SEGUNDA-FEIRA, 1 DE JULHO DE 2019 • EDIÇÃO Nº 5690
DIÁRIO OPERÁRIO E SOCIALISTA DESDE 2003
WWW.PCO.ORG.BR
12 de julho: Fora Bolsonaro e pela anulação dos processos contra Lula!
Todos a Curitiba, dia 16 de agosto, inscreva-se para ir
EDITORIAL
Nas ruas ou nas urnas?
O Partido da Causa Operária e os Comitês de Luta Contra o Golpe e o Fascismo organizarão um gigantesco ato em Curitiba pela liberdade de Lula no dia 16 de agosto, próximo a data em que completarão 500 dias da prisão política do ex presidente.
Desde o início do processo golpista, uma questão tem se colocado de forma permanente. Resolveremos os problemas do Brasil – os ataques da direita, o desemprego, a retirada dos direitos dos trabalhadores etc – nas ruas, por meio da mobilização popular, ou nas urnas, por meio das eleições?
POLÍTICA
Não tem que começar campanha para 2022, tem que lutar agora
Em todo o País, mutirões pela liberdade de Lula foram um sucesso
Aliviar para delator não podia parecer prêmio contra Lula, mas era
POLÍTICA
Não é imoralidade, governador Dino, é crime mesmo No último sábado (29), o governador maranhense Flávio Dino (PCdoB-MA) publicou, em seu perfil no Twitter, seu posicionamento em relação aos vazamentos mais recentes da Operação Lava Jato.
POLÍTICA
O acordo colonial de Bolsonaro: Mercosul – UE Neste domingo (30), em mais de 20 cidades, localizadas em dezenas de Estados pelo país afora, o Partido da Causa Operária (PCO) e os comitês de luta contra o golpe saíram às ruas para coletar assinaturas pela liberdade de Lula e a anulação de todos os processos contra o ex-presidente.
Bolsonaro cai, cai, cai, mas a esquerda continua no “fica Bolsonaro”
Comprovado: “provas” contra Lula foram forjadas As novas revelações das conversas em grupo de Telegram formado por procuradores da Lava Jato e o ex-juiz Sérgio Moro comprovam o que já era sabido amplamente e que tem sido constantemente denunciado nos últimos anos: as “provas” contra o ex-presidente Lula foram forjadas para incriminá-lo e prendê-lo.
2 | OPINIÃO EDITORIAL
Nas ruas ou nas urnas? D
esde o início do processo golpista, uma questão tem se colocado de forma permanente. Resolveremos os problemas do Brasil – os ataques da direita, o desemprego, a retirada dos direitos dos trabalhadores etc – nas ruas, por meio da mobilização popular, ou nas urnas, por meio das eleições? Obviamente, que as recentes experiências da luta do povo brasileiro respondem essa pergunta sem problemas. As urnas e o processo eleitoral como um todo são um jogo de cartas marcadas da direita. Quem tem a máquina e a estrutura, ganha. Quem controla os judiciário, o legislativo, os Estados e assim por diante, literalmente organiza as eleições como bem quiser. Lula foi preso, impedido de se candidatar. Isso porque quem controla o
judiciário brasileiro são os golpistas. O governo Bolsonaro não é produto da vontade da maioria, tanto é que trata-se do governo mais repudiado em tão pouco tempo no poder – apenas 6 meses de existência, enquanto seu mandato teria de durar quatro anos. Alguns setores da esquerda querem que coloquemos nossas esperanças todas nessas instituições, nesse processo fraudulento e controlado pelas forças mais reacionárias do Brasil. Alegam que Bolsonaro foi eleito e por isso teríamos de esperar até 2022 para tirá-lo da presidência. Isto é, desconsideram a fraude, e ainda pior, contrapõem-se à vontade popular, que defende a derrubada do governo por meio da palavra de ordem Fora Bolsonaro.
Novo Jornal Causa Operária já está à venda nas ruas E stá nas ruas a edição 1.063 do Jornal Causa Operária. Nessa edição do semanário mais antigo da esquerda brasileira, o leitor encontra tudo sobre a crise do governo ilegítimo de Bolsonaro e seu esfacelamento político.
Além disso, o leitor pode ler sobre os mais variados temas, como política internacional, movimento operário, polêmicas, cultura, mulheres, negros. Procure os militantes do Partido da Causa Operária e adquira o seu.
Se o povo não quer Bolsonaro no poder, é isto que vale. E não as concepções democráticas abstratas de algum “gênio”, que para defendê-las está disposto a manter durante 4 anos o povo todo sob um ataque permanente do presidente fascista, que quer reprimir, censurar e atacar toda a população. Quer dizer, isso se em 2022 realmente ocorrerem eleições, pois o caminho está aberto para a consolidação de uma ditadura de extrema-direita. Por outro lado, há aqueles que sempre defenderam que a saída está nas ruas, na mobilização popular contra a direita golpista. Os que defendem essa tese defendem a experiência histórica. Nada foi conquistado pelo povo sem uma intensa mobilização. A república do café com leite só foi derrotada por
meio da Revolução de 30, a Ditadura Militar só caiu por conta da mobilização dos operários metalúrgicos no ABC e de toda a população. E assim por diante. Em todas essas oportunidades, sempre houve quem defendesse uma paralisação do movimento através de vias institucionais. E quanto menos essas forças foram fortes, mais conquistas os que se mobilizaram conseguiram. Por isso mesmo, é preciso acabar com qualquer tipo de ilusão. Lula só será solto, novas eleições só serão convocadas e os ataques da direita só irão cessar quando o povo entrar em um processo de mobilização constante, exigindo nas ruas suas demandas, e fazendo-as serem colocadas em prática pela força.
POLÍTICA | 3
12 DE JULHO
Fora Bolsonaro e pela anulação dos processos contra Lula! A
s Centrais Sindicais estão convocando um ato nacional em Brasília para o próximo dia 12 de julho contra o fim da aposentadoria, pela valorização da educação e por emprego. A decisão foi tomada no último dia 28 durante reunião entre as centrais. A continuidade da mobilização é importante para não deixar o movimento esfriar e aproveitar as três últimas grandes manifestações contra os ataques do governo Bolsonaro. E um importante passo para uma greve geral por tempo indeterminado. Apesar do acerto da convocação de uma nova manifestação é necessário tomar cuidado e não contar com as centrais sindicais ligadas aos patrões e a direita, como a Força Sindical e a UGT, que na greve geral do dia 14 de julho sabotaram a paralisação.
Para que seja uma grande mobilização é preciso realizar uma ampla campanha de convocação dos trabalhadores e da população para o ato em Brasília. Ir nas bases dos sindicatos, bairros, universidades e escolas para unificar a revolta da população contra o governo Bolsonaro. Os trabalhadores e ativistas devem realizar uma grande campanha em seus sindicatos, partidos políticos e movimentos sociais para organizarem caravanas para tomar as ruas de Brasília com gente de todo o País. As palavras de ordem das manifestações devem ser no sentido de derrubar Bolsonaro, anular as eleições fraudulentas que levou a extrema-direita à presidência e a anulação de todos os processos da operação golpista da Lava Jato e imediata libertação de Lula
das masmorras da Polícia Federal em Curitiba. Eixos que mobilizaram até agora a população e foram os pilares da direta para realizar o golpe de Estado.
Todos a Brasilia no dia 12 de julho pelo Fora Bolsonaro, anulação dos processos da operação Lava Jato, pela liberdade de Lula e convocação de novas eleições com Lula candidato.
PELA LIBERDADE DE LULA
Todos a Curitiba, dia 16 de agosto, inscreva-se para ir O
Partido da Causa Operária e os Comitês de Luta Contra o Golpe e o Fascismo organizarão um gigantesco ato em Curitiba pela liberdade de Lula no dia 16 de agosto, próximo a data em que completarão 500 dias da prisão política do ex presidente. Dos protestos de junho de 2013 às eleições fraudulentas de 2018, todas as manobras dos golpistas para derrubar o governo da ex presidenta Dilma, condenar, prender e cassar o ex presidente Lula, foram denunciadas pelo Diário da Causa Operária. Esta análise foi decisiva para orientar e impulsionar o movimento da luta contra o golpe, desde o 1º ato contra o impeachment em 2015 até as grandes mobilizações deste ano, que culminaram no ato da greve geral do último 14 de junho. Os vazamentos escancarados pelo portal The Intercept mostraram as conspirações e combinações de processos e sentenças entre o juiz Sérgio Moro, procuradores do Ministério Público e integrantes do Judiciário atuando para perseguir adversários políticos (sobretudo Lula e quadros do PT).
No entanto, sua importância não está apenas na comprovação de tudo que o DCO vem denunciando há anos, mas em serem um resultado de toda a mobilização contra os golpistas desde 2015. O poder, portanto, não está na denúncia em si, em esperar que vazamentos derrubem automaticamente o governo de Bolsonaro. O fator positivo é a desmoralização pública da Lava Jato e do Judiciário, dada a crescente da mobilização (vide atos e greves deste maio e junho), servir como um elemento a mais para ampliar o movimento, rumo a grandes mobilizações de massa contra o governo Bolsonaro. Por isso, mais do que nunca, exigir a liberdade de Lula num gigantesco ato, que leve caravanas de todo o país para a frente da Polícia Federal de Curitiba, é o caminho para o desenvolvimento da luta pela liberdade do ex presidente e pela derrota de todos os golpistas! Confira o chamado feito através de evento criado no facebook e inscreva-se nas caravanas com os militantes do PCO e dos comitês: “Estrondoso ato contra os 500 dias da prisão política do ex-Presidente Lula.
A expectativa é de uma poderosa manifestação com dezenas de milhares de pessoas, semelhante ao ato de registro da candidatura do Lula, no dia 15 de agosto do ano passado em Brasília. Os golpistas já demonstraram não estar
minimamente dispostos de libertar Lula, apenas a mobilização popular pode tirar o ex-Presidente do cárcere político que já dura mais de um ano. #LiberdadeParaLula #FreeLula #LulaLivre #ForaBolsonaro #EleiçõesGerais“
4 | POLÊMICA
COMPROVADO
“Provas” contra Lula foram forjadas
A
s novas revelações das conversas em grupo de Telegram formado por procuradores da Lava Jato e o ex-juiz Sérgio Moro comprovam o que já era sabido amplamente e que tem sido constantemente denunciado nos últimos anos: as “provas” contra o ex-presidente Lula foram forjadas para incriminá-lo e prendê-lo. Reportagem publicada nesse domingo pela golpista Folha de S. Paulo, em parceria com o The Intercept (que recebeu as conversas de fonte anônima) mostra que Léo Pinheiro, da OAS, recebeu confiança dos agentes da Lava Jato apenas quando mudou sua versão a respeito da reforma do triplex do Guarujá e começou a envolver Lula na história, afirmando que foram feitas reformas no apartamento para o ex-presidente, a fim de assegurar contratos da empreiteira com a Petrobras. Pinheiro começou a ser ouvido pela Lava Jato no início de 2016, mas foi só em abril de 2017 que envolveu Lula no caso, após mais de um ano de in-
tensas pressões por parte do próprio Sérgio Moro, obviamente para que o empresário fizesse justamente isso: inventasse uma acusação que pudesse colocar o petista na cadeia. Até então, Léo Pinheiro sofria com total descrédito dos funcionários do imperialismo responsáveis pela Lava Jato. Depois disso, foi justamente essa delação forjada que serviu como artifício para a prisão de Lula. As revelações mostram que foi um processo de mais de um ano de modificações e intensas pressões para que a acusação fosse plenamente forjada a fim de incriminar Lula, em um trabalho conjunto de Pinheiro com os procuradores. Foi exatamente como já vinha sendo denunciado: os agentes da Lava Jato pressionavam em sessões de “tortura psicológica” e chantagens para que o delator envolvesse Lula no caso e dissesse exatamente o que eles queriam: que Lula recebeu as reformas como propina para beneficiar a OAS em contratos com o Estado.
Foi justamente essa acusação que rendeu a Lula a prisão em segunda instância e que o mantém preso até hoje nas masmorras de Curitiba. Essa é mais uma das provas incontestáveis de que a Lava Jato foi montada para ser uma operação de perseguição política e que, portanto, é uma operação ilegal e inconstitucional, um mecanismo a serviço do golpe e do imperialismo para tirar a oposição do jogo e
entregar o Brasil aos grandes monopólios capitalistas. É preciso exigir o fim da Lava Jato, a anulação de todos os seus processos, a libertação imediata de Lula, a anulação das eleições de 2018 (porque Bolsonaro só foi eleito graças à retirada de Lula da corrida presidencial), a queda do governo Bolsonaro como fraudulento e novas eleições gerais, com Lula candidato!
VAZO JATO
Aliviar para delator não podia parecer prêmio contra Lula, mas era N
ovas revelações da “vaza jato” do Intercept mostram um detalhe estarrecedor para o observador atento. O sócio-diretor da construtora OAS foi fundamental para a Lava Jato: antes da delação premiada forjada dele servir para a condenação de Lula, foi ela que justificou a permanência do caso em Curitiba. O processo estava correndo fazia tempo e Moro e seus procuradores amestrados estavam preocupados porque não tinham nada, depois de ouvir 72 depoimentos e buscar documentos, para sequer confirmar a competência do fôro. Traduzindo o jurisdiquês: como o Guarujá não fica no Paraná e o objeto da investigação que inventaram contra o ex-presidente, o tal apartamento tríplex, está situado no litoral paulista, o processo não poderia estar tramitando na Justiça Federal do Paraná, na Vara 13, que o Moro montou para pegar o petista. Existia aí uma nulidade processual desde o início, ou seja, de acordo com o que está escrito na lei, tudo que Moro, Dallagnol et caterva tinham feito era nulo. Pelo que manda a lei, tinham que zerar tudo. E a Justiça Federal de São Paulo é que teria que reabrir o caso desde o princípio, ver tudo e ouvir todo mundo de novo. Todo o gasto de dinheiro público inutilmente teria que ser prestado conta por pura incompetência. Ou melhor, a Lava Jato inventou um culpado, o Lula, que era sua própria razão de existir, e precisava encontrar alguma coisa contra ele. Entretanto, oficialmente, a Lava Jato era uma força tarefa para apurar desvios da Petrobras. Os procuradores e
o juiz fajuto precisavam desesperadamente de uma conexão da Petrobras com o Lula, nem que fosse um centavo, para justificar a manutenção do caso lá. O diretor da OAS, que se identifica pelo nome de guerra de Leo Pinheiro, mas chama-se mesmo José Ademário, fez esse serviço. Leo já estava condenado a 16 anos de cadeia por ilícitos em contratos com a Petrobras, segundo o “juiz imparcial”. As condenações eram uma forma de “amaciar” o condenado a de-
latar o Lula. As negociações entre os procuradores amestrados e Leo estavam travadas porque ele se recusava a falar o que eles queriam que fosse dito. Segundo Pinheiro, as obras que a OAS fez no apartamento tríplex do Guarujá (SP) e no sítio de Atibaia (SP) foram uma forma de a empresa agradar a Lula, e não contrapartidas a algum benefício que o grupo tenha recebido. No primeiro depoimento dele a Moro, Leo disse que fez as obras no tríplex para convencer a dona Marisa a
ficar com ele, em troca da cota que ela tinha no empreendimento, sem nada a ver com Petrobras. Então Leo foi forçado a mudar os termos do seu depoimento, conforme ele mesmo afirmou diante de Sérgio Moro, dizendo que foram seus advogados que o orientaram a falar diferente. Era “entregar o Lula” para “aliviar” para ele. Leo mudou sua delação e disse que haveria uma “conta” clandestina em favor de Lula, versão mantida até o final como justificativa da suposta vinculação do triplex do Guarujá com os contratos da Petrobras. Ninguém achou a conta até agora, como foi a lorota da da Friboi. Mas não vem ao caso. Dallagnol manifestou preocupação, segundo os vazamentos do Intercept: Deltan (Dallagnol)-17:10:32 -Caros, acordo do OAS, é um ponto pensar no timing do acordo com o Léo Pinheiro. Não pode parecer um prêmio pela condenação do Lula. Mas era exatamente isso que era. A recompensa pela incriminação do ex-presidente, foi cumprida: a pena de Pinheiro foi reduzida para 3 anos e 6 meses, em regime semiaberto. O Lula deu fama a muita gente, deu emprego a muito “jornalista” sem escrúpulos. Sem o Lula, Moro e Dallagnol seriam reles desconhecidos. Agora o Intercept está jogando no ventilador que eles não eram exatamente o que pareciam ser, nada que seja novidade para quem acompanha a imprensa da Causa Operária. Por causa de Lula, Moro e Dallagnol nunca mais serão os desconhecidos do Paraná, serão conhecidos com membros de uma quadrilha de criminosos que montaram uma conspiração contra o País.
POLÊMICA | 5
DIREITA
Não tem que começar campanha para 2022, tem que lutar agora E m texto intitulado “Bolsonaro, Doria e Moro: campanha de 2022 já começou. E onde fica a oposição?”, publicado no Brasil 247, o integrante do grupo Jornalistas pela Democracia, Ricardo Kotscho, se queixa da falta de campanha eleitoral da esquerda – a chamada a “oposição” – para as eleições de 2022. Segundo ele, o principal candidato, Fernando Haddad, “herdeiro de Lula”, na opinião do autor, “se recolheu a um obsequioso silêncio e agora mais parece candidato a reitor da USP.” Já Ciro Gomes está do lado do Bolsonarismo através da campanha anti-petista. Portanto, para ele, a situação é catastrófica. A direita já está se lançando para as eleições de 2022 e a esquerda (supostamente) não está fazendo nada! É o fim do mundo. Inclusive, no final do texto sugere que “neste fim de semana, se você ainda não viu, corra para assistir no Netflix ao aterrorizante documentário “Democracia em Vertigem”, de Petra Costa, uma obra prima sobre a tragédia brasileira, mostrando como tudo começou, muitos séculos atrás”. Ou seja, não tem solução, o Brasil está um caos, uma “tragédia”, e o melhor que possamos fazer é esperar chegar algum salvador da pátria que
decida se lançar em campanha eleitoral para 2022. Este raciocínio de Kotscho, entretanto, está totalmente errado. O que mais há na esquerda é campanha eleitoral. A tentativa de formar uma Frente Ampla de oposição para “colocar Bolsonaro na linha”, o repúdio à palavra de ordem mais popular do país (“Fora Bolsonaro”), acompanhado de uma crítica supérflua, às vezes com uma aparência mais radical… tudo isso é campanha eleitoral. É isso que Haddad, Boulos, Manuela D’ávila, Flávio Dino e outros que estão procurando fazer alianças com o PSDB e, em determinadas coisas, com o próprio governo Bolsonaro, estão fazendo desde o começo. Na verdade, o que Kotscho não entende é que é justamente esse o problema. O povo quer Bolsonaro fora, mas a esquerda só pensa em eleição. E como se sabe, é preciso respeitar as regras da suposta “normalidade democrática”, que ninguém vê, além dos craqueiros eleitorais. Enquanto isso, fazem de tudo para impedir a luta contra o governo, pois isso seria algo antidemocrático – pelo contrário, devemos dar “boa sorte” a Bolsonaro, assim como Haddad fez; ou simplesmente se negar a ouvir as
exigências do povo, que não quer mais Bolsonaro no poder, pois isso seria “se comparar com Aécio Neves”, como afirmou Boulos (PSOL). O raciocínio está errado prematuramente, pois o autor do artigo afirma que o país está um caos, mas a solução seria esperar até 2022 para ganhar as eleições. Mas e durante esse tempo todo, temos de deixar Bolsonaro destruir todo o país e acabar com os direitos da população? Devemos esperar que Bolsonaro consolide uma
ditadura para tirá-lo do poder democraticamente? É um raciocínio torto. Não devemos esperar até 2022, nem muito menos fazer campanha eleitoral. Agora, é hora de impulsionar a luta contra o governo. As gigantescas manifestações que ocorreram nos dias 15, 30 e 14 já mostraram o caminho: a mobilização permanente contra Bolsonaro, até que o governo caia. Não adianta deitar em posição fetal e esperar até 2022. É preciso lutar, sair às ruas e conquistar as demandas por meio da força.
GOVERNADOR MARANHENSE
Não é imoralidade, governador Dino, é crime mesmo N
o último sábado (29), o governador maranhense Flávio Dino (PCdoB-MA) publicou, em seu perfil no Twitter, seu posicionamento em relação aos vazamentos mais recentes da Operação Lava Jato. Disse Dino: “qualquer perseguição por motivos políticos, alem de inconstitucional, é profundamente imoral. Mais grave ainda quando são juízes e procuradores a armarem coisas “simbólicas”, fazerem “tabelinhas”, com intuito puramente político. Será que nem vergonha estão sentindo? Remorso ?”. Considerar uma conspiração internacional para perseguir o maior líder popular do país como uma “imoralidade” é jogar fumaça nos olhos de toda a população. O que ficou revelado pelos vazamentos não foi um problema “ético” do ex-juiz da Lava Jato Sergio Moro e do procurador fascista Deltan Dallagnol, mas sim algo inadmissível em qualquer Estado que se pretenda minimamente democrático. O contato entre o juiz de um caso e uma das partes – neste caso, o Ministério Público – é um crime, uma agressão vital aos direitos democráticos da população. Um julgamento em que
o acusado tem como um juiz alguém que orienta seu acusador durante o processo não é um julgamento de fato: é uma farsa típica de um Estado de total arbítrio. O caso dos vazamentos da Lava Jato vão muito mais além do que o mero
contato entre o juiz e uma das partes. Trata-se de um conluio escancarado para perseguir o ex-presidente Lula e os demais inimigos do regime político: ficou claro que as eleições de 2018 foram uma fraude, que a Lava Jato não investigou os elementos protegidos
pela burguesia, como no caso do ex-presidente Fernando Henrique Cardoso, e priorizaram a condenação de Lula, mesmo convictos da ausência de provas. Nenhuma organização de esquerda deve, diante do escândalo revelado pelo portal The Intercept Brasil, exigir que os golpistas que tramaram uma conspiração contra os brasileiros peçam desculpas ou se envergonhem de seus atos. É necessário exigir imediatamente a anulação de todos os processos que foram organizados pelos golpistas e expulsá-los do regime político a pontapés. A crise gerada pelo escândalo sobre a Operação Lava Jato não trará nenhum benefício para os trabalhadores se não houver uma mobilização real contra a direita. A burguesia, como o próprio STF já demonstrou, está disposta a ignorar todas as provas do conluio e a manter Lula na cadeia de qualquer maneira. Por isso, é necessário ir para as ruas contra o regime político. É hora de organizar um amplo movimento que consiga elevar a luta contra o golpe a um novo patamar. Todos às ruas pela liberdade de Lula, pela derrubada de Bolsonaro e todos os golpistas e pela convocação de eleições gerais imediatas!
6 | POLÍTICA
PELA LIBERDADE DE LULA
Em todo o País, mutirões pela liberdade de Lula foram um sucesso N
este domingo (30), em mais de 20 cidades, localizadas em dezenas de Estados pelo país afora, o Partido da Causa Operária (PCO) e os comitês de luta contra o golpe saíram às ruas para coletar assinaturas pela liberdade de Lula e a anulação de todos os processos contra o ex-presidente. A atividade nacional foi um sucesso. Milhares de pessoas assinaram, em apenas um dia de campanha. A população demonstrou um grande apoio à causa, a maioria dos passantes se revelaram defensores da liberdade do ex-presidente, denunciando a injustiça que fizeram com ele. Ao mesmo tempo, também era popular a palavra de ordem Fora Bolso-
naro. Quando não colocada pelos militantes, a própria população já associava a prisão de Lula com o governo Bolsonaro. “Tiraram Lula para colocar esse pilantra no governo”, diziam alguns. “Por mim, Lula era presidente de novo”, diziam outros. A campanha do abaixo-assinado pela liberdade de Lula precisa ser intensificada. Trata-se de uma peça fundamental para mobilizar a população em torno da questão. Uma atividade que fortalece a organização do ato nacional pela anulação de todos os processos contra o ex-presidente, em Curitiba, no dia 16 de agosto. Todos às ruas pela liberdade de Lula!
CONTRA OS ATAQUES
Abaixo a repressão aos sem-teto!
N
o dia (24), quatro integrantes da Frente de Luta por Moradia (FLM) e da União de Luta por Moradia (UMM) foram presos de maneira arbitrária em conluio entre o governo do playboy João Doria, a Justiça golpista e por policiais Departamento Estadual de Investigações Criminais (DEIC), na zona norte de São Paulo. Sidney Ferreira da Silva, Jacine Ferreira da Silva (também conhecida como Preta Ferreira), Edinalva Silva Ferreira e Angélica dos Santos Lima foram presos e nesta segunda-feira serão transferidos para presídios estaduais. As acusações são completamente falsas e revelam a perseguição política ao movimento de moradia. As acusações são de cobranças ilegais de aluguel dos ocupantes, extorsão e formação de quadrilha através de denúncias anônimas à polícia. Uma verdadeira farsa.
As acusações sem nenhuma prova fazem parte das arbitrariedades da justiça golpistas contra os movimentos sociais de luta por direitos, no caso os sem-teto. Fica evidente que a justiça é apenas mais uma engrenagem da perseguição e do favorecimento dos golpistas que tomaram de assalto o governo através de eleições fraudadas. Em São Paulo, o alvo preferido de Doria e Bolsonaro é o movimento sem-teto e por isso a perseguição implacável e desastres ocasionados pela extrema direita, como incêndios em favelas e o incêndio no edifício Wilton Paes de Almeida, no Largo Payssandu, em maio do ano passado. É preciso pedir a imediata libertação dos companheiros da luta por moradia presos por perseguição politica dos fascistas Bolsonaro e João Doria.
TODOS OS DIAS ÀS 3H, NA CAUSA OPERÁRIA TV
POLÍTICA | 7
COLÔNIAS
O acordo colonial de Bolsonaro: Mercosul – UE O s Bolsonaristas e setores da burguesia brasileira estão comemorando um acordo de livre comércio com a União Europeia e o Mercosul após 20 anos de negociações e impasses. Esse tempo todo os países do Mercosul, na sua maioria de governos progressistas, nunca admitiram aceitar os termos colocados pelos países imperialistas europeus. Os termos do acordo transformariam esses países em meras colônias exportadoras de matérias-primas e importadoras de produtos industrializados, destruindo todo parque industrial dos países sul americanos, em especial, o Brasil que mais industrializado e com uma grande diversificação. A aprovação do acordo com a União
Europeia deveu-se principalmente à mudança do governo brasileiro com a subida à presidência do capacho Jair
GOVERNO IMPOPULAR
Bolsonaro cai, cai, cai, mas a esquerda continua no “fica Bolsonaro”
B
olsonaro só cai. Perde cada vez mais apoio de sua base pequeno-burguesa coxinha. Do povo, nem se fala, porque este nunca apoiou Bolsonaro realmente. Um dos aspectos da fraude eleitoral de 2018 foi que, ao contrário do que disse a propaganda da imprensa burguesa, Bolsonaro “ganhou” com o apoio de somente um terço da população, e isso de uma maneira muito forçada, após diversos mecanismos que obrigaram parcela do eleitorado a votar no fascista. O governo Bolsonaro é um governo de crise, desde o seu início. Diversas contradições dentro do próprio ministério, dentro de seu próprio partido e de seus “gurus” ideológicos. Rachas em todos os setores bolsonaristas e golpistas. Há pouco apoio a Bolsonaro neste momento e os atos coxinhas mostram essa decadência. Os ratos pulam do barco a cada dia, em apenas seis meses de governo. Talvez seja o mais frágil de todos os governos que o País já teve. Diante dessa situação, a coisa mais normal do mundo seria a oposição aproveitar a fragilidade do governo para derrubá-lo. O povo pede nas ruas o Fora Bolsonaro. Mas a esquerda, que se diz oposição e se diz representar os interesses do povo, não apoia essa reivindicação popular. Faz inúmeros malabarismos retóricos para desviar o foco do Fora Bolsonaro para uma política de “contenção de danos”, de “pressão parlamentar”, de “oposição propositiva”. Ou seja, uma política com o propósito ilusório de frear e diminuir a destruição causada por Bolsonaro. Mas, mantendo Bolsonaro no poder, o que não irá, de fato, diminuir essa destruição, porque esse recurso seria feito através das instituições, que estão totalmente dominadas pelos golpistas. E a política dos golpistas é a mesma de Bolsonaro. É a política ordenada pela burguesia e pelo
imperialismo, e se Bolsonaro se mantiver no poder ele vai dar continuidade a essa política. Para a esquerda parlamentar e pequeno-burguesa, não mudaria muita coisa, à primeira vista. Porque não sofre na pele o que sofrem os milhões de trabalhadores desempregados e que não irão se aposentar, porque não recebe tiros da polícia, porque tem moradia e comida na mesa. O povo não tem isso. E, graças a Bolsonaro, vai ter cada vez menos chances de ter algum desses direitos. Por isso o povo o odeia e quer o Fora Bolsonaro. Mas essa política implementada pela esquerda até agora é o contrário disso, é a política do “fica Bolsonaro”. É preciso largar a imobilidade da burocracia partidária, parlamentar e sindical. Isso só leva à sustentação e mesmo ao fortalecimento de Bolsonaro. Há que organizar a insatisfação e indignação popular para derrubar Bolsonaro, porque é isso o que o povo quer.
Bolsonaro que colocou em prática um plano de abertura total do mercado para empresas de países imperialistas.
O acordo beneficia setores do agronegócio e do latifúndio, mas esmaga os pequenos agricultores e a indústria nacional. Os pequenos serão afetados pois os produtos europeus, como leite e derivados possuem grandes subsídios, e com o discurso de modernização do parque industrial nacional, vai acabar com o pouco que resistiu aos planos de abertura econômica da direita na década de 90 e a crise econômica após o golpe de estado. Esse acordo é mais um plano entreguista do governo fraudado de Bolsonaro. Está entregando toda a economia nacional para empresas imperialistas as custas do desenvolvimento e dos empregos no Brasil. Vai gerar mais desemprego e miséria para os trabalhadores e deve ser combatido pelas entidades sindicais.
8 | POLÍTICA
COXINHATO
Um balanço da marcha em defesa da fraude N
esse domingo, dia 30, a direita golpista lançou mais uma tentativa de responder tanto a crise política que se alastra pelo governo como às sequencias de enormes atos da esquerda que aconteceram durante o mês de maio e junho. Novamente colocando todo o esforço do aparato da burguesia para agir, principalmente em São Paulo, os atos desse domingo revelam que a direita tem cada vez mais perdido forças. Segundo o site ligado à rede Globo, G1, teriam acontecido atos em 88 cidades. Número que, mesmo se comparado ao fornecido pela imprensa golpista no coxinhato anterior, do dia 26, é bem menor. Na ocasião, o próprio G1 havia anunciado que os bolsonaristas teriam saído às ruas em 158 municípios. Em meio às revelações dos vazamentos da Lava Jato, às dificuldades de aprovação da reforma da Previdência, aos escândalos e vergonhas passados pelo governo e principalmente à enorme e crescente rejeição popular, os atos foram um fracasso. Atos chamados em
defesa da fraude da Lava Jato, em defesa de Sérgio Moro e das políticas de ataques ao povo. O que se via nas manifestações eram as palavras de ordem sempre absurdas dos coxinhas, contra a esquerda e o PT, a favor de Moro o “herói nacional”, a defesa da reforma da Previdência etc. E como sempre, o que se via era a mesma base social que desde o impeachment de Dilma, sai às ruas, ainda que com poder de mobilização muito mais reduzido: em sua maioria brancos, de classe média alta e de idade mais avançada.
Em São Paulo o ato foi um fracasso, principalmente levando-se em consideração que a direita colocou todo o seu peso na capital paulista. Se comparado a imagens de outras capitais, fica claro que diante do refluxo da direita, a burguesia decidiu garantir que pelo menos em São Paulo, contando com a ajuda de todo o aparato, ela pudesse dar a impressão de que a manifestação a favor da fraude fora bem sucedida. Para os olhares mais atentos, fica fácil de perceber que foi um grande fracasso.
Foram colocados cinco trios elétricos na extensão equivalente a quatro quarteirões da Avenida Paulista. Diante da tradicional despolitização dos coxinhas, os trios elétricos são uma forma de garantir que a manifestação não disperse tanto a ponto de simplesmente se esvair. Apenas em torno dos caminhões de som, havia concentração de pessoas, mesmo assim, apenas alguns juntavam uma quantidade maior de coxinhas histéricos. Entre um caminhão e outro, espaços vazios com as pessoas apenas caminhando de um lado para o outro. Pelas fotos aéreas divulgadas pela própria burguesia, é possível perceber os poucos pontos de aglomeração e a dispersão geral do ato. Destaque para o trio-elétrico do MBL, que entre todos os trios elétricos era o que aglomerava menos gente, apesar de estar bem posicionado, bem em frente ao MASP. No máximo mil pessoas assistiram ao discurso do vereador Fernando Holliday (DEM), ou seja, no que deveria ser o ápice da intervenção do grupo, conseguiram juntar poucas pessoas. E foi tudo o que conseguiram levar mesmo com todo esse aparato.
UM SERVIÇO NEFASTO
Combater a corrupção? Não, mr. Greenwald O
jornalista fundador do site The Intercept, Glenn Greenwald, responsável por divulgar os importantes vazamentos da Lava Jato declarou, segundo matéria do Brasil 247, que Sergio Moro e a Lava Jato teriam usado “meios corruptos para ‘combater a corrupção”. Ou seja, segundo o jornalista, a Lava Jato realmente seria, ou poderia ser, uma operação de combate a corrupção, o problema teria sido apenas os meios utilizados. É preciso esclarecer esta confusão que pode nos levar a cair novamente em outro golpe como é a Lava Jato. Não existe, nunca existiu e nunca irá existir luta contra a corrupção. A ideia de que seria possível combater a corrupção, que é parte do próprio funcionamento tanto do regime político burguês como do sistema capitalista em geral, é falsa. Nenhuma instituição pertencente ao Estado capitalista pode combater a corrupção justamente porque ela faz parte desse funcionamento.
Portanto, sempre que alguém gritar que está caçando corruptos, pode ter certeza que vem golpe por aí e aquele que está gritando é muito mais corrupto e poderoso do que o outro que está sendo caçado. Essa é a real conclusão que se deve tirar de todo o processo golpista da Lava Jato e dos próprios vazamentos, que confirmam esse modus operandi do Estado capitalista. Nada de confundir o povo! É preciso dizer claramente que a luta contra a corrupção não existe dentro do Estado capitalista. Portanto, é preciso exigir o fim imediato da Lava Jato, a liberdade para Lula que é preso político, assim como a liberdade para todos os presos da Lava Jato, e o fim desse Judiciário golpista, através de uma reforma que modifique elimine os juízes-deuses e coloque juízes eleitos com mandatos revogáveis. Combater a corrupção, não! É preciso derrotar o golpe e todos os golpistas, a começar pelo governo Bolsonaro, produto de uma fraude.
INTERNACIONAL | 9
GOLPE
10 anos do golpe militar em Honduras, o primeiro aviso E
m 28 de junho de 2009, o presidente hondurenho Manuel Zelaya era derrubado por um golpe de Estado “clássico”, orquestrado diretamente pela polícia e pelo exército e dirigido pelo imperialismo norte-americano – embora, no senso comum, tenha-se considerado aquele golpe como um golpe “brando”. De um “caudilho”, oriundo das oligarquias de seu país, Zelaya, movido pelas circunstâncias, foi tomando posições cada vez mais nacionalistas e esquerdistas após chegar ao poder, em 2006. Em entrevista em 2017 à Rádio Sputnik Mundo, ele fez importantes revelações acerca do controle do imperialismo sobre seu país: “Qual foi o primeiro pedido aqui em Honduras [do governo dos EUA ao presidente recém-eleito]? Que nomeasse o gabinete de governo que eles tinham desenhado na embaixada. […] Isso, sem papas na língua. Me disseram: ‘Aqui está a lista de pessoas que você vai nomear em seu gabinete, para que a analise’.” Tentou implementar um governo de conciliação entre os capitalistas e latifundiários, por um lado, e os sindicatos e camponeses, por outro. Na mesma entrevista, Zelaya fez outra revelação sobre o funcionamento do poder dos monopólios na América Latina: “Então um amigo que estava presidindo as companhias petroleiras em Honduras me disse a verdade: ‘Nem um centavo presidente! É nosso dinheiro, nos custou muitos anos para obtê-lo em nossas companhias transnacionais. Corresponde a concessões, a contratos que temos feito e nem um centavo vamos ceder ao governo.’ Eu os explicava que esses lucros eram fruto de preços indevidos, que suas atividades econômicas não respeitavam nem sequer as regras do sistema capitalista. E lhes disse: ‘Vocês estão aqui com políticas econômicas fraudulentas, com monopólios, pondo preços injustos, sacrificando este país. Como é que não podemos fazer um acordo?’ Eles me apoiaram para chegar a presidente, mas quando cheguei queriam que fosse seu mordomo, seu operador, queriam que lhes autorizassem absolutamente tudo.” Quando Zelaya, devido à pressão popular, e atendendo às exigências de certos setores da frágil burguesia nacional hondurenha, mexeu com os interesses das petroleiras internacionais ao se juntar à Petrocaribe e dos bancos ao se unir à ALBA, o sinal vermelho foi tocado para os imperialistas. Além de serem medidas que prejudicavam os monopólios estrangeiros em Honduras ao favorecer o capital nacional, elas significavam uma maior integração com os países latino-americanos,
principalmente com aqueles com governos nacionalistas e de esquerda, como Cuba, Venezuela, Equador e Bolívia. A Petrocaribe e a ALBA são organismos criados a partir da iniciativa de Hugo Chávez e sempre foram boicotados pelo imperialismo e seus lacaios na região. Finalmente, em 28 de junho de 2009, nada menos do que 250 militares invadiram a casa de Zelaya, sem mandado de busca. Dez comandos de soldados aterrissaram de helicópteros, com uniformes de combate e encapuzados. Sequestraram o presidente e o levaram para uma base militar ocupada pelos Estados Unidos, e depois o expulsaram do país, deixando-o na Costa Rica ainda de pijamas. Os civis assumiram o governo, tutelados pelos militares entreguistas, e, no Congresso hondurenho, disseram que Zelaya havia assinado a renúncia, coisa que nunca o fez. O golpe foi denunciado pelos governos de esquerda, mas, aos poucos, a situação política internacional foi se normalizando para o regime golpista hondurenho, uma vez que contava com total apoio dos EUA. Honduras, um dos países que mais sofreram historicamente com o domínio dos EUA na América Central, voltou a ser uma colônia norte-americana. Washington utilizou o território hondurenho para treinamento militar de suas tropas na região, um local estratégico para iniciar operações imperialistas sobre toda a América Latina. A presença militar e policial norte-americana aumentou exponencialmente desde então, as forças de repressão de Honduras, hoje, são comandadas, de fato, pelo Pentágono.
Honduras se transformou em uma ditadura. Os movimentos populares da cidade e do campo têm sido brutalmente reprimidos, a violência policial não poupa a população e os ativistas políticos e de direitos humanos são simplesmente dizimados. Dados recentes dão conta de que 60% dos hondurenhos são pobres e 23% das crianças são subnutridas. O imperialismo tenta esconder a situação miserável do país fabricando um crescimento econômico artificial e elogiando seu regime capacho por fazer de Honduras uma das economias mais dinâmicas da América Latina. No entanto, a crise que estourou quando se viu mais de 10 mil migrantes cruzando a América Central para tentar acesso aos EUA no ano passado escancarou o tamanho da pauperização vivida em Honduras: 85% dessas pessoas eram provenientes do país saqueado pelo imperialismo. O golpe de 2009 em Honduras foi o primeiro de uma onda golpista na América Latina. Ocorreu logo após à explosão da crise capitalista de 2008 e foi uma consequência imediata dela. Os grandes bancos e monopólios imperialistas perceberam que deveriam salvar seus lucros simplesmente por meio do saque aos países atrasados. Isso só seria possível através de uma política de força, impondo o modelo neoliberal com características cada vez mais fascistas. Os governos nacionalistas eram um empecilho e deveriam ser derrubados para que essa política fosse implementada integralmente. Assim, sucederam-se ao golpe em Honduras as derrubadas de Fernando Lugo no Paraguai (2012), do kirchnerismo na Argentina através de
eleições fraudulentas (2015), de Dilma Rousseff no Brasil (2016), do “correísmo” no Equador com a traição de Lenín Moreno (2017) e as tentativas até agora fracassadas de golpe ou mesmo invasão da Venezuela, Bolívia e Nicarágua. Mesmo países com governos de direita têm sido alvo de intensa desestabilização pelo imperialismo, como é o caso do Peru e da Guatemala. A oposição nacionalista hondurenha, expressando a política da esquerda pequeno-burguesa tanto nos outros países da região que sofreram golpes como historicamente em todo o mundo, apostou na via institucional para derrotar a ditadura. Foi um fracasso total. Juan Orlando Hernández, o presidente de extrema-direita que assumiu após eleições farsescas em 2013, foi reeleito em um pleito ainda mais fraudulento em 2017. O candidato de Zelaya, Salvador Nasrallah (um apresentador de TV à direita do próprio Zelaya), vencia na contagem de votos quando a justiça eleitoral – totalmente controlada pelos golpistas – parou de contar e, quando a apuração voltou, milagrosamente Hernández estava na frente! Nos dias seguintes, grandes revoltas tomaram as ruas de Tegucigalpa e das principais cidades do país, mas em protestos desorganizados, embora radicais. Agora, há exatos dez anos do golpe, ocorrem novos protestos, também radicais e também desorganizados em Honduras. São a expressão clara do total repúdio popular contra a ditadura golpista e sua política de devastação nacional. O que ocorre hoje em Honduras é uma tendência para toda a região. Nos outros países onde houve golpes, os regimes não estabeleceram um controle absoluto como gostariam. O neoliberalismo é insustentável, seja econômica ou socialmente. O povo não admite tamanha exploração e humilhação. No Brasil, vemos cada vez mais gritos pelo Fora Bolsonaro. Na Argentina, o povo odeia Macri e a prova disso é o apoio à Cristina Kirchner. No Equador, Moreno tem que recorrer à repressão policial e às prisões políticas para conter a insatisfação das massas. A ilusão de que as instituições controladas pelos golpistas derrotarão os golpes deve ser quebrada. Honduras vive há dez anos sob uma ditadura e é o maior exemplo disso. A esquerda e o povo não têm conquistado nada através das instituições. Os únicos momentos em que o regime golpista foi colacado em xeque foram quando as massas saíram às ruas em revolta. O papel da esquerda, em Honduras e nos outros países, é organizar essa revolta. Pela derrubada dos regimes golpistas e pela expulsão do imperialismo da América Latina.
10 | INTERNACIONAL
EQUADOR
Moreno, presidente traidor, quer entregar galápagos aos EUA L
enin Moreno, presidente equatoriano que foi celebrado como esquerdista, prontamente passou a apoiar atitudes golpistas alinhadas com o governo norte-americano. Seu mais recente crime contra a soberania do país e, consequentemente, do continente latinoamericano, foi ceder a ilha de San Cristóbal, no arquipélago de Galápagos, para uso militar dos Estados Unidos, sob o pretexto de “cooperação contra o tráfico de drogas”. O arquipélago é oficialmente Patrimônio da Humanidade, e tem sua importância mundial reconhecida para a pesquisa da biodiversidade há quase dois séculos, quando prestou grande contribuição às pesquisas de Charles Darwin sobre a Teoria da Evolução das Espécies. Inúmeras espécies animais encontradas lá são exclusivas do arquipélago. Os efeitos negativos de uma atividade militar para a biodiversidade daquele ecossistema único são incalculáveis.
Além disso, se trata de uma ameaça à soberania de toda a região. Os EUA pretendem utilizar a base para lançamento do Boeing 707 cujo alcance é de 8.000 quilômetros e capacidade de monitoramento de 120.000 milhas quadradas. Isto dá um potencial de monitoramento militar que pode auxiliar numa invasão à Venezuela ou na repressão dos fluxos de imigrantes que rumam pela América Central até a fronteira com o Texas. Desde o ano passado, Moreno já autorizou que caças da Força Aérea norte-americana usem a pista de pouso da ilha, contrariando a Constituição do País, que em 2008 definiu o Equador como “território de paz”. O País não está sob ameaça de ataque e nem em guerra com outro, sendo injustificável que sirva para fins militares de uma nação imperialista. Em 2009 foram expulsos militares da base aérea de Manta, e o mesmo deve ser feito agora.
CANADÁ
ITÁLIA
Lei que atinge extrema-direita, Extrema direita prende mulher que ajudava imigrantes na Itália irá massacrar a esquerda O
N
a última quarta-feira (26), o governo do Canadá incluiu dois grupos de extrema-direita em sua lista de organizações consideradas “terroristas”, a Blood and Honor e seu braço armado, o Combat 18. O serviço de inteligência afirmou ter aumentado o nível de vigilância sobre estas organizações. A Blood and Honor é uma organização inspirada no nazismo. Segundo a Agência francesa de notícias (AFP), o braço armado desta organização cometeu atentados à bomba na Europa e nos Estados Unidos. A elaboração de listas de organizações consideradas “terroristas” pelo Estado abre uma brecha para a perseguição política contra a esquerda e as organizações operárias e populares. No Brasil, há diversas tentativas por
parte da direita de classificar o Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST) como uma organização “terrorista”. Os EUA classificam toda organização que se opõe aos seus interesses no mundo como “organizações terroristas” e países que se opõem a seus interesses como “países que patrocinam o terrorismo”. Toda legislação repressiva, independente do pretexto que seja utilizado para sua aprovação, seja por questões de alegada “segurança nacional”,”segurança pública” ,”combater o extremismo” ou “combater o terrorismo” se voltará contra a esquerda, no contexto de agudização da luta de classes. Qualquer restrição democrática recairá, inevitavelmente, sobre os oprimidos e suas organizações de luta.
navio Sea Watch 3 é uma das embarcações que vinham desafiando o governo italiano em sua política fascista de colocar na ilegalidade o resgate de imigrantes da África para a Europa através do Mediterrâneo. Tanto o Norte da África quanto o Oriente Médio tem sofrido com a crise mundial sem precedentes, agravada após a Primavera Árabe. O efeito disso é uma verdadeira crise humanitária que leva a muitos a tentarem atravessar o mediterrâneo rumo à Europa, em barcos precários e improvisados, como medida desesperada. O destino mais próximo para essa travessia é a Itália. Com a ascensão da extrema-direita europeia, medidas têm sido tomadas para dificultar essa travessia, o que inclui a proibição criminosa de barcos de resgate atracarem em portos italianos. Como sempre, a retórica da burguesia é sempre a de criminalizar por pretextos “humanitários.” Embo-
ra resgatem refugiados perdidos no meio do oceano, estes barcos são retratados como fora-da-lei, inseguros e ferramentas de jogo político. Foi o que aconteceu com Carola Rackette, bióloga marinha e comandante do Sea Watch 3. Após resgatar 20 imigrantes que fugiam da pobreza na Líbia – país devastado pela intervenção imperialista – teve seu pedido negado para atracar na Sicília. Com a situação se agravando a bordo, a capitã desobedeceu as autoridades e aportou. Carola foi presa e pode pegar até 20 anos de prisão. Há cerca de um mês, sua colega Pia Klemp foi presa pelo mesmo motivo, e aguarda julgamento. Este é o saldo da conduta genocida imperialista, agravada pelas políticas de extrema-direita, devastando países pobres, criando uma crise de refugiados de proporções mundiais, e atacando os imigrantes oriundos destes próprios países.
ECONOMIA E CIDADES | 11
BRASIL COLONIAL
Após 30 anos, país volta a exportar madeira em tora O
regime golpista instaurado no país tem como principal objetivo destruir a economia nacional, depois de 30 anos o Brasil volta a exportar madeira bruta para Europa. A crise econômica produzida pelo golpe que destruiu boa parte dos setores da produção nacional, além da entrega de boa parte do patrimônio nacional (estatais e recursos naturais), produz como efeito o retorno de atividades que haviam desaparecido. O golpe comandado pelo imperialismo impõe ao Brasil uma economia de tipo colonial baseada em atividades do setor primário. Do porto de Ilhéus sairá 27 mil toneladas de toras de eucalipto, vendidas pela Norflor Empreendimentos Agrícolas de Montes Claros (MG) a fábrica de papel The Navigator Company, com
destino a Portugal, sendo uma entrega experimental em julho e outra prevista para agosto. O reaparecimento deste tipo de atividade, que não gera empregos e que esteve extinta por três décadas, reflete o impacto econômico da crise política no Brasil depois do golpe, uma vez que percebe-se que com esse tipo de ação o Brasil está andando para trás. Bolsonaro quer que o Brasil volte a ser uma colônia atrasada. A única saída para superar a crise econômica é derrotar o golpe. Mobilizar as grandes massas da população para pôr um fim ao governo ilegítimo de Bolsonaro e impedir um retrocesso ainda maior. Os setores produtivos destruídos precisam ser reativados, os trabalhadores devem ocupar as fábricas e retomar seus empregos, os setores privatizados devem ser estati-
zados novamente sob o controle dos próprios trabalhadores. O controle da economia nacional deve estar nas mãos da classe trabalhadora. É pre-
ciso lutar por um governo eleito pelo povo: Libertar o ex-presidente Lula e pedir nova eleições em que ele seja candidato!
20 ANOS
PSDB/SP deixa cidades da região metropolitana sem tratamento de esgoto C
om 20 anos de governo do PSDB, mantendo a política de cortes dos investimentos públicos, o estado de São Paulo sofre as consequências desse tipo de política de abandono e extermínio da população. As cidades de Caieiras, Cajamar, Franco da Rocha e Francisco Morato foram noticiadas essa semana que está sem nenhum tipo de tratamento de esgoto. A população sofre com o abandono das políticas públicas nessas regiões. Crianças, velhos sofrem com infecções intestinais diariamente, superlotando os hospitais. Moradores também denunciam que desembolsam valores para construções de cisternas que alojam fezes e
outras que recebem água utilizada, que em certo momento transbordam e precisa realizar outros gastos com ” limpa fossa” o que requer outros gastos. Vale salientar, que, as população de um modo geral pagam imposto. A SABESP é uma empresa de economia mista que é responsável pelo fornecimento de água, coleta e tratamento de esgoto de São Paulo. Sendo assim, ao longo desses 20 anos foi administrada pelo governo do PSDB, o qual fez fortes cortes de investimentos nos setores públicos. Também temos que denunciar que a impressa golpista está se utilizando dessa politica do PSDB para justificar a privatização da Sabesp perante a população que sofre com os cortes nas áreas sociais e saneamento básico realizada pelos tucanos. Essa é a política da direita para a população pobre e trabalhadora das cidades paulistas.
12 | MOVIMENTO OPERÁRIO E MULHERRES
FORA BOLSONARO
Golpistas vendem mais 8 refrinarias da Petrobras S
eguindo a relação de submissão que o governo Bolsonaro tem pelos países estrangeiros, principalmente com os EUA, a principal empresa estatal do Brasil, a Petrobrás, aos poucos vem sendo desmontada, a fim de privatizar diversos setores seus. Dando prosseguimento ao plano das privatização que Bolsonaro prometeu, agora 8 refinarias estão em processo de compra por alguma empresa provavelmente estrangeira. Esse processo de vendas tem sido acelerado pela instituição golpista STF, dando aval pras vendas sem serem discutidas no Congresso. Realmente, não é algo de se surpreender vindo de uma instituição golpista, que trabalha para encarcerar pessoas sem provas. Desta forma, dois pontos básicos precisam ser rapidamente explicados para entender o problema nessa privatização. Primeiro, sendo uma empresa estatal,
tendo que atingir os interesses da população brasileira, o governo tem total autonomia para controlar os preços dos combustíveis, sem visar lucro. Já com as refinarias sendo privatizadas e a Petrobrás já não mais participando de todo o processo de produção, o controle dos preços que chegam às bombas nos postos de gasolina, já não tem mais como serem controladas pelo Estado, então os preços podem aumentar ou subir de acordo com as flutuações do mercado. Além disso, se o preço do combustível sobe, tudo que é transportado por caminhões, ônibus, carros etc., também terão seus preços inflados. Como sempre, quem vai pagar isso é a população mais pobre, é a classe trabalhadora, que vai ter seu poder de consumo totalmente reduzido. Pode não aparentar, mas isso impacta em diversos setores da sociedade, com o preço mais alto do combustível, as pessoas tendem a diminuir e limitar suas saí-
das de casa, tendem a passear menos, viajar menos, consumir menos e assim prejudicar todo um ciclo. É urgente que o povo saia às ruas para gritar o Fora Bolsonaro, que vem sendo cada vez mais o clamor popular, esperar até as eleições de 2022 é minar
todas as chances que a classe trabalhadora tem de viverem dignamente. É hora dos sindicatos, movimentos sociais, estudantes, pressionarem o governo de golpistas até saírem e revogarem todas as ofensivas de repressão e exploração da classe trabalhadora.
MULHERES
Na Índia, mulheres têm útero retirado para maior produtividade C
entenas de mulheres cortadoras de cana-de-açúcar tiveram seus úteros extirpados à força em uma comunidade no oeste da Índia, para maior produtividade no trabalho. Ativistas pelos direitos da mulher denunciam que foram realizadas mais de 4,5 mil histerectomias em hospitais privados na região de Maharashtra nos últimos três anos. São cerca de 1,4 milhão de indianos que trabalham na temporada de corte da cana no estado de Maharashtra. A maioria dos camponeses vem principalmente dessa região de Marathwada, sendo uma grande parte mulheres. As mulheres cortadoras de cana são submetidas há um trabalho praticamente escravo nas usinas de cana: extremamente exaustivo, com baixos salários, trabalhando grávidas até o momento do parto e, para os patrões, as mulheres que trabalham enquanto menstruam não são tão produtivas. Por isso, forçam as mulheres a retirarem o útero e ainda arcar com os custos retirando dos seus próprios
salários. Os médicos dos hospitais privados, por sua vez, fazem o papel de convencer as mulheres de que, depois de 2 ou 3 gestações o útero se torna inútil, que pode desenvolver várias doenças, cobrando cerca de 30 mil rúpias (500 euros) para fazer a cirurgia de retirada, o que é aproximadamente o salário de uma temporada inteira. Depois da cirurgia de retirada do útero as mulheres são obrigadas ainda
Contribua com a campanha pagar pagar multas que a justiça golpista impôs ao PCO: AG: 4093-2 CC: 29000-9 Banco do Brasil CNPJ: 01.307.059/0001-90 Partido da Causa Operária
a voltar a trabalhar sem tempo de recuperação, podendo acarretar severas consequências para a saúde, deixando-as incapacitadas, com problemas crônicos, ou até levar à morte. Assim, as mulheres cortadoras não têm apenas seu trabalho explorado mas também seus corpos controlados de acordo com os interesses dos capitalistas: obter maior produtividade possível e de maneira ininterrupta.
Ao longo do desenvolvimento do sistema capitalista, os métodos de opressão a mulher foram sendo aprimorados. As mulheres são submetidas às piores condições de trabalho, são as que mais sofrem com a exploração que já é muito grande normalmente. Em um quadro geral, os direitos das mulheres apenas regridem, na medida em que o sistema capitalista se apodrece cada vez mais e a burguesia precisa salvar os seus lucros aumentando a exploração, que começa dos grupos mais vulneráveis da sociedade – entre eles, as mulheres. Portanto, se, por um lado, a burguesia se vê obrigada, pela pressão das mulheres, a conceder alguns direitos a elas, quando ela necessita, ela simplesmente rasga todos os direitos conquistados pelas mulheres para poder ela mesma sobreviver. No capitalismo, não há condições para as mulheres desfrutarem de plenos direitos. Elas precisam se juntar ao proletariado pela Revolução, a fim de alcançarem verdadeiras conquistas e acabar com a opressão.
MORADIA E TERRA E ESPORTES | 13
POVOS INDÍGENAS
Privatização da saúde indígena leva a corrupção e péssimos serviços A privatização dos serviços de saúde para os povos indígenas, que se materializa com a transferência dos atendimentos do Estado para Organizações Não-Governamentais (ONGs) ligadas aos empresários e igrejas, resulta em fraudes e péssimos serviços. A ONG recordista no recebimento de recursos públicos por parte do governo Jair Bolsonaro (PSL), a Missão Evangélica Caiuá, ligada à Igreja Presbiteriana, que tem sede em Dourados (MS), é uma demonstração de como a privatização dos serviços de saúde indígena é uma fábrica de fraudes, enriquecimento e corrupção. A ONG mencionada é a que mais recebe recursos públicos – da ordem de R$ 1 bilhão – e
é a que ostenta os piores índices de atendimento. A condição dos postos de saúde em Dourados, localizada a 230 km da capital do Mato Grosso do Sul, Campo Grande, é precária para o atendimento dos 17 mi indígenas das etnias Terena, Kaiwoá e Guarani que vivem nesta região. Apesar do volume de recursos públicos repassados às ONGs em contratos com o Estado, não há infraestrutura de atendimento adequada, os exames não são feitos ou quando são vêm com diagnósticos errados, faltam medicamentos e até transporte público. A maioria dos atendimentos deveriam ocorrer de forma domiciliar, mas faltam viaturas e combustível para as equipes se deslocarem.
Os serviços de saúde indígena devem ser de competência exclusiva do Estado e controlados pelos próprios povos in-
dígenas, com apoio financeiro e de estrutura por parte do Estado, para com isso evitar fraudes e privatização.
ESPORTES
Brasil X Argentina: assista à semi-final da Copa América com o PCO! N a próxima terça-feira (02/07), às 21:30 (de Brasília), a seleção brasileira de futebol enfrenta seu maior rival sul-americano, a Argentina, pela semifinal da Copa América. O jogo será realizado em Belo Horizonte, no Mineirão. O PCO realizará a transmissão do jogo que vai definir um dos finalistas da competição. Diferentemente da direita coxinha, que encara o futebol (e toda manifestação cultural do povo brasileiro) com profundo desprezo e escárnio, e da esquerda pequeno-burguesa em geral, que reflete de maneira particular a pressão direitista contra esse esporte, ambas, no final das contas, conformando uma espécie de “frente única” contra o futebol, o PCO entende o futebol como parte da cultura popular brasileira, como uma das principais
manifestações de afirmação do povo brasileiro diante das classes dominantes, em suma, como obra construída pela classe operária e pelas massas populares brasileiras. Nesse sentido, o PCO considera de fundamental importância defender o futebol brasileiro e sua melhor expressão, a seleção brasileira, contra os ataques desferidos tanto à direita quanto à esquerda. O clássico sul-americano e mundial entre Brasil e Argentina é uma excelente oportunidade para prestigiar o futebol brasileiro e sua seleção. Por isso, convidamos todos a comparecerem ao Centro Cultural Benjamin Péret (CCBP), localizado na Rua Serranos, 90, no bairro da Saúde, para torcer junto conosco pela seleção brasileira. O “esquenta” começará a partir das 20:00.
TODOS OS DOMINGOS ÀS 20H30, NA CAUSA OPERÁRIA TV
14 | JUVENTUDE E CULTURA
57º CONUNE
Hora de organizar o Fora Bolsonaro no movimento estudantil E
ntre os dias 10 e 14 de julho, Brasilia irá sediar pela quarta vez o Congresso da UNE, o 57° CONUNE, que se reúne a cada dois anos, a fim de discutir os rumos do movimento estudantil. Esse ano, o Congresso chega no meio de uma crise política muito grande, que envolve eleições fraudulentas, retirada de direitos, desmonte das universidades públicas, etc., o que esquenta ainda mais o debate entre os estudantes. A expectativa é de que as vozes da maioria dos estudantes finalmente se unam com a voz de todo povo pelo Fora Bolsonaro, que é a personificação de toda a destruição da educação brasileira, exemplificada nos cortes em investimentos pra educação, cortes de bolsas de estudo, destruição dos concursos públicos, privatizações e terceirizações. Isso, apesar das manobras da direção para que isto não ocorra. É hora do movimento estudantil se unificar em torno da luta contra os golpistas, pois a cada dia, a repressão e exploração engrossam o sistema capitalista e
dão tempo para que o Estado organize seus aparatos repressores contra a população. A UNE já tem familiaridade no combate a propostas e a governos reacionários, como por exemplo nos anos 40, em que a UNE foi protagonista no movimento pela defesa do petróleo e mesmo depois do Golpe de 64, quando a UNE foi colocada na ilegalidade, os estudantes continuaram atuando na luta contra a ditadura. Assim como na onda de manifestações de 2013 – que a direita cretinamente surrupiou com a tática de gritar por não ter bandeiras nas manifestações – em que a UNE participou em peso, agora é hora de também mobilizar o movimento estudantil, junto com outros setores progressistas, e unanimemente chamar o Fora Bolsonaro, eleito num processo completamente fraudulento em que o candidato que o povo queria votar, Lula, foi preso às pressas e sem provas. A população não vai e nem tem que aturar o governo Bolsonaro até
2022, isso é uma falácia difundida pelos partidos de direita e da esquerda pequeno-burguesa que estão de olho na disputa de cargos. O 57° Congresso da UNE precisa chamar o Fora Bolsonaro e pedir por eleições gerais, afinal, é a educação que também está em jogo. É absurda a quantidade de estudantes da classe trabalhadora que ficam de
fora das universidades públicas, tendo que se sujeitar às universidades particulares, com preços abusivos e qualidade duvidosa. Todos esses problemas tendem a aumentar se o movimento estudantil não resgatar seu caráter mais combativo e ir às ruas, juntos com outros setores da sociedade e exigir o Fora Bolsonaro e todos os golpistas.
conservação e preservação de acervos, orquestras sinfônicas e museus foram estabelecidas algumas exceções, algumas com limite de até 6 milhões e outras sem teto de captação. A extinção do Ministério da Cultura e os cortes bruscos realizados para a área durante estes seis meses de governo Bolsonaro evidenciam que os
golpistas são inimigos da cultura. Ao considerar a cultura como algo supérfluo, eles não apenas cortam as verbas como também passam a entendê-la a partir de um viés ideológico. Por isso, a burguesia e a direita querem aniquilar tanto a cultura como a ciência e a inteligência. O governo Bolsonaro é exemplar nisso.
INIMIGOS DA CULTURA
Governo Bolsonaro: o sem cultura N
ão é nenhuma surpresa o tratamento dado pelo governo de Jair Bolsonaro ao tema da Cultura. Desde a campanha presidencial, seu plano de governo não apresentava nenhuma menção à área a não ser na utilização da expressão vazia “marxismo cultural”. Passados seis meses do início de seu “governo”, é inexistente uma política pública voltada para a cultura e, muito menos, diretrizes para esta área. As únicas propostas que aprovou foram a extinção do Ministério da Cultura e a mudança na Lei Rouanet. A Secretaria Especial da Cultura apenas mantém programas e editais que já estavam agendados. A novidade fica por conta da nomeação do diretor teatral Roberto Alvim para a frente do Centro de Artes Cênicas da Fundação Nacional de Artes (Funarte). Alvim já antecipou que vai criar uma “máquina de guerra cultural” com artistas de direita alinhados “aos valores conservadores”.
Ele está totalmente alinhado e compatível com o resto do governo Bolsonaro, pois um governo que é inimigo da cultura não poderia ter ninguém mais apropriado do que esse diretor. Alvim é fruto de uma geração teatral de grupos da cidade de São Paulo, a mesma que agora ele próprio condena. Ele se converteu ao bolsonarismo e agora se vitimiza ao dizer que a classe artística virou as costas para ele depois que ele começou a acreditar em Deus e em Bolsonaro. Porém, vai ganhar uma boquinha no governo de Bolsonaro. A Lei de Incentivo à Cultura existente não é o resultado de um debate com a sociedade, os produtores e a classe artística. Uma das suas principais alterações foi o valor máximo a ser captado por projeto que antes era de R$ 60 milhões e agora foi drasticamente reduzido para R$ 1 milhão. No entanto, em relação aos projetos maiores como projetos de restauração,
QUINTA-FEIRA ÀS 14H, NA CAUSA OPERÁRIA TV
DIA DE HOJE NA HISTÓRIA | 15
1 DE JULHO DE 1876
Morre o anarquista Mikhail Bakunin E
m 1º de julho de 1876, aos 62 anos, morreu o revolucionário russo, Mikhail Bakunin, um dos principais líderes anarquistas da época. Nasceu em Premukhimo, na rússia, no dia 30 de maio de 1914. Sua família nobre era defensora do regime Czarista. Seu pai, Alexander Bakunin era adepto do liberalismo e defensor da Revolução Russa, até as revoltas das forças armadas russas contra o Czar Nicolau I, quando então com medo de um levante passou a defender lealmente o império retrógrada. Mikhail foi enviado a São Petesburgo aos 14 anos para estudar na Universidade da Artilharia, onde completou seus estudos, em 1932 e se tornou, dois anos seguinte, oficial júnior da Guarda Imperial Russa. Porém, a insatisfação do jovem Bakunin era crescente, em um período em que já havia entrado no exército, e este começou a se indispor com os altos oficiais, saindo após o ultimato de um superior. Em contradição à carreira que seu pai queria para ele, Bakunin decidiu ir à Moscou estudar filosofia. Bakunin aprofundou-se no idealismo, com grupos universitários agrupados em torno do poeta Nikolay Stankevich, que segundo E. H. Carr, é “o arrojado pioneiro que expôs ao pensamento russo o vasto e fértil continente da metafísica alemã”. Bakunin, interessado na filosofia alemã, começou a estudar Goethe, sendo autor da primeira tradução de sua obra para o russo. Neste período Bakunin começa a se aproximar de núcleos socialistas e pan-eslavos. Em 1840, Bakunin vai à Berlim com objetivos de estudar e tornar-se pro-
fessor universitário. Mas une-se à esquerda Hegeliana, da qual também fazia parte Karl Marx, e publica em 1942, um ensaio, A Reação na Alemanha, onde propagandeou a ideia de uma ação revolucionária para destruir tudo. “A paixão pela destruição é uma paixão criativa”,com a ideia de que é preciso destruir para criar. Começou a se desvincular da vida acadêmica para fazer política e, preocupados com a subversão, o governo russo ordenou-lhe a voltar a seu país, ao que ele recusou, e teve todas suas propriedades confiscadas pelo Estado, em 1944. Bakunin aproximou-se de uma dos principais dirigentes da classe operária na época, Wilhelm Weitling, o que lhe fez ser investigado pela polícia, por conta da correspondência apreendida quanto Weitling foi preso. O russo passou a viajar de país em país, conhecendo os círculos comunis-
tas, socialistas e anarquistas da época. Em 1844, Bakunin foi à Paris onde estabeleceu contato com Karl Marx e o anarquista Pierre-Joseph Proudhon – estabelecendo laços pessoais e políticos mais fortes com o francês. Nesta época também, Bakunin foi condenado ao exílio perpétuo por Nicolau I da Rússia. Bakunin então iniciou uma campanha ferrenha contra o Estado czarista. Denunciando a opressão aos povos poloneses e chamando a mobilização para derrubar o despotismo na Rússia, sendo expulso da França por conta disso. Bakunin passou a exercer um papel importante no sentido da campanha de luta dos povos eslavos. O anarquista Com o passar do tempo, Bakunin tornou-se um dos principais nomes do anarquismo. Tendo uma posição cen-
trista, muitas vezes errada e capituladora, entre o individualismo do anarquismo de Prodhon, que já havia sido superado, e o socialismo científico de Karl Marx e Friederich Engels, que estavam realizando um intenso trabalho de organização da classe trabalhadores, em partidos, sindicatos e associações. As divergências entre o marxismo e o bakuninismo foram crescendo até um certo ponto, que os preconceitos idealistas da Bakunin e suas ações descentralizadoras estavam levando a uma organização geral da Associação Internacional dos Trabalhadores (AIT), e por isso teve de ser expulso pelos comunistas. Os últimos anos de Bakunin foram de degeneração. Defendendo a religião do socialismo “libertário”, baseado em um idealismo abstrato, contra o “socialismo autoritário”, que era maneira a qual ele denominava o socialismo científico dos marxistas. A atuação política foi decaindo, e o político russo se isolando. Enquanto isso, a política correta dos marxistas fazia aparecer em todos os lugares da Europa, partidos operários fortes, capazes de intervir na situação com uma força nunca antes vista pelos trabalhadores. Porém, as divergências não devem servir para basear toda a concepção em cima de Bakunin. Era um líder da esquerda pequeno-burguesa, de fato. Mas um homem que dedicou sua vida à revolução, apesar de toda a confusão e os preconceitos. Foi preso em diversas vezes por suas ações revolucionárias, assim como também fugiu da prisão diversas vezes. Leia aqui uma das principais polêmicas dos marxistas com Bakunin. No texto, Bakuninistas em ação, de Friederich Engels, é denunciado o caráter desorganizador da Bakunin e seus militantes.
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