Edição Diário Causa Operária nº5671

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QUARTA-FEIRA, 12 DE JUNHO DE 2019 • EDIÇÃO Nº 5671

DIÁRIO OPERÁRIO E SOCIALISTA DESDE 2003

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Destruição nacional e fraude: fora Bolsonaro!

Contribua com a campanha pela liberdade de Lula

Contribua com a campanha pelo Fora Bolsonaro

Colabore com a campanha em defesa do PCO

O que fazer agora: ampliar a mobilização, Crise insustentável: Estadão pede a renúncia de Moro fora Bolsonaro, liberdade para Lula, Em editorial do dia 11 de junho, o jornal O Estado de São Paulo, ou o Estadão, eleições gerais! atacou intensamente a Lava Jato. Por conta das últimas informações divulgadas pelo O vazamento parcial da conduta criminosa dos “operadores” da Lava Lato trouxe mais “lenha” para a aguda crise do governo e do conjunto do regime político golpista, atingindo não apenas um dos seus “ícones” mas todo o governo e um dos seus supostos fundamentos, o de que seria um governo legitimado por eleições democráticas.

Conluio generalizado da Justiça: fraude em três instâncias Disse o então juiz Sérgio Moro em uma palestra que proferiu em março de 2016: “Vamos colocar uma coisa muito clara, que se ouve muito por aí que a estratégia de investigação do juiz Moro. Eu não tenho estratégia de investigação nenhuma. Quem investiga ou quem decide o que vai fazer e tal é o Ministério Público e a Polícia Federal. O juiz é reativo. A gente fala que o juiz normalmente deve cultivar essas virtudes passivas.

The Intercept, mostrando a conspiração entre os procuradores da Lava Jato e o então juiz Sérgio Moro para prender Lula sem provas, o jornal golpista pediu a renúncia do Ministro da Justiça de Bolsonaro.

Aumenta o clamor por eleições gerais Diante dos vazamentos das conversas entre o procurador do Ministério Público, Deltan Dallagnol, e o juiz da operação Lava Jato, Sérgio Moro, promovidos pelo jornalista Glenn Greenwald, a situação política toma novos ares.

Burguesia Dia 14: na greve geral, pedir o Fora Bolsonaro e a vê crise econômica Liberdade para Lula até 2021 “Brasil ladeira abaixo”, assim podemos definir a expectativa de crescimento da economia do País, por parte do mercado financeiro, para os próximos anos.


FRACASSO DOS ATOS COXINHAS

Não dizer que coxinha fracassaram e deram um vexame seria falsificar a realidade D

omingo (26) Bolsonaro tentou repetir a marcha sobre Roma de Mussolini. Convocou manifestações no país inteiro em uma tentativa de se contrapor aos protestos que tomaram o Brasil no dia 15 exigindo a queda de seu governo. Esses novos coxinhatos foram um fracasso, e apenas serviram para expor a fraqueza do governo e afundá-lo ainda mais. Do ponto de vista dos trabalhadores, é hora de aproveitar para intensificar a campanha pela queda de Bolsonaro, que está prestes a cair. Rapidamente, no entanto, a imprensa golpista, que a princípio não apoiava os atos bolsonaristas, passou a vender a ficção de que os atos teriam sido relativamente grandes e apoiariam as reformas de Bolsonaro, como a da previdência. Escondem o fracasso dos atos e os apresentam como uma defesa de reformas rejeitadas pela esmagadora maioria da população. Manipulam os coxinhatos de Bolsonaro co-

mo fizeram com todos os coxinhatos até hoje. Mudaram a abordagem relativa aos atos dias antes de eles acontecerem, percebendo que se fossem muito pequenos revelariam a ampla rejeição popular não apenas a Bolsonaro, mas a todas as suas reformas e ao seu programa neoliberal como um todo. Isso seria um desastre para os capitalistas, que trataram de tentar evitá-lo. É preciso desmenti-los e apontar os protestos coxinhas como eles foram de fato: um fiasco da extrema-direita. Embelezar os coxinhatos só ajuda a imprensa golpista Diante do fiasco bolsonarista surgiu logo quem procurasse mitigar a derrota da extrema-direita. Por um lado, seria um erro apontar que as manifestações foram pequenas. Por outro, seria um “erro” indicar que a extrema-direita é composta por histéricos desquali-

ficados. O problema é que tanto uma coisa quanto a outra são a única forma objetiva de se referir ao que aconteceu no dia 26. Os atos foram pequenos, e os direitistas que apareceram eram coxinhas ensandecidos da pequena burguesia direitista. Não apontar isso só ajudaria a imprensa golpista a confundir a situação. Para constatar que os atos foram pequenos basta olhar as imagens. Quanto ao caráter coxinha dos atos, basta dizer que os coxinhas simplesmente reivindicavam a reforma da Previdência de Paulo Guedes, além de parte expressiva deles defender que Bolsonaro feche o Congresso e se torne o Führer do Brasil. Procurar disfarçar isso é fazer coro com a Rede Globo. E a Rede Globo está fazendo isso porque defende o mesmo programa econômico de Bolsonaro. Para defender esse programa, nesse momento a burguesia tenta impedir a polarização política na so-

ciedade. Está ficando claro e delimitado que, de um lado, uma minoria coxinha de extrema-direita defende o governo, enquanto a esmagadora maioria rejeita o governo, seu programa e quer sua queda. A direita golpista precisa obscurecer esse fato para evitar que a polarização se torne mais intensa, e que dessa forma a esquerda cresça, organizando grandes atos contra o governo, até que os golpistas sejam derrotados e todo o programa da direita vá por água abaixo. É preciso trabalhar, portanto, para que justamente a polarização política se amplie, e a oposição popular ao governo fique cada vez mais clara, e as mobilizações se ampliem nesse sentido. E para isso não se pode confundir o que aconteceu no dia 26. Em primeiro lugar, foi um ato coxinha cheio de fascistas. Em segundo lugar, foi um fracasso total, mais uma derrota do governo Bolsonaro.


OPINIÃO| 3 EDITORIAL

O que fazer agora: ampliar a mobilização, fora Bolsonaro, liberdade para Lula, eleições gerais! O

vazamento parcial da conduta criminosa dos “operadores” da Lava Lato trouxe mais “lenha” para a aguda crise do governo e do conjunto do regime político golpista, atingindo não apenas um dos seus “ícones” mas todo o governo e um dos seus supostos fundamentos, o de que seria um governo legitimado por eleições democráticas. As provas apenas confirmam o que já era evidente: a conduta persecutória, arbitrária e partidária da Justiça e do ídolo dos golpistas que foi premiado com o cargo de ministro por ter comandado o processo de condenação fraudulenta, prisão ilegal e verdadeira tortura contra o ex-presidente Lula e sua família, inclusive, articulando contra sua participação na campanha até mesmo como apoiador da campanha

do candidato substituto de seu partido. O episódio abala ainda mais o já combalido governo ilegítimo de Bolsonaro, diante do avanço da crise capitalista, da sua impotência em detê-la, ainda que minimamente, e das diante das enormes contradições no interior burguesia que a crise traz e da crescente pressão popular contra o governo e seus ataques contra a população. Para a burguesia, a “saída” é conter a crise, manter o ataque contra os trabalhadores, fazer com que estes arquem ainda mais com o ônus da crise, com mais empregos perdidos, com mais fome, mais miséria e com a perda de suas aposentadorias, que eles querem roubar com sua “reforma”. Para eles, a “saída” é que o povo aguente e espere pelas eleições de 2020, 2022 etc., que

Lula mofe na cadeia, que os sindicatos e demais organizações dos trabalhadores desapareçam etc. Diante dessa situação, a tarefa das organizações de luta dos trabalhadores, da juventude e de todos os setores explorados é intensificar a mobilização, procurar direcioná-la no sentido de dar uma saída, do ponto de vista dos seus interesses, para a crise atual: a derrubada do atual regime golpista, colocando para fora Bolsonaro e todos os golpistas, derrotando todas as “reformas” dos golpistas, libertando Lula – o que reforçaria ainda mais a luta dos trabalhadores -, conquistando novas eleições, com Lula candidato. Na reta final da mobilização para o 14 de junho, dia nacional de paralisação, de “greve geral”, que pode alavancar a mobilização em curso, colocando

em cena a força poderosa da classe operária colocada em movimento, é preciso intensificar as assembleias, plenárias, as panfletagens, colagens e todo tipo de atividade de agitação e organização da mobilização, não esperar que nenhuma saída real, que sirva aos interesses dos trabalhadores, venha das mãos das instituições do regime golpista, dos acordos com os golpistas, da capitulação diante do governo…. só virá pela ação, pela mobilização revolucionária das massas, nas ruas, com sua própria politica, com suas próprias reivindicações. O regime deles está abalado, estremecido etc. mas para cair e dar passagem a uma saída verdadeiramente democrática, que interesse a maioria da população, precisa ser derrubado pela mobilização operária e popular.

COLUNA

Bolsonaro cria situação de fome e ameaça entre indígenas para forçar abertura de terras indígenas para latifundiários Por Renato Farac

O

governo Bolsonaro está adotando a estratégia causar fome e desespero entre os indígenas para forçar uma abertura das terras indígenas demarcadas para o agronegócio. No início deste mês, indígenas do Mato Grosso da Terra Indígena Sangradouro, no Município de Primavera do Leste (231 km ao Sul de Cuiabá), estão em situação de extrema miséria. São 60 aldeias ocupadas por 2.700 indígenas da etnia Xavante. A situação é tão grave que alguns caciques Xavante começaram a pedir para o governo federal para que explorassem a terra indígena através do agronegócio, permitindo grandes plantações e “parcerias” com latifundiários da região.

Em situação de ameaça devido a invasão de suas terras por parte de garimpeiros estimulados pelas mineradoras e latifundiários, indígenas da etnia Yanomami denunciaram e pediram ajuda ao governo para combater mais de 10 mil garimpeiros que estão dentro da Terra Indígena Yanomami em Roraima. No fim de 2018, o governo acabou com a fiscalização para expulsar os garimpeiros e houve o fechamento de três bases da Funai de apoio na TI e começou um deslocamento enorme de garimpeiros para as terras indígenas. Isso somado aos cortes no orçamento da Secretária de Saúde Indígena e a retirada dos médicos cubanos e fim do programa Mais Médicos, que

deixou os indígenas sem nenhum tipo de assistência médica nas aldeias. Esses cortes na saúde estão causando um “apagão médico”. Recentemente, entidades indígenas denunciaram que no Parque Indígena do Xingu, norte de Mato Grosso, uma das áreas indígenas mais conhecidas, não há médicos e em 11 dias, três crianças morreram por falta de assistência médica. São alguns exemplos que mostram as intenções de Bolsonaro e da extrema direita para tratar os povos indígenas. Os cortes nos programas sociais e fim das demarcações são realizados com essa intenção. Bolsonaro está criando uma situação insustentável para os indígenas dentro de suas terras para forçar a abertura dessas ter-

ras para a exploração mineral e agrícola de grandes empresas do agronegócio. A abertura das terras indígenas para a exploração de mineradoras, madeireiras e latifundiários somente irá agravar essa situação de miséria e violência. E fica claro quando analisamos que quem mais apoia a entrega dessas terras são as pessoas e entidades que tem um histórico de luta contra os indígenas e seus direitos. Como por exemplo a UDR (União Democrática Ruralista). Assim, deixam em uma situação vulnerável e justificam os ataques as terras indígenas. Permitindo qualquer tipo de negociação ou capacidade de lutar contra esses ataques limitadas.


4 |POLÍTICA

CAMBALEANTE GOVERNO

Destruição nacional e fraude: fora Bolsonaro!

O

natimorto e cambaleante governo Bolsonaro agoniza e, como um paciente terminal entubado, respira por aparelhos, aguardando tão somente o tiro de misericórdia. A manobra político-eleitoral engendrada pela burguesia e o imperialismo para tentar fechar a etapa mais importante do golpe de 2016, elegendo em 2018 um candidato que pudesse representar direta ou indiretamente os múltiplos interesses que moveram os golpistas nacionais e o grande capital, naufragou espetacularmente. Sem nenhuma popularidade e amplamente repudiada pelas mais amplas camadas da população, particularmente os trabalhadores, a juventude, os negros, as mulheres, enfim a imensa massa de deserdados e explorados do país, a burguesia e o conjunto das demais forças reacionárias, agindo guiadas pela política do imperialismo internacional, organizaram, sitiaram e depuseram, via um golpe de Estado, o governo popular de esquerda eleito em 2014, tendo à cabeça a presidenta Dilma Rousseff, do Partido dos Trabalhadores. Chegada as eleições de 2018, os conspiradores golpistas trataram de afastar do cenário e da vida política nacional a principal e mais importante liderança popular do país, o ex-presidente Lula, que mesmo diante da mais hedionda e selvagem campanha de calúnias e ataques desfechados pelos inimigos do povo trabalhador, se manteve na preferência do eleitorado nacional e na vontade das massas populares por vários meses, liderando a corrida presidencial, com todas as

chances de vir a ser o escolhido para ocupar a cadeira de presidente da república. Dois meses após a sua posse, já no início de março, durante o Carnaval, o que se viu nas ruas e praças de quase todo o País foram grandes manifestações de repúdio ao seu governo, em que populares e foliões entoaram cânticos pedindo o fim do governo fraudulento. De lá para cá o que se viu foi um sem número de ataques aos direitos e conquistas dos trabalhadores e nenhuma medida concreta para tirar o país do atoleiro em que os seus aliados golpistas mergulharam a economia nacional, com o crescimento vertiginoso do desemprego, a violência policial contra os mais pobres, os ataques à educação com os anunciados cortes de verbas do orçamento das universidades, o terror contra os povos indígenas, as ameaças aos sem-terra, o projeto de destruição da previdência pública e mais, muito mais ataques contra a soberania nacional e os direitos da população explorada do campo e da cidade. Portanto, antes mesmo de completar seis meses desde sua posse, o governo do presidente ex-capitão do Exército está ferido de morte, sem qualquer poder de reação diante das enormes contradições que vieram precocemente à superfície, provocadas pela crise de proporções gigantescas e avassaladoras em que a impotente burguesia nacional mergulhou o país. O que já sabíamos antes está agora documentado com as denúncias veiculadas no início da semana pelo site The Intercept, onde diversas gra-

vações revelando diálogos entre o então juiz Sérgio Moro – atual Ministro da Justiça e o coordenador da força tarefa da Lava “Vaza” Jato – e o Procurador “power point” Deltan Dallagnol não deixam nenhuma dúvida sobre a fraude perpetrada pelos golpistas nas eleições de 2018, que ao condenarem o ex-presidente Lula, sem nenhuma prova, tirando-o da eleição, abriram caminho para a “vitória” (fraudulenta) de Jair Bolsonaro. Diante deste verdadeiro conluio nacional contra a vontade soberana da maioria da nação verificada nas eleições totalmente fraudadas de 2018, não há outra coisa a fazer a não ser ganhar as ruas de todo o País para exigir que os fraudadores sejam expulsos do poder, assim como também deve ser exigida a anulação de todos os processos abertos e em curso contra o ex-presidente Lula, preso político do regime golpista e da criminosa

Operação Lava “vaza” Jato. Os juízes e Procuradores que montaram esta farsa contra o povo brasileiro e contra a maior liderança popular do país devem responder pelos seus crimes, devem ser responsabilizados pelo golpe de Estado que derrubou o governo eleito em 2014. Esta é a tarefa que está colocada para toda as direções do movimento operário, popular, sindical, estudantil e todas as demais camadas exploradas do país que sentem na pele os efeitos da política criminosa do imperialismo contra os direitos democráticos da população. A GREVE GERAL do dia 14 de junho deve ser o estopim de um enorme movimento que deve não só ganhar as ruas, mas deixar claro que as massas populares querem o fim do governo fraudulento e golpista de Jair Bolsonaro, para que se coloque fim aos ataques e à obra de destruição da burguesia contra o povo trabalhador.


POLÍTICA | 4

FARSA-JATO

Conluio generalizado da Justiça: fraude em três instâncias D

isse o então juiz Sérgio Moro em uma palestra que proferiu em março de 2016: “Vamos colocar uma coisa muito clara, que se ouve muito por aí que a estratégia de investigação do juiz Moro. Eu não tenho estratégia de investigação nenhuma. Quem investiga ou quem decide o que vai fazer e tal é o Ministério Público e a Polícia Federal. O juiz é reativo. A gente fala que o juiz normalmente deve cultivar essas virtudes passivas. E eu até me irrito às vezes, vejo crítica um pouco infundada ao meu trabalho, dizendo que sou juiz investigador”. Lula já pode descansar. Lula disse nas entrevistas que deu recentemente, de dentro da sua prisão na sede da Polícia Federal, em Curitiba, que não descansaria enquanto não provasse que o Moro é mentiroso. Desde o último domingo, o sítio The Intercept Brasil, liderado pelo jornalista norte-americano e residente no Rio de Janeiro, Glenn Greenwald, demonstrou que Moro e o procurador Dallagnol eram uma dupla de acusação. Moro sugeria, cobrava resultados, interferia completamente nas investigações. Chegava ao ponto de reclamar, como se fosse superior hierárquico, que já fazia um mês que a força-tarefa não saía às ruas para dar mais nenhum espetáculo para a imprensa. Tudo o que as pessoas mais antenadas já haviam percebido, agora foi provado pelo vazamento para a opinião pública das trocas de mensagens entre os dois agentes do judiciário, por meio do aplicativo russo Telegram, que é criptografado e imune a “hackeamento”. Representantes do Telegram, inclusive, já desmentiram que tenha havido qualquer invasão das contas de Moro e Dallagnol.

Ou seja, se o Telegram não pode ser bisbilhotado e uma fonte anônima procurou o Greenwald para entregar um volume de diálogos altamente comprometedores da equipe da Lava Jato, a fonte dos vazamentos é interna o que mostra que há uma enorme crise interna nos próprios golpistas. Segundo Greenwald, o escândalo todo que a série de quatro (aqui, aqui, aqui e aqui) matérias do Intercept provocou desde domingo, ainda é fichinha. Apenas 1% do material entregue pelo denunciante anônimo rendeu as 1.700 páginas de textos que foram transformadas nas quatro reportagem. O resto do material será divulgado em outros 99 lotes, e contém diálogos de outras pessoas da equipe da Lava Jato e sobre os delatores que passaram anos nas masmorras da capital do Paraná. Não está descartada a possibilidade de existirem transcrições de diálogos de integrantes de outras instâncias do judiciário e de policiais federais. Fica escancarado que houve um conluio de três instâncias do Judiciário, além de procuradores federais e da Procuradoria Geral da União, para inflar o golpe e fechar os olhos à derrubada de Dilma e do PT do governo e impedir que Lula se candidatasse e o reconquistasse. Não é nada que quem acompanha a imprensa da Causa Operária já não soubesse. Mas agora está documentado e os coxinhas estão tendo de tomar conhecimento também. Ficou feio, no mundo inteiro. Greenwald tem prestígio internacional. As três condenações de Lula devem ser imediatamente anuladas e todos os outros processos ainda em julgamento ficam comprometidos. Fica claramente demonstrado que Lula

não teve a menor chance de defesa e continuará a não ter. A Lava Jato foi montada e existe para isso: manter o Lula longe da vida política nacional. As próximas revelações deverão botar fogo no Brasil. Até agora, alguns órgãos da imprensa golpista e os próprios envolvidos nos diálogos divulgados, apenas partiram para o contra-ataque tentando desqualificar o jornalista e os meios de obtenção das informações. Os bolsominions e devotos do Moro até despejaram nas redes sociais uma enxurrada de impropérios e ataques morais à vida pessoal do jornalista, mas ninguém contestou a veracidade do conteúdo. Greenwald e seu parceiro, também jornalista, David Miranda, deputado federal pelo PSOL, vivem juntos no Rio de Janeiro e adotaram, em 2017, dois filhos alagoanos, de Maceió. Segundo o sítio The Intercept Brasil, os textos publicados desde domingo foram produzidos “a partir de arquivos enormes e inéditos – incluindo mensagens privadas, gravações em áudio, vídeos, fotos, documentos judiciais e outros itens – enviados por uma fonte anônima, que revelam comportamentos antiéticos e transgressões que o Brasil e o mundo têm o direito de conhecer”. De acordo com Greenwald, todo o conteúdo entregue pela fonte anônima foi previamente, por precaução, copiado e distribuído para serem arquivados em vários países, antes que alguma “autoridade” brasileira o confiscasse ou impedisse sua publicação. Vale lembrar que Greenwald não é novo no ramo. Ele é ganhador do Prêmio Pulitzer em 2014, pelas reportagens com Edward Snowden, no ano anterior, que denunciou a espionagem

do serviço secreto norte-americano aos emails e celulares da presidenta Dilma, da Petrobrás, do Ministério das Minas e Energia, da então presidenta da Argentina, Cristina Kirshner, do presidente da Bolívia, Evo Morales, da primeira-ministra da Alemanha, Angela Merkel e todos os outros cidadãos do mundo que têm celulares ou computadores. O assunto rendeu até um filme, intitulado “Snowden”. Entretanto, ele diz que este material de denúncia sobre a Lava Jato que caiu no colo dele é muitas vezes maior do que o que ele tinha sobre o Snowden. Quem viver, verá. Todo mundo aprovou a condenação de Lula, que hoje se revela uma fraude, as três instâncias atuaram juntas para condenar Lula de forma totalmente ilegal.


6 | OPINIÃO E POLÊMICA

ESQUERDA PEQUENO-BURGUESA

Com Bolsonaro no limbo, Chico Alencar está preocupado com as árvores

S

abemos que existe um esforço por parte da esquerda pequeno-burguesa de sufocar a palavra de ordem “fora Bolsonaro”. Tal palavra está na garganta de todos os centenas de milhares ou milhões de manifestantes que saíram nas ruas noas semanas que passaram e que sairão na próxima sexta-feira, dia 14. A esquerda pequeno-burguesa, mais preocupada em cálculos eleitorais e parlamentares imediatos, se juntou – do PSOL ao PCdoB – para evitar que tal palavra de ordem se desenvolva, à revelia da esmagadora maioria do povo. Uma tarefa difícil, reconheçamos. Esse ímpeto em esconder e evitar a qualquer custo o fora Bolsonaro parece não ter feito bem para a cabeça de alguns dirigentes da esquerda pequeno-burguesa. Chico Alencar, ex-deputado do PSOL-RJ, publicou no sítio Esquerda online um artigo para denunciar Bolsonaro como um “ecocida”. Até aí, quem somos nós para dizer o que cada um vai escrever, todos são livres para escrever sobre qualquer tema e, se abordado da maneira correta ,que não é o caso do artigo de Alencar, o problema do meio ambiente também pode ter sua importância. O conteúdo do texto, no entanto, revela uma completa alienação mental do político do PSOL, uma espécie de fuga da realidade.

O que chama atenção é que o dirigente do PSOL, em meio ao uma crise política profunda do governo golpista de Bolsonaro, apresenta o “ecocida”, como ele mesmo chama o presidente golpista, como um mau gestor do problema ecológico: “Essa incapacidade de governar é ainda mais patente quando Bolsonaro assume como presidente primário de uma terrível marcha à ré pública”, diz Alencar. A crítica a Bolsonaro como grande inimigo da ecologia – que de fato ele é – não tira a

óbvia conclusão: é preciso derrubar o governo e todos os golpistas que colocam em marcha a destruição do País, sendo o meio ambiente um produto dessa política de destruição. Como é típico da esquerda pequeno-burguesa, a crítica de Chico Alencar é uma disputa eleitoral, em busca de votos para as próximas eleições. Sobre a necessidade de acabar com Bolsonaro: nada. Mas o artigo vai ainda mais longe em sua fuga da realidade. Alencar tem co-

mo base os celestiais ensinamentos do Papa Francisco sobre o meio-ambiente, o que por si só já soa bastante estranho para um dirigente de um partido que se diz “socialista” e até mesmo “revolucionário” segundo algumas de suas correntes. Para os inexperientes, vale para aprender que no PSOL temos setores do “socialismo cristão”, do qual justamente Chico Alencar é um dos principais nomes dentro do partido. Tendo como base os ensinamentos do Santo Francisco, o artigo de Chico Alencar aposta que para mudar os maus tratos ao meio ambiente seria preciso mudar o “eu interior” dos seres humanos. Diz ele: “A consciência ecológica está interligada à consciência social e política transformadora: o ecossocialismo é o desafio do século XXI, para a construção de uma sociedade libertária e ambientalmente equilibrada.” Ou seja, para Chico Alencar, é preciso “ter consciência” individual. Enquanto isso, Bolsonaro pode continuar destruindo tudo. O artigo é de 6 de junho, portanto antes de vir à tona os vazamentos das conversas entre Moro e Dallagnol. Hoje, o governo está ainda pior. A preocupação de Alencar é com as árvores, os bichinos com asas e patas, com a “mãe Terra” e com o “eu interior” de cada um.

VEJA ATACA O INTERCEPT

Os monopólios da comunicação contra a liberdade de imprensa A

imprensa burguesa frequentemente levanta a defesa da liberdade de imprensa quando isso é conveniente para seus objetivos políticos. Um exemplo pitoresco foi quando Hugo Chávez não renovou a concessão de uma criminosa emissora de TV golpista e de direita. Como se os governo tivessem que dar sinais públicos de TV de presente para capitalistas coxinhas que conspiram diariamente contra o país. Isso por si só já dá uma boa ideia do que a imprensa capitalista anda chamando de “liberdade de imprensa”: trata-se da liberdade de meia dúzia de bandoleiros bilionários controlarem a informação nacionalmente. Por outro lado, quando a liberdade de imprensa de fato está em jogo, os bandidos da imprensa burguesa se apressam em se juntar aos poderosos na sua tentativa de calar a sociedade e bloquear as informações relevantes. Um artigo recente da revista Veja ilus-

tra muito bem esse problema. Sob o título “Greenwald, o homem que quer fritar Sergio Moro, é uma fera”, Vilma Gryzinski traça um perfil do jornalista Glenn Greenwald em que procura apresentá-lo como um “agente russo”, ao melhor estilo dos tempos da chamada “guerra fria”, época de uma campanha imperialista contínua e persistente contra a URSS. Assim a imprensa burguesa junta-se ao governo Bolsonaro na tentativa de abafar o escândalo das revelações feitas pelo site The Intercept Brasil, comandado por Greenwald. Sem conseguir controlar completamente a informação, os velhos monopólios partem para uma campanha aberta na tentativa de gerar o descrédito de Greenwald. O objetivo da imprensa é tentar mitigar os estragos feitos pelas revelações do Intercept, que desmontam completamente qualquer tentativa de apresentar a Lava Jato

como uma operação isenta. Dizer isso a sério tornou-se ridículo a partir do último domingo (9), quando as reportagens revelando que o ex-juiz Sérgio Moro tramava junto com Deltan Dallagnol contra Lula foram publicadas.

Restou o ataque pessoal para tentar abafar a informação. Eis o quanto vale o amor da imprensa burguesa à “liberdade de expressão”. Esses veículos são na verdade inimigos da liberdade de expressão, e gostariam de seguir enganando a população para sempre, sem perturbações.


POLÍTICA | 7

IMPRENSA BURGUESA

Crise insustentável: Estadão pede a renúncia de Moro E

m editorial do dia 11 de junho, o jornal O Estado de São Paulo, ou o Estadão, atacou intensamente a Lava Jato. Por conta das últimas informações divulgadas pelo The Intercept, mostrando a conspiração entre os procuradores da Lava Jato e o então juiz Sérgio Moro para prender Lula sem provas, o jornal golpista pediu a renúncia do Ministro da Justiça de Bolsonaro. Isto é, se exigem a renúncia de Moro, falando que o ministro é “insustentável”, estão validando toda a denúncia contra a Lava Jato, reconhecendo que a operação não passa de uma fraude, e que a “luta contra a corrupção” não passava de um pretexto – o que inclusive eles chegam a mencionar no editorial. As informações que foram para o The Intercept surgiram de dentro da

burguesia golpista, provavelmente de uma ala dos golpistas que estão vendo, pressionados pela reação popular contra a direita, que manter a Lava Jato, que está começando a atacar estes setores, é insustentável. Querem acabar com a Lava Jato, aproveitando a fraqueza da ala bolsonarista, para derrotar politicamente este grupo. Ao mesmo tempo, analisando o editorial do Estadão, parece que um setor da burguesia está percebendo que a Lava Jato prejudica a própria estabilidade do golpe de Estado. O fato mostra que a crise do regime golpista é muito grave. Não dá mais para continuar deste jeito. Por isso, o Estadão, um dos principais jornais da burguesia no Brasil, está pedindo a renúncia de um dos ministros de Bolsonaro, com medo da mobilização popular pela liberdade de Lula.

POR UMA CAMPANHA IMEDIATA

Aumenta o clamor por eleições gerais D

iante dos vazamentos das conversas entre o procurador do Ministério Público, Deltan Dallagnol, e o juiz da operação Lava Jato, Sérgio Moro, promovidos pelo jornalista Glenn Greenwald, a situação política toma novos ares. Mais pólvora é adicionada ao barril que está prestes a explodir e o papel da esquerda de ser a centelha torna-se mais urgente. Os vazamentos são as provas incontestáveis do que vem sido dito desde a condenação de Lula: a operação Lava Jato é uma operação criminosa com intuitos políticos muito bem estabelecidos, prender a esquerda e submeter o Brasil aos interesses do capital internacional. Não somente a prisão de Lula mostra-se uma fraude titânica, mas também todo o processo eleitoral que decorreu em consequência disso. O ex-presidente foi preso para não par-

ticipar das eleições, para que um elemento do golpe pudesse ser eleito. Tirá-lo das eleições resultou na eleição de Bolsonaro. Toda a campanha de calúnia contra o PT com base no Judiciário e, como mostrado pelo The

Intercept, sustentado e construído pela imprensa, foi um elemento importantíssimo para eleger o atual congresso. Prova-se então que as eleições não têm nenhuma legitimidade. O atual governo, beneficiado por todo esse

esquema e que presenteou Moro com um ministério, deve ser cassado pela população. A palavra de ordem atual deve ser pela liberdade de Lula, pelo fora Bolsonaro e por eleições gerais imediatamente. Diversos setores, como os Correios, que vêm sendo atacados por Bolsonaro, aprovaram em suas devidas assembleias essas palavras de ordem. A esquerda não pode ficar na defensiva. Fazer uma campanha de agitação e propaganda imediata e de proporções nacionais é uma tarefa perante a atual conjuntura. As ruas de todas as cidades brasileiras devem se encher de cartazes com essas palavras de ordem e na mão de cada trabalhador um panfleto o convocando para atuar na situação política. A bola está na pequena área dos golpistas, depende somente de nós chutá-la ao gol.


8 | POLÍTICA

"BRASIL LADEIRA ABAIXO"

Burguesia vê crise econômica até 2021 B

rasil ladeira abaixo”, assim podemos definir a expectativa de crescimento da economia do País, por parte do mercado financeiro, para os próximos anos. Apenas nesse ano, que sequer chegou à sua metade, pela 15ª vez consecutiva o mercado reduziu as expectativas de crescimento. Em 04 de janeiro, o boletim de mercado divulgado pelo Banco Central, também conhecido como Focus, apontava, segundo estimativas dos economistas do mercado financeiro, uma projeção de crescimento da ordem de 2,53% do Produto Interno Bruto (PIB) brasileiro. Na última segunda, 10/06, a estimativa ficou abaixo de 1% para 2019. A quebra da barreira de crescimento menor que 1% acentuou o desânimo do mercado para os anos seguintes , inclusive com o sentimento generalizado de que o governo Bolsonaro será marcado pela mediocridade econômica. O alarme para a burguesia soou, porque mais do que a quebra de uma barreira simbólica, as previsões para 2019 já estão abaixo do pífio crescimento de 2017 e 2018, ambos em 1,1% do PIB. Duas situações, segundo o mercado, aprofundam o temor de uma desbarrancada total da economia. A primeira, é a contaminação das expectativas de crescimento para

2020, que caiu para 2,23%, depois de 6 semanas estável em 2,50%. A segunda, mais grave ainda, é a retração da atividade industrial que despencou de 1,49% do PIB para 0,47% em uma queda continuada, por 20 semanas consecutivas. Um segundo dado divulgado no relatório e que aparentemente seria positivo para o governo, a inflação sob controle, também é vista pelos analistas com muita desconfiança. A inflação estimada para 2019 é de 3,89%, para o próximo ano, 4% e em 2021 e 2022, 3,75%. O problema é que essa estimativa está atrelada à aprovação da Reforma da Previdência e, mesmo que o governo consiga, os analistas do mercado já consideram que ela não será suficiente para a manutenção do equilíbrio fiscal, particularmente em um quadro de deterioração econômica crescente. Não precisa ser nenhum expert em economia para entender que, se a burguesia considera o quadro desolador, o buraco na verdade está muito mais embaixo. Primeiro, a queda constante e abrupta do crescimento industrial aponta para o aumento do desemprego, que por sua vez vai atingir em cheio os demais ramos da economia. Não seria nenhuma conjectura fantasiosa afirmar que o quadro mais provável

para 2019 é mesmo de crescimento negativo e, mais alarmante ainda, é que a depender do impasse e da incapacidade do governo em aprovar a Reforma da Previdência e outras medidas medidas econômicas, a situação evolua para uma escalada inflacionária. É patente que o avanço da crise econômica mundial aliada à política consciente de destruição da economia nacional, com o propósito de favorecer o golpe de Estado no Brasil, estão mostrando os seus resultados devastadores. A questão central colocada para o próximo período é a capacidade de

reação da classe operaria brasileira, bem como do conjunto dos trabalhadores. Todos os indícios apontam no sentido positivo. As grandes manifestações dos dias 15 e 30 de maio apontaram uma mudança qualitativa na situação política e são a expressão do aumento da polarização política que vem numa crescendo desde o golpe de Estado de 2016. Ao que tudo indica, depois da greve geral do próximo dia 14, a burguesia e seus analistas financeiros terão muito mais motivo para aumentar os seus temores.


POLÍTICA | 9

DIA 14 DE JUNHO

Na greve geral, pedir o Fora Bolsonaro e a Liberdade para Lula E

m assembleia geral na noite de ontem (11), o Sindicato dos Bancários de São Paulo, Osasco e Região aprovou a adesão à greve geral da próxima sexta-feira (14). É mais uma importante categoria a aderir à paralisação nacional. Em São Paulo, outras categorias fundamentais, como metroviários, ferroviários, motoristas e cobradores de ônibus já confirmaram a participação na greve. Os metalúrgicos do ABC são outro setor indispensável que também cruzará os braços nesta sexta-feira. Atos em todo o País já estão confirmados para serem realizados no dia 14. Veja no final desta matéria a lista de atos e cidades. Dois eixos que já eram fundamentais da greve geral se tornaram ainda mais após as revelações do último domingo (09) feitas pelo sítio The Intercept, que mostram conversas entre Sergio Moro, Deltan Dallagnol e outros membros do Ministério Público Federal (MPF) tramando variados tipos de conspiração para manter o ex-presidente Lula preso e impedi-lo de ter qualquer participação política. Esses eixos são exatamente a Liberdade para Lula e o Fora Bolsonaro. A libertação de Lula torna-se, após as comprovações de que é um preso político, algo automático, uma vez que tanto o processo do triplex como todos os outros processos contra si no âmbito da Lava Jato devem ser anulados imediatamente, sendo provado o caráter político persecutório e a arbitrariedade de toda a operação. O Fora Bolsonaro também é claro: o presidente fascista só foi eleito devido ao principal episódio da fraude nas eleições de 2018, que foi o impedimento ilegal da participação de Lula – o favorito em todas as pesquisas (algumas indicavam até 40% de intenções de voto no petista). Lula foi retirado de maneira forçada pelos golpistas, o que abriu espaço para a eleição de Bolsonaro, presidente odiado pelo povo. É preciso que haja uma grande mobilização popular esta semana, que desencadeie uma poderosa greve geral não apenas de um dia mas sim por tempo indeterminado. Pela liberdade de Lula e pela derrubada de Bolsonaro! Veja a lista dos atos confirmados pela CUT até essa segunda-feira: Acre Mobilização com piquete no local de trabalho de algumas categorias às 7h da manhã. Depois, tem ato na Praça da Revolução, no centro de Rio Branco, às 10h, de onde sairá um cortejo em defesa da Previdência pública e solidária e da educação pública e mais empregos. À noite, no Cine Recreio tem noite cultural e show na Gameleira. Alagoas O ato político terá concentração às 15h na Praça do Centenário, uma das principais de Maceió. Os alagoanos e as alagoanas também vão se manifestar contra a intenção do governo Bolsonaro de privatizar o setor de saneamento básico no país, o que inclui

a distribuição de água à população. Amapá Às 08h começa a paralisação de várias categorias e às 15 horas terá um ato “ Lula Livre” na Praça da Bandeira, em Macapá. Amazonas Ato será às 15h, na Praça da Saudade em Manaus. Bahia O ato político será às 14 horas na Rótula do Abacaxi, na capital baiana. Também terá mobilização em outros municípios como, Serrinha, Camaçari, Juazeiro e Porto Seguro. Brasília No Plano Piloto não vão ter transporte. Os cerca de 12 mil rodoviários, condutores e cobradores aprovaram em assembleia na sexta-feira (7) cruzarão os braços por 24 horas. Não vai ter ato político organizado pela CUT, mas os sindicatos filiados estão organizando aulas públicas, assembleias, piquetes, panfletagens e muito diálogo com a população sobre reforma da Previdência, corte na educação, desemprego, acesso a terra e sobre as privatizações. Ceará Em Fortaleza, além das paralisações previstas, acontecerá a Marcha Estadual da Classe Trabalhadora contra a Destruição da Previdência na Praça da Bandeira, no Centro, a partir das 10h30. Outros municípios também se organizaram para fazer ato político. Aquiraz – ato será na Rodoviária, às 7h30 Barreira – Praça dos Taxistas, às 8h30 Beberibe – Câmara dos Vereadores, às 8h Caucaia – Praça da Matriz, às 8h Crateús – Praça da Matriz, às 7h Icó – Sede do Sindicato dos Servidores Municipais às 8h30 Iguatu – Praça da Caixa Econômica Federal às 8h Iracema – Praça Casimiro Costa Moraes (Mangueira), às 7h Itapipoca – Praça do Cafita, às 8h Jaguaribara – Escola Estadual Liceu, às 7h Limoeiro do Norte – INSS (Ao lado da Honda), às 8h Maracanaú – Praça da Estação de Maracanaú, às 8h Milhã – Sede do Sindicato dos Traba-

lhadores Rurais, às 8h30 Nova Russas – Praça da Macavi, às 8h

Açu – Concentração 7h30 ao lado do INSS

Pacujá – Sede do Sindicato dos Servidores Municipais às 8h

Caicó – Ato público às 7h30 na Praça da Alimentação, no centro.

Quixadá – Praça da Catedral às 8h

Mossoró – Assembleia unificada na sede do Sindicato dos Trabalhadores da Educação Pública do RN (Sinte/RN), às 7 horas.

Regional Cariri – Juazeiro do Norte será no CREDE (Rua São Pedro com Rua Rui Barbosa), às 8h Russas – Secretaria da Saúde às 7h30 Sobral – Praça de Cuba às 8h Tauá – Local a confirmar Espírito Santo Sindicalistas e representantes das frentes estão fazendo reuniões para decidir local do ato. Goiás O ato político será às 10 horas, na Praça Cívica, em Goiânia. Mato Grosso A concentração do protesto será na Praça Ipiranga, em Cuiabá, às 14 horas Mato Grosso do Sul Em Campo Grande com concentração às 09 horas na Praça do Rádio Clube Minas Gerais O ato unificado da CUT e demais centrais e sindicatos será às 11h, com concentração na Praça Afonso Arinos, em Belo Horizonte. No Vale do Aço, a concentração será na Praça Domingos Silvério, conhecida como Praça dos Aposentados às 14h. Em seguida terá caminhada pelas avenidas Getúlio Vargas e Wilson Alvarenga seguido com um ato político em frente ao INSS. Pará O ato será às 10 horas na Praça da República

Outros municípios também prometem atos, como em Caraúbas, Angicos, Pau dos Ferros, Apodi, Canguaretama, São Paulo do Potengi. Rio Grande do Sul A concentração do ato político será às 17h, seguida de ato, às 18h, na Esquina Democrática, no centro de Porto Alegre. Rondônia O ato político será a partir das 08h, na Praça das 3 Caixas d’Água Roraima Em Roraima tem programação de atividades. O ato da capital será às 15h, com passeata até a Praça do Centro Cívico Em Roraima tem uma série de atividades já marcadas: 6h– Café da manhã coletivo – Universidade Federal de Roraima (UFRR) 7h30 – Ato na frente do Ibama 13h30– Concentração no Portão da UFRR (Entrada da Av. Ene Garcez). 16h– Ato “Contra a Reforma da Previdência”, na Praça do Centro Cívico. 18h às 22h – Show musical e Cultural “Nenhum Direito à Menos” na praça do centro cívico. Santa Catarina Ato em Joinvile será a partir das 9h, na Praça da Bandeira.

Paraíba CUT e demais centrais, além das frentes estão decidindo o local e horário do ato

Em Caçador, será às 14h, na Praça Nossa Senhora Aparecida

Pernambuco O ato será no cruzamento da Rua do Sol com Rua Guararapes, no Centro do Recife, às 14 horas.

Em Blumenau, às 10h, na Praça do Teatro Carlos Gomes.

Piauí O ato político dos piauienses está marcado para às 8h, na Praça Rio Branco. Rio de Janeiro Ato a partir das às 15 horas na Candelária e caminhada para a Central do Brasil.

Em Criciúma, às 14h, no calçadão.

Em Chapecó, ato será Coronel Bertaso. São Paulo O ato político será na Avenida Paulista, no vão livre do Masp, a partir das 16 horas. Uma caminhada até a Praça da República está para ser confirmada.

Vários municípios ainda estão se organizando para fazer atos descentralizados. Matéria será atualizada.

Sergipe Em Aracaju, vários protestos serão realizados desde a madrugada e também no turno da manhã. À tarde, a partir das 15h, na Praça General Valadão.

Rio Grande do Norte Em Natal, o ato político será na calçada do Midway às 15 horas e termina com um show político cultural na praça de Mirassol.

Tocantins Em Palmas, a partir das 8h, na Avenida JK, próximo ao Colégio São Francisco.


10 |CAMPANHAS

MAIS DO QUE NUNCA

Contribua com a campanha pela liberdade de Lula S

e a campanha pela liberdade para Lula sempre foi de suma importância para a derrota do golpe de Estado, nesse momento, com o escândalo dos vazamentos da Lava Jato, que escancararam a perseguição política contra o ex-presidente, é preciso intensificar essa política. O PCO e os comitês de luta contra o golpe já publicaram e estão publicando centenas de milhares de panfletos, cartazes e adesivos pedindo a imediata liberdade de Lula. Para isso, precisamos de dinheiro. Por isso, existe no site da Vakinha uma campanha para que todos possam contribuir com quanto puder e quiser e quantas vezes quiser.

Lula é um preso político, vítima de uma armação do Judiciário dominado por fascistas como Sérgio Moro, que em troca de sua prisão recebeu um cargo de ministro de Bolsonaro. A liberdade de Lula é urgente. A liberdade de Lula é condição para a derrota do golpe. É preciso derrubar Bolsonaro, libertar Lula e exigir eleições gerais, para colocar fim à fraude eleitoral do ano passado e derrotar todos os golpistas. Para contribuir, basta entrar no link abaixo: https://www.vakinha.com.br/vaquinha/contribua-com-a-campanha-contra-prisao-de-lula

CONTRA O GOVERNO GOLPISTA

APOIE

Contribua com a campanha pelo Fora Bolsonaro

Colabore com a campanha em defesa do PCO O

M

esmo diante da crise profunda do governo golpista, mesmo com os gritos de fora Bolsonaro se alastrando quase que de maneira espontânea nas ruas, boa parte da esquerda pequena-burguesa se recusa a levantar tal palavra de ordem. Nada poderia ser mais errado do que conter tal tendência popular para a derrubada do governo. Na medida em que Bolsonaro se enfraquece, a burguesia prepara um plano para substitui-lo se for preciso. Por parte da burguesia, esse plano passa pelas instituições golpistas, ou seja, uma manobra para manter o domínio do golpe e portanto todas as medidas contra o povo. Por isso é urgente que a esquerda e o movimento de luta tomem a dianteira da luta pela derrubada do governo Bolsonaro, o que colocará o povoem uma situação mais favorável para tomar a iniciativa e impor uma saída que

seja de acordo com os interesses dos trabalhadores. Por isso, o PCO e os comitês de luta contra o golpe colocaram em marcha uma campanha financeira para ampliar a mobilização pelo Fora Bolsonaro. Faz-se mais do que necessária uma intervenção enérgica para derrubar esse governo. Para antes, durante e depois do ato do dia 14 da greve geral está programada a publicação de milhões de panfletos, adesivos, cartazes e jornais, além de faixas gigantes, carros de som e tudo o que pode servir para aumentar a campanha pelo foro Bolsonaro. Se você quer ver Bolsonaro e todos os golpista bem longe do governo, contribua com a campanha, sem dinheiro, a campanha fica mais difícil.. É muito simples, basta entrar no link do site da Vakinha abaixo. https://www.vakinha.com.br/vaquinha/campanha-nacional-fora-bolsonaro

Partido da Causa Operária precisa de ajuda para pagar mais de 80 mil reais. A origem da “dívida”: em 2007 o PCO recebeu R$ 0,03 a título de Fundo Partidário. Você não leu errado, foram 3 centavos. Mas, naquele ano, o partido conseguiu levantar mais de R$ 250 mil em doações de filiados e simpatizantes, somando contribuições que variavam de R$ 15 a R$ 500. Todos os partidos precisam prestar contas anualmente ao tribunal eleitoral de todo dinheiro que entra e sai. Tem que explicar a origem e o que fez com o dinheiro. E não pode fazer qualquer coisa. O TSE tem um rígido manual de proibições e permissões que, na prática, são uma verdadeira intervenção na vida política e econômica das organizações partidárias. Todas as contribuições que o PCO recebeu, vindas de pessoas comuns, precisaram ser declaradas no TSE, através do nome do contribuinte, CPF e declaração de doação com firma reconhecida em cartório. O PCO não conseguiu identificar a origem de cerca de R$ 19 mil na prestação de contas ao tribunal e foi condenado em um processo na Justiça Eleitoral a “devolver” ao Estado esse dinheiro, que não veio do Estado. Um verdadeiro confisco. Esse é um de dois processos semelhantes, de dificuldades do partido na prestação de contas de suas campanhas ao TSE. Recentemente, chegou uma intimação para pagar a dívida, que agora, aplicada a tabela SELIC, passa de R$ 80 mil. O TSE utiliza a SELIC para a atualização dos débitos, o que não é prática da justiça comum. O Tribunal de Justiça de São Paulo, por exemplo, fornece uma tabela prática para atualização de débitos judiciais. Com base nesta tabela, a condenação do PCO, que se deu em 2015, para que “devolvesse”

R$19 mil por não ter identificado corretamente seus contribuintes privados, chegaria a pouco mais de R$ 37 mil. Em um primeiro momento o Estado corta o Fundo Partidário, em seguida confisca as contribuições feitas por militantes e filiados, com juros e correção monetária, além de multa processual e honorários advocatícios. Isso se dá em virtude da atualização do TSE ser feita retroativamente, ou seja, com base na data das contribuições, e não da data da constituição do débito. A decisão para devolução do dinheiro é de agosto de 2015, mas a atualização é retroativa a 2007 e incide sobre cada uma das contribuições. A liberdade de criação e funcionamento partidário deveria ser a mais irrestrita possível, sob pena de perseguição política. Em vez de partido, se fosse uma igreja, não haveria tanta burocracia. É uma forma de controle político dos partidos, uma vez que a agremiação pode ser totalmente inviabilizada economicamente e seus dirigentes responsabilizados individualmente. Estas resoluções são baixadas a cada dois anos, preparando as eleições, criando regras e exigências que inviabilizam, na prática, o exercício da cidadania. Ajude com qualquer valor. O seu depósito ou transferência precisa ser identificado com nome e CPF: AG: 4093-2 CC: 29000-9 Banco do Brasil CNPJ: 01.307.059/0001-90 Partido da Causa Operária


POLÍTICA | 11

RACHA DO PSL

Mais uma crise entre os golpistas e a extrema-direita O

PSL era um partido praticamente inexistente até o ano passado, quando acabou sendo a legenda em que foi possível lançar a candidatura presidencial do golpista Jair Bolsonaro. No embalo da eleição fraudulenta de Bolsonaro, ocorrida entre fraudes e perseguição ao PT, o PSL acabou elegendo uma grande bancada na Câmara (54 deputados), além de quatro senadores, 76 deputados estaduais e três governadores. No entanto, apesar desses números, o partido é completamente artificial, não tem nenhuma consistência e, diante da crise da direita golpista, está completamente rachado. A divisão interna do PSL é uma expressão dessa crise. Segundo a imprensa burguesa, há brigas internas no PSL em muitos estados. As mais notórias são amplamente conhecidas do público e aconteceram em parte publicamente. É o caso das deputados federais por São Paulo Joice Hasselmann e Carla Zambeli, que ficaram se xingando pela Internet. Ainda em São Paulo, o deputado federal Alexandre Frota pediu a saída de Eduardo Bolsonaro do comando do PSL no estado.

No Rio Grande do Sul, a presidência do partido foi trocada duas vezes. Primeiro, Carmen Flores, empresária ligada ao ministro Onyx Lorenzoni, foi substituída pelo tenente-coronel Zucco, ligado ao vice-presidente Hamilton Mourão (PRTB). Um episódio que refletiu no estado uma disputa interna da direita golpista dentro do governo federal. Depois disso, Zucco também deixou o comando do partido, depois de entrar com uma representação contra Bibo Nunes e não ter obtido resposta do partido nacional. Bibo Nunes teve áudios vazados xingando Zucco, e ficou contra a entrada do PSL no governo de Eduardo Leite (PSDB) no RS. Em Minas Gerais a legenda também teve problemas. A deputada federal Alê Silva acusou Marcelo Álvaro Antônio, ministro do Turismo, de ameaçá-la de morte e de ter um esquema de candidaturas laranjas. Na Paraíba, o comando do partido pelo deputado federal Julian Lemos também é contestado. Crise Essa situação de divisão interna do PSL expressa a crise política da direi-

ta golpista. Desde o golpe de 2016, a direita não consegue estabilizar a situação política. A eleição de 2018, fraudada completamente, era uma manobra para tentar superar essa crise. No entanto, a crise do governo Bolsonaro já está muito perto de chegar ao patamar de instabilidade a que chegou o governo do golpista Michel Temer.

É uma oportunidade para os trabalhadores partirem para cima do governo golpista e derrotarem a direita. Derrotando assim de uma vez todos os ataques preparados contra os trabalhadores, como os cortes nos gastos públicos e a reforma da Previdência. É hora de levar às ruas um programa claro. Fora Bolsonaro! Liberdade para Lula! Eleições gerais!

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12 | CIDADES

SÃO PAULO

22 mil trabalhadores da Educação da capital paulista são afastados por transtornos mentais O

ataque sistemático à educação atua fragilizando seus profissionais, aumentando o número de afastamentos por transtornos mentais à casa dos 22 mil, somente em 2018 em São Paulo. Com uma média de 62 licenças por dia, o estresse, a depressão, a ansiedade, síndrome do pânico são alguns dos problemas que estão tirando os professores de dentro das salas de aula, na gestão de Bruno Covas (PSDB), segundo o levantamento da Lei de Acesso à Informação. São números alarmantes se comparados à média de dois afastamentos mensais, registrados dentro da Polícia Militar em todo o estado, pelo mesmo motivo. As determinações médicas que definem as licenças tanto na educação municipal quanto na corporação policial paulista, ambas com aproximadamente 82 mil integrantes cada, é o reflexo das péssimas condições de trabalho a que estão submetidos os professores da rede pública, funcionários de um estado que prioriza o funcionamento do seu aparato repressor, do que a qualidade do seu sistema educacional. As jornadas excessivas de trabalho nos três períodos, para compensar o baixo salário recebido por cada turno, afastou um professor de 42 anos rede pública desde 2002, por causa de uma depressão profunda. Ele afirmou em entrevista concedida para a Folha de São Paulo em 10 de junho deste ano, que “ as condições precárias desse trabalho, principalmente em salas lotadas e com problemas de indisciplinas, colaboram para o agravamento”. O adoecimento do educador foi sentido pela família, devido a queda na renda, até a sua readaptação. Hoje ele trabalha na prefeitura em apenas um período. A depressão e a síndrome do pânico afastou também uma professora de 48 anos, que faz tratamento psiquiátrico particular. “Eu conseguia encantar os alunos e agora eu não me encan-

to”, declara a professora, que passou a “gaguejar em sala de aula, ter pavor de aluno”, chegando até a evitar o abraço de uma criança de quatro anos. A profissional reconheceu que esta reação não era normal e se viu obrigada a buscar ajuda, quando chegou à escola chorando e foi recomendada pela diretora a tirar a licença. A professora se diz chocada com a falta de apoio das famílias dos alunos que faziam chacota ou se irritavam segundo ela, quando eram chamados para conversar sobre a indisciplina dos alunos. Apaixonada pelo ofício que escolheu desde sempre, a professora reconhece que é “a profissão que liberta um povo maltratado pelo governo”. Os altos índices de afastamento preocupam a presidente da Anamt (Associação Nacional de Medicina do Trabalho) Márcia Bandini, pelo fato de estarem associados, na quase totalidade dos casos, a transtornos do humor e ao estresse. Márcia fala que “Os números são alarmantes e estão alinhados com a realidade que a gente observa por meio de relatos, notícias de violência, desvalorização e precarização. É uma categoria que está ameaçada”. A médica afirma também na matéria da Folha, “que a precarização do trabalho afeta diretamente categorias como as dos professores, pelo “comprometimento quase vocacional” com o serviço.” A médica denuncia as más condições de trabalho dos professores estaduais, situação que ela caracteriza como um ciclo perverso de adoecimento mental a que estão submetidos os profissionais da educação. “O cenário de pobreza, desnutrição e violência doméstica, expostos aos professores nas salas de aula é um agravante. O professor que fazer bem feito, não consegue e encontra situações desafiadoras, contra as quais não tem condição de reagir”. O projeto de desmantelamento da educação pública promovido no go-

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verno de Jair Bolsonaro, com o corte de verbas e que já faz parte da política de Covas em São Paulo, é um fato constatado pela presidente da Anamt, que fala sobre o reflexo da situação atual do país, na saúde mental dos professores. “O Brasil meio que perdeu a estratégia de desenvolvimento da educação. Um terreno frágil se torna ainda mais pantanoso com corte de verbas e mais condena o professo do que o incentiva”, afirma a especialista. O caos promovido pelo golpe que assola o Brasil desde 2016, é refletido no ambiente escolar de acordo com o professor de psicologia da Universidade Presbiteriana Mackenzie Nelson Fragoso. “Todos os conflitos familiares e sociais explodem na escola. E é ali que a criança e o jovem serão pressionados”, afirma Nelson. Mesmo sabendo o tamanho da pressão envolvida, Fragoso, alerta que os professor precisa separar a vida profissional da pessoal, sem tomar para si todos problemas. “Não sou eu a pessoa que estão confrontando, mas um sistema que eles [alunos] não aprenderam, não conhecem e repudiam. Repudiam porque é diferente do que aprendem em casa ou no bairro onde vivem”, afirma o também professor, que vê a função

da sua profissão como a de um “mentor, para ajudar a crescer, se desenvolver na vida, apesar de o mundo onde nasceu não ser legal”, se referindo ao papel dos professores na vida dos alunos. A prefeitura constituiu um grupo de trabalho intersecretarial para discutir causas e soluções para diminuir os afastamentos. Mas a situação precária do ensino no Brasil não é de hoje, sendo que os relatos dos profissionais na matéria são um retrato do que ocorre há anos, não somente em São Paulo mas em todo o país, mas que nesse momento, castiga ainda mais os professores devido aos baixos salários, que os obrigam a trabalhar mais de 12 horas por dia, sob condições precárias de trabalho com salas lotadas de alunos que sofrem os reflexos da mesma crise econômica a que aflige suas famílias. Com a atual política de cortes no setor, ambos, professores e alunos são punidos, agora mais do que nunca, com a destruição da educação, comprometendo o futuro dos mesmos e de todas gerações que virão, se Bolsonaro obtiver “boa sorte e sucesso” como lhe foi desejado, nessa política de terra arrasada.


INTERNACIONAL | 13

FORA IMPERIALISMO DA AMÉRICA -LATINA

EUA aumentam os ataques contra Cuba N

as últimas semanas, o imperialismo norte-americano aumentou a intensidade dos ataques criminosos contra Cuba, a partir especialmente da implementação da seção 3 da Lei Helms-Burton (1996), aprovada no período mais difícil da ilha desde a Revolução de 1959. Nos anos 90, com a queda da União Soviética, Cuba se viu isolada economicamente, o que levou a uma forte crise e o imperialismo aproveitou para asfixiar totalmente o país, a fim de derrubar o regime do Estado Operário. Assim, a Lei Helms-Burton, uma lei dos EUA, permite que esse país imponha sanções e ações judiciais contra qualquer companhia que faça negócios com empresas que tenham sido nacionalizadas no processo revolucionário. Mas, junto com esse mecanismo, vieram outros ataques nas últimas semanas. “Trata-se de uma nova escalada que reforça ainda mais as duras restrições para que os cidadãos norte-americanos viagem a Cuba. Acrescenta proibições para embarcações de todos os tipos dos EUA atracarem na ilha e

proíbe imediatamente que navios de cruzeiro visitem o país”, diz ao Diário Causa Operária o Primeiro Secretário da Embaixada de Cuba no Brasil, Juan Pozo Alvarez. “São pressões de todo o tipo. Eles tentam obter concessões políticas da nação cubana através da asfixia da economia e de prejuízos à população.” Além disso, Cuba foi escolhida pelo governo de Donald Trump para ser uma das primeiras vítimas de golpes imperialistas após os ataques à Venezuela, junto com a Nicarágua. O conselheiro de Segurança Nacional, John Bolton, anunciou que, após Caracas, os próximos alvos serão os governos de Havana e Manágua. Com a fracassada invasão “humanitária” à Venezuela, o imperialismo acusou cinicamente o governo cubano de ter soldados no país sul-americano dispostos a lutar ao lado de Nicolás Maduro contra tropas estrangeiras. Como se a Venezuela não fosse um país soberano que não pudesse ter acordos de cooperação militar com outros países, ao mesmo tempo que quem sempre tentou infiltrar (e mesmo invadir) mili-

IMPRENSA IMPERIALISTA

tarmente a Venezuela, de maneira ilegal, são os Estados Unidos. “Um dos pretextos dos recentes ataques tem a ver com a acusação caluniosa de que Cuba intervém militarmente na Venezuela. Só lembrar que a solidariedade de Cuba com o presidente constitucional da Venezuela, Nicolás Maduro Moros, a revolução bolivariana e a união cívico-militar do seu povo é inegociável. Nossos colaboradores cubanos que voluntariamente prestam serviços sociais na Venezuela, a maioria deles no setor da saúde, permanecerão lá enquanto o povo venezuelano os receber, cooperando com essa nação irmã”, afirma o diplomata. No entanto, Cuba está acostumada com esse tipo de ameaças e pressões econômicas. Conta atualmente com parcerias com Rússia e China, por exemplo, que, de alguma maneira, impedem que haja uma asfixia tão grande. E os cubanos, pelo planejamento estatal e a participação da população, conseguem driblar certos desafios. “Nós não somos ingênuos. Já são 150 anos de uma intensa luta pela nossa independência, tendo que en-

frentar as ambições hegemônicas do imperialismo norte-americano. De jeito nenhum Cuba vai se deixar intimidar. Vamos continuar trabalhando em nossas tarefas essenciais para garantir o desenvolvimento da economia e da construção do socialismo. Estamos fortemente unidos, hoje mais do que nunca. E temos a capacidade de enfrentar as adversidades mais desafiadoras com o conceito de resistir, resistir e resistir e lutar até a vitória sempre.” Abaixo a Lei Helms-Burton! Pelo fim do bloqueio econômico a Cuba! Fora o imperialismo da América Latina!

EQUADOR

Imprensa britânica continua sua Eis a liberdade de expressão do campanha contra a Rússia, agora contra imperialismo: Rafael Correa, proibido a presença dos russos na África no Facebook

N

o Brasil há uma impressão distorcida sobre a ação do imperialismo no mundo em comparação com a postura de determinados países atrasados que conseguem uma margem maior de independência (muito relativa, devida a circunstâncias excepcionais). É o que acontece em relação à Rússia e aos EUA, por exemplo. Há até quem fale em “imperialismo” russo, que seria uma coisa comparável ao imperialismo norte-americano. Essa impressão distorcida é fruto de uma campanha contínua da imprensa imperialista contra os russos. Um caso aberrante, por exemplo, é o da Ucrânia. Os EUA ativaram grupos neonazistas que eles financiaram durante décadas para participarem do golpe de 2014. Derrubaram o governo de um país vizinho da Rússia, ameaçando colocar a OTAN na fronteira russa, e apresentaram as reações defensivas dos russos como “interferência” na Ucrânia. Uma reportagem recente do jornal britânico Guardian ilustra bem como é feita essa campanha para indispor seu público contra a Rússia em geral e distorcer a verdadeira relação de forças entre as burguesias de países atrasados e o imperialismo. Sob o título Pragamatismo e ideologia orientam o interesse do Kremlin na África, o Guardian apresenta uma suposta interferência da Rússia na política interna de diversos países africanos. O exemplo dado é o apoio de agentes russos que teria sido dado a um candidato presidencial em Madagascar.

O texto procura apresentar a atuação da Rússia como se fosse uma ação imperialista, no entanto, no próprio texto é explicado que a Rússia busca mercados africanos em uma tentativa de contornar as sanções econômicas impostas pelos EUA e por países europeus. Ou seja, trata-se de uma ação defensiva diante de uma ofensiva do imperialismo. O imperialismo consiste no domínio de grandes monopólios econômicos sobre a economia mundial. Nenhum desses grandes monopólios está sediado na Rússia. A afirmação mais ousada do texto do Guardian fica para a conclusão. Das ligações, supostamente, que haveria entre russos e alguns governos africanos, o jornal britânico tira a seguinte conclusão: “Sob Trump, os EUA parecem ter desistido de seu papel de liderança global. Enquanto os EUA recuam, a Rússia busca preencher o vácuo (…)”. Ou seja, segundo essa conclusão a Rússia estaria dominando politicamente o mundo enquanto os EUA estariam “recuando”. Uma conclusão absurda diante do fato de que a Rússia está cercada pelo imperialismo, enquanto os EUA acabam de patrocinar uma onda de golpes pelo mundo inteiro (Honduras, Paraguai, Brasil, Egito, Ucrânia, Tailândia etc.). Trata-se de uma completa distorção, e a própria matéria do Guardian é parte da propaganda imperialista, sem aspas, contra a Rússia, um país atrasado que os norte-americanos procuram dominar.

D

iante de censura na rede social do imperialismo norte-americano, Facebook, o ex-presidente do Equador, Rafael Correa, teve de criar uma conta no VK, o “facebook russo”. A página de Correa no Facebook, que contava com mais de 1,5 milhões de seguidores, foi apagada no dia 11 de abril, no mesmo dia em que o capacho do imperialismo, atual presidente do Equador, Lenin Moreno, retirou o asilo diplomático de Julian Assange, em Londres. Correa, obviamente, denunciou que os pretextos utilizados pelo Facebook,

de desrespeito às normas da rede social, eram falsos e que o verdadeiro motivo era político. O ex-presidente estava usando as redes sociais para denunciar o atual governante de seu país, capacho do imperialismo. Isso demonstra o cinismo político do imperialismo, que adora falar em “liberdade de expressão” quando podem usar como pretexto para atacar os governos que não lhe são subservientes; quando um político usa suas redes sociais para denunciar a política dos monopólios, este tem sua conta apagada e censurada pelas redes sociais.


14 | MOVIMENTO OPERÁRIO

BRASÍLIA

Assembleia de bancários de Brasília decide pela greve geral no dia 14, Fora Bolsonaro E m assembleia realizada na sede do Sindicato dos Bancários de Brasília nessa segunda-feira (10), os bancários aprovaram a participação da categoria na greve geral dos trabalhadores no próximo dia 14 de junho. A categoria bancária, além sofrer com as questões gerais de ataques do governo golpista, que está impondo o maior retrocesso nas condições de vida do povo brasileiro (“reforma” da previdência e trabalhista, destruição da saúde, educação e outros serviços públicos, etc.), vem passando por medidas de reestruturação que teve como principal consequência as mais de 32 mil demissões ocorridas em 2018, e, somente nos três primeiros meses de 2019, os mais de 8 mil trabalhadores jogados no “olho da rua”. Nos bancos públicos há uma intensa campanha que visa aumentar a pressão pela privatização do Banco do Brasil, Caixa Econômica Federal, Bndes, Banco do Nordeste e Bancos Estaduais, quando o aloprado Ministro da Economia, Paulo Guedes, declarou que pretende privatizar todas as em-

presas públicas como parte da política de entrega do patrimônio do povo brasileiro para os banqueiros e capitalistas nacionais e internacionais. Na Caixa Econômica Federal, a direção golpista, recentemente, lançou mais um Plano de Demissão “Voluntária” que irá jogar no olho da rua 3,5 mil trabalhadores. No Banco do Brasil, o privatista Rubem Novaes acaba de dar declaração de que pretende fechar as portas de todas as agências que são “deficitárias” e segundo a Rádio Corredor está para sair mais um Plano de Demissões na empresa. Um ataque sem precedentes dos banqueiros e seus governos à categoria bancária, só vista na era do famigerado governo neoliberal de FHC (PSDB). É nesse sentido que a categoria decidiu dar uma resposta no próximo dia 14 na greve geral, não só às medidas do governo, mas, principalmente, lutar pela principal palavra de ordem que está na boca do povo em todo o país: Fora Bolsonaro e todos os golpistas, Eleições Gerais já, Liberdade para Lula!

TRABALHADORES DOS CORREIOS

INTERIOR DE SÃO PAULO

Primeira categoria a aprovar Fora Bolsonaro em reivindicação salarial

Unesp-Marília irá participar da greve geral: Fora Bolsonaro!

E

m seis meses de governo, o direitista Jair Bolsonaro, eleito de forma fraudulenta à presidência da República, já conseguiu ser o presidente mais impopular do Brasil. Nas últimas manifestações do país, 15 de maio, marcha da maconha, festival Lula Livre e dia 30 de maio, o povo novamente levantou como principal reivindicação o Fora Bolsonaro. Apesar da vontade popular, em várias manifestações, as lideranças políticas da esquerda pequeno-burguesa tenta de todas as formas represar o

movimento pela derrubada do governo Bolsonaro, com a ilusão de cozinhar o governo de Bolsonaro até 2022, nas próximas eleições presidenciais. No entanto, a pressão das bases sociais pelo Fora Bolsonaro está cada vez mais forte, o exemplo disso é que as categorias organizadas estão debatendo essa posição política, a ponto dos trabalhadores dos Correios, aprovarem em seu Congresso a resolução da categoria fazer a campanha pelo Fora Bolsonaro. O encontro nacional de representantes dos trabalhadores dos Correios (Conrep), realizado em Brasília/DF nos dias 7, 8 e 9 de junho, com 150 delegados aprovaram por unanimidade a campanha pelo Fora Bolsonaro, como eixo da campanha salarial da categoria, que começa agora no mês de junho. Os trabalhadores dos Correios é a primeira categoria organizada no país que aprovou essa resolução, e tende a dar o exemplo para as demais categorias, como Petroleiros, Bancários, etc, que entram em campanha salarial no mês de setembro. É preciso fazer uma ampla divulgação dessa resolução na base da categoria dos Correios e demais categorias, pois somente com a adesão de todos os trabalhadores na luta pela derrubada de Bolsonaro e dos golpistas, é possível derrotar o golpe, as medidas de ataque a população e as privatizações.

U

nesp em Marília, interior de São Paulo, o sindicato de professores, ADUNESP, aprovou a participação na greve geral do dia 14 de junho e também na participação no ato da cidade. O ato em Marília também vai contar com a participação da APEOESP (Associação de professores do Ensino Oficial do Estado de São Paulo), diversos partidos, como o PCO, e o comitê de luta contra o golpe, com o seu bloco do Fora Bolsonaro. A intenção é repetir os atos dos dias 15 e 30 para colocar em xeque o governo ilegítimo que foi eleito pro uma frau-

de gigantesca. Pedir a liberdade de Lula, que está mais que provado que foi acusado em um processo farsa. A UNESP é uma das Universidades Paulistas que vem sofrendo com diversos cortes no orçamento que é destinado ao campus. Faz anos que não contrata-se professores em regime de exclusividade, falta bolsas estudantis e moradia também. A palavra-de-ordem que mais ecoou no ato do dia 15 de maio, foi “Fora Bolsonaro”, os estudantes e professores entenderam que o desmonte da educação somente será barrado com a derrubada do governo Bolsonaro.


CULTURA E ESPORTES| 15

DITADURA ESCANCARADA

Policiais detêm integrantes de banda que pediam a dissolução da PM N

a terceira edição da União Underground Fest, no último fim de semana, na periferia de Brasília, a Banda Escombro estava no início de sua apresentação quando dois policiais militares interromperam o show se sentindo insultados pela música “S.O.P. – Sistema Operacional Padrão,” que faz críticas abertas à instituição policial. O vocalista se desculpou aos dois, informando que a crítica da música não era pessoal mas à corporação, e o evento pareceu continuar normalmente. Entretanto, mais tarde, seis viaturas chegaram para interromper a apresentação e levar o vocalista à delegacia. Conforme o vocalista informa, no DP foi agredido e deixado nu, permanecendo preso por mais de quatro horas, até assinar um termo circunstanciado. Ele responderá por desacato e incitação à violência. Esta é a realidade da Polícia Militar, uma instituição autoritária e auto-

rizada a censurar a liberdade de expressão dos artistas, amparado pela lei draconiana de “desacato à autoridade”. Através desta famigerada lei, agentes do Estado fortemente armados e amparados por prerrogativas de função podem investir com seu poderio repressivo caso se sintam ofendidos ou mesmo sejam criticados justamente. Esta lei serve também a juízes e demais representantes do Poder Público, que na teoria deveriam servir e representar os interesses populares, mas na prática se relacionam com a população como senhores se relacionam com seus escravos. Se não podemos nos manifestar contrários às autoridades que nos maltratam, já vivemos uma ditadura. Pelo fim das polícias já! Pela constituição de comitês de autodefesa e segurança geridos pelos próprios trabalhadores e organizações populares.

ESPORTES

Polícia Civil indicia ex-presidente do Flamengo por morte de atletas em Centro de Treinamento A

polícia civil do Rio de Janeiro indiciou o ex-presidente do Flamengo, Eduardo Bandeira de Mello, pela morte de 10 atletas do clube no Centro de Treinamento, “Ninho do Urubu”, do time em fevereiro deste ano, quando o

prédio pegou fogo. As condições precárias do prédio e o sucateamento levaram a um enorme desastre que matou os 10 jovens atletas da base do maior time de futebol do país.


16 | MORADIA E TERRA

CONTRA O GOLPE E A DIREITA

Sem terra devem se mobilizar contra a chacina promovida por Bolsonaro e a fraude contra Lula O s trabalhadores sem terra são um setor fundamental da luta contra o golpe e a direita. Acostumados com a luta dura por décadas de resistência contra os inimigos latifundiários, estão dentre os setores mais combativos das classes populares, principalmente desde o golpe de 2016. Esse é um dos motivos pelos quais sofrem tanta repressão do Estado, particularmente no governo Bolsonaro, que deu todo o aval para o assassinato dos sem terra por bandos fascistas no campo. Bolsonaro promove uma política de massacre contra os camponeses pobres. E o pior: Bolsonaro sequer foi eleito pela vontade popular. Ele é fruto da maior fraude eleitoral da história do País. Fraude essa que foi mais do que comprovada com as conversas entre membros do Ministério Público reveladas pelo sítio The Intercept. É de fundamental importância que os sem terra e sua maior organização, o MST, entrem de vez na campanha de rua pela liberdade do ex-presidente

CHARGE

Lula, pela anulação dos processos contra si na Lava Jato. Está tudo vinculado: o golpe de 2016, a prisão de Lula, a eleição de Bolsonaro, a destruição dos direitos democráticos, o saque da economia nacional e o aumento dos massacres no campo. Se Lula foi preso e afastado das eleições de maneira absolutamente fraudulenta, essas eleições foram uma fraude. Logo, Bolsonaro é um presidente ilegítimo. E que está devastando qualquer tipo de direito do povo, com os sem terra sendo escolhidos como alvo preferencial. Portanto, mais do que nunca, é preciso exigir, nas ruas, com a ampla mobilização popular, o Fora Bolsonaro e a Liberdade para Lula! A anulação dos processos e que haja novas eleições, com a participação de Lula. A ampla mobilização popular incentiva os sem terra e o MST a lutarem contra o governo golpista, ocupando os latifúndios e defendendo-se dos bandos fascistas, lutando também pelo seu direito ao armamento.



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