SÁBADO, 6 DE JULHO DE 2019 • EDIÇÃO Nº 5695
DIÁRIO OPERÁRIO E SOCIALISTA DESDE 2003
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Não ao desmonte da previdência! Todos às ruas nos dias 10 e 12
O governo golpista conseguiu organizar o saque das aposentadorias do povo brasileiro. Com R$10 milhões em emendas no orçamento para os deputados que votarem pela reforma da Previdência, o texto-base finalmente foi aprovado em uma comissão da Câmara, depois de meses de impasse e incerteza. Essa reforma é um ataque do governo golpista contra a população brasileira. Em primeiro lugar, acaba com a aposentadoria por tempo de serviço, impondo uma idade mínima de 62 anos para mulheres e 65 para homens. EDITORIAL
Por um Congresso da UNE pelo Fora Bolsonaro Como se sabe, na próxima quarta-feira (10), iniciase o 57º Congresso de Une (CONUNE). A Aliança da Juventude Revolucionária (AJR-PCO), estará participando do Congresso com um objetivo muito claro: levar para os estudantes a luta pela derrubada do governo fraudulento de Jair Bolsonaro, a liberdade de Lula e por novas eleições.
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O PROGRAMA PARA A REVOLUÇÃO SOCIALISTA DOS DIAS DE HOJE O programa de transição da IV internacional
Freixo: “pelo bem da Lava Jato” Syriza: Psol grego entrega tudo ao O deputado do PSOL, querido pela Globo, Marcelo Freixo, saiu mais uma vez em defesa da Lava Jato. Desta vez, usou a Lava Jato inclusive para criticar o próprio mandante da operação, Sérgio Moro.
imperialismo e vai perder a eleição
Amanhã ocorrem as eleições legislativas na Grécia, país falido pelo saque do imperialismo a partir da crise de 2008.
No Congresso, só derrotas: às ruas para derrubar a reforma e Bolsonaro Ainda que em meio a uma grande crise, o governo ilegítimo de Jair Bolsonaro e seus parceiros golpistas, aprovaram na Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) da Câmara dos Deputados, o famigerado Proposta de Emenda à Constituição (PEC 006/2019)
“Quanto É” faz campanha contra Lula para disfarçar a crise
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Israel esconde provas do extermínio Partido de “Paulinho da Força” vota de palestinos em 1948 a favor do roubo da aposentadoria Reportagem publicada na última quarta-feira (dia 4) no jornal israelense Haaretz revela que o governo do Estado de Israel esconde provas para negar o massacre e expulsão de palestinos em 1948, conhecido como Nakba.
“Defendendo” a cultura com os destruidores da cultura
2 | OPINIÃO EDITORIAL
Por um Congresso da UNE pelo Fora Bolsonaro
C
omo se sabe, na próxima quarta-feira (10), inicia-se o 57º Congresso de Une (CONUNE). A Aliança da Juventude Revolucionária (AJR-PCO), estará participando do Congresso com um objetivo muito claro: levar para os estudantes a luta pela derrubada do governo fraudulento de Jair Bolsonaro, a liberdade de Lula e por novas eleições. Neste sentido, estão sendo produzidas diversas camisetas, declarações, adesivos, cartazes, revistas, faixas, bandeiras e outros materiais para lotar o 57º CONUNE com as palavras de ordem Fora Bolsonaro, Eleições Gerais, Liberdade Para Lula! A AJR considera a luta contra o golpe fundamental, sobretudo no atual momento de crise política de todo o regime golpista – em que a burguesia tem dificuldade para governar e manter um governo coeso, e diversos escân-
dalos, como o da Lava Jato, atingem Bolsonaro e seus ministros. É preciso aproveitar a fraqueza do regime de conjunto e ir para cima dos golpistas. E AJR considera que, assim como em outros períodos históricos, a juventude tem um papel-chave no impulsionamento destas mobilizações contra a direita e o imperialismo. Da mesma forma, a juventude do PCO apela para a importância de aproveitar o momento favorável. Caso contrário, a relação de forças pode mudar e os golpistas poderão estabelecer uma ditadura fascista, onde levarão os ataques contra os estudantes e toda a população bem mais adiante. Por isso, todos ao 57º CONUNE pela liberdade de Lula, pela derrubada do governo da fraude e por novas eleições, democráticas e gerais, com Lula candidato!
COLUNA
No Congresso, só derrotas: às ruas para derrubar a reforma e Bolsonaro Por Antônio Carlos Silva
A
inda que em meio a uma grande crise, o governo ilegítimo de Jair Bolsonaro e seus parceiros golpistas, aprovaram na Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) da Câmara dos Deputados, o famigerado Proposta de Emenda à Constituição (PEC 006/2019) que destrói o atual sistema previdenciário e quer realizar o maior roubo dos trabalhadores da história do País, atingindo ao conjunto da classe trabalhadora, bem como aos milhões de jovens que precisam entrar no mercado de trabalho e terão ainda maiores dificuldades, se a proposta por tornada Lei. A proposta segue para votação no Plenário da Câmara e, depois, para o Senado. Sua votação até agora, teve a liderança decisiva do deputado golpista do DEM, Rodrigo Maia (na foto à direita), presidente da Câmara, cuja eleição foi apoiada por setores da esquerda Resultado de imagem para rodrigo maia e PCdoBburguesa e pequeno burguesa, como o PCdoB e alas do PT, defensores da política de “frente ampla”, ou seja, de uma aliança com setores da burguesia que organizaram ou apoiaram o golpe de Estado que derrubou a presidenta Dilma Rousseff e que defendem a prisão do ex-presidente Lula. Ele já havia sido um dos principais articuladores da aprovação da famigerada reforma trabalhista, que destruiu a CLT. Uma situação que mostra o resultado concreto, dessa política de acordos e entendimentos com os inimigos dos trabalhadores: atendem apenas aos interesses dos seus próprios defensores e serve para desarmar a necessária reação dos trabalhadores.
Outro dado importante da votação é que a proposta também foi apoiada pelo partido presidido pelo deputado “Paulinho da Resultado de imagem para paulinho da força 1 de maioForça” (foto), o Solidariedade (SDS), ou ainda pelo PSC, do deputado pelo Sergipe e presidente do Sindicato dos Motoristas de São Paulo, Valdevan Noventa (PSC-SE), da UGT – que furou 100% a greve geral -, comprovando o enorme valor da “unidade” com setores que além de sabotarem a greve geral, no último dia 14, dão seu voto para destruir a vida de milhões de trabalhadores, como defendem de setores da esquerda (PSTU, PCdoB, PSOL, direita do PT etc.) e até de sindicalistas da CUT. Diante dessa derrota previsível, fica ainda mais clara a inutilidade da ação parlamentar da esquerda, bem como de todas as ações limitadas às instituições do regime golpista (Congresso, Judiciário etc.), no sentido de barrar a ofensiva que vem dos golpistas. Infelizmente, não é a primeira derrota. Além do próprio golpe de Estado (via impeachment), perdemos no congelamento dos gastos públicos por 20 anos (ex-PEC 95), na “reforma” trabalhista, na “reforma” do ensino médio, nas ações no judiciário para libertar Lula etc. etc. etc. Não faz sentido “dar murro em ponta de faca”, insistir na política que provocando derrotas atrás de derrotas, como propõe setores da esquerda e da burocracia sindical que insistem na “pressão” individual sobre os deputados. Mandar mensagens, vaiar, escrachar nas redes sociais etc. de forma alguma será capaz de alterar a posição de deputados que estão PRES-
SIONADOS, de fato, pelos milhões em emendas que estão sendo liberadas pelo governo, pela campanha a favor da imprensa golpista e, incentivados, pela trairagem dos que fingem estar do lado dos trabalhadores mas que estão vendidos “até a alma”, desde a sua origem, para os patrões como é o caso de dirigentes da Força Sindical, da UGT e de outros pelegos. Fica evidente que a única arma real, capaz de deter não só a reforma da Previdência, mas a ofensiva de conjunto contra o povo brasileiro por parte do regime golpista é a mobilização dos explorados e de suas organizações de luta, nas ruas. Essa mobilização tem que superar as ilusões na ação nas saídas parlamentares e institucionais, ainda mais sem sentido em um regime em que essas instituições estão sob o controle total da direita (ainda que haja divisões entre eles). Os trabalhadores precisam intervir não para “pressionar” ou apoiar uma politica de entendimento, de conciliação com os golpistas, porque são eles que vão pagar a conta e não os chefes políticos que apontam esse caminho sem saída. É preciso ter uma política própria, independente da burguesia. Tirar proveito da divisão entre os golpistas, da crise do governo Bolsonaro e apontar claramente que a única saída está na ampliação da mobilização que vem crescendo desde os grandes atos de maio (15 e 30) e da greve geral de 14 de junho (mesmo com a sabotagem dos pelegos). Convocar claramente a mobilização em sintonia com o sentimento cada vez maior da população de rejeição ao governo, apontando
uma alternativa real: derrubar Bolsonaro para derrotar a reforma da Previdência e todos os ataques dos golpistas contra o povo brasileiro; cancelas todas as “reformas” dos golpistas; libertar Lula e todos os presos políticos, anular os processos criminosos da lava jato; convocar novas eleições gerais, com Lula candidato. Nesse sentido, é preciso concentrar forças na realização grandes atos nos dias 10 e 12 de julho, próximos, como estão sendo Sindicatos e movimentos permanecem em alerta com ameaça de votação da reformaconvocados pela CUT e demais entidades de luta dos explorados e já anunciar a realização de uma nova jornada nacional de lutas, com luta de verdade, com paralisação de dois dias, “greve geral de 48 horas”, rumo a uma greve geral por tempo indeterminado. Os trabalhadores da Educação (CNTE e sindicatos) que tomaram a dianteira em maio, convocando o dia 15, mas uma vez saíram na frente e convocaram um dia de paralisação em agosto, dia 13. Não é hora de deixá-los isolados. Todos os trabalhadores e as organização que – de fato – querem derrotar o governo, devem se unificar nessa data. Não é hora de vacilações. Nada de confiar no Congresso. Que as mobilizações dos dias 10 e 12, aprovem já a convocação da “greve geral”, de 48 horas, rumo a uma greve geral por tempo indeterminado por fora Bolsonaro e todos os golpistas, abaixo a reforma da Previdência e todos os ataques; liberdade para lula e todos os presos políticos, novas eleições, com Lula candidato.
POLÍTICA | 3
REVISTA GOLPISTA
“Quanto É” faz campanha contra Lula para disfarçar a crise N
esta sexsa-feira (05/07), a revista golpista Isto É, apelidada de “Quanto É” devido à tradição da revista em apresentar matérias claramente encomendadas e compradas pelos golpistas e a direita nacional, apresentou uma matéria onde ataca Lula e tenta colocar o ex-presidente em desespero. Segundo a matéria encomendada, Lula estaria desesperado porque estaria para ser condenado novamente pelo juiz Luiz Antonio Bonat, substituto de Sergio Moro, oriundo de propinas da Odebrecht na compra de um terreno para o Instituto Lula e de uma cobertura ao lado da sua em São Bernardo do Campo/SP. E ainda uma nova condenação no segundo semestre pelo TRF-4, onde poderia ficar até os 86 anos de idade preso nas masmorras de Curitiba. Apesar de todo o sensacionalismo, drama e apontar Lula como desesperado na matéria quem está profun-
damente desesperado é a burguesia golpista e a própria revista “Quanto É”. Os golpistas estão desesperados com a possível liberdade de Lula e tentam disfarçar com um tom de que Lula nunca poderá sair da cadeia. O desespero está cada vez maior com a divulgação do The Intercept das mensagens entre o ex-juiz Mussolini de Maringá, Sérgio Moro, e procuradores da operação Lava-jato. as mensagens são reveladoras e provam que houve uma conspiração para prender Lula e fraudar as eleições para colocar Bolsonaro e a extrema direita no poder. A crise está a ponto de explodir e colocar os planos da direita em xeque. Essa política está criando um clima extremamente favorável para a mobilização dos trabalhadores e podem derrubar Bolsonaro. Por isso, tentam esconder essa crise profunda, apontando que Lula está desesperado quando o desespero vem da burguesia e da própria Istoé.
GOLPISTAS
Partido de “Paulinho da Força” vota a favor do roubo da aposentadoria O
deputado federal “Paulinho da Força Sindical” e seu Partido, o Solidariedade, ficaram famosos por serem figuras de proa da articulação golpista. ele também preside (licenciado) a Força Sindical, instrumentos criados pela poderosa FIESP (a Federação das Indústria dos Estado de São Paulo) para atuar no movimento sindical brasileiro, sempre em favor dos patrões, buscando combater o sindicalismo da CUT e os interesses dos trabalhadores. Depois de conspirar pela derrubada da presidenta Dilma, sustentar o combalido governo Temer e apoiar a prisão de Lula, Paulinho e sua turma apoiaram a eleição fajuta e o governo fraudulento Bolsonaro, e finalmente, votaram a favor do roubo da aposentadoria. Quer dizer, como se já não bastasse a resumida ficha política corrida de Paulinho e sua Força, que já
seria mais do que bastante para comprovar que são um instrumento nas mãos da burguesia, este setor reforça os seus laços com os golpistas e vota a favor do roubo da aposentadoria, na comissão especial da Câmara dos deputados, nesta quinta, dia 4 de julho. De acordo com matéria publicada no sítio Poder 360 na terça dia 2 de julho, o líder do Solidariedade Augusto Coutinho já tinha chegado a um acordo para defender a “reforma”, e finalmente Lucas Vergilio, do Solidariedade de Goiás, votou a favor da reforma na comissão especial. São os mesmos atores que corroeram por dentro até onde puderam a paralisação e os atos da greve geral do dia 14 de junho e que também boicotaram anteriormente os “gloriosos” atos “unificados” das centrais sindicais do dia 1 de maio, tendo chegado neste
último caso ao extremo de se realizar um “show”, em São Paulo. com cantores sertanejos bolsonaristas, por eles patrocinados. Para que a luta da esquerda, dos sindicatos e dos movimentos populares seja vitoriosa é necessário que se organize uma gigantesca mobilização contra o governo Bolsonaro, que mesmo com todas suas crises internas representa hoje a continuidade do regime golpista. O projeto de assalto à aposentadoria de toda a população trabalhadora brasileira, que tramita no Congresso Nacional é apenas a ponta do iceberg dos planos profundamente antipopulares que foram traçados pelo imperialismo para o Brasil. Esta luta, no entanto, não pode ser travada tendo como suposto aliado um setor profundamente pelego e direitista como é o caso de Paulinho
da Força, o Solidariedade e a sua Força Sindical. Além de se articular para enfraquecer as mobilizações, estes setores não mobilizam absolutamente ninguém além dos seus já conhecidos “militantes” pagos e no final, ainda votam a favor da “reforma” de Bolsonaro.
4 | POLÍTICA
VAZA JATO
Moro mentiu em juízo M
ais um vazamento da Operação Lava Jato, dessa vez publicado em uma parceria do portal The Intercept Brasil com a revista golpista Veja, contribuiu para reiterar a figura de Moro como um conspirador; Dessa vez, o vazamento comprovou que Moro mentiu em juízo – o que não só é um problema ético, mas sim, acima de tudo, legal. As mensagens divulgadas dizem respeito ao caso de Flávio David Barra, preso em 28 de julho de 2015, quando presidia a AG Energia, do grupo Andrade Gutierrez. Em 25 de agosto, a defesa de Barra havia solicitado ao então ministro Teori Zavascki, que era o relator da Lava Jato no STF, a suspensão do processo. A defesa argumentou que o caso não poderia ser julgado pela 13ª Vara de Curitiba, comandada por Moro, uma vez que haveria indícios de que parlamentares estariam envolvidos – nesse caso, apenas o STF poderia julgar.
Teori Zavascki, diante das alegações da defesa de Barra, solicitou que Moro desse explicações. No entanto, Moro, cinicamente, disse que não sabia do envolvimento de parlamentares. O que o novo vazamento da Operação Lava Jato mostrou foi que Moro sabia, sim, do envolvimento de parlamentares no caso. Em um diálogo registrado no Telegram entre o procurador Athayde Ribeiro Costa e a delegada Erika Marena, da Polícia Federal, Costa diz precisar com urgência de uma “planilha/agenda” apreendida com Barra que descreve pagamentos a vários políticos. A delegada Erika Marena, por sua vez, responde que Moro lhe orientou a não ter pressa em protocolar a planilha no sistema eletrônio da Justiça. Isto é, Moro não só mentiu a Zavascki, pois tinha conhecimento da planilha, como orientou seus funcionários a segurarem ao máximo o processo para que não saísse de Curitiba.
A Operação Lava Jato, desde o primeiro vazamento dado pelo portal The Intercept Brasil, se revelou como uma das maiores farsas da História recente
do país. Por isso, é preciso sair às ruas para exigir o fim da Lava Jato, o fim das perseguições políticas e a derrubada do governo Bolsonaro..
CONTRA O GOVERNO GOLPISTA
Não ao desmonte da previdência! Todos às ruas nos dias 10 e 12 O
governo golpista conseguiu organizar o saque das aposentadorias do povo brasileiro. Com R$10 milhões em emendas no orçamento para os deputados que votarem pela reforma da Previdência, o texto-base finalmente foi aprovado em uma comissão da Câmara, depois de meses de impasse e incerteza. Essa reforma é um ataque do governo golpista contra a população brasileira. Em primeiro lugar, acaba com a aposentadoria por tempo de serviço, impondo uma idade mínima de 62 anos para mulheres e 65 para homens. Em segundo lugar, o novo cálculo do valor das aposentadorias vai diminuir o valor recebido de aposentadoria pelos trabalhadores. Além disso, há uma série de outros aspectos nessa reforma que consistem em um roubo contra os trabalhadores brasileiros, para contentar grandes especuladores capitalistas. Tudo isso com o pretexto de que a Previdência seria deficitária, o que é uma mentira da burguesia para tentar
enganar os trabalhadores. E mesmo que fosse esse o caso, a burguesia, que administrou o Estado esse tempo todo, não teria o direito de vir agora cobrar dos trabalhadores por sua incompetência. Que deixem então o poder e permitam aos trabalhadores gerirem a Previdência e todo o Estado. Diante desse ataque, é preciso que os trabalhadores se mobilizem contra a direita golpista para impedir esse assalto. Por isso, um primeiro passo é engrossar os atos dos próximos dias 10 e 12. Para o dia 10, a Frente Brasil Popular está convocando um ato na Paulista, em frente ao MASP, às 17h. Para o dia 12, a CUT está convocando um ato nacional em Brasília, às 10h, no Museu Nacional. A realização de protestos contra a direita golpista e o governo Bolsonaro é fundamental neste momento. Mesmo em crise, a direita golpista não parou um minuto de avançar sobre os direitos da população. É preciso aproveitar o momento favorável de tendência à mobilização contra a direita golpista
para impor uma grande derrota aos golpistas e ao imperialismo. Por isso, todos às ruas nos próximos dias 10 e
12! Para impedir a reforma da previdência e derrotar o governo e todas as suas políticas. Fora Bolsonaro!
POLÍTICA | 5
“O FACHIN É NOSSO”
STF trabalhou junto com a Lava Jato O
s vazamentos de mensagens que evidenciam as tramas criminosa da operação lava jato, disponibilizados ao público pelo sítio The Intercept, já haviam chegado ao Supremo Tribunal Federal, atingindo o ministro Luiz Fux. Agora, o mais recente dos escândalos – pois eles se sucedem à exaustão – são as mensagens enviadas pelo Procurador Deltan Dallagnol aos demais Procuradores da Lava Jato através do aplicativo Telegram. Deltan revela, na ocasião, um grande entusiamo com a conversa que teve com o ministro Edson Fachin, onde, demonstrando satisfação, diz: “Aha uhu o Fachin é noso”. Ou seja, depois de Luiz Fux, outro ministro do STF estaria disposto a colaborar com as ilegalidades e arbitrariedades da Lava Jato.
Toda a podridão do judiciário que vem sendo exposta pelos diálogos revelados são a prova viva e cabal da mais completa farsa sobre o significado do “regime democrático” e do propalado “Estado de Direito” vigente no país. A maioria dos atuais ministros do STF é composta por elementos tutelados pelo donos do golpe, por isso servis aos ditames emanados do comando golpista das forças armadas. Não há qualquer autonomia e imparcialidade dos ministros nas decisões e nos julgamentos ocorridos na instância superior da justiça nacional. O que se vê é a mais aberta promiscuidade jurídica, o tráfico de influência e o conluio aberto entre as diversas frações que lutam no interior do Estado em defesa dos seus privilégios e interesses, completamente opostos aos interesses da população pobre e explorada do país.
LAVA JATO
Por que Moro rejeitou a delação de Eduardo Cunha? S
egundo os novos vazamentos de discussões ilegais do juiz Sérgio Moro com os procuradores da Lava Jato, em junho de 2017, um dos procuradores da Lava Jato Ronaldo Queiroz criou um grupo no Telegram para avisar que havia sido procurado pelo advogado de Eduardo Cunha para negociar uma delação premiada. Fazia parte deste grupo o procurador Deltan Dallagnol. Como se sabe, no Brasil, os métodos arbitrários e corruptos que regem o judiciário permitem que uma pessoa acusada ganhe benefícios, um “prêmio”, em troca de uma delação. Obviamente, como revela o caso Leo Pinheiro, essas delações geralmente são usadas pela justiça para direcionar determinada investigação para um sentido de seu interesse – no caso, prender Lula. Desta forma, a delação premiada de Pinheiro contra Lula, que depois comprovou-se totalmente fajuta e criada com objetivos políticos, foi aceita pela justiça. Porém, a de Eduardo Cunha, que após liderar o golpe contra o governo petista em 2016, foi preso pela
Lava Jato, não foi aceita. Isso tem apenas um motivo: o dono da operação golpista, Sérgio Moro, não quis. Segundo o procurador Queiroz, Cunha poderia entregar no Rio de Janeiro, com a delação, “pelo menos, um terço do Ministério Público estadual, 95% dos juízes do Tribunal da Justiça, 99% do Tribunal de Contas e 100% da Assembleia Legislativa”. Um verdadeiro tesouro para os paladinos da luta contra a corrupção. Mas mesmo assim Moro não quis, da mesma forma que, em troca com procurador Dallagnol, o ex-juiz afirmou para não expandir as investigações e se manter apenas nos que já haviam; assim também, Moro mandou os procuradores não investigar FHC, para não perder um bom aliado. Enfim, resta saber por que. Quando Moro foi abordado por Dallagnol, no Telegram, para avisar da delação de Cunha, o atual ministro afirmou que esperava que os “rumores de delação de Cunha não procedam”. Dallagnol, como bom cachorrinho de Moro, declarou que manteria Moro a par, e o juiz agradeceu e reafirmou: “Como se
sabe, sou contra”. O fato mostra duas coisas. Primeiro, fica claro que toda essa história de “luta contra a corrupção” não passava de papo furado para enganar trouxas (vulgo, coxinhas). Por outro lado, revela que Moro havia medo do que poderia ser revelado com as delações de
Cunha, que poderiam colocar em risco um setor importante da burguesia e burocracia carioca – alguns destes, aliados de Moro. Assim como FHC, algumas pessoas não devem ser investigadas… estranho para a “maior operação anti-corrupção do Brasil”, como afirma a imprensa burguesa.
6 | POLÊMICA
FREIXO
“Pelo bem da Lava Jato” O
deputado do PSOL, querido pela Globo, Marcelo Freixo, saiu mais uma vez em defesa da Lava Jato. Desta vez, usou a Lava Jato inclusive para criticar o próprio mandante da operação, Sérgio Moro. Os últimos vazamentos, divulgados pela Revista Veja, não deixam dúvida sobre o problema: Moro orientava e elaborava todo o esquema da operação golpista, ordenava, brigava, fazias as relações, etc. Porém, para Freixo, não se trata disso. Segundo ele, a Lava Jato é uma operação santa da moralidade, uma operação dos paladinos da luta contra a corrupção. Sérgio Moro seria apenas uma maçã podre dentro do cesto. Trata-se da mesma opinião que o deputado tem sobre a polícia assassina do RJ, mas neste caso é ainda pior, pois trata-se do mandante de todo o esquema que aparece sendo o organizador de absolutamente tudo. Por isso, quando Moro foi questionado pelos deputados na CCJ da Câmara, Freixo afirmou; “Não há nada melhor para a Lava Jato que o senhor seja investigado. Pelo bem da Lava Jato, o senhor não deveria se defender usando a Lava jato. O senhor, mais do
que ninguém, coloca a Lava jato em risco.” Quer dizer, o problema da Lava Jato é apenas Sérgio Moro. Para ele, não se trata de uma operação financiada pelo imperialismo, com ligações com o Departamento de Justiça norte-americano comprovadas, que busca realizar uma operação de tipo política por meio do judiciário. Não é que a operação é uma conspiração política para favorecer determinados setores da burguesia contra outros, a para perseguir toda a esquerda. Para Freixo, Moro precisa sair fora e a Lava Jato continuar. Quer que a operação que passou por cima de todos os direitos democráticos continue. E pior, para ele, Moro não deve sair pois atuava politicamente para perseguir adversários, mas porque desrespeitou determinados direitos aqui e ali. Os “fins” de Moro eram bons, os “meios” que eram injustificáveis, para o deputado psolista. Nesse sentido, Freixo se coloca na mesma posição que o resto da esquerda pequeno-burguesa que pede o Fora Moro, Fora Weintraub e outros ministros da Bolsonaro, enquanto que o problema é o conjunto. Ser a favor
MINISTÉRIO DA CULTURA
“Defendendo” a cultura com os destruidores da cultura A
política de frente ampla que setores da esquerda pequeno-burguesa querem substituir pela luta contra o golpe e contra o governo fica bem clara na prática. Na última terça-feira, dia 2, os ex-ministros da cultura se reuniram e publicaram um manifesto criticando a extinção do Ministério da Cultura pelo governo Bolsonaro e pedindo a recriação da Pasta. Estiveram presentes na reunião e assinaram o manifesto os ex-ministros de Itamar Franco, Luiz Roberto Nascimento e Silva, de Fernando Henrique Cardoso, Francisco Weffort, de Dilma Rousseff, Marta Suplicy e Juca Ferreira (que também foi ministro de Lula) e de Michel Temer, Marcelo Calero. A iniciativa imita aquela tomada recentemente pelos ex-ministros da Educação e da Justiça. A unidade entre setores do PT com o PMDB e o PSDB em “defesa da cultura” é uma farsa. Se o governo Bolsonaro destruiu o ministério da Cultura e tem atacado sistematicamente a área, esse processo se iniciou com Temer. Uma das primeiras medidas, assim que Dilma foi derrubada, foi extinguir a pasta da Cultura, que só foi retomada depois de enormes protestos. O que estaria fazendo ali, então, Marcelo Calero, que foi empossado ministro por Temer para manter um ministério de fachada enquanto os golpistas o destruíam por trás dos panos, o que preparou o terreno para a chegada de
Bolsonaro? É importante não deixar de assinalar que Marta Suplicy abandonou o PT e foi para o PMDB de Temer pouco antes da queda Dilma. É preciso explicar também por que o ex-ministro do tucano FHC estaria preocupado com a destruição da cultura? Afinal, o desmonte cometido hoje por Bolsonaro acompanha o que foi feito pelo PSDB no Estado de São Paulo, ao longo de mais de 20 anos e que se aprofunda com o governador João Doria. A mesma política. A reunião desmascara a política de frente ampla de setores da esquerda pequeno-burguesa que procuram apresentar o PSDB e o PMDB golpistas como “democráticos” em oposição a Bolsonaro. Escondem assim que Bolsonaro não é nada mais do que produto da política golpista desses grandes “democratas”. Assim, ao tentarem reciclar o PSDB e o PMDB, estão também ajudando a fortalecer o regime golpista e o governo Bolsonaro.
do “Fora Moro da Lava Jato” é uma maneira de sustentar a operação golpista, que prendeu Lula de forma ilegal, e o teria prendido com Moro ou não. Mas para o deputado do PSOL, Lula também não é um preso político e os vazamentos da operação não revelam suspeição do juiz Sérgio Moro. Para o psolista não cabe ao congresso discutir a suspeição do juiz no caso do Tríplex que prendeu Lula, pois “isso será avaliado pelo Supremo, baseado na legalidade, ou não, da obtenção de provas.” Quer dizer, não vamos discutir a liberdade de Lula, que segundo ele mesmo “não unifica”, “isso será
avaliado pelo Supremo”, o mesmo que permitiu a prisão totalmente ilegal de Lula e que atuou com a Lava Jato, como comprovam os vazamentos, para mantê-lo desta forma. Fica claro então porque Freixo diz que “Lula livre não unifica”. A unidade que o deputado do PSOL quer é com a Globo, os “bem-pensantes” do PSDB, como FHC, e outros golpistas. Nada de esquerda e luta contra a direita. Por isso, o deputado deixou bem claro que não quer ter briga com a direita, dizendo “eu respeito quem tem opinião que é válida sobre os feitos de Sérgio Moro, mas ele não está acima da lei”.
POLÊMICA | 7
VAZA JATO
Uma crítica sectária e direitista ao Intercept A
rtigo publicado na site da Esquerda Diário no último dia 03 de julho, sob o título “Vaza Jato: aliados do The Intercept clamam pela aprovação da reforma da Previdência”, o Movimento Revolucionário de Trabalhadores (MTS), embora de maneira muito confusa faz uma crítica sectária e direitista ao Intercept. “Enquanto gera ilusão em setores progressistas com “vazamentos a conta-gotas” que só confirmam parte das denúncias que o Esquerda Diário e outros analistas já faziam há tempos, o The Intercept não deixa de prestar elogios à Lava Jato, como se a Vaza Jato viesse pra “salvá-la dos seus excessos”, e não faz nenhuma denúncia global dessa operação imperialista que nunca teve a ver com luta contra a corrupção”. Para o MTS, as denúncias do Intercept não passam de uma ilusão para enganar “progressistas”, “purificar a Lava-Jato” pondo para fora Moro e encobrir a sua subordinação aos interesses imperialistas. Esse tipo de crítica não tem pé e nem cabeça. Aliás, no fundo, visa desmoralizar a denúncia contra Sérgio Moro. É uma versão “esquerdista” da mesma política que Moro e seus aliados fazem pela direita: tentam desqualificar Glenn Greenwald, o que só pode enfraquecer a denúncia. A fim de deixar claro os interesses escusos de que estariam por trás das denúncias de Greenwald, o artigo vincula o Intercept aos interesses do imperialismo norte-americano no país,
por conta do seu financiamento por grandes empresários daquele país e pela associação do Intercept ao jornal Folha de São Paulo e a Revista Veja (será coincidência o esquecimento do jornal espanhol El País?). Com relação ao financiamento da Intercept por grandes empresários, o argumento é absurdo. Isso quer dizer que a queda de Moro atende os interesses do imperialismo, portanto o correto seria passar a defender Moro, perseguido pelo imperialismo. Estar ao lado de Moro, da Lava-Jato e dos golpistas contra o imperialismo. Uma coisa e apontar a Veja, a Folha, o El País, o jornalista Reinaldo Azevedo como golpistas. Desconfiar dessa associação. Criticar Greenwald sob um ponto de vista do custo e do benefício.
Valeria à pena reabilitar órgãos e jornalistas tão venais? que são a favor da Lava-Jato, do golpe e da prisão de Lula? um jornalista que cunhou a expressão “petralhas” ? Desconfiar de quem está denunciado, está correto. O oposto é desqualificar o conteúdo dos vazamentos. Supor, como faz o artigo, que as denúncias visam encobrir com uma cortina de fumaça a reforma da Previdência e os ataques ao País. “Os vazamentos do The Intercept se dão em meio a um dos maiores ataques à classe trabalhadora brasileira: a reforma da Previdência. Enquanto setores da esquerda transformam Glenn e o The Intercept numa espécie de salvador da luta contra os golpistas, nada fazem para barrar este ataque”.
As denúncias são a materialização das provas que muitos já sabiam (o próprio Diário se coloca nesse campo. Será?). Desmerecê-las é justamente o contrário do que afirma o artigo. É se colocar no campo dos golpistas. É não defender a liberdade de Lula; em suma, é não lutar contra o golpe. Em geral, os escritos sectários e nesse caso, também direitista, sempre tem uma boa dose de moral. No artigo em questão, é reproduzido todo um trecho de um discurso de 2017 de Greenwald defendendo a Lava-Jato. Mas isso não é um “privilégio” do jornalista norte-americano. A esquerda Diário também defendeu o combate a corrupção no Brasil algum tempo atrás. Assim se referia sobre o assunto em um artigo de 17 de março de 2015, que tratava das manifestações coxinhas contra o governo Dilma Rousseff, com o seguinte título: “NEM PT NEM PSDB – Os atos do dia 15 e a necessidade de uma resposta independente”. “Mais que isso, também expressam desilusão em setores votantes de Dilma, que veem sobretudo na corrupção enorme e no total envolvimento do PT nos escândalos que vieram à tona, a certeza de que devem visar uma mudança”, para concluir mais adiante que: “Essa saída deve partir de levantar um programa que faça frente aos desmandos e a corrupção dos partidos dominantes…”. Quer dizer, não era apenas Greenwald que tinha ilusão com a suposta política de combate a corrupção. Esse foi o posicionamento geral da esquerda pequeno-burguesa, absolutamente influenciada pelo política do golpe no Brasil.
8 | INTERNACIONAL
1948: MASSACRE E EXPULSÃO
Israel esconde provas do extermínio de palestinos em 1948 R
eportagem publicada na última quarta-feira (dia 4) no jornal israelense Haaretz revela que o governo do Estado de Israel esconde provas para negar o massacre e expulsão de palestinos em 1948, conhecido como Nakba. Historiadores como Tamar Novick e Benny Morris encontraram documentos nos arquivos de um antigo partido de esquerda israelense, o Mapam (extinto em 1997) com relatos de crimes de guerra perpetrados por milícias paramilitares contra os palestinos em 1948. Um caso de atrocidade relatado em um dos documentos aponta a execução de 52 homens que foram amarrados, fuzilados e atirados em uma vala comum; assassinato de idosos e estupro de mulheres, incluindo adolescentes. Esses crimes ocorrem no vilarejo de Safsaf quando foi invadido pelas Forças de Defesa de Israel (então milícias paramilitares) na Operação Hiram no final daquele ano. Entretanto, esses documentos nunca mais foram encontrados, quando Morris tentou revê-los. Estavam já em
posse do Ministério da Defesa de Israel, a fim de remover qualquer vestígio desses crimes. Esse e outras centenas de documentos, além de arquivos sobre o projeto nuclear do regime sionista. Especificamente, os documentos passaram para as mãos do Malmab, um departamento secreto dentro do Ministério da Defesa, que tem, sistematicamente, destruído ilegalmente e sem autorização esse tipo de documentação. A Nakba (catástrofe, em árabe) é o nome dado pelos palestinos à expulsão em massa que mais de 700 mil deles sofreram de seu próprio território no ano de 1948, quando tropas de Israel decidiram ocupar o território. Foi nesse mesmo ano que a ONU criou oficialmente o Estado de Israel, que se tornou um Estado de verdadeiro apartheid social contra os palestinos. Nos anos seguintes, Israel foi roubando cada vez mais território da Palestina e de outros países árabes, em guerras promovidas pelo imperialismo norte-americano e britânico. Até hoje a repressão contra os pa-
lestinos é intensa, incluindo fortes bombardeios que causam a morte de civis, bloqueio comercial total e colonização. O Estado de Israel é uma entidade assassina, criada artificialmente pelo imperialismo para servir de base de controle do Oriente Médio, uma região estratégica devido ao seu posicionamento geográfico e recursos naturais. A solução para o conflito entre judeus e palestinos passa pelo fim da
política sionista e o estabelecimento de um Estado único, laico, em que convivam judeus e palestinos, como ocorria antes da criação do Estado de Israel. Mas, para isso, é preciso que o imperialismo seja expulso da região, uma vez que ele é o grande causador das agressões atrozes implementadas pelo regime fantoche de Tel Aviv e que se imponha um governo dos trabalhadores e de suas organizações.
SYRIZA
Psol grego entrega tudo ao imperialismo e vai perder a eleição A
manhã ocorrem as eleições legislativas na Grécia, país falido pelo saque do imperialismo a partir da crise de 2008. Segundo as pesquisas de intenção de voto, o direitista Nova Democracia deverá ganhar mais da metade das 300 cadeiras, o que seria uma vitória acachapante sobre o Syriza, partido do atual primeiro-ministro Alexis Tsipras. Essa seria a derrota definitiva do partido da esquerda pequeno-burguesa, após ter perdido as recentes eleições locais e para o Parlamento Europeu. Isso obrigou Tsipras a antecipar as eleições legislativas, que ocorreriam em outubro. Não adiantou para o Syriza se vender à burguesia para ajudar na espoliação do povo grego. O partido apareceu como um suposto contraponto à política neoliberal que foi imposta aos gregos pela Troika (FMI, Banco Central Europeu e Comissão Europeia) alegadamente para “salvar” o país da crise de 2008. A Grécia foi a nação europeia mais afetada por essa crise. O país foi à bancarrota. Isso gerou uma intensa polarização e derrocada do regime político, levando a esquerda e a extrema-direita a ganharem apoio. Por um lado, os trabalhadores realizaram grandes jornadas de manifestações, greves gerais e protestos radicalizados, com o Partido Comunista (KKE) e o Syriza ganhando apoio. Por outro, a burguesia percebeu que estava na hora de impulsionar um movimento fascista e o Aurora Dourada, partido de extrema-direita, passou a realizar importantes
intervenções no cenário político. A crise econômica de 2008 gerou também uma forte crise do regime político. Os partidos tradicionais, assim, foram praticamente varridos do mapa. O social-democrata Pasok, tradicional partido da ala esquerda da burguesia, afundou, assim como tem ocorrido com a social-democracia europeia de modo geral. O Syriza se apresentou como uma alternativa ao desmonte dos direitos mais básicos dos gregos, denunciando a política neoliberal. Assim, conquistou a vitória nas eleições de 2015 e Tsipras se tornou primeiro-ministro. Entretanto, logo quando iniciou seu governo, o Syriza mostrou que todas as suas denúncias não passavam de demagogia eleitoral e deu continuidade à implementação da chamada política de austeridade. Isso gerou um racha no partido, com a saída de importantes dirigentes, como o ministro das Finanças e intelectual da “nova esquerda”, Yanis Varoufakis. O Syriza fez acordos com a Troika para “solucionar” a crise, o que significou entregar toda a economia da Grécia para os grandes bancos alemães e franceses, atacando os direitos dos trabalhadores, privatizando os principais setores estratégicos, “enxugando” a máquina pública e cortando os gastos sociais. Tudo isso, para pagar a dívida estratosférica que os bancos impuseram ao país mediterrâneo, uma dívida que, obviamente, nunca será paga. O desemprego na Grécia, por exemplo, continua sendo o maior da Zona do Euro (18%).
A verdade é que o Syriza não passa de uma versão 2.0 dos tradicionais partidos social-democratas, da ala esquerda da burguesia europeia. Tentou se apresentar como alternativa anticapitalista, mas é um primo pobre do Pasok. Foi colocado pela burguesia para conter o movimento revolucionário dos trabalhadores gregos, com sua política que nem mesmo é reformista. Isso porque, diante da crise total do regime, era a opção que o imperialismo encontrou para salvá-lo. O Syriza sustentou o regime burguês e está pagando o preço agora, ao impor uma política totalmente impopular. Os trabalhadores já não acreditam mais no Syriza. Essa é a mesma política de partidos como o Podemos na Espanha, o Bloco de Esquerda em Portugal, o França Insubmissa ou o Die Linke na Alemanha. O Psol é o representante dessa política no Brasil. Trata-se de partidos criados na esteira da crise dos partidos social-democratas tradicionais, em meio à pu-
trefação do regime político e econômico. Inicialmente, adotam discursos radicais, mas não conseguem congregar uma base de massas e por isso acabam adotando uma política totalmente capituladora e pequeno-burguesa. Desses partidos, somente o grego chegou ao poder, e demonstrou o que acontece quando a esquerda pequeno-burguesa tenta substituir os partidos tradicionais a mando da burguesia: adota a mesma política que eles, mas, como não têm o apoio de toda a burguesia de conjunto, são facilmente descartáveis quando os capitalistas percebem que já está na hora de trocá-los. A política para solucionar a crise a favor dos trabalhadores é uma política da classe operária: a expropriação da burguesia e a ascensão de um governo proletário, controlado pelos trabalhadores, que estatize a propriedade privada e distribua emprego e salário aos mortos de fome pelo saque capitalista. Essa, no entanto, não é a política dos partidos da esquerda pequeno-burguesa.
INTERNACIONAL | 9
DIREITOS HUMANOS
Venezuela denuncia relatório farsesco da ONU sobre direitos humanos
N
a última quinta (27), a Comissária das Nações Unidas para os Direitos Humanos e ex presidenta do Chile, Michele Bachelet, divulgou um relatório de 18 páginas expondo supostas violações do direito à saúde, o uso excessivo da força pelas forças de segurança do Estado e violações de direitos econômicos, social, civil, político e cultural, entre outros, por parte do governo da Venezuela. O documento será apresentado ao Conselho de Direitos Humanos da ONU, com sede em Genebra, juntamente com refutações feitas pelo governo de Nicolás Maduro. María Alejandra Díaz, presidente da Comissão de Direitos Humanos da Assembleia Constituinte da Venezuela, disse que a ex-presidenta (2006-2010 e 2014-2018) do Chile não é imparcial para garantir que os ‘excessos’ de algumas forças de segurança fazem parte de um comportamento sistemático do Estado . “Es un informe sesgado, de carácter injerencista (…) ellos están utilizando como excusa la supuesta violación de derechos humanos para justificar una intervención”, dijo Díaz.” “É um relatório tendencioso, de natureza intervencionista (…) eles estão usando como desculpa a suposta violação dos direitos humanos para justificar uma intervenção “, disse Díaz.“ “No voy a negar que hay cuerpos de seguridad que han cometido excesos, bueno hay que castigarlos y perseguirlos, pero de ahí a que diga que es un comportamiento sistemático del Estado, sin
mencionar que quien está ocasionando esas violaciones como acceso a la salud y a la alimentación, es un bloqueo de los Estados Unidos, tú no eres sino una complaciente más de la ONU”, dijo Díaz. “Não vou negar que existem forças de segurança que cometeram excessos, temos de puni-los, mas daí a dizer que é um comportamento sistemático do Estado, sem mencionar quem está causando essas violações como acesso à saúde e à alimentação, que é um bloqueio dos Estados Unidos, você não é senão mais uma complacente com a ONU”, disse Díaz.O governo venezuelano chamou o relatório de tendencioso e apresentou 70 observações afirmando que o documento carece de objetividade, tem imprecisões, erros, descontextualizações e falsas alegações. Díaz, que é advogada constitucional, condenou que o relatório não incluiu os planos de desestabilização do governo promovidos pela oposição e por
governos estrangeiros, sobretudo os EUA. “Em nenhum espaço se fala sobre as causas do terrorismo financeiro do imperialismo norte-americano, o roubo de nossos vastos recursos, a morte de nossos mártires nas mãos de terroristas de extrema direita contratando paramilitares e assassinos colombianos e da América Central, e a perseguição da nossa liderança” disse Díaz. O constituinte questionou que Bachelet não se pronunciou sobre a violação dos direitos humanos em outras nações. “Por que você não dizê-lo no relatório da Colômbia, gostaria de saber? Ou é talvez ter matado 230 líderes sociais em um ano há violação dos direitos humanos? Direitos”, perguntou Diaz referindo-se a assaltos e mortes dos líderes da sociedade civil no país vizinho. Bachelet visitou a Venezuela entre 19 e 21 de junho.
Naquela ocasião, ele se reuniu com Maduro e outros altos funcionários, com o vice-Juan Guaidó e outros líderes da oposição e representantes da sociedade civil, empresários, professores, vítimas e suas famílias. “Após a visita, uma equipe de dois oficiais do Bureau permaneceram no país, no âmbito de um acordo que lhes permite prestar aconselhamento e assistência técnica, e monitorar a situação dos direitos humanos”, diz o documento apresentado pelo Alto Comissariado . Por sua vez, Maduro disse que a visita da ex-mandátaria chilena é um primeiro passo na cooperação pelos direitos humanos em seu país. Este é o segundo relatório que Bachelet apresenta neste ano. No primeiro, em 20 de março, também afirmou que na Venezuela havia “numerosas violações e abusos dos direitos humanos perpetrados pelas forças de segurança”. É preciso entender que Bachelet faz parte da esquerda burguesa, portanto ultra moderada, e por isso foi colocada no alto comissariado, para fazer demagogia e enganar a esquerda. A própria esquerda venezuelana acredita que ela vai apoiar a Venezuela, porém ela é funcionária da ONU, órgão controlado pelo imperialismo, e criticou Maduro na sua visita à Venezuela. Esse relatório não fala com o peso suficiente do bloqueio econômico contra a Venezuela, nem da extrema violência da oposição e do boicote interno à economia, e ainda distorce a suposta perseguição política contra a oposição coxinha.
CUBA
Desenvolvimento de TI a serviço da revolução O
governo cubano expediu ontem (dia 5) decretos e resoluções a respeito do “aperfeiçoamento da informatização da sociedade em Cuba”, estabelecendo uma política neste sentido e voltada para a defesa da Revolução de 1959. Alguns aspectos dessa política são o desenvolvimento da indústria de programas e aplicativos informáticos, o estabelecimento da segurança das tecnologias da informação e da comunicação e a defesa do ciberespaço nacional. Um dos objetivos é assegurar a proteção dos dados pessoas dos usuários em suportes eletrônicos. Um ponto importante é a obrigatoriedade para as pessoas jurídicas do uso do sistema antivírus nacional e o uso prioritário de aplicativos com código aberto e de produção nacional, como informa o portal Cubadebate. Assim, o Estado cubano pretende promover o desenvolvimento da indústria de programas e aplicativos informáticos para “aperfeiçoar e incrementar a produção nacional e a substituição de importações”. Também consta nas normas aprovadas a pro-
moção do desenvolvimento de parques científicos-tecnológicos “como parte integrante da indústria”, o que entra em conformidade com as resoluções do Ministério de Ciência, Tecnologia e Inovação. É importantíssimo para um país como Cuba – que sofre um bloqueio criminoso dos EUA há quase 60 anos e que vem aumentando – desenvolver e proteger suas informações e comunicações. O governo cubano está correto em considerar isso um instrumento fundamental para a manutenção de seu Estado Operário e das conquistas da revolução. Um dos mecanismos utilizados pelo imperialismo para derrubar governos que o desagradam é justamente a infiltração em seus sistemas informáticos. Em Cuba, os EUA já tentaram fazer isso diversas vezes, mas os serviços de inteligência da ilha conseguiram desmantelar tais planos. Outro aspecto corretíssimo é manter sob o controle do Estado esse setor estratégico da sociedade cubana. A empresa estatal de telecomunicações (ETECSA) é e continuará sendo a administradora prioritária da reformulação
e modernização do sistema de comunicações cubano. Além disso, as novas normas reiteram o compromisso com o desenvolvimento da banda larga nacional. Uma parte do bloqueio norte-americano é exatamente o impedimento de acesso do povo de Cuba à Internet através de banda larga, uma vez que os cabos de fibra óptica que passam pelo Caribe são controlados pelos EUA. Mesmo sob intenso bloqueio imperialista e com as limitações que isto impõe, Cuba tem avançado nas comu-
nicações e no acesso à Internet nos últimos anos, e cada vez mais cubanos têm esse direito de acesso à rede. O governo tem trabalhado para baratear os custos, mas também existem diversos pontos de acesso gratuito, como praças e parques de Havana e outras grandes cidades, assim como centros de informação públicos. Boa parte dessa tarefa tem sido desenvolvida em cooperação com a China e com a Rússia, fundamentais para diminuir os efeitos do bloqueio imperialista.
10 | ESPORTES
ESPORTES
Neymar, “preso por ter cão, preso por não ter cão” C
onforme nós vimos denunciando há algum tempo, Neymar personifica os ataques contra a Seleção Brasileira, que sua vez é a representação dos ataques contra o futebol brasileiro. Isso porque Neymar é o melhor jogador do Brasil e, para o detratores do futebol nacional, que respondem a interesses econômicos poderosos dos monopólios imperialistas, é preciso em primeiro lugar destruir o principal craque do time. Não se trata portanto de um ataque individual, que respeita a determinadas características pessoais de Neymar, mas de uma ofensiva política e econômica que tem objetivos claros. Nesse sentido, independentemente do comportamento de Neymar, ele será atacado. Ora por fazer uma coisa, ora por fazer outra coisa, mesmo se forem coisas opostas uma da outra. Independe também do próprio jogador, quando Neymar sair do foco, outro jogador – ou mais de um – será alvo de ataques similares. A perseguição a Neymar é implacável. Já era previsto que, caso a Seleção ganhasse a Copa América, seria dito
pelos jornalistas venais da imprensa golpista que o time ganhou porque estava sem Neymar e que portanto, o atacante seria totalmente dispensável. Se A Seleção perder, esses mesmos jornalistas dirão que a derrota é fruto produto da dependência exagerada que o time tem em Neymar. O comentarista da Fox Sports, Fábio Sormani, em programa após o jogo contra a Argentina, disse que Neymar não deveria voltar automaticamente como titular do time e criticou o fato de Neymar ter ido visitar o vestiário da Seleção para comemorar a vitória. Uma crítica surrealista, mas que mostra bem o nível da perseguição. Fica mais claro ainda a crítica totalmente sem nexo se levarmos em consideração que uma das maiores campanhas contra Neymar é de que ele seria milionário e que portanto não daria a mínima para a Seleção, “só quer mesmo é ganhar dinheiro”. E conforme o previsto, à medida que o título da competição de aproxima, aumentam os ataques. Vários órgãos da imprensa já insinuam ou dizem abertamente que Neymar não faz falta para a Seleção ou que nem deveria
ser convocado. o jornal Extra do Rio de Janeiro, órgão da Globo, publicou uma matéria aloprada com um comentário do “especialista em futebol de botão”, Hamilton do Botão, dizendo: “pelo menos o time é menos individualista e joga melhor coletivamente sem o
Neymar. Hoje, ele tem que ser banco”. (https://extra.globo.com, 4/7/19) Caímos aqui na cláusula de Machado de Assis no conto O Alienista: “preso por ter cão, preso por não ter cão”. Não importa o que seja feito, Neymar e a Seleção serão atacados.
Ditadura golpista proíbe torcida Independente de entrar em estádio N esta quinta-feira (4 de julho), por determinação do Ministério Público do Estado de S. Paulo, a Torcida Tricolor Independente, maior torcida organizada ligada ao São Paulo F. C., foi vetada dos estádios, ficando proibida a entrada de objetos, faixas, bandeirões, instrumentos musicais, indumentárias e demais acessórios que identifiquem a organizada. O veto pedido pelo Ministério Público foi acatado pela Federação Paulista de Futebol e tem como pretexto uma suposta “confusão” causada pela torcida na Praça Charles Miller, em frente ao Pacaembu, antes do jogo entre São Paulo e Cruzeiro, no dia 2 de junho, pela sétima rodada do Campeonato Brasileiro, ocasião em que 83 membros da organizada foram detidos em função da briga. É mais do que sabido que as “confusões”, “brigas” e “violências” atribuídas às torcidas organizadas não são senão a versão oficial elaborada pelos órgãos de repressão, e repercutida pela imprensa burguesa, para criar o clima e a justificativa da ditadura que vigora
contra o futebol e o povo brasileiros. A proibição da Torcida Independente de frequentar os estádios é apenas mais uma medida de um conjunto vasto de ataques antidemocráticos ao povo torcedor, que incluem, além da proibição de inúmeras outras torcidas organiza-
das em todo o país, a presença constante da repressão policial nos estádios, a censura aos tambores e faixas dos torcedores, a realização de jogos com torcida única, e por aí vai. Tudo isso é feito de forma demagógica e cínica, valendo-se do pretexto moral do
“combate à violência”, da “segurança nos estádios”. O golpe de Estado iniciado em 2016, com a queda do governo Dilma Rousseff e a prisão de Lula, e cujo resultado político mais recente foi a vitória fraudada de Bolsonaro nas últimas eleições, acentuou ainda mais as tendências antidemocráticas e antipopulares do regime político brasileiro. As torcidas organizadas não poderiam deixar de ser um alvo preferencial da direita golpista, já que constituem um importante instrumento de mobilização das massas populares. Para exemplificar a intensificação dos ataques, basta mencionar que, recentemente, o senador fascista Major Olímpio (PSL-SP) retomou projeto de lei de 2015, de sua autoria, que prescreve a proibição da criação de novas organizadas e a extinção das já existentes. O ataque contra as torcidas organizadas é parte fundamental do ataque geral contra os direitos democráticos da população, e só pode ser enfrentado pela mobilização popular contra o regime político golpista e o governo fascista de Bolsonaro.
Todos os domingos às 20h30 na Causa Operária TV www.youtube.com/CausaOperariaTV