Edição Diário Causa Operária nº5665

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QUINTA-FEIRA, 6 DE JUNHO DE 2019 • EDIÇÃO Nº 5665

DIÁRIO OPERÁRIO E SOCIALISTA DESDE 2003

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Parar o Brasil no dia 14

“Mobilização derruba o capitão, greve geral derruba o general”

Duas políticas opostas: aliança com o PSDB ou mobilização de massas pelo Fora Bolsonaro

Amplia-se a colaboração de petistas com os golpistas do PSDB

Desde o golpe de Estado de 2016, a direita golpista procura estabilizar o regime político em crise.

Ladeira abaixo ou ascenso das lutas? No dia 5 de junho, o portal GGN publicou um artigo intitulado “Zero a zero ladeira abaixo”. Assinado por Ricardo Capelli, o artigo defende, como argumento central, que os atos contra o governo Bolsonaro tiveram praticamente a mesma expressão que os atos a favor do governo Bolsonaro.

POLÍTICA

Burguesia pode querer remover Bolsonaro: eleições gerais já! Destruição da pesquisa científica: Bolsonaro corta mais bolsas, desta vez quase três mil

PSDB quer vender a água do povo: não à privatização!

Manuela D’Ávila: quem são os que votaram em Bolsonaro? PSTU quer censurar os atos em favor dos seus aliados golpistas

O Projeto de Lei 3261/2019, depois de aprovado (na terçafeira, 4) na Comissão de Infraestrutura, onde tramita em regime de urgência, deve ser votado nesta quarta (5), no plenário do Senado.


FRACASSO DOS ATOS COXINHAS

Não dizer que coxinha fracassaram e deram um vexame seria falsificar a realidade D

omingo (26) Bolsonaro tentou repetir a marcha sobre Roma de Mussolini. Convocou manifestações no país inteiro em uma tentativa de se contrapor aos protestos que tomaram o Brasil no dia 15 exigindo a queda de seu governo. Esses novos coxinhatos foram um fracasso, e apenas serviram para expor a fraqueza do governo e afundá-lo ainda mais. Do ponto de vista dos trabalhadores, é hora de aproveitar para intensificar a campanha pela queda de Bolsonaro, que está prestes a cair. Rapidamente, no entanto, a imprensa golpista, que a princípio não apoiava os atos bolsonaristas, passou a vender a ficção de que os atos teriam sido relativamente grandes e apoiariam as reformas de Bolsonaro, como a da previdência. Escondem o fracasso dos atos e os apresentam como uma defesa de reformas rejeitadas pela esmagadora maioria da população. Manipulam os coxinhatos de Bolsonaro co-

mo fizeram com todos os coxinhatos até hoje. Mudaram a abordagem relativa aos atos dias antes de eles acontecerem, percebendo que se fossem muito pequenos revelariam a ampla rejeição popular não apenas a Bolsonaro, mas a todas as suas reformas e ao seu programa neoliberal como um todo. Isso seria um desastre para os capitalistas, que trataram de tentar evitá-lo. É preciso desmenti-los e apontar os protestos coxinhas como eles foram de fato: um fiasco da extrema-direita. Embelezar os coxinhatos só ajuda a imprensa golpista Diante do fiasco bolsonarista surgiu logo quem procurasse mitigar a derrota da extrema-direita. Por um lado, seria um erro apontar que as manifestações foram pequenas. Por outro, seria um “erro” indicar que a extrema-direita é composta por histéricos desquali-

ficados. O problema é que tanto uma coisa quanto a outra são a única forma objetiva de se referir ao que aconteceu no dia 26. Os atos foram pequenos, e os direitistas que apareceram eram coxinhas ensandecidos da pequena burguesia direitista. Não apontar isso só ajudaria a imprensa golpista a confundir a situação. Para constatar que os atos foram pequenos basta olhar as imagens. Quanto ao caráter coxinha dos atos, basta dizer que os coxinhas simplesmente reivindicavam a reforma da Previdência de Paulo Guedes, além de parte expressiva deles defender que Bolsonaro feche o Congresso e se torne o Führer do Brasil. Procurar disfarçar isso é fazer coro com a Rede Globo. E a Rede Globo está fazendo isso porque defende o mesmo programa econômico de Bolsonaro. Para defender esse programa, nesse momento a burguesia tenta impedir a polarização política na so-

ciedade. Está ficando claro e delimitado que, de um lado, uma minoria coxinha de extrema-direita defende o governo, enquanto a esmagadora maioria rejeita o governo, seu programa e quer sua queda. A direita golpista precisa obscurecer esse fato para evitar que a polarização se torne mais intensa, e que dessa forma a esquerda cresça, organizando grandes atos contra o governo, até que os golpistas sejam derrotados e todo o programa da direita vá por água abaixo. É preciso trabalhar, portanto, para que justamente a polarização política se amplie, e a oposição popular ao governo fique cada vez mais clara, e as mobilizações se ampliem nesse sentido. E para isso não se pode confundir o que aconteceu no dia 26. Em primeiro lugar, foi um ato coxinha cheio de fascistas. Em segundo lugar, foi um fracasso total, mais uma derrota do governo Bolsonaro.


OPINIÃO E POLÊMICA| 3 EDITORIAL

Duas políticas opostas: aliança com o PSDB ou mobilização de massas pelo Fora Bolsonaro D

esde o golpe de Estado de 2016, a direita golpista procura estabilizar o regime político em crise. Durante o governo do golpista Michel Temer a popularidade do presidente ficou perto de zero. Agora, com Bolsonaro, apesar de o novo golpista ter uma base social o fenômeno está se repetindo: a impopularidade do presidente já é um dado evidente para o país inteiro depois do fracasso dos atos pró-governo do dia 26. Essa crise do governo Bolsonaro e da direita golpista, que é a crise política nacional, em geral coloca para a esquerda diante do problema de como agir nesse quadro. Há duas políticas diante desse problema que são opostas uma à outra. De um lado, há uma saída eleitoral e de conciliação com setores até mesmo da própria direita tradicional do regime político para se opor à extrema-direita representada pelos bolsonaristas e pelos militares. Uma frente ampla reunindo toda a oposição institucional

a Bolsonaro para uma política de oposição parlamentar. Uma ala do PT já entrou de cabeça nessa política. A chamada frente “Direitos já”, que reuniu tucanos e petistas (e lideranças de 10 partidos ao todo, contando PSOL e PCdoB) em um apartamento em São Paulo para discutir políticas em comum “contra Bolsonaro”, e as recentes reuniões de ex-ministros da Educação e do Meio Ambiente são indicações de como essa política está se desenvolvendo. Trata-se, ao mesmo tempo, de um resgate do PSDB, que praticamente morreu em 2018, e de um reconhecimento de que Bolsonaro teria que governar até 2022, pelo menos, independentemente do clamor popular nas ruas. De outro lado, há a política de mobilizar as massas contra o governo Bolsonaro, pela derrubada do governo. Uma mobilização capaz de derrotar a direita golpista e obrigá-la a retroceder, pela primeira vez desde o golpe.

Há uma tendência favorável à mobilização, conforme mostraram os atos dos últimos dias 15 e 30. A greve geral do próximo dia 14 deverá confirmar a força dessa tendência. O povo quer ir às ruas para se opor ao governo, e por isso sai às ruas em massa pedindo: Fora Bolsonaro! A política de se unir aos tucanos só serve para salvar o PSDB e fortalecer a direita, além de reconhecer o governo ilegítimo de tal forma que ele possa ter tempo para assentar suas lutas internas, contornar a crise e finalmente se consolidar. Enquanto a política de levar a população às ruas com um programa claro, exigindo a queda do governo, pode efetivamente levar a uma vitória contra a direita golpista, especialmente com a mobilização em torno de greves gerais. Uma é o contrário da outra. A conciliação com os tucanos em torno de uma oposição parlamentar não tem palavras de ordem, mas se tivesse se-

ria a seguinte: fica Bolsonaro! A aposta fica para 2022, caso a extrema-direita ainda ache necessário realizar eleições a essa altura. É a negação do que os trabalhadores estão pedindo quando saem às ruas em atos massivos contra a direita golpista. Já a política expressa por Fora Bolsonaro! apresenta um eixo político para unificar todas as frentes em que os trabalhadores estão se opondo ao governo, seja pelos cortes na educação, seja contra o roubo das aposentadorias, seja por qualquer outra das inúmeras reivindicações que expressam uma rejeição ao governo. Enquanto a conciliação com os tucanos é uma capitulação diante da direita, a oposição ao governo nas ruas é uma alternativa capaz de derrotar todo o programa da direita de uma vez. Para isso, é preciso mobilizar os trabalhadores com um programa claro rumo à greve geral do dia 14: Fora Bolsonaro! Liberdade para Lula! Eleições gerais já! Lula candidato!


4 | OPINIÃO E POLÊMICA

MANUELA D’ÁVILA

Quem são os que votaram em Bolsonaro? M

anuela D’Ávila está fazendo um giro pelos países europeus falando do seu ponto de vista sobre a política brasileira. Atualmente em Paris, ela deu uma entrevista para a Rádio França Internacional (RFI). Nessa entrevista ela expôs a política de conciliação que o PCdoB e outros setores da esquerda estão tentando fazer com a direita tradicional, apelidada de centrão. Ela começou ressaltando a necessidade de fortalecer a democracia brasileira, que para a esquerda pequeno-burguesa, na verdade significa procurar acordos com o DEM, PSDB e outros partidos do centrão. “É preciso dialogar com quem não votou na nossa candidatura, e com aqueles que não foram às urnas, que representam quase um terço do povo brasileiro. É preciso dialogar mesmo com os que votaram em Jair Bolsonaro, porque nós não podemos nos resignar com o discurso radicalizado de enfrentamento ao governo. Nós queremos voltar a governar o Brasil e para isso é preciso construir maioria. Para impor derrotas ao governo, é preciso construir maioria.”

Não se trata aqui de uma aliança em comum com o típico eleitor arrependido, ou com os confusos que votaram em Bolsonaro sem fazer a menor ideia de quem era o homem. Sua declaração, assim como as que fez previamente, vão no intuito de “construir uma maioria” institucional, que só é possível com o apoio da direita. A mesma direita que elegeu Bolsonaro por falta de um candidato com base social, agora vê-se com presidente impopular e incontrolável. A esquerda quer aproveitar essa cisão entre a direita para se aliar com os setores que ela julga “mais progressistas”, que nada mais é do que o setor mais controlado e mais articulado da burguesia. Esse setor está diretamente ligado ao imperialismo e foi a peça principal na derrubada de Dilma, na prisão de Lula e no resultado das eleições. É o setor que detém a imprensa e a maior quantidade de recursos para levar a cabo suas pautas políticas. As pautas econômicas de Bolsonaro são impostas por essa parcela da burguesia, o presidente nesse sentido é um subalterno, a única coisa que impede, de certa maneira, seu impeachment,

é a urgência de aprovar a reforma da previdência. O PCdoB, o Psol, e a ala mais direitista do PT estão desesperados para fazer alianças com essa ala “democrática” da burguesia e formar uma “maioria”. Nem que por isso queimem o que restou do PT. No Rio de Janeiro, Washington Quaquá (presidente do PT no estado) e Marcelo Freixo (Psol), rifaram a candidatura de Benedita da Silva (PT), para que pudesse se criar um acordo com o PDT. Uma esquerda que só tem interesses eleitorais, e que em nada consegue representar os anseios populares. Manuela deixa ainda mais claro quando diz que: “O que acontece no Brasil é muito grave. Não é uma questão de esquerda ou direita. É uma ameaça ao povo brasileiro, é uma ameaça a quem pensa diferente.” Para ela devemos esquecer os grandes culpados por trás da situação brasileira que é a direita tradicional, e nos aliarmos com eles, em uma aliança nada vantajosa, nós entramos com a população e eles entram com as pautas políticas, as mesmas de Bolsonaro

porém com um verniz fajuto de democracia e progressismo. Manuela e o resto da esquerda pequeno-burguesa não quer aliança com os que votaram inconsequentemente em Bolsonaro e agora estão arrependidos, mas sim com os que elegeram Bolsonaro para entrar num grande acordo eleitoral. A tão falada democracia não passa de mais uma capitulação perante a direita causada pelo vício eleitoral mortal das direções.

GOLPISTAS

PSTU quer censurar os atos em favor dos seus aliados golpistas D os partidos da esquerda pequeno-burguesa que se colocaram a favor do golpe de Estado o PSTU foi o mais claro em sua aliança com a direita golpista. Defenderam o golpe contra Dilma, defenderam a prisão de Lula e agora mantém sua posição golpista. Continua negando a existência do golpe e continua defendendo que Lula deve estar preso. Guardadas as proporções de seu tamanho e importância na situação política, o PSTU é cúmplice do governo Bolsonaro. Dito isso, fica mais fácil de entender politicamente a posição do PSTU no artigo assinado pela juventude do partido “Lula livre não representa os atos em defesa da Educação”. O artigo critica o discurso de Gleisi Hoffman durante o Festival Lula Livre em que diz que a defesa de Lula está ligada à luta pela educação. Segundo o PSTU isso seria “impor a pauta Lula Livre” nas manifestações. Uma posição similar à da imprensa golpista brasileira que tem insistentemente feito campanha contra a presença do PT e da defesa de Lula nas manifestações. Em editorial do dia 1º de junho o Estado de S. Paulo diz: “Gleisi Hoffmann, subiu num carro de som, prometeu mobilização permanente nas ruas e desafiou o pre-

sidente Jair Bolsonaro: ‘Nós não temos medo de você’. Já o líder petista Rui Falcão celebrou a manifestação dos estudantes dizendo que “hoje é dia de Lula”, sem explicar exatamente o que os cortes na área de Educação têm a ver com o presidiário petista”. Assim como o Estadão, o PSTU não quer a luta pela liberdade de Lula nas manifestações. Mantendo sua coerência golpista, o PSTU quer censurar as palavras de ordem nos atos para ajudar seus aliados da direita. Segundo o PSTU golpista, “Se por um lado cada manifestante ou organização deva ter toda liberdade de levar a reivindicação que for às ruas, por outro, essa política da direção do PT seria um verdadeiro desserviço à luta contra os cortes na Educação pelo governo Bolsonaro e a reforma da Previdência.” Ou seja, o PT pode falar o que quiser, mas isso seria um “desserviço à unidade”. Deveríamos perguntar ao PSTU: “unidade com quem?” E a resposta só pode ser uma: com a direita golpista que também não quer defender Lula. O PSTU, como cúmplice do golpe, tem também sua responsabilidade pelas medidas dos golpistas: a reforma da Previdência, os cortes na educa-

ção e a própria chegada de Bolsonaro à presidência. Mas agora, dentro dos atos que lutam contra tudo isso, aqueles que foram cúmplices querem dizer qual seria a política correta dentro dessas manifestações. O PSTU acha que a luta pela liberdade de Lula não unifica. Esta é na verdade a maneira ensaboada de dizer que defende a Lava Jato bolsonarista e to-

dos os golpistas. “O PT, diante da seletividade da Justiça, acaba defendendo a impunidade. O PSTU, ao contrário, defende a prisão e o confisco dos bens de todos os corruptos e corruptores, e por isso não faz parte do movimento Lula Livre.” Propomos ao PSTU ir nas manifestações defendendo abertamente a prisão de Lula, será que essa política unificaria todos os presentes?


POLÍTICA| 5

PARAR O BRASIL NO DIA 14

“Mobilização derruba o capitão, greve geral derruba o general” E

m todo o País crescem os preparativos para mobilização nacional do dia 14 de junho, “greve geral”. Em praticamente todos os Estados estão se realizando Plenárias de sindicalistas e, principalmente, assembléias de trabalhadores das mais diversas categorias para deliberar a participação na greve e organizar a mobilização. Sindicatos fundamentais na luta dos trabalhadores do País, como os do Metalúrgicos do ABC, a APEOESP (professores estaduais de SP), dos Petroleiros (ligados à CUT), dos trabalhadores dos transportes, dos Bancários – entre outros – realizaram ou estão realizando assembléias com grande participação e apoio dos trabalhadores à paralisação contra o governo. Os encontros sindicais refletem claramente uma enorme pressão positiva que vem das bases, dos trabalhadores em seus locais de trabalho a favor da mobilização, o que se intensificou depois dos enormes atos dos dias 15 e 30 passados, em que centenas de milhares de pessoas foram às ruas de todo o País contra o governo de Jair Bolsonaro. Nos últimos dias estes encontros se multiplicaram e vem agrupando centenas de dirigentes e ativistas, como aconteceu em São Paulo, na última terça feira (dia 4), com a presença de cerca de 300 pessoas e como os diversas reuniões realizadas com sindicalistas do setor de transportes, como a que foi realizado ontem no auditório Nereu Ramos, da Câmara dos Deputados, em Brasília, com representantes do ramo de transportes de todo o País reunidos para de-

finir a adesão à greve geral do dia 14 de junho. A Central Única dos Trabalhadores está divulgando diariamente um calendário destacando algumas das próximas reuniões gerais para organizar a paralisação, como é o caso da II Plenária Estadual Unificada de Pernambuco, que acontece hoje em Recife, às 16h, na sede do SINDSEP (R João Fernandes Vieira, 67 – Boa Vista). Os encontros, de um modo geral, refletem além do clima favorável à mobilização, a resistência de setores dirigentes do movimento sindical e da esquerda pequeno burguesa e burguesa à política de enfrentamento com o regime golpista que vem das mobilizações que adotaram, em alto e bom som, como palavras-de-ordem centrais o “fora Bolsonaro” e o “lula livre” que expressam claramente a necessidade unificar a mobilização em torno de uma política que se dirija à derrubada do governo ilegítimo de Bolsonaro, Mourão e Cia. Essa política se expressa, entre outros, na defesa, principalmente pelo PCdoB – também representado por sindicalistas da CTB e dirigentes estudantis – da chamada “frente ampla”, uma aliança da esquerda com setores da burguesia golpistas para supostamente encontrar uma saída para a grave crise do País e defender sua “soberania”. Concretamente, significaria conter as tendências de luta pela derrubada do governo, em prol de uma suposta unidade (que já vem se dando da parte dessa ala da esquerda) com setores golpistas, hostis à defesa dos interesses do povo brasileiro,

e até da direita (como Rodrigo Maia, do DEM, FHC e outros dirigentes do PSDB) e outros setores que apoiaram o golpe, e todo tipo de ataque contra os trabalhadores (“reforma” trabalhista, PEC 95 etc.), bem como a abutres que posam de “esquerdistas”(como Ciro Gomes, PDT e setores do PSB), que também votaram pela derrubada de Dilma, apoiaram ataques de Temer e até comemoraram a condenação fraudulenta e prisão ilegal de Lula, para encontrar uma saída comum. A situação mostra a importância de generalizar as conclusões de uma ampla camada do ativismo da luta dos explorados, a partir da luta política e da experiência desenvolvidas no último período, que levam à conclusão de que não bastam as lutas isoladas e por questões imediatas, contra os ataques do governo golpista, que é preciso enfrentar essa situação com uma políti-

ca própria, não ficando à reboque das alternativas da burguesia diante da crise. que é preciso deixar para trás a política de conciliação e entendimento com os golpistas, por meio de uma ampla mobilização pela derruba de Bolsonaro e de todos os golpistas, pela convocação de eleições gerais, com Lula em liberdade e Lula candidato. Contra o espantalho apresentado por um setor da esquerda, que aponta – sem qualquer consideração sobre a evolução da luta das massas – que não se deve propor a queda de Bolsonaro porque isso apenas serviria para levar a um governo ainda mais direitista, comando pelo general Mourão, levantar o lema apresentado pelo companheiro petista, Raimundo Bonfim, dirigente nacional da Central de Movimentos Populares (CMP), na Plenária de São Paulo: “mobilização derruba o capitão, greve geral derruba o general”

COLABORAÇÃO PETISTA

Amplia-se a colaboração de petistas com os golpistas do PSDB R

eunidos em evento na USP no último dia 04 de maio, seis ex-ministros da educação assinaram carta em conjunto, supostamente em defesa da educação pública. Entre os signatários da carta estão ex-ministros dos governos Collor de Mello, Itamar Franco e FHC, todos defensores da primeira onda neoliberal no país, nos anos 1990 e ainda o ex-petista e ex- ministro de Lula, Cristovam Buarque, um defensor de primeira hora do golpe de Estado no Brasil, do impeachment de Dilma e da política de perseguição e prisão de dirigentes do PT, a começar pelo próprio Lula. Está obvio que não se trata de uma política de defesa da Educação, mas de uma ação de maior envergadura que visa se contrapor as mobilizações em curso no país contra o governo Bolsonaro e contra o próprio golpe por uma política aberta de colaboração com o próprio golpe na tentativa de canalizar as lutas em curso para o campo institucional, via Congresso Nacional e ao fim e ao cabo, ser um instrumento de sustentação e estabilização do novo

regime político instaurado pelo golpe de 2016. A política de colaboração de petistas com golpistas do PSDB e de outras matizes não começou pela Educação. No início do mês de maio ocorreu um encontro similar entre ex-ministros do Meio-Ambiente, este com o “propósito” de apontar uma “saída” para a questão ambiental diante da política destrutiva do governo Bolsonaro. Tanto em um caso como no outro, trata-se de uma farsa. Aliás, ao que tudo indica, em seguida veremos iniciativa da mesma ordem para a economia, para justiça, para a saúde e assim por diante. A movimentação em curso faz parte da política da esquerda pequeno-burguesa de virar a “página do golpe”, com a constituição de uma frente ampla, que iria do PT, passando pelo PCdoB, por partidos da esquerda burguesa, pelo partido artífice do golpe, o PSDB, e se estenderia até mesmo ao centrão, com tudo desembocando nas eleições de 2020 e 2022. Essa é não apenas uma política de derrotas, como suicida. Reforça a posição e

as iniciativas da burguesia diante da crise do governo Bolsonaro e permite, com isso, a recomposição do golpe de Estado, seja com Bolsonaro ou com um outro governo bolsonarista sem Bolsonaro. Ao fim e ao cabo, a política da frente ampla do ponto de vista de sua viabilidade é uma mera ilusão e só cumpre o papel de servir aos interesses do imperialismo e a burguesia golpista na

sua política de destruição do país. A esquerda que efetivamente luta contra o golpe deve superar a sua confusão e romper de maneira cabal com a política suicida da frente ampla e o único caminho passa pela intensificação das mobilizações de rua e da luta aberta contra o governo e o golpe. A extrema-direita precisa ser enfrentada com o povo nas ruas.


6 | POLÍTICA

CENÁRIO POLÍTICO

Ladeira abaixo ou ascenso das lutas? N

o dia 5 de junho, o portal GGN publicou um artigo intitulado “Zero a zero ladeira abaixo”. Assinado por Ricardo Capelli, o artigo defende, como argumento central, que os atos contra o governo Bolsonaro tiveram praticamente a mesma expressão que os atos a favor do governo Bolsonaro. Isto é, que as iniciativas oposicionistas estariam sendo anuladas pelas forças que sustentam o governo e que isso estava levando a um impasse negativo para o país. Para Capelli, o país está indo “ladeira abaixo”, rumo a um colapso social. Em sua visão, a direita estaria naufragando, impedida de levar adiante uma política agressiva por causa das mobilizações, e a esquerda não estaria em condições de exigir nada do regime político, pois não seria forte o suficiente para se impor. A tese do “zero a zero ladeira abaixo”, no entanto, não descreve precisamente os acontecimentos. Em pri-

meiro lugar, os atos bolsonaristas não foram expressivos: todos eles contaram com um esquema volumoso de financiamento e foram um fiasco. Os atos da esquerda, por outro lado, não podem ser analisados apenas com base no número de pessoas que compareceram ao dia 15 de maio e as pessoas que compareceram ao dia 30 de maio. A questão mais importante a ser considerada sobre tais atos é que há um desenvolvimento da luta política: a apatia dos primeiros meses do governo Bolsonaro deu lugar a um clima de intensa mobilização – as pessoas estão indo para as ruas cada vez com mais frequência. Que o governo Bolsonaro está levando o país para um colapso, assim como está acontecendo na Argentina, é um fato; contudo, é necessário considerar que a possibilidade de uma intervenção das massas no regime político está se tornando cada vez mais concreta. O movimento contra

o governo Bolsonaro e contra todo o regime político de conjunto está em uma ascensão – a prova disso é que a Marcha da Maconha, que acontece todo ano, teve um número expressivo de pessoas. Diante desse cenário, a política que deve ser levada adiante é a de mobili-

zar toda a população pela derrubada imediata do governo Bolsonaro, pela liberdade de Lula e pela convocação de eleições gerais. Com essas reivindicações, é possível tirar o movimento operário e popular da defensiva e colocar os golpistas que vêm saqueando o país contra a parede.

CRISE

Burguesia pode querer remover Bolsonaro: eleições gerais já! O

impeachment de Bolsonaro já é um tema discutido abertamente nos bastidores do Congresso e nas páginas da imprensa burguesa. Ninguém esconde esse fato, com apenas seis de governo. Muito antes disso, o vice-presidente, general Hamilton Mourão, já se esforçava para aparecer como uma alternativa ao governo do capitão golpista. A substituição de Bolsonaro por Mourão poderia ser uma saída para a crise do ponto de vista da direita golpista. Uma nova tentativa de superar a crise do golpe, que se arrasta desde 2016, por cima. Contornando mais uma vez a oposição à direita que novamente está tomando as ruas do país. Por enquanto isso está colocado ainda apenas como uma possibilidade. Uma margem de manobra para a burguesia agir diante da crise política. Ao mesmo tempo, a tendência à mobilização contra o governo golpista e ilegítimo de Bolsonaro cresce a cada dia. No dia 15 as manifestações con-

tra o governo foram gigantescas, e no dia 30 a mobilização voltou a atrair amplos setores e marcou uma evolução da mobilização contra o governo. A mobilização é mais um elemento de crise para o governo e a direita, um dado novo na situação política. No entanto, há um perigo diante das mobilizações. Sem um programa

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claro para o país, que sirva para unificar todas as reivindicações contra o governo da direita, há o risco de que as manifestações se percam em torno de pautas inócuas e acabem se dispersando e permitindo à direita que ela se recomponha e se reorganize, para então poder atacar a classe trabalhadora com muito mais organização e força. É

para isso que a imprensa golpista vem se esforçando quando tenta impor uma pauta às manifestações, que teriam que se restringir ao problema da educação e deixar Bolsonaro em paz. Portanto, é preciso levantar esse programa. O movimento que está nas ruas precisa se antecipar às manobras espúrias da burguesia. Primeiro é preciso exigir a queda de Bolsonaro. Mas além disso é preciso desde já colocar uma alternativa dos trabalhadores: eleições gerais já! Uma saída por fora das instituições golpistas, imposta pelos trabalhadores nas ruas, com os métodos dos trabalhadores, como protestos, piquetes, bloqueios e greves, além da greve geral. Eleições gerais para que a população possa votar em quem quiser. E para isso, é preciso exigir também a liberdade de Lula e sua candidatura nas eleições. Os trabalhadores podem remover Bolsonaro, e devem apresentar sua alternativa própria de poder, “antes que um aventureiro lance mão”.


POLÍTICA | 7

DESTRUIÇÃO DA PESQUISA CIENTÍFICA

Bolsonaro corta mais bolsas, desta vez quase três mil O

golpe de 2016 visou acelerar a implementação da política de terra arrasada dos neoliberais. O governo golpista de Michel Temer seguiu a receita e avançou na retirada de direitos e retrocessos na legislação trabalhista. Mas não foi apenas isso, garantiu dinheiro para pagamento de juros aos rentistas e, com a justificativa de um ajuste fiscal rigoroso, tratorou as políticas sociais em vigor no país. No que diz respeito às áreas de ciência e tecnologia e de educação, apesar de um discurso dúbio, promoveu cortes sucessivos em seu orçamento. Já em 2016, anunciou cortes no Ministério da Ciência, Tecnologia, Inovações e Comunicações para 2017 na ordem de 44% em relação a 2016. Os cortes seguiram em 2018, que iniciou com um orçamento 25% menor do que o ano anterior no orçamento nacional de Ciência e Tecnologia, encolhendo mais ao longo do ano. No que diz respeito a bolsas e financiamento de pesquisa, em 2018, foram retirados R$ 500 milhões. O orçamento da Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (Capes), teve uma redução de 22% entre 2017 e 2018. O Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq)

enfrentou, em 2017, um contingenciamento de R$ 523.798.140,00 (algo em torno de 40%), afetando todas as ações orçamentárias do órgão, bolsas, fomento e administração. Entre 2017 e 2018, a queda nos investimentos em relação a bolsas foi de 20%. Agora, com o governo Bolsonaro, a Capes anuncia novo corte de bolsas, num total de 2,7 mil, para mestrado, doutorado e pós-doutorado. Assim, o órgão alcança a marca de 6.198 bolsas eliminadas só em 2019. O novo corte representa redução de R$ 4 milhões neste ano, mas a previsão é de que até o ano que vem os cortes representem R$ 35 milhões. Com a desculpa de mudança na política de concessão das bolsas de pós-graduação, foram realizados cortes e os recursos referentes foram congelados com o enquadramento em ‘novos’ critérios, inventados para dar um ar de decisão planejada e racional. A Capes, considerando o bloqueio anterior, afirma que haverá uma economia de quase R$ 300 milhões, sem descartar a possibilidade de novos cortes de bolsas no futuro. O dinheiro supostamente economizado vai direto para os bancos, para os rentistas, desaparecendo nas planilhas do Ministério da Economia e

se transformando em amortização de juros da dívida ou, simplesmente, em garantia de emendas de parlamentares que ‘votem com o governo’. O resultado final é a destruição da pesquisa científica no país, é o bloqueio do desenvolvimento tecnológico brasileiro, atrasando ainda mais nossa autonomia em áreas nas quais deveríamos ser referência internacional. Se já temos, proporcionalmente em relação aos EUA, China, Japão, Coreia do Sul, Alemanha, França e Grã-Bretanha (e outros mais), uma desvantagem enorme em termos de registro de

patente, sendo o 24º país nesse quesito, o Brasil também sustenta o pior desempenho em relação aos 76 principais escritórios do mundo responsáveis pelo registro de patentes, ficando muito atrás da Índia e do México, segundo e terceiro piores desempenhos. Não há motivo para ter ilusões ou surpresas. O governo Bolsonaro é continuação do governo Temer, ambos são frutos do golpe de 2016 e ambos sustentam o mesmo tipo de política, neoliberal, com as mesmas demandas e objetivos. Com Bolsonaro, o destino da ciência é a lata de lixo.

IMPOSTORA E POSTIÇA

Bolsonaro oficializa embaixadora fajuta da Venezuela E

m solenidade oficial na última terça-feira, dia 04 de junho, o presidente Jair Bolsonaro recebeu as credenciais de novos embaixadores no Brasil, entre eles a senhora María Teresa Belandria Expósito, indicada representante da Venezuela no Brasil pelo autoproclamado “presidente” Juan Guaidó. É muito provável que no momento dos cumprimentos protocolares oficiais os dois impostores tenham se sentido muito à vontade, pois ambos nada representam; ou, melhor dizendo, são os legítimos representantes da fraude, da impostura e da mais completa ausência de popularidade, cada qual a sua maneira em seus respectivos países. A senhora embaixadora desembarcou em Brasília não para representar a Venezuela – que já tem seu corpo diplomático estabelecido na capital nomeado pelo legítimo governo eleito pelo sufrágio popular, liderado por Nicolás Maduro – mas para criar uma linha de confronto e abrir um incidente diplomático internacional com a República Bolivariana, o que só pode ser entendido como um acintoso insulto ao povo venezuelano. Bolsonaro já havia sinalizado essa disposição de confrontar-se com a legitimidade das urnas que elegeu o presidente Maduro com ampla margem de votos em relação aos demais concorrentes que participaram do último pleito no país vizinho em 2018.

O fraudulento presidente brasileiro, já antes mesmo de sua posse em janeiro, deu reiteradas declarações atacando o regime bolivariano, não reconhecendo a eleição como legítima, se somando às vozes que ecoaram em alinhamento com o imperialismo ianque e também europeu, que ainda hoje insistem em não reconhecer a legitimidade do governo bolivariano eleito democraticamente, com amplo reconhecimento da comunidade internacional. A impostora e postiça embaixadora indicada pelo não menos impostor, golpista e capacho do imperialismo, Juan Guaidó, só poderia mesmo receber as credenciais diplomáticas de um outro impostor e igualmente golpista, o presidente fake Jair Bolsonaro, pois eles se reconhecem no mesmo ofício; quer dizer, na arte de serem impopulares, na arte de serem fraudadores, na arte de agirem como serviçais do imperialismo, na arte de serem emissários não oficiais de Donald Trump. Ao receber em solenidade no Palácio do Planalto a representante indicada por um conspirador golpista que atua a serviço de interesses claramente identificados com uma nação estrangeira (Estados Unidos da América), Bolsonaro atende também aos ditames desta, o que está em total e plena sintonia com a postura adotada por seu governo e a atual e vergonhosa diplomacia brasileira, de total submissão aos interesses ianques.

Os movimentos golpistas que se articulam em quase toda a América Latina têm o claro propósito de instalar governos e regimes pró-imperialistas em todo o continente, na tentativa de abrir uma nova etapa de recolonização dos países, o que propiciará ataques ainda maiores às condições de vida dos povos das Américas. Não é possível deter a escalada golpista e a ofensiva militar do imperialismo no continente com medidas puramente defensivas, parlamentares e institucionais. Há cerca de dois meses, manifestantes ocuparam a embaixada venezuelana na capital norte-americana, Washington, para impedir a entrada dos “embaixadores” representantes do golpismo, indicados pelo impostor golpista Guaidó, endossados por Trump. O mesmo deve ser feito aqui no Brasil, em Brasília, onde os militantes de esquerda, do movimento popular, estudantil e sindical; os ativistas do Comitê Abreu e Lima, de Solidariedade e Defesa da Venezuela devem também ocupar a Embaixada Bolivariana, impedindo assim a entrada dos representantes golpistas, que não têm qualquer legitimidade, que não são representantes do povo venezuelano, mas única e tão somente capachos a serviço dos norte-americanos, financiadores e incentivadores de golpes de Estado contra a soberania e a auto-determinação dos povos latino-americanos.


8 | POLÍTICA

SUCATEAMENTO

PSDB quer vender a água do povo: não à privatização! O

Projeto de Lei 3261/2019, depois de aprovado (na terça-feira, 4) na Comissão de Infraestrutura, onde tramita em regime de urgência, deve ser votado nesta quarta (5), no plenário do Senado. Ele altera a legislação do saneamento (Lei 11.445/2007) e abre as portas para a privatização das companhias estaduais de abastecimento de água e esgoto. É uma manobra do grupo privatista que atua no Congresso Nacional e que, na ânsia de privatizar a água, está passando por cima do regimento parlamentar e da Constituição Federal. O PL 3261 é de autoria do senador Tasso Jereissati (PSDB-CE), que era relator da Medida Provisória 868 que teve sua validade vencida na última segunda (3) sem ter sido colocada em votação. Inconformado com a derrota, o senador resgatou no PL o mesmo teor da Medida Provisória, o que, segundo especialistas, não poderia ser feito numa mesma legislatura, conforme o regimento do Senado e a Constituição Federal.

Jereissati é ferrenho defensor da privatização da água e, como empresário representante de uma multinacional de refrigerante, altamente dependente do uso da água, chegou a ser chamado de “Senador Coca-Cola” durante as discussões na comissão mista que analisou a MP 868. Jereissati é dono da maior produtora de Coca-Cola do Nordeste e sua esposa Renata Queiroz é herdeira do Grupo Edson Queiroz que, entre outros negócios, é dono das marcas de água mineral Indaiá e Minalba. Caso o seu Projeto de Lei seja aprovado, pode significar o fim das companhias de saneamento em pouco tempo, uma vez que as empresas privadas terão privilégios para a celebração de contratos de concessão dos serviços de saneamento com os municípios. Se aprovado no Senado Federal, o projeto segue para apreciação na Câmara dos Deputados, onde será reunido (apensado) a outras três propostas semelhantes. Ali, uma dessas propostas deve ser votada na próxima sema-

na e a guerra segue aberta entre quem é a favor e contra a privatização. Os movimentos sindical e social fazem pressão junto aos parlamentares, manifestando temor com os graves prejuízos decorrentes da possível extinção das empresas públicas de saneamento.

Na Bolívia, há alguns anos, iniciativa semelhante à do senador tucano despertou uma revolta popular que culminou na eleição de Evo Morales, primeiro indígena na presidência daquele país, afinal, argumentavam os bolivianos, indignados, a água é do povo há gerações e não deve ser apropriada pelos capitalistas.

ALIADOS

Ala direita do PT quer ressuscitar o PSDB N

a última terça-feira em evento na Universidade de São Paulo (USP), foi apresentada uma então frente em defesa da educação, composta por ex-ministros da educação. Em grande medida, essa frente é composta por elementos nitidamente direitistas e que em suma não representam de fato os interesses dos trabalhadores e muito menos da juventude, que tem sido fortemente atingida pelo governo Bolsonaro. Mais precisamente, esta é uma frente aliada ao PSDB, que tem apenas uma serventia que é a de reerguer o partido golpista, demonstrando cada vez o avanço da ala direita do PT, representada por Fernando Haddad, que tem estreitado relações com setores golpistas. No primeiro momento, o equívoco já está em levar adiante uma política inócua por meio das instituições golpistas e pior, alinhada com a direita inimiga da população. Para se opor ao governo Bolsonaro, é nítido que a direita é mais do que dispensável, é fato também que em nada colaboram nessa luta e sim atrapalham, logo não há lógica compactuar

com quem está do lado dos golpistas. Para derrotar o bolsonarismo e avançar na luta, é preciso estar nas ruas, mobilizando para que se tenha ainda mais atos massivos que colocam o bolsonarismo na corda bamba.

Dessa maneira, não é a esquerda se alinhando com a direita que o governo Bolsonaro será derrotado, mas sim com a população que já tem ido as ruas desde o dia 15 de maio. É preciso impulsionar a luta no sentido de

derrubar o governo ilegítimo de Bolsonaro, chamar por eleições gerais, ir as ruas pela liberdade de Lula e exigir o mesmo como candidato, é dessa maneira que a luta deve ser conduzida para que seja efetiva.


INTERNACIONAL | 9

MASSACRE DA PRAÇA DA PAZ CELESTIAL

Uma repressão aos protestos contra o neoliberalismo na China E

sta semana completaram-se 30 anos do chamado “Massacre da Praça da Paz Celestial”, ou Massacre da Praça Tiananmen, ocorrido na China em 4 de junho de 1989. O imperialismo e sua imprensa propagandeiam que o ocorrido seria uma prova da repressão e da insatisfação popular com o comunismo e da ânsia por democracia capitalista. Os stalinistas, por outro lado, dizem que a revolta popular era uma “revolução colorida” promovida pela CIA e que sua supressão foi uma defesa do governo chinês para manter o socialismo. Nenhuma das duas teses é verdadeira. O massacre foi apenas o clímax de uma história que vinha se desenrolando pelo menos desde 1978. Naquele ano, o governo chinês, já sob o controle de Deng Xiaoping, iniciou um processo conhecido como “reforma e abertura” – e que dura até hoje, para “modernizar o socialismo com características chinesas”, impulsionando o desenvolvimento econômico, na propaganda oficial do regime de Pequim. Na verdade, tratou-se de uma política contrarrevolucionária para o estabelecimento do capitalismo no país, em uma época em que o capitalismo, nos países atrasados, só poderia ser implantado por meio da política de choque neoliberal do imperialismo. Assim, desde o início da década de 1980, a política econômica do governo deixou de lado qualquer sombra de socialismo e fez com que fossem abertas as primeiras regiões de experimentação do neoliberalismo no país, nas províncias costeiras. Seguiu-se a isso a desregulamentação dos salários e dos preços (ou seja, a diminuição da proteção salarial do governo aos trabalhadores e a alta dos preços dos produtos básicos), o fim da segurança do emprego, gerando muitos desempregados. Aumentou a desigualdade social. Já em 1980, o então secretário-geral do Partido Comunista Chinês enviou

um convite para Milton Friedman (um dos principais nomes do neoliberalismo, ideólogo da doutrina do choque e guru econômico de Pinochet) dar aulas sobre livre mercado aos centenas de funcionários públicos de alto escalão, economistas e professores do partido. Três anos depois, Deng abriu a economia para investimentos estrangeiros e reduziu a proteção estatal aos trabalhadores. Ao mesmo tempo, e prevendo que isso poderia desencadear um surto de greves e protestos como o que acabara de ocorrer na Polônia, o governo chinês criou a Polícia Armada, justamente para reprimir e evitar uma desestabilização vinda de baixo contra essa política contrarrevolucionária. Em 1988, devido à pressão popular, o PCCh foi obrigado a voltar atrás em algumas medidas de desregulamentação de preços. Antigos burocratas já começavam a se tornar magnatas, se apossando de riquezas do Estado que antes administravam mas sem enriquecer. No mesmo ano, Friedman visitou Xangai: “os primeiros passos da China em direção à reforma foram muito bem-sucedidos. Novos progressos extraordinários podem ser feitos, por meio de uma confiança ainda maior nos livres mercados privados.” O ideólogo do “fim da história”, Francis Fukuyama, um dos principais intelectuais do establishment norte-americano, elogiou e incentivou as reformas chinesas. O mesmo ocorreu com Zbigniew Brzezinski, ex-conselheiro de Segurança Nacional dos EUA e um dos principais estrategistas geopolíticos do imperialismo. Finalmente, diante dos ataques desferidos pelo governo em parceria com o imperialismo, protestos começaram em abril de 1989 na Praça Tiananmen e se espalharam para outras cidades, com centenas de milhares de pessoas. Grande parte eram estudantes em greve, em uma onda de mobilizações que havia se iniciado no ano anterior.

Os manifestantes exigiam mais democracia, mas não a “democracia” liberal, uma vez que eram abertamente contra as medidas neoliberais do governo – o que é invertido pela propaganda imperialista desde aquela época, que diz que os manifestantes pediam uma abertura política no sentido de levar o capitalismo neoliberal à China. Deng Xiaoping decidiu declarar lei marcial a partir de 20 de maio. Em 3 de junho, o governo emitiu ordem para o uso da força contra os manifestantes, o que foi seguido por um banho de sangue promovido pelos tanques do exército e pelos cassetetes dos soldados, principalmente na Praça da Paz Celestial, mas também por todo o país. Seguiu-se uma onda de repressão pós-massacre, particularmente contra operários. Nos meses que se seguiram ao massacre, a doutrina do choque neoliberal foi ampliada, sem restrições, uma vez vencida a resistência popular. O Massacre da Praça da Paz Celestial foi o divisor de águas para a imposição do neoliberalismo na China. Nos anos

1990, foram expandidas as zonas econômicas especiais de livre comércio, as grandes multinacionais chegaram em peso à China, explorando sobremaneira e com total apoio do governo os milhões de operários que passaram a receber um salário de fome. Os burocratas do Estado chinês, na prática, fizeram igual aos burocratas dos Estados Operários do Leste Europeu: realizaram a transição para o capitalismo e se mantiveram no poder, com a diferença de que os burocratas chineses permanecem até hoje no poder com as mesmas instituições do Estado, como o próprio partido comunista. Um estudo de 2006 mostrou que 90% dos bilionários chineses são filhos de dirigentes do PCCh. Hoje, muitos altos dirigentes do partido são empresários e tantos outros são doutores e mestres que estudaram nos EUA, inclusive nas escolas de economia. O bilionário Jack Ma, um dos homens mais ricos do mundo (e que, em abril, defendeu a jornada de trabalho de 12 horas por seis dias na semana), é membro do partido comunista.

GOVERNO IMPOPULAR

Até Macron, que destruiu Notre-Dame, rejeita Bolsonaro, que está destruindo o Brasil N

esta quarta-feira (05), foi amplamente noticiado o fato do governo Macron ter se recusado a participar do VI Fórum Econômico França-Brasil por conta da participação de representantes do governo Bolsonaro, entre eles o general Santos Cruz. Diante dos protestos e da pressão de mais 20 associações francesas contra o governo Bolsonaro, Macron recuou. O combalido governo de Macron que enfrenta umas das maiores ondas de protestos da história da França e ficará conhecido por ter derrubado a igreja de Notre-Dame (com sua política neoliberal de corte de recursos) não quis aparecer na foto ao lado do

governo golpista que está destruindo o Brasil. O ponto em comum dos dois governos é terem sido eleitos por uma fraude eleitoral que levou figuras impopulares ao poder. Assim como aconteceu com Macron, imediatamente após as eleições Bolsonaro vem perdendo o pouco apoio que tinha e isso tem deixado a fraude cada vez mais exposta. Nesse contexto, o banqueiro Macron achou melhor sequer aparecer ao lado do fascista brasileiro que era alvo de muitos protestos na França por conta da participação nesse evento. Além disso, para impedir um desgaste maior, os jornalistas foram proibidos

de cobrir o evento dentro do prédio onde era realizado. Ainda do lado de fora, era possível ouvir gritos contra Bolsonaro, contra o fascismo e pela liberdade de Lula. Além de ser rejeitado pe-

la imensa maioria dos brasileiros, Bolsonaro rapidamente se tornou odiado mundo a fora e mesmo os direitista e banqueiros antipovo como Macron se recusam a ser associados a ele.


10 | MOVIMENTO OPERÁRIO

DEMISSÕES

Professores gaúchos são demitidos por estarem doentes N

os últimos meses a Secretaria Estadual da Educação do Rio Grande do Sul (Seduc-RS) demitiu cerca de 23 professores temporários em licença-saúde. Os demitidos tiveram testado médico superior a 15 dias, isso causou pânico entre educadores. Os 23 professores temporários foram dispensados em meio a tratamentos de saúde. Tem muitos funcionários que quando foram admitidos não tinham problema nenhum, e que hoje estão com desgaste de joelho, de bacia e de coluna, exatamente pelo trabalho exercido. Uma professora que foi diagnosticada com câncer de mama, perdeu o emprego, no momento que mais precisaria da ajuda do Estado riograndense. Eles estão simplesmente sendo descartados depois de ter trabalhado durante anos.

Com o avanço do golpe de 2016, o ataque aos professores e as percas de direitos básicos, como ser remunerado quando está doente. Para os golpistas querem tirar todos os direitos dos trabalhadores, não é respeitado nem nos direitos mais básicos da pessoa humana. Pela imediata readmissão dos professores demitidos, que sejam garantidos seus trabalhos e o tratamento médico gratuito e de qualidade. Contra esta política, é preciso mobilizar a categoria, junto com toda a comunidade escolar, por meio da formação de Comitês Contra Golpe em todas as escolas públicas. Ocupar as ruas e escolas, organizar e resistir na luta contra o golpe, por educação pública de qualidade e pelos direitos dos trabalhadores e dos professores.

ECT

CAIXA

Golpistas usam o rombo do Postalis para justificar a privatização dos Correios

Aumenta os ataques aos trabalhadores da Caixa Econômica Federal através de transferências compulsórias A

O

s golpistas que controlam a ECT (Empresa Brasileira de Correios e Telégrafos) depois do golpe de estado de 2016, vem tentando desmoralizar as atividades dos Correios para justificar sua privatização, ou seja, a entrega desse patrimônio do povo brasileiro para os grandes capitalistas do mercado postal. No entanto, por mais que os golpistas tentem enganar o povo brasileiro com a conversa de que os Correios dá prejuízo, a população brasileira não consegue acreditar nessa história, muito menos os trabalhadores da empresa, principalmente os carteiros que todos os dias carregam em suas bolsas mais de 3 mil reais em correspondência.

Sem apoio popular para entregar os Correios, agora os golpistas estão usando o próprio rombo que causaram no Fundo de Pensão dos trabalhadores dos Correios- o Postalis – para justificar a privatização. No entanto, o roubo do Postalis, em nada tem haver com a questão da empresa ser deficitária, ou não, pelo contrário, mostra que os Correios tem muito dinheiro e é isso que os banqueiros que estão envolvidos no rombo do Postalis querem com a privatização da empresa. A privatização não vai devolver os mais de 4 bilhões de reais roubado do Postalis pelos banqueiros, mas só servirá para aumentar a retirada de dinheiro da categoria para esses parasitas do suor dos trabalhadores.

direção golpista da Caixa Econômica Federal intensifica os ataques aos bancários ao anuncia uma “nova” reestruturação, e determina a transferência compulsória de funcionários, que hoje estão lotados nas dependências que executam serviços na área meio do banco, para as agências bancárias. O presidente da CEF, Pedro Guimarães, membro do esquadrão do golpista Bolsonaro para destruir os bancos públicos, é um “especialista” em privatizações, com passagens por instituições do mercado financeiro e tem como função transferir para os seus verdadeiros patrões, os banqueiros nacionais e internacionais, um patrimônio que é do povo brasileiro, o único banco 100% estatal: a Caixa Econômica Federal. Para isso está desenvolvendo uma política de terra arrasada dentro da empresa através do fatiamento dos ativos do banco, tais como a Loteria Instantânea (Lotex), Caixa Seguridade, Cartões, FGTS, etc., além de perpetrar um ataque desenfreado aos seus funcionários com o processo “reestruturação” na qual passa o banco. Desde o golpe, que derrubou a presidenta Dilma Rousseff num processo farsa do impeachment no reacionário Congresso Nacional, já foram colocados no olho da rua cerca de 17 mil trabalhadores, recentemente a direção golpista do banco abriu mais um processo que pretende demitir mais 3,5 mil funcionários. Agora, segundo fontes do próprio banco, a direção irá anunciar, na pró-

xima segunda-feira (3) que todos os funcionários que não tenham função comissionada e que trabalham vinculados a alguma vice-presidência, cerca de 800 funcionários, serão transferidos, compulsoriamente, para uma agência, ou seja, uma verdadeira ditadura. A determinação se dará sem que haja uma mínima discussão, sem qualquer debate entre os trabalhadores. Aquele funcionário, por exemplo, que hoje está lotado em uma dependência do banco que fica perto da sua residência, a partir de segunda-feira poderá está lotado em um ponto a quilômetros de distância de sua casa. Um verdadeiro absurdo. Os trabalhadores da Caixa, juntamente com as suas organizações, devem levantar uma ampla mobilização que unifique os bancários para barrar a ofensiva dos banqueiros e seus governos da política de terra arrasada para os trabalhadores para beneficiar meia dúzia de parasitas capitalistas.


CULTURA | 11

14ª MOSTRA DE CINEMA

Mesmo com falta de verba, começou ontem Mostra de Cinema de Ouro Preto C

omeçou hoje (5) a 14ª Mostra de Cinema de Ouro Preto em Minas Gerais, a CineOP. A mostra irá até o dia 10 de junho e o evento tem como concepção central a preservação audiovisual. Nesse sentido, devido à política da direita golpista no governo federal e estadual de corte à cultura, o evento quase foi cancelado. Apesar da ajuda financeira da Cemig e da Secretaria de Cultura e Turismo, ainda não dá para arcar com todos os custos do evento. É preciso lembrar que o governador de Minas Gerais, o direitista do Partido Novo, Romeu Zema nomeou uma pessoa da rede Globo para a pasta da cultura e leva adiante a proposta de fusão da Secretaria da Cultura com a do Turismo. Quer dizer, nomeia alguém ligado ao monopólio de comunicação que só quer lucrar com os produtos “globais”, além de querer retirar a autonomia de gestão e financeira da pasta da cultura. As propostas anticulturais da direita de Minas Gerais refletem desde antes àquelas propostas pela direita que deu o golpe contra a presidente Dilma Roussef em 2016. De lá até o gover-

no Bolsonaro, o Plano Nacional para a Preservação Audiovisual segue parado. Não somente a área do cinema saiu prejudicada, importa lembrar que os museus estão fechando por conta do governo golpista do Michel Temer, já que este fechou o MinC alocando-o como secretaria no Ministério da Edu-

cação e extinguiu o Ibram (Instituto Brasileiro de Museus). Em decorrência disso, no governo do ilegítimo presidente Jair Bolsonaro, fecharam-se o Museu do Oratório e o de Sant’Ana por falta de verbas destruindo a referência de registro histórico da época da independência do Brasil.

Diante de todos esses ataques, a Mostra procura resistir apresentando nesta 14ª edição a temática “Mulheres, terras e territórios” a partir da qual foram registrados 34 produções inscritas de estudantes. Serão exibidas 103 filmes, dentre eles, o “Superoutro”, “Abaixo a Gravidade” e “O Rei do Cangaço”, além de oficinas culturais, debates, shows e lançamento de livros tomam espaço na Mostra. O evento é gratuito. Por esses exemplos e muitos outros denunciados por este diário, há que se concordar que a direita com seu programa neoliberal busca com o corte de gastos, cortar os direitos da população. Para eles o povo não precisa de cultura, saúde ou educação de qualidade, tem que ser obediente e trabalhar muito para suportar a crise econômica dos capitalistas, para que eles não parem de lucrar. O governo do presidente Jair Bolsonaro expressa, com o ataque à cultura e educação, essa política de transferir a crise econômica para o povo. Motivo pelo qual, não se pode aceitar essa direita golpista no poder, sendo necessário se organizar e tomar as ruas pelo Fora Bolsonaro, Eleições Gerais Já, Liberdade para Lula e Lula Candidato, política capaz de tirar a direita do governo.

6 DE JUNHO DE 1799

Nasce Alexander Puchkin, russo, mulato, poeta universal A

lexander Sergeievitch Puchkin, um dos maiores poetas da literatura universal, nasceu em Moscou há 220 anos. O escritor pertencia à nobreza russa, tendo estudado no Liceu Imperial do Tsarskoye Selo – palácio de verão do tzar. Puchkin era mulato, bisneto do etíope Abram Petrovich Gannibal (16961781), engenheiro militar formado em Paris, conhecido de Voltaire, Montesquieu e Diderot. Conhecido entre eles como “estrela negra do iluminismo”, viveu na corte russa como protegido do tzar Pedro, o Grande, onde projetou inúmeras fortificações e canais. De fato, Puchkin foi educado em francês – língua que conhecia melhor que a de seu país e não por acaso o pensamento da Ilustração persistiria como uma referência permanente para o poeta, que considerava Voltaire, por exemplo, “o primeiro a seguir a nova estrada, e a trazer a lanterna da filosofia aos arquivos obscuros da história”. No dizer de Otto Maria Carpeaux, “Puchkin percorreu nos 20 anos de sua carreira literária todos os estilos, e mais ou menos na mesma ordem cronológica na qual a Europa os tinha percorrido: classicismo francês, pré-romantismo anglo-alemão, romantismo byroniano, para chegar a um novo classicismo sui generis”. Expressão de tal maturidade algo precoce, sua obra Eugênio Onieguin é considerada o primeiro grande romance russo. Publicada em fascículos entre 1825 e 1832, o poema explora – também na visão de Carpeaux – “o

tipo do aristocrata russo ocidentalizado, ‘blasé’, o ‘homem inútil’ que será o personagem principal de tantas obras de Turgeniev, de Gontcharov, de Tolstoi e, enfim, de Tchekov, com o qual a grande literatura russa do século XIX terminará. Esse Puchkin nacional, nacionalíssimo, é o criador da Rússia literária”. Outras obras importantes do poeta seriam Ruslan e Ludmila – primeira publicação de vulto, ainda em 1820 –; O Prisioneiro no Cáucaso (1822); O chafariz de Baktchisarai (1827); Os Ciganos (1827); Poltava (1829); a tragédia histórica Boris Godunov (1831); Mozart e Salieri (1932); O convidado de pedra (1832); O cavaleiro de Bronze (1833); Pique-Dame (1834); A filha do Capitão (1836). Frequentador da vida cortesã e ácido crítico da aristocracia praticamente

feudal russa, Puchkin teria uma vida pessoal conturbada. Embora tivesse se casado com Natália Goncharova em 1830, envolveu-se em diversos casos amorosos e em nada menos que 30 duelos, sendo finalmente morto num desses confrontos em 1837 – ironicamente após desafiar um suposto amante de sua esposa, o diplomata francês Georges-Charles de Heeckeren d’Anthès. Tal inquietação, como não poderia deixar de ser, se refletiria na postura política liberal e progressista de Puchkin, cujo ativismo levaria ao seu banimento de São Petersburgo em 1820. Tal condição levou-o a uma vida seminômade, entre a corte e outras regiões do império russo como o Cáucaso, a Crimeia, a Ucrânia e a Moldávia – onde se tornaria maçon. Em 1825, se veria

implicado na chamada Revolta Dezembrista na capital, em que 3 mil soldados tentaram impedir a coroação do tzar Nicolau I, sendo mais uma vez exilado. Sua obra seria o fundamento de grande parte da arte russa subsequente, tendo servido não apenas de inspiração direta para toda a literatura russa posterior, como também de base para óperas, balés, peças teatrais e filmes. Eugenio Onieguin, por exemplo, se transformaria em ópera pelo gênio de Tchaikovsky em 1879, e em peça musicada por Taírov e Prokofiev em 1936. Façamos nossas uma indagação e sua resposta planteadas na década de 1930 pelo grande escritor revolucionário russo Máximo Górki (1868-1936): O que Puchkin tem a oferecer ao leitor proletário? Primeiramente, a partir de seu trabalho criativo, nota-se que o escritor, rico em seu conhecimento da vida – carregado de experiência, por assim dizer – irrompe além dos marcos da psicologia de classe em suas concepções artísticas (Eugênio Onieguin, Conde Nulin, Dubrovski) e transcende as tendências de sua própria classe, apresentando tal classe objetivamente, a partir de seus aspectos exteriores, como uma organização malograda e discordante de um recorte da experiência histórica; e internamente como um psicologismo de busca interior, repleta de contradições irreconciliáveis. Assista também no Youtube a palestra “Literatura Russa dos primórdios até o final do século XIX” por Afonso Teixeira.


12 | NEGROS E MULHERES

“NÃO SOMOS RACISTAS”

William Waack é contratado pela CNN Brasil N

o dia 4 de junho, o canal CNN Brasil anunciou a contratação de William Waack como âncora de um telejornal diário em horário nobre que será estreado em breve. Filial de uma empresa norte-americana, isto é, intrinsecamente ligada ao imperialismo, a CNN Brasil ainda está sendo montada para iniciar sua transmissão. William Waack ficou conhecido no jornalismo por trabalhar durante vários anos para a Rede Globo. No entanto, Waack foi demitido da Globo em 2017, pouco depois de ter feito comentários racistas nos bastidores, sem saber que estava sendo gravado. Na época em que a gravação de Waack com comentários racistas veio

à tona, a Rede Globo veio à publico dizer que era contra “toda forma de discriminação”. Tratava-se, obviamente, de pura demagogia: diariamente, comentários racistas são feitos nos bastidores e tolerados pelos donos da Globo. Em inúmeras oportunidades, em especial nas telenovelas, a Globo se mostrou puramente racista, chamando para seus elencos somente artistas brancos. A demissão de Waack também só ocorreu porque ele já havia prestado o serviço para o qual fora designado. Waack era um cachorro raivoso que atacava diariamente o PT – uma vez que o governo Dilma Rousseff já havia sido derrubado, Waack poderia ser

demitido sem quaisquer perdas para a burguesia. Agora, a CNN Brasil, que segue a mesma linha política da Rede Globo e defende os mesmos interesses que a Rede Globo, decidiu “ressuscitar” William Waack, que parecia ter tido a carreira enterrada. Isso só comprova que, para a burguesia, não há o menor interesse em reprimir qualquer caso de racismo: a burguesia é ela própria racista e apoia a Polícia Militar e todas as demais ferramentas do Estado burguês criadas para marginalizar os negros. A contratação de William Waack pela CNN Brasil faz qualquer um lembrar do livro de Ali-Kamel, homem

forte do jornalismo da Rede Globo: “não somos racistas”. De fato, para a burguesia, não existe racismo: o que existe é o lucro, e todos os meios para alcançá-lo são justificados pelo próprio lucro.

ATAQUE FASCISTA CONTRA AS MULHERES

Missouri deve fechar última clínica estadual de aborto O Estado do Missouri nos EUA pode se tornar no próximo sábado o primeiro estado sem acesso ao aborto legalizado. Desde que assumiu o governo do país, a extrema-direita tem iniciado uma forte campanha contra o direito ao aborto, que é lei federal nos EUA desde de 193. Os estados dominados por governos de extrema-direita já estão levando adiante essa proposta de pôr fim ao aborto legalizado. O Missouri deverá ser o primeiro deles. A frente do governo do Missouri está Mike Parson, do Partido Republicano e de extrema-direita. O Missouri é um dos estados onde a proibição ao aborto pode chegar até mesmo nos casos de estupro. Vários movimentos de extrema-direita estão fazendo uma campanha sistemática nos EUA pela revogação da lei

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que autoriza as mulheres a fazerem o aborto. No último dia 21 de maio, movimentos feministas, juntamente com outros setores sociais foram às ruas defender a legalização do aborto no país, os protestos foram uma resposta à investida dos setores conservadores e da própria extrema-direita contra as mulheres. A campanha contra a o aborto feita nos EUA é a mesma que pé feita no Brasil pela direita e pela extrema-direita golpista. Aqui a proibição completa do aborto, até mesmo em casos de estupro, está na pauta. É necessário que o movimento de mulheres, juntamente com todas as organizações de esquerda e do movimento operário se mobilizem em defesa desse direito fundamental. É preciso se contrapor ao avanço da extrema-direita em nível mundial.

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JUVENTUDE E ESPORTES | 13

FASCISTA

Ministro fascista Ricardo Salles quer monitoramento da Amazônia nas mãos do imperialismo O

golpe de Estado iniciado com o impeachment da ex-presidenta Dilma Rousseff (PT), em 2016, e que teve como resultado a eleição fraudulenta do governo fascista de Jair Bolsonaro, em 2018, avança sobre as escolas e as instituições de ensino do país. A extrema-direita fascista, que controla o aparelho de Estado, tem um plano de implementar escolas controladas pelas polícias militares e as forças armadas em todo o país. Uma das maneiras das polícias militares entrarem nas escolas é com o pretexto de discutir a questão das drogas, algo que já acontece há anos com o programa PROERD nas escolas da rede estadual de São Paulo. Em Altinópolis (MG), a Polícia Militar de Minas Gerais entrou nas escolas e obrigou as crianças a assistirem palestras de tom moralista sobre as drogas. Contudo, o objetivo real é o de naturalizar a presença da instituição fascista dentro das escolas e difundir concepções direitistas entre as crianças. A PM, denunciada

cotidianamente pelas múltiplas arbitrariedades, massacres, torturas, assassinatos das populações negras nas periferias, corrupção generalizada, repressão violenta aos movimentos sociais, quer mudar sua imagem

e passar a ideia de que é necessária para manter a “segurança da sociedade”. A Polícia Militar, como instituição repressora e fascista, deve ficar longe das instituições de ensino e de trans-

missão da cultura. A PM nada tem a oferecer senão fascismo, torturas, massacres e assassinatos da população pobre e negra do país. Fora PM das Escolas! Dissolução da PM!

ESPORTES

Flamengo usa o veneno do Corinthians para derrotá-lo na Copa do Brasil

N

a noite de terça-feira (04-06), o time do Flamengo passou para a próxima fase da Copa do Brasil ao derrotar o time do Corinthians por 1 a 0, gol de Rodrigo Caio no finalzinho do Jogo. O time rubro negro já havia derrotado o atual campeão paulista dentro do Itaquerão – Estádio do Corinthians Futebol Clube, o que obrigou o time de Fábio Carille mudar sua tática de jogo, que sempre é o de esperar o adversário tomar a iniciativa para conseguir uma “bola” de contrataque e arrancar um gol. Nessa terça, que usou essa tática retranqueira foi o time do Flamengo, que ficou em seu campo de defesa esperando que o Corinthians tomasse a iniciativa do jogo, algum incomum pa-

ra o time treinado para Carille, pois o Corintihians só jogo nos erros do adversário. O Corinthians até tentou marcar um gol, mas sofreu do seu próprio veneno, esbarrando na defesa bem postada do Flamengo, que tinha como destaque Rodrigo Caio, desprezado pelo time do São Paulo, que além de defender vem se destacando no ataque, com gols importantíssimo. Seguindo a máxima de “quem não faz, toma” , o Corinthians tomou o gol do Flamengo no final do jogo, após desperdiçar várias oportunidades. Com esse resultado o Flamengo segue na Copa do Brasil, esperando o seu próximo adversário. Já o Corinthians terá que se concentrar no Brasileirão e na Copa Sulamericana.


14 | MORADIA E TERRA

INDÍGENAS

Liberdade para os indígenas vítimas de perseguição judicial no MS! N

esta semana está ocorrendo o julgamento em São Paulo dos indígenas Guarani Kaiowá Carlito de Oliveira, Paulino Lopes, Jair Aquino Fernandes, Ezequiel Valensuela e Lindomar Brites de Oliveira. Os indígenas estão sendo acusados montar uma emboscada e matar os policiais Ronilson Magalhães Bartie e Rodrigo Lorenzatto e de tentar matar Emerson Gadani, que sobreviveu a suposta emboscada que ocorreu na rodovia MS-156 entre o município de Dourados e o distrito de Porto Cambira. Prontamente, a imprensa burguesa e os latifundiários realizaram uma enorme campanha para atacar os indígenas e chamaram o ocorrido da Chacina de Porto Cambira. Mas não é nenhum segredo que essa chacina não passa de uma grande farsa montada pelos latifundiários para atacar os in-

dígenas Guarani-Kaiowá que lutam pela demarcação de suas terras no Mato Grosso do Sul. Os policiais estavam sem viatura da polícia e a paisana dentro da aldeia Passo Piraju fortemente armados. Numa região de muitos conflitos de terra, onde os indígenas sofriam sucessivos ataques, com milícias de latifundiários formadas para atacar os indígenas, policiais frequentemente participavam dessas milícias. Ou seja, estavam lá para cometer crimes contra os indígenas e esse é o modus operandi da polícia no Brasil, formam esquadrões da morte para atacar a população nas favelas, bairros, acampamentos e aldeias. A farsa do julgamento é evidente e mostra que é uma perseguição contra os indígenas Guarani-Kaiowá que lutam para a demarcação de suas terras e estão sendo acusados por se defen-

derem dos esquadrões da morte formados pelos latifundiários em conluio com a justiça e o Estado do Mato Grosso do Sul. É preciso exigir a liberdade dos indígenas e a retirada de todas as acusações falsas contra eles. Os criminosos são os policiais e latifundiários que

armaram uma emboscada para matar os indígenas. Não a prisão dos indígenas Guarani Kaiowá Carlito de Oliveira, Paulino Lopes, Jair Aquino Fernandes, Ezequiel Valensuela e Lindomar Brites de Oliveira e a retirada de todos os processos! Pela demarcação de suas terras!

ENTREGUISMO

Bolsonaro quer entregar bilhões de reais do orçamento de conservação da Amazônia para os latifundiários C

riado em 2008, o Fundo Amazônia é um orçamento com recursos doados pela Alemanha e pela Noruega com a finalidade de evitar o desmatamento da floresta, esses recursos atualmente são de R$3,4 bilhões. As normas do Fundo Amazônia dizem que “não será passível de apoio o pagamento de indenizações por desapropriação”. Porém, Bolsonaro planeja baixar um decreto que permite o pagamento de indenizações usando os recursos desse fundo para os proprietários de terra que viviam em unidades de conservação. Além disso, o Comitê Orientador do Fundo Amazônia terá seus membros reduzidos de 23 para algo entre 7 e 10, aumentando

o peso e a participação do governo federal nesse Conselho. Em outras palavras, o governo quer distribuir R$3,4 bilhões para latifundiários e grileiros de terra porque esses não podem mais destruir os recursos naturais que estavam dentro de suas propriedades. O fascista Ricardo Salles, ministro do meio ambiente que fez sua campanha eleitoral para Deputado Federal pelo Novo ameaçando tratar a esquerda e o MST à bala, confirmou a intenção de decretar as mudanças. O BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social), que administra o fundo, não se pronunciou sobre o caso. Entretanto, seu

presidente, Joaquim Levy, o neoliberal que ajudou a derrubar a presidenta Dilma em 2016, disse que “O importante manter a estabilidade de regras, o que não significa deixar de fazer ajustes quando necessário […] Não pode dar supresa. Você tem contratos. Tem de cumprir o contrato feito com o doador. Tem de ter respeito a processos. Não quer dizer que tem de ser completamente congelado.” Em outras palavras: vamos cumprir o acordo, mas só a parte que favorece a burguesia. O governo fraudulento tem como objetivo atacar o trabalhador em benefício da burguesia, dos latifundiá-

rios e dos grileiros de terra, sem que esses sofram nenhuma penalidade. A política fascista desconsidera todos os assassinatos sofridos por indígenas e sem-terras por conta da luta pela terra e a destruição da floresta amazônica e de toda a sua fauna e flora. É necessário derrotar esse governo fascista de Jair Bolsonaro, eleito de uma forma fraudulenta para promover a destruição do país e para implantar a economia neoliberal. Bolsonaro e toda a sua equipe são inimigos do trabalhador e de todo o povo brasileiro, por isso precisamos ir às ruas exigir o Fora Bolsonaro! Liberdade para Lula! Eleições Gerais Já!



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