TERÇA, 4 DE JUNHO DE 2019 • EDIÇÃO Nº 5663
DIÁRIO OPERÁRIO E SOCIALISTA DESDE 2003
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Cresce a moblização
Categorias aprovam participação na greve do dia 14
Quem tem medo de Hamilton Mourão?
As manifestações de domingo do pessoal da CBF não foram menores do que as do 15 de maio. Elas foram muito menores do que qualquer outra manifestação desse pessoal, inclusive aquela que ocorreu na av. Paulista na véspera da eleição, quando Bolsonaro disse por telefone (!) que iria “despetetizar” o Brasil.
Centrão diz que o País está à beira do colapso O Brasil governado pelo fascista Jair Bolsonaro caminha para “um colapso social muito forte”. A afirmação é do presidente da Câmara dos Deputados, Rodrigo Maia (DEM-RJ) em entrevista publicada pelo jornal direitista O Globo na última segunda (3).
Só latifundiário: Bolsonaro exclui do CONAMA representantes dos trabalhadores, indígenas e cientistas No dia 28 de maio, o presidente ilegítimo Jair Bolsonaro assinou um decreto que reduziu de cerca de 100 para 23 o número de conselheiros titulares do Conselho Nacional do Meio Ambiente (Conama).
Novas eleições de Israel demonstram a crise do regime político do País Pouco mais de um mês depois das eleições que deram vitória apertada ao PrimeiroMinistro israelense, Benjamin Netanyahu, a crise no regime político de Israel se aprofunda.
FRACASSO DOS ATOS COXINHAS
Não dizer que coxinha fracassaram e deram um vexame seria falsificar a realidade D
omingo (26) Bolsonaro tentou repetir a marcha sobre Roma de Mussolini. Convocou manifestações no país inteiro em uma tentativa de se contrapor aos protestos que tomaram o Brasil no dia 15 exigindo a queda de seu governo. Esses novos coxinhatos foram um fracasso, e apenas serviram para expor a fraqueza do governo e afundá-lo ainda mais. Do ponto de vista dos trabalhadores, é hora de aproveitar para intensificar a campanha pela queda de Bolsonaro, que está prestes a cair. Rapidamente, no entanto, a imprensa golpista, que a princípio não apoiava os atos bolsonaristas, passou a vender a ficção de que os atos teriam sido relativamente grandes e apoiariam as reformas de Bolsonaro, como a da previdência. Escondem o fracasso dos atos e os apresentam como uma defesa de reformas rejeitadas pela esmagadora maioria da população. Manipulam os coxinhatos de Bolsonaro co-
mo fizeram com todos os coxinhatos até hoje. Mudaram a abordagem relativa aos atos dias antes de eles acontecerem, percebendo que se fossem muito pequenos revelariam a ampla rejeição popular não apenas a Bolsonaro, mas a todas as suas reformas e ao seu programa neoliberal como um todo. Isso seria um desastre para os capitalistas, que trataram de tentar evitá-lo. É preciso desmenti-los e apontar os protestos coxinhas como eles foram de fato: um fiasco da extrema-direita. Embelezar os coxinhatos só ajuda a imprensa golpista Diante do fiasco bolsonarista surgiu logo quem procurasse mitigar a derrota da extrema-direita. Por um lado, seria um erro apontar que as manifestações foram pequenas. Por outro, seria um “erro” indicar que a extrema-direita é composta por histéricos desquali-
ficados. O problema é que tanto uma coisa quanto a outra são a única forma objetiva de se referir ao que aconteceu no dia 26. Os atos foram pequenos, e os direitistas que apareceram eram coxinhas ensandecidos da pequena burguesia direitista. Não apontar isso só ajudaria a imprensa golpista a confundir a situação. Para constatar que os atos foram pequenos basta olhar as imagens. Quanto ao caráter coxinha dos atos, basta dizer que os coxinhas simplesmente reivindicavam a reforma da Previdência de Paulo Guedes, além de parte expressiva deles defender que Bolsonaro feche o Congresso e se torne o Führer do Brasil. Procurar disfarçar isso é fazer coro com a Rede Globo. E a Rede Globo está fazendo isso porque defende o mesmo programa econômico de Bolsonaro. Para defender esse programa, nesse momento a burguesia tenta impedir a polarização política na so-
ciedade. Está ficando claro e delimitado que, de um lado, uma minoria coxinha de extrema-direita defende o governo, enquanto a esmagadora maioria rejeita o governo, seu programa e quer sua queda. A direita golpista precisa obscurecer esse fato para evitar que a polarização se torne mais intensa, e que dessa forma a esquerda cresça, organizando grandes atos contra o governo, até que os golpistas sejam derrotados e todo o programa da direita vá por água abaixo. É preciso trabalhar, portanto, para que justamente a polarização política se amplie, e a oposição popular ao governo fique cada vez mais clara, e as mobilizações se ampliem nesse sentido. E para isso não se pode confundir o que aconteceu no dia 26. Em primeiro lugar, foi um ato coxinha cheio de fascistas. Em segundo lugar, foi um fracasso total, mais uma derrota do governo Bolsonaro.
OPINIÃO E POLÊMICA| 3 EDITORIAL
Quatro grandes atos: o que significam D
omingo (2) aconteceu o Festival Lula Livre na Praça da República. Com a participação de vários artistas solidários ao ex-presidente, o Festival lotou a praça em um grande ato com milhares de pessoas defendendo a liberdade de Lula. Mais uma vez, em menos de três semanas, um ato de esquerda reuniu uma grande massa nas ruas contra o governo Bolsonaro. Um dia antes, a Marcha da Maconha, na Av. Paulista, reuniu muito mais gente do que o ato coxinha do dia 26 a favor de Bolsonaro. No dia 30 e no dia 15, grandes atos nacionais lo-
taram dezenas de cidades com mais de um milhão de pessoas protestando contra o governo da direita golpista. Essa sequência de atos contra Bolsonaro e a direita golpista marcam uma progressão da mobilização popular contra os inimigos dos trabalhadores e seu programa de destruição do país. Esses dados da situação política atual demonstram uma forte tendência de mobilização contra o governo que precisa ser aproveitada. Os trabalhadores querem ir às ruas protestar contra o governo, a direita golpista e
todo o seu programa antipopular, incluindo reforma da Previdência, cortes na educação e muitas outras questões nacionais. O programa da direita é de destruição nacional, e os trabalhadores estão se levantando para resistir. Diante dessa situação, a esquerda precisa levantar um programa claro. É preciso dissipar a confusão política que ameaça as manifestações nesse momento e podem levar o movimento a um fracasso capaz de permitir à direita se consolidar e superar sua crise. Por isso é necessário levantar um pro-
grama de exigências capaz de unificar todos os pontos de oposição dos trabalhadores à direita golpista. É necessário colocar um programa claro, começando pela palavra de ordem: Fora Bolsonaro. E dar uma perspectiva política ao país de saída para a crise: eleições gerais já!, liberdade para Lula!, Lula candidato! Um programa político que dá um eixo geral para as mobilizações dispersas e organiza a luta contra o governo. A progressiva mobilização popular mostra que é possível impor esse programa pela luta dos trabalhadores.
O que vem misturado com um Cafezinho? N
o último dia 31 o jornalista Miguel do Rosário publicou um artigo em seu blog, O Cafezinho, no qual ele propõe alguns dos maiores absurdos já ditos pela esquerda a nível mundial em toda a história. E que, ao contrário do que alguém pode pensar, de autenticidade não tem nada. No texto intitulado “Considerações críticas sobre as manifestações da esquerda”, o articulista volta a defender que os grandes atos dos dias 15 e 30 foram, essencialmente, “em prol da educação”, escondendo seu caráter político abertamente contra o governo Bolsonaro. Não vamos nos estender nesse ponto, pois este diário já demonstrou em inúmeras matérias que os atos têm sido, com uma tendência cada vez maior, confrontos diretos pela derrubada de Bolsonaro. Porém, essa posição de Rosário está longe de ser a maior bizarrice exposta por ele no artigo. “Não sou contra manifestações de rua. Muito pelo contrário!”. Quando alguém começa uma frase assim, é porque sabe que está contradizendo seu próprio argumento, mas quer dar uma enganada nos mais incautos para justificar suas posições. E posições nada mais nada menos do que reacionárias. Ele realiza um longo (mas medíocre) malabarismo retórico para tentar explicar por que as manifestações populares não devem ser realizadas nos centros das cidades, mas nas periferias. E mais: não deveriam ocorrer em dias da semana, mas aos finais de semana (!). Primeiro, o blogueiro diz que os trabalhadores demoram muito tempo para conseguir chegar ao local do ato, pois vivem em zonas muito afastadas do centro. Vamos abordar esse aspecto mais abaixo, mas é preciso refutar o argumento de que os protestos no centro favorecem a direita, que consegue “encher uma manifestação” coxinha porque seus participantes moram perto de onde será o ato. O dia 26 demonstrou que a direita não consegue encher absolutamente nada sem que a burguesia esteja unida e coesa para fabricar artificialmente uma manifestação.
Depois, provavelmente para o espanto de seus próprios leitores, ele afirma que “a antiga tradição sindical que hegemoniza a maioria das manifestações progressistas”, que faz com que os atos sejam na “hora do rush”, apenas atrapalha o trânsito e não deveriam existir atos nos dias úteis (!!). É exatamente o que pensa a burguesia, a direita e os coxinhas. “Quem protesta em dia de semana é vagabundo que não gosta de trabalhar”,
pulação não gosta de manifestações. Ele se baseia em pesquisas da burguesia que mostravam, em junho de 2013, que houve uma “virada na opinião pública”, quando parte da população teria se voltado contra os atos. Mas basta lembrar da famosa enquete feita pelo apresentador José Luiz Datena no programa Brasil Urgente (tradicionalmente assistido por uma maioria conservadora), ao vivo, na qual a maior parte dos telespectadores votou a fa-
“esses protestos atrapalham o trânsito”, “estão prejudicando a economia do País” são algumas das reclamações típicas da coxinhada, incomodada com o povo que expressa sua indignação nas ruas, para todos verem. Isso, sem falar nos capitalistas, os maiores prejudicados com esse tipo de manifestação ou greve, uma vez que, se o seu empregado não está trabalhando, logo não está gerando mais-valia para encher seus bolsos. Não está gerando lucro para o patrão. Nosso blogueiro metido a guru, no entanto, acha que esse é um papo ultrapassado, pois a atual divisão do trabalho fez com que não haja mais fábricas nos centros e os trabalhadores possam trabalhar de casa. Ou seja, segundo ele, a produção não é prejudicada com essas manifestações. Como explicar, então, que, por exemplo, na greve geral de abril de 2017, quando 40 milhões de trabalhadores cruzaram os braços, a burguesia tenha calculado que o estrago tenha sido de R$ 5 bilhões para a economia nacional? Outro recurso encontrado pelo jornalista é apontar que boa parte da po-
vor dos protestos. Diante de todos esses “entraves” para alavancar o poder da esquerda, o que nos sugere o nobre interlocutor? Aí é que surge a suspeita sobre o que Miguel do Rosário estaria acrescentando em seu cafezinho. “Não seria hora de pensar em organizar eventos na própria periferia, de preferência em finais de semana?”, tal é o questionamento “inocente” do comunicador. “É uma ideia a se pensar, não?”, completa. Então, ele propõe “algumas mudanças no formato e nas estratégias”. Mas quais seriam essas mudanças? “Workshops profissionalizantes, cadastros para participação em ações políticas objetivas e, sobretudo, debates abertos”, responde. Leia em voz alta, caro leitor: UORQUI-XOPIS PRO-FI-SSI-O-NA-LI-ZAN-TES. O Cafezinho quer transformar atos políticos de combate ao Estado em feiras de negócios, de empreendedorismo para jovens! Além disso, ele quer trocar carros de som por “pontos de debate”. Mas de “debates sérios, consequentes, sobre a questão do comércio ambu-
lante, do uso do lixo, nutrição, economia doméstica, segurança pública e, sobretudo, emprego”. Mais uma vez: o que vem dentro do cafezinho? A questão é que Miguel do Rosário faz todos esses malabarismos para acentuar a política que vem defendendo já desde 2018: a “luta” através das instituições, esvaziando o conteúdo político dos atos de massa (ou melhor, impedindo atos de massa), sem protestos grandes e unificados para parar as cidades (e o País, uma vez que são muito importantes atos nacionais em uma única cidade, como a capital Brasília), sem contestação direta e radical ao regime político. Sem a “hegemonia” da classe operária e de seus partidos. Sem uma pauta definida, mas sim várias pautas menores e parciais. Sem que o povo desça o morro para fazer barulho na orelha da burguesia. Essa é a política, mal disfarçada, do abutre Ciro Gomes, do qual O Cafezinho virou correia de transmissão de ideias para confundir a esquerda. Trata-se de uma política direitista sob a máscara de uma esquerda “moderna”. Porém, de moderno esse discurso não tem nada. Os socialistas utópicos do século XIX tentaram colocar a sua política própria para a classe operária, assim como antes deles muitos indivíduos que sequer participaram das lutas concretas das classes oprimidas também tentaram guiar esses movimentos. Mas os métodos de luta foram criados historicamente. O que Miguel do Rosário tenta impor é uma compilação de besteiras propagadas pela esquerda pequeno-burguesa historicamente, e que sempre foram ignoradas pela luta dos explorados. Mas o que vem acompanhando o cafezinho? Não é pura alucinação do articulista. Ciro Gomes e sua garota propaganda, a deputada da Ambev Tabata Amaral, estão plenamente sintonizados com O Cafezinho. Sem luta nas ruas, respeito ao governo ilegítimo de Bolsonaro, eleições em 2022. Dentro em breve, Rosário estará sintonizado até mesmo com o PSDB, a Globo e o próprio Bolsonaro. Afinal, eles também detestam manifestações populares no centro da cidade em dias de semana. Atrapalham o trânsito.
4 | OPINIÃO E POLÊMICA
Por que Ciro Gomes não quer unidade com o PT O
ex-candidato presidencial pelo PDT, Ciro Gomes, a cada dia convence mais pessoas de que ele não é nada mais do que um direitista em pele de esquerdista. Ou trazendo para os dias atuais, um golpista escondido embaixo de uma pele bem fina de esquerdista. Tradicional político burguês, começou sua carreira no partido herdeiro da ditadura, o PDS, foi governador do Ceará no início dos anos 90 pelo PSDB e passou por vários partidos burgueses. Hoje ele está no PDT, difícil saber até quando. Fato é que Ciro Gomes não passa de um infiltrado na esquerda. Apresentado pela imprensa golpista como um nome da esquerda, ideia que parte da esquerda pequeno-burguesa comprou, ele vive dando pitaco de como a esquerda deveria agir, criticando “à esquerda” o governo do PT e Lula – governo do qual foi ministro -, em suma causando grande confusão no meio
da esquerda, principalmente entre setores mais atrasados politicamente. Defender a unidade com Ciro Gomes, portanto, é mais do que um erro, é na realidade uma política oportunista que procura trazer um golpista para dentro do movimento dos trabalhadores e do movimento contra o golpe em geral. Mais ou menos como fazer a unidade com o PSDB. Vale lembrar que a esquerda pequeno-burguesa, atrás da chamada frente ampla, está se articulando tanto com Ciro como com o PSDB. Guilherme Boulos “sentiu falta” de Ciro no 1º de Maio. Flávio Dino se reuniu com FHC. E tanto outros episódios envolvendo as articulações para a frente ampla, uma frente eleitoral e parlamentar que pelo próprio conteúdo procura dar sustentação para o governo fraudulento do fascista Jair Bolsonaro realizando uma “oposição responsável” e portanto consentida.
Não interessa unidade com golpista, nem aqueles que vêm com uma demão de tinta clarinha vermelha nem os tucanos, nem os verdes. A única unidade possível é aquela que se dá efetivamente na luta e nas ruas contra o golpe e todos os golpistas e pela liberdade de Lula. Dito tudo isso, a procura por uma aliança com Ciro Gomes por parte de setores da esquerda pequeno-burguesa como Guilherme Boulos e Marcelo Freixo (ambos do PSOL), Fernando Haddad (PT) e Flávio Dino (PCdoB) é um erro até mesmo do ponto de vista da unidade por si só. Já ficou claro que Ciro não quer unidade, não somente pela declaração em debate acontecido em Recife na semana passada, “unidade é o cacete”, ele disse, mas pela sua própria política. Já está claro que Ciro é um golpista, que defende o governo Bolsonaro nas principais questões. Sua correligionária, a deputada Tábatta Amaral – financiada pelo milioná-
rio Lemman – desejou: “É muito perigoso se não der certo (o governo Bolsonaro) […] porque se não der certo, tenho medo que as pessoas questionem a própria democracia”, em entrevista ao programa de Pedro Bial na golpista Rede Globo. Ciro Gomes e seu partido defenderam a intervenção militar no Rio de Janeiro. Ciro e seu partido não são contra a reforma da Previdência. Apenas para citar alguns exemplos. Como golpista, Ciro sustenta o governo e inclusive foi um dos cúmplices da fraude eleitoral que levou Bolsonaro à presidência. Por isso a aliança com Ciro Gomes é inviável. Ele não quer que fique claro que exista uma maioria contra o governo Bolsonaro mesmo do ponto de vista de uma opisição institucional, menos ainda, ele quer estimular a luta contra o governo. Por isso Ciro não quer unidade com o PT. Liberdade para Lula então, nem pensar, “o Lula tá preso, babaca!”.
GOVERNO ILEGÍTIMO
Enquanto Bolsonaro destrói o País, a esquerda brinca de esconde-esconde A
s manifestações do último dia 26 de maio, organizadas pela direita golpista, foram um fiasco completo e demonstraram o cada vez menor apoio ao governo fraudulento e ilegítimo de Jair Bolsonaro. Por outro lado, as mobilizações da juventude, dos professores, da classe trabalhadora, dos movimentos populares do último dia 15 e do dia 30 de maio, as quais tiveram como estopim os ataques do governo contra a educação, mas que se colocaram abertamente contra o golpe de estado e o governo ilegítimo de Bolsonaro, reuniram milhares de pessoas nas ruas de todo o país aprofundando ainda mais a crise política não apenas do governo, mas de todo o regime golpista. As mobilizações do dia 15 e do dia 30 de maio, não foram apenas contra “os cortes na educação”, mas se colocaram contra toda a política golpista de conjunto de destruição das condições de vida da população. Desde a queda da presidenta Dilma Rousseff, por meio do golpe de estado, o País vem sendo devastado pela direita e pelo próprio imperialismo. São inúmeros os ataques feitos contra a população desde o governo golpista de Michel Temer, como o congelamento dos investimentos públicos, os cortes e os ataques a cultura e a ciência, a privatização do patrimônio nacional, a reforma trabalhista, o aumento da repressão do estado contra a população pobre, o extermínio progressivo da população negra e pobre nas periferias, as mortes das lideranças e dos trabalhadores no campo, o ataque aos direitos e às liberdades democráticas, aqui se destaca a prisão política do ex-presidente Lula, a perseguição e o assassinato de lideranças de esquerda, como foi o caso da vereadora carioca Marielle Franco, etc.
O próprio Bolsonaro é consequência direta de todo esse processo golpista. Diante do cada vez maior repúdio popular ao golpe de estado, a crise dos setores da direita tradicional, como o PSDB, o imperialismo foi obrigado, por meio da fraude e da exclusão do principal candidato popular, a recorrer a um candidato improvisado da extrema-direita, uma manobra, que como vemos agora, foi e é muito arriscada. O governo ilegítimo de Bolsonaro, com muitas crises internas, mas que tem como objetivo impor o programa golpista do imperialismo no País, a política de terra arrasada, de destruição de todos os direitos da população, como a aposentadoria, de entrega total e completa da riqueza nacional, de repressão e extermínio da população mais pobre, de desmantelamento das organizações operárias, como os sindicatos e os movimentos populares. Ou seja, Bolsonaro está a serviço dos grandes capitalistas para destruir o país. As mobilizações do dia 15 e do dia 30 foram uma resposta a toda essa política de conjunto, foram a continuação de toda a luta que se desenvolveu no período anterior, contra o golpe de estado, contra a prisão de Lula. As palavras de ordem mais ouvidas nas ruas de todo o país foram o Fora Bolsonaro e a Liberdade para Lula. A despeito da cada vez maior revolta popular contra o governo golpista de Bolsonaro, as direções da esquerda pequeno-burguesa se negam a impulsionar essa perspectiva política do movimento, restringindo as reivindicações a questões secundárias, como os “cortes na educação”. Trata-se de uma política de total capitulação ao golpe e ao próprio bolsonarismo. Diante do medo e da consequente pressão fei-
ta pela burguesia e sua imprensa venal contra o fato da mobilização estar assumindo cada vez mais um caráter abertamente contra o governo golpista de Bolsonaro, a esquerda capitula e procura restringir o movimento, de maneira deliberada e organizada, às chamadas reivindicações pontuais. Isto ficou escancarado nos atos do último dia 30, nos quais, em várias cidades importantes, os companheiros do PCO foram proibidos de falar, de chamar pelo Fora Bolsonaro e pela Liberdade para Lula, assim como nenhuma liderança da esquerda pequeno-burguesa defendeu essas palavras de ordem. É preciso deixar claro que essa política adotada por determinados setores da esquerda pequeno-burguesa serve apenas para estrangular cada vez mais a mobilização, atendendo aos interesses da própria burguesia.
É necessário fazer uma campanha no sentido oposto, é necessário impulsionar em todos os lugares uma perspectiva política para o movimento. Tal perspectiva passa necessariamente pela denúncia da política golpista de conjunto e pela exigência da queda do governo Bolsonaro e de todos os golpistas. É necessário também se opor a política imposta pela burguesia e adotada por determinados setores da esquerda de tentar “silenciar” a reivindicação de Liberdade para Lula. A prisão de Lula é parte fundamental de todo o golpe de estado, a sua prisão política, a sua exclusão arbitrária do processo eleitoral, abriram caminho para a “vitória” da extrema-direita. É necessário, portanto, impulsionar uma perspectiva de derrota completa do golpe: Fora Bolsonaro! Eleições Gerais! Liberdade para Lula! Lula candidato!
POLÍTICA| 5
CRESCE A MOBLIZAÇÃO
Categorias aprovam participação na greve do dia 14 S
egundo o presidente da CUT (Central Única dos Trabalhadores), Vagner Freitas, declarou em entrevista à Rádio Brasil Atual “os (atos dos) dias 15 e 30 foram importantes na construção do 14 de Junho” e mostram que “temos força para fazer uma greve geral enorme”. Ainda o dirigente da maior organização sindical do País e principal entidade na preparação da greve geral, em sua recente visita ao ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, em Curitiba, o ex-presidente mostrou grande expectativa de que a greve geral “venha para barrar a reforma da Previdência. Esse governo foi eleito pelos banqueiros, que estão ávidos por esse filão bilionário da capitalização da Previdência.” De fato, as manifestações gigantescas dos dias 15 e 30, que levaram quase dois milhões de pessoas às ruas contra o governo Bolsonaro e seus ataques, tendo como palavras-de-ordem com maior apoio popular o “fora bolsonaro” e o “lula livre”, impulsionaram um clima de mobilização que se espalha por todo o País, nas mais variadas categorias de todo o País. Destacamos alguns exemplos de categorias importantes na mobilização geral dos trabalhadores e na realização de uma grande paralisação nacional, no dia 14 de junho, que sirva para impulsionar um greve geral de verdade, por tempo indeterminado, com os trabalhadores lutando por uma alternativa própria diante do agravamento da crise: a derruba do governo Bolsonaro e de todos os golpistas, a conquista da liberdade de Lula e de novas eleições, com Lula candidato. Petroleiros Os trabalhadores do Sistema Petrobrás estão rejeitando em assembleias por todo o País, por unanimidade a contraproposta apresentada pela empresa e suas subsidiárias, que desmonta o Acordo Coletivo de Tra-
balho e pavimenta o caminho para a e7656380-29ed-4074-b44c-7d6301e6f44dprivatização. As assembleias começaram esta semana nas bases da FUP e prosseguem até o dia 6 de junho. Segundo a entidade nacional dos petroleiros, a FUP (federação Única dos Petroleiros), “a categoria vai se mobilizar para garantir os direitos conquistados e impedir o desmonte da empresa” e essa luta “começa já, com a participação na greve geral do dia 14 de junho, indicativo da FUP que está sendo referendado massivamente pelos petroleiros nas assembleias“. Metalúrgicos ABC Segundo o Boletim do Sindicatos dos Metalúrgicos do ABC, o Tribuna Metalúrgica, os Metalúrgicos do ABC se juntaram a milhares de brasileiros que foram às ruas no último dia 30, na segunda mobilização do mês que reuniu trabalhadores, estudantes, professores e movimentos sociais. A iniciativa fez parte da preparação da categoria para Greve Geral do dia 14 de junho. O Sindicato já realizou assembléias em várias fábricas em que foi aprovada a paralisação e outras estão previstas para os próximos dias. A mesma situação se repete em centenas de categorias operárias, mostrando a tendência do setor mais combativo e decisivo da classe trabalhadora entrar em campo e abalar ainda mais o já combalido governo ilegítimo de Jair Bolsonaro. Professores No último dia 31, o maior sindicato do País, a APEOESP (professores estaduais paulistas), reuniu seu Conselho Estadual de Representantes reafirmou a convocação de toda a categoria para participação na greve geral do dia 14 de junho, conforme já aprovado em assembleia geral no último dia 15 de Maio.
Na reunião ficou estabelecido que as 93 subsedes devem convocar reuniões dos comitês de luta para organizarem a paralisação de todas as categorias e atos regionais no dia 14, além da participação na manifestação estadual que ocorrerá na tarde daquele dia, na Capital. A Corrente Educadores em Luta publicou 30 mil exemplares do seu Boletim nacional convocando a paralisação nas Escolas e Universidades e em todo o País pelo Fora Bolsonaro. O setor da Educação realizou duas grandes manifestações que deixaram evidente a evolução política à esquerda entre os trabalhadores e a juventude. Nelas predominaram claramente o entendimento de que para derrotar a ofensiva de Bolsonaro contra o ensino público, para barrar o roubo da Previdência etc. é preciso derrotar o governo Bolsonaro, inimigo da Educação e do povo brasileiro. Transportes Em plenária realizada no último dia 27, no Sindicato dos Metroviário de São Paulo, sindicatos e federações do setor do transporte se reuniram com dirigentes das centrais sindicais
no Sindicato dos Metroviários de São Paulo, e aprovaram a mobilização da categoria para a Greve Geral dos trabalhadores convocada para o dia 14 de junho. O Encontro teve a participação de cerca de 40 dirigentes. Além do próprio Sindicato dos Metroviários SP, compareceram ao encontro sindicalistas dos rodoviários (SP, Guarulhos, Santos, Sorocaba e ABC), ferroviários Central do Brasil-SP, trabalhadores em transporte de aplicativos de SP, Sindicato dos Metalúrgicos (SP), Sindicato dos Trabalhadores da Fiscalização dos Transportes (SP), Sindicato de Trabalhadores em Transporte de Carga (SP), Federação dos Trabalhadores dos Transportes (SP), Federação Nacional dos Metroviários, Confederação Nacional dos Trabalhadores dos Transportes Rodoviários, Confederação Nacional dos Trabalhadores em Transporte Terrestre e Logística. Na reunião foi aprovada a realização de uma nova Plenária nacional, no próximo dia 5 de junho, em Brasília, intensificar a coleta de abaixo-assinados contra a reforma da Previdência, e a distribuição de cartas à população nas estações de metrô e trem convocando a população a participar da Greve Geral.
6 | POLÍTICA
DIA 30
Grande vitória política contra Bolsonaro
U
m balanço dos protestos contra o governo no dia 30, seja em comparação com os coxinhatos do dia 26, seja como continuidade dos atos do dia 15, deve indicar o seguinte: uma
grande vitória da mobilização popular contra Bolsonaro e a direita golpista. Além da simples comparação em termos numéricos, com atos maiores no dia 30, tanto nas capitais quanto em
várias cidades menores, há também a comparação da forma com que os atos foram convocados. De um lado, os atos bolsonaristas tiveram apoio de dezenas de empresários e do próprio governo. A imprensa passou a apoiar dias antes, com a manobra de apresentar uma pauta menos anti-institucional para as manifestações. Mesmo assim, com imprensa, governo e capitalistas, além do dinheiro investido (caminhões de som, caravanas, cachê etc.), os atos bolsonaristas foram um fracasso e foram menores que os do dia 30. De outro lado, o ato do dia 30 teve apenas um chamado da UNE. Diferentemente do que aconteceu no próprio dia 15, nos grandes protestos contra Bolsonaro que inauguraram essa nova fase de oposição ao golpe nas ruas, não houve uma participação determi-
nante dos sindicatos de professores. Foram atos menos organizados, e que acabaram sendo imensos graças a uma aderência espontânea de amplos setores populares. Nesse sentido, os atos do dia 30 marcaram um avanço em relação ao próprio dia 15. Embora tenham sido menores, marcaram um avanço da mobilização e uma ampliação da adesão à oposição ao governo nas ruas. O governo é impopular, não tem apoio e é extremamente rejeitado. A tendência à mobilização contra o governo já era favorável antes, como analisava este jornal, e agora está plenamente concretizada e em franca evolução. É o momento de aproveitar a iniciativa tomada nas ruas para derrotar o governo e impor uma derrota À direita golpista capaz de reverter o processo começado às vésperas do golpe de 2016. Revertendo o golpe de Estado com novas eleições gerais e Lula candidato. Fora Bolsonaro!
OPOSIÇÃO
O que está por trás do “fica Bolsonaro”
D
esde o dia 15 de maio, ficou evidente que a derrubada do governo Bolsonaro é uma reivindicação popular, apoiada amplamente pelos setores que estão se rebelando contra os ataques dos golpistas. Com mais de um milhão de pessoas nas ruas clamando pela queda de Bolsonaro e com a crise interna profunda do próprio regime político, o governo se en-
contra praticamente liquidado. O único elemento que falta para que o governo caia de vez é que a mobilização dos trabalhadores e setores democráticos se amplie e se unifique em torno da palavra de ordem de “Fora Bolsonaro”. Na atual etapa, não sair às ruas decididamente para derrubar o governo é uma capitulação – na prática, serve aos golpistas como ferra-
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menta para salvar um governo em estado de liquidação. A oposição à palavra de ordem de “Fora Bolsonaro” corresponde, portanto, à política do “Fica Bolsonaro”. É, portanto, uma política contrária aos interesses dos trabalhadores e de colaboração com um regime político apodrecido. Como Bolsonaro é uma figura fascista e impopular, os setores da esquerda que defendem o “fica Bolsonaro”, obviamente, não anunciam explicitamente essa palavra de ordem. Ao invés disso, criaram uma série de malabarismos para justificar a injustificável sustentação do governo Bolsonaro. Dentre os vários discursos em defesa da permanência do governo Bolsonaro, podemos citar: o de que o país é um avião e Bolsonaro é o piloto, o de que ninguém tem nada a ganhar com a queda de Bolsonaro, o de que “Fora Bolsonaro” é uma palavra de ordem da burguesia, o de que fazer uma campanha pela queda de Bolsonaro seria repetir o que Aécio Neves fez com Dilma Rousseff etc.
Por trás de todos esses argumentos, há uma mesma orientação política: se a população morrer de fome e for massacrada pela repressão do Estado, se todas as empresas estatais caírem nas mãos do imperialismo, se todos os partidos de esquerda forem colocados na ilegalidade, a população deverá, como reação, aguardar pacientemente o ano de 2022 para tentar eleger algum político que, eventualmente, ponha fim a todos esses ataques. Além de desastrosa, a política do “Fica Bolsonaro” é, também, completamente mentirosa. Afinal, se Bolsonaro governar durante quatro anos e não encontrar nenhuma força em sua oposição, o regime político golpista se aprofundará ainda mais e a eleição de um candidato de esquerda se tornará ainda mais difícil. Os atos dos dias 15 e 30 de maio mostraram a forte tendência à mobilização. Os atos convocados por Bolsonaro no dia 26 de maio, por outro lado, mostraram a total desagregação da base social do governo. Por isso, é preciso ir para as ruas pelo “Fora Bolsonaro”, pela liberdade de Lula e por eleições gerais!
POLÍTICA| 3
PELA LIBERDADE DE LULA
Leia a carta de Lula aos participantes do Festival Lula Livre O
Diário Causa Operária reproduz abaixo a carta que o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva enviou aos participantes do Festival Lula Livre, que reuniu milhares de pessoas no último domingo (02) na Praça da República, em São Paulo. A carta foi publicada originalmente no sítio oficial do comitê Lula Livre: Agradeço de coração a cada uma e a cada um de vocês, artistas e público, que nesse 2 de junho fazem da praça da República a Praça da Democracia. Embora tenha o nome de “Festival Lula Livre”, sei que esse é muito mais que um ato de solidariedade a um preso político. O que vocês exigem é muito mais que a liberdade do Lula. É a liberdade de um povo que não aceita mais ser prisioneiro do ódio, da ganância e do obscurantismo. Esse ato é na verdade um grito de liberdade que estava preso em nossas gargantas. Mais que um grito, um canto de liberdade. O canto dos trabalhadores que não aceitam mais o desemprego e a perda de seus direitos. O
cantos dos estudantes, que não aceitam nenhum retrocesso na educação. O canto das mulheres, que não aceitam abrir mão de nenhuma conquista histórica. O canto da juventude, que não aceita que lhe roubem os sonhos, e da juventude negra em particular, que não aceita mais ser exterminada. O canto dos que ousam sonhar, e transformam sonhos em realidade. Boa parte de vocês que aí estão, artistas e público, felizmente não viveram os horrores da ditadura civil e militar instalada em 1964, essa que alguns querem implantar de novo no Brasil. Foi um tempo em que a luta contra a censura podia ser traduzida em canções que diziam assim: “Você corta um verso, eu escrevo outro”. Foi com muita luta que conseguimos acabar com a censura neste país. E não vamos aceitar essa outra forma de censura, que é a tentativa de acabar com as fontes de financiamento da arte e da cultura. Que não vamos aceitar a tentativa de censurar o pensamento crítico,
estrangulando as universidades. Se eles arrancam nossas faixas, nós escrevemos e botamos outras no lugar. E vamos continuar ocupando as ruas em defesa da educação, da saúde, públicas e de qualidade; das oportunidades para todas e todos; contra todas as formas de desigualdade e de retrocesso. Nossos adversários querem mais armas e menos livros, menos música, menos dança, menos teatro e menos
cinema. E nós insistimos em ler, escrever, cantar e dançar, insistimos em ir ao teatro e fazer cinema. Nada mais perigoso para nossos adversários que um povo que canta e é feliz. Que faz da arte e da cultura instrumentos de resistência. Vamos então à luta, sem medo de sermos felizes, com a certeza que o amor sempre vence. Um abraço, com muita saudade e a vontade imensa de estar aí, Lula
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Não pode Lula Livre? Por um movimento amplo e democrático! A
lguns setores da esquerda querem vetar o “Lula Livre” nas manifestações. Trata-se aqui de censura e enfraquecimento das manifestações que têm ocorrido contra o governo, manifestações que essa mesma esquerda apresenta sendo pura e simplesmente “pela educação”. Não à prisão, e depois de preso, a luta pela liberdade do ex-presidente Lula, foi a principal pauta da esquerda desde o impeachment de Dilma. Mobilizou centenas de milhares de pessoas em 2018. A condenação do ex-presidente foi um golpe sujo para impedi-lo de participar das eleições para eleger Bolsonaro. Trata-se aqui de três etapas do golpe: impeachment de Dilma, prisão de Lula, fraude eleitoral que elegeu Bolsonaro. A parcela mais politizada da esquerda estende ligação direta entre a prisão de Lula e o governo Bolsonaro. São os dois extremos da luta política
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no Brasil. Não é a toa o tamanho gigantesco que teve o Festival Lula Livre. Por isso, os atos contra os cortes na educação são a continuação da luta que a esquerda vem se empenhando
em realizar contra o golpe, e que neles vemos a repercussão do “Lula Livre”. Assim como querem impedir o “Fora Bolsonaro”, estão tentando censurar o “Lula Livre”. A esquerda representada
por Marcelo Freixo, cuja única pretensão são as eleições de 2020 e 2022, não que Lula nas manifestações para poder se aliar ao centrão. Pela mesma razão não pedem pela saída do atual governo e simplesmente fazem ameaças vazias. Os atos devem ser amplos, todas as palavras de ordem da esquerda devem estar presentes. Se determinado setor não está de acordo com Lula Livra, deve levar sua própria palavra de ordem e não querem censurar as demais. O caráter da mobilização para ser vitoriosa deve ser democrático, a censura em atos, seja contra palavras de ordem ou com as bandeiras dos partidos deve ser rechaçada. A aqueles que não gritam “esperemos até as próximas eleições”: seguiremos firmes na luta contra a direita. Fora Bolsonaro, Liberdade Para Lula e Eleições Gerais Já!
2 | EDITORIAL
MANOBRA
PCdoB se funde com partido golpista N
o final do ano passado, o Partido Comunista do Brasil (PCdoB) oficializou a incorporação do Partido Pátria Livre (PPL). O processo se deu, pois os dois partidos não atingiram a cláusula de barreira imposta pelos golpistas e que bloquearia o fundo partidário desses dois partidos. E agora no dia 28 de maio, o Tribunal Superior Eleitoral (TSE) aprovou a fusão. A entrada do PPL se revela uma manobra oportunista do PCdoB em aliança com partidos da burguesia e com partidos golpistas. O PPL é um partido formado por integrantes do antigo MR-8 (Movimento Revolucionário 8 de Outubro), que apesar do nome, não tem nada de revolucionário. No final dos anos 70, o MR-8 ingressou no PMDB com apoio do padrinho Orestes Quércia. Ficou mais de 30 anos como parte do PMDB apoiando ataques contra os trabalhadores e de apoio ao governo da direita e se posicionou contra a formação da Central Única dos Trabalhadores (CUT). Saiu das fileiras do
PMDB em 2009 para formar o PPL até ser incorporado pelo PCdoB em 2019. Apoiou a candidatura de Marina Silva em 2014 e realizou diversas alianças nas eleições, até se aproximar e participar do governo municipal de ACM Neto (DEM) em Salvador. Ou seja, é um partido golpista que esteve, na prática, em campanha pela derrubada de Dilma Rousseff e pela prisão de Lula. A oficialização da incorporação do Partido Pátria Livre (PPL) ao Partido
Comunista do Brasil (PCdoB) foi em um local muito simbólico e que exemplifica o que estamos afirmando nesta matéria. O ato de incorporação foi realizado na sede do Sindicato dos Eletricitários de São Paulo. O Sindicato dos Eletricitários de São Paulo, filiado à Força Sindical, teve papel fundamental dentro da luta política dos anos 1990 durante o processo da privatização do setor elétrico. Era presidido pelo pelego Antônio Rogério
Magri, que estava na campanha por Collor e, por isso, foi nomeado Ministro do Trabalho. Apoiou o plano de privatização de estatais na época e todo setor elétrico paulista. O sindicato nas mãos da Força Sindical até os dias atuais tem um simbolismo para a oposição a CUT e de apoio ao patronal. A fusão do PCdoB com partidos golpistas revela mais uma vez que possui uma política oportunista e que sempre as suas decisões são em benefício da direita e que atrapalham a luta contra os golpistas e o governo Bolsonaro. Nas eleições foi entusiasta e propagandista do “Plano B”, ou seja, contra a candidatura de Lula, visando apoiar o abutre Ciro Gomes. Apoiou a candidatura de Rodrigo Maia (DEM-RJ) para a Presidência da Câmara dos Deputados. Aliança com partidos da direita que apoiaram o golpe para criação de uma Frente Ampla e de “virar a página do golpe”. Essa política de aliança com partidos que apoiaram o golpe ou fazem oposição de fachada ao governo Bolsonaro levou o PCdoB a uma política cada vez mais direitista e um entrave na luta contra o governo Bolsonaro.
PRÓXIMO SÁBADO
Comitês de Luta Contra o Golpe convocam plenárias em várias cidades para discutir a greve do dia 14 E
m pelo menos 50 cidades do País estão previstas plenárias dos Comitês de Luta Contra o Golpe e o Fascismo para o próximo sábado, com o objetivo de preparar uma vigorosa intervenção da militância na greve geral do dia 14 e nos atos que ocorrerão ao final desse dia. Sem sombra de dúvidas, as gigantescas manifestações ocorridas no dia 15 de maio e que tiveram uma linha de continuidade no dia 30 do mesmo mês apontam para uma mudança qualitativa na situação política, em outras palavras, a polarização política iniciada com o golpe de 2016, depois de um acúmulo crescente em termos quantitativos, evoluiu para um novo patamar, expressando-se na sua forma mais acabada, que é a luta aberta entre a população e o próprio governo, materializada na palavra de ordem absolutamente predominante nos atos pelo “Fora Bolsonaro”, apesar da política de contenção imposta por um
amplo setor da esquerda pequeno-burguesa nas manifestações. É nesse quadro que a greve geral do dia 14 adquire uma importância ainda mais crucial, pois caminha no sentido de se tornar a porta de entrada da poderosa classe operária brasileira na cena política, em meio a crise colossal do próprio golpe de Estado e do governo do fascista Bolsonaro. O objetivo das plenárias dos comitês é justamente o de discutir a situação política do País e preparar a intervenção da militância na preparação da greve e na construção dos atos locais. Para isso, a coordenação dos comitês aprovou diversas medidas para que os comitês tenham uma atuação efetiva na semana que culminará com a greve geral, tais como: distribuir 500 mil panfletos convocando a greve e os atos a serem distribuídos em categorias sindicais, universidades, bairros populares, etc., colar 30 mil cartazes, produzir
10 mil pirulitos para os atos com cartazes pelo “Fora Bolsonaro” e a “Liberdade para Lula”, produzir bandeiras e faixas, produzir, ainda 150 mil declarações e 300 mil adesivos para os atos, entre outros ações. É com esse espírito que os Comitês de Luta Contra o Golpe e o Fascismo
já se mobilizam por todo o país para garantir a presença de um grande número de militantes nessas plenárias. O momento político por que passa o País exige atitudes decididas da parte de todos que lutam contra o golpe, pelo Fora Bolsonaro e pela Liberdade de Lula. Mãos à obra!
POLÍTICA | 9
GOVERNO MILITAR
Quem tem medo de Hamilton Mourão? Por Rogério Mattos*, no GGN JOGOS DE ESCALA
A
s manifestações de domingo do pessoal da CBF não foram menores do que as do 15 de maio. Elas foram muito menores do que qualquer outra manifestação desse pessoal, inclusive aquela que ocorreu na av. Paulista na véspera da eleição, quando Bolsonaro disse por telefone (!) que iria “despetetizar” o Brasil. Foram menores porque não tem mais lideranças em nenhuma delas. Os verde-amarelistas, esses neointegralistas, começaram mobilizando junto a Aécio Neves, Luciano Huck, atores da Globo, MBL e toda a fauna e flora que compõe parte da atmosfera pública do país. Na manifestação de domingo, o líder mais notório era o dono do puteiro que ano passado homenageou Sergio Moro e Carmen Lúcia enquanto exibia uma mulher nua. O que deve ser levado em conta é que os bolsominions de domingo bateram de frente com o Rodrigo Maia, com o Supremo, com o Congresso e com tudo. A favor apenas do presidente e, por causa do silêncio, também a favor das milícias. As manifestações, portanto, mais enfraquecem do que fortalecem o governo. A prova cabal é a aproximação de Bolsonaro com a Globo e o “chá da tarde” com Maia e Toffoli no dia seguinte. Qual motivo para “acordos” quando se tem o povo na rua te apoiando? Pequenas se comparadas com o 15 de maio, minúsculas se comparadas com o auge do verde-amarelismo, risíveis se comparadas com as lideranças que tinham e agora já não podem contar, seja por qual motivo for. O jogo de escalas demonstra o refluxo do golpe de maneira acentuada. Talvez no mundo real (não é o caso do mundo em que vivemos), o ímpeto para a derrubada de Bolsonaro deveria estar ainda maior após seus “acordões”. O ponto crucial, portanto, é que a conjuntura está, como nunca antes visto, adversa ao estado de exceção. Derrubar Bolsonaro não é somente empossar Mourão, mas sitiar ainda mais o estado de exceção que, em sua origem mais remota, pode estar tanto nas manifestações de 2013 quanto na eleição de Eduardo
Cunha para a presidência da Câmara em 2015. Desde essas duas datas, o executivo federal perdeu toda a força que teve nos anos anteriores. Talvez seja agora o momento em que o governo federal teve menos poder desde a redemocratização. Apesar da força dos golpistas no período e apesar também das “pesquisas de popularidade”, Dilma Rousseff tinha uma base social bem mais sólida do que Bolsonaro tem agora. Mourão, caso seja empossado, terá múltiplos problemas. Como demonstrado, não é por falta de acordos, de velha política, que o Congresso não aprova o fim da Previdência Social. Não há base para um pacote tão duro. Quando Temer aprovou a nefasta PEC do Teto e a Reforma Trabalhista, ele tinha acabado de herdar a máquina de moer gente de Eduardo Cunha. Logo depois, subiu no muro. Escapou da degola e da desmoralização completa com a intervenção tabajara no Rio de Janeiro. Essa foi uma “medida popular”, com a vantagem adicional de não colocar a eficiência do executivo à prova com nenhuma emenda constitucional. O que a micareta fascista (com figurantes pagos, muito dinheiro e muio pouca gente) mostrou é que, dentro da elite, que outrora contava com Aécios e tantos mais, Bolsonaro é o único que tem uma pequeníssima, mas talvez única base de apoio. Mourão não tem nada disso. Seu governo será um governo de crise. Se a subida de Bolsonaro trouxe à luz o caso das milícias, dos laranjais, da rede de fake news, etc., Mourão presidente tende a colocar não só o tosco militar (dizem que agora ele sabe falar; se isso é verdade, do pouco que fala, se fala bem, é porque é assessorado; sozinho, como já demonstrou, é uma desgraça parecido com seu superior hierárquico) na berlinda, como alvo de todos os questionamentos populares e também da ânsia de rapina das elites que não acham sua imagem no espelho desde que uma vez se elegeu o príncipe dos sociólogos. As Forças Armadas também serão ainda mais contestadas e será uma prova de fogo até que ponto estão a favor da política de destruição nacional do falido sistema neoliberal. Quanto mais se mexer no vespeiro do Golpe, mais suas máscaras tendem
a cair. Não há motivos para não defender o Fora Bolsonaro. Salve o PCO! PARLAMENTARISMO & PRIVATIZAÇÕES Saiu nos jornais de segunda-feira que Fachin suspendeu a venda de ações de refinarias da Petrobras, da unidade de fertilizantes Araucária Nitrogenados (Ansa) e da TAG (Transportadora Associada de Gás). Enquanto se debate se Bolsonaro caiu ou não, se o fim da Previdência Social irá ou não acontecer, quem tem mais poder de colocar gente na rua, etc., Paulo Guedes coloca em ação seu plano de vender todo o patrimônio público. Fachin suspendeu provisoriamente a privatização dessas unidades da Petrobrás por motivos formais, pela ausência de licitação… Num período em que todos os poderes constituídos estão enfraquecidos, atos como esses antes provam a necessidade de protagonismo de individualidades do que preocupação com a constituição ou com o país. O processo de privatização continuará a ocorrer com a velocidade máxima em meio à confusão do governo Bolsonaro. No mesmo momento, o almirante que comanda o Ministério de Minas e Energia diz queo Brasil não precisa mais manter o monopólio sobre o urânio. Se é fundamental o monopólio do petróleo, pelo menos do pré-sal, para o desenvolvimento nacional, o urânio é tão importante quanto para a indústria de defesa e para dar sustentação às pesquisas e investimentos para a melhoria de nossa matriz energética. Na noite escura do bolsonarismo, onde não se enxerga qualquer horizonte, o país é vendido como muamba em distantes encruzilhadas. Se a derrubada de Bolsonaro coloca medo em muitos por causa de Mourão, ficamos com duas escolhas: ou um Bolsonaro mais forte e autoritário, ou um executivo refém do Congresso. A pauta do semi-presidencialismo volta com força. Além do mais, Rodrigo Maia posa de independente para ser a vedete do mercado. A força do Congresso nos últimos anos é diretamente proporcional à atuação do estado de exceção. O problema específico do protagonismo do Congresso, ou seja, da con-
tinuidade do estado de exceção, não é Mourão, mas se descambar para um semi-presidencialismo, algo que ocorre de fato desde que não se governa com um presidente legítimo, ou seja, desde os tumultos que levaram à derrubada da Dilma. As pautas do super Congresso são essas: – EMENDAR A CONSTITUIÇÃO PARA QUE OS PRÓPRIOS CONGRESSISTAS POSSAM MEXER NO ORÇAMENTO; – LIMITAR O NÚMERO DE MEDIDAS PROVISÓRIAS, OU SEJA, LIMITAR O PODER DO BOLSONARO; – E BAIXAR DECRETOS LEGISLATIVOS PARA GOVERNAR E REVER DECISÕES DO BOLSONARO. O estado de exceção deve ser atacado como um todo. Enquanto não se fizer um ataque frontal a esse governo continuará o desmonte do país com as privatizações e a desmoralização definitiva do executivo federal com o semi-presidencialismo. O primeiro alvo é Bolsonaro. Manter esse governo somente enfraquecido, como pretende boa parte do legislativo, é optar por uma espécie de parlamentarismo com orientação mercadológica. Como diz o DCO, “os golpistas do Centrão perceberam que uma saída tão precipitada de Bolsonaro do governo seria uma profunda derrota da política dos golpistas contra a população. Estão unindo forças para impedir a desmoralização total do regime golpista”. A desmoralização total, contudo, não se dará somente com a saída de Bolsonaro. A desmoralização do programa golpista nas mãos de mais um de seus representantes (seja Mourão, seja quem for, a crise imagem da elite não os permitirá passar o rodo no país sem fazer um tremendo barulho), a contestação sistemática desse programa por quanto tempo ele ainda estiver em primeiro plano, e a luta, em médio prazo, para eleições livres, com Lula, tem que ser o horizonte de expectativas das forças progressistas do país. Fora Bolsonaro! Rogério Mattos: Professor e tradutor da revista Executive Intelligence Review. Formado em História (UERJ) e doutorando em Literatura Comparada (UFF). Mantém o site http://www.oabertinho.com.br, onde publica alguns de seus escritos.
10 | POLÍTICA
COLAPSO SOCIAL
Centrão diz que o País está à beira do colapso O
Brasil governado pelo fascista Jair Bolsonaro caminha para “um colapso social muito forte”. A afirmação é do presidente da Câmara dos Deputados, Rodrigo Maia (DEM-RJ) em entrevista publicada pelo jornal direitista O Globo na última segunda (3). Maia é hoje a principal liderança parlamentar do chamado Centrão – o bloco da burguesia nacional –, reforçando não apenas as profundas contradições entre os golpistas mas também a apreensão da direita com o crescimento das manifestações pelo Fora Bolsonaro expressa nos atos pela educação e contra a reforma da Previdência. O diagnóstico de Maia evidencia ainda o absoluto fracasso das manifestações pró-Bolsonaro ocorridas no dia 26. A burguesia nacional ligada ao Imperialismo financeiro talvez tenha sido a última a aderir ao projeto fascista encarnado por Bolsonaro nas eleições. Embora o grupo evangélico conservador estivesse na base do militar, até as vésperas do primeiro turno da eleição presidencial partidos inteiros como o DEM, PP, PPS ou Solidariedade mantiveram-se reticentes em apoiá-lo enquanto o establishment global ainda tentava manobrar com o movimento do Ele Não a favor de seu candidato preferencial, Geraldo Alckmin (PSDB). O tucano Alckmin, porém, carecia de qualquer base popular, enquanto Bolsonaro mostrava capacidade de mobilização alavancada pelo crescimento dos grupos fascistas ocorrido nos últimos anos. Tal base popular fixa – correspondente a não mais que 10% da população – parece ter sido o fiel da balança na afirmação do ex-capitão do Exército como candidato viável para os golpistas. Por outro lado, os fortes compromissos do núcleo duro bolsonarista com o Imperialismo trumpista, por assim dizer, alavancaram uma ruptura cada vez mais marcada entre os golpistas. De um lado, Bolsonaro e seu entreguismo de viés estadunidense, representado pelo confuso apoio de Olavo de Carvalho e seus asseclas. De outro lado, amplos setores da burguesia nacional, e o establishment do
Imperialismo financeiro global. A única concordância desses grupos parece ser, ainda hoje, a urgência em amainar a crise capitalista por meio de ataques predatórios à população brasileira, tirando seus direitos, perseguindo as organizações e lideranças populares, destruindo nos Estado, arrasando a Educação e a Saúde públicas, entregando nosso patrimônio natural e desmontando nosso aparato Estatal. Desde que Bolsonaro destruiu em janeiro os acordos comerciais com os Estados Unidos envolvendo o agronegócio – uma de suas primeiras medidas – abriu-se uma profunda contradição com setores ruralistas da burguesia nacional. Isso levou, no campo parlamentar, à ruptura da bancada evangélica com o presidente fascista e a uma permanente crise com o Centrão, cujo porta-voz passou a ser Rodrigo Maia desde fevereiro. À medida em que fica claro para os empresários do setor produtivo brasileiro que o projeto entreguista de Bolsonaro não os contempla, mais e mais ratos golpistas abandonam o barco do presidente. Sem apoio amplo da própria direita, Bolsonaro se mostra cada vez mais incapaz de aprofundar os ataques golpistas. Sem estabilidade política, não se concretizam os investimentos externos que garantiriam ao menos a ilusão de uma retomada da economia. Ao contrário: aprofunda-se a crise, aumenta o desemprego, cai o poder aquisitivo e o país dá mostras de que pode entrar em um ciclo recessivo. Por outro lado, os constantes disputas entre setores da própria direita apresentaram um cenário de acusações públicas mútuas que acabaram tornando claro para setores cada vez mais amplos da população o plano anti-povo de Bolsonaro, bem como a inépcia muar de seu gabinete ministerial. Desde o carnaval, povo cada vez mais toma as ruas exigindo a imediata deposição de Bolsonaro e todos os golpistas, bem como a liberdade para Lula. Apreensiva com tal polarização e com a iminência de mobilizações de
características revolucionárias, a burguesia do Centrão adverte a própria direita bolsonarista dos riscos da polarização política para seus planos. Apenas um grupo segue firme no apoio a Jair Bolsonaro: as lideranças da esquerda pequeno-burguesa. Tanto os grupos ligados aos governadores do PT e PCdoB, por um lado, como também a esquerda abutre hoje liderada por Guilherme Boulos (Psol) – acreditando que com o vazio deixado pelo PT auferirão bons resultados nas eleições de 2020 e talvez até de 2022. Insistem em manter o Fora Bolsonaro fora das manifestações. Fazem ouvidos moucos ao clamor popular pela liberdade de Lula. Tentam abaixar as bandeiras dos partidos nos atos. À medida em que sua postura capituladora se torna evidente, saltam de um pretexto para outro com a desenvoltura de paquidermes: “Não vamos pedir
a queda de um governo eleito” – dizia Boulos, como se a vitória de Bolsonaro não fosse fruto da prisão de Lula; “não vamos pedir a queda de Bolsonaro pois Mourão é pior”, balbuciam outros como se Mourão e outros militares já não estivessem empoleirados no poder. São apenas desculpas torpes que mal escondem seus interesses mesquinhos: manter-se em cargos públicos por meio das eleições burguesas, vender à burguesia a capacidade de confundir e refrear as manifestações populares. A realidade dos ataques da direita porém se impõe. Cada vez mais setores aderem ao movimento de construção de uma Greve Geral que exija o Fora Bolsonaro, a Liberdade para Lula e a imediata convocação de Eleições gerais comandadas pelo e não pelos golpistas. Todos às ruas na paralisação de 14 de junho!
MOVIMENTO OPERÁRIO | 11
MATO GROSSO
Polícia fascista do Mato Grosso invade sindicato dos trabalhadores dos Correios do estado N
o domingo, dia 02 de junho destes ano, a Polícia militar do estado do Mato Grosso, mostrando o caráter fascista que eles representam para os trabalhadores, invadiu a sede do Sintect-MT (Sindicato dos trabalhadores dos Correios do Estado do Mato Grosso), localizada na cidade de Cuiabá. Como bandidos, entraram no sindicato dos trabalhadores arrombando as portas, para ameaçar, agredir e roubar materiais sindicais da entidade dos trabalhadores no momento em que os trabalhadores que dirigem a entidade estavam realizando uma confraternização, após uma reunião que organizou a intervenção da categoria na greve geral marcada para o dia 14 de junho. Os polícias cometeram vários cri-
mes, como invasão de propriedade, ameaça de morte, lesão corporal e expropriação de material sindical. Como forma de mostrar que a polícia não respeita nenhum direito do trabalhador e de suas organizações, ainda conduziram os trabalhadores que estavam no sindicato com seus familiares até a delegacia de polícia. O Estado brasileiro depois do golpe de Estado de 2016, que retirou do governo uma presidenta legitimamente eleita, e ainda mandou prender de forma ilegal o principal líder sindical e popular do Brasil, Luís Inácio Lula da Silva, para manter o golpe, os direitos dos trabalhadores estão sendo pisoteados. A polícia brasileira vem sendo orientada para agir de forma explícita como força de repressão fascista contra os trabalhadores e suas organizações.
A invasão do Sintect-MT pela polícia fascista desse estado só deixa evidente a necessidade de todas as organizações sindicais se juntarem para lutar contra o golpe no país, derrubando os golpistas, a começar pelo presidente ilegítimo Jair Bolsonaro, levantando a campanha pela liberdade de Lula e todos os presos políticos, pois sem defender as arbitrariedades judiciais cometidas contra as lideranças do movimento social, a polícia vai se sentir mais forte para atacar vários sindicatos e organizações da classe trabalhadora. A greve geral marcada para o dia 14 de junho tem que colocar em evidência a luta contra o golpe, pelo Fora Bolsonaro e todos os golpistas, Liberdade para Lula, eleições gerais já, com Lula candidato.
FRIOS
Rio Grande do Sul, terceiro maior estado em relação aos acidentes e doenças do trabalho no Brasil E
m recente levantamento de dados realizado ao longo de um ano foram quase 60 mil acidentes de trabalho registrados no Rio Grande do Sul. Em uma média de 164 ocorrências por dia. O dado, que consta no Anuário Estatístico da Previdência Social referente a 2014. O Rio Grande do Sul está entre os três maiores estados do país em registros de acidentes e doenças do trabalho, perdendo somente para os estados de São Paulo em primeiro lugar com (37%) e Minas Gerais em segundo lugar com (10%), o estado corresponde a (7,96%) e o resultado dessa situação, todos os meses, em média morrem 11,39 trabalhadores. Só em 2015, foram ajuizadas cerca de 11 mil ações envolvendo acidentes e doenças na Justiça do Trabalho no RS. Apesar de o Ministério Público do Trabalho (MPT) considerar os acidentes e doenças do trabalho como parte de “uma guerra silenciosa”, na
verdade é uma guerra aberta e escancarada contra os trabalhadores por aumento do lucro, com as piores condições possíveis e imagináveis, com falta de manutenção, maquinários sem proteção, a exemplo do Coordenador estadual de Defesa do Meio Ambiente do Trabalho do MPT-RS, o procurador Ricardo Garcia que define como uma infração das empresas, com o impacto direto no trabalhador. Mesmo não havendo um levantamento específico sobre os abatedouros e frigoríficos no Rio Grande do Sul, ao menos mais recentemente, sabe-se que esse setor produtivo, tanto nos três estados do Sul, no Sudeste, principalmente em São Paulo e Minas Gerais, bem como na região Centro Oeste, em Mato Grosso, Mato Grosso do Sul, Goiás e Tocantins, etc., os principais responsáveis por tamanha tragédia contra os trabalhadores, sendo, inclusive o primeiro do ranking.
12 | JUVENTUDE
APROFUNDAMENTO DO GOLPE
Universidade do RN já vai mandar funcionários embora no próximo mês C
om o golpe de 2016 é o aprofundamento com o governo fraudulento de Jair Bolsonaro, a educação é um dos setores mais atingidos pela política do imperialismo implantada pelos golpistas. A Universidade Federal do Semi-Árido (Ufesa), já vai demitir funcionários terceirizados responsáveis por serviços de limpeza e segurança já neste mês, na Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN), também vai demitir 1,5 trabalhador em função do corte orçamentário de 30% na educação. Nas diversas universidades do Brasil, os impactos já serão sentidos no próximo mãe, porém a partir de outubro, terão que fechar as portas, não terão como cumprir contratos com despesas básicas como luz, água e alimentação. O reitor da Universidade Federal do Paraná (UFPR), Ricardo Fonseca, afirmou que a universidade fecha, no
segundo semestre que começa em agosto, se os cortes não forem revertidos. O momento é de mobilização principalmente diante do fiasco que foram as manifestações bolsonaristas no domingo, dia 26 de maio. A esquerda tem que aproveitar o fracasso e a instabilidade do governo ilegítimo de Jair Bolsonaro. Ou derruba o governo de conjunto, ou diversas universidades e escolas serão fechadas com os cortes generalizados da educação. As manifestações do dia 14 de junho, devem ser massivas como as do dia 15 e 30, para colocar em xeque o governo destruidor da educação, da saúde e de todo o povo brasileiro. Todos à greve geral não apenas de um dia, mais por tempo indeterminado para derrubar o governo inimigo do povo e da educação pública e gratuita. Fazer novas eleições e tirar Lula da cadeia.
ESCOLA COM FASCISMO
Direita quer proibir curso sobre o Fascismo na UFSB U
m partido político como grupo organizado, legalmente formado com participante voluntário, que tem orientação política, podem exercer o direito de se manifestar politicamente de forma organizada em qualquer lugar. Quiça, o espaço universitário é democrático e regulamentado por uma constituição que reza: “o espaço universitário seja respeitado e garantida e assegurada a liberdade de pensamento e reunião”. É preocupante a intolerância fascista com as matizes do pensamento crítico. No art. 5° da Constituição diz: é livre a manifestação do pensamento; no art. 1° inc.V pluralismo político. Com base em nossa constituição podemos exercer qualquer tipo de atividade política no interior de nossas universidades. A Universidade Pública é do povo. Nesta semana, na UFSB(Universidade Federal da Bahia), os organizadores do curso Fascismo: o que é, e como combatê-lo, do Partido da Causa Operária (PCO), sofreu ataque da extrema direita, instituindo o terror, perseguindo com o objetivo que o curso não ocorra. O fascismo, o velho inimigo do povo, que se levanta a medida que forças da extrema direita, com suas políticas reacionárias e intimistas, que buscam da força bruta para impor sua política esmagadora sobre o povo, nesse caso os estudantes. Fatos esses nos remete à Italia de Mussolini e à Alemanha de Hitler que fizeram o uso de milícias, do lupem recrutando para formação de um exército fascista, os quais torturavam , mas-
sacravam todos os que se manifestaram contra o regime. Os camisas negras, grupos fascistas, grupos que foram aproveitados e organizados por Mussolini, combateram as greves, os grupos socialistas que lutavam por melhorias para os trabalhadores. Na Alemanha de Hitler, aumentou a repressão aos partidos, cassando mandato de seus deputados, dirigentes foram presos ou perseguidos, agremiações estudantis foram proibidas, em 15/03/1930 o partido comunista foi proibido. Assim,com essa pequena exposição de fatos históricos, observa-se um total retrocesso político, com surgimento da tentava de implantação da “escola sem partido”, que inibe, proibe e persegue, qualquer tipo de manifestação política dentro das escolas , das universidades, diluindo direito democrático da livre expressão. É preciso confrontar a Escola com Fascismo”, denunciando, indo às ruas. Com faixas, bandeiras informando a populações mecanismos fascistas da extrema direita que impede os alunos ter livre acesso às informações e aos debates. É preciso ir às ruas, levantar a bandeira do Fora Bolsonaro e Liberdade para Lula, eleições já com Lula candidato, por que esse representa o povo brasileiro e teve seu direito retirado. Convidamos todos e todas a irem assistir o curso Fascismo: o que é, e como combate-lo, que será realizado nos dias 6 e 7 de julho, em Itabuna, extremo Sul da Bahia, na Universidade Federal da Bahia(UFSB).
NEGROS | MORADIA E TERRA| 13
NEGROS
Menos de 1% dos advogados de grandes escritórios são negros E
m pesquisa desenvolvida pelo Ceert (Centro de Estudos das Relações de Trabalho e Desigualdades) juntamente com a Aliança Jurídica pela Equidade Racial (FGV e escritórios de advocacia), chegou-se aos dados de que menos de 1% dos advogados em grandes escritórios são negros. De uma amostra de 3.624 pessoas dos maiores escritórios de São Paulo (BMA, Demarest, Leofosse, Machado Meyer, Mattos Filho, Pinheiro Neto, TozziniFreire, Trench Rossi Watanabe e Veirano), foi retirado de que, entre os brancos, 10,1% são estagiários e 48,3% ocupam altos cargos (advogados juniores, plenos, seniores ou sócios). Dentre os negros, 9,4% são estagiários, porém, menos de 1% ocupam os altos cargos.
Nesse sentido, a pesquisa expõe a desigualdade de condições econômicas para que os negros possam ingressar e continuar suas carreiras nesses grandes escritórios. Uma desigualdade histórica que se verifica na dificuldade de pagar as mensalidades do curso, na compra da roupa,
SÓ LATIFUNDIÁRIO
Bolsonaro exclui do CONAMA representantes dos trabalhadores, indígenas e cientistas
N
o dia 28 de maio, o presidente ilegítimo Jair Bolsonaro assinou um decreto que reduziu de cerca de 100 para 23 o número de conselheiros titulares do Conselho Nacional do Meio Ambiente (Conama). O Conama é responsável por avaliar a legislação ambiental e grandes projetos que impactam o ambiente e a população. Dentro dele havia vários representantes importantíssimos pra sociedade, porem no dia 28 o decreto assinado, representantes do movimento indígena, sindical, ongs e cientistas foram expulsos. Eles tinham um papel muito importante, pois eles que recusavam se
aprovar a mineração e exploração agropecuária em terras indígenas, privatização de unidades de conservação etc. Bolsonaro os expulsou para facilitar todos esses processos de destruição, e deixa bem claro que está aplicando um golpe no Conama. É preciso derrubar esse golpista antes que acabe com todos os departamentos do país, varios outros departamentos já sofreram com isso, Ministério da educação, Previdencia, entre outros. Esta bem claro que Bolsonaro e o ministro do meio ambiente são dois golpistas. Fora Bolsonaro e todos os golpistas!
do sapato, dos livros, alimentação, xérox, transporte, o que dificulta a continuidade da população negra no bacharelado e na carreira jurídica. Essa disparidade não se limita no curso de direito, porém, também verificam-se nos cursos elitizados da medicina e engenharia.
Apesar da luta do povo negro conseguir conquistar o direito de cotas raciais nas universidades públicas e, assim, conferir o acesso à educação superior, o governo do Bolsonaro e dos golpistas ameaçam esses direitos. Os parlamentares bolsonaristas no Congresso Nacional querem retirar o critério racional da Lei de Cotas, fora os cortes de 30% das verbas para a Educação, prejudicando todos aqueles que dependem de bolsas para a pesquisa. Em decorrência desse cenário político, do avanço das propostas neoliberais para o país, a desigualdade racial tenderá a se agravar visto que não só as políticas afirmativas estão sendo destruídas por esse governo, como também o direito básico à educação do povo está cada vez mais propenso a se tornar cada vez mais precário. É necessário, portanto, continuar com as mobilizações nacionais pelo Fora Bolsonaro e barrar nas ruas a ofensiva da direita golpista anti-povo.
14 | INTERNACIONAL
ELEIÇÕES
Novas eleições de Israel demonstram a crise do regime político do País P
ouco mais de um mês depois das eleições que deram vitória apertada ao Primeiro-Ministro israelense, Benjamin Netanyahu, a crise no regime político de Israel se aprofunda. Netanyahu, representante da extrema-direita ligada diretamente aos interesses imperialistas norte-americanos, não conseguiu fechar acordo no Parlamento para a formação do governo. A crise é tão profunda que o Parlamento votou por sua própria dissolução e decidiu convocar novas eleições. Até mesmo a burguesia imperialista e sua imprensa admitem um verdadeiro caos político. A crise ficou expressa na impossibilidade de unir os partidos da direita para o controle
das 120 cadeiras do Parlamento. A crise já tinha ficado escancarada na vitória apertada de Nethanyahu, que venceu com diferença 0,34% em relação ao segundo colocado, obteve apenas 26,45%. O momento que antecedeu as eleições foi marcado por denúncias de corrupção contra ele e sua esposa. E seu filho passou pelo escândalo de ter sido banido do Facebook por ter “propagado discurso de ódio” contra palestinos. Com as novas eleições, a crise deve se intensificar. A burguesia imperialista vê o seu principal enclave no Oriente-Médio se desestabilizar o que pode resultar em uma instabilidade generalizada na região.
CRISE INTERNA
Partido Social-Democrata rompe com Merkel e expõe a intensa crise do regime político alemão N
o último domingo (2), Andrea Nahles renunciou a líder do Partido Social Democrata (PSD), assim como de chefe de bancada no Parlamento. A crise nas eleições europeias abalaram o partido mais antigo da Alemanha (1863). A crise interna dentro da partido só aumentou com a crise europeia e a corda rompeu para o lado de Andrea. O PSD está há seis anos em uma grande coalizão com o partido de Angela Merkle, o Christlich Demokratische Union Deutschlands (União Democrata-Cristã da Alemanhã), e isso tem sido caso de um disputa interna entre a ala esquerda do partido e a ala direita que atualmente o lidera. O desempenho eleitoral do PSD vem decaindo cada vez mais, perderam as eleições em Bremem, estado dominado pelo partido a mais de 70 anos, e seu desempenho foi irrisório na Baviera e em Hessen. Além do mais, sua votação nas eleições para o Parlamento
Europeu foi igualmente pífio, obtendo 15,8%, 11 pontos a menos do que nas eleições de 2014. O partido de Merkel também encontra-se em crise. Annegret Kramp-Karrenbauer, atual líder do CDU desde o afastamento de Angela, está flertando com a extrema-direita do partido gerando um cisão interna do partido. A renúncia de Nahles pode por um fim à participação do SPD na coalizão, fragilizando ainda mais um governo já em crise, provocando novas eleições. A tendência política na Europa é de crise total dos partidos tradicionais. A queda drástica no desempenho eleitoral desses partidos vem sido acompanhada com a ascensão da extrema-direita como mostrou-se na últimas eleições para o Parlamento Europeu. Os partidos sociais democratas do velho continente continuam com sua velha política de conciliação com a alta burguesia, e por isso afundam junto com os partidos tradicionais diante da crise
do imperialismo europeu. A ausência de um partido revolucionário está dando espaço para os fascistas usarem-se da demagogia para crescer na crise. A renúncia de May no Reino Unido, a ascensão da extrema-direita
italiana e espanhola, o fracasso de Macron e a crise de Merkel são capítulos siameses da crise política europeia. Em todos esses capítulos nota-se a falência da social democracia europeia.
INTERNACIONAL| 15
PROCESSO GOLPISTA
Capacho do imperialismo, Bolsonaro oficializa embaixadora de mentira de Guaidó no Brasil U
m dos pontos centrais do processo golpista que está ocorrendo na Venezuela é criação de um poder paralelo artificial dos EUA no país, através da autodeclaração de presidente feita por Juan Guaidó, líder da extrema-direita. Os países imperialistas, todos, reconheceram-no como presidente legítimo da Venezuela, sem haver tido nenhum voto ou algo do tipo. Porém, para justificar a farsa, o fascista venezuelano começou a nomear embaixadores para os países aliados dos golpistas, que reconhecem a farsa – como é o caso do Brasil de Bolsonaro.
Hoje (4), o presidente fraudulento oficializou a embaixadora da Venezuela no Brasil nomeada por Guaidó. Maria Teresa Belandria Expósito foi recebida por Bolsonaro no Palácio do Planalto para entregar as cartas credenciais. O Brasil não tem nada a ganhar em participar da fraude e do golpe norte-americano na Venezuela. Muito pelo contrário, o Brasil tinha antes do golpe, uma relação de boa vizinhança com o país, o que permitia um crescimento econômico importante para o país. O fato só revela o capachismo de Bolsonaro, submisso aos interesses dos norte-americanos.
EFEITO DA VITÓRIA DA EXTREMA-DIREITA NA ITÁLIA
Crise interna do governo causa temor da burguesia pela polarização
E
m 2018, o primeiro-ministro italiano, Giuseppe Conte, ameaçou renunciar, em face dos atritos entre seu partido, o populista Movimento 5 Estrelas (M5S), e o Liga Norte (LN), de extrema-direita, do atual ministro do interior, Matteo Salvini. A questão foi que, embora o M5S tivesse sido a legenda que recebera, individualmente, mais votos nas eleições de março de 2018 (32,6%), e ficado atrás apenas da coligação de centro-direita, liderada pelo Força Itália, do ex-premiê Silvio Berlusconi, com a Liga Norte (37%) – que é, de fato, de extrema-direita, nenhum dos grupos obteve votação suficiente para governar, nem para, portanto, formar uma aliança que pudesse solidificar uma maioria no Parlamento. Apesar disso, uma ‘solução de consenso’ foi obtida, com a mediação do Presidente da República, Sérgio Mattarella, evitando-se novas eleições naquele ano. Em março de 2019, nas eleições regionais em Abruzzo, a Liga Norte obteve uma vitória esplendida sobre o M5S, obtendo 28% dos votos, o dobro do que obteve nas eleições legislativas de março de 2018. Se o M5E tornara-se o maior partido da Itália após as últimas eleições legislativas, nas eleições regionais, obteve apenas 19% dos votos, ficando atrás da oposição de centro-esquerda, que alcançou 31%. Embora permaneça como aliada do governo, que tem o M5E na liderança, a Liga Norte, nas eleições regionais fez campanha contra o ele. Na realidade, graças a essa aliança, o M5E vem perdendo força, enquanto a Liga aumentou muito seu consenso junto ao eleitorado, provavelmente graças ao estilo agressivo de Matteo Salvini. No final de maio, outra vitória da Liga de Salvini, que alcançou maioria nas eleições para o Parlamento Eu-
ropeu, mostrando definitivamente a força do partido. O partido de extrema-direita foi o mais votado no país, alcançando 34% dos votos, o dobro do que conquistou nas eleições gerais italianas de 2018. Nesse quadro, obteve, da mesma forma, quase duas vezes mais votos do que o M5S, que obteve 17,1%. O M5S, então, sofreu outra grande derrota e terminou em terceiro lugar, atrás do Partido Democrático (PD), que chegou a 22,7% de votos. A despeito de a aliança entre a Liga Norte e o M5S estar mantida, para o governo italiano, o fato é que Salvini aumentou a conta para não exigir a queda do governo e a convocação de novas eleições. Mas o que parece indicar certa estabilidade, com a sinalização de Salvini de não se movimentar pela derrubada do governo é apenas um simulacro da crise pela qual passa o país, a ponto de o Presidente da República chamar a atenção para o que considera um risco para o país – a sa-
ber, a polarização, motivo pelo qual pronunciou-se nos seguintes termos, mandando um recado claro para a Liga Norte: “Liberdade e democracia não são compatíveis com os que alimentam conflitos, com aqueles que pretendem criar oposições insanas, com aqueles que fomentam confrontos” A crise atravessa o sistema político e a economia, mas afeta, por isso mesmo, as instituições italianas de uma maneira determinante, alcançando as Forças Armadas e o Judiciário. Por isso, o Chefe de Estado decidiu manifestar-se chamando, como já fizera em 2018, à prudência, temeroso, repita-se, quanto aos movimentos da Liga e de seu líder, em face da força demonstrada nas ultimas eleições. Salvini objetiva, claro, garantir que o Conselho de Ministros tenha confirmadas nomeações de interesse de seu partido, nomeações chave. E, apesar de ter se comprometido a manter a aliança com o M5S, a verda-
de é que a Liga já articulou proposta importante com impacto no orçamento, sem consulta ao ‘aliado’. É esse tipo de provocação e de “teste’, promovidos pela Liga, que preocupa o Presidente e revelam a crise por que passa o país e que, após a vitória da extrema-direita nas eleições para o Parlamento Europeu, ficou exarcebada. Sérgio Mattarella é a própria voz da burguesia, que tem pavor da polarização. E a crise interna do governo tem potencial para levar o país a uma polarização bastante aguda. Então, a fala do Presidente indica o temor que têm de que Salvini, em algum momento, force a dissolução do governo, considerando a avaliação que a Liga tem de que obteria a maioria em novas eleições legislativas e, assim, poder governar sozinho. Mattarella, que é de centro-direita, coloca-se em oposição a Salvini por temer uma radicalização política, mas também porque a depender do movimento que o chefe da Liga Norte fizer, pode representar um golpe sobre o próprio presidente e seu partido. Por isso, há uma grande confusão nesse momento que precede a reunião do Conselho de Ministros, estando todos de olho em Salvini e em seu partido, envoltos, ao mesmo tempo, num turbilhão de fofocas, vazamento de documentos, acusações generalizadas, pressão, e mobilização nas redes sociais de apoiadores e adversários do líder de extrema-direita. O que está claro é que se fará tudo para evitar novas eleições legislativas, o que dependerá de muitos fatores, e pode ser determinante o papel do Presidente nesse sentido, sem garantias no entanto, pois a polarização já é um fato. A burguesia perdeu o controle e agora faz contenção de danos.
16 | CULTURA
COMEÇOU ONTEM
Theatro Municipal de São Paulo recebe concertos com entrada gratuita D
urante este mês de junho, o Theatro Municipal de São Paulo tem concertos de música clássica gratuitos em algumas segundas e quartas-feiras: dias 3, 5,10, 12, 17 e 26, sempre às 18h. Ao abrir suas portas, só a arquitetura do prédio do teatro é de deixar qualquer um de queixo caído e já vale a visita. A retirada dos ingressos deve ser feita uma hora antes do início das apresentações, no próprio teatro, na Praça Ramos de Azevedo, acessível por transporte público de ônibus e metrô, tanto pela estação República quanto pela estação Anhangabaú. Veja a programação: Recital de clarinete e piano 3 de junho Rafael Fonte, clarinete José Arthur, piano Programa JOHANNES BRAHMS Sonata nº 2 para clarinete a piano, Op. 120 I. Allegro amabile II. Allegro appassionato III. Andante con moto
MAURICE RAVEL Gaspar de La Nuit – Scarbo Oficina Música de Antiga 5 de junho Oficina Música de Antiga Recital de alunos das classes de Canto, Cordas Barrocas e Cravo Professores Marília Vargas, Juliano Buosi e Fernando Cordella Programa Obras de Henry Purcell, Georg F. Händel e Johann S. Bach Recital de Piano 10 de junho Thiago Kondo, piano Programa JOHANN S. BACH Toccata em Mi menor, BWV 914 JOSEPH HAYDN Sonata em Mi bemol maior, Hob. XVI/52 I. Allegro II. Adagio III. Finale: Presto MAURICE RAVEL
Jeux D’eau
Vitor Mastre, clarinete
Quarteto de cordas da OER 12 de junho *Repertório a definir
Programa FRANCIS POULENC Sonata para dois clarinetes, FP7
Recital de Música de Câmara – Quartetos de Mozart 17 de junho Pablo Cobello, flauta Patrick Sugahara, oboé Gabriel Meca, violino Samuel Dionísio, viola Natalia Bueno, violoncelo *Repertório a definir Alunos da Professora Marta Vidigal 26 de maio Natalia Oliveira, flauta Rafael Fonte, clarinete Geneses de Paiva, clarinete Samyr Imad Costa, fagote Júlio César Cruz, piano Programa WOLFGANG A. MOZART Quinteto com piano, KV. 452 Fhilipe Albuquerque Alancaster, clarinete
Diego da Costa Alves, violoncelo Júlio César Cruz, piano Programa JOHANNES BRAHMS Sonata n°1 para violoncelo e piano, Op. 38 Rafael Fonte, clarinete Júlio César Cruz, piano Programa MALCOLM ARNOLD Sonatina para clarinete e piano Quinteto de sopro Ventum Lucas Martins, flauta Patrick Sugahara, oboé Jéssica Gubert, clarinete Matheus Silva, trompa Danilo Barboza, fagote Programa RADAMÉS GNATTALI Suite para Quinteto de Sopro