QUINTA-FEIRA, 27 DE JUNHO DE 2019 • EDIÇÃO Nº 5686
DIÁRIO OPERÁRIO E SOCIALISTA DESDE 2003
WWW.PCO.ORG.BR
STF, mais uma vez, manobra para impedir a libertação de Lula Mais uma vez o destino do ex-presidente Lula ficou nas mãos do Supremo Tribunal Federal (STF). Foi assim em alguns momentos decisivos da política nacional no último período. Em abril do ano passado, o tribunal rejeitou um habeas corpus pedido pelo expresidente levando o ex-juiz Sérgio Moro a determinar a prisão de Lula logo em seguida. Antes daquela decisão possibilitar a prisão, o STF já tinha modificado o entendimento sobre a prisão de condenados em segunda instância, afrontando a Constituição.
Assine o abaixo-assinado pela anulação dos processos contra Lula
EDITORIAL
Convocar mobilizações por todo o País pelo cancelamento dos processos contra Lula O julgamento do Habeas Corpus de Lula no STF comprovou que a burguesia continua unificada para manter o ex-presidente preso. esquerda nacional – o mais popular.
POLÍTICA
Quem justifica os objetivos da Lava Jato?
Democracia não existe! Foi golpe!
Podre. Não tem uma outra qualificação para classificar o artigo publicado nessa quarta, 26/06, no Jornal Folha de São Paulo, sob o título "A corrupção da Lava Jato”
POLÍTICA
Aliança com o PSDB é aliança com o golpe Segundo informações do jornal golpista Folha de S. Paulo, em matéria publicada no dia 22 de junho, o PT
Protestos espontâneos mostraram caminho: é hora de organizar a saída às ruas pela liberdade de Lula Dia 16 de agosto: todos a Curitiba pelo cancelamento dos processos e liberdade para Lula!
Todo domingo! Participe dos mutirões pela liberdade de Lula por todo o país! O Partido da Causa Operária está realizando mutirões nas principais cidades do país para mobilizar a população em torno do “Fora Bolsonaro” e pela liberdade de Lula. Os mutirões consistem na venda do Jornal Causa Operária, na coleta da assinaturas para o abaixo assinado pela liberdade do ex-presidente.
O julgamento do Habeas corpus do ex-presidente Lula pelo Supremo Tribunal Federal (STF) mostrou mais uma vez que não haverá liberdade de Lula sem a mobilização dos trabalhadores e da população explorada. Mesmo com as mensagens divulgadas pelo The Intercept Brasil onde mostram as provas e escancaram a perseguição política realizada pelo exjuiz e ministro da justiça, Sérgio Moro
2 | OPINIÃO EDITORIAL
COLUNA
Convocar mobilizações por todo o País pelo cancelamento dos processos contra Lula
Democracia não existe! Foi golpe!
O
julgamento do Habeas Corpus de Lula no STF comprovou que a burguesia continua unificada para manter o ex-presidente preso. Como foi comprovado pelos vazamentos de informações da Lava Jato, em que o juiz (Sérgio Moro) atuou em conjunto com a acusação (os procuradores da Lava Jato), que existe toda uma conspiração política para aprisionar um dos principais líderes da esquerda nacional – o mais popular. Lula, inclusive, com a polarização política e a insatisfação do povo contra o golpe, poderia ganhar as eleições no 1º turno, mesmo com todas as manobras da direita que controla a estrutura eleitoral. Por isso, tiveram de realizar a principal manobra: prender Lula e impedi-lo de participar das eleições. O juiz Moro que foi a peça-chave desta manobra depois tornou-se Ministro do governo eleito pela fraude. Isto é, foi recompensado. Mas não se trata apenas de uma conspiração de Moro e da Lava Jato.
Todos os golpistas estão decididos: é preciso manter Lula preso. Sobretudo agora, depois dele já ter sido encarcerado nas masmorras de Curitiba, sua liberdade seria uma derrota profunda dos golpistas e colocaria em xeque toda operação montada. As instituições, portanto, não são uma alternativa para libertar o ex-presidente. É preciso sair às ruas. Só o povo nas ruas pode garantir uma vitória contra os golpistas. A mobilização, entretanto, não pode ser aparente e superficial. É necessário uma verdadeira mobilização das massas trabalhadoras, permanente, com um caráter amplo. Em todo país, é preciso intensificar a mobilização pela liberdade de Lula. Não parar até que Lula seja, efetivamente, solto. Exigir a anulação imediata de todos os processos, que são todos fraudulentos e produtos das ilegalidades cometidas pela Lava Jato, onde o juiz tua com a acusação.
Por João Silva
U
m dos assuntos do momento é o documentário brasileiro “Democracia em Vertigem”, produção da gigante Netflix, dirigido, escrito e narrado, pela jovem cineasta Petra Costa. O filme que estreou no último dia 19 no serviço de streaming está gerando discussões em todos os níveis, de elogios rasgados ao chamado ao boicote. Tanto a direita como a esquerda reagiram. As reações são as mais variadas possíveis, tem a direita xucra que não assistiu e não gostou do filme. Tem a direita pena de aluguel que assistiu ao filme para dizer que não gostou e no dever de ofício falar mal procurando “falhas” que o filme não tem, como dizer que a diretora usa de fake news ao apresentar Temer como conservador sendo que é progressista (!), pois votou a favor do aborto (!). Do lado da esquerda temos a ala ufanista que achou o filme maravilhoso, uma aula de cinema, de narrativa, de concisão, de fidelidade aos fatos, irretocável. E a ala “talibã” que acha que o filme é um desserviço à esquerda, tem clima de velório, de derrota, de autocrítica, quando na verdade deveria ser um chamado à ação, à revolução. O filme de Petra Costa entra para o rol de obras recentes do cinema brasileiro que tentam de maneira quase que imediata retratar ou entender o momento atual. E não são poucas as obras que tentam explicar o golpe. Há os outros dois documentários importantes, “O Processo”, de Maria Augusta Ramos e “Excelentíssimos”, de Douglas Duarte, ambos de 2018. Há também as famigeradas obras golpistas, o fracasso “Polícia Federal – A lei é para todos” e a série “O Mecanismo”, de José Padilha, também patrocinada pela Netflix. Diga-se de passagem produções extremamente nada agradáveis de se ver do ponto de vista cinematográfico, chatas de assistir. Em “Democracia em Vertigem”, título pouco inspirado, diga-se de passagem, a diretora utiliza de uma narração em primeira pessoa, algo comum em sua filmografia, para falar sobre o golpe no Brasil utilizando sua própria vida pessoal. Ao assumir claramente uma posição, a diretora conseguiu anular uma “crítica” que certamente seria feita ao filme, é partidária, panfletária, toma posição. Ela se assume pertencente à classe burguesa, com avós que fundaram a Andrade Gutierrez e filha de pais militantes políticos perseguidos pelo regime militar. Fala da história recente do país tratando desde à construção de Brasília, os 21 anos de regime militar, as greves do ABC, as eleições presidenciais até chegar aos quatro governos do PT, impressões pessoais pontuadas por momentos de sua vida. Essa honestidade da diretora revela uma análise pequeno burguesa, confusa, indecisa, pessimista, do golpe, nada mais natural para alguém da origem dela. Em tom melancólico ela narra com certa tristeza os acontecimentos que levaram o Brasil a ter hoje como presidente uma figura execrável como Jair Bolsonaro. Por meio da narração o filme legi-
tima as passeatas coxinhas, a queda de popularidade de Dilma, os “erros” do PT e em até certo ponto a luta contra a corrupção promovida pela Operação Lava Jato. Falta também um aprofundamento sobre a participação dos EUA no golpe. Por outro lado, ao expor por meio de imagens, muito bem selecionadas e editadas os fatos que ocorreram entre 2013 a 2018, a chamada “narrativa” pequeno burguesa é contrariada, pois fica evidente por meio dessas imagens que houve um golpe, uma conspiração e uma farsa para tirar Dilma da presidência e colocar Lula na cadeia, ou seja, uma armação deliberada. Outro fator importante no filme é o depoimento de anônimos que fazem as melhores declarações do documentário. Em uma delas um senhor diz claramente que o que está acontecendo, o golpe é obra dos norte-americanos que querem roubar a Amazônia, o petróleo e ainda completa dizendo que o PT dava migalhas e agora não vai sobrar nem migalhas. Em outro desses depoimentos uma faxineira do Palácio da Alvorada diz que Dilma não foi tirada pelo povo e que no Brasil não existe democracia. Aliás esta palavra é apresentada inúmeras vezes na narração, como se o Brasil tivesse tido uma democracia e agora está perdendo, mas as imagens mostram o contrário, não há e nunca houve a tal da democracia. Sobre a tese de que o filme seria um anestésico da esquerda, por tratar o tema com tristeza e desesperança na verdade tem um elemento externo que faz com que o que é mostrado seja potencializado. Este elemento externo é o conjunto de conversas vazadas pelo The Intercept Brasil, entre Sérgio Moro e os procuradores da Lava Jato, evidenciando a conspiração para colocar Lula na cadeia e eleger Jair Bolsonaro. Ao assistir o filme e rever os acontecimentos, a apresentação do Power Point, o depoimento de Lula a Sérgio Moro e as acusações infundadas contra Lula, fica ainda mais evidente a farsa. Em determinado trecho, aparece Geofrey Robertson , advogado de Lula na ONU, em uma palestra comparando o caso de Lula à inquisição espanhola e que Moro age como um juiz investigativo que persegue o réu. E que é direito de qualquer réu ter um juiz imparcial, coisa que Moro não é. É a comprovação de que Lula é preso político. O filme cresce por causa dos acontecimentos atuais. Para além das interpretações e análises, o filme merece ser visto, é bem montado, e tem um ritmo fluente algo que as produções coxinhas não conseguem atingir. Há também cenas de bastidores inéditas e momentos memoráveis como quando o povo impediu na marra que Lula saísse do sindicato de São Bernardo do Campo para se entregar à PF gritando “Cercar! Cercar! E não deixar Prender!”. Para alguns não é um filme ideal, mas filmes não são feitos para mudar o mundo e precisam ser vistos para ser analisados. Há muitos temas decorrentes do filme que podem ser analisados, mas por hora fico por aqui.
POLÍTICA | 3
HABEAS CORPUS
STF, mais uma vez, manobra para impedir a libertação de Lula M
ais uma vez o destino do ex-presidente Lula ficou nas mãos do Supremo Tribunal Federal (STF). Foi assim em alguns momentos decisivos da política nacional no último período. Em abril do ano passado, o tribunal rejeitou um habeas corpus pedido pelo ex-presidente levando o ex-juiz Sérgio Moro a determinar a prisão de Lula logo em seguida. Antes daquela decisão possibilitar a prisão, o STF já tinha modificado o entendimento sobre a prisão de condenados em segunda instância, afrontando a Constituição. Naquele momento, o então comandante das Forças Armadas, general Eduardo Villas Bôas, ameaçou o país inteiro com um golpe militar: “Asseguro à Nação que o Exército Brasileiro julga compartilhar o anseio de todos os cidadãos de bem de repúdio à impunidade e de respeito à Constituição, à paz social e à democracia, bem como se mantém atento às suas missões institucionais”. Além de o próprio STF ser golpista, os militares ameaçaram o
tribunal para não arriscar que nenhuma divisão interna permitisse que Lula acabasse não indo preso naquele momento. Nesta terça-feira (25), o STF voltou a analisar pedidos de habeas corpus da defesa de Lula. Dessa vez, Lula já estava preso: exatos 444 dias de prisão política na sede da Polícia Federal em Curitiba. Foram dois pedidos. Um referente a uma decisão monocrática tomada no STF referente, de novo, à prisão em segunda instância. A outra se refere ao pedido de suspeição do então juiz Sérgio Moro. Os pedidos foram analisados pela Segunda Turma do tribunal, composta pelos ministros Celso de Mello, Gilmar Mendes, Ricardo Lewandowski, Cármen Lúcia e Edson Fachin. O primeiro foi negado, sendo Lewandowski o único a votar favoravelmente ao pedido da defesa de Lula. Quando chegou a hora de analisar o pedido de suspeição de Moro, o STF executou uma manobra para manter Lula preso.
Primeiro, Gilmar Mendes propôs colocar Lula em liberdade enquanto não fosse analisado o mérito da suspeição de Moro. Depois, esse pedido foi derrotado por três votos a dois: Gilmar Mendes e Ricardo Lewandowski votaram a favor da liberdade para Lula; Cármen Lúcia, Edson Fachin e Celso de Mello votaram contra. Com essa manobra, a votação do mérito da suspeição de Moro ficou para ser feita em agosto. Essa é uma forma de a burguesia ganhar tempo para contornar o problema criado por Lula. Ficou mais difícil negar a suspeição de Moro depois das revelações feitas pelo Intercept Brasil, caso o STF tome uma decisão assim, estará liberado oficialmente o conluio entre juízes e uma das partes nos processos do Brasil inteiro. Por outro lado, politicamente é impossível para a burguesia permitir a soltura de Lula nesse momento. Solto e fazendo política, Lula abalaria o regime golpista da direita. Outro problema é que a suspeição de
Moro seria uma derrota da operação golpista Lava Jato. Assim, para ganhar tempo e manter Lula preso, a direita mais uma vez manobrou e pisoteou os direitos do ex-presidente. Esse desfecho coloca mais uma vez o problema da mobilização popular para conquistar a liberdade de Lula. Se depender das instituições golpistas, Lula jamais será solto, e soltar Lula é fundamental para derrotar a direita golpista.
JULGAMENTO
STF não quer soltar Lula pelas implicações políticas do caso N
esta terça-feira (25) o STF manobrou mais uma vez para manter Lula preso arbitrariamente. Com o adiamento do julgamento da suspeição do ex-juiz Sérgio Moro no processo de Lula e a negação de um habeas corpus para o ex-presidente aguardar em liberdade essa decisão, o STF garantiu, teoricamente, que Lula continue preso até agosto. O julgamento do mérito da suspeição de Moro era arriscado para a burguesia. Mesmo para quem pretendia votar pela suspeição o adiamento foi conveniente. Apesar de haver uma divisão no STF, e na burguesia em geral, a respeito da operação Lava Jato, quando a questão é relativa particularmente ao Lula há
um acordo absoluto: o líder do PT deve continuar preso a qualquer custo. Gilmar Mendes armou um jogo de cena para se apresentar como democrático, o que será oportuno no momento de soltar outros políticos. Mas nem Gilmar Mendes, nem nenhum outro setor, quer ter que lidar com as implicações políticas da soltura de Lula. A burguesia está falando abertamente por meio de sua imprensa que Lula não pode ser solto pelas consequências que isso causaria. Para citar um exemplo, em sua coluna no Estado de S. Paulo, Vera Magalhães apontou que a soltura de Lula “colocaria o País diante de um risco de conturbação social e política, daria mais pano pa-
ra manga da polarização” (“STF dribla o puxadinho”, 26/06). Uma manifestação bastante honesta do que está acontecendo de verdade: Lula não pode ser solto por motivos políticos. Lula é um preso político sequestrado pela direita e não pode ser solto. Por um lado, Lula incendiaria os atos contra o governo de Jair Bolsonaro, ainda que, pessoalmente, buscasse apresentar uma política mais branda diante desse governo. Por outro lado, soltar Lula seria uma derrota para a Lava Jato e a desmoralização definitiva de Sérgio Moro, um dos pilares do governo ilegítimo eleito pela fraude de 2018. A burguesia precisa evitar esses percalços, e por isso o regime golpis-
ta está todo organizado para manter o ex-presidente injustamente aprisionado. Essa situação repõe o problema que estava colocado desde a condenação desde o primeiro dia da prisão de Lula: só a mobilização popular pode derrotar a direita golpista e tirar Lula de sua prisão política. Só os trabalhadores organizados podem impor a anulação de todos os processos fraudulentos contra e parar a perseguição contra as organizações populares pelo Estado dominado pela direita. Por isso é crucial nesse momento organizar grandes mobilizações para exigir a imediata liberdade de Lula. Dia 16, todos a Curitiba pela liberdade de Lula!
4 | POLÊMICA
PODRE
Quem justifica os objetivos da Lava Jato? P
odre. Não tem uma outra qualificação para classificar o artigo publicado nessa quarta, 26/06, no Jornal Folha de São Paulo, sob o título " A corrupção da Lava Jato”, seguido do subtítulo “Fins não justificam os meios: Moro deve ser afastado”, assinado conjuntamente por Fernando Haddad, Flávio Dino, Guilherme Boulos, Ricardo Coutinho, Roberto Requião e Sônia Guajajara. Sob o manto da crítica à conduta do atual ministro da Justiça Sérgio Moro, então juiz responsável pelo julgamento em primeira instância dos “crimes” identificados na Operação Lava Jato, os signatários do artigo avalizam a própria Operação, essa que foi o instrumento central do golpe de Estado no Brasil de 2016 e, em seguida, do golpe dentro do golpe com a condenação, prisão e banimento das eleições do ex-presidente Lula. “Não se trata de questionar a justa e necessária luta contra a corrupção —que também é nossa, desde muito antes da Lava Jato. Mas, sim, temos indignação com o uso desta causa como manto para ocultar e atender interesses políticos e ideológicos escusos, inclusive com grave violação à soberania nacional mediante “combinação com americanos”, conforme revelado em um dos Diálogos publicados pelo site The Intercept”. Trocando em miúdos, o trecho acima quer dizer que a Lava Jato em si cumpriu e cumpre um papel importante para o País, o seu único problema foi ser utilizada por “interesses políticos e ideológicos escusos”. Para qualquer pessoa minimamente esclarecida e que não aja pela má fé, não foram necessárias as denúncias do Intercept, que começaram a ser divulgadas no último período, para saber o objetivo criminoso da Lava Jato. Os autores admitem que houve “grave violação à soberania nacional mediante “combinação com americanos”, mas isso não foi a posteriori, a operação foi forjada pelas agências de inteligência norte-americanas e Moro não passa de um testa-de-ferro, um funcionário do governo daquele país.
Aliás, Moro começou a ser treinado bem antes. Foi o juiz responsável por encobrir o escândalo do Banestado durante o governo FHC, que transferiu mais de 30 bilhões de dólares ilegalmente para o exterior, e não é à toa que entre os maiores beneficiários da operação estavam o PSDB, as Organizações Globo e o grupo Abril, todos representantes dos interesses norte-americanos no Brasil e serviçais na campanha contra o governo de Dilma Rousseff, pelo impeachment, perseguição e prisão de Lula, etc. Moro passou, ainda, por uma segunda prova de “lealdade”, foi assessor da ministra do STF, Rosa Weber, nos processos do “Mensalão”, o avant-première do Golpe de Estado de 2016, justamente pelo sua suposta especialização em crimes financeiros e no combate à lavagem de dinheiro. Em nome dos bons serviços prestados aos seus patrões é que Moro foi designado como a figura central da Lava Jato, que tem, desde o início, seus propósitos bem delineados, e são vários, mas de nenhuma maneira o combate à corrupção. Em nome do combate à corrupção, a Lava Jato está destruindo a economia nacional. São incalculáveis os danos causados a Petrobras, às indústrias da construção naval e civil, para ficar apenas em alguns exemplos. Dados divulgados pela própria imprensa golpista, portanto podemos considerar, sem nenhuma insegurança, como bem abaixo da realidade, empresas brasileiras venderam mais de 100 bilhões em ativos entre 2015 e 2017 (g1. Globo.com, 13/10/2017). Estima-se, ainda, que ocorreram 2,5 milhões de demissões relacionadas a Petrobras e as empresas que mantinham relações com ela e que foram alvos da operação. A contra partida da operação, segundo dados de 2018, teria recuperado míseros R$ 618 milhões ao custo da redução do PIB entre 2015 e 2018 da ordem de R$ 142,6 bilhões. A Lava Jato, é uma versão melhorada do Escândalo do Banestado. Dos 30 bilhões de dólares que “sumiram”, o “bravo”
Contribua com a campanha pagar pagar multas que a justiça golpista impôs ao PCO: AG: 4093-2 CC: 29000-9 Banco do Brasil CNPJ: 01.307.059/0001-90 Partido da Causa Operária
combatente da corrupção, Sérgio Moro, recuperou a fortuna de 17 milhões de dólares. E quem se beneficia com isso senão o imperialismo norte-americano? Aqui nem entramos no mérito da verdadeira caçada de uma operação jurídico policial contra políticos, principalmente do PT, a começar por Lula, donos de empresas, agencias de propaganda, enfim, um ataque a tudo e a todos que pudessem ser um empecilho à política de rapina da economia brasileira. Voltemos aos nossos paladinos da esquerda moral. Depois de todo um blá-blá-blá acerca das imoralidades cometidas por Moro, de uma “animosidade” deste para com Lula, apresentam a solução: “Fora Moro”. “Não se pode admitir que, escancarada a trama, permaneçam os envolvidos a ocuparem funções relevantes, podendo inclusive atrapalhar ou direcionar investigações. Moro perdeu completamente as condições políticas e morais de ocupar o Ministério da Justiça, que comanda a Polícia Federal. Deve ser imediatamente afastado do cargo”. O problema, obviamente não é a operação como um todo, mas uma figura “diabólica”, que subverteu todos os princípios éticos e morais do combate a corrupção, que são os objetivos finais da operação Lava Jato. Finalmente, como que para fechar com chave de ouro, o artigo encerra com uma tirada “filosófica” sobre as relações entre os meios e os fins que devem existir em todos os processos
moralizadores, como a operação Lava Jato. “A Lava Jato se ergueu em torno do tema da corrupção. Agora, mesmo os que a defendem têm o dever de afastá-la deste mesmo pecado: o da corrupção. Pois não há outra palavra para definir o que ocorreu nesse lamentável episódio. Os fins não justificam os meios. E fraudar os meios corrompe o direito e a Justiça”. Diante de fins tão podres, que ao fim e ao cabo, têm como meta promover uma verdadeira hecatombe no país, os meios só poderiam ser tão podres quanto os fins. Apenas pessoas podres como Sérgio Moro podem levar a cabo objetivos tão podres, como são os da operação em questão. A defesa da Lava Jato pelos signatários do artigo não foi um raio em céu azul. Esse grupo está numa cruzada pela construção de uma frente ampla de “oposição” que contemple partidos e políticos golpistas, como o PSDB, Fernando Henrique Cardoso, Ciro Gomes, Marina Silva e mais uma “plêiade” de venais golpistas. Essa nada mais é do que a famosa política de virar a página do golpe. De fazer de conta que nada ocorreu no País e caminhar alegre e satisfeito para as eleições de 2020, 2022. Afinal, essa é a democracia. Na continuidade do golpe, o País pode ser destruído. Apenas tem de ser com muita moral e ética e, é claro, com meios que justifiquem os fins: que venha outro Moro.
POLÊMICA | 5
ESQUERDA PEQUENO-BURGUESA
Três “táticas” e uma única capitulação diante de Bolsonaro A
vontade das direções da esquerda pequeno-burguesa em esconder a palavra de ordem de “fora Bolsonaro” é quase tão grande quanto a vontade das massas que saem na rua pedindo a saída do governo ilegítimo e fraudulento. Tão situação mostra a distância cada vez maior entre o povo e a cúpula da maior parte dos partidos e organizações da esquerda pequeno-burguesa, que insistem na via institucional, no eleitoralismo e no parlamentarismo cretino. Tudo isso, em suma, representa uma política de sustenção do governo e do regime golpista de conjunto. Em artigo para a revista Fórum, Valério Arcary tenta entender o que está acontecendo no País, mostrando o que para ele significa “três táticas da esquerda diante do governo”. Arcary é um tradicional dirigente do PSTU, mas que hoje se encontra no PSOL, depois de ter passado vergonha, junto com seus ex-correligionários, ao dizer que não havia “perigo de golpe no País” e que, portanto, “o PT era igual ao PSDB e a Temer” e outras coisas dessa natureza. A realidade acabou atropelando Arcary e boa parte do PSTU que aca-
bou saindo do partido, criando uma corrente nova, que desde o anos passado se encontra no PSOL, o partido parece mais adequado para continuar com uma política parecida com a do PSTU, só que mais disfarçada. Em primeiro lugar, em seu artigo, Arcary não chega a uma conclusão clara sobre qual das tais três táticas seria mais correta. Mas sabemos qual para ele não somente seria errada: o fora Bolsonaro. Não pelo que Arcary e sua corrente dentro do PSOL, na verdade a quase totalidade do PSOL, dizem defender, mas efetivamente pela sua política prática. O fora Bolsonaro, que é o que o povo pede cada vez mais em alto e bom som nas ruas, não é parte da política dessa esquerda. Ao escrever um artigo sem maiores conclusões, apenas para apontar as tais três táticas, Arcary está nos dizendo que embora alguns por aí queiram derrubar o governo e achem que as condições para isso estão dadas, haveria também, em pé de igualdade, a “tática” de esperar até 2022 aceitando o governo que está aí ou a “outra tática” que também é esperar até 2022 fazia campanha parlamentar
de baixa intensidade para “desgastar o governo. No final das contas, Arcary esconde que há apenas duas políticas: ou se derruba o governo, chamando as massas a derrubar todo o regime golpista, ou se sustenta esse governo fraudulento que cada vez mais tende a uma ditadura contra o povo. O artigo com ar acadêmico de Arcary, como quem está simplesmente descrevendo as posições políticas
dentro da esquerda, como se ele não fosse parte de uma corrente e de um partido que têm política determinada, serve para esconder o fato de que nem ele nem seu partido querem o fora Bolsonaro. É uma capitulação diante do governo golpista, diante do presidente fascista que foi eleito depois de uma fraude escancarada. Se Arcary não conclui seu artigo, as conclusões tiramos por ele.
GOLPE
Aliança com o PSDB é aliança com o golpe S
egundo informações do jornal golpista Folha de S. Paulo, em matéria publicada no dia 22 de junho, o PT, o PSDB, o Podemos e o PSL estariam debatendo meios para combater a corrupção e melhorar a prestação de contas. Pressionados pelo desmonte que a Operação Lava Jato causou no regime político, tais partidos estariam empenhados em “estabelecer compliance“, isto é, estabelecer um “conjunto de normas e procedimentos para prevenir, detectar e punir irregularidades cometidas por funcionários – ou por filiados, no caso dos partidos”. Que os partidos burgueses estejam dispostos a levar adiante a criação de mecanismos que fortaleçam a “luta contra a corrupção”, é algo compreen-
sível, até porque são controlados, em geral, por setores pró-imperialistas. Por outro lado, a participação do Partido dos Trabalhadores, que é um dos maiores partidos de esquerda do mundo, é um erro que poderá prejudicar toda a esquerda de conjunto; A chamada “luta contra a corrupção”, que vem sendo fortemente propagandeada pela burguesia desde 2013, é uma farsa completa, conforme já foi desmascarado em vazamentos como os do ex-senador Romero Jucá e do ex-juiz Sergio Moro. Os líderes da “luta contra a corrupção” são, eles mesmos, grandes corruptos e aliados do imperialismo, que é o maior corruptor que a humanidade já conheceu. Além de a “luta contra a corrupção”
ser um mito, ela é uma ferramenta fundamental para que a classe dominante consiga perseguir seus inimigos e estabelecer um regime político com características ditatoriais. Foi através da “luta contra a corrupção” que uma presidenta eleita democraticamente foi deposta, que o maior líder popular do país foi colocado na cadeia e que um fascista foi colocado na Presidência da República. Um terceiro aspecto que merece ser criticado em relação à questão do compliance é que isso é uma aliança com os partidos da burguesia – os partidos que deram o golpe de 2016 e apoiam o governo Bolsonaro. Qualquer aliança que seja com esses partidos consiste em uma submissão dos interesses da população aos in-
teresses da burguesia. Afinal, a direita não tem nenhuma preocupação moral em relação à corrupção, mas sim em manter os trabalhadores sobre o seu chicote.
6 | POLÍTICA
CENÁRIO POLÍTICO
Gilmar Mendes quer soltar Lula?
O
turbulento cenário político nacional ficou tomado nos últimos dias por expectativas relacionadas ao julgamento do pedido de habeas corpus impetrado pela defesa do ex-presidente Lula, em dezembro de 2018, marcado para acontecer em sessão do dia 25 de junho, onde a segunda turma do STF se posicionaria sobre o pleito dos advogados, acatando ou não as argumentações da defesa. Desde então passaram a surgir especulações em torno ao assunto sobre uma suposta posição “garantista/progressista” assumida por um dos onze ministros da suprema corte de justiça do país, o STF, que deram lugar a comentários e opiniões no universo jornalístico nacional, envolvendo sítios, portais, blogs e plataformas digitais da imprensa alternativa, em especial aqueles identificados com o pensamento de esquerda. Gilmar Mendes, ministro indicado ao Supremo Tribunal Federal pelo ex-presidente golpista Fernando Henrique Cardoso, tido e reconhecido nos meios jurídicos como um dos ministros mais reacionários e direitistas da casa, estaria se deslocando para posições alinhadas ao bloco denominado “garantista” do Supremo, aquela ala do STF supostamente identificada com as posturas em que prevaleceriam, em suas decisões, o respeito e a observância aos preceitos constitucionais, em oposição ao núcleo “punitivista”, vulgarmente conhecido como turma “câmara de gás”, onde ninguém que ali cair se salva.
Não pode deixar de ser dito, inicialmente, que Gilmar Mendes sempre foi um convicto reacionário, opositor de primeira linha da esquerda, raivosamente antipetista e inimigo quase que declarado do ex-presidente Lula. São incontáveis as posições claramente direitistas assumidas por Mendes em um sem número de votações na suprema corte, não deixando qualquer dúvida sobre o perfil reacionário-conservador do ministro agora “garantista”. Portanto, as especulações em torno a um deslocamento do ministro que por mais de uma vez protegeu e blindou políticos do PSDB (Aécio Neves e outros) para posições progressistas está mais para uma encenação, um teatro. Não é possível entender as movimentações nos estratos superiores da sociedade nacional sem considerar o delicado quadro político do país, marcado por crises e divisões no seio da burguesia. As fissuras nos representantes dos escalões superiores do regime, portanto, expressam esse quadro de agudização das disputas intestinas dos diversos segmentos que compõem a burguesia nacional. Não é de se estranhar, portanto, que essas mutações sazonais ocorram e se manifestem também na mais alta corte jurídica do país, onde ali estão representados, através dos onze ministros, os múltiplos e intrincados interesses que permeiam as classes sociais que gravitam em torno do regime político, marcado pelo trauma recente do golpe de Estado que depôs, de forma arbitrária e inconstitucional, o governo eleito pelo voto popular em 2014.
Não pode cair no esquecimento que o Supremo Tribunal Federal – independentemente da posição assumida por alguns dos seus membros em determinados questões – foi o avalizador de toda a operação golpista que mergulhou o país no caos, na escuridão e no obscurantismo. Foi esse mesmo STF que endossou todas as maiores arbitrariedades contra os governos petistas, enquanto fazia “tábula rasa” com os crimes dos golpistas usurpadores. A suprema corte do país – e isso precisa ficar claro – não abandonou sua vocação golpista, reacionáia e direitista. O STF não quer soltar Lula, não quer reconhecer a sua inocência, não quer admitir que o ex-presidente foi conde-
nado em processos fraudulentos, julgado e condenado por um juiz parcial, inquisidor, golpista e perseguidor, pois isso implicaria na anulação de todos os processos contra Lula e até mesmo contra outros condenados nos processos fraudulentos da Lava Jato. Lula somente deixará a masmorra de Curitiba se for levada adiante uma luta encarniçada contra os golpistas; contra os juízes e Procuradores inquisitoriais; contra a Operação Lava “vaza” Jato; contra a fraude que representou a eleição de Jair Bolsonaro; enfim, contra o conluio estabelecido pelo regime político golpista e suas diversas frações; contra a burguesia em seu conjunto e o imperialismo.
GOLPISTAS
Imprensa golpista forma cerco ao Intercept para controlar divulgação de denúncias sobre a Lava Jato G
lenn Greenwald cometeu um perigoso erro político ao buscar um suposto apoio da imprensa burguesa na divulgação das conversas entre Moro e os procuradores da Lava Jato as quais o Intercept teve acesso. Pode-se pensar que seria uma estratégia genial a adotada pela versão brasileira do sítio norte-americano, ao disseminar as informações para um amplo público de diferentes camadas sociais e posições políticas “moderadamente” de direita, ou mesmo para o público coxinha que, assim, finalmente, teria a ficha caída. No entanto, esse pensamento é incorreto. Ao fazer parceria com os grandes monopólios de comunicação do País (Folha, Reinaldo Azevedo da BandNews e, possivelmente, até com a Veja), o Intercept e seu material explosivo têm o poder de fogo castrado em grande medida. Isso porque esses jornais da imprensa golpista são esmagadoramente maiores que o próprio Intercept, são tubarões que engolem os outros veículos mesmo quando, supostamente, fazem “parceria” com estes.
Essa força da imprensa capitalista se dá, principalmente, porque ela tem por trás de si nada menos do que a burguesia e o imperialismo e, portanto, atua conforme os seus interesses. O Intercept não tem controle sobre as reportagens acerca dos materiais que ele mesmo teve acesso mas que são produzidas e difundidas nessa imprensa. A Folha de S. Paulo, por exemplo, publica essas reportagens de acordo com a orientação passada por seus diretores. É preciso lembrar que ela é um jornal de direita. Seu histórico vai do apoio prático à ditadura militar (fornecendo carros para a tortura) até o papel fundamental que desempenhou no impeachment de Dilma e na prisão de Lula. Destaca-se também que, com a morte de Otávio Frias Filho, assumiu a presidência do Grupo Folha Luiz Frias, um bolsonarista que impôs uma reformulação tácita na linha editorial do jornal, direitizando-o ainda mais. A Folha, hoje, é um jornal com fortes tendências de extrema-direita. Nem é necessário explicar quem são Reinaldo Azevedo e a Revista Veja.
O interesse desses meios de comunicação na “parceria” com o Intercept tem, claro, algo de comercial (afinal, ganham dinheiro com a venda das reportagens para o público e os anunciantes). Também, serve para transmitirem a falsa impressão de imparcialidade e ganharem certo prestígio dos incautos. Porém, o principal interesse em obterem parte dos documentos do Intercept é justamente controlar o que será divulgado ou não. Afinal, uma vez na mão dos jornais da burguesia, são eles que escolhem o que será publicado e como será publicado. Greenwald, ele próprio, já viveu uma pressão semelhante por parte da imprensa burguesa. O Guardian fez de tudo para impedir que ele publicasse as revelações obtidas através de vazamento de documentos da NSA por Edward Snowden, em 2013, que mostravam detalhes sobre a espionagem em massa feita pelos Estados Unidos. Se Greenwald quase não conseguiu publicar aquelas importantes revelações em um jornal considerado liberal,
democrático e da ala esquerda da burguesia britânica, por que o material que tem em mãos seria inteiramente disponibilizado pela imprensa golpista brasileira, já que esse mesmo material colocaria em risco os próprios planos golpistas da burguesia – e, por consequência, de sua imprensa? A imprensa capitalista tenta se apoderar das revelações e colocar o Intercept para escanteio, assegurando total controle da situação para a direita golpista. Com essa “parceria”, a burguesia busca garantir que a multidão de arquivos comprometedores da Lava Jato e do golpe não seja revelada em sua totalidade, implementando uma censura a documentos que estão escancarando de vez a fraude que foi a prisão de Lula e a eleição de Bolsonaro.
ATIVIDADES DO PCO E DOS COMITÊS DE LUTA | 7
TODO DOMINGO!
Participe dos mutirões pela liberdade de Lula por todo o país! O
Partido da Causa Operária está realizando mutirões nas principais cidades do país para mobilizar a população em torno do “Fora Bolsonaro” e pela liberdade de Lula. Os mutirões consistem na venda do Jornal Causa Operária, na coleta da assinaturas para o abaixo assinado pela liberdade do ex-presidente. na distribuição dos adesivos e dos cartazes que o partido, assim como os comitês de Luta Contra o Golpe, vêm se empenhando em produzir. O sucesso dos adesivos se dá pela necessidade de política de levantar tais palavras de ordem. Enquanto os partidos pequeno-burgueses se prontificam a justificar a permanência do governo Bolsonaro, a população lota as ruas do país para derrubá-lo. Os mutirões acontecem todos os domingos, para participar, ou realizar o mutirão na sua cidade, basta entrar em contato com a Secretaria de Organização do partido através do e-mail: pco.sorg@gmail.com.
PELA LIBERDADE DE LULA
Assine o abaixo-assinado pela anulação dos processos contra Lula
O
Partido da Causa Operária (PCO) está realizando uma nova campanha política massiva nas ruas. Diante do cenário político, foi decidido pela direção do partido intensificar a campanha de assinaturas do abaixo assinado pela anulação de todos os processos contra o ex-presidente Lula. Lula é um preso político do regime golpista, como ficou claro com o vazamento de informações da Lava Jato pelo The Intercept que comprovou a
conspiração política do juiz Sérgio Moro (hoje, ministro de Bolsonaro) e os procuradores da operação. Algo totalmente ilegal. Por isso, assine você também o abaixo assinado pela anulação dos processos de Lula. Milhares já assinaram. Todo domingo, nas principais cidades do país, os militantes do PCO estarão recolhendo assinaturas nos locais mais movimentados.
8 | MOVIMENTO POPULAR
CONTRA A ARBITRARIEDADE DO STF
Protestos espontâneos mostraram caminho: é hora de organizar a saída às ruas pela liberdade de Lula A
inda que pequenos, os protestos contra a arbitrariedade do Supremo Tribunal Federal de manter o ex-presidente Lula preso, enquanto aguarda o julgamento do pedido de suspeição do ex-juiz e a atual ministro, Sérgio Moro, realizados Em Brasília, em frente ao STF; em Curitiba, em frente à carceragem da Polícia Federal; em São Paulo, em frente ao MASP; além de diversas outras capitais e cidades do interior de várias regiões do País, na última terça (dia 25), mostraram uma significativa disposição de luta do ativismo dos Comitês de Luta Contra o Golpe e por Lula Livre, espalhados por todo o País. Os atos não foram maiores porque não foram amplamente convocados e impulsionadas pelas principais direções da esquerda que, na imensa maioria dos casos, sequer participaram dos eventos. Evidenciando por um lado, e no melhor dos casos, a ilusória crença de que a solução para a libertação de Lula, poderá advir do convencimento dos ministros golpistas do STF, diante de fatos, evidências e apelos dos advogados sem uma grande mobilização popular e, por outro, no abandono da defesa de Lula, da parte de políticos de esquerda que “eram” Lula na eleição, mas que – agora – estão mais ocupa-
dos em apoiar o governo na questão da reforma da Previdência contra a posição de Lula, da esquerda e das organizações de luta dos trabalhadores ou em buscar uma aliança com setores golpistas, como FHC, seu PSDB etc. contrários à libertação de Lula. A decisão do STF mostrou a Corte, uma vez mais, curvada diante da vontade expressa dos militares de que se negasse os direitos constitucionais de Lula e de todos os brasileiros. A manobra do adiamento, reafirma pela enésima vez mais que a liberdade do ex-presidente, em plena vigência do regime golpista, não pode vir de articulações no judiciário, congresso e outras instituições dominadas pelos golpistas. Em tais condições, as organizações de luta dos trabalhadores e de defesa dos interesses democráticos do povo precisam intensificar – e muito – sua organização (principalmente nos Comitês de Luta) para exigir, por meio de uma ampla mobilização, a imediata libertação do ex-presidente e de todos os presos políticos, bem como o fim da operação lava jato e a anulação de todos os processos fraudulentos por ela levados adiante. Essa medida democrática, bem como a necessária derrubada do gover-
no ilegítimo (“fora Bolsonaro e todos os golpistas”), só pode ser conquistada por meio de uma gigantesca mobilização popular, nas ruas, superando a ilusão de que o judiciário golpista e demais instituições do regime possam ceder aos “fatos” e “à Lei”.
Um passo importantes nesse sentido é a organização de uma grande ato em Curitiba, no próximo dia 16 agosto, com caravanas de todo o País, como está sendo proposto pelo Partido da Causa Operária e pelos Comitês de Luta Contra o Golpe.
DIA 16 DE AGOSTO
Todos a Curitiba pelo cancelamento dos processos e liberdade para Lula!
O
julgamento do Habeas corpus do ex-presidente Lula pelo Supremo Tribunal Federal (STF) mostrou mais uma vez que não haverá liberdade de Lula sem a mobilização dos trabalhadores e da população explorada. Mesmo com as mensagens divulgadas pelo The Intercept Brasil onde mostram as provas e escancaram a perseguição política realizada pelo ex-juiz e ministro da justiça, Sérgio Moro, e os procuradores da operação golpista da Lava-Jato, não deixou os ministros do STF tomarem decisões minimamente democráticas. Fato que revela mais uma vez o papel golpista dos ministros do STF. O julgamento mostrou que os golpistas e a burguesia controlam todo judiciário e a esquerda não pode ter ilusão nenhuma na justiça, no parlamento ou nas instituições do Estado. A única maneira de libertar Lula, derrubar Bolsonaro e garantir novas eleições é criar um grande movimento e tomar as ruas.
Não há nenhuma dúvida dos objetivos de destruição da economia nacional realizada pela operação Lava Jato e seu caráter golpista orquestrado nos Estados Unidos. É preciso pedir a anulação de todos os processos fraudulentos e todas as prisões realizadas pela Operação Lava-Jato. Tem que ficar claro que não é somente a prisão de Lula, mas de todos os presos dessa operação golpista. Para isso, não podemos deixar a situação esfriar e dar continuidade as três grandes mobilizações que ocorreram em maio e junho. É preciso organizar caravanas de todas as regiões do país para a carceragem onde Lula é preso político em Curitiba no dia 16 de agosto. Os trabalhadores e militantes devem pressionar suas organizações sindicais, partidárias e de movimentos sociais para disponibilizar recursos e organizar um grande ato pela Liberdade de Lula e anulação de todos os processos fraudulentos da Lava-Jato.
INTERNACIONAL | 9
ATAQUES
Depois dos hackers russos, agora os chineses: imperialismo acusa China de se infiltrar em empresas de tecnologia A
campanha imperialista contra a China aumenta. Recentemente, houve a chamada “guerra comercial” dos EUA contra o país asiático, que na verdade é um ataque contra a economia chinesa. Outro ataque, relacionado com a guerra comercial, foram as acusações e sanções contra a Huawei – a fim de impedir qualquer tipo de concorrência com as gigantes de tecnologia norte-americanas. Agora, existe a possível invenção de uma história envolvendo hackers chineses e sua tentativa de invadir sistemas de grandes companhias tecnológicas. Não bastasse a propaganda da imprensa dos EUA sobre “hackers russos” infiltrados em toda a parte, agora a bola da vez são os chineses. De acordo com reportagem da agência de notícias Reuters (uma das mais tradicionais agências jornalísticas do imperialismo), entre 2014 e 2017 o governo de Pequim teria organizado ataques informáticos contra uma série de empresas, dentre as quais a IBM, Fujitsu e Hewlett Packard. O governo dos Estados Unidos acu-
sa a China de promover esses ataques com o intuito de roubar informações comerciais e propriedade intelectual para uso econômico chinês. Essas são acusações parecidas com as que foram dirigidas à Huawei, de que estaria tentar roubar segredos dos monopólios norte-americanos de tecnologia. Não é preciso levar em consideração a veracidade ou não as denúncias. O fato é que a China é um país oprimido pelo imperialismo, sua economia sofre um forte domínio dos capitalistas internacionais que buscam violar constantemente sua soberania e o país é alvo de mentiras e propaganda. O imperialismo consiste exatamente no controle da economia mundial por um punhado de monopólios capitalistas dos países mais avançados, que impedem, assim, qualquer outro país de se desenvolver economicamente. Logo, controlam todos os ramos da economia, incluindo o desenvolvimento de tecnologia. Uma das vias que os países atrasados encontram para diminuir minimamente seu atraso é tentando “roubar” a tecnologia dos países
avançados (que, por sua vez, roubaram e ainda roubam os recursos dos países atrasados para se desenvolverem). Esse é o caso, por exemplo, da Coreia do Norte, que sofre acusações semelhantes e esse é um dos motivos pelos quais sofre sanções econômicas dos países imperialistas. Os países imperialistas impedem que os outros países tenham acesso à tecnologia roubada por eles. Assim,
não conseguem se desenvolver. Para que os países oprimidos consigam se desenvolver, pe necessário se libertarem dessa opressão e isso só ocorrerá quando o imperialismo não existir mais. Como ele é a fase superior do capitalismo, ele só deixará de existir quando o capitalismo for suprimido e em seu lugar assumir um novo sistema, o socialista. E isso só será alcançado com a revolução mundial.
IMPERIALISMO
Como o bloqueio dos EUA asfixiam a economia iraniana: abaixo a política imperialista! O
s Estados Unidos estão estrangulando o Irã para forçá-lo a reagir, em desespero, ou entregar a quarta maior reserva de petróleo do mundo e a segunda maior reserva de gás natural para a exploração e o controle das empresas imperialistas. A última medida, chamada de “pressão máxima”, foram as novas sanções impostas ao país pelo presidente norte-americano, Donald Trump. Desta vez, Trump o alvo é o próprio líder religioso e supremo, o aiatolá Ali Khamenei e todas as pessoas próximas a ele, além de bilhões de dólares em ativos iranianos pelo mundo estão bloqueados agora. O imperialismo quer guerra e vai apertando tudo que pode. O primeiro tiro já foi dado. Foi em 1988: um vôo comercial, o Iran Air 655, que fazia a rota entre Teerã e Dubai, um Airbus A300, foi atingido e derrubado por um míssil disparado do navio da Marinha dos EUA, o USS Vincennes, que estava no Estreito de Hormuz, no Golfo Pérsico, em águas territoriais do Iã. Segundo as autoridades norte-americanas, a tripulação do navio erroneamente identificou o avião como um caça militar F-14A Tomcat em trajetória de ataque. O erro causou a morte de 290 passageiros, incluindo 66 crianças. O caso foi levado para o Tribunal de Haia pelo Irã e… está lá até hoje sendo analisado. Recentemente, a imprensa dos EUA rufou tambores de guerra porque o
Irã teria abatido um drone, uma aeronave não tripulada dos EUA, que estava sobrevoando o território iraniano, como se isso fosse um absurdo muito grande. Afinal, um avião espião norte-americano pode espionar o território de outro país com o qual esteja em conflito declarado, não é? E os iranianos só derrubaram o drone para provar que o navio petroleiro japonês que esteve queimando no Golfo de Omã, sob a acusação dos Estados Unidos de ter sido atingido de alguma forma pelo Irã, na verdade esteve na mira de um desses drones dos EUA que atiram e somem no ar. Os EUA colocaram a Guarda Revolucionária do Irã na lista negra como uma “organização terrorista estrangeira”. E o Irã deu o troco, declarando os EUA como “patrocinadores estatais do terrorismo” e as forças americanas no Oriente Médio e em outros países como “grupos terroristas”. Além da escalada bélica, o povo iraniano sofre com a crise econômica em virtude do bloqueio imposto ao seu país. Depois que o Irã foi forçado a abandonar suas ambições nucleares em 2015, as sanções então impostas foram levantadas e o Irã experimentou um rápido crescimento: mais de 12% no mesmo ano. Até 2018 o Irã exportou mais de 2,5 milhões de barris de petróleo bruto por dia! Isso foi até um mês antes de Trump abandonar o acordo nuclear e impor novas sanções. O número de barris
de petróleo exportados pelo Iã caiu para 400 mil por dia em maio último. Este ano, segundo previsões do FMI, a economia do Irã vai encolher mais 6%, pois já tinha caído 3,9% em 2018. As medidas dos EUA atingiram duramente a economia iraniana. Enquanto as exportações de petróleo do país petrolífero caíram, a inflação e o desemprego dispararam. O valor da moeda iraniana, o Rial, despencou cerca de 60% no ano passado. A inflação subiu para 37% e o custo dos alimentos e remédios aumentou
de 40% a 60%, segundo dados da União Europeia. Muitas empresas estrangeiras, incluindo montadoras como Daimler e Peugeot e o grupo petroquímico Total, encerraram suas operações no Irã nos últimos meses. Isso elevou a taxa de desemprego no país, que gira atualmente em torno de 12%. O imperialismo está cercando o Irã militar e economicamente para roubar o país e para controlar o Oriente Médio, nada diferente do que sempre fez e faz em outras partes do mundo, como na Venezuela e nos Balcãs.
10 | INTERNACIONAL
PARIS
“Socialistas” querem aumentar a repressão a “delinquentes” em plena crise com os coletes amarelos A
prefeita de Paris, Anne Hidalgo (PS), quer que o governo do presidente coxinha Emmanuel Macron “aumente o número de policiais” na capital francesa. A desculpa é a elevação dos crimes de delinquência. Conforme dados da prefeitura, houve o aumento, desde o início do ano, dos furtos de carteira no metrô (+68%), das agressões sexuais em novembro de 2018 (+71%), dos ataques voluntários (+13,5%), da violência contra as mulheres (+8%), da violência dentro da família (+18%) e dos assaltos em 19 dos 20 distritos de Paris entre 2017 e 2018 (+16%). “Devemos colocar a polícia em nossos bairros”, defendeu a política do Partido Socialista em conferência na Câmara Municipal de Paris na semana passada. “Não se pode ser eficaz se a parte relacionada à luta contra a delinquência, tráfico de drogas e violência for menos garantida pela polícia nacional”, completou. Um dos motivos que pode estar por trás desse posicionamento, no entanto, não tem nada a ver com o suposto aumento da criminalidade. Seria, na
realidade, uma tentativa de conter o movimento dos coletes amarelos, que tomam conta das ruas de Paris desde o final do ano passado. “Entendemos que as manifestações dos ‘coletes amarelos’ tenham retirado a polícia de nossos bairros”, disse Hidalgo, citando particularmente os bairros operários da capital. Mas a quem interessa a polícia, ainda mais nos bairros populares? A polícia, assim como o exército, é o braço armado do Estado, principal órgão de repressão da burguesia contra o povo. Ela serve, na verdade, para oprimir os coletes amarelos, com centenas de detenções durante as dezenas de semanas seguidas de protestos. Serve para esmagar qualquer direito da classe trabalhadora, como sua organização independente como classe. Assim, o PS, partido tradicional da esquerda burguesa francesa, mostra novamente o que se tornou sua política: basicamente, um “puxadinho” da direita. Obviamente, continua representando a ala esquerda da burguesia, com sua base operária, mas a política social-democrata dá cada vez mais lu-
gar a uma política de total capitulação para a direita. Foi assim durante o governo do presidente François Hollande, quando a França invadiu o Mali, bombardeou a Líbia junto com a OTAN e implementou uma reforma trabalhista que causou grande revolta em sua base social, levando a enormes protestos e a uma greve geral, em 2016. Isso causou uma certa fragmentação de sua base e levou ao fortalecimento da extrema-direita e a seu completo enfraquecimento. Nas eleições presidenciais seguintes, o partido apoiou Macron contra Marine Le Pen para supostamente “derrotar o fascismo”. Pois bem, aí está Macron, destruindo todos os direitos do proletariado francês, o que gerou justamente o movimento dos coletes amarelos, principal sintoma da crise do regime político naquele país. Agora, nas recentes eleições para o Parlamento Europeu, o PS teve um desempenho vexatório, ridículo, pífio. Ficou atrás, em número de votos, de Macron, de Le Pen, dos falidos Repu-
blicanos, dos Verdes e até mesmo do agrupamento menor de esquerda, a França Insubmissa de Jean-Luc Mélenchon. Isso ocorreu graças a esse tipo de política adotada por Hidalgo, contra sua própria base social. Então, a prefeita “socialista” propõe mais polícia na rua para solucionar problemas sociais! Esse equívoco imperdoável é no que mais cai a esquerda pequeno-burguesa no Brasil, acreditando que as instituições de repressão da burguesia (como a polícia e o judiciário) resolverão os problemas sociais em favor dos oprimidos. Ou seja, acredita que adotando a política da extrema-direita atenderá a algumas necessidades do povo e contentará sua base social trabalhadora. Pelo contrário, como se demonstrou, cada vez que a esquerda adota uma política de direita, perde apoio social, porque, ao contrário do que esses políticos pequeno-burgueses pregam, o povo não é ignorante. Assim, graças à “ajudinha” da esquerda, o povo é levado para os braços da extrema-direita e sua demagogia.
27 DE JUNHO DE 1905
Marinheiros do Couraçado Potemkin revoltam-se contra os oficiais czarista (Revolução Russa) Em junho de 1905, em meio à Revolução Russa contra o Czar, a tripulação do da navio de guerra da marinha imperial (couraçado Potemkin) realizou um levante contra o regime então vigente. O Império Russo estava em plena guerra contra os japoneses pelo controle da Manchúria (China), e as condições do país, devido à guerra, tinham piorado exponencialmente. A fome havia aumentado, o sucateamento e o desemprego também. Por conta disso, em janeiro de 1905, milhares de trabalhadores foram para
o Palácio de Inverno reivindicar melhores condições de trabalho e de vida. O Czar reagiu com uma intensa repressão, mandando seus oficiais atirar nos manifestantes. O clima política já estava muito quente. No final do século anterior diversas organizações de esquerda, sobretudo estudantis e camponeses, haviam iniciado uma guerra contra o regime czarista, através de atentados e sequestros. O movimento evoluiu e foi a vez da classe operária de intervir. Entre 1890 até 1905, diversas greves operárias sacudiram o país.
TODAS AS SEXTAS-FEIRAS, 14H00
Foi nestas condições que, após a intensa repressão em janeiro de 1905 (que ficou conhecida como Domingo Sangrento), uma série de revoltas eclodiram na Rússia. Os marinheiros do Couraçado Potemkin começaram a reivindicar também melhorias no trabalho e se rebelaram contra política de repressão dos oficiais do alto escalão. A revolta foi tão intensa que levou o Czar a assinar o Tratado de Portsmouth, que deu fim à guerra Russo-japonesa. O movimento revolucionário desta época foi vitorioso ao conquistar
diversos direitos democráticos no regime russo. Direitos estes que foram em seguida suprimidos, seguindo uma gigantesca onda de repressão do czarismo, que levou a um refluxo do movimento revolucionário, que só eclodiu novamente em 1917, quando o czarismo foi derrubado definitivamente por uma revolução proletária. Nisso tudo, a importância da revolta em Potemkin foi tão importante que inclusive o cineasta revolucionário, Sergei Eisenstein, produziu um filme de 1925 sobre o ocorrido. Filme este que se tornou um marco do cinema mundial.
TODAS AS SEGUNDAS-FEIRAS, 12H30
TEORIA E MULHERES | 11
44ª UNIVERSIDADE DE FÉRIAS DO PCO
Programa de transição (parte 1): As premissas objetivas para uma revolução socialista Estaremos iniciando agora uma nova série de matérias publicando todos os capítulos do Programa de Transição da Quarta Internacional, escrito por Leon Trotsky. O texto será base da 44ª Universidade de Férias do PCO, que ocorrerá entre os dias 15 e 22 de julho. PROGRAMA DE TRANSIÇÃO CAPÍTULO I
A
s premissas objetivas para uma revolução socialista A situação política mundial no seu conjunto caracteriza-se, antes de mais nada, pela crise histórica da direção do proletariado. A premissa econômica da revolução proletária já alcançou há muito o ponto mais elevado que possa ser atingido sob o capitalismo. As forças produtivas da humanidade deixaram de crescer. As novas invenções e os novos progressos técnicos não conduzem mais a um crescimento da riqueza material. As crises conjunturais, nas condições da crise social de todo
o sistema capitalista, sobrecarregam as massas de privações e sofrimentos cada vez maiores. O crescimento do desemprego aprofunda, por sua vez, a crise financeira do Estado e destrói os sistemas monetários estremecidos. Os governos, tanto democráticos quanto fascistas, vão de uma bancarrota a outra. A própria burguesia não encontra saída. Nos países onde foi obrigada a fazer sua última jogada com a carta do fascismo, ela caminha, atualmente, de olhos fechados, para a catástrofe econômica e militar. Nos países historicamente privilegiados, isto é, naqueles onde ainda pode permitir-se durante algum tempo, o luxo da democracia às custas da acumulação nacional anterior (Grã-Bretanha, França, EUA, etc.), todos os partidos tradicionais do capital encontram-se numa tal situação de desagregação que, por momentos, chega à paralisia da vontade. O New Deal, apesar do caráter resoluto que ostentava no primeiro período, representa apenas uma forma particular da desagregação, possível apenas num país onde
a burguesia pôde acumular riquezas sem conta. A crise atual, que ainda está longe de seu fim, já demonstrou que a política do New Deal nos EUA, assim como a política da Frente Popular na França, não oferece qualquer saída ao impasse econômico. O panorama das relações internacionais não possui melhor aspecto. Sob a pressão crescente do declínio capitalista, os antagonismos imperialistas atingiram o limite, além do qual os diversos conflitos e explosões sangrentas (Etiópia, Espanha, Extremo Oriente, Europa Central…) devem, infalivelmente, confundir-se num incêndio mundial. A burguesia dá-se conta, sem dúvida, do perigo mortal que uma nova guerra representa para seu domínio, mas é, atualmente, infinitamente menos capaz de preveni-la do que às vésperas de 1914. Os falatórios de toda espécie, segundo os quais as condições históricas não estariam “maduras” para o socialismo, são apenas produto da ignorância ou de um engano consciente. As premissas objetivas da revolução proletária
não estão somente maduras: elas começam a apodrecer. Sem vitória da revolução socialista no próximo período histórico, toda a civilização humana está ameaçada de ser conduzida a uma catástrofe. Tudo depende do proletariado, ou seja, antes de mais nada, de sua vanguarda revolucionária. A crise histórica da humanidade reduz-se à crise da direção revolucionária.
MULHERES
Sob pressão da direita, somente 43% dos hospitais cadastrados realizam aborto legal
N
a quarta-feira (19), a organização britânica de direitos humanos, Artigo 19, lançou um relatório sobre o acesso ao direito de aborto nos casos previsto em lei, resultado de uma pesquisa telefônica feita com 176 hospitais públicos no Brasil. Os hospitais estão em uma lista disponibilizadas pelo Ministério da Saúde, onde constam os locais cadastrados nos quais o aborto legal é oferecido, porém ao serem contactados por telefone apenas 43% afirmaram realizar a interrupção da gestação. Apesar de ser um direito, o acesso ao aborto legal encontra várias barrei-
ras para se concretizar, que vai desde o julgamento moral dos profissionais responsáveis, até a falta de acesso à informação sobre o procedimento. Graças à campanha da direita contra o aborto, muitos hospitais se recusam a realizar o procedimento, mesmo que este seja garantido por lei, e o tratamento reacionário do tema também leva ao desconhecimento da existência direito pela população. Nos hospitais que aceitam realizar o aborto legal, outros obstáculos podem surgir, como por exemplo a exigência do boletim de ocorrência da vítima de
estupro para realização do procedimento, sendo que o documento não é uma exigência legal, nem mesmo o exame de corpo de delito. Entre os 65 estabelecimentos que responderam, 44 não souberam informar a idade gestacional limite para realização do aborto, o que pode impedir a mulher de ter acesso ao procedimento legal, sendo obrigada a seguir com a gravidez caso ultrapasse o tempo máximo por atrasos no processo. Ao serem abertamente contra a legalização do aborto, os direitistas tentam dificultar até mesmo o acesso ao
aborto legal, como visto recentemente pelo projeto de lei do vereador de São Paulo, Fernando Holiday do DEM (e MBL), que prevê a realização do aborto apenas mediante alvará expedido por autoridade judiciária e submetido a Procuradoria Geral do Município. Além de depender do judiciário golpista, a mulher ainda passaria por atendimento religioso e psicológico para fazê-la desistir do aborto, caracterizando uma verdadeira tortura para mulheres que possivelmente já passaram por situações de violência. Consta também no projeto a possibilidade de internação psiquiátrica para grávidas com propensão ao aborto ilegal, uma medida fascista para encarcerar mulheres pobres que recorrem ao SUS. O caso do aborto é mais um exemplo que as leis somente não garantem direito algum aos cidadãos. Apesar de previsto em lei, as mulheres encontram enormes dificuldades para fazer valer seu direito, que deveria ser providenciado e fiscalizado pelo Ministério da Saúde através do SUS, hoje encabeçado por um bolsonarista. Com o avanço da direita todos os direitos da população estão ameaçados, principalmente os que dizem respeito a vida e independência das mulheres, maiores afetadas pelo golpe e crise no país. Os direitos que não puderem destruir, usarão da burocracia e violência do estado para impedir que sejam colocados em pŕatica.
12 | MOVIMENTO OPERÁRIO
BB
Direção do Banco do Brasil dá mais um golpe no Plano de Saúde dos seus funcionários A
direção golpista do Banco do Brasil, juntamente com o seu preposto no Conselho Deliberativo na Caixa de Assistência dos Funcionários do Banco do Brasil (Cassi), Sérgio Faraco, no último dia 25 de junho, na calada da noite, aprovou, sem qualquer tipo de discussão com os verdadeiros donos do plano de saúde: os funcionários do BB, um novo aumento na coparticipação sobre exames e consultas, passando, no caso de consultas de emergência ou agendadas, sessões de psicoterapia e acupuntura e visitas domiciliares, dos 30% para 50%; e de 10% para 30% nos serviços de fisioterapia, RPG, fonoaudiologia e terapia ocupacional que não envolvam internação hospitalar. E o golpe não parou por aí, além de mais um roubo nos salários dos funcionários com o aumento da coparticipação, o texto aprovado acaba com o teto de 1/24 do salário mensal na coparticipação alterando a cobrança do estoque da dívida para os meses subsequentes. Com a “nova” media os trabalhadores passarão a ter um desconto nos seus contracheques, não mais os 3% conforme o estatuto da Cassi, em média 7% a 8% dos seus vencimentos brutos.
O que é necessário chamar atenção, na votação do Conselho Deliberativo da Cassi, em relação ao aumento da coparticipação é o papel dos “representantes” eleitos, que tiveram papel decisivo no processo, onde o banco se utilizou do seu mascarado voto de minerva, através do “representante” eleito, Sérgio Faraco, para a aprovação de mais esse roubo ao funcionalismo (o Conselho Deliberativo é composto por 8 membros sedo 4 deles eleitos pelos funcionários e 4 indicados pelo banco). É bom lembrar que a chapa eleita pelo o funcionalismo, em 2018, para compor o Conselho Deliberativa foi o resultado de uma das maiores fraudes já realizada, quando um fator que foi decisivo para a vitória da chapa eleita foi a quantidade de votos de aposentados totalizado em 21.471, um fato inédito em todos os processos eleitorais da Cassi, uma diferença muito grande para o segundo colocado com apenas 7.735 votantes aposentados. Fica claro que houve uma deliberação por parte das superintendências do banco em pressionar as gerências das agências em trabalhar para que um maior número de aposentados votasse. E agora fica claro, para a categoria, que a cha-
pa eleita é um preposto da direção do banco no Conselho Deliberativo. Na época da eleição, este Diário já denunciava as propostas de campanha da chapa totalmente antagônicas aos interesses dos associados que tinha como ponto principal um“novo modelo de custeio para o Plano de Associados que propunha que a taxa de contribuição não fosse fixada no Estatuto da Cassi, mas sim nos orçamentos anuais, com base na realização de um estudo atuarial prévio, que aponta qual o montante previsto para o próximo exercício, denominado ‘receita de equilíbrio’”, ou seja, já pretendiam acabar com o regime de Solidariedade do plano em que aposentados e ativos descontam o mesmo percentual de 3% dos seus vencimento para impor cobrança por dependentes, cobrança diferenciada por faixa etária, etc. Depois da segunda derrota consecutiva da direção do banco pelos trabalhadores na tentativa de mudar o estatuto da Cassi com o fundamente de liquidar com o plano de saúde dos trabalhadores, o banco partiu para uma nova ofensiva onerando, ainda mais, os salários dos seus empregados quando é obrigação do patrocinador
Banco do Brasil arcar com o custeio do plano. É necessário lutar para derrotar os planos dos golpistas de liquidação do plano de saúde construído pelos trabalhadores, que vem sendo atacado sistematicamente pela política de rapina da direção do banco. Somente a luta contra a direção do banco, e seus prepostos no Conselho Deliberativo da Cassi, é que irá manter o plano dos trabalhadores. Foi a iniciativa e a luta dos trabalhadores do BB que conquistou a Caixa de Assistência e todos os seus direitos e será com a mobilização que esses direitos serão garantidos.
PROFESSORES
ECT
“Não tirar férias”, intensificar a luta pelo Fora Bolsonaro T
General golpista to a posse nos Correios usando o mesmo truque do seu antecessor, negando a privatização
ramitando em diversos pontos do país com o intuito de levar à frente o programa “Escolas com Fascismo”, disfarçada de “Escola sem Partido”. Além de conflitar com a Lei de Diretrizes de Bases da Educação, a LDB, esses projetos ainda ferem a Constituição Federal no que diz respeito à manifestação do livre pensamento, do pluralismo de ideias e da liberdade de ensinar. A direita fascista avança sobre os direitos democrático da população. Os professores estão na linha de frente do ataque. O projeto Escola Sem Partido, ou melhor, Escola com Fascismo já é uma realidade, na medida em que a perseguição política se intensifica com o pretexto de que ocorre uma “doutrinação comunista” nas escolas. Em nível nacional, a categoria, de maioria feminina (80%), está ameaçada pelo projeto de roubo da Previdência que Bolsonaro, Dória e Cia. querem aprovar, aumentando o tempo de aposentadorias para os professores e igualando a idade mínima para aposentadoria de professoras e professores, entre outros crimes que atingem a todos os trabalhadores. A derrota dessa política reacionária só pode se dar por meio de uma ampla mobilização nas escolas e universidades, enfrentando e colocando
O
a direita para correr, o que só pode ser conseguido com uma ampliação da organização de professores, estudantes e pais, em comitês de luta contra a escola com fascismo. É preciso construir milhares deles. Defender os professores de forma unificada diante das ameaças. Enfrentar e derrotar a direita no terreno da mobilização. Da mesma forma, essa luta deve estar vinculada à luta contra o governo ilegítimo, por meio da luta pelo Fora Bolsonaro e de todos os golpistas e pela liberdade de Lula e de todos os presos políticos. É preciso mobilizar para barrar esse tipo de controle e mentira pedagógica que nega a possibilidade de uma educação crítica, de ampla aprendizagem e tenta instaurar um viés conservador, golpista e direitista na Educação, para transformá-la em uma ferramenta de propaganda das ideias reacionárias da direita.
general golpista Floriano Peixoto Neto, homem de confiança nas Forças Armadas do fascista Jair Bolsonaro, tomou posse nessa segunda-feira (24) do cargo de presidente dos Correios, empresa que foi jurada de morte pelo governo ilegítimo de Bolsonaro. Floriano, que era secretário geral da presidência, foi escolhido para substituir o general Juarez Aparecido de Paula Cunha, demitido do cargo de presidente dos Correios, segundo Bolsonaro, por agir como “sindicalista” e se colocar publicamente contra a privatização. No entanto, Juarez falava que era contra a privatização dos Correios, mas agia pela sua privatização, através da demissão de milhares de trabalhadores usando o PDV (Pedido de Demissão Voluntária) e fechamento de 161 agências, além de querem vender as ações dos Correios nas bolsas de ações. O novo presidente golpista da ECT, Floriano Peixoto Neto, assumiu o cargo fazendo a mesma demagogia men-
tirosa do antecessor, general Juarez, dizendo em seu discurso de posse que quer fortalecer os Correios e não quer tratar sobre a privatização da empresa. A mentira nesse caso é mais aberta, uma vez que Bolsonaro o colocou no cargo justamente porque, segundo o fascista, o presidente anterior, não apoiava a privatização dos Correios, ou seja, a sua destruição. É por esse motivo que os trabalhadores dos Correios não devem dar nenhuma credibilidade ao novo presidente general, e muito menos a Bolsonaro, eleito de forma fraudulenta, uma vez que o ministro golpista do governo, Sérgio Moro, prendeu Lula para que o povo não pudesse votar nele. Para impedira privatização dos Correios é preciso mobilizar a categoria para uma greve de 100% com ocupação dos prédios dos Correios, levantando como palavra de ordem, Não privatização, Correios público e de qualidade, pelo Fora Bolsonaro, liberdade para Lula, eleições gerais, com Lula candidato.
CIDADES | 13
LINHA PRIVATIZADA PARA EM SÃO PAULO
Não era só privatizar para resolver os problemas? N
a terça-feira, 25, os moradores da região do Capão Redondo, Campo Limpo, Vila das Belezas e Giovanni Gronchi ficaram sem acesso ao metrô devido a paralisação das atividades dessas quatro estações da linha Lilás. A linha, tida como o exemplo de um serviço privatizado, deixa claro a incompetência das empresas privadas em atenderem as necessidades mínimas da população. Sem manutenção suficiente, houve o rompimento do cabo de energia central responsável pelo funcionamento dos trens. Devido a interrupção das linhas, foram acionados ônibus da operação Paese a fim de suplantar a demanda de transporte da população local. A medida insuficiente resultou na superlotação da linha, estendendo o horário de rush da manhã até às 10 horas. Essa situação deixa patente que a
campanha de privatização das outras linhas do metrô não dizem respeito aos interesses da população, mas sim, dos próprios capitalistas. Após o serviço instalado, os gastos com a empresa são mínimos e os lucros de um serviço fundamental é altíssimo. Nessa situação, sequer a manutenção mínima do equipamento é garantida, resultando na piora do serviço. Enquanto a gestão privada mostra-se claramente ineficiente, a campanha contra as linhas ainda estatais continua. A redução dos serviços nas linhas do metrô com os funcionamentos em intervalos aumentados e em horários reduzidos não se justifica por quaisquer problemas reais na linha, como é a queda de um fio de energia. Eles são boicotados pelo próprio governo direitista cuja pauta política inclui a entrega do serviço aos lucros do capital privado.
RJ COM WITZEL
FORTALEZA
Tem aplicativo OTT (onde tem tiroteio) e escolas vão ter “botão de pânico”
Perdendo lagoas para a especulação imobiliária e a poluição
O
governador fascista Witzel (PSL) do Rio de Janeiro está impondo um verdadeiro estado de guerra contra o povo pobre carioca. Não contente em atirar do alto de um helicóptero da polícia contra a população, contra as escolas e a juventude, o Estado do Rio de Janeiro agora conta com um aplicativo de celular que mostra os locais onde tem tiroteio. Trata-se de um verdadeira situação de massacre contra o povo, na qual todas as instituições do estado, em primeiro lugar a própria PM, estão orien-
tadas a exterminar a população pobre e negra do Rio de Janeiro. A seguir por esse caminho, não vai demorar muito e as escolas estaduais do Rio irão contar também com um botão do pânico, para denunciar as balas atiradas pela polícia. Contra essa verdadeira ditadura, é necessário organizar uma mobilização que coloque abaixo esse regime abertamente assassino contra o povo. É preciso levantar as palavras de ordem de Fora Witzel, Fora Bolsonaro e todos os golpistas.
O
cárater especulativo e predatório do capitalismo pode ser observado na devastação do meio natural somente para satisfazer os interesses capitalistas. É o que está acontecendo, por exemplo, na cidade de Fortaleza, capital do Ceará. Reconhecida pelas lagoas que circundam a cidade, estas estão ameaçadas por conta dos empreendimentos imobiliários. O interesse dos especuladores estão levando as lagoas de Fortaleza ao desaparecimento. É o caso, por exem-
plo, das lagoas de Tatuapé na divisa entre os bairros Jardim América e Benfica, e a lagoa da Serrinha, localizada próximo a onde fica, hoje, o Aeroporto de Fortaleza. Além da especulação, o desaparecimento das lagoas é fruto também da falta de uma política de conservação por parte da prefeitura, hoje nas mãos de Roberto Claúdio do PROS. O que mostra a total me completa conivência do estado com a política imposta pelos capitalistas.
14 | MORADIA E TERRA
UM PERIGOSO SINAL
A perseguição aos líderes sem-teto N
a tarde da última segunda-feira, dia 24, nove militantes do movimento por moradia em São Paulo foram presos de maneira completamente arbitrária em ação movida pelo Ministério Público. As prisões foram feitas pelo DEIC da Polícia Civil. Entre as muitas arbitrariedades estão o cerceamento da defesa – os advogados tiveram dificuldade de acesso ao inquérito -, e a própria sustenção do delegado responsável que declarou que foram prisões cautelares, ou seja, para evitar a interferência na investigação. O argumento é absurdo pois os militantes presos sequer têm ligações organizativas com o trágico acidente do incêndio no prédio no Largo do Paysandu no ano passado. A catástrofe na ocupação, que ocorreu em maio de 2018, foi um pretexto para perseguir os movimentos por moradia. Algumas das lideranças daquela ocupação foram detidas na época, sob a alegação de que estariam cobrando aluguel indevidamente dos moradores.
Uma acusação completamente absurda mas que serve agora mais uma vez como pretexto para a prisão dos companheiros do MSTC. Sem nenhum motivo, o Ministério Público pediu a prisão, o delegado acatou e mais uma vez a imprensa golpista serviu como
o órgão de propaganda para justificar a ação, que foi precedida por uma reportagem criminosa da rede Globo. Essa prisões sem nenhum motivo devem servir como um alerta para todos os movimentos de luta. É um sinal perigoso de que o governo de extrema-di-
reita do PSDB em São Paulo iniciando um ataque mais duro aos movimentos sociais, começando pelos de moradia que são muitos e que em geral têm maiores dificuldades de organização pelos suas próprias condições sociais. Por isso é preciso denunciar as prisões políticas e exigir que o Estado tire as mãos dos movimentos, que devem ter a completa e irrestrita autonomia tanto política como financeira. Acusar os movimentos de “receberem aluguel” é tão absurdo quanto acusar um sindicato de recolher suas mensalidades. E tão ou mais absurdo é o Estado, o Ministério Público, o Judiciário e a polícia intervirem na organização interna do movimento. A perseguição política aos sem-teto pode abrir a brecha para a perseguição a todas as organizações populares e sindicais. É preciso denunciar e repudiar a intervenção estatal dentro dos movimentos, exigir a imediata libertação de todos os presos políticos e a completa autonomia dessas organizações.
AVANÇO DO GOLPE
Líder indígena é ameaçada de morte no Distrito Federal O
avanço do golpe de estado, aliado ao avanço dos interesses predatórios dos grandes capitalistas contra todos os setores da população brasileira, vem impondo um regime de terror contra o povo. Exemplo disso é o que está acontecendo com a liderança indígena, Marcia Guajajara, líder do Santuário dos Pajés, localizado no Distrito Federal. Após obter um acordo na justiça para a delimitação da área da reserva indígena, a liderança passou a sofrer diversas ameaças de morte. Márcia Guajajara conta ainda que não consegue mais permanecer no local por conta das perseguições e que está correndo risco de vida.
A campanha de ameaças contra a liderança indígena provém da própria bancada ruralista do Congresso Nacional, que no atual governo golpista de Bolsonaro tem uma representante direta no Ministério da Agricultura, a ministra Tereza Cristina do DEM do Mato Grosso do Sul. As ameaças e a violência contra os indígenas tem sido frequentes após o golpe de estado. Após as eleições fraudulentas de Bolsonaro estes ataques também se intensificaram. É necessário organizar em todas as comunidades os comitês de autodefesa para que os indígenas possam se defender das ameaças e dos ataques da extrema-direita.
TODOS OS DIAS ÀS 3H, NA CAUSA OPERÁRIA TV
CULTURA E ESPORTES | 15
FESTIVAL DO DIA MUNICIPAL DO REGGAE EM SÃO PAULO
Mais uma manifestação contra os golpistas? N
o dia 30 de junho, próximo domingo, será realizada a 3° edição do Dia Municipal do Reggae “Reggae é Lei”, o mesmo conta com uma intensa programação cultural que contará com a presença de diversos artistas do gênero, os mesmos passaram por processo de inscrição para comporem o corpo de atrações do festival e demais atividades. O festival, visa principalmente dar destaque a cena reggae paulistana. Além disso, nesse dia serão realizadas mesas de debates, em destaque a mesa de mulheres que compõe a cultura do reggae e rastafari e sua luta dentro desse espaço, e ao longo do dia serão feitas diversas outras atividades como sarau, exposições fotográficas, mostra de documentários e por fim a feira de exposições. Esta é uma importante atividade de aglutinação da população, um evento cultural que tem grande proporção e que será oferecido de forma gratuito para todos. Fato é, que nesse mesmo dia, a direita capacho dos golpistas chama coxinhato em escala nacional no país em defesa do juiz fascista Sérgio Moro. A esquerda deveria compor o festival de maneira a fazer mais uma manifestação contra os golpistas e os fantoches que defendem Moro e a operação farsa da Lava Jato.
Segue programação abaixo do festival: Praça da República Mesa Feminina Reggae/Rastafari – 11h A importância da mulher Integrantes da mesa: Sistah Mari/ Talita Cabral / Erika Ribeiro Badu Mediadora da mesa: Denise D’Paula Palestra de Educação Alimentar – 12:15h Dani Oshiro (Cozinha Natural) Apresentação Nyahbinghi – 13:15h Toque de Tambor Roda de Capoeira – 14:15h Escola de Capoeira Angola Mestre Lambari Sarau Código de Arte – 15:00h Mestre de Cerimônia: Carol Afreekana – Asase Ye Duru Feira de Cultura Reggae Expositores do cenário reggae (Vestimentas, artesanatos e culinária) Arena Sound System Mestre de Cerimônia: Regiane Cordeiro – African Voice DjFya Sound robô sonoro – 13h DescolonizaSom – 13:45h Aqualtune Sistema de Som – 15:30h Ruido Rosa – 17:30h Zion Gate Sound System – 19:45h Palco Mestre de Cerimônia: Pedro Comuna Ribeiro
DJ Roots Sister DJ Dub Lova Skafandros Orkestra – 12h Jam Session da Lapa – 13:50h Laylah Arruda & Organika – 15:40h Sue & Mokaya – 17:30h Vila Reggae – 19:20h Monkey Jhayam – 21:10h Centro Cultural Olido Cine #REGGAEÉALEI – 3 SESSÕES – Cine Olido Mulher Rastafari, quem a achará? – Kandakes Kush Coletivo.
Dia Municipal do Reggae 2017 – Filme Zero/reggae. #reggaeealei – Cosmo Roncon Cinematografia. o 1º sessão ás 11h o 2º sessão ás 13h o 3º sessão ás 15h Exposição Click na lei – Foyer Sala Olido Estreia dia 30/06/2019 Em cartaz até 04/08/2019 o Exposição fotográfica de acervo Reggae Expo Click e Revista Econsciencia.
ESPORTES
Copa do Mundo Feminina: VAR mais uma vez usado para favorecer seleções imperialistas
N
o dia 23 de junho, último domingo, aconteceu a partida entre Camarões e Inglaterra pela Copa do Mundo Feminina. Esta é a segunda copa do mundo da seleção feminina de Camarões, e dessa vez as mesmas enfrentaram a mais nova barreira do futebol, o árbitro assistente de vídeo (VAR). Durante a disputa contra as inglesas, as jogadoras camaronesas sofreram com a atuação da árbitra Qin Liang, que a priori anulou o gol marcado por elas e assim não fez consulta ao VAR, uma vez considerando que não havia necessidade, logo declarando o impedimento da jogadora que havia marcado o gol. Posteriormente, lance parecido acontece com a seleção inglesa, onde
se constatou um possível impedimento e nesse momento a árbitra não tinha certeza e por isso solicitou o VAR, no entanto a árbitra principal optou por não conferir o que se apurou e diretamente validou o gol das inglesas. Com isso, demonstrou de que forma o VAR é utilizado, e que apenas serve para favorecer as seleções dos países imperialistas. Ou seja, quando solicitada pelas camaronesas a revisão pelo VAR, a árbitra considerou imediatamente que houve impedimento, nem ao menos levando em consideração, diferentemente do caso das inglesas. Este é o único destino desse instrumento, atacar as seleções dos países já massacrados pelo imperialismo das seleções favorecidas.
Demagogia da Globo com futebol feminino é para atacar seleção masculina
O
rganizada pela Federação Internacional de Futebol, a Copa do Mundo de Futebol Feminino foi realizada pela primeira vez em 1991, na China. Até agora são oito edições do mais importante campeonato do futebol feminino. Na Copa deste ano, que está ocorrendo na França, acontece um fato inédito no Brasil: os jogos foram e estão sendo televisionados e acompanhados com profundidade pela Rede Globo. O fato da Copa estar sendo transmitida em rede aberta animou a população brasileira, no entanto, o que está por trás do esforço deste monopólio em cobrir este evento? Desde a primeira Copa, a emissora da família Marinho nunca preocupou-se no futebol feminino, negligenciando, inclusive, todas as competições femininas. Nem mesmo o advento de Marta, tida como a maior jogadora de todos os tempos, em nosso futebol despertou neles interesse na modalidade. A Globo, ademais, não passa de um monopólio que apoiou a ditadura militar cujos elementos que a compõe são os mais raivosos contra os avanços dos oprimidos. Ao dar cartaz para a Copa de futebol feminino, o conglomerado dá seguimento a uma campanha demagó-
gica do imperialismo, liderada pelos setores ligados ao capital financeiro dos Democratas norte-americanos, de fingir apoio à setores oprimidos da sociedade para cooptá-los e adaptar tais movimentos legítimos à sua ideologia reacionária. É preciso, além disso, prestar atenção em outra questão latente no esporte brasileiro: o futebol masculino. Desde 2014, com a investida da direita golpista contra o povo e suas manifestações, há uma campanha contra o futebol brasileiro, sendo os ataques sistemáticos por parte da imprensa internacional a Neymar, o melhor jogador do País, uma demonstração clara disso. Infelizmente, o futebol feminino também está sendo desonestamente usado pelos servos do imperialismo para enfraquecer e desmoralizar o futebol brasileiro. Não trata-se de qual modalidade é melhor – feminina ou masculina –, mas de criar uma cisão que visa enfraquecer o futebol masculino. O povo brasileiro é fã de futebol e ponto. O desenvolvimento das duas modalidades até seu ápice está nos interesses da população. Por isso, deve-se denunciar energicamente a tentativa dos monopólios de usar, ilegitimamente, qualquer um dos modelos do esporte contra o outro.