção aumentou cêrca de 40 vêzes
sòmento
desde
dos na magnitude de lhões de dólares.
i
para 1946, isto é, quase o dôbro em 4
de consiuno, estas já estão
Nossa produção de
satisfatòriamente
estabelecidas no Brasil
e
em
condições
de
manter o País razoàvel
mente bem abastecido.
Insuficiência da impor tação e do capital estrangeiro
seringueira,
muito em breve.
da agrícola.
grama de construção de refinarias e de
uma frota de navios-tanques, de modo a reduzir os custos, e também o frete, e para que disponhamos de um supri
anos. No que toca às indústrias de bens
necessidades.
65% da população que trabalha ocupamse das atividades do campo. Mas entre 1920 e 1940, enquanto esta aumentou de cêrca de 18 % somente, o total dos
Acreditamos dispor de lençóis petrolí feros razoàvelmente importantes no Brasil, mas, até que estes estejam de senvolvidos, decidimos adotar um pro
Fabricamos, agora,
papel por ano.
e produção disponíveis.
piamos a atacar o problema seriamente.
171.000 — 3 vêzes mais — mas isso representa somente a metade de nossas
produzia cêrca de 58.000 toneladas de
do índice total para bens de consumo
O petróleo constitui um elo fraco
nessa cadeia de progresso, mas princi
Limitei-me aqui à apresentação de cifras relativas à produção, básica, as que melhor ilustram o nosso progresso, cujo índice é agora de 195 contra 100
melliantc. Entre 1930 e 1934 o Brasil
tou de 70,4 %, na base das flutuações
2.133.450 toneladas métricas.
mento seguro em caso de guerra.
O papel apresenta uma situação se-
1929 e 1945-1949, a renda real aumen
carvão mineral aumentou de 481,5% desde 1925-29. Em 1949 extraímos ..
A despeito da inten sificação das atividades econômicas e do desen volvimento do mercado Interno, o Brasil ainda
está
dependente
dos
caprichos do comércio internacional e não é
tão auto-dependente co
mo se poderá esperar que o venha a ser um
dia, graças à sua gran de área, recursos diver-
Dicesto EcoNÓNnco 61
A faação do capital e da técnica americanos
entre 1925-29 e o último ano. A am
pliação das instalações prevista para Volta Redonda visa a atender à rápida
na economia brasileira
expansão da procura interna.
Garrido Torres
O cimento é outro exemplo. Em 1941, o Brasil consumiu 790.000 toneladas, das quais 3,3 % foram importados. Após o
(O economista José Garrido Torres, Diretor do Escritório de Expansão Comercial do Brasil em Nova York, realizou uma conferência para os
enorme "boom" de construções, utiliza
membros do National Management Council, de Nova York, a 17 de
mos agora 1.470.000 toneladas por ano,
novembro do ano findo, em que analisou os índices do aumento da
nossa produção e o papel que o capital c a técnica americanos pode
das quais importamos 450.000. A pro dução quase duplicou, mas as impor
rão desempenhar no aceleramento do progresso do Brasil. Publicamos a seguir a parte central dessa conferência.) Sistema econômico em pleno desenvolvimento '
"O Brasil é talvez o país latino-ame
ricano que apresenta a manifestação
I
mais característica dos fenômenos dinâ micos próprios a um sistema econômico em pleno desenvolvimento."
Não faço esta declaração com intuito patriótico; na verdade, ela não é minha. Apenas cito a redação preliminar do Re
latório de 1949, preparado pela Comis são Econômica para a América Latina, das Nações Unidas.
O Brasil marcha, e — como A. "M.
Lederer, vosso e meu bom amigo, es
tações aumentaram de 20 vêzes, por
que não pudemos obter o equipamento ca Latina diz, por exemplo, que, embo
que nos permitisse produzir mais ci
ra a população do Brasil tenha cresci
mento.
do de 41,3% entre os qüinqüênios 1925-
O Brasil tom sido tradicionalmente
ura país agrícola. Ainda hoje, cerca de
Em
1941, o- Brasil
produzia 12.160 tonela das de artefatos de bor
racha.
No xiltimo ano,
trabalhadores industriais subiu de 166%.
porém, sua produção
se observam hoje na economia brasileira.
elevou-se a 24.000 — mais 100%. Essa in
Isso indica as mudanças estruturais que
creveu recentemente — o Brasil não é
Até os primeiros anos da década de
mais aquela terra eternamente promis sora do futuro. O país está ràpidamente atingindo a inaioridade. Alguns de
1930, a produção agrícola era maior do
forma que o Brasil,
que a produção fabril em cêrca de 37 %.
terra
Agora dá-se o contrário.
irá, provàvelmente, im portar a matéria-prima
seus problemas e dificuldades têm sido mal compreendidos e obscurecidos, mas seu progresso atual, contra grandes obs táculos iniciais, fala por si mesmo,
dústria
Durante o
qüinqüênio 1945-49, o índice da pro dução industrial excedeu, em 33,7%, o
cresce
da
de tal
A produção de fôrça
Eis alguns exemplos do desenvolvi
hidrelétrica
subiu
de
"^gumas vezes a intensidade do cres
mento industrial: no qüinqüênio 1925-
40 %
cimento de um país pode ser mais sen
1929, das 458.000 toneladas de ferro e aço anualmente consumidas no Brasil,
1946, e grandes progra mas de e.xpansão estão
sòmcnte 3,3% eram de fabricação na cional. Hoje, nossas usinas fornecem
sendo e serão executa
lhão por ano, e sua produção se expan
mais de 70% do consumo anual brasi
várias centenas de mi
de ainda mais depressa.
leiro, orçado em 820.000 toneladas. A
tida do que medida, mas não há dúvi da de que também pode ser medida. A população do Brasil aumenta de 1 mi A Comissão Econômica para a Améri
produção aumentou cêrca de 40 vêzes
sòmento
desde
dos na magnitude de lhões de dólares.
i
para 1946, isto é, quase o dôbro em 4
de consiuno, estas já estão
Nossa produção de
satisfatòriamente
estabelecidas no Brasil
e
em
condições
de
manter o País razoàvel
mente bem abastecido.
Insuficiência da impor tação e do capital estrangeiro
seringueira,
muito em breve.
da agrícola.
grama de construção de refinarias e de
uma frota de navios-tanques, de modo a reduzir os custos, e também o frete, e para que disponhamos de um supri
anos. No que toca às indústrias de bens
necessidades.
65% da população que trabalha ocupamse das atividades do campo. Mas entre 1920 e 1940, enquanto esta aumentou de cêrca de 18 % somente, o total dos
Acreditamos dispor de lençóis petrolí feros razoàvelmente importantes no Brasil, mas, até que estes estejam de senvolvidos, decidimos adotar um pro
Fabricamos, agora,
papel por ano.
e produção disponíveis.
piamos a atacar o problema seriamente.
171.000 — 3 vêzes mais — mas isso representa somente a metade de nossas
produzia cêrca de 58.000 toneladas de
do índice total para bens de consumo
O petróleo constitui um elo fraco
nessa cadeia de progresso, mas princi
Limitei-me aqui à apresentação de cifras relativas à produção, básica, as que melhor ilustram o nosso progresso, cujo índice é agora de 195 contra 100
melliantc. Entre 1930 e 1934 o Brasil
tou de 70,4 %, na base das flutuações
2.133.450 toneladas métricas.
mento seguro em caso de guerra.
O papel apresenta uma situação se-
1929 e 1945-1949, a renda real aumen
carvão mineral aumentou de 481,5% desde 1925-29. Em 1949 extraímos ..
A despeito da inten sificação das atividades econômicas e do desen volvimento do mercado Interno, o Brasil ainda
está
dependente
dos
caprichos do comércio internacional e não é
tão auto-dependente co
mo se poderá esperar que o venha a ser um
dia, graças à sua gran de área, recursos diver-
-■VI n ■ kN. jyn" '1 i'j Jtí Nv í*"^
-if:
DicESTO EcoNÓxnco
62
sificados e população crescente. Sua re lação dc trocas (terms of irade) deterio rou após a crise de 1929 c reduziu, con
sequentemente, sua capacidade de im portação, desta forma afetando mate rialmente o volume dos bens de produ
ção adquiridos no e.xterior. Essa deterioração foi tão marcante du
rante a década de 1930 que, não obstan
te a recuperação verificada nestes últi mos anos, a capacidade importadora do Brasil não se tornou muito maior do que era antes da depressão., Êsse fato, alia do à insuficiência dos investimentos es
trangeiros, nos obrigou a contar quase que exclusivamente com os nossos pró prios recursos para a industrialização.
Fora do setor da energia elétrica, os in vestimentos estrangeiros, no que diz res peito à indústria, são, por assim dizer, negligiveis.
O caráter desfavorável da nossa rela
ção de trocas limitou o progresso, na medida cm que impediu mais volumosas
importações de bens de produção.
O
extraordinário desenvolvimento que tem ocorrido no Brasil processou-se, em ver
dade, apesar dessa relação de trocas negativa.
O capital americano tem, a meu ver,
em maior \'olumc.
Mas os brasifciros
estão mais dcscjosos dc obter capital estrangeiro que sc interesse pelo desen volvimento das atividades econômicas
básicas. Reduzindo nossas necessidades
do importação, o capital prodnti\o alie nígena contribuiria para maior equilí
1 ■ I
Dicesto Eco^'ó^^co
Essa ó a razão por que o Governo do Presidente Dutra adotou o Plano SALTE, orçado em 1 bilhão de dólares, para
investido e reinvestido em nossa terra.
melhorar as condições de saúde, nutri
lares durante período idêntico. Dois grandes obstáculos precisam ain
ção, transporte e energia — os 4 pro
blemas básicos do Brasil — e por que tem èle vigorosamente atacado projetos tais como o da exterminação da malária
brio da nossa balança de pagamentos e
e outras moléstias tropicais, o da abo
tomaria mais fácil o serviço dos inves timentos cm moeda estrangeira.
lição do analfabetismo e o da eletrifi cação do Vale do São Francisco.
Essa ênfase, dada ao capital produtivo, torna-se mais e mais a nota predomi
nante da política nacional com rclaçao aos investimentos estrangeiros e é uma
tendência que a futura administração do Brasil provavelmente cristaliziíra.
Aqueles que insistem em que deve ríamos primeiro desenvolver a agricul tura, ou que são de opinião que a in
Na proporção em que esses projetos se forem completando, o campo da ini ciativa privada se irá expandindo, obra essa, aliás, que poderia ser de muito fa
cilitada e acelerada por empréstimos a longo prazo, de governos estrangeiros e agências internacionais, no espírito da filosofia do Ponto IV.
longe de prejudicar a agricultura, a in
Em artigo recente, publicado peJa re vista "United Nations World,", que es pero alguns de vós tenham lido, tratei, com certo detalhe, de possíveis áreas
dústria lhe tem, na verdade, sido abso
para investimentos americanos, abran
lutamente necessária, ao prover um mer cado interno maior, mais compensador e estável para sua produção, e ao fabri
fibras e outras.
dústria se tem e.xpandido à custa da agricultura, deveriam compreender que,
car implementos, indispensáveis ao au mento de sua produtividade, que se tor naram cada vez mais difíceis de importar.
Eis o que declarou recentemente, em
gendo papel, óleos vegetais, fertilizantes,
Como já afirmei, não há falta de es
tímulo para o capital estrangeiro, em
uma entrevista, o sr. Gctúlio Vargas,
matéria de lucros.
Brasil, em que pese a uma remuneração
nosso presidente-eleito virtual;
sobe a 40 e mais por cento, não obstan
"O capital estrangeiro será muito bem recebido pelo Brasil, desde que êle ve nha colaborar para o desenvolvimento
vos há também, tais como isenção de impostos para novas indústrias e garan tias constitucionais. Estas asseguram igualdade de tratamento e previnem
te outros incentivos reais. Nota-se a tendência para encarar o Brasil mera mente como uma fonte de matérias-pri
mas e um mercado de distribuição de
utilidades exportadas para lá. Êsse pon
to de vista limitado já é inatual e repre senta um capítulo na historia econômica do Brasil que se está rapidamente en cerrando.
Naturalmente, o Brasil continuara a
produzir matérias-primas — e até mesmo
Qas nossas indústrias básicas e criação
de novas, com o aproveitamento das re servas nacionais de matérias-primas, co
mo, para citar algumas, o azòto, os álcalis, a soda cáustica, o papel." Não esperamos, é claro, milagres do capital estrangeiro, e bem compreende mos que há setores cujo risco seria de masiado ou que são excessivamente am plos para o capital particular.
Essa soma eqüivale ao que recebemos na forma de novos iu\'estimentos em dó
da ser removidos, entretanto, que não dependem do Brasil ou e.xclusivanienle
dele. O primeiro é a nossa impossibi
lidade de prover cambio suficiente em
todas as ocasiões, o que poderia ser re mediado, aliás, por empréstimos e inves
timentos a longo prazo e de natureza construti\'a, aliados à capacidade aquisi tiva de dólares de nossas exportações, dado o caráter complementar destas cm relação à vossa produção. O segundo — e de importância decisiva — é o proble ma da bitributação, problema êsse que compete às nações e.xportadoras de ca
pital resolver, conformando sua legisla ção fiscal ao seu papel. Acredito que a maioria daqueles den tre vós que são diretores de empresas já conliecem e bem avaliam as oportu nidades que o Brasil oferece aos inves tidores, as quais terei muito prazer em discutir convosco em maior minúcia. Se
Planejamento e p■ rodutividade
injustificadamente hesitado em entrar no
extraordinariamente convidativa, a qual
63
a expropriação.
Mas outros incenti
O Brasil é .um hotn
risco; o seu "rocord" o prova sem som
bra de dúvida. Isso é. particularmente verdadeiro no que diz respeito às in versões americanas diretas.
Já se estimou que, durante os último.s cinco anos, cêrca de 175 milhões de dólares deixaram o Brasil na forma de
dividendos sôbrc o capital americano
tendes capital e técnica para aplicar produtivamente, há, certamente, poucos lugares no mundo que mais vos recom pensaria considerar sèriamente.
Antes de concluir quero dizer algu mas palavras mais aos engenheiros aqui presentes.
O Brasil evidencia um dos
índices mais altos de progresso de qual quer país, mas ainda tem um longo ca minho a percorrer. Seu desenvolvimento
dinâmico faz com que sofra hoje em dia de uma crise de crescimento, ou do que chamais de "dores de crescimento". Al
gumas dessas dores assumem a forma de
custos relativamente altos e de desajustamentos derivados dc um desenvolvi
mento segundo linhas que são mais euro
péias do que americanas, embora o tipo
-■VI n ■ kN. jyn" '1 i'j Jtí Nv í*"^
-if:
DicESTO EcoNÓxnco
62
sificados e população crescente. Sua re lação dc trocas (terms of irade) deterio rou após a crise de 1929 c reduziu, con
sequentemente, sua capacidade de im portação, desta forma afetando mate rialmente o volume dos bens de produ
ção adquiridos no e.xterior. Essa deterioração foi tão marcante du
rante a década de 1930 que, não obstan
te a recuperação verificada nestes últi mos anos, a capacidade importadora do Brasil não se tornou muito maior do que era antes da depressão., Êsse fato, alia do à insuficiência dos investimentos es
trangeiros, nos obrigou a contar quase que exclusivamente com os nossos pró prios recursos para a industrialização.
Fora do setor da energia elétrica, os in vestimentos estrangeiros, no que diz res peito à indústria, são, por assim dizer, negligiveis.
O caráter desfavorável da nossa rela
ção de trocas limitou o progresso, na medida cm que impediu mais volumosas
importações de bens de produção.
O
extraordinário desenvolvimento que tem ocorrido no Brasil processou-se, em ver
dade, apesar dessa relação de trocas negativa.
O capital americano tem, a meu ver,
em maior \'olumc.
Mas os brasifciros
estão mais dcscjosos dc obter capital estrangeiro que sc interesse pelo desen volvimento das atividades econômicas
básicas. Reduzindo nossas necessidades
do importação, o capital prodnti\o alie nígena contribuiria para maior equilí
1 ■ I
Dicesto Eco^'ó^^co
Essa ó a razão por que o Governo do Presidente Dutra adotou o Plano SALTE, orçado em 1 bilhão de dólares, para
investido e reinvestido em nossa terra.
melhorar as condições de saúde, nutri
lares durante período idêntico. Dois grandes obstáculos precisam ain
ção, transporte e energia — os 4 pro
blemas básicos do Brasil — e por que tem èle vigorosamente atacado projetos tais como o da exterminação da malária
brio da nossa balança de pagamentos e
e outras moléstias tropicais, o da abo
tomaria mais fácil o serviço dos inves timentos cm moeda estrangeira.
lição do analfabetismo e o da eletrifi cação do Vale do São Francisco.
Essa ênfase, dada ao capital produtivo, torna-se mais e mais a nota predomi
nante da política nacional com rclaçao aos investimentos estrangeiros e é uma
tendência que a futura administração do Brasil provavelmente cristaliziíra.
Aqueles que insistem em que deve ríamos primeiro desenvolver a agricul tura, ou que são de opinião que a in
Na proporção em que esses projetos se forem completando, o campo da ini ciativa privada se irá expandindo, obra essa, aliás, que poderia ser de muito fa
cilitada e acelerada por empréstimos a longo prazo, de governos estrangeiros e agências internacionais, no espírito da filosofia do Ponto IV.
longe de prejudicar a agricultura, a in
Em artigo recente, publicado peJa re vista "United Nations World,", que es pero alguns de vós tenham lido, tratei, com certo detalhe, de possíveis áreas
dústria lhe tem, na verdade, sido abso
para investimentos americanos, abran
lutamente necessária, ao prover um mer cado interno maior, mais compensador e estável para sua produção, e ao fabri
fibras e outras.
dústria se tem e.xpandido à custa da agricultura, deveriam compreender que,
car implementos, indispensáveis ao au mento de sua produtividade, que se tor naram cada vez mais difíceis de importar.
Eis o que declarou recentemente, em
gendo papel, óleos vegetais, fertilizantes,
Como já afirmei, não há falta de es
tímulo para o capital estrangeiro, em
uma entrevista, o sr. Gctúlio Vargas,
matéria de lucros.
Brasil, em que pese a uma remuneração
nosso presidente-eleito virtual;
sobe a 40 e mais por cento, não obstan
"O capital estrangeiro será muito bem recebido pelo Brasil, desde que êle ve nha colaborar para o desenvolvimento
vos há também, tais como isenção de impostos para novas indústrias e garan tias constitucionais. Estas asseguram igualdade de tratamento e previnem
te outros incentivos reais. Nota-se a tendência para encarar o Brasil mera mente como uma fonte de matérias-pri
mas e um mercado de distribuição de
utilidades exportadas para lá. Êsse pon
to de vista limitado já é inatual e repre senta um capítulo na historia econômica do Brasil que se está rapidamente en cerrando.
Naturalmente, o Brasil continuara a
produzir matérias-primas — e até mesmo
Qas nossas indústrias básicas e criação
de novas, com o aproveitamento das re servas nacionais de matérias-primas, co
mo, para citar algumas, o azòto, os álcalis, a soda cáustica, o papel." Não esperamos, é claro, milagres do capital estrangeiro, e bem compreende mos que há setores cujo risco seria de masiado ou que são excessivamente am plos para o capital particular.
Essa soma eqüivale ao que recebemos na forma de novos iu\'estimentos em dó
da ser removidos, entretanto, que não dependem do Brasil ou e.xclusivanienle
dele. O primeiro é a nossa impossibi
lidade de prover cambio suficiente em
todas as ocasiões, o que poderia ser re mediado, aliás, por empréstimos e inves
timentos a longo prazo e de natureza construti\'a, aliados à capacidade aquisi tiva de dólares de nossas exportações, dado o caráter complementar destas cm relação à vossa produção. O segundo — e de importância decisiva — é o proble ma da bitributação, problema êsse que compete às nações e.xportadoras de ca
pital resolver, conformando sua legisla ção fiscal ao seu papel. Acredito que a maioria daqueles den tre vós que são diretores de empresas já conliecem e bem avaliam as oportu nidades que o Brasil oferece aos inves tidores, as quais terei muito prazer em discutir convosco em maior minúcia. Se
Planejamento e p■ rodutividade
injustificadamente hesitado em entrar no
extraordinariamente convidativa, a qual
63
a expropriação.
Mas outros incenti
O Brasil é .um hotn
risco; o seu "rocord" o prova sem som
bra de dúvida. Isso é. particularmente verdadeiro no que diz respeito às in versões americanas diretas.
Já se estimou que, durante os último.s cinco anos, cêrca de 175 milhões de dólares deixaram o Brasil na forma de
dividendos sôbrc o capital americano
tendes capital e técnica para aplicar produtivamente, há, certamente, poucos lugares no mundo que mais vos recom pensaria considerar sèriamente.
Antes de concluir quero dizer algu mas palavras mais aos engenheiros aqui presentes.
O Brasil evidencia um dos
índices mais altos de progresso de qual quer país, mas ainda tem um longo ca minho a percorrer. Seu desenvolvimento
dinâmico faz com que sofra hoje em dia de uma crise de crescimento, ou do que chamais de "dores de crescimento". Al
gumas dessas dores assumem a forma de
custos relativamente altos e de desajustamentos derivados dc um desenvolvi
mento segundo linhas que são mais euro
péias do que americanas, embora o tipo
II>|.«IW . V
Digesto ECONÓ^UC0
64
americano, nas circunstâncias do Brasil,
Precisamos achar o termo que concilie
seja um modelo muito mais recomendavel, segundo creio. Ha amplo espaço
do trabalhador com as das classes patro
para desenvolvimento horizontal c pio neiro, como há necessidade de meUioramento vertical e estrutural. Precisamos de um desenvolvimento
mais sistemático, e metódico — daí a ên fase ora dada, entre nós, à técnica do
planejamento. Necessitamos, tanto quan to possível, de economizar tempo e esfôrço e de impulsionar o País a um ritmo mais acelerado, com o mínimo de privação para o nosso povo. Temos de
elevar os padrões de vida, ao mesmo tempo que aumentamos a disponibilida
de de capital.
Em outras palavras,
Atividades do Itamarati
a satisfação das necessidades legítimas
Embaixador RAxn, Fernandes
nais, porque se coíiiplctain e sc con fundem no interôssc nacional."
Êsso têrmo, ou essa chave do pro
A
Agência Nacional convidou os
Ministros de Estado a ocuparem,
blema de mais çquitativa distribuição da riqueza pari pasm a uma capitaliza ção crescente é, penso cu, a produtivi
por alguns minutos, êste microfone, para uma breve exposição das atividades mais
dade.
relevantes da administração a seu car
Precisamos da vossa colabora
ção para reproduzir o milagre america no da produtividade na medida qtie avançamos. E creio que não exagero
go durante os cinco, anos de govêrno do General Eurico Dutra.
Em homenagem ao eminente furisconsuUa, político e diplomata, que acaba de deixar o cargo de Ministro das Re
lações Exteriores, o "Digesto Econô mico" insere em suas colunas a peque nina oração em que Raul Fernandes sintetizou, na "Hora do Brasil", alguns
Essa iniciativa merece aplausos, pois os governantes devem contas ao povo
dos relevantes serviços prestados, por
so disser que encontrareis nossos homens
de empresa e trabalhadores maís e mais
o o poder de difusão do rádio deixa
altas funções.
receptivos à sua significação.
a perder de vista o das mensagens, re
No Brasil, ombro a ombro com nossos
S. Excia., no exercício daquelas
latórios e outros escritos.
Aqui estou, consequentemente, para
queremos modernizar e dinamizar nossa
engenheiros, ainda em número reduzi
atual capacidade produtiva e avançar
do, podereís espalhar o que se poderia chamar de "culto da produtividade" e
dizer do Ministério das Relações Exte
a uma orientação herdada dos nossos an
riores, e aos olhos do público hei de
tepassados e que está na linha dos nos
encenar outra vez o grande espetáculo sem precedentes da prosperidade geral,
fazer figura do parente pobre na famí lia do govêrno. O povo aprecia, com
sos mais claros interêsses morais e ma
numa base racional, aproveitando-nos da e.\periência adquirida onde a revolu
ção industrial se processou prèviamen-
te e do adiantamento tecnológico que re presentais, aplicando-o à agricultura, in dustria e outras atividades econômicas
Essa deverá ser a vossa contribuição se desejardes ser os vanguardeiros do progresso no resto do mundo, de modo a introduzir ou a preservar a democra cia nas áreas subdesenvolvidas. Vossa assistência técnica é indispensável à so
lução do problema de custo "versas" lucro. Êsse problema tem hoje grande atualidade no Brasil, como frisou re centemente o nosso futuro presidente. "Para melhorar os salários, disse êle,
é preciso que também o empregador
prospere. Não podemos romper essa re lação constante entre o salário e o lucro.
mediante a produção em série a preços
muita razão, o que no linguajar da épo
acessíveis ao maior número possível.
ca se chamam as realizações, isto é,
Êstes são os fatos, as cifras, as ten
dências 8 as idéias que desejei debater convosco. Tentei pintar-vos, em bosquejo rude, o quadro dos problemas bra
sileiros, do que já realizamos c do que resta a fazer.
E, ao terminar, desejo
que penseis no que significa o progres
so do Brasil para a segurança e bemestar econômico do vosso próprio país. Nesta altura só figuramos cm posição secundária à do Canadá, no valor do
coisas tangíveis de que êle lucra, ou deve lucrar, utilidades práticas e imediatas: estradas, hospitais, escolas, estádios es portivos etc.
governos, sem outra condição a não ser
a da reciprocidade, que só num caso, e não por culpa nossa, falhou. Na es fera continental, sobretudo, nossa dili
gência com êsse objeto se extremou, e
O que está na alçada do Itamarati não ó nada dêsse gênero, ou só o será oca sionalmente e por exceção. Sua tarefa
são manifestos os testemunhos da amiza
é de outro tipo; seu traballio, para ser eficiente, há de fugir à publicidade;
o nosso convívio com as nações ame
suas construções são políticas, invisíveis
te de maior número de materiais estraté
por definição, insensíveis de imediato, mas originárias de largas e profundas repercussões. Em grande parte, a base indispensável da fruição pacífica dos
gicos. Que qüer isto dizer em termos do presente e do futuro?-
bens materiais que são as escolas, os hospitais, as estradas e os estádios es
comércio com os Estados Unidos, c li deramos o Canadá, acredito, como fon
teriais. Com essa preocupação primor dial cultivamos com o zelo maís apura do as relações cora os demais povos e
portivos, está na prudência, na vigilância
de, confiança e respeito que agora, co mo em nenhuma outra época, marcam ricanas.
Com estas celebramos o tratado do
Rio de Janeiro, de 2 de setembro de 1947, para a Manutenção da Paz e da Segurança no Continente.
Êsso ato diplomático passará à histó ria como o mais importante de quantos já se celebraram na América, porquanto
e no atilamento da política exterior.
não só firmou o princípio e as regras
Nesse domínio, o governo do Gene ral Dutra pode arrolar, entre os seus
da defesa coletiva contra a agressão ex terna ou interna, mas ainda, e sobretu
serviços ao País, a fidelidade guardada
do, porque prescreveu sanções efetivas
II>|.«IW . V
Digesto ECONÓ^UC0
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americano, nas circunstâncias do Brasil,
Precisamos achar o termo que concilie
seja um modelo muito mais recomendavel, segundo creio. Ha amplo espaço
do trabalhador com as das classes patro
para desenvolvimento horizontal c pio neiro, como há necessidade de meUioramento vertical e estrutural. Precisamos de um desenvolvimento
mais sistemático, e metódico — daí a ên fase ora dada, entre nós, à técnica do
planejamento. Necessitamos, tanto quan to possível, de economizar tempo e esfôrço e de impulsionar o País a um ritmo mais acelerado, com o mínimo de privação para o nosso povo. Temos de
elevar os padrões de vida, ao mesmo tempo que aumentamos a disponibilida
de de capital.
Em outras palavras,
Atividades do Itamarati
a satisfação das necessidades legítimas
Embaixador RAxn, Fernandes
nais, porque se coíiiplctain e sc con fundem no interôssc nacional."
Êsso têrmo, ou essa chave do pro
A
Agência Nacional convidou os
Ministros de Estado a ocuparem,
blema de mais çquitativa distribuição da riqueza pari pasm a uma capitaliza ção crescente é, penso cu, a produtivi
por alguns minutos, êste microfone, para uma breve exposição das atividades mais
dade.
relevantes da administração a seu car
Precisamos da vossa colabora
ção para reproduzir o milagre america no da produtividade na medida qtie avançamos. E creio que não exagero
go durante os cinco, anos de govêrno do General Eurico Dutra.
Em homenagem ao eminente furisconsuUa, político e diplomata, que acaba de deixar o cargo de Ministro das Re
lações Exteriores, o "Digesto Econô mico" insere em suas colunas a peque nina oração em que Raul Fernandes sintetizou, na "Hora do Brasil", alguns
Essa iniciativa merece aplausos, pois os governantes devem contas ao povo
dos relevantes serviços prestados, por
so disser que encontrareis nossos homens
de empresa e trabalhadores maís e mais
o o poder de difusão do rádio deixa
altas funções.
receptivos à sua significação.
a perder de vista o das mensagens, re
No Brasil, ombro a ombro com nossos
S. Excia., no exercício daquelas
latórios e outros escritos.
Aqui estou, consequentemente, para
queremos modernizar e dinamizar nossa
engenheiros, ainda em número reduzi
atual capacidade produtiva e avançar
do, podereís espalhar o que se poderia chamar de "culto da produtividade" e
dizer do Ministério das Relações Exte
a uma orientação herdada dos nossos an
riores, e aos olhos do público hei de
tepassados e que está na linha dos nos
encenar outra vez o grande espetáculo sem precedentes da prosperidade geral,
fazer figura do parente pobre na famí lia do govêrno. O povo aprecia, com
sos mais claros interêsses morais e ma
numa base racional, aproveitando-nos da e.\periência adquirida onde a revolu
ção industrial se processou prèviamen-
te e do adiantamento tecnológico que re presentais, aplicando-o à agricultura, in dustria e outras atividades econômicas
Essa deverá ser a vossa contribuição se desejardes ser os vanguardeiros do progresso no resto do mundo, de modo a introduzir ou a preservar a democra cia nas áreas subdesenvolvidas. Vossa assistência técnica é indispensável à so
lução do problema de custo "versas" lucro. Êsse problema tem hoje grande atualidade no Brasil, como frisou re centemente o nosso futuro presidente. "Para melhorar os salários, disse êle,
é preciso que também o empregador
prospere. Não podemos romper essa re lação constante entre o salário e o lucro.
mediante a produção em série a preços
muita razão, o que no linguajar da épo
acessíveis ao maior número possível.
ca se chamam as realizações, isto é,
Êstes são os fatos, as cifras, as ten
dências 8 as idéias que desejei debater convosco. Tentei pintar-vos, em bosquejo rude, o quadro dos problemas bra
sileiros, do que já realizamos c do que resta a fazer.
E, ao terminar, desejo
que penseis no que significa o progres
so do Brasil para a segurança e bemestar econômico do vosso próprio país. Nesta altura só figuramos cm posição secundária à do Canadá, no valor do
coisas tangíveis de que êle lucra, ou deve lucrar, utilidades práticas e imediatas: estradas, hospitais, escolas, estádios es portivos etc.
governos, sem outra condição a não ser
a da reciprocidade, que só num caso, e não por culpa nossa, falhou. Na es fera continental, sobretudo, nossa dili
gência com êsse objeto se extremou, e
O que está na alçada do Itamarati não ó nada dêsse gênero, ou só o será oca sionalmente e por exceção. Sua tarefa
são manifestos os testemunhos da amiza
é de outro tipo; seu traballio, para ser eficiente, há de fugir à publicidade;
o nosso convívio com as nações ame
suas construções são políticas, invisíveis
te de maior número de materiais estraté
por definição, insensíveis de imediato, mas originárias de largas e profundas repercussões. Em grande parte, a base indispensável da fruição pacífica dos
gicos. Que qüer isto dizer em termos do presente e do futuro?-
bens materiais que são as escolas, os hospitais, as estradas e os estádios es
comércio com os Estados Unidos, c li deramos o Canadá, acredito, como fon
teriais. Com essa preocupação primor dial cultivamos com o zelo maís apura do as relações cora os demais povos e
portivos, está na prudência, na vigilância
de, confiança e respeito que agora, co mo em nenhuma outra época, marcam ricanas.
Com estas celebramos o tratado do
Rio de Janeiro, de 2 de setembro de 1947, para a Manutenção da Paz e da Segurança no Continente.
Êsso ato diplomático passará à histó ria como o mais importante de quantos já se celebraram na América, porquanto
e no atilamento da política exterior.
não só firmou o princípio e as regras
Nesse domínio, o governo do Gene ral Dutra pode arrolar, entre os seus
da defesa coletiva contra a agressão ex terna ou interna, mas ainda, e sobretu
serviços ao País, a fidelidade guardada
do, porque prescreveu sanções efetivas
li!
,11.
kwpi.
w^-
Digesto Econômico
66
contra os agressores. A adoção de medi das repressivas de ordem diplomática, fi
lermos assento no Conselho dc Segu
nanceira ou comercial, se deliberada pela
vados à presidência da Assembléia na pessoa do chefe da delegação brasileira.
maioria qualificada de 2/3 dos participdtates, é obrigatória para todos. Isto marca a entrada da democracia na or dem internacional e nunca será demais
encarecer a significação de haverem os
signatários, entre eles a poderosa Re pública do Norte, renunciado ao direito de "veto", ou — o que é a mesma coisa
— à regra tradicional da unanimidade das deliberações.
Êsse convênio, tão engenhosamente
arquitetado que já serviu de paradigma para o Pacto do Atlântico Norte, não
foi obra .exclusiva do Itamarati; ao contrário, resultou de um trabalho co
letivo, com base em projeto preparado pela União Pan-Americana.
Mas o que geralmente se reconheceu, aqui e no exterior, e pode ser recordado sem jactância, é que à direção dos tra
balhos da Conferência e à eficiência do secretariado, que incumbiram ao Govêr-
no brasileiro, se devem a rapidez e a unanimidade das deliberações.
DtCESTO EcoNÓAnco
mou, também, um convênio com a Ho
rança, c outras tantas vôzes fomos ele
Negociaram-se, neste qüinqüênio, inú meros acordos bilaterais — do coopera ção cultura], de comércio, dc imigração e de natureza econômica. Recebemos e concedemos centenas de bolsas escola
landa, que nos promete agricultores e
nêses residentes no Brasil, e que tinham sido vertidos no Fundo de Indenizações,
pecuaristas, e assinovi o importante acôr do com a Itália, de 8 de outubro de
criado pelo Decreto-lei n.° 4.166, de
1949, em virtude do qual o Govêmo ita
com os bens dos residentes no exterior,
liano fornece o capital.de 300 milhões de cruzeiros para uma sociedade de imi gração o colonização, sediada no Brasil,
regressiva contra os seus Estados nacio
a qual já está constituída, realizou cs
res, e êsse intercâmbio é dos mais bené
primeiros 100 milhões de capital e pro
ficos por nos aproximar moral e intelec tualmente das nações amigas. ciais, imprescindíveis com os países de
moeda inconversível, que são agora a maior parte, o Itamarati obteve do Pre
sidente Dutra a criação, quase inteira mente gratuita, de corpos consultivas, de que participam também os produtores
mico do Ministério tem sido de um
valor inapreciávcl. Passei os meus quatro anos e meses no Ministério sofrendo críticas diárias
por suposto descaso em promover a
salvo aos proprietários o direito de ação nais.
Tais soluções foram humanas, úteis à
para núcleos coloniais a fundar em vá rios Estados.
trangeiro no Brasil.
Com o Govêrno dos Estados Unidos
Foi com o mesmo espírito que, já na
da América celebramos, recentemente, um acôrdo administrativo para a consti
Conferência da Paz, em 1946, o Brasil advogou — infelizmente sem êxito —
tuição de uma comissão mista encarre
uma paz justa com a Itália.
gada de organizar os planos e projetos
sião, o Govêmo foi censurado por alguns, que o diziam inspirado por um senti mento injustificado, esquecido o fato de haver a Itália feito uma guerra de
para investimentos financeiros em trans portes, energia elétrica, agricultura e ou tras atividades da produção. Com essa
e os distribuidores, e cuja cooperação com os serviços do Departamento Econô
1942, pagando-se as reparações apenas
economia nacional e concorrem para não se abalar a confiança, sem a qual é im possível a cooperação do trabalho e.s-
cede atualmente à escoUia de terrenos
Para celebração dos acordos comer
67
Na oca
base, o Brasil poderá receber, em con dições a ajustar em cada caso, a coo
agressão.
peração financeira prevista no programa do Presidente Truman, já sancionado
Os próprios delegados italianos à Con
pelo Congresso norte-americano.
Essa censura era, contudo, descabida.
ferência reconheceram a responsabilida de nacional pelos erros do regime fas
cas Americanas, reunida nò mesmo ano
imigração intensiva. Os censores perde ram de vista o fato de que a compe tência, nesta matéria, não é do Minis tério das Relações Exteriores e, sim,
em Bogotá, a qual estruturou os órgãos para sua execução, e a êsse conclave le
do Conselho de Imigração e Coloniza
da passada guerra o espinhoso problema das reparações pagáveis com bens per tencentes aos Estados inimigos ou a seus
ção, órgão autônomo.
nacionais.
vamos uma importante contribuição.
lho, êle mesmo, não pode ser censura
Sendo a paz indivisível no mundo mo derno, não nos basta, infelizmente, ex
do, pois a imigração intensiva é caríssi
Govêmo desde o ano de 1946 liberou
toriais do tratado, contra a renúncia às
ma e o qüinqüênio do Presidente Dutra
os bens pertencentes aos italianos, pes soas físicas, residentes no País; pelo já
colônias
citado acôrdo ítalo-brasilciro de 1949 li
berou os demais bens italianos, com a
militar que nem sequer deixava à na ção italiana os meios adequados de de
O Tratado do Rio de Janeiro foi com
pletado pela Conferência das Repúbli
tirpar a insegmança entre vizinlios. Daí a nossa entrada e cooperação nas Na
ções Unidas, à qual o Govêmo do Ge neral Dutra dfeu inteiro apoio moral e o máximo de auxílio material compatí vel com os nossos meios. Na vida ain da breve e tão acidentada desse orga nismo mundial, a leal devoção do Brasil aos seus ideais nos valeu a eleição duas
vezes para, em períodos de dois anos,
O Govêmo do General Dutra herdou
Mas o Conse
Avaliadas as indenizações devidas, o
foi de apertos financeiros. Mesmo assim, quando o ,Itamarati pôde tomar iniciativas, não se descuidou: por acôrdo direto com o Comitê prepa ratório da Organização Internacional dos Refugiados, introduzia alguns milhares de boiis imigrantes, inclusive muitos ope rários qualificados que o Govêrno do Estado de São Paulo reputou ótimos e deseja fazer vir em maior número. Fir*
J
cista e inclinaram-se ante o dever de
reparar, na medida do possível, os da nos da guerra. Nesse ponto os repre sentantes brasileiros associaram-se aos
demais plenipotenciários aliados. Levantamo-nos, sim, contra as cláusulas terri
laboriosamente
estabelecidas
pela Itália na África, e contra o estatuto
contrapartida de lucrar imigrantes e co
fesa das fronteiras. Nisso não nos mo-
lonos, tantos quantos se possam trans
ria a simpatia dos brasileiros pelos ita
portar e estabelecer com o dispêndio de 300 milhões de cruzeiros, a cargo do
lianos, por mais justificada que seja pelos vínculos de tôda ordem que nos
Estado italiano. Ao Congresso o Gene
unem uns aos outros. Éramos, sim, im
ral Dutra pediu, e dêle obteve, uma
pulsionados por um sentimento de jus«
lei pela qual se liberam também, e inte
tíça, pois a Itália rompera durante a guerra sua vinculaçâo com a Alemanha
gralmente, os bens de alemães e japo-
li!
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Digesto Econômico
66
contra os agressores. A adoção de medi das repressivas de ordem diplomática, fi
lermos assento no Conselho dc Segu
nanceira ou comercial, se deliberada pela
vados à presidência da Assembléia na pessoa do chefe da delegação brasileira.
maioria qualificada de 2/3 dos participdtates, é obrigatória para todos. Isto marca a entrada da democracia na or dem internacional e nunca será demais
encarecer a significação de haverem os
signatários, entre eles a poderosa Re pública do Norte, renunciado ao direito de "veto", ou — o que é a mesma coisa
— à regra tradicional da unanimidade das deliberações.
Êsse convênio, tão engenhosamente
arquitetado que já serviu de paradigma para o Pacto do Atlântico Norte, não
foi obra .exclusiva do Itamarati; ao contrário, resultou de um trabalho co
letivo, com base em projeto preparado pela União Pan-Americana.
Mas o que geralmente se reconheceu, aqui e no exterior, e pode ser recordado sem jactância, é que à direção dos tra
balhos da Conferência e à eficiência do secretariado, que incumbiram ao Govêr-
no brasileiro, se devem a rapidez e a unanimidade das deliberações.
DtCESTO EcoNÓAnco
mou, também, um convênio com a Ho
rança, c outras tantas vôzes fomos ele
Negociaram-se, neste qüinqüênio, inú meros acordos bilaterais — do coopera ção cultura], de comércio, dc imigração e de natureza econômica. Recebemos e concedemos centenas de bolsas escola
landa, que nos promete agricultores e
nêses residentes no Brasil, e que tinham sido vertidos no Fundo de Indenizações,
pecuaristas, e assinovi o importante acôr do com a Itália, de 8 de outubro de
criado pelo Decreto-lei n.° 4.166, de
1949, em virtude do qual o Govêmo ita
com os bens dos residentes no exterior,
liano fornece o capital.de 300 milhões de cruzeiros para uma sociedade de imi gração o colonização, sediada no Brasil,
regressiva contra os seus Estados nacio
a qual já está constituída, realizou cs
res, e êsse intercâmbio é dos mais bené
primeiros 100 milhões de capital e pro
ficos por nos aproximar moral e intelec tualmente das nações amigas. ciais, imprescindíveis com os países de
moeda inconversível, que são agora a maior parte, o Itamarati obteve do Pre
sidente Dutra a criação, quase inteira mente gratuita, de corpos consultivas, de que participam também os produtores
mico do Ministério tem sido de um
valor inapreciávcl. Passei os meus quatro anos e meses no Ministério sofrendo críticas diárias
por suposto descaso em promover a
salvo aos proprietários o direito de ação nais.
Tais soluções foram humanas, úteis à
para núcleos coloniais a fundar em vá rios Estados.
trangeiro no Brasil.
Com o Govêrno dos Estados Unidos
Foi com o mesmo espírito que, já na
da América celebramos, recentemente, um acôrdo administrativo para a consti
Conferência da Paz, em 1946, o Brasil advogou — infelizmente sem êxito —
tuição de uma comissão mista encarre
uma paz justa com a Itália.
gada de organizar os planos e projetos
sião, o Govêmo foi censurado por alguns, que o diziam inspirado por um senti mento injustificado, esquecido o fato de haver a Itália feito uma guerra de
para investimentos financeiros em trans portes, energia elétrica, agricultura e ou tras atividades da produção. Com essa
e os distribuidores, e cuja cooperação com os serviços do Departamento Econô
1942, pagando-se as reparações apenas
economia nacional e concorrem para não se abalar a confiança, sem a qual é im possível a cooperação do trabalho e.s-
cede atualmente à escoUia de terrenos
Para celebração dos acordos comer
67
Na oca
base, o Brasil poderá receber, em con dições a ajustar em cada caso, a coo
agressão.
peração financeira prevista no programa do Presidente Truman, já sancionado
Os próprios delegados italianos à Con
pelo Congresso norte-americano.
Essa censura era, contudo, descabida.
ferência reconheceram a responsabilida de nacional pelos erros do regime fas
cas Americanas, reunida nò mesmo ano
imigração intensiva. Os censores perde ram de vista o fato de que a compe tência, nesta matéria, não é do Minis tério das Relações Exteriores e, sim,
em Bogotá, a qual estruturou os órgãos para sua execução, e a êsse conclave le
do Conselho de Imigração e Coloniza
da passada guerra o espinhoso problema das reparações pagáveis com bens per tencentes aos Estados inimigos ou a seus
ção, órgão autônomo.
nacionais.
vamos uma importante contribuição.
lho, êle mesmo, não pode ser censura
Sendo a paz indivisível no mundo mo derno, não nos basta, infelizmente, ex
do, pois a imigração intensiva é caríssi
Govêmo desde o ano de 1946 liberou
toriais do tratado, contra a renúncia às
ma e o qüinqüênio do Presidente Dutra
os bens pertencentes aos italianos, pes soas físicas, residentes no País; pelo já
colônias
citado acôrdo ítalo-brasilciro de 1949 li
berou os demais bens italianos, com a
militar que nem sequer deixava à na ção italiana os meios adequados de de
O Tratado do Rio de Janeiro foi com
pletado pela Conferência das Repúbli
tirpar a insegmança entre vizinlios. Daí a nossa entrada e cooperação nas Na
ções Unidas, à qual o Govêmo do Ge neral Dutra dfeu inteiro apoio moral e o máximo de auxílio material compatí vel com os nossos meios. Na vida ain da breve e tão acidentada desse orga nismo mundial, a leal devoção do Brasil aos seus ideais nos valeu a eleição duas
vezes para, em períodos de dois anos,
O Govêmo do General Dutra herdou
Mas o Conse
Avaliadas as indenizações devidas, o
foi de apertos financeiros. Mesmo assim, quando o ,Itamarati pôde tomar iniciativas, não se descuidou: por acôrdo direto com o Comitê prepa ratório da Organização Internacional dos Refugiados, introduzia alguns milhares de boiis imigrantes, inclusive muitos ope rários qualificados que o Govêrno do Estado de São Paulo reputou ótimos e deseja fazer vir em maior número. Fir*
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cista e inclinaram-se ante o dever de
reparar, na medida do possível, os da nos da guerra. Nesse ponto os repre sentantes brasileiros associaram-se aos
demais plenipotenciários aliados. Levantamo-nos, sim, contra as cláusulas terri
laboriosamente
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pela Itália na África, e contra o estatuto
contrapartida de lucrar imigrantes e co
fesa das fronteiras. Nisso não nos mo-
lonos, tantos quantos se possam trans
ria a simpatia dos brasileiros pelos ita
portar e estabelecer com o dispêndio de 300 milhões de cruzeiros, a cargo do
lianos, por mais justificada que seja pelos vínculos de tôda ordem que nos
Estado italiano. Ao Congresso o Gene
unem uns aos outros. Éramos, sim, im
ral Dutra pediu, e dêle obteve, uma
pulsionados por um sentimento de jus«
lei pela qual se liberam também, e inte
tíça, pois a Itália rompera durante a guerra sua vinculaçâo com a Alemanha
gralmente, os bens de alemães e japo-
T.
68
Dicesto Ecoxó^^co
de Hitler e, reagindo contra a ocupação
Eis, em rápido bosquejo, a obra do
germânica do seu temtorio, tornara-se co-beligerante com as democracias alia das, dando-Uies apreciável concurso mi
Governo do Presidente Dutra em maté
ria de política exterior.
litar até a rendição do Marechal Kessel-
que acabo dc fazer, e documentam,
ring. ■ Nossa voz isolada nao encontrou eco,
igualmente, alguns scr\iços prestados para resguardar, com êxito, a altivez c
XIV
mas os erros do tratado estão patentes c
certos direitos inalienáveis do país e que
O Nacionalista
o problema atual dos próprios vencedo
a mais elementar discrição impede de
res é emendá-lo para corrigir a injustiça.
trazer a público."
o
Os arquivos
Antônio Gontijo de Carv/U.ho
do Ministério documentam as afirmações
AS
aguerrida falange de tribunos que, nas pugnas do Parlamento, contundia o ad
^ALÓCERAs pertencia a uma plêiade de homens de Estado que, no pe ríodo áureo de Rodrigues Alves, fulgurou no Parlamento e foi a pioneira de profunda reação política. Oradores, quo fulgiriam em assem bléias mundiais e seriam laureados no
versário com o manejo impecável do florete.
Em livros que são compêndios de ci vismo, resumo das necessidades brasilei
ras, advertia o "grande técnico da efi ciência do Estado" que as democracias não permitem uma elevada seleção de
valores, em virtude de a representação de suas opiniões ser baseada em ficções
regime parlamentar, em que a pala\Ta exerce influência preponderante, apesar
de lógica duvidosa.
de insuperáveis qualidades tribunícias,
denciou o insigne jurista Francisco Cam pos, em seu livro "O Estado Nacional", ao revesti-la de uma lógica indestrutível.
manifestaram-se descrentes da sua efi
ciência para consecução de medidas le gislativas. Em inesquecíveis torneios espirituais,
combateram
aquêles mosqueteiros de
Rodrigues Alves — o célebre "Jardim da Infância" — a existência das agremia ções partidárias permanentes. Extrênuos
Tese de verdade cristalina, como evi
Duvidará da falência da democracia
liberal, dos seus métodos e resultados, quem não tiver os olhos atentos para o desenrolar dos acontecimentos mundiais.
Não me alistei entre os que supu
nham estar-se decidindo nos campos san
defensores do regime presidencial, pro-
grentos do Velho Continente a sorte dos
pugnavam as
regimes.
Ligas Temporárias para
que os homens se agrupassem segundo os problemas e não teimassem em adap tar os. problemas aos seus imutáveis agrupamentos.
Advertência de que não se aproveita
Vitoriosos — assim o escrevi
na época — os que pregavam- a estra nha teoria do espaço vital, ou vencedo res os que defendiam os postulados de Versalhes, não disciplinaria o caos re sultante da monstruosa hecatombe a ve
ram improvisados estadistas, lançando
lha concepção da democracia liberal.
Estados brasileiros em prolongadas de
Doutrina permissível em século anterior
savenças internas, com a tentativa inú
ao das trágicas realidades, não sobrevi
til de fundar partidos em tomo de no mes sem raízes na opinião pública.
veria. Sobreviveriam as nações que har monizassem a coexistência de uma disci
das coisas, que o individualizava, adver
plina severa com os princípios básicos do corporativismo, sistema em que o pre
sário das facções organizadas, propug-
domínio do capital é substituído pela
nador da nação militarizada, entusias
ascendência do trabalho.
Com o conhecimento dos homens e
ta de um Poder Executivo forte, em sua
Quem compulsar o acervo intelectual
campanha doutrinária, Calógeras foi muito além do que pleiteava aquela
de Calógeras, verdadeira enciclopédia de coisas brasileiras, ou meditar sôbre a
T.
68
Dicesto Ecoxó^^co
de Hitler e, reagindo contra a ocupação
Eis, em rápido bosquejo, a obra do
germânica do seu temtorio, tornara-se co-beligerante com as democracias alia das, dando-Uies apreciável concurso mi
Governo do Presidente Dutra em maté
ria de política exterior.
litar até a rendição do Marechal Kessel-
que acabo dc fazer, e documentam,
ring. ■ Nossa voz isolada nao encontrou eco,
igualmente, alguns scr\iços prestados para resguardar, com êxito, a altivez c
XIV
mas os erros do tratado estão patentes c
certos direitos inalienáveis do país e que
O Nacionalista
o problema atual dos próprios vencedo
a mais elementar discrição impede de
res é emendá-lo para corrigir a injustiça.
trazer a público."
o
Os arquivos
Antônio Gontijo de Carv/U.ho
do Ministério documentam as afirmações
AS
aguerrida falange de tribunos que, nas pugnas do Parlamento, contundia o ad
^ALÓCERAs pertencia a uma plêiade de homens de Estado que, no pe ríodo áureo de Rodrigues Alves, fulgurou no Parlamento e foi a pioneira de profunda reação política. Oradores, quo fulgiriam em assem bléias mundiais e seriam laureados no
versário com o manejo impecável do florete.
Em livros que são compêndios de ci vismo, resumo das necessidades brasilei
ras, advertia o "grande técnico da efi ciência do Estado" que as democracias não permitem uma elevada seleção de
valores, em virtude de a representação de suas opiniões ser baseada em ficções
regime parlamentar, em que a pala\Ta exerce influência preponderante, apesar
de lógica duvidosa.
de insuperáveis qualidades tribunícias,
denciou o insigne jurista Francisco Cam pos, em seu livro "O Estado Nacional", ao revesti-la de uma lógica indestrutível.
manifestaram-se descrentes da sua efi
ciência para consecução de medidas le gislativas. Em inesquecíveis torneios espirituais,
combateram
aquêles mosqueteiros de
Rodrigues Alves — o célebre "Jardim da Infância" — a existência das agremia ções partidárias permanentes. Extrênuos
Tese de verdade cristalina, como evi
Duvidará da falência da democracia
liberal, dos seus métodos e resultados, quem não tiver os olhos atentos para o desenrolar dos acontecimentos mundiais.
Não me alistei entre os que supu
nham estar-se decidindo nos campos san
defensores do regime presidencial, pro-
grentos do Velho Continente a sorte dos
pugnavam as
regimes.
Ligas Temporárias para
que os homens se agrupassem segundo os problemas e não teimassem em adap tar os. problemas aos seus imutáveis agrupamentos.
Advertência de que não se aproveita
Vitoriosos — assim o escrevi
na época — os que pregavam- a estra nha teoria do espaço vital, ou vencedo res os que defendiam os postulados de Versalhes, não disciplinaria o caos re sultante da monstruosa hecatombe a ve
ram improvisados estadistas, lançando
lha concepção da democracia liberal.
Estados brasileiros em prolongadas de
Doutrina permissível em século anterior
savenças internas, com a tentativa inú
ao das trágicas realidades, não sobrevi
til de fundar partidos em tomo de no mes sem raízes na opinião pública.
veria. Sobreviveriam as nações que har monizassem a coexistência de uma disci
das coisas, que o individualizava, adver
plina severa com os princípios básicos do corporativismo, sistema em que o pre
sário das facções organizadas, propug-
domínio do capital é substituído pela
nador da nação militarizada, entusias
ascendência do trabalho.
Com o conhecimento dos homens e
ta de um Poder Executivo forte, em sua
Quem compulsar o acervo intelectual
campanha doutrinária, Calógeras foi muito além do que pleiteava aquela
de Calógeras, verdadeira enciclopédia de coisas brasileiras, ou meditar sôbre a
Digiísto Econónhco
70
tro do nosso território, não recebeu Ca-
sua ação construtiva de homem de govêmo, verificará que o pensador ilustre
lógeras, de Minas Gerais, a incumbên
nunca se afastou das diretrizes do binô
cia de ser um dos seus representantes
mio: a írrefragabilidade do dogma da
naquela Comissão dc Finanças. Ouvi de seus próprios lábios essa ex
Unidade Nacional, que foi o milagre do
Império, e o ardente nacionalismo na solução dos nossos magnos problemas. Incontáveis exemplos poderia citar. Ofereço um, de profunda significação.
Financista emérito, cultura poliédrica,
plicação, ao ser interrogado sôbre o fa to, que, sem exame detido, me parecia estranho e inexplicável.
Nessa incompreensão política não só Minas Gerais incorreu. Incorreram todos
insuperado na análise de todos os nossos
os Estados, com graves prejuízos para o
orçamentos, autor de obra clássica sobre
progresso e unidade do Brasil.
política monetária, em sua longa passa gem pelo Parlamento, não pertenceu à Comissão de Finanças, a
Felizmente, sob esse aspecto, o Bra sil avançou.
71
parlagés — Son Johnny.
rante quarenta e três anos com Capis-
Pa-
ris 15.4.1901.
Dix ans plus tard;
trano, sem uma nuvem e sem" um des-
falccímento. A Alberto Rangel, que se
rien à
achava em Paris, escrevia, em 1919, o
changer sur ce que j'ai écrit
lústoriador cearense: "Aí está Calóge
cí-dcssous. Rio 15.4.1911 —
ras e V. poderá ficar conhecendo-o de perto. Com certeza V., como eu, não respira a gosto o budum oficial; mas
Johnny.
Aujourd'hui plus qu'hier et bien moins que démain. Rio 15.4.1917 - Johnny".
Calógeras permite uma exceção: é bom, inteligente, talvez ilustrado demais".
Capistrano amava a Calógeras como
Ofereceu-lhe o primeiro exemplar das "Minas do Brasil" com estas palavras carinhosas : "À ma femme bien aimée,
mais importante e cobiça da de tôdas as Comissões
XV
ma consolatrice dans les moments som-
bres de Ia vie,
ma compagne fidcle
dans Ia joíe et dans Ia tristesse, souvenir
Permanentes.
O Homem
O critério da sua compo sição — nenhuma novidade
Calógeras era um tempe
descrevo —■ não era exciusivamente o seletivo de ca
Ç/r
pacidades, tirado de uma câmara global. O critério
ramento reservado e prati cava a verdadeira carida de: não comentava o nem
censurava
era o regional. Integra vam-na representantes dos Estados de maior coeficien te eleitoral. Era um crité
Digesto EcoNÓxnco
a
má conduta
alheia.
Modêlo, na vida conju v/j
rio que patenteava não se
rem os nossos homens pú
blicos, principalmente os chefes de par tidos, — mentores das combinações —
políticos de visão nacional.
Calógeras constituía uma das exce ções, e célebre tomou-se um seu apar te ao revidar, com sobranceria, injusta
acusação de propor medida de caráter local: "Não há trecho no Brasil que pa ra mim não seja Brasil. Não compreen do lutas regionais". Considerado pelos seus pares como
deputado do Brasil, e não de Minas Ge rais, título que sempre reivindicava com
a maior ufania, discutindo, no plenário, com desnorteante erudição, problemas como se não existissem fronteiras den-
gai. Raramente saía de casa;
as visitas a passeios eram
impreterlyelmente realiza dos em companhia da espôsa. Dona Elisa tinha as primícias da lei tura de todos os seus trabalhos, assim
como a primeira dedicatória de todos os seus livros. Na "Imitação de Cristo",
que Calógeras ofertou à amantíssima companheira, encontram-se estes pensa
mentos tão simples e que bem revelam
a delicadeza de sua alma e a felicidade dêsse casal: "Souvenirs
à ma femme chérie, souvenir de dix ans de bonheur com-
raum et de douleurs toujours
d'infini dévouement et de reconnaissan-
ce sans bomes de son Johnny".
a um irmão. Da sua correspondência, que Eugênio de Castro tiou.xe á luz da publicidade, cito êste trecho de uma car
ta dirigida à espôsa de Calógeras, a qual
desmente a apregoada insensibilidade do "tapuia" :
"Honorina entrou para o convento de Santa Teresa, no dia 10. Obedeceu à sua consciência, e é a única forma ver dadeira de ser feliz.
Eis o temo coração, poetando aos ses
senta anos para festejar a data natalícia
Eu tenho ficado em casa para me
da espôsa :
concentrar todo.
Amor meu, que no júbilo e no pranto,
dispensará coivaras. A dor geral já pas
Companheira fiei, leniste a dor, E, na luta, alentaste meu ardor;
sou, mas sinto às vezes um frio íntimo
A violência do incêndio desencadeado
Amor meu, minha vida e meu encanto:
que sobe pela espinha e termina nos olhos enchendo-os d'água. Contudo, o frio vai diminuindo e os acessos se es
Na maior das procelas, qual um canto
paçando: considero-me curado.
Se não tivesse medo das perguntas e consolações já poderia sair à rua. Se me
D'esperança, de alento e de fervor.
Tua voz reacende o meu vigor E no peito dissipa todo o,espanto. f
De mãos dadas, serenos, venceremos Da jornada o decimio tenebroso
Que da vida assinala os fins extremos.
E ao chegar o momento do repouso, Sempre amantes, unidos, dormiremos
No remanso do nosso último pouso. Profundamente afetivo,
era de uma
sensibilidade feminina, para com os pa rentes e amigos.
Conviveu, disse êle de público, du-
escreveres, não toques nisso. Adeus, Sinhoca, freira do Convento de um frade só."
Sendo um gigante intelectual, teve amigos do melhor quilate. A sua casa era um cenáculo. Lá se reuniam os sa
bedores e os apaixonados da História do Brasil.
Eram íntimos de Calógeras, na fase em que o freqüentei: Capistrano de
Abreu, Martim Francisco, Francisco Sá, Leopoldo de Bulhões, Pires Brandão, Arrojado Lisboa, Domíoio da Gama, 1 avares de Lira, Cândido Rondon, Tasso
Digiísto Econónhco
70
tro do nosso território, não recebeu Ca-
sua ação construtiva de homem de govêmo, verificará que o pensador ilustre
lógeras, de Minas Gerais, a incumbên
nunca se afastou das diretrizes do binô
cia de ser um dos seus representantes
mio: a írrefragabilidade do dogma da
naquela Comissão dc Finanças. Ouvi de seus próprios lábios essa ex
Unidade Nacional, que foi o milagre do
Império, e o ardente nacionalismo na solução dos nossos magnos problemas. Incontáveis exemplos poderia citar. Ofereço um, de profunda significação.
Financista emérito, cultura poliédrica,
plicação, ao ser interrogado sôbre o fa to, que, sem exame detido, me parecia estranho e inexplicável.
Nessa incompreensão política não só Minas Gerais incorreu. Incorreram todos
insuperado na análise de todos os nossos
os Estados, com graves prejuízos para o
orçamentos, autor de obra clássica sobre
progresso e unidade do Brasil.
política monetária, em sua longa passa gem pelo Parlamento, não pertenceu à Comissão de Finanças, a
Felizmente, sob esse aspecto, o Bra sil avançou.
71
parlagés — Son Johnny.
rante quarenta e três anos com Capis-
Pa-
ris 15.4.1901.
Dix ans plus tard;
trano, sem uma nuvem e sem" um des-
falccímento. A Alberto Rangel, que se
rien à
achava em Paris, escrevia, em 1919, o
changer sur ce que j'ai écrit
lústoriador cearense: "Aí está Calóge
cí-dcssous. Rio 15.4.1911 —
ras e V. poderá ficar conhecendo-o de perto. Com certeza V., como eu, não respira a gosto o budum oficial; mas
Johnny.
Aujourd'hui plus qu'hier et bien moins que démain. Rio 15.4.1917 - Johnny".
Calógeras permite uma exceção: é bom, inteligente, talvez ilustrado demais".
Capistrano amava a Calógeras como
Ofereceu-lhe o primeiro exemplar das "Minas do Brasil" com estas palavras carinhosas : "À ma femme bien aimée,
mais importante e cobiça da de tôdas as Comissões
XV
ma consolatrice dans les moments som-
bres de Ia vie,
ma compagne fidcle
dans Ia joíe et dans Ia tristesse, souvenir
Permanentes.
O Homem
O critério da sua compo sição — nenhuma novidade
Calógeras era um tempe
descrevo —■ não era exciusivamente o seletivo de ca
Ç/r
pacidades, tirado de uma câmara global. O critério
ramento reservado e prati cava a verdadeira carida de: não comentava o nem
censurava
era o regional. Integra vam-na representantes dos Estados de maior coeficien te eleitoral. Era um crité
Digesto EcoNÓxnco
a
má conduta
alheia.
Modêlo, na vida conju v/j
rio que patenteava não se
rem os nossos homens pú
blicos, principalmente os chefes de par tidos, — mentores das combinações —
políticos de visão nacional.
Calógeras constituía uma das exce ções, e célebre tomou-se um seu apar te ao revidar, com sobranceria, injusta
acusação de propor medida de caráter local: "Não há trecho no Brasil que pa ra mim não seja Brasil. Não compreen do lutas regionais". Considerado pelos seus pares como
deputado do Brasil, e não de Minas Ge rais, título que sempre reivindicava com
a maior ufania, discutindo, no plenário, com desnorteante erudição, problemas como se não existissem fronteiras den-
gai. Raramente saía de casa;
as visitas a passeios eram
impreterlyelmente realiza dos em companhia da espôsa. Dona Elisa tinha as primícias da lei tura de todos os seus trabalhos, assim
como a primeira dedicatória de todos os seus livros. Na "Imitação de Cristo",
que Calógeras ofertou à amantíssima companheira, encontram-se estes pensa
mentos tão simples e que bem revelam
a delicadeza de sua alma e a felicidade dêsse casal: "Souvenirs
à ma femme chérie, souvenir de dix ans de bonheur com-
raum et de douleurs toujours
d'infini dévouement et de reconnaissan-
ce sans bomes de son Johnny".
a um irmão. Da sua correspondência, que Eugênio de Castro tiou.xe á luz da publicidade, cito êste trecho de uma car
ta dirigida à espôsa de Calógeras, a qual
desmente a apregoada insensibilidade do "tapuia" :
"Honorina entrou para o convento de Santa Teresa, no dia 10. Obedeceu à sua consciência, e é a única forma ver dadeira de ser feliz.
Eis o temo coração, poetando aos ses
senta anos para festejar a data natalícia
Eu tenho ficado em casa para me
da espôsa :
concentrar todo.
Amor meu, que no júbilo e no pranto,
dispensará coivaras. A dor geral já pas
Companheira fiei, leniste a dor, E, na luta, alentaste meu ardor;
sou, mas sinto às vezes um frio íntimo
A violência do incêndio desencadeado
Amor meu, minha vida e meu encanto:
que sobe pela espinha e termina nos olhos enchendo-os d'água. Contudo, o frio vai diminuindo e os acessos se es
Na maior das procelas, qual um canto
paçando: considero-me curado.
Se não tivesse medo das perguntas e consolações já poderia sair à rua. Se me
D'esperança, de alento e de fervor.
Tua voz reacende o meu vigor E no peito dissipa todo o,espanto. f
De mãos dadas, serenos, venceremos Da jornada o decimio tenebroso
Que da vida assinala os fins extremos.
E ao chegar o momento do repouso, Sempre amantes, unidos, dormiremos
No remanso do nosso último pouso. Profundamente afetivo,
era de uma
sensibilidade feminina, para com os pa rentes e amigos.
Conviveu, disse êle de público, du-
escreveres, não toques nisso. Adeus, Sinhoca, freira do Convento de um frade só."
Sendo um gigante intelectual, teve amigos do melhor quilate. A sua casa era um cenáculo. Lá se reuniam os sa
bedores e os apaixonados da História do Brasil.
Eram íntimos de Calógeras, na fase em que o freqüentei: Capistrano de
Abreu, Martim Francisco, Francisco Sá, Leopoldo de Bulhões, Pires Brandão, Arrojado Lisboa, Domíoio da Gama, 1 avares de Lira, Cândido Rondon, Tasso
1
Digesto Econóídco
72
Fragoso, Malan D'Angrogne e tantos outros, dc grande cultura e que traziam
Tendo dedicado os últimos anos da sua e.xistcncia à elaboração da "Política
Digesto Econômico
73'
a cultivar unicamente a música sacra.
como divisa a do Barão do Rio Branco:
Exterior do Império", obra planejada em
Sugeriu-me a audição do "Largo" do "Oratório Xerxes" de Hãndel, que acei
"Ubique patrias memor". Manteve relações de amizade frater
quatro alentados tomos, quis, apesar da proibição do médico assistente, publicar
lene de minha vida.
nal com os jesuítas Leonel Franca e Jo
o terceiro volume: "Da Regência à que
sé Manuel Madureira.
da dc Rosas''. O último capítulo, refe rente ao tirano argentino, foi escrito com
Conta-se que José Pires Brandão, um Ídolo da sociedade carioca, causídico no
extraordinária
tável e "causeur" magnífico, quando queria tachar alguém de incorreto ou dc
guardando o leito e redigindo uma pá
maldoso, costumava dizer: "Fulano não
fusos o desiguais traem o seu estado de
presta: chega até o ponto de falar mal
do Catogeras . Fra a suprema injustiça:
o coração de Calógeras, para cs que o conheciam na intimidade, era puro co mo o arminho.
Muito cuidadoso com a correspondên cia particular, Calógeras não possuía os defeitos que os políticos atribuíam a Da
vi Campista: "o de não responder car-
tâs •
Copiava até as respostas, com aquela
letra tão pouco legível e guardava, fi
chadas, tôdas as que recebia. Devol veu-me a sua distintíssima viúva duas centenas de missivas que lhe enviei, com a anotação da data em que foram res pondidas. Calógeras conservava, como
Nabuco de Araújo, todos os papéis, e o seu arquivo, se for examinado, muita luz trará aos acontecimentos do Brasil.
Calógeras tinha a paixão da leitura. Dizia-me que eu o encontraria sempre
dificuldade
material,
gina cm cada dia. Certos períodos con
tei de bom grado, ao paraninfar ato so
Revivendo esses episódios, na aparên cia do somenos importância,
tenho a
O original da obra didática "A For mação Histórica do Brasil" foi redigido em inglês, com a visão de um sociólogo, para que os estudantes norte-americanos melhor pudessem compreender o Brasil. Calógeras conhecia bem os idiomas de Goethe, Dante e Cer\'antes. Em São
impressão de que retrato o Calógeras bem diferente daquele de tipo mavórti-
Bernardo, os seus diálogos com os técni
co que as revistas ilustradas estampa
com rapidez o grego antigo e manejava com alguma facilidade o moderno, que lhe foi ensinado pelo pai. A sua paixão,
vam.
Em pintura, o exímio Navarro da Cos
cos eram travados em alemão. Traduzia
saúde. Calógeras temia o seu desapa recimento sem cumprir êsse dever pa
ta descreveu o seu assombro ao assistir
adquirida na meninice e conservada até
Calógeras dissortar como mestre, na fa
cs últimos anos de xâda, era, entretanto,
ra com o público.
mosa
a do latim, cujo manuseio constante lhe
"Morro sem realizar tôdas as minhas
finalidades, por excesso de trabalho ,
Pinacoteca de Munich, sôbre as
mais variadas telas. Dizia o grande pin
trai o estilo caratcrístico. Calógeras foi
tor que, ouvindo-o, se sentiu, muitas ve
um dos nossos grandes latinistas. Horá-
escreve-me em carta desalentada. Con
zes, mal ferido em sua muito legítima
cio, um dos seus autores prediletos. Re
seguiu ver realizado o seu desejo. "Dei
vaidade de artista culto.
zava em latim. O Missale Romaniim, o seu livro de cabeceira. "Res Nostra" foi
parte do minha vida", disse-me logo, em
Conhecia as melhores obras do teatro
outra. Venceu o dever. Não suportou
francês. Em 1926, Batista Pereira, um
o título escolhido
a saúde êsse imenso sacrifício.
esteta do Renascimento, exemplar de humanista que já escasseia em nossa ter ra, visitou-o no Hotel Terminus. A pa lestra, a que assisti, só versou sôbre pe ças de autores franceses, antigos e mo
melhores obras.
Calógeras era um temperamento ar
tístico. Apaixonado pela música, fre qüentava os concertos sinfônicos. Com
que enlevo ouvia a sua sobrinha, a exi mia cantora Vera Janacópulos, nos ora tórios, nas caníatas e nas fugas de Bach e Hãndel! Apreciava os dramas líricos do Wagner e confessou-me, certa vez, para satisfação da minha curiosidade,
que, dos compositores franceses, prefe ria Berlioz. "Danação do Fausto" era
uma das suas óperas prediletas. Dc via
com a pena ou o livro na mão. Era a
gem marcada para o Brasil, retardou o
ne\TOse do trabalho, moléstia que os crí
seu regresso, por uma semana, para as
ticos lhe diagnosticaram. Déle, escre
sistir, em Paris, o "Fidélio" de Beetho-
veu Basílio de Magalhães, é que se po deria dizer que estudava 28 horas por dia, como paradoxalmente afirmou dos
ven e assim conhecer a única ópera do grande romântico. Dos russos, se não admirava os autores de alma ocidental,
para uma das suas Narrou-me
Fernando
Azevedo o fato de, proferindo uma con ferência na Escola Normal de São Pau
lo, sôbre as vantagens do ensino de la tim, a primeira carta de aplausos que re
sua impressão foi a de espanto ante a
cebeu foi a do Ministro da Guerra, que, naquela época, não o conhecia pessoal
cultura e a maravilhosa memória de Ca
mente.
lógeras, que reproduziu de cor, com precisão notável, inúmeros trechos de
clios de péssimo latim judiciário" e em
dernos, e durou cerca de três horas. A
Racine e Corneille. A sua retentiva rivalizava com a de
um Scaligcro e a de um Macaulay. Como o Cardeal Mezoffante, pasmosa
Para mestre Capistrano traduziu "tietodos os seus documentos, até mesmo em
suas cartas particulares, jamais deixava de escrever um pensamento no idioma de Cícero. Presenciei, certa vez, Caló
a sua facilidade para conhecer os segre
geras fazer exercícios de memória, com
dos e OS modismos dos idiomas estran geiros.
trechos da "Ponte de César",
no De
O francês lhe era tão familiar como
Bello Gallico. O seu nome como historiador do Bra
o português. A obra "La Politique Mo-
sil não se desmerece ao lado do Capis trano, 6 em geografia não pede meças a
alemães certo escritor nosso.
como Tchaikowsky, ouvia, de pi'eferên-
nétaire du Brésil", apesar da aridez do
Julgava-se um grilheta da pena. E' a razão pela qual um homem, de vida regrada, sem vícios e detestando os pra
cia, os de motivos orientais, Rimsky-Kor-
assunto versado, é vazi\da em estilo cor-
Arrojado Lisboa, o conhecedor do nos
sakoff, Borodin e Mussorgsky, e não che
rentio.
so "hinterland".
zeres mundanos, sucumbe aos sessenta e
mo Stravinsky.
três anos de idade I
gou nunca a compreender o moderníssiVindo-lhe a mística religiosa, passou
Em francês foram escritos os
seus primeiros
trabalhos técnicos e o
comovente livro de confissões, "Ascen
Em História Universal, a soma de co nhecimentos revelados nesta "Política
sões d'Alma".
Exterior do Império" atesta a sua cultu-
1
Digesto Econóídco
72
Fragoso, Malan D'Angrogne e tantos outros, dc grande cultura e que traziam
Tendo dedicado os últimos anos da sua e.xistcncia à elaboração da "Política
Digesto Econômico
73'
a cultivar unicamente a música sacra.
como divisa a do Barão do Rio Branco:
Exterior do Império", obra planejada em
Sugeriu-me a audição do "Largo" do "Oratório Xerxes" de Hãndel, que acei
"Ubique patrias memor". Manteve relações de amizade frater
quatro alentados tomos, quis, apesar da proibição do médico assistente, publicar
lene de minha vida.
nal com os jesuítas Leonel Franca e Jo
o terceiro volume: "Da Regência à que
sé Manuel Madureira.
da dc Rosas''. O último capítulo, refe rente ao tirano argentino, foi escrito com
Conta-se que José Pires Brandão, um Ídolo da sociedade carioca, causídico no
extraordinária
tável e "causeur" magnífico, quando queria tachar alguém de incorreto ou dc
guardando o leito e redigindo uma pá
maldoso, costumava dizer: "Fulano não
fusos o desiguais traem o seu estado de
presta: chega até o ponto de falar mal
do Catogeras . Fra a suprema injustiça:
o coração de Calógeras, para cs que o conheciam na intimidade, era puro co mo o arminho.
Muito cuidadoso com a correspondên cia particular, Calógeras não possuía os defeitos que os políticos atribuíam a Da
vi Campista: "o de não responder car-
tâs •
Copiava até as respostas, com aquela
letra tão pouco legível e guardava, fi
chadas, tôdas as que recebia. Devol veu-me a sua distintíssima viúva duas centenas de missivas que lhe enviei, com a anotação da data em que foram res pondidas. Calógeras conservava, como
Nabuco de Araújo, todos os papéis, e o seu arquivo, se for examinado, muita luz trará aos acontecimentos do Brasil.
Calógeras tinha a paixão da leitura. Dizia-me que eu o encontraria sempre
dificuldade
material,
gina cm cada dia. Certos períodos con
tei de bom grado, ao paraninfar ato so
Revivendo esses episódios, na aparên cia do somenos importância,
tenho a
O original da obra didática "A For mação Histórica do Brasil" foi redigido em inglês, com a visão de um sociólogo, para que os estudantes norte-americanos melhor pudessem compreender o Brasil. Calógeras conhecia bem os idiomas de Goethe, Dante e Cer\'antes. Em São
impressão de que retrato o Calógeras bem diferente daquele de tipo mavórti-
Bernardo, os seus diálogos com os técni
co que as revistas ilustradas estampa
com rapidez o grego antigo e manejava com alguma facilidade o moderno, que lhe foi ensinado pelo pai. A sua paixão,
vam.
Em pintura, o exímio Navarro da Cos
cos eram travados em alemão. Traduzia
saúde. Calógeras temia o seu desapa recimento sem cumprir êsse dever pa
ta descreveu o seu assombro ao assistir
adquirida na meninice e conservada até
Calógeras dissortar como mestre, na fa
cs últimos anos de xâda, era, entretanto,
ra com o público.
mosa
a do latim, cujo manuseio constante lhe
"Morro sem realizar tôdas as minhas
finalidades, por excesso de trabalho ,
Pinacoteca de Munich, sôbre as
mais variadas telas. Dizia o grande pin
trai o estilo caratcrístico. Calógeras foi
tor que, ouvindo-o, se sentiu, muitas ve
um dos nossos grandes latinistas. Horá-
escreve-me em carta desalentada. Con
zes, mal ferido em sua muito legítima
cio, um dos seus autores prediletos. Re
seguiu ver realizado o seu desejo. "Dei
vaidade de artista culto.
zava em latim. O Missale Romaniim, o seu livro de cabeceira. "Res Nostra" foi
parte do minha vida", disse-me logo, em
Conhecia as melhores obras do teatro
outra. Venceu o dever. Não suportou
francês. Em 1926, Batista Pereira, um
o título escolhido
a saúde êsse imenso sacrifício.
esteta do Renascimento, exemplar de humanista que já escasseia em nossa ter ra, visitou-o no Hotel Terminus. A pa lestra, a que assisti, só versou sôbre pe ças de autores franceses, antigos e mo
melhores obras.
Calógeras era um temperamento ar
tístico. Apaixonado pela música, fre qüentava os concertos sinfônicos. Com
que enlevo ouvia a sua sobrinha, a exi mia cantora Vera Janacópulos, nos ora tórios, nas caníatas e nas fugas de Bach e Hãndel! Apreciava os dramas líricos do Wagner e confessou-me, certa vez, para satisfação da minha curiosidade,
que, dos compositores franceses, prefe ria Berlioz. "Danação do Fausto" era
uma das suas óperas prediletas. Dc via
com a pena ou o livro na mão. Era a
gem marcada para o Brasil, retardou o
ne\TOse do trabalho, moléstia que os crí
seu regresso, por uma semana, para as
ticos lhe diagnosticaram. Déle, escre
sistir, em Paris, o "Fidélio" de Beetho-
veu Basílio de Magalhães, é que se po deria dizer que estudava 28 horas por dia, como paradoxalmente afirmou dos
ven e assim conhecer a única ópera do grande romântico. Dos russos, se não admirava os autores de alma ocidental,
para uma das suas Narrou-me
Fernando
Azevedo o fato de, proferindo uma con ferência na Escola Normal de São Pau
lo, sôbre as vantagens do ensino de la tim, a primeira carta de aplausos que re
sua impressão foi a de espanto ante a
cebeu foi a do Ministro da Guerra, que, naquela época, não o conhecia pessoal
cultura e a maravilhosa memória de Ca
mente.
lógeras, que reproduziu de cor, com precisão notável, inúmeros trechos de
clios de péssimo latim judiciário" e em
dernos, e durou cerca de três horas. A
Racine e Corneille. A sua retentiva rivalizava com a de
um Scaligcro e a de um Macaulay. Como o Cardeal Mezoffante, pasmosa
Para mestre Capistrano traduziu "tietodos os seus documentos, até mesmo em
suas cartas particulares, jamais deixava de escrever um pensamento no idioma de Cícero. Presenciei, certa vez, Caló
a sua facilidade para conhecer os segre
geras fazer exercícios de memória, com
dos e OS modismos dos idiomas estran geiros.
trechos da "Ponte de César",
no De
O francês lhe era tão familiar como
Bello Gallico. O seu nome como historiador do Bra
o português. A obra "La Politique Mo-
sil não se desmerece ao lado do Capis trano, 6 em geografia não pede meças a
alemães certo escritor nosso.
como Tchaikowsky, ouvia, de pi'eferên-
nétaire du Brésil", apesar da aridez do
Julgava-se um grilheta da pena. E' a razão pela qual um homem, de vida regrada, sem vícios e detestando os pra
cia, os de motivos orientais, Rimsky-Kor-
assunto versado, é vazi\da em estilo cor-
Arrojado Lisboa, o conhecedor do nos
sakoff, Borodin e Mussorgsky, e não che
rentio.
so "hinterland".
zeres mundanos, sucumbe aos sessenta e
mo Stravinsky.
três anos de idade I
gou nunca a compreender o moderníssiVindo-lhe a mística religiosa, passou
Em francês foram escritos os
seus primeiros
trabalhos técnicos e o
comovente livro de confissões, "Ascen
Em História Universal, a soma de co nhecimentos revelados nesta "Política
sões d'Alma".
Exterior do Império" atesta a sua cultu-
Digesto Econókoco
74
que Orville Derbv considerava o mais
músico.
acham em meu poder, e as conservarei como relíquias preciosas — obscr\^
De geologia, mecânica, metalurgia e mineralogia é mestre acatado cm "Minas
culto do Brasil. Relendo as cartas ínti
—
que se
Como poucos, conhecia "Resistência
quanto era realmente humilde o homem privilegiado que no século se chamou João Pandíá Caíógeras.
dos materiais".'Ari Torres, que não o supunha especialista na matéria, sentiu-
Instado para prefaciar a importante obra sôbre os jesuítas do ilustre filho dc
do Brasil".
se maravilhado em ouvi-lo no seu labo ratório da Escola Politécnica.
Aplicou os seus estudos de filosofia à
História e à Religião. Divulgada, a cor respondência inédita com o Padre Madureira desvendará o teólogo. Críticos de microscópio fizeram restri ções ao seu estilo. Caíógeras. realmente
abusava dos períodos sintéticos c da or
dem indireta. Não é escritor popular e
os assuntos que versou só poderão ser
apreciados por reduzida elite de estu diosos. Mas concordo, plenamente com a tese irrespondível de Alcides Be/erra-
'Nao ha escritor de valor que não tenha estilo. O esHlo de Caíógeras consis tia, sobretudo, nesse soberano desdém pelos aiTebiques da forma literária, e em
que tanto se comprazem os qu'e têm pouco que dizer e muito tempo para o lavor. Diante das canteiras de nossa his tória, preferiu arrancar os grandes blo cos para a construção de um edifício ciclópico a tomar somente um deles para O trabalho do desbastamento e da estatuária.
Não se peça aos desbravadores ôsse mister somenos dos epígonos, especiali zados na feitura de pequenos quadros e no afã muito menos penoso do polimento".
Santo Inácio, neste longo trecho, sem inveja e com humildade, responde: "No
"Dies irac", o pecador atribulado, com a visão de suas culpas c dc .seus erros,
75
Êle é verdadeiro
fôlhas diárias, alguns trabalhos cm que
pontífice nessas cousas. Mas eu? Santo
pus o mellior que supunha saber sôbre uns quantos assuntos. Agradeço a todos os amigos essa nobre.lembrança. Claro que o livro que daí resultar pertence a esses amigos". Desprovido de bens materiais, mas ri
Deus, como sinto e lealmente confesso
minha pequenez 1
Domine, non stnn
dignus. So o Amigo e.xigir, obedecerei à sua ordem, por amor e respeito à obediên
cia, e para mortificar minha vaidade, certo, porém, de que não me julgo idô neo nem preparado para tal missão.
e.vclama :
lar riquezas.
Eu que só sei e lamento quanto igno
Nasceu exclusivamente para servir à causa pública.
Prívei-me na sua intimidade e conheci
Quem patronum rogaturus Cum vix justus sit sccunis.
mens e cousas. Espírito de raro equilí brio, a detração e o elogio recebidos
tão mal sei julgar as próprias, a ponto
de lhes consentir aparecerem I... Só poderia
salientar o ambiente de
desconhecimento generalizado cm que a Sociedade de Jesus tem crescido c pre.»)tado seus admiráveis serviços, niostror
niai.s rima vez que eles são os grandes caluniados da História.
Citarei meu
proprio caso, confessando ignorar, mais
do que devera, o Ratio Studiorum, o c[ue me impediu, em várío.s pontos, de ser justo na minha apreciação de 1911. Te rei de sublinhar o grave êrro histórico
de apreciar e parcialmente condenar a obra pedagógica de Santo Inácio, à luz
das idéias dos séculos XIX e XX, c para isso restituíria os planos de 1599 ao tem po e ao meio em que foram formulados e postos em prática.
creveu uns sessenta volumes...
seu livro merece muito mais, e de espí rito mais autorizado que o meu. Compreendo e louvo que nosso gran-
Tudo isso é pouco, pouquíssimo, e
J.
Inteligentíssimo, trabalhador e econô
lhos do mesmo quilate. Mas julgar !...
alguns de seus julgamentos sôbre ho
que justo, de dizer dc seu 1í\to. Quem sou eu para apreciar obra alheia, eu que
ra estremecida.
mico, ainda assim não conseguiu acumu
Quid sum miser, tunc dictunis
E' meu sentimento próprio ao ler seu pedido, bondoso e indulgentc mais do
co de idealismo, e com a idéia fixa no Brasil, oferecia o seu labor inteiro à ter
Creia que, com grande prazer, estou a seu dispor para revisões e outros traba ro 1"...
Esquecem ainda esses críticos impie dosos que Caíógeras, homem de ação, es Modéstia quase doentia — todos Os seus amigos o atestam — a do intelectual
ECONÓ^UCO
de Capistrano fale.
ra e confirma a veracidade das doutri nas do atavismo. Calóçeras seria histo riador como um Bach haveria de ser
mas ao Padre Madnrcira
DiCESTO
Caíógeras viveu e morreu pobre. XVI O Cristão
lhe eram quase indiferentes. Se, com a sua generosidade, não en
Caíógeras, de família de gregos cis-
contrava mérito nos livros que o procu
máticos, foi batizado na religião dos seus
ravam elevar, com citações amáveis, era
pais.
incapaz de uma inverdade. Está, pois, justificada a sua categórica declaração a
que professou nos últimos sete anos de
Gustão da Cunha: "Tôda a minha cor
esforços e aos talentos do Padre Madu-
respondência poderá vir a público.
reira, da Companlúa de Jesus.
Nimca menti".
De julho de 1926 a julho de 1928, Caíógeras trocou com esse grande após
Os detratores de Caíógeras, não lhe
podendo negar a formidável cultura, que o tornava uma figura singular no am
biente político brasileiro, acoimavam-no. com perversidade, de milionário. Em 1930, assim me escrevia, ao receber a
comunicação de que os seus amigos de São Paulo iriam imprimir o "Res Nostra": "Obrigadíssimo pela generosa e delicada lembrança de reimprünirem trabalhos meus esparsos. De fato, não o
poderia eu pessoalmente fazer; há lua ano que não trabalho; a minha vida ma terial exige de minha parte cuidadoso regime, para não seguir o exemplo do Brasil, a lutar com os "deficits". Sensi
A sua conversão ao catolicismo,
vida, deveu, com a graça divina, aos
tolo da Ordem de Santo Inácio uma sé
rie de cartas eruditas, procurando delir tôdas as suas dúvidas religiosas, notadamente a da existência real na Comunhão.
Escritas com alma, sem um artifício,
confundindo-se com a própria verdade, constituem
esses
documentos
manan
cial precioso para espelhar o verdadeiro Caíógeras: sábio e santo. Transcrevendo alguns trechos dessa correspondência, outro objetivo não me anima senão o de evidenciar que a sua conversão foi consciente e só atingiu a
fé absoluta pelo raciocínio e pela lógica. Dos inéditos, o Padre Leonel Franca,
bilizou-me, portanto, muito fundo o não
com o intuito de levar às consciências
desaparecerem, na duração efêmera das
iim ralo de luz e o estímulo para serem
Digesto Econókoco
74
que Orville Derbv considerava o mais
músico.
acham em meu poder, e as conservarei como relíquias preciosas — obscr\^
De geologia, mecânica, metalurgia e mineralogia é mestre acatado cm "Minas
culto do Brasil. Relendo as cartas ínti
—
que se
Como poucos, conhecia "Resistência
quanto era realmente humilde o homem privilegiado que no século se chamou João Pandíá Caíógeras.
dos materiais".'Ari Torres, que não o supunha especialista na matéria, sentiu-
Instado para prefaciar a importante obra sôbre os jesuítas do ilustre filho dc
do Brasil".
se maravilhado em ouvi-lo no seu labo ratório da Escola Politécnica.
Aplicou os seus estudos de filosofia à
História e à Religião. Divulgada, a cor respondência inédita com o Padre Madureira desvendará o teólogo. Críticos de microscópio fizeram restri ções ao seu estilo. Caíógeras. realmente
abusava dos períodos sintéticos c da or
dem indireta. Não é escritor popular e
os assuntos que versou só poderão ser
apreciados por reduzida elite de estu diosos. Mas concordo, plenamente com a tese irrespondível de Alcides Be/erra-
'Nao ha escritor de valor que não tenha estilo. O esHlo de Caíógeras consis tia, sobretudo, nesse soberano desdém pelos aiTebiques da forma literária, e em
que tanto se comprazem os qu'e têm pouco que dizer e muito tempo para o lavor. Diante das canteiras de nossa his tória, preferiu arrancar os grandes blo cos para a construção de um edifício ciclópico a tomar somente um deles para O trabalho do desbastamento e da estatuária.
Não se peça aos desbravadores ôsse mister somenos dos epígonos, especiali zados na feitura de pequenos quadros e no afã muito menos penoso do polimento".
Santo Inácio, neste longo trecho, sem inveja e com humildade, responde: "No
"Dies irac", o pecador atribulado, com a visão de suas culpas c dc .seus erros,
75
Êle é verdadeiro
fôlhas diárias, alguns trabalhos cm que
pontífice nessas cousas. Mas eu? Santo
pus o mellior que supunha saber sôbre uns quantos assuntos. Agradeço a todos os amigos essa nobre.lembrança. Claro que o livro que daí resultar pertence a esses amigos". Desprovido de bens materiais, mas ri
Deus, como sinto e lealmente confesso
minha pequenez 1
Domine, non stnn
dignus. So o Amigo e.xigir, obedecerei à sua ordem, por amor e respeito à obediên
cia, e para mortificar minha vaidade, certo, porém, de que não me julgo idô neo nem preparado para tal missão.
e.vclama :
lar riquezas.
Eu que só sei e lamento quanto igno
Nasceu exclusivamente para servir à causa pública.
Prívei-me na sua intimidade e conheci
Quem patronum rogaturus Cum vix justus sit sccunis.
mens e cousas. Espírito de raro equilí brio, a detração e o elogio recebidos
tão mal sei julgar as próprias, a ponto
de lhes consentir aparecerem I... Só poderia
salientar o ambiente de
desconhecimento generalizado cm que a Sociedade de Jesus tem crescido c pre.»)tado seus admiráveis serviços, niostror
niai.s rima vez que eles são os grandes caluniados da História.
Citarei meu
proprio caso, confessando ignorar, mais
do que devera, o Ratio Studiorum, o c[ue me impediu, em várío.s pontos, de ser justo na minha apreciação de 1911. Te rei de sublinhar o grave êrro histórico
de apreciar e parcialmente condenar a obra pedagógica de Santo Inácio, à luz
das idéias dos séculos XIX e XX, c para isso restituíria os planos de 1599 ao tem po e ao meio em que foram formulados e postos em prática.
creveu uns sessenta volumes...
seu livro merece muito mais, e de espí rito mais autorizado que o meu. Compreendo e louvo que nosso gran-
Tudo isso é pouco, pouquíssimo, e
J.
Inteligentíssimo, trabalhador e econô
lhos do mesmo quilate. Mas julgar !...
alguns de seus julgamentos sôbre ho
que justo, de dizer dc seu 1í\to. Quem sou eu para apreciar obra alheia, eu que
ra estremecida.
mico, ainda assim não conseguiu acumu
Quid sum miser, tunc dictunis
E' meu sentimento próprio ao ler seu pedido, bondoso e indulgentc mais do
co de idealismo, e com a idéia fixa no Brasil, oferecia o seu labor inteiro à ter
Creia que, com grande prazer, estou a seu dispor para revisões e outros traba ro 1"...
Esquecem ainda esses críticos impie dosos que Caíógeras, homem de ação, es Modéstia quase doentia — todos Os seus amigos o atestam — a do intelectual
ECONÓ^UCO
de Capistrano fale.
ra e confirma a veracidade das doutri nas do atavismo. Calóçeras seria histo riador como um Bach haveria de ser
mas ao Padre Madnrcira
DiCESTO
Caíógeras viveu e morreu pobre. XVI O Cristão
lhe eram quase indiferentes. Se, com a sua generosidade, não en
Caíógeras, de família de gregos cis-
contrava mérito nos livros que o procu
máticos, foi batizado na religião dos seus
ravam elevar, com citações amáveis, era
pais.
incapaz de uma inverdade. Está, pois, justificada a sua categórica declaração a
que professou nos últimos sete anos de
Gustão da Cunha: "Tôda a minha cor
esforços e aos talentos do Padre Madu-
respondência poderá vir a público.
reira, da Companlúa de Jesus.
Nimca menti".
De julho de 1926 a julho de 1928, Caíógeras trocou com esse grande após
Os detratores de Caíógeras, não lhe
podendo negar a formidável cultura, que o tornava uma figura singular no am
biente político brasileiro, acoimavam-no. com perversidade, de milionário. Em 1930, assim me escrevia, ao receber a
comunicação de que os seus amigos de São Paulo iriam imprimir o "Res Nostra": "Obrigadíssimo pela generosa e delicada lembrança de reimprünirem trabalhos meus esparsos. De fato, não o
poderia eu pessoalmente fazer; há lua ano que não trabalho; a minha vida ma terial exige de minha parte cuidadoso regime, para não seguir o exemplo do Brasil, a lutar com os "deficits". Sensi
A sua conversão ao catolicismo,
vida, deveu, com a graça divina, aos
tolo da Ordem de Santo Inácio uma sé
rie de cartas eruditas, procurando delir tôdas as suas dúvidas religiosas, notadamente a da existência real na Comunhão.
Escritas com alma, sem um artifício,
confundindo-se com a própria verdade, constituem
esses
documentos
manan
cial precioso para espelhar o verdadeiro Caíógeras: sábio e santo. Transcrevendo alguns trechos dessa correspondência, outro objetivo não me anima senão o de evidenciar que a sua conversão foi consciente e só atingiu a
fé absoluta pelo raciocínio e pela lógica. Dos inéditos, o Padre Leonel Franca,
bilizou-me, portanto, muito fundo o não
com o intuito de levar às consciências
desaparecerem, na duração efêmera das
iim ralo de luz e o estímulo para serem
Í7J
f
1
70
Dicesto EcoNÓhaco
melhores, já divulgou essa encantadora e suave prece "Ascensões d'Alma", redigi da quando já integrado na posse com pleta da verdade religiosa. O notável jesuíta, autor de "Psicolo gia da Fé", comentando-a, com a auto ridade da sua pena, escreveu no "In Memoriam" talvez o mais emocionante de
seus trabalhos. No dizer do Padre Ma-
dureira, há naquela oração pensamentos dignos de Santo Agostinho.
E' desnecessária, pois, qualquer pala vra sôbre o valor dessa lição de humil dade e de £é religiosa.
Citarei apenas o depoimento de um
paulista ilustre. Convertido à Igreia de
Roma Pedro de Toledo, que foi quando Ministro severamente criticado pelo Calogeras, nobremente proclamou esta verdade: neste mundo, em que se con tam por legiões as almas mortas, Caló-
77
Digesto Econômico
Reconheço, aliás, que na minha bro chura não fui bastante claro. Acontece que, recentemente, tive de
bom aluno: apenas um espírito curioso
nunca me tentou e por isso nenhum mé
ao qual interessa
rito tenho em nada ter feito por con
abordar o problema, para estudar as chamadas Emendas religiosas, ofereci
Em seguida, agradecia o prazer que
lhe proporcionava o esclarecimento de
das à Constituição, c creio ter ní deixa
tantas dxividas e não se pejava em con
do um pensamento menos confuso. Re meto-lhe um exemplar do artigo que es
fessar: "Do Ratio Studiorum tinha no
fundamente tôda a
obra divina da Criação".
quistá-la de modo escuso ou mesmo por trabalho de mero proveito material. Os Ministérios, eu os conto como os perío
crevi em 24 de outubro de 25, a fim de
desconhecia por completo. Fêz-se bas
lhe mostrar que não estamos tão separa
tante luz, após o atento estudo que aca
dos de maior provação de minha vida, pelo muito que procurei fazer e pelo pouco que consegui, pelo muito que me fèz sofrer a injustiça dos homens, de turpando e caluniando meus mais puros
dos quanto poderia parecer. Além do que, certas observações mi nhas são relativas a métodos pedagó
bo de realizar com as provas".
esforços.
gicos".
Logo a seguir, confessando-se admira
dor dos jesuítas, c.stranliava que se e.xaltasse Anchicta e se olvidasse Manuel
ção imperfeitíssima; certos
pontos eu
Insistia novamente em declarar que
continuava a lucrar c a aprender com a leitura: "Assim, na questão da Ínictíitiva, na da uniformidade do tipo mental, tinha eu idéias falsas em alguns pontos e a latere em outros. Seu trabalho depu
Sofrimentos morais terríveis,
que ofereci ao Senhor. Das bajulaçõe.s sempre tive horror e dó: basta dizer-Uie que nunca os bajuladores tiveram jun to a mim outro acesso senão o que me
impunham as necessidades do serriço
público. Nimca insistiram e nunca lhes dei entrada no círculo de minhas amiza
da Nóbrega. Estadista e não crente, opinava: "Tenho, pelo primeiro, a ve neração que merece um homem que tal vez venha a ser canonizado por suas vir
rou meu conceito anterior.
temáticos da S. J. Acho até em ambos
querem mal, e, eu mesmo, a ninguém
E' a impressão que também nos dá
tudes e por seus feitos. Pelo segundo, nutro a admiração a que fazem jus o cé
largo esforço liberal por bem entende
quero mal".
O manuseio desse tesouro, que é a sua correspondência íntima. Será a minha
rebro político, a administração arguta o
rem a Ordem e Uie tributarem louvores.
enérgica, a visão quase profética do pri meiro chefe da leva que aportou ao Bra
De outro ponto de vista, mas que e.x-
gumas linhas de Capistrano para o seu
plana o que sinto e traduz um pouco o que quero, eles representam, protestan
livro e pedia a intercessão de Caló
sil com Tomé de Sousa. E é esse senti
mento histórico que me causa mágua
tes embora, o papel que os soberanos
lhe remetera provas, para leitura, do vo
em ver Nóbrega olvidado.
antigos queriam ter na igreja; bispo de
lumoso trabalho sôbre a Companhia de Jesus, redigido com o maior escrúpulo.
Ouçamos a resposta, de valor tão sig nificativo e insofismável prova, há de se reconhecer, do caráter do insuperá
jesuítas, eu veria a Nóbrega como figu
geras tomou-se digno de um altar.
única fonte.
Calógeras conheceu o Padfe Madureira por intermédio de Capistrano, que
Apressou-se o copioso publicista, em
sua primeira carta, em lhe dizer: "Per
No monumento que o Brasil deve aos
Há certos
trechos, entretanto, cm que divergimos
um pouco. Não tenho Boehmer, e me nos ainda Monod, como adversários sis
fora. Em Monod, especialmente, a sim
ra centralj ao crmão Josepli, como acó-
patia pelos jesuítas é evidente". Ao agradecer os votos ardentes de fe
litoj e aos admiráveis Luiz da Grã, Francisco Pinto, Aspilcueta Navarro e
licidades do Padre Madureira que, aos
des. Não é orgulho, sim sentimento de mal-estar. Nem ódio ou desamor, pois
oro díàriamente por aqueles que me Deseja\'a o Padre Madureira obter al geras.
vel autor dos "Capítulos da História Co lonial" : "Ao Capistrano, que vejo qua se diàriamente, falarei novamente sôbre
fiquei penhoradíssimo com sua exclusiva
tantos outros, em bai.xos-relevos, abawo do primeiro. A Vieira eu colocaria no
bondade para comigo. Non sum dignus,
grupo principal, subordinado também a
tava outras letras, respondia Calógeras
seu desejo, e com êle insistirei para que não deixe de corresponder ao apêlo. Nosso amigo é avesso a escrever, e acha desvahoso quanto lhe sai da pena. Êsse
DoTnine, repito, humilde e convencida
Nóbrega.
com sinceridade e altivez: "Das letras
feitio, com a idade, vai-se tomando do
que me deseja, e que tanto bem me fa
minante. Já me disse que nada escre
corri-as com a mais viva curiosidade, e
mente. Certas reservas e correções feitas
Como sabe, ventas prcevalebít e há
três "ss" pedidos do escolástico belga da Companhia, São João Berchmans — saúde, sciencia o santidade — acrescen
a meu opúsculo pelo Am.°, são, em gran
de chegar o dia em que essa dívida se
riam
de parte, devidas à divergência dos pon
tes algumas de que também precisaria,
veria, que o estimava muito, e que sua colaboração fôra uma prova de muito
tos de vista. O Amigo escreve sob o
rá paga aos formadores mentais e reli giosos do nossa terra".
aspecto confissional. Eu rabisquei do ângulo de visão de homem de governo,
Revendo as provas, acentuava modes tamente: "Óbvio que o farei do ponto
tais como caridade maior para o próxi mo, humildade maior pelo nada que sou.
era impossível, pois suas convicções pró
neutro em assunto religioso. Daí, con clusões algo distintas.
de vista tipográfico, pois, longe de ser mestre em pedagogia, nem sequer sou
se eu as possuísse, estão ausen
aprêço em que o tem; mas que escrever
dosa carta, creio que não experimento
prias diferiam muito das do Am.° e que se a probidade cientifica lhe permitia a
sacrifício.
revisão, as convicções não consentiriam
Das que me faltam, segundo sua bon A riqueza, à fé em Deus,
Í7J
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70
Dicesto EcoNÓhaco
melhores, já divulgou essa encantadora e suave prece "Ascensões d'Alma", redigi da quando já integrado na posse com pleta da verdade religiosa. O notável jesuíta, autor de "Psicolo gia da Fé", comentando-a, com a auto ridade da sua pena, escreveu no "In Memoriam" talvez o mais emocionante de
seus trabalhos. No dizer do Padre Ma-
dureira, há naquela oração pensamentos dignos de Santo Agostinho.
E' desnecessária, pois, qualquer pala vra sôbre o valor dessa lição de humil dade e de £é religiosa.
Citarei apenas o depoimento de um
paulista ilustre. Convertido à Igreia de
Roma Pedro de Toledo, que foi quando Ministro severamente criticado pelo Calogeras, nobremente proclamou esta verdade: neste mundo, em que se con tam por legiões as almas mortas, Caló-
77
Digesto Econômico
Reconheço, aliás, que na minha bro chura não fui bastante claro. Acontece que, recentemente, tive de
bom aluno: apenas um espírito curioso
nunca me tentou e por isso nenhum mé
ao qual interessa
rito tenho em nada ter feito por con
abordar o problema, para estudar as chamadas Emendas religiosas, ofereci
Em seguida, agradecia o prazer que
lhe proporcionava o esclarecimento de
das à Constituição, c creio ter ní deixa
tantas dxividas e não se pejava em con
do um pensamento menos confuso. Re meto-lhe um exemplar do artigo que es
fessar: "Do Ratio Studiorum tinha no
fundamente tôda a
obra divina da Criação".
quistá-la de modo escuso ou mesmo por trabalho de mero proveito material. Os Ministérios, eu os conto como os perío
crevi em 24 de outubro de 25, a fim de
desconhecia por completo. Fêz-se bas
lhe mostrar que não estamos tão separa
tante luz, após o atento estudo que aca
dos de maior provação de minha vida, pelo muito que procurei fazer e pelo pouco que consegui, pelo muito que me fèz sofrer a injustiça dos homens, de turpando e caluniando meus mais puros
dos quanto poderia parecer. Além do que, certas observações mi nhas são relativas a métodos pedagó
bo de realizar com as provas".
esforços.
gicos".
Logo a seguir, confessando-se admira
dor dos jesuítas, c.stranliava que se e.xaltasse Anchicta e se olvidasse Manuel
ção imperfeitíssima; certos
pontos eu
Insistia novamente em declarar que
continuava a lucrar c a aprender com a leitura: "Assim, na questão da Ínictíitiva, na da uniformidade do tipo mental, tinha eu idéias falsas em alguns pontos e a latere em outros. Seu trabalho depu
Sofrimentos morais terríveis,
que ofereci ao Senhor. Das bajulaçõe.s sempre tive horror e dó: basta dizer-Uie que nunca os bajuladores tiveram jun to a mim outro acesso senão o que me
impunham as necessidades do serriço
público. Nimca insistiram e nunca lhes dei entrada no círculo de minhas amiza
da Nóbrega. Estadista e não crente, opinava: "Tenho, pelo primeiro, a ve neração que merece um homem que tal vez venha a ser canonizado por suas vir
rou meu conceito anterior.
temáticos da S. J. Acho até em ambos
querem mal, e, eu mesmo, a ninguém
E' a impressão que também nos dá
tudes e por seus feitos. Pelo segundo, nutro a admiração a que fazem jus o cé
largo esforço liberal por bem entende
quero mal".
O manuseio desse tesouro, que é a sua correspondência íntima. Será a minha
rebro político, a administração arguta o
rem a Ordem e Uie tributarem louvores.
enérgica, a visão quase profética do pri meiro chefe da leva que aportou ao Bra
De outro ponto de vista, mas que e.x-
gumas linhas de Capistrano para o seu
plana o que sinto e traduz um pouco o que quero, eles representam, protestan
livro e pedia a intercessão de Caló
sil com Tomé de Sousa. E é esse senti
mento histórico que me causa mágua
tes embora, o papel que os soberanos
lhe remetera provas, para leitura, do vo
em ver Nóbrega olvidado.
antigos queriam ter na igreja; bispo de
lumoso trabalho sôbre a Companhia de Jesus, redigido com o maior escrúpulo.
Ouçamos a resposta, de valor tão sig nificativo e insofismável prova, há de se reconhecer, do caráter do insuperá
jesuítas, eu veria a Nóbrega como figu
geras tomou-se digno de um altar.
única fonte.
Calógeras conheceu o Padfe Madureira por intermédio de Capistrano, que
Apressou-se o copioso publicista, em
sua primeira carta, em lhe dizer: "Per
No monumento que o Brasil deve aos
Há certos
trechos, entretanto, cm que divergimos
um pouco. Não tenho Boehmer, e me nos ainda Monod, como adversários sis
fora. Em Monod, especialmente, a sim
ra centralj ao crmão Josepli, como acó-
patia pelos jesuítas é evidente". Ao agradecer os votos ardentes de fe
litoj e aos admiráveis Luiz da Grã, Francisco Pinto, Aspilcueta Navarro e
licidades do Padre Madureira que, aos
des. Não é orgulho, sim sentimento de mal-estar. Nem ódio ou desamor, pois
oro díàriamente por aqueles que me Deseja\'a o Padre Madureira obter al geras.
vel autor dos "Capítulos da História Co lonial" : "Ao Capistrano, que vejo qua se diàriamente, falarei novamente sôbre
fiquei penhoradíssimo com sua exclusiva
tantos outros, em bai.xos-relevos, abawo do primeiro. A Vieira eu colocaria no
bondade para comigo. Non sum dignus,
grupo principal, subordinado também a
tava outras letras, respondia Calógeras
seu desejo, e com êle insistirei para que não deixe de corresponder ao apêlo. Nosso amigo é avesso a escrever, e acha desvahoso quanto lhe sai da pena. Êsse
DoTnine, repito, humilde e convencida
Nóbrega.
com sinceridade e altivez: "Das letras
feitio, com a idade, vai-se tomando do
que me deseja, e que tanto bem me fa
minante. Já me disse que nada escre
corri-as com a mais viva curiosidade, e
mente. Certas reservas e correções feitas
Como sabe, ventas prcevalebít e há
três "ss" pedidos do escolástico belga da Companhia, São João Berchmans — saúde, sciencia o santidade — acrescen
a meu opúsculo pelo Am.°, são, em gran
de chegar o dia em que essa dívida se
riam
de parte, devidas à divergência dos pon
tes algumas de que também precisaria,
veria, que o estimava muito, e que sua colaboração fôra uma prova de muito
tos de vista. O Amigo escreve sob o
rá paga aos formadores mentais e reli giosos do nossa terra".
aspecto confissional. Eu rabisquei do ângulo de visão de homem de governo,
Revendo as provas, acentuava modes tamente: "Óbvio que o farei do ponto
tais como caridade maior para o próxi mo, humildade maior pelo nada que sou.
era impossível, pois suas convicções pró
neutro em assunto religioso. Daí, con clusões algo distintas.
de vista tipográfico, pois, longe de ser mestre em pedagogia, nem sequer sou
se eu as possuísse, estão ausen
aprêço em que o tem; mas que escrever
dosa carta, creio que não experimento
prias diferiam muito das do Am.° e que se a probidade cientifica lhe permitia a
sacrifício.
revisão, as convicções não consentiriam
Das que me faltam, segundo sua bon A riqueza, à fé em Deus,
Dxgrsto Econômico
78
aprovar tudo quanto está no livro. Res pondi-lhe que, em poucas linhas, pode ria aludir às divergências, mas salientar as concordâncias
com mais
extensão.
Voltarei ao assunto, c espero convencêlo. E' ele uma das almas mais nobres,
mais altas, mais sensíveis, que conheço.
díndo-me. estas, em meu íntimo me senti
culpado c me penitenciei 1. . . Como vê o Amigo, sou insensível ao chamado respeito humano, covardia mo ral, quando não cálculo de conveniên cias.
Sou, por convicção, um isolado e um
tir ao retiro recluso de fevereiro em Fri--
burgo, Calógeras escreve carta de cstftinha sinceridade. Há trechos edificantcs como este: "Sou e sempre fui um tímü
do, um solitário. Procuro sistematica mente, nao por afetação, mas por índo
le intima, posições sem evidência. De las, só forçado me tenho separado. Sou pouco praHcante, se bem que ore ma -
.
'
-
oie
ma-
e noite, pelo menos. Faço-o, entre ■»tanto, como ensinou o Mestre: "Tu autem cum oraveris, intra in cubiculum tuum, et clauso ostio, ora Patrem tuum nha
in abscondito. . . "
a existência.
Tão intensa, tão terrivel
mente presente e operante,
que nunca
me defendi de acusações, veritas prceva-
lebit, e nunca me prendi pelas aprecia
ções humanas.
Não por orgulho, que
não creio ter,
mas por sentir o saber
que minhas vozes interiores tinliam ou
tro peso, outra severidade e outras san ções morais do que as mesquinhas cen suras epidérmicas das paixões do dia. Quantas vézes, inversamente, aplau-
mais pujante por sua seqüência, sua fi delidade dogmática e disciplinar, era uma censura e uma repulsa ao caos dis ciplinar e dogmático de Constantinopla.
religiosa, as sedes de Antióquia e de Ale xandria. Avultava Roma, à qual, aliás,
Esta não podia de bom grado aceitar a superioridade da Cidade Eterna. E, co
mento, ofereço a Deus cm resgate de
minhas culpas". Faz cm seguida a descrição do meio religioso e moral em que nasceu e foi
vista humano, e não religioso, mas que
me levava a concluir pela supremacia
criança, procurei saber a diferença entre
manifestação do velho conflito de auto
o de suas simpatias o clero ocidental,
ridade — o papa, cabeça da Igreja, ou o parlamentarismo episcopal a que só o Concilio do Vaticano pôs termo em
desde sua cabeça visível até os últimos
batizado, acrescentando: "Muitas vêzes, as duas religiões, e sempre, na minha
família, me responderam ser quase nula: a que.stão da supremacia papal, o modo
de fazer o "pelo sinal", a autoridade dos padres da Igreja. Mais tarde, cres cendo c procurando compreender, é que pude verificar os fatos".
Profundamente erudito, nos dá esta
magnífica lição de história religiosa: Ignorante como sou cm teologia, não
ocidental.
Quanto ao filioque, era ainda grave
1870.
Note que não entro na parte dogmá tica, por minha evidente incompetên cia . Fere-mo o espírito o lado, digamos, disciplinar: a noção e a modalidade da autoridade. Desde que, passados os pri meiros tempos da Igreja primitiva, se
posso nem tento entrar nas discussões do
fêz sentir a necessidade de organização
omoios c do omonsios; o nos fundamen
no seio da massa crescente dos fiéis, as soluções foram idênticas: dioceses, sés
Credo. Apenas, como amador das coi
patriarcais, concentração da fonte disci plinar em número limitado de cabeças.
tos da recusa de aceitar o filioque do
sas ^históricas, posso procurar entrever . ^^zões, no plano histórico, para com co ou ginástica labial, mas pondo tôda preender os empecilhos que sempre fi
nhor. Êrro, insuficiente instrução, tal vez, mas, certamente, fmto direto da intensíssiraa vida interior que me guia
própria história e se afirmava cada vez
e dos monofisitas que enfraqueceram, respectivamente, em sua ação política e Conslantínopla prestou ho
Faço-o não como exercício mnemôni-
a minha alma na comunhão com o Se
vista puramente humano, surgiu da
siásticas e os triunfes do nestorianismo
Repito ainda: era ponto de
tanta bondade e tanta elevação se não baseiem em um fundo latente e inconfessado de ideal. Não sei como ele o
Convidado com insistência para assis
concilies e de outras assembléias ecle
menagem.
mudo. O que daí me advém de sofri
minado mas presente".
79
Econômico
mais tarde,
Diz-se ateu, mas parece impossível que
quereria denominar, mas, para mim, te nho que êsse Ideal Superior é Deus, ino-
DiGESTo
Das três capitais iniciais, duas vão ca
minhando para o ocaso, enquanto a ou
mo religião e política desde remotas eras se aliavam nas regiões do Oriente, a repercussão disciplinar se fazia sentir
no rumo de dissociar do poder imperial párocos. Fotius, imi dos principais fatôres do dissídio, é um caso político de ambição não satisfeita. A excomunhão fulminada
por Leão IX contra Miguel Cerulário e
tôda a Igreja oriental rematava, por um
ato gravíssimo, o longo dissídio que vai de Nicéía a 1054. Que não risava con
seqüências perpétuas, a prova está nas tentativas freqüentes da União, que Ro ma sempre pro\'ocou, mas que Constan
tinopla só iniciou sob pressão de fato.s políticos, e não de acordo dogmático.
Tanto que não fnitifícaram, senão na escala mínima das cristandades uníatas.
Digo-lhe tudo isso, meu padre, para
zeram malograr os esforços dc reunião:
tra, liberta da tutela imperial, e regida por grandes bispos, mantém a pureza da
Uie explicar o processo formativo de mi nha situação religiosa. Creio que me
primeiras sedes patriarcais, Alexandria, Antióquia o Roma, deu o primado a es
fó e o prestígio espiritual. Surge o no
não atribuirá o mau gosto de fazer eru
vo patriarcado em Constantinopla, sob a pressão dos basiléis, que chegaram a fazer mártires de muitos patriarcas. Mui
dição
água ao mar.
tos foram heróis, mártires, mas nem a todos coube tal excelência. Isto, cessões
pouco
a questão de disciplina, que,
das três
ta; a questão dogmática referente ao Es pirito Santo, ou o caso do filioqtie.
E desse ponto de vista, puramente
hj^ano, é certo, não tive como desco
nhecer que o espírito argumentador e chicanista dos sofistas gregos tinha con tinuado a animar êsses teólogos natos que são os orientais, enquanto' nos lati nos perduravam a clareza e a simplici dade do pensamento romano. Como
conseqüência, as disputas sem fim dos
compulsórias, a religião caída em ques
barata, ou de pretender levar
Assim, por êsses motivos, fui levado a pouco a me
aproximar
de
Roma.
Hoje, em minhas devoções, faço o si
tão do Estado, turbas fanáticas etc., tu
nal da cruz da esquerda para a direita,
do explica a paralisação relativa do es
e não em sentido inverso com os três
pírito verdadeiramente religioso que deu lugar às agitações externas, de que, na
dedos, como faz o ritual grego. Rezo o
iconoclãstia, temos a manifestação mais
mo fazia.
ruidosa e mais séria.
O primado romano, que, do ponto de
Pater Noster, e não o Pater eniün co
Ainda restam, contudo, numerosos há bitos anteriores.
Dxgrsto Econômico
78
aprovar tudo quanto está no livro. Res pondi-lhe que, em poucas linhas, pode ria aludir às divergências, mas salientar as concordâncias
com mais
extensão.
Voltarei ao assunto, c espero convencêlo. E' ele uma das almas mais nobres,
mais altas, mais sensíveis, que conheço.
díndo-me. estas, em meu íntimo me senti
culpado c me penitenciei 1. . . Como vê o Amigo, sou insensível ao chamado respeito humano, covardia mo ral, quando não cálculo de conveniên cias.
Sou, por convicção, um isolado e um
tir ao retiro recluso de fevereiro em Fri--
burgo, Calógeras escreve carta de cstftinha sinceridade. Há trechos edificantcs como este: "Sou e sempre fui um tímü
do, um solitário. Procuro sistematica mente, nao por afetação, mas por índo
le intima, posições sem evidência. De las, só forçado me tenho separado. Sou pouco praHcante, se bem que ore ma -
.
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oie
ma-
e noite, pelo menos. Faço-o, entre ■»tanto, como ensinou o Mestre: "Tu autem cum oraveris, intra in cubiculum tuum, et clauso ostio, ora Patrem tuum nha
in abscondito. . . "
a existência.
Tão intensa, tão terrivel
mente presente e operante,
que nunca
me defendi de acusações, veritas prceva-
lebit, e nunca me prendi pelas aprecia
ções humanas.
Não por orgulho, que
não creio ter,
mas por sentir o saber
que minhas vozes interiores tinliam ou
tro peso, outra severidade e outras san ções morais do que as mesquinhas cen suras epidérmicas das paixões do dia. Quantas vézes, inversamente, aplau-
mais pujante por sua seqüência, sua fi delidade dogmática e disciplinar, era uma censura e uma repulsa ao caos dis ciplinar e dogmático de Constantinopla.
religiosa, as sedes de Antióquia e de Ale xandria. Avultava Roma, à qual, aliás,
Esta não podia de bom grado aceitar a superioridade da Cidade Eterna. E, co
mento, ofereço a Deus cm resgate de
minhas culpas". Faz cm seguida a descrição do meio religioso e moral em que nasceu e foi
vista humano, e não religioso, mas que
me levava a concluir pela supremacia
criança, procurei saber a diferença entre
manifestação do velho conflito de auto
o de suas simpatias o clero ocidental,
ridade — o papa, cabeça da Igreja, ou o parlamentarismo episcopal a que só o Concilio do Vaticano pôs termo em
desde sua cabeça visível até os últimos
batizado, acrescentando: "Muitas vêzes, as duas religiões, e sempre, na minha
família, me responderam ser quase nula: a que.stão da supremacia papal, o modo
de fazer o "pelo sinal", a autoridade dos padres da Igreja. Mais tarde, cres cendo c procurando compreender, é que pude verificar os fatos".
Profundamente erudito, nos dá esta
magnífica lição de história religiosa: Ignorante como sou cm teologia, não
ocidental.
Quanto ao filioque, era ainda grave
1870.
Note que não entro na parte dogmá tica, por minha evidente incompetên cia . Fere-mo o espírito o lado, digamos, disciplinar: a noção e a modalidade da autoridade. Desde que, passados os pri meiros tempos da Igreja primitiva, se
posso nem tento entrar nas discussões do
fêz sentir a necessidade de organização
omoios c do omonsios; o nos fundamen
no seio da massa crescente dos fiéis, as soluções foram idênticas: dioceses, sés
Credo. Apenas, como amador das coi
patriarcais, concentração da fonte disci plinar em número limitado de cabeças.
tos da recusa de aceitar o filioque do
sas ^históricas, posso procurar entrever . ^^zões, no plano histórico, para com co ou ginástica labial, mas pondo tôda preender os empecilhos que sempre fi
nhor. Êrro, insuficiente instrução, tal vez, mas, certamente, fmto direto da intensíssiraa vida interior que me guia
própria história e se afirmava cada vez
e dos monofisitas que enfraqueceram, respectivamente, em sua ação política e Conslantínopla prestou ho
Faço-o não como exercício mnemôni-
a minha alma na comunhão com o Se
vista puramente humano, surgiu da
siásticas e os triunfes do nestorianismo
Repito ainda: era ponto de
tanta bondade e tanta elevação se não baseiem em um fundo latente e inconfessado de ideal. Não sei como ele o
Convidado com insistência para assis
concilies e de outras assembléias ecle
menagem.
mudo. O que daí me advém de sofri
minado mas presente".
79
Econômico
mais tarde,
Diz-se ateu, mas parece impossível que
quereria denominar, mas, para mim, te nho que êsse Ideal Superior é Deus, ino-
DiGESTo
Das três capitais iniciais, duas vão ca
minhando para o ocaso, enquanto a ou
mo religião e política desde remotas eras se aliavam nas regiões do Oriente, a repercussão disciplinar se fazia sentir
no rumo de dissociar do poder imperial párocos. Fotius, imi dos principais fatôres do dissídio, é um caso político de ambição não satisfeita. A excomunhão fulminada
por Leão IX contra Miguel Cerulário e
tôda a Igreja oriental rematava, por um
ato gravíssimo, o longo dissídio que vai de Nicéía a 1054. Que não risava con
seqüências perpétuas, a prova está nas tentativas freqüentes da União, que Ro ma sempre pro\'ocou, mas que Constan
tinopla só iniciou sob pressão de fato.s políticos, e não de acordo dogmático.
Tanto que não fnitifícaram, senão na escala mínima das cristandades uníatas.
Digo-lhe tudo isso, meu padre, para
zeram malograr os esforços dc reunião:
tra, liberta da tutela imperial, e regida por grandes bispos, mantém a pureza da
Uie explicar o processo formativo de mi nha situação religiosa. Creio que me
primeiras sedes patriarcais, Alexandria, Antióquia o Roma, deu o primado a es
fó e o prestígio espiritual. Surge o no
não atribuirá o mau gosto de fazer eru
vo patriarcado em Constantinopla, sob a pressão dos basiléis, que chegaram a fazer mártires de muitos patriarcas. Mui
dição
água ao mar.
tos foram heróis, mártires, mas nem a todos coube tal excelência. Isto, cessões
pouco
a questão de disciplina, que,
das três
ta; a questão dogmática referente ao Es pirito Santo, ou o caso do filioqtie.
E desse ponto de vista, puramente
hj^ano, é certo, não tive como desco
nhecer que o espírito argumentador e chicanista dos sofistas gregos tinha con tinuado a animar êsses teólogos natos que são os orientais, enquanto' nos lati nos perduravam a clareza e a simplici dade do pensamento romano. Como
conseqüência, as disputas sem fim dos
compulsórias, a religião caída em ques
barata, ou de pretender levar
Assim, por êsses motivos, fui levado a pouco a me
aproximar
de
Roma.
Hoje, em minhas devoções, faço o si
tão do Estado, turbas fanáticas etc., tu
nal da cruz da esquerda para a direita,
do explica a paralisação relativa do es
e não em sentido inverso com os três
pírito verdadeiramente religioso que deu lugar às agitações externas, de que, na
dedos, como faz o ritual grego. Rezo o
iconoclãstia, temos a manifestação mais
mo fazia.
ruidosa e mais séria.
O primado romano, que, do ponto de
Pater Noster, e não o Pater eniün co
Ainda restam, contudo, numerosos há bitos anteriores.
Digesto Econômico »M1C0
80
Como sabe, nunca houve igreja orto doxa no Rio.
Além disso, a confissão
quase só existe nominalmente e a co
M
Amor. E' minha ignorância, minha in-| ' compreensão, que me detêm. Bem vê que ainda não amadureci
'
Digesto Econômico
81
mágua, pois sei compreender c acatar as imposições dos imperativos categóri cos"; o sôbre o retiro, insistia na tecla
bastante. Sei que o ideal seria possuir a alma branca da santa pucrícia. E, ai do mim 1 ainda estou por demais enve
anterior e reafirmava: "Creia que sou sincero, dizendo que preciso pensar. Em
nenado por meus hábitos de homem ra-
culparia de proceder sem funda medita
ciocinante.
Não me repugna coisa alguma da li ção católica. Mas a conheço tão pouco,
são e à comunhão. Calógeras não es
ção. O respeito profundo que tenho por tais assuntos exige que eu aja com âni mo religioso, isto é, formando bloco,
apesar de tudo. Por isso, na intensida
conde a sua ignorância e expõe as dú vidas, em busca da verdade: "Da con
de abrasada de meu viver íntimo, bus
sentimentos, pensamentos e atos. Ora,
munhão, sob as duas espécies, não é
freqüente. Nessas condições, e aqui mo rando sempre, é compreensível que eu
mmca haja gado".
confessado nem
comun
Entretanto, os trechos mais interessan tes, a meu ver, são referentes à confis
fissão, quase não preciso dizer que a admiro e nela vejo poderoso elemento de
aperfeiçoamento moral e religioso Tôdi a minha vida, no meu esfôrço, tenho procurado onentar-me no sentido da sin
cera manifestação de minhas intenções e de meus atos. Na.minha vida pública (que nao separo da vida privada) no que escrevo e digo, nas minhas pró
prias cartas pode o amigo ver que Ls-
co quanto possível obedecer-lhe às re gras supremas, ser cristão na medida de
minha fraqueza, sem coragem para sair de minha sombra, adorando o Senhor e o seu altar iluminado do canto escuro
em que vivo, e no qual, com o mais
Tristemente lhe digo, Domine, non sum dignus."
^ Ao remeter ao Padre Madurcira o pre fácio da obra sôbre os jesuítas, dizia Calógeras: "Escrevi por obediência, e
O que me inspira mêdo é a comu nhão. Sou tão ignorante das coisas re
meu Ensaio de 1911, que a leitura das provas do livro
ligiosas í... O Poverello, e era' um san
ciou.
oe
hie re
pecador como eu, por mais sincero e profundo o seu arrependimento, tre ma em aproximar-se da Reconciliação ? Como agir conscientemente ? Eu, que nada sei! Não é o mistério que me re
pele. Mistério é tudo quanto nos cerca, do grão de areia aos sóis, e no mistério se funda a vida e se baseia o Além. Pa-
do Am.° me
eviden
Não preciso lembrar-lhe que, sendo
eu homem de boa fé, e tendo consignado minhas observações como as senti, pos
sível é não sejam inteiramente confor mes com a opinião assente na S. J. Re-
também, sem solicitá-lo em demasia,
que fazer um podido. Não sei porque, apesar de suas pilhérias, respostas nega tivas e declarações humorísticas, tenho a impressão da superficialidade de tudo, como que um aparelho
de defesa da
aeternitatis, que é o ponto de vista da Igreja; eu, do ponto de vista humano da
conciliação de regras mais altas com a tarefa de governar.
reza por ele,
pecador. Judicame, domine, non secun-
to naiuiai uu
trabalho junto ao do Am.°, fica autori
J.A r, r>nmn a T,ii7. Rptó e espírito, rínando quando éé, como a Luz Re
zado a pô-lo na cesta de papéis inúteis,
ligiosa, a Ciência Suprema e o Alto
0 sem que eu experimente
natural do homem, da «j" vida, Ti-,,,, do mun-
Com o Capistrano, por várias vezes, tenlio conversado, e minha Senhora
sentímentalidade própria do nosso ami go. Não posso crer que, bom, dedicado e generoso como é, êle se julgue apenas um amontoado biofísico-químico. Em
corde-se, entretanto, que escrevemos em dois planos diversos: o Am.°, sub specic
\J iXiZdLdXd iXIOj •OVlikliliVylJ do. Antes, o mistério oUôl atraí-me, sentímen-
o mistério (..uuiv como elemenu imoi-ciiv cíwucií-
do amigo dileto. Carinhosamente, assim se manifesta em relação ao inolvidável cearense:
mais procurando criar um ambiente do
Em todo caso, creio que, se houver qualquer inconveniente em figurar meu
reiiiio ra mim, tenho
Creia que sou amigo, mais do que ninguém, lamenta a própria ignorância, Nessas cartas, Capistrano é um dos assuntos prediletos e visível a sua pre ocupação com a falta de religiosidade
confessar dois erros de apreciação do
licet, como admirar que um po-
bato nem nego, ignoro. e procura a luz".
tribunal da penitência.
.
de certos influxos que lhe exporei, pu ramente espirituais e morais. Não com
divinos ensinamentos.
por dever de probidade intelectual de
to, por humildade se não ordenou. Se
no meu microcosmo, a reproduzir o grande mundo e.xterior, sofro o embate
entranhado amor, procuro seguir-lhe os
co por minha alma a nu. Não me re pugna, antes louvo e amo a confissão Nao desconheço, nem limito o poder do
parva
tais questões, essenciais, nada me des
qualquer
^..áL
todo caso, tanta gente lhe quer bem e que sempre haverá na
Bondade Suprema misericórdia para o
pírito, escreveu esta síntese que dispen sa qualquer interpretação: "Não é de hojo que me preocupa o nosso destino. Tive uma fase de hibernação (não de indiferença religiosa). No íntimo, po rém, sempre cri. Como menino e rapaz, pareceu-me prova de superioridade inte
lectual ser materialista. Mas, pouco du rou. Logo vi que, do próprio ponto de \ista meramente humano e experimen tal, eu substituía um postulado basilar por outro; em vez de Deus, a matéria
imortal e permanente na essência, se
bem variá\'el em suas manifestações. Como arguir uma hipótese de anti-cien-
tífica e a outra de ortodo.xa perante o saber humano e.xperiniental, se ambas partiam de um postulado aceito sem de monstração material possível ? Mais, até.
Como assim proceder, se o dogma tem sua vida e sua sanção acima dos senti
dos humanos, num caso, e da matéria, só perquirenda nos laboratórios, e esses tão pouco
dizem e tanto se contradi
zem ?
Breve voltei aos ensinamentos fami
liares. Período longo, em que no sub consciente se elaborava a germinação
da semente, ou antes o frondejar da planta mesquinha, mas sempre viva e imorredoura. Quanto tempo durou, mal poderei dizer. Creio, contudo, que dos 15 aos 25 anos minha vida foi mais vol
tada para o mundo do que para o céu, o então começou a reação. Já aos 40, pude refletir com madureza maior. Uma
coisa, entretanto, lhe posso afirmar: sempre procurei, mesmo na fase amorte
cida de mínlia vida espiritual, seguir o evangelho e ser cristão, tal o afeto en
ternecido que sempre experimentei pelo Salvador. Cada dia aumenta êste, e não
dum magnam iniquitatem meam, seã secundum misericórdia tuam. (Esta é in
leio uma vez a Oratio Montana sem au
finita)".
feito reparo que, em tudo quanto es crevo, falo nela. E' fácil a explicação
Sôbre a evolução religiosa de seu es
mentar êste sentimento. Já se me tem
Digesto Econômico »M1C0
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Como sabe, nunca houve igreja orto doxa no Rio.
Além disso, a confissão
quase só existe nominalmente e a co
M
Amor. E' minha ignorância, minha in-| ' compreensão, que me detêm. Bem vê que ainda não amadureci
'
Digesto Econômico
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mágua, pois sei compreender c acatar as imposições dos imperativos categóri cos"; o sôbre o retiro, insistia na tecla
bastante. Sei que o ideal seria possuir a alma branca da santa pucrícia. E, ai do mim 1 ainda estou por demais enve
anterior e reafirmava: "Creia que sou sincero, dizendo que preciso pensar. Em
nenado por meus hábitos de homem ra-
culparia de proceder sem funda medita
ciocinante.
Não me repugna coisa alguma da li ção católica. Mas a conheço tão pouco,
são e à comunhão. Calógeras não es
ção. O respeito profundo que tenho por tais assuntos exige que eu aja com âni mo religioso, isto é, formando bloco,
apesar de tudo. Por isso, na intensida
conde a sua ignorância e expõe as dú vidas, em busca da verdade: "Da con
de abrasada de meu viver íntimo, bus
sentimentos, pensamentos e atos. Ora,
munhão, sob as duas espécies, não é
freqüente. Nessas condições, e aqui mo rando sempre, é compreensível que eu
mmca haja gado".
confessado nem
comun
Entretanto, os trechos mais interessan tes, a meu ver, são referentes à confis
fissão, quase não preciso dizer que a admiro e nela vejo poderoso elemento de
aperfeiçoamento moral e religioso Tôdi a minha vida, no meu esfôrço, tenho procurado onentar-me no sentido da sin
cera manifestação de minhas intenções e de meus atos. Na.minha vida pública (que nao separo da vida privada) no que escrevo e digo, nas minhas pró
prias cartas pode o amigo ver que Ls-
co quanto possível obedecer-lhe às re gras supremas, ser cristão na medida de
minha fraqueza, sem coragem para sair de minha sombra, adorando o Senhor e o seu altar iluminado do canto escuro
em que vivo, e no qual, com o mais
Tristemente lhe digo, Domine, non sum dignus."
^ Ao remeter ao Padre Madurcira o pre fácio da obra sôbre os jesuítas, dizia Calógeras: "Escrevi por obediência, e
O que me inspira mêdo é a comu nhão. Sou tão ignorante das coisas re
meu Ensaio de 1911, que a leitura das provas do livro
ligiosas í... O Poverello, e era' um san
ciou.
oe
hie re
pecador como eu, por mais sincero e profundo o seu arrependimento, tre ma em aproximar-se da Reconciliação ? Como agir conscientemente ? Eu, que nada sei! Não é o mistério que me re
pele. Mistério é tudo quanto nos cerca, do grão de areia aos sóis, e no mistério se funda a vida e se baseia o Além. Pa-
do Am.° me
eviden
Não preciso lembrar-lhe que, sendo
eu homem de boa fé, e tendo consignado minhas observações como as senti, pos
sível é não sejam inteiramente confor mes com a opinião assente na S. J. Re-
também, sem solicitá-lo em demasia,
que fazer um podido. Não sei porque, apesar de suas pilhérias, respostas nega tivas e declarações humorísticas, tenho a impressão da superficialidade de tudo, como que um aparelho
de defesa da
aeternitatis, que é o ponto de vista da Igreja; eu, do ponto de vista humano da
conciliação de regras mais altas com a tarefa de governar.
reza por ele,
pecador. Judicame, domine, non secun-
to naiuiai uu
trabalho junto ao do Am.°, fica autori
J.A r, r>nmn a T,ii7. Rptó e espírito, rínando quando éé, como a Luz Re
zado a pô-lo na cesta de papéis inúteis,
ligiosa, a Ciência Suprema e o Alto
0 sem que eu experimente
natural do homem, da «j" vida, Ti-,,,, do mun-
Com o Capistrano, por várias vezes, tenlio conversado, e minha Senhora
sentímentalidade própria do nosso ami go. Não posso crer que, bom, dedicado e generoso como é, êle se julgue apenas um amontoado biofísico-químico. Em
corde-se, entretanto, que escrevemos em dois planos diversos: o Am.°, sub specic
\J iXiZdLdXd iXIOj •OVlikliliVylJ do. Antes, o mistério oUôl atraí-me, sentímen-
o mistério (..uuiv como elemenu imoi-ciiv cíwucií-
do amigo dileto. Carinhosamente, assim se manifesta em relação ao inolvidável cearense:
mais procurando criar um ambiente do
Em todo caso, creio que, se houver qualquer inconveniente em figurar meu
reiiiio ra mim, tenho
Creia que sou amigo, mais do que ninguém, lamenta a própria ignorância, Nessas cartas, Capistrano é um dos assuntos prediletos e visível a sua pre ocupação com a falta de religiosidade
confessar dois erros de apreciação do
licet, como admirar que um po-
bato nem nego, ignoro. e procura a luz".
tribunal da penitência.
.
de certos influxos que lhe exporei, pu ramente espirituais e morais. Não com
divinos ensinamentos.
por dever de probidade intelectual de
to, por humildade se não ordenou. Se
no meu microcosmo, a reproduzir o grande mundo e.xterior, sofro o embate
entranhado amor, procuro seguir-lhe os
co por minha alma a nu. Não me re pugna, antes louvo e amo a confissão Nao desconheço, nem limito o poder do
parva
tais questões, essenciais, nada me des
qualquer
^..áL
todo caso, tanta gente lhe quer bem e que sempre haverá na
Bondade Suprema misericórdia para o
pírito, escreveu esta síntese que dispen sa qualquer interpretação: "Não é de hojo que me preocupa o nosso destino. Tive uma fase de hibernação (não de indiferença religiosa). No íntimo, po rém, sempre cri. Como menino e rapaz, pareceu-me prova de superioridade inte
lectual ser materialista. Mas, pouco du rou. Logo vi que, do próprio ponto de \ista meramente humano e experimen tal, eu substituía um postulado basilar por outro; em vez de Deus, a matéria
imortal e permanente na essência, se
bem variá\'el em suas manifestações. Como arguir uma hipótese de anti-cien-
tífica e a outra de ortodo.xa perante o saber humano e.xperiniental, se ambas partiam de um postulado aceito sem de monstração material possível ? Mais, até.
Como assim proceder, se o dogma tem sua vida e sua sanção acima dos senti
dos humanos, num caso, e da matéria, só perquirenda nos laboratórios, e esses tão pouco
dizem e tanto se contradi
zem ?
Breve voltei aos ensinamentos fami
liares. Período longo, em que no sub consciente se elaborava a germinação
da semente, ou antes o frondejar da planta mesquinha, mas sempre viva e imorredoura. Quanto tempo durou, mal poderei dizer. Creio, contudo, que dos 15 aos 25 anos minha vida foi mais vol
tada para o mundo do que para o céu, o então começou a reação. Já aos 40, pude refletir com madureza maior. Uma
coisa, entretanto, lhe posso afirmar: sempre procurei, mesmo na fase amorte
cida de mínlia vida espiritual, seguir o evangelho e ser cristão, tal o afeto en
ternecido que sempre experimentei pelo Salvador. Cada dia aumenta êste, e não
dum magnam iniquitatem meam, seã secundum misericórdia tuam. (Esta é in
leio uma vez a Oratio Montana sem au
finita)".
feito reparo que, em tudo quanto es crevo, falo nela. E' fácil a explicação
Sôbre a evolução religiosa de seu es
mentar êste sentimento. Já se me tem
^5» Dicesto Econômico
Dicesto EcoNÓAnco
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82
e decorre do que lhe tenho confessado: só escrevo o que sinto, tanto me absor ve 6 dirige minha vida interior, e o Ser mão divino é o ideal supremo que reve
rencio e que procuro, de tão longe, ai de mim, seguir e observar. Assim cheguei, aos poucos, mas com
relativa segurança, onde estou. Não ces sou o movimento, mas ignoro onde me conduzirá ainda". E' uma auto-psicologia.
Contente de retificar erros anteriores,
primeiro deve presidir a tudo, a criatu ra reverenciando, amando c obedecendo ao Criador. Para o Estado, respeitando tôda a crença e dando, sem escolha, o
possível auxílio a tôdas, sem se imiscuir em nenhum. E' o amicum fcedus, a que
fácio, a notícia me foi grata: receava
déstia. Infelizmente, não é assim, nem a
destoar do tom geral de seu livro, o que
modéstia caberia em assunto tão grave.
não seria honesto. Dizia Horacio: sit
E' real o que aleguei. Ou antes, a si
omne simplex, duntaxat et ÜNüM. Por
isso mesmo não aprecio as obras em que o prefaciante, a título de estudo ou de
tive de ler umas tantas coisas, mas a
linguagem comum, a do historiador tam bém, não é a da Igreja, e muito possí vel ó que certas coisas, que minha inte
História da Confederação Argentina, de
Adolfo Saldéas; respeito ambas as opi niões, mas separadasj na mesma enca
dernação, sob a mesma capa, êles hurhnt de se trouver ensemble. Por outro
lado, estimei poder confessar de j)úblico dois erros meus, também praticados de
público, sobre a pedagogia da Socieda de.
Tenho horror à improbidade de
ligência não compreende,
vor. E' .-x explicação, Icntucln cm certOS
jú reconhecido' . Não diverge do Padre Madureira, no que diz rcspcilo ás relações do ensino com a Igreja e o Estado, pois não pen sava em dissociar os dois elementos es pirituais: o educativo e o instrutivo.
"Ambos, para mim, são modos de servir a Deus e ao próximo; primeiro moHvo da unidade essencial. Ambos servem a caridade universal, ensino cristão de um
lado, solidariedade humana do outro. Para cada qual, homem ou família, o
lise, intoxicado polo vírus da leitura e
das discussões científicas, que, por pli intelectual, não sabe caminhar para fren te numa tese sem ter as provas do que ficou para trás. Por mal meu, não sinto bastante e perco-me no dédalo da chi cana do pseudo-íntelectualismo. Eis meu grande mal, entre outros.
Como aproximar-me, de consciência
tranqüila, da mesa da comunhão; como
receber a hóstia do perdão, sem profanála; como ter ti provei clu auproiiia reconcilinção, qnnndo tíil hesitação lavra cni nieu espírito ?
Sim, muiula cor meum et super nioem
dealbabor. Mas é preciso primeiro pu
tidários da presença real. Vejo, sinto e
rificar-me coração e espírito. Há trevo.s
mo comovo com efusSo com o admirá
a espancar. Por isso lhe disse: ainda não
vel símbolo de fraternidade que o Cris to Se dignou de conferir à mísera e mes
csiou maduro. Esclareça-me, dissipe mi nha lamentável inópia de conhecimen tos".
i
Martírio. Vejo o Sermão da Montanha, j
pósito firme de me corrigir. Posso dizer-
lhe que hoje me domino bastante para já não agir como o impulsivo que de fa to sou: reflito e meço meu sentimento para ver se não se afasLa do meu ideal, a oratio montaria, E isso não é recente:
era mais moço; menos falhadamente, à
ça, que age só por sentimento. Mas, sou um velho, inveterado nos hábitos de aná
Rcprodnz-stí cin mim n antiga dispu
e.xamc íntimo de consciência, com o pro
ja. Atribuo, portanto, à minha infinita
Escrevi-lhe, uma voz, que dera tudo
ta dos primeiros séculos da Igreja, o conflito entre os nominalislas e os par
té-Io visto por minhas Ciutas. Renovo-
faz muitos anos que a isto me acostumei,
por ter a mentalidade ingênua da crian
casos, que meu espírito não entende.
discípulo respondia: "Realmente, meu
trem dúvidas sôbre tal ponto. Sei, por outro lado, a lógica profunda da Igre ignorância o que experimento. Preciso compreender, para agir.
Não é o mistério que me abala: o mis tério é o normal da vida para quem sabe
quinha criatura humana. Nele vejo a imensa ternura de um afeto que foi ao Supremo Sacrifício, à Ignomínia o ao
precioso fator de aperfeiçoamento moral. Experimento-a diàriamente, ao fazer um
mentais. E creio saber que concilies condenavam quantos se afastam ou nu
zer a meio. Age quod agis, é ponto de fé para mim. Quando me dou, é sem re
peito próprio que faz persistir no erro,
no Além.
Tenho demasiado respeito de um sa
mais do que ignorância do sentido que a teologia lhes dá. Ora, precisamente, é de um desses casos que vou tratar. Como o amigo tem visto, nada sei fa servas covardes.
lhe minha afirmação anterior: nela vejo
cramento para o praticar com restrições
não sejam
todos os gêneros, e talvez o mais grave modo de se manifestar seja a do pensa mento. Por isso não admito o falso res
Mestre Amado, Luz guiadora na vida e
dá ?
mal sabe os títulos de capítulos de uma obra que desconhece. Històricamente
apresentado. Êsse ó o caso de Mitre na
nidade das lições e dos exemplos do
caso não é o temor da confissão. Deve
real. Não será ignorância minha no senti
tuação é pior: a do meio ignorante que
comentário, investe contra o trabalho
cm símbolo pelos tempos afora. A Eter
do exato e verdadeiro que a Igreja lhe
de em afirmar a sua ignorância religio sa e, com o coração nos lábios, confessa humildemente: "O amigo pensa que fa
lei em minha ignorância por falsa mo
cesse aos retiros espirituais. Tateante, o
Não compreendo bem a presença
aspiram tôdas as almas que se preocu pam com o essencial da vida". Calógeras timbra sempre com lealda
contínua: "Da aprovação do meu pre
coroado e divinízado no Gólgota. A Ceia última. Amor e liame fraterno, repetida
O Padre Madureira não de.sanimava.
Teimava para que Calógeras compare
mas com êxito variável: pouco, quando
medida que meditação e idade e expe riência da vida me fortaleceram. Tanto que, para mim, nada me custaria menos
do que me aproximar com sinceridade inteira do tribunal da penitência. Também me parece não ser meu ca
so, pelo menos, como entendo, o respei to mal entendido e exagerado do sacra
mento. Compreendo e plenamente acei to o verbo conciliar, propier homines. Doutrina do amor, só é lógico e lumino
so o que favorece, aumenta, ampara e consolida o duplo movimento da alma da criatura pelo Criador (amor e adora ção), do Criador para a criatura (amor e amparo patemal). Meu anseio é fnito
de dúplíce hesitar. Um, de banal honeslidiitlc: não praticar um ato de fé, sem
plcilu convicção, respeito c adesão ao sentido próprio que 11)6 dá a auioiltUicle que o instituiu. Outro de incompreen são: vejo e sinto e vivo o slmholo ; não compreendo, por ignorância minha provãvolinentc, o que OS concílios afirma ram ser a verdade — a presença real
Creio saber que o teologia usa as pulnvras com uma significação precisa, que não é em geral a da interpretação vul
gar. Além disso, o anseio próprio do
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e decorre do que lhe tenho confessado: só escrevo o que sinto, tanto me absor ve 6 dirige minha vida interior, e o Ser mão divino é o ideal supremo que reve
rencio e que procuro, de tão longe, ai de mim, seguir e observar. Assim cheguei, aos poucos, mas com
relativa segurança, onde estou. Não ces sou o movimento, mas ignoro onde me conduzirá ainda". E' uma auto-psicologia.
Contente de retificar erros anteriores,
primeiro deve presidir a tudo, a criatu ra reverenciando, amando c obedecendo ao Criador. Para o Estado, respeitando tôda a crença e dando, sem escolha, o
possível auxílio a tôdas, sem se imiscuir em nenhum. E' o amicum fcedus, a que
fácio, a notícia me foi grata: receava
déstia. Infelizmente, não é assim, nem a
destoar do tom geral de seu livro, o que
modéstia caberia em assunto tão grave.
não seria honesto. Dizia Horacio: sit
E' real o que aleguei. Ou antes, a si
omne simplex, duntaxat et ÜNüM. Por
isso mesmo não aprecio as obras em que o prefaciante, a título de estudo ou de
tive de ler umas tantas coisas, mas a
linguagem comum, a do historiador tam bém, não é a da Igreja, e muito possí vel ó que certas coisas, que minha inte
História da Confederação Argentina, de
Adolfo Saldéas; respeito ambas as opi niões, mas separadasj na mesma enca
dernação, sob a mesma capa, êles hurhnt de se trouver ensemble. Por outro
lado, estimei poder confessar de j)úblico dois erros meus, também praticados de
público, sobre a pedagogia da Socieda de.
Tenho horror à improbidade de
ligência não compreende,
vor. E' .-x explicação, Icntucln cm certOS
jú reconhecido' . Não diverge do Padre Madureira, no que diz rcspcilo ás relações do ensino com a Igreja e o Estado, pois não pen sava em dissociar os dois elementos es pirituais: o educativo e o instrutivo.
"Ambos, para mim, são modos de servir a Deus e ao próximo; primeiro moHvo da unidade essencial. Ambos servem a caridade universal, ensino cristão de um
lado, solidariedade humana do outro. Para cada qual, homem ou família, o
lise, intoxicado polo vírus da leitura e
das discussões científicas, que, por pli intelectual, não sabe caminhar para fren te numa tese sem ter as provas do que ficou para trás. Por mal meu, não sinto bastante e perco-me no dédalo da chi cana do pseudo-íntelectualismo. Eis meu grande mal, entre outros.
Como aproximar-me, de consciência
tranqüila, da mesa da comunhão; como
receber a hóstia do perdão, sem profanála; como ter ti provei clu auproiiia reconcilinção, qnnndo tíil hesitação lavra cni nieu espírito ?
Sim, muiula cor meum et super nioem
dealbabor. Mas é preciso primeiro pu
tidários da presença real. Vejo, sinto e
rificar-me coração e espírito. Há trevo.s
mo comovo com efusSo com o admirá
a espancar. Por isso lhe disse: ainda não
vel símbolo de fraternidade que o Cris to Se dignou de conferir à mísera e mes
csiou maduro. Esclareça-me, dissipe mi nha lamentável inópia de conhecimen tos".
i
Martírio. Vejo o Sermão da Montanha, j
pósito firme de me corrigir. Posso dizer-
lhe que hoje me domino bastante para já não agir como o impulsivo que de fa to sou: reflito e meço meu sentimento para ver se não se afasLa do meu ideal, a oratio montaria, E isso não é recente:
era mais moço; menos falhadamente, à
ça, que age só por sentimento. Mas, sou um velho, inveterado nos hábitos de aná
Rcprodnz-stí cin mim n antiga dispu
e.xamc íntimo de consciência, com o pro
ja. Atribuo, portanto, à minha infinita
Escrevi-lhe, uma voz, que dera tudo
ta dos primeiros séculos da Igreja, o conflito entre os nominalislas e os par
té-Io visto por minhas Ciutas. Renovo-
faz muitos anos que a isto me acostumei,
por ter a mentalidade ingênua da crian
casos, que meu espírito não entende.
discípulo respondia: "Realmente, meu
trem dúvidas sôbre tal ponto. Sei, por outro lado, a lógica profunda da Igre ignorância o que experimento. Preciso compreender, para agir.
Não é o mistério que me abala: o mis tério é o normal da vida para quem sabe
quinha criatura humana. Nele vejo a imensa ternura de um afeto que foi ao Supremo Sacrifício, à Ignomínia o ao
precioso fator de aperfeiçoamento moral. Experimento-a diàriamente, ao fazer um
mentais. E creio saber que concilies condenavam quantos se afastam ou nu
zer a meio. Age quod agis, é ponto de fé para mim. Quando me dou, é sem re
peito próprio que faz persistir no erro,
no Além.
Tenho demasiado respeito de um sa
mais do que ignorância do sentido que a teologia lhes dá. Ora, precisamente, é de um desses casos que vou tratar. Como o amigo tem visto, nada sei fa servas covardes.
lhe minha afirmação anterior: nela vejo
cramento para o praticar com restrições
não sejam
todos os gêneros, e talvez o mais grave modo de se manifestar seja a do pensa mento. Por isso não admito o falso res
Mestre Amado, Luz guiadora na vida e
dá ?
mal sabe os títulos de capítulos de uma obra que desconhece. Històricamente
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nidade das lições e dos exemplos do
caso não é o temor da confissão. Deve
real. Não será ignorância minha no senti
tuação é pior: a do meio ignorante que
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cm símbolo pelos tempos afora. A Eter
do exato e verdadeiro que a Igreja lhe
de em afirmar a sua ignorância religio sa e, com o coração nos lábios, confessa humildemente: "O amigo pensa que fa
lei em minha ignorância por falsa mo
cesse aos retiros espirituais. Tateante, o
Não compreendo bem a presença
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contínua: "Da aprovação do meu pre
coroado e divinízado no Gólgota. A Ceia última. Amor e liame fraterno, repetida
O Padre Madureira não de.sanimava.
Teimava para que Calógeras compare
mas com êxito variável: pouco, quando
medida que meditação e idade e expe riência da vida me fortaleceram. Tanto que, para mim, nada me custaria menos
do que me aproximar com sinceridade inteira do tribunal da penitência. Também me parece não ser meu ca
so, pelo menos, como entendo, o respei to mal entendido e exagerado do sacra
mento. Compreendo e plenamente acei to o verbo conciliar, propier homines. Doutrina do amor, só é lógico e lumino
so o que favorece, aumenta, ampara e consolida o duplo movimento da alma da criatura pelo Criador (amor e adora ção), do Criador para a criatura (amor e amparo patemal). Meu anseio é fnito
de dúplíce hesitar. Um, de banal honeslidiitlc: não praticar um ato de fé, sem
plcilu convicção, respeito c adesão ao sentido próprio que 11)6 dá a auioiltUicle que o instituiu. Outro de incompreen são: vejo e sinto e vivo o slmholo ; não compreendo, por ignorância minha provãvolinentc, o que OS concílios afirma ram ser a verdade — a presença real
Creio saber que o teologia usa as pulnvras com uma significação precisa, que não é em geral a da interpretação vul
gar. Além disso, o anseio próprio do
h
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ignorante, esmagada pelo misténo c a perquirír manifestações reais que llie es clareçam ou 4"^ ciareçam que " a mente não alcança; - • crendice popular; o sedimento que sem
pre ficou de politeísmos e de fetichismos
j. 2. ^falsear o anteriores; tudo conspira para « .
__ ^ L
A I•W A «■
/N
a
ambiente, e materializar o que e puro es
pírito e irradiação do Amor Divino. Mas tudo isso é fruto da inquietação da alma
que procura a luz, e tateia ainda na tre-
vti. __ treinamenva Ainda é conseqüência do
to mental; preciso compreender, mesmo nas coisas em que deve reinar soberano o sentimento.
E afirmo-lhe não ser mera atitude, sim esfôrço leal e aturado por ascender espiritualmente. Diariamente, noite e
lhe ter dito que nunca me vinguei, "»»ca nutri ódio pelos que me queriam mal
e por êlcs rezo sem falha do um só dia.
Inútil acrescentar que não quero mal a pessoa alguma; se, no momento cm que sou ferido, a fraqueza humana cm mim se queixa, nem um momento me vem ao
espírito ou ao coração a idéia sequer do revide e da vingança.
Não sei se, por isso, tenho tido a ventur.a de grandes consolos morais c !ne.smo de certos privilégios inferiores, mate riais, a que ligo menos apreço, entre tanto. Nem sei quantas vêzes atos que visavam prej'uízos meus se transforma ram em fontes de benefícios, principal
Digesto Econômico
85
feira santa confessava-o, com impressio nante juízo sobre o protestantisnío. Eis
as suas palavras: "Erudição, lógica, e.xe-
gese e equanimidade equilibram-se nesse repositório valioso de (permita-me a ex pressão) filosofia religiosa o histórica. Para quem se ocupa das coisas essen ciais da Vida e da Morte, isto é, — o pensamento humano e a revelação, o
ideal a seguir, e as regras de conduta para o aüngir - difícil será achar me
lhor compêndio. A posição escolhida é invencivelmen-
te lógica: dirige-se aos que acreditam em Cristo. De fato, para os que nêle
não crêem, e são deístas, a lógica aponta
mente morais, mas, em várias instâncias,
ções. A única coisa que peço para mim
o judaísmo. Para ateus, o livro não tem interesse:
gando-me erroneamente, intentaram pct-
partem de outra base, inteiramente ar
cristão, segundo o vosso coração, digno
seguir-me, pude, ou diretamente ou u sua descendência, prestar modesto auxí
manhã,
no mínimo, faço minhas ora
é essa: Senhor, fazei de mim um bom
do sacrifício supremo que por mim fizes tes; dai-me coragem, perseverança e fôrça para dominar e vencer minhas inúme ras faltas.
Como vê, não sei se conversão será
propriamente o modo de caraterizar meu
processo mental. Fui um tíbio, uma al
trazendo vantagens. A pessoas que, jullio. Do próprio sofrimento que me fize
ram experimentar, colhi largos ensina mentos, de sorte que lhes não posso que rer mal.
Conto-lhe tudo isso por causa
de sua frase:
"Analise bem, mais que
puder, a sua vida, e há de concluir que
trinta anos que procuro aproximar-me da
Deus não o perdeu de vista". Bem vè o amigo que vou tão longe nessa convic ção, que receio envaidecer-me, se bem que, com a maior humildade, o agrade
luz do pouso de que me havia deixado
ça a Deus.
ma hibernante (digamos assim).
díscolo, nem indiferente.
Nem
Há mais de
distanciar, sem nunca ter inteiramente
Negativa, certamente lhe não dou.
erdido de vista seu brilho. Ainda não ,P j.-.— ^ o Viíaím Hq /*»namo ouso sentar-me à beira da chama, mas
Continuo meditando, e aflito por apren
UU
•
—
..«w
me aquece e alenta e guia seu luminoso
calor.
Neste mundo tudo é providência, diz o amigo muito bem, e exprime uma ver
der 6 melhorar. E' muito possível, se o
amigo me permitir, que um dia eu vá a Fríburgo, mesmo ^em ser na época do retiro, para conversar com o amigo. Acredito, até,
ser esta a solução mais
dade que inúmeras vezes tenho sentiao,
proveitosa".
quinha existência. Tanto que outras tan
uma formidável brecha, enviando-lhe n
viva e operante, na minha mesma mes
tas vêzes tenho sèriamente receado estar
em pecado de orgulho e desvairada pre
sunção, por me julgar especialinente favorecido pela proteção do Alto. Creio
O Padre Madureira consegue abrir monumental obra "A Igreja, a Reforma e a Civilização", do Padre Leonel Fran. ca. A impressão produzida em seu es
pírito foi profunda. Em uma quinta-
bitrária e desmentida pelas observações cientificas — a perpetuidade das ener gias de todo gênero, olvidados que eri gem um novo dogma, que pretendem verificável, mas que hoje já se não de fende ante os fatos demonstrados da de
gradação da energia e da reintegração da matéria.
Resta, pois, no Ocidente,
o grande
grupo de confissões cristãs, e, delas, o conjunto das derivadas, por cissiparida-
de, da Confissão de Augsburgo. Como profundo interêsse me desper
tam tais problemas essenciais, é natural haja lido alguma coisa sobre tal assunto
o, por isso, tenha achado algumas alega ções já conhecidas minhas nessa nobre
obra de retificação de adulterações his tóricas e religiosas. As "Variações Pro testantes" permanecem infrangíveís. Mas achei tanto ponto de vista novo,
tanto fato ignorado,
tanto depoimento
irrefutável, que não sei se haverá livro
imensa ignorância. Tenho, entretanto, a impressão funda da exatidão da frase
de Maistre que o Padre Leonel cita: as heresias deformam-se a si e reformamnos a nós.
Do grande cisma grego, já lhe escrevi uma vez o que me afastou dêle: os im
pulsos e apetites políticos e meramente pessoais de Fotius e Miguel Ccrulário. Mas mil vêzes pior, moral e intelec tualmente, é a progênie da Reforma. Nem consigo apreender como se possa defendê-las, no seu nascimento e no seu
evolver, quer do' ponto de vista da lüstória, quer dogmaticamente ou social mente. Sempre tive essa opinião, e o li vro que lhe vou devolver a fortalece de
modo inabalável. Poderia eu ser tudo, menos
protestante.
E note o Amigo
(trahet sua quemque voluptas), o prin cípio Intimamente dissolvente procla mado por Lutero lhe vai aniquilando a própria obra. Hoje as inúmeras deno minações nada mais traduzem do que o esfacêlo da primeira voz de rebeldia, a desfechar na opinião individual do intér prete, na qual, por não haver lògicamente dois sêres idênticos, senão apenas se melhantes, desaparece a religião, social e dogmaticamente, por não haver dois fiéis a religar. Curiosa Nemesis histórica e religiosa ! Para triunfar, no domínio do senso co mum, da imoralidade fundamental da
predestinação e da justificação só pela fé, tiveram os protestantes de matizes vários de recuar e aconselhar as obras que marcam a colaboração do livre ar
bítrio humano nos alvos coiimados pe
la concessão gratuita da graça. Catolicizaram-se para poderem conservar sua
que possa fazer concorrência a A Igreja,
"emprise" sobre as almas.
a Reforma e a Civilização.
rar-se volte ao aprisco a ovelha tresma
Sobre as heresias dos primeiros cinco séculos, pouquíssimo sei, na minha
Que muito é, portanto, poder espe
lhada, de boa fé e sem pastor? E' questão de tempo e de missão, que bem
h
JPVI'
i«.'fi DiGESTO Econômico
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ignorante, esmagada pelo misténo c a perquirír manifestações reais que llie es clareçam ou 4"^ ciareçam que " a mente não alcança; - • crendice popular; o sedimento que sem
pre ficou de politeísmos e de fetichismos
j. 2. ^falsear o anteriores; tudo conspira para « .
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a
ambiente, e materializar o que e puro es
pírito e irradiação do Amor Divino. Mas tudo isso é fruto da inquietação da alma
que procura a luz, e tateia ainda na tre-
vti. __ treinamenva Ainda é conseqüência do
to mental; preciso compreender, mesmo nas coisas em que deve reinar soberano o sentimento.
E afirmo-lhe não ser mera atitude, sim esfôrço leal e aturado por ascender espiritualmente. Diariamente, noite e
lhe ter dito que nunca me vinguei, "»»ca nutri ódio pelos que me queriam mal
e por êlcs rezo sem falha do um só dia.
Inútil acrescentar que não quero mal a pessoa alguma; se, no momento cm que sou ferido, a fraqueza humana cm mim se queixa, nem um momento me vem ao
espírito ou ao coração a idéia sequer do revide e da vingança.
Não sei se, por isso, tenho tido a ventur.a de grandes consolos morais c !ne.smo de certos privilégios inferiores, mate riais, a que ligo menos apreço, entre tanto. Nem sei quantas vêzes atos que visavam prej'uízos meus se transforma ram em fontes de benefícios, principal
Digesto Econômico
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feira santa confessava-o, com impressio nante juízo sobre o protestantisnío. Eis
as suas palavras: "Erudição, lógica, e.xe-
gese e equanimidade equilibram-se nesse repositório valioso de (permita-me a ex pressão) filosofia religiosa o histórica. Para quem se ocupa das coisas essen ciais da Vida e da Morte, isto é, — o pensamento humano e a revelação, o
ideal a seguir, e as regras de conduta para o aüngir - difícil será achar me
lhor compêndio. A posição escolhida é invencivelmen-
te lógica: dirige-se aos que acreditam em Cristo. De fato, para os que nêle
não crêem, e são deístas, a lógica aponta
mente morais, mas, em várias instâncias,
ções. A única coisa que peço para mim
o judaísmo. Para ateus, o livro não tem interesse:
gando-me erroneamente, intentaram pct-
partem de outra base, inteiramente ar
cristão, segundo o vosso coração, digno
seguir-me, pude, ou diretamente ou u sua descendência, prestar modesto auxí
manhã,
no mínimo, faço minhas ora
é essa: Senhor, fazei de mim um bom
do sacrifício supremo que por mim fizes tes; dai-me coragem, perseverança e fôrça para dominar e vencer minhas inúme ras faltas.
Como vê, não sei se conversão será
propriamente o modo de caraterizar meu
processo mental. Fui um tíbio, uma al
trazendo vantagens. A pessoas que, jullio. Do próprio sofrimento que me fize
ram experimentar, colhi largos ensina mentos, de sorte que lhes não posso que rer mal.
Conto-lhe tudo isso por causa
de sua frase:
"Analise bem, mais que
puder, a sua vida, e há de concluir que
trinta anos que procuro aproximar-me da
Deus não o perdeu de vista". Bem vè o amigo que vou tão longe nessa convic ção, que receio envaidecer-me, se bem que, com a maior humildade, o agrade
luz do pouso de que me havia deixado
ça a Deus.
ma hibernante (digamos assim).
díscolo, nem indiferente.
Nem
Há mais de
distanciar, sem nunca ter inteiramente
Negativa, certamente lhe não dou.
erdido de vista seu brilho. Ainda não ,P j.-.— ^ o Viíaím Hq /*»namo ouso sentar-me à beira da chama, mas
Continuo meditando, e aflito por apren
UU
•
—
..«w
me aquece e alenta e guia seu luminoso
calor.
Neste mundo tudo é providência, diz o amigo muito bem, e exprime uma ver
der 6 melhorar. E' muito possível, se o
amigo me permitir, que um dia eu vá a Fríburgo, mesmo ^em ser na época do retiro, para conversar com o amigo. Acredito, até,
ser esta a solução mais
dade que inúmeras vezes tenho sentiao,
proveitosa".
quinha existência. Tanto que outras tan
uma formidável brecha, enviando-lhe n
viva e operante, na minha mesma mes
tas vêzes tenho sèriamente receado estar
em pecado de orgulho e desvairada pre
sunção, por me julgar especialinente favorecido pela proteção do Alto. Creio
O Padre Madureira consegue abrir monumental obra "A Igreja, a Reforma e a Civilização", do Padre Leonel Fran. ca. A impressão produzida em seu es
pírito foi profunda. Em uma quinta-
bitrária e desmentida pelas observações cientificas — a perpetuidade das ener gias de todo gênero, olvidados que eri gem um novo dogma, que pretendem verificável, mas que hoje já se não de fende ante os fatos demonstrados da de
gradação da energia e da reintegração da matéria.
Resta, pois, no Ocidente,
o grande
grupo de confissões cristãs, e, delas, o conjunto das derivadas, por cissiparida-
de, da Confissão de Augsburgo. Como profundo interêsse me desper
tam tais problemas essenciais, é natural haja lido alguma coisa sobre tal assunto
o, por isso, tenha achado algumas alega ções já conhecidas minhas nessa nobre
obra de retificação de adulterações his tóricas e religiosas. As "Variações Pro testantes" permanecem infrangíveís. Mas achei tanto ponto de vista novo,
tanto fato ignorado,
tanto depoimento
irrefutável, que não sei se haverá livro
imensa ignorância. Tenho, entretanto, a impressão funda da exatidão da frase
de Maistre que o Padre Leonel cita: as heresias deformam-se a si e reformamnos a nós.
Do grande cisma grego, já lhe escrevi uma vez o que me afastou dêle: os im
pulsos e apetites políticos e meramente pessoais de Fotius e Miguel Ccrulário. Mas mil vêzes pior, moral e intelec tualmente, é a progênie da Reforma. Nem consigo apreender como se possa defendê-las, no seu nascimento e no seu
evolver, quer do' ponto de vista da lüstória, quer dogmaticamente ou social mente. Sempre tive essa opinião, e o li vro que lhe vou devolver a fortalece de
modo inabalável. Poderia eu ser tudo, menos
protestante.
E note o Amigo
(trahet sua quemque voluptas), o prin cípio Intimamente dissolvente procla mado por Lutero lhe vai aniquilando a própria obra. Hoje as inúmeras deno minações nada mais traduzem do que o esfacêlo da primeira voz de rebeldia, a desfechar na opinião individual do intér prete, na qual, por não haver lògicamente dois sêres idênticos, senão apenas se melhantes, desaparece a religião, social e dogmaticamente, por não haver dois fiéis a religar. Curiosa Nemesis histórica e religiosa ! Para triunfar, no domínio do senso co mum, da imoralidade fundamental da
predestinação e da justificação só pela fé, tiveram os protestantes de matizes vários de recuar e aconselhar as obras que marcam a colaboração do livre ar
bítrio humano nos alvos coiimados pe
la concessão gratuita da graça. Catolicizaram-se para poderem conservar sua
que possa fazer concorrência a A Igreja,
"emprise" sobre as almas.
a Reforma e a Civilização.
rar-se volte ao aprisco a ovelha tresma
Sobre as heresias dos primeiros cinco séculos, pouquíssimo sei, na minha
Que muito é, portanto, poder espe
lhada, de boa fé e sem pastor? E' questão de tempo e de missão, que bem
nr-T
DiCESTo Econômico
Digesto EcoNÓNnco
86
87
scncial, reconheço), que nao compreen do no ensino da Igreja.
cabo à Igreja, cuja história não é senão a história
de uma paciência
etcma.
Creio no progresso humano, em todos os sentidos. E por isso creio também na volta à unidade da Fé, unus
pastor,
untim ovile.
c, dêsse ponto de vista, cada vez mais
Ainda hoje, indo ã missa, orei pelo amigo, pelo Padre Leonel, cm sinal, quanto a ôste, da gratidão que lhe devo
se robustece em minha opinião a \'anta-
a presença real do frade dominicano Hu-
dentes. Parece-me inegável que o dog
pelo seu livro".
no Colégio Angélico, cm Roma, aonde
gon, professor de teologia e de filosofia
Meticuloso, faz uma consulta que bem
O que eu ignorava quase completa mente, e a obra do Padre Franca me en sinou, entre outras, era o passado dos reformadores. Confesso que atribuía a
h
O Padre Madurcira, que previa a hibernação estar anunciando flores e fnitos de cstio, lhe remete o livro sôbre
Lutero, a Zsvingli, a Calvino, motivos de
afluíam todos os estudantes selecionados
revela a delicadeza de seus sentimentos: "Das dificuldades materiais com que \a-
da Ordem dc S. Domingos.
vo, uma das causas reside no esforço que
gralmente satisfatória. Sincero e inca
A resposta de Calógcras não era inte
tive dc fazer para adquirir de meus ir mãos as partes que possuíam na casa de Pctrópolís, que meu pai comprara há quase cinqüenta anos. Que quer ? Não
paz de uma inverdade, mínima que fôs-
propclido por sua sensualidade inconti-
mo pude resignar a deixar em mãos es
se, traçou contudo uma página de cinti lante beleza, que vou reproduzir na ínte gra. Percebe-se-lhe o desejo de crer: "Não quis eu responder-lhe à sua
da. Não se tratava de almas, mas de
tranhas e indiferentes o prédio cm que
carta do 19 de abril sem ter lido o tra
natureza
intelectual e de revolta por
qualquer título. Vejo agora que o revol tado epidérmico era simplesmente um
baixas exigências corporais não sofrea-
se passou longo período dc nossa vida
das. A libertação proclamada (o los von
balho do Padre Hugon. Terminei hoje
familiar, onde élc adoeceu da moléstia a que sucumbiu no Rio, onde minha mãe e uma irmã querida faleceram. E, essa, seria a única solução, pois meus irmãos vivem na Europa, e eu, só, estou no
essa leitura, e posso assim escrever-lhe.
inexato: para tanto, é demasiado defi
Brasil.
ciente meu preparo teológico, quase nulo
Tive de fazer uns reparos. Na entra da do terraço, no revestimento do azu
tendo do filosofia para tentar esclarecer-
Rom ainda sustenta) mascarava jura mentos quebrados.
Mas o que mais me assombrou foi a irracionalidade da Reforma; a insinceridade com que praticava excessos mil vê-
zes piores do que as faltas humanas que profligava; sua imoralidade ingênita, em suma.
,
j
Creía que a impressão causada foi
grande em meu espírito. E' um grande e nobre livro. Se o Pa dre Leonel Franca se não incomodar com as felicitações de um ignorante co
mo eu, peço dar-lhe a segurança do
quanto apreciei e admirei seu belíssimo trabalho.
Para meu caso, porém, nada encontrei,
porque, de fato, não figurava no pro grama de seu estudo.
Oue poderia eu ler e meditar para sa ber o que a Igreja entende pela presen ça real na EucarisÜa ? Peço guiar-me. Tanto me tenho confessado nessas mi nhas longas cartas (que até parecem mensagens governativas), que conto nao abusar de sua caridade solicitando seu ministério espiritual no ponto único (es-
Um mcs, quase, levei nessa empresa, por trechos curtos, a fim de poder meditar. Dizer-lhe que tudo compreendi, seria
mesmo. Vali-me do pouquíssimo que en me: inda assim, lacunas imensas existem
lejos, pus uma cruz. No meu intuito, seria uma profissão de fé e o assegurar de acolhida cristã a quem viesse procu Ainda encerraria, no
em meu espírito, notadamente no que diz respeito à superposição e ao entrela çamento do aspectos distintos e comple-
meu desejo, um duplo símbolo, por se
mentarcs do ser, e de suas características
achar em nível abaixo do soco: afirmaria
elementares. Substância, essência, espé-
rar nosso home.
gem que a Igreja leva sôbre seus dissi
ma de hoje é o que sempre foi e que as investidas e as divergências só logra ram evidenciar a imutabilidade dos con
ceitos iniciais. Assim, quanto à eucaris tia, a transubstanciação,
à comunhão
sob uma e sob duas espécies, à valoncia intrínseca da missa, da consagração, seu efeito e.r opere operato sem cogitar da valia pessoal de quem consagrou. Sem dúvida, é obra una través os séculos. E, mais do que isso, é admirável monumen
to de lógica perfeita e cerrada. Precisa mente, o que me seduziu e fêz voltar da
ortodoxia grega ao credo romano. No
símbolo de Nicéia, que noite e manhã repito, o filioque mo relembra sempre.
Tenho por hábito nao rezar maquinalmente, sim pesando em meu espírito e meditando as palavras (o eontrário do
lipsCrvice inglês ou dos moinhos de pre ces budistas). Nenhuma oração une mais Ultimamente e mais e.ssencialmente
meu sentimento e minha inteligência do
que a dominical. Sinto e experimento a união perfeita de minha alma com essa
admirável invocação dos filhos ao Pai. E o mesmo que me faz estremecer o Sermão da Montanha, sobretudo apud
que sobre a Cruz repousavam a constru
cíe.s, dansam ante meus olhos em ronda
ção material e a constituição da vida es
visto as iniciais simbólicas em constm-
confusa e nem sempre diví.so limites ou reconheço propriedades peculiares e di ferenciais. Contudo, a obra mc prestou bastante, para melodizar minhas idéias, confirmar noções que já tinha e consoli dar o conceito que sempre fiz do cato licismo: a mais formidável construção ló
ções religiosas e objetos do culto, receei abusar, aplicando-as cm uma casa par
gica que o engenho humano fundou na
oposição, mas por incompreensão. Ima
revelação.
gine que acho tudo claro, luminoso, diá-
piritual de seus moradores. Para lhe dar êsse caráter e não confundir o desenho
com um simples ornato arquitetural, quis sotopor-lhe o I. H. S. rituais. Recuei do
propósito por escrúpulo. Tendo sempre
ticular. E é o que venho indagar do
Não estou em condições de analisar
amigo. Posso, sem merecer crítica ou censura, inscrever na entrada de nosso
nem de discutir a parte dogmática, e nem tal presunção me passou nunca pelo espírito. Posso, talvez, apreciar menos incompetentemente a parte tradicional.
tugúrio 0 sob a Cruz liminar, a invoca ção ao Alto ?"
J
Mathseum. Serenidade, fôrça, inteligên cia...
tudo paira na altura máxima
atingível ao homem.
E esta sensação de plenitude moral, religiosa portanto, que me falta em grau igual quanto à eucaristia. Não por fano... e aqui meus olhos, o instinto da
alma, encontram uma névoa. Nem por sombras me ínsurjo. Quid sum, miser?
Ignorante, desconhecendo a significa ção precisa dos vocábulos da linguagem
nr-T
DiCESTo Econômico
Digesto EcoNÓNnco
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scncial, reconheço), que nao compreen do no ensino da Igreja.
cabo à Igreja, cuja história não é senão a história
de uma paciência
etcma.
Creio no progresso humano, em todos os sentidos. E por isso creio também na volta à unidade da Fé, unus
pastor,
untim ovile.
c, dêsse ponto de vista, cada vez mais
Ainda hoje, indo ã missa, orei pelo amigo, pelo Padre Leonel, cm sinal, quanto a ôste, da gratidão que lhe devo
se robustece em minha opinião a \'anta-
a presença real do frade dominicano Hu-
dentes. Parece-me inegável que o dog
pelo seu livro".
no Colégio Angélico, cm Roma, aonde
gon, professor de teologia e de filosofia
Meticuloso, faz uma consulta que bem
O que eu ignorava quase completa mente, e a obra do Padre Franca me en sinou, entre outras, era o passado dos reformadores. Confesso que atribuía a
h
O Padre Madurcira, que previa a hibernação estar anunciando flores e fnitos de cstio, lhe remete o livro sôbre
Lutero, a Zsvingli, a Calvino, motivos de
afluíam todos os estudantes selecionados
revela a delicadeza de seus sentimentos: "Das dificuldades materiais com que \a-
da Ordem dc S. Domingos.
vo, uma das causas reside no esforço que
gralmente satisfatória. Sincero e inca
A resposta de Calógcras não era inte
tive dc fazer para adquirir de meus ir mãos as partes que possuíam na casa de Pctrópolís, que meu pai comprara há quase cinqüenta anos. Que quer ? Não
paz de uma inverdade, mínima que fôs-
propclido por sua sensualidade inconti-
mo pude resignar a deixar em mãos es
se, traçou contudo uma página de cinti lante beleza, que vou reproduzir na ínte gra. Percebe-se-lhe o desejo de crer: "Não quis eu responder-lhe à sua
da. Não se tratava de almas, mas de
tranhas e indiferentes o prédio cm que
carta do 19 de abril sem ter lido o tra
natureza
intelectual e de revolta por
qualquer título. Vejo agora que o revol tado epidérmico era simplesmente um
baixas exigências corporais não sofrea-
se passou longo período dc nossa vida
das. A libertação proclamada (o los von
balho do Padre Hugon. Terminei hoje
familiar, onde élc adoeceu da moléstia a que sucumbiu no Rio, onde minha mãe e uma irmã querida faleceram. E, essa, seria a única solução, pois meus irmãos vivem na Europa, e eu, só, estou no
essa leitura, e posso assim escrever-lhe.
inexato: para tanto, é demasiado defi
Brasil.
ciente meu preparo teológico, quase nulo
Tive de fazer uns reparos. Na entra da do terraço, no revestimento do azu
tendo do filosofia para tentar esclarecer-
Rom ainda sustenta) mascarava jura mentos quebrados.
Mas o que mais me assombrou foi a irracionalidade da Reforma; a insinceridade com que praticava excessos mil vê-
zes piores do que as faltas humanas que profligava; sua imoralidade ingênita, em suma.
,
j
Creía que a impressão causada foi
grande em meu espírito. E' um grande e nobre livro. Se o Pa dre Leonel Franca se não incomodar com as felicitações de um ignorante co
mo eu, peço dar-lhe a segurança do
quanto apreciei e admirei seu belíssimo trabalho.
Para meu caso, porém, nada encontrei,
porque, de fato, não figurava no pro grama de seu estudo.
Oue poderia eu ler e meditar para sa ber o que a Igreja entende pela presen ça real na EucarisÜa ? Peço guiar-me. Tanto me tenho confessado nessas mi nhas longas cartas (que até parecem mensagens governativas), que conto nao abusar de sua caridade solicitando seu ministério espiritual no ponto único (es-
Um mcs, quase, levei nessa empresa, por trechos curtos, a fim de poder meditar. Dizer-lhe que tudo compreendi, seria
mesmo. Vali-me do pouquíssimo que en me: inda assim, lacunas imensas existem
lejos, pus uma cruz. No meu intuito, seria uma profissão de fé e o assegurar de acolhida cristã a quem viesse procu Ainda encerraria, no
em meu espírito, notadamente no que diz respeito à superposição e ao entrela çamento do aspectos distintos e comple-
meu desejo, um duplo símbolo, por se
mentarcs do ser, e de suas características
achar em nível abaixo do soco: afirmaria
elementares. Substância, essência, espé-
rar nosso home.
gem que a Igreja leva sôbre seus dissi
ma de hoje é o que sempre foi e que as investidas e as divergências só logra ram evidenciar a imutabilidade dos con
ceitos iniciais. Assim, quanto à eucaris tia, a transubstanciação,
à comunhão
sob uma e sob duas espécies, à valoncia intrínseca da missa, da consagração, seu efeito e.r opere operato sem cogitar da valia pessoal de quem consagrou. Sem dúvida, é obra una través os séculos. E, mais do que isso, é admirável monumen
to de lógica perfeita e cerrada. Precisa mente, o que me seduziu e fêz voltar da
ortodoxia grega ao credo romano. No
símbolo de Nicéia, que noite e manhã repito, o filioque mo relembra sempre.
Tenho por hábito nao rezar maquinalmente, sim pesando em meu espírito e meditando as palavras (o eontrário do
lipsCrvice inglês ou dos moinhos de pre ces budistas). Nenhuma oração une mais Ultimamente e mais e.ssencialmente
meu sentimento e minha inteligência do
que a dominical. Sinto e experimento a união perfeita de minha alma com essa
admirável invocação dos filhos ao Pai. E o mesmo que me faz estremecer o Sermão da Montanha, sobretudo apud
que sobre a Cruz repousavam a constru
cíe.s, dansam ante meus olhos em ronda
ção material e a constituição da vida es
visto as iniciais simbólicas em constm-
confusa e nem sempre diví.so limites ou reconheço propriedades peculiares e di ferenciais. Contudo, a obra mc prestou bastante, para melodizar minhas idéias, confirmar noções que já tinha e consoli dar o conceito que sempre fiz do cato licismo: a mais formidável construção ló
ções religiosas e objetos do culto, receei abusar, aplicando-as cm uma casa par
gica que o engenho humano fundou na
oposição, mas por incompreensão. Ima
revelação.
gine que acho tudo claro, luminoso, diá-
piritual de seus moradores. Para lhe dar êsse caráter e não confundir o desenho
com um simples ornato arquitetural, quis sotopor-lhe o I. H. S. rituais. Recuei do
propósito por escrúpulo. Tendo sempre
ticular. E é o que venho indagar do
Não estou em condições de analisar
amigo. Posso, sem merecer crítica ou censura, inscrever na entrada de nosso
nem de discutir a parte dogmática, e nem tal presunção me passou nunca pelo espírito. Posso, talvez, apreciar menos incompetentemente a parte tradicional.
tugúrio 0 sob a Cruz liminar, a invoca ção ao Alto ?"
J
Mathseum. Serenidade, fôrça, inteligên cia...
tudo paira na altura máxima
atingível ao homem.
E esta sensação de plenitude moral, religiosa portanto, que me falta em grau igual quanto à eucaristia. Não por fano... e aqui meus olhos, o instinto da
alma, encontram uma névoa. Nem por sombras me ínsurjo. Quid sum, miser?
Ignorante, desconhecendo a significa ção precisa dos vocábulos da linguagem
■
Dicesto Econômico
88
técnica dos dogmatistas, que ridículo, o meu, se o fizesse..•
O problema eterno apresenta-se, para mim como um mundo de fenômenos a
explicar. Que soluções propôs o homem? Ponhamos de lado o dogma de alguns -
a matéria — que nada explica e peca
pela base: altera-se, degrada-se e con some-se enquanto assistimos a manifes tações de energias permanentes. Matc-
rialismo, penso eu, eqüivale a uma peti ção de princípios para a complexidade dos fatos humanos : é porque é, e nada mais. Nada dá causas e menos ainda a causa primeira; limita-se a verificar o
que existe, e a deduzir relações, leis ou nexos causais, entre fenômenos secun
ao qual este é semelhante, mas subor
Bento. Irei lá. Também falarei ao Pa
dinado cm todos os sentidos.
dre Natuzzi, quando estiver no Rio, so bro o Dicionário D'Alès. Creio, entre tanto, que preferirei Battifol, pois várias
em si. A explicação única que açode ao espírito é: o fínito não pode compre ender o infinito, pois pertencem a dois planos fenomenais diferentes. Daí o mis
atribuí, como ainda atribuo, a falta a mim mesmo. Pedi-lhe, ainda, meios de
Para empregar têrmos gerais, como cm matemática se usam, uma força exter
o fato material, pois o sentimos e ve
dente,
mos, cumpre remontar a plano mais alto
elemento externo; a própria vontade e
do que o da humanidade.
sabedoria, se fôr consciente: — é o fato
Com os nossos recursos mentais tão sòmente, como explicar o mistério uni versal em que nos debatemos e ansea-
divino) — no caso figurado, repito, na da rnãTs compreensível e normal do que a possibilidade de alterar as leis, secun dárias sempre, dos fenômenos. O que
Lissor do raio, e, à razão de 300.000 km por segundo, tem-se chegado a nú meros que traduzem milhões de séculos para o momento em que a vibraçao se deu, que só hoje se percebe, e milhões de anos de luz para o afastamento entre a estrela e a nossa minúscula Terra. Que
para velar sua ignorância própria, nem confunda suas próprias interpretações
existente. E' a Causa Primeira: o Cria dor.
Para isso, para o inacessível à pura razão humana, e que existe tanto quanto
Dossível calcular a distancia do astro
não recorra por demais ao sobrenatural
com a revelação. Deo quod Dei; Cxsari
na a um sistema
sência e em seu alcance, tais abismos, corre rumo da loucura. O infinito ó um fato: a luz de uma estrela que fere nos sa retina neste instante prova tal exis tência, no tempo e no espaço, pois é
O que peço, apenas, é que o homem
tério. Daí a necessidade implícita de conceber uma energia externa, regedora (a harmonia universal o prova) mas in dependente, c como tal podendo exce tuar, para si, na obediência incondicio nal às regras firmadas para o complexo
obedeça nem seja influenciada por estas senão em condições especiais (no caso de uma fôrça absolutamente indepen
plesmente a compreender, em sua es
89
essencialmente finita c limitada ? Nada,
onde a estaca O ?
mos ? O do mal, o do bem, o da ampli
ECONÓAflCO
significa isto, para nossa humanidade
dários. E, para falar como engenheiro
dão, o dos conflitos entre moral e inte resses ? Inteligência que, dentro das contingências puramente sensoriais, se abalaiiça por não interpretar, mas sim
DiGESTO
de forças c que não
a condição seria intrínseca ao
so chama o mistério revela apenas: nos
casos devidos à ignorância do homem, o atraso de seus meios de indagação; nos casos transcendentes, o desconhecimen
to do que se passa em plano mais alto do que o nosso, a ausência de medida comum
entre o fenômeno
e quem o
aprecia. O milagre é a ação da fôrça externa interventora na norma costumei
ra dos fenômenos.,
Admitido, como para nós, crentes, o fato divino, nada mais acessível do que
o fato do milagre, sem que por isso lhe conheçamos a essência e o processo.
Por isso, em meu espírito, não me causam abalo mistério e milagre, nem
me repugnam à razão como manifesta ções de um poder superior ao homem.
quod Csesaris, por assim dizer. No caso da eucaristia, como lhe dis
se, o símbolo, a representação fazem-me
bater o coração. Não consigo compre ender a presença real, escrevi-lhe eu, c
me iluminar o espírito. Para mim, igno rante, e sem preparo especial, o livro do Padre Hugon é alimento forte demais.
Apenas pude assimilar algumas noções,
explanações dèstc, citadas por Hugon, embora nem sempre apoiadas por êste, me impressionaram."
Entusiasmado pelo homem de ciência
o de boa fé que era Calógeras, o jesuí ta, com a constância de um apóstolo, o auxilia nas investigações da verdade e lho envia o artigo "Eucharistie" de Jules Lebreton, da Companhia de Jesus, inserto no Dicionário Apologético da Fé
Católica de D'Alès, um trabalho magis tral sôbre a presença real. Calógeras com assiduidade punha o mestre a par de seus estudos e não
tanto que lhe venho solicitar o favor de
me furto ao prazer de transcrever uma
deixar ficar o volume em minhas mãos
de suas hndas confissões:
por mais algum tempo: preciso relê-lo e aqui em Petxópolis eu não encontraria
exemplar a venda. No Rio, adquirirei um e devolverei o da Biblioteca do Co
légio Anchieta. No tocante à transubstanciação, base
de tudo, confesso-lhe que estou lutando com dificuldades sérias e grandes, oriun das de minha falta de familiaridade com
os assuntos de teologia. Já encontrei, entretanto, alguns pontos de apoio. Ve rifiquei, por exemplo, que eu desconhe cia a significação dogmática de muitos
"Estou lendo o artigo de Lebreton e mais alguns.
Realmente, mais fàci'-
mente o compreendo do que o livro de Hugon. Além do que, êste é mais rígi do e duro em imi tomismo absoluto, en
quanto o outro me parece um pouco I mais latitudinárlo. Já achei vários pon tos que me valeram. Mas preciso insis tir e reler o Hugon; talvez agora o en-_ tenda menos deficientemente. Lingua gem e dialética são de fato um pouco
áridas. Mas é coisa que me não repele e que nunca me inspiraria abandonar o
têrmos, que tomava em sentido demasia
estudo. Dizer que há coisa mais impor
do literal. Verifiquei também que a car
tante, como o amigo por pilhéria escre
ne e o sangue
tem que ser
propria
mente entendidos, pela multiplicidade de noções que todo ser encerra. Mas êsse
ponto ainda não está claro para mim, e preciso meditar mais sôbre êle. Pobre de
veu que poderia parecer à gente frívola, não me passaria pelo espírito; vita cetcrna agiiur. Faz muitos anos, li na biogra fia do Miguel Servet, a vítima de Cal-
mim 1... Como Tomé, preciso pôr as
vino, um trecho que me calou na men te. Salvo êrro de memória, ia êle, estu
mãos nas
feridas para reconhecer e
dante paupérrimo e ne patjant pas de
crer... Credam firmius, devo repetir
mine, rumo de Bolonha ou de Pádua a
sempre e sempre.
iniciar ou aperfeiçoar seus estudos mé
Mudemos de assunto.
Recebi o cartão para o abade de S.
dicos. Próximo à fronteira do Piemonte, e já em território dêste, caiu gravemente
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Dicesto Econômico
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técnica dos dogmatistas, que ridículo, o meu, se o fizesse..•
O problema eterno apresenta-se, para mim como um mundo de fenômenos a
explicar. Que soluções propôs o homem? Ponhamos de lado o dogma de alguns -
a matéria — que nada explica e peca
pela base: altera-se, degrada-se e con some-se enquanto assistimos a manifes tações de energias permanentes. Matc-
rialismo, penso eu, eqüivale a uma peti ção de princípios para a complexidade dos fatos humanos : é porque é, e nada mais. Nada dá causas e menos ainda a causa primeira; limita-se a verificar o
que existe, e a deduzir relações, leis ou nexos causais, entre fenômenos secun
ao qual este é semelhante, mas subor
Bento. Irei lá. Também falarei ao Pa
dinado cm todos os sentidos.
dre Natuzzi, quando estiver no Rio, so bro o Dicionário D'Alès. Creio, entre tanto, que preferirei Battifol, pois várias
em si. A explicação única que açode ao espírito é: o fínito não pode compre ender o infinito, pois pertencem a dois planos fenomenais diferentes. Daí o mis
atribuí, como ainda atribuo, a falta a mim mesmo. Pedi-lhe, ainda, meios de
Para empregar têrmos gerais, como cm matemática se usam, uma força exter
o fato material, pois o sentimos e ve
dente,
mos, cumpre remontar a plano mais alto
elemento externo; a própria vontade e
do que o da humanidade.
sabedoria, se fôr consciente: — é o fato
Com os nossos recursos mentais tão sòmente, como explicar o mistério uni versal em que nos debatemos e ansea-
divino) — no caso figurado, repito, na da rnãTs compreensível e normal do que a possibilidade de alterar as leis, secun dárias sempre, dos fenômenos. O que
Lissor do raio, e, à razão de 300.000 km por segundo, tem-se chegado a nú meros que traduzem milhões de séculos para o momento em que a vibraçao se deu, que só hoje se percebe, e milhões de anos de luz para o afastamento entre a estrela e a nossa minúscula Terra. Que
para velar sua ignorância própria, nem confunda suas próprias interpretações
existente. E' a Causa Primeira: o Cria dor.
Para isso, para o inacessível à pura razão humana, e que existe tanto quanto
Dossível calcular a distancia do astro
não recorra por demais ao sobrenatural
com a revelação. Deo quod Dei; Cxsari
na a um sistema
sência e em seu alcance, tais abismos, corre rumo da loucura. O infinito ó um fato: a luz de uma estrela que fere nos sa retina neste instante prova tal exis tência, no tempo e no espaço, pois é
O que peço, apenas, é que o homem
tério. Daí a necessidade implícita de conceber uma energia externa, regedora (a harmonia universal o prova) mas in dependente, c como tal podendo exce tuar, para si, na obediência incondicio nal às regras firmadas para o complexo
obedeça nem seja influenciada por estas senão em condições especiais (no caso de uma fôrça absolutamente indepen
plesmente a compreender, em sua es
89
essencialmente finita c limitada ? Nada,
onde a estaca O ?
mos ? O do mal, o do bem, o da ampli
ECONÓAflCO
significa isto, para nossa humanidade
dários. E, para falar como engenheiro
dão, o dos conflitos entre moral e inte resses ? Inteligência que, dentro das contingências puramente sensoriais, se abalaiiça por não interpretar, mas sim
DiGESTO
de forças c que não
a condição seria intrínseca ao
so chama o mistério revela apenas: nos
casos devidos à ignorância do homem, o atraso de seus meios de indagação; nos casos transcendentes, o desconhecimen
to do que se passa em plano mais alto do que o nosso, a ausência de medida comum
entre o fenômeno
e quem o
aprecia. O milagre é a ação da fôrça externa interventora na norma costumei
ra dos fenômenos.,
Admitido, como para nós, crentes, o fato divino, nada mais acessível do que
o fato do milagre, sem que por isso lhe conheçamos a essência e o processo.
Por isso, em meu espírito, não me causam abalo mistério e milagre, nem
me repugnam à razão como manifesta ções de um poder superior ao homem.
quod Csesaris, por assim dizer. No caso da eucaristia, como lhe dis
se, o símbolo, a representação fazem-me
bater o coração. Não consigo compre ender a presença real, escrevi-lhe eu, c
me iluminar o espírito. Para mim, igno rante, e sem preparo especial, o livro do Padre Hugon é alimento forte demais.
Apenas pude assimilar algumas noções,
explanações dèstc, citadas por Hugon, embora nem sempre apoiadas por êste, me impressionaram."
Entusiasmado pelo homem de ciência
o de boa fé que era Calógeras, o jesuí ta, com a constância de um apóstolo, o auxilia nas investigações da verdade e lho envia o artigo "Eucharistie" de Jules Lebreton, da Companhia de Jesus, inserto no Dicionário Apologético da Fé
Católica de D'Alès, um trabalho magis tral sôbre a presença real. Calógeras com assiduidade punha o mestre a par de seus estudos e não
tanto que lhe venho solicitar o favor de
me furto ao prazer de transcrever uma
deixar ficar o volume em minhas mãos
de suas hndas confissões:
por mais algum tempo: preciso relê-lo e aqui em Petxópolis eu não encontraria
exemplar a venda. No Rio, adquirirei um e devolverei o da Biblioteca do Co
légio Anchieta. No tocante à transubstanciação, base
de tudo, confesso-lhe que estou lutando com dificuldades sérias e grandes, oriun das de minha falta de familiaridade com
os assuntos de teologia. Já encontrei, entretanto, alguns pontos de apoio. Ve rifiquei, por exemplo, que eu desconhe cia a significação dogmática de muitos
"Estou lendo o artigo de Lebreton e mais alguns.
Realmente, mais fàci'-
mente o compreendo do que o livro de Hugon. Além do que, êste é mais rígi do e duro em imi tomismo absoluto, en
quanto o outro me parece um pouco I mais latitudinárlo. Já achei vários pon tos que me valeram. Mas preciso insis tir e reler o Hugon; talvez agora o en-_ tenda menos deficientemente. Lingua gem e dialética são de fato um pouco
áridas. Mas é coisa que me não repele e que nunca me inspiraria abandonar o
têrmos, que tomava em sentido demasia
estudo. Dizer que há coisa mais impor
do literal. Verifiquei também que a car
tante, como o amigo por pilhéria escre
ne e o sangue
tem que ser
propria
mente entendidos, pela multiplicidade de noções que todo ser encerra. Mas êsse
ponto ainda não está claro para mim, e preciso meditar mais sôbre êle. Pobre de
veu que poderia parecer à gente frívola, não me passaria pelo espírito; vita cetcrna agiiur. Faz muitos anos, li na biogra fia do Miguel Servet, a vítima de Cal-
mim 1... Como Tomé, preciso pôr as
vino, um trecho que me calou na men te. Salvo êrro de memória, ia êle, estu
mãos nas
feridas para reconhecer e
dante paupérrimo e ne patjant pas de
crer... Credam firmius, devo repetir
mine, rumo de Bolonha ou de Pádua a
sempre e sempre.
iniciar ou aperfeiçoar seus estudos mé
Mudemos de assunto.
Recebi o cartão para o abade de S.
dicos. Próximo à fronteira do Piemonte, e já em território dêste, caiu gravemente
Dicesto Econômico
90
Digesto Econômico
91
enfermo. Foi chamado um facultativo,
rá ele um dêsscs discipics qui s'ignorcnt?
sagração, se acha o Eleito, mas que nos
e depois outro, a fim de confcrcncia-
A viú\a do Martim consiiltou-nie sobre
não diziam, por sermos crianças.
rem, tão sério pareceu o caso. Vendo o
SC, sabida como era a falta dc crenças
pobre doente, miserável no aspecto, lojpondo-o alheio a qualquer latinidadc, c, propôs um — dos — cientistas ao — colega
do marido, devia mandar rezar missa por sua alma. Respondi logo que sim, por que èle era bom demais para que, no fundo, fòssc estranho a Dcu.s. Ilá, cm
sa estarão prestes terminados. Minha
— faciamus experímentum in anima vili.
Edniond Rostand, na sua oljra-prima,
presença aqui se torna menos precisa, e
serviço e creia que todos os dias, manhã e noite, peço a Deus o tenha em Sua Santa Glória".
mando-o por mendigo ou pouco mais, c su
Indignado, ergueu-se Scrvet da enxerga e fulminou: vilem appellas animatti pro qua Christus non dedignatus est mori. E era apenas da vida material que se tra tava- ..
Imagine então o que, em minha al
ma, se passa dessa coisa superior que é a salvação, a vida espiritual !... Dez vezes mais árduo fôsse o livro do Hugon, e dez vezes mais esforço desenvol veria eu para tentar compreendê-lo!
Mas Lebreton está-me servindo, mal
piritual verdadeiro influxo depurador. Graças lhe rendo por esse inestimável
minha ausência do Rio perturba meus trabalhos em todos os sentidos.
veu fundamente: Je sttis pcu mi fond de teus les 7nots d'amour. Assim também
Logo que eu A-eja findos os trabalhos dos operários, terei de mandar abençoar
nas
a casa. Quis custodiei domum, niíi do-
meira comunhão e, dessa data, em todas as primeiras sextas-feiras de cada mês,
consciente ou não, sc acha Deus ausen
minus custodierit eam ? Em Belo Hori
te. E é por isso que, pelo Martim, in-
invariávelmente recebia o Corpo de
zonte, onde tive uma cafua, assim fiz,
Cristo.
^•oco c imploro sempre.a infinita e pa-
o não abandono o precedente agora que se trata de minha casa familiar, a que
Comemorando êsse grande" triunfo da Igreja Católica, que alistava entre os
se prendem tantas emoções nossas."
seus fiéis um dos mais puros caracteres
Entregando-se de corpo e alma ao es tudo do problema eucarístico, Calógeras faz um longo extrato do artigo de
e dos maiores cérebros do País, o Padre
Lebreton. Altino Arantes, um dos ra ros amigos que o manusearam, teceu-lhe
foi o seu companheiro inseparável.
ações boas:
de ncnlumia
ternal misericórdia divina:
delas,
non secun-
dam magnam iniquilatem meam, sed secundinn magnam misaricordiam tuam.
mais as dificuldades do professor do Co légio Angélico. Quando Üver terminado
bém partilho o seu dito sôbre panem
a releitura do artigo do Dicionário Apo-
confesso-lhe quanto compreendo melhor o trecho correspondente da orath mon-
minha impressão. E' certo que já com preendo melhor certos pontos e inter
Penso que, dentro em breve, regres sarei ao Rio. Os consertos de nossa ca
La Samarituine, um verso que põe na
Suas observações sôbre a argumenta ção histórica, tradicional, é justa, assim como seu non phis quam oportct. Tam
logético, escreverei ao amigo dando-lhe
fruto de minha ignorância, não de qual quer má-fé. E.xerceu na minha vida es
verei.
boca dc Cristo e que sempre inc como
comparando, de Gradus ad Parnassum. Penso penetrar-lhe melhor o sentido c
assim talvez consiga decifrar um pouco
Sôbre tudo isso, mais tarde lhe escre
fletir sôbre pontos inúmeros; a sentir o erro de várias interpretações minhas,
nostrum quotidiamim. E a ôsse respeito, lana — panem nostrum suprasubstantialem na versão de Mateus.
Esclarecido e consciente do ato, no
os mais encomiásticos elogios. As cartas que Calógeras escreveu ao
dia 5 de agosto de 1927 fêz a sua pri
Madureira
ofereceu-lhe
um
artístico
Missale Romanum, livro de orações, que Surgiu um novo apóstolo. Como o insígne Alceu de Amoroso Lima, pôs a sua pena e a sua palavra ao serviço da Igre
Padre Madureira, em data de 30 de
ja. Estudou a questão
junho c de 16 de julho de 1927, são
atuação de Frei Vital, escrevendo pala
verdadeiras lições de teologia, dignas de seu cérebro privilegiado.
seu ensaio sôbre Feijó e a crise religio
religiosa e a
vras definitivas, como definitivo foi o
preto menos erroneamente outros. Com
Lebreton, mais do que Hugon, fêz-
o vício ingênito da educação matemáti
mo entrever tôda a significação da mis sa e da eucaristia, mistério da fé, mis tério do amor, assistência aos fracos e
senhor cio assunto, que tanto o apaixo
"Política Exterior do Império".
aos fortes, viático na vida até o Além.
nara, como os melhores professôres. Documentos longos e especializados,
Paulo sôbre a Ordem de S. Bento e a
reveladores de uma assimilação prodigio sa, a Fundação Calógeras breve os pu
síntese magistral dos estudos sérios de
blicará com o resumo do Lebreton.
Draper, Viilari, Butier e Mabillon.
ca, desprovida de souplesse, verifico que dei significado por demais literal a mui tas palavras: creio que foi o erro dos cafarnaítas. Mas, ainda nisto, fui inspi rado pela versão de Mateus — est, est; non, non. Já vejo que preciso dar mais elasticidade ao valor dos textos, para não
Também me fez melhor compreender certas práticas familiares.
Meus pais
(coino'muítos outros, naturalmente) no.s ensinavam, a seus filhos, a não derrubar
cair no engano de atribuir à matéria su
o pão, e, quando tal acontecesse, a le
premacia sobre o espírito.
vantá-lo com respeito, beijando-o. Pen sava eu, quando criança, que tal se fa
O trecho de Sertillanges que me man
dou, e que não conhecia, veio trazer-me
grande consôlo. Perdi, vai para um mês, um grande amigo, Martim Francisco,
que era um justo e viveu segundo a lei divina, se bem que se dissesse ateu. Se
zia em memória da oração dominical,
da dádiva divina. Vejo agora que ha via mais do que isso, nesse gesto que
Sem um resquício de dúvida, estava
Ao Padre Madureira, endereçava es
tas palavras
de reconhecimento
c de
sa, inserto no terceiro volume de sua
" A. sua conferência realizada em São
Civilização é um monumento de cultura,
São páginas de ternura as que escre-
N'eu sôbre o Padre Madureira c de jus
amizade: "Preciso dizer-lhe quanto sou
tiça as que redigiu em defesa da Com
grato à sua direção espiritual. Claro: consciência, alguma leitura, preocupa ção principal da vida interior, fé em Deus, tudo isto preexistia em mim.
panhia de Jesus.
sião, tal a energia de seus ataques, a ira
Mas era muito confuso o estado de meu
dos seus adversários.
até hoje não abandonei: o respeito ao
espírito, quase caótico.
elemento, em cuja espécie, após a con-
Amigo a coordenar minha crença; a re
Obrigou-me o
Combateu o divórcio a vinculo e as
doutrinas bolcheristas, atraindo na oca
Como paraninfo dos engenhelrandos
do Maclcenzie College, em 1928, profe-
Dicesto Econômico
90
Digesto Econômico
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enfermo. Foi chamado um facultativo,
rá ele um dêsscs discipics qui s'ignorcnt?
sagração, se acha o Eleito, mas que nos
e depois outro, a fim de confcrcncia-
A viú\a do Martim consiiltou-nie sobre
não diziam, por sermos crianças.
rem, tão sério pareceu o caso. Vendo o
SC, sabida como era a falta dc crenças
pobre doente, miserável no aspecto, lojpondo-o alheio a qualquer latinidadc, c, propôs um — dos — cientistas ao — colega
do marido, devia mandar rezar missa por sua alma. Respondi logo que sim, por que èle era bom demais para que, no fundo, fòssc estranho a Dcu.s. Ilá, cm
sa estarão prestes terminados. Minha
— faciamus experímentum in anima vili.
Edniond Rostand, na sua oljra-prima,
presença aqui se torna menos precisa, e
serviço e creia que todos os dias, manhã e noite, peço a Deus o tenha em Sua Santa Glória".
mando-o por mendigo ou pouco mais, c su
Indignado, ergueu-se Scrvet da enxerga e fulminou: vilem appellas animatti pro qua Christus non dedignatus est mori. E era apenas da vida material que se tra tava- ..
Imagine então o que, em minha al
ma, se passa dessa coisa superior que é a salvação, a vida espiritual !... Dez vezes mais árduo fôsse o livro do Hugon, e dez vezes mais esforço desenvol veria eu para tentar compreendê-lo!
Mas Lebreton está-me servindo, mal
piritual verdadeiro influxo depurador. Graças lhe rendo por esse inestimável
minha ausência do Rio perturba meus trabalhos em todos os sentidos.
veu fundamente: Je sttis pcu mi fond de teus les 7nots d'amour. Assim também
Logo que eu A-eja findos os trabalhos dos operários, terei de mandar abençoar
nas
a casa. Quis custodiei domum, niíi do-
meira comunhão e, dessa data, em todas as primeiras sextas-feiras de cada mês,
consciente ou não, sc acha Deus ausen
minus custodierit eam ? Em Belo Hori
te. E é por isso que, pelo Martim, in-
invariávelmente recebia o Corpo de
zonte, onde tive uma cafua, assim fiz,
Cristo.
^•oco c imploro sempre.a infinita e pa-
o não abandono o precedente agora que se trata de minha casa familiar, a que
Comemorando êsse grande" triunfo da Igreja Católica, que alistava entre os
se prendem tantas emoções nossas."
seus fiéis um dos mais puros caracteres
Entregando-se de corpo e alma ao es tudo do problema eucarístico, Calógeras faz um longo extrato do artigo de
e dos maiores cérebros do País, o Padre
Lebreton. Altino Arantes, um dos ra ros amigos que o manusearam, teceu-lhe
foi o seu companheiro inseparável.
ações boas:
de ncnlumia
ternal misericórdia divina:
delas,
non secun-
dam magnam iniquilatem meam, sed secundinn magnam misaricordiam tuam.
mais as dificuldades do professor do Co légio Angélico. Quando Üver terminado
bém partilho o seu dito sôbre panem
a releitura do artigo do Dicionário Apo-
confesso-lhe quanto compreendo melhor o trecho correspondente da orath mon-
minha impressão. E' certo que já com preendo melhor certos pontos e inter
Penso que, dentro em breve, regres sarei ao Rio. Os consertos de nossa ca
La Samarituine, um verso que põe na
Suas observações sôbre a argumenta ção histórica, tradicional, é justa, assim como seu non phis quam oportct. Tam
logético, escreverei ao amigo dando-lhe
fruto de minha ignorância, não de qual quer má-fé. E.xerceu na minha vida es
verei.
boca dc Cristo e que sempre inc como
comparando, de Gradus ad Parnassum. Penso penetrar-lhe melhor o sentido c
assim talvez consiga decifrar um pouco
Sôbre tudo isso, mais tarde lhe escre
fletir sôbre pontos inúmeros; a sentir o erro de várias interpretações minhas,
nostrum quotidiamim. E a ôsse respeito, lana — panem nostrum suprasubstantialem na versão de Mateus.
Esclarecido e consciente do ato, no
os mais encomiásticos elogios. As cartas que Calógeras escreveu ao
dia 5 de agosto de 1927 fêz a sua pri
Madureira
ofereceu-lhe
um
artístico
Missale Romanum, livro de orações, que Surgiu um novo apóstolo. Como o insígne Alceu de Amoroso Lima, pôs a sua pena e a sua palavra ao serviço da Igre
Padre Madureira, em data de 30 de
ja. Estudou a questão
junho c de 16 de julho de 1927, são
atuação de Frei Vital, escrevendo pala
verdadeiras lições de teologia, dignas de seu cérebro privilegiado.
seu ensaio sôbre Feijó e a crise religio
religiosa e a
vras definitivas, como definitivo foi o
preto menos erroneamente outros. Com
Lebreton, mais do que Hugon, fêz-
o vício ingênito da educação matemáti
mo entrever tôda a significação da mis sa e da eucaristia, mistério da fé, mis tério do amor, assistência aos fracos e
senhor cio assunto, que tanto o apaixo
"Política Exterior do Império".
aos fortes, viático na vida até o Além.
nara, como os melhores professôres. Documentos longos e especializados,
Paulo sôbre a Ordem de S. Bento e a
reveladores de uma assimilação prodigio sa, a Fundação Calógeras breve os pu
síntese magistral dos estudos sérios de
blicará com o resumo do Lebreton.
Draper, Viilari, Butier e Mabillon.
ca, desprovida de souplesse, verifico que dei significado por demais literal a mui tas palavras: creio que foi o erro dos cafarnaítas. Mas, ainda nisto, fui inspi rado pela versão de Mateus — est, est; non, non. Já vejo que preciso dar mais elasticidade ao valor dos textos, para não
Também me fez melhor compreender certas práticas familiares.
Meus pais
(coino'muítos outros, naturalmente) no.s ensinavam, a seus filhos, a não derrubar
cair no engano de atribuir à matéria su
o pão, e, quando tal acontecesse, a le
premacia sobre o espírito.
vantá-lo com respeito, beijando-o. Pen sava eu, quando criança, que tal se fa
O trecho de Sertillanges que me man
dou, e que não conhecia, veio trazer-me
grande consôlo. Perdi, vai para um mês, um grande amigo, Martim Francisco,
que era um justo e viveu segundo a lei divina, se bem que se dissesse ateu. Se
zia em memória da oração dominical,
da dádiva divina. Vejo agora que ha via mais do que isso, nesse gesto que
Sem um resquício de dúvida, estava
Ao Padre Madureira, endereçava es
tas palavras
de reconhecimento
c de
sa, inserto no terceiro volume de sua
" A. sua conferência realizada em São
Civilização é um monumento de cultura,
São páginas de ternura as que escre-
N'eu sôbre o Padre Madureira c de jus
amizade: "Preciso dizer-lhe quanto sou
tiça as que redigiu em defesa da Com
grato à sua direção espiritual. Claro: consciência, alguma leitura, preocupa ção principal da vida interior, fé em Deus, tudo isto preexistia em mim.
panhia de Jesus.
sião, tal a energia de seus ataques, a ira
Mas era muito confuso o estado de meu
dos seus adversários.
até hoje não abandonei: o respeito ao
espírito, quase caótico.
elemento, em cuja espécie, após a con-
Amigo a coordenar minha crença; a re
Obrigou-me o
Combateu o divórcio a vinculo e as
doutrinas bolcheristas, atraindo na oca
Como paraninfo dos engenhelrandos
do Maclcenzie College, em 1928, profe-
Digesto EcoNÓNaco
92
riu essa notabilíssima oração "Senso da
inteiramente a sua alma purificada. A
Vida", resumo do seu pensamento filo
morte foi para élc apenas a queda de
sófico e religioso. E' realmente dos seus
uma barreira material, cuja opacidade se
melhores trabalhos, como fundo e como
adelgaçava mais c mais; às penumbras
forma, e que causou indelével impressão
da fé sucedeu o cxta.sc da \'isão imedia
nos meios universitários.
ta do Infinito Bem que ele tanto amou. Não queremos fazer mais comentários
A sua oração, lida pelo dr. Rêgo Mon teiro ao ser inaugurado o monumento do
nem deduzir as lições que se encerram
Redentor, no Corcovado, como presiden
nesta vida admíràvclmentc fecunda. A
te da Liga Eleitoral Católica, é de
simples leitura dc.stcs fragmentos inédi
alma profundamente cristã. "Obra-pri ma e de elevação espiritual patriótica que todos ouviram comovidos e edifica-
dos", foram os termos do telegrama do Cardeal Arcebispo.
Solicitado pelo Cardeal D. Sebastião
I
Leme. escreveu, já bastante enfermo. Conceito cristão do trabalho", sinteti-
zando as doutrinas da Igreja Romana,
expostas na enciclica "De Rerum Novarum", de Leão XIII.
Foram êsses, em resumo, os extraor dinários serviços que João Pandiá Caló
geras prestou à Igreja Católica, após a sua conversão religiosa.
Não quero finalizar êste capítulo sem reproduzir as palavras de seu confessoí, o Padre Leonel Franca, artista e
beleza serena do espírito totalmente sub
misso aos desígnios adoráveis da Provi dência e fixo na contemplação interior das realidades eternas. Deus enchera
4 — As convenções internacionais c a
legislação projetada
laboração livre e eficaz na produção das riquezas.
O problema relacionado com os mé
sil se comprometeu a observar e exe
todos ou bases para se chegar <à fixa
ce interior de um dos maiores estadistas
cutar as regras tendentes a metodizar
ção dos salários mínimos foi discuti do em Genebra em 1927 e uma decisão final foi adotada em 1928. O convê
e das mais sólidas culturas
e regulamentar a organização do tra balho, ditadas nesse histórico do
ses participantes se obrigavam a ins
cumento, visando a melhoria das con
tituir e conservar métodos que per
do Brasil
contemporâneo. O sôpro que lhe ani mou tôda a existência e inspirou a bele za das ações foi o amor sincero e abso luto de Deus e a fidelidade inqucbrantável aos ensinamentos do Evangelho. Sô-
bre todas as coisas prezava êlc a sua dignidade de cristão. O mundo gravaria talvez na lousa da sua sepultura o elen co glorioso de suas benemerênclas inte
lectuais e sociais; êle preferiu resumir a sua vida num ato religioso, simples e su blime. Entre os escritos deixados à fa
mília foi encontrada, em dois lugares di
res traçados por mão trêmula, os dizeres:
enfraquecendo de dia para dia, luzia a
11
uma face tal\'ez menos conhecida, a fa
"Ascensões d'A!ma".
vólucro material de um corpo que se ia
Rubens Mabacliano
Como uma das altas partes signatá rias do Tratado de ^''e^sallles, o Bra
ferentes, uma folha de papel, tendo no
ciam-no com facilidade. Através do in
Salário mínimo familiar
tos tem por si a eloqüência singular das grandes realidades. ÊIcs revelam-nos
pensador, orgulho da Igreja e do Brasil, ao publicar essa pequena obra-prima^ "Os que tiveram a dita de b respirar de perto nos últimos tempos reconhe
- >.'1
alto uma cruz, e, em baixo, cm caracte Ad pedes tuos. .. Fiat voluntas tua...
E nada mais.
E' a maior lição que de João Pandiá Calógeras aprenderá a posteridade." O justo e sábio jesuíta lavrou o seu veredito. Enterrou-se com o burel fran-
ciscano o imortal Calógeras,
nio aprovado estabeleceu que os paí
dições dos trabalhadores de todos os
mitissem fixar uma taxa mínima de
países e, de modo particular, dos per
retribuição para os operários, desde
tencentes às nações que aquéle pacto internacional.
que não existisse um regime para o
firmaram
Os métodos recomendados teriam de
estabelecimento de salários por via de acordos Coletivos, tendo-se era conta a necessidade de assegurar aos traba
ser adotados segundo as peculiarida des de cada país, tendo em conta as
lhadores interessados um nível de vida
tendências e a cultura das coletivida
conveniente.
des a serem abrangidas, não depen
Conquanto permitisse a cada nação adotar os sistemas que entendesse
dendo, assim, a elaboração das leis do trabalho apenas e tão somente da vontade do poder público, mas tam bém de fatores vários, dos usos e cos tumes, das condições econômicas, da tradição industrial, e, ainda, da opor tunidade dc aplicação dos novos prin
cípios gerais que devem reger o pre paro daquelas leis. Daí c que, como resultante de con
venção internacional, se deu o primei ro passo para garantir aos trabalha dores o pagamento de um salário que lhes assegurasse um nível de vida sem maiores preocupações e de acòrdo
mais consentâneos com o ambiente
próprio, o convênio recomendou, po
rém, que os organismos incumbidos da fixação dos mínimos de salários se guissem normas sobre cálculos, com
binando as variações dos ganlios efe tivos, ou do salário nominal, e as va riações do custo de vida, adotando as necessárias precauções para assegu rar-se a comparação entre as duas sé
ries de dados. Êsse procedimento cons tituiria, pois, uma relação entre dois índices: um dêles representativo do nível referente à receita do trabalha
com o tempo e a cõndição do seu país,
dor, e o outro correspondendo aos
considerando-sc então o trabalho, não
seus gastos familiares.
como simples mercadoria ou artigo de
Já então, como se vê, os Congres sos Internacionais informavam da
ÇOmúrcio, mas como elemento de co
Digesto EcoNÓNaco
92
riu essa notabilíssima oração "Senso da
inteiramente a sua alma purificada. A
Vida", resumo do seu pensamento filo
morte foi para élc apenas a queda de
sófico e religioso. E' realmente dos seus
uma barreira material, cuja opacidade se
melhores trabalhos, como fundo e como
adelgaçava mais c mais; às penumbras
forma, e que causou indelével impressão
da fé sucedeu o cxta.sc da \'isão imedia
nos meios universitários.
ta do Infinito Bem que ele tanto amou. Não queremos fazer mais comentários
A sua oração, lida pelo dr. Rêgo Mon teiro ao ser inaugurado o monumento do
nem deduzir as lições que se encerram
Redentor, no Corcovado, como presiden
nesta vida admíràvclmentc fecunda. A
te da Liga Eleitoral Católica, é de
simples leitura dc.stcs fragmentos inédi
alma profundamente cristã. "Obra-pri ma e de elevação espiritual patriótica que todos ouviram comovidos e edifica-
dos", foram os termos do telegrama do Cardeal Arcebispo.
Solicitado pelo Cardeal D. Sebastião
I
Leme. escreveu, já bastante enfermo. Conceito cristão do trabalho", sinteti-
zando as doutrinas da Igreja Romana,
expostas na enciclica "De Rerum Novarum", de Leão XIII.
Foram êsses, em resumo, os extraor dinários serviços que João Pandiá Caló
geras prestou à Igreja Católica, após a sua conversão religiosa.
Não quero finalizar êste capítulo sem reproduzir as palavras de seu confessoí, o Padre Leonel Franca, artista e
beleza serena do espírito totalmente sub
misso aos desígnios adoráveis da Provi dência e fixo na contemplação interior das realidades eternas. Deus enchera
4 — As convenções internacionais c a
legislação projetada
laboração livre e eficaz na produção das riquezas.
O problema relacionado com os mé
sil se comprometeu a observar e exe
todos ou bases para se chegar <à fixa
ce interior de um dos maiores estadistas
cutar as regras tendentes a metodizar
ção dos salários mínimos foi discuti do em Genebra em 1927 e uma decisão final foi adotada em 1928. O convê
e das mais sólidas culturas
e regulamentar a organização do tra balho, ditadas nesse histórico do
ses participantes se obrigavam a ins
cumento, visando a melhoria das con
tituir e conservar métodos que per
do Brasil
contemporâneo. O sôpro que lhe ani mou tôda a existência e inspirou a bele za das ações foi o amor sincero e abso luto de Deus e a fidelidade inqucbrantável aos ensinamentos do Evangelho. Sô-
bre todas as coisas prezava êlc a sua dignidade de cristão. O mundo gravaria talvez na lousa da sua sepultura o elen co glorioso de suas benemerênclas inte
lectuais e sociais; êle preferiu resumir a sua vida num ato religioso, simples e su blime. Entre os escritos deixados à fa
mília foi encontrada, em dois lugares di
res traçados por mão trêmula, os dizeres:
enfraquecendo de dia para dia, luzia a
11
uma face tal\'ez menos conhecida, a fa
"Ascensões d'A!ma".
vólucro material de um corpo que se ia
Rubens Mabacliano
Como uma das altas partes signatá rias do Tratado de ^''e^sallles, o Bra
ferentes, uma folha de papel, tendo no
ciam-no com facilidade. Através do in
Salário mínimo familiar
tos tem por si a eloqüência singular das grandes realidades. ÊIcs revelam-nos
pensador, orgulho da Igreja e do Brasil, ao publicar essa pequena obra-prima^ "Os que tiveram a dita de b respirar de perto nos últimos tempos reconhe
- >.'1
alto uma cruz, e, em baixo, cm caracte Ad pedes tuos. .. Fiat voluntas tua...
E nada mais.
E' a maior lição que de João Pandiá Calógeras aprenderá a posteridade." O justo e sábio jesuíta lavrou o seu veredito. Enterrou-se com o burel fran-
ciscano o imortal Calógeras,
nio aprovado estabeleceu que os paí
dições dos trabalhadores de todos os
mitissem fixar uma taxa mínima de
países e, de modo particular, dos per
retribuição para os operários, desde
tencentes às nações que aquéle pacto internacional.
que não existisse um regime para o
firmaram
Os métodos recomendados teriam de
estabelecimento de salários por via de acordos Coletivos, tendo-se era conta a necessidade de assegurar aos traba
ser adotados segundo as peculiarida des de cada país, tendo em conta as
lhadores interessados um nível de vida
tendências e a cultura das coletivida
conveniente.
des a serem abrangidas, não depen
Conquanto permitisse a cada nação adotar os sistemas que entendesse
dendo, assim, a elaboração das leis do trabalho apenas e tão somente da vontade do poder público, mas tam bém de fatores vários, dos usos e cos tumes, das condições econômicas, da tradição industrial, e, ainda, da opor tunidade dc aplicação dos novos prin
cípios gerais que devem reger o pre paro daquelas leis. Daí c que, como resultante de con
venção internacional, se deu o primei ro passo para garantir aos trabalha dores o pagamento de um salário que lhes assegurasse um nível de vida sem maiores preocupações e de acòrdo
mais consentâneos com o ambiente
próprio, o convênio recomendou, po
rém, que os organismos incumbidos da fixação dos mínimos de salários se guissem normas sobre cálculos, com
binando as variações dos ganlios efe tivos, ou do salário nominal, e as va riações do custo de vida, adotando as necessárias precauções para assegu rar-se a comparação entre as duas sé
ries de dados. Êsse procedimento cons tituiria, pois, uma relação entre dois índices: um dêles representativo do nível referente à receita do trabalha
com o tempo e a cõndição do seu país,
dor, e o outro correspondendo aos
considerando-sc então o trabalho, não
seus gastos familiares.
como simples mercadoria ou artigo de
Já então, como se vê, os Congres sos Internacionais informavam da
ÇOmúrcio, mas como elemento de co
DiCESTO ECONÓ&OCO
94
preocupação resultante do problema,
quando proclamados os Princípios So
situando este no quadro mais amplo
ciais da América, estabeleceu que o
da célula social constituída pela fa
salário mínimo deve satisfazer, con
mília do trabalhador.
forme as condições de cada região, às
Embora participando de Congressos c firmando tratados e convenções,
desde 1919, visando a melhoria das condições dos trabalhadores, o nosso
país só em 1934 teve inscrito, em seu sistema constitucional, o preceito que outorgou ao trabalhador o direito a \im salário mínimo capaz de satisfazer
às
suas
necessidades
normais (1).
Esse mesmo preceito se vé na Carta
tle 10 de novembro de 1937 (2).
A constituição de 1946, aceitando, entretanto, a linha traçada na Confe
rência de Chapultepec (3), em 1945, (1) Constituição Brasileira de 1934
^t. 121. § IO.; A legislação do trabalho observara os seguintes preceitos além de outros que colimem melhorar as condi
tindo norma da Constituição de 1934,
que a lei proibirá qualquer diferença de salário, para um mesmo trabalho, por motivo, dentre outros, de estado civil, — o que corresponde ao sentido
tos e das pesquisas, pois que era pre ciso conhecer, preliminarmente, das condições variáveis nas regiões em que o país fôra dividido, para chegar-
de organização constitucional da nos
se a resultados que permitissem a aceitação dos dados colliidos. O problema apresentava dificulda
necessidades normais do trabalhador e de sua família; — e, também, repe
sa ordem económico-social, que obje tiva conciliar a liberdade de iniciati va com a valorização do trabalho hu
mano, asseguradas, por meio deste, as possibilidades de existência digna (4). Em 1936 a Lei 185 instituiu as Co missões de Salário Mínimo, definindo êste como a remuneração mínima de vida ao trabalhador adulto, por dia
normal de serviço e c'apaz de satisfa
a) proibição de diferença de salário pa
zer, em determinada região do país .e
de idade, sexo nacionalidade ou es
em determinada época, às suas neces
tado civil;
sidades normais de alimentação, ha
b) salário mínimo, capaz de satisfazer
conforme as condições de cada re-
• giâo, às necessidades normais do tra balhador.
(2) Carta Constitucional de 1937 _ Art 137: A legislação do trabalho obser vará, além de outros, os seguintes pre ceitos:
bitação, vestuário, higiene e transpor te, — cumprindo às Comissões fixas as porcentagens com que esses cinco fatores contribuam para a formação do salário.
.
h) salano mínimo, capaz de satisfazer,
(3) Conferência Interamericana do Mé xico 1945. Resolução LVII, Princípios Sociais da América. Recomendações; 2.a)
Que os governos das repúblicas america
nas incorporem em sua legislação prin-
cípios que estabeleçam:
remunerativa garanta e também au
mente o poder aquisitivo do trabalha dor mantendo-o em harmonia « equilíbrio tanto com as condições va riáveis dos tempos G das regiões, co mo com o melhor rendimento na. pro dução e a conseqüente diminuição dos custos unitários.
(4) Constituição Brasileira de 1946 —
ai Que o salário mínimo de que devera
Art. 157: A legislação do trabalho e a da
gião, se considere suficiente P^r^ sa tisfazer às necessidades normais da
tes preceitos, além de outros que visem a melhoria da condição dos trabalhado res: I — salário mínimo capaz de satisfa zer, conforme as condições de cada re
aesrrutar desfrutar ^ o trabalhador rio seránarla o ^—» que. 1 1— toatendendo às condições de cada re
vida do obreiro, sua educação e seus
prazeres honestos^ em seu caráter de
chefe de família; fo)
que o salário mínimo seja bastante flexível iiexivea para auapiai-sc paia adaptar-se àw alta dos preços, a fim de que sua capacidade
des de ordem coletiva, que assumetn a maior importância no campo rela tivo às ciências sociais. É naturalmen
te difícil que uma lei possa determi nar, com exatidão, o que por sua na tureza muda de contínuo.
Tornando-se
necessário fixar uma
fatores de ordem econômica tenham
alterado substancialmente a situação econômica c financeira na região in teressada.
Essa possibilidade dc variar o salá
rio mínimo, no tempo e no espaço, acompanhando as curvas, ascendentes
c descendentes, das condições econô micas cm todo o país, dá ao instituto uma linlia de flexibilidade em que se resguarda o interesse coletivo.
Para atingirem os resultados cuja
aceitação ponderada fôsse admitida,
tiveram as Comissões de operar entre duas balisas, que marcam nitidamente os extremos de variabilidade impostos
à solução do problema: de um lado, as possibilidades da situação econômi ca regional e, de outro, as despesas diárias com a conveniente alimenta
ção, habitação, vestuário, higiene e transporte, necessárias à vida de um
tabela de salários que atendesse às
trabalhador adulto.
necessidades mínimas do trabalhador, foi indispensável considerar:
Com a aceitação ponderada dos re sultados colhidos pelas Comissões e
a) a diferenciação no espaço, segun do a identidade das condições e neces
levando-se cm conta os índices repre sentativos de Cada uma das conjuntu
sidades normais de vida nas respecti vas regiões;
b) a variação no tempo, desde que
ras econômicas estaduais, baseados nas series financeira, econômica e de mográfica, além da especial, formada
pelos salários reais, foi possível cbegar-se à tabela dc . salários posta em
de acôrdo com as condições de cada
região, às necessidades normais do trabalhador.
Ficou assim o salário minimo subor dinado a esses fatores, que integram a lista das necessidades do homem do trabalho, cuja satisfação é indispensá vel. Os trabailios das Comissões, bai xado que foi o regulamento aprovado pelo dccrcto-lei 399, dc 1938, se orien taram, então, no quadro dos inquéri
ções do trabalhador: ra um mesmo trabalho, por motivo
Dicesto Econômico
previdência social obedecerão aos seguin
gião. às necessidades normais do traba lhador e de sua família; II — proibição de diferença- de salário para um mesmo trabalho por motivo de idade, sexo. na cionalidade ou estado civil.
vigor a 1.0 de maio de 1940, pelo de creto-lei n.o 2162.
É bem de ver, no entanto, que sen do o salário mínimo representado pe la fórmula Sm=a-f b-fc-fd-fe, cm que a, b, c, d Q c represen tam, respectivamente, o valor das despesas diárias com alimenta-
DiCESTO ECONÓ&OCO
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preocupação resultante do problema,
quando proclamados os Princípios So
situando este no quadro mais amplo
ciais da América, estabeleceu que o
da célula social constituída pela fa
salário mínimo deve satisfazer, con
mília do trabalhador.
forme as condições de cada região, às
Embora participando de Congressos c firmando tratados e convenções,
desde 1919, visando a melhoria das condições dos trabalhadores, o nosso
país só em 1934 teve inscrito, em seu sistema constitucional, o preceito que outorgou ao trabalhador o direito a \im salário mínimo capaz de satisfazer
às
suas
necessidades
normais (1).
Esse mesmo preceito se vé na Carta
tle 10 de novembro de 1937 (2).
A constituição de 1946, aceitando, entretanto, a linha traçada na Confe
rência de Chapultepec (3), em 1945, (1) Constituição Brasileira de 1934
^t. 121. § IO.; A legislação do trabalho observara os seguintes preceitos além de outros que colimem melhorar as condi
tindo norma da Constituição de 1934,
que a lei proibirá qualquer diferença de salário, para um mesmo trabalho, por motivo, dentre outros, de estado civil, — o que corresponde ao sentido
tos e das pesquisas, pois que era pre ciso conhecer, preliminarmente, das condições variáveis nas regiões em que o país fôra dividido, para chegar-
de organização constitucional da nos
se a resultados que permitissem a aceitação dos dados colliidos. O problema apresentava dificulda
necessidades normais do trabalhador e de sua família; — e, também, repe
sa ordem económico-social, que obje tiva conciliar a liberdade de iniciati va com a valorização do trabalho hu
mano, asseguradas, por meio deste, as possibilidades de existência digna (4). Em 1936 a Lei 185 instituiu as Co missões de Salário Mínimo, definindo êste como a remuneração mínima de vida ao trabalhador adulto, por dia
normal de serviço e c'apaz de satisfa
a) proibição de diferença de salário pa
zer, em determinada região do país .e
de idade, sexo nacionalidade ou es
em determinada época, às suas neces
tado civil;
sidades normais de alimentação, ha
b) salário mínimo, capaz de satisfazer
conforme as condições de cada re-
• giâo, às necessidades normais do tra balhador.
(2) Carta Constitucional de 1937 _ Art 137: A legislação do trabalho obser vará, além de outros, os seguintes pre ceitos:
bitação, vestuário, higiene e transpor te, — cumprindo às Comissões fixas as porcentagens com que esses cinco fatores contribuam para a formação do salário.
.
h) salano mínimo, capaz de satisfazer,
(3) Conferência Interamericana do Mé xico 1945. Resolução LVII, Princípios Sociais da América. Recomendações; 2.a)
Que os governos das repúblicas america
nas incorporem em sua legislação prin-
cípios que estabeleçam:
remunerativa garanta e também au
mente o poder aquisitivo do trabalha dor mantendo-o em harmonia « equilíbrio tanto com as condições va riáveis dos tempos G das regiões, co mo com o melhor rendimento na. pro dução e a conseqüente diminuição dos custos unitários.
(4) Constituição Brasileira de 1946 —
ai Que o salário mínimo de que devera
Art. 157: A legislação do trabalho e a da
gião, se considere suficiente P^r^ sa tisfazer às necessidades normais da
tes preceitos, além de outros que visem a melhoria da condição dos trabalhado res: I — salário mínimo capaz de satisfa zer, conforme as condições de cada re
aesrrutar desfrutar ^ o trabalhador rio seránarla o ^—» que. 1 1— toatendendo às condições de cada re
vida do obreiro, sua educação e seus
prazeres honestos^ em seu caráter de
chefe de família; fo)
que o salário mínimo seja bastante flexível iiexivea para auapiai-sc paia adaptar-se àw alta dos preços, a fim de que sua capacidade
des de ordem coletiva, que assumetn a maior importância no campo rela tivo às ciências sociais. É naturalmen
te difícil que uma lei possa determi nar, com exatidão, o que por sua na tureza muda de contínuo.
Tornando-se
necessário fixar uma
fatores de ordem econômica tenham
alterado substancialmente a situação econômica c financeira na região in teressada.
Essa possibilidade dc variar o salá
rio mínimo, no tempo e no espaço, acompanhando as curvas, ascendentes
c descendentes, das condições econô micas cm todo o país, dá ao instituto uma linlia de flexibilidade em que se resguarda o interesse coletivo.
Para atingirem os resultados cuja
aceitação ponderada fôsse admitida,
tiveram as Comissões de operar entre duas balisas, que marcam nitidamente os extremos de variabilidade impostos
à solução do problema: de um lado, as possibilidades da situação econômi ca regional e, de outro, as despesas diárias com a conveniente alimenta
ção, habitação, vestuário, higiene e transporte, necessárias à vida de um
tabela de salários que atendesse às
trabalhador adulto.
necessidades mínimas do trabalhador, foi indispensável considerar:
Com a aceitação ponderada dos re sultados colhidos pelas Comissões e
a) a diferenciação no espaço, segun do a identidade das condições e neces
levando-se cm conta os índices repre sentativos de Cada uma das conjuntu
sidades normais de vida nas respecti vas regiões;
b) a variação no tempo, desde que
ras econômicas estaduais, baseados nas series financeira, econômica e de mográfica, além da especial, formada
pelos salários reais, foi possível cbegar-se à tabela dc . salários posta em
de acôrdo com as condições de cada
região, às necessidades normais do trabalhador.
Ficou assim o salário minimo subor dinado a esses fatores, que integram a lista das necessidades do homem do trabalho, cuja satisfação é indispensá vel. Os trabailios das Comissões, bai xado que foi o regulamento aprovado pelo dccrcto-lei 399, dc 1938, se orien taram, então, no quadro dos inquéri
ções do trabalhador: ra um mesmo trabalho, por motivo
Dicesto Econômico
previdência social obedecerão aos seguin
gião. às necessidades normais do traba lhador e de sua família; II — proibição de diferença- de salário para um mesmo trabalho por motivo de idade, sexo. na cionalidade ou estado civil.
vigor a 1.0 de maio de 1940, pelo de creto-lei n.o 2162.
É bem de ver, no entanto, que sen do o salário mínimo representado pe la fórmula Sm=a-f b-fc-fd-fe, cm que a, b, c, d Q c represen tam, respectivamente, o valor das despesas diárias com alimenta-
Dicesto Econónhco
Digesto Econômico
97
96
ção, habitação, vestuário, . higiene c transporte, — nos casos em que o em
pregador fornecer "in natura" uma ou mais dessas parcelas, o salário em di nheiro se determina, com a dedução das porcentagens correspondentes aos fornecimentos feitos, até a ocorrên cia máxima de 70%, de maneira a que nunca seja inferior a 30% do mínimo legal. A lei que fixou os níveis de salário
retamente ligados à produção manufaturcira ou à transformação de utilida
des, estendciido-sc depois êsse benefí cio aos trabalhadores das empresas de transportes c comunicações. O salano
de compensação, criado para benefi ciar os empregados í|uc tinham peque
nos ordenados, nao visou, dc modo al gum, aumentar mccãnicaincntc os sa lários para dar maiores proventos a
partir de 5 de julho de 1940. Em 1943,
quem já os tinha razoáveis, por isso que -SÓ o percebiam aqueles cuja re muneração se achasse compreendida
modificadas que já se achavam as
entre o salário mínimo, exclusivo, co
curvas das nossas condições econô
mo limite inferior, c o dobro do sa lário mínimo, como limite superior.
mínimo para todo o país vigorou a
micas, como decorrência do conflito internacional em que o Brasil se viu
Foi até aí a direta intervenção do
envolvido, era visível a ascensão dos preços das utilidades de consumo e a decorrente baixa dos salários reais. A Coordenação da Mobilização Econô
estabelecimento da remuneração míni
mica, pela Portaria n.o 36, de 8 de ja
rado, não se levando em conta se êsse
neiro de 1943, elevou os valores dos salários mínimos de 25% para as ca
pitais dos Estados e de 30% para as demais loôalidades.
Estado no campo dos salários, com o ma essencial à subsistência do hornem
do trabalho, individualmente conside mínimo era ou não suficiente para o sustento da família.
Dizemos intervenção direta. Porque,
por via dos dissídios coletivos, a Jus
Ainda nesse mesmo ano três atos
oficiais modificaram, a 10 de novem bro, a posição dos salários. O decre to-lei n." 5.977 alterou a tabela do sa lário mínimo, procedendo a aumentos
segundo a identidade das condições e necessidades normais de vida nas vá rias regiões do país; — o decreto-lei
o 5 978 modificou a tabela do salário
tiça do Trabalho vem, desde 1945, pro
cessando e procedendo a sucessivas
majorações de salários, tendo em con ta os índices acusadores da alta do
Acliando-se cm andamento, na Câ
liio. O salário mínimo pago em dinhei
do Segadas Viana, dc 1.° dc outubro
ro, após o desconto dos fornecimentos
de 1948 o dc 9 dc março dc 1949, res pectivamente., — o projeto oferecido pelo Presidente da República teve em
de utilidades feitos pelo empregador,
conta, como se infere da sua justifica tiva, o pensamento já manifestado no Legislativo; — muitos pontos são as
sim conciliados, o que nos leva a apre ciar, mais diretamente, a orientação que o Poder Executivo está imprimin do ao assunto, sem abandono, é cla ro, dos outros dois trabalhos.
mínimo, a
contraprestação
nal que possam comprometer o senti
do de unidade de produção nacional, atendam ás peculiaridades do traba-
não poderá ser inferior a 40% da base legal. No pagamento do salário mínimo
não haverá distinção de estado civil e a quota correspondente às necessida
des da família sòmente será recebida
pelo trabalhador quando éste provar que arrosta com encargos de manu
tenção familiar, sendo, caso contrário,
recolhida à entidade de previdência
Conceitua o projeto, como salário
mínima
devida c paga diretamente pelo em
social a que esteja filiado ou á Caixa
Econômica Federal que tenha sede na região, se o trabalhador prestar servi
pregador a todo trabalhador, inclusi
ços na agricultura, e destinada ao cus
ve o rural, capaz dc satisfazer, em de
teio dos mútuos de casamento, insti tuído pelo artigo 8.° do decreto-lei n.° 3.200, de 19 de abril de 1941, que
terminada época e região do país, ás necessidades ncrmais do assalariado e de sua família, relativas u alimenta
dispõe sôbre a organização e proteção
ção, habitação, vestuário, higiene, re creação e transporte, — sem distinção de sc-xo, sendo a unidade de tempo o dia normal dc serviço. O cômputo
da família.
das necessidades da família será fei
igual período; — excepcionalmente, e
custo de vida.
to em função dc valor absoluto, não havendo distinção quanto ao núme
5 -- A legislação projetada
ro dos dependentes, respeitadas, po
Em 14 de fevereiro do corrente ano o Senhor Presidente da República en
cos de competições de caráter regio
mara dos Deputados, dois outras pro jetos versando a mesma matéria, — o substitutivo da Comissão dc Legis lação Social c o subscrito pelo deputa
rém, as condições dc tempo e espaço, determinada época e região do país. Na fixação do salário mínimo as
O salário mínimo, uma vez fixado,
vigorará pelo prazo de 3 anos, poden
do ser modificado ou confirmado por mediante o voto de ^ dos componen tes da Comissão" de Salário Mínimo, poderá êstc ser alterado antes de de
corrido o triênio, desde que fatores de ordem econômica tenham modificado
de maneira sensível a situação econô
odfríónal para a indústria, criado pelo decreto-lei n.° 5.473, de 11 de maio do
caminhou ao Congresso Nacional a Exposição de Motivos que acompa
Comissões
mesmo ano; - e o decreto-lei n.°
nhou o anteprojeto de lei relativo ao
6Ò%> segundo os graus, máximo, médio
subzona interessada.
salário mínimo familiar, segundo a
e mínimo, do serviço insalubre; — reduzir até a metade o salário mínimo do trabalhador de menos de 18 e mais de 14 anos, desde que se caracterize a condição dc aprendiz, sujeito a forma ção profissional; — e instituir taxas
São computados para formação do salário mínimo, inclusive taxas adicio nais, os abonos ou aumentos efetivos que, por iniciativa própria, tenham os empregadores concedido aos seus em pregados a partir de 10 de íevéreiro
adicionais que, destinadas a obstar ris
de 1944, nos termos do decreto-lei n.°
5 979 dispôs sobre o salano de com-
conceituação da Constituição Federal.
^^olllkrio adicional para a indústria,
Assim, sob n.° 1.369, de 1950, foi apre
destinado à correção do salário míni-
sentado na Câmara dos Deputados o
mo, luiíi '
mínimo para o trabalhador e sua fa
, fôra instituído em favor de todo — <•. ««A ]/-riT
empregado que, sob qualquer forma de remuneração, prestasse serviços di
projeto de lei que institui o salario mília e dá outras providências.
poderão
acrescentar
até
mica e financeira da região, zona ou
... >.^'1
Dicesto Econónhco
Digesto Econômico
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ção, habitação, vestuário, . higiene c transporte, — nos casos em que o em
pregador fornecer "in natura" uma ou mais dessas parcelas, o salário em di nheiro se determina, com a dedução das porcentagens correspondentes aos fornecimentos feitos, até a ocorrên cia máxima de 70%, de maneira a que nunca seja inferior a 30% do mínimo legal. A lei que fixou os níveis de salário
retamente ligados à produção manufaturcira ou à transformação de utilida
des, estendciido-sc depois êsse benefí cio aos trabalhadores das empresas de transportes c comunicações. O salano
de compensação, criado para benefi ciar os empregados í|uc tinham peque
nos ordenados, nao visou, dc modo al gum, aumentar mccãnicaincntc os sa lários para dar maiores proventos a
partir de 5 de julho de 1940. Em 1943,
quem já os tinha razoáveis, por isso que -SÓ o percebiam aqueles cuja re muneração se achasse compreendida
modificadas que já se achavam as
entre o salário mínimo, exclusivo, co
curvas das nossas condições econô
mo limite inferior, c o dobro do sa lário mínimo, como limite superior.
mínimo para todo o país vigorou a
micas, como decorrência do conflito internacional em que o Brasil se viu
Foi até aí a direta intervenção do
envolvido, era visível a ascensão dos preços das utilidades de consumo e a decorrente baixa dos salários reais. A Coordenação da Mobilização Econô
estabelecimento da remuneração míni
mica, pela Portaria n.o 36, de 8 de ja
rado, não se levando em conta se êsse
neiro de 1943, elevou os valores dos salários mínimos de 25% para as ca
pitais dos Estados e de 30% para as demais loôalidades.
Estado no campo dos salários, com o ma essencial à subsistência do hornem
do trabalho, individualmente conside mínimo era ou não suficiente para o sustento da família.
Dizemos intervenção direta. Porque,
por via dos dissídios coletivos, a Jus
Ainda nesse mesmo ano três atos
oficiais modificaram, a 10 de novem bro, a posição dos salários. O decre to-lei n." 5.977 alterou a tabela do sa lário mínimo, procedendo a aumentos
segundo a identidade das condições e necessidades normais de vida nas vá rias regiões do país; — o decreto-lei
o 5 978 modificou a tabela do salário
tiça do Trabalho vem, desde 1945, pro
cessando e procedendo a sucessivas
majorações de salários, tendo em con ta os índices acusadores da alta do
Acliando-se cm andamento, na Câ
liio. O salário mínimo pago em dinhei
do Segadas Viana, dc 1.° dc outubro
ro, após o desconto dos fornecimentos
de 1948 o dc 9 dc março dc 1949, res pectivamente., — o projeto oferecido pelo Presidente da República teve em
de utilidades feitos pelo empregador,
conta, como se infere da sua justifica tiva, o pensamento já manifestado no Legislativo; — muitos pontos são as
sim conciliados, o que nos leva a apre ciar, mais diretamente, a orientação que o Poder Executivo está imprimin do ao assunto, sem abandono, é cla ro, dos outros dois trabalhos.
mínimo, a
contraprestação
nal que possam comprometer o senti
do de unidade de produção nacional, atendam ás peculiaridades do traba-
não poderá ser inferior a 40% da base legal. No pagamento do salário mínimo
não haverá distinção de estado civil e a quota correspondente às necessida
des da família sòmente será recebida
pelo trabalhador quando éste provar que arrosta com encargos de manu
tenção familiar, sendo, caso contrário,
recolhida à entidade de previdência
Conceitua o projeto, como salário
mínima
devida c paga diretamente pelo em
social a que esteja filiado ou á Caixa
Econômica Federal que tenha sede na região, se o trabalhador prestar servi
pregador a todo trabalhador, inclusi
ços na agricultura, e destinada ao cus
ve o rural, capaz dc satisfazer, em de
teio dos mútuos de casamento, insti tuído pelo artigo 8.° do decreto-lei n.° 3.200, de 19 de abril de 1941, que
terminada época e região do país, ás necessidades ncrmais do assalariado e de sua família, relativas u alimenta
dispõe sôbre a organização e proteção
ção, habitação, vestuário, higiene, re creação e transporte, — sem distinção de sc-xo, sendo a unidade de tempo o dia normal dc serviço. O cômputo
da família.
das necessidades da família será fei
igual período; — excepcionalmente, e
custo de vida.
to em função dc valor absoluto, não havendo distinção quanto ao núme
5 -- A legislação projetada
ro dos dependentes, respeitadas, po
Em 14 de fevereiro do corrente ano o Senhor Presidente da República en
cos de competições de caráter regio
mara dos Deputados, dois outras pro jetos versando a mesma matéria, — o substitutivo da Comissão dc Legis lação Social c o subscrito pelo deputa
rém, as condições dc tempo e espaço, determinada época e região do país. Na fixação do salário mínimo as
O salário mínimo, uma vez fixado,
vigorará pelo prazo de 3 anos, poden
do ser modificado ou confirmado por mediante o voto de ^ dos componen tes da Comissão" de Salário Mínimo, poderá êstc ser alterado antes de de
corrido o triênio, desde que fatores de ordem econômica tenham modificado
de maneira sensível a situação econô
odfríónal para a indústria, criado pelo decreto-lei n.° 5.473, de 11 de maio do
caminhou ao Congresso Nacional a Exposição de Motivos que acompa
Comissões
mesmo ano; - e o decreto-lei n.°
nhou o anteprojeto de lei relativo ao
6Ò%> segundo os graus, máximo, médio
subzona interessada.
salário mínimo familiar, segundo a
e mínimo, do serviço insalubre; — reduzir até a metade o salário mínimo do trabalhador de menos de 18 e mais de 14 anos, desde que se caracterize a condição dc aprendiz, sujeito a forma ção profissional; — e instituir taxas
São computados para formação do salário mínimo, inclusive taxas adicio nais, os abonos ou aumentos efetivos que, por iniciativa própria, tenham os empregadores concedido aos seus em pregados a partir de 10 de íevéreiro
adicionais que, destinadas a obstar ris
de 1944, nos termos do decreto-lei n.°
5 979 dispôs sobre o salano de com-
conceituação da Constituição Federal.
^^olllkrio adicional para a indústria,
Assim, sob n.° 1.369, de 1950, foi apre
destinado à correção do salário míni-
sentado na Câmara dos Deputados o
mo, luiíi '
mínimo para o trabalhador e sua fa
, fôra instituído em favor de todo — <•. ««A ]/-riT
empregado que, sob qualquer forma de remuneração, prestasse serviços di
projeto de lei que institui o salario mília e dá outras providências.
poderão
acrescentar
até
mica e financeira da região, zona ou
... >.^'1
DlCESTO EcoNÓMicr 98
Digesto Eco^^ó^^co
3.81J, de 10 de novembro de 1941. As alterações consignadas pelo pro
do mutuário e cujo título de proprie dade será transcrito com avcrbaçao <Ie
abones em favor das famílias de prole numerosa, assim consideradas as que
uma vez que não se pode distinguir,
tiverem pelo menos 8 filhos, — e êsse
nima, o estado civil daquele que pres
para efeito do pagamento da taxa mí
jeto, em relação aos dispositivos da lei vigente, que regem o salário míni mo, cifram-se no seguinte : a) entre os fatores que contribuem
bem de família c com as cláusulas dc inalicnaljilidadc e itnpcnhorabiUdade, a
para a formação do salário mínimo
mente devido.
do mútuo dc casamento de outro ato
também, a ocorrência de outros, em sentido diferente. O preceito constitu cional estabelece que se dê ao traba
a não ser o da fixação, pelo Presiden
lhador um salário não inferior ao li
te da República, dos limites em que
mite que possa satisfazer, conforme as
foi incluído aquele atinentc à re creação;
b) o desconto, correspondente aos for necimentos'"in natura" feitos pelo empregador, limita-se a 60% do va lor do salário mínimo, havendo as
sim uma redução de 10%;
c) o salário mínimo pago em dinheiro, após o desconto das prestações "in natura" feito pelo empregador, não
não ser pelo débito re.sultanlc do em préstimo, — sendo feito o resgate no
auxílio vem sendo regularmente con
ta serviços, no sentido de evitar;
cedido. Para isso, foi criado o adicio
prazo dc 2Ü anos, cm amortizaçóo
nal de 15% sôbrc o imposto de renda,
mensais e com os juros anuais de 5/fPor motivo dc nascimento dc cada fi lho do casal se fará no mútuo dedu ção da importância correspondente a 10% c, quando cada filho completar 10 anos, outra redução de 10% obterá o mutuante, ambas no valor inicial
a ser pago pelos contribuintes soltei
a) o esinagamento das empresas que acaso possuam maior número de empregados com mulher e filhos; e
ros ou viúvos, maiores de 25 anos, sem
b) a preferência que maliciosamente
No caso de trabalhadores que não hajam
ol)tido
empréstimos
para a
filhos, — de 10% pelos casados, nas
se incline pela admissão de empre
mesmas condições, — c de 5% pelos
gados solteiros ou sem filhos. O argumento é interessante. Mas há,
que, maiores de 45 anos, só tenham -tim -jilho.
Dependeria, porventura, a concessão
será inferior a 40%, resultando um
aquisição dc imóveis, ser-lhes-á con
cada uma das instituições concessoras
condições de cada região, às suas ne
acréscimo de 10%;
cedido um mútuo da importância re
poderia operar? Não parece que assim seja, dado
cessidades normais e de sua família.
d) incluem-se, na conceituação do sa lário mínimo, as necessidades da família do trabalhador; e) na hipótese de trabalhador sem en
ferente a um ano dc suas vantagens ^
pecuniárias, não excedentes de | Cr| 6.000,00, a juros de 6% anuais, para j
que a lei é expressa e o seu corres
pondente dispositivo não ficou sujei
Isso evidentemente não implica e nem importa em reconhecer que a percep ção do empregado, isento de encargos
aqui.sição de enxoval e instalação de |
to a vigorar mediante condições no vas.
sera destinada ao custeio dos mú
casa, amortizável cm prestações men- ; sais no prazo dc 5 anos. O pagamen
tuos de casamento.
to só se iniciará depois de decorridos j
problema dc difícil solução no proje
se a prorrogações de prazos e dedu
tado estatuto do salário mínimo, pois que não mais se deverá ter em conta
ções sucessivas do mútuo, de 20%, de
apenas o indivíduo, e sim também os
mais 20%, de mais 30% e enfim ex
empregador, — e a que destina as quo
tinta a dívida, com o nascimento, com vida, do primeiro, do segundo, do ter
seus encargos familiares. E que a Constituição Federal, mandando que a legislação do traljalho e a da previ
do trabalhador, por aquelas pessoas cuja subsistência dele depende, e na turalmente não foi outro o objetivo do legislador constituinte. O conflito entre os dois indsos do
tas dos trabalhadores que não arros
ceiro e do quarto filho.
dência social ditem normas atinentes:
artigo 157 da Constituição, — diz Te-
Não subordina o decreto-lei n.° 3.200 a concessão do mútuo a qual
l.o — a salário mínimo capaz de satis fazer, conforme as condições de cada região, às necessidades
téria (5), — estaria no "estado civil",
cargo familiar, a quota de família Duas inovações são substanciais e de relevante importância: a que ins titui a quota de família em função de valor absoluto, paga diretamente pelo tem com encargos familiares ao cus teio dos mútuos de casamento. O mútuo de casamento, instituído
pela lei de proteção à família, tem por fim permitir a trabalhadores, de idade inferior a 30 anos, a obtenção de em
préstimo, não excedente do montante do salário percebido em um triênio,
para aplicação da respectiva impor tância em imóvel, adquirido pela ins
tituição de previdência social ou pela Caixa Econômica Federal em nome
12 meses do matrimônio, procedendo|
quer contriljuição especial de empre gados ou empregadores. Ao contrário^ autoriza, desde logo, em seu artigo 8.",
Alega-se, entretanto, que há um
normais do trabalhador e de sua
família; — e
de manutenção familiar, deva ser igual ao daquele que arrosta com tais encar gos. Parece claro que a instituição do salário familiar se destina a socorrer o
núcleo social constituído pela família
mistocles Cavalcanti, apreciando a ma aparentemente em antítese ao salário familiar. Mas a verdade é que a di
ferença se justificaria, não em conse qüência do estado civil, da situação
os institutos de previdência social e
2.0 — a proibição de diferença de sa
as Caixas Econômicas Federais a con cederem o benefício, dentro do limite
por motivo de idade, sexo, na
de casado, viúvo ou solteiro, mas dos encargos de família muitas vezes mais
cionalidade ou estado civil,
pesados mesmo entre os solteiros,
a ser fixado, para cada organismo, pe lo Presidente da República.
Aliás, dispondo sobre a proteção à família, a lei instituiu, também, os
lário para Um mesmo trabalho
determina ao legislador ordinário que concilie esses dois textos e imponha um único tipo de salário-base para
obrigados a ter sob sua responsabili
todos os trabalhadores assalariados,
Temistocles Cavalcanti, Rio, 1947.
dade humerosas pessoas. (5) Constituirão
Cornentada
DlCESTO EcoNÓMicr 98
Digesto Eco^^ó^^co
3.81J, de 10 de novembro de 1941. As alterações consignadas pelo pro
do mutuário e cujo título de proprie dade será transcrito com avcrbaçao <Ie
abones em favor das famílias de prole numerosa, assim consideradas as que
uma vez que não se pode distinguir,
tiverem pelo menos 8 filhos, — e êsse
nima, o estado civil daquele que pres
para efeito do pagamento da taxa mí
jeto, em relação aos dispositivos da lei vigente, que regem o salário míni mo, cifram-se no seguinte : a) entre os fatores que contribuem
bem de família c com as cláusulas dc inalicnaljilidadc e itnpcnhorabiUdade, a
para a formação do salário mínimo
mente devido.
do mútuo dc casamento de outro ato
também, a ocorrência de outros, em sentido diferente. O preceito constitu cional estabelece que se dê ao traba
a não ser o da fixação, pelo Presiden
lhador um salário não inferior ao li
te da República, dos limites em que
mite que possa satisfazer, conforme as
foi incluído aquele atinentc à re creação;
b) o desconto, correspondente aos for necimentos'"in natura" feitos pelo empregador, limita-se a 60% do va lor do salário mínimo, havendo as
sim uma redução de 10%;
c) o salário mínimo pago em dinheiro, após o desconto das prestações "in natura" feito pelo empregador, não
não ser pelo débito re.sultanlc do em préstimo, — sendo feito o resgate no
auxílio vem sendo regularmente con
ta serviços, no sentido de evitar;
cedido. Para isso, foi criado o adicio
prazo dc 2Ü anos, cm amortizaçóo
nal de 15% sôbrc o imposto de renda,
mensais e com os juros anuais de 5/fPor motivo dc nascimento dc cada fi lho do casal se fará no mútuo dedu ção da importância correspondente a 10% c, quando cada filho completar 10 anos, outra redução de 10% obterá o mutuante, ambas no valor inicial
a ser pago pelos contribuintes soltei
a) o esinagamento das empresas que acaso possuam maior número de empregados com mulher e filhos; e
ros ou viúvos, maiores de 25 anos, sem
b) a preferência que maliciosamente
No caso de trabalhadores que não hajam
ol)tido
empréstimos
para a
filhos, — de 10% pelos casados, nas
se incline pela admissão de empre
mesmas condições, — c de 5% pelos
gados solteiros ou sem filhos. O argumento é interessante. Mas há,
que, maiores de 45 anos, só tenham -tim -jilho.
Dependeria, porventura, a concessão
será inferior a 40%, resultando um
aquisição dc imóveis, ser-lhes-á con
cada uma das instituições concessoras
condições de cada região, às suas ne
acréscimo de 10%;
cedido um mútuo da importância re
poderia operar? Não parece que assim seja, dado
cessidades normais e de sua família.
d) incluem-se, na conceituação do sa lário mínimo, as necessidades da família do trabalhador; e) na hipótese de trabalhador sem en
ferente a um ano dc suas vantagens ^
pecuniárias, não excedentes de | Cr| 6.000,00, a juros de 6% anuais, para j
que a lei é expressa e o seu corres
pondente dispositivo não ficou sujei
Isso evidentemente não implica e nem importa em reconhecer que a percep ção do empregado, isento de encargos
aqui.sição de enxoval e instalação de |
to a vigorar mediante condições no vas.
sera destinada ao custeio dos mú
casa, amortizável cm prestações men- ; sais no prazo dc 5 anos. O pagamen
tuos de casamento.
to só se iniciará depois de decorridos j
problema dc difícil solução no proje
se a prorrogações de prazos e dedu
tado estatuto do salário mínimo, pois que não mais se deverá ter em conta
ções sucessivas do mútuo, de 20%, de
apenas o indivíduo, e sim também os
mais 20%, de mais 30% e enfim ex
empregador, — e a que destina as quo
tinta a dívida, com o nascimento, com vida, do primeiro, do segundo, do ter
seus encargos familiares. E que a Constituição Federal, mandando que a legislação do traljalho e a da previ
do trabalhador, por aquelas pessoas cuja subsistência dele depende, e na turalmente não foi outro o objetivo do legislador constituinte. O conflito entre os dois indsos do
tas dos trabalhadores que não arros
ceiro e do quarto filho.
dência social ditem normas atinentes:
artigo 157 da Constituição, — diz Te-
Não subordina o decreto-lei n.° 3.200 a concessão do mútuo a qual
l.o — a salário mínimo capaz de satis fazer, conforme as condições de cada região, às necessidades
téria (5), — estaria no "estado civil",
cargo familiar, a quota de família Duas inovações são substanciais e de relevante importância: a que ins titui a quota de família em função de valor absoluto, paga diretamente pelo tem com encargos familiares ao cus teio dos mútuos de casamento. O mútuo de casamento, instituído
pela lei de proteção à família, tem por fim permitir a trabalhadores, de idade inferior a 30 anos, a obtenção de em
préstimo, não excedente do montante do salário percebido em um triênio,
para aplicação da respectiva impor tância em imóvel, adquirido pela ins
tituição de previdência social ou pela Caixa Econômica Federal em nome
12 meses do matrimônio, procedendo|
quer contriljuição especial de empre gados ou empregadores. Ao contrário^ autoriza, desde logo, em seu artigo 8.",
Alega-se, entretanto, que há um
normais do trabalhador e de sua
família; — e
de manutenção familiar, deva ser igual ao daquele que arrosta com tais encar gos. Parece claro que a instituição do salário familiar se destina a socorrer o
núcleo social constituído pela família
mistocles Cavalcanti, apreciando a ma aparentemente em antítese ao salário familiar. Mas a verdade é que a di
ferença se justificaria, não em conse qüência do estado civil, da situação
os institutos de previdência social e
2.0 — a proibição de diferença de sa
as Caixas Econômicas Federais a con cederem o benefício, dentro do limite
por motivo de idade, sexo, na
de casado, viúvo ou solteiro, mas dos encargos de família muitas vezes mais
cionalidade ou estado civil,
pesados mesmo entre os solteiros,
a ser fixado, para cada organismo, pe lo Presidente da República.
Aliás, dispondo sobre a proteção à família, a lei instituiu, também, os
lário para Um mesmo trabalho
determina ao legislador ordinário que concilie esses dois textos e imponha um único tipo de salário-base para
obrigados a ter sob sua responsabili
todos os trabalhadores assalariados,
Temistocles Cavalcanti, Rio, 1947.
dade humerosas pessoas. (5) Constituirão
Cornentada
I I I ji.ini]ij|i^!|pp||i,i 100
Digesto Ecoxómico
A nossa Constituição dc 1934 con signava já o preceito proibitivo de sa
lário diferc^^te, para um mesmo tra
Digesto Econômico — é que as necessidades da família devem ser integradas na estrutura do salário mínimo e. para isso, a Cons
101
mente, porque tal forma revestiria a
transferencia
para as cmprêsas de
direto ao núcleo social, mediante o pagamento em moeda.
balho, por motivo de idade, sexo, na
tituição conferiu liberdade ampla ao
cionalidade ou estado civil; não cui
um ônus que cabe ao Estado, a cujo
legislador para dispor sobre a maté
dava, porem, do salário familiar, don
ria. Sc o Icgíslatlor, pelos projetos
cargo SC acha o dever de proteção à
çada nos inquéritos procedidos para
de se infere que a norma impeditiva
família.
em curso no Congresso Xacional, fala
a fixação dos novos níveis do salário
teria forçosamente outra mira, visando
um sentido de igualdade social e pos
Pelas informações colhidas sobre
cm (luota correspondente à unidade
os cálculos referentes à quota fami
familiar ou às necessidades de famí
liar, esta deverá ser fixada na ordem de Cr$ 102,00 a Cb$ 180,00, conforme as várias regiões do país, de molde
sibilitando:
lia, é óbvio (juc SC considera essa quo
a) que
ta um sobrc-salário ou um suplemen to dc salário a ser outorgado a um
a que não se represente por menos
certo grupo de trabalhadores, ou se-
de 60% nos níveis até Cr$ 195,00 e
os trabalhadores de idade avançada não se vejam, após anos seguidos de esforços empregados no serviço, em situação econômi
ca de nível inferior aos demais- e que aos menores não se impo-
nham condições que reduzam a remuneração, salvo quando a lei o permita;
b) que as mulheres, cujo trabalho necessita ser rodeado de algumas
prescrições e ainda de cufdados
especiais, segundo a situação e o
estado em que se encontrem, em odasioes dadas, não sejam, por ISSO, consideradas em base de me nor percepção que a dos homensc) que se assegure um tratamento economico equitativo a todos os
trabalhadores^ que legalmente re sidam no país, sem distinção de nacionalidade ;
d) e, finalmente, que, por motivo dc estado civil, ninguém situado em
classes
j«^m exatamente aqueles que rcunerr os requisitos indispensáveis ao seu
recebimento. Incluir-se no mesmo di reito outros que não provem idênti
um subsídio proporcional ao número
Constituição.
Vê-se pelo substitutivo da Comis são de Legislação Social e pelo pro
te mínimo de três, subsídio ésse a
se reveste, a fim de que tècnicamen-
ser pago pelo fundo constituído para
jeto de origem presidencial que o problema é de difícil solução, pelo empenho de não estatuir norma que venha possibilitar diferenciação de
salários entre os trabalhadores que tenham ou que não tenham pessoas que vivam sob sua exclusiva depen dência econômica. Mas a verdade é
a quota que não couber, em paga
solteiros.
mento, ao trabalhador isento das des
Pontes de Miranda, Rio, 1947.
no Inquérito do Salário Mínimo, o
tro tipo de família, que chamaríamos
de intermédia, em favor da qual po deria ser distribuído periodicamente de dependentes que excedam ao limi
ser igual para o adulto e para o menor, para os homens e as mu lheres, para os casados, viúvos ou
(6) Comentários à Constituição de 1946,
com o abono familiar criado pelo mesmo diploma. Resta, assim, um ou
e Trabalho, — para que se compreen da a verdadeira significação de que
to, é que não encontra guarida na
que a dificuldade surge do critério
O que ocorre agora — e antes não
face às circunstâncias da família e não a atender às diversas necessidades das
Serviço de Estatística da Previdência
de implantação do salário familiar tipo absoluto, pago diretamente pela emprêsa. Nos limites dêsse critério, outra solução não açode que possa garantir plena realização à iniciativa, senão a de transferir, para um fundo,
acentua Pontes de Miranda (6), o
aquela que compreender oito ou mais
pessoas que compõem a família, dis
possa ser
preço da produção normal tem de
A família de prole numerosa, de que fala o decreto-lei n."» 3200, c filhos, beneficiada, além da quota,
tinção substancial — como acentua,
diferenciadas
para o efeito de salário; — como
plementar.
pois 'que deve destinar-se a fazer
cos requisitos, porque não arrostam ra o custeio dos mútuos de casamen
mínimo, é representada pelo traba lhador e mais três dependentes, re unindo assim quatro pessoas; — esse grupo é contemplado pela quota su
mais de 50% nos níveis até Cr§ 360,00,
com os encargos de família, e trans
ferir depois a quota suplementar pa
A família típica, ou média, alcan
pesas de manutenção familiar. Mas não, evidentemente, um fundo desti nado ao custeio dos mútuos de casa-
te aquela quota se situe no gabarito normal do abono familiar, concedido pelo Estado aos chefes de proles nu
recolher as quotas dos trabalhadores
Os encargos sociais já oneram em
sem direito à sua percepção, pela au sência dos encargos familiares. Dentre as justificativas que o Exe cutivo apresenta, em favor do salário
mais de 40%, a cargo exclusivo do empregador, as folhas de salários das
familiar absoluto", ressalta aquela que alude a êsse sistema como sendo pre
empresas, apenas com as obrigações
originárias de contribuições para os
conizado pela orientação religiosa e defendido pela Corrente leiga.
institutos de previdência, serviços so ciais e dc aprendizagem, repouso re munerado, férias, acidentes do traba
tência^ igualmente lembrada pela ori
merosas, economicamente fracas.
Mas, cabe sem dúvida uma adver
entação religiosa (Congresso Católi
lho c faltas ao' serviço. E qualquer
co de Liège, de 1890, — e EncícHca
novo gravame que recaia na produ
Quadragésimo Ano", Pio XI, 1931); é o lado econômico das emprêsas e, de modo ger;^al, o bem comum. Assim,
ção deve ser atenta e particularmente
estudado, para que se atenue, quanto possível, o seu reflexo no salário real.
O instituto do salário familiar não
se traduz em benefícios indiretos, co mo seja o mútuo de casamento ou o empréstimo para enxoval e instala ção de casa; — êle impõe o auxílio
o que cumpre saber é se a experiên
cia aconselha o salário familiar abso-
hito, nos moldes sustentados pelos projetos mencionados, — ou aquele de tipo relativo, em que o suplemento resulta de contribuição comoulsó- ^
I I I ji.ini]ij|i^!|pp||i,i 100
Digesto Ecoxómico
A nossa Constituição dc 1934 con signava já o preceito proibitivo de sa
lário diferc^^te, para um mesmo tra
Digesto Econômico — é que as necessidades da família devem ser integradas na estrutura do salário mínimo e. para isso, a Cons
101
mente, porque tal forma revestiria a
transferencia
para as cmprêsas de
direto ao núcleo social, mediante o pagamento em moeda.
balho, por motivo de idade, sexo, na
tituição conferiu liberdade ampla ao
cionalidade ou estado civil; não cui
um ônus que cabe ao Estado, a cujo
legislador para dispor sobre a maté
dava, porem, do salário familiar, don
ria. Sc o Icgíslatlor, pelos projetos
cargo SC acha o dever de proteção à
çada nos inquéritos procedidos para
de se infere que a norma impeditiva
família.
em curso no Congresso Xacional, fala
a fixação dos novos níveis do salário
teria forçosamente outra mira, visando
um sentido de igualdade social e pos
Pelas informações colhidas sobre
cm (luota correspondente à unidade
os cálculos referentes à quota fami
familiar ou às necessidades de famí
liar, esta deverá ser fixada na ordem de Cr$ 102,00 a Cb$ 180,00, conforme as várias regiões do país, de molde
sibilitando:
lia, é óbvio (juc SC considera essa quo
a) que
ta um sobrc-salário ou um suplemen to dc salário a ser outorgado a um
a que não se represente por menos
certo grupo de trabalhadores, ou se-
de 60% nos níveis até Cr$ 195,00 e
os trabalhadores de idade avançada não se vejam, após anos seguidos de esforços empregados no serviço, em situação econômi
ca de nível inferior aos demais- e que aos menores não se impo-
nham condições que reduzam a remuneração, salvo quando a lei o permita;
b) que as mulheres, cujo trabalho necessita ser rodeado de algumas
prescrições e ainda de cufdados
especiais, segundo a situação e o
estado em que se encontrem, em odasioes dadas, não sejam, por ISSO, consideradas em base de me nor percepção que a dos homensc) que se assegure um tratamento economico equitativo a todos os
trabalhadores^ que legalmente re sidam no país, sem distinção de nacionalidade ;
d) e, finalmente, que, por motivo dc estado civil, ninguém situado em
classes
j«^m exatamente aqueles que rcunerr os requisitos indispensáveis ao seu
recebimento. Incluir-se no mesmo di reito outros que não provem idênti
um subsídio proporcional ao número
Constituição.
Vê-se pelo substitutivo da Comis são de Legislação Social e pelo pro
te mínimo de três, subsídio ésse a
se reveste, a fim de que tècnicamen-
ser pago pelo fundo constituído para
jeto de origem presidencial que o problema é de difícil solução, pelo empenho de não estatuir norma que venha possibilitar diferenciação de
salários entre os trabalhadores que tenham ou que não tenham pessoas que vivam sob sua exclusiva depen dência econômica. Mas a verdade é
a quota que não couber, em paga
solteiros.
mento, ao trabalhador isento das des
Pontes de Miranda, Rio, 1947.
no Inquérito do Salário Mínimo, o
tro tipo de família, que chamaríamos
de intermédia, em favor da qual po deria ser distribuído periodicamente de dependentes que excedam ao limi
ser igual para o adulto e para o menor, para os homens e as mu lheres, para os casados, viúvos ou
(6) Comentários à Constituição de 1946,
com o abono familiar criado pelo mesmo diploma. Resta, assim, um ou
e Trabalho, — para que se compreen da a verdadeira significação de que
to, é que não encontra guarida na
que a dificuldade surge do critério
O que ocorre agora — e antes não
face às circunstâncias da família e não a atender às diversas necessidades das
Serviço de Estatística da Previdência
de implantação do salário familiar tipo absoluto, pago diretamente pela emprêsa. Nos limites dêsse critério, outra solução não açode que possa garantir plena realização à iniciativa, senão a de transferir, para um fundo,
acentua Pontes de Miranda (6), o
aquela que compreender oito ou mais
pessoas que compõem a família, dis
possa ser
preço da produção normal tem de
A família de prole numerosa, de que fala o decreto-lei n."» 3200, c filhos, beneficiada, além da quota,
tinção substancial — como acentua,
diferenciadas
para o efeito de salário; — como
plementar.
pois 'que deve destinar-se a fazer
cos requisitos, porque não arrostam ra o custeio dos mútuos de casamen
mínimo, é representada pelo traba lhador e mais três dependentes, re unindo assim quatro pessoas; — esse grupo é contemplado pela quota su
mais de 50% nos níveis até Cr§ 360,00,
com os encargos de família, e trans
ferir depois a quota suplementar pa
A família típica, ou média, alcan
pesas de manutenção familiar. Mas não, evidentemente, um fundo desti nado ao custeio dos mútuos de casa-
te aquela quota se situe no gabarito normal do abono familiar, concedido pelo Estado aos chefes de proles nu
recolher as quotas dos trabalhadores
Os encargos sociais já oneram em
sem direito à sua percepção, pela au sência dos encargos familiares. Dentre as justificativas que o Exe cutivo apresenta, em favor do salário
mais de 40%, a cargo exclusivo do empregador, as folhas de salários das
familiar absoluto", ressalta aquela que alude a êsse sistema como sendo pre
empresas, apenas com as obrigações
originárias de contribuições para os
conizado pela orientação religiosa e defendido pela Corrente leiga.
institutos de previdência, serviços so ciais e dc aprendizagem, repouso re munerado, férias, acidentes do traba
tência^ igualmente lembrada pela ori
merosas, economicamente fracas.
Mas, cabe sem dúvida uma adver
entação religiosa (Congresso Católi
lho c faltas ao' serviço. E qualquer
co de Liège, de 1890, — e EncícHca
novo gravame que recaia na produ
Quadragésimo Ano", Pio XI, 1931); é o lado econômico das emprêsas e, de modo ger;^al, o bem comum. Assim,
ção deve ser atenta e particularmente
estudado, para que se atenue, quanto possível, o seu reflexo no salário real.
O instituto do salário familiar não
se traduz em benefícios indiretos, co mo seja o mútuo de casamento ou o empréstimo para enxoval e instala ção de casa; — êle impõe o auxílio
o que cumpre saber é se a experiên
cia aconselha o salário familiar abso-
hito, nos moldes sustentados pelos projetos mencionados, — ou aquele de tipo relativo, em que o suplemento resulta de contribuição comoulsó- ^
ria sóbre os salários em geral e o versalidade da sua distribuição, como
sucede em muitos países que adotam o sistema dos subsídios, auxílios, abonos ou prestações familiares.
os competentes organismos, com con tribuições comjnilsórias do patrona*^.iModernamente, cm alguns países in
0 — O sistema de subsídios ou abonos familiares
tema (Io salário familiar, outorgatido
O sistema de subsídios ou auxílios
familiares é de origem francesa e^dc iniciativa particular. Coincidentemen
te, ou por influência, data éle do mes mo ano em que Leão XIII deu a pviblico a sua famosa "Rerum Xovarum". Em 1891, por iniciativa das
companhias de estradas de ferro da França, foi instituído o sistema de subsídios familiares. Mais tarde, o industrial Romanet, de Grenoble, em
1916, e Maresche, de Loríent, em 1918, criaram, em cada uma das localidades onde residiam, caixas de compensação
entre os seus colegas, alimentadas ex clusivamente por contribuições patro nais calculadas em tanto por cento
dos salários pagos e aplicadas em sub sídios aos seus operários c emprega dos, proporcionalmente aos seus en
cargos de família, Depois da primei ra guerra mundial, grandes empresas adotaram o mesmo sistema, notadamente as companhias de seguro, sob forma, que deveria resultar obrigató ria mais tarde, de caixas de compen
sação. O Estado, desde 1918, aplicou a mesma modalidade aos seus funcio nários. Em 1920, existiam na França
6 caixas, abrangendo 50.000 trabalha dores Em 1930 o número de caixas se elevava a 232 e os trabalhadores com
preendidos a 1.820.000: - as contri buições recolhidas nesse ano somaram 342 milhões de francos franceses.
Inspirados nessa iniciativa patronal,
ta a cargo do empregador, <jue devia dar a seus trabalhadores um auxilio para cada filho de idade infermr a 17
anos. Este sistema, (juc não era ba seado no princípio dc Fundo de Cnmpensaç.ão, mostrou-sc logo pouco sa
dustriais SC começou a praticar o sis
tisfatório, tanto (pic induziu o Exe cutivo a estudar uma nova o radical
as empresas bonificações a seus ope rários,
prc^porcionalmcnte
aos
forma para ser aproveitada ]5or via
seus
legislativa, o ((ue foi feito pela lei de 22 dc julho dc 1948, (juc prevê o paga
encargos familiares. Com o objetivo de evitar {|ue essas bonificações one rassem
exclusivamente
as
103
ma do salário familiar, mediante cpio-
a Bélgica, cm 1930, c a França, em 1932, tornaram obrigatória a conces são do.s subsídios familiares, criando
peso do ônus é diminuído pela uni
Dioesto Econômico
Dick.stí) Económjco
102
mento
empresas
do
auxílio
na
importância
anual dc 7,200 marcos, cm quatro
com trabalhadores de famílias mais
prcstaçõc.s trimestrais, a favor de to
numerosas, o ciuc lhes daria motivo
dos os filhos menores dc 16 anos, re
para preferirem, cm seus contratos de
sidentes no país. O custeio dêsse au
trabalho, o pessoal jovem e solteiro,
xílio é feito mediante a contribuição
cm prejuízo cio que assim não o fôsse, idealizou-se a criação de caixas de
compensação encarregadas da forma ção cie um fundo comum com contri tre os trabalhadores. Evoluiu a idéia
A Constituição portuguesa de 1933
primento dc 20 anos nos casos de cur
consigna, cm seu texto, disposições sôbre o salário mínimo familiar, pre
concorrendo
0 menor é órfão de pai c mão ou se,
órfão dc um só genitor, não viver permanentemente cm sua companhia: — se o pai é morto ou se é titular de pensão dc Invalidez, velhice, ou doen ça a longo curso: — se, concorrendo determinadas circunstâncias, o pai não
providencia a manutenção do filho. O ônus financeiro do auxílio constitui encargo conjunto do Estado c das Municipalidades.
A lei n." 154, dc 13 de dezembro dc
1945, adotou na Cliccoslovaquia o sis tema de auxílio familiar para os fi
ronda pessoal que, juntamente com o
com menos de 16 anos de idade, mas que pode ser prorrogado até o ciim
xação do salário mínimo familiar (7).
necessidade,
dos empregadores, dc 4% sóbre os
cabe ao primeiro e ao segundo filhos
bém se generalizou como método de fi
de
salários pagos aos seus empregados, cabendo ao Estado as despesas res Na Holanda, a lei de 21 de dezem bro cie 1946 estabeleceu modificaçüC.> no sistema do auxílio familiar, o qual
quanto aos subsídios familiares e tam
tado
(|ual(iucr das seguintes condições: se
lhos menores dc 18 anos, a cargo dos
tantes.
buições equitativas, para sua distri buição, cm forma convencionada, en
a c.xigéncia dc ser comprovado o es
trabalhadores que não possuam uma
auxílio familiar, alcance determinada
importância. O sistema é alimentado por uma contribuição a cargo dos ein 1 regadorcs, na base de 47c dos salá rios pagos.
Na Grã-Bretanha e Irlanda do Nor te o auxílio familiar foi criado pela lei de 15 de junho de 1945, para cada
sos dc instrução ou aprendizagem. A
filho depois do primeiro, até a idade
contribuição dos empregadores é de
chefe da família receba prestação do
de 16 anos, salvo nos casos em que o
ceito esse cjuc encontrou solução pe lo decreto-lei n.° 32.192, de 13 de
5V2% sôbre as folhas dos salários
agosto dc 1942, que instituiu o regime
Desde 28 de dezembro de 1938 a Hungria adotou o sistema do auxílio familiar, modificado pelas leis de 13 de outubro de 1946 e 4 de fevereiro
xílio é concedido também para o pri meiro filho. O ônus recai integralmen
de 1947. O auxílio é concedido para
do abono de família para os traba lhadores assalariados. A lei de auxílio familiar, na Finlân
dia. é de 30 de abril de 1943, para fa mílias com pelo menos 5 filhos ou viú vas com pelo menos 3 filhos a seu
cargo. Em 1946, modificou-se o diplo ma, reduzindo o número de filhos pa ra 2. A 8 de novembro de 1947 uma
decisão do governo instituiu o siste(7") Tratado Elemental de Derecho So cial, Garcia Oviedo, Madrid, 1948.
pagos.
1
seguro social, hipótese em que o au
te sôbre o Estado.
A lei de 20 de outubro de 1947 con
cada filho menor de 18 anos e o sis
cede, no Grão-Ducado de Luxembur go, subsídio às famílias, mediante um
tema administrado pelo Instituto Na
fundo de compensação especial a ser
cional do Seguro SocTál. O ônus, a cargo do empregador, não pode ser superior a 6% dos salários pagos.
o fundo, custeará as despesas.
A Suécia instituiu o sistema pela lei de 26 de julho de 1947, mas fixou
criado; — o Estado, até que se crie A Sttíça instituiu, em 1944, o auxí lio familiar aos trabalhadores agríco
las e aos camponeses das regiões
ria sóbre os salários em geral e o versalidade da sua distribuição, como
sucede em muitos países que adotam o sistema dos subsídios, auxílios, abonos ou prestações familiares.
os competentes organismos, com con tribuições comjnilsórias do patrona*^.iModernamente, cm alguns países in
0 — O sistema de subsídios ou abonos familiares
tema (Io salário familiar, outorgatido
O sistema de subsídios ou auxílios
familiares é de origem francesa e^dc iniciativa particular. Coincidentemen
te, ou por influência, data éle do mes mo ano em que Leão XIII deu a pviblico a sua famosa "Rerum Xovarum". Em 1891, por iniciativa das
companhias de estradas de ferro da França, foi instituído o sistema de subsídios familiares. Mais tarde, o industrial Romanet, de Grenoble, em
1916, e Maresche, de Loríent, em 1918, criaram, em cada uma das localidades onde residiam, caixas de compensação
entre os seus colegas, alimentadas ex clusivamente por contribuições patro nais calculadas em tanto por cento
dos salários pagos e aplicadas em sub sídios aos seus operários c emprega dos, proporcionalmente aos seus en
cargos de família, Depois da primei ra guerra mundial, grandes empresas adotaram o mesmo sistema, notadamente as companhias de seguro, sob forma, que deveria resultar obrigató ria mais tarde, de caixas de compen
sação. O Estado, desde 1918, aplicou a mesma modalidade aos seus funcio nários. Em 1920, existiam na França
6 caixas, abrangendo 50.000 trabalha dores Em 1930 o número de caixas se elevava a 232 e os trabalhadores com
preendidos a 1.820.000: - as contri buições recolhidas nesse ano somaram 342 milhões de francos franceses.
Inspirados nessa iniciativa patronal,
ta a cargo do empregador, <jue devia dar a seus trabalhadores um auxilio para cada filho de idade infermr a 17
anos. Este sistema, (juc não era ba seado no princípio dc Fundo de Cnmpensaç.ão, mostrou-sc logo pouco sa
dustriais SC começou a praticar o sis
tisfatório, tanto (pic induziu o Exe cutivo a estudar uma nova o radical
as empresas bonificações a seus ope rários,
prc^porcionalmcnte
aos
forma para ser aproveitada ]5or via
seus
legislativa, o ((ue foi feito pela lei de 22 dc julho dc 1948, (juc prevê o paga
encargos familiares. Com o objetivo de evitar {|ue essas bonificações one rassem
exclusivamente
as
103
ma do salário familiar, mediante cpio-
a Bélgica, cm 1930, c a França, em 1932, tornaram obrigatória a conces são do.s subsídios familiares, criando
peso do ônus é diminuído pela uni
Dioesto Econômico
Dick.stí) Económjco
102
mento
empresas
do
auxílio
na
importância
anual dc 7,200 marcos, cm quatro
com trabalhadores de famílias mais
prcstaçõc.s trimestrais, a favor de to
numerosas, o ciuc lhes daria motivo
dos os filhos menores dc 16 anos, re
para preferirem, cm seus contratos de
sidentes no país. O custeio dêsse au
trabalho, o pessoal jovem e solteiro,
xílio é feito mediante a contribuição
cm prejuízo cio que assim não o fôsse, idealizou-se a criação de caixas de
compensação encarregadas da forma ção cie um fundo comum com contri tre os trabalhadores. Evoluiu a idéia
A Constituição portuguesa de 1933
primento dc 20 anos nos casos de cur
consigna, cm seu texto, disposições sôbre o salário mínimo familiar, pre
concorrendo
0 menor é órfão de pai c mão ou se,
órfão dc um só genitor, não viver permanentemente cm sua companhia: — se o pai é morto ou se é titular de pensão dc Invalidez, velhice, ou doen ça a longo curso: — se, concorrendo determinadas circunstâncias, o pai não
providencia a manutenção do filho. O ônus financeiro do auxílio constitui encargo conjunto do Estado c das Municipalidades.
A lei n." 154, dc 13 de dezembro dc
1945, adotou na Cliccoslovaquia o sis tema de auxílio familiar para os fi
ronda pessoal que, juntamente com o
com menos de 16 anos de idade, mas que pode ser prorrogado até o ciim
xação do salário mínimo familiar (7).
necessidade,
dos empregadores, dc 4% sóbre os
cabe ao primeiro e ao segundo filhos
bém se generalizou como método de fi
de
salários pagos aos seus empregados, cabendo ao Estado as despesas res Na Holanda, a lei de 21 de dezem bro cie 1946 estabeleceu modificaçüC.> no sistema do auxílio familiar, o qual
quanto aos subsídios familiares e tam
tado
(|ual(iucr das seguintes condições: se
lhos menores dc 18 anos, a cargo dos
tantes.
buições equitativas, para sua distri buição, cm forma convencionada, en
a c.xigéncia dc ser comprovado o es
trabalhadores que não possuam uma
auxílio familiar, alcance determinada
importância. O sistema é alimentado por uma contribuição a cargo dos ein 1 regadorcs, na base de 47c dos salá rios pagos.
Na Grã-Bretanha e Irlanda do Nor te o auxílio familiar foi criado pela lei de 15 de junho de 1945, para cada
sos dc instrução ou aprendizagem. A
filho depois do primeiro, até a idade
contribuição dos empregadores é de
chefe da família receba prestação do
de 16 anos, salvo nos casos em que o
ceito esse cjuc encontrou solução pe lo decreto-lei n.° 32.192, de 13 de
5V2% sôbre as folhas dos salários
agosto dc 1942, que instituiu o regime
Desde 28 de dezembro de 1938 a Hungria adotou o sistema do auxílio familiar, modificado pelas leis de 13 de outubro de 1946 e 4 de fevereiro
xílio é concedido também para o pri meiro filho. O ônus recai integralmen
de 1947. O auxílio é concedido para
do abono de família para os traba lhadores assalariados. A lei de auxílio familiar, na Finlân
dia. é de 30 de abril de 1943, para fa mílias com pelo menos 5 filhos ou viú vas com pelo menos 3 filhos a seu
cargo. Em 1946, modificou-se o diplo ma, reduzindo o número de filhos pa ra 2. A 8 de novembro de 1947 uma
decisão do governo instituiu o siste(7") Tratado Elemental de Derecho So cial, Garcia Oviedo, Madrid, 1948.
pagos.
1
seguro social, hipótese em que o au
te sôbre o Estado.
A lei de 20 de outubro de 1947 con
cada filho menor de 18 anos e o sis
cede, no Grão-Ducado de Luxembur go, subsídio às famílias, mediante um
tema administrado pelo Instituto Na
fundo de compensação especial a ser
cional do Seguro SocTál. O ônus, a cargo do empregador, não pode ser superior a 6% dos salários pagos.
o fundo, custeará as despesas.
A Suécia instituiu o sistema pela lei de 26 de julho de 1947, mas fixou
criado; — o Estado, até que se crie A Sttíça instituiu, em 1944, o auxí lio familiar aos trabalhadores agríco
las e aos camponeses das regiões
'•»
Digesto Econômico
104
montanhosas, auxílio ésse que é ou
to profissional, ou seja, da atividade
torgado tanto à íamília como a cada
de uma só pessoa; — êste último au
Dicesto
Econômico
105
íilho menor de 15 anos. Os emprega
xílio é concedido a partir do primeiro
cação e seus prazeres honestos, como
dores agrícolas contribuem com 1%
íilho.
sòbre as íólhas de salários, cabendo ao Governo Federal e aos Cantões as
chefe de família. A lei federal, repe tindo o disposto na Constituição,
sistema de subsídio familiar. O decre
adianta que o salário mínimo deve
de'mais despesas.
to dc 19 de maio dc 1948 introduziu
também considerar os recursos neces
A Itália instituíra desde há muito o
21,33%, e a quota correspondente a cada pessoa é de 400 pesos chilenos por mês.
O
auxílio
é outorgado somente
modiffcaçôes, sendo o auxílio conce
sários para a subsistência durante os
àqueles que, em situação de emprego nas atividades privadas, realizem tra
1945, modificada em 29 de março de 1946, a Espanha fixou um sistema de pontos para a concessão de subsídios
dido para cada filho até a idade de 14 anos, no caso dc operários, e dc 18
dias de repouso semanal. O Uruguai adotou, igualmente, o
intelectual sòbre o físico, conceito
anos, no caso dc empregados, para
familiares, criados em 1938, em bene
sistema dos auxílios familiares, pela
com que a legislação do Chile define
marido ou mulher em estado de inva-
lei n.° 10.449, de 12 de novembro de
o empregado, distinguindo-o assim do
lidez e para qualquer genitor que viva a cargo da família. O auxílio varia se
1943.
operário
trabalho manual.
gundo as atividades econômicas, sen
Com a aprovação do ato de auxílios familiares, de agòsto de 1944, foi ins
do de mais alta base a dos trabalha
tituído no Canadá um sistema nacio
dores na indústria e dc base menor
os da agricultura. O ônus é pôsto a
nal de proteção ao trabalho, cm favor de cada filho até a idade de 16 anos,
cargo do empregador, em tabelas va
sendo o ônus suportado inteiramente
Como se vê, são muitos os países que introduziram, em suas legislações, essas interessantes instituições do mo derno direito social, em regime que
riáveis segundo as respectivas ativi dades, oscilando as porcentagens en
pelo Estado. Ao fim do primeiro ano
pode ser chamado de subsídio fami
de aplicação da lei, e dadas a vasti
Pela ordenança de 19 de junho de
fício dos filhos e demais dependentes do trabalhador.
Na Noruega, a lei de 24 de outubro
de 1946 instituiu o auxílio familiar pa ra tóda pessoa com filho menor de 16
anos, sendo as depesas repartidas eii° (7/8) e as Comunas U/oj-
Desde 1930 a Bélgica adotou o sub sidio em favor da família. Pelo de creto de 30 de março de 1948 o be
nefício foi estendido aos trabalhado res não indígenas do Congo Belga, em favor da esposa e dos filhos.
Pela lei de 11 de março de 1932 a França adotou obrigatoriamente o sis tema que, como se viu, surgiu nesse país pela iniciativa privada. A lei de 22 de agosto de 1946 modificou a es trutura geral do auxílio familiar, que é devido a partir do segundo filho,
balho em que predomina o esíôrço
que executa normalmente Hc
4^
tre 11% e 22%, como mínimo e máxi
dão do território canadense e a es
liar, de abono familiar, de auxílio fa miliar ou de prestação familiar, des
mo, respectivamente, sobre o mon tante dos salários dos empregados c
cassa
tinado à proteção social da família
que não permitiu individualizar, com
e da natalidade.
operários em geral.
exatidão, o número dos que têm di reito ao auxílio — os pagamentos fo ram feitos na ordem de 14 dólares por família e de 6 dólares para cada filho
um modo geral, mediante contribui ção compulsória sôbre os salários, ou
Na América só me foi dado encon
trar elementos que, no tocante ao as sunto, se referem aos países nomea
dos a seguir. A Constituição argentina, de 11 de
densidade da população — o
Êsse regime tem permitido que, de
sòbre determinado limite dos mesmos, se
menor.
distribua aos trabalhadores uma
O au.xílio familiar foi incorporado
quota variável segundo o número de dependentes. Em alguns países essa distribuição é feita em base à remu
março de 1949, consigna o preceito de
à legislação do Cliile pela lei n.° 6.020,
que ao traljalhador se dê uma retri
de 8 de fevereiro de 1937. A lei n.°
buição suficiente para seu sustento e
7.295, de 1940, modificou a matéria e
neração
até a idade de 17 anos, a cargo de to
o de sua família, compensatório do
estabeleceu que o benefício seria con
do trabalhador residente na França. O diploma se aplica também nas ati vidades agrícolas. O decreto de 24 de setembro de 1947 fixa em 13%, sobre os salários, a taxa de contribuição dos
esforço realizado c dó rendimento
cedido em favor dos empregados que justificassem ter a seu cargo os se guintes dependentes; mulher, filhos legítimos, naturais ou adotivos, me
quando não alcance um nível míni mo de ganhos; — em outros, tendo
empregadores, mas esta Contribuição financia também o auxilio à materni dade, o auxílio pré-natal e o auxílio chamado de salário único, criado em favor das famílias assalariadas não beneficiadas que de um só rendimen
obtido. A legislação, anterior à Cons tituição, dispõe sobre o salário míni mo vital e Sua proibição de diminuilo, por acordo individual ou coletivo. O México adotou o princípio con
nores de 18 anos ou, se maiores, físi
percebida
pelo
operário,
em conta apenas os descendentes; — nos demais, em razão do cônjuge e parentes que vivam sob a dependên cia econômica do obreiro.
ca ou mentalmente inválidos ou im
Conclusão
tido na Carta de Chapultepec, de que
possibilitados para o trabalho, — e a
Em linhas gerais, a matéria atinen-
o salário mínimo do trabalhador de
mãe legítima ou natural, viúva ou abandonada pelo cônjuge. O fundo
te ao salário mínimo familiar aqui se
verá ser suficiente, atendendo às con
dições de cada região, para satisfazer
destinado ao auxílio familiar é custea
bre o sistema que, em nosso país,
do pela contribuição de 2% do em pregado e de 19,33% do empregador,
atenda ao preceito constitucional e melhor se concilie com os interêsses
sobre
da produção.
a suas necessidades normais, sua edu-
os
salários,
num
total de
acha exposta. Resta a indagação sô
'•»
Digesto Econômico
104
montanhosas, auxílio ésse que é ou
to profissional, ou seja, da atividade
torgado tanto à íamília como a cada
de uma só pessoa; — êste último au
Dicesto
Econômico
105
íilho menor de 15 anos. Os emprega
xílio é concedido a partir do primeiro
cação e seus prazeres honestos, como
dores agrícolas contribuem com 1%
íilho.
sòbre as íólhas de salários, cabendo ao Governo Federal e aos Cantões as
chefe de família. A lei federal, repe tindo o disposto na Constituição,
sistema de subsídio familiar. O decre
adianta que o salário mínimo deve
de'mais despesas.
to dc 19 de maio dc 1948 introduziu
também considerar os recursos neces
A Itália instituíra desde há muito o
21,33%, e a quota correspondente a cada pessoa é de 400 pesos chilenos por mês.
O
auxílio
é outorgado somente
modiffcaçôes, sendo o auxílio conce
sários para a subsistência durante os
àqueles que, em situação de emprego nas atividades privadas, realizem tra
1945, modificada em 29 de março de 1946, a Espanha fixou um sistema de pontos para a concessão de subsídios
dido para cada filho até a idade de 14 anos, no caso dc operários, e dc 18
dias de repouso semanal. O Uruguai adotou, igualmente, o
intelectual sòbre o físico, conceito
anos, no caso dc empregados, para
familiares, criados em 1938, em bene
sistema dos auxílios familiares, pela
com que a legislação do Chile define
marido ou mulher em estado de inva-
lei n.° 10.449, de 12 de novembro de
o empregado, distinguindo-o assim do
lidez e para qualquer genitor que viva a cargo da família. O auxílio varia se
1943.
operário
trabalho manual.
gundo as atividades econômicas, sen
Com a aprovação do ato de auxílios familiares, de agòsto de 1944, foi ins
do de mais alta base a dos trabalha
tituído no Canadá um sistema nacio
dores na indústria e dc base menor
os da agricultura. O ônus é pôsto a
nal de proteção ao trabalho, cm favor de cada filho até a idade de 16 anos,
cargo do empregador, em tabelas va
sendo o ônus suportado inteiramente
Como se vê, são muitos os países que introduziram, em suas legislações, essas interessantes instituições do mo derno direito social, em regime que
riáveis segundo as respectivas ativi dades, oscilando as porcentagens en
pelo Estado. Ao fim do primeiro ano
pode ser chamado de subsídio fami
de aplicação da lei, e dadas a vasti
Pela ordenança de 19 de junho de
fício dos filhos e demais dependentes do trabalhador.
Na Noruega, a lei de 24 de outubro
de 1946 instituiu o auxílio familiar pa ra tóda pessoa com filho menor de 16
anos, sendo as depesas repartidas eii° (7/8) e as Comunas U/oj-
Desde 1930 a Bélgica adotou o sub sidio em favor da família. Pelo de creto de 30 de março de 1948 o be
nefício foi estendido aos trabalhado res não indígenas do Congo Belga, em favor da esposa e dos filhos.
Pela lei de 11 de março de 1932 a França adotou obrigatoriamente o sis tema que, como se viu, surgiu nesse país pela iniciativa privada. A lei de 22 de agosto de 1946 modificou a es trutura geral do auxílio familiar, que é devido a partir do segundo filho,
balho em que predomina o esíôrço
que executa normalmente Hc
4^
tre 11% e 22%, como mínimo e máxi
dão do território canadense e a es
liar, de abono familiar, de auxílio fa miliar ou de prestação familiar, des
mo, respectivamente, sobre o mon tante dos salários dos empregados c
cassa
tinado à proteção social da família
que não permitiu individualizar, com
e da natalidade.
operários em geral.
exatidão, o número dos que têm di reito ao auxílio — os pagamentos fo ram feitos na ordem de 14 dólares por família e de 6 dólares para cada filho
um modo geral, mediante contribui ção compulsória sôbre os salários, ou
Na América só me foi dado encon
trar elementos que, no tocante ao as sunto, se referem aos países nomea
dos a seguir. A Constituição argentina, de 11 de
densidade da população — o
Êsse regime tem permitido que, de
sòbre determinado limite dos mesmos, se
menor.
distribua aos trabalhadores uma
O au.xílio familiar foi incorporado
quota variável segundo o número de dependentes. Em alguns países essa distribuição é feita em base à remu
março de 1949, consigna o preceito de
à legislação do Cliile pela lei n.° 6.020,
que ao traljalhador se dê uma retri
de 8 de fevereiro de 1937. A lei n.°
buição suficiente para seu sustento e
7.295, de 1940, modificou a matéria e
neração
até a idade de 17 anos, a cargo de to
o de sua família, compensatório do
estabeleceu que o benefício seria con
do trabalhador residente na França. O diploma se aplica também nas ati vidades agrícolas. O decreto de 24 de setembro de 1947 fixa em 13%, sobre os salários, a taxa de contribuição dos
esforço realizado c dó rendimento
cedido em favor dos empregados que justificassem ter a seu cargo os se guintes dependentes; mulher, filhos legítimos, naturais ou adotivos, me
quando não alcance um nível míni mo de ganhos; — em outros, tendo
empregadores, mas esta Contribuição financia também o auxilio à materni dade, o auxílio pré-natal e o auxílio chamado de salário único, criado em favor das famílias assalariadas não beneficiadas que de um só rendimen
obtido. A legislação, anterior à Cons tituição, dispõe sobre o salário míni mo vital e Sua proibição de diminuilo, por acordo individual ou coletivo. O México adotou o princípio con
nores de 18 anos ou, se maiores, físi
percebida
pelo
operário,
em conta apenas os descendentes; — nos demais, em razão do cônjuge e parentes que vivam sob a dependên cia econômica do obreiro.
ca ou mentalmente inválidos ou im
Conclusão
tido na Carta de Chapultepec, de que
possibilitados para o trabalho, — e a
Em linhas gerais, a matéria atinen-
o salário mínimo do trabalhador de
mãe legítima ou natural, viúva ou abandonada pelo cônjuge. O fundo
te ao salário mínimo familiar aqui se
verá ser suficiente, atendendo às con
dições de cada região, para satisfazer
destinado ao auxílio familiar é custea
bre o sistema que, em nosso país,
do pela contribuição de 2% do em pregado e de 19,33% do empregador,
atenda ao preceito constitucional e melhor se concilie com os interêsses
sobre
da produção.
a suas necessidades normais, sua edu-
os
salários,
num
total de
acha exposta. Resta a indagação sô
DrcESTO
gens elevadas. Para o setor rural é o
ticas consignadas às outras duas for mas ; — mas oferece a vantagem de
que mais facilita a aplicação da lei.
atenuar a força das mesmas críticas
dcncia social já apresentam percentaDícesto Econômico
106
Dois tipos de salário devem ser ob
jeto de consideração: o absoluto e o relativo. O primeiro não leva em con
O segundo tipo dc salário, chamado
relativo, é o que varia conforme o nú mero das pc-s.soas da família. A im-
ta o número dos dependentes e sim a
praticabilidadc desse sistema, sempre
família média, possibilitando ao traba
que os encargos totais, — isto é.
lhador a percepção de uma quota su plementar, para atender às circunstân
aqueles, derivados da contraprcstação do serviço c os resultantes do número de pessoas dependentes do trai>alhador, — fiquem a cargo direto cio em pregador, foi já demonstrada na Fin
cias ordinárias dò núcleo social.
Os trés projetos de lei, em andamento no Congresso Nacional, adotaram êséé ti po, com variantes diversas: o substi
107
Econômico
O tipo relativo é o que, doutrinàriamentc, oferece possibilidades mais consentâncas com o objetivo econòniico-sücial do instituto. Disso não tcmo.s dúvidas. Cada tralialhaclor rece beria um subsídio proporcional ao
número de pessoas que compõem a fa mília e o ônus teria o seu peso redu
c de fazer com que o valor do suple mento ao salário mínimo reverta, em
sua totalidade, em fav^^r da econo mia familiar.
Nessa ordem dc considerações, —
e tendo em conta que a quota fami liar recai, por fôrça de dispositivo
constitucional, na estrutura üo salá
zido pela generalidade da distribuição.
rio mínimo, não permitindo assim o estudo de plano diverso e mais am
lândia, de vez <iue umas empresas eram mais gravadas e outras menos,
Mas, tal modalidade exigiria a cria
plo, o que aliás se observa no crité
ção dc órgãos arrecadadores das con
rio seguido pela legislação projetada,
do c.vil no pagamento do salário m!mmo, determina o recolhimento da quota correspondente à unidade fami
estaI)elcceiKlo um regime de desigual dade c dcscquiliI)rando os custos da
tribuições, ou de carteiras especiais nas instituições de previdência exis
que de si já indica, por certo modo, a
tentes, com a organização de todo um
gresso Nacional, — pensamos ser pos
c"l cial, Tsd desde que o trabalhador P-vidència não nro ™-
nismos adequados, mediante determi
tutivo da Comissão de Legislação So cial, não admitindo distinção de esta-
ve que arrosta com o encargo "Utençao correspondente; L
2''
subscr.to pelo deputado Segadas^
pelo trabalhador, pelos integrlmtt
fam.ba, os prem.os de produção e as
siduidade, os abonos, inclusive o cruo fór pago pelo Estado, e o que ainda resultar de participação nos lucrosnão atingindo, a soma dessas parcelas' o dobro do salário mínimo, a diferen ça será paga pela instituição de pre vidência social correspondente. Ne nhum desses dois projetos, que incluem o trabalhador rural nos bene fícios, se lembrou de que a previdên
produção. Eis 'porc|uc tal modalidade só se opera por intermédio cie orga
mento familiar em proporção aos en
perda de tempo para estes e para a
cargos f|ue devem arrostar; — e em
produção, além cie impor, como é na
base a êsse critério é que apreciamos
tural, um moroso trabalho de apura
a forma relativa.
ção do número de dependentes em re lação a cada assalariado. No traba
isentos dos encargos de manuten
lho rural o sistema seria de difícil
te para a outorga de subsídios fa
O tipo absoluto possibilita uma so
lução mais simples e prática: o ônus é pago diretamente pela emprésa, sem a intervenção de terceiros, não de mandando qualquer perda de tempo para o trabalhador o seu recebimen
to. O pêsQ do encargo recai tão só
embaraços à execução de um plano dessa natureza.
ua estrutura do salário mínimo. Ofe
Um tipo misto conciliaria, possivel mente melhor, os vários interêsses,
dores (8), que no quadro da* previ(8) Os 5% que as instituições de pre
como vimos, adotando o critério do
casamento.
aplicação, tendo em vista a extensão territorial do país, que opõe sérios
rece a vantagem de evitar despesas administrativas dos órgãos arrecada
vidência vêm arrecadando dos segurados sao. pràticamente empregados na con cessão de benefícios e de assistência mé
colhida aos institutos de previdência e às Caixas Econômicas Federais se destinará ao custeio dos mútuos de
cluindo:
qüência das despesas administrativas que daí adviriam ; — o pagamento das quotas aos trabalhadores demandaria
Finalmente, o projeto do Executivo,
ção Social, estabelece que a quota re
sível responder à indagação, con
nada contribuição Compulsória sobre os salários em geral, distribuindo se aos trabalhadores a quota de suple
cia não abrange o homem do campo.
substitutivo da Comissão de Legisla
novo .serviço burocrático e a Conse
orientação a ser seguida pelo Con
dica, representando as despesas adminis trativas dessa contribuição, — Aluízio Alves, A Previdência Social no Brasil.
São Paulo, 1948. Atualmente, segundo informações co lhidas em boa fonte, essas despesas ad ministrativas se representam em porcen
tagens bem mais elevadas.
feito o pagamento direto da quota pe lo empregador, e desde que a impor tância das quotas recolhidas aos ins titutos dc previdência e às Caixas Econômicas Federais voltem à cir
culação em direto benefício às fa
o sistema de salário familiar abso
luto é o que, face às nossas condi ções, oferece no momento solução mais prática, desde que as quotas
não percebidas pelos trabalhadores, ção de família, se destinem à cons tituição de um fundo exclusivamen miliares.
A solução apontada não reveste
tipo ideal. Mas, de tôdas as pro postas é a que, a nosso ver, abre me
lhor caminho para que se busque, na experiência e no tempo, o molde mais adequado ao nosso ambiente, capaz de proporcionar benefícios reais à famí lia operária e possibilitar o efetivo
desenvolvimento da produção, pois deste último fenômeno é que, na ver
dade, poderá haver melhoria nos ní
mílias dos trabalhadores, sob a fôr
veis de vida em nosso pais, o que se
ma de subsídips. É certo que esta su gestão admite, ainda, parte das crí-
impõe em defesa da coletividade e da formação demográfica brasileira.
DrcESTO
gens elevadas. Para o setor rural é o
ticas consignadas às outras duas for mas ; — mas oferece a vantagem de
que mais facilita a aplicação da lei.
atenuar a força das mesmas críticas
dcncia social já apresentam percentaDícesto Econômico
106
Dois tipos de salário devem ser ob
jeto de consideração: o absoluto e o relativo. O primeiro não leva em con
O segundo tipo dc salário, chamado
relativo, é o que varia conforme o nú mero das pc-s.soas da família. A im-
ta o número dos dependentes e sim a
praticabilidadc desse sistema, sempre
família média, possibilitando ao traba
que os encargos totais, — isto é.
lhador a percepção de uma quota su plementar, para atender às circunstân
aqueles, derivados da contraprcstação do serviço c os resultantes do número de pessoas dependentes do trai>alhador, — fiquem a cargo direto cio em pregador, foi já demonstrada na Fin
cias ordinárias dò núcleo social.
Os trés projetos de lei, em andamento no Congresso Nacional, adotaram êséé ti po, com variantes diversas: o substi
107
Econômico
O tipo relativo é o que, doutrinàriamentc, oferece possibilidades mais consentâncas com o objetivo econòniico-sücial do instituto. Disso não tcmo.s dúvidas. Cada tralialhaclor rece beria um subsídio proporcional ao
número de pessoas que compõem a fa mília e o ônus teria o seu peso redu
c de fazer com que o valor do suple mento ao salário mínimo reverta, em
sua totalidade, em fav^^r da econo mia familiar.
Nessa ordem dc considerações, —
e tendo em conta que a quota fami liar recai, por fôrça de dispositivo
constitucional, na estrutura üo salá
zido pela generalidade da distribuição.
rio mínimo, não permitindo assim o estudo de plano diverso e mais am
lândia, de vez <iue umas empresas eram mais gravadas e outras menos,
Mas, tal modalidade exigiria a cria
plo, o que aliás se observa no crité
ção dc órgãos arrecadadores das con
rio seguido pela legislação projetada,
do c.vil no pagamento do salário m!mmo, determina o recolhimento da quota correspondente à unidade fami
estaI)elcceiKlo um regime de desigual dade c dcscquiliI)rando os custos da
tribuições, ou de carteiras especiais nas instituições de previdência exis
que de si já indica, por certo modo, a
tentes, com a organização de todo um
gresso Nacional, — pensamos ser pos
c"l cial, Tsd desde que o trabalhador P-vidència não nro ™-
nismos adequados, mediante determi
tutivo da Comissão de Legislação So cial, não admitindo distinção de esta-
ve que arrosta com o encargo "Utençao correspondente; L
2''
subscr.to pelo deputado Segadas^
pelo trabalhador, pelos integrlmtt
fam.ba, os prem.os de produção e as
siduidade, os abonos, inclusive o cruo fór pago pelo Estado, e o que ainda resultar de participação nos lucrosnão atingindo, a soma dessas parcelas' o dobro do salário mínimo, a diferen ça será paga pela instituição de pre vidência social correspondente. Ne nhum desses dois projetos, que incluem o trabalhador rural nos bene fícios, se lembrou de que a previdên
produção. Eis 'porc|uc tal modalidade só se opera por intermédio cie orga
mento familiar em proporção aos en
perda de tempo para estes e para a
cargos f|ue devem arrostar; — e em
produção, além cie impor, como é na
base a êsse critério é que apreciamos
tural, um moroso trabalho de apura
a forma relativa.
ção do número de dependentes em re lação a cada assalariado. No traba
isentos dos encargos de manuten
lho rural o sistema seria de difícil
te para a outorga de subsídios fa
O tipo absoluto possibilita uma so
lução mais simples e prática: o ônus é pago diretamente pela emprésa, sem a intervenção de terceiros, não de mandando qualquer perda de tempo para o trabalhador o seu recebimen
to. O pêsQ do encargo recai tão só
embaraços à execução de um plano dessa natureza.
ua estrutura do salário mínimo. Ofe
Um tipo misto conciliaria, possivel mente melhor, os vários interêsses,
dores (8), que no quadro da* previ(8) Os 5% que as instituições de pre
como vimos, adotando o critério do
casamento.
aplicação, tendo em vista a extensão territorial do país, que opõe sérios
rece a vantagem de evitar despesas administrativas dos órgãos arrecada
vidência vêm arrecadando dos segurados sao. pràticamente empregados na con cessão de benefícios e de assistência mé
colhida aos institutos de previdência e às Caixas Econômicas Federais se destinará ao custeio dos mútuos de
cluindo:
qüência das despesas administrativas que daí adviriam ; — o pagamento das quotas aos trabalhadores demandaria
Finalmente, o projeto do Executivo,
ção Social, estabelece que a quota re
sível responder à indagação, con
nada contribuição Compulsória sobre os salários em geral, distribuindo se aos trabalhadores a quota de suple
cia não abrange o homem do campo.
substitutivo da Comissão de Legisla
novo .serviço burocrático e a Conse
orientação a ser seguida pelo Con
dica, representando as despesas adminis trativas dessa contribuição, — Aluízio Alves, A Previdência Social no Brasil.
São Paulo, 1948. Atualmente, segundo informações co lhidas em boa fonte, essas despesas ad ministrativas se representam em porcen
tagens bem mais elevadas.
feito o pagamento direto da quota pe lo empregador, e desde que a impor tância das quotas recolhidas aos ins titutos dc previdência e às Caixas Econômicas Federais voltem à cir
culação em direto benefício às fa
o sistema de salário familiar abso
luto é o que, face às nossas condi ções, oferece no momento solução mais prática, desde que as quotas
não percebidas pelos trabalhadores, ção de família, se destinem à cons tituição de um fundo exclusivamen miliares.
A solução apontada não reveste
tipo ideal. Mas, de tôdas as pro postas é a que, a nosso ver, abre me
lhor caminho para que se busque, na experiência e no tempo, o molde mais adequado ao nosso ambiente, capaz de proporcionar benefícios reais à famí lia operária e possibilitar o efetivo
desenvolvimento da produção, pois deste último fenômeno é que, na ver
dade, poderá haver melhoria nos ní
mílias dos trabalhadores, sob a fôr
veis de vida em nosso pais, o que se
ma de subsídips. É certo que esta su gestão admite, ainda, parte das crí-
impõe em defesa da coletividade e da formação demográfica brasileira.
1'
A sovietízação da Ásia Canduío Motta Filho
russos nunca perderam Odedirigentes vista a possibilidade de uma so-
vietização da Asia, em grande escala Teoricamente, preferiam dominar o Ocidente, para depois assegurar o completo domínio sobre a Asia Po
rém, desde logo, as dificuldades se tor" naram visíveis. Q Ocidente oferecia a
dela se prevalecendo que Stalin se consolidou no poder c exterminou a oposição. O que era necessário, aci ma de tudo, era uma defesa diante
do capitalismo europeu, agressivo e resistente, e uma compreensão asiá tica da Rússia, iíin 1921, Lenine dava
Dicesto
Eco^*ó^aco
109
dente. Yalta e Lcningrado foram mo mentos decisivos. Dentro em pouco os exércitos russos clicgavam a Berlim,
campeava, com desenvoltura, o desen
sentindo, desde aí, o Kremlin, que a
tendimento. Na própria região alemã,
Europa poderia ser então uma presa fácil. Seus grandes países estavam arruinados, suas elites tinham pere cido nas convulsões sociais. Os pla
ocupada pelos russos, as dificuldades SC multiplicaram. O espírito fronteiri
rios energia, redobrada vigilância e
nos foram traçados. Os partidos co
sucessivos expurgos.
munistas deixaram a linguagem dire ta c revolucionária e usaram da tática
resistência de uma cultura histórica ativa e realizadora. O Oriente ofere
a Stalin instruções a esse respeito;
colaboracionista, empregando por fim
•— "Devemos insistir, absolutamente,
a política "da mão estendida".
cia a resistência geográfiV^
para
indiferentes à téínka ' .
Central
que
as
se.ssões
da
Comissão
comunistas do Ocidente. "A teoria da
espontaneidade — escreveu cie — é a
niano, um georgiano ctC. Absoluta mente!"
como uma luta contra os excessos do
to trabalhista espontâneo, a teoria que
individualismo. Possuía uma formação
nega de fato o papel do dirigente de
histórica indestrutível. Os comunistas
"Diário de viajem de um filósofo",
franceses e os comunistas italianos, que eram os mais numerosos, defen
vanguarda da classe trabalhadora." A luta empreendida contra o Plano Marshall, a exploração dos zelos na
diam
muito mais uma doutrina ética
cionalistas, as greves, as ocupações
de justiça social do que outra coisa.
das fábricas, o inconformismo diante dos salários, o desemprego, o custo de vida, a perspectiva de lutas imperia-
viu em 1927, com nitidez, ésse pro blema, ou melhor, essa identificação. Agora estou — escreve élc — na
em imponente unidade, todos os po
no. A revolução tinha sido. para èle
vos do interior. Psicològicamente, o
um salto no escuro. Lenine tivera a au' dácia de dar esse salto e se tornar vitorioso. O problema não era o de
russo está mais perto do hindu do
pelos preconceitos culturais, pela ten dência reiterada para o subjetivismo, pela indecisão diante de um programa de luta. A maioria dos ocidentais que
Que do chinês. Em vários sentidos a
alma russa vibra uníssona com a al™a da antiga índia. Os povos man
posições, mas o de conservar as po
tém a mesma relação com Deus e a
sições conquistadas. Já, em outubro de 1919, Lenine dizia: — "Não que
o russo mais se aproxima do chinês."
não se interessa por aumentar o nú
mero de seus filiados, mas apenas aumentar a sua qualidade, que expul sa de suas fileiras os vacilantes, é o
nosso partido da classe trabalhadora revolucionária ".
Essa política foi então seguida. Foi '
consiste cm render culto ao movimen
A Asia era a Rússia. A Rússia era
Eram, até de certo modo, perigosos,
cios. O único partido, no poder, que
teoria do oportunismo, a teoria que
a Asia. O Conde -Keiserling, no seu
Asia, onde a Rússia começa e reúne,
remos, mesmo grátis, membros fictí
Stalin, que antevira ésse estado de coisas, procurou circunscrevê-lo, quan do fez a crítica da "teoria da espon taneidade ", tão do gosto dos teóricos
Não foi, entretanto, essa tática co>-
presididas
ca, acentuou a neTesliSdTdl^^se^^ltÍ silenciar o expansionismo revolucioná qvançar para a conquista de novas
ço cm nada ajudava. Foram necessá
roada de êxito. A Europa, à medida que aceitava o comunismo, o aceitava a seu modo, modelado principalmente
Nacional sejam
rotativamente i:)or um russo, um ucra-
tir, colo iõlmZTl europeus, pondo de lado'rnm°^ ácnty teoria da revolução
Havia, assim, um terreno intranspo nível, uma terra de ninguém, onde
natureza. Porém, no fundo da alma,
O russo, na Ásia, está em sua ca sa, sem constrangimentos ou afeta
ções. Para enfrentar um Ocidente in
quieto e armado, 'apoiado na civiliza ção da máquina, a Rússia poderia movimentar-se nas infinitas extensões
asiaticas e se preciso fosse, um dia faria do asiático um bárbaro armado.
A última guerra teve, entretanto, a virtude de aproximar a Rússia do Oci
freqüentavam os congressos e pro curavam
Koestler "O Yogi e o proletário", que nenhuma influência poderia ter no es
pírito de um autêntico stalinUta, fêz
militantes, em
sensação enorme em todo o Ocidente,
contato com os dirigentes de Moscou,
alcançando as Américas. Por sua vez, a figura de seu romance "O zero e o
se
estar, como
listas, de nada valeram. O Hvro de
norteava
por
um
marxismo ro
mântico, que não era nem o de Marx,
infinito", o trágico e sombrio Rouba-
nem o retificado de Lenine. No íntimo
eram uns decepcionados. Aquilo que, mais tarde, aconteceu com Pfander,
c'hof, que, para o leninismo, seria uma caricatura, ficou, no Ocidente, marca do como um tipo simbólico. No entan
Koestler, Gide ou Silone, já .se deli
to, se fôsse um verdadeiro bolchevista
neara em 1935.
russo, isto é, um asiático, não falaria
v
1'
A sovietízação da Ásia Canduío Motta Filho
russos nunca perderam Odedirigentes vista a possibilidade de uma so-
vietização da Asia, em grande escala Teoricamente, preferiam dominar o Ocidente, para depois assegurar o completo domínio sobre a Asia Po
rém, desde logo, as dificuldades se tor" naram visíveis. Q Ocidente oferecia a
dela se prevalecendo que Stalin se consolidou no poder c exterminou a oposição. O que era necessário, aci ma de tudo, era uma defesa diante
do capitalismo europeu, agressivo e resistente, e uma compreensão asiá tica da Rússia, iíin 1921, Lenine dava
Dicesto
Eco^*ó^aco
109
dente. Yalta e Lcningrado foram mo mentos decisivos. Dentro em pouco os exércitos russos clicgavam a Berlim,
campeava, com desenvoltura, o desen
sentindo, desde aí, o Kremlin, que a
tendimento. Na própria região alemã,
Europa poderia ser então uma presa fácil. Seus grandes países estavam arruinados, suas elites tinham pere cido nas convulsões sociais. Os pla
ocupada pelos russos, as dificuldades SC multiplicaram. O espírito fronteiri
rios energia, redobrada vigilância e
nos foram traçados. Os partidos co
sucessivos expurgos.
munistas deixaram a linguagem dire ta c revolucionária e usaram da tática
resistência de uma cultura histórica ativa e realizadora. O Oriente ofere
a Stalin instruções a esse respeito;
colaboracionista, empregando por fim
•— "Devemos insistir, absolutamente,
a política "da mão estendida".
cia a resistência geográfiV^
para
indiferentes à téínka ' .
Central
que
as
se.ssões
da
Comissão
comunistas do Ocidente. "A teoria da
espontaneidade — escreveu cie — é a
niano, um georgiano ctC. Absoluta mente!"
como uma luta contra os excessos do
to trabalhista espontâneo, a teoria que
individualismo. Possuía uma formação
nega de fato o papel do dirigente de
histórica indestrutível. Os comunistas
"Diário de viajem de um filósofo",
franceses e os comunistas italianos, que eram os mais numerosos, defen
vanguarda da classe trabalhadora." A luta empreendida contra o Plano Marshall, a exploração dos zelos na
diam
muito mais uma doutrina ética
cionalistas, as greves, as ocupações
de justiça social do que outra coisa.
das fábricas, o inconformismo diante dos salários, o desemprego, o custo de vida, a perspectiva de lutas imperia-
viu em 1927, com nitidez, ésse pro blema, ou melhor, essa identificação. Agora estou — escreve élc — na
em imponente unidade, todos os po
no. A revolução tinha sido. para èle
vos do interior. Psicològicamente, o
um salto no escuro. Lenine tivera a au' dácia de dar esse salto e se tornar vitorioso. O problema não era o de
russo está mais perto do hindu do
pelos preconceitos culturais, pela ten dência reiterada para o subjetivismo, pela indecisão diante de um programa de luta. A maioria dos ocidentais que
Que do chinês. Em vários sentidos a
alma russa vibra uníssona com a al™a da antiga índia. Os povos man
posições, mas o de conservar as po
tém a mesma relação com Deus e a
sições conquistadas. Já, em outubro de 1919, Lenine dizia: — "Não que
o russo mais se aproxima do chinês."
não se interessa por aumentar o nú
mero de seus filiados, mas apenas aumentar a sua qualidade, que expul sa de suas fileiras os vacilantes, é o
nosso partido da classe trabalhadora revolucionária ".
Essa política foi então seguida. Foi '
consiste cm render culto ao movimen
A Asia era a Rússia. A Rússia era
Eram, até de certo modo, perigosos,
cios. O único partido, no poder, que
teoria do oportunismo, a teoria que
a Asia. O Conde -Keiserling, no seu
Asia, onde a Rússia começa e reúne,
remos, mesmo grátis, membros fictí
Stalin, que antevira ésse estado de coisas, procurou circunscrevê-lo, quan do fez a crítica da "teoria da espon taneidade ", tão do gosto dos teóricos
Não foi, entretanto, essa tática co>-
presididas
ca, acentuou a neTesliSdTdl^^se^^ltÍ silenciar o expansionismo revolucioná qvançar para a conquista de novas
ço cm nada ajudava. Foram necessá
roada de êxito. A Europa, à medida que aceitava o comunismo, o aceitava a seu modo, modelado principalmente
Nacional sejam
rotativamente i:)or um russo, um ucra-
tir, colo iõlmZTl europeus, pondo de lado'rnm°^ ácnty teoria da revolução
Havia, assim, um terreno intranspo nível, uma terra de ninguém, onde
natureza. Porém, no fundo da alma,
O russo, na Ásia, está em sua ca sa, sem constrangimentos ou afeta
ções. Para enfrentar um Ocidente in
quieto e armado, 'apoiado na civiliza ção da máquina, a Rússia poderia movimentar-se nas infinitas extensões
asiaticas e se preciso fosse, um dia faria do asiático um bárbaro armado.
A última guerra teve, entretanto, a virtude de aproximar a Rússia do Oci
freqüentavam os congressos e pro curavam
Koestler "O Yogi e o proletário", que nenhuma influência poderia ter no es
pírito de um autêntico stalinUta, fêz
militantes, em
sensação enorme em todo o Ocidente,
contato com os dirigentes de Moscou,
alcançando as Américas. Por sua vez, a figura de seu romance "O zero e o
se
estar, como
listas, de nada valeram. O Hvro de
norteava
por
um
marxismo ro
mântico, que não era nem o de Marx,
infinito", o trágico e sombrio Rouba-
nem o retificado de Lenine. No íntimo
eram uns decepcionados. Aquilo que, mais tarde, aconteceu com Pfander,
c'hof, que, para o leninismo, seria uma caricatura, ficou, no Ocidente, marca do como um tipo simbólico. No entan
Koestler, Gide ou Silone, já .se deli
to, se fôsse um verdadeiro bolchevista
neara em 1935.
russo, isto é, um asiático, não falaria
v
Dicesto Econômico
110
DIGESTO Econômico
a
das Nações! Outra era, entretanto, a
Maurice Thorez ou Togliatti são
atitude da U. R. S. S. na Asia. Os agentes consulares fazem abertamente
em
"oportunidade"
substituindo
"honorabilidadc ".
figuras de pontes, intérpretes ambíguos de dois territórios diferen
ternacional se une aos homens dc go
tes. Os russos não viam com bons
verno para um traballio comum. Esse
olhos o patriotismo francês c Com des confiança maior a diminuição dos par
trabalho é, para Rivière, o da "sovietização da Asia". "Não é — diz êle
mais
tidários italianos. Afinal, os america nos não saíram da Europa e continua
ram, com sua incomparável riqueza, a alÚTientar a resistência.
Em 1935, Jean Marques-Rivière pu blicava um interessante ensaio sòbre a
expansão soviética, onde afirma que o único meio de se compreender a Rússia, de nao mais vê-la como "ter
ra incógnita", é o de "se débarrasser de Ia sensibile occidentale qui est si nuisible dans Tétude des choses de Torient
Rivière mostra então a diferença da' atitude da Rússia até 1918, no Ociden
a agitação. O Komintern da Illa. In
— a posse territorial direta que os Soviets procuram. Não é também a con quista econômica". A Asia imo apa rece, para os Soviets, como uma má quina que dá dividendo, mas como uma massa de homens qnc devem ser
dirigidos para a revolução mundial. Esse é o sentido profundo da marcha soviética para a China e para a Índia. E Rivière, há quinze anos, com uma visão segura das manobras soviéticas, afirma que "com um sentido agudo das coisas e uma sutileza asiática, que é preciso reconhecer na U. R. S. S., o
planos serão traçados.
Crescerão as
9590 da população. Num artigo intitu
reações asiáticas: — "les réactions
ficuldades. "Sem socialização agrícola
dans ce mystcrieux Extrcme-Oricnt sont souvent déconcertantes, toujours
— escreve êle •— não poderá haver so
imprévisibles
Mas, apesar dessa compreensão da alma asiática por parte dos 'políticos soviéticos, a "sovietização da Asia" é, em si mesma, uma revolução de pro fundidade, que recai num terreno de vastado, mas firme ainda em seu
soviética só caminham numa, extensa
quista asiática, que agora está pondo em execução".
desenvolvimento de uma indústria po
derosa, constituída principalmente pe las emprêsas do Estado." E acrescen ta: "Temos, diante de nós, a dura mis- são da edificação econômica".
Os países asiáticos, que não olham geira, vêem na sovietização um estra asiastismo. Os bárbaros armados náo
pertencem às hordas de Gengis Khan, mas a uma concepção evoluída da vi
Assim, a guerra na Coréia não é s6
ecos. Só na China, há o imperioso pro blema dc nutrir 470 milhões de homens e de colocá-los de forma a serem uti
uma guerra de desgaste, uma guerra
lizados na construção de uma possível
destinada a desmoralizar as Nações
sociedade socialista. Trata-se de um
Unidas. É uma guerra destinada a efe tivar a "sovietização da Asia", solidi
país de economia atrasadíssima, 909ó
nas narrativas de Fernando Ossendi-
apoiada numa agricultura rudimentar e primária. A miséria, acentuada por prolongados anos de guerra civil, é in
grandes e tristes interrogações da vi
de que os russos jamais compreende
ficando a fcente c'ontra a civilização ocidental, num jogo que, por sua vez,
ram a psicologia do Ocidente. Mas, ao
não se coaduna com a lógica mecâni
mesmo tempo, os agentes secretos de
ca da burguesia. Não é só ainda, co
Moscou, obrigados a bater em retira
mo pensa Rivière, um movimento para a utilização de massas humanas, mas também, com a tática de movimentos surpreendentes, a posse de riquezas in
exportação de revolução e de ideolo gia, mas de estabelecer relações pací ficas com as nações européias, para,
cialismo completo e sólido. Para sociJilizar a agricultura é indispensável o
nho processo para a vitória do p^i- ^
te na Asia. A atividade dos agentes
da, não mais se preocupavam com a
que é o caudilho responsável pela pe netração soviética, não esconde as di
tura, a nacionalização das terras, en fim os novos processos da economia
da Illa. Internacional tem por fim do minante suscitar motins, revoltas, e destruir, nas nações européias, o sis tema capitalista". Entretanto, por on empresa fracassa pelo simples motivo
democracia popular", Mao Tsé Toung,
com bons olhos a penetração estran
paisagem amorfa, sem paredes e sem
nha, na França, mesmc) na Espanha, a
lado "Por uma paz durável e por uma
"quietismo" oriental. A técnica da máquina, a racionalização da agricul
seu govêrno traçou o plano da con
de agiu, na Alemanha, na Grã-Breta
descritível, e o analfabetismo atinge a
:urpresas c os imprevistos. .^índa cm 194Ô, Jeanc Cuisinicr, num artigo inti tulado "La Franco vuc de Saigon", analisando a posição de Ho-chÍ Mihn, acCTitua o caráter surpreendente das
dispensáveis para a indústria básica e para a indústria de guerra. É, por fim,
com isso, fazer a sua política de pe netração. Os seus agentes diplomáti cos não vacilavam, para isso, em assi
um golpe de efeito, capaz de derrubar as últimas resistências morais dos paí
nar tratados comerciais e pactos de
ses democráticos.
não-agressão, enquanto Litvinov, sor rindo, tomava assento na Sociedade
diferente e, consequentemente, outros
De posse da Asia, o jogo russo será
da, isto é, a uma concepção baseada na máquina e na técnica. Désse modo, a Asia misteriosa, à margem do des tino do mundo, coiitinua a ser, como
vvski, a terra para onde se voltam as da ç da morte.
Dicesto Econômico
110
DIGESTO Econômico
a
das Nações! Outra era, entretanto, a
Maurice Thorez ou Togliatti são
atitude da U. R. S. S. na Asia. Os agentes consulares fazem abertamente
em
"oportunidade"
substituindo
"honorabilidadc ".
figuras de pontes, intérpretes ambíguos de dois territórios diferen
ternacional se une aos homens dc go
tes. Os russos não viam com bons
verno para um traballio comum. Esse
olhos o patriotismo francês c Com des confiança maior a diminuição dos par
trabalho é, para Rivière, o da "sovietização da Asia". "Não é — diz êle
mais
tidários italianos. Afinal, os america nos não saíram da Europa e continua
ram, com sua incomparável riqueza, a alÚTientar a resistência.
Em 1935, Jean Marques-Rivière pu blicava um interessante ensaio sòbre a
expansão soviética, onde afirma que o único meio de se compreender a Rússia, de nao mais vê-la como "ter
ra incógnita", é o de "se débarrasser de Ia sensibile occidentale qui est si nuisible dans Tétude des choses de Torient
Rivière mostra então a diferença da' atitude da Rússia até 1918, no Ociden
a agitação. O Komintern da Illa. In
— a posse territorial direta que os Soviets procuram. Não é também a con quista econômica". A Asia imo apa rece, para os Soviets, como uma má quina que dá dividendo, mas como uma massa de homens qnc devem ser
dirigidos para a revolução mundial. Esse é o sentido profundo da marcha soviética para a China e para a Índia. E Rivière, há quinze anos, com uma visão segura das manobras soviéticas, afirma que "com um sentido agudo das coisas e uma sutileza asiática, que é preciso reconhecer na U. R. S. S., o
planos serão traçados.
Crescerão as
9590 da população. Num artigo intitu
reações asiáticas: — "les réactions
ficuldades. "Sem socialização agrícola
dans ce mystcrieux Extrcme-Oricnt sont souvent déconcertantes, toujours
— escreve êle •— não poderá haver so
imprévisibles
Mas, apesar dessa compreensão da alma asiática por parte dos 'políticos soviéticos, a "sovietização da Asia" é, em si mesma, uma revolução de pro fundidade, que recai num terreno de vastado, mas firme ainda em seu
soviética só caminham numa, extensa
quista asiática, que agora está pondo em execução".
desenvolvimento de uma indústria po
derosa, constituída principalmente pe las emprêsas do Estado." E acrescen ta: "Temos, diante de nós, a dura mis- são da edificação econômica".
Os países asiáticos, que não olham geira, vêem na sovietização um estra asiastismo. Os bárbaros armados náo
pertencem às hordas de Gengis Khan, mas a uma concepção evoluída da vi
Assim, a guerra na Coréia não é s6
ecos. Só na China, há o imperioso pro blema dc nutrir 470 milhões de homens e de colocá-los de forma a serem uti
uma guerra de desgaste, uma guerra
lizados na construção de uma possível
destinada a desmoralizar as Nações
sociedade socialista. Trata-se de um
Unidas. É uma guerra destinada a efe tivar a "sovietização da Asia", solidi
país de economia atrasadíssima, 909ó
nas narrativas de Fernando Ossendi-
apoiada numa agricultura rudimentar e primária. A miséria, acentuada por prolongados anos de guerra civil, é in
grandes e tristes interrogações da vi
de que os russos jamais compreende
ficando a fcente c'ontra a civilização ocidental, num jogo que, por sua vez,
ram a psicologia do Ocidente. Mas, ao
não se coaduna com a lógica mecâni
mesmo tempo, os agentes secretos de
ca da burguesia. Não é só ainda, co
Moscou, obrigados a bater em retira
mo pensa Rivière, um movimento para a utilização de massas humanas, mas também, com a tática de movimentos surpreendentes, a posse de riquezas in
exportação de revolução e de ideolo gia, mas de estabelecer relações pací ficas com as nações européias, para,
cialismo completo e sólido. Para sociJilizar a agricultura é indispensável o
nho processo para a vitória do p^i- ^
te na Asia. A atividade dos agentes
da, não mais se preocupavam com a
que é o caudilho responsável pela pe netração soviética, não esconde as di
tura, a nacionalização das terras, en fim os novos processos da economia
da Illa. Internacional tem por fim do minante suscitar motins, revoltas, e destruir, nas nações européias, o sis tema capitalista". Entretanto, por on empresa fracassa pelo simples motivo
democracia popular", Mao Tsé Toung,
com bons olhos a penetração estran
paisagem amorfa, sem paredes e sem
nha, na França, mesmc) na Espanha, a
lado "Por uma paz durável e por uma
"quietismo" oriental. A técnica da máquina, a racionalização da agricul
seu govêrno traçou o plano da con
de agiu, na Alemanha, na Grã-Breta
descritível, e o analfabetismo atinge a
:urpresas c os imprevistos. .^índa cm 194Ô, Jeanc Cuisinicr, num artigo inti tulado "La Franco vuc de Saigon", analisando a posição de Ho-chÍ Mihn, acCTitua o caráter surpreendente das
dispensáveis para a indústria básica e para a indústria de guerra. É, por fim,
com isso, fazer a sua política de pe netração. Os seus agentes diplomáti cos não vacilavam, para isso, em assi
um golpe de efeito, capaz de derrubar as últimas resistências morais dos paí
nar tratados comerciais e pactos de
ses democráticos.
não-agressão, enquanto Litvinov, sor rindo, tomava assento na Sociedade
diferente e, consequentemente, outros
De posse da Asia, o jogo russo será
da, isto é, a uma concepção baseada na máquina e na técnica. Désse modo, a Asia misteriosa, à margem do des tino do mundo, coiitinua a ser, como
vvski, a terra para onde se voltam as da ç da morte.
".r-
Fi"
Dicesto Econômico
Aspectos estruturais do Brasil Bezerba de Freitas
1X3
bridado que só podem ler aqueles cujo problema da subsistência está resolvido de maneira estável e cabal.
Assim, pois, verificamos que a aristo 1. — A periferia e o centro
Viana, no seu livro O povo brasileiro ^
Há uma evidente incompreensão en tre as fôrças produtoras que atuam na
periferia e os elementos que atuam no centro do nosso país. Fenômeno aliás que nao nos parece tipicamente brasilei'
ro, mas de características universais Porque assim ocorre no Brasil como na Inglaterra, na França, na
T
Norte, na Argentina, em Portugal e em muitos outros países. Uma linhí i
sua evolução — temos sido um po^o agricultores e pastores. O espírito co
a -Peresttaa'
f=
poTriam- mlderL"'sSar básicas argumentam unst sem'a a,T yrdade especulativa e eontroladcra tios rntermed.anos nos grandes centros ct^m
sum.doros, todo o esfórço dos criadores de gado, agricultores e mineradores seria
improficuo - replicam outros. A ver dade, entretanto, é que as energias de uns e de outros se ajustam, se estendem e se completam criando o espetáculo magnífico da organização econômica, po-
ria de um povo agrícola, é a história
de uma sociedade de lavradores c pas tores.
E' no campo que se forma a
nossa raça e se elaboram as forças ínti
breve, mas seguro e objetivo, sobre O Império Brasileiro, o historiador Oliveira
Lima revcla-nos que havia por bai.xo da prosperidade financeira do fim do Império um relativo mal-estar econômi
co que ^ a tomava mais aparente que real: "A Abolição — escreve o autor
do Doin João VI no Brasil — arruinara muitos agricultores no norte, no geral adiantados com os seus correspondentes e apenas dispondo de atrasados apare lhos de trabalho, tendo os senhores de
da nossa história, no período colonial,
engenho de lutar com a moléstia da cana
vem do campo. Do campo, as bases em
da no.ssa sociedade, no período im perial."
lítica e social dos povos, suscitando de
Assinala ainda Oliveira Viana que, no longo período do Império, o gosto pela vida rural se apura e refina, despindose dos aspectos grosseiros do período da
bates ideológicos, plasmando o pensa mento e o caráter das nações que aspi
zendeiro se torna uma aspiração comum
ram viver com liberdade e independên cia. O passado brasileiro, a crônica da nossa nacionalidade, atesta, contudo, uma tendência decisiva para as lides rurais, para o labor dos campos, para as árduas conquistas da terra. "Desde os primeiros dias da nossa história — depõe o claro e autorizado sociólogo Oliveira
planos de conjunto. Toda\aa, grandes
mas da nos.sa civilização. O dinamismo que se assenta a estabilidade admirável
conquista: a posse de um latifúndio fa
a todos os espíritos amantes da tranqüi lidade o da paz. Por outro lado, os elementos do escol social, os políticos em evidência, os estadistas, como todos
os que queriam possuir um pouco de
autoridade social, procuram o ponto de apoio de um domínio rural; de modo
que, na vida pública o privada, agem com o decoro, a independência e a hom-
D. Pedro II não era,
seu tempo queria dizer a chinesa, por
nossa política econômica. Num estudo
social. Toda a nossa liistória c a histó
tanto, social.
somos capazes do conceber e.xcelentes
aos poucos, a sua energia até desapare
mem do campo. O urbanismo é con dição modcrníssima da nossa evolução
tronco português era uma condição \'iva
da homogeneidade econômica e, por
trangeira: era em demasiado nacional
falhas c dificuldades têm entravado a
cer de todo. O tipo do "natural da terra" cedo contrasta com o ádvena pela sua feitura essencialmente rural, pelo
cano e seus descendentes enxertados no
mentos dirigentes da políHca no período nnporial. Nossa tradição d© povo de agricultores e pastores mostra-nos que
mercial dos portugueses do ciclo das navegações, dominante na sua c.tpansão para as índias, de.sdc que j^:cnetra o terra brasileira se obscurcce, perdendo,
seu temperamento fundamental de ho
Sem o aproveitamento rrcLarj;f
cracia rural é que fornece todos os ele
uma seção do País, quando a do afri
e com os preços bai.\os do produto pela produção cubana e européia. Não con tavam eles com outro braço senão o do
liberto e este por algum tempo quis gozar da liberdade. Os tra
balhadores que desciam da caa tinga para substituir os da mata
faziam falta nos algodoais e eram enxotados de uma crise para ou tra. O Sul ia desenvolver-se, em contrasto, graças ao imigrante, o italiano especialmente, que afluiu a São Paulo c tornou uma realidade nos cafèzais o mito do El-Dorado.
O negro foi, durante o Império, o grande fator do progresso nacional, co
mo o colono europeu o está sendo pre sentemente, embora produzindo uma
condição de desequilíbrio no todo bra
aliás, grande amigo da colonização es para istó. De imigração amarela, que no que o Japão ainda não entrara na fase
de expansão, nem queria ouWr falar: foi êle quem mais contribuiu para fazer gorar o Plano Sinimbu. Da branca re
ceava, no seu \ibrante patriotismo, que distinguisse sôbre o caráter histórico da
população e lhe emprestasse um ar cos mopolita. A colonização era, porém,
fatal se o Brasil quisesse progredir, cor responder à sua grandeza territorial e l aos seus destinos, e por isso nunca ces sou esse assunto, durante o século XIX,
de reclamar a atenção dos homens pú blicos."
Êsse é o elemento histórico. A Re
publica soube corrigir alguns dêsses er ros, embora, por sua vez, também inci
disse noutros. Devemos assinalar que os erros da política econômica da Re
pública se originaram tanto de paixões partidárias como da' inex
periência de alguns dos seus es tadistas ou da falta de tato de
muitos dos seus homens repre sentativos, divorciados de assun
tos que impõem uma sólida educação técnica.
2. — O sentido de ruralidade
É necessário criar em todo o País uma
sadia consciência agrária, em profundo sentido de ruralidade. Os estudos bási
cos para a realização dêsse objetivo já
concluídos. Cumpre, agora, por sileiro, porque sua ação abraça apenas foram meio de medidas práticas e iniciativas
".r-
Fi"
Dicesto Econômico
Aspectos estruturais do Brasil Bezerba de Freitas
1X3
bridado que só podem ler aqueles cujo problema da subsistência está resolvido de maneira estável e cabal.
Assim, pois, verificamos que a aristo 1. — A periferia e o centro
Viana, no seu livro O povo brasileiro ^
Há uma evidente incompreensão en tre as fôrças produtoras que atuam na
periferia e os elementos que atuam no centro do nosso país. Fenômeno aliás que nao nos parece tipicamente brasilei'
ro, mas de características universais Porque assim ocorre no Brasil como na Inglaterra, na França, na
T
Norte, na Argentina, em Portugal e em muitos outros países. Uma linhí i
sua evolução — temos sido um po^o agricultores e pastores. O espírito co
a -Peresttaa'
f=
poTriam- mlderL"'sSar básicas argumentam unst sem'a a,T yrdade especulativa e eontroladcra tios rntermed.anos nos grandes centros ct^m
sum.doros, todo o esfórço dos criadores de gado, agricultores e mineradores seria
improficuo - replicam outros. A ver dade, entretanto, é que as energias de uns e de outros se ajustam, se estendem e se completam criando o espetáculo magnífico da organização econômica, po-
ria de um povo agrícola, é a história
de uma sociedade de lavradores c pas tores.
E' no campo que se forma a
nossa raça e se elaboram as forças ínti
breve, mas seguro e objetivo, sobre O Império Brasileiro, o historiador Oliveira
Lima revcla-nos que havia por bai.xo da prosperidade financeira do fim do Império um relativo mal-estar econômi
co que ^ a tomava mais aparente que real: "A Abolição — escreve o autor
do Doin João VI no Brasil — arruinara muitos agricultores no norte, no geral adiantados com os seus correspondentes e apenas dispondo de atrasados apare lhos de trabalho, tendo os senhores de
da nossa história, no período colonial,
engenho de lutar com a moléstia da cana
vem do campo. Do campo, as bases em
da no.ssa sociedade, no período im perial."
lítica e social dos povos, suscitando de
Assinala ainda Oliveira Viana que, no longo período do Império, o gosto pela vida rural se apura e refina, despindose dos aspectos grosseiros do período da
bates ideológicos, plasmando o pensa mento e o caráter das nações que aspi
zendeiro se torna uma aspiração comum
ram viver com liberdade e independên cia. O passado brasileiro, a crônica da nossa nacionalidade, atesta, contudo, uma tendência decisiva para as lides rurais, para o labor dos campos, para as árduas conquistas da terra. "Desde os primeiros dias da nossa história — depõe o claro e autorizado sociólogo Oliveira
planos de conjunto. Toda\aa, grandes
mas da nos.sa civilização. O dinamismo que se assenta a estabilidade admirável
conquista: a posse de um latifúndio fa
a todos os espíritos amantes da tranqüi lidade o da paz. Por outro lado, os elementos do escol social, os políticos em evidência, os estadistas, como todos
os que queriam possuir um pouco de
autoridade social, procuram o ponto de apoio de um domínio rural; de modo
que, na vida pública o privada, agem com o decoro, a independência e a hom-
D. Pedro II não era,
seu tempo queria dizer a chinesa, por
nossa política econômica. Num estudo
social. Toda a nossa liistória c a histó
tanto, social.
somos capazes do conceber e.xcelentes
aos poucos, a sua energia até desapare
mem do campo. O urbanismo é con dição modcrníssima da nossa evolução
tronco português era uma condição \'iva
da homogeneidade econômica e, por
trangeira: era em demasiado nacional
falhas c dificuldades têm entravado a
cer de todo. O tipo do "natural da terra" cedo contrasta com o ádvena pela sua feitura essencialmente rural, pelo
cano e seus descendentes enxertados no
mentos dirigentes da políHca no período nnporial. Nossa tradição d© povo de agricultores e pastores mostra-nos que
mercial dos portugueses do ciclo das navegações, dominante na sua c.tpansão para as índias, de.sdc que j^:cnetra o terra brasileira se obscurcce, perdendo,
seu temperamento fundamental de ho
Sem o aproveitamento rrcLarj;f
cracia rural é que fornece todos os ele
uma seção do País, quando a do afri
e com os preços bai.\os do produto pela produção cubana e européia. Não con tavam eles com outro braço senão o do
liberto e este por algum tempo quis gozar da liberdade. Os tra
balhadores que desciam da caa tinga para substituir os da mata
faziam falta nos algodoais e eram enxotados de uma crise para ou tra. O Sul ia desenvolver-se, em contrasto, graças ao imigrante, o italiano especialmente, que afluiu a São Paulo c tornou uma realidade nos cafèzais o mito do El-Dorado.
O negro foi, durante o Império, o grande fator do progresso nacional, co
mo o colono europeu o está sendo pre sentemente, embora produzindo uma
condição de desequilíbrio no todo bra
aliás, grande amigo da colonização es para istó. De imigração amarela, que no que o Japão ainda não entrara na fase
de expansão, nem queria ouWr falar: foi êle quem mais contribuiu para fazer gorar o Plano Sinimbu. Da branca re
ceava, no seu \ibrante patriotismo, que distinguisse sôbre o caráter histórico da
população e lhe emprestasse um ar cos mopolita. A colonização era, porém,
fatal se o Brasil quisesse progredir, cor responder à sua grandeza territorial e l aos seus destinos, e por isso nunca ces sou esse assunto, durante o século XIX,
de reclamar a atenção dos homens pú blicos."
Êsse é o elemento histórico. A Re
publica soube corrigir alguns dêsses er ros, embora, por sua vez, também inci
disse noutros. Devemos assinalar que os erros da política econômica da Re
pública se originaram tanto de paixões partidárias como da' inex
periência de alguns dos seus es tadistas ou da falta de tato de
muitos dos seus homens repre sentativos, divorciados de assun
tos que impõem uma sólida educação técnica.
2. — O sentido de ruralidade
É necessário criar em todo o País uma
sadia consciência agrária, em profundo sentido de ruralidade. Os estudos bási
cos para a realização dêsse objetivo já
concluídos. Cumpre, agora, por sileiro, porque sua ação abraça apenas foram meio de medidas práticas e iniciativas
Dioesto
Econômico
115
DiGESTO Econômico
3. — O fator demográfico
114
inteligentes, desfazer, tanto quanto possí vel, essa manifesta tendência para o ur banismo, que se observa em tôdas as
O aumento não deixa de ser impor tante. As unidades que apresentam
maior número dc propriedades agrícolas
estatísticas do Ministério da Agricultura,
são, pela ordem, São Paulo, Minas Ge rais, Rio Grande do Sul, Pernambuco,
existiam no Brasil, em 1940, 1.904..589
Bahia e Santa Catarina, sendo eviden
propriedades rurais. Pelo recenseamento
te o interesse cm conhecer-se o que apu
regiões do País. Segundo informações
dc 1948, o número dessas propriedades
rou o recenseamento de 19o0 e sobre
SC elevava a 2.128.314, assim distri
tudo a cifra das pequenas propriedade.^.
buídas:
Certo, essa imensa desproporção em área o valor exprimo um sintoma, por
Agricultura:
poderá ser efetivada se lhe forem pro porcionados recursos assistenciais nos
No conjunto das medidas que hão de ser tomadas cm benefício dos homens
domínios da valorização biológica, higie ne, educação, complementos lógicos de
do campo figuram no primeiro plano as
uma vivenda asseada e digna.
que se referem à sua assimilação e à sua
A seleção imigratória não pode ser um
fixação. Donald Pienson, professor de Sociologia e Antropologia Social, expli ca a assimilação como um processo em que a modificação ocorre na experiên
simples rótulo, mas o resultado de uma
cia interior e pelo qual os indivíduos vêm a adquirir pensamentos comuns, memórias comuns, símbolos comuns, ati
política sadia, apoiada em fónnulas prá ticas e estudos técnicos, e, só assim,
acreditamos, desaparecerá esse nomadismo tão pernicioso à nossa vida e ao
nosso equilíbrio social. Já se observou, com razão, que aTguns proprietiírios agrí colas que se queixam da falta de braços e das migrações do traballiador rural concorrem para êsse fenô
Em grande escala
7.830
isso que denuncia () inconsistência de uma política que mantém as forças agrá
Em pequena escala
582.492
rias concentradas o mal distribuídas. Se
te ter em conta que, apesar de a
considerarmos que, no Brasil, 70% da
acomodação não ser o mesmo que
meno, tanto por omissão no cum
população vivem á custa do rendimento produtivo da terra, e se considerarmos
assimilação, a primeira facilmente conduz à segunda. Pois, desde
primento de certos deveres em
a falta de proteção ao homem rural,
que o indivíduo aceite os símbo
elemento dc tanta influencia no mercado consumidor, facilmente verificaremos que a reforma da nossa estrutura agrícola
tão lançadas as bases para uma transi
quele trabalhador, quanto ou mais ainda, pelo próprio exemplo de absenteísmo, de repúdio ao meio rural, pas
gência em suas atitudes e pontos de vista, especialmente se essa acomoda
nas capitais. Na realidade, toraa-se in
Agropecuária;
Em grande escala Em pequena escala
4 208 1.129 638
Pecuária:
Em grande escala Em pequena escala Outras modalidades
5-7 ggg 57.458 65.074
Observa-se, no setor agrícola e agro
ção tende a remover os traços caracterís
ainda não escrito, da nossa geografia
Dôsse
constituem fonte de emulação e de uma
finalidade da reforma agrária pode ser
um dos seus, e, consequentemente, sua nova orientação cultural poderá proces sar-se mais rapidamente. Em síntese,
completa integração ecológica.
cuárias e aumentar o poder aquisitivo
nestes
tôrmos;
promover
a
quando se lê o total do valor da pro
dos trabalhadores da terra. Teorias vão
dução.
surgindo, doutrinas antagônicas vão to mando posição. Sugerem alguns a insti tuição de uma política do campo, des
quenas deram em 1940 um rendimento
de Cr§ 84.921.000,00.
dispensável a permanência da famüia proprietária participando da vida na fa zenda, apurando hábitos e atividades que
grupo ficam mais aptos a tratá-lo como
quena escala. Contraste que se amplia
dades pecuárias renderam Cr$ 1 032.878.000,00, enquanto 57.458 pe
sando a habitar nas cidades próximas ou
to positivo da nossa cultura política. A
maior expansão das atividades agrope
tinada a observar o desenvolvimento da
produção e distribuição do consumidor; entendem outros que o Estado deve do-, minar a situação, enfeixando os poderes administrativos. De qualquer modo, $emos de criar a nossa consciência rural, temos de resolver a situação do traba
lhador agrícola sob os seus três aspectos fundamentais - o demográfico, o econô mico e o social.
modo, outros membros do novo
relação às necessidades ritais da
econômica, será também um documen definida
setor agropecuário, 4.208 propriedades renderam Cr$ 676.633.000,00 e 1 129 638 cêrca de Cr$ 4.415.827.000,00. 'Finalmente, 57.889 grandes proprie
los exteriores de uma nova cultura, es
ticos de sua condição de alienígena.
pecuário, o grande contraste entre o nú
renderam Cr$ 558.560.000,00, enquan to 582 492 pequenas propriedades deram xmi lucro de CrS 1.155.292.000,00. No
acrescenta Pierson, é convenien
se apresenta como uma autêntica medi da de salvação pública. Êsse capitulo,
mero de propriedades de grande e pe
Apenas 7.830 propriedades agrícolas
tudes e senlíinentos comuns. Contudo,'
como o indivíduo tende a repetir em sua imaginação o modo de agir dos outros, êle começa a assumir inconscientemen
te, e sem premeditação, os gestos, ati
tudes e desejos dêstes outros. A assimilação dos usos.e costumes da
vida rural assume, quanto ao elemento alienígena, as características de uma ver
dadeira transplantação; quanto ao ele
mento nacional, julgamo-la um fenôme no de readaptação. Outro fator de alta expressão demo gráfica e econômica é, sem dúvida, a fixação do homem ao solo, que sòmente
4. — A repercussão econômica
No campo econômico, as repercussões da orientação agrária atual têm sido per niciosas as e.xigências dos nossos merca
dos internos e ao nosso conceito e.xtemo.
Assim, nos termos em que os interêsses públicos e privados colocaram o pro blema da exploração da terra - sem
crédito, nem garantia do preço, nem ra cionalização das normas de trabalho,
nem os benefícios do seguro rural per maneceremos no regime do latifúndio,
da semi-escravidão e da desintegração, com todas as suas conseqüências. O de-
Dioesto
Econômico
115
DiGESTO Econômico
3. — O fator demográfico
114
inteligentes, desfazer, tanto quanto possí vel, essa manifesta tendência para o ur banismo, que se observa em tôdas as
O aumento não deixa de ser impor tante. As unidades que apresentam
maior número dc propriedades agrícolas
estatísticas do Ministério da Agricultura,
são, pela ordem, São Paulo, Minas Ge rais, Rio Grande do Sul, Pernambuco,
existiam no Brasil, em 1940, 1.904..589
Bahia e Santa Catarina, sendo eviden
propriedades rurais. Pelo recenseamento
te o interesse cm conhecer-se o que apu
regiões do País. Segundo informações
dc 1948, o número dessas propriedades
rou o recenseamento de 19o0 e sobre
SC elevava a 2.128.314, assim distri
tudo a cifra das pequenas propriedade.^.
buídas:
Certo, essa imensa desproporção em área o valor exprimo um sintoma, por
Agricultura:
poderá ser efetivada se lhe forem pro porcionados recursos assistenciais nos
No conjunto das medidas que hão de ser tomadas cm benefício dos homens
domínios da valorização biológica, higie ne, educação, complementos lógicos de
do campo figuram no primeiro plano as
uma vivenda asseada e digna.
que se referem à sua assimilação e à sua
A seleção imigratória não pode ser um
fixação. Donald Pienson, professor de Sociologia e Antropologia Social, expli ca a assimilação como um processo em que a modificação ocorre na experiên
simples rótulo, mas o resultado de uma
cia interior e pelo qual os indivíduos vêm a adquirir pensamentos comuns, memórias comuns, símbolos comuns, ati
política sadia, apoiada em fónnulas prá ticas e estudos técnicos, e, só assim,
acreditamos, desaparecerá esse nomadismo tão pernicioso à nossa vida e ao
nosso equilíbrio social. Já se observou, com razão, que aTguns proprietiírios agrí colas que se queixam da falta de braços e das migrações do traballiador rural concorrem para êsse fenô
Em grande escala
7.830
isso que denuncia () inconsistência de uma política que mantém as forças agrá
Em pequena escala
582.492
rias concentradas o mal distribuídas. Se
te ter em conta que, apesar de a
considerarmos que, no Brasil, 70% da
acomodação não ser o mesmo que
meno, tanto por omissão no cum
população vivem á custa do rendimento produtivo da terra, e se considerarmos
assimilação, a primeira facilmente conduz à segunda. Pois, desde
primento de certos deveres em
a falta de proteção ao homem rural,
que o indivíduo aceite os símbo
elemento dc tanta influencia no mercado consumidor, facilmente verificaremos que a reforma da nossa estrutura agrícola
tão lançadas as bases para uma transi
quele trabalhador, quanto ou mais ainda, pelo próprio exemplo de absenteísmo, de repúdio ao meio rural, pas
gência em suas atitudes e pontos de vista, especialmente se essa acomoda
nas capitais. Na realidade, toraa-se in
Agropecuária;
Em grande escala Em pequena escala
4 208 1.129 638
Pecuária:
Em grande escala Em pequena escala Outras modalidades
5-7 ggg 57.458 65.074
Observa-se, no setor agrícola e agro
ção tende a remover os traços caracterís
ainda não escrito, da nossa geografia
Dôsse
constituem fonte de emulação e de uma
finalidade da reforma agrária pode ser
um dos seus, e, consequentemente, sua nova orientação cultural poderá proces sar-se mais rapidamente. Em síntese,
completa integração ecológica.
cuárias e aumentar o poder aquisitivo
nestes
tôrmos;
promover
a
quando se lê o total do valor da pro
dos trabalhadores da terra. Teorias vão
dução.
surgindo, doutrinas antagônicas vão to mando posição. Sugerem alguns a insti tuição de uma política do campo, des
quenas deram em 1940 um rendimento
de Cr§ 84.921.000,00.
dispensável a permanência da famüia proprietária participando da vida na fa zenda, apurando hábitos e atividades que
grupo ficam mais aptos a tratá-lo como
quena escala. Contraste que se amplia
dades pecuárias renderam Cr$ 1 032.878.000,00, enquanto 57.458 pe
sando a habitar nas cidades próximas ou
to positivo da nossa cultura política. A
maior expansão das atividades agrope
tinada a observar o desenvolvimento da
produção e distribuição do consumidor; entendem outros que o Estado deve do-, minar a situação, enfeixando os poderes administrativos. De qualquer modo, $emos de criar a nossa consciência rural, temos de resolver a situação do traba
lhador agrícola sob os seus três aspectos fundamentais - o demográfico, o econô mico e o social.
modo, outros membros do novo
relação às necessidades ritais da
econômica, será também um documen definida
setor agropecuário, 4.208 propriedades renderam Cr$ 676.633.000,00 e 1 129 638 cêrca de Cr$ 4.415.827.000,00. 'Finalmente, 57.889 grandes proprie
los exteriores de uma nova cultura, es
ticos de sua condição de alienígena.
pecuário, o grande contraste entre o nú
renderam Cr$ 558.560.000,00, enquan to 582 492 pequenas propriedades deram xmi lucro de CrS 1.155.292.000,00. No
acrescenta Pierson, é convenien
se apresenta como uma autêntica medi da de salvação pública. Êsse capitulo,
mero de propriedades de grande e pe
Apenas 7.830 propriedades agrícolas
tudes e senlíinentos comuns. Contudo,'
como o indivíduo tende a repetir em sua imaginação o modo de agir dos outros, êle começa a assumir inconscientemen
te, e sem premeditação, os gestos, ati
tudes e desejos dêstes outros. A assimilação dos usos.e costumes da
vida rural assume, quanto ao elemento alienígena, as características de uma ver
dadeira transplantação; quanto ao ele
mento nacional, julgamo-la um fenôme no de readaptação. Outro fator de alta expressão demo gráfica e econômica é, sem dúvida, a fixação do homem ao solo, que sòmente
4. — A repercussão econômica
No campo econômico, as repercussões da orientação agrária atual têm sido per niciosas as e.xigências dos nossos merca
dos internos e ao nosso conceito e.xtemo.
Assim, nos termos em que os interêsses públicos e privados colocaram o pro blema da exploração da terra - sem
crédito, nem garantia do preço, nem ra cionalização das normas de trabalho,
nem os benefícios do seguro rural per maneceremos no regime do latifúndio,
da semi-escravidão e da desintegração, com todas as suas conseqüências. O de-
Dicesto EcoNÓKnco
118
nominado crédito agrícola é uma insti
tuição mais fictícia do que real, cum
nacional. Quando os municípios brasi leiros, numa perfeita articulação de es
Vig^ília de guerra
prindo, por isso mesmo, dar-lhe uma
forços e vontades, se empenharem, a
forma definitiva, o que até agora os
fundo, na tarefa da educação rural,
poderes públicos não conseguiram. A lei da oferta e da procura não tem sig
abrindo escolas profissionais ao lado de
Qu.msqueh que sejam os acontecimen
centros de alfabctização, melhorando as
tos militares da campanha corea na, ninguém duvida da proximidade de
nificação alguma nos negócios da lavou ra, os quais se processam, na verdade, dentro de ura círculo de artificialismo.
E o resultado lógico de tudo isso é o ■ êxodo rural crescente, é a inconsciência
condições de vida, então passaremos da
Aux) M. Azevedo
esfera dos planos e das intenções para o
nova comoção mundial, agora com o
domínio absoluto dos fatos.
carater de uma guerra civil generali
Certo, de amparo tanto carece o pro prietário como o simples trabalhador
zada. Diante dessa horrorosa expecta tiva, pergunta-se o que deveremos fa
dramática dêsse problema coletivo, a in diferença, a indignação, o pânico da eco nomia rural, quando tudo indica a ne
rural. O dono da torra também pode
zer, isto é, o que o Brasil, por seu go
?er vítima da e.xploração do arrendatário,
cessidade de uma mobibzaçáo ampla
do parceiro ou dos próprio.s assalariados.
verno, por suas instituições principais responsáveis, e por seu povo, precisa
de braços e inteligências em defesa des
ses bens, dessa riqueza, dessas conquis tas inestimáveis.
Uma revelação surpreendente, feita
por especialistas no assunto, c a de que não possuímos o cadastro das nossas terras.
5. — A experiência social
Incumbe-nos vencer o empirismo e a
mercia de meio século. De certo modo constrange-nos afirmar que os inovado
res e os homens de ação do regime re publicano, que promoveram, com êxito, algumas experiências sociais, não intro duziram modificações substanciais no sis tema rotineiro do nosso trabalho rural.
Falta-nos dinamismo e perseverança. A recuperação vai-se tornando, assim, cada
vez mais difícil. O apelo dirigido aos municípios brasileiros, em número apro ximado de 2.000, no sentido de que se congreguem, em defesa própria, como se
Essa afirmativa traduz, na sua
simplicidade, uma das feições mais gra ves, senão a mais alarmante, da nossa
vida rural. Prãticamente, está tudo por fazer. Se as grandes propriedades exis tentes cm zonas densamente povoadas,
próximas aos grandes centros consumido res, continuarem incultas, à espera de
valorização, a fim de proporcionar "enri quecimento injusto" aos seus proprietá rios, então as aflições coletivas não te
rão fim. A sorte da reforma agrária, que terá de ser obra dos poderes legis lativo e executivo, dada a sua extrema complexidade, muito depende também
da compreensão do problema por par te de todos aqueles que se entregam no
fossem uma vasta e proveitosa coopera
cultivo do solo.
tiva, há de ser plenamente correspon dido, pois esse trabalho de cooperação repre.senta o ponto alto dêsse problema
tura o de mentalidade a que sc encon
Uma reforma de cstni-
tram vinculados os nossos próprios des tinos econômicos e sociais.
prever c prover. A resposta não é fá
cil, eis que existem mil e uma opiniões
diferentes a respeito de cada coisa, que o próprio povo brasileiro, na sua
grande maioria, ainda não se capaci
çavam. Limito-me — como o leitor de
ve compreender
aos aspectos econô
micos e sociais de uma conflagração
mundial. Naturalmente, as medidas de natureza militar ou política não cabem
nesta ligeira apreciação.
Não obstante uma grande maioria do povo brasileiro ainda não tenha a
consciência plena do horizonte som
brio dèste princípio de 1951, é certo que muitos já se preparam para tirar o máximo proveito da situação que se
esboça e toma forma. O agudo espíri to especulativo de muitos brasileiros
Nessas
já farejou no ar os promissores lucros
condições, tudo se complica e, o que é
inflação ou a deflagração do conflito
tou dessa ameaça iminente.
pior, um programa preventivo realis ta, por mínimo que seja, tem uma re
cepção negativa por parte daqueles que deveriam ser os primeiros a acei ta-lo e considerar sua imprescindível necessidade.
As medidas previsíveis, a serem postas em prática quanto antes, não constituem novidade para quem tenha mais de trmta e cinco anos de idade. isso, não é de admirar que um ci
dadão ocupe um pouco de seu tempo
disponível para alinhar as principais,
extraordinários que um novo ciclo de certamente
propiciarão. Assim, há
grande azáfama nos círculos financei
ros e meios industriais mais atingidos,
não só pela possível escassez de certas
matérias-primas essenciais, como tam
bém pelo prognóstico da cessação de importação de muitos produtos. Po rem, se não considerarmos essa parce
la mais oportunista da população do Brasil, há a mais completa indiferença pelo que está por vir, como se a nos sa pátria estivesse situada noutro pla neta.
aquelas que na verdade deveriam ser o grave problema princi tomadas quase que espontâneamente piaPortanto, por aí, a meu ver. Como dar ao pelos próprios brasileiros, cada um in povo brasileiro — latu sensu — a cons dividualmente no setor em que atua e ciência da realidade?... Na guerra de pode influir. Nessa questão, devo até 1914 (era ainda ginasiano mas me lem penitenciar-me inicialmente, se por bro perfeitamente) o Presidente Wenacaso repetir-me, visto como no prin-" ceslau Braz mandou organizar um ser cipio da última guerra também pre viço de propaganda, não só para o au tendi chamar a atenção do público mento da produção nacional como no brasileiro para os perigos que o amea sentido de haver "parcimônia nos gas-
Dicesto EcoNÓKnco
118
nominado crédito agrícola é uma insti
tuição mais fictícia do que real, cum
nacional. Quando os municípios brasi leiros, numa perfeita articulação de es
Vig^ília de guerra
prindo, por isso mesmo, dar-lhe uma
forços e vontades, se empenharem, a
forma definitiva, o que até agora os
fundo, na tarefa da educação rural,
poderes públicos não conseguiram. A lei da oferta e da procura não tem sig
abrindo escolas profissionais ao lado de
Qu.msqueh que sejam os acontecimen
centros de alfabctização, melhorando as
tos militares da campanha corea na, ninguém duvida da proximidade de
nificação alguma nos negócios da lavou ra, os quais se processam, na verdade, dentro de ura círculo de artificialismo.
E o resultado lógico de tudo isso é o ■ êxodo rural crescente, é a inconsciência
condições de vida, então passaremos da
Aux) M. Azevedo
esfera dos planos e das intenções para o
nova comoção mundial, agora com o
domínio absoluto dos fatos.
carater de uma guerra civil generali
Certo, de amparo tanto carece o pro prietário como o simples trabalhador
zada. Diante dessa horrorosa expecta tiva, pergunta-se o que deveremos fa
dramática dêsse problema coletivo, a in diferença, a indignação, o pânico da eco nomia rural, quando tudo indica a ne
rural. O dono da torra também pode
zer, isto é, o que o Brasil, por seu go
?er vítima da e.xploração do arrendatário,
cessidade de uma mobibzaçáo ampla
do parceiro ou dos próprio.s assalariados.
verno, por suas instituições principais responsáveis, e por seu povo, precisa
de braços e inteligências em defesa des
ses bens, dessa riqueza, dessas conquis tas inestimáveis.
Uma revelação surpreendente, feita
por especialistas no assunto, c a de que não possuímos o cadastro das nossas terras.
5. — A experiência social
Incumbe-nos vencer o empirismo e a
mercia de meio século. De certo modo constrange-nos afirmar que os inovado
res e os homens de ação do regime re publicano, que promoveram, com êxito, algumas experiências sociais, não intro duziram modificações substanciais no sis tema rotineiro do nosso trabalho rural.
Falta-nos dinamismo e perseverança. A recuperação vai-se tornando, assim, cada
vez mais difícil. O apelo dirigido aos municípios brasileiros, em número apro ximado de 2.000, no sentido de que se congreguem, em defesa própria, como se
Essa afirmativa traduz, na sua
simplicidade, uma das feições mais gra ves, senão a mais alarmante, da nossa
vida rural. Prãticamente, está tudo por fazer. Se as grandes propriedades exis tentes cm zonas densamente povoadas,
próximas aos grandes centros consumido res, continuarem incultas, à espera de
valorização, a fim de proporcionar "enri quecimento injusto" aos seus proprietá rios, então as aflições coletivas não te
rão fim. A sorte da reforma agrária, que terá de ser obra dos poderes legis lativo e executivo, dada a sua extrema complexidade, muito depende também
da compreensão do problema por par te de todos aqueles que se entregam no
fossem uma vasta e proveitosa coopera
cultivo do solo.
tiva, há de ser plenamente correspon dido, pois esse trabalho de cooperação repre.senta o ponto alto dêsse problema
tura o de mentalidade a que sc encon
Uma reforma de cstni-
tram vinculados os nossos próprios des tinos econômicos e sociais.
prever c prover. A resposta não é fá
cil, eis que existem mil e uma opiniões
diferentes a respeito de cada coisa, que o próprio povo brasileiro, na sua
grande maioria, ainda não se capaci
çavam. Limito-me — como o leitor de
ve compreender
aos aspectos econô
micos e sociais de uma conflagração
mundial. Naturalmente, as medidas de natureza militar ou política não cabem
nesta ligeira apreciação.
Não obstante uma grande maioria do povo brasileiro ainda não tenha a
consciência plena do horizonte som
brio dèste princípio de 1951, é certo que muitos já se preparam para tirar o máximo proveito da situação que se
esboça e toma forma. O agudo espíri to especulativo de muitos brasileiros
Nessas
já farejou no ar os promissores lucros
condições, tudo se complica e, o que é
inflação ou a deflagração do conflito
tou dessa ameaça iminente.
pior, um programa preventivo realis ta, por mínimo que seja, tem uma re
cepção negativa por parte daqueles que deveriam ser os primeiros a acei ta-lo e considerar sua imprescindível necessidade.
As medidas previsíveis, a serem postas em prática quanto antes, não constituem novidade para quem tenha mais de trmta e cinco anos de idade. isso, não é de admirar que um ci
dadão ocupe um pouco de seu tempo
disponível para alinhar as principais,
extraordinários que um novo ciclo de certamente
propiciarão. Assim, há
grande azáfama nos círculos financei
ros e meios industriais mais atingidos,
não só pela possível escassez de certas
matérias-primas essenciais, como tam
bém pelo prognóstico da cessação de importação de muitos produtos. Po rem, se não considerarmos essa parce
la mais oportunista da população do Brasil, há a mais completa indiferença pelo que está por vir, como se a nos sa pátria estivesse situada noutro pla neta.
aquelas que na verdade deveriam ser o grave problema princi tomadas quase que espontâneamente piaPortanto, por aí, a meu ver. Como dar ao pelos próprios brasileiros, cada um in povo brasileiro — latu sensu — a cons dividualmente no setor em que atua e ciência da realidade?... Na guerra de pode influir. Nessa questão, devo até 1914 (era ainda ginasiano mas me lem penitenciar-me inicialmente, se por bro perfeitamente) o Presidente Wenacaso repetir-me, visto como no prin-" ceslau Braz mandou organizar um ser cipio da última guerra também pre viço de propaganda, não só para o au tendi chamar a atenção do público mento da produção nacional como no brasileiro para os perigos que o amea sentido de haver "parcimônia nos gas-
DiGESTO Econômico 118
tos de qualquer natureza". Na minha memória só permaneceram esses latos,
pois não me recordo dos "efeitos da propaganda oficial, então largamente desenvolvida por todo o território do Brasil.
ção
Evidentemente, essa prepara
digamos melhor: — essa for
mação ou conformação para a nova guerra — não significa que desejemos que ela se deflagre imediatamente... Mas, não podemos permanecer nesse Citado de inconscicncia coletiva. Ao mesmo tempo que instruímos o
povo a respeito das possibilidades de uma nova conflagração, seria neces sário prepará-lo para enfrentar as di-
diculdades futuras, alinhando desde já
as restrições prováveis nos artigos de consumo, com a recomendação para
que não sejam feitos estoques exage rados, que levem à corrida pela "es cassez antecipada" dos gêneros neces sários. É um pro
o estocjue deveria ser constituído e guardado por uma entidade oficial, co
foi moderada, como demonstram as es
inales oriundos de unia inflação, que,
tatísticas.
para o caso brasileiro, poderia ser
buição do material estocado seria fei ta por quotas, segundo o critério ado tado alualmciitc para licenciamento de importações. Haverá muita burocracia nesse sistema, bem sei; mas, não vejo como seria possível assegurar a iodos os que delas necessitam o suprimento de matérias-primas de importação. Do mesmo modo, seria indispensável
organizar um orçamento de aparelhamento e máquinas de importação, de que não podemos prescindir — como
grandes geradores elétricos, locomoti
Bretanha.
Mas,
dores, que também têm as suas neces certagrau
preferencial. risco
para
a
pança. Havendo abundância de gêne
trosa.
visto como todos serão servidos a pre ços razoáveis.
De minha parte, farei o que estiver — para evitar essa ocorrência desas-,
Dirão os cétidos que as campa nhas aqui delineadas seriam contra
producentes ou, pelo menos, inúteis em nosso meio, dado o caráter inde
pendente e pouco disciplinado da maio
ria dos brasileiros. Não penso assim. Pelo contrário, creio que os brasileiros
já são bastante receptivos aos cha
ção é justamente o terror da "falta"
mamentos do bom-senso, que, como
das coisas mais necessárias, simulta
economia e a vida
neamente com o sentimento de que ha
ja "sobra" de dinheiro para comprálas... Não é preciso rememorar os
tos.
vo, no caso de guerra, é a infla ção monetária. O Brasil, que acaba de sair de um sur
um cruzeiro de 1950 só valia 0,25 de um cruzeiro de 1939. Com grande esfòrço
ção. Para impedir a especulação fatal,
em minhas forças — que são poucas
social de um po
rá um poderoso auxiliar dos governos
matérias-primas essenciais de importa
pois são uma defesa do poder aquisi tivo da moeda, que procuram valori zar, pelo incentivo à produção e à pou
dizia Dcbcartes, é a coisa mais bem distribuída no mundo...
to inflacionário de duração de cerca
Enquanto é tempo, e como tem sido assinalado por eminentes homens da indústria e do comércio, e indispensá vel que o Brasil reúna um estoque de
brasileira, é possível que tudo o que ficou escrito acima seja contestado...
O fundamento psicológico da infla
Mas,o mais gra
quem considere a inflação da moeda como um estado normal da economia
lidade, em sentido contrário à inflação,
nada por um ato voluntário de cada um de nós. Então, as rações, as filas, os tabelamentos. parecerão inúteis,
dificuldades, éle deve ser encarado e teremos de tentar uma solução. Tam bém aqui a propaganda bem feita se e das autoridades.
monetária, tão recentemente elas ocor reram entre nós. Mas, como ainda há
nhecimentos rudimentares dos fenôineno.s econômicos logo percebem que aquelas medidas de natureza funda mentalmente psicológica atuam, na rea
da não seria viável — a fim de nos ha
bilitarmos perante os países fornece
ve
não obstante suas
qüências perniciosas da depreciação
da moeda. Entretanto, os que têm co
aquisição, a economia ficará discipli
lações altamente educadas e imbuídas de espírito pú
última
í
das nada têm (jue ver com a inflação
ros e comedimcnto no seu consumo e
em
na Grã-
i
classificada como uma "recaída Es tão na memória de todos ás conse
vas, tratores, caminhões e outras ma
mente,
na
Aparentemente, as campanhas edu cativas preparatórias antes preconiza
quinas cuja fabricação entre nós ain
blema difícil, só resolvido eficaz mente pelas popu
teceu
119
tante do Governo da União. A distri
e,
guerra
Econômico
mo o Banco do Brasil, como represen
sidades
blico, como acon
Digesto
de sete anos, viu a sua moeda perder o valor em pouco tempo, de modo que — e isto ainda não foi bastante Pro
clamado e reconhecido — o Governo
Federal conseguiu dominar a inflação em 1947, de modo que dêsse ano em
diante a depreciação da moeda, medi da pelo seu poder aquisitivo interno, ti-
Ib'--
Aguardemos, pois, os acontecimen
DiGESTO Econômico 118
tos de qualquer natureza". Na minha memória só permaneceram esses latos,
pois não me recordo dos "efeitos da propaganda oficial, então largamente desenvolvida por todo o território do Brasil.
ção
Evidentemente, essa prepara
digamos melhor: — essa for
mação ou conformação para a nova guerra — não significa que desejemos que ela se deflagre imediatamente... Mas, não podemos permanecer nesse Citado de inconscicncia coletiva. Ao mesmo tempo que instruímos o
povo a respeito das possibilidades de uma nova conflagração, seria neces sário prepará-lo para enfrentar as di-
diculdades futuras, alinhando desde já
as restrições prováveis nos artigos de consumo, com a recomendação para
que não sejam feitos estoques exage rados, que levem à corrida pela "es cassez antecipada" dos gêneros neces sários. É um pro
o estocjue deveria ser constituído e guardado por uma entidade oficial, co
foi moderada, como demonstram as es
inales oriundos de unia inflação, que,
tatísticas.
para o caso brasileiro, poderia ser
buição do material estocado seria fei ta por quotas, segundo o critério ado tado alualmciitc para licenciamento de importações. Haverá muita burocracia nesse sistema, bem sei; mas, não vejo como seria possível assegurar a iodos os que delas necessitam o suprimento de matérias-primas de importação. Do mesmo modo, seria indispensável
organizar um orçamento de aparelhamento e máquinas de importação, de que não podemos prescindir — como
grandes geradores elétricos, locomoti
Bretanha.
Mas,
dores, que também têm as suas neces certagrau
preferencial. risco
para
a
pança. Havendo abundância de gêne
trosa.
visto como todos serão servidos a pre ços razoáveis.
De minha parte, farei o que estiver — para evitar essa ocorrência desas-,
Dirão os cétidos que as campa nhas aqui delineadas seriam contra
producentes ou, pelo menos, inúteis em nosso meio, dado o caráter inde
pendente e pouco disciplinado da maio
ria dos brasileiros. Não penso assim. Pelo contrário, creio que os brasileiros
já são bastante receptivos aos cha
ção é justamente o terror da "falta"
mamentos do bom-senso, que, como
das coisas mais necessárias, simulta
economia e a vida
neamente com o sentimento de que ha
ja "sobra" de dinheiro para comprálas... Não é preciso rememorar os
tos.
vo, no caso de guerra, é a infla ção monetária. O Brasil, que acaba de sair de um sur
um cruzeiro de 1950 só valia 0,25 de um cruzeiro de 1939. Com grande esfòrço
ção. Para impedir a especulação fatal,
em minhas forças — que são poucas
social de um po
rá um poderoso auxiliar dos governos
matérias-primas essenciais de importa
pois são uma defesa do poder aquisi tivo da moeda, que procuram valori zar, pelo incentivo à produção e à pou
dizia Dcbcartes, é a coisa mais bem distribuída no mundo...
to inflacionário de duração de cerca
Enquanto é tempo, e como tem sido assinalado por eminentes homens da indústria e do comércio, e indispensá vel que o Brasil reúna um estoque de
brasileira, é possível que tudo o que ficou escrito acima seja contestado...
O fundamento psicológico da infla
Mas,o mais gra
quem considere a inflação da moeda como um estado normal da economia
lidade, em sentido contrário à inflação,
nada por um ato voluntário de cada um de nós. Então, as rações, as filas, os tabelamentos. parecerão inúteis,
dificuldades, éle deve ser encarado e teremos de tentar uma solução. Tam bém aqui a propaganda bem feita se e das autoridades.
monetária, tão recentemente elas ocor reram entre nós. Mas, como ainda há
nhecimentos rudimentares dos fenôineno.s econômicos logo percebem que aquelas medidas de natureza funda mentalmente psicológica atuam, na rea
da não seria viável — a fim de nos ha
bilitarmos perante os países fornece
ve
não obstante suas
qüências perniciosas da depreciação
da moeda. Entretanto, os que têm co
aquisição, a economia ficará discipli
lações altamente educadas e imbuídas de espírito pú
última
í
das nada têm (jue ver com a inflação
ros e comedimcnto no seu consumo e
em
na Grã-
i
classificada como uma "recaída Es tão na memória de todos ás conse
vas, tratores, caminhões e outras ma
mente,
na
Aparentemente, as campanhas edu cativas preparatórias antes preconiza
quinas cuja fabricação entre nós ain
blema difícil, só resolvido eficaz mente pelas popu
teceu
119
tante do Governo da União. A distri
e,
guerra
Econômico
mo o Banco do Brasil, como represen
sidades
blico, como acon
Digesto
de sete anos, viu a sua moeda perder o valor em pouco tempo, de modo que — e isto ainda não foi bastante Pro
clamado e reconhecido — o Governo
Federal conseguiu dominar a inflação em 1947, de modo que dêsse ano em
diante a depreciação da moeda, medi da pelo seu poder aquisitivo interno, ti-
Ib'--
Aguardemos, pois, os acontecimen
VIWIM1 1
I
Digesto Econômico
^^Défiicits" orçamentários
121
iores para inversões em obras produtivas,
mas no exterior confere aos países produ
sem que para tal seja necessário recorrer
tores desses produtos uma fonte de renda
ao aumento de contribuição dos cidadãos.
suplementar inesperada, sem que para
Num país novo como o Brasil, a inicia tiva particular ás vezes não se mostra
tanto as e.xportações sejam sacrificadas. Pensa-se, especialmente, na ta.xação das vendas para o e.xterior, consideradas até
Reforma do sistema tribatário - A divisão dn Reeellii da União
muito entusiasmada por inversões de ca
- Distribuição das Reeeifas Uiíbliras
pital em determinados ramos que ofere
agora como um tributo anti-económico,
Geraldo O. Banaskiwitz
cem riscos desproporcionais, como os ser
pois sua e.xistência dificultaria a competi
viços públicos. Neste caso, para não cor rer o perigo de impedir a expansão manufatureira, o governo precisa substituir,
fo mvmdo de nossos dias, quando a política penetra profundamente no
terreno econômico, e quando as conside rações de defesa sobrepujam considera
ções clássicas, os "déficits", orçamentá rios ou da balança de pagamento, não mais assustam.
Nao há dúvida de que a existência
do um orçamento deficitário perturba a
r f a ocntoTT" ponto de tansformar-se em fonte"5° de
todos os males. Assim, os comentários sobre a nefasta tradição dos "déficits" or^mentários no Brasil, e sua influência sobre o resto da economia, só têm sen tido quando expõem a relatividade da posição de nosso país no conjunto inter nacional.
Reconhecemos que existem meios de absorver o desequilíbrio orçamentário fe
deral, mas não se deve esquecer que a evolução da situação internacional poderá criar novas condições, nas quais é sim plesmente impossível o equilíbrio orça mentário. Especialmente numa eventual
participação do Brasil na corrida armamentista, e que até agora não se mani festou.
A presente estrutura do orçamento bra sileiro — no seu conjunto federal, esta
dual e municipais — é um produto da era do café. Nunca houve, no fundo, uma
ciais se resumiram na introdução de no
vos impostos, sem que o conjunto da
bre o café em toda a América Central
tivamente induzidas a seguir o caminlio traçado pelo Governo Federal e os gover
e México, sôbre a borracha nas posses sões britânicas, para só citar alguns. A lista Se alonga diàriamente, demons
etc.), o isto só poderá ser feito através do orçamento.
chocam díàriamentc com a realidade.
O aparellio burocrático do Brasil cor responde a remota época, quando o Esta
do era simplesmente o "policement" da produção nacional, limitando-se a contro
lar, proteger e a exercer as funções de super\'isor. Essa era exatamente a situação das
nos de São Paulo, Minas, Rio Grande do A Divisão da Receita da União
nente, um século atrás. Seria, por con
A Constituição de 1946 estabeleceu
seguinte, injusto identificar os chama
dos vícios do aparelho burocrático à mentalidade especial em nosso País; trata-se simplesmente da mentalidade à
orçamentários com receitas oriundas de
ramos de atividade que conferem, pas
uma divisão das rendas entre o Governo
sageiramente, lucros desproporcionais a
Federal, os Estados e os Municípios, que
determinados grupos. Vejamos agora qual é a dirisão da
não permite ao Brasil adaptar-se às cir
qual correspondente a estrutura dos or ganismos governamentais, a situação dos serviços públicos e a mentahdade de to dos os apologistas da era do café.
África do Sul, Austrália e Uruguai, so
trando que os governos interessados pensam cobrir os respectivos "déficits"
Sul, Pernambuco c Bahia.
Repartições Públicas norte-americanas antes da guerra civil, e do Velho Conti
cional está na ordem do dia, porque
França, sobre a lã na Nova • Zelândia,
gendo a União e os principais Estados. As outras unidades do País serão grada-
nestes ramos (eletricidade, transportes
o mosaico dos impostos e taxas oferece um quadro de improvisações, que se
A reforma do sistema tributário na
junto da Administração Pública, abran
passageiramente, a iniciativa particular
receita pública fôsse coordenada. Assim
Reforma do Sistema Tributário
Essa medida deverá ser tomada no con
ção. No momento atual, porém, desapare ceu praticamente a competição nos mer cados mundiais, e essa medida já foi adotada pelos governos mais adiantados do globo. Menciona-se, a titulo de exem plo, a anunciada taxa de exportação so bre o papel c celulose na Suécia, sobre o minério da Noruega, África do Sul e
cunstâncias reinantes no resto do mundo.
receita da Uuiâo, para os anos de 1949,
A fase da valorização das matérias-pri
1950 e I95I.
RECEITA DA UNIÃO - 1949 a 1951
(Em milhões de cruzeiros)
f
1949
Discriminação Arrecadaçio
tsso
1951
Arrecadação
Proposta do
Projeto da
Revisão
Execullvo
Cãrraia
do Senado
2.048 6.586
1.655 6.577 5.888 1.901 3
16.024
prevista
Diferença
os choques com a realidade são tão
freqüentes que a transformam em impe dimento do progresso. Uma das princi pais preocupações das esferas competen tes deve ser a do melliorar qualitativa
modemÍ2iação que tomasse em considera ção a diversificação da economia nacio nal, a introdução da manufatura, o cres
mente as verbas de despesas.
cimento da classe média, o deslocamen
duzir as despesas destinadas ao pessoal
to do campo para a cidade da maior parte produtiva do País. As reformas par
nicipais, para poder dispor de fundos ma-
De outro lado, deve-se pensar em re nos orçamentos federais, estaduais e mu
Importação
1.701
Consumo
5.639
Renda
4.785
Sôlo
1.589
Territórios
Tributárias
3
1.555 5.995 5.400 1.800 2
13.717
14.752
+ +
146 356 615 1
1.701 3
1.555 6.477 5.988 1.801 3
+
211
-f 1.035
16.137
15.824
5.799
VIWIM1 1
I
Digesto Econômico
^^Défiicits" orçamentários
121
iores para inversões em obras produtivas,
mas no exterior confere aos países produ
sem que para tal seja necessário recorrer
tores desses produtos uma fonte de renda
ao aumento de contribuição dos cidadãos.
suplementar inesperada, sem que para
Num país novo como o Brasil, a inicia tiva particular ás vezes não se mostra
tanto as e.xportações sejam sacrificadas. Pensa-se, especialmente, na ta.xação das vendas para o e.xterior, consideradas até
Reforma do sistema tribatário - A divisão dn Reeellii da União
muito entusiasmada por inversões de ca
- Distribuição das Reeeifas Uiíbliras
pital em determinados ramos que ofere
agora como um tributo anti-económico,
Geraldo O. Banaskiwitz
cem riscos desproporcionais, como os ser
pois sua e.xistência dificultaria a competi
viços públicos. Neste caso, para não cor rer o perigo de impedir a expansão manufatureira, o governo precisa substituir,
fo mvmdo de nossos dias, quando a política penetra profundamente no
terreno econômico, e quando as conside rações de defesa sobrepujam considera
ções clássicas, os "déficits", orçamentá rios ou da balança de pagamento, não mais assustam.
Nao há dúvida de que a existência
do um orçamento deficitário perturba a
r f a ocntoTT" ponto de tansformar-se em fonte"5° de
todos os males. Assim, os comentários sobre a nefasta tradição dos "déficits" or^mentários no Brasil, e sua influência sobre o resto da economia, só têm sen tido quando expõem a relatividade da posição de nosso país no conjunto inter nacional.
Reconhecemos que existem meios de absorver o desequilíbrio orçamentário fe
deral, mas não se deve esquecer que a evolução da situação internacional poderá criar novas condições, nas quais é sim plesmente impossível o equilíbrio orça mentário. Especialmente numa eventual
participação do Brasil na corrida armamentista, e que até agora não se mani festou.
A presente estrutura do orçamento bra sileiro — no seu conjunto federal, esta
dual e municipais — é um produto da era do café. Nunca houve, no fundo, uma
ciais se resumiram na introdução de no
vos impostos, sem que o conjunto da
bre o café em toda a América Central
tivamente induzidas a seguir o caminlio traçado pelo Governo Federal e os gover
e México, sôbre a borracha nas posses sões britânicas, para só citar alguns. A lista Se alonga diàriamente, demons
etc.), o isto só poderá ser feito através do orçamento.
chocam díàriamentc com a realidade.
O aparellio burocrático do Brasil cor responde a remota época, quando o Esta
do era simplesmente o "policement" da produção nacional, limitando-se a contro
lar, proteger e a exercer as funções de super\'isor. Essa era exatamente a situação das
nos de São Paulo, Minas, Rio Grande do A Divisão da Receita da União
nente, um século atrás. Seria, por con
A Constituição de 1946 estabeleceu
seguinte, injusto identificar os chama
dos vícios do aparelho burocrático à mentalidade especial em nosso País; trata-se simplesmente da mentalidade à
orçamentários com receitas oriundas de
ramos de atividade que conferem, pas
uma divisão das rendas entre o Governo
sageiramente, lucros desproporcionais a
Federal, os Estados e os Municípios, que
determinados grupos. Vejamos agora qual é a dirisão da
não permite ao Brasil adaptar-se às cir
qual correspondente a estrutura dos or ganismos governamentais, a situação dos serviços públicos e a mentahdade de to dos os apologistas da era do café.
África do Sul, Austrália e Uruguai, so
trando que os governos interessados pensam cobrir os respectivos "déficits"
Sul, Pernambuco c Bahia.
Repartições Públicas norte-americanas antes da guerra civil, e do Velho Conti
cional está na ordem do dia, porque
França, sobre a lã na Nova • Zelândia,
gendo a União e os principais Estados. As outras unidades do País serão grada-
nestes ramos (eletricidade, transportes
o mosaico dos impostos e taxas oferece um quadro de improvisações, que se
A reforma do sistema tributário na
junto da Administração Pública, abran
passageiramente, a iniciativa particular
receita pública fôsse coordenada. Assim
Reforma do Sistema Tributário
Essa medida deverá ser tomada no con
ção. No momento atual, porém, desapare ceu praticamente a competição nos mer cados mundiais, e essa medida já foi adotada pelos governos mais adiantados do globo. Menciona-se, a titulo de exem plo, a anunciada taxa de exportação so bre o papel c celulose na Suécia, sobre o minério da Noruega, África do Sul e
cunstâncias reinantes no resto do mundo.
receita da Uuiâo, para os anos de 1949,
A fase da valorização das matérias-pri
1950 e I95I.
RECEITA DA UNIÃO - 1949 a 1951
(Em milhões de cruzeiros)
f
1949
Discriminação Arrecadaçio
tsso
1951
Arrecadação
Proposta do
Projeto da
Revisão
Execullvo
Cãrraia
do Senado
2.048 6.586
1.655 6.577 5.888 1.901 3
16.024
prevista
Diferença
os choques com a realidade são tão
freqüentes que a transformam em impe dimento do progresso. Uma das princi pais preocupações das esferas competen tes deve ser a do melliorar qualitativa
modemÍ2iação que tomasse em considera ção a diversificação da economia nacio nal, a introdução da manufatura, o cres
mente as verbas de despesas.
cimento da classe média, o deslocamen
duzir as despesas destinadas ao pessoal
to do campo para a cidade da maior parte produtiva do País. As reformas par
nicipais, para poder dispor de fundos ma-
De outro lado, deve-se pensar em re nos orçamentos federais, estaduais e mu
Importação
1.701
Consumo
5.639
Renda
4.785
Sôlo
1.589
Territórios
Tributárias
3
1.555 5.995 5.400 1.800 2
13.717
14.752
+ +
146 356 615 1
1.701 3
1.555 6.477 5.988 1.801 3
+
211
-f 1.035
16.137
15.824
5.799
Digicstíj Econókhco
122
180
180
693
745
1.827
1.850
Renda ordinária ... 16.417
17.528
patrimoniais Industriais
Diversas rendas ..•
Renda extraordinária
1.500
892
Receita geral: .... 17.917
18.420
52
230 762
230 762
23
2.170
2.170
230 840 3.840
-f I-IH
19.289
18.987
20.946
+ 4-
—
608
1.104
1.104
944
+
503
20.393
20.091
21.890
T
Dicesto
Econômico
que ela merece. Outrossim, não pode
figura ainda a taxa sobre e.vportação. Entre nós, é geral a concepção de que
rá haver uniformidade na taxação dos
a taxa sobre a exportação é anti-econó-
país moderno, a competência de orien tar a taxa de exportação só poderá ser
mlca, É este um argumento de antes da guerra. Claro está que os 21 governos
do Brasil não estão suficientemente equi pados para poder seguir atentamente as flutuações dos mercados externos e con
ferir à taxa de exportação a flexibilidade
mesmos produtos.
Assim sendo, num
10 5 15
1928 1938 1947
Haiti
1948
J
35
8.8
14,3
113
9,6
157 154
—
1928 1938 1947 1948
México
Como se vê, no quadro acima, não
123
-
592 838 1.989 2.594
10 28 212
105
1,7 3,3
10,6 4,0
A título comparativo, apresentare mos a seguir um quadro sôbre a mu
despesas governamentais, em diversos países latino-americanos, a partir de
dança observada na distribuição das
1928:
federal, mesmo que para tal seja ne
MUDANÇA OBSERVADA NA DISTRIBUIÇÃO DAS DESPESAS
cessário proceder a uma reforma da tri
butação — na parte que interessa à dis
GOVERNAMENTAIS
tribuição das rendas entre o Governo
Federal, os Estados e os Municípios.
Países
Anos
?eiv da
Oai. Inl.
Despesas
Obras
Outras
div. púb.
e externo
sociais
públicas
despesss
17.1 19,8 30.0 30.2 24.8
17.7 19.6 20.7 16.1 31.5
15.0 17.1
28.4
24.S
23.8
27.9
17.2
23.7
14.4 21.1
3.4 8.3
30.5
5.6
32.5 31.3 29.7
17.9 23.4 26.3 16.3
40.9 19.9 26.6 34.2
10.2
IMPOSTOS S/EXPORTAÇAO EM RELAÇAO AO VALOR TOTAL DAS EXPORTAÇÕES Anos
Argentina
Direitos das
Total das
exportações
exportações
28,0
1928 1938 1947 1948
-
2.397 1.401 5.505
5.465
Em %
Argentina
1,2
—
Brasil
Colômbia
Equador
1928 1938 1947 1948
1 1 1
1928
5,1
74
1938
0,3
107
7.9 7.8
577 494
1947 1948
S. Salvador
1928 1938 1947
'
3,2
133 144 427 507
49
27
7,2
100
0,7 0,3 0,2 6,9 0,3 1,4 1,6
Chile
6,5
1928 1938
1947 1948
2 2 2 2
28 18 52
50 ■
19.4 14.7 8.8 5.6 . 6.5 7.5
1928 1930 1938 1947 1948 1949
33.3 27.3 21.3 9.3
1928 1931
22.7 23.1
-
1938
2.2
1947 1948 1949
0.5 7.4 9.0
1928 1938 1947 1948
1.4 19.1 9.7
7,1 11.1 3,8 4,0
1949
Colômbia
1928 1938
1947
7.7 11.3
29.5
16.1
19.5 37.1 23.6 22.9
19.6 34.0
21.5
—
7,2 México
Guatemala
1928 1938 1947 1948 1949 1950
25.3 27.6 16.8
22.4 19.2 17.6
16.3
27.3
18.1 17.1
'
12.8
_
-
11.5 19.0 12,5 13.8
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33.5
7.2
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19.Ò
27.7 20.5
16.2
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38.4
24.7
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19.8
21.8 18.9
Digicstíj Econókhco
122
180
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693
745
1.827
1.850
Renda ordinária ... 16.417
17.528
patrimoniais Industriais
Diversas rendas ..•
Renda extraordinária
1.500
892
Receita geral: .... 17.917
18.420
52
230 762
230 762
23
2.170
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230 840 3.840
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19.289
18.987
20.946
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—
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+
503
20.393
20.091
21.890
T
Dicesto
Econômico
que ela merece. Outrossim, não pode
figura ainda a taxa sobre e.vportação. Entre nós, é geral a concepção de que
rá haver uniformidade na taxação dos
a taxa sobre a exportação é anti-econó-
país moderno, a competência de orien tar a taxa de exportação só poderá ser
mlca, É este um argumento de antes da guerra. Claro está que os 21 governos
do Brasil não estão suficientemente equi pados para poder seguir atentamente as flutuações dos mercados externos e con
ferir à taxa de exportação a flexibilidade
mesmos produtos.
Assim sendo, num
10 5 15
1928 1938 1947
Haiti
1948
J
35
8.8
14,3
113
9,6
157 154
—
1928 1938 1947 1948
México
Como se vê, no quadro acima, não
123
-
592 838 1.989 2.594
10 28 212
105
1,7 3,3
10,6 4,0
A título comparativo, apresentare mos a seguir um quadro sôbre a mu
despesas governamentais, em diversos países latino-americanos, a partir de
dança observada na distribuição das
1928:
federal, mesmo que para tal seja ne
MUDANÇA OBSERVADA NA DISTRIBUIÇÃO DAS DESPESAS
cessário proceder a uma reforma da tri
butação — na parte que interessa à dis
GOVERNAMENTAIS
tribuição das rendas entre o Governo
Federal, os Estados e os Municípios.
Países
Anos
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Oai. Inl.
Despesas
Obras
Outras
div. púb.
e externo
sociais
públicas
despesss
17.1 19,8 30.0 30.2 24.8
17.7 19.6 20.7 16.1 31.5
15.0 17.1
28.4
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23.8
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10.2
IMPOSTOS S/EXPORTAÇAO EM RELAÇAO AO VALOR TOTAL DAS EXPORTAÇÕES Anos
Argentina
Direitos das
Total das
exportações
exportações
28,0
1928 1938 1947 1948
-
2.397 1.401 5.505
5.465
Em %
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1,2
—
Brasil
Colômbia
Equador
1928 1938 1947 1948
1 1 1
1928
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1938
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1947 1948
S. Salvador
1928 1938 1947
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Chile
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1928 1938
1947 1948
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50 ■
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1928 1930 1938 1947 1948 1949
33.3 27.3 21.3 9.3
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-
1938
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1947 1948 1949
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1928 1938 1947 1948
1.4 19.1 9.7
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1949
Colômbia
1928 1938
1947
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29.5
16.1
19.5 37.1 23.6 22.9
19.6 34.0
21.5
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7,2 México
Guatemala
1928 1938 1947 1948 1949 1950
25.3 27.6 16.8
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-
11.5 19.0 12,5 13.8
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11.5
15.7
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15.9
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8.8 15.1 13.2
19.Ò
27.7 20.5
16.2
18.4 33.2 52.4 28.5
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19.8
21.8 18.9
I «1/1 tfi'!
Digesto Econômico DlCESTO EcoNÓAnco
124 1948 1949 1950
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1928 1938 1947 1948
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1947 1948
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12.4
13.8 16.1 17.1
13.8 15.1
21.3 26.6 20.8
20.7 18.2 18.5 23.5 11.8
8.6
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23.1
41.0
13.1 14.2
21.6 18.5
35.4 35.1
17.5 27.3 26.2 30.1 27.1
19.3 11.7 15.9 21.8 25.2
33.9 23.3 23.8
11.1 11.8
37.1 . 58.8
__
—
3.9 8.4
7.8 5.2
profunda, que interessa diretamente am bas as partes. A reforma proposta deve ria, evidentemente, passar em revist-i toda a divisão dos impostos e taxas ar recadados, para conseguir noVas bases de
IMPORTÂNCIA DA
Anos
Federal
Estadual
Municipal
37,9%
11,2%
509%
70.6
77.6
gãos locais na distribuição da massa tri butária iria contra uma tendência uni
versal. Deve-se sublinhar, ainda, que essa tendência se manifesta com igual vigor nos países unitários, tais como as nações organizadas nos moldes federais. O quadro que se segue é elucidativo a esse respeito:
I^CAL EM RELAÇAO AO TOTAL DA
Estados unitários
PROVENIÊNCIA DAS RECEITAS PÚBLICAS 1902
que deixa bem claro que qualquer ten tativa de forçar a participação de ór
receita dos governos (Em porcentagem)
^ seguir um quadro
29.6
"Kosten Ausgeleich" (divisão da Se bem que não haja grandes dife 5um receita pública entre os organismos cen renças na estatura fisial dos Estados trais, estaduais e municipais). tastem grandes divergências nas pr„; Sem entrar em detalhes, deve-se men postas sôbre eventuais reformas, e seria um erro deixar exclusivamente a cargo cionar, entretanto, que o Brasil deverá dos Parlamentos estaduais a decisão sê- forçosamente tomar em consideração as bre as eventuais modificações a serem tendências observadas em outros países. introduzidas na tributação nacional p Assistimos, de fato, à centralização das recomendável uma cooperação entre o finanças públicas em todos os países, o
Governo Federal e todos os Executivos
referente ao™Estados^'^ljSdosT°^^
29.7
Distnbuição das receitas públicas
estaduais, pois diversos impostos - co mo, por exemplo, o da exportação precisam passar por uma reorganização
125
1925
37.0%
15,2%
47,8%
1935/36
Inglaterra
43,7 %
30,3 %
França
20,1 %
37,8 %
Estados Unidos
69,9%
Canadá
51,2%
Austrália ...• Alemanha
70,7% 56,1% .
57,7 %• 57,7% 62,1 % 47,8 %
Estados federativos
JoO S
1941 46,3% 26,5% 27,2% ioo% Dada a similitude das organizações no âmbito administrativo- o que existe administrativas, brasileira e norte-ameri- ó uma completa ausência de coordena-
cana, essa tendência deverá merecer a maior atenção por parte dos responsáveis
ção, uma compeüção entre União e Estados, maior participação na distribui-
pela nossa pró.xima reforma tributária.
Ç«o das receitas públicas, do que resulta
No Brasil ainda não se observa o mes-
desorganização, colabo-
mo grau de centraliz^ição da massa tributárla, como nos outros países_ De ou-
mentários" déficits" orçaVejamos qual é a distribuição dada a
tro lado. também nao se pode dizer que
cada 100 cruzeiros pagos pelos contri
existe uma descentralização financeira
buintes:
^
f
DE 100 CBUZEIHOS PAGOS^PELOS CONTRIBUINTES NACIONAIS,
ov
IX
"
"esltr
1945 1946
58,6 % 58.4% 51,1%
^ ^
os Municípios 33'o^^ 34'3^® 383%
12.1%
16,5% 8,4%
(®) -• estimativa.
'
Do ponto de vista evolutivo, obser- mar municípios ou Estndn va-se no Brasil a mesma tendência de butária do Lí.
enfraquecimento relativo da receita fe-
duas realidade ^
deral em beneficio das receitas regio-
Brasil rU
mento através dos livros de liistória, sobre a economia norte-americana em
com ureênein do de evifor'
j- -
uais e locais, de que se tem conheci- nSas lã„ A
1913/14
Total
fins do século passado.
f?
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choc^a com as
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Colômbia
1928 1938
Equador
1949
12.3 4.7 3.2 4.1 5.7
1928 1938 1947 1948
33.3 5.9 5.9 5.2
1947 1948
S. Salvador
12.4
13.8 16.1 17.1
13.8 15.1
21.3 26.6 20.8
20.7 18.2 18.5 23.5 11.8
8.6
9.7
23.1
41.0
13.1 14.2
21.6 18.5
35.4 35.1
17.5 27.3 26.2 30.1 27.1
19.3 11.7 15.9 21.8 25.2
33.9 23.3 23.8
11.1 11.8
37.1 . 58.8
__
—
3.9 8.4
7.8 5.2
profunda, que interessa diretamente am bas as partes. A reforma proposta deve ria, evidentemente, passar em revist-i toda a divisão dos impostos e taxas ar recadados, para conseguir noVas bases de
IMPORTÂNCIA DA
Anos
Federal
Estadual
Municipal
37,9%
11,2%
509%
70.6
77.6
gãos locais na distribuição da massa tri butária iria contra uma tendência uni
versal. Deve-se sublinhar, ainda, que essa tendência se manifesta com igual vigor nos países unitários, tais como as nações organizadas nos moldes federais. O quadro que se segue é elucidativo a esse respeito:
I^CAL EM RELAÇAO AO TOTAL DA
Estados unitários
PROVENIÊNCIA DAS RECEITAS PÚBLICAS 1902
que deixa bem claro que qualquer ten tativa de forçar a participação de ór
receita dos governos (Em porcentagem)
^ seguir um quadro
29.6
"Kosten Ausgeleich" (divisão da Se bem que não haja grandes dife 5um receita pública entre os organismos cen renças na estatura fisial dos Estados trais, estaduais e municipais). tastem grandes divergências nas pr„; Sem entrar em detalhes, deve-se men postas sôbre eventuais reformas, e seria um erro deixar exclusivamente a cargo cionar, entretanto, que o Brasil deverá dos Parlamentos estaduais a decisão sê- forçosamente tomar em consideração as bre as eventuais modificações a serem tendências observadas em outros países. introduzidas na tributação nacional p Assistimos, de fato, à centralização das recomendável uma cooperação entre o finanças públicas em todos os países, o
Governo Federal e todos os Executivos
referente ao™Estados^'^ljSdosT°^^
29.7
Distnbuição das receitas públicas
estaduais, pois diversos impostos - co mo, por exemplo, o da exportação precisam passar por uma reorganização
125
1925
37.0%
15,2%
47,8%
1935/36
Inglaterra
43,7 %
30,3 %
França
20,1 %
37,8 %
Estados Unidos
69,9%
Canadá
51,2%
Austrália ...• Alemanha
70,7% 56,1% .
57,7 %• 57,7% 62,1 % 47,8 %
Estados federativos
JoO S
1941 46,3% 26,5% 27,2% ioo% Dada a similitude das organizações no âmbito administrativo- o que existe administrativas, brasileira e norte-ameri- ó uma completa ausência de coordena-
cana, essa tendência deverá merecer a maior atenção por parte dos responsáveis
ção, uma compeüção entre União e Estados, maior participação na distribui-
pela nossa pró.xima reforma tributária.
Ç«o das receitas públicas, do que resulta
No Brasil ainda não se observa o mes-
desorganização, colabo-
mo grau de centraliz^ição da massa tributárla, como nos outros países_ De ou-
mentários" déficits" orçaVejamos qual é a distribuição dada a
tro lado. também nao se pode dizer que
cada 100 cruzeiros pagos pelos contri
existe uma descentralização financeira
buintes:
^
f
DE 100 CBUZEIHOS PAGOS^PELOS CONTRIBUINTES NACIONAIS,
ov
IX
"
"esltr
1945 1946
58,6 % 58.4% 51,1%
^ ^
os Municípios 33'o^^ 34'3^® 383%
12.1%
16,5% 8,4%
(®) -• estimativa.
'
Do ponto de vista evolutivo, obser- mar municípios ou Estndn va-se no Brasil a mesma tendência de butária do Lí.
enfraquecimento relativo da receita fe-
duas realidade ^
deral em beneficio das receitas regio-
Brasil rU
mento através dos livros de liistória, sobre a economia norte-americana em
com ureênein do de evifor'
j- -
uais e locais, de que se tem conheci- nSas lã„ A
1913/14
Total
fins do século passado.
f?
-7
u ^ase tn-
choc^a com as
"
geográficas e eco^ ® 1 ^ esforço no senti-
i™'" de
Entre nós, seria utopia querer transfor- Iceais." sem esJieLçT dTlrito"''™'"""' S
Dicesto
\ WTWÇ^O ECO\OMICA de m DE OIEIROZ n
DjAcm Menezes
(Prof. cat. da Faculdade Nacional de Filosofia)
EcoNó^uco
A clas.sc trabalhadora, afundando gra
deixa na miséria quatro milliões de ho
dualmente na miséria, vè o fblativo fra
mens. Tem todo o território ocupado
casso dos métodos legislativos nas enti
militannente. Apenas uin patriota co
dades jurídicas de conciliação — enquan
meça a ter influência na Irlanda, pren
to a camada dirigente, com a habilidade
de o patriota. Quando a eloqüência dos deputados irlandeses se toma inquiettidora, abafa-a, quebrando sem escrúpu los uma tradição parlamentar de séculos. Vai governar a Irlanda pela lei marcial, como qualquer czar. E, para suspender
política dc que sempre deu provas, apa gou a virulência da agitação e manteve
sua influência apaziguadora e cstabiliPBOBLEMA da Irlanda, estudado cm
balho estupidificantc e exaustÍ\Q das
Ziinte.
artigo jornalístico, é onde mais se
minas, a brutalizaçuo do álcool, os bair
contra\'a o caldo de cultura necessário
ros da miséria inumerável, debaixo de instituições onde circula a aristocracia
sua incompatibilidade com a mentalida-
acentua sua capacidade para entender as relações entre a burguesia inglesa e a
127
O .socialismo marxista não en-
a propagação — a tese vigente era de
os planos da Liga Agrária, riola o se gredo das cartas".
aristocracia territorial irlandesa, em face
politicamente mais astuta do mundo.
do e as condições britânicas. Sydiiey
da população rural mergulhada na misé
Não tomou o tema como estudo porque
Webb c Bcrnard Shaw fundavam em
outros ressoam elogios ao liberalismo bri
ria mais negra. Os atos de desespero das
1884 a sociedade que iria difundir as
tânico — muito vistoso aos povos longín
nalistas, como Molly Maguire, como os feníanos, são os reflexos dessa luta sem
seus objetivos artísticos eram outros. Mas tôda vez que lançou, como jorna lista, os olhos sôbrc a nação, nao dei xou de colher, às vezes em poucas li
esperança.
nhas, as palpitações do problema con
sociedades secretas, ardentemente nacio
Debalde os mártires irlan
deses se sacrificam pela independência de sua pátria. Seu próprio catolicismo exacerba-se. excitado pela necessidade política. A Inglaterra é prote.stante? Tanto basta para que o irlandês se sinta inflexivelmente católico. É um meio
temporâneo. Os anos de 1870-80, de áspero chô-
mage: os métodos das írr/de-i/n/ofus não facultavam subida de salarios e prosse
guia uma luta pela restrição da jornada
ideológico de acentuar seu protesto em
de trabalho dé muTIiercs e adolescentes.
todas as esferas da vida. Mobiliza o céu
criação das "royal comissions para in
católico contra o inglês. O escritor nos pinta a fome dos cam
pos, a vida em casebres, as vexações do fisco cobrado por um frio senhorio feu dal, que vive bem e vive longe, em Londres, nas cidades inglesas, afundado no conforto que uma minoria inteligente
soube organizar dentro de um belo país
O parlamento votava nessa década a
teorias do "socialismo fabiano"; repe-
quos.
liiun declaradamente a teoria da revo
reino da opinião livre, nos fins do nosso
lução catastrófica e pregavam a bata lha gradual e progressiva contra o ca pitalismo, para uma modificação paula
Império, onde havia de fato uma larga
tina, através de reformas sucessivas. O
plo — e olhávamos outros.
"socialismo fabiano" era uma tradução inglesa do socialismo de Estado, uma
Através dos sucessos políticos, dos dis cursos inflamados que enchem o Par lamento inglês, naqueles tempos agitados — a raiz da questão é descarnada ao
edição parlanientarizada e inteligente das classes médias, imbuídas de sentimentos liberais e hostis às formas de ditadura.
liberdade de opinião, do crença, de im prensa, Nós é que éramos o belo e:em-
vivo pelo romancista: "Há também outra coisa que se per
vestigar as condições dc \ida dos ope rários que trabalhavam em indústrias
cebe bem: é que a população trabalha
em que vigorava o sweating system. A
governos que tão fielmente mostram seu
a classe proprietária, os land-lord^ indig-
poder* de observação — e que dão à sua produção jornalística um valor que ain da não .foi integralmente reconhecido. Tais qualidades se revelam mais vigoro
inglesa, quando os trabalhadores mani festam essa pretensão absurda e revolu
história do trabalho infantil — escreve
Rothstein - é a página mais vergonho
sa da história inglesa. A legislação não
impede a exploração desalmada, que se amplia e aprofunda no fim do século. A
lanço, em passagens anteriores — ao
concorrência exterior, com os novos Es
ticos, onde se prepara a educação convinhável às classes incumbidas da dire
ção pública, apurando-lhes os hábitos
secessão, a Alemanha unificada, a Fran ça em expansão — ameaçava o comércio
Liga Agrária".
britânico, cujo monopólio sofria os pri meiros golpes sérios. As "câmaras de conciliação" e os "tribunais de arbitra
questão religiosa, a questão de proprie
América do Norte após a guerra de
gem" encontravam dificuldades em apa ziguar as agitações. Aumentava a agres sividade contra as organizações sindicais.
dora da Irlanda morre de fome, e que nam-se e reclamam o auxílio da policia
cionária — comer."
samente — e já o mencionamos, de re
tados industriais que despontavam — a
ção da posse das instituições governati vas mais perfeitas do mundo. Eça soube ver além da fachada cons titucional e política: viu as dores e os sofrimentos dos povos sacrificados, viu o egoísmo de sua burguesia, viu o tra
Nós embasbacávamos para o
Lá da Inglaterra, de seu modesto con sulado, o escritor ia traçando, na improvização do intuitivo, perfis de povos e
— desde o home aos colégios aristocrá
de domínio e fortalecendo-lhes a convic
Enquanto Eça de Queiroz diz isso,
examinar a situação política e social que
vem descrita no artigo "A Irlanda e a
Sob a complexidade da questão — a dade, a questão da independência — o escritor vai direto ao ponto: "a Inglater ra, para não perturbar os interesses tirâ
nicos dum milhar de ricos proprietários,
Cumpre-nos indicar apenas como Eça
de Queiroz viu a questão agrária irlan desa — que não difere, substancialmente, de outras questões agrárias de outros países. O dono da terra, o lord, arren
da-a-a famílias que ali vivem de longa data, passando-a dc pais a filhos, com os mesmos deveres pesados. Ê a mesma
gente taillable, tuable et corvéable, de que falava Courrier. O agricultor irlan-
Dicesto
\ WTWÇ^O ECO\OMICA de m DE OIEIROZ n
DjAcm Menezes
(Prof. cat. da Faculdade Nacional de Filosofia)
EcoNó^uco
A clas.sc trabalhadora, afundando gra
deixa na miséria quatro milliões de ho
dualmente na miséria, vè o fblativo fra
mens. Tem todo o território ocupado
casso dos métodos legislativos nas enti
militannente. Apenas uin patriota co
dades jurídicas de conciliação — enquan
meça a ter influência na Irlanda, pren
to a camada dirigente, com a habilidade
de o patriota. Quando a eloqüência dos deputados irlandeses se toma inquiettidora, abafa-a, quebrando sem escrúpu los uma tradição parlamentar de séculos. Vai governar a Irlanda pela lei marcial, como qualquer czar. E, para suspender
política dc que sempre deu provas, apa gou a virulência da agitação e manteve
sua influência apaziguadora e cstabiliPBOBLEMA da Irlanda, estudado cm
balho estupidificantc e exaustÍ\Q das
Ziinte.
artigo jornalístico, é onde mais se
minas, a brutalizaçuo do álcool, os bair
contra\'a o caldo de cultura necessário
ros da miséria inumerável, debaixo de instituições onde circula a aristocracia
sua incompatibilidade com a mentalida-
acentua sua capacidade para entender as relações entre a burguesia inglesa e a
127
O .socialismo marxista não en-
a propagação — a tese vigente era de
os planos da Liga Agrária, riola o se gredo das cartas".
aristocracia territorial irlandesa, em face
politicamente mais astuta do mundo.
do e as condições britânicas. Sydiiey
da população rural mergulhada na misé
Não tomou o tema como estudo porque
Webb c Bcrnard Shaw fundavam em
outros ressoam elogios ao liberalismo bri
ria mais negra. Os atos de desespero das
1884 a sociedade que iria difundir as
tânico — muito vistoso aos povos longín
nalistas, como Molly Maguire, como os feníanos, são os reflexos dessa luta sem
seus objetivos artísticos eram outros. Mas tôda vez que lançou, como jorna lista, os olhos sôbrc a nação, nao dei xou de colher, às vezes em poucas li
esperança.
nhas, as palpitações do problema con
sociedades secretas, ardentemente nacio
Debalde os mártires irlan
deses se sacrificam pela independência de sua pátria. Seu próprio catolicismo exacerba-se. excitado pela necessidade política. A Inglaterra é prote.stante? Tanto basta para que o irlandês se sinta inflexivelmente católico. É um meio
temporâneo. Os anos de 1870-80, de áspero chô-
mage: os métodos das írr/de-i/n/ofus não facultavam subida de salarios e prosse
guia uma luta pela restrição da jornada
ideológico de acentuar seu protesto em
de trabalho dé muTIiercs e adolescentes.
todas as esferas da vida. Mobiliza o céu
criação das "royal comissions para in
católico contra o inglês. O escritor nos pinta a fome dos cam
pos, a vida em casebres, as vexações do fisco cobrado por um frio senhorio feu dal, que vive bem e vive longe, em Londres, nas cidades inglesas, afundado no conforto que uma minoria inteligente
soube organizar dentro de um belo país
O parlamento votava nessa década a
teorias do "socialismo fabiano"; repe-
quos.
liiun declaradamente a teoria da revo
reino da opinião livre, nos fins do nosso
lução catastrófica e pregavam a bata lha gradual e progressiva contra o ca pitalismo, para uma modificação paula
Império, onde havia de fato uma larga
tina, através de reformas sucessivas. O
plo — e olhávamos outros.
"socialismo fabiano" era uma tradução inglesa do socialismo de Estado, uma
Através dos sucessos políticos, dos dis cursos inflamados que enchem o Par lamento inglês, naqueles tempos agitados — a raiz da questão é descarnada ao
edição parlanientarizada e inteligente das classes médias, imbuídas de sentimentos liberais e hostis às formas de ditadura.
liberdade de opinião, do crença, de im prensa, Nós é que éramos o belo e:em-
vivo pelo romancista: "Há também outra coisa que se per
vestigar as condições dc \ida dos ope rários que trabalhavam em indústrias
cebe bem: é que a população trabalha
em que vigorava o sweating system. A
governos que tão fielmente mostram seu
a classe proprietária, os land-lord^ indig-
poder* de observação — e que dão à sua produção jornalística um valor que ain da não .foi integralmente reconhecido. Tais qualidades se revelam mais vigoro
inglesa, quando os trabalhadores mani festam essa pretensão absurda e revolu
história do trabalho infantil — escreve
Rothstein - é a página mais vergonho
sa da história inglesa. A legislação não
impede a exploração desalmada, que se amplia e aprofunda no fim do século. A
lanço, em passagens anteriores — ao
concorrência exterior, com os novos Es
ticos, onde se prepara a educação convinhável às classes incumbidas da dire
ção pública, apurando-lhes os hábitos
secessão, a Alemanha unificada, a Fran ça em expansão — ameaçava o comércio
Liga Agrária".
britânico, cujo monopólio sofria os pri meiros golpes sérios. As "câmaras de conciliação" e os "tribunais de arbitra
questão religiosa, a questão de proprie
América do Norte após a guerra de
gem" encontravam dificuldades em apa ziguar as agitações. Aumentava a agres sividade contra as organizações sindicais.
dora da Irlanda morre de fome, e que nam-se e reclamam o auxílio da policia
cionária — comer."
samente — e já o mencionamos, de re
tados industriais que despontavam — a
ção da posse das instituições governati vas mais perfeitas do mundo. Eça soube ver além da fachada cons titucional e política: viu as dores e os sofrimentos dos povos sacrificados, viu o egoísmo de sua burguesia, viu o tra
Nós embasbacávamos para o
Lá da Inglaterra, de seu modesto con sulado, o escritor ia traçando, na improvização do intuitivo, perfis de povos e
— desde o home aos colégios aristocrá
de domínio e fortalecendo-lhes a convic
Enquanto Eça de Queiroz diz isso,
examinar a situação política e social que
vem descrita no artigo "A Irlanda e a
Sob a complexidade da questão — a dade, a questão da independência — o escritor vai direto ao ponto: "a Inglater ra, para não perturbar os interesses tirâ
nicos dum milhar de ricos proprietários,
Cumpre-nos indicar apenas como Eça
de Queiroz viu a questão agrária irlan desa — que não difere, substancialmente, de outras questões agrárias de outros países. O dono da terra, o lord, arren
da-a-a famílias que ali vivem de longa data, passando-a dc pais a filhos, com os mesmos deveres pesados. Ê a mesma
gente taillable, tuable et corvéable, de que falava Courrier. O agricultor irlan-
Digesto Econômico
128
dês, comò todo agricultor, apega-sc
passa dc "um dc\'oto da força do idea
obstinadamente ao solo, arrostando todas as dificuldades. Os contratos agrários
lismo licróico, dos gênios providenciais".
são leoninos. O proprietário se apodera
chorou como seu grande rclórico, o can
Foi o Iiomcm que a burguesia inglesa
OrcESTO
Econômico *
129 *
Em frente dessa análise, por c.xemplo, Ramalho é muito inferior. Ramalho,
quciro ciuunou Ramalho de "repórter de gênio". Realmente, sua memória do pormenor, sua percepção classificativa, enu-
merativa dos incidentes, não fatiga o lei
de quase todo o produto. Sc porventura
tor cm prosa dc sua.s qualidades repre
bem instalado na vida, amando o sentin
tor.
lho fornece escasso material dc traballio,
sentativas, num instante eni que os in
frase luminosa e ampla, que se desdobra
vale-se disso para cobrar-lhc o dobro do
teresses comerciais o industriais passa
valor.
vam à frente dos demais, encarnados
do sempre com o século XIX, só te\c quase oliios para o confort britânico: o sport, a educação, o beef, a corrida do cavalos, a lareira, eternamente des
lapidaraiente, num ritmo de saúde ver
liberdade de pesquisa, pela indagação filosófica, pelo experinientalismo, tem
lumbrado com as boas roupas, a ele gância, as soiróes, as seasons, toda a ma
nácula, onde quase se pressente a ri queza do sangue da própria "ramalhal figura". Não há enfado para quem o ouve. Dissemos ou\'e — porque a prosa
dos Pares da Inglaterra, não seria mais áspera, mais hostil ao pobre e mais
nessa transformação suas raízes mais evi
neira do gozar a vida dos que tão sábia c vigorosamente organizaram seu próprio
avara de si mesma. A natureza, quando
silenciosa das leituras.
sophkjuCii, não se cançaria de louvar as
bem-estar. Ramalho viu bem o confòrlo
não se apresenta sob o aspecto de solo
liberdades inglesas cm assuntos interdi
pedregoso, mostra-se sob o aspecto de pântano. Oferece-lhe de um lado um
tados no continente.
inglês. Quase só viu êsse aspecto — o nao hesitou em comparar.com a burgue sia lisboeta, tão diversa nas suas posses
"A natureza, mãe fecunda e amante, comporta-se aqui pior que os lordc.s: se a natureza tivesse assento na Câmara
penedo, do outro um charco. E diz-lhe com sua ternura de mãe:
— Escolhe. De qual preferes tu tirar os meios de subsistência? -
O segredo disso está na arte da
pelos hind-lords. O impulso advindo pela
dentes*. Voltairc, nas suas Lcttrcs Philo-
Em correspondência de 1878, escrita do New Castle, dc novo aflora em sua pena o assunto das greves. Os motivos que determinam o movimento dos tra
o lorde Também é Sua Graçapreços quemé
balhadores do Lancashirc "são complica dos c prendem-se com uma difícil ques tão de economia política" — discorre
o expulsa, apropriando-se de tudo ano
Eça. Os incidentes tumultuários reben
ele construiu."
tam. Comenta Eça:
"
Analisando esses aspectos íntimos da civilização britânica, o escritor revela in
ordem, no respeito à propriedade, no
tuição de seus processos econômicos,
sentimento da obediência â lei etc., mas
"É muito bonito, realmente, falar na
exagerando-Ihe as proporções em cari
quando milhares de homens vêem as
caturas sociais. Por traz de todos os sucessos da rainha dos mares e das so berbas frotas, num domínio onde o sol não se pÕe como os de Felipe II — êle percebia o jogo dos interesses comer ciais, a atividade nem sempre moral da alta finança, o egoísmo das classes pro prietárias, e a legião numerosa, gigan tesca, dos que trabalham e produzem.
suas famílias sem lume na lareira, sem
um pedaço de pão, os fillios a morrer
de miséria, e ao mesmo tempo os pa trões, prósperos e fartos, comprando pro priedades, quadros, apostando nas cor ridas e dando bailes que custam centos de libras, bom Deus, é difícil ir falar aos
desgraçados de regras do Economia Po lítica, convencê-los de que, cm virtu de dos melhores autores da ciência eco
"Êsse Gladstone que nos parecia como o cavaleiro andante das verdades eternas
nômica, êles devem continuar por alguns
saí-nos um representante estreito das
á cal das paredesi" (4).
meses mais a comer vento e aquecer-se
classes proprietárias do anglícanismo" — confessará ao constante amigo Rama-
Iho. E dirá que o próprio Carlyle não
(4) Crônicas de Londres, Editorial Aviz, p. 266.
c no seu domínio, com uma formação psicológica o social tão diferente. Mas
não cometamos a injustiça de dizer que
Ramalho só viu sua terra através de^sa comparação. São famosos os quadros rurais, onde o pintor, muitas vezes arre
batado nas asas do brismo, se deleita
na descrição das paisagens e trabalhos dos campos. As províncias portuguesas tiveram na sua pena o mais engenhoso dos pincéis. Desaparecia o sarcasta so cial, que ria rijamente dos homens e
dos costumes do seu tempo. Mas sua
critica jamais desceu a certa profundida
de: foi uni escritor muito mais preso à
superfície, não admira que, munindoso apressadamente das e.xpllcações cien tíficas para dar conselhos sôbre educa ção, sôbre política, sôbre Iiistória, sôbre positivismo, sôbre teatro, sôbre arte, não atinasse com explicações científicas sô
canta num belo ritmo, através da mais
Mas fica sondo sempre uma reporla'geni. A Holanda é a mais admirável das
reportagens de todas as literaturas.
Aquela ouverture, com rasgos de orques tração histórica, que é o primeiro capí tulo do livro, passa depressa - e estiunos logo diante do "repórter de gênio": lá se vai o autor anotando o interior
doméstico, o asseio, a mobília, as rou
pas de linho, os pratos da cozinha, os
perfumes, os sapatos, os transportes, a arte, a instalação na vida e na proprie
dade. É o tema preferido pela sua pena. Compraz-se na satisfação epicurista de bon viceiir. A toiUète, a elegância, a mesa lu.\uosa, a ostentação do bem pro vido dos requintes da civilização — eis os quadros que ocupam muitas páginas dos seus li\'ros. A paisagem entra, copiosa e magnífica. Mas a argúcia para sus peitar dos conflitos essenciais da civiliza
ção, que contempla\ a, era fraca diante
de dotes tão poderosos. Se não fôsse a potência inexcedível do artista — aquela
bre as relações sociais que entravavam o
incessante volta sôbre determinados as
progresso, porque denodadamente se ba
tàvelmente parventic.
teu com tão nobre esforço para educar as gerações de sua querida terra.
Pensamos que, sob êsse aspecto, o da intuição das realidades sociais, Eça ul trapassa Ramalho no jornalismo. Jun-
suntos torna-se-ia nionocórdia e insupor-
(Trecho do livro "Crítica Social
de Eça de Queiroz", a sair em
breve; transcrição especial para "Digesto Econômico").
Digesto Econômico
128
dês, comò todo agricultor, apega-sc
passa dc "um dc\'oto da força do idea
obstinadamente ao solo, arrostando todas as dificuldades. Os contratos agrários
lismo licróico, dos gênios providenciais".
são leoninos. O proprietário se apodera
chorou como seu grande rclórico, o can
Foi o Iiomcm que a burguesia inglesa
OrcESTO
Econômico *
129 *
Em frente dessa análise, por c.xemplo, Ramalho é muito inferior. Ramalho,
quciro ciuunou Ramalho de "repórter de gênio". Realmente, sua memória do pormenor, sua percepção classificativa, enu-
merativa dos incidentes, não fatiga o lei
de quase todo o produto. Sc porventura
tor cm prosa dc sua.s qualidades repre
bem instalado na vida, amando o sentin
tor.
lho fornece escasso material dc traballio,
sentativas, num instante eni que os in
frase luminosa e ampla, que se desdobra
vale-se disso para cobrar-lhc o dobro do
teresses comerciais o industriais passa
valor.
vam à frente dos demais, encarnados
do sempre com o século XIX, só te\c quase oliios para o confort britânico: o sport, a educação, o beef, a corrida do cavalos, a lareira, eternamente des
lapidaraiente, num ritmo de saúde ver
liberdade de pesquisa, pela indagação filosófica, pelo experinientalismo, tem
lumbrado com as boas roupas, a ele gância, as soiróes, as seasons, toda a ma
nácula, onde quase se pressente a ri queza do sangue da própria "ramalhal figura". Não há enfado para quem o ouve. Dissemos ou\'e — porque a prosa
dos Pares da Inglaterra, não seria mais áspera, mais hostil ao pobre e mais
nessa transformação suas raízes mais evi
neira do gozar a vida dos que tão sábia c vigorosamente organizaram seu próprio
avara de si mesma. A natureza, quando
silenciosa das leituras.
sophkjuCii, não se cançaria de louvar as
bem-estar. Ramalho viu bem o confòrlo
não se apresenta sob o aspecto de solo
liberdades inglesas cm assuntos interdi
pedregoso, mostra-se sob o aspecto de pântano. Oferece-lhe de um lado um
tados no continente.
inglês. Quase só viu êsse aspecto — o nao hesitou em comparar.com a burgue sia lisboeta, tão diversa nas suas posses
"A natureza, mãe fecunda e amante, comporta-se aqui pior que os lordc.s: se a natureza tivesse assento na Câmara
penedo, do outro um charco. E diz-lhe com sua ternura de mãe:
— Escolhe. De qual preferes tu tirar os meios de subsistência? -
O segredo disso está na arte da
pelos hind-lords. O impulso advindo pela
dentes*. Voltairc, nas suas Lcttrcs Philo-
Em correspondência de 1878, escrita do New Castle, dc novo aflora em sua pena o assunto das greves. Os motivos que determinam o movimento dos tra
o lorde Também é Sua Graçapreços quemé
balhadores do Lancashirc "são complica dos c prendem-se com uma difícil ques tão de economia política" — discorre
o expulsa, apropriando-se de tudo ano
Eça. Os incidentes tumultuários reben
ele construiu."
tam. Comenta Eça:
"
Analisando esses aspectos íntimos da civilização britânica, o escritor revela in
ordem, no respeito à propriedade, no
tuição de seus processos econômicos,
sentimento da obediência â lei etc., mas
"É muito bonito, realmente, falar na
exagerando-Ihe as proporções em cari
quando milhares de homens vêem as
caturas sociais. Por traz de todos os sucessos da rainha dos mares e das so berbas frotas, num domínio onde o sol não se pÕe como os de Felipe II — êle percebia o jogo dos interesses comer ciais, a atividade nem sempre moral da alta finança, o egoísmo das classes pro prietárias, e a legião numerosa, gigan tesca, dos que trabalham e produzem.
suas famílias sem lume na lareira, sem
um pedaço de pão, os fillios a morrer
de miséria, e ao mesmo tempo os pa trões, prósperos e fartos, comprando pro priedades, quadros, apostando nas cor ridas e dando bailes que custam centos de libras, bom Deus, é difícil ir falar aos
desgraçados de regras do Economia Po lítica, convencê-los de que, cm virtu de dos melhores autores da ciência eco
"Êsse Gladstone que nos parecia como o cavaleiro andante das verdades eternas
nômica, êles devem continuar por alguns
saí-nos um representante estreito das
á cal das paredesi" (4).
meses mais a comer vento e aquecer-se
classes proprietárias do anglícanismo" — confessará ao constante amigo Rama-
Iho. E dirá que o próprio Carlyle não
(4) Crônicas de Londres, Editorial Aviz, p. 266.
c no seu domínio, com uma formação psicológica o social tão diferente. Mas
não cometamos a injustiça de dizer que
Ramalho só viu sua terra através de^sa comparação. São famosos os quadros rurais, onde o pintor, muitas vezes arre
batado nas asas do brismo, se deleita
na descrição das paisagens e trabalhos dos campos. As províncias portuguesas tiveram na sua pena o mais engenhoso dos pincéis. Desaparecia o sarcasta so cial, que ria rijamente dos homens e
dos costumes do seu tempo. Mas sua
critica jamais desceu a certa profundida
de: foi uni escritor muito mais preso à
superfície, não admira que, munindoso apressadamente das e.xpllcações cien tíficas para dar conselhos sôbre educa ção, sôbre política, sôbre Iiistória, sôbre positivismo, sôbre teatro, sôbre arte, não atinasse com explicações científicas sô
canta num belo ritmo, através da mais
Mas fica sondo sempre uma reporla'geni. A Holanda é a mais admirável das
reportagens de todas as literaturas.
Aquela ouverture, com rasgos de orques tração histórica, que é o primeiro capí tulo do livro, passa depressa - e estiunos logo diante do "repórter de gênio": lá se vai o autor anotando o interior
doméstico, o asseio, a mobília, as rou
pas de linho, os pratos da cozinha, os
perfumes, os sapatos, os transportes, a arte, a instalação na vida e na proprie
dade. É o tema preferido pela sua pena. Compraz-se na satisfação epicurista de bon viceiir. A toiUète, a elegância, a mesa lu.\uosa, a ostentação do bem pro vido dos requintes da civilização — eis os quadros que ocupam muitas páginas dos seus li\'ros. A paisagem entra, copiosa e magnífica. Mas a argúcia para sus peitar dos conflitos essenciais da civiliza
ção, que contempla\ a, era fraca diante
de dotes tão poderosos. Se não fôsse a potência inexcedível do artista — aquela
bre as relações sociais que entravavam o
incessante volta sôbre determinados as
progresso, porque denodadamente se ba
tàvelmente parventic.
teu com tão nobre esforço para educar as gerações de sua querida terra.
Pensamos que, sob êsse aspecto, o da intuição das realidades sociais, Eça ul trapassa Ramalho no jornalismo. Jun-
suntos torna-se-ia nionocórdia e insupor-
(Trecho do livro "Crítica Social
de Eça de Queiroz", a sair em
breve; transcrição especial para "Digesto Econômico").
I,'
DrcESTci
^ revolução Abnóbio comunista Graça
na
(Da Faculdade de Direito e da Faculdade de Ciências Econômicas da Universidade do Recife)
Econónoco
a ruína da família, que tinha bases pa triarcais; a decadência moral c a ne
cessidade de proteção das classes pobres, especialmente das massas camponesas; a falta de justiça social e o nascimento d^
A Conjuntura Missionária na China ó o titulo de um trabalho de Geor-
ges Pontmarin, publicado recentemente
cularmente pela conquista dc uma inde pendência progressiva. Tais fatos con trariaram não só as tradições do pais
na revista católica e franceza — Idées et
mas também revelam o sentido dcsagre-
forces. Trata-se de um longo e valioso
gador e anti-cristão da violenta mu
estudo onde o autor sente a tragédia que está vivendo a terra de Confúcio.
dança.
Quem teve o ensejo de ir além da ex
pressão material das palavras que com-'
põem a brilhante exposição sociológica de Pontmarin sabe que as raízes do mo
mento histórico da China estão mergu lhadas profundamente no espírito, na cul^ra e na própria civilização desse lendário povo da Ásia.
Em 1912, foi estabelecido o regime republicano. Postergada oficialmente a doutrina de Confúcio, criou-se uma atmosfera de ampla curiosidade em tômo dos problemas da cultura dêsse invencí vel mundo ocidental. As classes mais
instruídas, após o contacto com o pen samento de outras nações amadurecidas mentalmente, não se satisfizeram com o que conheceram em matéria de Filoso fia, Religião, Política, Direito, Economia
É certo que a China não progrediu muito durante séculos e isto foi consti
tuindo uma espécie de comple.xos psico
lógico e sociológico, porém tudo have ria de ser modificado por um tremen do esfôrço, arrastando a naç.ão para a cultura ocidental ou, infelizmente, para a
zona de influência ideológica da Rússia. É verdade que o passado sempre foi objeto do respeito chinês, formando o "grande vínculo e o grande culto do país", mas tudo se acabou, porque um
manto de sangue envolveu o destino his
tórico dêsse pedaço comunista da Ásia. Referindo-se à China, escreveu H. G. Wells: "En Chine, nous trouvons un
système social qui s'est développé sur un plan absolument distinct de celui des civilisations indienne et occidentale. La
civiüsation cliinoise, plus encore que
e Sociologia. Mas os escritores ociden
rhindoue, est organisée en vue de Ia tais produziram na alma dêsse povo asiá . paix, et le guerrier n'y joue q'un rôle tico uma inquietação sem precedentes, medíocre" (Esquisse de rHistoire Uni-
e tudo parecia o fim de uma civiUzação
verselle — Paris — 1926 — pag. 113).
construída há muitos e muitos séculos.
Então, começou a decadência da fa
O catolicismo e a revolução chinesa
mília patriarcal, que era o sustentáculo da sociedade. O casamento foi perdendo as suas antigas características, até se transformar numa livre e transitória união de sexos. A mulher foi-se oci
dentalizando por novos hábitos, parti
A China se descaracterizou sob a
pressão antitradlcionalista e guerreira da União Soviética; sofreu modificações pro
fundas cujas causas foram apontadas porGeorges Pontmarin, no trabalho citado:
perigosas místicas políticas á semelhança do que aconteceu no mundo ocidental e, por fim, o universalismo chinês.
No país misterioso dc Chinong, o tra
balhador rural, que jamais teve o apoio que merecia, dada a organização social
131
o conflito entre o comunismo nisso, qitc triunfou, 6 a e\iingeIização ou a obra missionária à sombra do catolicismo. A marcha da hecatombe chinesa se iniciou
em Pekim, num centro urbano de estu
dos de onde brotou o partido comunis ta que, por sua vez, foi ganliando ter reno, principalmente nos meios universi
tário" c graças ao auxílio da Rússia, que está espalhando os seus adeptos em todo o inundo. Os jovens se deixaram em
reinante, caiu em miséria extrema por
polgar pelas idéias do bolchevismo. Não
fôrça da prolongada guerra com o Japão. O movimento inflacíonista e o paupcri,s-
há dn\'ida dc que o comunismo nisso-
mo tornaram-se males nacionais, proble mas insolúveis, que a imprensa mundial costumava descrever em cores carrega
de propaganda entre os estudantes dos
das. A reforma agrária, segundo os prin
de cima para bai.xo. Um morimento
cípios cristãos, era um imperativo, mas
contra o cristianismo, as democracias
Tchang Kai Chelc sòmente se dei.\ou
ocidentais e o ideal nacionalista.
arrebatar pela crença nacionalista. Foi um êrro imperdoável, pois a classe cam
Stalin foram traduzidos com zêlo espe
ponesa atinge mais de 70% da popula
ção. Os planos militares, o protecionismo escandaloso, os pesados gastos admi nistrativos, a política econômica deficie.nte. a corrupção geral, tudo isto fêz da
^ina um campo fértil para que sôbre ele fôsse lançada a semente do comu nismo.
Gerou-se uma mentalidade con
trária às tradições. Era preciso rasgar o véu do passado, libertar o país da miséria material, e essa revolução, no julgamento dos intelectuais e das classes
proletárias, só poderia ser realizada por meio de uma nova filosofia da vida — a
filosofia da ação de Meiti e Hou-Che. E o próprio Kai Chek, sentindo a difi culdade dos problemas e a desmoraliza ção completa do governo, aceitou a dou trina e chegou a escrever, como diz Pontmarin, um trabalho sob o título ~ A Filosofia da Ação. Há outro aspecto interessante na His tória da revolução social da China: é
chinc,s teve o seu começo e o seu centro cursos superiores, os mestres e a chama da elite intelectual. Foi um movimento
Os lixTos de Marx, Engels, Lenine e
cial e em linguagem acess{x'el a todos. Foram ainda distribuídos gratuitamente
ou vendidos por preços ínfimos, porquan to os comunistas tinham o interêsse de
difundir por todos os meios a doutrina marxista. A Igreja Católica, porém, não dispunha de recursos materiais, não com
prava propaganda, nem tinha a coope ração de potência estrangeira. As suas obras eram escassas, mal traduzidas, dc sorte que não se di\ailgaram fàcilmentc nas várias camadas sociais. Os padres eram caluniados e perseguidos. Além disso, como afirma Georges Pontmarin, a Igreja se conser\'ou ocidentalizada e latina — o que impediu muito a com preensão das massas populares relativa mente aos princípios da cristandade. Instituiu-se um clero chinês, mas êste
nab" conseguiu impor-se na crença geral pelas dificuldades do meio, pela fraca assimilação intelectual dos nacionais e pelas condições bem preparadas para o
I,'
DrcESTci
^ revolução Abnóbio comunista Graça
na
(Da Faculdade de Direito e da Faculdade de Ciências Econômicas da Universidade do Recife)
Econónoco
a ruína da família, que tinha bases pa triarcais; a decadência moral c a ne
cessidade de proteção das classes pobres, especialmente das massas camponesas; a falta de justiça social e o nascimento d^
A Conjuntura Missionária na China ó o titulo de um trabalho de Geor-
ges Pontmarin, publicado recentemente
cularmente pela conquista dc uma inde pendência progressiva. Tais fatos con trariaram não só as tradições do pais
na revista católica e franceza — Idées et
mas também revelam o sentido dcsagre-
forces. Trata-se de um longo e valioso
gador e anti-cristão da violenta mu
estudo onde o autor sente a tragédia que está vivendo a terra de Confúcio.
dança.
Quem teve o ensejo de ir além da ex
pressão material das palavras que com-'
põem a brilhante exposição sociológica de Pontmarin sabe que as raízes do mo
mento histórico da China estão mergu lhadas profundamente no espírito, na cul^ra e na própria civilização desse lendário povo da Ásia.
Em 1912, foi estabelecido o regime republicano. Postergada oficialmente a doutrina de Confúcio, criou-se uma atmosfera de ampla curiosidade em tômo dos problemas da cultura dêsse invencí vel mundo ocidental. As classes mais
instruídas, após o contacto com o pen samento de outras nações amadurecidas mentalmente, não se satisfizeram com o que conheceram em matéria de Filoso fia, Religião, Política, Direito, Economia
É certo que a China não progrediu muito durante séculos e isto foi consti
tuindo uma espécie de comple.xos psico
lógico e sociológico, porém tudo have ria de ser modificado por um tremen do esfôrço, arrastando a naç.ão para a cultura ocidental ou, infelizmente, para a
zona de influência ideológica da Rússia. É verdade que o passado sempre foi objeto do respeito chinês, formando o "grande vínculo e o grande culto do país", mas tudo se acabou, porque um
manto de sangue envolveu o destino his
tórico dêsse pedaço comunista da Ásia. Referindo-se à China, escreveu H. G. Wells: "En Chine, nous trouvons un
système social qui s'est développé sur un plan absolument distinct de celui des civilisations indienne et occidentale. La
civiüsation cliinoise, plus encore que
e Sociologia. Mas os escritores ociden
rhindoue, est organisée en vue de Ia tais produziram na alma dêsse povo asiá . paix, et le guerrier n'y joue q'un rôle tico uma inquietação sem precedentes, medíocre" (Esquisse de rHistoire Uni-
e tudo parecia o fim de uma civiUzação
verselle — Paris — 1926 — pag. 113).
construída há muitos e muitos séculos.
Então, começou a decadência da fa
O catolicismo e a revolução chinesa
mília patriarcal, que era o sustentáculo da sociedade. O casamento foi perdendo as suas antigas características, até se transformar numa livre e transitória união de sexos. A mulher foi-se oci
dentalizando por novos hábitos, parti
A China se descaracterizou sob a
pressão antitradlcionalista e guerreira da União Soviética; sofreu modificações pro
fundas cujas causas foram apontadas porGeorges Pontmarin, no trabalho citado:
perigosas místicas políticas á semelhança do que aconteceu no mundo ocidental e, por fim, o universalismo chinês.
No país misterioso dc Chinong, o tra
balhador rural, que jamais teve o apoio que merecia, dada a organização social
131
o conflito entre o comunismo nisso, qitc triunfou, 6 a e\iingeIização ou a obra missionária à sombra do catolicismo. A marcha da hecatombe chinesa se iniciou
em Pekim, num centro urbano de estu
dos de onde brotou o partido comunis ta que, por sua vez, foi ganliando ter reno, principalmente nos meios universi
tário" c graças ao auxílio da Rússia, que está espalhando os seus adeptos em todo o inundo. Os jovens se deixaram em
reinante, caiu em miséria extrema por
polgar pelas idéias do bolchevismo. Não
fôrça da prolongada guerra com o Japão. O movimento inflacíonista e o paupcri,s-
há dn\'ida dc que o comunismo nisso-
mo tornaram-se males nacionais, proble mas insolúveis, que a imprensa mundial costumava descrever em cores carrega
de propaganda entre os estudantes dos
das. A reforma agrária, segundo os prin
de cima para bai.xo. Um morimento
cípios cristãos, era um imperativo, mas
contra o cristianismo, as democracias
Tchang Kai Chelc sòmente se dei.\ou
ocidentais e o ideal nacionalista.
arrebatar pela crença nacionalista. Foi um êrro imperdoável, pois a classe cam
Stalin foram traduzidos com zêlo espe
ponesa atinge mais de 70% da popula
ção. Os planos militares, o protecionismo escandaloso, os pesados gastos admi nistrativos, a política econômica deficie.nte. a corrupção geral, tudo isto fêz da
^ina um campo fértil para que sôbre ele fôsse lançada a semente do comu nismo.
Gerou-se uma mentalidade con
trária às tradições. Era preciso rasgar o véu do passado, libertar o país da miséria material, e essa revolução, no julgamento dos intelectuais e das classes
proletárias, só poderia ser realizada por meio de uma nova filosofia da vida — a
filosofia da ação de Meiti e Hou-Che. E o próprio Kai Chek, sentindo a difi culdade dos problemas e a desmoraliza ção completa do governo, aceitou a dou trina e chegou a escrever, como diz Pontmarin, um trabalho sob o título ~ A Filosofia da Ação. Há outro aspecto interessante na His tória da revolução social da China: é
chinc,s teve o seu começo e o seu centro cursos superiores, os mestres e a chama da elite intelectual. Foi um movimento
Os lixTos de Marx, Engels, Lenine e
cial e em linguagem acess{x'el a todos. Foram ainda distribuídos gratuitamente
ou vendidos por preços ínfimos, porquan to os comunistas tinham o interêsse de
difundir por todos os meios a doutrina marxista. A Igreja Católica, porém, não dispunha de recursos materiais, não com
prava propaganda, nem tinha a coope ração de potência estrangeira. As suas obras eram escassas, mal traduzidas, dc sorte que não se di\ailgaram fàcilmentc nas várias camadas sociais. Os padres eram caluniados e perseguidos. Além disso, como afirma Georges Pontmarin, a Igreja se conser\'ou ocidentalizada e latina — o que impediu muito a com preensão das massas populares relativa mente aos princípios da cristandade. Instituiu-se um clero chinês, mas êste
nab" conseguiu impor-se na crença geral pelas dificuldades do meio, pela fraca assimilação intelectual dos nacionais e pelas condições bem preparadas para o
132
Dicesto Econónhoo
DICE.STO
EcONÓXfICO
133
avanço das idéias comunistas. Dessartc,
do Pontmarin, sc o clero permaneceu
a obra missionária sc féz à maneira an
divorciado da \'ida c, por isso, não
dos séculos XVI c XVH, a revolução in dustrial que surgiu na Inglaterra, as
tiga, latina, formal e inadaptável às circunstancias do tempo o à situação do
penetrou na intimidade dos lares c dos enormes sofrimentos do po\o, apesar do
o Ilegel, as rcfle.xões puritanislas, o des
país. É o que declara Pontmarin: "Au
alto sentido humano e social do cris
contraíra, le catholicisme est reste un
effort étranger, une rcligion importée do rextérieur. L*Eglíse n'a pas réiissí i se dépouiller de son caractèrc occidencal, gardant dans sa liturgie comme Jans son droit canonique une toumure
latina inacccssiblc aux Çliinois".
O êxito que obtiveram os técnicos da revolução comunista foi muito maior do
tianismo, houve, porém, outras causas
da revolução chinesa que teremos do apontar. Se a obra missionária, em di versas partes do mundo onde as condi ções materiais o espirituais eram piores, produziu benéficos resultados, por que não se verificou na China o mesmo fe nômeno do domínio absoluto do cristia
l,
)
governo, as falhas administrativas, a jnorto da fé c os sofrimentos do homem
pulsa tem ocasionado nos povos demo cráticos do Ocidente. Assim, a ignorân cia e as superstíções do camponês, a miséria das classes operárias, os proces
do povo. Demais, como afirma Harold
sos medie\'ais de cultura do solo, os lati
Laski, a "aventura russa fòi um movi
fúndios, a sujeira das habitações, a crise moral, o pessimismo religioso, a "fome de
mento europeu" (Reflexões sobre a re
volução dc nossa época — São Paulo — 1946 — pags. 53 o scgs.). A apreciação de Harold Laski sobro o
felicidade" tão bem explorada pelos es critores nacionais, tudo contribuiu para que triunfasse a crença na impossível so
fenômeno russo é sociològicamente pro funda, mas está minada pela sua inegá vel paixão política. Acreditamos que as
ciedade comunista.
A revohiçõo nissa e
causas da revolução bolchevista foram de
trés ordens — material, espiritual e mo ral — o que outros autores denominam simplcsmeijtc fatores subjetivos e objeti
tórica não só do comunismo russo, mas
a revolução chinesa
nismo católico?
que a conquista es
piritual da Igreja Católica, apesar do
concepções de Ilobbcs, Lockc, Rousscau
rista que corroboram a nossa visão do
fenômeno que tanto inèdo e tanta re
Quanto à revolução chinesa, não há
dúvida de que foi uma resultante lústambém daqueles fatôres apontados por
trina marxista, no leninismo, na angús
Georges Pontmarin. Atualmente, na China, há quatro re ligiões: o budismo, o credo muçulmano,
ções, como a Rússia,
tia, no fatalismo c nas tendências místi
o protestantismo e o catolicismo. O art.
processos de luta do que os seminaristas
a China, a índia e.o
povo da República terá liberdade de pensamento, de palaxTa, de publicação,
e padres chineses.
tores costumam di zer que esses países
cas das multidões eslavas, no inconsciento da raça, nos erros filosóficos do Oci dente e no revolueionarismo dos séculos
heróico esfôrço feito. Diz o articulista ci
tado que os bolchevistas estavam mais bem instruídos nos
Nos estabelecimen tos de ensino reli
gioso, não se levava em conta a verda deira situação do
país, onde o catoli cismo tinha de enfrentar inimigos peri
gosos e adestrados. Conta-nos Pontma-rin que, após a visita que realizou em díverso.s seminários da China, se con
venceu de que a formação dos alunos e futuros sacerdotes era demasiadamen te latina, desencarnada e impotente para
preparar "eficientes apóstolos numa pá
Meditando sobro
a evolução econômi ca e social de na
Brasil, certos escri
haverão de formar o maior bloco marxis ta do mundo. Essa
XVIII e XIX, enquanto os segundos, isto e, os fatores objetivos, compreendem
a desorganização econômica, política e social da Rússia antes de 1917.
Clioe
do Programa Comum dispõe: "O
de reunião, de associação, de correspon dência, de pessoa, de domicílio, da mu dança de lugar, de crença religiosa e a liberdade de organizar demonstrações
Dfly, por exemplo, refere-se à jncompetêncía e ao estúpido egoísmo dos di rigentes czaristas: ' "Thc Russian go-
e procissões". Demais, o poeta-campo-
damento científico; todavia, precisamos
vernment, an autocracy in fonn but a
constituição de uma frente contra 0 que
refletir sobro as causas da revolução co munista na Rússia e na China, assim
bureaucracy in fact, invited revolution by its incompetence and its stupid selfísliness" (Economic Development in
êle denomina imperialismo — a qual se ria composta dos comunistas e de certos
Europe — New York — 1942 — pág.
govêmo chinês mantém uma atitude hos
.568).
til a todas as religiões e, especialmente, ao catolicismo, sôbre o qual lança as suas mentiras, resumidas assim por Georges
profecia, como tan tas outras, é inacei tável, não tem fun
como sobre as condições gerais do Brasil, a fim de que possamos destruir fàcilmcnte essa previsão sAbre o destino de muitos milhões de homens.
Analisando a revolução russa, que foi
Hewlett Johnson, em obras cheias de
sectarismo, lidas em várias línguas e di
nês Mao Tsé Tung, o Lenine da "no\'a democracia" asiática, defende a tese de
fiéis de algumas crenças. Entretanto, o
vulgadas em diversas nações, diz cousas
Pontmarin:
ção básica dos princípios da civilização
sôbre a revolução bolchevista nas quais
ocidental", Harold La^ki entende que a
nem sempre é possível crennos; todavia,
1 — A Igreja Católica é o instrumento político do Vaticano que, por sua vez,
o famoso Deão põe em evidência, sem
faz o jôgo dos poderosos imperialistas.
que o perceba, aspectos da Rússia cza-
2 — A condenaçãç solene do comu-
tria em plena transformação social".
"o primeiro degrau de uma transforma
A nosso ver, toda responsabilidade pe las faltas cometidas não deve ser impu tada às instituições de ensino religioso
mesma teve diversas causas: as idéias da era moderna, a renovação científica
e aos padres. Se é lógica a observação
vos. Os primeiros sc manifestam na dou
132
Dicesto Econónhoo
DICE.STO
EcONÓXfICO
133
avanço das idéias comunistas. Dessartc,
do Pontmarin, sc o clero permaneceu
a obra missionária sc féz à maneira an
divorciado da \'ida c, por isso, não
dos séculos XVI c XVH, a revolução in dustrial que surgiu na Inglaterra, as
tiga, latina, formal e inadaptável às circunstancias do tempo o à situação do
penetrou na intimidade dos lares c dos enormes sofrimentos do po\o, apesar do
o Ilegel, as rcfle.xões puritanislas, o des
país. É o que declara Pontmarin: "Au
alto sentido humano e social do cris
contraíra, le catholicisme est reste un
effort étranger, une rcligion importée do rextérieur. L*Eglíse n'a pas réiissí i se dépouiller de son caractèrc occidencal, gardant dans sa liturgie comme Jans son droit canonique une toumure
latina inacccssiblc aux Çliinois".
O êxito que obtiveram os técnicos da revolução comunista foi muito maior do
tianismo, houve, porém, outras causas
da revolução chinesa que teremos do apontar. Se a obra missionária, em di versas partes do mundo onde as condi ções materiais o espirituais eram piores, produziu benéficos resultados, por que não se verificou na China o mesmo fe nômeno do domínio absoluto do cristia
l,
)
governo, as falhas administrativas, a jnorto da fé c os sofrimentos do homem
pulsa tem ocasionado nos povos demo cráticos do Ocidente. Assim, a ignorân cia e as superstíções do camponês, a miséria das classes operárias, os proces
do povo. Demais, como afirma Harold
sos medie\'ais de cultura do solo, os lati
Laski, a "aventura russa fòi um movi
fúndios, a sujeira das habitações, a crise moral, o pessimismo religioso, a "fome de
mento europeu" (Reflexões sobre a re
volução dc nossa época — São Paulo — 1946 — pags. 53 o scgs.). A apreciação de Harold Laski sobro o
felicidade" tão bem explorada pelos es critores nacionais, tudo contribuiu para que triunfasse a crença na impossível so
fenômeno russo é sociològicamente pro funda, mas está minada pela sua inegá vel paixão política. Acreditamos que as
ciedade comunista.
A revohiçõo nissa e
causas da revolução bolchevista foram de
trés ordens — material, espiritual e mo ral — o que outros autores denominam simplcsmeijtc fatores subjetivos e objeti
tórica não só do comunismo russo, mas
a revolução chinesa
nismo católico?
que a conquista es
piritual da Igreja Católica, apesar do
concepções de Ilobbcs, Lockc, Rousscau
rista que corroboram a nossa visão do
fenômeno que tanto inèdo e tanta re
Quanto à revolução chinesa, não há
dúvida de que foi uma resultante lústambém daqueles fatôres apontados por
trina marxista, no leninismo, na angús
Georges Pontmarin. Atualmente, na China, há quatro re ligiões: o budismo, o credo muçulmano,
ções, como a Rússia,
tia, no fatalismo c nas tendências místi
o protestantismo e o catolicismo. O art.
processos de luta do que os seminaristas
a China, a índia e.o
povo da República terá liberdade de pensamento, de palaxTa, de publicação,
e padres chineses.
tores costumam di zer que esses países
cas das multidões eslavas, no inconsciento da raça, nos erros filosóficos do Oci dente e no revolueionarismo dos séculos
heróico esfôrço feito. Diz o articulista ci
tado que os bolchevistas estavam mais bem instruídos nos
Nos estabelecimen tos de ensino reli
gioso, não se levava em conta a verda deira situação do
país, onde o catoli cismo tinha de enfrentar inimigos peri
gosos e adestrados. Conta-nos Pontma-rin que, após a visita que realizou em díverso.s seminários da China, se con
venceu de que a formação dos alunos e futuros sacerdotes era demasiadamen te latina, desencarnada e impotente para
preparar "eficientes apóstolos numa pá
Meditando sobro
a evolução econômi ca e social de na
Brasil, certos escri
haverão de formar o maior bloco marxis ta do mundo. Essa
XVIII e XIX, enquanto os segundos, isto e, os fatores objetivos, compreendem
a desorganização econômica, política e social da Rússia antes de 1917.
Clioe
do Programa Comum dispõe: "O
de reunião, de associação, de correspon dência, de pessoa, de domicílio, da mu dança de lugar, de crença religiosa e a liberdade de organizar demonstrações
Dfly, por exemplo, refere-se à jncompetêncía e ao estúpido egoísmo dos di rigentes czaristas: ' "Thc Russian go-
e procissões". Demais, o poeta-campo-
damento científico; todavia, precisamos
vernment, an autocracy in fonn but a
constituição de uma frente contra 0 que
refletir sobro as causas da revolução co munista na Rússia e na China, assim
bureaucracy in fact, invited revolution by its incompetence and its stupid selfísliness" (Economic Development in
êle denomina imperialismo — a qual se ria composta dos comunistas e de certos
Europe — New York — 1942 — pág.
govêmo chinês mantém uma atitude hos
.568).
til a todas as religiões e, especialmente, ao catolicismo, sôbre o qual lança as suas mentiras, resumidas assim por Georges
profecia, como tan tas outras, é inacei tável, não tem fun
como sobre as condições gerais do Brasil, a fim de que possamos destruir fàcilmcnte essa previsão sAbre o destino de muitos milhões de homens.
Analisando a revolução russa, que foi
Hewlett Johnson, em obras cheias de
sectarismo, lidas em várias línguas e di
nês Mao Tsé Tung, o Lenine da "no\'a democracia" asiática, defende a tese de
fiéis de algumas crenças. Entretanto, o
vulgadas em diversas nações, diz cousas
Pontmarin:
ção básica dos princípios da civilização
sôbre a revolução bolchevista nas quais
ocidental", Harold La^ki entende que a
nem sempre é possível crennos; todavia,
1 — A Igreja Católica é o instrumento político do Vaticano que, por sua vez,
o famoso Deão põe em evidência, sem
faz o jôgo dos poderosos imperialistas.
que o perceba, aspectos da Rússia cza-
2 — A condenaçãç solene do comu-
tria em plena transformação social".
"o primeiro degrau de uma transforma
A nosso ver, toda responsabilidade pe las faltas cometidas não deve ser impu tada às instituições de ensino religioso
mesma teve diversas causas: as idéias da era moderna, a renovação científica
e aos padres. Se é lógica a observação
vos. Os primeiros sc manifestam na dou
-r, lã-
Dicesto Econômico
135
Di&ksto EcoNÓNaco
134
nísmo pela Santa Sé é um ultimato às democracias populares, como a China. 3 _ O clero se comprometeu com a ^
Ow
I*
*'* *•w VV
VWiJi
Li
reação dirigida por Tchang Kai Chck e continua a fazer intrigas no estrangeiro
para destruir o novo regime. 4 — A Igreja Católica é a mais rica
proprietária de terras na China e, por conseguinte, é inimiga 3o povo. Tais acusações atiradas contra o cris
tianismo católico são absolutamente fal
sas. Revelam o ódio de um sistema con tra a doutrina da fé, do amor, da liber
dade, da pessoa e da redenção eterna
Essa orientação do govêmo não é. aliás' novidade, porque, segundo os marxistas
ortodoxos a religião é uma superestru-
^ra ideológica, fundamentada nas con dições da produção material. Senão, ve
jamos o que declara Marx: "A realidade social determina a consciência dos ho mens (jurídica, política, artística, re
ligiosa formas ideológicas). É pre ciso explicar essa consciência pelas con tradições da vida material, pelo conOito que existe entre as fôrças produtivas so
ciais e as relações de produção" (Con tribuição d critica da Economia Política — São Paulo — 1946 — pág. 31).
Com efeito, essa consciência de que trata KarI Marx é também religiosa, mo
China.
O exercício do culto não foi
abolido, porém sofre restriçx')cs daquilo que Karl Mannheim denomina a quarta forma do mentalidade utópica, de ma
neira que os missionários nao podem pregar as suas idéias cm muitos lugares. As escolas católicas "snnt duromcnt tou-
chécs", como diz Pontmarin, c os que
as freqüentam estão obrigados a um cur so marxista por iniciativa estatal. A au toridade eclesiástica não ó respeitada.
Trata-se de uma religião dirigida dentro
cristianismo c o matcrialismo dc Mar.x,
Engcls, Lenínc, Stalin c Mao Tsé Tung; assim, os alunos ficarão aptos a freqüen tar os cursos marxistas e defender com
sabedoria a sua fé religiosa. 3 — Participação dos católicos na \ida política nacional; c necessário que os
ças praticados pelos ocidentais no mundo
oriental, a fim de que os chineses se con\'ençam de que o catolicismo não é
aliado daquilo que êles conhecem com o nome de imperialismo. São, inegavelmente, êsses os pontos
básicos do programa de expansão do
mesmos ingressem nos partidos não-co-
cristianismo numa nação mergulliada nas
inunistas da Frente Popular, para que
sombras da filosofia materialista e do
possam dar o seu apoio às boas medidas
ateísmo.
China
A obra missionária nesse remoto país
4
asiático é um trabalho dc hoijiens abne
gados, de verdadeiros heróis. A Cliina não possui tradição cristã; o campo de
ação cvangelizadora 6 difícil, acidenta do, perigoso; exige paciência, coragem e capacidade para os grandes e nobres sa crifícios.
A China é, hoje, comunista;
há quatro religiões, formando os cató licos uma minoria que não pode viver na democracia de Mao Tsé Tung sem colaboração com os marxistas. O cami
nho é longo e ainda inexplorado, razão pela qual se diz que a China é uma
ideologies encore plus élevées, c'est-àdire encore píus éloignées de leur base
pode ser obtida.
materíelle, économique, prennent Ia for
sin, em China Missionanj, e Georges
me de Ia philosophie et de Ia réligion. Icí, le rapport des êtres avec leurs con-
Pontmarin, a solução do mesmo depende
Paris - Éditions Socíales - 1947 pág. 51). Apesar da forte oposição governamen tal, o catolicismo continua a existir na
ligamia, a usura, a superstição etc. 4 — Combate aos crimes e às injusti
católica e do conflito que há entre o
A solução do problema religioso na
nação missionária. A solução do seu problema relicíoso, embora complexa,
ditions d'existence matérielles devient
do govêmo contra a prostituição, a po
blica das verdades contidas na doutrina
de uma democracia também dirigida.
tivo por que escreveu Engcls: "Des
de plus en plus complexe, mais il existe cependant (Études Fhilosophiques -
logos para o estudo c demonstração pú
Segundo Alfred Bonningue, de Tientde vários fatôres:
1 — Debate com o governo a res
peito dos bens eclesiásticos, assim como a manutenção das escolas católicas a todo custo, desenvolvendo-se hábil opo sição ao ensino do marxismo nas mes mas.
2 — Organização de-um corpo de teó-
, t
-r, lã-
Dicesto Econômico
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Di&ksto EcoNÓNaco
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nísmo pela Santa Sé é um ultimato às democracias populares, como a China. 3 _ O clero se comprometeu com a ^
Ow
I*
*'* *•w VV
VWiJi
Li
reação dirigida por Tchang Kai Chck e continua a fazer intrigas no estrangeiro
para destruir o novo regime. 4 — A Igreja Católica é a mais rica
proprietária de terras na China e, por conseguinte, é inimiga 3o povo. Tais acusações atiradas contra o cris
tianismo católico são absolutamente fal
sas. Revelam o ódio de um sistema con tra a doutrina da fé, do amor, da liber
dade, da pessoa e da redenção eterna
Essa orientação do govêmo não é. aliás' novidade, porque, segundo os marxistas
ortodoxos a religião é uma superestru-
^ra ideológica, fundamentada nas con dições da produção material. Senão, ve
jamos o que declara Marx: "A realidade social determina a consciência dos ho mens (jurídica, política, artística, re
ligiosa formas ideológicas). É pre ciso explicar essa consciência pelas con tradições da vida material, pelo conOito que existe entre as fôrças produtivas so
ciais e as relações de produção" (Con tribuição d critica da Economia Política — São Paulo — 1946 — pág. 31).
Com efeito, essa consciência de que trata KarI Marx é também religiosa, mo
China.
O exercício do culto não foi
abolido, porém sofre restriçx')cs daquilo que Karl Mannheim denomina a quarta forma do mentalidade utópica, de ma
neira que os missionários nao podem pregar as suas idéias cm muitos lugares. As escolas católicas "snnt duromcnt tou-
chécs", como diz Pontmarin, c os que
as freqüentam estão obrigados a um cur so marxista por iniciativa estatal. A au toridade eclesiástica não ó respeitada.
Trata-se de uma religião dirigida dentro
cristianismo c o matcrialismo dc Mar.x,
Engcls, Lenínc, Stalin c Mao Tsé Tung; assim, os alunos ficarão aptos a freqüen tar os cursos marxistas e defender com
sabedoria a sua fé religiosa. 3 — Participação dos católicos na \ida política nacional; c necessário que os
ças praticados pelos ocidentais no mundo
oriental, a fim de que os chineses se con\'ençam de que o catolicismo não é
aliado daquilo que êles conhecem com o nome de imperialismo. São, inegavelmente, êsses os pontos
básicos do programa de expansão do
mesmos ingressem nos partidos não-co-
cristianismo numa nação mergulliada nas
inunistas da Frente Popular, para que
sombras da filosofia materialista e do
possam dar o seu apoio às boas medidas
ateísmo.
China
A obra missionária nesse remoto país
4
asiático é um trabalho dc hoijiens abne
gados, de verdadeiros heróis. A Cliina não possui tradição cristã; o campo de
ação cvangelizadora 6 difícil, acidenta do, perigoso; exige paciência, coragem e capacidade para os grandes e nobres sa crifícios.
A China é, hoje, comunista;
há quatro religiões, formando os cató licos uma minoria que não pode viver na democracia de Mao Tsé Tung sem colaboração com os marxistas. O cami
nho é longo e ainda inexplorado, razão pela qual se diz que a China é uma
ideologies encore plus élevées, c'est-àdire encore píus éloignées de leur base
pode ser obtida.
materíelle, économique, prennent Ia for
sin, em China Missionanj, e Georges
me de Ia philosophie et de Ia réligion. Icí, le rapport des êtres avec leurs con-
Pontmarin, a solução do mesmo depende
Paris - Éditions Socíales - 1947 pág. 51). Apesar da forte oposição governamen tal, o catolicismo continua a existir na
ligamia, a usura, a superstição etc. 4 — Combate aos crimes e às injusti
católica e do conflito que há entre o
A solução do problema religioso na
nação missionária. A solução do seu problema relicíoso, embora complexa,
ditions d'existence matérielles devient
do govêmo contra a prostituição, a po
blica das verdades contidas na doutrina
de uma democracia também dirigida.
tivo por que escreveu Engcls: "Des
de plus en plus complexe, mais il existe cependant (Études Fhilosophiques -
logos para o estudo c demonstração pú
Segundo Alfred Bonningue, de Tientde vários fatôres:
1 — Debate com o governo a res
peito dos bens eclesiásticos, assim como a manutenção das escolas católicas a todo custo, desenvolvendo-se hábil opo sição ao ensino do marxismo nas mes mas.
2 — Organização de-um corpo de teó-
, t
Dicesto
Breve história da pecuária sul-río-grandense II - O ciclo dos Cropeiros Nelson Weuneck Sodiié
A fUNçÃo capital do pòsto avançado da Laguna consistiu, por isso mcs-
THO, em reunir os tropeiros que, lan-
çando-se na região em que o gado, abandonado pela ruína da estrutura
administrativa das reduções jesuíticas,
se multiplicava, traziam os animais que levariam-à feira de Sorocaba.
Necessidades de comércio, para pe netrar os grandes mercados que ti
não só o desenvolvimento da atividade
dos tropeiros, como uma base menos instável para as atividades militares que os choques provocados pela posse
]
da Colônia do Sacramento exigiam. Quando as cortes peninsularcs estive ram de acordo, conforme o que fora estipulado em Madrid, nos meados do
Econômico
agrÍLuliura c a cidade era o seu meio
tjualquer tentativa de colonização re
natural ; o segundo cntregava-sc ao
gular nesse território. Formou-se, mer
pastoreio, e vivia tia campanha. Aquèle, corpori ficava o sentido da ordem,
cê das circunstâncias, uma classe nu
da estabilidade; da fixação; êstc, sig
nando a existência afanosa da labuta
nificava o espírito aventureiro, a àn-sia anárquica, o nomadismo. Um c ou tro juntavani-sc, nas lutas militares — mas, enquanto o que vivia nas cidades
agrícola, entregava-se ao nomadismo
O tratado de Santo Ildefonso, san
cionando uma série de choques mili
c o desenvolvimento estável, o da cani-
tares desfavoráveis aos elementos por-
panha fundamentava a conquista da terra, o avanço intermitente, a perma
tuguêses, e uma predominância quase
nente instabilidade.
campo internacional, retirava ao domí
da
população agrícola,
concentrada cm núcleos relativamen
las Missões, ficando estas na posse dos
sedutor da prca de gado das linhas de fronteira."
fundamentava o povoamento contínuo
"Ao lado
século XVIII, na troca da Colônia pe
merosa de aventureiros que, abando
total da Espanha sòbre Portugal, no nio português a região missioneira e a Colônia do Sacramento. Ficava o ter ritório sulino confinado à faixa em
nham sua porta natural no estuário platino, bem como a intenção de pro
portugueses, o núcleo de colonização
te densos — escreveu Rubens de Bar
curar um limite geográfico que contri
da beira do Guaíba, como o presídio do
Rio Grande, foram os pontos de apoio
celos — outra nascia e se formava, di versas pelos costumes e, em parte,
que permitiram a expedição militar
pela origem.
mista de Gomes Freire e Andonaégue, (luc consumou a conquista missioneira,
SC grupavam cm comunidades, repar-
acabando com o domínio jesuítico.
formes pelo traçados das ruelas e das
po, no interior, mais larga ao norte, na altura da zona colonizadora açorita, estreitando-se para o sul, justamente
A fase de choques militares que se seguiu ao distrato de El Fardo, quan
praças, sob a invocação de seus velhos oragos, à orilha dos rios e das lagoas, a campanha era o teatro das correrias
onde se encontravam os melhores cam pos para as pastagens. Independente do que havia sido tratado entre as cor
^dos aventureiros paulistas e portugue ses, entregues à caça dos numerosos
tes, entretanto, a realidade impunha
buísse para pôr fim à luta pela posse dos campos sulinos, haviam conduzido os portugueses a estabelecer-se na Co-
lôma do Sacramento. Iniciativa privada, fundada na.ânsia comercial de tra ficar com os rebanhos de gado aban donados naqueles campos, conferiram
uma destacada importância a Laguna. Entre um e outro désses pontos, en tretanto, restava o vazio, que só foi
sendo preenchido, pouco a pouco, se ja através de medidas de ordem públi ca, como a fundação do presídio do Rio Grande, seja através de estímulos
particulares, como o do tráfico dos tropeiros. Tal tráfico, devassando a zona riquíssima do Guaíba, condicio
nou o estabelecimento do núcleo aço-
tindo-se em povoados regulares, uni
do forças espanholas e portuguesas voltaram a se encontrar nos campos de batalha sulinos — já deparou a so ciedade da Comandância Militar, de
rebanhos de gado bravio. Era de pos
pendente do Rio de Janeiro e rece
bendo reforços por via marítima, apoiando-se no Rio Grande, no Por to dos Casais e em Rio Pardo, reparti
da em dois grupos bem distintos. Q primeiro, constituído pela iniciativa <lo poder público, quer nos postos milita res, quer nos núcleos urbanos civis, ar
rita que, em 1742 e em 1747, lançou os fundamentos de uma colonização estável, naquela zona circundânte do estuário, no Viamão e no Porto dos
zadas e hierárquicas, escalaiido-se em
Casais.
ao nomadismo, à aventura, entregava-
r
tôrno do litoral lagunar ou do litoral
marítimo; enquanto o segundo, afeito
se ao apresamento do gado, no inte
ção e:"tável permitiu, por outro lado,
rior do continente. O primeiro vivia da
1
res de caráter estável haviam consoli dado o domínio, e uma faixa de cam
outro quadro. Partindo das zonas em que a colonização se fundamentara e
se litigiosa tòda essa zona. Arroga-
se estabilizara, os aventureiros, prea-
vam-se direitos de domínio sòbre ela os espanhóis do Prata, flutuando cons tantemente a Unha raiana mal deter minada. Até a conquista de Missões (1801), não obstante o tratado de 1750, c o posterior de S. Ildefonso (1777), os postos castelhanos e as suas parti
dores de gado, acostumados à vida di
das volantes impediam ou dificultavam
ticulava-se cm bases estáveis, organi
O estabelecimento de uma coloniza
Enquanto os açorianos
que a colonização e os postos milita
fícil e áspera da campanha, não re conheceram, por atos. as discrimina
ções dos diplomatas, e permaneceram na sua atividade constante de conquis ta e de arrebatamento dos animais sol tos nos campos, ou mesmo daqueles de posses espanholas que não reco-
Dicesto
Breve história da pecuária sul-río-grandense II - O ciclo dos Cropeiros Nelson Weuneck Sodiié
A fUNçÃo capital do pòsto avançado da Laguna consistiu, por isso mcs-
THO, em reunir os tropeiros que, lan-
çando-se na região em que o gado, abandonado pela ruína da estrutura
administrativa das reduções jesuíticas,
se multiplicava, traziam os animais que levariam-à feira de Sorocaba.
Necessidades de comércio, para pe netrar os grandes mercados que ti
não só o desenvolvimento da atividade
dos tropeiros, como uma base menos instável para as atividades militares que os choques provocados pela posse
]
da Colônia do Sacramento exigiam. Quando as cortes peninsularcs estive ram de acordo, conforme o que fora estipulado em Madrid, nos meados do
Econômico
agrÍLuliura c a cidade era o seu meio
tjualquer tentativa de colonização re
natural ; o segundo cntregava-sc ao
gular nesse território. Formou-se, mer
pastoreio, e vivia tia campanha. Aquèle, corpori ficava o sentido da ordem,
cê das circunstâncias, uma classe nu
da estabilidade; da fixação; êstc, sig
nando a existência afanosa da labuta
nificava o espírito aventureiro, a àn-sia anárquica, o nomadismo. Um c ou tro juntavani-sc, nas lutas militares — mas, enquanto o que vivia nas cidades
agrícola, entregava-se ao nomadismo
O tratado de Santo Ildefonso, san
cionando uma série de choques mili
c o desenvolvimento estável, o da cani-
tares desfavoráveis aos elementos por-
panha fundamentava a conquista da terra, o avanço intermitente, a perma
tuguêses, e uma predominância quase
nente instabilidade.
campo internacional, retirava ao domí
da
população agrícola,
concentrada cm núcleos relativamen
las Missões, ficando estas na posse dos
sedutor da prca de gado das linhas de fronteira."
fundamentava o povoamento contínuo
"Ao lado
século XVIII, na troca da Colônia pe
merosa de aventureiros que, abando
total da Espanha sòbre Portugal, no nio português a região missioneira e a Colônia do Sacramento. Ficava o ter ritório sulino confinado à faixa em
nham sua porta natural no estuário platino, bem como a intenção de pro
portugueses, o núcleo de colonização
te densos — escreveu Rubens de Bar
curar um limite geográfico que contri
da beira do Guaíba, como o presídio do
Rio Grande, foram os pontos de apoio
celos — outra nascia e se formava, di versas pelos costumes e, em parte,
que permitiram a expedição militar
pela origem.
mista de Gomes Freire e Andonaégue, (luc consumou a conquista missioneira,
SC grupavam cm comunidades, repar-
acabando com o domínio jesuítico.
formes pelo traçados das ruelas e das
po, no interior, mais larga ao norte, na altura da zona colonizadora açorita, estreitando-se para o sul, justamente
A fase de choques militares que se seguiu ao distrato de El Fardo, quan
praças, sob a invocação de seus velhos oragos, à orilha dos rios e das lagoas, a campanha era o teatro das correrias
onde se encontravam os melhores cam pos para as pastagens. Independente do que havia sido tratado entre as cor
^dos aventureiros paulistas e portugue ses, entregues à caça dos numerosos
tes, entretanto, a realidade impunha
buísse para pôr fim à luta pela posse dos campos sulinos, haviam conduzido os portugueses a estabelecer-se na Co-
lôma do Sacramento. Iniciativa privada, fundada na.ânsia comercial de tra ficar com os rebanhos de gado aban donados naqueles campos, conferiram
uma destacada importância a Laguna. Entre um e outro désses pontos, en tretanto, restava o vazio, que só foi
sendo preenchido, pouco a pouco, se ja através de medidas de ordem públi ca, como a fundação do presídio do Rio Grande, seja através de estímulos
particulares, como o do tráfico dos tropeiros. Tal tráfico, devassando a zona riquíssima do Guaíba, condicio
nou o estabelecimento do núcleo aço-
tindo-se em povoados regulares, uni
do forças espanholas e portuguesas voltaram a se encontrar nos campos de batalha sulinos — já deparou a so ciedade da Comandância Militar, de
rebanhos de gado bravio. Era de pos
pendente do Rio de Janeiro e rece
bendo reforços por via marítima, apoiando-se no Rio Grande, no Por to dos Casais e em Rio Pardo, reparti
da em dois grupos bem distintos. Q primeiro, constituído pela iniciativa <lo poder público, quer nos postos milita res, quer nos núcleos urbanos civis, ar
rita que, em 1742 e em 1747, lançou os fundamentos de uma colonização estável, naquela zona circundânte do estuário, no Viamão e no Porto dos
zadas e hierárquicas, escalaiido-se em
Casais.
ao nomadismo, à aventura, entregava-
r
tôrno do litoral lagunar ou do litoral
marítimo; enquanto o segundo, afeito
se ao apresamento do gado, no inte
ção e:"tável permitiu, por outro lado,
rior do continente. O primeiro vivia da
1
res de caráter estável haviam consoli dado o domínio, e uma faixa de cam
outro quadro. Partindo das zonas em que a colonização se fundamentara e
se litigiosa tòda essa zona. Arroga-
se estabilizara, os aventureiros, prea-
vam-se direitos de domínio sòbre ela os espanhóis do Prata, flutuando cons tantemente a Unha raiana mal deter minada. Até a conquista de Missões (1801), não obstante o tratado de 1750, c o posterior de S. Ildefonso (1777), os postos castelhanos e as suas parti
dores de gado, acostumados à vida di
das volantes impediam ou dificultavam
ticulava-se cm bases estáveis, organi
O estabelecimento de uma coloniza
Enquanto os açorianos
que a colonização e os postos milita
fícil e áspera da campanha, não re conheceram, por atos. as discrimina
ções dos diplomatas, e permaneceram na sua atividade constante de conquis ta e de arrebatamento dos animais sol tos nos campos, ou mesmo daqueles de posses espanholas que não reco-
Dií:i-u>to 138
139
Econômico
Digjísto Econóauco
deni-no, Irocani, c dclc vivem, sem denhcciaiTi. arriadas.
É
a
fase
tumultuosa
das
"São os preadores de gado — escre ve Oliveira'Viana — isto é, os fazedo
res de arriadas que, justamente por is to, se constituem também os primeiroá apropriadores da grande planície. Ho mens audazes e de temperamento
mo tempo que se apresenta a oportu
apropriadores, os desbravadores e os
pcnuer de outra autoridade ou de ou
nidade de fazer valer a soberania nas
pré-civilizadore.s da planície gaúcha. CoiKiuistando-a, limpando-a do espa-
tra tutela que não a própria. Quando
zonas que o tratado de Santo Ildefon-
aparece o couro como mercadoria de
so retirara ao domínio luso. Em 1811,
nliol c do índio, para que nela .se pos
D. Diogo de Sousa invade a Banda
sam estabelecer a seguro os verdadei
importância comercial, abandonam as longas jornadas com que levam o ga
ros colonizadores,"
do aos centros consumidores — o são
forças ao conflito platino como afir
Oriental e não só vai levar as suas
É devido à ação desses aventureiros
ainda independentes, porque matam as
ma a intenção de posse e de povoa
inquietos e sempre prontos à luta,
reses x)aru retirar os couros, e alimen-
mento de tôda a zona de campos e pas
, tam-se da carne, c esse alimento fácil,
res de mulas e cavalos ou matadores de gados para a courama; são tam
que a penetração se vai estendendo.
tagens — os férteis campos do Ibicuí,
Os núcleos antigo.s, do Vianião e do
desprezado e abundante, llies permite
confinantes com a Banda Oriental, e
bém árdegos guerrilheiros porque, na planície desafogada ainda sem dono
Rio Grande, con.stÍtucm a primcrra fa
ainda a autonomia total.
contestados sempre — concedendo ses-
se do apossamcnto das terras sulinas,
aventureiro, não são apenas pilhado-
êles eneontram, a cada passo, pela frente, o espanhol disputando-lhes o
direito de prêsa aos rebanhos bravios
Dai o choque entre as duas expan'
res, pelo seu v.ver desordenado e ll
we, fazem a inrmietação e mesmo o ' desespero das autoridades da capita nia: — Nesta povoação ou nas suas vizinhanças, diz o cronista Betamio é que por estudo vivem muitos homens separados da comunicação para esta rem mais aptos e poderem sair a cam po, fazendo os roubos de gados, a que chamam arriadas, sendo estes homens havidos por desembaraçados e resolu tos campistas e dignos de qualquer empresa: mas, quanto a mim, são uma
peste que reside ali, e uns perturbado res da paz e sossego públicos, que pa
O
desprezo
pela
caVne, como no
marias a granel, naquela íai-va onde a posse não estava ainda consolidada. A
seguido de povoamento organizado e
líainpa argentino c nas planicies uru
contínuo. Acompanhando a linha fácil
do vale do JaCuí, operam, cm segun
guaias, é absoluto. A propósito desse de.sprezo, dessa dcsvalia da carne,
da fase, o avanço de que surge a zo
Concoiorcorva escreveu, tratando do
mas traduz uma reafirmação indireta
na do Rio Pardo. A terceira fase se
da posse naqueles campos.
rá a que vai incorporar o antigo ter ritório missionciro. Mas esta última
processo na Argentina: "... a carne possuem com tanta abundância que se a conduz aos quartos, em carretas, pa
fase se processa quando Já Espanha c Portugal, no alvorecer do século XIX,
caminlio, como vi, um quarto inteiro,
entravam cm novo período de cho
o carreteiro não se detém para o apa
ques. As lutas de 1801, assim, permi
nhar, ainda que se lhe chame a aten ção, c mesmo que casualmente passe
tem a conquista, por Borges do Canto
ra o mercado e, se por acaso cai, no
um necessitado não a leva para casa, a
expedição de Lécor, um lustro mais
tarde, tem caráter unicamente militar,
O período posterior à autonomia dos povos platitios, que deu lugar a uma fase de constantes choques mihtares na zona fronteiriça, tem sido ba tizado, com propriedade, como dos dragões. Tratando-se de uma fase de características militares, de instabili dade, em que o predominante era a lu
e Santos Pedroso, da região missioneira, e^está lançada a raiz portugue sa, que dentro em pouco será brasilei; ra, até o corte do rio Uruguai. Está no crepúsculo o ciclo dos tropeiros.
• fim de que não lhe custe o trabalho de carregá-la. Ao entardecer, muitas ^êzcs, SC distribui carne, porque todos diais se matam muitas reses, a mais
militar que se organizou para enfren
Vivera, primeiro, do tráfego de gado
do suficiente para o consumo, só pelo
tar tais acontecimentos, tem cabimen to, sem dúvida alguma, a apresenta
cni pé. Em seguida, da matança de
animais, para obtenção do couro. A
interèsse do couro." O advento da fase em que se pro
ta, o recrutamento, a correria pelas coxilhas, e como os dragões do Rio Pardo constituíram o núcleo da força
ção de um ciclo dos dragões.
segunda parte desse ciclo primitivo de
cessa a luta pela independência dos
conquista — que tanto se assemelha,
povos platines vai alterar, em sua es
em seu processo, ao desenvolvimento
sência, esse quadro habitual, tumul
cimentos, entretanto; aquilo que se traduziu em fatos e que alcançou res
Isso constituiu o quadro dos aconte
platino e daí identidades e antinomias estimula ainda os ímpetos de in
tuoso e confuso — vai acentuar a ten
sonância. Porque, em verdade, a socie
dência para a eliminação dos contras
dependência, os arremesses bravios da
tes entre a cidade e a campanha. Em
dade sulina estava, nesse mesmo tem po, mercê de fatores que estiveram
ra se conservar me parecia melhor ti
gente da campaniia. São indomáveis,
rá-los a todos das fronteiras, e dar-
destemerosos e altivos, a nada se sub
primeiro lugar, quando os choques partidários entre os platinos ameaçara
lhes suas moradas no interior do País,
metem, porque a vida lhes corre apa
repercutir
português,
res, padecendo uma transformação de conseqüências duradouras e expressi
e até conceder-llies terrenos equiva
rentemente fácil, à custa da aventura.
lentes aos que lá possuírem.
Quando precisam, a campanha os con vida à conquista, e o gado disperso es
agora com o govêrno metropolitano instalado no Rio de Janeiro, há neces
vas, de que emergiria um novo qua dro e um novo dispositivo social e
sidade de intervir nessas lutas, ao mes
econômico para o pastoreio regional.
"Fazedores- de arriadas, êles têm ali uma função culminante: são os
tá ao alcance de seus avanços. Ven-
em
território
estreitamente ligados às lutas milita
Dií:i-u>to 138
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Econômico
Digjísto Econóauco
deni-no, Irocani, c dclc vivem, sem denhcciaiTi. arriadas.
É
a
fase
tumultuosa
das
"São os preadores de gado — escre ve Oliveira'Viana — isto é, os fazedo
res de arriadas que, justamente por is to, se constituem também os primeiroá apropriadores da grande planície. Ho mens audazes e de temperamento
mo tempo que se apresenta a oportu
apropriadores, os desbravadores e os
pcnuer de outra autoridade ou de ou
nidade de fazer valer a soberania nas
pré-civilizadore.s da planície gaúcha. CoiKiuistando-a, limpando-a do espa-
tra tutela que não a própria. Quando
zonas que o tratado de Santo Ildefon-
aparece o couro como mercadoria de
so retirara ao domínio luso. Em 1811,
nliol c do índio, para que nela .se pos
D. Diogo de Sousa invade a Banda
sam estabelecer a seguro os verdadei
importância comercial, abandonam as longas jornadas com que levam o ga
ros colonizadores,"
do aos centros consumidores — o são
forças ao conflito platino como afir
Oriental e não só vai levar as suas
É devido à ação desses aventureiros
ainda independentes, porque matam as
ma a intenção de posse e de povoa
inquietos e sempre prontos à luta,
reses x)aru retirar os couros, e alimen-
mento de tôda a zona de campos e pas
, tam-se da carne, c esse alimento fácil,
res de mulas e cavalos ou matadores de gados para a courama; são tam
que a penetração se vai estendendo.
tagens — os férteis campos do Ibicuí,
Os núcleos antigo.s, do Vianião e do
desprezado e abundante, llies permite
confinantes com a Banda Oriental, e
bém árdegos guerrilheiros porque, na planície desafogada ainda sem dono
Rio Grande, con.stÍtucm a primcrra fa
ainda a autonomia total.
contestados sempre — concedendo ses-
se do apossamcnto das terras sulinas,
aventureiro, não são apenas pilhado-
êles eneontram, a cada passo, pela frente, o espanhol disputando-lhes o
direito de prêsa aos rebanhos bravios
Dai o choque entre as duas expan'
res, pelo seu v.ver desordenado e ll
we, fazem a inrmietação e mesmo o ' desespero das autoridades da capita nia: — Nesta povoação ou nas suas vizinhanças, diz o cronista Betamio é que por estudo vivem muitos homens separados da comunicação para esta rem mais aptos e poderem sair a cam po, fazendo os roubos de gados, a que chamam arriadas, sendo estes homens havidos por desembaraçados e resolu tos campistas e dignos de qualquer empresa: mas, quanto a mim, são uma
peste que reside ali, e uns perturbado res da paz e sossego públicos, que pa
O
desprezo
pela
caVne, como no
marias a granel, naquela íai-va onde a posse não estava ainda consolidada. A
seguido de povoamento organizado e
líainpa argentino c nas planicies uru
contínuo. Acompanhando a linha fácil
do vale do JaCuí, operam, cm segun
guaias, é absoluto. A propósito desse de.sprezo, dessa dcsvalia da carne,
da fase, o avanço de que surge a zo
Concoiorcorva escreveu, tratando do
mas traduz uma reafirmação indireta
na do Rio Pardo. A terceira fase se
da posse naqueles campos.
rá a que vai incorporar o antigo ter ritório missionciro. Mas esta última
processo na Argentina: "... a carne possuem com tanta abundância que se a conduz aos quartos, em carretas, pa
fase se processa quando Já Espanha c Portugal, no alvorecer do século XIX,
caminlio, como vi, um quarto inteiro,
entravam cm novo período de cho
o carreteiro não se detém para o apa
ques. As lutas de 1801, assim, permi
nhar, ainda que se lhe chame a aten ção, c mesmo que casualmente passe
tem a conquista, por Borges do Canto
ra o mercado e, se por acaso cai, no
um necessitado não a leva para casa, a
expedição de Lécor, um lustro mais
tarde, tem caráter unicamente militar,
O período posterior à autonomia dos povos platitios, que deu lugar a uma fase de constantes choques mihtares na zona fronteiriça, tem sido ba tizado, com propriedade, como dos dragões. Tratando-se de uma fase de características militares, de instabili dade, em que o predominante era a lu
e Santos Pedroso, da região missioneira, e^está lançada a raiz portugue sa, que dentro em pouco será brasilei; ra, até o corte do rio Uruguai. Está no crepúsculo o ciclo dos tropeiros.
• fim de que não lhe custe o trabalho de carregá-la. Ao entardecer, muitas ^êzcs, SC distribui carne, porque todos diais se matam muitas reses, a mais
militar que se organizou para enfren
Vivera, primeiro, do tráfego de gado
do suficiente para o consumo, só pelo
tar tais acontecimentos, tem cabimen to, sem dúvida alguma, a apresenta
cni pé. Em seguida, da matança de
animais, para obtenção do couro. A
interèsse do couro." O advento da fase em que se pro
ta, o recrutamento, a correria pelas coxilhas, e como os dragões do Rio Pardo constituíram o núcleo da força
ção de um ciclo dos dragões.
segunda parte desse ciclo primitivo de
cessa a luta pela independência dos
conquista — que tanto se assemelha,
povos platines vai alterar, em sua es
em seu processo, ao desenvolvimento
sência, esse quadro habitual, tumul
cimentos, entretanto; aquilo que se traduziu em fatos e que alcançou res
Isso constituiu o quadro dos aconte
platino e daí identidades e antinomias estimula ainda os ímpetos de in
tuoso e confuso — vai acentuar a ten
sonância. Porque, em verdade, a socie
dência para a eliminação dos contras
dependência, os arremesses bravios da
tes entre a cidade e a campanha. Em
dade sulina estava, nesse mesmo tem po, mercê de fatores que estiveram
ra se conservar me parecia melhor ti
gente da campaniia. São indomáveis,
rá-los a todos das fronteiras, e dar-
destemerosos e altivos, a nada se sub
primeiro lugar, quando os choques partidários entre os platinos ameaçara
lhes suas moradas no interior do País,
metem, porque a vida lhes corre apa
repercutir
português,
res, padecendo uma transformação de conseqüências duradouras e expressi
e até conceder-llies terrenos equiva
rentemente fácil, à custa da aventura.
lentes aos que lá possuírem.
Quando precisam, a campanha os con vida à conquista, e o gado disperso es
agora com o govêrno metropolitano instalado no Rio de Janeiro, há neces
vas, de que emergiria um novo qua dro e um novo dispositivo social e
sidade de intervir nessas lutas, ao mes
econômico para o pastoreio regional.
"Fazedores- de arriadas, êles têm ali uma função culminante: são os
tá ao alcance de seus avanços. Ven-
em
território
estreitamente ligados às lutas milita
140
O que se gerava, realmente, era a estância. Xa parte inicial da existên
cia sulina, que apresentamos, e que convencionamos chamar de ciclo dos
tropeiros, ficou evidenciado o contras
te entre a cidade — com a fixação, o regime agrícola, o sentido da ordem, a caracterização hierárquica e a campanha — com o nomadismo, a au
tonomia do tropeiro, o regime pasto ril, a vida fácil, ao sabor dos aconte
cimentos, o contraste com qualquer caracterização hierárquica, o espírito aventureiro.
O desenvolvimento da estância vem
alterar, em seus fundamentos, êsse quadro e, portanto, o contrasto ante rior, entre a campanha e a cidade. Em
pnme.ro lugar, a agricultura entra em
positiva decadência. Descamba para
um nivel muito baixo, não só devido as incertezas dos choques militares, a
Dioksto Econômico
neccssitiade de polarizar cm tòrno do esforço bélico tudo o que a capitania c a província possuiam cm recursos, como de causas outras, entre elas os desequilíbrios cliinaréricos e também
Banqueiro de bandeirantes Afonso de E. Taunay
as doenças dos vegetais.
JÁ cm 1098 mandava o Padre Dr. Gui- -
O pastoreio, com outras característi cas, bem diversas da(|uelas, de sim ples aventura, com (luo .se vinha arti
dições às Minas e dali recebia ouro.
culando, passaria a dominar, de for
tamentos do famoso crcso de Parnaí-
ma a!)soluta, a paisagem sulina. E tal
385$000 o07§5ó0
Ihcrme Pompéu dc Almeida expe É o c|uo SC depreende destes assen
"-Aos 25 dc julho dc 1698 anos rece
bi o ouro c|uc João Pinto me reme
truturaria cm tórno da estância. .A es
teu pelo Padre Frei Gaspar Fragoso
tância viniia corresponder a uma al teração na vida da camiianha. Tornar-
c cpic me entregou Inácio dc Cubas o pesou oitenta oitavas em pó: quintado êsie ouro, foi vendido em Santos
Ihe-ia olirigatória a fixação, o sentido da propriedade, a liierar(|uia, a discri
por via do Padre Raposo a 1.548 e ren
minação dos elementos .sociais, e tam
bém uma mudança radical no proces so de aproveitamento do gado. com a
introdução das cliarqucadas.
505OOP
7425560'
Não tardou que João Pinto se rcaIcntasse com o socorro.
.Anota o Padre Pompéu:
"Aos 12 de janeiro de 1699 a. recebi ouro cm pó que me mandou João P"^ to pelos meus negros 18 libras e meia
deu em dinheiro 105.600 rs. Xo mesmo dia acima e ano dito rc-
(oito e meio quilos dc metal) de ouro em pó procedido da carregação
ccl)i na mesma ocasião o oviro que me
jhe matidei."
remeteu meu primo Sulpício Pedroso Xavier c foram quarenta oitavas em pó; quintado, ficou cm 3iyú, que, ven dido em Santos, rendeu com a quebra f[Ue teve que se vendeu a 1.540 a oitae o dinheiro quebrou e ficou em
.Assim, a expedição custava ao creso umas 750 oitavas, tendo em três we ses recebido de João Pinto mais do triplo dc tal valor. E provàvelmente
970 a oitava."
ainda não estavam as contas liquidadas.
Conteniporâneamente, recebia Pom
péu ■■ de seu primo V. Pedroso 23
lista refere-se à baixa da moeda havi
libras e mais que lhe mandara S. P- • Êsse S. P. não pode deixar de ser
da em todos os Estados do Brasil, por
Sulpicio Pedroso e V. P. Valentim
ordem de D. Pedro II.
pedi os negros para as Minas aos 29
Pedroso de Barres, o bandeirante de tão largo destaque nos primeiros anos mineiros, irmão do famoso Jeròninio
de setembro de 1698 anos, por cabos a
Pedroso de Barres, cuja rixa com
Essa quebra a que alude o capita
"Dia do Arcanjo São Miguel des
João, mamcluco, e Sebastião, tecelão,
Manuel Nunes Viana foi o primeiro
a levar socorro a João Pinto e impor
episódio da Guerra dos Emboabas.
taram os gastos desta viagem com o que mando 300.000 rs., nãò avaliando as
Seria êsse mesmo Jcrònimo quem,
à testa dos paulistas, viria a consti
escopetas dos negros, de mantimentos
tuir um dos grandes esteios da auto
e os dois tachos mais em dinheiro para
ridade do Conde de Assumar, ataca
os guias 7í560.
do pelo aventureiro português Felipe
Com
que
importam
estes
gastos
. 307.550 e quando partiu João Pinto. IV.-.
Perdi o negro Vicente e importa
ba :
regime, cm se'iis novos moldes, se esr
(.925560
íi.-
dos Santos, o famoso personagem ar
vorado pelos cultores da História do
140
O que se gerava, realmente, era a estância. Xa parte inicial da existên
cia sulina, que apresentamos, e que convencionamos chamar de ciclo dos
tropeiros, ficou evidenciado o contras
te entre a cidade — com a fixação, o regime agrícola, o sentido da ordem, a caracterização hierárquica e a campanha — com o nomadismo, a au
tonomia do tropeiro, o regime pasto ril, a vida fácil, ao sabor dos aconte
cimentos, o contraste com qualquer caracterização hierárquica, o espírito aventureiro.
O desenvolvimento da estância vem
alterar, em seus fundamentos, êsse quadro e, portanto, o contrasto ante rior, entre a campanha e a cidade. Em
pnme.ro lugar, a agricultura entra em
positiva decadência. Descamba para
um nivel muito baixo, não só devido as incertezas dos choques militares, a
Dioksto Econômico
neccssitiade de polarizar cm tòrno do esforço bélico tudo o que a capitania c a província possuiam cm recursos, como de causas outras, entre elas os desequilíbrios cliinaréricos e também
Banqueiro de bandeirantes Afonso de E. Taunay
as doenças dos vegetais.
JÁ cm 1098 mandava o Padre Dr. Gui- -
O pastoreio, com outras característi cas, bem diversas da(|uelas, de sim ples aventura, com (luo .se vinha arti
dições às Minas e dali recebia ouro.
culando, passaria a dominar, de for
tamentos do famoso crcso de Parnaí-
ma a!)soluta, a paisagem sulina. E tal
385$000 o07§5ó0
Ihcrme Pompéu dc Almeida expe É o c|uo SC depreende destes assen
"-Aos 25 dc julho dc 1698 anos rece
bi o ouro c|uc João Pinto me reme
truturaria cm tórno da estância. .A es
teu pelo Padre Frei Gaspar Fragoso
tância viniia corresponder a uma al teração na vida da camiianha. Tornar-
c cpic me entregou Inácio dc Cubas o pesou oitenta oitavas em pó: quintado êsie ouro, foi vendido em Santos
Ihe-ia olirigatória a fixação, o sentido da propriedade, a liierar(|uia, a discri
por via do Padre Raposo a 1.548 e ren
minação dos elementos .sociais, e tam
bém uma mudança radical no proces so de aproveitamento do gado. com a
introdução das cliarqucadas.
505OOP
7425560'
Não tardou que João Pinto se rcaIcntasse com o socorro.
.Anota o Padre Pompéu:
"Aos 12 de janeiro de 1699 a. recebi ouro cm pó que me mandou João P"^ to pelos meus negros 18 libras e meia
deu em dinheiro 105.600 rs. Xo mesmo dia acima e ano dito rc-
(oito e meio quilos dc metal) de ouro em pó procedido da carregação
ccl)i na mesma ocasião o oviro que me
jhe matidei."
remeteu meu primo Sulpício Pedroso Xavier c foram quarenta oitavas em pó; quintado, ficou cm 3iyú, que, ven dido em Santos, rendeu com a quebra f[Ue teve que se vendeu a 1.540 a oitae o dinheiro quebrou e ficou em
.Assim, a expedição custava ao creso umas 750 oitavas, tendo em três we ses recebido de João Pinto mais do triplo dc tal valor. E provàvelmente
970 a oitava."
ainda não estavam as contas liquidadas.
Conteniporâneamente, recebia Pom
péu ■■ de seu primo V. Pedroso 23
lista refere-se à baixa da moeda havi
libras e mais que lhe mandara S. P- • Êsse S. P. não pode deixar de ser
da em todos os Estados do Brasil, por
Sulpicio Pedroso e V. P. Valentim
ordem de D. Pedro II.
pedi os negros para as Minas aos 29
Pedroso de Barres, o bandeirante de tão largo destaque nos primeiros anos mineiros, irmão do famoso Jeròninio
de setembro de 1698 anos, por cabos a
Pedroso de Barres, cuja rixa com
Essa quebra a que alude o capita
"Dia do Arcanjo São Miguel des
João, mamcluco, e Sebastião, tecelão,
Manuel Nunes Viana foi o primeiro
a levar socorro a João Pinto e impor
episódio da Guerra dos Emboabas.
taram os gastos desta viagem com o que mando 300.000 rs., nãò avaliando as
Seria êsse mesmo Jcrònimo quem,
à testa dos paulistas, viria a consti
escopetas dos negros, de mantimentos
tuir um dos grandes esteios da auto
e os dois tachos mais em dinheiro para
ridade do Conde de Assumar, ataca
os guias 7í560.
do pelo aventureiro português Felipe
Com
que
importam
estes
gastos
. 307.550 e quando partiu João Pinto. IV.-.
Perdi o negro Vicente e importa
ba :
regime, cm se'iis novos moldes, se esr
(.925560
íi.-
dos Santos, o famoso personagem ar
vorado pelos cultores da História do
142
Dicicsto Econômico
Brasil, pelo Método Confuso, em pa-
ladino de nossa independência nac:o-
Digksto
cílímo esboçar qualquer paridade de
valores entre espécies de economia tão díspar quanto a do penúltimo do
A insofismável e esmagadora do-
século XVil e o nosso ano da graça
cumentaçao arrolada e analisada por
<ie 1950
Feu de Carvalho irrespondivelmente demonstra a mamdadc de tão incrível pretensão. ^
K seria a margem de lucro deixada pela venda das carregações üü treso de Parnaíba? imensa, pela cer-
Assim, ja cm princípios de 1669 rp.. viv. iw:/ re cet)ia Guilherme Pompeu nada nipnnç
t-,
143
Econômico
riscadas, (j. são as contas miúdas c do Cap.m Bento do Rego Barbosa e me fica devendo cm dr° 10.360 mais 200
principal cada anno 13.928 rs. Ha de
de cera.
annos.
'• Deve me mais um alqre de sal. Re
pagar mo por tudo 175.082 rs.
" Pagou tudo aos 27 de abril de 1699 Gme Pompeu de Almeida". .
cebi uma pessa de pano a conta do que deve hoje 2 de junho e são dez
Por volta de 1700 o afluxo de ouro às arcas do creso parnaibano se avo
ta, |)<.'|a dos preços de Antonil.
mil reis cp lhe descontei pela peça de
lumou consideràvclmeníe.
pano, cjuc assim corre o pano neste
duas remessas tiocumcntadas 192~8 gramas de ouro, ou fòsscm SJZO oV vas. '^
Cotejemos alguns dados comparai'entre o preço dos artigos em São Paulo e nas Minas,
preste mcs de junho e dará pela car
Curiosa é a c"onta aberta com Pau Io de Barros, personagem casado com
Esse ouro, a calcularmos pelo valor
Antouil e
, .->
"X-nos
de 42 libras do ouro das Gerais só de
. • e nos reportarmos a famosa tai . ,
•
aquisitivo da moeda temno sentaria boje, quiçá nouns •'' _
,r
,
^
ga de sal 4000 rs. q, assim a comprei.
preciosos assentamentos dosSão li4a iMordomia da .'\badia de
contos, senão muito mais no'"^° i"r' '
•
na vila paulistana, relativos ao.s
-Ewi São Paulo
a filha de Pompéu, Inez de Lima, con forme declarou formalmente num item
28 de julho cjue lhe descontarei em
de seu testamento, ao tornar público
11000 na villa está a dez mil reis no
que a casara dando-lhe o dote compe
preste tempo.
27 de agosto do ano em 10500, por este
tente, não sendo ela, aliás, herdeira forçada dêle tcstador, "conforme a ordenação de Sua Majestade que pri
preço vendo
vava dêste direito os filhos naturai»
" Recebi mais hua pesa de pano aos
últimos milésimos sciscentistas.
.
" Recebi mais hua pesa de pano aos
a Dos da Roóha por
Nas Minas
via de André Nunes deve de hua co
dos nobres".
berta 12000. " Recebi mais vinte rs aos 25 de de
um dos bastardos do ilustre bandei
Uma librTVViWar*"^ 4e .mandioca ....
^40 rs
43.000 rs
Uma caixa de marmelada
200 rs
6.000 rs
Uma galinha
240 rs
3.600 rs
" Recebi aos 4 de agosto de 1697 an nos 12000 rs a conta dos juros que de
Uma arroba de carne verde
"
Um queijo da terra
160 rs
4.000 rs
Um queijo flamengo Um boi de corte
120 rs 640 rs
3.600 rs 19.200 rs
2.000 rs ' 10.000 rs
120.000 rs 120.000 rs
Um cavalo
Difícil será encontrar-se espécirnem
da do que a dos apontamentos do Pa- !r.nn dre Pompéu. ™ "''■i ""^is Copiemos uma página corresponden- fmiibot'^'annn T
nome, cm todo o caso, nao f.gurou nas
obras de Pedro Taques e Silva Leme. "Deve me o cap Bento do Rego
"Ajustei estas contas tudo meüdamente cm prcs'^ de meu comp° An dré Nunes de Leivas (?) q. as fez athé a era de 1697 aos 14 de
T" de obras 104.
1696.
via são doze mil rs que recebi.
»
de escrita contabilista mais desordena-
te a umaT3 série de transações como o * Ado T? D l Capitao Bento Re.,o_Barbosa. Seu
zembro de
h
Cedo despachou Pompéu o seu gen
ro postiço aos territó o
se c descontando se os
como se depreende de
mamaluco
operou
muito proveitosamente,
^ elle que^aa asentei Pto dis recebeu com com q.Dosabaterei esta conta em
ganhos de tudo qto me
uma página do livro do
devi a pagar todas as
clérigo.
R^^ebi 5120, deve me 5000 de um
"Ano de 1700 aos 28
Dos Pto como o dito disser,
contas
me a dever liquido da
Fevro, Contas de Pau
torno. . . gde se entra nas contas aci-
principal 174.104 que aos 11 de agosto de
lo de Barros.
fica e resta
da Confraria do Snr. Recebi os ditos
1697 annos como q. aos
este anno de 96.
640.
anno de 1698 pagará os
cada anno
de sua índia Maria Pequena.
rios auríferos, onde
de 1693 annos e tem pago os juros até
juros
dios, segundo parece, *e não por seu concunhado Alberto Pires^Tivera An tônio Pedroso esse Paulo de Barros
e descontando tudo o que recebi e abatendo-
ma. Ri mais 640 qdo me pagou o dr°
os
rante .4ntônio Pedroso^de Barros, as sassinado numa revolta dos seus m
março do anno de 1698
Barbüsa dr» a juros aos 11 de agosto "Importão 15$273 rs.
Talvez haja Paulo de Barros sido
"Aos 20 de mayo de 1696 annos ajustamos as contas acima, as q. estão
11 de agosto deste dito juros da
dita
conta e
que são 174.104. " E importa o ganho
" Deve me por conta
do q. recebi do C. Gpar.
Gonçalves de Araújo
^
do sustento dos mole
ques 46350 reis. " Tenho em dr® db
seu ouro q. vendi ao Pe.
142
Dicicsto Econômico
Brasil, pelo Método Confuso, em pa-
ladino de nossa independência nac:o-
Digksto
cílímo esboçar qualquer paridade de
valores entre espécies de economia tão díspar quanto a do penúltimo do
A insofismável e esmagadora do-
século XVil e o nosso ano da graça
cumentaçao arrolada e analisada por
<ie 1950
Feu de Carvalho irrespondivelmente demonstra a mamdadc de tão incrível pretensão. ^
K seria a margem de lucro deixada pela venda das carregações üü treso de Parnaíba? imensa, pela cer-
Assim, ja cm princípios de 1669 rp.. viv. iw:/ re cet)ia Guilherme Pompeu nada nipnnç
t-,
143
Econômico
riscadas, (j. são as contas miúdas c do Cap.m Bento do Rego Barbosa e me fica devendo cm dr° 10.360 mais 200
principal cada anno 13.928 rs. Ha de
de cera.
annos.
'• Deve me mais um alqre de sal. Re
pagar mo por tudo 175.082 rs.
" Pagou tudo aos 27 de abril de 1699 Gme Pompeu de Almeida". .
cebi uma pessa de pano a conta do que deve hoje 2 de junho e são dez
Por volta de 1700 o afluxo de ouro às arcas do creso parnaibano se avo
ta, |)<.'|a dos preços de Antonil.
mil reis cp lhe descontei pela peça de
lumou consideràvclmeníe.
pano, cjuc assim corre o pano neste
duas remessas tiocumcntadas 192~8 gramas de ouro, ou fòsscm SJZO oV vas. '^
Cotejemos alguns dados comparai'entre o preço dos artigos em São Paulo e nas Minas,
preste mcs de junho e dará pela car
Curiosa é a c"onta aberta com Pau Io de Barros, personagem casado com
Esse ouro, a calcularmos pelo valor
Antouil e
, .->
"X-nos
de 42 libras do ouro das Gerais só de
. • e nos reportarmos a famosa tai . ,
•
aquisitivo da moeda temno sentaria boje, quiçá nouns •'' _
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,
^
ga de sal 4000 rs. q, assim a comprei.
preciosos assentamentos dosSão li4a iMordomia da .'\badia de
contos, senão muito mais no'"^° i"r' '
•
na vila paulistana, relativos ao.s
-Ewi São Paulo
a filha de Pompéu, Inez de Lima, con forme declarou formalmente num item
28 de julho cjue lhe descontarei em
de seu testamento, ao tornar público
11000 na villa está a dez mil reis no
que a casara dando-lhe o dote compe
preste tempo.
27 de agosto do ano em 10500, por este
tente, não sendo ela, aliás, herdeira forçada dêle tcstador, "conforme a ordenação de Sua Majestade que pri
preço vendo
vava dêste direito os filhos naturai»
" Recebi mais hua pesa de pano aos
últimos milésimos sciscentistas.
.
" Recebi mais hua pesa de pano aos
a Dos da Roóha por
Nas Minas
via de André Nunes deve de hua co
dos nobres".
berta 12000. " Recebi mais vinte rs aos 25 de de
um dos bastardos do ilustre bandei
Uma librTVViWar*"^ 4e .mandioca ....
^40 rs
43.000 rs
Uma caixa de marmelada
200 rs
6.000 rs
Uma galinha
240 rs
3.600 rs
" Recebi aos 4 de agosto de 1697 an nos 12000 rs a conta dos juros que de
Uma arroba de carne verde
"
Um queijo da terra
160 rs
4.000 rs
Um queijo flamengo Um boi de corte
120 rs 640 rs
3.600 rs 19.200 rs
2.000 rs ' 10.000 rs
120.000 rs 120.000 rs
Um cavalo
Difícil será encontrar-se espécirnem
da do que a dos apontamentos do Pa- !r.nn dre Pompéu. ™ "''■i ""^is Copiemos uma página corresponden- fmiibot'^'annn T
nome, cm todo o caso, nao f.gurou nas
obras de Pedro Taques e Silva Leme. "Deve me o cap Bento do Rego
"Ajustei estas contas tudo meüdamente cm prcs'^ de meu comp° An dré Nunes de Leivas (?) q. as fez athé a era de 1697 aos 14 de
T" de obras 104.
1696.
via são doze mil rs que recebi.
»
de escrita contabilista mais desordena-
te a umaT3 série de transações como o * Ado T? D l Capitao Bento Re.,o_Barbosa. Seu
zembro de
h
Cedo despachou Pompéu o seu gen
ro postiço aos territó o
se c descontando se os
como se depreende de
mamaluco
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ganhos de tudo qto me
uma página do livro do
devi a pagar todas as
clérigo.
R^^ebi 5120, deve me 5000 de um
"Ano de 1700 aos 28
Dos Pto como o dito disser,
contas
me a dever liquido da
Fevro, Contas de Pau
torno. . . gde se entra nas contas aci-
principal 174.104 que aos 11 de agosto de
lo de Barros.
fica e resta
da Confraria do Snr. Recebi os ditos
1697 annos como q. aos
este anno de 96.
640.
anno de 1698 pagará os
cada anno
de sua índia Maria Pequena.
rios auríferos, onde
de 1693 annos e tem pago os juros até
juros
dios, segundo parece, *e não por seu concunhado Alberto Pires^Tivera An tônio Pedroso esse Paulo de Barros
e descontando tudo o que recebi e abatendo-
ma. Ri mais 640 qdo me pagou o dr°
os
rante .4ntônio Pedroso^de Barros, as sassinado numa revolta dos seus m
março do anno de 1698
Barbüsa dr» a juros aos 11 de agosto "Importão 15$273 rs.
Talvez haja Paulo de Barros sido
"Aos 20 de mayo de 1696 annos ajustamos as contas acima, as q. estão
11 de agosto deste dito juros da
dita
conta e
que são 174.104. " E importa o ganho
" Deve me por conta
do q. recebi do C. Gpar.
Gonçalves de Araújo
^
do sustento dos mole
ques 46350 reis. " Tenho em dr® db
seu ouro q. vendi ao Pe.
144
DiCliSTO EcONÓMICQ
Dici-isTo Econômico 145
Raposo para seu cunhado João Fer reira q. foram 417 oitavas 581.880. Entreguei todo este dro. e íicão safas
Mais trinta c dous mil r.s, mais 960, mais da confra
estas contas q. entreguei em dinheiro
Mais de confraria do Snr.
abatida a conta acima 533.530.
ria
o seu corrc.spoiulcnte na Bahia, Iná
cio (k« .Matos, vcr.savam priiicipalmenIc sóbi c compra de escravos para êle
1.440
c diversos dos seus. 1.760."
lamhétn diziam respeito à compra
As praça.s com as c|uais negociava
da prata lavrada e folhas de ouro quando realizava a obra da douração
ano de 1706
"Fizemos contas cÕ Paulo de Bar-
ros hoje 27 de março de 170Í) e de todo o ouro que me tem dado a guar dar tenho em meu poder 637 oitavas
Pompcu eram Santos, Rio de Janeiro,
de ouro quintado (2329 grs). Deve me em dro. 9280. Deve me mais em dro.
Tinha, conio correspondentes prin cipais, na primeira Ga-spar Gonçalves de .'\raújo, na segunda Manuel Jacin
320.000 mais deve uma barreta de ouro
de 13 oitavas a 1500 a oitava 20§250 rs. mais de huns fechos 6400 hua coronha de pistola 480 duas coronhas
mais de bacamartes 2S600 hua molinlia mais a pro de Mattos peguei em dro.
das chaves de ouro
4260
"Aos 18 de julho de 1701 fizemos contas CO Paulo de Barros e ha o se gumte;
"Tenho em minha mão o ouro seu embarretado 628 oitavas e meia A es ta conta de curo hei de pagar ao Dr João Leite da Silva (irmão de Fer" não Dias Paes) 300$000 rs.
dc talha da sua capela cm Araçarí-
Bahia c I.ishoa.
to Pinto e Antônio Correia Pimenta, na
terceira
Inácio
de
Mato.s
e
na
quarta Santos .Mendes Maciel c An
tônio Correia
Monção, tio de Pi
menta.
Antes de surgir o afluxo de ouro enviava o clérigo a .Araújo bastante pano de algodão. Assim, cm novembro de 1695 llie re meteu 3730 varas cm 36 peças, das quais cinco de 102 varas cada qual; dc presente ao Ouvidor Geral duas, ao
seu escrivão uma e ao seu ineírínlio
duas, presentes esses de propósitos
i
guania, consagraila a Nossa Senhora
da Conceição, "a cujo mistério tinha cordial devoção", como e.xplica Pe dro Tn(|ues, e era igreja "tôcla ador nada dc excelente talha, dourada com muita magnificência". Nela fazia rea
lizar estrondosa.s festas, todos os oito de dezembro, com um "oitavário dc festas de missas cantadas. Sacramen to expo.sio e sermão a vários santos
Km 1687 remeteu Pompéu a Matos 4 barretas de ouro para que lhe man to do Amaral e correspondia a 200
contavam 112 metros de pano.
oitavas "se me não engano, que não
Deve me do Caminho do Mar qdo. se fez a con fraria do Snr
O valor dessas peças era de 10.200 rs. em 1695 e 11.000 no ano seguinte. 4400
A 30 de maio de 1696, vendeu Araú jo o pano por 283.470 réis, sobrando-
Mais da confraria do Snr.
Ihe ainda três peças. Em 1698 a peça
ano de 1703 Deve me mais dro. q. pa
subira a 11$200.
1440
Couros também remctia-Ihc Poiu-
guei ao Dr. João Leite 355.000
da Silva
Déve mais dro. q. dei a sua mulher Inez de Mais desaseis mil Mais 20000 mais fraria do Snr. 1704
Lima ... rs da con ano dé
12.000
16.000
péu, no valor de 700 réis por peça. E recebia do correspondente de Santos ferro e aço. O ferro pagava-o a 5.000 rs. o quintal (58k,758) o aço a 150 rs. a libra (Ok, 459). Já nas contas de 1699 começam a aparecer as remessas de ouro.
1.160
As contas do creso parnaibano com
que aSvim quisesse seu proprietário. rcrenios o ensejo de voltar a esses tópicos interessantes. .A 8 de fevereiro de 1699 remetia
Pompéu, a Inácio de Matos, pela fra gata dos Padres da Companhia, duas
libras de ouro (918 gr) que perten ciam a Paulo de Barros, o marido de
Incz, a sua bastarda, "para lhe vir em moleques, mais 236 oitavas (826
prata lavrada".
teados. Se as peças tinham 102 vara^,
fico eu devendo 777.720.
A prata, que constituía o grosso da circulação monetária do Brasil colo nial, podia ser amoedada à hora em
missa cantada c sermão para excitar a devoção dos fiéis ouvintes ".
razão de 1400 rs a oitava 872.200 q abaíendo-se do q. me deve são 94.480
qüente, pois 40 arròbas chegam a ser (piase 600 quilos de metal.
gr) do Capitão Miguel Garcia, para o mesmo fim e mais três que lhe eram
suspeitos, prova veiniente
provocado
mais de 40 arrobas cm sua copa, o que nos parece por demais grandilo
tlc sua especial devoção c se concluía o oitavário com um aniversário pelas almas do purgatório, com ofício de
"Deve me o dito Paulo de Barros em dro. 94480 rs, importão as 623 a
por insinuação dos poderosos presen
Ihcnnc Pompcu chegara a possuir
dasse o 'procedido em moleques. Êsse ouro pertencia ao Sargento-mor Ben
estou certo", anotava o banqueiro.
Com as barretas seguiram 6 peças de algodão que Mato.s receberia em troca de um púcaro, uma salva e um saleiro dc prata.
Kssa questão de formar copa de prata, a que tantas vêzes se refere
Pedro Taques, era um processo de ca pitalizar naquela época em que não
próprias (1397 gr) para lhe enviar Foram mais 839 varas brutas de pa no de algodão em sete peças para tudo voltar em prata. .Assim, como vemos, havia exporta
ção de tecidos do planalto paulista para a região baiana.
Entretanto, não seguiu essa remes sa, por motivo dc prudência.
Anota Pompéu: "Tornei a recolher este ouro e o pano por causa dos pi ratas ". Êstes então infestavam a còrte brasileira, sobretudo nas vizinhan
ças de Angra .dos Reis e Parati, atraí dos pela fama do ouro que sabiam descer das Minas. A 27 de abril de 1699 escrevia Ma
existia no Brasil o menor vestígio de
tos dizendo-lhe que, se quisesse, man
aparelhamento bancário nem vislum-
dasse a prata lavrada a Santos, que lha pagaria em ouro a mil e quinhen
algum de cooperativismo capita lista sob a forma de inversões em so ciedades anônimas.
Pretende Pedro Taques que já o capítão-mor pai e homônimo de Gui-
tos réis a oitava.
Já em março de 1700 parece que a segurança das vias marítimas aumen tara, não se tçmçndo tanto as aborda-
144
DiCliSTO EcONÓMICQ
Dici-isTo Econômico 145
Raposo para seu cunhado João Fer reira q. foram 417 oitavas 581.880. Entreguei todo este dro. e íicão safas
Mais trinta c dous mil r.s, mais 960, mais da confra
estas contas q. entreguei em dinheiro
Mais de confraria do Snr.
abatida a conta acima 533.530.
ria
o seu corrc.spoiulcnte na Bahia, Iná
cio (k« .Matos, vcr.savam priiicipalmenIc sóbi c compra de escravos para êle
1.440
c diversos dos seus. 1.760."
lamhétn diziam respeito à compra
As praça.s com as c|uais negociava
da prata lavrada e folhas de ouro quando realizava a obra da douração
ano de 1706
"Fizemos contas cÕ Paulo de Bar-
ros hoje 27 de março de 170Í) e de todo o ouro que me tem dado a guar dar tenho em meu poder 637 oitavas
Pompcu eram Santos, Rio de Janeiro,
de ouro quintado (2329 grs). Deve me em dro. 9280. Deve me mais em dro.
Tinha, conio correspondentes prin cipais, na primeira Ga-spar Gonçalves de .'\raújo, na segunda Manuel Jacin
320.000 mais deve uma barreta de ouro
de 13 oitavas a 1500 a oitava 20§250 rs. mais de huns fechos 6400 hua coronha de pistola 480 duas coronhas
mais de bacamartes 2S600 hua molinlia mais a pro de Mattos peguei em dro.
das chaves de ouro
4260
"Aos 18 de julho de 1701 fizemos contas CO Paulo de Barros e ha o se gumte;
"Tenho em minha mão o ouro seu embarretado 628 oitavas e meia A es ta conta de curo hei de pagar ao Dr João Leite da Silva (irmão de Fer" não Dias Paes) 300$000 rs.
dc talha da sua capela cm Araçarí-
Bahia c I.ishoa.
to Pinto e Antônio Correia Pimenta, na
terceira
Inácio
de
Mato.s
e
na
quarta Santos .Mendes Maciel c An
tônio Correia
Monção, tio de Pi
menta.
Antes de surgir o afluxo de ouro enviava o clérigo a .Araújo bastante pano de algodão. Assim, cm novembro de 1695 llie re meteu 3730 varas cm 36 peças, das quais cinco de 102 varas cada qual; dc presente ao Ouvidor Geral duas, ao
seu escrivão uma e ao seu ineírínlio
duas, presentes esses de propósitos
i
guania, consagraila a Nossa Senhora
da Conceição, "a cujo mistério tinha cordial devoção", como e.xplica Pe dro Tn(|ues, e era igreja "tôcla ador nada dc excelente talha, dourada com muita magnificência". Nela fazia rea
lizar estrondosa.s festas, todos os oito de dezembro, com um "oitavário dc festas de missas cantadas. Sacramen to expo.sio e sermão a vários santos
Km 1687 remeteu Pompéu a Matos 4 barretas de ouro para que lhe man to do Amaral e correspondia a 200
contavam 112 metros de pano.
oitavas "se me não engano, que não
Deve me do Caminho do Mar qdo. se fez a con fraria do Snr
O valor dessas peças era de 10.200 rs. em 1695 e 11.000 no ano seguinte. 4400
A 30 de maio de 1696, vendeu Araú jo o pano por 283.470 réis, sobrando-
Mais da confraria do Snr.
Ihe ainda três peças. Em 1698 a peça
ano de 1703 Deve me mais dro. q. pa
subira a 11$200.
1440
Couros também remctia-Ihc Poiu-
guei ao Dr. João Leite 355.000
da Silva
Déve mais dro. q. dei a sua mulher Inez de Mais desaseis mil Mais 20000 mais fraria do Snr. 1704
Lima ... rs da con ano dé
12.000
16.000
péu, no valor de 700 réis por peça. E recebia do correspondente de Santos ferro e aço. O ferro pagava-o a 5.000 rs. o quintal (58k,758) o aço a 150 rs. a libra (Ok, 459). Já nas contas de 1699 começam a aparecer as remessas de ouro.
1.160
As contas do creso parnaibano com
que aSvim quisesse seu proprietário. rcrenios o ensejo de voltar a esses tópicos interessantes. .A 8 de fevereiro de 1699 remetia
Pompéu, a Inácio de Matos, pela fra gata dos Padres da Companhia, duas
libras de ouro (918 gr) que perten ciam a Paulo de Barros, o marido de
Incz, a sua bastarda, "para lhe vir em moleques, mais 236 oitavas (826
prata lavrada".
teados. Se as peças tinham 102 vara^,
fico eu devendo 777.720.
A prata, que constituía o grosso da circulação monetária do Brasil colo nial, podia ser amoedada à hora em
missa cantada c sermão para excitar a devoção dos fiéis ouvintes ".
razão de 1400 rs a oitava 872.200 q abaíendo-se do q. me deve são 94.480
qüente, pois 40 arròbas chegam a ser (piase 600 quilos de metal.
gr) do Capitão Miguel Garcia, para o mesmo fim e mais três que lhe eram
suspeitos, prova veiniente
provocado
mais de 40 arrobas cm sua copa, o que nos parece por demais grandilo
tlc sua especial devoção c se concluía o oitavário com um aniversário pelas almas do purgatório, com ofício de
"Deve me o dito Paulo de Barros em dro. 94480 rs, importão as 623 a
por insinuação dos poderosos presen
Ihcnnc Pompcu chegara a possuir
dasse o 'procedido em moleques. Êsse ouro pertencia ao Sargento-mor Ben
estou certo", anotava o banqueiro.
Com as barretas seguiram 6 peças de algodão que Mato.s receberia em troca de um púcaro, uma salva e um saleiro dc prata.
Kssa questão de formar copa de prata, a que tantas vêzes se refere
Pedro Taques, era um processo de ca pitalizar naquela época em que não
próprias (1397 gr) para lhe enviar Foram mais 839 varas brutas de pa no de algodão em sete peças para tudo voltar em prata. .Assim, como vemos, havia exporta
ção de tecidos do planalto paulista para a região baiana.
Entretanto, não seguiu essa remes sa, por motivo dc prudência.
Anota Pompéu: "Tornei a recolher este ouro e o pano por causa dos pi ratas ". Êstes então infestavam a còrte brasileira, sobretudo nas vizinhan
ças de Angra .dos Reis e Parati, atraí dos pela fama do ouro que sabiam descer das Minas. A 27 de abril de 1699 escrevia Ma
existia no Brasil o menor vestígio de
tos dizendo-lhe que, se quisesse, man
aparelhamento bancário nem vislum-
dasse a prata lavrada a Santos, que lha pagaria em ouro a mil e quinhen
algum de cooperativismo capita lista sob a forma de inversões em so ciedades anônimas.
Pretende Pedro Taques que já o capítão-mor pai e homônimo de Gui-
tos réis a oitava.
Já em março de 1700 parece que a segurança das vias marítimas aumen tara, não se tçmçndo tanto as aborda-
DltUiSTO Et;ONÓMICO
140
gens dos corsários ou pexelingres. Assim se decidiu Pompéu a remeter
aa seu correspondente quatro libras de ouro (1870 gr) por intermédio do
Capitão-mor Pedro Taques de Almei
para a a(iuisição de uns dez c.scravos.
A HABITABILIDADE DOS TRÓPICOS
.A Santos Mendes Maciel, o corres
pondente de Lisboa, mandava Pom péu ouro para comprar artigos que não encontraria no Brasil, sobretudo
PiMENTEL COMKS n
pratarin.
y/^IMOS, no artigo anterior, que, ao
mulatos "sem reparar no preço de
A 29 de março de 1700 remetia-lhe 126 oitava.s para as suas encomendas.
urrejjio das idéias dos que se fiam eni (jourou, há, nos trópicos como fo
les".
Mas se o saldo existente em Portu
ra délcs, terras boas, rcgulares e ruins.
gal fósse suficiente para saldar essas
da e de Gaspar Gonçalves de Araújo. Com ésse ouro compraria negros ou
ouro pertencente a Simão Bueno, o
compras, aplicasse êle tal ouro man
irmão do Anhanguera.
dando fazer 12 cuvilhctes (pratos pe
Ademais, a acidcz não é uma exclusivida<le tios solos tropicais. Mais áci dos do cjue os solos latcríticos são os
quenos) para a mesa, cinco para sopa
podzóis tios climas temperados-frios'e
N'a
mesma ocasião remeteu
mais
Em fins de março nova remessa de
ouro efetuou, mais 259 oitavas (906,5
e caldo, dois castiçais de mesa e duas
gr).
galhetas com seus pratinhos.
.Assim, tinha Matos em mãos 771 oi
tavas, ou 1:156$500 rs., para compra de "negros bons". Já adquirira dêsses cativos a 180§000 rs. ou a 120 oitavas por escravo, soma imensa para o tempo.
Mas também a revenda nas minas
ainda dava larga margem de lucros, como nos inculca a tabela de preços do bom Antonil.
"Por um negro 6era feito, valente e ladino, trezentas oitavas.
Por um mulecão, duzentos e cin
qüenta oitavas. Por um crioulo bom oficial, qui nhentas oitavas.
Por um mulato de partes, ou oficial,
quinhentas oitavas. Por um trombeteiro, quinhentas oi tavas."
Também recomendava Pompéu ao correspondente: "não repare no preço."
E ainda entendeu o creso aumentar
o cabedal remetido a Matos com mais 190 oitavas. Assim, teria o negociante baiano à sua disposição 1:441$500 rs.
frios. A correção dos solos tropicais nao é mais um mistério para os bons ítgronomos dos países cultos. Fazein-
pa e, de régiia em punho, ensina-nos o que de muito grave representa o trópico de Capricórnio. E tòda a clas se treme assustada e fica possuída do complexo de inferioridade. Entrega os
pontos. Não vale a pena trabalhar. Te mos que ficar na cubata e na pedra lascada.
Depois as calças se encompridam e o buço aponta. Compramos a primeira
Tirasse íla harreta vinte oitavas de presente para fazer um anel. Era Mendes Maciel homem sério.
fta as estações experimentais da Índia,
navalha. Lemos outros livros. Livros mais adiantados. Estudamos meteoro
^ progressista nação asiática. Reali
logia. Compulsamos os tratados de eco
Mandou dizer ao opulento cliente que
zam-na agrônomos brasileiros. O culto
logia. Verificamos, então, que o ensino
tinha saldo em sua casa, descontado o
agrônomo José Setzer afirma: "Os
da professora foi absolutamente incom
preço das folhas de ouro destinadas à douração da capela de Araçarigua-
cuidados e remédios não são mais-tra
ma. De modo que Pompéu lhe enco
'^""^cnte aplicados a solos não late-
mendou um guião de cetim de 19 covados, com suas franjas e cachos (?). A 29 de maio de 1701 recebia Pom péu em Parnaíba a prata
^
guião de "calamaço caramesi"- Calamaço é hoje nome dessueto c esqueci
do; correspondia a certo tipo de fa zenda de lã, correspondente, segundo parece, ao francês calmande ou cflía-
balhosos nem dispendiosos que os coriticos dos países densamente povoa'• Apenas os não possuidores de
cultura especializada poderiam acredido solos dos países temperaírios são sempre neutros, sem-
Assim, cm vez de cetim recebia o misto de seda e lã.
Em três de julho dêsse ano assen
tava Pompéu que o seu saldo cm Lis boa em mãos de Mendes Maciel era
em dinheiro 479$199 rs. e mais cinco barretas de ouro.
As correntes oceânicas e a altitude
têm influências tão grandes que eli
minam, muitas vézes, quase completa mente, a ação da latitude.
No setor
temperatura, a eliminação pode ser to tal. Acrescentem-se outros fatores: o
férteis e não precisam de corre-
hemisfério considerado, a distância do
para adaptá-los às necessidades
oceano, a presença de grandes lagos,
hiinianas.
o regime dos ventos e das chuvas, a
continuemos.
mande.
clérigo lã. Verdade é que o calamaço era uma espécie de tecido Uístroso,
pleto. Deu-nos ela uma noção e esque ceu muitas outras, e importantíssimas.
Temperatura
Nos tempos felizes em que, de calças curtas, freqüentamos os grupos es
colares, aprendemos que há três cli cas no planêta, no irrequieto planeta em que vivemos: o tórrido, entre os
vegetação. A ação desencontrada de
tantos fatores altera as regras da professôrazinha. O polo frio não coincide
com o polo geográfico. O equador tér mico não se situa no equador geográ
fico (na América do Sul perlonga o Mar das Antilhas). As isotermas não são paralelas à linha equinocial. As vezes se apresentam, em grandes tre
trópicos; o temperado, entre as linhas tropicais e os círculos polares; o frio, OP glacial, nas calotas polares. A pro
camente deveria haver desertos sur gem terras muito pluviosas. Trechos
fessora solenemente desdobra o ma-
teòricamente chuvosos apresentam-se
chos, até perpendiculares. Onde teori
DltUiSTO Et;ONÓMICO
140
gens dos corsários ou pexelingres. Assim se decidiu Pompéu a remeter
aa seu correspondente quatro libras de ouro (1870 gr) por intermédio do
Capitão-mor Pedro Taques de Almei
para a a(iuisição de uns dez c.scravos.
A HABITABILIDADE DOS TRÓPICOS
.A Santos Mendes Maciel, o corres
pondente de Lisboa, mandava Pom péu ouro para comprar artigos que não encontraria no Brasil, sobretudo
PiMENTEL COMKS n
pratarin.
y/^IMOS, no artigo anterior, que, ao
mulatos "sem reparar no preço de
A 29 de março de 1700 remetia-lhe 126 oitava.s para as suas encomendas.
urrejjio das idéias dos que se fiam eni (jourou, há, nos trópicos como fo
les".
Mas se o saldo existente em Portu
ra délcs, terras boas, rcgulares e ruins.
gal fósse suficiente para saldar essas
da e de Gaspar Gonçalves de Araújo. Com ésse ouro compraria negros ou
ouro pertencente a Simão Bueno, o
compras, aplicasse êle tal ouro man
irmão do Anhanguera.
dando fazer 12 cuvilhctes (pratos pe
Ademais, a acidcz não é uma exclusivida<le tios solos tropicais. Mais áci dos do cjue os solos latcríticos são os
quenos) para a mesa, cinco para sopa
podzóis tios climas temperados-frios'e
N'a
mesma ocasião remeteu
mais
Em fins de março nova remessa de
ouro efetuou, mais 259 oitavas (906,5
e caldo, dois castiçais de mesa e duas
gr).
galhetas com seus pratinhos.
.Assim, tinha Matos em mãos 771 oi
tavas, ou 1:156$500 rs., para compra de "negros bons". Já adquirira dêsses cativos a 180§000 rs. ou a 120 oitavas por escravo, soma imensa para o tempo.
Mas também a revenda nas minas
ainda dava larga margem de lucros, como nos inculca a tabela de preços do bom Antonil.
"Por um negro 6era feito, valente e ladino, trezentas oitavas.
Por um mulecão, duzentos e cin
qüenta oitavas. Por um crioulo bom oficial, qui nhentas oitavas.
Por um mulato de partes, ou oficial,
quinhentas oitavas. Por um trombeteiro, quinhentas oi tavas."
Também recomendava Pompéu ao correspondente: "não repare no preço."
E ainda entendeu o creso aumentar
o cabedal remetido a Matos com mais 190 oitavas. Assim, teria o negociante baiano à sua disposição 1:441$500 rs.
frios. A correção dos solos tropicais nao é mais um mistério para os bons ítgronomos dos países cultos. Fazein-
pa e, de régiia em punho, ensina-nos o que de muito grave representa o trópico de Capricórnio. E tòda a clas se treme assustada e fica possuída do complexo de inferioridade. Entrega os
pontos. Não vale a pena trabalhar. Te mos que ficar na cubata e na pedra lascada.
Depois as calças se encompridam e o buço aponta. Compramos a primeira
Tirasse íla harreta vinte oitavas de presente para fazer um anel. Era Mendes Maciel homem sério.
fta as estações experimentais da Índia,
navalha. Lemos outros livros. Livros mais adiantados. Estudamos meteoro
^ progressista nação asiática. Reali
logia. Compulsamos os tratados de eco
Mandou dizer ao opulento cliente que
zam-na agrônomos brasileiros. O culto
logia. Verificamos, então, que o ensino
tinha saldo em sua casa, descontado o
agrônomo José Setzer afirma: "Os
da professora foi absolutamente incom
preço das folhas de ouro destinadas à douração da capela de Araçarigua-
cuidados e remédios não são mais-tra
ma. De modo que Pompéu lhe enco
'^""^cnte aplicados a solos não late-
mendou um guião de cetim de 19 covados, com suas franjas e cachos (?). A 29 de maio de 1701 recebia Pom péu em Parnaíba a prata
^
guião de "calamaço caramesi"- Calamaço é hoje nome dessueto c esqueci
do; correspondia a certo tipo de fa zenda de lã, correspondente, segundo parece, ao francês calmande ou cflía-
balhosos nem dispendiosos que os coriticos dos países densamente povoa'• Apenas os não possuidores de
cultura especializada poderiam acredido solos dos países temperaírios são sempre neutros, sem-
Assim, cm vez de cetim recebia o misto de seda e lã.
Em três de julho dêsse ano assen
tava Pompéu que o seu saldo cm Lis boa em mãos de Mendes Maciel era
em dinheiro 479$199 rs. e mais cinco barretas de ouro.
As correntes oceânicas e a altitude
têm influências tão grandes que eli
minam, muitas vézes, quase completa mente, a ação da latitude.
No setor
temperatura, a eliminação pode ser to tal. Acrescentem-se outros fatores: o
férteis e não precisam de corre-
hemisfério considerado, a distância do
para adaptá-los às necessidades
oceano, a presença de grandes lagos,
hiinianas.
o regime dos ventos e das chuvas, a
continuemos.
mande.
clérigo lã. Verdade é que o calamaço era uma espécie de tecido Uístroso,
pleto. Deu-nos ela uma noção e esque ceu muitas outras, e importantíssimas.
Temperatura
Nos tempos felizes em que, de calças curtas, freqüentamos os grupos es
colares, aprendemos que há três cli cas no planêta, no irrequieto planeta em que vivemos: o tórrido, entre os
vegetação. A ação desencontrada de
tantos fatores altera as regras da professôrazinha. O polo frio não coincide
com o polo geográfico. O equador tér mico não se situa no equador geográ
fico (na América do Sul perlonga o Mar das Antilhas). As isotermas não são paralelas à linha equinocial. As vezes se apresentam, em grandes tre
trópicos; o temperado, entre as linhas tropicais e os círculos polares; o frio, OP glacial, nas calotas polares. A pro
camente deveria haver desertos sur gem terras muito pluviosas. Trechos
fessora solenemente desdobra o ma-
teòricamente chuvosos apresentam-se
chos, até perpendiculares. Onde teori
Digesto Econômico
148
semí-dcsérticos. Eníim, os trcs climas iundamentais sc csíarclam em muitos outros e acabam numa pulverização de microclimas. As ciência das calças compridas destrói a ciência das calças
W-J
Sc tornou independente. É o clima do opulento sul da Flórida.
chos temperados, um no centro de
Têm clima Am — quente, chuvoso,
Goiás e outro no centro de Mato
com ijcqueno período sêco — ampla
Grosso. Há o clima BSh (séco, com
faixa da Amazônia, o norte c o oriente
temperatura média acima de 18 graus
de Culía, um trato da Índia.
e verão séco). Domina o centro da
trecho da .Amazônia e o litoral brasi
meteorologistas sorriem com a histó
Argentina, além de Cór<loba, indo até
leiro entre a baía de Todos os San
ria da inexorabilidade da linha tropi
às fronteiras da Bolívia e do Chaco
tos c a Guanabara, têm clima Af —
cal. Sorriem e alirem volumes mos
Paraguaio. No Brasil, tcmo.s clima BSh cm grande parte do interior do
quente e chuvoso. íi o clima de uns
nortcste oriental c fio leste setentrio nal. Têm clima ICSh o setentriao do
va. O litoral tio cabo de São Roque,
curtas.
■
planaltos, até às proximidades do pa ralelo 15. Há ainda dois pc(iueiios tre
Dicksto Econômico
Compreende-se, assim, porque os
trando que, após séculos de tentativas infrutíferas, Kóppen
apresentou
ao
mundo cientifico uma classificação dos climas, classificação hoje clássica e
universalmente adotada após ser mo
Egito e da Líbia, e grandes trechos do México, Estados Unidos, Arábia, Ira
Outro
dois terços da fértil c rica ilha de Jaao norte da baía de Todos os Santos,"
e As' — c|uentc com chuvas de outo no e inverno.
íi um dos tratos mais
verdade que o Morro do Chapéu, nas proximidades do paralelo 12, leni 18,^ graus de temperatura média anual. E
no Ceará, nas proximidades dos para
lelos 4 e 5, há Guaramiranga, com 20,4, e vários municípios, como Viçosa, Ubajara, Tianguá, Campo Grande, Baturité, São Benedito, São Pedro, Itapagé, Itapipoca, Crato etc., gozando, parcial ou totalmente, de temperatu ras semelhantes.
Na Paraíba, com
temperaturas médias anuais entre 20
c 22 graus, há Ararima, Cuité, Bana
neiras, Serraria, Areia, Esperança, La ranjeiras, Campina Grande, Monteiro,
dificada por téc
que, Jrào, Pa-
nicos ianques. No Brasil, gra ças ao Serviço de Meteorologia
f<^cundos do País. Nêlc se situa Reci-
quistão.
Sul-Africana, ín
íc. cidade de crescimento muito rápi^lo, dinâmica, fortemente industriali-
dia,
Austrália,
zada, embora disponha de energia es
(áreas do Quc-
cassa e cara. Terá extraordinário sur
ensland, Nova Gales do Sul,
anos, por lá chegar a eletricidade far
média, a temperatura baixa de um
tíssima e barata de Paulo Afonso. O
grau por 150 metros de elevação c que
censo de 1960 deve encontrar um mi
Salvador, ao nível do mar, tem menos de 25 graus de temperatura média
do Ministério da
Agricultura, que dispõe de técni cos de grande renome, a clas
sificação sofreu melhor distribui
ção no mapa do País.
Na
classifica
riij
União
Austrália Meri dional c Austrá lia Ocidental). Grande parte
do clima do Bra
to de progresso quando, dentro de dois
lhão de pessoas em Recife. Ucpois de apresentar, em traços ráP^í^los, o clima do Brasil, comparando-o o de outros países, limitando-me
^ Citar a classificação de Koppen, que
até menos. Entre 601 e 900 metros a
Universalmente adotada nas univer
enslancl, na Austrália, parte povoada exclusivamente por nórdicos, cujo
O Brasil é principalmente um planalto. Teòricamente, em climas secos,
comportamento aí examinaremos pos
o Brasil meridional, indo, pelos nossos^
anual, pode-se avaliar era menos de
sil ccntro-oeste,
no não pode ter o desenvolvimento do
para o norte, envolvendo o Uruguai e
quase mil km2. Se pensarmos que, em
leste, nordeste e norte é do tipo
Não diz que Santana, bairro paulista
êste clima a parte oriental da Argenti na, até Baia Blanca, ao sul, e mais ou menos Córdoba, a oeste. Prolonga-se
ma semelhante é muito grande. Cite mos Garanhuus com 20,2. Na Bahia, a área entre 901 e 1.500 metros é de
19 graus a média de tão grande zona. Em parte, deve ter 18 graus e talvez
ção de Koppen não se fala em linha equinocial, trópicos e círculos polares. Triângulo porque um fica acima e ou tro abaixo do trópico de Capricórnio. Na classificação de Koppen, os climas mesotérmicos, os climas temperados, são indicados pela letra C, que é ini cial. Na América do Sul, pertencem a
Batalhão, Teixeira e outros municí
pios. Em Pernambuco, a área de cli
Baliia tem 153 mil km2. Apontemos,
sidades e nos cursos especializados,
entre centenas de outros exemplos que
rão. Ê o tipo dos climas de savana.
Consideremos
É do mesmo tipo grande parte do Que-
niaiores esclarecimentos.
Aw, isto é, quente com chuvas de ve
alguns
detalhes, para
^ temperatura desce de um grau centí
poderiam ser dados: Petrópolis, 18,0; Terezópolis, 16,6; Friburgo, 17,5; Ita tiaia, 11,1; Formosa, 20,8; Caxambu, 17,7: Mar de Espanha, 19,7; Araguari, 21,0; Oliveira, 18,3; Cachoeira do
teriormente, com documentos austra
grado por 100 metros de elevação
Campo, 17,5; São Lourenço, 18,2: Bar-
lianos. Ê do mesmo tipo o sul de Cuba,
(Kleiii) ; nos úmidos, cai de 0,5. Des
um dos países agrícolas mais ricos que-
se fato, que é primordial, surgem fa
bacena, 17,7; Queluz, 19,9; Diamanti na, 18,5 — Todas entre o trópico e o
se conhecem; grande faixa da rica In donésia; um trato da União Sul-Africana; talvez a maior parte da índia, país de civilização milenar e em fran co e acelerado progresso em todos os
tos que atrapalhariam D. Neita, a mi nha querida c saudosa professora pri mária. Belo Horizonte, sob o paralelo
ramos da atividade humana depois que
20, tem temperatura média anual (20 graus) inferior à de Corrientes, na Ar gentina (21,9), sob o paralelo 28. É
equador.
A Argentina tem, com temperaturas superiores a 20 graus centígrados, to
tal ou parcialmente, as seguintes pro
víncias e territórios, conforme o geó grafo
argentino Jorge Boero, em
Digesto Econômico
148
semí-dcsérticos. Eníim, os trcs climas iundamentais sc csíarclam em muitos outros e acabam numa pulverização de microclimas. As ciência das calças compridas destrói a ciência das calças
W-J
Sc tornou independente. É o clima do opulento sul da Flórida.
chos temperados, um no centro de
Têm clima Am — quente, chuvoso,
Goiás e outro no centro de Mato
com ijcqueno período sêco — ampla
Grosso. Há o clima BSh (séco, com
faixa da Amazônia, o norte c o oriente
temperatura média acima de 18 graus
de Culía, um trato da Índia.
e verão séco). Domina o centro da
trecho da .Amazônia e o litoral brasi
meteorologistas sorriem com a histó
Argentina, além de Cór<loba, indo até
leiro entre a baía de Todos os San
ria da inexorabilidade da linha tropi
às fronteiras da Bolívia e do Chaco
tos c a Guanabara, têm clima Af —
cal. Sorriem e alirem volumes mos
Paraguaio. No Brasil, tcmo.s clima BSh cm grande parte do interior do
quente e chuvoso. íi o clima de uns
nortcste oriental c fio leste setentrio nal. Têm clima ICSh o setentriao do
va. O litoral tio cabo de São Roque,
curtas.
■
planaltos, até às proximidades do pa ralelo 15. Há ainda dois pc(iueiios tre
Dicksto Econômico
Compreende-se, assim, porque os
trando que, após séculos de tentativas infrutíferas, Kóppen
apresentou
ao
mundo cientifico uma classificação dos climas, classificação hoje clássica e
universalmente adotada após ser mo
Egito e da Líbia, e grandes trechos do México, Estados Unidos, Arábia, Ira
Outro
dois terços da fértil c rica ilha de Jaao norte da baía de Todos os Santos,"
e As' — c|uentc com chuvas de outo no e inverno.
íi um dos tratos mais
verdade que o Morro do Chapéu, nas proximidades do paralelo 12, leni 18,^ graus de temperatura média anual. E
no Ceará, nas proximidades dos para
lelos 4 e 5, há Guaramiranga, com 20,4, e vários municípios, como Viçosa, Ubajara, Tianguá, Campo Grande, Baturité, São Benedito, São Pedro, Itapagé, Itapipoca, Crato etc., gozando, parcial ou totalmente, de temperatu ras semelhantes.
Na Paraíba, com
temperaturas médias anuais entre 20
c 22 graus, há Ararima, Cuité, Bana
neiras, Serraria, Areia, Esperança, La ranjeiras, Campina Grande, Monteiro,
dificada por téc
que, Jrào, Pa-
nicos ianques. No Brasil, gra ças ao Serviço de Meteorologia
f<^cundos do País. Nêlc se situa Reci-
quistão.
Sul-Africana, ín
íc. cidade de crescimento muito rápi^lo, dinâmica, fortemente industriali-
dia,
Austrália,
zada, embora disponha de energia es
(áreas do Quc-
cassa e cara. Terá extraordinário sur
ensland, Nova Gales do Sul,
anos, por lá chegar a eletricidade far
média, a temperatura baixa de um
tíssima e barata de Paulo Afonso. O
grau por 150 metros de elevação c que
censo de 1960 deve encontrar um mi
Salvador, ao nível do mar, tem menos de 25 graus de temperatura média
do Ministério da
Agricultura, que dispõe de técni cos de grande renome, a clas
sificação sofreu melhor distribui
ção no mapa do País.
Na
classifica
riij
União
Austrália Meri dional c Austrá lia Ocidental). Grande parte
do clima do Bra
to de progresso quando, dentro de dois
lhão de pessoas em Recife. Ucpois de apresentar, em traços ráP^í^los, o clima do Brasil, comparando-o o de outros países, limitando-me
^ Citar a classificação de Koppen, que
até menos. Entre 601 e 900 metros a
Universalmente adotada nas univer
enslancl, na Austrália, parte povoada exclusivamente por nórdicos, cujo
O Brasil é principalmente um planalto. Teòricamente, em climas secos,
comportamento aí examinaremos pos
o Brasil meridional, indo, pelos nossos^
anual, pode-se avaliar era menos de
sil ccntro-oeste,
no não pode ter o desenvolvimento do
para o norte, envolvendo o Uruguai e
quase mil km2. Se pensarmos que, em
leste, nordeste e norte é do tipo
Não diz que Santana, bairro paulista
êste clima a parte oriental da Argenti na, até Baia Blanca, ao sul, e mais ou menos Córdoba, a oeste. Prolonga-se
ma semelhante é muito grande. Cite mos Garanhuus com 20,2. Na Bahia, a área entre 901 e 1.500 metros é de
19 graus a média de tão grande zona. Em parte, deve ter 18 graus e talvez
ção de Koppen não se fala em linha equinocial, trópicos e círculos polares. Triângulo porque um fica acima e ou tro abaixo do trópico de Capricórnio. Na classificação de Koppen, os climas mesotérmicos, os climas temperados, são indicados pela letra C, que é ini cial. Na América do Sul, pertencem a
Batalhão, Teixeira e outros municí
pios. Em Pernambuco, a área de cli
Baliia tem 153 mil km2. Apontemos,
sidades e nos cursos especializados,
entre centenas de outros exemplos que
rão. Ê o tipo dos climas de savana.
Consideremos
É do mesmo tipo grande parte do Que-
niaiores esclarecimentos.
Aw, isto é, quente com chuvas de ve
alguns
detalhes, para
^ temperatura desce de um grau centí
poderiam ser dados: Petrópolis, 18,0; Terezópolis, 16,6; Friburgo, 17,5; Ita tiaia, 11,1; Formosa, 20,8; Caxambu, 17,7: Mar de Espanha, 19,7; Araguari, 21,0; Oliveira, 18,3; Cachoeira do
teriormente, com documentos austra
grado por 100 metros de elevação
Campo, 17,5; São Lourenço, 18,2: Bar-
lianos. Ê do mesmo tipo o sul de Cuba,
(Kleiii) ; nos úmidos, cai de 0,5. Des
um dos países agrícolas mais ricos que-
se fato, que é primordial, surgem fa
bacena, 17,7; Queluz, 19,9; Diamanti na, 18,5 — Todas entre o trópico e o
se conhecem; grande faixa da rica In donésia; um trato da União Sul-Africana; talvez a maior parte da índia, país de civilização milenar e em fran co e acelerado progresso em todos os
tos que atrapalhariam D. Neita, a mi nha querida c saudosa professora pri mária. Belo Horizonte, sob o paralelo
ramos da atividade humana depois que
20, tem temperatura média anual (20 graus) inferior à de Corrientes, na Ar gentina (21,9), sob o paralelo 28. É
equador.
A Argentina tem, com temperaturas superiores a 20 graus centígrados, to
tal ou parcialmente, as seguintes pro
víncias e territórios, conforme o geó grafo
argentino Jorge Boero, em
DiGiiSTO Econômico
150
** Geografia de Ia Nación Argentina": üissioncs, Formosa, Chaco, Corricn-
tes, Santa Fé, Cordoba, Santiago dei Estero, La Rioja, Catamarca, Tucutnan, Salta e Jujui.
1.
22,3; São Lourenço (Minas Gerais) 21,6. Vejamos as temperaturas médias do mês mais quente do ano, em algu mas cidades estrangeiras ; Santiago dei Estero (.Argentina), 28; Corricntes
J
DicEsro Econóauco
noloiiia (luc muita gente pensa. Além cie outros fatòrcs — as noites são os invernos da Amazônia —há as célebres
friagcn.s , Cjuebrando a monotonia, isto é, cutda.s frias (juc a atingem em
absolutas não se encontram entre os
(.Argentina), 26,1; }>ueno.s .Aires, 23,8; Filadélfia, Ballimore, São Luís e Cin-
trópicos, fato conhecido de qualquer
cinati, 25,4. No sul dos Estados Uni
e baixam consicleràvehneiitc a tenipe-
estudante de meteorologia. Estão nos
dos, a temperatura média do mês mais quente oscila entre 23 e 3U graus cen tígrados. O sul lios Estados Uniilos en trou numa fase de rapidíssima, prodi
intura. durante dias seguidos. As on
As maiores temperaturas máximas
países de climas temperados. Em bai xas latitudes e altitudes temos as se
guintes máximas absolutas : Sena Madureira (Acre), 37,5; Manaus, 37,8;
Belém, 35,1; São Luís, 34,8; Grajaii, (Maranhão), 37,0; Sobral (Ceará), 39,4; Mondubim (Ceará), 34,6; João Pessoa, 34,5; Propriá (Sergipe), 40,8;
Ondina (Bahia), 35,5. Nos planaltos; Guaramiranga, (Ceará), 32,0; Areia, (Paraíba), 32,9; Garanhuns (Pernam buco), 36,0; São Lourenço (Minas Ge
rais), 34,6; Santa Luzia (Goiás), 36,0. Comparemos Com Santiago dei Estero, 46,0; Catamarca, 43,5; Concórdia, 43,5;
Córdoba, 43; Goya, 43,0; La Rioja',
45,5; Mendoza, 42,0; Patagones, 43,0; Tucuman, 44,1; Baia Blanca, 42,5. To das essas cidades ficam na Argentina. Outros exemplos: Sevilha (Espanha), 50 graus; Death Valley (Estados Uni
dos), 57,2; Paris, 40; Montpellier (França), 42,9; Aziziz (Líbia), 58,1; Salamanca (Espanha), 44,8. Mais expressiva é a temperatura
giosa industrialização. Mas vejamos, noutras cidades iamiues, ainda a tem peratura média do mês mais
graus; Wcllington (ICansns), 28; .Amos
nho a agosto e justificam o emprego de soln-ctudos, mesmo durante o dia, c dc grossos cobertores, à noite, nas
priamente dita do clima. Ambas exa geradas e mesmo infundadas, são es
sas duas espécies de objeções devidas, geralmente, ao incompleto conheci mento dos fatos e à má discriminação de causas e efeitos.
"Realmente, o exame individual dos principais elementos climáticos mos
trou que nenhum deles apresenta limi tes prejudiciais à atividade do homem.
lelo 15, às margens do Guaporé, a tem
"A temperatura — elemento regula
peratura atinge menores temperaturas
dor que pode ser considerado — não
iriínimas absolutas: 4,4 em agosto, 6,5
em Julho, 6,7 em junho, 9,4 em maio, 1,2 em sctcmI>ro. Em Coxipó, Mato c^rosso, entre os paralelos 14 e 15, a
rael, 29 graus; Cairo, no Egito, 28 graus; Massauá (Eritréia), 34; Halls
volvimento das qualidades de energia — que subestinam a salubridade pro
c de 12 graus e a de outubro de 13,9. 1-ni Mato Grosso, cidade sob o para
peratura media do mês mais quente cleva-se a 34 graus; em Beirute, ca pital do Líbano, antiga Fenícia, graus; Jafa, na novel reptiblica de Is
certas Condições climáticas como in*
cômodas ou pouco propícias ao desen
tico, SC sucedem principalmente de ju
cni junho. A mínima absoluta de maio
tantas civilizações floresceram, a tem
"De duas ordens têm sido essas ob-
jeções: umas que consideram apenas
e iniciativa dos habitantes; as outras
temperatura cai a 5 graus positivos — '"íniina absoluta em agosto. Desce a 8 cni setembro, a 8,7 em julho e a 7,5
(Califórnia). 38,9; (ireeiiland (Califór nia), 39,8; Bagdá (Califórnia), 35,1. Em Bagdá c Mossul (Iraque), onde
priedade para a boa marcha da ativida de humana.
das frias, provenientes do polo antár
camas, l-.ni Sena Madureira, Acre, a
do ano: Mot Spring (.Arkansas), 2
ultrapassa 28 graus nem desce abai xo de 12 graus, em média anual. Os
Pequena altitude, observam-se mínimas
próprios valores extremos superiores clêsse elemento não alcançam os que, longe dos trópicos, ocorrem com fre
(Grécia), 27,3; Trípoli (Líbia), 30,1.
absolutas ainda menores: 1,7 graus ^l^aixo de zero em junlio, 3,3 graus po
os rigores de inverno dos países tem
Creek (Austrália), 30 graus: Smirna (Turquia), 27,3; Roma, 24,2; Atenas
Carachi (Paquistão), 32,1; In Sa a'
sitivos em julho, 6,7 em agosto, 10,2 em
(Argélia), 37; Lahore (índia), 32,5.
uiaio, 10.4 em setembro.
Os verões da Ibéria e da Itália em regra, muito quentes, às vezes mul
tratados de meteorologia e ecologia,
média do mês mais quente do ano:
to mais quentes do que os dos plaua
Sena Madureira, 26,0; Manaus, 27,6; Belém, 26,2; Mondubim, 26,3; João Pessoa, 26,1; Ondina, 26,2; Niterói, 25 5. Nos planaltos: Guaramiranga,
tos cearenses, paraibanos, pernambu
21,1; Campina Grande (Paraiba), 23,9; Areia, 23,0; Garanhuns, 22,0; Formo sa (Goiás), 27,7; Maria Madalena (Estado do Rio), 22.2; Valença (Esta do do Rio), 23,2; Monte Serrat (Esta do do Rio), 21,3; Santa Luzia (Goiás),
sua parte ocidental, durante o inverno,
151
Como sou apenas um folheador de quero ultimar o capítulo Com uma
longa citação de um mestre — o Dr.
Salomão .Serebrenick, chefe da Seção
Canos, baianos e goianos. Sevilha,
de Meteorologia e Estatística do Ser viço cie Aleteorologia do Ministério da
linda cidade cias margens do Guadalquivir, na alegre Andaluzia, terra de fartos vinhedos e olivais, tem 29,1
Agricultura. É longa mas vale a pena.
graus de temperatura média no mes mais quente. É uma indicação do que
"Êsse belo e variado clima do Bra
sil — clima que não conhece excessos
chegam a ser os verões em grande parte da Ibéria. O clima da Amazônia não tem a mo-
i
de calor ou de frio, livre de ciclones e de fenômenos catastróficos — tem si do, não obstante, vítima de juízos res
tritivos, no que diz respeito à sua pro
qüência. No Brasil não se conhecem perados e frios nem o tormento dos
seus dias de verão. São aqui raríssi-
mos os casos de insolação, tão comuns nos estios dos países temperados. "A umidade — outro elemento de capital importância — só na Amazô
nia se mostra exagerada, e na faixa li torânea é relativamente alta; a parte principal do.território brasileiro achase, ao contrário, compreendida entre
as isohigras anuais de 80%, chegando a umidade a descer em muitos pontos
abaixo de 65%, na média anual. Existe,
além disso, uma certa compensação entre os valores da temperatura e da umidade, que se desenvolvem em sen-
DiGiiSTO Econômico
150
** Geografia de Ia Nación Argentina": üissioncs, Formosa, Chaco, Corricn-
tes, Santa Fé, Cordoba, Santiago dei Estero, La Rioja, Catamarca, Tucutnan, Salta e Jujui.
1.
22,3; São Lourenço (Minas Gerais) 21,6. Vejamos as temperaturas médias do mês mais quente do ano, em algu mas cidades estrangeiras ; Santiago dei Estero (.Argentina), 28; Corricntes
J
DicEsro Econóauco
noloiiia (luc muita gente pensa. Além cie outros fatòrcs — as noites são os invernos da Amazônia —há as célebres
friagcn.s , Cjuebrando a monotonia, isto é, cutda.s frias (juc a atingem em
absolutas não se encontram entre os
(.Argentina), 26,1; }>ueno.s .Aires, 23,8; Filadélfia, Ballimore, São Luís e Cin-
trópicos, fato conhecido de qualquer
cinati, 25,4. No sul dos Estados Uni
e baixam consicleràvehneiitc a tenipe-
estudante de meteorologia. Estão nos
dos, a temperatura média do mês mais quente oscila entre 23 e 3U graus cen tígrados. O sul lios Estados Uniilos en trou numa fase de rapidíssima, prodi
intura. durante dias seguidos. As on
As maiores temperaturas máximas
países de climas temperados. Em bai xas latitudes e altitudes temos as se
guintes máximas absolutas : Sena Madureira (Acre), 37,5; Manaus, 37,8;
Belém, 35,1; São Luís, 34,8; Grajaii, (Maranhão), 37,0; Sobral (Ceará), 39,4; Mondubim (Ceará), 34,6; João Pessoa, 34,5; Propriá (Sergipe), 40,8;
Ondina (Bahia), 35,5. Nos planaltos; Guaramiranga, (Ceará), 32,0; Areia, (Paraíba), 32,9; Garanhuns (Pernam buco), 36,0; São Lourenço (Minas Ge
rais), 34,6; Santa Luzia (Goiás), 36,0. Comparemos Com Santiago dei Estero, 46,0; Catamarca, 43,5; Concórdia, 43,5;
Córdoba, 43; Goya, 43,0; La Rioja',
45,5; Mendoza, 42,0; Patagones, 43,0; Tucuman, 44,1; Baia Blanca, 42,5. To das essas cidades ficam na Argentina. Outros exemplos: Sevilha (Espanha), 50 graus; Death Valley (Estados Uni
dos), 57,2; Paris, 40; Montpellier (França), 42,9; Aziziz (Líbia), 58,1; Salamanca (Espanha), 44,8. Mais expressiva é a temperatura
giosa industrialização. Mas vejamos, noutras cidades iamiues, ainda a tem peratura média do mês mais
graus; Wcllington (ICansns), 28; .Amos
nho a agosto e justificam o emprego de soln-ctudos, mesmo durante o dia, c dc grossos cobertores, à noite, nas
priamente dita do clima. Ambas exa geradas e mesmo infundadas, são es
sas duas espécies de objeções devidas, geralmente, ao incompleto conheci mento dos fatos e à má discriminação de causas e efeitos.
"Realmente, o exame individual dos principais elementos climáticos mos
trou que nenhum deles apresenta limi tes prejudiciais à atividade do homem.
lelo 15, às margens do Guaporé, a tem
"A temperatura — elemento regula
peratura atinge menores temperaturas
dor que pode ser considerado — não
iriínimas absolutas: 4,4 em agosto, 6,5
em Julho, 6,7 em junho, 9,4 em maio, 1,2 em sctcmI>ro. Em Coxipó, Mato c^rosso, entre os paralelos 14 e 15, a
rael, 29 graus; Cairo, no Egito, 28 graus; Massauá (Eritréia), 34; Halls
volvimento das qualidades de energia — que subestinam a salubridade pro
c de 12 graus e a de outubro de 13,9. 1-ni Mato Grosso, cidade sob o para
peratura media do mês mais quente cleva-se a 34 graus; em Beirute, ca pital do Líbano, antiga Fenícia, graus; Jafa, na novel reptiblica de Is
certas Condições climáticas como in*
cômodas ou pouco propícias ao desen
tico, SC sucedem principalmente de ju
cni junho. A mínima absoluta de maio
tantas civilizações floresceram, a tem
"De duas ordens têm sido essas ob-
jeções: umas que consideram apenas
e iniciativa dos habitantes; as outras
temperatura cai a 5 graus positivos — '"íniina absoluta em agosto. Desce a 8 cni setembro, a 8,7 em julho e a 7,5
(Califórnia). 38,9; (ireeiiland (Califór nia), 39,8; Bagdá (Califórnia), 35,1. Em Bagdá c Mossul (Iraque), onde
priedade para a boa marcha da ativida de humana.
das frias, provenientes do polo antár
camas, l-.ni Sena Madureira, Acre, a
do ano: Mot Spring (.Arkansas), 2
ultrapassa 28 graus nem desce abai xo de 12 graus, em média anual. Os
Pequena altitude, observam-se mínimas
próprios valores extremos superiores clêsse elemento não alcançam os que, longe dos trópicos, ocorrem com fre
(Grécia), 27,3; Trípoli (Líbia), 30,1.
absolutas ainda menores: 1,7 graus ^l^aixo de zero em junlio, 3,3 graus po
os rigores de inverno dos países tem
Creek (Austrália), 30 graus: Smirna (Turquia), 27,3; Roma, 24,2; Atenas
Carachi (Paquistão), 32,1; In Sa a'
sitivos em julho, 6,7 em agosto, 10,2 em
(Argélia), 37; Lahore (índia), 32,5.
uiaio, 10.4 em setembro.
Os verões da Ibéria e da Itália em regra, muito quentes, às vezes mul
tratados de meteorologia e ecologia,
média do mês mais quente do ano:
to mais quentes do que os dos plaua
Sena Madureira, 26,0; Manaus, 27,6; Belém, 26,2; Mondubim, 26,3; João Pessoa, 26,1; Ondina, 26,2; Niterói, 25 5. Nos planaltos: Guaramiranga,
tos cearenses, paraibanos, pernambu
21,1; Campina Grande (Paraiba), 23,9; Areia, 23,0; Garanhuns, 22,0; Formo sa (Goiás), 27,7; Maria Madalena (Estado do Rio), 22.2; Valença (Esta do do Rio), 23,2; Monte Serrat (Esta do do Rio), 21,3; Santa Luzia (Goiás),
sua parte ocidental, durante o inverno,
151
Como sou apenas um folheador de quero ultimar o capítulo Com uma
longa citação de um mestre — o Dr.
Salomão .Serebrenick, chefe da Seção
Canos, baianos e goianos. Sevilha,
de Meteorologia e Estatística do Ser viço cie Aleteorologia do Ministério da
linda cidade cias margens do Guadalquivir, na alegre Andaluzia, terra de fartos vinhedos e olivais, tem 29,1
Agricultura. É longa mas vale a pena.
graus de temperatura média no mes mais quente. É uma indicação do que
"Êsse belo e variado clima do Bra
sil — clima que não conhece excessos
chegam a ser os verões em grande parte da Ibéria. O clima da Amazônia não tem a mo-
i
de calor ou de frio, livre de ciclones e de fenômenos catastróficos — tem si do, não obstante, vítima de juízos res
tritivos, no que diz respeito à sua pro
qüência. No Brasil não se conhecem perados e frios nem o tormento dos
seus dias de verão. São aqui raríssi-
mos os casos de insolação, tão comuns nos estios dos países temperados. "A umidade — outro elemento de capital importância — só na Amazô
nia se mostra exagerada, e na faixa li torânea é relativamente alta; a parte principal do.território brasileiro achase, ao contrário, compreendida entre
as isohigras anuais de 80%, chegando a umidade a descer em muitos pontos
abaixo de 65%, na média anual. Existe,
além disso, uma certa compensação entre os valores da temperatura e da umidade, que se desenvolvem em sen-
/
152
tido inverso, resultando daí uma ate
nuação mútua dc efeitos. "Da pressão atmosférica, do vento c da nebulosidade — menos importantes,
já se yc — nem se impõe falar. São éles de uma distribuição, pode-se di zer, tão regular que de nenhuma for ma podem servir de empecilho ao traballio humano.
"Outro aspecto da questão da im-
Dicesto Ecosónuco
verno
gularmente por massas dc ar frias, po lares — invasões que se sucedem coni intervalos médios dc seis dias e, des-
sarte, perturbam
pcriòdicamciUe^ o
tempo; invasões <iuc
muitas vezes
atingem a zona equatorial da costa c a
do a sua suposta constância, que repercutirir nocivamente sòbre a ener
conhecido fenômeno dc "friagcm "
em suficiente grau a luta pela vida. "Mais uma vez, há cxagêro na su posição. Se, incgàvelmente, está o cli ma do Brasil isento de excessos, lon ge se acha dessa pretendida uniformi dade. Sem falar na zona temperada do País, que abrange vários Estados, e
não sol>rará lugar para falar cm cons tância do clima l)rasilciro.
"Isto, (luanto à constância do tem po. Com respeito à uniformidade no espaço, mais patente ainda c a sua
inexistência.
Em
regiões
estrcjtas
mesmo, é freqüente alternarcm-se djmá.s de costa e continentais, de planí
cie e de montanha, secos c úmidos, quentes e temperados.
onde se apresentam bem acentuadas as
"Se, finalmente, não se perder dc
estações do ano, é de se notar que, nas regiões tropicais, onde essa discrimi
vista a expansão extraordinária qUÇ,
nação é fraca, existe a circunstância extraordinariamente favorável de se rem grandes as oscilações diurnas da
temperatura. Quase todo o País goza de amplitudes diurnas médias supe riores a 10 graus, não sendo raras as
que ultrapassam 15 graus. Onde falta, pois, a Caracterização sazonal, as noi-
Oscar T. Ettori
o País é cm grande parte invadido re
região amazônica, ocasionando nesta o
ta psicológico, já por não estimular
milho no setor de Presidente Prudente
"E se, além das variações térmicas anuais c diurnas citadas, se notar que
propriedade do clima brasileiro tem si
gia dos haoitantes, já do ponto de vis
Análise sobre o custo de produção de algodão e
tes desempenham a íiniçáo do "in
nos últimos tempo.s, vem tendo a uti lização do "ar condicionado',
gar-se-á à conclusão dc que o orgaius
mo humano, já por si dotado dc nina grande elasticidade quanto à adapta ção às condições climáticas ambientes, nada tem a recear da parte do di'n® deste país, que lhe possa tirar o con fôrto ou dcl)ilitar as energias físicas c intelectuais."
(Da Secretaria da Agricultura do Estado de São Paulo) I
J
CUSTO de produção é geralmente determinado tendo-sc em vista dois
dificuldades preliminares que surgem ao levantar-se o custo de produção adicio
principais objetivos: 1) auxiliar o agri
nam-se outros, quais sejam: um custo
cultor na organização ou na reorganiza
para cada propriedade, variação anual
ção dc sua propriedade; 2) ser\'ir de
do custo, falta de boa escrituração agrí
base para se traçar uma política agrí cola. No primeiro caso o agricultor en
cola etc.
contrará elementos que lhe permitirão
meiro ensaio a fim de se determinar o
comparar os cu.stos dos diversos méto
dos culturais ou apreciar os custos de
custo de produção das principais cultu ras do Estado foi realizado pela Subdi-
produção de várias propriedades explo
xásão de Econoniia Rural em 1949. Essa
radas sob determinados sistemas.
repartição da Secretaria da ,\gricultura
Quanto ao caso de formulação de uma
política agrícola, o custo de produção poderá servir de base para o governo fixar preços mínimos para os produtos agrícolas ou estabelecer preços bases que
estimulem a produção de certas merca
dorias para as quais o país oferece me lhores condições agrícolas e econômicas, Ou ainda poderá ser usado como base
Apesar dessas dificuldades, um pri
detemiinou o custo mcdío total da pro
dução de arroz, algodão, milho, trigo, feijão e café produzidos no Estado. Com au.\ílio de alguns dados obtidos naquele extenso "survey" econômico que cobriu todo o Estado, mostraremos aqui o trabalho necessário em dias de
serviço de homens, máquinas e ani mais, para produzir um alqueire de al
para determinar os preços que seriam
godão e de milho no setor de Presidente
Capazes de manter uma produção agrí cola suficiente para atender às neces sidades da população.
Prudente, na safra de 1948/49. O custo
A despeito do auxílio que o custo de produção pode trazer na solução de cer tos problemas de organização rural e de política agrícola, a sua determinação im plica em sérios debates. Assim, o pro
diário de operação dos fatores de pro dução (homem, animal de tração e má
quinas), assim como os gastos com os agentes de produção (sementes, adubos o inseticidas) serão aqui também'apre sentados.
Os elementos usados na análise que
dutor pensa em custo relacionando-o com
ora apresentamos foram coletados em 25
o preço de venda que ele recebe, en quanto o consumidor procura ver a re
Setor Agrícola de Presidente Prudente —
propriedades distribuídas dentro do
lação entre o custo e o preço que êle paga. Cada grupo de interessados está
que compreende vasta área da Soroca-
inclinado a aceitar o conceito de custo
napanema e Paraná, tendo início na al
o o custo de produção que sirva para defender seu ponto ,de vista. A essas
possua as culturas de algodão e de mi-
bana, limitada pelos rios do Peixe, Paratura de Assis.
Embora essa área não
/
152
tido inverso, resultando daí uma ate
nuação mútua dc efeitos. "Da pressão atmosférica, do vento c da nebulosidade — menos importantes,
já se yc — nem se impõe falar. São éles de uma distribuição, pode-se di zer, tão regular que de nenhuma for ma podem servir de empecilho ao traballio humano.
"Outro aspecto da questão da im-
Dicesto Ecosónuco
verno
gularmente por massas dc ar frias, po lares — invasões que se sucedem coni intervalos médios dc seis dias e, des-
sarte, perturbam
pcriòdicamciUe^ o
tempo; invasões <iuc
muitas vezes
atingem a zona equatorial da costa c a
do a sua suposta constância, que repercutirir nocivamente sòbre a ener
conhecido fenômeno dc "friagcm "
em suficiente grau a luta pela vida. "Mais uma vez, há cxagêro na su posição. Se, incgàvelmente, está o cli ma do Brasil isento de excessos, lon ge se acha dessa pretendida uniformi dade. Sem falar na zona temperada do País, que abrange vários Estados, e
não sol>rará lugar para falar cm cons tância do clima l)rasilciro.
"Isto, (luanto à constância do tem po. Com respeito à uniformidade no espaço, mais patente ainda c a sua
inexistência.
Em
regiões
estrcjtas
mesmo, é freqüente alternarcm-se djmá.s de costa e continentais, de planí
cie e de montanha, secos c úmidos, quentes e temperados.
onde se apresentam bem acentuadas as
"Se, finalmente, não se perder dc
estações do ano, é de se notar que, nas regiões tropicais, onde essa discrimi
vista a expansão extraordinária qUÇ,
nação é fraca, existe a circunstância extraordinariamente favorável de se rem grandes as oscilações diurnas da
temperatura. Quase todo o País goza de amplitudes diurnas médias supe riores a 10 graus, não sendo raras as
que ultrapassam 15 graus. Onde falta, pois, a Caracterização sazonal, as noi-
Oscar T. Ettori
o País é cm grande parte invadido re
região amazônica, ocasionando nesta o
ta psicológico, já por não estimular
milho no setor de Presidente Prudente
"E se, além das variações térmicas anuais c diurnas citadas, se notar que
propriedade do clima brasileiro tem si
gia dos haoitantes, já do ponto de vis
Análise sobre o custo de produção de algodão e
tes desempenham a íiniçáo do "in
nos últimos tempo.s, vem tendo a uti lização do "ar condicionado',
gar-se-á à conclusão dc que o orgaius
mo humano, já por si dotado dc nina grande elasticidade quanto à adapta ção às condições climáticas ambientes, nada tem a recear da parte do di'n® deste país, que lhe possa tirar o con fôrto ou dcl)ilitar as energias físicas c intelectuais."
(Da Secretaria da Agricultura do Estado de São Paulo) I
J
CUSTO de produção é geralmente determinado tendo-sc em vista dois
dificuldades preliminares que surgem ao levantar-se o custo de produção adicio
principais objetivos: 1) auxiliar o agri
nam-se outros, quais sejam: um custo
cultor na organização ou na reorganiza
para cada propriedade, variação anual
ção dc sua propriedade; 2) ser\'ir de
do custo, falta de boa escrituração agrí
base para se traçar uma política agrí cola. No primeiro caso o agricultor en
cola etc.
contrará elementos que lhe permitirão
meiro ensaio a fim de se determinar o
comparar os cu.stos dos diversos méto
dos culturais ou apreciar os custos de
custo de produção das principais cultu ras do Estado foi realizado pela Subdi-
produção de várias propriedades explo
xásão de Econoniia Rural em 1949. Essa
radas sob determinados sistemas.
repartição da Secretaria da ,\gricultura
Quanto ao caso de formulação de uma
política agrícola, o custo de produção poderá servir de base para o governo fixar preços mínimos para os produtos agrícolas ou estabelecer preços bases que
estimulem a produção de certas merca
dorias para as quais o país oferece me lhores condições agrícolas e econômicas, Ou ainda poderá ser usado como base
Apesar dessas dificuldades, um pri
detemiinou o custo mcdío total da pro
dução de arroz, algodão, milho, trigo, feijão e café produzidos no Estado. Com au.\ílio de alguns dados obtidos naquele extenso "survey" econômico que cobriu todo o Estado, mostraremos aqui o trabalho necessário em dias de
serviço de homens, máquinas e ani mais, para produzir um alqueire de al
para determinar os preços que seriam
godão e de milho no setor de Presidente
Capazes de manter uma produção agrí cola suficiente para atender às neces sidades da população.
Prudente, na safra de 1948/49. O custo
A despeito do auxílio que o custo de produção pode trazer na solução de cer tos problemas de organização rural e de política agrícola, a sua determinação im plica em sérios debates. Assim, o pro
diário de operação dos fatores de pro dução (homem, animal de tração e má
quinas), assim como os gastos com os agentes de produção (sementes, adubos o inseticidas) serão aqui também'apre sentados.
Os elementos usados na análise que
dutor pensa em custo relacionando-o com
ora apresentamos foram coletados em 25
o preço de venda que ele recebe, en quanto o consumidor procura ver a re
Setor Agrícola de Presidente Prudente —
propriedades distribuídas dentro do
lação entre o custo e o preço que êle paga. Cada grupo de interessados está
que compreende vasta área da Soroca-
inclinado a aceitar o conceito de custo
napanema e Paraná, tendo início na al
o o custo de produção que sirva para defender seu ponto ,de vista. A essas
possua as culturas de algodão e de mi-
bana, limitada pelos rios do Peixe, Paratura de Assis.
Embora essa área não
Digesto EcoNÓNnco
154
D1GK.ST0
Econômico
155
lho com as melhores médias de rendi
um terceiro grupo, que constituía a
mento por região no Estado, ela con
zação das máquinas o veículos nas explo
pas manuais.
da produção total de algodão c milho
maioria, praticava a agricultura meca nizada a tração animal. Entre todos esses produtores cncontravam-sc proprie
rações \-isitadas era relativamente baixa.
de São Paulo, em 1949. Os rendimen
tários, arrendatários c parceiros (mcci-
Parto disso 6 de\'ido ao fato de algumas
Por conseguinte, se considerarmos sòmente as propriedades que usaram as
tos das culturas de algodão c milho nessa
máquinas não serem usadas em certas opcraçõc.s culturais embora as mesmas
máquinas em tôdas as operações cultu rais, veremos, pelos dados do quadro 11,
que podem ser atribuídas a várias cau
ro3, terceiros etc.). Alguns deles explo ravam c.xclusivamcnte algodão ou milho, enquanto outros sc dedicavam a ambas
fossem mecanizadas.
Assim, entre as
que o número médio dc dias de sei^ã-
sas, tais como tratos culturais, sistemas
culturas ou \árias delas ao mesmo tem
propriedades visitadas, algumas aravam
po.
mas não gradeavam, enquanto outras realizavam essas operações mas não apíi-
ço de utilização das máquinas, veículos e animais de tração eleva-se por uni
correu com 35 % e 5% respectivamente,
zona apresentaram grandes oscilações,
de exploração, qualidades das terras,
Nós limitamos nossa análise ao
condições climáticas etc. Assim, encon tramos produção desde 90 até 300 arro
grupo dos produtores que sc utilizavam
bas c 36 até 120 sacas por alqueire,
ser esse o grupo que representava a
respectivamente para o algodão c milho.
de máquinas em suas explorações, por
nica de exploração adotada cm cada
maior parte do volume produzido pari os centros consumidores. A despeito dessa característica da agricultura co
termos físicos) realizados com homem,
lizavam a automecanização e adotavam praticas racionais para tornar mais efi cientes suas explorações. Finalmente
AGENTES
propriedade c medirmos os gastos (cm
Animal de tração
animais de tração c implementos em cada operação cultural — roçada, aração, semeadura, capinas, combate às pra
Arado Grade
Bico de pato
gas, colheita etc. — determinamos o nú
Meia lua Planct Semeadeira
mero médio de dias de serviço de utili zação de homem, animais e das diver
sas máquinas, por alqueire de área cul
Adubadeira Plantadeira Pulverizador Polvilhadeira
quadro I
UtlliZQÇQO Tnédio d€ JlOTnpm vytííjt •
«/rr/.j' ® animais nas propriedades parcialmente mecanizadas algodão
Dias por alqueire Braço
Animal de tração
^
.
. .." :
Veículo
MILHO
Os dados do quadro II, além de nos
Dias por alqueire
MILHO
Dias por alqueire
52,49 8,27
33,55
2,06 9,22
1,68 5,07
4,72
6,61
-
0,57 _
2,04
11,30
1,00 2,40 3,00
0,61
2,87
padas em cinco fases distintas: 1) prepa
mostrarem a utilização média das má
ro do solo; 2) adubação e semeadura;
quinas nas propriedades visitadas, apre
3) tratos culturais; 4) colheita e 5) re moção dos restos culturais. Tendo-se em
sentam-nos também o tempo médio gas
27,72
ALGODÃO
Dias por alqueire
1,60 1.20 1,60 1,94
Fole
138,41
Arado Grade
dade de área.
QUADRO II
tivada.
_
cavam a carpideàa, limitando-se às car-
Utilização média de máquinas e animais nas propriedades inteiratnentc mecanizadas
maioria. Depois de ob.scr\'armo,s a téc
Os produtores da região, de um modo geral, destinavam a totalidade ou a
mercializada, alguns dêles ainda seguiam os métodos rotineiros da exploração agrícola auto-suficiente. Outros, porém, uti
Como vemo.s, a intensidade dc utili
to na execução de certas operações cul
vista não só apreciar a mão-de-obra e o
Bico de pato ...
turais como a aração, gradeação, aduba-
trabalho de animais usados em cada uma
Meia lua
ção e semeadura mecânica.
daquelas fases da exploração, como tam bém a porcentagem de serviço que êles
Como sabemos, a exploração do al
Planet
Semeadeira Adubadeira Plantadeira .• • • Pulverizador Polvilhadeira ...
10,55
Fole Veículo
AÀ
godão e do milho envolve diversas ope
representam no total gasto, apresentamos
rações culturais, e estas podem ser agru
o quadro III.
Digesto EcoNÓNnco
154
D1GK.ST0
Econômico
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lho com as melhores médias de rendi
um terceiro grupo, que constituía a
mento por região no Estado, ela con
zação das máquinas o veículos nas explo
pas manuais.
da produção total de algodão c milho
maioria, praticava a agricultura meca nizada a tração animal. Entre todos esses produtores cncontravam-sc proprie
rações \-isitadas era relativamente baixa.
de São Paulo, em 1949. Os rendimen
tários, arrendatários c parceiros (mcci-
Parto disso 6 de\'ido ao fato de algumas
Por conseguinte, se considerarmos sòmente as propriedades que usaram as
tos das culturas de algodão c milho nessa
máquinas não serem usadas em certas opcraçõc.s culturais embora as mesmas
máquinas em tôdas as operações cultu rais, veremos, pelos dados do quadro 11,
que podem ser atribuídas a várias cau
ro3, terceiros etc.). Alguns deles explo ravam c.xclusivamcnte algodão ou milho, enquanto outros sc dedicavam a ambas
fossem mecanizadas.
Assim, entre as
que o número médio dc dias de sei^ã-
sas, tais como tratos culturais, sistemas
culturas ou \árias delas ao mesmo tem
propriedades visitadas, algumas aravam
po.
mas não gradeavam, enquanto outras realizavam essas operações mas não apíi-
ço de utilização das máquinas, veículos e animais de tração eleva-se por uni
correu com 35 % e 5% respectivamente,
zona apresentaram grandes oscilações,
de exploração, qualidades das terras,
Nós limitamos nossa análise ao
condições climáticas etc. Assim, encon tramos produção desde 90 até 300 arro
grupo dos produtores que sc utilizavam
bas c 36 até 120 sacas por alqueire,
ser esse o grupo que representava a
respectivamente para o algodão c milho.
de máquinas em suas explorações, por
nica de exploração adotada cm cada
maior parte do volume produzido pari os centros consumidores. A despeito dessa característica da agricultura co
termos físicos) realizados com homem,
lizavam a automecanização e adotavam praticas racionais para tornar mais efi cientes suas explorações. Finalmente
AGENTES
propriedade c medirmos os gastos (cm
Animal de tração
animais de tração c implementos em cada operação cultural — roçada, aração, semeadura, capinas, combate às pra
Arado Grade
Bico de pato
gas, colheita etc. — determinamos o nú
Meia lua Planct Semeadeira
mero médio de dias de serviço de utili zação de homem, animais e das diver
sas máquinas, por alqueire de área cul
Adubadeira Plantadeira Pulverizador Polvilhadeira
quadro I
UtlliZQÇQO Tnédio d€ JlOTnpm vytííjt •
«/rr/.j' ® animais nas propriedades parcialmente mecanizadas algodão
Dias por alqueire Braço
Animal de tração
^
.
. .." :
Veículo
MILHO
Os dados do quadro II, além de nos
Dias por alqueire
MILHO
Dias por alqueire
52,49 8,27
33,55
2,06 9,22
1,68 5,07
4,72
6,61
-
0,57 _
2,04
11,30
1,00 2,40 3,00
0,61
2,87
padas em cinco fases distintas: 1) prepa
mostrarem a utilização média das má
ro do solo; 2) adubação e semeadura;
quinas nas propriedades visitadas, apre
3) tratos culturais; 4) colheita e 5) re moção dos restos culturais. Tendo-se em
sentam-nos também o tempo médio gas
27,72
ALGODÃO
Dias por alqueire
1,60 1.20 1,60 1,94
Fole
138,41
Arado Grade
dade de área.
QUADRO II
tivada.
_
cavam a carpideàa, limitando-se às car-
Utilização média de máquinas e animais nas propriedades inteiratnentc mecanizadas
maioria. Depois de ob.scr\'armo,s a téc
Os produtores da região, de um modo geral, destinavam a totalidade ou a
mercializada, alguns dêles ainda seguiam os métodos rotineiros da exploração agrícola auto-suficiente. Outros, porém, uti
Como vemo.s, a intensidade dc utili
to na execução de certas operações cul
vista não só apreciar a mão-de-obra e o
Bico de pato ...
turais como a aração, gradeação, aduba-
trabalho de animais usados em cada uma
Meia lua
ção e semeadura mecânica.
daquelas fases da exploração, como tam bém a porcentagem de serviço que êles
Como sabemos, a exploração do al
Planet
Semeadeira Adubadeira Plantadeira .• • • Pulverizador Polvilhadeira ...
10,55
Fole Veículo
AÀ
godão e do milho envolve diversas ope
representam no total gasto, apresentamos
rações culturais, e estas podem ser agru
o quadro III.
Digksto Econômico
156
Drci-:.sTo
QUADRO III Utilização de homem e animais de tração por alqueire cultivado ALGOD.AO
OPERAÇÕES
Homem (I) Dias
%
Ecónó.x iico
157
QUADRO IV
Custí) médio diário de máquinas, veículos e animais de tração (1)
MILHO
Animal Dias %
I-IOMKM (l) Dias
%
MAQUINAS
Veículos
Animal
Dias
Adub. semeadura . .. Tratos culturais
capinas manuais . ..
capinas mecânicas.. combate à praga .. Colheita (2) Arrancamento e quei
ma de soq Total
20,16 3,75
14,6 17,80 2,7 0,42
49,5 16,89 1,2 2,11
29.9 3,7
22,63 7,81 13,43
16,0 5,6 9,7
9,12 2,99
25,4 8,3
10,27 2,98
63,83
46,1
5,42
15,1
0,83 23,47
6,80
4,9
0,16
0,5
.54,2
0,14
0,5
18,2 5.2
3,77
13,6
Grado dc dente Plantadcira manual •. ... Scmcadeira mecânica ... Adubadcira
1,5 41,5
Bico de pato
7,10
8,79
31,7
Planct
8,90
Meia lua Pulverizador manual .... Polvilhadeira manual ... Fole
4,20 8,10 9,20 4,10
Uma vez determinada a quantidade de
de tração usados. No caso destes últimos
serviços gastos com os diversos agentes
consideramos ainda o valor da ração e
empregados na exploração, passaremos a
do pasto consumido por cabeça, c o sen preço de venda depois de certo número
de anos de serviço na propriedade (®).
utilização de um arado, de um burro
(*) As fórmulas usadas no cálculo
etc.
Custo diário de operação de máquinas, veículos e animais de tração
Na determinação dêsses custos leva mos em conta os preços de compra, número total de dias de serviço Reali
zado na propriedade, anos de duração, conservação e reparos, e juros sôbre o valor das diversas máquinas e animais
mento para colheita de algodão foi, em
média, Cr$ 8,40 por arroba. (2) Inclui a colheita, transporte para
a tulha, secagem e ensacamento do algo dão. Para o milho está inclwdo o trans
porte e o armazenamento, mas não a debulha.
por dia
Carroça
Finalmente, se desejarmos os elemen tos necessários para se calcular um custo do produção para o algodão o o milho,
tiuas de algodão e inexistente nas do milho. O combate ãs pragas algodoeiras era medida generalizada, embora, algu mas vêzes, não fôsse efetuada com efi
mentes, adubos e inseticidas.
ciência. Isso podia ser atribuído à falta
1) - C.U.D.
adubação era pouco difundida nas cul-
Na região notamos que a prática da C+ J
Burro
devemos ver as despesas feitas com se Custos com sementes, inseticidas e adubos
de conhecimento do agricultor e à ca rência de inseticidas. Na cultura do milho os inseticidas eram usados so-
mente no extermínio das formigas.
QUADRO V
(maquinas e veículos) = N
2) - C.U.D.
Cr$
tração
5,00 7,10 13,80 19,30
do custo diário foram;
Desj^as com adubos, inseticidas e sementes por alqueire
P_P +A-bJ Adubos
CrS
(animal de tração) =: N
P = preço de compra
(1) A diária média do trabalhador da região era de Cr$ 25,40. O paga
8,30
15,02
138,41 100,0 35,91 lOO.O 56,55 100,0 27,72 100,0
ver o custo de operação dos mesmos, ou seja, quanto custa para o produtor a
A^^^£AIS DE
%
Arado dc ai\'cca
Preparo do solo ....
Ct$
por dia
Algodão Milho
132,90 —
Inseticidas Cr$
416,90 35,20
Ser)ientes
Cr$
.135,50 76,20
p =z preço de venda do animal
N = número total de dias de serviço rea lizado durante o ano n = número de anos de .serviço
C = conservação e reparos anuais A = Alimentação e pasto consumido anualmente por cabeça-
J = furos de 5% sôbre metade do preço de compra
De posse de todos esses dados, po
de-se calcular o custo parcial de pro (1) A diária média do trabalhador
da região era de Cr$ 25,40. O paga mento para colheita de algodão era, em
média, de Cr$ 8,40 por arrôba.
dução (2) das culturas estudadas no setor de Presidente Pnidente.
(2) O custo total de produção, assim como a renda obtida nessas culturas, serão vistos posteriormente em ouiro artigo.
Digksto Econômico
156
Drci-:.sTo
QUADRO III Utilização de homem e animais de tração por alqueire cultivado ALGOD.AO
OPERAÇÕES
Homem (I) Dias
%
Ecónó.x iico
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QUADRO IV
Custí) médio diário de máquinas, veículos e animais de tração (1)
MILHO
Animal Dias %
I-IOMKM (l) Dias
%
MAQUINAS
Veículos
Animal
Dias
Adub. semeadura . .. Tratos culturais
capinas manuais . ..
capinas mecânicas.. combate à praga .. Colheita (2) Arrancamento e quei
ma de soq Total
20,16 3,75
14,6 17,80 2,7 0,42
49,5 16,89 1,2 2,11
29.9 3,7
22,63 7,81 13,43
16,0 5,6 9,7
9,12 2,99
25,4 8,3
10,27 2,98
63,83
46,1
5,42
15,1
0,83 23,47
6,80
4,9
0,16
0,5
.54,2
0,14
0,5
18,2 5.2
3,77
13,6
Grado dc dente Plantadcira manual •. ... Scmcadeira mecânica ... Adubadcira
1,5 41,5
Bico de pato
7,10
8,79
31,7
Planct
8,90
Meia lua Pulverizador manual .... Polvilhadeira manual ... Fole
4,20 8,10 9,20 4,10
Uma vez determinada a quantidade de
de tração usados. No caso destes últimos
serviços gastos com os diversos agentes
consideramos ainda o valor da ração e
empregados na exploração, passaremos a
do pasto consumido por cabeça, c o sen preço de venda depois de certo número
de anos de serviço na propriedade (®).
utilização de um arado, de um burro
(*) As fórmulas usadas no cálculo
etc.
Custo diário de operação de máquinas, veículos e animais de tração
Na determinação dêsses custos leva mos em conta os preços de compra, número total de dias de serviço Reali
zado na propriedade, anos de duração, conservação e reparos, e juros sôbre o valor das diversas máquinas e animais
mento para colheita de algodão foi, em
média, Cr$ 8,40 por arroba. (2) Inclui a colheita, transporte para
a tulha, secagem e ensacamento do algo dão. Para o milho está inclwdo o trans
porte e o armazenamento, mas não a debulha.
por dia
Carroça
Finalmente, se desejarmos os elemen tos necessários para se calcular um custo do produção para o algodão o o milho,
tiuas de algodão e inexistente nas do milho. O combate ãs pragas algodoeiras era medida generalizada, embora, algu mas vêzes, não fôsse efetuada com efi
mentes, adubos e inseticidas.
ciência. Isso podia ser atribuído à falta
1) - C.U.D.
adubação era pouco difundida nas cul-
Na região notamos que a prática da C+ J
Burro
devemos ver as despesas feitas com se Custos com sementes, inseticidas e adubos
de conhecimento do agricultor e à ca rência de inseticidas. Na cultura do milho os inseticidas eram usados so-
mente no extermínio das formigas.
QUADRO V
(maquinas e veículos) = N
2) - C.U.D.
Cr$
tração
5,00 7,10 13,80 19,30
do custo diário foram;
Desj^as com adubos, inseticidas e sementes por alqueire
P_P +A-bJ Adubos
CrS
(animal de tração) =: N
P = preço de compra
(1) A diária média do trabalhador da região era de Cr$ 25,40. O paga
8,30
15,02
138,41 100,0 35,91 lOO.O 56,55 100,0 27,72 100,0
ver o custo de operação dos mesmos, ou seja, quanto custa para o produtor a
A^^^£AIS DE
%
Arado dc ai\'cca
Preparo do solo ....
Ct$
por dia
Algodão Milho
132,90 —
Inseticidas Cr$
416,90 35,20
Ser)ientes
Cr$
.135,50 76,20
p =z preço de venda do animal
N = número total de dias de serviço rea lizado durante o ano n = número de anos de .serviço
C = conservação e reparos anuais A = Alimentação e pasto consumido anualmente por cabeça-
J = furos de 5% sôbre metade do preço de compra
De posse de todos esses dados, po
de-se calcular o custo parcial de pro (1) A diária média do trabalhador
da região era de Cr$ 25,40. O paga mento para colheita de algodão era, em
média, de Cr$ 8,40 por arrôba.
dução (2) das culturas estudadas no setor de Presidente Pnidente.
(2) O custo total de produção, assim como a renda obtida nessas culturas, serão vistos posteriormente em ouiro artigo.
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I AÇÚCAR
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Companhia Usina Vassununga SOCIEDADE ANÔNIMA
Meu caro Gontijo, Escritório Central:
Usina:
R. DR. FALCÃO FILHO, 56
lO.o andar — salas 1053/5/61 End. Telegr.: "SORRAB" Telefone: 2-7286 SÃO PAULO
End. Telegr.: "USINA"
Estação Vassununga - C. P. (Estado de São Paulo)
Torno a congratular-me com Você pcb magmfico empreendimento cultural sob sua direção. O "Digesto" é uma demonstração do vigor do espirito paulista, esse mesmo espírito que serviu de ponto de partida para "Reconquistd'. Duas revistas, dois programas que devem conjugar-se para hem do Brasil: o tradicionalismo de "Reconquislcf' c a força econômica de São Paulo, posta a serviço da cultura através do "Digesto".
Um grande abraço do a) José Pedro Galvão de Sousa (Professor da Faculdade Católica de Direito
e Diretor da "Reconquista")
/cr.. lUL ÃAiERiCÃNA CE CEECÃCEiC/ LTDA. DESPACHOS NA ALFANDEGA DE SANTOS
COLIS-POSTAUX, IMPORTAÇÃO, EXPORTAÇÃO E CABOTAGEM
Matriz: SÃO PAULO R. 15 DE NOVEMBRO, 228, 3.o and. CAIXA POSTAL, 4637
Filial: SANTOS RUA
ANTONIO CAIXA
TELLES,
POSTAL.
SO
465
TEL.: 3-3944 — 2-0734
TELEFONE
Emd. Tel.: ANTHERSUL
End. Tel.: ANTHERSUL
8185
Gráfica São José — Rua Galvão Bueno, 230 — Telefone 6-4812 — São Paulo
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o DEPARTAMENTO
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SUMARIO
(50®
Que 6 inveslimetiio? — Richard Lewinshon
O signlíicado político do corporalivismo — J. P. Galvâo de Sousa O que se deve conhecer de economia — Djacir Menezes Perspectivas da Economia de Guerra no Brasil — Roberto Pinto de Sousa Francisco Glicério e o ensilhamenío — Dorival Teixeira Vieira Qalógeras, financista — A. C. Salles Júnior rês perfis — Antônio Gontijo de Carvallto aralolo entre Haul Soares e Francisco Sales — Daniel de Carvalho
^
dos solos ácidos — José Setzer
Q ^udustriaiiaação" da cafeicultura — J. Testa
■-M.
e um repositório pjedoso de informações guardadas sob sigilo absoluto e conjtadas exclusiva e direlamenle aosinteressodcs '
^turo Banco Central e o mercado de caritais — Geraldo Banasklwitz
sniíesto burguês — João de Oliveira Filho profundidades da revolução comunista — Cândido Mota Filho
habitabilidade dos trópicos — Pimentel Gomes
5
10 15 20 29 33 39 44
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78
^ivulgaçâo dos problemas filosóficos — Realismo — Paulo Edmur de Sousa Queiroz 85 ®Bpolio do banqueiro dos bandeirantes — Afonso de Taunay
irvã -Se trár- noSScr eaaóiSÓéú
Pág.
reve história da pecuária sul-riograndense — Nelson Werneck Sodré usto da produção e renda das culturas de algodão e milho — Oscar Ettori
RUA BOA VISTA. 51 — 9.° ANDAR — FONE 3-1112
N.o 76 — MARÇO DE 1951 — ANO VII
93
98 IQ4
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