SEGUNDA-FEIRA, 8 DE JULHO DE 2019 • EDIÇÃO Nº 5697
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DIÁRIO OPERÁRIO E SOCIALISTA DESDE 2003
Brasil campeão, em meio a vaias para Moro e Bolsonaro! Nesse domingo, dia 7, aconteceu a grande final da Copa América 2019. A conquista do nono campeonato da Seleção Brasileira não foi o único destaque da partida. A vaia tomada pelo presidente golpista Jair Bolsonaro também ficou para a história. EDITORIAL
O cinismo dos que apoiaram a Lava Jato É preciso denunciar o cinismo de todos que apoiaram a Lava Jato e agora fingem estar contra. Qualquer um com pelo menos um olho poderia perceber a operação grotesca e fajuta que foi montada. Não havia provas contra Lula, nunca foi comprovado que ele era culpado, muito pelo contrário foi comprovado que ele não era.
POLÍTICA
Veja: a imprensa capitalista deve ser denunciada sistematicamente Para quem começou a ter dúvidas sobre a postura política da Revista VEJA, achando que havia tido uma mudança na linha editorial, que a revista agora estaria se alinhando ao lado progressista, a própria teve a iniciativa de explicar para não se enganar.
Reforma da previdência deve ser enfrentada nas ruas
Porque todos querem defender a mulher? Os deputados de direita junto com os deputados de esquerda estão apresentando tudo quanto é projeto que não são para defender a mulher, são para aumentar pena, criar novos crimes e assim por diante.
Compreender o judiciário: Bolsonaro vai nomear 90 juízes
Desde que o golpe de Estado derrubou a presidenta Dilma, os golpistas tentaram roubar o fundo da previdência e o direito à aposentadoria várias vezes com Temer e agora com Bolsonaro. Em todas elas, a esquerda adotou a política de pressão parlamentar através de mobilizações de baixa intensidade em detrimento de uma gigantesca mobilização nas ruas rumo à greve geral.
FHC e o Plano Real: a fantasia e o pesadelo Com o objetivo de fazer propaganda em defesa do reajuste da economia, o expresidente da República, Fernando Henrique Cardoso (FHC), escreveu um artigo assinado no Estado de São Paulo (Estadão).
Crise econômica: sem perspectiva de acabar Segundo os próprios economistas burgueses a crise econômica mundial não tem perspectiva de acabar.
PCO
PCO faz campanha financeira para organizar a luta contra Bolsonaro ATIVIDADES
Veja como foram os arraiás do PCO IMPRENSA OPERÁRIA
Novo Causa Operária chama todos a Curitiba pela liberdade de Lula
2 | OPINIÃO EDITORIAL
A política de derrotas da esquerda
C
om o decorrer do governo Bolsonaro, a esquerda pequeno-burguesa tem entrado em uma crise sem precedentes. Talvez, até mesmo na época do golpe, em que todos estes se negaram a enxergar o processo, a crise não foi tão grande quanto hoje em dia. O governo está um caos e luta pelo poder está colocada. Como sempre, a esquerda pequeno-burguesa, sem programa, oportunista e imediatista não tem proposta e por isso entram em um limbo político. A esquerda pequeno-burguesa não quer chamar o Fora Bolonaro, que agora com os vazamentos da Lava Jato, mas também antes com o apelo popular, está colocado no centro da luta política. Os vazamentos comprovam que Bolsonaro é produto de uma fraude que prendeu Lula e tirou-o da eleição, abrindo a caminho para o fascista. Quem abriu o caminho é justamente seu atual ministro da Justiça – revelando um interesse clara na prisão do ex-presidente. Além disso, diversos outros escândalos, envolvendo milícias, candidaturas laranjas e brigas internas por cargos tem abalado o governo. Diante disso, o povo tem saído às ruas para
exigir a derrubada do governo. Nas favelas do RJ, no Carnaval, nos estádios e nos atos, o repúdio a Bolsonaro é generalizado. Mas mesmo assim a esquerda se nega em aderir à palavra de ordem. Desta forma, alguém diria que o foco da luta política está contra a Reforma da Previdência. Obviamente que, para isso, o Fora Bolsonaro é in-
dispensável. Porém, mesmo assim, a esquerda pequeno-burguesa está perdida. Por um lado, as centrais sindicais estão procurando realizar greves e mobilizações com as centrais patronais (Força Sindical, UGT) que votaram a favor da Reforma. Por outro, as lideranças da esquerda dizem que é hora de pressionar os parlamentares golpistas do Congresso Nacional. Um
pouco parecido com o que fizeram na época do Impeachment, semeando ilusões de que haveria alguma alternativa de tipo institucional. Isso vai inclusive mais longe com os governadores de esquerda tentando negociar uma reforma mais leve. No quesito da educação é a mesma coisa. Após os grande atos do dia 15 e dia 30 de mal – que segundo as organizações eram em defesa da educação, apesar de que a maioria estava lá contra a totalidade do governo – as lideranças não chamaram mais nenhum ato “em defesa da educação”. O único grande ato depois foi na Greve geral do dia 14, que foi “contra a reforma da previdência”. A esquerda precisa se decidir sobre qual é o foco. A luta contra a reforma ou pela educação? Não se decidem. Isso porque são muito “democráticos” para pedir a derrubada de um governo eleito por uma fraude. A luta pela derrubada de Bolsonaro, através do Fora Bolsonaro, permitiria a mobilização contra todos os ataques do governo. Porém, a tática da esquerda pequeno-burguesa é “nem Fora Bolsonaro, nem aposentadoria, nem educação”. Isto é, uma tática de derrotas. sem nenhuma conquista para a população.
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ESPORTES | 3
ESPORTES
Todos os domingos às 20h30 na Causa Operária TV
Brasil campeão, em meio a vaias para Moro e Bolsonaro! N
esse domingo, dia 7, aconteceu a grande final da Copa América 2019. A conquista do nono campeonato da Seleção Brasileira não foi o único destaque da partida. A vaia tomada pelo presidente golpista Jair Bolsonaro também ficou para a história. Mas antes de falar sobre Bolsonaro, vale ressaltar que o melhor futebol do mundo foi campeão jogando muito bem, mesmo sem seu principal jogador, Neymar, que estava machucado. Diferente do que os jornalistas esportivos da imprensa golpista diz – e que a esquerda pequeno burguesa acompanha – a conquista mesmo com a ausência de Neymar desmente a tese de que a Seleção seria dependente do atacante e mostra que o futebol brasileiro é realmente um seleiro de craques. Se Neymar estivesse em campo, provavelmente a conquista do título seria ainda mais fácil. O Brasil, para ser campeão, teve que jogar contra a enorme pressão que os grande monopólios do futebol vem exercendo contra a Seleção, tendo como veículo de transmissão toda a imprensa golpista e imperialista. Uma campanha que ficou clara pelo sistemático uso do VAR contra o Brasil e foi escancarada pelas reclamações da AFA (Federação de Futebol Argentina) e do jogador argentino Messi que afirmou, mesmo sem nenhum fundamento aparente, que a Copa estaria armada para o Brasil. Essa reclamação, que numa situação normal até poderia ser levada a sério, parece ser, na realidade parte de uma campanha contra o futebol brasileiro. As evidência são claras: 1) Quem controla tradicionalmente a Conmenbol (Confederação sul-americana de Futebol) são os próprios
argentinos; 2) O jogo entre Brasil e Argentina não teve nenhum lance tão escandaloso que justificasse uma reclamação nessas proporções por parte de uma federação contra a outra; 3) À primeira vista, embora a acusação de Messi tenha sido grave, em nenhum momento ele foi duramente repreendido, o que foge dos patrões de jogadores que foram punidos por muito menos; 4) A CBF tem se colocado em conflito de interesses aberto com o restante das federações sul-americanas após ter se recusado a votar nos Estados Unidos e no Canadá para a serem a sede da Copa de 2026. Não sabemos exatamente o que se passa no interior dessas federações, confederações e na própria FIFA. É um ambiente dominado por interesses de grandes capitalistas que estão a todo momento lutando entre si. Mas os dados acima servem para compreender
um pouco o que está em jogo e as contradições que existem aí. Outro fato é que ao contrário do que reclamou Messi, o Brasil precisou passar por cima do VAR e das arbitragens várias vezes. Até mesmo no jogo contra a Venezuela, o VAR entrou em campo três vezes contra o Brasil. Independente da correção ou não dos lances, é preciso ser lógico: se a Copa estaca arrumada para o Brasil, para que tanto esforço em anular gols da Seleção? O mesmo aconteceu com o pênalti para o Peru e a expulsão de Gabriel Jesus na final. O que se viu na verdade é que o futebol brasileiro precisou jogar contra um esquema montado para dificultar a Seleção. Muitos setores da esquerda pequeno-burguesa, que são o lado da mesma moeda coxinha que ataca o futebol brasileiro, irão aproveitar a presença do golpista Jair Bolsonaro na final para
fazer frente única nos ataques contra a Seleção. Uma esquerda que realmente está de acordo com os interesses do povo não vai entregar a Seleção para a direita. Em vez disso, é preciso denunciar, é preciso lutar para que a Seleção seja realmente do povo e controlada por ele e não torcer contra que no final das contas é uma atitude de coxinha. Bolsonaro, como um político burguês e oportunista foi se aproveitar da Seleção, sendo que ele, como bom representante da direita mais ignorante, sequer gosta de futebol. A torcida que estava presente no Maracanã não ficou com filosofia e soltou uma vaia homérica contra Bolsonaro. Torceu para o Brasil e vaio Bolsonaro, que na realidade nem brasileiro é, é um norte-americano disfarçado. A vaia foi tão grande – maior do que a recebida no Mineirão no jogo contra a Argentina – que nem mesmo Galvão Bueno da rede Globo conseguiu esconder e precisou disfarçar: “como sempre há manifestações contra e a favor”. Enquanto Bolsonaro fazia demagogia, a torcida vaiava. No final, o Brasil terminou mesmo fazendo 4 gols: de Everton, Gabriel Jesus, Richarlison e da torcida. É importante ainda ressaltar que a torcida presente no Maracanã não era popular pelo valor absurdo do preço dos ingresso. O mais barato não saía por menos de 600 reais. Mesmo assim, nem a Globo conseguiu esconder as vais para Bolsonaro, Sergio Moro e os ministros que estavam por ali. As vaias foram preparadas por manifestações do lado de fora do Maracanã: houve lulaço, mutirão do PCO, protesto contra o preço dos ingressos dos torcedores pela democracia e pelas torcidas organizadas em torno do movimento Direito de torcer.
4 | ESPORTES
ESPORTES
Todos os domingos às 20h30 na Causa Operária TV
COLUNA
É proibido torcer para a Seleção Brasileira Por Henrique Áreas de Araújo
A
burguesia coloca em marcha na sociedade a campanha de que o pobre trabalhador é inferior. Segundo a ideologia burguesa, o trabalhador é um ser inferior pois precisa todos os dias vender sua força de trabalho para não morrer de fome e que portanto aqueles que não precisam disso seriam moralmente superiores. Uma ideologia que serve para justificar a escravidão do trabalhador. Mais ainda, ao se sentir inferiorizado, o trabalhador é mais facilmente dominado pela burguesia. A classe média nessa história serve como correia de transmissão dessa ideologia. Ele, no “alto de sua pobreza”, trata o operário como inferior, convencida dessa falsa superioridade pelas migalhas a mais que a burguesia lhe oferece. Essa relação social e cultural entre as classes se reproduz em todos os aspectos da vida. Incluindo aí, com muita força a cultura e assim o futebol. A luta de classes não é um fenômeno meramente local. Ela se apresenta com muito mais força quando se trata de uma luta entre os grandes capitalistas imperialistas e os povos do mundo todo. Engana-se quem pensa que a luta entre a burguesia e a classe operária dentro de determinado país é mais decisiva do que a luta de classes internacional. Na realidade, as lutas locais estão subordinadas às lutas gerais. Quem assiste ao processo golpista no Brasil sabe que não se trata de caso isolado mas do resultado de uma política que o imperialismo tomou em todo o mundo e que produziu golpes em dezenas de Países. Partindo do princípio então que a burguesia precisa que seus explorados se sintam inferiorizados para facilitar seu domínio, exatamente essa mesma lógica ocorre na luta entre os países imperialistas e os países atrasados. O imperialismo precisa dominar
culturalmente os países que quer dominar economicamente. Essa dominação não se dá apenas com a imposição de sua cultura sobre determinado povo, é preciso um trabalho de propaganda para desmoralizar a cultura genuína do povo de determinado País. É preciso convencer aquele povo de sua “inferioridade”. É por isso que de modo geral o nacionalismo nos países atrasados é um fenômeno progressista e até mesmo revolucionário. E aí que chegamos no caso do futebol brasileiro. O futebol é, sem dúvida, o principal fenômeno cultural que unifica o povo brasileiro. Isso aconteceu por vários aspectos históricos e de classe. Resumidamente: o futebol brasileiro é produto da luta da classe operária em geral e particularmente do negro para tirar da burguesia branca a exclusividade nesse esporte. E nessa luta, que se dá até hoje, o trabalhador foi vitorioso. Conseguiu se apropriar do futebol e a partir daí produzir uma transformação no esporte que é o que se reconhece no mundo todo como o “futebol arte” brasileiro. Ou seja, para que os trabalhadores e os negros pudessem se impor sobre a burguesia, foi necessário que se desenvolvesse um estilo de jogo muito superior tecnicamente a ponto de que resultasse numa transformação do simples esporte em um fenômeno cultural de massas, quase que um fenômeno artístico. O resultado dessa luta intensa é tão superior que atingiu em cheio os países imperialistas que se viram obrigados a se adaptar ao futebol brasileiro. E aí está o grande problema. Não é possível para o imperialismo suportar tal fenômeno tanto porque é preciso garantir os lucros gerados pelo futebol na Europa quanto porque o brasileiro não pode se sentir maior do que os brancos europeus e norte-americano.
Em diversas cidades, PCO torceu pela seleção brasileira
N
este último domingo (7), se encerrou a Copa América com o Brasil campeão. Superando o VAR, a imprensa e os brasileiros que torciam contra a seleção, o Brasil venceu por 3×1. Os militantes do Partido da Causa Operária e simpatizantes se reuni-
riam, como sempre, para torcer pela seleção brasileira nos CCBPs de suas respectivas cidades, com direito a churrascão. O PCO defende que a população brasileira deve se apropriar do futebol sim, afinal, é uma atividade popular, mas que constantemente a burguesia tenta restringir à classe média. Mesmo a presença do sanguessuga Bolsonaro, dono de uma política golpista e de completa subserviência, no Maracanã, não foi o suficiente para desanimar os torcedores. Assim, a seleção brasileira termina recebendo seu nono título sul-americano.
Isso é um perigo para a dominação imperialista. É preciso convencer o brasileiro, então, de que seu futebol não é superior. Mais ainda, é preciso desmoralizar o futebol brasileiro. E qual a melhor maneira de fazer isso? Desmoralizando a Seleção Brasileira que é a representação do nosso futebol inclusive porque é a Seleção que se enfrenta diretamente com os outros países. Assim, a burguesia imperialista procura convencer o brasileiro de que tudo o que vem de fora é melhor. O bom jogador estrangeiro é sempre melhor do que o craque brasileiro, os nossos vizinhos argentinos são sempre melhores do que os brasileiros, os campeonatos europeus são sempre melhores do que os brasileiros, e assim por diante. Toda essa campanha, que vem de décadas e que tem se aprofundado, é montada cuidadosamente pelo imperialismo para que o povo brasileiro se sinta inferior e não ouse enfrentar com ar de superioridade os Países imperialista, “aceitem calados a dominação, não se levantem nem mesmo no futebol”, diz o imperialismo. Tudo isso, claro, enquanto roubam nossos jovens jogadores. Como dissemos, o nacionalismo nos países atrasados pode ser até mesmo revolucionário! Essa campanha penetra no brasileiro através da imprensa capitalista, que de maneira cínica e ardilosa finge torcer para o Brasil mas está a todo o momento fazendo campanha para os Europeus e através da classe média, que também nesse caso cumpre o papel de correia de transmissão da ideologia imperialista. Essa classe média que é usada pela burguesia para dominar a classe operária, é também usada para espalhar a campanha contra o futebol brasileiro. Por isso, de modo geral, a classe média de direita, os coxinhas, ri do fute-
bol brasileiro quando perde, gosta de futebol europeu e até mesmo de futebol americano. Usaram a camisa da Seleção nos atos de direita o que na realidade é uma maneira de macular a camisa. E existe o outro lado da mesma moeda, a classe média de esquerda, ou mais precisamente a esquerda pequeno burguesa que também contribui para a campanha imperialista contra nossa cultura. Com argumentos pseudo esquerdistas encontram todos os motivos para atacar a Seleção e os jogadores brasileiros. Lutar pelo domínio do povo sobre o futebol e a Seleção, nunca! Mas fazer a propaganda fajuta de que os argentinos são melhores, de que nenhum jogador presta, de que são todos de direita e muitas outras ladainhas sem nenhum fundamento, isso sim. Os motivos não importam, o resultado da campanha sim. E a classe média – de esquerda e de direita -, no “alto de sua ignorância”, serve como correia de transmissão da campanha imperialista, que precisa convencer o brasileiro de que ele é um ser inferior, ou “macacos” como gostam de nos chamar alguns argentinos e os europeus. Está proibido torcer para a Seleção e quem disse isso não foi o esquerdista de classe média que tem horror aos jogadores pobres que ficaram milionários por bater uma bola. Quem decretou isso foram os capitalistas, que querem dominar esse país, que agora mais do que nunca está sendo dado de presente para eles.E Bolsonaro, que foi fazer demagogia no título da Seleção, ele mesmo não gosta de futebol, é um norte-americano infiltrado no País. Mas ao inves de sentirmos vergonha, nós iremos lutar para derruba-lo, porque a classe operária não é inferior, nem na política, nem no futebol.
POLÊMICA | 5
OPERAÇÃO GROTESCA
O cinismo dos que apoiaram a Lava Jato É
preciso denunciar o cinismo de todos que apoiaram a Lava Jato e agora fingem estar contra. Qualquer um com pelo menos um olho poderia perceber a operação grotesca e fajuta que foi montada. Não havia provas contra Lula, nunca foi comprovado que ele era culpado, muito pelo contrário foi comprovado que ele não era. Agora, com os vazamentos do jornal The Intercept, aqueles que apoiaram fingem ser críticos à operação. É o caso dos golpistas Reinaldo Azevedo, Folha de São Paulo e VEJA, que divulgaram algumas informações que comprometem a Lava Jato, afirmando que o fazem por questões de “princípios e valores”. Esse princípios não valem de nada, pois continuam defendendo as operações golpistas. Porém, trata-se de uma tentativa de pular do barco furado, fingido nunca ter apoiado as ilegalidades de Moro.
Todos sabem que a direita sabia desde o início que se tratava de uma operação montada. A imprensa era a primeira a chegar nos locais para noticiar dos eventos da Lava Jato. Às 5 da manhã já estavam posicionados esperando a condução de um preso pela Polícia Federal, com ordens da operação. O cinismo também é da esquerda, que apesar de também saber que se tratava de operações ilegais, fazia média ou apoiava abertamente a Lava Jato no sentido de uma política oportunista. Achavam que os coxinhas eram o povo e que a operação e a “luta contra a corrupção” eram populares. O cinismo dos dois lados agora vai à mil, com os vazamentos que revelaram o que todos já sabiam, inclusive eles. Os ratos estão pulando do barco e os lava-jatistas de esquerda estão mordendo o próprio rabo.
Veja: a imprensa capitalista deve Porque todos querem defender ser denunciada sistematicamente a mulher? P O ara quem começou a ter dúvidas sobre a postura política da Revista VEJA, achando que havia tido uma mudança na linha editorial, que a revista agora estaria se alinhando ao lado progressista, a própria teve a iniciativa de explicar para não se enganar. A publicação dos vazamentos da Lava jato não expressou nada além de uma gigantesca crise da burguesia. Em editorial, a revista ressaltou que a “VEJA sempre foi — e continua — a favor da Lava-Jato”, afirmando que “a luta contra a corrupção tem sido um dos pilares da nossa história”. A VEJA fez questão de declarar que “a reportagem desta edição não tem nada a ver com Lula Livre ou com levantar uma bandeira da esquerda”. E que foram “implacáveis com os crimes cometidos por Lula e pelo PT, dedicando dezenas de capas ao assunto”. Segundo a Revista, denunciou Moro por “princípios e valores”. E por isso, “jamais seremos condescendentes quando as fronteiras legais forem rompidas (mesmo no combate ao crime). Caso contrário, também seríamos a favor de esquadrões da morte e justiceiros”. Uma justificativa para declarar: “Quem acha que estamos contra Sergio Moro também erra. Poucos veículos de mídia celebraram tanto o trabalho do ex-juiz na luta contra a corrupção. Mas, ao contrário daqueles que fomentam o ódio ou se aproveitam dele, nossos compromissos não são com pessoas ou partidos”. Quer dizer, a revista que participou da linha de frente do golpe de Estado faz uso de um imenso cinismo. Primeiro ao afirmar que, mesmo sabendo de todos os crimes realizados por Moro, que tornam a prisão de Lula ilegal, ela continua se colocando em defesa da operação e da prisão ilegal do ex-presidente.
Em seguida, ao afirmar que denunciaram a Lava Jato por questão de princípios, pois Moro teria violado direitos democráticos. Então como é que fica? Uma pessoa é presa injustamente por um processo totalmente criminoso, mas mesmo assim a VEJA continua apoiando. Portanto, quais são os princípios democráticos que estão apoiando? Se a pessoa faz uma “mea-culpa” fajuta, mas continua apoiando algo ilegal, ela pode muito bem jogar os “princípios e valores” no lixo e não falar nada, que a situação continua a mesma. Com o que foi dito acima fica muito claro. A imprensa golpista deve ser denunciada e combatida rigorosamente. São cínicos e farsantes. Denunciaram Moro após ver a crise que havia estourado em cima do ex-juiz. Isso porque foi um dos principais veículos que “celebraram tanto o trabalho do ex-juiz na luta contra a corrupção”, como ela mesma afirma. Agora a VEJA quer aparecer como “imparcial” sem “compromissos com pessoas ou partidos”. Mas, na verdade, fica muito claro. O compromisso da VEJA é com o partido da Lava Jato e todos os outros golpistas.
s deputados de direita junto com os deputados de esquerda estão apresentando tudo quanto é projeto que não são para defender a mulher, são para aumentar pena, criar novos crimes e assim por diante. Quer dizer, a política da esquerda é jogar água direto no moinho da direita. Até julho deste ano já foram cerca de 145 projetos tratando sobre a violência contra a Mulher na Câmara de Deputados. A grande pergunta que fica é: porque todos querem defender a mulher? Uma boa pergunta quando se constata que a maioria da câmara é formada por golpistas e políticos de extrema-direita. Segundo a imprensa trata-se de um resultado do aumento de mulheres no parlamento. Mas que diferença faz uma Joice Hasselmann para a luta das mulheres? Na verdade o que não querem explicar é que os deputados de direita junto com os deputados de esquerda estão apresentando tudo quanto é projeto, cujo objetivo não é defender a mulher. Como veremos, a maioria deles são para aumentar as penas, criar novos crimes e assim por diante. Isso é claro no caso do projeto que proíbe o femi-
nicídio ou nas mudanças que querem realizar na Lei maria da Penha. A burguesia procura apresentar a situação da seguinte maneira: se aumentar pena contra o estupro, terá menos estupro. Se proibir o feminicídio, menos mulheres irão morrer. E assim se segue. Trata-se de uma baboseira, comprovada pela história. Todos esses fenômenos são resultantes de uma condição social, neste caso a exploração da mulher pela sociedade capitalista. O aumento de penas e dos crimes apenas aumentarão o poder do Estado contra a população, sobretudo a população pobre e negra. Os deputados de direita não pensam nas mulheres, não se importam com elas, são seus principais inimigos. Porém, quando é hora de defender o aumento de penas, tanto o DEM quanto o partido de Bolsonaro (PSL) se unem para defender as mulheres. A política da esquerda é de jogar água no moinho da direita, uma vez que se juntam com os golpistas em todos os momentos para reprimir determinada coisa. Segundo a esquerda, seria uma repressão do Estado capitalista “progressista”, como se desse para ser desta forma.
6 | POLÍTICA
COMPREENDER O JUDICIÁRIO
Bolsonaro vai nomear 90 juízes R
econhecidamente o mais reacionário entre os três poderes da República, o Judiciário, irá ganhar mais um ingrediente a fim de justificar sua fama. O presidente fascista Jair Bolsonaro, caso a esquerda permita que seu governo chegue ao final, terá a prerrogativa de nomear 90 ministros e juízes para diferentes instâncias do Judiciário brasileiro. Superior Tribunal de Justiça (STJ), Superior Tribunal Federal (STF), Tribunal Superior Eleitoral (TSE), Tribunal Superior do Trabalho (TST) e mais algumas dezenas de tribunais federais terão o “previlégio” de contar nos seus quadros com elementos da extrema-direita fascista. Não que isso mude substancialmente o quadro atual. Basta ver o papel do Judiciário no golpe de Estado no Brasil. O Judiciário brasileiro cumpriu o papel de dar uma cobertura legal para o golpe de Estado de 2016. Na verdade, os primeiros acenos ao golpe se dão desde 2005, quando o STF abriu as portas para o golpe com a perseguição à esquerda materializada nos processos fraudulentos do “mensalão”. Depois de legitimar o impeachment fraudulento contra o governo legitimamente
eleito de Dilma Rousseff, os ministros biônicos da suprema corte nada mais fazem do que endossar as condenações arbitrárias e inconstitucionais da criminosa operação Lava-Jato. A começar por referendar o processo jurídico-policial farsesco contra o ex-presidente Lula, promovendo, em conluio com os militares, a cassação da candidatura e dos direitos políticos de Lula nas eleições do ano passado. Historicamente o Judiciário nunca cumpriu papel autônomo em relação às classes dominantes brasileiras. Seu papel sempre foi o de referendar todas as arbitrariedades impostas pelo Estado capitalista brasileiro dominado pelo imperialismo e secundariamente pelos seus sócios menores, a burguesia nacional. Para ficar apenas no período republicano da história do Brasil, uma das páginas mais vergonhosas da história está registrada na autorização dada ao Estado Novo getulista na entrega da militante comunista alemã, Olga Benário, grávida, para a Gestapo nazista. Nos momentos cruciais e decisivos onde o Judiciário deveria se impor como defensor do Estado de Direito e das instituições representativas do re-
gime democrático, cumpriu sempre o papel oposto. Vale dizer, colocando-se como avalizador de todos as arbitrariedades, conluios e fraudes contra a vontade soberana do povo brasileiro. O papel do Judiciário no golpe de 2016 não é, portanto, um desvio de conduta em relação a toda trajetória golpista, antidemocrática e de submissão aos interesses das classes dominantes. Foi assim no Estado Novo getulista, foi assim diante do golpe de 1954 contra o governo Vargas ou ainda em 1964 contra o governo constitucional
de João Goulart. Aliás, no “primeiro time” do judiciário, a prática comezinha é a sucessão familiar. Uma mínima independência do Judiciário exige a eleição direta de juízes, promotores e ministros, inclusive com a possibilidade de revogabilidade de mandatos. Hoje, como ficou patente pelo golpe, vários dos incólumes ministros do STF indicados pelo PT, por exemplo, não se fizeram de rogados em se transformar em capacho do imperialismo e da extrema-direita no país.
GOLPE
Reforma da previdência deve ser enfrentada nas ruas D
esde que o golpe de Estado derrubou a presidenta Dilma, os golpistas tentaram roubar o fundo da previdência e o direito à aposentadoria várias vezes com Temer e agora com Bolsonaro. Em todas elas, a esquerda adotou a política de pressão parlamentar através de mobilizações de baixa intensidade em detrimento de uma gigantesca mobilização nas ruas rumo à greve geral. Isto levou os trabalhadores e o movimento da luta contra o golpe à sucessivas derrotas contra a burguesia, fazendo com que o movimento se dispersasse de tempo em tempo, tendo seu ponto mais baixo durante as eleições.
TODOS OS DIAS ÀS 3H, NA CAUSA OPERÁRIA TV
Contudo, desde que Bolsonaro e a direita de conjunto se elegeram através da maior fraude eleitoral da história do país, a mobilização vem crescendo e nestes meses de maio e junho alcançaram seu ponto mais alto desde o início da luta contra o golpe. Bolsonaro se tornou um governo Temer dois, com a diferença de quem tem uma base social pequena (a extrema direita) fiel. Portanto, é preciso alertar que essas tentativas de conluios para barrar a reforma não deram e não darão certo. O caminho para derrotar os golpistas e todas as suas medidas é a mobilização nas ruas, pela preparação da greve geral, por fora Bolsonaro e pela liberdade de Lula.
ATIVIDADES DO PCO | 7
ATIVIDADES
PCO realiza mutirão na Av.Paulista pela liberdade de Lula O
PCO – o Partido da Causa Operária – está realizando em todo Brasil mutirões aos domingos, a fim de entrar em contato com a população. No mutirão, os militantes do partido estão fazendo a distribuição de materiais, a coleta de assinaturas no abaixo-assinado que pede a anulação de todos os processos contra Lula e a divulgação de atividades futuras do partido. Entre as atividades estão a Universidade de Férias, que ocorrerá dos dias 15 ao 22 de julho e o ato em Curitiba pela liberdade de Lula, no dia 16 de agosto. Em São Paulo – SP, o mutirão do último domingo (07 de julho) foi realizado de manhã na Avenida Paulista, próximo ao MASP. A atividade é de suma importância para a população e continuará ocorrendo todo domingo. Quem estiver na capital paulista e quiser entrar em contato com o partido, poderá nos encontrar lá.
PCO faz campanha financeira para organizar a luta contra Bolsonaro
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CO iniciou campanha financeira nacional: contribua você tam-
bém! O Partido da Causa Operária (PCO) deu início à campanha financeira nacional, cujo objetivo é levar adiante as campanhas políticas do partido encabeçadas pelo Fora Bolsonaro, Liberdade para Lula, eleições gerais com Lula candidato. Uma campanha deste porte é necessária diante da luta que está colocada pela frente, de caráter nacional, ampla, contra o golpe de Estado e os golpistas.
Além disso, é preciso uma completa independência financeira diante da burguesia. Essa independência é o que garante uma luta consequente contra os golpistas, pelos meios próprios, através de uma organização independente (imprensa, atos públicos, eventos sociais, cursos, etc). É preciso o envolvimento nesta campanha de todas as pessoas que estão ligadas à luta contra o golpe de Estado. Contribua com o partido operário revolucionário, faça parte da luta contra o golpe de Estado.
Veja como foram os arraiás do PCO
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os últimos finais de semana, o Partido da Causa Operária realizou Festas Lulinas em vários estados brasileiro. A atividade consistiu em reunir os militantes e simpatizantes do partido e dos Comitês de Luta Contra o Golpe, confraternizar sobre o tema unido à palavra de ordem “Fora Bolsonaro e Liberdade para Lula!”. As festas juninas e julinas fazem parte da cultura popular brasileira e contou com as mais diversas atrações para todas as famílias. Foram muitas comidas típicas, do norte ao sul, músicas e brincadeiras para todas as idades. No Arraiá Lula Livre na sede do PCO em Curitiba, dia 29, a criançada teve a oportunidade de, com muita alegria, estourar o balão Fora Bolsonaro, além da tradicional pescaria. Os adultos puderam contar com um saboroso quentão para aquecer o frio curitibano nesse início de inverno, além dos demais pratos típicos. Em São Paulo, o arraiá aconteceu neste sábado, 06, à tarde no Centro
Cultural Benjamin Péret, que fica na Rua Serranos, 90, perto do metro Saúde. No mesmo dia, em Blumenau – SC, a festança ocorreu na associação de moradores do bairro (Rua Pastor Oswald Hesse, 2188 – Ribeirão Fresco) onde foram servidos doces, cachorro-quente, quentão e a famosa cerveja artesanal Liberdade para Lula, com muita brincadeira também para as crianças. As participações em torno das atividades têm tanto a ver com a confraternização entre os que lutam, quanto com a aceitação da única palavra de ordem possível nesse quadro atual. LIBERDADE PARA LULA, FORA BOLSONARO E TODOS OS GOLPISTAS! Somente a mobilização popular será capaz de retirar o presidente Luiz Inácio Lula da Silva da perseguição da lava-jato e dos golpistas que arquitetaram sua prisão. É preciso agrupar a todos, mobilizar a população e, somente assim, retirar Lula das masmorras de Curitiba!
Novo Causa Operária chama todos a Curitiba pela liberdade de Lula
O
novo Jornal Causa Operária desta semana convoca todos a Curitiba no dia 16 de agosto, lutar pela liberdade de Lula. O ex-presidente se encontra no Paraná há mais de um ano e é vítima dos processos criminosos da Lava Jato. Além disso, diversas polêmicas expressando a opinião do partido estão no Jornal, como por exemplo a matéria que critica aqueles que estão pensando nas eleições de 2022 ao invés
de se mobilizar contra o governo Bolsonaro. Polêmica com O Cafezinho e O Globo, além de denunciar a perseguição ao jornalista Green Greeneald que divulgou notícias comprometedoras da Lava Jato. Muito mais! Política internacional e nacional, denúncias do movimento operária e popular e artigos de altíssima qualidade. Adquira já o seu, com o militante mais próximo, por apenas R$ 2,00.
8 | ECONOMIA
FHC E O PLANO REAL
A fantasia e o pesadelo C
om o objetivo de fazer propaganda em defesa do reajuste da economia, o ex-presidente da República, Fernando Henrique Cardoso (FHC), escreveu um artigo assinado no Estado de São Paulo (Estadão). O texto é um onanismo. FHC procura se apresentar com salvador da pátria, um super-homem, por conta da realização do Plano Real, que completa 25 anos este mês. No mundo da fantasia de FHC, um belo dia em Nova Iorque, o presidente do Brasil, Itamar Franco, que havia assumido com o impeachment de Collor, ligou para ele e pediu que fosse Ministro da Fazendo para resolver os problemas econômicos do Brasil, na época, principalmente a inflação. FHC, que é um super-herói, não poderia dizer não a uma tarefa tão importante, mas tão difícil que, segundo ele mesmo, desagradou sua companheira Ruth. Desta forma, começou a saga do paladino contra inflação. Segundo o próprio texto, um mero sociólogo, porém muito eficiente, persistente, corajoso e comunicativo – um homem do povo. Porém, apesar do auto-elogio, que chega dar vergonha alheia, o texto tem um objetivo claro: levar adiante
um processo parecido com Bolsonaro. O artigo de FHC parece um texto motivacional para os deputados golpistas. A dica no texto é a seguinte: “Por isso é importante relembrar os 25 anos do Plano Real. De novo, o País está em perigo. Mãos à obra, a começar pela reforma da Previdência.” Isto é, comecem roubando a aposentadoria do povo depois faremos um novo Plano Real – ou algo do tipo: um plano de destruição nacional. Apenas a imprensa e o próprio FHC acreditam que o Plano Real dos anos 90 foi algo benéfico para o Brasil. Por mais que tenha abaixado a inflação por um momento – o suficiente para eleger FHC à presidência da República -, a medida foi mais prejudicial que favorável ao Brasil. Em uma série anterior de 4 artigos sobre os 25 anos do Plano Real, denunciamos a falsificação que foi feita para defender o Plano Real, denunciando o motivo eleitoral, a destruição da indústria nacional, a privatização e entrega do país e a fome e a miséria causados pelo plano. A fantasia apresentada por FHC é na verdade um filme de terror – um daqueles que causam pesadelo. FHC
CRISE ECONÔMICA
Sem perspectiva de acabar S
egundo os próprios economistas burgueses a crise econômica mundial não tem perspectiva de acabar. Claro, sempre há algo de positivo para comentar com objetivo de esconder a falência do sistema capitalista. Mas nem os mais manipuladores conseguem esconder. No Brasil, a situação está agravada pelo golpe de estado, o país está se desindustrializando e o desemprego aumentando. A burguesia coloca esperanças na Reforma da Previdência, mas nem isso resolveria a crise, segundo alguns economistas. Isso sem falar na crise para aprovar a reforma. Segundo matéria publicada no Estado de São Paulo, “para que o Brasil retome um crescimento sustentado,
TODOS OS DIAS ÀS 9H30 NA CAUSA OPERÁRIA TV
que será um processo muito lento, é preciso bem mais do que a aprovação da reforma da Previdência, a queda da taxa de juros e um bom programa de investimentos em infraestrutura”. Isto é, “um processo muito lento”. O que significa que não tem perspectiva para o crescimento econômico do país e a crise tende a gerar ainda mais caos antes de se resolver. O problema econômico é fundamental para a burguesia, tanto para favorecer seus lucros, quanto para conter o descontentamento da classe operária. Se não resolverem o problema, a situação política do país tende a ficar mais polarizado e, portanto, mais complicadas para as manobras das classes dominantes.
não foi um paladino da luta contra a inflação, não foi este seu principal feito. Sua principal conquista foi de ter aumentado a miséria e a fome no Brasil, de tal modo que mais de 25% da população teve de ter algum tipo de assistência social após seu governo. Além disso, vale ressaltar que também é de seu feito as privatizações e entrega do patrimônio público nacional para o imperialismo, deixando milhões de trabalhadores desempregados e retirando do Brasil a exploração dos minérios, quando estatizou a Vale. O que não custa lembrar que tentou
privatizar a Petrobras, e só não conseguiu por conta de uma Greve dos petroleiros – que ele reprimiu, retirando o direito de greve. FHC, na verdade, é o patrono dos golpistas de hoje em dia. Por mais que Haddad e Boulos tentem disfarçar, pintando-o de grande democrata, não dá para esconder. FHC é o pai dos golpistas corruptos, salafrários e sem-vergonhas que estão no Congresso Nacional, a Presidência da República e no judiciário. Alguns filhos não gostam do pai, como Bolsonaro que já atacou-o publicamente, mas mesmo assim seguem seu caminho.
ECONOMIA | 9
BOLSONARO CAPACHO
“Brasil é uma virgem para tarados estrangeiros” B
olsonaro disse na noite deste sábado (6) que “O Brasil é uma virgem que todo tarado de fora quer”, omitindo que foi eleito por esses tarados justo para ser seu capacho. O “nacionalista” Bolsonaro disse que a Amazônia não é dos brasileiros. Em maio de 2018, Bolsonaro afirmou: ”a Amazônia não é nossa e é com muita tristeza que eu digo isso, mas é uma realidade e temos como explorar em parcerias essa região”. Já no último sábado, quando questionado, o presidente ilegítimo afirmou acreditar que os países europeus consideram a região não sendo dos brasileiros, defendem a preservação
da Amazônia com o objetivo de explorá-la no futuro e continuou que há interesse externo em se criar “novos países” dentro do Brasil. Uma típica demagogia e dissimulação da extrema direita, uma vez que Bolsonaro foi eleito com o apoio desses países imperialistas, sobretudo dos EUA, justamente para submeter o Brasil aos interesses externos desses “tarados de fora”: entregando o pré sal, o território, privatizar tudo, etc. É preciso denunciar o caráter entreguista do governo Bolsonaro, se o Brasil é uma virgem, Bolsonaro está aí justamente para violentá-la com os estrangeiros.
ECONOMIA PROMETIDA
Crise de superprodução começa a atingir o país
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Semanário operário e SocialiSta deSde 1979 • revolução, governo operário e comuniSmo • nº 1064 • de 6 a 12 de julho de 2019 • preço: r$ 2,00 www.causaoperaria.org.br
Ano 39 • Distribuição nacional
16 de agosto em Curitiba
Pela liberdade de lula
A
retomada da economia prometida por Paulo Guedes não aconteceu. Pelo contrário, a recessão que se aprofundava no governo Temer começa a tomar a forma de uma crise ainda mais profunda. Isso porque apesar os níveis de desemprego no país não retornam a uma faixa de normalidade para o sistema capitalista, que é em média de 5% da população economicamente ativa. Sem que hajam pessoas empregadas, fica inviável uma retomada do consumo, já que sem previsão de abertura de postos de trabalho, tanto o operário quanto o varejista acham melhor não apostar no endividamento a longo prazo. A saída acaba sendo diminuir a demanda, tanto na economia doméstica quanto nos pedidos feitos para a indústria. Atualmente lojistas da cidade de São Paulo tem procurado – como solução para o baixo consumo – reduzir seus estoques de produtos. Os pedidos que antes eram suficientes para a demanda de 60 dias, agora tem durado em torno de 20, o que significa reduzir em dois terços a demanda por pedido. Existem duas consequências claras a partir de então. A primeira é que o valor médio unitário de cada produto tende a aumentar já que se torna necessário diluir o preço do transporte por uma quantidade menor de produ-
tos finais a serem revendidos. Neste sentido quem sai prejudicado é o trabalhador, que não tem reposição salarial devido a inflação enquanto direito garantido. A segunda consequência é que começa a se desenhar uma crise sem precedentes na economia nacional. Uma vez que a demanda do comércio tem diminuído, a indústria acaba sendo diretamente afetada pela baixa procura, que gera acúmulo dos estoques. Desde janeiro a quantidade de produtos estocados em depósitos das fábricas tem sido maior que 50%. Esse processo é chamado de superprodução, foi o mesmo processo que levou os Estados Unidos a um colapso de seu sistema financeiro em 1929, o chamado “crash” da bolsa de Nova Iorque. Embora o exemplo histórico seja famoso, não há quem se demonstre disposto a resolvê-lo no governo Bolsonaro. Pelo contrário, os níveis de desemprego e subemprego no país vem se mantendo altos e, sem perspectiva de retomada de investimentos, a tendência é que a economia vá por água abaixo. A população desempregada não pode ser responsabilizada pela queda no consumo, nem por alguns capitalistas começarem a ir à falência. A saída para essa crise é a derrubada de quem tenta fazer o povo pagar a conta: o governo ilegítimo de Bolsonaro.
Mais alterações no texto
Crise na reforma da Previdência evidencia a crise do governo pág.4
O imperialismo decidiu impor Jair Bolsonaro à população brasileira na Presidência da República para que uma agenda em defesa dos interesses dos capitalistas fosse levada adiante. Um dos componentes dessa agenda é a reforma da Previdência, que consiste basicamente na destruição de um direito trabalhista fundamental, que é o da aposentadoria, para que os bancos aumentem seus lucros.
Não, ricardo Kotscho
Editoriais
Não tem que começar campanha para 2022, tem que lutar agora
Nas ruas ou nas urnas?
pág.3
audiência na Câmara
depoimento de Moro na CCJ: crise se encontra em uma situação explosiva
pág.5
sob a tutela do general ajax
Vitória do PCO contra o TSE Perseguição a Greenwald mostra o perigo do bolsonarismo e do golpe PErsEGuição
toffoli mostra que militares temem o Fora Bolsonaro
Abaixo a repressão aos sem-teto! pág.6
pág.5
57º CoNuNE
soberania
Hora de organizar o Fora Bolsonaro no movimento estudantil
os países oprimidos têm o direito de investigado por fazer denúncias desenvolver armas Não à perseguição nucleares pág.8 contra Greenwald! Os EUA têm pressionado de maneira brutal a República Islâmica do Irã nos últimos meses, mais especificamente desde a chegada de Donald Trump ao governo. O principal foco dos ataques é o programa nuclear iraniano.
Na hora de avançar, esquerda propõe recuo histórico
abaixo a ditadura!
pág.4
Na última terça-feira (2), o sítio direitista O Antagonista publicou uma nota afirmando que que a Polícia Federal pediu ao Conselho de Controle de Atividades Financeiras um relatório das movimentações financeiras do jornalista Glenn Greenwald.
PEsquisa
O povo brasileiro não quer a privatização dos correios pág.7 ataquE
STF cassa desconto em folha para estrangular sindicatos pág.7
10 | INTERNACIONAL
VENEZUELA
Lava Jato impulsionou o golpe também na Venezuela S
e alguém ainda achava que era um exagero quando a gente dizia que o Sérgio Moro é um agente da CIA, agora surgiu a comprovação. A parceria do Intercept com o jornal Folha de S.Paulo resultou em mais uma pitada de revelações da “Vaza Jato”, como foi jocosamente apelidada a avalanche de vazamentos das mensagens trocadas entre o ex juiz e o chefe dos procuradores federais da 13ª vara do Paraná. No novo lote de denúncias, ficamos sabendo que Moro orientou os procuradores da operação a tornarem públicos dados sigilosos que envolviam contratos da Odebrechet na Venezuela. “Talvez seja o caso de tornar pública a delação da Odebrecht sobre propinas na Venezuela. Isso está aqui ou na PGR?”, escreveu Moro ao chefe da força-tarefa, Deltan Dallagnol, em mensagem enviada em 5 de
agosto de 2017 pelo aplicativo Telegram. A coisa não parou por aí. Orientados pelo suposto juiz, os procuradores em Curitiba dedicaram meses de trabalho ao projeto e chegaram a trocar informações com procu-
radores venezuelanos opositores de Nicolás Maduro. “Haverá críticas e um preço, mas vale pagar para expor e contribuir com os venezuelanos”, escreveu o suposto procurador Dallagnol. Se Moro e Dallagnol fossem apenas
um juiz de primeira instância do Paraná e um procurador viciado em holofotes e powerpoint, o que eles teriam a ver com outro país que não o Brasil, ao norte da América do Sul? Entre as atribuições da Lava Jato estava incluída interferência na política interna da Venezuela? Fica, portanto, escancarado de vez que a Lava Jato nunca foi um tribunalzinho contra nenhuma corrupção de fachada: é uma operação golpista dos EUA, por isso também atingiu a Venezuela. Curitiba virou praticamente uma base avançada do Departamento de Estado norte-americano, uma filial do serviço secreto, com caipiras acometidos de megalomania selecionados e levados para treinamento especializado, para atacar as entranhas do Brasil e facilitar sua anexação pelas forças estrangeiras, e ainda servir de ponta-de-lança na defesa dos interesses dos EUA em toda a região sul americana.
TRAMA
DIREITA
Bolton faz apelo a “cortar os laços” entre Cuba e Venezuela N
Trump aumenta ofensiva contra os imigrantes O
a tentariva de agravar as sanções econômicas contra países que buscam autonomia, os EUA aprofundam o cerco aos negócios cubanos e venezuelanos. John Bolton, conselheiro de Segurança Nacional, declarou que o país irá aumentar as sanções contra empresas que operam com petróleo e outros artigos de exportação entre os dois países. No mês de Abril, três empresas foram sancionadas por transportarem artigos entre Caracas e Havana. Uma delas era a italiana PB Tankers, que se declarou “chocada e preocupada”. A empresa foi obrigada a sair desta rota para voltar a operar.
Os EUA têm esse poder devido ao monopólio das operações do dólar, sendo intermediador de toda transação internacional naquela moeda. Assim, basta uma “canetada” do Tesouro norte-americano para congelar todo comércio exterior de uma determinada empresa. É uma política que prejudica a economia mundialmente, mas as vítimas diretas são os países-alvo – Cuba e Venezuela – que se tornam cada vez mais isolados economicamente. É preciso denunciar e combater a política criminosa, autoritária, norte-americana e imperialista, que atenta contra a soberania de nações menores ao longo do mundo inteiro.
presidente direitista dos Estados Unidos, Donald Trump (Partido Republicano), afirmou neste sábado (06) que em breve ocorrerão rodadas de deportação em massa de imigrantes. É uma política do tipo fascista, de repressão estatal contra os setores mais exploradores e oprimidos da classe trabalhadora nos EUA. Os imigrantes latino-americanos são vítimas da intervenção do imperialismo americano em seus países e frequentemente não lhes resta outra alternativa que não seja imigrar e tentar sobreviver nos Estados Unidos. A caravana de imigrantes de Honduras, país que sofreu um golpe militar con-
tra o ex-presidente eleito Manuel Zelaya organizado pelos EUA, é o exemplo mais típico disso. O imperialismo “democrático”, que se expressa no Partido Democrata, busca explorar essa questão para tentar tirar votos de Trump na próxima eleição presidencial, prevista para ocorrer em 2020. Não passa de pura demagogia. Quando estiveram no poder com o governo Barack Obama, os democratas bateram recordes de deportação de imigrantes. Os setores democráticos, os ativistas e as comunidades de imigrantes devem responder com mobilizações à política fascista de Donald Trump.
eles os navios pesados de desembarque Azov e Caesar Kunikov, os navios ligeiros de mísseis Orekhovo-Zuevo e Mirazh, as corvetas Ivanovets, Naberezhnye Chelny e R-60, com finalização de lançamentos de mísseis e disparos de artilharia. É importante lembrar que essas tensões militares têm origem na crise de dominação do imperialismo, que vem se chocando em várias ocasiões com países como a Rússia, a China, o Irã e outros com algum poderio militar. Além de ter financiado diversos golpes de estado pelo mundo, em países como Ucrânia, que é um dos protagonistas nessa crise do Mar Negro; mas também outros como Brasil, Paraguai e Egito. Sem falar nos golpes mal sucedidos, como as insistentes tentativas em derrubar o governo venezuelano e
no golpe militar frustrado na Turquia no ano de 2016. O momento é de crise profunda no capitalismo, que parece não ter nenhuma solução à vista.
RÚSSIA E EUA
A crise no mar negro D
esde o fim do mês passado, está havendo no Mar Negro uma série de atividades militares por parte da OTAN e também da Forças Armadas da Rússia. O Mar Negro banha as costas da Ucrânia, da Rússia, da Turquia e outros países da região, e é um ponto estratégico não só pela localização, mas também por conter reservas de gás natural e petróleo. No dia 30 de junho deste ano, o navio contratorpedeiro dos EUA USS Carney entrou no território do Mar Negro para participar dos exercícios Sea Breeze, que envolvem vários países da OTAN como Estados Unidos, Reino Unido, Canadá, Itália, Turquia, Polônia, Bulgária, Grécia, Romênia, Dinamarca,
Letônia, Estônia, assim como países aliados: Emirados Árabes Unidos, Suécia, Ucrânia, Moldávia e Geórgia. Os exercícios, que tiveram início no dia 1º de julho na cidade de Odessa, na Ucrânia, serão realizados no mar, em terra, no ar e debaixo da água. Depois, na sexta-feira (5 de julho), um caça russo Su-27 interceptou um avião de reconhecimento norte-americano Poseidon que se aproximava do espaço aéreo russo na mesma região do Mar Negro, que logo mudou sua direção para longe da fronteira russa. Em resposta a essas provocações por parte da OTAN, a Rússia iniciou o seu próprio exercício naval na região, que envolve cerca de dez navios, entre
CIDADES | 11
NOITE FRIA
Quantos será que o PSDB matou desta vez? D esde o golpe perpetrado contra o Brasil em 2016, o número de pessoas que se tornaram moradores de rua só tem aumentado na cidade de São Paulo. A prefeitura comandada coxinha Bruno Covas, assim como no governo anterior do fascista João Doria, também do partido golpista PSDB, não faz nada para ajudar os desabrigados que acabam não resistindo e morrendo de frio nas ruas. No ano passando, neste mesmo período de frio intenso, foi divulgado amplamente pela imprensa a morte de dois moradores de rua que não resistiram ao frio que chegou aos 8°C. É preciso lembrar que os tucanos não gostam dos pobres, seus governos são marcados pelas ordens à guarda metropolitana de expulsão dos mo-
radores do centro da cidade, além do saqueio de cobertores e do uso do de jatos de água pra acordá-los. O PSDB é o principal responsável pelo golpe de estado contra presidenta Dilma. É preciso denunciar as maldades de sua política anti-povo que derruba prédio com pessoas dentro, que coloca pedras pontiagudas debaixo de pontes para higienizar a cidade, que usam a guarda da cidade e a polícia militar agredir moradores de ruas, trabalhadores ambulantes e os moradores de periferia confinados nas favelas. A pergunta pergunta que fica é: quantos moradores de rua morrerão este ano pela negligencia desses vigaristas? Por isso, Fora Covas! Fora Doria! Fora Bolsonaro! Fora todos os golpistas já!
JUNDIAÍ
Projeto prevê seguranças armados nas escolas municipais de Jundiaí O vereador Antônio Carlos Albino (PSB), conhecido em Jundiaí por ser o autor do projeto Escola Sem Partido (aprovado em setembro de 2017) e pela sua postura típica de um direitista contra o povo, não cansa de tentar impor uma ditadura nas escolas municipais da cidade. Na Câmara municipal da cidade já está tramitando mais um projeto de vigilância e repressão do vereador. Trata-se da instalação de portas detectoras de metais e seguranças armados nas escolas durante todo horário de funcionamento. O texto prevê que a segurança seja feita por guardas municipais ou por segurança privada, uniformizados e devidamente armados. Já a Prefeitura de Jundiaí, diz que poderá reabilitar guardas municipais inativos para cumprir a função. Segundo o vereador, a “grande idéia” surgiu em decorrência dos últimos acontecimentos, como o fato acontecido na cidade de Suzano. Em Jundiaí, as escolas municipais
vão das creches (4 meses até 3 anos de vida) até o ensino fundamental 1 (crianças de no máximo 11 anos). Não há nada que justifique essa medida, os bebês, as crianças, os pais, os funcionários tendo que passar por uma por-
ta detectora de metais e conviverem com seguranças armados, é uma cena típica de ditadura. É importante ressaltar o descaso com a educação na cidade. Falta de professores e agentes de desenvolvi-
mento infantil, falta de apoio para os alunos de inclusão, escolas necessitando de reformas, uma fila enorme de crianças precisando de creches. Ou seja, o vereador não tem como objetivo melhoria alguma para a educação na cidade e sim atacar e controlar toda a comunidade escolar e assim impor uma ditadura nas escolas. Essa política reacionária está se alastrando por todo o país. Usam o falso pretexto que é uma medida de segurança para combater a criminalidade nas escolas, mas o principal objetivo é impor uma ditadura nas escolas e destruir o ensino público, já que se trata de um setor que concentra os maiores recursos dos orçamentos públicos, que os golpistas querem entregar para os grandes capitalistas. É importante que os sindicatos de Jundiaí, os professores e toda a comunidade escolar se mobilizem contra toda essa corja de golpistas que querem a destruição do ensino público, contra o Escola Sem Partido e contra a ditadura nas escolas.
12 | MORADIA E TERRA
BARRAGEM
Bolsonaristas colocam fogo em aldeia Pataxó de Brumadinho N
a madrugada desse domingo (07), um grande incêndio tomou conta da aldeia Naô Xohã, da etnia Pataxó Hã-hã-Hãe, no município de Brumadinho, Minas Gerais. O incêndio começou na reserva florestal da aldeia e se espalhou e pode atingir o local onde ficam as casas dos indígenas. As testemunhas relatam que já havia ameaças de latifundiários da região contra os indígenas e a retomada de terras pelas comunidades tradicionais. A aldeia já havia sido atingida pelo rompimento da barragem de Brumadinho, no desastre ambiental e assassinatos de trabalhadores realizado pela mineradora Vale. E deste então vem sofrendo com as consequências do desastre e do aumento das ameaças dos latifundiários para que deixem a região.
Os indígenas já temiam que seriam forçados a sair de suas terras após o desastre sob a alegação da impossibilidade de viver no local e riscos à saúde, mas a verdade é que a mineradora e os latifundiários querem que os indígenas saiam do local para reduzir os custos da indenização e apoio com a comunidade. E também a região ainda conta com áreas passiveis de mineração, inclusive na região atingida pelo rompimento da barragem. O incêndio criminoso deixa clara essa intenção de expulsar os indígenas Pataxó Hã-hã-Hãe. Por isso, os indígenas devem resistir e criar comitês de autodefesa para se proteger dos ataques do latifúndio e evitar novos incêndios criminosos ou casos de violência contra indígenas.
LÍDER APINAJÉ
“Cada ataque desse governo será respondido na força”
A
Comunidade Apinajé realizou na aldeia Serrinha, Tocantinópolis (TO), encontro de formação sobre os direitos indígenas que estão sendo atacados pelo governo fascista ilegítimo de Jair Bolsonaro. O encontro reuniu mais de 70 pessoas, entre elas lideranças de 26 aldeias. Os indígenas produziram um documento de defesa de seus direitos e territórios contra as agressões dos golpistas do governo e do agronegócio. É preciso lembra que Bolsonaro, no primeiro dia de governo, retirou da Funai a demarcação de terras indígenas cumprindo com a promessa, feita no Clube Hebraica Rio de Janeiro, de que se chegasse na presidência da Republica não teria um centímetro demarcado para reserva indígena e quilombola. Também que Sergio Moro, juiz ladrão recompensado com ministério após prender Lula para não ganhar a eleição, colocou a guarda nacional para reprimir com extrema violência o último protesto realizado pelos dos indígenas em Brasília. O entendimento dos indígenas neste encontro foi que o governo golpista está atacando os direitos de demarcação, desconsiderando toda violência praticada historicamente contra as comunidades, incluso na ditadura militar que teve início em 1964, marcada pela expulsão de suas terras e por milhares de mortes. Os indígenas decidiram acertadamente não recuar na defesa inalienável de suas terras e nos direitos imprescritíveis sobre ela: “cada ataque desse governo aos direitos indígenas, serão respondidos na força e na resistência, não vamos permitir que nossos territórios sejam arrendados para os produtores do agronegócio”. É preciso que as comunidades indígenas organizem comitês de luta e autodefesa, integrem suas forças aos
trabalhadores do campo e da cidade para colocar fim a esse governo, que é produto de uma fraude eleitoral, e para colocar no lugar um que seja eleito pelo povo. Fora Bolsonaro e todos os golpistas! Eleições gerais com Lula Livre e candidato! DOCUMENTO FINAL DO ENCONTRO DO POVO APINAJÉ Nós lideranças indígenas do povo Apinajé, reunidos nos dias 28 e 29 de junho na aldeia Serrinha, para discutir e encaminhar ações na defesa dos direitos dos povos indígenas. Manifestamos que estamos preocupados com os retrocessos que esse governo de Jair Bolsonaro está fazendo, e reafirmamos que não vamos recuar em nenhum momento na defesa e na garantia dos direitos indígenas. Não vamos aceitar esses ataques aos nossos direitos, que as nossas lideranças garantiram na Constituição Federal de 1988. Cada ataque desse governo aos direitos indígenas, serão respondidos na força e na resistência, não vamos permitir que nossos territórios sejam arrendados para os produtores do agronegócio. Não vamos aceitar que o agronegócio roube nossas águas para molhar as grandes lavouras do agronegócio, porque está afetando as aldeias com a poluição da água, do ar e da terra. Nossas crianças estão sendo envenenadas pelo uso de agrotóxicos das lavouras no entorno do território indígena. O agronegócio está destruindo a mata, as nascentes, os rios, matando as abelhas, envenenando as caças e mudando a vida da terra. “Exigimos que os governantes respeitem a Constituição Federal de 1988, nossos direitos são originários, estamos defendendo a nossa casa” Repudiamos a MP 886 do presidente Jair Bolsonaro, que novamen-
te ataca os nossos direitos. Pedimos que o MPF devolva a FUNAI para o ministério da Justiça definitivamente e devolva também definitivamente a competência da demarcação das terras indígenas para a FUNAI. Repudiamos os ataques do Jair Bolsonaro nas mídias sociais contra os povos indígenas, que vem aumentando ainda mais o preconceito contra os povos indígenas do brasil. Somos nós povos indígenas que preservamos e contribuímos para a existência dos povos brasileiros a partir de nossos territórios, por isso queremos a continuidade das fiscalizações e da demarcação das terras indígenas. Exigimos que os governantes deste país que respeitem a Constituição Federal de 1988, nossos direitos são originários, estamos defendendo a nossa casa, a nossa Mãe Terra de todos esses invasores! Somos contra a reforma da previdência social que vai impossibilitar que os povos indígenas continuem com o direito de se aposentar e rece-
ber os benefícios sociais. Respeitem a Constituição Federal de 1988! Nós lideranças e caciques Apinajé não aceitamos a municipalização da saúde indígena, esse projeto do Ministério da Saúde vai acabar com a saúde específica e diferenciada garantida na Constituição Federal de 1988. Exigimos que esse direito seja respeitado conforme está garantido na lei. Deixem a nossa Mãe Terra e nossos rios livres! Queremos viver em paz no nosso território com as nossas florestas. Aldeia Serrinha, povo Apinajé, 29 de junho de 2019
MST homenageia a romancista e militante, Maria Firmina O
MST inaugurou neste sábado (06), em São Luis (MA), o espaço cultural Solar Cultura da Terra Maria Firmina dos Reis, dedicado à troca de experiências, comercialização e divulgação dos trabalhadores rurais do Maranhão. Maria Firmina (1822-1917) foi a primeira romancista brasileira e é um ícone da literatura negra do Brasil. Firmina escreveu o primeiro romance sobre a escravidão, Úrsula, em 1859. Além disso, publicava em jornais, especialmente sobre a luta abolicionista.
O resgate histórico desse ícone da resistência das mulheres e dos negros é uma importante ação do MST, que se contrapõe à política da direita de apagamento da memória política das lutas dos oprimidos. O espaço solar vai abrigar diversas atividades, como o Armazém do Campo, de comercialização de produtos orgânicos e hortifruti frescos da agricultura familiar. Em seu espaço ainda haverá uma livraria popular, auditório e um café bar.
CULTURA| 13
CANTOR E COMPOSITOR
Morre João Gilberto, um dos fundadores da Bossa Nova M
orreu João Gilberto, aos 88, o cantor e compositor baiano, um dos principais responsáveis pelo gênero musical Bossa Nova, que fez razoável sucesso em nível mundial, dos palcos da Europa a trilhas sonoras de filmes de Hollywood. Morreu no Rio de Janeiro, no sábado, 6 de julho. João Gilberto compôs 119 canções e contribuiu decisivamente para eternizar outras como “O Pato” (lá vem o pato, patati, patacolá), “O Barquinho”, “O Tabuleiro da baiana”, “Eu Sei Que Vou Te Amar”, “Chega de Saudade”, “Desafinado” e “Insensatez”. A canção “The Girl From Ipanema” – a versão original está no clássico Getz/Gilberto, um dueto entre João e sua girl na época, Astrud – foi lançada em 1964, transformou a bossa nova em febre mundial, ganhou um prêmio Grammy nos EUA e foi regravada inúmeras vezes. Em meio a problemas sérios de saúde e absolutamente recluso, ele deixa um legado que formou gerações e jamais será esquecido. Conhecido por seu temperamento difícil, perfeccionista e peculiar, João colecionou histó-
rias e excentricidades. Por exemplo, o “pai” da Bossa Nova odiava quem conversava em seu show. Ele pedia silêncio constantemente, além de reclamar de detalhes técnicos, como a acústica e a temperatura do ar condicionado. João tinha uma espécie de fobia social. Por isso, recebia bilhetes frequentemente por debaixo da porta, como forma de comunicação. E ele tinha hábitos fixos: acordava às cinco horas da tarde, almoçava quase meia-noite e jantava às sete da manhã. Ele não tinha faxineira. Uma vez por mês o próprio João Gilberto fazia a limpeza. O lustre da sala estava para cair, pois o cantor não deixava o eletricista entrar no apartamento. João passava o dia tocando violão no banheiro, de pijama. Ele acreditava que a acústica do local era melhor. Os últimos anos de vida do cantor e compositor foram marcados por disputas entre seus familiares, problemas de saúde e dívidas que chegaram a R$ 9 milhões. Dois de seus três filhos, João Marcelo e Bebel Gilberto, travaram guerra
José de Abreu é censurado por Hospital que atendeu Bolsonaro e Queiroz
O
ator e militante de esquerda José de Abreu foi condenado a pagar 20 mil reais por danos morais ao Hospital Albert Einstein por ter feito uma piada em sua rede social em janeiro durante a posse do presidente golpista Jair Bolsonaro. “Teremos um governo repressor, cuja eleição foi decidida numa facada elaborada pelo Mossad, com apoio do hospital Albert Einstein, comprovada pela vinda do PM israelense, o fascista matador e corruptor Bibi (Netanyahu, primeiro-ministro de Israel)”. Em nota, o hospital disse que o ator fez “uma acusação grave, insultuosa e infundada”. Ao contestar a denúncia o ator pediu para ser ouvido, mas claro, não foi atendido. Vale lembrar que há tempos o ator vem sendo perseguido pela direita,
inclusive pelo próprio presidente Jair Bolsonaro, por conta das suas publicações denunciando o Golpe de Estado, e fazendo críticas sempre contundentes ao atual governo fascista. Nessa notícia fica claro que o fascismo ataca qualquer um que discorde de sua política. As leis de censura que parte da esquerda defende, é um tiro do próprio pé, já que serão os maiores perseguidos pela ditadura instalada no país e serão julgados pelas instituições e juízes golpistas, os mesmos que condenaram Lula de forma ilegal. É preciso defender a liberdade de expressão de forma irrestrita, denunciar essas leis repressivas e mobilizar contra a censura e contra o regime golpista, levantando as palavras de ordem Fora Bolsonaro e Liberdade para Lula.
judicial contra Claudia Faissol, mãe de sua filha mais nova. Na Justiça, Bebel pediu em 2017 a interdição do pai para que ele não fosse induzido a assinar documentos com força legal sem saber o que estava fazendo. João Gilberto foi interditado judicialmente por Bebel, que afirmou que seu pai estaria passando por “absoluta penúria financeira”. Em 2013, o banco Opportunity comprou 60% dos direitos sobre os quatro primeiros discos do cantor, considerados alguns dos mais importantes
da música brasileira. Na época, João Marcelo acusou Claudia de receber por fora algo entre 5% e 10% desse montante. Alheio a tudo isso, João se foi, e deixou pérolas como esse verso de “Desafinado”: Se você disser que eu desafino amor Saiba que isso em mim provoca imensa dor Só privilegiados têm ouvido igual ao seu Eu possuo apenas o que Deus me deu…
Filme de cineasta contra o golpe ganha festival de Munique N
o sábado (6), o filme “Bacurau”, dirigido pelos cineastas pernambucanos Kleber Mendonça Filho e Juliano Dornelles, ganhou o prêmio de Melhor Filme na Competição Internacional Cinemasters, do Festival de Cinema de Munique, na Alemanha. No mês de maio, “Bacurau” recebeu o Prêmio do Júri no Festival de Cannes, na França. A estreia no Brasil está prevista para o dia 29 de agosto, no Festival de Gramado. O filme, que vinha sendo desenvolvido desde 2009, narra uma série de incidentes que ocorreram no pequeno povoado de Bacurau, localizado no sertão do Brasil, após a morte de dona Carmelita, uma mulher forte e querida na comunidade representada por Lia de Itamaracá. De acordo com Kleber Mendonça Filho, é importante representar o Brasil num momento em que o
País precisa de uma representação positiva por meio tanto da arte quanto da Cultura. Há três anos, o diretor denunciou o golpe internacionalmente durante a primeira exibição mundial do filme Aquarius ,realizada na 69ª edição do Festival de Cannes, em que concorria à Palma de Ouro. Em entrevista dada ao jornal O Estado de S. Paulo, o diretor fala a respeito do protesto: “Que orgulho de ter feito aquele protesto, que foi pacífico, simples e direto. Naquela época, o Brasil estava saindo de um sentido claro de democracia, todos nós apenas observamos isso. E hoje, aquele nosso protesto na escadaria do Palais mostra-se cada vez mais preciso e histórico. E, nesse momento, o povo brasileiro tem que lidar com um País que está correndo para o pior do nosso passado”.
14 | NEGROS E JUVENTUDE
COTV
Hoje tem Tição, programa de preto!
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oje, segunda-feira (08/07) ao vivo às 19h, será apresentado pelos militantes Juliano Lopes e Izadora Dias, mais uma edição do Tição-programa de preto do Coletivo João Cândido do PCO. O programa que já discutiu questões importantes para os negros no Brasil como a dissolução da PM, a autodefesa, o fim do sistema carcerário, tem debatido também sobre os vícios pequeno-burgueses no movimento negro e esclarecido confusões políticas que envolvem os temas como a apropriação cultural e a liberdade de expressão.
Assista os programas anteriores gravados na Causa Operária TV e acompanhe os próximos para conhecer mais sobre o programa político do Partido da Causa Operária para a população negra. Participe também das reuniões do Coletivo João Cândido, que ocorrem aos sábados, às 16h, no Centro Cultural Benjamin Perét (CCBP), na Rua Serranos, 90, próximo ao metrô Saúde. Para quem não é de São Paulo, há a possibilidade de participar por vídeo-chamada, basta entrar em contato pelo WhatsApp (11)954569764.
CONGRESSO
AJR se prepara para o 57º CONUNE
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Aliança da Juventude Revolucionária (AJR) está se preparando para realizar uma boa participação no 57° Congresso da União Nacional dos Estudantes (CONUNE), levando a política Fora Bolsonaro, Liberdade para Lula e Eleições Gerais Já. O CONUNE acontece de dois em dois anos, e é o órgão responsável pela eleição dos membros da UNE. Muito além de uma simples situação de eleições, contudo, o congresso é a atividade nacional do movimento estudantil, responsável por reunir os principais movimentos de luta da juventude do país. Na situação de golpe e do governo Bolsonaro, portanto, essa reunião ganha um caráter ainda mais importante no sentido de influenciar a política nacional do próximo período. É com essa análise que a AJR propõe sua ação no CONUNE, a fim de influenciar a política
nacional dos estudantes a partir das bases. Um dos principais objetivos da juventude do PCO no congresso será o impulsionamento da mobilização da juventude para mobilizações de rua. Primeiramente, o dia 12 de julho chamado pela própria CUT, deve se tornar um grande de demonstração de força contra o governo Bolsonaro. Em segundo lugar, é preciso garantir um grande ato em Curitiba neste próximo 16 de agosto, em favor da libertação do ex-presidente Lula, cuja prisão tem o caráter político mais que provado pelas denúncias promulgadas pela série de matérias do The Intercept Brasil. Em terceiro lugar, a AJR chama a todos os companheiros a se unirem as suas fileiras a fim de fortalecer nacionalmente a luta contra o golpe, a partir de um programa verdadeiramente revolucionário.