DIGESTO ECONÔMICO, número 76, março 1951

Page 1

DEPARTAMENTO

ém S U M A R I o Quo 6 investimonlo? — Rlchard Lewlnshon

5

^ 8 unificado político do corporativismo — J. P. Galvão de Sousa

10

quQ se deve conhecer de economia — Djacir Menezes

15

erspectivas da Economia de Guerra no Brasil — Roberto Pinto de Sousa

20

Crlicério e o ensUhamento — Dorival Teixeira Vieira

33 39

^alógeras. financista — A. C. Salles Júnior ^ 8 perfis — Antônio Gontijo de Carvalho

29

aralelo entre Raul Soares e Francisco Sales — Daniel de Carvalho problema -e.-

e um repositório precioso cie informüções guardadas sob sigilo ' absoluto e confiadas exdusim e ditelamenle aosinteressadas.

dos solos ácidos — José Setzer

Q uturo l^^dustrialização" da cafeicultura — J. Testa Banco Central e o mercado de capitais —

Geraldo Banaskiwitz

anifesto burguôs — João de Oliveira Filho as profundidades da revolução comunista — Cândido Mota Filho

habitabilidade dos trópicos — Pimentel Gomes

53

'3

Q vulgação doa problemas filosóficos — Realismo — Paulo Edmur de Sousa Queiroz 85 espólio do banqueiro dos bandeirantes — Afonso de Taunay

reve história da pecuária sul-riograndense — Nelson Werneck Sodré

ifvtz-Se aóx neSSe eaaócSÓéo

52 50

usto da produção e renda das culturas de algodão e milho — Oscar Ettori

RUA BOA VISTA, 51 — 9.° ANDAR — FONE 3-1112

N.o 76

MARÇO DE 1951 — ANO Vil

93

98

104


o DIGESTO ECONOMICO ESTA X VENDA

Melhor Proteção Aos

nos principais pontos de jornais no Brasil, ao preço tíe Cr$ 5,00. Os nossos agentes da relação abaixo estão aptos a suprir qualquer encomenda, bem como a receber pedidos de assinaturas, ao preço de Cr$ 50,00 anuais.

Motores Diesel :{

Para cada tipo de motor, um óleo especial-

Agenle geral para o Brasil FERNANDO CHINAGLIA

Avenida Presidente Vargas, 502, 19.o andar Rio de Janeiro

Alagoas: Manoel Espíndola, Praça Pe dro II, 49, Maceió. Amazonas; Agência Freitas, Rua Joa

quim Sarmento, 29, Manaus.

fruto de 84 anos

Paraná; J. GhJa/tnone. Rua 15 de No vembro, 423. Curitiba.

Pernambuco: Fernando Chinaglla, Rua do Imperador, 221, 3.o andar,

de experiência em iubrificacão

Recife.

Bahia:

Alfredo J. de Souza & Cia.,

R. Saldanha da Gama, 6. Salvador.

Ceará: J. Alaor de Albuquerque Zc Cia. Praça do Ferreira, 621, Fortaleza.

Espírito Santo: Viuva Copolllo & Fi lhos, Rua Jerônimo Monteiro, 361, Vitória.

Rio dô Janeiro: Fernando Chinaglia. Av. Presidente Vargas, 502, jg.o

6721-9

andar.

o mesmo lubrificante que dá resultados plenamente satisfatórios nos antigos motores, poderá causar depósitos prejudiciais em seu novo Diesel... Para atender aos diferentes requisitos dos motores Diesel, a Socony-Vacuum oferece uma linha com pleta de lubrificantes para os Diesel de ontem...

Rio Grande do Norte: Luís Romflo, Avenida Tavares Lira, 48, Natal.

Goiás: João Manarlno. Rua Setenta A, Goiânia.

Marsnhüo:

Piauí: Cláudio M. Tote, Tereslna.

PJo Grando do Sul: Sómcnte para Por

to Alegre; Octavio Sagebin, Rua

Livraria Universal, Rua

João Lisboa. 114. São Luiz.

7 de Setembro. 709. Porto Alegro. Para locais fora de Pôrto Alegre: Fernando Chinaglia, R. de Janeiro.

Mato Grosso: Carv.ilho. Pinheiro & Cia., Pça. da República, 20, Cuiabá.

Santa Catarina; Pedro Xavier «Çc Cia., Rua Felipe Schmldt, O, Florlanóp.

Minas Gerais: Joaquim Moss Velloso,

SSo Paulo: A Intelectual, Ltda., Via duto Santa Eíigênla, 281. S. Paalo.

Avenida dos Andradas. 330, Belo Horizonte.

Psrá' Albano H. Martins & Cia., Tra

vessa Campos Sales, 85/89, Belém,

Puraiba: Loja das Revistas. Rua Ba

rão cio Triunfo, 510-A. João Pessoa.

de hoje-.- e de amanhai Esta famosa linha inclui

óleos detergentes e não-detergentes. óleos com inibidores da oxidação e óleos minerais puros — todos notáveis em sua respectiva classe. Nosso Departamento Técnico indicará os óleos cor retos para os motores Diesel de V. S. Consulte-o.

Sergipe: Livraria Regina Ltda., Rua

Concessionário:

João Pessoa, 137, Aracaju.

cm. MATE LARAHJEIRfl S. A.

Território do Acro: Diógencs de Oli

7

Lubnficantes

São Paulo.Rua Brigodeiro Tebios, 356

n

veira, Rio Branco.

i

a).-


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Concessionários

a SEME\TEIRil DE

NASCIMENTO 8e COSTA, LTDA.

Importadores e distribuidores, de se mentes de ortaliças e flores dos

Ê

Automóveis e Caminhões

€ia. de

melhores cultivadores.

Autcmóveis

Alexandre tiornsteín

SEMENTES

SÃO

MARCA REGISTRADA

PAULO

Escritório, vendas e secção de ^

VENDAS POR ATACADO E VAREJO

pecas

Remessas pelo reembolso postal.

RUA CAP. FAUSTINO LIMA, 105

LARGO GENERAL OSORIO, 25 — TELEFONE; 4-5271

Telefones:

End. Telegr.: "SEMENTEIRA"

SÃO PAULO

IMPORTAÇÃO — REPRESENTAÇÕES

RUA CLAUDINO PINTO, 55

Escritório e vendas . . . 2-8738

Secção de peças

O iV

OFICINAS:

2-4564

Telefone: 2-8740 CAIXA POSTAL, 2840 — SÃO PAULO —

BANCO DO BRASIL S. A. RUA ALVARES PENTEADO, 112 — SÃO PAULO

COMISSÁRIOS — EXPORTADORES

Enderêço Telegráfico "Satélite" COBRANÇAS — DEPÓSITOS — EMPRÉSTIMOS — CÂMBIO —

CUSTÓDIA — ORDENS DE PAGAMENTO — CRÉDITO AGRÍCOLA E INDUSTRIAL — CARTEIRA DE

EXPORTADORA E COMISSÁRIA

FINANCIAMENTO. TAXAS DAS CONTAS DE DEPÓSITO:

PAULISTA LTDA.

POPULARES (limite até Cr§ 10.000,00) LIMITADOS — Até Cr$ 50.000,00 ...

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Até Cr$ 100.000,00

3 % a.a. 2 % a a

SEM LIMITE 6.° andar Fones: 3-2093 e 2-6425

R. FREI GASPAR. 12 2.® andar Fones: 2-7979 e 2-3656

Telegramas: Excopa.

Telegreunas: Excopa

SÃO PAULO

SANTOS

R. 15 DE NOVEMBRO, 330

PRAZO FIXO — 12 meses

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. 5 % a.a!

PRAZO FIXO (com pagamento mensal de jioros)' — 12 meses

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AVISO PRÉVIO — 90 dias

;;:;: 18% aia!

60 dias

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TT^^rr

Que 8' íovestioieoto?

DIGGSTO EMÜHICO • luioo 00$ noocit» nm riiioiu ■uhl Pub/icado <ob «i ampícíai do

Richard Lewinsohn

yh

ISSOCIACtO COMERCIRIDE SlO FAUU

A

PERGUNTA que encabeça este artigo parecerá muito banal àque les que o sabem ou acreditam sabe-lo. Mas, para os outros que o ignoram

FEDERADO DO COMtRCIO BO ESTADO OE SlO FAÜIO

ou que têm algumas dúvidas a res Dlrelor tuperialendonlo: Marllm Affozuo Xavior da SUvotra

O Dígesto Ecoiiòmioe ^publicará no próximo número: MACHIAVEL E OS TEMPOS - A. C.

íormacOes econõnilcu e tlnancci-

DO

CALCÁREO

NO

direção não ae responeablUza

pelos dados cujas fontes estejam devidamente

citadas,

nem

pelos

conceitos emitidos em artigos asai» □ados

CARACTERÍSTICAS DO DESENVOL VIMENTO INDUSTRIAL DO BRA

SIL — Moacyr Paixão.

Na transcrição de artigos pede-se citar o nome do D1 g o s i o Cconómlce.

sentido

eco

nômico, já .SC leia todos os dias nos Consultando o "Grande e Novíssimo

PKOBLEMA

BRASIL — S. Frocs Abreu.

A

Embora a pala no

sos mais famosos dicionários.

O Digoflo EeoBómlee, 6rgSo de InEditora Comercial Ltda.

"investimento",

jornais, ela ainda não entrou nos nos

Sallcs Júnior. raa, é publicado menaalmente pela

ta clara e simples. vra

Diretor:

Antozilo Gonlljo do Carvalho

peito, não é fácil obter uma respos

Dicionário da Língua Portuguesa" organiziido por Laudclino Freire (A Noite Editora, Rio do Janeiro, 1942), encontra mos no terceiro dos seus monumentais

cinco volumes a breve definição: "In vestimento = dc investir + mente. Ato Ou efeito de investir".

PREVISÃO ECONÔMICA - Roberto Pinto do Sousa.

O têrmo "in

Acelta-se Intercâmbio com publi trangeiras

O IDEALISMO — Paulo Edmur de

Sousa Queiroz,

ASSIIfATURAI:

Dlgoslo Ecenómlee

Ano (simples) " (registrado) Número do mês: Atrasado:

Cr$ Crf CrS Crf

50,00 58,00 5,00 8,00

O

Redação • Administração: riaduto Boa VUla, «7 - 7.e andar TeL 9-7419 — Caixa Poilal, I4I-B fio Paulo

recente, o "Dicionário de Sinônimos e

Locuções da Língua Portuguesa", orga nizado por Agenor Costa (Departamen to da Imprensa Nacional, Rio de Ja neiro, 1950). No II volume, pág. 1.288, encontramos a pala\Ta em foco com as

definições: "Ataque, investida, investidura". Mais uma vez decepcionados,. voltar)Tos à página 1.287, onde se encon tra uma notícia longa e muito douta sôbre a palavra "inversão". Aqui vai o

essencial:

"Inversão

Alteração,

anástrofe; ato homossexual; comutação, contraversão, ehálage, liipérbato,' inverso,

mudança do posição, perversão, sínquise, transposição, troca".

Ficamos ainda in-

fomíudos que hipálage é a inversão de

palavras, e triquíase a invensão dos pêlos

tes definições, mas nenhuma dentre elas refere-se ao sentido econômico da pa

a inversão dc dinheiro.

não nos deixamos desanimar.

Encon-'

das pestanas. Mas, nada ouvimos sobre Entretanto, nesta obra ultra-nioderna

já se acha a palaxTa "investidor". Tah ez seja uma pessoa que aplica um capital

traríamos talvez a solução do enigma sob o sinônimo "inversão", que alguns pre

na subscrição de títulos? O Dicionário

ferem por ser sua forma mais latina. Realmente, ficamos logo instiuídcjs de

responde lacônicamente: "Investidor —

que a palavra "inversão" provém do

latim "inversio", que significa "ação de

'f

saber o que é investimento... Passamos para úma obra ainda mais

vestir" é mais favorecido. Enche tôda uina coluna. Oferecem-se sete diferen

lavra. Estamos numa pista errada. Mas,

cações congêneres nacionais e es

mente e.xato, mas não ajuda muito para

inverter, caráter do que é invertido". Seguem exemplos, como este: "O Egito inverteu o culto". Aprendemos ainda que "inverter" significa também "colo car num sentido oposto a outro; trocar

a ordem da colocação; mudar, trocar, alterar, transformar". Tudo isso é certa

do Departamento da Imprensa Nacional Acomotedor."

As pesquisas nos grandes dicionários franceses não são muito mais fnituosas.

Ignoram também o têrmo "investissement" no sentido econômico. Só o "Petit

Larousse" dá um passo para frente. Diz ainda: "Investissement — Action d'inves-

tir une place", mas, para o verbo "in vestir" menciona em último lugar: "Néologisrae: Placer des fonds".


TT^^rr

Que 8' íovestioieoto?

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SIL — Moacyr Paixão.

Na transcrição de artigos pede-se citar o nome do D1 g o s i o Cconómlce.

sentido

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nômico, já .SC leia todos os dias nos Consultando o "Grande e Novíssimo

PKOBLEMA

BRASIL — S. Frocs Abreu.

A

Embora a pala no

sos mais famosos dicionários.

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jornais, ela ainda não entrou nos nos

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Diretor:

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peito, não é fácil obter uma respos

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Cr$ Crf CrS Crf

50,00 58,00 5,00 8,00

O

Redação • Administração: riaduto Boa VUla, «7 - 7.e andar TeL 9-7419 — Caixa Poilal, I4I-B fio Paulo

recente, o "Dicionário de Sinônimos e

Locuções da Língua Portuguesa", orga nizado por Agenor Costa (Departamen to da Imprensa Nacional, Rio de Ja neiro, 1950). No II volume, pág. 1.288, encontramos a pala\Ta em foco com as

definições: "Ataque, investida, investidura". Mais uma vez decepcionados,. voltar)Tos à página 1.287, onde se encon tra uma notícia longa e muito douta sôbre a palavra "inversão". Aqui vai o

essencial:

"Inversão

Alteração,

anástrofe; ato homossexual; comutação, contraversão, ehálage, liipérbato,' inverso,

mudança do posição, perversão, sínquise, transposição, troca".

Ficamos ainda in-

fomíudos que hipálage é a inversão de

palavras, e triquíase a invensão dos pêlos

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'f

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mente e.xato, mas não ajuda muito para

inverter, caráter do que é invertido". Seguem exemplos, como este: "O Egito inverteu o culto". Aprendemos ainda que "inverter" significa também "colo car num sentido oposto a outro; trocar

a ordem da colocação; mudar, trocar, alterar, transformar". Tudo isso é certa

do Departamento da Imprensa Nacional Acomotedor."

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Ignoram também o têrmo "investissement" no sentido econômico. Só o "Petit

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•• -'- y

Digiísto Econômico

Origem e tramiormação

As explicações dos filólogos mostram

que o verbo latino "investirtí" já foi - utilizado em vários sentidos: significou a investidora de altos dignitários, em

particular eclesiásticos, mas também ex primiu o cérco, o sítio de uma praçufortc pelas forças armadas de um adver sário. Os dicionários ingleses e ame ricanos notam, embora em segundo lu-

■ . gar: "investment - the act of besieging

or blockading" — o ato de sitiar ou blo(jueaí.

Não ü certo se os ingleses, que foram

os primeiros a usar as palavras "invest"

li P

Investir é uma técnica, até

que garantam tanto qtianto possível a

mente entre os escoceses — famosos pelo seu espírito parcimonio.so. Nas vésperas da ultima guerra mundial existiam na Inglaterra 230 "Invcslmeut Trusts", com

I

dos economistas.

J

não o conhecia. Mas, na geração segnin-

f

te, seu grande discípulo David Ricardo já fala na possibilidade de "invest capi

370 milhões de libras de capital. O

tal" em diferentes atividades. Cita mes

sistema propagou-sc também no conti

Eslado.s Unidos, onde, porém, s(aj ca

no sentido moderno (J).

ses que tinham concedido grandes emIjrcstimos às jovens Repúblicas da Amé rica do Sul mostravam-se ansiosos, pois

algumas dentre elas não pagavam os

juros pontualmente. Vendiam os tí tulos a preço baixo, mas faziam outro "investment" em valores ainda mais

especulativos: em ações das novas companliias ferroviárias. Tal especulação ter (1) "The Principies of Political Ecoiio-

my and Taxation" (1817), cap. XIX.

Investimento nacional

inconveniente é que o in\ cstimento in

de se providenciar dinheiro mediante

conjunto tem feito num determinado

inflação.

Não obstante, os investimen

tos om títulos desse tipo são conside rados como os mais seguros. Os ban

cos americanos aplicam permanente mente pelo menos a metade de .seus

depósitos — atualmente 75 bilhões de dólares - cm títulos governamentais que figuram expressamente nas estatís

nente europeu e, mais recentemente, no.s

nica" onde o termo é igiialmcntc u.sado

a compra de ouro. Mas, pode consistir também em pedras preciosas, ou numa tela de Rembrandt, ou - em qualquer outro objeto durável.

rança não é baseada na produtividade

do capital aplicado, mas simplesmen te na soberania do Estado, no seu po der tributário, ou até no seu poder

mento te\c grande sucesso, principal

zam. O protótipo desse in%estiniento é

É ób\ io que um termo tão amplo e multíformo não oferece grande interesse para a ciência econômica, nem para pro pósitos práticos, levantamentos estatísti

Inir o déficit do governo. Sua segu

Com esse objcti\'ü formaram-sc em meados do século passado, cm Londres,

\'alor, ao passo que outros ?ô desvalori

de dólares. Foram emitidos durante a guerra, e já antes, durante a grande eriso, ou ainda recentemente, para co-

Estados Unidos circulam 260 bilhões

.segurança do capital.

verbo "to invest" entrou na linguagem

; mente uns vinte anos mais tardo e. curiosamente, em relação a inversões na América Latina. Os capitalistas ingl<}-

Só em títulos da dívida pública dos

uma arte. São necessários especialistas

mo de risco. O novo sistema de investi

A palavra "investment" aparece, sò-

O maior campo para investimentos con.sisto em títulos da dívida pública.

versão S()!ida, c o que era mera espe

pulso provinha du doniíiiio iiiilitar. Foi durante as guerras napüleiVniea.s (pie o

mo uma frase da "Encyclopaedia Britan-

ao processo de produção.

ceiras para saberem o que era uma in

os primeiros "Investment Trusts", com-

Adam Smith ainda

títulos que representam uma fábrica, ■oins também em valores não ligados

mente, muitos ingleses ricos não se ocupavam bastante com as coisas finan

panliias que reuniam os cajiilai.s de um grupo de pessoas para insesti-los cm tí tulos de renda que oferecíaii) tiii) míni-

va ou militar. O período cm que ocor

dor pode aplicar seus fundos em terrps, em máquinas, em imóveis, em

degenerar numa especulação. Deve ser .separado de operações bolsistas. Certa

tiraram-nas da terminologia administrati reu essa adaptação faz supíjr (jiiu o iin-

o capital fixo dos clássicos. O investi

O "investment", diziam cies, não deve

o "investment" no sentido econômico,

'.V.

Dicesto Econômico

minou cm 1847 num f()rmidá\'el colapso. Afinal, os buiupicíros sérios reagiram.

culação.

.

ticas bancárias como "ínvestments".

cos, incidências fiscais, etc.

O maiot

dividual, no sentido acima exposto, não fornece nenhuma indicação a respeito dos investimentos que o país no seu • período.

Se conhecermos, por exemplo, o mon tante di; todos os investimentos indivi

duais feitos no ano passado no Brasil e, por outro lado, exatamente o montaiHc

da renda nacional, ainda não pocleriajnos dizer que parte da renda foi utiliza da para im-estimcntos. Pois, a grande maioria dos investimentos individuais são

ráter mudou. Os "Investment Trusts"

A maioria dêsses títulos é negoeiá-

apenas aquisições de valores existcnus,

americanos foram menos prudentc.s cpic os ingleses c ficaram gravemente afe

■jenhuma obriga,úo para o investido;

Ao investimento do comprador corres

O investimento não . inclui, pois

UO manter seus fundos numa forma Pode realizar todos os dias seu

tados pelo craque cni 1929. Só nos úl timos anos alguns "Invc.stment Tnists" ganharam novamente em Wall Street

tasse a operações deste gênero, sua de

finição seria fácil.

aums o mvestidor espera um luero ,,1-

numa viagem de turismo ao estrangeiro.

cadonas que nada rendem, mas dos

So o termo "investimento" se limi

terior pelo aumento dos preços. E mes mo esse fator nem sempre é decisivo.

Seria a aplicação

de dí.sponibilidades monetárias cm va

IN ao raros são os investimentos por mero

lores determinados. Podem ser valo res dos mais diversos. Investimento,

motivo de segurança, na expectativa dc que determinado objeto guardará seu

neste sentido, nada tem de comum com 'ii.

Mesmo tratando-sc de um investimento

muitos in-

Sm r

IncesUmento individual

ponde um desinvestimento do vendedor.

dos mais produtivos e úteis para a economia nacional, o efeito pode ,scr até negativo para a riquesa do país se o vendedor gastar o produto de sua venda

noção do mvestimento também não de-

certa importância.

meras transferências, mudanças de dono.

em bens de consumo imediato, digamos, A fim de evitar tais confusões e con

tradições, vários economistas modernos esforçaram-se em dar ao têmio "inves timento" um sentido mais restrito, mas

mais expressivo.

Ganhou particular

reputação a fórmula de Keynes que de- ,


•• -'- y

Digiísto Econômico

Origem e tramiormação

As explicações dos filólogos mostram

que o verbo latino "investirtí" já foi - utilizado em vários sentidos: significou a investidora de altos dignitários, em

particular eclesiásticos, mas também ex primiu o cérco, o sítio de uma praçufortc pelas forças armadas de um adver sário. Os dicionários ingleses e ame ricanos notam, embora em segundo lu-

■ . gar: "investment - the act of besieging

or blockading" — o ato de sitiar ou blo(jueaí.

Não ü certo se os ingleses, que foram

os primeiros a usar as palavras "invest"

li P

Investir é uma técnica, até

que garantam tanto qtianto possível a

mente entre os escoceses — famosos pelo seu espírito parcimonio.so. Nas vésperas da ultima guerra mundial existiam na Inglaterra 230 "Invcslmeut Trusts", com

I

dos economistas.

J

não o conhecia. Mas, na geração segnin-

f

te, seu grande discípulo David Ricardo já fala na possibilidade de "invest capi

370 milhões de libras de capital. O

tal" em diferentes atividades. Cita mes

sistema propagou-sc também no conti

Eslado.s Unidos, onde, porém, s(aj ca

no sentido moderno (J).

ses que tinham concedido grandes emIjrcstimos às jovens Repúblicas da Amé rica do Sul mostravam-se ansiosos, pois

algumas dentre elas não pagavam os

juros pontualmente. Vendiam os tí tulos a preço baixo, mas faziam outro "investment" em valores ainda mais

especulativos: em ações das novas companliias ferroviárias. Tal especulação ter (1) "The Principies of Political Ecoiio-

my and Taxation" (1817), cap. XIX.

Investimento nacional

inconveniente é que o in\ cstimento in

de se providenciar dinheiro mediante

conjunto tem feito num determinado

inflação.

Não obstante, os investimen

tos om títulos desse tipo são conside rados como os mais seguros. Os ban

cos americanos aplicam permanente mente pelo menos a metade de .seus

depósitos — atualmente 75 bilhões de dólares - cm títulos governamentais que figuram expressamente nas estatís

nente europeu e, mais recentemente, no.s

nica" onde o termo é igiialmcntc u.sado

a compra de ouro. Mas, pode consistir também em pedras preciosas, ou numa tela de Rembrandt, ou - em qualquer outro objeto durável.

rança não é baseada na produtividade

do capital aplicado, mas simplesmen te na soberania do Estado, no seu po der tributário, ou até no seu poder

mento te\c grande sucesso, principal

zam. O protótipo desse in%estiniento é

É ób\ io que um termo tão amplo e multíformo não oferece grande interesse para a ciência econômica, nem para pro pósitos práticos, levantamentos estatísti

Inir o déficit do governo. Sua segu

Com esse objcti\'ü formaram-sc em meados do século passado, cm Londres,

\'alor, ao passo que outros ?ô desvalori

de dólares. Foram emitidos durante a guerra, e já antes, durante a grande eriso, ou ainda recentemente, para co-

Estados Unidos circulam 260 bilhões

.segurança do capital.

verbo "to invest" entrou na linguagem

; mente uns vinte anos mais tardo e. curiosamente, em relação a inversões na América Latina. Os capitalistas ingl<}-

Só em títulos da dívida pública dos

uma arte. São necessários especialistas

mo de risco. O novo sistema de investi

A palavra "investment" aparece, sò-

O maior campo para investimentos con.sisto em títulos da dívida pública.

versão S()!ida, c o que era mera espe

pulso provinha du doniíiiio iiiilitar. Foi durante as guerras napüleiVniea.s (pie o

mo uma frase da "Encyclopaedia Britan-

ao processo de produção.

ceiras para saberem o que era uma in

os primeiros "Investment Trusts", com-

Adam Smith ainda

títulos que representam uma fábrica, ■oins também em valores não ligados

mente, muitos ingleses ricos não se ocupavam bastante com as coisas finan

panliias que reuniam os cajiilai.s de um grupo de pessoas para insesti-los cm tí tulos de renda que oferecíaii) tiii) míni-

va ou militar. O período cm que ocor

dor pode aplicar seus fundos em terrps, em máquinas, em imóveis, em

degenerar numa especulação. Deve ser .separado de operações bolsistas. Certa

tiraram-nas da terminologia administrati reu essa adaptação faz supíjr (jiiu o iin-

o capital fixo dos clássicos. O investi

O "investment", diziam cies, não deve

o "investment" no sentido econômico,

'.V.

Dicesto Econômico

minou cm 1847 num f()rmidá\'el colapso. Afinal, os buiupicíros sérios reagiram.

culação.

.

ticas bancárias como "ínvestments".

cos, incidências fiscais, etc.

O maiot

dividual, no sentido acima exposto, não fornece nenhuma indicação a respeito dos investimentos que o país no seu • período.

Se conhecermos, por exemplo, o mon tante di; todos os investimentos indivi

duais feitos no ano passado no Brasil e, por outro lado, exatamente o montaiHc

da renda nacional, ainda não pocleriajnos dizer que parte da renda foi utiliza da para im-estimcntos. Pois, a grande maioria dos investimentos individuais são

ráter mudou. Os "Investment Trusts"

A maioria dêsses títulos é negoeiá-

apenas aquisições de valores existcnus,

americanos foram menos prudentc.s cpic os ingleses c ficaram gravemente afe

■jenhuma obriga,úo para o investido;

Ao investimento do comprador corres

O investimento não . inclui, pois

UO manter seus fundos numa forma Pode realizar todos os dias seu

tados pelo craque cni 1929. Só nos úl timos anos alguns "Invc.stment Tnists" ganharam novamente em Wall Street

tasse a operações deste gênero, sua de

finição seria fácil.

aums o mvestidor espera um luero ,,1-

numa viagem de turismo ao estrangeiro.

cadonas que nada rendem, mas dos

So o termo "investimento" se limi

terior pelo aumento dos preços. E mes mo esse fator nem sempre é decisivo.

Seria a aplicação

de dí.sponibilidades monetárias cm va

IN ao raros são os investimentos por mero

lores determinados. Podem ser valo res dos mais diversos. Investimento,

motivo de segurança, na expectativa dc que determinado objeto guardará seu

neste sentido, nada tem de comum com 'ii.

Mesmo tratando-sc de um investimento

muitos in-

Sm r

IncesUmento individual

ponde um desinvestimento do vendedor.

dos mais produtivos e úteis para a economia nacional, o efeito pode ,scr até negativo para a riquesa do país se o vendedor gastar o produto de sua venda

noção do mvestimento também não de-

certa importância.

meras transferências, mudanças de dono.

em bens de consumo imediato, digamos, A fim de evitar tais confusões e con

tradições, vários economistas modernos esforçaram-se em dar ao têmio "inves timento" um sentido mais restrito, mas

mais expressivo.

Ganhou particular

reputação a fórmula de Keynes que de- ,


Dicesto Econónuco

0ir.ESTO Econômico

fine o "investimento corrente" como

"acréscimo corrente ao valor do equi

pamento cm capital, resultando da ativi dade produtiva do período" (2). Esta fórmula, um tanto obscura, esclarece-se

pela famosa tese de Keynes, segundo a qual o total dos investimentos é sempre

síderado.s como inve.stiincnlos, na medi

tou em 1950 sua área cultivada de 900

da em que seu valor for maior no fim do que no início do ano. Segundo essa definição, o Brasil, por

centemente levada ã cultura se valorizou

tras palavras, investimento é a parte não

acumulando involuntàriamcnte estoques

Tal definição não era, de maneira al

antes da publicação da célebre obra de Keynes, o economista inglês Edwin

"investimento", o segundo "desinves-

mundo são, em suma, idênticos.

São

^'estimentos.

Mas, se, em cpiisequên-

dessa inversão, o valor da terr.a au"^entou acima do custo, isso não é mais,

"O estrito sentido da palavra, um invesmiento. Dá-se o mesmo para jazidas,

to, sôbrc seu efeito econômico. Registra .simplesmente .se houve, no confronto da

"As

os adicionais feitos à riquezii acumula

o que as de.spesas em capital nece.ssária.s para èssc empreendimento são in-

diz sobre a produtividade do investimen

economias c os novos investimentos no

veslmcnt" no "Pelgrave's" (3):

mil hectares. É claro que a terra re

de café para os quais na época não se aclmvanr compradores. A fórmula ii;ula

receita e despesa do país, um "superas il" ou um "déficit". O primeiro cbama-si'

Cannan escrevia no seu artigo "In-

bém são investimentos. O Brasil aumen

toques de mercadorias dex eriam s>t con-

igual ao total das economias. Em ou

guma, inédita. Já em 1926, dez anos

cidos gratuitamente pela natureza tam

cm poder de particulares c todos os cs

e.xemplo, fazia grandes inve.stimcntos

consumida da renda.

saber se investimentos em bens ofere

todos os bens não duráveis de consumo

orcstas e outras riquezas naturais, que 1'^ c.xistiam e pertcnciàm ao Brasil antes ^ • serem exploradas.

A questão é de particular importáncra

quando se calcula o total dos investi

timento". É uma fórmula puramente' estática, que nada indica sobre o futu

mentos feitos na construção de imóvei.s.

A noção de investimento tem nccessària-

u-s despesas aplicadas no terreno para

um parcela no valor de 200 milhões de

mentc um sentido dinâmico. Implica a

preparar a construção são naturalmente

libras de sua produção anual não é con sumida, mas acrescentada à sua riqueza

expectativa de que, en. conseqüência

de uma transação financeira feita hoje,

investimentos, mas a valorização do ter reno que ultrapassa o custo inicial não

acumulada ou ao seu capitai".

o investidor e a economia na sua to

o

tinha afirmado o contrário, fêz correr

sua fortuna individual, aumento da pro dução de uma usina, aumento da pro dução nacional.

muito para a solução do problema com

gico reservar o termo "investimento" á

que lios ocupamos aqui. É mesmo bas tante equívoca. Implica em que todos

aplicação de fundos em bens de pro dução, ou, pelo menos, em bens de ca

os bens, não somente os bens de pro

pital; quer dizer, em bens durávtris ou cm títulos que representem, sem equí

produção, mais bens duráveis de consu

mo, em particular casas), como também (2) "The General Theory of Ernployment Interest and Money) (1936), pág. 62.

(3) "Pelgrave's Dictionary of Political

Economy". vol. II, pág. 456.

Por essa razão, parccc-nos mais ló

Cünfundi-Ios.

Depreciação e investimento novo

Outra questão, mais importante ainda

pura a contabilidade nacional, refere-se

voco. bens dessa categoria. Valores criados e naturais

Ainda com essas limitações, o têrmo está longe de ser perfeitamente claro. Surge, antes de mais nada, a questão de

É mesmo um

dos principais objetivos do investimento ubter uma valorização superior ao capi tal aplicado, sendo de grande interesse observar e comparar a evolução desses dois elementos da riqueza nacional sem

Invcstiiiiento é uma

safra.

dução ou os bens de capital (bens de

u idêntica às inversões.

espécie de semente que deve dar uma

hectolitros de tinta. Infelizmente, a fórmula Cannan-Keynes não contribui

é.

Eni princípio, deve-se concluir, destas reyes qbserx'ações, que a valorização verificada num período determinado não

vantagens: aumento de sua renda ou de

a depreciação. Todo p capital fixo —

■Â:x'

bens. Mas, já para todo um raino da indústria e da agricultura, a questão é mais complicada, e muito mais ainda se

se quer avaliar a depreciação para todo o capital aplicado no país. Os países mais avançados no domínio da contabilidade nacional fazem regu

larmente estimativas a respeito. O Depiutamento do Comércio dos Estados Unidos calcula trimestralmente o investi

mento bruto particular. Em 1949, èste

atingiu 33,4 bilhões de dólares — inclu sive uma pequena parcela oriunda do estrangeiro — ou sejam 13 % da renda bilhões de dólares (7,4%) a título de depreciação. O investimento líquido sc

as economias anuais num país atingem

com uma parcela apreciável. Nesse caso,

talidade obterão posteriormente certas

essa taxa cm vista da durabilidade da

maquinaria, dos imóveis e de outros

baita, estimada em 256 bilhões.

200 milhões de libras, is.so significa que

Enquanto a nota de Cannan ficou qua se desapercebida, a mesma tese, apre sentada sob forma matemática por Keynes, que poucos anos antes ainda

embora nem sempre fácil — calcula;

Nesse total, o preço do terreno entra

ro. Mas, é precisamente isso que intore.ssa quando se fala em investimentos.

da do mundo... Quando se diz que

presa individual é, em geral, possível -

com exceção do valor da terra, que não constitui verdadeiro investimento — é

sujeito a depreciação. taxa de depreciação?

Mas, qual é a Para uma em

Mas,

por outro lado, foram deduzidos 18,8 reduziu, portanto, a 5,6% da renda bruta, o que eqüivale a 6,7 % da renda nacional (líquida) de 217 bilhões na quele ano.

A estatística iuglêsa procede tècnicamento de modo diferente, mas chega a resultados semelhantes.

Estimou, para

o ano de 1948, a depreciação em 825

milhões de libras, igual a 7,9% da renda bruta (10,5 milhões) é a 8,4%

da renda nacional (9,7 bilhões), en

quanto o investimento líquido ascendeu a 1.165 milhões (10,9 % da renda bruti e 12% da renda nacional).

As percentagens diferem naturalmente de um país para outro e de um ano para outro, mas os estudos feitos no estran

geiro facilitarão cálculos análogos para o Brasil.

Será um trabalho árduo, mas

indispensável. Sem ,essa base, toda po lítica de investimento não passará de um tatear no escuro.


Dicesto Econónuco

0ir.ESTO Econômico

fine o "investimento corrente" como

"acréscimo corrente ao valor do equi

pamento cm capital, resultando da ativi dade produtiva do período" (2). Esta fórmula, um tanto obscura, esclarece-se

pela famosa tese de Keynes, segundo a qual o total dos investimentos é sempre

síderado.s como inve.stiincnlos, na medi

tou em 1950 sua área cultivada de 900

da em que seu valor for maior no fim do que no início do ano. Segundo essa definição, o Brasil, por

centemente levada ã cultura se valorizou

tras palavras, investimento é a parte não

acumulando involuntàriamcnte estoques

Tal definição não era, de maneira al

antes da publicação da célebre obra de Keynes, o economista inglês Edwin

"investimento", o segundo "desinves-

mundo são, em suma, idênticos.

São

^'estimentos.

Mas, se, em cpiisequên-

dessa inversão, o valor da terr.a au"^entou acima do custo, isso não é mais,

"O estrito sentido da palavra, um invesmiento. Dá-se o mesmo para jazidas,

to, sôbrc seu efeito econômico. Registra .simplesmente .se houve, no confronto da

"As

os adicionais feitos à riquezii acumula

o que as de.spesas em capital nece.ssária.s para èssc empreendimento são in-

diz sobre a produtividade do investimen

economias c os novos investimentos no

veslmcnt" no "Pelgrave's" (3):

mil hectares. É claro que a terra re

de café para os quais na época não se aclmvanr compradores. A fórmula ii;ula

receita e despesa do país, um "superas il" ou um "déficit". O primeiro cbama-si'

Cannan escrevia no seu artigo "In-

bém são investimentos. O Brasil aumen

toques de mercadorias dex eriam s>t con-

igual ao total das economias. Em ou

guma, inédita. Já em 1926, dez anos

cidos gratuitamente pela natureza tam

cm poder de particulares c todos os cs

e.xemplo, fazia grandes inve.stimcntos

consumida da renda.

saber se investimentos em bens ofere

todos os bens não duráveis de consumo

orcstas e outras riquezas naturais, que 1'^ c.xistiam e pertcnciàm ao Brasil antes ^ • serem exploradas.

A questão é de particular importáncra

quando se calcula o total dos investi

timento". É uma fórmula puramente' estática, que nada indica sobre o futu

mentos feitos na construção de imóvei.s.

A noção de investimento tem nccessària-

u-s despesas aplicadas no terreno para

um parcela no valor de 200 milhões de

mentc um sentido dinâmico. Implica a

preparar a construção são naturalmente

libras de sua produção anual não é con sumida, mas acrescentada à sua riqueza

expectativa de que, en. conseqüência

de uma transação financeira feita hoje,

investimentos, mas a valorização do ter reno que ultrapassa o custo inicial não

acumulada ou ao seu capitai".

o investidor e a economia na sua to

o

tinha afirmado o contrário, fêz correr

sua fortuna individual, aumento da pro dução de uma usina, aumento da pro dução nacional.

muito para a solução do problema com

gico reservar o termo "investimento" á

que lios ocupamos aqui. É mesmo bas tante equívoca. Implica em que todos

aplicação de fundos em bens de pro dução, ou, pelo menos, em bens de ca

os bens, não somente os bens de pro

pital; quer dizer, em bens durávtris ou cm títulos que representem, sem equí

produção, mais bens duráveis de consu

mo, em particular casas), como também (2) "The General Theory of Ernployment Interest and Money) (1936), pág. 62.

(3) "Pelgrave's Dictionary of Political

Economy". vol. II, pág. 456.

Por essa razão, parccc-nos mais ló

Cünfundi-Ios.

Depreciação e investimento novo

Outra questão, mais importante ainda

pura a contabilidade nacional, refere-se

voco. bens dessa categoria. Valores criados e naturais

Ainda com essas limitações, o têrmo está longe de ser perfeitamente claro. Surge, antes de mais nada, a questão de

É mesmo um

dos principais objetivos do investimento ubter uma valorização superior ao capi tal aplicado, sendo de grande interesse observar e comparar a evolução desses dois elementos da riqueza nacional sem

Invcstiiiiento é uma

safra.

dução ou os bens de capital (bens de

u idêntica às inversões.

espécie de semente que deve dar uma

hectolitros de tinta. Infelizmente, a fórmula Cannan-Keynes não contribui

é.

Eni princípio, deve-se concluir, destas reyes qbserx'ações, que a valorização verificada num período determinado não

vantagens: aumento de sua renda ou de

a depreciação. Todo p capital fixo —

■Â:x'

bens. Mas, já para todo um raino da indústria e da agricultura, a questão é mais complicada, e muito mais ainda se

se quer avaliar a depreciação para todo o capital aplicado no país. Os países mais avançados no domínio da contabilidade nacional fazem regu

larmente estimativas a respeito. O Depiutamento do Comércio dos Estados Unidos calcula trimestralmente o investi

mento bruto particular. Em 1949, èste

atingiu 33,4 bilhões de dólares — inclu sive uma pequena parcela oriunda do estrangeiro — ou sejam 13 % da renda bilhões de dólares (7,4%) a título de depreciação. O investimento líquido sc

as economias anuais num país atingem

com uma parcela apreciável. Nesse caso,

talidade obterão posteriormente certas

essa taxa cm vista da durabilidade da

maquinaria, dos imóveis e de outros

baita, estimada em 256 bilhões.

200 milhões de libras, is.so significa que

Enquanto a nota de Cannan ficou qua se desapercebida, a mesma tese, apre sentada sob forma matemática por Keynes, que poucos anos antes ainda

embora nem sempre fácil — calcula;

Nesse total, o preço do terreno entra

ro. Mas, é precisamente isso que intore.ssa quando se fala em investimentos.

da do mundo... Quando se diz que

presa individual é, em geral, possível -

com exceção do valor da terra, que não constitui verdadeiro investimento — é

sujeito a depreciação. taxa de depreciação?

Mas, qual é a Para uma em

Mas,

por outro lado, foram deduzidos 18,8 reduziu, portanto, a 5,6% da renda bruta, o que eqüivale a 6,7 % da renda nacional (líquida) de 217 bilhões na quele ano.

A estatística iuglêsa procede tècnicamento de modo diferente, mas chega a resultados semelhantes.

Estimou, para

o ano de 1948, a depreciação em 825

milhões de libras, igual a 7,9% da renda bruta (10,5 milhões) é a 8,4%

da renda nacional (9,7 bilhões), en

quanto o investimento líquido ascendeu a 1.165 milhões (10,9 % da renda bruti e 12% da renda nacional).

As percentagens diferem naturalmente de um país para outro e de um ano para outro, mas os estudos feitos no estran

geiro facilitarão cálculos análogos para o Brasil.

Será um trabalho árduo, mas

indispensável. Sem ,essa base, toda po lítica de investimento não passará de um tatear no escuro.


J-)íGKsrü Econômico

11

A sociedade política não é eon.stituí-

O significado político do corporativisnno

da por indivíduos solitários, que devem

J. P. Galvâo uk Sííusa

tendências ou opiniões. Êles já estão

agrupar-se em partidos confonne as suas

agrupados naturalmente na sociedade.

Em seus estudos sobre a representação proporcional, o Professor Ferdinand blemas econômicos c políticos do nosso

ser indispensáveis num determinado tipo

tempo, demonstrou como foí aquele

do democracia, não em todos. Na demo

sistema eleitoral que tornou possível o

cracia liberal c individualista, surgem

sucesso dos fascistas na Itália e o triun fo de Hitlcr na Alemanha (1).

como órgãos dc expressão da opinião pu

luun desaparecer na mente doentia de

Mas será apenas o sistema da repre-

scntução proporcional que vem, no di zer do ilustre autor dc DemocTactj or

V

atra\'és de famílias, cidades, grupos eco

nômicos e outras entidades coletivas que ^ reúnem sob uma autoridade comum. Constituído o ,instado, esses agrupa

A. Hermens, grande conhecedor dos pro

,.

A formação histórica do Estado dá-se

tadura do partido único a não .ser por meio da pluralidade partidária.

Nada mais falso. Os partidos podem

mas também oricnlá-la. Dissolvidos os

rio.s entre a Família e o Estado, apare-

eem os partidos pura subsliluí-los

.Sob alguns aspectos, o princípio ma joritário pode oferecer suas vantagens

quecem. Por que não substituir a repre

incontestáveis, mas se formos ao fundo

sentação partidária pela representação

prio regime de partidos, seja com a re presentação proporcional ou com a ma

joritária.- Está no sufrágio universal in dividualista e inorgânico, que, aliás, com 0 sistema da maioria, apresenta, em toda

a plenitude, o absurdo da "metade mais um" como critério da verdade política.

É o que muitos hoje já percebem cm face da desmoralização dos partidos c

do espetáculo degradante das assem bléias legislativas. Percebem mas te mem dize-lo, com receio de assim fa vorecerem a volta da ditadura. Não

^.êem outra saída, c acabam por aceitar o aue aí está. Alguns retiram-se enofados da vida política, enquanto outros, com muito boa vontade mas inteiramente

iludidos, procuram salvar a vida de um

doente atacado de moléstia incurável.

Se tal é, portanto, a constituição natu

ral da sociedade, c se o governo repre sentativo colüua dar a todo o po\'o re presentação junto ao Estado, de duas uma: ou serão repre

Pois aí está o de que muitos se es

Há pouco mais de

dros partidcírios não correspondem à or

dez anos, em prefácio

ganização natural da sociedade que vi

u tradução da obra de Roger Bonnard Sindi-

sam representar. Constituem uma c.xcrcs-

cência. Há casos que pocleríam ser apon tados como exceções, por exemplo o da Inglaterra. Entretanto, nã,o nos devemo.s esquecer dc que o.s partidos ingle ses se acham intimamente ligados a de

o^ Partido Conservador não tira a .sua força das chamadas classes conservado ras e do elemento aristocrático? Os partidos repartem e dividem, com prometem a unidade nacional, enfraquc,cem o poder. Acentuam o antagonis mo dos interesses, ao invés dc harmoni

democracia preparou o Estado totali tário, iJarticularmente quando organizada eleitoralmente sob o sistema da repre sentação proporcional, confonne a tose

do Hermens. Foi também pelos seus

tado democrático mo

derno abriu as portas para o totalitarismo.

rativü, escrevia The-

É por isso'chamado o

"Ninguém hoje

Estado-jurídico.

das velhas fór-

cuida de tutelar o direito. Entretanto, e já o Estado centralizador. Exerce o

tão de uZ esCr''"/"'-'' presentetiva" (s" " ^tmoorática e rc-

monopólio da vida jurídica, negando a capacidade normativo-juríclica dos gru pos. Abolindo as corporações de oficio

PoS'da^ Tincee.,.

o sufocando a autonomia municipal, con sumou a centralização político-adminis-

passar por lar Jar em em

™ltfdo de^ ' gusrra, e arriscam-se a

dias do 1,0]^

If-

porativo fascista corrompeu o corpora tivismo, cujos princípios lhe são muito mais antagônicos que.os próprios prin'cipios da liberal-democracia. Sim, por que não foi apenas de fato, na Alema nha, na Itália e noutros países, que a

O Estado liberal, dc início, reduz ao iniuimo as suas funç-õcs.

mulas dl r

volvimento do Partido Trabalhista sefn a base sindical do tradc-unionismo? E

Corruptio optimi fit pessivmm... di ziam os velhos filósofos. O Estado cor

cah^ua, Corporatiuise Eitado Corpo-

turá^^nlaís

terminadas classes ou grupos sociai.s. Como se poderia compreender o desen

dades.

princípios, que o Es

uma burla.

tidos é inexpressiva e fictícia. Os qua

entre um direito público construido de abstrações e a tradição viva das socie

neira de organizar a sociedade segimdo tais

a representação será

A representação feita através do.s par

cípios" de 1789 estabelecer o conflito

princípios e pela ma

sentados os grupos na turais e históricos, ou

corporativa?

O êrro está em pensar que o regime zá-los. Semeando ideologias extrema de partidos é da essência da democracia, das, subvertem a ordem social.

conio se não fôsse possível fugir a di

anti-francesa de 1789 (2).

órgãos naturais dc representação da so ciedade, os agrupamentos intcnncdiá-

a unidade nacional?

desaparecem. Só pode-

um Rousscau ou nos golpes legisluti\'cs inspirados pêlos desatinos da revolução

blica, que não só devem rci^rcsenlá-la

Anarclnj?, minar a democracia c destruir

B' das coisas teremos que concluir que o W mal vem de mais longe. Está no pró

mentos não

conhecido e aplicado por muitos povos antes de terem xindo os "imortais prin

^"'scam-se a quantos venham fata-

tratíva que o levaria aos poucos a exer cer uma série de outras funções usurpa

nos

das dos grupos e dos próprios indivíduos.

mais do que uma grosseira deturpação

Vamos descendo uma rampa do libera lismo para o socialismo de Estado, até

do principio corporativo, tal como era

chegar ao Estado totalitário.

O regime corporativo, pelo conl-úrio,


J-)íGKsrü Econômico

11

A sociedade política não é eon.stituí-

O significado político do corporativisnno

da por indivíduos solitários, que devem

J. P. Galvâo uk Sííusa

tendências ou opiniões. Êles já estão

agrupar-se em partidos confonne as suas

agrupados naturalmente na sociedade.

Em seus estudos sobre a representação proporcional, o Professor Ferdinand blemas econômicos c políticos do nosso

ser indispensáveis num determinado tipo

tempo, demonstrou como foí aquele

do democracia, não em todos. Na demo

sistema eleitoral que tornou possível o

cracia liberal c individualista, surgem

sucesso dos fascistas na Itália e o triun fo de Hitlcr na Alemanha (1).

como órgãos dc expressão da opinião pu

luun desaparecer na mente doentia de

Mas será apenas o sistema da repre-

scntução proporcional que vem, no di zer do ilustre autor dc DemocTactj or

V

atra\'és de famílias, cidades, grupos eco

nômicos e outras entidades coletivas que ^ reúnem sob uma autoridade comum. Constituído o ,instado, esses agrupa

A. Hermens, grande conhecedor dos pro

,.

A formação histórica do Estado dá-se

tadura do partido único a não .ser por meio da pluralidade partidária.

Nada mais falso. Os partidos podem

mas também oricnlá-la. Dissolvidos os

rio.s entre a Família e o Estado, apare-

eem os partidos pura subsliluí-los

.Sob alguns aspectos, o princípio ma joritário pode oferecer suas vantagens

quecem. Por que não substituir a repre

incontestáveis, mas se formos ao fundo

sentação partidária pela representação

prio regime de partidos, seja com a re presentação proporcional ou com a ma

joritária.- Está no sufrágio universal in dividualista e inorgânico, que, aliás, com 0 sistema da maioria, apresenta, em toda

a plenitude, o absurdo da "metade mais um" como critério da verdade política.

É o que muitos hoje já percebem cm face da desmoralização dos partidos c

do espetáculo degradante das assem bléias legislativas. Percebem mas te mem dize-lo, com receio de assim fa vorecerem a volta da ditadura. Não

^.êem outra saída, c acabam por aceitar o aue aí está. Alguns retiram-se enofados da vida política, enquanto outros, com muito boa vontade mas inteiramente

iludidos, procuram salvar a vida de um

doente atacado de moléstia incurável.

Se tal é, portanto, a constituição natu

ral da sociedade, c se o governo repre sentativo colüua dar a todo o po\'o re presentação junto ao Estado, de duas uma: ou serão repre

Pois aí está o de que muitos se es

Há pouco mais de

dros partidcírios não correspondem à or

dez anos, em prefácio

ganização natural da sociedade que vi

u tradução da obra de Roger Bonnard Sindi-

sam representar. Constituem uma c.xcrcs-

cência. Há casos que pocleríam ser apon tados como exceções, por exemplo o da Inglaterra. Entretanto, nã,o nos devemo.s esquecer dc que o.s partidos ingle ses se acham intimamente ligados a de

o^ Partido Conservador não tira a .sua força das chamadas classes conservado ras e do elemento aristocrático? Os partidos repartem e dividem, com prometem a unidade nacional, enfraquc,cem o poder. Acentuam o antagonis mo dos interesses, ao invés dc harmoni

democracia preparou o Estado totali tário, iJarticularmente quando organizada eleitoralmente sob o sistema da repre sentação proporcional, confonne a tose

do Hermens. Foi também pelos seus

tado democrático mo

derno abriu as portas para o totalitarismo.

rativü, escrevia The-

É por isso'chamado o

"Ninguém hoje

Estado-jurídico.

das velhas fór-

cuida de tutelar o direito. Entretanto, e já o Estado centralizador. Exerce o

tão de uZ esCr''"/"'-'' presentetiva" (s" " ^tmoorática e rc-

monopólio da vida jurídica, negando a capacidade normativo-juríclica dos gru pos. Abolindo as corporações de oficio

PoS'da^ Tincee.,.

o sufocando a autonomia municipal, con sumou a centralização político-adminis-

passar por lar Jar em em

™ltfdo de^ ' gusrra, e arriscam-se a

dias do 1,0]^

If-

porativo fascista corrompeu o corpora tivismo, cujos princípios lhe são muito mais antagônicos que.os próprios prin'cipios da liberal-democracia. Sim, por que não foi apenas de fato, na Alema nha, na Itália e noutros países, que a

O Estado liberal, dc início, reduz ao iniuimo as suas funç-õcs.

mulas dl r

volvimento do Partido Trabalhista sefn a base sindical do tradc-unionismo? E

Corruptio optimi fit pessivmm... di ziam os velhos filósofos. O Estado cor

cah^ua, Corporatiuise Eitado Corpo-

turá^^nlaís

terminadas classes ou grupos sociai.s. Como se poderia compreender o desen

dades.

princípios, que o Es

uma burla.

tidos é inexpressiva e fictícia. Os qua

entre um direito público construido de abstrações e a tradição viva das socie

neira de organizar a sociedade segimdo tais

a representação será

A representação feita através do.s par

cípios" de 1789 estabelecer o conflito

princípios e pela ma

sentados os grupos na turais e históricos, ou

corporativa?

O êrro está em pensar que o regime zá-los. Semeando ideologias extrema de partidos é da essência da democracia, das, subvertem a ordem social.

conio se não fôsse possível fugir a di

anti-francesa de 1789 (2).

órgãos naturais dc representação da so ciedade, os agrupamentos intcnncdiá-

a unidade nacional?

desaparecem. Só pode-

um Rousscau ou nos golpes legisluti\'cs inspirados pêlos desatinos da revolução

blica, que não só devem rci^rcsenlá-la

Anarclnj?, minar a democracia c destruir

B' das coisas teremos que concluir que o W mal vem de mais longe. Está no pró

mentos não

conhecido e aplicado por muitos povos antes de terem xindo os "imortais prin

^"'scam-se a quantos venham fata-

tratíva que o levaria aos poucos a exer cer uma série de outras funções usurpa

nos

das dos grupos e dos próprios indivíduos.

mais do que uma grosseira deturpação

Vamos descendo uma rampa do libera lismo para o socialismo de Estado, até

do principio corporativo, tal como era

chegar ao Estado totalitário.

O regime corporativo, pelo conl-úrio,


.í,,»

ÜIOKSTO líCONOMICO

significa a defesa das liberdades con

tismo totalitário, já contido cm geruw

cretas dos grupos sociais contra as in vasões prepotentes do Estado na sua es

na democracia liberal.

fera de ação, e ao mesmo tempo a repre

sentação eficaz de tais grupos junto aos

podcres públicos. É uma barreira ao absolutismo de Estado. É uma garantia da iniciativa privada. É o reconheci mento do poder autárquico dos grupo.s sociais (4).

Por isso mesmo, no Congresso dos

Economistas da língua francesa em 1936, cònsiderava-se o corporativismo o fruto de uma reação contra três fenômenos

contemporâneos, a saber:

1.") — contra a desordem provenien te do liberalismo; 2.°) — contra o estatismo;

3.^) — contra' a teoria da luta de classes (5).

Com efeito, o corporativismo substi tui o princípio da "liberdade abando

nada" pelo da "liberdade sob a ordem", • a anarquia da livre concorrência pela organização da produção e do comércio. É, pois, um corretivo à desordem liberal. Além disso, descentraliza as funções do Estado, distribuindo-as pelas autori dades corporativas. O próprio tênno "descentralizar" sai-nos ao correr da

inteirar-se do que se passa lá fora" (7).

ganização das profissões do deimm.)

Dizia o grande tribuno espanhol Vazqucz dc Mella que o regime parlamentar

econômico. Tem ainda um aspecto pn

de bãse partidária individualista é um

O mesmo Vazquez de Mella notava que nos tempos atuais o princípio corpo

lítico, cncpuinto dá rcprc.scntaçao aos

cadáver insepulto a devorar as entra nhas dos povos latinos. E discorrendo

beral da iivTo concorrência —

prevalecer sobre a concorrência e a hil.i a idéia oposta da cooperação das classes c das profissões organizadas.

Não SC deve pensar, porciUt

^

corporativismo sc limita a ser uma ^

grupos econômicos e a outros grupos no Estado. Trata-se, pois, de «»ma con

rativismo dá um golpe do morte no esta

sôbre as vantagens do regime'corpo-

cepção dc representação popular diver sa da concepção dcmocrálico-libcral dos partidos políticos dominante no direito público individualista c hoje cm puna crise. Uma concepção nova para o di reito político a que cstanio.s habitua dos, mas que já teve oiitrora sua reali

• rativo, acrescentava:

zação, nas Côrtes dc Portugal c Espanha,

Conservador ou do Partido Trabalhista.

Claro está que não se trata dc voltar

tado pelas corporações científicas, pelas universidades e academias; o interesse

material, representado pelo comércio,

pela indústria, pela agricultura, pelos operários; o interesse da defesa, repre

Mas o princípio corporativista permanece o mesmo, podendo adaptar-se a estas

sentado pelo exército; e o interêsse das superioridades, daquelas autoridades so ciais que formam a aristocracia de todos:

situações e revestir modalidades dife-

os méritos científicos, artísticos, da tra

rentes.

dição, da virtude, que, ainda saindo das

Em que consiste êsse princípio?

camadas inferiores, têm direito a brilhar ■ Xí-

outrora, enquanto a indústria e o co

tas vezes são forçadas a terem seus re

interesse docente, intelectual, represen

no caso de uma restauração corporativa.

tocracia perdeu o vigor e a força de

na rida política da melhor forma para

ses de que vos falei; o interesse religio

situações novas, a se levarem em conta

tuídas as classes. Assim é que a aris

selva para celebrar contratos com ou tras tribos c outros homens. Êssc indi

so c moral, representado pelo clero; o

uma longa evolução social determinou

rativo deve ser aplicado levando-se em conta a maneira pela qual estão consti

tidades dc classe procuram entrosar-se

forças estejam representadas nas Cortes.

vez mais transformada pela técnica, tckla

dernos, dc que no caso de uma crise agrícola ou industrial a primeira medida

da l-Iistória, aparecendo e saindo de uma

É necessário que ali estejam os interes

T'

êsse caso oprobrioso, prova de que não são representati\os os parlamentos mo

imaginavam, nos primitivos momentos

o não podem ser negadas sem que se negue a nação, é necessário que essas

ao passado. Ninguém pensaria cin res

o espelho da sociedade, e não se dará

vimento. No Brasil, vemos como as en

O que se deve representar é o homem de classe e de grupo; e como as classes são categorias sociais que permanecem,

germânicas, o no Parlamento inglês, cuja existência é muito anterior à do Partido

presentar tôdas essas fôrças, então será

"O indivíduo é um resíduo daquelas doutrinas do século XVIII, as quais o

víduo nunca c.xistiu em parte alguma...

nos Estados Gerais da França, nas Dietas

os mésleres cuja agremiação obedecia às circunstâncias da época, tão diversas das de hoje. As condições do tnibalh" são muito Outras. Du pequena industria manufatureíra à grande indústria cada

prios, quando se trata de restitiiir aos grupos funções usurpadas pelo poder poUtico. Com essa restituição, o corpo

Quando o Parlamento re

grupos e não os indivíduos.

do classes — que-decorre cio si.stcnia li

1 uma linguagem corrente em nossos

realizar uma descentralização. Entretan to essa palavra dá idéia de que o Es tado delega atributos que lhe são pró

nas alturas.

dos partidos que formam o Parlamento é procurar uma infonnação pública, para

Finalmente, a doutrina corporalbist.i

é antípocla da teoria socialista da luta

tabelecer liojc as corporações mcdicvai>i

grande número das funções exercidas pelos gnipos sociais, devolver essas fun ções a quem de direito é efetivamente

Simplesmente em reconhecer que o

13

homem c um ser social, e que ele só se enquadra na sociedade luimana por in termédio dos grupos particulares (6). Daí decorro a representação corpomtiva. Sendo o Estado formado por gru pos c não direta e imediatamente por indivíduos, segue-se que a representa ção da sociedade deve ter por base os

pena. dc tal níodo andamos habituados

dias e que aliás resulta da situação atual na totalidade dos Estados. Depois de se ter passado ao poder político um

Dicesto Econômico

mércio adquiriram imenso desenvol

atender a seus legítimos interesses. Mui

presentantes credenciados junto aos par

tidos. E freqüentemente dão e.xemplos de um labor intenso e produtivo aos par lamentos estereis. Basta lembrar as con

ferências de Terezópolis e Araxá. ■ Quando teremos essas entidades repre sentadas junto ao Estado sem a excrcs-

cência perturbadora dos quadros partidá rios? E quando veremos, ao seu lado, gozando de uma justa e salutar autono mia, outros grupos corporativos tantas vezes prejudicados pela ação do Estado centralizador, tais como a Universidade

e a Magistratura?

Como nota Mareei Prelot, as decisões

políticas não podem hoje isolar-se do econômico e do social. Eis porque às corporações, devidamente organizadas,

além do poder normativo e disciplinar interno, das faculdades tributárias, das atribuições jurisdicionais e de uma bran

de parte na gestão da coisa pública,


.í,,»

ÜIOKSTO líCONOMICO

significa a defesa das liberdades con

tismo totalitário, já contido cm geruw

cretas dos grupos sociais contra as in vasões prepotentes do Estado na sua es

na democracia liberal.

fera de ação, e ao mesmo tempo a repre

sentação eficaz de tais grupos junto aos

podcres públicos. É uma barreira ao absolutismo de Estado. É uma garantia da iniciativa privada. É o reconheci mento do poder autárquico dos grupo.s sociais (4).

Por isso mesmo, no Congresso dos

Economistas da língua francesa em 1936, cònsiderava-se o corporativismo o fruto de uma reação contra três fenômenos

contemporâneos, a saber:

1.") — contra a desordem provenien te do liberalismo; 2.°) — contra o estatismo;

3.^) — contra' a teoria da luta de classes (5).

Com efeito, o corporativismo substi tui o princípio da "liberdade abando

nada" pelo da "liberdade sob a ordem", • a anarquia da livre concorrência pela organização da produção e do comércio. É, pois, um corretivo à desordem liberal. Além disso, descentraliza as funções do Estado, distribuindo-as pelas autori dades corporativas. O próprio tênno "descentralizar" sai-nos ao correr da

inteirar-se do que se passa lá fora" (7).

ganização das profissões do deimm.)

Dizia o grande tribuno espanhol Vazqucz dc Mella que o regime parlamentar

econômico. Tem ainda um aspecto pn

de bãse partidária individualista é um

O mesmo Vazquez de Mella notava que nos tempos atuais o princípio corpo

lítico, cncpuinto dá rcprc.scntaçao aos

cadáver insepulto a devorar as entra nhas dos povos latinos. E discorrendo

beral da iivTo concorrência —

prevalecer sobre a concorrência e a hil.i a idéia oposta da cooperação das classes c das profissões organizadas.

Não SC deve pensar, porciUt

^

corporativismo sc limita a ser uma ^

grupos econômicos e a outros grupos no Estado. Trata-se, pois, de «»ma con

rativismo dá um golpe do morte no esta

sôbre as vantagens do regime'corpo-

cepção dc representação popular diver sa da concepção dcmocrálico-libcral dos partidos políticos dominante no direito público individualista c hoje cm puna crise. Uma concepção nova para o di reito político a que cstanio.s habitua dos, mas que já teve oiitrora sua reali

• rativo, acrescentava:

zação, nas Côrtes dc Portugal c Espanha,

Conservador ou do Partido Trabalhista.

Claro está que não se trata dc voltar

tado pelas corporações científicas, pelas universidades e academias; o interesse

material, representado pelo comércio,

pela indústria, pela agricultura, pelos operários; o interesse da defesa, repre

Mas o princípio corporativista permanece o mesmo, podendo adaptar-se a estas

sentado pelo exército; e o interêsse das superioridades, daquelas autoridades so ciais que formam a aristocracia de todos:

situações e revestir modalidades dife-

os méritos científicos, artísticos, da tra

rentes.

dição, da virtude, que, ainda saindo das

Em que consiste êsse princípio?

camadas inferiores, têm direito a brilhar ■ Xí-

outrora, enquanto a indústria e o co

tas vezes são forçadas a terem seus re

interesse docente, intelectual, represen

no caso de uma restauração corporativa.

tocracia perdeu o vigor e a força de

na rida política da melhor forma para

ses de que vos falei; o interesse religio

situações novas, a se levarem em conta

tuídas as classes. Assim é que a aris

selva para celebrar contratos com ou tras tribos c outros homens. Êssc indi

so c moral, representado pelo clero; o

uma longa evolução social determinou

rativo deve ser aplicado levando-se em conta a maneira pela qual estão consti

tidades dc classe procuram entrosar-se

forças estejam representadas nas Cortes.

vez mais transformada pela técnica, tckla

dernos, dc que no caso de uma crise agrícola ou industrial a primeira medida

da l-Iistória, aparecendo e saindo de uma

É necessário que ali estejam os interes

T'

êsse caso oprobrioso, prova de que não são representati\os os parlamentos mo

imaginavam, nos primitivos momentos

o não podem ser negadas sem que se negue a nação, é necessário que essas

ao passado. Ninguém pensaria cin res

o espelho da sociedade, e não se dará

vimento. No Brasil, vemos como as en

O que se deve representar é o homem de classe e de grupo; e como as classes são categorias sociais que permanecem,

germânicas, o no Parlamento inglês, cuja existência é muito anterior à do Partido

presentar tôdas essas fôrças, então será

"O indivíduo é um resíduo daquelas doutrinas do século XVIII, as quais o

víduo nunca c.xistiu em parte alguma...

nos Estados Gerais da França, nas Dietas

os mésleres cuja agremiação obedecia às circunstâncias da época, tão diversas das de hoje. As condições do tnibalh" são muito Outras. Du pequena industria manufatureíra à grande indústria cada

prios, quando se trata de restitiiir aos grupos funções usurpadas pelo poder poUtico. Com essa restituição, o corpo

Quando o Parlamento re

grupos e não os indivíduos.

do classes — que-decorre cio si.stcnia li

1 uma linguagem corrente em nossos

realizar uma descentralização. Entretan to essa palavra dá idéia de que o Es tado delega atributos que lhe são pró

nas alturas.

dos partidos que formam o Parlamento é procurar uma infonnação pública, para

Finalmente, a doutrina corporalbist.i

é antípocla da teoria socialista da luta

tabelecer liojc as corporações mcdicvai>i

grande número das funções exercidas pelos gnipos sociais, devolver essas fun ções a quem de direito é efetivamente

Simplesmente em reconhecer que o

13

homem c um ser social, e que ele só se enquadra na sociedade luimana por in termédio dos grupos particulares (6). Daí decorro a representação corpomtiva. Sendo o Estado formado por gru pos c não direta e imediatamente por indivíduos, segue-se que a representa ção da sociedade deve ter por base os

pena. dc tal níodo andamos habituados

dias e que aliás resulta da situação atual na totalidade dos Estados. Depois de se ter passado ao poder político um

Dicesto Econômico

mércio adquiriram imenso desenvol

atender a seus legítimos interesses. Mui

presentantes credenciados junto aos par

tidos. E freqüentemente dão e.xemplos de um labor intenso e produtivo aos par lamentos estereis. Basta lembrar as con

ferências de Terezópolis e Araxá. ■ Quando teremos essas entidades repre sentadas junto ao Estado sem a excrcs-

cência perturbadora dos quadros partidá rios? E quando veremos, ao seu lado, gozando de uma justa e salutar autono mia, outros grupos corporativos tantas vezes prejudicados pela ação do Estado centralizador, tais como a Universidade

e a Magistratura?

Como nota Mareei Prelot, as decisões

políticas não podem hoje isolar-se do econômico e do social. Eis porque às corporações, devidamente organizadas,

além do poder normativo e disciplinar interno, das faculdades tributárias, das atribuições jurisdicionais e de uma bran

de parte na gestão da coisa pública,


Dicesto Econômico

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deve ser também reconhecido o direito^ mais eficazmente asscguraclo.s o.s .seus interèsses cio que num regime di.spersivo, do representação junto à autoridade do

O que -SC deve conhecer de Economia

Estado. Não se trata de uma diarquia

instável c arbitrário como é o cios parla mentos cie base partidária. Os que defendem a pluralidade de

não devem constituir total ou parcial mente os órgãos do governo. Mas assim como à autoridade corporativa cumpre

partidos, a fim de não cair no partido único c na ditadura, e.squecem-sc da

Quem sc dá ao trabalho de lançar os

solução mais eficaz para nos libertar de

tica — discurso.s, plataformas, entrevis

político-corporativa, uma repartição do poder do Estado. Os órgãos corporativos

agir, com tôda liberdade, na esfera que lhe pertence, sob fiscalização geral do poder político, encarregado do bem co

finitivamente da tirania totalitária c do

Estado opressivo e centralizador: a res

mum, assim também o poder político

tauração corporativa. Isso exige antes de mais nada uma

deve, por sua vez, agir consultando os órgãos que representem os interesses cor

revisão dos conceitos há mais de um sé

porativos (8). Colaborando assim nas decisões polí ticas do Estado, teriam as classes sociais (1) — FERDINAND A. HERMENS. Democtacy and Froporlional Representalion, in Public Policy Pamphlels. 1940; Demo-

cracy or Anatchy?, University of Notre Dame, Indiana, 1941.

(2) — Há uma curiosa modalidade de

"golpes" políticos, cuja técnica se reves te de suma perfeição, pois ninguém os percebe. Consiste em impingir constitui

ções jurídicas avessas à constituição his tórica de um povo. constituições que, em nome da liberdade abstrata do cidadão violam as liberdades concretas dos ho mens.

(3) — R. BONNARD, Sindicalismo, Cor

porativismo e Estado Corporativo, tradu ção brasileira com prefácio e anotações de THEMISTOCLES BRANDAO CAVAL CANTI, Livraria Freitas Bastos, Rio de Janeiro. 1938, p. 15.

(4) — Como E. Gil RobIe< no seu Tra tado de Direito Político, torna-se aqui a

palavra "autarquia" no sentido aristotó-

culo dominantes no direito público. Mas quem poderá íludir-se sôbre a precarie

dade da sistemática jurídica vigente na maioria dos povos de hoje?... lico, designando a capacidade para se en vernar a si próprio reconhecida pelo hí" reito.

(5) — Apud THEMISTOCLES CAVat

CANTI, prefácio ã obra citada p viI (6) — J. BRETHE DE LA GRESSAYE La Corporation el l'Élal, in Archivel de Philosophze du Drolt eí de Soclolooie J?, ridique, n, 1/2, 1938, p. 79

(7) — J. VAZQUEZ DE MELLA Obr»

Complelas, vol. XXII. p. 347.

(8) — Veja-se, nesse sentido, o interna

sante curso de M. PRELOT, L*lnté<irr lion des organes corporalíves dans contribuição do ilustre professor rin 1.' culdade de Direito e de Ciênc?í^ Pr.iT-"

XXvâ\

Estrasbui-ío^ã

Semanas Sociais dc

França (1935) publicado em L'OrganlsaIion Corporative, ed. Chroxiique Soeiale de France, J. Gabalda-E. Vitte. Paris — Lyon, p. 363 e seguintes.

DjAcm Menezes

(Pror. cat. da Faculdade Nacional de Filosofia) olhos para a nossa literatura polí tas, declarações, até livros — produzida com um ôlho num mandato e outro no

eleitor, não dei,\ará dè sentir certa per plexidade, mistiirada com outros senti mentos variáveis com o indivíduo: — como é possível ao político nacional

ignorar tanto o lado teórico dos pro blemas econômicos ?

Muitos Iniciam as suas arengas di zendo, com ar pedagógico emprestado do conselheiro Acácio, que "as condi ções econômicas

dominam o mundo

moderno", que "tudo hoje e.xige o es tudo da Economia", que "as leis eco nômicas são prccipuas" etc. Puro bolodôrio. Outros aventuram-se ainda

mais e aludem às "leis de oferta e pro cura" como se fossem as leis de gravitação, para concluir contra tóda atitu de compuLsóría do Govêrno em face

dos

especuladores,^

gavantindo-nos,

com ares de profunda sabedoria, que não se podem contrariar "as leis eter-

pas", que facultam ao bodegueíro sa quear o consumidor sem agredi-lo fi sicamente.

Já pensamos em classificar todas es.,sas opiniões correntes para proceder a exame objetivo a fira de filiá-las às ati

tudes sociais dos que as enunciam. Ve rificaríamos como, nascidas de inclina

ções subjetivas, traduzem mais a posi ção em que se encontram os formula-

dores do que julgamento serenamente feito das nossas circunstâncias econô micas e sociais.

Mas há ainda a grande maioria dos que desconhecem completamente os fundamentos teóricos da ciência eco nômica, embora se encolham sob fra

ses lampejantes e vagas,

com \'ago

aspecto doutrinário.

Todos èles provam que se toma ne cessário disseminar o estudo da Eco

nomia pelo debate

de problemas ao

alcance do público, sem temiínologias complicadas e explanações de doutri

nas difíceis. Discussão em linguajem simples e acessível, que dê uma visão bem clara do lineamento teórico das questões e do objeto da ciência, edu

cando o pensamento para a compreen

são dos fatos mais importantes da vi da econômica.

As noções fundamentais da Econo mia estão na experiência de todo mun

do e de todo dia. Valor, preço, troca, utilidade, moeda, juro, renda, inflação, credito, comércio, e muitos outros con-

ceito.s, estão em circulação permanen te nos esjJÍritos e há numerosas rela ções sociais que servem de base à for mação dessa conceitiialística. A ciên

cia econômica depurou tais conceitos, aperfeiçoou-os. Mas retixou-os da ex periência comum, onde se formaram,

dentro da atividade prática que os ori ginou.

Claro que essa atividade prática, li gada à produção e distribuição dos bens materiais, modifica-se de acôrdo com as circunstâncias históricas e so

ciais, e não é a mesma em todas as la

titudes e em tôdas as épocas. Mas, nessa variedade històricamente obser-


Dicesto Econômico

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deve ser também reconhecido o direito^ mais eficazmente asscguraclo.s o.s .seus interèsses cio que num regime di.spersivo, do representação junto à autoridade do

O que -SC deve conhecer de Economia

Estado. Não se trata de uma diarquia

instável c arbitrário como é o cios parla mentos cie base partidária. Os que defendem a pluralidade de

não devem constituir total ou parcial mente os órgãos do governo. Mas assim como à autoridade corporativa cumpre

partidos, a fim de não cair no partido único c na ditadura, e.squecem-sc da

Quem sc dá ao trabalho de lançar os

solução mais eficaz para nos libertar de

tica — discurso.s, plataformas, entrevis

político-corporativa, uma repartição do poder do Estado. Os órgãos corporativos

agir, com tôda liberdade, na esfera que lhe pertence, sob fiscalização geral do poder político, encarregado do bem co

finitivamente da tirania totalitária c do

Estado opressivo e centralizador: a res

mum, assim também o poder político

tauração corporativa. Isso exige antes de mais nada uma

deve, por sua vez, agir consultando os órgãos que representem os interesses cor

revisão dos conceitos há mais de um sé

porativos (8). Colaborando assim nas decisões polí ticas do Estado, teriam as classes sociais (1) — FERDINAND A. HERMENS. Democtacy and Froporlional Representalion, in Public Policy Pamphlels. 1940; Demo-

cracy or Anatchy?, University of Notre Dame, Indiana, 1941.

(2) — Há uma curiosa modalidade de

"golpes" políticos, cuja técnica se reves te de suma perfeição, pois ninguém os percebe. Consiste em impingir constitui

ções jurídicas avessas à constituição his tórica de um povo. constituições que, em nome da liberdade abstrata do cidadão violam as liberdades concretas dos ho mens.

(3) — R. BONNARD, Sindicalismo, Cor

porativismo e Estado Corporativo, tradu ção brasileira com prefácio e anotações de THEMISTOCLES BRANDAO CAVAL CANTI, Livraria Freitas Bastos, Rio de Janeiro. 1938, p. 15.

(4) — Como E. Gil RobIe< no seu Tra tado de Direito Político, torna-se aqui a

palavra "autarquia" no sentido aristotó-

culo dominantes no direito público. Mas quem poderá íludir-se sôbre a precarie

dade da sistemática jurídica vigente na maioria dos povos de hoje?... lico, designando a capacidade para se en vernar a si próprio reconhecida pelo hí" reito.

(5) — Apud THEMISTOCLES CAVat

CANTI, prefácio ã obra citada p viI (6) — J. BRETHE DE LA GRESSAYE La Corporation el l'Élal, in Archivel de Philosophze du Drolt eí de Soclolooie J?, ridique, n, 1/2, 1938, p. 79

(7) — J. VAZQUEZ DE MELLA Obr»

Complelas, vol. XXII. p. 347.

(8) — Veja-se, nesse sentido, o interna

sante curso de M. PRELOT, L*lnté<irr lion des organes corporalíves dans contribuição do ilustre professor rin 1.' culdade de Direito e de Ciênc?í^ Pr.iT-"

XXvâ\

Estrasbui-ío^ã

Semanas Sociais dc

França (1935) publicado em L'OrganlsaIion Corporative, ed. Chroxiique Soeiale de France, J. Gabalda-E. Vitte. Paris — Lyon, p. 363 e seguintes.

DjAcm Menezes

(Pror. cat. da Faculdade Nacional de Filosofia) olhos para a nossa literatura polí tas, declarações, até livros — produzida com um ôlho num mandato e outro no

eleitor, não dei,\ará dè sentir certa per plexidade, mistiirada com outros senti mentos variáveis com o indivíduo: — como é possível ao político nacional

ignorar tanto o lado teórico dos pro blemas econômicos ?

Muitos Iniciam as suas arengas di zendo, com ar pedagógico emprestado do conselheiro Acácio, que "as condi ções econômicas

dominam o mundo

moderno", que "tudo hoje e.xige o es tudo da Economia", que "as leis eco nômicas são prccipuas" etc. Puro bolodôrio. Outros aventuram-se ainda

mais e aludem às "leis de oferta e pro cura" como se fossem as leis de gravitação, para concluir contra tóda atitu de compuLsóría do Govêrno em face

dos

especuladores,^

gavantindo-nos,

com ares de profunda sabedoria, que não se podem contrariar "as leis eter-

pas", que facultam ao bodegueíro sa quear o consumidor sem agredi-lo fi sicamente.

Já pensamos em classificar todas es.,sas opiniões correntes para proceder a exame objetivo a fira de filiá-las às ati

tudes sociais dos que as enunciam. Ve rificaríamos como, nascidas de inclina

ções subjetivas, traduzem mais a posi ção em que se encontram os formula-

dores do que julgamento serenamente feito das nossas circunstâncias econô micas e sociais.

Mas há ainda a grande maioria dos que desconhecem completamente os fundamentos teóricos da ciência eco nômica, embora se encolham sob fra

ses lampejantes e vagas,

com \'ago

aspecto doutrinário.

Todos èles provam que se toma ne cessário disseminar o estudo da Eco

nomia pelo debate

de problemas ao

alcance do público, sem temiínologias complicadas e explanações de doutri

nas difíceis. Discussão em linguajem simples e acessível, que dê uma visão bem clara do lineamento teórico das questões e do objeto da ciência, edu

cando o pensamento para a compreen

são dos fatos mais importantes da vi da econômica.

As noções fundamentais da Econo mia estão na experiência de todo mun

do e de todo dia. Valor, preço, troca, utilidade, moeda, juro, renda, inflação, credito, comércio, e muitos outros con-

ceito.s, estão em circulação permanen te nos esjJÍritos e há numerosas rela ções sociais que servem de base à for mação dessa conceitiialística. A ciên

cia econômica depurou tais conceitos, aperfeiçoou-os. Mas retixou-os da ex periência comum, onde se formaram,

dentro da atividade prática que os ori ginou.

Claro que essa atividade prática, li gada à produção e distribuição dos bens materiais, modifica-se de acôrdo com as circunstâncias históricas e so

ciais, e não é a mesma em todas as la

titudes e em tôdas as épocas. Mas, nessa variedade històricamente obser-



Dic.esto EconYímico 16

vável, liá' um fundo permanente que

permite a formação de conceitos ge rais, que constituem as noçoes funda mentais da Economia política. Em târno de uma definição

guram interessantes. Em quatrocentas

páginas compactas, dois espíritos não podem coincidir de fond cn c<>mhlc\ j? é .salutar, entre os que sc dedicam a assuntos científicos, que surjam as dj.

vergências,

meio de fa/XT avançar (,

conhecimento.

Essas reflexões nos vieram à mente

ao recebermos o livro do sr, Luiz Sou za Gomes, subordinado ao título "O

que devemos saber de Economia polí tica e das finanças", ora em segunda edição. Adverte-nos o

Do no.ssa leitura,

tomamos apenas

algumas notas e.sparsas,

referentes

a.spccto.s que sempre no.s atraíram à atenção quando

refletimos .sobre

os

problemas teóricos' da Economia. Nem

em subtítulo,

sabemos mesmo se chegam a ser diver

que se trata de uma

gências com o autor,

autor,

divulgação "em lin

guagem acessível". De fato, todo o li-, vro está

estilo

escrito em

simples, cor-

rentio, preciso, que

niões divergentes en tro

os

economistas

clássicos e néo-clá,ssicos guardando uma linha eclética de se rena

O escritor, já acredi tado por valiosas

definir o objeto

obras anteriores, en

Economia, anota as

destacar o "Dicioná rio Econômico - Co mercial e Financei

ro", revela-se um didata muito claro,

expondo todos os grandes capítulos da ciência econômica de maneira capaz de interessar não sô os que desejam

iniciar-se- no seu estudo, como os já iniciados que busquem sistematizar seus conhecimentos.

Não pretendemos fazer aqui uma crítica do-excelente trabalho do sr. Souza Gomes, que reputamos grande entendido na matéria. O intuito pri

mordial destas linhas é apenas um ba

te-papo sobre a.spectos da obra. ü se gundo, para avivar a curiosidade, e discutir alguns pontos que se nos afi

17

portamento. A análise que se faz do comportamento é no sentido de desco brir as suas regularidades, as unifor-

micos" são sempre a expressão de "re lações sociais". E' o que nos diz, em outras palaxTas, o autor, quando escre

midades, que permitem se enunciem leis. Ora, essas leis podem ser muito

valor, mas relação que se e.xprime em

ve que "o preço é uma relação, como

todos os sistemas

moeda, isto é,-em dinheiro". De on

econômicos (como as que o marginalismo pretendo enunciar); e menos gerais, referentes aos homens agindo

de facilmente se infere que essas apa

gerais, abraçando

dentro de condições históricas que se

rências, como a moeda, são apenas a cristalização de "relações sociais", que

formaram dentro de determinados sis

são as essências: as relações de troca, que serviram ;3e base à sua formação,

temas (leis da renda, do investimento etc.).

ram o processo permutativo quando a

por sua vez aumentaram e intensifica

instituição monetária se aperfeiçoou. Riqueza, valor, moeda: aparências

porquanto o autor ex

põe as diversas opi.

prova a segurança e domínio da matéria.

tre as quais caberia ^

Digesto Econômico

Assim,

imparcíalicLade.

ao tratar de

da

definições mais famosa.s, dadas. pelos grandes luminares, de Smith a Pareto. E

termina por formular a seguinte defi nição, que apanha certas notas essen

ciais do definiendum-, "a Ciência que estuda e rege o comportamento huma no relativo à produção, distribuição e consumo da riqueza".

A generalidade da definição não vincula a Economia política a qual quer sistema econômico. Seu objetivo aí é o comportamento humano nas

suas relações com a atividade produti va, distributiva e consuntiva. Nada te ríamos a acrescentar se, na definição, se esclarecesse que aquele estudo vi sava a perquirir as leis daquele com-

Sobre as leis econômicas

Mas ainda caberia uma discrimina-

çfio para fixar melhor o objeto da Eco nomia política: o "estudo das leis do .comportamento humano" parece-nos vago ainda, mesmo invocando o ponto do vista do grande néo-clássico, que foi Alfred Marshall. Mais específico seria falar nas relações que se formam

entre os homens, no processo produti vo, distributivo e consuntivo dos bens

materiais. Por isso. mesmo é que a Economia é uma ciência sociah, porque o objeto dela não é a riqueza como conjunto de coisas utilizáveis e apropriáveis pelos homens, mas as rela ções inter-liumanas nascidas a propó sito das coisas cobiçadas pelos homens,

As instituições

econômicas funda

mentais são explanadas por Souza Go mes com a mesma mestria.

Apenas

julgamos que a parte referente à in

flação poderia ter sido mais ampliada, a fim de retirar da cabeça de muita gente idéias falsas sòbre o fenômeno.

Houve um momento, no Brasil, em que

tudo se atribuiu à inflação: foi a pa lavra mágica na pena dos jornalistas e na boca de quase todo mundo que es

piava as mazelas públicas. Invocava-se

a inflação para atacar o govêmo e pa ra inocentá-lo. Apregoavam uns que

bastaria fazer isso ou aquilo para im

relações que são de natureza social; e

pedir ou amordaçar a inflação. Ou

ó exatamente por isso que aquelas coi

tros,

sas passam à categoria de riqueza. Êsso pensamento está implícito no desenvolvimento da explicação dada pelo autor, quando nos diz que a Eco

estava a mesma atitude errada sobre

o que sejam as leis econômicas, atitu

nomia política não estuda o homem

de que encontramos em muitos estudio

que "leis eternas" animavam o

monstro e nenhuma fôrça humana ju-

gularia.

Ainda no fundo da questão

relacionado

sos de grande valor. Por isso não he

com os demais, tendo um comporta mento modificado pelas influências dos

sitamos em repisar o assunto, rapida mente, nestas páginas do "Digesto".

outros homens (cap. I). Os fenômenos estudados sob a designação de "econô

da vida econômica. A primeira pc^rte

isolado,

mas o homem

Há duas atitudes

simplistas diante


Diciústo Econômico

18

Digesto Econónuco

19

do fato de que suas leis são históricas,

mens com as respectivas necessidades.

mentado, que mantém .inteira sobrie

isto é, resultam do desenvolvimento da

Tal lei seria universal c in\'ariávcl, co

trai — que é a organização da moeda internacional. No fundo do problema está a- política do ouro e dos países

sociedade, e, em determinadas fases, há

mo assegura o marginalisino econômi

dade nus suas explicações. Realmente, não se poderia exigir, em livro desti

determinadas leis. Assim, as leis que

co a partir dos fins do século passado. Mas o fato ó que, sôbre essa base

nado a esclarecer o público sôbre os

regulam a taxa de juros

nao podem

existir em uma sociedade onde não se

geral,

desenvolveu o capitalismo mercantil;

humana.s, há a diferenciação progres.si-

entre os gregos do tempo de Périclcs não houve preocupação sobre o dese

so do desenvol\'imcnto soci:)l. A ma

comum a todas as sociedades

va històricamentc estabelecida no cur

quilíbrio entre investimento e poupan ça; etc. Sendo assim, são leis humanas,

neira

que_o homem pode modificar, desde

so em função do meio humano, e no

que modifique o meio humano em que elas se manifestam. Conseqüência: os

vas relações

órgãos governativos podem regular o desenvolvimento econômico.

A outra atitude é oposta: as Icí.s eco Com essa afirmativa significam que são leis se

nômicas são leis naturais.

melhantes à da queda dos corpos ou da propagação da luz. Procuram assi

milá-las então às demais leis que regu lam os fenômenos da Natureza,

Ao

homem cabe apenas a sua observação, para curvar-se à sua inflexibilidade inexorável. Para êstes, um fenômeno como a inflação sobrevém em dadas circunstâncias, e não há como evitá-lo.

Se admitimos que a designação de leis históricas indica apenas que elas surjam no meio social humano, e que não existem na Natureza, como os fe

nômenos elétricos ou químicos,

então

não podemos deixar de assim o reco nhecer.

Mas há quem sustente que

são leis naturais porque decorrem da natureza do próprio homem, que ex

perimenta necessidades biológicas e encontra no ambiente aquilo com que as satisfaz: nessa relação fundamental entre necessidades e coisas úteis está,

por conseqüência, uma lei fundamental da ciência econômica, que existe urbi et orbi, onde quer que existam ho

problemas gerais da Economia, o de

por que os homens

provcem

aquelas necessidades começa a altcrar-

aparecem,

bato de assuntos que lançam suas raí

ses industriais e agrários, e êste ao de

zes já no subsolo da filosofia científica. Não queremos concluir essa aprecia

senvolvimento interno de cada país, segundo suas circunstâncias próprias,

ção sumária despida de qualquer objeti\-o crítico sem aludir à parte que trata dos transportes (cap. XVIII). De

depreende a necessidade de analisar a questão sem se ater a pontes do vista

sejaríamos que o autor insistisse mais sôbre a gravidade, para a Economia na cional, do atraso em que se acham as nossas vias de comunicação c trans

definindo-se

novas leis.

Pelo fato, porém, de novas leis .sur

girem, não quer dizer que sejam elas moldáveis ao bel-prazer dos seres Ini-

cheios de ouro, que, por sua vez, se liga ao problerha das trocas entre paí

històricamente definidas.

De tudo se

unilaterais, que advogam a solução cm determinada

medida.

Monetaristas,

que só vêem solução na organização da

moeda estabilizada; estudiosos, que só enxergam salvação em industrialização e tudo mais é conseqüência; outros, que só querem fazer voltar ao campo os miseráveis que de lá vieram mor

sibilidade de modificação do meio so

portes. Ao lado do debate teórico, o ponto de vista prático; e em ambos a competência do autor confirmaria o juízo já formado cm tôrno das obras que tão bem lhe credenciam o noriie. A seguir, abre-se a parte que trata do comércio internacional — capítulo

cial, pelo homem, que é o ser onde

lioje

aquela consciência social se desenvol

com a expansão crescente das empre

reno do problema para pedir a refor

veu. A compreensão daquelas ícis ar ma o homem de certa possibilidade de ação mais esclarecida, dandc-llie mais recursos. Mas êste não se torna capa

sas gigantescas pelo mundo inteiro, que se tornou pequeno para tantas am

ma do caráter; e muitos mais.

manos. Nem também que tenham um imutável.

caráter de inexorabilidade

Quando a consciência humana dessas

relações aumenta, surge também a pos

bições alertas e robustas.

como ente que penetra mais no meca

nismo da criação,

compreendendo-o,

mento.

Aí está a razão por que a ciência econômica pode realizar e regular mui ta coisa. Natura non imperotur nisi parendo, diziam os antigos. A Nature za governa-se, obedecendo-a.

Esta divagação resultou de algumas idéias sôbre inflação. E cremos que se ajustam à linha teórica do livro co-

e acidentado,

Em rápida

síntese, entramos logo no assunto cen

citado para derrogá-las orgulhosamen te, como um rei da criação: — apenas, pode atender melhor ao movimento in terno do seu processo de desenvolvi

bem complicado

>

rendo de fome; outros, que querem a todo custo abrir estradas e transportar não se sabe o que pai-a ninguém sabe onde; outros ainda, abandonam o ter

Isso tudo, porque não nos inteiramos de "o que devemos conhecer da Eco nomia política e das Finanças".


Diciústo Econômico

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Digesto Econónuco

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do fato de que suas leis são históricas,

mens com as respectivas necessidades.

mentado, que mantém .inteira sobrie

isto é, resultam do desenvolvimento da

Tal lei seria universal c in\'ariávcl, co

trai — que é a organização da moeda internacional. No fundo do problema está a- política do ouro e dos países

sociedade, e, em determinadas fases, há

mo assegura o marginalisino econômi

dade nus suas explicações. Realmente, não se poderia exigir, em livro desti

determinadas leis. Assim, as leis que

co a partir dos fins do século passado. Mas o fato ó que, sôbre essa base

nado a esclarecer o público sôbre os

regulam a taxa de juros

nao podem

existir em uma sociedade onde não se

geral,

desenvolveu o capitalismo mercantil;

humana.s, há a diferenciação progres.si-

entre os gregos do tempo de Périclcs não houve preocupação sobre o dese

so do desenvol\'imcnto soci:)l. A ma

comum a todas as sociedades

va històricamentc estabelecida no cur

quilíbrio entre investimento e poupan ça; etc. Sendo assim, são leis humanas,

neira

que_o homem pode modificar, desde

so em função do meio humano, e no

que modifique o meio humano em que elas se manifestam. Conseqüência: os

vas relações

órgãos governativos podem regular o desenvolvimento econômico.

A outra atitude é oposta: as Icí.s eco Com essa afirmativa significam que são leis se

nômicas são leis naturais.

melhantes à da queda dos corpos ou da propagação da luz. Procuram assi

milá-las então às demais leis que regu lam os fenômenos da Natureza,

Ao

homem cabe apenas a sua observação, para curvar-se à sua inflexibilidade inexorável. Para êstes, um fenômeno como a inflação sobrevém em dadas circunstâncias, e não há como evitá-lo.

Se admitimos que a designação de leis históricas indica apenas que elas surjam no meio social humano, e que não existem na Natureza, como os fe

nômenos elétricos ou químicos,

então

não podemos deixar de assim o reco nhecer.

Mas há quem sustente que

são leis naturais porque decorrem da natureza do próprio homem, que ex

perimenta necessidades biológicas e encontra no ambiente aquilo com que as satisfaz: nessa relação fundamental entre necessidades e coisas úteis está,

por conseqüência, uma lei fundamental da ciência econômica, que existe urbi et orbi, onde quer que existam ho

problemas gerais da Economia, o de

por que os homens

provcem

aquelas necessidades começa a altcrar-

aparecem,

bato de assuntos que lançam suas raí

ses industriais e agrários, e êste ao de

zes já no subsolo da filosofia científica. Não queremos concluir essa aprecia

senvolvimento interno de cada país, segundo suas circunstâncias próprias,

ção sumária despida de qualquer objeti\-o crítico sem aludir à parte que trata dos transportes (cap. XVIII). De

depreende a necessidade de analisar a questão sem se ater a pontes do vista

sejaríamos que o autor insistisse mais sôbre a gravidade, para a Economia na cional, do atraso em que se acham as nossas vias de comunicação c trans

definindo-se

novas leis.

Pelo fato, porém, de novas leis .sur

girem, não quer dizer que sejam elas moldáveis ao bel-prazer dos seres Ini-

cheios de ouro, que, por sua vez, se liga ao problerha das trocas entre paí

històricamente definidas.

De tudo se

unilaterais, que advogam a solução cm determinada

medida.

Monetaristas,

que só vêem solução na organização da

moeda estabilizada; estudiosos, que só enxergam salvação em industrialização e tudo mais é conseqüência; outros, que só querem fazer voltar ao campo os miseráveis que de lá vieram mor

sibilidade de modificação do meio so

portes. Ao lado do debate teórico, o ponto de vista prático; e em ambos a competência do autor confirmaria o juízo já formado cm tôrno das obras que tão bem lhe credenciam o noriie. A seguir, abre-se a parte que trata do comércio internacional — capítulo

cial, pelo homem, que é o ser onde

lioje

aquela consciência social se desenvol

com a expansão crescente das empre

reno do problema para pedir a refor

veu. A compreensão daquelas ícis ar ma o homem de certa possibilidade de ação mais esclarecida, dandc-llie mais recursos. Mas êste não se torna capa

sas gigantescas pelo mundo inteiro, que se tornou pequeno para tantas am

ma do caráter; e muitos mais.

manos. Nem também que tenham um imutável.

caráter de inexorabilidade

Quando a consciência humana dessas

relações aumenta, surge também a pos

bições alertas e robustas.

como ente que penetra mais no meca

nismo da criação,

compreendendo-o,

mento.

Aí está a razão por que a ciência econômica pode realizar e regular mui ta coisa. Natura non imperotur nisi parendo, diziam os antigos. A Nature za governa-se, obedecendo-a.

Esta divagação resultou de algumas idéias sôbre inflação. E cremos que se ajustam à linha teórica do livro co-

e acidentado,

Em rápida

síntese, entramos logo no assunto cen

citado para derrogá-las orgulhosamen te, como um rei da criação: — apenas, pode atender melhor ao movimento in terno do seu processo de desenvolvi

bem complicado

>

rendo de fome; outros, que querem a todo custo abrir estradas e transportar não se sabe o que pai-a ninguém sabe onde; outros ainda, abandonam o ter

Isso tudo, porque não nos inteiramos de "o que devemos conhecer da Eco nomia política e das Finanças".


Digesto

PERSPECTIVAS DA ECONOMIA

DE 1

GUERRA NO BRASIL (Conferência pronunciada em Belo Horizonte, no PaJdcio do Café, sob os auspícios do Centro de Estudos Econômicos de Minas Gerais) Robebto Pinto de Souza

.

Econónuco

21

mente por ela. A conjuntura presente

é bem diversa da do-início da guerra anterior. Por esse motivo, acredita mos que os efeitos da atual serão bem

Êsses dois aspectos não Constituem novidade. As contendas passadas já os revelaram e os problemas que susci tarão são hoje objeto de estudo de

maiores e mais intensos que os da

todos os que se preocupam com os

precedente, acarretando a necessidade

temas econômicos nacionais. As clas

de melhor nos prepararmos e, princi palmente, de se orientar a opinião pú-

ses produtoras e a imprensa já levan

l)Hca, a fim de se obter maior com

produtos essenciais, e o Governo Fe

taram a questão da estocagem

de

■j^ COM indizível emoção que tomo a

de ensinamentos econômicos; .Antônio

palavra. Minas Gerais, além da tra dição humanista do Caraça e téçnica

Carlos engrandeceu a ciência bancá ria com alentada obra sòbre bancos de

preensão para as medidas que deve

deral nomeou comissão especial para

rão

da Escola de Ouro Preto, é centro de

' irradiação de conhecimentos jurídicos,

emissão c redesconto; Afonso Pena Júnior, distinguido humanista e no

estudar o assunto, ao mesmo tempo

sociais e econômicos. Aqui se forma ram homens que ilustraram e iluminam

tável jurisconsulto, enriqueceu a eco nomia pátria com o famoso parecer

sões, em matéria econômica, são alea

esses ramos do saber humano.

sobre a reforma do Banco do Brasil.

Re

ser

tomadas.

Advertimos, no entanto, que previ tórias, dados os imponderáveis que imprimem aos acontecimentos novos

rumos. O máximo que se pode fazer

cuando na história, encontramos a fi gura ciclópica de Bernardo de Vas

E tantos outros.

concelos, que prima na obra legislati va do Império; o Marquês de Para ná, insigne pelos seus atilados conhe

terra de inteligências de escol, res ponsável pelo avanço dos conhecimen tos de Economia Política no Brasil,

cimentos políticos; Ouro Preto, que

é motivo de orgulho e de honra para

mediu talento e saber com Rui Bar

os que se votam a esse gênero de

bosa nos debates sòbre a reforma fi nanceira.

Feita esta vulgar observação, abalançamo-nos a opinar sobre as reper cussões que o novo "período poderá

estudos.

exercer

Na República, não foi menor a con

Falar de assuntos econômicos em

Escolhemos, como tema de

nossa

tribuição mineira. Das Alterosas vie

palestra — Perspectivas da Economia de Guerra no Brasil. O momento é

na

estrutura

econômica na

cional. Dado o limite do tempo e o enfado de exposição de natureza téc

No momento, não há matéria de co

gitação mais importante que o abas tecimento de produtos indispensáveis ao parque manufatureiro nacional. A

crise de dólares nos impossibilitou a

formação de estoques mesmo para o consumo

normal.

Nos

últimos

três

anos, como é do conhecimento geral, no que toca à importação, houve es cassez geral de artigos essenciais.

Bem diversa, a situação em 1939. Não conhecíamos a carência de divi

industriais importarem grandes quan tidades de mercadorias, formando es

ram os parlamentares cujos estudos

propício.

em que nos devemos preparar para

que talvez advenham à economia bra

uma possível fase bélica sem termos

obra financeira e econômica da pri meira fase republicana. Davi Campista o criador da Caixa de Conversão,

corrigido os desequilíbrios provenien tes da segunda conflagração mundial. O assunto é imenso, e comporta tnn

sileira pela atual preparação econômi ca bélica e a deflagração do terceiro

ta sem rival, não se limitou a ser o

Dai têrinos vacilado em o eleger co mo objeto de nossa exposição. Elege

programa todo de pesquisa e reflexão.

tos básicos, até o total de 150 milhões de dólares.

nica, limitar-nos-emos aos aspectos gerais das prováveis conseqüências

doutrinários sóbre os problemas na cionais constituem a base de tôda a

prestou serviços valiosos na estabiliza ção do câmbio; Calógeras, o estadis

Atravessamos um período

é traçar as linhas gerais de uma pos sível evolução, indicando o caminho provável que os eventos econômicos poderão seguir.

que autorizou a importação de produ

conflito mundial.

sas, o que permitiu a comerciantes e

toques, entre as manufaturas, princi

palmente de produtos químicos, far

Comércio externo

macêuticos e automóveis; entre as matérias-primas, gasolina, Combustí

Incontestàvelmente, o setor econô

veis e óleos lubrificantes e minerais não-nietálicos, notadaraeníe o clium-

mico mais atingido será o do comér

insuperável analista da receita e de todos os orçamentos, mas o tratadis-

mo-lo, devido à sua importância e á necessidade de refletirmos desde logo

ta que escreveu o livro clássico das finanças brasileiras — "A Política

ra no Brasil.

dade do consumo e da produção nor

certas matérias-primas, como o cobre,

Conhecemos, pela experiência dos anos 1939-45, a repercussão da mobili

mais. Em seguida, em virtude dos de

as anilinas e o cimento.

zação econômica dos países aliados

dorias importadas além das necessida

suportar o longo período bélico. Con-

Monetária do Brasil"; Carlos Peixoto, o arauto, no Parlamento, do programa

sobre os efeitos da economia de guer

cio externo. Primeiramente, sofrere mos tremenda distorção na importação de produtos fundamentais à continui

sentendimentos de tòda ordem, no

protecionismo; João Luís Alves, cujos

áôbre a economia brasileira. Não nos

Oriente, seremos- transformados em celeiro de matérias-primas essenciais

trabalhos sobre tarifas são mananciais

devemos,

ao esforço de guerra.

de João Pinheiro, o doutrinador do

porém, orientar

exclusiva-

bo. Infelizmente, os importadores não constituíram reservas de máquinas, aparelhos, ferramentas e Utensílios, e

É verdade que o volume de merca

des habituais não foi suficiente para


Digesto

PERSPECTIVAS DA ECONOMIA

DE 1

GUERRA NO BRASIL (Conferência pronunciada em Belo Horizonte, no PaJdcio do Café, sob os auspícios do Centro de Estudos Econômicos de Minas Gerais) Robebto Pinto de Souza

.

Econónuco

21

mente por ela. A conjuntura presente

é bem diversa da do-início da guerra anterior. Por esse motivo, acredita mos que os efeitos da atual serão bem

Êsses dois aspectos não Constituem novidade. As contendas passadas já os revelaram e os problemas que susci tarão são hoje objeto de estudo de

maiores e mais intensos que os da

todos os que se preocupam com os

precedente, acarretando a necessidade

temas econômicos nacionais. As clas

de melhor nos prepararmos e, princi palmente, de se orientar a opinião pú-

ses produtoras e a imprensa já levan

l)Hca, a fim de se obter maior com

produtos essenciais, e o Governo Fe

taram a questão da estocagem

de

■j^ COM indizível emoção que tomo a

de ensinamentos econômicos; .Antônio

palavra. Minas Gerais, além da tra dição humanista do Caraça e téçnica

Carlos engrandeceu a ciência bancá ria com alentada obra sòbre bancos de

preensão para as medidas que deve

deral nomeou comissão especial para

rão

da Escola de Ouro Preto, é centro de

' irradiação de conhecimentos jurídicos,

emissão c redesconto; Afonso Pena Júnior, distinguido humanista e no

estudar o assunto, ao mesmo tempo

sociais e econômicos. Aqui se forma ram homens que ilustraram e iluminam

tável jurisconsulto, enriqueceu a eco nomia pátria com o famoso parecer

sões, em matéria econômica, são alea

esses ramos do saber humano.

sobre a reforma do Banco do Brasil.

Re

ser

tomadas.

Advertimos, no entanto, que previ tórias, dados os imponderáveis que imprimem aos acontecimentos novos

rumos. O máximo que se pode fazer

cuando na história, encontramos a fi gura ciclópica de Bernardo de Vas

E tantos outros.

concelos, que prima na obra legislati va do Império; o Marquês de Para ná, insigne pelos seus atilados conhe

terra de inteligências de escol, res ponsável pelo avanço dos conhecimen tos de Economia Política no Brasil,

cimentos políticos; Ouro Preto, que

é motivo de orgulho e de honra para

mediu talento e saber com Rui Bar

os que se votam a esse gênero de

bosa nos debates sòbre a reforma fi nanceira.

Feita esta vulgar observação, abalançamo-nos a opinar sobre as reper cussões que o novo "período poderá

estudos.

exercer

Na República, não foi menor a con

Falar de assuntos econômicos em

Escolhemos, como tema de

nossa

tribuição mineira. Das Alterosas vie

palestra — Perspectivas da Economia de Guerra no Brasil. O momento é

na

estrutura

econômica na

cional. Dado o limite do tempo e o enfado de exposição de natureza téc

No momento, não há matéria de co

gitação mais importante que o abas tecimento de produtos indispensáveis ao parque manufatureiro nacional. A

crise de dólares nos impossibilitou a

formação de estoques mesmo para o consumo

normal.

Nos

últimos

três

anos, como é do conhecimento geral, no que toca à importação, houve es cassez geral de artigos essenciais.

Bem diversa, a situação em 1939. Não conhecíamos a carência de divi

industriais importarem grandes quan tidades de mercadorias, formando es

ram os parlamentares cujos estudos

propício.

em que nos devemos preparar para

que talvez advenham à economia bra

uma possível fase bélica sem termos

obra financeira e econômica da pri meira fase republicana. Davi Campista o criador da Caixa de Conversão,

corrigido os desequilíbrios provenien tes da segunda conflagração mundial. O assunto é imenso, e comporta tnn

sileira pela atual preparação econômi ca bélica e a deflagração do terceiro

ta sem rival, não se limitou a ser o

Dai têrinos vacilado em o eleger co mo objeto de nossa exposição. Elege

programa todo de pesquisa e reflexão.

tos básicos, até o total de 150 milhões de dólares.

nica, limitar-nos-emos aos aspectos gerais das prováveis conseqüências

doutrinários sóbre os problemas na cionais constituem a base de tôda a

prestou serviços valiosos na estabiliza ção do câmbio; Calógeras, o estadis

Atravessamos um período

é traçar as linhas gerais de uma pos sível evolução, indicando o caminho provável que os eventos econômicos poderão seguir.

que autorizou a importação de produ

conflito mundial.

sas, o que permitiu a comerciantes e

toques, entre as manufaturas, princi

palmente de produtos químicos, far

Comércio externo

macêuticos e automóveis; entre as matérias-primas, gasolina, Combustí

Incontestàvelmente, o setor econô

veis e óleos lubrificantes e minerais não-nietálicos, notadaraeníe o clium-

mico mais atingido será o do comér

insuperável analista da receita e de todos os orçamentos, mas o tratadis-

mo-lo, devido à sua importância e á necessidade de refletirmos desde logo

ta que escreveu o livro clássico das finanças brasileiras — "A Política

ra no Brasil.

dade do consumo e da produção nor

certas matérias-primas, como o cobre,

Conhecemos, pela experiência dos anos 1939-45, a repercussão da mobili

mais. Em seguida, em virtude dos de

as anilinas e o cimento.

zação econômica dos países aliados

dorias importadas além das necessida

suportar o longo período bélico. Con-

Monetária do Brasil"; Carlos Peixoto, o arauto, no Parlamento, do programa

sobre os efeitos da economia de guer

cio externo. Primeiramente, sofrere mos tremenda distorção na importação de produtos fundamentais à continui

sentendimentos de tòda ordem, no

protecionismo; João Luís Alves, cujos

áôbre a economia brasileira. Não nos

Oriente, seremos- transformados em celeiro de matérias-primas essenciais

trabalhos sobre tarifas são mananciais

devemos,

ao esforço de guerra.

de João Pinheiro, o doutrinador do

porém, orientar

exclusiva-

bo. Infelizmente, os importadores não constituíram reservas de máquinas, aparelhos, ferramentas e Utensílios, e

É verdade que o volume de merca

des habituais não foi suficiente para


Digesto Econômico

22

tudo, facilitou a expansão rápida da produção, determinada pela cessação

sidades desses artigos no mercado in

imediata da entrada de artigos de con sumo. Uma circunstância, no entanto,

a procura é comprimi<la. Entretanto,

permitiu a vinda, por algum tempo, de muitos produtos essenciais: o ingres

ram

so tardio dos Estados Unidos na guer ra. Por essa razão a fase grave do movimento importador de produtos

estatísticas do comércio exterior mos

essenciais foi 1943, quando atingiu re

dução de 42%. Nos anos subsequen tes, a tendência foi de aumento con tinuo das - quantidades importadas, desafogando parcialmente o mercado consumidor.

Hoje, as

dificuldades

aumentam.

Além de o comércio importador es tar sujeito a licença prévia e limitado pela carência de divisas, a guerra na

terno .são imensas, pois de.sdc 1939 (iue nesse período mencionado, aumenta sensivclíncnte

as

nccessidade.s

brasileiras de produtos essenciais. As

tram radical alteração dc nossas Im portações entre 1937 c 1949. Assim, em 1937, 27% do total dos produtos entrados no País eram máquinas c

veículos, enquanto, em 1949, represen taram 457c. Naquele ano anterior à

guerra, o petróleo c subprodutos cons tituíram 8% do total da importação, ao passo que, em 1949, atingiram 107(.

Além desse aspecto, não nos pode

Digesto EcoNÓNnco

Washington no mês de março, for necerá a ocasião propícia para enten

ano e rto.s pró.xlmos as relações de

dimentos dessa natureza, e a vinda ao

Os preços das mercadorias estrangei

Brasil do sr. Miller, Subsecretário de

ras tendem a aumentar sensivelmente Contudo, o aumento do volume das exportações brasileiras compensará a

Estado do Govérno norte-americano, facilitará as conversações para acor dos desse gênero. Para êssc fim, com

alta dos preços dos artigos impor

pete ao Governo brasileiro realizar es

tados.

tudos de previsão c elaborar uma po lítica comercial que permita a aquisi ção e a estocagem de produtos essen ciais à nossa economia.

Duas vantagens advirão: será asse

gurado o abastecimento do parque manufatureiro nacional dós elementos indispensáveis à continuidade das ati

vidades fabris e, o que é sumamente

mos esquecer dc que a produção bra

importante, serão absorvidos os futu

Coréia e a mobilização econômica nor

sileira, verificando-se o conflito, há de ser intensificada, a fim dc abaste

ros saldos comerciais favoráveis. Tais

te-americana determinaram, imediata

cer o mercado interno de produtos

mente, a escassez de matérias-primas essenciais nos mercados fornecedores.

que antes vinham do e.xterior.

cia, são altamente iuflacionários. Na futura conjuntura econômica èles de

Nas

circunstâncias atuais da economia bra

saldos, conhecemos já por experiên

sileira, o aumento de produção rcfjucr

verão Ser bem mais elevados que du rante a guerra passada. É que naque

SQ acentua o preparo militar das na

melhoria de técnica, quer no setor

la época a cotação dos produtos bra

ções aliadas, são absorvidas maiores

agrícola quer no industrial. É que, na íasé dc pleno emprego de fatòres dc produção, como a em que nos encon tramos, o aumento da produção só po

sileiros não era tão elevada como a

'Cumpre notar que, à medida em que

quantidades de matérias-primas, cuja falta já se faz sentir entre nós, como alumínio, cobre, zinco, estanho, folha de Flandres, aço silicioso, barrilha, en xofre, soda cáustica e celulose. Sendo assim, não encontraremos nos merca

dos internacionais, na época da aqui

sição, as mercadorias de que necessi tamos. Atualmente, ainda é possível adquirirem-se nas praças estrangeiras

alguns produtos de que temos preci são, principalmente maquinismos, pe

ças'sobressalentes e matérias-primas.

de ser conseguido pela alteração da técnica, o que para nós significa im portação de equipamentos modernos.

Urge adquirir êsses produtos ime diatamente e na maior c(uantidade possív.el. Tal encargo não pode ser atribuído à iniciativa particular. O volume dc divisas necessário para as transações e a retração dos merca

dos fornecedores pedem a interven ção governamental, pois só por acôrT

presente e nem tão volumosos os nos

sos fornecimentos de materiais estra tégicos.

No ano fincto, os nossos "terms "of trade"

melhoraram

sensivelmente.

Basta dizer que o Brasil importou, du-r rante os primeiros oito meses, 1.061.947 toneladas mais e pagou Cr§ 2.101.744.000,00 menos. O valor médio

diminuiu de Cr| 1.017,00 por tonelada

importada, ou sejam, 28% menos. Ocorreu o-^inverso nas exportações. Recebeu o País, em média, até agosto de 1950, mais Cr^? 1.383,00 por tonela

O estoque não é muito grande, e — dada a procura internacional, que será

do de governo a govênio será possí

intensificada — em pouco tempo se

levantadas por êsses dois problemas.

evaporara.

A Conferência dos Chanceleres dos

168.949 toneladas menos e recebeu Cr| 2.209.882.000,00 mais.

países americanos, a realizar-se em

É verdade que no decorrer dêsse

Ê preciso considerar que as neces

vel resolver as inúmeras dificuldades

troca não se manterão tão elevadas.

da. Foi beneficiado, portanto, com um

aumento de 27,567c. Vendeu, no tptal,

De fato, as perspectivas indicam que se intensificarão as exportações de couros e peles, borracha, cacau,

cêra de carnaúba, açúcar, arroz e frutos oleaginosos, destacando-se o óleo dc mamona. Pelo menos é essa

a lição que nos ministrou a guerra passada. A tendência de aumento de •exportação, porém, não se limitará aos

produtos de agropecuária. Como já dissemos, a guerra na Coréia c na In

dochina, aliada aos intrincados pro blemas políticos do Oriente, fechará as nações aliadas os mercados orien

tais, fornecedores de matérias-primas estratégicas. Por èsse motivo, a Amé rica Latina assumirá uma posição de primeira ordem no cenário internacio

nal. Acreditam os meios políticos bem informados que a próxima reunião dos Chanceleres em Washington mar cará o início de uma nova política de boa vizinhança. Um jornal comunista de Londres, segundo informa um co mentarista político, reconheceu que a

América Latina se apresenta como a única região do" mundo capaz de se constituir em fonte segura de maté

rias-primas estratégicas para os oci dentais. Tal fato parece encontrar confirmação na mensagem de Trnman ao Congresso, em que faz refe

rência especial à América Latina. Daí acreditar-se que outra fase diversa de cooperação econômica entre os países

latinos-americanos e os Estados Uni

dos caracterizará a política de Was-


Digesto Econômico

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tudo, facilitou a expansão rápida da produção, determinada pela cessação

sidades desses artigos no mercado in

imediata da entrada de artigos de con sumo. Uma circunstância, no entanto,

a procura é comprimi<la. Entretanto,

permitiu a vinda, por algum tempo, de muitos produtos essenciais: o ingres

ram

so tardio dos Estados Unidos na guer ra. Por essa razão a fase grave do movimento importador de produtos

estatísticas do comércio exterior mos

essenciais foi 1943, quando atingiu re

dução de 42%. Nos anos subsequen tes, a tendência foi de aumento con tinuo das - quantidades importadas, desafogando parcialmente o mercado consumidor.

Hoje, as

dificuldades

aumentam.

Além de o comércio importador es tar sujeito a licença prévia e limitado pela carência de divisas, a guerra na

terno .são imensas, pois de.sdc 1939 (iue nesse período mencionado, aumenta sensivclíncnte

as

nccessidade.s

brasileiras de produtos essenciais. As

tram radical alteração dc nossas Im portações entre 1937 c 1949. Assim, em 1937, 27% do total dos produtos entrados no País eram máquinas c

veículos, enquanto, em 1949, represen taram 457c. Naquele ano anterior à

guerra, o petróleo c subprodutos cons tituíram 8% do total da importação, ao passo que, em 1949, atingiram 107(.

Além desse aspecto, não nos pode

Digesto EcoNÓNnco

Washington no mês de março, for necerá a ocasião propícia para enten

ano e rto.s pró.xlmos as relações de

dimentos dessa natureza, e a vinda ao

Os preços das mercadorias estrangei

Brasil do sr. Miller, Subsecretário de

ras tendem a aumentar sensivelmente Contudo, o aumento do volume das exportações brasileiras compensará a

Estado do Govérno norte-americano, facilitará as conversações para acor dos desse gênero. Para êssc fim, com

alta dos preços dos artigos impor

pete ao Governo brasileiro realizar es

tados.

tudos de previsão c elaborar uma po lítica comercial que permita a aquisi ção e a estocagem de produtos essen ciais à nossa economia.

Duas vantagens advirão: será asse

gurado o abastecimento do parque manufatureiro nacional dós elementos indispensáveis à continuidade das ati

vidades fabris e, o que é sumamente

mos esquecer dc que a produção bra

importante, serão absorvidos os futu

Coréia e a mobilização econômica nor

sileira, verificando-se o conflito, há de ser intensificada, a fim dc abaste

ros saldos comerciais favoráveis. Tais

te-americana determinaram, imediata

cer o mercado interno de produtos

mente, a escassez de matérias-primas essenciais nos mercados fornecedores.

que antes vinham do e.xterior.

cia, são altamente iuflacionários. Na futura conjuntura econômica èles de

Nas

circunstâncias atuais da economia bra

saldos, conhecemos já por experiên

sileira, o aumento de produção rcfjucr

verão Ser bem mais elevados que du rante a guerra passada. É que naque

SQ acentua o preparo militar das na

melhoria de técnica, quer no setor

la época a cotação dos produtos bra

ções aliadas, são absorvidas maiores

agrícola quer no industrial. É que, na íasé dc pleno emprego de fatòres dc produção, como a em que nos encon tramos, o aumento da produção só po

sileiros não era tão elevada como a

'Cumpre notar que, à medida em que

quantidades de matérias-primas, cuja falta já se faz sentir entre nós, como alumínio, cobre, zinco, estanho, folha de Flandres, aço silicioso, barrilha, en xofre, soda cáustica e celulose. Sendo assim, não encontraremos nos merca

dos internacionais, na época da aqui

sição, as mercadorias de que necessi tamos. Atualmente, ainda é possível adquirirem-se nas praças estrangeiras

alguns produtos de que temos preci são, principalmente maquinismos, pe

ças'sobressalentes e matérias-primas.

de ser conseguido pela alteração da técnica, o que para nós significa im portação de equipamentos modernos.

Urge adquirir êsses produtos ime diatamente e na maior c(uantidade possív.el. Tal encargo não pode ser atribuído à iniciativa particular. O volume dc divisas necessário para as transações e a retração dos merca

dos fornecedores pedem a interven ção governamental, pois só por acôrT

presente e nem tão volumosos os nos

sos fornecimentos de materiais estra tégicos.

No ano fincto, os nossos "terms "of trade"

melhoraram

sensivelmente.

Basta dizer que o Brasil importou, du-r rante os primeiros oito meses, 1.061.947 toneladas mais e pagou Cr§ 2.101.744.000,00 menos. O valor médio

diminuiu de Cr| 1.017,00 por tonelada

importada, ou sejam, 28% menos. Ocorreu o-^inverso nas exportações. Recebeu o País, em média, até agosto de 1950, mais Cr^? 1.383,00 por tonela

O estoque não é muito grande, e — dada a procura internacional, que será

do de governo a govênio será possí

intensificada — em pouco tempo se

levantadas por êsses dois problemas.

evaporara.

A Conferência dos Chanceleres dos

168.949 toneladas menos e recebeu Cr| 2.209.882.000,00 mais.

países americanos, a realizar-se em

É verdade que no decorrer dêsse

Ê preciso considerar que as neces

vel resolver as inúmeras dificuldades

troca não se manterão tão elevadas.

da. Foi beneficiado, portanto, com um

aumento de 27,567c. Vendeu, no tptal,

De fato, as perspectivas indicam que se intensificarão as exportações de couros e peles, borracha, cacau,

cêra de carnaúba, açúcar, arroz e frutos oleaginosos, destacando-se o óleo dc mamona. Pelo menos é essa

a lição que nos ministrou a guerra passada. A tendência de aumento de •exportação, porém, não se limitará aos

produtos de agropecuária. Como já dissemos, a guerra na Coréia c na In

dochina, aliada aos intrincados pro blemas políticos do Oriente, fechará as nações aliadas os mercados orien

tais, fornecedores de matérias-primas estratégicas. Por èsse motivo, a Amé rica Latina assumirá uma posição de primeira ordem no cenário internacio

nal. Acreditam os meios políticos bem informados que a próxima reunião dos Chanceleres em Washington mar cará o início de uma nova política de boa vizinhança. Um jornal comunista de Londres, segundo informa um co mentarista político, reconheceu que a

América Latina se apresenta como a única região do" mundo capaz de se constituir em fonte segura de maté

rias-primas estratégicas para os oci dentais. Tal fato parece encontrar confirmação na mensagem de Trnman ao Congresso, em que faz refe

rência especial à América Latina. Daí acreditar-se que outra fase diversa de cooperação econômica entre os países

latinos-americanos e os Estados Uni

dos caracterizará a política de Was-


Digesto Econômico

25

Digesto Econômico

24

acusam a entrada de 7 bilhões de cru

matérias-primas e produtos agrícolas não se refletiu nos preços a varejo,

que, nestes anos de após-guerra —

hington. Naturalmente, o estreitamen to das relações econômicas significa

zeiros no referido ano, elevando o

rá maior envio de minerais indispen

meio circulante a 31 bilhões de cru

limitando-se a ser antes fenômeno jolsista e financeiro que econômico i

sáveis ao esforço de guerra norte-

zeiros, isto^e, 30% a mais cin relação

tocial. No ano corrente, as conse

neira isolada, atingindo sòmente as

americano, como o manganês, cristal-

a 1949. É a prova dc que as causas in-

qüências desses dois fatos se farão

de-roclia, minério de ferro, cromo,

flacionárias estão cm plena atuação e

sentir, acelerando a alta dos preços.

regiões onde os capitais agrícolas são mais volumosos, como as do café, on

bauxita, tungsténio, berilo, diamantes,

dificilmente serão contidas.

areias monazíticas e urânio, o que au

mentará os saldos da balança comer cial brasileira. Por isso, acreditamos

Dc fato, os déficits orçamentários, que somam dez bilhões de cruzeiros,

no agravamento da pressão inflacio-

o financiamento dos produtos agríco las — Café, algodão, cacau, para citar

nária

apenas os principais — nas bases dos

dos futuros saldos comerciais

em comparação com os do último con flito. Se

as

autoridades ativarem

a

importação, em pouco tempo acumu laremos grandes atrasados comer

ciais, que agirão futuramente como

medida anti-inflacionista, absorvendo parte dos saldos da balança comer cial.

Temos, a esse respeito, o ensina mento dos últimos três anos. Os 220

milhões de dólares de atrasados co

merciais, acumulados durante 1948-49, permitiram que os saldos de 1950 não tivessem efeitos inflacionistas na eco

preços vigorantcs, e as despesas com as obras governamentais cm curso, não permitirão às autoridades fugi

rem às emissões. Nesse terreno, levando-sc em conta apenas os fatos apontados, provavelmente se repeti rá o acontecido no ano transato.

O Brasil, mau grado a sua política pacifista, obrigar-se-á, caso o confli to se declare, a tomar posição, e se

continuar à margem — o que nos pa rece impossível — não será também sem grandes sacrifícios financeiros.

Num ou noutro caso, os encargos

nomia interna.

federais se elevarão a .somas bem

Inflação

maiores. Parte, é verdade, poderá ser coberta com recursos extraordinários

. Evitar o prosseguimento da infla

ção deve ser o objetivo fundamental do Governo brasileiro. Daí constituir medida acertada afastar, tanto quan

to possível, a ação inflacionista dos saldos comerciais, pois várias outras causas agem a favor das emissões. Em menos de dez anos o meio circulante cresceu de 27 milhões de cruzeiros, o que representa seis vezes o montante da moeda existente em 1939. No en tanto, menos de metade é provenien te de saldos comerciais de 1940-45.

próprios de tempo de guerra; mas a outra só encontrará cobertura nas emissões. Uma fonte a mais de der

rame de moeda em circulação se abri

rá, e de jacto pujante. As conseqüên cias sobre os preços serão funestas. Estamos em plena espiral inflacionária, isto é, os preços, além de altos, elevam-se continuamente. É preciso considerar dois pontos importantes. Em primeiro lugar, a maior parte da

Delineada a economia de guerra, esta

conforme acentua "Conjuntura Econô mica" — apenas se pôde observar al gum aperfeiçoamento cultural, de ma

de se esperam para as próximas co lheitas melhores resultados no plan

agravará necessàriamente a sua ele vação, ativando a marcha ascensional

tio das culturas vizinhas aos cafèzais

da espiral inflacionária.

ou intercaladas.

A produção industrial, por seu tur Produção interna

no, está na dependência do comércio

É possível o crescimento do volume da produção brasileira a fim de se

frcar a tendência altista dos preços? Em pequeno espaço de tempo não

acreditamos ser isso realizável. Atra

internacional, mesmo as que manipu lam matérias-primas nacionais, pois estas dêle dependem, seja para obten

ção de energia e lubrificantes, seja pe las necessidades de equipamentos no

vessamos fase de pleno emprego e to

vos e renovação dos antigos, uma vez que não possuímos indústrias de má

dos conhecemos as conseqüências eco

quinas e ferramentas suficientemente

nômicas de um ciclo expansionista com fatores em utilização integral. A luta dos empreendedores pelos ele mentos produtivos se intensifica, for çando a elevação dos preços das ma

térias-primas, energia e mão-de-obra, criando ambiente propício à especula ção.

desenvolvidas. Se voltarmos as nossas vistas para as fábricas que não en contram, ou que encontram apenas parcialmente, em território nacional,

tôda sua fonte de suprimento, vere

mos quanto é difícil a expansão manufatureira.

Infelizmente, o comércio externo produção agd^cola dificilmente

não é o único obstáculo ao desenvol

poderá ser ativada, por ter sido a mais atingida pela conjuntura bélica e

se adicionam, e de importância não

post-bélica, pois a desloca.ção maciça de trabalhadores da zona rural para

exemplo, constitui óbice quase intrans

os centros urbanos industriais afetou

seriamente o cultivo das plantações. O advento da contenda agravará a escassez de braços na lavoura, que só poderá ser contrabalançada pela me canização agrícola e melhoria da téc

nica de cultivo. Ambas exigem impor tação de máquinas, capitais e apren

vimento das atividades fabris. Outros menor. A falta cie energia elétrica, por

ponível. Ê verdade que está em an damento a construção de algumas usinas, e outras foram projetadas. Contudo, as necessidades do parque manufatureiro se tornam maiores à

medida que se alarga 6 campo indus

trial, pois os investimentos se reper

moeda emitida em 1950 deu entrada

dizado, coisas difíceis de serem con

cutem, ativando a produção de todos os setores manufatureiros, o que de

no último semestre, não tendo pro

seguidas a curto prazo, mormente nas

termina maior consumo de eletrici

Parcela considerável foi posta em cir

duzido ainda os seus efeitos. Em 66-

condições

dade. Se esta não pode ser fornecida

culação em 1950. As estatísticas

gundo, a elevação extraordinária das

vigorantes. Tanto

assim


Digesto Econômico

25

Digesto Econômico

24

acusam a entrada de 7 bilhões de cru

matérias-primas e produtos agrícolas não se refletiu nos preços a varejo,

que, nestes anos de após-guerra —

hington. Naturalmente, o estreitamen to das relações econômicas significa

zeiros no referido ano, elevando o

rá maior envio de minerais indispen

meio circulante a 31 bilhões de cru

limitando-se a ser antes fenômeno jolsista e financeiro que econômico i

sáveis ao esforço de guerra norte-

zeiros, isto^e, 30% a mais cin relação

tocial. No ano corrente, as conse

neira isolada, atingindo sòmente as

americano, como o manganês, cristal-

a 1949. É a prova dc que as causas in-

qüências desses dois fatos se farão

de-roclia, minério de ferro, cromo,

flacionárias estão cm plena atuação e

sentir, acelerando a alta dos preços.

regiões onde os capitais agrícolas são mais volumosos, como as do café, on

bauxita, tungsténio, berilo, diamantes,

dificilmente serão contidas.

areias monazíticas e urânio, o que au

mentará os saldos da balança comer cial brasileira. Por isso, acreditamos

Dc fato, os déficits orçamentários, que somam dez bilhões de cruzeiros,

no agravamento da pressão inflacio-

o financiamento dos produtos agríco las — Café, algodão, cacau, para citar

nária

apenas os principais — nas bases dos

dos futuros saldos comerciais

em comparação com os do último con flito. Se

as

autoridades ativarem

a

importação, em pouco tempo acumu laremos grandes atrasados comer

ciais, que agirão futuramente como

medida anti-inflacionista, absorvendo parte dos saldos da balança comer cial.

Temos, a esse respeito, o ensina mento dos últimos três anos. Os 220

milhões de dólares de atrasados co

merciais, acumulados durante 1948-49, permitiram que os saldos de 1950 não tivessem efeitos inflacionistas na eco

preços vigorantcs, e as despesas com as obras governamentais cm curso, não permitirão às autoridades fugi

rem às emissões. Nesse terreno, levando-sc em conta apenas os fatos apontados, provavelmente se repeti rá o acontecido no ano transato.

O Brasil, mau grado a sua política pacifista, obrigar-se-á, caso o confli to se declare, a tomar posição, e se

continuar à margem — o que nos pa rece impossível — não será também sem grandes sacrifícios financeiros.

Num ou noutro caso, os encargos

nomia interna.

federais se elevarão a .somas bem

Inflação

maiores. Parte, é verdade, poderá ser coberta com recursos extraordinários

. Evitar o prosseguimento da infla

ção deve ser o objetivo fundamental do Governo brasileiro. Daí constituir medida acertada afastar, tanto quan

to possível, a ação inflacionista dos saldos comerciais, pois várias outras causas agem a favor das emissões. Em menos de dez anos o meio circulante cresceu de 27 milhões de cruzeiros, o que representa seis vezes o montante da moeda existente em 1939. No en tanto, menos de metade é provenien te de saldos comerciais de 1940-45.

próprios de tempo de guerra; mas a outra só encontrará cobertura nas emissões. Uma fonte a mais de der

rame de moeda em circulação se abri

rá, e de jacto pujante. As conseqüên cias sobre os preços serão funestas. Estamos em plena espiral inflacionária, isto é, os preços, além de altos, elevam-se continuamente. É preciso considerar dois pontos importantes. Em primeiro lugar, a maior parte da

Delineada a economia de guerra, esta

conforme acentua "Conjuntura Econô mica" — apenas se pôde observar al gum aperfeiçoamento cultural, de ma

de se esperam para as próximas co lheitas melhores resultados no plan

agravará necessàriamente a sua ele vação, ativando a marcha ascensional

tio das culturas vizinhas aos cafèzais

da espiral inflacionária.

ou intercaladas.

A produção industrial, por seu tur Produção interna

no, está na dependência do comércio

É possível o crescimento do volume da produção brasileira a fim de se

frcar a tendência altista dos preços? Em pequeno espaço de tempo não

acreditamos ser isso realizável. Atra

internacional, mesmo as que manipu lam matérias-primas nacionais, pois estas dêle dependem, seja para obten

ção de energia e lubrificantes, seja pe las necessidades de equipamentos no

vessamos fase de pleno emprego e to

vos e renovação dos antigos, uma vez que não possuímos indústrias de má

dos conhecemos as conseqüências eco

quinas e ferramentas suficientemente

nômicas de um ciclo expansionista com fatores em utilização integral. A luta dos empreendedores pelos ele mentos produtivos se intensifica, for çando a elevação dos preços das ma

térias-primas, energia e mão-de-obra, criando ambiente propício à especula ção.

desenvolvidas. Se voltarmos as nossas vistas para as fábricas que não en contram, ou que encontram apenas parcialmente, em território nacional,

tôda sua fonte de suprimento, vere

mos quanto é difícil a expansão manufatureira.

Infelizmente, o comércio externo produção agd^cola dificilmente

não é o único obstáculo ao desenvol

poderá ser ativada, por ter sido a mais atingida pela conjuntura bélica e

se adicionam, e de importância não

post-bélica, pois a desloca.ção maciça de trabalhadores da zona rural para

exemplo, constitui óbice quase intrans

os centros urbanos industriais afetou

seriamente o cultivo das plantações. O advento da contenda agravará a escassez de braços na lavoura, que só poderá ser contrabalançada pela me canização agrícola e melhoria da téc

nica de cultivo. Ambas exigem impor tação de máquinas, capitais e apren

vimento das atividades fabris. Outros menor. A falta cie energia elétrica, por

ponível. Ê verdade que está em an damento a construção de algumas usinas, e outras foram projetadas. Contudo, as necessidades do parque manufatureiro se tornam maiores à

medida que se alarga 6 campo indus

trial, pois os investimentos se reper

moeda emitida em 1950 deu entrada

dizado, coisas difíceis de serem con

cutem, ativando a produção de todos os setores manufatureiros, o que de

no último semestre, não tendo pro

seguidas a curto prazo, mormente nas

termina maior consumo de eletrici

Parcela considerável foi posta em cir

duzido ainda os seus efeitos. Em 66-

condições

dade. Se esta não pode ser fornecida

culação em 1950. As estatísticas

gundo, a elevação extraordinária das

vigorantes. Tanto

assim


'5 ."/-ir

DronsTO

26

na f|uanticlade requerida, as ativida de» de todos os setores sc retraem.

É o cjuc se verificará entre nós, en quanto não fòr solucionada essa ques

Econónhco

e podemos aí|uilfitar o pat)el cpic de sempenharão na distribuição d.as mer cadorias c matérias-primas. Um exem

plo apenas é suficiente para eluci \'olta Redonda, que se destina a São

tados, a obtenção de operários ajus

Paulo, não encontraiulo na Central do

tados aos misteres da indústria agirá

Rrasil transporte suficiente, é enca

como entrave ao alargamento da pro tal maneira se fêz sentir o problema

que a Confederação Nacional das In dústrias resolveu criar, ás suas cxpen-

minhada ao litoral, vindo <le navio

percur.so, quando Volta Redonda está

zagem Industrial. Os resultados foram excelentes, porém o alargamento das

situada a algumas horas apenas da capital pauH.sta, por estrada dc ferro.

ritmo vertiginoso da indústria nacio nal, daí a permanência da escassez de

trabalhadores eficazes.

No que to

ção é mais longa. Infelizmente, as autoridades não aproveitaram o perío

O segundo reside na perspectiva de se deslocarem meios de transporte, capitais, mão-de-obra c energia para

do de após-guerra para atrair esse

a produção de bens essenciais às in

gênero de imigrantes, o que muito

dústrias estreitamente relacionadas

contribuiria para o progresso indus

com

trial de nosso país.

destacam minérios, borracha, cristal-

nos deparam dois obstáculos que atuarão, de modo gerai, sobre tôda a

produção. O primeiro são as deficiên

os recursos financeiros destinados aos

os

entraves

parti

Mas, o que faltou, sobretudo, foi uma adequada política econômica, pois, se o tabelamento é medida útil, não é a única- e nem deve ser aplica da isoladamente. Nesse ponto as au toridades não agiram com acerto. De

escassez cio bens de consumo determi

veriam ter adotado uma larga políti

nará o câmbio negro, ou melhor, transportará a especulação para o se

ca econômica de desenvolvimento da

tor da» mercadorias dc consumo.

quela época existiam fatóres em de-

Política econômica

produção, principalmente quando na No entanto, isso não foi

feito; a produção se elevou, impulsio nada apenas pela iniciativa particular.

Êste ligeiro sumário dos íatos^ecò-

Esta, na fase excepcional de 1940-45, se bem.^ tenha produzido bons frutos,

nómicos nos mostra a impossibilidade

foi insuficiente. Necessitava do bafe

de se conter, a curto prazo, a espiral inflacionária dos preços por aumento

jo de uma política econômica geral,

de produção. O quadro é realmente sombrio. Devemos, porém, afastar

blemas e elevar a produção a nível

pcssimismos, enxergar as coisas como elas se apresentam, e tomar consciên, cia dos sacrifícios que necessitamos

segurança, entre as quais se

de-rocha outras matérias-primas. Reduzir-se-ão, desta forma, os meios di.sponiveis para a produção de bens de consumo, ao mesmo tempo cm que

Abandonando

qüências sociais.

semprêgo.

impossibilidade de a Central do Bra sil carregar para a usina a matériaprima necessária.

culares à lavoura e à indústria, se

midores, não só pela causa já apon tada como pelo aumento de salários

Os jornais informaram, há pouco, que

ca a operários qualificados e a técni

^

da mais o |.»oder aquisitivo dos consu

cros fáceis, acrescendo a procura. A

o alto forno de Volta Redonda estava ameaçado de paralisação cm face da

cos, a falta é ainda maior e a forma

27

menor rapidez, o que permitiu certa adequação entre a alta dos salários e a dos preços, evitando muitas conse

proveniente <la elevação da procura de inão-dc-obra. Além disso, a especula ção, inevitável cm tempo de guerra, determinará o aparecimento de lu

até Santo.s, transpondo, por fim, a ser ra pela deficiente Santos-Jundiaí. Segundo nos informaram, são preCÍSO.S doi.s mcse.s para fazer ésse

sas, o Serviço Nacional de Aprendi

suas atividades, apesar de acentuado, não foi suficiente para acompanliar o

cado nestes últimos 10 anos. A con

juntura bélica, insistimos, elevará ain

dar cs.sc ponto: parte <lo ferro de

tão de ordem vital. Colaborando com o.s fatores ai)Qn-

dução industriai. Na guerra passada, de

Digesto Econômico

fazer, a fim. de enfrentar os dias que virão. Para isso, é necessária a for mação de um clima de austeridade se

melhante ao do inglês. Reconhecemos ser difícil, em face da mentalidade de

para solucionar os seus inúmeros pro

muito superior ao apresentado. Não tivemos, por isso, com a fixação de preços, os efeitos que dela se aguar davam.

Esperamos que êsse êrro pita na hipótese de nova principalmente quando se longo prazo, perspectivas

não se re catástrofe, abrem, â ao desen

"fazer a América" reinante entre nós,

volvimento da produção brasileira.

cias dos meios de transporte, que ten

esforços da defesa se transformarão

mas é indispensável, pois sem êle a fixação de preços se torna letra mor

O primeiro se prende ao desej'o, por

derão a se agravar na eventualidade

cm poder aquisitivo adicional nas mãos

ta. Desta medida não podemos pres

da eclosão do terceiro Conflito mun dial,. pois tudo faz prever que haverá,

do público.

como houve na guerra de 1939-45, pa ralisação quase completa do transpor te rodoviário. As ferrovias terão que

arcar sozinhas com oj^êso de todo o transporte nacional.

Todos sabe

mos as condições precárias em que -se encontram as vias férreas brasileiras

cindir; entretanto, devemos evitar os erros cometidos na guerra passada,

Acresce observar, por outro lado, a ampliação do mercado consumidor in

cm que as Comissões de Preços se li

terno, CUJO desenvolvimento se acele

mitaram a sancionar as cotações vigo-

rou a partir de 1939, decorrente do

rantes no mercado negro.

crescimento demográfico das grandes cidades e do aumento de poder aqui sitivo das populações das mesmas, graças ao progresso industrial verifi

É preciso, contudo, reconhecer que •

tiveram relativa ação benéfica: con-

• tiveram

a

ascensão fulminante dos

preços. Êstes se elevaram, porém com

Dois fatos colaboram nesse sentido. parte das indústrias' européias, de emi

grar para nações mais seguras, à me

dida em que se agrava a situação in ternacional. Temos exemplo significa tivo na construção de uma fábrica dc lã e de sêda de vidro, indústria com pletamente nova no Brasil, cujas téc nicas de produção se acham patentea das na França, Inglaterra, Suíça e Estados Unidos. Outros exemplos das conseqüências da intranqüilidade po-


'5 ."/-ir

DronsTO

26

na f|uanticlade requerida, as ativida de» de todos os setores sc retraem.

É o cjuc se verificará entre nós, en quanto não fòr solucionada essa ques

Econónhco

e podemos aí|uilfitar o pat)el cpic de sempenharão na distribuição d.as mer cadorias c matérias-primas. Um exem

plo apenas é suficiente para eluci \'olta Redonda, que se destina a São

tados, a obtenção de operários ajus

Paulo, não encontraiulo na Central do

tados aos misteres da indústria agirá

Rrasil transporte suficiente, é enca

como entrave ao alargamento da pro tal maneira se fêz sentir o problema

que a Confederação Nacional das In dústrias resolveu criar, ás suas cxpen-

minhada ao litoral, vindo <le navio

percur.so, quando Volta Redonda está

zagem Industrial. Os resultados foram excelentes, porém o alargamento das

situada a algumas horas apenas da capital pauH.sta, por estrada dc ferro.

ritmo vertiginoso da indústria nacio nal, daí a permanência da escassez de

trabalhadores eficazes.

No que to

ção é mais longa. Infelizmente, as autoridades não aproveitaram o perío

O segundo reside na perspectiva de se deslocarem meios de transporte, capitais, mão-de-obra c energia para

do de após-guerra para atrair esse

a produção de bens essenciais às in

gênero de imigrantes, o que muito

dústrias estreitamente relacionadas

contribuiria para o progresso indus

com

trial de nosso país.

destacam minérios, borracha, cristal-

nos deparam dois obstáculos que atuarão, de modo gerai, sobre tôda a

produção. O primeiro são as deficiên

os recursos financeiros destinados aos

os

entraves

parti

Mas, o que faltou, sobretudo, foi uma adequada política econômica, pois, se o tabelamento é medida útil, não é a única- e nem deve ser aplica da isoladamente. Nesse ponto as au toridades não agiram com acerto. De

escassez cio bens de consumo determi

veriam ter adotado uma larga políti

nará o câmbio negro, ou melhor, transportará a especulação para o se

ca econômica de desenvolvimento da

tor da» mercadorias dc consumo.

quela época existiam fatóres em de-

Política econômica

produção, principalmente quando na No entanto, isso não foi

feito; a produção se elevou, impulsio nada apenas pela iniciativa particular.

Êste ligeiro sumário dos íatos^ecò-

Esta, na fase excepcional de 1940-45, se bem.^ tenha produzido bons frutos,

nómicos nos mostra a impossibilidade

foi insuficiente. Necessitava do bafe

de se conter, a curto prazo, a espiral inflacionária dos preços por aumento

jo de uma política econômica geral,

de produção. O quadro é realmente sombrio. Devemos, porém, afastar

blemas e elevar a produção a nível

pcssimismos, enxergar as coisas como elas se apresentam, e tomar consciên, cia dos sacrifícios que necessitamos

segurança, entre as quais se

de-rocha outras matérias-primas. Reduzir-se-ão, desta forma, os meios di.sponiveis para a produção de bens de consumo, ao mesmo tempo cm que

Abandonando

qüências sociais.

semprêgo.

impossibilidade de a Central do Bra sil carregar para a usina a matériaprima necessária.

culares à lavoura e à indústria, se

midores, não só pela causa já apon tada como pelo aumento de salários

Os jornais informaram, há pouco, que

ca a operários qualificados e a técni

^

da mais o |.»oder aquisitivo dos consu

cros fáceis, acrescendo a procura. A

o alto forno de Volta Redonda estava ameaçado de paralisação cm face da

cos, a falta é ainda maior e a forma

27

menor rapidez, o que permitiu certa adequação entre a alta dos salários e a dos preços, evitando muitas conse

proveniente <la elevação da procura de inão-dc-obra. Além disso, a especula ção, inevitável cm tempo de guerra, determinará o aparecimento de lu

até Santo.s, transpondo, por fim, a ser ra pela deficiente Santos-Jundiaí. Segundo nos informaram, são preCÍSO.S doi.s mcse.s para fazer ésse

sas, o Serviço Nacional de Aprendi

suas atividades, apesar de acentuado, não foi suficiente para acompanliar o

cado nestes últimos 10 anos. A con

juntura bélica, insistimos, elevará ain

dar cs.sc ponto: parte <lo ferro de

tão de ordem vital. Colaborando com o.s fatores ai)Qn-

dução industriai. Na guerra passada, de

Digesto Econômico

fazer, a fim. de enfrentar os dias que virão. Para isso, é necessária a for mação de um clima de austeridade se

melhante ao do inglês. Reconhecemos ser difícil, em face da mentalidade de

para solucionar os seus inúmeros pro

muito superior ao apresentado. Não tivemos, por isso, com a fixação de preços, os efeitos que dela se aguar davam.

Esperamos que êsse êrro pita na hipótese de nova principalmente quando se longo prazo, perspectivas

não se re catástrofe, abrem, â ao desen

"fazer a América" reinante entre nós,

volvimento da produção brasileira.

cias dos meios de transporte, que ten

esforços da defesa se transformarão

mas é indispensável, pois sem êle a fixação de preços se torna letra mor

O primeiro se prende ao desej'o, por

derão a se agravar na eventualidade

cm poder aquisitivo adicional nas mãos

ta. Desta medida não podemos pres

da eclosão do terceiro Conflito mun dial,. pois tudo faz prever que haverá,

do público.

como houve na guerra de 1939-45, pa ralisação quase completa do transpor te rodoviário. As ferrovias terão que

arcar sozinhas com oj^êso de todo o transporte nacional.

Todos sabe

mos as condições precárias em que -se encontram as vias férreas brasileiras

cindir; entretanto, devemos evitar os erros cometidos na guerra passada,

Acresce observar, por outro lado, a ampliação do mercado consumidor in

cm que as Comissões de Preços se li

terno, CUJO desenvolvimento se acele

mitaram a sancionar as cotações vigo-

rou a partir de 1939, decorrente do

rantes no mercado negro.

crescimento demográfico das grandes cidades e do aumento de poder aqui sitivo das populações das mesmas, graças ao progresso industrial verifi

É preciso, contudo, reconhecer que •

tiveram relativa ação benéfica: con-

• tiveram

a

ascensão fulminante dos

preços. Êstes se elevaram, porém com

Dois fatos colaboram nesse sentido. parte das indústrias' européias, de emi

grar para nações mais seguras, à me

dida em que se agrava a situação in ternacional. Temos exemplo significa tivo na construção de uma fábrica dc lã e de sêda de vidro, indústria com pletamente nova no Brasil, cujas téc nicas de produção se acham patentea das na França, Inglaterra, Suíça e Estados Unidos. Outros exemplos das conseqüências da intranqüilidade po-


Dicesto EcoNÓAnco

28

enfilkainciite

nos encontramos.

xima instalação, entre nós, de empre

to alemão, em Minas Gerais. Não são

condições de prestar aos Estados Unidos valiosíssima cooperação atra vés do suprimento de ferro, de manga nês, de cristal-de-rocha e matérias-pri mas para a produção atômica e miné rios essenciais à indústria norte-ameri

a moeda podem ser encontradas nas discussões parlamentares que em setem

apenas os capitais do Velho Mundo que procuram refúgio em países mais

cana, alguns dos quais de difícil obten ção em outras regiões. Tem, assim, o

bora nos casos ordinários possa ser feito

tranqüilos; os norte-americanos tam

Governo, elementos seguros para ne gociar acordos de cooperação econô

bro çle 1892 tiveram lugar, por ocasião da aprovação do projeto visando forçar os bancos emissores de então a decla

pelo capital rolante na caixa do banco.

rar a conversibilidade de suas notas, em ouro, ao' portador e à vista, em um

como um substituto dos efeitos de co

prazo de seis meses, sob pena de en campação das emissões pelo Governo

que o meio circulante é mais que a

fabricante de acessórios de rádios, e

o projeto de instalação de uma fá brica de automóveis com equipamen

bém. têm mostrado interesse, pois es peram os capitalistas ianques a ele vação do imposto sôbre a renda em seu país. Temos exemplo esclarecedor — segundo informa "Conjuntura Eco

sim o fizer, conseguirá, por certo, os elementos necessários para solucionar

nômica" — na próxima instalação, em

turação definitiva da economia bra

São Paulo, de uma grande empresa

sileira.

mica com os Estados Unidos. Se as

os problemas que impedem a estru

e previdente, conseguirá atrair para o nosso parque produtor várias outras

indústrias de origem européia ou es

tadunidense, pois já se firmou inter nacionalmente a confiança na capaci dade produtiva brasileira. Para incentivar a vinda em maior

vulto de emprêsas estrangeiras, é

preciso ainda solucionar graves pro blemas nacionais, como a produção de

alumínio, de petróleo, de cobre, de

aços finos e energia elétrica, bem co mo a melhoria dos sistemas de trans

porte. O momento é oportuno para re solver esses entraves, pois um segundo fato propiciará a solução dessas ques

A s idéias de Francisco Glicério sôbre

FederaK

Aceita êle que em suas origens a

Conclusão

^ Chegamos ao fim da análise sumá

era verificado pelo próprio vendedor pela pesagem e experimentação". Aos

terial plástico, podendo abastecer não somente o mercado nacional, mas tam bém o de outros países latino-ameri canos. Se o nosso Governo fôr hábil

Dorival Teixeira Vieira

moeda "não era mais do que uma contra-mercadoria dada em troca de qual quer outra mercadoria, cujo valor real

braaüeiro-americ^na.que fabricará maI

Francisco Glicério

Htica c social da Europa são a pró

sa espanhola de fama internacional,

O Brasil está em

>

ria que nos propusemos fazer. Como dissemos, a futura conjuntura béli ca se apresenta, de um lado, mais gra ve que a da contenda anterior e, de

poucos, passando-se da moeda pesada

sibiUdade." A conversão se faz em es

pécies que devem estar devidamente

guardadas, principalmente nos casos de crises, ou nos casos extraordinários, em

Apesar de considerar a nota de banco

mércio, cai em contradição ao afirmar massa das notas e moedas metálicas, uma vez que "na circulação se incluem

tanto os bilhetes emitidos pelos bancos, como os que o comércio emite para o

giro dos negócios internos e externos". Quanto ao órgão emissor, dá Glicério

preferência ao emissor particular, achan do que a monoemissão representada pelo

à moeda de conta, delegou-se ao Estado

monopólio concedido a um único banco

ó a mais recomendável. O emissor par

outro, mais propícia.

"o poder de imprimir as peças de ouro o prata o cunho público que dispensa o particular desse cuidado e assegura a

A curto prazo, o quadro não é róseo devido aos altos preços, à infla

êsses dísticos metálicos a circulação geral".

particular exercida pelos diretores do banco — pois são eles mais interessados

Já a origem da moeda de papel é

na manutenção do valor dos bilhetes do

ção, à ausência de matérias-primas es senciais e às dificuldades de rápida expansão da produção, quer industrial

diversa: ela não é senão um substituto da letra-de-câmbio e efeitos de comér

quer agrícola. Daí a necessidade de

cio que o banco desconta. "O bilhete

uma política destinada a obter os pro dutos indispensáveis à manutenção dás atividades produtoras, evitar a in flação e conter a alta dos preços. A longo prazo, as perspectivas "são fa

do banco é um título mais cômodo ven-

voráveis, desde que o Govér io saiba

civel a qualquer momento e cuja fácil circulação o torna substituto do papel descontado que lhe dá origem. Não são, pois, moeda na verdadeira acepção da palavra, e sim uma quase moeda.

A garantia dessa quase moeda repou

ticular e preferível ao oficial, não só graças à ação frenadora do interêsse

que os governos, os quais, pela natureza •

política de sua origern, são mais instá veis — como também porque é fato veri ficado que nunca houve bancarrota com pleta nos países onde existe tal regime e que ali não há mesmo uma deprecia ção a 50 % no valor das notas bancárias.

O banco emissor único, permitindo a unidade dos bilhetes, além de tomar mais cômoda a circulação, ainda contri

fornecedora de materiais estratégicos

tirar proveito da situação, através de acordos de Cooperação econômica, que nos permitam receber os equipamentos

para as nações aliadas. Cabe às au

e recursos necessários à solução dos

sa no lastro metálico que a garante. Se bui como fator de unificação nacional. existe um depósito, uma espqcie me Admitindo a existência da inflação, tálica, ouro ou prata, que garanta o • êle a defino como a existência de um

toridades brasileiras tirar partido da

magnos problemas econômicos nacio

trôco das notas, temos á moeda conver

nais.

sível. -Fora disso só temos a inconver-

tões: referimo-nos à importante fun ção reservada à América Latina domo

situação política e çconómiça era que

excesso de bilhetes superior às necessi dades normais da circulação. A infla-


Dicesto EcoNÓAnco

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enfilkainciite

nos encontramos.

xima instalação, entre nós, de empre

to alemão, em Minas Gerais. Não são

condições de prestar aos Estados Unidos valiosíssima cooperação atra vés do suprimento de ferro, de manga nês, de cristal-de-rocha e matérias-pri mas para a produção atômica e miné rios essenciais à indústria norte-ameri

a moeda podem ser encontradas nas discussões parlamentares que em setem

apenas os capitais do Velho Mundo que procuram refúgio em países mais

cana, alguns dos quais de difícil obten ção em outras regiões. Tem, assim, o

bora nos casos ordinários possa ser feito

tranqüilos; os norte-americanos tam

Governo, elementos seguros para ne gociar acordos de cooperação econô

bro çle 1892 tiveram lugar, por ocasião da aprovação do projeto visando forçar os bancos emissores de então a decla

pelo capital rolante na caixa do banco.

rar a conversibilidade de suas notas, em ouro, ao' portador e à vista, em um

como um substituto dos efeitos de co

prazo de seis meses, sob pena de en campação das emissões pelo Governo

que o meio circulante é mais que a

fabricante de acessórios de rádios, e

o projeto de instalação de uma fá brica de automóveis com equipamen

bém. têm mostrado interesse, pois es peram os capitalistas ianques a ele vação do imposto sôbre a renda em seu país. Temos exemplo esclarecedor — segundo informa "Conjuntura Eco

sim o fizer, conseguirá, por certo, os elementos necessários para solucionar

nômica" — na próxima instalação, em

turação definitiva da economia bra

São Paulo, de uma grande empresa

sileira.

mica com os Estados Unidos. Se as

os problemas que impedem a estru

e previdente, conseguirá atrair para o nosso parque produtor várias outras

indústrias de origem européia ou es

tadunidense, pois já se firmou inter nacionalmente a confiança na capaci dade produtiva brasileira. Para incentivar a vinda em maior

vulto de emprêsas estrangeiras, é

preciso ainda solucionar graves pro blemas nacionais, como a produção de

alumínio, de petróleo, de cobre, de

aços finos e energia elétrica, bem co mo a melhoria dos sistemas de trans

porte. O momento é oportuno para re solver esses entraves, pois um segundo fato propiciará a solução dessas ques

A s idéias de Francisco Glicério sôbre

FederaK

Aceita êle que em suas origens a

Conclusão

^ Chegamos ao fim da análise sumá

era verificado pelo próprio vendedor pela pesagem e experimentação". Aos

terial plástico, podendo abastecer não somente o mercado nacional, mas tam bém o de outros países latino-ameri canos. Se o nosso Governo fôr hábil

Dorival Teixeira Vieira

moeda "não era mais do que uma contra-mercadoria dada em troca de qual quer outra mercadoria, cujo valor real

braaüeiro-americ^na.que fabricará maI

Francisco Glicério

Htica c social da Europa são a pró

sa espanhola de fama internacional,

O Brasil está em

>

ria que nos propusemos fazer. Como dissemos, a futura conjuntura béli ca se apresenta, de um lado, mais gra ve que a da contenda anterior e, de

poucos, passando-se da moeda pesada

sibiUdade." A conversão se faz em es

pécies que devem estar devidamente

guardadas, principalmente nos casos de crises, ou nos casos extraordinários, em

Apesar de considerar a nota de banco

mércio, cai em contradição ao afirmar massa das notas e moedas metálicas, uma vez que "na circulação se incluem

tanto os bilhetes emitidos pelos bancos, como os que o comércio emite para o

giro dos negócios internos e externos". Quanto ao órgão emissor, dá Glicério

preferência ao emissor particular, achan do que a monoemissão representada pelo

à moeda de conta, delegou-se ao Estado

monopólio concedido a um único banco

ó a mais recomendável. O emissor par

outro, mais propícia.

"o poder de imprimir as peças de ouro o prata o cunho público que dispensa o particular desse cuidado e assegura a

A curto prazo, o quadro não é róseo devido aos altos preços, à infla

êsses dísticos metálicos a circulação geral".

particular exercida pelos diretores do banco — pois são eles mais interessados

Já a origem da moeda de papel é

na manutenção do valor dos bilhetes do

ção, à ausência de matérias-primas es senciais e às dificuldades de rápida expansão da produção, quer industrial

diversa: ela não é senão um substituto da letra-de-câmbio e efeitos de comér

quer agrícola. Daí a necessidade de

cio que o banco desconta. "O bilhete

uma política destinada a obter os pro dutos indispensáveis à manutenção dás atividades produtoras, evitar a in flação e conter a alta dos preços. A longo prazo, as perspectivas "são fa

do banco é um título mais cômodo ven-

voráveis, desde que o Govér io saiba

civel a qualquer momento e cuja fácil circulação o torna substituto do papel descontado que lhe dá origem. Não são, pois, moeda na verdadeira acepção da palavra, e sim uma quase moeda.

A garantia dessa quase moeda repou

ticular e preferível ao oficial, não só graças à ação frenadora do interêsse

que os governos, os quais, pela natureza •

política de sua origern, são mais instá veis — como também porque é fato veri ficado que nunca houve bancarrota com pleta nos países onde existe tal regime e que ali não há mesmo uma deprecia ção a 50 % no valor das notas bancárias.

O banco emissor único, permitindo a unidade dos bilhetes, além de tomar mais cômoda a circulação, ainda contri

fornecedora de materiais estratégicos

tirar proveito da situação, através de acordos de Cooperação econômica, que nos permitam receber os equipamentos

para as nações aliadas. Cabe às au

e recursos necessários à solução dos

sa no lastro metálico que a garante. Se bui como fator de unificação nacional. existe um depósito, uma espqcie me Admitindo a existência da inflação, tálica, ouro ou prata, que garanta o • êle a defino como a existência de um

toridades brasileiras tirar partido da

magnos problemas econômicos nacio

trôco das notas, temos á moeda conver

nais.

sível. -Fora disso só temos a inconver-

tões: referimo-nos à importante fun ção reservada à América Latina domo

situação política e çconómiça era que

excesso de bilhetes superior às necessi dades normais da circulação. A infla-


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Digkstü

Econômico

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Dicesto EcoNÓ^aco

desde que as letras-de-cànibio e efeitos

na verdade tinha levado a criação de

necesse a 27 dinheiros por mil réis ou

de comércio faltem sôhrc o exterior, cir-

três bancos dc emissão com lastro ouro.

acima, durante um ano. No dia 29 do

cunsttlncia.s estas que impedem de se criarem cfeilo.s novo.s no\-ns saques

O Governo Federal já contratara, em

mesmo mês a lei foi alterada, permitin

que corrige o excesso da emissão ban

outubro do 1889, com o Banco Nacio

do-se ao lado da emissão em apóHces

cária c a volta das notas ao tròco; sem

que viriam extinguir os precedentes".

a emissão ouro com a cobertura de 1/2.

ção se associa ao curso forçado e, automàticanionte, tende a desaparecer, desde

que se declaro a con\ersibilidade. "O

pre que há excesso de circulação d i

O credito, fator do correção (pic per

moeda fiduciária, êslc sc converte c a

mite o recquilíbrio momentâneo da ba

nal do Brasil, o resgate do papel-moeda do Te.souro contra apólices ouro de 4%. Proclamada a República, uma

circulação retoma o nível nonnal."

lança do pagamentos, só preenche essa

retraç;'io geral dos negócios e des

o curso era legal e a conversi

entanto, pode ela ser auxiliada por uma

função complementar (jiiando liá tran

confiança no poder público le

retração do meio circulante, usando-se

qüilidade e confiança. Tais são as idéias monetárias d<' Fran

varam os três bancos a rescindi

bilidade efetiva com qualquer câmbio, enquanto esta inicia

rem seus contratos e suspende

va um sistema de emissão de

cisco Glicério. Não apresentam elas ne

rem as emissões.

curso

nhuma originalidade, sendo antes a in terpretação fiel do pensamento da maio

Em doze dias o Govêrno Provisório autorizou seis bancos a funcionarem sob

\ima condição de conversibilidade que,

o regime de conversibilidade dc 1/3

não se verificaria.

autorizando cada um dêles a ter 200 mil contos dc réis de teto (dc 26-11-1889 ü

Inicialmente fundaram-se dois bancos com lastro ouro, o Banco do Brasil e o Banco Nacional, e cinco bancos com

No

o recurso da consolidação da dívida

flutuante por emissão de apólices da dívida pública. Há uma relação entre

inflação e câmbio; porém, não se pode dizer que tal relação seja causai.

É a lei da oferta e procura que rege o mercado do câmbio, em estreita rela ção com o estado geral de débito e

credito entre a praça em que os saques se dão e se tomam e aquela para onde êles se dirigem. A causa da queda do câmbio está "forçosamente na falta de compensações por parte do público nas relações comerciais com o e.xterior".

Assim, a depreciação do papel dos bancos é antes efeito do que causa da depressão do câmbio. Querer melhorálo apelando para a deflação é inútil,

pois, como a limitação da circulação das letras-de-câmbio e efeitos de comér

cio escapa à órljíta do poder público, "casos há em que nem a limi

tação das emissões, nem mes mo o reembolso à vista e ao por

tador detenninam que o papel fiduciário circule ao par com os metais preciosos".

Nos países em que a balança

de pagamentos é deficitária a

ria dos republicanos dc sua época. É curioso notar, enlretanto,'quc, partindo dc idéias semelhanlc.s, Amaro Caval canti, por exemplo, chegou a afirmar

a fatalidade do curso forçado para os

8-12-1889).

Essa reforma só aparentemente era

, idêntica à de 1888, pois naquela

forçado,

estabelecendo

dada a situação cambial, tão depressa

Talvez pelo temor das conseqüências da inflação que poderia ocorrer, a

lastro em apólices. Porém, estes cinco

países no%'os c mesmo a sua necessida de o utilidade.

2Y-12-1889 o Govêrno fixou em três

ouro ou assumindo uma forma mista.

acabaram convertendo seus lastros em

Glicério aparece, dc fato. como um elemento moderador das tendências re

meses o prazo para o uso da faculdade

Em 7-12-1890 o Banco dos Estados

publicanas, ao aconselhar prudência e

do emissão concedida aos bancos, sob

Unidos^ do Brasil e o Banco Nacional

pena de rescisão dos contratos. Por fim, a lei de 17-1-1890, a cha

fundiram-so, formando o Banco da Re pública do Brasil, êste último com au

mada "R.efomia Rui Barbosa", estabe

torização para emitir pelo triplo do

leceu o sistema de emissões regionais,

depósito em ouro.

ao pedir que, de um lado, não se rom pa totalmente com o passado e, de ou

tro, se dê tempo âs reformas para que possam apresentar seus frutos.

Exem

plos de sobra teve Ôlc dos efeitos da impnidêncía e da precipitação, durante os três primeiros anos dc República. A lei dc 1888, que cm príncípjo admitira dois tipos dc emis são bancaria, uma com a co

bertura integral, representada por títulos da dívida pública em um montante equivalente a

dividindo o Brasil em três regiões de um banco ou consórcio de bancos, po dendo emitir ato uma soma total de

mente, 11 milhões de esterlinos.

200 mil contos de réis, emissões estas

Êsse depósito, porém, que era pro priedade dos bancos e que devia servir

gaiMntidas por apólices da dívida pú blica, que apresentariam a peculiaridade do vencer juros decrescentes de 5% no prinieiro ano a O % no sétimo ano. Como

2/3 do capital do banco e ga

os direitos de emissão se estendiam por

rantida, além disso, por 20% de

cinqüenta anos, os juros continuariam a ser computados para o Estado, e no

conversibilidade é até um mal, pois "as

moeda corrente em caixa para a con

sim é que o ouro emigra, ou pela alta dos preços, impedindo a fácil venda dos

versão imediata, se necessária, e outra com a cobertura parcial de 1/3 ouro,

produtos, ou mesmo pela falta ou de

ambas com um limite de 200 mil con

mora da chegada deles ao mercado,

tos de réis de teto para todo o país. A.

Dêsse modo pôde o Tesouro acumu

lar um depósito ouro equivalente a 97.850:528$ ouro, ou sejam, aproximada

eúiissão, havendo em cada uma delas

prazo de 43 anos acabariam pagando as próprias apólices. O curso seria forçado e o reembolso ao portador só se poderia dar quando o câmbio perma

para lastrear as emissões, foi desviado, quer para resgate de dmdas públicas externas, quer para empréstimo aos próprios bancos emissores, e assim, em junho de 1892, já tinha havido uma evasão dc 77.639:000$ ouro.

No período de 1888 a 1892, o câmbio • não só caíra como oscilara violentamen

te entre extremos cada vez mais baixo.s, como podemos ver:


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Dicesto EcoNÓ^aco

desde que as letras-de-cànibio e efeitos

na verdade tinha levado a criação de

necesse a 27 dinheiros por mil réis ou

de comércio faltem sôhrc o exterior, cir-

três bancos dc emissão com lastro ouro.

acima, durante um ano. No dia 29 do

cunsttlncia.s estas que impedem de se criarem cfeilo.s novo.s no\-ns saques

O Governo Federal já contratara, em

mesmo mês a lei foi alterada, permitin

que corrige o excesso da emissão ban

outubro do 1889, com o Banco Nacio

do-se ao lado da emissão em apóHces

cária c a volta das notas ao tròco; sem

que viriam extinguir os precedentes".

a emissão ouro com a cobertura de 1/2.

ção se associa ao curso forçado e, automàticanionte, tende a desaparecer, desde

que se declaro a con\ersibilidade. "O

pre que há excesso de circulação d i

O credito, fator do correção (pic per

moeda fiduciária, êslc sc converte c a

mite o recquilíbrio momentâneo da ba

nal do Brasil, o resgate do papel-moeda do Te.souro contra apólices ouro de 4%. Proclamada a República, uma

circulação retoma o nível nonnal."

lança do pagamentos, só preenche essa

retraç;'io geral dos negócios e des

o curso era legal e a conversi

entanto, pode ela ser auxiliada por uma

função complementar (jiiando liá tran

confiança no poder público le

retração do meio circulante, usando-se

qüilidade e confiança. Tais são as idéias monetárias d<' Fran

varam os três bancos a rescindi

bilidade efetiva com qualquer câmbio, enquanto esta inicia

rem seus contratos e suspende

va um sistema de emissão de

cisco Glicério. Não apresentam elas ne

rem as emissões.

curso

nhuma originalidade, sendo antes a in terpretação fiel do pensamento da maio

Em doze dias o Govêrno Provisório autorizou seis bancos a funcionarem sob

\ima condição de conversibilidade que,

o regime de conversibilidade dc 1/3

não se verificaria.

autorizando cada um dêles a ter 200 mil contos dc réis de teto (dc 26-11-1889 ü

Inicialmente fundaram-se dois bancos com lastro ouro, o Banco do Brasil e o Banco Nacional, e cinco bancos com

No

o recurso da consolidação da dívida

flutuante por emissão de apólices da dívida pública. Há uma relação entre

inflação e câmbio; porém, não se pode dizer que tal relação seja causai.

É a lei da oferta e procura que rege o mercado do câmbio, em estreita rela ção com o estado geral de débito e

credito entre a praça em que os saques se dão e se tomam e aquela para onde êles se dirigem. A causa da queda do câmbio está "forçosamente na falta de compensações por parte do público nas relações comerciais com o e.xterior".

Assim, a depreciação do papel dos bancos é antes efeito do que causa da depressão do câmbio. Querer melhorálo apelando para a deflação é inútil,

pois, como a limitação da circulação das letras-de-câmbio e efeitos de comér

cio escapa à órljíta do poder público, "casos há em que nem a limi

tação das emissões, nem mes mo o reembolso à vista e ao por

tador detenninam que o papel fiduciário circule ao par com os metais preciosos".

Nos países em que a balança

de pagamentos é deficitária a

ria dos republicanos dc sua época. É curioso notar, enlretanto,'quc, partindo dc idéias semelhanlc.s, Amaro Caval canti, por exemplo, chegou a afirmar

a fatalidade do curso forçado para os

8-12-1889).

Essa reforma só aparentemente era

, idêntica à de 1888, pois naquela

forçado,

estabelecendo

dada a situação cambial, tão depressa

Talvez pelo temor das conseqüências da inflação que poderia ocorrer, a

lastro em apólices. Porém, estes cinco

países no%'os c mesmo a sua necessida de o utilidade.

2Y-12-1889 o Govêrno fixou em três

ouro ou assumindo uma forma mista.

acabaram convertendo seus lastros em

Glicério aparece, dc fato. como um elemento moderador das tendências re

meses o prazo para o uso da faculdade

Em 7-12-1890 o Banco dos Estados

publicanas, ao aconselhar prudência e

do emissão concedida aos bancos, sob

Unidos^ do Brasil e o Banco Nacional

pena de rescisão dos contratos. Por fim, a lei de 17-1-1890, a cha

fundiram-so, formando o Banco da Re pública do Brasil, êste último com au

mada "R.efomia Rui Barbosa", estabe

torização para emitir pelo triplo do

leceu o sistema de emissões regionais,

depósito em ouro.

ao pedir que, de um lado, não se rom pa totalmente com o passado e, de ou

tro, se dê tempo âs reformas para que possam apresentar seus frutos.

Exem

plos de sobra teve Ôlc dos efeitos da impnidêncía e da precipitação, durante os três primeiros anos dc República. A lei dc 1888, que cm príncípjo admitira dois tipos dc emis são bancaria, uma com a co

bertura integral, representada por títulos da dívida pública em um montante equivalente a

dividindo o Brasil em três regiões de um banco ou consórcio de bancos, po dendo emitir ato uma soma total de

mente, 11 milhões de esterlinos.

200 mil contos de réis, emissões estas

Êsse depósito, porém, que era pro priedade dos bancos e que devia servir

gaiMntidas por apólices da dívida pú blica, que apresentariam a peculiaridade do vencer juros decrescentes de 5% no prinieiro ano a O % no sétimo ano. Como

2/3 do capital do banco e ga

os direitos de emissão se estendiam por

rantida, além disso, por 20% de

cinqüenta anos, os juros continuariam a ser computados para o Estado, e no

conversibilidade é até um mal, pois "as

moeda corrente em caixa para a con

sim é que o ouro emigra, ou pela alta dos preços, impedindo a fácil venda dos

versão imediata, se necessária, e outra com a cobertura parcial de 1/3 ouro,

produtos, ou mesmo pela falta ou de

ambas com um limite de 200 mil con

mora da chegada deles ao mercado,

tos de réis de teto para todo o país. A.

Dêsse modo pôde o Tesouro acumu

lar um depósito ouro equivalente a 97.850:528$ ouro, ou sejam, aproximada

eúiissão, havendo em cada uma delas

prazo de 43 anos acabariam pagando as próprias apólices. O curso seria forçado e o reembolso ao portador só se poderia dar quando o câmbio perma

para lastrear as emissões, foi desviado, quer para resgate de dmdas públicas externas, quer para empréstimo aos próprios bancos emissores, e assim, em junho de 1892, já tinha havido uma evasão dc 77.639:000$ ouro.

No período de 1888 a 1892, o câmbio • não só caíra como oscilara violentamen

te entre extremos cada vez mais baixo.s, como podemos ver:


Dicesto Econômico

32

Anos

Médio

Máximo

Mínimo

1888 1889 1890 1891 1892

25 1/4

27 9/16

26 7/16 22 9/16 1429/32

26

22 1/2 24 1/4 20 1/2 . 11 1/2 10

27 3/4 20 3/4 16

12 1/32

Às emissões bancárias elevaram-se cada -

Anos 1888 1889 1890 1891 1892

vez

Calógeras - financista A. C. DE Salles júnior

(Antigo deputado federal — Ex-Secretário de Estado) Terceira Conferência Internacional

NJo houve assunto de economia e finan

Americana, realizada em 1906, no

ças, debatido no Parlamento, que Ca

Rio de Janeiro, recomendou aos governos ncja representados que levassem à reu

mais:

Emissão

Emissão do

nião seguinte um estudo minucioso do

bancária

l^esouro

sistema monetário em vigor em cada

11.337 127.911 346.118 346.116

19 ft

ff

orna das Repúblicas do continente, inc usivo da sua história e das oscilações

188.869 conto.s ft 185.819 19 171.081 19 167.611 If 215.100

o curso dos câmbios nos vinte anos anquadros demonstrativos da-

in luência dessas oscilações no desenvol

vimento do comércio e das indústrias.

Tais foram os antecedentes que con duziram Glícério a defender a conversi

bilidade e a monoemíssão, lançando ao

mesmo tempo severa advertência aos que buscavam inovações contraproducentes. Cumpre apenas informar, à guiza de remate, que a idéia republicana de mo

Essa a incumbência que o governo bra■sileiro, em cumprimento da resolução

Glícério, foi realizada com péssimos re sultados. A situação do Banco era pre cária; encampando o direito do emissão •

lógeras não o discutisse com a maior competência. Compendiou as stias idéias sôhre a matéria em livro que na biblio grafia brasileiro se tomou clássico. A. C.

de Salles Júnior, que, como deputado, examinou notadamente os assuntos fi nanceiros, escreveu sôbre a referida e importante obra, por ocasião do desa parecimento do glorioso brasileiro, a síntese magnífica que ora ptiblicamos.

jatada, confiou à capacidade de Ca-

dos outros bancos, em dezembro de

geras, já então largamente compro

nétaire du Brésil" (Imprensa Nacional,

Membro preeminente da Câmara dos

vada por severos estudos da questão.

1892, o seu capital realizado se reduzia unicamente a 25.517:581$, para garan

1910).

As grandes linhas desse traba

Deputados, relator de importantes maté-

noemíssão concedida ao Banco da Re

explicar fàcilmentc porque foi o mesmo

rias ali discutidas, publicista de renome,

lho, êle as traçou íi vista de copiosa documentação: anais parlamentares, dis

pública, e defendida, entre outros, por

levado à falência em 1900.

profundamente versado na especialidade e, ainda, servido de excepcionais quali

riais e de comissões de inquérito, men

tir a emissão de 346.116:000$. Daí se

dades de aplicação a tão árduos estil os, nenhum outro poderia, talvez, desourigar-se do exaustivo encargo, no prazo

'

posições legislativas, relatórios ministe sagens presidenciais, estatísticas, balan

ços de Bancos, o "Retrospecto" anual

brevíssimo, que urgia. Demais, a rae-

do "Jornal do Comércio"," os subsídios de Julius Meili, Amaro Cavalcanti e Cas tro Carreira. É fácil avaliar o esforço

francês, segundo os estilos diplomáticos,

despendido na concatenação de tão vasto material, para o levantamento do plano

jnória brasileira devia ser redigida em G nessa língua, que recebera da educa

ção materna, Calógeras escrevia com a

maior facilidade e apuro. Por tudo isso,

estava de antemão feita a escolha do pa trício ilustre a quem Rio Branco, com o seu tato admirável, entregaria a res ponsabilidade da contribuição brasileira para o programa da Conferência, no

debate da tese proposta. Data de então uma das principais

obras de Calógeras — "La Politique Mo-

a executar, apressadamente.

Mas o li

vro não o denuncia, em nenhum dos seus

aspectos.

Nem a superficialidade das

improvisações vazias, nem a contextura

ngida das opacas compilações históricas.

Ao invés, dessa exposição sistematizada da nossa política monetária, desde os seus primórdios, transparece a lucidez

das_ idéias próprias, que refletem a orien

tação do autor, no exame e na crítica

dos fatos concretos, em face dos quais


Dicesto Econômico

32

Anos

Médio

Máximo

Mínimo

1888 1889 1890 1891 1892

25 1/4

27 9/16

26 7/16 22 9/16 1429/32

26

22 1/2 24 1/4 20 1/2 . 11 1/2 10

27 3/4 20 3/4 16

12 1/32

Às emissões bancárias elevaram-se cada -

Anos 1888 1889 1890 1891 1892

vez

Calógeras - financista A. C. DE Salles júnior

(Antigo deputado federal — Ex-Secretário de Estado) Terceira Conferência Internacional

NJo houve assunto de economia e finan

Americana, realizada em 1906, no

ças, debatido no Parlamento, que Ca

Rio de Janeiro, recomendou aos governos ncja representados que levassem à reu

mais:

Emissão

Emissão do

nião seguinte um estudo minucioso do

bancária

l^esouro

sistema monetário em vigor em cada

11.337 127.911 346.118 346.116

19 ft

ff

orna das Repúblicas do continente, inc usivo da sua história e das oscilações

188.869 conto.s ft 185.819 19 171.081 19 167.611 If 215.100

o curso dos câmbios nos vinte anos anquadros demonstrativos da-

in luência dessas oscilações no desenvol

vimento do comércio e das indústrias.

Tais foram os antecedentes que con duziram Glícério a defender a conversi

bilidade e a monoemíssão, lançando ao

mesmo tempo severa advertência aos que buscavam inovações contraproducentes. Cumpre apenas informar, à guiza de remate, que a idéia republicana de mo

Essa a incumbência que o governo bra■sileiro, em cumprimento da resolução

Glícério, foi realizada com péssimos re sultados. A situação do Banco era pre cária; encampando o direito do emissão •

lógeras não o discutisse com a maior competência. Compendiou as stias idéias sôhre a matéria em livro que na biblio grafia brasileiro se tomou clássico. A. C.

de Salles Júnior, que, como deputado, examinou notadamente os assuntos fi nanceiros, escreveu sôbre a referida e importante obra, por ocasião do desa parecimento do glorioso brasileiro, a síntese magnífica que ora ptiblicamos.

jatada, confiou à capacidade de Ca-

dos outros bancos, em dezembro de

geras, já então largamente compro

nétaire du Brésil" (Imprensa Nacional,

Membro preeminente da Câmara dos

vada por severos estudos da questão.

1892, o seu capital realizado se reduzia unicamente a 25.517:581$, para garan

1910).

As grandes linhas desse traba

Deputados, relator de importantes maté-

noemíssão concedida ao Banco da Re

explicar fàcilmentc porque foi o mesmo

rias ali discutidas, publicista de renome,

lho, êle as traçou íi vista de copiosa documentação: anais parlamentares, dis

pública, e defendida, entre outros, por

levado à falência em 1900.

profundamente versado na especialidade e, ainda, servido de excepcionais quali

riais e de comissões de inquérito, men

tir a emissão de 346.116:000$. Daí se

dades de aplicação a tão árduos estil os, nenhum outro poderia, talvez, desourigar-se do exaustivo encargo, no prazo

'

posições legislativas, relatórios ministe sagens presidenciais, estatísticas, balan

ços de Bancos, o "Retrospecto" anual

brevíssimo, que urgia. Demais, a rae-

do "Jornal do Comércio"," os subsídios de Julius Meili, Amaro Cavalcanti e Cas tro Carreira. É fácil avaliar o esforço

francês, segundo os estilos diplomáticos,

despendido na concatenação de tão vasto material, para o levantamento do plano

jnória brasileira devia ser redigida em G nessa língua, que recebera da educa

ção materna, Calógeras escrevia com a

maior facilidade e apuro. Por tudo isso,

estava de antemão feita a escolha do pa trício ilustre a quem Rio Branco, com o seu tato admirável, entregaria a res ponsabilidade da contribuição brasileira para o programa da Conferência, no

debate da tese proposta. Data de então uma das principais

obras de Calógeras — "La Politique Mo-

a executar, apressadamente.

Mas o li

vro não o denuncia, em nenhum dos seus

aspectos.

Nem a superficialidade das

improvisações vazias, nem a contextura

ngida das opacas compilações históricas.

Ao invés, dessa exposição sistematizada da nossa política monetária, desde os seus primórdios, transparece a lucidez

das_ idéias próprias, que refletem a orien

tação do autor, no exame e na crítica

dos fatos concretos, em face dos quais


Al

Dicesto Econóxuco

Dicesto Econômico òo

se esclarece a mais nítida visão dou

ceita do estabelecimento aumentasse em

outro não poderia ser o dcscniace, pois

trinária das leis econômicas. Para a ortodoxia financeira, a que so

proveito dos acionistas na mesma propor

"toda emissão inconsiderada traz em si

ção da dívida do Tesouro, e com o pro

o germe dc outra emissão", o que ainda

gresso da conta de juros, sem limites,

uma \cz se verificou quando, tendo-se

filia Calügeras, por uma longa formação cultural, a política monetária deve» su-

como limites não tinham o direito de

elevado desmedidamente a cifra do pa-

jeitar-so à disciplina das regras c liç-ões

emissão, que alimentava c'.ssa facilidade,

clássicas, decorrentes da experiência uni versal da circulação fiduciária, mais fre

do credito. O extremo que .sc não mar cara, existia, porém, nas cnnscípiências

' pel do Banco do Brasil ao sor\'iço da especulação, não tardaram as queixas de

qüentemente regulada por institutos

desastrosas, acompanhadas da liquida

ções SC multiplicaram, a fim de que aá

emissores, e, na falta dêstes, pelo tesou

ção do estabelecimento, em 1829, aliás

transações se tornassem mais fáceis me

ro público, como alternadamente se tem

com prejuízo para os inlcrêsses do co

verificado no Brasil. E se noutros paí

mércio, repentinamente privado do prin

ses, de mais sólida organíziição comer

cipal instrumento de suas transações.

cial, os Bancos emissores falharam tantas "vôzes à sua finalidade, não 6 de estra

nhar que tenha vacilado a marcha da " nossa política monetária, em fases su

I

cessivas de desequilíbrio das condições previstas.

Calógeras encarece, com a justiça da história, a importância que teve no de

A emissão a jato contínuo fizera o câmbio baixar de 67/á .sôbrc Londres á

taxa média de 50, cm 1822. A quelmi do padrão monetário, em 1833, com a pari dade de 42 2/10 d. para mil-réis, ainda não tocava o fundo da depreciação, e tinha, por isso, de ser levada, cm 1946,

o Decreto de 3 de outubro de 1808, pelo qual o príncipe regente de Portugal, logo após a sua chegada ao Rio de Ja

até a taxa de 27, em tôrno da qual o cambio oscilou durante todo o Segundo Império, com depressões mais acentua das no período da Guerra do Paraguai. Não foi mais feliz a prática do re

neiro, criou o primeiro Banco do Brasil,

gime da pluralidade de Bancos emisso

indispensável instrumento da circulação

res, mais tarde iniciada por alguns es

fiduciária.

tabelecimentos provinciais, independen te de regulamentação legal, e logo am pliada excessivamente por outros institu

senvolvimento da nossa vida econômica

Essa experiência inicial re

velou, poréin, todos os vícios que, longe de corrigidos, se agravariam posterior mente na evolução do sistema, o mais

profundo dos quais foi então, como con tinuou sendo, a estreita dependência en tre o Banco emissor e o tesouro público. Ilimitado como era, o direito de emissão,

que se exercia livremente apenas "com as precauções necessárias, a fim de que os bilhetes não deixassem de ser pagos

na sua apresentação", e supridas com êsses recursos as despesas públicas crês-

centes, era inevitável chegar ràpidamente à inconversibilidade do papel ban cário, à medida em que rareavam as es

pécies metálicas. Pouco importava, co mo acontece no nosso tempo, que a re-

tos de maior importância. Na falta cie legislação adequada, e sob a influência de idéias francamente ínflacionistas, o

novo Banco do Brasil não podia exercer a vigilância da circulação, restringíndo-a pela retirada oportuna de seus bilhetes, uma vez que cada vazio assim criado no meio circulante era imediatamente

preenchido pela emissão desregrada dos seus concorrentes, entre os quais o Ban

co Comercial e Agrícola. O desfêcho dessa situação caótica foi a crise de

deficiências de numerário c as reclama

diante novas séries de papcl-mocda! O

expediente da época consistia, como cen surava Sallcs Torres Ho mem, cm combater a falta

dc capitais com a fundação de novos Bancos emisso res, cujo papel, reembol

sável em papel oficial já excessivo, devia servir de

instrumento maravilhoso ã

cada vez maior distribuição dc crédito criador de ca pitais.

Era a anarquia monetá ria, a exigir a reação indis

pensável, que viria com o corretivo dos abusos come

tidos no exercício da facul-

c a e emissora, e a prática de medidas

tôd^as

meioquecirculante. Mas as vezes em essas restrições

• IO impostas ao jogo de interesses aNd"os de imediatos benefícios particulares, «_custa da economia coletiva, há liquídaÇao e perdas, acompanhadas do clamor oontuso.

Sobrevíndo a gravíssima crise de 1864, evantaram-se protestos contra a polí^ tica coercitiva da inflação, onde diziam residir a causa da insolvência em que haviam caído numerosas firmas. Entre

1857, que abalou profundamente a eco

tanto, a comissão de inquérito nomeada

nomia nacional. Calógeras observa, com -a segurança dos seus princípios, que

qual figuravam financistas de grande

para examinar os fatores da crise, e na

mérito, concluiu de modo diverso, isto c, que os males vinham não da preten

dida escassez monetária, mas precisa mente dos métodos comerciais em \'oga, depois das emissões excitantes do cré

dito, lançadas na circulação pelos Ban cos, no regime da pluralidade. O que

V havia era a imobilízação dos capitais an teriormente criados c a impossibilidade de realizar os valores do ativo comercial, paru mo\'imentação das contas correntes

bancárias. A crise comercial, suspen dendo o custo das transa

ções, tinha por efeito o mesmo fenômeno da "con-

gelação" de capitais, que se torniuia tão visível na

derrocada mundial de 1929.

Já o assinala\^a, porém, com justeza, a observação

esckrecida de Calógeras, no exame dos fatos de quo se gerou a crise de 1864,

aliás explicada do mesmo modo pelas conclusões da

comissão de inquérito, in.teiramente desfa\'0ráveis à

hipótese de pressão mone tária acaso determinada pelas medidas coercitivas dos vícios da circulação, que vinham sendo praticadas. Não podia Calógeras variar de crité rio, na apreciação do Decreto de 17 de

janeiro de 1890, que inaugurou as finan ças republicanas, com a volta ao siste

ma da pluralidade de Bancos de emissão, já cxperimentadò com tanta infelicidade, mas de novo recomendado pela lei de 1888, sob a influência do Partido Li

beral, ainda fiel às idéias ínflacionistas de Souza Franco. A emissão dos Bancos era considerada indispensável às ne

cessidades do crédito agrícola, que a lei

libertadora de 13 de maio prejudicara


Al

Dicesto Econóxuco

Dicesto Econômico òo

se esclarece a mais nítida visão dou

ceita do estabelecimento aumentasse em

outro não poderia ser o dcscniace, pois

trinária das leis econômicas. Para a ortodoxia financeira, a que so

proveito dos acionistas na mesma propor

"toda emissão inconsiderada traz em si

ção da dívida do Tesouro, e com o pro

o germe dc outra emissão", o que ainda

gresso da conta de juros, sem limites,

uma \cz se verificou quando, tendo-se

filia Calügeras, por uma longa formação cultural, a política monetária deve» su-

como limites não tinham o direito de

elevado desmedidamente a cifra do pa-

jeitar-so à disciplina das regras c liç-ões

emissão, que alimentava c'.ssa facilidade,

clássicas, decorrentes da experiência uni versal da circulação fiduciária, mais fre

do credito. O extremo que .sc não mar cara, existia, porém, nas cnnscípiências

' pel do Banco do Brasil ao sor\'iço da especulação, não tardaram as queixas de

qüentemente regulada por institutos

desastrosas, acompanhadas da liquida

ções SC multiplicaram, a fim de que aá

emissores, e, na falta dêstes, pelo tesou

ção do estabelecimento, em 1829, aliás

transações se tornassem mais fáceis me

ro público, como alternadamente se tem

com prejuízo para os inlcrêsses do co

verificado no Brasil. E se noutros paí

mércio, repentinamente privado do prin

ses, de mais sólida organíziição comer

cipal instrumento de suas transações.

cial, os Bancos emissores falharam tantas "vôzes à sua finalidade, não 6 de estra

nhar que tenha vacilado a marcha da " nossa política monetária, em fases su

I

cessivas de desequilíbrio das condições previstas.

Calógeras encarece, com a justiça da história, a importância que teve no de

A emissão a jato contínuo fizera o câmbio baixar de 67/á .sôbrc Londres á

taxa média de 50, cm 1822. A quelmi do padrão monetário, em 1833, com a pari dade de 42 2/10 d. para mil-réis, ainda não tocava o fundo da depreciação, e tinha, por isso, de ser levada, cm 1946,

o Decreto de 3 de outubro de 1808, pelo qual o príncipe regente de Portugal, logo após a sua chegada ao Rio de Ja

até a taxa de 27, em tôrno da qual o cambio oscilou durante todo o Segundo Império, com depressões mais acentua das no período da Guerra do Paraguai. Não foi mais feliz a prática do re

neiro, criou o primeiro Banco do Brasil,

gime da pluralidade de Bancos emisso

indispensável instrumento da circulação

res, mais tarde iniciada por alguns es

fiduciária.

tabelecimentos provinciais, independen te de regulamentação legal, e logo am pliada excessivamente por outros institu

senvolvimento da nossa vida econômica

Essa experiência inicial re

velou, poréin, todos os vícios que, longe de corrigidos, se agravariam posterior mente na evolução do sistema, o mais

profundo dos quais foi então, como con tinuou sendo, a estreita dependência en tre o Banco emissor e o tesouro público. Ilimitado como era, o direito de emissão,

que se exercia livremente apenas "com as precauções necessárias, a fim de que os bilhetes não deixassem de ser pagos

na sua apresentação", e supridas com êsses recursos as despesas públicas crês-

centes, era inevitável chegar ràpidamente à inconversibilidade do papel ban cário, à medida em que rareavam as es

pécies metálicas. Pouco importava, co mo acontece no nosso tempo, que a re-

tos de maior importância. Na falta cie legislação adequada, e sob a influência de idéias francamente ínflacionistas, o

novo Banco do Brasil não podia exercer a vigilância da circulação, restringíndo-a pela retirada oportuna de seus bilhetes, uma vez que cada vazio assim criado no meio circulante era imediatamente

preenchido pela emissão desregrada dos seus concorrentes, entre os quais o Ban

co Comercial e Agrícola. O desfêcho dessa situação caótica foi a crise de

deficiências de numerário c as reclama

diante novas séries de papcl-mocda! O

expediente da época consistia, como cen surava Sallcs Torres Ho mem, cm combater a falta

dc capitais com a fundação de novos Bancos emisso res, cujo papel, reembol

sável em papel oficial já excessivo, devia servir de

instrumento maravilhoso ã

cada vez maior distribuição dc crédito criador de ca pitais.

Era a anarquia monetá ria, a exigir a reação indis

pensável, que viria com o corretivo dos abusos come

tidos no exercício da facul-

c a e emissora, e a prática de medidas

tôd^as

meioquecirculante. Mas as vezes em essas restrições

• IO impostas ao jogo de interesses aNd"os de imediatos benefícios particulares, «_custa da economia coletiva, há liquídaÇao e perdas, acompanhadas do clamor oontuso.

Sobrevíndo a gravíssima crise de 1864, evantaram-se protestos contra a polí^ tica coercitiva da inflação, onde diziam residir a causa da insolvência em que haviam caído numerosas firmas. Entre

1857, que abalou profundamente a eco

tanto, a comissão de inquérito nomeada

nomia nacional. Calógeras observa, com -a segurança dos seus princípios, que

qual figuravam financistas de grande

para examinar os fatores da crise, e na

mérito, concluiu de modo diverso, isto c, que os males vinham não da preten

dida escassez monetária, mas precisa mente dos métodos comerciais em \'oga, depois das emissões excitantes do cré

dito, lançadas na circulação pelos Ban cos, no regime da pluralidade. O que

V havia era a imobilízação dos capitais an teriormente criados c a impossibilidade de realizar os valores do ativo comercial, paru mo\'imentação das contas correntes

bancárias. A crise comercial, suspen dendo o custo das transa

ções, tinha por efeito o mesmo fenômeno da "con-

gelação" de capitais, que se torniuia tão visível na

derrocada mundial de 1929.

Já o assinala\^a, porém, com justeza, a observação

esckrecida de Calógeras, no exame dos fatos de quo se gerou a crise de 1864,

aliás explicada do mesmo modo pelas conclusões da

comissão de inquérito, in.teiramente desfa\'0ráveis à

hipótese de pressão mone tária acaso determinada pelas medidas coercitivas dos vícios da circulação, que vinham sendo praticadas. Não podia Calógeras variar de crité rio, na apreciação do Decreto de 17 de

janeiro de 1890, que inaugurou as finan ças republicanas, com a volta ao siste

ma da pluralidade de Bancos de emissão, já cxperimentadò com tanta infelicidade, mas de novo recomendado pela lei de 1888, sob a influência do Partido Li

beral, ainda fiel às idéias ínflacionistas de Souza Franco. A emissão dos Bancos era considerada indispensável às ne

cessidades do crédito agrícola, que a lei

libertadora de 13 de maio prejudicara


DiCESTO Econó.mico

30

extensamente.

E se as emissões não

^diam ser feitas com lastro ouro, que se fi7.essem com caução de títulos da divida publica.

"Com esta estranha

concepção da natureza,e da função da

moeda — escreve Calógeras — o método de garantir uma dívida com outra dí

vida foi considerado como solução cien tífica do problema da circulação no Brasil.

E ilustra a crítica com o re

bate dos argumentos em favor de se melhante orientação deduzidos do exem

plo dos Estados Unidos, onde efetiva mente a faculdade emissora era exer

cida ao mesmo tempo por inúmeros Bancos independentes, mediante simples

financeira, adstrita às linhas sistemáti

quo fabulosas riquezas fictícias sc ergue ram cfcmcramentc, com os papéis de

cas desse plano, corajosamente executa

Bôlsa, para desmoronar na hora da li quidação, ao choque das teorias iniívi-

via ultrapassado ò limite máximo de

20 milhões de esterlinos, que era o depó

res, a acumulação de depósito metálico para garantia do papel-moeda em curso

do limite legal e a adoção da taxa.de

do erário, ate à confissão de insolvência

® o equilíbrio orçamentário, resulta

da dívida externa, remediada pelo funding loan de 15 de junho de 1898. Por

êsse convênio com os credores estrangei ros, a amortização dos empréstimos cin

te três anos, em títulos 5 % ouro de uma

emissão ao par que poderia chegar ao

os empréstimos do Estado nada têm de

máximo de 10 nulhõcs de libras, mas na

comum com as exigências extritamente

realidade não passou de £ 8.613.717 — 9 — 9. A contar de 1 dc janeiro de

instituiu nos Estados Unidos o Banco

Federal de Reservas, com a unidade da

circulação, sob garantia metálica refor

çada por efeitos comerciais, segundo o modelo mais recente dos grandes Ban cos centrais de emissão, confirmou in teiramente,a censura de Calógeras, de clarada dois anos antes da reforma.

A execução do Decreto de 17 de ja neiro de 1890 reproduziu as conseqüên

,1899, e à proporção cm que emitis se os títulos do novo empréstimo, o Govômo depositaria o respectivo valor, em papel, ao câmbio dc 18, na caixa dos Bancos, destruindo-o ou transformando-o

1906, com a Caixa de Conversão, imita

da do congênere aparelho argentino, mas com variantes acentuadas, que a torna vam sensivelmente diversa. Com efeito,

©missões, mantido assim, praticamente, o Sistema de unidade monetária, ao passo

Complementarmcnte, o Con

gresso votava, pela lei de 20 de julho de 1899, a criação de dois fundos es peciais — o de resgate e o de garantia do papel-moeda, constituído de reservas que facultavam as emissões.

A febre de especulação, provocada

balízas certas e seguras. Já lhe não merecem aplausos as mo dificações que essa política sofreu, em

acôrdo o Governo optou pela primeira solução.

ouro, e revogava tôdas as leis anteriores

pelo afluxo das emissões,' chegou ao

retilíneo programa, observado com tanta convicção e firmeza, é a retificação dos rumos da nossa política financeira, por

no país vizinho os depósitos da Caixa de

cias já conhecidas da pluralidade bancá

ao nível de 12,09.

ram do respeito a sólidos princípios clássicos. No apreciar essa orientação, Calógeras encontra-se com as suas pró prias idéias, reconhece os postulados da sua doutrina ortodoxa, exalta a discipli na da escola onde aprendeu a interpre tar os fatos econômicos. O que ele vê no

em saques sobre Londres, para a even tual retomada dos pagamentos, se o cambio a favorecesse. Na execução do

ria mas em proporções muito maiores.

A taxa cambial, que ascendera em ja neiro de 1889 à altura de 27% sobre Londres, caía em dezembro de 18J1

A

Calógeras publicou o seu livro, a situa ção ainda não se tinha modificado; antes, pelo contrário, o afluxo do ouro já ha

neamento do meio circulante, com o res gate do excesso das emissões anterio

pagamento dos juros seria feito, duran

tinto da maior ou menor amplitude do crédito público. A lei de 1912, que

mo dos nossos homens de Estado.

Caixa, em espécies metálicas. Quando

deriam ainda os dano.s causados pelas perturbações políticas da primeira fase republicana, que lançaram na voragem das despesas públicas todos os rccur.sos

A èsscs erros financeiros ace

Mas as leis bancárias americanas de 1863 e 1866 já estavam de há muito

elasticidade e fenômeno econômico dis

do, passou à história como prova e.\cmplar da capacidade, energia e patriotis

taxa fixada para o tròco das notas da

re.stauração econômica operada pelo sa

táveis.

garantia de títulos da dívida pública.

comerciais da circulação monetária, cuja

37

paroxismo do famoso "ensilhanicnlo", cm

ouro ficava suspenso por dez anos, e o

condenadas, pela razão evidente de que

Dicesto Econômico

A prática dessas medidas foi acom

panhada das mais rigorosas providências administrativas, no sentido da compres

Conversão garantiam tôda a circulação iduciaría, tanto as antigas como as novas qvie no Brasil só era assegurada ao troco em ouro, à taxa fixa de 15 d., aos

bilhetes emitidos ^pela Caixa. Era ma nifesta a dualidade da circulação, pela coexistência do papel inconversível do Tesouro com as novas emissões conver síveis a câmbio fixo.

Essa diferença parecia de somenos importância, enquanto permaneceram fa

voráveis os fatores cambiais que permi

são da despesa, e severa observância das

tiam às notas do Tesouro converter-se

disposições orçamentárias.

fàcilmente em letras de exportação, à

A política

sito previsto em lei.

Daí a elevação

16 para o papel da Caixa.

Não tardou, porém, a in\'ersâo dos termos da equação cambial, pois ao

deflagrar o conflito balcânico precursor da Grande Guerra, e como preparativo da luta gigantesca, concentraram-se ime

diatamente na Europa as reServas metá licas dispersas, donde a brusca retirada do depósitos da Caixa de Conversão.

Em 1914, declarada a guerra, era sus penso o trôco. O mesmo fato havia de

se reproduzir muito mais«tarde, na crise de 1929, travando o funcionamento de mecanismo idêntico, restabelecido de

pois de longo intervalo. Tanto nesse caso' como noutro, o desfalque sofrido

pelo meio circulante com o desapareci mento do papel conversível trouxe sú bita contração do aparelho monetário, deixando as praças comerciais em con dições angustiosos. Os fatos se incum biram, assim, de confirmar a posteríori as objeções de Calógeras ao sistema evi dentemente frágil das caí.xas de con versão como instrumento de estabilidade

cambial: a circulação dilata-se com as emissões, na montante dos depósitos metálicos, para contrair-se nas vazantes inesperadas, sucedendo-se a deflação,

à inflação, logo que as correntes comer ciais refluem para o exterior. Excetuados os inconvenientes das cai

xas de conversão, como as tivemos, ou excluído êsse mecanismo perfeitamente dispensável, são indiscutíveis os benefí

cios de um regime de estabilização cam-


DiCESTO Econó.mico

30

extensamente.

E se as emissões não

^diam ser feitas com lastro ouro, que se fi7.essem com caução de títulos da divida publica.

"Com esta estranha

concepção da natureza,e da função da

moeda — escreve Calógeras — o método de garantir uma dívida com outra dí

vida foi considerado como solução cien tífica do problema da circulação no Brasil.

E ilustra a crítica com o re

bate dos argumentos em favor de se melhante orientação deduzidos do exem

plo dos Estados Unidos, onde efetiva mente a faculdade emissora era exer

cida ao mesmo tempo por inúmeros Bancos independentes, mediante simples

financeira, adstrita às linhas sistemáti

quo fabulosas riquezas fictícias sc ergue ram cfcmcramentc, com os papéis de

cas desse plano, corajosamente executa

Bôlsa, para desmoronar na hora da li quidação, ao choque das teorias iniívi-

via ultrapassado ò limite máximo de

20 milhões de esterlinos, que era o depó

res, a acumulação de depósito metálico para garantia do papel-moeda em curso

do limite legal e a adoção da taxa.de

do erário, ate à confissão de insolvência

® o equilíbrio orçamentário, resulta

da dívida externa, remediada pelo funding loan de 15 de junho de 1898. Por

êsse convênio com os credores estrangei ros, a amortização dos empréstimos cin

te três anos, em títulos 5 % ouro de uma

emissão ao par que poderia chegar ao

os empréstimos do Estado nada têm de

máximo de 10 nulhõcs de libras, mas na

comum com as exigências extritamente

realidade não passou de £ 8.613.717 — 9 — 9. A contar de 1 dc janeiro de

instituiu nos Estados Unidos o Banco

Federal de Reservas, com a unidade da

circulação, sob garantia metálica refor

çada por efeitos comerciais, segundo o modelo mais recente dos grandes Ban cos centrais de emissão, confirmou in teiramente,a censura de Calógeras, de clarada dois anos antes da reforma.

A execução do Decreto de 17 de ja neiro de 1890 reproduziu as conseqüên

,1899, e à proporção cm que emitis se os títulos do novo empréstimo, o Govômo depositaria o respectivo valor, em papel, ao câmbio dc 18, na caixa dos Bancos, destruindo-o ou transformando-o

1906, com a Caixa de Conversão, imita

da do congênere aparelho argentino, mas com variantes acentuadas, que a torna vam sensivelmente diversa. Com efeito,

©missões, mantido assim, praticamente, o Sistema de unidade monetária, ao passo

Complementarmcnte, o Con

gresso votava, pela lei de 20 de julho de 1899, a criação de dois fundos es peciais — o de resgate e o de garantia do papel-moeda, constituído de reservas que facultavam as emissões.

A febre de especulação, provocada

balízas certas e seguras. Já lhe não merecem aplausos as mo dificações que essa política sofreu, em

acôrdo o Governo optou pela primeira solução.

ouro, e revogava tôdas as leis anteriores

pelo afluxo das emissões,' chegou ao

retilíneo programa, observado com tanta convicção e firmeza, é a retificação dos rumos da nossa política financeira, por

no país vizinho os depósitos da Caixa de

cias já conhecidas da pluralidade bancá

ao nível de 12,09.

ram do respeito a sólidos princípios clássicos. No apreciar essa orientação, Calógeras encontra-se com as suas pró prias idéias, reconhece os postulados da sua doutrina ortodoxa, exalta a discipli na da escola onde aprendeu a interpre tar os fatos econômicos. O que ele vê no

em saques sobre Londres, para a even tual retomada dos pagamentos, se o cambio a favorecesse. Na execução do

ria mas em proporções muito maiores.

A taxa cambial, que ascendera em ja neiro de 1889 à altura de 27% sobre Londres, caía em dezembro de 18J1

A

Calógeras publicou o seu livro, a situa ção ainda não se tinha modificado; antes, pelo contrário, o afluxo do ouro já ha

neamento do meio circulante, com o res gate do excesso das emissões anterio

pagamento dos juros seria feito, duran

tinto da maior ou menor amplitude do crédito público. A lei de 1912, que

mo dos nossos homens de Estado.

Caixa, em espécies metálicas. Quando

deriam ainda os dano.s causados pelas perturbações políticas da primeira fase republicana, que lançaram na voragem das despesas públicas todos os rccur.sos

A èsscs erros financeiros ace

Mas as leis bancárias americanas de 1863 e 1866 já estavam de há muito

elasticidade e fenômeno econômico dis

do, passou à história como prova e.\cmplar da capacidade, energia e patriotis

taxa fixada para o tròco das notas da

re.stauração econômica operada pelo sa

táveis.

garantia de títulos da dívida pública.

comerciais da circulação monetária, cuja

37

paroxismo do famoso "ensilhanicnlo", cm

ouro ficava suspenso por dez anos, e o

condenadas, pela razão evidente de que

Dicesto Econômico

A prática dessas medidas foi acom

panhada das mais rigorosas providências administrativas, no sentido da compres

Conversão garantiam tôda a circulação iduciaría, tanto as antigas como as novas qvie no Brasil só era assegurada ao troco em ouro, à taxa fixa de 15 d., aos

bilhetes emitidos ^pela Caixa. Era ma nifesta a dualidade da circulação, pela coexistência do papel inconversível do Tesouro com as novas emissões conver síveis a câmbio fixo.

Essa diferença parecia de somenos importância, enquanto permaneceram fa

voráveis os fatores cambiais que permi

são da despesa, e severa observância das

tiam às notas do Tesouro converter-se

disposições orçamentárias.

fàcilmente em letras de exportação, à

A política

sito previsto em lei.

Daí a elevação

16 para o papel da Caixa.

Não tardou, porém, a in\'ersâo dos termos da equação cambial, pois ao

deflagrar o conflito balcânico precursor da Grande Guerra, e como preparativo da luta gigantesca, concentraram-se ime

diatamente na Europa as reServas metá licas dispersas, donde a brusca retirada do depósitos da Caixa de Conversão.

Em 1914, declarada a guerra, era sus penso o trôco. O mesmo fato havia de

se reproduzir muito mais«tarde, na crise de 1929, travando o funcionamento de mecanismo idêntico, restabelecido de

pois de longo intervalo. Tanto nesse caso' como noutro, o desfalque sofrido

pelo meio circulante com o desapareci mento do papel conversível trouxe sú bita contração do aparelho monetário, deixando as praças comerciais em con dições angustiosos. Os fatos se incum biram, assim, de confirmar a posteríori as objeções de Calógeras ao sistema evi dentemente frágil das caí.xas de con versão como instrumento de estabilidade

cambial: a circulação dilata-se com as emissões, na montante dos depósitos metálicos, para contrair-se nas vazantes inesperadas, sucedendo-se a deflação,

à inflação, logo que as correntes comer ciais refluem para o exterior. Excetuados os inconvenientes das cai

xas de conversão, como as tivemos, ou excluído êsse mecanismo perfeitamente dispensável, são indiscutíveis os benefí

cios de um regime de estabilização cam-


Digesto Eco.^'ó.^uco

bial, que c, aliás, a finalidade teórica dc

contingências cconómica.s criada.s pela

todo c qualquer sistema monetário. Se não é possível praticá-lo nas condições normais da paridade legal da moeda,

o próprio Calógeras a transigir com a

porque assim não o permita a depre ciação cambial, nem por isso devem ser

guerra levaram, talvez, ou ccrtamcnti-,

rigidez dos scu.s princípios, diante da pura ficção legal que ficou sendo no Brasil o câmbio ao par. Não seria mais

TC E J

EEEFI/

Antonio Contijo oe Cauvauio

Rafael Sampaio Vidal

abandonadas as vantagens da estabili dade das taxas inferiores, a que já se

possível contemplar essa quimera, mes mo aos ortodoxos inflexíveis, depois que

^íeukcedora de carinho.so registro a

tenham acomodado os valores contra tuais. Tendo escrito seu livro antes da

se tornaram também ideais a.s taxas de

preocupação do bem público desse

guerra, isto é, quando ainda não pu

o país ainda não conhecera, na sua his

desse sequer pressentir a evolução quase

tória, as atuais cotações cambiais.

universal da política monetária para os novos planos de estabilização, era natu ral que Cálógeras insistisse na doutrina

da volta à paridade legal, então respei tada por todos os países de moeda sã,

mas hoje abandonada até pela Ingla terra e pelos Estados Unidos. Entretan

to, já naquela época, a necessidade da estabilização cambial no Brasil era sii.s-

tentada não só por financistas nacionais, como pelo autor da obra monumental —

"Banques d'Emission et Trésors Publics", onde Raphael Georges Levy se refere,

preciadas, vigentes até ao tempo em que

Revelado através do seu notável tra

balho sobre a política monetária do

Nuo julgo o .sou valor pela enume

ração dos cargos que pcrliistrou. Polo mcnto cxccpoional, porém, que reve

Brasil, Calógeras brilha, com as luzes

ja". à luz meridiuna, nos debates do

da sua culta inteligência, entre os nossos

Parlamento o no exercício de altas fun

raros grandes financistas. Espírito pcr-

ções administrativas.

eucientcmente analítico, inclina-se sobre

Sentia-se, ne.sse vulto de Pijatininga,

a vasta documentação a que recorre, no

que bá de figurar na galeria dos ho

exame do.s fatos e das teorias, tudo de

mens representativos do Brasil, o es

compondo, perquirindo e interpretando, como se fizesse investigações de labora tório. Êssc método não prejudica a visão dc conjunto, precisa e clara, que

tudioso que SC preparou, desde os bancos

dando, na questão da volta ao câmbio de 27. Não valeria insistir na discussão

domina os seus complexos estudos. Em finanças, como noutras matérias igual mente difíceis que versou, Calógeras é uma das mais altas expressões da menta'lidade brasileira, na fase contempo

do pró c do contra, uma vez que as

rânea.

■ nos mais lisonjeiros termos, à autorida de de Calógeras, embora dela discor

ilustro campineiro, cuja sepultura se clausurou ontem na torra paulista.

O "Digesto Econômico", cm obediência

a um dos itens do programa que traçou,

vem publicando biografias de brasileiros ilustres, de outras gerações, para que os

episódios marcantes que os fizeram cre dores da esthna pública sejain conheci dos dos moços de hoje. Reproduzimos, com ôsse objetivo, as ligeiras orações sôbre Alcântara Machado, Sampaio Vidal e Artur Neiva, proferidas pelo nosso

Diretor, quando no exercício das fun ções de membro do Conselho Adminis trativo do Estado de São Paulo c da

Comissão dos Negócios Estaduais.

acadêmicos, para ser homem de govêrnq.

Homem público integral, de fato o foi,

^°'y^^^quêle "nobilíssinio anseio de in-

tluir". "Uma vocação de estadista, com

a crença no futuro grandioso do Brasil", o opitáfio que eu sugeriria como síntese da sua vida.

Nos discursos que proferiu e nos pareceres que elaborou, como deputado, "ao há devaneios, mas objetividade, au-

•^iliada pela lógica fria dos algarismos, qwo manejava com precisão e honesti dade.

Redigia os seus escrupulosos trabalhos,

c de memória cito os que \'ersaram sõhre Banco Central de Redesconto, De fesa do Café e Código de Contabilida de, com espírito didático, num estilo

simples, e claro, sem excesso de atavios, que os afeassem. Prova, de sbbejo, essas

qualidades, a "Contabilidade Agrícola", obra inteiramente esgotada e digna de tuna reedição.

Administrador, executava os problemas de govêmo usando o processo de Benjamin Franklin, narrado pela pena fiumejante de Nabuco. Aquele grande americano, doublé de sábio e estadista,

sempre que precisava resolver uma ques

tão importante, estudava as razões pró e contra, escrevia-as em duas colunixs de

fronto umas das outras e, riscando as

que se anulavam, decidia-se pelo núme ro e qualidade das restantes. Benjamin Franklin chamava a esse processo sua álgebra moral.

Sampaio Vidal quis ser professor dc Direito, Não realizou a sua nobre aspi ração, porque o competidor, no famoso concurso de Teoria Geral de Proce-so

Civil, em que se inscre\'eu, era jurisconsulto da estatura de Estevam de Almei

da. A sua arguiçâo oral, porém, não desmereceu o jurista, e a preleção, indubitàvelmente a prova principal, colocou-o


Digesto Eco.^'ó.^uco

bial, que c, aliás, a finalidade teórica dc

contingências cconómica.s criada.s pela

todo c qualquer sistema monetário. Se não é possível praticá-lo nas condições normais da paridade legal da moeda,

o próprio Calógeras a transigir com a

porque assim não o permita a depre ciação cambial, nem por isso devem ser

guerra levaram, talvez, ou ccrtamcnti-,

rigidez dos scu.s princípios, diante da pura ficção legal que ficou sendo no Brasil o câmbio ao par. Não seria mais

TC E J

EEEFI/

Antonio Contijo oe Cauvauio

Rafael Sampaio Vidal

abandonadas as vantagens da estabili dade das taxas inferiores, a que já se

possível contemplar essa quimera, mes mo aos ortodoxos inflexíveis, depois que

^íeukcedora de carinho.so registro a

tenham acomodado os valores contra tuais. Tendo escrito seu livro antes da

se tornaram também ideais a.s taxas de

preocupação do bem público desse

guerra, isto é, quando ainda não pu

o país ainda não conhecera, na sua his

desse sequer pressentir a evolução quase

tória, as atuais cotações cambiais.

universal da política monetária para os novos planos de estabilização, era natu ral que Cálógeras insistisse na doutrina

da volta à paridade legal, então respei tada por todos os países de moeda sã,

mas hoje abandonada até pela Ingla terra e pelos Estados Unidos. Entretan

to, já naquela época, a necessidade da estabilização cambial no Brasil era sii.s-

tentada não só por financistas nacionais, como pelo autor da obra monumental —

"Banques d'Emission et Trésors Publics", onde Raphael Georges Levy se refere,

preciadas, vigentes até ao tempo em que

Revelado através do seu notável tra

balho sobre a política monetária do

Nuo julgo o .sou valor pela enume

ração dos cargos que pcrliistrou. Polo mcnto cxccpoional, porém, que reve

Brasil, Calógeras brilha, com as luzes

ja". à luz meridiuna, nos debates do

da sua culta inteligência, entre os nossos

Parlamento o no exercício de altas fun

raros grandes financistas. Espírito pcr-

ções administrativas.

eucientcmente analítico, inclina-se sobre

Sentia-se, ne.sse vulto de Pijatininga,

a vasta documentação a que recorre, no

que bá de figurar na galeria dos ho

exame do.s fatos e das teorias, tudo de

mens representativos do Brasil, o es

compondo, perquirindo e interpretando, como se fizesse investigações de labora tório. Êssc método não prejudica a visão dc conjunto, precisa e clara, que

tudioso que SC preparou, desde os bancos

dando, na questão da volta ao câmbio de 27. Não valeria insistir na discussão

domina os seus complexos estudos. Em finanças, como noutras matérias igual mente difíceis que versou, Calógeras é uma das mais altas expressões da menta'lidade brasileira, na fase contempo

do pró c do contra, uma vez que as

rânea.

■ nos mais lisonjeiros termos, à autorida de de Calógeras, embora dela discor

ilustro campineiro, cuja sepultura se clausurou ontem na torra paulista.

O "Digesto Econômico", cm obediência

a um dos itens do programa que traçou,

vem publicando biografias de brasileiros ilustres, de outras gerações, para que os

episódios marcantes que os fizeram cre dores da esthna pública sejain conheci dos dos moços de hoje. Reproduzimos, com ôsse objetivo, as ligeiras orações sôbre Alcântara Machado, Sampaio Vidal e Artur Neiva, proferidas pelo nosso

Diretor, quando no exercício das fun ções de membro do Conselho Adminis trativo do Estado de São Paulo c da

Comissão dos Negócios Estaduais.

acadêmicos, para ser homem de govêrnq.

Homem público integral, de fato o foi,

^°'y^^^quêle "nobilíssinio anseio de in-

tluir". "Uma vocação de estadista, com

a crença no futuro grandioso do Brasil", o opitáfio que eu sugeriria como síntese da sua vida.

Nos discursos que proferiu e nos pareceres que elaborou, como deputado, "ao há devaneios, mas objetividade, au-

•^iliada pela lógica fria dos algarismos, qwo manejava com precisão e honesti dade.

Redigia os seus escrupulosos trabalhos,

c de memória cito os que \'ersaram sõhre Banco Central de Redesconto, De fesa do Café e Código de Contabilida de, com espírito didático, num estilo

simples, e claro, sem excesso de atavios, que os afeassem. Prova, de sbbejo, essas

qualidades, a "Contabilidade Agrícola", obra inteiramente esgotada e digna de tuna reedição.

Administrador, executava os problemas de govêmo usando o processo de Benjamin Franklin, narrado pela pena fiumejante de Nabuco. Aquele grande americano, doublé de sábio e estadista,

sempre que precisava resolver uma ques

tão importante, estudava as razões pró e contra, escrevia-as em duas colunixs de

fronto umas das outras e, riscando as

que se anulavam, decidia-se pelo núme ro e qualidade das restantes. Benjamin Franklin chamava a esse processo sua álgebra moral.

Sampaio Vidal quis ser professor dc Direito, Não realizou a sua nobre aspi ração, porque o competidor, no famoso concurso de Teoria Geral de Proce-so

Civil, em que se inscre\'eu, era jurisconsulto da estatura de Estevam de Almei

da. A sua arguiçâo oral, porém, não desmereceu o jurista, e a preleção, indubitàvelmente a prova principal, colocou-o


1

.t.

"1

DicESTo Econômico

40

na plana dos excelentes expositores de que se orgulha a velha Escola.

Ledor insaciável, especializado cm Economia Política e Ciência das Finan

ças, com pendores para os estudos de humanidades, aluno distinto fôra de José Ladislau Peter, no "Culto à Ciência"

cm

Campinas, não se fossilizou

a

cultura como a de tantos políticos da sua geração, brilhante e numerosa. Ge ração que tem Anatole e Renan, Mon-

tesquieu e Rousseau, Comte e Spencer como deuses dos seus altares.

Tor

nou-se Sampaio Vidal apologista con

victo do sistema corporativista, cujas vantagens para o Brasil não cansava de

apregoar. Devo a êsse amigo, de tanta meiguice no trato, o conhecimento da

obra clássica do rumaico Mihail Manoilesco e recordo-me com saudades

me, pelo correio, a refutação de Ilcnry Gcorgc à celebre cncíclica de Lcao XIII, "De Rerum Novarum". Dcsfa-

zía-se de uma preciosidade pura ganhar um prosélito c evidcncia\'a o seu alto espírito de cooperação. Em regra, nas nossas interessantes ter túlias, Sampaio Vidal, que aliava o bom-scnso a uma aguda percepção, pro feria a última palavra. Não se aferrava, todavia, à opinião" emitida, desde que se

ções magníficas que eu ouvia embeve

blico, trazer o coração imune do ódio e

Não se

Em compen

viver como cristão.

José Olímpio, à Rua da Quitanda, em Alcântara Machado

ca de livros novos, desenvolveu a sua

José Alcântara Machado de Oliveira

georgistas, na qual contrariou a lição de

morre em pleno fastígio intelectual.

Pedro Lessa, inserta na "Filosofia do

O nome de Alcântara Machado reboou

pelo Brasil inteiro, que não o

conhecia

devidamente,

quando êsse paulista ilus tre proferiu o célebre discur so de recepção no Silogeu. Viveu êsse cenáculo, tal

vez, o mais belo dos seus

de

dias. Estava ainda bem ní

Hirsh numa conferência rea:

tida na lembrança dos aca

lizada na Austrália, em abono da tese

que naquele momento sustentava. Amá

vel, dois ou três dias após, remeteu-

que é o "Pelo Sertão", paisagista en

cantador, descreveu o Brejão, para gáudio dos apaixonados da natu reza, com tintas que só poderiam

pobre c incolor. Silva Ramos era

cido,

os

O suave autor dês.se breviário de arte

me a atenção, certa vez, o espírito ar

sação, não sofria com a queda. Pôde, assim, na longa carreira de homem pú

reproduziu em síntese principais argumentos

Prado, figura romanesca, de cstuante paixão pelo Brasil.

zer o seu discurso'com material

econômicos, políticos e financeiros, li

George era individualista e

consentiu que ultimasse, com o buril,

Feitio do seu temperamento, revela dor de equilíbrio e inteligência, chamou-

va nenhum dos seus hábitos.

Direito", que tachava o pen sador norte-americano de coletivista parcial. Sampaio Vidal me fez uma disserta ção para demonstrar que

vida e a morte do bandeirante, não lhe

de outrora e Arinos falou de Eduardo

tista da Costa.

guto de Sales Júnior, era a sua modéstia. Ministro de Estado ou simples cida dão, sempre o mesmo. Não modifica

dêmicos e dos .amantes das boas letras

a recepção de Afonso Arinos, saudado pelo verbo de Olavo Bilac. Tudo con

Entristece-nos ao ver a crueldade do

destino que, se lhe permitiu traçar a

^da inteligência. Bilac evocou a Vila Rica

interlocutor.

atordoava com a altura.

dialética uma crítica lapidar às doutrinas

tribuiu para o esplendor daquela festa, que bem poderia ser denominada a festa

ser reproduzidas nas telas de Ba

das encantadoras palestras, com que

São Paulo, que êle freqüentava em bus

41

convencia de que a razão estava com o

amiude me entretinha, sôbre problemas

Em nosso último encontro, na Livraria

Digesto Econômico

Alcântara Machado teria de fa

um desconhecido.

Um glotólogo em

cuja pena não havia requintes de sen sibilidade.

Um filão inesperado, porém, se depa rou aos olhos do artista.

Silva Ramos

estudara em Coimbra. E o grande pro fessor da nossa querida Faculdade de

a biografia do rio Tietê, o grande rio da terra que êle tanto amou, nas suas tra

dições, nos seus dias de júbilo e nas suas noites de infortúnio.

Não me compete, nem êsse seria o momento azado, fazer a análise

da empolgante produção dêsse tor turado do estilo, de tanta beleza

e de tanta graça. Membro do Departamento Admi nistrativo do Estado de São Paulo,

que é um órgão de brasilidade,

competir-me-á estudar, o que farei num traço marcante, a figura do patriota.

Essa, está esculpida no seu prodigioso esforço para doar ao Brasil um Código Penal, em que se consubstanciassem mo dernas teorias de defesa da sociedade. Alcantara, que se achava bastante en

Direito, que lá nunca estivara, em pá ginas que hão de ter a vida da língua

fermo, pressentia que se avizinhava o

portuguesa, numa visão de sábio, faci

litada por incomensurável leitura, des

morrer sem deixar aquele testemunho de fidelidade e de amor aq Direito e ao

creve os hábitos e os costumes do estu

Brasil.

dante coimbrão, perfilando ainda, com

Palavras, como as que venho de emi tir, eu as ouvi dos seus próprios lábios,

cintílação e donaire, os Gonçalves

Crespo e os Guerra Junqueiro. Quem não o conheceu, tímido e reser

término da sua vida e não desejava

quando, dando-me uma grande prova de consideração e amizade, em sua re

vado, ouvindo em São Paulo as lições

sidência, leu-me as calorosas e brilhan-

que Alcântara Machado era antigo no viço da legendária Universidade de

Penal de sua autoria.

do pai, com certeza haveria,de supor Coimbra. ,

tes páginas, ainda não divulgadas, que redigiu em defesa do projeto do Código Êsse esfôrço, em que se evidencia tão alta noção de dever para com a Pátria, abreviou-lhe a vida. Mas agigantou-lhe

Quase desconhecido, elogiando igno rado acadêmico, empolga o discreto paulista os seus pares ilustres, recebendo

a figura liistórica.

n maior das consagrações, que é a de ver a sua belíssima peroração, uma pura poesia, reproduzida na memória de tôda

jytA de luto da inteligência, o da morte

a gente.

Artur Néiva

, de Artur Neiva. Homem de cultura e homem de administração, dos maiores


1

.t.

"1

DicESTo Econômico

40

na plana dos excelentes expositores de que se orgulha a velha Escola.

Ledor insaciável, especializado cm Economia Política e Ciência das Finan

ças, com pendores para os estudos de humanidades, aluno distinto fôra de José Ladislau Peter, no "Culto à Ciência"

cm

Campinas, não se fossilizou

a

cultura como a de tantos políticos da sua geração, brilhante e numerosa. Ge ração que tem Anatole e Renan, Mon-

tesquieu e Rousseau, Comte e Spencer como deuses dos seus altares.

Tor

nou-se Sampaio Vidal apologista con

victo do sistema corporativista, cujas vantagens para o Brasil não cansava de

apregoar. Devo a êsse amigo, de tanta meiguice no trato, o conhecimento da

obra clássica do rumaico Mihail Manoilesco e recordo-me com saudades

me, pelo correio, a refutação de Ilcnry Gcorgc à celebre cncíclica de Lcao XIII, "De Rerum Novarum". Dcsfa-

zía-se de uma preciosidade pura ganhar um prosélito c evidcncia\'a o seu alto espírito de cooperação. Em regra, nas nossas interessantes ter túlias, Sampaio Vidal, que aliava o bom-scnso a uma aguda percepção, pro feria a última palavra. Não se aferrava, todavia, à opinião" emitida, desde que se

ções magníficas que eu ouvia embeve

blico, trazer o coração imune do ódio e

Não se

Em compen

viver como cristão.

José Olímpio, à Rua da Quitanda, em Alcântara Machado

ca de livros novos, desenvolveu a sua

José Alcântara Machado de Oliveira

georgistas, na qual contrariou a lição de

morre em pleno fastígio intelectual.

Pedro Lessa, inserta na "Filosofia do

O nome de Alcântara Machado reboou

pelo Brasil inteiro, que não o

conhecia

devidamente,

quando êsse paulista ilus tre proferiu o célebre discur so de recepção no Silogeu. Viveu êsse cenáculo, tal

vez, o mais belo dos seus

de

dias. Estava ainda bem ní

Hirsh numa conferência rea:

tida na lembrança dos aca

lizada na Austrália, em abono da tese

que naquele momento sustentava. Amá

vel, dois ou três dias após, remeteu-

que é o "Pelo Sertão", paisagista en

cantador, descreveu o Brejão, para gáudio dos apaixonados da natu reza, com tintas que só poderiam

pobre c incolor. Silva Ramos era

cido,

os

O suave autor dês.se breviário de arte

me a atenção, certa vez, o espírito ar

sação, não sofria com a queda. Pôde, assim, na longa carreira de homem pú

reproduziu em síntese principais argumentos

Prado, figura romanesca, de cstuante paixão pelo Brasil.

zer o seu discurso'com material

econômicos, políticos e financeiros, li

George era individualista e

consentiu que ultimasse, com o buril,

Feitio do seu temperamento, revela dor de equilíbrio e inteligência, chamou-

va nenhum dos seus hábitos.

Direito", que tachava o pen sador norte-americano de coletivista parcial. Sampaio Vidal me fez uma disserta ção para demonstrar que

vida e a morte do bandeirante, não lhe

de outrora e Arinos falou de Eduardo

tista da Costa.

guto de Sales Júnior, era a sua modéstia. Ministro de Estado ou simples cida dão, sempre o mesmo. Não modifica

dêmicos e dos .amantes das boas letras

a recepção de Afonso Arinos, saudado pelo verbo de Olavo Bilac. Tudo con

Entristece-nos ao ver a crueldade do

destino que, se lhe permitiu traçar a

^da inteligência. Bilac evocou a Vila Rica

interlocutor.

atordoava com a altura.

dialética uma crítica lapidar às doutrinas

tribuiu para o esplendor daquela festa, que bem poderia ser denominada a festa

ser reproduzidas nas telas de Ba

das encantadoras palestras, com que

São Paulo, que êle freqüentava em bus

41

convencia de que a razão estava com o

amiude me entretinha, sôbre problemas

Em nosso último encontro, na Livraria

Digesto Econômico

Alcântara Machado teria de fa

um desconhecido.

Um glotólogo em

cuja pena não havia requintes de sen sibilidade.

Um filão inesperado, porém, se depa rou aos olhos do artista.

Silva Ramos

estudara em Coimbra. E o grande pro fessor da nossa querida Faculdade de

a biografia do rio Tietê, o grande rio da terra que êle tanto amou, nas suas tra

dições, nos seus dias de júbilo e nas suas noites de infortúnio.

Não me compete, nem êsse seria o momento azado, fazer a análise

da empolgante produção dêsse tor turado do estilo, de tanta beleza

e de tanta graça. Membro do Departamento Admi nistrativo do Estado de São Paulo,

que é um órgão de brasilidade,

competir-me-á estudar, o que farei num traço marcante, a figura do patriota.

Essa, está esculpida no seu prodigioso esforço para doar ao Brasil um Código Penal, em que se consubstanciassem mo dernas teorias de defesa da sociedade. Alcantara, que se achava bastante en

Direito, que lá nunca estivara, em pá ginas que hão de ter a vida da língua

fermo, pressentia que se avizinhava o

portuguesa, numa visão de sábio, faci

litada por incomensurável leitura, des

morrer sem deixar aquele testemunho de fidelidade e de amor aq Direito e ao

creve os hábitos e os costumes do estu

Brasil.

dante coimbrão, perfilando ainda, com

Palavras, como as que venho de emi tir, eu as ouvi dos seus próprios lábios,

cintílação e donaire, os Gonçalves

Crespo e os Guerra Junqueiro. Quem não o conheceu, tímido e reser

término da sua vida e não desejava

quando, dando-me uma grande prova de consideração e amizade, em sua re

vado, ouvindo em São Paulo as lições

sidência, leu-me as calorosas e brilhan-

que Alcântara Machado era antigo no viço da legendária Universidade de

Penal de sua autoria.

do pai, com certeza haveria,de supor Coimbra. ,

tes páginas, ainda não divulgadas, que redigiu em defesa do projeto do Código Êsse esfôrço, em que se evidencia tão alta noção de dever para com a Pátria, abreviou-lhe a vida. Mas agigantou-lhe

Quase desconhecido, elogiando igno rado acadêmico, empolga o discreto paulista os seus pares ilustres, recebendo

a figura liistórica.

n maior das consagrações, que é a de ver a sua belíssima peroração, uma pura poesia, reproduzida na memória de tôda

jytA de luto da inteligência, o da morte

a gente.

Artur Néiva

, de Artur Neiva. Homem de cultura e homem de administração, dos maiores


í»i

Digesto EcoNÓhnco

42

de que se tifamiva a nossa terra.

Não

míslicí.smo racial, não pnrsscnlido pclus

era um cientista puro, um recluso dc

gov<;rnos impri-vidcntc.s.

laboratório. Cultivava a ciência ein fun

ção do Estado. Diretriz espiritual tra çada por um ideal que ardente pátrio-

Em liislórla, da qual foi c.vímío cuU(Jr, o Brasil era a sua paí.xão. Poderia foealizar os grandes painéis cia cisilização.

ti.çmo acalentou.

Artur Neiva era en-

Artur Nciva era uma enciclopédia viva.

feitiçado do Brasil. "Lido e corrido", assim o retratou

no", "Caramuru", "Gabriel Soares", são

Afonso de Taunay, ao prefaciar "Daqui o de longe", obra que desvenda a in

que confirmam a minha assertiva. Li-

quietação da sua formosa inteligência.

niitou-sc com êss(-'s estudos o horizonte

Artur Nciva, que percorreu tantas terras, preocupava-se principalmente com os problemas do Brasil. Sedutora

do historiador. Mas ampliou-se o da Pátria, que tanto estremecia. Artur Nci

feição de tão luminoso espírito! Pertencia à estirpe dos brasileiros Eduardo Prado, Afonso Arinos, Oliveira

da história colonial.

Lima e Rio Branco, que, vivendo longe do torrão natal, só escreveram sobre o

Brasil.

^ Apesar da sua curiosidade universal, são essencialmente brasileiros os frutos do saber de Artur Neiva.

Em lingüística, abandonou o filão dos clássicos portugueses, de que Rui Bar

bosa e Carneiro Ribeiro foram grandes mineradores, para pesquisar os indianismos, que tanto enrique ceram a nossa língua. Paladino da linguagem brasileira, no de senvolvimento do idioma portu

guês, êle O foi com Edgar Sanchez ao ventilar o momcntoso

problema no Parlamento brasilei ro. O livro que publicou é obra-prima

títulos contidos mima vasta I>ib!iografia

va esclareceu muitos pontos obscuros

Em .sociologia, não escreveu di.sserta-

ções doutrinárias sôT3re raças. Nem dis cutiu as teorias de Pittard e Cobineau.

Se quisesse, enfrentaria cs Lapouge e Mas, em memorável

pontífice, sucessor dc Osvaldo Cruz c

rio, cm Minas Gerais, que merece ser lida pelos gestores da cousa pública. E"nvaidcço-mc dc ter sido seu amigo. O convívio de Artur Neiva era um des

mentido â proposição de Emerson de qnc a convivência prolongada desen canta.

Neiva ensinava, conversando.

Os maiores sabedores aprendiam com o baiano csfiisiantc de graça. Um dissipador da ciência, cuja obra escrita, em bora valiosa, não dá bem a medida do que valia aquele cérebro em continua Em sua casa acolhedora, à rua Per

43

do Lima e Ferreira Braga, maníacos cio "monstro" de Bayrouth. Respondia,

do pronto, a qualquer consulta, porque, costumava dizer Altino Arantes, trazia

Artur Neiva o Larousse na cabeça.

Membro da Comissão dos Negócios Estaduais, rendo homenagem à memò ria do sábio que em São Paulo plane jou a organização do Instituto Biológico, nfamada instituição de ciência aplicada; ao Diretor da Saúde Pública que ela borou notável Código Sanitário e se revelou extraordinário homem de ação

na luta contra a gripe espanhola; ao St>cretário do Interior em São Paulo que criou o Departamento das Municipalida des, órgão de assistência técnica aos

Carlos Chagas, realizou, com o auxílio

nambuco, em São Paulo, em que eu passava horas de regalo espiritual, muitas

do microscópio c da pena, obra dc pes

Vezes Artur Neiva brincava com a sua

quisa c dc apóstolo, combatendo o "stçphanoderes" c o berne, destruidores dc

tadamente para as comunas de peque na renda e cujos benéficos resultados

memória prodigiosa, submetendo-se, por diletantismo, a rigorosas sabatinas nos

podemos todos nós atestar; ao eminente

mais variados ramos do saber.

pela Interventoria Federal na'Bahia, fi

avultada riqueza brasileira.

Deslumbrava-me, dada a minha pre

Acusava-se a Artur Neiva de perdu lário na administração pública. Seria

dileção em arte, o seu conhecimento da

um grande administrador cm pais dc

miisíca alemã, solfejando melodias po pulares de Wagner, com a explicação

vastos recursos financeiros, assoalliavam os seus desafetos. Realmente, a

mentalidade arrojada dêssc bra sileiro dinâmico não se coadu

nava com a dos seus patrícios retrógrados. Sabia premiar o

mérito c não regateava o salá rio dos homens que com amor <3 competência dedicam a exis

tência ao Estado. Otimi.sta, confiava na futuro radioso do Brasil. Administrar não é só economizar. Ru

mo não permissível em país novo que não tem os seus problemas dc governo resolvidos. Administrar é saber gastar,

discurso, repleto de observações colhi

praticar obra de fomento.

das no Extremo Oriente, alertou a na

dessa tese, há uma página de fina iro nia de Garção Stockler, que figura em

ção ante o perigo amarelo, com o seu

diversas antologias mineiras, sôbre a

administração infeliz e elogiada dc An drade Figueira, na última fase do Impé

ebulição.

Em ciência experimental, cm que era

torra dadivosa e realizava visionando o

no gênero.

os Chamberlain.

Não o féz, porém. "O Recôncavo Baia

OroKSTO Ecf)Nó^^co

Em torno

I

municípios, medida de alto alcance, no-

homem público que, na rápida passagem xou os lineamenlos do Instituto do Ca

cau, obra do percudcnte visão adminis trativa.

Ao higienista, eficiente na profilu.via

cia idéia do tema ou "leit-motiv" e das lendas do Reno, como não o fariam

da Jepra, da sífilis e da malária.

melhor os antigos deputados Augu.sto

e, sobretudo, ao patriota.

Enfim, ao técnico, ao administrador


í»i

Digesto EcoNÓhnco

42

de que se tifamiva a nossa terra.

Não

míslicí.smo racial, não pnrsscnlido pclus

era um cientista puro, um recluso dc

gov<;rnos impri-vidcntc.s.

laboratório. Cultivava a ciência ein fun

ção do Estado. Diretriz espiritual tra çada por um ideal que ardente pátrio-

Em liislórla, da qual foi c.vímío cuU(Jr, o Brasil era a sua paí.xão. Poderia foealizar os grandes painéis cia cisilização.

ti.çmo acalentou.

Artur Neiva era en-

Artur Nciva era uma enciclopédia viva.

feitiçado do Brasil. "Lido e corrido", assim o retratou

no", "Caramuru", "Gabriel Soares", são

Afonso de Taunay, ao prefaciar "Daqui o de longe", obra que desvenda a in

que confirmam a minha assertiva. Li-

quietação da sua formosa inteligência.

niitou-sc com êss(-'s estudos o horizonte

Artur Nciva, que percorreu tantas terras, preocupava-se principalmente com os problemas do Brasil. Sedutora

do historiador. Mas ampliou-se o da Pátria, que tanto estremecia. Artur Nci

feição de tão luminoso espírito! Pertencia à estirpe dos brasileiros Eduardo Prado, Afonso Arinos, Oliveira

da história colonial.

Lima e Rio Branco, que, vivendo longe do torrão natal, só escreveram sobre o

Brasil.

^ Apesar da sua curiosidade universal, são essencialmente brasileiros os frutos do saber de Artur Neiva.

Em lingüística, abandonou o filão dos clássicos portugueses, de que Rui Bar

bosa e Carneiro Ribeiro foram grandes mineradores, para pesquisar os indianismos, que tanto enrique ceram a nossa língua. Paladino da linguagem brasileira, no de senvolvimento do idioma portu

guês, êle O foi com Edgar Sanchez ao ventilar o momcntoso

problema no Parlamento brasilei ro. O livro que publicou é obra-prima

títulos contidos mima vasta I>ib!iografia

va esclareceu muitos pontos obscuros

Em .sociologia, não escreveu di.sserta-

ções doutrinárias sôT3re raças. Nem dis cutiu as teorias de Pittard e Cobineau.

Se quisesse, enfrentaria cs Lapouge e Mas, em memorável

pontífice, sucessor dc Osvaldo Cruz c

rio, cm Minas Gerais, que merece ser lida pelos gestores da cousa pública. E"nvaidcço-mc dc ter sido seu amigo. O convívio de Artur Neiva era um des

mentido â proposição de Emerson de qnc a convivência prolongada desen canta.

Neiva ensinava, conversando.

Os maiores sabedores aprendiam com o baiano csfiisiantc de graça. Um dissipador da ciência, cuja obra escrita, em bora valiosa, não dá bem a medida do que valia aquele cérebro em continua Em sua casa acolhedora, à rua Per

43

do Lima e Ferreira Braga, maníacos cio "monstro" de Bayrouth. Respondia,

do pronto, a qualquer consulta, porque, costumava dizer Altino Arantes, trazia

Artur Neiva o Larousse na cabeça.

Membro da Comissão dos Negócios Estaduais, rendo homenagem à memò ria do sábio que em São Paulo plane jou a organização do Instituto Biológico, nfamada instituição de ciência aplicada; ao Diretor da Saúde Pública que ela borou notável Código Sanitário e se revelou extraordinário homem de ação

na luta contra a gripe espanhola; ao St>cretário do Interior em São Paulo que criou o Departamento das Municipalida des, órgão de assistência técnica aos

Carlos Chagas, realizou, com o auxílio

nambuco, em São Paulo, em que eu passava horas de regalo espiritual, muitas

do microscópio c da pena, obra dc pes

Vezes Artur Neiva brincava com a sua

quisa c dc apóstolo, combatendo o "stçphanoderes" c o berne, destruidores dc

tadamente para as comunas de peque na renda e cujos benéficos resultados

memória prodigiosa, submetendo-se, por diletantismo, a rigorosas sabatinas nos

podemos todos nós atestar; ao eminente

mais variados ramos do saber.

pela Interventoria Federal na'Bahia, fi

avultada riqueza brasileira.

Deslumbrava-me, dada a minha pre

Acusava-se a Artur Neiva de perdu lário na administração pública. Seria

dileção em arte, o seu conhecimento da

um grande administrador cm pais dc

miisíca alemã, solfejando melodias po pulares de Wagner, com a explicação

vastos recursos financeiros, assoalliavam os seus desafetos. Realmente, a

mentalidade arrojada dêssc bra sileiro dinâmico não se coadu

nava com a dos seus patrícios retrógrados. Sabia premiar o

mérito c não regateava o salá rio dos homens que com amor <3 competência dedicam a exis

tência ao Estado. Otimi.sta, confiava na futuro radioso do Brasil. Administrar não é só economizar. Ru

mo não permissível em país novo que não tem os seus problemas dc governo resolvidos. Administrar é saber gastar,

discurso, repleto de observações colhi

praticar obra de fomento.

das no Extremo Oriente, alertou a na

dessa tese, há uma página de fina iro nia de Garção Stockler, que figura em

ção ante o perigo amarelo, com o seu

diversas antologias mineiras, sôbre a

administração infeliz e elogiada dc An drade Figueira, na última fase do Impé

ebulição.

Em ciência experimental, cm que era

torra dadivosa e realizava visionando o

no gênero.

os Chamberlain.

Não o féz, porém. "O Recôncavo Baia

OroKSTO Ecf)Nó^^co

Em torno

I

municípios, medida de alto alcance, no-

homem público que, na rápida passagem xou os lineamenlos do Instituto do Ca

cau, obra do percudcnte visão adminis trativa.

Ao higienista, eficiente na profilu.via

cia idéia do tema ou "leit-motiv" e das lendas do Reno, como não o fariam

da Jepra, da sífilis e da malária.

melhor os antigos deputados Augu.sto

e, sobretudo, ao patriota.

Enfim, ao técnico, ao administrador


DiGESTO ECONÓ^HCO

Paralelo entie Raul Soares e Francisco Sales

'""t:ratas sinceros, Raul Soares dava

cm fase à autoridade e à disciplina, e l*raiícisco

Daniex de Carvalho

43

Sales, à

tolerância e à

liberdade.

• ^ Raul Soares passou pela esfera po

Prancisco Sales e Raul Soares apre-

lítica como um meteoro, um grande

sentavam as características tradicio nais dos grandes políticos mineiros do

O sr. Daniel de Carvalho, e.x-tilular

bólido que, em sua vertiginosa ascen

tempo do Império e da República ve

da pasta da Agrictdtura, publicista <jue

são, iluminou o cenário com o imenso

jó nos deu, entre outros trabalhos de

lha.

mérito, uma biografia de TeójÜo Otoni,

clarão de sua fulgurante passagem. Rm pleno zênite, apagou-se de re

Probidade pessoal, rigoroso es

crúpulo no emprego dos dinheiros do erário, decência na vida pública e privada, lealdade para com os chefes, os companheiros e o partido, dedica

ção ao bem comum, equilíbrio e se gurança no meio das paixões e dos movimentos desordenados da opinião,

está ulíwiando uma obra de iutcrêsse

pente, fulminado pelo raio traiçoeiro

para a história política brasileira: "Fran cisco Sales e sua época". Atendendo \a um convite nosso, S. Excia., gentilmente,

da morte. ♦

ma dos interesses do partido. Tinham o culto da palavra empenhada.

Possuíam em alto grau o que João Piniieiro denominou "o senso gra ve da ordem". A ambos repugnava tudo quanto fôsse ostentação, propa ganda ou demagogia.

Podiam pensar na sua cidade natal, no partido c no Estado ao alvitrar

qualquer solução política. Não pensa vam na sua pessoa, Se tiveram, não

demonstraram jamais ambição pes

soal. Seriam incapazes de insinuar a

própria candidatura, ou trabalhar por ela antes do pronunciamento da Con venção do Partido. As posições que tiveram ou os altos

cargos que ocuparam foram conse

qüência natural das responsabilidades assumidas nos acontecimentos políti cos. projetavam-se de tal forma no centro da luta que não podiam exi mir-se dos encargos resultantes do movimento vitorioso.

Raur Soares, brioso e cônscio do

ria, foi Presidente de Câmara Muni

O vulgo tinha por êle mais respeito do que afeição, devido a sua fama de

valente, sua rude franqueza e seus acessos de ira. Não se importava de fazer inimigos e tão natural achava, que se diria ter até prazer nisso. Aquela fisionomia de "porteira fe chada" abria-se, porém, no seio da família ou na roda dos amigos e dei xava ver um coração de ouro.

Tudo nêle respirava ordem, clareza, nitidez.

cedeu-nos o capítulo que ora vtserimos

cipal, Deputado Estadual, Secretário

Era homem de resoluções prontas

nesias páginas.

da Agricultura e Obras Públicas, Deputado Federal, Secretário de In

e de ação imediata. Francisco Sales militou cerca de 40

terior e Justiça, Ministro da Marinha,

anos

visão clara dos interesses nacionais, colocados sempre acima dos interes ses do Estado, bem como estes aci

Rm doze anos apenas de trajetó

e nunca exigiu dos companheiros atos de servilismo.

próprio valor, julgava-se à altura de

Senador Federal e Presidente do Es

política.

Subiu vagarosamente de degrau em

tado.

degrau, levando mais de 16 anos da

via sempre outros com mais títulos ou

A impressão geral, mesmo entre os seus inimigos, é a de que se interrom

dência do Estado. No apogeu perma

mais capacidade para as investiduras. Assim, por duas vezes, recusou a Pre

peu a arrancada de um grande desti no. Êle não mostrara a medida exata

sidência da República, conforme es-

de sua personalidade.

planamos minuciosamente em capítu lo especial.

que se seguiram ao seu • desapareci

quaisquer posições. Francisco Sales, humilde e desconfiado de suas forças,

Rm cada uma das crises políticas

propaganda republicana até a Presi neceu outros 16 anos para depois

cair, lentamente, e mergulhar na obscuridade da vida privada. No Palácio da Liberdade, ou como Senador, antes e depois de ocupar o

mento, comumente se ouvia a inter

Ministério da Fazenda, foi durante

do, não era frio nem distante. Inspi

rogação : que teria acontecido se Raul

mais de três' lustros o chefe incontes

rava

Soares estivesse vivo?

tável da política mineira. Astro poderoso, de luz serena e des

Francisco Sales, apesar de reserva simpatia

pelas

suas

maneiras

A política de Minas e do Brasil sen

simples, sua voz musical, sua mansitude e ainda pela doçura do olhar. Raul Soares, impetuoso, franco, de

te a falta da mocidade, da frescura

olhar duro, despertava logo entusias

quele, liomem superior.

dalma, da coragem e da firmeza da

mo e, raramente, medo ou antipatia.

Todos que dêle se aproximaram

Francisco Sales, tímido, tinha pavor das agitações ou das tempestades das

guardam a lembrança de um homem

maiada, arrastou na sua subida, como centro de um sistema planetário, e manteve em derredor, outras estréias

rutilantes, de vivo esplendor, que se

eminente pelo talento e pelo caráter.

chamaram João Pinheiro, Carlos Pei xoto, João Luiz .Alves, Antônio Car

multidões ou das assembléias. Evita-

No comércio da amizade, era inigua

va-as.

lável. Não há amigo que dêle tenha

los, Afrânio de Melo Franco, Pandiá Calógeras, Augusto de Lima, Estêvão

Raul

Soares

intrèpidamente

afrontava essas borrascas da vida pú blica. Parecia desejá-las para ter ocasião de arrostá-las e removê-las.

Ambos formaram o seu espírito no Brasil e jamais saíram do Pais. De-

uma queixa. Os que gozaram o privilé

Lobo, Gastão da Cunha, Davi Cam-

gio da sua estima até hoje deploram a perda de ,um amigo fiel e dedicado,

pista...

afetuoso e bom, que nunca admitiu

comprazia-se com o êxito por éles al

na intimidade vulgares engrossadores

Animava a carreira dos satélites e cançado.


DiGESTO ECONÓ^HCO

Paralelo entie Raul Soares e Francisco Sales

'""t:ratas sinceros, Raul Soares dava

cm fase à autoridade e à disciplina, e l*raiícisco

Daniex de Carvalho

43

Sales, à

tolerância e à

liberdade.

• ^ Raul Soares passou pela esfera po

Prancisco Sales e Raul Soares apre-

lítica como um meteoro, um grande

sentavam as características tradicio nais dos grandes políticos mineiros do

O sr. Daniel de Carvalho, e.x-tilular

bólido que, em sua vertiginosa ascen

tempo do Império e da República ve

da pasta da Agrictdtura, publicista <jue

são, iluminou o cenário com o imenso

jó nos deu, entre outros trabalhos de

lha.

mérito, uma biografia de TeójÜo Otoni,

clarão de sua fulgurante passagem. Rm pleno zênite, apagou-se de re

Probidade pessoal, rigoroso es

crúpulo no emprego dos dinheiros do erário, decência na vida pública e privada, lealdade para com os chefes, os companheiros e o partido, dedica

ção ao bem comum, equilíbrio e se gurança no meio das paixões e dos movimentos desordenados da opinião,

está ulíwiando uma obra de iutcrêsse

pente, fulminado pelo raio traiçoeiro

para a história política brasileira: "Fran cisco Sales e sua época". Atendendo \a um convite nosso, S. Excia., gentilmente,

da morte. ♦

ma dos interesses do partido. Tinham o culto da palavra empenhada.

Possuíam em alto grau o que João Piniieiro denominou "o senso gra ve da ordem". A ambos repugnava tudo quanto fôsse ostentação, propa ganda ou demagogia.

Podiam pensar na sua cidade natal, no partido c no Estado ao alvitrar

qualquer solução política. Não pensa vam na sua pessoa, Se tiveram, não

demonstraram jamais ambição pes

soal. Seriam incapazes de insinuar a

própria candidatura, ou trabalhar por ela antes do pronunciamento da Con venção do Partido. As posições que tiveram ou os altos

cargos que ocuparam foram conse

qüência natural das responsabilidades assumidas nos acontecimentos políti cos. projetavam-se de tal forma no centro da luta que não podiam exi mir-se dos encargos resultantes do movimento vitorioso.

Raur Soares, brioso e cônscio do

ria, foi Presidente de Câmara Muni

O vulgo tinha por êle mais respeito do que afeição, devido a sua fama de

valente, sua rude franqueza e seus acessos de ira. Não se importava de fazer inimigos e tão natural achava, que se diria ter até prazer nisso. Aquela fisionomia de "porteira fe chada" abria-se, porém, no seio da família ou na roda dos amigos e dei xava ver um coração de ouro.

Tudo nêle respirava ordem, clareza, nitidez.

cedeu-nos o capítulo que ora vtserimos

cipal, Deputado Estadual, Secretário

Era homem de resoluções prontas

nesias páginas.

da Agricultura e Obras Públicas, Deputado Federal, Secretário de In

e de ação imediata. Francisco Sales militou cerca de 40

terior e Justiça, Ministro da Marinha,

anos

visão clara dos interesses nacionais, colocados sempre acima dos interes ses do Estado, bem como estes aci

Rm doze anos apenas de trajetó

e nunca exigiu dos companheiros atos de servilismo.

próprio valor, julgava-se à altura de

Senador Federal e Presidente do Es

política.

Subiu vagarosamente de degrau em

tado.

degrau, levando mais de 16 anos da

via sempre outros com mais títulos ou

A impressão geral, mesmo entre os seus inimigos, é a de que se interrom

dência do Estado. No apogeu perma

mais capacidade para as investiduras. Assim, por duas vezes, recusou a Pre

peu a arrancada de um grande desti no. Êle não mostrara a medida exata

sidência da República, conforme es-

de sua personalidade.

planamos minuciosamente em capítu lo especial.

que se seguiram ao seu • desapareci

quaisquer posições. Francisco Sales, humilde e desconfiado de suas forças,

Rm cada uma das crises políticas

propaganda republicana até a Presi neceu outros 16 anos para depois

cair, lentamente, e mergulhar na obscuridade da vida privada. No Palácio da Liberdade, ou como Senador, antes e depois de ocupar o

mento, comumente se ouvia a inter

Ministério da Fazenda, foi durante

do, não era frio nem distante. Inspi

rogação : que teria acontecido se Raul

mais de três' lustros o chefe incontes

rava

Soares estivesse vivo?

tável da política mineira. Astro poderoso, de luz serena e des

Francisco Sales, apesar de reserva simpatia

pelas

suas

maneiras

A política de Minas e do Brasil sen

simples, sua voz musical, sua mansitude e ainda pela doçura do olhar. Raul Soares, impetuoso, franco, de

te a falta da mocidade, da frescura

olhar duro, despertava logo entusias

quele, liomem superior.

dalma, da coragem e da firmeza da

mo e, raramente, medo ou antipatia.

Todos que dêle se aproximaram

Francisco Sales, tímido, tinha pavor das agitações ou das tempestades das

guardam a lembrança de um homem

maiada, arrastou na sua subida, como centro de um sistema planetário, e manteve em derredor, outras estréias

rutilantes, de vivo esplendor, que se

eminente pelo talento e pelo caráter.

chamaram João Pinheiro, Carlos Pei xoto, João Luiz .Alves, Antônio Car

multidões ou das assembléias. Evita-

No comércio da amizade, era inigua

va-as.

lável. Não há amigo que dêle tenha

los, Afrânio de Melo Franco, Pandiá Calógeras, Augusto de Lima, Estêvão

Raul

Soares

intrèpidamente

afrontava essas borrascas da vida pú blica. Parecia desejá-las para ter ocasião de arrostá-las e removê-las.

Ambos formaram o seu espírito no Brasil e jamais saíram do Pais. De-

uma queixa. Os que gozaram o privilé

Lobo, Gastão da Cunha, Davi Cam-

gio da sua estima até hoje deploram a perda de ,um amigo fiel e dedicado,

pista...

afetuoso e bom, que nunca admitiu

comprazia-se com o êxito por éles al

na intimidade vulgares engrossadores

Animava a carreira dos satélites e cançado.


T-v—FÍT»^

vvl^'

cn Dicksto Econó.mico

Dioesto Econóauco

comecli<lo.s, mas cortantes. Suas atitu

era sóbrio, não dançava, não freqüen

de apurados trabalhos e meditava

votamento do Que entusiasmo.

des eram claras c definidas. Amava o

tava salões, não tinha quase diver

Se Raul Soares era notável pelos dotes tribunícios, pela cultura literá

jôgo, os bons vinlios, a boa mesa, a

sões.

muito antes de agir. Não seria capaz de arriscar tudo numa parada. Era

ria e pela forma lapidar dos seus es critos, Francisco Sales, orador sem brilho, sobressaía pelo seguro conhe

tôdas as cousas belas da vida. Casou

matrimônio. A morte prematura da

sempre encontrou refúgio para as tor-

cimento de nossas questões econômi

primeira cspô.sa o abateu profunda

nientas da vida. Teve uma existência

cas e financeiras.

mente.

Cumpriu a sua missão com mais de-

dança, as artes, a literatura, a poesia, por amor c foi inteiramente feliz no

Êste era um político à moda antiga,

Casou novamente • por amor e en

tipo representativo do bon vieux temps,

controu no novo lar o que dêle espe

acostumado a ouvir os companheiros

rava cm dedicação c ternura. Na cons

e pesar muito as circunstâncias antes

tância de ambos os casamentos foi de exemplar fidelidade.

de emitir uma opinião ou tomar uma decisão.

profundamente religioso e católico praticante.

Apertado na alternativa de matar pu ser morto, acredito que preferiria morrer. '

Na vida pública ou privada, gostava

Não tinha respostas prontas. Mi

nucioso e exato nos negócios parti culares, mostrava em regra certa im

precisão nos casos políticos para os quais deixava mais de uma porta aberta. Cordato e conciliador, por na

de pôr as cartas na mesa. Era franco e positivo.

Dava sua opinião sem rodeios c sem esperar pela do interlocutor. Era cruel

tureza, gostava de acordos e acomo

na ironia c no sarcasmo, quando ne cessário. Zurzia impiedosamente os falsos, os hipócritas, os aduladores, os

dações.

felõcs, os mentirosos, os covardes...

Formado na época das diligências e da estrada de ferro, não parecia feito

Não era um modelo de católico. Acreditava em Deus e lamentava .não

para a rápida evolução do mundo do após-guerra, com o rádio e o avião.

possuin. a graça da fc cm todos os

Seu caráter firme, inclinado à tole

rância, não se irritava com as faltas alheias. Paciente ao extremo, de uma lealdade a tôda prova, era de uma de

dicação Tem limites para com os ami

gos. Tornava-se vítima constante de cacetes. Doía-se das injustiças, mas perdoava facilmente os desafetos. Não tinha ímpeto? de cólera nem guarda va rancores.

Casou-se também por amor, consti tuiu numerosa família, em cUjo seio

• - •

,

Sua atitude diante das misérias hu

manas era antes de piedade que de ódio.

Raul Soares, elegante, alerta, de ma neiras aristocráticas, cheio de con

fiança em si mesmo, ia direito ao alvo, com aquele vozeirão tão seu e gastos

mandamentòs da Igreja. Colocado no dilema de matar ou morrer, não .vacilaria em matar. O fi gurino de um cadete da Gasconlia não lhe iria mal.

Francisco Sales, despreocupado de elegância nas roupas ou nos modos, com um eterno ar de caipira, modes

to por natureza e educação, de voz suave, movimentos vagarosos, dissi

mulava por vezes o objetivo visado. Como os remadores, puxava de costas para o rumo da proa. Ficava nas -meias-tintas

indecisas

até que o companheiro ou adversáric descobrisse o próprio jôgo. Aliás, a palavra vai aqui num sentido figura do, porque êle não jogava, não bebia,

' Ti


T-v—FÍT»^

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cn Dicksto Econó.mico

Dioesto Econóauco

comecli<lo.s, mas cortantes. Suas atitu

era sóbrio, não dançava, não freqüen

de apurados trabalhos e meditava

votamento do Que entusiasmo.

des eram claras c definidas. Amava o

tava salões, não tinha quase diver

Se Raul Soares era notável pelos dotes tribunícios, pela cultura literá

jôgo, os bons vinlios, a boa mesa, a

sões.

muito antes de agir. Não seria capaz de arriscar tudo numa parada. Era

ria e pela forma lapidar dos seus es critos, Francisco Sales, orador sem brilho, sobressaía pelo seguro conhe

tôdas as cousas belas da vida. Casou

matrimônio. A morte prematura da

sempre encontrou refúgio para as tor-

cimento de nossas questões econômi

primeira cspô.sa o abateu profunda

nientas da vida. Teve uma existência

cas e financeiras.

mente.

Cumpriu a sua missão com mais de-

dança, as artes, a literatura, a poesia, por amor c foi inteiramente feliz no

Êste era um político à moda antiga,

Casou novamente • por amor e en

tipo representativo do bon vieux temps,

controu no novo lar o que dêle espe

acostumado a ouvir os companheiros

rava cm dedicação c ternura. Na cons

e pesar muito as circunstâncias antes

tância de ambos os casamentos foi de exemplar fidelidade.

de emitir uma opinião ou tomar uma decisão.

profundamente religioso e católico praticante.

Apertado na alternativa de matar pu ser morto, acredito que preferiria morrer. '

Na vida pública ou privada, gostava

Não tinha respostas prontas. Mi

nucioso e exato nos negócios parti culares, mostrava em regra certa im

precisão nos casos políticos para os quais deixava mais de uma porta aberta. Cordato e conciliador, por na

de pôr as cartas na mesa. Era franco e positivo.

Dava sua opinião sem rodeios c sem esperar pela do interlocutor. Era cruel

tureza, gostava de acordos e acomo

na ironia c no sarcasmo, quando ne cessário. Zurzia impiedosamente os falsos, os hipócritas, os aduladores, os

dações.

felõcs, os mentirosos, os covardes...

Formado na época das diligências e da estrada de ferro, não parecia feito

Não era um modelo de católico. Acreditava em Deus e lamentava .não

para a rápida evolução do mundo do após-guerra, com o rádio e o avião.

possuin. a graça da fc cm todos os

Seu caráter firme, inclinado à tole

rância, não se irritava com as faltas alheias. Paciente ao extremo, de uma lealdade a tôda prova, era de uma de

dicação Tem limites para com os ami

gos. Tornava-se vítima constante de cacetes. Doía-se das injustiças, mas perdoava facilmente os desafetos. Não tinha ímpeto? de cólera nem guarda va rancores.

Casou-se também por amor, consti tuiu numerosa família, em cUjo seio

• - •

,

Sua atitude diante das misérias hu

manas era antes de piedade que de ódio.

Raul Soares, elegante, alerta, de ma neiras aristocráticas, cheio de con

fiança em si mesmo, ia direito ao alvo, com aquele vozeirão tão seu e gastos

mandamentòs da Igreja. Colocado no dilema de matar ou morrer, não .vacilaria em matar. O fi gurino de um cadete da Gasconlia não lhe iria mal.

Francisco Sales, despreocupado de elegância nas roupas ou nos modos, com um eterno ar de caipira, modes

to por natureza e educação, de voz suave, movimentos vagarosos, dissi

mulava por vezes o objetivo visado. Como os remadores, puxava de costas para o rumo da proa. Ficava nas -meias-tintas

indecisas

até que o companheiro ou adversáric descobrisse o próprio jôgo. Aliás, a palavra vai aqui num sentido figura do, porque êle não jogava, não bebia,

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r< 11,. V 'f r»»>

•> '1,^

t»»»

Dicesto Econômico

49

cm duas ou três semanas, com vazões

tuem grande percentagem da crosta ter restre, e a vida neste planeta desenvol-

O problema dos solos ácidos

do 50 a 100 m3 por hora. Ao mesmo

José Setzer

nas do quilômetros para levar às pla nícies desérticas a água represada no alto das serras encaixantes, de clima

solos, nas águas e nas rochas. Entre

úmido ou com os cumes cobertos de

suniformidade geológica e climática, há

P y LEI geral de pedologia que nos climas

úmidos

formam-se

ácidos, mineralmente pobres,

solos

mas ri

tempo constrocm-se

As civilizações antigas surgiram cm climas intcrmediário.s,

semi-áridos

e

cos em matéria orgânica, ao passo que

subúmidoa, isto c, onde as terras não eram pobres o ácida.s, mas ao mc.smo

nos climas secos se formam solos al-

tempo havia água suficiente para o cul

calinos, quimicamente ricos,

tivo. Ainda mais freqüento era o caso

mas po

Pode-se explicar êsse fato inexorá

vel em poucas pala\Tas. Muita chuva significa lixiviação do solo. Õs mine

rais são decompostos, solubilizados, c

os sais evacuados pelas águas que atra vessam o solo, o qual se apresenta cons tituído finalmente por resíduos estáveis e estereis, pois os nutrimentos das plan tas ja foram eliminados.

Mas a abundância de água produz* vegetação luxuriante, a qual enriquece o solo com seus detritos. A ausência

de cálcio, magnésio, potássio e sódio, e a abundancia de ácidos orgânicos, de terminam o caráter ácido do solo'. Se leciona-se vegetação resistente à acidez

• e à pobreza do solo. ^ O homem nativo

de tais solos sabe que toda essa vege tação luxuriante não indica mais que terra pobre. Mas pessoa de outro cli ma, muito menos úmido e quente, po de extasiar-se, classificar as terras de "dadivosas e boas" e mesmo garantir

que "plantando, dá". ■ Nos climas

noves mais ou monos perenes.

rão a ser verdadeiros celeiros, graças à riqueza química dos seus solos.

áridos çhove

pouco e

evapora muito mais. O solo é atraves sado pelas águas de baixo para cima, acumulando-se na superfície sais solú veis. A abundância de sódio, potássio, cálcio e magnésio toma alcalino o solo. A falta de umidade impede o cresci mento'dos vegetais. Daí,a pobreza or gânica das terras.

Outra lei de pedologia diz que ne

ra.s riquíssimas, mas irrigadas por inun dações periódicas o infalíveis, provoca das por cursos dágua de grande en\er-

nhum solo pode ser fértil sendo pobre em cálcio.

gadura.

universal ? Por sua natu

reza química, o elemento

pela retenção, nas várzeas, de detritos

cálcio ó o melhor regula-

orgânicos abundantes trazidos pelos rios

rizador dos excessos de

das regiões úmidas: além da riqnoza

acidez

química, havia também a riqueza orgâ

alcalinidade,

do limites próximos à neutralidade. Mas por

Com o desenvolvimento da técnica,

o homem aprendeu a dominar terra's cada vez mais pobres aplicanclo-Ihcs estéreo. A acidez só pôde ser enfren

quo são inconvenientes a acidez e a alcalinidade excessivas ?

tada nos últimos séculos. Antes disto,

E* verdade que todos

só se cultivavam as terras pobres pos

os excessos são nocivos, mas existe ex

suidoras de concreções calcáreas, como c o caso das planícies baixas da Europa

plicação melhor: todo ser vivo, animal ou planta, é constituído por tecidos di versos e líquidos fisiológicos, os quais

existência de inver

no frio representa fator importante no contròle das pragas da lavoura, a faixa agrícola mais próspera do mundo des

são colóides; e a estabilidade dos co-

lóides, isto é, o perfeito funcionamen to de todos os órgãos, só se obtém no

locou-se para as terras levemente ácidas e pobres, desde que o homem dominou

meio neutro ou apenas levemente áci

do ou alcalino. Se sem água e oxigê

esses defeitos do solo com estéreo, cal-

cáreo c adubação química. Nova etapa começou com o século XX, quando se descobriu que muitas planícies sedimentares desérticas pos suíam lençóis de água doce na profun didade de poucas centenas de metros. Hoje existem perfuratrizes de poços ar tesianos capazes de captar essas águas

e

mantendo ambas "dentro

nica sem qualquer acidez.

Como

veu-so desde os seus primórdios con tando com certos teores de cálcio nos

tanto, em conseqüência da natural deregiões de abundância e de escassez de cálcio.

e os animais do

desenvolvimento,

de altas doses

de

cálcio que muitas vêzes não encontram nas regiões de escassez. Tais regiões trazem estig-

ma de pobreza, desen\*oIvimento frustrado, doen-

IO

ças endêmicas, analfabe tismo, superstição, sujei ção dócil a condições mi seráveis, indolência, des

crença nas próprias ca pacidades, ausência de

ambição. Quase tôdas as plantas indispensáveis culti\'adas pelo homem

distinguem-se por possuí rem altas exigências de

cálcio. Nenhuma pastagem pode ser realmente boa, se o solo fôr pobre em cálcio. De nada adianta possuir vastidões de campo pobre: o gado come muito, mas não se nutre.

Muitas nações de clima frio e úmi

do, achando-se em boa situação geo gráfica, estão no entanto fortemente

ou, no máximo, os seres vivoé teriam

freadas no seu desenvolvimento pela pobreza do solo, como, por exemplo, as do norte da Europa. Mas as nações de

por base o ferro ou outro elemento que

temperaturas mais amenas e clima não

alteraria a feição da vida de maneira

excessivamente úmido só não se desen

impossível de imaginar.

volvem quando não sabem usar cálcio. E' verdade que a ausência de estação

nio a terra seria uma planeta morto, sem cálcio o resultado seria o mesmo,

1

O homem

mésticos necessitam, para o seu bom

Qual a razão dêsse fato

Êstc último caso era ainda

mais favorável pela riqueza do solo c

Central.

Com

isso, muitos dos desertos atuais passa

do climas francamente áridos, com ler-

bres de húmus.

canais de cente

Em todo caso, o fato é que os sedi mentos calcáreos, antiquíssimos ou mo dernos, metamorfizados ou não, consti

fria significa necessidade de grande esfôrço para dominar as pragas nos cli-


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cm duas ou três semanas, com vazões

tuem grande percentagem da crosta ter restre, e a vida neste planeta desenvol-

O problema dos solos ácidos

do 50 a 100 m3 por hora. Ao mesmo

José Setzer

nas do quilômetros para levar às pla nícies desérticas a água represada no alto das serras encaixantes, de clima

solos, nas águas e nas rochas. Entre

úmido ou com os cumes cobertos de

suniformidade geológica e climática, há

P y LEI geral de pedologia que nos climas

úmidos

formam-se

ácidos, mineralmente pobres,

solos

mas ri

tempo constrocm-se

As civilizações antigas surgiram cm climas intcrmediário.s,

semi-áridos

e

cos em matéria orgânica, ao passo que

subúmidoa, isto c, onde as terras não eram pobres o ácida.s, mas ao mc.smo

nos climas secos se formam solos al-

tempo havia água suficiente para o cul

calinos, quimicamente ricos,

tivo. Ainda mais freqüento era o caso

mas po

Pode-se explicar êsse fato inexorá

vel em poucas pala\Tas. Muita chuva significa lixiviação do solo. Õs mine

rais são decompostos, solubilizados, c

os sais evacuados pelas águas que atra vessam o solo, o qual se apresenta cons tituído finalmente por resíduos estáveis e estereis, pois os nutrimentos das plan tas ja foram eliminados.

Mas a abundância de água produz* vegetação luxuriante, a qual enriquece o solo com seus detritos. A ausência

de cálcio, magnésio, potássio e sódio, e a abundancia de ácidos orgânicos, de terminam o caráter ácido do solo'. Se leciona-se vegetação resistente à acidez

• e à pobreza do solo. ^ O homem nativo

de tais solos sabe que toda essa vege tação luxuriante não indica mais que terra pobre. Mas pessoa de outro cli ma, muito menos úmido e quente, po de extasiar-se, classificar as terras de "dadivosas e boas" e mesmo garantir

que "plantando, dá". ■ Nos climas

noves mais ou monos perenes.

rão a ser verdadeiros celeiros, graças à riqueza química dos seus solos.

áridos çhove

pouco e

evapora muito mais. O solo é atraves sado pelas águas de baixo para cima, acumulando-se na superfície sais solú veis. A abundância de sódio, potássio, cálcio e magnésio toma alcalino o solo. A falta de umidade impede o cresci mento'dos vegetais. Daí,a pobreza or gânica das terras.

Outra lei de pedologia diz que ne

ra.s riquíssimas, mas irrigadas por inun dações periódicas o infalíveis, provoca das por cursos dágua de grande en\er-

nhum solo pode ser fértil sendo pobre em cálcio.

gadura.

universal ? Por sua natu

reza química, o elemento

pela retenção, nas várzeas, de detritos

cálcio ó o melhor regula-

orgânicos abundantes trazidos pelos rios

rizador dos excessos de

das regiões úmidas: além da riqnoza

acidez

química, havia também a riqueza orgâ

alcalinidade,

do limites próximos à neutralidade. Mas por

Com o desenvolvimento da técnica,

o homem aprendeu a dominar terra's cada vez mais pobres aplicanclo-Ihcs estéreo. A acidez só pôde ser enfren

quo são inconvenientes a acidez e a alcalinidade excessivas ?

tada nos últimos séculos. Antes disto,

E* verdade que todos

só se cultivavam as terras pobres pos

os excessos são nocivos, mas existe ex

suidoras de concreções calcáreas, como c o caso das planícies baixas da Europa

plicação melhor: todo ser vivo, animal ou planta, é constituído por tecidos di versos e líquidos fisiológicos, os quais

existência de inver

no frio representa fator importante no contròle das pragas da lavoura, a faixa agrícola mais próspera do mundo des

são colóides; e a estabilidade dos co-

lóides, isto é, o perfeito funcionamen to de todos os órgãos, só se obtém no

locou-se para as terras levemente ácidas e pobres, desde que o homem dominou

meio neutro ou apenas levemente áci

do ou alcalino. Se sem água e oxigê

esses defeitos do solo com estéreo, cal-

cáreo c adubação química. Nova etapa começou com o século XX, quando se descobriu que muitas planícies sedimentares desérticas pos suíam lençóis de água doce na profun didade de poucas centenas de metros. Hoje existem perfuratrizes de poços ar tesianos capazes de captar essas águas

e

mantendo ambas "dentro

nica sem qualquer acidez.

Como

veu-so desde os seus primórdios con tando com certos teores de cálcio nos

tanto, em conseqüência da natural deregiões de abundância e de escassez de cálcio.

e os animais do

desenvolvimento,

de altas doses

de

cálcio que muitas vêzes não encontram nas regiões de escassez. Tais regiões trazem estig-

ma de pobreza, desen\*oIvimento frustrado, doen-

IO

ças endêmicas, analfabe tismo, superstição, sujei ção dócil a condições mi seráveis, indolência, des

crença nas próprias ca pacidades, ausência de

ambição. Quase tôdas as plantas indispensáveis culti\'adas pelo homem

distinguem-se por possuí rem altas exigências de

cálcio. Nenhuma pastagem pode ser realmente boa, se o solo fôr pobre em cálcio. De nada adianta possuir vastidões de campo pobre: o gado come muito, mas não se nutre.

Muitas nações de clima frio e úmi

do, achando-se em boa situação geo gráfica, estão no entanto fortemente

ou, no máximo, os seres vivoé teriam

freadas no seu desenvolvimento pela pobreza do solo, como, por exemplo, as do norte da Europa. Mas as nações de

por base o ferro ou outro elemento que

temperaturas mais amenas e clima não

alteraria a feição da vida de maneira

excessivamente úmido só não se desen

impossível de imaginar.

volvem quando não sabem usar cálcio. E' verdade que a ausência de estação

nio a terra seria uma planeta morto, sem cálcio o resultado seria o mesmo,

1

O homem

mésticos necessitam, para o seu bom

Qual a razão dêsse fato

Êstc último caso era ainda

mais favorável pela riqueza do solo c

Central.

Com

isso, muitos dos desertos atuais passa

do climas francamente áridos, com ler-

bres de húmus.

canais de cente

Em todo caso, o fato é que os sedi mentos calcáreos, antiquíssimos ou mo dernos, metamorfizados ou não, consti

fria significa necessidade de grande esfôrço para dominar as pragas nos cli-


Dicrsto EcoNÓ^^co rico Dicesto Econóníico

51

^

zcirus de despesa por hectare, só com mas úmidos,

mas o próprio

cálcio

as terras brasileiras não sejam as mais

empresta aos vegetais resistência notá

ricas do tmindo, mas de.síle os três ou

vel contra as moléstias.

quatro últimos anos as últimas vozes ufanistas se calaram e lioie existe una

Pelo que dissemos acima, o minério de cálcio, que c o calcárco, possui lar

ga distribuição sôbrc a face da terra. Mesmo um país relativamente mal do tado dc calcárco, como o Brasil, pos sui bilbões dc toneladas, concentradas cm verdadeiras montanhas calcáreas de fácil utili7-ação. Ocorrem em todos os Estados, talvez com exceção do Terri tório do Acre.

Nos Estados Unidos, país que só pe la metade apresenta solos ácidos, dos quais menos dc 40% apresentam acidez bastante pronunciada para necessitar de corretivo calcárco, 25 milhões de toneladas são hoje aplicadas, anual mente, somente em forma do pó contra a acidez do solo, não se contando os demais usos, para cal, cimento, siderur gia etc. E o uso cm agricultura vem sempre aumentando, tendo sido de 17 milhões de toneladas em 1945.

Apesar de serem maiores aqui, no Brasil as necessidades de pó calcárco, porque temos 85% dc terras ácidas, e ■ por ser mais úmido c quente aqui o clima, e portanto mais ácidas as ter

ras, o consumo anual brasileiro ainda está longe de atingir a milésima parte do americano. E não é por falta dc devida avaliação da necessidade. O autor destas linhas, que foi entre nós

o

dc acidez das terras agríeola.s pelo uso

gação c mesmo propaganda do pó cal cárco para a agricultura. E' verdade que tem sido combaHdo por' "patrio tas" que não toleram a idéia de que

to do calcáreo c tiveram de desistir de

reo é diferente.

tiginoso incremento do uso do calcáreo

Por que perdura, então, esta situa

seria uma estupenda realidade, e os

ção de quase ausência completa do calcárco em pó na adiibação das nos sas terras ? Não vamos entrar aqui em

ufanistas citados teriam proclamado a inteligência e a clarividòncia do lavra dor brasileiro.

ponncnores. Vamos abordar o âmago

Achamos que o problema

só pode

ser resoK ido pelo Governo, fazendo vi uma tonelada

gorar durante uns 10 anos as seguintes

de pó calcareo custa um dólar c meio

no moinho, c o transporte é barato e eficiente por serem muitos e bem dis

as fábricas do cimento produzem bom pó calcareo c sao capazes de fornecer

mudas

amendoim, mas o aumento constante da fertilidade das terras resultará eni in

ferroviário à simples taxa de expedien te; 4) incremento

vontade, e a 300 ou 350 cru?íeiros a

da divulgação do

uso do calcárco entre os lavradores.

tonelada. O transporte por estrada dc ferro, no geral dc uns 200 a 300 km,

Moinhos de calcáreo . modernos

de ár\-ores

ou sementes

de

cremento duradouro de tôda a produ ção agrícola; máquinas, tratores, uten

sílios diversos e mesmo objetos de luxo passariam a circular em quantidades maiores, pois se trata do aumento ge

de

bom tainanbo, de umas 500 toneladas diárias, situados mesmo a 30 ou 40 km

custa mais 100 cruzeiros por tonelada. As terras precisam do uma a duas to neladas por hectare, anualmente. Os vendedores do adubos cobram 400 a 450 cruzeiros por tonelada, com frete

mo podem. Muitas distribuem gratui tamente mudas de eucalipto, transpor tam de graça sementes para os lavra dores, etc., pois sabem que o aumento da produção agrícola trará maior cir culação de carga bem remunerada. E' verdade que o caIc;\reo representa vo lume incomparavelmente maior que

medidas: 1) isenção dc direitos alfan

ção dc impostos; 3) redução do frete

boas quantidades, aliás sem grande boa

Tôdas as fenorias possuem seiviço de fomento agrícola, que executiim co

degários para a importação de instala ções c máquinas para moagem de cal cárco como corretivo do solo; 2) isen

tribuídos os moinhos. Aqui, somente

ral do padrão de rida da população rural.

do estrada de ferro, poderiam produzir

Diversas das fenorias paulistas quei xam-se de que a sua zona era próspe

uma tonelada por 60 cruzeiros, posta

ra no começo do século, e hoje não

na estação. Vendendo-o a 100 cruzei

a cargo do comprador, c não gostam

ros, teriam toda a sua instalação paga

passa de terras esgotadas, improduti vas. Való a pena experimentar duran

do negociar com o produto porque ganliam pouco por unidade dc peso.

cm 2 anos. Os lavradores, servidos di retamente, sem intermediários, conse guiriam o calcáreo a 105 ou 110 cruzei

te dez anos o' transporte gratuito di5 calcáreo para tentar o" milagre da Volta

Sambaquis moídos, que são conchciros do beira-mar, e que constituem o me

viária mais .próxima. No- prazo de al

lhor calcareo, graças à sua estrutura esponjosa e presença de apreciável teor

guns anos o próprio aumento da ferti

lidade das terras lhes permitiria paga

noroeste do

Estado de São

Paulo, cuja terras enfraqueceram peri gosamente, isso significaria 1.500 cru-.^

_(

nação inteira, e não sòmentc o piopric-

Ppde-sc argumentar que tal plano peca por ser mais um dos muitos que tomam as estradas de ferro como o eter

devemos trabalhar.

cáreo reside a riqueza

duradoura do

solo.

fl

Quando um hectare de terra ganha

calcáreo todos os anos, quem lucra ó a tcírio atual daquele hectare. O futuro do País todo depende da conservação da fertilidade do seu solo, que é o seu único patrimônio perene. Para que da qui a cem ou duzentos anos o Brasil seja uma grande nação, agora é que

rem o frete e lhes ensinaria que no cal

o corretivo calcáreo tanto quanto com a adubação propriamente dita. Aos plantadores dc algodão, por exemplo, na parte

da fertilidade das suas zonas.

ros a tonelada, posto na estação ferro

o primeiro a demonstrar a necessidade- de fósforo, são ainda mais caros. Afi generalizada da calagem das terras, nal, o lavrador c obrigado a gastar com tem escrito desde 1940 cêrca de uma centena dc artigos, de pesquisa, divul

graça. Se outros planos são realmente injustos neste ponto, o caso do calcá

usá-lo. Sc o preço fosse semelhante ao que paga o agricultor americano, o ver

do calcárco moído.

no bode expiatório, ou como a única bésta de carga que de\e truballuir de

agricultores já se informaram a respei

Estamos certos dc que milhares de

nimidade completa a favor da correção

da. questão. Nos Estados Unidos,

calcáreo.


Dicrsto EcoNÓ^^co rico Dicesto Econóníico

51

^

zcirus de despesa por hectare, só com mas úmidos,

mas o próprio

cálcio

as terras brasileiras não sejam as mais

empresta aos vegetais resistência notá

ricas do tmindo, mas de.síle os três ou

vel contra as moléstias.

quatro últimos anos as últimas vozes ufanistas se calaram e lioie existe una

Pelo que dissemos acima, o minério de cálcio, que c o calcárco, possui lar

ga distribuição sôbrc a face da terra. Mesmo um país relativamente mal do tado dc calcárco, como o Brasil, pos sui bilbões dc toneladas, concentradas cm verdadeiras montanhas calcáreas de fácil utili7-ação. Ocorrem em todos os Estados, talvez com exceção do Terri tório do Acre.

Nos Estados Unidos, país que só pe la metade apresenta solos ácidos, dos quais menos dc 40% apresentam acidez bastante pronunciada para necessitar de corretivo calcárco, 25 milhões de toneladas são hoje aplicadas, anual mente, somente em forma do pó contra a acidez do solo, não se contando os demais usos, para cal, cimento, siderur gia etc. E o uso cm agricultura vem sempre aumentando, tendo sido de 17 milhões de toneladas em 1945.

Apesar de serem maiores aqui, no Brasil as necessidades de pó calcárco, porque temos 85% dc terras ácidas, e ■ por ser mais úmido c quente aqui o clima, e portanto mais ácidas as ter

ras, o consumo anual brasileiro ainda está longe de atingir a milésima parte do americano. E não é por falta dc devida avaliação da necessidade. O autor destas linhas, que foi entre nós

o

dc acidez das terras agríeola.s pelo uso

gação c mesmo propaganda do pó cal cárco para a agricultura. E' verdade que tem sido combaHdo por' "patrio tas" que não toleram a idéia de que

to do calcáreo c tiveram de desistir de

reo é diferente.

tiginoso incremento do uso do calcáreo

Por que perdura, então, esta situa

seria uma estupenda realidade, e os

ção de quase ausência completa do calcárco em pó na adiibação das nos sas terras ? Não vamos entrar aqui em

ufanistas citados teriam proclamado a inteligência e a clarividòncia do lavra dor brasileiro.

ponncnores. Vamos abordar o âmago

Achamos que o problema

só pode

ser resoK ido pelo Governo, fazendo vi uma tonelada

gorar durante uns 10 anos as seguintes

de pó calcareo custa um dólar c meio

no moinho, c o transporte é barato e eficiente por serem muitos e bem dis

as fábricas do cimento produzem bom pó calcareo c sao capazes de fornecer

mudas

amendoim, mas o aumento constante da fertilidade das terras resultará eni in

ferroviário à simples taxa de expedien te; 4) incremento

vontade, e a 300 ou 350 cru?íeiros a

da divulgação do

uso do calcárco entre os lavradores.

tonelada. O transporte por estrada dc ferro, no geral dc uns 200 a 300 km,

Moinhos de calcáreo . modernos

de ár\-ores

ou sementes

de

cremento duradouro de tôda a produ ção agrícola; máquinas, tratores, uten

sílios diversos e mesmo objetos de luxo passariam a circular em quantidades maiores, pois se trata do aumento ge

de

bom tainanbo, de umas 500 toneladas diárias, situados mesmo a 30 ou 40 km

custa mais 100 cruzeiros por tonelada. As terras precisam do uma a duas to neladas por hectare, anualmente. Os vendedores do adubos cobram 400 a 450 cruzeiros por tonelada, com frete

mo podem. Muitas distribuem gratui tamente mudas de eucalipto, transpor tam de graça sementes para os lavra dores, etc., pois sabem que o aumento da produção agrícola trará maior cir culação de carga bem remunerada. E' verdade que o caIc;\reo representa vo lume incomparavelmente maior que

medidas: 1) isenção dc direitos alfan

ção dc impostos; 3) redução do frete

boas quantidades, aliás sem grande boa

Tôdas as fenorias possuem seiviço de fomento agrícola, que executiim co

degários para a importação de instala ções c máquinas para moagem de cal cárco como corretivo do solo; 2) isen

tribuídos os moinhos. Aqui, somente

ral do padrão de rida da população rural.

do estrada de ferro, poderiam produzir

Diversas das fenorias paulistas quei xam-se de que a sua zona era próspe

uma tonelada por 60 cruzeiros, posta

ra no começo do século, e hoje não

na estação. Vendendo-o a 100 cruzei

a cargo do comprador, c não gostam

ros, teriam toda a sua instalação paga

passa de terras esgotadas, improduti vas. Való a pena experimentar duran

do negociar com o produto porque ganliam pouco por unidade dc peso.

cm 2 anos. Os lavradores, servidos di retamente, sem intermediários, conse guiriam o calcáreo a 105 ou 110 cruzei

te dez anos o' transporte gratuito di5 calcáreo para tentar o" milagre da Volta

Sambaquis moídos, que são conchciros do beira-mar, e que constituem o me

viária mais .próxima. No- prazo de al

lhor calcareo, graças à sua estrutura esponjosa e presença de apreciável teor

guns anos o próprio aumento da ferti

lidade das terras lhes permitiria paga

noroeste do

Estado de São

Paulo, cuja terras enfraqueceram peri gosamente, isso significaria 1.500 cru-.^

_(

nação inteira, e não sòmentc o piopric-

Ppde-sc argumentar que tal plano peca por ser mais um dos muitos que tomam as estradas de ferro como o eter

devemos trabalhar.

cáreo reside a riqueza

duradoura do

solo.

fl

Quando um hectare de terra ganha

calcáreo todos os anos, quem lucra ó a tcírio atual daquele hectare. O futuro do País todo depende da conservação da fertilidade do seu solo, que é o seu único patrimônio perene. Para que da qui a cem ou duzentos anos o Brasil seja uma grande nação, agora é que

rem o frete e lhes ensinaria que no cal

o corretivo calcáreo tanto quanto com a adubação propriamente dita. Aos plantadores dc algodão, por exemplo, na parte

da fertilidade das suas zonas.

ros a tonelada, posto na estação ferro

o primeiro a demonstrar a necessidade- de fósforo, são ainda mais caros. Afi generalizada da calagem das terras, nal, o lavrador c obrigado a gastar com tem escrito desde 1940 cêrca de uma centena dc artigos, de pesquisa, divul

graça. Se outros planos são realmente injustos neste ponto, o caso do calcá

usá-lo. Sc o preço fosse semelhante ao que paga o agricultor americano, o ver

do calcárco moído.

no bode expiatório, ou como a única bésta de carga que de\e truballuir de

agricultores já se informaram a respei

Estamos certos dc que milhares de

nimidade completa a favor da correção

da. questão. Nos Estados Unidos,

calcáreo.


I

"" ."

Dicesto EcoNÓ^aco M

genética, Lntcro Burbank, atuando em

//

A "industrialização" da cafeicultura

grande escala c durante muitos anos, consoguin extraordinárias

|. Testa

do começou a processar-se, c cada

transfonna-

ções de plantas e de frutas as mais di

(Chefe da Estatística e Publicidade da SSC)

l^ESDE que a industrialização do mun-

53

países; as obras de irrigação, algumas colossais, se multiplicam; a defesa dos

versas. Já se faz chover, já se criam

nas terras "velhas", com muita aduba ção e muito trato, como se faz com a

galinhas som asas, já se criam pintos em lUihas de nwntagem. A insemina ção artificial leva a quaisquer distân cias, com facilidade e por pequeno

figueira ou a videira, ou assistiremos ao desaparecimento dos nossos cafceiros. E, segundo sabemos, numerosos

zonas "velhas", desde Campinas e Ita-

vez mais aceleradamente, o artesanato

solos contra a erosão se torna,

ficou praticamente liquidado. O tear

vez mais, uma prática corrente; a pró

preço, as caraterísticas nobres dos me

mecânico de Arkwright fêz aos tecelões manuais o mesmo que a imprensa

pria produção dos adubos, mesmo dos

lhores reprodutores.

orgânicos, entrou em ritmo acelerado,

de Gutemberg aos copistas e iluminis-

tas da Idade Média. Progressivamente

outras muitas profissões, quase todas, entraram a sentir a temível concorrên

cia dos cérebros e dos braços mecâni

cos que, todavia, ao contrário do que se poderia esperar, não ficaram sòzi-

nhos na competição, pois os pintores continuam a existir ao lado dos fotó grafos, os calígrafos ao lado dos linotipistas, etc.

Uma das profissões que mais resisti

ram às inovações e à industrialização foi a agricultura. Até há bem pouco tempo, a enxada e o arado de madeira eram os implementos agrícolas exclu sivos (e ainda hoje o são, em numero

síssimas regiões). Paulatinamente, to davia, a agricultura entrou também no rol das atividades

grandemente industrializadas,

cada

O "bafo do sertão" já está desacredi tado, mesmo porque não existe mais sertão. Ou plantamos e replantamos

cafèzais novos têm sido fomiados nas liba até Franca e Ribeirão Prêto. Acres

Tudo isso e muito mais se vem fa

ce a circunstância de que essas zonas

obrígando-se os microrganísmos a tur nos do serviço mais rendosos, graças a condições ideais de "trabalho" que lhes foram proporcionadas; as pragas

zendo na agricultura e na pecuária, e

são exatamente as de melhores terras

mesmo entre nós muita cousa .se tem

do Estado, as de cafés mais finos e, ainda, as que possuem, em geral, me

e moléstias são cada vez mais eficien

ra parecia

temente combatidas, e já se cbegou à

n algumas inova

feito, inclusive na genética do trigo. Só a cafeicultu

lhores fazendas e excelente sistema de vias de comu

resistir

perfeição de conseguir eliminar, qpl-

ções, embora ela

micamentc, as ervas daninhas, pou pando as plantações; a colheita e o be-

nicação.

também viesse e-

zonas e, já agora,

voluindo, nos últi

neficiamcnto dos produtos agrícolas

mos

também em várias

atingiram a um tal grau de eficiência que plantações imensas, de dezenas dc

modo

tempos, de

outras

altamente

rios

dutos agrícqlas colhidos, beneficiados e separados classificadamente, em tem

dos seus as

pectos.

de

po recorde.

A

nível

curva

substi

tuiu, se não nos oafèzais, pelo menos

Nos Estados Unidos, brigadas de coatravessam todo o país, de um extremo a outro, com gigan tesca maquinaria, tomando de empreitada a colheita de

tado, as adiibáções à base de composto operam maravilhas, como

na Usina Miranda, do sr. Ferraz de

as

Camargo, na Fazenda Rodrigues Al

Antigas plantações etn esquadro; o em-

na mentalidade

edores de trigo e de outros cereais

dissemina

das por todo o Es

satisfatório, em vá

milhares de hectares, têm os seus pro

Nessas

dos cafeicultores,

prêgo de sementes selecionadas, de al

ves, em S. Manoel, ou na do sr. Sigmar Kauffmann, em Jaú. Outras, como

ta linhagem, vai-se impondo cada vez

a do sr. Olegáxio Camargo, em Tietê,

mais; a adubação generosa, principal mente de "composto", fabricado nas

não chegaram ainda ao composto, mas aplicam o estéreo comum, com largue-

próprias fazendas, em quantidades ca

za e perseverança, e os resultados, em

e está ameaçando tomar-se, mesmo, uma das mais alta

fazendas

mente capazes de

produção

de trabalho que se poderia

A mecânica, a

dizer próximo da loucura, se não fôsse sobejamente conhecida a tremenda eficiência do sistema de produção em massa" dos norte-

vez mais rápidos, foi sendo adotada conio praxe. Alguns tabus, entretanto,

lhores que é possível txmseguir-se. Quanto às dificuldades de irrigação, o

permaneciam: o "bafo do sertão";

problema vem tendo, ültimamcnte, co

impossibilidade de se banir a enSada;

mo tantos outros, a devida atenção. O

americanos. Na Califórnia e no Vale

dificuldade de irrigação; a impratica-

sr. Ortenblad, o eng. Domingos Sameck e outros pesquisadores vêm proce

em massa.

biologia, a química, a física, a meteorologia, conjugadas, estão fa

zendo prodígios, de que se dão conta, quase díaríàmente, aqueles que estão a

par do que. se vem fazendo em todo

o mundo nesse sentido, especialmente nos Estados Unidos e na Inglaterra. O número de tratores cresce em todos os

inteiras num ritmo

da vez maiores

do Tennessee imensas regiões inaproveitadas, por falta de chuvas, têm ago

e por processos cada a

bilidade da colheita mecânica; a difi

culdade da luta contra ff geada. Pois bem: todos êsses preconceitos

ra a água dosada à vontade, melhor do que o faria a natureza. Um mago da

estão sendo vencidos.

I.

terras "velhas", de campo, são os me

dendo a uma série de experiências que, pelo que se sabe, deram resultados aus piciosos, de modo que é lícito esperar-se.


I

"" ."

Dicesto EcoNÓ^aco M

genética, Lntcro Burbank, atuando em

//

A "industrialização" da cafeicultura

grande escala c durante muitos anos, consoguin extraordinárias

|. Testa

do começou a processar-se, c cada

transfonna-

ções de plantas e de frutas as mais di

(Chefe da Estatística e Publicidade da SSC)

l^ESDE que a industrialização do mun-

53

países; as obras de irrigação, algumas colossais, se multiplicam; a defesa dos

versas. Já se faz chover, já se criam

nas terras "velhas", com muita aduba ção e muito trato, como se faz com a

galinhas som asas, já se criam pintos em lUihas de nwntagem. A insemina ção artificial leva a quaisquer distân cias, com facilidade e por pequeno

figueira ou a videira, ou assistiremos ao desaparecimento dos nossos cafceiros. E, segundo sabemos, numerosos

zonas "velhas", desde Campinas e Ita-

vez mais aceleradamente, o artesanato

solos contra a erosão se torna,

ficou praticamente liquidado. O tear

vez mais, uma prática corrente; a pró

preço, as caraterísticas nobres dos me

mecânico de Arkwright fêz aos tecelões manuais o mesmo que a imprensa

pria produção dos adubos, mesmo dos

lhores reprodutores.

orgânicos, entrou em ritmo acelerado,

de Gutemberg aos copistas e iluminis-

tas da Idade Média. Progressivamente

outras muitas profissões, quase todas, entraram a sentir a temível concorrên

cia dos cérebros e dos braços mecâni

cos que, todavia, ao contrário do que se poderia esperar, não ficaram sòzi-

nhos na competição, pois os pintores continuam a existir ao lado dos fotó grafos, os calígrafos ao lado dos linotipistas, etc.

Uma das profissões que mais resisti

ram às inovações e à industrialização foi a agricultura. Até há bem pouco tempo, a enxada e o arado de madeira eram os implementos agrícolas exclu sivos (e ainda hoje o são, em numero

síssimas regiões). Paulatinamente, to davia, a agricultura entrou também no rol das atividades

grandemente industrializadas,

cada

O "bafo do sertão" já está desacredi tado, mesmo porque não existe mais sertão. Ou plantamos e replantamos

cafèzais novos têm sido fomiados nas liba até Franca e Ribeirão Prêto. Acres

Tudo isso e muito mais se vem fa

ce a circunstância de que essas zonas

obrígando-se os microrganísmos a tur nos do serviço mais rendosos, graças a condições ideais de "trabalho" que lhes foram proporcionadas; as pragas

zendo na agricultura e na pecuária, e

são exatamente as de melhores terras

mesmo entre nós muita cousa .se tem

do Estado, as de cafés mais finos e, ainda, as que possuem, em geral, me

e moléstias são cada vez mais eficien

ra parecia

temente combatidas, e já se cbegou à

n algumas inova

feito, inclusive na genética do trigo. Só a cafeicultu

lhores fazendas e excelente sistema de vias de comu

resistir

perfeição de conseguir eliminar, qpl-

ções, embora ela

micamentc, as ervas daninhas, pou pando as plantações; a colheita e o be-

nicação.

também viesse e-

zonas e, já agora,

voluindo, nos últi

neficiamcnto dos produtos agrícolas

mos

também em várias

atingiram a um tal grau de eficiência que plantações imensas, de dezenas dc

modo

tempos, de

outras

altamente

rios

dutos agrícqlas colhidos, beneficiados e separados classificadamente, em tem

dos seus as

pectos.

de

po recorde.

A

nível

curva

substi

tuiu, se não nos oafèzais, pelo menos

Nos Estados Unidos, brigadas de coatravessam todo o país, de um extremo a outro, com gigan tesca maquinaria, tomando de empreitada a colheita de

tado, as adiibáções à base de composto operam maravilhas, como

na Usina Miranda, do sr. Ferraz de

as

Camargo, na Fazenda Rodrigues Al

Antigas plantações etn esquadro; o em-

na mentalidade

edores de trigo e de outros cereais

dissemina

das por todo o Es

satisfatório, em vá

milhares de hectares, têm os seus pro

Nessas

dos cafeicultores,

prêgo de sementes selecionadas, de al

ves, em S. Manoel, ou na do sr. Sigmar Kauffmann, em Jaú. Outras, como

ta linhagem, vai-se impondo cada vez

a do sr. Olegáxio Camargo, em Tietê,

mais; a adubação generosa, principal mente de "composto", fabricado nas

não chegaram ainda ao composto, mas aplicam o estéreo comum, com largue-

próprias fazendas, em quantidades ca

za e perseverança, e os resultados, em

e está ameaçando tomar-se, mesmo, uma das mais alta

fazendas

mente capazes de

produção

de trabalho que se poderia

A mecânica, a

dizer próximo da loucura, se não fôsse sobejamente conhecida a tremenda eficiência do sistema de produção em massa" dos norte-

vez mais rápidos, foi sendo adotada conio praxe. Alguns tabus, entretanto,

lhores que é possível txmseguir-se. Quanto às dificuldades de irrigação, o

permaneciam: o "bafo do sertão";

problema vem tendo, ültimamcnte, co

impossibilidade de se banir a enSada;

mo tantos outros, a devida atenção. O

americanos. Na Califórnia e no Vale

dificuldade de irrigação; a impratica-

sr. Ortenblad, o eng. Domingos Sameck e outros pesquisadores vêm proce

em massa.

biologia, a química, a física, a meteorologia, conjugadas, estão fa

zendo prodígios, de que se dão conta, quase díaríàmente, aqueles que estão a

par do que. se vem fazendo em todo

o mundo nesse sentido, especialmente nos Estados Unidos e na Inglaterra. O número de tratores cresce em todos os

inteiras num ritmo

da vez maiores

do Tennessee imensas regiões inaproveitadas, por falta de chuvas, têm ago

e por processos cada a

bilidade da colheita mecânica; a difi

culdade da luta contra ff geada. Pois bem: todos êsses preconceitos

ra a água dosada à vontade, melhor do que o faria a natureza. Um mago da

estão sendo vencidos.

I.

terras "velhas", de campo, são os me

dendo a uma série de experiências que, pelo que se sabe, deram resultados aus piciosos, de modo que é lícito esperar-se.


Dicesto Econômico

54

Dicksto

a partir dc agora, um progresso cada voz maior nesse setor, aliás um dos mais im

portantes, devido às irregularidades nas precipitações pluviométricas ocorridas no Brasil Central, nos últimos anos.

Relativamente à luta contra a gea

jndos com cuidado c dotados dc enxa das rotativas de vários tipos, alguns ideados ou modificados pelos seus aplicndores*. Um dêstes, o sr. Abílio Jun

queira Franco,* de Colina, vem colhen do resultados muito animadores, ípio o

da, que já é mais antiga entre nós, e

autorizam a considerar como já supera

tem sido tentada por muitos experimentadores, alguns ensinamentos e

a "Folha da Manhã", cm reportagem

processos modernos vêm sendo ensaia

do sr. Mário Mazzei Guimarães.

dos e preconizados, tendo o eng. Fá bio Pazzanese publicado,

no Boletim

da Superintendência do Café, cm seu número de dezembro, o resultado de

interessantes c prometedoras experiên cias a que procedeu.

Quanto à impraticabilídade da car-

E, quanto à colheita

menor espaçamento entre os pés' na linha, c maior distância entre as filei ras, processo esse que poderia", ou, an

tes, deveria adatar-se às curvas dc ní vel, com

o que se conseguiriam duas

vantagens simultâneas: carpa mecânica e combate à erosão. Isso, todavia, exi

giria a substituição dc quase a totali dade dos nossos cafèzais, pois apena.s

algumas raras plantações, novas, têm sido feitas por esse processo. Relativa mente à colheita, então, a possibilida de de mecanização era ainda mais re mota.

Eis senão quando começaram a en

trar em serviço, em diversas lavouras, pequenos tratores, (ou mesmo apare lhos movidos a traçao animal) mane-

ra\ilhosas conseqüências que disso adviriain. Tudo i.sso quanto à parto agrícola. Infelizmente, como temos dito, não é

mercialização e da propaganda. Acreditamos, porém, que lá chegaremos também. E' questão de um pouco mais de paciência e de doutrinação.

riências Se vêm fazendo nesse sentido,

o talvez SC possa anunciar, dentro cm breve, a queda do mais um tahu.

dc cereais, por exemplo. Todavia,

deria, é verdade, ser mecaniz^ída, des

tão risonhii a perspecti\'M relati\"amentc aos setores do beneficiamento, da co-

mecanizada,

com franqueza: havia razões, pois pare de que se implantasse em todos os cafèzais um novo sistema de plantio; náo mais em esquadro, mas em linhas, com

até certo ponto, numa

cniprêsa iiiclustrial, com tõdas as ma-

êssc é o último preconceito que, pare ce, irá também ruir por terra. Confor me foi di\ulgado rccenleinente, expe

Evidentemente,

sultados nesses dois setores. A carpa po

fonn ^r-se-ia,

da a enxada manual, segjintlo disulgou

pa e da collicita mecânica, êsses eram os preconceitos maiores. E, digamo-lo cia realmente difícil conseguirem-se re

Econónuco

nunca teremos uma

colheita como é possível em relação a qualquer progresso

nesse setor

será

bem recebido, pois perccbc-sc clara mente que c êle o mais difícil.

De todo êssc rápido apanhado que fizemos, deduz-se que também a refra-

}

.1 .

*

'Jt , ,

\ «d

taria cafeicultura se industrializa. Den

tro dc não muito tempo será tal\'ez possível tcr-sc tudo mecanizado, como ja o são a secagem, o beneficiumcnto c o embarque, sendo ainda necessários

melliores proces.sos do catação. Tería

mos, então, o café carpido e colhido a

máquina, irrigado artificialmente, pro tegido contra as geadas, adubado em

Unha de montagem. Seria, tanto quan

to é possível ao homem, uma cafeicul tura independente das leis da natureza

o sujeita ao seu controle pessoal. Tc-, ríamos, assim, a cafeicultura não mais

sujeita às disposiçõeii erráticas que sempre regeram a agricultura, até há pouco tempo, iTias aos processos da in dústria, mais precisas e mais sujeitas' ao nosso controle.

./i''

A cafeicultura trans. i .«'• ■<

'.«


Dicesto Econômico

54

Dicksto

a partir dc agora, um progresso cada voz maior nesse setor, aliás um dos mais im

portantes, devido às irregularidades nas precipitações pluviométricas ocorridas no Brasil Central, nos últimos anos.

Relativamente à luta contra a gea

jndos com cuidado c dotados dc enxa das rotativas de vários tipos, alguns ideados ou modificados pelos seus aplicndores*. Um dêstes, o sr. Abílio Jun

queira Franco,* de Colina, vem colhen do resultados muito animadores, ípio o

da, que já é mais antiga entre nós, e

autorizam a considerar como já supera

tem sido tentada por muitos experimentadores, alguns ensinamentos e

a "Folha da Manhã", cm reportagem

processos modernos vêm sendo ensaia

do sr. Mário Mazzei Guimarães.

dos e preconizados, tendo o eng. Fá bio Pazzanese publicado,

no Boletim

da Superintendência do Café, cm seu número de dezembro, o resultado de

interessantes c prometedoras experiên cias a que procedeu.

Quanto à impraticabilídade da car-

E, quanto à colheita

menor espaçamento entre os pés' na linha, c maior distância entre as filei ras, processo esse que poderia", ou, an

tes, deveria adatar-se às curvas dc ní vel, com

o que se conseguiriam duas

vantagens simultâneas: carpa mecânica e combate à erosão. Isso, todavia, exi

giria a substituição dc quase a totali dade dos nossos cafèzais, pois apena.s

algumas raras plantações, novas, têm sido feitas por esse processo. Relativa mente à colheita, então, a possibilida de de mecanização era ainda mais re mota.

Eis senão quando começaram a en

trar em serviço, em diversas lavouras, pequenos tratores, (ou mesmo apare lhos movidos a traçao animal) mane-

ra\ilhosas conseqüências que disso adviriain. Tudo i.sso quanto à parto agrícola. Infelizmente, como temos dito, não é

mercialização e da propaganda. Acreditamos, porém, que lá chegaremos também. E' questão de um pouco mais de paciência e de doutrinação.

riências Se vêm fazendo nesse sentido,

o talvez SC possa anunciar, dentro cm breve, a queda do mais um tahu.

dc cereais, por exemplo. Todavia,

deria, é verdade, ser mecaniz^ída, des

tão risonhii a perspecti\'M relati\"amentc aos setores do beneficiamento, da co-

mecanizada,

com franqueza: havia razões, pois pare de que se implantasse em todos os cafèzais um novo sistema de plantio; náo mais em esquadro, mas em linhas, com

até certo ponto, numa

cniprêsa iiiclustrial, com tõdas as ma-

êssc é o último preconceito que, pare ce, irá também ruir por terra. Confor me foi di\ulgado rccenleinente, expe

Evidentemente,

sultados nesses dois setores. A carpa po

fonn ^r-se-ia,

da a enxada manual, segjintlo disulgou

pa e da collicita mecânica, êsses eram os preconceitos maiores. E, digamo-lo cia realmente difícil conseguirem-se re

Econónuco

nunca teremos uma

colheita como é possível em relação a qualquer progresso

nesse setor

será

bem recebido, pois perccbc-sc clara mente que c êle o mais difícil.

De todo êssc rápido apanhado que fizemos, deduz-se que também a refra-

}

.1 .

*

'Jt , ,

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taria cafeicultura se industrializa. Den

tro dc não muito tempo será tal\'ez possível tcr-sc tudo mecanizado, como ja o são a secagem, o beneficiumcnto c o embarque, sendo ainda necessários

melliores proces.sos do catação. Tería

mos, então, o café carpido e colhido a

máquina, irrigado artificialmente, pro tegido contra as geadas, adubado em

Unha de montagem. Seria, tanto quan

to é possível ao homem, uma cafeicul tura independente das leis da natureza

o sujeita ao seu controle pessoal. Tc-, ríamos, assim, a cafeicultura não mais

sujeita às disposiçõeii erráticas que sempre regeram a agricultura, até há pouco tempo, iTias aos processos da in dústria, mais precisas e mais sujeitas' ao nosso controle.

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A cafeicultura trans. i .«'• ■<

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V4!"TV*

DiGESTO Econômico

<lcssas emprêsas se torna mais favo

rável quando estão em declínio os pre

O FUTUUO IKANCO CEZVTItAL E O MEKCAUO

DE

ços

CAPITAIS

das

mercadorias.

No mercado bolsista, as cotações

Observa^tUo cienlifiea do morcndo Geraijk) o. Banaskiwitz

57

ta-se admiràvelmente a estudos dessa natureza o longo período vivido pe los Estados Unidos de 1860 a 192S.

Nesse período a curva dos preços

dos títulos obedecem estreitamente a

em grosso das mercadorias foi em ge

êsscs fatores. O fenômeno é observa

dos. As ações dos caminhos de ferro,

ral descendente, caindo do índice 232 em 1865, a 67 em 1897 (era relação a 100 em 1913). Cresceu paralelamen

por exemplo, em alta até 1910, de

te o poder aquisitivo do dólar. As co

clinaram em seguida, em virtude de

tações dos títulos de renda fixa ele varam-se consideràvelmente; menos

do

perfeitamente

nos Estados Uni

TVrENiiUM ramo de economia capitalis ta se presta tanto a interpretações, a elaborações de teorias e ao levan

categorias de títulos, como os títulos a taxas fixas de juros — debcntures, títulos públicos — e os títulos de ren

tamento de índices, quanto o merca

dimentos variáveis, como as ações das

do de ações, dcbêntures e títulos pú

companhias particulares. Neste último

to de alta só retornou depois de 1920,

acentuada foi a alta dos demais tí

blicos. Aos teóricos, a Bòlsa oferece,

grupo podemos ainda distinguir os ti

quando uma brutal deflação abalou

tulos.

com efeito, tais possibilidades de es

tulos emitidos por empresas explora doras de serviços públicos, como as estradas de ferro, dos emitidos por

o mundo de negó cios dos Estados

tudo das tendências da evolução eco nômica, que surge a tentação de tirar

conclusões definitivas das observações feitas sòbre o movimento dos merca

dos. É evidente, por outro lado, que os que operam no mercado bolsista

não podem escapar ao desejo de fa zer profecias, baseando-as em méto dos científicos ou em meros palpites. A essa regra não escapam também as

companhias de investimentos e outros organismos especializados, que man têm departamentos de pesquisas en carregados do estudo de todos os ele mentos capazes de influir, eventual mente, nas cotações. Sem a preocupação de afirmar até

que ponto pode ir a exatidão das pre visões dos fenômenos bolsistas, e de

assegurar até que ponto elas auxiliam as grandes companhias e bancos de investimentos, diremos que, em linhas

gerais, a evolução dos preços no mer

empresas comerciais c industriais.

A

forte inflação dos preços; o movimen

Unidos.

Quanto

aos

tulos de renda fi

dos

xa, mantêm fraca

cíclicos diretamen-'j

cimento, entre outras, dessas interli

posição nos perío

gações de fatos.

dos

de

te provocados pe la curva dos pre

dos

preços; suas

As companhias particulares comer

ascensão

tagens dos períodos de preços cm as censão. Nesses períodos, aumentam

cem as mesmas e,

como

as despesas de administração, mas, em compensação, expande-se o volume

diminui a capaci dade aquisitiva dos

cado

dos negócios, aumentando os lucros

que vivem dela. ê

Num país em que

das empresas. Eleva-se, portanto, o

o contrário, po rém, que se dá

economia

nos

em constante cres

dimentos crescem. Em períodos, po rém, de preços em declínio, as aludi das emprêsas se ressentem, por se re

a

inflação,

momentos

deflação,

de

quando

duzirem os preços de venda e o volu me dos negócios. Decresce, dêsse mo

aumentam o poder aquisitivo do di nheiro e quando diminuem a renda dos títtilos das sociedades comerciais

do, o interesse pelas suas ações.

e indtistriais.

que são infalíveis esses movimentos.

a certas regras, que influem também

geral e das estradas de ferro. Aumen

Há outros fatores que intervém nas

mercadorias.

Podemos afirmar, por exemplo, que existe relação de fatos que determi na a evolução diferente das diversas

ços em grosso, há

rendas

interesse pelos seus títulos, cujos ren

permane

movimentos

ciais e industriais tiram grandes van

cado de títulos obedece, efetivamente,

em que haja transações de títulos ou

semos acima. Além

experiência das Bòlsas norte-ameri canas e inglesas permite o estabele

É diverso o movimento cíclico das companhias de serviços públicos em

em não importa que outro mercado

Não há contra

dição entre esse fato e o que dis

Seria

infantilidade, porém, supor

a

considerar

tTends

que

os

seculares,

influem

no

conjunto do mer de

títulos.

todos os ramos de

estão

cimento, os efeitos dêsse desenvolvimento podem mesmo

ultrapassar, em importância, as in fluências decorrentes das adaptações

dos preços. Nos Estados Unidos, os fatores favoráveis registrados nos pe ríodos de 1865-1900, tais como a redução da dívida pública nacional e

ta, para elas, nos períodos de ascen

cotações dos títulos déssa natureza.

o aumento das economias particulares,

são da produção, sem que, entretanto, suas tarifas possam acompanhar o movimento de alta, por serem regula

Os principais dêles decorrem das mo dificações da estrutura das dívidas pú blicas — aumentos ou diminuições —

foram complementados pela aplicação de gigantescos capitais britânicos na

mentadas pelas autoridades. Do que se conclui que, em geral, a p©sição

c de volume de economias acumuladas

pelbs organismos especializados. Pres-

economia norte-americana.

Nos períodos subsequentes, a ten

dência para retirada dos capitais bri-


V4!"TV*

DiGESTO Econômico

<lcssas emprêsas se torna mais favo

rável quando estão em declínio os pre

O FUTUUO IKANCO CEZVTItAL E O MEKCAUO

DE

ços

CAPITAIS

das

mercadorias.

No mercado bolsista, as cotações

Observa^tUo cienlifiea do morcndo Geraijk) o. Banaskiwitz

57

ta-se admiràvelmente a estudos dessa natureza o longo período vivido pe los Estados Unidos de 1860 a 192S.

Nesse período a curva dos preços

dos títulos obedecem estreitamente a

em grosso das mercadorias foi em ge

êsscs fatores. O fenômeno é observa

dos. As ações dos caminhos de ferro,

ral descendente, caindo do índice 232 em 1865, a 67 em 1897 (era relação a 100 em 1913). Cresceu paralelamen

por exemplo, em alta até 1910, de

te o poder aquisitivo do dólar. As co

clinaram em seguida, em virtude de

tações dos títulos de renda fixa ele varam-se consideràvelmente; menos

do

perfeitamente

nos Estados Uni

TVrENiiUM ramo de economia capitalis ta se presta tanto a interpretações, a elaborações de teorias e ao levan

categorias de títulos, como os títulos a taxas fixas de juros — debcntures, títulos públicos — e os títulos de ren

tamento de índices, quanto o merca

dimentos variáveis, como as ações das

do de ações, dcbêntures e títulos pú

companhias particulares. Neste último

to de alta só retornou depois de 1920,

acentuada foi a alta dos demais tí

blicos. Aos teóricos, a Bòlsa oferece,

grupo podemos ainda distinguir os ti

quando uma brutal deflação abalou

tulos.

com efeito, tais possibilidades de es

tulos emitidos por empresas explora doras de serviços públicos, como as estradas de ferro, dos emitidos por

o mundo de negó cios dos Estados

tudo das tendências da evolução eco nômica, que surge a tentação de tirar

conclusões definitivas das observações feitas sòbre o movimento dos merca

dos. É evidente, por outro lado, que os que operam no mercado bolsista

não podem escapar ao desejo de fa zer profecias, baseando-as em méto dos científicos ou em meros palpites. A essa regra não escapam também as

companhias de investimentos e outros organismos especializados, que man têm departamentos de pesquisas en carregados do estudo de todos os ele mentos capazes de influir, eventual mente, nas cotações. Sem a preocupação de afirmar até

que ponto pode ir a exatidão das pre visões dos fenômenos bolsistas, e de

assegurar até que ponto elas auxiliam as grandes companhias e bancos de investimentos, diremos que, em linhas

gerais, a evolução dos preços no mer

empresas comerciais c industriais.

A

forte inflação dos preços; o movimen

Unidos.

Quanto

aos

tulos de renda fi

dos

xa, mantêm fraca

cíclicos diretamen-'j

cimento, entre outras, dessas interli

posição nos perío

gações de fatos.

dos

de

te provocados pe la curva dos pre

dos

preços; suas

As companhias particulares comer

ascensão

tagens dos períodos de preços cm as censão. Nesses períodos, aumentam

cem as mesmas e,

como

as despesas de administração, mas, em compensação, expande-se o volume

diminui a capaci dade aquisitiva dos

cado

dos negócios, aumentando os lucros

que vivem dela. ê

Num país em que

das empresas. Eleva-se, portanto, o

o contrário, po rém, que se dá

economia

nos

em constante cres

dimentos crescem. Em períodos, po rém, de preços em declínio, as aludi das emprêsas se ressentem, por se re

a

inflação,

momentos

deflação,

de

quando

duzirem os preços de venda e o volu me dos negócios. Decresce, dêsse mo

aumentam o poder aquisitivo do di nheiro e quando diminuem a renda dos títtilos das sociedades comerciais

do, o interesse pelas suas ações.

e indtistriais.

que são infalíveis esses movimentos.

a certas regras, que influem também

geral e das estradas de ferro. Aumen

Há outros fatores que intervém nas

mercadorias.

Podemos afirmar, por exemplo, que existe relação de fatos que determi na a evolução diferente das diversas

ços em grosso, há

rendas

interesse pelos seus títulos, cujos ren

permane

movimentos

ciais e industriais tiram grandes van

cado de títulos obedece, efetivamente,

em que haja transações de títulos ou

semos acima. Além

experiência das Bòlsas norte-ameri canas e inglesas permite o estabele

É diverso o movimento cíclico das companhias de serviços públicos em

em não importa que outro mercado

Não há contra

dição entre esse fato e o que dis

Seria

infantilidade, porém, supor

a

considerar

tTends

que

os

seculares,

influem

no

conjunto do mer de

títulos.

todos os ramos de

estão

cimento, os efeitos dêsse desenvolvimento podem mesmo

ultrapassar, em importância, as in fluências decorrentes das adaptações

dos preços. Nos Estados Unidos, os fatores favoráveis registrados nos pe ríodos de 1865-1900, tais como a redução da dívida pública nacional e

ta, para elas, nos períodos de ascen

cotações dos títulos déssa natureza.

o aumento das economias particulares,

são da produção, sem que, entretanto, suas tarifas possam acompanhar o movimento de alta, por serem regula

Os principais dêles decorrem das mo dificações da estrutura das dívidas pú blicas — aumentos ou diminuições —

foram complementados pela aplicação de gigantescos capitais britânicos na

mentadas pelas autoridades. Do que se conclui que, em geral, a p©sição

c de volume de economias acumuladas

pelbs organismos especializados. Pres-

economia norte-americana.

Nos períodos subsequentes, a ten

dência para retirada dos capitais bri-


^frwjr

Dícesto Ecosóníico

58

Dxgesto

tánicos favoreceu a baixa dos títulos

de a formação do.s preços é ainda a

na Bolsa de New York.

mais livre de todos os mercados ca

Como se vé, as assim chamadas leis,

pitalistas.

que influem nos demais mercados, ❖

agem também na Bolsa; e o exato co nhecimento dos fatores que intervém na formação dos preços constitui to da a ciência das boas aplicações de

são econômica por meio da interpre

Capitais em títulos.

tação do.s fenômenos <lo merCado fo

Mas como realistas que devemos

ser, não podemos dar demasiada im portância a êsse conhecimento técni co do mercado. Um perfeito serviço particular de informações — o "Insides Informations

das grandes com

panhias inglesas — presta às vezes melhores serviços que a ciência eco

nômica inteira. Foi por ter consegui do saber, algumas horas depois do grande acontecimento,' da derrota de Napoleão em Waterloo, que Rothschild pôde realizar a maior e a mais

produtiva especulação de tôda sua vi da. E o mesmo se dá nas especula ções bolsistas de nossos dias. Outra coisa de que não nos devemos esquecer: nas grandes praças finan

ceiras constituera-se freqüentemente

"•pools" destinados a manipular as cotações de um título ou de um gru

po de títulos. O "pool" age era se gredo, pois, desde que sejam conhe cidas suas intenções, deixam de pro duzir efeitos suas atividades. E aqui, ^parece novamente a utili

dade das'"Insides Informations".

De qualquer modo, porém, não po dem ser eliminadas do mercado certas

regras embora seja posta em prática pelos Bancos Centrais a "open market policy" e embora entrem em açao os

"pools" constituídos por operadores particulares. A Bôlsa jamais deixa de ser ura mercado onde a» influências do acaso se reduzem ao mínimo e on-

Nossas observações sòbrc a previ

ram um tanto acadêmicas. Só pude mos citar, efctivaíncnte, o <íue nor malmente SC faz nos grandes merca dos financeiros e os elementos de que

dispõem, para as suas previsões, os economistas dos países mais adianta

dos. Que possibilidade, porem, existe de se proceder da mesma forma no

Brasil? Falta-nos tudo, a começar pe las estatísticas mais elementares.

Apesar das verbas consignadas nos orçamentos aos órgãos oficiais encar

regados da clabóração de estatísticas, sua produção é extremamente medío

Econômico

não saberíamos sequer o núinero dc

mesmo cmpregando-se métodos pura

socicdatics anônimas regularmente re

mente científicos, com dados deficien

gistradas no País.

tes, primitivos é falsos.

Píira as estimativas dos graus dc aumento ou diminuição dos negócios, dispõem no Brasil apenas da expe

res, elaboramos uma tabela em que fi guram o que possuímos e o que nos

vas postas cm prática entre nós para

ces da economia nacional. Assinale

o cálculo tio desenvolvimento mensal

mos, desde já, que sem que se complete o serviço de informações que a seguir

co informações mensais sôbre eSsa

São Paulo tem assegurado, por esfor

nômicas, para a elaboração dos índi

dc

iniciativas

enumeramos, não só os chamados

bancos dc investimentos que se proje tam agora criar entre nós, mas a to talidade das sociedades econômicas^ deixam de estar em condições de ope rar com pleno conhecimento da situa ção, agindo, portanto, mais ou menos às cegas.

isoladas. Limitamo-nos

a generalizar ao País inteiro os dados colhidos nesta ou naquela região. Ora, nada ríiais perigoso que calcular o de senvolvimento dos fatos econômicos.

INFORM.'VÇOES INDISPENSÁVEIS AO ESTABELECIMENTO DE

ÍNDICES SEGUROS DA EVOLUÇÃO ECONÔMICA O,que existe e o que não existe no Brasil Pontos de

Atividades examinadas

Existentes

São

1 — Movimento de

capital

Inexistentes

Paulo e Dist. Fe

Estudos esporádicos

Estatística sistemática comparativa

3 — Ocupação

Informações sôbre algu

Estatística

na

nianuf.

mas fábricas, servindo para generalizações. Da dos da Ligth sôbre Con

mensal

ou

mesmo semanal no País

sumo de eletricidade.

blico.

Cálculo do po

O Instituto Brasileiro de

tempos, com os trabalhos a respeito

der aquisitivo

Est. dispõe

realizados pela Bôlsa, não saberíamos

-•Salários, freq. cinemas, transp. urba nos, volume de

atualizados sôbre a freq.

nem mesmo a importância dos capi

Resto do Brasil

2 — lAic"ros da ind. e do comér cio

ço próprio de seus redatores econômi

tais aplicados na economia privada.

in-fqm\ações

deral

cos, essas informações ao grande pú

Se não contássemos, nestes últimos

falta cm matéria de informações eco

da produção industrial, das constru ções ou do nitmcro dc desempregados, não podem ter dado resultados per feitos, mesmo porque se trata ainda

balhos notáveis, mas versando assun tos extra-económicos. Sôbre os pro

coisa ao mesmo tempo elementar e importantíssima que é o movimento de capitais no País. Só O Estado de

Para bem esclarecer nossos leito

riência pessoal dos homens de negó cios, cujos julgamentos são, às vezes, dc tluvicloso valor. .'Xs poucas iniciati

cre. Aparecem, às vezes, é certo, tra

blemas da economia nacional, as es tatísticas que se publicam são decep cionantes, principalmente quando se considera o valor prático dás pesqui sas realizadas. Nenhum órgão oficial, nenhum Ministério fornece ao públi

59

de

dados

de cinemas e sôbre o

transp. urbano.

,

1..,

'vè*-..

Qualquer cálculo sério sôbre os salários

Indicação sôbre o volu me de vendas


^frwjr

Dícesto Ecosóníico

58

Dxgesto

tánicos favoreceu a baixa dos títulos

de a formação do.s preços é ainda a

na Bolsa de New York.

mais livre de todos os mercados ca

Como se vé, as assim chamadas leis,

pitalistas.

que influem nos demais mercados, ❖

agem também na Bolsa; e o exato co nhecimento dos fatores que intervém na formação dos preços constitui to da a ciência das boas aplicações de

são econômica por meio da interpre

Capitais em títulos.

tação do.s fenômenos <lo merCado fo

Mas como realistas que devemos

ser, não podemos dar demasiada im portância a êsse conhecimento técni co do mercado. Um perfeito serviço particular de informações — o "Insides Informations

das grandes com

panhias inglesas — presta às vezes melhores serviços que a ciência eco

nômica inteira. Foi por ter consegui do saber, algumas horas depois do grande acontecimento,' da derrota de Napoleão em Waterloo, que Rothschild pôde realizar a maior e a mais

produtiva especulação de tôda sua vi da. E o mesmo se dá nas especula ções bolsistas de nossos dias. Outra coisa de que não nos devemos esquecer: nas grandes praças finan

ceiras constituera-se freqüentemente

"•pools" destinados a manipular as cotações de um título ou de um gru

po de títulos. O "pool" age era se gredo, pois, desde que sejam conhe cidas suas intenções, deixam de pro duzir efeitos suas atividades. E aqui, ^parece novamente a utili

dade das'"Insides Informations".

De qualquer modo, porém, não po dem ser eliminadas do mercado certas

regras embora seja posta em prática pelos Bancos Centrais a "open market policy" e embora entrem em açao os

"pools" constituídos por operadores particulares. A Bôlsa jamais deixa de ser ura mercado onde a» influências do acaso se reduzem ao mínimo e on-

Nossas observações sòbrc a previ

ram um tanto acadêmicas. Só pude mos citar, efctivaíncnte, o <íue nor malmente SC faz nos grandes merca dos financeiros e os elementos de que

dispõem, para as suas previsões, os economistas dos países mais adianta

dos. Que possibilidade, porem, existe de se proceder da mesma forma no

Brasil? Falta-nos tudo, a começar pe las estatísticas mais elementares.

Apesar das verbas consignadas nos orçamentos aos órgãos oficiais encar

regados da clabóração de estatísticas, sua produção é extremamente medío

Econômico

não saberíamos sequer o núinero dc

mesmo cmpregando-se métodos pura

socicdatics anônimas regularmente re

mente científicos, com dados deficien

gistradas no País.

tes, primitivos é falsos.

Píira as estimativas dos graus dc aumento ou diminuição dos negócios, dispõem no Brasil apenas da expe

res, elaboramos uma tabela em que fi guram o que possuímos e o que nos

vas postas cm prática entre nós para

ces da economia nacional. Assinale

o cálculo tio desenvolvimento mensal

mos, desde já, que sem que se complete o serviço de informações que a seguir

co informações mensais sôbre eSsa

São Paulo tem assegurado, por esfor

nômicas, para a elaboração dos índi

dc

iniciativas

enumeramos, não só os chamados

bancos dc investimentos que se proje tam agora criar entre nós, mas a to talidade das sociedades econômicas^ deixam de estar em condições de ope rar com pleno conhecimento da situa ção, agindo, portanto, mais ou menos às cegas.

isoladas. Limitamo-nos

a generalizar ao País inteiro os dados colhidos nesta ou naquela região. Ora, nada ríiais perigoso que calcular o de senvolvimento dos fatos econômicos.

INFORM.'VÇOES INDISPENSÁVEIS AO ESTABELECIMENTO DE

ÍNDICES SEGUROS DA EVOLUÇÃO ECONÔMICA O,que existe e o que não existe no Brasil Pontos de

Atividades examinadas

Existentes

São

1 — Movimento de

capital

Inexistentes

Paulo e Dist. Fe

Estudos esporádicos

Estatística sistemática comparativa

3 — Ocupação

Informações sôbre algu

Estatística

na

nianuf.

mas fábricas, servindo para generalizações. Da dos da Ligth sôbre Con

mensal

ou

mesmo semanal no País

sumo de eletricidade.

blico.

Cálculo do po

O Instituto Brasileiro de

tempos, com os trabalhos a respeito

der aquisitivo

Est. dispõe

realizados pela Bôlsa, não saberíamos

-•Salários, freq. cinemas, transp. urba nos, volume de

atualizados sôbre a freq.

nem mesmo a importância dos capi

Resto do Brasil

2 — lAic"ros da ind. e do comér cio

ço próprio de seus redatores econômi

tais aplicados na economia privada.

in-fqm\ações

deral

cos, essas informações ao grande pú

Se não contássemos, nestes últimos

falta cm matéria de informações eco

da produção industrial, das constru ções ou do nitmcro dc desempregados, não podem ter dado resultados per feitos, mesmo porque se trata ainda

balhos notáveis, mas versando assun tos extra-económicos. Sôbre os pro

coisa ao mesmo tempo elementar e importantíssima que é o movimento de capitais no País. Só O Estado de

Para bem esclarecer nossos leito

riência pessoal dos homens de negó cios, cujos julgamentos são, às vezes, dc tluvicloso valor. .'Xs poucas iniciati

cre. Aparecem, às vezes, é certo, tra

blemas da economia nacional, as es tatísticas que se publicam são decep cionantes, principalmente quando se considera o valor prático dás pesqui sas realizadas. Nenhum órgão oficial, nenhum Ministério fornece ao públi

59

de

dados

de cinemas e sôbre o

transp. urbano.

,

1..,

'vè*-..

Qualquer cálculo sério sôbre os salários

Indicação sôbre o volu me de vendas


Dícesto

60 vendas

Econó.mico

grícolas*.

61

EcoNÓhaco

As pessoas de pretensões mais mo destas poderão alegar, diante dessa

nas

grandes lojas

5—Condições a-

Dícesto

Excelente serviço para a previsão da Secretaria

da Agricultura para S.

tabela, que já possuímos agora mais do que outrora. É certo, e daqui pres Previsão de safras para

todas as regiões fora de São Paulo

tamos no.«isa homenagem aos. que, há anos, tudo vêm fazendo pela vulga

rização dos estudos econômicos. Mas

Paulo

isso não basta. O mundo de negócios 6—Circulação de mercadorias

Estatística do Imposto de Vendas c Consigna

precisa orientar-se tendo por base da

Indicaçõc.s sobre o volu me cfc vendas nas lojas

O Ministério da Faz. pu blica estatística, com

7 — Movimento bancário

muito atraso e sem cri

tério de separação en

Estatística

semanal

so

bre os principais itens

dos

portuário

O mesmo se pode dizer das infor mações divulgadas pelo Banco do

publicação basica — o "Livro das So ciedades Anônimas de edição parti

também a situação das empresas fer

Estatística semanal sobre

cular. Mas essa obra data de 194S e

brecarregarmos tanto o Departamento

o volume de transporte

desde então muitas coisas se passa

Nacional de Estradas de Ferro, in-

e a renda das estradas lie ferro

ram, sendo de esperar, pois, que se

de

dinheiro e de

capital 11 — Mov. de cons truções

Cálculos sobre a taxa real de juros dos títulos

Multiplicidade de infor mações, mas contraditó rias

12 — Preços

índices

modificados

providencie uma nova edição, que nos

podem perfeitamente fornecer, sema

das auto-estradas que

contidas nos três primeiros itens da

nalmente, aos interessados.

saem de São Paulo e do

tabela que atrás publicamos. Para que possamos estabelecer ba

to mobiliário e das falências, os ór

Idcm sobre o movimento

ses

Informações do Banco do Estatística mente

e importa ção

Existem boletins com in

dicações atrasadas. Dados recentes são publi cados

referentes aos

de empresas econômicas. Atualmente, muitos dêles consideram simples atos de espionagem qualquer pedido de in

as

Um índice básico que permita a comparação

negócios.

formações para todo o País.

cas

Boletins do Ministério da Faz. publicados com

bem mais compreensivos e francos a esse respeito, não se podendo dizer que essa franqueza e compreensão

mais rapidez.

de

outros

países

mostraram-se

lhes tenham acarretado nenhum mal... Sôbre o movimento bancário só se

por um jornal do Rio. .a*

gãos de classe, e em especial a Asso ciação Comercial, têm contribuído pa ra a estandardização das informações. Mas como êsse reforço informativo 'é maior em São Paulo do que no Rio,

formações sobre o volume de seus

Estatística oficial

antecipadamente

No setor dos preços do movimen

tornam-se difíceis as comparações re gionais. Seria de imensa utilidade que se adotasse o mesmo esquema de in

Os diretores das empresas econômi

a 1914

14 — Exportações

informações

co a mentalidade dos nossos diretores

verdadeira

oficial sobre

de

itens 4, 5, e 9 da mesma tabela, seria indispensável que se mudasse um pou

Brasil

com o período anterior 13"—Falências

roviárias. Seria interessante não so

facultaria dar resposta às questões

capitais dos Estados

periodicamente

Brasil. Um grande segredo envolve

cumbindo-o da publicação de estatís ticas que as companhias ferroviárias

Rio

JO—Mercado

disso, seria indispensável que aquelas informações fossem feitas semanal

tindo estimativas seguras sobre as dis ponibilidades de capital dentro das fronteiras nacionais, já tivemos uma

tação suficiente

Estatísticas sobre o mov.

carteiras nos bancos comerciais. Além

tísticas c informações oficiais.

mente e com tòdas as indicações re

nais, quinzenais e men sais fornecem documen

mento de anos atrasa

levanta contra a deficiência das esta

comendadas.

Boletins diários, sema

Documentos históricos do Depart. Nac'. de Est. de Ferro sòbre o movi

rio não só se publicam com atraso, mas nada' contêm sôbre importantís

pelas sociedades particulares, permi

merciais

9 — Transporte

quema que se justificaria em 1938, mas que já não apresenta utilidade boje em dia. As informações do Ministé

portantes, sòbre as emissões de títulos

tre bancos oficiais e co 8 — Mov. bolsista

O serviço do Ministério da Fazen da obedece, neste particular, a um es

simos itens, como o valor dos títulos mobiliários detidos pelas respectivas

Para os cálculos, extremamente im

do movimento bancário

particular.

vendo motivos para o clamor que se

dos seguros, informações sérias, ha

ções

sabe o que é publicado por iniciativa

Referência especial merecem as pu-

blicações do Ministério da Fazenda sôbre o comércio exterior.

Embora

completas, elas são publicadas com atraso. Há uma exceção mas que re

presenta, por outro lado, ura privilé

gio que já não se justifica: uma có-


Dícesto

60 vendas

Econó.mico

grícolas*.

61

EcoNÓhaco

As pessoas de pretensões mais mo destas poderão alegar, diante dessa

nas

grandes lojas

5—Condições a-

Dícesto

Excelente serviço para a previsão da Secretaria

da Agricultura para S.

tabela, que já possuímos agora mais do que outrora. É certo, e daqui pres Previsão de safras para

todas as regiões fora de São Paulo

tamos no.«isa homenagem aos. que, há anos, tudo vêm fazendo pela vulga

rização dos estudos econômicos. Mas

Paulo

isso não basta. O mundo de negócios 6—Circulação de mercadorias

Estatística do Imposto de Vendas c Consigna

precisa orientar-se tendo por base da

Indicaçõc.s sobre o volu me cfc vendas nas lojas

O Ministério da Faz. pu blica estatística, com

7 — Movimento bancário

muito atraso e sem cri

tério de separação en

Estatística

semanal

so

bre os principais itens

dos

portuário

O mesmo se pode dizer das infor mações divulgadas pelo Banco do

publicação basica — o "Livro das So ciedades Anônimas de edição parti

também a situação das empresas fer

Estatística semanal sobre

cular. Mas essa obra data de 194S e

brecarregarmos tanto o Departamento

o volume de transporte

desde então muitas coisas se passa

Nacional de Estradas de Ferro, in-

e a renda das estradas lie ferro

ram, sendo de esperar, pois, que se

de

dinheiro e de

capital 11 — Mov. de cons truções

Cálculos sobre a taxa real de juros dos títulos

Multiplicidade de infor mações, mas contraditó rias

12 — Preços

índices

modificados

providencie uma nova edição, que nos

podem perfeitamente fornecer, sema

das auto-estradas que

contidas nos três primeiros itens da

nalmente, aos interessados.

saem de São Paulo e do

tabela que atrás publicamos. Para que possamos estabelecer ba

to mobiliário e das falências, os ór

Idcm sobre o movimento

ses

Informações do Banco do Estatística mente

e importa ção

Existem boletins com in

dicações atrasadas. Dados recentes são publi cados

referentes aos

de empresas econômicas. Atualmente, muitos dêles consideram simples atos de espionagem qualquer pedido de in

as

Um índice básico que permita a comparação

negócios.

formações para todo o País.

cas

Boletins do Ministério da Faz. publicados com

bem mais compreensivos e francos a esse respeito, não se podendo dizer que essa franqueza e compreensão

mais rapidez.

de

outros

países

mostraram-se

lhes tenham acarretado nenhum mal... Sôbre o movimento bancário só se

por um jornal do Rio. .a*

gãos de classe, e em especial a Asso ciação Comercial, têm contribuído pa ra a estandardização das informações. Mas como êsse reforço informativo 'é maior em São Paulo do que no Rio,

formações sobre o volume de seus

Estatística oficial

antecipadamente

No setor dos preços do movimen

tornam-se difíceis as comparações re gionais. Seria de imensa utilidade que se adotasse o mesmo esquema de in

Os diretores das empresas econômi

a 1914

14 — Exportações

informações

co a mentalidade dos nossos diretores

verdadeira

oficial sobre

de

itens 4, 5, e 9 da mesma tabela, seria indispensável que se mudasse um pou

Brasil

com o período anterior 13"—Falências

roviárias. Seria interessante não so

facultaria dar resposta às questões

capitais dos Estados

periodicamente

Brasil. Um grande segredo envolve

cumbindo-o da publicação de estatís ticas que as companhias ferroviárias

Rio

JO—Mercado

disso, seria indispensável que aquelas informações fossem feitas semanal

tindo estimativas seguras sobre as dis ponibilidades de capital dentro das fronteiras nacionais, já tivemos uma

tação suficiente

Estatísticas sobre o mov.

carteiras nos bancos comerciais. Além

tísticas c informações oficiais.

mente e com tòdas as indicações re

nais, quinzenais e men sais fornecem documen

mento de anos atrasa

levanta contra a deficiência das esta

comendadas.

Boletins diários, sema

Documentos históricos do Depart. Nac'. de Est. de Ferro sòbre o movi

rio não só se publicam com atraso, mas nada' contêm sôbre importantís

pelas sociedades particulares, permi

merciais

9 — Transporte

quema que se justificaria em 1938, mas que já não apresenta utilidade boje em dia. As informações do Ministé

portantes, sòbre as emissões de títulos

tre bancos oficiais e co 8 — Mov. bolsista

O serviço do Ministério da Fazen da obedece, neste particular, a um es

simos itens, como o valor dos títulos mobiliários detidos pelas respectivas

Para os cálculos, extremamente im

do movimento bancário

particular.

vendo motivos para o clamor que se

dos seguros, informações sérias, ha

ções

sabe o que é publicado por iniciativa

Referência especial merecem as pu-

blicações do Ministério da Fazenda sôbre o comércio exterior.

Embora

completas, elas são publicadas com atraso. Há uma exceção mas que re

presenta, por outro lado, ura privilé

gio que já não se justifica: uma có-


^mn..

Dicesto

62

T

Econó.nuco

pia niiinieografada é fornecida a cer

va pelo assunto, tal preferência ainda

to jornal carioca, que a publica com exclusividade, quase .um mês antes da

SC justificava. Hoje, não. Xão há mo

divulgação oficial das estatísticas. Ou-

vendo todos os jornais merecer igual

trora, quando o referido jornal era

tratameftto por parte do Ministério

pràticamente o único que se interessa

.■íj r

MANIFESTO

BURGUÊS

João de Oliveuixa Filho

tivos que justifiquem privilégios, de da Fazenda. '

Poderia a instituição do regime feu

A formação c (i interriipçõn do desen volvimento da classe burmiesa

da

classe

últimos

laços,

na

mais tarde, que seria um fenômeno

Europa, que

regime como uma árvore frondosa. De longe os ollios não chegariam a ver senão a ramagem. De perto, o tronco poderia ser contemplado. Para ver,

prendiam uma grande parte da huma

nidade ao regime feudal em decompo

sição,

estavam, por ocasião daquele

Rrandc acontecimento, na proprieda de vinculada e nas corporações de

que jamais se rcpefiria.

Era aquele

porém, suas raízes, seria necessário cavar a terra.

Era o fcuclalismo, em sua essência,

ofício.

Vinham os burgueses, dia a dia, des truindo essas dxias poderosas forças

uma organização que contrariava sen

timentos substanciais e irredutiveU dos homens — o da liberdade de ação

sociais.

Naqticle regime a propriedade dos latifúndios pertencia aos senhores, e era trabalhada, pelos vassalos.

Mais tarde, passou a ser vinculada,

e o da livre disposição da proprieda de privada.

Foi por isso que com o correr dos tempos começou a se formar margi

o que era xima forma de propriedade

nalmente àquela organização uma ou

feudal, explorada sob o regime, em

tra, constituída dos homens livres, vi

sua expressão mais simples, do do-

vendo fora das barreiras dos feudos,

tnínio

tado, na Idade Média, sob sua forma

formando os burgos. Eram os comer ciantes. Eram os trabalhadores libe rais. Eram os habitantes das vilas, das

primária, para as profissões, tomando

comunas, das cidades livres.

iitil,

1 -

Esse regime de terras foi transpor

a forma das corporações dos ofícios. Ninguém podendo exercer a profis

' • .V, ■0^

'

Montesquieu. porém, viria dizer,

dos burgue

ses.

Os

sorganização econômica e social cio mundo.

Revolução Francesa interrompeu h

formação

dal ter atendido a um momento de de-

são sem

pertencer à respectiva cor

poração, nela colocado o trabalhador

Favorecidos pelos reis, cujo poderio

era contrastado pelos dos senhores feudais, os burgueses foram conse guindo direitos especiais de govêrno e

na classe a que fôsse atingido, verifi cava-se na corporação o que se dava

administração.

na vassalagem — o homem sentia-se

bra do juramento de fidelidade, pro

'assegurado quanto à sua subsistência. Fiel o vassalo ao seu senhor, subme

tido o artesão ao seu mestre, perdia o indivíduo

a

liberdade,

ganh?iva,

do-

duziu outro aumento contínuo dos que

passaram-a viver sem compromissos da vassalagem.

Poderiam os burgueses — o que não era concedido aos vassalos — dar suas

,rém, a segurança.

j.J,. V

.0 favorccimento. a seguir, da que

' . . i'. Í.Í

ftfev.-.-


^mn..

Dicesto

62

T

Econó.nuco

pia niiinieografada é fornecida a cer

va pelo assunto, tal preferência ainda

to jornal carioca, que a publica com exclusividade, quase .um mês antes da

SC justificava. Hoje, não. Xão há mo

divulgação oficial das estatísticas. Ou-

vendo todos os jornais merecer igual

trora, quando o referido jornal era

tratameftto por parte do Ministério

pràticamente o único que se interessa

.■íj r

MANIFESTO

BURGUÊS

João de Oliveuixa Filho

tivos que justifiquem privilégios, de da Fazenda. '

Poderia a instituição do regime feu

A formação c (i interriipçõn do desen volvimento da classe burmiesa

da

classe

últimos

laços,

na

mais tarde, que seria um fenômeno

Europa, que

regime como uma árvore frondosa. De longe os ollios não chegariam a ver senão a ramagem. De perto, o tronco poderia ser contemplado. Para ver,

prendiam uma grande parte da huma

nidade ao regime feudal em decompo

sição,

estavam, por ocasião daquele

Rrandc acontecimento, na proprieda de vinculada e nas corporações de

que jamais se rcpefiria.

Era aquele

porém, suas raízes, seria necessário cavar a terra.

Era o fcuclalismo, em sua essência,

ofício.

Vinham os burgueses, dia a dia, des truindo essas dxias poderosas forças

uma organização que contrariava sen

timentos substanciais e irredutiveU dos homens — o da liberdade de ação

sociais.

Naqticle regime a propriedade dos latifúndios pertencia aos senhores, e era trabalhada, pelos vassalos.

Mais tarde, passou a ser vinculada,

e o da livre disposição da proprieda de privada.

Foi por isso que com o correr dos tempos começou a se formar margi

o que era xima forma de propriedade

nalmente àquela organização uma ou

feudal, explorada sob o regime, em

tra, constituída dos homens livres, vi

sua expressão mais simples, do do-

vendo fora das barreiras dos feudos,

tnínio

tado, na Idade Média, sob sua forma

formando os burgos. Eram os comer ciantes. Eram os trabalhadores libe rais. Eram os habitantes das vilas, das

primária, para as profissões, tomando

comunas, das cidades livres.

iitil,

1 -

Esse regime de terras foi transpor

a forma das corporações dos ofícios. Ninguém podendo exercer a profis

' • .V, ■0^

'

Montesquieu. porém, viria dizer,

dos burgue

ses.

Os

sorganização econômica e social cio mundo.

Revolução Francesa interrompeu h

formação

dal ter atendido a um momento de de-

são sem

pertencer à respectiva cor

poração, nela colocado o trabalhador

Favorecidos pelos reis, cujo poderio

era contrastado pelos dos senhores feudais, os burgueses foram conse guindo direitos especiais de govêrno e

na classe a que fôsse atingido, verifi cava-se na corporação o que se dava

administração.

na vassalagem — o homem sentia-se

bra do juramento de fidelidade, pro

'assegurado quanto à sua subsistência. Fiel o vassalo ao seu senhor, subme

tido o artesão ao seu mestre, perdia o indivíduo

a

liberdade,

ganh?iva,

do-

duziu outro aumento contínuo dos que

passaram-a viver sem compromissos da vassalagem.

Poderiam os burgueses — o que não era concedido aos vassalos — dar suas

,rém, a segurança.

j.J,. V

.0 favorccimento. a seguir, da que

' . . i'. Í.Í

ftfev.-.-


64

Dicesto Econômico

filhas em casamento sem o consenti mento do senhor, que não tinham.

Transmitiriam seus bens aos filhos,

que os sucediam, excluídos os senho res da herança. Poderiam dispor dos seus bens e haveres como bem enten dessem.

Politicamente tinham as cidades li vres ordem e bom governo, liberdade e segurança individuais.

Os reis cumularam os burgueses de vantagens.

A iniciativa dos seus habitantes lhes trazia prosperidade.

A troca de mercadorias foi aumen-

Undo, Ias da Inglaterra, vinhos da França, finos tecidos da

condições feudais, patriarcais, idílicas. Os disparatados Hames feudais que uniam os indivíduos aos seus superio res naturais, foram despedaçados ímpiedosamcntc e não deixou subsistir, de homem a homem, outro liame, que

tos dessa luta contínua — a dos bur gueses para libertarem os vassalos, a dc^ senhores para impedirem o seu

poderio. Marx e Engels reconhecem o gran

de papel revolucionário que a burgue sia viera realizando no correr dos sé

II

O período do "deixai fazer"

Abriu-se, assim, na História, o pe ríodo do "deixai fazer". A liberdade individual, no sentido da liberdade de apropriação dos meios de produção

das das piedosas exaltações, do entu gou na água glacial do Cálculo egoísta. A dignidade pessoal, con tinuam, foi colocada em valor de troca, e em lugar das inumeráveis li berdades reconhecidas por escrito e bem conquistadas

ciência.

da classe dos pobres

dos que so

friam os males da produção industrial em grande escala, da produção com o uso da máquina, acabando-se com o artesanato.

Caíra a sociedade numa anarquia de

Foi tanta a liberdade, aproveitada por poucos, que os muitos desejavam

.voltar à época da escravidão branca, a época do feudalismo, para serem superados os males do "laissez faire".

De certo modo a situação social,

reta e brutal.

certo dizer-se com Nieuwenhnis, na

"Enciclopédia Americana" que o so

cialismo, em geral, pode ser definido ções sociais no mundo por uma trans

cento, porém mil por cento que fi

ligiosas e políticas, ela a substituiu pela exploração aberta, desabrída, di

De certo modo, com referência a todas as modalidades do socialismo, é

bianos, acentua essa situação. Capita listas ignorantes ou irrefletidos, nesses

zeram as fortunas de Lancashire".

Numa palavra, a

mento de humanidade.

como um movimento tendo por fim

ção que "não foram cinco ou dez por

exploração mascarada por ilusões re

Foi dessa anarquia que surgiram as

idéias socialistas, baseadas no senti

terra e máquinas — chegou ao máximo. Lord Passfield, em um dos ensaios faterríveis tempos, falavam com exalta

colocou a liberdade co mercial desnudada de cons

legal da burguesia.

65

classes sociais.

siasmo cavalheiresco, da sentimentalidade da pequena burguesia, ela as afo

um homem livre. A liber dade tornou-se estatuto

A Idade Média está cheia dos efei

cesa interrompeu a formação conti nuada da classe dos burgueses.

Aqui começam a ser injustos. Dizem então que as emoções sagra

O' ar da cidade, dizia um adágio alemão, torna

essencialmente contrária à sua.

Foi assim que a Revolução Fran

gamento de contado.

França e da Itália.

vimento dessa classe social, que era

todos.

o interésse nu, que o impassível pa

nia, sedas e veludos da

consequentemente, tolerar o desenvol

êsses poucos da concorrência deso rientada que se estabeleceu entre

Por tôda a parte onde a burguesia

chegou, disseram élcs, destruiu ela as^

Flandres, gado da Polô

Os senhores feudais não poderiam

Dicesto Econômico

destruir as desigualdades das condi formação econômica.

Foi para coibir o individualismo dos

ricos que surgiu o socialismo dos apiedados.

O que passou a impressionar o so cialismo, desde o socialismo de Esta

do até o anarquismo, passando por todas as intermediárias doutrinas, se

ria então a desigualdade dos homens, formando os fortes e os fracos, os ri cos e os pobres, os possuidores e os

Seguindo o critério aparente de que

que assim se ia cristalizando, ficou

o procedimento de um indivíduo seja

sem atenção diante das formações dos

o paradigma do procedimento de tôda

No fundo, pois, o socialismo era

Estados, da revolução econômica exa cerbada pela revolução industrial, da

uma imensa manifestação de piedade

alguns ricos, surgidos da Revolução Francesa, trouxeram para a sociedade.

parada da legislação com o Código de

nha, infeliz, desgraçada, dos trabalha

Napoleão que ia servindo de base pa ra o direito das nações européias, que

dores.

Alguns desgarrados elementos da bur

não se contentavam com o direito ro-

guesia aproveitaram-se da liberdade

naano atualizado.

incondicional de todos, que a Revolu ção Francesa proclamou. Aproveita

Entre o povo, porém, não era pos sível, de um lado, esconder a violên

ram-se esses poucos ricos da dissolu

cia incomensurável da cobiça da clas se dos ricos — dos que se aproveita vam da máquina e da exploração do trabalho desprotegido; e, de outro la do, a degradação para a maior miséria

uma nação, Marx e Engels carrega

ram à culpa da burguesia o mal que

culos. Ambos descrevam o feudalismo com aquela admiração que a cavala ria desperta em quem lê a História da Idade Média. Olhando assim a fronde da árvore, como dizia Montesquieu, são êles de lirismo inconcebível em quem vinha proclamar o esmagamen-

ciedades para a recíproca proteção

to de uma organização social existente.

dos

ção das corporações de ofício, proibi das, sob pena de morte, quaisquer so trabalhadores.

Aproveitaram-se -^1

sem bens.

humana, para impedir a vida mesqui

A história da segunda metade do século dezenove está cheia dos planos socialísticos baseados no sentimento

nobre da comiseração. A piedade, porém, não é sentimen to que coaja.

Foi por isso que alguns socialistas, que não tinham confiança nas medi

das de benemerência que os ricos pu sessem em obra e que também não


64

Dicesto Econômico

filhas em casamento sem o consenti mento do senhor, que não tinham.

Transmitiriam seus bens aos filhos,

que os sucediam, excluídos os senho res da herança. Poderiam dispor dos seus bens e haveres como bem enten dessem.

Politicamente tinham as cidades li vres ordem e bom governo, liberdade e segurança individuais.

Os reis cumularam os burgueses de vantagens.

A iniciativa dos seus habitantes lhes trazia prosperidade.

A troca de mercadorias foi aumen-

Undo, Ias da Inglaterra, vinhos da França, finos tecidos da

condições feudais, patriarcais, idílicas. Os disparatados Hames feudais que uniam os indivíduos aos seus superio res naturais, foram despedaçados ímpiedosamcntc e não deixou subsistir, de homem a homem, outro liame, que

tos dessa luta contínua — a dos bur gueses para libertarem os vassalos, a dc^ senhores para impedirem o seu

poderio. Marx e Engels reconhecem o gran

de papel revolucionário que a burgue sia viera realizando no correr dos sé

II

O período do "deixai fazer"

Abriu-se, assim, na História, o pe ríodo do "deixai fazer". A liberdade individual, no sentido da liberdade de apropriação dos meios de produção

das das piedosas exaltações, do entu gou na água glacial do Cálculo egoísta. A dignidade pessoal, con tinuam, foi colocada em valor de troca, e em lugar das inumeráveis li berdades reconhecidas por escrito e bem conquistadas

ciência.

da classe dos pobres

dos que so

friam os males da produção industrial em grande escala, da produção com o uso da máquina, acabando-se com o artesanato.

Caíra a sociedade numa anarquia de

Foi tanta a liberdade, aproveitada por poucos, que os muitos desejavam

.voltar à época da escravidão branca, a época do feudalismo, para serem superados os males do "laissez faire".

De certo modo a situação social,

reta e brutal.

certo dizer-se com Nieuwenhnis, na

"Enciclopédia Americana" que o so

cialismo, em geral, pode ser definido ções sociais no mundo por uma trans

cento, porém mil por cento que fi

ligiosas e políticas, ela a substituiu pela exploração aberta, desabrída, di

De certo modo, com referência a todas as modalidades do socialismo, é

bianos, acentua essa situação. Capita listas ignorantes ou irrefletidos, nesses

zeram as fortunas de Lancashire".

Numa palavra, a

mento de humanidade.

como um movimento tendo por fim

ção que "não foram cinco ou dez por

exploração mascarada por ilusões re

Foi dessa anarquia que surgiram as

idéias socialistas, baseadas no senti

terra e máquinas — chegou ao máximo. Lord Passfield, em um dos ensaios faterríveis tempos, falavam com exalta

colocou a liberdade co mercial desnudada de cons

legal da burguesia.

65

classes sociais.

siasmo cavalheiresco, da sentimentalidade da pequena burguesia, ela as afo

um homem livre. A liber dade tornou-se estatuto

A Idade Média está cheia dos efei

cesa interrompeu a formação conti nuada da classe dos burgueses.

Aqui começam a ser injustos. Dizem então que as emoções sagra

O' ar da cidade, dizia um adágio alemão, torna

essencialmente contrária à sua.

Foi assim que a Revolução Fran

gamento de contado.

França e da Itália.

vimento dessa classe social, que era

todos.

o interésse nu, que o impassível pa

nia, sedas e veludos da

consequentemente, tolerar o desenvol

êsses poucos da concorrência deso rientada que se estabeleceu entre

Por tôda a parte onde a burguesia

chegou, disseram élcs, destruiu ela as^

Flandres, gado da Polô

Os senhores feudais não poderiam

Dicesto Econômico

destruir as desigualdades das condi formação econômica.

Foi para coibir o individualismo dos

ricos que surgiu o socialismo dos apiedados.

O que passou a impressionar o so cialismo, desde o socialismo de Esta

do até o anarquismo, passando por todas as intermediárias doutrinas, se

ria então a desigualdade dos homens, formando os fortes e os fracos, os ri cos e os pobres, os possuidores e os

Seguindo o critério aparente de que

que assim se ia cristalizando, ficou

o procedimento de um indivíduo seja

sem atenção diante das formações dos

o paradigma do procedimento de tôda

No fundo, pois, o socialismo era

Estados, da revolução econômica exa cerbada pela revolução industrial, da

uma imensa manifestação de piedade

alguns ricos, surgidos da Revolução Francesa, trouxeram para a sociedade.

parada da legislação com o Código de

nha, infeliz, desgraçada, dos trabalha

Napoleão que ia servindo de base pa ra o direito das nações européias, que

dores.

Alguns desgarrados elementos da bur

não se contentavam com o direito ro-

guesia aproveitaram-se da liberdade

naano atualizado.

incondicional de todos, que a Revolu ção Francesa proclamou. Aproveita

Entre o povo, porém, não era pos sível, de um lado, esconder a violên

ram-se esses poucos ricos da dissolu

cia incomensurável da cobiça da clas se dos ricos — dos que se aproveita vam da máquina e da exploração do trabalho desprotegido; e, de outro la do, a degradação para a maior miséria

uma nação, Marx e Engels carrega

ram à culpa da burguesia o mal que

culos. Ambos descrevam o feudalismo com aquela admiração que a cavala ria desperta em quem lê a História da Idade Média. Olhando assim a fronde da árvore, como dizia Montesquieu, são êles de lirismo inconcebível em quem vinha proclamar o esmagamen-

ciedades para a recíproca proteção

to de uma organização social existente.

dos

ção das corporações de ofício, proibi das, sob pena de morte, quaisquer so trabalhadores.

Aproveitaram-se -^1

sem bens.

humana, para impedir a vida mesqui

A história da segunda metade do século dezenove está cheia dos planos socialísticos baseados no sentimento

nobre da comiseração. A piedade, porém, não é sentimen to que coaja.

Foi por isso que alguns socialistas, que não tinham confiança nas medi

das de benemerência que os ricos pu sessem em obra e que também não


rir

Dioesto Econômico

60

Dicivsto

tinham confiança no govêrno. que pa recia estar nas mãos dos ricos, e re

duzido ao Estado-polícia, conceberam a idéia de ser o Estado o grande pro

prietário e o grande industrial. O Es

EcoNÓxnco

67

balho na medida cm cpic seu trabaliio aumenta o capital. íisscs trabalhadores,

h^ntrctanto, qnc era c que c a bur

dade que o trabalhador assim com

diziam Marx c Engcis, forçados a se

guesia senão a situação a que todo

venderem a rclalho, são mercadorias semelhantes a quahiucr outro artigo

ser luimano aspira, o dc ser proprie tário, o dc poder transmitir seus bens

mo era seu o salário que com seu tra balho ganhou.

prou deve ser tanto sua própria, co

tado seria o proprietário de tudo. Era a idéia do senhor, no regime feudal,

do comércio, c expostos, por conse

aos seus filhos, o dc poder usar dos

qüência, como as demais mercadorias,

.seus bens cm benefício da sua pros

Nisso consiste, como fàcilmente se deixa entender, o domínio dos bens

transfundida no conceito do domínio eminente do Estado. Era a idéia do

a todas as vicissitiules da concorrên

peridade r

móveis ou imóveis.

cia. a tôdas as flutuações de mercado. /\s condições de e.xistência da ve lha sociedade, evidencia o Manife.sto

S. S. o Papa I.cão XTII proclamara a Icgittniidadc da propriedade como

nistas em que os bens dos particulares

mestre, nas corporações de ofício, transferidas para o chefe do partido único, destinado a suprimir a resistên cia dos que preferiam a liberdade.

A solução estaria, na ordem políti

ca, em se substituir a forma de gover no, e, na ordem privada, em se aca bar com a propriedade particular.

Formou-se o grupo dos comunis tas.

Teria que achar uma èxprcssão ver))al para servir aos seus desígnios. ^ Acusou então a burguesia de ser a madrasta da classe operária.

Lançou sôbre a burguesia em geral — que era a classe média — a maldi-

.ção de ser a exploradora do homem. Sabia que a burguesia, a classe média, cuja formação estacionara com a Re volução Francesa, não era a culpada da formação da classe proletária. Sa bia que a classe dos ricos, que come

çara a se formar com violência inau dita, depois daquela Revolução, teria a responsável. Era, porém, mais fácil atacar a burguesia. Burguesia passou a significar, para

os comunistas, e para os fins de sua

propaganda, o símbolo do capital. _

O desenvolvimento da burguesia,

isto é. do caidtal - lê-se no "Mani festo Comunista"-teve como contra-

partida o desenvolvimento do proleta

riado, a classe dos trabalhadores mo dernos, que não vive senão do trabalho que encontra, e que não encontra tra

resultado das economias do produto

Logo, ao empenharem-se os comu passem ao Estado, pioram a condição

Comunista, ficaram anifiuiladas pelas

do traba^io. Dizer que Deus deu a

condições dc existência do proletaria

terra cm comum a tôda a linhagem

do. O proletariado é sem propriedade; suas relações com mulher e filhos na

bumana. não c dizer — lê-se na ja-

que quiserem, tirando-llies a esperan

niais

ça e mesmo o poder de aumentar seus

da têm dc comum com a(|uelas das

"Rcrum Novarum" — que todos os

famílias burguesas. O trabalho indus

homens indistintamente sejam senho

trial, submetido ao capital, ficou des

res dc tôda ela, senão que Deus não assinalou ninguém em particular a

pojado do seu caráter nacional. As

bastante

celebrada

encíclica

dos trabalhadores, usurpando-Ihes a li berdade de fazer de seu salário o uso

bens próprios e extrair deles sua uti lidade.

Eis a doutrina de Leão XIII.

Nesse sentimento da propriedade individual é que se baseia o priqcípio

leis, a moral, a religião, constituiam a

parte que teria de possuir, deixando à

seus ollios outros tantos preconceitos

atividade dos homens e às instituições

burgueses atrás dos quais se esconder

dos povos a delimitação da posse pri vada. Facilmente se compreende que

bens, e no sentimento da transferên

a causa principal de empregarem seu

cia da riqueza adquirida aos herdei

riam

outros

tantos

interesses

bur

gueses.

A acusação contra a burguesia, le

trabalho os que se ocupam em al

vada à categoria dos ricos, trouxe pa

guma arte • lucrativa e o fim a que

ra êsse nome o opróbrio e o ridículo. — o opróbrio que os pobres lhe da

tes : procurar alguma coisa para si e

vam, o ridículo que os intelectuais

possuí-la como sua, com direção pró

lhe votavam.

pria e pessoal.

pròximamente mira o operário são es

da burguesia, na idéia natural do em prego dos lucros no aumento de seus

ros que cada um venha a ser.

III A cQsa partida c a corrente de ferro Pregou então o comunismo a ex-

Enquanto a palavra "comunista"

Se o trabalhador presta a outrem

adquiria foros de revolução pró-opcrariado, de revolução a favor dos pro

suas forças c sua indústria, presta-as

letários, a palavra "burguês" adqui-

para viver e sustentar-se, e, por isto, com o trabalho que de sua parte põe,

fiscação dc todos os bens dos emigra

ttdquirc um direito verdadeiro e per feito, não só para exigir o salário, se não para fazer deste o uso que qui

crédito entre as mãos do Estado, por

com o fim de alcançar o necessário

ria o sentido do opressor máximo da liumanidade, a classe dos detentores do capital.

De tal sorte que a situação da bur guesia, daquela classe que se viera

formando marginalmente ao regime feudal, veio a parecer a de classe in

ser.

I

Se, gastando pouco dêsse salário,

propriação da propriedade rendeira; o imposto fortemente progressivo; a abolição do direito de licrança; a condos e rebeldes; a centralização do meio dc um banco nacional com ca

pital do Estado e monopólio exclusi vo; a centralização nas mãos do Es

tado dc todos os meios de transpor

economiza algum, e para ter mais se

tes; a multiplicação das manufaturas

compatível com a sociedade. A bur

gura essa economia, fruto de sua par

nacionais e dos instrumentos de produ

guesia seria a origem do pauperismo, ela qUe foi a prosperidade dos que se

cimônia, o emprega em uma proprie

dade, segue-se que tal propriedade não

ção, exploração e amanho das terras segundo um plano de conjunto; a

desvencilhavani dos laços feudais.

é mais que aquele salário debaixo de outra fôrma, e, portanto, a proprie

dos; organização dc exércitos Indus-

mesma obrigação de trabalho para to

i


rir

Dioesto Econômico

60

Dicivsto

tinham confiança no govêrno. que pa recia estar nas mãos dos ricos, e re

duzido ao Estado-polícia, conceberam a idéia de ser o Estado o grande pro

prietário e o grande industrial. O Es

EcoNÓxnco

67

balho na medida cm cpic seu trabaliio aumenta o capital. íisscs trabalhadores,

h^ntrctanto, qnc era c que c a bur

dade que o trabalhador assim com

diziam Marx c Engcis, forçados a se

guesia senão a situação a que todo

venderem a rclalho, são mercadorias semelhantes a quahiucr outro artigo

ser luimano aspira, o dc ser proprie tário, o dc poder transmitir seus bens

mo era seu o salário que com seu tra balho ganhou.

prou deve ser tanto sua própria, co

tado seria o proprietário de tudo. Era a idéia do senhor, no regime feudal,

do comércio, c expostos, por conse

aos seus filhos, o dc poder usar dos

qüência, como as demais mercadorias,

.seus bens cm benefício da sua pros

Nisso consiste, como fàcilmente se deixa entender, o domínio dos bens

transfundida no conceito do domínio eminente do Estado. Era a idéia do

a todas as vicissitiules da concorrên

peridade r

móveis ou imóveis.

cia. a tôdas as flutuações de mercado. /\s condições de e.xistência da ve lha sociedade, evidencia o Manife.sto

S. S. o Papa I.cão XTII proclamara a Icgittniidadc da propriedade como

nistas em que os bens dos particulares

mestre, nas corporações de ofício, transferidas para o chefe do partido único, destinado a suprimir a resistên cia dos que preferiam a liberdade.

A solução estaria, na ordem políti

ca, em se substituir a forma de gover no, e, na ordem privada, em se aca bar com a propriedade particular.

Formou-se o grupo dos comunis tas.

Teria que achar uma èxprcssão ver))al para servir aos seus desígnios. ^ Acusou então a burguesia de ser a madrasta da classe operária.

Lançou sôbre a burguesia em geral — que era a classe média — a maldi-

.ção de ser a exploradora do homem. Sabia que a burguesia, a classe média, cuja formação estacionara com a Re volução Francesa, não era a culpada da formação da classe proletária. Sa bia que a classe dos ricos, que come

çara a se formar com violência inau dita, depois daquela Revolução, teria a responsável. Era, porém, mais fácil atacar a burguesia. Burguesia passou a significar, para

os comunistas, e para os fins de sua

propaganda, o símbolo do capital. _

O desenvolvimento da burguesia,

isto é. do caidtal - lê-se no "Mani festo Comunista"-teve como contra-

partida o desenvolvimento do proleta

riado, a classe dos trabalhadores mo dernos, que não vive senão do trabalho que encontra, e que não encontra tra

resultado das economias do produto

Logo, ao empenharem-se os comu passem ao Estado, pioram a condição

Comunista, ficaram anifiuiladas pelas

do traba^io. Dizer que Deus deu a

condições dc existência do proletaria

terra cm comum a tôda a linhagem

do. O proletariado é sem propriedade; suas relações com mulher e filhos na

bumana. não c dizer — lê-se na ja-

que quiserem, tirando-llies a esperan

niais

ça e mesmo o poder de aumentar seus

da têm dc comum com a(|uelas das

"Rcrum Novarum" — que todos os

famílias burguesas. O trabalho indus

homens indistintamente sejam senho

trial, submetido ao capital, ficou des

res dc tôda ela, senão que Deus não assinalou ninguém em particular a

pojado do seu caráter nacional. As

bastante

celebrada

encíclica

dos trabalhadores, usurpando-Ihes a li berdade de fazer de seu salário o uso

bens próprios e extrair deles sua uti lidade.

Eis a doutrina de Leão XIII.

Nesse sentimento da propriedade individual é que se baseia o priqcípio

leis, a moral, a religião, constituiam a

parte que teria de possuir, deixando à

seus ollios outros tantos preconceitos

atividade dos homens e às instituições

burgueses atrás dos quais se esconder

dos povos a delimitação da posse pri vada. Facilmente se compreende que

bens, e no sentimento da transferên

a causa principal de empregarem seu

cia da riqueza adquirida aos herdei

riam

outros

tantos

interesses

bur

gueses.

A acusação contra a burguesia, le

trabalho os que se ocupam em al

vada à categoria dos ricos, trouxe pa

guma arte • lucrativa e o fim a que

ra êsse nome o opróbrio e o ridículo. — o opróbrio que os pobres lhe da

tes : procurar alguma coisa para si e

vam, o ridículo que os intelectuais

possuí-la como sua, com direção pró

lhe votavam.

pria e pessoal.

pròximamente mira o operário são es

da burguesia, na idéia natural do em prego dos lucros no aumento de seus

ros que cada um venha a ser.

III A cQsa partida c a corrente de ferro Pregou então o comunismo a ex-

Enquanto a palavra "comunista"

Se o trabalhador presta a outrem

adquiria foros de revolução pró-opcrariado, de revolução a favor dos pro

suas forças c sua indústria, presta-as

letários, a palavra "burguês" adqui-

para viver e sustentar-se, e, por isto, com o trabalho que de sua parte põe,

fiscação dc todos os bens dos emigra

ttdquirc um direito verdadeiro e per feito, não só para exigir o salário, se não para fazer deste o uso que qui

crédito entre as mãos do Estado, por

com o fim de alcançar o necessário

ria o sentido do opressor máximo da liumanidade, a classe dos detentores do capital.

De tal sorte que a situação da bur guesia, daquela classe que se viera

formando marginalmente ao regime feudal, veio a parecer a de classe in

ser.

I

Se, gastando pouco dêsse salário,

propriação da propriedade rendeira; o imposto fortemente progressivo; a abolição do direito de licrança; a condos e rebeldes; a centralização do meio dc um banco nacional com ca

pital do Estado e monopólio exclusi vo; a centralização nas mãos do Es

tado dc todos os meios de transpor

economiza algum, e para ter mais se

tes; a multiplicação das manufaturas

compatível com a sociedade. A bur

gura essa economia, fruto de sua par

nacionais e dos instrumentos de produ

guesia seria a origem do pauperismo, ela qUe foi a prosperidade dos que se

cimônia, o emprega em uma proprie

dade, segue-se que tal propriedade não

ção, exploração e amanho das terras segundo um plano de conjunto; a

desvencilhavani dos laços feudais.

é mais que aquele salário debaixo de outra fôrma, e, portanto, a proprie

dos; organização dc exércitos Indus-

mesma obrigação de trabalho para to

i


'I

Dicesto Econômico 68

triais, em particular para a agricul tura; a reunião da agricultura e da indústria, medidas a fazer desaparecer

progressivamente a oposição entre a cidade e o campo; a educação públi ca gratuita de tôdas as crianças, com supressão, sob sua forma de então, do trabalho das crianças nas fábricas. A solução comunista do problema

da propriedade enveredou-se, portan to, para a propriedade do Estado. Para conseguir a implantação da

Não nos queremos agora referir aos demais países do mundo.

DiGiiSTo

Econômico

69

Instituiu-se o seguro de velhice, de invaudcz, de vida.

Nem nos (lUcremos deter na idéia da formação de um Direito Social au tônomo.

Queremos trazer os olhos sôbrc nos so país.

Em nosso país, avançou-se mais do que em qualquer outro.

Não SC pôs atenção no princípio de que não são as leis que organizam as

Permitiu-se a associação sindical. Criou-se a justiça trabalhista.

Afinal, veio a participação nos lu cros cias empresas.

As indenizações por acidentes e por

desdobramento, de um lado, iludindo

morte são absorvidas pelos institutos.

a massa, sem dúvida exacerbando-a;

ferro, dentro do qual o proletário fi

das emi.,rêsas, certamente eliminan do-a de colaboração. Considere-se agora o que está acon

ca encerrado sem poder sair. Dir-se-á que o proletário atualmen

nova idéia, a revolução comunista,

cia.

na formação de uma nova máquina do

Não se teve memória para lembrarque a verdade dos séculos é a de que

tecendo depois disso.

o direito se origina dos fatos.

dos fatos. Basta acentuar dois, so

com uma nova máquina.

de fatos, passou a ser um programa a

Não

nos vamos estear no exame

mente.

Devido à estabilidade o trabalhador

perde a sua capacidade de iniciativa.

se realizar.

Criou-lhe o medo de deixar o emprê-

A nova máquina seria a dos "so-

Criaram-se

viets", a que todos os homens fica riam reduzidos, a que todo o mundo

de trabalho.

Estabeleceu-se o princípio de a mo

go. Hoje um trabalhador, depois que tenha certa idade, dificilmente encon

deveria obedecer.

dalidade do trabalho ser a mais apro

tra emprego em outra empresa. O tra-

priada às 'exigências do operário e da empresa.

em virtude da estabilidade. Por outro

Jesus Cristo, porém, dissera que ha veria sempre pobres. Fôra a forma de

dizer que há distinções sociais. Mas também dissera que todo o reino, di vidido contra si mesmo, será desola do, cairá em ruinas e tôda a cidade ou família ou casa, dividida contra si niesma, não subsistirá. "Omnis civitas vel domus divisa contra se non stabit". Fôra a forma de dizer que ^

não pode haver a luta de classes.

os contratos

coletivos

balliador está ficando preso à fábrica

Concedeu-se o direito às férias re

lado, o empregador não aumenta os sa lários. Espera os dissídios coletivos. Passaram as empresas de hoje, como

muneradas depois de um ano de ser

os senhores feudais da Idade Média,

viço.

a garantirem o trabalho e a subsistên

Fixou-se o repouso remunerado aos domingos.

por

cia. Como os vassalos, os operários

despedida injusta e a estabilidade no

abdicam da sua liberdade, e quanto

emprego.

mais pedem garantias nos empregos,

Prescreveu-se

a

indenização

Autorizou-se o Contrato de traba

e quanto

mais aumento de salários

Foi assim, pelo processo da divisão,

transferência dêsse contrato para o

conseguem, mais presos ficam aos seus lugares. A inflação monetária e

que inadvertidamente o socialismo foi

sucessor na propriedade da emprêsa.

as dificuldades da produção agrícola

trazendo o mundo, preocupado com os

Estabeleceu-se o salário mínimo.

jl

1-

»

_

_

que

lho por tempo que se quisesse e a

Está-se formando um círculo de

de outro lado, despertando a reação

no dizer de Lenine, deveria Consistir

A lei, em vez de ser a consolidação

Mas, os institutos de previdência e aposentadoria não dão o salário pro metido para o afastamento do ser- . viço.

Um programa sem bases para seu

sociedades, mas os home® que as formam no trato da sua convivên

Estado, esmagando a velha. Não bas taria que uma nova classe de- homens empolgasse o poder. Seria necessário que essa nova classe dirigisse o poder

organizam-se restaurantes, erguem-se hospitais.

absorvem todos os seus ganhos.

te tem tudo quanto precisa para sua subsistência, saúde e velhice.

É uma grande ilusão. É tempo, porém, para se evitar o que está acontecendo.

A classe do

proletariado, em vez de diminuir, au-

menta.

fornecendo, continuamente, novas ava

lanches de proletários. Advogados,

i

médicos, engenheiros, dentistas, pro-

\

fessôres passam da classe média para

j

a proletária como se esta fosse uma

classe destinada à permanência inde-

J

finida dos seus elementos.

m

Não estamos propugnando a elimisão necessárias para aqueles que não possam ou não queiram sair da classe

\ j

proletária.

(

Não estamos propugnando a eliminação das empresas ou dos ricos. Ri

[

cos sempre existirão no mundo.

O que se propugna é a formação de um movimento social contínuo da pas

sagem do proletário para o burguês. O problema social não está na e.x--

detalhes, despreocupado com a reali

Reduziram-se as horas de trabalho.

O trabalhismo, que se arvora então

dade.

Proibiu-se, como regra, o trabalho noturno e o trabalho de menores de

eni campeão da proteção aos traba lhadores, procura criar os elementos

catorze anos.

de assistência. É o pleno apogeu do

lhice.

Depois da primeira Grande Guerra as leis começaram a impor os princí pios socialísticos.

Criou-se a assistência médica e hi giênica ao trabalhador e à gestante.

socialismo

ou

do

beneficiarismo.

Constroem-se casas para os operários,

^

nação das leis sociais existentes. Elas

tinção das classes, porque essas exis tirão sempre, como existirá sempre na vida de cada homem o período de infância, o de mocidade, o de ve

Os detalhes venceram.

;

As profissões liberais estão

O problema social, maior em nosso país que em outros, está no efeito pa-


'I

Dicesto Econômico 68

triais, em particular para a agricul tura; a reunião da agricultura e da indústria, medidas a fazer desaparecer

progressivamente a oposição entre a cidade e o campo; a educação públi ca gratuita de tôdas as crianças, com supressão, sob sua forma de então, do trabalho das crianças nas fábricas. A solução comunista do problema

da propriedade enveredou-se, portan to, para a propriedade do Estado. Para conseguir a implantação da

Não nos queremos agora referir aos demais países do mundo.

DiGiiSTo

Econômico

69

Instituiu-se o seguro de velhice, de invaudcz, de vida.

Nem nos (lUcremos deter na idéia da formação de um Direito Social au tônomo.

Queremos trazer os olhos sôbrc nos so país.

Em nosso país, avançou-se mais do que em qualquer outro.

Não SC pôs atenção no princípio de que não são as leis que organizam as

Permitiu-se a associação sindical. Criou-se a justiça trabalhista.

Afinal, veio a participação nos lu cros cias empresas.

As indenizações por acidentes e por

desdobramento, de um lado, iludindo

morte são absorvidas pelos institutos.

a massa, sem dúvida exacerbando-a;

ferro, dentro do qual o proletário fi

das emi.,rêsas, certamente eliminan do-a de colaboração. Considere-se agora o que está acon

ca encerrado sem poder sair. Dir-se-á que o proletário atualmen

nova idéia, a revolução comunista,

cia.

na formação de uma nova máquina do

Não se teve memória para lembrarque a verdade dos séculos é a de que

tecendo depois disso.

o direito se origina dos fatos.

dos fatos. Basta acentuar dois, so

com uma nova máquina.

de fatos, passou a ser um programa a

Não

nos vamos estear no exame

mente.

Devido à estabilidade o trabalhador

perde a sua capacidade de iniciativa.

se realizar.

Criou-lhe o medo de deixar o emprê-

A nova máquina seria a dos "so-

Criaram-se

viets", a que todos os homens fica riam reduzidos, a que todo o mundo

de trabalho.

Estabeleceu-se o princípio de a mo

go. Hoje um trabalhador, depois que tenha certa idade, dificilmente encon

deveria obedecer.

dalidade do trabalho ser a mais apro

tra emprego em outra empresa. O tra-

priada às 'exigências do operário e da empresa.

em virtude da estabilidade. Por outro

Jesus Cristo, porém, dissera que ha veria sempre pobres. Fôra a forma de

dizer que há distinções sociais. Mas também dissera que todo o reino, di vidido contra si mesmo, será desola do, cairá em ruinas e tôda a cidade ou família ou casa, dividida contra si niesma, não subsistirá. "Omnis civitas vel domus divisa contra se non stabit". Fôra a forma de dizer que ^

não pode haver a luta de classes.

os contratos

coletivos

balliador está ficando preso à fábrica

Concedeu-se o direito às férias re

lado, o empregador não aumenta os sa lários. Espera os dissídios coletivos. Passaram as empresas de hoje, como

muneradas depois de um ano de ser

os senhores feudais da Idade Média,

viço.

a garantirem o trabalho e a subsistên

Fixou-se o repouso remunerado aos domingos.

por

cia. Como os vassalos, os operários

despedida injusta e a estabilidade no

abdicam da sua liberdade, e quanto

emprego.

mais pedem garantias nos empregos,

Prescreveu-se

a

indenização

Autorizou-se o Contrato de traba

e quanto

mais aumento de salários

Foi assim, pelo processo da divisão,

transferência dêsse contrato para o

conseguem, mais presos ficam aos seus lugares. A inflação monetária e

que inadvertidamente o socialismo foi

sucessor na propriedade da emprêsa.

as dificuldades da produção agrícola

trazendo o mundo, preocupado com os

Estabeleceu-se o salário mínimo.

jl

1-

»

_

_

que

lho por tempo que se quisesse e a

Está-se formando um círculo de

de outro lado, despertando a reação

no dizer de Lenine, deveria Consistir

A lei, em vez de ser a consolidação

Mas, os institutos de previdência e aposentadoria não dão o salário pro metido para o afastamento do ser- . viço.

Um programa sem bases para seu

sociedades, mas os home® que as formam no trato da sua convivên

Estado, esmagando a velha. Não bas taria que uma nova classe de- homens empolgasse o poder. Seria necessário que essa nova classe dirigisse o poder

organizam-se restaurantes, erguem-se hospitais.

absorvem todos os seus ganhos.

te tem tudo quanto precisa para sua subsistência, saúde e velhice.

É uma grande ilusão. É tempo, porém, para se evitar o que está acontecendo.

A classe do

proletariado, em vez de diminuir, au-

menta.

fornecendo, continuamente, novas ava

lanches de proletários. Advogados,

i

médicos, engenheiros, dentistas, pro-

\

fessôres passam da classe média para

j

a proletária como se esta fosse uma

classe destinada à permanência inde-

J

finida dos seus elementos.

m

Não estamos propugnando a elimisão necessárias para aqueles que não possam ou não queiram sair da classe

\ j

proletária.

(

Não estamos propugnando a eliminação das empresas ou dos ricos. Ri

[

cos sempre existirão no mundo.

O que se propugna é a formação de um movimento social contínuo da pas

sagem do proletário para o burguês. O problema social não está na e.x--

detalhes, despreocupado com a reali

Reduziram-se as horas de trabalho.

O trabalhismo, que se arvora então

dade.

Proibiu-se, como regra, o trabalho noturno e o trabalho de menores de

eni campeão da proteção aos traba lhadores, procura criar os elementos

catorze anos.

de assistência. É o pleno apogeu do

lhice.

Depois da primeira Grande Guerra as leis começaram a impor os princí pios socialísticos.

Criou-se a assistência médica e hi giênica ao trabalhador e à gestante.

socialismo

ou

do

beneficiarismo.

Constroem-se casas para os operários,

^

nação das leis sociais existentes. Elas

tinção das classes, porque essas exis tirão sempre, como existirá sempre na vida de cada homem o período de infância, o de mocidade, o de ve

Os detalhes venceram.

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As profissões liberais estão

O problema social, maior em nosso país que em outros, está no efeito pa-


r

•V ^«5

Diciílsto

Econ6>iico

71

DicivíTO Econômico

70

radoxal que a legislação soCial está

nesse regime, na sua idéia primária,

produzíiiílo cie manter a casa partida,

no seu suhsfrticlum, o instrumento há

'■ omnis domus devisa contra se", for

bil para a interação das classes. Isso é diferente da utopia dc igualdade de

mando por meio das leis uma classe

proletária fechada. Está na conseqüência de se ir cer

cando a classe proletária com uma corrente de ferro sem lhe dar a es

perança de sair das suas xondiçõcs. A solução desse problema está em SC criar uma porta para a alforria do

proletário das condições de vassala-

gem em que a legislação, por forma tão inesperada, vai conduzindo os in divíduos.

classes, mesmo por<|uc igualdade dc classc.s é uma expressão sem sentido. Na relação de igualdade não existe classe, que c uma discriminação. Exis te a equivalência.

se repete constantemente. É a segu

rança que um. dá a outro para se lan

çar ná vida com coragem, confiança c

esperança. Se houver um fracasso, en contrará- apoio para não cair.

Chame-se proteção, chame-se ajutório, chame-se auxílio, chame-se esse fato cie que boa palavra se quiser, fa to é que éle existe, fato é que êle

produz resultados, fato é ciue êle pro

Esse meio foi o partido político.

ses sociais?

Consiste

o

partido

político

num

grupo de cidadãos, mais ou menos or

ganizados, cpic age como unidade po

lítica c que, pelo uso do voto, pode controlar

ou

contrastar

o

govêrno,

pode sustentar e realizar suas idéias políticas gerais.

Os partidos políticos do mundo iU"

tciro estão imliuídos dos princípios cio socialismo nas .suas variadas modali dades.

Nenhum partido, porém, tem tido a coragem de entrar, francamente, na

ação social para facilitar a vida dos

isso tudo se siga a ingratidão. O caso é que, para que não exista a dor da ingratidão, tão benemcrentc

Com aqueles princípios, conseguem atrafr as massas. Entretanto, quando

prática deve ser organizada como sis

Não SC trata cie uma preservação

da existência da sociedade, pela con tínua entrada dos elementos experimêntados do operariado para a clas se média.

_

Estamos num regime democratir CO. . . Parece que se deve procurar

Com esse esforço, o proletariado não ficará uma clas.sc estanque. Pare

tidos para a obra social do reatamen to da formação da classe burguesa? Nos partidos há um objetivo social

ce

e há um objetivo político.

irreal,

ou rendimentos.

mas

é

para

conservar os

trabalhadores nessa classe que estão

nicios para dela sair!

no re

duz prosperidade. Pouco importa que muitas vezes a

tema.

priedade

girem sua finalidade.

nova e.ssa busca.

comunistas encontraram

para conseguir a integração das clas

Na vida dos homens liá um fato que

bidoras.

gime democrático um meio para atin

Não -é idéia Os

Por f|uc o burgucsismo não toma es

o partido burguês

meios e modos para iludir as leis coi-

que seu s.ilúrio se esgote na subsis tência. paru a classe em que o ganho do trabalho possa ser aplicado cm pro

existindo os chamados partidos traba lhistas ou socialistas ou populistas. Que cada proletário considere como se acha encerrado cm sua classe sem

se mesmo instrumento de ação social

IV

.♦•Mciani sua vida, passem da classe em

que querem progredir.

parece cjuc lhes concedem vantagens,

dao-lhcs narcóticos.

Quando parece

(|ue lhes dão remédios eficazes, dãollies pílulas sein vitaminas. Enganam

o estômago, não aplacam a fome.

Põem no pão o perfume do trigo, ti

Mas, não é da natureza humana que ele ficjuc aí preso.

O estado de operário não deve ser permanente, mas transitório. Deve ser uma escola de experiên

•Por que não se aproveitar a neces sidade política da formação dos par

Predomina nos partidos políticos o objetivo político.

O social está reduzido a se arran jar para o eleitor um cargo público. Tudo muito superficial.

Para se resolver o problema social, ha de o partido assumir o enipenlio dc contribuir para o progresso de to dos os seus membros.

Formc-se, pois, com esse objetivo, o partido burguês. ^ Seu efeito social consistirá na con

cia, não a redução do homem a ser vo <la empresa. I-Iá entre o salário e a propriedade um rio das águas turvas do popuHsrao ou da demagogia.

homem de livre iniciativa. Seu efeito

Construa-se uma ponte para se pas sar de um lado para outro.

gionários. A captação dos aderentes será obra

lím uma democracia o partido polí tico jjode ser essa ponte, porque nele

contínua de todos os dias, porque to dos os dias aparecerão homens que

tínua transformação do proletário em

político consistirá na proteção da si tuação adquirida pelos seus correli

se manifestando, na ordem privada, a

pretendem apoio para seu progresso

solidariedade entre todos os seus ele

individual.

mentos, na ordem pública a sua força SC objetivará na formação de govêrno <iue também realize esses objetivos.

meio de progresso, não a estabilidade

Nas épocas de eleição os dirigentes

B^ará cia legislação do trabalho um de uma situação incompatível com êsse progresso, como atualmente está

partidários se desdobram na arregiinentaçãa cios seus eleitores. Os can

ocorrendo.

didatos p ocnram contato com os vo

guês.

tantes,

Não combate os ricos, para os eli minar, nem sc compadece dos pobres,

iDrometendo,

dando,

corrom

pendo.

Em todos os países a corrupção eleitoral pela compra de votos é um mal que se procura extirpar.

Não há melhor socialista que o bur

para os liumilhar.

Com representação no govêrno, re

ção.

As leis procuraiíi restringir essas des

O- esforço real, entretanto, é- o de se fazer qué os proletários, que assim

tirará das empresas o que é necessá rio para os ricos não oprimirem os pobres. Com ação social, ajudará os

pesas. Os partidos, porém, encontram

proletários a saírem da classe em que

ram da farinha o glúten da alimenta

Os gastos de dinheiro são enormes.


r

•V ^«5

Diciílsto

Econ6>iico

71

DicivíTO Econômico

70

radoxal que a legislação soCial está

nesse regime, na sua idéia primária,

produzíiiílo cie manter a casa partida,

no seu suhsfrticlum, o instrumento há

'■ omnis domus devisa contra se", for

bil para a interação das classes. Isso é diferente da utopia dc igualdade de

mando por meio das leis uma classe

proletária fechada. Está na conseqüência de se ir cer

cando a classe proletária com uma corrente de ferro sem lhe dar a es

perança de sair das suas xondiçõcs. A solução desse problema está em SC criar uma porta para a alforria do

proletário das condições de vassala-

gem em que a legislação, por forma tão inesperada, vai conduzindo os in divíduos.

classes, mesmo por<|uc igualdade dc classc.s é uma expressão sem sentido. Na relação de igualdade não existe classe, que c uma discriminação. Exis te a equivalência.

se repete constantemente. É a segu

rança que um. dá a outro para se lan

çar ná vida com coragem, confiança c

esperança. Se houver um fracasso, en contrará- apoio para não cair.

Chame-se proteção, chame-se ajutório, chame-se auxílio, chame-se esse fato cie que boa palavra se quiser, fa to é que éle existe, fato é que êle

produz resultados, fato é ciue êle pro

Esse meio foi o partido político.

ses sociais?

Consiste

o

partido

político

num

grupo de cidadãos, mais ou menos or

ganizados, cpic age como unidade po

lítica c que, pelo uso do voto, pode controlar

ou

contrastar

o

govêrno,

pode sustentar e realizar suas idéias políticas gerais.

Os partidos políticos do mundo iU"

tciro estão imliuídos dos princípios cio socialismo nas .suas variadas modali dades.

Nenhum partido, porém, tem tido a coragem de entrar, francamente, na

ação social para facilitar a vida dos

isso tudo se siga a ingratidão. O caso é que, para que não exista a dor da ingratidão, tão benemcrentc

Com aqueles princípios, conseguem atrafr as massas. Entretanto, quando

prática deve ser organizada como sis

Não SC trata cie uma preservação

da existência da sociedade, pela con tínua entrada dos elementos experimêntados do operariado para a clas se média.

_

Estamos num regime democratir CO. . . Parece que se deve procurar

Com esse esforço, o proletariado não ficará uma clas.sc estanque. Pare

tidos para a obra social do reatamen to da formação da classe burguesa? Nos partidos há um objetivo social

ce

e há um objetivo político.

irreal,

ou rendimentos.

mas

é

para

conservar os

trabalhadores nessa classe que estão

nicios para dela sair!

no re

duz prosperidade. Pouco importa que muitas vezes a

tema.

priedade

girem sua finalidade.

nova e.ssa busca.

comunistas encontraram

para conseguir a integração das clas

Na vida dos homens liá um fato que

bidoras.

gime democrático um meio para atin

Não -é idéia Os

Por f|uc o burgucsismo não toma es

o partido burguês

meios e modos para iludir as leis coi-

que seu s.ilúrio se esgote na subsis tência. paru a classe em que o ganho do trabalho possa ser aplicado cm pro

existindo os chamados partidos traba lhistas ou socialistas ou populistas. Que cada proletário considere como se acha encerrado cm sua classe sem

se mesmo instrumento de ação social

IV

.♦•Mciani sua vida, passem da classe em

que querem progredir.

parece cjuc lhes concedem vantagens,

dao-lhcs narcóticos.

Quando parece

(|ue lhes dão remédios eficazes, dãollies pílulas sein vitaminas. Enganam

o estômago, não aplacam a fome.

Põem no pão o perfume do trigo, ti

Mas, não é da natureza humana que ele ficjuc aí preso.

O estado de operário não deve ser permanente, mas transitório. Deve ser uma escola de experiên

•Por que não se aproveitar a neces sidade política da formação dos par

Predomina nos partidos políticos o objetivo político.

O social está reduzido a se arran jar para o eleitor um cargo público. Tudo muito superficial.

Para se resolver o problema social, ha de o partido assumir o enipenlio dc contribuir para o progresso de to dos os seus membros.

Formc-se, pois, com esse objetivo, o partido burguês. ^ Seu efeito social consistirá na con

cia, não a redução do homem a ser vo <la empresa. I-Iá entre o salário e a propriedade um rio das águas turvas do popuHsrao ou da demagogia.

homem de livre iniciativa. Seu efeito

Construa-se uma ponte para se pas sar de um lado para outro.

gionários. A captação dos aderentes será obra

lím uma democracia o partido polí tico jjode ser essa ponte, porque nele

contínua de todos os dias, porque to dos os dias aparecerão homens que

tínua transformação do proletário em

político consistirá na proteção da si tuação adquirida pelos seus correli

se manifestando, na ordem privada, a

pretendem apoio para seu progresso

solidariedade entre todos os seus ele

individual.

mentos, na ordem pública a sua força SC objetivará na formação de govêrno <iue também realize esses objetivos.

meio de progresso, não a estabilidade

Nas épocas de eleição os dirigentes

B^ará cia legislação do trabalho um de uma situação incompatível com êsse progresso, como atualmente está

partidários se desdobram na arregiinentaçãa cios seus eleitores. Os can

ocorrendo.

didatos p ocnram contato com os vo

guês.

tantes,

Não combate os ricos, para os eli minar, nem sc compadece dos pobres,

iDrometendo,

dando,

corrom

pendo.

Em todos os países a corrupção eleitoral pela compra de votos é um mal que se procura extirpar.

Não há melhor socialista que o bur

para os liumilhar.

Com representação no govêrno, re

ção.

As leis procuraiíi restringir essas des

O- esforço real, entretanto, é- o de se fazer qué os proletários, que assim

tirará das empresas o que é necessá rio para os ricos não oprimirem os pobres. Com ação social, ajudará os

pesas. Os partidos, porém, encontram

proletários a saírem da classe em que

ram da farinha o glúten da alimenta

Os gastos de dinheiro são enormes.


-WTY

f.f ^9^

Dicesto Económicc

72

a experiência lhes dá começo de pros

Manifestações altruístlcas dos pro

peridade.

prietários, constituindo

A idéia é abrir-se para o proletário uma esperança de sair de sua classe. O instrumento é o partido político

formas do socialismo, não constituem bases de partidos.

burguês. O meio é o partido favorecer a pas

sagem dos proletários para a burgue sia.

A finalidade é colocar o homem na sua condição natural de proprietário de seus bens e do uso dos seus re-

as

diversas

Constituem alas de beneméritos.

Kcabra-sc o processo histórico do burguesismo. Exerça a sua finalidade

I

Nas profundidades da revolução confiunísta Cândido Motta Filho

QUE acontece na profundidade da \'ida social se reflete, sem dinàda,

sua superfície. Com isso não quercmo.s dizer qnc há uma parto que só

de retirar continuamente da classe dos proletários os elementos para a

fica nos limites da conjetura, porque

formação ininterrupta da classe dos

sentimos realmente os efeitos dos mo

burgueses, da classe media, da class<

em suas

não mais sabem acertar o passo com a

trabalho.

da propriedade privada, que é o fato

vimentos invisí\'eis. No comunismo, por exemplo, há "uma parte de fato e parte oficial, uma parto dirigida e

A propriedade privada é a base da sociedade na qual o livre desenvolvi

fundamental contra o qual se insurge

^>nia parto insul>ordiná\'el. Esta ó uma

no mundo um outro grande partido

mento de cada um seja a condição do

íwta constante, uma provocação ao pre-

político.

cstabelccido, um clioque de divergên

Uniram-se todos os proletários do mundo c a classe proletária tem hoje

cias, fracassos, erros, violências e miscrías. Não é o "visto" mas é o "acon

suas conquistas definidas contra o ca

tecido". Não vemos esse fato, mas .sen-

iultados, dos bens que resultem do seu

hvrc desenvolvimento de todos. Não

impede que os ideais socialistas sejam realizados. Não impede que a doutri na dos Evangelhos seja atendida. Nos Evangelhos a propriedade privada é

admitida e a forma de usá-la e pre

conizada. Em tôrno da propriedade tudo tem girado. Pouco importa subs tancialmente, que o Estado aumen te sua interferência na propriedade privada. Assentada na psicologia hu mana como um direito essencial do homem, espera-se a organização que reate a introdução dos' homens na classe dos proprietários.

nova concepção do homem, tudo isso perdo em significação e a vida se tor na insuportável. Mas, os sinais da an

dos arranjados, com base no respeito

pital.

Unam-se os burgueses para favore cer a passagem do proletariado para o burguesismo.

Constitua-se o partido burguês o

instrumento da realização da esperan ça cie o proletário ter o que seja seu. Quer queiram, quer não, a palavra burguês significa na História do mun do cinco pontos: liberdade, proprie dade, prosperidade, segurança, resis

timo.s nos seus reflexos ou suportamos nas suas conseqüências. Mas, além dis

so, há, para confirmá-la, as indiscrições

impensadas e, principalmente, a de núncia dos desertores. Não há dúvida nue esta sempre traz a marca de uma

explicável suspeição. Más, mesmo com

^ deturpação dos suspeitos, há elemen tos qne nos levam até às margens da Verdade.

As opiniões desencontradas sobre os

«depoimentos de Artur Koestler, Ignade, Louis Fischer o Stephcn Spender,

tiga convivência não desaparecem. Se

rão êles estrangeiros daí por diante. Aquêles que fizeram o seu ser\iço mi litar no comunismo, que obedeceram à sua severa disciplina e acreditaram incomensurá\'eis

promessas,

burguesia, Esta ó conciliudora e cética e possui

uma visão restrita da rida, que é sò-

niente aquela que êle vive, escorada num passado cultivado e nos hábitos das coisas consagradas. E êles são ho mens ambiciosos e que acreditam, não

se conformando com as regras do ha

bitual. Não se adaptam, pois, nem lá, nem cá. E' isso o que Raymond Aron denomina "a fidelidade dos apóstatas". Fazemos e.xceção a Gide, que re

presenta, no grupo de intelectuais re negados, um papel especial. O comu nismo de Gide foi um namôro fora do

tempo, de um solteirão político. O co munismo nele não aparece como uma

Formam-se os partidos com segu rança quando a idéia que propugnem seus membros não possa ter duas fa ces. Assim a questão da propriedade. Não pode ter duas faces. Ou se é pe la livre propriedade, ou se é pelo mo

tência à opressão.

^•lo Silone, Richard Wriglit, André Gi-

Formem, pois, êsses cinco pontos, o ambiente dentro do qual se realize, pelo Partido Burguês, a aspiração ou

concIus<ão lógica de uma longa rida,

reunidos em volume, não impedem que neles se veja um dos aspectos mais ex

mantida "sub specie" literária.

a máxima razão do movimento que

pressivos da revolução comunista.

quo equilibrara o seu espírito dentro da

nopólio da propriedade pelo Estado.

mação do proletário em burguês.

está faltando no mundo: a transfor

Antes de mais nada, devemos consi

mas como o desvio de uma coerência Sendo, acima de tudo, um escritor

derar como é delicada a situação dês-

influência protestante e, ao mesmo tempo, da influência cética de Anatole

ses apóstatas. Êles não trocaram apenas

Franco, defendeu Gide, continuada-

do partido. Não largaram só uma opi

mente, a posição do escritor como ho

nião por outra. Foram muito além e

mem marginal. Sendo, antes do mais, um fervoroso

se naturalizaram cidadãos de um su

posto país das maravilhas. De repente, para êles, que estavam amoldados a uma

crente da literatura, Gide poderia as sumir as mais perigosas atitudes lite-


-WTY

f.f ^9^

Dicesto Económicc

72

a experiência lhes dá começo de pros

Manifestações altruístlcas dos pro

peridade.

prietários, constituindo

A idéia é abrir-se para o proletário uma esperança de sair de sua classe. O instrumento é o partido político

formas do socialismo, não constituem bases de partidos.

burguês. O meio é o partido favorecer a pas

sagem dos proletários para a burgue sia.

A finalidade é colocar o homem na sua condição natural de proprietário de seus bens e do uso dos seus re-

as

diversas

Constituem alas de beneméritos.

Kcabra-sc o processo histórico do burguesismo. Exerça a sua finalidade

I

Nas profundidades da revolução confiunísta Cândido Motta Filho

QUE acontece na profundidade da \'ida social se reflete, sem dinàda,

sua superfície. Com isso não quercmo.s dizer qnc há uma parto que só

de retirar continuamente da classe dos proletários os elementos para a

fica nos limites da conjetura, porque

formação ininterrupta da classe dos

sentimos realmente os efeitos dos mo

burgueses, da classe media, da class<

em suas

não mais sabem acertar o passo com a

trabalho.

da propriedade privada, que é o fato

vimentos invisí\'eis. No comunismo, por exemplo, há "uma parte de fato e parte oficial, uma parto dirigida e

A propriedade privada é a base da sociedade na qual o livre desenvolvi

fundamental contra o qual se insurge

^>nia parto insul>ordiná\'el. Esta ó uma

no mundo um outro grande partido

mento de cada um seja a condição do

íwta constante, uma provocação ao pre-

político.

cstabelccido, um clioque de divergên

Uniram-se todos os proletários do mundo c a classe proletária tem hoje

cias, fracassos, erros, violências e miscrías. Não é o "visto" mas é o "acon

suas conquistas definidas contra o ca

tecido". Não vemos esse fato, mas .sen-

iultados, dos bens que resultem do seu

hvrc desenvolvimento de todos. Não

impede que os ideais socialistas sejam realizados. Não impede que a doutri na dos Evangelhos seja atendida. Nos Evangelhos a propriedade privada é

admitida e a forma de usá-la e pre

conizada. Em tôrno da propriedade tudo tem girado. Pouco importa subs tancialmente, que o Estado aumen te sua interferência na propriedade privada. Assentada na psicologia hu mana como um direito essencial do homem, espera-se a organização que reate a introdução dos' homens na classe dos proprietários.

nova concepção do homem, tudo isso perdo em significação e a vida se tor na insuportável. Mas, os sinais da an

dos arranjados, com base no respeito

pital.

Unam-se os burgueses para favore cer a passagem do proletariado para o burguesismo.

Constitua-se o partido burguês o

instrumento da realização da esperan ça cie o proletário ter o que seja seu. Quer queiram, quer não, a palavra burguês significa na História do mun do cinco pontos: liberdade, proprie dade, prosperidade, segurança, resis

timo.s nos seus reflexos ou suportamos nas suas conseqüências. Mas, além dis

so, há, para confirmá-la, as indiscrições

impensadas e, principalmente, a de núncia dos desertores. Não há dúvida nue esta sempre traz a marca de uma

explicável suspeição. Más, mesmo com

^ deturpação dos suspeitos, há elemen tos qne nos levam até às margens da Verdade.

As opiniões desencontradas sobre os

«depoimentos de Artur Koestler, Ignade, Louis Fischer o Stephcn Spender,

tiga convivência não desaparecem. Se

rão êles estrangeiros daí por diante. Aquêles que fizeram o seu ser\iço mi litar no comunismo, que obedeceram à sua severa disciplina e acreditaram incomensurá\'eis

promessas,

burguesia, Esta ó conciliudora e cética e possui

uma visão restrita da rida, que é sò-

niente aquela que êle vive, escorada num passado cultivado e nos hábitos das coisas consagradas. E êles são ho mens ambiciosos e que acreditam, não

se conformando com as regras do ha

bitual. Não se adaptam, pois, nem lá, nem cá. E' isso o que Raymond Aron denomina "a fidelidade dos apóstatas". Fazemos e.xceção a Gide, que re

presenta, no grupo de intelectuais re negados, um papel especial. O comu nismo de Gide foi um namôro fora do

tempo, de um solteirão político. O co munismo nele não aparece como uma

Formam-se os partidos com segu rança quando a idéia que propugnem seus membros não possa ter duas fa ces. Assim a questão da propriedade. Não pode ter duas faces. Ou se é pe la livre propriedade, ou se é pelo mo

tência à opressão.

^•lo Silone, Richard Wriglit, André Gi-

Formem, pois, êsses cinco pontos, o ambiente dentro do qual se realize, pelo Partido Burguês, a aspiração ou

concIus<ão lógica de uma longa rida,

reunidos em volume, não impedem que neles se veja um dos aspectos mais ex

mantida "sub specie" literária.

a máxima razão do movimento que

pressivos da revolução comunista.

quo equilibrara o seu espírito dentro da

nopólio da propriedade pelo Estado.

mação do proletário em burguês.

está faltando no mundo: a transfor

Antes de mais nada, devemos consi

mas como o desvio de uma coerência Sendo, acima de tudo, um escritor

derar como é delicada a situação dês-

influência protestante e, ao mesmo tempo, da influência cética de Anatole

ses apóstatas. Êles não trocaram apenas

Franco, defendeu Gide, continuada-

do partido. Não largaram só uma opi

mente, a posição do escritor como ho

nião por outra. Foram muito além e

mem marginal. Sendo, antes do mais, um fervoroso

se naturalizaram cidadãos de um su

posto país das maravilhas. De repente, para êles, que estavam amoldados a uma

crente da literatura, Gide poderia as sumir as mais perigosas atitudes lite-


"W

Dicesto Econômico

7o

VicKsro Econónhco

74

A União So\iélica ora "o outro la

rárias, sem jamais se contaminar com os assuntos políticos.

Aconteceu, porém, que, quando sua \'ida dcixav;f os fer\ores da mocidadc, com scvis .sonhos e pecados, veio a

crificios inauditos.

que cru, sem sinal algum na sua alma. Por isso,

numa conferência cm O.v-

ford, cni 1947,

lembra os verso.s dc

do *, isto é, a possibilidade de uma ciEra um novo

nulagrc asiático. Num país com popu

cial c, com ela, as injustiças visíveis. E

Gide pensou então em reno\ar as fon

contra o passado que a União Sü\'iclica

tes de suas c.speranças. A sua obra,

representava fôra uma monstruosidade.

^'isão dêxs.sc conj'unto, dc uma grandiosidado espantosa, as particularidades

feita de serenidade o bom gõ.sto, mos-

E tranqüilamente

f c.saparccium.

lra\'a, entretanto, que èlc em nada se

asscmelliava a Voltaire, homem dotado de uma malícia torrencial e combativa.

concluir a sua aventura, dizendo : —

poderosa indústria pesada, a colctiviza-

"Não sei, cm país algum do mundo,

Gide, para discordar,

Vuo da agricultura, a socializíição dos iiicios de produção, a racionalização do

onde o espírito esteja tão escravizado,'

tosas, os aspectos trágicos da cri.se so

precisava con

cordar com alguma coi.sa,

compreendida

para .sair desse mun

elo mesmo criara. A

União So-

i

o comunis

mentara até então se

sete anos na luta den tro do Partido Comu

Kocstler

esteve

nista. Ignuzio Silonc estê\'o nêlc quase dez anos. Louis

Fischer

indivíduo estava na

chegou a lutar ao laúo

renúncia do indivi

dos

história, estrada que todos os países c todas as naçõe.s devem percorrer". Confessava, porém, que iicão era

Marx que o conduzira ao comunismo, mas os acontecimentos desumanos e as

injustiças. Vendo a União Soviética dc perto, decepcionou-se. O que tinha diante dos olhos era uma máquina de tríturação humana, uma religião de sa-

comunistas

na

guerra da Espanha.

científicos c de cultura, faziam dc Stn-

. lin, como diz Aron, "O Pedro, o Granflc, da idade industrial". E que esses intelectuais desiludidos

liam Marx 'numa linguagem européia, própria dc uma civilização multissecular. O que ôlcs viam cm Mar.x era a "re beldia" e não a "ortodoxia".. Todos cies, como Nicolau Berdiaeff, tentavam, nus questões sociais,

cónciliar o idea

Stcphcn Spcnder era

lismo com o marxismo".

um inscrito tido.

mente subvertido pela decadência filo

ficrvía para abrir caminhos. Além disso, não partiam êlcs, com a massa domi nante do Partido Comunista, da in-

sófica, o marxismo representava, para

cultura para a disciplina ' bolchevista,

êles, uma afirmação de vida. Condu

da inocência do desconhecimento para us ordens sagradas do Coniinform. •

se para a Rússia So

"gloriosamente na estrada mestra da

trabalho, a capacidade dos dirigentes, n organízaçao política, a ordem consti

associações profissionais, os institutos

decompunha

viética, que ele via como um paraíso distante. Para ôlc, com a falência do Cristianismo, só res tava a União Soviética, que se colocou

A construção de uma

viveram o comunismo,

liberdade que experi

dualismo". E voltou-

Na

Ihadores, os sovíets, o sindicalismo." as

mo.

de seus ollios. Depois dc 1930, podia escre ver que "o triunfo do

onorinc cli- raças e cie línguas, orguiaso uma construção incomparávcl.

Os outros, porém, .sofreram

diante

lação apro.xiinada dc duzentos milhões fio habitantc.s, com uma variedade

tucional, baseada no direito dos Iraba-

\iética"J

de apoio

do sem paredes que

a Alemanha dc llitler, como na

precisava de

um ponto

o velho Cide pôde

no Par

Num mundo complexo e cultural

zia, com sua crítica segura c o seu construtivísmo científico, a huinanída-

do para carater

o verdadeiro socialismo. dialético do

O

desenvolvimento

da sociedade iria impor o fim da ex ploração do homem pelo homem. Ha veria D "humanismo real", Marx se referia, em 1844.

a que

complexos do mandsmo, procurou tam bém fazer ver a Berdiaeff que não era

viIizíi(,-ao autêntica, com o -direito re- . possível ser marxista e adotar uma fi

conhecido para todos.

Virgílio, que descre\c Eneas fugindo das chamas de Tróia, carregando nos ombros o seu \elho pai... Ês.se é, pa ra Gide, o próprio passado. A rebeldia

guerra de 1914, suas revelações espan

í

E \'oUou a .ser o

O marxismo

Explicando a sua conduta, Bardiacff

recorda as discussões que tinha com Lounatcbarski, que fóra seu camarada de mocidadc, que sustentava a subor dinação do pensamento à luta de clas ses. Pleknanov, que foi inegàvclmcntc um grande estudioso dos aspectos mais

losofia idealista independente. Mas foi o que aconteceu. Êsse gru po a,ceita\"a o marxismo mesclado com

idealismo e a re\olução nas suas con quistas definitivas e não em seus pro

cessos. É bem possível que baja ou tros moti\os, mas todos èks decorren

tes desse maior. Mesmo que alguns ou todos èsscs hereges fôssem traidores, "vendidos ao capitalismo americano", 'agentes provocadores do imperialismo ocidental", mesnío assim o que nèlcs pro\'ocou a ruptura foi o èrro de ava

liação, a repulsa que lhes causou a rea lidade," a impress.io de uma tragédia brutal, que tiansforma\a o l-.üinem cm homem-peça. Enquanto viveram as exterioriz;içües, tudo muito bem. A novidade os encan tava, a aventura tinha um certo sabor

quo os entusiasmava. Mas, dejjois, a

máquina de compressão se movimen tou e nela todos viram a tragérlia fria

do herói de ÍCoestlcr, aquele Roubachof, "que se educou na ignorância do subjetivo".

Viram e sentiram a fúria implacável da destruição humana c a sede inosgotá\'el dos deuses, numa atmosfera de constantes mistificaç-ões.

Silone,

na

edição francesa de seu depoimento, I(Mubra um téxto de Dante: — "não se

p^msa no .sangue quo corro".

Os bolchevistas pensam, os dirigen tes do Partido Comunista pensam. Para éles, o sangue é irece.ssájio, como o foi pura Robcspicrro. Basta pòr em reparo como o proble

ma da morte na União Soviética apa vorou os renegados. No bolcbevismp a

morte perde seu sentido religioso ou


"W

Dicesto Econômico

7o

VicKsro Econónhco

74

A União So\iélica ora "o outro la

rárias, sem jamais se contaminar com os assuntos políticos.

Aconteceu, porém, que, quando sua \'ida dcixav;f os fer\ores da mocidadc, com scvis .sonhos e pecados, veio a

crificios inauditos.

que cru, sem sinal algum na sua alma. Por isso,

numa conferência cm O.v-

ford, cni 1947,

lembra os verso.s dc

do *, isto é, a possibilidade de uma ciEra um novo

nulagrc asiático. Num país com popu

cial c, com ela, as injustiças visíveis. E

Gide pensou então em reno\ar as fon

contra o passado que a União Sü\'iclica

tes de suas c.speranças. A sua obra,

representava fôra uma monstruosidade.

^'isão dêxs.sc conj'unto, dc uma grandiosidado espantosa, as particularidades

feita de serenidade o bom gõ.sto, mos-

E tranqüilamente

f c.saparccium.

lra\'a, entretanto, que èlc em nada se

asscmelliava a Voltaire, homem dotado de uma malícia torrencial e combativa.

concluir a sua aventura, dizendo : —

poderosa indústria pesada, a colctiviza-

"Não sei, cm país algum do mundo,

Gide, para discordar,

Vuo da agricultura, a socializíição dos iiicios de produção, a racionalização do

onde o espírito esteja tão escravizado,'

tosas, os aspectos trágicos da cri.se so

precisava con

cordar com alguma coi.sa,

compreendida

para .sair desse mun

elo mesmo criara. A

União So-

i

o comunis

mentara até então se

sete anos na luta den tro do Partido Comu

Kocstler

esteve

nista. Ignuzio Silonc estê\'o nêlc quase dez anos. Louis

Fischer

indivíduo estava na

chegou a lutar ao laúo

renúncia do indivi

dos

história, estrada que todos os países c todas as naçõe.s devem percorrer". Confessava, porém, que iicão era

Marx que o conduzira ao comunismo, mas os acontecimentos desumanos e as

injustiças. Vendo a União Soviética dc perto, decepcionou-se. O que tinha diante dos olhos era uma máquina de tríturação humana, uma religião de sa-

comunistas

na

guerra da Espanha.

científicos c de cultura, faziam dc Stn-

. lin, como diz Aron, "O Pedro, o Granflc, da idade industrial". E que esses intelectuais desiludidos

liam Marx 'numa linguagem européia, própria dc uma civilização multissecular. O que ôlcs viam cm Mar.x era a "re beldia" e não a "ortodoxia".. Todos cies, como Nicolau Berdiaeff, tentavam, nus questões sociais,

cónciliar o idea

Stcphcn Spcnder era

lismo com o marxismo".

um inscrito tido.

mente subvertido pela decadência filo

ficrvía para abrir caminhos. Além disso, não partiam êlcs, com a massa domi nante do Partido Comunista, da in-

sófica, o marxismo representava, para

cultura para a disciplina ' bolchevista,

êles, uma afirmação de vida. Condu

da inocência do desconhecimento para us ordens sagradas do Coniinform. •

se para a Rússia So

"gloriosamente na estrada mestra da

trabalho, a capacidade dos dirigentes, n organízaçao política, a ordem consti

associações profissionais, os institutos

decompunha

viética, que ele via como um paraíso distante. Para ôlc, com a falência do Cristianismo, só res tava a União Soviética, que se colocou

A construção de uma

viveram o comunismo,

liberdade que experi

dualismo". E voltou-

Na

Ihadores, os sovíets, o sindicalismo." as

mo.

de seus ollios. Depois dc 1930, podia escre ver que "o triunfo do

onorinc cli- raças e cie línguas, orguiaso uma construção incomparávcl.

Os outros, porém, .sofreram

diante

lação apro.xiinada dc duzentos milhões fio habitantc.s, com uma variedade

tucional, baseada no direito dos Iraba-

\iética"J

de apoio

do sem paredes que

a Alemanha dc llitler, como na

precisava de

um ponto

o velho Cide pôde

no Par

Num mundo complexo e cultural

zia, com sua crítica segura c o seu construtivísmo científico, a huinanída-

do para carater

o verdadeiro socialismo. dialético do

O

desenvolvimento

da sociedade iria impor o fim da ex ploração do homem pelo homem. Ha veria D "humanismo real", Marx se referia, em 1844.

a que

complexos do mandsmo, procurou tam bém fazer ver a Berdiaeff que não era

viIizíi(,-ao autêntica, com o -direito re- . possível ser marxista e adotar uma fi

conhecido para todos.

Virgílio, que descre\c Eneas fugindo das chamas de Tróia, carregando nos ombros o seu \elho pai... Ês.se é, pa ra Gide, o próprio passado. A rebeldia

guerra de 1914, suas revelações espan

í

E \'oUou a .ser o

O marxismo

Explicando a sua conduta, Bardiacff

recorda as discussões que tinha com Lounatcbarski, que fóra seu camarada de mocidadc, que sustentava a subor dinação do pensamento à luta de clas ses. Pleknanov, que foi inegàvclmcntc um grande estudioso dos aspectos mais

losofia idealista independente. Mas foi o que aconteceu. Êsse gru po a,ceita\"a o marxismo mesclado com

idealismo e a re\olução nas suas con quistas definitivas e não em seus pro

cessos. É bem possível que baja ou tros moti\os, mas todos èks decorren

tes desse maior. Mesmo que alguns ou todos èsscs hereges fôssem traidores, "vendidos ao capitalismo americano", 'agentes provocadores do imperialismo ocidental", mesnío assim o que nèlcs pro\'ocou a ruptura foi o èrro de ava

liação, a repulsa que lhes causou a rea lidade," a impress.io de uma tragédia brutal, que tiansforma\a o l-.üinem cm homem-peça. Enquanto viveram as exterioriz;içües, tudo muito bem. A novidade os encan tava, a aventura tinha um certo sabor

quo os entusiasmava. Mas, dejjois, a

máquina de compressão se movimen tou e nela todos viram a tragérlia fria

do herói de ÍCoestlcr, aquele Roubachof, "que se educou na ignorância do subjetivo".

Viram e sentiram a fúria implacável da destruição humana c a sede inosgotá\'el dos deuses, numa atmosfera de constantes mistificaç-ões.

Silone,

na

edição francesa de seu depoimento, I(Mubra um téxto de Dante: — "não se

p^msa no .sangue quo corro".

Os bolchevistas pensam, os dirigen tes do Partido Comunista pensam. Para éles, o sangue é irece.ssájio, como o foi pura Robcspicrro. Basta pòr em reparo como o proble

ma da morte na União Soviética apa vorou os renegados. No bolcbevismp a

morte perde seu sentido religioso ou


Dicesto EcoNÓ^^co

76

metafísico. Não é mais a ra/üo da an

lutionnairc par scienco, mais par indig-

gústia humana, o que só se explica na

nation".

decadência capitalista. A morte vive ao

revolucioná

pulso fundamental dos comunistas, diz Spcnder, sc dirige na aplicação da teo ria à realidade. Os comunistas vivem

sabor da conveniência. A morte é útil

rios por indignação. Silonc conta vá

felizes num estado de graça lüstórico-

c! por isso está a serviço do Partido

rios casos, que provocaram a sua aver

rriateríalista que, ao invés de fazê-los

Comunista c da razão de Estado. Na

são pela ordem consliluída.

Rússia não se mata pelo prazer de ma

tar, mas pelo prazer de vi\er. Quando

Dizia-lhe sua mãe,

Ver as árvores e não o bosque, fazem-

clepoi.s de um

julgamento tremendamente injusto: —

alguém perturba a circulação dos inte resses soviéticos e as ordens de sua po

"Figlío mio, quando sarai grande, fa tutto qucllo clic ti pare, ma non il giu-

derosa burocracia, não tem outro re

díco".

médio senão morrer, o que significa cair "na inatividade histórica". . . Pro

uma criação do demônio — roubo, ca-

priamente até um homem não morre, porque se acha em erro, mas é "fisica mente suprimido".

Para os dirigentes do Partido Comu nista a revolução é uma unidade. Ela

*

Todos cios -SC fizeram

Digesto Econômico

não vê senão o conjunto, a execução do pbno, e os vivos e os mortos servem esse plano. A oposição morrendo e os fiéis vivendo. Pierre Unik cita a Ôsse respeito. Saint Juste: - "um patriota é o que sustenta a República em mas

sa; aquele que a combate em seu por-

O Estado aparecia-lhc

como

morra, privilégio.

Kdestler partiu também do mesmo impulso, "Convcrli-mc, diz ele, porque vivia numa sociedade cm decomposi ção e .som fé". Quando entrou no Par

tido, em 1931, estava cheio de esperan ça c de curiosidade. Mas, logo vieram

so matou tantos

da justiça em oportunidade, o porme

mo a libertação racial havia !

Louis

vação do homem. Depois, como con

fessou, viu que o argumento decisivo na comédia política lançado do Krem

nal em violência.

lin, era a pistola da G.P.U. I Stephen

Todos êles são revolucionários oci dentais, de tipo ético, que vê no socia

Spcnder, que foi membro do Partido Comunista inglês, caiu logo na descon fiança. A sua indignação era burgue

lismo o remédio para as diferenças so l«iu-Ponty: "On ne devient pas révo-

necessidade, como nos regimes bur gueses, de torcer a lei para o govêmo

Fischer, que conheceu uma Europa de solada, volta-se para o país dos Soviets como que para onde surgia a sal

nor da transformação da política racio

ciais. Calha aqui a afirmação de Mer-

comunistas de todo o mundo. Não ha-

como na

comunista por indignação. Despertou para a vida como criança abandonada. A Rússia Soviética era a libertação so cial o a libertação racial. Mas verifi cou, no trato do Partido, que nem mes

esses intelectuais recuassem, o porme

política era tão necessária na defesa Revolução, quanto ao trabalho dos

revolucionários e se

atirou tantos á escravidão,

Mas, o "pormenor" se reveste de uma grandeza trágica que o fanatismo político não percebe, como aquele Ga-

nor da destruição do homem como in divíduo, o pormenor da transformação

^ns as violências e e.xcessos. A polícia

deprimi-lo as desconfianças e, cm se

Rússia I" Richard Wrígth foi também

xnclín do romance de Anatole France

Tomaram-so todos assim figuras importunas e incômodas. Apareceram co rno espiões burgueses, cheios de per guntas c de indiscrições. O plano do eonjunto justificava, para o Partido, tô-

guida, os espetáculos, c por fim a sub serviência, cm nome da disciplina : — "Em nenhuma época, em nenhum país

menor é um traidor".

"Les dieux ont soif". E foi principal mente o "pormenor" que fez com que

nos ver o bosque e não as árvores."

\

sa. O seu idealismo também. Por isso

se perdia nas particularidades. "O im-

'"A'».'-: .'\

77

não se contrariar. Bastava a coexistên

cia das fôrços de domínio dos dirigen tes soviéticos, para quem "o poder tem sempre razão".

Egressos de uma atmosfera inquietante

e

noturna, êsses

intelectuais

abrem, por alguns instantes, os abis mos da revolução comunista, onde sc

perdem os gritos inúteis da justiça fe rida. Êles pleiteavam, na sofreguidão de seus primeiros impulsos, a existência do um regime onde, em lugar do cres cimento da máquina industrial, hou vesse realmente

unia mudança

mais

humana e mais justa nas relações entre os homens. Mas isso não aconteceu.


Dicesto EcoNÓ^^co

76

metafísico. Não é mais a ra/üo da an

lutionnairc par scienco, mais par indig-

gústia humana, o que só se explica na

nation".

decadência capitalista. A morte vive ao

revolucioná

pulso fundamental dos comunistas, diz Spcnder, sc dirige na aplicação da teo ria à realidade. Os comunistas vivem

sabor da conveniência. A morte é útil

rios por indignação. Silonc conta vá

felizes num estado de graça lüstórico-

c! por isso está a serviço do Partido

rios casos, que provocaram a sua aver

rriateríalista que, ao invés de fazê-los

Comunista c da razão de Estado. Na

são pela ordem consliluída.

Rússia não se mata pelo prazer de ma

tar, mas pelo prazer de vi\er. Quando

Dizia-lhe sua mãe,

Ver as árvores e não o bosque, fazem-

clepoi.s de um

julgamento tremendamente injusto: —

alguém perturba a circulação dos inte resses soviéticos e as ordens de sua po

"Figlío mio, quando sarai grande, fa tutto qucllo clic ti pare, ma non il giu-

derosa burocracia, não tem outro re

díco".

médio senão morrer, o que significa cair "na inatividade histórica". . . Pro

uma criação do demônio — roubo, ca-

priamente até um homem não morre, porque se acha em erro, mas é "fisica mente suprimido".

Para os dirigentes do Partido Comu nista a revolução é uma unidade. Ela

*

Todos cios -SC fizeram

Digesto Econômico

não vê senão o conjunto, a execução do pbno, e os vivos e os mortos servem esse plano. A oposição morrendo e os fiéis vivendo. Pierre Unik cita a Ôsse respeito. Saint Juste: - "um patriota é o que sustenta a República em mas

sa; aquele que a combate em seu por-

O Estado aparecia-lhc

como

morra, privilégio.

Kdestler partiu também do mesmo impulso, "Convcrli-mc, diz ele, porque vivia numa sociedade cm decomposi ção e .som fé". Quando entrou no Par

tido, em 1931, estava cheio de esperan ça c de curiosidade. Mas, logo vieram

so matou tantos

da justiça em oportunidade, o porme

mo a libertação racial havia !

Louis

vação do homem. Depois, como con

fessou, viu que o argumento decisivo na comédia política lançado do Krem

nal em violência.

lin, era a pistola da G.P.U. I Stephen

Todos êles são revolucionários oci dentais, de tipo ético, que vê no socia

Spcnder, que foi membro do Partido Comunista inglês, caiu logo na descon fiança. A sua indignação era burgue

lismo o remédio para as diferenças so l«iu-Ponty: "On ne devient pas révo-

necessidade, como nos regimes bur gueses, de torcer a lei para o govêmo

Fischer, que conheceu uma Europa de solada, volta-se para o país dos Soviets como que para onde surgia a sal

nor da transformação da política racio

ciais. Calha aqui a afirmação de Mer-

comunistas de todo o mundo. Não ha-

como na

comunista por indignação. Despertou para a vida como criança abandonada. A Rússia Soviética era a libertação so cial o a libertação racial. Mas verifi cou, no trato do Partido, que nem mes

esses intelectuais recuassem, o porme

política era tão necessária na defesa Revolução, quanto ao trabalho dos

revolucionários e se

atirou tantos á escravidão,

Mas, o "pormenor" se reveste de uma grandeza trágica que o fanatismo político não percebe, como aquele Ga-

nor da destruição do homem como in divíduo, o pormenor da transformação

^ns as violências e e.xcessos. A polícia

deprimi-lo as desconfianças e, cm se

Rússia I" Richard Wrígth foi também

xnclín do romance de Anatole France

Tomaram-so todos assim figuras importunas e incômodas. Apareceram co rno espiões burgueses, cheios de per guntas c de indiscrições. O plano do eonjunto justificava, para o Partido, tô-

guida, os espetáculos, c por fim a sub serviência, cm nome da disciplina : — "Em nenhuma época, em nenhum país

menor é um traidor".

"Les dieux ont soif". E foi principal mente o "pormenor" que fez com que

nos ver o bosque e não as árvores."

\

sa. O seu idealismo também. Por isso

se perdia nas particularidades. "O im-

'"A'».'-: .'\

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não se contrariar. Bastava a coexistên

cia das fôrços de domínio dos dirigen tes soviéticos, para quem "o poder tem sempre razão".

Egressos de uma atmosfera inquietante

e

noturna, êsses

intelectuais

abrem, por alguns instantes, os abis mos da revolução comunista, onde sc

perdem os gritos inúteis da justiça fe rida. Êles pleiteavam, na sofreguidão de seus primeiros impulsos, a existência do um regime onde, em lugar do cres cimento da máquina industrial, hou vesse realmente

unia mudança

mais

humana e mais justa nas relações entre os homens. Mas isso não aconteceu.


- «r

Drr.RsTo Econômico

A HABITABILIDADE DOS TROPICOS PlMKNTKL GoMKS

do Pierro Goiirou, do Collcgc do Franco; poi.s a evaporação é bem mais rápida". As incertezas dc Courou se denun

ciam pela III

79

sua definição do trópicx)

lániido. Êlc não sabe se a média do mês

mai.s frio devem ser 18 ou 20 graus.

mas com 700, I.OOO, 1.500, 2.000 c mais milímetros de chuvas anuais.

Bem mais científica é a classificação

que o meteorologista brasileiro Salomao Screbrenick fêz para o nosso país: clima superúmido, precipitação superior a

"Tm artigos anteriores, examinei os solos

mas que SC ponon cn -l-l y 45, cilando-se

^o as temperaturas dos trópicos, com-

cn c'l ano 1881 Ia máxima absoluta de

Ha uma diferença muito grande entre os dois números. Aplicando-se ao nos

parando-os com os das regiões tempe

50 a Ia sombra, casi increiblc para un

so caso o segundo número, a área dc

radas. Procurei mostrar que IiA, por toda

país curopeo". Não há fato semelhan

parte do globo, em maior ou menor escala, solos ricos, sofríveis o pobres.

te 110 Brasil.

clima temperado, no Brasil, é imensa. Guaramiranga, no Ceará, por exemplo, tem três meses do ano com tempera tura média inforior a 20 graus — ju^bo, julho e agosto. Tem sete íneses

(irido, precipitação anual compreendi

com temperatura média entre 20 e 20,8 — fevereiro, março, abrilj maio, se

que acontece nos Estados Unidos, Mc-

Ademais, os agrônomos especialistas acre ditam poder corrigir c traballiar econò-

micamente os solos tropicais que neces sitem de correção. O pit baixo, isto é,

a acidcz do solo, não é um privilégio tropical, como há quem acredite. So

tores vários, como altitude o ventos, con

correm para que se tenha um clima muito mais suave do que se poderia es perar, considerando-se apenas a latitude. Examinenio.s, hoje, outros fatòrcs que me parecem importantes.

los ácidos existem nos países tempera dos e frios, e nem todos os solos tropicaif. são ácidos. Ademais, há culturas

que preferem solos ácidos. Quando à temperatura, estudando principalmente o

caso brasileiro, é proci.so considerar que não depende exclusivamente da latitude.

A altitude, as correntes marítimas, a-pre sença ou ausência do mar, o regime dos ventos, têm ação sobre a tempera tura, modificando-a consideravelmente e, não raro, quase anulando os efeitos da latitude. O equador térmico não coincide com o equador geográfico. Na América do Sul, passa nas costas da Colômbia e Venezuela. E as maiores máximas absolutas não se encontram en tre os trópicos. Nem mesmo as maiores

médias mensais. "Según Ias obscrva£Íones recogidas en Ia estación meteo

rológica de Sevília, - escreve o geógra fo espanhol Leonardo Martín Echeverria em "Espafia, ei País y los habitan tes'" - Ia média de los meses de julio y

agosto es de cerca de 30 y casi todos los veranos se registran maximas extre ,1.

^

..r

Aliás, cm nosso país, fa

Begimc pluvial

tembro, outubro e novembro.

Muitos

municípios nordestinos têm, pelo menos *^^'1 parte de sua área, clima semelhante,

Courou, o inefável Pierro Courou.

professor do "Collegc de Franco" — há visível degringolar da Europa — tcin um modo todo .seu para classificar o-s trópicos úmidos.

Diz ôlc em "Um

programa geográfico de experimentações o de pesquisas em zona tropical": "As regiões tropicais são, para mim, aque

las em que a temperatura média do

^õo, portanto, temperados, dc acordo <-"Om a definição folgada dc Courou.

A classificação dc Kõppen, universal mente risada, têm a rigidez que só a

Verdadeira ciência pode dar. Natural mente não concorda com a classifica

ção pitoresca de Gourou. Quanto à umidade, considerc'\r tro-

nies mais frio não desce abaixo de

pieo úmido o que recebo até 700

a 20 graus centígrados, c em que aS

milímetros

chuvas anuais são bastante abundan

«anuais

tes para favorecer uma agricultura que dispensa irrigação; êste mínimo corres

vézes mais, não parece

ponde a 700 ou 800 milímetros por

ano .

Seguem-se outros períodos re

pletos de incertezas. O sr. Luís Amaral, em "Outro Brasil", adota a definição

de Goiirou, polo menos quanto à phiviosidade: "Há princípio científico apro veitável aqui, como aferidor: em ge

ral, a agricultura exige o mínimo de

1.900 mm; úmido, precipitação anual compreendida entre 1.300 e 1.900 mm; scvii-úmido, precipitação anual com preendida entre 600 c 1.300 mm; scmida entre 250 e 600. Não temos climas

áridos, isto é, com precipitações inferio res a 250 milímetros, o cbntrário do •xico, Peru, Chile, Argentina...

Há, porém, a fónrmla de aridez dc Martonnc, muito empregada para fins agrícolas depois de ligeiramente modi ficada pelo agrônomo argentino Conti, em "El Água en Ia Agricultura". Uma pliiviosidade de 700 milímetros, sob uma

temperatura média anual de 26 graus, corresponde a um índice 19 de aridez. A vegetação .de tal zona é "a savana com pastos nuiis abundantes, às \êzes

com iírvores, zona apta parã o pas toreio, agricultura irrigada c lavoura

dc chuvas

e

seca

compará-los

que recebem várias

admissível.

sificação

de

(dry-farming)".

Mil c duzentos milíme tros de chuvas anuais

correspondem ao Índi

Pela clas

co 46, isto é, a "re

Gourou,

maior parte da região

giões ricas dc cursos de água; abundam as flo restas; aptas para cul

semi-árida do Brasil se-

tivos exigentes de umi-

<^vidèntemcntc falha, a

*"ia considerada trópico

dado e subtropieais".

úmido.

São cousas muito di

O Ceará, em

250 milímetros anuais de precipitação pluvial; no trópico, entretanto, o mí

quase totalidade, escaparia à scmi-aride:^.

nimo são 700 a 800 milímetros, segun

E é um absurdo consi

derar equivalentes cli

versas.

Também não há pos5

sibilidade de se limi tar a "700 ou 800 mi-


- «r

Drr.RsTo Econômico

A HABITABILIDADE DOS TROPICOS PlMKNTKL GoMKS

do Pierro Goiirou, do Collcgc do Franco; poi.s a evaporação é bem mais rápida". As incertezas dc Courou se denun

ciam pela III

79

sua definição do trópicx)

lániido. Êlc não sabe se a média do mês

mai.s frio devem ser 18 ou 20 graus.

mas com 700, I.OOO, 1.500, 2.000 c mais milímetros de chuvas anuais.

Bem mais científica é a classificação

que o meteorologista brasileiro Salomao Screbrenick fêz para o nosso país: clima superúmido, precipitação superior a

"Tm artigos anteriores, examinei os solos

mas que SC ponon cn -l-l y 45, cilando-se

^o as temperaturas dos trópicos, com-

cn c'l ano 1881 Ia máxima absoluta de

Ha uma diferença muito grande entre os dois números. Aplicando-se ao nos

parando-os com os das regiões tempe

50 a Ia sombra, casi increiblc para un

so caso o segundo número, a área dc

radas. Procurei mostrar que IiA, por toda

país curopeo". Não há fato semelhan

parte do globo, em maior ou menor escala, solos ricos, sofríveis o pobres.

te 110 Brasil.

clima temperado, no Brasil, é imensa. Guaramiranga, no Ceará, por exemplo, tem três meses do ano com tempera tura média inforior a 20 graus — ju^bo, julho e agosto. Tem sete íneses

(irido, precipitação anual compreendi

com temperatura média entre 20 e 20,8 — fevereiro, março, abrilj maio, se

que acontece nos Estados Unidos, Mc-

Ademais, os agrônomos especialistas acre ditam poder corrigir c traballiar econò-

micamente os solos tropicais que neces sitem de correção. O pit baixo, isto é,

a acidcz do solo, não é um privilégio tropical, como há quem acredite. So

tores vários, como altitude o ventos, con

correm para que se tenha um clima muito mais suave do que se poderia es perar, considerando-se apenas a latitude. Examinenio.s, hoje, outros fatòrcs que me parecem importantes.

los ácidos existem nos países tempera dos e frios, e nem todos os solos tropicaif. são ácidos. Ademais, há culturas

que preferem solos ácidos. Quando à temperatura, estudando principalmente o

caso brasileiro, é proci.so considerar que não depende exclusivamente da latitude.

A altitude, as correntes marítimas, a-pre sença ou ausência do mar, o regime dos ventos, têm ação sobre a tempera tura, modificando-a consideravelmente e, não raro, quase anulando os efeitos da latitude. O equador térmico não coincide com o equador geográfico. Na América do Sul, passa nas costas da Colômbia e Venezuela. E as maiores máximas absolutas não se encontram en tre os trópicos. Nem mesmo as maiores

médias mensais. "Según Ias obscrva£Íones recogidas en Ia estación meteo

rológica de Sevília, - escreve o geógra fo espanhol Leonardo Martín Echeverria em "Espafia, ei País y los habitan tes'" - Ia média de los meses de julio y

agosto es de cerca de 30 y casi todos los veranos se registran maximas extre ,1.

^

..r

Aliás, cm nosso país, fa

Begimc pluvial

tembro, outubro e novembro.

Muitos

municípios nordestinos têm, pelo menos *^^'1 parte de sua área, clima semelhante,

Courou, o inefável Pierro Courou.

professor do "Collegc de Franco" — há visível degringolar da Europa — tcin um modo todo .seu para classificar o-s trópicos úmidos.

Diz ôlc em "Um

programa geográfico de experimentações o de pesquisas em zona tropical": "As regiões tropicais são, para mim, aque

las em que a temperatura média do

^õo, portanto, temperados, dc acordo <-"Om a definição folgada dc Courou.

A classificação dc Kõppen, universal mente risada, têm a rigidez que só a

Verdadeira ciência pode dar. Natural mente não concorda com a classifica

ção pitoresca de Gourou. Quanto à umidade, considerc'\r tro-

nies mais frio não desce abaixo de

pieo úmido o que recebo até 700

a 20 graus centígrados, c em que aS

milímetros

chuvas anuais são bastante abundan

«anuais

tes para favorecer uma agricultura que dispensa irrigação; êste mínimo corres

vézes mais, não parece

ponde a 700 ou 800 milímetros por

ano .

Seguem-se outros períodos re

pletos de incertezas. O sr. Luís Amaral, em "Outro Brasil", adota a definição

de Goiirou, polo menos quanto à phiviosidade: "Há princípio científico apro veitável aqui, como aferidor: em ge

ral, a agricultura exige o mínimo de

1.900 mm; úmido, precipitação anual compreendida entre 1.300 e 1.900 mm; scvii-úmido, precipitação anual com preendida entre 600 c 1.300 mm; scmida entre 250 e 600. Não temos climas

áridos, isto é, com precipitações inferio res a 250 milímetros, o cbntrário do •xico, Peru, Chile, Argentina...

Há, porém, a fónrmla de aridez dc Martonnc, muito empregada para fins agrícolas depois de ligeiramente modi ficada pelo agrônomo argentino Conti, em "El Água en Ia Agricultura". Uma pliiviosidade de 700 milímetros, sob uma

temperatura média anual de 26 graus, corresponde a um índice 19 de aridez. A vegetação .de tal zona é "a savana com pastos nuiis abundantes, às \êzes

com iírvores, zona apta parã o pas toreio, agricultura irrigada c lavoura

dc chuvas

e

seca

compará-los

que recebem várias

admissível.

sificação

de

(dry-farming)".

Mil c duzentos milíme tros de chuvas anuais

correspondem ao Índi

Pela clas

co 46, isto é, a "re

Gourou,

maior parte da região

giões ricas dc cursos de água; abundam as flo restas; aptas para cul

semi-árida do Brasil se-

tivos exigentes de umi-

<^vidèntemcntc falha, a

*"ia considerada trópico

dado e subtropieais".

úmido.

São cousas muito di

O Ceará, em

250 milímetros anuais de precipitação pluvial; no trópico, entretanto, o mí

quase totalidade, escaparia à scmi-aride:^.

nimo são 700 a 800 milímetros, segun

E é um absurdo consi

derar equivalentes cli

versas.

Também não há pos5

sibilidade de se limi tar a "700 ou 800 mi-


DicESTo Econômico

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límetros, como quer Gourou, o limite de culturas sem irrigação. Há, em primei

ro lugar, os métodos de lavoura sôca, que permitem um aproveitamento maior da água das chuvas e baixam de muito o mínimo da pluviosidade indispensável. Ademais, há as culturas, algumas de

grande valor econômico, que se conten tam com (às vêzes exigem) pluviosidades muito pequenas. Grande parte do sisal brasileiro está sendo produzido, em ótimas condições, sob pluviosidade inferior a 700 milímetros. O sisal é, atualmente, uma das culturas mais lu crativas que se conhecem. O melhor

algodão brasileiro - e um dos três ou quatro melhores do mundo - o Seridó, exige pluviosidade baixíssima

bem

viosidades bem distribuídas; há zonas tropicais e temperadas de pluviosidades insuficientes e mal distribuídas. E o

chuvas anuais.

clima é sempre mais ou menos capricho so, sob tôdas a.s latitudes.

Pari.s, ctiioora situada onde a pluvio sidade c considerada bem distribuída e não possa ser considerada tropical re cebeu 406 milímetros de chuvas cm 1808-9; 431, em 1863-64; 382, cm

SOO milímetros podem-se ter safras mais ou menos correspondentes, quanto ao rendimento, às dos Estados Unidos. O

sorgo tem sido produzido, em trecho semi-árido da Paraíba, sob pluviosidades inferiores a 450 milímetros. O sorgo é o milho das regiões semi-áridas dos

as chuvas, durante o verão, ou csca.s-

Diz o agrônomo argentino Castro

seiam de tal maneira que impossibilitam

Zinny, em "Ricgo, Población y Riqueza", que a Argentina é formada por dois paíse.s que èle denomina A e B. "El segun

ou amesquinham a maior parte das cul

do (o B) es el Pais seco e scmi-scco,

que ocupa parte dei centro, el norte, el noroeste y todo cl sud de Ia Argentina". O país com chuvas insuficientes tem 2 milhões de quilômetros quadrados, ou

turas arvenseS; ou caem tão irregular

mente que raro vêm no período ótimo. Daqui a necessidade de corrigir pela rega a secura estivai que toma sáfaros os nossos campos." Em "Repovoameu-

to Florestal", obra também publicada pelo governo português, há o seguinte trecho; "Quanto ao clima — ai de nós —

chamar a atenção para a irregularidade

se verificam nas médias mensais. O mês

uma Ibéria úmida o outra sêca, ou semi-

das chuvas".

árida. Cerca de três qvuirtas partes da E.spanha estão na zona de chuvas insu ficientes. Leiam, a propósito, o cspa-

A Hungria não é tropical e é um dos celeiros da Europa. Apesar disto, es

1909-10.

do junho é importantíssimo na agricul tura da região. Do volume das chuvas

depende, em grande parte, o volume das

França, na Itália, em Portugal, na Es

aprêço, inferior a 300 milímetros. Com

"Com efeito, numa grande piirte do pais»

As irregularidades também

1873-74; 341, em 1883-84; 775, em

nheiro Pompeu Sobrinho, antigo Secre

que obteve uma safra de 40 arrôbas por

entre 250 o 500 milímetros ch?

70% da área total da Argentina. Todos os geógrafos c agrônomos que trataram do assunto afirmam que há

safras.

hectare, em sua fazenda, que fica num dos trechos mais secos do Ceará, em ano excepcionalmente sêco, ano catas trófico, com pluviosidade, na zona em

81

Econômico

Há zonas tropicais e temporadas de pln-

Em seu "hahitat". o vale do pequeno rio Seridó, afluente do Açu, um dos polos secos do Brasil, a pluviosidade é igual ou inferior a 500 milímetros. O enge tário da Agricultura do Ceará, escreve

Dicesto

I ~

Recebeu 107 milímetros em

1868-69; 9 milímetros, em 1905-06; 1,5 milímetros, em 1869-70. Observam-se irregularidades muito maiores no sul da

panha, na Argentina, nos Estados Uni dos, na União Sul-Africana, na Aus trália...

Conforme o agrônomo norte-ameri cano Widtsoe, quase todo o território dos Estados Unidos, a oeste do meridiano 97, recebe chuvas insuficientes. Na zona de terras áridas e semi-áridas, enconrtam-se a Califórnia, Arizona, Colorado,

Idaho, Nevada, Utah e Wyoming, com 1.681.000 lcm2; na zona das terras semiáridas e subúmidas se encontram Montana, Nebraska, Novo México, Dakota

do Norte e Dakota do Sul, Oregon o

nlwl Echeverria, cm "Espana"; o por tuguês Ezcquiel Campos, cm "Pela Es panha"; os franceses Sicn e Sorte, ém "Peninsulcs Méditerranecnnes"; o espa nhol Fcmándes Navarro, em "Águas subterrâneas, rcgimen, investigación y aprovcchamiento"; o estadunidense Wilcus, em "Latin América in Maps"; o ianque Landon, em "Industrial Geogra-

phy". Do último, cito apenas iima frase

sôbrc a região sêca da Espanha: "Drj' for 9 month of the year, it is so dry in summer that crops will not grow wíthout irrigation".

,

muito haveria a dizer. Limitemo-nos a

creve Granger, em "Noiivelle Geogra-

phic Universelle": ■ "A fraca quantida de de chovas e sua desigual distribui ção anual tomam necessário, onde que se possa, a irrigação artificial".

À falta de chu\'as perdem-se cultu ras na Rússia, Tchecoslováquia, Rumaijia, Turquia, Austrália, União Sul-Afri cana...

Solos e climas ideais só em histórias da carochinha.

O regime dos rios

Sôbrc o regime dos rios tropicais (tro pical, no caso, também significa equato

Sôbre a vastidão das zonas áridas e

rial), lê-se em "Outro Brasil": "Rios,

semi-áridas do Chile, o próspero país sul-

quG em algmu ano são flébeis fio.s de água; em outro, caudais, amplos de qui

americano, os que não suportam estu dos científicos podem ler o chileno Luis Duran em "Presencia de Chile", ou os

lômetros.

Se reduzidos, deixam nas

margens a esterilidade; se transbordados,

Fuenzalida, Labarca, Plnilla,

largam depois os p;lntanos febrcntos, e

Marshall

à \'ez não poupam nem a casa, nem a

Estados Unidos. Há o recurso das irri

Washington, com 1.710.000 km2. Têm

"chilenos

gações. A técnica está alargando, cada

terras subúmidas e úmidas os estados

Linare.s,

ve^ mais, as áreas cultiváveis do globo, vencendo pluviosidades escassas e irre

de Kansas, Mínnesota, Oklahoma e Te

"Chile".

roça, nem os xerimbabos do íncola".

xas, com 1.300.000 km2. Em cerca de

Em "Hidráulica Agrícola", livro edi tado pelo governo português, lê-se: "Na verdade, por quase toda a extensão do

Serão os rios tropicais .sempre de re gime irregular? Apenas nos trópicos há regimes irregulares? Não me parece.

gulares, pobrezas de solo, geadas extem porâneas, frios excessivos. Zonas semi-áridas e irregularidades

pluviométrícas não são males tropicais.

quatro décimos da grande e progressis ta república as chuvas são, em média,

uns 300 milímetros por ano. Widtsoe considera semi-árida as terras que rece-

o

Bourgeois, em

território continental se faz sentir a po breza do solo e a aridez do clima".

Julgo haver rios de regime reguUu nos trópicos e fora deles. Noutras regiões


DicESTo Econômico

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límetros, como quer Gourou, o limite de culturas sem irrigação. Há, em primei

ro lugar, os métodos de lavoura sôca, que permitem um aproveitamento maior da água das chuvas e baixam de muito o mínimo da pluviosidade indispensável. Ademais, há as culturas, algumas de

grande valor econômico, que se conten tam com (às vêzes exigem) pluviosidades muito pequenas. Grande parte do sisal brasileiro está sendo produzido, em ótimas condições, sob pluviosidade inferior a 700 milímetros. O sisal é, atualmente, uma das culturas mais lu crativas que se conhecem. O melhor

algodão brasileiro - e um dos três ou quatro melhores do mundo - o Seridó, exige pluviosidade baixíssima

bem

viosidades bem distribuídas; há zonas tropicais e temperadas de pluviosidades insuficientes e mal distribuídas. E o

chuvas anuais.

clima é sempre mais ou menos capricho so, sob tôdas a.s latitudes.

Pari.s, ctiioora situada onde a pluvio sidade c considerada bem distribuída e não possa ser considerada tropical re cebeu 406 milímetros de chuvas cm 1808-9; 431, em 1863-64; 382, cm

SOO milímetros podem-se ter safras mais ou menos correspondentes, quanto ao rendimento, às dos Estados Unidos. O

sorgo tem sido produzido, em trecho semi-árido da Paraíba, sob pluviosidades inferiores a 450 milímetros. O sorgo é o milho das regiões semi-áridas dos

as chuvas, durante o verão, ou csca.s-

Diz o agrônomo argentino Castro

seiam de tal maneira que impossibilitam

Zinny, em "Ricgo, Población y Riqueza", que a Argentina é formada por dois paíse.s que èle denomina A e B. "El segun

ou amesquinham a maior parte das cul

do (o B) es el Pais seco e scmi-scco,

que ocupa parte dei centro, el norte, el noroeste y todo cl sud de Ia Argentina". O país com chuvas insuficientes tem 2 milhões de quilômetros quadrados, ou

turas arvenseS; ou caem tão irregular

mente que raro vêm no período ótimo. Daqui a necessidade de corrigir pela rega a secura estivai que toma sáfaros os nossos campos." Em "Repovoameu-

to Florestal", obra também publicada pelo governo português, há o seguinte trecho; "Quanto ao clima — ai de nós —

chamar a atenção para a irregularidade

se verificam nas médias mensais. O mês

uma Ibéria úmida o outra sêca, ou semi-

das chuvas".

árida. Cerca de três qvuirtas partes da E.spanha estão na zona de chuvas insu ficientes. Leiam, a propósito, o cspa-

A Hungria não é tropical e é um dos celeiros da Europa. Apesar disto, es

1909-10.

do junho é importantíssimo na agricul tura da região. Do volume das chuvas

depende, em grande parte, o volume das

França, na Itália, em Portugal, na Es

aprêço, inferior a 300 milímetros. Com

"Com efeito, numa grande piirte do pais»

As irregularidades também

1873-74; 341, em 1883-84; 775, em

nheiro Pompeu Sobrinho, antigo Secre

que obteve uma safra de 40 arrôbas por

entre 250 o 500 milímetros ch?

70% da área total da Argentina. Todos os geógrafos c agrônomos que trataram do assunto afirmam que há

safras.

hectare, em sua fazenda, que fica num dos trechos mais secos do Ceará, em ano excepcionalmente sêco, ano catas trófico, com pluviosidade, na zona em

81

Econômico

Há zonas tropicais e temporadas de pln-

Em seu "hahitat". o vale do pequeno rio Seridó, afluente do Açu, um dos polos secos do Brasil, a pluviosidade é igual ou inferior a 500 milímetros. O enge tário da Agricultura do Ceará, escreve

Dicesto

I ~

Recebeu 107 milímetros em

1868-69; 9 milímetros, em 1905-06; 1,5 milímetros, em 1869-70. Observam-se irregularidades muito maiores no sul da

panha, na Argentina, nos Estados Uni dos, na União Sul-Africana, na Aus trália...

Conforme o agrônomo norte-ameri cano Widtsoe, quase todo o território dos Estados Unidos, a oeste do meridiano 97, recebe chuvas insuficientes. Na zona de terras áridas e semi-áridas, enconrtam-se a Califórnia, Arizona, Colorado,

Idaho, Nevada, Utah e Wyoming, com 1.681.000 lcm2; na zona das terras semiáridas e subúmidas se encontram Montana, Nebraska, Novo México, Dakota

do Norte e Dakota do Sul, Oregon o

nlwl Echeverria, cm "Espana"; o por tuguês Ezcquiel Campos, cm "Pela Es panha"; os franceses Sicn e Sorte, ém "Peninsulcs Méditerranecnnes"; o espa nhol Fcmándes Navarro, em "Águas subterrâneas, rcgimen, investigación y aprovcchamiento"; o estadunidense Wilcus, em "Latin América in Maps"; o ianque Landon, em "Industrial Geogra-

phy". Do último, cito apenas iima frase

sôbrc a região sêca da Espanha: "Drj' for 9 month of the year, it is so dry in summer that crops will not grow wíthout irrigation".

,

muito haveria a dizer. Limitemo-nos a

creve Granger, em "Noiivelle Geogra-

phic Universelle": ■ "A fraca quantida de de chovas e sua desigual distribui ção anual tomam necessário, onde que se possa, a irrigação artificial".

À falta de chu\'as perdem-se cultu ras na Rússia, Tchecoslováquia, Rumaijia, Turquia, Austrália, União Sul-Afri cana...

Solos e climas ideais só em histórias da carochinha.

O regime dos rios

Sôbrc o regime dos rios tropicais (tro pical, no caso, também significa equato

Sôbre a vastidão das zonas áridas e

rial), lê-se em "Outro Brasil": "Rios,

semi-áridas do Chile, o próspero país sul-

quG em algmu ano são flébeis fio.s de água; em outro, caudais, amplos de qui

americano, os que não suportam estu dos científicos podem ler o chileno Luis Duran em "Presencia de Chile", ou os

lômetros.

Se reduzidos, deixam nas

margens a esterilidade; se transbordados,

Fuenzalida, Labarca, Plnilla,

largam depois os p;lntanos febrcntos, e

Marshall

à \'ez não poupam nem a casa, nem a

Estados Unidos. Há o recurso das irri

Washington, com 1.710.000 km2. Têm

"chilenos

gações. A técnica está alargando, cada

terras subúmidas e úmidas os estados

Linare.s,

ve^ mais, as áreas cultiváveis do globo, vencendo pluviosidades escassas e irre

de Kansas, Mínnesota, Oklahoma e Te

"Chile".

roça, nem os xerimbabos do íncola".

xas, com 1.300.000 km2. Em cerca de

Em "Hidráulica Agrícola", livro edi tado pelo governo português, lê-se: "Na verdade, por quase toda a extensão do

Serão os rios tropicais .sempre de re gime irregular? Apenas nos trópicos há regimes irregulares? Não me parece.

gulares, pobrezas de solo, geadas extem porâneas, frios excessivos. Zonas semi-áridas e irregularidades

pluviométrícas não são males tropicais.

quatro décimos da grande e progressis ta república as chuvas são, em média,

uns 300 milímetros por ano. Widtsoe considera semi-árida as terras que rece-

o

Bourgeois, em

território continental se faz sentir a po breza do solo e a aridez do clima".

Julgo haver rios de regime reguUu nos trópicos e fora deles. Noutras regiões


82

DicEs-ro tTco.só.MiCfj

tropicais c dc climas temperados c frios

tena — cs muy pn)mmciadí) cl csliajc

liá rios de regimes irregulares.

llcgándose a vadear fácilmenle cm juu-

Pelo

menos, isso é o que dizem os espeeia-

chüs lugares rio.s que son dc bastante

listai.

importância. Las flucluaciones de crc-

Poucas regiões no mundo tõm rios de regimes tão regulares como os da Ama zônia. Os outros rios brasileiros — exce

tuados os da região semi-árida — pos suem regimes bastante regalares. Os rios do trecho semi-árido do nordeste do

Brasil são, em sua maioria, de regime

irrcgularíssimo. Assemelham-se, em par te, pelo regime, a alguns rios ,do norf-

da África, da Espanha, Itália, Polônia etc. Há, na região e nos países citados rios que secam quase totalmente ou

cidas y secas oscilan entre limites muy amplio.s, y hasta de un afio a otro \ arían

nnielio los caiidalcs de lo.s rios espaíioles do acücrdo con Ia irrcgularidad dc sj causantc cl régímen pkn ioinétrico. Represc^ntan ei azotc de las poblacíoncs riberenas, .secas extraordinárias c inundaciones \'iolenta.s, que dcsbordan u vcces

Dkjesto

permanece até que as novas águas façam submergir essa flora de acaso". Há rios que apresentam trechos secos ou

portuguò.s Raul Mirancla eni "Os Rios":

quase. No Brasil, creio, apenas no tre-

e onde as areias arrastadas sc amontoam à mistura com os calhaus rolados, chcgando a criar-se uma vegetação que

Sôbre o regime de alguns rios, Almoida Figueiredo, em "A terra", dá lun quadro, que resumo:

"A.ssiin uconlccc nos rios portugueses, do debito muito reduzido no período quente,

los médios previstos para corregir las crccídas ucostumbradus y produccn gra\'i.simos daíios cn ))ers()nas, cdificios v

Amazonas

mesmo totalmente durante parto do ano mos alguns exemplos.

^■cu o humorista ianque Mark Twain que .seria um rio razoável se lhe puse.s-

Congo São Lourençx) Prata Mississipi Danúbio Reno Pú

•'

f.levaporation • Dc pius. rareté Icur des réeimé pluics forte Iarendent particulierement irregulicr. Rcduit , peut de chose, parfois a rien, pendant les longs mois d ete, les pluies d oraiic • les transforment brusquenient en torrents recíoutables". E além; "Deux mois de cours, dix moís de vacances" disent de leurs fleuves les Espagnolcs qui les coinparent plaisamment aux vieux otudiants de Salamanque". Eches-erria cm "Espaiia" escreve: "En toda Ia Es-

pafía mediterrânea y aiin en Ia vertiente atlântica de Ia Meseta y Andalucía, son

innumerables Ias "ramblas", que dcjan correr Ias aguas en tiempo de lluvias y cnsenan durante cl resto sus lechos

descarnados y pedregosos, utilizíidos muchas veces como caminos de carros y

scm água no leito.

Sôbre os afluentes

meridionais do Pó, escreve Cranger: Iles afnucntsplus encorc Tresont vcnusirréguliers do l'Apcnnin: } la, Secchia, Panaro, à soe en été, orrents furieux aprcs une pluie d'orage,

^ São Francisco Loire Sena Ebro

clevastatrices".

e, mio me permito ostender-me.

Sobre

os atluentes meridionais do Pó, que cor rem na Padânia, a região mais rica c

e euivas mais abundantes e mais rcgu-

aimente cli.stribuída.s, escreve, Cntrc ou■as cousas: . . . 'Ia loro indolc .sclvaggia o irnpetuüsa non é mitigata mai da gran de lagiu purifícatori". ". . . ü Joro voluo -

.

. . .

11 loro VOlU-

cabailenas. caballerias. fero Pero nasça hasta en los rios nos ae de

me d acqua divenga tanto grande da tra-

curso más largo — con excepción de las corrfentes regulares de Ia Espaiía nor-

boccare rovinosamcnte, mentre neirestato, in cui le piogge sono minori, c

iTíô n npffiiíí

1..,_^

1

T

-

Tibre

"ur a tour béni.s pour Icur.s aluvnons for1 isantes ou maudits pour Iciirs crues

ilalíanos, o italiano ariani, em "Geografia Econômica oeia e deli Ralia", confirma Cranger c vai a cm. A falta de espaço, infcliznien-

cho semi-árido, pequeno cm relação à e.xtensão do Pais, ha rios semelhantes,

Débito por segundo, cm metros cúbicos

cultivos".

Sôbre os rios da Ibéria, escrevr-

83

tenuinata 6 la fu.sione delle ncri, cessino cpuisi affato dal corrcre". Sobro o.s rios portugueses, escreve o

É. o que sucede com quase todos os Muitos dos rios italianos sofrem dc nos de nossa região semi-árida. Voia^ males semelhantes. Sôbre o Amo, cscre-

I

Ecomómico

. ;

Tocantins

Médio

Máximo

Mínimo

80.000

250.000

60.000 (?)

60.000 32.000 19.800 17.440 9.180 1.975 1.720

72.000 40.000 42.000 39.725 28.000 10.000 7.000

41;000 15.000 18.815' 8.500 2.000 1.200 214

267

4.500

- 160

300

10.719

23

3.000 132 130 100

10.000 10.000 2.000 5.000

1.000 25 ^0 50

15.000

17.(KX)

1.650

»

"

Os dados sôbre os rios Amazonas, São " do solo, a topografia, a cobertura \ egetal, Francisco e Tocantins são de Souza Silvestre

a temperatiun, .a evaporação.. •

Paulo Le Cointc c Amido de

Azevedo.

-

principais das chei^:

Comparando-se os diferentes débitos

a) chuvas excessivas; h) derrctiincnto

não se encontra nenhuma inferioridade dos rios de clima.s quentes. Aliás, são tantos os elementos que contribuem para

rápido das neves do inverno; c) condi çôes do subsolo. Sc o subsolo estiver gelado, como soe acontecer nos países

o regime dos rios que não era possível

frios, as cheias podem ser enormes, de-

viosidade e sua distribuição, a natureza

outros rios juntos.

tè-los totalmente regalares nos climas temperados e sempre irregulares nos tropicais. São fatôres importantes a plu-

vastadoras. O rio Hoang, na China, correndo à altura do paralelo 40, deve ter morto mais gente do que todos os


82

DicEs-ro tTco.só.MiCfj

tropicais c dc climas temperados c frios

tena — cs muy pn)mmciadí) cl csliajc

liá rios de regimes irregulares.

llcgándose a vadear fácilmenle cm juu-

Pelo

menos, isso é o que dizem os espeeia-

chüs lugares rio.s que son dc bastante

listai.

importância. Las flucluaciones de crc-

Poucas regiões no mundo tõm rios de regimes tão regulares como os da Ama zônia. Os outros rios brasileiros — exce

tuados os da região semi-árida — pos suem regimes bastante regalares. Os rios do trecho semi-árido do nordeste do

Brasil são, em sua maioria, de regime

irrcgularíssimo. Assemelham-se, em par te, pelo regime, a alguns rios ,do norf-

da África, da Espanha, Itália, Polônia etc. Há, na região e nos países citados rios que secam quase totalmente ou

cidas y secas oscilan entre limites muy amplio.s, y hasta de un afio a otro \ arían

nnielio los caiidalcs de lo.s rios espaíioles do acücrdo con Ia irrcgularidad dc sj causantc cl régímen pkn ioinétrico. Represc^ntan ei azotc de las poblacíoncs riberenas, .secas extraordinárias c inundaciones \'iolenta.s, que dcsbordan u vcces

Dkjesto

permanece até que as novas águas façam submergir essa flora de acaso". Há rios que apresentam trechos secos ou

portuguò.s Raul Mirancla eni "Os Rios":

quase. No Brasil, creio, apenas no tre-

e onde as areias arrastadas sc amontoam à mistura com os calhaus rolados, chcgando a criar-se uma vegetação que

Sôbre o regime de alguns rios, Almoida Figueiredo, em "A terra", dá lun quadro, que resumo:

"A.ssiin uconlccc nos rios portugueses, do debito muito reduzido no período quente,

los médios previstos para corregir las crccídas ucostumbradus y produccn gra\'i.simos daíios cn ))ers()nas, cdificios v

Amazonas

mesmo totalmente durante parto do ano mos alguns exemplos.

^■cu o humorista ianque Mark Twain que .seria um rio razoável se lhe puse.s-

Congo São Lourençx) Prata Mississipi Danúbio Reno Pú

•'

f.levaporation • Dc pius. rareté Icur des réeimé pluics forte Iarendent particulierement irregulicr. Rcduit , peut de chose, parfois a rien, pendant les longs mois d ete, les pluies d oraiic • les transforment brusquenient en torrents recíoutables". E além; "Deux mois de cours, dix moís de vacances" disent de leurs fleuves les Espagnolcs qui les coinparent plaisamment aux vieux otudiants de Salamanque". Eches-erria cm "Espaiia" escreve: "En toda Ia Es-

pafía mediterrânea y aiin en Ia vertiente atlântica de Ia Meseta y Andalucía, son

innumerables Ias "ramblas", que dcjan correr Ias aguas en tiempo de lluvias y cnsenan durante cl resto sus lechos

descarnados y pedregosos, utilizíidos muchas veces como caminos de carros y

scm água no leito.

Sôbre os afluentes

meridionais do Pó, escreve Cranger: Iles afnucntsplus encorc Tresont vcnusirréguliers do l'Apcnnin: } la, Secchia, Panaro, à soe en été, orrents furieux aprcs une pluie d'orage,

^ São Francisco Loire Sena Ebro

clevastatrices".

e, mio me permito ostender-me.

Sobre

os atluentes meridionais do Pó, que cor rem na Padânia, a região mais rica c

e euivas mais abundantes e mais rcgu-

aimente cli.stribuída.s, escreve, Cntrc ou■as cousas: . . . 'Ia loro indolc .sclvaggia o irnpetuüsa non é mitigata mai da gran de lagiu purifícatori". ". . . ü Joro voluo -

.

. . .

11 loro VOlU-

cabailenas. caballerias. fero Pero nasça hasta en los rios nos ae de

me d acqua divenga tanto grande da tra-

curso más largo — con excepción de las corrfentes regulares de Ia Espaiía nor-

boccare rovinosamcnte, mentre neirestato, in cui le piogge sono minori, c

iTíô n npffiiíí

1..,_^

1

T

-

Tibre

"ur a tour béni.s pour Icur.s aluvnons for1 isantes ou maudits pour Iciirs crues

ilalíanos, o italiano ariani, em "Geografia Econômica oeia e deli Ralia", confirma Cranger c vai a cm. A falta de espaço, infcliznien-

cho semi-árido, pequeno cm relação à e.xtensão do Pais, ha rios semelhantes,

Débito por segundo, cm metros cúbicos

cultivos".

Sôbre os rios da Ibéria, escrevr-

83

tenuinata 6 la fu.sione delle ncri, cessino cpuisi affato dal corrcre". Sobro o.s rios portugueses, escreve o

É. o que sucede com quase todos os Muitos dos rios italianos sofrem dc nos de nossa região semi-árida. Voia^ males semelhantes. Sôbre o Amo, cscre-

I

Ecomómico

. ;

Tocantins

Médio

Máximo

Mínimo

80.000

250.000

60.000 (?)

60.000 32.000 19.800 17.440 9.180 1.975 1.720

72.000 40.000 42.000 39.725 28.000 10.000 7.000

41;000 15.000 18.815' 8.500 2.000 1.200 214

267

4.500

- 160

300

10.719

23

3.000 132 130 100

10.000 10.000 2.000 5.000

1.000 25 ^0 50

15.000

17.(KX)

1.650

»

"

Os dados sôbre os rios Amazonas, São " do solo, a topografia, a cobertura \ egetal, Francisco e Tocantins são de Souza Silvestre

a temperatiun, .a evaporação.. •

Paulo Le Cointc c Amido de

Azevedo.

-

principais das chei^:

Comparando-se os diferentes débitos

a) chuvas excessivas; h) derrctiincnto

não se encontra nenhuma inferioridade dos rios de clima.s quentes. Aliás, são tantos os elementos que contribuem para

rápido das neves do inverno; c) condi çôes do subsolo. Sc o subsolo estiver gelado, como soe acontecer nos países

o regime dos rios que não era possível

frios, as cheias podem ser enormes, de-

viosidade e sua distribuição, a natureza

outros rios juntos.

tè-los totalmente regalares nos climas temperados e sempre irregulares nos tropicais. São fatôres importantes a plu-

vastadoras. O rio Hoang, na China, correndo à altura do paralelo 40, deve ter morto mais gente do que todos os


84

Dicesto Econômico

As grandes chuvas não são apenas um fenômeno tropical, A bacía -do rio Ardeche> França,_ recebeu 650 milímetros

milímetros de chuva entre.23 e 27 de

de chuvas em cinco dias, em 1890. Em

caíram em 48 horas. As cheias devasta

menos de 6 horas podem cair 200 a 300 milímetros. A bacía do Tam, França, recolheu 140 milímetros em cerca de 48 horas, em 1930.

A bacia do

no

Miamí, nos Estados Unidos, recebeu 243

març-o de 1913.

Dois terços do total

Divulgação dos problemas filosdficos llcniismo

doras dos rios ianques são por demais conhecidas. O Tejo, em Vila Velha de

I

Kodão, subiu 23,50 metros acima da es tiagem em 1755j em 1876, subiu 25 metrosí cm 1895, 19 metros.

Paulo Edmur de Souza Queiroz

meu otimismo me permite acreditar

Nas colunas do "Digesto Econômico",

que haverá, porventura, entre meus possíveis leitores, representantes de pro fissões liberais, estudantes, agricultores, comerciantes, políticos talvez. Nenhum

como é óboio, predominam os assunios

deles me interessa enquanto classifica

dos com um rótulo social. Dirijo-me a todo.'?, como a seres humanos a quem ó

indispensável meditar, de vez em quan do, sôbre os problemas que envolvem, como um mistério, esta estranha raça

de Adão, viajante pela torra, procurando interminàvclmentc o sentido do seu in

compreensível destino. São problemas que não se enquadram em nenhuma ciência particular o vêm resistindo, há

recista de cultura, a sua Direção sempre

entendeu que deveria divulgar trahaVms que, embora não sejam da especialidade, contribtiam, todavia, para o esclareci mento dos problemas humanos. Assim sendo, c atendendo a diversas sugestões, resolveu convidar o sr. Paub Edmur de

Souza Queiroz para divulgar assuntos filosóficos, de cunho didático, visando aquêle objetivo. O jovem escritor, moço de vasta cultura, e que no ano passado proferiu notável conferência sôbre "O Existencialismo religioso^da Rússia", es

mais profundos pensadores. São proble

tudará, em três números consecutivos: "O Realismo";"O Idealismo" c"O Exis

mas de filosofia.

tencialismo".

milênios, a incansável meditação dos

m TTj

econômicos e fhuinceiros. Por ser uma

Sinto aflorar na consciência de todos

uma pergunta inquieta ou cética — mas o que é então a filosofia? É inútil defini-la sem fazermos antes

um passeio por seu território escuro e luminoso, e, como nas tardes de verão',

com a frescura que se levanta da terra molhada após a chuva, quando, na- len ta alteração colorida da luz, já não sa bemos se começa a noite ou se termina

o dia, mas sentimos a existência enrique cida na leveza da atmosfera, assim tam

bém, sem que seja preciso definir a fi losofia, teremos o sentimento profundo

do que ela pode .significar para nós. Seja este um convite para uma jor nada até o lim''r

território de

crepúsculo que pensadores de tôda a história tentaram iluminar com as luzes

do seu tempo, para impedir que o nosso misterioso contorno nos sufocasse em seu

manto impenetrá\'el. E é essa a grande za humana — resistir ao de.sconhecido.

Dar nome às sombras que nos cercam. Torná-las familiares. Fazer possível a vida na terra dos homens.

Se não há filósofos entre nós, se não

somos capazes de sistematizar metòdi-

camento um pensamento original de fi

losofia, tenho certeza de que todos nós somos capazes de acompanhar e amar a tTi'^li^a';?o dos crandes dediravador^s


84

Dicesto Econômico

As grandes chuvas não são apenas um fenômeno tropical, A bacía -do rio Ardeche> França,_ recebeu 650 milímetros

milímetros de chuva entre.23 e 27 de

de chuvas em cinco dias, em 1890. Em

caíram em 48 horas. As cheias devasta

menos de 6 horas podem cair 200 a 300 milímetros. A bacía do Tam, França, recolheu 140 milímetros em cerca de 48 horas, em 1930.

A bacia do

no

Miamí, nos Estados Unidos, recebeu 243

març-o de 1913.

Dois terços do total

Divulgação dos problemas filosdficos llcniismo

doras dos rios ianques são por demais conhecidas. O Tejo, em Vila Velha de

I

Kodão, subiu 23,50 metros acima da es tiagem em 1755j em 1876, subiu 25 metrosí cm 1895, 19 metros.

Paulo Edmur de Souza Queiroz

meu otimismo me permite acreditar

Nas colunas do "Digesto Econômico",

que haverá, porventura, entre meus possíveis leitores, representantes de pro fissões liberais, estudantes, agricultores, comerciantes, políticos talvez. Nenhum

como é óboio, predominam os assunios

deles me interessa enquanto classifica

dos com um rótulo social. Dirijo-me a todo.'?, como a seres humanos a quem ó

indispensável meditar, de vez em quan do, sôbre os problemas que envolvem, como um mistério, esta estranha raça

de Adão, viajante pela torra, procurando interminàvclmentc o sentido do seu in

compreensível destino. São problemas que não se enquadram em nenhuma ciência particular o vêm resistindo, há

recista de cultura, a sua Direção sempre

entendeu que deveria divulgar trahaVms que, embora não sejam da especialidade, contribtiam, todavia, para o esclareci mento dos problemas humanos. Assim sendo, c atendendo a diversas sugestões, resolveu convidar o sr. Paub Edmur de

Souza Queiroz para divulgar assuntos filosóficos, de cunho didático, visando aquêle objetivo. O jovem escritor, moço de vasta cultura, e que no ano passado proferiu notável conferência sôbre "O Existencialismo religioso^da Rússia", es

mais profundos pensadores. São proble

tudará, em três números consecutivos: "O Realismo";"O Idealismo" c"O Exis

mas de filosofia.

tencialismo".

milênios, a incansável meditação dos

m TTj

econômicos e fhuinceiros. Por ser uma

Sinto aflorar na consciência de todos

uma pergunta inquieta ou cética — mas o que é então a filosofia? É inútil defini-la sem fazermos antes

um passeio por seu território escuro e luminoso, e, como nas tardes de verão',

com a frescura que se levanta da terra molhada após a chuva, quando, na- len ta alteração colorida da luz, já não sa bemos se começa a noite ou se termina

o dia, mas sentimos a existência enrique cida na leveza da atmosfera, assim tam

bém, sem que seja preciso definir a fi losofia, teremos o sentimento profundo

do que ela pode .significar para nós. Seja este um convite para uma jor nada até o lim''r

território de

crepúsculo que pensadores de tôda a história tentaram iluminar com as luzes

do seu tempo, para impedir que o nosso misterioso contorno nos sufocasse em seu

manto impenetrá\'el. E é essa a grande za humana — resistir ao de.sconhecido.

Dar nome às sombras que nos cercam. Torná-las familiares. Fazer possível a vida na terra dos homens.

Se não há filósofos entre nós, se não

somos capazes de sistematizar metòdi-

camento um pensamento original de fi

losofia, tenho certeza de que todos nós somos capazes de acompanhar e amar a tTi'^li^a';?o dos crandes dediravador^s


86

Dir.tivrtt

E(:onomi(:í> Dic.ksto

dessa terra incógnita, cuja grandezii des de logo podemos intuir. Todos nós temos uma opinião sobro o mundo onde vivemos. Poderemos sustentar coerentemente a nossa opinião

Econômico

87

nossas nião.s, podem sempre dcsprendcrsc novos órgãos que, destacados com .i

alguns segundos sòbro o ser e verão que

outro. E onde ficou o nosso realismo in

precisão suficiente, venham u conslíluir

não hú palavras para dcfini-lò. Mas se, ao invés de procurarmos de

gênuo? Dêle nos resta apenas a pre sença estranha de coisas que não têm

finir esse indefinível, perguntarmos a

regiões determinadas de pesquisa cien tífica, não mais pertencentes a ésse reino

contra todos os que a ela se opuserem?

dc ínquietante imprecisão na ([uai, exa

qualquer criança quem é o ser, quem

sef. Porque a pergunta se bifiuca em duos questões, uma relativa á existência

O que poderei eu aduzir em favor do que penso sobre medicina, contra afir mações fundamentadas de um médico, por exemplo? Sôbre problemas agríco

tamente, se revela a belez;i e a glória do pensamento filosófico. A psicologia e a sociologia, por exem plo, começsim a tentar o rompimento do cordão que as une ainda à sua matriz

existe ein lômo dc nós, ela nos respon

que se apresenta diante de nós e outra

derá na atitude ingêmui que é a nossa . relativa à consistência daquilo que se apresenta diante de nós. Ser é existir e cm nosso comportamento cotidiano: as consistir. A criança responde: as coisas coisas são, as coisas existem c nós entre

las, contra as teses de um agricultor ex

perimentado?

Sóljrc comércio, contra

■um comerciante? Vemos imediatamente

que ao saber comum, saber cotidiano de todos nós, sempre se

fecundíssima.

Incapazes dc fixar-se sòhre raízes au tônomas, mantêm-se todavia alimenta

as

coisas.

Mas, como dissemos, não

c.xistem, estão ai.

Mas nem ela e nem

procurnmo.s aqui êssc conhecimento co

ninguém poderá dizer o que é existir,

mum da nossa opinião cotidiana, e a resposta da criança não nos poderá satis fazer. Essa resposta correspondo ao que

porque, coino rimos, ser, no sentido de existir, é um indefinível.

Mas a essa

existência de coisas apontada, não defi nida, apontada pelo realismo ingênuo,

pelo

das pela seiva inextinguí\'el do tron

nosso esfórçp, com

co filosófico, ramos

uma

seu.<í, portadores dos

mente, a afirmação de que as coisas

sas para podermos dizer: as coisas que

nomes cstranlios de

Ontologia, incluindo

palavra diz, quer di

são, as coisas existem? Poderemos re sistir a teses contrárias a essa afirmação,

existem diante de nós, consistem nisto ou naquilo.

a Metafísica c a teo

ria dos objetos ein

apoiando-a naquela coerência racional,

zer amor à sabedo-' ria. Amor ao sa

pode opor um saber

conquistado estrutura

de

base racional.

Filosofia, como a

é preciso atribuir uma consistência. Pre

gênuo; Poderemo.s sustentar, fundamentadn-

conquistada polo esfôrço do nosso pen

Gnoscologia,

samento? Poderemos defender fílosòfica-

amado pelo filósofo

Ética, Estética e Fi losofia da Religião.

só pode ser aquêle que tem fundamen

Na pequena via gem ora iniciada

mente o nosso realismo ingênuo com aquele amor ao saber que solícita a ra

be/.

geral,

so con\'cncionou chamar de realismo in

Mas o saber

to racional. Através

desse esforço para dar razão das coisas,

L

iniciado na Grécia com um rigor metó dico inigualável, é

quo se constituíram todas as ciências particulares. Diante dos primeiros. fi lósofos, permanecia ainda o mundo com

pacto e indiscriminado, como uma gran de flor de mistério para ser desfolha-

cla pela sua poderosa curiosidade. Uma a uma se desligaram dela pétalas cui dadosamente recortadas, circunscreven do o campo definido das ciências conhe cidas, e, do cálice ainda existente em

atingiremos apenas as praias da Onto

cisamos dar a razão da existência de coi

Começa aqui o drama do pensamento filosófico.

Na Grécia pré-socrática surgem os nonies inestinguíveis dos primeiros filóso

fos. Diante do assombro que nos causa

zão, sem o qual não pode haver filoso

o nosso mundo colorido, desponta em

fia?

nossa consciêncià a pergunta demoníaca:

Veremos imediatamente que é im

possível mantermo-nos nessa beatitude

mas cm que consiste êste mundo? — A

logia e da Teoria do

da criança que se satisfaz com a existên cia das coisas. Porque, se tudo que

palavra poemática dos primeiros pen sadores gregos inicia, num movimento

Conhecimento

ou

nos cerca não puder demonstrar à nossa

sem

razão o fundamento de sua existência, o

"largo, majestoso", a imensa sinfonia inacabada que ainda hoje ourimos des

mundo exterior so revelará como apa

lumbrados.

giões, onde problemas terríveis .se le vantam como vagas do infinito.

rência apenas de algo que os nossos sentidos não podem captar. Se o ser

admiração dos homens da Grécia diante

Ontologia significa, ctimològicamentc, teoria dp ser ou do ente. O objetO; pois, das nossas cogitações, será êssc desnorteante problema "Contido nu pa lavra se,\ "O que é o ser?" é o tema

de uma mesa é composto de outros sêres,

do . seu contôrno universal, começou a

SC é composto, digamos, com a Física moderna, de átomos, a mesa já não tem ser próprio, não é um ser autêntico, é

procurar o fundamento autêntico do

Gnoscologia, nos

arriscarmos

ao

mar alto dessas re

fundamental da Ontologia, E, primei

ro assombro para todos nós

não é

possível definir o que seja o .ser. Pensem

um ser em outro, não em si mesmo.

Onde estará então o ser?

Ó átomo será

o ser? Mas a Física nos diz que o áto mo se decompõe em eléctrons o neutrons. Mais uma vez o ser nos escapa e o átomo deixa de ser em si para ser em

Quando o pen.sameoto grego, fnito da

mundo, que condiciona^-a a dança mati zada das formas, o ser das coisas não resistiu à sua análise impiedosa. A ra zão não se deteve diante da opacidade

aparente dêsse mundo e procurou pe netrar através das suas imagens sensí veis, até o verdadeiro ser, o intondicio-

nado, o ser em si, independente dos


86

Dir.tivrtt

E(:onomi(:í> Dic.ksto

dessa terra incógnita, cuja grandezii des de logo podemos intuir. Todos nós temos uma opinião sobro o mundo onde vivemos. Poderemos sustentar coerentemente a nossa opinião

Econômico

87

nossas nião.s, podem sempre dcsprendcrsc novos órgãos que, destacados com .i

alguns segundos sòbro o ser e verão que

outro. E onde ficou o nosso realismo in

precisão suficiente, venham u conslíluir

não hú palavras para dcfini-lò. Mas se, ao invés de procurarmos de

gênuo? Dêle nos resta apenas a pre sença estranha de coisas que não têm

finir esse indefinível, perguntarmos a

regiões determinadas de pesquisa cien tífica, não mais pertencentes a ésse reino

contra todos os que a ela se opuserem?

dc ínquietante imprecisão na ([uai, exa

qualquer criança quem é o ser, quem

sef. Porque a pergunta se bifiuca em duos questões, uma relativa á existência

O que poderei eu aduzir em favor do que penso sobre medicina, contra afir mações fundamentadas de um médico, por exemplo? Sôbre problemas agríco

tamente, se revela a belez;i e a glória do pensamento filosófico. A psicologia e a sociologia, por exem plo, começsim a tentar o rompimento do cordão que as une ainda à sua matriz

existe ein lômo dc nós, ela nos respon

que se apresenta diante de nós e outra

derá na atitude ingêmui que é a nossa . relativa à consistência daquilo que se apresenta diante de nós. Ser é existir e cm nosso comportamento cotidiano: as consistir. A criança responde: as coisas coisas são, as coisas existem c nós entre

las, contra as teses de um agricultor ex

perimentado?

Sóljrc comércio, contra

■um comerciante? Vemos imediatamente

que ao saber comum, saber cotidiano de todos nós, sempre se

fecundíssima.

Incapazes dc fixar-se sòhre raízes au tônomas, mantêm-se todavia alimenta

as

coisas.

Mas, como dissemos, não

c.xistem, estão ai.

Mas nem ela e nem

procurnmo.s aqui êssc conhecimento co

ninguém poderá dizer o que é existir,

mum da nossa opinião cotidiana, e a resposta da criança não nos poderá satis fazer. Essa resposta correspondo ao que

porque, coino rimos, ser, no sentido de existir, é um indefinível.

Mas a essa

existência de coisas apontada, não defi nida, apontada pelo realismo ingênuo,

pelo

das pela seiva inextinguí\'el do tron

nosso esfórçp, com

co filosófico, ramos

uma

seu.<í, portadores dos

mente, a afirmação de que as coisas

sas para podermos dizer: as coisas que

nomes cstranlios de

Ontologia, incluindo

palavra diz, quer di

são, as coisas existem? Poderemos re sistir a teses contrárias a essa afirmação,

existem diante de nós, consistem nisto ou naquilo.

a Metafísica c a teo

ria dos objetos ein

apoiando-a naquela coerência racional,

zer amor à sabedo-' ria. Amor ao sa

pode opor um saber

conquistado estrutura

de

base racional.

Filosofia, como a

é preciso atribuir uma consistência. Pre

gênuo; Poderemo.s sustentar, fundamentadn-

conquistada polo esfôrço do nosso pen

Gnoscologia,

samento? Poderemos defender fílosòfica-

amado pelo filósofo

Ética, Estética e Fi losofia da Religião.

só pode ser aquêle que tem fundamen

Na pequena via gem ora iniciada

mente o nosso realismo ingênuo com aquele amor ao saber que solícita a ra

be/.

geral,

so con\'cncionou chamar de realismo in

Mas o saber

to racional. Através

desse esforço para dar razão das coisas,

L

iniciado na Grécia com um rigor metó dico inigualável, é

quo se constituíram todas as ciências particulares. Diante dos primeiros. fi lósofos, permanecia ainda o mundo com

pacto e indiscriminado, como uma gran de flor de mistério para ser desfolha-

cla pela sua poderosa curiosidade. Uma a uma se desligaram dela pétalas cui dadosamente recortadas, circunscreven do o campo definido das ciências conhe cidas, e, do cálice ainda existente em

atingiremos apenas as praias da Onto

cisamos dar a razão da existência de coi

Começa aqui o drama do pensamento filosófico.

Na Grécia pré-socrática surgem os nonies inestinguíveis dos primeiros filóso

fos. Diante do assombro que nos causa

zão, sem o qual não pode haver filoso

o nosso mundo colorido, desponta em

fia?

nossa consciêncià a pergunta demoníaca:

Veremos imediatamente que é im

possível mantermo-nos nessa beatitude

mas cm que consiste êste mundo? — A

logia e da Teoria do

da criança que se satisfaz com a existên cia das coisas. Porque, se tudo que

palavra poemática dos primeiros pen sadores gregos inicia, num movimento

Conhecimento

ou

nos cerca não puder demonstrar à nossa

sem

razão o fundamento de sua existência, o

"largo, majestoso", a imensa sinfonia inacabada que ainda hoje ourimos des

mundo exterior so revelará como apa

lumbrados.

giões, onde problemas terríveis .se le vantam como vagas do infinito.

rência apenas de algo que os nossos sentidos não podem captar. Se o ser

admiração dos homens da Grécia diante

Ontologia significa, ctimològicamentc, teoria dp ser ou do ente. O objetO; pois, das nossas cogitações, será êssc desnorteante problema "Contido nu pa lavra se,\ "O que é o ser?" é o tema

de uma mesa é composto de outros sêres,

do . seu contôrno universal, começou a

SC é composto, digamos, com a Física moderna, de átomos, a mesa já não tem ser próprio, não é um ser autêntico, é

procurar o fundamento autêntico do

Gnoscologia, nos

arriscarmos

ao

mar alto dessas re

fundamental da Ontologia, E, primei

ro assombro para todos nós

não é

possível definir o que seja o .ser. Pensem

um ser em outro, não em si mesmo.

Onde estará então o ser?

Ó átomo será

o ser? Mas a Física nos diz que o áto mo se decompõe em eléctrons o neutrons. Mais uma vez o ser nos escapa e o átomo deixa de ser em si para ser em

Quando o pen.sameoto grego, fnito da

mundo, que condiciona^-a a dança mati zada das formas, o ser das coisas não resistiu à sua análise impiedosa. A ra zão não se deteve diante da opacidade

aparente dêsse mundo e procurou pe netrar através das suas imagens sensí veis, até o verdadeiro ser, o intondicio-

nado, o ser em si, independente dos


f-

'»

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Dicesto

D1CE.ST0 Econômico

Econômico.

89

demais seres, na sua existência intangí

— declara Anaximandro.

São as rcla-

transforma-se, muda; sc o ser deixa do

ser", e como o "não ser" não é, é ne-

vel. Porque tudo,o que vemos é com

ç-õcs numéricas, são os números que

cessáriò que exista o ser em todos os lu

posto de elementos, são sêres constituí

fazem variar a quantidade das coisas — descobre Pitágoras. São o.s quatro ele

ser o que é na sucessão dos momentos; SC êle não sc mantém igual a ri mesmo; se ó ser não 6 sempre idêntico ao ser,

possibilidade de movimento exigiria o

êle se confunde com o não ser, e isso

espaço vazio onde existisse o "não ser",

dos de outros sêres. Dependentes de outros, contingentes, condicionados por outros. Não existiriam se não existissem

mentos — água, terra, ár e fogo — insiste Enipédocles — o amor os une, o ódio os

sêres anteriores, mais resistentes a aná

separa.

lise da razão, embora menos perceptí

Com íleráclilo de Êfeso, a agudeza racional dos gregos se aprimora e começa a crítica das soluções já dadas. Reve

veis pelos nossos sentidos. Houve, desde logo, todavia, entro os

gregos, uma fé inabalável que lhes per mitiu não desanimar na sua audaciosa

procura do ser, que recuava sempre quando a razão pretendia captá-lo: a fé na inteligibilidade do mundo. O funda

mento último das coisas, para os gregos, SC revelaria a quem o procurasse com a inteligência, porque as regras e leis do pensamento humano seriam idênticas às

regras c leis que regem a constituição do . mundo. Acreditaram sempre os greeos que um raciocínio bem feito sôbrc a natureza reproduziria exatamente em

reza, porque, como vimos, os gregos

acreditavam nu inteligibilidade do mun do, captá\'el, assim, pela razão em sua essência iiltima, não era possível haver

lam-se a.s fallias do raciocinio anterior

e, na contínua variação das aparências, Hcráclito vê, como fundamento do mun

do, um fluido em permanente mutação. O crepitar de um fogo-fáluo projetandose incessantemente para o futuro. A fluência e modificação constantes do mundo constituem para Iloráclíto o seu

contradição no ser, c o ser de Heráciito era contracTitório. O ser tem de consis

tir em algo compreensível pela razão. Não pode transgredir o princípio racio nal básico — o princípio da identidade.

fundamento.

Cabe notar, entretanto, que todos o.s gregos acreditam na realidade de uma

Sena bastante, para isso, o pensamento

natureza, de uma "physis" re\'elada sob a aparência das coisas, "princípio inva riável das variações", É o realismo in

obedecer as suas leis próprias, ser coe rente, sem contradição consigo mesmo

citar-se num realismo dc fundamento

nossa consciência, o que essa natureza é

é ilógico. O pensamento de Heniclito dcstrói-se a si mesmo. A inteligência não o pode conceber, e como as leis da in teligência Kíio as próprias leis da natu

gênuo transformado, procurando expH-

gares.

E o ser é também imóvel.

A

para que o ser pudesse deslocar-se, mas como só o ser é, o o nada é o "não

ser , não pode haver o nada e o ser tem de ser imóvel.

Estava lògicamente proposto o mundo

inteligível. O mundo captável pela ra zão. O mundo que estaria atrás da apa

rência das coisas. O mundo que é assim porque a razão demonstra que é assim, mediante leis racionais que se confundem com as leis da própria rea lidade, e êsse mundo inteligível consti tuía o único verdadeiro.

"O ser é, o não ser não c" — é o marco

E êste mundo de aparências? Mundo

intangível cravado por Parménides, as sinalando o rumo de sua entrada pelo

que percebemos com os nossos sentidos?

desconhecido.

que é absurdo. É uma ilusão que deve

Êle não existe para Parménides, por

As conseqüências da premissa intuitiva,

mos transcender; é um mundo atraxés

seguem-se racionalmente: O ser é único.

do qual conseguimos vislumbrar, com a

So houvesse dois seres, um não poderia ser idêntico ao outro, e no que êles di

inteligência, o verdadeiro mundo. Pen sar e ser se eqüivalem. O pensamento

As coisas existem como flò-

vergissem entre si, estando o ser em

racional reflete a verdade do que cxis-

ca formal. Nisso consiste a crença na

res de um ser absoluto dissimulado atrás

um deles, no outro estaria o "não ser",

te. A "physis" inteligível é a pátria

inteligibilidade do mundo — as leis da razão coincidem com as leis do desen

dc sua aparência. A realidade é garan

mas como o não ser não é, porque o ser

metafísica de Parménides.

tida pela presença indestrutível da na tureza, da "physis" grega, captável pela

desenvolvendo-se de acordo com a lógi.^

volvimento do mundo. Aceita a premissa, o vento racional

soprou as velas dos navios pré-socráticos e os primeiros filósofo.s, serenos como deuses, atravessaram com o pensamento

a fronteira das aparências do mundo e, num mar cíe idéias, navegaram solitários, tentando a descoberta do ser absoluto. O ser autêntico, O verdadeiro ser, que

não depende de ninguém para existir, cr ser, fundamento final dos demais seres. É a água — diz- Tliales de Mrleto. É o ar — afirma Anaxímenes.. É algo pensável apenas, o apeiron, o indeterminado

racional.

I'

não podo deixar de ser alguma coisa, o ser é forçosamente único.

O ser é

razão.

também eterno. Se não fôsse eterno ha

Depois de Heráclíto de Éfeso, todavia, surge o verdadeiro piloto do pensamento grego. Século e meio depois, Platão ainda o chama o grande — é um scmi-

veria, antes do ser, um momento que

Os discípulos do grande mestre con tinuam a sua obra. Zenon de Eléa for

mula a série conhecida de paradoxos que faziam rir os gregos e com os quais pro

seria o nada. Ma.s o nada é o "não ser"

curava demonstrar o inconcebível do

e o ser não pode ter sido em algum tempo o "não ser". Logo, o ser é eterno.

nosso mundo de aparências, para estan

E o imutável.

A mudança faria o ser

cia desoladora do ser de Herácbto. Os

É na colônia grega, ao sul da Itália de

transformar-se cm alguma coisa que ele

nojc, na cidade de Eléa, que se formula

não é, mas como o ser é e o "não ser"

pela primeira vez o princípio ontológico da identidade — todo objeto é idêntico a

gregos tinham uma noção plástica da existência. Não podiam tolerar o efê

não é, êle não pode vir a ser algo que

mero das coisas. Necessita^'am de uma

êle não é em todos os seus momentos.

representação imutável do universo para

si mesmo. Com essa arma terrível Par

É necessário, portanto, que o ser seja

se sentirem seguros.

ménides ataca de'frente o ponsainento

imutável.

de Heráciito:

a sua finitude permitiria que além dêle

dcus, Parménides de Eléa.

•• "

Se o ser continuamente se altera,

E infinito também, porque

fosse o nada, mas o nada é o "não

car, com a barreira do absurdo, n fluên

Os filósofos que se seguem a Parmé nides tentam continuamente a síntese do pensamento eleala com o da escola de


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D1CE.ST0 Econômico

Econômico.

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demais seres, na sua existência intangí

— declara Anaximandro.

São as rcla-

transforma-se, muda; sc o ser deixa do

ser", e como o "não ser" não é, é ne-

vel. Porque tudo,o que vemos é com

ç-õcs numéricas, são os números que

cessáriò que exista o ser em todos os lu

posto de elementos, são sêres constituí

fazem variar a quantidade das coisas — descobre Pitágoras. São o.s quatro ele

ser o que é na sucessão dos momentos; SC êle não sc mantém igual a ri mesmo; se ó ser não 6 sempre idêntico ao ser,

possibilidade de movimento exigiria o

êle se confunde com o não ser, e isso

espaço vazio onde existisse o "não ser",

dos de outros sêres. Dependentes de outros, contingentes, condicionados por outros. Não existiriam se não existissem

mentos — água, terra, ár e fogo — insiste Enipédocles — o amor os une, o ódio os

sêres anteriores, mais resistentes a aná

separa.

lise da razão, embora menos perceptí

Com íleráclilo de Êfeso, a agudeza racional dos gregos se aprimora e começa a crítica das soluções já dadas. Reve

veis pelos nossos sentidos. Houve, desde logo, todavia, entro os

gregos, uma fé inabalável que lhes per mitiu não desanimar na sua audaciosa

procura do ser, que recuava sempre quando a razão pretendia captá-lo: a fé na inteligibilidade do mundo. O funda

mento último das coisas, para os gregos, SC revelaria a quem o procurasse com a inteligência, porque as regras e leis do pensamento humano seriam idênticas às

regras c leis que regem a constituição do . mundo. Acreditaram sempre os greeos que um raciocínio bem feito sôbrc a natureza reproduziria exatamente em

reza, porque, como vimos, os gregos

acreditavam nu inteligibilidade do mun do, captá\'el, assim, pela razão em sua essência iiltima, não era possível haver

lam-se a.s fallias do raciocinio anterior

e, na contínua variação das aparências, Hcráclito vê, como fundamento do mun

do, um fluido em permanente mutação. O crepitar de um fogo-fáluo projetandose incessantemente para o futuro. A fluência e modificação constantes do mundo constituem para Iloráclíto o seu

contradição no ser, c o ser de Heráciito era contracTitório. O ser tem de consis

tir em algo compreensível pela razão. Não pode transgredir o princípio racio nal básico — o princípio da identidade.

fundamento.

Cabe notar, entretanto, que todos o.s gregos acreditam na realidade de uma

Sena bastante, para isso, o pensamento

natureza, de uma "physis" re\'elada sob a aparência das coisas, "princípio inva riável das variações", É o realismo in

obedecer as suas leis próprias, ser coe rente, sem contradição consigo mesmo

citar-se num realismo dc fundamento

nossa consciência, o que essa natureza é

é ilógico. O pensamento de Heniclito dcstrói-se a si mesmo. A inteligência não o pode conceber, e como as leis da in teligência Kíio as próprias leis da natu

gênuo transformado, procurando expH-

gares.

E o ser é também imóvel.

A

para que o ser pudesse deslocar-se, mas como só o ser é, o o nada é o "não

ser , não pode haver o nada e o ser tem de ser imóvel.

Estava lògicamente proposto o mundo

inteligível. O mundo captável pela ra zão. O mundo que estaria atrás da apa

rência das coisas. O mundo que é assim porque a razão demonstra que é assim, mediante leis racionais que se confundem com as leis da própria rea lidade, e êsse mundo inteligível consti tuía o único verdadeiro.

"O ser é, o não ser não c" — é o marco

E êste mundo de aparências? Mundo

intangível cravado por Parménides, as sinalando o rumo de sua entrada pelo

que percebemos com os nossos sentidos?

desconhecido.

que é absurdo. É uma ilusão que deve

Êle não existe para Parménides, por

As conseqüências da premissa intuitiva,

mos transcender; é um mundo atraxés

seguem-se racionalmente: O ser é único.

do qual conseguimos vislumbrar, com a

So houvesse dois seres, um não poderia ser idêntico ao outro, e no que êles di

inteligência, o verdadeiro mundo. Pen sar e ser se eqüivalem. O pensamento

As coisas existem como flò-

vergissem entre si, estando o ser em

racional reflete a verdade do que cxis-

ca formal. Nisso consiste a crença na

res de um ser absoluto dissimulado atrás

um deles, no outro estaria o "não ser",

te. A "physis" inteligível é a pátria

inteligibilidade do mundo — as leis da razão coincidem com as leis do desen

dc sua aparência. A realidade é garan

mas como o não ser não é, porque o ser

metafísica de Parménides.

tida pela presença indestrutível da na tureza, da "physis" grega, captável pela

desenvolvendo-se de acordo com a lógi.^

volvimento do mundo. Aceita a premissa, o vento racional

soprou as velas dos navios pré-socráticos e os primeiros filósofo.s, serenos como deuses, atravessaram com o pensamento

a fronteira das aparências do mundo e, num mar cíe idéias, navegaram solitários, tentando a descoberta do ser absoluto. O ser autêntico, O verdadeiro ser, que

não depende de ninguém para existir, cr ser, fundamento final dos demais seres. É a água — diz- Tliales de Mrleto. É o ar — afirma Anaxímenes.. É algo pensável apenas, o apeiron, o indeterminado

racional.

I'

não podo deixar de ser alguma coisa, o ser é forçosamente único.

O ser é

razão.

também eterno. Se não fôsse eterno ha

Depois de Heráclíto de Éfeso, todavia, surge o verdadeiro piloto do pensamento grego. Século e meio depois, Platão ainda o chama o grande — é um scmi-

veria, antes do ser, um momento que

Os discípulos do grande mestre con tinuam a sua obra. Zenon de Eléa for

mula a série conhecida de paradoxos que faziam rir os gregos e com os quais pro

seria o nada. Ma.s o nada é o "não ser"

curava demonstrar o inconcebível do

e o ser não pode ter sido em algum tempo o "não ser". Logo, o ser é eterno.

nosso mundo de aparências, para estan

E o imutável.

A mudança faria o ser

cia desoladora do ser de Herácbto. Os

É na colônia grega, ao sul da Itália de

transformar-se cm alguma coisa que ele

nojc, na cidade de Eléa, que se formula

não é, mas como o ser é e o "não ser"

pela primeira vez o princípio ontológico da identidade — todo objeto é idêntico a

gregos tinham uma noção plástica da existência. Não podiam tolerar o efê

não é, êle não pode vir a ser algo que

mero das coisas. Necessita^'am de uma

êle não é em todos os seus momentos.

representação imutável do universo para

si mesmo. Com essa arma terrível Par

É necessário, portanto, que o ser seja

se sentirem seguros.

ménides ataca de'frente o ponsainento

imutável.

de Heráciito:

a sua finitude permitiria que além dêle

dcus, Parménides de Eléa.

•• "

Se o ser continuamente se altera,

E infinito também, porque

fosse o nada, mas o nada é o "não

car, com a barreira do absurdo, n fluên

Os filósofos que se seguem a Parmé nides tentam continuamente a síntese do pensamento eleala com o da escola de


^

DiGiiSTO Económk:<)

90

DrcF-STO

Econômico

Ô1

Herâclito <le Éfeso. O mundo fenomè-

Atenas, era unia arte que consistia em

nico impuriJia irremediàvelmonte a sua

fazer o liomem dar à luz a verdade.

tudo, têm existência real no domínio do

relação entre as coisas, a noção dc estar

Platão aprimorou o método socrático em sua dialética, através da qual, na sé

inteligível; o mais são fantasmas cfêmero.s, re\'eIaçrio fcnomênica e imprecisa

entre, ser maior ou menor etc., deveria

dade com a sua visão de um mundo in

rio do übjoções que se podem fazer a qualquer noção, pro\'oca-sc a contí

dc.sse

teligível, estritamente racional. A multi plicidade inesgotável do real estava

no "topos uranus". Na região das essên cias. Isso repugnava a Aristóteles, in capaz de aceitar a razão lógica dêsse

permitindo-se atingir essa noção em sim

presença, e não bastava mais, aos que vieram depois do sábio de Eléa, aquela concepção hierática e distante da reali

aiante dêles — Anaxágoras esfacela o ser

mundo, onde descansam almas

bcm-a\cuturadas.-

nua retificação de suas insuficiências,

Mas o realismo filosófico não tinha

ainda dito a última palavra.

pureza. Pela dialética conquistamos o

Um discípulo dc Platão, cujo gênio

parmenídico e descobre o ser absoluto cm germes indivisíveis, que organizam

"lügos" da coisa cm dl.scussão, o seu

até hoje se impõe a enormes setores do

e desagregam as estruturas do mundo

conceito, enfim.

Com Platão, o realismo grego dá mais

pensamento ocidental, divergindo do

visível, por atração e repulsão, Jiiovidos pelo princípio inteligente a "nus". Êsses elementos últimos, as "homeonie-

rias" de Anaxágoras, se transformam em Democrito nos "átomos", forma última da matéria que se organiza mecànicamentc, sem a inteivenção de nenhum prjncipio espiritual. Átomos conslituem o universo. A infinita combinação des ses seres eternos, imutáveis e indivisíveis

prod^uz o mundo dos nossos senUdos em sua permanente agitação, orientada por

mestre, conduziu o realismo a seu ponto

um passo. A influência parmeniclica eiií ^

culminante.

seu pensamento ó evidente. Como Par-

■ Quando Aristóteles rompe com os câ nones da Academia, sua pala\'ra vem dar o fundamento racional que faltara ao

Jnénides, Platão procura a região onde se encontra o verdadeiro ser — fora do

tempo e do espaço, eterno e imutável,

realismo ingênuo:

não sujeito à dolorosa contingência do

ter a sua representação correspondente

infinito desdobramento d,o nosso mundo.

O universo platônico foi, em conseqüên cia, apeado dc sua região supra-sensívol, para descer ao território das coisas re\ e-

ladas pelos nossos sentidos. Tudo tem imanente o seu conceito. A sua essên cia eterna e imutável. Se analis^irmos

cuidadosamente cada objeto lançado diante de nossa sensibilidade, chegare mos à sua definição essencial; saberemos

realmente o que êsse objeto é. O ser sc •

O mundo é inteligível diante de nós,

brir o "logos" do universo, o seu prin

exatamente na forma pda qual se apre

predica de muitas maneiras, afirma Aris tóteles, e o ser de cada coisa nós o cap

cípio, basta-nos reativar a no.ssa Icmbiança de um mundo melhor das coisas

senta diante de nós.

tamos mentalmente nela mesma. O .ser

imperecíveis, a que já pcrteiicèmos.

como realmente são.

mundo onde vivemos.

Para desco

leis puramente mecânicas,

Num esforço racional permanente, damos

Mas a concepção definitiva do rea lismo não se tinha ainda formulado. Nos

cências quase mortas cm nós, da etor-

As coisas são o

que são, c nós podemos entendê-las tais

"'^idez cada vez maior a reminís-

da coisa é a çla imanente. Não a trans

Todo o esfôr-

ponde, como queria Platão. Não pode

ço do longos séculos, para dar a razão

ser encontrado fora dela. E aí começ.i

do mundo, veio desembocar na tese'

a estruturação mais ampla e mais resis

admiràvelmente estruturada pela inte

tente do realismo filo.sófico ouc, através

nicladü bem-avcnturacla do reiiio díis

ligência de que esse mundo dos nossos

de S. Thomaz de Aquino, cliegou até

idéias. Está na memória de todos o bilidade discursiva dos gregos. A penê- mito da caverna do Platão, que ilumina tração racional aumenta continuamente

sentidos contém em si mesmo, imanente

nós, e ainda se mantém irredutível den

a êle, o mundo inteligível do ser autên

tro de seu castelo inexpugnável. Na realidade vista e sentida por nós, Aristóteles distingue três elementos — a

anos que avançam, desenvolve-se a ha

nas apaixonadas discussões dessa raça genial. Sócrates leva a seu clímax a capacidade dialética dos helenos. Na simplicidade luminosa dos diálogos de Platão, vemos como aquele homem in-

com sua beleza o diálogo "A República'IOs homens estão, em geral, como

tico.

aquele do mito, acorrentados na caver na do mundo de fenômenos onde vi vem, contemplando a dança das som

coube a êle formular, com a mais precisa

bras, deslizando pelos muros de pedra de sua falsa existência. Podemos, pela

estado nos sentidos.

razao, subir ao verdadeiro mundo, o mundo das idéias. O conceito.de tôdas as imagens fervilhantes sôbre a terra,

dos pelos sentidos. O mundo conceituai

vive como idéia no "topos uranus", fora

Aristóteles, o mais frio dos racio-

cinadores, esgrime a lógica, cujas leis G implacável das perícias. Nada existe na inteligência que primeiro não tenha

substância, a essência e o acidente:

A substância é o elemento que dií

Cabe à razão ela

unidade à coisa obsersnda. Uma mes.a

borar inteligentemente os dados forneci de Platão, o seu mundo de idéias de que este era uma pálida projeção, é destruí

se oferece desde logo a nossos sentidos, como algo de que se pode dizer que o isto ou aquilo, como um "quid" ao qual se atribui a predicação cabível e

do pela lança do novo cavaleiro andante do pensamento. Inútil o desdobramento

zida pela mesa; a substância é isso que

vida temporal, imutável c eterno. As

desse nosso inundo.

resiste à nossa sensibilidade, que está

constituiu seu método de pesquisa fi

coisas são o que são em sua pálida eva-

À variação pennanente e infinita das

por baixo da coisa, como diz etimoiògi-

losófica a que chamou "mayeutica", por que, como a de sua mãe, parteira em

nescencia, por "metaxis" ou participação com as idéias. Só estas, arquétipos de

aparências, deveria corresponder, no mundo das idéias, um arquétipo para cada uma dessas variações. Também a

camente a palavra. A essência é o con junto do determinações necessárias e su

comparável de argúcia e bondade con tribuiu, com seu método, para aperfei

çoar todas as noções da opinião comimi em Atenas. A sua exasperante insistên

cia em perguntar a todos o que enten diam exatamente pelas palavras usadas com um sentido pretensamente definido,

do espaço, acima das contingências da

Al

Inútil e absurdo.

que sustenta u sensação primeira produ

ficientes para que o objeto seja o que


^

DiGiiSTO Económk:<)

90

DrcF-STO

Econômico

Ô1

Herâclito <le Éfeso. O mundo fenomè-

Atenas, era unia arte que consistia em

nico impuriJia irremediàvelmonte a sua

fazer o liomem dar à luz a verdade.

tudo, têm existência real no domínio do

relação entre as coisas, a noção dc estar

Platão aprimorou o método socrático em sua dialética, através da qual, na sé

inteligível; o mais são fantasmas cfêmero.s, re\'eIaçrio fcnomênica e imprecisa

entre, ser maior ou menor etc., deveria

dade com a sua visão de um mundo in

rio do übjoções que se podem fazer a qualquer noção, pro\'oca-sc a contí

dc.sse

teligível, estritamente racional. A multi plicidade inesgotável do real estava

no "topos uranus". Na região das essên cias. Isso repugnava a Aristóteles, in capaz de aceitar a razão lógica dêsse

permitindo-se atingir essa noção em sim

presença, e não bastava mais, aos que vieram depois do sábio de Eléa, aquela concepção hierática e distante da reali

aiante dêles — Anaxágoras esfacela o ser

mundo, onde descansam almas

bcm-a\cuturadas.-

nua retificação de suas insuficiências,

Mas o realismo filosófico não tinha

ainda dito a última palavra.

pureza. Pela dialética conquistamos o

Um discípulo dc Platão, cujo gênio

parmenídico e descobre o ser absoluto cm germes indivisíveis, que organizam

"lügos" da coisa cm dl.scussão, o seu

até hoje se impõe a enormes setores do

e desagregam as estruturas do mundo

conceito, enfim.

Com Platão, o realismo grego dá mais

pensamento ocidental, divergindo do

visível, por atração e repulsão, Jiiovidos pelo princípio inteligente a "nus". Êsses elementos últimos, as "homeonie-

rias" de Anaxágoras, se transformam em Democrito nos "átomos", forma última da matéria que se organiza mecànicamentc, sem a inteivenção de nenhum prjncipio espiritual. Átomos conslituem o universo. A infinita combinação des ses seres eternos, imutáveis e indivisíveis

prod^uz o mundo dos nossos senUdos em sua permanente agitação, orientada por

mestre, conduziu o realismo a seu ponto

um passo. A influência parmeniclica eiií ^

culminante.

seu pensamento ó evidente. Como Par-

■ Quando Aristóteles rompe com os câ nones da Academia, sua pala\'ra vem dar o fundamento racional que faltara ao

Jnénides, Platão procura a região onde se encontra o verdadeiro ser — fora do

tempo e do espaço, eterno e imutável,

realismo ingênuo:

não sujeito à dolorosa contingência do

ter a sua representação correspondente

infinito desdobramento d,o nosso mundo.

O universo platônico foi, em conseqüên cia, apeado dc sua região supra-sensívol, para descer ao território das coisas re\ e-

ladas pelos nossos sentidos. Tudo tem imanente o seu conceito. A sua essên cia eterna e imutável. Se analis^irmos

cuidadosamente cada objeto lançado diante de nossa sensibilidade, chegare mos à sua definição essencial; saberemos

realmente o que êsse objeto é. O ser sc •

O mundo é inteligível diante de nós,

brir o "logos" do universo, o seu prin

exatamente na forma pda qual se apre

predica de muitas maneiras, afirma Aris tóteles, e o ser de cada coisa nós o cap

cípio, basta-nos reativar a no.ssa Icmbiança de um mundo melhor das coisas

senta diante de nós.

tamos mentalmente nela mesma. O .ser

imperecíveis, a que já pcrteiicèmos.

como realmente são.

mundo onde vivemos.

Para desco

leis puramente mecânicas,

Num esforço racional permanente, damos

Mas a concepção definitiva do rea lismo não se tinha ainda formulado. Nos

cências quase mortas cm nós, da etor-

As coisas são o

que são, c nós podemos entendê-las tais

"'^idez cada vez maior a reminís-

da coisa é a çla imanente. Não a trans

Todo o esfôr-

ponde, como queria Platão. Não pode

ço do longos séculos, para dar a razão

ser encontrado fora dela. E aí começ.i

do mundo, veio desembocar na tese'

a estruturação mais ampla e mais resis

admiràvelmente estruturada pela inte

tente do realismo filo.sófico ouc, através

nicladü bem-avcnturacla do reiiio díis

ligência de que esse mundo dos nossos

de S. Thomaz de Aquino, cliegou até

idéias. Está na memória de todos o bilidade discursiva dos gregos. A penê- mito da caverna do Platão, que ilumina tração racional aumenta continuamente

sentidos contém em si mesmo, imanente

nós, e ainda se mantém irredutível den

a êle, o mundo inteligível do ser autên

tro de seu castelo inexpugnável. Na realidade vista e sentida por nós, Aristóteles distingue três elementos — a

anos que avançam, desenvolve-se a ha

nas apaixonadas discussões dessa raça genial. Sócrates leva a seu clímax a capacidade dialética dos helenos. Na simplicidade luminosa dos diálogos de Platão, vemos como aquele homem in-

com sua beleza o diálogo "A República'IOs homens estão, em geral, como

tico.

aquele do mito, acorrentados na caver na do mundo de fenômenos onde vi vem, contemplando a dança das som

coube a êle formular, com a mais precisa

bras, deslizando pelos muros de pedra de sua falsa existência. Podemos, pela

estado nos sentidos.

razao, subir ao verdadeiro mundo, o mundo das idéias. O conceito.de tôdas as imagens fervilhantes sôbre a terra,

dos pelos sentidos. O mundo conceituai

vive como idéia no "topos uranus", fora

Aristóteles, o mais frio dos racio-

cinadores, esgrime a lógica, cujas leis G implacável das perícias. Nada existe na inteligência que primeiro não tenha

substância, a essência e o acidente:

A substância é o elemento que dií

Cabe à razão ela

unidade à coisa obsersnda. Uma mes.a

borar inteligentemente os dados forneci de Platão, o seu mundo de idéias de que este era uma pálida projeção, é destruí

se oferece desde logo a nossos sentidos, como algo de que se pode dizer que o isto ou aquilo, como um "quid" ao qual se atribui a predicação cabível e

do pela lança do novo cavaleiro andante do pensamento. Inútil o desdobramento

zida pela mesa; a substância é isso que

vida temporal, imutável c eterno. As

desse nosso inundo.

resiste à nossa sensibilidade, que está

constituiu seu método de pesquisa fi

coisas são o que são em sua pálida eva-

À variação pennanente e infinita das

por baixo da coisa, como diz etimoiògi-

losófica a que chamou "mayeutica", por que, como a de sua mãe, parteira em

nescencia, por "metaxis" ou participação com as idéias. Só estas, arquétipos de

aparências, deveria corresponder, no mundo das idéias, um arquétipo para cada uma dessas variações. Também a

camente a palavra. A essência é o con junto do determinações necessárias e su

comparável de argúcia e bondade con tribuiu, com seu método, para aperfei

çoar todas as noções da opinião comimi em Atenas. A sua exasperante insistên

cia em perguntar a todos o que enten diam exatamente pelas palavras usadas com um sentido pretensamente definido,

do espaço, acima das contingências da

Al

Inútil e absurdo.

que sustenta u sensação primeira produ

ficientes para que o objeto seja o que


Dicesto Econômico

92

na realidade é. Tudo que sc possa dizer da substância, o conjunto dos pre

está nas própria.s coisa.s o não no mundo

de uma coisa, isto é, circunscrita a coisa

platônico imaginário. Com o seu gênio incomparávcl, Aristótcle.s procurou re solver, um a um, todos os graves pro blemas que a aceitação do mundo real,

dentro de suas determinações essenciais,

tal como se apresenta diante de nós,

todos os demais predicados a ela atri

impunha à inteligência. Seus conceitos

buíveis, as suas peculiaridades que se

do forma e matéria, de real o possível, dc potência e ato, das quatro causas,

dicados que a definem, constitui a essên cia do objeto.

Encontrada a essência

não existissem não modificariam o ser

a essência da coisa, tudo aquilo cuja

material, formal, eficiente e final, deter minantes da realização do mundo, cons

O espólio do banqueiro dos bandeirantes Afonso de E. Taunay

]PALANno da opulência do Dr. Guilherme Pompéu dc Almeida noticia Ba.sílio dc Magalhães (cf. Rcv. Inst. S.

pultaram-no com extraordinária pompa em frente ao altar de S. Francisco Xa

vier, no templo de seu instituto, na já

Paulo 18, 309) que a evolução e para

então cidade de São Paulo, honrando-o

deiro do sua para o tempo imensa for tuna podem ser facilmente averiguados graças aos velhos autos que da Delega

com êste epitáfio: Hic jacct ín tumub magno noinine Pompeijus.

Do prestigio do Padre Guilherme Pompéu nada mais alto documenta do

Guilhehnus Prcsbiter auro ct gcncre ct

carência não importaria na deformação completa da substância, constituí seu

tituem a mais c.spanlosa estrutura lógica

acidente.

que a razão possa conceber. Coroando

cia Fiscal da União no Estado de São

a tòrrc da fortaleza que a Idade Média veio habitar com S. Thomaz de Aquino, j'í lá estava cm Aristóteles a noção dc

Paulo vieram incorporar-se às coleções

causa não causada.

Do motor imóvel.

Fiscal do Tesouro Nacional em São

Da inteligência perfeita que faz mover

Paulo numerosos códices coloniais que

transcendentes às coisas, e q„e vão afi' o mundo pelo simples ato de pensar. nai concretizar-se no mundo das idéias A noção dc Deus, restaurando a \'iKão do Platao,_ e estas descem finalmente à pamienídica do ser.

tivemos o ensejo de percorrer, códices que o delegado do Arquivo Nacional em

Foram precisos muitos séculos para que o pensamento de Aristóteles, com

recolher no enorme acervo que se acumula na instituição a que superior

to em São Paulo fazia falta a assistência

as súbitas modificaç-ões da interpretação

mente dirigem o zelo e a competência

de um prelado e indicava ao benepláci

humana do universo, impostas pela His

de Eugênio Vilhena dc Morais. Ê pro vável que lá se encontre grande docu

Está completo o ciclo do pensamento parmemdico.

o ser inteligível, único c autínlico de Parmemdes, se decompõe na poeira dos seres menores das filosofias posteriores

terra, e vem encher de realidade a ilu

são atnbuida pelos pensadores mais an tigos, aos objetos que volteiam diante dos nossos sentidos deslumbrados. O conceito, a idéia das coisas, está nelas mesmas. É o conjunto de suas peculia ridades, essenciais e acidentais, captável pela razão. A essência das coisas

tória, viesse a revelar suas falhas até então despercebidas. O Idealismo, sur gindo no século XVII com Descartes,

veio a ser o demolidor desse pensamen to admirável.

do Arquivo Nacional. Por volta dc 1910 havia na Delegacia

São Paulo, Dr. Alfredo de Toledo, fêz

mentação referente aos bens do Padre

Pompéu, englobados na enorme massa proveniente do confisco do patrimônio da Companhia do Jesus mandado pro ceder por Pombal. Mas a transferência desses papéis não se fêz completa, visto como parte se acha no Arquivo do Estado, e foi im

pressa por Armando Prado no tomo 44 dos "Documentos Interessantes". Adian

te veremos que papéis fragmentários fi

caram no depósito dos bens patrimoniais da União no Estado de São Paulo.

Quatro aldeias possuía o creso de Pamaíba em Minas Gerais, provavelmen •-

te

núcleos

de

mineração. Legou-os

igualmente aos jesuítas. Faleceu em Parnaíba a 7 de janeiro

-i

de 1713, e os reconhecidos inacinos se ■i,

. '..Li

que a carta endereçada a Dom Pedro

a 28 de maio de 1698, pelo Go\emador do Rio de Janeiro Artur de Sá c

Menezes, e dúmlgada por Basílio dc Magalhães em seus Documentos sòbrc o bandeirismo.

Pedia D delegado régio ao soberano, que atendesse, à circunstiincia de quan

to real para titular da diocese a se criar

o nome do ilustre clérigo paulista. "Quando V. Magestade fosse serviço a acudir com este remedio, muy digno sugeito era para qualquer ocupação o Doutor Guilherme Pompeo de Almeida, porque as suas virtudes e procedimentos

o inculcâo para que V. Magestade lhe faça a honra de se querer servir delle". "E suposto que este sujeito ama mui

to o seo socego, e quietação, entendo que sendo V. Magestade servido, encar regar-lhe a ocupação que couber na sua pessoa não poderá escuznrç-c deste em prego". Demonstram as indiscrições documen

tais que o creso pamaibano não leve vida sacerdotal impoluta. Escreve Basílio de Magalhães, a tal propósito:


Dicesto Econômico

92

na realidade é. Tudo que sc possa dizer da substância, o conjunto dos pre

está nas própria.s coisa.s o não no mundo

de uma coisa, isto é, circunscrita a coisa

platônico imaginário. Com o seu gênio incomparávcl, Aristótcle.s procurou re solver, um a um, todos os graves pro blemas que a aceitação do mundo real,

dentro de suas determinações essenciais,

tal como se apresenta diante de nós,

todos os demais predicados a ela atri

impunha à inteligência. Seus conceitos

buíveis, as suas peculiaridades que se

do forma e matéria, de real o possível, dc potência e ato, das quatro causas,

dicados que a definem, constitui a essên cia do objeto.

Encontrada a essência

não existissem não modificariam o ser

a essência da coisa, tudo aquilo cuja

material, formal, eficiente e final, deter minantes da realização do mundo, cons

O espólio do banqueiro dos bandeirantes Afonso de E. Taunay

]PALANno da opulência do Dr. Guilherme Pompéu dc Almeida noticia Ba.sílio dc Magalhães (cf. Rcv. Inst. S.

pultaram-no com extraordinária pompa em frente ao altar de S. Francisco Xa

vier, no templo de seu instituto, na já

Paulo 18, 309) que a evolução e para

então cidade de São Paulo, honrando-o

deiro do sua para o tempo imensa for tuna podem ser facilmente averiguados graças aos velhos autos que da Delega

com êste epitáfio: Hic jacct ín tumub magno noinine Pompeijus.

Do prestigio do Padre Guilherme Pompéu nada mais alto documenta do

Guilhehnus Prcsbiter auro ct gcncre ct

carência não importaria na deformação completa da substância, constituí seu

tituem a mais c.spanlosa estrutura lógica

acidente.

que a razão possa conceber. Coroando

cia Fiscal da União no Estado de São

a tòrrc da fortaleza que a Idade Média veio habitar com S. Thomaz de Aquino, j'í lá estava cm Aristóteles a noção dc

Paulo vieram incorporar-se às coleções

causa não causada.

Do motor imóvel.

Fiscal do Tesouro Nacional em São

Da inteligência perfeita que faz mover

Paulo numerosos códices coloniais que

transcendentes às coisas, e q„e vão afi' o mundo pelo simples ato de pensar. nai concretizar-se no mundo das idéias A noção dc Deus, restaurando a \'iKão do Platao,_ e estas descem finalmente à pamienídica do ser.

tivemos o ensejo de percorrer, códices que o delegado do Arquivo Nacional em

Foram precisos muitos séculos para que o pensamento de Aristóteles, com

recolher no enorme acervo que se acumula na instituição a que superior

to em São Paulo fazia falta a assistência

as súbitas modificaç-ões da interpretação

mente dirigem o zelo e a competência

de um prelado e indicava ao benepláci

humana do universo, impostas pela His

de Eugênio Vilhena dc Morais. Ê pro vável que lá se encontre grande docu

Está completo o ciclo do pensamento parmemdico.

o ser inteligível, único c autínlico de Parmemdes, se decompõe na poeira dos seres menores das filosofias posteriores

terra, e vem encher de realidade a ilu

são atnbuida pelos pensadores mais an tigos, aos objetos que volteiam diante dos nossos sentidos deslumbrados. O conceito, a idéia das coisas, está nelas mesmas. É o conjunto de suas peculia ridades, essenciais e acidentais, captável pela razão. A essência das coisas

tória, viesse a revelar suas falhas até então despercebidas. O Idealismo, sur gindo no século XVII com Descartes,

veio a ser o demolidor desse pensamen to admirável.

do Arquivo Nacional. Por volta dc 1910 havia na Delegacia

São Paulo, Dr. Alfredo de Toledo, fêz

mentação referente aos bens do Padre

Pompéu, englobados na enorme massa proveniente do confisco do patrimônio da Companhia do Jesus mandado pro ceder por Pombal. Mas a transferência desses papéis não se fêz completa, visto como parte se acha no Arquivo do Estado, e foi im

pressa por Armando Prado no tomo 44 dos "Documentos Interessantes". Adian

te veremos que papéis fragmentários fi

caram no depósito dos bens patrimoniais da União no Estado de São Paulo.

Quatro aldeias possuía o creso de Pamaíba em Minas Gerais, provavelmen •-

te

núcleos

de

mineração. Legou-os

igualmente aos jesuítas. Faleceu em Parnaíba a 7 de janeiro

-i

de 1713, e os reconhecidos inacinos se ■i,

. '..Li

que a carta endereçada a Dom Pedro

a 28 de maio de 1698, pelo Go\emador do Rio de Janeiro Artur de Sá c

Menezes, e dúmlgada por Basílio dc Magalhães em seus Documentos sòbrc o bandeirismo.

Pedia D delegado régio ao soberano, que atendesse, à circunstiincia de quan

to real para titular da diocese a se criar

o nome do ilustre clérigo paulista. "Quando V. Magestade fosse serviço a acudir com este remedio, muy digno sugeito era para qualquer ocupação o Doutor Guilherme Pompeo de Almeida, porque as suas virtudes e procedimentos

o inculcâo para que V. Magestade lhe faça a honra de se querer servir delle". "E suposto que este sujeito ama mui

to o seo socego, e quietação, entendo que sendo V. Magestade servido, encar regar-lhe a ocupação que couber na sua pessoa não poderá escuznrç-c deste em prego". Demonstram as indiscrições documen

tais que o creso pamaibano não leve vida sacerdotal impoluta. Escreve Basílio de Magalhães, a tal propósito:


if,

•"

94

"No seu mencionado testamento, de

clarou o Padre Dr. Guilherme Pompéu dc Almeida cpic teve uma íillui ilegítima,

por nome Ignez de Lima, a qual êle fèi

DlCl-Slí) EcONÓNUCt)

Barros), figuram a.s seguintes; "CuiIluTine Pompéii, filho do Padre C.*»i7/ier-

vic Pompéti"; "Bonião Forqiiítn, genro do dito Padre e "o.s- bastardos c correios

casar com Paulo de Baixos,- dando-lhe o

que consta serem do Padre Guilherme

dote competente, c que a excluiu da herança por assim mandar "a ordena

Pompéu.

ção de Sua Majestade, que priva deste direito os filhos naturais dos nobres". Sem querermos arguir de falsa a de

claração do famoso tonsurado paulista

quanto à prole em que visou a perpe tuar-se contrariando os eànoncs da Igreja e as ordenações do reino, diremos, toda via, que, por curioso documento - a

provisão regia de 17 de novembro de

1713, a qual uianda punir os culpados da lentauva de morte contra o desem bargador smdicante Antônio da Cunha Souto Mayor, na vila do Carmo em Mmas - vemos a saber, pela lista que acompanha essa interessantíssima peca histortca, qne se atribula mais eopto a paternidade ao teologo da vila de Par naíba e cofundador da de Aragariguama. Com efeito, entre as pessoas que D João V mandava prender e castigar (al gumas notabilíssímas pelas façanhas mi pela ascendência, como Bartolomeu Fer nandes de Faria c Luiz Pedroso dc

Só SC hou\e outro Padre Guilherme

Poinpéu naquela época, ou alguma con fusão por parle dos infonnanles do rei,

aliás tao amigo de padres e frades".

A e.xpreSKao bastardos não inculca,

D ic RSTo

EcoNÓ>nco

95

giindíi edição, por nós prefaciada, e por

parte apenas do inventário do crcso dc

Otonlel Mola comentada).

Araçariguama.

Assim, o emprego do substantivo não indica, a nosso ver, ab.solutamento, quo

péu? Certamente algumas dezenas de

os tais bastardos tenham tido ao Padre

contos dc reis, quantia imen.sa para o

Pom]^é*n por pai.

tempo, em São Paulo.

Wão

pretendemos

defender-lhe

a

rcpiiiação de sacerdote casto, \nsto como èh" próprio confessou ter unia filha, e

agora, o documento do Arquivo Nacio

«iliás', a afirmação dc que os iiidixíduos

nal lhe atribui um filho e mais outra

a que se aplica\'a fóssein filhos do Padre

Mas a generalização de paternidade

lompéu. Nao tinha então ,tal paUivra «I acepçuo restrita hodicrna t; não do

cumenta novas quebras- da castidade do creso dc Pamaília. Quem se familiarizou com a leitura dos velhos documentos de São Paulo,

sabe quão freqüentes nôles .são a.s alusões a bastardos e carijós - substantivos sempre associados designando ■OS apa

niguados, os homens do séquito dos po tentados em arcos e cabos de tropa. Bastardo era o qualificati\o de meshÇ), de acordo, aliás, com o velho sig

nificado etimológico francês. Na transcrição do trecho não haverá

ocorrido algum ôrro de copista dc má

letra: bastardos e correios em vez de — bastardos e carijós? Piá a propósito do signi ficado de bastardo, foixnal esclarecimento contempo

râneo que por completo

liquida a dúvida. É o do Padre Manuel da Fonseca, ont

sua

Vida

do

Padre

Belchior de Pontes. ■Escreve esse cronista que "houve em São Paulo

filha, mulher do RoínÚo Furqútm. não

é

admissível.

Os

bastardos

do

Padre Pompéu eram os scas sci^os ma-

inelucos c niulato.s e os carijós os de raça indígena o pura. A passagem dos documentos relativo.^

ao Padre Guilherme Pompéu da Dele gacia 1'iscal de São Paulo para o Ar<jui\-o Nacional deve ter sido realizada

dc modo infeliz. É o que positivamen te indica a descoberta do Dr. José de Baixos

Sarai\'a,

distinto ' engenheiro,

quando servia no arquivo da Adminis tração dl) Domínio da União no Esta do de São Paulo. Encontrou uma série

de folhas fragmentárias subordinadas ao título Recibo o despesas dos bens do

defunto Pe. Dr. Guilherme Pompéu de Almeida.

Traz a

S. J.

as.sinatura Ant.° de Mattos,

Não se acha datado e nêle se ins

creve a nota:

"vai continuando ainda

por diante". Antônio de Matos é o nome do Padre

Reitor do Colégio de São Paulo, lembre-

mo-Io entre parênteses. Exerceu o cargo de 1712 a 1714, segundo nos ensina Serafim Leite.

^

I

Constituem esses papéis, já muito de

huma bastarda (assim in

teriorados e truncados, valiosa contri

titulam aos filhos dc Bran co e índia) chamada Pau

buição para o estudo biográfico do cTé-

la" etc. (cf. p. 233 da sc-

rigo milíoriário. Êsses fragmentos correspondem a unia

Quanto teria deixado o Padre Pom

Entre os seus contemponincos, de nin guém se teria, dc longe, em S;iü Paulo, arrolado tão a\uUado monte. Com oito c dez contos de réis era um

homem opulento no São Paulo do seu tempo. Não nos esqueçamos do ononne

coeficiente obrigatório para se fazer .i "avaliação das fortunas, devido às dife

renças do poder aquisitiio da moeda então c agora.

Com o desequilíbrio financeiro qne flagela o Brasil de hoje, assolado pela inflação, o en\ilccimcnto d;i niocíla i'

o ensilliamento daí cousequenle. o reino do câmbio negro da mais dosaiialada eonculcação dos princípios básicos cia economia política, impossível se toma avaliar o que possa ser tal coeficiente. , Destarte, terá deixado Pompéu muitos milhares do contos de nossos dias. Em

1712 a todos assombrava haver o nego

ciante Matias Rodrigues da Silva, avó do pensador Matias Avres, legado bens no valor de pouco mais de doze coutos dc réis.

Nada mais tumultuário do (jue os lan çamentos relativos ao espólio do Padr»* Pompéu descobertos pelo Dr. Snrai\'a. Aliás, era esta a praxe que nos invcntiírios SC observava, por tóda a parle no Brasil.

No do creso mistunnn-se móveis e

roupas, títulos de di\-ida e louça, eames e arreios, e assim por diante. A priineira \'erba refere-se ao dinheiro

amoeclado que o capitalí.sh\ tinha em casa — 75$440 rs., o que representaria hoje, talvez, uma dezena de contos.


if,

•"

94

"No seu mencionado testamento, de

clarou o Padre Dr. Guilherme Pompéu dc Almeida cpic teve uma íillui ilegítima,

por nome Ignez de Lima, a qual êle fèi

DlCl-Slí) EcONÓNUCt)

Barros), figuram a.s seguintes; "CuiIluTine Pompéii, filho do Padre C.*»i7/ier-

vic Pompéti"; "Bonião Forqiiítn, genro do dito Padre e "o.s- bastardos c correios

casar com Paulo de Baixos,- dando-lhe o

que consta serem do Padre Guilherme

dote competente, c que a excluiu da herança por assim mandar "a ordena

Pompéu.

ção de Sua Majestade, que priva deste direito os filhos naturais dos nobres". Sem querermos arguir de falsa a de

claração do famoso tonsurado paulista

quanto à prole em que visou a perpe tuar-se contrariando os eànoncs da Igreja e as ordenações do reino, diremos, toda via, que, por curioso documento - a

provisão regia de 17 de novembro de

1713, a qual uianda punir os culpados da lentauva de morte contra o desem bargador smdicante Antônio da Cunha Souto Mayor, na vila do Carmo em Mmas - vemos a saber, pela lista que acompanha essa interessantíssima peca histortca, qne se atribula mais eopto a paternidade ao teologo da vila de Par naíba e cofundador da de Aragariguama. Com efeito, entre as pessoas que D João V mandava prender e castigar (al gumas notabilíssímas pelas façanhas mi pela ascendência, como Bartolomeu Fer nandes de Faria c Luiz Pedroso dc

Só SC hou\e outro Padre Guilherme

Poinpéu naquela época, ou alguma con fusão por parle dos infonnanles do rei,

aliás tao amigo de padres e frades".

A e.xpreSKao bastardos não inculca,

D ic RSTo

EcoNÓ>nco

95

giindíi edição, por nós prefaciada, e por

parte apenas do inventário do crcso dc

Otonlel Mola comentada).

Araçariguama.

Assim, o emprego do substantivo não indica, a nosso ver, ab.solutamento, quo

péu? Certamente algumas dezenas de

os tais bastardos tenham tido ao Padre

contos dc reis, quantia imen.sa para o

Pom]^é*n por pai.

tempo, em São Paulo.

Wão

pretendemos

defender-lhe

a

rcpiiiação de sacerdote casto, \nsto como èh" próprio confessou ter unia filha, e

agora, o documento do Arquivo Nacio

«iliás', a afirmação dc que os iiidixíduos

nal lhe atribui um filho e mais outra

a que se aplica\'a fóssein filhos do Padre

Mas a generalização de paternidade

lompéu. Nao tinha então ,tal paUivra «I acepçuo restrita hodicrna t; não do

cumenta novas quebras- da castidade do creso dc Pamaília. Quem se familiarizou com a leitura dos velhos documentos de São Paulo,

sabe quão freqüentes nôles .são a.s alusões a bastardos e carijós - substantivos sempre associados designando ■OS apa

niguados, os homens do séquito dos po tentados em arcos e cabos de tropa. Bastardo era o qualificati\o de meshÇ), de acordo, aliás, com o velho sig

nificado etimológico francês. Na transcrição do trecho não haverá

ocorrido algum ôrro de copista dc má

letra: bastardos e correios em vez de — bastardos e carijós? Piá a propósito do signi ficado de bastardo, foixnal esclarecimento contempo

râneo que por completo

liquida a dúvida. É o do Padre Manuel da Fonseca, ont

sua

Vida

do

Padre

Belchior de Pontes. ■Escreve esse cronista que "houve em São Paulo

filha, mulher do RoínÚo Furqútm. não

é

admissível.

Os

bastardos

do

Padre Pompéu eram os scas sci^os ma-

inelucos c niulato.s e os carijós os de raça indígena o pura. A passagem dos documentos relativo.^

ao Padre Guilherme Pompéu da Dele gacia 1'iscal de São Paulo para o Ar<jui\-o Nacional deve ter sido realizada

dc modo infeliz. É o que positivamen te indica a descoberta do Dr. José de Baixos

Sarai\'a,

distinto ' engenheiro,

quando servia no arquivo da Adminis tração dl) Domínio da União no Esta do de São Paulo. Encontrou uma série

de folhas fragmentárias subordinadas ao título Recibo o despesas dos bens do

defunto Pe. Dr. Guilherme Pompéu de Almeida.

Traz a

S. J.

as.sinatura Ant.° de Mattos,

Não se acha datado e nêle se ins

creve a nota:

"vai continuando ainda

por diante". Antônio de Matos é o nome do Padre

Reitor do Colégio de São Paulo, lembre-

mo-Io entre parênteses. Exerceu o cargo de 1712 a 1714, segundo nos ensina Serafim Leite.

^

I

Constituem esses papéis, já muito de

huma bastarda (assim in

teriorados e truncados, valiosa contri

titulam aos filhos dc Bran co e índia) chamada Pau

buição para o estudo biográfico do cTé-

la" etc. (cf. p. 233 da sc-

rigo milíoriário. Êsses fragmentos correspondem a unia

Quanto teria deixado o Padre Pom

Entre os seus contemponincos, de nin guém se teria, dc longe, em S;iü Paulo, arrolado tão a\uUado monte. Com oito c dez contos de réis era um

homem opulento no São Paulo do seu tempo. Não nos esqueçamos do ononne

coeficiente obrigatório para se fazer .i "avaliação das fortunas, devido às dife

renças do poder aquisitiio da moeda então c agora.

Com o desequilíbrio financeiro qne flagela o Brasil de hoje, assolado pela inflação, o en\ilccimcnto d;i niocíla i'

o ensilliamento daí cousequenle. o reino do câmbio negro da mais dosaiialada eonculcação dos princípios básicos cia economia política, impossível se toma avaliar o que possa ser tal coeficiente. , Destarte, terá deixado Pompéu muitos milhares do contos de nossos dias. Em

1712 a todos assombrava haver o nego

ciante Matias Rodrigues da Silva, avó do pensador Matias Avres, legado bens no valor de pouco mais de doze coutos dc réis.

Nada mais tumultuário do (jue os lan çamentos relativos ao espólio do Padr»* Pompéu descobertos pelo Dr. Snrai\'a. Aliás, era esta a praxe que nos invcntiírios SC observava, por tóda a parle no Brasil.

No do creso mistunnn-se móveis e

roupas, títulos de di\-ida e louça, eames e arreios, e assim por diante. A priineira \'erba refere-se ao dinheiro

amoeclado que o capitalí.sh\ tinha em casa — 75$440 rs., o que representaria hoje, talvez, uma dezena de contos.


96

Digesto Econômico

quantia exígua para quem tão ativos e vultosos negócios mantinha. Não nos e.squeçamos, porém, de quan to tudo era primitivo no Brasil colonial.

casa. Nessa lista figuram seis mulatos, quatro negro.s já do Brasil, lapanltuihts,

Pode bem ser que esse "dinheiro que sc achara por sua morte" apenas fosse o que possuía mais à mão para as des

mulheres nem crianç-as. No testamento

de 1710, no entanto, declarou Pompéu

pesas imediatas.

gem africana.

O enxoval de cama do creso é restriti» para quem sustentava tamanho estadão

e a tanta gente hospedava.

A rouparia de mesa de quem tanto

gosiava jc banquetes também não se mostra rica.

O mobiliário arrolado está, igualmente muito em desacordo com o.s informes do hnhagista da NobiUarquia

A verba "louça", igualmente se apresenta pouco valiosa.

M Da copa do Padre Pompéo. cm prata

i' j

ouro, SC f,zcram dois lancamcmos. bubm a avaliaçao a 2:024$000, com

adendo de 1S280 por dois castiça,is do prata pequenos. -

I gum címéiio, pois o computararii em

jem demonstra, flagrantemente, quanto

ção .

Por esta comprida estrada vieram to chas acesas acompanhando o cadáver, que veio para o depósito do elevado

réis).

Numa página do borrador, datada de 8 de junho de 1712, mencionam-se 36 servos, com ,a particularidade de que cada qual possuía uma escopeta, em

'ii

mausoléu que já no Colégio se tinha formado."

^

Era costume que todos os acompanliadores de enterros recebessem velas de

Tres missas

pitania em numerosos bandos.

Deve m'' irmã 480 Do intestado 10$.

Majestosas as pombas Kinebres do Co légio, lembra Pedro Taques. "Estas exéquias se celebraram com

pompa funeral pelo agradecimento de grande herança que este colégio (de

mais 4 sellos de myssas

Tomou me o Pe. Vigário 1600 de sua pte. dos 10$ do intestado Irm. do Rosário — 640 - (1699)

São Paulo) recebeu com a morte do

feitio da capa 320

Dr. Pompéu, não contente com a liberal

3 capellas de nrissa.': são 50$ —

grandeza com que em vida lhe fizera

largos donativos."

Oitenta arrobas de cera se gastaram, a 1920 réis, o que correspondeu a 155$6001 Seriam boje, talvez, trinta contos!

A eça ficou em 105$560. Aos cléri

gos c religiosos que vieram dizer missas

126800.

21§830 rs., preço para o tempo e o

"A fazenda de meu cunli° devo

2 covad. de baeta negra

que carregaram os seus parentes, com o acompanhamento de tqdo um povo da-

deiro pai da pobreza, o amparo dos ne

Dias Paes, filho de Femão Dias Paes:

Motivou essa vaidade tola a atuação

o assistir aos ofícios foram pagos 48$480

cessitados o o objeto da maior estima

ajuste de transações do ricaço com sua

irmã Maria de Lima e Moraes, que em 1700 enviuvou do Capilão-Mcr Pcdm

até das autoridades supremas da Ca

c la de sete léguas foi conduzido o ca dáver cm um caixão coberto de veludo que a vila, onde ôle tinha sido o verda

do passamento. Uma dessas folhas parece referir-se a

rais.

péu, situada nas vizinhanças de Sabará. Também na documentação desvenda

Prasil absoIuta)i)cnte inaudito, e um ri-

panço cujo autor se não declara (800

aos amigos acompanhadores dos fune

que ate hoje conserva o nome de Pom

bois, 213 ovelhas, 34 cabras c 10 ca valos fora da estrebaria. Uma terceira página do borrador taiu-

rem-se a contas muito anteriores ao ano

madrugada, e como que clandeslinanw:nte, a fin\ de não passarem pelo v-exaine dc não poder fornecer tochas

nas de índios "serviços forros", fora de

ocasião, possuía em Araçariguama 135

cer seriamente as famílias dos defuntos,

freqüentes vezes. as pessoas modestas chegavam ào despropósito de enterrarem os seus pela

Sao Paulo, nas Minas, quiçá na aldeia

Diversas folhas av ulsas arrancadas dc

algum livro comercial do crcso estavam anexas às despesas dos funerais. Refe

Tal a fôrça do hábito, e da moda,

É provável que tivesse muitas cente

curral de Itu, 246 bovinos. Na mesma

9i

cèra, o que cm certos casos se tomava

possuir 101 escravos africanos on de ori

da nao há conta do gado. Entretanto, eju outro lugar sc conta que em nov em bro de 1701 possuía o Padre, só no

Econômico

dispcndiosíssimo, a ponto de empobre

dois africanos, o dois mamalucos. t>o resto nada se diz. Não se mencionam

ser avultadas as transações do Nos documentos recém-descobertos deviam milionário. jjj não ocorre a menor referência à avalia da missa dc corpo presente, ção da biblioteca do nababo, grande è cmDepois Parnaíba, vieram os despejos mor valiosa e incorporada à do Gilégio de tais e Guilherme São Paulo. No dizer de Pedro Taques, para São Paulo. Pompéu transportados "por sua morte encheram os séus livros Conta-nos Pedro Taques: "Com maras estantes do Colégio de São Paulo". No arrolamento que vimos seguindo só há vestígios de dois volume",•; '"uni livro de cavalaria" avaliado em rs. G40, (mtro do Padre Joseph Mas. (Mascarenhas?) que devia .ser já no tempo al-

Dicesto

o a miísicá recebeu, como em Parnaíba, Do túmulo nada sc fala. singelo.

Foi, aliás,

Explica Pedro Taques: "Não quis (o Dr. Pompéu) que a campa do .seu sepulcro tivesse mais armas que o breve epítáfio que lhe declarasse o nome. Pediu para ser sepultado ao pé do altar de S. Francisco Xavier, que fundara".

Os padres, desobedientemente gratos, lhe puseram, porém, aberta no mánnore, a inscrição a que atrás fizemos men ção.

l."-í-1900. 80$ de ... mais 24 moedas 96$

Recebi de m® iraiâ 200$ p® as Mis sas

Deve a m'' irmã 97,620 - 5-2-00 Deve 800 de fecliad'"' - 8 medidas

de aguardente da terra a 480 rs. a me dida c 4 ® de assacar 8400 Recebi p^ ella de Gas par Nunes de Ambrosio da Penha

3901000 50$650 -h 74$64ü

Tenho em dr° liquido dc ni® Innã liquido 5i5$29G Deve me ela 4.120 -f 17.280

Liquid são

4901250

der o 300 mais 8000 (festa de S.

Amaro)

Tenho em dr^ liquido feita a conta 499.550

que entreguei ao juiz.


96

Digesto Econômico

quantia exígua para quem tão ativos e vultosos negócios mantinha. Não nos e.squeçamos, porém, de quan to tudo era primitivo no Brasil colonial.

casa. Nessa lista figuram seis mulatos, quatro negro.s já do Brasil, lapanltuihts,

Pode bem ser que esse "dinheiro que sc achara por sua morte" apenas fosse o que possuía mais à mão para as des

mulheres nem crianç-as. No testamento

de 1710, no entanto, declarou Pompéu

pesas imediatas.

gem africana.

O enxoval de cama do creso é restriti» para quem sustentava tamanho estadão

e a tanta gente hospedava.

A rouparia de mesa de quem tanto

gosiava jc banquetes também não se mostra rica.

O mobiliário arrolado está, igualmente muito em desacordo com o.s informes do hnhagista da NobiUarquia

A verba "louça", igualmente se apresenta pouco valiosa.

M Da copa do Padre Pompéo. cm prata

i' j

ouro, SC f,zcram dois lancamcmos. bubm a avaliaçao a 2:024$000, com

adendo de 1S280 por dois castiça,is do prata pequenos. -

I gum címéiio, pois o computararii em

jem demonstra, flagrantemente, quanto

ção .

Por esta comprida estrada vieram to chas acesas acompanhando o cadáver, que veio para o depósito do elevado

réis).

Numa página do borrador, datada de 8 de junho de 1712, mencionam-se 36 servos, com ,a particularidade de que cada qual possuía uma escopeta, em

'ii

mausoléu que já no Colégio se tinha formado."

^

Era costume que todos os acompanliadores de enterros recebessem velas de

Tres missas

pitania em numerosos bandos.

Deve m'' irmã 480 Do intestado 10$.

Majestosas as pombas Kinebres do Co légio, lembra Pedro Taques. "Estas exéquias se celebraram com

pompa funeral pelo agradecimento de grande herança que este colégio (de

mais 4 sellos de myssas

Tomou me o Pe. Vigário 1600 de sua pte. dos 10$ do intestado Irm. do Rosário — 640 - (1699)

São Paulo) recebeu com a morte do

feitio da capa 320

Dr. Pompéu, não contente com a liberal

3 capellas de nrissa.': são 50$ —

grandeza com que em vida lhe fizera

largos donativos."

Oitenta arrobas de cera se gastaram, a 1920 réis, o que correspondeu a 155$6001 Seriam boje, talvez, trinta contos!

A eça ficou em 105$560. Aos cléri

gos c religiosos que vieram dizer missas

126800.

21§830 rs., preço para o tempo e o

"A fazenda de meu cunli° devo

2 covad. de baeta negra

que carregaram os seus parentes, com o acompanhamento de tqdo um povo da-

deiro pai da pobreza, o amparo dos ne

Dias Paes, filho de Femão Dias Paes:

Motivou essa vaidade tola a atuação

o assistir aos ofícios foram pagos 48$480

cessitados o o objeto da maior estima

ajuste de transações do ricaço com sua

irmã Maria de Lima e Moraes, que em 1700 enviuvou do Capilão-Mcr Pcdm

até das autoridades supremas da Ca

c la de sete léguas foi conduzido o ca dáver cm um caixão coberto de veludo que a vila, onde ôle tinha sido o verda

do passamento. Uma dessas folhas parece referir-se a

rais.

péu, situada nas vizinhanças de Sabará. Também na documentação desvenda

Prasil absoIuta)i)cnte inaudito, e um ri-

panço cujo autor se não declara (800

aos amigos acompanhadores dos fune

que ate hoje conserva o nome de Pom

bois, 213 ovelhas, 34 cabras c 10 ca valos fora da estrebaria. Uma terceira página do borrador taiu-

rem-se a contas muito anteriores ao ano

madrugada, e como que clandeslinanw:nte, a fin\ de não passarem pelo v-exaine dc não poder fornecer tochas

nas de índios "serviços forros", fora de

ocasião, possuía em Araçariguama 135

cer seriamente as famílias dos defuntos,

freqüentes vezes. as pessoas modestas chegavam ào despropósito de enterrarem os seus pela

Sao Paulo, nas Minas, quiçá na aldeia

Diversas folhas av ulsas arrancadas dc

algum livro comercial do crcso estavam anexas às despesas dos funerais. Refe

Tal a fôrça do hábito, e da moda,

É provável que tivesse muitas cente

curral de Itu, 246 bovinos. Na mesma

9i

cèra, o que cm certos casos se tomava

possuir 101 escravos africanos on de ori

da nao há conta do gado. Entretanto, eju outro lugar sc conta que em nov em bro de 1701 possuía o Padre, só no

Econômico

dispcndiosíssimo, a ponto de empobre

dois africanos, o dois mamalucos. t>o resto nada se diz. Não se mencionam

ser avultadas as transações do Nos documentos recém-descobertos deviam milionário. jjj não ocorre a menor referência à avalia da missa dc corpo presente, ção da biblioteca do nababo, grande è cmDepois Parnaíba, vieram os despejos mor valiosa e incorporada à do Gilégio de tais e Guilherme São Paulo. No dizer de Pedro Taques, para São Paulo. Pompéu transportados "por sua morte encheram os séus livros Conta-nos Pedro Taques: "Com maras estantes do Colégio de São Paulo". No arrolamento que vimos seguindo só há vestígios de dois volume",•; '"uni livro de cavalaria" avaliado em rs. G40, (mtro do Padre Joseph Mas. (Mascarenhas?) que devia .ser já no tempo al-

Dicesto

o a miísicá recebeu, como em Parnaíba, Do túmulo nada sc fala. singelo.

Foi, aliás,

Explica Pedro Taques: "Não quis (o Dr. Pompéu) que a campa do .seu sepulcro tivesse mais armas que o breve epítáfio que lhe declarasse o nome. Pediu para ser sepultado ao pé do altar de S. Francisco Xavier, que fundara".

Os padres, desobedientemente gratos, lhe puseram, porém, aberta no mánnore, a inscrição a que atrás fizemos men ção.

l."-í-1900. 80$ de ... mais 24 moedas 96$

Recebi de m® iraiâ 200$ p® as Mis sas

Deve a m'' irmã 97,620 - 5-2-00 Deve 800 de fecliad'"' - 8 medidas

de aguardente da terra a 480 rs. a me dida c 4 ® de assacar 8400 Recebi p^ ella de Gas par Nunes de Ambrosio da Penha

3901000 50$650 -h 74$64ü

Tenho em dr° liquido dc ni® Innã liquido 5i5$29G Deve me ela 4.120 -f 17.280

Liquid são

4901250

der o 300 mais 8000 (festa de S.

Amaro)

Tenho em dr^ liquido feita a conta 499.550

que entreguei ao juiz.


Digesto

Econômico

£{9

N

Ao lado da apropriação da terra —

Breve história da pecuária sul-riogrsndense

consc<iuente (Ia distribuição de sesma rias, fiiic vinham a caber aos elemen

111 - O ciclo cia e«lância

tos

Nelson Weeneck SoimÉ

O

QUE interessa não c, pròpriamentc, indagar o momento em que'apa

receram as primeiras cliarqueadas — elas íalve/s tenham sido contemporâ

João Pinto da Silva percebeu, com

da fundação do Rio Grande por Silva

nitidez, a transformação operada pelo advento da estância: ".As primcira.s

Pais — mas a fase em que passaram, pela sua importância, a caracterizar a atividade econômica do meio sulino.

Tal fase esteve estreitamento ligada à

transformação <|iie se operou quando, através de bcnemeréncia real ou da autoridade mandatária, os campos co meçaram a ser apropriados.

Até aí

I vida do tropeiro, foi uma parte de sua existência, uma- cousa caracterísfira em tônio da qual a sua mbldu-

rá se convencionou e se definiu. Kn-

curtaiido as distâncias, facilitando os transportes, longe de agravar o no-

madisrao - escreveu João Pinto da — ajudou, como escreve Ed-

niond DemoHns. a constituir ■" le pre-

va

à

zona

consumidora

do

ccntro-

aquilo que era objeto de troca e de

alvorecer da nossa existência coletiva

comercio. Quando os povos platines

orgânica c social : eram a subdivisão

atravessaram

da terra, a fixação do espírito de vizinliança e solidariedade gregária, o

de pastagens, dc importância capital

por isso mesmo esteve sempre ligado

portavíi era o boi em pé, que se leva

estâncias. Data da fundação destas o

fundamenta o estabelecimento e o de senvolvimento da estância, de sorte a

anterior, fóra o cavalo — só êlc apro ximava e os indivíduos e os grupos, e

tropeiros — a carne não tinha signifi cação cconòníica. Primeiro, o que imsul; tlepois, o couro, que se retirava e que constituía o bem econômico,

aproveitamento racional da riqueza pastoril, o aiJcrfeiçoamenlo da vida dc

do meio sulino e, com isso, a entidade que confere status a todos os elemen tos deia dependentes — um status pe'cuiiar a cada um, do qual não podem fugir. , .. , O único fator de vizinhança, na fase

interessava, e a subestima pela carne

articulaçòe.s do l?io Grande foram as

éles eram francos c livres — a con cessão extensa de sesmarias, na re gião de melhores pastagens, é í|uc confere o sentido de propriedade, que fazer dela a característica econômica

escala econômica — desen-

nc. At-é at — durante tôda a fase dos

mcnt de sociahilité

neas. mas sem expressão econômica,

forças em luta. Na fase anterior, quando só o couro

volvcit-se o .seu complemento, a trans formação no processo de tratar a tar-

mier riulinient de vic pul)lic|ue. fiui est Ic voismage. 11 est <ionc, au mllicu de ia vic nômade, le pius ptiisanl instru-

para o tipo dc produção (|uc se desen volvia no sul. operado através da concc.ssão de scsmgrias, foi profunda. A

■íl:

te, com vigor, nos negócios públicos, quando ao renome ganho nos comba tes reunisse abundante posse de cam pos e de gados."

vencer

as

carne um produto perecí vel, condicionou a trans formação no processo de

produção. As charqueadas, operando com a carne, e tornando-a

iirodufo

co

mercial, capaz de resis tir ao tempo, fizeram do

gado

tava positivo acesso na hierarquia so-

até então, só atuariam, daí por dian

de

condições (lue tornavam a

febril. Para recché-las, entretanto, havia discriminações indispensáveis. A concessão de scsmaria represen Rediinia dc culpas e supria a ausên cia de tradições dc família. Era equi valente de um título nobiliário. Indi- ' ca^ o ponto dc partida para o predo mínio econômico e político. As mes mas influências militares, exclusivas

período

O aparecimento da pos sibilidade

corrida para as sesmarias tornou-se

— escreveu João Pinto da Silva.

o

tormentoso

das lutas da indepcnclència, o movi mento comercial de couros, no conti nente de São Pedro, foi muito intenso.

relaçao, no Pampa." A transformação trazida pelo advento da apropriação da terra, particularmente das zonas

•í'''

a

base

econômica,

em tudo diferente do que vinha sendo, de uma ativi

dade preexistente. A car ne, com a salga, tornava-

se o produto principal, é o

couro

o

produto

com-

píementar. Ao mesmo tem

í u

po,

e

tivavam um largo fornecimento às

altamente colocados, desde

mais

logo, na

vidades militares; por outro lado, mo

como

conseqüência

era geral — não havendo nem o pro

cesso de produção, nem o mercado consumidor — a alimentação do ho mem da campanha era fácil, e esta\'a ao seu alcance. Desde que a carne se

tornou um produto de comércio, ad

quirindo ' significação econômica, o gaúcho teve de pagar a sua alimenta ção. Transitou, assim, com a charqueada e a estância, para um regime de trabalho a salário e. consequente mente, se empobreceu.

Desde então,

começou a perder as suas caracterís ticas de autonomia, de independência total, de altivez, de aventura, de anar quia — para se resumir num trabalhador do cam

po. Coincidindo tal trans

formação

com

a

apro

priação da terra pelas es tâncias, aquilo que era co mum — a campanha —

se tornava propriedade dc alguns, c o gaúcho per manecia sem posses. O

binômio

estància-

charqueada, pois. condi cionou

ção

uma

transforma

econômica que en

controu os mais fundos c

mais vivos traços no qua dro social e político do

Rio Grande. O (piadro an tigo, de liberdade ampla e

de

heroicidadc

iiidivi-

neOessária, sem o que a estrutura da produção não

'dual, passou a constituir

se

apenas: "Naquele tempo o.s campos ainda eram abertos, hão havia entre

Gomplefaria,

veu-se

a

desenvol

exportação

do

charque, enquanto as ati-

motivo de reminiscêncías


Digesto

Econômico

£{9

N

Ao lado da apropriação da terra —

Breve história da pecuária sul-riogrsndense

consc<iuente (Ia distribuição de sesma rias, fiiic vinham a caber aos elemen

111 - O ciclo cia e«lância

tos

Nelson Weeneck SoimÉ

O

QUE interessa não c, pròpriamentc, indagar o momento em que'apa

receram as primeiras cliarqueadas — elas íalve/s tenham sido contemporâ

João Pinto da Silva percebeu, com

da fundação do Rio Grande por Silva

nitidez, a transformação operada pelo advento da estância: ".As primcira.s

Pais — mas a fase em que passaram, pela sua importância, a caracterizar a atividade econômica do meio sulino.

Tal fase esteve estreitamento ligada à

transformação <|iie se operou quando, através de bcnemeréncia real ou da autoridade mandatária, os campos co meçaram a ser apropriados.

Até aí

I vida do tropeiro, foi uma parte de sua existência, uma- cousa caracterísfira em tônio da qual a sua mbldu-

rá se convencionou e se definiu. Kn-

curtaiido as distâncias, facilitando os transportes, longe de agravar o no-

madisrao - escreveu João Pinto da — ajudou, como escreve Ed-

niond DemoHns. a constituir ■" le pre-

va

à

zona

consumidora

do

ccntro-

aquilo que era objeto de troca e de

alvorecer da nossa existência coletiva

comercio. Quando os povos platines

orgânica c social : eram a subdivisão

atravessaram

da terra, a fixação do espírito de vizinliança e solidariedade gregária, o

de pastagens, dc importância capital

por isso mesmo esteve sempre ligado

portavíi era o boi em pé, que se leva

estâncias. Data da fundação destas o

fundamenta o estabelecimento e o de senvolvimento da estância, de sorte a

anterior, fóra o cavalo — só êlc apro ximava e os indivíduos e os grupos, e

tropeiros — a carne não tinha signifi cação cconòníica. Primeiro, o que imsul; tlepois, o couro, que se retirava e que constituía o bem econômico,

aproveitamento racional da riqueza pastoril, o aiJcrfeiçoamenlo da vida dc

do meio sulino e, com isso, a entidade que confere status a todos os elemen tos deia dependentes — um status pe'cuiiar a cada um, do qual não podem fugir. , .. , O único fator de vizinhança, na fase

interessava, e a subestima pela carne

articulaçòe.s do l?io Grande foram as

éles eram francos c livres — a con cessão extensa de sesmarias, na re gião de melhores pastagens, é í|uc confere o sentido de propriedade, que fazer dela a característica econômica

escala econômica — desen-

nc. At-é at — durante tôda a fase dos

mcnt de sociahilité

neas. mas sem expressão econômica,

forças em luta. Na fase anterior, quando só o couro

volvcit-se o .seu complemento, a trans formação no processo de tratar a tar-

mier riulinient de vic pul)lic|ue. fiui est Ic voismage. 11 est <ionc, au mllicu de ia vic nômade, le pius ptiisanl instru-

para o tipo dc produção (|uc se desen volvia no sul. operado através da concc.ssão de scsmgrias, foi profunda. A

■íl:

te, com vigor, nos negócios públicos, quando ao renome ganho nos comba tes reunisse abundante posse de cam pos e de gados."

vencer

as

carne um produto perecí vel, condicionou a trans formação no processo de

produção. As charqueadas, operando com a carne, e tornando-a

iirodufo

co

mercial, capaz de resis tir ao tempo, fizeram do

gado

tava positivo acesso na hierarquia so-

até então, só atuariam, daí por dian

de

condições (lue tornavam a

febril. Para recché-las, entretanto, havia discriminações indispensáveis. A concessão de scsmaria represen Rediinia dc culpas e supria a ausên cia de tradições dc família. Era equi valente de um título nobiliário. Indi- ' ca^ o ponto dc partida para o predo mínio econômico e político. As mes mas influências militares, exclusivas

período

O aparecimento da pos sibilidade

corrida para as sesmarias tornou-se

— escreveu João Pinto da Silva.

o

tormentoso

das lutas da indepcnclència, o movi mento comercial de couros, no conti nente de São Pedro, foi muito intenso.

relaçao, no Pampa." A transformação trazida pelo advento da apropriação da terra, particularmente das zonas

•í'''

a

base

econômica,

em tudo diferente do que vinha sendo, de uma ativi

dade preexistente. A car ne, com a salga, tornava-

se o produto principal, é o

couro

o

produto

com-

píementar. Ao mesmo tem

í u

po,

e

tivavam um largo fornecimento às

altamente colocados, desde

mais

logo, na

vidades militares; por outro lado, mo

como

conseqüência

era geral — não havendo nem o pro

cesso de produção, nem o mercado consumidor — a alimentação do ho mem da campanha era fácil, e esta\'a ao seu alcance. Desde que a carne se

tornou um produto de comércio, ad

quirindo ' significação econômica, o gaúcho teve de pagar a sua alimenta ção. Transitou, assim, com a charqueada e a estância, para um regime de trabalho a salário e. consequente mente, se empobreceu.

Desde então,

começou a perder as suas caracterís ticas de autonomia, de independência total, de altivez, de aventura, de anar quia — para se resumir num trabalhador do cam

po. Coincidindo tal trans

formação

com

a

apro

priação da terra pelas es tâncias, aquilo que era co mum — a campanha —

se tornava propriedade dc alguns, c o gaúcho per manecia sem posses. O

binômio

estància-

charqueada, pois. condi cionou

ção

uma

transforma

econômica que en

controu os mais fundos c

mais vivos traços no qua dro social e político do

Rio Grande. O (piadro an tigo, de liberdade ampla e

de

heroicidadc

iiidivi-

neOessária, sem o que a estrutura da produção não

'dual, passou a constituir

se

apenas: "Naquele tempo o.s campos ainda eram abertos, hão havia entre

Gomplefaria,

veu-se

a

desenvol

exportação

do

charque, enquanto as ati-

motivo de reminiscêncías


.,4

100

DICESTO EcONÓ^UCO

t-les nem divisas nem cercas; somen te nas volteadas se apanhava a ga-

vez, ora contra este, ora a favor, pa ra defesa sua, deles ou da Pátria. A

Díoesto

apresentar como solução razoável pa ra

101

EcoNÓ>nco

o momento — foram sem dúvida

Quando Caxias assumiu o com^ido das forças destinadas a pôr um tér-

daria chucra, e os veados e as aves truzes corriam sem empecilhos..."

.sua influência era a soma das dedica

os proprietários brasileiros que fica

mo a uma rebelião que atravessara

ções pessoais com que contava, por

ram com as sua.s terras, estâncias e

— conforme escreveu Simões Lopes

charqucadas em território da nova re

Neto. Progressivamente, as estâncias

.simpatia, por temor, pelas relações de parentesco, por gratidão, ou por sim

perto de dez anos — um decênio de tropelias e de tragédia que empobre

foram-.sc distril)uindo pelo continente,

ples dei)cndcncia de interêsscs".

pública, c alguns possuíam, ao mes mo tempo, terras dos dois lados da

cera consideràvelmente a campanha c que arruinara um sem número de pro

e as charfiueadas que, inicialmente, se haviam estabelecido junto aos escoa

douros naturais, as lagoas, os rios, co meçaram a difundir-se pela campa nha. Surgiram as cercas e, com as cercas, o corredor.

Kstabelecia-se, assim, na campanha,

uma hierarquia inevitável. Surgia um' elemento dominante, o proprietário, o estancieiro, aquele que havia recebido

a posse da terra, com as sesmarias, que estabelecia charqucadas. Em

torno do estancieiro, estabelecia-se a peonagem, no regime de salário vi

vendo e gravitando em torno da estancia, dela dependendo e devendo ao senhor da terra uma obediência na

N^as lutas externas em <inc nos em

fronteira, c dos dois lados eram au

priedades — oferece uma paz digna e

penhamos, em tôrno de questões fron teiriças ou outras, o estancieiro foi um

toridade reconhecida e temida. Tendo constituído a base sobre a

honrosa c acena com as perspecti\as

recrutaclor absoluto — mais do «luc

cinal o govêrno do Rio de Janeiro mantivera as suas lutas no Prata, os

ximava. .\ situação fronteiriça, real mente, na campanha ao sul do Ibicuí,

donoS| dc estâncias na campanha aca-

caminhava para uma crise militar, que

do que do país, ou do imperador. Em tôrno dessa tropa e desses chefes, o Império conseguiu, até â luta contra Lopes, (juc lhe exigiu outro tipo de forças militares e outro tipo de che

baríim por indispor-sc com as auto ridades mandadas a Porto Alegre, mandatárias da.s da Córtc. A luta far

só as corrcrias dos farrapos transfe

roupilha, em

nomo, exigiam, constantemente, a in

fe militar, efetivar a sua presença nos

contraste, <iue

assuntos -platinos. A extensão da con

todo, entre as duas áreas de coloni

tahtes, em que as nossas própria.s tor

zação: de um lado, os estaiicieiros, à

ras eram invadidas e os rebanhos di zimados. Dentro da ordem natural i|ue

isso, muitas vezes, foi o chefe, com o seu bando, que armava, alimentava e pagava. Era uma troiia sua — mais

lidado. Das estâncias poderia escrever,

cessão de .sesmarias às campinas en tre o Quaraí c o Uruguai c além da linha do Quaraí, conferiu aos seus proprietários a condição c o direito de opinarem c lutarem tôdas as vê-

por isso mesmo, João Pinto da Sil va I Elas eram o latifúndio, que exi

ofendidos. Nessa base, lutamos con

tural que os laços de subordinação econômica haviam motivado e conso

que se .sentiam ameaçados ou

pendem ou a êle se ligam, dentro ou

tra Artigas e foi êssc o motivo que nos levou — além da herança da bus ca de um limite geográfico natural —, a incorporar a Banda Oriental, quan

à margem da lei, por mera cobiça ou

do das vésperas da Independência,

instinto de conservação. A indiscipH-

com o que nos envolvemos a fundo

ge pendor para o mando, o exercício da autoridade, sóbre os que dele de

na

daquela fase elementar impunha

os recentes proprietários da terra a

aos

«plicação de métodos enérgicos. Sa

a

be-se que éles os empregaram e co

mo os empregaram. Cada fazenda era um Estado dentro do Estado. O es tancieiro foi um centro de convergên cia, um condensador das queixas e as

pirações dos grupos locais. Era,^ por

isso, o Uader nato dos proletários, junto ao governo, armando-os muita

de outra guerra externa, que se apro

nos prol)lemas e nos choques da for mação argentina. No fundo, não era

mais cio que a luta pela posse das ex tensas e magníficas pastagens que, desenvolvendo-se desde o corte do Ibicuí, constituem o hahxtat natural do gado yacuni. Quando as fraquezas do Império acabam por admitir a auto nomia da Banda Oriental, que os

que as reminisccncias

rira. Os proprietários brasileiros da Banda Oriental, agora Estado auló-

heróicas da campanha como cpie re

tervenção do nosso govêrno — í «t

viveram, surgiu justamente do velho

fronteira se apresentava como cená

não desaparecera de

-frente dos gaiichos pobres que os cer

rio de lutas internas graves e c

cavam e íjuc constituíam a sua peona

há muito vigorava, um estanoiojio.

gem, a sua tropa, a quem o govêrno

que era também um chefe militar na

devia grandes quantias de fornecimen tos não pagos, c cujo produto taxava

to, o Barão do Jacuí. organizava JÔrças destinadas a invadir o Estado Oriental, levando a ordem, pela lência, a uma região conflagrada.

com

rigôr, para auferir rendas que

saíam da província — de outro, os elementos ligados diretamente à auto

ridade

pública, os que dela depen

diam, a gente estável e média das ci dades do litoral marítimo e do litoral

lagunar, e das zonas em que um tipo novo de colonização — os alemães, que começaram a ser introduzidos em

Os tratados anteriores de limites o

todos os acordos até então assina os deixavam a zona ao sul do Ibicuí an> orientais, e nela a população hrasi f ra era absolutamente predominan^'^' quase que exclusiva. Tal situação mo tivara os choques sucessivos, que

1824 — vinha conferir novos traços de sedentariedade e de estabilidade. Embora eclodindo em Porto Alegro,

acabariam por tornar a fronteira .<"•

a rebelião farroupilha agasalhou-se na campanha, e na campanha se desen volveu, dela viveu o quanto pôde, c

de o Rio Grande, por Caxias — arrc banhando os elementos humanos e

nela encontrou as suas forças, vas suas

Ibicuí uma ficção geográfica. A cai.' panha contra Rosas, conduzida, des

militares que a luta farroupilha deixa ra em disponibilidade, e condiizin o a

choques da campanha, não conduzin

idéias, as suas ânsias, e até as suas

um acerto razoável entre os estan-

do a um resultado absoluto, viriam

capitais.

cieiros e o govêrno imperial, na ne,-


.,4

100

DICESTO EcONÓ^UCO

t-les nem divisas nem cercas; somen te nas volteadas se apanhava a ga-

vez, ora contra este, ora a favor, pa ra defesa sua, deles ou da Pátria. A

Díoesto

apresentar como solução razoável pa ra

101

EcoNÓ>nco

o momento — foram sem dúvida

Quando Caxias assumiu o com^ido das forças destinadas a pôr um tér-

daria chucra, e os veados e as aves truzes corriam sem empecilhos..."

.sua influência era a soma das dedica

os proprietários brasileiros que fica

mo a uma rebelião que atravessara

ções pessoais com que contava, por

ram com as sua.s terras, estâncias e

— conforme escreveu Simões Lopes

charqucadas em território da nova re

Neto. Progressivamente, as estâncias

.simpatia, por temor, pelas relações de parentesco, por gratidão, ou por sim

perto de dez anos — um decênio de tropelias e de tragédia que empobre

foram-.sc distril)uindo pelo continente,

ples dei)cndcncia de interêsscs".

pública, c alguns possuíam, ao mes mo tempo, terras dos dois lados da

cera consideràvelmente a campanha c que arruinara um sem número de pro

e as charfiueadas que, inicialmente, se haviam estabelecido junto aos escoa

douros naturais, as lagoas, os rios, co meçaram a difundir-se pela campa nha. Surgiram as cercas e, com as cercas, o corredor.

Kstabelecia-se, assim, na campanha,

uma hierarquia inevitável. Surgia um' elemento dominante, o proprietário, o estancieiro, aquele que havia recebido

a posse da terra, com as sesmarias, que estabelecia charqucadas. Em

torno do estancieiro, estabelecia-se a peonagem, no regime de salário vi

vendo e gravitando em torno da estancia, dela dependendo e devendo ao senhor da terra uma obediência na

N^as lutas externas em <inc nos em

fronteira, c dos dois lados eram au

priedades — oferece uma paz digna e

penhamos, em tôrno de questões fron teiriças ou outras, o estancieiro foi um

toridade reconhecida e temida. Tendo constituído a base sobre a

honrosa c acena com as perspecti\as

recrutaclor absoluto — mais do «luc

cinal o govêrno do Rio de Janeiro mantivera as suas lutas no Prata, os

ximava. .\ situação fronteiriça, real mente, na campanha ao sul do Ibicuí,

donoS| dc estâncias na campanha aca-

caminhava para uma crise militar, que

do que do país, ou do imperador. Em tôrno dessa tropa e desses chefes, o Império conseguiu, até â luta contra Lopes, (juc lhe exigiu outro tipo de forças militares e outro tipo de che

baríim por indispor-sc com as auto ridades mandadas a Porto Alegre, mandatárias da.s da Córtc. A luta far

só as corrcrias dos farrapos transfe

roupilha, em

nomo, exigiam, constantemente, a in

fe militar, efetivar a sua presença nos

contraste, <iue

assuntos -platinos. A extensão da con

todo, entre as duas áreas de coloni

tahtes, em que as nossas própria.s tor

zação: de um lado, os estaiicieiros, à

ras eram invadidas e os rebanhos di zimados. Dentro da ordem natural i|ue

isso, muitas vezes, foi o chefe, com o seu bando, que armava, alimentava e pagava. Era uma troiia sua — mais

lidado. Das estâncias poderia escrever,

cessão de .sesmarias às campinas en tre o Quaraí c o Uruguai c além da linha do Quaraí, conferiu aos seus proprietários a condição c o direito de opinarem c lutarem tôdas as vê-

por isso mesmo, João Pinto da Sil va I Elas eram o latifúndio, que exi

ofendidos. Nessa base, lutamos con

tural que os laços de subordinação econômica haviam motivado e conso

que se .sentiam ameaçados ou

pendem ou a êle se ligam, dentro ou

tra Artigas e foi êssc o motivo que nos levou — além da herança da bus ca de um limite geográfico natural —, a incorporar a Banda Oriental, quan

à margem da lei, por mera cobiça ou

do das vésperas da Independência,

instinto de conservação. A indiscipH-

com o que nos envolvemos a fundo

ge pendor para o mando, o exercício da autoridade, sóbre os que dele de

na

daquela fase elementar impunha

os recentes proprietários da terra a

aos

«plicação de métodos enérgicos. Sa

a

be-se que éles os empregaram e co

mo os empregaram. Cada fazenda era um Estado dentro do Estado. O es tancieiro foi um centro de convergên cia, um condensador das queixas e as

pirações dos grupos locais. Era,^ por

isso, o Uader nato dos proletários, junto ao governo, armando-os muita

de outra guerra externa, que se apro

nos prol)lemas e nos choques da for mação argentina. No fundo, não era

mais cio que a luta pela posse das ex tensas e magníficas pastagens que, desenvolvendo-se desde o corte do Ibicuí, constituem o hahxtat natural do gado yacuni. Quando as fraquezas do Império acabam por admitir a auto nomia da Banda Oriental, que os

que as reminisccncias

rira. Os proprietários brasileiros da Banda Oriental, agora Estado auló-

heróicas da campanha como cpie re

tervenção do nosso govêrno — í «t

viveram, surgiu justamente do velho

fronteira se apresentava como cená

não desaparecera de

-frente dos gaiichos pobres que os cer

rio de lutas internas graves e c

cavam e íjuc constituíam a sua peona

há muito vigorava, um estanoiojio.

gem, a sua tropa, a quem o govêrno

que era também um chefe militar na

devia grandes quantias de fornecimen tos não pagos, c cujo produto taxava

to, o Barão do Jacuí. organizava JÔrças destinadas a invadir o Estado Oriental, levando a ordem, pela lência, a uma região conflagrada.

com

rigôr, para auferir rendas que

saíam da província — de outro, os elementos ligados diretamente à auto

ridade

pública, os que dela depen

diam, a gente estável e média das ci dades do litoral marítimo e do litoral

lagunar, e das zonas em que um tipo novo de colonização — os alemães, que começaram a ser introduzidos em

Os tratados anteriores de limites o

todos os acordos até então assina os deixavam a zona ao sul do Ibicuí an> orientais, e nela a população hrasi f ra era absolutamente predominan^'^' quase que exclusiva. Tal situação mo tivara os choques sucessivos, que

1824 — vinha conferir novos traços de sedentariedade e de estabilidade. Embora eclodindo em Porto Alegro,

acabariam por tornar a fronteira .<"•

a rebelião farroupilha agasalhou-se na campanha, e na campanha se desen volveu, dela viveu o quanto pôde, c

de o Rio Grande, por Caxias — arrc banhando os elementos humanos e

nela encontrou as suas forças, vas suas

Ibicuí uma ficção geográfica. A cai.' panha contra Rosas, conduzida, des

militares que a luta farroupilha deixa ra em disponibilidade, e condiizin o a

choques da campanha, não conduzin

idéias, as suas ânsias, e até as suas

um acerto razoável entre os estan-

do a um resultado absoluto, viriam

capitais.

cieiros e o govêrno imperial, na ne,-


Dioksto

102

Econômico

ccssídã^cle clc enfrentar um inimigo ex

Irigoríficos.

terno cie importância — a campanha contra Rosas deveria, com a vitória de Caseros, pôr fim a uma situação insustentável para ambas as partes.

fatores haviam correspondido á ex

Os acordos assinados com os aliados

imigraçao e com diferenciações pro

brasileiros do Estado Oriental, che fiados pelo General Flòres, acabaram concluindo pela entrega ao Brasil dos

campos ao sul do Ibicuí e, pela pri meira vez, c definitivamente, a linha

do Quaraí surgiu no mapa, como fronteira sulina. O quadro geral da campanha sofre

ria nova transformação de importân

cia, que lhe alteraria, outra vez, em substancia, as linhas "sociais, politicas e econômicas, com o advento da in

dústria cia carne c a instalação dos

Xes.sc tempo, já outros

gaao bovino e sua iníiuencia na anlrc>Do ,r<

KW

Econômico

1931; FORTES. JOÃO BORGES: Casais — Rio — 1932; FORTES. JOÃO BORGES:

O povoameiçto inicial do Rio Grande — In Revista do Instituto Histórico e Gco-

tensão do predomínio do tipo clc exis

do Guaiha, com o desenvolvimento da

BORGES: De sertão a estado — In Re

to Bandeira — In Província de São Pe dro, n.o 4 — Pôrto Alegro — 1946: KUDRIGUES. FELIX CONTREIRAS: Traços da economia social e política do

vista ^do Instittuo Histórico e Geográfico

do Rio Grande do Sul I — Pôrto Alegre

gressivas na gente do campo. A luta fedcralista foi o seu último arremes so. Consolidada a República, foi reduJ^icla a zona agrícola a uma .sutimissão absoluta, de cultura c modos de viver

rctiraclo.s ao padrão europeu, enquan

to que, na campanha, a instalação dos frigoríficos Correspondia ao declínio

— 19.3G; GOULART. JORGE SALIS: A formação do Rio Grande do Su! — 2.a edi

ção ~ Pôrto Alegro — 1033; HAFKEMEYER, J. R.: A conquista do Rio Gran de do Sul oolos portugueses — Pôrto Ale gro — 1912; ISABELLE. ARSENE: Via gem ao Rio da Prata o ao Rio Grande do

Sv'!* LAYTANO. DE: T, Koticia ~breve da pecuária DANTE no Rio Grando do Sul do século XVIII ~ Pôrto

Alegro — 1945; LAYTANO. DANTE DE: História da propriedade das primeiras fa-

definitivo cio espírito de anarquia, de

zondas do Rio Grande do Sul — In Anais

aventura c de destempero, pela intpiantaçâo acabada de uma ordem econômica que já não comportaria

Porto Alegro — 1945; LIMA. A. G.: Cro nologia da História Rio-Grandense —

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Alegro — 1947; MARCHAIN. R. DE LA-

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do Filo^^ofia —

Pôrto Alegro ~ s/data; MACHADO. AN

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Província de São Pedro, n.o R — P.irto

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1931; Para

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nos séculos XVIII o XIX — In

cia — Porto Alegro — 1949; MONTEIRO.

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rtiegre — 11148; ABriíU, J. CApISTRANO

LINaKIO Porto: viagem a Laguna

in í-rovincia de bao Pearc. n.o 8 — Pôrto AJegre — iy4Y; AEívijíiija, Ac.uisIo jjh,US caminhos ao sui e a leira ae boroca'

tO.

Alegre

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BASTOS. MANUEL E. n;.

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do

Rio

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Cicograxicu tíiasueiro, voi. lua — «lo — in

econômica

lormaçâo econômica do Rio Grande

iy4o; BAivChBOS. RUBENS OE: fcsbôço aa rormaçao social ao mo Grande

Estrutura

Eoonómico. n.o 25 — São Paulo

Ua — 111 hevisía üo instituto Hisloncg e Província de São Pedro, n o j,3 pr - --— — - Portu

uti-possidetis — I Congresso

10 1Q ".í^!^,-,*"^tarinense — Florianópolis

A eslânj,*. "i_ o espiritoEMÍLIO militar SOUSA; na formação do Uco

- In Boletim Geográ-

ríio Grande — Sua importância histórica

NICofATT^'i5- ..'^9 -

- 1947; DREYS.

oe e povoamento sul — In Anais do II rongresso Geograua SuiCongicaa de História e Alegre — 1937-

Ifm

— 1839; ERICK-

relacionada com a tunuavao ao «lo i.,rdn-

^ro-tíranuense — Perto Alegre - 1937; wOIIEUA, LUCAS ALEXAiNJJKE: Santa r ataxina lio »o século seouiw XVH -I Congresso v.o.i6j.co3u

,,T Kiatória Catarinense — Florianópolis

^ ly^fü BltfTC, LEMOS: Pontos de par^ iTietopía Econômica do Bra4ida para a História Econômica do Bra

cSlif - sao_ Paulo - 1939; CABRAL, OS .V outros

■f»; AT no^R • Laguna e outros ensaios :^''F£SaS,polls - 1939; CABRAL, OS-

WALOO K.; Os Açorianos — I Congresso Wi^tnria Catarinense — Florianópolis .^ História

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ritorial do Brasil — I Congresso de His

tência oriuiulo do litoral c cia bacia

ná — 2.a edição — São Paulo — 1939;

Pmt,.

REIRA; Os açorianos e a integridade ter tória Catarinense —

— Montovidúu — 1935; COSTA. RE-

x-rovinc»a ae bao t-earo, n." u

víncia de São Pedro, n.° 4 — Pjrto Ale gre — 1946; REIS. ARTUR CEZAR FER

erãfico do Rio Grande do Sul. 1 e II — Pôrto Alegro — 1934; FORTES. JOÃO

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Digesto

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Nolicja descritiva da provín-

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Iransfiguracion de Martin Fierro —

2

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ao Rio Grande do Sul —

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Grande do Sul - Pôrto

PORTES, DIOGO BOR-

. "L 1 • "Otilha do alto-Uruguai es tabelecimento naval de Itaquí — eIno Re

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JONATAS DA COSTA DO RÊGO: A Co

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Gente que canta triste — In Pro

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colonial — Pôrto Alegre — 1926; HObA. OTELO; Causas da Revolução Farroupi lha — In Província de São

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Pôrto Alegre — 1930: SUIONSEN. RO BERTO; História Econômica do BrasU

2 vols. — São Paulo — 1937; SPALDINL. WALTER: A Revolução Farroupiu^

São Paulo — 1939: SAI.NT-HTLAIRE. A. DE: Vlaqem ao Rio Grando do Sul " 1821) — 2 vols. — S:"io Paulo — 1939: ib.-CHAUER, CARLOS: História do Grande do Sul nos dois primeiros secuios

- 2 vols. - Pôrto Ak-rc - 1918: ULã SSÉA. RUBEM; Panorama

guna — I Congresso de História Cau nense — Florianópolis — 1948: i" " ALFREDO: História da Grande CRO — 6 vols. — Pôrto Akrie

1926; vento

VERÍSSIMO, ÉRICO: O tempo e o ve

- Pòrto Alegre - 1949; VIANA. HÉLIUHistória da viação brasileira —

1949: VIANA, F. J, DE OLIVEIRA-

«

^

conquista da planície platina __ In Pi-o. vincia de São Pedro, n.o 8 — ^

gre — 1947; WIEDERSPAHN. HEN^U^'- -

OSCAR: Os lagunistas e Silva Pais Pòrto Alegre — 1937.


Dioksto

102

Econômico

ccssídã^cle clc enfrentar um inimigo ex

Irigoríficos.

terno cie importância — a campanha contra Rosas deveria, com a vitória de Caseros, pôr fim a uma situação insustentável para ambas as partes.

fatores haviam correspondido á ex

Os acordos assinados com os aliados

imigraçao e com diferenciações pro

brasileiros do Estado Oriental, che fiados pelo General Flòres, acabaram concluindo pela entrega ao Brasil dos

campos ao sul do Ibicuí e, pela pri meira vez, c definitivamente, a linha

do Quaraí surgiu no mapa, como fronteira sulina. O quadro geral da campanha sofre

ria nova transformação de importân

cia, que lhe alteraria, outra vez, em substancia, as linhas "sociais, politicas e econômicas, com o advento da in

dústria cia carne c a instalação dos

Xes.sc tempo, já outros

gaao bovino e sua iníiuencia na anlrc>Do ,r<

KW

Econômico

1931; FORTES. JOÃO BORGES: Casais — Rio — 1932; FORTES. JOÃO BORGES:

O povoameiçto inicial do Rio Grande — In Revista do Instituto Histórico e Gco-

tensão do predomínio do tipo clc exis

do Guaiha, com o desenvolvimento da

BORGES: De sertão a estado — In Re

to Bandeira — In Província de São Pe dro, n.o 4 — Pôrto Alegro — 1946: KUDRIGUES. FELIX CONTREIRAS: Traços da economia social e política do

vista ^do Instittuo Histórico e Geográfico

do Rio Grande do Sul I — Pôrto Alegre

gressivas na gente do campo. A luta fedcralista foi o seu último arremes so. Consolidada a República, foi reduJ^icla a zona agrícola a uma .sutimissão absoluta, de cultura c modos de viver

rctiraclo.s ao padrão europeu, enquan

to que, na campanha, a instalação dos frigoríficos Correspondia ao declínio

— 19.3G; GOULART. JORGE SALIS: A formação do Rio Grande do Su! — 2.a edi

ção ~ Pôrto Alegro — 1033; HAFKEMEYER, J. R.: A conquista do Rio Gran de do Sul oolos portugueses — Pôrto Ale gro — 1912; ISABELLE. ARSENE: Via gem ao Rio da Prata o ao Rio Grande do

Sv'!* LAYTANO. DE: T, Koticia ~breve da pecuária DANTE no Rio Grando do Sul do século XVIII ~ Pôrto

Alegro — 1945; LAYTANO. DANTE DE: História da propriedade das primeiras fa-

definitivo cio espírito de anarquia, de

zondas do Rio Grande do Sul — In Anais

aventura c de destempero, pela intpiantaçâo acabada de uma ordem econômica que já não comportaria

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TÔNIO

acjuêles Índices.

Alegro — 1947; MARCHAIN. R. DE LA-

da

Faculdade

Católica

do Filo^^ofia —

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Província de São Pedro, n.o R — P.irto

FUENTE: Los portugueses en Buenos Aigen e difusión dol bovino en nucstro Uru-

MARTINS

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1931; Para

DE; Os caminhos amigos e o povoaníenlo

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rtiegre — 11148; ABriíU, J. CApISTRANO

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in í-rovincia de bao Pearc. n.o 8 — Pôrto AJegre — iy4Y; AEívijíiija, Ac.uisIo jjh,US caminhos ao sui e a leira ae boroca'

tO.

Alegre

— iiMd; —

BASTOS. MANUEL E. n;.

Ais DEB: a estrada da Laguna ao

do

Rio

— In Digesto Econômico, n.o 23 — São

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Cicograxicu tíiasueiro, voi. lua — «lo — in

econômica

lormaçâo econômica do Rio Grande

iy4o; BAivChBOS. RUBENS OE: fcsbôço aa rormaçao social ao mo Grande

Estrutura

Eoonómico. n.o 25 — São Paulo

Ua — 111 hevisía üo instituto Hisloncg e Província de São Pedro, n o j,3 pr - --— — - Portu

uti-possidetis — I Congresso

10 1Q ".í^!^,-,*"^tarinense — Florianópolis

A eslânj,*. "i_ o espiritoEMÍLIO militar SOUSA; na formação do Uco

- In Boletim Geográ-

ríio Grande — Sua importância histórica

NICofATT^'i5- ..'^9 -

- 1947; DREYS.

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Ifm

— 1839; ERICK-

relacionada com a tunuavao ao «lo i.,rdn-

^ro-tíranuense — Perto Alegre - 1937; wOIIEUA, LUCAS ALEXAiNJJKE: Santa r ataxina lio »o século seouiw XVH -I Congresso v.o.i6j.co3u

,,T Kiatória Catarinense — Florianópolis

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cSlif - sao_ Paulo - 1939; CABRAL, OS .V outros

■f»; AT no^R • Laguna e outros ensaios :^''F£SaS,polls - 1939; CABRAL, OS-

WALOO K.; Os Açorianos — I Congresso Wi^tnria Catarinense — Florianópolis .^ História

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tência oriuiulo do litoral c cia bacia

ná — 2.a edição — São Paulo — 1939;

Pmt,.

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— Montovidúu — 1935; COSTA. RE-

x-rovinc»a ae bao t-earo, n." u

víncia de São Pedro, n.° 4 — Pjrto Ale gre — 1946; REIS. ARTUR CEZAR FER

erãfico do Rio Grande do Sul. 1 e II — Pôrto Alegro — 1934; FORTES. JOÃO

FONTES: ABREU, FLORÉNCIO DE- O •yeoáíaiia ao mo Ciranue ao Sm

Digesto

cia Hn

Nolicja descritiva da provín-

rf ft «5 , O negro —noig-ll; Rio ESTRAGrande UA. E2EQUIEL Alegre MARTINEZ; Muerte y

Iransfiguracion de Martin Fierro —

2

vo^ — México —•1948;-'EU. CONDE D':

ao Rio Grande do Sul —

PARIA, OTÁVIO AU-

DE: História da divisão adminis-

Grande do Sul - Pôrto

PORTES, DIOGO BOR-

. "L 1 • "Otilha do alto-Uruguai es tabelecimento naval de Itaquí — eIno Re

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Grande do Sul — Rio- —

MEYER. AUGUSTO: Scgredos> da infân

JONATAS DA COSTA DO RÊGO: A Co

lônia do Sacramento {1680-1777) — 2 vols — Pôrto Alegre — 1937; PÔRTO, AURÉ LIO:

Gente que canta triste — In Pro

Florianópolis

1948; REVERBEL. CARLOS: Raíaej Pm-

colonial — Pôrto Alegre — 1926; HObA. OTELO; Causas da Revolução Farroupi lha — In Província de São

— Pôrto Alegre — 1945; SILVA. JOA^ PINTO DA: A província de Sao Pea'?,,..

Pôrto Alegre — 1930: SUIONSEN. RO BERTO; História Econômica do BrasU

2 vols. — São Paulo — 1937; SPALDINL. WALTER: A Revolução Farroupiu^

São Paulo — 1939: SAI.NT-HTLAIRE. A. DE: Vlaqem ao Rio Grando do Sul " 1821) — 2 vols. — S:"io Paulo — 1939: ib.-CHAUER, CARLOS: História do Grande do Sul nos dois primeiros secuios

- 2 vols. - Pôrto Ak-rc - 1918: ULã SSÉA. RUBEM; Panorama

guna — I Congresso de História Cau nense — Florianópolis — 1948: i" " ALFREDO: História da Grande CRO — 6 vols. — Pôrto Akrie

1926; vento

VERÍSSIMO, ÉRICO: O tempo e o ve

- Pòrto Alegre - 1949; VIANA. HÉLIUHistória da viação brasileira —

1949: VIANA, F. J, DE OLIVEIRA-

«

^

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gre — 1947; WIEDERSPAHN. HEN^U^'- -

OSCAR: Os lagunistas e Silva Pais Pòrto Alegre — 1937.


Digesto

105

Econômico

QUADRO VII

Custo de produção e renda das culturas

Cusio total de produção de algodão e milho

de algodão e milho

Despesas

Oscar T. Ettori

Algodão

Despesas diretas

|Á vimos anteriormente, a quantidade

de operação desses fatores, assim como

de trabalho dos fatôres de produção

os gastos feitos com sementes, adubos

— homem, animal de tração e máqui-

queire de algodão e de milho no setor

e inseticidas; foram també determi nados. Isto posto, poderemos calcular o custo de produção daquelas cul

de Presidente Prudente. O custo diário

turas.

nas — necessária para produzir um aU

veículos e animais

Administração e despesas gerais .. Depreciação de benfeitorias Juros sòbrc o capital fi.xo (®) .... Juros sôbre as despesas diretas (""j

{ 1 ■

i-i

Despesas

Algodão

3.862,00

2.131,70

502,00 585,60

312,70

137,50

81,80

546,30 96,50

389,30 37,60

5.729,90

3.397,4(1

Despesas indiretas: Custo de operação dc máquinas,

quadro VI

Cuito por alqueire de algodão e de miUw

Milho

Total

( " ) jiiro.s de 5 % ao ano

('■ ® )

Milho

-

444,30

juros do 7 % ao ano computados durante 6 meses

Despesas diretas: Sementes

76,20

O custo parcial de produção, embora incompleto, ó o mais comumente usado

416,90

35,20

pela maioria dos produtores como indi

no qual o capital fixo sofre depreciação. Vemos, portanto, que «ma simples

cativo do rendimento obtido nas diver

1.845,80

comparação da renda bruta (1) obtida

963,90 427,70

sas explorações. Alem disso, é o custo que mais tem interessado aos bancos

na exploração com o custo de operação e as despesas diretas feitas na mesma,

paru efeito dc financiamento agrícola. Não obstante os pontos acima apon

não c o melhor meio para se medir o

135,50

Adubos

132,90

Inseticidas , Braço

Dias de serviço Colheita .... Debulha ....

1.331,10

3.862,20

Despesas indiretas Custo de operação de; Animais de tração Máquinas Veículos

316,00

1.819,00

tados, 225,20

174,60

236,00 40,80

93,90

Total

502,00

_44,20

4.364,20

consideração somente os gastos em di nheiro durante a safra (despesas dire

tas) e o custo de operação das máqui nas, animais de tração e veículos (des

Calculando-se aquêle custo tomando-

representam apenas um custo parcial da produção,-uma vez que tomamos em

se em conta esses itens acima especifica

mos determinar o custo total de produ ção, devemos considerar outras despe

como segue:

dos, teremos o custo total de produção,

o

verá caber não uma renda res

ríodo. Êssc lucro também não

deve ser usado para orientar

as alterações do esquema de trabalho de um ano p.ara

diretas e o custo de operação de máquinas, animais dc tra

outro.

ção e veículos, mas sim uma

lecer uma seleção mais ucura-

renda suficientemente grande

O produtor poderá estabe de. das culturas de maior ren

nistração, depreciação de capital fi.xo,

dimento da^propriedade quando èle toma por base o lucro real proporcionad.i pelas mesmas, isto é, o lucro obtido

juros etc.

depois dc terem sido computadas todas

pesas envolvidas na exploração: admi

i

lucro que servirá de base para planejar um programa de exploração da propriedade cm longo pe

trita para cobrir as despesas

para cobrir também todas as outras des

tura durante a safra.

pesas indiretas). Contudo, se desejar

levantar

custo total de produção, por ser o dc. maior interesse para o produtor. Ao agricultor de

312,70 2.1317^

sas indiretas da exploração, quais sejam: administração c despesas gerais, depre ciação das benfeitorias, juro.s sobre o capital fixo (benfeitorias e terra) e ju ros sôbre a importância aplicada na cul

Os dados apresentados no quadro VI

devemos

siderar mn longo período de exploração

A importância de o agricultor tomar cm conta o custo total da produção se faz sentir mais intensamente se ele con

U) Renda bruta = receita — quantida

de produzida X preço de venda.


Digesto

105

Econômico

QUADRO VII

Custo de produção e renda das culturas

Cusio total de produção de algodão e milho

de algodão e milho

Despesas

Oscar T. Ettori

Algodão

Despesas diretas

|Á vimos anteriormente, a quantidade

de operação desses fatores, assim como

de trabalho dos fatôres de produção

os gastos feitos com sementes, adubos

— homem, animal de tração e máqui-

queire de algodão e de milho no setor

e inseticidas; foram també determi nados. Isto posto, poderemos calcular o custo de produção daquelas cul

de Presidente Prudente. O custo diário

turas.

nas — necessária para produzir um aU

veículos e animais

Administração e despesas gerais .. Depreciação de benfeitorias Juros sòbrc o capital fi.xo (®) .... Juros sôbre as despesas diretas (""j

{ 1 ■

i-i

Despesas

Algodão

3.862,00

2.131,70

502,00 585,60

312,70

137,50

81,80

546,30 96,50

389,30 37,60

5.729,90

3.397,4(1

Despesas indiretas: Custo de operação dc máquinas,

quadro VI

Cuito por alqueire de algodão e de miUw

Milho

Total

( " ) jiiro.s de 5 % ao ano

('■ ® )

Milho

-

444,30

juros do 7 % ao ano computados durante 6 meses

Despesas diretas: Sementes

76,20

O custo parcial de produção, embora incompleto, ó o mais comumente usado

416,90

35,20

pela maioria dos produtores como indi

no qual o capital fixo sofre depreciação. Vemos, portanto, que «ma simples

cativo do rendimento obtido nas diver

1.845,80

comparação da renda bruta (1) obtida

963,90 427,70

sas explorações. Alem disso, é o custo que mais tem interessado aos bancos

na exploração com o custo de operação e as despesas diretas feitas na mesma,

paru efeito dc financiamento agrícola. Não obstante os pontos acima apon

não c o melhor meio para se medir o

135,50

Adubos

132,90

Inseticidas , Braço

Dias de serviço Colheita .... Debulha ....

1.331,10

3.862,20

Despesas indiretas Custo de operação de; Animais de tração Máquinas Veículos

316,00

1.819,00

tados, 225,20

174,60

236,00 40,80

93,90

Total

502,00

_44,20

4.364,20

consideração somente os gastos em di nheiro durante a safra (despesas dire

tas) e o custo de operação das máqui nas, animais de tração e veículos (des

Calculando-se aquêle custo tomando-

representam apenas um custo parcial da produção,-uma vez que tomamos em

se em conta esses itens acima especifica

mos determinar o custo total de produ ção, devemos considerar outras despe

como segue:

dos, teremos o custo total de produção,

o

verá caber não uma renda res

ríodo. Êssc lucro também não

deve ser usado para orientar

as alterações do esquema de trabalho de um ano p.ara

diretas e o custo de operação de máquinas, animais dc tra

outro.

ção e veículos, mas sim uma

lecer uma seleção mais ucura-

renda suficientemente grande

O produtor poderá estabe de. das culturas de maior ren

nistração, depreciação de capital fi.xo,

dimento da^propriedade quando èle toma por base o lucro real proporcionad.i pelas mesmas, isto é, o lucro obtido

juros etc.

depois dc terem sido computadas todas

pesas envolvidas na exploração: admi

i

lucro que servirá de base para planejar um programa de exploração da propriedade cm longo pe

trita para cobrir as despesas

para cobrir também todas as outras des

tura durante a safra.

pesas indiretas). Contudo, se desejar

levantar

custo total de produção, por ser o dc. maior interesse para o produtor. Ao agricultor de

312,70 2.1317^

sas indiretas da exploração, quais sejam: administração c despesas gerais, depre ciação das benfeitorias, juro.s sobre o capital fixo (benfeitorias e terra) e ju ros sôbre a importância aplicada na cul

Os dados apresentados no quadro VI

devemos

siderar mn longo período de exploração

A importância de o agricultor tomar cm conta o custo total da produção se faz sentir mais intensamente se ele con

U) Renda bruta = receita — quantida

de produzida X preço de venda.


106

Dicksto

as despesas clirelus c indiretas da cxploração.'

dicr cie 193 arrobas o 79 sacas por alqueire cultivado com algodão e millu), respc'cti\'aniente.

Reiiíftí e lucro da cultura dc algodão c de milho

Econ-ómico

Sabendo-se o pre^f»

médio de venda recebido pelos respeetivos produtores da zona, na safra de 1948/49, poclercnios determinar a renda

As propriedades estudadas neste trabalho apresentaram um rendimento mé-

c o lucro provenientes dessas culturas

Digesto Econômico

107

aplicada para produzir aqueles produtos,

zar o quadro IX, que apresenta os dias

seria interessante determinarmos o ren-

de seiviço de trabalhador utilizado nas

(liincrnto eni cruzeiros proporcionado por dia de serviço de trabalhador em ambas as culturas.

Utilizando-se dos duelos já unterior-

mente determinados, poderemos organi

culturas, as despesas incorridas nas mes mas, a renda bnita e o rendimento pro-

porcionacjo por dia de serxnço de tra balhador.

ua referida safra. QUADRO IX

quadro

VIII Itens

Itkns

Produção por alqueire

Preço médio recebido (®)'

1 Renda bruta por alqueire

Algodão

Milho

j)

193 arrobas

79 sacas

62,00

77,40

138,41

56,55

cida.*:)

685,30

111,40 .

Despesas indiretas:

Custo 'de operação de máquinas, veículos 0 animais

11.900,00

0.114,60

de operaçao dc má—

quinas, animais e veí-

Administração e despesas gerais Depreciação de benfeitorias Juros sobre o capital fixo Juros sôbre despesas diretas (e.xcluindo braços)

cülos

(Custo parcial de pro

Dias dc serviç-o de trabalhador por alqueire ..

Miuío

Despesas diretas (sementes, aaubos e inseti

Despesas direta.s e custo

\ •

Awodão

4.36^,20

2.444,40

dução)

CUSTO TOTAL EXCLUINDO BRAÇO Renda bruta por alqueire Rendimento do serviço de trabalhador por al queire ( ® )

Despesas diretas e indi

Rendimento por dia de scrviço-trubalhador (°®)

502,00

312,70

585,60

444,50

137,50

81,80

546,30

389,30

17,10 2.473,80 11.966.00

2,80 1.342,30 6.114,80

9.492,20

4.772,50

60,80

84,40

retas

(Custo total de produção) Lucro aparente da ex ploração Lucro real da explora ção

5.730,10

7.601,80

3.084,70

3.670,20

(11.986,00 — 4.364,20)' (0.114,60 - 9.235,90

(11.966,00 - 5.730,10)

3.029,90

(6.114,60 - 3.084,70)

puia oeçao cie Mc

que os lucros aparentes por alqueire de

Remlimento por dia de serviço de trabalhador

algodão e de milho foram respectiva mente Cr$ 7.601,80 e Cr$ 3.670,20, en

quanto os lucros reais foram de .... Cr$ a235,90 e Cr$ 3.029,90, respecti vamente.

(° ®) Rendimento do serviço de trabalhador por alqueire, diridido por dia de .serviço de trabalhador por alqueire = 60,80.

- 2.444,40)

visão de Economia Rural durante o ano de 1949.

Pelos dados do quadro VIII vemos

( ® ) Renda bruta por alqueire — custo total excluindo trabalho = 9.492,20,

Como vemos, os rendimentos propor

arsim dizer, um lucro de CrS 35,40 por

cionados por dia dc serviço de traba

dia de serviço na cultura do algodão

lhador na cultura de algodão o de mi

e de Cr$-59,00 na do milho.

lho foram dc CrS 60,80 e Cr$ 84,40, re.si)ectivamcritc:. Sc compararmos qs rendimentos do dia de serviço do tra

conclusão é teórica, uma \ez que res ponsabilizamos o fator braço por todo o lucro real da exploração. Êste, na

balhador com .seu salário diário de

0.S fatôres e agentes de produção em pregados na exploração.

Cr$ 25,40, veremos que êle deixa, por

Uma vez calculada a renda e o lucro

provenientes das culturas de algodão e de milho, assim como a quantidade de trabalho c dos agentes de produção v.t

Esta

realidade, dex-e ser atribuído a todos


106

Dicksto

as despesas clirelus c indiretas da cxploração.'

dicr cie 193 arrobas o 79 sacas por alqueire cultivado com algodão e millu), respc'cti\'aniente.

Reiiíftí e lucro da cultura dc algodão c de milho

Econ-ómico

Sabendo-se o pre^f»

médio de venda recebido pelos respeetivos produtores da zona, na safra de 1948/49, poclercnios determinar a renda

As propriedades estudadas neste trabalho apresentaram um rendimento mé-

c o lucro provenientes dessas culturas

Digesto Econômico

107

aplicada para produzir aqueles produtos,

zar o quadro IX, que apresenta os dias

seria interessante determinarmos o ren-

de seiviço de trabalhador utilizado nas

(liincrnto eni cruzeiros proporcionado por dia de serviço de trabalhador em ambas as culturas.

Utilizando-se dos duelos já unterior-

mente determinados, poderemos organi

culturas, as despesas incorridas nas mes mas, a renda bnita e o rendimento pro-

porcionacjo por dia de serxnço de tra balhador.

ua referida safra. QUADRO IX

quadro

VIII Itens

Itkns

Produção por alqueire

Preço médio recebido (®)'

1 Renda bruta por alqueire

Algodão

Milho

j)

193 arrobas

79 sacas

62,00

77,40

138,41

56,55

cida.*:)

685,30

111,40 .

Despesas indiretas:

Custo 'de operação de máquinas, veículos 0 animais

11.900,00

0.114,60

de operaçao dc má—

quinas, animais e veí-

Administração e despesas gerais Depreciação de benfeitorias Juros sobre o capital fixo Juros sôbre despesas diretas (e.xcluindo braços)

cülos

(Custo parcial de pro

Dias dc serviç-o de trabalhador por alqueire ..

Miuío

Despesas diretas (sementes, aaubos e inseti

Despesas direta.s e custo

\ •

Awodão

4.36^,20

2.444,40

dução)

CUSTO TOTAL EXCLUINDO BRAÇO Renda bruta por alqueire Rendimento do serviço de trabalhador por al queire ( ® )

Despesas diretas e indi

Rendimento por dia de scrviço-trubalhador (°®)

502,00

312,70

585,60

444,50

137,50

81,80

546,30

389,30

17,10 2.473,80 11.966.00

2,80 1.342,30 6.114,80

9.492,20

4.772,50

60,80

84,40

retas

(Custo total de produção) Lucro aparente da ex ploração Lucro real da explora ção

5.730,10

7.601,80

3.084,70

3.670,20

(11.986,00 — 4.364,20)' (0.114,60 - 9.235,90

(11.966,00 - 5.730,10)

3.029,90

(6.114,60 - 3.084,70)

puia oeçao cie Mc

que os lucros aparentes por alqueire de

Remlimento por dia de serviço de trabalhador

algodão e de milho foram respectiva mente Cr$ 7.601,80 e Cr$ 3.670,20, en

quanto os lucros reais foram de .... Cr$ a235,90 e Cr$ 3.029,90, respecti vamente.

(° ®) Rendimento do serviço de trabalhador por alqueire, diridido por dia de .serviço de trabalhador por alqueire = 60,80.

- 2.444,40)

visão de Economia Rural durante o ano de 1949.

Pelos dados do quadro VIII vemos

( ® ) Renda bruta por alqueire — custo total excluindo trabalho = 9.492,20,

Como vemos, os rendimentos propor

arsim dizer, um lucro de CrS 35,40 por

cionados por dia dc serviço de traba

dia de serviço na cultura do algodão

lhador na cultura de algodão o de mi

e de Cr$-59,00 na do milho.

lho foram dc CrS 60,80 e Cr$ 84,40, re.si)ectivamcritc:. Sc compararmos qs rendimentos do dia de serviço do tra

conclusão é teórica, uma \ez que res ponsabilizamos o fator braço por todo o lucro real da exploração. Êste, na

balhador com .seu salário diário de

0.S fatôres e agentes de produção em pregados na exploração.

Cr$ 25,40, veremos que êle deixa, por

Uma vez calculada a renda e o lucro

provenientes das culturas de algodão e de milho, assim como a quantidade de trabalho c dos agentes de produção v.t

Esta

realidade, dex-e ser atribuído a todos


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ECONÚMICO

Escritório Central: 11.0 Àndar — Telefone: 33-5135

Rua José Bonifácio. 278

■Preciso nas informações, i.fhri<> v ubjetwo nos cnmentát ias, cômodo e clc-^anlr na apresenta' çâo, o Digesto Econômico, dandu <tos seus leitores um panorama mensal do mundo dos

negócios, circula numa classe de alto poder aquisitivo e elevado padrão de vida. Por essas razões, os anúncios inseridos no Dicesto Eco-

NÓMco São lidos, invaríàvelmente, por uni pto.

Caixa

Postal,

639

Telegramas: ESTEVE

— SÃO PAULO

Cia. União dos Refinadores

vável comprador.

Esta revista é publicada mensalmente pela Editôra Comercial Ltda., sob os auspícios da AssO' ciação Comercial de São Paulo e da Federação do Comércio do Estado de São Paulo.

— AÇÚCAR E CAFÉ FUNDADA EM 1910 — CAPITAL: CrS 50.000.000,00 RUA BORGES DE FIGUEIREDO n.o 237

CAIXA POSTAL. n.o 695 SÃO PAULO

Refinaria de Açúcar

Torrefação e Moagem de Café

EDITÔKA

comercial

limitada

HUA boa VISTA> 51. 9.0 ANDAH - TEL. í-1112 - RAMAL 19 - SAO PAULO

DIRETORIA

José Ferraz de Camargo

Armando Pereira Viarii

'Mário d'Almeida fris Miguel Rotundo

Hanns Malt José Àntonio Rosas


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la pifp iL ,,

Dr. SIGR aconselha

SEAGERS Ilnio. Sr.

IDr. Antonio Gontijo de Carvalho 13C. Diretor do "Digcsto Econômico"

Esta Caixa Econômica Federal desejando receber, cni assinatura, a rccista-documontárío que V. S. com alta infcligcncia dirige e orienta, soUcUaría os scfw bons o/ícios, uo sentido de ser remetida mensalmente a esta Presidência,

SEAGERS DO BRASIL A^;. rrtiítuü

os futuros exemplares que sairão à publicidade, correndo a assinalura respectiva cio próximo mês cntrante. Reconheço cm "Digesto Econômico" o seu elevado sentido dc compreensão dos problemas fundamentais do país. Os que estudam e ;?e;isflm, os que tratam da finança

ou da economia, nüo podem prescindir da sua imparcUil contribuição analítica c crítica.

"Digcsto Econômico" cot\stitui uma exceção real

FABRICAÇÃO MODERNA DE LATAS BRANCAS E LITOGRAFADAS DE TODOS OS TIPOS E PARA TODOS OS FINS. — CARTAZES LITOGRAFADOS PARA RECLAMES, EC.

artigos dcmésticos e brinquedos marca METALMA

mente notável: informa através estatística honesta, divulga

a boa doutrina, faz história, ensina obrigando ao debate intelectual. Creio que dentro do limite dos seus objetivos, está servindo ao Brasil e à nossa cultura, — está fazendo obra equilibrada, — ohra cujo verdadeiro setUido político e social se evidencia do contado positivo com as realidades indígenas.

Queira V. S. receber os meus respeitosos cufnpri-

NET/ILIJRGICA mUUlM S/H

mentos.

a)

Manoel de Ouveira Franco Sobrinho

(Presidente da Caixa Econômica Federal do Paraná).

Sede: RUA CAETANO PINTO, 575 — Cx. Postalj 2.400 Fone.s: 3-2133 — 3-2137 — Telegramas: METALMA" Códigos: Rorges, Ribeiro, Lieber e Mascote l.a e 2.a Ed, SÃO

PAULO

Gráfica São José

KIID GalvSo Buono, 2S0 — Telefona 6-4912 — Slo Paulo


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