QUINTA-FEIRA, 13 DE JUNHO DE 2019 • EDIÇÃO Nº 5672
DIÁRIO OPERÁRIO E SOCIALISTA DESDE 2003
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Mobilização cresce: amanhã, parar o Brasil e ocupar as ruas em grandes atos
Conversas de Moro desmontam todas as farsas do golpe de Estado Domingo (9) o site The Intercept Brasil revelou em uma série de três reportagens conversas privadas entre promotores da Lava Jato e entre o ex-juiz Sérgio Moro e o procurador Deltan Dallagnol. As conversas mostram Moro, hoje ministro da Justiça de Bolsonaro, orientando a acusação, quando ele supostamente deveria julgar de forma imparcial e equidistante das partes do processo.
Lava-jatistas, golpistas de esquerda, mordem o próprio rabo parte2: PSTU A esquerda pequeno burguesa em suas diferentes matizes apoiou a farsa da Lava Jato e suposta campanha de “combate a corrupção”. Em alguns casos extremos, inclusive de maneira bastante entusiástica, como Luciana Genro (PSOL) e o PSTU.
CST: Fora Bolsonaro da Argentina! Fica Bolsonaro no Brasil… A esquerda pequenoburguesa brasileira, em especial aqueles setores que ficaram ou são até hoje a favor do golpe, estão com sérias dificuldades em ajustar suas ideias à realidade. Este parece ser o caso da corrente do PSOL CST (Corrente Socialista dos Trabalhadores), liderada pelo vereador do Rio de Janeiro, Babá.
Os repetidores da imprensa reacionária Em recente panfleto divulgado pelo grupo político da USP, Território Livre, “juventude” da Transição Socialista (um partido que basicamente só tem os jovens da usp), apareceu a seguinte definição sobre a eleição de Bolsonaro e seu governo
Ala direita do PT namora o PSDB, artífice do golpe Amanhã, trabalhadores de todo o país irão realizar a primeira greve geral contra o governo Bolsonaro. Os atos realizados a partir da segunda metade do mês de maio já mostraram que há uma fortíssima tendência à mobilização contra a direita
A destruição causada pela Lava Jato Com as revelações do Intercept esta semana e as declarações do Glenn Greenwald, soltando aperitivos do que ainda será revelado, fica cada vez mais evidente que a Operação Lava Jato, o TR4, a Rede Globo
Crise da Lava Jato, crise da burguesia As bombásticas revelações veiculadas pelo site The Intercept Brasil no início desta semana não só causaram estupefação e alvoroço no ambiente social e político do país
Bolsonaro quer matar e mutilar os trabalhadores para aumentar lucro dos patrões
A ditadura no campo: assassinado Carlos Cabral, líder sem terra
2 | OPINIÃO EDITORIAL
Conversas de Moro desmontam todas as farsas do golpe de Estado D
omingo (9) o site The Intercept Brasil revelou em uma série de três reportagens conversas privadas entre promotores da Lava Jato e entre o ex-juiz Sérgio Moro e o procurador Deltan Dallagnol. As conversas mostram Moro, hoje ministro da Justiça de Bolsonaro, orientando a acusação, quando ele supostamente deveria julgar de forma imparcial e equidistante das partes do processo. Privadamente, Dallagnol reconhecia que as provas relativas ao caso do triplex eram “indiretas”, e precisava de algo mais concreto (o que nunca apareceu). Além disso, os procuradores aparecem discutindo como impedir a “volta do PT” nas eleições.
Resumindo o que foi revelado até agora: Moro se juntou com a acusação para levar o processo de Lula a uma condenação, procuradores discutiram como agir para impedir “a volta do PT” nas eleições e para evitar uma entrevista de Lula. O editor do Intercept, Glenn Greenwald, garante que há muito mais revelações por aparecer nos próximos dias. No entanto, as revelações apresentadas até agora já são suficiente para tirar conclusões importantes. O teor das conversas entre juízes e procuradores da Lava Jato revela a disposição de um amplo setor dentro do Judiciário de perseguir Lula politicamente usando a justiça para isso. A postura do juiz Sérgio Moro mostra
que Lula foi alvo de uma conspiração para prendê-lo e para tirá-lo da política. Uma vez que isso foi demonstrado, todos os processos contra Lula ficam sob suspeita. Nada garante que Lula tenha tido seus direitos respeitados. E antes dessas revelações a arbitrariedade dos processos já permitiam apontar essa perseguição política. A novidade é que agora está provado de uma vez por todas que essa perseguição política de fato existiu. Portanto, já não é mais possível negar que isso seja assim. A direita golpista perseguiu Lula para continuar no poder e para continuar aplicando seu programa político neoliberal contra os trabalhadores. Diante disso, os traba-
lhadores devem exigir a libertação de Lula como parte da campanha para derrotar a direita golpista. A análise política da situação já demonstrava essa necessidade antes. Agora não se trata mais apenas de uma análise, mas de reconhecer os fatos expostos diante de todos com as revelações do Intercept. As mobilizações contra o governo Bolsonaro estão crescendo, e amanhã (14) é dia de greve geral. É hora de exigir: Fora Bolsonaro! E de apresentar um programa: eleições gerais já! Liberdade para Lula! é preciso aproveitar o momento favorável, antes que a direita possa se recompor ou apresentar sua própria solução para a crise.
COLUNA
Marighella: o medo da polêmica Por João André Silva
O
filme brasileiro “Marighella” dirigido pelo também ator, Wagner Moura, é assunto no meio cinematrográfico há muito tempo. No começo do ano, mais precisamente no final de fevereiro o filme teve uma exibição especial no Festival de Cinema de Berlim. A repercussão foi imediata. O filme recebeu elogios e críticas do meio cinematográfico, mas foi o tema tratado no filme, o período guerrilheiro de Marighella, que instaurou a polêmica. A cinebiografia é estrelada pelo ator Seu Jorge, na pele ex-guerrilheiro que abandonou a inércia do PCB para for-
mar um dos principais grupos de luta armada no Brasil. O coxinhas, eleitores de Bolsonaro, defensores da ditadura e da tortura, iniciaram uma campanha contrária ao filme, desde criticando a escolha do ator principal, por ser negro e Marighella, branco (!!!), usando como justificativa de acordo com laudo médico dos militares, que o líder guerrilheiro era branco. A pressão surtiu efeito e fez com que os produtores, nacionais e internacionais do filme, adiassem ao máximo a estreia nas salas de cinema do País, pois não era o momento adequa-
do. Esse momento ainda não chegou, pelo menos no primeiro semestre. Wagner Moura, em exibição do filme no Sidney Film Festival declarou que o filme irá estrear, finalmente, em 20 de novembro, dia de luta do povo negro. Data simbólica em se tratando de uma personalidade negra de grande importância. Mas o fato é que para um filme que tem um tema tão importante e latente uma estreia bem tardia. O próprio Wagner Moura chegou a lamentar em entrevistas a conduta das distribuidoras, “Eu estava preparado para ver o filme dividir o público e a crítica, mas não estava preparado para ver os
nossos distribuidores sem coragem para lançar o filme”. É um filme que independente de ser bom ou não, tem um tema polêmico, ou seja, um tema que vai polarizar opiniões e diante do quadro político atual, um debate importante. Os coxinhas, os eleitores e seguidores de Bolsonaro, aquele que tem como ídolo o coronel torturador, Brilhante Ulstra, não querem que o filme estreie, as distribuidoras aceitaram a pressão e vão cozinhar o filme o máximo para evitar a polêmica. Mas não adianta evitar, mesmo tardiamente, a polêmica vai surgir assim que o filme surgir nas telas de cinema brasileiras.
POLÍTICA | 3
MOBILIZAÇÃO CRESCE
Amanhã, parar o Brasil e ocupar as ruas em grandes atos D
ezenas de assembléias, nos principais sindicatos de bancários de todo o País, aprovaram nas noites dessa terça e quarta feira, a participação na greve geral de amanhã, contra a reforma da Previdência e o governo ilegítimo de Jair Bolsonaro (PSL). Em todo o País, foram milhares de assembleias, plenárias, reuniões etc. que adotaram e ratificaram a adesão à paralisação nacional envolvendo dentre outros professores, metalúrgicos, químicos, portuários, trabalhadores rurais, agricultores familiares, metroviários, motoristas, cobradores, caminhoneiros, trabalhadores da Educação, da saúde, de água e esgoto, dos Correios, da Justiça Federal, eletricitários, urbanitários, petroleiros, enfermeiros, vigilantes, servidores públicos federais, estaduais e municipais, acompanhando a tendência de luta expressa nas gigantescas mobilizações de 15 e 30 de maio passados. Em um mês, os trabalhadores e a juventude realizaram gigantescas mobilizações que não deixam dúvidas de que o povo brasileiro não aguenta mais o governo ilegítimo de Bolsonaro e de há uma enorme disposição de luta para derrotá-lo e por fim ao regime golpista. A mobilização dos trabalhadores e da juventude só fez crescer a crise do governo e da direita golpista. Nos último dias, vazaram novas denúncias
que confirmam o caráter fraudulento e criminoso da operação lava jato e de toda a operação golpista e que mostram que não tem o menor sentido os trabalhadores e suas organizações buscarem um “entendimento”, uma “frente”com os golpistas que derrubaram a presidenta Dilma, aprovaram a “reforma trabalhista”, estão entregando nosso petróleo e toda a riqueza do País, querem roubar as aposentadorias, privatizar os correios…. enfim, destruir a economia nacional e impor uma política de terra arrasada, de fome, miséria e desemprego para a imensa maioria. Tudo isso em benefício de um punhado de banqueiros e outros tubarões capitalistas, principalmente norte-americanos. Está evidente para uma ampla parcela do ativismo do movimento operário que o caminho para fazer vitoriosa a luta dos trabalhadores é o das ruas. nas grandes mobilizações, por meio da unidade dos explorados com seus métodos de luta, como a greve geral por tempo indeterminado, que vamos derrotar a direita e impor nossas reivindicações. A presença nessas mobilizações do pelotão mais combativo da luta dos explorados, a classe operária das fábricas, refinarias, usinas, dos transportes, da construção civil, ao lado de toda a classe trabalhadora do campo e da cidade, e da juventude, é um fator
decisivo para mudar a situação contra a ofensiva da direita e se opor à politica de conciliação defendida pelos setores da esquerda burguesa e pequeno burguesa. Enfrentando a posição dos setores da esquerda burguesa e pequeno burguesa que estão apoiando o roubo das aposentadorias e querem socorrer o governo Bolsonaro, é preciso preciso superar a política de lutas parciais (testada e reprovada nos últimos anos) e fazer avançar a mobilização em torno de uma perspetiva de conjunto, uma alternativa própria dos trabalhadores e da juventude diante da crise atual tendo como reivindicações centrais o Fora Bolsonaro e todos os golpistas, a
liberdade para Lula e a defesa de Eleições Gerais, com Lula candidato. Um aspecto decisivo, além do alcance da paralisação, é a mobilização nas ruas.Por isso, tem grande importância os atos que estão sendo convocados, principalmente pela CUT e pela Frente Brasil Popular, para este dia 14, uma vez que – como é tradição na luta do movimento operário, greve não é dia de ficar em casa, não é feriado, é dia de mobilização de sair às ruas, de se unificar com os trabalhadores de outras categorias, estudantes e demais explorados contra o inimigo comum. Foi assim em todas as greves de verdade, realizadas pela classe operária, será assim mais uma vez nesse dia 14.
APOIO A DIREITA GOLPISTA
Governadores de esquerda, juntos com Bolsonaro para acabar com o direito à aposentadoria N
a terça-feira (11), governadores de 25 dos 27 estados do país se reuniram para aprovar o roubo da previdência dos trabalhadores, ajudando Bolsonaro a retirar o direito à aposentadoria da população. Dentre eles, os governadores da esquerda do PT e do PCdoB. Rui Costa (PT-BA), Camilo Santana (PT-CE), Wellington Dias (PT-PI) e Fátima Bezerra (PT-RN) decidiram se unir com a direita para roubar a aposentadoria e atacar o conjunto da população. Os governadores da esquerda estão procurando se adaptar ao regime golpista e dos bolsonaristas. Apesar de apresentar o argumento de que não se trata da mesma reforma da previdência dos bolsonaristas, a verdade é que mesmo tirando a capitalização (proposta da esquerda), os governadores esquerdistas estão apoiando o projeto dos banqueiros para fazer o povo trabalhar até morrer. Esse tipo de conciliação político apenas revela o caráter político da ala direita do PT e do PCdoB. Trata-se de políticos burgueses que se disfarçam atrás de uma roupa esquerdista e de partidos alinhados com a esquerda. Pode se dizer que são a ala esquerda do “centrão”. Por isso, por exemplo, o
PCdoB apoiou Rodrigo Maia; por isso também, a direita do PT elogiou o pacote anti-crime de Moro e está procurando soluções para estabilizar o governo Bolsonaro, que a população já não aguenta mais. As declarações de Rui Costa (PT-BA) em defesa da polícia assassina do povo e da cobrança de mensalidades nas universidades públicas, contra a greve
dos professores e contra a derrubada do governo Bolsonaro, revelam que há todo um setor da esquerda oportunista, expressa de forma mais clara nos governadores, que busca uma forma de se aliar com os golpistas do PSDB, PDT e outros partidos totalmente falidos e inimigos da população. É uma conclusão óbvia de se tirar. Basta ver toda a articulação que Had-
dad, apoiado pela direita petista, está procurando realizar com os “intelectuais” da direita golpista, principalmente com o PSDB. É preciso denunciar intensamente a política de traição destes setores e partir para cima do governo Bolsonaro e de todos os ataques contra a população, que os oportunistas estão apoiando.
4 | POLÊMICA
"JUVENTUDE"
Os repetidores da imprensa reacionária E
m recente panfleto divulgado pelo grupo político da USP, Território Livre, “juventude” da Transição Socialista (um partido que basicamente só tem os jovens da usp), apareceu a seguinte definição sobre a eleição de Bolsonaro e seu governo: “Os setores do proletariado que o elegeram, movidos pelo (correto) antipetismo já começou a se desiludir com seu governo, cansados dos ataques que não cessam, e com a revolta entalada na garganta.” De fato, não dá para negar que Bolsonaro está perdendo muito de sua popularidade, que já era pequena na época. Porém, o grande absurdo desta frase se encontra no fato de que o Território Livre acredita que Bolsonaro teria ganho as eleições por conta de uma tendência “anti-petista” na sociedade. Trata-se de um argumento totalmente maluco. Primeiro pois a vitória eleitoral de Bolsonaro não seria produto da fraude eleitoral, que retirou Lula, o principal candidato da popu-
lação, do processo eleitoral. Ou seja, Bolsonaro seria um governo legítimo institucionalmente. Segundo, pois o Território Livre, ao invés de repetir o argumento da Globo de maneira totalmente cega, deveria explicar onde estava este antipetismo quando Lula era o candidato preferido da população, podendo ganhar inclusive no primeiro turno. Todo mundo sabe que, se Lula fos-
se candidato, a armação da burguesia para colocar um golpista na presidência seria muito mais difícil de obter a vitória. Ao contrário do que acredita o Território Livre, o apoio a Lula e ao PT apenas aumentou com a consolidação do golpe de estado, uma vez que Lula polarizou a situação política, canalizando a insatisfação popular com relação ao golpe de estado. Mas a realidade para a esquerda pe-
queno-burguesa não interessa. Suas análises não baseadas na experiência prática, na análise dos fatos de forma científica, mas baseadas na opinião divulgada pela imprensa golpista. Por isso, acreditam em um suposto gigantesco “antipetismo”. Além disso, os grupos da esquerda pequeno-burguesa são muito alinhados e pressionados pela direita pequeno-burguesa e os fascistas. E então, são pressionados pelo meio social no qual convivem. Este grupo, que acredita no antipetismo, foi o mesmo que, mesmo após o vazamentos que demonstram a fraude da Lava Jato, continuam defendendo a prisão de Lula. Para eles, não interessa se Lula, principal representante da esquerda brasileira, foi preso de forma ilegal ou não. São defensores da “luta contra a corrupção” dos fascistas. E, para eles, que acreditam na imprensa golpista, Lula é o maior corrupto da história. Trata-se de um verdadeiro grupo de papagaios da imprensa golpista. E, desta forma, o golpismo do Território Livre (MNN/TS) se mantém firme e forte.
CST
Fora Bolsonaro da Argentina! Fica Bolsonaro no Brasil… A
esquerda pequeno-burguesa brasileira, em especial aqueles setores que ficaram ou são até hoje a favor do golpe, estão com sérias dificuldades em ajustar suas ideias à realidade. Este parece ser o caso da corrente do PSOL CST (Corrente Socialista dos Trabalhadores), liderada pelo vereador do Rio de Janeiro, Babá. Até hoje se mantém no seleto grupo da esquerda golpista. Continuam defendendo que os governos do PT eram a mesma coisa que a direita, embora, sejamos justos, façam isso de maneira mais tímida do que na época em que a imprensa golpista e toda a direita estava unificada na propaganda contra o PT. Assim como o PSTU e a corrente de Luciana Genro (MES/Juntos), a CST era defensora do fora todos, uma maneira de defender o fora Dilma de maneira disfarçada. Essa política do Fora todos, que às vezes também era explicada como “nem Dilma, nem Lula, nem Aécio, nem Temer”, parece que não chegou em Bolsonaro. Ao abrir o sítio da CST
na internet não se vê a palavra de ordem, nem resquício dela, de fora Bolsonaro. Não se vê porque de fato não é a política da CST, assim como não é a política da maioria esmagadora da esquerda pequeno-burguesa, que tem participado direta ou indiretamente de uma unidade de sustentação do governo Bolsonaro. Sobre os vazamentos da Lava Jato, que revelaram até para quem se re-
cusava a enxergar – como é o caso da CST – que a Lava Jato era uma conspiração política para dar o golpe de Estado e prender Lula, as conclusões da CST se limitam a pedir a saída de Sergio Moro do governo e a “continuar lutando contra os ataques do governo Bolsonaro/Mourão”. Mas, sejamos justos, o fora Bolsonaro aparece em uma matéria no sítio da CST, quando fala da Argentina.
Sim, e quem assina a nota é de fato a Frente de Esquerda da qual faz parte o grupo argentino ligado à CST na Argentina. A CST reproduz a palavra de ordem das manifestações que pediam que Bolsonaro fosse embora da Argentina. Isso nos leva a crer que a CST seja favorável a que Bolsonaro saia da Argentina para ficar no Brasil, ficar pelo menos até 2022, talvez mais. O problema é que pedir para Bolsonaro sair da Argentina não implica em grande comprometimento político, a não ser a propaganda contra o presidente golpista brasileiro, já no Brasil, pedir o fora Bolsonaro significa se chocar com a unidade que se criou para sustentar o governo. O segredo para entender tal política é descobrir se na Argentina, o grupo ligado à CST, o Izquierda Socialista, tem como palavra de ordem o fora Macri, que é uma espécie de Bolsonaro argentino. A resposta é não. Fica Bolsonaro no Brasil e fica o Bolsonaro Macri na Argentina.
POLÊMICA | 5
ESQUERDA PEQUENO-BURGUESA
Lava-jatistas, golpistas de esquerda, mordem o próprio rabo (Parte 2): PSTU
A
esquerda pequeno burguesa em suas diferentes matizes apoiou a farsa da Lava Jato e suposta campanha de “combate a corrupção”. Em alguns casos extremos, inclusive de maneira bastante entusiástica, como Luciana Genro (PSOL) e o PSTU. Depois que veio a público as mensagens trocadas entre o ex-juiz Sergio Moro e o procurador Deltran Dallagnol divulgadas pelo The Intercept Brasil, que comprovaram o que a defesa de Lula e os participantes da campanha pela Liberdade Lula sempre denunciaram que a Lava Jato era tão somente um grotesco teatro judicial montada para prender o ex-presidente Lula, a esquerda pequeno burguesa de maneira desesperada procura cinicamente se desvencilhar do cadáver mal cheiroso da Lava Jato. Dessa forma, o PSTU, o partido da esquerda pequeno burguesa que apoiou o golpe de Estado de 2016, que defendeu a prisão de Lula, que exaltou os agentes do judiciário golpistas como uma reencarnação do Tenentismo da década de 1920 e criticava a tentativa de “ abafar” a Lava Jato, procura apresenta-se como a encarnação da “ luta contra a Lava jato”. Realmente, o PSTU não nos cansa de nos surpreender, assim demostrando uma alta dose de cinismo, mas também de alienação mental afirma que “sempre denunciou” os “ perigos da seletividade “ da Lava Jato e do então juiz Sergio Moro. “A reportagem reafirma aquilo o que o PSTU sempre denunciou: a Lava Jato e Sérgio Moro não são imparciais, são seletivos e não merecem nenhuma confiança da classe trabalhadora.” https://www.pstu.org.br/moro-tem-bandido-de-estimacao-e-seletivo-e-fez-conluio-com-dallagnol/ Curiosamente, as posições do PSTU em praticamente todas as ocasiões é quase sempre uma caricatura do stalinismo da década de 1930. Assim, quando a política ultraesquerdista do chamado “ Terceiro período” levou a vitória do Nazismo na Alemanha, e quando os acontecimentos evidenciaram que a política adotada por Stálin levou a um derrota colossal da classe trabalhadora alemã, a direção da Terceira Internacional não se dobra os fatos, mas usam os fatos como evidencia que stálin estava sempre “ certo” , apresentando trechos selecionados de documentos antigos para “reafirmar o que Stalin sempre denunciou”. A melhor maneira de escamotear os erros de análise e os resultados desastrosos da política de frente única com os golpistas é precisamente em apresentar a realidade de maneira distorcida, apresentando os fatos que precisamente evidenciam o fracasso de uma política como a comprovação dos “acertos”, como espécie de realização de uma falsa “ profecia”. Como já foi salientado na matéria sobre Luciana Genro, esse procedimento de esconder as posições do passado, é não somente uma expres-
são da confusão política, mas indica também como a esquerda pequeno burguesa, que se auto intitula honesta e cheia de pudores políticas, é profundamente desonesta politicamente. Por isso, é necessário na polêmica com a esquerda pequeno burguesa, em particular com PSTU, citar o que PSTU realmente disse sobre a Lava Jato, não somente para relembrar as posições interessadamente “ esquecidas” mas para afirmar que não devemos nos deixar enganar por truques de vigaristas políticas que apoiaram a Lava Jato e o golpe, mas como agora está pegando “ mal”, uma vez que a campanha burguesa pela “ luta contra a corrupção “ está completamente desmascarada, resolveram esconder a politica golpista anterior. A adesão do PSTU da campanha udenista contra a corrupção Para dar o golpe de 2016, a burguesia brasileira associada com o imperialismo orquestrou uma campanha conspiratória que tinha como eixo fundamental a “ luta contra a corrupção”. Um dos pontos fundamentais da engrenagem foi a montagem da operação Lava Jato, com especial relevo a atuação da “ República de Curitiba”, através do ex-juiz Sergio Moro e os procuradores da Força Tarefa da Lava Jato. Assim como a Operação Mãos Limpas italiana, através de uma intensa campanha pela imprensa capitalista era articulados processos judiciais fraudulentos com nítidos objetivos políticos. Ora, essa utilização da “ luta contra a corrupção “ como um objetivo golpista não é uma novidade na política nacional, é pelo contrário, um dos instrumentos recorrentes da burguesia para derrubar governos de esquerda ou nacionalistas. A atuação da antiga UDN através das campanhas contra o “ mar de lama” e “ contra a corrupção” nos golpes de 1954 e 1964 são marcos históricos importantes. Portanto, as “ campanhas contra corrupção” sempre foi um patrimônio da direita golpista no Brasil e no mundo, que serve para galvanizar setores mais atrasados da classe média. Na atual crise política, a operação Lava Jato e a campanha contra Corrupção representam tão somente uma faixa-
da para mobilizar coxinhas ( e bolsonaristas) a favor do golpe. O PSTU aderiu de malas e bagagens na campanha da direita, e de maneira consciente procurou traficar, felizmente sem sucesso, para o interior da esquerda a pauta coxinha de combate a corrupção para atacar o PT. “A prisão e o confisco dos bens de todos os corruptos e corruptores é um desejo e uma reivindicação da maioria da classe operária e da classe trabalhadora. E com certeza é uma reivindicação progressiva.” https://www.pstu. org.br/a-lava-jato-e-teoria-da-conspiracao/ A campanha contra a corrupção não é e nem nunca foi e nunca será minimamente progressista. Mesmo agora depois do vazamento do real conteúdo da “ campanha contra a corrupção” e do que é efetivamente a operação Lava Jato, (como alega que PSTU sempre denunciou ), os morenistas insistem com a defesa do fundamento da política da lava Jato. “O PSTU, insistimos, defendemos a prisão de todos os políticos e empresários envolvidos em corrupção e o confisco dos seus bens.” https://www. pstu.org.br/moro-tem-bandido-de-estimacao-e-seletivo-e-fez-conluio-com-dallagnol/ O resultado prático da campanha udenista morenista de “ combate a corrupção” foi a destruição de empregos, o golpe de Estado e o bolsonarismo, o que indica que a “ pauta contra os corruptos e corruptores” representou uma política nitidamente regressiva, visando um profundo ataque aos trabalhadores. Essa adesão ideológica da esquerda pequeno burguesa a “ luta contra a corrupção”, apresentada pelo PSTU como “ algo progressista” é tão somente uma versão esquerdista do udenismo e do bolsonarismo. O PSTU em defesa dos “ Tenentes” da Lava Jato e contra as “teorias da conspiração” A divulgação pelo The Intercept Brasil das mensagens da Lava Jato é comprovação cabal de que a Lava jato é uma conspiração política contra o PT, visando atingir prioritariamente o ex- presidente Lula. Pois bem, o PSTU agora afirma que “A reportagem rea-
firma aquilo o que o PSTU sempre denunciou”. Será mesmo? Em matéria publica em maio de 2017, Atribuir interesses escusos e conspiratórios a Lava Jato não tinha base na realidade, inclusive depois da prisão de Eduardo Cunha, segundo o PSTU, “jogou por terra” a teoria conspiratória de que inclusive o imperialismo norte –americano estaria por detrás da Lava Jato seria tão somente uma “ narrativa” interessada do PT e da Frente Popular. “Parte dessa narrativa dá conta de que a Lava Jato é um instrumento da burguesia e de setores do imperialismo para derrubar Dilma e atacar o Partido dos Trabalhadores.” https://www.pstu.org.br/o-depoimento-de-lula-a-sergio-moro/. O PSTU apresenta a questão “O que é a Lava Jato”, indicado que “Se antes a teoria conspiratória que cerca a Lava Jato já não tinha base na realidade, a dinâmica que se seguiu jogou por terra qualquer argumento que pudesse dar base a esse tipo de coisa.” ( idem) Depois disso, nesta mesma matéria ficamos sabendo que a Lava Jato é algo muito além de uma política golpista, sendo a expressão “da imensa crise econômica, social e política que se abateu sobre o país.”, e que segundo “ alguns autores”, que a matéria não nomeia, mas concorda, a Lava Jato pode ser comparada ao movimento Tenentista’. “A Lava Jato é produto da imensa crise econômica, social e política que se abateu sobre o país. Alguns autores a comparam com o Tenentismo, movimento que de alguma maneira refletia as classes médias descontentes na República Velha e que vieram depois apoiar a posse de Getúlio Vargas na revolução de 30. De certa forma, procuradores do MPF etc., refletem a crise e escapam ao controle.” ( idem) Como se vê a defesa da Lava Jato pelo PSTU leva inclusive a alucinações histórica, chegando ao ponto de embelezar a Lava Jato como um movimento progressista, que inclusive sairia do controle das classes dominantes. Agora, diante da comprovação da farsa da Lava Jato, o PSTU que negou que haveria qualquer conspiração e que deveria se prender todo mundo, inclusive Lula. “Teorias da conspiração não explicam os acontecimentos de maneira estrutural e histórica, como parte de um processo que tem como pano de fundo a economia, a luta entre as classes e como resultado de múltiplas determinações. Pelo contrário, para a teoria da conspiração os acontecimentos são produtos de um complô, em geral clandestino.(..) Nesta pseudo explicação, o governo do PT é vítima de um complô do imperialismo. https://www.pstu.org. br/a-lava-jato-e-teoria-da-conspiracao/ Como se vê para o PSTU não existem nem conspirações, golpes nem complôs. Então é falso que “o PSTU sempre denunciou” o conluio e a farsa da Lava Jato, mas exatamente o contrário, o PSTU é parte da engrenagem da legitimidade da “ campanha contra a corrupção” e da Lava Jato para favorecer os golpistas.
6 | POLÍTICA
POLÍTICA DE CONCILIAÇÃO
Ala direita do PT namora o PSDB, artífice do golpe A
manhã, trabalhadores de todo o país irão realizar a primeira greve geral contra o governo Bolsonaro. Os atos realizados a partir da segunda metade do mês de maio já mostraram que há uma fortíssima tendência à mobilização contra a direita: é hora de ir para cima dos golpistas e derrubar o governo. No entanto, setores da esquerda nacional estão vindo à público para defender uma política na direção oposta: na permanência dos golpistas no regime político. Os setores da esquerda que defendem uma política de conciliação com o governo Bolsonaro são os mesmos que vêm defendendo, desde a época do impeachment de Dilma Rousseff, que o PT deveria fazer uma “autocrítica” e se transformar em um partido mais palatável para a burguesia. São os mesmos setores que defendem subordinar a luta dos trabalhadores aos interesses de vigaristas da política nacional, como Ciro Gomes. A ala direita do PT, isto é, a ala composta fundamentalmente por governadores, parlamentares e juristas do Partido dos Trabalhadores, se mostra decidida a contrariar toda a tendência de luta de suas bases. Se a esmagado-
ra maioria da população – e, naturalmente, a esmagadora maioria da base do Partido dos Trabalhadores – quer expulsar Bolsonaro do poder aos pontapés, a ala direita do PT defende que Bolsonaro termine seu mandato. Uma das demonstrações de completa desorientação política e de capitulação diante do regime golpista que a ala direita do PT vem dando é o assédio constante aos “caciques” do PSDB. Tucanos como Fernando Henrique Cardoso e Tasso Jerissati são frequentemente elogiados pela ala direita do PT, que procura fazer uma aliança com esses setores. A aliança de qualquer partido de esquerda com o PSDB, bem como qualquer outro partido burguês, é uma verdadeira traição aos interesses da classe trabalhadora. No momento em que o regime político está prestes a se esfacelar, convocar a direita para lutar ao lado dos trabalhadores é dar uma sobrevida aos mesmos sanguessugas que vêm saqueando o país há centenas de anos. A aproximação com o PSDB é especialmente criminosa porque esse é o partido que, durante muitos anos, melhor representou os interesses do
imperialismo. O governo de Fernando Henrique Cardoso, por exemplo, se colocou como um capacho total do imperialismo norte-americano e tratou a população como lixo. José Serra, nomeado como chanceler no governo Temer, foi quem deu início aos ataques do governo brasileiro ao povo venezuelano. O PSDB não tem nada de democrático: na verdade, o bolsonarismo é uma cria de partidos como o PSDB. O massacre da população pelas polícias,
a sabotagem à todo tipo de assistência social e até mesmo a imposição de pautas conservadoras são tudo práticas comuns dos governos tucanos. Não é possível levar adiante uma luta que seja vitoriosa contra o governo Bolsonaro e, ao mesmo, contente setores da burguesia como o PSDB. Por isso, é necessário que os trabalhadores tenham uma política independente para a situação política: nenhum acordo com os golpistas, fora Bolsonaro, liberdade para Lula e eleições gerais já!
FERNANDO HADDAD
“Espero que Bolsonaro chegue a 2022” T
erça-feira (11) a TV Cultura levou ao ar uma entrevista com Fernando Haddad, candidato presidencial do PT em 2018. Durante a entrevista, feita por Marcelo Tas, o apresentador perguntou a Haddad se ele achava que Jair Bolsonaro chegaria em 2022, ou seja, se o golpista completaria seu mandato conseguido nas eleições fraudulentas do ano passado. Haddad não respondeu com uma opinião sobre o que ele acha que pode acontecer, contestando a pergunta com a expressão de um desejo: “eu espero que sim”. No momento em que Bolsonaro é abertamente contestado pelas multidões nas ruas, como aconteceu nos dias 15 e 30 de maio, Haddad torce para que ele consiga terminar seu mandato. É a repetição do episódio do “sucesso e boa sorte”, desejados a Bolsonaro pelo candidato petista no Twitter no dia seguinte às eleições fraudulentas do ano passado. Nos dois casos, há uma política clara nessas declarações: reconhecer a legitimidade do mandato de Bolsonaro. Como se não tivesse havido um golpe de Estado em 2016, como se as eleições tivessem transcorrido normalmente. Na declaração mais recente, a afirmação também significa opor-se ao cla-
mor popular que se adensa a cada dia nas praças e grandes avenidas do país: Fora Bolsonaro! Haddad foi explícito quanto a isso na continuação da entrevista: “não cometeu crime de responsabilidade, que termine o mandato”. Esperar a destruição do Brasil Ou seja, já que Bolsonaro teria sido eleito, o povo teria que suportar a destruição do País para respeitar o resultado das urnas. Essa posição seria, segundo esse argumento, democrática. No entanto, trata-se de uma concepção de “democracia” que passa por cima da vontade popular. Bolsonaro está destruindo o país, com diferentes ataques aos trabalhadores todos os dias, e o País inteiro estaria obrigado a assistir à destruição até 2022, para então tentar fazer alguma coisa, caso ainda exista o que salvar até lá. Polarização Haddad também assinalou que o problema da eleição de Bolsonaro, para ele, é que isso “aguçaria as contradições”. Segundo o ex-prefeito de São Paulo, depois das eleições a polarização deveria ter diminuído, mas em vez disso aumentou. Essas considerações são coerentes com as afirmações examinadas acima. Mostram a intenção de apaziguar a polarização no país e de empurrar as disputas políticas para
o “centro”. Isso combina com a política da ala direita do PT de procurar se adaptar ao bolsonarismo e de lançar uma frente ampla com o PSDB. Fora Bolsonaro! Essa política proposta por Haddad é um perigo para o movimento popular e para os trabalhadores. Bolsonaro propõe uma reforma da Previdência e cortes na educação, e está longe de parar por aí. Só neste semana, exone-
rou todos os peritos responsáveis por fiscalizar e impedir a tortura no país, e suspendeu 90% das normas de segurança no trabalho. É uma política extremamente destrutiva que precisa ser combatida já, especialmente diante do fato de que o momento é favorável. O governo está em crise e as mobilizações estão crescendo. É preciso aproveitar a oportunidade, e não procurar atenuar as contradições.
POLÍTICA |7
AS CONSEQUÊNCIAS DO GOLPE
A destruição causada pela Lava Jato C
om as revelações do Intercept esta semana e as declarações do Glenn Greenwald, soltando aperitivos do que ainda será revelado, fica cada vez mais evidente que a Operação Lava Jato, o TR4, a Rede Globo (capitaneando jornais, revistas, rádios e outras emissoras de TV) e o golpe de Estado contra a Dilma (patrocinado por empresários e sistema financeiro) são tudo a mesma coisa, sócios do mesmo empreendimento. Um complô para forçar a parada da então sexta ou sétima maior economia do mundo. Muitos de nós que não estivemos alheios e somos bem informados, temos fresco na memória quando Aécio Neves, após perder a eleição em 2014, fez seu primeiro pronunciamento de volta ao Senado, em que declarou guerra total à Dilma, sabotagem do governo, “nem que for preciso quebrar o Brasil, depois a gente reconstrói”, ameaçou. E dane-se o povo, dane-se o seu emprego, danem-se todas as empresas que tiveram que fechar desde as “pautas bombas” da Câmara federal desde 2015. Ficamos na expectativa de conhecer o que mais será revelado nos próximos lotes de denúncias do Intercept. Lembra da frase do Lula, sobre o Supremo “acovardado”? Seria o STF também parceiro do complô? Lembra do telefonema do Romero Jucá, “com o Supremo, com tudo”, e nesse tudo incluía também os militares? Pois a destruição sofrida pelo Brasil pelos crimes da Operação Lava Jato tem todos esses comparsas. Em outros países, seja Itália, EUA, Alemanha ou Japão, que tiveram tribunais julgando casos de corrupção em empresas, as empresas e os empregos foram preservados. Juízes e procuradores mais responsáveis não tiveram lá a intenção de prejudicar as economias daqueles países.
Aqui, fica a cada dia mais claro que o Brasil foi arrasado intencionalmente, para derrubar o governo, provocar insatisfação popular ingênua e abrir as portas para a extrema-direita tomar o poder e deixar os gringos ocuparem ou tomarem o que lhes interessasse, como espólio de guerra. Houve destruição do setor de construção civil e de empregos. As grandes construtoras brasileiras, aquelas que construíram estradas no Iraque, pontes e palácios de governos africanos, terminal de aeroporto de Miami, obras em toda a América Latina, incluindo o metrô de Caracas e o porto de Mariel, em Cuba, foram dissolvidas, viraram pó. Um desmonte intencional e criminoso. A Petrobras foi diminuída e retalhada para facilitar caber nos bolsos dos gringos, a Embraer foi levada embora voando, a base de Alcântara foi doada, um pedaço do território brasileiro não pertence mais ao Brasil, e o submarino atômico que estava sendo construído para ajudar a patrulhar as riquezas do nosso fundo do mar (leia-se petróleo) foi descartado porque a quarta frota dos Estados Unidos já assumiu o serviço ao longo da nossa costa marítima. A posição dos Brasil nos organismos internacionais, Mercosul, Unasul, ONU, BRICS, foi desocupada ou tornada desimportante. O Brasil ficou desimportante. Tem um presidente que é convidado a não aparecer no mundo todo e quando aparece e fala, dá um vexame atrás do outro. Até a eleição fajuta dele cumpre o objetivo de diminuir o Brasil, de nos depreciar perante o mundo, uma gigantesca operação de sabotagem moral e econômica, incluindo a queda de prestígio da marca Brasil, dos produtos brasileiros. Isso se reflete no PIB, cada vez menor.
Fica explícita a responsabilidade da Lava Jato sobre o fraco desempenho do PIB. As estatísticas apresentam uma elevada correlação entre ambos os fenômenos. Durante o primeiro ano de atuação da República de Curitiba, o IBGE apurou a primeira retração significativa do produto brasileiro desde 2009. Assim, já em 2014 o PIB ficou praticamente estagnado, com crescimento de apenas 0,5%. Ao longo de 2015, os efeitos foram mais evidentes. Os efeitos perversos sobre a capacidade de ação da Petrobras e das empresas do setor de construção civil se fazem mais nítidos. O PIB cai 3,8%. O movimento recessivo mais geral tem continuidade em 2016, e a Lava Jato também mantém suas atividades paralisantes sobre o setor real de nossa economia. Com isso, o ritmo da economia brasileira se vê retraído em 3,6%. Considerando todo o período, vivemos a maior recessão de nossa história. Este ano, as projeções mais otimistas apontam que o PIB ficará em 1% positivo. As mais realistas, projetam uma retração, um número abaixo de zero.
A expansão das atividades do grupo comandado por Sérgio Moro se confunde com o período de aprofundamento das dificuldades na área da economia. A Lava Jato liderou um projeto de ocupação do poder e dos ativos brasileiros por forças estrangeiras (com prepostos locais), que parecem ter orientado ou mesmo plantado aqui a própria operação desde o início, com treinamento prévio de seus executores no Estados Unidos, para onde viajavam frequentemente para receber atualizações. Isso vai vir à tona no Intercept? Greenwald já enfrentou o serviço secreto do seu país antes, quando escreveu as reportagens sobre o denunciante Edward Snowden, que virou filme. Ele ganhou o prêmio Pulitzer, em 2014, por aquele trabalho. No Tweeter, a pessoas que o interpelaram ansiosas, suplicando por mais revelações, Greenwald pediu calma e paciência: “tudo será dito”, ele escreveu. Como diria Dilma, “não ficará pedra sobre pedra”. Vai ser uma trabalheira para o Lula consertar tudo quando voltar.
8 | POLÍTICA
REGIME BURGUÊS GOLPISTA
Crise da Lava Jato, crise da burguesia A
s bombásticas revelações veiculadas pelo site The Intercept Brasil no início desta semana não só causaram estupefação e alvoroço no ambiente social e político do país, como tiveram o efeito imediato de debilitar ainda mais toda a frágil e movediça estrutura que mantém de pé o natimorto governo do presidente fraudulento Jair Bolsonaro, atingindo também em cheio o próprio núcleo do regime burguês golpista em seu conjunto. Toda a espiral de crises que o recém empossado presidente vem enfrentando, mesmo antes de sua posse, não pode ser interpretada de outra forma a não ser como resultado do mais completo fracasso da empreitada golpista empreendida pela burguesia nacional, auxiliada por seus serviçais e agentes internos, tendo como elemento articulador fundamental o imperialismo mundial, particularmente o norte-americano e as grandes corporações ianques, financiadoras e articuladoras do golpe de Estado no Brasil em 2016. Um dos instrumentos mais importantes e decisivo para levar adiante a obra golpista contra o governo eleito em 2014 se deu na criação da “Operação Lava Jato”. Desde o início de sua atuação, a famigerada “Operação” golpista nunca conseguiu ocultar ou mesmo disfarçar seu conteúdo reacionário, direitista e persecutório, particularmente contra o PT, seus dirigentes e o ex-presidente Lula, embora, curiosamente, tenha atraído não só a simpatia, mas o apoio direto de setores da própria esquerda nacional, que viam e ainda veem na atuação dos Procuradores fascistóides da Lava Jato, a determinação em “combaterem a corrupção” no país. Um escândalo inominável em se tratando de partidos e gente que se reivindica como representante de esquerda.
O farto e volumoso material que se encontra de posse do The Intercept – que convulsionou o ambiente político nacional ao ser disponibilizado – não é e não pode ser interpretado como uma ação de “hackers” ocasionais, como vem sugerindo os tresloucados defensores mais incisivos e fanatizados do juiz Sérgio Moro e da Lava Jato. Tudo indica – e todos os elementos apontam claramente nesta direção – que as denúncias chegadas às mãos do The Intercept partiram de um setor da própria burguesia, descontente com os descaminhos e “cabeçadas” do impotente e paralisado governo do ex-capitão e que vem sendo diretamente afetada em seus interesses com o estado de crise em que se encontra a combalida economia nacional, que vem ostentando indicadores medíocres e raquíticos, sem qualquer mínima perspectiva de recuperação. A fratura no interior da burguesia está marcada não só pelo descontentamento desta com o sombrio cenário econômico do país, mas sua preocupação advém principalmente da entrada em cena de um elemento
que pode atuar como decisivo no desenvolvimento da situação política no período próximo, que é a tendência da luta popular de massas ao enfrentamento contra o governo Bolsonaro e o conjunto do regime burguês golpista. Este é, na verdade, o epicentro de toda a crise que eclodiu com as denúncias arrasadoras contra a Lava Jato, que atingiu em cheio uma das figuras de proa do ministério bolsonarista, o ex-juiz dos processos fraudulentos da Lava Jato, e atual Ministro da Justiça, Sérgio Moro, o homem colocado no pedestal das virtudes e da inviolabilidade pelo conjunto das forças golpistas. É óbvia e mais do que evidente a enorme pressão que o governo vem sofrendo dos mais diversos setores, em particular de um setor do golpismo que lhe hipotecou apoio e que se vê neste momento incomodado com os rumos e descaminhos de um governo completamente sem bússola e sem qualquer perspectiva de oferecer ao país um mínimo de estabilidade para a travessia do mar revolto em que foi transformado o intrincado tabuleiro
político nacional, onde as peças se encontram totalmente confusas e desorientadas. As recentes declarações de setores que nunca esconderam sua postura golpista (jornal o “Estadão”, o vice Hamilton Mourão e a OAB, entre outros) e que sempre hipotecaram apoio não só ao governo Bolsonaro, como principalmente às ações de “combate à corrupção” levadas a efeito pela Lava Jato, o ex-juiz Sérgio Moro e os Procuradores da Força Tarefa da “República de Curitiba”, no sentido de se abrir investigações acerca das graves denúncias reveladas esta semana, evidenciam que há uma aguda luta fratricida entre as diversas frações golpistas, o que, indubitavelmente irá potencializar ainda mais a crise, que já é, por si só, sob todos os aspectos, demasiadamente explosiva. Todo este quadro de elevada temperatura, cenário convulsionado e impasse em que se encontra o conjunto do regime político surgido do golpe de Estado de 2016, coloca como perspectiva imediata a intervenção das massas no cenário político nacional. Esta política, no entanto, não pode estar orientada para a obtenção de vitórias parciais inócuas de um ou outro setor atacado pelo governo (educação, previdência, meio ambiente, saúde, agrotóxicos etc.), mas deve estar direcionada para a derrubada do governo Bolsonaro, responsável de conjunto por todos os mais brutais ataques aos direitos e conquistas dos trabalhadores; ao ataque às massas sofridas do campo e da cidades; aos negros; às mulheres, aos aposentados; aos moradores pobres das periferias das grandes cidades; aos indígenas, aos quilombolas. A Geral Greve marcada para o dia 14 de junho deve apontar claramente nesta perspectiva, um caminho de lutas e vitórias contra o conjunto regime burguês golpista.
MOVIMENTO OPERÁRIO E POLÍTICA | 9
INIMIGO DOS TRABALHADORES
Bolsonaro quer matar e mutilar os trabalhadores para aumentar lucro dos patrões B
olsonaro não apenas é um inimigo dos trabalhadores, como o seu objetivo é submeter as suas condições de vida a parâmetros compatíveis com o da escravidão ou ainda análogas aos campos de concentração nazistas, como o de Auschwitz, onde os trabalhadores eram submetidos a trabalho escravo e ainda tinha como “presente” final a morte nas câmaras de gás. Pode parecer muito pesado, em pleno século XXI, classificar Bolsonaro e seu governo como capazes de cometer tamanhas atrocidades? De maneira alguma. Na segunda-feira, 10 de junho, o presidente golpista anunciou para o seu cativo grupo das redes sociais, que fará uma redução de 90% das Normas Regulamentadoras (NRs) de segurança e saúde no trabalho, isso em um país que está entre os que tem os maiores índices de acidentes de trabalho do mundo. Segundo a Organização Internacional do Trabalho, o Brasil encontra-se em 4o lugar no ranking dos países que mais tem acidentes de trabalho, estando abaixo apenas da China, Estados Unidos e Rússia. Obviamente que aqui se trata de números absolutos. Primeiro, o número de trabalhadores ativos desses países são bem superiores ao Brasil, o que de imediato coloca o Brasil em 1o lugar. Segundo, uma parcela expressiva dos acidentes que ocorrem aqui, sequer são computados, porque se dão
no âmbito da economia informal. Em todo caso, os números em si são verdadeiramente alarmantes. De acordo com dados da Previdência oficial, entre 2014 e 2018 foi registrado no Brasil 1,8 milhão de afastamentos por acidente de trabalho e 6,2 mil óbitos . Em 2018, a cada 48 segundos ocorreu um acidente de trabalho e a cada 3 horas e 38 minutos, um trabalhador perdeu a vida. Segundo ainda relatório da OIT, em 2018 são 1,3 milhão de casos, que tiveram como principais causas o “descumprimento de normas básicas de proteção aos trabalhadores e más condições nos ambientes e processos de trabalho”. O que significa, então, essa desregulamentação de Bolsonaro? Oficializar as péssimas condições de trabalho já existentes e permitir que o empregador, onde existe algum tipo de regra ou controle, rebaixe de imediato as regras atualmente existentes. A promessa do governo é que a primeira norma a ser revista, ainda neste mês de junho, será a NR 12 “que trata da regulamentação do maquinário, abrangendo desde padarias até fornos siderúrgicos”. Será que não é passível de analogia os fornos com altíssimas temperaturas com os fornos crematórios, parte integrante do complexo macabro dos campos de concentração nazistas? Um governo fascista, pelo menos em sua pretensão, não gosta de ser-
viço mal feito, no que diz respeito ao trato com trabalhadores, é claro. Se existe o propósito de fazer com que a legislação da segurança trabalhista retroceda a parâmetros do início do século XX ou até mesmo a períodos mais remotos, também não é menos verdadeiro, o seu propósito de acabar com qualquer tipo de seguridade social para os trabalhadores que venham a sofrer acidentes de trabalho, aí entra em cena a “reforma” da Previdência, a outra ponta fascista para esmagar os trabalhadores. No resumo, a operação do governo fascista de Bolsonaro visa esmagar os trabalhadores, condenando-os a todo tipo de atrocidade no trabalho, inclusive a morte e por outro lado, tirando o direito do trabalhador acidentado a
ter qualquer tipo de assistência social por parte do Estado, condenando-o da mesma forma a morte ou a marginalidade social Essa é mais uma faceta com que se deparam os trabalhadores nesses dias que antecedem a greve geral. O momento é justamente de unir forças em torno da expressão maior do golpe de Estado e lutar pela sua derrubada. A máxima de que são eles ou somos nós; É Bolsonaro, os militares, o conjunto dos golpistas ou a classe operária, os trabalhadores de conjunto, a juventude e todos os explorados, está mais colocada do que nunca. Não há meio termo nessa luta. Parar o país pelo Fora Bolsonaro e pela derrota do golpe é a única saída!
GOVERNO GOLPISTA
Bolsonaro libera a tortura de presos, idosos e pessoas com problemas psiquiátricos N
o último dia 11 de junho, o governo golpista de Jair Bolsonaro exonerou, por meio de decreto, todos os peritos que atuavam do Mecanismo Nacional de Prevenção e Combate à Tortura, o MNPCT. Os peritos eram responsáveis por investigar as violações aos direitos humanos em penitenciárias, hospitais públicos, abrigo de idosos, entre outras instituições. Trata-se de mais uma medida de caráter fascista do governo de extre-
ma-direita de Bolsonaro. Defensor da ditadura militar e de torturadores sanguinários, como Brilhante Ulstra, Bolsonaro demonstra mais uma vez na prática qual é a sua política para a população pobre, negra e trabalhadora, uma política de verdadeiro extermínio. No caso dos presídios brasileiros, a situação é de um verdadeiro inferno na terra. A superlotação é um fato em todas as penitenciárias. Um exemplo disso é o último relatório bianual divulgado pelo
Contribua com a campanha pagar pagar multas que a justiça golpista impôs ao PCO: AG: 4093-2 CC: 29000-9 Banco do Brasil CNPJ: 01.307.059/0001-90 Partido da Causa Operária
Sistema de Proteção a Tortura, no qual é denunciada a situação do Complexo de Curado em Recife, onde pavilhões que deveriam abrigar 50 presos estavam com mais de 150 detentos. Outra situação absurda é fato de que a metade dos presos brasileiros são presos provisórios. Os massacres como o ocorrido em Manaus no último mês são cada vez mais frequentes diante a situação de calamidade e brutalidade contra os presos.
A proposta do governo, como já afirmamos antes, é uma liberação da tortura em todas as instituições de repressão. Essa política imposta por Bolsonaro por meio de um decreto demonstra o porquê é necessário colocar abaixo o governo golpista o quanto antes. A permanência de Bolsonaro no poder irá aprofundar ainda mais o massacre da população brasileira. Nesse sentido é necessário mobilizar pela derrubada do governo Bolsonaro e de todos os golpistas!
10 | POLÍTICA
CASO MORO
Muitos ratos para pouco mar D
izem que o capitão sempre afunda com seu navio, em contrapartida os ratos são os primeiros a pular do barco. O escândalo da Lava-Jato está escancarando os bichos rasteiros que elogiaram loucamente a operação criminosa. Durante a prisão de Lula e as eleições, para obter palanque eleitoral na Rede Globo, não faltaram louros e palavras pomposas para falar do Moro, Dallagnol e da Lava-Jato. Agora que a crise tomou conta da situação, evaporaram-se todos os oportunistas e como por magia, parece que nunca houve apoio para a “cruzada contra a corrupção”. Os primeiros a pularem do barco foram os dirigentes de esquerda que legitimavam o processo, alegando que o judicário era confiável e que essa empreitada era da mais importantes para resolver o problema do brasil. Fernando Haddad que apontou Moro como uma pessoa séria e a operação como importante (sim a mesma operação que predeu sem provas o maior líder de esquerda do Brasil, companheiro de partido de Fernando) durante as eleições, agora quer se desvincular de qualquer maneira com a sujeira escondida de baixo do tapete. Outras li-
deranças como Luciana Genro do Psol, e toda a cúpula do PSTU, fizeram uma defesa ferrenha, a primeira chegava a comemorar toda vez que um elemento era preso, escrevendo em suas redes sociais (vitória da Lava-Jato!), o segundo comemorou a prisão de Lula e, quando questionados sobre seu posicionamento, alegavam que Lula era corrupto por ter-se aliado coma burguesia. do, apesar de ser óbvio o cunho político da operação que só prendeu inimigos políticos ligados a empresas brasileiras, e Lula para tirá-lo da eleição0, mesmo sem prova nenhuma, mesmo assim esses partidos e figuras apoiavam o processo sonhando de ocupar o espaço político dos perseguidos, sem perceber que estavam tão ameaçados quanto os outros. Do lado a direita, cuja campanha à favor de Moro e da Lava-Jato foi intensa e a todo tempo, logo veio a matéria do Intercept, logo eles tentaram se desvincular da escatologia. Raquel Scheherazade, conhecida por ser vira casaca, apoiou Bolsonaro antes das eleições para atacá-lo na época da campanha burguesa do EleNão, agora quer desvincular-se dos que à pouco
chamava de “heróis da pátria”, chegou a lançar um vídeo nas redes sociais para falar sobre o assunto. Outros membros da imprensa golpistas, como Luciano Huck e Reinaldo Azevedo e órgãos como a Folha de São Paulo, também estão pulando do barco e tentando a todo custo desassociar suas imagens à dos envolvidos. Um caso cômico é o do diretor José Padilha, que chegou a produzir uma série para a Netflix sobre a operação, “O Mecanismo”, tratando Moro e o procurador da República, como heróis da luta contra a corrupção.
Não podemos cair em conversa de malandro, esta operação mostrava-se uma farsa, um “mecanismo” para destruir a indústria brasileira, atacando as principais empresas nacionais e os políticos ligados a ele em benefício das empresaras estrangeiras, desde o início. Todo a operação assim como o processo eleitoral que ocorreu em virtude desta devem ser desmascarados como farsa e imediatamente anulados. Liberdade Para Lula! Fora Bolsonaro! Eleições Gerais Já!
IMPRENSA GOLPISTA
Globo é “sócia, agente e aliada de Moro e Lava Jato”, diz Greenwald: expropriar os monopólios golpistas! A
lém das revelações que o site The Intercept Brasil já apresentou no domingo (9), o editor do site, Glenn Greenwald, promete que há muito mais por vir. Por enquanto, o que se tem são trocas de mensagens privadas pelo aplicativo Telegram. Em editorial, o site avisou que além dessas conversas, há ainda conversas por áudio, fotos e documentos, entre outros materiais. Há uma expectativa de que as revelações que ainda vão aparecer ajudem a entender como a imprensa agia junto com a Lava Jato para perseguir Lula e o PT. Segundo Glenn Greenwald, haveria muito material para analisar antes de publicar mais reportagens. Os dados deveriam ser tornados públicos de uma vez. Em qualquer caso, conhecendo os dados, Greenwald afirmou o seguinte em sua conta no Twitter: “A Globo é sócia, agente e aliada de Moro e Lava Jato – seus porta-vozes – e não jornalistas que reportem sobre eles com alguma independência. É exatamente assim que Moro, Deltan e a força-tarefa veem a Globo. Então não esperem nada além de propaganda.”
Esse comentário, da parte de uma pessoa que tem informações sobre o problema, reforçam a necessidade de acabar com os grandes monopólios capitalistas das comunicações. A Globo controla uma concessão pública
para realizar sua campanha diária de desinformação contra a população. E essa é uma situação absurda. Por que uma família teria o direito de decidir que informações devem chegar ou não para milhões de pessoas, e com
que tratamento essas informações deveriam chegar? É a essa situação que a imprensa chama de “liberdade de imprensa”, mas na verdade trata-se da liberdade de meia dúzia de capitalistas decidirem que informações chegarão às massas. Isso é completamente antidemocrático e não tem nada a ver com “liberdade de imprensa”. Para que houvesse tal liberdade, a população teria que ter acesso aos meios para produzir e transmitir as informações. As concessões públicas, por exemplos, deveriam ser controladas pelo público, em geral, e não por um punhado de bandoleiros capitalistas. Por isso, é preciso que, para que haja de fato liberdade de imprensa, os grandes monopólios de comunicação capitalistas sejam expropriados e entregues aos trabalhadores, para que os cidadãos possam decidir sobre a programação, por meio de suas entidades representativas, como associações de bairro, sindicatos de trabalhadores, movimentos populares, cooperativas, entre outras.
INTERNACIONAL | 11
ITÁLIA
Dívida estratosférica da Itália e conflito com os bancos: reflexo das ruínas do imperialismo europeu A
Itália é um dos países europeus mais endividados da União Europeia. Diante disso, o imperialismo, que se vê ameaçado pela extrema-direita, que controla o país, através de Matteo Salvini, decidiu atacar o país. Por conta do alto endividamento estatal e da situação crítica da economia italiana, a União Europeia, por meio de comissão, decidiu recomendar a abertura de um procedimento de déficit excessivo contra o país, que caso aprovado pelos ministros europeus das Finanças poderá resultar em multas bilionárias para o país. A Itália, que é um dos principais países imperialistas da Europa, é o segundo com maior endividamento, que teria atingido mais de 2 trilhões de Euros. Bruxelas, na Bélgica, sede da
UE alega que o país não teria realizado medidas eficientes para combater o endividamento público. O ataque do imperialismo se baseia nas regras do Tratado de Maastricht, que define que só é permitido uma dívida de 60% do desempenho econômico e um endividamento adicional de 3% por ano. A dívida italiana é tão grave que o comissário de Finanças, Valdis Dombrovskis, calculou que ela equivale a 38 mil euros por habitante. Desta forma, a União Européia, controlada por banqueiros franceses e alemães, age igual sanguessugas com economia italiana. Uma política que, ao invés de enfraquecer a extrema-direita, fortalece-a – de forma com que a campanha dos fascistas contra a UE tornam-se válidas.
CRISE NA UE
Boris Johnson defende Brexit sem acordo em campanha para se tornar primeiro-ministro no Reino Unido
A
crise política da União Europeia (UE) se intensifica. Após a saída da primeira-ministra do Reino Unido, Thereza May, Boris Johnson inicia campanha para a sucessão do cargo. A notícia foi dada nesta quarta-feira (12), acompanhada da promessa de retirar o país da UE e do alerta a seu próprio partido, o Partido Conservador: “atraso significa derrota”. Johnson, 54 anos, ex-secretário das Relações Exteriores e ex-prefeito de Londres afirmou, caso seja eleito, que até 31 de outubro cumprirá sua promessa. Ainda segundo Johnson, “depois de três anos e dois prazos vencidos, precisamos sair da UE em 31 de outubro”. “Não busco um resultado sem acordo”. Quando perguntado sobre uma eventual dificuldade quanto a adesão ao Brexit, Johnson afirma: “Não acho que acabaremos com nada do tipo, mas é questão de responsabilidade
se preparar vigorosa e seriamente para a falta de acordo. De fato, é surpreendente que alguém possa sugerir dispensar essa ferramenta vital da negociação”. As posições de Johnson apenas ratificam o que foi dito por ele no referendo de 2016 sobre a filiação à UE. De acordo com o ex-prefeito de Londres, o Partido Conservador deve apertar o passo para evitar que Jeremy Corbyn, líder do Partido Trabalhista e atual líder opositor na Câmara dos Comuns, ganhe espaço na arena política britânica. Com a renúncia de May, abriu-se entre os conservadores, uma intensa disputa pela liderança do partido. Como o partido tem maioria na câmara, o líder se torna 1º ministro. Vale, porém, salientar que Johnson é da ala de extrema-direita do partido, e é o possível sucessor de May. Essa situação demonstra a grande crise do imperialismo.
12 | INTERNACIONAL
ARGENTINA
Ala direita do peronismo se junta a Macri para derrotar Cristina Kirchner nas eleições presidenciais O presidente coxinha da Argentina, Mauricio Macri, anunciou o seu candidato a vice-presidente para as eleições que serão realizadas em outubro: Miguel Pichetto. Trata-se do líder do Partido Justicialista (o mesmo de Cristina Kirchner) no Senado, desde o primeiro governo da ex-presidenta. No entanto, como já indica essa tomada de posição ao lado de Macri, Pichetto é um político da ala direita do peronismo, nunca foi aliado do kirchnerismo (corrente esquerdista do peronismo) e está na coligação para dividir o eleitorado peronista e levar uma parte dos votos para Macri. Isso porque Kirchner vai concorrer com Macri. Mas como candidata a vice, na chapa de Alberto Fernández, seu ex-chefe de gabinete. A burguesia golpista argentina aliada ao imperialismo está dando um golpe atrás do outro contra a esquerda, principalmente contra o nacionalismo burguês. Mas para isso também tem contado com a colaboração desse próprio nacionalismo, particularmente da vacilação de seus dirigentes e da aliança com seus setores direitistas. Primeiro, a partir da perseguição judicial contra Cristina Kirchner, muito semelhante a que está sendo implementada contra Lula no Brasil. Cristina pode ter sua imunidade parlamentar retirada para que seja presa, caso se transforme em um perigo verdadeiro para os golpistas argentinos.
Logo em seguida, foi feita uma gigantesca pressão contra ela para que abandonasse a sua candidatura às eleições de outubro. Cristina Kirchner, que foi eleita senadora com o recorde de votações, e que vinha ganhando cada vez mais apoio popular – polarizando extremamente a situação política no país -, desistiu da candidatura. Abriu o caminho para a vitória de Macri, sendo, claramente, um episódio de fraude “branca” eleitoral. Agora, a ala direita do peronismo e do próprio Partido Justicialista se alia à direita neoliberal e mesmo à extrema-direita para boicotar qualquer chance de vitória da chapa de Cristina Kirchner. E não é apenas um dirigente isolado, como Pichetto. “Falei com os governadores peronistas. Muitos companheiros do peronismo vão acompanhar esta proposta”, revelou o senador. As eleições de 2015 no país sul-americano foram, efetivamente, um golpe de Estado, devido ao seu caráter fraudulento. A burguesia pró-imperialista fez de tudo para impedir o candidato aliado do kirchnerismo, Daniel Scioli (que já não tinha o mesmo apelo popular que Cristina), de vencer o pleito, e acabou colocando Mauricio Macri para devastar o país – o que, de fato, está fazendo desde o primeiro dia de seu governo. O governo de Macri se caracterizou pela subserviência ao imperialismo – particularmente os grandes bancos internacionais. No início deste ano,
aprovou-se oficialmente a entrega da economia argentina ao FMI, que obriga o país a abrir mão dos gastos públicos mais básicos, como diversos subsídios estatais para a população. Assim, as tarifas de águas, luz, transporte aumentarem sobremaneira, bem como o custo de vida. A inflação ronda os 50% e são conhecidos os casos de saques e brigas em supermercados para pegar os últimos produtos das prateleiras, muitas vezes escassas. O caso argentino é mais uma comprovação da ilusão que é acreditar que uma eleição em meio a um golpe de
Estado poderá resolver a situação de maneira favorável aos trabalhadores, ou seja, derrotar esse golpe de Estado. O governo macrista é um regime golpista, que busca a todo o custo suprimir a oposição nas ruas ou mesmo nas urnas, para se manter no poder. E, em um caso de impossibilidade de uma vitória do próprio Macri, os golpistas buscariam outro candidato igualmente direitista e golpista para substituí-lo, como ocorreu no Brasil, onde o imperialismo não conseguiu emplacar a candidatura de Geraldo Alckmin (PSDB) e por isso optou por Bolsonaro.
MORADIA E TERRA | 13
MORTE ANUNCIADA
Presidente do sindicato dos trabalhadores rurais é assassinado no Pará
C
onhecida como terra da morte anunciada, a cidade de Rio Maria, no interior do Pará, pela terceira vez, fez jus ao apelido. Nesta terça-feira, 11 de junho, o presidente do Sindicato dos Trabalhadores Rurais da cidade foi assassinado a tiros por dois homens em uma moto preta. O sindicalista Carlos Cabral Pereira que era também militante dos Trabalhadores Sem-Terra e o PCdoB já tinha sofrido uma emboscada onde também foi baleado em 1991. A cidade tem um histórico de assassinar ativistas desde a década de 1980, quando o trabalhador rural e também militante e presidente do mesmo sindicato, João Canuto foi morto por dois fazendeiros, um deles era o próprio prefeito da cidade, Carlos Cabral Pereira, com 12 tiros. Na década de 1990 outro fazendeiro foi acusado e conde-
nado de ser o mandante do assassinato do então presidente do STR Expedito Ribeiro de Souza. No período pelo qual o Brasil passa, com um presidente fascista que já perdoou dívidas bilionárias dos latifundiários governando o país, a ousadia destes aumenta e praticamente toda semana temos notícias de execuções de ativistas do movimento de luta pela terra, o que vai continuar acontecendo se a população não puder se armar para se defender dos jagunços e dos próprios fazendeiros. Para combater os ataques à população rural e ativistas é necessário que estes organizem a autodefesa, para não ficar tão vulneráveis frentes aos latifundiários que têm seus jagunços armados perseguindo os sem terra, índios e todos que forem considerados empecilhos para seus negócios.
A DITADURA NO CAMPO
Assassinado Carlos Cabral, líder sem terra N
esta terça-feira, o presidente do Sindicato dos Trabalhadores Rurais (STR) de Rio Maria, Carlos Cabral, foi assassinado por dois pistoleiros em uma moto. Cabral foi atingido por quatro tiros, sendo dois na cabeça. Os tiros na cabeça evidenciam a execução realizada pelos latifundiários do líder sindical e da luta pela terra na região sudeste do Pará, município de Rio Maria. A região de Rio Maria é extremamente violenta contra os trabalhadores do campo e é conhecida como “a terra da morte anunciada”. Cabral já havia sofrido atentado em 1991 e sobreviveu. Agora entra para as estatísticas de ser o terceiro presidente do sindicato que foi assassinado. Em 1985, João Canuto militante do
Partido Comunista do Brasil (PCdoB) foi assassinado com 15 tiros e em 1991, o sucessor de João Canuto na presidência do STR, Expedito Ribeiro de Souza, também foi assassinado por pistoleiros. Na semana passada, Aluciano Ferreira dos Santos, foi assassinado no município de Brejo da Madre de Deus, Pernambuco. Aluciano era militante do MST e já havia recebido ameaças de morte, e estava no município escondido de pistoleiros após uma tentativa de massacre realizada por pistoleiros em 2009, quando o acampamento foi invadido a tiros e no confronto dois pistoleiros morerram. Desde então, foi preso e passou 8 anos na cadeia até ser julgado e inocentado.
Também na semana passada, quatro indígenas Guarani Kaiowá Carlito de Oliveira, Paulino Lopes, Jair Aquino Fernandes, Ezequiel Valensuela e Lindomar Brites de Oliveira foram a julgamento e três deles foram condenados, onde a pena dos três soma mais de 100 anos, por também se defenderem de um ataque de pistoleiros e policiais na Aldeia Bororo, município de Dourados, Mato Grosso do Sul. No que foi chamado pelos latifundiários de Chacina de Porto Cambira, quando três policiais em carro não identificado e nenhum uniforme ou identificação os policiais, invadiram a aldeia atirando e no confronto dois policiais/pistoleiros foram mortos. A perseguição contra os indígenas era enorme e o julgamen-
to foi realizado em São Paulo devido ao envolvimento do judiciário sul-mato-grossense com os latifundiários. Esses assassinatos, e em especial, de Carlos Cabral, uma liderança sindical e sem-terra conhecida revela que os latifundiários estão cada vez mais ousados em agir abertamente. Não se preocupam com as consequências, pois sabem que há uma ação conjunta entre latifundiários, justiça e forças policiais. Assim é uma ditadura, onde os poderosos atuam contra os trabalhadores do campo, que nem podem se defender e as leis são utilizadas e manipuladas para reprimir ainda mais a luta pela terra. Há uma ditadura escancarada no campo, onde os latifundiários, pistoleiros e policiais fazem o que querem com a cobertura do judiciário.
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14 | POLÍTICA E CIDADES
STF
Debate sobre 2ª instância no STF demonstra crise da burguesia A
reabertura da discussão sobre a prisão em segunda instância pelo Supremo Tribunal Federal (STF) em meio a crise da ala lavajatista da politica nacional é mais um sintoma da divisão da burguesia. A questão da execução de pena antes do trânsito em julgado é um dos pilares de sustentação da própria operação Lava-Jato que prendeu um ex-presidente, o Lula, e persegue diversos outros setores da própria burguesia nacional. Dessa forma, tendo fortes relações com a burguesia nacional, Dias Toffoli e o próprio Ricardo Lewandowski, fazem o papel de democratas colocando novamente essa questão em debate no segundo semestre de 2019. A retomada da discussão da prisão em segunda instância, portando, vai na mesma linha do vazamento dos documentos que desmascaram Sérgio Moro, os quais provam a articulação política do juiz do TRF4 de Curitiba, junto a Dallagnol (o relator do caso) para a execução da dita “operação de combate a corrupção” que já possuía seus réus condenados a priori. Nas três situações anteriores em que a pauta foi debatida no STF, ganhou a posição lavajatista da prisão
em segunda instância. A retomada da questão a partir da crítica das posições anteriores, portanto, mostra uma mudança do jogo de forças dentro do STF e da própria burguesia. Com o governo Bolsonaro em crise, toda a sua base ligada ao golpismo imperialista se enfraquece, dando espaço para a disputa interna de setores até então enfraquecidos pelo insucesso do governo Temer. Dessa forma, a ala da burguesia hoje em ofensiva é a mesma ala golpista que articulou o golpe em 2016 e foi traída pelo imperialismo norte-americano – haja visto a prisão política do próprio Michel Temer. De maneira analítica, a operação lava-jato representa os interesses do imperialismo norte-americano em solo brasileiro. Dessa forma, além do seu eixo persecutório contra a esquerda nacional – Lula e o PT, principalmente; ela também ataca diversos setores da burguesia nacional, a qual tem seus interesses econômicos atrelados ao desenvolvimento de um mercado interno em detrimento a política de terra-arrasada então imposta pelo imperialismo. Nesse sentido, clarifica-se as possí-
ESPIONAGEM
Reconhecimento facial bloqueia 331 mil bilhetes únicos no transporte público de SP de forma invasiva
S
orria, você está sendo espionado. Como se não bastassem as câmeras nas ruas, nos comércios e nas fábricas, espalhadas por toda a cidade, os ônibus da cidade de São Paulo também estão filmando cada passageiro que passa pela catraca. O pretexto é impedir “fraudes”, obrigando cada passageiro a utilizar aopenas seu bilhete único pessoal. Em menos de dois anos, já foram bloqueados 331.641 bilhetes únicos. Um número que dá a dimensão da espionagem diárias contra toda a população. Essa invasão generalizada da privacidade dos paulistanos é justificada pelo lucro de empresas privadas. Es-
se é mais um exemplo de como esses serviços deveriam ser controlados pelos trabalhadores, e não por capitalistas privados. Enquanto os capitalistas só buscam preservar e ampliar seus lucros em detrimento do interesse de milhões de pessoas, os trabalhadores levariam em conta, ao contrário, justamente os interesses de quem utiliza o serviço. Diante disso, o serviço de transporte precisa ser controlado pelos próprios rodoviários. Que certamente não estão interessados em espionar a cidade inteira e em fornecer esses dados para algum capitalista que ninguém sequer sabe quem é.
veis confusões oriundas do benefício político a esquerda em uma ação política da burguesia nacional. Essa situação, contudo, é uma excessão e não justifica uma possível política de frente ampla entre os setores da burguesia e
da esquerda brasileiras. Nessa situação, a ação da esquerda deve ser a de aproveitar a crise da classe dominante para fortalecer a luta social por Fora Bolsonaro a fim de impor a derrocada ao governo golpista de conjunto.
DIA DE HOJE NA HISTÓRIA| 15
13 DE JUNHO DE 1964
A ditadura militar cria o SNI H á 55 anos, por meio da lei n.4.341/1964, o regime golpista criava o Serviço Nacional de Informações (SNI). Tratava-se sobretudo de um órgão auxiliar da repressão, uma vez que o Brasil não era nem é um país imperialista. Embora fosse um órgão civil, o SNI seria a linha auxiliar de investigação das organizações e lideranças populares, fornecendo subsídios ao brutal Destacamento de Operações de Informação – Centro de Operações de Defesa interna (DOI-CODI) – subordinado ao Exército – que perseguia, prendia, torturava e assassinava indiscriminadamente quem bem lhes aprouvesse. Embora o general Humberto Castelo Branco defendesse a criação do SNI, este fora idealizado por Golbery do Couto e Silva, general que lutara na Segunda Guerra após treinamento oficial junto ao exército estadunidense, na Fort Leavenworth War School. Entreguista empedernido, Golbery fora golpista desde primeira hora desde a crise de 1954 que culminara com o suicídio de Vargas, participando ainda do grupo que tentou impedir a posse de Juscelino Kubitschek. Passando à reserva, passou a trabalhar num dos think tanks a serviço dos interesses americanos e do golpe militar, o Instituto de Pesquisas e Estudos Sociais (Ipes). Seu acervo de gravações, dossiês, e farto material a serviço da repressão seriam integralmente transferidos aos arquivos do SNI em 1964. Paradoxalmente, embora tenha fomentado seu desenvolvimento, Golbery seria contra a atuação da chamada linha dura da repressão e a favor da abertura política do país a partir de 1974. Há uma genealogia dos órgãos de repressão no Brasil e de sua relação com as Forças Armadas. Foi o Conselho de Segurança Nacional criado em
CHARGE
1937 por Getúlio Vargas às portas da ditadura que deu à polícia política do célebre Filinto Müller o poder de perseguição que teve – como quando da deportação de Olga Benario para a morte em campos de concentração na Alemanha. Foi o Serviço Federal de Informações e Contra-Informações (SFICI), criado em 1946, o responsável pela caça aos comunistas nos alvores do macartismo de raiz imperialista. Incorporando também o SFICI, o SNI seria uma das caixas pretas da ditadura e de sua relação com agentes norte-americanos. Basta pontuar, por exemplo, que por lei o Serviço “está isento de quaisquer prescrições que determinem a publicação ou divulgação de sua organização, funcionamentos e efetivos”. Isso significa que pouco se sabe ainda hoje sobre sua efetiva composição, salvo declarações de seus dirigentes e um ou outro decreto dado à imprensa por força de sua relação com outros ramos da Administração. O Serviço se infiltrou em nada menos que 250 órgãos públicos. Isso porque a lei também o autorizava a “promover a colaboração, gratuita ou gratificada, de civis ou militares, servidores públicos ou não, em condições de participar de atividades específicas”, mediante “gratificação especial fixada anualmente pelo presidente da República”. Com a implementação do Sistema Nacional de Informações em 1970, o SNI ganharia nova estatura, agregando as DSI (Divisão de Segurança e Informações) e ASI (Assessoria de Segurança e Informação) dos diversos órgãos, chegando a ter ele próprio 2.500 funcionários a serviço da repressão. Sua função: espionar a vida de toda a população, chantagear, manipular, fomentar a perseguição, a prisão, tortura e assassinato.
Além de Golbery, chefiariam o SNI Emílio Médici, Carlos Alberto da Fontoura, João Batista Figueiredo, Otávio Aguiar de Medeiros e, a partir de 1980, general Newton Cruz – um dos ícones da chamada linha dura do regime militar. Tais elementos – verdadeiro núcleo duro do fascismo no país – sempre estiveram presentes no órgão, subsistindo nos órgãos que herdaram sua estrutura com o fim da ditadura. Passando pelo Departamento de Inteligência (DI) e pela Subsecretaria de Inteligência (SSI), o órgão se converteu em Agência Brasileira de Inteligência (Abin) durante o governo de Fernando Henrique Cardoso (PSDB). A Casa Militar se tornaria o GSI – Gabinete de Segurança Institucional, chefiado por Sérgio Etchegoyen durante o governo Temer e hoje pelo general Augusto Heleno – agente do imperialismo conhe-
cido pela brutalidade de suas ações à frente das tropas da Organização das Nações Unidas no Haiti. São esses os peões do Imperialismo quando é hora de endurecer contra a população, cortar seus direitos, destruir suas organizações, assassinar suas lideranças. Com essa finalidade, abertamente fascista, foram colocados no poder por meio de um processo eleitoral fraudulento. Para que o GSI não reencarne definitivamente o SNI é preciso depor imediatamente Bolsonaro e todos os seus asseclas empoleirados na Capital Federal: isso só pode ser feito por meio de uma ampla organização e mobilização popular. Uma vez depostos, não cabe qualquer anistia contra esses inimigos do povo e do país. Chega de esqueletos da ditadura guardados no armário.
16 | COTV E RCO
GOLPE
A farsa eleitoral e a prisão de Lula E m todos os sábados, às 11h30, com transmissão direto do auditório do Centro Cultural Benjamin Péret em São Paulo, o Partido da Causa Operária abre as suas portas para o público em geral, com um programa apresentado pelo seu presidente nacional, Rui Costa Pimenta, e intitulado de Análise Política da Semana, objetivando, lançar um olhar sobre os acontecimentos da semana, se utilizando, para tanto, de um método baseado no materialismo histórico e dialético, de Karl Marx, e que tem, por isso mesmo, como protagonismo, a luta de classe travada no cenário político e social no Brasil e no mundo. A seguir, é publicado um momento da análise que fez no sábado do dia 8 de junho de 2019, e que nos elucida o que se deve fazer diante o governo Bolsonaro. Vejamos: "(…) Bom, isso me leva à entrevista que eu vi, e eu achei muito negativo o que eu vi, e sou obrigado a criticar, embora nós estejamos aqui numa campanha intensa pela liberdade do Lula, mas eu acho que nós temos que fazer aqui uma distinção que normalmente as pessoas não fazem: para lutar pela liberdade do Lula você não precisa concordar com o Lula. São dois problemas políticos. Como diria a grande filósofo Vicente Mateus: uma coisa é uma coisa, outra coisa é outra coisa! Quer dizer que a opinião do Lula sobre a política é uma coisa, e a luta pela liberdade do Lula é outra coisa. O Lula na entrevista falou o seguinte, falou duas coisas que me surpreenderam e que é necessário criticar, que eu acho que é grave. Não vou atribuir isso a nenhuma circunstância, porque eu não sei quais são as circunstâncias. Foi na entrevista do DCM. Ele falou o seguinte: primeiro que o Bolsonaro foi eleito democraticamente e não foi contestado, a eleição dele não foi contestada. Bom, primeiro eu não sei qual é a ideia que o Lula tem sobre isto, mas o Bolsonaro não foi eleito democraticamente. A prova de que ele não
foi eleito democraticamente, curiosamente, é o próprio Lula. Uma eleição em que você, usando de métodos absolutamente ilegais, embora que esses métodos ilegais sejam feitos pela autoridade do Estado, para suprimir a pessoa que está na frente das pesquisas para ganhar a pessoa que está em segundo lugar, eu não sei quais são exatamente os parâmetros para comparação, mas no meu pequeno conhecimento do mundo, isso é antidemocrático até a medula dos ossos. É uma fraude eleitoral! É um crime contra a população! É um crime contra a vontade popular, um atentado contra todos os direitos democráticos de todos os brasileiros e não só do Lula. Porque aqui nós temos uma relação que é o seguinte: o Lula se lançou candidato e milhões de pessoas queriam votar nele. Então, ele que se lançou candidato, teve os direitos caçados porque não pôde ser candidato, e os outros, que queriam votar nele, tiveram os seus direitos caçados porque não puderam votar no candidato que escolheram. É um atentado contra uma quantidade gigantesca da população. Em última instância, é um atentado contra os direitos de toda a população, porque, mesmo que as pessoas quisessem votar em outro candidato, se supõe que, para participar das eleições, as pessoas queiram que a eleição tenha uma certa isenção, uma certa igualdade de condições. Qual é o sentido de você participar de uma eleição, vamos supor que você votasse ali no Geraldo Alkmin, qual o sentido de você participar da eleição se o candidato que vai ganhar é definido pelo tribunal? Não tem sentido nenhum. É uma farsa! Então, eu sou obrigado a discordar do Lula nesse ponto da entrevista dele, e que a eleição não foi minimamente democrática, que a eleição foi fraudulenta, e que por isso, a população brasileira tem todo o direito de exigir o fora Bolsonaro. Ninguém é obrigado a aceitar praticas fraudulentas, ile-
gais, criminosas, e ditatorial do Estado. Ninguém é obrigado! É uma bobagem falar que o cidadão que mora em uma comunidade do Rio de Janeiro, onde o governador manda a polícia atirar na comunidade de um helicóptero, o cidadão tem que levar tiro e tem que ir num tribunal do Rio de Janeiro, onde ele vai encontrar um juiz parecido com o Bretas, e ficar esperando a decisão daquele tribunal. É uma bobagem isso daí! É uma infantilidade! As pessoas tem que se organizar independentemente deste tribunal, porque elas sabem que o tribunal não vai atende-las. Elas têm que se opor ao poder público, porque elas sabem que o poder público é uma ditadura. Que pessoas que atiram em pessoas, sejam quem forem essas pessoas todas, do alto de um helicóptero no chão, são criminosos por definição. Eu já falei aqui, nem na guerra isso daí é uma coisa legal. Você bombardear a casa de uma pessoa numa guerra é crime de guerra. É isso que a polícia do Rio de Janeiro está fazendo. Lógico que os países ditos democráticos, nas várias guerras que eles promovem em terras democráticas é lógico, quando morrem milhões de
pessoas, eles falam que não, eles falam que é democrático você bombardear. Eles escondem um pouquinho o bombardeio, porque, mesmo falando que é democrático, as pessoas ficam horrorizadas de ver aviões lá do alto do céu bombardeando a casa de uma família no chão. Todo mundo fica horrorizado com isso porque é um horror, e é um crime também você fazer isso daí. Mas isso daí, por qualquer definição é criminoso. Se é criminoso numa guerra que é um país A contra um país B, você imagina isso dentro de um mesmo país onde o poder público faz isso contra uma população. Agora, você vai exigir da população que aceite isso daí até a eleição de 2022, e vote em outro candidato que não seja o Wetzel?! Uma eleição, inclusive, que todo mundo sabe que não é democrática?! Isso daí é um conto da carochinha! Infelizmente não dá para concordar com isso! Não dá para concordar minimamente com isso! Bolsonaro não é um presidente eleito democraticamente! Não é um presidente legítimo! Ele é produto da maior fraude eleitoral que o Brasil já viu até hoje!!!”
COTV | 17
COTV
Liberdade para Lula e Lula candidato
T
ranscrevemos abaixo um trecho da Análise Política da Semana, do dia 18 de maio, no qual o companheiro Rui Costa Pimenta, presidente nacional do PCO, esclarece a política a ser levada a diante pela esquerda com a crise do governo Bolsonaro e do golpe de estado. A Análise Política da Semana ocorre todos os sábados às 11 e 30 da manhã. Você pode acompanhar pela Causa Operária TV, no Youtube. “Bom, aí se coloca um outro problema que está na situação, eleições gerais, mas quem vai concorrer. Tem que concorrer a pessoa que não concorreu na eleição passada, Luiz Inácio Lula da Silva. Então a terceira palavra de ordem é: Liberdade para Lula. E, logicamente, a quarta palavra de ordem, que vai ganhar mais ímpeto no desenvolvimento da mobilização é: Lula candidato. É um programa claro, perfeitamente razoável para resolver a atual situação política. Nós não estamos que as pessoas saiam na rua todas armadas, arranquem Bolsonaro do poder a tiros e estabeleçam a República Soviética do Brasil. Se chegar a situação que é necessário ir lá e tirar a pessoa de dentro do governo, nós vamos discutir a partir desse ponto de vista. A luta contra o Bolsonaro tem que ser acompanhada da luta contra as medidas que ele tomou, que não são só dele, são de todos. A burguesia, nós, inclusive, discutimos muito isso na época,
quando ela deu o golpe de estado, ela entrou em um terreno perigoso. Na época, inclusive, nós falamos o seguinte: a pior coisa que pode acontecer a um golpe de estado é ele fracassar e ser derrotado pela mobilização popular. Haja vista o exemplo da Venezuela. No Brasil que é um país complexo, mais do que o normal, um país muito grande onde as coisas se desenvolvem com uma certa lentidão. Deram o golpe, colocaram o Temer, devido a oposição popular ao golpe, devido as contradições internas da burguesia, devido ao descontrole na economia, o governo Temer afundou. Chamaram eleições, uma coisa que era muito previsível, nós do PCO previmos isso daí. O governo teria que fazer uma maracutaia para que se fechasse o golpe. Devido as circunstância que eles tiveram que manobrar, escolheram um governo muito improvisado, que é o Bolsonaro, e o governo fracassou. Quer dizer, estamos diante de um golpe fracassado. Isso obriga toda a esquerda nacional a impulsionar uma mobilização para enterrar o golpe, qualquer outra política diante dessa situação, é uma política não apenas sem sentido, sem desenvolvimento, como é uma política suicida. Porque se nós não partirmos para cima do governo para encerrar a fatura, vai haver uma recomposição. Essa recomposição pode ser como um bumerangue, tudo aquilo que você fez contra volta contra você. O descon-
trole da economia é muito grande, o povo está na rua, eles podem, pela falta de ação da esquerda, dos movimentos populares, estabelecer um regime de força
que procure liquidar a situação por meio da violência, que é o perfil do governo Bolsonaro.”
18 | MOVIMENTO OPERÁRIO
ECT
Assembleia dos trabalhadores dos Correios de Campinas aprova paralização dia 14 de junho O s trabalhadores dos Correios da cidade de Campinas e região, localizada no estado de São Paulo, aprovaram em assembleia geral realizada no dia 11 de junho, as 19 horas, a participação da categoria na greve geral do dia 14 junho, que tem como objetivo lutar contra a reforma da previdência e o próprio governo golpista de Jair Bolsonaro. Com cerca de 50 trabalhadores, a assembleia apesar de pequena, debateu a campanha salarial da categoria, que tem como data base o mês de agosto, mas também a situação política do país, que a partir do golpe de estado realizado em 2016, contra o governo do PT, aumentou nos Correios o sucateamento da empresa visando a sua destruição para realizar a privatização desse patrimônio do povo brasileiro. Os trabalhadores dos Correios presentes à assembleia, de forma unânime, entenderam a necessidade da greve do dia 14 de Junho pelo Fora Bolsonaro, como também a necessidade de levantar a campanha pela liberdade de Lula como forma de defender
os sindicatos e sindicalistas de ataques fascistas e da criminalização dos movimentos sociais, já que já existe sindicatos dos trabalhadores dos Correios sendo atacados pela polícia dos golpistas, como foi o caso recente da invasão do Sintect-MT (Sindicato dos Trabalhadores dos Correios do Estado do Mato Grosso), aonde a invasão teve como consequência a prisão de dirigentes sindicais. Somente o sindicalista do PSTU/ Conlutas, Paulo César de Almeida, atendente comercial dos Coreios destoou da categoria na assembleia, ao defender que o PT, Lula e Dilma fariam a mesma reforma que o governo golpista de Jair Bolsonaro está propondo. Paulão, como é conhecido, insistiu na política de extrema direita, da rede Globo, do MBL, dos bolsonaristas de defender a Lava jato, do juizeco Sérgio Moro, de manter a prisão de Lula através da acusação sem provas de que Lula é corrupto. Também defenderam e a ideia absurda de que o governo do PT é a mesma coisa que o governo de jair Bolso-
naro., o que só pode caber na cabeça de um direitista, pois enquanto Lula e Dilma aumentou a quantidade de universidades públicas no país, Bolsonaro está propondo o corte de 30% do orçamento na educação. O PSTU (Partido Socialista dos Trabalhadores Unificados) que apoiaram todos os golpes de estado no mundo, como no Brasil, Ucrânia, Síria, Vene-
zuela, Egito etc, insiste em ficar do lado dos golpistas no Brasil e defender que uma liderança popular e de esquerda que é o Lula fique preso. No entanto, a assembleia do Sintect-Cas ignorou o sindicalista do PSTU/ Conlutas, e aprovou a pauta da categoria, os eixos de campanha, que inclui Fora Bolsonaro e liberdade para Lula.
BANCÁRIOS
Sindicato dos Bancários de Brasília realiza diversas manifestações pela Greve Geral na porta dos bancos C
om a aprovação da categoria, em assembleia geral dos bancários, na última segunda-feira (10) pela greve geral do dia 14 de junho, o Sindicato dos Bancários de Brasília, conjuntamente com diversos ativistas sindicais, vem realizando atividades nas portas das agências bancárias e nos prédios dos departamentos administrativos como parte das mobilizações na categoria contra os banqueiros e seu governo golpista/ilegítimo, Bolsonaro, que estão em plena ofensiva contra toda classe trabalhadora e a população em geral. Nos bancários, especificamente, os ataques dos neoliberais são gigantescos: demissão em massa, terceirização, congelamento salarial, descomissionamento, fechamento de
centenas de agências em todo o país, assédio moral como forma de pressão para venda de produtos bancários, etc., além, é claro, dos ataques gerais que atinge toda a população e logicamente a categoria bancários, como a “reformas” da previdência e trabalhista, privatizações, corte nos orçamento da saúde e educação, militarização das escolas, a extinção de vários ministérios tais com o do trabalho e da cultura, etc. É nesse sentido de defesa da categoria bancária e de todo os trabalhadores que o sindicato vem realizando, ao longo da semana, manifestações que já ocorreram em várias localidades, tais como no Ed. BB, já por duas vezes, Ed. Sede VII, no CENOP/Sia Ed. Pastel, todos do Banco do Brasil, e também
em diversas agências de bancos privados localizados no Plano Piloto da Capital Federal. No dia 14 a categoria bancária irá
dar uma resposta a toda política de terra arrasada dos golpistas pelo Fora Bolsonaro e todos os golpistas, Eleições Gerais já, Liberdade para Lula.
NEGROS | CULTURA | MULHERES| 19
PARÁ
Pesquisador lança livro sobre extermínio do povo negro U m escritor do Pará, norte do Brasil, o Professor de Direito Processual Penal, Rômulo Morais, está lançando um livro, “O extermínio da juventude negra”, na Livraria Ifá, bairro do Marco, em Belém, onde ele analisa ao mesmo tempo que denuncia, que há um número grande de mortos em decorrência dos chamados “homicídios”, que entre 1998 e 2017 resultou em mais de 1 milhão de cadáveres. E que há um número extremamente grande de pessoas da mesma extração social, faixa etária e etnia entre as vítimas. Diz ele o seguinte: "A juventude negra, ou quase negra, de tão pobre, tem feito parte de mais da metade desse assombroso número de mortos. A partir desse contexto, busquei problematizar essa questão apontando para uma complexa prática de extermínio contra esse segmento da população. A parte mais visível dessa prática de extermínio pode ser constatada na atuação do sistema penal, principalmente na intensa criminalização da juventude no atual
estágio do neoliberalismo”, destaca o professor.” Ele também é contundente em afirmar que não há extermínio sem que, para isso, haja a construção de uma ideia, que seja, recorrentemente, utilizada e estratificada na sociedade, por aquele seguimento que dela se baseie para justificar e legitimar a ação exterminadora pelos criminosos que pratiquem tal genocídio, fazendo com que essa prática seja institucionalizada, como é o caso do que é feito pelos policiais, principalmente junta á população da periferia. Por isso, a pesquisa que deu origem ao livro, em sua dissertação de mestrado na Universidade Federal do Pará (UFPA), analisa ainda as estratégias discursivas em torno da vida da juventude periférica brasileira, com aportes teóricos da criminologia crítica e as abordagens sobre o biopoder. Assim, ele explica que: "Uma de nossas principais hipóteses é que essa grande quantidade de cadáveres não representa apenas o resultado de um somatório de acontecimentos fortuitos e isolados, mas
parte de um permanente processo de criminalização e extermínio da juventude negra condicionado por uma ‘linguagem mortífera’ nos processos judiciais”. Ele também aborda a questão do racismo como sendo um dos alicerces de sustentação dessa estrutura fascista estratificada na sociedade, que produz mortes em massa para o extermínio da população negra.
Rômulo Morais é mestre em Direito pelo Programa de Pós Graduação em Direito da Universidade Federal do Pará e Coordenador e Membro-Fundador do Grupo Cabano de Criminologia (GCCRIM ). O livro foi lançado nesta quarta-feira (12), e traz na capa a imagem da pintura do artista paraense Eder Oliveira, que também aborda em sua produção artística a temática do livro.
CULTURA
A repressão contra a cultura no Brasil do golpe: Uzwela entrevista a banda Escombro
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esta quinta-feira, dia 13, o programa cultural da Causa Operária TV, Uzwela, vai receber a banda paulista de hardcore Escombro. No final de semana a banda sofreu com uma forte censura e repressão em um show no Distrito Federal. Ao defender a extinção da Polícia Militar em uma de suas músicas, o vocalista JG, foi levado para a delegacia, agredido e preso. O episódio deixa cla-
ro que o Brasil do golpe de Estado e do governo Bolsonaro está se desenvolvendo para uma ditadura aberta contra o povo. Cada vez mais a polícia está livre para agir de maneira ainda mais arbitrária do que o normal. A direita é inimiga da cultura e por isso quer acabar com a liberdade de expressão. O programa Uzwela – conversa sobre cultura vai ao ar ao vivo, às 19 horas, na COTV.
TODOS OS DIAS ÀS 17H, NA CAUSA OPERÁRIA TV
20 | MULHERES
MULHERES
Feministas e direita religiosa unida: na Holanda, querem proibir a prostituição
C
otidianamente, é possível perceber como diversos setores da burguesia trabalham focando seus esforços em criminalizar a mulher da classe trabalhadora. Dessa vez, as afetadas são as mulheres que se prostituem na Holanda, já que o parlamento prevê um debate sobre a legalização da prostituição no país. A discussão, claro, é totalmente relevante e necessária, afinal, a prostituição é uma das formas mais baixas de exploração da mulher pelo mercado capitalista. Contudo, a discussão e solução que estão sendo apresentadas e discutidas, giram em torno de punir as mulheres que se prostituem, a fim de diminuir a exploração e opressão que sofrem, algo obviamente contraditório. A criminalização de mulheres da classe trabalhadora conseguiu unir feministas da esquerda pequeno-burguesa e mulheres cristãs, o que não chega a ser surpresa para quem analisa a questão da mulher do ponto de vista de classe. Um dos primeiros pontos que deveriam ser discutidos, é sobre quem é a mulher prostituta na Holanda. Muitas são imigrantes, o que agrava mais ainda a discussão, tendo em vista que essas mulheres saem de seus países em busca de estabilidade financeira e muitas vezes ficam alocadas em subempregos e ramos da prostituição. Outra questão interessante a se pensar é de onde as feministas pequeno-burguesas, do auge do conforto de suas casas, tiram que a discussão da prostituição deve girar em torno da criminalização das mulheres que o fazem, ao invés de discutir a raiz do problema, as desigualdades sociais que o capitalismo produz e reproduz cotidianamente? Em nenhum momento é colocado em xeque a responsabilidade que o capitalismo e a exploração de classe tem nesse problema. Esse femi-
nismo liberal contribui tanto quanto a direita para manter a mulher nos grilhões da exploração e opressão. Um dos argumentos típicos da esquerda pequeno-burguesa é afirmar que a prostituição existirá enquanto as mulheres forem vistas como objetos, como produtos consumíveis, mas em nenhum momento discutem de onde vem essa construção do arquétipo feminino, onde a mulher está pronta para consumo. As mulheres são vistas como consumíveis porque um dos pilares do capitalismo é a manutenção da exploração da mulher. Não à toa, a desigualdade salarial e o atraso na obtenção de direitos básicos sempre estiveram no percalço da mulher da classe trabalhadora, que sempre se viu nas piores colocações no mercado de trabalho – acrescentando aí as duplas jornadas de trabalho em casa. Se existe a necessidade das mulheres se prostituírem, é porque todas as tentativas de se colocarem no mercado de trabalhos formais, foram dizimadas. É porque, muito provavelmente, o salário era tão baixo que não conseguiriam manter suas casas, suas famílias, seus filhos, pagar a faculdade, etc., essas mulheres não podem ser criminalizadas por tentarem, simplesmente, sobreviverem. É um engodo pensar que a criminalização da prostituição vai enfraquecer as agressões que as mulheres sofrem, na verdade, têm tudo para aumentar. Um trabalho desse na ilegalidade supõe que elas vão ter que fazer mais programas para possivelmente pagar propina à polícia, supõe que serão mais negligenciadas em atendimentos médicos, com mais chances de propagação de doenças e mais marginalizadas ainda. Essas moralidades que a direita da igreja católica insiste em propagar, e que a esquerda pequeno-burguesa
adora fazer coro, só visam a marginalização, criminalização e exploração da classe trabalhadora, principalmente das mulheres. Transformam em legislação qualquer autonomia que a mulher possa ter sobre seu corpo e depois usam isso para intensificar a opressão de gênero e exploração de classe. Num sistema espoliador, como o capitalismo, é impensável que não haja profissões que não vão sugar a dignidade do trabalhador, fazendo com que ele tenha que se sujeitar aos piores níveis de exploração, sendo assim, é impensável que as pessoas não vão procurar subempregos e outras formas de se virar, por isso, criminalizar a prostituição é criminalizar a classe trabalhadora. Arranjar mais uma
forma de punição que encarcera os pobres é a solução das cristãs e feministas pequeno-burguesas. A discussão da prostituição não deve girar em torno de moralidades, mas, sim, em torno da questão econômica que fez essas mulheres chagarem ao ponto de venderem seus corpos e como uma patologia social fez com que existissem clientes, homens que pagam por sexo. A emancipação da mulher trabalhadora não vai vir da criminalização de sua existência, nem do desestímulo de sua autonomia, a emancipação da mulher trabalhadora virá quando toda a opressão de gênero e exploração de classe não mais existirem, daí a prostituição e seus derivados não mais serão necessários para a manutenção da vida.
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JUVENTUDE E ESPORTES | 21
ESTUDANTES
Em Assembleia, estudantes da USP aprovam “Lula livre” para o dia 14 E studantes da Universidade de São Paulo (USP) em assembléia manifestaram seu apoio a palavra de ordem de “Lula livre” como parte fundamental das reivindicações para a greve geral do próximo dia 14. Com enorme acerto político, os estudantes dão relevo a uma questão política chave no atual cenário político, apesar da tentativa dos grupos da esquerda golpista, como o PSTU e o Território Livre, de tirar essa pauta das reivindicações. O ex-presidente Lula é um preso político da direita e da extrema-direita que usurpam o poder, sua prisão foi o ponto essencial para que a extrema-direita e a burguesia de conjunto pudessem manipular a eleição e dar a vitória ao fascista Jair Bolsonaro. Contudo, aquilo que já era claro para um amplo setor da população, tornou-se transparente aos olhos de toda a população com o vazamento de conver-
sas entre o acusador e o juiz, hoje ministro de Bolsonaro, que sentenciou Lula. Mostrou-se aí o caráter persecutório e criminoso da ação, bem como o conluio do MPF, da Lava-Jato e do Judiciário na figura do desclassificado Moro, para perseguir o ex-presidente e a esquerda. Exigir a liberdade do ex-presidente, como apoiam os estudante é, naturalmente, por extensão, reconhecer o arbítrio de que Lula é vítima e as motivações deste arbítrio, ou seja, impedi-lo de ganhar a eleição Com ficou provado o Estado dominado pelos golpistas e suas instituições, principalmente o Judiciário, criminosamente conspiraram junto com os monopólios de comunicação para retirar do pleito eleitoral o candidato mais popular das eleições presidenciais últimas e com isso conseguir eleger um candidato minoritário.
Por tanto, a palavra de ordem, que os estudantes já exclamam, de liberdade para Lula, carrega consigo outras, por consequência: lógica, “fora Bolsoraro!”e “eleições gerais com Lula candidato”. Aquela por ser o governo ilegítimo e produto
de uma fraude perpetrada através do crime que foi a prisão ilegal de Lula, essa por ser também a consequência lógica, a fraude eleitoral só poderá ser reparada por eleições livre e soberanas, onde seja o povo quem decide.
ESPORTES
Resultados da 9ª rodada do Prefeitura libera expediente para brasileirão: VAR intervém em jogo de jogo de seleção feminina Inter contra Bahia
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9ª rodada do brasileirão ainda não acabou. Nesta quinta-feira (13), ainda serão realizados os jogos do Palmeiras, primeiro colocado, contra a lanterna do campeonato, Avaí; Chapecoense e Fluminense, na luta contra a zona de rebaixamento; Vasco, que está tentando sair das últimas colocações, contra o Ceará; Atlético Mineiro e São Paulo, pelo G4; e Atlético Paranaense e Goiás. Ontem, entretanto, o Botafogo jogou contra o Grêmio, em um jogo medíocre, onde o alvinegro perdeu do porto alegrense de 1×0. O Flamengo enfrentou o CSA. O time alagoano acabou perdendo de 2×0, a 2ª derrota consecutiva em casa. O Santos venceu o Corinthians de 1×0, aproximando-se do 1º colocado. Já o time cearense, Fortaleza, de Rogério Ceni, venceu o Cruzeiro por 2×1, mesmo tendo um jogador expulso. O jogo do Internacional contra o Bahia gerou muita polêmica após o VAR intervir e dar um gol irregular para o Colorado, em uma jogada onde o volante Rodrigo Lindoso estava claramente impedido. Mais uma vez, o VAR apareceu para favorecer os times mais poderosos. É assim que funciona. Com o árbitro de vídeo, ganha quem tiver mais dinheiro. A conclusão tiradas pelo árbitro “moderno” não podem ser questionadas. Afinal, como afirma a imprensa burguesa, trata-se de uma alta tecnologia que nunca falha. De fato, o VAR pode até não falar. O problema é que ele é analisado por seres humanos, árbitros normais, totalmente corruptíveis. Não se trata aqui de investigar se o Inter comprou ou
não o VAR no jogo contra o Bahia. Mas a verdade é que o VAR facilita o roubo e não é algo sem falhas. Como se viu, o menor time foi novamente prejudicado, dando uma vitória de 3×1 para o Colorado. Classificação 1.Palmeiras (22) 2. Santos (20) 3. Flamengo (17) 4. Internacional (16) 5. Atlético-MG (15) 6. Botafogo (15) 7. Bahia (14) 8. São Paulo (13) 9. Goiás (12) 10. Corinthians (12) 11. Grêmio (11) 12. Atlético-PR (10) 13. Ceará (10) 14. Fortaleza (10) 15. Cruzeiro (8) 16. Fluminense (7) 17. Chapecoense (7) 18. Vasco (6) 19. CSA (6) 20. Avaí (4)
runo Covas, tucano e neto do nada saudoso Mário Covas, é o atual prefeito da cidade de São Paulo. Sendo um tucano, a política que Covas coloca em prática à frente da prefeitura é logicamente a de impingir muitos ataques aos setores oprimidos da população, como moradores de rua, LGBTs, negros e mulheres. Eis que fomos todos surpreendidos pela mais nova faceta de Covas, a de um defensor da mulheres! De acordo com uma matéria publicada no sítio G1, da golpista rede globo a gestão de Covas suspendeu o experiente no prefeitura de São Paulo em virtude dos jogos do Brasil na copa do mundo feminina. O fato de tal iniciativa partir do PSDB, partido muito direitista e que funciona como um puxadinho do imperialismo no Brasil só permite duas explicações possíveis. De um lado, trata-se da mais completa demagogia, enquanto que o governo Bolsonaro e os governadores e prefeitos aniquilam os direitos da clas-
se operária surge o PSDB posando de partido democrata norte-americano, mostrando grande preocupação com o desenvolvimento feminino do futebol. De outro, procura impulsionar o futebol feminino justamente no contexto em que Neymar tem sido alvo de uma campanha gigantesca do imperialismo estrangeiro mas também da imprensa golpista nacional. Levando-se em consideração que em os ataques à Neymar possuem relação direta com a questão da mulher, surge o PSDB mostrando o quanto se preocupa com a mulher, incluindo aí até o futebol feminino. Obviamente é mais uma farsa do PSDB, que de fato não tem nada a contribuir com a luta real para a melhoria das condições de vida das mulheres na sociedade, mas pelo contrário, contribui para o enfraquecimento da esquerda e de todo o movimento de luta contra o golpe, o que só vai piorar as condições já dramáticas que a maioria das mulheres brasileiras enfrenta.