Edição Diário Causa Operária nº5698

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TERÇA-FEIRA, 9 DE JULHO DE 2019 • EDIÇÃO Nº 5698

DIÁRIO OPERÁRIO E SOCIALISTA DESDE 2003

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Amanhã, todos ao MASP às 17h contra a Reforma da Previdência

Nesta quarta-feira a tarde, em São Paulo, será realizado um ato político da classe trabalhadora contra o desmonte da Previdência Social promovido pelo governo de extrema-direita do ilegítimo Jair Bolsonaro. A manifestação terá o Museu de Arte de São Paulo (MASP) como ponto de concentração, por volta das 17h. EDITORIAL

É preciso mobilizar todas as forças do Partido A esquerda burguesa e pequeno burguesa em todo o País, dá sinais claros de uma enorme dispersão e crise, em uma situação claramente marcada por uma gigantesca crise do governo ilegítimo de Jair Bolsonaro, em que se apresentam condições extremamente favoráveis para levar adiante uma luta política contra o governo, seus ataques e contra o conjunto do regime político.

POLÍTICA

PSDB aproveita o frio para fazer limpeza social Para quem mora em São Paulo, essa época do ano não dá nem para dormir direito em seu próprio quarto de tanto frio que faz nessa terra, para os padrões de uma País tropical. As temperaturas podem chegar à 4, 5 graus e, à noite, nas ruas, é praticamente impossível ficar exposto a este frio.

Bolsonaro: seis meses e a crise é geral Se passaram os seis primeiros meses do governo Bolsonaro após as eleições fraudadas em 2018. Foi um período de enorme turbulência e crises em todos os setores do governo. Foram seis meses marcados por enormes ataques contra a população, escândalos e demissões.

Polícia de Moro diz que vai prender vazadores Segundo o site de extrema direita O Antagonista, conhecido porta-voz do ex-juiz ladrão e atual ministro da Justiça (Sérgio Moro) a Polícia Federal (PF) estaria articulando em sigilo a realização de prisões relacionadas aos vazamentos divulgados pelo The Intercept.

Previsão do PIB caiu de novo, é a 19ª vez

É preciso acordar! O lobby na luta da Previdência naufragou Quando uma pessoa encontra-se em um sono profundo, tal como a personagem dos contos de fadas a Bela Adormecida, algumas opções “radicais” para quem a deseja acordar rapidamente vêm à cabeça: jogar-lhe um balde de água fria, fazer algum barulho estrondoso ou mesmo chacoalhar o dorminhoco. Pois é de algum tratamento de choque como esses que a CUT, única central sindical real no Brasil, precisa neste momento.


2 | OPINIÃO EDITORIAL

É preciso mobilizar todas as forças do Partido

A

esquerda burguesa e pequeno burguesa em todo o País, dá sinais claros de uma enorme dispersão e crise, em uma situação claramente marcada por uma gigantesca crise do governo ilegítimo de Jair Bolsonaro, em que se apresentam condições extremamente favoráveis para levar adiante uma luta política contra o governo, seus ataques e contra o conjunto do regime político. É graças à essa crise situação de semi paralisia real da esquerda que, mesmo diante do agravamento da crise econômica e da impotência do governo para enfrentá-la, do vazamento das mensagens que desmascaram ainda mais o caráter criminoso e fraudulento da operação lava jato e da sequência de embates internos do governo, o congresso se prepara para – ao que tudo indica – aprovar, mesmo que em meio a muita crise, a “reforma” da Previdência, sem que tenha, inclusive, uma ampla oposição institucional à proposta, uma vez que setores da esquerda burguesa e pequeno burguesa debatem, há várias semanas, como apoiá-la, sob a liderança dos governadores do Nordeste. A situação da esquerda não guarda a menor sintonia também com as tendências presentes entre os trabalhadores e a juventude que em cerca de dois meses realizaram as maiores mobilizações do últimos anos contra o regime golpista, o governo Bolsonaro e seus ataques, levando milhões de pessoas a participarem de centenas de atos públicos em todos os Estados do País, nos dias 15 e 30 de Maio e 14 de Junho, quando inclusive teria se realizado o maior dia de paralisação da história, segundo a CUT e outros setores. Ela está relacionada diretamente à (des)orientação política dessa esquer-

da que, em sua maioria, não viu o golpe de Estado; em boa parte, sequer lutou contra ele; em grande medida, se iludiu e buscou semear a ilusão de que o golpe cederia, sem enfrentamento, para um acordo que levasse à novas eleições (Diretas); que, majoritariamente, confiava que Lula não seria preso e se opôs à resistir à sua prisão e que nunca quis lutar – de fato – pela sua liberdade, se limitando a fazer atos para tirar proveito eleitoral do prestígio popular de Lula, como verdadeiros abutres. Essa esquerda, depois de aceitar a substituição de Lula como candidato (o que já era desejado pelos defensores do “plano B”), por um candidato que nada tem a ver com a luta dos trabalhadores, tomou a iniciativa de desejar “sucesso” para o fascista Bolsonaro e, sob a influência dessa ala reacionária da esquerda, passou a buscar o caminho de acordo, por meio da chamada “frente ampla”, com setores abertamente golpistas até mesmo com o governo Bolsonaro. Enquanto cresce a revolta popular contra o governo a ponto de nem mesmo as pesquisas conseguirem esconder e do presidente ser majoritariamente vaiado até mesmo em estádios lotados por gente da classe média que pode pagar ingresso a preços médios de R$ 300 e R$ 500, na semifinal e final da Copa América, essa esquerda caminha para ver os governadores eleitos com apoio de Lula e da esquerda “lutarem” junto com o deputado Rodrigo Maia (eleito com o apoio dessa esquerda para a presidência da Câmara) buscarem incluir os servidores estaduais e municipais entre os milhões de trabalhadores que serão expropriados por essa “reforma” que deve ser o maior roubo de todos os tempos da classe trabalhadora brasileira. No mesmo

momento em que assistimos os defensores da “unidade” da esquerda no movimento sindical, como o deputado “Paulinho da Força” (da Força Sindical), dar o voto do seu partido (o Solidariedade) a favor da reforma de Bolsonaro e Paulo Guedes, da mesma forma que o partido a que pertence o presidente fura-greve do Sindicato dos Motoristas de São Paulo, deputado Valdevan Noventa, deputado pelo Sergipe (!!!!), pelo PSC. Em suma, a esquerda está de costas voltadas para as tendências e as necessidade de luta da população que vê crescer o desemprego, a forme, a miséria etc. e se vê ameaçada de perder a aposentadoria, a escola pública, o bolsa-família etc. Ao contrário dessas preocupações “mundanas”, essa esquerda está jogada de corpo e alma na gigantesca preocupação de como ganhar as eleições de 2020, nem que para “derrotar os golpistas” de Bolsonaro e Cia. tenha que se juntar aos golpistas do PSDB, de FHC, Serra, Alckmin, ao DEM, de Maia etc. Em todas essas etapas da luta contra o golpe, desde o mensalão aos dias atuais, essa esquerda procurou atacar o PCO e sua posição irreconciliável com a direita, com os golpistas. Criticaram o PCO pode defender José Dirceu (deixado como leproso por seu aliados); por defender o governo Dilma (em quem não votamos) contra os golpistas; por levantar a campanha contra a prisão de Lula (não havia riscos); por defender a candidatura de Lula até o final, com “É Lula ou nada!” e chamar a lutar contra a fraude (o PCO não enxergava as possibilidades eleitorais, diziam); por chamar a lutar pelo “fora Bolsonaro” (não teria o apoio popular) etc. etc. Fica evidente que estamos diante de uma nova encruzilhada. Diante da

confusão e paralisia da esquerda pequeno burguesa. O ativismo classista do PCO, em primeiro lugar, dos Comitês de Luta Contra o Golpe e do conjunto da esquerda estão convocados pela situação a não se curvarem diante da pressão que vem da direita e domina boa parte da esquerda, para que não haja uma efetiva mobilização, para que não se unifique a esquerda e as organizações de luta dos explorados (mas apenas “esquerda” com os golpistas), para que não se sacuda o País, pela derrubada do governo, por meio do “fora Bolsonaro e todos os golpistas”; pela anulação de todos os processo da lava jato e pela imediata liberdade de Lula, que só podem ser conquistadas por meio da mobilização popular, nas ruas e não por ações e encenações no judiciário e parlamento golpistas. Essa mobilização precisa ter como ponto de apoio fundamental a atividade permanente, nas ruas, nos mutirões e nas mais diversas atividades, que precisam ser organizadas pelos comitês de luta, por meio de uma intensa atividade de agitação e propaganda nos locais de trabalho, moradia e estudo. A convocação do ato pela anulação das condenações da lava jato e pela liberdade de Lula, dia 16 de agosto, em Curitiba, oferecem um eixo que permite agrupar e mobilizar na etapa imediata, assim como a luta pela derrota da reforma da Previdência em sintonia com a luta pelo fora Bolsonaro e pela liberdade de Lula etc., junto com a denuncia da política capituladora e traidora daqueles que de dentro dos partidos da esquerda e dos sindicatos, apoiem essas política e esse regime de escravidão contra os trabalhadores. Sem vacilação. Colocar mãos à obra!

COLUNA

PSDB aproveita o frio para fazer limpeza social Por Juliano Lopes

P

ara quem mora em São Paulo, essa época do ano não dá nem para dormir direito em seu próprio quarto de tanto frio que faz nessa terra, para os padrões de uma País tropical. As temperaturas podem chegar à 4, 5 graus e, à noite, nas ruas, é praticamente impossível ficar exposto a este frio. Aqui, como nas demais grandes capitais, o centro está repleto de moradores de rua. É gente, em sua maioria esmagadora, que não consegue emprego, que foi demitida durante a crise, que perdeu sua habitação, enfim, uma gigantesca população que aumenta a cada dia, especialmente diante do aprofundamento da crise que o País enfrenta. Uma prefeitura, mesmo que reformista, deveria prover algum abrigo para essa gente, fornecer alguma al-

ternativa para esses moradores de rua, pelo menos durante o inverno, que é bem rigoroso em São Paulo. O que faz o PSDB? Esse partido, como política geral, mas especialmente em São Paulo, todos os anos, promove ataques aos moradores de rua. Como noticiado pela imprensa capitalista, a GCM (Guarda Civil Metropolitana), uma espécie de carniceira da repressão, a mando do Executivo, retira os cobertores e papelões dos moradores de rua, à noite, na calada, e os deixam à própria sorte. Já foi noticiado que, inclusive, o PSDB já deu banho de água fria nos moradores de rua do centro de São Paulo, com caminhões-pipa. Do mesmo jeito, à noite, quando faz mais frio, contra gente indefesa que nem local para se refugiar do frio conseguiu. Não se trata de uma gestão apática,

que não faz nada pelos pobres. Mas de uma administração ativa, que ataca a população mais carente do Estado. É uma política deliberada de massacre social, pois muitos morrem de frio nas calçadas da cidade. Ninguém vai saber dizer quantos são, pois a mesma prefeitura que retira os cobertores dos moradores de rua é a mesma que vai recolher o corpo no chão. Os números que são apresentados não chegam nem próximos à realidade. Com o golpe de Estado, essa política do PSDB se aprofundou, da mesma forma que aumentaram o número de mortos pela Polícia Militar em todo o Brasil. Nestes primeiros anos de golpe, o povo pobre foi o mais atacado, o mais duramente atacado, por ser o mais frágil em se defender. A política da direita golpista, que disse lutar “contra a corrupção”, que

derrubou Dilma Rousseff, é essa vista nas ruas do centro do São Paulo. É uma política de limpeza social, de genocídio do povo negro, de escravidão contra a juventude, de massacre geral contra os pobres. É contra essa política racista e fascista do PSDB e dos golpistas que é preciso se organizar, em primeiro lugar, para derrubar o mandante principal dessas ações, Jair Bolsonaro. Lutar por eleições gerais com Lula livre.


POLÍTICA | 3

SÃO PAULO

Amanhã, todos ao MASP às 17h contra a Reforma da Previdência N

esta quarta-feira a tarde, em São Paulo, será realizado um ato político da classe trabalhadora contra o desmonte da Previdência Social promovido pelo governo de extrema-direita do ilegítimo Jair Bolsonaro. A manifestação terá o Museu de Arte de São Paulo (MASP) como ponto de concentração, por volta das 17h. O ato é convocado pelas forças que compõem a Frente Brasil Popular e serve como agitação para o ato nacional que ocorrerá no dia 12 em Brasília – onde é preciso encher de trabalhadores contra a votação da proposta no plenário da Câmara, que deverá ser aprovada ainda esta semana. A Reforma da Previdência é um dos mais brutais ataques aos trabalhadores já desferidos por qualquer governo recente no Brasil, simplesmente acabando com a possibilidade de aposentadoria integral para o proletariado, para benefício dos grandes banqueiros – que não trabalham e en-

riquecem do parasitismo financeiro, roubando as riquezas do povo. No entanto, ela não é o único ataque de Bolsonaro contra o povo. Além da Reforma da Previdência – que só não foi aprovada graças à mobilização da classe operária -, o governo golpista já impôs o corte de um terço da verba para as instituições públicas de ensino, a privatização de setores estratégicos fundamentais como refinarias e portos, a entrega em bandeja da base de Alcântara para os EUA, a destruição da indústria nacional ao encabeçar a assinatura do acordo do Mercosul com a União Europeia, a repressão feroz contra a população urbana e rural, e uma série infinita de medidas para acabar com a vida e os direitos mais elementares do povo brasileiro. É por isso que não basta lutar contra medidas pontuais do governo. A luta tem que ser contra o governo e o golpe em seu conjunto. É preciso derrubar Bolsonaro, colocar abaixo o seu governo de completa devastação nacional.

Só assim se poderá reverter essas medidas, não por meio de negociações institucionais – afinal, como a própria Reforma da Previdência tem mostra, o Congresso apoia todos os ataques de Bolsonaro contra o povo.

Tem que ser nas ruas a luta contra a Reforma da Previdência e pelo Fora Bolsonaro. Amanhã, todos de São Paulo ao MASP no ato contra o fim da aposentadoria, pelo fim do governo Bolsonaro!

sa crise é fruto da fraude nas eleições, resultando em um governo altamente impopular e rejeitado. Formado por políticos do “baixo clero” e que possuem uma unidade fisiológica dentro do partido do presidente, o PSL. Os trabalhadores e suas organizações devem aproveitar essa debilidade e fraqueza atual do governo para derrubar Bolsonaro e impor novas eleições, com Lula candidato. Não há possibilidade de esperar até 2022 em

novas eleições, pois isso dá a chance de o governo e a burguesia se reorganizarem e estabilizar o governo e impor duras medidas e ataques contra a esquerda, os trabalhadores e suas organizações. A crise do governo Bolsonaro é uma oportunidade que não deve ser perdida para a derrubada do governo e da extrema direita do poder, e em consequência todos os ataques contra a população.

BOLSONARO

Seis meses e a crise é geral S e passaram os seis primeiros meses do governo Bolsonaro após as eleições fraudadas em 2018. Foi um período de enorme turbulência e crises em todos os setores do governo. Foram seis meses marcados por enormes ataques contra a população, escândalos e demissões. Desde o seu início, havia uma disputa pública entre as duas alas do governo, os seguidores do guru Olavo de Carvalho e os militares. Essa disputa colocada nos meios de comunicação resultou em xingamentos nas redes sociais entre generais e Olavo de Carvalho, colocando Bolsonaro em enorme tensão, principalmente com os generais Augusto Heleno, Carlos Alberto Santos Cruz e Villas Bôas do alto escalão do governo. O clima de tensão levou o Clube Militar a divulgar nota de desagravo e assinado pelo coronel Sérgio Paulo Muniz Costa, faz duras críticas a Olavo de Carvalho. Essa disputa resultou em enormes crises e demissões de ministros e outros cargos. Os filhos de Bolsonaro também foram grande fator de crise do governo, com comentários e articulações públicas que levaram ao presidente ter que calar os filhos a mando de apoiadores do governo e que poderia prejudicar a reforma da previdência. A “reforma da previdência, tanto propagandeada pelo governo está em enorme crise e não consegue passar pelos parlamentares sem grandes mudanças no texto inicial proposto pelo “tchutchuca dos banqueiros”, Paulo Guedes, que já até disse que poderia sair do governo. Um fator de extrema importância deste impasse é a crise econômica que, nem de longe, se resolveu e mui-

to menos aponta para uma resolução. A cada mês, a equipe econômica refaz a previsão de crescimento do PIB e reduz para valore menores. O desemprego está em uma curva exponencia ascendente e chega a 65 milhões de trabalhadores desempregados ou subempregados. Os acordos comerciais com a Europa e os EUA assustam a burguesia nacional, pois coloca em xeque setores da indústria e do agronegócio exportador. Com isso, o pouco apoio e popularidade de Bolsonaro cai para os menores índices de início de um governo desde Fernando Collor de Melo e a rejeição só cresce. Fato que nem mesmo a imprensa golpista e a burguesia consegue escolher. Um dos grandes fatores de crise do governo Bolsonaro são as manifestações. Bolsonaro enfrentou três grandes manifestações, sendo uma com um milhão de pessoas em todo o país, em curto espaço de tempo, iniciadas pela reforma da previdência e os cortes na educação que foram o estopim para uma unificação em torno do fora Bolsonaro e todos os ataques contra a população e os trabalhadores. Talvez o maior fator de crise ocorreu recentemente com a divulgação das mensagens entre o ex-juiz e atual ministro da Justiça, Sérgio Moro e os procuradores da operação Lava Jato, onde mostram a manipulação, perseguição do PT e Lula. Isso para manipular os resultados da eleição presidencial em 2018 e que foi fundamental para o golpe em 2016. O governo encontra-se paralisado e em uma enorme crise interna, onde até setores da burguesia golpista já colocam na pauta a sua substituição. Es-


4 | POLÍTICA

EXTREMA-DIREITA

Polícia de Moro diz que vai prender vazadores S

egundo o site de extrema direita O Antagonista, conhecido porta-voz do ex-juiz ladrão e atual ministro da Justiça (Sérgio Moro) a Polícia Federal (PF) estaria articulando em sigilo a realização de prisões relacionadas aos vazamentos divulgados pelo The Intercept. Porém, ao invés de prender os criminosos da Operação Lava Jato, a PF, comandada Moro, estaria perto de capturar os “hackers”, supostos invasores de celulares dos procuradores da Lava Jato. O site afirma que “A PF está traba-

lhando em silêncio para capturar os criminosos que invadiram os telefones celulares dos procuradores da Lava Jato. Só a prisão do hacker poderá desarticular o golpe da ORCRIM” (organização criminosa, expressão usada inicialmente durante a campanha de 2015 contra o PT). Os golpistas estão num trabalho silencioso de perseguição política, visando neutralizar toda a esquerda. É preciso denunciar as manobras da direita e intensificar a mobilização nas ruas pela derrubada do governo golpista.

DITADURA

PF prendeu três pessoas por dia em 2018 U

m regime de terror, uma ditadura policial sombria e ameaçadora cavalga a passos largos e é iminente a sua implantação, de forma cabal e definitiva, em todo o País. Na verdade, o regime político brasileiro nunca foi, em nenhum momento de sua história, nem mesmo uma pálida sombra do que poderíamos chamar de “democracia representativa”; em outras palavras, a democracia nunca, nem de fato, nem de direito se estabeleceu plenamente por aqui. O que temos – isso precisa ficar claro – é um arremedo, uma meia-sola, um verniz passado por cima de instituições, configurando, em última instância, um regime totalmente arbitrário e policial, muito, mas muito distante de qualquer ideia de regime constitucional democrático ou Estado de Direito, como muitos querem e gostam de fazer crer. Uma demonstração muito clara deste reino de arbitrariedades e de total distanciamento de “democracia republicana” (um vocabulário muito usual da esquerda centrista e pequeno-burguesa dos dias de hoje) pode ser vista na forma de agir de uma das instituições mais antidemocráticas, ditatoriais e reacionárias que atua contra a população e o País, expressa na ação da Polícia Federal, um dos organismos que compõem o imenso mosaico de aparatos repressivos do Estado nacio-

TODOS OS DIAS ÀS 3H, NA CAUSA OPERÁRIA TV

nal, que tem como função precípua desencadear perseguições, prisões inconstitucionais e operações policialescas, sempre a pretexto de estar “fazendo o melhor para o país”, como é o caso da “luta contra a corrupção”, marca registrada das operações da PF nos últimos anos. Para se ter uma ideia do que estamos falando, dados obtidos junto à Polícia Federal pelo canal Globo News apontam um crescimento exponencial das prisões realizadas pela instituição golpista, uma das mais ativas na derrubada do governo eleito da presidente Dilma Rousseff e na prisão clandestina e ilegal do ex-presidente Lula, onde foram realizadas dezenas de operações espetaculosas para criar uma comoção na opinião pública, incriminando, muito antes de qualquer processo, a maior liderança popular do país, que se encontra preso nos porões da própria Polícia Federal, na capital paranaense, Curitiba. Os dados disponibilizados ao público mostram que o que há no país neste momento é uma caçada não aos corruptos; não aos larápios do dinheiro público, mas uma verdadeira perseguição policial aos mais pobres, aos negros, aos mais humildes. Os números falam por si só: em 2014 foram 464 prisões; em 2015, já eram 472; em 2016 este número

saltou para 618; ficando em 617 em 2017 e indo para espantosos 922 só no primeiros semestre de 2108 (Globo News, 08/07). Isso equivale ao número de 1 (uma) prisão a cada nove horas no país, por corrupção ou crime financeiro, expondo às claras a verdadeira dimensão do que é a instituição Polícia Federal (que a extrema-direita exalta como sendo “orgulho nacional”). Se não foram diretamente realizadas por ela (a PF), a verdade nua e crua é que a “Federal” hoje controlada pelo atual ministro da Justiça e Segurança Pública, Sérgio Moro, nunca deixou de agir e atuar para que se chegasse a esses números verdadeiramente espantosos; casos absolutamente escabrosos de arbitrariedade e ataques contra os direitos mais elementares da cidadania e da população em seu conjunto. O Brasil é um dos campeões mundiais de encarceramento, ostentando hoje a posição de terceira maior população carcerária do planeta, com números acima de 730 mil detentos, onde o que existe de fato não são presídios para cumprimento de penas, mas verdadeiros depósitos humanos para onde são levados homens e mulheres que sequer tem condenação definitiva ou que se encontram aguardando julgamento. Um regime de completa arbitrariedade e ataque a direitos elemen-

tares, que podem ser comparados aos campos de concentração nazista; essa é a lógica do sistema carcerário brasileiro. Outra arbitrariedade inominável é o encarceramento de mulheres, com o país ostentando a quarta população carcerária feminina do mundo. São números verdadeiramente estarrecedores, somente comparáveis às piores ditaduras, ou como já dissemos, aos campos de concentração nazista da segunda guerra mundial. Obviamente que esse estado de completa barbárie humana e social, esse estado policial de ataques, assassinatos, mortes e encarceramento está dirigido aos mais pobres, aos negros, aos que habitam os morros e favelas; os mocambos; as palafitas das grandes metrópoles, dos grandes centros urbanos, para onde a letal ação do Estado policial está dirigida. Este é, portanto, o sentido da existência deste gigantesco aparato militar policial instalado no país. Uma política de guerra contra os explorados, contra a população negra e pobre, contra os que lutam pelo direito à moradia; pelo direito à terra. Um programa de reivindicações minimamente democrático deve exigir e colocar na ordem do dia não só a dissolução de todo este gigantesco aparato de guerra contra a população, como deve ir no sentido de reivindicar também o direito ao armamento da população, o direito à auto-defesa, diante de um Estado armado, ameaçador e policial.


POLÍTICA | 5

ÍNDICES

Previsão do PIB caiu de novo, é a 19ª vez P

ela 19ª semana consecutiva a previsão do Produto Interno Bruto (PIB) do Brasil para 2019 foi revisado para baixo, de acordo com a expectativa de mais de 100 instituições financeiras, base da pesquisa do Relatório Focus. Segundo o último Relatório, divulgado nessa segunda (08/07), que resume semanalmente as previsões para índices de preços, atividade econômica, câmbio, taxa Selic, entre outros indicadores, a previsão do PIB caiu, com relação a semana anterior, de 0,85% para 0,82%. Em 17/01/2019, a expectativa do mercado era de que o País cresceria no presente ano 2,6% do PIB. De lá para cá, semana a semana, as estimati-

vas cada vez menores de crescimento para o PIB em 2019 apontam para um cenário de crescimento zero e mesmo negativo, o que configuraria um quadro de depressão econômica, embora esse condição ainda não seja admitida pelas instituições financeiras. Entre os fatores fundamentais para a queda continuada na previsão do PIB para 2019 estão a crise econômica mundial e a incapacidade da economia do País em se recompor, depois do boicote econômico promovido pelo grande capital entre 2014 e 2016 contra a economia nacional, a fim de agravar a crise política e econômica do governo Dilma Rousseff e facilitar o golpe de Estado. Em 2013 o PIB cresceu 3,5%. Em

Segundo Fux, brasileiros devem fazer sacrifício… menos os ricos O ministro do Supremo Tribunal Federal, Luiz Fux, fez uma palestra em um evento promovido pela corretora XP, um braço do Banco Itaú, e disse o que a seleta platéia pagou para ouvir: defendeu a tal reforma da previdência “com patriotismo”. Fux, que deve sua indicação ao STF ao ex-governador do Rio, Sérgio Cabral Filho e sua esposa, também falou a favor da terceirização dos trabalhadores e tudo o mais que não o afeta, nem à sua filha, para a qual conseguiu o posto de desembargadora no Rio de Janeiro, uma moça na casa dos seus 30 anos de idade com uma vasta experiência em ser filha dele. Fux quer que os pobres façam um sacrifício pela Reforma da Previdência exigida pelos banqueiros. Mas fala como se fosse um sacrifício de todos pelo país. Demagogia direitista barata. O suposto juiz Sérgio Moro, em uma de suas mensagens no aplicativo Telegram ao chefe de seus procuradorzinhos amestrados, Deltan Dallagnol, conforme divulgadas pelo Intercept, se referiu ao ministro como “in Fux we trust”, que é uma paródia da frase impressa nas cédulas verdinhas do dólar norte-americano, objeto de veneração do culto à conspiração que eles todos frequentam. No caso do papel moeda, é em Deus que se confia. Fux está, obviamente, em outra categoria de confiança, ele… arrá, urrú, também é nosso, ou melhor, deles, como o Dallagnol se referiu ao outro ministro, Edson Fachin, também em outra mensagem vazada pelo Intercept recentemente. Eles não têm nenhuma vergonha na cara. Fux teve a cara de pau de defender a redução dos direitos trabalhistas como forma de proteger o trabalhador. É uma conspiração de toda a direita para roubar os trabalhadores. Como se não bastasse, Fux também ameaçou o Direito dos brasileiros e nossa Constituição, ao declarar “Quero garantir que a ‘lava jato’ vai continuar. E essa palavra não é de um bra-

sileiro, é de alguém que assume a presidência do Supremo Tribunal Federal no ano que vem, podem me cobrar.”disse no evento da Expert XP 2019 na sexta-feira (5/7). Então é isso. Ele vai ser presidente do STF em 2020 e acha bonito as pessoas serem levadas coercitivamente para a masmorra de Curitiba, ficarem lá por anos, em prisão provisória, sem direito a defesa, apenas acusação em conluio com o juiz, e depois sejam condenadas sem provas, apenas por convicção, ouvindo e validando delações forjadas, em palhaçada que depois continua na segunda instância, no TRF4, e com o Supremo e com tudo. Na visão dele, tem que manter isso aí, viu? No caso específico da sua defesa da “reforma” da Previdência para a platéia de banqueiros que adoraram a música, Fux, disse que “isso é um problema intergeracional (sic). As pessoas devem ter amor ao Brasil, amor à coisa pública e não fazer oposição que seja prejudicial ao País”, diz. Está na cara que ele e os banqueiros, seus anfitriões, têm muito amor à coisa pública. Por isso 40% do orçamento do Brasil vai para eles sob a forma de juros. E eles estão loucos para abocanhar também a aposentadoria de todo mundo, através de uma tal capitalização milagrosa, que já causou muitos suicídios onde foi implantada antes, no Chile. Já a parte do “amor pelo Brasil” talvez seja um sentimento confuso, como o dos tarados a que o Bolsonaro se referiu.

2014 caiu para 0,5% e em 2015 e 2016 teve crescimento negativo de -3,55% e -3,31%, respectivamente. Nos dois anos seguintes (2017 e 2018) mal superou a pífia marca de 1%. Durante esses anos de golpe, a campanha do governo foi a de que as implementação das “reformas” e dos cortes dos gastos públicos permitiriam uma recomposição da economia do País. Tivemos o fim da CLT, a “reforma trabalhista”, entre outros medidas que supostamente impulsionariam a retomada do crescimento econômico. O que se viu foi justamente o contrário e o retrocesso é cada vez maior. A própria “reforma” da Previdência, tratada inicialmente como a panacéia que resolveria a crise econômica do Brasil, já

é vista como insuficiente para promover a retomada do crescimento. Estamos diante de mais um elemento de crise para a direita golpista, que tinha a expectativa de estabilizar a situação econômica como parte da operação para estabilizar a situação política.


6 | POLÍTICA

COMPREENDER O JUDICIÁRIO

É preciso acordar! O lobby na luta da Previdência naufragou Q uando uma pessoa encontra-se em um sono profundo, tal como a personagem dos contos de fadas a Bela Adormecida, algumas opções “radicais” para quem a deseja acordar rapidamente vêm à cabeça: jogar-lhe um balde de água fria, fazer algum barulho estrondoso ou mesmo chacoalhar o dorminhoco. Pois é de algum tratamento de choque como esses que a CUT, única central sindical real no Brasil, precisa neste momento. Após as inúmeras experiências que a classe trabalhadora tem passado neste regime golpista, que mostram a total esterilidade da luta política em um caráter puramente parlamentar/ institucional, eis que em matéria, o sítio da CUT divulga que as principais ferramentas na luta contra o governo Bolsonaro seriam um abaixo-assinado contra a “reforma” da previdência e a pressão exercida sobre os parlamentares através das redes sociais! Isso poucos semanas depois que a mesma CUT liderou a grandiosa mobilização do di 14 de junho, contra a sabotagem dos pelegos das “centrais” ligadas ao patrões e ao regime golpista. Durante toda a manobra golpista do impeachment, ouvia-se algumas vozes que diziam que o Brasil nunca passaria por um novo golpe, afinal estaríamos em uma “democracia consolidada”, de acordo com estes sábios. Para os que acompanhavam mais de perto a conjuntura política, era claro que a burguesia nacional e o imperialismo estavam dispostos a levar o golpe às últimas consequências. No entanto, quais foram as orientações das direções da esquerda no momento? Que a verdadeira batalha seria no Congres-

so, e posteriormente no Senado e que ao movimento popular caberia apenas o papel de realizar alguns atos de rua, como forma de pressionar os parlamentares. Mesmo após esta experiência, que foi bastante didática, alguns diziam que o STF, notável “guardião da Constituição” reverteria toda a engrenagem golpista. Em paralelo, setores da esquerda afirmavam que não adiantava lutar efetivamente contra o impeachment, afinal, Dilma era impopular. Portanto, a esquerda deveria “virar a página do golpe”. Quer dizer, uma vez que a mobilização parlamentar e institucional revelou-se inútil para frear a sanha golpista, os mesmos articuladores dessa política genial saíram a campo para mudar de assunto. Por fim, o mesmo fenômeno repetiu-se com a prisão de Lula, em proporções ainda mais profundas. Alguns muito desvinculados da realidade afirmaram que a direita nunca iria se atrever a prender Lula. Outros, mais tontos, diziam que Moro não condenaria Lula, afinal, não havia nenhuma prova. Chegou-se ao ponto de se apostar todas as fichas no TFR-4 e, posteriormente, mais uma vez no mesmo STF. Na sequência alguns afirmaram que a prisão de Lula não duraria 10 dias, que seria rapidamente revertida na justiça. Ainda tivemos alguns desdobramentos no STF, como as novelas que envolviam diretamente o ex-presidente Lula, como quando morreram seu irmão e seu neto, ou ainda quando o STF julgou o problema da Segunda Instância, e hoje, passado mais de um ano da prisão de Lula, parece ca-

Nem o PDT aguenta Tabata Amaral

T

ábata Amaral, deputada de São Paulo pelo PDT, pode acabar sendo expulsa do partido. O presidente do partido, André Figueiredo, avisou, segundo reportagem do Estado de S. Paulo, que pode expulsar os deputados que votarem a favor da chamada reforma da Previdência do governo Bolsonaro. Para o mesmo Estado de S. Paulo, Tábata Amaral já declarou apoio à reforma nesses termos: “Eu não consigo entender. Quem é progressista, quem tem a luta social como algo do sangue mesmo, como que essas pessoas não se posicionam contra a desigualdade que é perpetuada pela Previdência?” Antes de mais nada, é preciso reiterar que essa “reforma” da direita golpista é um roubo. Os trabalhadores do país inteiro terão que trabalhar por mais tempo para ganhar menos no final. Diante disso, qualquer parlamentar que se coloque a favor da “reforma” apoia um roubo da direita contra os trabalhadores, coloca-se ao lado da direita, com uma política francamente direitista. Com ajuda da imprensa burguesa, setores de esquerda tentaram apresentar

Tábata Amaral como uma pessoa de esquerda. Da mesma forma que tentaram fazer com o próprio Ciro Gomes, candidato do mesmo partido, o PDT, à presidência em 2018. Ciro Gomes apresentava-se como de esquerda para abocanhar votos que seriam tradicionalmente do PT. Era uma manobra da direita nas eleições, do mesmo tipo de manobra que Marina Silva representava. Além de buscarem apresentar Tábata Amaral como de esquerda, outra propaganda feita em torno da figura da deputada é de que ela teria vindo da periferia de São Paulo. No entanto, tenha vindo de onde tenha vindo, a política defendida pela deputada do PDT certamente não é do interesse dos trabalhadores e de quem mora nas periferias. É uma política de ricos, que atende aos interesses dos banqueiros e dos grandes capitalistas. O assalto à previdência é obra desses setores, sacrificando os trabalhadores em nome do interesse de uma minoria de especuladores. E e ao lado deles que Tábata Amaral se coloca com seu apoio à “reforma”.

da vez mais improvável que a justiça golpista vá soltar Lula, se deixada por conta própria. Estes são apenas alguns dos fatos mais marcantes, rapidamente elencados, que contribuíram profundamente para a formação política dos setores mais conscientes da classe operária e da pequena-burguesia. Há cada vez menos pessoas que seguem se iludindo com essas manobras institucionais e parlamentares, que, como pudemos ver, falharam miseravelmente em todos os casos de maior relevância política. Em parte, essa política da CUT, de continuar apostando nas cada vez mais desmoralizadas instituições brasileiras, é um reflexo da pressão de setores da esquerda burguesa e pequeno burguesa que domina o País e da chamada “unidade” sindical com setores reacionários, claramente favoráveis à política dos golpistas contra os trabalhadores. A aliança da CUT com “centrais” sindicais golpistas, como é o caso da Força Sindical,

contribui somente para o enfraquecimento da luta contra o golpe de Estado, como discutimos aqui mesmo nesse Diário. Não há nenhum príncipe encantado que vá despertar em um passe de mágica com um beijo a classe trabalhadora brasileira. É preciso chacoalhar as bases da CUT e de todos os sindicatos, com base em um intenso trabalho de agitação e propaganda, para impulsionar uma ampla mobilização e desta forma também despertar por baixo as sonolentas direções sindicais que resistem ao desenvolvimento da luta contra o governo Bolsonaro. A única forma de acuar os golpistas e finalmente derrotar o golpe é através de uma política verdadeiramente combativa, nas ruas. A fase de se fazer lobby no Congresso Nacional há muito já se passou. A CUT precisa organizar uma nova greve geral, por 48 horas em um primeiro momento, por tempo indeterminado, depois, pelo Fora Bolsonaro, por novas eleições e pela Liberdade de Lula.


POLÊMICA | 7

CAMPANHA

Campanha pela liberdade de Lula não é popular? P ara começar, o artigo aponta como principal bússola para a orientação política os resultados da última pesquisa Datafolha que apontou números que, segundo ele, “não autorizam a conclusão de que Moro está morto politicamente, definitivamente derrotado, como sugerem algumas análises.” Segundo a pesquisa, 59% dos entrevistados acreditam que as decisões de Moro deveriam ser revistas contra 30% que acham ser adequada sua conduta. Mas apesar disso, 55% das pessoas acham que Moro não deveriam sair do ministério. É incrível que mesmo depois de todo o processo golpista, todo o monopólio da informação que foi colocado em prática pela imprensa golpista e seus órgãos de pesquisa, Fornazieri insiste em levar em consideração para a análise tais dados. Qualquer análise séria deveria levar em conta este fato. Deveria levar em conta também o próprio resultado estapafúrdio da pesquisa que consegue através de uma manobra colocar na mesma entrevista dados que são contraditórios. Segundo a lógica, apesar de Moro estar cada vez mais desmoralizado diante do público, a maioria não quer que ele saia. Impossível de acreditar, mas nos parece que Fornazieri acredita. Se essa pesquisa serve para alguma coisa certamente será para um interpretação oposta da que é dada por Aldo Fornazieri. Os dados contraditórios servem para disfarçar mas não conseguem esconder que a Lava Jato, Sérgio Moro e o golpe estão em uma crise profunda. O autor não nega que Moro esteja desgastado mas conclui que “os números não autorizam a conclusão

de que Moro está morto politicamente, definitivamente derrotado”. E qual o motivo dessa conclusão? A interpretação invertida da pesquisa Datafolha serve para justificar a tese de Fornazieri de que Lula Livre é impopular que é no final das contas a tese de grande parte da esquerda pequeno burguesa que se recusa a lutar pela liberdade de Lula e pelo fora Bolsonaro. Afinal, acrescenta-se aí a impopularidade de Bolsonaro, também indisfarçável, não só pelas pesquisas mas pelo povo nas ruas. Segundo Fornazieri, os dados provariam que a campanha pela liberdade de Lula seria “pregar para convertidos” que “não conseguiu se traduzir numa campanha de massas e os atos que promoveu foram basicamente de militantes.” É preciso traduzir tal crítica. Quando Fornazieri diz que estão pre-

gando para convertidos ele procura uma justificativa para não levantar a palavra de ordem de liberdade para Lula. Esta deveria ser substituída por alguma fórmula mágica que nem mesmo ele sabe direito qual seria e propõe, com base em artigo de Emir Sader, uma “reconstrução democrática e social do Brasil”. Resta saber se tal reconstrução será feita com ou sem Bolsonaro, com Lula fora ou dentro da cadeia. Dizer que a liberdade de Lula não é popular é mais absurdo do que dizer que o próprio Lula – que só não ganhou a eleição contra tudo e contra todos porque foi preso – não é popular. Isso porque a luta pela liberdade de Lula se estende inclusive para aqueles que não são eleitores de Lula. É uma luta democrática que abrange amplos setores sociais.

Fornazieri critica ainda os partidos e organizações por “falta é empenho, capacidade explicativa e didatismo.” Podemos concordar com ele que existe realmente falta de empenho, mas se há, é necessário superar esse defeito através de uma luta política dentro da própria esquerda. O que há, na realidade, é uma completa falta de interesse de lutar pela liberdade de Lula, como já deixaram claro vários setores da esquerda pequeno-burguesa que chegam a declarar que “Lula livre não unifica” e que busca uma frente ampla com os golpistas do PSDB. E aí, não há empenho, há grande confusão oportunista. E é preciso dizer ainda mais uma coisa sobre isso. Mesmo se levássemos em consideração a ideia absurda de que a luta pela liberdade de Lula não é popular, ela ainda assim deveria ser feita com toda a força. É o que precisa ser feito para que possamos derrotar o golpe e talvez remotamente, “reconstruir o Brasil” como quer Fornazieri e Emir Sader. O mau do sociólogo – assim como dos acadêmicos em geral – é buscar soluções em fórmulas que contradizem a própria realidade. Para Fornazieri, não se trata de uma luta política determinada pela própria situação e pelo desenvolvimento real da luta de classes no Brasil. Para ele, basta a vontade individual, basta querer, que o movimento de luta pode inventar suas próprias palavras de ordem. Não é assim que funciona. A luta pela liberdade de Lula, a luta contra o governo Bolsonaro e contra o golpe não é uma escolha, é uma necessidade imposta pela situação política e essa luta é de vida ou morte para os trabalhadores e todo o movimento popular no Brasil.

GOLPISTAS

Diante da crítica de sua política golpista, Boulos revida com insultos

G

uilherme Boulos, embora sob protestos de correntes dentro do PSOL, foi candidato do partido à presidência em 2018, depois de ter se filiado ao partido depois de se lançar candidato, ficando com 0,58% dos votos ao final das eleições. Foi o pior resultado do PSOL em eleições presidenciais, e expressou a política de participar de um processo eleitoral controlado pelos golpistas depois da queda de Dilma Rousseff em 2016 apresentando esse processo como legítimo. Em qualquer caso, como último candidato ao principal cargo político do país, Boulos tornou-se um representante do partido no qual entrou às vésperas das eleições. E na qualidade de representante oficial do PSOL, foi convidado pelo sítio de direita Spotniks para “ler e comentar alguns tweets aleatórios sobre ele e o PSOL”. Entre os tweets lidos por Boulos comentados no Spotniks, estava uma postagem do PCO, que dizia o seguinte: “O PSOL especializou-se em ser o lado esquerdista da medalha do golpe. Para

tudo que os golpistas defendem, lá está o PSOL fornecendo um ar de esquerda democrática para uma política direitista e antidemocrática. O PSOL é uma espécie de complemento para a direita golpista.” Uma colocação do PCO que pode ser ilustrada com muitas posições apresentadas por setores do PSOL (somos obrigados a falar em setores porque não existe uma posição do partido sobre nada). Alguns exemplos contundentes são o apoio de figuras como Luciana Genro à Lava Jato, que foi ao mesmo Twitter dizer “Viva a Lava Jato!”, ou de Jean Wyllys a Israel, ou ainda, Jean Wyllys fazendo coro com o imperialismo ao condenar o governo da Venezuela, em plena campanha golpista para derrubar o governo venezuelano. Essas críticas são bastante específicas e políticas. Pode-se discordar delas, debater em torno delas, apresentar contra-argumentos, mas não se pode de forma nenhuma reduzi-las a “para o PCO todo o mundo é traidor e golpista, e direitista, menos o PCO”, como faz Boulos no canal direitista do Spotniks.

E Boulos não para por aí. Termina sua consideração dizendo que “ninguém leva a sério” o PCO. Não se trata de um argumento, ou de um debate, mas de um mero insulto. Diante de uma crítica política, Boulos devolve um insulto. Esse é o método direitista de discutir política, tentar ganhar no

grito, tentar calar os adversários com ataques despolitizados. É o mesmo que fazem os bolsonaristas sistematicamente, quando procuram desqualificar todos que os denunciam ou criticam. O PSOL especializou-se em ser o lado esquerdo da medalha do golpe.


8 | ECONOMIA

ESQUERDA PEQUENO-BURGUESA

Esquerda alucinada diz que Moro está sendo fritado pelo imperialismo O

sítio Gazeta Revolucionária publicou um artigo logo quando foi revelado o complô entre Moro e a Lava Jato para prender o ex-presidente Lula (há quase um mês), no qual adere à tese segundo a qual tais revelações seriam uma manobra do imperialismo para derrubar Moro e Bolsonaro do governo. Ou seja, para derrubar seus próprios funcionários e, em última instância, derrotar o golpe promovido pelo próprio imperialismo. A prova disso? O Intercept seria um jornal imperialista! De acordo com a Gazeta Revolucionária, “temos que levar em conta que o site The Intercept e seu dirigente Glenn Greenwald não são e nunca foram paladinos da esquerda. Pelo contrário sempre foram peças de manipulação controladas pelo imperialismo norte-americano”. É verdade que Greenwald não é nenhum paladino da esquerda. Trata-se de um jornalista burguês, com um pensamento liberal e que ganha grande fama e reputação ao publicar revelações do nível daquelas sobre a espionagem da NSA ou as conspirações da Lava Jato. Entretanto, não é uma peça controlada (ao menos integralmente) pelo imperialismo norte-americano. O que os imperialistas fizeram foi trabalhar para impedir Greenwald de revelar tudo o que poderia ter revelado, o qual acabou – por motivos ainda pouco claros – revelando apenas parte do seu potencial. Mas o que foi divulgado já foi suficiente para que o público tomasse conhecimento das arbitrariedades do imperialismo, especialmente o norte-americano. Foi, mesmo que pequeno, um golpe contra o governo dos EUA.

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O fato de o Intercept ser financiado por um capitalista – Pierre Omidyar – não significa que ele é um veículo do imperialismo em si. Esse sítio não pode ser comparado com os grandes jornais que representam a política e são controlados pelas principais alas do imperialismo – como o Washington Post, o New York Times, a BBC, o Financial Times ou o The Economist. Ou, se trouxermos para o âmbito nacional, não pode ser comparado nem mesmo com a Globo, Folha, Estadão, Veja, etc., sucursais da burguesia imperialista. Para a Gazeta Revolucionária, “o vazamento divulgado por The Intercept faz parte da guerra híbrida promovida pelo imperialismo norte-americano contra o Brasil e que vai no sentido de aprofundar o desgaste de Bolsonaro para, na hora exata, dispensá-lo da presidência da República, por bem ou por mal”. Se formos acreditar nesse posicionamento, então deveríamos reconhe-

cer que o Intercept é um representante do imperialismo, enquanto que a Globo, não. Um pequeno sítio contra o maior monopólio das comunicações do Brasil. Já que a Globo apoia ferozmente a Lava Jato e Sergio Moro. Logo, a Globo estaria contra o golpe e o imperialismo, que estaria promovendo este golpe por meio de um pequeno portal na Internet – que, a propósito, denunciou o impeachment de Dilma e a prisão ilegal de Lula. É uma alucinação. Diz a Gazeta: “É fato que o imperialismo precisa impor um governo mais estável, que instaure um regime político mais duro, que consiga impor a pauta de interesse dos EUA de ajuste fiscal radical que garanta a transferência de riquezas para a potência do norte de uma forma eficiente e que tenha condições de fazer frente a qualquer movimento mais forte de resistência operária. E esse só pode ser um governo mi-

litar. Nesse sentido se prepara o fim do governo Bolsonaro com o fim da Lava Jato e de seus agentes devidamente descartados depois de cumprir seu papel no seu devido tempo.” Contudo, é de se questionar profundamente se o imperialismo orquestraria tamanha desestabilização em um governo que faz tudo que ele manda, para substituí-lo por outro fantoche. Primeiro, porque Bolsonaro, apesar de sua incompetência, está fazendo “barba, cabelo e bigode”. Segundo, porque as revelações do Intercept aprofundaram a crise não somente do governo Bolsonaro, mas colocaram em xeque o golpe como um todo. Terceiro, porque essa desestabilização impulsiona de modo decisivo a mobilização dos trabalhadores para derrubar Moro e Bolsonaro e libertar Lula. Em última análise, impulsiona a luta contra o golpe e o imperialismo – logo, contra os militares, os mesmos que seriam os privilegiados com a queda de Bolsonaro, segundo o pensamento maluco propagado pela Gazeta. O maior inimigo do imperialismo são os trabalhadores. E as revelações do Intercept permitem a mobilização destes contra o imperialismo, trata-se de um choque direto. É uma política incompatível e suicida do imperialismo apoiar a queda de Bolsonaro pela mobilização popular. Ao se “opor a esta política” – a da derrubada de Bolsonaro -, essa parcela da esquerda está, na prática, apoiando Moro e Bolsonaro. Apoiando o imperialismo, seu patrão. Apoiando a extrema-direita, o golpe e os imperialistas contra a mobilização dos trabalhadores. Os trabalhadores, por sua vez, devem aproveitar essa oportunidade para colocar abaixo o governo Bolsonaro e o golpe, porque as condições são as mais favoráveis desde que o golpe foi dado.


ECONOMIA | 9

BOLSONARO CAPACHO

Capitalistas adulteram até o azeite para roubar a população O

capitalismo, em sua fase atual, volta-se única e exclusivamente para a garantia dos lucros bilionários para os patrões, em detrimento da saúde e das condições de vida de toda a população. Um exemplo disso pode ser verificado em uma operação do Ministério da Agricultura, na qual resultou na proibição da venda de seis marcas de azeite de oliva no país. O motivo: não era azeite de verdade, os produtos eram falsificados pelos empresários. As marcas Oliveiras do Conde, Quinta Lusitana, Quinta D’Oro, Évora, Costanera e Olivais do Porto, eram produzidas com uma mistura de óleos diversos, porém não continham azeite de oliva. Diante da fraude foi determinado a proibição da venda dos produ-

tos e o recolhimento das unidades nos mercados. O exemplo deste caso evidencia o verdadeiro caráter do atual modo de produção capitalista. Para se angariar mais lucros, vale tudo, inclusive colocar em risco a saúde de milhares de pessoas. O caso é semelhante com a história da origem da margarina, a qual foi criada como um substituto mais barato e de baixa qualidade à manteiga, com a intenção de manter os salários dos trabalhadores baixos. A luta pela superação do capitalismo, ou seja, a luta em defesa do socialismo visa uma sociedade onde toda a produção não seja voltada para o lucro de uma minoria, mas para o bem-estar de toda a população.

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10 | INTERNACIONAL

GRÉCIA

Esquerda leva a direita de volta ao poder N

a segunda-feira (8), Kyriakos Mitsotakis tomou posse no Palácio presidencial em Atenas, capital da Grécia. No Domingo (7), o Partido da Nova Democracia (ND), de Mitsotakis, obteve cerca de 40% dos votos contra 31% do Syriza, partido que estava no poder. Desta forma, a direita retoma o poder após o fracasso do “PSOL grego” – que é, como o próprio partido brasileiro denomina, seu “irmão” na Grécia. O Syriza assumiu o poder em 2015, prometendo realizar uma política contra o neoliberalismo, mas acabou cedendo aos grandes capitalistas financeiros da Europa. Realizaram um referendo sobre a política de austeridade, em que a população votou contra a destruição neoliberal, mas mesmo assim o “Psol grego” decidiu se curvar aos interesses dos banqueiros. Ao invés de chamar a mobilização dos trabalhadores para combater a direita, capitularam e estão saindo do governo sem ter adotado qualquer

medida efetiva de contenção do principais problemas do povo grego, como o desemprego e a dívida interna grega. O desemprego da Grécia sendo o maior da Europa. A política de Tsipras (SYRIZA) foi de intenso ataques aos trabalhadores, continuando com a política do FMI e realizando cortes salariais, aumento de impostos e tudo aquilo cuja população que votou no Syriza e no referendo havia se mobilizado contra. Com essa traição, o partido se des-

Irã começa a enriquecer urânio além do teto imposto pelo imperialismo

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esta segunda-feira (8), o governo do Irã anunciou que começou a enriquecer urânio além do limite estabelecido pelo imperialismo no acordo nuclear. “Esta manhã, o grau de pureza do urânio produzido atingiu 4,5%”, afirmou a agência estatal de notícias Isna, citando palavras de Behruz Kamalvandi, porta-voz da Organização Iraniana de Energia Atômica (OIEA). Essa medida rompe com o limite previsto no acordo nuclear com os EUA e a UE. No entanto, Donald Trump, presidente dos EUA, rompeu com o acordo muito antes, ainda no ano passado, ao começar a impor sanções econômicas contra o Irã. Mesmo assim, a imprensa imperialista pro-

cura dar a entender que o Irã estaria rompendo com o acordo e praticando alguma espécie de agressão ao continuar seu programa nuclear. O governo iraniano afirma que seu programa tem fins pacíficos de geração de energia. De qualquer modo, ainda que fosse um programa bélico, o sentido claramente seria defensivo, diante do contínuo assédio imperialista ao Irã. Os EUA estão promovendo um cerco econômico ao Irã, e por isso o país está respondendo como pode, com medidas autodefensivas. A retomada do programa nuclear é um desses meios. O cerco econômico ao Irã visa abalar o regime político para derrubar o governo e tomar o controle do país.

Irã denuncia “pirataria” do imperialismo em Gibraltar

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pós a detenção de um navio-tanque iraniano por parte da marinha britânica, o Irã declara a ação como “ameaçadora” e um “ato de pirataria”. O incidente se deu a uma semana e provocou a fúria de Teerã. Isso tudo ocorre em meio às tensões sobre seu programa nuclear. O fato ocorrido na quinta-feira (4), quando Marines Reais Britânicos, agentes policiais e alfandegários detiveram o navio Grace 1, em Gibraltar. O pretexto utilizado foi que o navio iraniano estava sob suspeita de transportar petróleo iraniano para a Síria, o que vai contra os interesses do imperialismo e, segundo as normas dos países opressores: viola as sanções da União Européia contra o governo do presidente Bashar al-Assad. Por conseguinte, o ministro da De-

fesa iraniano, Amir Hatami, em discurso transmitido ao vivo pela televisão estatal na segunda-feira, disse que a apreensão do petroleiro “não será tolerada por nós e o caso não ficará sem resposta”. Diante da situação, é importante que se denuncie a pirataria do imperialismo contra o governo iraniano em Gibraltar. A crise do imperialismo tem elevado a crise em todos os locais em que exista qualquer tipo de resistência ao ataque de rapina dos países imperialistas. Sabemos, ademais, que já há uma ampla tentativa de sabotar a economia do Irã em uma série de tentativa de desestabilizar o regime político para tomar conta do país e submetê-lo aos ditames do grande capital internacional, controlado pelo imperialismo.

moralizou totalmente e, portanto, é natural que nas eleições do último domingo a direita tenha ganhado força para retirar o partido do poder. O novo primeiro-ministro da Grécia, Mitsotakis, é uma continuação da política neoliberal que vinha devastando o país desde antes do Syriza assumir o poder. Agora, a situação fica mais crítica, pois a direita governará com maioria absoluta, com 158 das 300 cadeiras do Parlamento. Mitsotakis represen-

ta uma direita extremamente reacionária, ligado à Igreja, jurando sobre a Bíblia, e também a uma dinastia de políticos conservadores, seu pai tendo sido primeiro-ministro da Grécia entre 1990 e 1993 e sua irmã Dora Bakoyannis ministra por diversas vezes e prefeita de Atenas. O filho de Dora, Kostas Bakoyannis, agora ocupa o cargo de prefeito da capital grega. A política neoliberal de Mitsotakis é ainda mais perigosa atualmente. Pois ele foi responsável, quando ministro da Reforma, entre 2012 e 2014 pela demissão de mais de 15 mil funcionários. E, em posse, o novo primeiro-ministro já afirmou está otimista para realizar um novo “pacote completo de reformas”. Desta forma, se o Syriza ficou em segundo lugar, perdendo para os principais inimigos do povo grego, provavelmente através de gigantescas manobras eleitorais, e possivelmente até uma fraude, o partido de Tsipras tem grande culpa nisso. Ao invés de combater o neoliberalismo, realizaram a mesma política, com uma aparência “de esquerda”.

Coletes amarelos: a crise política na França não acabou

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o último sábado (06), os coletes amarelos saíram em protesto pelas ruas de Paris pela 34ª jornada consecutiva – desde 17 de novembro do ano passado. Ao contrário do que a imprensa burguesa costuma apresentar – e que uma parcela da esquerda acreditou, mesmo na própria França -, nos atos ficam cada vez mais visíveis pautas tradicionais da esquerda, do movimento operário e de reivindicações democráticas. Mais uma vez, no ato os coletes amarelos repudiaram os ataques da política neoliberal de Emmanuel Macron como a privatização de aeroportos e exigiram investimentos em programas sociais, políticas públicas na área da educação, reconstrução do sistema de saúde universal, dentro outros. Pode até ser que as últimas manifestações dos coletes amarelos não tenham aglomerado uma quantidade de gente igual aos protestos de alguns meses atrás, mas o fato de estarem em mobilização permanente diretamente contra Macron e os bancos demonstra que não capitularam diante das grandes pressões do governo por seu encerramento – como, por exemplo, a intensa repressão policial, que já deteve milhares de manifestantes. Os coletes amarelos não caíram na propaganda governamental de negociação. Sabem que não passa de um engodo para frear e dispersar o movimento, que tem sido a representação máxima da crise política e econômica na França. O movimento dos coletes amarelos desnudou o caráter absolu-

tamente antipopular de Macron e sua artificialidade como liderança política. Foi imposto pelos banqueiros aos franceses, uma vez que os partidos tradicionais estavam em completo desmoronamento. Vide o Partido Socialista, que perdeu praticamente todo o seu apoio popular devido às sistemáticas políticas de ataque à sua base social histórica, abrindo assim o caminho para a extrema-direita. É sempre preciso lembrar da reforma trabalhista de François Hollande e sua invasão ao Mali, do apoio dado pelo PS a Macron para “derrotar o fascismo” representado por Marine Le Pen nas eleições presidenciais e, por fim, da sua recusa (bem como da própria CGT, dirigida pelo PS) em se juntar aos coletes amarelos, tachando-os de apoiadores da extrema-direita. Isso levou ao vexame nas últimas eleições para o Parlamento Europeu, nas quais o partido ficou atrás até mesmo de seu primo pobre, a França Insubmissa. Os coletes amarelos são o aspecto mais progressista hoje do cenário político francês. A esquerda deve apoiá-los e impulsioná-los em sua luta contra Macron, para derrubar o presidente dos banqueiros e organizar a revolta popular.


ATIVIDADES DO PCO | 11

ACAMPAMENTO

Universidade de Férias: você não pode ficar de fora! E

stamos a menos de uma semana do início da 44ª Universidade de Férias do Partido da Causa Operária (PCO) e da Aliança da Juventude Revolucionária (AJR). No dia 15 de julho, terá início o curso de formação marxista mais tradicional da esquerda brasileira. A 44ª Universidade de Férias trará como ema principal o Programa de Transição da IV Internacional, elaborado pelo revolucionário Leon Trótski. Escrito em 1938, o Programa de Transição é um dos textos que serve de base para o programa do Partido da Causa Operária e um guia político fundamental para a luta política da classe operária mundial. Ao longo de suas 43 edições, a Universidade de Férias do PCO já abordou diversos assuntos de relevância para a luta dos trabalhadores. Indo desde a

Revolução Russa até a História recente do Brasil, os cursos sempre foram dados sob um ponto de vista marxista – isto é, científico. Em todas as edições da Universidade de Férias, os participantes têm a oportunidade de refletir os acontecimentos de maneira a orientar sua prática. Diferentemente das academias, onde a esquerda pequeno-burguesa costuma confundir os trabalhadores, a Universidade de Férias é uma oportunidade para orientar um movimento real de luta da esquerda revolucionária. Além do curso, os participantes poderão participar de uma série de atividades, como sessões de cinema, palestras culturais, discussões, passeios etc. Não fique fora dessa – acompanhe neste diário todas as informações da 44ª Universidade de Férias e participe!

CURSO DE FORMAÇÃO TEÓRICA MARXISTA

O PROGRAMA PARA A REVOLUÇÃO SOCIALISTA DOS DIAS DE HOJE O programa de transição da IV internacional

15 A 22 JULHO 44ª UNIVERSIDADE DE FÉRIAS DO PCO INSCRIÇÕES ABERTAS, PARTICIPE: • Celular: (11) 96388-6198 (vivo) | (11) 9300-94572 (tim) • Whatsapp: (11) 96388-6198 • pelo email: pco.sorg@gmail.com • Diretamente no sítio da Universidade e Acampamento: https://pco.org.br/universidade/

Operários e operárias de todos os países, organizem-se sob a bandeira da IV Internacional! Assim termina o histórico programa de transição da IV Internacional, o programa da revolução socialista dos dias de hoje. Escrito por Leon Trótsky, líder da revolução russa, dirigente do exército vermelho e da oposição comunista ao estalinismo. O programa de transição marca a criação de um movimento que buscava organizar a classe operária por fora das falidas organizações da III Internacional, os partidos comunistas ligados à união soviética, marca a sistematização do programa executado na revolução de Outubro na Rússia, as conclusões da revolução vitoriosa, e a preparação para a luta socialista global. O curso da 44ª Universidade de Férias do PCO é uma exposição dos principais pontos deste programa, escrito em 1938, feito não por professores universitários burgueses, ou intelectuais pequeno-burgueses, os eternos falsificadores do comunismo, mas por militantes, militantes que dedicam suas vidas a lutar pela realização deste programa e pela reconstrução da IV Internacional, por um partido trotskista. Venha conosco debater o trotskismo, numa atividade de educação política, de lazer e de confraternização e convivência comunista!


12 | ATIVIDADES DO PCO

Congresso da Une: Todos contra os golpistas! N

a próxima quarta-feira (10), começa em Brasília o 57º Congresso Nacional da União Nacional dos Estudantes (CONUNE), o maior encontro da juventude organizada no país. A direção da entidade estima que mais de 10 mil estudantes universitários de todos os Estados participarão do fórum até o domingo (14), quando irão eleger a nova presidência da UNE e definir os rumos da entidade no próximo biênio. Será realizado na Universidade de Brasília (UnB) e no Ginásio Nilson Nelson, tendo inúmeras atividades, como debates, grupos de discussão, atos políticos e uma grande passeata. Mais de 60 convidados participarão do encontro, entre congressistas, artistas, ativistas sociais, escritores, intelectuais e representantes da academia. Na programação estão 24 debates na quinta (11); 12 grupos de discussão na sexta (12); dois atos políticos: em defesa da universidade pública e em homenagem aos 40 anos do Congresso de Reconstrução da UNE; uma passeata na sexta (11) na Esplanada dos Ministérios; atividades culturais e a plenária final na tarde de sábado no Ginásio Nilson Nelson que finaliza o encontro com a eleição da nova presidência. Na pauta temas que refletem a preocupação dos estudantes com o futuro da educação em todos os níveis escolares, a instabilidade entre os poderes da república e o futuro do governo Bolsonaro até o cuidado com o meio ambiente, a cultura, a democracia e a segurança pública. “Diante esse cenário de ameaça e corte na nossa educação os estudantes brasileiros estão muito mobilizados. Por isso estamos nos preparando porque este pode ser um dos maiores Conunes da história da UNE em participação estudantil”, destacou a presidenta da UNE, Marianna Dias. Apesar do tema confuso “Na sala de aula é que se muda uma nação”, que reflete a moderação da direção da entidade, ao reunir milhares de estudantes incluindo os setores mais avançados do movimento estudantil brasileiro, o evento tem todas as condições para se tornar o congresso pelo Fora Bolsonaro e todos os golpistas. É neste sentido que a o PCO, por meio da AJR (Aliança da Juventude Revolucionária) irá atuar. Veja a programação divulgada no site da entidade: 10 (quarta-feira) julho 2019 19h às 21h – Abertura do 57º Congresso da União Nacional dos Estudantes-UNE e lançamento da campanha “Mais livros e menos armas”. Local: Universidade de Brasília-UnB. 21h às 23h – Festival da Democracia – Mestre Moa. Atividade: Sarau da Democracia. Local: Universidade de Brasília-UnB. 11 (quinta-feira) julho 2019 10h às 13h – Debates. Tema 1: A marcha conservadora contra o conhecimento acadêmico, a ciência, tecnologia e as ameaças à autonomia universitária. Local: Auditório do Instituto Central de Ciências-ICC da Universidade de Brasília-UnB.

Tema 2: 80 tiros não dá mais: O modelo de segurança pública, o pacote de Sérgio Moro e a violência policial contra o povo periférico do Brasil. Local: Auditório do Instituto Central de Ciências-ICC da Universidade de Brasília-UnB. Tema 3: Jovens mulheres na política: A ocupação de espaços e a formação de novas lideranças. Local: Auditório do Instituto Central de Ciências-ICC da Universidade de Brasília-UnB. Tema 4: Ensino privado: O financiamento estudantil como forma de acesso ao ensino superior. Local: Auditório do Instituto Central de Ciências-ICC da Universidade de Brasília-UnB. Tema 5: Os estudantes e a educação em tempos de resistência: o movimento estudantil na ditadura militar (1964/1985) e a luta contra o autoritarismo de Bolsonaro. Local: Auditório do Instituto Central de Ciências-ICC da Universidade de Brasília-UnB. Tema 6: Guerras híbridas, law fare e as novas ameaças à democracia. Local: Auditório do Instituto Central de Ciências-ICC da Universidade de Brasília-UnB. Tema 7: As consequências da destruição da Lei Rouanet e das políticas públicas de financiamento da cultura. Local: Auditório do Instituto Central de Ciências-ICC da Universidade de Brasília-UnB. Tema 8: Os retrocessos do MEC de Bolsonaro na democratização do acesso e nas políticas de permanência e assistência estudantil. Local: Auditório do Instituto Central de Ciências-ICC da Universidade de Brasília-UnB. Tema 9: O Plano Nacional de Educação-PNE, a sangria do financiamento educacional e a nova etapa da luta de estudantes e professores no Congresso Nacional. Local: Auditório do Instituto Central de Ciências-ICC da Universidade de Brasília-UnB. Tema 10: Da afirmação das identidades raciais ao genocídio da juventude negra. Local: Auditório do Instituto Central de Ciências-ICC da Universidade de Brasília-UnB. Tema 11: A instabilidade entre os poderes da república e o futuro do governo Bolsonaro. Local: Auditório do Instituto Central de Ciências-ICC da Universidade de Brasília-UnB. Tema 12: O papel da extensão na consolidação do vínculo entre sociedade e universidade. Local: Auditório do Instituto Central de Ciências-ICC da Universidade de Brasília-UnB. 15h às 18h – Debates. Tema 13: Emprego e Reforma da Previdência: Os ataques a Previdência Pública e o Sistema de Proteção Social no Brasil. (o movimento tem usado a palavra “Aposentadoria”) Local: Auditório do Instituto Central de Ciências-ICC da Universidade de Brasília-UnB.

Tema 14: O projeto do MEC e o menosprezo à universidade pública brasileira. Local: Auditório do Instituto Central de Ciências-ICC da Universidade de Brasília-UnB. Tema 15: Os limites do ensino a distância e o movimento pela escolarização em casa no Brasil. Local: Auditório do Instituto Central de Ciências-ICC da Universidade de Brasília-UnB. Tema 16: As ocupações urbanas e a organização popular na resistência das grandes cidades. Local: Auditório do Instituto Central de Ciências-ICC da Universidade de Brasília-UnB. Tema 17: A nova geopolítica global: O papel dos Estados Unidos e os ataques a América Latina. Local: Auditório do Instituto Central de Ciências-ICC da Universidade de Brasília-UnB. Tema 18: A diversidade sexual diante dos desafios da democracia, da cultura, da escola e da universidade brasileira. Local: Auditório do Instituto Central de Ciências-ICC da Universidade de Brasília-UnB. Tema 19: O ensino médio sob censura e a perseguição autorizada a estudantes e professores do Brasil. Local: Auditório do Instituto Central de Ciências-ICC da Universidade de Brasília-UnB. Tema 20: O Brasil a preço de banana: entreguismo e destruição da soberania nacional. Local: Auditório do Instituto Central de Ciências-ICC da Universidade de Brasília-UnB. Tema 21: A verdade como direito básico e o combate às notícias falsas nas redes sociais. Local: Auditório do Instituto Central de Ciências-ICC da Universidade de Brasília-UnB. Tema 22: A realidade da educação no campo e da interiorização do ensino brasileiro. Local: Auditório do Instituto Central de Ciências-ICC da Universidade de Brasília-UnB. Tema 23: Formação profissional da juventude e as transformações no mundo do trabalho. Local: Auditório do Instituto Central de Ciências-ICC da Universidade de Brasília-UnB. Tema 24: A lama, o lucro e a morte no noticiário ambiental do Brasil. Local: Auditório do Instituto Central de Ciências-ICC da Universidade de Brasília-UnB. 18h às 20h – Ato político em defesa da universidade pública e homenagem ao patrono da educação, Paulo Freire e aos fundadores da UnB, Joõa Goulart, Anísio Teixeira, Darcy Ribeiro e Oscar Niemayer. Local: Universidade de Brasília-UnB. 22h às 0h – Festival da Democracia – Professor Cancellier. Local: Ginásio Nilson Nelson. 12 (sexta-feira) julho 2019 10h às 13h – Passeata – Não matem nosso futuro: educação, emprego e aposentadoria.

Local: Esplanada dos Ministérios. 15h às 17h – Grupos de discussão-GDs e Espaços Autogestionados Tema 1: Reunião do Circuito Universitário de Cultura e Arte da União Nacional dos Estudantes-CUCA da UNE. Local: Auditório do Instituto Central de Ciências-ICC da Universidade de Brasília-UnB. Tema 2: Encontro de empresas juniores. Local: Auditório do Instituto Central de Ciências-ICC da Universidade de Brasília-UnB. Tema 3: Encontro de atléticas. Local: Auditório do Instituto Central de Ciências-ICC da Universidade de Brasília-UnB. Tema 4: Encontro de grupos de extensão. Local: Auditório do Instituto Central de Ciências-ICC da Universidade de Brasília-UnB. Tema 5: Plenária da Campanha Lula Livre. Local: Auditório do Instituto Central de Ciências-ICC da Universidade de Brasília-UnB. Tema 6: Educação pública. Local: Auditório do Instituto Central de Ciências-ICC da Universidade de Brasília-UnB. Tema 7: Educação pública. Local: Auditório do Instituto Central de Ciências-ICC da Universidade de Brasília-UnB. Tema 8: Educação privada. Local: Auditório do Instituto Central de Ciências-ICC da Universidade de Brasília-UnB. Tema 9: Educação privada. Local: Auditório do Instituto Central de Ciências-ICC da Universidade de Brasília-UnB. Tema 10: Movimento estudantil. Local: Auditório do Instituto Central de Ciências-ICC da Universidade de Brasília-UnB. Tema 11: Movimento estudantil. Local: Auditório do Instituto Central de Ciências-ICC da Universidade de Brasília-UnB. Tema 12: Movimento estudantil. Local: Auditório do Instituto Central de Ciências-ICC da Universidade de Brasília-UnB. 21h às 23h – Festival da Democracia – Lula Livre. Local: Ginásio Nilson Nelson. 13 (sábado) julho 2019 10h às 12h – Ato político em homenagem aos 40 anos do Congresso de Reconstrução da UNE – Salvador 1979. Local: Ginásio Nilson Nelson. 12h às 18h – Plenária final (votação de conjuntura, educação e movimento estudantil) Local: Ginásio Nilson Nelson. 21h às 23h – Festival da Democracia – Marielle Local: Ginásio Nilson Nelson. 21h às 23h – Festival da Democracia – Marielle Local: Ginásio Nilson Nelson. 14 (domingo) julho 2019 10h às 18h – Plenária final (eleição da nova diretoria). Local: Ginásio Nilson Nelson.


MOVIMENTO OPERÁRIO| 13

GREVE

Professores vão construir uma grande greve no segundo semestre A

CNTE (Confederação Nacional dos Trabalhadores em Educação) estão chamando uma grande paralisação da educação no dia 13 de agosto (Terça-feira), com Marcha nos Municípios em defesa da Educação Pública e contra a Destruição da Aposentadoria, rumo a garantia dos Direitos Conquistados pela Classe Trabalhadora e pela Igualdade Social. Após o golpe de 2016, a educação tem sido uma das pastas mais atacadas pelos golpistas. A reforma da Previdência e um exemplo desse ataque aos profissionais da educação, que em sua maioria são mulheres. A nova lei aumentará a idade mínima para professores. Será 60 anos – e para as professoras 57. A idade mínima para se aposentar aumentará para todos os trabalhadores da cidade e do campo. A reforma também irá impedir o acúmulo de pensão e aposentadoria

para novos beneficiários. A tarefa, portanto, é colocar em movimento os trabalhadores. O setor mais combativo e poderoso do proletariado brasileiro, a classe operária, principalmente das fábricas e grandes concentrações produtivas (como os petroleiros, entre outros). É importante ressaltar que a reforma da previdência é apenas um dos efeitos do golpe, que visa massacrar a população brasileira, atendendo aos interesses dos imperialistas. É preciso, que os professores organizem uma grande mobilização agora no segundo semestre, a fim de barrar essa medida totalmente antidemocrática, bem como exigir a saída imediata de Bolsonaro da presidência. Dele e também de todos os outros golpistas. É preciso lutar pelo fortalecimento das escolas públicas, e para isso, é necessário lutar contra o golpe que

aprofundou todos os ataques ao ensino público. Os professores e estudantes devem se organizar diante de uma grande mobilização para que se garanta o aumento salarial e a contra-

tação de professores. Após o golpe, somente a mobilização dos trabalhadores pode barrar esses e todos os retrocessos promovidos pelos lacaios de plantão.

SALÁRIOS

BRASÍLIA

TST impede reajuste salarial de trabalhadores da Terracap

Bancários do DF definem lutas para o Congresso nacional da categoria

Tribunal Superior do Trabalho (TST) mais uma vez agiu como carrasco da classe trabalhadora. Dessa vez, a instituição burguesa do judiciário impediu o reajuste salarial e o pagamento de outros valores que a empresa estatal Agência de Desenvolvimento do Distrito Federal (Terracap) estava devendo aos seus funcionários. O TST, que há muito tempo vem se mostrando favorável à medidas golpistas, como a Reforma da Previdência, não exita em votar contra os trabalhadores e seus direitos. A ação se trata de perdas salariais na época do Plano Cruzado, os trabalhadores reivindicavam um reajuste de 90% para que não fossem prejudicados com a mudança de moeda. Esse direito de reajuste foi reconhecido pela justiça e entre 2002 e 2009 os funcionários recebiam o pagamento certo, contudo, a partir de 2009 a empresa simplesmente cessou o pagamento do reajuste que já estava garantido. Após os funcionários entrarem na justiça contra esse corte sem razão, a primeira decisão judicial foi tomada pelo TRT-10 e foi favorável aos trabalhadores, isso porque ficou entendido que a empresa tinha agido sem qualquer aval da justiça. Mesmo assim a empresa recorreu e agora o TST impediu o reajuste. O TST ficou ao lado dos capitalistas, como sempre. A desculpa que o governo de Brasília usa é que a empresa não tem como pagar o valor aos trabalhadores, que esse pagamento quebraria os cofres públicos, mas como isso pode ser mais importante do que a garantia do direito dos trabalhadores em receber pelo que trabalhou? Se para os golpistas a derrota judicial pode levar a empresa ao caos, então que leve. O que deveria estar sendo

os dias 05 e 06 de julho passado realizou-se em Brasília, na sede do Sindicato dos Bancários, o Congresso Distrital da categoria que teve como pontos de pauta discutir e aprovar o plano de lutas que a base de Brasília levará para os Congressos Nacional dos Funcionários do Banco do Brasil e Caixa Econômica Federal, assim como para a Conferência Nacional dos Bancários, que serão realizados no começo do mês de agosto próximo. Contando com a participação de aproximadamente 100 delegados, a discussão girou em torno dos ataques desferido pelos banqueiros e seus governos à categoria bancária, em que os trabalhadores passam por uma ofensiva direitista, somente comparada ao governo neoliberal, do famigerado FHC (PSDB), através de fechamento de centenas de agências, dependências e postos de serviços, com milhares de demissão em massa, descomissionamentos, arrocho salarial, terceirizações, assédio moral para o aumento de venda de produtos bancários, superexploração, ameaças

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discutido por um tribunal do trabalho é como garantir os direitos do trabalhador e não procurando brechas na lei para favorecer os patrões. A decisão do TST afeta 20 funcionários, que estão na ativa até hoje e esperando esses pagamentos desde 1986! Ou seja, há mais de 20 anos que esses funcionários estão que a empresa ou o governo tomem uma atitude justa. Parece que os golpistas que correm solto dentro de todos os âmbitos do judiciário gostam de brincar com as sérias necessidades do povo, trabalhando contra a população sempre que possível, sugando do trabalhador até o que ele não tem. É preciso que a população se una contra o judiciário, que está infestado de golpistas que tomaram o país de assalto, a classe trabalhadora não é obrigada a ver seus direitos indo para a lata do lixo enquanto um monte de burguês, que nem sabem o que é trabalho, decidem a vida dessas pessoas. Fora Bolsonaro e todos os golpistas.

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constantes de privatizações, “reforma” da previdência e trabalhista, etc. Mesmo com a política equivocada das direções sindicais de assinar um acordo bianual, capitulando com a insistência dos banqueiros e do governo e impor, como está acontecendo, um violento retrocesso, engessando a luta dos trabalhadores bancários para avançar nas pautas econômicas e sociais (o reajuste do bancário, em consequência do acordo bianual, será de 1% além da infração do período de um ano) o que não falta, para a categoria, são motivos para uma grande mobilização em defesa dos direitos e garantias dos bancários. O Congresso Distrital de Brasília é mais uma demonstração da disposição de luta da categoria para enfrentar a ofensiva reacionária da direita golpista, no caso os banqueiros nacionais e internacionais, e levantar uma ampla mobilização que unifique os bancários e todos os trabalhadores contra a política de terra arrasada para os trabalhadores para beneficiar meia dúzia de parasitas capitalistas.


14 | MOVIMENTO OPERÁRIO E CIDADES

CORREIOS

Golpistas da ECT dizem que retirada de direitos é para o bem de todos

A

s negociações da campanha salarial de 2019/2020 dos trabalhadores dos Correios iniciou-se no dia 02 de julho, com reuniões realizadas entre representantes da ECT (Empresa Brasileira de Correios e Telégrafos) e representantes dos trabalhadores no dia 02, 3 e 4 de julho. Já nas primeiras reuniões da negociação os representantes da ECT mostrou seu cartão de visita de golpista e privatizador da empresa, a mando do governo fraudulento do fascista Jair Bolsonaro, apresentando as intenções maléficas de retirar direitos e benefícios do acordo atual, querendo adequar para privatização 19° cláusulas e modificar outras 15° cláusulas do atual acordo.

As negociações ainda não tratou dos termos salariais, no entanto, entre as cláusulas que os golpistas querem modificar está o ataque ao vale refeição/ alimentação, pois a direção dos Correios quer cortar o número de vales e ainda não conceder mais o benefício no período de férias do trabalhador. Para realizar essa verdadeira facada na barriga dos ecetistas, os representantes da ECT tiveram a cara de pau de afirmar em mesa de negociação que essas mudanças estão voltadas para salvar os Correios. É o velho golpe de vou te agredir, mas é para seu próprio bem, inclusive dizendo que os trabalhadores devem acertar perder quase metade de seus ganhos para salvar a ECT da privati-

zação, alguns representantes da ECT chegaram ao absurdo de dizer que eles, os negociadores do patrão, estão muito mais ameaçados de perderem seus empregos que os próprios trabalhadores. Se de fato é assim, esses capachos do governo golpista deveriam abandonar seus postos de negociadores e se enganchar na mobilização da campanha salarial, contra a privatização da ECT, pelo Fora Bolsonaro, novas eleições, e pela liberdade para Lula, já que as propostas que estão apresentando a categoria, são propostas que aceleram a privatização da empresa, e não o contrário, como querem dar a entender, de que servirá para fortalecer os Correios.

Todos sabem que corte de gastos na folha de pagamento em empresas públicas ameaçadas pela privatização tem como objetivo deixar a empresa enxuta para facilitar a sua venda ou entrega. Somente a greve com 100% dos funcionários da ECT, com ocupação dos prédios da empresa poderá impedir a destruição da maior empresa de Correios da América Latina que é os Correios brasileiro. E essa greve tem que estar colocada a luta contra o golpe de estado no Brasil que começou com o impeachment de Dilma, se estendeu a perseguição do expresidente Luís Inácio Lula da Silva e se estende ao governo fascista de Jair Bolsonaro, inimigo do povo brasileiro, eleito de forma fraudulenta na última eleição.

PR

CURITIBA

Ato estadual nesta terça (9), ocupar Curitiba contra Ratinho!

Servidores públicos tomam a ALEP após 15 dias de greve

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N

esta terça (9), a greve dos servidores paranaenses completa 2 semanas. Após a proposta miserável do governo (de parcelar em 4 anos a reposição), o movimento ganhou força com adesão de mais categorias. Segundo levantamento da APP-Sindicato, só os trabalhadores em Educação tem 70% da categoria participando do movimento neste início de semana. Na manhã de segunda-feira (8), em reunião com a comissão de negociação do Fórum das Entidades Sindicais (FES), no Palácio Iguaçu, representantes do governo Ratinho sinalizaram uma nova proposta de reposição da data-base. Os servidores também cobraram a retirada do Projeto de Lei Complementar (PLC) 04/2019 que congela direitos dos servidores e do Projeto de Lei (PL) 522/2019, que autoriza “a miséria em 4 anos”, com o parcelamento da reposição salarial até 2022, iniciando com 0,5% a partir de outubro. Segundo a coordenadora do FES, Marlei Fernandes, a comissão aceitou as demandas e marcou uma nova reunião com os representantes dos sindicatos, para definir uma proposta. “Não chegamos ainda em um meio termo. Os servidores continuam reivindicando os

4,94% e o governo diz que tem uma proposta alternativa“. O governo se comprometeu a sentar novamente com os sindicatos para debater os números e outra reunião foi agendada para esta terça (9) para debater uma proposta, além da pauta específica da educação. No entanto, não se deve ter ilusões em acordos com a extrema direita fascista, de que se vá extrair uma resposta positiva de um governo bolsonarista através do diálogo. O caminho para defender os direitos dos servidores é derrotar o governo Ratinho nas ruas, com a ampliação e radicalização da greve. “A nossa greve está crescendo a cada dia. Os servidores estão indignados com a forma como o governador tem nos tratado e precarizado os serviços públicos. Dia 9 voltaremos às ruas para exigir o que é nosso por direito e, mais uma vez, defender serviço público de qualidade para todo o povo paranaense”, comenta o presidente da APP-Sindicato, professor Hermes Silva Leão. Portanto, nesta terça às 9h, em defesa dos trabalhadores pelo fora Ratinho e todos os golpistas, todos à Praça 19 de Dezembro (do homem nu) em Curitiba, em seguida caminhada até o Palácio Iguaçu.

rente a crise do governo de direita no Brasil, com avanço do golpe nos estados, centenas de servidores de Curitiba ocuparam na tarde desta terça-feira (9) as galerias do plenário da Assembléia Legislativa. Em protesto por reajuste nos salários congelados há 3 anos, os funcionários da Educação entoaram gritos contra o secretário Renato Feder, Uma nova sessão está marcada para amanhã, às 9 horas, sendo a última antes do início do recesso parlamentar de julho e uma comissão de deputados pretende tentar ainda mais uma reunião. A categoria que está em greve há 15 dias, realizou um ato com cerca de 10 mil pessoas, onde a maioria era representada por professores do Interior do Estado que se organizaram em caravanas nos sindicatos. Um fato importante de ser assinalado é que o ápice da radicalização se deu após discurso do deputado Ricardo Arruda (PSL), que defendeu a proposta do governo, de reposição de 5,09% parcelado até 2022. Arruda

também comparou os salários dos deputados ao dos servidores, alegando que os parlamentares estão há quatro anos sem reajuste. O deputado Ademar Traiano (PSDB), presidente da Assembleia, chegou a suspender a sessão por alguns minutos, após os servidores forçarem as portas do plenário, e quando o deputado Tadeu Veneri (PT) discursava na tribuna, a sessão foi retomada. COmo é de praxe dos golpistas, a sessão foi adiantada para em seguida ser encerrada com as votações da ordem do dia, por volta das 16h35. Os trabalhadores bloquearam todos os acessos ao plenário da Casa, impedindo os deputados de saírem correndo como típicos inimigos do povo. O deputado Ricardo Arruda, fascista do PSL que provocou os manifestantes, saiu antes da invasão. Porém, mesmo com a saída dos deputados do plenário, servidores gritavam “sem a data base da Alep ninguém sai”, e permareceram durante algum tempo dentro da casa.

Santos: a população cresceu, mas os usuários de ônibus caíram 33%

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aprofundamento da crise econômica no país está afetando diversos setores da sociedade. O desemprego cada vez mais crescente está reduzindo a demanda em determinados serviços, como é o caso do transporte público. Uma pesquisa realizada em Santos, litoral de São Paulo, demonstrou que o número de passageiros que utilizam o transporte público na cidade caiu 33%. De acordo com a Associação Nacional das Empresas de Transportes Urbanos (NTU), o problema é nacional. Em todo o país houve uma queda 25% no número de usuários, atrelada além do desemprego, à alta dos preços

e à falta de investimento em infraestrutura. Hoje em dia as tarifas do transporte público estão cada vez mais caras. Em Santos, por exemplo, o valor da tarifa é de R$4,30, um valor altíssimo. A alta dos preços e o desemprego dificultam o acesso da população aos serviços mais básicos. A única forma de reverter essa situação é por meio da mobilização popular. É preciso derrotar os golpistas que tomaram o poder de assalto no país e levantar as reivindicações democráticas da população, como a estatização do transporte público e gratuidade do acesso para todo o povo.


NEGROS | MULHERES E JUVENTUDE | 15

AVANÇO DA EXTREMA DIREITA

Violência contra mulheres aumenta na França C

entenas de mulheres se reuniram sábado em Paris para protestarem contra a violência doméstica e o assassinato de mulheres que só vem aumentando no país. As mulheres gritavam “Chega” ,portavam cartazes dizendo “Parem com os feminicídios” ou “O planeta precisa de mulheres vivas” e fizeram 74 minutos de silêncio em homenagem às 74 mulheres assassinadas desde o início do ano. Elas denunciaram o aumento da violência conjugal e exigiam uma ação mais dura contra os feminicídios na França. A média de mortes de mulheres no país nos últimos 10 anos era de 140 crimes por ano. Com o avanço da extrema-direita esse número só vem aumentando e só na última semana, quatro mulheres foram assassinadas em casos de violência doméstica. No Brasil, a situação é ainda pior,

desde o Golpe de Estado os ataques a mulher só vem aumentando. De 2017 até agora foi constatado um aumento de 21% nos casos de assassinatos de mulheres.

A Comissão Interamericana de Direitos Humanos (CIDH) chegou a manifestar preocupação quanto o aumento de assassinatos de mulheres no Brasil no início deste ano. Segundo a comissão,

em 2019, 126 mulheres brasileiras foram mortas apenas até o início de fevereiro, além do registro de 67 tentativas de homicídio. Os números já são altos, porém vale lembrar que muitos casos não são divulgados, para assim esconder os números alarmantes de feminicídios no Brasil que só crescem com o avanço da extrema-direita. Há tempos estamos denunciando os ataques do presidente Macron contra a população francesa, principalmente contra os imigrantes e as mulheres. Macron e Bolsonaro seguem a política fascista da extrema-direita. Os dois são impopulares, odiados pela população que cada vez mais se manifestam contra o governo, que vive uma intensa crise política. As mulheres francesas, brasileiras e todo o povo oprimido pela política capitalista precisam se unir para derrubarem esse regime golpista que só ataca as mulheres e toda a classe trabalhadora. Só assim com a derrubada desse regime a libertação da mulher será alcançada.

MG

JUVENTUDE

Cotas na UFMG: abaixo a investigação!

Trabalho infantil atinge 1,8 milhões de crianças: Fora Bolsonaro!

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Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) abriu nesta segunda-feira (08) uma comissão, que é, na verdade, uma espécie de tribunal racial para determinar, a partir da análise da cor da pele, do formato dos lábios, dos cabelos e outras características, quem pode ser beneficiário das cotas. A comissão chama esta análise de heteroidentificação. No total, 698 estudantes que se declararam negros no sistema de cotas terão que passar por análise. O tribunal racial foi instaurado por causa de denúncias de supostas fraudes no sistema de ingresso por cotas da Universidade. Contudo, a verdade é que esta comissão existe unicamente para extinguir as cotas – como sempre pregou a extrema-direita fascista e seu representante Jair Bolsonaro – e reprimir os negros e expulsá-los da universidade. Qual o critério de identificação racial para determinar quem pode ser considerado negro ou não? Uma única tonalidade da pele? Um determinado tipo de cor dos olhos, cor do cabelo e

formato destes? Um tamanho padrão dos lábios? Se uma pessoa for considerada de pele preta “muito clara” por um dos examinadores do tribunal racial, a pessoa deixa de ser considerada negra? Se os examinadores julgarem que seu lábio “é muito grande ou pequeno”, como fica a situação da pessoa? E o cabelo, como considerar qual o cabelo que caracteriza o negro? É possível determinar com clareza uma padrão para estabelecer, realmente, quem é e quem não é e deve ser beneficiário do sistema de cotas? A direita quer acabar com a política de cotas. Diversos ministros fascistas do governo Jair Bolsonaro afirmam que negros e pobres não devem estar na universidade, que deve ser um privilégio de quem pode pagar e que a universidade pública deve ser desmontada e extinta, até porque é espaço de “balbúrdia”. As tais denúncias de fraudes são um pretexto para criar uma espécie de Lava-Jato nas Universidades, de forma a perseguir, expulsar e impedir o acesso dos negros e pobres, em especial os ativistas.

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trabalho infantil é um problema que atinge diversos países atrasados em lugares como África, Ásia, América e até nos EUA. No caso do Brasil, pelo menos 1,8 milhões de crianças e jovens entre 5 e 17 anos estão inseridos no trabalho infantil, numa completa contramão da lei, que só permite o trabalho a partir dos 14 anos e devidamente fiscalizados em programas de jovem aprendiz e com todas as seguranças necessárias garantidas. Os motivos que podem levar uma criança a esse tipo de situação alarmante são vários e todos um mais vergonhosos que os outros. Muitas famílias não tendo condições financeiras para se manterem, principalmente com o desemprego engolindo o país ou trabalhando por salários baixíssimos, sem qualquer garantia e abandonadas pelos Estado burguês em completo descaso, muitas vezes acabam recorrendo às medidas desesperadas, como trabalho infantil. Mas não só, muitas vezes o descaso do Estado com a educação também faz com que as crianças e jovens percam o interesse pela escola, fazendo com que muitos prefiram ir trabalhar numa idade em que deveriam estar se dedicando única e exclusivamente aos estudos. E é claro que muitas pessoas tem coragem de empregar crianças, afinal, o salário será mais baixo, não existirão garantias, é mais fácil de manipular uma criança e assim vai…Num país com tantos adultos desempregados, por que tantas crianças empregadas? Parece que isso não é exatamente um problema para o presidente golpista Bolsonaro, que recentemente defendeu em uma live o trabalho infantil. Na live, Bolsonaro afirma que

com 9, 10 anos já trabalhava e que isso em nada o prejudicou. Bom, é notável o dano cognitivo que esse suposto trabalho infantil causou a ele, mas o que realmente importa são as milhares de crianças pobres que realmente precisam recorrer ao trabalho. O presidente fascista fala como se as milhares de denúncias de trabalho infantil fossem crianças de classe média ajudando na lojinha dos pais. Infelizmente, a burguesia golpista não consegue enxergar que o trabalho infantil se trata de crianças nas ruas o dia todo, sem frequentar a escola ou com um aproveitamento muito baixo, tendo que vender doces no semáforo, engraxar sapatos nas praças, trabalhar na feira carregando caixas pesadas, etc. Somente em 2017 o Censo Agropecuário contabilizou no Brasil pelo menos 587,8 mil crianças menores de 14 anos trabalhando no setor agropecuário. A falta de percepção e descaso com o qual Bolsonaro trata esse tema, mesmo com esses dados alarmantes, mostra ao que ele, e os golpistas que fazem palco pra ele, vieram. O presidente que não perde uma oportunidade de humilhar a população brasileira, teve coragem de abertamente fazer propaganda pela descriminalização do trabalho infantil, sugerindo que ele só não criava um projeto para isso porque ele seria massacrado. Os golpistas criaram essa situação, jogam as famílias na pobreza e exploram a mão-de-obra barata até não sobrar nada. É urgente e imprescindível que a população não deixe de chamar o Fora Bolsonaro, pois se esse lacaio do imperialismo estadunidense se perpetuar até 2022, será o fim de qualquer perspectiva que a população brasileira possa ter.


16 | ESPORTES

ESPORTES

Todos os domingos às 20h30 na Causa Operária TV

Futebol feminino: pouca chance para os oprimidos

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esse domingo, dia 7, terminou a oitava edição da Copa do Mundo de Futebol Feminino com a Seleção norte-americana sendo campeã vencendo a Holanda por 2 a 0. Esse foi o quarto título das norte-americanas. Durante a Copa Feminina muito se falou sobre o futebol jogado pelas mulheres, a burguesia imperialista, na onda de demagogia identitária, nunca fez tanta propaganda do torneio, a ponto de que a rede Globo, sucursal da imprensa imperialista no Brasil, transmitiu pela primeira vez os jogos na TV aberta. A esquerda pequeno-burguesa, que já há algum tempo adotara a ideologia identitária promovida pelo imperialismo, seguiu obedientemente as orientações da burguesia e fez propaganda da Copa. Tanto que, mesmo a parte da esquerda pequeno-burguesa que ignora ou odeia o futebol, procurou divulgar o futebol feminino. Chegaram ao absurdo – e isso também foi uma coincidência da direita e da esquerda – de comparar maliciosamente o futebol masculino e o feminino, as jogadoras dos jogadores. Maliciosamente pois qualquer pessoa que conhece minimamente o esporte sabe que uma comparação desse tipo não cabe. Maliciosa e maldosa porque tal demagogia não vai – a não ser que haja uma organização das próprias jogadoras brasileiras – melhorar as péssimas condições a que estão submetidas as jogadoras brasileiras. Mas a demagogia vale mais do que uma política séria e isso une a burguesia e a esquerda pequeno-burguesa. Com isso, as jogadoras serão esquecidas até a próxima oportunidade. A política demagógica impede que seja feita uma apreciação correta sobre o fenômeno do futebol feminino. Como explicar por exemplo, que os Estados Unidos foram campeões de metade das Copas. Como explicar que nenhum país economicamente atrasado? Para se ter uma ideia, em apenas duas edições um País pobre chegou à final: a China em 1999 e o Brasil em 2007. E por que, no caso do futebol masculino, países atrasados como Brasil, Argentina e Uruguai são consi-

derados potências estabelecidas do esporte? Com certeza não será com demagogia que vai ser encontrada a explicação para isso. Antes de mais nada é preciso entender o futebol feminino com um tempo de desenvolvimento muito mais recente do que o masculino. Mais de meio século separa um do outro no sentido do seu nascimento como esporte organizado. Essa diferença em qualquer outro esporte já seria o suficiente para impugnar a comparação das duas modalidades (masculino e feminino). No futebol, no entanto, tal diferença é ainda mais significativa. Isso porque o futebol é produto de um desenvolvimento muito peculiar que não ocorreu com a maioria dos esportes. O futebol como conhecemos hoje é produto de uma luta que se desenvolveu por décadas – e acontece até hoje – entre a classe operária e a burguesia dentro de cada país e entre os povos oprimidos e os países imperialistas de um ponto de vista geral. O futebol surgiu como um esporte essencialmente de força como a maioria das modalidades, dominado pela burguesia e os países imperialistas. Mas a chegada do esporte na América do Sul acabou executando uma transformação no futebol. Os sul-americanos, em primeiro lugar os brasileiros, por uma série de questões, acabaram desenvolvendo uma nova técnica no esporte a partir do que havia chegado da Europa. Essa nova técnica é produto da necessidade dos negros e dos trabalhadores de se impor sobre os brancos europeus e a burguesia que até então controlava o esporte. Em suma, os oprimidos para conseguir seu lugar no futebol foram obrigados a desenvolver uma técnica superior que obrigou através de uma luta intensa a burguesia a aceita-los nos gramados. Essa nova técnica saída dessa luta obviamente não passava por um enfrentamento de força, um enfrentamento meramente muscular, pois os oprimidos levam necessariamente a desvantagem nesse ponto. A nova técnica é o que hoje se convencionou chamar futebol arte ou escola sul-a-

Sábado volta o Brasileirão: veja as partidas Com o fim da Copa América, o Brasileirão volta nesse próximo final de semana no sábado (12). Quatros jogos abrem a décima rodada no sábado e no domingo acontecem mais cinco partidas. Confira abaixo os jogos: Sábado (12) 17h – Grêmio x Vasco, na Arena do Grêmio; Fortaleza x Avaí, no Castelão 19h São Paulo x Palmeiras, no Morum-

bi; Bahia x Santos, no estádio de Pituaçu Domingo (13) 11h – Flamengo x Goiás, no Maracanã 16h –Cruzeiro x Botafogo, no Mineirão; Corinthians x CSA, na Arena Corinthians; Atlético Paranaense x Internacional, na Arena da Baixada 19h Chapecoense x Atlético Mineiro, na Arena Condá

mericana de futebol. Os oprimidos superaram a força dos opressores através da inteligência, da criatividade, do gingado, do drible, das inovações. Essa lua se dá até os dias de hoje. Mas até certo ponto pode-se dizer que os oprimidos saíram vitoriosos. O futebol sul-americano se impôs sobre os outros por ser tecnicamente superior. A luta entre a inteligência, a criatividade e a inovação dos oprimidos contra a força bruta dos opressores continua até hoje, mas é um fato inegável, ainda que o imperialismo se esforça por evitar o domínio sul-americano no futebol, que a transformação imprimida pelos sul-americanos acabou por influenciar e transformar o futebol mundial. E é isso que permite que seleções de países atrasados consigam jogar de igual para igual contra seleções dos países imperialistas, mesmo toda a dificuldade imposta pelo atraso econômico. Esse é o futebol como conhecemos hoje. Produto desse desenvolvimento de décadas. Para entender o que ocorre com o futebol feminino é preciso entender essa história. Por uma série de problemas históricos, as mulheres não praticavam o futebol, pelo menos não como um fenômeno de massas. Por isso, o esporte é muito mais recente e a luta que se travou desde o início do século entre europeus e sul-americanos atinge de maneira menos decisiva o futebol feminino.

Como é um fenômeno recente, embora inegavelmente ele seja influenciado pela luta histórica ocorrida no futebol masculino, a burguesia e os países imperialistas conseguem controlar com muito mais facilidade o esporte. Prevalece então a força do opressor sobre a criatividade do oprimido. É inegável que as jogadoras brasileiras assim como no masculino são superiores tecnicamente. O problema está em que a falta de estrutura da modalidade no Brasil e o atraso do País pesam muito mais sobre elas do que sobre a Seleção masculina. Por isso que norte-americanas, que vêm de um país que chama futebol de outra coisa, alemãs, suecas etc conseguem se impor sobre as sul-americanas. Nesse sentido, diferente dos campeonatos de futebol masculino, os resultados dos campeonatos femininos seguem mais a lógica das modalidades olímpicas: quem tem mais dinheiro e portanto mais força – no sentido político e também no sentido muscular – vence. O imperialismo está se aproveitando disso inclusive para aumentar o mercado do futebol europeu e norte-americano, por isso também o excesso de propaganda demagógica em relação ao futebol feminino nessa Copa. As jogadoras brasileiras têm plenas condições de superar a força bruta, mas isso será produto de uma intensa luta para desenvolver, não a simples força muscular, mas o futebol brasileiro.


MORADIA E TERRA | 17

GOVERNO ILEGĂ?TIMO

General bolsonarista afirma que ruralista queriam 58 cargos na Funai

O

general bolsonarista Franklimberg de Freitas, primeiro militar a sair do governo Bolsonaro, afirmou em entrevista à agência Amazônia Real que sua exoneração da presidência da FUNAI se deu por pressão da bancada ruralista, que exigia 58 cargos na FUNAI e que, de acordo com o general, lhes foram negados. Com a suposta negativa, os ruralistas agiram por meio do secretårio de Assuntos Fundiårios do MinistÊrio da Agricultura, Nabhan Garcia, e pressionaram Bolsonaro a exonerå-lo. Vale destacar que Nabhan Garcia Ê presidente licenciado da União Democråtica Ruralista (UDR), organização armada de caråter fascista, conhecida pela perseguição e assassinado de líderes in-

dígenas, quilombolas e do movimento dos sem-terra. A crise no interior da FUNAI expressa o conflito entre dois setores da burguesia, a saber: as empresas mineradoras, a qual o general Franklimberg Ê ligado, e a ala dos ruralistas de Nabhan Garcia. Ambos os setores disputam o controle sobre o aparelho de Estado e os recursos públicos. Os dois setores em conflito têm os mesmos objetivos, que são acabar com a FUNAI, destruir o movimento indigenista e não permitir qualquer avanço nas demarcaçþes de terras indígenas e quilombolas. O general bolsonarista e Nabhan Garcia são as duas faces da mesma moeda.

FASCISMO ECOLĂ“GICO

FARSA

João Doria expulsa famílias caiçaras na JurÊia

Salles fica 25 minutos em Reserva, tira foto e sai correndo O

A

Polícia Militar, a mando do governador fascista João Doria, destruiu casas, roças e jogou nas ruas centenas de caiçaras do litoral do Estado de São Paulo. A comunidade de Rio Verde, na JurÊia, litoral sul do Estado, Ê uma comunidade caiçara que vive a centenas de anos no local. A comunidade caiçara vive na região e sobreviveram aos latifundiårios, grilagem de terras e a especulação imobiliåria desde, pelo menos, início do sÊculo passado. Mas, recentemente, foram criadas unidades de conservação em sobreposição a årea em que vivem, devido a ser os últimos remanescentes de Mata Atlântica. Visto essa sobreposição, foram fechados acordos entre os órgãos ambientais e a comunidades para uso de suas terras visto os problemas da implantação da unidade de conservação e de que a atividade dos caiçaras não causam grande impacto na floresta. Mas nessa semana que passou, o fascista João Doria, mandou que as moradias e roças dos caiçaras fossem destruídas sem nenhuma consulta e passando por cima de acordos e negociaçþes anteriores. A justificativa do governador playboy, conhecido grileiro de terras na região de São JosÊ dos Campos, foi de que era uma årea de preservação

ambiental e que as famĂ­lias nĂŁo poderiam estar lĂĄ. Fica evidente que o playboy Doria nĂŁo estĂĄ minimamente preocupado com a preservação da floresta e muito menos com a unidade de conservação da Estação EcolĂłgica de JurĂŠia. Doria estĂĄ com interesses na especulação imobiliĂĄria e na privatização da unidade de conservação. O Estado de SĂŁo Paulo, sob a direção dos tucanos e do atual ministro do meio ambiente bolsonarista, Ricardo Salles, privatizou uma sĂŠrie de unidades de conservação paulista e estĂĄ colocando em marcha um plano de privatização dessas ĂĄreas a todo vapor. HĂĄ ainda, uma reclassificação e revisĂŁo de todas as unidades de conservação para mudar a categoria ou atĂŠ ser extinta. Fato que faz os olhos do grileiro de terras JoĂŁo Doria brilhar. A extrema direita utiliza a demagogia da defesa ambiental para expulsar os caiçaras e roubar suas terras utilizadas a centenas de anos. Todos sabemos que a extrema direita destrĂłi todos os recursos naturais, pois a sua Ăşnica preocupação sĂŁo os lucros. É preciso denunciar o fascismo ecolĂłgico que a extrema direita estĂĄ utilizando para atacar a população trabalhadora do campo e utilizar a suas terras para a especulação imobiliĂĄria.

Ministro do Meio Ambiente, o fascista Ricardo Salles, recentemente em seu instagram, publicou fotos de sua visita a Reserva Extrativista (Resex) Chico Mendes, no municĂ­pio de Xapuri, no Estado do Acre. A Resex ĂŠ sĂ­mbolo da luta pela terra no Acre e das comunidades tradicionais na AmazĂ´nia. Segundo o ministro, a população seringueira da Resex estava completamente descontente com a situação da reserva e queriam criar gado, pois o modelo que seguiam estavam causando misĂŠria e fome. â€?Resumo da visita Ă Xapuri e Ă Reserva Chico Mendes no Acre, com 900 mil hectares. Milhares de pessoas quase na misĂŠria. A farsa da tese da “florestaniaâ€?. Moradores nĂŁo conseguem e nem querem mais tentar sobreviver do extrativismo da seringueira, do açaĂ­ e da castanha do parĂĄ. Eles poder usar uma parte da sua ĂĄrea para criar gado, plantar cafĂŠ e produzir peixe em tanques. Querem ter direito a uma vida digna e nĂŁo mais viver de acordo com o discurso demagĂłgico de quem os manipulou no passado. Obviamente que os đ&#x;?‰eđ&#x;?˘nĂŁo querem deixarâ€?, disse em seu Instagram.

O modelo de “misĂŠria e fomeâ€? que o ministro fascista apresenta ĂŠ a reforma agrĂĄria que distribuiu terras e de exploração de seringueira, castanha-do-ParĂĄ, açaĂ­ e, inclusive criação de gado. O que mais chama a atenção ĂŠ a farsa do ministro bolsonarista. Quem participou da “visitaâ€? de Salles, disse que o ministro chegou, tirou fotos e foi embora sem conversar com ninguĂŠm. Foram apensa 25 minutos, tempo suficiente para tirar fotos e sair da Resex. As fotos revelam a participação de poucas pessoas, numa cena montada. Da mesma maneira quando Bolsonaro recebeu indĂ­genas para ouvir reclamaçþes e denunciadas como “cenaâ€? pelo ex-presidente da Funai, General Franklinberg Freitas. Salles ĂŠ conhecido como ministro fujĂŁo e nesse caso fez jus ao apelido. Se havia descontentamento das famĂ­lias, por que ficou tĂŁo pouco e como ouviu as reclamaçþes? Fica evidente a farsa do ministro fujĂŁo e a tentativa de justificar sua polĂ­tica de destruição das unidades de conservação, das famĂ­lias e da entrega do patrimĂ´nio ambiental para as grandes empresas internacionais.


18 | CULTURA

DEAD FISH

Banda contra o golpe lança novo álbum em apresentação na BA D

ead Fish é uma banda brasileira de hardcore que se formou em Vitória, Espírito Santo, no ano de 1991. O grupo lançou oito discos e inúmeras demos antes de romper a barreira independente. Composto, atualmente, por Rodrigo Lima, Marcos Melloni e Ricardo Mastria , a banda é referência no Hardcore brasileiro e lança seu novo disco: Ponto Cego. A veterana banda de hardcore se apresentará no Portela Café, em Salvador, no dia 18 de julho, o show do novo álbum, intitulado “Ponto Cego”. O show será aberto pelas bandas: Molho Negro (PA) e Os Austrais, de Salvador. O novo álbum, Ponto Cego, traz um tom explicitamente político e de denúncia ao Golpe de Estado em músicas como “Não Termina Assim”, em que fala “A distopia que era mito / Fundamentada por debates mudos e evasivas / Foi endossada, foi eleita… Cortar direitos, sem

empatia / Privatizar a qualquer preço é progredir “ ou em Receita pro Fracasso – “ Congele o investimento em saúde e educação / Reduza a idade de trancá-los na prisão / Desigualdade aumenta, a repressão também / Uma guerra de classes beneficia a quem?” O evento está programado para começar às 20h, e os ingressos custam R$30,00. As entradas podem ser adquiridas na bilheteria do Portela Cefé e pela internet. SERVIÇO: Dead Fish (abertura do Molho Nego e Os Austrais) Data: 18 de julho Local: Portela Cafe (Rua Itabuna, 304) Horário: a partir das 20h Ingressos: R$ 30 Vendas: bilheteria do local e no site Sympla

"GLOBO DA INGLATERRA"

BBC apoia o golpe e produz documentário sobre decadência no Brasil

B

BC, “a Globo da Inglaterra”, com o típico cinismo que é do feitio do PIG (Partido da Imprensa Golpista) ) lança um documentário sobre a decadência do Brasil pós Golpe. O documentário “What Happened to Brazil”, tradução livre: “Brasil em Transe”, produzido pela K.doc para a BBC World News tem sua versão narrada em português. É importante deixar claro, que a BBC, assim como El País, New York Times, The Guardian, Folha, Estadão, O Globo, Revista Veja, IstoÉ não passam de jornais de quinta categoria a serviço do Imperialismo. Assim como Goebbels, o grande responsável pela divulgação das idéias nazistas e da criação da imagem de Hitler como Führer (líder), são justamente os meios de comunicação, como a BBC, que exploram o funcionamento da manipulação de massas, submergindo-as no excremento da mesma demagogia que modelou a opinião pública alemã e permitiu que ela fosse inteiramente controlada e apoiadora

do Partido Nazista. A esquerda precisa abandonar de uma vez por todas esse tipo de imprensa e não cometer erros como o do Glenn Greenwald, do jornal The Intercept, que vendeu os vazamentos da Lava Jato para uso da Revista Veja e da

Folha, que por sua vez usaram o vazamento simplesmente para se recuperar de todo o desgaste que seu apoio ao Golpe os custaram, dessa vez, de uma forma toda tímida denunciando Moro, com uma camuflada maquiagem de imparcialidade.

Camuflada, pois em momento nenhum denunciam o Golpe de Estado e a prisão ilegal de Lula, que foi o único caminho possível para a burguesia abocanhar o poder federal. A esquerda de conjunto precisa lutar contra o monopólio da grande imprensa, que nem como “amplificador” serve, uma vez que é tendenciosa e manipuladora quando fala sobre aliados como Moro, FHC, Dallagnol etc. Os mesmos demagogos que fomentaram o sucesso do Golpe, agora querem lucrar comercializando documentários, filmes e matérias que analisam cirurgicamente sua própria cria nefasta, saciando a sede acadêmica e massageando o intelecto dos incautos. É lamentável o endosso e o crédito que a esquerda pequeno burguesa presta à esse tipo de imprensa. “Brasil em Transe” não passa de uma tentativa da BBC de encobrir o fato de que apoiaram o Golpe. Em transe mesmo, está quem ainda não saiu da alucinação de que a grande imprensa é imparcial e democrática.


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