Edição Diário Causa Operária nº5679

Page 1

QUINTA-FEIRA, 20 DE JUNHO DE 2019 • EDIÇÃO Nº 5679

DIÁRIO OPERÁRIO E SOCIALISTA DESDE 2003

WWW.PCO.ORG.BR

Novo vazamento expõe sentido da Lava Jato: proteger a direita, atacar a esquerda

EDITORIAL

POLÍTICA

Dia 25, todos às ruas pela liberdade de Lula

Moro não queria investigação contra FHC nem “de mentirinha”

Dia 14, durante a Greve Geral, aconteceram os atos mais recentes da onda de protestos contra o governo que vem crescendo desde o dia 15 de maio. A Greve Geral foi um sucesso e demonstrou a ampliação da adesão aos protestos contra o governo.

O Intercept Brasil publicou nesta última terça-feira (18) novas conversas entre Moro e Dallagnol, onde continuamos a ver toda aquela avacalhação criminosa do golpe da “Lava Jato” em ação, mas agora com um novo elemento

Lei Menino Rhuan: Bolsonaro quer que “crimes” cometidos por esquerdistas tenham pena maior O caso de Rhuan Maycon da Silva Castro, menino de 9 anos assassinado brutalmente pela mãe e sua companheira está sendo usado por Bolsonaro para tentar piorar o sistema penal brasileiro. Os deputados Os deputados federais Eduardo Bolsonaro (PSL-SP), Carla Zambelli (PSL-SP) e Bia Kicis (PSL-DF) apresentaram um projeto na Câmara dosvDeputados que prevê o aumento da pena máxima no Brasil para 50 ano.

POLÍTICA

Golpe deixou 80% dos trabalhadores na linha da pobreza JUVENTUDE

Abaixo à Recife: na luta Moro, o santo padroeiro do PSDB perseguição aos estudantes da Globo contra da USP pelos Cerveró, um dos ex-diretores da Petrobras que os estudantes, Nestor foram investigados pela força tarefa da operação Lava golpistas! JUVENTUDE

UNE fica ao lado da Globo

No último dia 14, como parte da primeira grande paralisação nacional contra o governo Bolsonaro, uma grande manifestação tomou conta da cidade de Recife.

Jato, lá da República de Curitiba com suas próprias leis, afirmou tacitamente em sua delação, que tinha conhecimento de desvios de recursos da petroleira desde, pelo menos, 1975.

Esquerda faz frente com golpistas no Senado e veta decreto de armas de Bolsonaro

INTERNCIONAL

Maduro acusa Trump de pagar 20 milhões de dólares para assassiná-lo

Greve de policiais, só em estados controlados pelo PT No último dia 17, setores da Polícia Militar do Rio Grande do Norte tentaram realizar uma greve contra o governo do Estado. A greve, no entanto, não foi adiante, pois a governadora Fátima Bezerra, do PT, decidiu negociar com os policiais e anistiar todos os participantes do movimento.


2 | OPINIÃO E POLÊMICA

RECIFE

EDITORIAL

Dia 25, todos às ruas pela liberdade de Lula

D

ia 14, durante a Greve Geral, aconteceram os atos mais recentes da onda de protestos contra o governo que vem crescendo desde o dia 15 de maio. A Greve Geral foi um sucesso e demonstrou a ampliação da adesão aos protestos contra o governo. Quase 400 cidades tiveram protestos, e dezenas de milhões de trabalhadores pelo país paralisaram suas atividades. No entanto, depois disso o movimento ficou sem uma perspectiva de continuidade da mobilização. É preciso que os atos continuem e que aconteçam com frequência, sem descanso para a direita golpista. Diante disso, é oportuna a realização de atos pela liberdade de Lula no próximo dia 25, especialmente depois das revelações do site The Intercept Brasil sobre como a Lava Jato foi conduzida, marcada por uma perseguição política ao ex-presidente Lula. A direita golpista se organizou para prender

CHARGE

Lula e para mantê-lo preso. Uma prisão política e arbitrária. A prisão de Lula é uma necessidade para a direita golpista. O problema do ponto de vista do golpismo é que Lula polariza a situação política no país, que o golpismo tenta estabilizar e apaziguar. Por isso mesmo os trabalhadores devem lutar por sua liberdade, para derrotar a direita golpista e intensificar a oposição ao golpe da direita. Além da solidariedade com um preso político vítima de uma conspiração da direita e do imperialismo. No dia 25, a Segunda Turma do STF analisará um recurso da defesa de Lula. Será a primeira vez que isso acontece depois dos vazamentos do Intercept (embora esse recurso ainda não tenha relação direto com o assunto das revelações). Será uma oportunidade para promover uma grande mobilização contra o governo e ampliar a campanha pela libertação imediata do ex-presidente Lula. Fora Bolsonaro! Liberdade para Lula!

Na luta da Globo contra os estudantes, UNE fica ao lado da Globo

N

o último dia 14, como parte da primeira grande paralisação nacional contra o governo Bolsonaro, uma grande manifestação tomou conta da cidade de Recife. O ato teve como local de concentração a esquina da Avenida Guararapes com a Rua do Sol, tendo iniciado às 14h. Logo no início, um evento marcou a forte tendência à radicalização na luta contra a direita golpista: os manifestantes expulsaram os repórteres da Rede Globo no ato. Os repórteres do canal de televisão golpista foram expulsos por um grupo de militantes enfurecidos, que gritavam palavras de ordem como “abaixo a Rede Globo” e “Fora Bolsonaro”, além de os chamarem de “golpistas”. Como os repórteres demoraram a sair, testando a paciência dos militantes, a câmera da Rede Globo chegou a ser chutada e a ter um fio puxado. Embora quase toda a totalidade dos manifestantes tivesse apoiado os militantes que colocaram a Rede Globo para correr, alguns membros da União Nacional dos Estudantes (UNE) saíram em defesa dos golpistas. De início, tentaram convencer os presentes de que as repórteres não poderiam ser hostilizadas por serem mulheres. Sem sucesso, foram pedir desculpas às repórteres, após ter acontecido a expulsão. Os acontecimentos acima descritos foram também repercutidos pela própria imprensa burguesa. O jornal Diário de Pernambuco, em matéria do dia 14 de junho, confirmou a expulsão da Rede Globo: “momentos antes de o ato ser iniciado, manifestantes expulsaram uma equipe da Globo que fazia a cobertura do protesto”. Os pedidos de desculpa da UNE também foram lembrados na matéria: “após o ocorrido, um pequeno grupo formado por integrantes da UNE (União Nacional dos Estudantes) pediu desculpas às profissionais e disse que a atitude não refletia a essência do movimento”. Pedir desculpas aos repórteres da Rede Globo reflete uma política completamente distinta dos interesses dos trabalhadores e da juventude nesse momento. O governo Bolsonaro se encontra em uma crise profunda e só será derrotado por meio de uma mobilização revolucionária, que coloque a direita contra a parede. A colaboração com a direita apenas fará com que a burguesia consiga resolver suas contradições e parta para uma nova ofensiva. A questão da “essência do movimento” também é outro aspecto que merece ser discutido. O movimento da greve geral é um capítulo do movimento de luta contra o golpe, que vem se desenvolvendo ao longo de anos. A luta contra o golpe, que é a luta contra a direita, já comportou diversas ações violentas, inclusive contra a própria Rede Globo. A militância contra o golpe já aprendeu, pela própria experiência, como a direita deve ser tratada nos atos: expulsar os golpistas já faz parte da luta política dos trabalhadores.

Não é porque um grupo tem uma opinião específica sobre a expulsão da Rede Globo que isso deve ser considerado a “essência do movimento”. O que deve ser levado em consideração é que a esmagadora maioria das pessoas presentes no ato já estão fartas de toda a farsa montada por Sergio Moro, por Deltan Dallagnol e pela Rede Globo, entre outros, para destruir o país. Uma vez considerado o problema da legitimidade – isto é, que os manifestantes têm todo o direito de expulsar os golpistas dos atos -, é necessário discutir o problema do pacifismo. Os golpistas que derrubaram Dilma Rousseff e colocaram o ex-presidente Lula na cadeia estão dispostos a devastar o país para que os capitalistas encham ssus cofres. A única forma de impedir que a burguesia consiga saquear completamente o Brasil e massacrar sua população é através da força dos trabalhadores: é preciso que esses se imponham e force a direita a recuar. Se a direita não se sentir ameaçada, os ataques não cessarão. Demagogia com a luta das mulheres A matéria do Diário de Pernambuco também apresentou o seguinte argumento de uma das repórteres que foram expulsas: “fazem isso porque eu sou mulher”. Trata-se, obviamente, do cinismo típico da direita golpista para tentar justificar seus ataques contra a população. Primeiramente, as repórteres não foram expulsas por serem mulheres: a mobilização da esquerda já expulsou dezenas de figuras da direita nos últimos três anos, sendo que a maioria era composta por homens. Em segundo lugar, o fato de as repórteres serem mulheres não pode ser usado como justificativa para permitir que a Rede Globo não seja hostilizada: a Globo é inimiga das mulheres e deve ser expulsa violentamente em absolutamente qualquer ocasião. O único objetivo da direita é esmagar os trabalhadores para atender os interesses dos capitalistas. Por isso, é necessário que a esquerda e os setores democráticos desenvolvam um movimento independente da burguesia: nenhum acordo com golpistas, nenhuma aliança com partidos golpistas e nenhuma orientação da imprensa golpista. Esse movimento, por sua vez, deve ser dirigido pelas palavras de ordem que unificam os trabalhadores no momento e que permitirão que o regime político entre em uma crise ainda mais profunda: “fora Bolsonaro e todos os golpistas”, “liberdade para Lula” e “eleições gerais já”!


POLÍTICA| 3

"GRANDES" PERSONALIDADES DE ESQUERDA

Novo vazamento expõe sentido da Lava Jato: proteger a direita, atacar a esquerda Uma conversa entre Moro e o coordenador da Lava Jato em Curitiba, o procurador Deltan Dallagnol, mostra a Lava Jato ao mesmo tempo blindando o PSDB e usando uma acusação por um crime já prescrito contra FHC para dar ares de imparcialidade à operação. A troca de mensagens pelo aplicativo Telegram, do dia 13 de abril de 2017, foi assim:

T

erça-feira (18) o site The Intercept Brasil divulgou a sétima parte de sua série de reportagens expondo a atuação ilegal da Lava Jato. Anteriormente tinha ficado demonstrado que os procuradores e o então juiz Sérgio Moro, hoje ministro da Justiça do governo golpista de Jair Bolsonaro, agiam secretamente contra o réu, em um conluio entre o julgador e uma das partes. Com as revelações apresentadas na sétima reportagem da série ficou demonstrado também que a operação, na prática chefiada por Moro pelo que se lê nas conversas, ficou demonstrada também a proteção da operação a pelo menos um político do PSDB: o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso.

Moro – 09:07:39 – Tem alguma coisa mesmo seria do FHC? O que vi na TV pareceu muito fraco? Moro – 09:08:18 – Caixa 2 de 96? Dallagnol – 10:50:42 – Em pp [princípio] sim, o que tem é mto fraco Moro – 11:35:19 – Não estaria mais do que prescrito? Dallagnol – 13:26:42 – Foi enviado pra SP sem se analisar prescrição Dallagnol – 13:27:27 – Suponho que de propósito. Talvez para passar recado de imparcialidade Moro – 13:52:51 – Ah, não sei. Acho questionável pois melindra alguém cujo apoio é importante A conversa aconteceu no mesmo dia em que foi ao ar uma reportagem do Jornal Nacional falando sobre uma denúncia de caixa 2 envolvendo FHC. Dallagnol foi a um outro grupo do Te-

legram, que reunia promotores da Lava Jato em Curitiba e em Brasília (de onde os documentos foram enviados para São Paulo) perguntar sobre a prescrição do caso: Dallagnol – 11:42:54 – Caros o fato do FHC é só caixa 2 de 96? Não tá prescrito? Teve inquérito? Sérgio Bruno Cabral Fernandes – 11:51:25 – Mandado pra SP Sérgio Bruno Cabral Fernandes –11:51:44 – Não analisamos prescrição Dallagnol – 13:26:11 – [nesse ponto Dallagnol enviou uma figurinha representando uma piscada de olho] Esse conjunto de mensagens não deixa dúvidas sobre o sentido da Lava Jato. Dallagnol fala abertamente na necessidade de “passar recado de imparcialidade” com uma acusação por crime já prescrito, ou seja, sem consequências para o acusado, FHC. Significa que ele, primeiro, sabia que a operação não era imparcial. E segundo, que convinha disfarçar esse fato, já que publicamente a Lava Jato afirmava continuamente em sua propaganda que a operação seria “apolítica” e “imparcial”. O caráter parcial da operação fica mais escandaloso na fala de Sérgio Moro: “Acho questionável pois melin-

ENCENAÇÃO

Audiência de Moro no Senado: um teatro N

essa quarta (19), o Ministro da Justiça, Sérgio Moro, compareceu a Comissão de Cidadania e Justiça do Senado para explicar-se sobre sua conduta durante a operação Lava-Jato. A presença de Moro na CCJ não passou de uma enorme encenação, montada para dar um ar institucional para a conduta criminosa do ex-juiz da Lava-Jato. As putrefatas instituições brasileira estão repletas de vermes. A maioria dos senadores são frutos de um processo eleitoral fraudulento. A prisão do ex-presidente Lula não serviu apenas para afastá-lo das eleições, mas para fortalecer a direita que fez da Lava-Jato uma campanha contra a esquerda brasileira. Portanto não é de se assustar que a presença de Moro entre seus cúmplices não seja um show de “democracia” representativa. Durante a comissão, o lavajatista atacou Glenn Greenwald, declarou cinicamente sua inocência e fez campanha para fortalecer um Estado policialesco. Usou-se da farsa do “hacker” para sugerir o emprego da Lei de Segurança Nacional para reprimir supostos crimes de hackeamento. Ou seja, quer usar a Lei de Segurança Nacional contra inimigos políticos que divulguem notícias de interesse público. Ao contrário do que fez Moro com Lula e Dilma divulgando um áudio ilegalmente para a imprensa

que ainda por cima não continha nada que comprometesse os dois ex-presidentes. O material do Intercept (meio de comunicação e não um juiz envolvido em um caso) divulga uma informação de interesse nacional, seguindo a ética do jornalismo. Os vazamentos provam justamente que a articulação para perseguir Lula implicava ministros do STF (Fux) e figurões do PSDB (FHC). Pelo andar da carruagem ainda há muitas figuras públicas e instituições envolvidas que ainda não foram desmascaradas.

Mas os senadores direitistas e golpistas, durante a reunião da CCJ, mostraram nitidamente de que lado estão: do mesmo de Moro. O que mais se viu foram bajulações das mais ridículas, um espetáculo sinistro de cinismo. E muitos ataques violentos contra o Intercept. Por sua vez, os senadores da esquerda e da “oposição” também fizeram um papel ridículo: nenhum enfrentamento minimamente sério contra Moro, nenhuma denúncia contundente ou questionamento que o desnudasse por completo. Esse foi um exemplo claro da serventia das lutas institucionais contra os golpistas. A imprensa golpista continua na defesa incondicional de Moro pois está comprometida até o osso com o caso. O ministro já foi se defender no principal programa da Globo e agora está indo em programas com forte apelo popular, como é o caso do “programa do Ratinho”. A direita continuará blindando a operação para salvar todo o processo do golpe. Nada deve se esperar das instituições brasileiras nem dos meios de comunicação do velho regime, o povo tem que entrar na disputa política pela via das ruas e lutar contra as mazelas do Golpe. Libertar Lula, derrotar Bolsonaro e chamar novas eleições gerais devem estar na ordem do dia para toda a esquerda.

dra alguém cujo apoio é importante”. Ou seja, Moro reprova a manobra porque FHC não deveria sequer ser incomodado, mesmo que em uma demonstração sem consequências. A fala também revela o alinhamento político da operação com partidos de direita. FHC era um “apoio”. A operação se apoiava em políticos. Para completar a obra, enquanto FHC era denunciado por crimes já prescritos com o objetivo da Lava Jato de fingir isenção, havia outros crimes pelos quais ele poderia ter sido denunciado e investigado que ainda não estavam prescritos. FHC foi nomeado nove vezes na Lava Jato. Mas em relação aos crimes que poderiam levá-lo a alguma condenação, nada foi feito. Como no caso das outras denúncias do Intercept, a observação atenta dos passos da operação já permitia concluir que ela funcionava assim: blindando tucanos e perseguindo a esquerda. Agora, no entanto, há provas que mostram os próprios agentes da Lava Jato se articulando para agir dessa maneira. E mostrando o comprometimento das instituições com a direita golpista. Diante de tudo isso, Lula deveria ser libertado imediatamente. Porém, isso não acontecerá por si só, por mais que a ilegalidade da Lava Jato seja agora um fato inegável. É preciso mobilização nas ruas contra as arbitrariedades da direita golpista. Continuar as mobilizações, e levar às ruas a palavra de ordem: liberdade para Lula!


4 | POLÍTICA

DIREITISTA

Moro não queria investigação contra FHC nem “de mentirinha” O Intercept Brasil publicou nesta última terça-feira (18) novas conversas entre Moro e Dallagnol, onde continuamos a ver toda aquela avacalhação criminosa do golpe da “Lava Jato” em ação, mas agora com um novo elemento – apesar de velho conhecido do povo brasileiro: alguém como Fernando Henrique Cardoso, um servo fiel da burguesia imperialista, não precisa nunca se preocupar com a Justiça. Juízes e promotores farão sempre tudo para não “melindrar” esse tipo de gente, não importam os crimes que eles venham a cometer. Novamente o país foi informado que Moro e Dallagnol, como se fossem bons amigos em uma conversa de botequim, combinavam seus movimentos na Lava Jato, tratando agora sobre a conveniência ou não de levar avante uma ação penal contra FHC pelo caixa 2 descoberto pelas investigações. E não era coisa pouca: o Intercept aponta que foram pelo menos nove as delações que envolveram o tucano, e tudo muito bem acompanhado de provas. Mas no caso de Fernando Henrique, Moro, sempre durão com Lula, agora vai pegar leve: “Acho questionável [ingressar com uma ação] pois melindra alguém cujo apoio é importante”. E o “melindre”, neste caso, não se tratava nem ao menos de uma ação penal séria, para valer. Dallagnol levou a Moro um caso que serviria apenas para passar uma conversa no povo brasileiro, para fingir que a Lava Jato era imparcial. A discussão entre julgador e acusador era toda sobre fazer essa jogada de pura propaganda golpista, usando um crime já prescrito – que passou do tempo máximo permitido em lei para ser investigado pela Justiça. A questão era se valeria a pena fingir uma “investigação” contra o figurão do PSDB, que no final, todos sabiam que não ia dar em nada. A ideia poderia ser até mesmo chegar ao final do processo e dizer que FHC, ao contrário de Lula, teria provado a sua “inocência”.

Mas havia um probleminha, e aí é que está o “melindre”. O nosso príncipe tucano provavelmente não teria apenas aquele caixa 2 prescrito em sua bagagem de crimes. Quem poderia garantir que a investigação desse crime placebo não poderia acabar esbarrando em outros crimes de verdade, não prescritos, como lavagem de dinheiro, ocultação de patrimônio e até mesmo novos caixas 2? E realmente a preocupação de Moro tinha razão de ser. O Intercept mostrou também que o “glorioso” FHC tinha uma lista de depósitos em seu favor, dinheiro recebido mensalmente da Odebrecht através de sua fundação, e que totalizavam a singela quantia de R$ 975 mil. Ou seja, quase um milhão de reais de provas. As provas que tanta falta faziam nos casos de Lula, no caso do “melindroso” FHC, eram claras, diretas e conclusivas. Imaginem as piruetas e acrobacias jurídicas que seriam necessárias para, ainda assim, absolver o professor Cardoso. Já antevendo tudo isto, Moro optou por não “melindrar” FHC, aconselhou o Ministério Público neste sentido, e seu

conselho foi prontamente acolhido pelos diligentes acusadores de Lula. E se o aspecto “melindre” já é revelador, o que se pode dizer sobre a outra metade dessa frase primorosa de Moro, uma belíssima síntese do golpismo brasileiro? Ou seja, por que o apoio desse “alguém” seria assim tão importante? Quem recebe quase um milhão de reais em “doações” da burguesia, e isto em apenas um ano, obviamente é alguém muito importante para a classe social dominante. Como Moro e os golpistas da Lava Jato também são servos dessa gente, o apoio de Fernando Henrique naturalmente é fundamental para eles. Não tem muito segredo: a Lava Jato foi feita sob encomenda para colocar Lula na cadeia e chantagear políticos que eventualmente não atendam fielmente as ordens da burguesia imperialista – as poderosas corporações empresariais, principalmente norte-americanas, que estão acostumadas a percorrer o mundo submetendo a todos ao seu poder. No caso brasileiro, era imperativo destruir os fundamentos da nossa

TODOS OS DIAS ÀS 3H, NA CAUSA OPERÁRIA TV

economia, impor o desemprego ao nosso povo, retirar um governo popular do poder e impedir que outro fosse eleito, tudo para possibilitar o assalto descarado de nossas riquezas, do nosso patrimônio, incluindo empresas como a Embraer, Correios e Petrobras, além de reduzir o nosso povo todo a um amontoado de escravos, suando de sol a sol para encher ainda mais os bolsos dos banqueiros, principalmente os dos bancos falidos dos EUA. O problema é que esse plano tinha um efeito colateral: não iria somente atingir o povo trabalhador, acabaria afetando gravemente setores da burguesia nacional, alguns inclusive representados por políticos do PSDB. Ou seja, este era principalmente o mal que Moro queria evitar no início: perder o apoio de setores da burguesia, situação que levaria a um inevitável enfraquecimento da Lava Jato. Mas não teve jeito: a operação golpista acabou não só melindrando, mas atacando frontalmente esta burguesia nacional, e isto é que hoje leva a uma imensa oposição desse setor contra a operação golpista, uma contradição que abre todo um campo de luta para o povo. O enfraquecimento inevitável da Lava Jato representa uma crise terminal do golpe. Por isso, o momento agora é da esquerda explorar com toda a força as fragilidades dessas contradições da burguesia, não só expondo o saque evidente que a Lava Jato representa para todos os trabalhadores brasileiros, ou demonstrar que Moro, Dallagnol e companhia não são mais do que verdadeiros traidores do nosso povo, mas principalmente é a hora exata de colocar em marcha uma ampla mobilização popular nas ruas pela liberdade de Lula, exigindo a anulação de todos os seus processos, e a imediata liberação do ex-presidente, para que possa concorrer a novas eleições já e para derrubar Bolsonaro e todos os golpistas.


POLÍTICA | 5

VAZA-JATO

Moro, o santo padroeiro do PSDB

N

estor Cerveró, um dos ex-diretores da Petrobras que foram investigados pela força tarefa da operação Lava Jato, lá da República de Curitiba com suas próprias leis, afirmou tacitamente em sua delação, que tinha conhecimento de desvios de recursos da petroleira desde, pelo menos, 1975. Cerveró salientou, no entanto, que a coisa foi feia mesmo durante os 8 anos de mandato de Fernando Henrique Cardoso. Explicitamente, ele se recordou de um episódio em que a Petrobras comprou uma empresa da Argentina. A fusão das duas empresas, segundo o uruguaio Cerveró, muito dinheiro molhou as mãos de pessoas envolvidas na operação e citou a quantia de R$ 100 milhões que teria sido destinada ao próprio presidente FHC por intermédio de seu filho primogênito. Esses detalhes da “delação premiada” espontaneamente obtida sob coação do engenheiro químico saíram a público agora, graças a mais uma pitada dos vazamentos publicados pelo sítio na internet Intercept sobre as atividades escusas do então juiz Sérgio Moro e seus procuradores amestrados, publicações que ganharam o apelido carinhoso de “vaza jato”. Vale a pena lembrar que naquela época, por volta de 1996, o jornalista Paulo Francis afirmou durante sua participação no programa de televisão “Manhattan Connection”, do canal a cabo GNT, que muitos diretores da Petrobras desviavam dinheiro da empresa para suas próprias contas bancárias na Suíça. O jornalista e apresentador Lucas Mendes, assustado, ao lado dele na bancada de apresentação do programa, ainda forçou uma retratação, perguntando algo como “você tem certeza disso?”. Francis manteve a denúncia.

Como consequência, a Petrobras – não os diretores da empresa como pessoas físicas – , uma das maiores empresas petrolíferas do mundo, processou o indivíduo jornalista na justiça de Nova York, onde residia, exigindo que ele apresentasse provas do que afirmou ou pagasse uma indenização de 100 milhões de dólares norte-americanos. Francis teve de contratar um advogado por 7 mil dólares para se defender na ação e o inferno que ele passou lhe provocou um ataque cardíaco que o matou. Outro ponto da mais recente publicação da “vaza jato” do Intercept, também envolvendo o ex presidente da República FHC, é que existem planilhas da Odebrechet onde estão anotadas doações da empreiteira ao Instituto Fernando Henrique Cardoso totalizando perto de R$ 1 milhão, em valores não declarados legalmente pelo instituto e, portanto, não tributados. O próprio FHC teria pedido o dinheiro, em suaves parcelas, a Marcelo Odebrecht. E a secretária do instituto negociou a forma de sua concretização. Segundo a “vaza jato”, os procuradores de Curitiba apresentaram esses detalhes ao Moro, na época, convencidos de que uma investigação a respeito de FHC, mesmo que de mentirinha, com a convocação dele para depor etc e tal, contribuiria para dar um ar de imparcialidade à Lava Jato, tiraria o peso de que sua única função de existir era alvejar o PT para derrubar a Dilma e prender o Lula e impedir o retorno do PT. Mas Moro blindou tudo que ameaçasse a paz de FHC em Higienópolis ou na Avenu Foch, em Paris. Moro disse: “ Acho questionável pois melindra alguém cujo apoio é importante.” Antes que isso viesse à tona, FHc já vinha dando declarações ultimamen-

te classificando os vazamentos do Intercept como “tempestade em copo d’água” e outros desmerecimentos. Durante toda a ação da Lava Jato, até a condenação e prisão de seu sucessor na Presidência, FHC fez cara de paisagem. Os tucanos, de quem o ex-presidente é uma liderança de alta plumagem, cerraram fileira e patrocinaram o golpe até financeiramente, pagando os 45 mil à Janaína Paschoal pelo texto do pedido de golpichment. Agora fica escancarado que estavam todos juntos no crime contra o Brasil, na farsa toda, que quebrou a própria Odebrecht e tantas outras e provocou 14 milhões de desempregados formais, além dos sub empregados e desalentados. Na farsa que tirou o concorrente da frente para o Bolsonaro ganhar e tornar o ex-juiz membro de seu desgoverno. Não era novidade que o papai do Serginho Moro foi fundador do PSDB local lá em Maringá. O garoto Sérgio nasceu e cresceu em um ninho tucano. A conge dele, a Rosange, foi advogada do PSDB do Paraná. FHC, cla-

ro, mereceu toda a consideração do juiz que o tinha no coração. Daí para se aliar à extrema-direita e se tornar membro proeminente do governo fascista, foi como saltar do ninho e voar mais alto. Fica a dúvida, como naquela propagando de biscoito, se o biscoito tal vendia mais porque estava sempre fresquinho ou se estava sempre fresquinho porque vendia mais: a Lava Jato poupou FHC para ter seu apoio ou FHC apoiou a Lava Jato para ser poupado? Qualquer que seja a resposta certa, é um enorme vexame. E mais uma razão, como se não sobrassem muitas, para soltarem o Lula urgentemente e anular todos os processos contra ele. Quanto tempo mais ele ficar preso, maior o crime generalizado de prevaricação por agentes públicos, de delegados a desembargadores e ministros do STF, e maior a indenização que o Estado brasileiro lhe deverá. Liberdade para Lula! Novas eleições já! Com Lula candidato.

PORTE DE ARMAS

Esquerda faz frente com golpistas no Senado e veta decreto de armas de Bolsonaro N

o último dia 18 (terça-feira), o Plenário do Senado Federal rejeitou, por 47 votos a 28, o decreto do presidente ilegítimo Jair Bolsonaro que pretendia liberar, muito parcialmente, a posse e facilitar o porte de armas no Brasil. A votação refletiu a profunda crise e divisão do regime golpista e – destacadamente – os atritos do “centrão” com a ala bolsonarista. Os senadores aprovaram Projeto de Decreto Legislativo que anula texto do presidente, que agora vai para a Câmara dos Deputados, onde terá que passar por Comissão e no Plenário. Até que o novo texto seja aprovado pelos deputados, o decreto presidencial continua valendo. O decreto aprovado representa uma manobra dos parlamentares para anularem, na prática, o decreto de Bolsonaro que permite o porte de armas

para uma pequena uma parcela da população, do qual a burguesia discorda veementemente uma vez que a população armada (mesmo que seja somente uma pequena parte) é um perigo para os capitalistas. O decreto de Bolsonaro foi estabelecido por conta de pressões de sua base fascista pequeno-burguesa, obviamente que não tem nenhum intuito de armar os trabalhadores. Pelo contrário, quer criar melhores condições para os direitistas reprimirem os explorados. Com tal medida, no entanto, acabam abrindo uma brecha – ainda que mínima para mais trabalhadores possam estar armados, como é o caso de milhares de camponeses pobres que conquistaram pequenas posses de terra em acampamentos da reforma agrária, e que são membros do MST, e de outras categorias (caminhoneiros, jorna-

listas, professores etc.) que poderiam ter acesso às armas. Um partido democrático que defendesse realmente os direitos democráticos da população, incluindo o da igualdade de condições para os trabalhadores e suas organizações diante do aparato repressivo estatal e paraestatal da burguesia deveria defender a ampliação dessa medida, a garantia desse direito para todos os trabalhadores. Nem falar dos partidos de esquerda que se dizem “socialistas”, “comunistas”, revolucionários etc. que deveriam defender o direito elementar dos trabalhadores se armarem, se defenderem e lutarem – pelos meios necessários – para derrotar o regime de dominação da burguesia, sem o que nenhuma transformação real da sociedade em favor dos trabalhadores ocorrerá. O decreto de Bolsonaro já era ruim,

restringindo o direito de posse e porte de armas para poucos. Mas nem isso a esquerda quer. Se juntam com a burguesia, com o “centrão” para impedir esse armamento restrito. Na votação, se expressou a política da direita do PT, do PSOL etc. de se juntar a outros setores da direita e esquerda burguesa para fazer apelos em favor da “paz”, inclusive, dirigindo-os ao próprio Bolsonaro, o presidente fascista que quer massacrar os trabalhadores. “Senhor presidente da República, pelo amor daquilo que Vossa Excelência tenha como mais sagrado, trate da recuperação econômica do País, trate da volta do emprego, trate da prosperidade da nossa gente. A bala só vai cair na mão de bandidos e milicianos para matar pobres e gente do bem”, apelou da tribuna o senador Jaques Wagner (PT-BA), ao defender a derrubada do decreto das armas.


6 | POLÍTICA

LEI MENINO RHUAN

Bolsonaro quer que “crimes” cometidos por esquerdistas tenham pena maior O caso de Rhuan Maycon da Silva Castro, menino de 9 anos assassinado brutalmente pela mãe e sua companheira está sendo usado por Bolsonaro para tentar piorar o sistema penal brasileiro. Os deputados ​Os deputados federais Eduardo Bolsonaro (PSL-SP), Carla Zambelli (PSL-SP) e Bia Kicis (PSL-DF) apresentaram um projeto na Câmara dosvDeputados que prevê o aumento da pena máxima no Brasil para 50 ano. Esse aumento seria aplicado para aqueles que cometerem crimes de “ideologia de gênero”. Embora pareça alguma piada que envolva Olavo de Carvalho, trata-se aqui de uma maneira da extrema-direita aumentar a perseguição à esquerda no Brasil. O PL que leva o nome de “Menino Rhuan” é formulada com extrema demagogia, o objetivo dos deputados bolsonaristas é associar o crime ao fato do casal

lésbico ter feito uma operação caseira de “mudança de sexo” no menino de 9 anos, onde na verdade mutilaram os órgãos genitais de Rhuan. Como o “marxismo cultural”, a ideologia de gênero é um fantasma tosco criado pela direita histérica para justificar leis absurdas e um modus operandi fascista. A tentativa de associar uma “ideologia” que promoveria esse tipo de atrocidades com crianças é totalmente absurdo, porém estão aproveitando-se da comoção popular em torno do caso para tentar emplacar esse PL aberrante. O promotor de Justiça de São Paulo, Rogério Sanches Cunha, em uma entrevista ao jornal Sputnik Brasil, declarou que “O Brasil é expert em fazer leis de ocasião. Espera o crime de repercussão, normalmente crime que atinge pessoa que pertença a classe média ou alta, para mobilizar o Congresso e

criar um tipo penal de emergência que quer dar a sensação à sociedade de que aquela infração penal não mais acontecerá. Isso é um absurdo”. Em suma, a extrema-direita age de maneira suja e desleal, usando um ca-

so terrível como esse para promover uma perseguição política através da justiça, criando, no calor do momento, leis que sejam abstratas e subjetivas o suficiente para acabar com seus opositores políticos.

TORNE-SE MEMBRO DA CAUSA OPERÁRIA TV! Por apenas R$ 7,99 por mês, você estará ajudando na construção de uma TV revolucionária 24h por dia. Além disso, você terá diversos benefícios, como a transmissão de programas exclusivos e a possibilidade de participação nos programas do canal. www.youtube.com/causaoperariatv


CIDADES E JUVENTUDE | 7

PM

Greve de policiais, só em estados controlados pelo PT N

o último dia 17, setores da Polícia Militar do Rio Grande do Norte tentaram realizar uma greve contra o governo do Estado. A greve, no entanto, não foi adiante, pois a governadora Fátima Bezerra, do PT, decidiu negociar com os policiais e anistiar todos os participantes do movimento. O governo do Rio Grande do Norte decidiu criar um grupo de trabalho para tratar das reivindicações salariais da Polícia Militar. Além disso, Fátima Bezerra prometeu implementar promoções e níveis atrasados até julho de 2019. A Segurança Pública será uma das prioridades do governo petista na questão salarial. O movimento dos policiais militares no Rio Grande do Norte não pode ser visto como um movimento normal de reivindicações salariais de servidores públicos perante o Estado. Nesse caso, a greve tem um objetivo político muito

bem definido: o desgaste do governo do PT. Em primeiro lugar, é necessário considerar que não há greves de policiais sendo organizadas em outros estados do país, embora as condições de trabalho sejam semelhantes. O atraso no pagamento dos salários no Rio Grande do Norte, por sua vez, é um problema que já vem do governo anterior, que não foi contestado em momento algum pela corporação. A segunda questão que deve ser levada em consideração é que a tentativa de greve do último dia 17 estava sendo dirigida fundamentalmente por grupos de extrema-direita dentro da Polícia Militar. Tais grupos se dizem adversários dos integrantes do movimento Policiais Antifascismo e defendem abertamente o governo Bolsonaro. O movimento dos policiais militares no Rio Grande do Norte é, portanto,

um movimento de caráter golpista e não deve ser subestimado, nem tampouco tolerado pela esquerda. É necessário denunciar as investidas da

extrema-direita, organizar a população para combater o governo Bolsonaro nas ruas e não negociar com os golpistas.

GOLPISTAS

Abaixo à perseguição aos estudantes da USP pelos golpistas! N

este momento em que o governo fraudulento de Bolsonaro encontra-se nas cordas, o regime golpista procura conter as mobilizações populares, que estão em uma crescente nas últimas semanas desde o dia 15 de maio. Temendo a radicalização do movimento, a direita procura reprimir duramente as manifestações. No último ato, o da paralisação geral do dia 14 de junho, 10 estudantes da USP foram presos, além de outros 4, totalizando 14 presos só no estado de São Paulo. Este caso ilustra perfeitamente a truculência e a arbitrariedade da direita golpista. Inicialmente não foi divulgado nenhum motivo para estas prisões, como destacado nesta matéria do sítio Brasil de Fato, mas na sequência, a assessoria de imprensa do Tribunal de Justiça informou que estes 10 foram detidos por conta de um incêndio de um carro no dia 14, de acordo com a matéria do sítio G1. A matéria publicada no Brasil de Fato informa que, até o início da tarde do dia 14 os manifestantes encontravam-

-se isolados no pátio do 16º batalhão da 3ª Cia. da Polícia Militar, um prédio anexo à delegacia, sem que sequer houvesse um registro de ocorrência. Pouco tempo depois, uma outra matéria do Brasil de Fato informou que após mais de 24 horas, finalmente os manifestantes detidos no ato na USP foram soltos. A matéria informa que a soltura se deu através da decisão da juíza Bruna Acosta Alvarez, sob as denúncias de familiares, sindicalistas e advogados de que as prisões foram arbitrárias, sem que nenhuma prova fosse apresentada. Como reação à este ato claro de perseguição política, do lado de fora do Fórum realizou-se um ato vigília em defesa dos detidos, que foram acusados sem provas de por fogo em um carro na avenida Vital Brasil. Um relato do advogado Roberto Podval, que intercedeu no caso, é muito esclarecedor. Reproduzimos ele à seguir: “Nós estamos em 2019 e as pessoas não podem se manifestar, já passou esse momento. Não tem uma arma, o que tem é estilingue e bolinha de gu-

de, não tem ninguém ferido, não teve dano ao patrimônio público, teve um carro incendiado que acho que não tem nem dono, não tem vítima. Isso é um absurdo, estamos punindo os estudantes como se estivesse no regime militar”, Roberto Podval, após a soltura dos manifestantes da USP. Temos aqui uma clara perseguição

TODOS AS QUINTAS ÀS 14H, NA CAUSA OPERÁRIA TV

política contra os estudantes e funcionários da USP por parte da direita golpista. É sinal de que esta direita está acuada e serve de impulso para a esquerda levar àdiante a luta pela derrubada do governo Bolsonaro, por novas eleições e pela liberdade de Lula. Abaixo a perseguição aos estudantes da USP pelos golpistas!


8 | INTERNACIONAL

VENEZUELA

Maduro acusa Trump de pagar 20 milhões de dólares para assassiná-lo N

a última terça-feira (18), o presidente da Venezuela, Nicolás Maduro, denunciou que Donald Trump gastou US$ 20 milhões para assassiná-lo. O valor seria referente aos dois drones usados na tentativa de assassiná-lo no dia 4 de agosto de 2018, durante um ato público na avenida Bolívar, em Caracas, capital venezuelana. Maduro denunciou que esse dinheiro foi “apropriado” por um deputado da direita golpista, Julio Borges, que planejou o ataque em Bogotá, capital da Colômbia. Com apoio dos EUA, a Colômbia tem sido base para uma série de ataques da direita venezuelana contra seu próprio país. A tentativa de assassinato de Maduro foi uma das tentativas mais extremas da direita de dar um golpe de

Estado no país vizinho, meses antes da campanha relativa a uma suposta “ajuda humanitária” do autoproclamado “presidente” Juan Guaidó. Depois da onda de golpes coordenados pelos EUA na região, a Venezuela acabou restando como um polo de resistência ao imperialismo na América Latina, e a pressão sobre o país se elevou. Além da importância estratégica e política da Venezuela nesse momento, os venezuelanos são donos das maiores reservas de petróleo do mundo. Uma riqueza que as grandes petroleiras dos EUA querem roubar. Seja por meio de um golpe ou até mesmo de uma guerra, como aconteceu no Iraque. É preciso ampliar a campanha de solidariedade à Venezuela e contra o assédio dos EUA contra o país. Fora o imperialismo da Venezuela!

COLÔMBIA

Mais um ex-integrante das FARC é assassinado pelo regime colombiano A nderson Pérez Osorio, ex-combatente das Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia (FARC), foi assassinado na última segunda-feira (17) em Caloto, departamento de Cauca. Ele participou como acompanhante do processo de reconciliação com o regime colombiano, que fez com que as FARC abandonassem a luta armada e se transformassem em partido político com a mesma sigla, porém chamado agora Força Alternativa Revolucionária do Comum. Uma capitulação que teve seu preço. Isso porque, apesar de todos os acordos que, teoricamente, garantiriam o fim da perseguição e repressão aos seus ex-membros, as FARC, agora partido político legalizado, continuam sendo brutalmente esmagadas. Não apenas institucionalmente – o Estado colombiano fez de tudo para evitar sua participação nas eleições presidenciais do ano passado, que levaram Iván Duque, de extrema-direita, ao poder. Mas, também, continua a chacina promovida por paramilitares, milicianos, policiais e todo o tipo de agentes ligados diretamente ao Estado colombiano – um verdadeiro Estado terro-

rista, absolutamente controlado pelo imperialismo e repleto de influências com tendências fascistas. Já são 136 os ex-combatentes das FARC que foram assassinados desde janeiro de 2016, quando foram assinados os acordos de paz entre a guerrilha e o governo. Isso significa que não adiantou absolutamente nada o acor-

TODAS AS SEXTAS-FEIRAS, 14H00

do para as FARC. Praticamente toda a semana um ex-membro é morto. A Colômbia é o país onde os movimentos populares mais sofrem em toda a América Latina. São milhares os lutadores sociais reprimidos pelo regime, centenas dos quais foram assassinados nos últimos anos, principalmente na área rural.

O regime colombiano é excessivamente repressivo e os acordos de paz não diminuíram essa repressão. Quando se tem como inimigo um Estado policial, dominado por paramilitares a mando do imperialismo, não há possibilidade de conciliação que garanta os mínimos direitos para a esquerda e o povo. Por isso mesmo alguns membros das FARC decidiram voltar para a luta armada, sabendo que não é nada seguro entregar as armas e que isso somente retrocede a luta popular. Por isso mesmo existe outro exército guerrilheiro, o ELN (Exército de Libertação Nacional), que não abandonou as armas. A FARC pediu o fim do derramamento de sangue promovido pelo Estado, mas seria bom aprender com os erros, porque nos últimos anos tem demonstrado confiança demais no regime assassino. Não existe conciliação possível, é preciso mobilizar a classe trabalhadora em seus sindicatos e movimentos populares, os trabalhadores sem terra no campo, e organizar uma verdadeira luta contra o regime, que coloque a classe operária como agente central dessa luta.

TODAS AS SEGUNDAS-FEIRAS, 12H30


INTERNACIONAL E MOVIMENTO OPERÁRIO | 9

ALEMANHA

Como perder um país para a extrema-direita: esquerda alemã se une com Merkel para “evitar” a ascensão do fascismo E stá em marcha na Alemanha um fenômeno político da maior importância. Não por que seja uma novidade no mundo da política, muito pelo contrário, mas serve como grande lição para toda a esquerda não só alemã, mas mundial, inclusive no Brasil. Estamos falando do papel de submissão da esquerda pequeno-burguesa, que diante da falência dos regimes políticos muitas das vezes se presta a salvar o regime, aliando-se à direita tradicional como forma – totalmente ineficaz, diga-se de passagem – de combater a extrema-direita. Em outras palavras, a velha política da Frente Popular. Um dos aspectos que mais chamou atenção nas últimas eleições da União Européia, ocorridas há poucas semanas foi o franco desenvolvimento da extrema-direita. Como principal representante da extrema-direita européia que começa a levantar a cabeça estava o italiano Matteo Salvini, do partido Liga, de inspiração fascista. Na Alemanha, um dos países imperialistas mais importantes da Europa e do mundo a direita tradicional, o CPU (em português seria União Democrata-Cristã), partido de Angela Merkel conseguiu manobrar e manter a maioria das cadeiras, mas não há saída. O crescimento da extrema-direita na Alemanha, como é o caso do AfD (Alternativa para a Alemanha), faz com que a influência política deste setor seja cada vez mais

relevante, de modo que para governar, o CPU terá que negociar com o AfD. No meio desse desenvolvimento, ao invés de atuar com uma política independente, que seja uma defesa real dos interesses dos trabalhadores, a esquerda se joga ao mar, sem salva-vidas, para salvar o regime político que se afoga. O desenlace dessa política já conhecemos de antemão. No frigir dos ovos esta aliança entre a direita tradicional e a esquerda pequeno-burguesa será inútil para frear o avanço da extrema-direita, e ainda terminará com o afogamento da esquerda, que se atreveu a se jogar nos mares turvos da opinião pública sem saber nadar. Mas é justamente nessa direção que a esquerda alemã tem apostado. Uma matéria publicada pelo Deutsche Welle, um instrumento de propaganda do imperialismo alemão apresenta os resultados das eleições no município de Görlitz, onde por uma pequena margem (45 % x 55 %) o AfD foi derrotado por uma coligação entre o CPU e a esquerda. Görlitz é a cidade mais ao leste da Alemanha, e portanto ficava na Alemanha Oriental. Nesta coligação para derrotar Sebastian Wippel, candidato do AfD juntou-se também o partido A Esquerda, remanescente do regime soviético e o SPD, o partido social-democrata alemão. Todos apoiaram Octavian Ursu, da União Democrata-Cristã (CDU), o cidadão da foto desta matéria. O CDU de Angela Merkel

tenta levar adiante na Alemanha uma política neoliberal, de privatizações e retirada de direitos dos trabalhadores alemãos, de forma análoga a Macron na França ou ao PSDB no Brasil. Como se não bastasse esse resultado expressivo, houve também outro caso recente no país, também divulgado pelo DW, que foi o assassinato do chefe do conselho administrativo do distrito de Kassel, Walter Lübcke, integrante do CPU. Lübcke, que tinha 65 anos foi encontrado morto por parentes no terraço da sua casa, com um tiro na cabeça no dia 2 de junho. A polícia trabalha com a hipótese de que o assassinato teve motivações políticas, uma vez que Walter era de uma ala do CPU que em alguma medida tinha uma política pró-Imigração. Por conta disso, Walter Lübcke já tinha entrado em atrito com elementos da extrema-direita alemã anteriormente em torno do problema dos imigrantes. Embora seja do CPU não é de se estranhar que Lübcke fosse pró-imigração, uma vez que para o imperialismo alemão a mão de obra imigrante é muito mais barata, e ainda serve para colocar a classe operária alemã na defensiva. São dois acontecimentos que mostram o franco desenvolvimento da extrema-direita na Alemanha, e na realidade em toda a Europa. Sendo um dos países mais poderosos do mundo, a burguesia da Alemanha possui muito mais recursos para conter a extrema-

-direita. Por isso mesmo, o seu desenvolvimento em território alemão revela uma tendência para toda a Europa e até para todo o mundo. Diante do desmoronamento do regime político a esquerda não pode se prestar ao papel de ressuscitar o cadáver político que é a direita tradicional, essa é a receita para o fortalecimento da direita e da extrema-direita, como estamos vendo na Alemanha e na Europa. Isto serve de lição para nós, brasileiros, que estamos vendo a aliança da ala direita do PT com o PSDB. Os resultados são catastróficos para a esquerda e o povo, enquanto que a extrema-direita e a direita se fortalecem.

EFEITO DEVASTADORES DO GOLPE

Golpe deixou 80% dos trabalhadores na linha da pobreza O s efeitos devastadores do golpe de Estado perpetrado pelas forças golpistas que tomaram de assalto o poder, estão presentes e se fazem sentir em todos os terrenos e aspectos da vida social do país. Desde 2015, quando os conspiradores iniciaram o processo de desestabilização contra o governo legitimamente eleito em 2014, cresceu exponencialmente em todo o país o fenômeno sócio-econômico que expõe mais acabadamente a obra de destruição dos golpistas contra a economia nacional, expresso no flagelo do desemprego, que neste momento, segundo dados do IBGE, atinge mais de 13 milhões de pessoas em todo o território nacional. Com pequenas oscilações desde quando teve início a espiral de crescimento, os números e indicadores mostram que nestes últimos cinco anos a taxa de desemprego permanece basicamente inalterada, sem qualquer sinal minimamente alentador que aponte para uma recuperação. Ao contrário, todas as tendências apontam para um crescimento do percentual que vem sendo observado no período, indicando que a tendência de elevação é cada vez maior, agravada

pela mais completa ausência de medidas que possam atenuar o desastroso quadro atualmente verificado. Além do desemprego direto, que no primeiro trimestre do ano bateu na casa dos 12,7%, não pode deixar de ser registrada como números igualmente assustadores a chamada subutilização da força de trabalho, que atingiu o patamar de 25% no mesmo período. Traduzido em números, isso significa que “faltou trabalho para 28,3 milhões de pessoas no Brasil, segundo os dados da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua (Pnad Contínua), divulgada pelo IBGE” (UOL, 16/05). “O contingente de pessoas subutilizadas é recorde na série da Pnad Contínua, iniciada em 2012. O grupo reúne os desocupados, os subocupados com menos de 40 horas semanais e pessoas disponíveis para trabalhar, mas que não conseguem procurar emprego por motivos diversos” (Idem, 16/05). A reforma trabalhista promulgada pelo impostor e golpista Michel Temer, longe de fazer recuar os números da tragédia social do desemprego – como a propaganda enganosa do próprio governo e do empresariado patronal golpista quis fazer crer – não só não

abriu novos postos de trabalho, como serviu para que os patrões exploradores demitissem e recontratassem os mesmos trabalhadores por remunerações ainda menores, utilizando-se dos novos dispositivos constitucionais legalizados pela reforma. O que se viu como resultado da famigerada “Reforma Trabalhista” (leia-se destruição de direitos e conquistas) foi uma gigantesca migração de almas humanas para o trabalho informal e precarizado (Uber, Ifood etc.). Toda essa gigantesca catástrofe social que o país vivencia mais agudamente neste momento é obra do golpe de Estado de 2016. A ação golpista operada pelo imperialismo e seus agentes serviçais internos empurrou e continua empurrando o país e o conjunto da sociedade, mas em particular os trabalhadores e suas famílias, para o precipício, para o mais completo caos. A economia do país afunda no pântano, sem que haja nenhum mínimo sinal de recuperação. Bolsonaro e Paulo Guedes representam a destruição da economia nacional, os ataques aos direitos e conquistas dos trabalhadores, a entrega dos ativos nacionais para o imperialismo. É preciso dar um

basta a esta situação organizando a luta dos trabalhadores para exigir o fim do governo fraudulento, o que somente será possível através de grandes mobilizações orientadas pela palavra de ordem de FORA BOLSONARO, por novas eleições gerais, liberdade para Lula e anulação de todos os processos fraudulentos contra o ex-presidente.


Turn static files into dynamic content formats.

Create a flipbook
Issuu converts static files into: digital portfolios, online yearbooks, online catalogs, digital photo albums and more. Sign up and create your flipbook.