SEGUNDA, 3 DE JUNHO DE 2019 • EDIÇÃO Nº 5662
DIÁRIO OPERÁRIO E SOCIALISTA DESDE 2003
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Festival Lula Livre: povo e artistas em ação pela liberdade de Lula
É com estes que querem fazer a frente ampla? PSB sai em apoio à reforma da Previdência Nessa semana, o deputado federal João Campos (PSB-PE), filho do ex-presidente do PSB Eduardo Campos e principal trunfo eleitoral do partido, apresentou uma proposta de emenda à PEC da Previdência. Segundo a proposta, 20% do montante que será “economizado” pela reforma da Previdência deverá ser investido na Educação.
SEXTA, ÀS 14H NA CAUSA OPERÁRIA TV A direita quer explorar o atraso contra os partidos de esquerda e sindicatos A sucursal brasileira da imprensa imperialista britânica BBC News publicou na quinta-feira (30), dia do ato que lotou as ruas de todo o País contra o governo Bolsonaro, matéria chamada “Presença de partidos, sindicatos e ‘Lula Livre’ causa divergências em ato pela educação em SP”.
A política BolsoDoria aumenta o número de assassinatos pela polícia em São Paulo De acordo com dados da Corregedoria da PM divulgados na último dia 31 de maio, 70 pessoas morreram em ações da Polícia Militar no mês de abril no estado de São Paulo.
FRACASSO DOS ATOS COXINHAS
Não dizer que coxinha fracassaram e deram um vexame seria falsificar a realidade D
omingo (26) Bolsonaro tentou repetir a marcha sobre Roma de Mussolini. Convocou manifestações no país inteiro em uma tentativa de se contrapor aos protestos que tomaram o Brasil no dia 15 exigindo a queda de seu governo. Esses novos coxinhatos foram um fracasso, e apenas serviram para expor a fraqueza do governo e afundá-lo ainda mais. Do ponto de vista dos trabalhadores, é hora de aproveitar para intensificar a campanha pela queda de Bolsonaro, que está prestes a cair. Rapidamente, no entanto, a imprensa golpista, que a princípio não apoiava os atos bolsonaristas, passou a vender a ficção de que os atos teriam sido relativamente grandes e apoiariam as reformas de Bolsonaro, como a da previdência. Escondem o fracasso dos atos e os apresentam como uma defesa de reformas rejeitadas pela esmagadora maioria da população. Manipulam os coxinhatos de Bolsonaro co-
mo fizeram com todos os coxinhatos até hoje. Mudaram a abordagem relativa aos atos dias antes de eles acontecerem, percebendo que se fossem muito pequenos revelariam a ampla rejeição popular não apenas a Bolsonaro, mas a todas as suas reformas e ao seu programa neoliberal como um todo. Isso seria um desastre para os capitalistas, que trataram de tentar evitá-lo. É preciso desmenti-los e apontar os protestos coxinhas como eles foram de fato: um fiasco da extrema-direita. Embelezar os coxinhatos só ajuda a imprensa golpista Diante do fiasco bolsonarista surgiu logo quem procurasse mitigar a derrota da extrema-direita. Por um lado, seria um erro apontar que as manifestações foram pequenas. Por outro, seria um “erro” indicar que a extrema-direita é composta por histéricos desquali-
ficados. O problema é que tanto uma coisa quanto a outra são a única forma objetiva de se referir ao que aconteceu no dia 26. Os atos foram pequenos, e os direitistas que apareceram eram coxinhas ensandecidos da pequena burguesia direitista. Não apontar isso só ajudaria a imprensa golpista a confundir a situação. Para constatar que os atos foram pequenos basta olhar as imagens. Quanto ao caráter coxinha dos atos, basta dizer que os coxinhas simplesmente reivindicavam a reforma da Previdência de Paulo Guedes, além de parte expressiva deles defender que Bolsonaro feche o Congresso e se torne o Führer do Brasil. Procurar disfarçar isso é fazer coro com a Rede Globo. E a Rede Globo está fazendo isso porque defende o mesmo programa econômico de Bolsonaro. Para defender esse programa, nesse momento a burguesia tenta impedir a polarização política na so-
ciedade. Está ficando claro e delimitado que, de um lado, uma minoria coxinha de extrema-direita defende o governo, enquanto a esmagadora maioria rejeita o governo, seu programa e quer sua queda. A direita golpista precisa obscurecer esse fato para evitar que a polarização se torne mais intensa, e que dessa forma a esquerda cresça, organizando grandes atos contra o governo, até que os golpistas sejam derrotados e todo o programa da direita vá por água abaixo. É preciso trabalhar, portanto, para que justamente a polarização política se amplie, e a oposição popular ao governo fique cada vez mais clara, e as mobilizações se ampliem nesse sentido. E para isso não se pode confundir o que aconteceu no dia 26. Em primeiro lugar, foi um ato coxinha cheio de fascistas. Em segundo lugar, foi um fracasso total, mais uma derrota do governo Bolsonaro.
OPINIÃO E POLÊMICA| 3 EDITORIAL
É com estes que querem fazer a frente ampla? PSB sai em apoio à reforma da Previdência N
essa semana, o deputado federal João Campos (PSB-PE), filho do ex-presidente do PSB Eduardo Campos e principal trunfo eleitoral do partido, apresentou uma proposta de emenda à PEC da Previdência. Segundo a proposta, 20% do montante que será “economizado” pela reforma da Previdência deverá ser investido na Educação. Desde que o governo de Dilma Rousseff foi derrubado, vários setores da esquerda nacional passaram a defender, em diferentes momentos, uma frente com partidos da burguesia – a chamada Frente Ampla. O PC do B e elementos da ala direita do PT, como Jaques Wagner, são os grandes propagandistas dessa frente, que contaria com partidos como PSB, o PDT e até
mesmo a Rede. A proposta de João Campos, no entanto, mostra que a frente com partidos da burguesia é uma política completamente inútil. Afinal, se João Campos apresentou uma emenda à PEC da Previdência, isso significa que ele defende a reforma da Previdência. “Reformar” a reforma da Previdência é concordar com a reforma – é, portanto, colaborar com o governo Bolsonaro para destruir os direitos trabalhistas. Fazer uma frente com um partido que defende os ataques de Bolsonaro aos trabalhadores é injustificável. É necessário combater todos os vigaristas que estão dando sustentação ao regime político e permitindo que a burguesia saqueie todo o patrimônio do país.
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4 |POLÍTICA
IMPRENSA GOLPISTA
Atos pró-Bolsonaro foram capa em todos os jornais, os pelo Fora Bolsonaro foram silenciados N
o dia 15 de maio, mais de um milhão de pessoas foram às ruas para protestar contra o governo Bolsonaro. Inicialmente, os atos foram convocados por entidades ligadas ao movimento estudantil e à categoria dos professores. No entanto, logo as manifestações foram aderidas por diversos setores, transformando-se em uma ampla mobilização contra a direita golpista. Encurralado, o presidente ilegítimo Jair Bolsonaro convocou manifestações em sua defesa para serem realizadas no dia 26 de maio. Mesmo com um investimento milionário, todos os atos bolsonaristas foram um retumbante fiasco: poucas pessoas foram às ruas e a impopularidade do governo se tornou ainda mais evidente. Embora as manifestações do dia 26 tenham sido um fiasco, a imprensa burguesa procurou, através de inúmeras manipulações, apresentar um cenário irreal: o de que Bolsonaro tinha levado centenas de milhares de pessoas nas ruas e que ainda tinha uma base social consideravelmente influente na situação política. Segundo esses órgãos de imprensa, que são verdadeiros capachos do imperialismo, Bolsonaro teria feito atos em mais de 150 cidades. Outro fato relevante em relação à cobertura da imprensa capitalista é o de que, em todos os grandes jornais que servem à burguesia, os atos bolsonaristas saíram em primeira capa. Isto é, para quem acompanha a Política apenas pela imprensa burguesa,
a impressão que se dá é a de que os atos bolsonaristas foram o grande acontecimento da semana. No dia 30 de maio, mais de meio milhão de pessoas saíram às ruas, novamente, para se manifestar contra o governo Bolsonaro. Em contraste
com os atos bolsonaristas, que foram um completo fiasco, os atos do dia 30 foram grandes mobilizações e contribuíram para enfraquecer ainda mais o governo Bolsonaro. A imprensa burguesa, contudo, mal noticiou os atos que aconteceram no
dia 30. As matérias, em geral, tinham um caráter depreciativo das manifestações – alegavam, por exemplo, que o movimento estava perdendo força – e não tiveram o destaque merecido – não apareceram nas capas dos jornais controlados pela burguesia.
NACINAL| 3
FESTIVAL LULA LIVRE
Povo e artistas em ação pela liberdade de Lula O
correu nesse Domingo (02/06/19) o Festival Lula Livre na Praça da República em São Paulo com a presença de muitos artistas que apoiam a luta contra a prisão política do ex-presidente Lula. A lista de artistas que apoiam essa luta fundamental para derrotar o golpe de Estado instalado no país é grande. Estavam presentes Emicida, Rael, Criolo, Baiana System, Aíla, Dead Fish, Chico César, Filipe Catto, Mombojó, Odair José, Otto, Thaíde, Junu, Everson Pessoa, Unidos do Swing, Francisco El Hombre, Arnaldo Antunes, Slam das Minas, Bia Ferreira, Doralyce Soledad, Lirinha, Ilú Oba de Min, André Frateschi e banda, Márcia Castro, Zeca Baleiro, Isaar, Junio Barreto, Fernanda Takai, MC Poneis, Tulipa, Chico Chico e Duda Brack, Mistura Popular, Triz, Anelis Assumpção e Drik Barbosa. Apesar da chuva, que caiu dos céus de São Paulo praticamente durante todo o dia, uma multidão compareceu ao evento que se transformou num grande ato político e cultural pela liberdade de Luis Inácio Lula da Silva. Ao longo do dia diversos artistas se posicionaram contra a farsa montada para prender um dos líderes políticos mais populares em todo mundo. O cantor e compositor Lirinha, do grupo Cordel do Fogo Encantado, foi um dos vários artistas presentes que declarou “estou hoje em uma praça pública da maior cidade do nosso país, engrossando o coro da população por Lula Livre. Essa prisão simboliza todas as injustiças que fazem parte da história da nossa querida nação”. O cantor e compositor Otto afirmou que “O único líder no mundo capaz de reunir uma massa destas é Lula, e é pelo que ele fez por esse país. Devolvam Lula ao povo! Não façam isso com uma pessoa de 74
anos, que trabalhou, que amou e que foi honesto com este país”. O cantor e compositor Odair José cantou uma de suas músicas de maior sucesso e declarou que era pro Lula o trecho “Eu vou tirar você desse lugar…”. O ex-presidente enviou uma carta para o festival, que foi lida pelo seu neto Tiago. “Agradeço de coração a cada uma e a cada um de vocês, artistas e público, que nesse 2 de junho fazem da praça da República a Praça da Democracia. Embora tenha o nome de “Festival Lula Livre”, sei que esse é muito mais que um ato de solidariedade a um preso político. O que vocês exigem é muito mais que a liberdade do Lula. É a liberdade de um povo que não aceita mais ser prisioneiro do ódio, da ganância e do obscurantismo”, afirmou o ex-presidente no texto. O evento foi um grande acerto político do Comitê Lula Livre e demonstrou mais uma vez que a luta pela liberdade do ex-presidente Lula é uma pauta que mobiliza cada vez mais grandes camadas do povo trabalhador, que cada vez mais toma consciência do golpe que foi operado no Brasil. Os atos dos dias 15 e 30 de maio foram uma clara demonstração de que o povo brasileiro entrou num processo de mobilização que tende a colocar em xeque o golpe e os ataques do governo golpista de Jair Bolsonaro. Ao contrário do que diz um setor da esquerda que procura se adaptar ao golpe de Estado, como Marcelo Freixo do PSOL, que declarou que o “Lula livre não unifica a esquerda”, a grande participação popular no evento demonstra que a luta pela liberdade de Lula é vista como fundamental por parcelas cada vez maiores para derrotar o golpe de Estado.
6 | POLÍTICA E JUVENTUDE
IMPOPULAR
Marcha da maconha foi maior do que o ato a favor de Bolsonaro A
imprensa golpista tentou manipular os números para dar a impressão de que os atos pró-governo Bolsonaro não tinham sido um enorme fiasco. Procuraram os melhores ângulos para fotos e vídeos, fizeram o tradicional esquema da direita de chamar atos para o domingo, que especialmente no caso de São Paulo ajuda a dar a ideia de que há mais gente na manifestação por conta do passeio que os paulistanos fazem na avenida Paulista aos domingos e por fim investiram pesado em estrutura. Só em São Paulo foram sete trios elétricos para dar a impressão de grandeza. Com tudo isso, com toda a ilusão, os atos coxinhas pró-Bolsonaro, que foram convocados pelo próprio presidente golpista, não conseguiram passar uma impressão diferente de fracasso. Ainda mais quando comparado primeiro aos gigantescos atos do dia 15 de maio, depois aos enormes atos do dia 30. Mas como sabemos que falta bastante sentido lógico na cabeça da direita, facilmente manipulada pela imprensa golpista, chegou o fim de semana para de maneira cabal revelar o fracasso do atos do dia 26.
A Marcha da Maconha, convocada por entidades que lutam pelo direito democrático da legalização da maconha e outras drogas, aconteceu na Paulista no dia 1º de junho e estava muito maior do que os atos pró-Bolsonaro. Conclusão: uma marcha da esquerda para lutar por um problema específico é capaz de mobilizar muito mais gente do que um ato de todo o aparato da burguesia para defender o presidente da República. É a demonstração final do fracasso! E a demonstração de que a esquerda precisa manter uma mobilização permanente até a greve geral do dia 14 pois o povo quer se manifestar. Agora, uma imagem do ato do dia 26, na mesma Avenida Paulista. Não esquecer que ele ocorreu no domingo quando a Paulista já está tomada pelas pessoas que passeiam pela avenida fechada. É preciso levar em conta também o espaço entre as pessoas. Enquanto nas fotos da Marcha da Maconha é possível notar um ato coeso, com as pessoas andando em bloco bem próximas uma da outra, os coxinhas são mais adeptos do passeios, com mais espaços vazios.
BAHIA
Fascistas querem impedir curso do PCO sobre fascismo na universidade N
esta semana, os organizadores e participantes do curso que está sendo realizado na Universidade Federal da Bahia (UFSB) com a temática do Fascismo: o que é e como combate-lô está sofrendo uma campanha da extrema-direita fascista para não ser realizado. O curso organizado pelo Partido da Causa Operária (PCO) e pessoas interessadas no tema está sendo realizado no campus da UFSB no município de Itabuna, na região Sul da Bahia, nos dias 6 e 7 de junho. Os fascistas da Escola Sem Partido, incomodados com o tema dentro da universidade, prontamente iniciaram uma campanha para que o curso fos-
se censurado e perseguição ao curso, ao partido e as pessoas que estão ajudando na organização do curso.
A campanha, ao melhor estilo fascista, está sendo realizada com intimidações e divulgação de imagens das
pessoas estão ajudando e querem participar do curso. Numa clara medida da extrema-direita que está querendo implantar a Escola com Fascismo, ou seja, sem partidos (de esquerda) e a censura dentro das escolas e da universidade. As entidades sindicais e estudantis devem repudiar de todas as maneiras a escola com fascismo dentro da UFSB. É preciso denunciar essa política fascista e não deixar essa ofensiva da extrema-direita crescer dentro das universidades e das escolas. É a maneira dos fascistas atacarem as universidades publicas e os movimentos que se colocam contra a destruição do ensino público.
NACINAL| 3
SÃO PAULO
A política BolsoDoria aumenta o número de assassinatos pela polícia em São Paulo D
e acordo com dados da Corregedoria da PM divulgados na último dia 31 de maio, 70 pessoas morreram em ações da Polícia Militar no mês de abril no estado de São Paulo. Esse número revela o enorme crescimento das mortes patrocinadas pela PM em relação ao mês de abril de 2018, um aumento exponencial no extermínio, chegando a 23% em relação ao ano anterior. Já nas análises do quadrimestre (janeiro a abril), o aumento é de quase um quinto no número de mortes, tendo um crescimento de 17% em relação a 2018, com 252 assassinatos no ano, contra 216 ano passado. Tal resultado é de responsabilidade direta da política fascista de Doria e Bolsonaro que fazem a propaganda aos quatro cantos do incremento de armas e equipamentos ao aparelho repressivo. Segundo informe divulgado pelo Fórum Brasileiro de Segurança Pública no mês de abril, a polícia “Contando com equipamentos obsoletos, treinamento antiquado e falta de um aparato tecnológico de vigilância de suas ações, o PM parece se esforçar para promover uma escalada sem igual do número das chamadas MDIP (Morte Decorrente de Intervenção Policial), que registraram aumento de 18% entre 2017 e 2018”. Segundo o Atlas da Violência de 2018, o Brasil acumula 325 mil vítimas de assassinados em 11 anos, desses
94% são jovens de 15 a 29 anos, 77% são negros. Uma verdadeira guerra, que continua a aumentar contra o povo pobre e trabalhador no país. A luta contra os assassinatos em
massa passa pela organização da luta pelas organizações operárias e estudantis levantando as palavras de ordem pela dissolução da PM e pela formação das milícias de auto-defesa,
juntamente com a defesa do fim do regime golpista que impulsiona esta matança e toda a repressão contra o povo negro e trabalhador: fora Bolsonaro e todos os golpistas.
ECT
Não à privatização dos Correios! Fora Bolsonaro! C
omo caráter geral do avanço do regime golpista, a privatização de empresas estatais tem sido a política central do governo bolsonarista, que dá continuidade a medidas iniciadas no golpe de 2016 no País com a derruba da presidenta Dilma Rousseff. O governo ilegítimo de Bolsonaro tem caminhado no sentido de privatizar a Empresa Brasileira de Correios e Telégrafos. A estatal está na mira direta de entrega aos tubarões capitalistas. No semana passada, foi anunciado que 161 agências dos Correios serão fechadas, sendo os estados do Rio de Janeiro e São Paulo os que serão mais atingidos onde 24 e 15 postos de trabalho foram desligados a partir do fechamento dessas agências na região. No momento, os golpistas afirmam que os trabalhadores não serão afeta-
dos e que não serão demitidos, o que é mentira. É sabido que os trabalhadores são os principais afetados pelas medidas antipopulares, e que em grande medida representam um frontal ataque aos mesmos. O processo de privatização representa um ataque brutal aos trabalhadores. Portanto, não há dúvidas que são os principais interessados na luta pelo fora Bolsonaro e para derrubar todo o regime golpista. Nesse sentido, é preciso mobilizar os trabalhadores Ecetistas em uma enorme campanha contra o governo Bolsonaro, convocar os trabalhadores do Correios a compor a greve geral do dia 14 de junho, impulsionando uma grande greve na estatal que vise à defesa e manutenção da empresa em prol dos trabalhadores e não na mão de meia dúzia de capitalistas.
2 | EDITORIAL
TEATRO IMAGINÁRIO MARACANGALHA
Arte, política e movimentos sociais A
conteceu em Assis, no interior de São Paulo, entre os dias 30 de maio e 2 de junho, a Mostra de Teatro Ruarada. Além das diversas apresentações teatrais que circularam na cidade, aconteceu um bate-papo sobre arte, política e movimentos sociais com o ator e diretor Fernando Cruz, do Teatro Imaginário Maracangalha, de Campo Grande. Cruz nos contou um pouco sobre o grupo, da sua atuação em Campo Grande e da importância de unir forças e não fragmentar as lutas nesse momento em que vemos um “levante” fascista no mundo. O Diário da Causa Operária estava presente para fazer a cobertura do debate. O Teatro Imaginário Maracangalha foi criado no ano de 2006 com uma produção ininterrupta. Desde sua fundação, o grupo está focado na pesquisa cênica para atuação de rua com uma abordagem de viés político. O grupo se concentra em questões como o genocídio indígena e o extermínio de trabalhadores no Mato Grosso do Sul. As suas montagens partem de documentos e de registros que a história oficial não conta. Um exemplo é o espetáculo Tekoha, em que o grupo conta a vida de Marçal de Souza, liderança indígena que foi assassinada na década de 80, ao lutar pela retomada de terras. Marçal deixou um material vasto de suas lutas e de suas falas, como os registros encontrados no Serviço Nacional de Informações(SNI), nos sindicatos rurais, na FUNAI, em suas próprias filmagens e nos depoimentos de pessoas que lutaram e militaram com ele. Fernando Cruz diz que fazer teatro em Campo Grande é “fazer teatro no latifúndio”. Mato Grosso do Sul é um estado agrário, um grande território do agronegócio. E há, no momento, mais de 90 fazendas ocupadas por povos indígenas, a maioria Guarani-Kaiowá e Terena. Fernando também relata que o grupo aprende muito com a organização e luta dos guerreiros indígenas. Durante o bate-papo, ele falou a respeito das Conferências Nacionais de Cultura implantadas no governo PT e que viraram uma referência para criar uma lei nacional em que os municípios teriam seu 1% mais uma parcela do Estado e mais uma parte do dinheiro da União. Nessa época, o projeto já
enfrentava uma grande dificuldade, pois tinha que passar pelo Congresso e pelo Senado para que pudesse virar um lei. Até hoje está truncado e , com o golpe, está colocado de maneira mais perversa e piorou com a extinção do Ministério da Cultura. “As questões das leis mesmo tendo um Conselho constituído pela sociedade civil com representantes do teatro, da dança do artesanato das culturas populares do audiovisual e de todos os segmentos culturais que estavam contemplados dentro do sistema e com encontros regulares em Brasília, nós não conseguimos avançar a ponto de ter a lei efetivada (…)Mesmo sendo lei ela não se torna uma garantia”, reflete Fernando. Mesmo no governo do PT, esses conselhos não conseguiam chegar dentro do Congresso ou do Senado para poder ampliar a lei. Hoje, esse sistema está aprovado mas a lei que regulamenta como esse dinheiro vai ser distribuído não está aprovada. Ou seja, existe um sistema mas ele não tem o dinheiro. Só que agora está mais complicado ainda, pois não existe mais o Ministério da Cultura e o governo Bolsonaro fechou quase todos os conselhos, entre eles, o conselho de cultura. O que vivemos hoje é um desmonte da cultura. Cruz diz que esse desmonte vem dentro da lógica perversa do capital. É
o grande mecanismo que está por trás disso e que isso já vem de longe. Até a década de 80 na Europa nos Estados Unidos, tinha uma parcela grande de investimento público na cultura. Mas foi percebido que esse investimento provocava uma autonomia da produção e da criação. Isso significava uma arte que falava sobre questões raciais, étnicas, sobre a própria perversidade do capital, sobre questões de desigualdade, sobre a questão ambiental, enfim, sobre as questões humanas. Com isso, o investimento público começa a ser retirado ou colocado com restrições. Dessa maneira, entra de forma pesada a lógica do mercado, que é a lógica do capital que começa a interferir dentro do orçamento público. Era este financiamento público que dava autonomia às organizações populares e de trabalhadores. Fernando também comentou sobre a lei Rouanet que é uma lei de renúncia fiscal, dizendo que é uma lei perversa, pois é dinheiro público que fica na mão do empresário e ele faz o que quiser com esse dinheiro. O empresário usa o dinheiro público e faz o que ele bem entende. “Aí que tá a distorção da lei Rouanet que foi uma fala forte da campanha do Bolsonaro. Na verdade, a lei acabou financiando a indústria cultural como se tornou nos Estados Unidos e numa boa parte da Europa
hoje”. O dinheiro público financia a indústria cultural mas não chega na produção dos artistas que produzem dentro da própria comunidade. Fernando nos coloca que os artistas não podem mais se enxergar apenas como um fórum. Salienta a importância de entender que existe um desmonte por aí e que é uma estratégia de poder fascista. O artista não deve perceber a cultura como um necessidade pessoal como artista mas deve se enxergar como cidadão . Destaca também a necessidade de correlação de forças com outros movimentos pois, sem isso, não será possível enfrentar essa onda de extrema direita pesada que veio e está varrendo todos os nossos direitos. Contudo, para isso é preciso revermos nossa posição política. Para Fernando, as ações dos artistas terão que ser mais pontuais e mais ousadas para poder defender o que nós temos. Não dá mais pra fragmentar as lutas, pois esta fragmentação levou ao enfraquecimento do sindicalismo e de alguns movimentos sociais. “Não adianta ter uma política pública de cultura se eu não tenho uma política pública de saúde”. O ator e diretor também denuncia que no “Brasil desde o governo Temer pra cá, mais de 200 trabalhadores já foram assassinados por questão política entre indígenas, quilombolas, trabalhadores sem-terra e mulheres militantes”.