DEPARTAMENTO
ém S U M A R I o Quo 6 investimonlo? — Rlchard Lewlnshon
5
^ 8 unificado político do corporativismo — J. P. Galvão de Sousa
10
quQ se deve conhecer de economia — Djacir Menezes
15
erspectivas da Economia de Guerra no Brasil — Roberto Pinto de Sousa
20
Crlicério e o ensUhamento — Dorival Teixeira Vieira
33 39
^alógeras. financista — A. C. Salles Júnior ^ 8 perfis — Antônio Gontijo de Carvalho
29
aralelo entre Raul Soares e Francisco Sales — Daniel de Carvalho problema -e.-
e um repositório precioso cie informüções guardadas sob sigilo ' absoluto e confiadas exdusim e ditelamenle aosinteressadas.
dos solos ácidos — José Setzer
Q uturo l^^dustrialização" da cafeicultura — J. Testa Banco Central e o mercado de capitais —
Geraldo Banaskiwitz
anifesto burguôs — João de Oliveira Filho as profundidades da revolução comunista — Cândido Mota Filho
habitabilidade dos trópicos — Pimentel Gomes
53
'3
Q vulgação doa problemas filosóficos — Realismo — Paulo Edmur de Sousa Queiroz 85 espólio do banqueiro dos bandeirantes — Afonso de Taunay
reve história da pecuária sul-riograndense — Nelson Werneck Sodré
ifvtz-Se aóx neSSe eaaócSÓéo
52 50
usto da produção e renda das culturas de algodão e milho — Oscar Ettori
RUA BOA VISTA, 51 — 9.° ANDAR — FONE 3-1112
N.o 76
MARÇO DE 1951 — ANO Vil
93
98
104
o DIGESTO ECONOMICO ESTA X VENDA
Melhor Proteção Aos
nos principais pontos de jornais no Brasil, ao preço tíe Cr$ 5,00. Os nossos agentes da relação abaixo estão aptos a suprir qualquer encomenda, bem como a receber pedidos de assinaturas, ao preço de Cr$ 50,00 anuais.
Motores Diesel :{
Para cada tipo de motor, um óleo especial-
Agenle geral para o Brasil FERNANDO CHINAGLIA
Avenida Presidente Vargas, 502, 19.o andar Rio de Janeiro
Alagoas: Manoel Espíndola, Praça Pe dro II, 49, Maceió. Amazonas; Agência Freitas, Rua Joa
quim Sarmento, 29, Manaus.
fruto de 84 anos
Paraná; J. GhJa/tnone. Rua 15 de No vembro, 423. Curitiba.
Pernambuco: Fernando Chinaglla, Rua do Imperador, 221, 3.o andar,
de experiência em iubrificacão
Recife.
Bahia:
Alfredo J. de Souza & Cia.,
R. Saldanha da Gama, 6. Salvador.
Ceará: J. Alaor de Albuquerque Zc Cia. Praça do Ferreira, 621, Fortaleza.
Espírito Santo: Viuva Copolllo & Fi lhos, Rua Jerônimo Monteiro, 361, Vitória.
Rio dô Janeiro: Fernando Chinaglia. Av. Presidente Vargas, 502, jg.o
6721-9
andar.
o mesmo lubrificante que dá resultados plenamente satisfatórios nos antigos motores, poderá causar depósitos prejudiciais em seu novo Diesel... Para atender aos diferentes requisitos dos motores Diesel, a Socony-Vacuum oferece uma linha com pleta de lubrificantes para os Diesel de ontem...
Rio Grande do Norte: Luís Romflo, Avenida Tavares Lira, 48, Natal.
Goiás: João Manarlno. Rua Setenta A, Goiânia.
Marsnhüo:
Piauí: Cláudio M. Tote, Tereslna.
PJo Grando do Sul: Sómcnte para Por
to Alegre; Octavio Sagebin, Rua
Livraria Universal, Rua
João Lisboa. 114. São Luiz.
7 de Setembro. 709. Porto Alegro. Para locais fora de Pôrto Alegre: Fernando Chinaglia, R. de Janeiro.
Mato Grosso: Carv.ilho. Pinheiro & Cia., Pça. da República, 20, Cuiabá.
Santa Catarina; Pedro Xavier «Çc Cia., Rua Felipe Schmldt, O, Florlanóp.
Minas Gerais: Joaquim Moss Velloso,
SSo Paulo: A Intelectual, Ltda., Via duto Santa Eíigênla, 281. S. Paalo.
Avenida dos Andradas. 330, Belo Horizonte.
Psrá' Albano H. Martins & Cia., Tra
vessa Campos Sales, 85/89, Belém,
Puraiba: Loja das Revistas. Rua Ba
rão cio Triunfo, 510-A. João Pessoa.
de hoje-.- e de amanhai Esta famosa linha inclui
óleos detergentes e não-detergentes. óleos com inibidores da oxidação e óleos minerais puros — todos notáveis em sua respectiva classe. Nosso Departamento Técnico indicará os óleos cor retos para os motores Diesel de V. S. Consulte-o.
Sergipe: Livraria Regina Ltda., Rua
Concessionário:
João Pessoa, 137, Aracaju.
cm. MATE LARAHJEIRfl S. A.
Território do Acro: Diógencs de Oli
7
Lubnficantes
São Paulo.Rua Brigodeiro Tebios, 356
n
veira, Rio Branco.
i
a).-
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Concessionários
a SEME\TEIRil DE
NASCIMENTO 8e COSTA, LTDA.
Importadores e distribuidores, de se mentes de ortaliças e flores dos
Ê
Automóveis e Caminhões
€ia. de
melhores cultivadores.
Autcmóveis
Alexandre tiornsteín
SEMENTES
SÃO
MARCA REGISTRADA
PAULO
Escritório, vendas e secção de ^
VENDAS POR ATACADO E VAREJO
pecas
Remessas pelo reembolso postal.
RUA CAP. FAUSTINO LIMA, 105
LARGO GENERAL OSORIO, 25 — TELEFONE; 4-5271
Telefones:
End. Telegr.: "SEMENTEIRA"
SÃO PAULO
IMPORTAÇÃO — REPRESENTAÇÕES
RUA CLAUDINO PINTO, 55
Escritório e vendas . . . 2-8738
Secção de peças
O iV
OFICINAS:
2-4564
Telefone: 2-8740 CAIXA POSTAL, 2840 — SÃO PAULO —
BANCO DO BRASIL S. A. RUA ALVARES PENTEADO, 112 — SÃO PAULO
COMISSÁRIOS — EXPORTADORES
Enderêço Telegráfico "Satélite" COBRANÇAS — DEPÓSITOS — EMPRÉSTIMOS — CÂMBIO —
CUSTÓDIA — ORDENS DE PAGAMENTO — CRÉDITO AGRÍCOLA E INDUSTRIAL — CARTEIRA DE
EXPORTADORA E COMISSÁRIA
FINANCIAMENTO. TAXAS DAS CONTAS DE DEPÓSITO:
PAULISTA LTDA.
POPULARES (limite até Cr§ 10.000,00) LIMITADOS — Até Cr$ 50.000,00 ...
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Até Cr$ 100.000,00
3 % a.a. 2 % a a
SEM LIMITE 6.° andar Fones: 3-2093 e 2-6425
R. FREI GASPAR. 12 2.® andar Fones: 2-7979 e 2-3656
Telegramas: Excopa.
Telegreunas: Excopa
SÃO PAULO
SANTOS
R. 15 DE NOVEMBRO, 330
PRAZO FIXO — 12 meses
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. 5 % a.a!
PRAZO FIXO (com pagamento mensal de jioros)' — 12 meses
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AVISO PRÉVIO — 90 dias
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TT^^rr
Que 8' íovestioieoto?
DIGGSTO EMÜHICO • luioo 00$ noocit» nm riiioiu ■uhl Pub/icado <ob «i ampícíai do
Richard Lewinsohn
yh
ISSOCIACtO COMERCIRIDE SlO FAUU
A
PERGUNTA que encabeça este artigo parecerá muito banal àque les que o sabem ou acreditam sabe-lo. Mas, para os outros que o ignoram
FEDERADO DO COMtRCIO BO ESTADO OE SlO FAÜIO
ou que têm algumas dúvidas a res Dlrelor tuperialendonlo: Marllm Affozuo Xavior da SUvotra
O Dígesto Ecoiiòmioe ^publicará no próximo número: MACHIAVEL E OS TEMPOS - A. C.
íormacOes econõnilcu e tlnancci-
DO
CALCÁREO
NO
direção não ae responeablUza
pelos dados cujas fontes estejam devidamente
citadas,
nem
pelos
conceitos emitidos em artigos asai» □ados
CARACTERÍSTICAS DO DESENVOL VIMENTO INDUSTRIAL DO BRA
SIL — Moacyr Paixão.
Na transcrição de artigos pede-se citar o nome do D1 g o s i o Cconómlce.
sentido
eco
nômico, já .SC leia todos os dias nos Consultando o "Grande e Novíssimo
PKOBLEMA
BRASIL — S. Frocs Abreu.
A
Embora a pala no
sos mais famosos dicionários.
O Digoflo EeoBómlee, 6rgSo de InEditora Comercial Ltda.
"investimento",
jornais, ela ainda não entrou nos nos
Sallcs Júnior. raa, é publicado menaalmente pela
ta clara e simples. vra
Diretor:
Antozilo Gonlljo do Carvalho
peito, não é fácil obter uma respos
Dicionário da Língua Portuguesa" organiziido por Laudclino Freire (A Noite Editora, Rio do Janeiro, 1942), encontra mos no terceiro dos seus monumentais
cinco volumes a breve definição: "In vestimento = dc investir + mente. Ato Ou efeito de investir".
PREVISÃO ECONÔMICA - Roberto Pinto do Sousa.
O têrmo "in
Acelta-se Intercâmbio com publi trangeiras
O IDEALISMO — Paulo Edmur de
Sousa Queiroz,
ASSIIfATURAI:
Dlgoslo Ecenómlee
Ano (simples) " (registrado) Número do mês: Atrasado:
Cr$ Crf CrS Crf
50,00 58,00 5,00 8,00
O
Redação • Administração: riaduto Boa VUla, «7 - 7.e andar TeL 9-7419 — Caixa Poilal, I4I-B fio Paulo
recente, o "Dicionário de Sinônimos e
Locuções da Língua Portuguesa", orga nizado por Agenor Costa (Departamen to da Imprensa Nacional, Rio de Ja neiro, 1950). No II volume, pág. 1.288, encontramos a pala\Ta em foco com as
definições: "Ataque, investida, investidura". Mais uma vez decepcionados,. voltar)Tos à página 1.287, onde se encon tra uma notícia longa e muito douta sôbre a palavra "inversão". Aqui vai o
essencial:
"Inversão
—
Alteração,
anástrofe; ato homossexual; comutação, contraversão, ehálage, liipérbato,' inverso,
mudança do posição, perversão, sínquise, transposição, troca".
Ficamos ainda in-
fomíudos que hipálage é a inversão de
palavras, e triquíase a invensão dos pêlos
tes definições, mas nenhuma dentre elas refere-se ao sentido econômico da pa
a inversão dc dinheiro.
não nos deixamos desanimar.
Encon-'
das pestanas. Mas, nada ouvimos sobre Entretanto, nesta obra ultra-nioderna
já se acha a palaxTa "investidor". Tah ez seja uma pessoa que aplica um capital
traríamos talvez a solução do enigma sob o sinônimo "inversão", que alguns pre
na subscrição de títulos? O Dicionário
ferem por ser sua forma mais latina. Realmente, ficamos logo instiuídcjs de
responde lacônicamente: "Investidor —
que a palavra "inversão" provém do
latim "inversio", que significa "ação de
'f
saber o que é investimento... Passamos para úma obra ainda mais
vestir" é mais favorecido. Enche tôda uina coluna. Oferecem-se sete diferen
lavra. Estamos numa pista errada. Mas,
cações congêneres nacionais e es
mente e.xato, mas não ajuda muito para
inverter, caráter do que é invertido". Seguem exemplos, como este: "O Egito inverteu o culto". Aprendemos ainda que "inverter" significa também "colo car num sentido oposto a outro; trocar
a ordem da colocação; mudar, trocar, alterar, transformar". Tudo isso é certa
do Departamento da Imprensa Nacional Acomotedor."
As pesquisas nos grandes dicionários franceses não são muito mais fnituosas.
Ignoram também o têrmo "investissement" no sentido econômico. Só o "Petit
Larousse" dá um passo para frente. Diz ainda: "Investissement — Action d'inves-
tir une place", mas, para o verbo "in vestir" menciona em último lugar: "Néologisrae: Placer des fonds".
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A
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Diretor:
Antozilo Gonlljo do Carvalho
peito, não é fácil obter uma respos
Dicionário da Língua Portuguesa" organiziido por Laudclino Freire (A Noite Editora, Rio do Janeiro, 1942), encontra mos no terceiro dos seus monumentais
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O têrmo "in
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Sousa Queiroz,
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Ano (simples) " (registrado) Número do mês: Atrasado:
Cr$ Crf CrS Crf
50,00 58,00 5,00 8,00
O
Redação • Administração: riaduto Boa VUla, «7 - 7.e andar TeL 9-7419 — Caixa Poilal, I4I-B fio Paulo
recente, o "Dicionário de Sinônimos e
Locuções da Língua Portuguesa", orga nizado por Agenor Costa (Departamen to da Imprensa Nacional, Rio de Ja neiro, 1950). No II volume, pág. 1.288, encontramos a pala\Ta em foco com as
definições: "Ataque, investida, investidura". Mais uma vez decepcionados,. voltar)Tos à página 1.287, onde se encon tra uma notícia longa e muito douta sôbre a palavra "inversão". Aqui vai o
essencial:
"Inversão
—
Alteração,
anástrofe; ato homossexual; comutação, contraversão, ehálage, liipérbato,' inverso,
mudança do posição, perversão, sínquise, transposição, troca".
Ficamos ainda in-
fomíudos que hipálage é a inversão de
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tes definições, mas nenhuma dentre elas refere-se ao sentido econômico da pa
a inversão dc dinheiro.
não nos deixamos desanimar.
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já se acha a palaxTa "investidor". Tah ez seja uma pessoa que aplica um capital
traríamos talvez a solução do enigma sob o sinônimo "inversão", que alguns pre
na subscrição de títulos? O Dicionário
ferem por ser sua forma mais latina. Realmente, ficamos logo instiuídcjs de
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que a palavra "inversão" provém do
latim "inversio", que significa "ação de
'f
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vestir" é mais favorecido. Enche tôda uina coluna. Oferecem-se sete diferen
lavra. Estamos numa pista errada. Mas,
cações congêneres nacionais e es
mente e.xato, mas não ajuda muito para
inverter, caráter do que é invertido". Seguem exemplos, como este: "O Egito inverteu o culto". Aprendemos ainda que "inverter" significa também "colo car num sentido oposto a outro; trocar
a ordem da colocação; mudar, trocar, alterar, transformar". Tudo isso é certa
do Departamento da Imprensa Nacional Acomotedor."
As pesquisas nos grandes dicionários franceses não são muito mais fnituosas.
Ignoram também o têrmo "investissement" no sentido econômico. Só o "Petit
Larousse" dá um passo para frente. Diz ainda: "Investissement — Action d'inves-
tir une place", mas, para o verbo "in vestir" menciona em último lugar: "Néologisrae: Placer des fonds".
•• -'- y
Digiísto Econômico
Origem e tramiormação
As explicações dos filólogos mostram
que o verbo latino "investirtí" já foi - utilizado em vários sentidos: significou a investidora de altos dignitários, em
particular eclesiásticos, mas também ex primiu o cérco, o sítio de uma praçufortc pelas forças armadas de um adver sário. Os dicionários ingleses e ame ricanos notam, embora em segundo lu-
■ . gar: "investment - the act of besieging
or blockading" — o ato de sitiar ou blo(jueaí.
Não ü certo se os ingleses, que foram
os primeiros a usar as palavras "invest"
li P
Investir é uma técnica, até
que garantam tanto qtianto possível a
mente entre os escoceses — famosos pelo seu espírito parcimonio.so. Nas vésperas da ultima guerra mundial existiam na Inglaterra 230 "Invcslmeut Trusts", com
I
dos economistas.
J
não o conhecia. Mas, na geração segnin-
f
te, seu grande discípulo David Ricardo já fala na possibilidade de "invest capi
370 milhões de libras de capital. O
tal" em diferentes atividades. Cita mes
sistema propagou-sc também no conti
Eslado.s Unidos, onde, porém, s(aj ca
no sentido moderno (J).
ses que tinham concedido grandes emIjrcstimos às jovens Repúblicas da Amé rica do Sul mostravam-se ansiosos, pois
algumas dentre elas não pagavam os
juros pontualmente. Vendiam os tí tulos a preço baixo, mas faziam outro "investment" em valores ainda mais
especulativos: em ações das novas companliias ferroviárias. Tal especulação ter (1) "The Principies of Political Ecoiio-
my and Taxation" (1817), cap. XIX.
Investimento nacional
inconveniente é que o in\ cstimento in
de se providenciar dinheiro mediante
conjunto tem feito num determinado
inflação.
Não obstante, os investimen
tos om títulos desse tipo são conside rados como os mais seguros. Os ban
cos americanos aplicam permanente mente pelo menos a metade de .seus
depósitos — atualmente 75 bilhões de dólares - cm títulos governamentais que figuram expressamente nas estatís
nente europeu e, mais recentemente, no.s
nica" onde o termo é igiialmcntc u.sado
a compra de ouro. Mas, pode consistir também em pedras preciosas, ou numa tela de Rembrandt, ou - em qualquer outro objeto durável.
rança não é baseada na produtividade
do capital aplicado, mas simplesmen te na soberania do Estado, no seu po der tributário, ou até no seu poder
mento te\c grande sucesso, principal
zam. O protótipo desse in%estiniento é
É ób\ io que um termo tão amplo e multíformo não oferece grande interesse para a ciência econômica, nem para pro pósitos práticos, levantamentos estatísti
Inir o déficit do governo. Sua segu
Com esse objcti\'ü formaram-sc em meados do século passado, cm Londres,
\'alor, ao passo que outros ?ô desvalori
de dólares. Foram emitidos durante a guerra, e já antes, durante a grande eriso, ou ainda recentemente, para co-
Estados Unidos circulam 260 bilhões
.segurança do capital.
verbo "to invest" entrou na linguagem
; mente uns vinte anos mais tardo e. curiosamente, em relação a inversões na América Latina. Os capitalistas ingl<}-
Só em títulos da dívida pública dos
uma arte. São necessários especialistas
mo de risco. O novo sistema de investi
A palavra "investment" aparece, sò-
O maior campo para investimentos con.sisto em títulos da dívida pública.
versão S()!ida, c o que era mera espe
pulso provinha du doniíiiio iiiilitar. Foi durante as guerras napüleiVniea.s (pie o
mo uma frase da "Encyclopaedia Britan-
ao processo de produção.
ceiras para saberem o que era uma in
os primeiros "Investment Trusts", com-
Adam Smith ainda
títulos que representam uma fábrica, ■oins também em valores não ligados
mente, muitos ingleses ricos não se ocupavam bastante com as coisas finan
panliias que reuniam os cajiilai.s de um grupo de pessoas para insesti-los cm tí tulos de renda que oferecíaii) tiii) míni-
va ou militar. O período cm que ocor
dor pode aplicar seus fundos em terrps, em máquinas, em imóveis, em
degenerar numa especulação. Deve ser .separado de operações bolsistas. Certa
tiraram-nas da terminologia administrati reu essa adaptação faz supíjr (jiiu o iin-
o capital fixo dos clássicos. O investi
O "investment", diziam cies, não deve
o "investment" no sentido econômico,
'.V.
Dicesto Econômico
minou cm 1847 num f()rmidá\'el colapso. Afinal, os buiupicíros sérios reagiram.
culação.
.
ticas bancárias como "ínvestments".
cos, incidências fiscais, etc.
O maiot
dividual, no sentido acima exposto, não fornece nenhuma indicação a respeito dos investimentos que o país no seu • período.
Se conhecermos, por exemplo, o mon tante di; todos os investimentos indivi
duais feitos no ano passado no Brasil e, por outro lado, exatamente o montaiHc
da renda nacional, ainda não pocleriajnos dizer que parte da renda foi utiliza da para im-estimcntos. Pois, a grande maioria dos investimentos individuais são
ráter mudou. Os "Investment Trusts"
A maioria dêsses títulos é negoeiá-
apenas aquisições de valores existcnus,
americanos foram menos prudentc.s cpic os ingleses c ficaram gravemente afe
■jenhuma obriga,úo para o investido;
Ao investimento do comprador corres
O investimento não . inclui, pois
UO manter seus fundos numa forma Pode realizar todos os dias seu
tados pelo craque cni 1929. Só nos úl timos anos alguns "Invc.stment Tnists" ganharam novamente em Wall Street
tasse a operações deste gênero, sua de
finição seria fácil.
aums o mvestidor espera um luero ,,1-
numa viagem de turismo ao estrangeiro.
cadonas que nada rendem, mas dos
So o termo "investimento" se limi
terior pelo aumento dos preços. E mes mo esse fator nem sempre é decisivo.
Seria a aplicação
de dí.sponibilidades monetárias cm va
IN ao raros são os investimentos por mero
lores determinados. Podem ser valo res dos mais diversos. Investimento,
motivo de segurança, na expectativa dc que determinado objeto guardará seu
neste sentido, nada tem de comum com 'ii.
Mesmo tratando-sc de um investimento
muitos in-
Sm r
IncesUmento individual
ponde um desinvestimento do vendedor.
dos mais produtivos e úteis para a economia nacional, o efeito pode ,scr até negativo para a riquesa do país se o vendedor gastar o produto de sua venda
noção do mvestimento também não de-
certa importância.
meras transferências, mudanças de dono.
em bens de consumo imediato, digamos, A fim de evitar tais confusões e con
tradições, vários economistas modernos esforçaram-se em dar ao têmio "inves timento" um sentido mais restrito, mas
mais expressivo.
Ganhou particular
reputação a fórmula de Keynes que de- ,
•• -'- y
Digiísto Econômico
Origem e tramiormação
As explicações dos filólogos mostram
que o verbo latino "investirtí" já foi - utilizado em vários sentidos: significou a investidora de altos dignitários, em
particular eclesiásticos, mas também ex primiu o cérco, o sítio de uma praçufortc pelas forças armadas de um adver sário. Os dicionários ingleses e ame ricanos notam, embora em segundo lu-
■ . gar: "investment - the act of besieging
or blockading" — o ato de sitiar ou blo(jueaí.
Não ü certo se os ingleses, que foram
os primeiros a usar as palavras "invest"
li P
Investir é uma técnica, até
que garantam tanto qtianto possível a
mente entre os escoceses — famosos pelo seu espírito parcimonio.so. Nas vésperas da ultima guerra mundial existiam na Inglaterra 230 "Invcslmeut Trusts", com
I
dos economistas.
J
não o conhecia. Mas, na geração segnin-
f
te, seu grande discípulo David Ricardo já fala na possibilidade de "invest capi
370 milhões de libras de capital. O
tal" em diferentes atividades. Cita mes
sistema propagou-sc também no conti
Eslado.s Unidos, onde, porém, s(aj ca
no sentido moderno (J).
ses que tinham concedido grandes emIjrcstimos às jovens Repúblicas da Amé rica do Sul mostravam-se ansiosos, pois
algumas dentre elas não pagavam os
juros pontualmente. Vendiam os tí tulos a preço baixo, mas faziam outro "investment" em valores ainda mais
especulativos: em ações das novas companliias ferroviárias. Tal especulação ter (1) "The Principies of Political Ecoiio-
my and Taxation" (1817), cap. XIX.
Investimento nacional
inconveniente é que o in\ cstimento in
de se providenciar dinheiro mediante
conjunto tem feito num determinado
inflação.
Não obstante, os investimen
tos om títulos desse tipo são conside rados como os mais seguros. Os ban
cos americanos aplicam permanente mente pelo menos a metade de .seus
depósitos — atualmente 75 bilhões de dólares - cm títulos governamentais que figuram expressamente nas estatís
nente europeu e, mais recentemente, no.s
nica" onde o termo é igiialmcntc u.sado
a compra de ouro. Mas, pode consistir também em pedras preciosas, ou numa tela de Rembrandt, ou - em qualquer outro objeto durável.
rança não é baseada na produtividade
do capital aplicado, mas simplesmen te na soberania do Estado, no seu po der tributário, ou até no seu poder
mento te\c grande sucesso, principal
zam. O protótipo desse in%estiniento é
É ób\ io que um termo tão amplo e multíformo não oferece grande interesse para a ciência econômica, nem para pro pósitos práticos, levantamentos estatísti
Inir o déficit do governo. Sua segu
Com esse objcti\'ü formaram-sc em meados do século passado, cm Londres,
\'alor, ao passo que outros ?ô desvalori
de dólares. Foram emitidos durante a guerra, e já antes, durante a grande eriso, ou ainda recentemente, para co-
Estados Unidos circulam 260 bilhões
.segurança do capital.
verbo "to invest" entrou na linguagem
; mente uns vinte anos mais tardo e. curiosamente, em relação a inversões na América Latina. Os capitalistas ingl<}-
Só em títulos da dívida pública dos
uma arte. São necessários especialistas
mo de risco. O novo sistema de investi
A palavra "investment" aparece, sò-
O maior campo para investimentos con.sisto em títulos da dívida pública.
versão S()!ida, c o que era mera espe
pulso provinha du doniíiiio iiiilitar. Foi durante as guerras napüleiVniea.s (pie o
mo uma frase da "Encyclopaedia Britan-
ao processo de produção.
ceiras para saberem o que era uma in
os primeiros "Investment Trusts", com-
Adam Smith ainda
títulos que representam uma fábrica, ■oins também em valores não ligados
mente, muitos ingleses ricos não se ocupavam bastante com as coisas finan
panliias que reuniam os cajiilai.s de um grupo de pessoas para insesti-los cm tí tulos de renda que oferecíaii) tiii) míni-
va ou militar. O período cm que ocor
dor pode aplicar seus fundos em terrps, em máquinas, em imóveis, em
degenerar numa especulação. Deve ser .separado de operações bolsistas. Certa
tiraram-nas da terminologia administrati reu essa adaptação faz supíjr (jiiu o iin-
o capital fixo dos clássicos. O investi
O "investment", diziam cies, não deve
o "investment" no sentido econômico,
'.V.
Dicesto Econômico
minou cm 1847 num f()rmidá\'el colapso. Afinal, os buiupicíros sérios reagiram.
culação.
.
ticas bancárias como "ínvestments".
cos, incidências fiscais, etc.
O maiot
dividual, no sentido acima exposto, não fornece nenhuma indicação a respeito dos investimentos que o país no seu • período.
Se conhecermos, por exemplo, o mon tante di; todos os investimentos indivi
duais feitos no ano passado no Brasil e, por outro lado, exatamente o montaiHc
da renda nacional, ainda não pocleriajnos dizer que parte da renda foi utiliza da para im-estimcntos. Pois, a grande maioria dos investimentos individuais são
ráter mudou. Os "Investment Trusts"
A maioria dêsses títulos é negoeiá-
apenas aquisições de valores existcnus,
americanos foram menos prudentc.s cpic os ingleses c ficaram gravemente afe
■jenhuma obriga,úo para o investido;
Ao investimento do comprador corres
O investimento não . inclui, pois
UO manter seus fundos numa forma Pode realizar todos os dias seu
tados pelo craque cni 1929. Só nos úl timos anos alguns "Invc.stment Tnists" ganharam novamente em Wall Street
tasse a operações deste gênero, sua de
finição seria fácil.
aums o mvestidor espera um luero ,,1-
numa viagem de turismo ao estrangeiro.
cadonas que nada rendem, mas dos
So o termo "investimento" se limi
terior pelo aumento dos preços. E mes mo esse fator nem sempre é decisivo.
Seria a aplicação
de dí.sponibilidades monetárias cm va
IN ao raros são os investimentos por mero
lores determinados. Podem ser valo res dos mais diversos. Investimento,
motivo de segurança, na expectativa dc que determinado objeto guardará seu
neste sentido, nada tem de comum com 'ii.
Mesmo tratando-sc de um investimento
muitos in-
Sm r
IncesUmento individual
ponde um desinvestimento do vendedor.
dos mais produtivos e úteis para a economia nacional, o efeito pode ,scr até negativo para a riquesa do país se o vendedor gastar o produto de sua venda
noção do mvestimento também não de-
certa importância.
meras transferências, mudanças de dono.
em bens de consumo imediato, digamos, A fim de evitar tais confusões e con
tradições, vários economistas modernos esforçaram-se em dar ao têmio "inves timento" um sentido mais restrito, mas
mais expressivo.
Ganhou particular
reputação a fórmula de Keynes que de- ,
Dicesto Econónuco
0ir.ESTO Econômico
fine o "investimento corrente" como
"acréscimo corrente ao valor do equi
pamento cm capital, resultando da ativi dade produtiva do período" (2). Esta fórmula, um tanto obscura, esclarece-se
pela famosa tese de Keynes, segundo a qual o total dos investimentos é sempre
síderado.s como inve.stiincnlos, na medi
tou em 1950 sua área cultivada de 900
da em que seu valor for maior no fim do que no início do ano. Segundo essa definição, o Brasil, por
centemente levada ã cultura se valorizou
tras palavras, investimento é a parte não
acumulando involuntàriamcnte estoques
Tal definição não era, de maneira al
antes da publicação da célebre obra de Keynes, o economista inglês Edwin
"investimento", o segundo "desinves-
mundo são, em suma, idênticos.
São
^'estimentos.
Mas, se, em cpiisequên-
dessa inversão, o valor da terr.a au"^entou acima do custo, isso não é mais,
"O estrito sentido da palavra, um invesmiento. Dá-se o mesmo para jazidas,
to, sôbrc seu efeito econômico. Registra .simplesmente .se houve, no confronto da
"As
os adicionais feitos à riquezii acumula
o que as de.spesas em capital nece.ssária.s para èssc empreendimento são in-
diz sobre a produtividade do investimen
economias c os novos investimentos no
veslmcnt" no "Pelgrave's" (3):
mil hectares. É claro que a terra re
de café para os quais na época não se aclmvanr compradores. A fórmula ii;ula
receita e despesa do país, um "superas il" ou um "déficit". O primeiro cbama-si'
Cannan escrevia no seu artigo "In-
bém são investimentos. O Brasil aumen
toques de mercadorias dex eriam s>t con-
igual ao total das economias. Em ou
guma, inédita. Já em 1926, dez anos
cidos gratuitamente pela natureza tam
cm poder de particulares c todos os cs
e.xemplo, fazia grandes inve.stimcntos
consumida da renda.
saber se investimentos em bens ofere
todos os bens não duráveis de consumo
orcstas e outras riquezas naturais, que 1'^ c.xistiam e pertcnciàm ao Brasil antes ^ • serem exploradas.
A questão é de particular importáncra
quando se calcula o total dos investi
timento". É uma fórmula puramente' estática, que nada indica sobre o futu
mentos feitos na construção de imóvei.s.
A noção de investimento tem nccessària-
u-s despesas aplicadas no terreno para
um parcela no valor de 200 milhões de
mentc um sentido dinâmico. Implica a
preparar a construção são naturalmente
libras de sua produção anual não é con sumida, mas acrescentada à sua riqueza
expectativa de que, en. conseqüência
de uma transação financeira feita hoje,
investimentos, mas a valorização do ter reno que ultrapassa o custo inicial não
acumulada ou ao seu capitai".
o investidor e a economia na sua to
o
tinha afirmado o contrário, fêz correr
sua fortuna individual, aumento da pro dução de uma usina, aumento da pro dução nacional.
muito para a solução do problema com
gico reservar o termo "investimento" á
que lios ocupamos aqui. É mesmo bas tante equívoca. Implica em que todos
aplicação de fundos em bens de pro dução, ou, pelo menos, em bens de ca
os bens, não somente os bens de pro
pital; quer dizer, em bens durávtris ou cm títulos que representem, sem equí
produção, mais bens duráveis de consu
mo, em particular casas), como também (2) "The General Theory of Ernployment Interest and Money) (1936), pág. 62.
(3) "Pelgrave's Dictionary of Political
Economy". vol. II, pág. 456.
Por essa razão, parccc-nos mais ló
Cünfundi-Ios.
Depreciação e investimento novo
Outra questão, mais importante ainda
pura a contabilidade nacional, refere-se
voco. bens dessa categoria. Valores criados e naturais
Ainda com essas limitações, o têrmo está longe de ser perfeitamente claro. Surge, antes de mais nada, a questão de
É mesmo um
dos principais objetivos do investimento ubter uma valorização superior ao capi tal aplicado, sendo de grande interesse observar e comparar a evolução desses dois elementos da riqueza nacional sem
Invcstiiiiento é uma
safra.
dução ou os bens de capital (bens de
u idêntica às inversões.
espécie de semente que deve dar uma
hectolitros de tinta. Infelizmente, a fórmula Cannan-Keynes não contribui
é.
Eni princípio, deve-se concluir, destas reyes qbserx'ações, que a valorização verificada num período determinado não
vantagens: aumento de sua renda ou de
a depreciação. Todo p capital fixo —
■Â:x'
bens. Mas, já para todo um raino da indústria e da agricultura, a questão é mais complicada, e muito mais ainda se
se quer avaliar a depreciação para todo o capital aplicado no país. Os países mais avançados no domínio da contabilidade nacional fazem regu
larmente estimativas a respeito. O Depiutamento do Comércio dos Estados Unidos calcula trimestralmente o investi
mento bruto particular. Em 1949, èste
atingiu 33,4 bilhões de dólares — inclu sive uma pequena parcela oriunda do estrangeiro — ou sejam 13 % da renda bilhões de dólares (7,4%) a título de depreciação. O investimento líquido sc
as economias anuais num país atingem
com uma parcela apreciável. Nesse caso,
talidade obterão posteriormente certas
essa taxa cm vista da durabilidade da
maquinaria, dos imóveis e de outros
baita, estimada em 256 bilhões.
200 milhões de libras, is.so significa que
Enquanto a nota de Cannan ficou qua se desapercebida, a mesma tese, apre sentada sob forma matemática por Keynes, que poucos anos antes ainda
embora nem sempre fácil — calcula;
Nesse total, o preço do terreno entra
ro. Mas, é precisamente isso que intore.ssa quando se fala em investimentos.
da do mundo... Quando se diz que
presa individual é, em geral, possível -
com exceção do valor da terra, que não constitui verdadeiro investimento — é
sujeito a depreciação. taxa de depreciação?
Mas, qual é a Para uma em
Mas,
por outro lado, foram deduzidos 18,8 reduziu, portanto, a 5,6% da renda bruta, o que eqüivale a 6,7 % da renda nacional (líquida) de 217 bilhões na quele ano.
A estatística iuglêsa procede tècnicamento de modo diferente, mas chega a resultados semelhantes.
Estimou, para
o ano de 1948, a depreciação em 825
milhões de libras, igual a 7,9% da renda bruta (10,5 milhões) é a 8,4%
da renda nacional (9,7 bilhões), en
quanto o investimento líquido ascendeu a 1.165 milhões (10,9 % da renda bruti e 12% da renda nacional).
As percentagens diferem naturalmente de um país para outro e de um ano para outro, mas os estudos feitos no estran
geiro facilitarão cálculos análogos para o Brasil.
Será um trabalho árduo, mas
indispensável. Sem ,essa base, toda po lítica de investimento não passará de um tatear no escuro.
Dicesto Econónuco
0ir.ESTO Econômico
fine o "investimento corrente" como
"acréscimo corrente ao valor do equi
pamento cm capital, resultando da ativi dade produtiva do período" (2). Esta fórmula, um tanto obscura, esclarece-se
pela famosa tese de Keynes, segundo a qual o total dos investimentos é sempre
síderado.s como inve.stiincnlos, na medi
tou em 1950 sua área cultivada de 900
da em que seu valor for maior no fim do que no início do ano. Segundo essa definição, o Brasil, por
centemente levada ã cultura se valorizou
tras palavras, investimento é a parte não
acumulando involuntàriamcnte estoques
Tal definição não era, de maneira al
antes da publicação da célebre obra de Keynes, o economista inglês Edwin
"investimento", o segundo "desinves-
mundo são, em suma, idênticos.
São
^'estimentos.
Mas, se, em cpiisequên-
dessa inversão, o valor da terr.a au"^entou acima do custo, isso não é mais,
"O estrito sentido da palavra, um invesmiento. Dá-se o mesmo para jazidas,
to, sôbrc seu efeito econômico. Registra .simplesmente .se houve, no confronto da
"As
os adicionais feitos à riquezii acumula
o que as de.spesas em capital nece.ssária.s para èssc empreendimento são in-
diz sobre a produtividade do investimen
economias c os novos investimentos no
veslmcnt" no "Pelgrave's" (3):
mil hectares. É claro que a terra re
de café para os quais na época não se aclmvanr compradores. A fórmula ii;ula
receita e despesa do país, um "superas il" ou um "déficit". O primeiro cbama-si'
Cannan escrevia no seu artigo "In-
bém são investimentos. O Brasil aumen
toques de mercadorias dex eriam s>t con-
igual ao total das economias. Em ou
guma, inédita. Já em 1926, dez anos
cidos gratuitamente pela natureza tam
cm poder de particulares c todos os cs
e.xemplo, fazia grandes inve.stimcntos
consumida da renda.
saber se investimentos em bens ofere
todos os bens não duráveis de consumo
orcstas e outras riquezas naturais, que 1'^ c.xistiam e pertcnciàm ao Brasil antes ^ • serem exploradas.
A questão é de particular importáncra
quando se calcula o total dos investi
timento". É uma fórmula puramente' estática, que nada indica sobre o futu
mentos feitos na construção de imóvei.s.
A noção de investimento tem nccessària-
u-s despesas aplicadas no terreno para
um parcela no valor de 200 milhões de
mentc um sentido dinâmico. Implica a
preparar a construção são naturalmente
libras de sua produção anual não é con sumida, mas acrescentada à sua riqueza
expectativa de que, en. conseqüência
de uma transação financeira feita hoje,
investimentos, mas a valorização do ter reno que ultrapassa o custo inicial não
acumulada ou ao seu capitai".
o investidor e a economia na sua to
o
tinha afirmado o contrário, fêz correr
sua fortuna individual, aumento da pro dução de uma usina, aumento da pro dução nacional.
muito para a solução do problema com
gico reservar o termo "investimento" á
que lios ocupamos aqui. É mesmo bas tante equívoca. Implica em que todos
aplicação de fundos em bens de pro dução, ou, pelo menos, em bens de ca
os bens, não somente os bens de pro
pital; quer dizer, em bens durávtris ou cm títulos que representem, sem equí
produção, mais bens duráveis de consu
mo, em particular casas), como também (2) "The General Theory of Ernployment Interest and Money) (1936), pág. 62.
(3) "Pelgrave's Dictionary of Political
Economy". vol. II, pág. 456.
Por essa razão, parccc-nos mais ló
Cünfundi-Ios.
Depreciação e investimento novo
Outra questão, mais importante ainda
pura a contabilidade nacional, refere-se
voco. bens dessa categoria. Valores criados e naturais
Ainda com essas limitações, o têrmo está longe de ser perfeitamente claro. Surge, antes de mais nada, a questão de
É mesmo um
dos principais objetivos do investimento ubter uma valorização superior ao capi tal aplicado, sendo de grande interesse observar e comparar a evolução desses dois elementos da riqueza nacional sem
Invcstiiiiento é uma
safra.
dução ou os bens de capital (bens de
u idêntica às inversões.
espécie de semente que deve dar uma
hectolitros de tinta. Infelizmente, a fórmula Cannan-Keynes não contribui
é.
Eni princípio, deve-se concluir, destas reyes qbserx'ações, que a valorização verificada num período determinado não
vantagens: aumento de sua renda ou de
a depreciação. Todo p capital fixo —
■Â:x'
bens. Mas, já para todo um raino da indústria e da agricultura, a questão é mais complicada, e muito mais ainda se
se quer avaliar a depreciação para todo o capital aplicado no país. Os países mais avançados no domínio da contabilidade nacional fazem regu
larmente estimativas a respeito. O Depiutamento do Comércio dos Estados Unidos calcula trimestralmente o investi
mento bruto particular. Em 1949, èste
atingiu 33,4 bilhões de dólares — inclu sive uma pequena parcela oriunda do estrangeiro — ou sejam 13 % da renda bilhões de dólares (7,4%) a título de depreciação. O investimento líquido sc
as economias anuais num país atingem
com uma parcela apreciável. Nesse caso,
talidade obterão posteriormente certas
essa taxa cm vista da durabilidade da
maquinaria, dos imóveis e de outros
baita, estimada em 256 bilhões.
200 milhões de libras, is.so significa que
Enquanto a nota de Cannan ficou qua se desapercebida, a mesma tese, apre sentada sob forma matemática por Keynes, que poucos anos antes ainda
embora nem sempre fácil — calcula;
Nesse total, o preço do terreno entra
ro. Mas, é precisamente isso que intore.ssa quando se fala em investimentos.
da do mundo... Quando se diz que
presa individual é, em geral, possível -
com exceção do valor da terra, que não constitui verdadeiro investimento — é
sujeito a depreciação. taxa de depreciação?
Mas, qual é a Para uma em
Mas,
por outro lado, foram deduzidos 18,8 reduziu, portanto, a 5,6% da renda bruta, o que eqüivale a 6,7 % da renda nacional (líquida) de 217 bilhões na quele ano.
A estatística iuglêsa procede tècnicamento de modo diferente, mas chega a resultados semelhantes.
Estimou, para
o ano de 1948, a depreciação em 825
milhões de libras, igual a 7,9% da renda bruta (10,5 milhões) é a 8,4%
da renda nacional (9,7 bilhões), en
quanto o investimento líquido ascendeu a 1.165 milhões (10,9 % da renda bruti e 12% da renda nacional).
As percentagens diferem naturalmente de um país para outro e de um ano para outro, mas os estudos feitos no estran
geiro facilitarão cálculos análogos para o Brasil.
Será um trabalho árduo, mas
indispensável. Sem ,essa base, toda po lítica de investimento não passará de um tatear no escuro.
J-)íGKsrü Econômico
11
A sociedade política não é eon.stituí-
O significado político do corporativisnno
da por indivíduos solitários, que devem
J. P. Galvâo uk Sííusa
tendências ou opiniões. Êles já estão
agrupar-se em partidos confonne as suas
agrupados naturalmente na sociedade.
Em seus estudos sobre a representação proporcional, o Professor Ferdinand blemas econômicos c políticos do nosso
ser indispensáveis num determinado tipo
tempo, demonstrou como foí aquele
do democracia, não em todos. Na demo
sistema eleitoral que tornou possível o
cracia liberal c individualista, surgem
sucesso dos fascistas na Itália e o triun fo de Hitlcr na Alemanha (1).
como órgãos dc expressão da opinião pu
luun desaparecer na mente doentia de
Mas será apenas o sistema da repre-
scntução proporcional que vem, no di zer do ilustre autor dc DemocTactj or
V
atra\'és de famílias, cidades, grupos eco
nômicos e outras entidades coletivas que ^ reúnem sob uma autoridade comum. Constituído o ,instado, esses agrupa
A. Hermens, grande conhecedor dos pro
,.
A formação histórica do Estado dá-se
tadura do partido único a não .ser por meio da pluralidade partidária.
Nada mais falso. Os partidos podem
mas também oricnlá-la. Dissolvidos os
rio.s entre a Família e o Estado, apare-
eem os partidos pura subsliluí-los
.Sob alguns aspectos, o princípio ma joritário pode oferecer suas vantagens
quecem. Por que não substituir a repre
incontestáveis, mas se formos ao fundo
sentação partidária pela representação
prio regime de partidos, seja com a re presentação proporcional ou com a ma
joritária.- Está no sufrágio universal in dividualista e inorgânico, que, aliás, com 0 sistema da maioria, apresenta, em toda
a plenitude, o absurdo da "metade mais um" como critério da verdade política.
É o que muitos hoje já percebem cm face da desmoralização dos partidos c
do espetáculo degradante das assem bléias legislativas. Percebem mas te mem dize-lo, com receio de assim fa vorecerem a volta da ditadura. Não
^.êem outra saída, c acabam por aceitar o aue aí está. Alguns retiram-se enofados da vida política, enquanto outros, com muito boa vontade mas inteiramente
iludidos, procuram salvar a vida de um
doente atacado de moléstia incurável.
Se tal é, portanto, a constituição natu
ral da sociedade, c se o governo repre sentativo colüua dar a todo o po\'o re presentação junto ao Estado, de duas uma: ou serão repre
Pois aí está o de que muitos se es
Há pouco mais de
dros partidcírios não correspondem à or
dez anos, em prefácio
ganização natural da sociedade que vi
u tradução da obra de Roger Bonnard Sindi-
sam representar. Constituem uma c.xcrcs-
cência. Há casos que pocleríam ser apon tados como exceções, por exemplo o da Inglaterra. Entretanto, nã,o nos devemo.s esquecer dc que o.s partidos ingle ses se acham intimamente ligados a de
o^ Partido Conservador não tira a .sua força das chamadas classes conservado ras e do elemento aristocrático? Os partidos repartem e dividem, com prometem a unidade nacional, enfraquc,cem o poder. Acentuam o antagonis mo dos interesses, ao invés dc harmoni
democracia preparou o Estado totali tário, iJarticularmente quando organizada eleitoralmente sob o sistema da repre sentação proporcional, confonne a tose
do Hermens. Foi também pelos seus
tado democrático mo
derno abriu as portas para o totalitarismo.
rativü, escrevia The-
É por isso'chamado o
"Ninguém hoje
Estado-jurídico.
Só
das velhas fór-
cuida de tutelar o direito. Entretanto, e já o Estado centralizador. Exerce o
tão de uZ esCr''"/"'-'' presentetiva" (s" " ^tmoorática e rc-
monopólio da vida jurídica, negando a capacidade normativo-juríclica dos gru pos. Abolindo as corporações de oficio
PoS'da^ Tincee.,.
o sufocando a autonomia municipal, con sumou a centralização político-adminis-
passar por lar Jar em em
™ltfdo de^ ' gusrra, e arriscam-se a
dias do 1,0]^
If-
porativo fascista corrompeu o corpora tivismo, cujos princípios lhe são muito mais antagônicos que.os próprios prin'cipios da liberal-democracia. Sim, por que não foi apenas de fato, na Alema nha, na Itália e noutros países, que a
O Estado liberal, dc início, reduz ao iniuimo as suas funç-õcs.
mulas dl r
volvimento do Partido Trabalhista sefn a base sindical do tradc-unionismo? E
Corruptio optimi fit pessivmm... di ziam os velhos filósofos. O Estado cor
cah^ua, Corporatiuise Eitado Corpo-
turá^^nlaís
terminadas classes ou grupos sociai.s. Como se poderia compreender o desen
dades.
princípios, que o Es
uma burla.
tidos é inexpressiva e fictícia. Os qua
entre um direito público construido de abstrações e a tradição viva das socie
neira de organizar a sociedade segimdo tais
a representação será
A representação feita através do.s par
cípios" de 1789 estabelecer o conflito
princípios e pela ma
sentados os grupos na turais e históricos, ou
corporativa?
O êrro está em pensar que o regime zá-los. Semeando ideologias extrema de partidos é da essência da democracia, das, subvertem a ordem social.
conio se não fôsse possível fugir a di
anti-francesa de 1789 (2).
órgãos naturais dc representação da so ciedade, os agrupamentos intcnncdiá-
a unidade nacional?
desaparecem. Só pode-
um Rousscau ou nos golpes legisluti\'cs inspirados pêlos desatinos da revolução
blica, que não só devem rci^rcsenlá-la
Anarclnj?, minar a democracia c destruir
B' das coisas teremos que concluir que o W mal vem de mais longe. Está no pró
mentos não
conhecido e aplicado por muitos povos antes de terem xindo os "imortais prin
^"'scam-se a quantos venham fata-
tratíva que o levaria aos poucos a exer cer uma série de outras funções usurpa
nos
das dos grupos e dos próprios indivíduos.
mais do que uma grosseira deturpação
Vamos descendo uma rampa do libera lismo para o socialismo de Estado, até
do principio corporativo, tal como era
chegar ao Estado totalitário.
O regime corporativo, pelo conl-úrio,
J-)íGKsrü Econômico
11
A sociedade política não é eon.stituí-
O significado político do corporativisnno
da por indivíduos solitários, que devem
J. P. Galvâo uk Sííusa
tendências ou opiniões. Êles já estão
agrupar-se em partidos confonne as suas
agrupados naturalmente na sociedade.
Em seus estudos sobre a representação proporcional, o Professor Ferdinand blemas econômicos c políticos do nosso
ser indispensáveis num determinado tipo
tempo, demonstrou como foí aquele
do democracia, não em todos. Na demo
sistema eleitoral que tornou possível o
cracia liberal c individualista, surgem
sucesso dos fascistas na Itália e o triun fo de Hitlcr na Alemanha (1).
como órgãos dc expressão da opinião pu
luun desaparecer na mente doentia de
Mas será apenas o sistema da repre-
scntução proporcional que vem, no di zer do ilustre autor dc DemocTactj or
V
atra\'és de famílias, cidades, grupos eco
nômicos e outras entidades coletivas que ^ reúnem sob uma autoridade comum. Constituído o ,instado, esses agrupa
A. Hermens, grande conhecedor dos pro
,.
A formação histórica do Estado dá-se
tadura do partido único a não .ser por meio da pluralidade partidária.
Nada mais falso. Os partidos podem
mas também oricnlá-la. Dissolvidos os
rio.s entre a Família e o Estado, apare-
eem os partidos pura subsliluí-los
.Sob alguns aspectos, o princípio ma joritário pode oferecer suas vantagens
quecem. Por que não substituir a repre
incontestáveis, mas se formos ao fundo
sentação partidária pela representação
prio regime de partidos, seja com a re presentação proporcional ou com a ma
joritária.- Está no sufrágio universal in dividualista e inorgânico, que, aliás, com 0 sistema da maioria, apresenta, em toda
a plenitude, o absurdo da "metade mais um" como critério da verdade política.
É o que muitos hoje já percebem cm face da desmoralização dos partidos c
do espetáculo degradante das assem bléias legislativas. Percebem mas te mem dize-lo, com receio de assim fa vorecerem a volta da ditadura. Não
^.êem outra saída, c acabam por aceitar o aue aí está. Alguns retiram-se enofados da vida política, enquanto outros, com muito boa vontade mas inteiramente
iludidos, procuram salvar a vida de um
doente atacado de moléstia incurável.
Se tal é, portanto, a constituição natu
ral da sociedade, c se o governo repre sentativo colüua dar a todo o po\'o re presentação junto ao Estado, de duas uma: ou serão repre
Pois aí está o de que muitos se es
Há pouco mais de
dros partidcírios não correspondem à or
dez anos, em prefácio
ganização natural da sociedade que vi
u tradução da obra de Roger Bonnard Sindi-
sam representar. Constituem uma c.xcrcs-
cência. Há casos que pocleríam ser apon tados como exceções, por exemplo o da Inglaterra. Entretanto, nã,o nos devemo.s esquecer dc que o.s partidos ingle ses se acham intimamente ligados a de
o^ Partido Conservador não tira a .sua força das chamadas classes conservado ras e do elemento aristocrático? Os partidos repartem e dividem, com prometem a unidade nacional, enfraquc,cem o poder. Acentuam o antagonis mo dos interesses, ao invés dc harmoni
democracia preparou o Estado totali tário, iJarticularmente quando organizada eleitoralmente sob o sistema da repre sentação proporcional, confonne a tose
do Hermens. Foi também pelos seus
tado democrático mo
derno abriu as portas para o totalitarismo.
rativü, escrevia The-
É por isso'chamado o
"Ninguém hoje
Estado-jurídico.
Só
das velhas fór-
cuida de tutelar o direito. Entretanto, e já o Estado centralizador. Exerce o
tão de uZ esCr''"/"'-'' presentetiva" (s" " ^tmoorática e rc-
monopólio da vida jurídica, negando a capacidade normativo-juríclica dos gru pos. Abolindo as corporações de oficio
PoS'da^ Tincee.,.
o sufocando a autonomia municipal, con sumou a centralização político-adminis-
passar por lar Jar em em
™ltfdo de^ ' gusrra, e arriscam-se a
dias do 1,0]^
If-
porativo fascista corrompeu o corpora tivismo, cujos princípios lhe são muito mais antagônicos que.os próprios prin'cipios da liberal-democracia. Sim, por que não foi apenas de fato, na Alema nha, na Itália e noutros países, que a
O Estado liberal, dc início, reduz ao iniuimo as suas funç-õcs.
mulas dl r
volvimento do Partido Trabalhista sefn a base sindical do tradc-unionismo? E
Corruptio optimi fit pessivmm... di ziam os velhos filósofos. O Estado cor
cah^ua, Corporatiuise Eitado Corpo-
turá^^nlaís
terminadas classes ou grupos sociai.s. Como se poderia compreender o desen
dades.
princípios, que o Es
uma burla.
tidos é inexpressiva e fictícia. Os qua
entre um direito público construido de abstrações e a tradição viva das socie
neira de organizar a sociedade segimdo tais
a representação será
A representação feita através do.s par
cípios" de 1789 estabelecer o conflito
princípios e pela ma
sentados os grupos na turais e históricos, ou
corporativa?
O êrro está em pensar que o regime zá-los. Semeando ideologias extrema de partidos é da essência da democracia, das, subvertem a ordem social.
conio se não fôsse possível fugir a di
anti-francesa de 1789 (2).
órgãos naturais dc representação da so ciedade, os agrupamentos intcnncdiá-
a unidade nacional?
desaparecem. Só pode-
um Rousscau ou nos golpes legisluti\'cs inspirados pêlos desatinos da revolução
blica, que não só devem rci^rcsenlá-la
Anarclnj?, minar a democracia c destruir
B' das coisas teremos que concluir que o W mal vem de mais longe. Está no pró
mentos não
conhecido e aplicado por muitos povos antes de terem xindo os "imortais prin
^"'scam-se a quantos venham fata-
tratíva que o levaria aos poucos a exer cer uma série de outras funções usurpa
nos
das dos grupos e dos próprios indivíduos.
mais do que uma grosseira deturpação
Vamos descendo uma rampa do libera lismo para o socialismo de Estado, até
do principio corporativo, tal como era
chegar ao Estado totalitário.
O regime corporativo, pelo conl-úrio,
.í,,»
ÜIOKSTO líCONOMICO
significa a defesa das liberdades con
tismo totalitário, já contido cm geruw
cretas dos grupos sociais contra as in vasões prepotentes do Estado na sua es
na democracia liberal.
fera de ação, e ao mesmo tempo a repre
sentação eficaz de tais grupos junto aos
podcres públicos. É uma barreira ao absolutismo de Estado. É uma garantia da iniciativa privada. É o reconheci mento do poder autárquico dos grupo.s sociais (4).
Por isso mesmo, no Congresso dos
Economistas da língua francesa em 1936, cònsiderava-se o corporativismo o fruto de uma reação contra três fenômenos
contemporâneos, a saber:
1.") — contra a desordem provenien te do liberalismo; 2.°) — contra o estatismo;
3.^) — contra' a teoria da luta de classes (5).
Com efeito, o corporativismo substi tui o princípio da "liberdade abando
nada" pelo da "liberdade sob a ordem", • a anarquia da livre concorrência pela organização da produção e do comércio. É, pois, um corretivo à desordem liberal. Além disso, descentraliza as funções do Estado, distribuindo-as pelas autori dades corporativas. O próprio tênno "descentralizar" sai-nos ao correr da
inteirar-se do que se passa lá fora" (7).
ganização das profissões do deimm.)
Dizia o grande tribuno espanhol Vazqucz dc Mella que o regime parlamentar
econômico. Tem ainda um aspecto pn
de bãse partidária individualista é um
O mesmo Vazquez de Mella notava que nos tempos atuais o princípio corpo
lítico, cncpuinto dá rcprc.scntaçao aos
cadáver insepulto a devorar as entra nhas dos povos latinos. E discorrendo
beral da iivTo concorrência —
prevalecer sobre a concorrência e a hil.i a idéia oposta da cooperação das classes c das profissões organizadas.
Não SC deve pensar, porciUt
^
corporativismo sc limita a ser uma ^
grupos econômicos e a outros grupos no Estado. Trata-se, pois, de «»ma con
rativismo dá um golpe do morte no esta
sôbre as vantagens do regime'corpo-
cepção dc representação popular diver sa da concepção dcmocrálico-libcral dos partidos políticos dominante no direito público individualista c hoje cm puna crise. Uma concepção nova para o di reito político a que cstanio.s habitua dos, mas que já teve oiitrora sua reali
• rativo, acrescentava:
zação, nas Côrtes dc Portugal c Espanha,
Conservador ou do Partido Trabalhista.
Claro está que não se trata dc voltar
tado pelas corporações científicas, pelas universidades e academias; o interesse
material, representado pelo comércio,
pela indústria, pela agricultura, pelos operários; o interesse da defesa, repre
Mas o princípio corporativista permanece o mesmo, podendo adaptar-se a estas
sentado pelo exército; e o interêsse das superioridades, daquelas autoridades so ciais que formam a aristocracia de todos:
situações e revestir modalidades dife-
os méritos científicos, artísticos, da tra
rentes.
dição, da virtude, que, ainda saindo das
Em que consiste êsse princípio?
camadas inferiores, têm direito a brilhar ■ Xí-
outrora, enquanto a indústria e o co
tas vezes são forçadas a terem seus re
interesse docente, intelectual, represen
no caso de uma restauração corporativa.
tocracia perdeu o vigor e a força de
na rida política da melhor forma para
ses de que vos falei; o interesse religio
situações novas, a se levarem em conta
tuídas as classes. Assim é que a aris
selva para celebrar contratos com ou tras tribos c outros homens. Êssc indi
so c moral, representado pelo clero; o
uma longa evolução social determinou
rativo deve ser aplicado levando-se em conta a maneira pela qual estão consti
tidades dc classe procuram entrosar-se
forças estejam representadas nas Cortes.
vez mais transformada pela técnica, tckla
dernos, dc que no caso de uma crise agrícola ou industrial a primeira medida
da l-Iistória, aparecendo e saindo de uma
É necessário que ali estejam os interes
T'
êsse caso oprobrioso, prova de que não são representati\os os parlamentos mo
imaginavam, nos primitivos momentos
o não podem ser negadas sem que se negue a nação, é necessário que essas
ao passado. Ninguém pensaria cin res
o espelho da sociedade, e não se dará
vimento. No Brasil, vemos como as en
O que se deve representar é o homem de classe e de grupo; e como as classes são categorias sociais que permanecem,
germânicas, o no Parlamento inglês, cuja existência é muito anterior à do Partido
presentar tôdas essas fôrças, então será
"O indivíduo é um resíduo daquelas doutrinas do século XVIII, as quais o
víduo nunca c.xistiu em parte alguma...
nos Estados Gerais da França, nas Dietas
os mésleres cuja agremiação obedecia às circunstâncias da época, tão diversas das de hoje. As condições do tnibalh" são muito Outras. Du pequena industria manufatureíra à grande indústria cada
prios, quando se trata de restitiiir aos grupos funções usurpadas pelo poder poUtico. Com essa restituição, o corpo
Quando o Parlamento re
grupos e não os indivíduos.
do classes — que-decorre cio si.stcnia li
1 uma linguagem corrente em nossos
realizar uma descentralização. Entretan to essa palavra dá idéia de que o Es tado delega atributos que lhe são pró
nas alturas.
dos partidos que formam o Parlamento é procurar uma infonnação pública, para
Finalmente, a doutrina corporalbist.i
é antípocla da teoria socialista da luta
tabelecer liojc as corporações mcdicvai>i
grande número das funções exercidas pelos gnipos sociais, devolver essas fun ções a quem de direito é efetivamente
Simplesmente em reconhecer que o
13
homem c um ser social, e que ele só se enquadra na sociedade luimana por in termédio dos grupos particulares (6). Daí decorro a representação corpomtiva. Sendo o Estado formado por gru pos c não direta e imediatamente por indivíduos, segue-se que a representa ção da sociedade deve ter por base os
pena. dc tal níodo andamos habituados
dias e que aliás resulta da situação atual na totalidade dos Estados. Depois de se ter passado ao poder político um
Dicesto Econômico
mércio adquiriram imenso desenvol
atender a seus legítimos interesses. Mui
presentantes credenciados junto aos par
tidos. E freqüentemente dão e.xemplos de um labor intenso e produtivo aos par lamentos estereis. Basta lembrar as con
ferências de Terezópolis e Araxá. ■ Quando teremos essas entidades repre sentadas junto ao Estado sem a excrcs-
cência perturbadora dos quadros partidá rios? E quando veremos, ao seu lado, gozando de uma justa e salutar autono mia, outros grupos corporativos tantas vezes prejudicados pela ação do Estado centralizador, tais como a Universidade
e a Magistratura?
Como nota Mareei Prelot, as decisões
políticas não podem hoje isolar-se do econômico e do social. Eis porque às corporações, devidamente organizadas,
além do poder normativo e disciplinar interno, das faculdades tributárias, das atribuições jurisdicionais e de uma bran
de parte na gestão da coisa pública,
.í,,»
ÜIOKSTO líCONOMICO
significa a defesa das liberdades con
tismo totalitário, já contido cm geruw
cretas dos grupos sociais contra as in vasões prepotentes do Estado na sua es
na democracia liberal.
fera de ação, e ao mesmo tempo a repre
sentação eficaz de tais grupos junto aos
podcres públicos. É uma barreira ao absolutismo de Estado. É uma garantia da iniciativa privada. É o reconheci mento do poder autárquico dos grupo.s sociais (4).
Por isso mesmo, no Congresso dos
Economistas da língua francesa em 1936, cònsiderava-se o corporativismo o fruto de uma reação contra três fenômenos
contemporâneos, a saber:
1.") — contra a desordem provenien te do liberalismo; 2.°) — contra o estatismo;
3.^) — contra' a teoria da luta de classes (5).
Com efeito, o corporativismo substi tui o princípio da "liberdade abando
nada" pelo da "liberdade sob a ordem", • a anarquia da livre concorrência pela organização da produção e do comércio. É, pois, um corretivo à desordem liberal. Além disso, descentraliza as funções do Estado, distribuindo-as pelas autori dades corporativas. O próprio tênno "descentralizar" sai-nos ao correr da
inteirar-se do que se passa lá fora" (7).
ganização das profissões do deimm.)
Dizia o grande tribuno espanhol Vazqucz dc Mella que o regime parlamentar
econômico. Tem ainda um aspecto pn
de bãse partidária individualista é um
O mesmo Vazquez de Mella notava que nos tempos atuais o princípio corpo
lítico, cncpuinto dá rcprc.scntaçao aos
cadáver insepulto a devorar as entra nhas dos povos latinos. E discorrendo
beral da iivTo concorrência —
prevalecer sobre a concorrência e a hil.i a idéia oposta da cooperação das classes c das profissões organizadas.
Não SC deve pensar, porciUt
^
corporativismo sc limita a ser uma ^
grupos econômicos e a outros grupos no Estado. Trata-se, pois, de «»ma con
rativismo dá um golpe do morte no esta
sôbre as vantagens do regime'corpo-
cepção dc representação popular diver sa da concepção dcmocrálico-libcral dos partidos políticos dominante no direito público individualista c hoje cm puna crise. Uma concepção nova para o di reito político a que cstanio.s habitua dos, mas que já teve oiitrora sua reali
• rativo, acrescentava:
zação, nas Côrtes dc Portugal c Espanha,
Conservador ou do Partido Trabalhista.
Claro está que não se trata dc voltar
tado pelas corporações científicas, pelas universidades e academias; o interesse
material, representado pelo comércio,
pela indústria, pela agricultura, pelos operários; o interesse da defesa, repre
Mas o princípio corporativista permanece o mesmo, podendo adaptar-se a estas
sentado pelo exército; e o interêsse das superioridades, daquelas autoridades so ciais que formam a aristocracia de todos:
situações e revestir modalidades dife-
os méritos científicos, artísticos, da tra
rentes.
dição, da virtude, que, ainda saindo das
Em que consiste êsse princípio?
camadas inferiores, têm direito a brilhar ■ Xí-
outrora, enquanto a indústria e o co
tas vezes são forçadas a terem seus re
interesse docente, intelectual, represen
no caso de uma restauração corporativa.
tocracia perdeu o vigor e a força de
na rida política da melhor forma para
ses de que vos falei; o interesse religio
situações novas, a se levarem em conta
tuídas as classes. Assim é que a aris
selva para celebrar contratos com ou tras tribos c outros homens. Êssc indi
so c moral, representado pelo clero; o
uma longa evolução social determinou
rativo deve ser aplicado levando-se em conta a maneira pela qual estão consti
tidades dc classe procuram entrosar-se
forças estejam representadas nas Cortes.
vez mais transformada pela técnica, tckla
dernos, dc que no caso de uma crise agrícola ou industrial a primeira medida
da l-Iistória, aparecendo e saindo de uma
É necessário que ali estejam os interes
T'
êsse caso oprobrioso, prova de que não são representati\os os parlamentos mo
imaginavam, nos primitivos momentos
o não podem ser negadas sem que se negue a nação, é necessário que essas
ao passado. Ninguém pensaria cin res
o espelho da sociedade, e não se dará
vimento. No Brasil, vemos como as en
O que se deve representar é o homem de classe e de grupo; e como as classes são categorias sociais que permanecem,
germânicas, o no Parlamento inglês, cuja existência é muito anterior à do Partido
presentar tôdas essas fôrças, então será
"O indivíduo é um resíduo daquelas doutrinas do século XVIII, as quais o
víduo nunca c.xistiu em parte alguma...
nos Estados Gerais da França, nas Dietas
os mésleres cuja agremiação obedecia às circunstâncias da época, tão diversas das de hoje. As condições do tnibalh" são muito Outras. Du pequena industria manufatureíra à grande indústria cada
prios, quando se trata de restitiiir aos grupos funções usurpadas pelo poder poUtico. Com essa restituição, o corpo
Quando o Parlamento re
grupos e não os indivíduos.
do classes — que-decorre cio si.stcnia li
1 uma linguagem corrente em nossos
realizar uma descentralização. Entretan to essa palavra dá idéia de que o Es tado delega atributos que lhe são pró
nas alturas.
dos partidos que formam o Parlamento é procurar uma infonnação pública, para
Finalmente, a doutrina corporalbist.i
é antípocla da teoria socialista da luta
tabelecer liojc as corporações mcdicvai>i
grande número das funções exercidas pelos gnipos sociais, devolver essas fun ções a quem de direito é efetivamente
Simplesmente em reconhecer que o
13
homem c um ser social, e que ele só se enquadra na sociedade luimana por in termédio dos grupos particulares (6). Daí decorro a representação corpomtiva. Sendo o Estado formado por gru pos c não direta e imediatamente por indivíduos, segue-se que a representa ção da sociedade deve ter por base os
pena. dc tal níodo andamos habituados
dias e que aliás resulta da situação atual na totalidade dos Estados. Depois de se ter passado ao poder político um
Dicesto Econômico
mércio adquiriram imenso desenvol
atender a seus legítimos interesses. Mui
presentantes credenciados junto aos par
tidos. E freqüentemente dão e.xemplos de um labor intenso e produtivo aos par lamentos estereis. Basta lembrar as con
ferências de Terezópolis e Araxá. ■ Quando teremos essas entidades repre sentadas junto ao Estado sem a excrcs-
cência perturbadora dos quadros partidá rios? E quando veremos, ao seu lado, gozando de uma justa e salutar autono mia, outros grupos corporativos tantas vezes prejudicados pela ação do Estado centralizador, tais como a Universidade
e a Magistratura?
Como nota Mareei Prelot, as decisões
políticas não podem hoje isolar-se do econômico e do social. Eis porque às corporações, devidamente organizadas,
além do poder normativo e disciplinar interno, das faculdades tributárias, das atribuições jurisdicionais e de uma bran
de parte na gestão da coisa pública,
Dicesto Econômico
14
deve ser também reconhecido o direito^ mais eficazmente asscguraclo.s o.s .seus interèsses cio que num regime di.spersivo, do representação junto à autoridade do
O que -SC deve conhecer de Economia
Estado. Não se trata de uma diarquia
instável c arbitrário como é o cios parla mentos cie base partidária. Os que defendem a pluralidade de
não devem constituir total ou parcial mente os órgãos do governo. Mas assim como à autoridade corporativa cumpre
partidos, a fim de não cair no partido único c na ditadura, e.squecem-sc da
Quem sc dá ao trabalho de lançar os
solução mais eficaz para nos libertar de
tica — discurso.s, plataformas, entrevis
político-corporativa, uma repartição do poder do Estado. Os órgãos corporativos
agir, com tôda liberdade, na esfera que lhe pertence, sob fiscalização geral do poder político, encarregado do bem co
finitivamente da tirania totalitária c do
Estado opressivo e centralizador: a res
mum, assim também o poder político
tauração corporativa. Isso exige antes de mais nada uma
deve, por sua vez, agir consultando os órgãos que representem os interesses cor
revisão dos conceitos há mais de um sé
porativos (8). Colaborando assim nas decisões polí ticas do Estado, teriam as classes sociais (1) — FERDINAND A. HERMENS. Democtacy and Froporlional Representalion, in Public Policy Pamphlels. 1940; Demo-
cracy or Anatchy?, University of Notre Dame, Indiana, 1941.
(2) — Há uma curiosa modalidade de
"golpes" políticos, cuja técnica se reves te de suma perfeição, pois ninguém os percebe. Consiste em impingir constitui
ções jurídicas avessas à constituição his tórica de um povo. constituições que, em nome da liberdade abstrata do cidadão violam as liberdades concretas dos ho mens.
(3) — R. BONNARD, Sindicalismo, Cor
porativismo e Estado Corporativo, tradu ção brasileira com prefácio e anotações de THEMISTOCLES BRANDAO CAVAL CANTI, Livraria Freitas Bastos, Rio de Janeiro. 1938, p. 15.
(4) — Como E. Gil RobIe< no seu Tra tado de Direito Político, torna-se aqui a
palavra "autarquia" no sentido aristotó-
culo dominantes no direito público. Mas quem poderá íludir-se sôbre a precarie
dade da sistemática jurídica vigente na maioria dos povos de hoje?... lico, designando a capacidade para se en vernar a si próprio reconhecida pelo hí" reito.
(5) — Apud THEMISTOCLES CAVat
CANTI, prefácio ã obra citada p viI (6) — J. BRETHE DE LA GRESSAYE La Corporation el l'Élal, in Archivel de Philosophze du Drolt eí de Soclolooie J?, ridique, n, 1/2, 1938, p. 79
(7) — J. VAZQUEZ DE MELLA Obr»
Complelas, vol. XXII. p. 347.
(8) — Veja-se, nesse sentido, o interna
sante curso de M. PRELOT, L*lnté<irr lion des organes corporalíves dans contribuição do ilustre professor rin 1.' culdade de Direito e de Ciênc?í^ Pr.iT-"
XXvâ\
Estrasbui-ío^ã
Semanas Sociais dc
França (1935) publicado em L'OrganlsaIion Corporative, ed. Chroxiique Soeiale de France, J. Gabalda-E. Vitte. Paris — Lyon, p. 363 e seguintes.
DjAcm Menezes
(Pror. cat. da Faculdade Nacional de Filosofia) olhos para a nossa literatura polí tas, declarações, até livros — produzida com um ôlho num mandato e outro no
eleitor, não dei,\ará dè sentir certa per plexidade, mistiirada com outros senti mentos variáveis com o indivíduo: — como é possível ao político nacional
ignorar tanto o lado teórico dos pro blemas econômicos ?
Muitos Iniciam as suas arengas di zendo, com ar pedagógico emprestado do conselheiro Acácio, que "as condi ções econômicas
dominam o mundo
moderno", que "tudo hoje e.xige o es tudo da Economia", que "as leis eco nômicas são prccipuas" etc. Puro bolodôrio. Outros aventuram-se ainda
mais e aludem às "leis de oferta e pro cura" como se fossem as leis de gravitação, para concluir contra tóda atitu de compuLsóría do Govêrno em face
dos
especuladores,^
gavantindo-nos,
com ares de profunda sabedoria, que não se podem contrariar "as leis eter-
pas", que facultam ao bodegueíro sa quear o consumidor sem agredi-lo fi sicamente.
Já pensamos em classificar todas es.,sas opiniões correntes para proceder a exame objetivo a fira de filiá-las às ati
tudes sociais dos que as enunciam. Ve rificaríamos como, nascidas de inclina
ções subjetivas, traduzem mais a posi ção em que se encontram os formula-
dores do que julgamento serenamente feito das nossas circunstâncias econô micas e sociais.
Mas há ainda a grande maioria dos que desconhecem completamente os fundamentos teóricos da ciência eco nômica, embora se encolham sob fra
ses lampejantes e vagas,
com \'ago
aspecto doutrinário.
Todos èles provam que se toma ne cessário disseminar o estudo da Eco
nomia pelo debate
de problemas ao
alcance do público, sem temiínologias complicadas e explanações de doutri
nas difíceis. Discussão em linguajem simples e acessível, que dê uma visão bem clara do lineamento teórico das questões e do objeto da ciência, edu
cando o pensamento para a compreen
são dos fatos mais importantes da vi da econômica.
As noções fundamentais da Econo mia estão na experiência de todo mun
do e de todo dia. Valor, preço, troca, utilidade, moeda, juro, renda, inflação, credito, comércio, e muitos outros con-
ceito.s, estão em circulação permanen te nos esjJÍritos e há numerosas rela ções sociais que servem de base à for mação dessa conceitiialística. A ciên
cia econômica depurou tais conceitos, aperfeiçoou-os. Mas retixou-os da ex periência comum, onde se formaram,
dentro da atividade prática que os ori ginou.
Claro que essa atividade prática, li gada à produção e distribuição dos bens materiais, modifica-se de acôrdo com as circunstâncias históricas e so
ciais, e não é a mesma em todas as la
titudes e em tôdas as épocas. Mas, nessa variedade històricamente obser-
Dicesto Econômico
14
deve ser também reconhecido o direito^ mais eficazmente asscguraclo.s o.s .seus interèsses cio que num regime di.spersivo, do representação junto à autoridade do
O que -SC deve conhecer de Economia
Estado. Não se trata de uma diarquia
instável c arbitrário como é o cios parla mentos cie base partidária. Os que defendem a pluralidade de
não devem constituir total ou parcial mente os órgãos do governo. Mas assim como à autoridade corporativa cumpre
partidos, a fim de não cair no partido único c na ditadura, e.squecem-sc da
Quem sc dá ao trabalho de lançar os
solução mais eficaz para nos libertar de
tica — discurso.s, plataformas, entrevis
político-corporativa, uma repartição do poder do Estado. Os órgãos corporativos
agir, com tôda liberdade, na esfera que lhe pertence, sob fiscalização geral do poder político, encarregado do bem co
finitivamente da tirania totalitária c do
Estado opressivo e centralizador: a res
mum, assim também o poder político
tauração corporativa. Isso exige antes de mais nada uma
deve, por sua vez, agir consultando os órgãos que representem os interesses cor
revisão dos conceitos há mais de um sé
porativos (8). Colaborando assim nas decisões polí ticas do Estado, teriam as classes sociais (1) — FERDINAND A. HERMENS. Democtacy and Froporlional Representalion, in Public Policy Pamphlels. 1940; Demo-
cracy or Anatchy?, University of Notre Dame, Indiana, 1941.
(2) — Há uma curiosa modalidade de
"golpes" políticos, cuja técnica se reves te de suma perfeição, pois ninguém os percebe. Consiste em impingir constitui
ções jurídicas avessas à constituição his tórica de um povo. constituições que, em nome da liberdade abstrata do cidadão violam as liberdades concretas dos ho mens.
(3) — R. BONNARD, Sindicalismo, Cor
porativismo e Estado Corporativo, tradu ção brasileira com prefácio e anotações de THEMISTOCLES BRANDAO CAVAL CANTI, Livraria Freitas Bastos, Rio de Janeiro. 1938, p. 15.
(4) — Como E. Gil RobIe< no seu Tra tado de Direito Político, torna-se aqui a
palavra "autarquia" no sentido aristotó-
culo dominantes no direito público. Mas quem poderá íludir-se sôbre a precarie
dade da sistemática jurídica vigente na maioria dos povos de hoje?... lico, designando a capacidade para se en vernar a si próprio reconhecida pelo hí" reito.
(5) — Apud THEMISTOCLES CAVat
CANTI, prefácio ã obra citada p viI (6) — J. BRETHE DE LA GRESSAYE La Corporation el l'Élal, in Archivel de Philosophze du Drolt eí de Soclolooie J?, ridique, n, 1/2, 1938, p. 79
(7) — J. VAZQUEZ DE MELLA Obr»
Complelas, vol. XXII. p. 347.
(8) — Veja-se, nesse sentido, o interna
sante curso de M. PRELOT, L*lnté<irr lion des organes corporalíves dans contribuição do ilustre professor rin 1.' culdade de Direito e de Ciênc?í^ Pr.iT-"
XXvâ\
Estrasbui-ío^ã
Semanas Sociais dc
França (1935) publicado em L'OrganlsaIion Corporative, ed. Chroxiique Soeiale de France, J. Gabalda-E. Vitte. Paris — Lyon, p. 363 e seguintes.
DjAcm Menezes
(Pror. cat. da Faculdade Nacional de Filosofia) olhos para a nossa literatura polí tas, declarações, até livros — produzida com um ôlho num mandato e outro no
eleitor, não dei,\ará dè sentir certa per plexidade, mistiirada com outros senti mentos variáveis com o indivíduo: — como é possível ao político nacional
ignorar tanto o lado teórico dos pro blemas econômicos ?
Muitos Iniciam as suas arengas di zendo, com ar pedagógico emprestado do conselheiro Acácio, que "as condi ções econômicas
dominam o mundo
moderno", que "tudo hoje e.xige o es tudo da Economia", que "as leis eco nômicas são prccipuas" etc. Puro bolodôrio. Outros aventuram-se ainda
mais e aludem às "leis de oferta e pro cura" como se fossem as leis de gravitação, para concluir contra tóda atitu de compuLsóría do Govêrno em face
dos
especuladores,^
gavantindo-nos,
com ares de profunda sabedoria, que não se podem contrariar "as leis eter-
pas", que facultam ao bodegueíro sa quear o consumidor sem agredi-lo fi sicamente.
Já pensamos em classificar todas es.,sas opiniões correntes para proceder a exame objetivo a fira de filiá-las às ati
tudes sociais dos que as enunciam. Ve rificaríamos como, nascidas de inclina
ções subjetivas, traduzem mais a posi ção em que se encontram os formula-
dores do que julgamento serenamente feito das nossas circunstâncias econô micas e sociais.
Mas há ainda a grande maioria dos que desconhecem completamente os fundamentos teóricos da ciência eco nômica, embora se encolham sob fra
ses lampejantes e vagas,
com \'ago
aspecto doutrinário.
Todos èles provam que se toma ne cessário disseminar o estudo da Eco
nomia pelo debate
de problemas ao
alcance do público, sem temiínologias complicadas e explanações de doutri
nas difíceis. Discussão em linguajem simples e acessível, que dê uma visão bem clara do lineamento teórico das questões e do objeto da ciência, edu
cando o pensamento para a compreen
são dos fatos mais importantes da vi da econômica.
As noções fundamentais da Econo mia estão na experiência de todo mun
do e de todo dia. Valor, preço, troca, utilidade, moeda, juro, renda, inflação, credito, comércio, e muitos outros con-
ceito.s, estão em circulação permanen te nos esjJÍritos e há numerosas rela ções sociais que servem de base à for mação dessa conceitiialística. A ciên
cia econômica depurou tais conceitos, aperfeiçoou-os. Mas retixou-os da ex periência comum, onde se formaram,
dentro da atividade prática que os ori ginou.
Claro que essa atividade prática, li gada à produção e distribuição dos bens materiais, modifica-se de acôrdo com as circunstâncias históricas e so
ciais, e não é a mesma em todas as la
titudes e em tôdas as épocas. Mas, nessa variedade històricamente obser-
Dic.esto EconYímico 16
vável, liá' um fundo permanente que
permite a formação de conceitos ge rais, que constituem as noçoes funda mentais da Economia política. Em târno de uma definição
guram interessantes. Em quatrocentas
páginas compactas, dois espíritos não podem coincidir de fond cn c<>mhlc\ j? é .salutar, entre os que sc dedicam a assuntos científicos, que surjam as dj.
vergências,
meio de fa/XT avançar (,
conhecimento.
Essas reflexões nos vieram à mente
ao recebermos o livro do sr, Luiz Sou za Gomes, subordinado ao título "O
que devemos saber de Economia polí tica e das finanças", ora em segunda edição. Adverte-nos o
Do no.ssa leitura,
tomamos apenas
algumas notas e.sparsas,
referentes
a.spccto.s que sempre no.s atraíram à atenção quando
refletimos .sobre
os
problemas teóricos' da Economia. Nem
em subtítulo,
sabemos mesmo se chegam a ser diver
que se trata de uma
gências com o autor,
autor,
divulgação "em lin
guagem acessível". De fato, todo o li-, vro está
estilo
escrito em
simples, cor-
rentio, preciso, que
niões divergentes en tro
os
economistas
clássicos e néo-clá,ssicos guardando uma linha eclética de se rena
O escritor, já acredi tado por valiosas
definir o objeto
obras anteriores, en
Economia, anota as
destacar o "Dicioná rio Econômico - Co mercial e Financei
ro", revela-se um didata muito claro,
expondo todos os grandes capítulos da ciência econômica de maneira capaz de interessar não sô os que desejam
iniciar-se- no seu estudo, como os já iniciados que busquem sistematizar seus conhecimentos.
Não pretendemos fazer aqui uma crítica do-excelente trabalho do sr. Souza Gomes, que reputamos grande entendido na matéria. O intuito pri
mordial destas linhas é apenas um ba
te-papo sobre a.spectos da obra. ü se gundo, para avivar a curiosidade, e discutir alguns pontos que se nos afi
17
portamento. A análise que se faz do comportamento é no sentido de desco brir as suas regularidades, as unifor-
micos" são sempre a expressão de "re lações sociais". E' o que nos diz, em outras palaxTas, o autor, quando escre
midades, que permitem se enunciem leis. Ora, essas leis podem ser muito
valor, mas relação que se e.xprime em
ve que "o preço é uma relação, como
todos os sistemas
moeda, isto é,-em dinheiro". De on
econômicos (como as que o marginalismo pretendo enunciar); e menos gerais, referentes aos homens agindo
de facilmente se infere que essas apa
gerais, abraçando
dentro de condições históricas que se
rências, como a moeda, são apenas a cristalização de "relações sociais", que
formaram dentro de determinados sis
são as essências: as relações de troca, que serviram ;3e base à sua formação,
temas (leis da renda, do investimento etc.).
ram o processo permutativo quando a
por sua vez aumentaram e intensifica
instituição monetária se aperfeiçoou. Riqueza, valor, moeda: aparências
porquanto o autor ex
põe as diversas opi.
prova a segurança e domínio da matéria.
tre as quais caberia ^
Digesto Econômico
Assim,
imparcíalicLade.
ao tratar de
da
definições mais famosa.s, dadas. pelos grandes luminares, de Smith a Pareto. E
termina por formular a seguinte defi nição, que apanha certas notas essen
ciais do definiendum-, "a Ciência que estuda e rege o comportamento huma no relativo à produção, distribuição e consumo da riqueza".
A generalidade da definição não vincula a Economia política a qual quer sistema econômico. Seu objetivo aí é o comportamento humano nas
suas relações com a atividade produti va, distributiva e consuntiva. Nada te ríamos a acrescentar se, na definição, se esclarecesse que aquele estudo vi sava a perquirir as leis daquele com-
Sobre as leis econômicas
Mas ainda caberia uma discrimina-
çfio para fixar melhor o objeto da Eco nomia política: o "estudo das leis do .comportamento humano" parece-nos vago ainda, mesmo invocando o ponto do vista do grande néo-clássico, que foi Alfred Marshall. Mais específico seria falar nas relações que se formam
entre os homens, no processo produti vo, distributivo e consuntivo dos bens
materiais. Por isso. mesmo é que a Economia é uma ciência sociah, porque o objeto dela não é a riqueza como conjunto de coisas utilizáveis e apropriáveis pelos homens, mas as rela ções inter-liumanas nascidas a propó sito das coisas cobiçadas pelos homens,
As instituições
econômicas funda
mentais são explanadas por Souza Go mes com a mesma mestria.
Apenas
julgamos que a parte referente à in
flação poderia ter sido mais ampliada, a fim de retirar da cabeça de muita gente idéias falsas sòbre o fenômeno.
Houve um momento, no Brasil, em que
tudo se atribuiu à inflação: foi a pa lavra mágica na pena dos jornalistas e na boca de quase todo mundo que es
piava as mazelas públicas. Invocava-se
a inflação para atacar o govêmo e pa ra inocentá-lo. Apregoavam uns que
bastaria fazer isso ou aquilo para im
relações que são de natureza social; e
pedir ou amordaçar a inflação. Ou
ó exatamente por isso que aquelas coi
tros,
sas passam à categoria de riqueza. Êsso pensamento está implícito no desenvolvimento da explicação dada pelo autor, quando nos diz que a Eco
estava a mesma atitude errada sobre
o que sejam as leis econômicas, atitu
nomia política não estuda o homem
de que encontramos em muitos estudio
que "leis eternas" animavam o
monstro e nenhuma fôrça humana ju-
gularia.
Ainda no fundo da questão
relacionado
sos de grande valor. Por isso não he
com os demais, tendo um comporta mento modificado pelas influências dos
sitamos em repisar o assunto, rapida mente, nestas páginas do "Digesto".
outros homens (cap. I). Os fenômenos estudados sob a designação de "econô
da vida econômica. A primeira pc^rte
isolado,
mas o homem
Há duas atitudes
simplistas diante
Diciústo Econômico
18
Digesto Econónuco
19
do fato de que suas leis são históricas,
mens com as respectivas necessidades.
mentado, que mantém .inteira sobrie
isto é, resultam do desenvolvimento da
Tal lei seria universal c in\'ariávcl, co
trai — que é a organização da moeda internacional. No fundo do problema está a- política do ouro e dos países
sociedade, e, em determinadas fases, há
mo assegura o marginalisino econômi
dade nus suas explicações. Realmente, não se poderia exigir, em livro desti
determinadas leis. Assim, as leis que
co a partir dos fins do século passado. Mas o fato ó que, sôbre essa base
nado a esclarecer o público sôbre os
regulam a taxa de juros
nao podem
existir em uma sociedade onde não se
geral,
desenvolveu o capitalismo mercantil;
humana.s, há a diferenciação progres.si-
entre os gregos do tempo de Périclcs não houve preocupação sobre o dese
so do desenvol\'imcnto soci:)l. A ma
comum a todas as sociedades
va històricamentc estabelecida no cur
quilíbrio entre investimento e poupan ça; etc. Sendo assim, são leis humanas,
neira
que_o homem pode modificar, desde
so em função do meio humano, e no
que modifique o meio humano em que elas se manifestam. Conseqüência: os
vas relações
órgãos governativos podem regular o desenvolvimento econômico.
A outra atitude é oposta: as Icí.s eco Com essa afirmativa significam que são leis se
nômicas são leis naturais.
melhantes à da queda dos corpos ou da propagação da luz. Procuram assi
milá-las então às demais leis que regu lam os fenômenos da Natureza,
Ao
homem cabe apenas a sua observação, para curvar-se à sua inflexibilidade inexorável. Para êstes, um fenômeno como a inflação sobrevém em dadas circunstâncias, e não há como evitá-lo.
Se admitimos que a designação de leis históricas indica apenas que elas surjam no meio social humano, e que não existem na Natureza, como os fe
nômenos elétricos ou químicos,
então
não podemos deixar de assim o reco nhecer.
Mas há quem sustente que
são leis naturais porque decorrem da natureza do próprio homem, que ex
perimenta necessidades biológicas e encontra no ambiente aquilo com que as satisfaz: nessa relação fundamental entre necessidades e coisas úteis está,
por conseqüência, uma lei fundamental da ciência econômica, que existe urbi et orbi, onde quer que existam ho
problemas gerais da Economia, o de
por que os homens
provcem
aquelas necessidades começa a altcrar-
aparecem,
bato de assuntos que lançam suas raí
ses industriais e agrários, e êste ao de
zes já no subsolo da filosofia científica. Não queremos concluir essa aprecia
senvolvimento interno de cada país, segundo suas circunstâncias próprias,
ção sumária despida de qualquer objeti\-o crítico sem aludir à parte que trata dos transportes (cap. XVIII). De
depreende a necessidade de analisar a questão sem se ater a pontes do vista
sejaríamos que o autor insistisse mais sôbre a gravidade, para a Economia na cional, do atraso em que se acham as nossas vias de comunicação c trans
definindo-se
novas leis.
Pelo fato, porém, de novas leis .sur
girem, não quer dizer que sejam elas moldáveis ao bel-prazer dos seres Ini-
cheios de ouro, que, por sua vez, se liga ao problerha das trocas entre paí
històricamente definidas.
De tudo se
unilaterais, que advogam a solução cm determinada
medida.
Monetaristas,
que só vêem solução na organização da
moeda estabilizada; estudiosos, que só enxergam salvação em industrialização e tudo mais é conseqüência; outros, que só querem fazer voltar ao campo os miseráveis que de lá vieram mor
sibilidade de modificação do meio so
portes. Ao lado do debate teórico, o ponto de vista prático; e em ambos a competência do autor confirmaria o juízo já formado cm tôrno das obras que tão bem lhe credenciam o noriie. A seguir, abre-se a parte que trata do comércio internacional — capítulo
cial, pelo homem, que é o ser onde
lioje
aquela consciência social se desenvol
com a expansão crescente das empre
reno do problema para pedir a refor
veu. A compreensão daquelas ícis ar ma o homem de certa possibilidade de ação mais esclarecida, dandc-llie mais recursos. Mas êste não se torna capa
sas gigantescas pelo mundo inteiro, que se tornou pequeno para tantas am
ma do caráter; e muitos mais.
manos. Nem também que tenham um imutável.
caráter de inexorabilidade
Quando a consciência humana dessas
relações aumenta, surge também a pos
bições alertas e robustas.
como ente que penetra mais no meca
nismo da criação,
compreendendo-o,
mento.
Aí está a razão por que a ciência econômica pode realizar e regular mui ta coisa. Natura non imperotur nisi parendo, diziam os antigos. A Nature za governa-se, obedecendo-a.
Esta divagação resultou de algumas idéias sôbre inflação. E cremos que se ajustam à linha teórica do livro co-
e acidentado,
Em rápida
síntese, entramos logo no assunto cen
citado para derrogá-las orgulhosamen te, como um rei da criação: — apenas, pode atender melhor ao movimento in terno do seu processo de desenvolvi
bem complicado
>
rendo de fome; outros, que querem a todo custo abrir estradas e transportar não se sabe o que pai-a ninguém sabe onde; outros ainda, abandonam o ter
Isso tudo, porque não nos inteiramos de "o que devemos conhecer da Eco nomia política e das Finanças".
Diciústo Econômico
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Digesto Econónuco
19
do fato de que suas leis são históricas,
mens com as respectivas necessidades.
mentado, que mantém .inteira sobrie
isto é, resultam do desenvolvimento da
Tal lei seria universal c in\'ariávcl, co
trai — que é a organização da moeda internacional. No fundo do problema está a- política do ouro e dos países
sociedade, e, em determinadas fases, há
mo assegura o marginalisino econômi
dade nus suas explicações. Realmente, não se poderia exigir, em livro desti
determinadas leis. Assim, as leis que
co a partir dos fins do século passado. Mas o fato ó que, sôbre essa base
nado a esclarecer o público sôbre os
regulam a taxa de juros
nao podem
existir em uma sociedade onde não se
geral,
desenvolveu o capitalismo mercantil;
humana.s, há a diferenciação progres.si-
entre os gregos do tempo de Périclcs não houve preocupação sobre o dese
so do desenvol\'imcnto soci:)l. A ma
comum a todas as sociedades
va històricamentc estabelecida no cur
quilíbrio entre investimento e poupan ça; etc. Sendo assim, são leis humanas,
neira
que_o homem pode modificar, desde
so em função do meio humano, e no
que modifique o meio humano em que elas se manifestam. Conseqüência: os
vas relações
órgãos governativos podem regular o desenvolvimento econômico.
A outra atitude é oposta: as Icí.s eco Com essa afirmativa significam que são leis se
nômicas são leis naturais.
melhantes à da queda dos corpos ou da propagação da luz. Procuram assi
milá-las então às demais leis que regu lam os fenômenos da Natureza,
Ao
homem cabe apenas a sua observação, para curvar-se à sua inflexibilidade inexorável. Para êstes, um fenômeno como a inflação sobrevém em dadas circunstâncias, e não há como evitá-lo.
Se admitimos que a designação de leis históricas indica apenas que elas surjam no meio social humano, e que não existem na Natureza, como os fe
nômenos elétricos ou químicos,
então
não podemos deixar de assim o reco nhecer.
Mas há quem sustente que
são leis naturais porque decorrem da natureza do próprio homem, que ex
perimenta necessidades biológicas e encontra no ambiente aquilo com que as satisfaz: nessa relação fundamental entre necessidades e coisas úteis está,
por conseqüência, uma lei fundamental da ciência econômica, que existe urbi et orbi, onde quer que existam ho
problemas gerais da Economia, o de
por que os homens
provcem
aquelas necessidades começa a altcrar-
aparecem,
bato de assuntos que lançam suas raí
ses industriais e agrários, e êste ao de
zes já no subsolo da filosofia científica. Não queremos concluir essa aprecia
senvolvimento interno de cada país, segundo suas circunstâncias próprias,
ção sumária despida de qualquer objeti\-o crítico sem aludir à parte que trata dos transportes (cap. XVIII). De
depreende a necessidade de analisar a questão sem se ater a pontes do vista
sejaríamos que o autor insistisse mais sôbre a gravidade, para a Economia na cional, do atraso em que se acham as nossas vias de comunicação c trans
definindo-se
novas leis.
Pelo fato, porém, de novas leis .sur
girem, não quer dizer que sejam elas moldáveis ao bel-prazer dos seres Ini-
cheios de ouro, que, por sua vez, se liga ao problerha das trocas entre paí
històricamente definidas.
De tudo se
unilaterais, que advogam a solução cm determinada
medida.
Monetaristas,
que só vêem solução na organização da
moeda estabilizada; estudiosos, que só enxergam salvação em industrialização e tudo mais é conseqüência; outros, que só querem fazer voltar ao campo os miseráveis que de lá vieram mor
sibilidade de modificação do meio so
portes. Ao lado do debate teórico, o ponto de vista prático; e em ambos a competência do autor confirmaria o juízo já formado cm tôrno das obras que tão bem lhe credenciam o noriie. A seguir, abre-se a parte que trata do comércio internacional — capítulo
cial, pelo homem, que é o ser onde
lioje
aquela consciência social se desenvol
com a expansão crescente das empre
reno do problema para pedir a refor
veu. A compreensão daquelas ícis ar ma o homem de certa possibilidade de ação mais esclarecida, dandc-llie mais recursos. Mas êste não se torna capa
sas gigantescas pelo mundo inteiro, que se tornou pequeno para tantas am
ma do caráter; e muitos mais.
manos. Nem também que tenham um imutável.
caráter de inexorabilidade
Quando a consciência humana dessas
relações aumenta, surge também a pos
bições alertas e robustas.
como ente que penetra mais no meca
nismo da criação,
compreendendo-o,
mento.
Aí está a razão por que a ciência econômica pode realizar e regular mui ta coisa. Natura non imperotur nisi parendo, diziam os antigos. A Nature za governa-se, obedecendo-a.
Esta divagação resultou de algumas idéias sôbre inflação. E cremos que se ajustam à linha teórica do livro co-
e acidentado,
Em rápida
síntese, entramos logo no assunto cen
citado para derrogá-las orgulhosamen te, como um rei da criação: — apenas, pode atender melhor ao movimento in terno do seu processo de desenvolvi
bem complicado
>
rendo de fome; outros, que querem a todo custo abrir estradas e transportar não se sabe o que pai-a ninguém sabe onde; outros ainda, abandonam o ter
Isso tudo, porque não nos inteiramos de "o que devemos conhecer da Eco nomia política e das Finanças".
Digesto
PERSPECTIVAS DA ECONOMIA
DE 1
GUERRA NO BRASIL (Conferência pronunciada em Belo Horizonte, no PaJdcio do Café, sob os auspícios do Centro de Estudos Econômicos de Minas Gerais) Robebto Pinto de Souza
.
Econónuco
21
mente por ela. A conjuntura presente
é bem diversa da do-início da guerra anterior. Por esse motivo, acredita mos que os efeitos da atual serão bem
Êsses dois aspectos não Constituem novidade. As contendas passadas já os revelaram e os problemas que susci tarão são hoje objeto de estudo de
maiores e mais intensos que os da
todos os que se preocupam com os
precedente, acarretando a necessidade
temas econômicos nacionais. As clas
de melhor nos prepararmos e, princi palmente, de se orientar a opinião pú-
ses produtoras e a imprensa já levan
l)Hca, a fim de se obter maior com
produtos essenciais, e o Governo Fe
taram a questão da estocagem
de
■j^ COM indizível emoção que tomo a
de ensinamentos econômicos; .Antônio
palavra. Minas Gerais, além da tra dição humanista do Caraça e téçnica
Carlos engrandeceu a ciência bancá ria com alentada obra sòbre bancos de
preensão para as medidas que deve
deral nomeou comissão especial para
rão
da Escola de Ouro Preto, é centro de
' irradiação de conhecimentos jurídicos,
emissão c redesconto; Afonso Pena Júnior, distinguido humanista e no
estudar o assunto, ao mesmo tempo
sociais e econômicos. Aqui se forma ram homens que ilustraram e iluminam
tável jurisconsulto, enriqueceu a eco nomia pátria com o famoso parecer
sões, em matéria econômica, são alea
esses ramos do saber humano.
sobre a reforma do Banco do Brasil.
Re
ser
tomadas.
Advertimos, no entanto, que previ tórias, dados os imponderáveis que imprimem aos acontecimentos novos
rumos. O máximo que se pode fazer
cuando na história, encontramos a fi gura ciclópica de Bernardo de Vas
E tantos outros.
concelos, que prima na obra legislati va do Império; o Marquês de Para ná, insigne pelos seus atilados conhe
terra de inteligências de escol, res ponsável pelo avanço dos conhecimen tos de Economia Política no Brasil,
cimentos políticos; Ouro Preto, que
é motivo de orgulho e de honra para
mediu talento e saber com Rui Bar
os que se votam a esse gênero de
bosa nos debates sòbre a reforma fi nanceira.
Feita esta vulgar observação, abalançamo-nos a opinar sobre as reper cussões que o novo "período poderá
estudos.
exercer
Na República, não foi menor a con
Falar de assuntos econômicos em
Escolhemos, como tema de
nossa
tribuição mineira. Das Alterosas vie
palestra — Perspectivas da Economia de Guerra no Brasil. O momento é
na
estrutura
econômica na
cional. Dado o limite do tempo e o enfado de exposição de natureza téc
No momento, não há matéria de co
gitação mais importante que o abas tecimento de produtos indispensáveis ao parque manufatureiro nacional. A
crise de dólares nos impossibilitou a
formação de estoques mesmo para o consumo
normal.
Nos
últimos
três
anos, como é do conhecimento geral, no que toca à importação, houve es cassez geral de artigos essenciais.
Bem diversa, a situação em 1939. Não conhecíamos a carência de divi
industriais importarem grandes quan tidades de mercadorias, formando es
ram os parlamentares cujos estudos
propício.
em que nos devemos preparar para
que talvez advenham à economia bra
uma possível fase bélica sem termos
obra financeira e econômica da pri meira fase republicana. Davi Campista o criador da Caixa de Conversão,
corrigido os desequilíbrios provenien tes da segunda conflagração mundial. O assunto é imenso, e comporta tnn
sileira pela atual preparação econômi ca bélica e a deflagração do terceiro
ta sem rival, não se limitou a ser o
Dai têrinos vacilado em o eleger co mo objeto de nossa exposição. Elege
programa todo de pesquisa e reflexão.
tos básicos, até o total de 150 milhões de dólares.
nica, limitar-nos-emos aos aspectos gerais das prováveis conseqüências
doutrinários sóbre os problemas na cionais constituem a base de tôda a
prestou serviços valiosos na estabiliza ção do câmbio; Calógeras, o estadis
Atravessamos um período
é traçar as linhas gerais de uma pos sível evolução, indicando o caminho provável que os eventos econômicos poderão seguir.
que autorizou a importação de produ
conflito mundial.
sas, o que permitiu a comerciantes e
toques, entre as manufaturas, princi
palmente de produtos químicos, far
Comércio externo
macêuticos e automóveis; entre as matérias-primas, gasolina, Combustí
Incontestàvelmente, o setor econô
veis e óleos lubrificantes e minerais não-nietálicos, notadaraeníe o clium-
mico mais atingido será o do comér
insuperável analista da receita e de todos os orçamentos, mas o tratadis-
mo-lo, devido à sua importância e á necessidade de refletirmos desde logo
ta que escreveu o livro clássico das finanças brasileiras — "A Política
ra no Brasil.
dade do consumo e da produção nor
certas matérias-primas, como o cobre,
Conhecemos, pela experiência dos anos 1939-45, a repercussão da mobili
mais. Em seguida, em virtude dos de
as anilinas e o cimento.
zação econômica dos países aliados
dorias importadas além das necessida
suportar o longo período bélico. Con-
Monetária do Brasil"; Carlos Peixoto, o arauto, no Parlamento, do programa
sobre os efeitos da economia de guer
cio externo. Primeiramente, sofrere mos tremenda distorção na importação de produtos fundamentais à continui
sentendimentos de tòda ordem, no
protecionismo; João Luís Alves, cujos
áôbre a economia brasileira. Não nos
Oriente, seremos- transformados em celeiro de matérias-primas essenciais
trabalhos sobre tarifas são mananciais
devemos,
ao esforço de guerra.
de João Pinheiro, o doutrinador do
porém, orientar
exclusiva-
bo. Infelizmente, os importadores não constituíram reservas de máquinas, aparelhos, ferramentas e Utensílios, e
É verdade que o volume de merca
des habituais não foi suficiente para
Digesto
PERSPECTIVAS DA ECONOMIA
DE 1
GUERRA NO BRASIL (Conferência pronunciada em Belo Horizonte, no PaJdcio do Café, sob os auspícios do Centro de Estudos Econômicos de Minas Gerais) Robebto Pinto de Souza
.
Econónuco
21
mente por ela. A conjuntura presente
é bem diversa da do-início da guerra anterior. Por esse motivo, acredita mos que os efeitos da atual serão bem
Êsses dois aspectos não Constituem novidade. As contendas passadas já os revelaram e os problemas que susci tarão são hoje objeto de estudo de
maiores e mais intensos que os da
todos os que se preocupam com os
precedente, acarretando a necessidade
temas econômicos nacionais. As clas
de melhor nos prepararmos e, princi palmente, de se orientar a opinião pú-
ses produtoras e a imprensa já levan
l)Hca, a fim de se obter maior com
produtos essenciais, e o Governo Fe
taram a questão da estocagem
de
■j^ COM indizível emoção que tomo a
de ensinamentos econômicos; .Antônio
palavra. Minas Gerais, além da tra dição humanista do Caraça e téçnica
Carlos engrandeceu a ciência bancá ria com alentada obra sòbre bancos de
preensão para as medidas que deve
deral nomeou comissão especial para
rão
da Escola de Ouro Preto, é centro de
' irradiação de conhecimentos jurídicos,
emissão c redesconto; Afonso Pena Júnior, distinguido humanista e no
estudar o assunto, ao mesmo tempo
sociais e econômicos. Aqui se forma ram homens que ilustraram e iluminam
tável jurisconsulto, enriqueceu a eco nomia pátria com o famoso parecer
sões, em matéria econômica, são alea
esses ramos do saber humano.
sobre a reforma do Banco do Brasil.
Re
ser
tomadas.
Advertimos, no entanto, que previ tórias, dados os imponderáveis que imprimem aos acontecimentos novos
rumos. O máximo que se pode fazer
cuando na história, encontramos a fi gura ciclópica de Bernardo de Vas
E tantos outros.
concelos, que prima na obra legislati va do Império; o Marquês de Para ná, insigne pelos seus atilados conhe
terra de inteligências de escol, res ponsável pelo avanço dos conhecimen tos de Economia Política no Brasil,
cimentos políticos; Ouro Preto, que
é motivo de orgulho e de honra para
mediu talento e saber com Rui Bar
os que se votam a esse gênero de
bosa nos debates sòbre a reforma fi nanceira.
Feita esta vulgar observação, abalançamo-nos a opinar sobre as reper cussões que o novo "período poderá
estudos.
exercer
Na República, não foi menor a con
Falar de assuntos econômicos em
Escolhemos, como tema de
nossa
tribuição mineira. Das Alterosas vie
palestra — Perspectivas da Economia de Guerra no Brasil. O momento é
na
estrutura
econômica na
cional. Dado o limite do tempo e o enfado de exposição de natureza téc
No momento, não há matéria de co
gitação mais importante que o abas tecimento de produtos indispensáveis ao parque manufatureiro nacional. A
crise de dólares nos impossibilitou a
formação de estoques mesmo para o consumo
normal.
Nos
últimos
três
anos, como é do conhecimento geral, no que toca à importação, houve es cassez geral de artigos essenciais.
Bem diversa, a situação em 1939. Não conhecíamos a carência de divi
industriais importarem grandes quan tidades de mercadorias, formando es
ram os parlamentares cujos estudos
propício.
em que nos devemos preparar para
que talvez advenham à economia bra
uma possível fase bélica sem termos
obra financeira e econômica da pri meira fase republicana. Davi Campista o criador da Caixa de Conversão,
corrigido os desequilíbrios provenien tes da segunda conflagração mundial. O assunto é imenso, e comporta tnn
sileira pela atual preparação econômi ca bélica e a deflagração do terceiro
ta sem rival, não se limitou a ser o
Dai têrinos vacilado em o eleger co mo objeto de nossa exposição. Elege
programa todo de pesquisa e reflexão.
tos básicos, até o total de 150 milhões de dólares.
nica, limitar-nos-emos aos aspectos gerais das prováveis conseqüências
doutrinários sóbre os problemas na cionais constituem a base de tôda a
prestou serviços valiosos na estabiliza ção do câmbio; Calógeras, o estadis
Atravessamos um período
é traçar as linhas gerais de uma pos sível evolução, indicando o caminho provável que os eventos econômicos poderão seguir.
que autorizou a importação de produ
conflito mundial.
sas, o que permitiu a comerciantes e
toques, entre as manufaturas, princi
palmente de produtos químicos, far
Comércio externo
macêuticos e automóveis; entre as matérias-primas, gasolina, Combustí
Incontestàvelmente, o setor econô
veis e óleos lubrificantes e minerais não-nietálicos, notadaraeníe o clium-
mico mais atingido será o do comér
insuperável analista da receita e de todos os orçamentos, mas o tratadis-
mo-lo, devido à sua importância e á necessidade de refletirmos desde logo
ta que escreveu o livro clássico das finanças brasileiras — "A Política
ra no Brasil.
dade do consumo e da produção nor
certas matérias-primas, como o cobre,
Conhecemos, pela experiência dos anos 1939-45, a repercussão da mobili
mais. Em seguida, em virtude dos de
as anilinas e o cimento.
zação econômica dos países aliados
dorias importadas além das necessida
suportar o longo período bélico. Con-
Monetária do Brasil"; Carlos Peixoto, o arauto, no Parlamento, do programa
sobre os efeitos da economia de guer
cio externo. Primeiramente, sofrere mos tremenda distorção na importação de produtos fundamentais à continui
sentendimentos de tòda ordem, no
protecionismo; João Luís Alves, cujos
áôbre a economia brasileira. Não nos
Oriente, seremos- transformados em celeiro de matérias-primas essenciais
trabalhos sobre tarifas são mananciais
devemos,
ao esforço de guerra.
de João Pinheiro, o doutrinador do
porém, orientar
exclusiva-
bo. Infelizmente, os importadores não constituíram reservas de máquinas, aparelhos, ferramentas e Utensílios, e
É verdade que o volume de merca
des habituais não foi suficiente para
Digesto Econômico
22
tudo, facilitou a expansão rápida da produção, determinada pela cessação
sidades desses artigos no mercado in
imediata da entrada de artigos de con sumo. Uma circunstância, no entanto,
a procura é comprimi<la. Entretanto,
permitiu a vinda, por algum tempo, de muitos produtos essenciais: o ingres
ram
so tardio dos Estados Unidos na guer ra. Por essa razão a fase grave do movimento importador de produtos
estatísticas do comércio exterior mos
essenciais foi 1943, quando atingiu re
dução de 42%. Nos anos subsequen tes, a tendência foi de aumento con tinuo das - quantidades importadas, desafogando parcialmente o mercado consumidor.
Hoje, as
dificuldades
aumentam.
Além de o comércio importador es tar sujeito a licença prévia e limitado pela carência de divisas, a guerra na
terno .são imensas, pois de.sdc 1939 (iue nesse período mencionado, aumenta sensivclíncnte
as
nccessidade.s
brasileiras de produtos essenciais. As
tram radical alteração dc nossas Im portações entre 1937 c 1949. Assim, em 1937, 27% do total dos produtos entrados no País eram máquinas c
veículos, enquanto, em 1949, represen taram 457c. Naquele ano anterior à
guerra, o petróleo c subprodutos cons tituíram 8% do total da importação, ao passo que, em 1949, atingiram 107(.
Além desse aspecto, não nos pode
Digesto EcoNÓNnco
Washington no mês de março, for necerá a ocasião propícia para enten
ano e rto.s pró.xlmos as relações de
dimentos dessa natureza, e a vinda ao
Os preços das mercadorias estrangei
Brasil do sr. Miller, Subsecretário de
ras tendem a aumentar sensivelmente Contudo, o aumento do volume das exportações brasileiras compensará a
Estado do Govérno norte-americano, facilitará as conversações para acor dos desse gênero. Para êssc fim, com
alta dos preços dos artigos impor
pete ao Governo brasileiro realizar es
tados.
tudos de previsão c elaborar uma po lítica comercial que permita a aquisi ção e a estocagem de produtos essen ciais à nossa economia.
Duas vantagens advirão: será asse
gurado o abastecimento do parque manufatureiro nacional dós elementos indispensáveis à continuidade das ati
vidades fabris e, o que é sumamente
mos esquecer dc que a produção bra
importante, serão absorvidos os futu
Coréia e a mobilização econômica nor
sileira, verificando-se o conflito, há de ser intensificada, a fim dc abaste
ros saldos comerciais favoráveis. Tais
te-americana determinaram, imediata
cer o mercado interno de produtos
mente, a escassez de matérias-primas essenciais nos mercados fornecedores.
que antes vinham do e.xterior.
cia, são altamente iuflacionários. Na futura conjuntura econômica èles de
Nas
circunstâncias atuais da economia bra
saldos, conhecemos já por experiên
sileira, o aumento de produção rcfjucr
verão Ser bem mais elevados que du rante a guerra passada. É que naque
SQ acentua o preparo militar das na
melhoria de técnica, quer no setor
la época a cotação dos produtos bra
ções aliadas, são absorvidas maiores
agrícola quer no industrial. É que, na íasé dc pleno emprego de fatòres dc produção, como a em que nos encon tramos, o aumento da produção só po
sileiros não era tão elevada como a
'Cumpre notar que, à medida em que
quantidades de matérias-primas, cuja falta já se faz sentir entre nós, como alumínio, cobre, zinco, estanho, folha de Flandres, aço silicioso, barrilha, en xofre, soda cáustica e celulose. Sendo assim, não encontraremos nos merca
dos internacionais, na época da aqui
sição, as mercadorias de que necessi tamos. Atualmente, ainda é possível adquirirem-se nas praças estrangeiras
alguns produtos de que temos preci são, principalmente maquinismos, pe
ças'sobressalentes e matérias-primas.
de ser conseguido pela alteração da técnica, o que para nós significa im portação de equipamentos modernos.
Urge adquirir êsses produtos ime diatamente e na maior c(uantidade possív.el. Tal encargo não pode ser atribuído à iniciativa particular. O volume dc divisas necessário para as transações e a retração dos merca
dos fornecedores pedem a interven ção governamental, pois só por acôrT
presente e nem tão volumosos os nos
sos fornecimentos de materiais estra tégicos.
No ano fincto, os nossos "terms "of trade"
melhoraram
sensivelmente.
Basta dizer que o Brasil importou, du-r rante os primeiros oito meses, 1.061.947 toneladas mais e pagou Cr§ 2.101.744.000,00 menos. O valor médio
diminuiu de Cr| 1.017,00 por tonelada
importada, ou sejam, 28% menos. Ocorreu o-^inverso nas exportações. Recebeu o País, em média, até agosto de 1950, mais Cr^? 1.383,00 por tonela
O estoque não é muito grande, e — dada a procura internacional, que será
do de governo a govênio será possí
intensificada — em pouco tempo se
levantadas por êsses dois problemas.
evaporara.
A Conferência dos Chanceleres dos
168.949 toneladas menos e recebeu Cr| 2.209.882.000,00 mais.
países americanos, a realizar-se em
É verdade que no decorrer dêsse
Ê preciso considerar que as neces
vel resolver as inúmeras dificuldades
troca não se manterão tão elevadas.
da. Foi beneficiado, portanto, com um
aumento de 27,567c. Vendeu, no tptal,
De fato, as perspectivas indicam que se intensificarão as exportações de couros e peles, borracha, cacau,
cêra de carnaúba, açúcar, arroz e frutos oleaginosos, destacando-se o óleo dc mamona. Pelo menos é essa
a lição que nos ministrou a guerra passada. A tendência de aumento de •exportação, porém, não se limitará aos
produtos de agropecuária. Como já dissemos, a guerra na Coréia c na In
dochina, aliada aos intrincados pro blemas políticos do Oriente, fechará as nações aliadas os mercados orien
tais, fornecedores de matérias-primas estratégicas. Por èsse motivo, a Amé rica Latina assumirá uma posição de primeira ordem no cenário internacio
nal. Acreditam os meios políticos bem informados que a próxima reunião dos Chanceleres em Washington mar cará o início de uma nova política de boa vizinhança. Um jornal comunista de Londres, segundo informa um co mentarista político, reconheceu que a
América Latina se apresenta como a única região do" mundo capaz de se constituir em fonte segura de maté
rias-primas estratégicas para os oci dentais. Tal fato parece encontrar confirmação na mensagem de Trnman ao Congresso, em que faz refe
rência especial à América Latina. Daí acreditar-se que outra fase diversa de cooperação econômica entre os países
latinos-americanos e os Estados Uni
dos caracterizará a política de Was-
Digesto Econômico
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tudo, facilitou a expansão rápida da produção, determinada pela cessação
sidades desses artigos no mercado in
imediata da entrada de artigos de con sumo. Uma circunstância, no entanto,
a procura é comprimi<la. Entretanto,
permitiu a vinda, por algum tempo, de muitos produtos essenciais: o ingres
ram
so tardio dos Estados Unidos na guer ra. Por essa razão a fase grave do movimento importador de produtos
estatísticas do comércio exterior mos
essenciais foi 1943, quando atingiu re
dução de 42%. Nos anos subsequen tes, a tendência foi de aumento con tinuo das - quantidades importadas, desafogando parcialmente o mercado consumidor.
Hoje, as
dificuldades
aumentam.
Além de o comércio importador es tar sujeito a licença prévia e limitado pela carência de divisas, a guerra na
terno .são imensas, pois de.sdc 1939 (iue nesse período mencionado, aumenta sensivclíncnte
as
nccessidade.s
brasileiras de produtos essenciais. As
tram radical alteração dc nossas Im portações entre 1937 c 1949. Assim, em 1937, 27% do total dos produtos entrados no País eram máquinas c
veículos, enquanto, em 1949, represen taram 457c. Naquele ano anterior à
guerra, o petróleo c subprodutos cons tituíram 8% do total da importação, ao passo que, em 1949, atingiram 107(.
Além desse aspecto, não nos pode
Digesto EcoNÓNnco
Washington no mês de março, for necerá a ocasião propícia para enten
ano e rto.s pró.xlmos as relações de
dimentos dessa natureza, e a vinda ao
Os preços das mercadorias estrangei
Brasil do sr. Miller, Subsecretário de
ras tendem a aumentar sensivelmente Contudo, o aumento do volume das exportações brasileiras compensará a
Estado do Govérno norte-americano, facilitará as conversações para acor dos desse gênero. Para êssc fim, com
alta dos preços dos artigos impor
pete ao Governo brasileiro realizar es
tados.
tudos de previsão c elaborar uma po lítica comercial que permita a aquisi ção e a estocagem de produtos essen ciais à nossa economia.
Duas vantagens advirão: será asse
gurado o abastecimento do parque manufatureiro nacional dós elementos indispensáveis à continuidade das ati
vidades fabris e, o que é sumamente
mos esquecer dc que a produção bra
importante, serão absorvidos os futu
Coréia e a mobilização econômica nor
sileira, verificando-se o conflito, há de ser intensificada, a fim dc abaste
ros saldos comerciais favoráveis. Tais
te-americana determinaram, imediata
cer o mercado interno de produtos
mente, a escassez de matérias-primas essenciais nos mercados fornecedores.
que antes vinham do e.xterior.
cia, são altamente iuflacionários. Na futura conjuntura econômica èles de
Nas
circunstâncias atuais da economia bra
saldos, conhecemos já por experiên
sileira, o aumento de produção rcfjucr
verão Ser bem mais elevados que du rante a guerra passada. É que naque
SQ acentua o preparo militar das na
melhoria de técnica, quer no setor
la época a cotação dos produtos bra
ções aliadas, são absorvidas maiores
agrícola quer no industrial. É que, na íasé dc pleno emprego de fatòres dc produção, como a em que nos encon tramos, o aumento da produção só po
sileiros não era tão elevada como a
'Cumpre notar que, à medida em que
quantidades de matérias-primas, cuja falta já se faz sentir entre nós, como alumínio, cobre, zinco, estanho, folha de Flandres, aço silicioso, barrilha, en xofre, soda cáustica e celulose. Sendo assim, não encontraremos nos merca
dos internacionais, na época da aqui
sição, as mercadorias de que necessi tamos. Atualmente, ainda é possível adquirirem-se nas praças estrangeiras
alguns produtos de que temos preci são, principalmente maquinismos, pe
ças'sobressalentes e matérias-primas.
de ser conseguido pela alteração da técnica, o que para nós significa im portação de equipamentos modernos.
Urge adquirir êsses produtos ime diatamente e na maior c(uantidade possív.el. Tal encargo não pode ser atribuído à iniciativa particular. O volume dc divisas necessário para as transações e a retração dos merca
dos fornecedores pedem a interven ção governamental, pois só por acôrT
presente e nem tão volumosos os nos
sos fornecimentos de materiais estra tégicos.
No ano fincto, os nossos "terms "of trade"
melhoraram
sensivelmente.
Basta dizer que o Brasil importou, du-r rante os primeiros oito meses, 1.061.947 toneladas mais e pagou Cr§ 2.101.744.000,00 menos. O valor médio
diminuiu de Cr| 1.017,00 por tonelada
importada, ou sejam, 28% menos. Ocorreu o-^inverso nas exportações. Recebeu o País, em média, até agosto de 1950, mais Cr^? 1.383,00 por tonela
O estoque não é muito grande, e — dada a procura internacional, que será
do de governo a govênio será possí
intensificada — em pouco tempo se
levantadas por êsses dois problemas.
evaporara.
A Conferência dos Chanceleres dos
168.949 toneladas menos e recebeu Cr| 2.209.882.000,00 mais.
países americanos, a realizar-se em
É verdade que no decorrer dêsse
Ê preciso considerar que as neces
vel resolver as inúmeras dificuldades
troca não se manterão tão elevadas.
da. Foi beneficiado, portanto, com um
aumento de 27,567c. Vendeu, no tptal,
De fato, as perspectivas indicam que se intensificarão as exportações de couros e peles, borracha, cacau,
cêra de carnaúba, açúcar, arroz e frutos oleaginosos, destacando-se o óleo dc mamona. Pelo menos é essa
a lição que nos ministrou a guerra passada. A tendência de aumento de •exportação, porém, não se limitará aos
produtos de agropecuária. Como já dissemos, a guerra na Coréia c na In
dochina, aliada aos intrincados pro blemas políticos do Oriente, fechará as nações aliadas os mercados orien
tais, fornecedores de matérias-primas estratégicas. Por èsse motivo, a Amé rica Latina assumirá uma posição de primeira ordem no cenário internacio
nal. Acreditam os meios políticos bem informados que a próxima reunião dos Chanceleres em Washington mar cará o início de uma nova política de boa vizinhança. Um jornal comunista de Londres, segundo informa um co mentarista político, reconheceu que a
América Latina se apresenta como a única região do" mundo capaz de se constituir em fonte segura de maté
rias-primas estratégicas para os oci dentais. Tal fato parece encontrar confirmação na mensagem de Trnman ao Congresso, em que faz refe
rência especial à América Latina. Daí acreditar-se que outra fase diversa de cooperação econômica entre os países
latinos-americanos e os Estados Uni
dos caracterizará a política de Was-
Digesto Econômico
25
Digesto Econômico
24
acusam a entrada de 7 bilhões de cru
matérias-primas e produtos agrícolas não se refletiu nos preços a varejo,
que, nestes anos de após-guerra —
hington. Naturalmente, o estreitamen to das relações econômicas significa
zeiros no referido ano, elevando o
rá maior envio de minerais indispen
meio circulante a 31 bilhões de cru
limitando-se a ser antes fenômeno jolsista e financeiro que econômico i
sáveis ao esforço de guerra norte-
zeiros, isto^e, 30% a mais cin relação
tocial. No ano corrente, as conse
neira isolada, atingindo sòmente as
americano, como o manganês, cristal-
a 1949. É a prova dc que as causas in-
qüências desses dois fatos se farão
de-roclia, minério de ferro, cromo,
flacionárias estão cm plena atuação e
sentir, acelerando a alta dos preços.
regiões onde os capitais agrícolas são mais volumosos, como as do café, on
bauxita, tungsténio, berilo, diamantes,
dificilmente serão contidas.
areias monazíticas e urânio, o que au
mentará os saldos da balança comer cial brasileira. Por isso, acreditamos
Dc fato, os déficits orçamentários, que somam dez bilhões de cruzeiros,
no agravamento da pressão inflacio-
o financiamento dos produtos agríco las — Café, algodão, cacau, para citar
nária
apenas os principais — nas bases dos
dos futuros saldos comerciais
em comparação com os do último con flito. Se
as
autoridades ativarem
a
importação, em pouco tempo acumu laremos grandes atrasados comer
ciais, que agirão futuramente como
medida anti-inflacionista, absorvendo parte dos saldos da balança comer cial.
Temos, a esse respeito, o ensina mento dos últimos três anos. Os 220
milhões de dólares de atrasados co
merciais, acumulados durante 1948-49, permitiram que os saldos de 1950 não tivessem efeitos inflacionistas na eco
preços vigorantcs, e as despesas com as obras governamentais cm curso, não permitirão às autoridades fugi
rem às emissões. Nesse terreno, levando-sc em conta apenas os fatos apontados, provavelmente se repeti rá o acontecido no ano transato.
O Brasil, mau grado a sua política pacifista, obrigar-se-á, caso o confli to se declare, a tomar posição, e se
continuar à margem — o que nos pa rece impossível — não será também sem grandes sacrifícios financeiros.
Num ou noutro caso, os encargos
nomia interna.
federais se elevarão a .somas bem
Inflação
maiores. Parte, é verdade, poderá ser coberta com recursos extraordinários
. Evitar o prosseguimento da infla
ção deve ser o objetivo fundamental do Governo brasileiro. Daí constituir medida acertada afastar, tanto quan
to possível, a ação inflacionista dos saldos comerciais, pois várias outras causas agem a favor das emissões. Em menos de dez anos o meio circulante cresceu de 27 milhões de cruzeiros, o que representa seis vezes o montante da moeda existente em 1939. No en tanto, menos de metade é provenien te de saldos comerciais de 1940-45.
próprios de tempo de guerra; mas a outra só encontrará cobertura nas emissões. Uma fonte a mais de der
rame de moeda em circulação se abri
rá, e de jacto pujante. As conseqüên cias sobre os preços serão funestas. Estamos em plena espiral inflacionária, isto é, os preços, além de altos, elevam-se continuamente. É preciso considerar dois pontos importantes. Em primeiro lugar, a maior parte da
Delineada a economia de guerra, esta
conforme acentua "Conjuntura Econô mica" — apenas se pôde observar al gum aperfeiçoamento cultural, de ma
de se esperam para as próximas co lheitas melhores resultados no plan
agravará necessàriamente a sua ele vação, ativando a marcha ascensional
tio das culturas vizinhas aos cafèzais
da espiral inflacionária.
ou intercaladas.
A produção industrial, por seu tur Produção interna
no, está na dependência do comércio
É possível o crescimento do volume da produção brasileira a fim de se
frcar a tendência altista dos preços? Em pequeno espaço de tempo não
acreditamos ser isso realizável. Atra
internacional, mesmo as que manipu lam matérias-primas nacionais, pois estas dêle dependem, seja para obten
ção de energia e lubrificantes, seja pe las necessidades de equipamentos no
vessamos fase de pleno emprego e to
vos e renovação dos antigos, uma vez que não possuímos indústrias de má
dos conhecemos as conseqüências eco
quinas e ferramentas suficientemente
nômicas de um ciclo expansionista com fatores em utilização integral. A luta dos empreendedores pelos ele mentos produtivos se intensifica, for çando a elevação dos preços das ma
térias-primas, energia e mão-de-obra, criando ambiente propício à especula ção.
desenvolvidas. Se voltarmos as nossas vistas para as fábricas que não en contram, ou que encontram apenas parcialmente, em território nacional,
tôda sua fonte de suprimento, vere
mos quanto é difícil a expansão manufatureira.
Infelizmente, o comércio externo produção agd^cola dificilmente
não é o único obstáculo ao desenvol
poderá ser ativada, por ter sido a mais atingida pela conjuntura bélica e
se adicionam, e de importância não
post-bélica, pois a desloca.ção maciça de trabalhadores da zona rural para
exemplo, constitui óbice quase intrans
os centros urbanos industriais afetou
seriamente o cultivo das plantações. O advento da contenda agravará a escassez de braços na lavoura, que só poderá ser contrabalançada pela me canização agrícola e melhoria da téc
nica de cultivo. Ambas exigem impor tação de máquinas, capitais e apren
vimento das atividades fabris. Outros menor. A falta cie energia elétrica, por
ponível. Ê verdade que está em an damento a construção de algumas usinas, e outras foram projetadas. Contudo, as necessidades do parque manufatureiro se tornam maiores à
medida que se alarga 6 campo indus
trial, pois os investimentos se reper
moeda emitida em 1950 deu entrada
dizado, coisas difíceis de serem con
cutem, ativando a produção de todos os setores manufatureiros, o que de
no último semestre, não tendo pro
seguidas a curto prazo, mormente nas
termina maior consumo de eletrici
Parcela considerável foi posta em cir
duzido ainda os seus efeitos. Em 66-
condições
dade. Se esta não pode ser fornecida
culação em 1950. As estatísticas
gundo, a elevação extraordinária das
vigorantes. Tanto
assim
Digesto Econômico
25
Digesto Econômico
24
acusam a entrada de 7 bilhões de cru
matérias-primas e produtos agrícolas não se refletiu nos preços a varejo,
que, nestes anos de após-guerra —
hington. Naturalmente, o estreitamen to das relações econômicas significa
zeiros no referido ano, elevando o
rá maior envio de minerais indispen
meio circulante a 31 bilhões de cru
limitando-se a ser antes fenômeno jolsista e financeiro que econômico i
sáveis ao esforço de guerra norte-
zeiros, isto^e, 30% a mais cin relação
tocial. No ano corrente, as conse
neira isolada, atingindo sòmente as
americano, como o manganês, cristal-
a 1949. É a prova dc que as causas in-
qüências desses dois fatos se farão
de-roclia, minério de ferro, cromo,
flacionárias estão cm plena atuação e
sentir, acelerando a alta dos preços.
regiões onde os capitais agrícolas são mais volumosos, como as do café, on
bauxita, tungsténio, berilo, diamantes,
dificilmente serão contidas.
areias monazíticas e urânio, o que au
mentará os saldos da balança comer cial brasileira. Por isso, acreditamos
Dc fato, os déficits orçamentários, que somam dez bilhões de cruzeiros,
no agravamento da pressão inflacio-
o financiamento dos produtos agríco las — Café, algodão, cacau, para citar
nária
apenas os principais — nas bases dos
dos futuros saldos comerciais
em comparação com os do último con flito. Se
as
autoridades ativarem
a
importação, em pouco tempo acumu laremos grandes atrasados comer
ciais, que agirão futuramente como
medida anti-inflacionista, absorvendo parte dos saldos da balança comer cial.
Temos, a esse respeito, o ensina mento dos últimos três anos. Os 220
milhões de dólares de atrasados co
merciais, acumulados durante 1948-49, permitiram que os saldos de 1950 não tivessem efeitos inflacionistas na eco
preços vigorantcs, e as despesas com as obras governamentais cm curso, não permitirão às autoridades fugi
rem às emissões. Nesse terreno, levando-sc em conta apenas os fatos apontados, provavelmente se repeti rá o acontecido no ano transato.
O Brasil, mau grado a sua política pacifista, obrigar-se-á, caso o confli to se declare, a tomar posição, e se
continuar à margem — o que nos pa rece impossível — não será também sem grandes sacrifícios financeiros.
Num ou noutro caso, os encargos
nomia interna.
federais se elevarão a .somas bem
Inflação
maiores. Parte, é verdade, poderá ser coberta com recursos extraordinários
. Evitar o prosseguimento da infla
ção deve ser o objetivo fundamental do Governo brasileiro. Daí constituir medida acertada afastar, tanto quan
to possível, a ação inflacionista dos saldos comerciais, pois várias outras causas agem a favor das emissões. Em menos de dez anos o meio circulante cresceu de 27 milhões de cruzeiros, o que representa seis vezes o montante da moeda existente em 1939. No en tanto, menos de metade é provenien te de saldos comerciais de 1940-45.
próprios de tempo de guerra; mas a outra só encontrará cobertura nas emissões. Uma fonte a mais de der
rame de moeda em circulação se abri
rá, e de jacto pujante. As conseqüên cias sobre os preços serão funestas. Estamos em plena espiral inflacionária, isto é, os preços, além de altos, elevam-se continuamente. É preciso considerar dois pontos importantes. Em primeiro lugar, a maior parte da
Delineada a economia de guerra, esta
conforme acentua "Conjuntura Econô mica" — apenas se pôde observar al gum aperfeiçoamento cultural, de ma
de se esperam para as próximas co lheitas melhores resultados no plan
agravará necessàriamente a sua ele vação, ativando a marcha ascensional
tio das culturas vizinhas aos cafèzais
da espiral inflacionária.
ou intercaladas.
A produção industrial, por seu tur Produção interna
no, está na dependência do comércio
É possível o crescimento do volume da produção brasileira a fim de se
frcar a tendência altista dos preços? Em pequeno espaço de tempo não
acreditamos ser isso realizável. Atra
internacional, mesmo as que manipu lam matérias-primas nacionais, pois estas dêle dependem, seja para obten
ção de energia e lubrificantes, seja pe las necessidades de equipamentos no
vessamos fase de pleno emprego e to
vos e renovação dos antigos, uma vez que não possuímos indústrias de má
dos conhecemos as conseqüências eco
quinas e ferramentas suficientemente
nômicas de um ciclo expansionista com fatores em utilização integral. A luta dos empreendedores pelos ele mentos produtivos se intensifica, for çando a elevação dos preços das ma
térias-primas, energia e mão-de-obra, criando ambiente propício à especula ção.
desenvolvidas. Se voltarmos as nossas vistas para as fábricas que não en contram, ou que encontram apenas parcialmente, em território nacional,
tôda sua fonte de suprimento, vere
mos quanto é difícil a expansão manufatureira.
Infelizmente, o comércio externo produção agd^cola dificilmente
não é o único obstáculo ao desenvol
poderá ser ativada, por ter sido a mais atingida pela conjuntura bélica e
se adicionam, e de importância não
post-bélica, pois a desloca.ção maciça de trabalhadores da zona rural para
exemplo, constitui óbice quase intrans
os centros urbanos industriais afetou
seriamente o cultivo das plantações. O advento da contenda agravará a escassez de braços na lavoura, que só poderá ser contrabalançada pela me canização agrícola e melhoria da téc
nica de cultivo. Ambas exigem impor tação de máquinas, capitais e apren
vimento das atividades fabris. Outros menor. A falta cie energia elétrica, por
ponível. Ê verdade que está em an damento a construção de algumas usinas, e outras foram projetadas. Contudo, as necessidades do parque manufatureiro se tornam maiores à
medida que se alarga 6 campo indus
trial, pois os investimentos se reper
moeda emitida em 1950 deu entrada
dizado, coisas difíceis de serem con
cutem, ativando a produção de todos os setores manufatureiros, o que de
no último semestre, não tendo pro
seguidas a curto prazo, mormente nas
termina maior consumo de eletrici
Parcela considerável foi posta em cir
duzido ainda os seus efeitos. Em 66-
condições
dade. Se esta não pode ser fornecida
culação em 1950. As estatísticas
gundo, a elevação extraordinária das
vigorantes. Tanto
assim
'5 ."/-ir
DronsTO
26
na f|uanticlade requerida, as ativida de» de todos os setores sc retraem.
É o cjuc se verificará entre nós, en quanto não fòr solucionada essa ques
Econónhco
e podemos aí|uilfitar o pat)el cpic de sempenharão na distribuição d.as mer cadorias c matérias-primas. Um exem
plo apenas é suficiente para eluci \'olta Redonda, que se destina a São
tados, a obtenção de operários ajus
Paulo, não encontraiulo na Central do
tados aos misteres da indústria agirá
Rrasil transporte suficiente, é enca
como entrave ao alargamento da pro tal maneira se fêz sentir o problema
que a Confederação Nacional das In dústrias resolveu criar, ás suas cxpen-
minhada ao litoral, vindo <le navio
percur.so, quando Volta Redonda está
zagem Industrial. Os resultados foram excelentes, porém o alargamento das
situada a algumas horas apenas da capital pauH.sta, por estrada dc ferro.
ritmo vertiginoso da indústria nacio nal, daí a permanência da escassez de
trabalhadores eficazes.
No que to
ção é mais longa. Infelizmente, as autoridades não aproveitaram o perío
O segundo reside na perspectiva de se deslocarem meios de transporte, capitais, mão-de-obra c energia para
do de após-guerra para atrair esse
a produção de bens essenciais às in
gênero de imigrantes, o que muito
dústrias estreitamente relacionadas
contribuiria para o progresso indus
com
trial de nosso país.
destacam minérios, borracha, cristal-
nos deparam dois obstáculos que atuarão, de modo gerai, sobre tôda a
produção. O primeiro são as deficiên
os recursos financeiros destinados aos
os
entraves
parti
Mas, o que faltou, sobretudo, foi uma adequada política econômica, pois, se o tabelamento é medida útil, não é a única- e nem deve ser aplica da isoladamente. Nesse ponto as au toridades não agiram com acerto. De
escassez cio bens de consumo determi
veriam ter adotado uma larga políti
nará o câmbio negro, ou melhor, transportará a especulação para o se
ca econômica de desenvolvimento da
tor da» mercadorias dc consumo.
quela época existiam fatóres em de-
Política econômica
produção, principalmente quando na No entanto, isso não foi
feito; a produção se elevou, impulsio nada apenas pela iniciativa particular.
Êste ligeiro sumário dos íatos^ecò-
Esta, na fase excepcional de 1940-45, se bem.^ tenha produzido bons frutos,
nómicos nos mostra a impossibilidade
foi insuficiente. Necessitava do bafe
de se conter, a curto prazo, a espiral inflacionária dos preços por aumento
jo de uma política econômica geral,
de produção. O quadro é realmente sombrio. Devemos, porém, afastar
blemas e elevar a produção a nível
pcssimismos, enxergar as coisas como elas se apresentam, e tomar consciên, cia dos sacrifícios que necessitamos
segurança, entre as quais se
de-rocha outras matérias-primas. Reduzir-se-ão, desta forma, os meios di.sponiveis para a produção de bens de consumo, ao mesmo tempo cm que
Abandonando
qüências sociais.
semprêgo.
impossibilidade de a Central do Bra sil carregar para a usina a matériaprima necessária.
culares à lavoura e à indústria, se
midores, não só pela causa já apon tada como pelo aumento de salários
Os jornais informaram, há pouco, que
ca a operários qualificados e a técni
^
da mais o |.»oder aquisitivo dos consu
cros fáceis, acrescendo a procura. A
o alto forno de Volta Redonda estava ameaçado de paralisação cm face da
cos, a falta é ainda maior e a forma
27
menor rapidez, o que permitiu certa adequação entre a alta dos salários e a dos preços, evitando muitas conse
proveniente <la elevação da procura de inão-dc-obra. Além disso, a especula ção, inevitável cm tempo de guerra, determinará o aparecimento de lu
até Santo.s, transpondo, por fim, a ser ra pela deficiente Santos-Jundiaí. Segundo nos informaram, são preCÍSO.S doi.s mcse.s para fazer ésse
sas, o Serviço Nacional de Aprendi
suas atividades, apesar de acentuado, não foi suficiente para acompanliar o
cado nestes últimos 10 anos. A con
juntura bélica, insistimos, elevará ain
dar cs.sc ponto: parte <lo ferro de
tão de ordem vital. Colaborando com o.s fatores ai)Qn-
dução industriai. Na guerra passada, de
Digesto Econômico
fazer, a fim. de enfrentar os dias que virão. Para isso, é necessária a for mação de um clima de austeridade se
melhante ao do inglês. Reconhecemos ser difícil, em face da mentalidade de
para solucionar os seus inúmeros pro
muito superior ao apresentado. Não tivemos, por isso, com a fixação de preços, os efeitos que dela se aguar davam.
Esperamos que êsse êrro pita na hipótese de nova principalmente quando se longo prazo, perspectivas
não se re catástrofe, abrem, â ao desen
"fazer a América" reinante entre nós,
volvimento da produção brasileira.
cias dos meios de transporte, que ten
esforços da defesa se transformarão
mas é indispensável, pois sem êle a fixação de preços se torna letra mor
O primeiro se prende ao desej'o, por
derão a se agravar na eventualidade
cm poder aquisitivo adicional nas mãos
ta. Desta medida não podemos pres
da eclosão do terceiro Conflito mun dial,. pois tudo faz prever que haverá,
do público.
como houve na guerra de 1939-45, pa ralisação quase completa do transpor te rodoviário. As ferrovias terão que
arcar sozinhas com oj^êso de todo o transporte nacional.
Todos sabe
mos as condições precárias em que -se encontram as vias férreas brasileiras
cindir; entretanto, devemos evitar os erros cometidos na guerra passada,
Acresce observar, por outro lado, a ampliação do mercado consumidor in
cm que as Comissões de Preços se li
terno, CUJO desenvolvimento se acele
mitaram a sancionar as cotações vigo-
rou a partir de 1939, decorrente do
rantes no mercado negro.
crescimento demográfico das grandes cidades e do aumento de poder aqui sitivo das populações das mesmas, graças ao progresso industrial verifi
É preciso, contudo, reconhecer que •
tiveram relativa ação benéfica: con-
• tiveram
a
ascensão fulminante dos
preços. Êstes se elevaram, porém com
Dois fatos colaboram nesse sentido. parte das indústrias' européias, de emi
grar para nações mais seguras, à me
dida em que se agrava a situação in ternacional. Temos exemplo significa tivo na construção de uma fábrica dc lã e de sêda de vidro, indústria com pletamente nova no Brasil, cujas téc nicas de produção se acham patentea das na França, Inglaterra, Suíça e Estados Unidos. Outros exemplos das conseqüências da intranqüilidade po-
'5 ."/-ir
DronsTO
26
na f|uanticlade requerida, as ativida de» de todos os setores sc retraem.
É o cjuc se verificará entre nós, en quanto não fòr solucionada essa ques
Econónhco
e podemos aí|uilfitar o pat)el cpic de sempenharão na distribuição d.as mer cadorias c matérias-primas. Um exem
plo apenas é suficiente para eluci \'olta Redonda, que se destina a São
tados, a obtenção de operários ajus
Paulo, não encontraiulo na Central do
tados aos misteres da indústria agirá
Rrasil transporte suficiente, é enca
como entrave ao alargamento da pro tal maneira se fêz sentir o problema
que a Confederação Nacional das In dústrias resolveu criar, ás suas cxpen-
minhada ao litoral, vindo <le navio
percur.so, quando Volta Redonda está
zagem Industrial. Os resultados foram excelentes, porém o alargamento das
situada a algumas horas apenas da capital pauH.sta, por estrada dc ferro.
ritmo vertiginoso da indústria nacio nal, daí a permanência da escassez de
trabalhadores eficazes.
No que to
ção é mais longa. Infelizmente, as autoridades não aproveitaram o perío
O segundo reside na perspectiva de se deslocarem meios de transporte, capitais, mão-de-obra c energia para
do de após-guerra para atrair esse
a produção de bens essenciais às in
gênero de imigrantes, o que muito
dústrias estreitamente relacionadas
contribuiria para o progresso indus
com
trial de nosso país.
destacam minérios, borracha, cristal-
nos deparam dois obstáculos que atuarão, de modo gerai, sobre tôda a
produção. O primeiro são as deficiên
os recursos financeiros destinados aos
os
entraves
parti
Mas, o que faltou, sobretudo, foi uma adequada política econômica, pois, se o tabelamento é medida útil, não é a única- e nem deve ser aplica da isoladamente. Nesse ponto as au toridades não agiram com acerto. De
escassez cio bens de consumo determi
veriam ter adotado uma larga políti
nará o câmbio negro, ou melhor, transportará a especulação para o se
ca econômica de desenvolvimento da
tor da» mercadorias dc consumo.
quela época existiam fatóres em de-
Política econômica
produção, principalmente quando na No entanto, isso não foi
feito; a produção se elevou, impulsio nada apenas pela iniciativa particular.
Êste ligeiro sumário dos íatos^ecò-
Esta, na fase excepcional de 1940-45, se bem.^ tenha produzido bons frutos,
nómicos nos mostra a impossibilidade
foi insuficiente. Necessitava do bafe
de se conter, a curto prazo, a espiral inflacionária dos preços por aumento
jo de uma política econômica geral,
de produção. O quadro é realmente sombrio. Devemos, porém, afastar
blemas e elevar a produção a nível
pcssimismos, enxergar as coisas como elas se apresentam, e tomar consciên, cia dos sacrifícios que necessitamos
segurança, entre as quais se
de-rocha outras matérias-primas. Reduzir-se-ão, desta forma, os meios di.sponiveis para a produção de bens de consumo, ao mesmo tempo cm que
Abandonando
qüências sociais.
semprêgo.
impossibilidade de a Central do Bra sil carregar para a usina a matériaprima necessária.
culares à lavoura e à indústria, se
midores, não só pela causa já apon tada como pelo aumento de salários
Os jornais informaram, há pouco, que
ca a operários qualificados e a técni
^
da mais o |.»oder aquisitivo dos consu
cros fáceis, acrescendo a procura. A
o alto forno de Volta Redonda estava ameaçado de paralisação cm face da
cos, a falta é ainda maior e a forma
27
menor rapidez, o que permitiu certa adequação entre a alta dos salários e a dos preços, evitando muitas conse
proveniente <la elevação da procura de inão-dc-obra. Além disso, a especula ção, inevitável cm tempo de guerra, determinará o aparecimento de lu
até Santo.s, transpondo, por fim, a ser ra pela deficiente Santos-Jundiaí. Segundo nos informaram, são preCÍSO.S doi.s mcse.s para fazer ésse
sas, o Serviço Nacional de Aprendi
suas atividades, apesar de acentuado, não foi suficiente para acompanliar o
cado nestes últimos 10 anos. A con
juntura bélica, insistimos, elevará ain
dar cs.sc ponto: parte <lo ferro de
tão de ordem vital. Colaborando com o.s fatores ai)Qn-
dução industriai. Na guerra passada, de
Digesto Econômico
fazer, a fim. de enfrentar os dias que virão. Para isso, é necessária a for mação de um clima de austeridade se
melhante ao do inglês. Reconhecemos ser difícil, em face da mentalidade de
para solucionar os seus inúmeros pro
muito superior ao apresentado. Não tivemos, por isso, com a fixação de preços, os efeitos que dela se aguar davam.
Esperamos que êsse êrro pita na hipótese de nova principalmente quando se longo prazo, perspectivas
não se re catástrofe, abrem, â ao desen
"fazer a América" reinante entre nós,
volvimento da produção brasileira.
cias dos meios de transporte, que ten
esforços da defesa se transformarão
mas é indispensável, pois sem êle a fixação de preços se torna letra mor
O primeiro se prende ao desej'o, por
derão a se agravar na eventualidade
cm poder aquisitivo adicional nas mãos
ta. Desta medida não podemos pres
da eclosão do terceiro Conflito mun dial,. pois tudo faz prever que haverá,
do público.
como houve na guerra de 1939-45, pa ralisação quase completa do transpor te rodoviário. As ferrovias terão que
arcar sozinhas com oj^êso de todo o transporte nacional.
Todos sabe
mos as condições precárias em que -se encontram as vias férreas brasileiras
cindir; entretanto, devemos evitar os erros cometidos na guerra passada,
Acresce observar, por outro lado, a ampliação do mercado consumidor in
cm que as Comissões de Preços se li
terno, CUJO desenvolvimento se acele
mitaram a sancionar as cotações vigo-
rou a partir de 1939, decorrente do
rantes no mercado negro.
crescimento demográfico das grandes cidades e do aumento de poder aqui sitivo das populações das mesmas, graças ao progresso industrial verifi
É preciso, contudo, reconhecer que •
tiveram relativa ação benéfica: con-
• tiveram
a
ascensão fulminante dos
preços. Êstes se elevaram, porém com
Dois fatos colaboram nesse sentido. parte das indústrias' européias, de emi
grar para nações mais seguras, à me
dida em que se agrava a situação in ternacional. Temos exemplo significa tivo na construção de uma fábrica dc lã e de sêda de vidro, indústria com pletamente nova no Brasil, cujas téc nicas de produção se acham patentea das na França, Inglaterra, Suíça e Estados Unidos. Outros exemplos das conseqüências da intranqüilidade po-
Dicesto EcoNÓAnco
28
enfilkainciite
nos encontramos.
xima instalação, entre nós, de empre
to alemão, em Minas Gerais. Não são
condições de prestar aos Estados Unidos valiosíssima cooperação atra vés do suprimento de ferro, de manga nês, de cristal-de-rocha e matérias-pri mas para a produção atômica e miné rios essenciais à indústria norte-ameri
a moeda podem ser encontradas nas discussões parlamentares que em setem
apenas os capitais do Velho Mundo que procuram refúgio em países mais
cana, alguns dos quais de difícil obten ção em outras regiões. Tem, assim, o
bora nos casos ordinários possa ser feito
tranqüilos; os norte-americanos tam
Governo, elementos seguros para ne gociar acordos de cooperação econô
bro çle 1892 tiveram lugar, por ocasião da aprovação do projeto visando forçar os bancos emissores de então a decla
pelo capital rolante na caixa do banco.
rar a conversibilidade de suas notas, em ouro, ao' portador e à vista, em um
como um substituto dos efeitos de co
prazo de seis meses, sob pena de en campação das emissões pelo Governo
que o meio circulante é mais que a
fabricante de acessórios de rádios, e
o projeto de instalação de uma fá brica de automóveis com equipamen
bém. têm mostrado interesse, pois es peram os capitalistas ianques a ele vação do imposto sôbre a renda em seu país. Temos exemplo esclarecedor — segundo informa "Conjuntura Eco
sim o fizer, conseguirá, por certo, os elementos necessários para solucionar
nômica" — na próxima instalação, em
turação definitiva da economia bra
São Paulo, de uma grande empresa
sileira.
mica com os Estados Unidos. Se as
os problemas que impedem a estru
e previdente, conseguirá atrair para o nosso parque produtor várias outras
indústrias de origem européia ou es
tadunidense, pois já se firmou inter nacionalmente a confiança na capaci dade produtiva brasileira. Para incentivar a vinda em maior
vulto de emprêsas estrangeiras, é
preciso ainda solucionar graves pro blemas nacionais, como a produção de
alumínio, de petróleo, de cobre, de
aços finos e energia elétrica, bem co mo a melhoria dos sistemas de trans
porte. O momento é oportuno para re solver esses entraves, pois um segundo fato propiciará a solução dessas ques
A s idéias de Francisco Glicério sôbre
FederaK
Aceita êle que em suas origens a
Conclusão
^ Chegamos ao fim da análise sumá
era verificado pelo próprio vendedor pela pesagem e experimentação". Aos
terial plástico, podendo abastecer não somente o mercado nacional, mas tam bém o de outros países latino-ameri canos. Se o nosso Governo fôr hábil
Dorival Teixeira Vieira
moeda "não era mais do que uma contra-mercadoria dada em troca de qual quer outra mercadoria, cujo valor real
braaüeiro-americ^na.que fabricará maI
Francisco Glicério
Htica c social da Europa são a pró
sa espanhola de fama internacional,
O Brasil está em
>
ria que nos propusemos fazer. Como dissemos, a futura conjuntura béli ca se apresenta, de um lado, mais gra ve que a da contenda anterior e, de
poucos, passando-se da moeda pesada
sibiUdade." A conversão se faz em es
pécies que devem estar devidamente
guardadas, principalmente nos casos de crises, ou nos casos extraordinários, em
Apesar de considerar a nota de banco
mércio, cai em contradição ao afirmar massa das notas e moedas metálicas, uma vez que "na circulação se incluem
tanto os bilhetes emitidos pelos bancos, como os que o comércio emite para o
giro dos negócios internos e externos". Quanto ao órgão emissor, dá Glicério
preferência ao emissor particular, achan do que a monoemissão representada pelo
à moeda de conta, delegou-se ao Estado
monopólio concedido a um único banco
ó a mais recomendável. O emissor par
outro, mais propícia.
"o poder de imprimir as peças de ouro o prata o cunho público que dispensa o particular desse cuidado e assegura a
A curto prazo, o quadro não é róseo devido aos altos preços, à infla
êsses dísticos metálicos a circulação geral".
particular exercida pelos diretores do banco — pois são eles mais interessados
Já a origem da moeda de papel é
na manutenção do valor dos bilhetes do
ção, à ausência de matérias-primas es senciais e às dificuldades de rápida expansão da produção, quer industrial
diversa: ela não é senão um substituto da letra-de-câmbio e efeitos de comér
quer agrícola. Daí a necessidade de
cio que o banco desconta. "O bilhete
uma política destinada a obter os pro dutos indispensáveis à manutenção dás atividades produtoras, evitar a in flação e conter a alta dos preços. A longo prazo, as perspectivas "são fa
do banco é um título mais cômodo ven-
voráveis, desde que o Govér io saiba
civel a qualquer momento e cuja fácil circulação o torna substituto do papel descontado que lhe dá origem. Não são, pois, moeda na verdadeira acepção da palavra, e sim uma quase moeda.
A garantia dessa quase moeda repou
ticular e preferível ao oficial, não só graças à ação frenadora do interêsse
que os governos, os quais, pela natureza •
política de sua origern, são mais instá veis — como também porque é fato veri ficado que nunca houve bancarrota com pleta nos países onde existe tal regime e que ali não há mesmo uma deprecia ção a 50 % no valor das notas bancárias.
O banco emissor único, permitindo a unidade dos bilhetes, além de tomar mais cômoda a circulação, ainda contri
fornecedora de materiais estratégicos
tirar proveito da situação, através de acordos de Cooperação econômica, que nos permitam receber os equipamentos
para as nações aliadas. Cabe às au
e recursos necessários à solução dos
sa no lastro metálico que a garante. Se bui como fator de unificação nacional. existe um depósito, uma espqcie me Admitindo a existência da inflação, tálica, ouro ou prata, que garanta o • êle a defino como a existência de um
toridades brasileiras tirar partido da
magnos problemas econômicos nacio
trôco das notas, temos á moeda conver
nais.
sível. -Fora disso só temos a inconver-
tões: referimo-nos à importante fun ção reservada à América Latina domo
situação política e çconómiça era que
excesso de bilhetes superior às necessi dades normais da circulação. A infla-
Dicesto EcoNÓAnco
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enfilkainciite
nos encontramos.
xima instalação, entre nós, de empre
to alemão, em Minas Gerais. Não são
condições de prestar aos Estados Unidos valiosíssima cooperação atra vés do suprimento de ferro, de manga nês, de cristal-de-rocha e matérias-pri mas para a produção atômica e miné rios essenciais à indústria norte-ameri
a moeda podem ser encontradas nas discussões parlamentares que em setem
apenas os capitais do Velho Mundo que procuram refúgio em países mais
cana, alguns dos quais de difícil obten ção em outras regiões. Tem, assim, o
bora nos casos ordinários possa ser feito
tranqüilos; os norte-americanos tam
Governo, elementos seguros para ne gociar acordos de cooperação econô
bro çle 1892 tiveram lugar, por ocasião da aprovação do projeto visando forçar os bancos emissores de então a decla
pelo capital rolante na caixa do banco.
rar a conversibilidade de suas notas, em ouro, ao' portador e à vista, em um
como um substituto dos efeitos de co
prazo de seis meses, sob pena de en campação das emissões pelo Governo
que o meio circulante é mais que a
fabricante de acessórios de rádios, e
o projeto de instalação de uma fá brica de automóveis com equipamen
bém. têm mostrado interesse, pois es peram os capitalistas ianques a ele vação do imposto sôbre a renda em seu país. Temos exemplo esclarecedor — segundo informa "Conjuntura Eco
sim o fizer, conseguirá, por certo, os elementos necessários para solucionar
nômica" — na próxima instalação, em
turação definitiva da economia bra
São Paulo, de uma grande empresa
sileira.
mica com os Estados Unidos. Se as
os problemas que impedem a estru
e previdente, conseguirá atrair para o nosso parque produtor várias outras
indústrias de origem européia ou es
tadunidense, pois já se firmou inter nacionalmente a confiança na capaci dade produtiva brasileira. Para incentivar a vinda em maior
vulto de emprêsas estrangeiras, é
preciso ainda solucionar graves pro blemas nacionais, como a produção de
alumínio, de petróleo, de cobre, de
aços finos e energia elétrica, bem co mo a melhoria dos sistemas de trans
porte. O momento é oportuno para re solver esses entraves, pois um segundo fato propiciará a solução dessas ques
A s idéias de Francisco Glicério sôbre
FederaK
Aceita êle que em suas origens a
Conclusão
^ Chegamos ao fim da análise sumá
era verificado pelo próprio vendedor pela pesagem e experimentação". Aos
terial plástico, podendo abastecer não somente o mercado nacional, mas tam bém o de outros países latino-ameri canos. Se o nosso Governo fôr hábil
Dorival Teixeira Vieira
moeda "não era mais do que uma contra-mercadoria dada em troca de qual quer outra mercadoria, cujo valor real
braaüeiro-americ^na.que fabricará maI
Francisco Glicério
Htica c social da Europa são a pró
sa espanhola de fama internacional,
O Brasil está em
>
ria que nos propusemos fazer. Como dissemos, a futura conjuntura béli ca se apresenta, de um lado, mais gra ve que a da contenda anterior e, de
poucos, passando-se da moeda pesada
sibiUdade." A conversão se faz em es
pécies que devem estar devidamente
guardadas, principalmente nos casos de crises, ou nos casos extraordinários, em
Apesar de considerar a nota de banco
mércio, cai em contradição ao afirmar massa das notas e moedas metálicas, uma vez que "na circulação se incluem
tanto os bilhetes emitidos pelos bancos, como os que o comércio emite para o
giro dos negócios internos e externos". Quanto ao órgão emissor, dá Glicério
preferência ao emissor particular, achan do que a monoemissão representada pelo
à moeda de conta, delegou-se ao Estado
monopólio concedido a um único banco
ó a mais recomendável. O emissor par
outro, mais propícia.
"o poder de imprimir as peças de ouro o prata o cunho público que dispensa o particular desse cuidado e assegura a
A curto prazo, o quadro não é róseo devido aos altos preços, à infla
êsses dísticos metálicos a circulação geral".
particular exercida pelos diretores do banco — pois são eles mais interessados
Já a origem da moeda de papel é
na manutenção do valor dos bilhetes do
ção, à ausência de matérias-primas es senciais e às dificuldades de rápida expansão da produção, quer industrial
diversa: ela não é senão um substituto da letra-de-câmbio e efeitos de comér
quer agrícola. Daí a necessidade de
cio que o banco desconta. "O bilhete
uma política destinada a obter os pro dutos indispensáveis à manutenção dás atividades produtoras, evitar a in flação e conter a alta dos preços. A longo prazo, as perspectivas "são fa
do banco é um título mais cômodo ven-
voráveis, desde que o Govér io saiba
civel a qualquer momento e cuja fácil circulação o torna substituto do papel descontado que lhe dá origem. Não são, pois, moeda na verdadeira acepção da palavra, e sim uma quase moeda.
A garantia dessa quase moeda repou
ticular e preferível ao oficial, não só graças à ação frenadora do interêsse
que os governos, os quais, pela natureza •
política de sua origern, são mais instá veis — como também porque é fato veri ficado que nunca houve bancarrota com pleta nos países onde existe tal regime e que ali não há mesmo uma deprecia ção a 50 % no valor das notas bancárias.
O banco emissor único, permitindo a unidade dos bilhetes, além de tomar mais cômoda a circulação, ainda contri
fornecedora de materiais estratégicos
tirar proveito da situação, através de acordos de Cooperação econômica, que nos permitam receber os equipamentos
para as nações aliadas. Cabe às au
e recursos necessários à solução dos
sa no lastro metálico que a garante. Se bui como fator de unificação nacional. existe um depósito, uma espqcie me Admitindo a existência da inflação, tálica, ouro ou prata, que garanta o • êle a defino como a existência de um
toridades brasileiras tirar partido da
magnos problemas econômicos nacio
trôco das notas, temos á moeda conver
nais.
sível. -Fora disso só temos a inconver-
tões: referimo-nos à importante fun ção reservada à América Latina domo
situação política e çconómiça era que
excesso de bilhetes superior às necessi dades normais da circulação. A infla-
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Digkstü
Econômico
31
Dicesto EcoNÓ^aco
desde que as letras-de-cànibio e efeitos
na verdade tinha levado a criação de
necesse a 27 dinheiros por mil réis ou
de comércio faltem sôhrc o exterior, cir-
três bancos dc emissão com lastro ouro.
acima, durante um ano. No dia 29 do
cunsttlncia.s estas que impedem de se criarem cfeilo.s novo.s no\-ns saques
O Governo Federal já contratara, em
mesmo mês a lei foi alterada, permitin
que corrige o excesso da emissão ban
outubro do 1889, com o Banco Nacio
do-se ao lado da emissão em apóHces
cária c a volta das notas ao tròco; sem
que viriam extinguir os precedentes".
a emissão ouro com a cobertura de 1/2.
ção se associa ao curso forçado e, automàticanionte, tende a desaparecer, desde
que se declaro a con\ersibilidade. "O
pre que há excesso de circulação d i
O credito, fator do correção (pic per
moeda fiduciária, êslc sc converte c a
mite o recquilíbrio momentâneo da ba
nal do Brasil, o resgate do papel-moeda do Te.souro contra apólices ouro de 4%. Proclamada a República, uma
circulação retoma o nível nonnal."
lança do pagamentos, só preenche essa
retraç;'io geral dos negócios e des
o curso era legal e a conversi
entanto, pode ela ser auxiliada por uma
função complementar (jiiando liá tran
confiança no poder público le
retração do meio circulante, usando-se
qüilidade e confiança. Tais são as idéias monetárias d<' Fran
varam os três bancos a rescindi
bilidade efetiva com qualquer câmbio, enquanto esta inicia
rem seus contratos e suspende
va um sistema de emissão de
cisco Glicério. Não apresentam elas ne
rem as emissões.
curso
nhuma originalidade, sendo antes a in terpretação fiel do pensamento da maio
Em doze dias o Govêrno Provisório autorizou seis bancos a funcionarem sob
\ima condição de conversibilidade que,
o regime de conversibilidade dc 1/3
não se verificaria.
autorizando cada um dêles a ter 200 mil contos dc réis de teto (dc 26-11-1889 ü
Inicialmente fundaram-se dois bancos com lastro ouro, o Banco do Brasil e o Banco Nacional, e cinco bancos com
No
o recurso da consolidação da dívida
flutuante por emissão de apólices da dívida pública. Há uma relação entre
inflação e câmbio; porém, não se pode dizer que tal relação seja causai.
É a lei da oferta e procura que rege o mercado do câmbio, em estreita rela ção com o estado geral de débito e
credito entre a praça em que os saques se dão e se tomam e aquela para onde êles se dirigem. A causa da queda do câmbio está "forçosamente na falta de compensações por parte do público nas relações comerciais com o e.xterior".
Assim, a depreciação do papel dos bancos é antes efeito do que causa da depressão do câmbio. Querer melhorálo apelando para a deflação é inútil,
pois, como a limitação da circulação das letras-de-câmbio e efeitos de comér
cio escapa à órljíta do poder público, "casos há em que nem a limi
tação das emissões, nem mes mo o reembolso à vista e ao por
tador detenninam que o papel fiduciário circule ao par com os metais preciosos".
Nos países em que a balança
de pagamentos é deficitária a
ria dos republicanos dc sua época. É curioso notar, enlretanto,'quc, partindo dc idéias semelhanlc.s, Amaro Caval canti, por exemplo, chegou a afirmar
a fatalidade do curso forçado para os
8-12-1889).
Essa reforma só aparentemente era
, idêntica à de 1888, pois naquela
forçado,
estabelecendo
dada a situação cambial, tão depressa
Talvez pelo temor das conseqüências da inflação que poderia ocorrer, a
lastro em apólices. Porém, estes cinco
países no%'os c mesmo a sua necessida de o utilidade.
2Y-12-1889 o Govêrno fixou em três
ouro ou assumindo uma forma mista.
acabaram convertendo seus lastros em
Glicério aparece, dc fato. como um elemento moderador das tendências re
meses o prazo para o uso da faculdade
Em 7-12-1890 o Banco dos Estados
publicanas, ao aconselhar prudência e
do emissão concedida aos bancos, sob
Unidos^ do Brasil e o Banco Nacional
pena de rescisão dos contratos. Por fim, a lei de 17-1-1890, a cha
fundiram-so, formando o Banco da Re pública do Brasil, êste último com au
mada "R.efomia Rui Barbosa", estabe
torização para emitir pelo triplo do
leceu o sistema de emissões regionais,
depósito em ouro.
ao pedir que, de um lado, não se rom pa totalmente com o passado e, de ou
tro, se dê tempo âs reformas para que possam apresentar seus frutos.
Exem
plos de sobra teve Ôlc dos efeitos da impnidêncía e da precipitação, durante os três primeiros anos dc República. A lei dc 1888, que cm príncípjo admitira dois tipos dc emis são bancaria, uma com a co
bertura integral, representada por títulos da dívida pública em um montante equivalente a
dividindo o Brasil em três regiões de um banco ou consórcio de bancos, po dendo emitir ato uma soma total de
mente, 11 milhões de esterlinos.
200 mil contos de réis, emissões estas
Êsse depósito, porém, que era pro priedade dos bancos e que devia servir
gaiMntidas por apólices da dívida pú blica, que apresentariam a peculiaridade do vencer juros decrescentes de 5% no prinieiro ano a O % no sétimo ano. Como
2/3 do capital do banco e ga
os direitos de emissão se estendiam por
rantida, além disso, por 20% de
cinqüenta anos, os juros continuariam a ser computados para o Estado, e no
conversibilidade é até um mal, pois "as
moeda corrente em caixa para a con
sim é que o ouro emigra, ou pela alta dos preços, impedindo a fácil venda dos
versão imediata, se necessária, e outra com a cobertura parcial de 1/3 ouro,
produtos, ou mesmo pela falta ou de
ambas com um limite de 200 mil con
mora da chegada deles ao mercado,
tos de réis de teto para todo o país. A.
Dêsse modo pôde o Tesouro acumu
lar um depósito ouro equivalente a 97.850:528$ ouro, ou sejam, aproximada
eúiissão, havendo em cada uma delas
prazo de 43 anos acabariam pagando as próprias apólices. O curso seria forçado e o reembolso ao portador só se poderia dar quando o câmbio perma
para lastrear as emissões, foi desviado, quer para resgate de dmdas públicas externas, quer para empréstimo aos próprios bancos emissores, e assim, em junho de 1892, já tinha havido uma evasão dc 77.639:000$ ouro.
No período de 1888 a 1892, o câmbio • não só caíra como oscilara violentamen
te entre extremos cada vez mais baixo.s, como podemos ver:
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Dicesto EcoNÓ^aco
desde que as letras-de-cànibio e efeitos
na verdade tinha levado a criação de
necesse a 27 dinheiros por mil réis ou
de comércio faltem sôhrc o exterior, cir-
três bancos dc emissão com lastro ouro.
acima, durante um ano. No dia 29 do
cunsttlncia.s estas que impedem de se criarem cfeilo.s novo.s no\-ns saques
O Governo Federal já contratara, em
mesmo mês a lei foi alterada, permitin
que corrige o excesso da emissão ban
outubro do 1889, com o Banco Nacio
do-se ao lado da emissão em apóHces
cária c a volta das notas ao tròco; sem
que viriam extinguir os precedentes".
a emissão ouro com a cobertura de 1/2.
ção se associa ao curso forçado e, automàticanionte, tende a desaparecer, desde
que se declaro a con\ersibilidade. "O
pre que há excesso de circulação d i
O credito, fator do correção (pic per
moeda fiduciária, êslc sc converte c a
mite o recquilíbrio momentâneo da ba
nal do Brasil, o resgate do papel-moeda do Te.souro contra apólices ouro de 4%. Proclamada a República, uma
circulação retoma o nível nonnal."
lança do pagamentos, só preenche essa
retraç;'io geral dos negócios e des
o curso era legal e a conversi
entanto, pode ela ser auxiliada por uma
função complementar (jiiando liá tran
confiança no poder público le
retração do meio circulante, usando-se
qüilidade e confiança. Tais são as idéias monetárias d<' Fran
varam os três bancos a rescindi
bilidade efetiva com qualquer câmbio, enquanto esta inicia
rem seus contratos e suspende
va um sistema de emissão de
cisco Glicério. Não apresentam elas ne
rem as emissões.
curso
nhuma originalidade, sendo antes a in terpretação fiel do pensamento da maio
Em doze dias o Govêrno Provisório autorizou seis bancos a funcionarem sob
\ima condição de conversibilidade que,
o regime de conversibilidade dc 1/3
não se verificaria.
autorizando cada um dêles a ter 200 mil contos dc réis de teto (dc 26-11-1889 ü
Inicialmente fundaram-se dois bancos com lastro ouro, o Banco do Brasil e o Banco Nacional, e cinco bancos com
No
o recurso da consolidação da dívida
flutuante por emissão de apólices da dívida pública. Há uma relação entre
inflação e câmbio; porém, não se pode dizer que tal relação seja causai.
É a lei da oferta e procura que rege o mercado do câmbio, em estreita rela ção com o estado geral de débito e
credito entre a praça em que os saques se dão e se tomam e aquela para onde êles se dirigem. A causa da queda do câmbio está "forçosamente na falta de compensações por parte do público nas relações comerciais com o e.xterior".
Assim, a depreciação do papel dos bancos é antes efeito do que causa da depressão do câmbio. Querer melhorálo apelando para a deflação é inútil,
pois, como a limitação da circulação das letras-de-câmbio e efeitos de comér
cio escapa à órljíta do poder público, "casos há em que nem a limi
tação das emissões, nem mes mo o reembolso à vista e ao por
tador detenninam que o papel fiduciário circule ao par com os metais preciosos".
Nos países em que a balança
de pagamentos é deficitária a
ria dos republicanos dc sua época. É curioso notar, enlretanto,'quc, partindo dc idéias semelhanlc.s, Amaro Caval canti, por exemplo, chegou a afirmar
a fatalidade do curso forçado para os
8-12-1889).
Essa reforma só aparentemente era
, idêntica à de 1888, pois naquela
forçado,
estabelecendo
dada a situação cambial, tão depressa
Talvez pelo temor das conseqüências da inflação que poderia ocorrer, a
lastro em apólices. Porém, estes cinco
países no%'os c mesmo a sua necessida de o utilidade.
2Y-12-1889 o Govêrno fixou em três
ouro ou assumindo uma forma mista.
acabaram convertendo seus lastros em
Glicério aparece, dc fato. como um elemento moderador das tendências re
meses o prazo para o uso da faculdade
Em 7-12-1890 o Banco dos Estados
publicanas, ao aconselhar prudência e
do emissão concedida aos bancos, sob
Unidos^ do Brasil e o Banco Nacional
pena de rescisão dos contratos. Por fim, a lei de 17-1-1890, a cha
fundiram-so, formando o Banco da Re pública do Brasil, êste último com au
mada "R.efomia Rui Barbosa", estabe
torização para emitir pelo triplo do
leceu o sistema de emissões regionais,
depósito em ouro.
ao pedir que, de um lado, não se rom pa totalmente com o passado e, de ou
tro, se dê tempo âs reformas para que possam apresentar seus frutos.
Exem
plos de sobra teve Ôlc dos efeitos da impnidêncía e da precipitação, durante os três primeiros anos dc República. A lei dc 1888, que cm príncípjo admitira dois tipos dc emis são bancaria, uma com a co
bertura integral, representada por títulos da dívida pública em um montante equivalente a
dividindo o Brasil em três regiões de um banco ou consórcio de bancos, po dendo emitir ato uma soma total de
mente, 11 milhões de esterlinos.
200 mil contos de réis, emissões estas
Êsse depósito, porém, que era pro priedade dos bancos e que devia servir
gaiMntidas por apólices da dívida pú blica, que apresentariam a peculiaridade do vencer juros decrescentes de 5% no prinieiro ano a O % no sétimo ano. Como
2/3 do capital do banco e ga
os direitos de emissão se estendiam por
rantida, além disso, por 20% de
cinqüenta anos, os juros continuariam a ser computados para o Estado, e no
conversibilidade é até um mal, pois "as
moeda corrente em caixa para a con
sim é que o ouro emigra, ou pela alta dos preços, impedindo a fácil venda dos
versão imediata, se necessária, e outra com a cobertura parcial de 1/3 ouro,
produtos, ou mesmo pela falta ou de
ambas com um limite de 200 mil con
mora da chegada deles ao mercado,
tos de réis de teto para todo o país. A.
Dêsse modo pôde o Tesouro acumu
lar um depósito ouro equivalente a 97.850:528$ ouro, ou sejam, aproximada
eúiissão, havendo em cada uma delas
prazo de 43 anos acabariam pagando as próprias apólices. O curso seria forçado e o reembolso ao portador só se poderia dar quando o câmbio perma
para lastrear as emissões, foi desviado, quer para resgate de dmdas públicas externas, quer para empréstimo aos próprios bancos emissores, e assim, em junho de 1892, já tinha havido uma evasão dc 77.639:000$ ouro.
No período de 1888 a 1892, o câmbio • não só caíra como oscilara violentamen
te entre extremos cada vez mais baixo.s, como podemos ver:
Dicesto Econômico
32
Anos
Médio
Máximo
Mínimo
1888 1889 1890 1891 1892
25 1/4
27 9/16
26 7/16 22 9/16 1429/32
26
22 1/2 24 1/4 20 1/2 . 11 1/2 10
27 3/4 20 3/4 16
12 1/32
Às emissões bancárias elevaram-se cada -
Anos 1888 1889 1890 1891 1892
vez
Calógeras - financista A. C. DE Salles júnior
(Antigo deputado federal — Ex-Secretário de Estado) Terceira Conferência Internacional
NJo houve assunto de economia e finan
Americana, realizada em 1906, no
ças, debatido no Parlamento, que Ca
Rio de Janeiro, recomendou aos governos ncja representados que levassem à reu
mais:
Emissão
Emissão do
nião seguinte um estudo minucioso do
bancária
l^esouro
sistema monetário em vigor em cada
11.337 127.911 346.118 346.116
19 ft
ff
orna das Repúblicas do continente, inc usivo da sua história e das oscilações
188.869 conto.s ft 185.819 19 171.081 19 167.611 If 215.100
o curso dos câmbios nos vinte anos anquadros demonstrativos da-
in luência dessas oscilações no desenvol
vimento do comércio e das indústrias.
Tais foram os antecedentes que con duziram Glícério a defender a conversi
bilidade e a monoemíssão, lançando ao
mesmo tempo severa advertência aos que buscavam inovações contraproducentes. Cumpre apenas informar, à guiza de remate, que a idéia republicana de mo
Essa a incumbência que o governo bra■sileiro, em cumprimento da resolução
Glícério, foi realizada com péssimos re sultados. A situação do Banco era pre cária; encampando o direito do emissão •
lógeras não o discutisse com a maior competência. Compendiou as stias idéias sôhre a matéria em livro que na biblio grafia brasileiro se tomou clássico. A. C.
de Salles Júnior, que, como deputado, examinou notadamente os assuntos fi nanceiros, escreveu sôbre a referida e importante obra, por ocasião do desa parecimento do glorioso brasileiro, a síntese magnífica que ora ptiblicamos.
jatada, confiou à capacidade de Ca-
dos outros bancos, em dezembro de
geras, já então largamente compro
nétaire du Brésil" (Imprensa Nacional,
Membro preeminente da Câmara dos
vada por severos estudos da questão.
1892, o seu capital realizado se reduzia unicamente a 25.517:581$, para garan
1910).
As grandes linhas desse traba
Deputados, relator de importantes maté-
noemíssão concedida ao Banco da Re
explicar fàcilmentc porque foi o mesmo
rias ali discutidas, publicista de renome,
lho, êle as traçou íi vista de copiosa documentação: anais parlamentares, dis
pública, e defendida, entre outros, por
levado à falência em 1900.
profundamente versado na especialidade e, ainda, servido de excepcionais quali
riais e de comissões de inquérito, men
tir a emissão de 346.116:000$. Daí se
dades de aplicação a tão árduos estil os, nenhum outro poderia, talvez, desourigar-se do exaustivo encargo, no prazo
'
posições legislativas, relatórios ministe sagens presidenciais, estatísticas, balan
ços de Bancos, o "Retrospecto" anual
brevíssimo, que urgia. Demais, a rae-
do "Jornal do Comércio"," os subsídios de Julius Meili, Amaro Cavalcanti e Cas tro Carreira. É fácil avaliar o esforço
francês, segundo os estilos diplomáticos,
despendido na concatenação de tão vasto material, para o levantamento do plano
jnória brasileira devia ser redigida em G nessa língua, que recebera da educa
ção materna, Calógeras escrevia com a
maior facilidade e apuro. Por tudo isso,
estava de antemão feita a escolha do pa trício ilustre a quem Rio Branco, com o seu tato admirável, entregaria a res ponsabilidade da contribuição brasileira para o programa da Conferência, no
debate da tese proposta. Data de então uma das principais
obras de Calógeras — "La Politique Mo-
a executar, apressadamente.
Mas o li
vro não o denuncia, em nenhum dos seus
aspectos.
Nem a superficialidade das
improvisações vazias, nem a contextura
ngida das opacas compilações históricas.
Ao invés, dessa exposição sistematizada da nossa política monetária, desde os seus primórdios, transparece a lucidez
das_ idéias próprias, que refletem a orien
tação do autor, no exame e na crítica
dos fatos concretos, em face dos quais
Dicesto Econômico
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Anos
Médio
Máximo
Mínimo
1888 1889 1890 1891 1892
25 1/4
27 9/16
26 7/16 22 9/16 1429/32
26
22 1/2 24 1/4 20 1/2 . 11 1/2 10
27 3/4 20 3/4 16
12 1/32
Às emissões bancárias elevaram-se cada -
Anos 1888 1889 1890 1891 1892
vez
Calógeras - financista A. C. DE Salles júnior
(Antigo deputado federal — Ex-Secretário de Estado) Terceira Conferência Internacional
NJo houve assunto de economia e finan
Americana, realizada em 1906, no
ças, debatido no Parlamento, que Ca
Rio de Janeiro, recomendou aos governos ncja representados que levassem à reu
mais:
Emissão
Emissão do
nião seguinte um estudo minucioso do
bancária
l^esouro
sistema monetário em vigor em cada
11.337 127.911 346.118 346.116
19 ft
ff
orna das Repúblicas do continente, inc usivo da sua história e das oscilações
188.869 conto.s ft 185.819 19 171.081 19 167.611 If 215.100
o curso dos câmbios nos vinte anos anquadros demonstrativos da-
in luência dessas oscilações no desenvol
vimento do comércio e das indústrias.
Tais foram os antecedentes que con duziram Glícério a defender a conversi
bilidade e a monoemíssão, lançando ao
mesmo tempo severa advertência aos que buscavam inovações contraproducentes. Cumpre apenas informar, à guiza de remate, que a idéia republicana de mo
Essa a incumbência que o governo bra■sileiro, em cumprimento da resolução
Glícério, foi realizada com péssimos re sultados. A situação do Banco era pre cária; encampando o direito do emissão •
lógeras não o discutisse com a maior competência. Compendiou as stias idéias sôhre a matéria em livro que na biblio grafia brasileiro se tomou clássico. A. C.
de Salles Júnior, que, como deputado, examinou notadamente os assuntos fi nanceiros, escreveu sôbre a referida e importante obra, por ocasião do desa parecimento do glorioso brasileiro, a síntese magnífica que ora ptiblicamos.
jatada, confiou à capacidade de Ca-
dos outros bancos, em dezembro de
geras, já então largamente compro
nétaire du Brésil" (Imprensa Nacional,
Membro preeminente da Câmara dos
vada por severos estudos da questão.
1892, o seu capital realizado se reduzia unicamente a 25.517:581$, para garan
1910).
As grandes linhas desse traba
Deputados, relator de importantes maté-
noemíssão concedida ao Banco da Re
explicar fàcilmentc porque foi o mesmo
rias ali discutidas, publicista de renome,
lho, êle as traçou íi vista de copiosa documentação: anais parlamentares, dis
pública, e defendida, entre outros, por
levado à falência em 1900.
profundamente versado na especialidade e, ainda, servido de excepcionais quali
riais e de comissões de inquérito, men
tir a emissão de 346.116:000$. Daí se
dades de aplicação a tão árduos estil os, nenhum outro poderia, talvez, desourigar-se do exaustivo encargo, no prazo
'
posições legislativas, relatórios ministe sagens presidenciais, estatísticas, balan
ços de Bancos, o "Retrospecto" anual
brevíssimo, que urgia. Demais, a rae-
do "Jornal do Comércio"," os subsídios de Julius Meili, Amaro Cavalcanti e Cas tro Carreira. É fácil avaliar o esforço
francês, segundo os estilos diplomáticos,
despendido na concatenação de tão vasto material, para o levantamento do plano
jnória brasileira devia ser redigida em G nessa língua, que recebera da educa
ção materna, Calógeras escrevia com a
maior facilidade e apuro. Por tudo isso,
estava de antemão feita a escolha do pa trício ilustre a quem Rio Branco, com o seu tato admirável, entregaria a res ponsabilidade da contribuição brasileira para o programa da Conferência, no
debate da tese proposta. Data de então uma das principais
obras de Calógeras — "La Politique Mo-
a executar, apressadamente.
Mas o li
vro não o denuncia, em nenhum dos seus
aspectos.
Nem a superficialidade das
improvisações vazias, nem a contextura
ngida das opacas compilações históricas.
Ao invés, dessa exposição sistematizada da nossa política monetária, desde os seus primórdios, transparece a lucidez
das_ idéias próprias, que refletem a orien
tação do autor, no exame e na crítica
dos fatos concretos, em face dos quais
Al
Dicesto Econóxuco
Dicesto Econômico òo
se esclarece a mais nítida visão dou
ceita do estabelecimento aumentasse em
outro não poderia ser o dcscniace, pois
trinária das leis econômicas. Para a ortodoxia financeira, a que so
proveito dos acionistas na mesma propor
"toda emissão inconsiderada traz em si
ção da dívida do Tesouro, e com o pro
o germe dc outra emissão", o que ainda
gresso da conta de juros, sem limites,
uma \cz se verificou quando, tendo-se
filia Calügeras, por uma longa formação cultural, a política monetária deve» su-
como limites não tinham o direito de
elevado desmedidamente a cifra do pa-
jeitar-so à disciplina das regras c liç-ões
emissão, que alimentava c'.ssa facilidade,
clássicas, decorrentes da experiência uni versal da circulação fiduciária, mais fre
do credito. O extremo que .sc não mar cara, existia, porém, nas cnnscípiências
' pel do Banco do Brasil ao sor\'iço da especulação, não tardaram as queixas de
qüentemente regulada por institutos
desastrosas, acompanhadas da liquida
ções SC multiplicaram, a fim de que aá
emissores, e, na falta dêstes, pelo tesou
ção do estabelecimento, em 1829, aliás
transações se tornassem mais fáceis me
ro público, como alternadamente se tem
com prejuízo para os inlcrêsses do co
verificado no Brasil. E se noutros paí
mércio, repentinamente privado do prin
ses, de mais sólida organíziição comer
cipal instrumento de suas transações.
cial, os Bancos emissores falharam tantas "vôzes à sua finalidade, não 6 de estra
nhar que tenha vacilado a marcha da " nossa política monetária, em fases su
I
cessivas de desequilíbrio das condições previstas.
Calógeras encarece, com a justiça da história, a importância que teve no de
A emissão a jato contínuo fizera o câmbio baixar de 67/á .sôbrc Londres á
taxa média de 50, cm 1822. A quelmi do padrão monetário, em 1833, com a pari dade de 42 2/10 d. para mil-réis, ainda não tocava o fundo da depreciação, e tinha, por isso, de ser levada, cm 1946,
o Decreto de 3 de outubro de 1808, pelo qual o príncipe regente de Portugal, logo após a sua chegada ao Rio de Ja
até a taxa de 27, em tôrno da qual o cambio oscilou durante todo o Segundo Império, com depressões mais acentua das no período da Guerra do Paraguai. Não foi mais feliz a prática do re
neiro, criou o primeiro Banco do Brasil,
gime da pluralidade de Bancos emisso
indispensável instrumento da circulação
res, mais tarde iniciada por alguns es
fiduciária.
tabelecimentos provinciais, independen te de regulamentação legal, e logo am pliada excessivamente por outros institu
senvolvimento da nossa vida econômica
Essa experiência inicial re
velou, poréin, todos os vícios que, longe de corrigidos, se agravariam posterior mente na evolução do sistema, o mais
profundo dos quais foi então, como con tinuou sendo, a estreita dependência en tre o Banco emissor e o tesouro público. Ilimitado como era, o direito de emissão,
que se exercia livremente apenas "com as precauções necessárias, a fim de que os bilhetes não deixassem de ser pagos
na sua apresentação", e supridas com êsses recursos as despesas públicas crês-
centes, era inevitável chegar ràpidamente à inconversibilidade do papel ban cário, à medida em que rareavam as es
pécies metálicas. Pouco importava, co mo acontece no nosso tempo, que a re-
tos de maior importância. Na falta cie legislação adequada, e sob a influência de idéias francamente ínflacionistas, o
novo Banco do Brasil não podia exercer a vigilância da circulação, restringíndo-a pela retirada oportuna de seus bilhetes, uma vez que cada vazio assim criado no meio circulante era imediatamente
preenchido pela emissão desregrada dos seus concorrentes, entre os quais o Ban
co Comercial e Agrícola. O desfêcho dessa situação caótica foi a crise de
deficiências de numerário c as reclama
diante novas séries de papcl-mocda! O
expediente da época consistia, como cen surava Sallcs Torres Ho mem, cm combater a falta
dc capitais com a fundação de novos Bancos emisso res, cujo papel, reembol
sável em papel oficial já excessivo, devia servir de
instrumento maravilhoso ã
cada vez maior distribuição dc crédito criador de ca pitais.
Era a anarquia monetá ria, a exigir a reação indis
pensável, que viria com o corretivo dos abusos come
tidos no exercício da facul-
c a e emissora, e a prática de medidas
tôd^as
meioquecirculante. Mas as vezes em essas restrições
• IO impostas ao jogo de interesses aNd"os de imediatos benefícios particulares, «_custa da economia coletiva, há liquídaÇao e perdas, acompanhadas do clamor oontuso.
Sobrevíndo a gravíssima crise de 1864, evantaram-se protestos contra a polí^ tica coercitiva da inflação, onde diziam residir a causa da insolvência em que haviam caído numerosas firmas. Entre
1857, que abalou profundamente a eco
tanto, a comissão de inquérito nomeada
nomia nacional. Calógeras observa, com -a segurança dos seus princípios, que
qual figuravam financistas de grande
para examinar os fatores da crise, e na
mérito, concluiu de modo diverso, isto c, que os males vinham não da preten
dida escassez monetária, mas precisa mente dos métodos comerciais em \'oga, depois das emissões excitantes do cré
dito, lançadas na circulação pelos Ban cos, no regime da pluralidade. O que
V havia era a imobilízação dos capitais an teriormente criados c a impossibilidade de realizar os valores do ativo comercial, paru mo\'imentação das contas correntes
bancárias. A crise comercial, suspen dendo o custo das transa
ções, tinha por efeito o mesmo fenômeno da "con-
gelação" de capitais, que se torniuia tão visível na
derrocada mundial de 1929.
Já o assinala\^a, porém, com justeza, a observação
esckrecida de Calógeras, no exame dos fatos de quo se gerou a crise de 1864,
aliás explicada do mesmo modo pelas conclusões da
comissão de inquérito, in.teiramente desfa\'0ráveis à
hipótese de pressão mone tária acaso determinada pelas medidas coercitivas dos vícios da circulação, que vinham sendo praticadas. Não podia Calógeras variar de crité rio, na apreciação do Decreto de 17 de
janeiro de 1890, que inaugurou as finan ças republicanas, com a volta ao siste
ma da pluralidade de Bancos de emissão, já cxperimentadò com tanta infelicidade, mas de novo recomendado pela lei de 1888, sob a influência do Partido Li
beral, ainda fiel às idéias ínflacionistas de Souza Franco. A emissão dos Bancos era considerada indispensável às ne
cessidades do crédito agrícola, que a lei
libertadora de 13 de maio prejudicara
Al
Dicesto Econóxuco
Dicesto Econômico òo
se esclarece a mais nítida visão dou
ceita do estabelecimento aumentasse em
outro não poderia ser o dcscniace, pois
trinária das leis econômicas. Para a ortodoxia financeira, a que so
proveito dos acionistas na mesma propor
"toda emissão inconsiderada traz em si
ção da dívida do Tesouro, e com o pro
o germe dc outra emissão", o que ainda
gresso da conta de juros, sem limites,
uma \cz se verificou quando, tendo-se
filia Calügeras, por uma longa formação cultural, a política monetária deve» su-
como limites não tinham o direito de
elevado desmedidamente a cifra do pa-
jeitar-so à disciplina das regras c liç-ões
emissão, que alimentava c'.ssa facilidade,
clássicas, decorrentes da experiência uni versal da circulação fiduciária, mais fre
do credito. O extremo que .sc não mar cara, existia, porém, nas cnnscípiências
' pel do Banco do Brasil ao sor\'iço da especulação, não tardaram as queixas de
qüentemente regulada por institutos
desastrosas, acompanhadas da liquida
ções SC multiplicaram, a fim de que aá
emissores, e, na falta dêstes, pelo tesou
ção do estabelecimento, em 1829, aliás
transações se tornassem mais fáceis me
ro público, como alternadamente se tem
com prejuízo para os inlcrêsses do co
verificado no Brasil. E se noutros paí
mércio, repentinamente privado do prin
ses, de mais sólida organíziição comer
cipal instrumento de suas transações.
cial, os Bancos emissores falharam tantas "vôzes à sua finalidade, não 6 de estra
nhar que tenha vacilado a marcha da " nossa política monetária, em fases su
I
cessivas de desequilíbrio das condições previstas.
Calógeras encarece, com a justiça da história, a importância que teve no de
A emissão a jato contínuo fizera o câmbio baixar de 67/á .sôbrc Londres á
taxa média de 50, cm 1822. A quelmi do padrão monetário, em 1833, com a pari dade de 42 2/10 d. para mil-réis, ainda não tocava o fundo da depreciação, e tinha, por isso, de ser levada, cm 1946,
o Decreto de 3 de outubro de 1808, pelo qual o príncipe regente de Portugal, logo após a sua chegada ao Rio de Ja
até a taxa de 27, em tôrno da qual o cambio oscilou durante todo o Segundo Império, com depressões mais acentua das no período da Guerra do Paraguai. Não foi mais feliz a prática do re
neiro, criou o primeiro Banco do Brasil,
gime da pluralidade de Bancos emisso
indispensável instrumento da circulação
res, mais tarde iniciada por alguns es
fiduciária.
tabelecimentos provinciais, independen te de regulamentação legal, e logo am pliada excessivamente por outros institu
senvolvimento da nossa vida econômica
Essa experiência inicial re
velou, poréin, todos os vícios que, longe de corrigidos, se agravariam posterior mente na evolução do sistema, o mais
profundo dos quais foi então, como con tinuou sendo, a estreita dependência en tre o Banco emissor e o tesouro público. Ilimitado como era, o direito de emissão,
que se exercia livremente apenas "com as precauções necessárias, a fim de que os bilhetes não deixassem de ser pagos
na sua apresentação", e supridas com êsses recursos as despesas públicas crês-
centes, era inevitável chegar ràpidamente à inconversibilidade do papel ban cário, à medida em que rareavam as es
pécies metálicas. Pouco importava, co mo acontece no nosso tempo, que a re-
tos de maior importância. Na falta cie legislação adequada, e sob a influência de idéias francamente ínflacionistas, o
novo Banco do Brasil não podia exercer a vigilância da circulação, restringíndo-a pela retirada oportuna de seus bilhetes, uma vez que cada vazio assim criado no meio circulante era imediatamente
preenchido pela emissão desregrada dos seus concorrentes, entre os quais o Ban
co Comercial e Agrícola. O desfêcho dessa situação caótica foi a crise de
deficiências de numerário c as reclama
diante novas séries de papcl-mocda! O
expediente da época consistia, como cen surava Sallcs Torres Ho mem, cm combater a falta
dc capitais com a fundação de novos Bancos emisso res, cujo papel, reembol
sável em papel oficial já excessivo, devia servir de
instrumento maravilhoso ã
cada vez maior distribuição dc crédito criador de ca pitais.
Era a anarquia monetá ria, a exigir a reação indis
pensável, que viria com o corretivo dos abusos come
tidos no exercício da facul-
c a e emissora, e a prática de medidas
tôd^as
meioquecirculante. Mas as vezes em essas restrições
• IO impostas ao jogo de interesses aNd"os de imediatos benefícios particulares, «_custa da economia coletiva, há liquídaÇao e perdas, acompanhadas do clamor oontuso.
Sobrevíndo a gravíssima crise de 1864, evantaram-se protestos contra a polí^ tica coercitiva da inflação, onde diziam residir a causa da insolvência em que haviam caído numerosas firmas. Entre
1857, que abalou profundamente a eco
tanto, a comissão de inquérito nomeada
nomia nacional. Calógeras observa, com -a segurança dos seus princípios, que
qual figuravam financistas de grande
para examinar os fatores da crise, e na
mérito, concluiu de modo diverso, isto c, que os males vinham não da preten
dida escassez monetária, mas precisa mente dos métodos comerciais em \'oga, depois das emissões excitantes do cré
dito, lançadas na circulação pelos Ban cos, no regime da pluralidade. O que
V havia era a imobilízação dos capitais an teriormente criados c a impossibilidade de realizar os valores do ativo comercial, paru mo\'imentação das contas correntes
bancárias. A crise comercial, suspen dendo o custo das transa
ções, tinha por efeito o mesmo fenômeno da "con-
gelação" de capitais, que se torniuia tão visível na
derrocada mundial de 1929.
Já o assinala\^a, porém, com justeza, a observação
esckrecida de Calógeras, no exame dos fatos de quo se gerou a crise de 1864,
aliás explicada do mesmo modo pelas conclusões da
comissão de inquérito, in.teiramente desfa\'0ráveis à
hipótese de pressão mone tária acaso determinada pelas medidas coercitivas dos vícios da circulação, que vinham sendo praticadas. Não podia Calógeras variar de crité rio, na apreciação do Decreto de 17 de
janeiro de 1890, que inaugurou as finan ças republicanas, com a volta ao siste
ma da pluralidade de Bancos de emissão, já cxperimentadò com tanta infelicidade, mas de novo recomendado pela lei de 1888, sob a influência do Partido Li
beral, ainda fiel às idéias ínflacionistas de Souza Franco. A emissão dos Bancos era considerada indispensável às ne
cessidades do crédito agrícola, que a lei
libertadora de 13 de maio prejudicara
DiCESTO Econó.mico
30
extensamente.
E se as emissões não
^diam ser feitas com lastro ouro, que se fi7.essem com caução de títulos da divida publica.
"Com esta estranha
concepção da natureza,e da função da
moeda — escreve Calógeras — o método de garantir uma dívida com outra dí
vida foi considerado como solução cien tífica do problema da circulação no Brasil.
E ilustra a crítica com o re
bate dos argumentos em favor de se melhante orientação deduzidos do exem
plo dos Estados Unidos, onde efetiva mente a faculdade emissora era exer
cida ao mesmo tempo por inúmeros Bancos independentes, mediante simples
financeira, adstrita às linhas sistemáti
quo fabulosas riquezas fictícias sc ergue ram cfcmcramentc, com os papéis de
cas desse plano, corajosamente executa
Bôlsa, para desmoronar na hora da li quidação, ao choque das teorias iniívi-
via ultrapassado ò limite máximo de
20 milhões de esterlinos, que era o depó
res, a acumulação de depósito metálico para garantia do papel-moeda em curso
do limite legal e a adoção da taxa.de
do erário, ate à confissão de insolvência
® o equilíbrio orçamentário, resulta
da dívida externa, remediada pelo funding loan de 15 de junho de 1898. Por
êsse convênio com os credores estrangei ros, a amortização dos empréstimos cin
te três anos, em títulos 5 % ouro de uma
emissão ao par que poderia chegar ao
os empréstimos do Estado nada têm de
máximo de 10 nulhõcs de libras, mas na
comum com as exigências extritamente
realidade não passou de £ 8.613.717 — 9 — 9. A contar de 1 dc janeiro de
instituiu nos Estados Unidos o Banco
Federal de Reservas, com a unidade da
circulação, sob garantia metálica refor
çada por efeitos comerciais, segundo o modelo mais recente dos grandes Ban cos centrais de emissão, confirmou in teiramente,a censura de Calógeras, de clarada dois anos antes da reforma.
A execução do Decreto de 17 de ja neiro de 1890 reproduziu as conseqüên
,1899, e à proporção cm que emitis se os títulos do novo empréstimo, o Govômo depositaria o respectivo valor, em papel, ao câmbio dc 18, na caixa dos Bancos, destruindo-o ou transformando-o
1906, com a Caixa de Conversão, imita
da do congênere aparelho argentino, mas com variantes acentuadas, que a torna vam sensivelmente diversa. Com efeito,
©missões, mantido assim, praticamente, o Sistema de unidade monetária, ao passo
Complementarmcnte, o Con
gresso votava, pela lei de 20 de julho de 1899, a criação de dois fundos es peciais — o de resgate e o de garantia do papel-moeda, constituído de reservas que facultavam as emissões.
A febre de especulação, provocada
balízas certas e seguras. Já lhe não merecem aplausos as mo dificações que essa política sofreu, em
acôrdo o Governo optou pela primeira solução.
ouro, e revogava tôdas as leis anteriores
pelo afluxo das emissões,' chegou ao
retilíneo programa, observado com tanta convicção e firmeza, é a retificação dos rumos da nossa política financeira, por
no país vizinho os depósitos da Caixa de
cias já conhecidas da pluralidade bancá
ao nível de 12,09.
ram do respeito a sólidos princípios clássicos. No apreciar essa orientação, Calógeras encontra-se com as suas pró prias idéias, reconhece os postulados da sua doutrina ortodoxa, exalta a discipli na da escola onde aprendeu a interpre tar os fatos econômicos. O que ele vê no
em saques sobre Londres, para a even tual retomada dos pagamentos, se o cambio a favorecesse. Na execução do
ria mas em proporções muito maiores.
A taxa cambial, que ascendera em ja neiro de 1889 à altura de 27% sobre Londres, caía em dezembro de 18J1
A
Calógeras publicou o seu livro, a situa ção ainda não se tinha modificado; antes, pelo contrário, o afluxo do ouro já ha
neamento do meio circulante, com o res gate do excesso das emissões anterio
pagamento dos juros seria feito, duran
tinto da maior ou menor amplitude do crédito público. A lei de 1912, que
mo dos nossos homens de Estado.
Caixa, em espécies metálicas. Quando
deriam ainda os dano.s causados pelas perturbações políticas da primeira fase republicana, que lançaram na voragem das despesas públicas todos os rccur.sos
A èsscs erros financeiros ace
Mas as leis bancárias americanas de 1863 e 1866 já estavam de há muito
elasticidade e fenômeno econômico dis
do, passou à história como prova e.\cmplar da capacidade, energia e patriotis
taxa fixada para o tròco das notas da
re.stauração econômica operada pelo sa
táveis.
garantia de títulos da dívida pública.
comerciais da circulação monetária, cuja
37
paroxismo do famoso "ensilhanicnlo", cm
ouro ficava suspenso por dez anos, e o
condenadas, pela razão evidente de que
Dicesto Econômico
A prática dessas medidas foi acom
panhada das mais rigorosas providências administrativas, no sentido da compres
Conversão garantiam tôda a circulação iduciaría, tanto as antigas como as novas qvie no Brasil só era assegurada ao troco em ouro, à taxa fixa de 15 d., aos
bilhetes emitidos ^pela Caixa. Era ma nifesta a dualidade da circulação, pela coexistência do papel inconversível do Tesouro com as novas emissões conver síveis a câmbio fixo.
Essa diferença parecia de somenos importância, enquanto permaneceram fa
voráveis os fatores cambiais que permi
são da despesa, e severa observância das
tiam às notas do Tesouro converter-se
disposições orçamentárias.
fàcilmente em letras de exportação, à
A política
sito previsto em lei.
Daí a elevação
16 para o papel da Caixa.
Não tardou, porém, a in\'ersâo dos termos da equação cambial, pois ao
deflagrar o conflito balcânico precursor da Grande Guerra, e como preparativo da luta gigantesca, concentraram-se ime
diatamente na Europa as reServas metá licas dispersas, donde a brusca retirada do depósitos da Caixa de Conversão.
Em 1914, declarada a guerra, era sus penso o trôco. O mesmo fato havia de
se reproduzir muito mais«tarde, na crise de 1929, travando o funcionamento de mecanismo idêntico, restabelecido de
pois de longo intervalo. Tanto nesse caso' como noutro, o desfalque sofrido
pelo meio circulante com o desapareci mento do papel conversível trouxe sú bita contração do aparelho monetário, deixando as praças comerciais em con dições angustiosos. Os fatos se incum biram, assim, de confirmar a posteríori as objeções de Calógeras ao sistema evi dentemente frágil das caí.xas de con versão como instrumento de estabilidade
cambial: a circulação dilata-se com as emissões, na montante dos depósitos metálicos, para contrair-se nas vazantes inesperadas, sucedendo-se a deflação,
à inflação, logo que as correntes comer ciais refluem para o exterior. Excetuados os inconvenientes das cai
xas de conversão, como as tivemos, ou excluído êsse mecanismo perfeitamente dispensável, são indiscutíveis os benefí
cios de um regime de estabilização cam-
DiCESTO Econó.mico
30
extensamente.
E se as emissões não
^diam ser feitas com lastro ouro, que se fi7.essem com caução de títulos da divida publica.
"Com esta estranha
concepção da natureza,e da função da
moeda — escreve Calógeras — o método de garantir uma dívida com outra dí
vida foi considerado como solução cien tífica do problema da circulação no Brasil.
E ilustra a crítica com o re
bate dos argumentos em favor de se melhante orientação deduzidos do exem
plo dos Estados Unidos, onde efetiva mente a faculdade emissora era exer
cida ao mesmo tempo por inúmeros Bancos independentes, mediante simples
financeira, adstrita às linhas sistemáti
quo fabulosas riquezas fictícias sc ergue ram cfcmcramentc, com os papéis de
cas desse plano, corajosamente executa
Bôlsa, para desmoronar na hora da li quidação, ao choque das teorias iniívi-
via ultrapassado ò limite máximo de
20 milhões de esterlinos, que era o depó
res, a acumulação de depósito metálico para garantia do papel-moeda em curso
do limite legal e a adoção da taxa.de
do erário, ate à confissão de insolvência
® o equilíbrio orçamentário, resulta
da dívida externa, remediada pelo funding loan de 15 de junho de 1898. Por
êsse convênio com os credores estrangei ros, a amortização dos empréstimos cin
te três anos, em títulos 5 % ouro de uma
emissão ao par que poderia chegar ao
os empréstimos do Estado nada têm de
máximo de 10 nulhõcs de libras, mas na
comum com as exigências extritamente
realidade não passou de £ 8.613.717 — 9 — 9. A contar de 1 dc janeiro de
instituiu nos Estados Unidos o Banco
Federal de Reservas, com a unidade da
circulação, sob garantia metálica refor
çada por efeitos comerciais, segundo o modelo mais recente dos grandes Ban cos centrais de emissão, confirmou in teiramente,a censura de Calógeras, de clarada dois anos antes da reforma.
A execução do Decreto de 17 de ja neiro de 1890 reproduziu as conseqüên
,1899, e à proporção cm que emitis se os títulos do novo empréstimo, o Govômo depositaria o respectivo valor, em papel, ao câmbio dc 18, na caixa dos Bancos, destruindo-o ou transformando-o
1906, com a Caixa de Conversão, imita
da do congênere aparelho argentino, mas com variantes acentuadas, que a torna vam sensivelmente diversa. Com efeito,
©missões, mantido assim, praticamente, o Sistema de unidade monetária, ao passo
Complementarmcnte, o Con
gresso votava, pela lei de 20 de julho de 1899, a criação de dois fundos es peciais — o de resgate e o de garantia do papel-moeda, constituído de reservas que facultavam as emissões.
A febre de especulação, provocada
balízas certas e seguras. Já lhe não merecem aplausos as mo dificações que essa política sofreu, em
acôrdo o Governo optou pela primeira solução.
ouro, e revogava tôdas as leis anteriores
pelo afluxo das emissões,' chegou ao
retilíneo programa, observado com tanta convicção e firmeza, é a retificação dos rumos da nossa política financeira, por
no país vizinho os depósitos da Caixa de
cias já conhecidas da pluralidade bancá
ao nível de 12,09.
ram do respeito a sólidos princípios clássicos. No apreciar essa orientação, Calógeras encontra-se com as suas pró prias idéias, reconhece os postulados da sua doutrina ortodoxa, exalta a discipli na da escola onde aprendeu a interpre tar os fatos econômicos. O que ele vê no
em saques sobre Londres, para a even tual retomada dos pagamentos, se o cambio a favorecesse. Na execução do
ria mas em proporções muito maiores.
A taxa cambial, que ascendera em ja neiro de 1889 à altura de 27% sobre Londres, caía em dezembro de 18J1
A
Calógeras publicou o seu livro, a situa ção ainda não se tinha modificado; antes, pelo contrário, o afluxo do ouro já ha
neamento do meio circulante, com o res gate do excesso das emissões anterio
pagamento dos juros seria feito, duran
tinto da maior ou menor amplitude do crédito público. A lei de 1912, que
mo dos nossos homens de Estado.
Caixa, em espécies metálicas. Quando
deriam ainda os dano.s causados pelas perturbações políticas da primeira fase republicana, que lançaram na voragem das despesas públicas todos os rccur.sos
A èsscs erros financeiros ace
Mas as leis bancárias americanas de 1863 e 1866 já estavam de há muito
elasticidade e fenômeno econômico dis
do, passou à história como prova e.\cmplar da capacidade, energia e patriotis
taxa fixada para o tròco das notas da
re.stauração econômica operada pelo sa
táveis.
garantia de títulos da dívida pública.
comerciais da circulação monetária, cuja
37
paroxismo do famoso "ensilhanicnlo", cm
ouro ficava suspenso por dez anos, e o
condenadas, pela razão evidente de que
Dicesto Econômico
A prática dessas medidas foi acom
panhada das mais rigorosas providências administrativas, no sentido da compres
Conversão garantiam tôda a circulação iduciaría, tanto as antigas como as novas qvie no Brasil só era assegurada ao troco em ouro, à taxa fixa de 15 d., aos
bilhetes emitidos ^pela Caixa. Era ma nifesta a dualidade da circulação, pela coexistência do papel inconversível do Tesouro com as novas emissões conver síveis a câmbio fixo.
Essa diferença parecia de somenos importância, enquanto permaneceram fa
voráveis os fatores cambiais que permi
são da despesa, e severa observância das
tiam às notas do Tesouro converter-se
disposições orçamentárias.
fàcilmente em letras de exportação, à
A política
sito previsto em lei.
Daí a elevação
16 para o papel da Caixa.
Não tardou, porém, a in\'ersâo dos termos da equação cambial, pois ao
deflagrar o conflito balcânico precursor da Grande Guerra, e como preparativo da luta gigantesca, concentraram-se ime
diatamente na Europa as reServas metá licas dispersas, donde a brusca retirada do depósitos da Caixa de Conversão.
Em 1914, declarada a guerra, era sus penso o trôco. O mesmo fato havia de
se reproduzir muito mais«tarde, na crise de 1929, travando o funcionamento de mecanismo idêntico, restabelecido de
pois de longo intervalo. Tanto nesse caso' como noutro, o desfalque sofrido
pelo meio circulante com o desapareci mento do papel conversível trouxe sú bita contração do aparelho monetário, deixando as praças comerciais em con dições angustiosos. Os fatos se incum biram, assim, de confirmar a posteríori as objeções de Calógeras ao sistema evi dentemente frágil das caí.xas de con versão como instrumento de estabilidade
cambial: a circulação dilata-se com as emissões, na montante dos depósitos metálicos, para contrair-se nas vazantes inesperadas, sucedendo-se a deflação,
à inflação, logo que as correntes comer ciais refluem para o exterior. Excetuados os inconvenientes das cai
xas de conversão, como as tivemos, ou excluído êsse mecanismo perfeitamente dispensável, são indiscutíveis os benefí
cios de um regime de estabilização cam-
Digesto Eco.^'ó.^uco
bial, que c, aliás, a finalidade teórica dc
contingências cconómica.s criada.s pela
todo c qualquer sistema monetário. Se não é possível praticá-lo nas condições normais da paridade legal da moeda,
o próprio Calógeras a transigir com a
porque assim não o permita a depre ciação cambial, nem por isso devem ser
guerra levaram, talvez, ou ccrtamcnti-,
rigidez dos scu.s princípios, diante da pura ficção legal que ficou sendo no Brasil o câmbio ao par. Não seria mais
TC E J
EEEFI/
Antonio Contijo oe Cauvauio
Rafael Sampaio Vidal
abandonadas as vantagens da estabili dade das taxas inferiores, a que já se
possível contemplar essa quimera, mes mo aos ortodoxos inflexíveis, depois que
^íeukcedora de carinho.so registro a
tenham acomodado os valores contra tuais. Tendo escrito seu livro antes da
se tornaram também ideais a.s taxas de
preocupação do bem público desse
guerra, isto é, quando ainda não pu
o país ainda não conhecera, na sua his
desse sequer pressentir a evolução quase
tória, as atuais cotações cambiais.
universal da política monetária para os novos planos de estabilização, era natu ral que Cálógeras insistisse na doutrina
da volta à paridade legal, então respei tada por todos os países de moeda sã,
mas hoje abandonada até pela Ingla terra e pelos Estados Unidos. Entretan
to, já naquela época, a necessidade da estabilização cambial no Brasil era sii.s-
tentada não só por financistas nacionais, como pelo autor da obra monumental —
"Banques d'Emission et Trésors Publics", onde Raphael Georges Levy se refere,
preciadas, vigentes até ao tempo em que
Revelado através do seu notável tra
balho sobre a política monetária do
Nuo julgo o .sou valor pela enume
ração dos cargos que pcrliistrou. Polo mcnto cxccpoional, porém, que reve
Brasil, Calógeras brilha, com as luzes
ja". à luz meridiuna, nos debates do
da sua culta inteligência, entre os nossos
Parlamento o no exercício de altas fun
raros grandes financistas. Espírito pcr-
ções administrativas.
eucientcmente analítico, inclina-se sobre
Sentia-se, ne.sse vulto de Pijatininga,
a vasta documentação a que recorre, no
que bá de figurar na galeria dos ho
exame do.s fatos e das teorias, tudo de
mens representativos do Brasil, o es
compondo, perquirindo e interpretando, como se fizesse investigações de labora tório. Êssc método não prejudica a visão dc conjunto, precisa e clara, que
tudioso que SC preparou, desde os bancos
dando, na questão da volta ao câmbio de 27. Não valeria insistir na discussão
domina os seus complexos estudos. Em finanças, como noutras matérias igual mente difíceis que versou, Calógeras é uma das mais altas expressões da menta'lidade brasileira, na fase contempo
do pró c do contra, uma vez que as
rânea.
■ nos mais lisonjeiros termos, à autorida de de Calógeras, embora dela discor
ilustro campineiro, cuja sepultura se clausurou ontem na torra paulista.
O "Digesto Econômico", cm obediência
a um dos itens do programa que traçou,
vem publicando biografias de brasileiros ilustres, de outras gerações, para que os
episódios marcantes que os fizeram cre dores da esthna pública sejain conheci dos dos moços de hoje. Reproduzimos, com ôsse objetivo, as ligeiras orações sôbre Alcântara Machado, Sampaio Vidal e Artur Neiva, proferidas pelo nosso
Diretor, quando no exercício das fun ções de membro do Conselho Adminis trativo do Estado de São Paulo c da
Comissão dos Negócios Estaduais.
acadêmicos, para ser homem de govêrnq.
Homem público integral, de fato o foi,
^°'y^^^quêle "nobilíssinio anseio de in-
tluir". "Uma vocação de estadista, com
a crença no futuro grandioso do Brasil", o opitáfio que eu sugeriria como síntese da sua vida.
Nos discursos que proferiu e nos pareceres que elaborou, como deputado, "ao há devaneios, mas objetividade, au-
•^iliada pela lógica fria dos algarismos, qwo manejava com precisão e honesti dade.
Redigia os seus escrupulosos trabalhos,
c de memória cito os que \'ersaram sõhre Banco Central de Redesconto, De fesa do Café e Código de Contabilida de, com espírito didático, num estilo
simples, e claro, sem excesso de atavios, que os afeassem. Prova, de sbbejo, essas
qualidades, a "Contabilidade Agrícola", obra inteiramente esgotada e digna de tuna reedição.
Administrador, executava os problemas de govêmo usando o processo de Benjamin Franklin, narrado pela pena fiumejante de Nabuco. Aquele grande americano, doublé de sábio e estadista,
sempre que precisava resolver uma ques
tão importante, estudava as razões pró e contra, escrevia-as em duas colunixs de
fronto umas das outras e, riscando as
que se anulavam, decidia-se pelo núme ro e qualidade das restantes. Benjamin Franklin chamava a esse processo sua álgebra moral.
Sampaio Vidal quis ser professor dc Direito, Não realizou a sua nobre aspi ração, porque o competidor, no famoso concurso de Teoria Geral de Proce-so
Civil, em que se inscre\'eu, era jurisconsulto da estatura de Estevam de Almei
da. A sua arguiçâo oral, porém, não desmereceu o jurista, e a preleção, indubitàvelmente a prova principal, colocou-o
Digesto Eco.^'ó.^uco
bial, que c, aliás, a finalidade teórica dc
contingências cconómica.s criada.s pela
todo c qualquer sistema monetário. Se não é possível praticá-lo nas condições normais da paridade legal da moeda,
o próprio Calógeras a transigir com a
porque assim não o permita a depre ciação cambial, nem por isso devem ser
guerra levaram, talvez, ou ccrtamcnti-,
rigidez dos scu.s princípios, diante da pura ficção legal que ficou sendo no Brasil o câmbio ao par. Não seria mais
TC E J
EEEFI/
Antonio Contijo oe Cauvauio
Rafael Sampaio Vidal
abandonadas as vantagens da estabili dade das taxas inferiores, a que já se
possível contemplar essa quimera, mes mo aos ortodoxos inflexíveis, depois que
^íeukcedora de carinho.so registro a
tenham acomodado os valores contra tuais. Tendo escrito seu livro antes da
se tornaram também ideais a.s taxas de
preocupação do bem público desse
guerra, isto é, quando ainda não pu
o país ainda não conhecera, na sua his
desse sequer pressentir a evolução quase
tória, as atuais cotações cambiais.
universal da política monetária para os novos planos de estabilização, era natu ral que Cálógeras insistisse na doutrina
da volta à paridade legal, então respei tada por todos os países de moeda sã,
mas hoje abandonada até pela Ingla terra e pelos Estados Unidos. Entretan
to, já naquela época, a necessidade da estabilização cambial no Brasil era sii.s-
tentada não só por financistas nacionais, como pelo autor da obra monumental —
"Banques d'Emission et Trésors Publics", onde Raphael Georges Levy se refere,
preciadas, vigentes até ao tempo em que
Revelado através do seu notável tra
balho sobre a política monetária do
Nuo julgo o .sou valor pela enume
ração dos cargos que pcrliistrou. Polo mcnto cxccpoional, porém, que reve
Brasil, Calógeras brilha, com as luzes
ja". à luz meridiuna, nos debates do
da sua culta inteligência, entre os nossos
Parlamento o no exercício de altas fun
raros grandes financistas. Espírito pcr-
ções administrativas.
eucientcmente analítico, inclina-se sobre
Sentia-se, ne.sse vulto de Pijatininga,
a vasta documentação a que recorre, no
que bá de figurar na galeria dos ho
exame do.s fatos e das teorias, tudo de
mens representativos do Brasil, o es
compondo, perquirindo e interpretando, como se fizesse investigações de labora tório. Êssc método não prejudica a visão dc conjunto, precisa e clara, que
tudioso que SC preparou, desde os bancos
dando, na questão da volta ao câmbio de 27. Não valeria insistir na discussão
domina os seus complexos estudos. Em finanças, como noutras matérias igual mente difíceis que versou, Calógeras é uma das mais altas expressões da menta'lidade brasileira, na fase contempo
do pró c do contra, uma vez que as
rânea.
■ nos mais lisonjeiros termos, à autorida de de Calógeras, embora dela discor
ilustro campineiro, cuja sepultura se clausurou ontem na torra paulista.
O "Digesto Econômico", cm obediência
a um dos itens do programa que traçou,
vem publicando biografias de brasileiros ilustres, de outras gerações, para que os
episódios marcantes que os fizeram cre dores da esthna pública sejain conheci dos dos moços de hoje. Reproduzimos, com ôsse objetivo, as ligeiras orações sôbre Alcântara Machado, Sampaio Vidal e Artur Neiva, proferidas pelo nosso
Diretor, quando no exercício das fun ções de membro do Conselho Adminis trativo do Estado de São Paulo c da
Comissão dos Negócios Estaduais.
acadêmicos, para ser homem de govêrnq.
Homem público integral, de fato o foi,
^°'y^^^quêle "nobilíssinio anseio de in-
tluir". "Uma vocação de estadista, com
a crença no futuro grandioso do Brasil", o opitáfio que eu sugeriria como síntese da sua vida.
Nos discursos que proferiu e nos pareceres que elaborou, como deputado, "ao há devaneios, mas objetividade, au-
•^iliada pela lógica fria dos algarismos, qwo manejava com precisão e honesti dade.
Redigia os seus escrupulosos trabalhos,
c de memória cito os que \'ersaram sõhre Banco Central de Redesconto, De fesa do Café e Código de Contabilida de, com espírito didático, num estilo
simples, e claro, sem excesso de atavios, que os afeassem. Prova, de sbbejo, essas
qualidades, a "Contabilidade Agrícola", obra inteiramente esgotada e digna de tuna reedição.
Administrador, executava os problemas de govêmo usando o processo de Benjamin Franklin, narrado pela pena fiumejante de Nabuco. Aquele grande americano, doublé de sábio e estadista,
sempre que precisava resolver uma ques
tão importante, estudava as razões pró e contra, escrevia-as em duas colunixs de
fronto umas das outras e, riscando as
que se anulavam, decidia-se pelo núme ro e qualidade das restantes. Benjamin Franklin chamava a esse processo sua álgebra moral.
Sampaio Vidal quis ser professor dc Direito, Não realizou a sua nobre aspi ração, porque o competidor, no famoso concurso de Teoria Geral de Proce-so
Civil, em que se inscre\'eu, era jurisconsulto da estatura de Estevam de Almei
da. A sua arguiçâo oral, porém, não desmereceu o jurista, e a preleção, indubitàvelmente a prova principal, colocou-o
1
.t.
"1
DicESTo Econômico
40
na plana dos excelentes expositores de que se orgulha a velha Escola.
Ledor insaciável, especializado cm Economia Política e Ciência das Finan
ças, com pendores para os estudos de humanidades, aluno distinto fôra de José Ladislau Peter, no "Culto à Ciência"
cm
Campinas, não se fossilizou
a
cultura como a de tantos políticos da sua geração, brilhante e numerosa. Ge ração que tem Anatole e Renan, Mon-
tesquieu e Rousseau, Comte e Spencer como deuses dos seus altares.
Tor
nou-se Sampaio Vidal apologista con
victo do sistema corporativista, cujas vantagens para o Brasil não cansava de
apregoar. Devo a êsse amigo, de tanta meiguice no trato, o conhecimento da
obra clássica do rumaico Mihail Manoilesco e recordo-me com saudades
me, pelo correio, a refutação de Ilcnry Gcorgc à celebre cncíclica de Lcao XIII, "De Rerum Novarum". Dcsfa-
zía-se de uma preciosidade pura ganhar um prosélito c evidcncia\'a o seu alto espírito de cooperação. Em regra, nas nossas interessantes ter túlias, Sampaio Vidal, que aliava o bom-scnso a uma aguda percepção, pro feria a última palavra. Não se aferrava, todavia, à opinião" emitida, desde que se
ções magníficas que eu ouvia embeve
blico, trazer o coração imune do ódio e
Não se
Em compen
viver como cristão.
José Olímpio, à Rua da Quitanda, em Alcântara Machado
ca de livros novos, desenvolveu a sua
José Alcântara Machado de Oliveira
georgistas, na qual contrariou a lição de
morre em pleno fastígio intelectual.
Pedro Lessa, inserta na "Filosofia do
O nome de Alcântara Machado reboou
pelo Brasil inteiro, que não o
conhecia
devidamente,
quando êsse paulista ilus tre proferiu o célebre discur so de recepção no Silogeu. Viveu êsse cenáculo, tal
vez, o mais belo dos seus
de
dias. Estava ainda bem ní
Hirsh numa conferência rea:
tida na lembrança dos aca
lizada na Austrália, em abono da tese
que naquele momento sustentava. Amá
vel, dois ou três dias após, remeteu-
que é o "Pelo Sertão", paisagista en
cantador, descreveu o Brejão, para gáudio dos apaixonados da natu reza, com tintas que só poderiam
pobre c incolor. Silva Ramos era
cido,
os
O suave autor dês.se breviário de arte
me a atenção, certa vez, o espírito ar
sação, não sofria com a queda. Pôde, assim, na longa carreira de homem pú
reproduziu em síntese principais argumentos
Prado, figura romanesca, de cstuante paixão pelo Brasil.
zer o seu discurso'com material
econômicos, políticos e financeiros, li
George era individualista e
consentiu que ultimasse, com o buril,
Feitio do seu temperamento, revela dor de equilíbrio e inteligência, chamou-
va nenhum dos seus hábitos.
Direito", que tachava o pen sador norte-americano de coletivista parcial. Sampaio Vidal me fez uma disserta ção para demonstrar que
vida e a morte do bandeirante, não lhe
de outrora e Arinos falou de Eduardo
tista da Costa.
guto de Sales Júnior, era a sua modéstia. Ministro de Estado ou simples cida dão, sempre o mesmo. Não modifica
dêmicos e dos .amantes das boas letras
a recepção de Afonso Arinos, saudado pelo verbo de Olavo Bilac. Tudo con
Entristece-nos ao ver a crueldade do
destino que, se lhe permitiu traçar a
^da inteligência. Bilac evocou a Vila Rica
interlocutor.
atordoava com a altura.
dialética uma crítica lapidar às doutrinas
tribuiu para o esplendor daquela festa, que bem poderia ser denominada a festa
ser reproduzidas nas telas de Ba
das encantadoras palestras, com que
São Paulo, que êle freqüentava em bus
41
convencia de que a razão estava com o
amiude me entretinha, sôbre problemas
Em nosso último encontro, na Livraria
Digesto Econômico
Alcântara Machado teria de fa
um desconhecido.
Um glotólogo em
cuja pena não havia requintes de sen sibilidade.
Um filão inesperado, porém, se depa rou aos olhos do artista.
Silva Ramos
estudara em Coimbra. E o grande pro fessor da nossa querida Faculdade de
a biografia do rio Tietê, o grande rio da terra que êle tanto amou, nas suas tra
dições, nos seus dias de júbilo e nas suas noites de infortúnio.
Não me compete, nem êsse seria o momento azado, fazer a análise
da empolgante produção dêsse tor turado do estilo, de tanta beleza
e de tanta graça. Membro do Departamento Admi nistrativo do Estado de São Paulo,
que é um órgão de brasilidade,
competir-me-á estudar, o que farei num traço marcante, a figura do patriota.
Essa, está esculpida no seu prodigioso esforço para doar ao Brasil um Código Penal, em que se consubstanciassem mo dernas teorias de defesa da sociedade. Alcantara, que se achava bastante en
Direito, que lá nunca estivara, em pá ginas que hão de ter a vida da língua
fermo, pressentia que se avizinhava o
portuguesa, numa visão de sábio, faci
litada por incomensurável leitura, des
morrer sem deixar aquele testemunho de fidelidade e de amor aq Direito e ao
creve os hábitos e os costumes do estu
Brasil.
dante coimbrão, perfilando ainda, com
Palavras, como as que venho de emi tir, eu as ouvi dos seus próprios lábios,
cintílação e donaire, os Gonçalves
Crespo e os Guerra Junqueiro. Quem não o conheceu, tímido e reser
término da sua vida e não desejava
quando, dando-me uma grande prova de consideração e amizade, em sua re
vado, ouvindo em São Paulo as lições
sidência, leu-me as calorosas e brilhan-
que Alcântara Machado era antigo no viço da legendária Universidade de
Penal de sua autoria.
do pai, com certeza haveria,de supor Coimbra. ,
tes páginas, ainda não divulgadas, que redigiu em defesa do projeto do Código Êsse esfôrço, em que se evidencia tão alta noção de dever para com a Pátria, abreviou-lhe a vida. Mas agigantou-lhe
Quase desconhecido, elogiando igno rado acadêmico, empolga o discreto paulista os seus pares ilustres, recebendo
a figura liistórica.
n maior das consagrações, que é a de ver a sua belíssima peroração, uma pura poesia, reproduzida na memória de tôda
jytA de luto da inteligência, o da morte
a gente.
Artur Néiva
, de Artur Neiva. Homem de cultura e homem de administração, dos maiores
1
.t.
"1
DicESTo Econômico
40
na plana dos excelentes expositores de que se orgulha a velha Escola.
Ledor insaciável, especializado cm Economia Política e Ciência das Finan
ças, com pendores para os estudos de humanidades, aluno distinto fôra de José Ladislau Peter, no "Culto à Ciência"
cm
Campinas, não se fossilizou
a
cultura como a de tantos políticos da sua geração, brilhante e numerosa. Ge ração que tem Anatole e Renan, Mon-
tesquieu e Rousseau, Comte e Spencer como deuses dos seus altares.
Tor
nou-se Sampaio Vidal apologista con
victo do sistema corporativista, cujas vantagens para o Brasil não cansava de
apregoar. Devo a êsse amigo, de tanta meiguice no trato, o conhecimento da
obra clássica do rumaico Mihail Manoilesco e recordo-me com saudades
me, pelo correio, a refutação de Ilcnry Gcorgc à celebre cncíclica de Lcao XIII, "De Rerum Novarum". Dcsfa-
zía-se de uma preciosidade pura ganhar um prosélito c evidcncia\'a o seu alto espírito de cooperação. Em regra, nas nossas interessantes ter túlias, Sampaio Vidal, que aliava o bom-scnso a uma aguda percepção, pro feria a última palavra. Não se aferrava, todavia, à opinião" emitida, desde que se
ções magníficas que eu ouvia embeve
blico, trazer o coração imune do ódio e
Não se
Em compen
viver como cristão.
José Olímpio, à Rua da Quitanda, em Alcântara Machado
ca de livros novos, desenvolveu a sua
José Alcântara Machado de Oliveira
georgistas, na qual contrariou a lição de
morre em pleno fastígio intelectual.
Pedro Lessa, inserta na "Filosofia do
O nome de Alcântara Machado reboou
pelo Brasil inteiro, que não o
conhecia
devidamente,
quando êsse paulista ilus tre proferiu o célebre discur so de recepção no Silogeu. Viveu êsse cenáculo, tal
vez, o mais belo dos seus
de
dias. Estava ainda bem ní
Hirsh numa conferência rea:
tida na lembrança dos aca
lizada na Austrália, em abono da tese
que naquele momento sustentava. Amá
vel, dois ou três dias após, remeteu-
que é o "Pelo Sertão", paisagista en
cantador, descreveu o Brejão, para gáudio dos apaixonados da natu reza, com tintas que só poderiam
pobre c incolor. Silva Ramos era
cido,
os
O suave autor dês.se breviário de arte
me a atenção, certa vez, o espírito ar
sação, não sofria com a queda. Pôde, assim, na longa carreira de homem pú
reproduziu em síntese principais argumentos
Prado, figura romanesca, de cstuante paixão pelo Brasil.
zer o seu discurso'com material
econômicos, políticos e financeiros, li
George era individualista e
consentiu que ultimasse, com o buril,
Feitio do seu temperamento, revela dor de equilíbrio e inteligência, chamou-
va nenhum dos seus hábitos.
Direito", que tachava o pen sador norte-americano de coletivista parcial. Sampaio Vidal me fez uma disserta ção para demonstrar que
vida e a morte do bandeirante, não lhe
de outrora e Arinos falou de Eduardo
tista da Costa.
guto de Sales Júnior, era a sua modéstia. Ministro de Estado ou simples cida dão, sempre o mesmo. Não modifica
dêmicos e dos .amantes das boas letras
a recepção de Afonso Arinos, saudado pelo verbo de Olavo Bilac. Tudo con
Entristece-nos ao ver a crueldade do
destino que, se lhe permitiu traçar a
^da inteligência. Bilac evocou a Vila Rica
interlocutor.
atordoava com a altura.
dialética uma crítica lapidar às doutrinas
tribuiu para o esplendor daquela festa, que bem poderia ser denominada a festa
ser reproduzidas nas telas de Ba
das encantadoras palestras, com que
São Paulo, que êle freqüentava em bus
41
convencia de que a razão estava com o
amiude me entretinha, sôbre problemas
Em nosso último encontro, na Livraria
Digesto Econômico
Alcântara Machado teria de fa
um desconhecido.
Um glotólogo em
cuja pena não havia requintes de sen sibilidade.
Um filão inesperado, porém, se depa rou aos olhos do artista.
Silva Ramos
estudara em Coimbra. E o grande pro fessor da nossa querida Faculdade de
a biografia do rio Tietê, o grande rio da terra que êle tanto amou, nas suas tra
dições, nos seus dias de júbilo e nas suas noites de infortúnio.
Não me compete, nem êsse seria o momento azado, fazer a análise
da empolgante produção dêsse tor turado do estilo, de tanta beleza
e de tanta graça. Membro do Departamento Admi nistrativo do Estado de São Paulo,
que é um órgão de brasilidade,
competir-me-á estudar, o que farei num traço marcante, a figura do patriota.
Essa, está esculpida no seu prodigioso esforço para doar ao Brasil um Código Penal, em que se consubstanciassem mo dernas teorias de defesa da sociedade. Alcantara, que se achava bastante en
Direito, que lá nunca estivara, em pá ginas que hão de ter a vida da língua
fermo, pressentia que se avizinhava o
portuguesa, numa visão de sábio, faci
litada por incomensurável leitura, des
morrer sem deixar aquele testemunho de fidelidade e de amor aq Direito e ao
creve os hábitos e os costumes do estu
Brasil.
dante coimbrão, perfilando ainda, com
Palavras, como as que venho de emi tir, eu as ouvi dos seus próprios lábios,
cintílação e donaire, os Gonçalves
Crespo e os Guerra Junqueiro. Quem não o conheceu, tímido e reser
término da sua vida e não desejava
quando, dando-me uma grande prova de consideração e amizade, em sua re
vado, ouvindo em São Paulo as lições
sidência, leu-me as calorosas e brilhan-
que Alcântara Machado era antigo no viço da legendária Universidade de
Penal de sua autoria.
do pai, com certeza haveria,de supor Coimbra. ,
tes páginas, ainda não divulgadas, que redigiu em defesa do projeto do Código Êsse esfôrço, em que se evidencia tão alta noção de dever para com a Pátria, abreviou-lhe a vida. Mas agigantou-lhe
Quase desconhecido, elogiando igno rado acadêmico, empolga o discreto paulista os seus pares ilustres, recebendo
a figura liistórica.
n maior das consagrações, que é a de ver a sua belíssima peroração, uma pura poesia, reproduzida na memória de tôda
jytA de luto da inteligência, o da morte
a gente.
Artur Néiva
, de Artur Neiva. Homem de cultura e homem de administração, dos maiores
í»i
Digesto EcoNÓhnco
42
de que se tifamiva a nossa terra.
Não
míslicí.smo racial, não pnrsscnlido pclus
era um cientista puro, um recluso dc
gov<;rnos impri-vidcntc.s.
laboratório. Cultivava a ciência ein fun
ção do Estado. Diretriz espiritual tra çada por um ideal que ardente pátrio-
Em liislórla, da qual foi c.vímío cuU(Jr, o Brasil era a sua paí.xão. Poderia foealizar os grandes painéis cia cisilização.
ti.çmo acalentou.
Artur Neiva era en-
Artur Nciva era uma enciclopédia viva.
feitiçado do Brasil. "Lido e corrido", assim o retratou
no", "Caramuru", "Gabriel Soares", são
Afonso de Taunay, ao prefaciar "Daqui o de longe", obra que desvenda a in
que confirmam a minha assertiva. Li-
quietação da sua formosa inteligência.
niitou-sc com êss(-'s estudos o horizonte
Artur Nciva, que percorreu tantas terras, preocupava-se principalmente com os problemas do Brasil. Sedutora
do historiador. Mas ampliou-se o da Pátria, que tanto estremecia. Artur Nci
feição de tão luminoso espírito! Pertencia à estirpe dos brasileiros Eduardo Prado, Afonso Arinos, Oliveira
da história colonial.
Lima e Rio Branco, que, vivendo longe do torrão natal, só escreveram sobre o
Brasil.
^ Apesar da sua curiosidade universal, são essencialmente brasileiros os frutos do saber de Artur Neiva.
Em lingüística, abandonou o filão dos clássicos portugueses, de que Rui Bar
bosa e Carneiro Ribeiro foram grandes mineradores, para pesquisar os indianismos, que tanto enrique ceram a nossa língua. Paladino da linguagem brasileira, no de senvolvimento do idioma portu
guês, êle O foi com Edgar Sanchez ao ventilar o momcntoso
problema no Parlamento brasilei ro. O livro que publicou é obra-prima
títulos contidos mima vasta I>ib!iografia
va esclareceu muitos pontos obscuros
Em .sociologia, não escreveu di.sserta-
ções doutrinárias sôT3re raças. Nem dis cutiu as teorias de Pittard e Cobineau.
Se quisesse, enfrentaria cs Lapouge e Mas, em memorável
pontífice, sucessor dc Osvaldo Cruz c
rio, cm Minas Gerais, que merece ser lida pelos gestores da cousa pública. E"nvaidcço-mc dc ter sido seu amigo. O convívio de Artur Neiva era um des
mentido â proposição de Emerson de qnc a convivência prolongada desen canta.
Neiva ensinava, conversando.
Os maiores sabedores aprendiam com o baiano csfiisiantc de graça. Um dissipador da ciência, cuja obra escrita, em bora valiosa, não dá bem a medida do que valia aquele cérebro em continua Em sua casa acolhedora, à rua Per
43
do Lima e Ferreira Braga, maníacos cio "monstro" de Bayrouth. Respondia,
do pronto, a qualquer consulta, porque, costumava dizer Altino Arantes, trazia
Artur Neiva o Larousse na cabeça.
Membro da Comissão dos Negócios Estaduais, rendo homenagem à memò ria do sábio que em São Paulo plane jou a organização do Instituto Biológico, nfamada instituição de ciência aplicada; ao Diretor da Saúde Pública que ela borou notável Código Sanitário e se revelou extraordinário homem de ação
na luta contra a gripe espanhola; ao St>cretário do Interior em São Paulo que criou o Departamento das Municipalida des, órgão de assistência técnica aos
Carlos Chagas, realizou, com o auxílio
nambuco, em São Paulo, em que eu passava horas de regalo espiritual, muitas
do microscópio c da pena, obra dc pes
Vezes Artur Neiva brincava com a sua
quisa c dc apóstolo, combatendo o "stçphanoderes" c o berne, destruidores dc
tadamente para as comunas de peque na renda e cujos benéficos resultados
memória prodigiosa, submetendo-se, por diletantismo, a rigorosas sabatinas nos
podemos todos nós atestar; ao eminente
mais variados ramos do saber.
pela Interventoria Federal na'Bahia, fi
avultada riqueza brasileira.
Deslumbrava-me, dada a minha pre
Acusava-se a Artur Neiva de perdu lário na administração pública. Seria
dileção em arte, o seu conhecimento da
um grande administrador cm pais dc
miisíca alemã, solfejando melodias po pulares de Wagner, com a explicação
vastos recursos financeiros, assoalliavam os seus desafetos. Realmente, a
mentalidade arrojada dêssc bra sileiro dinâmico não se coadu
nava com a dos seus patrícios retrógrados. Sabia premiar o
mérito c não regateava o salá rio dos homens que com amor <3 competência dedicam a exis
tência ao Estado. Otimi.sta, confiava na futuro radioso do Brasil. Administrar não é só economizar. Ru
mo não permissível em país novo que não tem os seus problemas dc governo resolvidos. Administrar é saber gastar,
discurso, repleto de observações colhi
praticar obra de fomento.
das no Extremo Oriente, alertou a na
dessa tese, há uma página de fina iro nia de Garção Stockler, que figura em
ção ante o perigo amarelo, com o seu
diversas antologias mineiras, sôbre a
administração infeliz e elogiada dc An drade Figueira, na última fase do Impé
ebulição.
Em ciência experimental, cm que era
torra dadivosa e realizava visionando o
no gênero.
os Chamberlain.
Não o féz, porém. "O Recôncavo Baia
OroKSTO Ecf)Nó^^co
Em torno
I
municípios, medida de alto alcance, no-
homem público que, na rápida passagem xou os lineamenlos do Instituto do Ca
cau, obra do percudcnte visão adminis trativa.
Ao higienista, eficiente na profilu.via
cia idéia do tema ou "leit-motiv" e das lendas do Reno, como não o fariam
da Jepra, da sífilis e da malária.
melhor os antigos deputados Augu.sto
e, sobretudo, ao patriota.
Enfim, ao técnico, ao administrador
í»i
Digesto EcoNÓhnco
42
de que se tifamiva a nossa terra.
Não
míslicí.smo racial, não pnrsscnlido pclus
era um cientista puro, um recluso dc
gov<;rnos impri-vidcntc.s.
laboratório. Cultivava a ciência ein fun
ção do Estado. Diretriz espiritual tra çada por um ideal que ardente pátrio-
Em liislórla, da qual foi c.vímío cuU(Jr, o Brasil era a sua paí.xão. Poderia foealizar os grandes painéis cia cisilização.
ti.çmo acalentou.
Artur Neiva era en-
Artur Nciva era uma enciclopédia viva.
feitiçado do Brasil. "Lido e corrido", assim o retratou
no", "Caramuru", "Gabriel Soares", são
Afonso de Taunay, ao prefaciar "Daqui o de longe", obra que desvenda a in
que confirmam a minha assertiva. Li-
quietação da sua formosa inteligência.
niitou-sc com êss(-'s estudos o horizonte
Artur Nciva, que percorreu tantas terras, preocupava-se principalmente com os problemas do Brasil. Sedutora
do historiador. Mas ampliou-se o da Pátria, que tanto estremecia. Artur Nci
feição de tão luminoso espírito! Pertencia à estirpe dos brasileiros Eduardo Prado, Afonso Arinos, Oliveira
da história colonial.
Lima e Rio Branco, que, vivendo longe do torrão natal, só escreveram sobre o
Brasil.
^ Apesar da sua curiosidade universal, são essencialmente brasileiros os frutos do saber de Artur Neiva.
Em lingüística, abandonou o filão dos clássicos portugueses, de que Rui Bar
bosa e Carneiro Ribeiro foram grandes mineradores, para pesquisar os indianismos, que tanto enrique ceram a nossa língua. Paladino da linguagem brasileira, no de senvolvimento do idioma portu
guês, êle O foi com Edgar Sanchez ao ventilar o momcntoso
problema no Parlamento brasilei ro. O livro que publicou é obra-prima
títulos contidos mima vasta I>ib!iografia
va esclareceu muitos pontos obscuros
Em .sociologia, não escreveu di.sserta-
ções doutrinárias sôT3re raças. Nem dis cutiu as teorias de Pittard e Cobineau.
Se quisesse, enfrentaria cs Lapouge e Mas, em memorável
pontífice, sucessor dc Osvaldo Cruz c
rio, cm Minas Gerais, que merece ser lida pelos gestores da cousa pública. E"nvaidcço-mc dc ter sido seu amigo. O convívio de Artur Neiva era um des
mentido â proposição de Emerson de qnc a convivência prolongada desen canta.
Neiva ensinava, conversando.
Os maiores sabedores aprendiam com o baiano csfiisiantc de graça. Um dissipador da ciência, cuja obra escrita, em bora valiosa, não dá bem a medida do que valia aquele cérebro em continua Em sua casa acolhedora, à rua Per
43
do Lima e Ferreira Braga, maníacos cio "monstro" de Bayrouth. Respondia,
do pronto, a qualquer consulta, porque, costumava dizer Altino Arantes, trazia
Artur Neiva o Larousse na cabeça.
Membro da Comissão dos Negócios Estaduais, rendo homenagem à memò ria do sábio que em São Paulo plane jou a organização do Instituto Biológico, nfamada instituição de ciência aplicada; ao Diretor da Saúde Pública que ela borou notável Código Sanitário e se revelou extraordinário homem de ação
na luta contra a gripe espanhola; ao St>cretário do Interior em São Paulo que criou o Departamento das Municipalida des, órgão de assistência técnica aos
Carlos Chagas, realizou, com o auxílio
nambuco, em São Paulo, em que eu passava horas de regalo espiritual, muitas
do microscópio c da pena, obra dc pes
Vezes Artur Neiva brincava com a sua
quisa c dc apóstolo, combatendo o "stçphanoderes" c o berne, destruidores dc
tadamente para as comunas de peque na renda e cujos benéficos resultados
memória prodigiosa, submetendo-se, por diletantismo, a rigorosas sabatinas nos
podemos todos nós atestar; ao eminente
mais variados ramos do saber.
pela Interventoria Federal na'Bahia, fi
avultada riqueza brasileira.
Deslumbrava-me, dada a minha pre
Acusava-se a Artur Neiva de perdu lário na administração pública. Seria
dileção em arte, o seu conhecimento da
um grande administrador cm pais dc
miisíca alemã, solfejando melodias po pulares de Wagner, com a explicação
vastos recursos financeiros, assoalliavam os seus desafetos. Realmente, a
mentalidade arrojada dêssc bra sileiro dinâmico não se coadu
nava com a dos seus patrícios retrógrados. Sabia premiar o
mérito c não regateava o salá rio dos homens que com amor <3 competência dedicam a exis
tência ao Estado. Otimi.sta, confiava na futuro radioso do Brasil. Administrar não é só economizar. Ru
mo não permissível em país novo que não tem os seus problemas dc governo resolvidos. Administrar é saber gastar,
discurso, repleto de observações colhi
praticar obra de fomento.
das no Extremo Oriente, alertou a na
dessa tese, há uma página de fina iro nia de Garção Stockler, que figura em
ção ante o perigo amarelo, com o seu
diversas antologias mineiras, sôbre a
administração infeliz e elogiada dc An drade Figueira, na última fase do Impé
ebulição.
Em ciência experimental, cm que era
torra dadivosa e realizava visionando o
no gênero.
os Chamberlain.
Não o féz, porém. "O Recôncavo Baia
OroKSTO Ecf)Nó^^co
Em torno
I
municípios, medida de alto alcance, no-
homem público que, na rápida passagem xou os lineamenlos do Instituto do Ca
cau, obra do percudcnte visão adminis trativa.
Ao higienista, eficiente na profilu.via
cia idéia do tema ou "leit-motiv" e das lendas do Reno, como não o fariam
da Jepra, da sífilis e da malária.
melhor os antigos deputados Augu.sto
e, sobretudo, ao patriota.
Enfim, ao técnico, ao administrador
DiGESTO ECONÓ^HCO
Paralelo entie Raul Soares e Francisco Sales
'""t:ratas sinceros, Raul Soares dava
cm fase à autoridade e à disciplina, e l*raiícisco
Daniex de Carvalho
43
Sales, à
tolerância e à
liberdade.
• ^ Raul Soares passou pela esfera po
Prancisco Sales e Raul Soares apre-
lítica como um meteoro, um grande
sentavam as características tradicio nais dos grandes políticos mineiros do
O sr. Daniel de Carvalho, e.x-tilular
bólido que, em sua vertiginosa ascen
tempo do Império e da República ve
da pasta da Agrictdtura, publicista <jue
são, iluminou o cenário com o imenso
jó nos deu, entre outros trabalhos de
lha.
mérito, uma biografia de TeójÜo Otoni,
clarão de sua fulgurante passagem. Rm pleno zênite, apagou-se de re
Probidade pessoal, rigoroso es
crúpulo no emprego dos dinheiros do erário, decência na vida pública e privada, lealdade para com os chefes, os companheiros e o partido, dedica
ção ao bem comum, equilíbrio e se gurança no meio das paixões e dos movimentos desordenados da opinião,
está ulíwiando uma obra de iutcrêsse
pente, fulminado pelo raio traiçoeiro
para a história política brasileira: "Fran cisco Sales e sua época". Atendendo \a um convite nosso, S. Excia., gentilmente,
da morte. ♦
ma dos interesses do partido. Tinham o culto da palavra empenhada.
Possuíam em alto grau o que João Piniieiro denominou "o senso gra ve da ordem". A ambos repugnava tudo quanto fôsse ostentação, propa ganda ou demagogia.
Podiam pensar na sua cidade natal, no partido c no Estado ao alvitrar
qualquer solução política. Não pensa vam na sua pessoa, Se tiveram, não
demonstraram jamais ambição pes
soal. Seriam incapazes de insinuar a
própria candidatura, ou trabalhar por ela antes do pronunciamento da Con venção do Partido. As posições que tiveram ou os altos
cargos que ocuparam foram conse
qüência natural das responsabilidades assumidas nos acontecimentos políti cos. projetavam-se de tal forma no centro da luta que não podiam exi mir-se dos encargos resultantes do movimento vitorioso.
Raur Soares, brioso e cônscio do
ria, foi Presidente de Câmara Muni
O vulgo tinha por êle mais respeito do que afeição, devido a sua fama de
valente, sua rude franqueza e seus acessos de ira. Não se importava de fazer inimigos e tão natural achava, que se diria ter até prazer nisso. Aquela fisionomia de "porteira fe chada" abria-se, porém, no seio da família ou na roda dos amigos e dei xava ver um coração de ouro.
Tudo nêle respirava ordem, clareza, nitidez.
cedeu-nos o capítulo que ora vtserimos
cipal, Deputado Estadual, Secretário
Era homem de resoluções prontas
nesias páginas.
da Agricultura e Obras Públicas, Deputado Federal, Secretário de In
e de ação imediata. Francisco Sales militou cerca de 40
terior e Justiça, Ministro da Marinha,
anos
visão clara dos interesses nacionais, colocados sempre acima dos interes ses do Estado, bem como estes aci
Rm doze anos apenas de trajetó
e nunca exigiu dos companheiros atos de servilismo.
próprio valor, julgava-se à altura de
Senador Federal e Presidente do Es
política.
Subiu vagarosamente de degrau em
tado.
degrau, levando mais de 16 anos da
via sempre outros com mais títulos ou
A impressão geral, mesmo entre os seus inimigos, é a de que se interrom
dência do Estado. No apogeu perma
mais capacidade para as investiduras. Assim, por duas vezes, recusou a Pre
peu a arrancada de um grande desti no. Êle não mostrara a medida exata
sidência da República, conforme es-
de sua personalidade.
planamos minuciosamente em capítu lo especial.
que se seguiram ao seu • desapareci
quaisquer posições. Francisco Sales, humilde e desconfiado de suas forças,
Rm cada uma das crises políticas
propaganda republicana até a Presi neceu outros 16 anos para depois
cair, lentamente, e mergulhar na obscuridade da vida privada. No Palácio da Liberdade, ou como Senador, antes e depois de ocupar o
mento, comumente se ouvia a inter
Ministério da Fazenda, foi durante
do, não era frio nem distante. Inspi
rogação : que teria acontecido se Raul
mais de três' lustros o chefe incontes
rava
Soares estivesse vivo?
tável da política mineira. Astro poderoso, de luz serena e des
Francisco Sales, apesar de reserva simpatia
pelas
suas
maneiras
A política de Minas e do Brasil sen
simples, sua voz musical, sua mansitude e ainda pela doçura do olhar. Raul Soares, impetuoso, franco, de
te a falta da mocidade, da frescura
olhar duro, despertava logo entusias
quele, liomem superior.
dalma, da coragem e da firmeza da
mo e, raramente, medo ou antipatia.
Todos que dêle se aproximaram
Francisco Sales, tímido, tinha pavor das agitações ou das tempestades das
guardam a lembrança de um homem
maiada, arrastou na sua subida, como centro de um sistema planetário, e manteve em derredor, outras estréias
rutilantes, de vivo esplendor, que se
eminente pelo talento e pelo caráter.
chamaram João Pinheiro, Carlos Pei xoto, João Luiz .Alves, Antônio Car
multidões ou das assembléias. Evita-
No comércio da amizade, era inigua
va-as.
lável. Não há amigo que dêle tenha
los, Afrânio de Melo Franco, Pandiá Calógeras, Augusto de Lima, Estêvão
Raul
Soares
intrèpidamente
afrontava essas borrascas da vida pú blica. Parecia desejá-las para ter ocasião de arrostá-las e removê-las.
Ambos formaram o seu espírito no Brasil e jamais saíram do Pais. De-
uma queixa. Os que gozaram o privilé
Lobo, Gastão da Cunha, Davi Cam-
gio da sua estima até hoje deploram a perda de ,um amigo fiel e dedicado,
pista...
afetuoso e bom, que nunca admitiu
comprazia-se com o êxito por éles al
na intimidade vulgares engrossadores
Animava a carreira dos satélites e cançado.
DiGESTO ECONÓ^HCO
Paralelo entie Raul Soares e Francisco Sales
'""t:ratas sinceros, Raul Soares dava
cm fase à autoridade e à disciplina, e l*raiícisco
Daniex de Carvalho
43
Sales, à
tolerância e à
liberdade.
• ^ Raul Soares passou pela esfera po
Prancisco Sales e Raul Soares apre-
lítica como um meteoro, um grande
sentavam as características tradicio nais dos grandes políticos mineiros do
O sr. Daniel de Carvalho, e.x-tilular
bólido que, em sua vertiginosa ascen
tempo do Império e da República ve
da pasta da Agrictdtura, publicista <jue
são, iluminou o cenário com o imenso
jó nos deu, entre outros trabalhos de
lha.
mérito, uma biografia de TeójÜo Otoni,
clarão de sua fulgurante passagem. Rm pleno zênite, apagou-se de re
Probidade pessoal, rigoroso es
crúpulo no emprego dos dinheiros do erário, decência na vida pública e privada, lealdade para com os chefes, os companheiros e o partido, dedica
ção ao bem comum, equilíbrio e se gurança no meio das paixões e dos movimentos desordenados da opinião,
está ulíwiando uma obra de iutcrêsse
pente, fulminado pelo raio traiçoeiro
para a história política brasileira: "Fran cisco Sales e sua época". Atendendo \a um convite nosso, S. Excia., gentilmente,
da morte. ♦
ma dos interesses do partido. Tinham o culto da palavra empenhada.
Possuíam em alto grau o que João Piniieiro denominou "o senso gra ve da ordem". A ambos repugnava tudo quanto fôsse ostentação, propa ganda ou demagogia.
Podiam pensar na sua cidade natal, no partido c no Estado ao alvitrar
qualquer solução política. Não pensa vam na sua pessoa, Se tiveram, não
demonstraram jamais ambição pes
soal. Seriam incapazes de insinuar a
própria candidatura, ou trabalhar por ela antes do pronunciamento da Con venção do Partido. As posições que tiveram ou os altos
cargos que ocuparam foram conse
qüência natural das responsabilidades assumidas nos acontecimentos políti cos. projetavam-se de tal forma no centro da luta que não podiam exi mir-se dos encargos resultantes do movimento vitorioso.
Raur Soares, brioso e cônscio do
ria, foi Presidente de Câmara Muni
O vulgo tinha por êle mais respeito do que afeição, devido a sua fama de
valente, sua rude franqueza e seus acessos de ira. Não se importava de fazer inimigos e tão natural achava, que se diria ter até prazer nisso. Aquela fisionomia de "porteira fe chada" abria-se, porém, no seio da família ou na roda dos amigos e dei xava ver um coração de ouro.
Tudo nêle respirava ordem, clareza, nitidez.
cedeu-nos o capítulo que ora vtserimos
cipal, Deputado Estadual, Secretário
Era homem de resoluções prontas
nesias páginas.
da Agricultura e Obras Públicas, Deputado Federal, Secretário de In
e de ação imediata. Francisco Sales militou cerca de 40
terior e Justiça, Ministro da Marinha,
anos
visão clara dos interesses nacionais, colocados sempre acima dos interes ses do Estado, bem como estes aci
Rm doze anos apenas de trajetó
e nunca exigiu dos companheiros atos de servilismo.
próprio valor, julgava-se à altura de
Senador Federal e Presidente do Es
política.
Subiu vagarosamente de degrau em
tado.
degrau, levando mais de 16 anos da
via sempre outros com mais títulos ou
A impressão geral, mesmo entre os seus inimigos, é a de que se interrom
dência do Estado. No apogeu perma
mais capacidade para as investiduras. Assim, por duas vezes, recusou a Pre
peu a arrancada de um grande desti no. Êle não mostrara a medida exata
sidência da República, conforme es-
de sua personalidade.
planamos minuciosamente em capítu lo especial.
que se seguiram ao seu • desapareci
quaisquer posições. Francisco Sales, humilde e desconfiado de suas forças,
Rm cada uma das crises políticas
propaganda republicana até a Presi neceu outros 16 anos para depois
cair, lentamente, e mergulhar na obscuridade da vida privada. No Palácio da Liberdade, ou como Senador, antes e depois de ocupar o
mento, comumente se ouvia a inter
Ministério da Fazenda, foi durante
do, não era frio nem distante. Inspi
rogação : que teria acontecido se Raul
mais de três' lustros o chefe incontes
rava
Soares estivesse vivo?
tável da política mineira. Astro poderoso, de luz serena e des
Francisco Sales, apesar de reserva simpatia
pelas
suas
maneiras
A política de Minas e do Brasil sen
simples, sua voz musical, sua mansitude e ainda pela doçura do olhar. Raul Soares, impetuoso, franco, de
te a falta da mocidade, da frescura
olhar duro, despertava logo entusias
quele, liomem superior.
dalma, da coragem e da firmeza da
mo e, raramente, medo ou antipatia.
Todos que dêle se aproximaram
Francisco Sales, tímido, tinha pavor das agitações ou das tempestades das
guardam a lembrança de um homem
maiada, arrastou na sua subida, como centro de um sistema planetário, e manteve em derredor, outras estréias
rutilantes, de vivo esplendor, que se
eminente pelo talento e pelo caráter.
chamaram João Pinheiro, Carlos Pei xoto, João Luiz .Alves, Antônio Car
multidões ou das assembléias. Evita-
No comércio da amizade, era inigua
va-as.
lável. Não há amigo que dêle tenha
los, Afrânio de Melo Franco, Pandiá Calógeras, Augusto de Lima, Estêvão
Raul
Soares
intrèpidamente
afrontava essas borrascas da vida pú blica. Parecia desejá-las para ter ocasião de arrostá-las e removê-las.
Ambos formaram o seu espírito no Brasil e jamais saíram do Pais. De-
uma queixa. Os que gozaram o privilé
Lobo, Gastão da Cunha, Davi Cam-
gio da sua estima até hoje deploram a perda de ,um amigo fiel e dedicado,
pista...
afetuoso e bom, que nunca admitiu
comprazia-se com o êxito por éles al
na intimidade vulgares engrossadores
Animava a carreira dos satélites e cançado.
T-v—FÍT»^
vvl^'
cn Dicksto Econó.mico
Dioesto Econóauco
comecli<lo.s, mas cortantes. Suas atitu
era sóbrio, não dançava, não freqüen
de apurados trabalhos e meditava
votamento do Que entusiasmo.
des eram claras c definidas. Amava o
tava salões, não tinha quase diver
Se Raul Soares era notável pelos dotes tribunícios, pela cultura literá
jôgo, os bons vinlios, a boa mesa, a
sões.
muito antes de agir. Não seria capaz de arriscar tudo numa parada. Era
ria e pela forma lapidar dos seus es critos, Francisco Sales, orador sem brilho, sobressaía pelo seguro conhe
tôdas as cousas belas da vida. Casou
matrimônio. A morte prematura da
sempre encontrou refúgio para as tor-
cimento de nossas questões econômi
primeira cspô.sa o abateu profunda
nientas da vida. Teve uma existência
cas e financeiras.
mente.
Cumpriu a sua missão com mais de-
dança, as artes, a literatura, a poesia, por amor c foi inteiramente feliz no
Êste era um político à moda antiga,
Casou novamente • por amor e en
tipo representativo do bon vieux temps,
controu no novo lar o que dêle espe
acostumado a ouvir os companheiros
rava cm dedicação c ternura. Na cons
e pesar muito as circunstâncias antes
tância de ambos os casamentos foi de exemplar fidelidade.
de emitir uma opinião ou tomar uma decisão.
profundamente religioso e católico praticante.
Apertado na alternativa de matar pu ser morto, acredito que preferiria morrer. '
Na vida pública ou privada, gostava
Não tinha respostas prontas. Mi
nucioso e exato nos negócios parti culares, mostrava em regra certa im
precisão nos casos políticos para os quais deixava mais de uma porta aberta. Cordato e conciliador, por na
de pôr as cartas na mesa. Era franco e positivo.
Dava sua opinião sem rodeios c sem esperar pela do interlocutor. Era cruel
tureza, gostava de acordos e acomo
na ironia c no sarcasmo, quando ne cessário. Zurzia impiedosamente os falsos, os hipócritas, os aduladores, os
dações.
felõcs, os mentirosos, os covardes...
Formado na época das diligências e da estrada de ferro, não parecia feito
Não era um modelo de católico. Acreditava em Deus e lamentava .não
para a rápida evolução do mundo do após-guerra, com o rádio e o avião.
possuin. a graça da fc cm todos os
Seu caráter firme, inclinado à tole
rância, não se irritava com as faltas alheias. Paciente ao extremo, de uma lealdade a tôda prova, era de uma de
dicação Tem limites para com os ami
gos. Tornava-se vítima constante de cacetes. Doía-se das injustiças, mas perdoava facilmente os desafetos. Não tinha ímpeto? de cólera nem guarda va rancores.
Casou-se também por amor, consti tuiu numerosa família, em cUjo seio
• - •
,
Sua atitude diante das misérias hu
manas era antes de piedade que de ódio.
Raul Soares, elegante, alerta, de ma neiras aristocráticas, cheio de con
fiança em si mesmo, ia direito ao alvo, com aquele vozeirão tão seu e gastos
mandamentòs da Igreja. Colocado no dilema de matar ou morrer, não .vacilaria em matar. O fi gurino de um cadete da Gasconlia não lhe iria mal.
Francisco Sales, despreocupado de elegância nas roupas ou nos modos, com um eterno ar de caipira, modes
to por natureza e educação, de voz suave, movimentos vagarosos, dissi
mulava por vezes o objetivo visado. Como os remadores, puxava de costas para o rumo da proa. Ficava nas -meias-tintas
indecisas
até que o companheiro ou adversáric descobrisse o próprio jôgo. Aliás, a palavra vai aqui num sentido figura do, porque êle não jogava, não bebia,
' Ti
T-v—FÍT»^
vvl^'
cn Dicksto Econó.mico
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comecli<lo.s, mas cortantes. Suas atitu
era sóbrio, não dançava, não freqüen
de apurados trabalhos e meditava
votamento do Que entusiasmo.
des eram claras c definidas. Amava o
tava salões, não tinha quase diver
Se Raul Soares era notável pelos dotes tribunícios, pela cultura literá
jôgo, os bons vinlios, a boa mesa, a
sões.
muito antes de agir. Não seria capaz de arriscar tudo numa parada. Era
ria e pela forma lapidar dos seus es critos, Francisco Sales, orador sem brilho, sobressaía pelo seguro conhe
tôdas as cousas belas da vida. Casou
matrimônio. A morte prematura da
sempre encontrou refúgio para as tor-
cimento de nossas questões econômi
primeira cspô.sa o abateu profunda
nientas da vida. Teve uma existência
cas e financeiras.
mente.
Cumpriu a sua missão com mais de-
dança, as artes, a literatura, a poesia, por amor c foi inteiramente feliz no
Êste era um político à moda antiga,
Casou novamente • por amor e en
tipo representativo do bon vieux temps,
controu no novo lar o que dêle espe
acostumado a ouvir os companheiros
rava cm dedicação c ternura. Na cons
e pesar muito as circunstâncias antes
tância de ambos os casamentos foi de exemplar fidelidade.
de emitir uma opinião ou tomar uma decisão.
profundamente religioso e católico praticante.
Apertado na alternativa de matar pu ser morto, acredito que preferiria morrer. '
Na vida pública ou privada, gostava
Não tinha respostas prontas. Mi
nucioso e exato nos negócios parti culares, mostrava em regra certa im
precisão nos casos políticos para os quais deixava mais de uma porta aberta. Cordato e conciliador, por na
de pôr as cartas na mesa. Era franco e positivo.
Dava sua opinião sem rodeios c sem esperar pela do interlocutor. Era cruel
tureza, gostava de acordos e acomo
na ironia c no sarcasmo, quando ne cessário. Zurzia impiedosamente os falsos, os hipócritas, os aduladores, os
dações.
felõcs, os mentirosos, os covardes...
Formado na época das diligências e da estrada de ferro, não parecia feito
Não era um modelo de católico. Acreditava em Deus e lamentava .não
para a rápida evolução do mundo do após-guerra, com o rádio e o avião.
possuin. a graça da fc cm todos os
Seu caráter firme, inclinado à tole
rância, não se irritava com as faltas alheias. Paciente ao extremo, de uma lealdade a tôda prova, era de uma de
dicação Tem limites para com os ami
gos. Tornava-se vítima constante de cacetes. Doía-se das injustiças, mas perdoava facilmente os desafetos. Não tinha ímpeto? de cólera nem guarda va rancores.
Casou-se também por amor, consti tuiu numerosa família, em cUjo seio
• - •
,
Sua atitude diante das misérias hu
manas era antes de piedade que de ódio.
Raul Soares, elegante, alerta, de ma neiras aristocráticas, cheio de con
fiança em si mesmo, ia direito ao alvo, com aquele vozeirão tão seu e gastos
mandamentòs da Igreja. Colocado no dilema de matar ou morrer, não .vacilaria em matar. O fi gurino de um cadete da Gasconlia não lhe iria mal.
Francisco Sales, despreocupado de elegância nas roupas ou nos modos, com um eterno ar de caipira, modes
to por natureza e educação, de voz suave, movimentos vagarosos, dissi
mulava por vezes o objetivo visado. Como os remadores, puxava de costas para o rumo da proa. Ficava nas -meias-tintas
indecisas
até que o companheiro ou adversáric descobrisse o próprio jôgo. Aliás, a palavra vai aqui num sentido figura do, porque êle não jogava, não bebia,
' Ti
r< 11,. V 'f r»»>
•> '1,^
t»»»
Dicesto Econômico
49
cm duas ou três semanas, com vazões
tuem grande percentagem da crosta ter restre, e a vida neste planeta desenvol-
O problema dos solos ácidos
do 50 a 100 m3 por hora. Ao mesmo
José Setzer
nas do quilômetros para levar às pla nícies desérticas a água represada no alto das serras encaixantes, de clima
solos, nas águas e nas rochas. Entre
úmido ou com os cumes cobertos de
suniformidade geológica e climática, há
P y LEI geral de pedologia que nos climas
úmidos
formam-se
ácidos, mineralmente pobres,
solos
mas ri
tempo constrocm-se
As civilizações antigas surgiram cm climas intcrmediário.s,
semi-áridos
e
cos em matéria orgânica, ao passo que
subúmidoa, isto c, onde as terras não eram pobres o ácida.s, mas ao mc.smo
nos climas secos se formam solos al-
tempo havia água suficiente para o cul
calinos, quimicamente ricos,
tivo. Ainda mais freqüento era o caso
mas po
Pode-se explicar êsse fato inexorá
vel em poucas pala\Tas. Muita chuva significa lixiviação do solo. Õs mine
rais são decompostos, solubilizados, c
os sais evacuados pelas águas que atra vessam o solo, o qual se apresenta cons tituído finalmente por resíduos estáveis e estereis, pois os nutrimentos das plan tas ja foram eliminados.
Mas a abundância de água produz* vegetação luxuriante, a qual enriquece o solo com seus detritos. A ausência
de cálcio, magnésio, potássio e sódio, e a abundancia de ácidos orgânicos, de terminam o caráter ácido do solo'. Se leciona-se vegetação resistente à acidez
• e à pobreza do solo. ^ O homem nativo
de tais solos sabe que toda essa vege tação luxuriante não indica mais que terra pobre. Mas pessoa de outro cli ma, muito menos úmido e quente, po de extasiar-se, classificar as terras de "dadivosas e boas" e mesmo garantir
que "plantando, dá". ■ Nos climas
noves mais ou monos perenes.
rão a ser verdadeiros celeiros, graças à riqueza química dos seus solos.
áridos çhove
pouco e
evapora muito mais. O solo é atraves sado pelas águas de baixo para cima, acumulando-se na superfície sais solú veis. A abundância de sódio, potássio, cálcio e magnésio toma alcalino o solo. A falta de umidade impede o cresci mento'dos vegetais. Daí,a pobreza or gânica das terras.
Outra lei de pedologia diz que ne
ra.s riquíssimas, mas irrigadas por inun dações periódicas o infalíveis, provoca das por cursos dágua de grande en\er-
nhum solo pode ser fértil sendo pobre em cálcio.
gadura.
universal ? Por sua natu
reza química, o elemento
pela retenção, nas várzeas, de detritos
cálcio ó o melhor regula-
orgânicos abundantes trazidos pelos rios
rizador dos excessos de
das regiões úmidas: além da riqnoza
acidez
química, havia também a riqueza orgâ
alcalinidade,
do limites próximos à neutralidade. Mas por
Com o desenvolvimento da técnica,
o homem aprendeu a dominar terra's cada vez mais pobres aplicanclo-Ihcs estéreo. A acidez só pôde ser enfren
quo são inconvenientes a acidez e a alcalinidade excessivas ?
tada nos últimos séculos. Antes disto,
E* verdade que todos
só se cultivavam as terras pobres pos
os excessos são nocivos, mas existe ex
suidoras de concreções calcáreas, como c o caso das planícies baixas da Europa
plicação melhor: todo ser vivo, animal ou planta, é constituído por tecidos di versos e líquidos fisiológicos, os quais
existência de inver
no frio representa fator importante no contròle das pragas da lavoura, a faixa agrícola mais próspera do mundo des
são colóides; e a estabilidade dos co-
lóides, isto é, o perfeito funcionamen to de todos os órgãos, só se obtém no
locou-se para as terras levemente ácidas e pobres, desde que o homem dominou
meio neutro ou apenas levemente áci
do ou alcalino. Se sem água e oxigê
esses defeitos do solo com estéreo, cal-
cáreo c adubação química. Nova etapa começou com o século XX, quando se descobriu que muitas planícies sedimentares desérticas pos suíam lençóis de água doce na profun didade de poucas centenas de metros. Hoje existem perfuratrizes de poços ar tesianos capazes de captar essas águas
e
mantendo ambas "dentro
nica sem qualquer acidez.
Como
veu-so desde os seus primórdios con tando com certos teores de cálcio nos
tanto, em conseqüência da natural deregiões de abundância e de escassez de cálcio.
e os animais do
desenvolvimento,
de altas doses
de
cálcio que muitas vêzes não encontram nas regiões de escassez. Tais regiões trazem estig-
ma de pobreza, desen\*oIvimento frustrado, doen-
IO
ças endêmicas, analfabe tismo, superstição, sujei ção dócil a condições mi seráveis, indolência, des
crença nas próprias ca pacidades, ausência de
ambição. Quase tôdas as plantas indispensáveis culti\'adas pelo homem
distinguem-se por possuí rem altas exigências de
cálcio. Nenhuma pastagem pode ser realmente boa, se o solo fôr pobre em cálcio. De nada adianta possuir vastidões de campo pobre: o gado come muito, mas não se nutre.
Muitas nações de clima frio e úmi
do, achando-se em boa situação geo gráfica, estão no entanto fortemente
ou, no máximo, os seres vivoé teriam
freadas no seu desenvolvimento pela pobreza do solo, como, por exemplo, as do norte da Europa. Mas as nações de
por base o ferro ou outro elemento que
temperaturas mais amenas e clima não
alteraria a feição da vida de maneira
excessivamente úmido só não se desen
impossível de imaginar.
volvem quando não sabem usar cálcio. E' verdade que a ausência de estação
nio a terra seria uma planeta morto, sem cálcio o resultado seria o mesmo,
1
O homem
mésticos necessitam, para o seu bom
Qual a razão dêsse fato
Êstc último caso era ainda
mais favorável pela riqueza do solo c
Central.
Com
isso, muitos dos desertos atuais passa
do climas francamente áridos, com ler-
bres de húmus.
canais de cente
Em todo caso, o fato é que os sedi mentos calcáreos, antiquíssimos ou mo dernos, metamorfizados ou não, consti
fria significa necessidade de grande esfôrço para dominar as pragas nos cli-
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Dicesto Econômico
49
cm duas ou três semanas, com vazões
tuem grande percentagem da crosta ter restre, e a vida neste planeta desenvol-
O problema dos solos ácidos
do 50 a 100 m3 por hora. Ao mesmo
José Setzer
nas do quilômetros para levar às pla nícies desérticas a água represada no alto das serras encaixantes, de clima
solos, nas águas e nas rochas. Entre
úmido ou com os cumes cobertos de
suniformidade geológica e climática, há
P y LEI geral de pedologia que nos climas
úmidos
formam-se
ácidos, mineralmente pobres,
solos
mas ri
tempo constrocm-se
As civilizações antigas surgiram cm climas intcrmediário.s,
semi-áridos
e
cos em matéria orgânica, ao passo que
subúmidoa, isto c, onde as terras não eram pobres o ácida.s, mas ao mc.smo
nos climas secos se formam solos al-
tempo havia água suficiente para o cul
calinos, quimicamente ricos,
tivo. Ainda mais freqüento era o caso
mas po
Pode-se explicar êsse fato inexorá
vel em poucas pala\Tas. Muita chuva significa lixiviação do solo. Õs mine
rais são decompostos, solubilizados, c
os sais evacuados pelas águas que atra vessam o solo, o qual se apresenta cons tituído finalmente por resíduos estáveis e estereis, pois os nutrimentos das plan tas ja foram eliminados.
Mas a abundância de água produz* vegetação luxuriante, a qual enriquece o solo com seus detritos. A ausência
de cálcio, magnésio, potássio e sódio, e a abundancia de ácidos orgânicos, de terminam o caráter ácido do solo'. Se leciona-se vegetação resistente à acidez
• e à pobreza do solo. ^ O homem nativo
de tais solos sabe que toda essa vege tação luxuriante não indica mais que terra pobre. Mas pessoa de outro cli ma, muito menos úmido e quente, po de extasiar-se, classificar as terras de "dadivosas e boas" e mesmo garantir
que "plantando, dá". ■ Nos climas
noves mais ou monos perenes.
rão a ser verdadeiros celeiros, graças à riqueza química dos seus solos.
áridos çhove
pouco e
evapora muito mais. O solo é atraves sado pelas águas de baixo para cima, acumulando-se na superfície sais solú veis. A abundância de sódio, potássio, cálcio e magnésio toma alcalino o solo. A falta de umidade impede o cresci mento'dos vegetais. Daí,a pobreza or gânica das terras.
Outra lei de pedologia diz que ne
ra.s riquíssimas, mas irrigadas por inun dações periódicas o infalíveis, provoca das por cursos dágua de grande en\er-
nhum solo pode ser fértil sendo pobre em cálcio.
gadura.
universal ? Por sua natu
reza química, o elemento
pela retenção, nas várzeas, de detritos
cálcio ó o melhor regula-
orgânicos abundantes trazidos pelos rios
rizador dos excessos de
das regiões úmidas: além da riqnoza
acidez
química, havia também a riqueza orgâ
alcalinidade,
do limites próximos à neutralidade. Mas por
Com o desenvolvimento da técnica,
o homem aprendeu a dominar terra's cada vez mais pobres aplicanclo-Ihcs estéreo. A acidez só pôde ser enfren
quo são inconvenientes a acidez e a alcalinidade excessivas ?
tada nos últimos séculos. Antes disto,
E* verdade que todos
só se cultivavam as terras pobres pos
os excessos são nocivos, mas existe ex
suidoras de concreções calcáreas, como c o caso das planícies baixas da Europa
plicação melhor: todo ser vivo, animal ou planta, é constituído por tecidos di versos e líquidos fisiológicos, os quais
existência de inver
no frio representa fator importante no contròle das pragas da lavoura, a faixa agrícola mais próspera do mundo des
são colóides; e a estabilidade dos co-
lóides, isto é, o perfeito funcionamen to de todos os órgãos, só se obtém no
locou-se para as terras levemente ácidas e pobres, desde que o homem dominou
meio neutro ou apenas levemente áci
do ou alcalino. Se sem água e oxigê
esses defeitos do solo com estéreo, cal-
cáreo c adubação química. Nova etapa começou com o século XX, quando se descobriu que muitas planícies sedimentares desérticas pos suíam lençóis de água doce na profun didade de poucas centenas de metros. Hoje existem perfuratrizes de poços ar tesianos capazes de captar essas águas
e
mantendo ambas "dentro
nica sem qualquer acidez.
Como
veu-so desde os seus primórdios con tando com certos teores de cálcio nos
tanto, em conseqüência da natural deregiões de abundância e de escassez de cálcio.
e os animais do
desenvolvimento,
de altas doses
de
cálcio que muitas vêzes não encontram nas regiões de escassez. Tais regiões trazem estig-
ma de pobreza, desen\*oIvimento frustrado, doen-
IO
ças endêmicas, analfabe tismo, superstição, sujei ção dócil a condições mi seráveis, indolência, des
crença nas próprias ca pacidades, ausência de
ambição. Quase tôdas as plantas indispensáveis culti\'adas pelo homem
distinguem-se por possuí rem altas exigências de
cálcio. Nenhuma pastagem pode ser realmente boa, se o solo fôr pobre em cálcio. De nada adianta possuir vastidões de campo pobre: o gado come muito, mas não se nutre.
Muitas nações de clima frio e úmi
do, achando-se em boa situação geo gráfica, estão no entanto fortemente
ou, no máximo, os seres vivoé teriam
freadas no seu desenvolvimento pela pobreza do solo, como, por exemplo, as do norte da Europa. Mas as nações de
por base o ferro ou outro elemento que
temperaturas mais amenas e clima não
alteraria a feição da vida de maneira
excessivamente úmido só não se desen
impossível de imaginar.
volvem quando não sabem usar cálcio. E' verdade que a ausência de estação
nio a terra seria uma planeta morto, sem cálcio o resultado seria o mesmo,
1
O homem
mésticos necessitam, para o seu bom
Qual a razão dêsse fato
Êstc último caso era ainda
mais favorável pela riqueza do solo c
Central.
Com
isso, muitos dos desertos atuais passa
do climas francamente áridos, com ler-
bres de húmus.
canais de cente
Em todo caso, o fato é que os sedi mentos calcáreos, antiquíssimos ou mo dernos, metamorfizados ou não, consti
fria significa necessidade de grande esfôrço para dominar as pragas nos cli-
Dicrsto EcoNÓ^^co rico Dicesto Econóníico
51
^
zcirus de despesa por hectare, só com mas úmidos,
mas o próprio
cálcio
as terras brasileiras não sejam as mais
empresta aos vegetais resistência notá
ricas do tmindo, mas de.síle os três ou
vel contra as moléstias.
quatro últimos anos as últimas vozes ufanistas se calaram e lioie existe una
Pelo que dissemos acima, o minério de cálcio, que c o calcárco, possui lar
ga distribuição sôbrc a face da terra. Mesmo um país relativamente mal do tado dc calcárco, como o Brasil, pos sui bilbões dc toneladas, concentradas cm verdadeiras montanhas calcáreas de fácil utili7-ação. Ocorrem em todos os Estados, talvez com exceção do Terri tório do Acre.
Nos Estados Unidos, país que só pe la metade apresenta solos ácidos, dos quais menos dc 40% apresentam acidez bastante pronunciada para necessitar de corretivo calcárco, 25 milhões de toneladas são hoje aplicadas, anual mente, somente em forma do pó contra a acidez do solo, não se contando os demais usos, para cal, cimento, siderur gia etc. E o uso cm agricultura vem sempre aumentando, tendo sido de 17 milhões de toneladas em 1945.
Apesar de serem maiores aqui, no Brasil as necessidades de pó calcárco, porque temos 85% dc terras ácidas, e ■ por ser mais úmido c quente aqui o clima, e portanto mais ácidas as ter
ras, o consumo anual brasileiro ainda está longe de atingir a milésima parte do americano. E não é por falta dc devida avaliação da necessidade. O autor destas linhas, que foi entre nós
o
dc acidez das terras agríeola.s pelo uso
gação c mesmo propaganda do pó cal cárco para a agricultura. E' verdade que tem sido combaHdo por' "patrio tas" que não toleram a idéia de que
to do calcáreo c tiveram de desistir de
reo é diferente.
tiginoso incremento do uso do calcáreo
Por que perdura, então, esta situa
seria uma estupenda realidade, e os
ção de quase ausência completa do calcárco em pó na adiibação das nos sas terras ? Não vamos entrar aqui em
ufanistas citados teriam proclamado a inteligência e a clarividòncia do lavra dor brasileiro.
ponncnores. Vamos abordar o âmago
Achamos que o problema
só pode
ser resoK ido pelo Governo, fazendo vi uma tonelada
gorar durante uns 10 anos as seguintes
de pó calcareo custa um dólar c meio
no moinho, c o transporte é barato e eficiente por serem muitos e bem dis
as fábricas do cimento produzem bom pó calcareo c sao capazes de fornecer
mudas
amendoim, mas o aumento constante da fertilidade das terras resultará eni in
ferroviário à simples taxa de expedien te; 4) incremento
vontade, e a 300 ou 350 cru?íeiros a
da divulgação do
uso do calcárco entre os lavradores.
tonelada. O transporte por estrada dc ferro, no geral dc uns 200 a 300 km,
Moinhos de calcáreo . modernos
de ár\-ores
ou sementes
de
cremento duradouro de tôda a produ ção agrícola; máquinas, tratores, uten
sílios diversos e mesmo objetos de luxo passariam a circular em quantidades maiores, pois se trata do aumento ge
de
bom tainanbo, de umas 500 toneladas diárias, situados mesmo a 30 ou 40 km
custa mais 100 cruzeiros por tonelada. As terras precisam do uma a duas to neladas por hectare, anualmente. Os vendedores do adubos cobram 400 a 450 cruzeiros por tonelada, com frete
mo podem. Muitas distribuem gratui tamente mudas de eucalipto, transpor tam de graça sementes para os lavra dores, etc., pois sabem que o aumento da produção agrícola trará maior cir culação de carga bem remunerada. E' verdade que o caIc;\reo representa vo lume incomparavelmente maior que
medidas: 1) isenção dc direitos alfan
ção dc impostos; 3) redução do frete
boas quantidades, aliás sem grande boa
Tôdas as fenorias possuem seiviço de fomento agrícola, que executiim co
degários para a importação de instala ções c máquinas para moagem de cal cárco como corretivo do solo; 2) isen
tribuídos os moinhos. Aqui, somente
ral do padrão de rida da população rural.
do estrada de ferro, poderiam produzir
Diversas das fenorias paulistas quei xam-se de que a sua zona era próspe
uma tonelada por 60 cruzeiros, posta
ra no começo do século, e hoje não
na estação. Vendendo-o a 100 cruzei
a cargo do comprador, c não gostam
ros, teriam toda a sua instalação paga
passa de terras esgotadas, improduti vas. Való a pena experimentar duran
do negociar com o produto porque ganliam pouco por unidade dc peso.
cm 2 anos. Os lavradores, servidos di retamente, sem intermediários, conse guiriam o calcáreo a 105 ou 110 cruzei
te dez anos o' transporte gratuito di5 calcáreo para tentar o" milagre da Volta
Sambaquis moídos, que são conchciros do beira-mar, e que constituem o me
viária mais .próxima. No- prazo de al
lhor calcareo, graças à sua estrutura esponjosa e presença de apreciável teor
guns anos o próprio aumento da ferti
lidade das terras lhes permitiria paga
noroeste do
Estado de São
Paulo, cuja terras enfraqueceram peri gosamente, isso significaria 1.500 cru-.^
_(
nação inteira, e não sòmentc o piopric-
Ppde-sc argumentar que tal plano peca por ser mais um dos muitos que tomam as estradas de ferro como o eter
devemos trabalhar.
cáreo reside a riqueza
duradoura do
solo.
fl
Quando um hectare de terra ganha
calcáreo todos os anos, quem lucra ó a tcírio atual daquele hectare. O futuro do País todo depende da conservação da fertilidade do seu solo, que é o seu único patrimônio perene. Para que da qui a cem ou duzentos anos o Brasil seja uma grande nação, agora é que
rem o frete e lhes ensinaria que no cal
o corretivo calcáreo tanto quanto com a adubação propriamente dita. Aos plantadores dc algodão, por exemplo, na parte
da fertilidade das suas zonas.
ros a tonelada, posto na estação ferro
o primeiro a demonstrar a necessidade- de fósforo, são ainda mais caros. Afi generalizada da calagem das terras, nal, o lavrador c obrigado a gastar com tem escrito desde 1940 cêrca de uma centena dc artigos, de pesquisa, divul
graça. Se outros planos são realmente injustos neste ponto, o caso do calcá
usá-lo. Sc o preço fosse semelhante ao que paga o agricultor americano, o ver
do calcárco moído.
no bode expiatório, ou como a única bésta de carga que de\e truballuir de
agricultores já se informaram a respei
Estamos certos dc que milhares de
nimidade completa a favor da correção
da. questão. Nos Estados Unidos,
calcáreo.
Dicrsto EcoNÓ^^co rico Dicesto Econóníico
51
^
zcirus de despesa por hectare, só com mas úmidos,
mas o próprio
cálcio
as terras brasileiras não sejam as mais
empresta aos vegetais resistência notá
ricas do tmindo, mas de.síle os três ou
vel contra as moléstias.
quatro últimos anos as últimas vozes ufanistas se calaram e lioie existe una
Pelo que dissemos acima, o minério de cálcio, que c o calcárco, possui lar
ga distribuição sôbrc a face da terra. Mesmo um país relativamente mal do tado dc calcárco, como o Brasil, pos sui bilbões dc toneladas, concentradas cm verdadeiras montanhas calcáreas de fácil utili7-ação. Ocorrem em todos os Estados, talvez com exceção do Terri tório do Acre.
Nos Estados Unidos, país que só pe la metade apresenta solos ácidos, dos quais menos dc 40% apresentam acidez bastante pronunciada para necessitar de corretivo calcárco, 25 milhões de toneladas são hoje aplicadas, anual mente, somente em forma do pó contra a acidez do solo, não se contando os demais usos, para cal, cimento, siderur gia etc. E o uso cm agricultura vem sempre aumentando, tendo sido de 17 milhões de toneladas em 1945.
Apesar de serem maiores aqui, no Brasil as necessidades de pó calcárco, porque temos 85% dc terras ácidas, e ■ por ser mais úmido c quente aqui o clima, e portanto mais ácidas as ter
ras, o consumo anual brasileiro ainda está longe de atingir a milésima parte do americano. E não é por falta dc devida avaliação da necessidade. O autor destas linhas, que foi entre nós
o
dc acidez das terras agríeola.s pelo uso
gação c mesmo propaganda do pó cal cárco para a agricultura. E' verdade que tem sido combaHdo por' "patrio tas" que não toleram a idéia de que
to do calcáreo c tiveram de desistir de
reo é diferente.
tiginoso incremento do uso do calcáreo
Por que perdura, então, esta situa
seria uma estupenda realidade, e os
ção de quase ausência completa do calcárco em pó na adiibação das nos sas terras ? Não vamos entrar aqui em
ufanistas citados teriam proclamado a inteligência e a clarividòncia do lavra dor brasileiro.
ponncnores. Vamos abordar o âmago
Achamos que o problema
só pode
ser resoK ido pelo Governo, fazendo vi uma tonelada
gorar durante uns 10 anos as seguintes
de pó calcareo custa um dólar c meio
no moinho, c o transporte é barato e eficiente por serem muitos e bem dis
as fábricas do cimento produzem bom pó calcareo c sao capazes de fornecer
mudas
amendoim, mas o aumento constante da fertilidade das terras resultará eni in
ferroviário à simples taxa de expedien te; 4) incremento
vontade, e a 300 ou 350 cru?íeiros a
da divulgação do
uso do calcárco entre os lavradores.
tonelada. O transporte por estrada dc ferro, no geral dc uns 200 a 300 km,
Moinhos de calcáreo . modernos
de ár\-ores
ou sementes
de
cremento duradouro de tôda a produ ção agrícola; máquinas, tratores, uten
sílios diversos e mesmo objetos de luxo passariam a circular em quantidades maiores, pois se trata do aumento ge
de
bom tainanbo, de umas 500 toneladas diárias, situados mesmo a 30 ou 40 km
custa mais 100 cruzeiros por tonelada. As terras precisam do uma a duas to neladas por hectare, anualmente. Os vendedores do adubos cobram 400 a 450 cruzeiros por tonelada, com frete
mo podem. Muitas distribuem gratui tamente mudas de eucalipto, transpor tam de graça sementes para os lavra dores, etc., pois sabem que o aumento da produção agrícola trará maior cir culação de carga bem remunerada. E' verdade que o caIc;\reo representa vo lume incomparavelmente maior que
medidas: 1) isenção dc direitos alfan
ção dc impostos; 3) redução do frete
boas quantidades, aliás sem grande boa
Tôdas as fenorias possuem seiviço de fomento agrícola, que executiim co
degários para a importação de instala ções c máquinas para moagem de cal cárco como corretivo do solo; 2) isen
tribuídos os moinhos. Aqui, somente
ral do padrão de rida da população rural.
do estrada de ferro, poderiam produzir
Diversas das fenorias paulistas quei xam-se de que a sua zona era próspe
uma tonelada por 60 cruzeiros, posta
ra no começo do século, e hoje não
na estação. Vendendo-o a 100 cruzei
a cargo do comprador, c não gostam
ros, teriam toda a sua instalação paga
passa de terras esgotadas, improduti vas. Való a pena experimentar duran
do negociar com o produto porque ganliam pouco por unidade dc peso.
cm 2 anos. Os lavradores, servidos di retamente, sem intermediários, conse guiriam o calcáreo a 105 ou 110 cruzei
te dez anos o' transporte gratuito di5 calcáreo para tentar o" milagre da Volta
Sambaquis moídos, que são conchciros do beira-mar, e que constituem o me
viária mais .próxima. No- prazo de al
lhor calcareo, graças à sua estrutura esponjosa e presença de apreciável teor
guns anos o próprio aumento da ferti
lidade das terras lhes permitiria paga
noroeste do
Estado de São
Paulo, cuja terras enfraqueceram peri gosamente, isso significaria 1.500 cru-.^
_(
nação inteira, e não sòmentc o piopric-
Ppde-sc argumentar que tal plano peca por ser mais um dos muitos que tomam as estradas de ferro como o eter
devemos trabalhar.
cáreo reside a riqueza
duradoura do
solo.
fl
Quando um hectare de terra ganha
calcáreo todos os anos, quem lucra ó a tcírio atual daquele hectare. O futuro do País todo depende da conservação da fertilidade do seu solo, que é o seu único patrimônio perene. Para que da qui a cem ou duzentos anos o Brasil seja uma grande nação, agora é que
rem o frete e lhes ensinaria que no cal
o corretivo calcáreo tanto quanto com a adubação propriamente dita. Aos plantadores dc algodão, por exemplo, na parte
da fertilidade das suas zonas.
ros a tonelada, posto na estação ferro
o primeiro a demonstrar a necessidade- de fósforo, são ainda mais caros. Afi generalizada da calagem das terras, nal, o lavrador c obrigado a gastar com tem escrito desde 1940 cêrca de uma centena dc artigos, de pesquisa, divul
graça. Se outros planos são realmente injustos neste ponto, o caso do calcá
usá-lo. Sc o preço fosse semelhante ao que paga o agricultor americano, o ver
do calcárco moído.
no bode expiatório, ou como a única bésta de carga que de\e truballuir de
agricultores já se informaram a respei
Estamos certos dc que milhares de
nimidade completa a favor da correção
da. questão. Nos Estados Unidos,
calcáreo.
I
"" ."
Dicesto EcoNÓ^aco M
genética, Lntcro Burbank, atuando em
//
A "industrialização" da cafeicultura
grande escala c durante muitos anos, consoguin extraordinárias
|. Testa
do começou a processar-se, c cada
transfonna-
ções de plantas e de frutas as mais di
(Chefe da Estatística e Publicidade da SSC)
l^ESDE que a industrialização do mun-
53
países; as obras de irrigação, algumas colossais, se multiplicam; a defesa dos
versas. Já se faz chover, já se criam
nas terras "velhas", com muita aduba ção e muito trato, como se faz com a
galinhas som asas, já se criam pintos em lUihas de nwntagem. A insemina ção artificial leva a quaisquer distân cias, com facilidade e por pequeno
figueira ou a videira, ou assistiremos ao desaparecimento dos nossos cafceiros. E, segundo sabemos, numerosos
zonas "velhas", desde Campinas e Ita-
vez mais aceleradamente, o artesanato
solos contra a erosão se torna,
ficou praticamente liquidado. O tear
vez mais, uma prática corrente; a pró
preço, as caraterísticas nobres dos me
mecânico de Arkwright fêz aos tecelões manuais o mesmo que a imprensa
pria produção dos adubos, mesmo dos
lhores reprodutores.
orgânicos, entrou em ritmo acelerado,
de Gutemberg aos copistas e iluminis-
tas da Idade Média. Progressivamente
outras muitas profissões, quase todas, entraram a sentir a temível concorrên
cia dos cérebros e dos braços mecâni
cos que, todavia, ao contrário do que se poderia esperar, não ficaram sòzi-
nhos na competição, pois os pintores continuam a existir ao lado dos fotó grafos, os calígrafos ao lado dos linotipistas, etc.
Uma das profissões que mais resisti
ram às inovações e à industrialização foi a agricultura. Até há bem pouco tempo, a enxada e o arado de madeira eram os implementos agrícolas exclu sivos (e ainda hoje o são, em numero
síssimas regiões). Paulatinamente, to davia, a agricultura entrou também no rol das atividades
grandemente industrializadas,
cada
O "bafo do sertão" já está desacredi tado, mesmo porque não existe mais sertão. Ou plantamos e replantamos
cafèzais novos têm sido fomiados nas liba até Franca e Ribeirão Prêto. Acres
Tudo isso e muito mais se vem fa
ce a circunstância de que essas zonas
obrígando-se os microrganísmos a tur nos do serviço mais rendosos, graças a condições ideais de "trabalho" que lhes foram proporcionadas; as pragas
zendo na agricultura e na pecuária, e
são exatamente as de melhores terras
mesmo entre nós muita cousa .se tem
do Estado, as de cafés mais finos e, ainda, as que possuem, em geral, me
e moléstias são cada vez mais eficien
ra parecia
temente combatidas, e já se cbegou à
n algumas inova
feito, inclusive na genética do trigo. Só a cafeicultu
lhores fazendas e excelente sistema de vias de comu
resistir
perfeição de conseguir eliminar, qpl-
ções, embora ela
micamentc, as ervas daninhas, pou pando as plantações; a colheita e o be-
nicação.
também viesse e-
zonas e, já agora,
voluindo, nos últi
neficiamcnto dos produtos agrícolas
mos
também em várias
atingiram a um tal grau de eficiência que plantações imensas, de dezenas dc
modo
tempos, de
outras
altamente
rios
dutos agrícqlas colhidos, beneficiados e separados classificadamente, em tem
dos seus as
pectos.
de
po recorde.
A
nível
curva
substi
tuiu, se não nos oafèzais, pelo menos
Nos Estados Unidos, brigadas de coatravessam todo o país, de um extremo a outro, com gigan tesca maquinaria, tomando de empreitada a colheita de
tado, as adiibáções à base de composto operam maravilhas, como
na Usina Miranda, do sr. Ferraz de
as
Camargo, na Fazenda Rodrigues Al
Antigas plantações etn esquadro; o em-
na mentalidade
edores de trigo e de outros cereais
dissemina
das por todo o Es
satisfatório, em vá
milhares de hectares, têm os seus pro
Nessas
dos cafeicultores,
prêgo de sementes selecionadas, de al
ves, em S. Manoel, ou na do sr. Sigmar Kauffmann, em Jaú. Outras, como
ta linhagem, vai-se impondo cada vez
a do sr. Olegáxio Camargo, em Tietê,
mais; a adubação generosa, principal mente de "composto", fabricado nas
não chegaram ainda ao composto, mas aplicam o estéreo comum, com largue-
próprias fazendas, em quantidades ca
za e perseverança, e os resultados, em
e está ameaçando tomar-se, mesmo, uma das mais alta
fazendas
mente capazes de
produção
de trabalho que se poderia
A mecânica, a
dizer próximo da loucura, se não fôsse sobejamente conhecida a tremenda eficiência do sistema de produção em massa" dos norte-
vez mais rápidos, foi sendo adotada conio praxe. Alguns tabus, entretanto,
lhores que é possível txmseguir-se. Quanto às dificuldades de irrigação, o
permaneciam: o "bafo do sertão";
problema vem tendo, ültimamcnte, co
impossibilidade de se banir a enSada;
mo tantos outros, a devida atenção. O
americanos. Na Califórnia e no Vale
dificuldade de irrigação; a impratica-
sr. Ortenblad, o eng. Domingos Sameck e outros pesquisadores vêm proce
em massa.
biologia, a química, a física, a meteorologia, conjugadas, estão fa
zendo prodígios, de que se dão conta, quase díaríàmente, aqueles que estão a
par do que. se vem fazendo em todo
o mundo nesse sentido, especialmente nos Estados Unidos e na Inglaterra. O número de tratores cresce em todos os
inteiras num ritmo
da vez maiores
do Tennessee imensas regiões inaproveitadas, por falta de chuvas, têm ago
e por processos cada a
bilidade da colheita mecânica; a difi
culdade da luta contra ff geada. Pois bem: todos êsses preconceitos
ra a água dosada à vontade, melhor do que o faria a natureza. Um mago da
estão sendo vencidos.
I.
terras "velhas", de campo, são os me
dendo a uma série de experiências que, pelo que se sabe, deram resultados aus piciosos, de modo que é lícito esperar-se.
I
"" ."
Dicesto EcoNÓ^aco M
genética, Lntcro Burbank, atuando em
//
A "industrialização" da cafeicultura
grande escala c durante muitos anos, consoguin extraordinárias
|. Testa
do começou a processar-se, c cada
transfonna-
ções de plantas e de frutas as mais di
(Chefe da Estatística e Publicidade da SSC)
l^ESDE que a industrialização do mun-
53
países; as obras de irrigação, algumas colossais, se multiplicam; a defesa dos
versas. Já se faz chover, já se criam
nas terras "velhas", com muita aduba ção e muito trato, como se faz com a
galinhas som asas, já se criam pintos em lUihas de nwntagem. A insemina ção artificial leva a quaisquer distân cias, com facilidade e por pequeno
figueira ou a videira, ou assistiremos ao desaparecimento dos nossos cafceiros. E, segundo sabemos, numerosos
zonas "velhas", desde Campinas e Ita-
vez mais aceleradamente, o artesanato
solos contra a erosão se torna,
ficou praticamente liquidado. O tear
vez mais, uma prática corrente; a pró
preço, as caraterísticas nobres dos me
mecânico de Arkwright fêz aos tecelões manuais o mesmo que a imprensa
pria produção dos adubos, mesmo dos
lhores reprodutores.
orgânicos, entrou em ritmo acelerado,
de Gutemberg aos copistas e iluminis-
tas da Idade Média. Progressivamente
outras muitas profissões, quase todas, entraram a sentir a temível concorrên
cia dos cérebros e dos braços mecâni
cos que, todavia, ao contrário do que se poderia esperar, não ficaram sòzi-
nhos na competição, pois os pintores continuam a existir ao lado dos fotó grafos, os calígrafos ao lado dos linotipistas, etc.
Uma das profissões que mais resisti
ram às inovações e à industrialização foi a agricultura. Até há bem pouco tempo, a enxada e o arado de madeira eram os implementos agrícolas exclu sivos (e ainda hoje o são, em numero
síssimas regiões). Paulatinamente, to davia, a agricultura entrou também no rol das atividades
grandemente industrializadas,
cada
O "bafo do sertão" já está desacredi tado, mesmo porque não existe mais sertão. Ou plantamos e replantamos
cafèzais novos têm sido fomiados nas liba até Franca e Ribeirão Prêto. Acres
Tudo isso e muito mais se vem fa
ce a circunstância de que essas zonas
obrígando-se os microrganísmos a tur nos do serviço mais rendosos, graças a condições ideais de "trabalho" que lhes foram proporcionadas; as pragas
zendo na agricultura e na pecuária, e
são exatamente as de melhores terras
mesmo entre nós muita cousa .se tem
do Estado, as de cafés mais finos e, ainda, as que possuem, em geral, me
e moléstias são cada vez mais eficien
ra parecia
temente combatidas, e já se cbegou à
n algumas inova
feito, inclusive na genética do trigo. Só a cafeicultu
lhores fazendas e excelente sistema de vias de comu
resistir
perfeição de conseguir eliminar, qpl-
ções, embora ela
micamentc, as ervas daninhas, pou pando as plantações; a colheita e o be-
nicação.
também viesse e-
zonas e, já agora,
voluindo, nos últi
neficiamcnto dos produtos agrícolas
mos
também em várias
atingiram a um tal grau de eficiência que plantações imensas, de dezenas dc
modo
tempos, de
outras
altamente
rios
dutos agrícqlas colhidos, beneficiados e separados classificadamente, em tem
dos seus as
pectos.
de
po recorde.
A
nível
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tuiu, se não nos oafèzais, pelo menos
Nos Estados Unidos, brigadas de coatravessam todo o país, de um extremo a outro, com gigan tesca maquinaria, tomando de empreitada a colheita de
tado, as adiibáções à base de composto operam maravilhas, como
na Usina Miranda, do sr. Ferraz de
as
Camargo, na Fazenda Rodrigues Al
Antigas plantações etn esquadro; o em-
na mentalidade
edores de trigo e de outros cereais
dissemina
das por todo o Es
satisfatório, em vá
milhares de hectares, têm os seus pro
Nessas
dos cafeicultores,
prêgo de sementes selecionadas, de al
ves, em S. Manoel, ou na do sr. Sigmar Kauffmann, em Jaú. Outras, como
ta linhagem, vai-se impondo cada vez
a do sr. Olegáxio Camargo, em Tietê,
mais; a adubação generosa, principal mente de "composto", fabricado nas
não chegaram ainda ao composto, mas aplicam o estéreo comum, com largue-
próprias fazendas, em quantidades ca
za e perseverança, e os resultados, em
e está ameaçando tomar-se, mesmo, uma das mais alta
fazendas
mente capazes de
produção
de trabalho que se poderia
A mecânica, a
dizer próximo da loucura, se não fôsse sobejamente conhecida a tremenda eficiência do sistema de produção em massa" dos norte-
vez mais rápidos, foi sendo adotada conio praxe. Alguns tabus, entretanto,
lhores que é possível txmseguir-se. Quanto às dificuldades de irrigação, o
permaneciam: o "bafo do sertão";
problema vem tendo, ültimamcnte, co
impossibilidade de se banir a enSada;
mo tantos outros, a devida atenção. O
americanos. Na Califórnia e no Vale
dificuldade de irrigação; a impratica-
sr. Ortenblad, o eng. Domingos Sameck e outros pesquisadores vêm proce
em massa.
biologia, a química, a física, a meteorologia, conjugadas, estão fa
zendo prodígios, de que se dão conta, quase díaríàmente, aqueles que estão a
par do que. se vem fazendo em todo
o mundo nesse sentido, especialmente nos Estados Unidos e na Inglaterra. O número de tratores cresce em todos os
inteiras num ritmo
da vez maiores
do Tennessee imensas regiões inaproveitadas, por falta de chuvas, têm ago
e por processos cada a
bilidade da colheita mecânica; a difi
culdade da luta contra ff geada. Pois bem: todos êsses preconceitos
ra a água dosada à vontade, melhor do que o faria a natureza. Um mago da
estão sendo vencidos.
I.
terras "velhas", de campo, são os me
dendo a uma série de experiências que, pelo que se sabe, deram resultados aus piciosos, de modo que é lícito esperar-se.
Dicesto Econômico
54
Dicksto
a partir dc agora, um progresso cada voz maior nesse setor, aliás um dos mais im
portantes, devido às irregularidades nas precipitações pluviométricas ocorridas no Brasil Central, nos últimos anos.
Relativamente à luta contra a gea
jndos com cuidado c dotados dc enxa das rotativas de vários tipos, alguns ideados ou modificados pelos seus aplicndores*. Um dêstes, o sr. Abílio Jun
queira Franco,* de Colina, vem colhen do resultados muito animadores, ípio o
da, que já é mais antiga entre nós, e
autorizam a considerar como já supera
tem sido tentada por muitos experimentadores, alguns ensinamentos e
a "Folha da Manhã", cm reportagem
processos modernos vêm sendo ensaia
do sr. Mário Mazzei Guimarães.
dos e preconizados, tendo o eng. Fá bio Pazzanese publicado,
no Boletim
da Superintendência do Café, cm seu número de dezembro, o resultado de
interessantes c prometedoras experiên cias a que procedeu.
Quanto à impraticabilídade da car-
E, quanto à colheita
menor espaçamento entre os pés' na linha, c maior distância entre as filei ras, processo esse que poderia", ou, an
tes, deveria adatar-se às curvas dc ní vel, com
o que se conseguiriam duas
vantagens simultâneas: carpa mecânica e combate à erosão. Isso, todavia, exi
giria a substituição dc quase a totali dade dos nossos cafèzais, pois apena.s
algumas raras plantações, novas, têm sido feitas por esse processo. Relativa mente à colheita, então, a possibilida de de mecanização era ainda mais re mota.
Eis senão quando começaram a en
trar em serviço, em diversas lavouras, pequenos tratores, (ou mesmo apare lhos movidos a traçao animal) mane-
ra\ilhosas conseqüências que disso adviriain. Tudo i.sso quanto à parto agrícola. Infelizmente, como temos dito, não é
mercialização e da propaganda. Acreditamos, porém, que lá chegaremos também. E' questão de um pouco mais de paciência e de doutrinação.
riências Se vêm fazendo nesse sentido,
o talvez SC possa anunciar, dentro cm breve, a queda do mais um tahu.
dc cereais, por exemplo. Todavia,
deria, é verdade, ser mecaniz^ída, des
tão risonhii a perspecti\'M relati\"amentc aos setores do beneficiamento, da co-
mecanizada,
com franqueza: havia razões, pois pare de que se implantasse em todos os cafèzais um novo sistema de plantio; náo mais em esquadro, mas em linhas, com
até certo ponto, numa
cniprêsa iiiclustrial, com tõdas as ma-
êssc é o último preconceito que, pare ce, irá também ruir por terra. Confor me foi di\ulgado rccenleinente, expe
Evidentemente,
sultados nesses dois setores. A carpa po
fonn ^r-se-ia,
da a enxada manual, segjintlo disulgou
pa e da collicita mecânica, êsses eram os preconceitos maiores. E, digamo-lo cia realmente difícil conseguirem-se re
Econónuco
nunca teremos uma
colheita como é possível em relação a qualquer progresso
nesse setor
será
bem recebido, pois perccbc-sc clara mente que c êle o mais difícil.
De todo êssc rápido apanhado que fizemos, deduz-se que também a refra-
}
.1 .
*
'Jt , ,
\ «d
taria cafeicultura se industrializa. Den
tro dc não muito tempo será tal\'ez possível tcr-sc tudo mecanizado, como ja o são a secagem, o beneficiumcnto c o embarque, sendo ainda necessários
melliores proces.sos do catação. Tería
mos, então, o café carpido e colhido a
máquina, irrigado artificialmente, pro tegido contra as geadas, adubado em
Unha de montagem. Seria, tanto quan
to é possível ao homem, uma cafeicul tura independente das leis da natureza
o sujeita ao seu controle pessoal. Tc-, ríamos, assim, a cafeicultura não mais
sujeita às disposiçõeii erráticas que sempre regeram a agricultura, até há pouco tempo, iTias aos processos da in dústria, mais precisas e mais sujeitas' ao nosso controle.
./i''
A cafeicultura trans. i .«'• ■<
'.«
Dicesto Econômico
54
Dicksto
a partir dc agora, um progresso cada voz maior nesse setor, aliás um dos mais im
portantes, devido às irregularidades nas precipitações pluviométricas ocorridas no Brasil Central, nos últimos anos.
Relativamente à luta contra a gea
jndos com cuidado c dotados dc enxa das rotativas de vários tipos, alguns ideados ou modificados pelos seus aplicndores*. Um dêstes, o sr. Abílio Jun
queira Franco,* de Colina, vem colhen do resultados muito animadores, ípio o
da, que já é mais antiga entre nós, e
autorizam a considerar como já supera
tem sido tentada por muitos experimentadores, alguns ensinamentos e
a "Folha da Manhã", cm reportagem
processos modernos vêm sendo ensaia
do sr. Mário Mazzei Guimarães.
dos e preconizados, tendo o eng. Fá bio Pazzanese publicado,
no Boletim
da Superintendência do Café, cm seu número de dezembro, o resultado de
interessantes c prometedoras experiên cias a que procedeu.
Quanto à impraticabilídade da car-
E, quanto à colheita
menor espaçamento entre os pés' na linha, c maior distância entre as filei ras, processo esse que poderia", ou, an
tes, deveria adatar-se às curvas dc ní vel, com
o que se conseguiriam duas
vantagens simultâneas: carpa mecânica e combate à erosão. Isso, todavia, exi
giria a substituição dc quase a totali dade dos nossos cafèzais, pois apena.s
algumas raras plantações, novas, têm sido feitas por esse processo. Relativa mente à colheita, então, a possibilida de de mecanização era ainda mais re mota.
Eis senão quando começaram a en
trar em serviço, em diversas lavouras, pequenos tratores, (ou mesmo apare lhos movidos a traçao animal) mane-
ra\ilhosas conseqüências que disso adviriain. Tudo i.sso quanto à parto agrícola. Infelizmente, como temos dito, não é
mercialização e da propaganda. Acreditamos, porém, que lá chegaremos também. E' questão de um pouco mais de paciência e de doutrinação.
riências Se vêm fazendo nesse sentido,
o talvez SC possa anunciar, dentro cm breve, a queda do mais um tahu.
dc cereais, por exemplo. Todavia,
deria, é verdade, ser mecaniz^ída, des
tão risonhii a perspecti\'M relati\"amentc aos setores do beneficiamento, da co-
mecanizada,
com franqueza: havia razões, pois pare de que se implantasse em todos os cafèzais um novo sistema de plantio; náo mais em esquadro, mas em linhas, com
até certo ponto, numa
cniprêsa iiiclustrial, com tõdas as ma-
êssc é o último preconceito que, pare ce, irá também ruir por terra. Confor me foi di\ulgado rccenleinente, expe
Evidentemente,
sultados nesses dois setores. A carpa po
fonn ^r-se-ia,
da a enxada manual, segjintlo disulgou
pa e da collicita mecânica, êsses eram os preconceitos maiores. E, digamo-lo cia realmente difícil conseguirem-se re
Econónuco
nunca teremos uma
colheita como é possível em relação a qualquer progresso
nesse setor
será
bem recebido, pois perccbc-sc clara mente que c êle o mais difícil.
De todo êssc rápido apanhado que fizemos, deduz-se que também a refra-
}
.1 .
*
'Jt , ,
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taria cafeicultura se industrializa. Den
tro dc não muito tempo será tal\'ez possível tcr-sc tudo mecanizado, como ja o são a secagem, o beneficiumcnto c o embarque, sendo ainda necessários
melliores proces.sos do catação. Tería
mos, então, o café carpido e colhido a
máquina, irrigado artificialmente, pro tegido contra as geadas, adubado em
Unha de montagem. Seria, tanto quan
to é possível ao homem, uma cafeicul tura independente das leis da natureza
o sujeita ao seu controle pessoal. Tc-, ríamos, assim, a cafeicultura não mais
sujeita às disposiçõeii erráticas que sempre regeram a agricultura, até há pouco tempo, iTias aos processos da in dústria, mais precisas e mais sujeitas' ao nosso controle.
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V4!"TV*
DiGESTO Econômico
<lcssas emprêsas se torna mais favo
rável quando estão em declínio os pre
O FUTUUO IKANCO CEZVTItAL E O MEKCAUO
DE
ços
CAPITAIS
das
mercadorias.
No mercado bolsista, as cotações
Observa^tUo cienlifiea do morcndo Geraijk) o. Banaskiwitz
57
ta-se admiràvelmente a estudos dessa natureza o longo período vivido pe los Estados Unidos de 1860 a 192S.
Nesse período a curva dos preços
dos títulos obedecem estreitamente a
em grosso das mercadorias foi em ge
êsscs fatores. O fenômeno é observa
dos. As ações dos caminhos de ferro,
ral descendente, caindo do índice 232 em 1865, a 67 em 1897 (era relação a 100 em 1913). Cresceu paralelamen
por exemplo, em alta até 1910, de
te o poder aquisitivo do dólar. As co
clinaram em seguida, em virtude de
tações dos títulos de renda fixa ele varam-se consideràvelmente; menos
do
perfeitamente
nos Estados Uni
TVrENiiUM ramo de economia capitalis ta se presta tanto a interpretações, a elaborações de teorias e ao levan
categorias de títulos, como os títulos a taxas fixas de juros — debcntures, títulos públicos — e os títulos de ren
tamento de índices, quanto o merca
dimentos variáveis, como as ações das
do de ações, dcbêntures e títulos pú
companhias particulares. Neste último
to de alta só retornou depois de 1920,
acentuada foi a alta dos demais tí
blicos. Aos teóricos, a Bòlsa oferece,
grupo podemos ainda distinguir os ti
quando uma brutal deflação abalou
tulos.
com efeito, tais possibilidades de es
tulos emitidos por empresas explora doras de serviços públicos, como as estradas de ferro, dos emitidos por
o mundo de negó cios dos Estados
tudo das tendências da evolução eco nômica, que surge a tentação de tirar
conclusões definitivas das observações feitas sòbre o movimento dos merca
dos. É evidente, por outro lado, que os que operam no mercado bolsista
não podem escapar ao desejo de fa zer profecias, baseando-as em méto dos científicos ou em meros palpites. A essa regra não escapam também as
companhias de investimentos e outros organismos especializados, que man têm departamentos de pesquisas en carregados do estudo de todos os ele mentos capazes de influir, eventual mente, nas cotações. Sem a preocupação de afirmar até
que ponto pode ir a exatidão das pre visões dos fenômenos bolsistas, e de
assegurar até que ponto elas auxiliam as grandes companhias e bancos de investimentos, diremos que, em linhas
gerais, a evolução dos preços no mer
empresas comerciais c industriais.
A
forte inflação dos preços; o movimen
Unidos.
Quanto
aos
tí
tulos de renda fi
dos
xa, mantêm fraca
cíclicos diretamen-'j
cimento, entre outras, dessas interli
posição nos perío
gações de fatos.
dos
de
te provocados pe la curva dos pre
dos
preços; suas
As companhias particulares comer
ascensão
tagens dos períodos de preços cm as censão. Nesses períodos, aumentam
cem as mesmas e,
como
as despesas de administração, mas, em compensação, expande-se o volume
diminui a capaci dade aquisitiva dos
cado
dos negócios, aumentando os lucros
que vivem dela. ê
Num país em que
das empresas. Eleva-se, portanto, o
o contrário, po rém, que se dá
economia
nos
em constante cres
dimentos crescem. Em períodos, po rém, de preços em declínio, as aludi das emprêsas se ressentem, por se re
a
inflação,
momentos
deflação,
de
quando
duzirem os preços de venda e o volu me dos negócios. Decresce, dêsse mo
aumentam o poder aquisitivo do di nheiro e quando diminuem a renda dos títtilos das sociedades comerciais
do, o interesse pelas suas ações.
e indtistriais.
que são infalíveis esses movimentos.
a certas regras, que influem também
geral e das estradas de ferro. Aumen
Há outros fatores que intervém nas
mercadorias.
Podemos afirmar, por exemplo, que existe relação de fatos que determi na a evolução diferente das diversas
ços em grosso, há
rendas
interesse pelos seus títulos, cujos ren
permane
movimentos
ciais e industriais tiram grandes van
cado de títulos obedece, efetivamente,
em que haja transações de títulos ou
semos acima. Além
experiência das Bòlsas norte-ameri canas e inglesas permite o estabele
É diverso o movimento cíclico das companhias de serviços públicos em
em não importa que outro mercado
Não há contra
dição entre esse fato e o que dis
Seria
infantilidade, porém, supor
a
considerar
tTends
que
os
seculares,
influem
no
conjunto do mer de
títulos.
todos os ramos de
estão
cimento, os efeitos dêsse desenvolvimento podem mesmo
ultrapassar, em importância, as in fluências decorrentes das adaptações
dos preços. Nos Estados Unidos, os fatores favoráveis registrados nos pe ríodos de 1865-1900, tais como a redução da dívida pública nacional e
ta, para elas, nos períodos de ascen
cotações dos títulos déssa natureza.
o aumento das economias particulares,
são da produção, sem que, entretanto, suas tarifas possam acompanhar o movimento de alta, por serem regula
Os principais dêles decorrem das mo dificações da estrutura das dívidas pú blicas — aumentos ou diminuições —
foram complementados pela aplicação de gigantescos capitais britânicos na
mentadas pelas autoridades. Do que se conclui que, em geral, a p©sição
c de volume de economias acumuladas
pelbs organismos especializados. Pres-
economia norte-americana.
Nos períodos subsequentes, a ten
dência para retirada dos capitais bri-
V4!"TV*
DiGESTO Econômico
<lcssas emprêsas se torna mais favo
rável quando estão em declínio os pre
O FUTUUO IKANCO CEZVTItAL E O MEKCAUO
DE
ços
CAPITAIS
das
mercadorias.
No mercado bolsista, as cotações
Observa^tUo cienlifiea do morcndo Geraijk) o. Banaskiwitz
57
ta-se admiràvelmente a estudos dessa natureza o longo período vivido pe los Estados Unidos de 1860 a 192S.
Nesse período a curva dos preços
dos títulos obedecem estreitamente a
em grosso das mercadorias foi em ge
êsscs fatores. O fenômeno é observa
dos. As ações dos caminhos de ferro,
ral descendente, caindo do índice 232 em 1865, a 67 em 1897 (era relação a 100 em 1913). Cresceu paralelamen
por exemplo, em alta até 1910, de
te o poder aquisitivo do dólar. As co
clinaram em seguida, em virtude de
tações dos títulos de renda fixa ele varam-se consideràvelmente; menos
do
perfeitamente
nos Estados Uni
TVrENiiUM ramo de economia capitalis ta se presta tanto a interpretações, a elaborações de teorias e ao levan
categorias de títulos, como os títulos a taxas fixas de juros — debcntures, títulos públicos — e os títulos de ren
tamento de índices, quanto o merca
dimentos variáveis, como as ações das
do de ações, dcbêntures e títulos pú
companhias particulares. Neste último
to de alta só retornou depois de 1920,
acentuada foi a alta dos demais tí
blicos. Aos teóricos, a Bòlsa oferece,
grupo podemos ainda distinguir os ti
quando uma brutal deflação abalou
tulos.
com efeito, tais possibilidades de es
tulos emitidos por empresas explora doras de serviços públicos, como as estradas de ferro, dos emitidos por
o mundo de negó cios dos Estados
tudo das tendências da evolução eco nômica, que surge a tentação de tirar
conclusões definitivas das observações feitas sòbre o movimento dos merca
dos. É evidente, por outro lado, que os que operam no mercado bolsista
não podem escapar ao desejo de fa zer profecias, baseando-as em méto dos científicos ou em meros palpites. A essa regra não escapam também as
companhias de investimentos e outros organismos especializados, que man têm departamentos de pesquisas en carregados do estudo de todos os ele mentos capazes de influir, eventual mente, nas cotações. Sem a preocupação de afirmar até
que ponto pode ir a exatidão das pre visões dos fenômenos bolsistas, e de
assegurar até que ponto elas auxiliam as grandes companhias e bancos de investimentos, diremos que, em linhas
gerais, a evolução dos preços no mer
empresas comerciais c industriais.
A
forte inflação dos preços; o movimen
Unidos.
Quanto
aos
tí
tulos de renda fi
dos
xa, mantêm fraca
cíclicos diretamen-'j
cimento, entre outras, dessas interli
posição nos perío
gações de fatos.
dos
de
te provocados pe la curva dos pre
dos
preços; suas
As companhias particulares comer
ascensão
tagens dos períodos de preços cm as censão. Nesses períodos, aumentam
cem as mesmas e,
como
as despesas de administração, mas, em compensação, expande-se o volume
diminui a capaci dade aquisitiva dos
cado
dos negócios, aumentando os lucros
que vivem dela. ê
Num país em que
das empresas. Eleva-se, portanto, o
o contrário, po rém, que se dá
economia
nos
em constante cres
dimentos crescem. Em períodos, po rém, de preços em declínio, as aludi das emprêsas se ressentem, por se re
a
inflação,
momentos
deflação,
de
quando
duzirem os preços de venda e o volu me dos negócios. Decresce, dêsse mo
aumentam o poder aquisitivo do di nheiro e quando diminuem a renda dos títtilos das sociedades comerciais
do, o interesse pelas suas ações.
e indtistriais.
que são infalíveis esses movimentos.
a certas regras, que influem também
geral e das estradas de ferro. Aumen
Há outros fatores que intervém nas
mercadorias.
Podemos afirmar, por exemplo, que existe relação de fatos que determi na a evolução diferente das diversas
ços em grosso, há
rendas
interesse pelos seus títulos, cujos ren
permane
movimentos
ciais e industriais tiram grandes van
cado de títulos obedece, efetivamente,
em que haja transações de títulos ou
semos acima. Além
experiência das Bòlsas norte-ameri canas e inglesas permite o estabele
É diverso o movimento cíclico das companhias de serviços públicos em
em não importa que outro mercado
Não há contra
dição entre esse fato e o que dis
Seria
infantilidade, porém, supor
a
considerar
tTends
que
os
seculares,
influem
no
conjunto do mer de
títulos.
todos os ramos de
estão
cimento, os efeitos dêsse desenvolvimento podem mesmo
ultrapassar, em importância, as in fluências decorrentes das adaptações
dos preços. Nos Estados Unidos, os fatores favoráveis registrados nos pe ríodos de 1865-1900, tais como a redução da dívida pública nacional e
ta, para elas, nos períodos de ascen
cotações dos títulos déssa natureza.
o aumento das economias particulares,
são da produção, sem que, entretanto, suas tarifas possam acompanhar o movimento de alta, por serem regula
Os principais dêles decorrem das mo dificações da estrutura das dívidas pú blicas — aumentos ou diminuições —
foram complementados pela aplicação de gigantescos capitais britânicos na
mentadas pelas autoridades. Do que se conclui que, em geral, a p©sição
c de volume de economias acumuladas
pelbs organismos especializados. Pres-
economia norte-americana.
Nos períodos subsequentes, a ten
dência para retirada dos capitais bri-
^frwjr
Dícesto Ecosóníico
58
Dxgesto
tánicos favoreceu a baixa dos títulos
de a formação do.s preços é ainda a
na Bolsa de New York.
mais livre de todos os mercados ca
Como se vé, as assim chamadas leis,
pitalistas.
que influem nos demais mercados, ❖
agem também na Bolsa; e o exato co nhecimento dos fatores que intervém na formação dos preços constitui to da a ciência das boas aplicações de
são econômica por meio da interpre
Capitais em títulos.
tação do.s fenômenos <lo merCado fo
Mas como realistas que devemos
ser, não podemos dar demasiada im portância a êsse conhecimento técni co do mercado. Um perfeito serviço particular de informações — o "Insides Informations
das grandes com
panhias inglesas — presta às vezes melhores serviços que a ciência eco
nômica inteira. Foi por ter consegui do saber, algumas horas depois do grande acontecimento,' da derrota de Napoleão em Waterloo, que Rothschild pôde realizar a maior e a mais
produtiva especulação de tôda sua vi da. E o mesmo se dá nas especula ções bolsistas de nossos dias. Outra coisa de que não nos devemos esquecer: nas grandes praças finan
ceiras constituera-se freqüentemente
"•pools" destinados a manipular as cotações de um título ou de um gru
po de títulos. O "pool" age era se gredo, pois, desde que sejam conhe cidas suas intenções, deixam de pro duzir efeitos suas atividades. E aqui, ^parece novamente a utili
dade das'"Insides Informations".
De qualquer modo, porém, não po dem ser eliminadas do mercado certas
regras embora seja posta em prática pelos Bancos Centrais a "open market policy" e embora entrem em açao os
"pools" constituídos por operadores particulares. A Bôlsa jamais deixa de ser ura mercado onde a» influências do acaso se reduzem ao mínimo e on-
Nossas observações sòbrc a previ
ram um tanto acadêmicas. Só pude mos citar, efctivaíncnte, o <íue nor malmente SC faz nos grandes merca dos financeiros e os elementos de que
dispõem, para as suas previsões, os economistas dos países mais adianta
dos. Que possibilidade, porem, existe de se proceder da mesma forma no
Brasil? Falta-nos tudo, a começar pe las estatísticas mais elementares.
Apesar das verbas consignadas nos orçamentos aos órgãos oficiais encar
regados da clabóração de estatísticas, sua produção é extremamente medío
Econômico
não saberíamos sequer o núinero dc
mesmo cmpregando-se métodos pura
socicdatics anônimas regularmente re
mente científicos, com dados deficien
gistradas no País.
tes, primitivos é falsos.
Píira as estimativas dos graus dc aumento ou diminuição dos negócios, dispõem no Brasil apenas da expe
res, elaboramos uma tabela em que fi guram o que possuímos e o que nos
vas postas cm prática entre nós para
ces da economia nacional. Assinale
o cálculo tio desenvolvimento mensal
mos, desde já, que sem que se complete o serviço de informações que a seguir
co informações mensais sôbre eSsa
São Paulo tem assegurado, por esfor
nômicas, para a elaboração dos índi
dc
iniciativas
enumeramos, não só os chamados
bancos dc investimentos que se proje tam agora criar entre nós, mas a to talidade das sociedades econômicas^ deixam de estar em condições de ope rar com pleno conhecimento da situa ção, agindo, portanto, mais ou menos às cegas.
isoladas. Limitamo-nos
a generalizar ao País inteiro os dados colhidos nesta ou naquela região. Ora, nada ríiais perigoso que calcular o de senvolvimento dos fatos econômicos.
INFORM.'VÇOES INDISPENSÁVEIS AO ESTABELECIMENTO DE
ÍNDICES SEGUROS DA EVOLUÇÃO ECONÔMICA O,que existe e o que não existe no Brasil Pontos de
Atividades examinadas
Existentes
São
1 — Movimento de
capital
Inexistentes
Paulo e Dist. Fe
Estudos esporádicos
Estatística sistemática comparativa
3 — Ocupação
Informações sôbre algu
Estatística
na
nianuf.
mas fábricas, servindo para generalizações. Da dos da Ligth sôbre Con
mensal
ou
mesmo semanal no País
sumo de eletricidade.
blico.
Cálculo do po
O Instituto Brasileiro de
tempos, com os trabalhos a respeito
der aquisitivo
Est. dispõe
realizados pela Bôlsa, não saberíamos
-•Salários, freq. cinemas, transp. urba nos, volume de
atualizados sôbre a freq.
nem mesmo a importância dos capi
Resto do Brasil
2 — lAic"ros da ind. e do comér cio
ço próprio de seus redatores econômi
tais aplicados na economia privada.
in-fqm\ações
deral
cos, essas informações ao grande pú
Se não contássemos, nestes últimos
falta cm matéria de informações eco
da produção industrial, das constru ções ou do nitmcro dc desempregados, não podem ter dado resultados per feitos, mesmo porque se trata ainda
balhos notáveis, mas versando assun tos extra-económicos. Sôbre os pro
coisa ao mesmo tempo elementar e importantíssima que é o movimento de capitais no País. Só O Estado de
Para bem esclarecer nossos leito
riência pessoal dos homens de negó cios, cujos julgamentos são, às vezes, dc tluvicloso valor. .'Xs poucas iniciati
cre. Aparecem, às vezes, é certo, tra
blemas da economia nacional, as es tatísticas que se publicam são decep cionantes, principalmente quando se considera o valor prático dás pesqui sas realizadas. Nenhum órgão oficial, nenhum Ministério fornece ao públi
59
de
dados
de cinemas e sôbre o
transp. urbano.
,
1..,
'vè*-..
Qualquer cálculo sério sôbre os salários
Indicação sôbre o volu me de vendas
^frwjr
Dícesto Ecosóníico
58
Dxgesto
tánicos favoreceu a baixa dos títulos
de a formação do.s preços é ainda a
na Bolsa de New York.
mais livre de todos os mercados ca
Como se vé, as assim chamadas leis,
pitalistas.
que influem nos demais mercados, ❖
agem também na Bolsa; e o exato co nhecimento dos fatores que intervém na formação dos preços constitui to da a ciência das boas aplicações de
são econômica por meio da interpre
Capitais em títulos.
tação do.s fenômenos <lo merCado fo
Mas como realistas que devemos
ser, não podemos dar demasiada im portância a êsse conhecimento técni co do mercado. Um perfeito serviço particular de informações — o "Insides Informations
das grandes com
panhias inglesas — presta às vezes melhores serviços que a ciência eco
nômica inteira. Foi por ter consegui do saber, algumas horas depois do grande acontecimento,' da derrota de Napoleão em Waterloo, que Rothschild pôde realizar a maior e a mais
produtiva especulação de tôda sua vi da. E o mesmo se dá nas especula ções bolsistas de nossos dias. Outra coisa de que não nos devemos esquecer: nas grandes praças finan
ceiras constituera-se freqüentemente
"•pools" destinados a manipular as cotações de um título ou de um gru
po de títulos. O "pool" age era se gredo, pois, desde que sejam conhe cidas suas intenções, deixam de pro duzir efeitos suas atividades. E aqui, ^parece novamente a utili
dade das'"Insides Informations".
De qualquer modo, porém, não po dem ser eliminadas do mercado certas
regras embora seja posta em prática pelos Bancos Centrais a "open market policy" e embora entrem em açao os
"pools" constituídos por operadores particulares. A Bôlsa jamais deixa de ser ura mercado onde a» influências do acaso se reduzem ao mínimo e on-
Nossas observações sòbrc a previ
ram um tanto acadêmicas. Só pude mos citar, efctivaíncnte, o <íue nor malmente SC faz nos grandes merca dos financeiros e os elementos de que
dispõem, para as suas previsões, os economistas dos países mais adianta
dos. Que possibilidade, porem, existe de se proceder da mesma forma no
Brasil? Falta-nos tudo, a começar pe las estatísticas mais elementares.
Apesar das verbas consignadas nos orçamentos aos órgãos oficiais encar
regados da clabóração de estatísticas, sua produção é extremamente medío
Econômico
não saberíamos sequer o núinero dc
mesmo cmpregando-se métodos pura
socicdatics anônimas regularmente re
mente científicos, com dados deficien
gistradas no País.
tes, primitivos é falsos.
Píira as estimativas dos graus dc aumento ou diminuição dos negócios, dispõem no Brasil apenas da expe
res, elaboramos uma tabela em que fi guram o que possuímos e o que nos
vas postas cm prática entre nós para
ces da economia nacional. Assinale
o cálculo tio desenvolvimento mensal
mos, desde já, que sem que se complete o serviço de informações que a seguir
co informações mensais sôbre eSsa
São Paulo tem assegurado, por esfor
nômicas, para a elaboração dos índi
dc
iniciativas
enumeramos, não só os chamados
bancos dc investimentos que se proje tam agora criar entre nós, mas a to talidade das sociedades econômicas^ deixam de estar em condições de ope rar com pleno conhecimento da situa ção, agindo, portanto, mais ou menos às cegas.
isoladas. Limitamo-nos
a generalizar ao País inteiro os dados colhidos nesta ou naquela região. Ora, nada ríiais perigoso que calcular o de senvolvimento dos fatos econômicos.
INFORM.'VÇOES INDISPENSÁVEIS AO ESTABELECIMENTO DE
ÍNDICES SEGUROS DA EVOLUÇÃO ECONÔMICA O,que existe e o que não existe no Brasil Pontos de
Atividades examinadas
Existentes
São
1 — Movimento de
capital
Inexistentes
Paulo e Dist. Fe
Estudos esporádicos
Estatística sistemática comparativa
3 — Ocupação
Informações sôbre algu
Estatística
na
nianuf.
mas fábricas, servindo para generalizações. Da dos da Ligth sôbre Con
mensal
ou
mesmo semanal no País
sumo de eletricidade.
blico.
Cálculo do po
O Instituto Brasileiro de
tempos, com os trabalhos a respeito
der aquisitivo
Est. dispõe
realizados pela Bôlsa, não saberíamos
-•Salários, freq. cinemas, transp. urba nos, volume de
atualizados sôbre a freq.
nem mesmo a importância dos capi
Resto do Brasil
2 — lAic"ros da ind. e do comér cio
ço próprio de seus redatores econômi
tais aplicados na economia privada.
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deral
cos, essas informações ao grande pú
Se não contássemos, nestes últimos
falta cm matéria de informações eco
da produção industrial, das constru ções ou do nitmcro dc desempregados, não podem ter dado resultados per feitos, mesmo porque se trata ainda
balhos notáveis, mas versando assun tos extra-económicos. Sôbre os pro
coisa ao mesmo tempo elementar e importantíssima que é o movimento de capitais no País. Só O Estado de
Para bem esclarecer nossos leito
riência pessoal dos homens de negó cios, cujos julgamentos são, às vezes, dc tluvicloso valor. .'Xs poucas iniciati
cre. Aparecem, às vezes, é certo, tra
blemas da economia nacional, as es tatísticas que se publicam são decep cionantes, principalmente quando se considera o valor prático dás pesqui sas realizadas. Nenhum órgão oficial, nenhum Ministério fornece ao públi
59
de
dados
de cinemas e sôbre o
transp. urbano.
,
1..,
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Qualquer cálculo sério sôbre os salários
Indicação sôbre o volu me de vendas
Dícesto
60 vendas
Econó.mico
grícolas*.
61
EcoNÓhaco
As pessoas de pretensões mais mo destas poderão alegar, diante dessa
nas
grandes lojas
5—Condições a-
Dícesto
Excelente serviço para a previsão da Secretaria
da Agricultura para S.
tabela, que já possuímos agora mais do que outrora. É certo, e daqui pres Previsão de safras para
todas as regiões fora de São Paulo
tamos no.«isa homenagem aos. que, há anos, tudo vêm fazendo pela vulga
rização dos estudos econômicos. Mas
Paulo
isso não basta. O mundo de negócios 6—Circulação de mercadorias
Estatística do Imposto de Vendas c Consigna
precisa orientar-se tendo por base da
Indicaçõc.s sobre o volu me cfc vendas nas lojas
O Ministério da Faz. pu blica estatística, com
7 — Movimento bancário
muito atraso e sem cri
tério de separação en
Estatística
semanal
so
bre os principais itens
dos
portuário
O mesmo se pode dizer das infor mações divulgadas pelo Banco do
publicação basica — o "Livro das So ciedades Anônimas de edição parti
também a situação das empresas fer
Estatística semanal sobre
cular. Mas essa obra data de 194S e
brecarregarmos tanto o Departamento
o volume de transporte
desde então muitas coisas se passa
Nacional de Estradas de Ferro, in-
e a renda das estradas lie ferro
ram, sendo de esperar, pois, que se
de
dinheiro e de
capital 11 — Mov. de cons truções
Cálculos sobre a taxa real de juros dos títulos
Multiplicidade de infor mações, mas contraditó rias
12 — Preços
índices
modificados
providencie uma nova edição, que nos
podem perfeitamente fornecer, sema
das auto-estradas que
contidas nos três primeiros itens da
nalmente, aos interessados.
saem de São Paulo e do
tabela que atrás publicamos. Para que possamos estabelecer ba
to mobiliário e das falências, os ór
Idcm sobre o movimento
ses
Informações do Banco do Estatística mente
e importa ção
Existem boletins com in
dicações atrasadas. Dados recentes são publi cados
referentes aos
de empresas econômicas. Atualmente, muitos dêles consideram simples atos de espionagem qualquer pedido de in
as
Um índice básico que permita a comparação
negócios.
formações para todo o País.
cas
Boletins do Ministério da Faz. publicados com
bem mais compreensivos e francos a esse respeito, não se podendo dizer que essa franqueza e compreensão
mais rapidez.
de
outros
países
mostraram-se
lhes tenham acarretado nenhum mal... Sôbre o movimento bancário só se
por um jornal do Rio. .a*
gãos de classe, e em especial a Asso ciação Comercial, têm contribuído pa ra a estandardização das informações. Mas como êsse reforço informativo 'é maior em São Paulo do que no Rio,
formações sobre o volume de seus
Estatística oficial
antecipadamente
No setor dos preços do movimen
tornam-se difíceis as comparações re gionais. Seria de imensa utilidade que se adotasse o mesmo esquema de in
Os diretores das empresas econômi
a 1914
14 — Exportações
informações
co a mentalidade dos nossos diretores
verdadeira
oficial sobre
de
itens 4, 5, e 9 da mesma tabela, seria indispensável que se mudasse um pou
Brasil
com o período anterior 13"—Falências
roviárias. Seria interessante não so
facultaria dar resposta às questões
capitais dos Estados
periodicamente
Brasil. Um grande segredo envolve
cumbindo-o da publicação de estatís ticas que as companhias ferroviárias
Rio
JO—Mercado
disso, seria indispensável que aquelas informações fossem feitas semanal
tindo estimativas seguras sobre as dis ponibilidades de capital dentro das fronteiras nacionais, já tivemos uma
tação suficiente
Estatísticas sobre o mov.
carteiras nos bancos comerciais. Além
tísticas c informações oficiais.
mente e com tòdas as indicações re
nais, quinzenais e men sais fornecem documen
mento de anos atrasa
levanta contra a deficiência das esta
comendadas.
Boletins diários, sema
Documentos históricos do Depart. Nac'. de Est. de Ferro sòbre o movi
rio não só se publicam com atraso, mas nada' contêm sôbre importantís
pelas sociedades particulares, permi
merciais
9 — Transporte
quema que se justificaria em 1938, mas que já não apresenta utilidade boje em dia. As informações do Ministé
portantes, sòbre as emissões de títulos
tre bancos oficiais e co 8 — Mov. bolsista
O serviço do Ministério da Fazen da obedece, neste particular, a um es
simos itens, como o valor dos títulos mobiliários detidos pelas respectivas
Para os cálculos, extremamente im
do movimento bancário
particular.
vendo motivos para o clamor que se
dos seguros, informações sérias, ha
ções
sabe o que é publicado por iniciativa
Referência especial merecem as pu-
blicações do Ministério da Fazenda sôbre o comércio exterior.
Embora
completas, elas são publicadas com atraso. Há uma exceção mas que re
presenta, por outro lado, ura privilé
gio que já não se justifica: uma có-
Dícesto
60 vendas
Econó.mico
grícolas*.
61
EcoNÓhaco
As pessoas de pretensões mais mo destas poderão alegar, diante dessa
nas
grandes lojas
5—Condições a-
Dícesto
Excelente serviço para a previsão da Secretaria
da Agricultura para S.
tabela, que já possuímos agora mais do que outrora. É certo, e daqui pres Previsão de safras para
todas as regiões fora de São Paulo
tamos no.«isa homenagem aos. que, há anos, tudo vêm fazendo pela vulga
rização dos estudos econômicos. Mas
Paulo
isso não basta. O mundo de negócios 6—Circulação de mercadorias
Estatística do Imposto de Vendas c Consigna
precisa orientar-se tendo por base da
Indicaçõc.s sobre o volu me cfc vendas nas lojas
O Ministério da Faz. pu blica estatística, com
7 — Movimento bancário
muito atraso e sem cri
tério de separação en
Estatística
semanal
so
bre os principais itens
dos
portuário
O mesmo se pode dizer das infor mações divulgadas pelo Banco do
publicação basica — o "Livro das So ciedades Anônimas de edição parti
também a situação das empresas fer
Estatística semanal sobre
cular. Mas essa obra data de 194S e
brecarregarmos tanto o Departamento
o volume de transporte
desde então muitas coisas se passa
Nacional de Estradas de Ferro, in-
e a renda das estradas lie ferro
ram, sendo de esperar, pois, que se
de
dinheiro e de
capital 11 — Mov. de cons truções
Cálculos sobre a taxa real de juros dos títulos
Multiplicidade de infor mações, mas contraditó rias
12 — Preços
índices
modificados
providencie uma nova edição, que nos
podem perfeitamente fornecer, sema
das auto-estradas que
contidas nos três primeiros itens da
nalmente, aos interessados.
saem de São Paulo e do
tabela que atrás publicamos. Para que possamos estabelecer ba
to mobiliário e das falências, os ór
Idcm sobre o movimento
ses
Informações do Banco do Estatística mente
e importa ção
Existem boletins com in
dicações atrasadas. Dados recentes são publi cados
referentes aos
de empresas econômicas. Atualmente, muitos dêles consideram simples atos de espionagem qualquer pedido de in
as
Um índice básico que permita a comparação
negócios.
formações para todo o País.
cas
Boletins do Ministério da Faz. publicados com
bem mais compreensivos e francos a esse respeito, não se podendo dizer que essa franqueza e compreensão
mais rapidez.
de
outros
países
mostraram-se
lhes tenham acarretado nenhum mal... Sôbre o movimento bancário só se
por um jornal do Rio. .a*
gãos de classe, e em especial a Asso ciação Comercial, têm contribuído pa ra a estandardização das informações. Mas como êsse reforço informativo 'é maior em São Paulo do que no Rio,
formações sobre o volume de seus
Estatística oficial
antecipadamente
No setor dos preços do movimen
tornam-se difíceis as comparações re gionais. Seria de imensa utilidade que se adotasse o mesmo esquema de in
Os diretores das empresas econômi
a 1914
14 — Exportações
informações
co a mentalidade dos nossos diretores
verdadeira
oficial sobre
de
itens 4, 5, e 9 da mesma tabela, seria indispensável que se mudasse um pou
Brasil
com o período anterior 13"—Falências
roviárias. Seria interessante não so
facultaria dar resposta às questões
capitais dos Estados
periodicamente
Brasil. Um grande segredo envolve
cumbindo-o da publicação de estatís ticas que as companhias ferroviárias
Rio
JO—Mercado
disso, seria indispensável que aquelas informações fossem feitas semanal
tindo estimativas seguras sobre as dis ponibilidades de capital dentro das fronteiras nacionais, já tivemos uma
tação suficiente
Estatísticas sobre o mov.
carteiras nos bancos comerciais. Além
tísticas c informações oficiais.
mente e com tòdas as indicações re
nais, quinzenais e men sais fornecem documen
mento de anos atrasa
levanta contra a deficiência das esta
comendadas.
Boletins diários, sema
Documentos históricos do Depart. Nac'. de Est. de Ferro sòbre o movi
rio não só se publicam com atraso, mas nada' contêm sôbre importantís
pelas sociedades particulares, permi
merciais
9 — Transporte
quema que se justificaria em 1938, mas que já não apresenta utilidade boje em dia. As informações do Ministé
portantes, sòbre as emissões de títulos
tre bancos oficiais e co 8 — Mov. bolsista
O serviço do Ministério da Fazen da obedece, neste particular, a um es
simos itens, como o valor dos títulos mobiliários detidos pelas respectivas
Para os cálculos, extremamente im
do movimento bancário
particular.
vendo motivos para o clamor que se
dos seguros, informações sérias, ha
ções
sabe o que é publicado por iniciativa
Referência especial merecem as pu-
blicações do Ministério da Fazenda sôbre o comércio exterior.
Embora
completas, elas são publicadas com atraso. Há uma exceção mas que re
presenta, por outro lado, ura privilé
gio que já não se justifica: uma có-
^mn..
Dicesto
62
T
Econó.nuco
pia niiinieografada é fornecida a cer
va pelo assunto, tal preferência ainda
to jornal carioca, que a publica com exclusividade, quase .um mês antes da
SC justificava. Hoje, não. Xão há mo
divulgação oficial das estatísticas. Ou-
vendo todos os jornais merecer igual
trora, quando o referido jornal era
tratameftto por parte do Ministério
pràticamente o único que se interessa
.■íj r
MANIFESTO
BURGUÊS
João de Oliveuixa Filho
tivos que justifiquem privilégios, de da Fazenda. '
Poderia a instituição do regime feu
A formação c (i interriipçõn do desen volvimento da classe burmiesa
da
classe
últimos
laços,
na
mais tarde, que seria um fenômeno
Europa, que
regime como uma árvore frondosa. De longe os ollios não chegariam a ver senão a ramagem. De perto, o tronco poderia ser contemplado. Para ver,
prendiam uma grande parte da huma
nidade ao regime feudal em decompo
sição,
estavam, por ocasião daquele
Rrandc acontecimento, na proprieda de vinculada e nas corporações de
que jamais se rcpefiria.
Era aquele
porém, suas raízes, seria necessário cavar a terra.
Era o fcuclalismo, em sua essência,
ofício.
Vinham os burgueses, dia a dia, des truindo essas dxias poderosas forças
uma organização que contrariava sen
timentos substanciais e irredutiveU dos homens — o da liberdade de ação
sociais.
Naqticle regime a propriedade dos latifúndios pertencia aos senhores, e era trabalhada, pelos vassalos.
Mais tarde, passou a ser vinculada,
e o da livre disposição da proprieda de privada.
Foi por isso que com o correr dos tempos começou a se formar margi
o que era xima forma de propriedade
nalmente àquela organização uma ou
feudal, explorada sob o regime, em
tra, constituída dos homens livres, vi
sua expressão mais simples, do do-
vendo fora das barreiras dos feudos,
tnínio
tado, na Idade Média, sob sua forma
formando os burgos. Eram os comer ciantes. Eram os trabalhadores libe rais. Eram os habitantes das vilas, das
primária, para as profissões, tomando
comunas, das cidades livres.
iitil,
1 -
Esse regime de terras foi transpor
a forma das corporações dos ofícios. Ninguém podendo exercer a profis
' • .V, ■0^
'
Montesquieu. porém, viria dizer,
dos burgue
ses.
Os
sorganização econômica e social cio mundo.
Revolução Francesa interrompeu h
formação
dal ter atendido a um momento de de-
são sem
pertencer à respectiva cor
poração, nela colocado o trabalhador
Favorecidos pelos reis, cujo poderio
era contrastado pelos dos senhores feudais, os burgueses foram conse guindo direitos especiais de govêrno e
na classe a que fôsse atingido, verifi cava-se na corporação o que se dava
administração.
na vassalagem — o homem sentia-se
bra do juramento de fidelidade, pro
'assegurado quanto à sua subsistência. Fiel o vassalo ao seu senhor, subme
tido o artesão ao seu mestre, perdia o indivíduo
a
liberdade,
ganh?iva,
do-
duziu outro aumento contínuo dos que
passaram-a viver sem compromissos da vassalagem.
Poderiam os burgueses — o que não era concedido aos vassalos — dar suas
,rém, a segurança.
j.J,. V
.0 favorccimento. a seguir, da que
' . . i'. Í.Í
ftfev.-.-
^mn..
Dicesto
62
T
Econó.nuco
pia niiinieografada é fornecida a cer
va pelo assunto, tal preferência ainda
to jornal carioca, que a publica com exclusividade, quase .um mês antes da
SC justificava. Hoje, não. Xão há mo
divulgação oficial das estatísticas. Ou-
vendo todos os jornais merecer igual
trora, quando o referido jornal era
tratameftto por parte do Ministério
pràticamente o único que se interessa
.■íj r
MANIFESTO
BURGUÊS
João de Oliveuixa Filho
tivos que justifiquem privilégios, de da Fazenda. '
Poderia a instituição do regime feu
A formação c (i interriipçõn do desen volvimento da classe burmiesa
da
classe
últimos
laços,
na
mais tarde, que seria um fenômeno
Europa, que
regime como uma árvore frondosa. De longe os ollios não chegariam a ver senão a ramagem. De perto, o tronco poderia ser contemplado. Para ver,
prendiam uma grande parte da huma
nidade ao regime feudal em decompo
sição,
estavam, por ocasião daquele
Rrandc acontecimento, na proprieda de vinculada e nas corporações de
que jamais se rcpefiria.
Era aquele
porém, suas raízes, seria necessário cavar a terra.
Era o fcuclalismo, em sua essência,
ofício.
Vinham os burgueses, dia a dia, des truindo essas dxias poderosas forças
uma organização que contrariava sen
timentos substanciais e irredutiveU dos homens — o da liberdade de ação
sociais.
Naqticle regime a propriedade dos latifúndios pertencia aos senhores, e era trabalhada, pelos vassalos.
Mais tarde, passou a ser vinculada,
e o da livre disposição da proprieda de privada.
Foi por isso que com o correr dos tempos começou a se formar margi
o que era xima forma de propriedade
nalmente àquela organização uma ou
feudal, explorada sob o regime, em
tra, constituída dos homens livres, vi
sua expressão mais simples, do do-
vendo fora das barreiras dos feudos,
tnínio
tado, na Idade Média, sob sua forma
formando os burgos. Eram os comer ciantes. Eram os trabalhadores libe rais. Eram os habitantes das vilas, das
primária, para as profissões, tomando
comunas, das cidades livres.
iitil,
1 -
Esse regime de terras foi transpor
a forma das corporações dos ofícios. Ninguém podendo exercer a profis
' • .V, ■0^
'
Montesquieu. porém, viria dizer,
dos burgue
ses.
Os
sorganização econômica e social cio mundo.
Revolução Francesa interrompeu h
formação
dal ter atendido a um momento de de-
são sem
pertencer à respectiva cor
poração, nela colocado o trabalhador
Favorecidos pelos reis, cujo poderio
era contrastado pelos dos senhores feudais, os burgueses foram conse guindo direitos especiais de govêrno e
na classe a que fôsse atingido, verifi cava-se na corporação o que se dava
administração.
na vassalagem — o homem sentia-se
bra do juramento de fidelidade, pro
'assegurado quanto à sua subsistência. Fiel o vassalo ao seu senhor, subme
tido o artesão ao seu mestre, perdia o indivíduo
a
liberdade,
ganh?iva,
do-
duziu outro aumento contínuo dos que
passaram-a viver sem compromissos da vassalagem.
Poderiam os burgueses — o que não era concedido aos vassalos — dar suas
,rém, a segurança.
j.J,. V
.0 favorccimento. a seguir, da que
' . . i'. Í.Í
ftfev.-.-
64
Dicesto Econômico
filhas em casamento sem o consenti mento do senhor, que não tinham.
Transmitiriam seus bens aos filhos,
que os sucediam, excluídos os senho res da herança. Poderiam dispor dos seus bens e haveres como bem enten dessem.
Politicamente tinham as cidades li vres ordem e bom governo, liberdade e segurança individuais.
Os reis cumularam os burgueses de vantagens.
A iniciativa dos seus habitantes lhes trazia prosperidade.
A troca de mercadorias foi aumen-
Undo, Ias da Inglaterra, vinhos da França, finos tecidos da
condições feudais, patriarcais, idílicas. Os disparatados Hames feudais que uniam os indivíduos aos seus superio res naturais, foram despedaçados ímpiedosamcntc e não deixou subsistir, de homem a homem, outro liame, que
tos dessa luta contínua — a dos bur gueses para libertarem os vassalos, a dc^ senhores para impedirem o seu
poderio. Marx e Engels reconhecem o gran
de papel revolucionário que a burgue sia viera realizando no correr dos sé
II
O período do "deixai fazer"
Abriu-se, assim, na História, o pe ríodo do "deixai fazer". A liberdade individual, no sentido da liberdade de apropriação dos meios de produção
das das piedosas exaltações, do entu gou na água glacial do Cálculo egoísta. A dignidade pessoal, con tinuam, foi colocada em valor de troca, e em lugar das inumeráveis li berdades reconhecidas por escrito e bem conquistadas
ciência.
da classe dos pobres
dos que so
friam os males da produção industrial em grande escala, da produção com o uso da máquina, acabando-se com o artesanato.
Caíra a sociedade numa anarquia de
Foi tanta a liberdade, aproveitada por poucos, que os muitos desejavam
.voltar à época da escravidão branca, a época do feudalismo, para serem superados os males do "laissez faire".
De certo modo a situação social,
reta e brutal.
certo dizer-se com Nieuwenhnis, na
"Enciclopédia Americana" que o so
cialismo, em geral, pode ser definido ções sociais no mundo por uma trans
cento, porém mil por cento que fi
ligiosas e políticas, ela a substituiu pela exploração aberta, desabrída, di
De certo modo, com referência a todas as modalidades do socialismo, é
bianos, acentua essa situação. Capita listas ignorantes ou irrefletidos, nesses
zeram as fortunas de Lancashire".
Numa palavra, a
mento de humanidade.
como um movimento tendo por fim
ção que "não foram cinco ou dez por
exploração mascarada por ilusões re
Foi dessa anarquia que surgiram as
idéias socialistas, baseadas no senti
terra e máquinas — chegou ao máximo. Lord Passfield, em um dos ensaios faterríveis tempos, falavam com exalta
colocou a liberdade co mercial desnudada de cons
legal da burguesia.
65
classes sociais.
siasmo cavalheiresco, da sentimentalidade da pequena burguesia, ela as afo
um homem livre. A liber dade tornou-se estatuto
A Idade Média está cheia dos efei
cesa interrompeu a formação conti nuada da classe dos burgueses.
Aqui começam a ser injustos. Dizem então que as emoções sagra
O' ar da cidade, dizia um adágio alemão, torna
essencialmente contrária à sua.
Foi assim que a Revolução Fran
gamento de contado.
França e da Itália.
vimento dessa classe social, que era
todos.
o interésse nu, que o impassível pa
nia, sedas e veludos da
consequentemente, tolerar o desenvol
êsses poucos da concorrência deso rientada que se estabeleceu entre
Por tôda a parte onde a burguesia
chegou, disseram élcs, destruiu ela as^
Flandres, gado da Polô
Os senhores feudais não poderiam
Dicesto Econômico
destruir as desigualdades das condi formação econômica.
Foi para coibir o individualismo dos
ricos que surgiu o socialismo dos apiedados.
O que passou a impressionar o so cialismo, desde o socialismo de Esta
do até o anarquismo, passando por todas as intermediárias doutrinas, se
ria então a desigualdade dos homens, formando os fortes e os fracos, os ri cos e os pobres, os possuidores e os
Seguindo o critério aparente de que
que assim se ia cristalizando, ficou
o procedimento de um indivíduo seja
sem atenção diante das formações dos
o paradigma do procedimento de tôda
No fundo, pois, o socialismo era
Estados, da revolução econômica exa cerbada pela revolução industrial, da
uma imensa manifestação de piedade
alguns ricos, surgidos da Revolução Francesa, trouxeram para a sociedade.
parada da legislação com o Código de
nha, infeliz, desgraçada, dos trabalha
Napoleão que ia servindo de base pa ra o direito das nações européias, que
dores.
Alguns desgarrados elementos da bur
não se contentavam com o direito ro-
guesia aproveitaram-se da liberdade
naano atualizado.
incondicional de todos, que a Revolu ção Francesa proclamou. Aproveita
Entre o povo, porém, não era pos sível, de um lado, esconder a violên
ram-se esses poucos ricos da dissolu
cia incomensurável da cobiça da clas se dos ricos — dos que se aproveita vam da máquina e da exploração do trabalho desprotegido; e, de outro la do, a degradação para a maior miséria
uma nação, Marx e Engels carrega
ram à culpa da burguesia o mal que
culos. Ambos descrevam o feudalismo com aquela admiração que a cavala ria desperta em quem lê a História da Idade Média. Olhando assim a fronde da árvore, como dizia Montesquieu, são êles de lirismo inconcebível em quem vinha proclamar o esmagamen-
ciedades para a recíproca proteção
to de uma organização social existente.
dos
ção das corporações de ofício, proibi das, sob pena de morte, quaisquer so trabalhadores.
Aproveitaram-se -^1
sem bens.
humana, para impedir a vida mesqui
A história da segunda metade do século dezenove está cheia dos planos socialísticos baseados no sentimento
nobre da comiseração. A piedade, porém, não é sentimen to que coaja.
Foi por isso que alguns socialistas, que não tinham confiança nas medi
das de benemerência que os ricos pu sessem em obra e que também não
64
Dicesto Econômico
filhas em casamento sem o consenti mento do senhor, que não tinham.
Transmitiriam seus bens aos filhos,
que os sucediam, excluídos os senho res da herança. Poderiam dispor dos seus bens e haveres como bem enten dessem.
Politicamente tinham as cidades li vres ordem e bom governo, liberdade e segurança individuais.
Os reis cumularam os burgueses de vantagens.
A iniciativa dos seus habitantes lhes trazia prosperidade.
A troca de mercadorias foi aumen-
Undo, Ias da Inglaterra, vinhos da França, finos tecidos da
condições feudais, patriarcais, idílicas. Os disparatados Hames feudais que uniam os indivíduos aos seus superio res naturais, foram despedaçados ímpiedosamcntc e não deixou subsistir, de homem a homem, outro liame, que
tos dessa luta contínua — a dos bur gueses para libertarem os vassalos, a dc^ senhores para impedirem o seu
poderio. Marx e Engels reconhecem o gran
de papel revolucionário que a burgue sia viera realizando no correr dos sé
II
O período do "deixai fazer"
Abriu-se, assim, na História, o pe ríodo do "deixai fazer". A liberdade individual, no sentido da liberdade de apropriação dos meios de produção
das das piedosas exaltações, do entu gou na água glacial do Cálculo egoísta. A dignidade pessoal, con tinuam, foi colocada em valor de troca, e em lugar das inumeráveis li berdades reconhecidas por escrito e bem conquistadas
ciência.
da classe dos pobres
dos que so
friam os males da produção industrial em grande escala, da produção com o uso da máquina, acabando-se com o artesanato.
Caíra a sociedade numa anarquia de
Foi tanta a liberdade, aproveitada por poucos, que os muitos desejavam
.voltar à época da escravidão branca, a época do feudalismo, para serem superados os males do "laissez faire".
De certo modo a situação social,
reta e brutal.
certo dizer-se com Nieuwenhnis, na
"Enciclopédia Americana" que o so
cialismo, em geral, pode ser definido ções sociais no mundo por uma trans
cento, porém mil por cento que fi
ligiosas e políticas, ela a substituiu pela exploração aberta, desabrída, di
De certo modo, com referência a todas as modalidades do socialismo, é
bianos, acentua essa situação. Capita listas ignorantes ou irrefletidos, nesses
zeram as fortunas de Lancashire".
Numa palavra, a
mento de humanidade.
como um movimento tendo por fim
ção que "não foram cinco ou dez por
exploração mascarada por ilusões re
Foi dessa anarquia que surgiram as
idéias socialistas, baseadas no senti
terra e máquinas — chegou ao máximo. Lord Passfield, em um dos ensaios faterríveis tempos, falavam com exalta
colocou a liberdade co mercial desnudada de cons
legal da burguesia.
65
classes sociais.
siasmo cavalheiresco, da sentimentalidade da pequena burguesia, ela as afo
um homem livre. A liber dade tornou-se estatuto
A Idade Média está cheia dos efei
cesa interrompeu a formação conti nuada da classe dos burgueses.
Aqui começam a ser injustos. Dizem então que as emoções sagra
O' ar da cidade, dizia um adágio alemão, torna
essencialmente contrária à sua.
Foi assim que a Revolução Fran
gamento de contado.
França e da Itália.
vimento dessa classe social, que era
todos.
o interésse nu, que o impassível pa
nia, sedas e veludos da
consequentemente, tolerar o desenvol
êsses poucos da concorrência deso rientada que se estabeleceu entre
Por tôda a parte onde a burguesia
chegou, disseram élcs, destruiu ela as^
Flandres, gado da Polô
Os senhores feudais não poderiam
Dicesto Econômico
destruir as desigualdades das condi formação econômica.
Foi para coibir o individualismo dos
ricos que surgiu o socialismo dos apiedados.
O que passou a impressionar o so cialismo, desde o socialismo de Esta
do até o anarquismo, passando por todas as intermediárias doutrinas, se
ria então a desigualdade dos homens, formando os fortes e os fracos, os ri cos e os pobres, os possuidores e os
Seguindo o critério aparente de que
que assim se ia cristalizando, ficou
o procedimento de um indivíduo seja
sem atenção diante das formações dos
o paradigma do procedimento de tôda
No fundo, pois, o socialismo era
Estados, da revolução econômica exa cerbada pela revolução industrial, da
uma imensa manifestação de piedade
alguns ricos, surgidos da Revolução Francesa, trouxeram para a sociedade.
parada da legislação com o Código de
nha, infeliz, desgraçada, dos trabalha
Napoleão que ia servindo de base pa ra o direito das nações européias, que
dores.
Alguns desgarrados elementos da bur
não se contentavam com o direito ro-
guesia aproveitaram-se da liberdade
naano atualizado.
incondicional de todos, que a Revolu ção Francesa proclamou. Aproveita
Entre o povo, porém, não era pos sível, de um lado, esconder a violên
ram-se esses poucos ricos da dissolu
cia incomensurável da cobiça da clas se dos ricos — dos que se aproveita vam da máquina e da exploração do trabalho desprotegido; e, de outro la do, a degradação para a maior miséria
uma nação, Marx e Engels carrega
ram à culpa da burguesia o mal que
culos. Ambos descrevam o feudalismo com aquela admiração que a cavala ria desperta em quem lê a História da Idade Média. Olhando assim a fronde da árvore, como dizia Montesquieu, são êles de lirismo inconcebível em quem vinha proclamar o esmagamen-
ciedades para a recíproca proteção
to de uma organização social existente.
dos
ção das corporações de ofício, proibi das, sob pena de morte, quaisquer so trabalhadores.
Aproveitaram-se -^1
sem bens.
humana, para impedir a vida mesqui
A história da segunda metade do século dezenove está cheia dos planos socialísticos baseados no sentimento
nobre da comiseração. A piedade, porém, não é sentimen to que coaja.
Foi por isso que alguns socialistas, que não tinham confiança nas medi
das de benemerência que os ricos pu sessem em obra e que também não
rir
Dioesto Econômico
60
Dicivsto
tinham confiança no govêrno. que pa recia estar nas mãos dos ricos, e re
duzido ao Estado-polícia, conceberam a idéia de ser o Estado o grande pro
prietário e o grande industrial. O Es
EcoNÓxnco
67
balho na medida cm cpic seu trabaliio aumenta o capital. íisscs trabalhadores,
h^ntrctanto, qnc era c que c a bur
dade que o trabalhador assim com
diziam Marx c Engcis, forçados a se
guesia senão a situação a que todo
venderem a rclalho, são mercadorias semelhantes a quahiucr outro artigo
ser luimano aspira, o dc ser proprie tário, o dc poder transmitir seus bens
mo era seu o salário que com seu tra balho ganhou.
prou deve ser tanto sua própria, co
tado seria o proprietário de tudo. Era a idéia do senhor, no regime feudal,
do comércio, c expostos, por conse
aos seus filhos, o dc poder usar dos
qüência, como as demais mercadorias,
.seus bens cm benefício da sua pros
Nisso consiste, como fàcilmente se deixa entender, o domínio dos bens
transfundida no conceito do domínio eminente do Estado. Era a idéia do
a todas as vicissitiules da concorrên
peridade r
móveis ou imóveis.
cia. a tôdas as flutuações de mercado. /\s condições de e.xistência da ve lha sociedade, evidencia o Manife.sto
S. S. o Papa I.cão XTII proclamara a Icgittniidadc da propriedade como
nistas em que os bens dos particulares
mestre, nas corporações de ofício, transferidas para o chefe do partido único, destinado a suprimir a resistên cia dos que preferiam a liberdade.
A solução estaria, na ordem políti
ca, em se substituir a forma de gover no, e, na ordem privada, em se aca bar com a propriedade particular.
Formou-se o grupo dos comunis tas.
Teria que achar uma èxprcssão ver))al para servir aos seus desígnios. ^ Acusou então a burguesia de ser a madrasta da classe operária.
Lançou sôbre a burguesia em geral — que era a classe média — a maldi-
.ção de ser a exploradora do homem. Sabia que a burguesia, a classe média, cuja formação estacionara com a Re volução Francesa, não era a culpada da formação da classe proletária. Sa bia que a classe dos ricos, que come
çara a se formar com violência inau dita, depois daquela Revolução, teria a responsável. Era, porém, mais fácil atacar a burguesia. Burguesia passou a significar, para
os comunistas, e para os fins de sua
propaganda, o símbolo do capital. _
O desenvolvimento da burguesia,
isto é. do caidtal - lê-se no "Mani festo Comunista"-teve como contra-
partida o desenvolvimento do proleta
riado, a classe dos trabalhadores mo dernos, que não vive senão do trabalho que encontra, e que não encontra tra
resultado das economias do produto
Logo, ao empenharem-se os comu passem ao Estado, pioram a condição
Comunista, ficaram anifiuiladas pelas
do traba^io. Dizer que Deus deu a
condições dc existência do proletaria
terra cm comum a tôda a linhagem
do. O proletariado é sem propriedade; suas relações com mulher e filhos na
bumana. não c dizer — lê-se na ja-
que quiserem, tirando-llies a esperan
niais
ça e mesmo o poder de aumentar seus
da têm dc comum com a(|uelas das
"Rcrum Novarum" — que todos os
famílias burguesas. O trabalho indus
homens indistintamente sejam senho
trial, submetido ao capital, ficou des
res dc tôda ela, senão que Deus não assinalou ninguém em particular a
pojado do seu caráter nacional. As
bastante
celebrada
encíclica
dos trabalhadores, usurpando-Ihes a li berdade de fazer de seu salário o uso
bens próprios e extrair deles sua uti lidade.
Eis a doutrina de Leão XIII.
Nesse sentimento da propriedade individual é que se baseia o priqcípio
leis, a moral, a religião, constituiam a
parte que teria de possuir, deixando à
seus ollios outros tantos preconceitos
atividade dos homens e às instituições
burgueses atrás dos quais se esconder
dos povos a delimitação da posse pri vada. Facilmente se compreende que
bens, e no sentimento da transferên
a causa principal de empregarem seu
cia da riqueza adquirida aos herdei
riam
outros
tantos
interesses
bur
gueses.
A acusação contra a burguesia, le
trabalho os que se ocupam em al
vada à categoria dos ricos, trouxe pa
guma arte • lucrativa e o fim a que
ra êsse nome o opróbrio e o ridículo. — o opróbrio que os pobres lhe da
tes : procurar alguma coisa para si e
vam, o ridículo que os intelectuais
possuí-la como sua, com direção pró
lhe votavam.
pria e pessoal.
pròximamente mira o operário são es
da burguesia, na idéia natural do em prego dos lucros no aumento de seus
ros que cada um venha a ser.
III A cQsa partida c a corrente de ferro Pregou então o comunismo a ex-
Enquanto a palavra "comunista"
Se o trabalhador presta a outrem
adquiria foros de revolução pró-opcrariado, de revolução a favor dos pro
suas forças c sua indústria, presta-as
letários, a palavra "burguês" adqui-
para viver e sustentar-se, e, por isto, com o trabalho que de sua parte põe,
fiscação dc todos os bens dos emigra
ttdquirc um direito verdadeiro e per feito, não só para exigir o salário, se não para fazer deste o uso que qui
crédito entre as mãos do Estado, por
com o fim de alcançar o necessário
ria o sentido do opressor máximo da liumanidade, a classe dos detentores do capital.
De tal sorte que a situação da bur guesia, daquela classe que se viera
formando marginalmente ao regime feudal, veio a parecer a de classe in
ser.
I
Se, gastando pouco dêsse salário,
propriação da propriedade rendeira; o imposto fortemente progressivo; a abolição do direito de licrança; a condos e rebeldes; a centralização do meio dc um banco nacional com ca
pital do Estado e monopólio exclusi vo; a centralização nas mãos do Es
tado dc todos os meios de transpor
economiza algum, e para ter mais se
tes; a multiplicação das manufaturas
compatível com a sociedade. A bur
gura essa economia, fruto de sua par
nacionais e dos instrumentos de produ
guesia seria a origem do pauperismo, ela qUe foi a prosperidade dos que se
cimônia, o emprega em uma proprie
dade, segue-se que tal propriedade não
ção, exploração e amanho das terras segundo um plano de conjunto; a
desvencilhavani dos laços feudais.
é mais que aquele salário debaixo de outra fôrma, e, portanto, a proprie
dos; organização dc exércitos Indus-
mesma obrigação de trabalho para to
i
rir
Dioesto Econômico
60
Dicivsto
tinham confiança no govêrno. que pa recia estar nas mãos dos ricos, e re
duzido ao Estado-polícia, conceberam a idéia de ser o Estado o grande pro
prietário e o grande industrial. O Es
EcoNÓxnco
67
balho na medida cm cpic seu trabaliio aumenta o capital. íisscs trabalhadores,
h^ntrctanto, qnc era c que c a bur
dade que o trabalhador assim com
diziam Marx c Engcis, forçados a se
guesia senão a situação a que todo
venderem a rclalho, são mercadorias semelhantes a quahiucr outro artigo
ser luimano aspira, o dc ser proprie tário, o dc poder transmitir seus bens
mo era seu o salário que com seu tra balho ganhou.
prou deve ser tanto sua própria, co
tado seria o proprietário de tudo. Era a idéia do senhor, no regime feudal,
do comércio, c expostos, por conse
aos seus filhos, o dc poder usar dos
qüência, como as demais mercadorias,
.seus bens cm benefício da sua pros
Nisso consiste, como fàcilmente se deixa entender, o domínio dos bens
transfundida no conceito do domínio eminente do Estado. Era a idéia do
a todas as vicissitiules da concorrên
peridade r
móveis ou imóveis.
cia. a tôdas as flutuações de mercado. /\s condições de e.xistência da ve lha sociedade, evidencia o Manife.sto
S. S. o Papa I.cão XTII proclamara a Icgittniidadc da propriedade como
nistas em que os bens dos particulares
mestre, nas corporações de ofício, transferidas para o chefe do partido único, destinado a suprimir a resistên cia dos que preferiam a liberdade.
A solução estaria, na ordem políti
ca, em se substituir a forma de gover no, e, na ordem privada, em se aca bar com a propriedade particular.
Formou-se o grupo dos comunis tas.
Teria que achar uma èxprcssão ver))al para servir aos seus desígnios. ^ Acusou então a burguesia de ser a madrasta da classe operária.
Lançou sôbre a burguesia em geral — que era a classe média — a maldi-
.ção de ser a exploradora do homem. Sabia que a burguesia, a classe média, cuja formação estacionara com a Re volução Francesa, não era a culpada da formação da classe proletária. Sa bia que a classe dos ricos, que come
çara a se formar com violência inau dita, depois daquela Revolução, teria a responsável. Era, porém, mais fácil atacar a burguesia. Burguesia passou a significar, para
os comunistas, e para os fins de sua
propaganda, o símbolo do capital. _
O desenvolvimento da burguesia,
isto é. do caidtal - lê-se no "Mani festo Comunista"-teve como contra-
partida o desenvolvimento do proleta
riado, a classe dos trabalhadores mo dernos, que não vive senão do trabalho que encontra, e que não encontra tra
resultado das economias do produto
Logo, ao empenharem-se os comu passem ao Estado, pioram a condição
Comunista, ficaram anifiuiladas pelas
do traba^io. Dizer que Deus deu a
condições dc existência do proletaria
terra cm comum a tôda a linhagem
do. O proletariado é sem propriedade; suas relações com mulher e filhos na
bumana. não c dizer — lê-se na ja-
que quiserem, tirando-llies a esperan
niais
ça e mesmo o poder de aumentar seus
da têm dc comum com a(|uelas das
"Rcrum Novarum" — que todos os
famílias burguesas. O trabalho indus
homens indistintamente sejam senho
trial, submetido ao capital, ficou des
res dc tôda ela, senão que Deus não assinalou ninguém em particular a
pojado do seu caráter nacional. As
bastante
celebrada
encíclica
dos trabalhadores, usurpando-Ihes a li berdade de fazer de seu salário o uso
bens próprios e extrair deles sua uti lidade.
Eis a doutrina de Leão XIII.
Nesse sentimento da propriedade individual é que se baseia o priqcípio
leis, a moral, a religião, constituiam a
parte que teria de possuir, deixando à
seus ollios outros tantos preconceitos
atividade dos homens e às instituições
burgueses atrás dos quais se esconder
dos povos a delimitação da posse pri vada. Facilmente se compreende que
bens, e no sentimento da transferên
a causa principal de empregarem seu
cia da riqueza adquirida aos herdei
riam
outros
tantos
interesses
bur
gueses.
A acusação contra a burguesia, le
trabalho os que se ocupam em al
vada à categoria dos ricos, trouxe pa
guma arte • lucrativa e o fim a que
ra êsse nome o opróbrio e o ridículo. — o opróbrio que os pobres lhe da
tes : procurar alguma coisa para si e
vam, o ridículo que os intelectuais
possuí-la como sua, com direção pró
lhe votavam.
pria e pessoal.
pròximamente mira o operário são es
da burguesia, na idéia natural do em prego dos lucros no aumento de seus
ros que cada um venha a ser.
III A cQsa partida c a corrente de ferro Pregou então o comunismo a ex-
Enquanto a palavra "comunista"
Se o trabalhador presta a outrem
adquiria foros de revolução pró-opcrariado, de revolução a favor dos pro
suas forças c sua indústria, presta-as
letários, a palavra "burguês" adqui-
para viver e sustentar-se, e, por isto, com o trabalho que de sua parte põe,
fiscação dc todos os bens dos emigra
ttdquirc um direito verdadeiro e per feito, não só para exigir o salário, se não para fazer deste o uso que qui
crédito entre as mãos do Estado, por
com o fim de alcançar o necessário
ria o sentido do opressor máximo da liumanidade, a classe dos detentores do capital.
De tal sorte que a situação da bur guesia, daquela classe que se viera
formando marginalmente ao regime feudal, veio a parecer a de classe in
ser.
I
Se, gastando pouco dêsse salário,
propriação da propriedade rendeira; o imposto fortemente progressivo; a abolição do direito de licrança; a condos e rebeldes; a centralização do meio dc um banco nacional com ca
pital do Estado e monopólio exclusi vo; a centralização nas mãos do Es
tado dc todos os meios de transpor
economiza algum, e para ter mais se
tes; a multiplicação das manufaturas
compatível com a sociedade. A bur
gura essa economia, fruto de sua par
nacionais e dos instrumentos de produ
guesia seria a origem do pauperismo, ela qUe foi a prosperidade dos que se
cimônia, o emprega em uma proprie
dade, segue-se que tal propriedade não
ção, exploração e amanho das terras segundo um plano de conjunto; a
desvencilhavani dos laços feudais.
é mais que aquele salário debaixo de outra fôrma, e, portanto, a proprie
dos; organização dc exércitos Indus-
mesma obrigação de trabalho para to
i
'I
Dicesto Econômico 68
triais, em particular para a agricul tura; a reunião da agricultura e da indústria, medidas a fazer desaparecer
progressivamente a oposição entre a cidade e o campo; a educação públi ca gratuita de tôdas as crianças, com supressão, sob sua forma de então, do trabalho das crianças nas fábricas. A solução comunista do problema
da propriedade enveredou-se, portan to, para a propriedade do Estado. Para conseguir a implantação da
Não nos queremos agora referir aos demais países do mundo.
DiGiiSTo
Econômico
69
Instituiu-se o seguro de velhice, de invaudcz, de vida.
Nem nos (lUcremos deter na idéia da formação de um Direito Social au tônomo.
Queremos trazer os olhos sôbrc nos so país.
Em nosso país, avançou-se mais do que em qualquer outro.
Não SC pôs atenção no princípio de que não são as leis que organizam as
Permitiu-se a associação sindical. Criou-se a justiça trabalhista.
Afinal, veio a participação nos lu cros cias empresas.
As indenizações por acidentes e por
desdobramento, de um lado, iludindo
morte são absorvidas pelos institutos.
a massa, sem dúvida exacerbando-a;
ferro, dentro do qual o proletário fi
das emi.,rêsas, certamente eliminan do-a de colaboração. Considere-se agora o que está acon
ca encerrado sem poder sair. Dir-se-á que o proletário atualmen
nova idéia, a revolução comunista,
cia.
na formação de uma nova máquina do
Não se teve memória para lembrarque a verdade dos séculos é a de que
tecendo depois disso.
o direito se origina dos fatos.
dos fatos. Basta acentuar dois, so
com uma nova máquina.
de fatos, passou a ser um programa a
Não
nos vamos estear no exame
mente.
Devido à estabilidade o trabalhador
perde a sua capacidade de iniciativa.
se realizar.
Criou-lhe o medo de deixar o emprê-
A nova máquina seria a dos "so-
Criaram-se
viets", a que todos os homens fica riam reduzidos, a que todo o mundo
de trabalho.
Estabeleceu-se o princípio de a mo
go. Hoje um trabalhador, depois que tenha certa idade, dificilmente encon
deveria obedecer.
dalidade do trabalho ser a mais apro
tra emprego em outra empresa. O tra-
priada às 'exigências do operário e da empresa.
em virtude da estabilidade. Por outro
Jesus Cristo, porém, dissera que ha veria sempre pobres. Fôra a forma de
dizer que há distinções sociais. Mas também dissera que todo o reino, di vidido contra si mesmo, será desola do, cairá em ruinas e tôda a cidade ou família ou casa, dividida contra si niesma, não subsistirá. "Omnis civitas vel domus divisa contra se non stabit". Fôra a forma de dizer que ^
não pode haver a luta de classes.
os contratos
coletivos
balliador está ficando preso à fábrica
Concedeu-se o direito às férias re
lado, o empregador não aumenta os sa lários. Espera os dissídios coletivos. Passaram as empresas de hoje, como
muneradas depois de um ano de ser
os senhores feudais da Idade Média,
viço.
a garantirem o trabalho e a subsistên
Fixou-se o repouso remunerado aos domingos.
por
cia. Como os vassalos, os operários
despedida injusta e a estabilidade no
abdicam da sua liberdade, e quanto
emprego.
mais pedem garantias nos empregos,
Prescreveu-se
a
indenização
Autorizou-se o Contrato de traba
e quanto
mais aumento de salários
Foi assim, pelo processo da divisão,
transferência dêsse contrato para o
conseguem, mais presos ficam aos seus lugares. A inflação monetária e
que inadvertidamente o socialismo foi
sucessor na propriedade da emprêsa.
as dificuldades da produção agrícola
trazendo o mundo, preocupado com os
Estabeleceu-se o salário mínimo.
jl
1-
»
_
_
que
lho por tempo que se quisesse e a
Está-se formando um círculo de
de outro lado, despertando a reação
no dizer de Lenine, deveria Consistir
A lei, em vez de ser a consolidação
Mas, os institutos de previdência e aposentadoria não dão o salário pro metido para o afastamento do ser- . viço.
Um programa sem bases para seu
sociedades, mas os home® que as formam no trato da sua convivên
Estado, esmagando a velha. Não bas taria que uma nova classe de- homens empolgasse o poder. Seria necessário que essa nova classe dirigisse o poder
organizam-se restaurantes, erguem-se hospitais.
absorvem todos os seus ganhos.
te tem tudo quanto precisa para sua subsistência, saúde e velhice.
É uma grande ilusão. É tempo, porém, para se evitar o que está acontecendo.
A classe do
proletariado, em vez de diminuir, au-
menta.
fornecendo, continuamente, novas ava
lanches de proletários. Advogados,
i
médicos, engenheiros, dentistas, pro-
\
fessôres passam da classe média para
j
a proletária como se esta fosse uma
classe destinada à permanência inde-
J
finida dos seus elementos.
m
Não estamos propugnando a elimisão necessárias para aqueles que não possam ou não queiram sair da classe
\ j
proletária.
(
Não estamos propugnando a eliminação das empresas ou dos ricos. Ri
[
cos sempre existirão no mundo.
O que se propugna é a formação de um movimento social contínuo da pas
sagem do proletário para o burguês. O problema social não está na e.x--
detalhes, despreocupado com a reali
Reduziram-se as horas de trabalho.
O trabalhismo, que se arvora então
dade.
Proibiu-se, como regra, o trabalho noturno e o trabalho de menores de
eni campeão da proteção aos traba lhadores, procura criar os elementos
catorze anos.
de assistência. É o pleno apogeu do
lhice.
Depois da primeira Grande Guerra as leis começaram a impor os princí pios socialísticos.
Criou-se a assistência médica e hi giênica ao trabalhador e à gestante.
socialismo
ou
do
beneficiarismo.
Constroem-se casas para os operários,
^
nação das leis sociais existentes. Elas
tinção das classes, porque essas exis tirão sempre, como existirá sempre na vida de cada homem o período de infância, o de mocidade, o de ve
Os detalhes venceram.
;
As profissões liberais estão
O problema social, maior em nosso país que em outros, está no efeito pa-
'I
Dicesto Econômico 68
triais, em particular para a agricul tura; a reunião da agricultura e da indústria, medidas a fazer desaparecer
progressivamente a oposição entre a cidade e o campo; a educação públi ca gratuita de tôdas as crianças, com supressão, sob sua forma de então, do trabalho das crianças nas fábricas. A solução comunista do problema
da propriedade enveredou-se, portan to, para a propriedade do Estado. Para conseguir a implantação da
Não nos queremos agora referir aos demais países do mundo.
DiGiiSTo
Econômico
69
Instituiu-se o seguro de velhice, de invaudcz, de vida.
Nem nos (lUcremos deter na idéia da formação de um Direito Social au tônomo.
Queremos trazer os olhos sôbrc nos so país.
Em nosso país, avançou-se mais do que em qualquer outro.
Não SC pôs atenção no princípio de que não são as leis que organizam as
Permitiu-se a associação sindical. Criou-se a justiça trabalhista.
Afinal, veio a participação nos lu cros cias empresas.
As indenizações por acidentes e por
desdobramento, de um lado, iludindo
morte são absorvidas pelos institutos.
a massa, sem dúvida exacerbando-a;
ferro, dentro do qual o proletário fi
das emi.,rêsas, certamente eliminan do-a de colaboração. Considere-se agora o que está acon
ca encerrado sem poder sair. Dir-se-á que o proletário atualmen
nova idéia, a revolução comunista,
cia.
na formação de uma nova máquina do
Não se teve memória para lembrarque a verdade dos séculos é a de que
tecendo depois disso.
o direito se origina dos fatos.
dos fatos. Basta acentuar dois, so
com uma nova máquina.
de fatos, passou a ser um programa a
Não
nos vamos estear no exame
mente.
Devido à estabilidade o trabalhador
perde a sua capacidade de iniciativa.
se realizar.
Criou-lhe o medo de deixar o emprê-
A nova máquina seria a dos "so-
Criaram-se
viets", a que todos os homens fica riam reduzidos, a que todo o mundo
de trabalho.
Estabeleceu-se o princípio de a mo
go. Hoje um trabalhador, depois que tenha certa idade, dificilmente encon
deveria obedecer.
dalidade do trabalho ser a mais apro
tra emprego em outra empresa. O tra-
priada às 'exigências do operário e da empresa.
em virtude da estabilidade. Por outro
Jesus Cristo, porém, dissera que ha veria sempre pobres. Fôra a forma de
dizer que há distinções sociais. Mas também dissera que todo o reino, di vidido contra si mesmo, será desola do, cairá em ruinas e tôda a cidade ou família ou casa, dividida contra si niesma, não subsistirá. "Omnis civitas vel domus divisa contra se non stabit". Fôra a forma de dizer que ^
não pode haver a luta de classes.
os contratos
coletivos
balliador está ficando preso à fábrica
Concedeu-se o direito às férias re
lado, o empregador não aumenta os sa lários. Espera os dissídios coletivos. Passaram as empresas de hoje, como
muneradas depois de um ano de ser
os senhores feudais da Idade Média,
viço.
a garantirem o trabalho e a subsistên
Fixou-se o repouso remunerado aos domingos.
por
cia. Como os vassalos, os operários
despedida injusta e a estabilidade no
abdicam da sua liberdade, e quanto
emprego.
mais pedem garantias nos empregos,
Prescreveu-se
a
indenização
Autorizou-se o Contrato de traba
e quanto
mais aumento de salários
Foi assim, pelo processo da divisão,
transferência dêsse contrato para o
conseguem, mais presos ficam aos seus lugares. A inflação monetária e
que inadvertidamente o socialismo foi
sucessor na propriedade da emprêsa.
as dificuldades da produção agrícola
trazendo o mundo, preocupado com os
Estabeleceu-se o salário mínimo.
jl
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_
que
lho por tempo que se quisesse e a
Está-se formando um círculo de
de outro lado, despertando a reação
no dizer de Lenine, deveria Consistir
A lei, em vez de ser a consolidação
Mas, os institutos de previdência e aposentadoria não dão o salário pro metido para o afastamento do ser- . viço.
Um programa sem bases para seu
sociedades, mas os home® que as formam no trato da sua convivên
Estado, esmagando a velha. Não bas taria que uma nova classe de- homens empolgasse o poder. Seria necessário que essa nova classe dirigisse o poder
organizam-se restaurantes, erguem-se hospitais.
absorvem todos os seus ganhos.
te tem tudo quanto precisa para sua subsistência, saúde e velhice.
É uma grande ilusão. É tempo, porém, para se evitar o que está acontecendo.
A classe do
proletariado, em vez de diminuir, au-
menta.
fornecendo, continuamente, novas ava
lanches de proletários. Advogados,
i
médicos, engenheiros, dentistas, pro-
\
fessôres passam da classe média para
j
a proletária como se esta fosse uma
classe destinada à permanência inde-
J
finida dos seus elementos.
m
Não estamos propugnando a elimisão necessárias para aqueles que não possam ou não queiram sair da classe
\ j
proletária.
(
Não estamos propugnando a eliminação das empresas ou dos ricos. Ri
[
cos sempre existirão no mundo.
O que se propugna é a formação de um movimento social contínuo da pas
sagem do proletário para o burguês. O problema social não está na e.x--
detalhes, despreocupado com a reali
Reduziram-se as horas de trabalho.
O trabalhismo, que se arvora então
dade.
Proibiu-se, como regra, o trabalho noturno e o trabalho de menores de
eni campeão da proteção aos traba lhadores, procura criar os elementos
catorze anos.
de assistência. É o pleno apogeu do
lhice.
Depois da primeira Grande Guerra as leis começaram a impor os princí pios socialísticos.
Criou-se a assistência médica e hi giênica ao trabalhador e à gestante.
socialismo
ou
do
beneficiarismo.
Constroem-se casas para os operários,
^
nação das leis sociais existentes. Elas
tinção das classes, porque essas exis tirão sempre, como existirá sempre na vida de cada homem o período de infância, o de mocidade, o de ve
Os detalhes venceram.
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As profissões liberais estão
O problema social, maior em nosso país que em outros, está no efeito pa-
r
•V ^«5
Diciílsto
Econ6>iico
71
DicivíTO Econômico
70
radoxal que a legislação soCial está
nesse regime, na sua idéia primária,
produzíiiílo cie manter a casa partida,
no seu suhsfrticlum, o instrumento há
'■ omnis domus devisa contra se", for
bil para a interação das classes. Isso é diferente da utopia dc igualdade de
mando por meio das leis uma classe
proletária fechada. Está na conseqüência de se ir cer
cando a classe proletária com uma corrente de ferro sem lhe dar a es
perança de sair das suas xondiçõcs. A solução desse problema está em SC criar uma porta para a alforria do
proletário das condições de vassala-
gem em que a legislação, por forma tão inesperada, vai conduzindo os in divíduos.
classes, mesmo por<|uc igualdade dc classc.s é uma expressão sem sentido. Na relação de igualdade não existe classe, que c uma discriminação. Exis te a equivalência.
se repete constantemente. É a segu
rança que um. dá a outro para se lan
çar ná vida com coragem, confiança c
esperança. Se houver um fracasso, en contrará- apoio para não cair.
Chame-se proteção, chame-se ajutório, chame-se auxílio, chame-se esse fato cie que boa palavra se quiser, fa to é que éle existe, fato é que êle
produz resultados, fato é ciue êle pro
Esse meio foi o partido político.
ses sociais?
Consiste
o
partido
político
num
grupo de cidadãos, mais ou menos or
ganizados, cpic age como unidade po
lítica c que, pelo uso do voto, pode controlar
ou
contrastar
o
govêrno,
pode sustentar e realizar suas idéias políticas gerais.
Os partidos políticos do mundo iU"
tciro estão imliuídos dos princípios cio socialismo nas .suas variadas modali dades.
Nenhum partido, porém, tem tido a coragem de entrar, francamente, na
ação social para facilitar a vida dos
isso tudo se siga a ingratidão. O caso é que, para que não exista a dor da ingratidão, tão benemcrentc
Com aqueles princípios, conseguem atrafr as massas. Entretanto, quando
prática deve ser organizada como sis
Não SC trata cie uma preservação
da existência da sociedade, pela con tínua entrada dos elementos experimêntados do operariado para a clas se média.
_
Estamos num regime democratir CO. . . Parece que se deve procurar
Com esse esforço, o proletariado não ficará uma clas.sc estanque. Pare
tidos para a obra social do reatamen to da formação da classe burguesa? Nos partidos há um objetivo social
ce
e há um objetivo político.
irreal,
ou rendimentos.
mas
é
para
conservar os
trabalhadores nessa classe que estão
nicios para dela sair!
no re
duz prosperidade. Pouco importa que muitas vezes a
tema.
priedade
girem sua finalidade.
nova e.ssa busca.
comunistas encontraram
para conseguir a integração das clas
Na vida dos homens liá um fato que
bidoras.
gime democrático um meio para atin
Não -é idéia Os
Por f|uc o burgucsismo não toma es
o partido burguês
meios e modos para iludir as leis coi-
que seu s.ilúrio se esgote na subsis tência. paru a classe em que o ganho do trabalho possa ser aplicado cm pro
existindo os chamados partidos traba lhistas ou socialistas ou populistas. Que cada proletário considere como se acha encerrado cm sua classe sem
se mesmo instrumento de ação social
IV
.♦•Mciani sua vida, passem da classe em
que querem progredir.
parece cjuc lhes concedem vantagens,
dao-lhcs narcóticos.
Quando parece
(|ue lhes dão remédios eficazes, dãollies pílulas sein vitaminas. Enganam
o estômago, não aplacam a fome.
Põem no pão o perfume do trigo, ti
Mas, não é da natureza humana que ele ficjuc aí preso.
O estado de operário não deve ser permanente, mas transitório. Deve ser uma escola de experiên
•Por que não se aproveitar a neces sidade política da formação dos par
Predomina nos partidos políticos o objetivo político.
O social está reduzido a se arran jar para o eleitor um cargo público. Tudo muito superficial.
Para se resolver o problema social, ha de o partido assumir o enipenlio dc contribuir para o progresso de to dos os seus membros.
Formc-se, pois, com esse objetivo, o partido burguês. ^ Seu efeito social consistirá na con
cia, não a redução do homem a ser vo <la empresa. I-Iá entre o salário e a propriedade um rio das águas turvas do popuHsrao ou da demagogia.
homem de livre iniciativa. Seu efeito
Construa-se uma ponte para se pas sar de um lado para outro.
gionários. A captação dos aderentes será obra
lím uma democracia o partido polí tico jjode ser essa ponte, porque nele
contínua de todos os dias, porque to dos os dias aparecerão homens que
tínua transformação do proletário em
político consistirá na proteção da si tuação adquirida pelos seus correli
se manifestando, na ordem privada, a
pretendem apoio para seu progresso
solidariedade entre todos os seus ele
individual.
mentos, na ordem pública a sua força SC objetivará na formação de govêrno <iue também realize esses objetivos.
meio de progresso, não a estabilidade
Nas épocas de eleição os dirigentes
B^ará cia legislação do trabalho um de uma situação incompatível com êsse progresso, como atualmente está
partidários se desdobram na arregiinentaçãa cios seus eleitores. Os can
ocorrendo.
didatos p ocnram contato com os vo
guês.
tantes,
Não combate os ricos, para os eli minar, nem sc compadece dos pobres,
iDrometendo,
dando,
corrom
pendo.
Em todos os países a corrupção eleitoral pela compra de votos é um mal que se procura extirpar.
Não há melhor socialista que o bur
para os liumilhar.
Com representação no govêrno, re
ção.
As leis procuraiíi restringir essas des
O- esforço real, entretanto, é- o de se fazer qué os proletários, que assim
tirará das empresas o que é necessá rio para os ricos não oprimirem os pobres. Com ação social, ajudará os
pesas. Os partidos, porém, encontram
proletários a saírem da classe em que
ram da farinha o glúten da alimenta
Os gastos de dinheiro são enormes.
r
•V ^«5
Diciílsto
Econ6>iico
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DicivíTO Econômico
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radoxal que a legislação soCial está
nesse regime, na sua idéia primária,
produzíiiílo cie manter a casa partida,
no seu suhsfrticlum, o instrumento há
'■ omnis domus devisa contra se", for
bil para a interação das classes. Isso é diferente da utopia dc igualdade de
mando por meio das leis uma classe
proletária fechada. Está na conseqüência de se ir cer
cando a classe proletária com uma corrente de ferro sem lhe dar a es
perança de sair das suas xondiçõcs. A solução desse problema está em SC criar uma porta para a alforria do
proletário das condições de vassala-
gem em que a legislação, por forma tão inesperada, vai conduzindo os in divíduos.
classes, mesmo por<|uc igualdade dc classc.s é uma expressão sem sentido. Na relação de igualdade não existe classe, que c uma discriminação. Exis te a equivalência.
se repete constantemente. É a segu
rança que um. dá a outro para se lan
çar ná vida com coragem, confiança c
esperança. Se houver um fracasso, en contrará- apoio para não cair.
Chame-se proteção, chame-se ajutório, chame-se auxílio, chame-se esse fato cie que boa palavra se quiser, fa to é que éle existe, fato é que êle
produz resultados, fato é ciue êle pro
Esse meio foi o partido político.
ses sociais?
Consiste
o
partido
político
num
grupo de cidadãos, mais ou menos or
ganizados, cpic age como unidade po
lítica c que, pelo uso do voto, pode controlar
ou
contrastar
o
govêrno,
pode sustentar e realizar suas idéias políticas gerais.
Os partidos políticos do mundo iU"
tciro estão imliuídos dos princípios cio socialismo nas .suas variadas modali dades.
Nenhum partido, porém, tem tido a coragem de entrar, francamente, na
ação social para facilitar a vida dos
isso tudo se siga a ingratidão. O caso é que, para que não exista a dor da ingratidão, tão benemcrentc
Com aqueles princípios, conseguem atrafr as massas. Entretanto, quando
prática deve ser organizada como sis
Não SC trata cie uma preservação
da existência da sociedade, pela con tínua entrada dos elementos experimêntados do operariado para a clas se média.
_
Estamos num regime democratir CO. . . Parece que se deve procurar
Com esse esforço, o proletariado não ficará uma clas.sc estanque. Pare
tidos para a obra social do reatamen to da formação da classe burguesa? Nos partidos há um objetivo social
ce
e há um objetivo político.
irreal,
ou rendimentos.
mas
é
para
conservar os
trabalhadores nessa classe que estão
nicios para dela sair!
no re
duz prosperidade. Pouco importa que muitas vezes a
tema.
priedade
girem sua finalidade.
nova e.ssa busca.
comunistas encontraram
para conseguir a integração das clas
Na vida dos homens liá um fato que
bidoras.
gime democrático um meio para atin
Não -é idéia Os
Por f|uc o burgucsismo não toma es
o partido burguês
meios e modos para iludir as leis coi-
que seu s.ilúrio se esgote na subsis tência. paru a classe em que o ganho do trabalho possa ser aplicado cm pro
existindo os chamados partidos traba lhistas ou socialistas ou populistas. Que cada proletário considere como se acha encerrado cm sua classe sem
se mesmo instrumento de ação social
IV
.♦•Mciani sua vida, passem da classe em
que querem progredir.
parece cjuc lhes concedem vantagens,
dao-lhcs narcóticos.
Quando parece
(|ue lhes dão remédios eficazes, dãollies pílulas sein vitaminas. Enganam
o estômago, não aplacam a fome.
Põem no pão o perfume do trigo, ti
Mas, não é da natureza humana que ele ficjuc aí preso.
O estado de operário não deve ser permanente, mas transitório. Deve ser uma escola de experiên
•Por que não se aproveitar a neces sidade política da formação dos par
Predomina nos partidos políticos o objetivo político.
O social está reduzido a se arran jar para o eleitor um cargo público. Tudo muito superficial.
Para se resolver o problema social, ha de o partido assumir o enipenlio dc contribuir para o progresso de to dos os seus membros.
Formc-se, pois, com esse objetivo, o partido burguês. ^ Seu efeito social consistirá na con
cia, não a redução do homem a ser vo <la empresa. I-Iá entre o salário e a propriedade um rio das águas turvas do popuHsrao ou da demagogia.
homem de livre iniciativa. Seu efeito
Construa-se uma ponte para se pas sar de um lado para outro.
gionários. A captação dos aderentes será obra
lím uma democracia o partido polí tico jjode ser essa ponte, porque nele
contínua de todos os dias, porque to dos os dias aparecerão homens que
tínua transformação do proletário em
político consistirá na proteção da si tuação adquirida pelos seus correli
se manifestando, na ordem privada, a
pretendem apoio para seu progresso
solidariedade entre todos os seus ele
individual.
mentos, na ordem pública a sua força SC objetivará na formação de govêrno <iue também realize esses objetivos.
meio de progresso, não a estabilidade
Nas épocas de eleição os dirigentes
B^ará cia legislação do trabalho um de uma situação incompatível com êsse progresso, como atualmente está
partidários se desdobram na arregiinentaçãa cios seus eleitores. Os can
ocorrendo.
didatos p ocnram contato com os vo
guês.
tantes,
Não combate os ricos, para os eli minar, nem sc compadece dos pobres,
iDrometendo,
dando,
corrom
pendo.
Em todos os países a corrupção eleitoral pela compra de votos é um mal que se procura extirpar.
Não há melhor socialista que o bur
para os liumilhar.
Com representação no govêrno, re
ção.
As leis procuraiíi restringir essas des
O- esforço real, entretanto, é- o de se fazer qué os proletários, que assim
tirará das empresas o que é necessá rio para os ricos não oprimirem os pobres. Com ação social, ajudará os
pesas. Os partidos, porém, encontram
proletários a saírem da classe em que
ram da farinha o glúten da alimenta
Os gastos de dinheiro são enormes.
-WTY
f.f ^9^
Dicesto Económicc
72
a experiência lhes dá começo de pros
Manifestações altruístlcas dos pro
peridade.
prietários, constituindo
A idéia é abrir-se para o proletário uma esperança de sair de sua classe. O instrumento é o partido político
formas do socialismo, não constituem bases de partidos.
burguês. O meio é o partido favorecer a pas
sagem dos proletários para a burgue sia.
A finalidade é colocar o homem na sua condição natural de proprietário de seus bens e do uso dos seus re-
as
diversas
Constituem alas de beneméritos.
Kcabra-sc o processo histórico do burguesismo. Exerça a sua finalidade
I
Nas profundidades da revolução confiunísta Cândido Motta Filho
QUE acontece na profundidade da \'ida social se reflete, sem dinàda,
sua superfície. Com isso não quercmo.s dizer qnc há uma parto que só
de retirar continuamente da classe dos proletários os elementos para a
fica nos limites da conjetura, porque
formação ininterrupta da classe dos
sentimos realmente os efeitos dos mo
burgueses, da classe media, da class<
em suas
não mais sabem acertar o passo com a
trabalho.
da propriedade privada, que é o fato
vimentos invisí\'eis. No comunismo, por exemplo, há "uma parte de fato e parte oficial, uma parto dirigida e
A propriedade privada é a base da sociedade na qual o livre desenvolvi
fundamental contra o qual se insurge
^>nia parto insul>ordiná\'el. Esta ó uma
no mundo um outro grande partido
mento de cada um seja a condição do
íwta constante, uma provocação ao pre-
político.
cstabelccido, um clioque de divergên
Uniram-se todos os proletários do mundo c a classe proletária tem hoje
cias, fracassos, erros, violências e miscrías. Não é o "visto" mas é o "acon
suas conquistas definidas contra o ca
tecido". Não vemos esse fato, mas .sen-
iultados, dos bens que resultem do seu
hvrc desenvolvimento de todos. Não
impede que os ideais socialistas sejam realizados. Não impede que a doutri na dos Evangelhos seja atendida. Nos Evangelhos a propriedade privada é
admitida e a forma de usá-la e pre
conizada. Em tôrno da propriedade tudo tem girado. Pouco importa subs tancialmente, que o Estado aumen te sua interferência na propriedade privada. Assentada na psicologia hu mana como um direito essencial do homem, espera-se a organização que reate a introdução dos' homens na classe dos proprietários.
nova concepção do homem, tudo isso perdo em significação e a vida se tor na insuportável. Mas, os sinais da an
dos arranjados, com base no respeito
pital.
Unam-se os burgueses para favore cer a passagem do proletariado para o burguesismo.
Constitua-se o partido burguês o
instrumento da realização da esperan ça cie o proletário ter o que seja seu. Quer queiram, quer não, a palavra burguês significa na História do mun do cinco pontos: liberdade, proprie dade, prosperidade, segurança, resis
timo.s nos seus reflexos ou suportamos nas suas conseqüências. Mas, além dis
so, há, para confirmá-la, as indiscrições
impensadas e, principalmente, a de núncia dos desertores. Não há dúvida nue esta sempre traz a marca de uma
explicável suspeição. Más, mesmo com
^ deturpação dos suspeitos, há elemen tos qne nos levam até às margens da Verdade.
As opiniões desencontradas sobre os
«depoimentos de Artur Koestler, Ignade, Louis Fischer o Stephcn Spender,
tiga convivência não desaparecem. Se
rão êles estrangeiros daí por diante. Aquêles que fizeram o seu ser\iço mi litar no comunismo, que obedeceram à sua severa disciplina e acreditaram incomensurá\'eis
promessas,
burguesia, Esta ó conciliudora e cética e possui
uma visão restrita da rida, que é sò-
niente aquela que êle vive, escorada num passado cultivado e nos hábitos das coisas consagradas. E êles são ho mens ambiciosos e que acreditam, não
se conformando com as regras do ha
bitual. Não se adaptam, pois, nem lá, nem cá. E' isso o que Raymond Aron denomina "a fidelidade dos apóstatas". Fazemos e.xceção a Gide, que re
presenta, no grupo de intelectuais re negados, um papel especial. O comu nismo de Gide foi um namôro fora do
tempo, de um solteirão político. O co munismo nele não aparece como uma
Formam-se os partidos com segu rança quando a idéia que propugnem seus membros não possa ter duas fa ces. Assim a questão da propriedade. Não pode ter duas faces. Ou se é pe la livre propriedade, ou se é pelo mo
tência à opressão.
^•lo Silone, Richard Wriglit, André Gi-
Formem, pois, êsses cinco pontos, o ambiente dentro do qual se realize, pelo Partido Burguês, a aspiração ou
concIus<ão lógica de uma longa rida,
reunidos em volume, não impedem que neles se veja um dos aspectos mais ex
mantida "sub specie" literária.
a máxima razão do movimento que
pressivos da revolução comunista.
quo equilibrara o seu espírito dentro da
nopólio da propriedade pelo Estado.
mação do proletário em burguês.
está faltando no mundo: a transfor
Antes de mais nada, devemos consi
mas como o desvio de uma coerência Sendo, acima de tudo, um escritor
derar como é delicada a situação dês-
influência protestante e, ao mesmo tempo, da influência cética de Anatole
ses apóstatas. Êles não trocaram apenas
Franco, defendeu Gide, continuada-
do partido. Não largaram só uma opi
mente, a posição do escritor como ho
nião por outra. Foram muito além e
mem marginal. Sendo, antes do mais, um fervoroso
se naturalizaram cidadãos de um su
posto país das maravilhas. De repente, para êles, que estavam amoldados a uma
crente da literatura, Gide poderia as sumir as mais perigosas atitudes lite-
-WTY
f.f ^9^
Dicesto Económicc
72
a experiência lhes dá começo de pros
Manifestações altruístlcas dos pro
peridade.
prietários, constituindo
A idéia é abrir-se para o proletário uma esperança de sair de sua classe. O instrumento é o partido político
formas do socialismo, não constituem bases de partidos.
burguês. O meio é o partido favorecer a pas
sagem dos proletários para a burgue sia.
A finalidade é colocar o homem na sua condição natural de proprietário de seus bens e do uso dos seus re-
as
diversas
Constituem alas de beneméritos.
Kcabra-sc o processo histórico do burguesismo. Exerça a sua finalidade
I
Nas profundidades da revolução confiunísta Cândido Motta Filho
QUE acontece na profundidade da \'ida social se reflete, sem dinàda,
sua superfície. Com isso não quercmo.s dizer qnc há uma parto que só
de retirar continuamente da classe dos proletários os elementos para a
fica nos limites da conjetura, porque
formação ininterrupta da classe dos
sentimos realmente os efeitos dos mo
burgueses, da classe media, da class<
em suas
não mais sabem acertar o passo com a
trabalho.
da propriedade privada, que é o fato
vimentos invisí\'eis. No comunismo, por exemplo, há "uma parte de fato e parte oficial, uma parto dirigida e
A propriedade privada é a base da sociedade na qual o livre desenvolvi
fundamental contra o qual se insurge
^>nia parto insul>ordiná\'el. Esta ó uma
no mundo um outro grande partido
mento de cada um seja a condição do
íwta constante, uma provocação ao pre-
político.
cstabelccido, um clioque de divergên
Uniram-se todos os proletários do mundo c a classe proletária tem hoje
cias, fracassos, erros, violências e miscrías. Não é o "visto" mas é o "acon
suas conquistas definidas contra o ca
tecido". Não vemos esse fato, mas .sen-
iultados, dos bens que resultem do seu
hvrc desenvolvimento de todos. Não
impede que os ideais socialistas sejam realizados. Não impede que a doutri na dos Evangelhos seja atendida. Nos Evangelhos a propriedade privada é
admitida e a forma de usá-la e pre
conizada. Em tôrno da propriedade tudo tem girado. Pouco importa subs tancialmente, que o Estado aumen te sua interferência na propriedade privada. Assentada na psicologia hu mana como um direito essencial do homem, espera-se a organização que reate a introdução dos' homens na classe dos proprietários.
nova concepção do homem, tudo isso perdo em significação e a vida se tor na insuportável. Mas, os sinais da an
dos arranjados, com base no respeito
pital.
Unam-se os burgueses para favore cer a passagem do proletariado para o burguesismo.
Constitua-se o partido burguês o
instrumento da realização da esperan ça cie o proletário ter o que seja seu. Quer queiram, quer não, a palavra burguês significa na História do mun do cinco pontos: liberdade, proprie dade, prosperidade, segurança, resis
timo.s nos seus reflexos ou suportamos nas suas conseqüências. Mas, além dis
so, há, para confirmá-la, as indiscrições
impensadas e, principalmente, a de núncia dos desertores. Não há dúvida nue esta sempre traz a marca de uma
explicável suspeição. Más, mesmo com
^ deturpação dos suspeitos, há elemen tos qne nos levam até às margens da Verdade.
As opiniões desencontradas sobre os
«depoimentos de Artur Koestler, Ignade, Louis Fischer o Stephcn Spender,
tiga convivência não desaparecem. Se
rão êles estrangeiros daí por diante. Aquêles que fizeram o seu ser\iço mi litar no comunismo, que obedeceram à sua severa disciplina e acreditaram incomensurá\'eis
promessas,
burguesia, Esta ó conciliudora e cética e possui
uma visão restrita da rida, que é sò-
niente aquela que êle vive, escorada num passado cultivado e nos hábitos das coisas consagradas. E êles são ho mens ambiciosos e que acreditam, não
se conformando com as regras do ha
bitual. Não se adaptam, pois, nem lá, nem cá. E' isso o que Raymond Aron denomina "a fidelidade dos apóstatas". Fazemos e.xceção a Gide, que re
presenta, no grupo de intelectuais re negados, um papel especial. O comu nismo de Gide foi um namôro fora do
tempo, de um solteirão político. O co munismo nele não aparece como uma
Formam-se os partidos com segu rança quando a idéia que propugnem seus membros não possa ter duas fa ces. Assim a questão da propriedade. Não pode ter duas faces. Ou se é pe la livre propriedade, ou se é pelo mo
tência à opressão.
^•lo Silone, Richard Wriglit, André Gi-
Formem, pois, êsses cinco pontos, o ambiente dentro do qual se realize, pelo Partido Burguês, a aspiração ou
concIus<ão lógica de uma longa rida,
reunidos em volume, não impedem que neles se veja um dos aspectos mais ex
mantida "sub specie" literária.
a máxima razão do movimento que
pressivos da revolução comunista.
quo equilibrara o seu espírito dentro da
nopólio da propriedade pelo Estado.
mação do proletário em burguês.
está faltando no mundo: a transfor
Antes de mais nada, devemos consi
mas como o desvio de uma coerência Sendo, acima de tudo, um escritor
derar como é delicada a situação dês-
influência protestante e, ao mesmo tempo, da influência cética de Anatole
ses apóstatas. Êles não trocaram apenas
Franco, defendeu Gide, continuada-
do partido. Não largaram só uma opi
mente, a posição do escritor como ho
nião por outra. Foram muito além e
mem marginal. Sendo, antes do mais, um fervoroso
se naturalizaram cidadãos de um su
posto país das maravilhas. De repente, para êles, que estavam amoldados a uma
crente da literatura, Gide poderia as sumir as mais perigosas atitudes lite-
"W
Dicesto Econômico
7o
VicKsro Econónhco
74
A União So\iélica ora "o outro la
rárias, sem jamais se contaminar com os assuntos políticos.
Aconteceu, porém, que, quando sua \'ida dcixav;f os fer\ores da mocidadc, com scvis .sonhos e pecados, veio a
crificios inauditos.
que cru, sem sinal algum na sua alma. Por isso,
numa conferência cm O.v-
ford, cni 1947,
lembra os verso.s dc
do *, isto é, a possibilidade de uma ciEra um novo
nulagrc asiático. Num país com popu
cial c, com ela, as injustiças visíveis. E
Gide pensou então em reno\ar as fon
contra o passado que a União Sü\'iclica
tes de suas c.speranças. A sua obra,
representava fôra uma monstruosidade.
^'isão dêxs.sc conj'unto, dc uma grandiosidado espantosa, as particularidades
feita de serenidade o bom gõ.sto, mos-
E tranqüilamente
f c.saparccium.
lra\'a, entretanto, que èlc em nada se
asscmelliava a Voltaire, homem dotado de uma malícia torrencial e combativa.
concluir a sua aventura, dizendo : —
poderosa indústria pesada, a colctiviza-
"Não sei, cm país algum do mundo,
Gide, para discordar,
Vuo da agricultura, a socializíição dos iiicios de produção, a racionalização do
onde o espírito esteja tão escravizado,'
tosas, os aspectos trágicos da cri.se so
precisava con
cordar com alguma coi.sa,
compreendida
para .sair desse mun
elo mesmo criara. A
União So-
i
o comunis
mentara até então se
sete anos na luta den tro do Partido Comu
Kocstler
esteve
nista. Ignuzio Silonc estê\'o nêlc quase dez anos. Louis
Fischer
indivíduo estava na
chegou a lutar ao laúo
renúncia do indivi
dos
história, estrada que todos os países c todas as naçõe.s devem percorrer". Confessava, porém, que iicão era
Marx que o conduzira ao comunismo, mas os acontecimentos desumanos e as
injustiças. Vendo a União Soviética dc perto, decepcionou-se. O que tinha diante dos olhos era uma máquina de tríturação humana, uma religião de sa-
comunistas
na
guerra da Espanha.
científicos c de cultura, faziam dc Stn-
. lin, como diz Aron, "O Pedro, o Granflc, da idade industrial". E que esses intelectuais desiludidos
liam Marx 'numa linguagem européia, própria dc uma civilização multissecular. O que ôlcs viam cm Mar.x era a "re beldia" e não a "ortodoxia".. Todos cies, como Nicolau Berdiaeff, tentavam, nus questões sociais,
cónciliar o idea
Stcphcn Spcnder era
lismo com o marxismo".
um inscrito tido.
mente subvertido pela decadência filo
ficrvía para abrir caminhos. Além disso, não partiam êlcs, com a massa domi nante do Partido Comunista, da in-
sófica, o marxismo representava, para
cultura para a disciplina ' bolchevista,
êles, uma afirmação de vida. Condu
da inocência do desconhecimento para us ordens sagradas do Coniinform. •
se para a Rússia So
"gloriosamente na estrada mestra da
trabalho, a capacidade dos dirigentes, n organízaçao política, a ordem consti
associações profissionais, os institutos
decompunha
viética, que ele via como um paraíso distante. Para ôlc, com a falência do Cristianismo, só res tava a União Soviética, que se colocou
A construção de uma
viveram o comunismo,
liberdade que experi
dualismo". E voltou-
Na
Ihadores, os sovíets, o sindicalismo." as
mo.
de seus ollios. Depois dc 1930, podia escre ver que "o triunfo do
onorinc cli- raças e cie línguas, orguiaso uma construção incomparávcl.
Os outros, porém, .sofreram
diante
lação apro.xiinada dc duzentos milhões fio habitantc.s, com uma variedade
tucional, baseada no direito dos Iraba-
\iética"J
de apoio
do sem paredes que
a Alemanha dc llitler, como na
precisava de
um ponto
o velho Cide pôde
no Par
Num mundo complexo e cultural
zia, com sua crítica segura c o seu construtivísmo científico, a huinanída-
do para carater
o verdadeiro socialismo. dialético do
O
desenvolvimento
da sociedade iria impor o fim da ex ploração do homem pelo homem. Ha veria D "humanismo real", Marx se referia, em 1844.
a que
complexos do mandsmo, procurou tam bém fazer ver a Berdiaeff que não era
viIizíi(,-ao autêntica, com o -direito re- . possível ser marxista e adotar uma fi
conhecido para todos.
Virgílio, que descre\c Eneas fugindo das chamas de Tróia, carregando nos ombros o seu \elho pai... Ês.se é, pa ra Gide, o próprio passado. A rebeldia
guerra de 1914, suas revelações espan
í
E \'oUou a .ser o
O marxismo
Explicando a sua conduta, Bardiacff
recorda as discussões que tinha com Lounatcbarski, que fóra seu camarada de mocidadc, que sustentava a subor dinação do pensamento à luta de clas ses. Pleknanov, que foi inegàvclmcntc um grande estudioso dos aspectos mais
losofia idealista independente. Mas foi o que aconteceu. Êsse gru po a,ceita\"a o marxismo mesclado com
idealismo e a re\olução nas suas con quistas definitivas e não em seus pro
cessos. É bem possível que baja ou tros moti\os, mas todos èks decorren
tes desse maior. Mesmo que alguns ou todos èsscs hereges fôssem traidores, "vendidos ao capitalismo americano", 'agentes provocadores do imperialismo ocidental", mesnío assim o que nèlcs pro\'ocou a ruptura foi o èrro de ava
liação, a repulsa que lhes causou a rea lidade," a impress.io de uma tragédia brutal, que tiansforma\a o l-.üinem cm homem-peça. Enquanto viveram as exterioriz;içües, tudo muito bem. A novidade os encan tava, a aventura tinha um certo sabor
quo os entusiasmava. Mas, dejjois, a
máquina de compressão se movimen tou e nela todos viram a tragérlia fria
do herói de ÍCoestlcr, aquele Roubachof, "que se educou na ignorância do subjetivo".
Viram e sentiram a fúria implacável da destruição humana c a sede inosgotá\'el dos deuses, numa atmosfera de constantes mistificaç-ões.
Silone,
na
edição francesa de seu depoimento, I(Mubra um téxto de Dante: — "não se
p^msa no .sangue quo corro".
Os bolchevistas pensam, os dirigen tes do Partido Comunista pensam. Para éles, o sangue é irece.ssájio, como o foi pura Robcspicrro. Basta pòr em reparo como o proble
ma da morte na União Soviética apa vorou os renegados. No bolcbevismp a
morte perde seu sentido religioso ou
"W
Dicesto Econômico
7o
VicKsro Econónhco
74
A União So\iélica ora "o outro la
rárias, sem jamais se contaminar com os assuntos políticos.
Aconteceu, porém, que, quando sua \'ida dcixav;f os fer\ores da mocidadc, com scvis .sonhos e pecados, veio a
crificios inauditos.
que cru, sem sinal algum na sua alma. Por isso,
numa conferência cm O.v-
ford, cni 1947,
lembra os verso.s dc
do *, isto é, a possibilidade de uma ciEra um novo
nulagrc asiático. Num país com popu
cial c, com ela, as injustiças visíveis. E
Gide pensou então em reno\ar as fon
contra o passado que a União Sü\'iclica
tes de suas c.speranças. A sua obra,
representava fôra uma monstruosidade.
^'isão dêxs.sc conj'unto, dc uma grandiosidado espantosa, as particularidades
feita de serenidade o bom gõ.sto, mos-
E tranqüilamente
f c.saparccium.
lra\'a, entretanto, que èlc em nada se
asscmelliava a Voltaire, homem dotado de uma malícia torrencial e combativa.
concluir a sua aventura, dizendo : —
poderosa indústria pesada, a colctiviza-
"Não sei, cm país algum do mundo,
Gide, para discordar,
Vuo da agricultura, a socializíição dos iiicios de produção, a racionalização do
onde o espírito esteja tão escravizado,'
tosas, os aspectos trágicos da cri.se so
precisava con
cordar com alguma coi.sa,
compreendida
para .sair desse mun
elo mesmo criara. A
União So-
i
o comunis
mentara até então se
sete anos na luta den tro do Partido Comu
Kocstler
esteve
nista. Ignuzio Silonc estê\'o nêlc quase dez anos. Louis
Fischer
indivíduo estava na
chegou a lutar ao laúo
renúncia do indivi
dos
história, estrada que todos os países c todas as naçõe.s devem percorrer". Confessava, porém, que iicão era
Marx que o conduzira ao comunismo, mas os acontecimentos desumanos e as
injustiças. Vendo a União Soviética dc perto, decepcionou-se. O que tinha diante dos olhos era uma máquina de tríturação humana, uma religião de sa-
comunistas
na
guerra da Espanha.
científicos c de cultura, faziam dc Stn-
. lin, como diz Aron, "O Pedro, o Granflc, da idade industrial". E que esses intelectuais desiludidos
liam Marx 'numa linguagem européia, própria dc uma civilização multissecular. O que ôlcs viam cm Mar.x era a "re beldia" e não a "ortodoxia".. Todos cies, como Nicolau Berdiaeff, tentavam, nus questões sociais,
cónciliar o idea
Stcphcn Spcnder era
lismo com o marxismo".
um inscrito tido.
mente subvertido pela decadência filo
ficrvía para abrir caminhos. Além disso, não partiam êlcs, com a massa domi nante do Partido Comunista, da in-
sófica, o marxismo representava, para
cultura para a disciplina ' bolchevista,
êles, uma afirmação de vida. Condu
da inocência do desconhecimento para us ordens sagradas do Coniinform. •
se para a Rússia So
"gloriosamente na estrada mestra da
trabalho, a capacidade dos dirigentes, n organízaçao política, a ordem consti
associações profissionais, os institutos
decompunha
viética, que ele via como um paraíso distante. Para ôlc, com a falência do Cristianismo, só res tava a União Soviética, que se colocou
A construção de uma
viveram o comunismo,
liberdade que experi
dualismo". E voltou-
Na
Ihadores, os sovíets, o sindicalismo." as
mo.
de seus ollios. Depois dc 1930, podia escre ver que "o triunfo do
onorinc cli- raças e cie línguas, orguiaso uma construção incomparávcl.
Os outros, porém, .sofreram
diante
lação apro.xiinada dc duzentos milhões fio habitantc.s, com uma variedade
tucional, baseada no direito dos Iraba-
\iética"J
de apoio
do sem paredes que
a Alemanha dc llitler, como na
precisava de
um ponto
o velho Cide pôde
no Par
Num mundo complexo e cultural
zia, com sua crítica segura c o seu construtivísmo científico, a huinanída-
do para carater
o verdadeiro socialismo. dialético do
O
desenvolvimento
da sociedade iria impor o fim da ex ploração do homem pelo homem. Ha veria D "humanismo real", Marx se referia, em 1844.
a que
complexos do mandsmo, procurou tam bém fazer ver a Berdiaeff que não era
viIizíi(,-ao autêntica, com o -direito re- . possível ser marxista e adotar uma fi
conhecido para todos.
Virgílio, que descre\c Eneas fugindo das chamas de Tróia, carregando nos ombros o seu \elho pai... Ês.se é, pa ra Gide, o próprio passado. A rebeldia
guerra de 1914, suas revelações espan
í
E \'oUou a .ser o
O marxismo
Explicando a sua conduta, Bardiacff
recorda as discussões que tinha com Lounatcbarski, que fóra seu camarada de mocidadc, que sustentava a subor dinação do pensamento à luta de clas ses. Pleknanov, que foi inegàvclmcntc um grande estudioso dos aspectos mais
losofia idealista independente. Mas foi o que aconteceu. Êsse gru po a,ceita\"a o marxismo mesclado com
idealismo e a re\olução nas suas con quistas definitivas e não em seus pro
cessos. É bem possível que baja ou tros moti\os, mas todos èks decorren
tes desse maior. Mesmo que alguns ou todos èsscs hereges fôssem traidores, "vendidos ao capitalismo americano", 'agentes provocadores do imperialismo ocidental", mesnío assim o que nèlcs pro\'ocou a ruptura foi o èrro de ava
liação, a repulsa que lhes causou a rea lidade," a impress.io de uma tragédia brutal, que tiansforma\a o l-.üinem cm homem-peça. Enquanto viveram as exterioriz;içües, tudo muito bem. A novidade os encan tava, a aventura tinha um certo sabor
quo os entusiasmava. Mas, dejjois, a
máquina de compressão se movimen tou e nela todos viram a tragérlia fria
do herói de ÍCoestlcr, aquele Roubachof, "que se educou na ignorância do subjetivo".
Viram e sentiram a fúria implacável da destruição humana c a sede inosgotá\'el dos deuses, numa atmosfera de constantes mistificaç-ões.
Silone,
na
edição francesa de seu depoimento, I(Mubra um téxto de Dante: — "não se
p^msa no .sangue quo corro".
Os bolchevistas pensam, os dirigen tes do Partido Comunista pensam. Para éles, o sangue é irece.ssájio, como o foi pura Robcspicrro. Basta pòr em reparo como o proble
ma da morte na União Soviética apa vorou os renegados. No bolcbevismp a
morte perde seu sentido religioso ou
Dicesto EcoNÓ^^co
76
metafísico. Não é mais a ra/üo da an
lutionnairc par scienco, mais par indig-
gústia humana, o que só se explica na
nation".
decadência capitalista. A morte vive ao
revolucioná
pulso fundamental dos comunistas, diz Spcnder, sc dirige na aplicação da teo ria à realidade. Os comunistas vivem
sabor da conveniência. A morte é útil
rios por indignação. Silonc conta vá
felizes num estado de graça lüstórico-
c! por isso está a serviço do Partido
rios casos, que provocaram a sua aver
rriateríalista que, ao invés de fazê-los
Comunista c da razão de Estado. Na
são pela ordem consliluída.
Rússia não se mata pelo prazer de ma
tar, mas pelo prazer de vi\er. Quando
Dizia-lhe sua mãe,
Ver as árvores e não o bosque, fazem-
clepoi.s de um
julgamento tremendamente injusto: —
alguém perturba a circulação dos inte resses soviéticos e as ordens de sua po
"Figlío mio, quando sarai grande, fa tutto qucllo clic ti pare, ma non il giu-
derosa burocracia, não tem outro re
díco".
médio senão morrer, o que significa cair "na inatividade histórica". . . Pro
uma criação do demônio — roubo, ca-
priamente até um homem não morre, porque se acha em erro, mas é "fisica mente suprimido".
Para os dirigentes do Partido Comu nista a revolução é uma unidade. Ela
*
Todos cios -SC fizeram
Digesto Econômico
não vê senão o conjunto, a execução do pbno, e os vivos e os mortos servem esse plano. A oposição morrendo e os fiéis vivendo. Pierre Unik cita a Ôsse respeito. Saint Juste: - "um patriota é o que sustenta a República em mas
sa; aquele que a combate em seu por-
O Estado aparecia-lhc
como
morra, privilégio.
Kdestler partiu também do mesmo impulso, "Convcrli-mc, diz ele, porque vivia numa sociedade cm decomposi ção e .som fé". Quando entrou no Par
tido, em 1931, estava cheio de esperan ça c de curiosidade. Mas, logo vieram
so matou tantos
da justiça em oportunidade, o porme
mo a libertação racial havia !
Louis
vação do homem. Depois, como con
fessou, viu que o argumento decisivo na comédia política lançado do Krem
nal em violência.
lin, era a pistola da G.P.U. I Stephen
Todos êles são revolucionários oci dentais, de tipo ético, que vê no socia
Spcnder, que foi membro do Partido Comunista inglês, caiu logo na descon fiança. A sua indignação era burgue
lismo o remédio para as diferenças so l«iu-Ponty: "On ne devient pas révo-
necessidade, como nos regimes bur gueses, de torcer a lei para o govêmo
Fischer, que conheceu uma Europa de solada, volta-se para o país dos Soviets como que para onde surgia a sal
nor da transformação da política racio
ciais. Calha aqui a afirmação de Mer-
comunistas de todo o mundo. Não ha-
como na
comunista por indignação. Despertou para a vida como criança abandonada. A Rússia Soviética era a libertação so cial o a libertação racial. Mas verifi cou, no trato do Partido, que nem mes
esses intelectuais recuassem, o porme
política era tão necessária na defesa Revolução, quanto ao trabalho dos
revolucionários e se
atirou tantos á escravidão,
Mas, o "pormenor" se reveste de uma grandeza trágica que o fanatismo político não percebe, como aquele Ga-
nor da destruição do homem como in divíduo, o pormenor da transformação
^ns as violências e e.xcessos. A polícia
deprimi-lo as desconfianças e, cm se
Rússia I" Richard Wrígth foi também
xnclín do romance de Anatole France
Tomaram-so todos assim figuras importunas e incômodas. Apareceram co rno espiões burgueses, cheios de per guntas c de indiscrições. O plano do eonjunto justificava, para o Partido, tô-
guida, os espetáculos, c por fim a sub serviência, cm nome da disciplina : — "Em nenhuma época, em nenhum país
menor é um traidor".
"Les dieux ont soif". E foi principal mente o "pormenor" que fez com que
nos ver o bosque e não as árvores."
\
sa. O seu idealismo também. Por isso
se perdia nas particularidades. "O im-
'"A'».'-: .'\
77
não se contrariar. Bastava a coexistên
cia das fôrços de domínio dos dirigen tes soviéticos, para quem "o poder tem sempre razão".
Egressos de uma atmosfera inquietante
e
noturna, êsses
intelectuais
abrem, por alguns instantes, os abis mos da revolução comunista, onde sc
perdem os gritos inúteis da justiça fe rida. Êles pleiteavam, na sofreguidão de seus primeiros impulsos, a existência do um regime onde, em lugar do cres cimento da máquina industrial, hou vesse realmente
unia mudança
mais
humana e mais justa nas relações entre os homens. Mas isso não aconteceu.
Dicesto EcoNÓ^^co
76
metafísico. Não é mais a ra/üo da an
lutionnairc par scienco, mais par indig-
gústia humana, o que só se explica na
nation".
decadência capitalista. A morte vive ao
revolucioná
pulso fundamental dos comunistas, diz Spcnder, sc dirige na aplicação da teo ria à realidade. Os comunistas vivem
sabor da conveniência. A morte é útil
rios por indignação. Silonc conta vá
felizes num estado de graça lüstórico-
c! por isso está a serviço do Partido
rios casos, que provocaram a sua aver
rriateríalista que, ao invés de fazê-los
Comunista c da razão de Estado. Na
são pela ordem consliluída.
Rússia não se mata pelo prazer de ma
tar, mas pelo prazer de vi\er. Quando
Dizia-lhe sua mãe,
Ver as árvores e não o bosque, fazem-
clepoi.s de um
julgamento tremendamente injusto: —
alguém perturba a circulação dos inte resses soviéticos e as ordens de sua po
"Figlío mio, quando sarai grande, fa tutto qucllo clic ti pare, ma non il giu-
derosa burocracia, não tem outro re
díco".
médio senão morrer, o que significa cair "na inatividade histórica". . . Pro
uma criação do demônio — roubo, ca-
priamente até um homem não morre, porque se acha em erro, mas é "fisica mente suprimido".
Para os dirigentes do Partido Comu nista a revolução é uma unidade. Ela
*
Todos cios -SC fizeram
Digesto Econômico
não vê senão o conjunto, a execução do pbno, e os vivos e os mortos servem esse plano. A oposição morrendo e os fiéis vivendo. Pierre Unik cita a Ôsse respeito. Saint Juste: - "um patriota é o que sustenta a República em mas
sa; aquele que a combate em seu por-
O Estado aparecia-lhc
como
morra, privilégio.
Kdestler partiu também do mesmo impulso, "Convcrli-mc, diz ele, porque vivia numa sociedade cm decomposi ção e .som fé". Quando entrou no Par
tido, em 1931, estava cheio de esperan ça c de curiosidade. Mas, logo vieram
so matou tantos
da justiça em oportunidade, o porme
mo a libertação racial havia !
Louis
vação do homem. Depois, como con
fessou, viu que o argumento decisivo na comédia política lançado do Krem
nal em violência.
lin, era a pistola da G.P.U. I Stephen
Todos êles são revolucionários oci dentais, de tipo ético, que vê no socia
Spcnder, que foi membro do Partido Comunista inglês, caiu logo na descon fiança. A sua indignação era burgue
lismo o remédio para as diferenças so l«iu-Ponty: "On ne devient pas révo-
necessidade, como nos regimes bur gueses, de torcer a lei para o govêmo
Fischer, que conheceu uma Europa de solada, volta-se para o país dos Soviets como que para onde surgia a sal
nor da transformação da política racio
ciais. Calha aqui a afirmação de Mer-
comunistas de todo o mundo. Não ha-
como na
comunista por indignação. Despertou para a vida como criança abandonada. A Rússia Soviética era a libertação so cial o a libertação racial. Mas verifi cou, no trato do Partido, que nem mes
esses intelectuais recuassem, o porme
política era tão necessária na defesa Revolução, quanto ao trabalho dos
revolucionários e se
atirou tantos á escravidão,
Mas, o "pormenor" se reveste de uma grandeza trágica que o fanatismo político não percebe, como aquele Ga-
nor da destruição do homem como in divíduo, o pormenor da transformação
^ns as violências e e.xcessos. A polícia
deprimi-lo as desconfianças e, cm se
Rússia I" Richard Wrígth foi também
xnclín do romance de Anatole France
Tomaram-so todos assim figuras importunas e incômodas. Apareceram co rno espiões burgueses, cheios de per guntas c de indiscrições. O plano do eonjunto justificava, para o Partido, tô-
guida, os espetáculos, c por fim a sub serviência, cm nome da disciplina : — "Em nenhuma época, em nenhum país
menor é um traidor".
"Les dieux ont soif". E foi principal mente o "pormenor" que fez com que
nos ver o bosque e não as árvores."
\
sa. O seu idealismo também. Por isso
se perdia nas particularidades. "O im-
'"A'».'-: .'\
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não se contrariar. Bastava a coexistên
cia das fôrços de domínio dos dirigen tes soviéticos, para quem "o poder tem sempre razão".
Egressos de uma atmosfera inquietante
e
noturna, êsses
intelectuais
abrem, por alguns instantes, os abis mos da revolução comunista, onde sc
perdem os gritos inúteis da justiça fe rida. Êles pleiteavam, na sofreguidão de seus primeiros impulsos, a existência do um regime onde, em lugar do cres cimento da máquina industrial, hou vesse realmente
unia mudança
mais
humana e mais justa nas relações entre os homens. Mas isso não aconteceu.
- «r
Drr.RsTo Econômico
A HABITABILIDADE DOS TROPICOS PlMKNTKL GoMKS
do Pierro Goiirou, do Collcgc do Franco; poi.s a evaporação é bem mais rápida". As incertezas dc Courou se denun
ciam pela III
79
sua definição do trópicx)
lániido. Êlc não sabe se a média do mês
mai.s frio devem ser 18 ou 20 graus.
mas com 700, I.OOO, 1.500, 2.000 c mais milímetros de chuvas anuais.
Bem mais científica é a classificação
que o meteorologista brasileiro Salomao Screbrenick fêz para o nosso país: clima superúmido, precipitação superior a
"Tm artigos anteriores, examinei os solos
mas que SC ponon cn -l-l y 45, cilando-se
^o as temperaturas dos trópicos, com-
cn c'l ano 1881 Ia máxima absoluta de
Ha uma diferença muito grande entre os dois números. Aplicando-se ao nos
parando-os com os das regiões tempe
50 a Ia sombra, casi increiblc para un
so caso o segundo número, a área dc
radas. Procurei mostrar que IiA, por toda
país curopeo". Não há fato semelhan
parte do globo, em maior ou menor escala, solos ricos, sofríveis o pobres.
te 110 Brasil.
clima temperado, no Brasil, é imensa. Guaramiranga, no Ceará, por exemplo, tem três meses do ano com tempera tura média inforior a 20 graus — ju^bo, julho e agosto. Tem sete íneses
(irido, precipitação anual compreendi
com temperatura média entre 20 e 20,8 — fevereiro, março, abrilj maio, se
que acontece nos Estados Unidos, Mc-
Ademais, os agrônomos especialistas acre ditam poder corrigir c traballiar econò-
micamente os solos tropicais que neces sitem de correção. O pit baixo, isto é,
a acidcz do solo, não é um privilégio tropical, como há quem acredite. So
tores vários, como altitude o ventos, con
correm para que se tenha um clima muito mais suave do que se poderia es perar, considerando-se apenas a latitude. Examinenio.s, hoje, outros fatòrcs que me parecem importantes.
los ácidos existem nos países tempera dos e frios, e nem todos os solos tropicaif. são ácidos. Ademais, há culturas
que preferem solos ácidos. Quando à temperatura, estudando principalmente o
caso brasileiro, é proci.so considerar que não depende exclusivamente da latitude.
A altitude, as correntes marítimas, a-pre sença ou ausência do mar, o regime dos ventos, têm ação sobre a tempera tura, modificando-a consideravelmente e, não raro, quase anulando os efeitos da latitude. O equador térmico não coincide com o equador geográfico. Na América do Sul, passa nas costas da Colômbia e Venezuela. E as maiores máximas absolutas não se encontram en tre os trópicos. Nem mesmo as maiores
médias mensais. "Según Ias obscrva£Íones recogidas en Ia estación meteo
rológica de Sevília, - escreve o geógra fo espanhol Leonardo Martín Echeverria em "Espafia, ei País y los habitan tes'" - Ia média de los meses de julio y
agosto es de cerca de 30 y casi todos los veranos se registran maximas extre ,1.
^
..r
Aliás, cm nosso país, fa
Begimc pluvial
tembro, outubro e novembro.
Muitos
municípios nordestinos têm, pelo menos *^^'1 parte de sua área, clima semelhante,
Courou, o inefável Pierro Courou.
professor do "Collegc de Franco" — há visível degringolar da Europa — tcin um modo todo .seu para classificar o-s trópicos úmidos.
Diz ôlc em "Um
programa geográfico de experimentações o de pesquisas em zona tropical": "As regiões tropicais são, para mim, aque
las em que a temperatura média do
^õo, portanto, temperados, dc acordo <-"Om a definição folgada dc Courou.
A classificação dc Kõppen, universal mente risada, têm a rigidez que só a
Verdadeira ciência pode dar. Natural mente não concorda com a classifica
ção pitoresca de Gourou. Quanto à umidade, considerc'\r tro-
nies mais frio não desce abaixo de
pieo úmido o que recebo até 700
a 20 graus centígrados, c em que aS
milímetros
chuvas anuais são bastante abundan
«anuais
tes para favorecer uma agricultura que dispensa irrigação; êste mínimo corres
vézes mais, não parece
ponde a 700 ou 800 milímetros por
ano .
Seguem-se outros períodos re
pletos de incertezas. O sr. Luís Amaral, em "Outro Brasil", adota a definição
de Goiirou, polo menos quanto à phiviosidade: "Há princípio científico apro veitável aqui, como aferidor: em ge
ral, a agricultura exige o mínimo de
1.900 mm; úmido, precipitação anual compreendida entre 1.300 e 1.900 mm; scvii-úmido, precipitação anual com preendida entre 600 c 1.300 mm; scmida entre 250 e 600. Não temos climas
áridos, isto é, com precipitações inferio res a 250 milímetros, o cbntrário do •xico, Peru, Chile, Argentina...
Há, porém, a fónrmla de aridez dc Martonnc, muito empregada para fins agrícolas depois de ligeiramente modi ficada pelo agrônomo argentino Conti, em "El Água en Ia Agricultura". Uma pliiviosidade de 700 milímetros, sob uma
temperatura média anual de 26 graus, corresponde a um índice 19 de aridez. A vegetação .de tal zona é "a savana com pastos nuiis abundantes, às \êzes
com iírvores, zona apta parã o pas toreio, agricultura irrigada c lavoura
dc chuvas
e
seca
compará-los
que recebem várias
admissível.
sificação
de
(dry-farming)".
Mil c duzentos milíme tros de chuvas anuais
correspondem ao Índi
Pela clas
co 46, isto é, a "re
Gourou,
maior parte da região
giões ricas dc cursos de água; abundam as flo restas; aptas para cul
semi-árida do Brasil se-
tivos exigentes de umi-
<^vidèntemcntc falha, a
*"ia considerada trópico
dado e subtropieais".
úmido.
São cousas muito di
O Ceará, em
250 milímetros anuais de precipitação pluvial; no trópico, entretanto, o mí
quase totalidade, escaparia à scmi-aride:^.
nimo são 700 a 800 milímetros, segun
E é um absurdo consi
derar equivalentes cli
versas.
Também não há pos5
sibilidade de se limi tar a "700 ou 800 mi-
- «r
Drr.RsTo Econômico
A HABITABILIDADE DOS TROPICOS PlMKNTKL GoMKS
do Pierro Goiirou, do Collcgc do Franco; poi.s a evaporação é bem mais rápida". As incertezas dc Courou se denun
ciam pela III
79
sua definição do trópicx)
lániido. Êlc não sabe se a média do mês
mai.s frio devem ser 18 ou 20 graus.
mas com 700, I.OOO, 1.500, 2.000 c mais milímetros de chuvas anuais.
Bem mais científica é a classificação
que o meteorologista brasileiro Salomao Screbrenick fêz para o nosso país: clima superúmido, precipitação superior a
"Tm artigos anteriores, examinei os solos
mas que SC ponon cn -l-l y 45, cilando-se
^o as temperaturas dos trópicos, com-
cn c'l ano 1881 Ia máxima absoluta de
Ha uma diferença muito grande entre os dois números. Aplicando-se ao nos
parando-os com os das regiões tempe
50 a Ia sombra, casi increiblc para un
so caso o segundo número, a área dc
radas. Procurei mostrar que IiA, por toda
país curopeo". Não há fato semelhan
parte do globo, em maior ou menor escala, solos ricos, sofríveis o pobres.
te 110 Brasil.
clima temperado, no Brasil, é imensa. Guaramiranga, no Ceará, por exemplo, tem três meses do ano com tempera tura média inforior a 20 graus — ju^bo, julho e agosto. Tem sete íneses
(irido, precipitação anual compreendi
com temperatura média entre 20 e 20,8 — fevereiro, março, abrilj maio, se
que acontece nos Estados Unidos, Mc-
Ademais, os agrônomos especialistas acre ditam poder corrigir c traballiar econò-
micamente os solos tropicais que neces sitem de correção. O pit baixo, isto é,
a acidcz do solo, não é um privilégio tropical, como há quem acredite. So
tores vários, como altitude o ventos, con
correm para que se tenha um clima muito mais suave do que se poderia es perar, considerando-se apenas a latitude. Examinenio.s, hoje, outros fatòrcs que me parecem importantes.
los ácidos existem nos países tempera dos e frios, e nem todos os solos tropicaif. são ácidos. Ademais, há culturas
que preferem solos ácidos. Quando à temperatura, estudando principalmente o
caso brasileiro, é proci.so considerar que não depende exclusivamente da latitude.
A altitude, as correntes marítimas, a-pre sença ou ausência do mar, o regime dos ventos, têm ação sobre a tempera tura, modificando-a consideravelmente e, não raro, quase anulando os efeitos da latitude. O equador térmico não coincide com o equador geográfico. Na América do Sul, passa nas costas da Colômbia e Venezuela. E as maiores máximas absolutas não se encontram en tre os trópicos. Nem mesmo as maiores
médias mensais. "Según Ias obscrva£Íones recogidas en Ia estación meteo
rológica de Sevília, - escreve o geógra fo espanhol Leonardo Martín Echeverria em "Espafia, ei País y los habitan tes'" - Ia média de los meses de julio y
agosto es de cerca de 30 y casi todos los veranos se registran maximas extre ,1.
^
..r
Aliás, cm nosso país, fa
Begimc pluvial
tembro, outubro e novembro.
Muitos
municípios nordestinos têm, pelo menos *^^'1 parte de sua área, clima semelhante,
Courou, o inefável Pierro Courou.
professor do "Collegc de Franco" — há visível degringolar da Europa — tcin um modo todo .seu para classificar o-s trópicos úmidos.
Diz ôlc em "Um
programa geográfico de experimentações o de pesquisas em zona tropical": "As regiões tropicais são, para mim, aque
las em que a temperatura média do
^õo, portanto, temperados, dc acordo <-"Om a definição folgada dc Courou.
A classificação dc Kõppen, universal mente risada, têm a rigidez que só a
Verdadeira ciência pode dar. Natural mente não concorda com a classifica
ção pitoresca de Gourou. Quanto à umidade, considerc'\r tro-
nies mais frio não desce abaixo de
pieo úmido o que recebo até 700
a 20 graus centígrados, c em que aS
milímetros
chuvas anuais são bastante abundan
«anuais
tes para favorecer uma agricultura que dispensa irrigação; êste mínimo corres
vézes mais, não parece
ponde a 700 ou 800 milímetros por
ano .
Seguem-se outros períodos re
pletos de incertezas. O sr. Luís Amaral, em "Outro Brasil", adota a definição
de Goiirou, polo menos quanto à phiviosidade: "Há princípio científico apro veitável aqui, como aferidor: em ge
ral, a agricultura exige o mínimo de
1.900 mm; úmido, precipitação anual compreendida entre 1.300 e 1.900 mm; scvii-úmido, precipitação anual com preendida entre 600 c 1.300 mm; scmida entre 250 e 600. Não temos climas
áridos, isto é, com precipitações inferio res a 250 milímetros, o cbntrário do •xico, Peru, Chile, Argentina...
Há, porém, a fónrmla de aridez dc Martonnc, muito empregada para fins agrícolas depois de ligeiramente modi ficada pelo agrônomo argentino Conti, em "El Água en Ia Agricultura". Uma pliiviosidade de 700 milímetros, sob uma
temperatura média anual de 26 graus, corresponde a um índice 19 de aridez. A vegetação .de tal zona é "a savana com pastos nuiis abundantes, às \êzes
com iírvores, zona apta parã o pas toreio, agricultura irrigada c lavoura
dc chuvas
e
seca
compará-los
que recebem várias
admissível.
sificação
de
(dry-farming)".
Mil c duzentos milíme tros de chuvas anuais
correspondem ao Índi
Pela clas
co 46, isto é, a "re
Gourou,
maior parte da região
giões ricas dc cursos de água; abundam as flo restas; aptas para cul
semi-árida do Brasil se-
tivos exigentes de umi-
<^vidèntemcntc falha, a
*"ia considerada trópico
dado e subtropieais".
úmido.
São cousas muito di
O Ceará, em
250 milímetros anuais de precipitação pluvial; no trópico, entretanto, o mí
quase totalidade, escaparia à scmi-aride:^.
nimo são 700 a 800 milímetros, segun
E é um absurdo consi
derar equivalentes cli
versas.
Também não há pos5
sibilidade de se limi tar a "700 ou 800 mi-
■
DicESTo Econômico
80
límetros, como quer Gourou, o limite de culturas sem irrigação. Há, em primei
ro lugar, os métodos de lavoura sôca, que permitem um aproveitamento maior da água das chuvas e baixam de muito o mínimo da pluviosidade indispensável. Ademais, há as culturas, algumas de
grande valor econômico, que se conten tam com (às vêzes exigem) pluviosidades muito pequenas. Grande parte do sisal brasileiro está sendo produzido, em ótimas condições, sob pluviosidade inferior a 700 milímetros. O sisal é, atualmente, uma das culturas mais lu crativas que se conhecem. O melhor
algodão brasileiro - e um dos três ou quatro melhores do mundo - o Seridó, exige pluviosidade baixíssima
bem
viosidades bem distribuídas; há zonas tropicais e temperadas de pluviosidades insuficientes e mal distribuídas. E o
chuvas anuais.
clima é sempre mais ou menos capricho so, sob tôdas a.s latitudes.
Pari.s, ctiioora situada onde a pluvio sidade c considerada bem distribuída e não possa ser considerada tropical re cebeu 406 milímetros de chuvas cm 1808-9; 431, em 1863-64; 382, cm
SOO milímetros podem-se ter safras mais ou menos correspondentes, quanto ao rendimento, às dos Estados Unidos. O
sorgo tem sido produzido, em trecho semi-árido da Paraíba, sob pluviosidades inferiores a 450 milímetros. O sorgo é o milho das regiões semi-áridas dos
as chuvas, durante o verão, ou csca.s-
Diz o agrônomo argentino Castro
seiam de tal maneira que impossibilitam
Zinny, em "Ricgo, Población y Riqueza", que a Argentina é formada por dois paíse.s que èle denomina A e B. "El segun
ou amesquinham a maior parte das cul
do (o B) es el Pais seco e scmi-scco,
que ocupa parte dei centro, el norte, el noroeste y todo cl sud de Ia Argentina". O país com chuvas insuficientes tem 2 milhões de quilômetros quadrados, ou
turas arvenseS; ou caem tão irregular
mente que raro vêm no período ótimo. Daqui a necessidade de corrigir pela rega a secura estivai que toma sáfaros os nossos campos." Em "Repovoameu-
to Florestal", obra também publicada pelo governo português, há o seguinte trecho; "Quanto ao clima — ai de nós —
chamar a atenção para a irregularidade
se verificam nas médias mensais. O mês
uma Ibéria úmida o outra sêca, ou semi-
das chuvas".
árida. Cerca de três qvuirtas partes da E.spanha estão na zona de chuvas insu ficientes. Leiam, a propósito, o cspa-
A Hungria não é tropical e é um dos celeiros da Europa. Apesar disto, es
1909-10.
do junho é importantíssimo na agricul tura da região. Do volume das chuvas
depende, em grande parte, o volume das
França, na Itália, em Portugal, na Es
aprêço, inferior a 300 milímetros. Com
"Com efeito, numa grande piirte do pais»
As irregularidades também
1873-74; 341, em 1883-84; 775, em
nheiro Pompeu Sobrinho, antigo Secre
que obteve uma safra de 40 arrôbas por
entre 250 o 500 milímetros ch?
70% da área total da Argentina. Todos os geógrafos c agrônomos que trataram do assunto afirmam que há
safras.
hectare, em sua fazenda, que fica num dos trechos mais secos do Ceará, em ano excepcionalmente sêco, ano catas trófico, com pluviosidade, na zona em
81
Econômico
Há zonas tropicais e temporadas de pln-
Em seu "hahitat". o vale do pequeno rio Seridó, afluente do Açu, um dos polos secos do Brasil, a pluviosidade é igual ou inferior a 500 milímetros. O enge tário da Agricultura do Ceará, escreve
Dicesto
I ~
Recebeu 107 milímetros em
1868-69; 9 milímetros, em 1905-06; 1,5 milímetros, em 1869-70. Observam-se irregularidades muito maiores no sul da
panha, na Argentina, nos Estados Uni dos, na União Sul-Africana, na Aus trália...
Conforme o agrônomo norte-ameri cano Widtsoe, quase todo o território dos Estados Unidos, a oeste do meridiano 97, recebe chuvas insuficientes. Na zona de terras áridas e semi-áridas, enconrtam-se a Califórnia, Arizona, Colorado,
Idaho, Nevada, Utah e Wyoming, com 1.681.000 lcm2; na zona das terras semiáridas e subúmidas se encontram Montana, Nebraska, Novo México, Dakota
do Norte e Dakota do Sul, Oregon o
nlwl Echeverria, cm "Espana"; o por tuguês Ezcquiel Campos, cm "Pela Es panha"; os franceses Sicn e Sorte, ém "Peninsulcs Méditerranecnnes"; o espa nhol Fcmándes Navarro, em "Águas subterrâneas, rcgimen, investigación y aprovcchamiento"; o estadunidense Wilcus, em "Latin América in Maps"; o ianque Landon, em "Industrial Geogra-
phy". Do último, cito apenas iima frase
sôbrc a região sêca da Espanha: "Drj' for 9 month of the year, it is so dry in summer that crops will not grow wíthout irrigation".
,
muito haveria a dizer. Limitemo-nos a
creve Granger, em "Noiivelle Geogra-
phic Universelle": ■ "A fraca quantida de de chovas e sua desigual distribui ção anual tomam necessário, onde que se possa, a irrigação artificial".
À falta de chu\'as perdem-se cultu ras na Rússia, Tchecoslováquia, Rumaijia, Turquia, Austrália, União Sul-Afri cana...
Solos e climas ideais só em histórias da carochinha.
O regime dos rios
Sôbrc o regime dos rios tropicais (tro pical, no caso, também significa equato
Sôbre a vastidão das zonas áridas e
rial), lê-se em "Outro Brasil": "Rios,
semi-áridas do Chile, o próspero país sul-
quG em algmu ano são flébeis fio.s de água; em outro, caudais, amplos de qui
americano, os que não suportam estu dos científicos podem ler o chileno Luis Duran em "Presencia de Chile", ou os
lômetros.
Se reduzidos, deixam nas
margens a esterilidade; se transbordados,
Fuenzalida, Labarca, Plnilla,
largam depois os p;lntanos febrcntos, e
Marshall
à \'ez não poupam nem a casa, nem a
Estados Unidos. Há o recurso das irri
Washington, com 1.710.000 km2. Têm
"chilenos
gações. A técnica está alargando, cada
terras subúmidas e úmidas os estados
Linare.s,
ve^ mais, as áreas cultiváveis do globo, vencendo pluviosidades escassas e irre
de Kansas, Mínnesota, Oklahoma e Te
"Chile".
roça, nem os xerimbabos do íncola".
xas, com 1.300.000 km2. Em cerca de
Em "Hidráulica Agrícola", livro edi tado pelo governo português, lê-se: "Na verdade, por quase toda a extensão do
Serão os rios tropicais .sempre de re gime irregular? Apenas nos trópicos há regimes irregulares? Não me parece.
gulares, pobrezas de solo, geadas extem porâneas, frios excessivos. Zonas semi-áridas e irregularidades
pluviométrícas não são males tropicais.
quatro décimos da grande e progressis ta república as chuvas são, em média,
uns 300 milímetros por ano. Widtsoe considera semi-árida as terras que rece-
o
Bourgeois, em
território continental se faz sentir a po breza do solo e a aridez do clima".
Julgo haver rios de regime reguUu nos trópicos e fora deles. Noutras regiões
■
DicESTo Econômico
80
límetros, como quer Gourou, o limite de culturas sem irrigação. Há, em primei
ro lugar, os métodos de lavoura sôca, que permitem um aproveitamento maior da água das chuvas e baixam de muito o mínimo da pluviosidade indispensável. Ademais, há as culturas, algumas de
grande valor econômico, que se conten tam com (às vêzes exigem) pluviosidades muito pequenas. Grande parte do sisal brasileiro está sendo produzido, em ótimas condições, sob pluviosidade inferior a 700 milímetros. O sisal é, atualmente, uma das culturas mais lu crativas que se conhecem. O melhor
algodão brasileiro - e um dos três ou quatro melhores do mundo - o Seridó, exige pluviosidade baixíssima
bem
viosidades bem distribuídas; há zonas tropicais e temperadas de pluviosidades insuficientes e mal distribuídas. E o
chuvas anuais.
clima é sempre mais ou menos capricho so, sob tôdas a.s latitudes.
Pari.s, ctiioora situada onde a pluvio sidade c considerada bem distribuída e não possa ser considerada tropical re cebeu 406 milímetros de chuvas cm 1808-9; 431, em 1863-64; 382, cm
SOO milímetros podem-se ter safras mais ou menos correspondentes, quanto ao rendimento, às dos Estados Unidos. O
sorgo tem sido produzido, em trecho semi-árido da Paraíba, sob pluviosidades inferiores a 450 milímetros. O sorgo é o milho das regiões semi-áridas dos
as chuvas, durante o verão, ou csca.s-
Diz o agrônomo argentino Castro
seiam de tal maneira que impossibilitam
Zinny, em "Ricgo, Población y Riqueza", que a Argentina é formada por dois paíse.s que èle denomina A e B. "El segun
ou amesquinham a maior parte das cul
do (o B) es el Pais seco e scmi-scco,
que ocupa parte dei centro, el norte, el noroeste y todo cl sud de Ia Argentina". O país com chuvas insuficientes tem 2 milhões de quilômetros quadrados, ou
turas arvenseS; ou caem tão irregular
mente que raro vêm no período ótimo. Daqui a necessidade de corrigir pela rega a secura estivai que toma sáfaros os nossos campos." Em "Repovoameu-
to Florestal", obra também publicada pelo governo português, há o seguinte trecho; "Quanto ao clima — ai de nós —
chamar a atenção para a irregularidade
se verificam nas médias mensais. O mês
uma Ibéria úmida o outra sêca, ou semi-
das chuvas".
árida. Cerca de três qvuirtas partes da E.spanha estão na zona de chuvas insu ficientes. Leiam, a propósito, o cspa-
A Hungria não é tropical e é um dos celeiros da Europa. Apesar disto, es
1909-10.
do junho é importantíssimo na agricul tura da região. Do volume das chuvas
depende, em grande parte, o volume das
França, na Itália, em Portugal, na Es
aprêço, inferior a 300 milímetros. Com
"Com efeito, numa grande piirte do pais»
As irregularidades também
1873-74; 341, em 1883-84; 775, em
nheiro Pompeu Sobrinho, antigo Secre
que obteve uma safra de 40 arrôbas por
entre 250 o 500 milímetros ch?
70% da área total da Argentina. Todos os geógrafos c agrônomos que trataram do assunto afirmam que há
safras.
hectare, em sua fazenda, que fica num dos trechos mais secos do Ceará, em ano excepcionalmente sêco, ano catas trófico, com pluviosidade, na zona em
81
Econômico
Há zonas tropicais e temporadas de pln-
Em seu "hahitat". o vale do pequeno rio Seridó, afluente do Açu, um dos polos secos do Brasil, a pluviosidade é igual ou inferior a 500 milímetros. O enge tário da Agricultura do Ceará, escreve
Dicesto
I ~
Recebeu 107 milímetros em
1868-69; 9 milímetros, em 1905-06; 1,5 milímetros, em 1869-70. Observam-se irregularidades muito maiores no sul da
panha, na Argentina, nos Estados Uni dos, na União Sul-Africana, na Aus trália...
Conforme o agrônomo norte-ameri cano Widtsoe, quase todo o território dos Estados Unidos, a oeste do meridiano 97, recebe chuvas insuficientes. Na zona de terras áridas e semi-áridas, enconrtam-se a Califórnia, Arizona, Colorado,
Idaho, Nevada, Utah e Wyoming, com 1.681.000 lcm2; na zona das terras semiáridas e subúmidas se encontram Montana, Nebraska, Novo México, Dakota
do Norte e Dakota do Sul, Oregon o
nlwl Echeverria, cm "Espana"; o por tuguês Ezcquiel Campos, cm "Pela Es panha"; os franceses Sicn e Sorte, ém "Peninsulcs Méditerranecnnes"; o espa nhol Fcmándes Navarro, em "Águas subterrâneas, rcgimen, investigación y aprovcchamiento"; o estadunidense Wilcus, em "Latin América in Maps"; o ianque Landon, em "Industrial Geogra-
phy". Do último, cito apenas iima frase
sôbrc a região sêca da Espanha: "Drj' for 9 month of the year, it is so dry in summer that crops will not grow wíthout irrigation".
,
muito haveria a dizer. Limitemo-nos a
creve Granger, em "Noiivelle Geogra-
phic Universelle": ■ "A fraca quantida de de chovas e sua desigual distribui ção anual tomam necessário, onde que se possa, a irrigação artificial".
À falta de chu\'as perdem-se cultu ras na Rússia, Tchecoslováquia, Rumaijia, Turquia, Austrália, União Sul-Afri cana...
Solos e climas ideais só em histórias da carochinha.
O regime dos rios
Sôbrc o regime dos rios tropicais (tro pical, no caso, também significa equato
Sôbre a vastidão das zonas áridas e
rial), lê-se em "Outro Brasil": "Rios,
semi-áridas do Chile, o próspero país sul-
quG em algmu ano são flébeis fio.s de água; em outro, caudais, amplos de qui
americano, os que não suportam estu dos científicos podem ler o chileno Luis Duran em "Presencia de Chile", ou os
lômetros.
Se reduzidos, deixam nas
margens a esterilidade; se transbordados,
Fuenzalida, Labarca, Plnilla,
largam depois os p;lntanos febrcntos, e
Marshall
à \'ez não poupam nem a casa, nem a
Estados Unidos. Há o recurso das irri
Washington, com 1.710.000 km2. Têm
"chilenos
gações. A técnica está alargando, cada
terras subúmidas e úmidas os estados
Linare.s,
ve^ mais, as áreas cultiváveis do globo, vencendo pluviosidades escassas e irre
de Kansas, Mínnesota, Oklahoma e Te
"Chile".
roça, nem os xerimbabos do íncola".
xas, com 1.300.000 km2. Em cerca de
Em "Hidráulica Agrícola", livro edi tado pelo governo português, lê-se: "Na verdade, por quase toda a extensão do
Serão os rios tropicais .sempre de re gime irregular? Apenas nos trópicos há regimes irregulares? Não me parece.
gulares, pobrezas de solo, geadas extem porâneas, frios excessivos. Zonas semi-áridas e irregularidades
pluviométrícas não são males tropicais.
quatro décimos da grande e progressis ta república as chuvas são, em média,
uns 300 milímetros por ano. Widtsoe considera semi-árida as terras que rece-
o
Bourgeois, em
território continental se faz sentir a po breza do solo e a aridez do clima".
Julgo haver rios de regime reguUu nos trópicos e fora deles. Noutras regiões
82
DicEs-ro tTco.só.MiCfj
tropicais c dc climas temperados c frios
tena — cs muy pn)mmciadí) cl csliajc
liá rios de regimes irregulares.
llcgándose a vadear fácilmenle cm juu-
Pelo
menos, isso é o que dizem os espeeia-
chüs lugares rio.s que son dc bastante
listai.
importância. Las flucluaciones de crc-
Poucas regiões no mundo tõm rios de regimes tão regulares como os da Ama zônia. Os outros rios brasileiros — exce
tuados os da região semi-árida — pos suem regimes bastante regalares. Os rios do trecho semi-árido do nordeste do
Brasil são, em sua maioria, de regime
irrcgularíssimo. Assemelham-se, em par te, pelo regime, a alguns rios ,do norf-
da África, da Espanha, Itália, Polônia etc. Há, na região e nos países citados rios que secam quase totalmente ou
cidas y secas oscilan entre limites muy amplio.s, y hasta de un afio a otro \ arían
nnielio los caiidalcs de lo.s rios espaíioles do acücrdo con Ia irrcgularidad dc sj causantc cl régímen pkn ioinétrico. Represc^ntan ei azotc de las poblacíoncs riberenas, .secas extraordinárias c inundaciones \'iolenta.s, que dcsbordan u vcces
Dkjesto
permanece até que as novas águas façam submergir essa flora de acaso". Há rios que apresentam trechos secos ou
portuguò.s Raul Mirancla eni "Os Rios":
quase. No Brasil, creio, apenas no tre-
e onde as areias arrastadas sc amontoam à mistura com os calhaus rolados, chcgando a criar-se uma vegetação que
Sôbre o regime de alguns rios, Almoida Figueiredo, em "A terra", dá lun quadro, que resumo:
"A.ssiin uconlccc nos rios portugueses, do debito muito reduzido no período quente,
los médios previstos para corregir las crccídas ucostumbradus y produccn gra\'i.simos daíios cn ))ers()nas, cdificios v
Amazonas
mesmo totalmente durante parto do ano mos alguns exemplos.
^■cu o humorista ianque Mark Twain que .seria um rio razoável se lhe puse.s-
Congo São Lourençx) Prata Mississipi Danúbio Reno Pú
•'
f.levaporation • Dc pius. rareté Icur des réeimé pluics forte Iarendent particulierement irregulicr. Rcduit , peut de chose, parfois a rien, pendant les longs mois d ete, les pluies d oraiic • les transforment brusquenient en torrents recíoutables". E além; "Deux mois de cours, dix moís de vacances" disent de leurs fleuves les Espagnolcs qui les coinparent plaisamment aux vieux otudiants de Salamanque". Eches-erria cm "Espaiia" escreve: "En toda Ia Es-
pafía mediterrânea y aiin en Ia vertiente atlântica de Ia Meseta y Andalucía, son
innumerables Ias "ramblas", que dcjan correr Ias aguas en tiempo de lluvias y cnsenan durante cl resto sus lechos
descarnados y pedregosos, utilizíidos muchas veces como caminos de carros y
scm água no leito.
Sôbre os afluentes
meridionais do Pó, escreve Cranger: Iles afnucntsplus encorc Tresont vcnusirréguliers do l'Apcnnin: } la, Secchia, Panaro, à soe en été, orrents furieux aprcs une pluie d'orage,
^ São Francisco Loire Sena Ebro
clevastatrices".
e, mio me permito ostender-me.
Sobre
os atluentes meridionais do Pó, que cor rem na Padânia, a região mais rica c
e euivas mais abundantes e mais rcgu-
aimente cli.stribuída.s, escreve, Cntrc ou■as cousas: . . . 'Ia loro indolc .sclvaggia o irnpetuüsa non é mitigata mai da gran de lagiu purifícatori". ". . . ü Joro voluo -
.
. . .
11 loro VOlU-
cabailenas. caballerias. fero Pero nasça hasta en los rios nos ae de
me d acqua divenga tanto grande da tra-
curso más largo — con excepción de las corrfentes regulares de Ia Espaiía nor-
boccare rovinosamcnte, mentre neirestato, in cui le piogge sono minori, c
iTíô n npffiiíí
1..,_^
1
T
-
■
Tibre
"ur a tour béni.s pour Icur.s aluvnons for1 isantes ou maudits pour Iciirs crues
ilalíanos, o italiano ariani, em "Geografia Econômica oeia e deli Ralia", confirma Cranger c vai a cm. A falta de espaço, infcliznien-
cho semi-árido, pequeno cm relação à e.xtensão do Pais, ha rios semelhantes,
Débito por segundo, cm metros cúbicos
cultivos".
Sôbre os rios da Ibéria, escrevr-
83
tenuinata 6 la fu.sione delle ncri, cessino cpuisi affato dal corrcre". Sobro o.s rios portugueses, escreve o
É. o que sucede com quase todos os Muitos dos rios italianos sofrem dc nos de nossa região semi-árida. Voia^ males semelhantes. Sôbre o Amo, cscre-
I
Ecomómico
. ;
Tocantins
Médio
Máximo
Mínimo
80.000
250.000
60.000 (?)
60.000 32.000 19.800 17.440 9.180 1.975 1.720
72.000 40.000 42.000 39.725 28.000 10.000 7.000
41;000 15.000 18.815' 8.500 2.000 1.200 214
267
4.500
- 160
300
10.719
23
3.000 132 130 100
10.000 10.000 2.000 5.000
1.000 25 ^0 50
15.000
17.(KX)
1.650
»
"
Os dados sôbre os rios Amazonas, São " do solo, a topografia, a cobertura \ egetal, Francisco e Tocantins são de Souza Silvestre
a temperatiun, .a evaporação.. •
Paulo Le Cointc c Amido de
Azevedo.
-
principais das chei^:
Comparando-se os diferentes débitos
a) chuvas excessivas; h) derrctiincnto
não se encontra nenhuma inferioridade dos rios de clima.s quentes. Aliás, são tantos os elementos que contribuem para
rápido das neves do inverno; c) condi çôes do subsolo. Sc o subsolo estiver gelado, como soe acontecer nos países
o regime dos rios que não era possível
frios, as cheias podem ser enormes, de-
viosidade e sua distribuição, a natureza
outros rios juntos.
tè-los totalmente regalares nos climas temperados e sempre irregulares nos tropicais. São fatôres importantes a plu-
vastadoras. O rio Hoang, na China, correndo à altura do paralelo 40, deve ter morto mais gente do que todos os
82
DicEs-ro tTco.só.MiCfj
tropicais c dc climas temperados c frios
tena — cs muy pn)mmciadí) cl csliajc
liá rios de regimes irregulares.
llcgándose a vadear fácilmenle cm juu-
Pelo
menos, isso é o que dizem os espeeia-
chüs lugares rio.s que son dc bastante
listai.
importância. Las flucluaciones de crc-
Poucas regiões no mundo tõm rios de regimes tão regulares como os da Ama zônia. Os outros rios brasileiros — exce
tuados os da região semi-árida — pos suem regimes bastante regalares. Os rios do trecho semi-árido do nordeste do
Brasil são, em sua maioria, de regime
irrcgularíssimo. Assemelham-se, em par te, pelo regime, a alguns rios ,do norf-
da África, da Espanha, Itália, Polônia etc. Há, na região e nos países citados rios que secam quase totalmente ou
cidas y secas oscilan entre limites muy amplio.s, y hasta de un afio a otro \ arían
nnielio los caiidalcs de lo.s rios espaíioles do acücrdo con Ia irrcgularidad dc sj causantc cl régímen pkn ioinétrico. Represc^ntan ei azotc de las poblacíoncs riberenas, .secas extraordinárias c inundaciones \'iolenta.s, que dcsbordan u vcces
Dkjesto
permanece até que as novas águas façam submergir essa flora de acaso". Há rios que apresentam trechos secos ou
portuguò.s Raul Mirancla eni "Os Rios":
quase. No Brasil, creio, apenas no tre-
e onde as areias arrastadas sc amontoam à mistura com os calhaus rolados, chcgando a criar-se uma vegetação que
Sôbre o regime de alguns rios, Almoida Figueiredo, em "A terra", dá lun quadro, que resumo:
"A.ssiin uconlccc nos rios portugueses, do debito muito reduzido no período quente,
los médios previstos para corregir las crccídas ucostumbradus y produccn gra\'i.simos daíios cn ))ers()nas, cdificios v
Amazonas
mesmo totalmente durante parto do ano mos alguns exemplos.
^■cu o humorista ianque Mark Twain que .seria um rio razoável se lhe puse.s-
Congo São Lourençx) Prata Mississipi Danúbio Reno Pú
•'
f.levaporation • Dc pius. rareté Icur des réeimé pluics forte Iarendent particulierement irregulicr. Rcduit , peut de chose, parfois a rien, pendant les longs mois d ete, les pluies d oraiic • les transforment brusquenient en torrents recíoutables". E além; "Deux mois de cours, dix moís de vacances" disent de leurs fleuves les Espagnolcs qui les coinparent plaisamment aux vieux otudiants de Salamanque". Eches-erria cm "Espaiia" escreve: "En toda Ia Es-
pafía mediterrânea y aiin en Ia vertiente atlântica de Ia Meseta y Andalucía, son
innumerables Ias "ramblas", que dcjan correr Ias aguas en tiempo de lluvias y cnsenan durante cl resto sus lechos
descarnados y pedregosos, utilizíidos muchas veces como caminos de carros y
scm água no leito.
Sôbre os afluentes
meridionais do Pó, escreve Cranger: Iles afnucntsplus encorc Tresont vcnusirréguliers do l'Apcnnin: } la, Secchia, Panaro, à soe en été, orrents furieux aprcs une pluie d'orage,
^ São Francisco Loire Sena Ebro
clevastatrices".
e, mio me permito ostender-me.
Sobre
os atluentes meridionais do Pó, que cor rem na Padânia, a região mais rica c
e euivas mais abundantes e mais rcgu-
aimente cli.stribuída.s, escreve, Cntrc ou■as cousas: . . . 'Ia loro indolc .sclvaggia o irnpetuüsa non é mitigata mai da gran de lagiu purifícatori". ". . . ü Joro voluo -
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. . .
11 loro VOlU-
cabailenas. caballerias. fero Pero nasça hasta en los rios nos ae de
me d acqua divenga tanto grande da tra-
curso más largo — con excepción de las corrfentes regulares de Ia Espaiía nor-
boccare rovinosamcnte, mentre neirestato, in cui le piogge sono minori, c
iTíô n npffiiíí
1..,_^
1
T
-
■
Tibre
"ur a tour béni.s pour Icur.s aluvnons for1 isantes ou maudits pour Iciirs crues
ilalíanos, o italiano ariani, em "Geografia Econômica oeia e deli Ralia", confirma Cranger c vai a cm. A falta de espaço, infcliznien-
cho semi-árido, pequeno cm relação à e.xtensão do Pais, ha rios semelhantes,
Débito por segundo, cm metros cúbicos
cultivos".
Sôbre os rios da Ibéria, escrevr-
83
tenuinata 6 la fu.sione delle ncri, cessino cpuisi affato dal corrcre". Sobro o.s rios portugueses, escreve o
É. o que sucede com quase todos os Muitos dos rios italianos sofrem dc nos de nossa região semi-árida. Voia^ males semelhantes. Sôbre o Amo, cscre-
I
Ecomómico
. ;
Tocantins
Médio
Máximo
Mínimo
80.000
250.000
60.000 (?)
60.000 32.000 19.800 17.440 9.180 1.975 1.720
72.000 40.000 42.000 39.725 28.000 10.000 7.000
41;000 15.000 18.815' 8.500 2.000 1.200 214
267
4.500
- 160
300
10.719
23
3.000 132 130 100
10.000 10.000 2.000 5.000
1.000 25 ^0 50
15.000
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1.650
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Os dados sôbre os rios Amazonas, São " do solo, a topografia, a cobertura \ egetal, Francisco e Tocantins são de Souza Silvestre
a temperatiun, .a evaporação.. •
Paulo Le Cointc c Amido de
Azevedo.
-
principais das chei^:
Comparando-se os diferentes débitos
a) chuvas excessivas; h) derrctiincnto
não se encontra nenhuma inferioridade dos rios de clima.s quentes. Aliás, são tantos os elementos que contribuem para
rápido das neves do inverno; c) condi çôes do subsolo. Sc o subsolo estiver gelado, como soe acontecer nos países
o regime dos rios que não era possível
frios, as cheias podem ser enormes, de-
viosidade e sua distribuição, a natureza
outros rios juntos.
tè-los totalmente regalares nos climas temperados e sempre irregulares nos tropicais. São fatôres importantes a plu-
vastadoras. O rio Hoang, na China, correndo à altura do paralelo 40, deve ter morto mais gente do que todos os
84
Dicesto Econômico
As grandes chuvas não são apenas um fenômeno tropical, A bacía -do rio Ardeche> França,_ recebeu 650 milímetros
milímetros de chuva entre.23 e 27 de
de chuvas em cinco dias, em 1890. Em
caíram em 48 horas. As cheias devasta
menos de 6 horas podem cair 200 a 300 milímetros. A bacía do Tam, França, recolheu 140 milímetros em cerca de 48 horas, em 1930.
A bacia do
no
Miamí, nos Estados Unidos, recebeu 243
març-o de 1913.
Dois terços do total
Divulgação dos problemas filosdficos llcniismo
doras dos rios ianques são por demais conhecidas. O Tejo, em Vila Velha de
I
Kodão, subiu 23,50 metros acima da es tiagem em 1755j em 1876, subiu 25 metrosí cm 1895, 19 metros.
Paulo Edmur de Souza Queiroz
meu otimismo me permite acreditar
Nas colunas do "Digesto Econômico",
que haverá, porventura, entre meus possíveis leitores, representantes de pro fissões liberais, estudantes, agricultores, comerciantes, políticos talvez. Nenhum
como é óboio, predominam os assunios
deles me interessa enquanto classifica
dos com um rótulo social. Dirijo-me a todo.'?, como a seres humanos a quem ó
indispensável meditar, de vez em quan do, sôbre os problemas que envolvem, como um mistério, esta estranha raça
de Adão, viajante pela torra, procurando interminàvclmentc o sentido do seu in
compreensível destino. São problemas que não se enquadram em nenhuma ciência particular o vêm resistindo, há
recista de cultura, a sua Direção sempre
entendeu que deveria divulgar trahaVms que, embora não sejam da especialidade, contribtiam, todavia, para o esclareci mento dos problemas humanos. Assim sendo, c atendendo a diversas sugestões, resolveu convidar o sr. Paub Edmur de
Souza Queiroz para divulgar assuntos filosóficos, de cunho didático, visando aquêle objetivo. O jovem escritor, moço de vasta cultura, e que no ano passado proferiu notável conferência sôbre "O Existencialismo religioso^da Rússia", es
mais profundos pensadores. São proble
tudará, em três números consecutivos: "O Realismo";"O Idealismo" c"O Exis
mas de filosofia.
tencialismo".
milênios, a incansável meditação dos
m TTj
econômicos e fhuinceiros. Por ser uma
Sinto aflorar na consciência de todos
uma pergunta inquieta ou cética — mas o que é então a filosofia? É inútil defini-la sem fazermos antes
um passeio por seu território escuro e luminoso, e, como nas tardes de verão',
com a frescura que se levanta da terra molhada após a chuva, quando, na- len ta alteração colorida da luz, já não sa bemos se começa a noite ou se termina
o dia, mas sentimos a existência enrique cida na leveza da atmosfera, assim tam
bém, sem que seja preciso definir a fi losofia, teremos o sentimento profundo
do que ela pode .significar para nós. Seja este um convite para uma jor nada até o lim''r
território de
crepúsculo que pensadores de tôda a história tentaram iluminar com as luzes
do seu tempo, para impedir que o nosso misterioso contorno nos sufocasse em seu
manto impenetrá\'el. E é essa a grande za humana — resistir ao de.sconhecido.
Dar nome às sombras que nos cercam. Torná-las familiares. Fazer possível a vida na terra dos homens.
Se não há filósofos entre nós, se não
somos capazes de sistematizar metòdi-
camento um pensamento original de fi
losofia, tenho certeza de que todos nós somos capazes de acompanhar e amar a tTi'^li^a';?o dos crandes dediravador^s
84
Dicesto Econômico
As grandes chuvas não são apenas um fenômeno tropical, A bacía -do rio Ardeche> França,_ recebeu 650 milímetros
milímetros de chuva entre.23 e 27 de
de chuvas em cinco dias, em 1890. Em
caíram em 48 horas. As cheias devasta
menos de 6 horas podem cair 200 a 300 milímetros. A bacía do Tam, França, recolheu 140 milímetros em cerca de 48 horas, em 1930.
A bacia do
no
Miamí, nos Estados Unidos, recebeu 243
març-o de 1913.
Dois terços do total
Divulgação dos problemas filosdficos llcniismo
doras dos rios ianques são por demais conhecidas. O Tejo, em Vila Velha de
I
Kodão, subiu 23,50 metros acima da es tiagem em 1755j em 1876, subiu 25 metrosí cm 1895, 19 metros.
Paulo Edmur de Souza Queiroz
meu otimismo me permite acreditar
Nas colunas do "Digesto Econômico",
que haverá, porventura, entre meus possíveis leitores, representantes de pro fissões liberais, estudantes, agricultores, comerciantes, políticos talvez. Nenhum
como é óboio, predominam os assunios
deles me interessa enquanto classifica
dos com um rótulo social. Dirijo-me a todo.'?, como a seres humanos a quem ó
indispensável meditar, de vez em quan do, sôbre os problemas que envolvem, como um mistério, esta estranha raça
de Adão, viajante pela torra, procurando interminàvclmentc o sentido do seu in
compreensível destino. São problemas que não se enquadram em nenhuma ciência particular o vêm resistindo, há
recista de cultura, a sua Direção sempre
entendeu que deveria divulgar trahaVms que, embora não sejam da especialidade, contribtiam, todavia, para o esclareci mento dos problemas humanos. Assim sendo, c atendendo a diversas sugestões, resolveu convidar o sr. Paub Edmur de
Souza Queiroz para divulgar assuntos filosóficos, de cunho didático, visando aquêle objetivo. O jovem escritor, moço de vasta cultura, e que no ano passado proferiu notável conferência sôbre "O Existencialismo religioso^da Rússia", es
mais profundos pensadores. São proble
tudará, em três números consecutivos: "O Realismo";"O Idealismo" c"O Exis
mas de filosofia.
tencialismo".
milênios, a incansável meditação dos
m TTj
econômicos e fhuinceiros. Por ser uma
Sinto aflorar na consciência de todos
uma pergunta inquieta ou cética — mas o que é então a filosofia? É inútil defini-la sem fazermos antes
um passeio por seu território escuro e luminoso, e, como nas tardes de verão',
com a frescura que se levanta da terra molhada após a chuva, quando, na- len ta alteração colorida da luz, já não sa bemos se começa a noite ou se termina
o dia, mas sentimos a existência enrique cida na leveza da atmosfera, assim tam
bém, sem que seja preciso definir a fi losofia, teremos o sentimento profundo
do que ela pode .significar para nós. Seja este um convite para uma jor nada até o lim''r
território de
crepúsculo que pensadores de tôda a história tentaram iluminar com as luzes
do seu tempo, para impedir que o nosso misterioso contorno nos sufocasse em seu
manto impenetrá\'el. E é essa a grande za humana — resistir ao de.sconhecido.
Dar nome às sombras que nos cercam. Torná-las familiares. Fazer possível a vida na terra dos homens.
Se não há filósofos entre nós, se não
somos capazes de sistematizar metòdi-
camento um pensamento original de fi
losofia, tenho certeza de que todos nós somos capazes de acompanhar e amar a tTi'^li^a';?o dos crandes dediravador^s
86
Dir.tivrtt
E(:onomi(:í> Dic.ksto
dessa terra incógnita, cuja grandezii des de logo podemos intuir. Todos nós temos uma opinião sobro o mundo onde vivemos. Poderemos sustentar coerentemente a nossa opinião
Econômico
87
nossas nião.s, podem sempre dcsprendcrsc novos órgãos que, destacados com .i
alguns segundos sòbro o ser e verão que
outro. E onde ficou o nosso realismo in
precisão suficiente, venham u conslíluir
não hú palavras para dcfini-lò. Mas se, ao invés de procurarmos de
gênuo? Dêle nos resta apenas a pre sença estranha de coisas que não têm
finir esse indefinível, perguntarmos a
regiões determinadas de pesquisa cien tífica, não mais pertencentes a ésse reino
contra todos os que a ela se opuserem?
dc ínquietante imprecisão na ([uai, exa
qualquer criança quem é o ser, quem
sef. Porque a pergunta se bifiuca em duos questões, uma relativa á existência
O que poderei eu aduzir em favor do que penso sobre medicina, contra afir mações fundamentadas de um médico, por exemplo? Sôbre problemas agríco
tamente, se revela a belez;i e a glória do pensamento filosófico. A psicologia e a sociologia, por exem plo, começsim a tentar o rompimento do cordão que as une ainda à sua matriz
existe ein lômo dc nós, ela nos respon
que se apresenta diante de nós e outra
derá na atitude ingêmui que é a nossa . relativa à consistência daquilo que se apresenta diante de nós. Ser é existir e cm nosso comportamento cotidiano: as consistir. A criança responde: as coisas coisas são, as coisas existem c nós entre
las, contra as teses de um agricultor ex
perimentado?
Sóljrc comércio, contra
■um comerciante? Vemos imediatamente
que ao saber comum, saber cotidiano de todos nós, sempre se
fecundíssima.
Incapazes dc fixar-se sòhre raízes au tônomas, mantêm-se todavia alimenta
as
coisas.
Mas, como dissemos, não
c.xistem, estão ai.
Mas nem ela e nem
procurnmo.s aqui êssc conhecimento co
ninguém poderá dizer o que é existir,
mum da nossa opinião cotidiana, e a resposta da criança não nos poderá satis fazer. Essa resposta correspondo ao que
porque, coino rimos, ser, no sentido de existir, é um indefinível.
Mas a essa
existência de coisas apontada, não defi nida, apontada pelo realismo ingênuo,
pelo
das pela seiva inextinguí\'el do tron
nosso esfórçp, com
co filosófico, ramos
uma
seu.<í, portadores dos
mente, a afirmação de que as coisas
sas para podermos dizer: as coisas que
nomes cstranlios de
Ontologia, incluindo
palavra diz, quer di
são, as coisas existem? Poderemos re sistir a teses contrárias a essa afirmação,
existem diante de nós, consistem nisto ou naquilo.
a Metafísica c a teo
ria dos objetos ein
apoiando-a naquela coerência racional,
zer amor à sabedo-' ria. Amor ao sa
pode opor um saber
conquistado estrutura
de
base racional.
Filosofia, como a
é preciso atribuir uma consistência. Pre
gênuo; Poderemo.s sustentar, fundamentadn-
conquistada polo esfôrço do nosso pen
Gnoscologia,
samento? Poderemos defender fílosòfica-
amado pelo filósofo
Ética, Estética e Fi losofia da Religião.
só pode ser aquêle que tem fundamen
Na pequena via gem ora iniciada
mente o nosso realismo ingênuo com aquele amor ao saber que solícita a ra
be/.
geral,
so con\'cncionou chamar de realismo in
Mas o saber
to racional. Através
desse esforço para dar razão das coisas,
L
iniciado na Grécia com um rigor metó dico inigualável, é
quo se constituíram todas as ciências particulares. Diante dos primeiros. fi lósofos, permanecia ainda o mundo com
pacto e indiscriminado, como uma gran de flor de mistério para ser desfolha-
cla pela sua poderosa curiosidade. Uma a uma se desligaram dela pétalas cui dadosamente recortadas, circunscreven do o campo definido das ciências conhe cidas, e, do cálice ainda existente em
atingiremos apenas as praias da Onto
cisamos dar a razão da existência de coi
Começa aqui o drama do pensamento filosófico.
Na Grécia pré-socrática surgem os nonies inestinguíveis dos primeiros filóso
fos. Diante do assombro que nos causa
zão, sem o qual não pode haver filoso
o nosso mundo colorido, desponta em
fia?
nossa consciêncià a pergunta demoníaca:
Veremos imediatamente que é im
possível mantermo-nos nessa beatitude
mas cm que consiste êste mundo? — A
logia e da Teoria do
da criança que se satisfaz com a existên cia das coisas. Porque, se tudo que
palavra poemática dos primeiros pen sadores gregos inicia, num movimento
Conhecimento
ou
nos cerca não puder demonstrar à nossa
sem
razão o fundamento de sua existência, o
"largo, majestoso", a imensa sinfonia inacabada que ainda hoje ourimos des
mundo exterior so revelará como apa
lumbrados.
giões, onde problemas terríveis .se le vantam como vagas do infinito.
rência apenas de algo que os nossos sentidos não podem captar. Se o ser
admiração dos homens da Grécia diante
Ontologia significa, ctimològicamentc, teoria dp ser ou do ente. O objetO; pois, das nossas cogitações, será êssc desnorteante problema "Contido nu pa lavra se,\ "O que é o ser?" é o tema
de uma mesa é composto de outros sêres,
do . seu contôrno universal, começou a
SC é composto, digamos, com a Física moderna, de átomos, a mesa já não tem ser próprio, não é um ser autêntico, é
procurar o fundamento autêntico do
Gnoscologia, nos
arriscarmos
ao
mar alto dessas re
fundamental da Ontologia, E, primei
ro assombro para todos nós
não é
possível definir o que seja o .ser. Pensem
um ser em outro, não em si mesmo.
Onde estará então o ser?
Ó átomo será
o ser? Mas a Física nos diz que o áto mo se decompõe em eléctrons o neutrons. Mais uma vez o ser nos escapa e o átomo deixa de ser em si para ser em
Quando o pen.sameoto grego, fnito da
mundo, que condiciona^-a a dança mati zada das formas, o ser das coisas não resistiu à sua análise impiedosa. A ra zão não se deteve diante da opacidade
aparente dêsse mundo e procurou pe netrar através das suas imagens sensí veis, até o verdadeiro ser, o intondicio-
nado, o ser em si, independente dos
86
Dir.tivrtt
E(:onomi(:í> Dic.ksto
dessa terra incógnita, cuja grandezii des de logo podemos intuir. Todos nós temos uma opinião sobro o mundo onde vivemos. Poderemos sustentar coerentemente a nossa opinião
Econômico
87
nossas nião.s, podem sempre dcsprendcrsc novos órgãos que, destacados com .i
alguns segundos sòbro o ser e verão que
outro. E onde ficou o nosso realismo in
precisão suficiente, venham u conslíluir
não hú palavras para dcfini-lò. Mas se, ao invés de procurarmos de
gênuo? Dêle nos resta apenas a pre sença estranha de coisas que não têm
finir esse indefinível, perguntarmos a
regiões determinadas de pesquisa cien tífica, não mais pertencentes a ésse reino
contra todos os que a ela se opuserem?
dc ínquietante imprecisão na ([uai, exa
qualquer criança quem é o ser, quem
sef. Porque a pergunta se bifiuca em duos questões, uma relativa á existência
O que poderei eu aduzir em favor do que penso sobre medicina, contra afir mações fundamentadas de um médico, por exemplo? Sôbre problemas agríco
tamente, se revela a belez;i e a glória do pensamento filosófico. A psicologia e a sociologia, por exem plo, começsim a tentar o rompimento do cordão que as une ainda à sua matriz
existe ein lômo dc nós, ela nos respon
que se apresenta diante de nós e outra
derá na atitude ingêmui que é a nossa . relativa à consistência daquilo que se apresenta diante de nós. Ser é existir e cm nosso comportamento cotidiano: as consistir. A criança responde: as coisas coisas são, as coisas existem c nós entre
las, contra as teses de um agricultor ex
perimentado?
Sóljrc comércio, contra
■um comerciante? Vemos imediatamente
que ao saber comum, saber cotidiano de todos nós, sempre se
fecundíssima.
Incapazes dc fixar-se sòhre raízes au tônomas, mantêm-se todavia alimenta
as
coisas.
Mas, como dissemos, não
c.xistem, estão ai.
Mas nem ela e nem
procurnmo.s aqui êssc conhecimento co
ninguém poderá dizer o que é existir,
mum da nossa opinião cotidiana, e a resposta da criança não nos poderá satis fazer. Essa resposta correspondo ao que
porque, coino rimos, ser, no sentido de existir, é um indefinível.
Mas a essa
existência de coisas apontada, não defi nida, apontada pelo realismo ingênuo,
pelo
das pela seiva inextinguí\'el do tron
nosso esfórçp, com
co filosófico, ramos
uma
seu.<í, portadores dos
mente, a afirmação de que as coisas
sas para podermos dizer: as coisas que
nomes cstranlios de
Ontologia, incluindo
palavra diz, quer di
são, as coisas existem? Poderemos re sistir a teses contrárias a essa afirmação,
existem diante de nós, consistem nisto ou naquilo.
a Metafísica c a teo
ria dos objetos ein
apoiando-a naquela coerência racional,
zer amor à sabedo-' ria. Amor ao sa
pode opor um saber
conquistado estrutura
de
base racional.
Filosofia, como a
é preciso atribuir uma consistência. Pre
gênuo; Poderemo.s sustentar, fundamentadn-
conquistada polo esfôrço do nosso pen
Gnoscologia,
samento? Poderemos defender fílosòfica-
amado pelo filósofo
Ética, Estética e Fi losofia da Religião.
só pode ser aquêle que tem fundamen
Na pequena via gem ora iniciada
mente o nosso realismo ingênuo com aquele amor ao saber que solícita a ra
be/.
geral,
so con\'cncionou chamar de realismo in
Mas o saber
to racional. Através
desse esforço para dar razão das coisas,
L
iniciado na Grécia com um rigor metó dico inigualável, é
quo se constituíram todas as ciências particulares. Diante dos primeiros. fi lósofos, permanecia ainda o mundo com
pacto e indiscriminado, como uma gran de flor de mistério para ser desfolha-
cla pela sua poderosa curiosidade. Uma a uma se desligaram dela pétalas cui dadosamente recortadas, circunscreven do o campo definido das ciências conhe cidas, e, do cálice ainda existente em
atingiremos apenas as praias da Onto
cisamos dar a razão da existência de coi
Começa aqui o drama do pensamento filosófico.
Na Grécia pré-socrática surgem os nonies inestinguíveis dos primeiros filóso
fos. Diante do assombro que nos causa
zão, sem o qual não pode haver filoso
o nosso mundo colorido, desponta em
fia?
nossa consciêncià a pergunta demoníaca:
Veremos imediatamente que é im
possível mantermo-nos nessa beatitude
mas cm que consiste êste mundo? — A
logia e da Teoria do
da criança que se satisfaz com a existên cia das coisas. Porque, se tudo que
palavra poemática dos primeiros pen sadores gregos inicia, num movimento
Conhecimento
ou
nos cerca não puder demonstrar à nossa
sem
razão o fundamento de sua existência, o
"largo, majestoso", a imensa sinfonia inacabada que ainda hoje ourimos des
mundo exterior so revelará como apa
lumbrados.
giões, onde problemas terríveis .se le vantam como vagas do infinito.
rência apenas de algo que os nossos sentidos não podem captar. Se o ser
admiração dos homens da Grécia diante
Ontologia significa, ctimològicamentc, teoria dp ser ou do ente. O objetO; pois, das nossas cogitações, será êssc desnorteante problema "Contido nu pa lavra se,\ "O que é o ser?" é o tema
de uma mesa é composto de outros sêres,
do . seu contôrno universal, começou a
SC é composto, digamos, com a Física moderna, de átomos, a mesa já não tem ser próprio, não é um ser autêntico, é
procurar o fundamento autêntico do
Gnoscologia, nos
arriscarmos
ao
mar alto dessas re
fundamental da Ontologia, E, primei
ro assombro para todos nós
não é
possível definir o que seja o .ser. Pensem
um ser em outro, não em si mesmo.
Onde estará então o ser?
Ó átomo será
o ser? Mas a Física nos diz que o áto mo se decompõe em eléctrons o neutrons. Mais uma vez o ser nos escapa e o átomo deixa de ser em si para ser em
Quando o pen.sameoto grego, fnito da
mundo, que condiciona^-a a dança mati zada das formas, o ser das coisas não resistiu à sua análise impiedosa. A ra zão não se deteve diante da opacidade
aparente dêsse mundo e procurou pe netrar através das suas imagens sensí veis, até o verdadeiro ser, o intondicio-
nado, o ser em si, independente dos
f-
'»
88
Dicesto
D1CE.ST0 Econômico
Econômico.
89
demais seres, na sua existência intangí
— declara Anaximandro.
São as rcla-
transforma-se, muda; sc o ser deixa do
ser", e como o "não ser" não é, é ne-
vel. Porque tudo,o que vemos é com
ç-õcs numéricas, são os números que
cessáriò que exista o ser em todos os lu
posto de elementos, são sêres constituí
fazem variar a quantidade das coisas — descobre Pitágoras. São o.s quatro ele
ser o que é na sucessão dos momentos; SC êle não sc mantém igual a ri mesmo; se ó ser não 6 sempre idêntico ao ser,
possibilidade de movimento exigiria o
êle se confunde com o não ser, e isso
espaço vazio onde existisse o "não ser",
dos de outros sêres. Dependentes de outros, contingentes, condicionados por outros. Não existiriam se não existissem
mentos — água, terra, ár e fogo — insiste Enipédocles — o amor os une, o ódio os
sêres anteriores, mais resistentes a aná
separa.
lise da razão, embora menos perceptí
Com íleráclilo de Êfeso, a agudeza racional dos gregos se aprimora e começa a crítica das soluções já dadas. Reve
veis pelos nossos sentidos. Houve, desde logo, todavia, entro os
gregos, uma fé inabalável que lhes per mitiu não desanimar na sua audaciosa
procura do ser, que recuava sempre quando a razão pretendia captá-lo: a fé na inteligibilidade do mundo. O funda
mento último das coisas, para os gregos, SC revelaria a quem o procurasse com a inteligência, porque as regras e leis do pensamento humano seriam idênticas às
regras c leis que regem a constituição do . mundo. Acreditaram sempre os greeos que um raciocínio bem feito sôbrc a natureza reproduziria exatamente em
reza, porque, como vimos, os gregos
acreditavam nu inteligibilidade do mun do, captá\'el, assim, pela razão em sua essência iiltima, não era possível haver
lam-se a.s fallias do raciocinio anterior
e, na contínua variação das aparências, Hcráclito vê, como fundamento do mun
do, um fluido em permanente mutação. O crepitar de um fogo-fáluo projetandose incessantemente para o futuro. A fluência e modificação constantes do mundo constituem para Iloráclíto o seu
contradição no ser, c o ser de Heráciito era contracTitório. O ser tem de consis
tir em algo compreensível pela razão. Não pode transgredir o princípio racio nal básico — o princípio da identidade.
fundamento.
Cabe notar, entretanto, que todos o.s gregos acreditam na realidade de uma
Sena bastante, para isso, o pensamento
natureza, de uma "physis" re\'elada sob a aparência das coisas, "princípio inva riável das variações", É o realismo in
obedecer as suas leis próprias, ser coe rente, sem contradição consigo mesmo
citar-se num realismo dc fundamento
nossa consciência, o que essa natureza é
é ilógico. O pensamento de Heniclito dcstrói-se a si mesmo. A inteligência não o pode conceber, e como as leis da in teligência Kíio as próprias leis da natu
gênuo transformado, procurando expH-
gares.
E o ser é também imóvel.
A
para que o ser pudesse deslocar-se, mas como só o ser é, o o nada é o "não
ser , não pode haver o nada e o ser tem de ser imóvel.
Estava lògicamente proposto o mundo
inteligível. O mundo captável pela ra zão. O mundo que estaria atrás da apa
rência das coisas. O mundo que é assim porque a razão demonstra que é assim, mediante leis racionais que se confundem com as leis da própria rea lidade, e êsse mundo inteligível consti tuía o único verdadeiro.
"O ser é, o não ser não c" — é o marco
E êste mundo de aparências? Mundo
intangível cravado por Parménides, as sinalando o rumo de sua entrada pelo
que percebemos com os nossos sentidos?
desconhecido.
que é absurdo. É uma ilusão que deve
Êle não existe para Parménides, por
As conseqüências da premissa intuitiva,
mos transcender; é um mundo atraxés
seguem-se racionalmente: O ser é único.
do qual conseguimos vislumbrar, com a
So houvesse dois seres, um não poderia ser idêntico ao outro, e no que êles di
inteligência, o verdadeiro mundo. Pen sar e ser se eqüivalem. O pensamento
As coisas existem como flò-
vergissem entre si, estando o ser em
racional reflete a verdade do que cxis-
ca formal. Nisso consiste a crença na
res de um ser absoluto dissimulado atrás
um deles, no outro estaria o "não ser",
te. A "physis" inteligível é a pátria
inteligibilidade do mundo — as leis da razão coincidem com as leis do desen
dc sua aparência. A realidade é garan
mas como o não ser não é, porque o ser
metafísica de Parménides.
tida pela presença indestrutível da na tureza, da "physis" grega, captável pela
desenvolvendo-se de acordo com a lógi.^
volvimento do mundo. Aceita a premissa, o vento racional
soprou as velas dos navios pré-socráticos e os primeiros filósofo.s, serenos como deuses, atravessaram com o pensamento
a fronteira das aparências do mundo e, num mar cíe idéias, navegaram solitários, tentando a descoberta do ser absoluto. O ser autêntico, O verdadeiro ser, que
não depende de ninguém para existir, cr ser, fundamento final dos demais seres. É a água — diz- Tliales de Mrleto. É o ar — afirma Anaxímenes.. É algo pensável apenas, o apeiron, o indeterminado
racional.
■
I'
não podo deixar de ser alguma coisa, o ser é forçosamente único.
O ser é
razão.
também eterno. Se não fôsse eterno ha
Depois de Heráclíto de Éfeso, todavia, surge o verdadeiro piloto do pensamento grego. Século e meio depois, Platão ainda o chama o grande — é um scmi-
veria, antes do ser, um momento que
Os discípulos do grande mestre con tinuam a sua obra. Zenon de Eléa for
mula a série conhecida de paradoxos que faziam rir os gregos e com os quais pro
seria o nada. Ma.s o nada é o "não ser"
curava demonstrar o inconcebível do
e o ser não pode ter sido em algum tempo o "não ser". Logo, o ser é eterno.
nosso mundo de aparências, para estan
E o imutável.
A mudança faria o ser
cia desoladora do ser de Herácbto. Os
É na colônia grega, ao sul da Itália de
transformar-se cm alguma coisa que ele
nojc, na cidade de Eléa, que se formula
não é, mas como o ser é e o "não ser"
pela primeira vez o princípio ontológico da identidade — todo objeto é idêntico a
gregos tinham uma noção plástica da existência. Não podiam tolerar o efê
não é, êle não pode vir a ser algo que
mero das coisas. Necessita^'am de uma
êle não é em todos os seus momentos.
representação imutável do universo para
si mesmo. Com essa arma terrível Par
É necessário, portanto, que o ser seja
se sentirem seguros.
ménides ataca de'frente o ponsainento
imutável.
de Heráciito:
a sua finitude permitiria que além dêle
dcus, Parménides de Eléa.
•• "
Se o ser continuamente se altera,
E infinito também, porque
fosse o nada, mas o nada é o "não
car, com a barreira do absurdo, n fluên
Os filósofos que se seguem a Parmé nides tentam continuamente a síntese do pensamento eleala com o da escola de
f-
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D1CE.ST0 Econômico
Econômico.
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demais seres, na sua existência intangí
— declara Anaximandro.
São as rcla-
transforma-se, muda; sc o ser deixa do
ser", e como o "não ser" não é, é ne-
vel. Porque tudo,o que vemos é com
ç-õcs numéricas, são os números que
cessáriò que exista o ser em todos os lu
posto de elementos, são sêres constituí
fazem variar a quantidade das coisas — descobre Pitágoras. São o.s quatro ele
ser o que é na sucessão dos momentos; SC êle não sc mantém igual a ri mesmo; se ó ser não 6 sempre idêntico ao ser,
possibilidade de movimento exigiria o
êle se confunde com o não ser, e isso
espaço vazio onde existisse o "não ser",
dos de outros sêres. Dependentes de outros, contingentes, condicionados por outros. Não existiriam se não existissem
mentos — água, terra, ár e fogo — insiste Enipédocles — o amor os une, o ódio os
sêres anteriores, mais resistentes a aná
separa.
lise da razão, embora menos perceptí
Com íleráclilo de Êfeso, a agudeza racional dos gregos se aprimora e começa a crítica das soluções já dadas. Reve
veis pelos nossos sentidos. Houve, desde logo, todavia, entro os
gregos, uma fé inabalável que lhes per mitiu não desanimar na sua audaciosa
procura do ser, que recuava sempre quando a razão pretendia captá-lo: a fé na inteligibilidade do mundo. O funda
mento último das coisas, para os gregos, SC revelaria a quem o procurasse com a inteligência, porque as regras e leis do pensamento humano seriam idênticas às
regras c leis que regem a constituição do . mundo. Acreditaram sempre os greeos que um raciocínio bem feito sôbrc a natureza reproduziria exatamente em
reza, porque, como vimos, os gregos
acreditavam nu inteligibilidade do mun do, captá\'el, assim, pela razão em sua essência iiltima, não era possível haver
lam-se a.s fallias do raciocinio anterior
e, na contínua variação das aparências, Hcráclito vê, como fundamento do mun
do, um fluido em permanente mutação. O crepitar de um fogo-fáluo projetandose incessantemente para o futuro. A fluência e modificação constantes do mundo constituem para Iloráclíto o seu
contradição no ser, c o ser de Heráciito era contracTitório. O ser tem de consis
tir em algo compreensível pela razão. Não pode transgredir o princípio racio nal básico — o princípio da identidade.
fundamento.
Cabe notar, entretanto, que todos o.s gregos acreditam na realidade de uma
Sena bastante, para isso, o pensamento
natureza, de uma "physis" re\'elada sob a aparência das coisas, "princípio inva riável das variações", É o realismo in
obedecer as suas leis próprias, ser coe rente, sem contradição consigo mesmo
citar-se num realismo dc fundamento
nossa consciência, o que essa natureza é
é ilógico. O pensamento de Heniclito dcstrói-se a si mesmo. A inteligência não o pode conceber, e como as leis da in teligência Kíio as próprias leis da natu
gênuo transformado, procurando expH-
gares.
E o ser é também imóvel.
A
para que o ser pudesse deslocar-se, mas como só o ser é, o o nada é o "não
ser , não pode haver o nada e o ser tem de ser imóvel.
Estava lògicamente proposto o mundo
inteligível. O mundo captável pela ra zão. O mundo que estaria atrás da apa
rência das coisas. O mundo que é assim porque a razão demonstra que é assim, mediante leis racionais que se confundem com as leis da própria rea lidade, e êsse mundo inteligível consti tuía o único verdadeiro.
"O ser é, o não ser não c" — é o marco
E êste mundo de aparências? Mundo
intangível cravado por Parménides, as sinalando o rumo de sua entrada pelo
que percebemos com os nossos sentidos?
desconhecido.
que é absurdo. É uma ilusão que deve
Êle não existe para Parménides, por
As conseqüências da premissa intuitiva,
mos transcender; é um mundo atraxés
seguem-se racionalmente: O ser é único.
do qual conseguimos vislumbrar, com a
So houvesse dois seres, um não poderia ser idêntico ao outro, e no que êles di
inteligência, o verdadeiro mundo. Pen sar e ser se eqüivalem. O pensamento
As coisas existem como flò-
vergissem entre si, estando o ser em
racional reflete a verdade do que cxis-
ca formal. Nisso consiste a crença na
res de um ser absoluto dissimulado atrás
um deles, no outro estaria o "não ser",
te. A "physis" inteligível é a pátria
inteligibilidade do mundo — as leis da razão coincidem com as leis do desen
dc sua aparência. A realidade é garan
mas como o não ser não é, porque o ser
metafísica de Parménides.
tida pela presença indestrutível da na tureza, da "physis" grega, captável pela
desenvolvendo-se de acordo com a lógi.^
volvimento do mundo. Aceita a premissa, o vento racional
soprou as velas dos navios pré-socráticos e os primeiros filósofo.s, serenos como deuses, atravessaram com o pensamento
a fronteira das aparências do mundo e, num mar cíe idéias, navegaram solitários, tentando a descoberta do ser absoluto. O ser autêntico, O verdadeiro ser, que
não depende de ninguém para existir, cr ser, fundamento final dos demais seres. É a água — diz- Tliales de Mrleto. É o ar — afirma Anaxímenes.. É algo pensável apenas, o apeiron, o indeterminado
racional.
■
I'
não podo deixar de ser alguma coisa, o ser é forçosamente único.
O ser é
razão.
também eterno. Se não fôsse eterno ha
Depois de Heráclíto de Éfeso, todavia, surge o verdadeiro piloto do pensamento grego. Século e meio depois, Platão ainda o chama o grande — é um scmi-
veria, antes do ser, um momento que
Os discípulos do grande mestre con tinuam a sua obra. Zenon de Eléa for
mula a série conhecida de paradoxos que faziam rir os gregos e com os quais pro
seria o nada. Ma.s o nada é o "não ser"
curava demonstrar o inconcebível do
e o ser não pode ter sido em algum tempo o "não ser". Logo, o ser é eterno.
nosso mundo de aparências, para estan
E o imutável.
A mudança faria o ser
cia desoladora do ser de Herácbto. Os
É na colônia grega, ao sul da Itália de
transformar-se cm alguma coisa que ele
nojc, na cidade de Eléa, que se formula
não é, mas como o ser é e o "não ser"
pela primeira vez o princípio ontológico da identidade — todo objeto é idêntico a
gregos tinham uma noção plástica da existência. Não podiam tolerar o efê
não é, êle não pode vir a ser algo que
mero das coisas. Necessita^'am de uma
êle não é em todos os seus momentos.
representação imutável do universo para
si mesmo. Com essa arma terrível Par
É necessário, portanto, que o ser seja
se sentirem seguros.
ménides ataca de'frente o ponsainento
imutável.
de Heráciito:
a sua finitude permitiria que além dêle
dcus, Parménides de Eléa.
•• "
Se o ser continuamente se altera,
E infinito também, porque
fosse o nada, mas o nada é o "não
car, com a barreira do absurdo, n fluên
Os filósofos que se seguem a Parmé nides tentam continuamente a síntese do pensamento eleala com o da escola de
•
^
DiGiiSTO Económk:<)
90
DrcF-STO
Econômico
Ô1
Herâclito <le Éfeso. O mundo fenomè-
Atenas, era unia arte que consistia em
nico impuriJia irremediàvelmonte a sua
fazer o liomem dar à luz a verdade.
tudo, têm existência real no domínio do
relação entre as coisas, a noção dc estar
Platão aprimorou o método socrático em sua dialética, através da qual, na sé
inteligível; o mais são fantasmas cfêmero.s, re\'eIaçrio fcnomênica e imprecisa
entre, ser maior ou menor etc., deveria
dade com a sua visão de um mundo in
rio do übjoções que se podem fazer a qualquer noção, pro\'oca-sc a contí
dc.sse
teligível, estritamente racional. A multi plicidade inesgotável do real estava
no "topos uranus". Na região das essên cias. Isso repugnava a Aristóteles, in capaz de aceitar a razão lógica dêsse
permitindo-se atingir essa noção em sim
presença, e não bastava mais, aos que vieram depois do sábio de Eléa, aquela concepção hierática e distante da reali
aiante dêles — Anaxágoras esfacela o ser
mundo, onde descansam almas
bcm-a\cuturadas.-
nua retificação de suas insuficiências,
Mas o realismo filosófico não tinha
ainda dito a última palavra.
pureza. Pela dialética conquistamos o
Um discípulo dc Platão, cujo gênio
parmenídico e descobre o ser absoluto cm germes indivisíveis, que organizam
"lügos" da coisa cm dl.scussão, o seu
até hoje se impõe a enormes setores do
e desagregam as estruturas do mundo
conceito, enfim.
Com Platão, o realismo grego dá mais
pensamento ocidental, divergindo do
visível, por atração e repulsão, Jiiovidos pelo princípio inteligente a "nus". Êsses elementos últimos, as "homeonie-
rias" de Anaxágoras, se transformam em Democrito nos "átomos", forma última da matéria que se organiza mecànicamentc, sem a inteivenção de nenhum prjncipio espiritual. Átomos conslituem o universo. A infinita combinação des ses seres eternos, imutáveis e indivisíveis
prod^uz o mundo dos nossos senUdos em sua permanente agitação, orientada por
mestre, conduziu o realismo a seu ponto
um passo. A influência parmeniclica eiií ^
culminante.
seu pensamento ó evidente. Como Par-
■ Quando Aristóteles rompe com os câ nones da Academia, sua pala\'ra vem dar o fundamento racional que faltara ao
Jnénides, Platão procura a região onde se encontra o verdadeiro ser — fora do
tempo e do espaço, eterno e imutável,
realismo ingênuo:
não sujeito à dolorosa contingência do
ter a sua representação correspondente
infinito desdobramento d,o nosso mundo.
O universo platônico foi, em conseqüên cia, apeado dc sua região supra-sensívol, para descer ao território das coisas re\ e-
ladas pelos nossos sentidos. Tudo tem imanente o seu conceito. A sua essên cia eterna e imutável. Se analis^irmos
cuidadosamente cada objeto lançado diante de nossa sensibilidade, chegare mos à sua definição essencial; saberemos
realmente o que êsse objeto é. O ser sc •
O mundo é inteligível diante de nós,
brir o "logos" do universo, o seu prin
exatamente na forma pda qual se apre
predica de muitas maneiras, afirma Aris tóteles, e o ser de cada coisa nós o cap
cípio, basta-nos reativar a no.ssa Icmbiança de um mundo melhor das coisas
senta diante de nós.
tamos mentalmente nela mesma. O .ser
imperecíveis, a que já pcrteiicèmos.
como realmente são.
mundo onde vivemos.
Para desco
leis puramente mecânicas,
Num esforço racional permanente, damos
Mas a concepção definitiva do rea lismo não se tinha ainda formulado. Nos
cências quase mortas cm nós, da etor-
As coisas são o
que são, c nós podemos entendê-las tais
"'^idez cada vez maior a reminís-
da coisa é a çla imanente. Não a trans
Todo o esfôr-
ponde, como queria Platão. Não pode
ço do longos séculos, para dar a razão
ser encontrado fora dela. E aí começ.i
do mundo, veio desembocar na tese'
a estruturação mais ampla e mais resis
admiràvelmente estruturada pela inte
tente do realismo filo.sófico ouc, através
nicladü bem-avcnturacla do reiiio díis
ligência de que esse mundo dos nossos
de S. Thomaz de Aquino, cliegou até
idéias. Está na memória de todos o bilidade discursiva dos gregos. A penê- mito da caverna do Platão, que ilumina tração racional aumenta continuamente
sentidos contém em si mesmo, imanente
nós, e ainda se mantém irredutível den
a êle, o mundo inteligível do ser autên
tro de seu castelo inexpugnável. Na realidade vista e sentida por nós, Aristóteles distingue três elementos — a
anos que avançam, desenvolve-se a ha
nas apaixonadas discussões dessa raça genial. Sócrates leva a seu clímax a capacidade dialética dos helenos. Na simplicidade luminosa dos diálogos de Platão, vemos como aquele homem in-
com sua beleza o diálogo "A República'IOs homens estão, em geral, como
tico.
aquele do mito, acorrentados na caver na do mundo de fenômenos onde vi vem, contemplando a dança das som
coube a êle formular, com a mais precisa
bras, deslizando pelos muros de pedra de sua falsa existência. Podemos, pela
estado nos sentidos.
razao, subir ao verdadeiro mundo, o mundo das idéias. O conceito.de tôdas as imagens fervilhantes sôbre a terra,
dos pelos sentidos. O mundo conceituai
vive como idéia no "topos uranus", fora
Aristóteles, o mais frio dos racio-
cinadores, esgrime a lógica, cujas leis G implacável das perícias. Nada existe na inteligência que primeiro não tenha
substância, a essência e o acidente:
A substância é o elemento que dií
Cabe à razão ela
unidade à coisa obsersnda. Uma mes.a
borar inteligentemente os dados forneci de Platão, o seu mundo de idéias de que este era uma pálida projeção, é destruí
se oferece desde logo a nossos sentidos, como algo de que se pode dizer que o isto ou aquilo, como um "quid" ao qual se atribui a predicação cabível e
do pela lança do novo cavaleiro andante do pensamento. Inútil o desdobramento
zida pela mesa; a substância é isso que
vida temporal, imutável c eterno. As
desse nosso inundo.
resiste à nossa sensibilidade, que está
constituiu seu método de pesquisa fi
coisas são o que são em sua pálida eva-
À variação pennanente e infinita das
por baixo da coisa, como diz etimoiògi-
losófica a que chamou "mayeutica", por que, como a de sua mãe, parteira em
nescencia, por "metaxis" ou participação com as idéias. Só estas, arquétipos de
aparências, deveria corresponder, no mundo das idéias, um arquétipo para cada uma dessas variações. Também a
camente a palavra. A essência é o con junto do determinações necessárias e su
comparável de argúcia e bondade con tribuiu, com seu método, para aperfei
çoar todas as noções da opinião comimi em Atenas. A sua exasperante insistên
cia em perguntar a todos o que enten diam exatamente pelas palavras usadas com um sentido pretensamente definido,
do espaço, acima das contingências da
Al
Inútil e absurdo.
que sustenta u sensação primeira produ
ficientes para que o objeto seja o que
•
^
DiGiiSTO Económk:<)
90
DrcF-STO
Econômico
Ô1
Herâclito <le Éfeso. O mundo fenomè-
Atenas, era unia arte que consistia em
nico impuriJia irremediàvelmonte a sua
fazer o liomem dar à luz a verdade.
tudo, têm existência real no domínio do
relação entre as coisas, a noção dc estar
Platão aprimorou o método socrático em sua dialética, através da qual, na sé
inteligível; o mais são fantasmas cfêmero.s, re\'eIaçrio fcnomênica e imprecisa
entre, ser maior ou menor etc., deveria
dade com a sua visão de um mundo in
rio do übjoções que se podem fazer a qualquer noção, pro\'oca-sc a contí
dc.sse
teligível, estritamente racional. A multi plicidade inesgotável do real estava
no "topos uranus". Na região das essên cias. Isso repugnava a Aristóteles, in capaz de aceitar a razão lógica dêsse
permitindo-se atingir essa noção em sim
presença, e não bastava mais, aos que vieram depois do sábio de Eléa, aquela concepção hierática e distante da reali
aiante dêles — Anaxágoras esfacela o ser
mundo, onde descansam almas
bcm-a\cuturadas.-
nua retificação de suas insuficiências,
Mas o realismo filosófico não tinha
ainda dito a última palavra.
pureza. Pela dialética conquistamos o
Um discípulo dc Platão, cujo gênio
parmenídico e descobre o ser absoluto cm germes indivisíveis, que organizam
"lügos" da coisa cm dl.scussão, o seu
até hoje se impõe a enormes setores do
e desagregam as estruturas do mundo
conceito, enfim.
Com Platão, o realismo grego dá mais
pensamento ocidental, divergindo do
visível, por atração e repulsão, Jiiovidos pelo princípio inteligente a "nus". Êsses elementos últimos, as "homeonie-
rias" de Anaxágoras, se transformam em Democrito nos "átomos", forma última da matéria que se organiza mecànicamentc, sem a inteivenção de nenhum prjncipio espiritual. Átomos conslituem o universo. A infinita combinação des ses seres eternos, imutáveis e indivisíveis
prod^uz o mundo dos nossos senUdos em sua permanente agitação, orientada por
mestre, conduziu o realismo a seu ponto
um passo. A influência parmeniclica eiií ^
culminante.
seu pensamento ó evidente. Como Par-
■ Quando Aristóteles rompe com os câ nones da Academia, sua pala\'ra vem dar o fundamento racional que faltara ao
Jnénides, Platão procura a região onde se encontra o verdadeiro ser — fora do
tempo e do espaço, eterno e imutável,
realismo ingênuo:
não sujeito à dolorosa contingência do
ter a sua representação correspondente
infinito desdobramento d,o nosso mundo.
O universo platônico foi, em conseqüên cia, apeado dc sua região supra-sensívol, para descer ao território das coisas re\ e-
ladas pelos nossos sentidos. Tudo tem imanente o seu conceito. A sua essên cia eterna e imutável. Se analis^irmos
cuidadosamente cada objeto lançado diante de nossa sensibilidade, chegare mos à sua definição essencial; saberemos
realmente o que êsse objeto é. O ser sc •
O mundo é inteligível diante de nós,
brir o "logos" do universo, o seu prin
exatamente na forma pda qual se apre
predica de muitas maneiras, afirma Aris tóteles, e o ser de cada coisa nós o cap
cípio, basta-nos reativar a no.ssa Icmbiança de um mundo melhor das coisas
senta diante de nós.
tamos mentalmente nela mesma. O .ser
imperecíveis, a que já pcrteiicèmos.
como realmente são.
mundo onde vivemos.
Para desco
leis puramente mecânicas,
Num esforço racional permanente, damos
Mas a concepção definitiva do rea lismo não se tinha ainda formulado. Nos
cências quase mortas cm nós, da etor-
As coisas são o
que são, c nós podemos entendê-las tais
"'^idez cada vez maior a reminís-
da coisa é a çla imanente. Não a trans
Todo o esfôr-
ponde, como queria Platão. Não pode
ço do longos séculos, para dar a razão
ser encontrado fora dela. E aí começ.i
do mundo, veio desembocar na tese'
a estruturação mais ampla e mais resis
admiràvelmente estruturada pela inte
tente do realismo filo.sófico ouc, através
nicladü bem-avcnturacla do reiiio díis
ligência de que esse mundo dos nossos
de S. Thomaz de Aquino, cliegou até
idéias. Está na memória de todos o bilidade discursiva dos gregos. A penê- mito da caverna do Platão, que ilumina tração racional aumenta continuamente
sentidos contém em si mesmo, imanente
nós, e ainda se mantém irredutível den
a êle, o mundo inteligível do ser autên
tro de seu castelo inexpugnável. Na realidade vista e sentida por nós, Aristóteles distingue três elementos — a
anos que avançam, desenvolve-se a ha
nas apaixonadas discussões dessa raça genial. Sócrates leva a seu clímax a capacidade dialética dos helenos. Na simplicidade luminosa dos diálogos de Platão, vemos como aquele homem in-
com sua beleza o diálogo "A República'IOs homens estão, em geral, como
tico.
aquele do mito, acorrentados na caver na do mundo de fenômenos onde vi vem, contemplando a dança das som
coube a êle formular, com a mais precisa
bras, deslizando pelos muros de pedra de sua falsa existência. Podemos, pela
estado nos sentidos.
razao, subir ao verdadeiro mundo, o mundo das idéias. O conceito.de tôdas as imagens fervilhantes sôbre a terra,
dos pelos sentidos. O mundo conceituai
vive como idéia no "topos uranus", fora
Aristóteles, o mais frio dos racio-
cinadores, esgrime a lógica, cujas leis G implacável das perícias. Nada existe na inteligência que primeiro não tenha
substância, a essência e o acidente:
A substância é o elemento que dií
Cabe à razão ela
unidade à coisa obsersnda. Uma mes.a
borar inteligentemente os dados forneci de Platão, o seu mundo de idéias de que este era uma pálida projeção, é destruí
se oferece desde logo a nossos sentidos, como algo de que se pode dizer que o isto ou aquilo, como um "quid" ao qual se atribui a predicação cabível e
do pela lança do novo cavaleiro andante do pensamento. Inútil o desdobramento
zida pela mesa; a substância é isso que
vida temporal, imutável c eterno. As
desse nosso inundo.
resiste à nossa sensibilidade, que está
constituiu seu método de pesquisa fi
coisas são o que são em sua pálida eva-
À variação pennanente e infinita das
por baixo da coisa, como diz etimoiògi-
losófica a que chamou "mayeutica", por que, como a de sua mãe, parteira em
nescencia, por "metaxis" ou participação com as idéias. Só estas, arquétipos de
aparências, deveria corresponder, no mundo das idéias, um arquétipo para cada uma dessas variações. Também a
camente a palavra. A essência é o con junto do determinações necessárias e su
comparável de argúcia e bondade con tribuiu, com seu método, para aperfei
çoar todas as noções da opinião comimi em Atenas. A sua exasperante insistên
cia em perguntar a todos o que enten diam exatamente pelas palavras usadas com um sentido pretensamente definido,
do espaço, acima das contingências da
Al
Inútil e absurdo.
que sustenta u sensação primeira produ
ficientes para que o objeto seja o que
Dicesto Econômico
92
na realidade é. Tudo que sc possa dizer da substância, o conjunto dos pre
está nas própria.s coisa.s o não no mundo
de uma coisa, isto é, circunscrita a coisa
platônico imaginário. Com o seu gênio incomparávcl, Aristótcle.s procurou re solver, um a um, todos os graves pro blemas que a aceitação do mundo real,
dentro de suas determinações essenciais,
tal como se apresenta diante de nós,
todos os demais predicados a ela atri
impunha à inteligência. Seus conceitos
buíveis, as suas peculiaridades que se
do forma e matéria, de real o possível, dc potência e ato, das quatro causas,
dicados que a definem, constitui a essên cia do objeto.
Encontrada a essência
não existissem não modificariam o ser
a essência da coisa, tudo aquilo cuja
material, formal, eficiente e final, deter minantes da realização do mundo, cons
O espólio do banqueiro dos bandeirantes Afonso de E. Taunay
]PALANno da opulência do Dr. Guilherme Pompéu dc Almeida noticia Ba.sílio dc Magalhães (cf. Rcv. Inst. S.
pultaram-no com extraordinária pompa em frente ao altar de S. Francisco Xa
vier, no templo de seu instituto, na já
Paulo 18, 309) que a evolução e para
então cidade de São Paulo, honrando-o
deiro do sua para o tempo imensa for tuna podem ser facilmente averiguados graças aos velhos autos que da Delega
com êste epitáfio: Hic jacct ín tumub magno noinine Pompeijus.
Do prestigio do Padre Guilherme Pompéu nada mais alto documenta do
Guilhehnus Prcsbiter auro ct gcncre ct
carência não importaria na deformação completa da substância, constituí seu
tituem a mais c.spanlosa estrutura lógica
acidente.
que a razão possa conceber. Coroando
cia Fiscal da União no Estado de São
a tòrrc da fortaleza que a Idade Média veio habitar com S. Thomaz de Aquino, j'í lá estava cm Aristóteles a noção dc
Paulo vieram incorporar-se às coleções
causa não causada.
Do motor imóvel.
Fiscal do Tesouro Nacional em São
Da inteligência perfeita que faz mover
Paulo numerosos códices coloniais que
transcendentes às coisas, e q„e vão afi' o mundo pelo simples ato de pensar. nai concretizar-se no mundo das idéias A noção dc Deus, restaurando a \'iKão do Platao,_ e estas descem finalmente à pamienídica do ser.
tivemos o ensejo de percorrer, códices que o delegado do Arquivo Nacional em
Foram precisos muitos séculos para que o pensamento de Aristóteles, com
recolher no enorme acervo que se acumula na instituição a que superior
to em São Paulo fazia falta a assistência
as súbitas modificaç-ões da interpretação
mente dirigem o zelo e a competência
de um prelado e indicava ao benepláci
humana do universo, impostas pela His
de Eugênio Vilhena dc Morais. Ê pro vável que lá se encontre grande docu
Está completo o ciclo do pensamento parmemdico.
o ser inteligível, único c autínlico de Parmemdes, se decompõe na poeira dos seres menores das filosofias posteriores
terra, e vem encher de realidade a ilu
são atnbuida pelos pensadores mais an tigos, aos objetos que volteiam diante dos nossos sentidos deslumbrados. O conceito, a idéia das coisas, está nelas mesmas. É o conjunto de suas peculia ridades, essenciais e acidentais, captável pela razão. A essência das coisas
tória, viesse a revelar suas falhas até então despercebidas. O Idealismo, sur gindo no século XVII com Descartes,
veio a ser o demolidor desse pensamen to admirável.
do Arquivo Nacional. Por volta dc 1910 havia na Delegacia
São Paulo, Dr. Alfredo de Toledo, fêz
mentação referente aos bens do Padre
Pompéu, englobados na enorme massa proveniente do confisco do patrimônio da Companhia do Jesus mandado pro ceder por Pombal. Mas a transferência desses papéis não se fêz completa, visto como parte se acha no Arquivo do Estado, e foi im
pressa por Armando Prado no tomo 44 dos "Documentos Interessantes". Adian
te veremos que papéis fragmentários fi
caram no depósito dos bens patrimoniais da União no Estado de São Paulo.
Quatro aldeias possuía o creso de Pamaíba em Minas Gerais, provavelmen •-
te
núcleos
de
mineração. Legou-os
igualmente aos jesuítas. Faleceu em Parnaíba a 7 de janeiro
-i
de 1713, e os reconhecidos inacinos se ■i,
. '..Li
que a carta endereçada a Dom Pedro
a 28 de maio de 1698, pelo Go\emador do Rio de Janeiro Artur de Sá c
Menezes, e dúmlgada por Basílio dc Magalhães em seus Documentos sòbrc o bandeirismo.
Pedia D delegado régio ao soberano, que atendesse, à circunstiincia de quan
to real para titular da diocese a se criar
o nome do ilustre clérigo paulista. "Quando V. Magestade fosse serviço a acudir com este remedio, muy digno sugeito era para qualquer ocupação o Doutor Guilherme Pompeo de Almeida, porque as suas virtudes e procedimentos
o inculcâo para que V. Magestade lhe faça a honra de se querer servir delle". "E suposto que este sujeito ama mui
to o seo socego, e quietação, entendo que sendo V. Magestade servido, encar regar-lhe a ocupação que couber na sua pessoa não poderá escuznrç-c deste em prego". Demonstram as indiscrições documen
tais que o creso pamaibano não leve vida sacerdotal impoluta. Escreve Basílio de Magalhães, a tal propósito:
Dicesto Econômico
92
na realidade é. Tudo que sc possa dizer da substância, o conjunto dos pre
está nas própria.s coisa.s o não no mundo
de uma coisa, isto é, circunscrita a coisa
platônico imaginário. Com o seu gênio incomparávcl, Aristótcle.s procurou re solver, um a um, todos os graves pro blemas que a aceitação do mundo real,
dentro de suas determinações essenciais,
tal como se apresenta diante de nós,
todos os demais predicados a ela atri
impunha à inteligência. Seus conceitos
buíveis, as suas peculiaridades que se
do forma e matéria, de real o possível, dc potência e ato, das quatro causas,
dicados que a definem, constitui a essên cia do objeto.
Encontrada a essência
não existissem não modificariam o ser
a essência da coisa, tudo aquilo cuja
material, formal, eficiente e final, deter minantes da realização do mundo, cons
O espólio do banqueiro dos bandeirantes Afonso de E. Taunay
]PALANno da opulência do Dr. Guilherme Pompéu dc Almeida noticia Ba.sílio dc Magalhães (cf. Rcv. Inst. S.
pultaram-no com extraordinária pompa em frente ao altar de S. Francisco Xa
vier, no templo de seu instituto, na já
Paulo 18, 309) que a evolução e para
então cidade de São Paulo, honrando-o
deiro do sua para o tempo imensa for tuna podem ser facilmente averiguados graças aos velhos autos que da Delega
com êste epitáfio: Hic jacct ín tumub magno noinine Pompeijus.
Do prestigio do Padre Guilherme Pompéu nada mais alto documenta do
Guilhehnus Prcsbiter auro ct gcncre ct
carência não importaria na deformação completa da substância, constituí seu
tituem a mais c.spanlosa estrutura lógica
acidente.
que a razão possa conceber. Coroando
cia Fiscal da União no Estado de São
a tòrrc da fortaleza que a Idade Média veio habitar com S. Thomaz de Aquino, j'í lá estava cm Aristóteles a noção dc
Paulo vieram incorporar-se às coleções
causa não causada.
Do motor imóvel.
Fiscal do Tesouro Nacional em São
Da inteligência perfeita que faz mover
Paulo numerosos códices coloniais que
transcendentes às coisas, e q„e vão afi' o mundo pelo simples ato de pensar. nai concretizar-se no mundo das idéias A noção dc Deus, restaurando a \'iKão do Platao,_ e estas descem finalmente à pamienídica do ser.
tivemos o ensejo de percorrer, códices que o delegado do Arquivo Nacional em
Foram precisos muitos séculos para que o pensamento de Aristóteles, com
recolher no enorme acervo que se acumula na instituição a que superior
to em São Paulo fazia falta a assistência
as súbitas modificaç-ões da interpretação
mente dirigem o zelo e a competência
de um prelado e indicava ao benepláci
humana do universo, impostas pela His
de Eugênio Vilhena dc Morais. Ê pro vável que lá se encontre grande docu
Está completo o ciclo do pensamento parmemdico.
o ser inteligível, único c autínlico de Parmemdes, se decompõe na poeira dos seres menores das filosofias posteriores
terra, e vem encher de realidade a ilu
são atnbuida pelos pensadores mais an tigos, aos objetos que volteiam diante dos nossos sentidos deslumbrados. O conceito, a idéia das coisas, está nelas mesmas. É o conjunto de suas peculia ridades, essenciais e acidentais, captável pela razão. A essência das coisas
tória, viesse a revelar suas falhas até então despercebidas. O Idealismo, sur gindo no século XVII com Descartes,
veio a ser o demolidor desse pensamen to admirável.
do Arquivo Nacional. Por volta dc 1910 havia na Delegacia
São Paulo, Dr. Alfredo de Toledo, fêz
mentação referente aos bens do Padre
Pompéu, englobados na enorme massa proveniente do confisco do patrimônio da Companhia do Jesus mandado pro ceder por Pombal. Mas a transferência desses papéis não se fêz completa, visto como parte se acha no Arquivo do Estado, e foi im
pressa por Armando Prado no tomo 44 dos "Documentos Interessantes". Adian
te veremos que papéis fragmentários fi
caram no depósito dos bens patrimoniais da União no Estado de São Paulo.
Quatro aldeias possuía o creso de Pamaíba em Minas Gerais, provavelmen •-
te
núcleos
de
mineração. Legou-os
igualmente aos jesuítas. Faleceu em Parnaíba a 7 de janeiro
-i
de 1713, e os reconhecidos inacinos se ■i,
. '..Li
que a carta endereçada a Dom Pedro
a 28 de maio de 1698, pelo Go\emador do Rio de Janeiro Artur de Sá c
Menezes, e dúmlgada por Basílio dc Magalhães em seus Documentos sòbrc o bandeirismo.
Pedia D delegado régio ao soberano, que atendesse, à circunstiincia de quan
to real para titular da diocese a se criar
o nome do ilustre clérigo paulista. "Quando V. Magestade fosse serviço a acudir com este remedio, muy digno sugeito era para qualquer ocupação o Doutor Guilherme Pompeo de Almeida, porque as suas virtudes e procedimentos
o inculcâo para que V. Magestade lhe faça a honra de se querer servir delle". "E suposto que este sujeito ama mui
to o seo socego, e quietação, entendo que sendo V. Magestade servido, encar regar-lhe a ocupação que couber na sua pessoa não poderá escuznrç-c deste em prego". Demonstram as indiscrições documen
tais que o creso pamaibano não leve vida sacerdotal impoluta. Escreve Basílio de Magalhães, a tal propósito:
if,
•"
94
"No seu mencionado testamento, de
clarou o Padre Dr. Guilherme Pompéu dc Almeida cpic teve uma íillui ilegítima,
por nome Ignez de Lima, a qual êle fèi
DlCl-Slí) EcONÓNUCt)
Barros), figuram a.s seguintes; "CuiIluTine Pompéii, filho do Padre C.*»i7/ier-
vic Pompéti"; "Bonião Forqiiítn, genro do dito Padre e "o.s- bastardos c correios
casar com Paulo de Baixos,- dando-lhe o
que consta serem do Padre Guilherme
dote competente, c que a excluiu da herança por assim mandar "a ordena
Pompéu.
ção de Sua Majestade, que priva deste direito os filhos naturais dos nobres". Sem querermos arguir de falsa a de
claração do famoso tonsurado paulista
quanto à prole em que visou a perpe tuar-se contrariando os eànoncs da Igreja e as ordenações do reino, diremos, toda via, que, por curioso documento - a
provisão regia de 17 de novembro de
1713, a qual uianda punir os culpados da lentauva de morte contra o desem bargador smdicante Antônio da Cunha Souto Mayor, na vila do Carmo em Mmas - vemos a saber, pela lista que acompanha essa interessantíssima peca histortca, qne se atribula mais eopto a paternidade ao teologo da vila de Par naíba e cofundador da de Aragariguama. Com efeito, entre as pessoas que D João V mandava prender e castigar (al gumas notabilíssímas pelas façanhas mi pela ascendência, como Bartolomeu Fer nandes de Faria c Luiz Pedroso dc
Só SC hou\e outro Padre Guilherme
Poinpéu naquela época, ou alguma con fusão por parle dos infonnanles do rei,
aliás tao amigo de padres e frades".
A e.xpreSKao bastardos não inculca,
D ic RSTo
EcoNÓ>nco
95
giindíi edição, por nós prefaciada, e por
parte apenas do inventário do crcso dc
Otonlel Mola comentada).
Araçariguama.
Assim, o emprego do substantivo não indica, a nosso ver, ab.solutamento, quo
péu? Certamente algumas dezenas de
os tais bastardos tenham tido ao Padre
contos dc reis, quantia imen.sa para o
Pom]^é*n por pai.
tempo, em São Paulo.
Wão
pretendemos
defender-lhe
a
rcpiiiação de sacerdote casto, \nsto como èh" próprio confessou ter unia filha, e
agora, o documento do Arquivo Nacio
«iliás', a afirmação dc que os iiidixíduos
nal lhe atribui um filho e mais outra
a que se aplica\'a fóssein filhos do Padre
Mas a generalização de paternidade
lompéu. Nao tinha então ,tal paUivra «I acepçuo restrita hodicrna t; não do
cumenta novas quebras- da castidade do creso dc Pamaília. Quem se familiarizou com a leitura dos velhos documentos de São Paulo,
sabe quão freqüentes nôles .são a.s alusões a bastardos e carijós - substantivos sempre associados designando ■OS apa
niguados, os homens do séquito dos po tentados em arcos e cabos de tropa. Bastardo era o qualificati\o de meshÇ), de acordo, aliás, com o velho sig
nificado etimológico francês. Na transcrição do trecho não haverá
ocorrido algum ôrro de copista dc má
letra: bastardos e correios em vez de — bastardos e carijós? Piá a propósito do signi ficado de bastardo, foixnal esclarecimento contempo
râneo que por completo
liquida a dúvida. É o do Padre Manuel da Fonseca, ont
sua
Vida
do
Padre
Belchior de Pontes. ■Escreve esse cronista que "houve em São Paulo
filha, mulher do RoínÚo Furqútm. não
é
admissível.
Os
bastardos
do
Padre Pompéu eram os scas sci^os ma-
inelucos c niulato.s e os carijós os de raça indígena o pura. A passagem dos documentos relativo.^
ao Padre Guilherme Pompéu da Dele gacia 1'iscal de São Paulo para o Ar<jui\-o Nacional deve ter sido realizada
dc modo infeliz. É o que positivamen te indica a descoberta do Dr. José de Baixos
Sarai\'a,
distinto ' engenheiro,
quando servia no arquivo da Adminis tração dl) Domínio da União no Esta do de São Paulo. Encontrou uma série
de folhas fragmentárias subordinadas ao título Recibo o despesas dos bens do
defunto Pe. Dr. Guilherme Pompéu de Almeida.
Traz a
S. J.
as.sinatura Ant.° de Mattos,
Não se acha datado e nêle se ins
creve a nota:
"vai continuando ainda
por diante". Antônio de Matos é o nome do Padre
Reitor do Colégio de São Paulo, lembre-
mo-Io entre parênteses. Exerceu o cargo de 1712 a 1714, segundo nos ensina Serafim Leite.
^
I
Constituem esses papéis, já muito de
huma bastarda (assim in
teriorados e truncados, valiosa contri
titulam aos filhos dc Bran co e índia) chamada Pau
buição para o estudo biográfico do cTé-
la" etc. (cf. p. 233 da sc-
rigo milíoriário. Êsses fragmentos correspondem a unia
Quanto teria deixado o Padre Pom
Entre os seus contemponincos, de nin guém se teria, dc longe, em S;iü Paulo, arrolado tão a\uUado monte. Com oito c dez contos de réis era um
homem opulento no São Paulo do seu tempo. Não nos esqueçamos do ononne
coeficiente obrigatório para se fazer .i "avaliação das fortunas, devido às dife
renças do poder aquisitiio da moeda então c agora.
Com o desequilíbrio financeiro qne flagela o Brasil de hoje, assolado pela inflação, o en\ilccimcnto d;i niocíla i'
o ensilliamento daí cousequenle. o reino do câmbio negro da mais dosaiialada eonculcação dos princípios básicos cia economia política, impossível se toma avaliar o que possa ser tal coeficiente. , Destarte, terá deixado Pompéu muitos milhares do contos de nossos dias. Em
1712 a todos assombrava haver o nego
ciante Matias Rodrigues da Silva, avó do pensador Matias Avres, legado bens no valor de pouco mais de doze coutos dc réis.
Nada mais tumultuário do (jue os lan çamentos relativos ao espólio do Padr»* Pompéu descobertos pelo Dr. Snrai\'a. Aliás, era esta a praxe que nos invcntiírios SC observava, por tóda a parle no Brasil.
No do creso mistunnn-se móveis e
roupas, títulos de di\-ida e louça, eames e arreios, e assim por diante. A priineira \'erba refere-se ao dinheiro
amoeclado que o capitalí.sh\ tinha em casa — 75$440 rs., o que representaria hoje, talvez, uma dezena de contos.
if,
•"
94
"No seu mencionado testamento, de
clarou o Padre Dr. Guilherme Pompéu dc Almeida cpic teve uma íillui ilegítima,
por nome Ignez de Lima, a qual êle fèi
DlCl-Slí) EcONÓNUCt)
Barros), figuram a.s seguintes; "CuiIluTine Pompéii, filho do Padre C.*»i7/ier-
vic Pompéti"; "Bonião Forqiiítn, genro do dito Padre e "o.s- bastardos c correios
casar com Paulo de Baixos,- dando-lhe o
que consta serem do Padre Guilherme
dote competente, c que a excluiu da herança por assim mandar "a ordena
Pompéu.
ção de Sua Majestade, que priva deste direito os filhos naturais dos nobres". Sem querermos arguir de falsa a de
claração do famoso tonsurado paulista
quanto à prole em que visou a perpe tuar-se contrariando os eànoncs da Igreja e as ordenações do reino, diremos, toda via, que, por curioso documento - a
provisão regia de 17 de novembro de
1713, a qual uianda punir os culpados da lentauva de morte contra o desem bargador smdicante Antônio da Cunha Souto Mayor, na vila do Carmo em Mmas - vemos a saber, pela lista que acompanha essa interessantíssima peca histortca, qne se atribula mais eopto a paternidade ao teologo da vila de Par naíba e cofundador da de Aragariguama. Com efeito, entre as pessoas que D João V mandava prender e castigar (al gumas notabilíssímas pelas façanhas mi pela ascendência, como Bartolomeu Fer nandes de Faria c Luiz Pedroso dc
Só SC hou\e outro Padre Guilherme
Poinpéu naquela época, ou alguma con fusão por parle dos infonnanles do rei,
aliás tao amigo de padres e frades".
A e.xpreSKao bastardos não inculca,
D ic RSTo
EcoNÓ>nco
95
giindíi edição, por nós prefaciada, e por
parte apenas do inventário do crcso dc
Otonlel Mola comentada).
Araçariguama.
Assim, o emprego do substantivo não indica, a nosso ver, ab.solutamento, quo
péu? Certamente algumas dezenas de
os tais bastardos tenham tido ao Padre
contos dc reis, quantia imen.sa para o
Pom]^é*n por pai.
tempo, em São Paulo.
Wão
pretendemos
defender-lhe
a
rcpiiiação de sacerdote casto, \nsto como èh" próprio confessou ter unia filha, e
agora, o documento do Arquivo Nacio
«iliás', a afirmação dc que os iiidixíduos
nal lhe atribui um filho e mais outra
a que se aplica\'a fóssein filhos do Padre
Mas a generalização de paternidade
lompéu. Nao tinha então ,tal paUivra «I acepçuo restrita hodicrna t; não do
cumenta novas quebras- da castidade do creso dc Pamaília. Quem se familiarizou com a leitura dos velhos documentos de São Paulo,
sabe quão freqüentes nôles .são a.s alusões a bastardos e carijós - substantivos sempre associados designando ■OS apa
niguados, os homens do séquito dos po tentados em arcos e cabos de tropa. Bastardo era o qualificati\o de meshÇ), de acordo, aliás, com o velho sig
nificado etimológico francês. Na transcrição do trecho não haverá
ocorrido algum ôrro de copista dc má
letra: bastardos e correios em vez de — bastardos e carijós? Piá a propósito do signi ficado de bastardo, foixnal esclarecimento contempo
râneo que por completo
liquida a dúvida. É o do Padre Manuel da Fonseca, ont
sua
Vida
do
Padre
Belchior de Pontes. ■Escreve esse cronista que "houve em São Paulo
filha, mulher do RoínÚo Furqútm. não
é
admissível.
Os
bastardos
do
Padre Pompéu eram os scas sci^os ma-
inelucos c niulato.s e os carijós os de raça indígena o pura. A passagem dos documentos relativo.^
ao Padre Guilherme Pompéu da Dele gacia 1'iscal de São Paulo para o Ar<jui\-o Nacional deve ter sido realizada
dc modo infeliz. É o que positivamen te indica a descoberta do Dr. José de Baixos
Sarai\'a,
distinto ' engenheiro,
quando servia no arquivo da Adminis tração dl) Domínio da União no Esta do de São Paulo. Encontrou uma série
de folhas fragmentárias subordinadas ao título Recibo o despesas dos bens do
defunto Pe. Dr. Guilherme Pompéu de Almeida.
Traz a
S. J.
as.sinatura Ant.° de Mattos,
Não se acha datado e nêle se ins
creve a nota:
"vai continuando ainda
por diante". Antônio de Matos é o nome do Padre
Reitor do Colégio de São Paulo, lembre-
mo-Io entre parênteses. Exerceu o cargo de 1712 a 1714, segundo nos ensina Serafim Leite.
^
I
Constituem esses papéis, já muito de
huma bastarda (assim in
teriorados e truncados, valiosa contri
titulam aos filhos dc Bran co e índia) chamada Pau
buição para o estudo biográfico do cTé-
la" etc. (cf. p. 233 da sc-
rigo milíoriário. Êsses fragmentos correspondem a unia
Quanto teria deixado o Padre Pom
Entre os seus contemponincos, de nin guém se teria, dc longe, em S;iü Paulo, arrolado tão a\uUado monte. Com oito c dez contos de réis era um
homem opulento no São Paulo do seu tempo. Não nos esqueçamos do ononne
coeficiente obrigatório para se fazer .i "avaliação das fortunas, devido às dife
renças do poder aquisitiio da moeda então c agora.
Com o desequilíbrio financeiro qne flagela o Brasil de hoje, assolado pela inflação, o en\ilccimcnto d;i niocíla i'
o ensilliamento daí cousequenle. o reino do câmbio negro da mais dosaiialada eonculcação dos princípios básicos cia economia política, impossível se toma avaliar o que possa ser tal coeficiente. , Destarte, terá deixado Pompéu muitos milhares do contos de nossos dias. Em
1712 a todos assombrava haver o nego
ciante Matias Rodrigues da Silva, avó do pensador Matias Avres, legado bens no valor de pouco mais de doze coutos dc réis.
Nada mais tumultuário do (jue os lan çamentos relativos ao espólio do Padr»* Pompéu descobertos pelo Dr. Snrai\'a. Aliás, era esta a praxe que nos invcntiírios SC observava, por tóda a parle no Brasil.
No do creso mistunnn-se móveis e
roupas, títulos de di\-ida e louça, eames e arreios, e assim por diante. A priineira \'erba refere-se ao dinheiro
amoeclado que o capitalí.sh\ tinha em casa — 75$440 rs., o que representaria hoje, talvez, uma dezena de contos.
96
Digesto Econômico
quantia exígua para quem tão ativos e vultosos negócios mantinha. Não nos e.squeçamos, porém, de quan to tudo era primitivo no Brasil colonial.
casa. Nessa lista figuram seis mulatos, quatro negro.s já do Brasil, lapanltuihts,
Pode bem ser que esse "dinheiro que sc achara por sua morte" apenas fosse o que possuía mais à mão para as des
mulheres nem crianç-as. No testamento
de 1710, no entanto, declarou Pompéu
pesas imediatas.
gem africana.
O enxoval de cama do creso é restriti» para quem sustentava tamanho estadão
e a tanta gente hospedava.
A rouparia de mesa de quem tanto
gosiava jc banquetes também não se mostra rica.
O mobiliário arrolado está, igualmente muito em desacordo com o.s informes do hnhagista da NobiUarquia
A verba "louça", igualmente se apresenta pouco valiosa.
M Da copa do Padre Pompéo. cm prata
i' j
ouro, SC f,zcram dois lancamcmos. bubm a avaliaçao a 2:024$000, com
adendo de 1S280 por dois castiça,is do prata pequenos. -
I gum címéiio, pois o computararii em
jem demonstra, flagrantemente, quanto
ção .
Por esta comprida estrada vieram to chas acesas acompanhando o cadáver, que veio para o depósito do elevado
réis).
Numa página do borrador, datada de 8 de junho de 1712, mencionam-se 36 servos, com ,a particularidade de que cada qual possuía uma escopeta, em
'ii
mausoléu que já no Colégio se tinha formado."
^
Era costume que todos os acompanliadores de enterros recebessem velas de
Tres missas
pitania em numerosos bandos.
Deve m'' irmã 480 Do intestado 10$.
Majestosas as pombas Kinebres do Co légio, lembra Pedro Taques. "Estas exéquias se celebraram com
pompa funeral pelo agradecimento de grande herança que este colégio (de
mais 4 sellos de myssas
Tomou me o Pe. Vigário 1600 de sua pte. dos 10$ do intestado Irm. do Rosário — 640 - (1699)
São Paulo) recebeu com a morte do
feitio da capa 320
Dr. Pompéu, não contente com a liberal
3 capellas de nrissa.': são 50$ —
grandeza com que em vida lhe fizera
largos donativos."
Oitenta arrobas de cera se gastaram, a 1920 réis, o que correspondeu a 155$6001 Seriam boje, talvez, trinta contos!
A eça ficou em 105$560. Aos cléri
gos c religiosos que vieram dizer missas
126800.
21§830 rs., preço para o tempo e o
"A fazenda de meu cunli° devo
2 covad. de baeta negra
que carregaram os seus parentes, com o acompanhamento de tqdo um povo da-
deiro pai da pobreza, o amparo dos ne
Dias Paes, filho de Femão Dias Paes:
Motivou essa vaidade tola a atuação
o assistir aos ofícios foram pagos 48$480
cessitados o o objeto da maior estima
ajuste de transações do ricaço com sua
irmã Maria de Lima e Moraes, que em 1700 enviuvou do Capilão-Mcr Pcdm
até das autoridades supremas da Ca
c la de sete léguas foi conduzido o ca dáver cm um caixão coberto de veludo que a vila, onde ôle tinha sido o verda
do passamento. Uma dessas folhas parece referir-se a
rais.
péu, situada nas vizinhanças de Sabará. Também na documentação desvenda
Prasil absoIuta)i)cnte inaudito, e um ri-
panço cujo autor se não declara (800
aos amigos acompanhadores dos fune
que ate hoje conserva o nome de Pom
bois, 213 ovelhas, 34 cabras c 10 ca valos fora da estrebaria. Uma terceira página do borrador taiu-
rem-se a contas muito anteriores ao ano
madrugada, e como que clandeslinanw:nte, a fin\ de não passarem pelo v-exaine dc não poder fornecer tochas
nas de índios "serviços forros", fora de
ocasião, possuía em Araçariguama 135
cer seriamente as famílias dos defuntos,
freqüentes vezes. as pessoas modestas chegavam ào despropósito de enterrarem os seus pela
Sao Paulo, nas Minas, quiçá na aldeia
Diversas folhas av ulsas arrancadas dc
algum livro comercial do crcso estavam anexas às despesas dos funerais. Refe
Tal a fôrça do hábito, e da moda,
É provável que tivesse muitas cente
curral de Itu, 246 bovinos. Na mesma
9i
cèra, o que cm certos casos se tomava
possuir 101 escravos africanos on de ori
da nao há conta do gado. Entretanto, eju outro lugar sc conta que em nov em bro de 1701 possuía o Padre, só no
Econômico
dispcndiosíssimo, a ponto de empobre
dois africanos, o dois mamalucos. t>o resto nada se diz. Não se mencionam
ser avultadas as transações do Nos documentos recém-descobertos deviam milionário. jjj não ocorre a menor referência à avalia da missa dc corpo presente, ção da biblioteca do nababo, grande è cmDepois Parnaíba, vieram os despejos mor valiosa e incorporada à do Gilégio de tais e Guilherme São Paulo. No dizer de Pedro Taques, para São Paulo. Pompéu transportados "por sua morte encheram os séus livros Conta-nos Pedro Taques: "Com maras estantes do Colégio de São Paulo". No arrolamento que vimos seguindo só há vestígios de dois volume",•; '"uni livro de cavalaria" avaliado em rs. G40, (mtro do Padre Joseph Mas. (Mascarenhas?) que devia .ser já no tempo al-
Dicesto
o a miísicá recebeu, como em Parnaíba, Do túmulo nada sc fala. singelo.
Foi, aliás,
Explica Pedro Taques: "Não quis (o Dr. Pompéu) que a campa do .seu sepulcro tivesse mais armas que o breve epítáfio que lhe declarasse o nome. Pediu para ser sepultado ao pé do altar de S. Francisco Xavier, que fundara".
Os padres, desobedientemente gratos, lhe puseram, porém, aberta no mánnore, a inscrição a que atrás fizemos men ção.
l."-í-1900. 80$ de ... mais 24 moedas 96$
Recebi de m® iraiâ 200$ p® as Mis sas
Deve a m'' irmã 97,620 - 5-2-00 Deve 800 de fecliad'"' - 8 medidas
de aguardente da terra a 480 rs. a me dida c 4 ® de assacar 8400 Recebi p^ ella de Gas par Nunes de Ambrosio da Penha
3901000 50$650 -h 74$64ü
Tenho em dr° liquido dc ni® Innã liquido 5i5$29G Deve me ela 4.120 -f 17.280
Liquid são
4901250
der o 300 mais 8000 (festa de S.
Amaro)
Tenho em dr^ liquido feita a conta 499.550
que entreguei ao juiz.
96
Digesto Econômico
quantia exígua para quem tão ativos e vultosos negócios mantinha. Não nos e.squeçamos, porém, de quan to tudo era primitivo no Brasil colonial.
casa. Nessa lista figuram seis mulatos, quatro negro.s já do Brasil, lapanltuihts,
Pode bem ser que esse "dinheiro que sc achara por sua morte" apenas fosse o que possuía mais à mão para as des
mulheres nem crianç-as. No testamento
de 1710, no entanto, declarou Pompéu
pesas imediatas.
gem africana.
O enxoval de cama do creso é restriti» para quem sustentava tamanho estadão
e a tanta gente hospedava.
A rouparia de mesa de quem tanto
gosiava jc banquetes também não se mostra rica.
O mobiliário arrolado está, igualmente muito em desacordo com o.s informes do hnhagista da NobiUarquia
A verba "louça", igualmente se apresenta pouco valiosa.
M Da copa do Padre Pompéo. cm prata
i' j
ouro, SC f,zcram dois lancamcmos. bubm a avaliaçao a 2:024$000, com
adendo de 1S280 por dois castiça,is do prata pequenos. -
I gum címéiio, pois o computararii em
jem demonstra, flagrantemente, quanto
ção .
Por esta comprida estrada vieram to chas acesas acompanhando o cadáver, que veio para o depósito do elevado
réis).
Numa página do borrador, datada de 8 de junho de 1712, mencionam-se 36 servos, com ,a particularidade de que cada qual possuía uma escopeta, em
'ii
mausoléu que já no Colégio se tinha formado."
^
Era costume que todos os acompanliadores de enterros recebessem velas de
Tres missas
pitania em numerosos bandos.
Deve m'' irmã 480 Do intestado 10$.
Majestosas as pombas Kinebres do Co légio, lembra Pedro Taques. "Estas exéquias se celebraram com
pompa funeral pelo agradecimento de grande herança que este colégio (de
mais 4 sellos de myssas
Tomou me o Pe. Vigário 1600 de sua pte. dos 10$ do intestado Irm. do Rosário — 640 - (1699)
São Paulo) recebeu com a morte do
feitio da capa 320
Dr. Pompéu, não contente com a liberal
3 capellas de nrissa.': são 50$ —
grandeza com que em vida lhe fizera
largos donativos."
Oitenta arrobas de cera se gastaram, a 1920 réis, o que correspondeu a 155$6001 Seriam boje, talvez, trinta contos!
A eça ficou em 105$560. Aos cléri
gos c religiosos que vieram dizer missas
126800.
21§830 rs., preço para o tempo e o
"A fazenda de meu cunli° devo
2 covad. de baeta negra
que carregaram os seus parentes, com o acompanhamento de tqdo um povo da-
deiro pai da pobreza, o amparo dos ne
Dias Paes, filho de Femão Dias Paes:
Motivou essa vaidade tola a atuação
o assistir aos ofícios foram pagos 48$480
cessitados o o objeto da maior estima
ajuste de transações do ricaço com sua
irmã Maria de Lima e Moraes, que em 1700 enviuvou do Capilão-Mcr Pcdm
até das autoridades supremas da Ca
c la de sete léguas foi conduzido o ca dáver cm um caixão coberto de veludo que a vila, onde ôle tinha sido o verda
do passamento. Uma dessas folhas parece referir-se a
rais.
péu, situada nas vizinhanças de Sabará. Também na documentação desvenda
Prasil absoIuta)i)cnte inaudito, e um ri-
panço cujo autor se não declara (800
aos amigos acompanhadores dos fune
que ate hoje conserva o nome de Pom
bois, 213 ovelhas, 34 cabras c 10 ca valos fora da estrebaria. Uma terceira página do borrador taiu-
rem-se a contas muito anteriores ao ano
madrugada, e como que clandeslinanw:nte, a fin\ de não passarem pelo v-exaine dc não poder fornecer tochas
nas de índios "serviços forros", fora de
ocasião, possuía em Araçariguama 135
cer seriamente as famílias dos defuntos,
freqüentes vezes. as pessoas modestas chegavam ào despropósito de enterrarem os seus pela
Sao Paulo, nas Minas, quiçá na aldeia
Diversas folhas av ulsas arrancadas dc
algum livro comercial do crcso estavam anexas às despesas dos funerais. Refe
Tal a fôrça do hábito, e da moda,
É provável que tivesse muitas cente
curral de Itu, 246 bovinos. Na mesma
9i
cèra, o que cm certos casos se tomava
possuir 101 escravos africanos on de ori
da nao há conta do gado. Entretanto, eju outro lugar sc conta que em nov em bro de 1701 possuía o Padre, só no
Econômico
dispcndiosíssimo, a ponto de empobre
dois africanos, o dois mamalucos. t>o resto nada se diz. Não se mencionam
ser avultadas as transações do Nos documentos recém-descobertos deviam milionário. jjj não ocorre a menor referência à avalia da missa dc corpo presente, ção da biblioteca do nababo, grande è cmDepois Parnaíba, vieram os despejos mor valiosa e incorporada à do Gilégio de tais e Guilherme São Paulo. No dizer de Pedro Taques, para São Paulo. Pompéu transportados "por sua morte encheram os séus livros Conta-nos Pedro Taques: "Com maras estantes do Colégio de São Paulo". No arrolamento que vimos seguindo só há vestígios de dois volume",•; '"uni livro de cavalaria" avaliado em rs. G40, (mtro do Padre Joseph Mas. (Mascarenhas?) que devia .ser já no tempo al-
Dicesto
o a miísicá recebeu, como em Parnaíba, Do túmulo nada sc fala. singelo.
Foi, aliás,
Explica Pedro Taques: "Não quis (o Dr. Pompéu) que a campa do .seu sepulcro tivesse mais armas que o breve epítáfio que lhe declarasse o nome. Pediu para ser sepultado ao pé do altar de S. Francisco Xavier, que fundara".
Os padres, desobedientemente gratos, lhe puseram, porém, aberta no mánnore, a inscrição a que atrás fizemos men ção.
l."-í-1900. 80$ de ... mais 24 moedas 96$
Recebi de m® iraiâ 200$ p® as Mis sas
Deve a m'' irmã 97,620 - 5-2-00 Deve 800 de fecliad'"' - 8 medidas
de aguardente da terra a 480 rs. a me dida c 4 ® de assacar 8400 Recebi p^ ella de Gas par Nunes de Ambrosio da Penha
3901000 50$650 -h 74$64ü
Tenho em dr° liquido dc ni® Innã liquido 5i5$29G Deve me ela 4.120 -f 17.280
Liquid são
4901250
der o 300 mais 8000 (festa de S.
Amaro)
Tenho em dr^ liquido feita a conta 499.550
que entreguei ao juiz.
Digesto
Econômico
£{9
N
Ao lado da apropriação da terra —
Breve história da pecuária sul-riogrsndense
consc<iuente (Ia distribuição de sesma rias, fiiic vinham a caber aos elemen
111 - O ciclo cia e«lância
tos
Nelson Weeneck SoimÉ
O
QUE interessa não c, pròpriamentc, indagar o momento em que'apa
receram as primeiras cliarqueadas — elas íalve/s tenham sido contemporâ
João Pinto da Silva percebeu, com
da fundação do Rio Grande por Silva
nitidez, a transformação operada pelo advento da estância: ".As primcira.s
Pais — mas a fase em que passaram, pela sua importância, a caracterizar a atividade econômica do meio sulino.
Tal fase esteve estreitamento ligada à
transformação <|iie se operou quando, através de bcnemeréncia real ou da autoridade mandatária, os campos co meçaram a ser apropriados.
Até aí
I vida do tropeiro, foi uma parte de sua existência, uma- cousa caracterísfira em tônio da qual a sua mbldu-
rá se convencionou e se definiu. Kn-
curtaiido as distâncias, facilitando os transportes, longe de agravar o no-
madisrao - escreveu João Pinto da — ajudou, como escreve Ed-
niond DemoHns. a constituir ■" le pre-
va
à
zona
consumidora
do
ccntro-
aquilo que era objeto de troca e de
alvorecer da nossa existência coletiva
comercio. Quando os povos platines
orgânica c social : eram a subdivisão
atravessaram
da terra, a fixação do espírito de vizinliança e solidariedade gregária, o
de pastagens, dc importância capital
por isso mesmo esteve sempre ligado
portavíi era o boi em pé, que se leva
estâncias. Data da fundação destas o
fundamenta o estabelecimento e o de senvolvimento da estância, de sorte a
anterior, fóra o cavalo — só êlc apro ximava e os indivíduos e os grupos, e
tropeiros — a carne não tinha signifi cação cconòníica. Primeiro, o que imsul; tlepois, o couro, que se retirava e que constituía o bem econômico,
aproveitamento racional da riqueza pastoril, o aiJcrfeiçoamenlo da vida dc
do meio sulino e, com isso, a entidade que confere status a todos os elemen tos deia dependentes — um status pe'cuiiar a cada um, do qual não podem fugir. , .. , O único fator de vizinhança, na fase
interessava, e a subestima pela carne
articulaçòe.s do l?io Grande foram as
éles eram francos c livres — a con cessão extensa de sesmarias, na re gião de melhores pastagens, é í|uc confere o sentido de propriedade, que fazer dela a característica econômica
escala econômica — desen-
nc. At-é at — durante tôda a fase dos
mcnt de sociahilité
neas. mas sem expressão econômica,
forças em luta. Na fase anterior, quando só o couro
volvcit-se o .seu complemento, a trans formação no processo de tratar a tar-
mier riulinient de vic pul)lic|ue. fiui est Ic voismage. 11 est <ionc, au mllicu de ia vic nômade, le pius ptiisanl instru-
para o tipo dc produção (|uc se desen volvia no sul. operado através da concc.ssão de scsmgrias, foi profunda. A
■íl:
te, com vigor, nos negócios públicos, quando ao renome ganho nos comba tes reunisse abundante posse de cam pos e de gados."
vencer
as
carne um produto perecí vel, condicionou a trans formação no processo de
produção. As charqueadas, operando com a carne, e tornando-a
iirodufo
co
mercial, capaz de resis tir ao tempo, fizeram do
gado
tava positivo acesso na hierarquia so-
até então, só atuariam, daí por dian
de
condições (lue tornavam a
febril. Para recché-las, entretanto, havia discriminações indispensáveis. A concessão de scsmaria represen Rediinia dc culpas e supria a ausên cia de tradições dc família. Era equi valente de um título nobiliário. Indi- ' ca^ o ponto dc partida para o predo mínio econômico e político. As mes mas influências militares, exclusivas
período
O aparecimento da pos sibilidade
corrida para as sesmarias tornou-se
— escreveu João Pinto da Silva.
o
tormentoso
das lutas da indepcnclència, o movi mento comercial de couros, no conti nente de São Pedro, foi muito intenso.
relaçao, no Pampa." A transformação trazida pelo advento da apropriação da terra, particularmente das zonas
•í'''
a
base
econômica,
em tudo diferente do que vinha sendo, de uma ativi
dade preexistente. A car ne, com a salga, tornava-
se o produto principal, é o
couro
o
produto
com-
píementar. Ao mesmo tem
í u
po,
e
tivavam um largo fornecimento às
altamente colocados, desde
mais
logo, na
vidades militares; por outro lado, mo
como
conseqüência
era geral — não havendo nem o pro
cesso de produção, nem o mercado consumidor — a alimentação do ho mem da campanha era fácil, e esta\'a ao seu alcance. Desde que a carne se
tornou um produto de comércio, ad
quirindo ' significação econômica, o gaúcho teve de pagar a sua alimenta ção. Transitou, assim, com a charqueada e a estância, para um regime de trabalho a salário e. consequente mente, se empobreceu.
Desde então,
começou a perder as suas caracterís ticas de autonomia, de independência total, de altivez, de aventura, de anar quia — para se resumir num trabalhador do cam
po. Coincidindo tal trans
formação
com
a
apro
priação da terra pelas es tâncias, aquilo que era co mum — a campanha —
se tornava propriedade dc alguns, c o gaúcho per manecia sem posses. O
binômio
estància-
charqueada, pois. condi cionou
ção
uma
transforma
econômica que en
controu os mais fundos c
mais vivos traços no qua dro social e político do
Rio Grande. O (piadro an tigo, de liberdade ampla e
de
heroicidadc
iiidivi-
neOessária, sem o que a estrutura da produção não
'dual, passou a constituir
se
apenas: "Naquele tempo o.s campos ainda eram abertos, hão havia entre
Gomplefaria,
veu-se
a
desenvol
exportação
do
charque, enquanto as ati-
motivo de reminiscêncías
Digesto
Econômico
£{9
N
Ao lado da apropriação da terra —
Breve história da pecuária sul-riogrsndense
consc<iuente (Ia distribuição de sesma rias, fiiic vinham a caber aos elemen
111 - O ciclo cia e«lância
tos
Nelson Weeneck SoimÉ
O
QUE interessa não c, pròpriamentc, indagar o momento em que'apa
receram as primeiras cliarqueadas — elas íalve/s tenham sido contemporâ
João Pinto da Silva percebeu, com
da fundação do Rio Grande por Silva
nitidez, a transformação operada pelo advento da estância: ".As primcira.s
Pais — mas a fase em que passaram, pela sua importância, a caracterizar a atividade econômica do meio sulino.
Tal fase esteve estreitamento ligada à
transformação <|iie se operou quando, através de bcnemeréncia real ou da autoridade mandatária, os campos co meçaram a ser apropriados.
Até aí
I vida do tropeiro, foi uma parte de sua existência, uma- cousa caracterísfira em tônio da qual a sua mbldu-
rá se convencionou e se definiu. Kn-
curtaiido as distâncias, facilitando os transportes, longe de agravar o no-
madisrao - escreveu João Pinto da — ajudou, como escreve Ed-
niond DemoHns. a constituir ■" le pre-
va
à
zona
consumidora
do
ccntro-
aquilo que era objeto de troca e de
alvorecer da nossa existência coletiva
comercio. Quando os povos platines
orgânica c social : eram a subdivisão
atravessaram
da terra, a fixação do espírito de vizinliança e solidariedade gregária, o
de pastagens, dc importância capital
por isso mesmo esteve sempre ligado
portavíi era o boi em pé, que se leva
estâncias. Data da fundação destas o
fundamenta o estabelecimento e o de senvolvimento da estância, de sorte a
anterior, fóra o cavalo — só êlc apro ximava e os indivíduos e os grupos, e
tropeiros — a carne não tinha signifi cação cconòníica. Primeiro, o que imsul; tlepois, o couro, que se retirava e que constituía o bem econômico,
aproveitamento racional da riqueza pastoril, o aiJcrfeiçoamenlo da vida dc
do meio sulino e, com isso, a entidade que confere status a todos os elemen tos deia dependentes — um status pe'cuiiar a cada um, do qual não podem fugir. , .. , O único fator de vizinhança, na fase
interessava, e a subestima pela carne
articulaçòe.s do l?io Grande foram as
éles eram francos c livres — a con cessão extensa de sesmarias, na re gião de melhores pastagens, é í|uc confere o sentido de propriedade, que fazer dela a característica econômica
escala econômica — desen-
nc. At-é at — durante tôda a fase dos
mcnt de sociahilité
neas. mas sem expressão econômica,
forças em luta. Na fase anterior, quando só o couro
volvcit-se o .seu complemento, a trans formação no processo de tratar a tar-
mier riulinient de vic pul)lic|ue. fiui est Ic voismage. 11 est <ionc, au mllicu de ia vic nômade, le pius ptiisanl instru-
para o tipo dc produção (|uc se desen volvia no sul. operado através da concc.ssão de scsmgrias, foi profunda. A
■íl:
te, com vigor, nos negócios públicos, quando ao renome ganho nos comba tes reunisse abundante posse de cam pos e de gados."
vencer
as
carne um produto perecí vel, condicionou a trans formação no processo de
produção. As charqueadas, operando com a carne, e tornando-a
iirodufo
co
mercial, capaz de resis tir ao tempo, fizeram do
gado
tava positivo acesso na hierarquia so-
até então, só atuariam, daí por dian
de
condições (lue tornavam a
febril. Para recché-las, entretanto, havia discriminações indispensáveis. A concessão de scsmaria represen Rediinia dc culpas e supria a ausên cia de tradições dc família. Era equi valente de um título nobiliário. Indi- ' ca^ o ponto dc partida para o predo mínio econômico e político. As mes mas influências militares, exclusivas
período
O aparecimento da pos sibilidade
corrida para as sesmarias tornou-se
— escreveu João Pinto da Silva.
o
tormentoso
das lutas da indepcnclència, o movi mento comercial de couros, no conti nente de São Pedro, foi muito intenso.
relaçao, no Pampa." A transformação trazida pelo advento da apropriação da terra, particularmente das zonas
•í'''
a
base
econômica,
em tudo diferente do que vinha sendo, de uma ativi
dade preexistente. A car ne, com a salga, tornava-
se o produto principal, é o
couro
o
produto
com-
píementar. Ao mesmo tem
í u
po,
e
tivavam um largo fornecimento às
altamente colocados, desde
mais
logo, na
vidades militares; por outro lado, mo
como
conseqüência
era geral — não havendo nem o pro
cesso de produção, nem o mercado consumidor — a alimentação do ho mem da campanha era fácil, e esta\'a ao seu alcance. Desde que a carne se
tornou um produto de comércio, ad
quirindo ' significação econômica, o gaúcho teve de pagar a sua alimenta ção. Transitou, assim, com a charqueada e a estância, para um regime de trabalho a salário e. consequente mente, se empobreceu.
Desde então,
começou a perder as suas caracterís ticas de autonomia, de independência total, de altivez, de aventura, de anar quia — para se resumir num trabalhador do cam
po. Coincidindo tal trans
formação
com
a
apro
priação da terra pelas es tâncias, aquilo que era co mum — a campanha —
se tornava propriedade dc alguns, c o gaúcho per manecia sem posses. O
binômio
estància-
charqueada, pois. condi cionou
ção
uma
transforma
econômica que en
controu os mais fundos c
mais vivos traços no qua dro social e político do
Rio Grande. O (piadro an tigo, de liberdade ampla e
de
heroicidadc
iiidivi-
neOessária, sem o que a estrutura da produção não
'dual, passou a constituir
se
apenas: "Naquele tempo o.s campos ainda eram abertos, hão havia entre
Gomplefaria,
veu-se
a
desenvol
exportação
do
charque, enquanto as ati-
motivo de reminiscêncías
.,4
100
DICESTO EcONÓ^UCO
t-les nem divisas nem cercas; somen te nas volteadas se apanhava a ga-
vez, ora contra este, ora a favor, pa ra defesa sua, deles ou da Pátria. A
Díoesto
apresentar como solução razoável pa ra
101
EcoNÓ>nco
o momento — foram sem dúvida
Quando Caxias assumiu o com^ido das forças destinadas a pôr um tér-
daria chucra, e os veados e as aves truzes corriam sem empecilhos..."
.sua influência era a soma das dedica
os proprietários brasileiros que fica
mo a uma rebelião que atravessara
ções pessoais com que contava, por
ram com as sua.s terras, estâncias e
— conforme escreveu Simões Lopes
charqucadas em território da nova re
Neto. Progressivamente, as estâncias
.simpatia, por temor, pelas relações de parentesco, por gratidão, ou por sim
perto de dez anos — um decênio de tropelias e de tragédia que empobre
foram-.sc distril)uindo pelo continente,
ples dei)cndcncia de interêsscs".
pública, c alguns possuíam, ao mes mo tempo, terras dos dois lados da
cera consideràvelmente a campanha c que arruinara um sem número de pro
e as charfiueadas que, inicialmente, se haviam estabelecido junto aos escoa
douros naturais, as lagoas, os rios, co meçaram a difundir-se pela campa nha. Surgiram as cercas e, com as cercas, o corredor.
Kstabelecia-se, assim, na campanha,
uma hierarquia inevitável. Surgia um' elemento dominante, o proprietário, o estancieiro, aquele que havia recebido
a posse da terra, com as sesmarias, que estabelecia charqucadas. Em
torno do estancieiro, estabelecia-se a peonagem, no regime de salário vi
vendo e gravitando em torno da estancia, dela dependendo e devendo ao senhor da terra uma obediência na
N^as lutas externas em <inc nos em
fronteira, c dos dois lados eram au
priedades — oferece uma paz digna e
penhamos, em tôrno de questões fron teiriças ou outras, o estancieiro foi um
toridade reconhecida e temida. Tendo constituído a base sobre a
honrosa c acena com as perspecti\as
recrutaclor absoluto — mais do «luc
cinal o govêrno do Rio de Janeiro mantivera as suas lutas no Prata, os
ximava. .\ situação fronteiriça, real mente, na campanha ao sul do Ibicuí,
donoS| dc estâncias na campanha aca-
caminhava para uma crise militar, que
do que do país, ou do imperador. Em tôrno dessa tropa e desses chefes, o Império conseguiu, até â luta contra Lopes, (juc lhe exigiu outro tipo de forças militares e outro tipo de che
baríim por indispor-sc com as auto ridades mandadas a Porto Alegre, mandatárias da.s da Córtc. A luta far
só as corrcrias dos farrapos transfe
roupilha, em
nomo, exigiam, constantemente, a in
fe militar, efetivar a sua presença nos
contraste, <iue
assuntos -platinos. A extensão da con
todo, entre as duas áreas de coloni
tahtes, em que as nossas própria.s tor
zação: de um lado, os estaiicieiros, à
ras eram invadidas e os rebanhos di zimados. Dentro da ordem natural i|ue
isso, muitas vezes, foi o chefe, com o seu bando, que armava, alimentava e pagava. Era uma troiia sua — mais
lidado. Das estâncias poderia escrever,
cessão de .sesmarias às campinas en tre o Quaraí c o Uruguai c além da linha do Quaraí, conferiu aos seus proprietários a condição c o direito de opinarem c lutarem tôdas as vê-
por isso mesmo, João Pinto da Sil va I Elas eram o latifúndio, que exi
ofendidos. Nessa base, lutamos con
tural que os laços de subordinação econômica haviam motivado e conso
que se .sentiam ameaçados ou
pendem ou a êle se ligam, dentro ou
tra Artigas e foi êssc o motivo que nos levou — além da herança da bus ca de um limite geográfico natural —, a incorporar a Banda Oriental, quan
à margem da lei, por mera cobiça ou
do das vésperas da Independência,
instinto de conservação. A indiscipH-
com o que nos envolvemos a fundo
ge pendor para o mando, o exercício da autoridade, sóbre os que dele de
na
daquela fase elementar impunha
os recentes proprietários da terra a
aos
«plicação de métodos enérgicos. Sa
a
be-se que éles os empregaram e co
mo os empregaram. Cada fazenda era um Estado dentro do Estado. O es tancieiro foi um centro de convergên cia, um condensador das queixas e as
pirações dos grupos locais. Era,^ por
isso, o Uader nato dos proletários, junto ao governo, armando-os muita
de outra guerra externa, que se apro
nos prol)lemas e nos choques da for mação argentina. No fundo, não era
mais cio que a luta pela posse das ex tensas e magníficas pastagens que, desenvolvendo-se desde o corte do Ibicuí, constituem o hahxtat natural do gado yacuni. Quando as fraquezas do Império acabam por admitir a auto nomia da Banda Oriental, que os
que as reminisccncias
rira. Os proprietários brasileiros da Banda Oriental, agora Estado auló-
heróicas da campanha como cpie re
tervenção do nosso govêrno — í «t
viveram, surgiu justamente do velho
fronteira se apresentava como cená
não desaparecera de
-frente dos gaiichos pobres que os cer
rio de lutas internas graves e c
cavam e íjuc constituíam a sua peona
há muito vigorava, um estanoiojio.
gem, a sua tropa, a quem o govêrno
que era também um chefe militar na
devia grandes quantias de fornecimen tos não pagos, c cujo produto taxava
to, o Barão do Jacuí. organizava JÔrças destinadas a invadir o Estado Oriental, levando a ordem, pela lência, a uma região conflagrada.
com
rigôr, para auferir rendas que
saíam da província — de outro, os elementos ligados diretamente à auto
ridade
pública, os que dela depen
diam, a gente estável e média das ci dades do litoral marítimo e do litoral
lagunar, e das zonas em que um tipo novo de colonização — os alemães, que começaram a ser introduzidos em
Os tratados anteriores de limites o
todos os acordos até então assina os deixavam a zona ao sul do Ibicuí an> orientais, e nela a população hrasi f ra era absolutamente predominan^'^' quase que exclusiva. Tal situação mo tivara os choques sucessivos, que
1824 — vinha conferir novos traços de sedentariedade e de estabilidade. Embora eclodindo em Porto Alegro,
acabariam por tornar a fronteira .<"•
a rebelião farroupilha agasalhou-se na campanha, e na campanha se desen volveu, dela viveu o quanto pôde, c
de o Rio Grande, por Caxias — arrc banhando os elementos humanos e
nela encontrou as suas forças, vas suas
Ibicuí uma ficção geográfica. A cai.' panha contra Rosas, conduzida, des
militares que a luta farroupilha deixa ra em disponibilidade, e condiizin o a
choques da campanha, não conduzin
idéias, as suas ânsias, e até as suas
um acerto razoável entre os estan-
do a um resultado absoluto, viriam
capitais.
cieiros e o govêrno imperial, na ne,-
.,4
100
DICESTO EcONÓ^UCO
t-les nem divisas nem cercas; somen te nas volteadas se apanhava a ga-
vez, ora contra este, ora a favor, pa ra defesa sua, deles ou da Pátria. A
Díoesto
apresentar como solução razoável pa ra
101
EcoNÓ>nco
o momento — foram sem dúvida
Quando Caxias assumiu o com^ido das forças destinadas a pôr um tér-
daria chucra, e os veados e as aves truzes corriam sem empecilhos..."
.sua influência era a soma das dedica
os proprietários brasileiros que fica
mo a uma rebelião que atravessara
ções pessoais com que contava, por
ram com as sua.s terras, estâncias e
— conforme escreveu Simões Lopes
charqucadas em território da nova re
Neto. Progressivamente, as estâncias
.simpatia, por temor, pelas relações de parentesco, por gratidão, ou por sim
perto de dez anos — um decênio de tropelias e de tragédia que empobre
foram-.sc distril)uindo pelo continente,
ples dei)cndcncia de interêsscs".
pública, c alguns possuíam, ao mes mo tempo, terras dos dois lados da
cera consideràvelmente a campanha c que arruinara um sem número de pro
e as charfiueadas que, inicialmente, se haviam estabelecido junto aos escoa
douros naturais, as lagoas, os rios, co meçaram a difundir-se pela campa nha. Surgiram as cercas e, com as cercas, o corredor.
Kstabelecia-se, assim, na campanha,
uma hierarquia inevitável. Surgia um' elemento dominante, o proprietário, o estancieiro, aquele que havia recebido
a posse da terra, com as sesmarias, que estabelecia charqucadas. Em
torno do estancieiro, estabelecia-se a peonagem, no regime de salário vi
vendo e gravitando em torno da estancia, dela dependendo e devendo ao senhor da terra uma obediência na
N^as lutas externas em <inc nos em
fronteira, c dos dois lados eram au
priedades — oferece uma paz digna e
penhamos, em tôrno de questões fron teiriças ou outras, o estancieiro foi um
toridade reconhecida e temida. Tendo constituído a base sobre a
honrosa c acena com as perspecti\as
recrutaclor absoluto — mais do «luc
cinal o govêrno do Rio de Janeiro mantivera as suas lutas no Prata, os
ximava. .\ situação fronteiriça, real mente, na campanha ao sul do Ibicuí,
donoS| dc estâncias na campanha aca-
caminhava para uma crise militar, que
do que do país, ou do imperador. Em tôrno dessa tropa e desses chefes, o Império conseguiu, até â luta contra Lopes, (juc lhe exigiu outro tipo de forças militares e outro tipo de che
baríim por indispor-sc com as auto ridades mandadas a Porto Alegre, mandatárias da.s da Córtc. A luta far
só as corrcrias dos farrapos transfe
roupilha, em
nomo, exigiam, constantemente, a in
fe militar, efetivar a sua presença nos
contraste, <iue
assuntos -platinos. A extensão da con
todo, entre as duas áreas de coloni
tahtes, em que as nossas própria.s tor
zação: de um lado, os estaiicieiros, à
ras eram invadidas e os rebanhos di zimados. Dentro da ordem natural i|ue
isso, muitas vezes, foi o chefe, com o seu bando, que armava, alimentava e pagava. Era uma troiia sua — mais
lidado. Das estâncias poderia escrever,
cessão de .sesmarias às campinas en tre o Quaraí c o Uruguai c além da linha do Quaraí, conferiu aos seus proprietários a condição c o direito de opinarem c lutarem tôdas as vê-
por isso mesmo, João Pinto da Sil va I Elas eram o latifúndio, que exi
ofendidos. Nessa base, lutamos con
tural que os laços de subordinação econômica haviam motivado e conso
que se .sentiam ameaçados ou
pendem ou a êle se ligam, dentro ou
tra Artigas e foi êssc o motivo que nos levou — além da herança da bus ca de um limite geográfico natural —, a incorporar a Banda Oriental, quan
à margem da lei, por mera cobiça ou
do das vésperas da Independência,
instinto de conservação. A indiscipH-
com o que nos envolvemos a fundo
ge pendor para o mando, o exercício da autoridade, sóbre os que dele de
na
daquela fase elementar impunha
os recentes proprietários da terra a
aos
«plicação de métodos enérgicos. Sa
a
be-se que éles os empregaram e co
mo os empregaram. Cada fazenda era um Estado dentro do Estado. O es tancieiro foi um centro de convergên cia, um condensador das queixas e as
pirações dos grupos locais. Era,^ por
isso, o Uader nato dos proletários, junto ao governo, armando-os muita
de outra guerra externa, que se apro
nos prol)lemas e nos choques da for mação argentina. No fundo, não era
mais cio que a luta pela posse das ex tensas e magníficas pastagens que, desenvolvendo-se desde o corte do Ibicuí, constituem o hahxtat natural do gado yacuni. Quando as fraquezas do Império acabam por admitir a auto nomia da Banda Oriental, que os
que as reminisccncias
rira. Os proprietários brasileiros da Banda Oriental, agora Estado auló-
heróicas da campanha como cpie re
tervenção do nosso govêrno — í «t
viveram, surgiu justamente do velho
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não desaparecera de
-frente dos gaiichos pobres que os cer
rio de lutas internas graves e c
cavam e íjuc constituíam a sua peona
há muito vigorava, um estanoiojio.
gem, a sua tropa, a quem o govêrno
que era também um chefe militar na
devia grandes quantias de fornecimen tos não pagos, c cujo produto taxava
to, o Barão do Jacuí. organizava JÔrças destinadas a invadir o Estado Oriental, levando a ordem, pela lência, a uma região conflagrada.
com
rigôr, para auferir rendas que
saíam da província — de outro, os elementos ligados diretamente à auto
ridade
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diam, a gente estável e média das ci dades do litoral marítimo e do litoral
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Os tratados anteriores de limites o
todos os acordos até então assina os deixavam a zona ao sul do Ibicuí an> orientais, e nela a população hrasi f ra era absolutamente predominan^'^' quase que exclusiva. Tal situação mo tivara os choques sucessivos, que
1824 — vinha conferir novos traços de sedentariedade e de estabilidade. Embora eclodindo em Porto Alegro,
acabariam por tornar a fronteira .<"•
a rebelião farroupilha agasalhou-se na campanha, e na campanha se desen volveu, dela viveu o quanto pôde, c
de o Rio Grande, por Caxias — arrc banhando os elementos humanos e
nela encontrou as suas forças, vas suas
Ibicuí uma ficção geográfica. A cai.' panha contra Rosas, conduzida, des
militares que a luta farroupilha deixa ra em disponibilidade, e condiizin o a
choques da campanha, não conduzin
idéias, as suas ânsias, e até as suas
um acerto razoável entre os estan-
do a um resultado absoluto, viriam
capitais.
cieiros e o govêrno imperial, na ne,-
Dioksto
102
Econômico
ccssídã^cle clc enfrentar um inimigo ex
Irigoríficos.
terno cie importância — a campanha contra Rosas deveria, com a vitória de Caseros, pôr fim a uma situação insustentável para ambas as partes.
fatores haviam correspondido á ex
Os acordos assinados com os aliados
imigraçao e com diferenciações pro
brasileiros do Estado Oriental, che fiados pelo General Flòres, acabaram concluindo pela entrega ao Brasil dos
campos ao sul do Ibicuí e, pela pri meira vez, c definitivamente, a linha
do Quaraí surgiu no mapa, como fronteira sulina. O quadro geral da campanha sofre
ria nova transformação de importân
cia, que lhe alteraria, outra vez, em substancia, as linhas "sociais, politicas e econômicas, com o advento da in
dústria cia carne c a instalação dos
Xes.sc tempo, já outros
gaao bovino e sua iníiuencia na anlrc>Do ,r<
KW
Econômico
1931; FORTES. JOÃO BORGES: Casais — Rio — 1932; FORTES. JOÃO BORGES:
O povoameiçto inicial do Rio Grande — In Revista do Instituto Histórico e Gco-
tensão do predomínio do tipo clc exis
do Guaiha, com o desenvolvimento da
BORGES: De sertão a estado — In Re
to Bandeira — In Província de São Pe dro, n.o 4 — Pôrto Alegro — 1946: KUDRIGUES. FELIX CONTREIRAS: Traços da economia social e política do
vista ^do Instittuo Histórico e Geográfico
do Rio Grande do Sul I — Pôrto Alegre
gressivas na gente do campo. A luta fedcralista foi o seu último arremes so. Consolidada a República, foi reduJ^icla a zona agrícola a uma .sutimissão absoluta, de cultura c modos de viver
rctiraclo.s ao padrão europeu, enquan
to que, na campanha, a instalação dos frigoríficos Correspondia ao declínio
— 19.3G; GOULART. JORGE SALIS: A formação do Rio Grande do Su! — 2.a edi
ção ~ Pôrto Alegro — 1033; HAFKEMEYER, J. R.: A conquista do Rio Gran de do Sul oolos portugueses — Pôrto Ale gro — 1912; ISABELLE. ARSENE: Via gem ao Rio da Prata o ao Rio Grande do
Sv'!* LAYTANO. DE: T, Koticia ~breve da pecuária DANTE no Rio Grando do Sul do século XVIII ~ Pôrto
Alegro — 1945; LAYTANO. DANTE DE: História da propriedade das primeiras fa-
definitivo cio espírito de anarquia, de
zondas do Rio Grande do Sul — In Anais
aventura c de destempero, pela intpiantaçâo acabada de uma ordem econômica que já não comportaria
Porto Alegro — 1945; LIMA. A. G.: Cro nologia da História Rio-Grandense —
TÔNIO
acjuêles Índices.
Alegro — 1947; MARCHAIN. R. DE LA-
da
Faculdade
Católica
do Filo^^ofia —
Pôrto Alegro ~ s/data; MACHADO. AN
CARLOS: A Charqucada — In
Província de São Pedro, n.o R — P.irto
FUENTE: Los portugueses en Buenos Aigen e difusión dol bovino en nucstro Uru-
MARTINS
— História Madrid — ROMaRIO: do
1931; Para
DE; Os caminhos amigos e o povoaníenlo
nos séculos XVIII o XIX — In
cia — Porto Alegro — 1949; MONTEIRO.
ao Brasil — mg — luju; ALEom:, «r-u-
1J46; COSTA. RENATO: Uma sinloso
rtiegre — 11148; ABriíU, J. CApISTRANO
LINaKIO Porto: viagem a Laguna
in í-rovincia de bao Pearc. n.o 8 — Pôrto AJegre — iy4Y; AEívijíiija, Ac.uisIo jjh,US caminhos ao sui e a leira ae boroca'
tO.
Alegre
— iiMd; —
BASTOS. MANUEL E. n;.
Ais DEB: a estrada da Laguna ao
do
Rio
— In Digesto Econômico, n.o 23 — São
Paulo — 1946; CUNHA, EUCLIDES DA: A margem da História — 4.«- edição — DIéGUES JÚNIOR. MAUoníribuiçáo dos casais ilhéus à
Cicograxicu tíiasueiro, voi. lua — «lo — in
econômica
lormaçâo econômica do Rio Grande
iy4o; BAivChBOS. RUBENS OE: fcsbôço aa rormaçao social ao mo Grande
Estrutura
Eoonómico. n.o 25 — São Paulo
Ua — 111 hevisía üo instituto Hisloncg e Província de São Pedro, n o j,3 pr - --— — - Portu
uti-possidetis — I Congresso
10 1Q ".í^!^,-,*"^tarinense — Florianópolis
A eslânj,*. "i_ o espiritoEMÍLIO militar SOUSA; na formação do Uco
- In Boletim Geográ-
ríio Grande — Sua importância histórica
NICofATT^'i5- ..'^9 -
- 1947; DREYS.
oe e povoamento sul — In Anais do II rongresso Geograua SuiCongicaa de História e Alegre — 1937-
Ifm
— 1839; ERICK-
relacionada com a tunuavao ao «lo i.,rdn-
^ro-tíranuense — Perto Alegre - 1937; wOIIEUA, LUCAS ALEXAiNJJKE: Santa r ataxina lio »o século seouiw XVH -I Congresso v.o.i6j.co3u
,,T Kiatória Catarinense — Florianópolis
^ ly^fü BltfTC, LEMOS: Pontos de par^ iTietopía Econômica do Bra4ida para a História Econômica do Bra
cSlif - sao_ Paulo - 1939; CABRAL, OS .V outros
■f»; AT no^R • Laguna e outros ensaios :^''F£SaS,polls - 1939; CABRAL, OS-
WALOO K.; Os Açorianos — I Congresso Wi^tnria Catarinense — Florianópolis .^ História
^ SS; CALÓGERAS. J. PANDIa: Da Regência à queda de Rosas — São Pau lo — 1933; CAVIGLIA HIJO, B. :
ori-
ritorial do Brasil — I Congresso de His
tência oriuiulo do litoral c cia bacia
ná — 2.a edição — São Paulo — 1939;
Pmt,.
REIRA; Os açorianos e a integridade ter tória Catarinense —
— Montovidúu — 1935; COSTA. RE-
x-rovinc»a ae bao t-earo, n." u
víncia de São Pedro, n.° 4 — Pjrto Ale gre — 1946; REIS. ARTUR CEZAR FER
erãfico do Rio Grande do Sul. 1 e II — Pôrto Alegro — 1934; FORTES. JOÃO
FONTES: ABREU, FLORÉNCIO DE- O •yeoáíaiia ao mo Ciranue ao Sm
Digesto
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Nolicja descritiva da provín-
rf ft «5 , O negro —noig-ll; Rio ESTRAGrande UA. E2EQUIEL Alegre MARTINEZ; Muerte y
Iransfiguracion de Martin Fierro —
2
vo^ — México —•1948;-'EU. CONDE D':
ao Rio Grande do Sul —
PARIA, OTÁVIO AU-
DE: História da divisão adminis-
Grande do Sul - Pôrto
PORTES, DIOGO BOR-
. "L 1 • "Otilha do alto-Uruguai es tabelecimento naval de Itaquí — eIno Re
vista Marítima Brásileira. ano LXIX, n.° 1, 2 e 3 — Rio — 1949; FORTES. JOÃO BORGES: Troncos seculares — O povoa mento do Rio
Grande do Sul — Rio- —
MEYER. AUGUSTO: Scgredos> da infân
JONATAS DA COSTA DO RÊGO: A Co
lônia do Sacramento {1680-1777) — 2 vols — Pôrto Alegre — 1937; PÔRTO, AURÉ LIO:
Gente que canta triste — In Pro
Florianópolis
1948; REVERBEL. CARLOS: Raíaej Pm-
colonial — Pôrto Alegre — 1926; HObA. OTELO; Causas da Revolução Farroupi lha — In Província de São
— Pôrto Alegre — 1945; SILVA. JOA^ PINTO DA: A província de Sao Pea'?,,..
Pôrto Alegre — 1930: SUIONSEN. RO BERTO; História Econômica do BrasU
2 vols. — São Paulo — 1937; SPALDINL. WALTER: A Revolução Farroupiu^
São Paulo — 1939: SAI.NT-HTLAIRE. A. DE: Vlaqem ao Rio Grando do Sul " 1821) — 2 vols. — S:"io Paulo — 1939: ib.-CHAUER, CARLOS: História do Grande do Sul nos dois primeiros secuios
- 2 vols. - Pôrto Ak-rc - 1918: ULã SSÉA. RUBEM; Panorama
guna — I Congresso de História Cau nense — Florianópolis — 1948: i" " ALFREDO: História da Grande CRO — 6 vols. — Pôrto Akrie
1926; vento
VERÍSSIMO, ÉRICO: O tempo e o ve
- Pòrto Alegre - 1949; VIANA. HÉLIUHistória da viação brasileira —
1949: VIANA, F. J, DE OLIVEIRA-
«
^
conquista da planície platina __ In Pi-o. vincia de São Pedro, n.o 8 — ^
gre — 1947; WIEDERSPAHN. HEN^U^'- -
OSCAR: Os lagunistas e Silva Pais Pòrto Alegre — 1937.
Dioksto
102
Econômico
ccssídã^cle clc enfrentar um inimigo ex
Irigoríficos.
terno cie importância — a campanha contra Rosas deveria, com a vitória de Caseros, pôr fim a uma situação insustentável para ambas as partes.
fatores haviam correspondido á ex
Os acordos assinados com os aliados
imigraçao e com diferenciações pro
brasileiros do Estado Oriental, che fiados pelo General Flòres, acabaram concluindo pela entrega ao Brasil dos
campos ao sul do Ibicuí e, pela pri meira vez, c definitivamente, a linha
do Quaraí surgiu no mapa, como fronteira sulina. O quadro geral da campanha sofre
ria nova transformação de importân
cia, que lhe alteraria, outra vez, em substancia, as linhas "sociais, politicas e econômicas, com o advento da in
dústria cia carne c a instalação dos
Xes.sc tempo, já outros
gaao bovino e sua iníiuencia na anlrc>Do ,r<
KW
Econômico
1931; FORTES. JOÃO BORGES: Casais — Rio — 1932; FORTES. JOÃO BORGES:
O povoameiçto inicial do Rio Grande — In Revista do Instituto Histórico e Gco-
tensão do predomínio do tipo clc exis
do Guaiha, com o desenvolvimento da
BORGES: De sertão a estado — In Re
to Bandeira — In Província de São Pe dro, n.o 4 — Pôrto Alegro — 1946: KUDRIGUES. FELIX CONTREIRAS: Traços da economia social e política do
vista ^do Instittuo Histórico e Geográfico
do Rio Grande do Sul I — Pôrto Alegre
gressivas na gente do campo. A luta fedcralista foi o seu último arremes so. Consolidada a República, foi reduJ^icla a zona agrícola a uma .sutimissão absoluta, de cultura c modos de viver
rctiraclo.s ao padrão europeu, enquan
to que, na campanha, a instalação dos frigoríficos Correspondia ao declínio
— 19.3G; GOULART. JORGE SALIS: A formação do Rio Grande do Su! — 2.a edi
ção ~ Pôrto Alegro — 1033; HAFKEMEYER, J. R.: A conquista do Rio Gran de do Sul oolos portugueses — Pôrto Ale gro — 1912; ISABELLE. ARSENE: Via gem ao Rio da Prata o ao Rio Grande do
Sv'!* LAYTANO. DE: T, Koticia ~breve da pecuária DANTE no Rio Grando do Sul do século XVIII ~ Pôrto
Alegro — 1945; LAYTANO. DANTE DE: História da propriedade das primeiras fa-
definitivo cio espírito de anarquia, de
zondas do Rio Grande do Sul — In Anais
aventura c de destempero, pela intpiantaçâo acabada de uma ordem econômica que já não comportaria
Porto Alegro — 1945; LIMA. A. G.: Cro nologia da História Rio-Grandense —
TÔNIO
acjuêles Índices.
Alegro — 1947; MARCHAIN. R. DE LA-
da
Faculdade
Católica
do Filo^^ofia —
Pôrto Alegro ~ s/data; MACHADO. AN
CARLOS: A Charqucada — In
Província de São Pedro, n.o R — P.irto
FUENTE: Los portugueses en Buenos Aigen e difusión dol bovino en nucstro Uru-
MARTINS
— História Madrid — ROMaRIO: do
1931; Para
DE; Os caminhos amigos e o povoaníenlo
nos séculos XVIII o XIX — In
cia — Porto Alegro — 1949; MONTEIRO.
ao Brasil — mg — luju; ALEom:, «r-u-
1J46; COSTA. RENATO: Uma sinloso
rtiegre — 11148; ABriíU, J. CApISTRANO
LINaKIO Porto: viagem a Laguna
in í-rovincia de bao Pearc. n.o 8 — Pôrto AJegre — iy4Y; AEívijíiija, Ac.uisIo jjh,US caminhos ao sui e a leira ae boroca'
tO.
Alegre
— iiMd; —
BASTOS. MANUEL E. n;.
Ais DEB: a estrada da Laguna ao
do
Rio
— In Digesto Econômico, n.o 23 — São
Paulo — 1946; CUNHA, EUCLIDES DA: A margem da História — 4.«- edição — DIéGUES JÚNIOR. MAUoníribuiçáo dos casais ilhéus à
Cicograxicu tíiasueiro, voi. lua — «lo — in
econômica
lormaçâo econômica do Rio Grande
iy4o; BAivChBOS. RUBENS OE: fcsbôço aa rormaçao social ao mo Grande
Estrutura
Eoonómico. n.o 25 — São Paulo
Ua — 111 hevisía üo instituto Hisloncg e Província de São Pedro, n o j,3 pr - --— — - Portu
uti-possidetis — I Congresso
10 1Q ".í^!^,-,*"^tarinense — Florianópolis
A eslânj,*. "i_ o espiritoEMÍLIO militar SOUSA; na formação do Uco
- In Boletim Geográ-
ríio Grande — Sua importância histórica
NICofATT^'i5- ..'^9 -
- 1947; DREYS.
oe e povoamento sul — In Anais do II rongresso Geograua SuiCongicaa de História e Alegre — 1937-
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— 1839; ERICK-
relacionada com a tunuavao ao «lo i.,rdn-
^ro-tíranuense — Perto Alegre - 1937; wOIIEUA, LUCAS ALEXAiNJJKE: Santa r ataxina lio »o século seouiw XVH -I Congresso v.o.i6j.co3u
,,T Kiatória Catarinense — Florianópolis
^ ly^fü BltfTC, LEMOS: Pontos de par^ iTietopía Econômica do Bra4ida para a História Econômica do Bra
cSlif - sao_ Paulo - 1939; CABRAL, OS .V outros
■f»; AT no^R • Laguna e outros ensaios :^''F£SaS,polls - 1939; CABRAL, OS-
WALOO K.; Os Açorianos — I Congresso Wi^tnria Catarinense — Florianópolis .^ História
^ SS; CALÓGERAS. J. PANDIa: Da Regência à queda de Rosas — São Pau lo — 1933; CAVIGLIA HIJO, B. :
ori-
ritorial do Brasil — I Congresso de His
tência oriuiulo do litoral c cia bacia
ná — 2.a edição — São Paulo — 1939;
Pmt,.
REIRA; Os açorianos e a integridade ter tória Catarinense —
— Montovidúu — 1935; COSTA. RE-
x-rovinc»a ae bao t-earo, n." u
víncia de São Pedro, n.° 4 — Pjrto Ale gre — 1946; REIS. ARTUR CEZAR FER
erãfico do Rio Grande do Sul. 1 e II — Pôrto Alegro — 1934; FORTES. JOÃO
FONTES: ABREU, FLORÉNCIO DE- O •yeoáíaiia ao mo Ciranue ao Sm
Digesto
cia Hn
Nolicja descritiva da provín-
rf ft «5 , O negro —noig-ll; Rio ESTRAGrande UA. E2EQUIEL Alegre MARTINEZ; Muerte y
Iransfiguracion de Martin Fierro —
2
vo^ — México —•1948;-'EU. CONDE D':
ao Rio Grande do Sul —
PARIA, OTÁVIO AU-
DE: História da divisão adminis-
Grande do Sul - Pôrto
PORTES, DIOGO BOR-
. "L 1 • "Otilha do alto-Uruguai es tabelecimento naval de Itaquí — eIno Re
vista Marítima Brásileira. ano LXIX, n.° 1, 2 e 3 — Rio — 1949; FORTES. JOÃO BORGES: Troncos seculares — O povoa mento do Rio
Grande do Sul — Rio- —
MEYER. AUGUSTO: Scgredos> da infân
JONATAS DA COSTA DO RÊGO: A Co
lônia do Sacramento {1680-1777) — 2 vols — Pôrto Alegre — 1937; PÔRTO, AURÉ LIO:
Gente que canta triste — In Pro
Florianópolis
1948; REVERBEL. CARLOS: Raíaej Pm-
colonial — Pôrto Alegre — 1926; HObA. OTELO; Causas da Revolução Farroupi lha — In Província de São
— Pôrto Alegre — 1945; SILVA. JOA^ PINTO DA: A província de Sao Pea'?,,..
Pôrto Alegre — 1930: SUIONSEN. RO BERTO; História Econômica do BrasU
2 vols. — São Paulo — 1937; SPALDINL. WALTER: A Revolução Farroupiu^
São Paulo — 1939: SAI.NT-HTLAIRE. A. DE: Vlaqem ao Rio Grando do Sul " 1821) — 2 vols. — S:"io Paulo — 1939: ib.-CHAUER, CARLOS: História do Grande do Sul nos dois primeiros secuios
- 2 vols. - Pôrto Ak-rc - 1918: ULã SSÉA. RUBEM; Panorama
guna — I Congresso de História Cau nense — Florianópolis — 1948: i" " ALFREDO: História da Grande CRO — 6 vols. — Pôrto Akrie
1926; vento
VERÍSSIMO, ÉRICO: O tempo e o ve
- Pòrto Alegre - 1949; VIANA. HÉLIUHistória da viação brasileira —
1949: VIANA, F. J, DE OLIVEIRA-
«
^
conquista da planície platina __ In Pi-o. vincia de São Pedro, n.o 8 — ^
gre — 1947; WIEDERSPAHN. HEN^U^'- -
OSCAR: Os lagunistas e Silva Pais Pòrto Alegre — 1937.
Digesto
105
Econômico
QUADRO VII
Custo de produção e renda das culturas
Cusio total de produção de algodão e milho
de algodão e milho
Despesas
Oscar T. Ettori
Algodão
Despesas diretas
|Á vimos anteriormente, a quantidade
de operação desses fatores, assim como
de trabalho dos fatôres de produção
os gastos feitos com sementes, adubos
— homem, animal de tração e máqui-
queire de algodão e de milho no setor
e inseticidas; foram també determi nados. Isto posto, poderemos calcular o custo de produção daquelas cul
de Presidente Prudente. O custo diário
turas.
nas — necessária para produzir um aU
veículos e animais
Administração e despesas gerais .. Depreciação de benfeitorias Juros sòbrc o capital fi.xo (®) .... Juros sôbre as despesas diretas (""j
{ 1 ■
i-i
Despesas
Algodão
3.862,00
2.131,70
502,00 585,60
312,70
137,50
81,80
546,30 96,50
389,30 37,60
5.729,90
3.397,4(1
Despesas indiretas: Custo de operação dc máquinas,
quadro VI
Cuito por alqueire de algodão e de miUw
Milho
Total
( " ) jiiro.s de 5 % ao ano
('■ ® )
Milho
-
444,30
juros do 7 % ao ano computados durante 6 meses
Despesas diretas: Sementes
76,20
O custo parcial de produção, embora incompleto, ó o mais comumente usado
416,90
35,20
pela maioria dos produtores como indi
no qual o capital fixo sofre depreciação. Vemos, portanto, que «ma simples
cativo do rendimento obtido nas diver
1.845,80
comparação da renda bruta (1) obtida
963,90 427,70
sas explorações. Alem disso, é o custo que mais tem interessado aos bancos
na exploração com o custo de operação e as despesas diretas feitas na mesma,
paru efeito dc financiamento agrícola. Não obstante os pontos acima apon
não c o melhor meio para se medir o
135,50
Adubos
132,90
Inseticidas , Braço
Dias de serviço Colheita .... Debulha ....
1.331,10
3.862,20
Despesas indiretas Custo de operação de; Animais de tração Máquinas Veículos
316,00
1.819,00
tados, 225,20
174,60
236,00 40,80
93,90
Total
502,00
_44,20
4.364,20
consideração somente os gastos em di nheiro durante a safra (despesas dire
tas) e o custo de operação das máqui nas, animais de tração e veículos (des
Calculando-se aquêle custo tomando-
representam apenas um custo parcial da produção,-uma vez que tomamos em
se em conta esses itens acima especifica
mos determinar o custo total de produ ção, devemos considerar outras despe
como segue:
dos, teremos o custo total de produção,
o
verá caber não uma renda res
ríodo. Êssc lucro também não
deve ser usado para orientar
as alterações do esquema de trabalho de um ano p.ara
diretas e o custo de operação de máquinas, animais dc tra
outro.
ção e veículos, mas sim uma
lecer uma seleção mais ucura-
renda suficientemente grande
O produtor poderá estabe de. das culturas de maior ren
nistração, depreciação de capital fi.xo,
dimento da^propriedade quando èle toma por base o lucro real proporcionad.i pelas mesmas, isto é, o lucro obtido
juros etc.
depois dc terem sido computadas todas
pesas envolvidas na exploração: admi
i
lucro que servirá de base para planejar um programa de exploração da propriedade cm longo pe
trita para cobrir as despesas
para cobrir também todas as outras des
tura durante a safra.
pesas indiretas). Contudo, se desejar
levantar
custo total de produção, por ser o dc. maior interesse para o produtor. Ao agricultor de
312,70 2.1317^
sas indiretas da exploração, quais sejam: administração c despesas gerais, depre ciação das benfeitorias, juro.s sobre o capital fixo (benfeitorias e terra) e ju ros sôbre a importância aplicada na cul
Os dados apresentados no quadro VI
devemos
siderar mn longo período de exploração
A importância de o agricultor tomar cm conta o custo total da produção se faz sentir mais intensamente se ele con
U) Renda bruta = receita — quantida
de produzida X preço de venda.
Digesto
105
Econômico
QUADRO VII
Custo de produção e renda das culturas
Cusio total de produção de algodão e milho
de algodão e milho
Despesas
Oscar T. Ettori
Algodão
Despesas diretas
|Á vimos anteriormente, a quantidade
de operação desses fatores, assim como
de trabalho dos fatôres de produção
os gastos feitos com sementes, adubos
— homem, animal de tração e máqui-
queire de algodão e de milho no setor
e inseticidas; foram també determi nados. Isto posto, poderemos calcular o custo de produção daquelas cul
de Presidente Prudente. O custo diário
turas.
nas — necessária para produzir um aU
veículos e animais
Administração e despesas gerais .. Depreciação de benfeitorias Juros sòbrc o capital fi.xo (®) .... Juros sôbre as despesas diretas (""j
{ 1 ■
i-i
Despesas
Algodão
3.862,00
2.131,70
502,00 585,60
312,70
137,50
81,80
546,30 96,50
389,30 37,60
5.729,90
3.397,4(1
Despesas indiretas: Custo de operação dc máquinas,
quadro VI
Cuito por alqueire de algodão e de miUw
Milho
Total
( " ) jiiro.s de 5 % ao ano
('■ ® )
Milho
-
444,30
juros do 7 % ao ano computados durante 6 meses
Despesas diretas: Sementes
76,20
O custo parcial de produção, embora incompleto, ó o mais comumente usado
416,90
35,20
pela maioria dos produtores como indi
no qual o capital fixo sofre depreciação. Vemos, portanto, que «ma simples
cativo do rendimento obtido nas diver
1.845,80
comparação da renda bruta (1) obtida
963,90 427,70
sas explorações. Alem disso, é o custo que mais tem interessado aos bancos
na exploração com o custo de operação e as despesas diretas feitas na mesma,
paru efeito dc financiamento agrícola. Não obstante os pontos acima apon
não c o melhor meio para se medir o
135,50
Adubos
132,90
Inseticidas , Braço
Dias de serviço Colheita .... Debulha ....
1.331,10
3.862,20
Despesas indiretas Custo de operação de; Animais de tração Máquinas Veículos
316,00
1.819,00
tados, 225,20
174,60
236,00 40,80
93,90
Total
502,00
_44,20
4.364,20
consideração somente os gastos em di nheiro durante a safra (despesas dire
tas) e o custo de operação das máqui nas, animais de tração e veículos (des
Calculando-se aquêle custo tomando-
representam apenas um custo parcial da produção,-uma vez que tomamos em
se em conta esses itens acima especifica
mos determinar o custo total de produ ção, devemos considerar outras despe
como segue:
dos, teremos o custo total de produção,
o
verá caber não uma renda res
ríodo. Êssc lucro também não
deve ser usado para orientar
as alterações do esquema de trabalho de um ano p.ara
diretas e o custo de operação de máquinas, animais dc tra
outro.
ção e veículos, mas sim uma
lecer uma seleção mais ucura-
renda suficientemente grande
O produtor poderá estabe de. das culturas de maior ren
nistração, depreciação de capital fi.xo,
dimento da^propriedade quando èle toma por base o lucro real proporcionad.i pelas mesmas, isto é, o lucro obtido
juros etc.
depois dc terem sido computadas todas
pesas envolvidas na exploração: admi
i
lucro que servirá de base para planejar um programa de exploração da propriedade cm longo pe
trita para cobrir as despesas
para cobrir também todas as outras des
tura durante a safra.
pesas indiretas). Contudo, se desejar
levantar
custo total de produção, por ser o dc. maior interesse para o produtor. Ao agricultor de
312,70 2.1317^
sas indiretas da exploração, quais sejam: administração c despesas gerais, depre ciação das benfeitorias, juro.s sobre o capital fixo (benfeitorias e terra) e ju ros sôbre a importância aplicada na cul
Os dados apresentados no quadro VI
devemos
siderar mn longo período de exploração
A importância de o agricultor tomar cm conta o custo total da produção se faz sentir mais intensamente se ele con
U) Renda bruta = receita — quantida
de produzida X preço de venda.
106
Dicksto
as despesas clirelus c indiretas da cxploração.'
dicr cie 193 arrobas o 79 sacas por alqueire cultivado com algodão e millu), respc'cti\'aniente.
Reiiíftí e lucro da cultura dc algodão c de milho
Econ-ómico
Sabendo-se o pre^f»
médio de venda recebido pelos respeetivos produtores da zona, na safra de 1948/49, poclercnios determinar a renda
As propriedades estudadas neste trabalho apresentaram um rendimento mé-
c o lucro provenientes dessas culturas
Digesto Econômico
107
aplicada para produzir aqueles produtos,
zar o quadro IX, que apresenta os dias
seria interessante determinarmos o ren-
de seiviço de trabalhador utilizado nas
(liincrnto eni cruzeiros proporcionado por dia de serviço de trabalhador em ambas as culturas.
Utilizando-se dos duelos já unterior-
mente determinados, poderemos organi
culturas, as despesas incorridas nas mes mas, a renda bnita e o rendimento pro-
porcionacjo por dia de serxnço de tra balhador.
ua referida safra. QUADRO IX
quadro
VIII Itens
Itkns
Produção por alqueire
Preço médio recebido (®)'
1 Renda bruta por alqueire
Algodão
Milho
j)
193 arrobas
79 sacas
62,00
77,40
138,41
56,55
cida.*:)
685,30
111,40 .
Despesas indiretas:
Custo 'de operação de máquinas, veículos 0 animais
11.900,00
0.114,60
de operaçao dc má—
quinas, animais e veí-
Administração e despesas gerais Depreciação de benfeitorias Juros sobre o capital fixo Juros sôbre despesas diretas (e.xcluindo braços)
cülos
(Custo parcial de pro
Dias dc serviç-o de trabalhador por alqueire ..
Miuío
Despesas diretas (sementes, aaubos e inseti
Despesas direta.s e custo
\ •
Awodão
4.36^,20
2.444,40
dução)
CUSTO TOTAL EXCLUINDO BRAÇO Renda bruta por alqueire Rendimento do serviço de trabalhador por al queire ( ® )
Despesas diretas e indi
Rendimento por dia de scrviço-trubalhador (°®)
502,00
312,70
585,60
444,50
137,50
81,80
546,30
389,30
17,10 2.473,80 11.966.00
2,80 1.342,30 6.114,80
9.492,20
4.772,50
60,80
84,40
retas
(Custo total de produção) Lucro aparente da ex ploração Lucro real da explora ção
5.730,10
7.601,80
3.084,70
•
3.670,20
(11.986,00 — 4.364,20)' (0.114,60 - 9.235,90
(11.966,00 - 5.730,10)
3.029,90
(6.114,60 - 3.084,70)
puia oeçao cie Mc
que os lucros aparentes por alqueire de
Remlimento por dia de serviço de trabalhador
algodão e de milho foram respectiva mente Cr$ 7.601,80 e Cr$ 3.670,20, en
quanto os lucros reais foram de .... Cr$ a235,90 e Cr$ 3.029,90, respecti vamente.
(° ®) Rendimento do serviço de trabalhador por alqueire, diridido por dia de .serviço de trabalhador por alqueire = 60,80.
- 2.444,40)
visão de Economia Rural durante o ano de 1949.
Pelos dados do quadro VIII vemos
( ® ) Renda bruta por alqueire — custo total excluindo trabalho = 9.492,20,
Como vemos, os rendimentos propor
arsim dizer, um lucro de CrS 35,40 por
cionados por dia dc serviço de traba
dia de serviço na cultura do algodão
lhador na cultura de algodão o de mi
e de Cr$-59,00 na do milho.
lho foram dc CrS 60,80 e Cr$ 84,40, re.si)ectivamcritc:. Sc compararmos qs rendimentos do dia de serviço do tra
conclusão é teórica, uma \ez que res ponsabilizamos o fator braço por todo o lucro real da exploração. Êste, na
balhador com .seu salário diário de
0.S fatôres e agentes de produção em pregados na exploração.
Cr$ 25,40, veremos que êle deixa, por
Uma vez calculada a renda e o lucro
provenientes das culturas de algodão e de milho, assim como a quantidade de trabalho c dos agentes de produção v.t
Esta
realidade, dex-e ser atribuído a todos
106
Dicksto
as despesas clirelus c indiretas da cxploração.'
dicr cie 193 arrobas o 79 sacas por alqueire cultivado com algodão e millu), respc'cti\'aniente.
Reiiíftí e lucro da cultura dc algodão c de milho
Econ-ómico
Sabendo-se o pre^f»
médio de venda recebido pelos respeetivos produtores da zona, na safra de 1948/49, poclercnios determinar a renda
As propriedades estudadas neste trabalho apresentaram um rendimento mé-
c o lucro provenientes dessas culturas
Digesto Econômico
107
aplicada para produzir aqueles produtos,
zar o quadro IX, que apresenta os dias
seria interessante determinarmos o ren-
de seiviço de trabalhador utilizado nas
(liincrnto eni cruzeiros proporcionado por dia de serviço de trabalhador em ambas as culturas.
Utilizando-se dos duelos já unterior-
mente determinados, poderemos organi
culturas, as despesas incorridas nas mes mas, a renda bnita e o rendimento pro-
porcionacjo por dia de serxnço de tra balhador.
ua referida safra. QUADRO IX
quadro
VIII Itens
Itkns
Produção por alqueire
Preço médio recebido (®)'
1 Renda bruta por alqueire
Algodão
Milho
j)
193 arrobas
79 sacas
62,00
77,40
138,41
56,55
cida.*:)
685,30
111,40 .
Despesas indiretas:
Custo 'de operação de máquinas, veículos 0 animais
11.900,00
0.114,60
de operaçao dc má—
quinas, animais e veí-
Administração e despesas gerais Depreciação de benfeitorias Juros sobre o capital fixo Juros sôbre despesas diretas (e.xcluindo braços)
cülos
(Custo parcial de pro
Dias dc serviç-o de trabalhador por alqueire ..
Miuío
Despesas diretas (sementes, aaubos e inseti
Despesas direta.s e custo
\ •
Awodão
4.36^,20
2.444,40
dução)
CUSTO TOTAL EXCLUINDO BRAÇO Renda bruta por alqueire Rendimento do serviço de trabalhador por al queire ( ® )
Despesas diretas e indi
Rendimento por dia de scrviço-trubalhador (°®)
502,00
312,70
585,60
444,50
137,50
81,80
546,30
389,30
17,10 2.473,80 11.966.00
2,80 1.342,30 6.114,80
9.492,20
4.772,50
60,80
84,40
retas
(Custo total de produção) Lucro aparente da ex ploração Lucro real da explora ção
5.730,10
7.601,80
3.084,70
•
3.670,20
(11.986,00 — 4.364,20)' (0.114,60 - 9.235,90
(11.966,00 - 5.730,10)
3.029,90
(6.114,60 - 3.084,70)
puia oeçao cie Mc
que os lucros aparentes por alqueire de
Remlimento por dia de serviço de trabalhador
algodão e de milho foram respectiva mente Cr$ 7.601,80 e Cr$ 3.670,20, en
quanto os lucros reais foram de .... Cr$ a235,90 e Cr$ 3.029,90, respecti vamente.
(° ®) Rendimento do serviço de trabalhador por alqueire, diridido por dia de .serviço de trabalhador por alqueire = 60,80.
- 2.444,40)
visão de Economia Rural durante o ano de 1949.
Pelos dados do quadro VIII vemos
( ® ) Renda bruta por alqueire — custo total excluindo trabalho = 9.492,20,
Como vemos, os rendimentos propor
arsim dizer, um lucro de CrS 35,40 por
cionados por dia dc serviço de traba
dia de serviço na cultura do algodão
lhador na cultura de algodão o de mi
e de Cr$-59,00 na do milho.
lho foram dc CrS 60,80 e Cr$ 84,40, re.si)ectivamcritc:. Sc compararmos qs rendimentos do dia de serviço do tra
conclusão é teórica, uma \ez que res ponsabilizamos o fator braço por todo o lucro real da exploração. Êste, na
balhador com .seu salário diário de
0.S fatôres e agentes de produção em pregados na exploração.
Cr$ 25,40, veremos que êle deixa, por
Uma vez calculada a renda e o lucro
provenientes das culturas de algodão e de milho, assim como a quantidade de trabalho c dos agentes de produção v.t
Esta
realidade, dex-e ser atribuído a todos
J/FLORIANO DE TOLEDO CORRETOR DE IMÓVEIS
RUA SAO BENTO,45 - 5.o ANDAR - SALAS 512-3-4
TELEFONES: 2-1421 E 2-7380
SÃO PAULO
'3
^..Ç.Íí.!?mÃ,S,.. — álcool
CENTENÁRIO
Companhia Usina Vassununga
Cem
SINGER
Anos
SOCIEDADE ANÔNIMA
DE Supremacia Mundial Escrilório Central:
R. DR. FALCÃO FILHO, 56
Usina:
lO.o andar — salas 1053/5/61
End. Telegr.: "USINA"
End. Telegr.: "SORRAB"
Estação Vassununga - C. P.
Telefone: 2-7286 SÃO PAULO
(Estado de São Paulo)
SINGER SEWING MACHINE COMPANY —
LOJAS EM TODO O BRASIL -
J/FLORIANO DE TOLEDO CORRETOR DE IMÓVEIS
RUA SAO BENTO,45 - 5.o ANDAR - SALAS 512-3-4
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SÃO PAULO
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DE Supremacia Mundial Escrilório Central:
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lO.o andar — salas 1053/5/61
End. Telegr.: "USINA"
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Estação Vassununga - C. P.
Telefone: 2-7286 SÃO PAULO
(Estado de São Paulo)
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II PORQUE
O SR. DEVE
ANUNCIAR
NO :
ESTEVE IRMÃOS S. A. Comércio e indústria
A LGODAO
DIGESTO
EM
RAMA
Usinas de beneficiamenlo no interior do Estado.
ECONÚMICO
Escritório Central: 11.0 Àndar — Telefone: 33-5135
Rua José Bonifácio. 278
■Preciso nas informações, i.fhri<> v ubjetwo nos cnmentát ias, cômodo e clc-^anlr na apresenta' çâo, o Digesto Econômico, dandu <tos seus leitores um panorama mensal do mundo dos
negócios, circula numa classe de alto poder aquisitivo e elevado padrão de vida. Por essas razões, os anúncios inseridos no Dicesto Eco-
NÓMco São lidos, invaríàvelmente, por uni pto.
Caixa
Postal,
639
—
Telegramas: ESTEVE
— SÃO PAULO
Cia. União dos Refinadores
vável comprador.
Esta revista é publicada mensalmente pela Editôra Comercial Ltda., sob os auspícios da AssO' ciação Comercial de São Paulo e da Federação do Comércio do Estado de São Paulo.
— AÇÚCAR E CAFÉ FUNDADA EM 1910 — CAPITAL: CrS 50.000.000,00 RUA BORGES DE FIGUEIREDO n.o 237
CAIXA POSTAL. n.o 695 SÃO PAULO
Refinaria de Açúcar
Torrefação e Moagem de Café
EDITÔKA
comercial
limitada
HUA boa VISTA> 51. 9.0 ANDAH - TEL. í-1112 - RAMAL 19 - SAO PAULO
DIRETORIA
José Ferraz de Camargo
Armando Pereira Viarii
'Mário d'Almeida fris Miguel Rotundo
Hanns Malt José Àntonio Rosas
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José Ferraz de Camargo
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la pifp iL ,,
Dr. SIGR aconselha
SEAGERS Ilnio. Sr.
IDr. Antonio Gontijo de Carvalho 13C. Diretor do "Digcsto Econômico"
Esta Caixa Econômica Federal desejando receber, cni assinatura, a rccista-documontárío que V. S. com alta infcligcncia dirige e orienta, soUcUaría os scfw bons o/ícios, uo sentido de ser remetida mensalmente a esta Presidência,
SEAGERS DO BRASIL A^;. rrtiítuü
os futuros exemplares que sairão à publicidade, correndo a assinalura respectiva cio próximo mês cntrante. Reconheço cm "Digesto Econômico" o seu elevado sentido dc compreensão dos problemas fundamentais do país. Os que estudam e ;?e;isflm, os que tratam da finança
ou da economia, nüo podem prescindir da sua imparcUil contribuição analítica c crítica.
"Digcsto Econômico" cot\stitui uma exceção real
FABRICAÇÃO MODERNA DE LATAS BRANCAS E LITOGRAFADAS DE TODOS OS TIPOS E PARA TODOS OS FINS. — CARTAZES LITOGRAFADOS PARA RECLAMES, EC.
artigos dcmésticos e brinquedos marca METALMA
mente notável: informa através estatística honesta, divulga
a boa doutrina, faz história, ensina obrigando ao debate intelectual. Creio que dentro do limite dos seus objetivos, está servindo ao Brasil e à nossa cultura, — está fazendo obra equilibrada, — ohra cujo verdadeiro setUido político e social se evidencia do contado positivo com as realidades indígenas.
Queira V. S. receber os meus respeitosos cufnpri-
NET/ILIJRGICA mUUlM S/H
mentos.
a)
Manoel de Ouveira Franco Sobrinho
(Presidente da Caixa Econômica Federal do Paraná).
Sede: RUA CAETANO PINTO, 575 — Cx. Postalj 2.400 Fone.s: 3-2133 — 3-2137 — Telegramas: METALMA" Códigos: Rorges, Ribeiro, Lieber e Mascote l.a e 2.a Ed, SÃO
PAULO
Gráfica São José
KIID GalvSo Buono, 2S0 — Telefona 6-4912 — Slo Paulo
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í e um reposifório pmcioso de informações guardadas sob sigilo [ •.■ absoluto e cor,jiadas exdusi/a e diretamente aosInferessados.
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