Edição Diário Causa Operário nº5677

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TERÇA-FEIRA, 18 DE JUNHO DE 2019 • EDIÇÃO Nº 5677

DIÁRIO OPERÁRIO E SOCIALISTA DESDE 2003

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Grupo de juízes pede prisão de Moro e Dallagnol

EDITORIAL

Libertem Lula já! As revelações feitas pelo site The Intercept Brasil demonstraram de uma vez por todas a farsa montada pela Lava Jato contra o ex-presidente Lula, preso político há 437 dias.

COLUNA

Neymar continua sob fogo cerrado O melhor jogador da atualidade, do Brasil e do mundo, na opinião deste colunista, Neymar Jr. tem sofrido uma série de ataques desde a Copa do Mundo de 2014, realizada no Brasil, sob forte campanha contra realizada pela direita e pela esquerda pequenoburguesa.

STF: homofobia, só em nome de Deus Qualquer movimento que se diga libertário, democrático ou socialista não pode ver nenhuma solução para qualquer problema na criminalização, no aumento de leis e repressão que vão gerar o encarceramento de pessoas. No Brasil, por exemplo, não importa qual seja a lei, quem vai parar na cadeia sempre será o pobre.

Lava-jatistas, golpistas de esquerda, mordem o próprio rabo (parte 4): Leandro Karnal

Leia a nova edição do Jornal Causa Operária No último sábado (15) saiu a nova edição do Jornal da Causa Operária, de número 1061. Com tiragem hoje de 10 mil exemplares, o jornal que expressa as posições do Partido da Causa Operária (PCO) diante dos últimos acontecimentos e das grandes questões nacionais

Direita do PT namora com os responsáveis pela ditadura policial em São Paulo Em meio à profunda crise do governo fraudulento de Bolsonaro e do regime golpista de conjunto, marcada pela curva ascendente de mobilizações populares, um ato extremamente obsceno está se consumando à luz do dia. Estamos falando do namoro da direita do PT com o partido golpista por excelência, o PSDB.

Semana passada, Leandro Karnal comentou os vazamentos da Lava-Jato no Jornal da Cultura. Karnal é um dos palestrantes mais bem pagos do país, seu estilo motivacional de filosofia e ares eruditos garantiram a ele uma elevada estima diante o público leigo brasileiro.

Operação criminosa da Lava Jato é obra dos EUA


2 | OPINIÃO EDITORIAL

Libertem Lula já! A

s revelações feitas pelo site The Intercept Brasil demonstraram de uma vez por todas a farsa montada pela Lava Jato contra o ex-presidente Lula, preso político há 437 dias. As mensagens privadas que foram divulgadas até agora entre os procuradores da operação e o então juiz Sérgio Moro, hoje ministro da Justiça de Jair Bolsonaro, mostraram que havia um conluio contra Lula em seu processo. O juiz do caso do triplex, Moro, que deveria julgar imparcialmente analisando os argumentos e provas apresentados pela acusação e pela defesa,

combinava com os procuradores os passos do processo, orientava os procuradores na operação Lava Jato e sugeria como a acusação deveria agir. Tudo isso foi denunciado durante muito tempo por amplos setores da esquerda, além, é claro, de ter sido denunciado pelo próprio Lula e por sua defesa. A novidade trazida pelo vazamento do Intercept é que agora há provas demonstrando que essas denúncias estavam certas o tempo todo. O juiz aparece conversando com a acusação tratando da melhor forma de perseguir Lula no tribunal. O “la-

wfare” de que a defesa sempre falou ficou exposto diante de todos de maneira incontornável. Comprovada a perseguição contra Lula, por meio de uma operação em que juiz e acusação agiam em conjunto contra o réu, tornou-se inescapável diante dos fatos a conclusão de que Lula jamais teve um julgamento. O ex-presidente foi condenado injusta e arbitrariamente por um inquisidor politicamente motivado. Lula foi condenado sem provas e jamais teve direito à defesa, vítima de uma conspiração de inimigos políticos seus que atuavam nas sombras, enquanto

alegavam em público que estariam apenas “aplicando a lei”. A lei foi a última coisa que contou alguma coisa nesse caso. Lula não teve sequer o direito à defesa estabelecido em lei. Diante de todas essas arbitrariedades, agora já inegáveis, o Judiciário teria que anular todos os processos contra Lula imediatamente. E, assim sendo, soltá-lo também imediatamente. É absurdo que o ex-presidente continue preso até agora frente aos novos fatos. Cada dia que Lula continua preso a chamada justiça se desmoralizada mais. Liberdade para Lula! Libertem Lula já!

COLUNA

Neymar continua sob fogo cerrado Por Juliano Lopes

O

melhor jogador da atualidade, do Brasil e do mundo, na opinião deste colunista, Neymar Jr. tem sofrido uma série de ataques desde a Copa do Mundo de 2014, realizada no Brasil, sob forte campanha contra realizada pela direita e pela esquerda pequeno-burguesa. As acusações contra o jogador que ainda representa o futebol brasileiro, ou seja, a habilidade contra a brutalidade, já foram todas as possíveis e imagináveis, estando dentro ou fora do Código Penal. É preciso esclarecer, desde já, que este periódico tem denunciado toda a campanha imperialista e da imprensa golpista contra o jogador e contra o futebol brasileiro como um todo. É uma campanha que busca, finalmente, reverter todos os lucros e recursos do futebol para os grandes tubarões do ramo, europeus e norte-americanos.

Campanha que tem por objetivo, por fim, acabar com o futebol tal como o conhecemos. É a transformação do futebol arte em futebol força, estádios em arenas, torcedores de futebol em torcedores de tênis. Pesa sobre Neymar uma recente acusação de estupro, que, até o momento, não chegou a um final, até porque as provas contra o atacante são escassas, se não inexistentes. Até o julgamento final, daquele que não cabe mais recurso, deve reinar para Neymar o princípio da inocência, até que se prove o contrário. Um princípio democrático elementar que o Judiciário golpista passou por cima no caso da prisão de Lula, por exemplo. Mas essa denúncia começou a ficar em segundo plano, especialmente em razão da falta de provas e novas evidências do cometimento de crime por parte do atacante do PSG.

Daí, quando alguém poderia pensar que a poeira vai baixar para o ídolo do futebol brasileiro, surge uma nova medida contra, agora, o patrimônio do atacante. Um confisco realizado pela Justiça deixou 36 imóveis do craque totalmente indisponíveis, ou seja, penhorados até que se resolva uma suposta sonegação realizada pelo atleta quando da transferência do Santos para o Barcelona, em 2013. Que existe sonegação nas transações do futebol mundial, ninguém pode duvidar. Afinal, é um negócio capitalista, e se tem uma coisa em que capitalistas são bons é em sonegação e corrupção. Mas que o raio caia sempre na mesma árvore, aí já possível desconfiar de uma perseguição direcionada. Não é realmente possível que só Neymar tenha sonegado impostos em transações de futebol. Por outro lado, mes-

mo essa acusação, de sonegação, é somente isso, uma acusação, na qual Neymar ainda pode se defender. Mas, de toda sorte, é realmente impressionante como a imprensa golpista “acha”, a cada dia que passa, uma nova maneira de atacar o atacante do PSG que, agora, com valor de venda em baixa, por conta da acusação de estupro, pode retornar ao Barcelona, como afirmam alguns sites esportivos. De toda maneira, e, vendo em especial o que a imprensa golpista disse da Seleção Brasileira após a estreia na Copa América, é relativamente óbvio que está em marcha uma campanha para destruir o futebol brasileiro, que é um patrimônio do povo. A começar pela Seleção e por Neymar, o homem que teria praticado praticamente todos os crimes possíveis, ao contrário do resto dos jogadores de futebol em todo mundo.


OPINIÃO E POLÊMICA | 3

STF

Homofobia, só em nome de Deus Q ualquer movimento que se diga libertário, democrático ou socialista não pode ver nenhuma solução para qualquer problema na criminalização, no aumento de leis e repressão que vão gerar o encarceramento de pessoas. No Brasil, por exemplo, não importa qual seja a lei, quem vai parar na cadeia sempre será o pobre. A privação de liberdade é, por si só, uma pena muito dura. Mas no caso brasileiro é muito mais do que isso. As prisões brasileiras são verdadeiras masmorras, os presídios verdadeiros campos de concentração e centros de tortura. Uma esquerda, não importa sob qual pretexto, que defende o aumento de leis punitivas é na realidade uma esquerda que está muito distante da realidade do povo e do próprio País em que vive. Na semana passada, o Supremo Tribunal Federal (STF), mais uma vez legislando no lugar do Congresso Nacional, aprovou a equiparação da “LGBTfobia” ao crime de racismo. Isso simplesmente significa que o STF golpista criou mais um mecanismo de aumento da repressão. Mas à parte da discussão sobre dar ao Judiciário golpista e ao Estado bur-

guês o poder de reprimir uma pessoa sob o pretexto moral do “combate à LGBTfobia” está uma peculiaridade da lei aprovada, que esclarece sobre o caráter desse tipo de política reacionária, comemorada e defendida pela esquerda pequeno-burguesa. As igrejas estão isentas da lei. Pode esquecer o papo furado de que “a lei é para todos”. O STF criou uma lei que serve para a população incluindo aí as organizações e outra lei a extrema-direita religiosa. Conclusão: se for “em nome de Deus” pode ser homofóbico à vontade! Essa lei é mais uma brecha enorme no caráter laico, já tão debilitado, do Estado brasileiro. As igrejas têm o privilégio de xingar os LGBTs, falarem o que quiser. Já o cidadão comum não pode falar nada. Não precisa ter muita imaginação para saber como vai funcionar a lei. Os pastores tipo Silas Malafaia e Marco Feliciano vão continuar normalmente com sua pregação contra os homossexuais, nada diferente do que eles sempre fizeram. Para um político burguês direitista, basta se juntar com algum pastor ou alguma igreja e fazer a campanha contra os homossexuais.

Já, se qualquer cidadão comum falar qualquer palavra que possa ser considerada homofóbica, pode ir parar na cadeia. Notemos aqui que quem vai decidir o que foi ou não “homofóbico” serão os Juízes, esses elementos tão puros, éticos e defensores incondicionais dos oprimidos. Num País em que o símbolo do juiz é Sérgio Moro, agente golpista mancomunado com os norte-americanos que colocou Lula na cadeia para garantir a vitória de Bolsonaro. Logicamente, a lei vai servir para perseguir os mais pobres e os inimigos políticos da direita. Enquanto isso, os verdadeiros inimigos dos LGBTs continuam livremente sua campanha políti-

ca. O cidadão comum pode ser preso porque disse alguma palavra que por algum motivo alguém interpretou como homofóbica. Já a extrema-direita religiosa que é quem realmente tem o poder de fazer propaganda contra os homossexuais, inclusive incitando a violência, está livre para continuar. Fica claro mais uma vez para que servem essas leis repressivas: para pegar o pobre e os inimigos políticos, ou seja, a esquerda. Ao invés de leis que no final irão se voltar contra os próprios oprimidos, inclusive contra aqueles que seriam o objeto da proteção da lei. Ou seja, no final, está liberada a homofobia em nome de Deus e os ataques contra os LGBTs vão se intensificar.

ESQUERDA PEQUENO-BURGUESA

Lava-jatistas, golpistas de esquerda, mordem o próprio rabo (parte 4): Leandro Karnal S emana passada, Leandro Karnal comentou os vazamentos da Lava-Jato no Jornal da Cultura. Karnal é um dos palestrantes mais bem pagos do país, seu estilo motivacional de filosofia e ares eruditos garantiram a ele uma elevada estima diante o público leigo brasileiro. Em 2017 o professor de História da Unicamp postou uma foto de um jantar onde estava à mesa com o juiz Furlan e o juiz Sérgio Moro. Após uma altíssima repercussão negativa tirou a foto e publicou em sua página do Facebook um explicação sobre a foto e porque tê-la excluída. Como é característico do decano, o texto estava repleto de reflexões vazias e palavras desprovidas de significado, mas em suma, disse que o encontro foi elaborada por Furlan, e que lhe interessava conhecer Moro por ser uma pessoas histórica. Não se posicionou sobre a Lava-Jato ou tomou nenhuma posição que pudesse o associar mais claramente com algum polo político em

disputa no país, porém, para bom entendedor, quem se omitiu ou tentou aparentar estar em cima do muro durante o processo do Golpe e da prisão de Lula é claramente um oportunista ou um golpista envergonhado. Segundo o próprio, o mundo não é linear, e com isso consegue carta branca para esquivar de qualquer análise concreta dos acontecimentos da política brasileira, limitando-se sempre a fazer observações tão profundas quanto uma poça d’água. Seus comentários sobre o vazamento não foram diferentes. Embora agora queira estar o mais longe possível de qualquer associação com Moro, suas falas ainda continuam sem muito significado ou sem muita posição sobre os acontecimentos. Quando indagado sobre o fato de que o Juiz se relacionar com uma das partes do processo põe em xeque toda a acusação, Karnal respondeu que isso é um debate sobre procedimento jurídico, e que as relações en-

tre Moro e Dallagnol mostraram que não foi garantida a neutralidade do juiz, e cabe aos juristas de debater a questão. Resumindo, esquivou-se mais uma vez de portar juízo sobre o assunto e saiu pela tangente. O escândalo da Lava-Jato está botando em saia justa todos aqueles que se dizem de esquerda ou “progressis-

tas” e que apoiaram essa farsa jurídica. Diante a tragicomédia escancarada todos estão tentando limpar seu nome, se apresentar como imaculados ou como finalmente iluminados. Fato é que a carcaça das instituições brasileiras está podre a mais de um século e seu o cheiro de Moro e da Lava-Jato sempre foi inconfundível.


4 | POLÍTICA

AGENTES GOLPISTAS

Grupo de juízes pede prisão de Moro e Dallagnol N

o último sábado (15), o coletivo Advogados e Advogadas pela Democracia protocolou no Supremo Tribunal Federal (STF) um pedido de prisão em caráter cautelar do juiz e atual ministro da Justiça Sergio Moro, do procurador Deltan Dallagnol e de seus pares Laura Tessler, Carlos Lima e Maurício Gerum. A ação foi difundida por reportagem do portal Jornalistas Livres. Isso seu deu por causa das revelações do sítio The Intercept, mostrando conversas que comprovam a conspiração entre Moro e os procuradores para a prisão e manutenção do ex-presidente Lula na cadeia. Do ponto de vista jurídico, é correto pedir a prisão desses agentes golpistas, uma vez que, de fato, eles cometeram crime. Essa ação dos Advogados e Advogadas pela Democracia também é muito importante para desmascarar Moro e Dallagnol, uma vez que a imprensa golpista está fazendo o máximo possível para acobertar e blindar os dois funcionários do imperialismo de qualquer tipo de denúncias. Entretanto, do ponto de vista político e prático, a medida não é suficiente nem representa algum grande avanço na luta contra o governo Bolsonaro e pela liberdade para Lula. Isso porque é amplamente conhecido que o poder judiciário, em sua totalidade, está do lado do golpe, da prisão de Lula e da manutenção das políticas de Bolsonaro.

O judiciário é o órgão mais reacionário dentre todos os poderes da República. O Superior Tribunal de Justiça (que deveria despachar o pedido imediatamente), bem como todas as instâncias da Justiça, está repleto de elementos não apenas coxinhas, mas fascistas. Todos eles são preenchidos de Moros, Dallagnois e Bolsonaros. Embora petições como essa possam servir para evidenciar o caráter fraudulento da Lava Jato e, por consequência, da própria eleição de Bolsonaro, da prisão de Lula e do golpe de Estado, não será isso que irá derrotar os golpistas.

É preciso que os movimentos populares e a esquerda organizem e mobilizem a população para sair às ruas para derrubar o governo Bolsonaro. Somente a luta concreta, nas ruas, nas fábricas, nas universidades, diretamente pela queda de Bolsonaro, poderá surtir algum efeito prático e decisivo. Não se pode incentivar as crenças nas instituições – que colaboraram diretamente com Moro para a prisão de Lula – de que elas irão fazer algo importante contra seus próprios aliados. A luta através das instituições não levará a nada. A luta contra Bolsonaro e

o golpe, pela liberdade de Lula, é uma luta genuinamente da classe operária. E a classe operária não tem qualquer poder sobre as instituições, ainda mais sobre o judiciário. O judiciário é um dos principais inimigos do povo, portanto não está ao seu lado. A luta é nas ruas, como comprovou-se no período de um mês que viu grandes protestos nos dias 15 e 30 de maio e no último 14 de junho. Esses, sim, estão sendo fundamentais para a desestabilização ainda maior do governo e ferramenta inigualável de combate e vitória sobre Bolsonaro. Só o povo nas ruas derruba Bolsonaro e o golpe.

PROCESSO FARSA

Enquanto tramavam prisão de Lula, agentes da Lava Jato espionavam seu advogados

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onforme vem sendo denunciado desde o início do mês de junho, o escritório de advocacia dos defensores legais do ex-presidente Lula foram alvo de escuta ilegal por parte da Operação Lava Jato. Segundo o advogado Viana Martinez, pelo menos 14 horas de conversas entre os advogados que trabalham no escritório Teixeira Martins & Advogados foram escutadas. As escutas são mais uma demonstração de que o processo contra o ex-presidente Lula é uma farsa. Recentemente, mensagens divulgadas pelo portal The Intercept Brasil comprovaram que o então juiz Sergio Moro, responsável pela Operação Lava Jato, atuou em conjunto com o promotor da mesma operação, de modo a garantir que o desfecho de todo o processo fosse a prisão de Lula. Já está mais que comprovado que Sergio Moro e os demais elementos da Operação Lava Jato não atuaram, em nenhum momento, com base em qualquer imparcialidade ou isenção. Teleguiados pelo imperialismo, Moro e os demais são verdadeiros agentes do imperialismo que estão dispostos a contribuir com o regime político golpista. Colocar escutas no escritório de ad-

vocacia da defesa não comprova apenas uma falta de isenção. Comprova, na verdade, que o Brasil vive uma ditadura – embora haja um esforço para manter determinadas aparências democráticas. Se as instituições que pertencem ao Estado conspiram para que o réu seja condenado, então não

há direito democrático para a população: o Estado é de pleno arbítrio. A ditadura dos golpistas contra a população não se expressa tão somente no Judiciário. O esforço permanente para impor aos trabalhadores tudo aquilo que é de interesse da burguesia se dar nas mais variadas formas.

A população carcerária, que é muito superior à capacidade dos presídios brasileiros, é um exemplo de como o Brasil não é um país democrático. Se uma parte considerável da população está na cadeia – e grande parte desses encarcerados sequer foram julgados -, significa que o Estado esta mais preocupado em reprimir seu povo do que atender suas demandas. Os assassinatos no campo e nas periferias são outro aspecto da ditadura dos golpistas. Os jagunços, os latifundiários e os policiais estão todos armados e matam covardemente os negros, camponeses e a população pobre de maneira geral. Desarmados, tais setores nada podem fazer a não ser atender aos interesses da burguesia ou serem brutalmente reprimidos. É necessário dar um basta na ditadura dos golpistas. Para que isso aconteça, é preciso levar adiante uma mobilização revolucionária de toda a população contra a direita. É hora de aproveitar a crise do governo Bolsonaro e a forte tendência à mobilização para exigir a queda de Bolsonaro, a liberdade de Lula e eleições gerais com Lula candidato e empurrar o regime político para a própria dissolução.


PCO | COMITÊS | 5

PELA LUTRA CONTRA O GO

Comitê Central do PCO realiza reunião extraordinária nesta quinta-feira

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correrá na próxima quinta-feira, 20 de junho, a 8ª Reunião do Comitê Central do Partido da Causa Operária em 2019. Essa reunião foi convocada extraordinariamente por conta da evolução da situação política, marcada pela profunda crise do regime golpista e por outro lado, pelo avanço da polarização política que levou a grandes manifestações no mês de maio e que teve no último dia 30, uma significativa paralisação nacional, muito superior a de 2017, com atos de massivos em centenas de cidades do país. É evidente para uma expressiva parcela da população explorada que está colocada a luta aberta para derrubar a versão golpista de extrema-direita, que chegou ao governo por meio da manipulação e da fraude. As recentes denúncias dos site Intercept vieram comprovar o que há muito tempo já

denunciamos sobre o papel central da operação Lava-Jato no golpe de Estado no Brasil, em particular na campanha jurídico-policial montada para perseguir e prender o ex-presidente Lula, a principal expressão popular na luta contra o golpe. Também é evidente no quadro político a tentativa de setores da direita do PT, juntamente com partidos da esquerda pequeno-burguesa em buscar uma saída para o regime político em frangalhos por meio de acordo com partidos e setores burgueses linhas de frente no golpe de Estado no Brasil, como o PSDB. O PCO, o partido político da esquerda brasileira que cumpre um papel decisivo, pelo menos desde os acontecimentos que levaram ao impeachment da presidenta Dilma, com uma precisão na avaliação da evolução da situação política, praticamente irretocável, coloca-se

IMPRENSA REVOLUCIONÁRIA

Leia a nova edição do Jornal Causa Operária

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o último sábado (15) saiu a nova edição do Jornal da Causa Operária, de número 1061. Com tiragem hoje de 10 mil exemplares, o jornal que expressa as posições do Partido da Causa Operária (PCO) diante dos últimos acontecimentos e das grandes questões nacionais tem frequência semanal, e pode ser encontrado com os militantes do partido em locais de grande circulação e nas manifestações operárias e populares por todo o país. Por apenas R$2, o leitor tem acesso a uma visão marxista sobre a situação política. Nesta nova edição, o jornal traz um balanço sobre a Greve Geral do dia 14, que parou o país contra o governo golpista de Jair Bolsonaro. A última página traz uma cobertura especial, com imagens coloridas dos atos em grandes capitais do país, e uma apreciação dos números da greve (quantidade de trabalhadores que pararam, fábricas

que paralisaram pelo país e quantidade de cidades que tiveram atos em apoio à greve). Ainda na mesma edição, o Jornal da Causa Operária apresenta uma análise da situação política depois dos vazamentos do The Intercept Brasil, que revelaram conversas privadas da Lava Jato mostrando o que todos já sabiam: Lula foi perseguido pela direita por meio do Judiciário. E traz as reivindicações do PCO diante desse acontecimento: que os processos de Lula sejam anulados e Lula seja libertado. Ajude na luta e na mobilização contra os golpista. Você pode encontrar o Jornal Causa Operária em uma das sedes do PCO nos vários estados ou com nossos companheiros em locais de manifestações e aglomerações ou ainda solicitar para nossa lojinha: lojadopco.com (também no Facebook, no Twitter e Whatsapp 11 94999-6537).

nesse momento na linha de frente da luta pelo Fora Bolsonaro, pela Liberdade de Lula e por novas eleições, como eixos centrais de uma campanha absolutamente popular, como se pode ver em todos os atos ocorridos pelo país. Nesse sentido, a reunião do CCN te-

rá como ponto central a discussão da situação política á luz dos novos acontecimentos e a definição de um plano de luta e de mobilização que seja capaz de impulsionar cada vez mais os explorados de todo o país para dar fim ao regime político golpista.


6 | POLÍTICA

VAZA-JATO

Operação criminosa da Lava Jato é obra dos EUA O s áudios revelados pelo portal The Intercept Brasil comprovaram que a operação Lava-Jato não passa de uma organização criminosa planejada e orientada nos Estados Unidos da América. A operação, que nada tem de combate ao crime organizado, foi colocada em marcha para atacar os setores nacionalista e entregar o patrimônio público nacional para as empresas imperialistas. Centenas de pessoas foram presas sem nenhuma prova, bilhões de reais foram para as contas administradas pelos procuradores golpistas, centenas de delações premiadas forjadas obtidas através de tortura e acordos para incriminar petistas e o ex-presidente Lula, mas não possuem nenhuma prova. A Operação Lava-jato está destruindo as principais empresas nacionais e que estavam entrando em outros países da America Latina, África e até mesmo nos EUA, como a Odebrecht, JBS e do Sistema Petrobrás. Também está garantindo a entrega de boa parte do patrimônio nacional para as empresas estrangeiras, como a destruição e privatização da Petro-

brás e a entrega do pré-sal e dos recém descoberto campos de gás natural no Nordeste. A operação Lava-jato acabou com mais de 600 mil empregos e afetou as principais empresas nacional, em especial a indústria da construção civil, a Andrade Gutierrez, Odebrecht, OAS, UTC, Engevix, além de outras 50 empresas. A Petrobras o número de pessoas contratadas foi de 62,7 mil, em 2013, para 47,6 mil e 2019 e o de terceirizados passou de 320,1 mil, em 2013, para 98,4 mil em 2019. Além de venda de empresas subsidiárias, campos de petróleo e refinarias no exterior. Além da destruição da economia nacional e liquidação do patrimônio da população brasileira, os áudios mostraram que a perseguição foi contra o Partido dos Trabalhadores (PT) e no ex-presidente Lula. Essa perseguição foi uma forma de permitir essa política em prol dos EUA e, bloquear e dissimular o desmonte da economia nacional. Não é por acaso que a operação Lava-jato atuou nos principais acontecimentos para levar Bolsonaro a

presidência. Foi um dos pilares para a prisão dos principais líderes e todos os tesoureiros do Partido dos Trabalhadores desde a presidência de Lula. Foi a base para criar um clima favorável ao impeachment de Dilma Roussef em 2016, a perseguição a Lula, sua prisão e impossibilidade de concorrer as eleições. Fato que colocou Bolsonaro no poder para colocar em marcha a política de terra arrasada.

A Operação Lava-Jato, seus procuradores e o ex-juiz Sérgio Moro são representantes dos EUA no golpe de Estado no Brasil e na destruição de toda a economia nacional em favorecimento dos países imperialistas. É preciso denunciar a operação golpista e acabar com a Lava-Jato e pedir o fim da perseguição politica e das prisões resultantes da farsa da operação.

OPERAÇÃO

Direita do PT namora com os responsáveis pela ditadura policial em São Paulo

E

m meio à profunda crise do governo fraudulento de Bolsonaro e do regime golpista de conjunto, marcada pela curva ascendente de mobilizações populares, um ato extremamente obsceno está se consumando à luz do dia. Estamos falando do namoro da direita do PT com o partido golpista por excelência, o PSDB. Dois setores se mobilizaram em conjunto, praticamente fazendo uma “tabelinha”. No mesmo dia, 4 de junho de 2019, duas cartas foram apresentadas ao público, por meio dos veículos de comunicação do PIG, o Partido da Imprensa Golpista. Onze ex-ministros da Justiça, incluindo aí os ministros dos governos do PT, como por exemplo Tarso Genro e Eugênio Aragão, de Temer, Collor e até do PSDB, publicaram um documento assinado pelo grupo, que se uniu tendo como eixo a defesa do desarmamento do povo e secundariamente, a oposição ao pacote Anticrime do atual ministro Sérgio Moro. Com a espada da intervenção militar que paira sobre o pescoço da população brasileira, qual o sentido de entrar em uma fren-

te com a burguesia em torno da defesa do desarmamento do povo? Ao mesmo tempo, de maneira mais encoberta e sutil um grupo de seis ex-ministros da Educação também publicaram uma carta assinada em conjunto, que supostamente seria em defesa da educação pública e outras questões democráticas. Nesta manobra entraram apenas os ex-ministros da educação do PT, incluindo Fernando Haddad e Aloísio Mercadante, e dos governos Collor e Itamar, ficando de fora os ministros da educação tucanos e do governo golpista de Temer. Neste caso, caberia explicar como se daria a luta em defesa da educação pública dentro de um regime golpista, que amarrou os investimentos públicos por 20 anos, destruiu a legislação trabalhista e que caminha para aniquilar a aposentadoria e os destroços da tímida estrutura de bem-estar social que ainda é promovida pelo Estado brasileiro. Estamos diante de uma operação que a burguesia coloca em funcionamento sempre que uma crise política atinge grandes proporções. Conforme a polarização política entre os dois pólos opostos – a esquerda e a extrema-direita – se acentua, o centro político, responsável pela sustentação de todo o regime, começa a derreter. Para salvar o centro e a direita mais ligada ao regime político (no caso do Brasil atual o PSDB) a burguesia coloca em marcha os seus representantes das alas direitas dos partidos de esquerda. Em-

bora estejamos diante de uma manobra manjada da burguesia não deixa de ser um espetáculo grotesco ver setores da direita do PT tentando salvar o verdadeiro defunto político que é o atual PSDB. Como se já não bastasse a profunda devastação social e econômica provocada pelo governo do professor Fernando Henrique Cardozo, uma lista resumida da ampla ficha criminal do PSDB inclui: a violência de suas polícias, tanto através do extermínio indiscriminado dos pobres da cidade e do campo como na dura repressão política contra os trabalhadores que protestam; o golpe de 2016, que se desfechou com a derrubada da presidenta Dilma Rousseff; a prisão de Lula; as relações carnais dos tucanos com Sérgio Moro; a eleição de Bolsonaro e finalmente, a responsabilidade pela organização da extrema-direita brasileira, que começou a se mobilizar nos atos coxinhas que pediam a derrubada de Dilma. Além de todos os aspectos negativos dos tucanos destacados até aqui, no que diz respeito às lutas de interesse popular, poderíamos nos perguntar: afinal, o que a esquerda ganha com uma aliança com o PSDB e outros setores de direita? Primeiramente, esta direita não mobiliza ninguém. Sequer Bolsonaro, que é o único na direita brasileira hoje que consegue agrupar algumas pessoas, tem conseguido mobilizar em peso a sua base social, como se comprovou

nos atos do dia 26. Obviamente que os tucanos não oferecem nenhum acréscimo em termos de mobilização popular. Mesmo que conseguissem pôr sua tropa em movimento, o resultado não seria nada positivo, visto que estamos falando de tucanos, direitistas por excelência. E pior, além de tudo isto, o que vimos na realidade é que o PSDB, ao contrário, se mobiliza contra a mobilização popular, visto que a PM de São Paulo, tucana há 25 anos dispersou duramente o ato da greve geral do último dia 14 de junho. Finalmente, destacamos também que as duas figuras de proa desta aproximação espúria com os tucanos são Fernando Haddad e Tarso Genro, principais representantes da ala direita do PT, conforme discutido na cobertura da nossa Imprensa há um bom tempo. Por tudo que foi elencado, estamos todos presenciando a olhos nus uma verdadeira orgia política em praça pública. A política de Frente ampla, traduzindo para o português claro, de aliança com o PSDB e a burguesia que a direita do PT está conduzindo deve ser duramente denunciada e combatida, uma vez que pode comprometer o movimento de luta contra o golpe em um momento tão decisivo. A esquerda não deve procurar ressuscitar o moribundo PSDB, aplicando-lhe descargas de desfibrilador, mas ao contrário, deve desligar os aparelhos e deixar os tucanos serem enterrados em paz. A esquerda do PT, a ala lulista, deve não só repudiar como se mobilizar contra esta aproximação do seu próprio partido dos golpistas por excelência, os tucanos.


POLÍTICA | 7

TOTALMENTE FORA DA REALIDADE

Fora Moro, Weintraub, Guedes, mas não Bolsonaro? V

amos supor que você esteja espirrando continuamente e resolva comprar e tomar um remédio para isso. Para sua tosse, você compra um xarope. Para sua dor de garganta, você compra umas pastilhas. Para sua febre, você toma um banho frio. Para suas dores pelo corpo todo, você arruma um gel e faz massagens. E por aí vai. A cada sintoma, você procura um alívio para aquele desconforto, individualmente. Mas eles voltam ou são substituídos por outros desconfortos. Você gasta muito dinheiro em remédios e tempo, meses, tossindo, fungando, se arrastando, se enganando que o novo chá que lhe receitaram vai resolver alguma coisa ou uma oração ou reza poderosa que aprendeu vai fazer milagre. Você se entope, se entorpece, fica esperando uma mágica em vez de ata-

car a doença, do qual todo o resto é sintoma. Tem lógica isso? Essa situação é semelhante ao que o PT está propondo para o paciente Brasil. Em assembleia na USP e no ato do último dia 14, representantes do PT defenderam a queda dos ministro de Bolsonaro, como Moro, Guedes e Weintraub… mas não do próprio Bolsonaro, como se eles fossem problemas autônomos e não pudessem ser substituídos por outros tão ruins quanto ou piores, como aconteceu com Velez. De que adianta derrubar os ministros? Tem muitos generais e olavistas no banco de reservas. Os petistas junto com o PSOL alegaram que Bolsonaro ainda tem popularidade para se manter no governo, algo totalmente fora da realidade. E o Brasil segue de cama. Fora doença! Queremos o Brasil saudável de novo já!

"CADEIA PARA TODOS OS CORRUPTOS"

ATAQUES

PSTU defende publicamente a prisão de Lula, em pleno 14 de junho, com Moro desmascarado

Bolsonaro quer diminuir funcionalismo público pela metade C

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o último dia 14 de junho, dia da paralisação geral convocada pela CUT, durante o ato público da greve geral, o carro de som da CSP-Conlutas, central sindical de brinquedo do PSTU, defendeu publicamente a prisão do ex-presidente Lula, ao fazer isso foram severamente vaiados e tiveram que recorrer a capangas para se proteger dos contrarios. Isso acontece logo após as revelações do site The Intercept Brasil, que desmascaram a farsa da prisão do ex-presidente Lula ao demonstrar que houve um claro conluio do juízo de Sérgio Moro e da acusação, representada por Deltan Dallagnol, para condenar Lula. Demonstrando apenas o caráter abertamente golpista, irreconciliavel-

mente pró-imperialista da posição do PSTU. Dirigentes desta agremiação foram pegos defendendo a “cadeia para todos os corruptos (se referindo a Lula)” nas redes sociais, a presidenciável do partido, Vera Lúcia, também defendeu a prisão de Lula numa entrevista ao G1, portal da golpista Rede Globo. É preciso ressaltar que Lula não teve o direito de defesa garantido, como comprovado pelo blog de Glenn Greenwald, que as acusações contra ele são fruto de uma brutal perseguição política, e que ignorar isso, como fez o PSTU no dia 14, só pode ser considerado como adaptação total aos interesses do imperialismo e da direita brasileira, que quer ver Lula preso apesar da falta de provas ou até convicção daqueles que o acusaram.

om a nova formulação da reforma da previdência, onde os servidores públicos ao lado de Maia barraram algumas mudanças nefastas para a sua categoria, é importante entender o projeto que tem Guedes e Bolsonaro para o funcionalismo público. Já antes de ser eleito o atual presidente atacava os servidores. O vice-presidente Hamilton Mourão, antes do primeiro turno atacou ferozmente o setor publico. Ambos estão a serviço das privatizações, a política de austeridade que levam é em benefício dos banqueiros a quem servem.

A abordagem de Bolsonaro e Guedes é radical, já anunciaram que não terá concurso público em 2020. A ausência de concurso combinada com o fato de que quase metade dos funcionários devem se aposentar nos próximos 5 anos, e que atualmente muitos órgãos não trabalham com todas as vagas preenchida, mostra a tática dos banqueiros para acabar com o setor público do país. Drenam todos os recursos ao passo que acabam com as vagas e sobrecarregam os funcionários, assim o setor não se sustenta e usam isso como argumento para privatizar o que sobrar.


8 | POLÍTICA |CIDADES

LAVA JATO FALIU O BRASIL

Odebrecht pede recuperação judicial O

s efeitos catastróficos deixados pela passagem da Operação Lava Jato no País atingem diversas áreas, mas principalmente política e econômica, onde os efeitos são mais visíveis. A empresa Odebrecht S.A. está perto de entrar com pedido de recuperação judicial após configurar no centro de uma denúncia de corrupção na Petrobras, alvo da Lava Jato. O processo de recuperação envolverá cerca de 15 empresas do mesmo grupo, que inclui ramos da construção civil, engenharia e petroquímico, sendo a dívida da empresa de cerca de 90 bilhões de reais. Os participantes da Lava-Jato alardearam que um grande benefício da operação seria a enorme quantia de dinheiro recuperado da corrupção na empresa estatal, mas quando comparado ao impacto econômico gerado pelos escândalos e multas processuais bilionárias, a quantia fica irrisória. Além da perseguição política à esquerda, a ope-

ração também acertou em cheio grandes empresas nacionais, causando uma enorme crise econômica em setores da indústria e em decorrência centenas de milhares de desempregados. O prejuízo causado para o país é inestimável, dado que a operação também levou à perseguição e prisão de

Lula, possibilitando assim a eleição de Bolsonaro, que nada mais fez do que levar adiante a política neoliberal de terra arrasada, entregando os recursos do país ao imperialismo e aprofundando cada vez mais a crise nacional. Inúmeras empresas decretaram falência desde o golpe e o desemprego

só aumenta, enquanto a previsão de crescimento do PIB já está na décima sexta revisão, logo será inexistente. As empresas que ocuparão o mercado deixado pela Odebrecht, provavelmente advindas dos países imperialistas, não serão menos corruptas do que a empreiteira brasileira, apenas não tiveram seus esquemas expostos, uma vez que a justiça é parcial e seletiva. O objetivo era apenas favorecer os EUA nesse setor, e retirar do caminho uma empresa brasileira que estava em plena expansão, assim como outras empresas que foram alvo em operações como a JBS. As previsões de melhora na situação do país pós-golpe nunca se concretizam, mesmo com a mudança de presidentes, reforma trabalhista, diminuição dos investimentos públicos e suposto combate à corrupção. Nenhuma reforma proposta pelos golpistas vai colocar o país nos trilhos, pois o plano imperialista para o Brasil é somente de destruição e subordinação aos interesses estrangeiros.

CRISE NO SISTEMA CAPITALISTA

Motoristas de Uber trabalham 14 horas por dia e pagam R$ 400 de aluguel de carro por semana A

crise do sistema capitalista e o permanente desemprego, estimado oficialmente em 13,2 milhões de pessoas no país, trouxe à tona relações de trabalho marcadas pela mais absoluta instabilidade, precariedade e pela super-exploração. As leis aprovadas pelo governo golpista de Michel Temer (MDB), tais como a “Reforma” Trabalhista que destrói os direitos previstos na CLT e a lei das terceirizações gerais e irrestritas aprofundam a exploração da força de trabalho. A destruição da economia nacional, promovida pela Lava-Jato e pelo imperialismo, cria uma situação onde dezenas de milhões de pessoas não conseguem se inserir no mercado de trabalho formal. A grave situação do país leva ao extremo de pessoas que, na falta de

TODOS OS DIAS ÀS 10H, NA CAUSA OPERÁRIA TV

uma oportunidade para se inserir no trabalho social produtivo, acabam sendo empurradas para o trabalho “por conta própria”. É o caso do aluguel de carros por aplicativos de transportes. A pessoa aluga um carro de um aplicativo de transportes por um valor semanal, que pode ser de aproximadamente R$ 450,00. Para conseguir pagar o aluguel, motoristas de Uber trabalham até a exaustão, 14 horas por dia. Há relatos de motoristas que trabalharam por dois dias seguidos até dormirem no volante e baterem o carro. Vale destacar que se o motorista dormir e bater o carro, o concerto do veículo é de sua responsabilidade. Os donos dos aplicativos não produzem nada, não participam do trabalho,

mas lucram bilhões de reais na Bolsa de Valores. Já os trabalhadores “por conta própria”, correm risco de morte no trabalho e se exaurem na tentativa de sobreviver. A burguesia considera

esse tipo de trabalho como uma forma de “empreendedorismo”, isto é, o trabalhador se exaure na tentativa de sobreviver e vive marcado pela insegurança e instabilidade.


ECONOMIA | COTV | 9

GOVERNO MORIBUNDO

Bolsonaro tromba com os bancos O governo do natimorto e moribundo presidente fraudulento Jair Bolsonaro marcha a passos muito rápidos para o isolamento total. As múltiplas e cada vez mais agudas contradições internas da classe social (burguesia e grande capital) que num primeiro momento lhe hipotecou apoio vem corroendo aceleradamente – de forma já quase irreversível, pode-se afirmar – a já desidratada base de apoio do governo, o que poderá fazer desmoronar a manobra arquitetada pelos golpistas com a deposição arbitrária e inconstitucional (golpe de Estado) do governo eleito em 2016. Agindo cada vez mais em função de interesses que conflitam com os setores que, em tese, ainda poderiam lhe dar algum apoio e sustentação, Bolsonaro, quase que numa tacada só, demitiu três generais que compunham o seu governo, posicionados em órgãos importantes como a presidência dos Correios, a presidência da Funai e o General Santos Cruz, chefe da Secretaria de Governo da Presidência da República. Este último já vinha sendo atacado pelo guru bolsonarista de extrema direita Olavo de Carvalho, que já há algum tempo dirigia impropérios ao General. Esta clara indisposição e queda de braço do presidente fraudulento com

os quartéis é não só um fator ainda mais explosivo na crise, como pode multiplicar exponencialmente o isolamento do governo na atual conjuntura, que já lhe é extremamente desfavorável. Se isto já não fosse suficiente para deixar o governo em uma situação de aguda vulnerabilidade, a semana começa com outra bomba de teor explosivo ainda maior. Jair Bolsonaro fez declarações em relação ao presidente do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social, Joaquim Levy, que não deixou outra opção ao banqueiro a não ser pedir a sua saída do governo. Bolsonaro havia declarado que a cabeça de Levy “estava a prêmio”. A crise no BNDES se deu em torno ao nome do diretor de Mercado de Capitais do banco, Marcos Pinto, que Bolsonaro não queria ver no cargo e cobrava sua demissão ou ele mesmo iria demitir Joaquim Levy. O novo capítulo e a certeza do aprofundamento da crise se dá porque o nome de Joaquim Levy sempre apareceu como consensual entre muitos setores da alta burguesia imperialista e também dos grandes partidos e setores da própria direita brasileira. A saída de Levy representa não só uma agudização na etapa de crises sucessivas do governo, como pode levar ainda mais rapidamente à corrosão do pouco que

COTV

COTV: hoje tem transmissão da Análise na TV 247, veja a programação completa Programação da Causa Operária TV desta terça-feira, dia 18 de junho 9h30 – Reunião de Pauta 11 horas – Panorama Brasil 12 horas – Colunistas da COTV com Rafael Dantas 15 horas – Jornal das 3 16 horas – Transmissão simultânea da Análise Política com Rui Costa Pimenta na @TV 247 17 horas – Universidade Marxista 20h30 – Resumo do Dia

ainda resta de apoio a Bolsonaro entre os setores que lhe dão sustentação. Reagindo ao afastamento de Joaquim Levy, o presidente da Câmara Federal, Rodrigo Maia declarou-se “perplexo”. Isso num primeiro momento, vindo Maia Maia a declarar depois, em um evento em São Paulo, que a demissão de Levy foi uma “covardia sem precedentes” (UOL, 17/06). O mercado financeiro também reagiu negativamente às declarações de Bolsonaro em relação ao agora ex-presidente do BNDES. O Ministro Paulo Guedes também não foi poupado das críticas. Levy foi uma indicação pessoal de Guedes

para o Banco, que depois já não o queria mais à frente da instituição. As últimas ações de Bolsonaro, primeiro confrontando com os militares e depois com os bancos, deixam o governo ainda mais fragilizado e isolado, sem articulação político-parlamentar para implementar a “reforma” da previdência, potencializando ainda mais uma crise que já é por demais explosiva. A isto somam-se as enormes manifestações de maio e junho contra o governo, onde centenas de milhares de trabalhadores e populares ocuparam as ruas de todo o país para exigir o “Fora Bolsonaro”!


10 | INTERNACIONAL

GUATEMALA

Eleições vão para o segundo turno em um país destruído pelo imperialismo E

m meio a um forte aparato policial e militar e disputas de cartéis, ocorreu na Guatemala o primeiro turno das eleições presidenciais, no domingo (16). A apuração dos votos mostrou que a candidata Sandra Torres, favorita no primeiro turno, disputará o segundo turno com Alejandro Giammattei, candidato da direita. As eleições estão sendo totalmente controladas pelo aparato golpista. Em mais um país, a história da campanha contra a corrupção se repetiu para dar um gole e o imperialismo usou do poder judiciário para intervir diretamente em um país da América Latina. Denúncias de corrupção por parte do governo de esquerda e perseguição política com processos judi-

ciais levaram à prisão o ex-presidente guatemalteco, Álvaro Colom Caballeros, e a renúncia de seu sucessor, Otto Perez Molina. O atual presidente, eleito após o golpe no país, é um comediante direitista, Jimmy Morales, dono de propostas clichês de renovação política e fim da corrupção, que acabou se tornando também alvo de denúncias de corrupção, e cuja governo agora amarga uma profunda crise política no país. Ao levar adiante um governo neoliberal, Morales empurrou o país para uma grave crise econômica. A Guatemala figurou como um dos países com maior número de emigrantes dentre os peregrinos que atravessaram parte

da América Central a pé, até as fronteiras dos EUA, expondo a situação limítrofe em que vivem os guatemaltecos, escolhendo bater a porta de Trump ao invés de ficar em seu país. Apesar da candidata social-democrata estar na frente nas eleições, nada indica que o resultado das urnas vai modificar o cenário devastado do país. Propondo algumas reformas e repressão policial para acabar com a onda de violência gerada pela pobreza no país, o governo de Torres, se for eleito, não mudará a política aplicada na Guatemala arrasada pelo imperialismo. Eleições não resolverão o problema do golpe, e a crise continuará se aprofundando em mais um país latino.

IMPERIALISMO

PARTIDO CONSERVADOR

O Irã não tem que se curvar diante dos interesses do imperialismo: usina nuclear é assunto deles e de mais ninguém

Com renúncia de Theresa May, favoritismo de extrema-direita para liderança dos conservadores gera crise no partido

D

iante da decadência do imperialismo, convém acossar os países soberanos, que não se curvam diante da política de rapina e de subserviência dos donos do mundo. Os embargos, os boicotes e, sobretudo, a pressão militar próximo ao estreito de Ormuz deixam patente a política de guerra exercida pelos EUA. Perante as agressões norte-americanas, o governo iraniano decidiu quebrar, em poucos dias, o limite seu estoque de urânio de baixo enriquecimento. Assim, aumentará a pressão sobre os signatários do acordo nuclear firmado internacionalmente em 2015. De acordo com entrevista dada na televisão da usina nuclear iraniana nesta segunda-feira (17), o porta-voz da Organização de Energia Atômica do Irã (AEOI), Behrouz Kamalvandi, afirmou que o Irã alcançará o nível permitido de 300kg de urânio enriquecido em níveis determinados pelo acordo com as potências mundiais em 27 de junho. Entretanto, “Vamos além do limite máximo, não só isso, mas também aumentaremos drasticamente a produção. Depois de passarmos o limite de 300kg, o ritmo e a velocidade da produção de urânio enriquecido na taxa mais baixa também aumentarão”, reitera o porta-voz do governo. Vale, porém, salientar que, já em maio deste ano, o governo iraniano disse que reduziria o cumprimento de alguns elementos do acordo nuclear, o Plano de Ação Integral Conjunto (JCPOA). Esse desdobramento, entretanto, se deu um ano depois que os Estados Unidos se retiraram

O

unilateralmente do acordo. Ademais, sabe-se que para o Irã, o acordo já era ruim. Convém, portanto, destacar o caráter agressivo dos EUA contra a soberania do povo iraniano; uma vez que, desde a derrubada do xá Reza Pahlevi – praticamente um serviçal dos norte-americanos, o país vem construindo uma política de independência política e econômica, a contragosto do imperialismo. A revolução de 1979, pois, em seus anseios, derrubou a monarquia e estabeleceu um Estado teocrático liderado pelo líder aiatolá Ruhollah Khomeini, voltado para a melhoria das condições de vida do povo, decretou o rompimento das relações com os EUA e, principalmente, decretou a soberania do Irã. Nesse sentido, política iraniana tem acertado em cheio ao não se submeter aos ditames dos EUA. A crise do imperialismo norte-americano tem colocado toda a velha política de guerra econômica em ação, podendo, todavia, evoluir fatalmente para um conflito aberto. Assim, toda oposição quanto a movimentação imperialista no golfo pérsico deve ser considerada como tarefa de primeira ordem. O Irã é um país soberano e deve ser respeitado como tal.

favoritismo de Boris Johnson para assumir a liderança do Partido Conservador tem gerado uma intensa crise dentro do partido. Com a renúncia de Theresa May, que não conseguiu dar conta de resolver a crise em torno do Brexit, o partido, que tem maioria parlamentar, entrou em uma disputa para saber qual setor irá controlar o partido. Quem ganhar, tornar-se-á primeiro ministro da Inglaterra. Johnson, que está à frente de todos os outros candidatos nas pesquisas eleitorais, é um representante da ala mais direitista do partido – favorável à saída do país da União Europeia, contra a política majoritária do imperialismo europeu. Por isso, o ex-prefeito de Londres e ministro de May tem sido altamente criticado por grupos dentro do próprio

Partido Conservador, que questionaram sua “capacidade de governar”, como Jeremy Hunt, candidato da ala financeira do imperialismo europeu. O crescimento da extrema-direita dentro dos Conservadores é um desenvolvimento natural da crise política inglesa. Esses partidos tradicionais da direita têm naturalmente muitos políticos fascistas que os compõem. O crescimento destes grupos dentro destes partidos, como Boris Johnson, além de rachas que, na Inglaterra, originaram o surgimento de partidos tipicamente de extrema-direita ocorre por conta da falência do regime burguês “democrático”. A polarização política e o desespero das classes médias e da burguesia levam naturalmente a um deslocamento destas classes sociais para posições mais radicalizadas.


MOVIMENTO OPERÁRIO | 11

EXPRESSIVA PARALISAÇÃO GERAL

A paralisação do dia 14 de junho abre uma nova etapa na luta dos bancários A

expressiva paralisação geral do ultimo dia 14 de junho, precedida por grandes manifestações dos dias 15 e 30 de maio, é a expressão do ascenso do movimento operário e dos trabalhadores brasileiros, que pode se generalizar na próxima etapa. Essa nova etapa, caracterizada pela generalização das lutas dos trabalhadores, já vinha sendo anunciada por uma série de fatos recentes, como por exemplo o número de greves do ano de 2018 (não esquecendo que o governo do ilegítimo Bolsonaro é a continuidade do governo golpista de Michel Temer) que aconteceram no país. Dados do DIEESE (Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos) mostram que ocorrem em todo o território nacional 1.453 greves, consequência da política de ataques da direita golpista à classe trabalhadora na tentativa de salvar os capitalistas e banqueiros nacionais e internacionais da crise econômica mundial, e, tudo indica, que o ano de 2019 deve ser marcado pelo aumento do número de greves. A paralização geral do dia 14 não deixa dúvida de que a classe operária, aliado aos setores populares e das classes médias, é muito expressiva

quando mais de 360 cidades a população saiu às ruas pelo Fora Bolsonaro e contra todas as medidas do seu governo ilegítimo. Nos bancários, o número de mobilizações e paralisações em todo o país foi muito expressiva, consequência da política de ataques dos banqueiros e seus governos que está impondo o maior retrocesso nas condições de vida da categoria, que, além de sofrer com os ataques às questões gerais que atingem diretamente toda a população (“reforma” da previdência e trabalhista, destruição da saúde e educação e outros serviços públicos, etc.), vem passando por medidas de reestruturação que teve como principal consequência as mais de 32 mil demissões ocorridas em 2018, e, somente nos três primeiros meses de 2019 os mais de 8 mil trabalhadores que foram jogados no “olho da rua”. Nos bancos públicos há uma intensa campanha que visa aumentar a pressão pela privatização do Banco do Brasil, Caixa Econômica Federal, BNDES, Banco do Nordeste e Bancos Estaduais, quando o aloprado Ministro da Economia, Paulo Guedes, declarou que pretende privatizar todas as empresas públicas como parte da políti-

ca de entrega do patrimônio do povo brasileiro para os banqueiros e capitalistas nacionais e internacionais. Em todo o país, em praticamente todas as capitais e em vários municípios, houve paralisações dos bancários no dia da greve geral: no Acre, a paralisação atingiu metade das agências em Rio Branco; no Amapá agências estiveram fechadas todo expediente bancário; Brasília agências e centros administrativos foram paralisados; no Mato Grosso, em cidades como Rondonópolis, os bancários fizeram passeata no centro da cidade; em Campo Grande (MS) houve manifestações dos bancários com paralisações e na cidade de Dourados idem; Rio de Janeiro, São Paulo, Minas Gerais, Rondônia, Pará, Santa Catarina, Rio Grande do Sul, ou seja, em todo o país bancários pararam integralmente ou parcialmente as suas atividades. Essas paralisações é a expressão direta da revolta das bases da categoria contra o governo golpista/ilegítimo, Bolsonaro, o que revela o enorme potencial de evolução política da classe trabalhadora para uma ação consciente na presente etapa. Nesse sentido fica claro que a população em geral, e os bancários em par-

ticular, querem o Fora Bolsonaro. As manifestações dos dias 15 e 30 de maio e a paralisação geral do último dia 14 devem ter a sua continuidade de luta contra o governo em todos os seus aspectos, que unifique os movimentos populares, estudantes e sindicatos, e junto com todo o povo, em um movimento crescente pelo Fora Bolsonaro, Eleições Gerais, Liberdade para Lula.

ATÉ COM GENERAL

PARANÁ

Bolsonaro demite presidente dos Correios e o acusa de “sindicalista”

Professores decidem greve por tempo indeterminado

P

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presidente golpista Jair Bolsonaro, que foi eleito através de uma fraude eleitoral, anunciou no dia 14 de junho a demissão do presidente da ECT (Empresa Brasileira de Correios e Telégrafos), o general Juarez Almeida de Paula Cunha. Como é tradicional no direitista Bolsonaro, a demissão do general à frente dos Correios veio acompanhada de um ataque do fascista às organizações sindicais, alegando que Cunha estava sendo demitido por “agir como sindicalista”. A demissão veio após o general participar de uma audiência pública na Câmara dos deputados para debater com sindicalistas e deputados a privatização dos Correios.

Segundo Bolsonaro, o general teria dito que é contra a privatização dos Correios, mais uma loucura de Bolsonaro, pois o general estava encaminhando na ECT a demissão de trabalhadores através do PDV (Plano de Demissão Voluntária) e fechamento de 161 agências próprias. O general deu várias declarações que pretendia privatizar os Correios através da venda das ações dos Correios na Bolsa de ações . O problema é que Bolsonaro e Paulo Guedes devem já ter oferecido os Correios para um único capitalista, e esse parece ser o conflito: para quem os golpistas vão entregar o patrimônio do povo brasileiro.

rofessores e servidores da rede estadual de ensino do Paraná prometem cruzar os braços a partir do dia 25 de junho. Foi aprovado em Assembleia no dia 15 de junho o inicio da greve da categoria por tempo indeterminado. Segundo o sindicato dos Professores do Paraná (APP), a decisão ocorreu no sentido de pressionar o governo a conceder reajuste salarial para a categoria, que estão com os vencimentos defasados em 17,04%. Existe uma mesa de negociação desde 29 de abril de 2019, para fazer valer a data-base, porém não houve sinalização de nenhuma proposta de aumento sobre nem mesmo a inflação. A assembleia demonstrou um aspecto importante do desenvolvimento da luta dos professores: a compreensão de que para o sucesso no avanço de pautas específicas da categoria (reivindicações econômicas) depende da luta geral dos trabalhadores. O objetivo é entregar para empresários parasitas a educação, a saúde e tudo que for possível, lucrar e os que não servirem para esse propósito serão sucateados até o ponto de se tornar insustentável para a população e para os servidores.

A intenção da direita golpista é acabar com tudo o que é público e beneficiar meia dúzia de capitalistas em crise às custas dos trabalhadores e de toda a população em geral. É preciso lutar pelo fortalecimento das escolas públicas, e para isso, é necessário lutar contra o golpe que aprofundou todos os ataques ao ensino público. As escolas do Paraná, professores e estudantes devem se organizar diante de uma grande mobilização para que se garanta o aumento salarial e a contratação de professores. calendários. Após o golpe, somente a mobilização dos trabalhadores pode barrar esses e todos os retrocessos promovidos pelos lacaios de plantão.


12 | NEGROS | MULHERES | JUVENTUDE

NEGROS

Para o MEC, se os negros estudarem, viram brancos O

governo da extrema-direita tende para a afirmação e exacerbação abertas dos preconceitos oriundos do sistema de dominação estabelecido. Diferentemente da política tradicional da burguesia, que procura encobrir a dominação e a opressão contra amplas camadas da população com demagogia de tipo democrático – estabelecem um sistema monstruoso de opressão contra o povo negro, por exemplo, enquanto seus representantes intelectuais falam de ética e pregam os malefícios do racismo, etc. No que concerne a setores oprimidos a extrema-direita no poder justifica a dominação, não com essa demagogia, mas exacerbado os preconceitos mais vis, criando assim “bodes expiatórios”, que não por acaso são as primeiras vítimas da sua política. É o caso do negro no Brasil dominado pela extrema-direita e pela burguesia golpista. Não se trata mais de contrapor a opressão monstruosa com a demagogia, mas de justifica-la e amplia-lá. Assim a ideologia racista aberta torna-se novamente um elemento primordial para a política de governo.

A extrema-direita precisa afirmar a “inferioridade” do negro para justificar o sistema brutal de opressão, repressão e dominação que pretendem desenvolver contra o negro. Tomam o cuidado, evidentemente de explicitar para a pequena burguesia negra o mecanismo que os permitiram ou permitirão escapar desta situação de opressão racial, como meio de acalmá-la. Eis um caso recente: o Ministério da Educação da camarilha fascista que usurpou poder, lançou, no último dia 13, uma propaganda relacionada ao ProUni (sistema que concede bolsas de estudo em instituições privadas) em que o caráter quase estamental da sociedade brasileira é afirmado e defendido. Na propaganda uma jovem negra sorridente aparece apontando com uma das mãos para a outra que segura o diploma, contudo, o que muito revelador, a mão apontada e que segura o diploma universitário é de uma pessoa branca. A propaganda é muito clara, o sistema quase estamental legado do passado e que subordina o negro, uma condição de extrato so-

cial oprimido, semi-cidadão, base do sistema produtivo é reafirmado e seu mecanismo de mobilidade social, para esta população, é regulado por meio da educação universitária e, evidentemente, do acúmulo de capital que é para eles o sentido do diploma. O negro ao diplomar-se elevaria sua condição a cidadania plena e tornar-se-ia branco ou quase branco, o que

aliás, além de monstruoso e absurdo é mentira já que o sistema de opressão se sobrepõem à formação universitária e ao pertencimento, inclusive, a classe dominante. A propaganda não é só uma manifestação do racismo, do ponto de vista ideológico, como a defesa e justificativa do sistema brutal de opressão ao negro que vigora desde sempre no país.

FARSA

Extrema-direita faz pesquisa dizendo que 75% da população é contra o aborto em qualquer situação U

ma pesquisa divulgada esta semana demonstra a campanha farsesca feita pela extrema-direita golpista contra um direito elementar das mulheres, o direito ao aborto. Realizada pelo instituto Paraná Pesquisas, o levantamento supostamente demonstrou que 75% brasileiros seriam contrários ao aborto em todos os casos, até mesmo nos casos de estupro. A pesquisa não por acaso acontece em um momento que o debate sobre a legalização ou não do aborto se intensifica dentro das instituições, como no Supremo Tribunal Federal, onde há uma pressão pela descriminalização do aborto. O caráter farsesco do levantamento fica evidente quando aponta que a maior parte da população seria contrária ao aborto até mesmo nos casos

de violência contra a mulher, como no caso de estupro. O aborto, ou seja, a sua legalização, é um dos principais pontos de ataque da direita e da extrema-direita golpistas contra as mulheres. A criminalização do aborto em todos os casos é a imposição de uma verdadeira ditadura contra milhares de mulheres em todo o País. É a carta branca para o aumento da violência contra as mulheres em níveis exponenciais. É necessário mobilizar toda a população, os setores de esquerda, os partidos, movimentos e organizações populares em defesa do direito ao aborto, um direito básico para as mulheres. É preciso apontar também que essa luta somente será efetiva com a derrubada completa do regime golpista. Ou seja, da extrema-direita e da direita golpista que tomaram o poder de assalto no país.

TVMULHERES TODAS AS SEGUNDAS-FEIRAS, 19H00


JUVENTUDE | MORADIA E TERRA | ESPORTE| 13

JUVENTUDE

Congresso da UNE precisa escutar a voz do povo e aprovar “Fora Bolsonaro!” para todas as universidades A população já demonstrou o que quer. Em todos os últimos atos, tanto no dia 15 de maio, quanto nos dias 30 de maio e no dia 14 de junho, a maior exigência dos manifestantes, ao lado da liberdade do Lula, foi a derrubada do governo Bolsonaro. O “Fora Bolsonaro” já está na voz do povo. Tornou-se uma palavra de ordem das massas, da ampla maioria da população. Nas universidades, nas ruas, nas fábricas e em todos os locais, é consenso a necessidade de tirar Bolsonaro e os golpistas do governo. É preciso escutar o grito mais popular do país. Desta forma, o 57º Congresso Nacional da União Nacional dos Estudantes (CONUNE), que irá ocorrer entre os dias 10 e 14 de julho, em Brasília, precisa colocar em discussão esta pauta fundamental.

Por mais que os grupos da esquerda pequeno-burguesa tentem barrar a reivindicação mais popular do país, é necessário debater essa política para os milhares de estudantes que irão participar. Os intensos ataques dos golpistas às universidades e à educação, que não se resumem aos cortes na educação, colocam na ordem do dia o “Fora Bolsonaro” como direcionamento político da luta dos estudantes. É preciso unificar a luta do movimento estudantil com a luta dos operários e todas as categorias de trabalhadores. Por isso, a Aliança da Juventude Revolucionária (AJR) do Partido da Causa Operária (PCO) irá participar do 57º Conune com o objetivo de intensificar a campanha política contra o golpe. É hora de derrotar os golpistas enquanto há tempo, enquanto o governo está fraco. Por isso, participe com a

FORA BOLSONARO

AJR das caravanas que irão para Brasília. Fortaleça a luta contra os golpistas, pela liberdade de Lula e a derrubada do atual governo.

Logo mais, plenárias serão realizadas nas principais universidades para discutir a organização dos estudantes para o congresso.

ESPORTES

600 famílias sem-terra ameaçadas Copa do Mundo Feminina: Brasil joga de despejo em Juazeiro do Norte/BA hoje contra a Itália

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A

s 600 famílias que residem nos acampamentos e projetos Eldorado dos Carajás, Salitre e Nilo coelho estão sendo ameaçadas de despejo pelos juízes Pablo Baldivieso e Adriano Espindola Sande. O juíz Pablo Baldivieso deu o direito da CODEVASF realizar o despejo das 550 famílias que vivem da ocupação dos projetos Salitre e Nilo Coelho, que vivem em áreas improdutivas da CODEVASF, que com o MST se tornou uma área produtiva e educativa, tendo em vista que no acampamento tem escola para os sem terrinha, todos são ameaçados pela ameaça de despejo dada pelo juíz. Já o juíz Adriano Espindola Sandre assinou a reintegração de posse, sem nem consultar as 53 famílias que residem no acampamento Eldorado dos Carajás, que era uma terra abandonada.

Os ocorridos mostram toda a política de repressão de Jair Bolsonaro de apoio aos latifundiários que tem suas milícias de jagunços que trabalham matando famílias e lideranças dos sem terra à sangue frio. Mostram também toda a vontade que Bolsonaro de acabar com os movimentos dos sem terra colocando a ex-líder da bancada ruralista, Teresa Cristina (DEM), e vários latifundiários e membros da UDR (União Democrática Ruralista) em cargos de poder. Para combater esses ataques fascistas de Jair Bolsonaro é preciso mobilizar, mobilizar pela derrubada do governo, pela liberdade de Lula, e por eleições gerais com Lula candidato pelo fim do golpe de estado que está acabando com nosso país desde o impeachment da presidenta Dilma. Sem mais pautas separadas, é preciso derrotar o golpe de conjunto! Liberdade para Lula e Fora bolsonaro já!

erça-feira (18), a Seleção Brasileira de futebol feminino jogará contra o time da Itália. O jogo acontecerá as 16h (horário de Brasília) na cidade de Valenciennes. As brasileiras começaram na copa com uma vitória de 3 a 0 contra a Jamaica, mas perderam para a Austrália que virou o jogo e ganhou de 3 a 2. Jogadoras como Formiga, Marta e Cristiane não jogaram a ultima partida e o time sentiu a falta do trio mais experiente na hora de enfrentar as australianas. As italianas venceram as jamaicanas de 5 a 0, e viraram o ultimo jogo contra a Austrália vencendo por 2 a 1. Para a nossa Seleção uma vitória significa ir com tranquilidade para as oitavas de final, caso o contrário (um empate ou mesmo uma derrota) o time dependerá de saldo de gols.

Formiga, Marta e Cristiane são as jogadoras mais experientes e chave para o Brasil sair vitorioso. Formiga tem 41 anos e já participou de sete copas, a única jogadora a ter realizado esse feito (1995, 1999, 2003, 2007, 2011, 2015, 2019), as duas outras estão em 3ª posição com 5 copas. Marta é a maior artilheira de todas as copas com 16 gols, e Cristiane está na quinta posição com 11 gols. As jogadoras estão mostrando um ótimo futebol e que tem tudo para vencer a Copa da França. Os holofotes estão virados para elas que estão conquistando cada vez mais público no Brasil, uma classificação para as oitavas e vencer pela primeira vez a Copa seria um ponto histórico para o futebol brasileiro.


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