Diário Causa Operária nº5890

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SEXTA-FEIRA, 17 DE JANEIRO DE 2020 • EDIÇÃO Nº5890

Começa hoje a Universidade de Férias do PCO: como combater o fascismo A

venal imprensa golpista anunciou ontem que o presidente ilegítimo, Jair Bolsonaro, decidido em encaixar a privatização da Empresa Brasileira de Correios e Telégrafos (ECT), não sabe o que fazer com o contingente de desempregados que vai se formar com a venda da estatal. O governo Bolsonaro, apesar de uma extensão do governo golpista de Temer, é uma composição de extrema-direita, com diversas características fascistas e com aspirações declaradas a uma ditadura militar. Nestes quatro anos de golpe de Estado e de acirramento da luta de classes no Brasil, o país viu novamente, depois de muitas décadas, a ascensão da extrema-direita e sua chegada ao poder.

Assim como na França, barrar os ataques nas ruas As mobilizações e a luta social de massas se coloca como a única alternativa eficaz para derrotar as reformas neoliberais e os ataques do governo golpista

BOLSONARO FICA?

PSOL quer trocar secretário de Comunicação de Bolsonaro CRISE CAPITALISTA

Entreguismo de Bolsonaro não consegue segurar capitais estrangeiros O ano de 2020 começou assim como terminou o de 2019, com uma saída massiva de capitais da Bolsa de Valores de São Paulo – Bovespa. Até o dia 10 de janeiro saíram da Bovespa R$ 4,6 bilhões nas sete primeiras sessões, considerada a maior saída líquida de capitais desde 2008, ano que houve o estouro da crise mundial.

MONOPÓLIO

CRISE INTENSIFICADA

Entrega da Embraer pode salvar Boeing e destruir indústria brasileira

“Programa de habitação” da direita: aluguéis sobem o dobro da inflação

A Boeing está em crise. Depois da queda recente de dois aviões MAX 737, a empresa perdeu valor de mercado, caindo de US$ 248,9 bilhões em março de 2019 para US$ 187 bilhões. O volume de entregas também despencou. Em 2018, a Boeing entregou 806 aviões, já em 2019 foram apenas 380, número mais baixo em mais de uma década.

POR DETRÁS DA FALSIFICAÇÃO

Brasil perde com acordo EUA-China e com indicação para a OCDE


2 | OPINIÃO EDITORIAL

É HORA DE OCUPAR AS RUAS

Assim como na França, barrar os ataques nas ruas Há mais de um mês, na França, desde quando o governo do presidente Emmanuel Macron – representante dos banqueiros – anunciou ao país a disposição de levar adiante o projeto de reforma da Previdência, tendo como um dos principais pontos o aumento da idade mínima, de 62 para 64 anos para a aposentadoria, o País passou a vivenciar uma das maiores mobilizações dos últimos tempos, bem ao estilo da tradição de luta do movimento operário francês, um dos mais fortes e bem organizados da Europa e de todo o mundo. As gigantescas e multitudinárias mobilizações nas principais cidades do país impuseram uma importante derrota ao governo, obrigando o presidente Macron a recuar em seus intentos de fazer os trabalhadores pagarem pela crise do capitalismo francês e europeu. Em momento algum houve qualquer vacilação ou recuo por parte dos trabalhadores em sua determinação de ir para cima do governo e impedir o ataque a um direito e a uma conquista histórica do movimento de luta da classe operária francesa. A importante derrota de Macron no projeto de reforma das pensões dos trabalhadores, no entanto, não fez com que as mobilizações cessassem, embora o ponto mais importante do projeto – a não elevação da idade mínima – tenha sido retirado da proposta. A luta, contudo, não se encerra nessa questão, pois mesmo diante da vitória importante, os trabalhadores permanecem mobilizados, ainda que o contingente de grevistas tenha

diminuído. O que vem acontecendo na França neste momento é que os trabalhadores não estão dispostos a abandonar as ruas até que o projeto de reforma seja retirado por completo e a derrota do governo Macron seja cabal e definitiva Na quinta-feira, dia 16 de janeiro, quase 250 mil pessoas se manifestaram em Paris pela retirada completa do projeto. A enorme disposição de luta dos trabalhadores vem fazendo com que as mobilizações ultrapassem os limites impostos pelas direções sindicais, que sempre im-

põem limites ao enfrentamento das massas populares contra o governo e o Estado burguês em seu conjunto. O presidente Macron vem sendo confrontado com enormes mobilizações, onde dezenas de categorias cruzaram os braços durante todo o ano passado em protesto contra os ataques às suas condições de vida, contra a retirada de direitos e conquistas. Este espetacular exemplo de determinação e disposição de luta da classe operária francesa, uma das mais bem organizadas e combativas

de todo o mundo, deve “contaminar” todo o movimento de luta das massas populares em todos os principais países, pois este é o caminho para a vitória dos trabalhadores e para a derrota da burguesia, da extrema direita, do imperialismo e do grande capital. No Brasil, os trabalhadores e as massas populares já deram várias demonstrações de que estão dispostos a enfrentar o governo fascistóide de Bolsonaro e seu ministro destruidor de direitos, o neoliberal Paulo Guedes. Na contramão desta perspectiva, no entanto, as direções sindicais, populares e estudantis – assim como a esquerda em seu conjunto – permanecem paralisadas, sem nenhum plano de ação para enfrentar o ataque dos patrões e do governo golpista. Mais do que nunca, mais do que em qualquer outro momento, está colocada a necessidade da ruptura com o estado de prostração e paralisia que impera no movimento, que toma conta da esquerda nacional. O governo Bolsonaro está fragilizado, sem ação, sem qualquer mínima perspetiva para apresentar ao País. Esta situação, no entanto, não conduzirá à sua queda. Faz-se necessário a deflagração de um amplo movimento de luta, que reúna centenas de milhares, milhões de trabalhadores e populares para um enfrentamento direto contra o governo de extrema direita, da burguesia golpista e do imperialismo. Este movimento deve assumir materialidade na palavra de ordem de “Fora Bolsonaro”, fora todos os golpistas, por novas eleições, pela derrota do golpe.

TODAS ÀS SEGUNDAS-FEIRAS ÀS 14H NA CAUSA OPERÁRIA TV


ATIVIDADES DO PCO | 3

45ª EDIÇÃO

Começa hoje a Universidade de Férias do PCO: como combater o fascismo Escola de formação dos setores mais avançados na luta contra a burguesia, é o espaço ideal para instrumentalizar teórica e politicamente os militantes contra a extrema-direita O governo Bolsonaro, apesar de uma extensão do governo golpista de Temer, é uma composição de extrema-direita, com diversas características fascistas e com aspirações declaradas a uma ditadura militar. Nestes quatro anos de golpe de Estado e de acirramento da luta de classes no Brasil, o país viu novamente, depois de muitas décadas, a ascensão da extrema-direita e sua chegada ao poder. Foi assim que o bolsonarismo se tornou a principal expressão da pequena burguesia desesperada com a crise. Impôs-se inclusive dentro da própria burguesia golpista, superando o PSDB (direita tradicional) e unificando o bloco golpista para a eleição fraudulenta de Bolsonaro. Este fenômeno brasileiro nada mais é que uma expressão do acirramento da luta de classes a nível mundial, decorrente da crise terminal do regime capitalista e ameaça todos os brasileiros com a escalada direitista e o endurecimento do regime rumo à destruição das organizações de luta dos trabalhadores. Daí a necessidade dos militantes e ativistas da luta contra o golpe participarem de um curso de formação marxista, dado pelo Partido

da Causa Operária (PCO), o partido da luta contra o golpe. Como é a atividade? Promovida há 22 anos pelo PCO e por sua juventude, o curso fornece em pouco tempo um conhecimento abrangente de teoria marxista e história do movimento operário, permitindo que os participantes aprendam em semanas o que não aprenderiam em anos de faculdade. Isso tudo numa linguagem simples e acessível do operário ao professor universitário. O PCO e Aliança da Juventude Revolucionária (AJR, a juventude do PCO) realizam a universidade de férias desde 1998, duas vezes por ano. Já foram realizadas 44 atividades, por onde já passaram mais de três mil pessoas. Nestas quase 50 edições, já foram promovidos cursos de introdução ao Capital, de Karl Marx; história do Brasil, de um ponto de vista marxista, diferente de tudo que aprendemos na escola e nos livros de história; analisamos a Revolução russa, a Revolução cubana e diversas outras, que são sistematicamente ocultadas pelos meios oficiais de ensino e pela imprensa capitalista; já analisamos o fenômeno do fascismo e do nazismo, revelando sua verdadeira essência, além da vida

e obra de diversas figuras importantes do marxismo, tratando dos mais diversos temas políticos e históricos da maior importância para os socialistas e ativistas do movimento operário. Além do curso, lá você terá uma experiência de convivência socialista. Com atividades todas feitas coletivamente, da montagem da estrutura, refeições, dos grupos de estudo as atividades de lazer. Todos uma função produtiva na organização da atividade. Isto permite encontrar pessoas de vários locais do país, trocar experiências, discutir política e assuntos diversificados, fortalecer os laços com entre os integrantes do

partido e do movimento da luta contra o golpe a nível nacional. Pessoas que nos ambientes conservadores normais (família, escola, trabalho) não se encontrariam, mas na universidade de férias reunem-se no propósito de lutar por uma nova sociedade. Atividade sem par em toda a esquerda nacional, pela sua organização, e em especial, por seu conteúdo, a universidade de férias é uma escola de formação dos setores mais avançados na luta contra a burguesia, o espaço ideal para instrumentalizar teórica e politicamente os militantes contra a extrema-direita.

VENHA PARTICIPAR

Como combater o fascismo? Aprenda no acampamento de férias da AJR Hoje a Aliança da Juventude Revolucionária dá início à 45ª Universidade de Férias, na cidade de Ibiúna, interior de São Paulo A Aliança da Juventude Revolucionária (AJR), juventude militante do PCO, organiza o acampamento de férias que recebe os cursos de formação do PCO duas vezes por ano, no inverno e no verão. Na 45º Universidade de Férias que começa nesta sexta-feira (17) com o tema “Fascismo: o que é e como combatê-lo – parte II”, serão discutidas as experiências históricas do fascismo em Portugal, Espanha, França, Japão e Áustria. O objetivo é proporcionar um aprendizado militante, baseado numa análise marxista, para com isso instrumentalizar os ativistas políticos na luta de classes no momento atual. Nas universidades e nos meios da esquerda pequeno-burguesa, a análise que se faz do fascismo é abstrata e geralmente baseada em esquematismos teóricos, isto é, análises de gabinete sem conexão com o fenômeno real. Isso conduz a uma compreensão equivocada do fenômeno, e, do ponto de vista prático, á paralisia e erros de todos os tipos na luta. Uma adequada compreensão política é premissa fundamental para se combater e chegar à vitória.

17-24 Jan

São Paulo

e Formação d o s r Cu

Fascismo O que é E como CombaTê-lo Parte 2 A Universidade de Férias do PCO e da Aliança da Juventude Revolucionária é a atividade de formação política mais tradicional da esquerda nacional e vem acontecendo há pelo menos vinte anos. Além do aprendizado concentrado, há atividades de lazer, exibição de filmes, passeios turísticos, palestras culturais e convivência comunitária com militantes e simpatizantes do Partido. Participe! Inscreva-se pelo site da Universidade Marxista https://www. youtube.com/watch?v=BUxF6UDx7sU

Curso de formação Marxista com Rui Costa Pimenta

45ª Universidade de Férias

AJR

ALIANÇA DA JUVENTUDE REVOLUCIONÁRIA

ACAMPAMENTO

DE FÉRIAS


4 | ECONOMIA

CRISE CAPITALISTA

Entreguismo de Bolsonaro não consegue segurar capitais estrangeiros A política de especulação com a economia brasileira, objeto do golpe, afunda completamente e aprofunda a crise econômica do País

O ano de 2020 começou assim como terminou o de 2019, com uma saída massiva de capitais da Bolsa de Valores de São Paulo – Bovespa. Até o dia 10 de janeiro saíram da Bovespa R$ 4,6 bilhões nas sete primeiras sessões, considerada a maior saída líquida de capitais desde 2008,

ano que houve o estouro da crise mundial. Já o ano de 2019 foi marcado pela saída histórica de R$ 44,5 bilhões. Segundo analistas de mercado, o ritmo lento com que as reformas estão sendo encaminhadas, mesmo com a aprovação da reforma da Previdência,

e a queda da taxa Selic seriam os fatores centrais que estão impulsionando o movimento de saída. A realidade é que o movimento de capitais externos para o Brasil, é absolutamente especulativo. Um exemplo disso é saída de investimentos como consequência da a queda da taxa Selic, uma medida adotada pelo governo na tentativa de impulsionar a economia brasileira diante da iminência de um quadro recessivo. Na medida que a taxa de juros cai (está em 4,5 % contra 10,25% em julho de 2017) o ganho especulativo diminui. Uma operação comum entre os investidores, leia-se especuladores, estrangeiros é tomar empréstimos em outros países para aplicar no Brasil. Com uma taxa de juros alta, as aplicações no Brasil são absolutamente vantajosas, com o investidor pagando o empréstimo e ainda obtendo altos lucros. Na medida que a taxa diminui, os ganhos são menores e o “Risco Brasil” assume uma relevância ainda maior. No final das contas, o que ocorre com o Brasil hoje é o resultado do

absoluto fracasso do golpe de Estado de 2016. Existia a crença entre os golpistas de que a liquidação da economia brasileira em favor dos grandes grupos econômicos imperialistas proporcionaria uma entrada de capitais especulativos no Brasil de um modo estável, ou seja, sem a volatilidade que caracteriza, a entrada desse capital, e abriria uma etapa de crescimento econômico e estabilidade política para um novo regime saído do golpe. Essa perspectiva fracassou absolutamente. Em grande medida ditada pela própria crise mundial, mas, também, pela destruição da economia nacional levada conscientemente à frente pela burguesia internacional e nacional, a fim de favorecer o golpe. O fato concreto é que o golpe de Estado e o governo fascista de Bolsonaro são incapazes de promover sequer um arremedo de crescimento e estabilidade econômica para o Brasil. O fracasso é absoluto e a tendência é que a crise econômica assuma proporções cade vez mais grave no decorrer do próximo período.

MONOPÓLIO

Entrega da Embraer pode salvar Boeing e destruir indústria brasileira Reportagem da imprensa burguesa admite que a Embraer pode salvar a Boeing de sua decadência, escancarando parasitismo dos grandes monopólios A Boeing está em crise. Depois da queda recente de dois aviões MAX 737, a empresa perdeu valor de mercado, caindo de US$ 248,9 bilhões em março de 2019 para US$ 187 bilhões. O volume de entregas também despencou. Em 2018, a Boeing entregou 806 aviões, já em 2019 foram apenas 380, número mais baixo em mais de uma década. Enquanto isso, a principal concorrente da empresa norte-americana, a franco-alemã Airbus, teve crescimento de 8% nos pedidos, entregando 863 aviões em 2019. No entanto, como explica uma matéria publicada no sítio neofeed, sob o título “A Embraer, quem diria, pode ajudar a resgatar a Boeing”, a entrega da Embraer para o imperialismo pode ajudar os capitalistas estrangeiros a salvarem sua indústria decadente. Com a Embraer, a Boeing entra no mercado de aviões menores, com jatos de até 150 lugares. Segundo um consultor ouvido pelo neofeed, Francisco Lyra, da C-Fly Aviation, a “Embraer pode ser uma tábua de salvação para a Boeing recuperar fatores que perdeu ao longo do tempo, como a capacidade de engenharia e o viés de inovação”. A reportagem ainda explica que a Boeing contava com a complacência da Administração Federal de Aviação dos Estados Unidos (FAA), enquanto a Embraer sofria com uma exigência rígida desse mesmo órgão. “A Embraer

sempre encontrou um olhar duro nesses processos. E provou que consegue entregar produtos seguros e eficientes nos prazos prometidos”, diz Lyra. “E isso é um grande trunfo, já que agora, com o caso do 737 MAX, todas as certificações ficarão mais rígidas.”

Parasitismo Esse caso ilustra exemplarmente o parasitismo dos grandes monopólios capitalistas. Por meio da corrupção dos políticos dos países atrasados, da sabotagem econômica e de golpes de Estado, os grandes capitalistas internacionais conseguem manter o controle sobre setores inteiros da economia mundial. Um controle exercido com mãos de ferro, que não permite o desenvolvimento da indústria nacional de países atrasados, muito menos a livre concorrência dessa indústria no mercado internacional. No caso do Brasil, essa realidade foi mostrada de forma contundente pelo golpe de Estado que derrubou Dilma Rousseff em 2016. A própria operação Lava Jato, instrumento decisivo do golpe, atingia em cheio setores da indústria nacional, visando a construção civil e o setor de petróleo. O sentido político, porém, era mais amplo, de submissão de toda a economia do País. A entrega da Embraer mostra como esse processo consiste em um roubo do Brasil em larga escala, assim

como dos outros países atrasados em todo o mundo, para salvar o sistema decadente dos grandes monopólios. Para reverter essa política, que visa a destruição completa da indústria no Brasil, tornando o país uma colônia de exportação de matéria prima, é preciso derrotar o golpe e derrubar

o governo Bolsonaro. Não há tempo para meias medidas, e a palavra de ordem mais popular das ruas precisa ser abraçada pelas direções de esquerda, dando uma direção definida que leve a uma saída à esquerda para a crise nacional. É hora de levantar o Fora Bolsonaro!.


ECONOMIA | 5

CRISE INTENSIFICADA

“Programa de habitação” da direita: aluguéis sobem o dobro da inflação Alugueis sobem 15% em dois anos e trabalhadores vivem a cada dia em situação mais crítica A crise no país continua aumentando a cada dia que passa e as políticas neoliberais de Paulo Guedes não têm surtido qualquer efeito sobre a inflação. Isso porque a estratégia utilizada é justamente de destruir o país de modo que não seja possível suportar mais três anos de Bolsonaro. Segundo o índice IGP-M divulgado pela FGV, responsável por calcular a inflação em relação às moradias, o preço dos aluguéis subiu 2,03% só em dezembro. Essa taxa é ainda maior que a do mês de novembro, em que foi registrada alta de 0,30% e demonstra claramente o fracasso das políticas econômicas dos golpistas. A medida anual, inclusive, superou a marca de 7,3% em 2019 e confirma que a intenção da direita é massacrar a população trabalhadora. Ademais, o aumento nos valores para moradia foi maior que o dobro da inflação oficial, IPCA.

Como o proletariado em geral não possui moradia própria e a compra de imóveis tem enfrentado grande dificuldade, a resposta da burguesia para manter seus altos rendimentos passa pelo peso ainda maior depositado nas costas dos trabalhadores assalariados. A intenção de não pagar pela crise do capitalismo e colocá-la sob responsabilidade do povo deve ser combatida. Ademais, o somatório do aumento dos preços dos aluguéis chega a quase 15% nos últimos dois anos. A comprovação máxima de que a intensificação da crise é cada vez maior vem do fato de que todos os grupos de despesas para o consumidos tiveram alta. Alimentação, moradia, transporte e vestimenta foram afetadas e intensificaram ainda mais a desigualdade social latente no país. Com as tentativas pontuais de acabar com a saúde pública também houve alta nos preços de

planos de saúde e remédios. O resultado é que cada dia mais a população reclama da incapacidade do governo em lidar com a economia. Essa incompetência generalizada da equipe golpista não é meramente a inaptidão para retomar a criação de emprego e renda. É uma política decadente da direita que pretende levar toda a população trabalhadora à miséria. Ela é baseada no que já foi aplicada em outros países, como por exemplo o Chile a época do ditador Pinochet. Por isso é relevante levar em consideração que quem concebe a destruição da economia nacional é o próprio FMI, capitaneado pelo imperialismo estadunidense. Foram eles que, resumidamente, derrubaram Dilma e elegeram Bolsonaro abrindo as portas para a venda das riquezas nacionais. O que a pequena burguesia brasileira no primei-

ro momento aplaudiu, agora começa a ter efeito contra ela mesma. Uma vez que os preços de seus artigos preferidos como picanha e contrafilé tiveram aumento de mais de 20% cada. Essas questões representam um momento especial para a intensificação da luta contra o governo, uma vez que mesmo parcelas da classe média tem perdido seus rendimentos. Portanto, é preciso acabar com a demagogia a fim de que a política da maioria esmagadora da população se torne o Fora Bolsonaro. Não é mais possível que se concebam meias políticas, não há como esperar as eleições de 2022 que sequer estão garantidas. Mais que nunca é preciso mobilizar toda a população contra o imperialismo e seus representantes internos. É preciso exigir o fim do esmagamento do povo pela burguesia através da palavra de ordem FORA BOLSONARO!

MODELO CHILENO FALIU

Faliu no Chile modelo de Previdência que direita quer impor no Brasil Fundo da Previdência do Chile aumentado em 60%. Além dos 10% anteriores, em que só o empregado contribuía, agora, patrões e governo, contribuirão com 3% de cada. Após quase 60 dias de chilenos sublevados nas ruas, presidente Piñera descobriu que os 10% de contribuição para a Previdência, – todo ele suportado pelos próprios trabalhadores -, eram insuficientes para uma aposentadoria minimamente digna. Assim, nesta quarta-feira, (15), o presidente chileno anunciou que as contribuições destinadas ao fundo para a previdência serão incrementadas em 60%. Ao invés da contribuição por trabalhador ser de 10%, a contribuição agora será de 16%. O que é melhor, o acréscimo do percentual de 6% por trabalhador, desta vez não será o trabalhador a arcar, com o ônus. As empresas que nada contribuíam para o fundo previdenciário vão agora arcar com 3%. Os outros 3%, o governo do Chile destinará com verbas específicas do orçamento público. Os recursos virão de um aporte inédito dos empregadores. A medida foi tomada em meio ao levante geral da população que parou todo o país desde outubro.

Chile joga a toalha: o modelo chileno imprestável, que o Brasil do Golpe copiou O modelo de previdência tida como “modelo” para Guedes e Bolsonaro, o presidente do Chile acaba de jogar no lixo. O modelo faliu. É imprestável. O modelo de previdência do Chile foi colocado em xeque pelo povo sublevado nas ruas desde Outubro de 2019. O levante dos chilenos colocou de joelhos o governo de direita. Nas ruas, povo arrancou reajuste das aposentadorias

em 50%, além de outras demandas também. Piñera disse que enviará esta semana ao Congresso um projeto de lei com um aumento gradual na contribuição da previdência. Esclareceu o presidente do Chile que, desta vez, o novo fundo será financiado pelas empresas e pelo próprio governo, que fará aporte inicial, para fazer frente às aposentadorias majoradas em 50%. O jornal “El Mercurio”, noticia que a reforma representa uma mudança estrutural e cria um sistema previdenciário baseado em três pilares: a poupança individual (financiada pelos trabalhadores e empregadores), o Pilar Solidário (financiado pelo Estado) e por último um Pilar Coletivo e Solidário (financiado por empregadores com aporte inicial do governo).

Chilenos sublevados A providência surge após quase três meses de grave crise social e política no país. A revolta generalizada começou por causa de um aumento nos transportes. Foi a centelha que incendiou o Chile, e povo, das ruas não mais saiu. “Chilenos sublevados mostram o caminho”, Nivaldo Orlandi, colunista do Jornal Causa Operária relatava conquistas, resultado das mobilizações. “O que não foi conseguido em 30 anos, em pouco mais de 30 dias, as conquistas vieram aos borbotões”, – Cancelado o aumento da tarifa do metrô; – Cancelado o aumento da conta de luz; – 40 horas, a nova jornada semanal de trabalho; – Reajuste de todas as aposentadorias; e até o impensável, a redução pela metade

dos gordos vencimentos dos deputados, senadores, ministros e do presidente do Chile”. As manifestações duramente reprimidas, 29 mortos e milhares de feridos, 290 cegos pela repressão dos carabineros, desde o dia 18 de outubro. Não só a previdência foi colocada em xeque, mas todo o governo de direita, Piñera, sucessor de Pinochet.

Sistema previdenciário chileno em xeque Atualmente, os trabalhadores chilenos fazem a própria poupança em uma conta individual, em vez de o recurso ser destinado a um fundo coletivo. Eles são obrigados a depositar no mínimo 10% do salário por 20 anos para se aposentar. O governo e os patrões não fazem contribuições no Chile para a Previdência. É esse modelo falido, imprestável, que Piñera acaba de descartar, que golpistas do brasil copiaram e querem no Brasil implantar. No Chile, o dinheiro das pensões

e aposentadorias ficam sob o controle de Administradoras de Fundos de Previdência (AFP), instituições financeiras privadas implementadas durante a ditadura de Augusto Pinochet (19731990). Esse também é o intuito de Guedes, colocar as aposentadorias do Brasil na mão dos abutres banqueiros privados. O sistema Chileno, é criticado pelo baixo valor das aposentadorias, que ficam em tordo de 40% inferior ao mínimo benefício necessário para cobrir as necessidades básicas dos idosos. Aposentados no Chile preferiam suicidar-se, a sujeitar-se a sobreviver com as miseráveis aposentadorias e pensões. O modelo de Previdência do Chile, imposto na ditadura de Pinochet, é tido como modelo por Guedes e Bolsonaro. Próximos passos, a contribuição de 3% ora proposta para os empresários, possivelmente será repassado para o povo. Outra possibilidade é fazer como no Brasil, aumentar ainda mais a contribuição dos próprios trabalhadores.


6 | ECONOMIA

POR DETRÁS DA FALSIFICAÇÃO

Brasil perde com acordo EUA-China e com indicação para a OCDE Agronegócio deve ser duramente afetado pela queda nas exportações e possível inclusão na OCDE – que pode levar até cinco anos – submeterá o País a uma série de exigências O governo do presidente ilegítimo Jair Bolsonaro, com o intenso apoio da venal imprensa burguesa, procurou nos últimos dias apresentar como altamente positivo e promissor para a economia nacional os últimos acontecimentos no cenário internacional, no afã de buscar reduzir a repercussão das inúmeros resultados negativos colhidos pela economia nacional no ano de 2019, como a queda do saldo da balança comercial, fuga de capitais, exportação de matérias primas ultrapassando pela primeira vez, em 40 anos, o montante das exportações de produtos industrializados etc. etc. etc. Resultados que são acompanhados e impulsionam um retrocesso sem igual nas condições de vida da imensa maioria do povo brasileiro (fome, rebaixamentos salarial, desemprego, epidemias etc.) e, consequente, rejeição popular do governo Bolsonaro, o mais mal avaliado de todos os presidentes desde a volta das eleições diretas, em 1989, no primeiro ano de mandato. Assim, os golpistas divulgaram que o Brasil não terá grandes prejuízos com o acordo comercial parcial assinado entre os governos dos EUA e da China, nessa semana e que terá enormes vantagens com a possível participação do País na OCDE (Organização para a Cooperação e o Desenvolvimento Econômico), a partir do anuncio do apoio do governo Trump ao pleito do governo brasileiro. Nada poderia ser mais enganoso.

BRASIL PODE PERDER BEM MAIS DE US$ 15 BILHÕES O entendimento negociado entre os governos dos EUA e da China, estabelece novas cotas de importação e exportação entre os dois países. Resultado de imagem para perdas Brasil acordo EUA x ChinaDentre os termos do acordo, prevê-se a China deverá comprar mais 200 bilhões de dólares em produtos agrícolas dos produtores norte-americanos, em troca da redução de sobretaxas impostas pelos EUA contra os produtos industrializados chineses. Essa medida que reverte em parte a situação anterior ao começo da atual “guerra comercial” entre os dois países, quando as exportações de soja norte-americana para a China caíram de 14% para 3%, ou seja, praticamente sumiram do mapa. Nesse período, que coincide com as medidas protecionistas de Trump, contra os produtos industrializados chineses, as exportações de soja do Brasil para a China passaram de 14% para 27%. Como não se trata de que o governo Chinese esteja querendo aumentar em 100% as suas compras desse produto, o Brasil tende a perder quase toda a fatia do mercado que tinha abocanhado provisoriamente. Nas condições atuais 34% das exportações brasileiras têm como destino China e Hong Kong.

Todos os analistas econômicos internacionais com o mínimo de isenção, em relação aos interesses do governo brasileiro, estimaram que o Brasil será o maior prejudicado pelo aumento do volume das compras dos chineses dos produtores de soja e outros produtos agrícolas norte-americanos. De imediato já foi acertado, o volume comprado dos EUA deverá saltar de US$ 15 bilhões para US$ 56 bilhões, um crescimento de US$ 40 bilhões, um volume imenso e que pode prejudicará diretamente as exportações brasileiras. No melhor dos casos, o acordo parcial entre os dois países que detém o maior comercio bilateral do mundo no momento, embora – nem de longe – sirva para deter o aprofundamento da gigantesca crise capitalista que toma conta do planeta, resultado da superprodução de mercadorias, ante um mercado em que a imensa maioria da população não tem as mínimas condições de consumo (ante a cada vez maior concentração de renda na mãos de uma ínfima minoria), servirá para reestabelecer em alguns aspectos as condições anteriores nas relações comerciais entre esses dois países, em uma situação de crise do mercado mundial e mesmo nesses países. No caso do Brasil, as exportações para a China que, em 2018, superar U$ 64 bilhões (quase 90% de produtos básicos, em primeiro lugar a soja), contra pouco mais de U$ 34 bilhões em importações; é evidente que estará estabelecida uma nova situação impondo enorme dificuldades para o comércio exterior brasileiro. É bom lembra que o agronegócio – e em particular as exportações crescentes de soja foram uma das “bengalas” da economia brasileira diante do retrocesso promovido pelo golpe de Estado contra a economia nacional em favor dos tubarões imperialistas. Agora, Donald Trump, o “amigo” de Bolsonaro acabou de cortar um bom pedaço da bengala, em um momento de aceleração da crise no Brasil e em todo o mundo.

O BRASIL NO CLUBE DOS RICOS”, PELA PORTA DOS FUNDOS

Depois de prometer e não cumprir a promessa de indicar o Brasil para a OCDE, no ano passado, quando acabou sinalizando em favor da Argentina como forma de apoiar a candidatura neoliberal do então presidente Macri à reeleição, para dar a aparência de que o país vizinho, a caminho da falência e “de pires e joelhos diante do FMI” (Fundo Monetário Internacional) estaria no caminho da prosperidade, o governo Trump anunciou nessa semana o apoio ao ingresso do Brasil no chamado “clube dos ricos”. Assim como um pobre, em geral, só entra em clube de grã-finos para executar serviços e ocupar funções secundárias, o Brasil não está sendo convidado na condição de igual, aos principais membros do grupo, os países imperialistas, que não só só dão as cartas na OCDE como em toda a economia mundial. O ingresso de um país pobre e de economia capitalista atrasada, como o Brasil (e outros integrantes da OCDE como México, Chile etc.) ingressa em tal “círculo” é para ajudar os ricos a pagarem a conta e para fazerem novas concessões em troca de desfrutarem da companhia dos ricos ( não das riquezas) em alguns breves momentos. Os EUA propõe incluir o Brasil na OCDE com o único intuito de retirar garantias do País e promover uma maior submissão da economia brasileira. O processo para aceitação do Brasil como membro da OCDE – o que pode demorar de três a cinco cinco anos para se efetivar. Nesse período, o país passará a ser avaliado por comissões temáticas quanto ao cumprimento de recomendações da OCDE em diversos setores, como meio ambiente, saúde, responsabilidade fiscal e normas internas de controle da economia, do orçamento público etc. Logicamente que o País terá que desembolsar uma gorda contribuição, estimada em torno de U$ 10 milhões anuais, para ser “sócio do clube”. Isso porque, há contribuições obrigatórias, coladas de acordo com PIB (Produto Interno Bruto) do s países membros. A contribuição anual obrigatória do México, por exemplo, é de cerca de US$ 5,5 milhões e dos Estados Unidos, “só-

cio-majoritário” da OCDE, da ordem de US$ 80 milhões. Segundo o professor Nelson Marconi, coordenador executivo do Fórum de Economia da Fundação Getúlio Vargas (FGV), fazer parte da OCDE vai limitar a liberdade que o governo tem de gerir a economia, porque essa organização internacional defende intervenção mínima do Estado e liberalização do fluxo de capitais. Marconi afirmou que “Quando você entra na OCDE você tem que obedecer certos padrões e você não vai, por exemplo, poder colocar controles sobre o fluxo de capitais. Se, em algum momento do país, você tiver algum ataque especulativo ou se você quiser evitar uma valorização muito grande da nossa moeda, o Brasil não vai poder impor uma taxação sobre entrada de capital“. Mas público e notório para quem tem o mínimo entendimento da economia internacional que a maior concessão e de maior potencial de impacto econômico é que ao ingressar na OCDE o Brasil renunciaria ao tratamento diferenciado, como país em desenvolvimento, nas negociações da Organização Mundial do Comércio (OMC), o qual prevê condições especiais e benefícios para países emergentes em negociações com nações ricas. O Brasil teria que abri mão, por exemplo, do prazo maior que tinha para cumprir determinações e da margem maior para proteger produtos nacionais. Nelson Marconi, da FGV. destaca que “a gente tinha uma série de vantagens em termos de compras de produtos com conteúdo local por parte do setor público e uma série de benefícios tarifários por ter status de país em desenvolvimento e de que a gente abriu mão para entrar na OCDE. E a gente abriu mão para não ter praticamente nenhuma garantia do outro lado“. Ele acrescenta ainda que “isso pode prejudicar muito a gente do ponto de vista comércio, da indústria e do próprio processo de desenvolvimento. Em resumo, vantagem só para os países capitalistas que trataria o Brasil como um concorrente em igualdade de condições, imporiam uma maior controle sobre a economia do País e


ECONOMIA | 7

UM “PRESENTE DE GREGO”

Brasil teria que abrir mão de tarifas para entrar na OCDE Para ingressar no “clube dos países ricos”, Bolsonaro que entregar vários benefícios econômicos de que o País desfruta no mercado internacional Após o governo brasileiro firmar sua subserviência ao governo norte-americano, Donald Trump anunciou que priorizará a negociação para a entrada do Brasil na OCDE, a Organização para a Cooperação e o Desenvolvimento Econômico. “Os EUA querem que o Brasil se torne o próximo país a iniciar o processo de adesão à OCDE. O governo brasileiro está trabalhando para alinhar as suas políticas econômicas aos padrões da OCDE enquanto prioriza a adesão à organização para reforçar as suas reformas políticas”, disse o Departamento de Estado dos EUA, em nota. O Brasil é um dos seis candidatos a iniciar o processo de entrada na Organização. O imperialismo, antes, defendia que a Romênia e a Argentina entrassem primeiro, mas com a derrota da direita neoliberal na Argentina e política subserviente do presidente ilegítimo Jair Bolsonaro à política imperialista houve, por hora, uma virada na posição do governo norte-americano. Com sede em Paris, a OCDE foi criada em 1961 e reúne 36 países-membros, a maioria imperialistas, como Estados Unidos, os países da União Europeia e Japão. Além disso, o fórum

também abriga economias subservientes ao imperialismo, como o Chile e o México. Por isso, a organização é conhecida também como “o clube dos países ricos”. O monopólio de imprensa no Brasil e a direita apresenta o apoio norte-americano como um benefício para o Brasil após um ano de apoio automático às ações de Donald Trump. “Anúncio americano de prioridade ao Brasil para ingresso na OCDE comprova uma vez mais que estamos construindo uma parceria sólida com os EUA, capaz de gerar resultados de curto, médio e longo prazo, em benefício da transformação do Brasil na grande nação que sempre quisemos ser”, afirmou o Ministro das Relações Exteriores, Ernesto Araújo. A entrada do Brasil no “clube dos países ricos”, no entanto, é a reafirmação da submissão brasileira ao imperialismo. Ao entrar na OCDE, o País abrirá mão de várias vantagens econômicas e, inclusive, da autonomia sobre a política econômica do País, aderindo religiosamente à política neoliberal pregada pela Organização. Para conseguir isto, o governo Bolsonaro teve, ainda que renunciar,

antes, aos benefícios que o Brasil ganhava na Organização Mundial do Comércio, como mais prazo para cumprir determinações e proteção aos produtos nacionais.

O governo Bolsonaro já mostrou que sua política é entregar o País para os EUA usarem como quintal. Esta política prevê um grande desastre para a população brasileira.

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8 | INTERNACIONAL

DIA 24 É GREVE GERAL

Protestos continuam na França apesar de recuo do governo Macron Greve na França chegou ao 44º dia na quinta-feira (16), com novo protesto e 250 mil pessoas nas ruas em Paris Durante essa semana o governo neoliberal e Emmanuel Macron recuou em sua proposta de reforma de Previdência. A idade mínima proposta foi de 64 para 62 anos. Esse recuo, no entanto, ficou muito longe de levar a um fim da greve que completou 44 dias na quinta-feira (16). O dia foi novamente marcado por grandes protestos pelo país. Segundo a central sindical CGT 250 mil pessoas marcharam em Paris contra a reforma do governo. Continuando a mobilização que colocou 370 mil pessoas nas ruas da capital no dia 9 de janeiro. A greve, que começou no dia 5 de dezembro, continua paralisando os transportes, e contou com uma massa de professores nas ruas durante o protesto de quinta-feira. Apesar da tentativa de manobra de Macron os protestos continuam, assim como a greve. Para o dia 24, há o plano para mais um dia de greve geral, com protestos de massas nas ruas. O objetivo é derrotar completamente a

reforma da Previdência do governo. Diante da massa mobilizada nas ruas, é um objetivo modesto. Com a extensão dos atos, o nível de paralisação das atividades e a duração dos protestos, os trabalhadores poderiam derrubar o governo Macron e acabar não só com sua reforma da Previdência como com todo seu programa neoliberal. Essa não é a primeira vez que o país é varrido por manifestações de massa em todo seu território durante o governo Macron. Os chamados coletes amarelos ficaram por um longo período protestando praticamente todos os dias contra medidas econômicas do governo Macron, que procura fazer a população pagar pela crise dos capitalistas que comandam o país. A situação política na França apresenta um embate das massas com a política neoliberal, a exemplo do que está acontecendo na América Latina. Essa tendência de um enfrentamento das massas com governos de direita

exige uma resposta das direções de esquerda para a crise política colocada em cada país. A omissão das direções em levantar uma política mais geral e relativa ao poder desperdiça uma

oportunidade e pode colocar a iniciativa nas mãos da extrema-direita, que faz muita demagogia contra os governos atuais, embora não tenha nenhuma solução para os trabalhadores.

CONTROLE SOCIAL

17/1/1920: há 100 anos, “lei seca” entrava em vigor nos EUA Os EUA colocam as bebidas na ilegalidade para controlar a sociedade, provando que nunca foram uma democracia Entrou em vigor no dia 17 de janeiro de 1920, a Lei Seca dos Estados Unidos da América, onde, segundo o governo, teria o objetivo de salvar o país de problemas relacionados à pobreza e violência. Os parlamentares, frente a crescente das máfias, modificaram a Constituição americana que estabeleceu, na 18.ª Emenda, a proibição da fabricação, comércio, transporte, exportação e importação de bebidas alcoólicas. Essa lei vigorou por 13 anos (1920-1933). Porém, a verdade que o imperialismo nunca conta, é que essa lei serviria para aumentar a repressão contra a população e ampliar o controle social, a exemplo do que acontece com proibição de drogas em geral. E esse cenário de controle social nos EUA, se torno necessário após a Revolução Russa, que influenciava operários para se organizarem em todo o mundo, e a catástrofe da 1ª Guerra Mundial, que matou milhões de trabalhadores para que os capitalistas redefinissem as fronteiras de seu controle mundial ao seu bel prazer. Vale dizer que não deu nada certo, pois, apesar de em um primeiro momento haver um certo apoio à medida, em um segundo momento, o comércio e consumo ilegal de bebidas aumentaram exponencialmente. Em primeiro lugar, há inúmeros documentários mostrando que o governo fez vistas grossas, e mais, que parla-

A GLOBO

mentares faziam parte do esquema ilegal de produção e transporte. Os traficantes e comerciantes ilegais, como Al Capone, em Chicago, criaram grandes esquemas que lucravam com o consumo ilegal, pois, tudo que se torna ilegal neste mundo capitalista, aumenta a demanda, chamando ainda mais atenção de pessoas que movimentam o submundo. Esta medida só seria revogada no governo de Franklin Delano Roosevelt, em 1933, quando opositores do presidente argumentam que a legalização das bebidas geraria mais empregos, elevaria a economia e aumentaria a arrecadação de impostos, colocando a cerveja na legalidade. Ou seja, tudo pelo lucro.

MENTE O DIÁRIO

DESMENTE


INTERNACIONAL| 9

DITADURA PERSEGUE OPOSIÇÃO

Partido de Correa denuncia perseguição política ampla no Equador Partido Revolução Cidadã inicia campanha para denunciar perseguição política no Equador, promovida pela ditadura que tomou conta do país. O regime golpista no Equador, consumado com a traição de Lenin Moreno e a perseguição política implacável contra Rafael Correa, ex-presidente nacionalista do país, vem tomando uma forma ainda mais ditatorial no último período. A perseguição política é cargo chefe do governo direitista. Correa foi obrigado a se exilar, tendo prisão decretada pelos golpistas e uma implacável propaganda da imprensa imperialista contra sua pessoa, que varreu o mundo buscando trata-lo como um criminoso, mentor de um crime que nunca houveram provas. Já durante os fortes protestos que houveram no país no último semestre, prisões ilegais seguidas de uma forte repressão policial tomaram conta da situação, levando com vários líderes da chamada “Revolução Cidadã”, partido de Correa, fossem presos acusados de “rebelião”. Tratados como “traidores” pela burguesia fascista equatoriana, o partido de Correa busca denunciar esta perseguição em todas as instâncias nacionais e internacionais. Tal anuncio foi feito por Gabriela Rivadeneira, uma das figuras políticas que foram obrigadas a se exilar no México para não serem presas pela ditadura.

No caso de Rivadeneira a situação tornou-se ainda pior, pois seu pai está sendo duramente perseguido pelos golpistas no Equador, chegando a ser preso e agora obrigado a ir ao menos três vezes por semana prestar depoimentos. Sendo ele um senhor de já 62 anos com problemas sérios de saúde. Além disso sua casa fora completamente destruída pelos polícias, tudo isso em frente a seus filhos menores. As acusações, como denúncia Rivadeneira, são completamente sem quaisquer provas, uma completa perseguição política.

Os fatos que ocorrem no Equador não são nenhuma surpresa, muito pelo contrário. Com os golpes de Estado dados em toda América Latina pelo imperialismo norte-americano, os países antes compostos por governos nacionalistas inverteram completamente seus papeis, tornando-se verdadeiras ditaduras coloniais, entregando o país para os grandes capitalistas estrangeiros e atacando profundamente a população já muito esmagada. A perseguição política que de maneira acentuada toma forma no Equador faz parte de uma política

geral do imperialismo para com estes governos. Pois, na falta de popularidade dos regimes golpistas, o massacre e total perseguição da oposição é visto como necessidade para a manutenção do golpe. O caso brasileiro não se difere muito do equatoriano, aqui diversos líderes foram assassinados e Lula, o maior nome da política latino-americana passou mais de um ano preso sem provas, impedido de concorrer uma eleição da qual sairia vitorioso. Esta na realidade, é a tendência a ser tomada por todos os governos golpistas, que entram de cabeça e um aprofundamento da ditadura nos países, perseguindo e matando seus opositores. A política a ser seguida pela esquerda, seja ela brasileira ou equatoriana é a mesma. Em ambos os casos tais países estão tomados por governo capachos do imperialismos que vão empurrando ao povo uma política ditatorial. Por isso, depender de ações judiciais em uma ditadura é uma política completamente insuficiente dada a gravidade da situação. Como já demonstrado tanto pelos equatorianos quanto os brasileiros, o único caminho viável para acabar com esta ditadura é a mobilização popular.

QUASE 600 ASSASSINATOS

Todo dia um dirigente popular é assassinado na Colômbia A capitulação das direções das FARC, não serviu à farsa do diálogo de paz, serviu a matança indiscriminada daqueles que se colocam ao lado dos trabalhadores O regime fascista de Ivan Duque, na Colômbia, iniciou o ano numa enorme ofensiva de suas milícias fascistas, ampliando o extermínio em massa dos lutadores do povo. Em apenas 15 dias, segundo organizações não governamentais já são 19 líderes sociais assassinados na Colômbia. Tais números subiram na última terça-feira com mais dois mortos, um deles, foi o importante lider indígena Alexander Quitumbo morto em uma área rural Toribio, no departamento de Cauca (sudoeste do país). O homicídio de Quitumbo, 30 anos, ocorreu horas após o assassinato de Jorge Luis Betancourt, coordenador de esportes do Community Action Board (JAC) de San Francisco del Rayo, no departamento de Córdoba (norte). Na terça-feira, o Escritório das Nações Unidas para os Direitos Humanos em Genebra admitiu que pelo menos 107 defensores dos direitos humanos foram mortos na Colômbia durante 2019. Os 107 assassinatos ocorreram em 25 dos 33 departamentos do país, embora mais da metade este-

ja concentrada em Antioquia, Arauca, Cauca e Caquetá, e o grupo mais atacado foi o de defensores de povos indígenas. Enquanto as milícias são financiadas e protegidas pelo próprio governo fascista, o presidente Iván Duque com revoltante desfaçatez disse que em 2019 houve uma redução no assassinato de líderes sociais perto de 25%. Entre os quase 600 assassinatos ocorridos desde 2016, as vítimas são sindicalistas, estudantes, lideranças femininas, militantes políticos e membros das FARC. Desde o acordo de paz entre a FARC e o governo em 2017, cerca de 575 pessoas foram assassinadas, situação que demonstra o enorme erro político das direções das FARC. A sua capitulação frente a aceitar o fim da luta armada não serviu para acabar com a violência, serviu apenas para fortalecer a direita colombiana e agora ter o caminho liberado para os cachorros loucos da burguesia agirem. É vital a reorganização das FARCs para se contrapor a violência fascista contra a população e suas lideranças.


10 | POLÊMICA E POLÍTICA

BOLSONARO FICA?

PSOL quer trocar secretário de Comunicação de Bolsonaro Na última quinta-feira (16), o PSOL protocolou um pedido para que a nomeação do chefe da Secretaria de Comunicação da Presidência fosse revogada. Sul. Nesse período, Bolsonaro aprovou ataques violentos contra os trabalhadores, como no caso da reforma da Previdência, e ampliou enormemente a repressão contra o movimento popular. O Partido Socialismo e Liberdade (PSOL), por outro lado, colecionou, ao longo dos últimos doze meses, uma série de receitas fantasiosas para a situação política – todas elas, sem exceção alguma, se esquivavam de qualquer movimento pelo derrubada imediata do governo. A mais nova demonstração da política confusa e inócua do PSOL ocorreu ontem (16), quando a legenda entrou com uma uma ação popular na Justiça do Distrito Federal solicitando a revogação imediata da nomeação do chefe da Secretaria de Comunicação da Presidência (Secom) Fabio Wajngarten e de seu Secretário Especial Adjunto, Samy Liberman. Segundo consta no próprio sítio do PSOL, a revogação basear-se-ia em uma reportagem do jornal golpista Folha de S. Paulo, que acusou o secretário de receber dinheiro de emissoras e agências contratadas pelo governo Bolsonaro: "Emissoras como Record e Band pagam pelo serviço de “Controle da Concorrência” à empresa do chefe da Secom. Ao mesmo tempo, viram seus valores recebidos por propagandas governamentais – definidos pela Secom – dispararem. O caso é uma evidente afronta à Lei de Conflito de Interesses. A lei diz que

Enquanto Bolsonaro for mantido no poder e partidos como o PSOL exigir que suas “peças podres” – isto é, aquelas que são alvos de setores poderosos da burguesia e/ou que estão desgastando a imagem do governo – sejam removidas, a única consequência possível é a de que a direita permanecerá no poder.

A luta da corrupção… sempre presente

integrantes da cúpula do governo são proibidos de manter negócios com pessoas físicas ou jurídicas que possam ser afetadas por suas decisões. A prática implica conflito de interesses e configura ato de improbidade administrativa."

Consertando um governo apodrecido O pedido de revogação apresentado pelo PSOL mostra uma insistência por parte da esquerda pequeno-burguesa de trocar os membros do governo Bolsonaro, na esperança de que isso traria algum benefício para o país. Trata-se, obviamente, de uma política suicida. A maior ameaça à toda população é o próprio Jair Bolsonaro – enquanto o

governo estiver em suas mãos, a burguesia e a extrema-direita criarão as condições para continuar atacando os trabalhadores. Mesmo que a esquerda consiga, pressionando as instituições, remover um ou outro funcionário do governo, seria impensável crer que Bolsonaro colocaria, como substituto, alguém que atendesse as demandas da luta dos trabalhadores. Os ataques de Bolsonaro contra o povo brasileiro não são resultado de uma má gestão ou de sua ignorância: são o resultado de uma política que tem como orientação o esmagamento da classe operária. Por isso, a única política viável para impedir os ataques da Secom ou de qualquer outra parte do governo é aquela que exige seu fim: o fora Bolsonaro.

O pedido de revogação também demonstra que o PSOL permanece encampando a luta contra a corrupção – um recurso da burguesia utilizado para promover todo tipo de ataque e de mudança no regime político. Após os escândalos causados pela divulgação das mensagens pelo portal The Intercept, os dirigentes do PSOL procuraram se mostrar críticos em relação à Lava Jato. No entanto, fica claro, mais uma vez, que o partido não abandonou, de forma alguma, essa bandeira. A luta contra a corrupção não serve, em absolutamente nada, à esquerda e aos setores democráticos. Essa “luta” é sempre travada pelas instituições burguesas, e é, portanto, diretamente manipulada pela burguesia. Por um lado, as investigações contra a corrupção nunca facilitaram a vida da esquerda. Por outro, prenderam o maior líder popular do país, derrubaram uma presidenta eleita e pavimentaram a vitória eleitoral de Jair Bolsonaro.

NORDESTE

Frente Ampla une extrema-direita e esquerda golpista nas eleições Em alguns estados do Nordeste, partidos de extrema-direita, como o PSL e o DEM ensaiam alianças com partidos que se colocam como parte do “campo progressista”, como o PDT e o PSB Na última semana, a imprensa burguesa tem relatado que o atual presidente nacional do Partido Social Liberal (PSL), o empresário Luciano Bivar, estaria disposto a apoiar a candidatura de João Campos (PSB-PE) à Prefeitura do Recife em 2020. Filho de Eduardo Campos, falecido em um acidente de avião em 2014, João Campos é a grande aposta do Partido Socialista Brasileiro (PSB) para a sucessão da prefeitura do Recife, que está sob controle da legenda há oito anos. Atualmente, o PSB controla não só a Prefeitura do Recife, como também o governo do estado de Pernambuco, que passou às mãos do partido em 2007, com a vitória do próprio Eduardo Campos. Mesmo com uma base social bastante restrita, o PSB vem conseguindo se manter no poder porque formou uma frente ampla que permite sua sustentação, englobando desde partidos como o PT a partidos como o MDB. Os governos do PSB não são nada diferente dos governos dos partidos

dominados pelo “centrão”. No entanto, por meio de alguma demagogia com a esquerda, acabam por submeter as tendências à mobilização das organizações populares a seus interesses, sob a propaganda fajuta de que seria necessária uma “frente” – ampla, popular ou de esquerda – para o bem do povo. Embora partidos como o PSB e o PDT sempre tenham levado adiante uma política bastante direitista – em Pernambuco, por exemplo, o PSB aprovou uma reforma da Previdência, apoiou o golpe contra a presidenta Dilma Rousseff e vem fortalecendo a Polícia Militar sistematicamente -, a aproximação de Luciano Bivar desmascara por completo a farsa da frente ampla. Afinal, Bivar foi um dos principais articuladores da campanha eleitoral de Jair Bolsonaro em 2018 – foi ele quem o trouxe para o PSL e organizou o partido para se transformar na maior organização da extrema-direita nacional. O caso pernambucano, no entanto, não é o único. Em três capitais

nordestinas – Salvador, Fortaleza e São Luís -, o PDT deverá formar alianças com o DEM. Partido que abrigava os piores quadros da ditadura militar de 1964-1985, o DEM é um dos partidos mais importantes para a extrema-direita nacional, abrigando figuras como o fascista Ronaldo Caiado.

Os elementos direitistas que estão se aproximando de partidos que costumam constar nas “frentes amplas” comprovam o verdadeiro caráter dessas frentes: são iniciativas da burguesia para que o regime continue com o controle da situação, mesmo após o desgaste sofrido pelos partidos da direita com a aplicação da política neoliberal.


JUVENTUDE E ESPORTES | 11

SÃO PAULO

Mais uma vez, PM reprime manifestação contra o aumento Polícia impediu manifestantes de realizarem o ato Nessa quinta-feira, dia 16, ocorreu o terceiro ato contra o aumento da passagem de ônibus e Metrô em São Paulo. Mais uma vez, o que marcou a manifestação foi a violenta ação da Polícia Militar de João Doria contra os manifestantes. Em mais um dia de chuva forte em São Paulo, a manifestação reuniu cerca de mil pessoas em frente ao Theatro Municipal, no centro da cidade. Logo na concentração do ato era possível perceber o enorme e desproporcional número de policiais. No momento em que os manifestantes decidiram sair em passeata, de maneira completamente arbitrária, a polícia impediu o ato de sair. Os manifestantes, então, decidiram sair por outro lado. A passeata correu bem até a chegada na Avenida Ipiranga, a três quarteirões da Praça da República, quando novamente a PM decidiu impedir o ato

de continuar pela avenida. Foi nesse momento que a polícia partiu para cima de alguns manifestantes com cassetetes, spray de pimenta e bombas, 10 pessoas foram detidas. Para se ter uma ideia da ação desproporcional da polícia, uma linha da tropa de choque foi deslocada para trás dos manifestantes, avançando sobre o ato e encurralando as pessoas. Não existe nenhuma explicação para a ação repressiva da polícia, apenas que a mando de Doria, a PM não estava disposta a permitir que o direito à livre manifestação acontecesse. O governo de São Paulo e a prefeitura roubam o povo com uma passagem abusiva e usam a polícia para se protegerem do povo. Os atos contra o aumento da passagem em São Paulo têm deixado bem claro que o papel da polícia é defender bandido. Nesse caso, os bandidos

que estão nos governos estadual e municipal. Na próxima quinta-feira haverá o quarto ato. É preciso um amplo chamado para a manifestação para furar o cerco policial e a ditadura do governo tucano. Para isso, é preciso além de

levantar a palavra de ordem contra a tarifa, levantar claramente a política de fora Doria, fora Covas e fora Bolsonaro, ou seja, uma política de luta contra todo o regime golpista que proporciona a política de ataques brutais contra o povo.

PERSEGUIÇÃO ÀS TORCIDAS

Ditadura: Torcida Jovem do Flamengo não pode chegar perto do Maracanã Três anos de perseguição infundada a uma torcida organizada pelo TJ-RJ Passados quase três anos da suspensão da Torcida Jovem do Flamengo nos estádios do Rio de Janeiro pelo Tribunal de Justiça daquele Estado, em razão do assassinato do torcedor botafoguense Diego Silva Santos, o que se observa é tão somente um endurecimento da censura e perseguição das polícias e do poder judiciário sobre organizações populares dessa natureza. Sobre isso alguns pontos devem ser colocados. Primeiramente é a transferência da culpa de crimes cometidos por determinados torcedores às torcidas que estes compõem. Isso é um costume recorrente para punir casos de violência envolvendo futebol, ou seja, presunção de culpa, ignorando a possibilidade de tão somente um indivíduo ou outro não responda pela torcida. Evidentemente esse raciocínio

se aplica tão somente a torcedores, ou seja, massacres cometidos por policiais militares nas periferias e favelas do Rio, aos olhos do TJ-RJ não está vinculado à farda, mas apenas a um caso isolado que se repete sistematicamente. Outro ponto é o aprofundamento da elitização do futebol, onde torcidas organizadas não são bem vindas, assim como o comportamento caloroso destas, buscando-se um perfil que mais pareça de espectadores de uma partida do Torneio de Wimbledon. Junto com isso temos o ataque à liberdade de expressão dos torcedores, onde até mesmo faixas e gritos passam por um controle das polícias. O que se vê nesse caso é o interesse em eliminar a Torcida Jovem do Flamengo dos estádios, afinal por três

anos banida dos estádios, significa três anos sem manter vínculo com seus associados ou criar novos associados, vedação a venda de produtos no local de maior concentração de torcedores.

Não se pode de modo algum aceitar a demagogia da imprensa burguesa de combate às torcidas sob o pretexto de combater a violência, uma armadilha para elitizar o futebol.


12 | CIDADES E MOVIMENTO OPERÁRIO

BOLSONARO FICA?

PM invade favela de SP e aterroriza moradores; dissolução da PM, já! Os agentes da repressão do governo fascista de João Dória surpreenderam os moradores da comunidade ao chegarem ao local com escudos e armas letais Moradores da Favela do Coliseu, localizada na Vila Olímpia, bairro rico na zona sul de São Paulo, foram aterrorizados pela Polícia Militar na noite desta quarta-feira (15). Testemunhas relataram a forma truculenta que os policiais agiram contra quem estivesse na rua, jogando bombas de gás lacrimogênio e chegando a espancar um homem que teve a mão quebrada. Os agentes da repressão do governo fascista de João Doria surpreenderam os moradores da favela ao chegarem ao local, por volta de 20h30. Inicialmente, dez policiais das Rondas Ostensivas com Apoio de Motocicletas (Rocam) chegaram tal qual batedores entrando na única rua de acesso à comunidade, sendo seguidos por cerca de 30 outros agentes com escudos e armas letais em mãos – preparados para a guerra, conforme contou à Ponte Jornalismo, a ativista Nina Zambardino. O local onde se localiza a favela tem imissão de posse agendada para a próxima terça-feira (21), assinada pelo juiz Antônio Augusto Galvão de França. A posse do terreno foi reivindicada pela Companhia Metropolitana de Habitação para construção de casas populares. A comunidade já tinha co-

nhecimento e acordo com a saída do terreno, conforme relataram moradores. Diante disso, a única justificativa para a operação policial é intimidar as pessoas. Aos gritos de “É família, senhor!” e “covardes!”, é possível observar no vídeo que as pessoas repudiaram a ação da PM que chegou a ameaçar colocar fogo no local. “Falaram que iam colocar fogo em tudo. Gritamos que tinha família, criança, e um dos PMs respondeu: ‘não entrei com elas aqui, vim para resolver’.” No momento da ação, havia muitas pessoas no local,

inclusive crianças jogando bola na rua. Além do homem que saiu ferido, cinco mulheres passaram mal por conta do gás das bombas. Longe de ser um caso isolado, a ação lembra o recente massacre e assassinato de nove pessoas pelo 16º Batalhão da Polícia Militar de São Paulo que invadiu uma festa em Paraisópolis, no dia 1º de dezembro. Os jovens mortos pela PM não chegavam aos 30 anos. Além disso, assim como na Favela do Coliseu, a comunidade de Paraisópolis é localizada próximo de um bairro rico na capital paulista, o Morumbi. Após o massacre, um vídeo de uma reunião de moradores do bairro nobre com a polícia sugerindo a “destruição” do bairro vizinho viralizou na internet. O caso ocorrido nessa semana traz novamente à tona o debate sobre a organização criminosa que é a Polícia Militar. Com a ascensão de governos direitistas, essa instituição assume um caráter ainda mais violento contra a classe trabalhadora. Só em São Paulo, até outubro de 2019, a polícia sob comando de Doria acumulou 697 mortes em “confrontos”. Um órgão que atua dessa forma sobre a população, não é admissível em uma sociedade que se queira democrática.

Portanto, a discussão sobre a PM deve ser feita no sentido de exigir a sua imediata dissolução. E essa é uma pauta popular, ao contrário do que pensa a “esquerda de gabinete”. A população, principalmente das periferias, sabe que a PM é sua inimiga e, em muitos atos contra a violência, é possível ouvir o grito que pede o fim da Polícia Militar. Outra questão importante e que deve ser colocada como parte da solução é a organização de comitês de autodefesa nas comunidades. Já que o Estado não é capaz de oferecer a proteção que o povo precisa, visto que a violência parte dele próprio, a população deve estar organizada para enfrentar a ação repressiva dos órgãos responsáveis por fazer o “trabalho sujo” do estado burguês. Junto com essas exigências, é preciso destacar a questão do poder político que se encontra nas mãos da direita fascista. Assim, a mobilização popular deve ser impulsionada pela esquerda e pelos movimentos sociais no sentido de exigir o fim da Polícia Militar e do governo João Doria, além da derrubada do igualmente fascista Jair Bolsonaro da Presidência da República.

NÃO À PRIVATIZAÇÃO

DOIS MIL CASOS EM TRÊS SEMANAS

Petroleiros realizam hoje ato contra fechamento da Fafen-PR

Mais de 6 mil casos de dengue no Paraná desde agosto

Diante de todos os ataques aos petroleiros, a FUP vai discutir diversos atos na capital paranaense e uma greve nacional para defender os empregos

A Dengue é uma doença sazonal, ou seja, a lastima a tragédia social não é evitada apesar de ser anunciada, o problema não é regional, o Paraná não está entre os Estados mais pobres

A Federação Única dos Petroleiros (FUP), realiza hoje um ato em Araucária contra as demissões na Fafen-PR, em defesa dos direitos dos trabalhadores e da preservação dos empregos Uma série de atos regionais e uma greve nacional contra a decisão da direção da Petrobras de desativar a sua fábrica de fertilizantes nitrogenados em Araucária, no Paraná. Segundo o sindicato local, o fechamento da fábrica deve resultar na demissão de mil trabalhadores, sendo 396 diretos e 600 empregados terceirizados. Além da fábrica de fertilizantes, a Petrobras também está negociando a venda da Refinaria Presidente Getúlio Vargas (Repar) e da Usina do Xisto (SIX), ambas no polo de Araucária. Diante de todas as barbaridades que vem sendo promovida pelos golpistas contra a Petrobrás é necessário iniciar uma grande mobilização. A greve dos petroleiros pode significar a entrada em cena do poderoso movimento operário brasileiro. Ele deve ser apoiada não apenas em palavras, em discursos, mas com uma mobilização

O Paraná registrou mais de 2 mil novos casos de dengue em três semanas, segundo boletim divulgado pela Secretaria Estadual de Saúde (Sesa) nesta terça-feira (7). Desde julho de 2019, 5.343 casos da doença foram confirmados no Estado. O Brasil registrou 1.544.987 casos de dengue no ano passado, com 782 mortes, segundo dados da pasta, um aumento de 488% em relação a 2018. A Dengue é uma doença sazonal, ou seja, a lastima a tragédia social não é evitada apesar de ser anunciada, o problema não é regional, o Paraná não está entre os Estados mais pobres da federação, mas a política imposta pelo governo golpista e direitista de Ratinho Junior (PSD), de desmonte da saúde pública, não impede a triste recorrência do roteiro de moléstias, que se acentua-se drasticamente no governo do fascista Jair Bolsonaro. Dados do saneamento básico brasileiro denunciam, a triste realidade do trabalhador que é o mais afetado

que envolva de imediato os trabalhadores das empresas estatais que estão em vias de serem privatizadas, como os Correios,os bancos públicos, centenas de empresa no âmbito estadual. A unidade de um conjunto de categorias que estão sob o mesmo ataque é a base sobre a qual é possível erguer um grande movimento para por abaixo o golpe, pelo Fora Bolsonaro e todos os golpistas!!! Não ao fechamento da Fafen Contra as demissões, é preciso ocupar a fábrica e impor o controle operário da produção. Não as privatizações. Reestatização da Petrobras, sob o controle dos trabalhadores. Fora Bolsonaro.

pela negligencia do Estado burguês, 48% da população brasileira não tem coleta de esgoto, 35 milhões não tem água tratada, segundo o “esgotômetro”, medidor de esgoto despejado na natureza, mais de 1,5 milhão de piscinas olímpicas de esgoto foram lançadas ao meio ambiente no Brasil desde 1º de janeiro de 2019. A política de sucateamento e privatização das empresas de saneamento básico, são as principais causas da intensificação das doenças tipo Dengue, Zika, Chikungunya, que levam dezenas de óbitos da classe trabalhadora todos os anos, ainda que tal história seja anunciadas todos anos. A tarefa imediata para conter a dengue e todas as doenças que se abatem sobre a classe trabalhadora e mobilizar o povo pelo Fora Bolsonaro, não podemos permitir que o povo continue morrendo devido a total destruição da saúde e condições básicas de vida promovidas por um governo fantoche do imperialismo.


MULHERES E MORADIA E TERRA| 13

SEM ESCOLHA E SEM PODER

A guerra da direita aos métodos contraceptivos pra esmagar as mulheres Governo de direita retira resolução que dá acesso às mulheres ao DIU no sistema público de saúde, impedindo que enfermeiros possam fazer o procedimento Em um contexto de serviço de saúde precário, desemprego, ausência de perspectiva de melhoria das condições de vida das famílias, quando 50 % das gestações não são planejadas, o governo revoga a nota técnica que recomendava a colocação de DIU por profissionais de enfermagem nas unidades de saúde. As consequências desta medida, tomada sob pressão dos conselhos regionais de medicina (CRM’s)que buscam defender seus interesses corporativos, e vem ao longo dos anos restringindo a ação de outros profissionais da área de saúde, são ataques à saúde da mulher. Assim como em outras ocasiões, como no caso do programa Mais Médicos, sob o aplauso e apoio do governo pseudo- moralista e reacionário, a burocracia médica encastelada nos “seus” CRMs se coloca contra os interesses da população em geral e condena milhares de mulheres à ausência de controle sobre suas vidas e seus corpos. O simples cancelamento da nota técnica, dificultará em muito o acesso a este importante e eficaz método contraceptivo para os usuários do

SUS, sabidamente a população mais pobre do país, indo na contramão do que é realizado nos sistemas de saúde do mundo inteiro, inclusive nos países capitalistas mais desenvolvidos. O preparo dos enfermeiros e enfermeiras para a colocação de Dispositivos Intra-uterinos é reconhecido mundialmente, estando os profissionais da enfermagem legalmente habilitados para o procedimento. As consequências da medida impactam diretamente nos índices de saúde da população uma vez que a taxa de mortalidade materna no Brasil está muito acima da média mundial e muito além do estabelecido como meta pela organização mundial de saúde. As mortes decorrem muitas vezes de ausência de assistência pré-natal, de abortos provocados ou não, e também das consequências da mercantilização da saúde que em busca de maiores remunerações realiza partos cesárias em detrimento dos partos normais. No Brasil 57% dos partos são cirúrgicos enquanto a indicação seria de 10% a 15%, segundo dados científicos divulgados. Segundo Sônia Lansky, pediatra e doutora em Saúde Pública, o DIU co-

mo método contraceptivo apresenta 21 vezes menor a chance de falha em relação a outros métodos e deve ser estimulado e propagado por sua segurança e potencial de impacto na prevenção da gravidez indesejada e da mortalidade materna por abortamento inseguro. Desde o golpe de 2016, os números indicativos da deterioração do quadro de saúde da mulher brasileira tem se agravado imensamente. Um dos indicativos é o aumento da morte pós parto principalmente nas camadas mais pobres . Entre as mulheres negras a taxa de mortalidade chega ao a um patamar 300 % superior que entre as mulheres brancas. Além do risco de morte aumentado, as mulheres tem sido vítimas de incríveis retrocessos na sua autonomia e decisão em decorrência de medidas governamentais e resoluções técnicas que somadas às expropriam de sua autonomia e poder de decisão, como por exemplo os protocolos exigidos para que as mulheres tenham acesso aos dispositivos intra-uterinos fornecidos pelo SUS. Pode parecer mera incapacidade administrativa a situação exposta, ou

então apenas a influência governamental da ala religiosa que se diz pró-vida instalada nos postos de decisão, mas a questão vai muito além disto. Retirar a autonomia do povo, das famílias e em especial das mulheres no planejamento de suas vidas , na escolha entre gerar ou não uma criança é parte de um projeto de dominação. Pessoas sem escolha são alvos fáceis da ignorância e da limitação. São pessoas alijadas do poder de escolha, de luta e de crítica à sociedade que a oprime. Ao observar nos bairros periféricos a quantidade de mulheres com três , quatro, cinco ou mais filhos atrás de si, devemos nos perguntar qual o poder sobre suas vidas tem estas mulheres. Qual sua capacidade real de emancipação, qual sua condição de oferecer perspectivas melhores para sua família. A situação de aprisionamento é óbvia. Impedir a mulher de controlar sua vida é na verdade um ato de opressão e dominação , assim como todos os demais atos que impedem a emancipação e libertação do povo em geral. Este é o projeto de poder da direita e não uma mera questão moral ou corporativa da classe médica.

CRESCERAM 86% EM 2019

Em 2019, queimadas dispararam em todos os biomas brasileiros Governo Bolsonaro quase duplica o número de queimadas em comparação com o ano anterior, em todas as regiões No último ano a política ambiental do governo de Jair Bolsonaro foi desastrosa. As queimadas no ano de 2019 foram quase o dobro que no ano anterior. Órgãos de fiscalização tiveram cortes de verbas que impediram de cumprir seus papéis e o presidente ainda apoia publicamente a destruição, tanto do meio ambiente, quanto de tais órgãos. No total, em 2019, houve 318 mil km² de área florestal queimada, o que representa 86% a mais que o ano anterior. Destas áreas, a mais afetada foi, percentualmente, o pantanal, que, com 20.835 km² devastados, teve um aumento de 573% nas queimadas em relação ao ano anterior. De acordo com o site de notícias UOL, os percentuais de aumento de queimadas e as áreas são os seguintes: Pantanal – 20.835 km² (alta de 573% em comparação a 2018) Pampa – 1.398 km² (alta de 127% em comparação a 2018) Caatinga – 55.536 km² (alta de 118% em comparação a 2018) Cerrado – 148.648 km² (alta de 74% em comparação a 2018) Amazônia – 72.501 km² (alta de 68% em comparação a 2018) Mata Atlântica – 19.471 km² (alta de 46% em comparação a 2018)

As áreas atingidas pelas queimadas são equivalentes a 44,5 milhões de campos de futebol, o que equivale a mais que os Estados de São Paulo e Rio de Janeiro juntos. A situação no Pantanal tem agravantes, como o das queimadas terem

começado antes do período que geralmente ocorre e terminado somente em dezembro, além de os Estados não terem aparato adequado para o combate dos incêndios. No Cerrado e na Amazônia as queimadas também aumentaram muito, e

ao que tudo indica, no País todo, não se trata da combustão natural, pois a maioria dos focos de queimadas se deu em locais próximos a centros urbanos ou rodovias, o que implica a participação de interessados na devastação ambiental para fins, principalmente da pecuária, como apoia abertamente o presidente. O atual governo não possui uma política ambiental que não seja a devastação do meio ambiente em prol do lucro dos latifundiários. De acordo com Cássio Bernardino, analista de Conservação do WWF-Brasil, “Houve uma retórica governamental, uma mensagem de que o meio ambiente é um recurso que pode ser explorado de qualquer forma, e que a proteção pode ser uma ameaça o desenvolvimento. De outro lado, tivemos menos ênfase nos mecanismos de sistema de comando o controle. Tivemos menos fiscalização e menos equipes em campo” (UOL). Para que a destruição ambiental seja contida, antes que chegue a um ponto irreversível, é necessário que o governo entreguista de Jair Bolsonaro tenha fim, para isso é imprescindível a mobilização dos movimentos sociais sob a palavra de ordem de Fora Bolsonaro, enquanto ainda há o que ser preservado.ww


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