Edição Diário Causa Operária nº5676

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SEGUNDA-FEIRA, 17 DE JUNHO DE 2019 • EDIÇÃO Nº 5676

DIÁRIO OPERÁRIO E SOCIALISTA DESDE 2003

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Greve geral e quatro demissões no governo: uma crise bem mais profunda do que a imprensa golpista anuncia

“Reformas” contra Bolsonaro: uma política inócua A esquerda pequeno-burguesa, que temo pensamento controlado pela burguesia, desenvolveu há muito tempo o reformismo como uma espécie de doutrina “oficial” daqueles que têm bom senso, dos ponderados dos “realistas”. Com medo da revolução, a burguesia convence setores da esquerda não proletária que é possível mudar tudo aos poucos, através das reformas do capitalismo.

Não à agressão norte-americana ao Irã! Quinta-feira (13) dois navios petroleiros foram atingidos por explosões no Golfo de Omã, entre Omã e o Irã. Imediatamente o governo criminoso dos EUA, sob o comando de Donald Trump, começou uma campanha para responsabilizar o Irã pelo ataque.

É preciso um plano geral de mobilização para derrubar o governo As recentes e bem sucedidas mobilizações protagonizadas pelo movimento de luta dos trabalhadores, dos estudantes, dos professores universitários e das massas populares de uma forma geral evidenciaram uma enorme disposição de luta demonstrada por todos os setores que participaram dos movimentos.

Os números da greve: uma multidão nas ruas por Fora Bolsonaro Reforma da Previdência: governo dos especuladores e banqueiros acusa servidores de “lobbystas” A crise entre a burguesia vem aumentando em razão da reforma da Previdência. O presidente da Câmara dos Deputados, Rodrigo Maia, e o Ministro da Economia, Paulo Guedes, trocaram farpas sobre as alterações que o legislativo está fazendo para tentar aprovar a reforma.

Venezuela: “ajuda humanitária” para alimentar Guaidó e seus golpistas Direita é direita. Sempre, em qualquer lugar. Uma farsa. Corruptos, em toda sua extensão. Ladrões das verbas públicas, do dinheiro do povo. Lacaios de governos poderosos que “molham a mão” em troca da subserviência, da mentira e do entreguismo. Em geral, destilam um ódio moral e ético contra governantes, mais ou menos de esquerda, mais ou menos nacionalistas, como é o caso da América Latina, para promover assaltos do dinheiro público e destruir países como vemos agora no continente americano.


2 | OPINIÃO EDITORIAL

“Reformas” contra Bolsonaro: uma política inócua A

esquerda pequeno-burguesa, que temo pensamento controlado pela burguesia, desenvolveu há muito tempo o reformismo como uma espécie de doutrina “oficial” daqueles que têm bom senso, dos ponderados dos “realistas”. Com medo da revolução, a burguesia convence setores da esquerda não proletária que é possível mudar tudo aos poucos, através das reformas do capitalismo. A doutrina reformista é antiga, data ainda do final do século XIX, quando ganhou forma mais acabada com as teses revisionistas de Eduard Bernstein, que foram devidamente demolidas por Rosa Luxemburgo em seu livro Reforma ou revolução? (1900). Mesmo assim, os reformistas atuais se orgulham da sua grande capacidade de serem ponderados e conciliadores, buscando o “melhor” jeito para que o capitalismo continue explorando os trabalhadores. O marxismo, por sua

vez, a revolução, a luta de classes, a luta pelo poder da classe operária parece para eles ultrapassado, idealista, sem futuro. Inebriados pela ideologia burguesa, os reformistas acreditam que ser realista é contribuir para as reformas do capitalismo e que os revolucionários seriam “idealistas”, sem objetivo prático etc. Nada poderia ser mais inverso. Se na transição entre o Século XIX e o Século XX o reformismo já era uma doutrina que na prática servia como sustentação do capitalismo, nos dias de hoje, passados mais de 100 anos desde que Lênin marcou a entrada na fase imperialista – portanto na fase decadente e final do capitalismo -, o reformismo é uma política totalmente inócua. É como se um engenheiro tentasse manter de pé uma casa com estrutura já comprometida apenas colocando um reboco na parede.

É assim que age a esquerda pequeno-burguesa no Brasil de hoje. Mas com um agravante. O governo brasileiro é um produto do golpe de Estado dado para destruir os direitos da população, Bolsonaro e sua turma são os agentes da demolição. A ideia, portanto, de que seria possível pressionar por melhorias por dentro das instituições é na realidade convencer o povo de que ele pode se manter dentro da casa que ela não vai desabar em cima da cabeça de todo mundo. Essa é a ideia que aparece em alguns setores, como declarou Fernando Haddad, que “vamos colocar Bolsonaro na linha”, ou seja, seria possível convencer Bolsonaro a ser mais sensato. Ideia parecida é a apresentada pelos governadores petistas do Nordeste de que poderia ser feita uma reforma da Previdência mais light. Se nem mesmo os generais golpistas e boa parte da imprensa golpista

conseguem controlar Bolsonaro para que ele cumpra os objetivos do golpe, por que a esquerda conseguiria? Não precisa ser muito experiente em política para saber que essa é uma política inócua. Aprova-se uma pequena lei no Parlamento – com muita dificuldade, diga-se de passagem – enquanto que o governo passa com um trator por cima do povo. Apenas para ficar em um exemplo, suponhamos que seja possível atenuar a política de corte de verbas da educação dentro do Congresso. O governo simplesmente faria a mesma coisa mas por outros caminhos. Os golpistas não vão se deter em seus objetivos. Por isso, a única política realista é a derrubada do governo e a mobilização que seja capaz de impor uma derrota ao golpe de conjunto. Realista não apenas como teoria, mas porque nas ruas o povo já decidiu que quer colocar abaixo o governo.

É preciso um plano geral de mobilização para derrubar o governo A

s recentes e bem sucedidas mobilizações protagonizadas pelo movimento de luta dos trabalhadores, dos estudantes, dos professores universitários e das massas populares de uma forma geral evidenciaram uma enorme disposição de luta demonstrada por todos os setores que participaram dos movimentos. As enormes manifestações em todo o País deixaram claro que há todo um enorme material inflamável no ar que precisa ser aproveitado e colocado em atividade para derrotar o governo Bolsonaro, nocauteando também o regime político e a burguesia em seu conjunto, responsáveis pela gigantesca fraude levada adiante pelos mais distintos setores que apoiaram o golpe de Estado de 2016. As três grandes manifestações nacionais (dia 15 e 30 de maio e 14 de junho), juntamente com a “Marcha da Maconha” e o “Festival Lula Livre” encurralaram o já moribundo e cambaleante governo Bolsonaro, totalmente desmoralizado e odiado ante os olhos da população. Este estado de decomposição precoce do presidente fraudulento pôde ser visto nas “manifestações” chamadas pelo próprio Bolsonaro e a extrema-direita bolsonarista em apoio ao governo, no dia 26 de maio, onde o que se viu nas ruas foi o mais completo e retumbante fracasso, com o número de participantes inferior até mesmo à “Marcha da Maconha”. Um traço comum em todas essas manifestações, além das reivindicações específicas em torno ao protesto contra os cortes de verbas no orçamento das universidades, foi o grito de guerra da população pelo “Fora Bolsonaro”. O clamor popular em torno a esta palavra de ordem vem sendo ouvido nos quatro cantos do país, não deixando dúvidas sobre o desejo da população em se livrar do governo que vem promovendo o maior ataque às condições de vida da população, os

ataques aos direitos e conquistas sociais, além do verdadeiro leilão a que vem sendo submetida a economia do país e outros ativos nacionais em favor do imperialismo e do grande capital. No entanto, para que a luta das massas se imponha como um verdadeiro fator de pressão contra o governo, indo até ao sufocamento do regime burguês golpista, o movimento precisa ir além de lutas esporádicas, descontínuas e espaçadas. Por mais importantes que sejam as lutas e as vitórias parciais, elas somente podem aparecer como eficazes se houver um plano de lutas, um calendário que aponte para a sua continuidade. O desenvolvimento da luta depende da sua afirmação, da sua evolução e da projeção desta luta para patamares superiores; vale dizer, de luta e enfrentamento contra o regime burguês em seu conjunto. O movimento de luta das massas, a autoconfiança em sua força, em seu poderio, só pode ser o resultado das experiências vivenciadas através da sua ação prática, das lutas e dos enfrentamentos protagonizados contra o inimigo, neste momento representando pelo governo Bolsonaro e os golpis-

tas fraudadores da vontade popular. E não há atalho para essa condição ser alcançada a não ser a frequência com que esses embates aconteçam. Por isso é necessário que as direções do movimento, em primeiro lugar a CUT e as demais entidades de luta que organizaram de fato os movimentos vitoriosos, organizem e definam um PLANO de LUTAS para o próximo período imediato, convocando e fazendo um amplo trabalho de agitação e propaganda para novas mobilizações (não devemos fechar o mês de junho sem uma outra grande mobilização nacional contra o governo Bolsonaro). Bombardeado pelas demolidoras denúncias envolvendo um dos seus principais ministros, o cínico e fraudador ex-juiz Sérgio Moro, atual ministro da Justiça e Segurança Pública, o governo Bolsonaro está nas cordas, enfraquecido, torpedeado. Este, portanto, é o momento de ir para cima dos golpistas, nocauteá-los de vez e destronar Bolsonaro junto com seu vice reacionário e golpista, o General Hamilton Mourão. A iniciativa não pode ficar nas mãos da burguesia e nem passar também pelos acordos de bas-

tidores envolvendo inclusive setores da esquerda, alguns deles empenhados em salvar o regime golpista, apontando como solução o afastamento de Bolsonaro e sua substituição por Mourão, uma espécie de “válvula de segurança” do regime imposto como vice pelos militares para ser apresentado como alternativa diante do naufrágio de Bolsonaro e seu governo cada dia mais impopular. A única saída progressista para a crise, que dizer de um ponto de vista positivo para os trabalhadores e as massas populares, é a derrocada cabal e completa de Bolsonaro, dos golpistas, da burguesia e do imperialismo. Para isso é necessário intensificar a luta, as mobilizações, a ocupação das ruas pelos trabalhadores, pelo movimento estudantil e popular e por todos os setores que sofrem o dia a dia da exploração, dos ataques, da violência policial, do confisco de direitos, da destruição da educação, da saúde, da previdência social, do meio ambiente, dos assassinatos de sem terra, das mortes provocadas pelas doenças que recrudescem em várias regiões do país (Dengue). Não há o que esperar, esse é o momento.


POLÍTICA | 3

GREVE GERAL E QUATRO DEMISSÕES NO GOVERNO

Uma crise bem mais profunda do que a imprensa golpista anuncia N

a semana marcada pelo dia de paralisação e mobilizações, “greve geral”, da última sexta (dia 14), a gigantesca crise do governo e do regime golpista não teve descanso no domingo e veio a demissão do presidente do BNDES, Joaquim Levy, a quarta, entre ocupantes de cargos do primeiro e segundo escalões do governo. Obviamente que a justificativa apresentada pela quase totalidade da imprensa golpista de que a demissão estaria ligada, de forma fundamental, ao fato de que Levy era considerado “esquerdista”, por ter integrado governos como o de Dilma Rousseff, como ministro da Fazenda (2015), e de Fernando Henrique Cardoso, como secretário-adjunto de Política Econômica do Ministério da Fazenda (2000) e como economista-chefe do Ministério do Planejamento, Orçamento e Gestão (2001), nem de longe serve para explicar sua demissão, uma vez que sua suposta indicação para o cargo pelo ministro da Economia, Paulo Guedes, no final de 2018, foi aceita e endossada pelo presidente ilegítimo Jair Bolsonaro. Levy tomou posse em 7 de janeiro desse ano e mesmo com toda a devida ignorância que se atribuiu ao presidente, seria exagero supor que ele demorou cinco meses para se dar conta da trajetória do ministro que buscou liderar a política de “ajustes” contra o povo, no governo Dilma, como sendo um “simpatizante” do PT. Além do mais, Levy tem em seu currículo uma longa trajetória de serviços prestados ao mercado financeiro, como na sua passagem pelo Fundo Monetário Internacional (1992 a 1999),

onde ocupou cargos nos Departamentos do Hemisfério Ocidental, Europeu I e de Pesquisa, em particular nas Divisões de Mercado de Capitais e da União Europeia. As demais demissões mais importantes da semana que passou, envolvendo três generais, também evidenciam a erosão acelerada no governo de improviso da direita e deram razão ao presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM_RJ), que “chamou recentemente o governo de Jair Bolsonaro de ‘usina de crises’”. Foram defenestrados do governo, de forma conflituosa: o presidente da Funai, general Franklimberg Ribeiro de Freitas, que saiu “atirando” dizendo que a questão indígena está sob o comando da UDR, de elementos que tem ódio pelos indígenas; o presidente dos Correios, general Juarez Aparecido de Paula Cunha, que foi acusado por Bolsonaro por agir como “sindicalista” e se opor à privatização integral da ECT e o ministro da Secretaria de Governo, Santos Cruz, atacado duramente por Olavo de Carvalho (que o chamou de “bosta engomada”) e toda a ala bolsonarista, cuja demissão deixou “militares incomodados“. O agravamento da crise do governo Bolsonaro, foi bem mais além das demissões e teve como ponto alto o “vazamento” de parte das operações ilegais da criminosa operação Lava Jato, envolvendo diretamente aquele que seria o mais prestigiado (ou ainda com algum prestígio) dos ministros do governo, o ex-juiz Sérgio Moro, atual ministro da Justiça, que estão tornando ainda mais evidente toda a opera-

ção fraudulenta que levaram à condenação sem provas, prisão ilegal e afastamento do processo eleitoral do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Isso tudo é impulsionado pelo aumento da crise econômica que coloca o País a passos largos no caminho da recessão, em um quadro de agravamento da crise capitalista em todo o planeta. Enquanto a burguesia e o regime golpista aprofundaram sua divisão e crise, os trabalhadores e suas organizações colheram na semana um significativo êxito político da paralisação nacional, “greve geral”, de 14 de junho, que mostrou uma significativa evolução da luta dos explorados contra o regime golpista e, particularmente, do seu pelotão mais combativo e decisivo, a classe operária que – depois de um longo período em “segundo plano”- assumiu uma posição destacada na luta da classe trabalhadora contra

o governo Bolsonaro e seus ataques, com paralisações expressivas em fábricas, usinas, refinarias, no setor elétrico, nos transporte, nos correios etc. A paralisação realizada por dezenas de milhões de trabalhadores e atos em quase 400 cidades, que levou ao nível mais elevado a onda de mobilizações iniciadas em 15 de julho, são – sem dúvida alguma – um dos ingredientes de aceleração da crise que a direita e sua venal imprensa buscam ocultar, mas que dá mostras que tende a se aprofundar ainda mais na próxima etapa. Uma situação que coloca para os trabalhadores e suas organizações a necessidade de dar continuidade ao movimento em ascensão por meio da realização de plenárias e reuniões, imediatamente, para discutir a continuidade da luta, que precisa avançar diante da crise do governo e da tentativa dos golpistas de manter a ofensiva contra os explorados.

OS NÚMEROS DA GREVE

Uma multidão nas ruas por Fora Bolsonaro O

movimento dos trabalhadores viveu um mês movimentado com três grandes mobilizações populares, duas convocadas pelo movimento estudantil e profissionais da educação, e um terceiro convocado pelas centrais sindicais. A adesão foi grande em todos os atos, caracterizando uma curva ascendente da mobilização. O ato de sexta-feira (14) foi convocado em apoio à greve geral impulsionada principalmente pela CUT, e segundo dados da mesma, houve protestos em mais de 350 cidades brasileiras. Mesmo com as ameaças de multa a sindicatos e de demissões, a CUT estima envolvimento de 45 milhões de trabalhadores, número provavelmente inflado, que dificulta uma real compreensão do tamanho do movimento. Os transportes pararam em capitais como Fortaleza, Recife e Brasília, e em São Paulo os bancos não abriram, assim como as fábricas dos sindicatos dos metalúrgicos do ABC. Os professores, técnicos administrativos e estudantes paralisaram escolas e

universidades em todos país, e pela manhã a FUP já paralisava 10 das 12 refinarias da Petrobras. O MST rea-

lizou 50 bloqueios em estradas federais e grandes atos foram realizados em cidades como Rio de Janeiro

e Porto Alegre, com cerca de 50 mil pessoas. Apesar do chamado à paralisação contra a greve geral, uma pauta parcial, a mobilização dos trabalhadores foi grande contra os ataques do governo Bolsonaro. Nos atos o “Fora Bolsonaro” foi repetido em gritos e cantorias, bem como em cartazes, adesivos, bandeiras e faixas, demonstrando uma disposição do povo a lutar contra o governo, o que resultou em grande repressão por parte da polícia, que atacou violentamente os presentes, dispersando atos e prendendo manifestantes. A organização crescente dos trabalhadores precisa continuar a ser impulsionada pelas direções dos movimentos sociais, partidos e sindicatos. O povo já demonstrou em diversas oportunidades a tendência de se mobilizar quando convocado às ruas, constituindo grandes atos contra os diversos cortes, que devem ser centralizados em uma luta para dar fim à origem dos ataques, que é o governo golpista de Bolsonaro.


4 | POLÍTICA

“MÉDICOS PENSAM QUE SÃO DEUSES, JUÍZES TEM A CERTEZA”

Juiz ou Deus? Bretas troca Constituição pelo Velho Testamento H

á no Brasil um chiste muito antigo, que brinca com a posição social ocupada por médicos e juízes. A frase diz que “médicos pensam que são deuses, juízes tem a certeza”. A ideia é fazer troça do status superior ocupado por ambas as profissões, que as coloca muito acima do restante de nós, reles mortais. É uma frase oriunda da sabedoria popular e como tal, baseia-se em uma realidade concreta. Na nossa sociedade médicos e juízes de fato ocupam uma posição muito destacada. Se este chiste anteriormente representava metaforicamente uma realidade concreta, hoje no governo Bolsonaro ela ganha contornos ainda mais palpáveis. O juiz Marcelo Bretas, que seria uma espécie de Sergio Moro do Rio de Janeiro, foi além do sentido figurado. Ele, que era defendido há pouco tempo pela ilustre liderança da

esquerda fluminense, o seu xará Marcelo Freixo, do PSOL, e que já tinha chegado ao cúmulo de posar em uma foto segurando um fuzil (!), afirmou em seu Twitter que a teoria da separação dos poderes não teria sido desenvolvida por Montesquieu, mas sim

REFORMA DA PREVIDÊNCIA

Governo dos especuladores e banqueiros acusa servidores de “lobbystas” A

crise entre a burguesia vem aumentando em razão da reforma da Previdência. O presidente da Câmara dos Deputados, Rodrigo Maia, e o Ministro da Economia, Paulo Guedes, trocaram farpas sobre as alterações que o legislativo está fazendo para tentar aprovar a reforma. Os itens modificados e retirados da reforma pelo relator Samuel Moreira (PSDB-SP) que tangem os servidores públicos criou um conflito direto com Guedes. O ministro apelidou as modificações resultantes da pressão dos servidores de reforma de “lobbystas”. Paulo Guedes foi colocado no governo Bolsonaro pela sua proximidade com o centrão, que desde as eleições tenta tutelar o cão raivoso que está na presidência, porém a crise chegou a níveis que nem mais a burguesia tradicional se entende com o homem de confiança que eles botaram no governo Bolsonaro. Maia, após a reprovação e os ataques de Guedes, mostrou que a briga entre o executivo e o legislativo é enorme. Em uma entrevista à Rede Globo ele disse “nós (parlamentares) blindamos o parlamento brasileiro das crises que são geradas pela usina de crises que o governo tem a cada dia a cada semana no Brasil”, sua declaração deixou claro que já não agem mais em conjunto e que os parlamentares estão desesperados com o caos que tem sido o governo e , sobre tudo, a pauta da previdência, cuja dificuldade de aprovar vem desde o governo Temer. Maia também disse que o governo não tem base, que era uma das poucas coisas que fez com que a

burguesia se unisse em torno de Bolsonaro. A fala de Paulo Guedes sobre os servidores é irônica pois ele representa a ala dos lobbystas dos banqueiros internacionais que mandam na política brasileira, exigindo uma reforma da previdência para salvar seus bolsos enquanto o povo morre na miséria. A reforma ainda não está aprovada. Manter Bolsonaro está ficando cada vez mais difícil, ao passo que as crises da “usina de crises” aumentam, as manifestações contra o governo também, porém, tirá-lo para botar um vice seria aprofundar ainda mais a crise dentro do governo, botando no lugar do capitão, um general não eleito que herdará todas as crises dos governos anteriores.

por Deus, através do profeta Isaías!!! Embora a declaração seja muito absurda, não é a primeira vez que Marcelo Bretas vai por esta mesma linha, que troca a Constituição brasileira pela bíblia. Em 2016 ele afirmou que a “bíblia é o principal livro desta vara”,

de acordo com o sítio evangélico chamado Guiame. Não que a Constituição de 1988 ainda esteja valendo muita coisa no atual regime golpista, mas trocá-la por um livro escrito há milhares de anos é uma concepção das mais reacionárias: não fazer o mundo retroceder ao “saudoso” século XIX, do auge capitalista, ou ainda à Idade Média, como sonha o “filósofo” Olavo de Carvalho, mas para um período civilizatório ainda mais atrasado. É nas mãos deste tipo de cidadão, um completo ignorante e obscurantista que o povo brasileiro é conduzido. O regime golpista, que se aprofunda com o governo fraudulento de Bolsonaro só tem a oferecer isto para o país: o maior retrocesso possível. Quem sabe Bretas, Olavo de Carvalho e a extrema-direita se dêem por satisfeitos quando o povo brasileiro voltar a viver nas cavernas.


POLÍTICA | 5

VAZA-JATO

Efeito dominó? Moro e mais 18 nomes da Lava Jato no governo A

s recentes matérias do The Intercept Brasil, que demonstraram a troca de mensagens entre juiz e procuradores da operação Lava-Jato, trouxeram à tona provas da farsa armada para eleger o governo de Jair Bolsonaro e a importância da prisão de Lula para a realização golpista. Informações da Folha de S. Paulo dão conta de que 19 integrantes do governo estão ligados à Lava-Jato, portanto implicados na crise que se abriu com as conversas reveladas. Além de Sérgio Moro outras 18 pessoas, trazidas pelo ministro, para integrarem o Ministério da Justiça participaram nos processos de perseguição, dentre eles a Secretária Nacional de Justiça, Maria Hilda MarsiaJ Pinto, e o Diretor-Geral da PF, Maurício Leite Valeixo. Os postos do alto escalão da pasta ocupados por integrantes da operação, como o próprio Moro, expõem as

CHARGE

verdadeiras intenções da “luta contra a corrupção” levada à frente pelos juízes e promotores, organizados para atuar através perseguições políticas, principalmente contra o ex-presidente Lula, a fim de criar as condições necessárias para fraudar as eleições e então compor o novo governo. O plano imperialista é uma grande mudança no sistema político brasileiro para garantir seu controle. Se a crise, que tende a aumentar conforme forem liberados os documentos vazados, levar à queda de Sérgio Moro, levará também à queda de todos os outros relacionados à Lava-Jato, inclusive os que ainda podem aparecer. A situação da burguesia é cada vez pior com o aprofundamento das crises internas. O cuidado com que a imprensa golpista noticia o caso, revela a preocupação da burguesia com a grande crise

que pode acarretar a queda de Moro e o fim definitivo do poder da Lava-Jato. O caso também questiona o governo de Bolsonaro, que só pode ser eleito

com a prisão de Lula, fortalecendo mais ainda a tendência de luta da população para derrubá-lo e exigir novas eleições, desta vez com Lula candidato.


6 | ESPORTES

ANÁLISE

Lula reforça Análise do PCO em 2014 sobre a Copa do Mundo e os 7 a 1

E

m 8 de Julho de 2014, o Partido da Causa Operária, por meio de seu Diário online, botava o dedo na ferida poucos minutos após a mais doída derrota do futebol nacional e denunciava o ataque à Seleção Brasileira e ao futebol brasileiro que se configurou numa das maiores polêmicas político esportivas do pós copa no País. Na ocasião o título da polêmica matéria que a esquerda pequeno-burguesa procurou refutar era “Brasil e Alemanha: “Eles” conseguiram… e agora?”. Esta pode ser lida no link, a seguir: https://www.causaoperaria.org.br/ acervo/blog/2017/07/08/872014-brasil-e-alemanha-eles-conseguiram-e-agora-selecao-brasileira-perde-historicamente-na-semifinal-da-copa-do-mundo-2014-para-selecao-alema-por-7-1/ Na matéria assinada pelo companheiro Rui Costa Pimenta explicava-se que a avassaladora derrota foi preparada muito antes de 8 de julho pela direita nacional organizada pelo imperialismo, pelos monopólios capitalistas do esporte, pela imprensa capitalista “nacional” e, inclusive apoiada pela esquerda pequeno-burguesa (o PSOL, o PSTU e outros grupos menores do mesmo quilate) que com a palavra de ordem de “Não vai ter Copa!”, entregou o ingrediente que a direita queria para avançar no golpe de Estado. De várias maneiras a direita preparava o terreno, procurando levar o clima de que a população não deveria torcer pelo Brasil. Impondo com a ajuda da imprensa golpista uma enorme pressão política no período anterior à Copa. E durante a Copa os ataques também vinham da arquibancada branca, rica e coxinha, vaiando a presidenta do país da Copa, Dilma Rousself. Em campo a arbitragem apitava contra, os jovens jogadores brasileiros eram caçados em campo. Assim como Pelé em 1966, Neymar quase foi aleijado pelo colombiano Zuniga que sequer recebeu amarelo. O objetivo traçado pela direita era claro: desestabilizar a Copa do Mundo no país, conquistada durante o governo Lula em 2006, pois se o Brasil perdesse a Copa, Dilma Rousseff perderia as eleições, situação que não conseguiram, mas cimentaram o caminho para o golpe de Estado sobre o governo petista. Agora, cinco anos depois, o ex-presidente Lula, preso em Curitiba, pelos fascistas Moro e, Dallagnol em entrevista aos jornalistas esportivos Juca Kfouri e José Trajano, rebateu com maestria inúmeras armações da direita golpista no país, discorrendo sobre vários temas políticos. Mas o que nos importa nesta matéria é o futebol. E Lula, em linhas gerais confirmou toda análise feita pelo PCO, após a der-

rota para a direita na Copa do Mundo de Futebol do Brasil. Mas antes de colocar sua posição sobre o que ocorreu na copa, Lula falou sobre outros assuntos do futebol. Como bom corintiano, começou pelo clube de seu coração, e entre outras, disse: “Não sei o que está acontecendo com o Corinthians, que é o time mais fraco dos últimos tempos. O Carille está fazendo milagre, o Corinthians fez o melhor jogo do ano contra o Flamengo. Mas eu acho que o Corinthians não é candidato ao título. Estamos sem dinheiro.” Na sequência, confirmando que é Corinthians do fundo da alma, não deixou por menos e mostrou que no futebol não abaixa a cabeça para o rival e colocou: “O futebol brasileiro está vivendo uma situação engraçada, o Palmeiras se dá ao luxo de comprar jogadores para colocar na reserva. (…) Pra minha tristeza o Palmeiras está um nível acima. Isso não implica que ele vai ganhar.” Na continuação José Trajano e Kfouri introduziram outro tema, a Copa América e Lula analisou que a seleção não está bem e que se sente profundamente entristecido quando vê o gigante Beira Rio vazio para um jogo da Seleção Brasileira. Mas deixou claro após uma anedota com um de seus companheiros de partido que:”Eu gosto de futebol, não quero que a seleção perca nunca, mas acho que estamos fracos.” No tocante ao futebol feminino, ao ser perguntado como via a prática do esporte no país, criticou a exclusão e a falta de importância dada às mulheres no futebol: “Primeiro é o seguinte, (o futebol) não tem muita importância no Brasil, lá fora tem, na Europa tem, nos Países Nórdicos, nos EUA tem muito,

na Austrália tem, na China tem .” e aí emendou uma cobrança às feministas: “Até um conselho para as mulheres. As mulheres, as feministas mesmo, que precisam valorizar o futebol feminino.” (…)”Acho extraordinário que cada time do (campeonato) brasileiro tem que ter uma equipe de futebol feminino.” “Estou feliz que tem televisão transmitindo (A copa do Mundo de futebol Feminino), fico feliz.” “Acho que apesar da idade a Marta continua sendo a mais importante jogadora do Brasil.” Após falar sobre Corinthians e Seleção Feminina, Lula abordou mais diretamente o ataque ao futebol brasileiro, apresentando em linhas gerais a análise feita pelo PCO há cinco anos, que a seleção foi derrotada pela perseguição da direita, respondendo à Juca Kfouri sobre a Olimpíada e a Copa disse: “Aliás o meu sonho era, pois Juca, uma coisa era verdade, nós brigamos para trazer a Olimpíada para o Brasil, mas nós não brigamos para trazer a Copa do Mundo, já estava escolhido por conta do rodízio de continentes, depois da África era América do sul e América do sul era o Brasil que tinha feito só em 50. Uma coisa que eu queria pedir pra você (Juca Kfouri), eu sei que você de vez em quando faz criticas duras, mas eu queria que você fosse ao Tribunal de Contas(da União) procurasse o ex-ministro do tribunal de contas, chamado Valmir Campelo, que foi o ministro designado para apurar a corrupção na Copa do Mundo nos estádios. Eu estou dizendo isso Juca, porque eu o procurei e tem o relatório feito por ele e ele não aponta denuncia de corrupção nos estádios. Essa estória, não te contei, teve um tempo que eu chamei para conversar o Senhor Roberto Se-

túbal, que era patrocinador, a Ambev que era patrocinadora, João Roberto Marinho responsável pela transmissão e depois fui a Brasília conversar com a Dilma. Porque a Copa estava sendo avacalhada e ninguém estava defendendo, falava para o Banco Itaú, está fazendo propaganda pra quê? Porque que você não capricha na propaganda para motivar a sociedade. (….)parecia que havia o objetivo de destruir a Copa do Mundo (de fato havia). Eu acho que a seleção tomou aquele 7×1, como é que os jogadores recebem (impacto) um público inteiro mandando a presidenta do seu país ir para aquele lugar. Eu nunca tinha visto aquilo, eu nunca tinha visto aquilo na minha vida. Não tinha um negrinho, para gente dizer tem um negro. É plural o estádio (o futebol), sabe. Então eu até queria e você é um cara muito interessado nisso e eu sei das tuas brigas para moralizar o futebol, mas era importante, pois o Tribunal de Contas designou um ministro para investigar a corrupção na Copa do Mundo e o relatório dele diz, é que não tem corrupção. E no imaginário da opinião pública tem corrupção em tudo quanto é lugar. Então eu queria te dizer isso, porque eu fui atrás.” Outro fato apontado por Lula foi que de início ele sempre defendeu o Morumbi, como o Estádio para a abertura da Copa, “Juca, eu nunca quis o (estádio) Corinthians para a Copa do Mundo. Eu defendi o Morumbi, tem que ser o Morumbi. Tá pronto o Morumbi. E agora (cinco anos depois o mesmo) vai servir para a Copa América.” Na sua conclusão, Lula confirmou com outras palavras o que o Brasil quer: FORA BOLSONARO!


INTERNACIONAL |7

IMPERIALISMO

Não à agressão norte-americana ao Irã! Q

uinta-feira (13) dois navios petroleiros foram atingidos por explosões no Golfo de Omã, entre Omã e o Irã. Imediatamente o governo criminoso dos EUA, sob o comando de Donald Trump, começou uma campanha para responsabilizar o Irã pelo ataque. Os dois navios eram o Front Altair, norueguês, e o Kokuka Courageous, um navio japonês. Durante os ataques, o governo do Irã recebia a visita oficial de Shinzo Abe, primeiro-ministro japonês. O Japão já foi o principal comprador de petróleo iraniano, até Trump retomar as sanções econômicas e obrigar outros países a isolarem o Irã. Agora, segundo o governo dos EUA, o Irã teria atacado um navio japonês em plena visita do primeiro-ministro japonês ao país. Ainda na quinta-feira, o Pentágono divulgou um vídeo que mostraria a Guarda Revolucionária do Irã tirando uma mina que não teria explodido

do Kokuka Corageous, depois de se aproximar do navio em um barco. No entanto, a empresa que operava o petroleiro fala em “objeto voador”, e não em mina. O Japão está conduzindo uma investigação própria. No entanto, o que se deve destacar no caso, é a pressa dos EUA em acusarem o Irã a qualquer custo. Os aliados dos EUA na região acompanharam essa acusação, como foi o caso da Arábia saudita, que também acusa o Irã. O Irã nega qualquer relação com os ataques. O episódio lembra o incidente do Golfo de Tonquim, fabricado pelos EUA para justificar a guerra com o Vietnã. Ou o caso das armas químicas atribuídas ao Iraque para iniciar a guerra que destruiu o país a serviço do roubo do petróleo. Trata-se de uma estratégia típica dos norte-americanos, criar falsos ataques para apresentar a agressão contra outros países como se fossem uma

questão de autodefesa. Deve-se lembrar também que, enquanto os EUA acusam o Irã, sem apoio internacional até o momento, os próprios norte-americanos mantêm navios de guerra na região, além de operar com drones.

Desde já é preciso denunciar mais uma agressão do imperialismo. Não à agressão dos EUA ao Irã! Trump está tentando justificar mais uma guerra para saquear o Oriente Médio e submeter a região ao controle do imperialismo, das grandes petroleiras.

VENEZUELA

“Ajuda humanitária” para alimentar Guaidó e seus golpistas D

ireita é direita. Sempre, em qualquer lugar. Uma farsa. Corruptos, em toda sua extensão. Ladrões das verbas públicas, do dinheiro do povo. Lacaios de governos poderosos que “molham a mão” em troca da subserviência, da mentira e do entreguismo. Em geral, destilam um ódio moral e ético contra governantes, mais ou menos de esquerda, mais ou menos nacionalistas, como é o caso da América Latina, para promover assaltos do dinheiro público e destruir países como vemos agora no continente americano. Na Venezulea esse quadro é emblemático. Veio à tona agora que, movidos por toda uma operação golpista, pequenos segmentos das forças armadas e de funcionários públicos daquele país, em fevereiro passado, evadiram-se da Venezuela para a cidade de Cúcuta na Colômbia. Partidários de Guaidó, o títere escolhido pelo agências governamentais dos EUA, fariam

parte da coluna que “promoveria a rebelião na fronteira entre os dois países, sob a suposta bandeira de “ajuda humanitária” e com isso alimentar a derrubada do governo Maduro. Na expectativa do sucesso golpista, “de noite todos os gatos são pardos”, mais de mil partidários de Guaidó foram instalados em hotéis dessa região de fronteira entre a Colômbia e a Venezuela. O problema é que os golpistas não contavam com o fracasso da sua investida golpista e aí os problemas começaram. Quem vai pagar a conta? Guaído foi deixado na mão por seu patrão, mas, como um bom “jeitinho brasileiro” e vemos no caso, que não é só brasileiro, a solução veio no sentido de vender no “mercado negro” as doações propagandeadas como se fossem para o povo venezuelano. Quer dizer, as ajudas humanitárias foram usadas para saldar as dívidas dos golpistas. que Que belo trambique!

TODAS AS SEXTAS-FEIRAS, 14H00

A direita venezuelana, assim como a brasileira, aliás, como todo a direita, é um esgoto fétido, vejamos as denúncias das mancomunações entre o Ministério Público brasileiro e a operação Lava Jato, entre um Sérgio Moro, um juiz, supostamente isento para julgar e um Dallagnol, o apresentador das provas.

Venezuela e Brasil, assim como praticamente toda a América Latina, sofrem o mesmo processo golpista. Em um caso, como o outro, a vitória ou a derrota no luta contra o golpe será determinante para a luta política em toda a América Latina contra o imperialismo e seus lacaios latino-americanos.

TODAS AS SEGUNDAS-FEIRAS, 12H30


8 | CIDADES

DIA 14

Assis-SP também parou pelo Fora Bolsonaro N

o dia 14 de junho, a cidade de Assis(SP) também parou contra Bolsonaro e pela liberdade de Lula. Partidos, sindicatos, associações, estudantes e trabalhadores foram às ruas com faixas e cartazes para combater o governo golpista e ilegítimo que quer acabar com os direitos da classe trabalhadora e sucatear a educação. Na intervenção do companheiro Vinícius Sousa (PCO) foi colocado que essa luta não é somente contra a reforma da Previdência. É uma luta que coloca em xeque o desgoverno de Jair Bolsonaro que foi eleito por uma fraude que ficou clara essa semana com a matéria publicada pelo Intercept. Bolsonaro e seu governo fascista atacam a população de norte a sul do país como os companheiros

do MST que são massacrados pelos jagunços do Bolsonaro, assim como a periferia exterminada pela polícia militar do PSDB, em São Paulo. É por isso que devemos derrubar esse governo golpista. Devemos também defender a liberdade do presidente Lula, pois ele foi preso pela fraude. É um preso político na mão do juiz golpista e mentiroso Sergio Moro. Essa manifestação deve apontar uma perspectiva política do movimento para derrubar Bolsonaro e todos os golpistas. As eleições foram uma fraude. É preciso a liberdade do companheiro Lula já e novas eleições com Lula candidato. Um dia de greve não basta. É necessária uma greve por tempo indeterminado até a queda desse governo golpista.

DITADURA

Advogado é agredido e preso enquanto tentava intermediar abordagem policial A

s manifestações da greve geral do último dia 14 de maio, ocorridas em centenas de cidades do País, revelaram também o caráter cada vez mais ditatorial das instituições de repressão do regime político golpista contra a população. Foram diversos os casos de violência policial contra os manifestantes, prisões arbitrárias, agressões, etc. Na capital paulista, por exemplo, a Policia Militar fascista de João Doria do PSDB atacou a manifestação com bombas de efeito moral e de gás. Um caso semelhante a este aconteceu durante o ato em Assis, interior de São Paulo. Um advogado da cidade, Carlos Passos, foi detido e agredido de maneira covarde pela Polícia Militar da cidade enquanto tentava intermediar uma abordagem da PM contra uma manifestante que participava do ato. O advogado, que é negro, conta que foi humilhado pelos policiais, agredido com spray de pimenta e levado até a

TODOS OS DIAS ÀS 10H, NA CAUSA OPERÁRIA TV

delegacia no porta mala da viatura. De acordo com o advogado, a PM chegou a ridicularizá-lo pelo fato de ser negro e advogado. O fato demonstra o aprofundamento do caráter autoritário e ditatorial do regime político brasileiro. Desde o golpe de 2016, tem se ampliado em larga escala as arbitrariedades cometidas pelos aparatos de repressão, como a Policia Militar. O que antes já ocorria como um padrão, tornou-se cada vez mais generalizado, vide o aumento de mortes nas periferias pelas mãos da policia, o assassinato de lideranças politicas, de esquerda, as prisões sem provas, como é o caso do ex-presidente Lula, etc. Ou seja, o regime político evolui cada vez mais para um regime de guerra contra o povo pobre, negro, a classe trabalhadora de maneira geral. O caso em questão mostra ainda que até mesmo os mais básicos direitos democráticos estão sendo suprimidos, como o

direito a defesa, uma vez que Carlos, que é advogado, estava agindo dentro da chamada legalidade tentando intermediar uma abordagem policial.

Somente a mobilização popular pode colocar um fim a ditadura que vem sendo imposta pelo golpe de estado. É preciso por abaixo todo o regime golpista.


MOVIMENTO OPERÁRIO | 9

AVANÇO DO CAPITALISMO

“Empreendedorismo do desemprego”: produto do golpe e da devastação dos direitos trabalhistas U

ma das marcas do avanço do capitalismo é a exploração crescente da classe trabalhadora, através da precarização das condições de trabalho. Esta exploração facilitada pelo regime golpista está deixando uma marca visível nas ruas das grandes cidades brasileiras. São os entregadores que trabalham de bicicleta. Os entregadores são descritos como “profissionais autônomos”, um nome que ofusca sua condição de subemprego. São parte de um contingente enorme de desempregados que ficou à disposição do capital estrangeiro, para realizar serviços de baixíssima remuneração. Trata-se de uma profissão de risco – pedalar em meio ao trânsito brasileiro. Estes entregadores têm a maior parte do seu trabalho concentrado no horário mais quente do dia, e durante a noite, a visibilidade os torna vulneráveis a acidentes. Empresas como a Rappi e a Uber Eats se relacionam diretamente com o empregado por meio do cadastro em aplicativos

de celular, retirando lucros que vão para fora do País. Não há incômodos com sindicatos, greves e negociações salariais. Muito pelo contrário, conforme aumenta a oferta de entregadores, o aplicativo consegue reduzir o preço pago por quilômetro rodado. É a retórica da reforma trabalhista, do neoliberalismo, em que o funcionário é um “empreendedor individual” negociando diretamente com o patrão. Ele tem duas escolhas: aceitar condições precárias ou passar fome. E órgãos da imprensa golpista como o G1/ Globo apresentam o fato cinicamente, como algo normal, sem qualquer sentimento de revolta. Por exemplo, Israel de Souza “fez do hobby uma fonte de renda”, chega a trabalhar 13h diárias e percorrer 50km, ganha até R$250 por semana. Sem tempo e condições para comer em casa, gasta R$25 por dia com alimentação, o que significa que não lhe sobra mais de 500 por mês para aluguel, vestuário, saúde, água, luz, telefone…

Contribua com a campanha pagar pagar multas que a justiça golpista impôs ao PCO: AG: 4093-2 CC: 29000-9 Banco do Brasil CNPJ: 01.307.059/0001-90 Partido da Causa Operária


10 | NEGROS E MORADIA E TERRA

ASSASSINOS

Polícia também é a que mais mata crianças intencionalmente U

m estudo do Fundo da Nações Unidas para a Infância (Unicef) constata que a polícia do estado de São Paulo, seja ela civil ou militar, é a maior causa de morte de jovens entre 0 e 19 anos no estado. A pesquisa analisa os dados da Secretaria de Segurança Pública de São Paulo, levando em consideração casos de mortes violentas intencionais entre 2014 e 2018. Os dados revelam o caráter assassino da polícia: entre 2014 e 2018 ocorreram mais assassinatos decorrentes de ações policiais do que de homicídios dolosos, onde há intenção de matar. Ao todo, 580 crianças e adolescentes foram alvos da brutal repressão policial, e no mesmo período ocorreram 527 homicídios dolosos. A letalidade da polícia aumentou continuamente entre 2014 e 2017 e a justificativa dos homicídios é sempre a

tal “legítima defesa”, no caso, até mesmo contra crianças. A polícia é uma máquina de matar o povo inocente e isso é claramente incentivado pelo atual presidente golpista, Jair Bolsonaro, quando esse condecora policiais, quando ignora assassinatos por parte da polícia (a exemplo do caso “80 tiros”) ou quando ignora ações como a do governador do RJ, Wilson Witzel, que sobrevoou em um helicóptero sobre Angra dos Reis, atirando na população. É necessário exigir já a dissolução de todas as polícias e a criação de milícias populares nas comunidades para a proteção do povo, assim como é necessário derrubar o governo fascista e fraudulento de Jair Bolsonaro e de toda sua equipe inimiga do trabalhador. Fora Bolsonaro! Liberdade para Lula! Eleições Gerais Já!

PERSEGUIÇÃO NA LUTA PELA TERRA

Mato Grosso do Sul é o Estado que mais prende indígenas no país A

recente condenação de quatro indígenas Guarani-Kaiowá por se defender de uma emboscada realizada por policiais civis, no municiípio de Dourados, chamado pela direita de Chacina de Porto Cambira, onde dois policiais foram mortos e um ferido chamou a atenção para a perseguição realizada pelo judiciários e as forças policiais contra os indígenas para beneficiar os latifundiários. De acordo com o Atlas Agropecuário, as terras do Mato Grosso do Sul estão nas mãos dos latifundiários de terra. Cerca de 92% das terras do Mato Grosso do Sul são privadas, sendo que 87% desse total são considerados latifúndios. Os dados apontam que o Estado é dominado pelos latifundiários que financiam políticos, a atuação das forças policiais e até a polícia federal. Analisando os dados oficiais em relatórios de organizações de direitos humanos e de defesa de indígenas presos apontam que o Estado do Mato Grosso do Sul é o estado que possui mais indígenas presos em todo o país. E a observação dos dados também revelam de maneira cabal que o judiciário do estado dá cobertura e apoio aos latifundiários. Segundo dados da Agência Estadual de Administração Penitenciária de Mato Grosso do Sul, o estado tem 271 indígenas presos, sendo 73 estão em regime de prisão provisória. O es-

tado com maior população carcerária indígena do país, quase a metade de todos os indígenas presos no país, de um total de 600 presos em todas as penitenciárias nacionais. E o Estado é a segunda maior população indígena nacional, com 73.295 pessoas, perdendo apenas para o Amazonas com 168.680 indígenas. A defensora pública Neyla Ferreira Mendes, em reportagem ao Portal Terra, analisou os processos dos 131 indígenas presos na Penitenciária Estadual de Dourados e afirma que ne-

nhum deles tinha intérpretes nem laudo antropológico, ambos exigidos por lei. Portanto, indígenas presos a revelia da lei. Há muitos relatos e investigações de violência policial e tortura para que os indígenas “confessassem” o crime, sem advogados, sem documentos. Há denuncias de indígenas presos que não são registrados como tal para não contar com defesa e ser investigado com apoio da Funai e outros órgãos. Marco Antônio Delfino de Almeida, procurador da Justiça Federal no Mato

Grosso do Sul, que a falta de intérpretes é usada para fabricar depoimentos, e que a fraude é tão grande que apenas um líder indígena aparece como testemunha em mais de 100 investigações policiais. É como atua a polícia em todo o país e não é diferente com os indígenas. Esses relatos e dados são reveladores e mostram que há uma enorme perseguição contra os indígenas e a demarcação de suas terras no estado do Mato Grosso do Sul. A polícia e o judiciário atuam em conjunto para encarceramento em massa de indígenas e suas lideranças para favorecer os latifundiários de uma maneira velada enchendo as prisões do estado de indígenas. Essa situação tem que ser cada vez mais denunciada e colocada em evidência para mostrar um conluio entre Estado, forças policiais, justiça e latifundiários para massacrar os povos indígenas no Mato Grosso do Sul. Fatos que revelam que a Chacina de Porto Cambira e os quatro indígenas presos acusados de assassinato de policiais não passam de presos políticos da luta por seus direitos e suas terras. é preciso pedir a imediata soltura de Paulino Lopes, Jair Aquino Fernandes, Ezequiel Valensuela, e Lindomar Brites de Oliveira por se defenderem de um ataque de policiais civis contratados por latifundiários.


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