Edição Diário Causa Operária nº5693

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QUINTA-FEIRA, 4 DE JULHO DE 2019 • EDIÇÃO Nº 5693

DIÁRIO OPERÁRIO E SOCIALISTA DESDE 2003

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Não à perseguição contra Greenwald! Abaixo a ditadura! Na última terça-feira (2), o sítio direitista O Antagonista publicou uma nota afirmando que que a Polícia Federal pediu ao Conselho de Controle de Atividades Financeiras um relatório das movimentações financeiras do jornalista Glenn Greenwald. O jornalista norte-americano foi responsável pelo vazamento de conversas privadas de membros da Lava Jato, por meio de seu sítio The Intercept Brasil. Esses vazamentos comprovaram as denúncias de parcialidade nos processos da Lava Jato contra Lula, o PT e a esquerda.

Crise na reforma da previdência evidencia a crise do governo

EDITORIAL

Perseguição a Greenwald mostra o perigo do bolsonarismo e do golpe O jornalista norteamericano Glenn Greenwald está sendo investigado pela PF (Polícia Federal), segundo o sítio O Antagonista.

POLÍTICA

El País atribui ideologia a doença mental Um artigo publicado pelo El País Brasil, assinado por Javier Salas, em janeiro desse ano, procura pretensamente vincular a política à neurociência ou à psicologia comportamental

O imperialismo decidiu impor Jair Bolsonaro à população brasileira na Presidência da República para que uma agenda em defesa dos interesses dos capitalistas fosse levada adiante.

Depoimento de Moro na CCJ: crise se encontra em uma Nenhuma reforma da previdência: repor situação explosiva

os direitos dos trabalhadores

A imprensa golpista e a burguesia vem propagandeando sobre a necessidade da reforma da previdência para salvar a economia nacional. Afirmam que há uma déficit bilionário e se continuar dessa maneira não existe a garantia que as futuras gerações também tenham esse direito a previdência social.

Bolsonaro recebe vaia histórica em estádio de novo, agora no Mineirão

POLÍTICA

A ideologia nazista de Augusto Heleno Em dia de mais um fiasco do que resta de bolsonaristas no Brasil, dia 30 de junho, Augusto Heleno, que provavelmente está acostumado a ver todos os seres humanos como seus soldados

Os golpistas sempre terão poucos momentos de paz diante da população ciente e vítima das consequências do Golpe. Foi assim com Michel Na última terça-feira (02), um grupo de agentes de Temer, que mais de uma segurança realizou uma manifestação no Salão Verde vez foi vaiado em grandes da Câmara dos Deputados contra o governo Bolsonaro. eventos, sendo imporAos gritos de “Bolsonaro traidor”, os policiais tante lembrar que ainda protestavam contra a mudança das regras referentes à em 2016 recebeu sonoras categoria dos agentes subordinados à União no texto da vais na abertura dos Jogos reforma da previdência. Olímpicos.

Agentes de segurança chamam Bolsonaro de traidor


2 | OPINIÃO EDITORIAL

COLUNA

Perseguição a Greenwald mostra o perigo do bolsonarismo e do golpe

O

jornalista norte-americano Glenn Greenwald está sendo investigado pela PF (Polícia Federal), segundo o sítio O Antagonista. Este sítio é um porta-voz da Lava Jato, e publicou nota afirmando que a PF teria pedido um relatório ao Coaf (Conselho de Controle de Atividades Financeiras) sobre as movimentações financeiras de Greenwald. Não há nenhuma suspeita plausível contra o jornalista que justificasse tal “investigação”. Trata-se de mais uma arbitrariedade de Sérgio Moro, que hoje é ministro da Justiça de Bolsonaro e comanda a própria PF (e gostaria de comandar o Coaf diretamente, inclusive). O problema de Greenwald do ponto de vista da direita golpista é que ele fez revelações inconvenientes e comprometedoras. Há muito tempo, as arbitrariedades da Lava Jato vêm sendo denunciadas. As conversas vazadas pelo The Intercept Brasil mostraram como os promotores da Lava Jato e o ex-juiz Sérgio Moro atuavam de maneira coordenada contra o réu, no caso de Lula, comprovando muitas dessas denúncias. Além de mostrar fortes indícios de manipulação de delações premiadas, mostrar que Moro agia como uma espécie de chefe da operação clandesti-

namente, e mostrar a articulação política da operação diante das instâncias superiores, usando a imprensa. Muitas denúncias contra a Lava Jato foram reforçadas por essas revelações, que ainda serão complementadas por outras. Diante disso, a resposta do governo agora é perseguir Greenwald para tentar intimidá-lo ou até mesmo forjar alguma acusação contra ele. Trata-se de um procedimento ditatorial. O governo Bolsonaro, fruto do golpe da direita e da mobilização da extrema-direita durante a campanha contra Dilma Rousseff, começa a escancarar sua natureza de ditadura. Sob esse novo regime que começa a tentar aparecer, todos os direitos da população está ameaçados. Esse acontecimento alarmante serve de mais um alerta para o perigo que essa direita golpista representa. O programa neoliberal que o imperialismo quer impor aos trabalhadores brasileiros tende a enfrentar resistência popular. É um embate esperado. A resposta que a direita está preparando para isso é o fechamento do regime, com supressão de direitos e perseguição política aos opositores. É isso que a atitude do governo contra Greenwald reforça. Por isso é preciso dar uma resposta à direita golpista com mobilização nas ruas. A continuidade desse governo ameaça os direitos democráticos de toda a população. É preciso aproveitar o momento favorável de mobilização para intensificar a campanha pelo Fora Bolsonaro! Antes que a direita esmague todos os direitos dos trabalhadores e reprima os trabalhadores em favor de grandes capitalistas e do imperialismo.

Fora Bolsonaro e o governo da Lava Jato Por João Silva

A

discussão envolvendo os arquivos revelados pelo The Intercept Brasil entre as conversas do juiz Sérgio Moro e do promotor da Operação Lava Jato, Deltan Dalagnol vão de “ataque terrorista” de hackers criminosos até uma conversa informal e sem consequências entre o juiz e uma das partes do processo envolvendo o caso Lula. A imprensa golpista e toda a corja que defende o governo Bolsonaro está tentando manipular o escândalo dessas revelações para separar o envolvimento de Moro nessa conspiração para prender Lula e eleger Bolsonaro. Não é possível dissociar as conspirações de Moro, Dalagnol e outros agentes da Lava Jato de todo o conjunto desta operação golpista disfarçada de luta contra a corrupção. Moro não só trocou algumas mensagens com Dalagnol, mas orientou a promotoria assumindo uma posição de comando. Uma conduta completamente ilegal que em qualquer país minimamente sério já teria provocado seu afastamento do Ministério da Justiça e a anulação de toda a operação Lava Jato. Com a saída de Lula das eleições, devido sua prisão ilegal e condenação em segunda instância, a vitória de Bolsonaro foi facilitada por meio da fraude eleitoral. Após ser eleito, o juizeco de Curitiba, ganhou como prêmio o Ministério da Justiça. Somente este fator já seria suficiente para decretar a anulação da Operação Lava Jato, dos processos contra Lula e das eleições de 2019.

Com o estrago feito com as denúncias do The Intercept Brasil, parte da burguesia está tentando salvar a operação golpista, mesmo que para isso tenha que perder Sérgio Moro. A ideia propagada é dizer que a operação golpista não tem nada a ver com as conversas e orientações de Moro e Dalagnol. Mas um fato concreto é que Moro não é o único membro da Lava Jato que está no governo Bolsonaro. Ao todo são 19 membros da Lava Jato que fazem parte do Ministério da Justiça, todos indicados por Moro, ou seja, integrantes da mais alta confiança do juiz que conspirou contra Lula, ou seja, na prática é o Ministério da Lava Jato, é o governo da Lava Jato. Com a reação das instituições, como por exemplo, o STF (Supremo Tribunal Federal) e MPF (Ministério Público Federal) que não deram a mínima importância para os fatos revelados. Estas instituições, aliadas com a imprensa golpista, atuaram junto com a Operação Lava Jato para dar o golpe no Brasil e não vai depender delas para que alguma justiça seja feita. Somente a mobilização popular com os movimentos sociais, de juventude e a classe trabalhadora nas ruas pode acabar com a Operação Lava Jato, derrotar o golpe, expulsar Bolsonaro e libertar Lula. Por isso é de extrema importância defender nas ruas as palavras de ordem de “Fora Bolsonaro”, “Liberdade para Lula”, “Eleições Gerais” e “Lula Candidato”.


POLÍTICA | 3

NÃO À PERSEGUIÇÃO CONTRA GREENWALD! ABAIXO A DITADURA! N

a última terça-feira (2), o sítio direitista O Antagonista publicou uma nota afirmando que que a Polícia Federal pediu ao Conselho de Controle de Atividades Financeiras um relatório das movimentações financeiras do jornalista Glenn Greenwald. O jornalista norte-americano foi responsável pelo vazamento de conversas privadas de membros da Lava Jato, por meio de seu sítio The Intercept Brasil. Esses vazamentos comprovaram as denúncias de parcialidade nos processos da Lava Jato contra Lula, o PT e a esquerda. No mesmo dia em que foi publicada a nota do Antagonista, que é uma espécie de porta-voz não oficial da Lava Jato, Moro compareceu a uma audiência na Câmara dos Deputados. Durante a sessão, Moro fugiu de várias perguntas da oposição. Uma das questões que Moro evitou responder foi justamente relativa a essa “investigação” contra Greenwald. Moro ouviu mais de uma vez a pergunta se essa “investigação” de fato existia, se as movimentações financeiras do jornalista de fato estariam sendo devassadas. E, diante dessa pergunta, recusou-se a negar a informação. O pretexto apresentado na nota do Antagonista para a PF bisbilhotar as contas bancárias de Greenwald é “verificar qualquer movimentação atípica que possa estar relacionada à invasão dos celulares de integrantes da Lava Jato”. Ainda segundo a nota, o jornalista só seria “investigado se houver

algum indício de que tenha encomendado o serviço criminoso”. Isso não passa de uma desculpa muito ruim para empreender uma perseguição usando o aparato do Estado. Glenn Greenwald está sendo “investigado” pela PF sob o comando de Moro porque publicou matérias que desagradaram o ministro da Justiça. Matérias que confirmaram as denúncias de parcialidade contra Moro que a defesa de Lula e parte da esquerda sempre fizeram. Além disso, a atitude de Moro só reforça o caráter autoritário que trans-

parece nas conversas vazadas pelo Intercept. O ministro da Justiça mobiliza o aparato sob seu comando para perseguir alguém que o desagradou. Como tudo indica que fez durante o processo de Lula, quando comandou pessoalmente a Lava Jato, conforme mostram as conversas com Deltan Dallagnol, chefe da Lava Jato em Curitiba. A única suspeita plausível que recai sobre Greenwald é de jornalismo e de livre expressão. Isso bastou para que um governo ilegítimo e contestado passasse a tratá-lo como um crimino-

so, colocando sua polícia atrás de um jornalista para tentar montar alguma acusação contra ele. É preciso colocar-se contra essa perseguição ao jornalista do Intercept, que é mais uma ofensiva da direita golpista contra a liberdade de expressão e os direitos de toda a população. Essa perseguição revela o caráter ditatorial do governo de Jair Bolsonaro, e se esse governo puder se impor irá calar toda a oposição que ouse contestá-lo. É preciso impedir isso mobilizando-se contra o governo e denunciando essa ditadura que procura se consolidar.


4 | POLÊMICA

IMPRENSA BURGUESA

El País atribui ideologia a doença mental U

m artigo publicado pelo El País Brasil, assinado por Javier Salas, em janeiro desse ano, procura pretensamente vincular a política à neurociência ou à psicologia comportamental O que podemos dizer de início, ao ler o artigo, é que no que diz respeito à ciência natural e à psicologia, as considerações do artigo estão um pouco distantes de serem levadas a sério como ciência, e no que diz respeito à política, não passam de puro charlatanismo ultra-direitista. A tese do artigo é a de que as pessoas que têm ideias políticas “extremas” teriam alguma dificuldade, do ponto de vista psíquico, de admitir o erro. Sendo mais explícito o artigo diz, logo de cara que “radicais mostram dificuldades cognitivas para assumir o erro e têm maior confiança em seu julgamento”. O que ele chama de radicas ou extremistas teriam certas dificuldades cognitivas, ou seja, sem meias palavras a ideologia “radical” seria de algum modo um produto de doença mental. “Dada a crescente relevância dos movimentos políticos radicais, surgiram nos últimos anos novos estudos destacando o excesso de confiança que os mais radicais têm em sua própria opinião. Agora, alguns cientistas resolveram verificar se há algo mais dentro das cabeças mais fanáticas que as impede de sair de seus dogmas, independentemente da ideologia, da pressão social e do ego”, diz o artigo do El País.

O artigo apresenta alguns experimentos com “extremistas de esquerda e de direita” para “comprovar se essas pessoas sempre têm mais confiança em suas próprias opiniões ou se o problema é que têm dificuldade em perceber que se enganaram”. Não entraremos no detalhe do estudo do neurocientista da University College de Londres, pois o próprio artigo do El País apresenta a coisa de maneira superficial, provavelmente porque seja realmente um experimento não só artificial e anticientífico, como mais um caso de “ciência” usada para justificar uma política de direita. O El País, um jornal do imperialismo espanhol – para quem tem dúvidas basta uma olhada sobre a posição favorável ao golpe na Venezuela e contra a independência catalã – fez da sua versão brasileira um órgão para enga-

nar esquerdistas incautos, apresentando matérias peseudo progressistas e inclusive tentando dar palpites sobre a esquerda e os movimentos populares no Brasil Fez isso inclusive contratando alguns jovens jornalistas com ideias próximas ao do PSOl e da esquerda pequeno-burguesa em geral. Pois bem, esse jornal do imperialismo espanhol afirma que a ideologia política é produto de algum tipo de doença mental. Existe coincidência com o que os nazistas diziam? Total. As piores ditaduras procuravam eliminar seus inimigos políticos atribuindo-lhes determinados distúrbios. A direita brasileiro, por exemplo, cunhou a expressão “esquerdopata” que é uma maneira de afirmar que todo o esquerda é um doente. Assim, se o Estado não pode – por enquanto – simplesmente colocar todos os

seus inimigos na cadeia, basta inventar uma justificativa médica e enfiar o pessoal num manicômio. Essa ideia nazista de atribuir ideologia a problemas mentais serve também para desqualificar o argumento do outro. Afinal, se a pessoa tem problemas cognitivos, é melhor nem discutir, é melhor nem levar a sério. A tese “neurocientífica” para explicar a polarização política no mundo é reacionária, mas também extremamente rebaixada. Logicamente que a ideologia política é resultado da luta de classes, da situação social e econômica. Para a esquerda, esse tipo de interpretação tem dois lados perigosos. O primeiro é o que explicamos acima, é uma ideologia nazista criada para eliminar os inimigos políticos. O segundo é que ela serve para esconder as reais motivações políticas da direita e da extrema direita, sua origem social, sua política, suas causa econômicas. Esse foi um erro histórico da esquerda diante do fascismo: acreditar que era um fenômeno psíquico, uma “neurose de massas” ou coisas do gênero, o que impediu a esquerda de analisar e combater o fascismo corretamente. A ideologia do El País nesse artigo não é um fenômeno da neurociência, assim como não são nem e extrema esquerda nem a extrema direita. O El País reproduz a ideologia imperialista que está procurando conter a polarização política no mundo todo pois a entende como uma ameaça. E, para isso, está reproduzindo uma ideologia nazista, que só poderá resultar no fortalecimento da própria extrema-direita.

MILITARES

A ideologia nazista de Augusto Heleno E m dia de mais um fiasco do que resta de bolsonaristas no Brasil, dia 30 de junho, Augusto Heleno, que provavelmente está acostumado a ver todos os seres humanos como seus soldados, ao dirigir-se àqueles que pensam e agem diferente da extrema-direita que hoje está no poder, chamou os que se opõem aos golpistas de “esquerdopatas”. Como se sabe, “patia” é sufixo que se refere a algum distúrbio doentio. Então, para Heleno, todo aquele que segue ou adota pensamentos de esquerda é nada mais nada menos do que um doente. Esta é exatamente a mesma linha de pensamento dos nazistas que, à semelhança de Heleno, considerava os que não seguiam a sua ideologia direitista como “degenerados”, ou mesmo loucos, irrecuperáveis, enfim, para quem o único destino eram os campos de concentração. Não é de se estranhar que o Exército Brasileiro destes tempos golpistas não tenha vergonha nenhuma em condecorar um major nazista, considera pelos nossos generais como um “oficial brilhante”. Tão “brilhante” que já havia sido condecorado, em vida, por uma

outra autoridade, não brasileira mas alemã, de tempos idos: Adolf Hitler. Certamente o “brilho” macabro dos serviços prestados ao nazismo por Otto von Westernhagen, ultrapassam o tempo e seguem além do que fora então reconhecido pessoalmente, pelo próprio Führer. O empenho nazista do major alemão encontra lugar, nos dias atuais, no Estado proto-fascista brasileiro. Trata-se de uma mal disfarçada homenagem, do governo bolsonarista, ao próprio nazismo em si. Regime que certamente encontra grande admiração pela corja fascista que está hoje no Palácio do Planalto por meio da fraude e do golpe. A caracterização que Heleno dá à esquerda, por um lado, e a homenagem do Exército ao nazismo, por outro, demonstram claramente que, se estes fascistas que estão hoje no poder são capazes de não encontrarem uma crescente e explosiva reação popular, o que eles querem é simplesmente implantar no nosso país as mesmas estruturas fascistas organizadas na Alemanha de Hitler. Para a esquerda em geral – doentes que são – campos de concentração.

Para os mais cruéis fascistas, que melhor lamberem as botas dos novos “hitleres” em formação, condecorações e honrarias. O que os impede é que, no momento, estes fascistas do governo Bolsonaro sabem que não têm o mínimo apoio político para implantar o regime francamente fascista que têm em mente. A burguesia não cerrou fileiras, ainda, em uma firme decisão de conjunto pelo fascismo, frente à crescente reação popular. Por isso, os militares seguem a estratégia clássica de aproximação. Em lugar da ação direta, partem para uma campanha de propaganda fascista, buscando alimentar uma crescente simpatia por tudo aquilo que, há algum tempo, não teriam coragem de homenagear. Se esta propaganda indica a intenção e os sonhos dos fascistas no poder, para nós, tem que indicar a necessidade urgente de luta. E luta constante, aguerrida, radical, com vistas a uma crescente mobilização popular. A nossa luta tem que implantar na cabeça dos fascistas um receio claro e concreto de que uma explosão social de características revolucionárias possa fazer repetir no Brasil o que houve

nos países onde o fascismo foi vencido pelo povo. Que o fim de todo fascista será apenas e tão somente garantido por meio da força do povo organizado. Não podemos deixar a luta esmorecer neste momento. Qualquer vacilação poderá ser fatal contra o povo. Por isso, agora são todos juntos contra Bolsonaro, pela Liberdade de Lula e por eleições gerais já, com Lula candidato. Única maneira de afastarmos as sombras do projeto fascista de Augusto Heleno e seus pares da vida do povo brasileiro.


POLÊMICA | 5

A CRISE DO PO ARGENTINO

Um retrato da situação do trotskismo mundial O

que para muitos parecia impossível de acontecer está ocorrendo no tradicional Partido Obrero da Argentina: seu fundador e principal dirigente por décadas, por várias vezes candidato presidencial do Partido, Jorge Altamira, está sendo expulso (segundo o próprio) ou se retirando do PO (segunda a direção atual do Partido). O Comitê Nacional do Partido Obrero, da Argentina, divulgou Nota Oficial, no último dia 29, em que “considera que o grupo dirigido por Altamira resolveu romper com o Partido Obrero para formar sua própria organização“. Como assinala a própria Nota, a “consideração” não é resultado de uma decisão anunciada pelo ex-dirigente principal do PO, mas de uma interpretação da atual direção do Partido, segundo ela mesma reconhece no documento, diante “das resoluções votadas em uma ‘assembleia de militantes'”, que não teria sido anunciada aos organismos partidários, no qual Altamira e seu grupo, teriam resolvido “dar um passo fracional final e sem retorno, resolvendo que atuarão de modo público com suas próprias posições, dividindo a unidade de ação do Partido“. Em declarações públicas de Altamira e no documento divulgado com a assinatura outros ex-dirigentes do PO (Marcelo Ramal, Juan Ferro e Daniel Blanco, entre outros), no entanto, a versão apresentada é outra. Alegam ter o apoio de quase 800 militantes daquela organização e se reivindicam como uma “fração pública do Partido Obrero“. Segundo Altamira “há uma atitude inaudita da direção que afirma que eu saí Partido Obrero. É absurdo, não saí do PO, pelo contrário, intensifiquei a militância“, que também denuncia a “existência de uma grande quantidade de expulsões em todo o país“. Muito além de um enfrentamento burocrático Nos documentos publicados por ambas as partes e nas declarações à imprensa burguesa – sempre satisfeita em divulgar a divisão no interior de um partido de esquerda – ganham destaques as acusações de ambos os lados acerca da violação dos direitos democráticos dos militantes, da violação dos estatutos do Partido, da acusação de que a politica da outra ala enfraquece o Partido etc. Na coletiva de imprensa realizada pela direção do PO, no dia de ontem, destacou-se que foi “no mês de abril realizou-se o XXVI Congresso do Partido Obrero“e que a “orientação sustentada por Altamira e seu grupo não triunfou e que não foram eleitos para compor o Comité Central“. Acusaram, então que Altamira teria “decidido ignorar o Congresso: as campanhas e palavras-de-ordem aprovadas, a direção eleita, os organismos partidários etc. o que, segundo essa ala majoritária, ” equivale a desconhecer a vontade

dos milhares de militantes do PO“. Acusa ainda Altamira e seu grupo de alinharem-se ao kirchnerismo, por conta de que os mesmos, estariam defendendo “participar das eleições provinciais e nacionais com a palavra-de-ordem ‘Fuera Macri’“, o que segundo eles “colocaria o PO coletando votos para el kirchnerismo”. Altamira e seu grupo por sua vez, em seu documento “Por qué una fracción pública del Partido Obrero“, (de 11/06/19) depois de assinalarem que o “Partido Obrero atravessa uma crise política inquestionável” apontam que o “caráter desta crise está determinado pela tentativa explícita de romper a continuidade histórica do partido – ou seja seus princípios sua estratégia e seus métodos” destaca que “a expressão grotesca desta política é a proscrição política de Altamira no interior do partido; o estabelecimento de um comité de censura na imprensa [do partido]; a proibição de suas palestras sobre o Cordobaço (…;) a supressão de qualquer menção à su pessoa (….) para menosprezar que ele foi um dos principais organizadores da nossa intervenção nessa greve histórica, como ocorreu no Argentinaço. Se trata de expresiones grosseiras de una política que tiene un carácter de conjunto“. Acusam a direção de métodos burocráticos, de impedir o debate no interior do Partido e suposto eleitoralismo da direção do PO de participar das eleições tendo com objetivo apenas a busca de uma bancada no Congresso, o que é refutado pela direção como sendo uma “uma manobra que delata una reviravolta antieleitoral” PO: vítima de uma corrupção eleitoral A crise evidencia uma completa decomposição do Partido Obrero, com o explicito uso de métodos podres, antidemocráticos, tão comuns aos partidos burgueses e pequeno burgueses, inclusive da esquerda, maquinas eleitorais dominadas por suas direções e pelos seus patrocinadores. Nestas condições, com argumentos genéricos, Altamira e seu grupo – alguns dos quais há bem pouco integrantes destacados da direção do PO – não assumem qualquer responsabilidade. Apenas reivindicam um debate público, democrático, sem destacar

que isso nunca foi feito assim, dessa maneira. E que a política atual eleitoral do PO, de aliança com partidos da esquerda pequeno burguesa oportunistas, sem uma política de classe revolucionária, foi introduzida e defendida no Partido pelo próprio Altamira. É por demais evidente que o PO – que por muitas décadas buscou se construir sob a base de uma politica revolucionária, principia se opondo à orientação oportunista das correntes morenistas (dirigidas e/ou influenciadas por Nahuel Moreno, dirigente histórico do MAS argentino) foi vítima de uma corrupção eleitoral, resultado de uma politica equivocada de unidade da esquerda nas eleições, tendo objetivo principal e exclusivo, conquistar alguma vantagem eleitoral que permita promover ou eleger alguns dos seus dirigentes, num autêntico vale tudo eleitoral, tão comum na política burguesa e que a esquerda pequeno burguesa copia por todos os lados. Essa politica oportunista levou o PO, como fazem todos os partidos que adotam esta perspectiva estranha à perspectiva revolucionária do marxismo, a abandonar qualquer perspectiva classista e até mesmo a adotar a politica reacionária de buscar uma frente com a direita como se viu no alinhamento com a posição do imperialismo de apresentar como alvo principal os partidos e governos nacionalistas que a direita chamava a combater com suas campanhas “contra a corrupção”, usada como arma para derrubar tais governos por meio de golpes, pelas mais variadas vias, como se viu em quase toda a América Latina (Honduras, Paraguai, Brasil, Equador, Argentina etc.) e em outros continentes (Ucrânia, Egito etc.). Para os defensores dessa política (como o PSTU e o PSOL, no Brasil), o PT de Lula e Dilma, seria a mesma coisa que o PSDB e o DEM; os Kirchner`s seriam a mesma coisa que Macri, ou até piores, diante do que esses setores, deixando de lado a politica tradicional do marxismo, adotaram a politica de defender o “fora todos” e até de afirmarem que a derrubada dos governos da esquerda burguesa que chegaram ao poder no começo desse século, como parte da gigantesca crise do neoliberalismo, seriam o caminho para vitória o avanço da esquerda eleitoralmente ou até da revolução.

Diante do golpe de Estado Essa política fez com que todos esses partidos morenistas e também o PO, que os acompanhou não se levantasse contra os golpes de Estados orquestrados pelos imperialismo no Brasil, na Argentina etc. Altamira que conduziu essa política, junto com parte da direção atual, agora, diz que a esquerda argentina faz a mesma coisa que a esquerda brasileira (obviamente ocupando a posição revolucionaria e única do PCO), que não se opôs ao golpe. Critica a direção do seu Partido e toda a esquerda por não ter se oposto ao golpe e não ter defendido o “Fora Macri”. Busca fazer uma revisão da política anterior de se aproximar da direita contra kichernirismo, sem assumir qualquer responsabilidade sobre a política anterior e seu caráter reacionário, antitrotkista, contra-revolucionária. Isso quando ele mesmo endossou essa política reacionária como nos artigos “Lula é vítima de sua própria política” e “Sem Lula é fraude”, nos quais repete a tese defendida pela esquerda pequeno burguesa argentina brasileira de que o PT e Lula são os principais responsáveis pela derrubada do governo Dilma e mesmo pela condenação do ex-presidente pelos juízes burgueses. Como escreveu-se aqui nesse Diário, ” a máxima altamirista é que a culpa é da própria vitima“. (continuaremos).


6 | POLÍTICA

INTERESSES DOS CAPITALISTAS

ATAQUES

Crise na reforma da previdência Nenhuma reforma da previdência: repor os direitos dos trabalhadores evidencia a crise do governo O A imperialismo decidiu impor Jair Bolsonaro à população brasileira na Presidência da República para que uma agenda em defesa dos interesses dos capitalistas fosse levada adiante. Um dos componentes dessa agenda é a reforma da Previdência, que consiste basicamente na destruição de um direito trabalhista fundamental, que é o da aposentadoria, para que os bancos aumentem seus lucros. Apesar de a reforma da Previdência ser um dos principais objetivos do imperialismo desde que foi dado o golpe de Estado em 2016, houve muito pouco avanço nessa questão desde então. Em seis meses de governo Bolsonaro, não há nenhum sinal de que a reforma da Previdência será enfim aprovada no Congresso. O texto da reforma já foi alterado inúmeras vezes. Setores como as Forças Armadas, por exemplo, foram poupados da reforma da Previdência, na medida em que conseguiram se impor dentro do regime político. Por meio de emendas parlamentares, Bolsonaro tentou comprar e chantagear o Congresso para que a reforma da Previdência fosse aprova-

da. O governo chegou a oferecer R$ 40 milhões para cada parlamentar, mas, mesmo assim, ainda não conseguiu ter a reforma aprovada. Recentemente, alguns eventos expuseram ainda mais a crise em que se encontra a reforma da Previdência. Bolsonaro declarou que precisará do apoio dos governadores do Nordeste, que são filiados, em maioria, a partidos de esquerda, para que a reforma da Previdência tivesse êxito. Tal declaração mostra o desespero em que se encontram os golpistas: afinal, Bolsonaro, em seu discurso de posse, declarou guerra aos “comunistas”. Já os policias, que constituem uma parte fundamental da base bolsonarista, rejeitaram a proposta de reforma da Previdência do governo, isolando ainda mais o presidente golpista. A crise da reforma da Previdência é expressão da crise do governo Bolsonaro. É preciso aproveitar esse momento para mobilizar os trabalhadores pela derrubada do regime político, antes que a burguesia consiga se reorganizar e partir para uma ofensiva contra toda a população. Fora Bolsonaro e todos os golpistas! Abaixo a reforma da Previdência!

imprensa golpista e a burguesia vem propagandeando sobre a necessidade da reforma da previdência para salvar a economia nacional. Afirmam que há uma déficit bilionário e se continuar dessa maneira não existe a garantia que as futuras gerações também tenham esse direito a previdência social. Poucas pessoas, principalmente da classe operária, acreditam nessa versão fantasiosa da burguesia. Mas, o que chama a atenção é que alguns setores da esquerda principalmente no parlamento, propagandeiam essa versão mentirosa dos golpistas e defendem a necessidade de uma reforma menos “agressiva”. Nem precisamos discutir neste artigo os números que provariam que a previdência social seria superavitária, mas os argumento de que não se deve realizar nenhum tipo de reforma e ainda reaver direitos conquistados dos trabalhadores que foram retirados durante anos pela burguesia. Em primeiro lugar, deve-se lutar pelo direito ao salário mínimo vital para garantir uma vida adequada para os trabalhadores e seus familiares, e não um salário mínimo de fome que mal dá para sobreviver. Segundo os dados

Dieese (Departamento Intersindical de Estatísticas e Estudos Socioeconômicos) seria de R$ 3.960,57 para garantir o desenvolvimento de uma família. A pauta tem que ser a reposição dos direitos dos trabalhadores atacados pela direita após o golpe. Um dos mais atacados é o direito de greve que hoje, na prática, não existe mais. Nas greves o judiciário obriga a categoria a ter um efetivo mínimo trabalhando e caso não seja cumprido são multados em valores exorbitantes. O que se está vendo também é a demissão de trabalhadores grevistas realizada pelos patrões e bolsonaristas nas empresas. Outro ponto são os ataques a legislação trabalhista e aos sindicatos. É necessário exigir o fim da reforma trabalhista e dos ataques aos sindicatos. Na crise, fica evidente de redução da jornada de trabalho sem redução dos salários para que todos trabalhem. Os trabalhadores já são extremamente explorados e não devem pagar pela crise para salvar os capitalistas. Em vez de reformas que atacam os trabalhadores, a esquerda deve se colocar pela ampliação e reconquista dos direitos dos trabalhadores.

DEPOIMENTO DE MORO NA CCJ

Crise se encontra em uma situação explosiva

O

depoimento de Moro na Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) expôs a situação explosiva que vive o país. Em diversos momentos, os bate-bocas entre os deputados de esquerda e os golpistas interrompeu a sessão. De um lado, a direita canalha procurando lamber as botas de Moro para dar força ao ex-juiz, diante do desmoronamento total. De um outro, a esquerda, que apesar dos limites parlamentares, demonstrou-se bem mais ofensiva que em momentos anteriores. Foi a expressão da polarização política. Em diversas falas, as denúncias contra a Lava Jato foram intensas, inclusive chamando Dallagnol de cretino, e Moro de corrupto safado. Já os salafrários da direita mostraram de-

sespero e intensificaram a campanha cínica da moralidade e da luta contra a corrupção, mesmo em meio à crise da operação golpista. O clima no CCJ era insustentável. De forma correta, apesar de ainda muito moderada, a esquerda procurou provocar o ministro da justiça de Bolsonaro. E Moro procurou se esquivar de todas as perguntas, com declarações enroladas e mal formuladas, como coisas do tipo “eu não fiz, e se fiz, não tinha nada de errado”. O clima levou Moro a fugir da câmara de deputados, aos gritos de “fujão” e “ladrão”. A sessão na CCJ da câmara mostra o quanto a crise da Lava Jato e do governo Bolsonaro são intensas. A situação está ficando insustentável, apesar de todas as manobras da direita para

tentar levantar o ex-juiz. Agora, mostrando desespero total dos golpistas, os generais das Forças Armadas estão partindo para uma política mais fascista, como revelou a recente homenagem do exército a um militar nazista e o O depoimento de Moro na Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) expôs a situação explosiva que vive o país. Em diversos momentos, os bate-bocas entre os deputados de esquerda e os golpistas interrompeu a sessão. De um lado, a direita canalha procurando lamber as botas de Moro para dar força ao ex-juiz, diante do desmoronamento total. De um outro, a esquerda, que apesar dos limites parlamentares, demonstrou-se bem mais ofensiva que em momentos anteriores.

Foi a expressão da polarização política. Em diversas falas, as denúncias contra a Lava Jato foram intensas, inclusive chamando Dallagnol de cretino, e Moro de corrupto safado. Já os salafrários da direita mostraram desespero e intensificaram a campanha cínica da moralidade e da luta contra a corrupção, mesmo em meio à crise da operação golpista. O clima no CCJ era insustentável. De forma correta, apesar de ainda muito moderada, a esquerda procurou provocar o ministro da justiça de Bolsonaro. E Moro procurou se esquivar de todas as perguntas, com declarações enroladas e mal formuladas, como coisas do tipo “eu não fiz, e se fiz, não tinha nada de errado”. O clima levou Moro a fugir da câmara de deputados, aos gritos de “fujão” e “ladrão”. A sessão na CCJ da câmara mostra o quanto a crise da Lava Jato e do governo Bolsonaro são intensas. A situação está ficando insustentável, apesar de todas as manobras da direita para tentar levantar o ex-juiz. Agora, mostrando desespero total dos golpistas, os generais das Forças Armadas estão partindo para uma política mais fascista, como revelou a recente homenagem do exército a um militar nazista e o discurso do general Augusto Heleno no ato em defesa de Moro em Brasília. Assim como também a perseguição política exercida por Moro contra o jornalista Glenn Greenwald, editor do The Intercept, que divulgou os crimes de Moro e da Lava Jato.


POLÍTICA | 7

MANIFESTAÇÃO

Agentes de segurança chamam Bolsonaro de traidor

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a última terça-feira (02), um grupo de agentes de segurança realizou uma manifestação no Salão Verde da Câmara dos Deputados contra o governo Bolsonaro. Aos gritos de “Bolsonaro traidor”, os policiais protestavam contra a mudança das regras referentes à categoria dos agentes subordinados à União no texto da reforma da previdência. Eles também seriam afetados pela reforma, que visa simplesmente exterminar o direito da aposentadoria para os trabalhadores. De acordo com a imprensa burguesa, após o protesto Bolsonaro voltou atrás e iniciou conversações com deputados para aliviar a mudança das regras para os policiais civis e federais. Eles são uma parte da base de apoio do bolsonarismo, que votou em Bolsonaro e participou do movimento de extrema-direita. De fato, é justamente dos setores da repressão de onde surgem os principais elementos que

constituem a base do fascismo, historicamente. No entanto, com o total desastre que é o governo Bolsonaro, a sua própria base social vem se desagregando. Isso é perceptível nos coxinhatos, esvaziados, porque, por um lado, a burguesia está dividida e não coloca mais tanto dinheiro em sua promoção, e, por outro lado, a pequena-burguesia também está vendo seus direitos e padrão de vida atingidos pela política de devastação do governo ilegítimo. O racha absurdo que ocorre na base de Bolsonaro evidencia que ele é um presidente totalmente impopular, ao contrário do que tenta difundir a imprensa capitalista. Até mesmo os antigos eleitores do fascista já começa a reivindicar o Fora Bolsonaro. A esquerda deve organizar essa insatisfação popular e unificá-la em uma proposta clara: Fora Bolsonaro e Eleições Gerais Já, com Lula livre porque sua prisão é ilegal.

TODOS OS DIAS ÀS 9H,30 NA CAUSA OPERÁRIA TV


8 | ESPORTES

ESPORTES

Bolsonaro recebe vaia histórica em estádio de novo, agora no Mineirão

O

s golpistas sempre terão poucos momentos de paz diante da população ciente e vítima das consequências do Golpe. Foi assim com Michel Temer, que mais de uma vez foi vaiado em grandes eventos, sendo importante lembrar que ainda em 2016 recebeu sonoras vais na abertura dos Jogos Olímpicos. Com Bolsonaro não poderia ser diferente. Faz poucos dias o presidente fascista foi vaiado em jogo no estádio Mané Garrincha, em Brasília (12/06), quando levou a tiracolo o ex-juiz Sérgio Moro que já havia sido desnudado com publicações de mensagens que trocara com o procurador Dallagnol, da Lava Jato. No dia 02 de julho, no Mineirão, no jogo do Brasil x Argentina, apesar de algum afago e gritos de apoio por parte da torcida do Brasil – lembrando que o público dos jogos da Copa América têm poder aquisitivo alto, considerando o alto custo dos ingressos -,Jair Bolsonaro e sua comitiva foram mais

uma vez intensamente vaiados. Por mais que a mídia burguesa tente blindar o presidente de extrema-direita, não conseguirá torná-lo popular, nem garantir-lhe apoio daqueles que são vítimas da política entreguista, que continua destruindo direitos e colaborando para o aumento do desemprego e a falta de perspectiva quanto ao futuro. O fato é que Bolsonaro é impopular, mesmo dentro de setores da classe média, e as vaias no Mineirão deixam isso bem claro. A perda acelerada do pouco apoio efetivo que parecia ter indica que, de fato, como já analisamos aqui no Diário da Causa Operária, o apoio sempre foi pequeno, circunstancial. Por esse motivo, não há razão para que as esquerdas não assumam de vez o Fora Bolsonaro, que as vaias tão bem representam. Mais que isso, um governo com seis meses de existência ser tão mal avaliado e seu presidente tão execrado,

tão mal visto dentro e fora do país, em meio a uma crise que aumenta de forma vertiginosa, mostra que o Golpe de 2016 chegou ao seu limite de sustentação. A esquerda não pode capitular e tentar salvar o governo da fraude. Com a economia indo para o buraco, sem qualquer expectativa de retomada no curto ou médio prazo, com o

nível de desemprego mais elevado de que a população tenha na memória, violência exacerbada, ministros atabalhoados, ignorantes, censura e ameaças a cada vez que um representante do Executivo abra a boca, isso tudo não deveria deixar ninguém em dúvida sobre como agir com o governo de extrema-direita.

Domingo: mutirão para libertar Lula e final da Copa América nos CCBPs

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o próximo domingo os filiados do Partido da Causa Operária, militantes, simpatizantes e familiares estão convocados para assistirem e torcerem juntos pela Seleção Brasileira, que joga na final da Copa América. O jogo será transmitido pela televisão às 17h. Todas as sedes do PCO em todos os estados, em todas as cidades, terão algum tipo atividade de confraternização, com comes e bebes, para torcermos juntos pelo Brasil, como sempre fizemos. Verifique no CCBP ou com os coordenadores do PCO de sua cidade qual é a programação decidida localmente e qual deve ser a sua forma de contribuição para o sucesso da reunião. Em São Paulo, já ficou decidido que o mutirão, que normalmente é realizado aos domingos à tarde, excepcionalmente nesse domingo, acontecerá pela manhã. Porque à tarde, está todo mundo convocado para o CCBP para assistir a final da Copa América com a seleção brasileira e churrascão.

Todos os domingos às 20h30 na Causa Operária TV www.youtube.com/CausaOperariaTV


POLÍTICA E ECONOMIA | 9

BOLSONARO

Como conciliar o sionismo e o nazismo? D

urante a campanha eleitoral no ano passado, Jair Bolsonaro fez uma campanha demagógica em torno de uma aproximação com Israel. O então presidente da Federação Israelita do Rio de Janeiro (Fierj), Ary Bergher, era um bolsonarista entusiasmado. Também no Rio de Janeiro, foi na Hebraica que Bolsonaro fez o famoso discurso contra os quilombolas referindo-se ao peso deles em “arrobas”. Era um evento de sua campanha, com apoio de figuras sionistas. Trata-se de uma demagogia direitista que tem o fim de apelar aos sentimentos religiosos de setores evangélicos. Bolsonaro chegou, também, a ser batizado em Israel, nas águas do Rio Jordão. Em março, Bolsonaro fez uma visita oficial a Israel. E durante sua posse, foi prestigiado com a presença do primeiro-ministro de Israel, Benjamin Netanyahu, primeiro mandatário israelense a vir em uma posse presidencial no Brasil. Por ocasião da tragédia em Brumadinho, com o rompimento

da barragem, Bolsonaro trouxe militares israelenses para ajudar no resgate das vítimas, uma ação desnecessária usada pelos dois governos para fazer propaganda. Esses são alguns dos vários exemplos da demagogia bolsonarista em torno do sionismo.

Na última segunda-feira (1º), porém, o Exército Brasileiro comprometeu essa campanha demagógica de Bolsonaro. Os militares compõem o governo com uma ampla participação no ministério. E em sua conta oficial no Twitter, o Exército Brasileiro homenageou

um soldado nazista que lutou durante a Segunda Guerra Mundial na frente oriental, o Major Otto. O texto publicado no sítio do Exército descrevia Otto como uma vítima das “prisões totalitárias soviéticas” e vítima da guerrilha no Brasil, que o assassinou no final dos anos 60. Essa homenagem a um soldado nazista entra em contradição com a demagogia que vinha sendo feita junto aos sionistas para agradar evangélicos. Afinal, os judeus foram grandes vítimas dos nazistas, com 6 milhões de mortos, exterminados nos campos de concentração planejados para pelos nazistas para um extermínio executado em escala industrial. Como conciliar essa homenagem a um nazista, quando os nazistas foram os algozes dos judeus, e a demagogia com os judeus sionistas? A mesma Fierj divulgou, inclusive, uma nota de repúdio na terça-feira (2), condenando a homenagem feita pelo Exército.

ECONOMIA LADEIRA ABAIXO

Setor de serviços tem 3ª queda consecutiva

O

Índice de Gerentes de Compra (PMI, na sigla em inglês) divulgado nessa última quarta-feira registrou em junho, pelo terceiro mês consecutivo, retração na atividade do setor de serviços no Brasil, em decorrência de uma nova queda no número de encomendas feitas às insdústrias. O indicador é elaborado pela empresa internacional de pesquisas Markit Economics e tem como parâmetros: emprego, prazo de entrega dos fornecedores e estoque de insumos. De acordo com a metodologia da pesquisa, índices em 50% não indicam alteração. Abaixo de 50% representam retração no setor de serviços e acima disso, expansão. No caso do Brasil, em abril a média ficou em 50,6%, contra 53,1 % em março. Maio e junho, atingiram a marca de 48,4% e 49%, respectivamente.

O resultado do PMI brasileiro reafirma uma outra pesquisa divulgada em maio pelo IBGE, também sobre o setor de serviços, que apontava uma queda no primeiro trimestre de 2019 (janeiro a março) de 1,7%, com relação ao mesmo período do ano passado. Se for considerado apenas o mês de março, a queda foi de 2,3% com relação ao mesmo período do ano anterior, só superada pela queda de 3,8% ocorrida em maio de 2018, muito impactada pela greve do caminhoneiros. Quais as consequências efetivas expressas nessa salada de números? Uma primeira questão essencial é que reforça a queda do Produto Interno Bruto (PIB) do país. No primeiro trimestre do ano a retração do PIB foi de 0,2% com relação ao mesmo período do ano passado. Para o ano de 2019,

pela 18a vez consecutiva, relatório da Focus, feito a partir de pesquisa com mais de 100 instituições financeiras, a previsão do PIB para 2019 diminuiu mais uma vez, agora apontando um crescimento insignificante de 0,85% e o Banco Central já trabalha com a taxa de 0,8%. Ou seja, as estimativas cada vez menores de crescimento para o PIB em 2019 apontam cada vez mais para um crescimento zero e mesmo negativo. Uma segunda questão que decorre dos números apresentados é a de que a economia brasileira caminha a passos largos rumo a uma depressão. Uma consequência que já é da maior gravidade e vai se intensificar em grande medida é o desemprego. Segundo dados oficiais, o setor de serviços responde por mais de 60% do PIB e por 68% do emprego, aí compreendido,

também, o setor informal da economia. De acordo com dados do IBGE do início desse ano, com base no ano de 2018, 1 a cada 4 brasileiros fazem parte da economia informal, sendo que os empregados informais no setor privado atingem a marca de 11,2 milhões, contra 23,3 milhões de pessoas trabalhando por conta própria. Em conjunto, os trabalhadores informais já superam os dos trabalhadores com carteira assinada, 34,5 e 32,9 milhões, respectivamente. A queda contínua dos indicadores econômicos do setor de serviços, aliado a queda da produção industrial terão como único resultado o aumento do desemprego (hoje, já atinge mais de 13 milhões de pessoas).. O desmonte da economia nacional está intimamente ligada ao golpe de Estado no País. Sem desconsiderar a crise econômica mundial, que faz retroceder as condições de vida de amplas massas pelo mundo, a política deliberada da burguesia em promover intencionalmente a desbarrancada da economia para minar o governo de Dilma Rousseff agravou em muito a crise econômica no país. Posteriormente ao golpe, o governo de Temer e agora o de Bolsonaro vão no sentido de levar as últimas consequências a política de desmonte para favorecer o grande capital imperialista. Salvo uma parcela da economia que gira em torno do agronegócio e que está voltada, no fundamental, para a exportação de produtos da agricultura e da pecuária, e por isso é atingida apenas parcialmente pela crise, tanto a indústria como o setor de serviços já entraram em uma espiral recessiva, o que agravará sobremaneira a crise econômica e política brasileira.


10 | INTERNACIONAL

IMPERIALISMO

Os países oprimidos têm o direito de desenvolver armas nucleares O

s EUA têm pressionado de maneira brutal a República Islâmica do Irã nos últimos meses, mais especificamente desde a chegada de Donald Trump ao governo. O principal foco de ataques é o programa nuclear iraniano. Trump retirou seu país do pacto assinado em 2015 por Barack Obama com a nação persa e os países da União Europeia, além de Rússia e China. A desculpa foi, como sempre, supostas violações do acordo por parte do Irã. Mas a verdade é que a política do imperialismo é a agressão total contra os países oprimidos, a fim de asfixiá-los e derrubar os governos nacionalistas para pilhar suas economias e seus recursos naturais. Por isso também os EUA têm impulsionado um bloqueio econômico para impedir o comércio petrolífero do Irã, a fim de sufocar sua economia, uma vez que o petróleo é o principal produto de exportação do país. O Irã, que mantém fortes contradições com o imperialismo desde a Revolução de 1979, anunciou que a partir do próximo dia 7 irá enriquecer o urânio acima de 3,67%, que é o limite máximo estabelecido no acordo. Esse acordo, embora o Irã tivesse aceitado e os EUA saído, é um acordo sem nenhum benefício prático para Teerã, porque limita a sua soberania ao impedir que enriqueça o urânio para o desenvolvimento científico e tecnológico ou mesmo militar, enquanto que a sua única garantia é não sofrer mais sanções dos países imperialistas. Um dos principais temores do imperialismo é que o Irã consiga enriquecer o urânio a um nível superior a 90% – o que, segundo a imprensa capitalista, há possibilidade de ocorrer. Esse nível já permite a sua utilização para a produção de armas nucleares. Caso semelhante é a pressão exercida pelos Estados Unidos contra a Rússia, com a diferença de que esta já possui armas nucleares desde os tempos da União Soviética. Ontem (03), o presidente Vladimir Putin anunciou a saída oficial de Moscou do Tratado de Não-Proliferação de Armas Nucleares, assinado por Ronald Reagan e Mikhail Gorbatchev em 1987. Putin saiu do acordo porque os EUA acusam a Rússia de desrespeitá-lo e,

assim, Washington tem utilizado essa desculpa para aumentar a pressão militar e econômica contra o país eurasiático. Rússia e EUA se acusam mutuamente de violarem o acordo, mas ao se verificar a quantidade de armas nucleares de alcance médio que cada um possui, os EUA, como um país imperialismo, têm um poderio muito maior e um potencial também maior para desenvolvê-las devido ao seu poder econômico. A Rússia, desde a Revolução de 1917, é o país que mais sofre as ameaças do imperialismo, particularmente o norte-americano. E essas ameaças sempre estiveram presentes na área militar. A Guerra Fria nada mais foi do que um cerco gigantesco do imperialismo para destruir o Estado Operário, incluindo a possibilidade de devastação nuclear. Foi justamente por esse motivo que os soviéticos também desenvolveram armas atômicas (é preciso lembrar que os EUA foram os primeiros a desenvolverem, em 1945, e a URSS foi a segunda nação, em 1953). Ou seja, a URSS desenvolveu poderio nuclear para se proteger de um iminente ataque que sofreria dos EUA que, após a Segunda Guerra Mundial,

iniciou uma campanha feroz contra os processos revolucionários no mundo todo e contra os Estados que eram fruto de revoluções socialistas, como a URSS, mesmo sob o domínio stalinista. A União Soviética só não foi devastada do mapa porque conseguiu produzir armas nucleares para a sua defesa. O mesmo vale para a China, que conseguiu a tecnologia nuclear poucos anos depois da Revolução de 1949. Atualmente, o maior exemplo é a Coreia do Norte. O país sempre sofreu um bloqueio violento do imperialismo, a ponto de ver sua população sofrer problemas de saúde e alimentares porque não podia fazer comércio com nenhuma outra nação, especificamente na década de 1990. Foi justamente a partir daí que a Coreia iniciou a produção de armas nucleares, sabendo que a qualquer momento poderia ser atacada pelos EUA, que tinham arsenal nuclear posicionado na Coreia do Sul e ainda hoje mantêm bases militares na fronteira com o Norte. Finalmente, mesmo após grandes tensões nos últimos anos, a destruição nuclear da Coreia não passou de ameaças dos EUA, justamente porque o país asiático comprovou o pleno desenvolvimento de seu poderio nu-

clear e ameaçou de retaliar na mesma moeda caso os EUA o atacassem. Todos esses exemplos demonstram que a política de impedimento de produção de armas nucleares por parte dos países imperialistas contra os países atrasados é uma demagogia. As potências podem ter armas nucleares para oprimir os países atrasados, mas os países atrasados não podem tê-las para se protegerem. Isso facilita o domínio colonial contra os países atrasados, que detêm importantes riquezas naturais (como o petróleo). São inúmeros os episódios de invasões militares, principalmente dos EUA, contra esses países, para saquear seus recursos. Em muitos casos, os países invadidos chegaram a ter programas nucleares (como Iraque e Líbia) mas cederam a acordos fraudulentos com o imperialismo acreditando que, assim, seriam poupados. As armas nucleares são uma garantia de mínima soberania e independência dos países oprimidos. Todos os países vítimas da opressão imperialista devem ter o direito de desenvolver capacidade nuclear, a fim de assegurar que os grandes monopólios imperialistas não escravizem o que sobrou de seu povo após uma invasão militar.


INTERNACIONAL | 11

GUARDA IRANIANA

“EUA temem a guerra, por isso fazem cerco econômico” O

comandante da Guarda Revolucionária iraniana, Hossein Salami, afirmou nesta quarta-feira (3/7) que os EUA estão receosos de declarar guerra contra o Iran, preferindo por isso o uso de sanções econômicas como estratégia. Segundo ele, o Iran fechou completamente o caminho para uma invasão armada, forçando os americanos a tentarem uma “guerra econômica”. Desde o ano passado, Donald Trump renovou uma sanção que impede o mundo de comprar petróleo iraniano. Nos últimos dois meses, a propaganda americana acusa o governo iraniano de atacar seis petroleiros no Golfo Pérsico. E o mais recente incômodo ocorreu quando os iranianos abateram um drone militar norte-americano que sobrevoava seu espaço aéreo. A estratégia inicial imperialista poderia ser forçar um con-

flito, mas foi abortada pela resposta iraniana de atacar um alvo não-tripulado. O porta-voz do Presidente iraniano alertou Trump por tweetar sobre os perigos de manter uma ofensiva contra o país: “Nós impedimos a reeleição de um presidente no passado [Jimmy Carter]. Podemos fazer isso novamente.” Além disso, o Presidente Hassan Rouhani também avisou à imprensa que o Iran pretende aumentar os níveis de enriquecimento de urânio “o quanto for necessário”, se as sanções econômicas continuarem, e pode inclusive dar continuidade ao projeto de enriquecimento de plutônio. Fazendo isso, o governo espera estimular os países signatários do tratado nuclear para pressionarem pelo fim das sanções americanas ao petróleo persa.

EUA PODEM TUDO

CAMPOS DE CONCENTRAÇÃO

Militar mata prisioneiro no Iraque e é absolvido

Agentes de fonteira dos EUA fazem piadas sobre imigrantes mortos

O

E

dward Gallagher é um oficial de elite da marinha norte-americana. No uniforme, exibe condecorações acumuladas ao longo de 40 anos, inclusive participação no Afeganistão e Iraque. Condecorações são dadas para premiar a conduta do soldado, e Gallagher exemplifica qual é o tipo de conduta que merece homenagem. O oficial responde a processos por sete crimes de guerra, inclusive ter esfaqueado até a morte um adolescente iraquiano que era prisioneiro em sua custódia. A corte marcial o absolveu, considerando paga uma pena menor, de quatro meses, por ter posado ao lado da foto da vítima. Gallagher

foi denunciado por seus colegas, e acusa-os de formarem complô para incriminá-lo. É preciso não alimentar ilusões a este respeito, também. Tanto os oficiais como as cortes militares são movidos por interesses políticos e podem conspirar contra seus pares. Mas o fato permanace: um prisioneiro iraquiano em custódia dos EUA foi morto, o que constitui crime de guerra, de maneira brutal e deliberada, e a investigação não encontra responsáveis, dando clara mensagem de que os militares não precisam se preocupar com os limites na violência que despejam sobre os países que invadem.

site americano Propublica mostrou membros de um grupo secreto do Facebook, que reúne agentes da patrulha de fronteira dos Estados Unidos, fazendo piadas sobre a morte de imigrantes. O grupo, composto por policiais da ativa e aposentados satirizou sexualmente as deputadas democratas Alexandria Ocasio-Cortez e Veronica Escobar (ambas descendentes de latinos) sobre planejarem visitar um centro de detenção onde imigrantes que cruzam ilegalmente a fronteira são mantidos. Cortez já classificou esses abrigos como campos de concentração nazistas. Comentou a notícia da morte de um imigrante de 16 anos da Guatemala com memes, expressando indiferença ao ocorrido. Outras falas dos policiais incluem: “alguém deveria atirar um burrito nessas vadias”, “deixe que ela abrace todas as crianças gripadas e com catapora!“, “os policiais no local deveriam usar etiquetas de identificação que mostrassem seus nomes como ‘nazista’.” Uma montagem no grupo mostra o presidente americano, Donald Trump, sentado forçando a cabeça de Ocasio-Cortez em direção a sua virilha. Em outro post, a foto de pai e filha que se afogaram tentando cruzar o rio Grande é questionada: “Tudo bem, eu vou ter que perguntar. Vocês já viram flutuadores tão limpos assim? Não quero ser babaca, mas eu nunca vi flutuadores desse jeito, pode ser outra foto editada…” A imagem chocou os Estados Unidos e levou vários parlamentares a aumentar as críticas contra a política de Trump sobre os imigrantes. Segundo o site americano, o grupo foi criado em agosto de 2016 e é

chamado de “Eu sou 10-15”, uma referência ao código policial usado para “estrangeiros sob custódia”. Ainda segundo o site, o texto que descreve o grupo sobre o trabalho da patrulha afirma que a página é para discussões “engraçadas e sérias”. O deputado democrata Joaquin Castro, do Texas, líder da bancada hispânica, afirmou que as mensagens “confirmam algumas das piores críticas feitas à patrulha de fronteira”. “Claramente, esses são agentes que estão insensíveis ao ponto de serem perigosos para imigrantes”, disse ele. Somadas às denúncias de tratamento precário a crianças imigrantes em um posto superlotado da fronteira do Texas, este cenário levou ao pedido de demissão, na semana passada, o responsável pela agência de fronteiras do governo dos EUA. A chegada de imigrantes sem documentos à fronteira sul dos Estados Unidos aumentou 144% em relação a 2018, resultando em 664 mil pessoas detidas. Esse tratamento desumano ao estilo nazista é estimulado pelo governo Trump. É assim que o imperialismo trata os povos que eles oprimem, dentro e fora de seus próprios países. É a esse governo que Bolsonaro se submete e pra o qual entrega o país.


12 | POLÍTICA

APOSENTADO VAI RECEBER MENOS PELO INSS

“Reforma” favorece os bancos M

ais uma versão do relatório da reforma da Previdência foi apresentado, nesta terça-feira (2), e não importa o quanto façam comissões e discussões na câmara, o objetivo é sempre o mesmo: fazer os mais pobres trabalharem mais e receberem menos, além de deixar desamparados os que necessitam do seguro social. O mais novos cálculos propostos no texto da comissão especial da reforma da Previdência, vão levar em consideração todas as contribuições realizadas desde julho de 1994, e não mais descartando as 20% menores, prejudicando os trabalhadores que receberam salários mais baixos em algum momento, podendo chegar a uma perda de até 18% no valor da aposentadoria. Para alcançar a aposentadoria integral ficará bem mais complicado com o fim das regras por idade, sendo apenas possível chegar no valor total da média salarial com 40 anos de contribuição, sendo oferecida ao segurado

60% da média salarial aos 20 anos de contribuição. A idade mínima também mudará, só sendo possível aposentar-se com 62 anos para mulheres e 65 anos para homens, sendo exigido juntamente os 20 anos de contribuição. Nenhum benefício escapou das mãos dos golpistas, graças à proposta do deputado do PSDB Samuel Moreira, relator da reforma, a pensão por morte poderá ficar abaixo do valor do salário mínimo, que antes era garantido à viúva que não tivesse outra fonte de renda. Se a reforma for aprovada a nova regra da pensão valerá para todo o conjunto dos beneficiários, ou seja se algum dependente tiver renda, a família poderá receber menos de um salário mínimo. Sem contar que a pensão passaria a ser por cotas, a viúva receberia 60%, acrescido de para cada filho. As propostas vão mudando, mas só em alguns pontos, pois todas elas foram feitas para roubar a aposentadoria e demais benefícios dos que mais necessitam, dificultando cada vez mais

o acesso para forçar o trabalhador a fazer planos de previdência privada vendidos pelos grandes bancos, patrocinadores da reforma. Apesar de uma parte da esquerda se dizer a favor de alguma reforma da Previdência, pois a situação estaria insustentável, nenhuma proposta apresentada teve qualquer benefício para

o trabalhador, nem chegou perto de tentar “acabar com os privilégios”, sem contar que a justifica do rombo nas contas públicas é um mentira para impor a reforma a todo custo. Qualquer projeto deve ser rechaçado e o governo golpista de Bolsonaro derrubado antes que aprove mais essa atrocidade contra o povo brasileiro.

DORIA AMEAÇA

FORA BOLSONARO

Sem incluir Estados, haverá nova reforma da Previdência N

Bolsonaro mentiu e agora vai privatizar sistema elétrico D

a terça-feira (2), durante a apresentação do texto final do relatório da reforma da Previdência apresentado pelo deputado federal Samuel Moreira (PSDB-SP), na comissão especial da Câmara que discute esta reforma, o psdbista João Doria, governador de São Paulo, publicou em seu twitter: “O relatório da Comissão Especial da Nova Previdência está sendo lido agora. Momento importante e decisivo p/ o BR. Estamos confiantes na sua aprovação. Fundamental reincluir na proposta estados e municípios. A reforma deve ser completa e não parcial p/ ser definitiva e duradoura”, escreveu. Na terça-feira da semana passada (25), Doria havia dito ao blog da repórter da TV Globo e da GloboNews Andréia Sadi que pretende “trabalhar até o fim” para que sejam incluídos novamente os municípios e Estados na proposta da reforma da Previdência discutida pela comissão especial da Câmara dos Deputados. De acordo com Doria, o governador direitista e inimigo dos trabalhadores, sem esta inclusão, Jair precisará “duelar” com o Congresso caso queira que a reforma da Previdência seja aprovada. “Com estados e municípios, a reforma é feita para 20 anos. Sem estados e municípios, a reforma da Previdência é feita para 5 anos. Ou seja, o próximo presidente da República terá de duelar com o Congresso para fazer uma nova reforma da Previdência complementar – e isso não é bom”, afirmou o governador.

O governador também afirmou ao blog que “se tinha alguém que pensava no Brasil, era ele”, pois, trabalha pela reinclusão dos Estados e municípios na reforma da Previdência não apenas por São Paulo, mas por todo o Brasil. Porém, o texto final do relatório da reforma da Previdência apresentado na terça-feira(2) não abrange os Estados e os municípios e contraria BolsoDoria. Agora, essa versão do relatório precisa ser aprovada tanto na Comissão quanto no plenário da Câmara. Em seguida, deve seguir para o Senado e podem ser realizadas novas alterações.

urante campanha para presidência da República, Bolsonaro afirmou que não iria privatizar a Eletrobras, que dizia ser estratégica. Como já seria esperado pela natureza entreguista de seu governo, Bolsonaro estava fazendo demagogia eleitoral e quer entregar o sistema elétrico brasileiro ao capital internacional. Como explica Felipe Araújo, Diretor do sindicato dos Engenheiros do Rio de Janeiro e da Associação dos empregados de Furnas (ASEF): “Bolsonaro disse que o processo de privatização

seria suspenso. Só que agora o governo está tocando a privatização dizendo que é abertura de capital. Ele joga papéis da Eletrobras no mercado para o Estado perder o controle acionário da estatal e, consequentemente, das sua controladas como a Furnas, Eletronorte, Chesf, Eletrosul e CGTE”. Não será uma frente parlamentar que irá derrubar o governo e sim a mobilização nas ruas, através de uma ampla mobilização popular. É preciso mobilizar através das palavras de ordem Fora Bolsonaro, Liberdade para Lula e eleições gerais Já!


CIDADES | 13

ÉPOCA DE CACHORRO LOUCO EM SP

Covas não tem vacinas contra raiva

A

prefeitura de São Paulo, hoje nas mãos do político golpista Bruno Covas do PSDB, anunciou essa semana que não terá campanha de vacinação contra a raiva em cachorros este ano. De acordo com a prefeitura, a falta de abastecimento de vacinas por parte do Ministério da Saúde levou a tal situação. Trata-se de mais um, dentre os inúmeros exemplos, dos efeitos da política do golpe de Estado no País. A destruição de todos os serviços públicos é uma consequência direta da falta de investimento social imposta pelos golpistas. Vale destacar também que

Covas é a continuação direta do outro governo golpista da capital de São Paulo, de João Doria. A falta de recursos básicos, como a vacina para raiva é um problema grave para toda a população paulistana. A falta de vacinação pode levar a ocorrência de epidemias da doença, a qual é um risco para todos os moradores da cidade. A única maneira de impedir o avanço dessa política assassina imposta pelos golpistas é por meio da mobilização popular contra o golpe. É necessário colocar para fora todos os golpistas, Covas, Doria e Bolsonaro.

SÃO PAULO

Golpistas aumentam passagem de ônibus em Campinas F

oi anunciado na última segunda-feira (1/7/2019) um aumento abusivo de 5,31% na tarifa de ônibus da cidade de Campinas, interior de SP. A passagem, que antes custava o valor já bastante alto de R$4,70, passará a custar R$4,95 a partir do domingo (7). Considerando que o valor do salário mínimo aumentou apenas 4,61% no ano de 2019, fica evidente que o custo de vida no Brasil pós-golpe está ficando insustentável, ainda mais se levarmos em conta os cortes nos programas de assistência à população. O aumento se mostra ainda mais absurdo se observarmos que a inflação foi de 3,75% no ano passado, 1,56% abaixo do valor do reajuste da passagem. Ou seja, é um ataque direto à classe trabalhadora, que custa a sobreviver nesse Estado golpista. A prefeitura justificou este aumento acima da inflação com o argumento de que não havia feito nenhum reajuste no primeiro semestre desse ano. Porém, se observarmos o histórico de aumentos feitos pela gestão do atual prefeito João Donizette (PSB), que está em seu 2º mandato, veremos que estes são todos abusivos e também incompatíveis com a inflação de seus respectivos anos. Em 2015, a tarifa subiu de R$3,30 para R$3,50 (6,06%); em 2016, de R$3,50 para R$3,80 (8,57%);

em 2017, de R$3,80 para R$4,50 (18,42%); e em 2018, de R$4,50 para R$4,70 (4,44%). Essa situação mostra que o golpe de Estado deixou ainda mais fácil para que a burguesia pressionasse a classe política a favorecer sempre os seus interesses econômicos em detrimento às necessidades e à sobrevivência da classe trabalhadora do país. É preciso mobilizar todos para a luta contra o golpe, que hoje se manifesta na luta pelo fora Bolsonaro e pela liberdade para Lula e eleições gerais com a participação do ex-presidente, preso político.


14 | MOVIMENTO OPERÁRIO

PR

Contra Ratinho Jr. servidores gritam “Isso é fraude eleitoral” N

esta terça (3) ao saberem da proposta do governo bolsonarista de Ratinho Jr. (PSD), servidores concentrados no acampamento da greve fizeram um ato em frente do palácio Iguaçu, sede do governo. Entre as várias palavras de ordem, os servidores gritaram “vergonha”, “a greve continua” e “isso é fraude eleitoral”, expressando um importante desenvolvimento da luta contra o governo. A medida que os trabalhadores atuam na greve tomam consciência da luta contra os patrões. Tendem a superar ilusões de conciliação com a burguesia. Alguns dias atrás a direção do sindicato dizia: “a greve não é contra

o governo Ratinho, mas sim por direitos”. Hoje os trabalhadores dizem que o governo Ratinho é uma fraude eleitoral. O caminho da luta contra os golpistas é politizar a greve, mostrar para a população que figuras como Bolsonaro e Ratinho Jr. só são eleitas porque a burguesia controla o regime e frauda o processo eleitoral de todas as formas possíveis e imagináveis. Hoje os servidores deram mais um passo importante na luta contra o governo bolsonarista do Paraná, mostrando que o caminho para derrotar a direita fascista e bolsonarista é nas ruas. Fora Bolsonaro, Ratinho e todos golpistas!

ALAGOAS

Todo apoio à greve dos jornalistas em Alagoas!

D

esde a madrugada do dia 25 de junho, os jornalistas de Alagoas estão em greve e esperam um acordo. O motivo? As empresas de comunicação, entre elas o grupo TVs Gazeta (afiliada da Rede Globo, cujo dono é o Collor), Pajuçara (Rede Record) e Ponta Verde (SBT), se uniram para reduzir o valor do piso salarial dos jornalistas em 40%!! Os jornalistas estão em um momento crítico de ataques e retirada de direitos, um enfraquecimento da categoria. Antes da greve, o sindicato e as empresas tentaram uma negociação em que os trabalhadores reivindicaram reposição inflacionária e as empresas responderam com redução do piso em 40%. Foram realizadas seis reuniões e os representantes das emissoras não cederam ao pedido. Segundo o Sindicato dos Jornalistas, 90% da categoria aderiu à paralisação, incluindo, além das emissoras de rádio e TV, também trabalhadores de jornais impressos.

Não é de hoje que as empresas de comunicação de Alagoas estão atacando os direitos dos comunicadores. Em novembro de 2018, a Organização Arnon de Mello, de propriedade do senador Fernando Collor de Mello, demitiu 30 dos 45 jornalistas do jornal Gazeta de Alagoas e não indenizou os demitidos. Além disso, passou a contratar estagiários por R$100 de bolsa e auxílio transporte. O valor é inferior ao que o mercado paga no estado, que vai de R$ 400 até um salário mínimo. O Ministério Público do Trabalho está mediando a negociação entre o Sindicato dos Jornalistas Profissionais de Alagoas e as empresas de comunicação do estado, diante do impasse na definição de um acordo salarial para os trabalhadores. Diante dos absurdos e desrespeito total aos profissionais da comunicação no estado de Alagoas, a greve é a única resposta que os capitalistas entendem. Todo apoio aos jornalistas.


MOVIMENTO OPERÁRIO | 15

CAIXA

Ataques para a destruição da Caixa Econômica Federal se intensificaram

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Caixa Econômica Federal sofre intensos ataques desde o governo golpista de Michel Temer, o resultado informado ao Bacen para o primeiro trimestre de 2019 é reflexo da política de destruição contra o único banco 100% público. A estatal lucrou neste período R$ 3,6 bilhões praticamente o mesmo resultado do ano passado, um dado muito importante para análise da destruição promovida contra o banco que mais crescia antes do golpe de 2016. O governo Bolsonaro, igualmente golpista, está aí, por sua vez, a mando do imperialismo, para realizar a liquidação total do maior banco público da América Latina. A repetição do lucro do primeiro trimestre de 2018, no mesmo período deste ano, é reflexo da política golpista de destruição da Caixa. O esforço em divulgar balanços negativos, para entregar este grande patrimônio nacional aos grandes tubarões capitalistas, para os quais o ministro golpista Paulo Guedes já sinalizou, é tão grande que manobras contábeis absurdas retiraram R$ 7 bilhões do lucro do ano 2018 para provisões de eventuais perdas futuras com devedores duvidosos, isso fez com que os resultados deste ano fossem praticamente iguais ao do ano anterior e, apesar do crescimento nos diversos segmentos, foi anunciada a privatização de áreas como Caixa Seguros e Caixa Cartões. A estatal sofre com as sabotagens das direções golpistas desde de 2016, suas carteiras de créditos estão sendo destruídas e entregues aos golpistas dos bancos privados. Para ilustrar melhor, um exemplo, a carteira de crédito pessoa jurídica da Caixa era de R$ 160,1 bilhões em dezembro de 2018 e caiu para R$ 149,6 bilhões em

março de 2019, uma perda de R$ 10,5 bilhões; o Banco do Brasil, no mesmo período, perdeu R$ 16,4 bilhões da carteira; enquanto a do Itaú cresceu R$ 27,9 bilhões, praticamente a soma da perda dos dois bancos públicos. Em maio deste ano de 2019, os bancos privados, pela primeira vez desde 2008, superaram os públicos em saldo de operações de crédito. A Caixa só não apresentou um resultado menor que o primeiro trimestre de 2018, para o mesmo período de 2019, porque lucrou justamente com a diminuição de devedores duvidosos. Mas os próximos períodos podem ter resultados extremamente desastrosos, a direção golpista da Caixa está atacando ativos de alta liquidez e de

alta valorização nos últimos períodos. Assim como fez ao vender ações do IRB, na contramão de todos os bancos, os golpistas colocaram à venda ações da Petrobrás que possui direito a voto nas decisões desta poderosa indústria estatal. É o anuncio de uma destruição completa da Caixa que precisa ser impedida. A direção golpista da Caixa, comandada por Pedro Guimarães, tem como objetivo a destruição da Matriz e de suas filiais, os empregados destas áreas estão sendo transferidos a força para rede de agências sob argumento cínico de falta empregados nas agências. É como se os golpistas não tivessem aberto um PDV (Programa de Demissões Voluntárias) e, ao mesmo

tempo, não tivessem deixado de realizar contratações de novos empregados; como se não existisse um projeto para promover a extinção de 20 mil postos de trabalho que correspondem a estas áreas da caixa. Diante dos grandes ataques que podem levar a destruição total deste grande patrimônio nacional, as organizações de empregados da Caixa Econômica Federal devem se organizar e mobilizar os sindicatos dos bancários, a Central Única dos Trabalhadores e os demais sindicatos dos setores produtivos, os movimentos e as organizações populares, a população em geral para lutar pela derrubada do regime golpista. Somente a luta unificada dos amplos setores podem pôr


16 | CULTURA

CINEMA

Documentário vai denunciar prisão política de Lula P

elas mãos da cineasta Maria Augusta Ramos mais um tema crucial da história recente brasileira virará documentário. A diretora de “O Processo”, está agora produzindo uma obra sobre a prisão política do ex-presidente Lula. Segunda a colunista da Folha de S. Paulo, Mônica Bergamo, o novo projeto será como uma sequência do primeiro documentário, onde Maria Augusta denunciou o impeachment fraudulento de Dilma por suposto crime de responsabilidade fiscal. O documentário teve grande repercussão mundial e recebeu diversos prêmios em festivais estrangeiros. As matérias do The Intercept Brasil abriram uma nova etapa no caso Lula, provando o que já se sabia sobre a farsa de sua condenação, porém dando

um fôlego maior para a campanha por sua liberdade. O escândalo do vazamento das trocas de mensagens entre Moro e Procuradores para condenar Lula é um ótimo cenário para impulsionar as denúncias do caso por meios artísticos, como declarou a diretora Petra Costa, do documentário “Democracia em Vertigem”, quando soube das matérias: “Se eu soubesse que ia ter este vazamento não teria parado”. Por mais que a imprensa burguesa tente desacreditar as denúncias envolvendo a Lava-Jato, a crise é grande demais para ser contida, e toda forma de denúncia do caso triplex e de impulsionar a luta pela liberdade do ex-presidente são necessárias, pois a única maneira de soltar Lula de sua prisão política é com a pressão do povo nas ruas.

CE

“O Universo Gráfico de Portinari” expôe obras do pintor brasileiro J oão Cândido Portinari, um artista plástico brasileiro, filho de imigrante Italiano, de origem muito humilde, filho único, nasceu numa fazenda de café, no interior Paulista de Brodowski, em 30/12/1903, artista ético e profundamente humanístico e segundo os críticos, comunista aguerrido. Portinari, cartógrafou o Brasil do séc. XX, mostrava em suas pinturas lavradores de café, lavadeiras, músicos, garimpeiros, cangaceiros, retirantes, negros e índios. Retratava de forma clínica a sociedade da época, suas diversidades e miscigenação. Parceria de 40 anos entre Pinoketheka e o projeto Portinari, a exposição universo de Cândido Portinari é o “retrato criativo do artista brasileiro de maior projeção Internacional”.

A amostra terá 50 obras entre pinturas, desenhos. Terá amostra de técnica e processos de Portinari, como: grafite, nanquim, pincel etc. Será dividida em núcleos temáticos – estudo para painéis; crianças; figuras humanas; retirantes; cenas de guerra e paz. A arte para Portinari era “a realidade colocando o dedo na ferida de forma bastante pontual”. A exposição Universo Gráfico de Cândido Portinari (1903-1962), terá: Abertura amanhã, dia 4/07/2019 às 20h30min. Até dia 27/08/2019. Visitação de segunda a sexta das 10h às 18h A galeria Multiarte, fica na rua Barbosa de Freitas, 1722, Aldeota. – Alagoas – CE


NEGROS E MULHERES | 17

IMPRENSA GOLPISTA

Globo racista quer ensinar o que é ou não é racismo? U

m dos maiores meios de comunicação da imprensa burguesa, a Rede Globo, aparenta estar atenta às críticas que sempre recebeu em relação ao racismo. Famosa por limitar a participação de atores negros aos papéis de emprega e motorista ou de forma completamente caricaturada, parece que agora a Globo tenta surfar na onda das pautas identitárias, sempre num caráter mais raso que um pires, claro. Apoiadora sênior do Golpe e de todas as medidas reacionárias e contra a população, como a Reforma da Previdência, a emissora tenta de todo jeito limpar sua imagem conservadora, nem que para isso que ela tenha que que ceder alguns espaços para falar de racismo. A Revista Marie Claire, da Globo, publicou uma matéria, um tanto cara de pau, com 20 frases racistas que as pessoas usam, um manual do que não se deve falar e que pode ser considerado racista. Se utilizando de demagogia pura, provavelmente a emissora se esqueceu que uma de suas maiores características é também empregar racistas. Em 2016, quando William Waack cobria as eleições dos EUA, soltou um comentário racista e mesmo assim, a emissora só o demitiu um ano depois, quando a gravação foi publicada, ou seja, se ninguém sabe então está tudo bem.

A Rede Globo é abertamente conservadora e inimiga do povo, mas não vai deixar de pautar assuntos de acordo com a sua conveniência, como é o racismo e a questão do empoderamento. A falácia de que a Globo tem aberto espaços pra essas temática e que com isso está do nosso lado, confunde a cabeça do povo. Inclusive, é comum ver partidos da esquerda pequeno-burguesa aplaudindo essas iniciativas vindas da mesma emissora que sempre trabalhou contra o povo. Não adianta criar programas como “Amor e Sexo”, onde a Djamila Ribeiro vai para iludir as mulheres negras com questões de empoderamento e individualismo, onde a “lacração” toma conta e não se discutir que a mesma emissora apoia a política de Estado genocida, o encarceramento de pessoas negras e pobres, que apoia reformas em que o povo mais prejudicado vai ser o povo negro e pobre, que apoiou o golpe, que sempre apoiou o PSDB, partido abertamente violento e assassino do povo. Discutir o racismo é apontar que é um problema estrutural, econômico, que é um dos pilares de sustentação do capitalismo, não ficar tentando aparecer como defensora da luta contra o racismo por meio de um manual que vai fazer com que um total de zero negros parem de sofrer violência policial, por exemplo.

TODAS AS SEGUNDAS ÀS 19H NA COTV

IMPERIALISMO EUROPEU

“Empoderadas” dirigirão importantes órgãos do imperialismo europeu D

uas conhecidas mulheres da política externa passarão a comandar dois importantes órgãos do imperialismo europeu. Ursula von der Leyen ficará à frente da Comissão Europeia e Christine Lagarde na chefia do Banco Central Europeu. O fato de duas mulheres terem alcançado dois dos mais importantes cargos europeus pode aparentar ser uma conquista para as mulheres, afinal, historicamente os homens sempre ocuparam esses cargos. Contudo, essa vitória é motivo de comemoração somente para a direita e a esquerda pequeno-burguesa, que adora fazer coro com a burguesia. De um lado temos Leyen, uma das principais representantes do partido conservador alemão, a União Democrata Cristã (CDU) – o mesmo da chanceler Angela Merkel -, que sempre foi contrário a qualquer discussão progressista e básica para a vida das mulheres, como direito ao aborto. Na Ale-

manha, o aborto não é criminalizado até as 12 semanas de gestação, contudo o código penal alemão determina que é crime os médicos informarem publicamente que realizam abortos – o que é totalmente contraditório – e o partido de Leyen preferiu deixar essa discussão no âmbito moral e não co-

TVMULHERES

mo questão de saúde. O próprio fato de ser ministra da Defesa no governo conservador de um país imperialista mostra seu caráter reacionário e deslocado da luta das mulheres. Do outro lado temos Lagarde, diretora do FMI, principal órgão do sistema financeiro mundial e responsável

pela destruição econômica de diversos países atrasados. Além disso, o FMI impôs a Reforma da Previdência no Brasil e as privatizações para entregar o País aos monopólios imperialistas que controlam essa instituição. Não se pode cair na falácia de que essas mulheres, claramente representantes da burguesia imperialista, agrupam uma vitória para a luta das mulheres. Elas jamais irão mover um dedo em favor das mulheres trabalhadoras europeias, principalmente porque foram colocadas nesses cargos para dar continuidade a uma política imperialista e de dominação da população europeia e dos países oprimidos pelo imperialismo europeu. A premissa de que a questão da mulher é unicamente uma questão de gênero é uma total armadilha criada pela direita e que constantemente a esquerda pequeno-burguesa cai. A questão da mulher é principalmente de classe, não existe “sororidade” entre as mulheres da burguesia imperialista e direitista e a mulher trabalhadora e não existe “empoderamento” dentro do regime capitalista em completa putrefação.

TODOS OS DOMINGOS ÀS 19H NA COTV


18 | JUVENTUDE E MORADIA E TERRA

PARANAGUÁ

UNESPAR é interditada pela Vigilância Sanitária

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oi interditada ontem, segunda-feira 1º de julho, a Universidade Estadual do Paraná (UNESPAR), campus Paranaguá e, em nota, a Secretaria Municipal da Saúde informou que a Vigilância Sanitária realizou a interdição devido à falta de atualização de licença sanitária, sendo que a última foi realizada em 2008. Segundo a nota emitida, o local apresenta problemas em relação à infestação de pombos e também por usar poço para abastecimento de água, o que não é permitido pela legislação específica. A instituição já havia sido notificada a fazer tais regularizações. “Foram estabelecidos prazos, mas a situação persistiu, não havendo outra saída senão a interdição”. Para não prejudicar a realização das aulas, a Secretaria Municipal da Educação de Paranaguá colocou a estrutura de escolas e salas de aula à disposição da universidade. Segundo o diretor geral do Campus Paranaguá da UNESPAR, professor Cleverson Molinari Mello, “houve uma interdição por parte da Vigilância Sanitária devido à água do campus. Nós usamos água do poço nos banheiros por uma questão de não desperdiçar

água tratada da rua. A água utilizada nos bebedouros do pátio é proveniente de água tratada da rua. Sala de professores e outros setores é utilizada água mineral. Com relação à adequação da água dos banheiros estamos solicitando prazo para fazer, mas voltamos a frisar, não utilizamos água de poço para a ingestão dos estudantes no Campus. Estamos dando todo encaminhamento necessário com as

explicações para voltar o mais rápido possível com as atividades normais”. As aulas foram suspensas nos dias 1 e 2 de julho. A Universidade Estadual do Paraná – UNESPAR – é uma instituição de ensino superior, criada em 2001, e está vinculada à Secretaria de Estado da Ciência, da Tecnologia e Ensino Superior (SETI). Constitui-se em uma das sete universidades estaduais públicas

do Paraná, abrangendo os seguintes campi: Apucarana, Campo Mourão, Curitiba I, Curitiba II, Paranaguá, Paranavaí, União da Vitória e a Escola Superior de Segurança Pública da Academia Policial Militar de Guatupê, unidade especial, vinculada academicamente à UNESPAR. Abrange uma área de 150 municípios, alcançando 4,5 milhões de pessoas. O quadro de servidores é composto por 1.077 pessoas que atendem mais de 12 mil alunos em cursos de graduação e pós-graduação. Uma intervenção da vigilância sanitária, por falta de condições adequadas para abrigar as atividades desenvolvidas é o retrato do descaso e do sucateamento promovido pelos sucessivos governos privatistas que passaram nos últimos anos no governo estadual do Paraná. Destruir a universidade pública é umas das frentes de ataque dos liberais e conservadores da extrema direita para impedir que toda a população sem renda tenha acesso ao ensino superior. A outra face das privatizações á a entrega das estruturas públicas para o capital privado lucrar em cima da exploração dos trabalhadores, que passam a pagar por um ensino de má qualidade, sem compromisso social ou com as políticas públicas.

TODOS AS QUINTAS ÀS 14H, NA CAUSA OPERÁRIA TV

ATAQUES

Governo golpista de Doria nega assistência médica a presa política O

governo golpista do João Doria Junior, do PSDB, prendeu, arbitrariamente, quatro líderes dos sem teto de São Paulo, no dia 24 de junho de 2019, são eles: Angélica dos Santos Lima, Janice Ferreira Silva (Preta), Ednalva Franco e Sidney Ferreira. O argumento utilizado é absurdo, pois os militantes presos sequer têm ligações organizativas com o trágico acidente do incêndio no prédio no Largo do Payssandu no ano passado. A catástrofe na ocupação, que ocorreu em maio de 2018, foi um pretexto para perseguir os movimentos por moradia. Algumas das lideranças daquela ocupação foram detidas na época, sob a alegação de que estariam cobrando aluguel indevidamente dos moradores. Veja em (https://www.causaoperaria.org.br/um-perigoso-sinal-

-a-perseguicao-aos-lideres-sem-teto/) As prisões arbitrárias foram realizadas na manhã daquela segunda-feira, no primeiro momento, todos foram levados para o Departamento Estadual de Investigações Criminais (DEIC) e no mesmo dia, Preta, Ednalva e Carmen foram levadas para o 89° DP e Sidney para o 2° DP. Na noite de sexta-feira (28) foram novamente transferidos para o DEIC. No sábado, os advogados souberam que a Companheira Ednalva, que é hipertensa e diabética, (o que foi informado anteriormente), havia se sentido mal e desmaiado. As pessoas dos movimentos de luta pela liberdade dos presos políticos do golpista João Doria solicitaram ambulância do SAMU, porem, não foi permitida a entrada no DEIC, também não permitiram que a companheira Ed-

nalva que tinha desmaiado tomasse o medicamento. O que ocorreu somente algum tempo depois e com muita insistência. Além da prisão arbitrária, essas lideranças começam a ser torturadas, pois negar atendimento médico é, também,

uma forma de tortura, ou seja, para os golpistas do Doria, a prisão arbitrária ainda é pouco, o melhor é a destruição moral e física dessas pessoas, senão à morte. Pela imediata liberdade de todos os presos políticos no Brasil!


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