Edição Diário Causa Operária nº5688

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SÁBADO, 29 DE JUNHO DE 2019 • EDIÇÃO Nº 5688

DIÁRIO OPERÁRIO E SOCIALISTA DESDE 2003

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Neste final de semana, mutirões em todo o País pela liberdade de Lula Amanhã é domingo. Isto significa que é dia do Partido da Causa Operária (PCO) e os Comitês de Luta Contra o Golpe realizarem seus mutirões, em todo país, recolhendo assinaturas para um abaixo-assinado pela anulação de todos os processos contra Lula. Os mutirões irão ocorrer todo domingo e se iniciarão neste final de semana. Militantes de todo o país irão sair às ruas, nos locais mais movimentados denunciar a prisão política do ex-presidente Lula e exigir sua libertação e anulação dos processos, que são fraudulentos como ficou explícito com os vazamentos de informações pelo jornal The Intercept.

EDITORIAL

O drible da vaca do STF na questão Lula O STF (Supremo Tribunal Federal) contornou mais uma vez a questão da liberdade de Lula.

“Aeroína”: traficante presidencial é militar Trump reconhece: Silva Rodrigues, segundo-sargento da Aeronáutica, escalado como membro Bolsonaro presta grandes Manoel da comitiva de apoio da viagem de Jair Bolsonaro para o encontro do G20 no Japão, foi detido com 39 kg de cocaína, distribuídos em 37 pacotes em sua mala, em uma serviços aos EUA escala em Sevilha, na Espanha. Manoel ficou preso e o avião, um VC-2 Embraer 190, Durante o encontro do G20, nesta sexta-feira, o presidente ilegítimo Jair Bolsonaro, capacho dos Estados Unidos, foi elogiado pelo seu dono, o presidente Donald Trump.

seguiu viagem para o Japão.

Sem popularidade, Bolsonaro é amado, segundo Trump Ontem, a imprensa capitalista dava conta de que a avaliação negativa do governo subiu 5%, alcançando a marca de 32%, segundo pesquisa encomendada pela Confederação Nacional da Indústria (CNI) e realizada pelo Ibope.

Assessores de Ministro presos em esquema de candidatos laranjas POLÍTICA

12/7 mobilização real pela derrota da “reforma” e por Fora Bolsonaro No último dia 25, em Brasília, reuniramse dirigentes da CUT e demais “centrais” e deliberaram convocar um Dia Nacional de Mobilização, no próximo dia 12 de julho.

Lei de abuso de autoridade: um completo deboche Quarta-feira (26), depois do STF manobrar para manter Lula preso apesar das revelações sobre a atuação do ex-juiz Sérgio Moro em seu processo, o Senado aprovou uma lei contra o abuso de autoridade. É um escárnio contra a população.

Veja também vai “denunciar” a Lava Jato Sob pressão da direita, o jornalista Glenn Grrenwald está cedendo as publicações dos vazamentos da Lava Jato para a imprensa golpista.

O Cafezinho imita a Globo No último dia 27 o blog O Cafezinho publicou uma matéria com o estranho título e angulação: “Cresce o apoio a Bolsonaro na classe média e nas periferias”. Estranhos porque o artigo trata da pesquisa do Ibope que foi divulgada pela própria imprensa burguesa sob o ângulo de que a maioria da população não confia no presidente fascista. Portanto, o ângulo do blog esquerdista é um ângulo favorável a Bolsonaro, mais favorável do que o da própria imprensa golpista.


2 | OPINIÃO EDITORIAL

O drible da vaca do STF na questão Lula O

STF (Supremo Tribunal Federal) contornou mais uma vez a questão da liberdade de Lula. Na quarta-feira (26), o Tribunal teria que ter julgado um habeas corpus da defesa do ex-presidente pedindo a suspeição do ex-juiz Sérgio Moro, o que anularia o processo contra o petista. O STF, no entanto, fugiu dessa questão por meio de uma manobra. Primeiro, a Segunda Turma, que julgou dois pedidos da defesa de Lula, negou um habeas corpus referente a uma decisão monocrática tomada no STJ (Superior Tribunal de Justiça). Depois, Gilmar Mendes propôs que Lula aguardasse em liberdade o julgamen-

to do mérito sobre a suspeição ou não de Moro no julgamento de Lula. Essa discussão tomou uma parte da sessão e acabou tendo uma votação pela manutenção da prisão de Lula, por três votos a dois. O mérito do segundo habeas corpus ficou para ser discutido só em agosto. Com isso, Lula continuará preso até lá. Com essa manobra o STF cumpre objetivos diversos determinados pela burguesia contra Lula e os movimentos populares e operários. Primeiro, mantém Lula preso e evita as consequências políticas de sua soltura. Livre, Lula aprofundaria a crise do governo Bolsonaro intensamente. Em segun-

do lugar, com essa forma de tratar o problema o STF ainda deixou um fio de esperança para Lula e os que defendem sua liberdade. Teoricamente, Lula ainda poderia ser libertado por vias institucionais. E teoricamente as condições seriam, inclusive, muito favoráveis. Como não considerar Sérgio Moro suspeito depois das revelações sobre o teor de suas conversas privadas com Deltan Dallagnol durante o processo? Esse desfecho do que aconteceu no STF durante a semana, desse modo, é uma manobra feita sob medida para a atual situação política. Mantém a possibilidade de que Lula seja solto

pelas instituições, e não alimenta a crise do governo da direita golpista. Setores da direção do PT, enquanto isso, podem por sua vez continuar alimentando essa esperança ajudados pelo próprio STF, refreando a mobilização popular em defesa de Lula. Trata-se de uma artimanha para seguir dando alguma sustentação ao governo Bolsonaro. Os trabalhadores, por sua vez, devem agir no sentido contrário, ampliando a mobilização e exigindo nas ruas a liberdade imediata de Lula e a anulação de todos os processos. Dia 16 de agosto é dia de todos irema Curitiba, exigir: liberdade para Lula!

COLUNA

12/7 mobilização real pela derrota da “reforma” e por Fora Bolsonaro Por Antônio Carlos Silva

N

o último dia 25, em Brasília, reuniram-se dirigentes da CUT e demais “centrais” e deliberaram convocar um Dia Nacional de Mobilização, no próximo dia 12 de julho. Foi o segundo encontro dos sindicalistas após a o êxito das mobilizações do dia 14 de junho, “greve geral”, que deve ser creditado quase que integralmente na “conta” da CUT e da esquerda que impulsionou a mobilização em sintonia com a crescente revolta dos trabalhadores e da juventude contra o governo Bolsonaro e seus ataques, enquanto os pelegos, ampla maioria na direção das “centrais” ligadas à poderosas organizações patronais e partidos burgueses, como a Forca Sindical e a UGT, sabotaram claramente a greve como se viu no caso dos sindicatos a eles vinculados. Desde o dia 14, esses adversários da mobilização real dos trabalhadores, defensores – no máximo – das ações de aparência, realizadas por sindicalistas, assessores e outros contratados (em sua maioria temporários e mal remunerados) intensificaram suas articulações para apoiar – de fato – a expropriação dos trabalhadores com a “reforma”da Previdência, como alguns dos seus líderes, como o deputado Paulinho da Força (SDS), presidente licenciado da Força Sindical e integrante do “centrão”, já vinha fazendo há tempos. Os pelegos não estão contra apenas qualquer luta pela derrota da Reforma, como também se opõem a que os protestos defendam a liberdade de Lula e, nem pensar, em defender a derrubada do governo Bolsonaro e dos golpistas, uma vez que eles e seus “donos” (os patrões e seus partidos) apoiaram a derrubada de Dilma, a prisão de Lula e tudo mais que serviu para levar o País à situação de retrocesso em que nos encontramos, com 28,5 milhões de trabalhadores desempregados e subempregados e, um total de mais de 65 milhões de trabalhadores sem em-

prego, já que mais de 43% da força de trabalho que consegue vender sua força de trabalho hoje, o faz no “mercado informa”, sem carteira assinada, sem direitos trabalhistas, em um regime de escravidão de dezenas de milhões intensificado pelo golpe de Estado que eles ajudaram a realizar, sob o comando da direita pró-imperialista e do próprio imperialismo norte-americano. Em nota divulgada após a reunião, as centrais sindicais afirmaram que vão continuar a mobilização junto ao Congresso Nacional, em reuniões com parlamentares de diferentes partidos políticos, reafirmamos o posicionamento contrário ao relatório substitutivo do deputado Samuel Moreira (PSDB-SP). “A unidade de ação foi essencial para o sucesso das iniciativas até aqui coordenadas pelas Centrais Sindicais”, diz trecho da nota que conclama “as bases sindicais e os trabalhadores a intensificar e a empregar o máximo esforço para atuar junto às bases dos deputados e senadores, nos aeroportos, com material de propaganda, e marcar presença também nas mídias sociais, exercendo pressão contrária à reforma em debate no Congresso Nacional”. Na nota divulgada após o encontro, as entidades que “deram continuidade à mobilização e à atuação institucional junto ao Congresso Nacional para enfrentar a Reforma da Previdência e da Seguridade Social. Em reuniões com parlamentares de diferentes partidos políticos, reafirmamos nosso posicionamento contrário ao relatório substitutivo do deputado Samuel Moreira“, evidenciando o acordo da maioria das entidades em encontrar pontos positivos no roubo dos trabalhadores em favor dos bancos nacionais e internacionais que se quer realizar com a “reforma”. A “mobilização” desejada e já colocada em prática pela burocracia sindical visa dar “importância de reforçar a atuação junto ao parlamento e parlamentares, visando argumentar e tratar

das questões e do conteúdo dessa nefasta reforma“, reconhece a nota. A nota fala “unidade”, mas quem participou e lutou no dia 14, sabe que esta não existiu para impulsionar uma mobilização real. Assim a “receita” apresentada pela burocracia sindical, que já foi testada e reprovada em inúmeras lutas fundamentais do último período, como no caso da derrota dos trabalhadores no caso do “congelamento dos gastos públicos” (ex-PEC 95), da derrota monstruosa na “reforma” trabalhista (também apoiada por Paulinho da Força e seus aliados), deve ser rejeitada pelos trabalhadores e dirigentes de suas organizações de luta que querem, efetivamente, impulsionar uma mobilização real. Eles propõem “intensificar e a empregar o máximo esforço para atuar junto às bases dos deputados e senadores, nos aeroportos, com material de propaganda, e marcar presença também nas mídias sociais, exercendo pressão contrária à reforma em debate no Congresso Nacional”. Uma atuação no sentido oposto do que foi feito – e com sucesso – nos dias 15 3 30 de Maio e 14 de junho passados, quando os explorados e suas organizações deixaram de lado o inútil lobie (“pressão”) sobre deputados que estão negociando seu voto em troca de bilhões das emendas, nomeações etc. e foram para as ruas, exercer a única pressão real, a da luta dos trabalhadores, a greve, as ações de massa etc. Por influência de setores cutistas (e em menor medida de outros setores da esquerda) a Nota fala de “mobilização permanente”, “assembleia nos locais de trabalho” e chama realizar um “Dia Nacional de Mobilização, com atos, assembleias e manifestações em todas as cidades e em todos os locais de trabalho, bem como estaremos unidos e reforçando o grande ato que a UNE (União Nacional dos Estudantes) realizará nesta data em Brasília, durante seu Congresso Nacional“.

Para que essas e outras ações seja efetivas, é preciso realizar uma ampla campanha de agitação e propaganda nos locais de trabalho, inclusive, nas bases dos sindicatos dirigidos pelos pelegos, buscando uma verdadeira unidade dos trabalhadores, na mobilização, uma vez que eles estão cada vez mais unidos na sua revolta crescente contra o governo em crise. Contra a politica de conciliação da burocracia sindical e da esquerda burguesa e pequeno burguesa, que quer apoiar, com “ressalvas” a “reforma” da Previdência e manter Bolsonaro até 2022, iludida com possibilidades de dividendos eleitorais, o ativismo classista, as organizações de luta dos trabalhadores do campo e da cidade precisam intervir e mobilizar de verdade com uma política independente dos patrões e do governo golpistas: pela derrota integral do roubo da Previdência (nenhuma reforma dos golpistas!), pela derruba do governo ilegítimo, fora Bolsonaro e todos os golpistas; liberdade para Lula e todos os presos políticos; anulação da criminosa operação lava jato, convocação de novas eleições gerais, com Lula candidato.


POLÍTICA | 3

DIA DE LUTA

Neste final de semana, mutirões em todo o País pela liberdade de Lula

A

manhã é domingo. Isto significa que é dia do Partido da Causa Operária (PCO) e os Comitês de Luta Contra o Golpe realizarem seus mutirões, em todo país, recolhendo assinaturas para um abaixo-assinado pela anulação de todos os processos contra Lula. Os mutirões irão ocorrer todo domingo e se iniciarão neste final de semana. Militantes de todo o país irão sair às ruas, nos locais mais movimentados denunciar a prisão política do ex-presidente Lula e exigir sua libertação e anulação dos processos, que são fraudulentos como ficou explícito com os vazamentos de informações pelo

jornal The Intercept. Lula foi alvo de uma perseguição política intensa, em que todos os procuradores da Lava Jato atuaram de forma criminosa junto a Moro, senão diretamente, através da conivência com o fato, sabendo que Moro estava cometendo ilegalidades. O abaixo-assinado é uma importante campanha política no sentido de mobilizar todos os militante em torno da luta pela liberdade de Lula, pressionando os sindicatos, as direções dos movimentos populares e sociais, além das lideranças de esquerda. Agora, com o escândalo da Lava Jato, é o momento de sair às ruas pela

liberdade do ex-presidente, preso político dos golpistas. A libertação de Lula é fundamental para derrotar o golpe, uma vez que foi parte central deste processo. Lula foi preso e impedido de concorrer nas eleições, de forma totalmente fraudulenta, o que permitiu a manobra para colocar Bolsonaro inimigo do povo no poder. Nesse sentido, Bolsonaro é um governo ilegítimo, produto de uma fraude. Por isso, os militantes também estarão distribuindo adesivos e cartazes pelo Fora Bolsonaro e pela realização de Eleições Gerais Já! Participe você também!

VAZAJATO

Até promotores da Lava Jato acusavam Moro de cometer crimes S egundo informações do jornalista Glenn Greenwald, editor do sítio The Intercept, até mesmo os promotores da burguesia reclamavam da conduta imoral de Moro na Lava Jato. O jornal já divulgou, anteriormente, provas de que o juiz atuou junto com a acusação (procuradores da Lava Jato, como Deltan Dallagnol) para, de forma conspiratória, prende o ex-presidente Lula. Nas mensagens trocadas, os promotores alegam que “Moro é inquisitório” e atuava junto com o MP para atingir seus objetivos políticos, que lhe era conveniente. Além da denúncia de que “Moro viola sempre o sistema acusatório”. Chegando ja ja: uma prévia! Até mesmo os promotores de Lava Jato sabiam e reclamavam abertamente sobre as contínuas transgressões éticas de Moro e a conduta politizada e

corrupta como juiz. pic.twitter.com/ tyrTMtKL0V — Glenn Greenwald (@ggreenwald) 29 de junho de 2019

O fato de que inclusive setores do judiciário golpista tenham denunciado isso revela a gravidade das violações de Moro. Obviamente, a denúncia não

era feita em público, e só aparece agora por meio dos vazamentos, o que mostra a conivência da totalidade da Lava Jato na ofensiva de perseguição política. Isso revela a total ilegalidade sob a qual foi realizada a prisão de Lula. É fundamental mobilizar a população pela sua liberdade. Fica claro que se trata de um ataque a todos os direitos democráticos da população, uma vez que a justiça atua de forma criminosa, com os procuradores, para prender os acusados. No caso de Lula, com claros objetivos políticos. Objetivos esse que favoreceram Moro, que após atuar de forma criminosa para prender Lula e impedi-lo de participar das eleições, tornou-se ministro do governo Bolsonaro, que só está no poder por conta da fraude eleitoral.


4 | POLÊMICA

APOIO AO BOLSONARO

O Cafezinho imita a Globo N

o último dia 27 o blog O Cafezinho publicou uma matéria com o estranho título e angulação: “Cresce o apoio a Bolsonaro na classe média e nas periferias”. Estranhos porque o artigo trata da pesquisa do Ibope que foi divulgada pela própria imprensa burguesa sob o ângulo de que a maioria da população não confia no presidente fascista. Portanto, o ângulo do blog esquerdista é um ângulo favorável a Bolsonaro, mais favorável do que o da própria imprensa golpista. Diz o texto, citando o levantamento do instituto de pesquisas da Globo, que, “nas periferias”, a confiança em Bolsonaro aumentou de 47% para 50%. Entre os que ganham entre dois e cinco salários mínimos, a confiança caiu dois pontos percentuais, para 55%. No meio dos que ganham entre dois e cinco salários mínimos, 42% avaliaram o governo como ótimo ou bom, um aumento de 1% em relação à pesquisa de abril. A matéria, basicamente composta apenas de dados e sem opinião, é repleta de números relacionados aos detalhes da pesquisa Ibope. No último parágrafo, ela informa que, entre os brasileiros que ganham até um salário, a confiança em Bolsonaro caiu de

45% para 35%. O artigo não é assinado nem opinativo, mas, levando em conta a linha editorial do veículo de Miguel do Rosário, percebe-se que ele foi escrito para, supostamente, embasar a tese do editor de que Bolsonaro tem grande apoio popular. Essa tese já foi exibida em artigos anteriores, como em um em que ele afirmou que os que votaram em Bolsonaro “formam a maioria esmagadora da população brasileira”. Rosário quer demonstrar, assim, que Bolsonaro tem apoio e apoio inclusive dos pobres, da classe trabalhadora, que vive nas “periferias”. Assim, tenta de alguma maneira sustentar seus argumentos ridículos de que a esquerda deve se reinventar, se “modernizar”, porque vem perdendo apoio das classes populares. Em outro artigo, também rebatido por este diário, ele escreveu: “Não seria hora de pensar em organizar eventos na própria periferia, de preferência em finais de semana?”, eventos estes que seriam “workshops profissionalizantes, cadastros para participação em ações políticas objetivas e, sobretudo, debates abertos”. Esses debates seriam “sobre a questão do comércio ambulante, do uso do lixo, nutrição, economia do-

méstica, segurança pública e, sobretudo, emprego”. Trata-se de uma política de boicote ao movimento popular disfarçada de sugestões e propostas nada pioneiras no meio da esquerda pequeno-burguesa. Mas o que estranha mais ainda é O Cafezinho publicar esse tipo de matéria com dados enganosos (de um instituto de pesquisa golpista e manipulador) enquanto que a própria imprensa golpista destaca o dado de que a maioria da população, segundo a mesma pesquisa, não confia em Bolsonaro. E, principalmente, em meio a uma gigantesca crise do governo, na qual as ruas cada vez mais agitadas têm demons-

trado o total repúdio da população ao governo. Na verdade, matérias como essa servem apenas para justificar a manutenção de Bolsonaro no governo, o que é apoiado por golpistas que tentam se vender como de esquerda. Tal é o caso de Ciro Gomes e o PDT, os membros da “frente ampla” composta também por PSB e PCdoB, e a ala direita do PT. O Cafezinho é porta-voz desses grupos. Esse é o mesmo posicionamento, com alguma variação, da Rede Globo, sustentáculo do governo Bolsonaro, ou seja, de que o presidente ilegítimo tem grande apoio popular e a esquerda não tem. Ao contrário do que tem mostrado a realidade.

cisar ir muito longe, nos deparamos com outra pérola. “É por isso que achamos importante a criminalização da LGBTfobia, é um passo e uma vitória numa grande luta que precisamos travar. Agora, é preciso mais políticas para combate à violência! Vidas LGBTs importam!” Opa! Será que é isso mesmo? Um partido (ainda que confuso e desmiolado) que se reivindica representante da esquerda exigindo do Estado burguês opressor “mais políticas para combate à violência!” Parece meio que inacreditável, mas é exatamente essa a reivindicação do PSTU…um maior fortalecimento do aparato repressivo do Estado que esmaga cotidianamente as minorias oprimidas, pois de que outra forma se combate a violência numa sociedade dividida em classes, onde o aparato policial está a serviço da burguesia e do capital? Seguindo em frente nos deparamos com uma “aulinha” dos nossos redatores sobre um pouco do que acontece nas sessões dos tribunais burgueses: “Os juízes e a cúpula de ministros são agentes dos capitalistas (sério!!!), sempre

foram seletivos contra os trabalhadores (e, principalmente, os trabalhadores oprimidos) e os julgamentos são um jogo de cartas marcadas (será mesmo!!!) a favor do lucro e benefícios sempre de quem tem mais. Essa é a regra.” Ora, companheiros morenistas, se é assim, qual o sentido de apoiar e ver como “um passo importante” a adoção de leis que somente irão se colocar contrárias aos interesses dos trabalhadores, dos de baixo, dos explorados, dos oprimidos; leis que somente serão aplicadas não aos de cima, não aos opressores, não à burguesia; não à classe média preconceituosa, racista e homofóbica? Os ministros, “agentes do capitalismo”, sabem perfeitamente que o princípio constitucional de que a “lei é para todos” é pura abstração, não tem serventia nenhuma contra “os de cima”, sendo útil tão somente para aumentar ainda mais a punição, a opressão e a perseguição “aos de baixo”, aos oprimidos. Isso, no entanto, parece escapar à compreensão do PSTU, cuja miopia política alcançou um grau muito elevado nos últimos anos.

PSTU

Mais prisão, mais repressão! N

o último dia 13 de junho, a corte suprema do País, o Supremo Tribunal Federal aprovou, por oito votos a três, a criminalização da LGBTFobia. Os ministros determinaram que a conduta passe a ser punida pela Lei de Racismo (7716/89), que hoje prevê crimes de discriminação ou preconceito por “raça, cor, etnia, religião e procedência nacional”. Imediatamente, uma grande euforia tomou conta dos diversos segmentos, organizados ou não da sociedade, que discutem e militam em torno à temática no país, onde todos ou quase todos passaram a comemorar efusivamente a decisão dos ministros do STF. Como não poderia deixar de ser, a esquerda pequeno-burguesa, que concebe a luta contra os ataques e as discriminações às minorias e outros setores oprimidos da população de forma totalmente alheia ao programa revolucionário do marxismo e à luta de classes, também se juntou às comemorações, aplaudindo a decisão dos ministros reacionários do STF, que nos últimos anos se especializaram em violar de forma escancarada e aberta os mais comezinhos e elementares dispositivos constitucionais da carta magna do País. O Partido Socialista dos Trabalhadores Unificado (PSTU), um dos expoentes da esquerda tupiniquim mais representativos da política não só pequeno-burguesa, mas hoje abertamente golpista, em função da condu-

ta que adotou mais claramente diante dos acontecimentos que tiveram lugar durante e depois do golpe de Estado de 2016, que depôs o governo eleito em 2014, saudou de forma exultante a decisão que criminalizou a LGBTFobia, veiculando em sua página digital, do dia 19/06, matéria intitulada “Criminalização da LGBTfobia: Um passo importante, mas ainda insuficiente”. Logo no parágrafo inicial, os morenistas afirmam que a lei aprovada “incomodou bastante gente lá de cima, inclusive Bolsonaro e sua família reacionária”. De imediato, somos obrigados a dizer ao PSTU que a lei aprovada no STF não só não “incomodou ninguém lá de cima”, como menos ainda ao presidente fraudulento Bolsonaro (que o PSTU não quer ver fora da cadeira presidencial, pois é contra o “Fora Bolsonaro”), pois tanto os lá de cima quanto o presidente racista e homofóbico sabem muito melhor do que qualquer esquerdista pequeno burguês que a lei não afetará minimamente os opressores e homofóbicos de sempre que cometeram e cometem crimes apresentados como relacionados à homofobia. Se houver algum efeito, será para aumentar ainda mais a perseguição e a criminalização dos setores mais vulneráveis da sociedade, os de baixo e não os de cima, pois sempre foi essa a finalidade do conjunto de leis estabelecidas pelo Estado burguês e seus tribunais. Um pouco mais adiante, sem pre-


POLÍTICA | 5

TRUMP RECONHECE

Bolsonaro presta grandes serviços aos EUA D

urante o encontro do G20, nesta sexta-feira, o presidente ilegítimo Jair Bolsonaro, capacho dos Estados Unidos, foi elogiado pelo seu dono, o presidente Donald Trump. Donald Trump rasgou elogios a Bolsonaro evidenciando que o atual presidente está prestando grande serviço a maior potência imperialista do mundo. “O presidente brasileiro é um homem especial, que está indo bem, é muito amado pelo povo do Brasil. E ele se orgulha da relação que tem com o presidente Trump”, diz o próprio Trump sobre o seu capacho Jair Bolsonaro. Os elogios evidenciam a política entreguista e antinacional de Bolsonaro. O encontro mais uma vez, marca o papel de Bolsonaro na política de entrega do patrimônio nacional para as empresas imperialistas. As privatizações de setores importantes da economia nacional, como o setor petroquí-

mico. A Petrobrás já possui uma lista de refinarias para ser privatizadas e reduzirá o parque de refino da estatal pela metade, com 1,1 milhão de barris diários de capacidade. Estão na lista

a Refinaria Gabriel Passos (MG), Refinaria Landulpho Alves (BA), Refinaria de Manaus (AM), Refinaria do Paraná (PR), gasodutos e portos ligados a Petrobrás.

Também já anunciou iniciativa e vontade de exploração dos recursos da Amazônia brasileira com os EUA e é o principal apoio de Trump aos ataques a Venezuela. O que vai em total desacordo com a afirmação do presidente dos EUA que o povo adora Bolsonaro. Pelo contrário, a política de subserviência aos EUA e de ataques aos trabalhadores e ao patrimônio nacional está colocando Bolsonaro como um dos presidentes mais odiados pela população da história do Brasil. Fato que nem mesmo a própria burguesia consegue esconder na recente pesquisa do Ibope encomendada pela CNI (Confederação Nacional da Indústria) mostra que a aprovação caiu ao menor nível, rejeição aumentou e a confiança no presidente ilegítimo está no menor patamar. Bolsonaro é um capacho dos EUA e a classe trabalhadora já percebeu que é necessário derrubar Bolsonaro para reverter essa situação de destruição da economia nacional e da riqueza do país.

GOVERNO ILEGÍTIMO

Sem popularidade, Bolsonaro é amado, segundo Trump O

ntem, a imprensa capitalista dava conta de que a avaliação negativa do governo subiu 5%, alcançando a marca de 32%, segundo pesquisa encomendada pela Confederação Nacional da Indústria (CNI) e realizada pelo Ibope. Verdade seja dita, em abril o DataFolha já cravava 30% de avaliação negativa e aparecia como o presidente mais mal avaliado, considerando o mesmo período de tempo de governo, de todos os presidentes do Brasil após a Constituição Federal de 1988 entrar em vigor. Mesmo considerando que as pesquisas são, em grande medida, um instrumento de pressão para conformar a opinião pública, não deixa de ser interessante ver captado o aumento da insatisfação entre evangélicos e entre os mais pobres que, num primeiro momento teriam votado e acreditado no governo de extrema-direita. A palavra de ordem Fora Bolsonaro é uma das mais constantes nas manifestações e, mesmo, nas redes sociais. A imagem do Brasil foi completamente destroçada no exterior, onde é visto como um país que se pensa na Idade Média e que tem no governo malucos, torturadores, perseguidores de lideranças populares, de ativistas de movimentos sociais, ambientalistas, mulheres, negros, indígenas, que despreza a cultura e a ciência, que é capacho dos Estados Unidos.

Não à-toa, na reunião do G-20 deste ano, Bolsonaro aparece como uma sombra, como um fantasma, como um ser tóxico que todos evitam. Sem agenda e sem uma única reunião importante, o desprezível e desprezado Bolsonaro, precisou da ajuda da imprensa para tentar envernizar o zumbi que se tornou. A imprensa nacional hoje repercute um encontro, também sem agenda séria, entre o presidente brasileiro e o

presidente norte-americano, Donald Trump. Segundo reporta a imprensa golpista, Trump teria elogiado Bolsonaro: “O presidente brasileiro é um homem especial, que está indo bem, é muito amado pelo povo do Brasil. E ele se orgulha da relação que tem com o presidente Trump”. Sabemos que o presidente norte-americano é um tremendo gozador e que não leva muita coisa a sério (e

talvez seja esse o motivo de admiração de Jair Bolsonaro ao bufão ianque), e, não raro, opina sobre coisas das quais nada entende. Aqui temos mais uma demonstração disso: Bolsonaro não é amado pelo povo brasileiro, pelo menos 1 de cada 3 brasileiros considera seu governo, com apenas 6 meses de existência, ruim ou péssimo. Poucos são capazes de defender, com convicção a desgraça que assumiu o Planalto, embora deva-se admitir, e que tem conseguido provocar bastante confusão e desviar a atenção do povo para parte de seu projeto de destruição do país, de nossa soberania. Aliás, não há motivo algum para gostar ou apoiar Bolsonaro. Nada de bom fez antes, nada de bom faz agora e nada de bom podemos esperar do fascista admirador de torturador. A economia vai para o ralo, o desemprego não para de crescer, a violência já aumentou, a censura está em pleno vigor, os setores mais explorados são cada vez mais perseguidos. Bolsonaro é cada vez mais odiado. Sua família, seu partido, seus aliados, incluindo alguns pastores evangélicos e latifundiários, são motivo de preocupação e repulsa pela maioria da população. Até o final do ano – se o governo Bolsonaro chegar até lá, provavelmente a própria imprensa golpista vai ter que mostrar o tamanho real da rejeição ao ex-capitão e a seu gabinete.


6 | POLÍTICA

"LARANJAS"

Assessores de Ministro presos em esquema de candidatos laranjas A

Polícia Federal prendeu na quinta-feira (27) três assessores do ministro do Turismo, Marcelo Álvaro Antônio. Mateus Von Randon, assessor especial do ministro, foi preso em Brasília. Roberto Soares da Silva e Haissander Souza de Paula foram detidos em Mina Gerais. É a segunda fase da operação chamada de Sufrágio Ostentação, em que a PF investiga um esquema de candidaturas de “laranjas” do PSL, o partido de Bolsonaro, em Minas Gerais. Teria havido repasses do fundo partidário do PSL para candidaturas “laranjas”, todas mulheres, colocadas na lista do partido só para fazer figuração e cumprir as cotas exigidas por Lei. A investigação apura a situação de pelo menos quatro candidatas. Elas “receberam” verbas no total de R$ 267 mil, mas as quatro, somadas, conquistaram apenas 2.084 votos. Pela lei, todos partidos são obrigados a reservar 30% das vagas para mulheres. A suspeita dos investigadores é que, na prática, essas candidaturas tenham sido lançadas a fim de desviar dinheiro do fundo partidário para as candidatos homens ou em proveito próprio. Parte da verba das candidatas foi foi destinada para empresas de arte e gráfica pertencentes a aliados do ministro. Em abril, a PF realizou a primeira fase da operação, buscando documentos e equipamentos eletrônicos em sete endereços, entre eles, em gráficas e na sede do PSL em Belo Horizonte.

Por enquanto, o próprio ministro Marcelo Álvaro Antônio não é alvo da operação. Em nota, o Ministério do Turismo afirmou que “não há qualquer relação entre a investigação da Polícia Federal e as funções desempenhadas pelo assessor especial Mateus Von Rondon no Ministério do Turismo. Faltou, na nota do ministério, escreverem a palavra “agora”, achando que somos tolinhos. Não há relação agora entre a investigação e as funções desempenhadas. Mas e no ano passado, durante as eleições? É justamente mais essa parte das fraudulentas eleições de 2018 que são objeto da investigação, e não se o Von Rondon, hoje, se comporta como um anjo. Todo crime é no passado. Esse é mais um escândalo do governo ilegítimo de Bolsonaro. Todo dia

aparece um. É militar fazendo o papel de “mula”, traficando cocaína para a Europa em avião presidencial, o ministro da Justiça, o ex falso juiz Moro, viaja para os EUA secretamente, sem divulgar a agenda da viagem, paga com dinheiro público, enquanto segue a fritura dele pelas divulgações “vaza jato” do Intercept. Vale lembrar que os ministérios da Cultura e do Trabalho foram extintos e lembrar também o super rápido discurso de Bolsonaro, de 6 minutos, dos previstos 45, em Davos. É um governo que desde o começo trouxe à bordo uma penca de pessoas sem a menor qualificação e pelo menos 9 ministros eram réus ou investigados em processos na Justiça. Ricardo Salles (Meio Ambiente), é réu por improbidade administrativa, tráfico de influência e acusado de da-

no ao erário público. Tereza Cristina (Agricultura) é investigada por suposto favorecimento à JBS, quando era secretária do agronegócio no Mato Grosso do Sul. General Heleno (Segurança Institucional) foi condenado em 2013 pelo TCU por assinar contratos irregulares no valor de R$ 22 milhões de reais. Onyx Lorenzoni (Casa Civil), admitiu ter recebido caixa 2 da JBS. Esse é o mais cara de pau, pois disse que foi perdoado por Deus e depois pelo Sérgio Moro. Damares Alves (Mulher, Família e Direitos Humanos): a ONG Atini, que ela ajudou a fundar, é alvo de duas investigações do Ministério Público por discriminação contra os povos indígenas. Luiz Henrique Mandetta (Saúde) é investigado por suposta fraude em licitação, caixa 2 e tráfico de influência. Marcos Pontes (Ciência e Tecnologia) é investigado por envolvimento em atividades comerciais – vedado pelo código militar aos oficiais na ativa. Paulo Guedes (Economia) é alvo da Operação Greenfield por suspeitas de gestão fraudulenta dos fundos de pensão de empresas estatais. E o Marcelo Álvaro Antonio (Turismo), cujo nome verdadeiro é Marcelo Henrique Teixeira Dias (até o nome dele é laranja), tem empresa que deve R$ 59,9 mil ao INSS. Sobre isso, deu declaração falsa ao TSE. O Banco do Brasil também cobra dívidas da empresa dele na Justiça. Ele e familiares ainda constam como réus em duas ações de usucapião. Tutti buona gente!, diriam os mafiosos.

Segundo policiais do Departamento Estadual de Prevenção e Repressão ao Narcotráfico (Denarc), houve troca de tiros com três soldados do Exército que estavam no caminhão. Os cabos Higor Abdala Costa Attene e Maykon Coutinho Coelho, lotados no 20º Regimento de Cavalaria Blindado, sediado em Campo Grande, foram presos na hora. O cabo Simão Raul, do mesmo

regimento, foi ferido e conseguiu fugir, mas foi capturado mais tarde em um hospital de Limeira. O caminhão vinha do Mato Grosso do Sul e era acompanhado por um carro civil, que também teria participado do tiroteio. Outros dois homens foram detidos. Os militares se vendem como o exemplo do moralismo e da disciplina mas é pura hipocrisia.

“AEROÍNA”

Traficante presidencial é militar M

anoel Silva Rodrigues, segundo-sargento da Aeronáutica, escalado como membro da comitiva de apoio da viagem de Jair Bolsonaro para o encontro do G20 no Japão, foi detido com 39 kg de cocaína, distribuídos em 37 pacotes em sua mala, em uma escala em Sevilha, na Espanha. Manoel ficou preso e o avião, um VC2 Embraer 190, seguiu viagem para o Japão. Com salário na casa dos R$ 7 mil, o homem de 38 anos trabalha como comissário de bordo nos aviões da FAB que servem o presidente e outras autoridades. Manoel Silva Rodrigues tinha, até o início do mês, uma dívida de R$ 1.381,25, referentes a três parcelas do condomínio do seu apartamento em Taguatinga, cidade nos arredores de Brasília. O militar só quitou a dívida após ter sido processado pelo próprio condomínio. Tráfico de drogas em aviões da Força Aérea Brasileira não é, digamos, novidade. O jornal Estado do Maranhão mostra que há 20 anos, o crime organizado usou aeronaves da FAB para alimentar tráfico internacional de drogas.

Três oficiais da aeronáutica foram condenados depois da ‘Operação Mar Aberto’, que encontrou 33 quilos de cocaína a bordo de um avião Hércules C-130, que estava na Base Aérea do Recife. Coincidentemente, assim como na interceptação de terça-feira (25) em Sevilha, o Hércules tinha como destino Palma de Mallorca, também na Espanha. Três oficiais da Aeronáutica e três civis foram indiciados no Inquérito Policial Militar (IPM). Entre eles, o tenente-coronel da reserva Washington Vieira da Silva e o major-aviador Luiz Antônio da Silva Greff, condenados a 16 e 17 anos, respectivamente. Ambos entraram com recursos e receberam habeas corpus. Mais recentemente, em 2016, um caminhão do exército foi apanhado transportando três toneladas de maconha e ainda teve troca de tiros. Recordando: três militares do Exército foram presos por homens da Polícia Civil ao serem flagrados transportando a droga em um caminhão das próprias Forças Armadas. O flagrante ocorreu na rodovia SP-101, na região de Campinas.


POLÍTICA | 7

LEI DE ABUSO DE AUTORIDADE

Um completo deboche Q uarta-feira (26), depois do STF manobrar para manter Lula preso apesar das revelações sobre a atuação do ex-juiz Sérgio Moro em seu processo, o Senado aprovou uma lei contra o abuso de autoridade. É um escárnio contra a população. Em 2018, a maioria dos eleitores queria votar no ex-presidente Lula, mas foi impedida pela perseguição de Sérgio Moro contra o petista. Agora, que os direitos de Lula já foram atropelados, o Senado aparece com uma lei para, supostamente, combater abusos de juízes e procuradores. Além do cinismo de aprovar uma lei com esse teor após a prisão de Lula, ao mesmo tempo em que a aprovam a burguesia está em plena campanha para proteger Moro. O site The Intercept Brasil revelou conversas privadas entre Moro e Deltan Dallagnol, procurador que comanda a Lava Jato em Curitiba, extremamente compro-

metedoras. Desde então, passado um primeiro momento de choque diante dessas revelações, a imprensa burguesa de conjunto se organizou para defender o hoje ministro da Justiça Sérgio Moro. Os políticos da direita também saíram todos em sua defesa, mesmo com as arbitrariedades no processo de Lula que ficaram evidentes. Acontece que a defesa de Moro, depois dessas revelações, e, na verdade, também antes das revelações, é uma defesa do abuso de autoridade. Mesmo durante o processo, no próprio modo que a defesa era tratada ao longo dos depoimentos, Sérgio Moro se comportava como um inquisidor. Seus defensores, da imprensa burguesa aos políticos, passando por juízes federais que saíram a defendê-lo publicamente, estão defendendo uma justiça inquisitorial, sem direito de defesa para os réus. Conforme a conveniência do regime político, determinados

GOLPE

Veja também vai “denunciar” a Lava Jato

S

ob pressão da direita, o jornalista Glenn Grrenwald está cedendo as publicações dos vazamentos da Lava Jato para a imprensa golpista. O fundador do The Intercept já estava trabalhando em conjunto com o colunista Reinaldo Azevedo, hoje na Bandeirantes, um dos principais defensores do golpe de Estado, e com a Folha de S. Paulo, um dos três maiores jornais golpistas junto com o Globo e o Estado de S. Paulo. A partir de hoje, Glenn trabalhará também com a revista Veja. A entrada da Veja no caso deixa claro o enorme erro cometido pelo jornalista do The Intercept. Se a presença da Folha e do colunista Reinaldo Azevedo (pelas suas posições críticas à Lava Jato) podiam deixar dúvidas, a presença da Veja mostra que o objetivo da imprensa golpista ao “compartilhar” as informações vazadas para Glenn é na realidade sufocar e controlar o que será divulgado. É preciso ter claro que toda a imprensa golpista funciona como um grande cartel controlado pelo monopólio de poucas famílias. Esse cartel foi fundamental pelas mentiras que colo-

caram em marcha a campanha pelo golpe de Estado e a perseguição de Lula. Sem a imprensa golpista, o golpe de Estado teria muito mais dificuldade de ter sido colocado em prática. É possível inclusive sem exageros dizer que sem o monopólio da imprensa, a direita golpista teria sido fracassada no golpe de Estado. No caso específico da revista Veja é preciso lembrar que ela foi talvez entre os órgãos de imprensa a maior defensora da Lava Jato… e ainda é. Os vazamentos ficarão à mercê das interpretações fraudulentas da imprensa golpista e de um filtro que vai deixar passar apenas aquilo que é de interesse da burguesia. Não dá para acreditar nem um segundo sequer nessa imprensa que age a serviço dos interesses da direita golpista e que é na realidade o órgão oficial do golpe e portanto da própria Lava Jato. Os vazamentos deveriam servir como um instrumento de campanha para colocar um fim à Lava Jato, libertar Lula e derrubar o regime golpista. A direita, com certeza, tem interesses opostos a estes.

acusados já se sentam no banco dos réus com uma garantia fatal de condenação ao fim do processo. Apresentar uma lei contra o abuso de autoridade ao mesmo tempo em que se defende o abuso de autoridade é um deboche da direita golpista. Por outro lado, representa de fato de

uma reação de determinados setores da burguesia à operação Lava Jato, mas não para acabar com a operação, e sim para restringir seus efeitos. Do mesmo modo que o STF, o “centrão” quer soltar alguns de seus amigos que acabaram sendo presos, mas há um acordo geral sobre manter Lula preso.


8 | ECONOMIA E MORADIA E TERRA

BRASIL DESMONTADO

Petrobras inicia processo de venda de refinarias A

Petrobrás anunciou, nesta quinta-feira (28), a primeira fase do programa de vendas das suas refinarias. O programa pretende tirar do controle nacional a metade da capacidade de refino, encaminhando o País na direção da dependência da indústria estrangeira. Foram colocadas à venda refinarias do Rio Grande do Sul (Refap), Paraná (Repar), Bahia (Rlam) e Pernambuco (Rnest), incluídos aí 1.506 quilômetros de dutos, 12 terminais para transporte e armazenagem, e a infraestrutura para operar. Ou seja, como nos demais processos de privatização feitos no passado, o Estado brasileiro investe pesado em construir uma indústria forte, e a vê entregue por governos

capachos. A capacidade de refino destas quatro estações chega a 879 mil barris/ dia, 40% da capacidade nacional. É um produto valiosíssimo e estratégico para a indústria nacional, que agora ficará nas mãos de multinacionais sem qualquer compromisso com o desenvolvimento local. O presidente da Estatal, Roberto Castello Branco, pretende concluir pelo menos uma venda até o fim deste ano. Os trabalhadores não podem permitir mais esta entrega. Com as privatizações se esvai também a soberania nacional, sem falar do desastre total que representaram as privatizações até então de setores como as telecomunicações, bancos e mineração.

MST

Justiça golpista adia de novo julgamento de assassinos de líder do MST H

á seis anos, o professor e camponês Fábio Santos, uma das principais lideranças do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST) na Bahia, foi brutalmente assassinado na frente de sua esposa e filha no município de Iguaí, no sudeste baiano e até hoje os responsáveis permanecem impunes. Em nota de repúdio (clique neste link para ler a integra) o MST aponta que no próprio inquérito policial está comprovado que Fábio morreu por lutar pela reforma agrária, defendendo a distribuição de terras improdutivas para um povo que não tem onde plantar. Os juízes têm evitado colocar a mão no processo, se declarando “suspei-

tos”, seja por se sentirem intimidados, seja por conluio com os próprios latifundiários. A audiência que estava marcada para esta semana foi suspensa pela juíza Lázara Abadia de Oliveira

Figueira, na semana anterior, e permanece sem data para acontecer. Não deve restar dúvidas que a Justiça Brasileira é uma instituição que serve aos interesses golpistas. Quando

TODOS OS DIAS ÀS 9H30, NA CAUSA OPERÁRIA TV

se trata de atacar a população pobre, condenam imediatamente a vários anos de cadeia, não importa o motivo, desde roubar um panetone ou portar desinfetante na mochila. No caso do presidente Lula, o presidente do tribunal anunciou apoio à condenação antes do processo chegar em suas mãos, o relator golpista do TRF-4 levou 36 dias para emitir parecer sobre um processo de 250 mil páginas, e os juízes deram condenação idêntica e aumentada, para que pudesse dar início ao pedido de prisão. Tudo para que o processo encerre antes do calendário eleitoral. Enquanto isso, quando a condenação não interessa aos golpistas, o juiz orienta o promotor a engavetar para “não melindrar”, e pergunta se os processos já prescreveram, permite a soltura de presos para que façam campanha, ignora prestações de contas e assim por diante.


INTERNACIONAL | 9

IMPERIALISMO

EUA ameaçam sanções a qualquer país que importar petróleo do Irã

B

rian Hook, enviado especial dos Estados Unidos para o Irã, ameaçou nessa sexta-feira (28) que o seu país irá implementar sanções econômicas a qualquer país, sem exceção, que importar petróleo iraniano. “Vamos sancionar quaisquer importações de petróleo bruto do Irã. (…) Agora não há isenções em vigor”, disse o diplomata em uma coletiva de imprensa realizada em Londres. “Vamos sancionar quaisquer aquisições ilícitas de petróleo bruto iraniano”, completou. A declaração foi especialmente em resposta a questionamentos de jornalistas sobre a parceria entre Irã e China no comércio de petróleo bruto. No último dia 20, um petroleiro iraniano chegou aos portos chineses. Ele havia saído da costa do país persa no prazo limite para o fim das isenções para a compradores de petróleo do Irã. Acredita-se que nas próximas semanas continuem chegando embarcações desse tipo do Irã para a China, o que poderia significar que Pequim está

simplesmente ignorando as imposições do imperialismo norte-americano. A China é um importante parceiro do Irã, tanto na área econômica como na político-diplomática. Do mesmo modo é a Rússia para Teerã, e não há sinais que Moscou siga um caminho diferente do que o que parece que está sendo traçado pelo gigante asiático com relação ao petróleo iraniano. O fato é que os Estados Unidos, como potência imperialista, aplica uma política extremamente agressiva contra os países que não querem se submeter totalmente a seus interesses. Esse é o caso da Venezuela, de Cuba, do Irã, da Rússia e da China. Curiosamente, a maioria desses países tem grandes reservas de petróleo e importantes riquezas naturais que são cobiçadas pelos monopólios capitalistas dos países imperialistas. O cerco ao Irã tem justamente esse objetivo: asfixiar a economia do país para tentar afrouxar a política nacionalista do governo iraniano a fim de facilitar a

penetração das petrolíferas imperialistas no mercado persa. O ideal, para o imperialismo, na verdade, é derrubar o regime instalado no Irã com a Revo-

lução de 1979 e se apoderar de todos recursos econômicos iranianos para submeter o país ao completo domínio dos monopólios.

AUMENTO SALARIAL

Cuba eleva salário mínimo em meio à intensificação do bloqueio dos EUA

O

governo de Cuba anunciou o aumento de 60% do salário para os trabalhadores do baixo escalão do serviço público estatal na última quinta-feira (27). O ministro de Economia e Planejamento, Alejandro Gil Fernández, afirmou que a medida abarca 1.470.736 trabalhadores “dos organismos da Administração Central do Estado, dos órgãos locais do Poder Popular, das organizações e associações”. Esses gastos adicionais, no entanto, não irão elevar o déficit orçamentário do Estado no ano de 2019. As medidas anunciadas esta semana pelo governo da ilha incluem também o aprimoramento dos investimentos econômicos para tentar desenvolver o país mesmo com um bloqueio que dura quase 60 anos e a sua intensificação. Segundo o portal Cubadebate, Gil Fernández comentou que o fundamental das novas medidas é procurar defender a produção nacional, diversi-

ficar e incrementar exportações, substituir importações, fomentar a cadeia produtiva, potencializar a empresa es-

TODAS AS SEXTAS-FEIRAS, 14H00

tatal, avançar na soberania alimentar, promover o desenvolvimento local, cumprir as políticas habitacionais e co-

locar o desenvolvimento científico em função da resolução dos problemas. O presidente do país, Miguel Díaz-Canel, destacou que as medidas foram tomadas após meses de amplos debates e discussões por toda a ilha, após ouvir a opinião da população, bem como, por exemplo, as propostas da Central de Trabalhadores de Cuba. Cuba enfrenta um aumento do cerco econômico e político do imperialismo. O governo de Donald Trump impôs um maior rigor na aplicação da Lei Helms-Burton, elevando o nível das sanções contra a ilha. A nação caribenha tem conseguido sustentar sua independência graças à Revolução de 1959, que estabeleceu um Estado Operário e expropriou a burguesia, bem como aos recentes acordos que aumentaram a parceria com atores fundamentais da geopolítica internacional para os países da América Latina, como a Rússia e a China, que são aliados de Cuba e ajudam na resistência econômica do país frente aos ataques imperialistas.

TODAS AS SEGUNDAS-FEIRAS, 12H30


10 | INTERNACIONAL

28 DE JULHO DE 1969

50 anos da Revolta de Stonewall E

ste ano se completam os 50 anos da Revolta de Stonewall. No dia 28 de julho de 1969, a comunidade LGBT em Nova Iorque se levantou contra os abusos e a repressão absurda que sofriam. A revolta se tornou um marco da luta pelos direitos democráticos dos LGBT no mundo inteiro. Na época, o bar Stonewall Inn, em Greenwich Village (Nova Iorque) era um reduto de encontro de lésbicas, gays, drag queens e travestis. A maioria destes eram setores pobres, da classe trabalhadora, que estavam totalmente à margem da sociedade, vivendo em condições absurdas, temendo por suas vidas. Os casos de agressões, estupros e assassinatos, realizados pela própria polícia e elementos da extrema-direita, eram comuns. Muitos, diante da situação de total exploração, prostituiam-se para sobreviver, ou realizavam bicos para ganhar algum trocado. A extorsão dos LGBT e dos lugares que frequentavam pela polícia era cotidiana. A polícia invadia os locais, reprimia os LGBT, e ainda tirava um

trocado, roubando as pessoas e o comércio. Essa situação foi piorando com o tempo. A década de 1960 foi marcada por essa situação para a comunidade LGBT. A condição marginal que viviam estes setores começou a ficar insustentável. As “visitas” da polícia aos bares e locais dos LGBT começaram a se agravar. Em Compton (Los Angeles), em 1966, a polícia foi devidamente expulsa ao tentar reprimir a concentração de Drag Queens. Em 28 de julho de 1969, uma batida policial no bar Stonewall Inn não deu muito certo, entretanto. A invasão policial havia sido feita com o pretexto de que o bar supostamente não teria selos nas garrafas de bebidas alcóolicas. O objetivo era extorquir os donos do Stonewall Inn. A polícia foi mais longe e começou a armar uma emboscada para as mais de 200 pessoas que se encontravam no bar. Apagaram as luzes, fecharam as portas e usaram o telefone público para ligar para um batalhão de polícia. Porém, não ocorreu como previsto. Chegando o camburão, e com a prisão

das primeiras pessoas, uma multidão de LGBTs começaram a se rebelar contra a agressão policial enfrentaram as forças armadas do Estado norte-americano, que estavam à paisana. Alguns que estavam presos, fugiram e começaram a se soltar. A confusão trouxe uma multidão ainda maior para o local do acontecimento, reunindo cerca de 600 pessoas, que começaram a jogar latas de cerveja, tijolos e pedras contra os “porcos” policiais.

O bar foi totalmente destruído, mas a reação destes grupos marginalizados, liderados por sem-tetos, prostitutas, travestis, drag queens etc., foi vitoriosa. Tornou-se um marco histórico para a luta dos LGBT no mundo. As primeiras marchas pelos direitos dos homossexuais, de 1970, foram uma conquista deste movimento, que demonstrou a capacidade até dos grupos mais explorados da sociedade de se rebelaram contra a ditadura capitalista.

REGIMES POLÍTICOS

Neonazista confessa assassinato de parlamentar conservador na Alemanha O s regimes políticos da burguesia estão em franca desagregação em toda a Europa. Em diversos países os principais partidos do regime estão desmoronando. Na Alemanha, esse processo ainda está relativamente contido, mas expressões do esgotamento do regime atual começam a transbordar para a superfície. No dia 2 de junho, um político conservador do Partido Democrata-Cristão da Alemanha (CDU), Walter Lübcke, foi assassinado. Na última quarta-feira (26), um neonazista, Stephan Ernst, de 45 anos, confessou a autoria do crime, alegando ter atuado sozinho. Lübcke, que era presidente do conselho regional de Kassel, no Estado de Hessen, defendia com ênfase, em público, a decisão do governo

de Angela Merkel de receber refugiados na Alemanha. Essa medida é contestada com fúria pelos partidos de extrema-direita. Por conta dessa

defesa, Stephan Ernst o assassinou usando uma pistola 9mm, dando um tiro na cabeça. Durante seu depoimento ele apontou o esconderijo

de seu armamento. Além da pistola, Ernst tinha em seu esconderijo duas metralhadoras Uzi. Ernst já tinha um histórico de atuação em grupos de extrema-direita. Segundo a revista Der Spiegel, em 2009 ele foi preso junto com outros 400 militantes depois de atacar uma manifestação da Federação dos Sindicatos Alemães (DBG). Agora chegou ao ponto do assassinato político, expressando uma tendência ao crescimento da extrema-direita diante do desmoronamento do regime político sobre as bases atuais. Embora na Alemanha a extrema-direita ainda não tenha crescido como na Itália ou na França, a Alternativa para a Alemanha (AfD), partido de extrema-direita, já tem uma ampla participação no Parlamento, nos parlamentos regionais e também no Parlamento Europeu, com um crescimento vertiginoso para um partido fundado apenas em 2013.


MOVIMENTO OPERÁRIO | 11

PROFESSORES DE SP

Câmara aprova abono de 3,03% retroativo a janeiro A

Câmara Municipal de São Paulo aprovou na última quinta-feira, 27 de julho, um reajuste miserável de 3,03% para os professores municipais de São Paulo. Trata-se de uma tentativa de “agradar” a categoria com um reajuste insignificante. Desde o final do último ano, os professores da capital vêm sofrendo com os ataques dos governos golpistas do PSDB, tanto de Doria, quanto de Bruno Covas. A imposição do chamado Sampaprev, uma espécie de “reforma” da previdência no município levou a

grande mobilização dos professores no final do último ano, e no início deste. Mobilização esta que foi duramente reprimida pela polícia tucana. O reajuste é uma tentativa de conter os ânimos frente aos novos ataques que virão, haja vista a política que vem sendo imposta a nível nacional pelo governo golpista e ilegítimo de Bolsonaro, ou seja, de destruição de todos os serviços públicos. Somente a mobilização dos professores e dos demais trabalhadores pode levar a uma derrota definitiva da política golpista.

BANCÁRIOS

POLÍTICA FASCISTA

Bradesco proíbe trabalhador de sair da agência para o lanche

STF condena à morte milhares de brasileiros O

O

s bancários lotados na agência do Bradesco localizada no Largo da Freguesia, em Jacarepaguá, estão sob uma verdadeira ditadura da gerência, que está proibindo os funcionários de saírem para lanchar nos seus intervalos de 15 minutos, que são garantidos por lei. Segundo os diretores do Sindicato do Bancários do Rio de Janeiro, Sérgio Menezes e Arlesen Tadeu, as denúncias foram feitas diretamente ao sindicato pelos funcionários de estarem proibidos de saírem. Esse tipo de conduta por parte das direções do banco não é uma novidade nas diversas agências em todo o País. É a consequência da política de reestruturação feita pelos banqueiros,

que no último período fechou mais de 200 agências e ocasionou milhares de demissões; a consequência dessa política foi a sobrecarga de trabalho por falta de pessoal nos locais de trabalho e daí advém a tentativa de impedirem os trabalhadores de saírem na hora do lanche. Esse é mais um exemplo do descaso de gerentes com os trabalhadores que são vítimas desses capatazes dos banqueiros, escolhidos a dedo, para exercerem o papel de carrasco para com os demais funcionários. Os trabalhadores não devem aceitar tal arbitrariedade dos banqueiros que tentam, de todas as formas, passar por cima dos direitos garantidos dos bancários.

Supremo Tribunal Federal demonstra mais abertamente seu alinhamento à política fascista, do governo ilegítimo de Bolsonaro, de matar a população ao impor restrições ao fornecimento de remédios de alto custo para a população. É importante ter em conta o papel golpista do STF que, apesar de tentar manter uma aparência democrática, sempre decidiu em favor dos golpistas e contra o povo. Agora com a direita fascista no poder, os ministros do STF se sentem mais à vontade para decidir sobre pautas de destruição da economia, da coisa pública e de direitos da população. A decisão de impor restrições ao fornecimento de remédios sem registro na Anvisa conforme argumentação dos ministros nada tem a ver com suposta preocupação com regulamentação e a saúde dos cidadãos, na verdade é um reflexo da política do regime golpista que, na Era Temer, aprovou a PEC 95 que congelou os gastos com saúde pública. A intenção dos golpistas é destruir a saúde pública para privatizar de todos os serviços, além de levar milhares de pessoas sem condições econômicas de pagar por medi-

TODOS OS DIAS ÀS 3H, NA CAUSA OPERÁRIA TV

cações e tratamentos ao sofrimento e à morte. É inimaginável que a justiça em qualquer sociedade decida por condenar sua própria população a sofrer e a morrer de enfermidades curáveis. Os medicamentos, tratamentos, hospitais e todos os serviços de saúde não podem ser mercadorias. É preciso que os setores populares mais organizados e esclarecidos façam um chamado geral a sociedade para defender um sistema único de saúde público e gratuito. É preciso pedir também a dissolução do STF e de todo judiciário, um poder público que não é eleito por ninguém, que serve somente aos interesses do capitalismo e, portanto, para esmagar a população com suas decisões. O povo não pode mais se iludir com saídas institucionais para resolver as questões democráticas. Não será através de recursos jurídicos ou no parlamento que golpe será derrotado. Somente poderosas mobilizações poderão por fim ao regime golpista e fascista. É preciso mobilizar as ruas com as palavras de ordem “Fora Bolsonaro e todos os golpistas”, “Liberdade para Lula” e “eleições gerais com Lula candidato”.


12 | MOVIMENTO OPERÁRIO

65 MILHÕES SEM EMPREGO

Por uma campanha nacional pelas 35h semanais P esquisa divulgada pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) sobre o emprego no Brasil, aponta uma escalada na deterioração das condições de vida e trabalho da população em uma proporção verdadeiramente catastrófica. Os dados divulgados compreendem o trimestre fevereiro /maio e apontam para uma taxa de desemprego da ordem de 12,3% da população economicamente ativa, o que representa 13 milhões de trabalhadores. É recorde, ainda, a taxa de subutilização da força de trabalho, que atingiu o patamar de 25% ou 28,5 milhões de brasileiros. Nessa categoria, estão incluídos os desempregados, a população subocupado, composta por pessoas que gostariam e poderiam trabalhar mais horas e não conseguem, e, ainda, a força de trabalho potencial, que é composta por aquelas pessoas que não foram computadas na pesquisa, mas que podem, potencialmente, se transformar em força de trabalho, como, por exemplo, jovens que atingem a idade de 14 anos. Cresceu em 3,4%, quando comparado com o mesmo período de 2019, o número de trabalhadores sem carteira assinada (11,2 milhões) e aumentou em 4,3% (4,9 milhões, as pessoas que desistiram de procurar emprego). A situação se mostra muito mais grave, se é que é possível, quando se considera a situação dos jovens, mulheres, negros e pardos. Entre as faixas etárias de 14 a 17 anos, o desemprego corresponde a 44,5% das pessoas e de 27,3%, entre 18 e 24 anos. Entre

as mulheres, a taxa de desemprego é de 14,9% contra 10,9% entre os os homens. Já entre as pessoas que se declararam brancas ficou em 10,2%, enquanto os que se declararam pretos atingiu 16% e pardos 14,5%. Outros números apontam para uma situação de absoluta falta de perspectiva: dentre o total de desempregados, 5,2 milhões (38,9%) já procuram emprego há mais de um ano, dos quais 3,3 milhões (24,8%) estão desocupados há dois anos ou mais. Existe, ainda, um aumento gritante na superexploração do trabalho. Quase 24 milhões de brasileiros fazem bicos para sobreviver. Com a “reforma” trabalhista o contingente da população que presta serviço informal para a indústria sem nenhum tipo de vínculo empregatício, aumentou exponencialmente. Segundo a pesquisadora da Coorde-

nação de Trabalho e Rendimento do IBGE, Adriana Beringuy, “O trabalho por conta própria está sendo usado nas diversas atividades. A indústria, por exemplo, tem uma população ocupada de cerca de 12 milhões de pessoas, sendo que quase 2 milhões estão na indústria têxtil e de confecção, cuja maioria é de costureira que trabalha por conta própria”. A deterioração das condições de vida e trabalho do conjunto da população brasileira foi agravada sobremaneira a partir do golpe de Estado de 2016. Toda a política golpista está voltada para espoliar as riquezas do país, por um lado, e, por outro, para submeter a classe trabalhadora a um regime de terror e miséria. Diante dos números divulgados pelo IBGE e considerando que cerca de 40% dos trabalhadores brasileiros estão na economia informal e, ainda,

que uma expressiva parcela está nessa condição por falta de perspectiva de trabalho formal, os 65 milhões sem emprego é um número subestimado diante da real condição da classe trabalhadora no País. Nas condições em que estão submetidos os trabalhadores brasileiros, onde a realidade aponta, cada vez mais, para o abismo da miséria, está colocado uma vigorosa campanha em torno da redução da jornada de trabalho para 35 horas semanais, sem redução dos salários. O único direito que o trabalhador tem sob o capitalismo é justamente o direito ao trabalho, de ser explorado. A redução da jornada é um mecanismo que possibilita a criação de milhões de vagas de trabalho no país, o que permitirá a incorporação de uma população de desempregados ao mercado de trabalho. Obviamente que os capitalistas e seu Estado não vão ceder de boa vontade a uma reivindicação que atende fundamentalmente os trabalhadores. É necessário colocar em movimento uma vigorosa campanha que envolva a CUT, os sindicatos, os partidos que se reivindicam dos trabalhadores, com a criação de comitês por categorias, por ramos de produção, onde seja amplamente discutido o impacto em cada setor, do ponto de vista do trabalhador e o qual o impacto que implicará no aumento de vagas de trabalho com a redução da jornada de trabalho para 35 horas semanais, sem redução de salários, para cada segmento. A crise não foi provocada pelos trabalhadores. Que os responsáveis, os capitalistas, paguem por ela.


MULHERES | 13

EUA

Grávida sofre aborto após tomar 5 tiros e é presa por homicidio N

a quinta-feira(27), no Estado americano do Alabama, Marshae Jones, 27 anos, foi detida por ser acusada de homicídio após levar 5 tiros na barriga. Ela estava grávida de cinco meses e sofreu um aborto. Para ser solta, Marshae, negra e pobre, precisa pagar a fiança de US$ 50 mil. De acordo com a polícia, os tiros foram disparados por causa de uma briga entre Marshae e Ebony Jemison, de 23 anos, em frente à uma loja. Ebony sacou uma arma e disparou os tiros. Marshae sofreu o aborto em seguida. No começo da investigação, a polícia havia acusado Ebony de homicídio. Porém, um júri popular não aceitou indiciá-la e afirmou que, como Marshae iniciou a briga, a autora dos disparos agiu em legítima defesa. Para Danny Reid, chefe da polícia local, “Não podemos nos esquecer de

que o bebê que sequer chegou a nascer é a vítima neste caso (…) A criança não teve escolha e foi colocada de forma desnecessária em uma briga enquanto ainda dependia da mãe para sua proteção”, declarou ao portal de notícias AL.com. Mais uma vez, a extrema direita distorce os fatos. Nos Estados Unidos, grupos que defendem o direito ao aborto compreendem este caso como um exemplo do tratamento dado a uma mulher negra, pobre e grávida. Para eles, as leis aplicadas no Alabama permitem acusações sem cabimento como esta em que não há uma relação direta com o aborto, realizado a partir da decisão da mulher. A diretora executiva do Fundo Yellowhammer, grupo nacional de defesa dos direitos das mulheres, salienta que “Amanhã, poderá ser outra mu-

lher negra, talvez por tomar uma bebida durante a gravidez. E depois disso, outra, por não obter atendimento pré-natal adequado”. O Estado do Alabama, nos Estados Unidos, equipara a interrupção da gravidez a homicídio. No mês de maio, Kay Ivey, a governadora republicana do Alabama, já havia assinado uma lei proibindo o aborto mesmo em casos de estupro e incesto. Com esta medida, ela ignorou a decisão do Supremo Tribunal de 1973 que legalizou a prática do aborto nos Estados Unidos e declarou inconstitucional que o Estado interfira na decisão da mulher a respeito da interrupção voluntária da gravidez. Ao ferir as leis nacionais e proibir o aborto, é evidente o avanço da extrema direita nos EUA. Decisões como esta abrem caminho para a proibição em todo o território dos EUA.

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14 | COTV

ANÁLISE

Fora Bolsonaro, liberdade para Lula e eleições gerais já! A

Causa Operária TV, único canal online de imprensa revolucionária e operária, exibe todos os sábados no YouTube a partir das 11h30 da manhã a Análise Política da Semana com apresentação do presidente do PCO Rui Costa Pimenta, expondo os acontecimentos políticos da semana de uma forma esclarecedora e direta traçando a melhor orientação política a ser aplicada pela esquerda e toda a classe trabalhadora tendo como palavras de ordem: Fora Bolsonaro, Liberdade para Lula, Eleições gerais com Lula candidato. “Na palestra que fiz na USP essa semana uma pessoa questionou a palavra de ordem que nós levantamos de eleições gerais. Segundo ele tem muita gente que não acredita no poder das eleições e que isso não seria solução e nem que o Lula seria uma solução. Então eu procurei explicar na palestra uma coisa que é importante reproduzir aqui: a nossa preocupação é apresentar uma linha de desenvolvimento do movimento que esta crescendo. Não ha soluções absolutas para nada. Você derruba o Bolsonaro, não quer dizer que todos os problemas estão resolvidos. Não existe essa palavra de ordem que resolva todos os problemas de uma vez. Isso é uma fantasia. Mas se você derruba o Bolsonaro, você avança no sentido da realização das suas reivindicações. Muita gente falou: ” você derruba o Bolsonaro mas aí vem o Mourão”. O Mourão pode vir de qualquer maneira mesmo que o povo não derrube o Bolsonaro. Amanhã a burguesia se junta e tira o Bolsonaro e põe Mourão. Não cabe a nós evitar que o Mourão suba o governo. Mas uma coisa é o Mourão chegar ao governo por uma artimanha da burguesia como tentaram fazer com o Temer e outra coisa é o cidadão (Bolsonaro) ser derrubado pela mobilização popular. O Mourão que a burguesia colocou no governo sem a mobilização é um – vamos supor que aconteça de o Mourão assumir – e o Mourão que assume um governo em que o povo derrubou o titular – é totalmente diferente. São duas situações políticas diferentes , são duas relações de força completamente diferentes. Mas de qualquer maneira nós apresentamos solução democrática: eleições. Eleição vai resolver o problema? Vai eleger o Lula? Não sei! Tudo é um problema da luta política. Em se tratando de política ninguém pode oferecer um resultado, garantir o resultado da luta que está acontecendo. É uma luta – é como qualquer tipo de enfrentamento – um enfrentamento esportivo – você tem dois grupos se digladiando para ganhar uma competição esportiva – por melhor que seja a sua equipe, vc vai ganhar? Não, ninguém pode garantir – vai depender do desempenho, de uma série de coisa. Então não dá pra dizer que se você derrubar o Bolsonaro e entrar o Mourão o Brasil vai ficar maravilhoso mas o que dá pra dizer com absoluta segurança é que nesse caminho o povo vai avançando contra

seus opressores e exploradores. Isso dá pra garantir em termos absolutos. Se alguém falasse assim : “se você lutar e derrubar o Bolsonaro, e o povo se organizar e se tornar mais consciente, isso vai ser um desastre pra todos nós” – é uma discussão racional, mas não é um desastre. É um avanço, é uma maneira de avançar. Nós temos que apontar qual é o caminho pelo qual é possível avançar – não garantir o resultado de antemão porque isso não é possível. Não da pra dizer “põe o Lula lá que o Brasil vai ser o país mais maravilhoso do mundo” – não existe isso. Simplesmente á a melhor maneira de avançar. Muita gente acha estranho que a gente defenda a candidatura do Lula porque o Lula governou e tem todo tipo de criticas ao governo dele e etc. Nós temos que considerar que o problema da situação política não depende da nossa opinião. Seja qual for a opinião que as pessoas tenham sobre o Lula, ele deveria ter sido candidato na última eleição. E se ele fosse candidato ele teria uma possibilidade muito grande de ser eleito. Isso é um problema da vontade popular – é isso que o povo manifestou que quer. Depois do tsunami Bolsonaro, cinco meses destruindo o país como se tivesse passado dentro de um moedor de carne – mais ainda o pessoal quer o Lula. Se o povo já queria antes, imagine agora. Se não houver uma objeção muito forte para você apoiar a pessoa, você querer que a pessoa que o povo prefere como candidato seja eleito é uma via de avançar a luta popular também. Lógico que você pode fazer critica, pode falar que o governo Lula teve muitas insuficiências, pode falar tudo mas o fato de satisfazer essa vontade popular, essa tendência geral da população, isso é processo que progride. Certos setores da esquerda são doutrinários, eles acham que tem que fazer – em toda pessoa que você for apoiar em todos os momentos – um teste de pureza. Se a pessoa não tiver pureza acima de 90% não deve ter apoio de jeito nenhum. Você tem que ser puro e puro aqui significa de um ponto de vista moral – na política não existe esse negocio de puro. É muito difícil de você determinar. A política é muito intrincada, tem muitas variações, muitas combinações, muita complexidade. Então não da pra você

chegar e falar assim “fulano é puro”. vou dar um exemplo aqui do que eu to querendo explicar: na revolução russa Lênin propôs – logo que os Bolcheviques tomaram o poder que os russos entregassem para os alemães mais de 1/3 do território russo. Não é a proposta de um homem puro. O homem puro iria falar “não entrego nem um grão de areia”. Mas ele não era um homem puro, era um homem político – ele explicou que o exercito russo não estava em condições de lutar. “Se mandar eles lutarem, os mesmos vão voltar pra trás, vão largar a frente de combate, os alemães vão entrar no país e vão derrubar o governo aqui. Então para preservar o governo, para poder lutar no dia de amanhã, nós temos que entregar para os alemães o que eles estão pedindo, preservar a revolução e depois mais pra frente a gente recupera aquele terreno”. Isso é política. A pureza seria a pessoa não abrir mão de nenhum tipo de desejo ou de coisa que ele defende. O que não é possível. Então por exemplo você não pode apoiar o Lula senão o pessoal vai vir com esse teste de pureza e vai mostrar um monte de coisas que o Lula fez que não é puro mas nós não estamos preocupados com isso. E nem estamos também dizendo pro pessoal pra apoiar o Lula porque ele é um santo de calendário – não se trata disso, é uma proposta política. A grande pergunta é: com essa proposta nós avançamos no sentido da realização dos anseios das reivindicações populares sim ou não? Esse caminho vai nos levar pra frente ou para trás? Levando isso em consideração eu diria que a proposta de eleição é uma proposta que abre caminho para uma evolução geral do movimento. Todo mundo sabe o PCO não é a favor de governo reformista como objetivo estratégico, nós somos um partido revolucionário comunista mas temos que apontar para o pessoal não aquilo que queremos que fosse mas aquilo que é necessário fazer nesse momento porque senão você vai virar uma igreja pequenininha, vai sentar lá e fazer um ritual de esperança pro socialismo. Nós temos que fazer política. Então é isso que justifica o problema das eleições gerais. Aí o companheiro levantou a questão que achei interessante que é a seguinte: mas se o movimento colocar

objetivos mais abrangentes, mais audaciosos do que as eleições gerais? Aí eu falei pra ele o seguinte: que eu acho que é o raciocínio correto – nós temos que estar preparado para avançar se o movimento avançar. Vamos supor que no meio do movimento “FORA BOLSONARO” a classe operária brasileira – não vejo isso acontecendo de maneira imediata – criasse conselho operário por todo o país e levantasse a reivindicação de um governo operário, ou seja, se você ficar na sua palavra de ordem anterior diante do desenvolvimento dessa natureza – você não é um elemento que impulsiona a luta que está acontecendo, você é um entrave, porque você fica parado em um determinado terreno e não consegue avançar. Uma coisa que é uma lição da experiência da revolução russa é que é o seguinte: a cada dia que passa você tem que tomar o pulso do movimento – e você também tem que saber o seguinte: a tendência de todo partido que busca ser realista é ser relativamente conservador por mais que você se esforce para estar a frente dos acontecimentos que é difícil prever o que esta acontecendo, no meio de uma gigantesca massa de milhões de pessoas você normalmente descobre quando esse sentimento vai se formando ele aparece na superfície dos acontecimentos. Ai você olha e a coisa tava mais inflamada do que eu imaginei quando eu fiz tal proposta. Você tomando pulso dos acontecimentos você procura se colocar a altura dos acontecimentos – o partido pode ser mais consciente do que a população mas o fator revolucionário no mundo é o povo – são os trabalhadores – esses são os fatores. Realmente o partido pode falar em revolução, apresentar palavra de ordem etc e tal mas ele não faz revolução. Quem faz revolução é o povo. Só os trabalhadores. Por isso o partido tende a ficar um tanto quanto defasado dos acontecimentos – por mais que ele esteja em cima dos acontecimentos. Mas é assim. Também não adianta você se insurgir contra as condições reais em que você atua. Então eu acho que nesse momento nós temos que levantar a palavra de eleição, nós temos que levantar a questão de Lula, a eleição foi fraudada para que ele não fosse candidato, nós temos que levantar aquilo que corresponde a evolução geral da situação.”


CULTURA | 15

MEMÓRIA E JUSTIÇA

5 anos sem lua Barbosa O

Coletivo artístico de Presidente Prudente (SP) “Galpão da Lua” estará realizando neste sábado (29) as 10 horas, na Praça Nove de Julho, um ato artístico e político pelos 5 anos do assassinato da atriz e produtora cultural Luana Barbosa. A atriz foi assassinada em 27 de junho de 2014, um dia após completar 25 anos, vítima do disparo de arma de fogo de um policial militar em uma blitz de trânsito em Prudente. Até hoje o crime não teve uma resposta adequada do Estado. A justiça ainda nem julgou o PM e nem investigou outros militares que supostamente sequestraram as imagens da câmera de segurança do local do crime. Amigos e familiares ainda aguardam julgamento no Tribunal do Júri de Presidente Prudente. O ato pretende fazer uma denúncia, chamando a atenção de autoridades e da sociedade para o caso. O ponto de cultura “Galpão da Lua” conta hoje com 12 grupos artísticos da cidade que tem como prioridade a democratização da cultura e da arte. Em depoimento ao Diário da Causa Operária, o palhaço e produtor cultural Tiago Munhoz do Grupo Rosa dos

Ventos nos diz da importância desse ato: “O Ato é fundamental para chamar a atenção da população e das autoridades responsáveis sobre as barbaridades que cercam o caso da Lua. Ela foi vítima de um crime cometido pelas mãos do Estado e isso não pode cair no esquecimento, não pode sair impune. Crimes como esse estão sendo cometidos diariamente no Estado de São Paulo e pelo Brasil a fora.” Tiago também chamou a atenção dizendo que o cabo que atirou em Luana ainda trabalha na corporação. “Ninguém nem sequer investigou as fraudes nas provas do crime, como é o caso da coronhada forjada no capacete e as imagens e câmeras da empresa de transporte Andorinha que foram sequestradas.” denuncia Tiago. O caso já se arrasta por 5 anos e pelo visto a justiça não está trabalhando de forma imparcial. “Não entendo como essas duas instituições podem trabalhar de forma parcial assim? Como nós como cidadãos podemos confiar em uma instituição que deveria trabalhar dentro da lei, deveria nos proteger contra crimes e que acoberta ile-

galidades dos seus pares?” Desabafa o amigo e produtor cultural. Polícia Militar brasileira Relatório da Anistia Internacional publicado em 7 de fevereiro deste ano, apontou a Polícia Militar brasileira como sendo a que mais mata no mundo. No último ano, em 2018, 15,6% dos assassinatos no país foram provocados pelos policiais militares. É preciso fazer um debate real, pois a solução para a segurança pública não surgirá de uma reforma parcial na

estrutura do aparato repressor do estado. É necessário a extinção imediata dessa corporação assassina e fascista. A polícia deve passar para o lado do povo na luta de classes, pois, enquanto fizerem parte dessa máquina de matar, a população pobre continuará entendendo que essa organização serve à burguesia golpista e não ao povo. Com a dissolução da PM, é necessária a criação de comitês populares de segurança e autodefesa controlados e eleitos pelo próprio povo sem a intervenção do estado burguês.

CURITIBA

Neste sábado (29) venha para o Arraial Lula Livre no CCBP PR N

este sábado (29) em Curitiba, a partir das 15 horas ocorrerá o 1º Arraiá Lula Livre no Centro Cultural Benjamin Péret – Paraná. Comidas, bebidas, música, brincadeiras e muito mais. Uma atividade social para confraternizar todos os companheiros que lutam contra o golpe. O convite custa R$ 10,00 e pode ser adquirido com os militantes do partido e dos comitês de luta contra o golpe. Só serão admitidos trajes juninos e lulinos e a palavra de ordem correta. Adquira já o seu e venha festejar pela liberdade de Lula, por fora Bolsonaro e todos os golpistas! Informações: 41 98435-6086, 41 98462-2522, 41 99694-9521.


16 | ESPORTES ESPORTES

Imprensa golpista aproveita Copa América para atacar a Venezuela N

o momento em que esta matéria foi produzida, La Vinotinto (como é conhecida a seleção venezuelana) enfrentava a Argentina pelas quartas de final da Copa América 2019,. O jogo terminou 2 a 0 para a Argentina. No entanto, desde antes do início da competição, a seleção da Venezuela vem enfrentando adversários muito mais poderosos do que as demais seleções presentes. Podemos comprovar isso na campanha da imprensa capitalista brasileira e internacional. Matéria do Portal Terra de 15/03/2019, introduz o texto colocando em cheque a participação da Venezuela: “A crise por que passa a Venezuela, com fronteiras fechadas, problemas graves de abastecimento e falta de energia elétrica, pode afetar a 46ª edição da Copa América, em junho e julho no Brasil. Entre dirigentes da Confederação Sul-Americana de Futebol (Conmebol) há uma incerteza crescente sobre a participação dos venezuelanos no torneio.” Fronteiras fechadas, problemas graves de abastecimento e falta de energia elétrica são citados de forma abstrata, sem contextualizá-los como resultado dos ataques do imperialismo (sobretudo o estadunidense) ao governo de Nicolás Maduro através de tentativas de golpe de Estado parlamentar, militar, bloqueio econômico, ameaças de invasão externa, etc. Sob a tag da Copa América a matéria se soma à campanha direitista contra o governo e o povo venezualano. Intensificando a campanha coxinha contra a Venezuela, uma matéria do El País (jornal do imperialismo espanhol) de 18/06/19 dá voz a “exilados” e jogadores coxinhas anti Maduro: “Eles saíram de Puerto la Cruz, no norte da Venezuela, atravessaram o Brasil e se estabeleceram em São Leopoldo para dri-

blar a convulsão político-econômica que há pelo menos cinco anos abate seu país.” “Como não se contaminar pelo turbilhão político, econômico e social que domina o noticiário? A seleção venezuela adquiriu uma espécie de ‘blindagem anticrise’, como explica o meia Seijas, que jogou duas temporadas no Brasil – por Internacional e Chapecoense – e hoje atua no Santa Fe, da Colômbia. ‘Deixamos nossas diferenças de lado e trabalhamos unidos por um objetivo. Isso é o que nós queremos transmitir para o nosso país.’ Ele é um dos jogadores mais críticos ao regime de Nicolás Maduro. Já manifestou sua contrariedade com o governo boliviariano, que qualifica como ‘ditadura criminosa’, e não hesita em reivindicar a saída imediata do poder de Maduro e seus apoiadores. ‘Sempre demonstrei o que eu penso’, disse após o empate com o Peru na Arena do Grêmio, em Porto Alegre. ‘Nós jogamos para as pessoas, não para o Governo. Não tem como esconder o que acontece lá. É necessária uma mudança, já deu’.” “Maior artilheiro da história da seleção, Salomon Rondón também engros-

sa o coro de jogadores oposicionistas a Maduro, mas adota um discurso mais comedido. ‘Antes de jogador, sou um ser humano que sente muito a situação do nosso país. Tudo o que queremos é fazer com que as pessoas se esqueçam por algumas horas do que estão vivendo’, afirma o atacante do West Bromwich, da Inglaterra. ‘Jogar pelos venezuelanos’ e ‘dar alegria ao povo’ são respostas mais comuns entre os integrantes da Vinotinto ao falar sobre a crise no país, em especial o técnico Rafael Dudamel. Ex-goleiro da seleção, ele assumiu o comando do time em 2016 e é o responsável por apagar vários incêndios internos, como administrar a relação entre jogadores insatisfeitos com o governo e a federação do país, controlada por dirigentes ligados a Maduro… Após seu time superar o Uruguai na semifinal, Dudamel fez um duro desabafo contra o presidente, exigindo um cessar-fogo à repressão de protestos que deixou mais de uma centena de mortos.” A forma do texto dá a entender que os mortos são responsabilidade do governo Maduro. Porém, os protestos a que Dudamel se refere foram mar-

29 DE JUNHO DE 1958

Brasil conquista sua primeira Copa do Mundo H

á exatos 61 anos a Seleção Brasileira de Futebol conquistava seu primeiro título de campeão numa Copa do Mundo. Em 29 de junho de 1958, o Brasil derrotou a Suécia, que jogava em casa, por 5 a 2. Os gols foram marcados por Vavá (2), Pelé (2) e Zagallo. O Rei do Futebol tinha apenas 17 anos e já surpreendia o mundo com o seu talento com a bola. Era o primeiro grande feito de um futebol que se tornaria respeitado universalmente até a atualidade. Na primeira fase da competição, o time brasileiro começou com uma vitória sobre a Áustria por 3 a 0, depois empatou sem gols com a Inglaterra e, por último, venceu a União Soviética por 2 a 0. Nas quartas de final derrotou o País de Gales por 1 a 0 e, nas semifinais, garantiu a passagem à decisão com uma vitó-

ria sobre a França por 5 a 2. Pelé foi o vice-artilheiro do torneio, com seis gols marcados. O goleador foi o francês Just Fontaine, com 13 gols anotados. Infelizmente o capitalismo atual, em grave crise, lança forte ataque ao futebol brasileiro. Trata-se de uma tentativa de privilegiar os times de países mais ricos, que geram maior potencial de lucro, além de fazer cair o preço dos jogadores de países pobres no mercado internacional. A imprensa brasileira, como sucursal da imprensa internacional, faz coro, tentando desmoralizar este grande patrimônio cultural. Não podemos aceitar mais este golpe. Cabe aos trabalhadores se apropriarem da riqueza que a eles pertence, inclusive o patrimônio cultural, e não deixá-lo à mercê dos interesses econômicos da burguesia.

cados pelos ataques da extrema direita a chavistas (inclusive com a direita fazendo barricadas e queimando pessoas que se dirigiam aos locais de votação) durante às eleições que deram a Maduro um novo mandato por mais de 68% dos votos. “Desde a repercussão da fala, o treinador tem evitado críticas públicas ao governo. Em março deste ano, quando a Venezuela bateu a Argentina, de Lionel Messi, em Madri, ele recriminou a tentativa de uso político da visita de um embaixador vinculado a Juan Guaidó, presidente reconhecido por diversos países, por se aproveitar de uma vitória da seleção para se promover. Na Copa América, alheio às disputas pelo poder, o ex-goleiro se esforça para convencer seus jogadores de que a Vinotinto deve ser protagonista no torneio.” A matéria utiliza as falas do ex jogador contra o governo e contra Juan Guaidó para colocá-lo como “alheio” às disputas pelo poder. Contudo, esta utilização em si já é um aspecto de luta pelo poder na Venezuela, uma vez que não contextualiza os ataques criminosos do imperialismo dos Estados Unidos e da Espanha contra o país, não trata Guaidó como um golpista fantoche deste mesma imperialismo e ainda atribui ao governo Maduro a crise decorrente de todos estes ataques. A imprensa golpista não perde um segundo na campanha contra os países atrasados e seu povo. Em vídeo sobre quem seria o próximo adversário do Brasil na competição a Rede Globo ataca o governo venezuelano. Isso reforça o que este Diário da Causa Operária Online sempre alertou durante a Copa do Mundo do ano passado: para as seleções de países atrasados venceram competições, precisam derrotar o imperialismo dentro e fora de campo.


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