SEXTA-FEIRA, 7 DE JUNHO DE 2019 • EDIÇÃO Nº 5666
DIÁRIO OPERÁRIO E SOCIALISTA DESDE 2003
WWW.PCO.ORG.BR
Amanhã, Comitês de Luta Contra o Golpe realizam plenárias preparando a greve geral
“Progressistas” defendem a indústria da multa; Bolsonaro faz a festa O natimorto governo do presidente impostor Jair Bolsonaro está esgotado e já não conta com o apoio sequer daqueles setores mais diretamente responsáveis por sua fraudulenta eleição.
Defesa de Lula prova que foi espionada pela Lava Jato em processo grotesco Já faz dois anos (desde março de 2016) que circulou a notícia de que um escritório de advocacia inteiro, com 25 profissionais, teve seus telefones grampeados pela Polícia Federal a mando do então juiz da Operação Lava Jato, Sérgio Moro.
Extrema-direita organiza greve da PM para atacar governo do PT Contribua com a campanha pela anulação dos processos contra Lula
FRACASSO DOS ATOS COXINHAS
Não dizer que coxinha fracassaram e deram um vexame seria falsificar a realidade D
omingo (26) Bolsonaro tentou repetir a marcha sobre Roma de Mussolini. Convocou manifestações no país inteiro em uma tentativa de se contrapor aos protestos que tomaram o Brasil no dia 15 exigindo a queda de seu governo. Esses novos coxinhatos foram um fracasso, e apenas serviram para expor a fraqueza do governo e afundá-lo ainda mais. Do ponto de vista dos trabalhadores, é hora de aproveitar para intensificar a campanha pela queda de Bolsonaro, que está prestes a cair. Rapidamente, no entanto, a imprensa golpista, que a princípio não apoiava os atos bolsonaristas, passou a vender a ficção de que os atos teriam sido relativamente grandes e apoiariam as reformas de Bolsonaro, como a da previdência. Escondem o fracasso dos atos e os apresentam como uma defesa de reformas rejeitadas pela esmagadora maioria da população. Manipulam os coxinhatos de Bolsonaro co-
mo fizeram com todos os coxinhatos até hoje. Mudaram a abordagem relativa aos atos dias antes de eles acontecerem, percebendo que se fossem muito pequenos revelariam a ampla rejeição popular não apenas a Bolsonaro, mas a todas as suas reformas e ao seu programa neoliberal como um todo. Isso seria um desastre para os capitalistas, que trataram de tentar evitá-lo. É preciso desmenti-los e apontar os protestos coxinhas como eles foram de fato: um fiasco da extrema-direita. Embelezar os coxinhatos só ajuda a imprensa golpista Diante do fiasco bolsonarista surgiu logo quem procurasse mitigar a derrota da extrema-direita. Por um lado, seria um erro apontar que as manifestações foram pequenas. Por outro, seria um “erro” indicar que a extrema-direita é composta por histéricos desquali-
ficados. O problema é que tanto uma coisa quanto a outra são a única forma objetiva de se referir ao que aconteceu no dia 26. Os atos foram pequenos, e os direitistas que apareceram eram coxinhas ensandecidos da pequena burguesia direitista. Não apontar isso só ajudaria a imprensa golpista a confundir a situação. Para constatar que os atos foram pequenos basta olhar as imagens. Quanto ao caráter coxinha dos atos, basta dizer que os coxinhas simplesmente reivindicavam a reforma da Previdência de Paulo Guedes, além de parte expressiva deles defender que Bolsonaro feche o Congresso e se torne o Führer do Brasil. Procurar disfarçar isso é fazer coro com a Rede Globo. E a Rede Globo está fazendo isso porque defende o mesmo programa econômico de Bolsonaro. Para defender esse programa, nesse momento a burguesia tenta impedir a polarização política na so-
ciedade. Está ficando claro e delimitado que, de um lado, uma minoria coxinha de extrema-direita defende o governo, enquanto a esmagadora maioria rejeita o governo, seu programa e quer sua queda. A direita golpista precisa obscurecer esse fato para evitar que a polarização se torne mais intensa, e que dessa forma a esquerda cresça, organizando grandes atos contra o governo, até que os golpistas sejam derrotados e todo o programa da direita vá por água abaixo. É preciso trabalhar, portanto, para que justamente a polarização política se amplie, e a oposição popular ao governo fique cada vez mais clara, e as mobilizações se ampliem nesse sentido. E para isso não se pode confundir o que aconteceu no dia 26. Em primeiro lugar, foi um ato coxinha cheio de fascistas. Em segundo lugar, foi um fracasso total, mais uma derrota do governo Bolsonaro.
OPINIÃO E POLÊMICA | 3 EDITORIAL
É preciso levantar a cortina de silêncio em torno do Fora Bolsonaro A
esquerda burguesa e pequeno-burguesa não querem, de jeito nenhum, levantar o Fora Bolsonaro. Fazem todas as manobras possíveis para evitar essa palavra de ordem. Desde as lideranças institucionais do PT até setores mais irrelevantes politicamente e isolados das massas, como o PSTU, passando pelo Psol, PCdoB, alguns movimentos sociais que estão sob suas influências, ninguém leva a sério a reivindicação popular, que aumenta a cada dia. Essa esquerda tem motivos variados para silenciar tal chamado. Pode
ser por “rabo preso” com políticos e partidos de direita, pode ser por temor de perder privilégios burocráticos como são os cargos estatais que ocupam, pode ser por um pensamento idealista e pequeno-burguês. Mas, no final das contas, o resultado é o mesmo: na prática, acabam sustentando o governo em frangalhos de um presidente fascista, que está destruindo a economia nacional e todos os direitos democráticos do povo. A esquerda, de modo geral, recusa-se a dar um passo a frente e a enxergar a realidade. Ou se derruba Bolsonaro,
ou os golpistas ganham força para aumentarem os ataques devastadores contra a população, e a esquerda (seja ela “radical” ou moderada) é um dos alvos principais. Com a polarização política e a intensa crise do regime, a luta de classes torna-se cada vez mais uma luta de vida ou morte política. O povo já clama pelo Fora Bolsonaro. A esquerda desvia esse foco para lutas parciais, como pela educação, ou no máximo para “deter” (prender?) Bolsonaro, como disse um dos dirigentes da esquerda pequeno-burguesa mais sectária, Valério Arcary.
Os partidos que realmente lutam contra o golpe, a direita e o fascismo, bem como os movimentos populares diretamente ligados aos setores mais oprimidos e politizados da população (CUT, MST, UNE) devem entender que há muito tempo está na hora de pedir e de lutar concretamente pela derrubada do governo. É preciso levantar a cortina de silêncio em torno do Fora Bolsonaro e espalhar cartazes, entregar panfletos, realizar cada vez mais manifestações, organizar a greve geral de 14 de junho e estabelecer um plano real de lutas com a política clara do Fora Bolsonaro!
Valério Arcary: tudo para não falar “Fora Bolsonaro” E
m recente entrevista concedida ao Programa Faixa Livre da Rádio Bandeirantes, o professor de história, Valério Arcary, expressou o profundo desnorteio político que atinge a esquerda pequeno burguesa, com relação ao governo de extrema-direita de Bolsonaro. Ex-dirigente do PSTU e atualmente militante da corrente Resistência, grupo egresso do PSTU, que se incorporou ao PSOL, Arcary é daqueles políticos pequeno-burgueses, que não tem a mínima ideia para onde aponta a bússola. Em uma entrevista de cerca de 40 minutos, o dirigente psolista falou de tudo. Recorreu a acontecimentos da revolução russa, da revolução francesa, falou do fora Collor, da política de conciliação de classes do PT, entre outras conjecturas políticas, mas só não falou do que realmente é o ponto nevrálgico da política no Brasil de hoje, que é a posição diante do governo Bolsonaro. Ou melhor, “Fora Bolsonaro” ou “Fica Bolsonaro”. Em um dos momentos da entrevista, o professor de história depois de afirmar que as mobilizações dos dias 15 e 30 haviam mudado a conjuntura, apesar da situação da classe operária ainda estar no marco de uma situação “defensiva e reacionária”, apresentou como uma primeira opinião que “os desafios são grandes por que o que estamos vendo, na verdade, é um movimento de resistência contra a ofensiva do governo”.
O professor de história não entendeu nada sobre as mobilizações dos dias 15 e 30 de maio. Para ele foi um raio em céu azul. Em meio a uma situação “absolutamente reacionária”, um belo dia, professores e estudantes acordaram como de um feitiço, tomaram as ruas e a partir daí está se conformando um movimento de resistência. Uma questão elementar da política é que toda ação efetiva de uma classe social contra outra, como um golpe de Estado, impõe, necessariamente, uma polarização política. No caso brasileiro, essa polarização vem crescendo desde o golpe de 2016 e só não evoluiu de forma mais efetiva por conta da política da própria esquerda, que a todo momento procurou desviar o enfrentamento das amplas massas para o campo institucional (impeachment, perseguição e prisão de Lula e outros dirigentes petistas, fraude eleitoral, etc.) Diante do bloqueio da própria esquerda, a revolta popular procurou brechas para romper a barreira de contenção e foi encontrá-la justamente na festa mais popular do país, o carnaval e a partir daí, o dia 15 representa o rompimento definitivo dessa crosta. Na continuidade da entrevista, como que para dizer alguma coisa sem, na prática, se comprometer com nada, Arcary volta a se referir às mobilizações como movimentos “defensivos”, que os cidadãos não precisam comungar “historicamente com o socialismo”
basta apenas ter “lucidez”, para entender que estamos diante de um governo que “precisa ser detido”, um governo que ameaça “direitos conquistados”, ameaça as “liberdades democráticas”, “as conquistas civilizatórias” da humanidade, enfim, “um dos governos mais reacionários e perigos do mundo”. Toda essa salada de declarações leva a uma única conclusão: não fazer nada e esperar para ver como as coisas ficam. E o Fora Bolsonaro? O governo “precisa ser detido”, mas e aí? Como ele será detido? Por Mourão? Pela política “defensiva de resistência”? Pela “lucidez” da classe média não socialista e até bolsonarista? O “lúcido” professor de História, que citou na entrevista vários acontecimentos históricos, quando se trata de “olho no olho, dente por dente” não sabe o que fazer. Uma outra regra elementar da política é a de que toda luta defensiva tem por objetivo se transformar em uma luta ofensiva. Aliás, não só em política, você se defende para atacar, veja o futebol. Nesse momento de defesa contra os ataques do golpe e da extrema-direita, a política de contra-ataque, se se quer ganhar o jogo, só pode ser uma, que é a de lutar pela derrubada de Bolsonaro e todo o regime golpista. Não lutar pelo “fora Bolsonaro” é ir contra as manifestações dos dias 15 e 30 de maio. Não levantar essa palavra de ordem é permitir que “um dos governos mais reacionários e perigos do mundo” se
recomponha ou que os militares (tratados com benevolência na entrevista), tão ou piores do que Bolsonaro, imponham uma política bolsonarista sem Bolsonaro. Outros aspectos da entrevista, como, por exemplo, a interpretação do movimento Fora Collor, apenas corroboram com as concepções ultraconservadoras do entrevistado. Vale salientar que, assim como as mobilizações dos dias 15 não foram um “raio em céu azul”, também não são a política capituladora da pequena burguesia, expressa de uma maneira tão fantasiosa por Valério Arcary. Para não ir longe, o professor do Instituto Federal de São Paulo foi um das principais “profetas” no campo da esquerda pequeno-burguesa a defender que “não havia golpe no Brasil”. Chegou, inclusive, a ser agraciado com uma entrevista na Globonews para defender a sua fantasiosa tese, baseada de que esse não era o interesse do imperialismo e que tudo não passava “narrativa petista ou governista”. Foi ainda defensor dos golpes de extrema-direita na Ucrânia e no Egito, sob o argumento de que se tratavam de “revoluções populares”, entre outras bizarrices pelo mundo, como a Venezuela. Diante de tamanha falta de senso político, o que significa não defender o Fora Bolsonaro? Talvez não seja por outro motivo que seu grupo foi rebatizado dentro do PSOL, com o sugestivo nome de “Resistência”.
4 | OPINIÃO E POLÊMICA
A “TÁTICA” DO PCDOB
Resistir a Bolsonaro, mas não acabar com o governo
O
portal jornalístico do PCdoB na internet, o Vermelho, trouxe uma matéria sobre a intervenção da presidenta do partido, a deputada Luciana Santos, sobre a situação política em reunião que marcou a fusão do PCdoB com o Partido Pátria Livre. A matéria esclarece bem a posição não só do PCdoB como da maior parte da esquerda pequeno-burguesa, que se recusa a levantar qualquer palavra de ordem que aponte para a derrubada do governo Bolsonaro e do regime político golpista em geral. Diante do governo impopular, que chegou ao poder através de uma fraude descarada e que tem como objetivo impor ataques profundos às condições de vida dos trabalhadores e de todo o povo, o PCdoB busca uma política que em suma representa a sustentação do governo. Diante da tendência do regime político golpista de intensificar a ditadura contra o povo justamente para impor tais medidas econômicas, o PCdoB prefere uma “oposição” institucional. A presidenta do PCdoB, assim como boa parte da esquerda que se encontra no Parlamento e nas instituições, acredita que seria possível “ajustar” o governo, “coloca-lo na linha” como dizem alguns: “Não há uma única ação dirigida a enfrentar a retomada do crescimento econômico”, diz ela. Mas qual seria a surpresa? É como se acreditássemos que Bolsonaro e sua corja de malucos e fascistas (uma qualidade normalmente vem atrelada à outra) não estariam no poder justamente para destruir o País economicamente.
E ela vai além em sua tentativa de apontar as “ineficiências” do governo: “o governo toca uma música de uma nota só: a ‘reforma’ da Previdência Social. Em essência, a única ação concreta do governo em seus cinco meses, que pelo seu caráter nocivo aos mais vulneráveis vem sofrendo forte resistência. A atuação das forças de oposição, em coordenação com as forças do centro, tem permitido vitorias pontuais nesse tema”. Aqui, Luciana Santos dá a entender que a reforma da Previdência poderia ser um dos temas a serem discutidos, ou seja, o problema não é acabar com a reforma que quer destruir a aposentadoria do povo, mas de repente fazer alguma reforma na reforma como se fosse possível torna-la menos nociva para o povo. E Luciana quer essa reforma da reforma se aliando ao chamado “centrão” político. O principal foco de resistência seria os partidos golpistas do centrão que são justamente o núcleo político fundamental do golpe e de todos os ataques contra o povo e são os responsáveis pela chegada de Bolsonaro ao poder. DEM, PSDB, PMDB e outros partidos que colocaram em marcha o golpe de Estado, soltaram os cachorros bolsonaristas nas ruas, apoiaram a eleição fraudulenta de Bolsonaro, tudo isso para justamente impor a reforma da Previdência e todos os ataques contra a população. A explicação mais adiante esclarece qual a política do PCdoB: “O núcleo central da tática do PCdoB continua o mesmo: resistência, amplitude e sagacidade. A resistência tem sido feita nas ruas e no parlamento. A sagacidade está
principalmente em conseguir explorar contradições entre as forças que poderiam aderir ao governo Bolsonaro.” Ela acredita que é possível se aliar aos setores golpistas que eventualmente estejam em contradição com Bolsonaro. Eventualmente porque como dissemos, é justamente o “centrão” o principal núcleo que sustenta o governo e principalmente as medidas anti-povo. A essência da política do PCdoB é buscar uma frente com os setores golpistas. “Neste sentido, o momento é de restabelecer pontes, abrir diálogos com outros campos políticos. É de grande significado os movimentos que o governador Flávio Dino vem realizando, como as visitas a figuras do mundo político, como o ex-Ministro Nelson Jobim e aos ex-presidentes Fernando Henrique Cardoso FHC e Luiz Inácio Lula da Silva”. O PCdoB quer atrelar a luta contra o golpe a uma manobra política
entre setores da burguesia e da direita golpista. Falando mais claramente, é uma política que visa colocar o movimento de luta contra o golpe a reboque dos próprios golpistas. A “oposição” e “resistência” do PCdoB é na realidade a sustentação do próprio governo Bolsonaro ou de alguma variante dele, caso a burguesia – não o povo – decida substituir Bolsonaro. Essa é a consequência da política de frente ampla com os setores do “centrão” cujo nome correto é DEM-PSDB-PMDB ou seja partidos golpistas. Essa “resistência” tem como grande objetivo esperar as próximas eleições fraudulentas – se houver novas eleições. Enquanto o povo espera até 2022, o PCdoB propõe que se “resista”. Vamos resistindo sem aposentadoria, sem direitos trabalhistas, sem indústria nacional, sem universidades, sem escolas e com repressão.
PROCESSO ELEITORAL
Mais um prego no caixão das eleições “democráticas”: “calúnia” pode gerar prisão N
a última quarta-feira (5), foi sancionada lei que prevê um maior controle no que diz respeito ao processo eleitoral no país, tornando crime a denunciação caluniosa com finalidade eleitoral. De acordo com o texto da Lei 13.834/2019, que irá ser incluso no Código Eleitoral, está sujeito a pena de dois a oito anos de reclusão quem der origem a qualquer tipo de investigação ou processo judicial contra alguém que tenha ciência de sua inocência. O que podemos aferir desse fato é algo muito claro e conciso sobre o regime golpista. É notório que o momento do processo eleitoral que ocorre no país, ao contrário do que se fala, de que seria um momento onde se exerce a plena democracia, na verdade representa um dos momentos onde há maior suspensão dos direitos democráticos, um deles especialmente é a liberdade de expressão. Nada mais é do que prender indiscriminadamente quem fale qualquer coisa.
Outro ponto a se destacar, é que em suma essa lei aprofunda ainda mais o caráter antidemocrático das eleições no país. É preciso ter claro o real objetivo por trás dela, que é o de estabelecer o controle absoluto da direita
sobre o processo eleitoral, que historicamente já é fraudulento, uma vez que está sob o controle da burguesia inimiga do povo. Essa lei denota mais um mecanismo já antes utilizado pela direita,
que serve para perpetrar seu programa antipopular contra a população na marra. Ou seja, exercer o maior controle possível da eleição e passar adiante um programa de massacre do povo.
POLÍTICA |5
PLENÁRIA POR TODO BRASIL
Amanhã, Comitês de Luta Contra o Golpe realizam plenárias preparando a greve geral A
s mobilizações dos dias 15 e 30 de maio colocaram o governo Bolsonaro ainda mais na corda bamba. Agora, é hora de parar todo o país para encurralar a burguesia e dar continuidade à luta pela liberdade de Lula e pela derrubada dos governos golpistas. Para que a greve geral seja um movimento amplo e aponte na direção de uma mobilização incessante contra a direita, os comitês de luta contra o golpe irão organizar, em todo o país, plenárias de organização da greve geral. As plenárias serão fundamentais para organizar uma verdadeira campanha política em torno das palavras de ordem fundamentais da atual etapa política: “Fora Bolsonaro”, “Liberdade para Lula” e “Eleições Gerais”. Por mais que o governo Bolsonaro esteja em uma crise muito profunda, ele não vai cair “de podre”, como defende a esquerda pequeno-burguesa. Bolsonaro foi imposto pela burguesia, por meio de uma escancarada fraude eleitoral – portanto, não será a burguesia que vai dar fim ao governo golpista. É possível, diante da crise do governo e da imprevisibilidade do próprio
Bolsonaro, que a burguesia decida substitui-lo pelo vice, o general Hamilton Mourão. No entanto, isso não resultará em nenhuma vitória real para os trabalhadores: a ofensiva da direita continuará da mesma maneira ou até mesmo com maior intensidade se a Presidência for passada para Mourão.
A única solução para derrotar a direita é a mobilização popular. É preciso seguir o caminho que está sendo apontado pelos últimos atos, é preciso multiplicar as manifestações e tornar o governo Bolsonaro, bem como todos os seus ataques, algo inviável.
Para que a mobilização caminhe no sentido de derrotar o golpe, participe das plenárias dos comitês de luta contra o golpe e pela greve geral! Entre em contato com nossa imprensa e saiba onde acontecerá em sua cidade. Fora Bolsonaro e todos os golpistas! Liberdade para Lula! Eleições gerais já!
FORA BOLSONARO
Todos os dias, vários ataques contra o povo: Fora Bolsonaro! M
uito além das mensagens adolescentes no twitter, dos discursos atrapalhados ou da promoção de iniciativas inócuas, Bolsonaro e seu governo representam um mal real para o país e, em particular, para os trabalhadores. São muitos os ataques promovidos pelo governo, desde a entrega de recursos e de empresas nacionais, como foi o caso da Embraer e o sucateamento da Petrobrás, à promoção da violência contra movimentos sociais e partidos de esquerda, passando por propostas como o pacote anticrime de Sérgio Moro, o desmonte do Ibama, do Instituto Chico Mendes, da Funai, de órgãos de defesa dos Direitos Humanos, de fomento à cultura, até a promoção do fim das pesquisas científicas, do desenvolvimento cientifico no país, da educação pública em todos os níveis. Não há sinais de que o desemprego vá ser objeto de uma política concreta nem que o setor produtivo retome os níveis dos últimos 10 anos. O comércio vai ma e nossa comida será, cada vez mais, envenenada. E a reforma da Previdência promete promover o maior roubo de recursos públicos dos últimos tempos e, na prática, impossibilitar a aposentadoria da maior parte da população, retirando direitos de idosos e de pessoas com deficiência, reduzindo ou eliminando pensões, aumentando o tempo de
serviço e a idade mínima para aposentadoria, penalizando as mulheres e os trabalhadores do campo de uma forma cruel. Além disso, a promessa de metralhar petralhas, de desconstruir o país – o que implica criminalizar os movimentos sociais e a esquerda – mal começou a ser efetivada. Os ataques mais recentes às universidades públicas, visando professores e estudantes, vistos como inimigos do governo e de um projeto de país violento, desigual, autoritário, são apenas uma peça nesse jogo para desconfigurar de vez o país desenhado na Constituinte 1987/88. É por esse motivo que não se pode conceber o enfrentamento ao governo Bolsonaro por meio reivindicações parciais. Evidentemente, elas podem ser levantadas, e devem ser levantadas. Mas não podem ser um fim em si mesmo, nem iludir a militância sobre seu sentido. É preciso que os protestos realizados daqui em diante tenham, cada vez mais, com um eixo central, uma proposta política para a crise do país. Mas, diferente do que advogam alguns membros da esquerda pequeno-burguesa, para isso é necessário e urgente exigir Fora Bolsonaro!, É isso que, nas ruas, tem se mostrado capaz de unificar todas as pautas e é o que pode evitar uma dispersão do movimento que está crescendo contra o governo.
Não há como a esquerda justificar sua inação e não montar sua estratégia de enfrentamento sem incluir o Fora Bolsonaro. Não é possível convencer ninguém que se está combatendo o governo golpista de Bolsonaro, nascido da fraude eleitoral de 2018, afirmando que ele é legitimo. Não há como honestamente se apresentar como oposição a Bolsonaro sem pressionar por sua saída, pelo fim de seu governo. O governo de extrema-direita não vai ser convencido a ser menos violento, a não perseguir e buscar a eliminação, física inclusive, de seus adversários. Bolsonaro não vai se converter nem à direita, muito menos à esquerda. Mas parece que a esquerda quer se transformar em esteio do governo que anunciou a destruição do país. Sim, lutar pela educação pública, pela ciência, pelo financiamento do desenvolvimento científico, pelo meio
ambiente, pela cultura, por mais emprego, contra a desigualdade, mas, no contexto do governo autoritário, fruto de um golpe, essa luta deve ter como centro, ainda, a derrota do próprio golpe, ou seja, derrotar Bolsonaro e seu governo. O PSDB, o PMDB e o DEM, junto com outros partidos de direita como o PP, e alguns que se intitulam de esquerda como o PSB e o PPS, conceberam e executaram, com o financiamento de parte do empresariado nacional e com a coordenação da grande imprensa, o golpe de 2016. Atores internacionais agiram para amplificar a crise política e promover a criminalização de partidos e movimentos sociais, de forma a tornar mais palatável aquele golpe. São esses os mesmos elementos que hoje, depois de terem falhado em eleger um dos seus e fechar a conta do Golpe, trabalham para a manutenção, tutelada, do governo Bolsonaro. E a esquerda golpeada se entrega a esse jogo, negando o Golpe e agindo como se acreditasse que não vivemos num Estado de Exceção. Apesar disso, nas ruas, nas mobilizações, está claro que não há forma de compor com o governo. Fora Bolsonaro tornou-se a palavra de ordem mais constante e a que melhor sintetiza o sentimento da maior parte da população. Unificar a luta é promover o Fora Bolsonaro.
6 | POLÍTICA
GOVERNO DO PRESIDENTE IMPOSTOR
“Progressistas” defendem a indústria da multa; Bolsonaro faz a festa
O
natimorto governo do presidente impostor Jair Bolsonaro está esgotado e já não conta com o apoio sequer daqueles setores mais diretamente responsáveis por sua fraudulenta eleição. É clara a prostração e a mais completa paralisia de um governo improvisado, resultado de uma manobra e de um expediente de última hora para tentar contornar a crise aberta com o golpe de Estado de 2016. Esse processo, que de acordo com a estratégia e o calendário montado pela burguesia deveria ter sua etapa de fechamento e/ou prosseguimento com as eleições de 2018, elegendo um candidato que fosse o representante direto – ou algo próximo a isso – das forças políticas que articularam e financiaram o movimento golpista que depôs o governo eleito em 2014, encontra-se no mais completo impasse, com um desenlace que pode resultar inclusive na queda iminente do próprio governo Bolsonaro. Paralisado e cada vez mais isolado, as poucas e tímidas iniciativas do governo nada mais significam do que acanhadas medidas para tentar impressionar uma parte do eleitorado ainda não totalmente desencantado com a impostura representada por Jair Bolsonaro e seu ministério, composto por figuras patéticas e bizarras, seu vice-presidente igualmente golpista e sua bancada parlamentar desarticulada, fisiológica e carreirista. Em meio a todo este desprestígio e muito próximo de ser apeado do poder, Bolsonaro vem adotando medidas de puro efeito moral, sem qualquer impacto ou significado para tirar
o país do atoleiro em que os golpistas o mergulharam. Nesta semana, no dia 04 de junho, o cada vez mais impopular presidente encaminhou ao Congresso Nacional Projeto de Lei propondo um conjunto de mudanças na legislação que trata da Carteira Nacional de Habilitação (CNH), como a extensão da validade da CNH de cinco para dez anos; o aumento do limite de pontos que levam à suspensão da carteira de 20 para 40; o fim da fiscalização de velocidade e a desativação dos radares em rodovias federais, entre outras medidas. Como já era de se esperar, a grita foi geral no meio da chamada “opinião progressista” do país, que disparou um arsenal de opiniões e opiniões contrárias ao PL encaminhado ao Congresso. A esquerda nacional e as ditas ‘forças progressistas”, que são inteiramente míopes em relação ao conteúdo e ao real significado do conjunto de leis e normas que regem o funcionamento da sociedade, se manifestaram enfurecidas e indignadas. São os mesmos setores que historicamente sempre defenderam que o Estado (burguês, opressor, policial) deve exercer “sua autoridade”, sua “mão forte” para melhor regular o funcionamento e a convivência entre as classes. Isso em uma sociedade marcada em toda a sua extensão pelas gritantes desigualdades e pelo gigantesco abismo social existente entre ricos e pobres; vale dizer, entre exploradores e explorados. Será que é tão difícil assim para esses setores perceberem que todo e qualquer fortalecimento e ampliação do poder de polícia do Estado resultará em mais ataques e opressão contra a po-
TODOS OS DIAS ÀS 10H, NA CAUSA OPERÁRIA TV
pulação pobre, contra os explorados, contra o cidadão comum, totalmente indefeso diante do brutal crescimento da presença do Estado, da repressão, das perseguições, da vigilância, da espionagem; enfim, da interferência na vida social do país? As leis de trânsito, como todas as leis improdutivas do Estado, servem para sufocar e reprimir a população. Portanto, a esquerda defender que o Estado estabeleça leis que obrigam a população a seguir determinadas normas impostas pela burguesia, é defender a opressão do Estado capitalista sobre o povo. Não são novas leis que diminuirão as mortes ou os acidentes, que acabarão com infrações sociais. O papel do
Estado não é punir os cidadãos e encerrar cada vez mais gente nos campos de concentração que são os presídios superlotados. A esquerda, mesmo a estritamente reformista e institucional, abandonou sua bandeira histórica de lutar por um Estado que contemple as reivindicações e amplie os direitos dos mais pobres e do povo em geral. Agora, defende a repressão do Estado sobre estes, ao invés de mais direitos ela exige mais deveres para os cidadãos. Não é fortalecendo o poder de polícia do Estado que a esquerda vai atender aos interesses populares. Para isso, é preciso, pelo contrário, diminuir cada vez mais até acabar com esse poder do Estado, de repressão e de ditadura sobre o povo.
POLÍTICA|7
ESPIONAGEM
Defesa de Lula prova que foi espionada pela Lava Jato em processo grotesco J
á faz dois anos (desde março de 2016) que circulou a notícia de que um escritório de advocacia inteiro, com 25 profissionais, teve seus telefones grampeados pela Polícia Federal a mando do então juiz da Operação Lava Jato, Sérgio Moro. Entre os 25 advogados, alguns atuam em defesa do ex-presidente Lula, nos processos em que é acusado, outros não. Cerca de 400 clientes dos demais advogados, em outros casos e processos, também tiveram suas comunicações violadas pelo crime de Sérgio Moro. Agora, antes tarde do que nunca, a defesa do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva denuncia que pode provar que foi vítima daquela espionagem. Em qualquer civilizado, isso daria em anulação de todo o processo. E os outros 400 clientes prejudicados também poderiam exigir uma reparação do Estado (e uma condenação de Sérgio Moro) seja lá quais forem seus casos. Em relação a Lula, a Operação Lava Jato, sob o comando do então juiz Sérgio Moro, fez interceptação telefônica do escritório de seus advogados e violou a lei ao produzir relatórios que detalharam 14 horas de conversas entre os defensores do ex-presidente. Esses relatórios são a prova confessa do crime de Moro, não são mera convicção dos advogados de Lula. A denúncia é a base de uma aposta da defesa de Lula para tentar anular no STF (Supremo Tribunal Federal) a condenação do ex-presidente no caso do tríplex de Guarujá (SP). A ação que pede a anulação do processo no STF se baseia no relato do advogado Pedro Henrique Viana Martinez. Ele não faz mais parte da equipe contratada por Lula, mas afirma ter visto na 13ª Vara Federal de Curitiba
os relatórios produzidos a partir das interceptações telefônicas do ramal-tronco do escritório Teixeira Martins & Advogados. Se alguém ainda tinha alguma dúvida, os relatórios com a transcrição da espionagem explicitam que Lula não teve defesa de verdade: os inimigos do réu já sabiam toda a estratégia da defesa. E os inimigos do réu são os procuradores e o juiz do caso. Os membros do poder judiciário são parte no processo. O processo é uma completa farsa. A sentença contra Lula, caso haja alguém de bom senso, precisa ser anulada. É claro que os algozes de Lula e os judiciário golpista vai buscar desqualificar as graves denuncias e que qualquer medida real em favor de Lula só virá da mobilização popular nas ruas, ainda mais diante do agravamento da crise do governo e da crescente mobilização popular que tem como eixos o fora Bolsonaro e a defesa da liberdade de Lula. O Partido dos Trabalhadores emitiu uma nota a respeito. Segundo o PT, “é criminosa e atenta contra as mais básicas conquistas da civilização a espionagem dos advogados do ex-presidente Lula”. Leia a íntegra da nota: É criminosa e atenta contra as mais básicas conquistas da civilização a espionagem dos advogados do ex-presidente Lula, por parte do ex-juiz Sérgio Moro, procuradores e policiais federais da Lava Jato. Os gravíssimos fatos revelados hoje (06/06) pela Folha de S. Paulo mostram que as conversas telefônicas entre os advogados de Lula foram grampeadas ilegalmente e monitoradas em tempo real por aqueles que o acusaram e julgaram.
Pelo menos 14 horas de conversas foram analisadas por agentes da PF, de acordo com o jornal. O grampo autorizado por Moro violou frontalmente o Artigo 7º. do Estatuto da Advocacia, que garante a inviolabilidade da correspondência e das comunicações telefônicas de advogados no exercício da defesa. A conduta do ex-juiz foi repreendida ainda em 2016 pelo ministro Teori Zavascki, ocasião em que Moro alegou ter cometido “um equívoco”. Agindo com absoluta má-fé e desobedecendo decisão do Supremo, Moro deixou de destruir as gravações conforme determinado. E sabe-se agora que serviram a uma condenação ilegal e injusta. A utilização de informações obtidas ilegalmente sobre a estratégia da defesa deve produzir, na vigência dos estado de direito democrático, a anulação do processo contra Lula, que está preso sem ter cometido nenhum crime.
As ações criminosas do ex-juiz, dos procuradores e policiais da Lava Jato deveriam ter sido objeto de sanções disciplinares e penais. Estes agentes do Estado, no entanto, foram premiados com altos cargos do serviço público, o que demonstra a utilização política e eleitoral da Lava Jato. Os graves fatos revelados hoje somam-se à lista de arbitrariedades e violações cometidas por Moro e pela Lava Jato, a pretexto de combater a corrupção: conduções coercitivas contrárias à lei, prisões sem fundamento, benefício a criminosos com objetivos políticos, o grampo da então presidenta da República e tantas outras aberrações. O Brasil e o mundo já sabem o suficiente para exigir a anulação do processo contra Lula e o julgamento dos crimes cometidos contra sua liberdade. A História ainda vai revelar muito mais sobre esse vergonhoso capítulo que vivemos. Lula Livre!
8 | PCO
CURSO SOBRE O FASCISMO
Veja como foi a palestra de Rui Costa Pimenta na USP sobre como combater o fascismo N
a tarde da quinta-feira (6/6) o companheiro Rui Costa Pimenta, presidente nacional do Partido da Causa Operária (PCO), ministrou o curso “Fascismo: o que é, e como combatê-lo” na USP (Universidade de São Paulo, campus oeste), na sala 271 do Prédio da Faculdade de Letras da FFLCH-USP. O curso foi público e aberto a todos os interessados. Os frequentadores do curso assistiram à palestra do Rui Pimenta e também se encontraram com militantes do PCO, com os quais adquiriram o Jornal Causa Operária, panfletos, adesivos e diversos materiais, especialmente os da campanha pelo Fora Bolsonaro, Liberdade para Lula e Eleições Gerais Já. Assista no Diário Causa Operária
CURSO SOBRE O FASCISMO
Jornal francês destaca a política do PCO em meio aos protestos em Paris pelo Fora Bolsonaro R
eproduzidos a seguir uma reportagem do jornal francês Le Journal du Dimanche, dessa quinta-feira (06), traduzida pelo PCO Europa, grupo de militantes e filiados do Partido da Causa Operária na Europa. O artigo é sobre os atos contra o governo Bolsonaro realizados esta semana em Paris. Em Paris, a comunidade brasileira contra o Bolsonaro Um fórum econômico ocorria na quarta-feira entre representantes do governo brasileiro e o Medef *. Brasileiros que moram na França manifestaram-se em frente ao Ministério da Economia e Finanças, um sinal do protesto de parte da comunidade contra o regime de Jair Bolsonaro. De Emmanuel Haddek « Fora Bolsonaro! » No megafone, a palavra de ordem ressoa na praça em frente ao Ministério das Finanças. Sob uma chuva torrencial. Manifestantes reuniram-se para se opor à realização de um fórum de negócios entre a França e o Brasil, que ocorria a poucos metros de distância, no prédio do governo. Entre os convidados, Carlos Alberto dos Santos Cruz, ministro-chefe da Secretaria de Governo da Presidência do Brasil, encarregado de parcerias e investimentos do governo de extrema-direita de Jair Bolsonaro. Os franceses estão presentes na demonstração, mas não estão sozinhos. A comunidade brasileira na França também está se mobilizando contra o regime Bolsonaro, no poder desde outubro passado.
“Uma pequena vitória” A tarde começa com uma boa notícia para os manifestantes: Agnès Pannier-Runacher, Secretária de Estado Adjunta do Ministro da Economia e Finanças finalmente decidiu não participar do fórum – estava previsto que ela acolhesse a delegação brasileira. No dia anterior, seu nome foi removido da lista de participantes. Não há mais membros do governo agora presentes. “É uma pequena vitória”, diz Rebeca Lang, uma brasileira que mora na França e membro do Alerte France Brésil, o coletivo organizador do evento. Pequena, porque o fórum foi mantido. “Fizemos uma petição, circulamos artigos, o jornal Libération publicou uma tribuna, acho que conseguimos fazer alguma pressão”, diz ela. Depois de cantar “Bella ciao”, uma famosa canção italiana anti-fascista, Rebeca revela o que a preocupa: “Com a ascensão do extremismo no Brasil, é todo o planeta que está em perigo, especialmente por causa do desmatamento na Amazônia. O número de hectares desmatados desde janeiro é impressionante”. “Bolsonaro é um presidente homofóbico e racista” Os líderes brasileiros não são os únicos criticados. Marcia Camargos chegou à França há menos de três anos e denuncia a hipocrisia do presidente francês Emmanuel Macron. “Algumas semanas atrás ele recebeu Raoni, líder indígena da Amazônia. Macron denunciou todas as ações perpetradas contra a floresta amazônica e empenhou
seu apoio. E agora ele recebe representantes brasileiros que mostraram claramente que desprezam estas pessoas, que eles vêem como parasitas”. A chuva não para de cair, no entanto, apesar de seu pequeno número, os manifestantes continuam lá. E por boas razões, pois a Amazônia não é o único motivo para sua presença hoje. É o governo que os expatriados brasileiros vêm denunciar. “Bolsonaro é um presidente homofóbico, racista, que incentiva a violência contra as mulheres. Este homem não gosta dos pobres, ele governa para os ricos, para a classe dominante », afirma Marcia. Apoio a Lula Entre as faixas e bandeiras trazidas pelos manifestantes, uma delas, vermelho escarlate, se destaca. A bandeira do PCO brasileiro (Partido da Causa Operaria). O único partido político representado hoje. “No Brasil, o PCO é um dos únicos partidos a opor-se abertamente a Bolsonaro. É muito complicado para eles lá no Brasil », lamenta Rosangela Ribeiro dos Santos, a porta-voz. Ela chegou à França há alguns anos e ainda assim sua mobilização é recente. Em seu megafone, ela exigiu a libertação de Lula, preso por mais de um ano e novas eleições. « Lula foi vitima de uma fraude eleitoral, ele deveria ter podido participar das últimas eleições, especialmente porque as pesquisas o apontavam vencedor no primeiro turno ». Na França, a comunidade brasileira está cada vez mais posicionando-se contra o que ocorre no seu país de origem. E sobretudo desde a chegada de Bolsonaro ao poder. “Entre os dois tur-
nos das eleições presidenciais no Brasil, organizamos uma manifestação em Paris, que reuniu mais de 3.000 pessoas”, lembra Rebeca. Além disso, na época da votação, expatriados brasileiros na França haviam expressado sua rejeição ao líder de extrema-direita. 70% deles votaram no candidato de esquerda Fernando Haddad. Mas lutar por seu país a 8 mil quilômetros não é fácil. “É um trabalho de formiga”, diz Marcia. Mesmo longe, Rosangela sabe que sua luta não é em vão: “Devemos continuar cantando Bella ciao”, diz ela, sorrindo. *MEDEF (Mouvement des Entreprises de France significa Movimento das Empresas da França) Criado em 1998, o MEDEF substitui o Conselho Nacional do Patronato Francês. É uma organização de empregadores que representa os empresários franceses perante o estado e os sindicatos.
COMITÊS | JUVENTUDE | 9
CAMPANHA
Contribua com a campanha pela anulação dos processos contra Lula Q
uem acompanhou o processo judicial contra o ex-presidente Lula sabe que o mesmo está recheado de irregularidades, do começo ao fim. Trata-se de uma perseguição inescrupulosa da burguesia com a finalidade de tirar da vida pública uma das mais importantes lideranças da classe trabalhadora brasileira de todos os tempos. Para isso, orquestrou-se uma verdadeira conspiração envolvendo a grande imprensa, Ministério Público, Polícia Federal e o sistema jurídico brasileiro, nas três instâncias, em colaboração com os norte-americanos. Uma das irregularidades envolve o grampo telefônico do escritório de advocacia que trabalhava na defesa de Lula. O grampo foi requerido por Sergio Moro à Polícia Federal. Após inquiridos pelo Supremo, Moro respondeu ter sido um engano, e a PF justificou que um dos advogados também era investigado. Moro
se desculpou mas, conforme relata o advogado Pedro Henrique Viana Martinez, os áudios não foram destruídos e foram acessados pela equipe da promotoria. Isto significa uma grave violação do princípio básico do Direito a ter uma justiça imparcial. Uma vez que o juiz autorizou que os advogados da acusação acessem as conversas entre acusado e seus próprios advogados, tem-se a demonstração cabal de que o representante da Justiça age para favorecer a acusação. O fato se torna ainda mais grave pelo fato de que os grampos terem envolvido a conversa de Lula com a então presidenta Dilma Rousseff, e liberados para a imprensa, um crime contra a segurança nacional. No mínimo, todo o julgamento precisaria ser considerado nulo, uma vez que a peça da acusação e os despachos do juiz foram feitos de maneira irregular. Os advogados de Lula continuam
buscando a liberdade do ex-presidente em todas as instâncias judiciais. Mas é preciso compreender que nada disso será efetivo enquanto ficarmos na dependência destas mesmas instituições golpistas que o condenaram. É por isso que precisamos fortalecer a única força que pode ameaçar esta conspiração política: a mobilização popular.
Participe da campanha para impulsionar a mobilização popular pela liberdade imediata do ex-presidente Lula e anulação de todos os processos contra ele. Contribua hoje mesmo na campanha do partido que tem defendido Lula desde o início nas ruas, acessando este link: https://www.vakinha.com.br/vaquinha/ contribua-com-a-campanha-contra-prisao-de-lulao.
CAMPOS DE CONCENTRAÇÃO
Deputada do PSL quer transformar escolas em campos de concentração A
deputada estadual Talita Oliveira, do PSL do presidente ilegítimo Jair Bolsonaro, apresentou um projeto de lei na Assembleia Legislativa da Bahia (Alba) que propõe a expulsão de alunos que estejam matriculados na rede estadual e envolvidos com o crime organizado. No projeto fascista, que procura responsabilizar os alunos pela situação de verdadeiro caos nas escolas públicas, ou seja, onde estudam os filhos da classe trabalhadora, a deputada também institui o procedimento de desligamento para estudantes que cometam outros crimes de indisciplina, como agressão física a professores ou colegas, uso de drogas ilícitas dentro da escola, atos de violência sexual e destruição ou danificação, consumada ou tentada, de propriedade usada pelo estabelecimento de ensino ou de bem dos professores. Dessa forma a deputada, assim como boa parte da direita golpista, quer aumentar o percentual de jovens fora da Escola, que já alcança a marca de 25 milhões em todo o País (segundo dados do IBGE) e engrossar, entre outros, o número de jovens vítimas de homicídios, uma vez que os assassinatos foram a causa da morte de 59,1% dos jovens entre 15 e 19, em 2017, quando – após o golpe de Estado, se alcançou o recorde de homicídios no País com quase 66 mil homicídios ocorridos, em sua maioria, jovens e negros, evidenciando que há uma verdadeira guerra do regime golpista contra a população pobre. Cinicamente, a assessoria da parla-
mentar divulgou que o projeto, supostamente, foi feito por pedido de professores e procurou divulgar que o mesmo “foi apresentado em decorrência de contatos com professores e estudantes”e ainda que “a medida foi pensada para que os alunos bons não sejam prejudicados por conta de uma minoria”. Nada poderia ser mais falso e cínico. O Estado, incluindo seus parlamentos e seus governos inimigos do ensino público, rejeitam terminantemente a proposta dos professores e dos estudantes que, de fato, tinham e têm a ver com a melhoria das condições de ensino e aprendizagem nas escolas e, consequentemente, com o combate à falta de segurança nas escolas que vitima educadores e estudantes. A deputada integra o PSL, partido que faz parte de governos profundamente reacionários, especializados em atacar o ensino público, como é o caso do governo federal, comandado pelo fascistas Bolsonaro e Mourão e do governo municipal de Salvador, que tem como prefeito, ACM Neto, do DEM, entre outros. Esses e todos os governos burgueses, vem cortando os gastos com o ensino público, deixando as escolas sem funcionários para cuidarem até mesmo da limpeza e da merenda escolar, mantendo os trabalhadores da Educação com salários “congelados” por vários anos, reprimindo duramente as greves dos docentes e as manifestações estudantis a favor de melhorias na Educação. O caráter nazista e higienista do projeto fica ainda mais evidente quando o
próprio gabinete da parlamentar anuncia como critérios a serem adotados para identificar os possíveis “alunos envolvidos com facções criminosas”, “a identificação a ser feita pelas roupas e corte do cabelo dos estudantes”. E acrescenta que a “identificação que a PM faz também seria um método aplicado”. A deputada quer transformar as escolas, que em vários aspectos vem assumindo a forma de presídios, em verdadeiros campos de concentração, onde os estudantes sejam controlados até pela roupa e pelo corte de vabelo. A proposta da deputada se soma a outras iniciativas reacionária, do seu partido e de outros grupos da direita golpista, que procura impor a “Escola com fascismo” (sob o disfarce de “escola sem partido”) para censurar e reprimir os estudantes e educadores em todo o País, justamente no momento em que há uma enorme rebelião nas escolas e universidades (que também se desenvolve em todo o País) contra o governo Bolsonaro. O que se quer é intensificar a repressão sobre o estudantado (e também sobre os professores) por meio de medidas repressivas como esta e outras (como a militarização das escolas) para transformar a escola em uma máquina de propaganda do fascismo e de sua política reacionária, alem de cortar gastos com a Educação, impondo uma exclusão ainda maior do que a que já se verifica hoje, por conta da degradação do ensino, da necessidade dos jovens trabalharem muito cedo, do cote de verbas e fechamento de milhares de escolas e salas
de aula no campo e na cidade etc. Contra esta, e demais propostas semelhantes, é preciso intensificar a mobilização dos trabalhadores e da juventude, contra a ditadura nas escolas, contra a “escola com fascismo”, no qual o projeto da deputada se insere, a militarização e todo tipo de medida repressiva na área da Educação. Os movimentos de luta dos trabalhadores da Educação e dos estudantes, devem opor à essa ofensiva um programa de luta pelo controle das escolas pela comunidade escolar (professores, estudantes, estudantes, pais), com eleição direta de todos os cargos de gestão (diretores, vices, coordenadores etc.), fim dos cortes e aumento das verbas para o ensino público (verbas públicas somente para o ensino público); reposição integral das perdas salariais dos professores e funcionários, com piso salarial de R$ 6 mil para os professores (Meta 17 do PNE); cancelamento de todas as medidas do regime golpista contra a Educação (como a “reforma” do Ensino Médio etc.); fora a PM das escolas etc. Essas e outras reivindicações, só podem ser conquistadas com a derrota do regime golpista, para o que é necessário impulsionar a gigantesca mobilização, liderada pelos professores e estudantes, que ocorreu em todo o País nos dias 15 e 30 passados e que tem como próximo passo, o dia 14 de junho, dia de paralisação nacional, “greve geral”, que precisa ter continuidade em uma greve geral até a derrubada do governo golpista. Para o que e preciso colocar como eixo da luta em todo o País, uma política que aponte no enfrentamento e derrota do governo golpista e de seus ataques: fora bolsonaro e todos os golpistas; convocação de eleições gerais, com a liberdade de Lula e Lula candidato.
10 | MOVIMENTOS
RIO GRANDE DO NORTE
Rio Grande do Norte: extrema-direita organiza greve da PM para atacar governo do PT N
o próximo dia 17, grupos de extrema-direita do Rio Grande do Norte pretendem realizar uma greve da Polícia Militar. A greve está sendo organizada por facções da Polícia Militar que são abertamente bolsonaristas e com características fascistas. Supostamente, a greve teria como objetivo reivindicar o pagamento de salários atrasados por parte do governo do Estado. No entanto, não é exatamente os salários que estão movendo a extrema-direita para organizar uma greve da Polícia Militar. O atraso no pagamento de salários é o resultado da política do governo anterior, que era chefiado por Robinson Faria (PSD). Quando Fátima Bezerra (PT) assumiu o governo, ela negociou com todas as categorias, incluindo a PM, e propôs um calendário de pagamentos que foi acatado pela própria Polícia. O verdadeiro objetivo da greve é atacar o governo de Fátima Bezerra – seja para pressioná-la a atender as reivindicações da direita, seja para preparar sua queda no futuro. Afinal, Fátima Bezerra é a governadora do
Nordeste que menos tem sinalizado para uma colaboração com o governo Bolsonaro, em contraste com o governador Rui Costa (PT-BA), que vem defendendo abertamente a permanência de Bolsonaro na presidência e se opondo a qualquer mobilização contra o governo, além de atacar duramente os servidores públicos da Bahia, como os professores das universidades estaduais baianos que estão em greve. A atuação da extrema-direita no Rio Grande do Norte já é bem conhecida. No fim de 2018, um policial militar de esquerda, que fazia parte do movimento Policiais Antifascistas e estava trabalhando como segurança particular de Fátima Bezerra, foi assasssinado pela extrema-dierita. Se a extrema-direita terá sucesso em organizar a greve, ainda é uma incógnita. No entanto, a política da esquerda e dos setores democráticos não pode ser a de subestimar o movimento: é necessário denunciar a investida golpista da extrema-direita e combatê-la.
BANCÁRIOS
NEGROS
Trabalhadores do BB rejeitam A cada quatro pessoas tentativa de liquidar com o assassinadas no Brasil, três plano de saúde da categoria são negras E
ntre os dias 17 e 27 de maio último realizou-se a segunda consulta de alteração no estatuto da Caixa de Assistência dos Funcionários do Banco do Brasil (Cassi), a categoria, mais uma vez, derrotou a proposta dos prepostos do governo ilegítimo de Jair Bolsonaro, à frente do Banco do Brasil de liquidar com o plano de saúde dos trabalhadores, na tentativa de pavimentar o caminho para a entrega de um patrimônio construído pelos funcionários do BB para os capitalistas, com o voto de 80% dos trabalhadores da ativa e aposentados aptos a votar. A derrota dos golpistas mesmo (que contou com a colaboração, equivocada, de entidades dos trabalhadores) depois de ter despejado uma intensa propaganda terrorista a favor do “sim” através de centenas de milhares de panfletos da Cassi e das entidades dos trabalhadores, distribuídos nos locais de trabalho e nas residências, além da profusão de comunicados internos diários emitidos pela empresa, pressão de gerentes e administradores, etc., recebeu uma resposta de um sonoro não de 68% dos votantes. Somando os votos não , brancos, nulos e abstenções, foram 168.580 trabalhadores da ativa e aposentados; em contrapartida o sim obteve apenas 55.444, perfazendo 32% do total de funcionários aptos a votar.
A
Não foi por acaso que, mais uma vez, a grande maioria dos funcionários do BB rejeitaram a proposta da direção golpista do banco, pois sabem muito bem que a mudança é um ataque sem precedentes que visa liquidar com a Cassi, e abre caminho para transformar em um plano de saúde de mercado, tudo que os bancos privados, nacionais e internacionais querem. É necessário destacar que os ataques dos golpistas irão continuar, pois se trata, além de entregar para os capitalistas um patrimônio que gera uma receita de mais de R$ 5 bilhões anuais com mais de 850 mil participantes, preparar a privatização do banco. Cabe aos trabalhadores do Banco do Brasil e suas organizações barrar mais esse ataque do governo golpista e organizar uma gigantesca mobilização pelo controle do plano unicamente pelos trabalhadores.
cada novo levantamento de dados acerca de assassinatos de pessoas no País, fica patente a verdadeira guerra em curso contra todo o povo e o massacre contra a população negra, a quem tem maiores porcentagens dentre as vítimas No último período, de acordo com o Atlas da Violência 2019 – que divulgou dados relativos ao ano de 2017 – foi constatado o aumento de mortes no País, com recorde de quase 66 mil mortos naquele ano. Dentre esse número exorbitante de homicídios, as vítimas negras, do total das pessoas assassinadas, a pesquisa mostra que 75,5% eram negras (pretas e pardas). Das mulheres assassinadas, os dados apontam que as negras e pardas representam 63,4%. Não é por coincidência ou algo simplesmente natural, o aumento da violência e propriamente da repressão, são decorrentes do avanço da extrema-direita e de um regime político atroz contra a população. Um dos pontos que a imprensa burguesa bate na tecla e os órgão que realizam essas pesquisas tendem a enfatizar, está relacionado ao tráfico; essa justificativa nada mais mostra que tenta-se mudar o viés real que tem por trás desse número alto de assassinatos que deixam claro que os negros são os principais alvos. Em
grande medida, os assassinatos se dão por parte da polícia (6.200 assassinados reconhecidos oficialmente, no ano passado),o aparato de repressão do estado burguês e máquina de matar da população negra e pobre. Essa situação somente tende a piorar com a extrema-direita e o regime golpista, que cada vez mais massacra a população, destacadamente, a negra que já compõe um setor oprimido da população de conjunto. Logo, no momento que está colocado, é preciso impulsionar a luta do povo negro no sentido de derrotar o governo fascista e barrar a ofensiva da extrema-direita.