Edição Diário Causa Operária nº5692

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QUARTA-FEIRA, 3 DE JULHO DE 2019 • EDIÇÃO Nº 5692

DIÁRIO OPERÁRIO E SOCIALISTA DESDE 2003

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Bolsonaro e Macri, servos do imperialismo Saudado pela grande imprensa capitalista e seus economistas de plantão, todos subservientes à política do imperialismo para o Brasil e para a América Latina, o fechamento do acordo entre o Mercosul e a Comunidade Européia, já é tratado como o maior “feito” do governo Bolsonaro nesses seus seis primeiros meses. Assinado no último dia 28 de junho, o acordo terá, ainda, de ser referendado pelos parlamentos dos países signatários e visa estabelecer as relações políticas e econômicas, sobretudo as relações multilaterais de comércio de bens e serviços, investimento, intercâmbio tecnológico e fluxo

EDITORIAL

Na hora de avançar, esquerda propõe recuo histórico

CURSO DE FORMAÇÃO TEÓRICA MARXISTA

O PROGRAMA PARA A REVOLUÇÃO SOCIALISTA DOS DIAS DE HOJE

25 anos do Plano Real: o golpe eleitoral Em toda a imprensa capitalista, abundam as matérias celebrando o “jubileu de prata” do Plano Real.

O programa de transição da IV internacional

Em maio, representantes de dez partidos, incluindo PT e PSDB, reuniram-se em São Paulo para lançar uma frente, chamada “Direitos já, Fórum pela Democracia”.

COLUNA

Bolsonaro quer o fim das unidades de conservação Nessa última semana, o sistema de desmatamento da Amazônia (SAD) apresentou dados assustadores sobre a destruição desse grande patrimônio nacional.

POLÍTICA

Criminosos da Lava Jato se mantêm porque a esquerda foge do pau O ex-deputado Jean Wyllys, do PSOL, criticou, em sua conta no Twitter, a ilegal Operação Lava Jato, após o escândalo causado pelas revelações do sítio The Intercept.

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25 anos do Plano Real: a miséria e a fome No dia 1º de junho de 1994, há 25 anos, o governo de Itamar Franco lançava o Plano Real que mudava a moeda Brasileira e colocava a população a reboque do pagamento de juros para banqueiros.

PCdoB no reino da fantasia Marcelo Odebrecht afirma que não houve Parece que o PCdoB vive no mundo da fantasia. caixa 2 para o PT Em artigo intitulado “98 anos do PC da China”, o partido brasileiro procura elogiar a China “socialista”, tanto de Mao Tse-Tung quanto Deng Xiaoping, que tem a capacidade de “formular o socialismo com peculiaridades próprias, nos termos de sua própria formação econômico-social e sua história, não se bastando com dogmas ou modelos”.

Aldo Fornazieri: saída política pela direita O professor de sociologia, Aldo Fornazieri, publicou nesse dia 1º de julho um artigo no site do GGN intitulado “O governo vai mal e a oposição não vai bem” em que procura traçar algumas considerações sobre a conjuntura política. No texto, o autor dá opiniões críticas sobre a ação da esquerda diante do governo Bolsonaro.

Agora não são apenas as inúmeras evidências da ação criminosa realizada pela operação Lava Jato e as mensagens divulgadas com as conversas entre o ex-juiz e, agora, ministro do governo ilegítimo de Bolsonaro, Sérgio Moro, começam a surgir também denúncias de empresários que denunciaram Lula e o PT (depois da notória tortura, com prisões ilegais e todo tipo de pressão) que começam a “vazar”.


2 | OPINIÃO EDITORIAL

COLUNA

Na hora de avançar, esquerda propõe recuo histórico E

Bolsonaro quer o fim das unidades de conservação

m maio, representantes de dez partidos, incluindo PT e PSDB, reuniram-se em São Paulo para lançar uma frente, chamada “Direitos já, Fórum pela Democracia”. Depois disso, ex-ministros da Educação e ex-ministros da Justiça, em ocasiões diferentes, incluindo também, nos dois casos, membros dos governos do PT e do PSDB, reuniram-se para lançar manifestos contra o governo golpista de Jair Bolsonaro. Iniciativas que demonstram o esforço de uma parte do PT de formar uma frente ampla contra o governo. Frente a essa política, cabe perguntar: para que serve uma frente com o PSDB? A situação é propícia para a luta contra a direita golpista. Os atos de maio e a greve geral de 14 de junho demonstraram a disposição das massas para se mobilizar contra o governo Bolsonaro. Complementarmente a isso, o governo se afunda cada dia mais em uma profunda crise, manchado por denúncias, episódios grotescos e por disputas internas. É uma oportunidade para avançar na luta contra os golpistas e para impor uma grande derrota à direita, capaz de impedir a destruição nacional em curso, os ataques aos trabalhadores, e até de começar a reverter os ataques do último período. Diante dessa possibilidade de derrotar a direita, um setor do PT aparece ao lado do PSDB, tentando ressuscitar o partido dos tucanos, que se autodestruiu enquanto liderava a campanha golpista que derrubou Dilma Rousseff e levou à fraude eleitoral de 2018. Trata-se de um retrocesso. É uma política que só alimenta a própria direita que trouxe os trabalhadores e o país para a catástrofe atual. O PSDB representa justamente a direita que os trabalhadores têm agora a oportunidade de derrotar.

PAU NO COCO, POR RALFO

E se há alguma dúvida de que o PSDB faz parte dessa mesma direita que está no poder, basta lembrar que Lava Jato está no governo. Sérgio Moro, apadrinhado político do PSDB há muito tempo, agora é ministro de Bolsonaro, e levou 17 membros da Lava Jato para seu ministério. É o governo da Lava Jato, e por isso é um governo em parte tucano. Além disso, foi o PSDB que organizou, nas sombras, com a imprensa burguesa, a extrema-direita. Manobra realizada durante os protestos pelo impeachment de Dilma. A mesma extrema-direita que virou base social e eleitoral de Bolsonaro. Portanto, aliar-se ao PSDB agora, supostamente para combater Bolsonaro, só serve para preservar parte da direita golpista, além de atrasar a luta contra a direita em geral. A participação do PSDB em uma frente como essa só pode ter como consequência retardar a luta contra Bolsonaro. Chegando ao ponto de a polícia de João Doria, do PSDB, por exemplo, reprimir manifestações contra o governo Bolsonaro. Qual seria a utilidade de tal aliança nessas circunstâncias? É preciso derrotar a direita, e não aliar-se com parte dela. A oportunidade está colocada e precisa ser aproveitada. É preciso se mobilizar contra o governo para derrotar a direita, toda a direita.

Por Renato Farac

N

essa última semana, o sistema de desmatamento da Amazônia (SAD) apresentou dados assustadores sobre a destruição desse grande patrimônio nacional. Segundo os dados, o desmatamento cresceu 60% no mês de junho em relação ao mesmo período de 2018. Sem esquecer que em 2018 foi registrado o maior desmatamento dos últimos dez anos anteriores e se apresenta como o maior da história. E o fato que revela uma política intencional e perversa desse desmatamento é que um terço (34%) desse desmatamento ocorreu dentro de unidades de conservação. Para quem não sabe, as unidades de conservação são criadas para proteger porções de áreas com fins científicos, produção de água, beleza cênica, visitação etc da sanha destruidora dos latifundiários, do agronegócio, das mineradoras e de outras atividades intrínsecas do capitalismo. Há também unidades de conservação para proteção de recursos para a exploração de comunidades tradicionais, como ribeirinhos, seringueiros, fundo de pasto e por aí vai. São as chamadas reservas extrativistas e florestas nacionais. O aumento do desmatamento dentro das unidades de conservação, onde o desmatamento deveria ser zero, é fruto de uma política intencional do presidente ilegítimo Jair Bolsonaro e seu ministro da destruição ambiental, Ricardo Salles. Os dois, representantes dos latifundiários e das mineradoras internacionais, sempre criticaram as unidades de conservação e colocaram em marcha um plano de destruição e privatização dessas áreas.

Já anunciou que criou um grupo de trabalho para fazer uma revisão de todas as 334 unidades de conservação no Brasil federais, administradas pelo Instituto Chico Mendes de Biodiversidade (ICMBio), que pretender realizar um plano de privatização de todas as unidades de conservação com o modelo “Toma que o filho é teu”. Segundo Salles, esse modelo não tem nenhuma restrição para as empresas que adquirirem os parques nacionais e outras unidades. Entidades representativas dos servidores do Ibama e do ICMBio denunciam que há um assédio moral coletivo por parte do ministro e de outros bolsonaristas do Ministério do Meio Ambiente para barrar as ações de fiscalização em latifundiários e grandes empresas do agronegócio e mineração. No início de junho, Salles anunciou seus planos de “reestruturação” do ICMBio onde pretende fechar 6 das 11 coordenações regionais. Além de cortes no orçamento do Ministério que afetam o funcionamento desses órgãos. Fica evidente que a explosão do desmatamento, em especial nas unidades de conservação fazem parte de uma política intencional de destruição desses recursos e o fim desse patrimônio nacional. O desmatamento serve para beneficiar os latifundiários, que se utilizam dessa prática para grilagem de terras e especulação imobiliária. Nesse sentido, fica evidente que não basta derrubar o ministro da destruição ambiental, Ricardo Salles, mas de lutar pelo fora Bolsonaro, que foi colocado para colocar em prática a política de destruição dos recursos naturais e privatização das unidades de conservação.


POLÍTICA | 3

SUBSERVIENTE

Bolsonaro e Macri, servos do imperialismo S

audado pela grande imprensa capitalista e seus economistas de plantão, todos subservientes à política do imperialismo para o Brasil e para a América Latina, o fechamento do acordo entre o Mercosul e a Comunidade Européia, já é tratado como o maior “feito” do governo Bolsonaro nesses seus seis primeiros meses. Assinado no último dia 28 de junho, o acordo terá, ainda, de ser referendado pelos parlamentos dos países signatários e visa estabelecer as relações políticas e econômicas, sobretudo as relações multilaterais de comércio de bens e serviços, investimento, intercâmbio tecnológico e fluxo financeiro entre os dois blocos. A partir da assinatura do acordo definitivo, que ainda levará em torno de seis meses para que seus itens sejam especificados, as tarifas de importação passam a ser diminuídas para que, ao final de 15 anos, sejam zeradas atingido praticamente 100% de todos os setores das economias dos dois blocos. Esse é mais um “ovo da serpente” produzido pelo golpe de Estado que já atinge diversos países, entre eles o Brasil e a Argentina, os principais do bloco do Mercosul. Na realidade, o que está em discussão é a parte do bolo que caberá aos países imperialistas europeus, diante da política de destruição das economias nacionais dos países do Mercosul em proveito do

imperialismo norte-americano, principalmente. O acordo entre UE e Mercosul será um desastre para as indústrias nacionais da América do Sul. É um plano de economia colonial para os países atrasados, que serão reduzidos a exportar produtos de valor baixo, enquanto importam os industrializados. Em conjunto com a política neoliberal imposta para um conjunto de países latino-americanos, o acordo em questão visa transformar esses países em exportadores de commodities, outras matérias-primas e produtos do agro-negócio e importadores de produtos industrializados, uma reprodução numa escala infinitamente maior do que o que ocorreu no período da colonização dos países da região.

As investidas contra as economias nacionais do países do Mercosul, não se resumem ao comércio entre os países dos dois blocos. Um dos itens que mais “encheu os olhos” das empresas europeias é a permissão para que possam concorrer livremente nos processos de licitação e compras governamentais em praticamente todas as áreas. Caso os planos macabros do imperialismo para a América Latina não sejam derrotados, o poder de contaminação do Mercosul, pelo peso do Brasil e da Argentina, para o conjunto dos países da região será fatal para todas as economias. Ao contrário da sórdida campanha feita pelo imperialismo e seus agentes “nacionais” sobre os “benefícios” para

o “desenvolvimento” que a abertura econômica dos países atrasados trás, a realidade é sempre o seu contrário um desastre para as economias nacionais. No Brasil da era FHC, na primeira “onda neoliberal”, boa parte da economia industrial brasileira foi arrasada pelas privatizações e pela política de paridade com o dólar. Nesse momento em que o imperialismo desencadeia uma nova ofensiva, apenas a operação Lava-Jato destruiu mais de 500 mil empregos e levou à lona grandes empresas, que mantinham relações comerciais com a Petrobrás na expansão da indústria alavancada pelo Petróleo. A Argentina, por sua vez, depois de quatro anos do governo golpista de Macri, aproxima-se com velocidade da crise econômica e política vivida nos início dos anos 2000, que levou à derrubada consecutiva de três presidentes. O PIB do país acaba de retroceder em 5,8% se comparado ao mesmo período do ano anterior. Esse é o resultado da mesma política que Bolsonaro tenta implementar no Brasil, ou seja, a política do golpe, do imperialismo. Bolsonaro e Macri, são as mesmas faces de uma mesma moeda que tem como uma outra face o servilismo ao imperialismo, que avança como ave de rapina sobre as economias dos dois países, sendo o acordo do Mercosul com a Comunidade Europeia mais uma etapa para repartir o bolo no processo de recolonização da Amérca Latina.

OPERAÇÃO CRIMINOSA

Marcelo Odebrecht afirma que não houve caixa 2 para o PT A

gora não são apenas as inúmeras evidências da ação criminosa realizada pela operação Lava Jato e as mensagens divulgadas com as conversas entre o ex-juiz e, agora, ministro do governo ilegítimo de Bolsonaro, Sérgio Moro, começam a surgir também denúncias de empresários que denunciaram Lula e o PT (depois da notória tortura, com prisões ilegais e todo tipo de pressão) que começam a “vazar”. E-mails obtidos e divulgados por repórteres da Folha de S.Paulo, dão conta de que o ex-presidente da Odebrecht Marcelo Odebrecht, um dos maiores conglomerados industriais do País, levado “à lona”, por conta da operação Lava Jato, afirma que executivos da Braskem mentiram, omitiram e manipularam acordos de delação com a Lava Jato e propõe que a Braskem corrija as informações fornecidas, as quais serviram para atacar o ex-presidente e seu partido. Segundo uma das mensagens, Odebrecht afirma ser “importante retificar (até que se tenha o volume correto ainda a identificar de outros destinatários) que uma parte dos aproximadamente R$ 150 milhões que é citado como tendo sido direcionados ao PT/ governo federal, no contexto das campanhas presidenciais de 2010 e 2014,

não foi caixa 2, e sim de doações oficiais ou via terceiros (que tem sido chamada de caixa 3)“. O ex-todo poderoso executivo denuncia que “Newton de Souza, que era da Braskem e presidiu a Odebrecht quando Marcelo foi preso em 2015, e o advogado Maurício Ferro, que integrou a diretoria jurídica da Braskem e da Odebrecht – e é casado com uma irmã de Marcelo, Mônica Bahia Odebrecht -, manipularam os emails da petroquímica para que eles não aparecessem como criminosos“. Mostrando, uma vez mais, a articulação internacional e os altos interesses envolvidos em toda a operação contra a economia nacional e o povo brasileiro, o empresário denunciou ainda que “até o escritório de advocacia americano que costurou o acordo da Braskem com o Departamento de Justiça dos Estados Unidos, o Paul Hastings LLP, de Washington DC, ajudou Ferro na estratégia para esconder e-mails“. O episódio que soma a tantos outros, e muitos outros que virão, tornam ainda mais evidentes o quanto valem tais delações fabricadas de acordo com a conveniência dos que comandavam toda a operação criminosa da lava jato realizada para perseguir os adversários políticos do golpe

de Estado que derrubou a presidenta Dilma Rousseff e condenou e mantém preso ilegalmente o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, o que foi feito sem

provas e com base em delações armadas como a dos dirigentes da Brsskem e de Léo Pinheiro, que mudou sua versão dos fatos.


4 | ESPECIAL

"JUBILEU DE PRATA"

25 anos do Plano Real: o golpe eleitoral E

m toda a imprensa capitalista, abundam as matérias celebrando o “jubileu de prata” do Plano Real. Os que comemoram não são outros que não aqueles que apoiaram entusiasticamente a implementação das medidas econômicas que garantiram à burguesia e aos seus partidos, em meio a uma profunda crise, uma expressiva eleitoral em 1994 e o estabelecimento de um dos períodos de maiores retrocessos econômicos e sociais do história do País, que o governo ilegítimo de Jair Bolsonaro buscar superar, sem, no entanto – conseguir se aproximar, nem de longe, dos efeitos avassaladores para a economia nacional e para a maioria do povo brasileiro, provocados pelo plano estabelecido no governo de Itamar Franco (PMDB), que tinha como ministro da Economia Fernando Henrique Cardoso, futuro candidato do PSDB e do “centrão” à presidência da República. Imposto em 1994, com o estabelecimento de uma nova moeda, o real, em substituição ao cruzeiro real, o plano é apresentado como um verdadeiro milagre econômico que teria acabado com “um problema crônico da economia brasileira [a inflação, NR] e trouxe ganhos sociais e econômicos, em vez de perdas associadas a processos de

estabilização” (O Estado de S. Paulo, 1/7/19). Usando a inflação como “espantalho”, valendo-se do fato de que ela chegou a acumular alta de quase 500% ao ano, a burguesia impôs uma política de intensa expropriação dos trabalhadores, fazendo os salários acumularem perdas de até 80% na sua vigência, principalmente nos seus primeiros anos, da mesma forma que ocorreu uma “perda dos aposentados do INSS em relação ao salário mínimo chega[sse] a 87,28%, desde o Plano Real“. A expropriação dos trabalhadores, que se completou em outras áreas (maior concentração de terras no campo, ataques aos direitos trabalhistas e previdenciários etc.), foi acompanhada de uma intensa destruição da indústria nacional e do maior e mais agressivo programa de “privatizações” da história do País. Essa situação de conjunto favoreceu uma maior dominação do País pelo imperialismo, destacando-se entre outros o aumento do predomínio das empresas multinacionais na economia brasileira, a entrega de algumas das maiores riquezas nacionais para o capital internacional (às vezes consorciados ao capital “nacional”), como

no caso da privatização fraudulenta da Vale do Rio Doce (por 1% do valor de suas reservas), a entrega do petróleo nacional e a privatização – de fato – da Petrobrás (72% das suas ações da empresa nas mãos de grupos privados), bem como a enorme expansão da presença do capital estrangeiro no campo, dentre outras áreas. Toda essa gigantesca operação de entrega da economia nacional e expropriação dos trabalhadores não seria possível de ser realizada sem que a burguesia e seus partidos superassem a crise advinda da queda do governo pró-imperialista de Collor, ante a grandes mobilizações populares e conseguisse emplacar um novo governo entreguista e neoliberal. Assim o plano real se constituiu um golpe dado, pelo imperialismo e seus súditos no Brasil, para ganhar a eleição, principalmente, diante do fato de que antes do plano real, o candidato do Partido dos Trabalhadores, Luiz Inácio Lula da Silva, detinha três vezes mais intenções de voto do que quaisquer um dos possíveis candidatos dos partidos burgueses e tinha chances de ganhar as eleições no primeiro turno, como mostra o gráfico de pesquisa realiza cerca de um ano antes das eleições.

Já nas vésperas da decretação do plano, com os partidos já definindo seus candidatos, um dos principais articulistas da Folha de S. Paulo, ao analisar pesquisa realizada nos dias 23 e 24 de maio daquele ano, pelo instituto Datafolha, assinala que “se a eleição tivesse se realizado nos dias em que foi feita a pesquisa, Lula se elegeria sem necessitar de um segundo turno. Seus 40% superam a soma de todos os demais concorrentes, que dá 36%“. A esquerda colaborou com esta operação de estelionato ao apoiar – de fato – o plano real, destacando (o que ocorre até hoje) seus supostos “pontos positivos”, sem denunciar seu verdadeiro caráter de expropriação dos trabalhadores e de destruição da economia nacional, ocultando – inclusive – que a chamada “estabilidade” que o plano estabeleceu, significava simplesmente conter a tendência à reação da classe operária, impulsionada pela inflação, criando melhores condições para a retomada da ofensiva pró-imperialista contida com a queda de Collor de Mello. Ao se colocar na ofensiva diante do plano de estelionato eleitoral da direita neoliberal, a esquerda ajudou a colocar todo o movimento operário na defensiva, abrindo caminho para a derrota eleitoral do PT e um longo período de retrocessos, na famigerada era FHC (1995-2002).

"DISCIPLINA FISCAL"

25 anos do Plano Real: a miséria e a fome N

o dia 1º de junho de 1994, há 25 anos, o governo de Itamar Franco lançava o Plano Real que mudava a moeda Brasileira e colocava a população a reboque do pagamento de juros para banqueiros. Em sua estrutura, o pacote executava algumas das diretrizes do consenso de Washington: “disciplina fiscal”, corte de gastos públicos, reforma tributária, abertura comercial, investimento estrangeiro direto, privatização das estatais, desregulamentação de leis econômicas. A chamada disciplina fiscal, atrelada ao corte de gastos públicos e às privatizações, nada mais é que uma desculpa para cortar programas sociais e salários de servidores, destruindo as políticas públicas em geral. Desnecessário ponderar que a abertura comercial e a desregulamentação servem ao Imperialismo. Câmbio e taxas de juros, por outro lado, passaram a figurar como ferramentas de controle inflacionário. O câmbio permaneceria congelado por cinco anos, quando dispararia. A taxa de juros, no Brasil, continua estratosférica até hoje, refreando investimentos reais e estimulando a dependência do país de capital especulativo. Nas palavras de Pérsio Arida, funcionário dos banqueiros do Grupo Moreira Salles e, como presidente do Banco Central, um dos economistas que implementou o Plano Real: “A população é a grande fiadora da estabilização”. Nada mais certo. O mecanismo imple-

mentado pelo Plano Real jogou nas costas da população todo o ônus pela estabilização da moeda. O aumento da independência do Banco Central – inclusive agravada após o golpe -, na verdade tornou a política de juros num motor econômico completamente desatrelado das políticas de Estado. Com isso, a Autoridade Monetária Nacional passou a chantagear a população com o fantasma da inflação, garantindo a sustentação política da priorização da rolagem da dívida pública e do pagamento de juros a banqueiros. Uma suposta estabilidade econômica seria conseguida à custa da miséria do povo e não de investimentos reais em nosso país. A série histórica do Índice de Gini, por exemplo, que mede desigualdade social, se manteve estável entre 1995 e 2002 – governo do PSDB – num patamar alto na casa de 0.6. Tal indicador, que oscila de 0 (para um país perfeitamente igualitário) e 1 (para um país brutalmente desigual), manteve o Brasil em pé de igualdade com nações atrasadas da África e Ásia, brutalmente açoitadas por séculos de escravidão e por uma política colonial tardia que avançou até o final do século 20. Segundo o IBGE, também a pobreza e a extrema pobreza se manteriam estabilizados em patamares altos nesse período. Entre 1995 e 2002, cerca de 35% da população brasileira se manteria abaixo da linha da pobreza, e cerca

de 17% seria mantido abaixo da linha de extrema pobreza. No mesmo período. Cerca de 14% de nosso povo se manteria em situação de insegurança alimentar – nome técnico para a fome. Prova da crueldade social de tais políticas foi a queda de todos esses indicadores sociais a partir dos mandatos do PT – que ao fim e ao cabo logrou manobrar com as taxas de juros por 13 anos deixando sobrar algum mísero recurso para a população. Sinal do absoluto descaso estatal da era do PSDB para com as condições de vida do povo foi o surgimento da célebre campanha Ação da Cidadania contra a Fome, a Miséria e pela Vida do sociólogo Herbert de Souza, o Betinho, a qual – num recurso desesperado – puxava para o campo da filantropia a solução de um problema estrutural a ser resolvido pelo Estado. Num festival de cinismo, a imprensa burguesa vem se dedicando nessa semana a celebrar o jubileu de prata do Plano Real. Seus criadores são campeões do Imperialismo – nada menos que almofadinhas a serviço de banqueiros. Escondendo-se por trás dos ternos, cabelos lambidos e pose de homens sérios — talvez até compenetrados intelectuais –, estão entreguistas cruéis absolutamente indiferentes ao sofrimento de nosso povo, ocupados em aferir lucros exorbitantes para si e seus patrões. Seu cinismo e empáfia os leva mesmo a digladiar-se pela paternidade do Plano Real e pela

implementação bem sucedida do neoliberalismo entre nós. O mesmo neoliberalismo que hoje coloca a extrema-direita no primeiro plano da política em todo o mundo. O mesmo que promoveu o golpe no Brasil e a ascensão ilegítima do fascista Jair Bolsonaro ao poder. É preciso deixar claro: o Plano Real nada mais foi que a estabilização do neoliberalismo no Brasil: uma política a serviço do Imperialismo, e não da industrialização de nosso país e muito menos da melhoria das condições de vida de nossa população. Uma política de terra arrasada, que aumenta a miséria e a fome por onde passa. Este o plano das grandes corporações para o Brasil e este o objetivo do golpe de Estado neoliberal que avança agora sob o comando de Paulo Guedes e Bolsonaro. Celebrar o plano e seus campeões é apenas uma demonstração do descaramento da Imprensa capitalista. Fora golpistas! Fora Bolsonaro!


POLÊMICA | 5

PSOL

Criminosos da Lava Jato se mantêm porque a esquerda foge do pau O ex-deputado Jean Wyllys, do PSOL, criticou, em sua conta no Twitter, a ilegal Operação Lava Jato, após o escândalo causado pelas revelações do sítio The Intercept. Ele reproduziu o mesmo questionamento que recebeu de jornalistas europeus: “Do lado de cá, jornalistas se e me perguntam: como esses criminosos ainda se mantêm de pé?” Essa pergunta tem uma resposta simples: os criminosos da Lava Jato se mantêm de pé porque a esquerda foge do pau, foge da briga com a direita. E o exemplo maior é justamente o próprio Wyllys, que fugiu literalmente. Apesar de todos os crimes da direita, de ela agir na arbitrariedade, a esquerda não faz nada para combatê-la ou mesmo para denunciá-la. A Lava Jato não existiria se a esquerda tivesse organizado o movimento popular para a luta nas ruas contra o golpe desde 2012, quando já era possível perceber que o Mensalão era uma manobra da direita para derrubar o PT. A Lava Jato não existiria (ao menos não com a força devastadora contra

os direitos democráticos e a economia nacional que ela demonstrou) caso a esquerda pequeno-burguesa não tivesse entrado na onda do falso combate à corrupção. Foi justamente o PSOL um dos principais apoiadores dessa operação de perseguição político no meio da esquerda. Será que Wyllys se esqueceu da famosa palavra de ordem de Luciana Genro, “Viva a Lava Jato”? Os coxinhatos fascistas não seriam possíveis caso a esquerda tivesse tratado a extrema-direita como ela deve ser tratada: tendo a cabeça cortada logo no início de seu crescimento. Se a esquerda tivesse mobilizado os trabalhadores para impedir o impeachment de Dilma, se tivesse criado comitês de autodefesa para se proteger das agressões fascistas ao invés de acreditar nas instituições burguesas que deram o golpe, a Lava Jato não teria nenhuma base social para atuar sob a pretensa “legitimidade popular”. Jean Wyllys tem responsabilidade nesse caso. Como deputado pequeno-burguês, incentivou a crença nas

MUNDO DA FANTASIA

PCdoB no reino da fantasia

P

arece que o PCdoB vive no mundo da fantasia. Em artigo intitulado “98 anos do PC da China”, o partido brasileiro procura elogiar a China “socialista”, tanto de Mao Tse-Tung quanto Deng Xiaoping, que tem a capacidade de “formular o socialismo com peculiaridades próprias, nos termos de sua própria formação econômico-social e sua história, não se bastando com dogmas ou modelos”. Ao elogiar tanto Mao Tse-Tung quanto Deng Xiapiong, o PCdoB revela seu caráter centrista e capitulador, ao defender tanto o líder da revolução chinesa, quanto a pessoa que levou adiante a política de reabertura do capitalismo no país. Provavelmente, o Mao que elogiam não é o revolucionário, que, em determinado momento, se opôs à política do stalinismo e levou adiante à revolução, mas o Mao que procurou estabelecer alianças com o então presidente dos EUA, Richard Nixon, preparando o terreno para Xiaoping. Mas isso não é o mais importante do texto. A frase acima citada mostra

que o “comunismo” do PCdoB não é a teoria formulada por Marx, Engels, Lenin e Trotski. Muito pelo contrário, assim como afirmam, trata-se de um “socialismo com peculiaridades” sem “dogmas ou modelos”, isto é, um socialismo sem os teóricos marxistas e a experiência histórica da classe operária. Ao afirmar que a política de Xiaoping ergueu “rumos inovadores para a estratégia socialista”, o PCdoB em seguida deixa claro que essa inovação foi justamente a “política de Reforma e Abertura, iniciada em 1976”, que “leva a China a uma nova e acelerada etapa de desenvolvimento”. Longe de denunciar que a abertura capitalista foi produto de um processo contra-revolucionário, que levou à China, alguns poucos anos depois, a ser uma colônia de exploração de mão de obra barata do imperialismo, o PCdoB elogia esta política da burocracia – revelando a política de aliança com os capitalistas do supostos Partido “comunista” do Brasil.

instituições golpistas, contribuindo para a desmobilização popular nas ruas. Diante da ameaça do fascismo, deu o pior exemplo que algum dirigente de esquerda pode dar para os trabalhadores: fugiu do País, ao invés de organizar uma verdadeira resistência, unindo a esquerda aos trabalhadores, camponeses, estudantes, em combates concretos como a formação de co-

mitês de autodefesa e de luta contra o golpe. A direita sempre avança apenas quando a esquerda abre o caminho, quando ela recua. Quando ela foge do pau. A direita deve ser enfrentada e esmagada, caso contrário quem sofrerá esse destino será a esquerda e as organizações populares e democráticas.


6 | POLÊMICA

ALDO FORNAZIERI

Saída política pela direita O

professor de sociologia, Aldo Fornazieri, publicou nesse dia 1º de julho um artigo no site do GGN intitulado “O governo vai mal e a oposição não vai bem” em que procura traçar algumas considerações sobre a conjuntura política. No texto, o autor dá opiniões críticas sobre a ação da esquerda diante do governo Bolsonaro. Para ele, embora o governo esteja em crise, pensar que Bolsonaro pode cair seria uma ilusão e que “tudo indica que estamos longe disso”. O governo, embora em crise, teria uma estratégia para se sustentar que passaria por duas estratégias: “1) manter sua base ideológica arregimentada e mobilizada para a travessia de um momento difícil; 2) apostar na retomada da economia.” E, ainda segundo ele, caso o não consiga a retomada da economia “um desfecho possível seria o impeachment de Bolsonaro.” Quer dizer, para Fornazieri, a retomada econômica a partir principalmente da reforma da Previdência é uma possibilidade: “a Reforma da Previdência pode suscitar um crescimento em torno de 2 a 2,5% em 2020, então o governo teria condições de sobreviver”. Nesse sentido, Aldo Fornazieri considera que a reforma realmente poderia trazer algum ponto positivo, ao menos economicamente. A reforma, portanto, não seria apenas e tão somente um projeto para devastar a economia nacional – como são todos os projetos do governo golpista – mas poderia servir para certo crescimento. Por isso, o autor critica a esquerda por estar “à margem do processo” de discussão da reforma. A esquerda, a exemplo do que fazem os governadores do Nordeste – a maioria deles do PT – deveria seriamente fazer concessões ao projeto de reforma da Previdência, quem sabe assim, não passando “à margem”, não seria possível um crescimento econômico. “Os governadores da oposição parecem precisar

da reforma, modificada, claro, mas os partidos são contra tudo”, diz ele. Ao dizer “os partidos”, Aldo Fornazieri se refere à base dos partidos de esquerda – mais especificamente do PT – que se recusa a fazer concessões ao governo fraudulento de Bolsonaro e à destruição das aposentadorias. Certos estariam os governadores, que “precisam da reforma” e que passam por cima da vontade dos militantes do seu próprio partido para atacar os direitos do povo e dar sustentação a Bolsonaro. Aldo parece desconsiderar todo o projeto golpista desde a queda de Dilma Rousseff: a devastação completa da economia e dos direitos sociais. E o que dizer então desses partidos – e agora o sociólogo fala diretamente do PT – que “se alimentam de uma coisa principal: o Lula preso”? Para Aldo, a palavra de ordem “Lula livre” é “vitimização” do PT e não é capaz de apontar “uma saída política”. Ele afirma ainda que “a manutenção da prisão de Lula é conveniente para o PT” pois assim se tem a bandeira “Lula livre”. Ou seja, para nosso professor, a lutar pela liberdade de Lula seria o mais rasteiro oportunismo, fazer concessão à reforma da Previdência, não; isso seria responsabilidade. Ainda sobre a palavra de ordem de “Lula livre”, Aldo afirma que “não se traduziu numa campanha de massa e nem em mobilizações populares. Se a campanha é importante em termos de proselitismo político, ela é inefetiva em termos de capacidade de pressionar o STF e outros poderes”. Aldo Fornazieri inverte a realidade. Segundo a lógica dele, o PT só fala em “Lula livre” e abandona outras discussões – como a Previdência – e esse “proselitismo” não consegue atingir as massas. Quanto facilidade para inverter a realidade! Aldo ignora que na realidade não existe campanha pela liberdade de Lula, não da parte da maioria das cúpu-

las das organizações de esquerda que em vez de defender o ex-presidente estão negociando a “melhor” maneira de destruir a aposentadoria do povo. E é justamente por isso que a campanha “Lula livre” não tem a abrangência necessária, não porque Lula seja impopular, mas porque as direções da esquerda – incluindo parte do PT – não quer mobilizar para sua liberdade. Não fosse assim, como explicar que Lula tinha chances de ganhar a eleição no primeiro turno e que a direita precisou prendê-lo? Lula é popular e a luta por sua liberdade é ainda mais popular – porque se trata se uma luta democrática mais abrangente do que o simples voto na urna – mas a esquerda pequeno-burguesa não quer transformar isso em uma mobilização efetiva. As considerações de Aldo Fornazieri o colocam nesse setor. Para Aldo, inclusive, as enormes manifestações que tomaram conta do País nos dias 15 e 30 de maio e no dia 14 de junho não foram importantes. Ele afirma “os bolsonaristas fizeram duas manifestações políticas neste

TODOS OS DIAS ÀS 3H, NA CAUSA OPERÁRIA TV

ano e as oposições nenhuma. Não se pode considerar os protestos das universidades e os do dia 14 de junho como feitos dos partidos de oposição.” As manifestações cada vez mais esvaziadas da direita foram importantes mas as da esquerda não. O problema é que Aldo Fornazieri pensa como as organizações da esquerda pequeno-burguesa que em vez de transformar consciente e abertamente as mobilizações em atos contra o governo – que de fato eram – procuraram esconder e sufocar as palavra de ordem de liberdade para Lula e fora Bolsonaro. A única conclusão real que a esquerda pode tirar da situação política é a luta para derrubar o governo e os golpistas e libertar Lula. Isso não virá por meio de fórmulas parlamentares e institucionais mas será o resultado de uma mobilização nas ruas que a esquerda, que pensa como Fornazieri, se recusa a fazer. Por isso, ele quer uma saída à direita, que negocie com no congresso, que espere as eleições e que esqueça Lula na cadeia.


POLÍTICA | 7

CAMPANHHA PELO NAZISMO

Militares brasileiros fazem campanha para o nazismo e atacam esquerda

N

a segunda-feira (1º), o Exército Brasileiro postou em seu perfil oficial no Twitter uma homenagem a um sargento alemão que lutou com os nazistas durante a Segunda Guerra Mundial. A publicação do Exército leva a um texto que afirma que o Major do Exército Alemão, Eduard Ernest Thilo Otto Maximilian von Westernhagen, foi um “sobrevivente da 2ª Guerra Mundial e das prisões totalitárias soviéticas, cuja vida foi encurtada por um ato terrorista”. O texto, publicado no sítio do Exército, procura apresentar o militar nazista como uma vítima do comunismo. E, curiosamente, repete uma velha tática nazista de propaganda, chamando de “terroristas” aos alvos de sua campanha: “O nome do Major Otto não permanece apenas gravado em placas de bronze, mas sempre será lembrado pelo Exército Brasileiro a fim de fortalecer o princípio constitucional de repúdio ao terrorismo.” O Major do exército de Hitler foi morto no Brasil pelo Comando de Libertação Nacional (Colina), grupo guerrilheiro de esquerda criado durante a ditadura militar para lutar contra o regime ditatorial.

Campanha pelo nazismo A publicação do Exército, por mais estranha que seja, tem um sentido político muito bem definido. Trata-se de uma campanha pelo nazismo, complementar à propaganda anticomunista que vem se intensificando. O alvo da campanha, no caso, como sempre acontece nessas situações, é a esquerda como um todo. Dos grandes partidos reformistas aos partidos menores e mais radicais, passando por organizações populares e sindicatos de trabalhadores. A propaganda nazista, no caso, é a defesa de um método de repressão política contra os trabalhadores e toda a população. A crise do governo Bolsonaro e da direita golpista é cada dia maior, o que coloca na mesa a possibilidade de um golpe militar militar aberto. Por outro lado, a tendência à mobilização contra a direita nesse momento é muito favorável. Publicações como essa do Exército servem de alerta à população para a importância de se mobilizar contra a direita enquanto é tempo. O modelo desses setores para se imporem sobre a sociedade é o modelo nazista, com muita repressão e perseguição política.

DESESPERO

General Heleno sobe em caminhão de som para espernear N

o último domingo (30), a burguesia organizou várias manifestações em defesa do governo Bolsonaro e do ministro da Justiça Sergio Moro. Extremamente esvaziadas, as manifestações expressaram, mais uma vez, a crise profunda em que se encontra o regime político golpista. Bolsonaro, que assumiu o governo há seis meses já é tão impopular como os demais presidentes neoliberais. Moro, ministro do primeiro escalão do governo e comandante de uma das principais operações montadas para sustentar o golpe de Estado de 2016, foi desmascarado em uma série de vazamentos feitos pelo portal The Intercept Brasil. O general Augusto Heleno, ministro-chefe do Gabinete de Segurança Institucional, participou da manifestação que aconteceu em Brasília. Em seu discurso, Heleno demonstrou o desespero em que a burguesia se encontra diante do fracasso do governo Bolsonaro e da crescente revolta popular. De boné azul e camisa amarela, o general subiu em um carro de som – o

que é bastante inusitado e comprova a artificialidade dos atos do domingo, que não eram populares em nenhum aspecto – e falou: “Hoje é um dia histórico para esse país. Nós acabamos de chegar – presidente da República e sua comitiva – da reunião do Grupo dos 20, que reúne os

maiores países do mundo em Osaka, no Japão. Mais uma vez, as previsões do esquerdopatas, dos derrotistas, fracassou (sic). O presidente do Brasil volta de Osaka devidamente homenageado pelos grandes chefes de Estado do mundo. Foi recebido com todas as honras não só pelo governo japonês,

mas por todos que estavam lá presentes, incluindo o presidente Macron, a presidente Merkel, o presidente Trump e todos os outros dignatários dos países que estavam presentes”. Se o governo Bolsonaro chegou ao ponto de precisar ser defendido em um carro de som por um general, e se esse general precisou vir a público para mentir descaradamente – visto que Bolsonaro não foi recebido com honras, mas sim escanteado pelos chefes de Estado -, é hora de a esquerda e os setores democráticos partirem para uma ofensiva contra os golpistas. O discurso contra os “esquerdopatas”, que é uma demonstração de histeria típica da extrema-direita, é outro indício importante de que setores fundamentais estão desesperados para a sustentação do governo Bolsonaro, e apelam para o fascismo. Diante disso, é necessário aproveitar a oportunidade para colocar os golpistas contra a parede e exigir, sem qualquer hesitação, a liberdade de Lula, o fim do governo Bolsonaro e a convocação de eleições gerais.


8 | POLÍTICA

GOLPISTAS

Toffoli mostra que militares temem o Fora Bolsonaro S

egundo o jornal Valor Econômico, o ministro do STF Dias Toffoli participou de uma série de jantares entre maio e junho com parlamentares, fora da agenda. Durante esses encontros, Toffoli teria defendido o governo de Jair Bolsonaro, apelando aos parlamentares, de diversos partidos, para não levarem adiante pedidos de impeachment do presidente golpista. Toffoli, atual presidente do STF, apareceu ao lado de Jair Bolsonaro por ocasião do anúncio de um “pacto” para sustentar o governo, junto com Rodrigo Maia, nessa mesma época. Um acordo entre os presidentes dos três poderes para procurar dar alguma estabilidade ao governo. Deve-se lembrar, nesse caso, que o STF não age mais com autonomia. Toffoli tem como suposto “assessor” o general Ajax Porto Pinheiro. Na verdade, a presença do general no tribunal significa que o STF atua sob tutela militar. Situação que formalizou a tutela sobre o tribunal que apareceu durante o julgamento do

habeas corpus de Lula em abril do ano passado, momento em que o general Villas Boas ameaçou o país inteiro com um golpe militar através de uma mensagem no Twitter, e levou o tribunal a negar o pedido do ex-presidente.

Portanto, Toffoli estava expressando durante esses jantares secretos revelados agora pela imprensa a posição dos militares. E mostrou o medo dos militares de que o governo Bolsonaro seja derrubado. Mes-

mo que fosse por vias institucionais, como no caso de um impeachment, que poderia acabar estimulando a polarização e a mobilização dos trabalhadores nas fábricas e nas ruas contra a direita golpista. Esse medo do fim do governo Bolsonaro mostra como a direita está frágil diante de sua crise, enquanto há uma tendência de mobilização contra o governo. A fragilidade da direita também ficou expressa nas últimas manifestações públicas do general Augusto Heleno, Ministro-Chefe do Gabinete de Segurança Institucional da Presidência do Brasil, que deu murros na mesa enquanto ofendia o ex-presidente Lula, e dias depois subiu em um caminhão de som para esbravejar contra os “esquerdopatas”. A crise da direita deve ser aproveitada. É hora de se mobilizar em torno da palavra de ordem Fora Bolsonaro! Uma palavra de ordem que deixa a direita golpista em pânico, e que tomou as ruas em favor do fim do governo.

BRASÍLIA

Esquerda faz ato em apoio à Venezuela e contra a direita A

data nacional da Venezuela (05 de junho) será comemorada em Brasília com a realização de um grande ato político-cultural, marcando a luta do povo venezuelano em defesa da sua soberania, da sua auto-determinação e de forma ainda mais contundente contra as ameaças de agressão militar por parte do imperialismo norte-americano, que não cessa as provocações e ameaças contra o país latino-americano. O ato está sendo convocado e organizado pelo Comitê Abreu e Lima, de Defesa e Solidariedade à Venezuela, que vem se reunindo semanalmente para discutir e encaminhar ações de apoio ao governo constitucional do presidente Nicolás Maduro; apoio e defesa da revolução bolivariana e do povo venezuelano em seu conjunto. A Venezuela vem enfrentando uma insidiosa campanha de desestabilização política, social e econômica, onde o imperialismo norte-americano em primeiro lugar, mas também o europeu buscam sufocar a economia do país, com a imposição de duras medidas de embargo econômico, impedindo a chegada de produtos essenciais básicos à população, como alimentos e medicamentos. Além dos Estados Unidos, aliados europeus do imperialismo ianque insistem em não reconhecer o governo legitimamente eleito do presidente Nicolás Maduro, sufragado nas urnas em 2018, com uma votação superior a 67%, onde observadores internacionais presentes no país por ocasião do pleito atestaram a lisura e a legitimidade da eleição que sufragou Maduro para mais um mandato constitucional. Inconformados com o legítimo resul-

tado das urnas, Washington e a Casa Branca intensificaram a campanha internacional de ataques e calúnias contra o governo eleito, incitando a violência no país, através de uma conspiração golpista. Para tanto, Trump e o imperialismo colocaram em movimento os representantes da extrema-direita venezuelana, derrotada e repudiada nas urnas pela maioria da população, passando a apoiar o nome do golpista e fantoche dos EUA, Juan Guaidó, encabeçador de dois golpes fracassados contra o governo eleito e a vontade soberana do povo venezuelano. Recentemente, o impostor que ocupa clandestinamente a cadeira presidencial no Brasil, Jair Bolsonaro, recebeu em cerimônia oficial no Palácio do Planalto a embaixadora fantoche, igualmente clandestina, Maria Teresa

Belandria, indicada pelo golpista Guaidó para “representar” o povo venezuelano no Brasil. Teresa Belandria entregou as credenciais fajutas ao também fajuto presidente fake Bolsonaro, “eleito” sob o maior e mais escandaloso processo de fraude já ocorrido na história do país. Há rumores, em Brasília, que a representante impostora do não menos impostor e golpista Juan Guaidó estará tentando realizar, no mesmo dia 05 de julho, um ato em frente à representação diplomática do país, numa clara e aberta provocação direitista contra os legítimos representantes venezuelanos na capital brasileira. O único ato que irá acontecer, no entanto – queremos deixar isso claro – será o ato convocado pela esquerda do Distrito Federal; pelos partidos políticos que

se colocam ao lado do povo venezuelano e reconhecem a legitimidade do governo de Nicolás Maduro; pelas organizações de luta dos trabalhadores da capital; pela Central Única dos Trabalhadores; pelos movimentos de luta pela terra no DF; pelos representantes do movimento estudantil, popular, dos negros, das mulheres; enfim, das forças democráticas e progressistas que estão ao lado da legitimidade, da luta e do reconhecimento do governo constitucional da Venezuela. Desta forma, estamos dirigindo um amplo chamado a todos os que se solidarizam e lutam em defesa não só da Venezuela, mas de todos os povos e nações latino-americanas, que neste momento estão sendo ameaçadas pelo imperialismo em suas conquistas e direitos democráticos, a cerrarem fileiras para a realização de um grande e vitorioso ato de apoio e solidariedade à Venezuela. A luta em defesa dos irmãos venezuelanos deve ser abraçada por todos os povos do continente, por todos os trabalhadores, suas representações políticas, sindicais e populares. A luta pela derrota do imperialismo em nosso continente somente poderá ser alcançada se houver a mais ampla unidade em torno a necessidade da expulsão dos exploradores do Norte; da conquista da verdadeira independência; da luta em defesa da soberania nacional e da auto-determinação dos povos latinos. Portanto, a tarefa do momento é concentrar esforços para o ato do dia 05 de julho, sexta-feira a partir das 9h, na embaixada venezuelana. Vamos impedir que a extrema-direita trumpista se imponha diante da esquerda, dos trabalhadores e das massas populares do DF.


POLÍTICA | 9

DIA 12

Ato nacional em Brasília e outras atividades contra Bolsonaro A

CUT convoca para o próximo dia de luta dos trabalhadores, 12 de julho, e divulga a programação. Além de chamar todos para a rua no ato nacional em Brasília nesse dia, em conjunto com a União Nacional dos Estudantes (UNE), a central sindical orienta os trabalhadores a se mobilizarem em suas cidades e estados na coleta de assinaturas para o abaixo-assinado contra a reforma da Previdência, que será entregue ao Congresso Nacional no dia 13 de agosto. O Secretário-Geral da CUT, Sérgio Nobre, acredita que o abaixo-assinado “é muito importante à pressão nos parlamentares em suas bases eleitorais, para convencer os indecisos de que esta reforma não é boa para a classe trabalhadora e conseguir mudar votos dos deputados e das deputadas que pretendem votar a favor do projeto de Bolsonaro”. “Os trabalhadores e trabalhadoras também podem usar o sítio da CUT napressão, que tem ferramentas para enviar mensagens pelas redes sociais e por e-mail para os deputados e para as deputadas dizendo que não aceitaremos nenhum direito a menos”, afirmou Sérgio. A posição do PCO na questão é apoiar totalmente a parte da mobili-

zação nas ruas e, ao mesmo tempo, criticar as ilusões que a CUT e setores da esquerda têm de acreditar no parlamento para barrar a reforma da previdência e as medidas de Bolsonaro. Já passou da hora de se acreditar nas instituições. A força tem que vir das ruas. Este é o planejamento das ações agendadas: – Intensificar a coleta de assinaturas do abaixo-assinado contra o fim da

aposentadoria nos locais de trabalho, nas praças e nos locais públicos todos os dias do mês de julho; -Entregar os abaixo-assinados na sede nacional das Centrais Sindicais até o dia 8 de agosto; -Entregar todos os abaixo-assinados no Congresso Nacional, em Brasília, no dia 13 de agosto; – Apoiar e participar da luta dos professores, coordenada pela CNTE, que realiza em 13 de agosto, o Dia Nacio-

nal de Luta em Defesa da Educação e da Previdência; – Apoiar e participar da Marcha das Margaridas em 14 de agosto, também em Brasília; – E continuar em estado de mobilização permanente com assembleias nos locais de trabalho, panfletagens e diálogo com a classe trabalhadora a fim de garantir uma aposentadoria digna para os trabalhadores e as trabalhadoras; – Manter a pressão nas bases dos deputados. A próxima reunião do Fórum das Centrais Sindicais será no dia 16 de julho, para avaliar o dia 12 e propor as próximas ações na luta contra a reforma da Previdência. Algumas categorias já começaram a entregar assinaturas do abaixo-assinado. Representantes do Fórum dos Trabalhadores do Serviço Público do Estado de São Paulo entregaram 15.657 mil assinaturas do abaixo-assinado coletado pelas três sindicais que o Fórum representa. Isso deve ser feito junto à mobilização de muita gente para sair às ruas de todo o País no ato nacional de Brasília, no dia 12 de julho, contra o fim da aposentadoria e para derrubar Bolsonaro.

CARAVANAS

Saiba como participar das caravanas para Curitiba em 16 de agosto O Partido da Causa Operária e os Comitês de Luta Contra o Golpe e o Fascismo organizarão um gigantesco ato em Curitiba pela liberdade de Lula no dia 16 de agosto, próximo à data em que se completarão 500 dias da prisão política do ex presidente. Você não pode ficar de fora. Vamos todos. Se inscreva agora. Por email: pco.sorg@gmail.com ou por Whatsapp (11) 96388-6198 Ou nos comitês de sua cidade. Acompanhe novidades no evento criado do Facebook: Dos protestos de junho de 2013 às eleições fraudulentas de 2018, todas as manobras dos golpistas para derrubar o governo da ex presidenta Dilma, condenar, prender e cassar o ex presidente Lula, foram denunciadas pelo Diário da Causa Operária. Esta análise foi decisiva para orientar e impulsionar o movimento da luta contra o golpe, desde o 1º ato contra o impeachment

em 2015 até as grandes mobilizações deste ano, que culminaram no ato da greve geral do último 14 de junho. Os vazamentos escancarados pelo portal The Intercept mostraram as conspirações e combinações de processos e sentenças entre o juiz Sérgio Moro, procuradores do Ministério Público e integrantes do Judiciário atuando para perseguir adversários políticos (sobretudo Lula e quadros do PT). No entanto, sua importância não está apenas na comprovação de tudo que o DCO vem denunciando há anos, mas em serem um resultado de toda a mobilização contra os golpistas desde 2015. O poder, portanto, não está na denúncia em si, em esperar que vazamentos derrubem automaticamente o governo de Bolsonaro. O fator positivo é a desmoralização pública da Lava Jato e do Judiciário, dada a crescente da mobilização (vide atos e greves deste maio e junho), servir como um elemento a mais para ampliar o movi-

mento, rumo a grandes mobilizações de massa contra o governo Bolsonaro. Por isso, mais do que nunca, exigir a liberdade de Lula num gigantesco ato, que leve caravanas de todo o

país para a frente da Polícia Federal de Curitiba, é o caminho para o desenvolvimento da luta pela liberdade do ex presidente e pela derrota de todos os golpistas!


10 | JUVENTUDE

CONGRESSO

O que é fundamental para o congresso da UNE D

iante das gigantescas ameaças da extrema-direita para o estudantes é importante colocar em debate os pontos fundamentais para o 57º Congresso da União Nacional dos Estudantes (CONUNE). Os fascistas estão em uma ofensiva contra toda a população brasileira. Os estudantes, que são um setor importante da esquerda do país, estão sendo extremamente afetados pela política de Bolsonaro e seu carrascos. Os golpistas querem impor um verdadeiro regime ditatorial nas universidades, com vigilância, exames toxicológicos, intervenção na administração e a consolidação dos policiais militares nas faculdades. Tudo isso serve para conter o movimento estudantil. Ao mesmo tempo, em que tentam inibir a reação dos estudantes, a di-

reita está sucateando as universidades para impor privatizações às universidades públicas, começando pela cobrança de mensalidades, como defende o governador de São Paulo João Doria (PSDB). Porém, os estudantes não podem levar adiante uma luta separa de todo o resto da população. É preciso unificar todos os setores para lutar contra aquilo que afeta todos: o golpe e o governo Bolsonaro. Por isso, é fundamental na UNE organizar um grande bloco em defesa da liberdade do ex-presidente Lula, preso político central do Golpe de Estado, em defesa da derrubada do governo ilegítimo de Bolsonaro. E, com isso, a exigência da convocação de novas eleições, democráticas, onde Lula possa sair candidato.

PARANAGUÁ

UNESPAR é interditada pela Vigilância Sanitária F

oi interditada ontem, segunda-feira 1º de julho, a Universidade Estadual do Paraná (UNESPAR), campus Paranaguá e, em nota, a Secretaria Municipal da Saúde informou que a Vigilância Sanitária realizou a interdição devido à falta de atualização de licença sanitária, sendo que a última foi realizada em 2008. Segundo a nota emitida, o local apresenta problemas em relação à infestação de pombos e também por usar poço para abastecimento de água, o que não é permitido pela legislação específica. A instituição já havia sido notificada a fazer tais regularizações. “Foram estabelecidos prazos, mas a situação persistiu, não havendo outra saída senão a interdição”. Para não prejudicar a realização das aulas, a Secretaria Municipal da Educação de Paranaguá colocou a estrutura de escolas e salas de aula à disposição da universidade. Segundo o diretor geral do Campus Paranaguá da UNESPAR, professor Cleverson Molinari Mello, “houve uma interdição por parte da Vigilância Sanitária devido à água do campus. Nós usamos água do poço nos banheiros por uma questão de não desperdiçar

água tratada da rua. A água utilizada nos bebedouros do pátio é proveniente de água tratada da rua. Sala de professores e outros setores é utilizada água mineral. Com relação à adequação da água dos banheiros estamos solicitando prazo para fazer, mas voltamos a frisar, não utilizamos água de poço para a ingestão dos estudantes no Campus. Estamos dando todo encaminhamento necessário com as

explicações para voltar o mais rápido possível com as atividades normais”. As aulas foram suspensas nos dias 1 e 2 de julho. A Universidade Estadual do Paraná – UNESPAR – é uma instituição de ensino superior, criada em 2001, e está vinculada à Secretaria de Estado da Ciência, da Tecnologia e Ensino Superior (SETI). Constitui-se em uma das sete universidades estaduais públicas

TODOS AS QUINTAS ÀS 14H, NA CAUSA OPERÁRIA TV

do Paraná, abrangendo os seguintes campi: Apucarana, Campo Mourão, Curitiba I, Curitiba II, Paranaguá, Paranavaí, União da Vitória e a Escola Superior de Segurança Pública da Academia Policial Militar de Guatupê, unidade especial, vinculada academicamente à UNESPAR. Abrange uma área de 150 municípios, alcançando 4,5 milhões de pessoas. O quadro de servidores é composto por 1.077 pessoas que atendem mais de 12 mil alunos em cursos de graduação e pós-graduação. Uma intervenção da vigilância sanitária, por falta de condições adequadas para abrigar as atividades desenvolvidas é o retrato do descaso e do sucateamento promovido pelos sucessivos governos privatistas que passaram nos últimos anos no governo estadual do Paraná. Destruir a universidade pública é umas das frentes de ataque dos liberais e conservadores da extrema direita para impedir que toda a população sem renda tenha acesso ao ensino superior. A outra face das privatizações á a entrega das estruturas públicas para o capital privado lucrar em cima da exploração dos trabalhadores, que passam a pagar por um ensino de má qualidade, sem compromisso social ou com as políticas públicas.


ECONOMIA | 11

NORDESTE

Não se pode negociar a reforma da previdência, há que denunciá-la O

s governadores do Nordeste do PT, Camilo Santana (CE), Welington Dias (PI) e Rui Costa (BA), negociam com a extrema-direita que controla as duas Casas Legislativas do Congresso Nacional, Rodrigo Maia (DEM-RJ) e Davi Alcolumbre (DEM-AP), a aprovação da destruição da previdência para seus Estados, em troca de migalhas (securitização das dívidas estaduais, mais recursos da partilha do petróleo e impostos sobre os bancos) que supostamente ajudariam a aliviar – temporariamente – a difícil situação fiscal.

Isso significa que a política desses governadores está na contramão dos interesses dos trabalhadores e das próprias bases populares do PT, que são contra a “reforma” da previdência. A extrema-direita quer que os governadores do PT garantam os votos das bancadas estaduais em favor da destruição da Previdência Social. O apoio à política de desmonte da Previdência Pública e sua entrega para as instituições financeiras internacionais significaria uma desmoralização política para o PT e seus governos no Nordeste.

PESQUISA

Maioria do povo é contra a privatização da Petrobras e dos Correios U ma pesquisa realizada pelo Instituto Paraná Pesquisas, divulgada nesta segunda-feira, dia 17, demonstra a grande rejeição da população ao programa de governo de Bolsonaro, pois, de acordo com dados da pesquisa, 61,5% da população é contra a privatização da Petrobras, e da Empresa Brasileira de Correios e Telégrafos (ECT) são 55,1% que reprovam. Após a eleição fraudada que elegeu o atual governo golpista, muitos de seus integrantes usam e abusam da expressão “estamos ouvindo a vontade do povo” para poder colocar em prática o projeto neoliberal de completa entrega das empresas brasileiras, porém pesquisas feitas pelos próprios órgãos da burguesia não conseguem esconder a falta de popularidade de Bolsonaro. Falta essa que diminuiu a gana do ministro

Paulo Guedes de privatizar tudo que fosse possível, já que o governo sofre para aprovar até mesmo a reforma da Previdência, seu principal objeti-

vo, por falta de base de apoio do presidente. Mesmo com todo o escândalo de corrupção construído pela Lava Jato

com agentes públicos relacionados com a empresa, também feito para acertar em cheio o poderio da estatal, a grande maioria da população acredita que o melhor é mantê-la nas mãos do estado, assim como a ECT, tão caluniada pela propaganda reacionária a fim de destruí-la e abrir o setor para empresas estrangeiras. Por ser uma pesquisa feita pela burguesia, significa que essa porcentagem de pessoas que são contra as privatizações é maior ainda, visto que manipulam os dados a seu favor, demonstrando que as políticas de Moro, Paulo Guedes e principalmente Bolsonaro não foram escolhidas pelo povo, não passa de mais uma farsa do golpe. É preciso derrubar o governo golpista já, antes que entregue todas as empresas estatais ao imperialismo, passando por cima da população que já pediu o fim de seu governo nas ruas.


12 | INTERNACIONAL

ARGENTINA

Macri rebaixa o PIB em 5,8% O

mandato de Macri, eleito após um golpe semelhante ao dado no Brasil, está chegando nos seus últimos meses e deixa claro o que espera o Brasil se continuarmos a deixar o rumo da política somente no campo das eleições. Macri em apenas um mandato conseguiu deixar a Argentina nas mãos do grandes bancos internacionais, e arrasar com a economia argentina em tempos recordes. O país que havia quitado sua dívida com o FMI em 2006, sob a presidência de Néstor Kirchner, com Macri voltou à coleira do Fundo Monetário Internacional (FMI) no ano passado, pegando

emprestado 57 bilhões de dólares e assinando o acordo de corte de gastos sociais que basicamente destrói qualquer política pública dentro do país. Logo depois, Macri congelou os salários e cortou 10 bilhões de dólares dos serviços públicos argentinos e conseguiu aprovar uma reforma da previdência. A política neoliberal do presidente argentino significa nada ao povo e tudo aos banqueiros, donos de seu mandato. Com isso, mais de 11 milhões de argentinos voltaram para a pobreza só no ano passado. O país está desmoronando e a esquerda argentina ainda aposta na saída eleitoral.

O resultado em termos de PIB significou um retrocesso de 5,8%. A indústria já sucateada do país agora é quase inexistente. O todo deve servir de

exemplo para o brasileiro que ainda acredita na propaganda midiática entorno da política econômica de Bolsonaro representada por Paulo Guedes.

REGIME DITATORIAL

Espanha impede catalães de tomarem posse no Parlamento Europeu

O

regime ditatorial da Espanha impediu três parlamentares eleitos pela Catalunha de tomarem posse no Parlamento Europeu, por estes não terem podido prestar juramento em Madri.

Trata-se de alguns dos principais dirigentes independentistas catalães: Carles Puigdemont, Oriol Junqueras e Toni Comin. O primeiro foi presidente do governo catalão (chamado de Generalitàt) e encabeçou o referendo de 2017 que

TODAS AS SEXTAS-FEIRAS, 14H00

mostrou que o povo da região é a favor da separação, e que foi brutalmente reprimido pelas tropas espanholas. Comin foi seu parceiro de chapa nas eleições para o Parlamento Europeu e Junqueras é o atual vice-presidente da Generalitàt.

Ontem (02), cerca de 10 mil catalães realizaram um protesto em frente à sede do Parlamento Europeu, em Estrasburgo (França), em apoio aos três políticos. A manifestação ocorreu por ocasião da tomada de posse dos eurodeputados, que ocorreu nessa terça-feira. Os três são perseguidos políticos pela ditadura espanhola, e por isso foram impedidos de comparecerem a Madri após serem eleitos pelo voto dos catalães, no final de maio. Puigdemont, por exemplo, está exilado na Bélgica, porque, se voltar à Espanha será preso. O medo de ter qualquer tipo de problema de deportação para as prisões espanholas o fez também ficar de fora dos protestos. A Espanha é uma ditadura, comandada pela extrema-direita que se finge de democrática após a queda do franquismo. No entanto, seu caráter ditatorial fica desnudado quando se olha para a situação dos países oprimidos e dominados por Madri, como é o caso da Catalunha, do País Basco e da Galiza. Neles, o Estado espanhol intervém pesadamente para reprimir qualquer movimento pela independência e os cárceres espanhóis estão cheios de presos políticos dessas nacionalidades.

TODAS AS SEGUNDAS-FEIRAS, 12H30


INTERNACIONAL | 13

HONG KONG

Bandeira britânica revela mão do imperialismo nos protestos N

a última segunda-feira (01), manifestantes invadiram o prédio do Parlamento de Hong Kong e depredaram as instalações. Dentro da sala principal, picharam dizeres contra o governo chinês e a administração da província autônoma. Entretanto, o que mais chamou a atenção foi a colocação da antiga bandeira colonial britânica no lugar do atual brasão de Hong Kong. Esse fato simboliza perfeitamente a mão do imperialismo tentando manipular os protestos contra o projeto de lei que permitiria a extradição de réus para a China – projeto que foi suspenso pelo Parlamento. Os atos – que ocorrem há semanas – receberam o apoio aberto dos países imperialistas, como os EUA e as potências europeias. Líderes da oposição chegaram mesmo a se reunir com representantes diplomáticos desses países em Hong Kong. As potências imperialistas, por meio de seus porta-vozes políticos e da imprensa internacional, têm criticado o projeto e toda a administração de Hong Kong como se fossem absoluta-

mente controlados pelo governo central de Pequim. Carrie Lam, a chefe do Executivo, é tida como uma fantoche da China e os manifestantes (a mando do imperialismo) pedem a sua renúncia. A bandeira da administração colonial inglesa de Hong Kong simboliza a

verdadeira dominação e opressão que essa região sofreu. O império britânico roubou essa parte do território chinês após a Primeira Guerra do Ópio (18391842), quando os grandes capitalistas ingleses abriram pela força o gigantesco mercado chinês e venderem a droga para a população asiática.

Desde então, Hong Kong permaneceu sob a mão de ferro da coroa britânica. Mesmo a Revolução Chinesa de 1949 não conseguiu recuperar o território. Somente com o início da restauração capitalista na China após a morte de Mao Tsé-Tung e a reaproximação do país com os países imperialistas é que foi estabelecido um acordo, em 1984, para a devolução dentro de 13 anos de Hong Kong. Assim, em 1997 a região voltou para o controle da China, após 156 anos de ocupação imperialista. No entanto, a condição de permanência do neoliberalismo continuou. Ou seja, Hong Kong, na área econômica, de soberana pouco tem. Mesmo assim, seu status de Região Administrativa Especial dá algum controle por parte da China e, com a crise do imperialismo, isso parece já não ser mais admissível. O imperialismo tem imposto uma política de força contra todos os países atrasados, para os dominarem por completo e pilharem seus recursos. Agora, tenta o mesmo com a China.

3 DE JULHO DE 1962

Fim da Guerra da Argélia e proclamação da República A

Guerra da Argélia terminou com o reconhecimento da independência em 3 de julho de 1962, proclamada após 132 anos de colonização francesa, que teve início em 14 de junho de 1830 com o desembarque de forças francesas na costa de Sidi Fredj. Porém, seguindo um desenlace que durou até 25 de setembro de 1962, quando de fato se constituiria a República argelina democrática e popular. Com um discurso breve e televisionado nacionalmente, o general De Gaulle, logo em seguida ao referendo de autodeterminação de 1º de julho, previsto pelos Acordos de Evian de 18 de março de 1962, declarou o momento tão esperado pelos argelinos que tiveram seu sangue derramado para obter sua liberdade. Depois da assinatura dos Acordos de Evian em 18 de março de 1962 e a declaração de cessar-fogo no dia seguinte, foram necessários 4 meses para que a Argélia conquistasse totalmente a sua independência. O confronto pra liberdade do povo argelino foi um embate sangrento e longo. Civis europeus, nativos muçulmanos, o exército organizado pela Frente de Libertação Nacional (FNL), e o Exército francês, se digladiaram, somando milhares de mortes. Essa Guerra de Independência, ou “Guerra de Libertação Nacional”, foi um conflito que se iniciou com o Massacre de 5 de Julho – ou Massacre de Orã -, cidade argelina. A FLN, como uma frente nacionalista de libertação colonial, foi criada em 1º de novembro de 1954, pelo Comitê

Nacional de Unidade e Ação, unindo pequenos partidos e com o objetivo de obter a independência. O partido foi parte de um corpo revolucionário que dirigiu a guerra pela independência. Este comitê pretendia unir todas as facções de luta contra a França. Em 1956 quase todas as organizações nacionalistas na Argélia tinham se juntado à FLN. Nesse mesmo período a FLN se reorganizou em um governo provisório. Consistia de 5 homens fortes e um corpo legislativo. A França organizou a força de repressão interna contra a FLN, pois os argelinos se organizaram nos bairros de forma armada, e, vale lembrar, que esses bairros foram fechados como campos de concentração, com cercas e policiais armados. O exército para esmagar definitivamente a revolta, utilizando todos os meios a sua disposição, inclusive a tortura planificada, foi colocado em prontidão por Gaulle pela autodeterminação como única saída possível ao conflito, o que levou uma fração do exército francês a se rebelar e entrar em oposição aberta com o poder. A situação de crise de comando opôs, principalmente, de um lado o exército francês, utilizando suas tropas de elite dos paraquedistas (denunciados por serem os torturadores treinados para esta tarefa), contra o Exército de Libertação Nacional (ALN), braço armado da Frente de Libertação Nacional (FLN) na origem da insurreição. Mas vale dizer que cerca de 180 mil muçulmanos argelinos combateram do lado francês, considerando

sempre que os números sempre são modificados para fins de propaganda contra os revoltosos. E para finalizar, temos que lembrar que esse grande conflito tinha seu cunho ideológico no interior das duas comunidades, o que levou a sucessivas situações de atentados, assassinatos e massacres nas duas margens do Mediterrâneo. Houve um grande êxodo de uma grande parte dos “Pieds-Noirs” (um termo usado para fazer referência aos cidadãos franceses, e outros de

ascendência europeia, que viveram no Norte da África francês, nomeadamente a Argélia), cerca de um milhão. Essa guerra fez parte do movimento de descolonização que afetou os impérios ocidentais após a Segunda Guerra Mundial e se inscreveu nos quadros do combate anti-imperialista, mostrando a capacidade do imperialismo de esmagar povos inteiros, torturar dezenas de milhares, mas também, trouxe à tona a força dos povos quando se organizam de forma revolucionária.


14 | MOVIMENTO OPERÁRIO

FORTALEZA

Sem condições de higiene, frigorífico em Fortaleza é interditado N

o dia 26 de junho, o frigorífico, localizado no bairro Bela Vista, em Fortaleza, foi interditado e foram apreendidos 117 kg de carnes, sendo 100 kg de frango e os 17 kg restantes eram de carne de cordeiro. Conforme os fiscais da Agência de Fiscalização de Fortaleza (Agefis) foram constatadas irregularidades na atividade de abate de aves sem nenhuma condição de higiene e sem a autorização do Serviço de Inspeção Estadual/ Federal. No momento da fiscalização o ambiente estava sujo, com fezes e sangue no chão, juntamente com os animais vivos entre outras aberrações. O fato de os operários do frigorífico estarem trabalhando nestas condições já é passível de interdição As Câmaras frias estavam danificadas e os funcionários tinham que trabalhar nas piores condições possíveis e imagináveis. Há pouco tempo, nos estados do Piauí e Paraíba, uma quantidade enorme de frigoríficos se encontrava em condições idênticas às do frigorífico da

av. Humberto Monte, no bairro Bela Vista, em Fortaleza, Ceará. Nestes estados, os trabalhadores

não tinham nem local para refeitório, alguns nem possuíam câmaras frias, as condições dos uniformes eram

mais para outra atividade que não a de trabalho em ramo de alimentação, equipamentos de proteção e segurança não existiam. É uma situação de escravidão que os patrões colocam os seus trabalhadores, fazendo-os exercerem suas atividades em um verdadeiro chiqueiro, além de fornecer à população produtos alimentícios de qualidade duvidosa. A situação do frigorifico de Bela Vista é, sem tirar nem por, o que ocorreu nos estado de Piauí e Paraíba e, com um pouquinho mais de investigação, sem medo de qualquer erro, verá que na maioria dos frigoríficos do Ceará seguem a mesma cartilha, principalmente porque é sabido que os frigoríficos são os campeões em irregularidades no país. A empresa está sujeita à multa de até R$ 1,5 milhão, além de medidas administrativas, de acordo com a gravidade da infração e reincidência. A penalidade será definida após parecer da junta de análise e julgamento de processos da Agefis.

BANCÁRIOS

PROFESSORES

Bradesco leva funcionários ao esgotamento

Doria não publica o Abono de Ponto da APEOESP N

D

esde que foi implementado o PDVE (Plano de Desligamento Voluntário Especial), que forçou a demissão de cerca de 10 % dos seus funcionários. Uma combinação de políticas desastrosas tem levado o quadro de trabalhadores do banco a uma situação de completo desespero. Durante todo o expediente são inúmeras as situações que vem causando acometimentos de doenças depressivas e distúrbios físicos como Ler/Dort. Quadro insuficiente de pessoal, metas desumanas, cobranças de resultados, tanto na frente dos gerentes como através de intermináveis Audioconferências de Gerências Regionais, etc. Isso tem sido parte de todo inferno vivido dentro das Agências e Departamentos. O Bradesco colocou em prática o PDVE objetivando uma economia na ordem de 1,5 bilhões de reais por ano. Traçou também um plano para fechar cerca de 300 Agências em todo o País até o final de 2019. Em 2018 articulou um plano para migrar grande parte de seus clientes para plataformas

virtuais, medida que expõe também mais demissões em grande escala a curto prazo. A categoria bancária assinou uma Convenção Coletiva de Trabalho em 2018 que, diferentemente dos anos anteriores, tem uma abrangência de dois anos e se estenderá até agosto de 2020. Assim como acontecia todos os anos nos meses de julho quando ocorria encontros estaduais e nacionais dos bancários, este ano praticamente não ocorrerão esses encontros. Havia em todos eles, debates de políticas de reajustes salariais e problemas estruturais como demissões. No entanto, dado os problemas crônicos que se coloca a categoria bancária agravados pelo golpe, coloca-se na ordem do dia o chamado a um encontro nacional de toda a categoria para debater e se armar com um plano de lutas contra as demissões em grande escala, bem como armar os bancos públicos contra seus desmontes face as ameaças de privatizações em curso.

o dia 06 de Junho aconteceu a segunda reunião ordinária de Representantes de Escolas (RE) da Apeoesp. As reuniões de RE ocorrem a trimestralmente com os professores eleitos em cada unidade escolar, buscando discutir a situação das escolas, em termos políticos e educacionais, além da conjuntura política estadual e nacional, campanhas sindicais e outras questões do interesse dos professores do ensino público. A última reunião do Conselho de Representantes também não teve sua publicação ainda, mais um ataque frontal ao maior sindicato da América Latina. As reuniões contam com abono de ponto, ou seja, são consideradas como dias trabalhados. O abono é uma conquista da mobilização sindical e, por força disto, está previsto em lei. O governo João Doria (PSDB), inimigo declarado do ensino público e dos professores – assim como todos os tucanos – passado mais de um mês da

última reunião, até o momento não publicou o abono de ponto. Ao proceder dessa forma, mostra que o cerco ao sindicato tem aumentado, coloca em xeque a atividade do sindicato e age de forma antidemocrática para impedir o magistério de se organizar para reivindicar seus direitos, melhores condições de trabalho e salário. A falta do abono de ponto acarreta ônus aos professores, pois prejudica sua vida funcional, causa desconto salarial e até mesmo atrasa a aposentadoria. No caso dos professores temporários categoria “O”, a camada mais sucateada da rede estadual, a depender da situação, a falta pode resultar no rompimento do contrato e mais desemprego. A escolas e suas organizações são alvos dos golpistas, pois os professores são uma das categorias que mais se mobilizaram nos últimos anos e também foram os mais atacados em seus salários e direitos.


ATIVIDADES DO PCO | 15

ACAMPAMENTO

Venha para a 44ª Universidade de Férias do PCO, de 15 a 22 de julho

J

á estamos às vesperas do mais tradicional curso de formação marxista da esquerda brasileira: a Universidade de férias do Partido da Causa Operária, que ocorre em conjunto com o acampamento de férias da AJR, a Aliança da Juventude Revolucionária, entre os dia 15 e 22 de julho de 2019. Em sua 44ª edição traz o tema: PROGRAMA PARA A REVOLUÇÃO SOCIALISTA DOS DIAS DE HOJE; O PROGRAMA DE TRANSIÇÃO DA IV INTERNACIONAL, que se propõe a responder a grande pergunta que paira sobre as cabeças daqueles que estão presentes aos protestos contra o governo bolsonaro: Qual a alternativa para esse sistema político burgues? O programa de transição é uma coleção de propostas formuladas ainda na primeira metade do século 20 (1938) por Leon Trotski, e propunha saídas do ponto de vista da classe trabalhadora, para enfrentar os sistemas políticos burgueses existentes na época, com objetivo de construir um governo

operário e preparar o terreno para o comunismo em uma etapa posterior. Interessado em aprender mais sobre essa valiosa ferramenta de luta? Interessado em desfrutar da companhia de valorosos camaradas, em um clima divertido e socialista? Então participe de mais essa edição da universidade de férias, com opções de hospedagem em quartos ou em acampamento, com 3 refeições incluídas, atividades esportivas, culturais e uma boa oportunidade de relaxar. Saiba mais sobre esse e demais eventos do PCO, o partido da luta contra o golpe, pelos canais abaixo: Informações e inscrições: https://www.facebook.com/ events/379920005988134/ https://www.causaoperaria.org.br/ como-e-a-universidade-de-ferias-do-pco/ (11) 96388-6198 (WHATSAPP) Ou ainda, procure por nossos militantes nas diversas cidades onde o partido está organizado para fazer parte das caravanas de todo o Brasil.

CURITIBA

Veja como foi o Arraial Lula Livre no CCBP de Curitiba N

o último sábado (29) em Curitiba, os companheiros do Partido da Causa Operária e do Comitê de Luta Contra o Golpe Curitiba organizaram no Centro Cultural Benjamin Péret – Paraná um Arraiá Lula Livre. A atividade foi um sucesso, tendo tido a presença de mais de 30 pessoas. Destaque para os comes e bebes (o quentão foi muito elogiado e consumido) e para as crianças, que aproveitaram ao máximo os estalinhos e doces (prêmios da pescaria) e puderam furar um balão Fora Bolsonaro no final da festa. Quem não pôde ir nesta atividade, pode ficar tranquilo, o CCBP-PR terá uma atividade social por mês, além das atividades regulares como a transmissão da análise política da semana aos sábados. Em breve será também inaugurado o Cine Marx. Acompanhe as páginas do PCO-PR e do CCBP-PR para saber das próximas atividades.


16 | CIDADES E MULHERES

SEM TRANSPORTE

Covas cancela mais de 4 mil bilhetes únicos por dia

O

atual prefeito de direita Bruno Covas ataca mais uma vez os direitos da população, cancelando mais de 4 mil bilhetes únicos por dia. A desculpa que o prefeito usa é que os bilhetes tinham recarga irregular ou uso irregular, por terceiros. Ele afirma que há muitas fraudes nos bilhetes únicos quando, na verdade, a maior fraude é ele como político. É clara a tentativa do prefeito em dificultar a vida da população trabalhadora, já que grande parte da população mora longe dos centros urbanos e possuem transporte público limitado e somente para ir trabalhar, fornecido pelos empregadores. O trabalhador, que passa muitas horas por dia em transportes públi-

cos para ir e voltar do trabalho, já foi prejudicado em fevereiro desse ano, quando Covas, muito bem orientado pelo seu partido PSDB, fez um corte substancial no vale transporte, diminuindo para dois o número de embarques num período de até 3 horas. Com todos esses cortes, a situação da população fica cada vez mais frágil no que diz respeito à mobilidade, esfera importante da vida social. É um crime contra a população paulistana que depende dos transportes coletivos para ter acesso à cidade e lazer, como se o único objetivo do transporte público e único direito da população fosse usar o transporte para trabalhar.

MULHERES

Holliday se inspira em legislação fascista do Alabama contra mulheres

O

vereador Fernando Holliday, inimigo declarado do povo, tenta mais uma vez atacar os direitos básicos da classe trabalhadora. Dessa vez o vereador de extrema direita tenta atacar o direito básico ao aborto, que já é muito precário no Brasil. Membro do MBL e filiado ao DEM, o vereador, também conhecido como capitão do mato, propôs uma nova legislação sobre o aborto, dificultando o acesso e piorando ainda mais os números de mortes em decorrência de abortos clandestinos. A lei brasileira que garante o direito ao aborto em três ocasiões – estupro, má formação do feto ou risco à vida da mulher – não conseguiu impedir que nos últimos dez anos cerca de duas mil mulheres morreram em abortos clandestinos nos Brasil e parece que Holliday objetiva aumentar esse número. O vereador inimigo das mulheres se inspira na lei mais rigorosa de um dos estados norte-americanos, o Alabama, onde os profissionais da saúde podem pegar até 100 anos de prisão e o direito ao aborto é inclusive negado em casos de incesto e estupro. O projeto é tão completamente inconstitucional que o vereador se viu pressionado até por membros da direita, prometendo assim algumas mudanças no projeto. É claro o objetivo que a extrema-direita tem em criminalizar a classe trabalhadora, afinal, as mulheres que serão punidas são as negras, pobres e

com escolaridade até o ensino fundamental. Mulheres em completa vulnerabilidade social ainda podem ter que passar por internação psiquiátrica, isso de acordo com o julgamento moral de Holliday do que pode ser considerado ou não um problema psiquiátrico. Fundamentado em preceitos religiosos e julgamentos morais, o projeto de lei assassino não só criminaliza as mulheres que abortam, como ainda prevê que em casos de estupro, o estuprador assuma a paternidade da criança, ou seja, a mulher, além de ser vio-

lentada de todas as formas, ainda vai precisar conviver com seu algoz. Claro que essa criminalização tem classe social, afinal, mulheres com maior poder econômico podem sair do país para abortar em países em que essa prática é legalizada ou pagar valores surreais em clínicas. A cada avanço da extrema-direita, a população sofre enormes consequências e mesmo os direitos já garantidos terão seu acesso dificultado pela burocracia do Estado e pela falta de informação, muitas mulheres

não sabem que ainda existem três ocasiões em que o aborto é garantido e nem os locais que podem procurar para realizar o procedimento. O Estado, que deveria garantir a vida dessas mulheres e seu direito reprodutivo e ao próprio corpo, acaba por providenciar mecanismos punitivistas baseados em preceitos morais e religiosos para proliferar a morte de mulheres da classe trabalhadora, afinal, mulheres ricas tem seu direito ao aborto garantido devido a sua classe social.

TVMULHERES TODOS OS DOMINGOS ÀS 19H NA COTV


NEGROS E ESPORTES | 17

SÓ PARA BRANCOS E RICOS

Melhores cursos universitários O

acesso ao ensino superior é a realidade de uma parcela bem restrita da população, sendo cerca de 21% a quantidade de jovens de 18 a 24 anos que cursam ou cursaram uma faculdade, e em uma sociedade de maioria pobre e negra, os números não refletem a população brasileira. A política de cotas, adotada pelos governos do PT, ajudou a mudar um pouco a realidade da diferença racial dentro nas universidades, mas sempre funcionando como medida paliativa diante da situação de falta de acesso do jovem negro à universidade que resulta da imensa desigualdade social do País. Dados do Censo da Educação Superior de 2016 apontam que nos cursos com mais alunos matriculados, 42% eram negros, enquanto em 2011 eram somente 34%. Porém quando se analisa de perto os cursos mais bem avaliados em rankings universitários de cada carreira, o percentual cai para 27%,

diferenciando apenas 1% dos dados de 2011. Os cursos mais tradicionais das universidades, principalmente públicas onde estão a maioria dos cursos mais conceituados, ainda têm suas vagas destinadas a uma esmagadora maioria de brancos, normalmente muitos de uma classe média e escolas particulares. Os cursos mais concorridos também refletem em melhores salários e condições de trabalho, como medicina, administração, direito e engenharia, o que também impede que os negros tenham acesso a melhores condições de vida. O acesso às universidades públicas e de melhor qualidade através de vestibulares são enormes barreiras para os mais pobres, e mais ainda para o negros, uma vez que a educação pública fundamental é completamente sucateada, e se por acaso conseguirem, precisam se manter durante a graduação sem auxílio permanência, que já

vinham diminuindo e agora praticamente inexistem com os cortes anunciados pelo Ministério da Educação de Bolsonaro A única forma de garantir um acesso igual para todos ao ensino superior de qualidade, é garantindo vagas suficientes nas universidades para todo e qualquer um que quiser cursá-la, o

livre ingresso nas universidades. Os vestibulares devem ser extintos e a universidade controlada pela própria comunidade acadêmica de forma que comporte todos os interessados, e ofereça cursos gratuitos, de qualidade e incentivo à pesquisa, além de auxílio para que o possam cursar a graduação até o fim.

ESPORTES

No maior clássico do mundo, Seleção avança à final da Copa América N

essa terça-feira, dia 2, os mineiros tiveram o privilégio de assistir à primeira semifinal da Copa América 2019 com o clássico Brasil e Argentina. Privilégio não só porque viram o Brasil dar uma aula de futebol mas porque os cerca de 55 mil torcedores que estavam no Mineirão puderam assistir ao maior clássico do futebol mundial na Competição que reúne o melhor futebol do planeta. O jogo dessa terça deve ser mostrado para os jovens como exemplo do que é o verdadeiro futebol. Enquanto que a imprensa capitalista mundial, incluindo aí a venal imprensa brasileira, procura nos convencer que somos inferiores, que nosso futebol não é tão bom assim, que emocionante mesmo seria assistir à Liga dos Campeões da Europa, Brasileiros e Argentinos mostravam porque esses dois Países, junto com o Uruguai e outros sul-americanos, são os maiores fornecedores

de craques do mundo. Mais do que um ótimo jogo, o clássico marcou a superioridade técnica

do futebol brasileiro. Embora tenha recuado após o primeiro gol e sofrido certa pressão da Argentina que

buscava desesperadamente o empate, o Brasil teve o domínio de todo o jogo. O primeiro gol brasileiro foi um exemplo e vai ficar marcado na retina de quem pode ver ao vivo. Daniel Alves, talvez em sua melhor atuação pela Seleção, “chapelou” um e cortou outro deixando o defensor no chão antes de fazer passe açucarado para Firmino que cruzou para que Gabriel Jesus empurrasse para o gol. No segundo gol, já no segundo tempo de partida, Gabriel Jesus recebe bola de contra-ataque ainda na campo brasileiro e corre por mais de 70 metros limpando os zagueiros e deixando a bola para Firmino fazer o gol. Dois gols que mostraram a superioridade do futebol brasileiro. O Brasil aguarda agora o vencedor da outra semifinal entre Peru e Chile para jogar a grande final no próximo domingo.

TODOS OS DOMINGOS ÀS 20H30, NA CAUSA OPERÁRIA TV


18 | MORADIA E TERRA

AMAZÔNIA

Em junho, desmatamento dispara e cresce 60% sob governo Bolsonaro

O

desmatamento da Amazônia avança no governo golpista de Jair Bolsonaro (PSL), que representa os interesses das empresas mineradoras transnacionais e da bancada ruralista. O governo promove a sistemática destruição do ecossistema amazônico, na medida em que isenta as empresas e os ruralistas de punição, dificulta a fiscalização de órgãos como IBAMA e ICMBio e até mesmo ameaça, censura e persegue servidores públicos que denunciam o desmonte da política de proteção ambiental do país. Em Junho, a Amazônia perdeu 762, 3 km² de sua área de mata, equivalente à cidade de Campinas (SP) e 100 mil campos de futebol. Já em relação

ao mês de Maio, verifica-se avanço de 60%. Neste ano de 2019, a Amazônia perdeu no total de 2.273,6 km². Dos Estados que englobam a Amazônia Legal, o Pará foi o que mais perdeu vegetação, com 1.410 km². Neste Estado, a cidade de Altamira foi a mais atingida. No mapa do desmatamento, após o Pará, seguem os Estados de Mato Grosso, 994 km² e Amazonas, com 824 km². O governo Jair Bolsonaro, capacho do imperialismo, fruto de um golpe de Estado e de uma fraude eleitoral monstruosa, age para entregar as riquezas nacionais e a floresta Amazônica para os EUA.

POVOS INDÍGENAS

General bolsonarista da Funai afirma que encontro com índio foi “cena”

O

governo Jair Bolsonaro (PSL) é fruto de um Golpe de Estado contra a ex-presidenta Dilma Rousseff (PT) e de uma fraude eleitoral ocorrida com a prisão do ex-presidente Lula (PT) e sua retirada da disputa eleitoral em 2018, mesmo em primeiro lugar nas pesquisas eleitorais. Os ruralistas e as empresas transnacionais comandam a política do governo, que atua para atender seus interesses econômicos. Desde sua posse na Presidência da República, os povos indígenas e quilombolas têm sido sistematicamente atacados pelos pistoleiros e organizações fascistas ligadas à União Democrática Ruralista (UDR) e suas terras invadidas. Bolsonaro paralisou completamente o processo de demarcação das terras indígenas e quilombolas. Um dos principais líderes da UDR, Nabhan Garcia, denuncia-

do por envolvimento com milícias paramilitares, ocupa o cargo de Assuntos Fundiários do Ministério da Agricultura. Para tentar maquiar as acusações de assassinato e violação das terras indígenas, Bolsonaro organizou um encontro fraudulento com líderes indígenas. O general bolsonarista e ex-presidente da FUNAi, Franklimberg de Freitas, denunciou tratar-se de uma fraude montada para aparecer na imprensa. Isso mostra que, em todos os aspectos, Bolsonaro e seu governo são ilegítimos e fraudulentos. O general que denuncia a farsa montada para a imprensa é golpista e representante das mineradoras. Foi conselheiro da empresa Belo Sun para assuntos indígenas. O que mostra que a crise é cada mais profunda nas entranhas do próprio regime golpista.

TODOS OS DIAS ÀS 10H, NA CAUSA OPERÁRIA TV


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