SEXTA-FEIRA, 12 DE JULHO DE 2019 • EDIÇÃO Nº 5701
DIÁRIO OPERÁRIO E SOCIALISTA DESDE 2003
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Hoje em Brasília: não à reforma! Fora Bolsonaro! Liberdade para Lula! A chamada “reforma da Previdência” foi aprovada na Câmara essa semana. A “resistência” feita contra essa “proposta” nos corredores do Congresso, fazendo lobby parlamentar, não adiantou nada, conforme o esperado.
Tabata Amaral: eis a “nova política” A deputada federal Tabata Amaral (PDT-SP), considerada pela imprensa capitalista como uma representante da “nova política”, foi um dos 379 picaretas que votaram, na última terça-feira (9), a favor do roubo da aposentadoria de toda a população brasileira.
Nada a esperar do Senado: às ruas! Fora Bolsonaro e pela Previdência! Previdência: o assalto de R$ 1 trilhão em favor dos bancos Ei, você aí trabalhador…nós somos deputados federais e reservamos o dia de hoje para roubar sua Previdência social, sua aposentadoria, seus direitos e suas conquistas.
Previdência: veja aqui o tamanho do roubo contra o povo A reforma da Previdência é um roubo contra os pobres. Tira dinheiro dos idosos em situação de miséria e acaba com o abono salarial para quem recebe até dois salários mínimos.
EDITORIAL
Mais uma vitória da direita Não é dúvida para ninguém de que a aprovação da Reforma da Previdência foi mais uma vitória para a direita.
POLÍTICA
Medidas parciais não resolvem: Fora Bolsonaro
Primeiro grande resultado da “frente ampla”: derrota total Como foi o ato em SP contra a reforma e o que é necessário mudar
2 | OPINIÃO EDITORIAL
Mais uma vitória da direita
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ão é dúvida para ninguém de que a aprovação da Reforma da Previdência foi mais uma vitória para a direita. Com isso, a Reforma da Previdência ainda precisará passar pelo Senado para ser aprovada efetivamente. A crise causada pelo projeto, que os golpistas estavam tentando aprovar desde o governo Temer, com um monte de empecilhos no meio do caminho, revela a importância desta vitória para a direita. Finalmente, para o imperialismo, o roubo das aposentadorias passou na Câmara de Deputados. Um projeto que custou caro, na casa dos bilhões – revelando a importância deste projeto, que os grandes capitalistas internacionais estão financiando no mundo todo (Grécia, Chile, Argentina, etc.). Grande parte desta vitória foi causada pela política errada de alguns
setores direitistas dentro da esquerda que não querem lutar contra o golpe, assim como de setores confusos que ainda têm ilusões com as instituições. Ao invés de mobilizar os trabalhadores para impedir a reforma, as direções procuraram orientar a população a “conversar” com os deputados. Isto
é, fazer lobby no congresso para convencer os deputados golpistas a não roubarem as aposentadorias. Algo totalmente sem sentido, uma vez que os R$ 40 milhões oferecidos por Bolsonaro, em um dos maiores esquemas de corrupção do país, são bem mais convincentes.
Por isso, agora é hora de parar com a luta-faz-de-conta. Aqueles que estão procurando realizar alianças com os golpistas que votaram em defesa da reforma estão traindo a população e a luta contra o golpe. Nada de alianças com o PSDB, PDT, PSB e outros golpistas, como quer a ala direita do PT, o PCdoB e o PSOL. É preciso sair às ruas contra os ataques da direita. Mobilizar toda a população para um enfrentamento efetivo contra o golpe de Estado. Contra a prisão de Lula, contra o governo fraudulento de Bolsonaro e por novas eleições. Por isso, dia 16 de agosto todos à Curitiba pela liberdade de Lula, a anulação de todos os processos contra o ex-presidente, o fim do governo Bolsonaro e a realização de novas eleições, democráticas, com Lula candidato.
COLUNA
Por que defender o futebol brasileiro Por Eduardo Vasco
É
comum na esquerda a torcida contra a seleção brasileira e o ódio visceral ao maior craque depois de Pelé, Neymar. Isso não passa de moralismo barato, totalmente avesso ao pensamento marxista. As críticas? As mesmas que a direita costuma utilizar para tudo: a CBF é corrupta, Neymar é sonegador e estuprador… ou aquela frase que dá vontade de vomitar: “enquanto você grita gol, eles te exploram”. Como se, enquanto o povo está assistindo a uma partida, essa esquerda estivesse arriscando a vida em alguma guerrilha maoísta no meio da Amazônia. O máximo que faz, no entanto, é uma ciranda ou um bundaço. O que não entendem é que o futebol é a maior paixão do povo brasileiro. É uma das maiores expressões da nossa cultura popular. O futebol é uma invenção de um país imperialista que no início era praticado apenas pela burguesia no Brasil, mas se transformou em patrimônio do povo, esse mesmo povo pilhado de todas as riquezas que produz. E, como tal, é uma das únicas fontes de alegria desse povo tão sofrido. Isso a esquerda não entende, porque é afastada do povo. Mas a burguesia e o imperialismo entendem muito bem. Um golpe de Estado nunca se resume puramente a questões estritamente políticas e econômicas. Não basta o imperialismo controlar a política e destruir a economia de um país. Precisa dominar todos os aspectos da vida da população do país controlado. E a cultura é um aspecto fundamental. No Iraque, os EUA devastaram boa parte do patrimônio milenar da cultura mesopotâmica. No Brasil, o futebol é um dos principais alvos.
Isso porque o imperialismo sabe que o futebol, por ter um caráter tão proletário e apaixonante, tem um potencial de mobilização popular que, em um cenário político tão polarizado como o que vivemos, pode ajudar a dar impulso à luta contra a direita, contra o golpe, contra a burguesia e o imperialismo. Vide as torcidas organizadas e a perseguição que elas sofrem no Estado. Ou a tentativa de coxinhização dos estádios, com ingressos a preços estratosféricos para afastar os pobres das arquibancadas. A direita não admite nenhuma concentração popular, porque sabe que isso pode sair de controle. E os estádios de futebol são locais propícios para essa concentração. A ditadura militar sabia disso. Aliás, todas as ditaduras da América do Sul, como a uruguaia, a chilena ou a argentina. Mas o Brasil se destaca, aqui isso é mais evidente. Os ataques ao futebol brasileiro estão inseridos em meio a ataques ao futebol sul-americano como um todo, por sermos o único continente que consegue fazer frente ao futebol europeu, da burguesia imperialista que criou e tentou monopolizar o esporte. Porém, como o Brasil é o mais importante país da região, ele é o principal alvo dos ataques. O imperialismo sabe que é preciso controlar rigidamente todos os aspectos da vida do maior e mais desenvolvido dos países da região. O Brasil é o país mais importante estrategicamente para o imperialismo e, para onde o Brasil for, tem a capacidade de levar os outros países. Por isso o controle tem que ser total. E é por isso também que afirmamos tanto a superioridade do futebol brasileiro. É uma forma de resistência à tentativa de controle brutal do im-
perialismo. A rivalidade é outra forma pela qual o futebol sobrevive. A rivalidade entre os clubes movimenta a paixão dos torcedores, proletários. A rivalidade entre os países movimenta essa mesma paixão. Alguns sectários, do outro lado, podem exagerar nessa rivalidade entre países e cair no chauvinismo barato. Tal é o caso da rivalidade Brasil x Argentina. A torcida para o Brasil, ao contrário de significar um desprezo e um ódio pelos argentinos, é um propulsor para essa paixão futebolística. Para manter acesa a rivalidade saudável, inerente ao futebol. Falar que o Brasil é melhor (como é melhor do que qualquer país) é apenas constatar a história e o estilo de jogo, do gingado e malandragem do futebol brasileiro, maiores do que do argentino, e fruto das influências sociais e econômicas no futebol nacional, em que os pobres têm que se virar de qualquer forma e inventar algo diferente para desfrutar minimamente os momentos de lazer – daí vem o malabarismo de Neymar, que segue a tradição dos favelados e humildes que cresceram jogando a famosa “pelada”, descalços, tendo de improvisar para conseguir jogar futebol. Alguns podem dizer que a Argentina também é um país oprimido pelo imperialismo e, portanto, entre os países oprimidos, não se deve haver rivalidade ou a esquerda – que, tradicionalmente, é internacionalista – não deve tomar lado. Novamente, a rivalidade saudável movimenta o futebol, paixão do povo. Sem rivalidade, não existiria futebol, ou ao menos ele se tornaria um esporte impopular. Mas isso vai mais além: primeiro, como explicado acima, o Brasil é o país mais importante estrategicamente para
o imperialismo. Logo, é o principal alvo dos ataques. Ao dominar o Brasil, fica mais fácil para o imperialismo dominar a Argentina. Por outro lado, mesmo dominando a Argentina, não seria tão fácil para o imperialismo dominar o Brasil. Por isso precisa atacar mais o Brasil que a Argentina, incluindo o futebol. Em segundo lugar, é preciso levar em conta o real tamanho do apelo popular que tem o futebol no Brasil, maior do que na Argentina. Explico: embora não haja dúvida que os argentinos são fanáticos por futebol, eles não têm somente o futebol como esporte de massas. Na Argentina, o basquete, o tênis e o rúgbi, por exemplo, são populares. Isso está relacionado com o maior nível cultural dos argentinos em um âmbito mais geral, consequência direta de seu desenvolvimento histórico. Os argentinos, diferente dos brasileiros, não viveram a chaga que foram os séculos de escravidão, que castraram qualquer possibilidade de desenvolvimento cultural amplo do Brasil nesse período e que até hoje tem consequências nefastas. No Brasil, os outros esportes não são permitidos ao povo, somente o futebol, que o povo teve de arrancar das mãos da burguesia, graças à facilidade de praticá-lo. Por isso o povo ama o futebol. Esse amor, essa paixão, portanto, também tem um caráter de classe. É uma conquista do povo contra a burguesia. O futebol não é apenas o esporte do povo, é uma propriedade coletiva. E valiosa. E o imperialismo sabe disso, por isso seus ataques, para desmoralizar o povo, para privatizar e finalmente aniquilar a cultura popular, que, como dito, tem o potencial de mobilização contra a direita e o domínio imperialista.
POLÍTICA | 3
HOJE EM BRASÍLIA
Não à reforma! Fora Bolsonaro! Liberdade para Lula! A
chamada “reforma da Previdência” foi aprovada na Câmara essa semana. A “resistência” feita contra essa “proposta” nos corredores do Congresso, fazendo lobby parlamentar, não adiantou nada, conforme o esperado. Diante disso, não há mais tempo a perder com ilusões institucionais, os trabalhadores devem ir às ruas em massa para derrotar a direita golpista e reverter todos os ataques do último período, incluindo a reforma da Previdência. Hoje, em Brasília, haverá um ato a partir das 10h, em frente ao Museu Nacional. O ato, convocado pela UNE, também está sendo chamado pela CUT, e tem como pautas o combate aos cortes na educação e aos ataques às aposentadorias dos trabalhadores. Será uma primeira demonstração contrária ao governo depois da aprovação da reforma na Câmara. Embora a convocação tenha sido relativamente fraca, é im-
portante que os atos contra o governo continuem, dando sequências aos atos dos dias 15 e 30 de maio e à greve geral do dia 14 de junho. Há uma tendência à mobilização contra o governo que deve ser aproveitada. A chamada “reforma da Previdência” é uma ataque brutal contra as condições de vida de milhões de trabalhadores. O novo cálculo do valor da aposentadoria vai diminuir o ganho dos aposentados, e os trabalhadores terão que trabalhar por mais tempo para poderem começar a receber. São medidas que provocarão um aumento exponencial da miséria pelo país. Além disso, a chamada “reforma” consiste em um roubo trilionário. A imprensa burguesa alardeia a “economia” de R$1 trilhão em dez anos. Porém, esse dinheiro é dos trabalhadores, que contribuem a vida inteira para poder se aposentar. O dinheiro que a burguesia está “economizando” para
Como foi o ato em SP contra a reforma e o que é necessário mudar
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ato que acontece hoje em Brasília, contra a reforma da Previdência aprovada na Câmara dos Deputados nessa quarta-feira, dia 10, foi precedido por alguns poucos atos regionais nesse mesmo dia 10, o principal deles em São Paulo. Esses atos regionais, que aconteceram em poucos locais, deveriam servir como um instrumento que ajudasse a mobilizar para o ato nacional em Brasília. Mas o que se viu foi o contrário disso. Não que não seja importante que haja atos constantes contra o governo golpista. Mas o problema é que justamente não tem havido essa constância. O último grande ato já nacional foi há quase um mês (dia 14 de junho). A manifestação na Avenida Paulista foi pequena, cerca de 3 mil pessoas atenderam ao chamado da Frente Brasil Popular, Frente Povo Sem Medo e da CUT para sair na rua, em pleno dia da votação da destruição da aposentadoria. A manifestação se concentrou no MASP e ao final fez uma breve passeata até o prédio da golpista FIESP (Federação das Indústrias do Estado de São Paulo). Os inexperientes ou aqueles que querem justificar uma política desmobilizadora irão colocar a culpa do tamanho reduzido do ato no povo. Ignoram que o povo já mostrou disposição de ir para a rua e se mobilizar. O “povo” espontaneamente, todas as vezes que tem oportunidade, mostra seu repúdio ao governo Bolsonaro. Basta juntar um punhado de gente que a chance de se ouvir algum grito contra Bolsonaro é enorme. Está claro que existe uma enorme tendência à mobilização. A balança neste momento está pendendo para o lado da esquerda. A direita se encontra em uma enorme crise.
dar aos especuladores é dos trabalhadores. Trata-se de um roubo. A oposição a esses ataques, contudo, embora seja necessária, não pode ser feita isoladamente. É preciso ter uma política que unifique todas as
Nada a esperar do Senado: às ruas! Fora Bolsonaro e pela Previdência!
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Mas qual seria o problema então? Exatamente na falta de mobilização daqueles que deveriam estar organizando a luta contra os golpista. As organizações de luta estão paralisadas em primeiro lugar graças à política oportunista de um amplo setor das direções da esquerda de aliança com setores golpistas. Graças à política de conciliação de classes e de aposta nas instituições golpistas. Ao invés de mobilizar o povo, esses setores da esquerda pequeno-burguesa querem fazer lobby num Congresso dominado por uma corja de extrema-direita, inimiga do povo. Essa política vai levar a esquerda a uma derrota, como já levou no caso da Previdência, é desmobilizadora e mais grave, fortalece a extrema-direita. Em vez de lutar contra os golpistas, fazer aliança com eles, escondendo o fato de que são inimigos da população. É preciso mudar drasticamente essa política. É preciso chamar o povo a sair às ruas para derrubar o golpe, não para conciliar com os golpistas, o que levará ao fortalecimento deles. Para isso, é preciso colocar em marcha um conjunto de reivindicações que orientem corretamente essa mobilização. Colocar na ordem do dia a derrubada do governo Bolsonaro e de todo o regime golpista e exigir a liberdade imediata de Lula.
lutas contra o governo Bolsonaro em torno de uma palavra de ordem abrangente. Por isso é preciso levantar, em cada ato contra o governo, como hoje em Brasília, as palavras de ordem: Fora Bolsonaro! Liberdade para Lula!
ão há nada de bom para esperar do Senado Federal. A estratégia, se é que se pode chamar assim, das esquerdas diante do governo de extrema-direita tem sido fazer reuniões e emitir declarações, conjuntas sempre que possível, para tentar demonstrar alguma unidade da ‘oposição’. Atuam como se vivêssemos num período de normalidade democrática – o que, de qualquer modo, nunca tivemos – e não em mais uma etapa do golpe. Não há o que esperar das instituições, incluindo o Congresso Nacional. Essa lição deveria ter sido aprendida faz tempo, tendo como exemplo recente do erro de acreditar nelas, o falso impeachment da presidenta Dilma Rousseff que foi afastada do poder com requintes de crueldade e sadismo, com um verdadeiro circo de horrores tendo lugar dentro do Con-
gresso Nacional, com a conivência do Supremo Tribunal Federal. O ataque à Previdência Social não será vencido dentro do Congresso Nacional, não sem a atuação do povo, dos trabalhadores. O plano de destruição da Previdência Pública avançou na Câmara dos Deputados e, assim como aconteceu no impeachment, na reforma trabalhista, com a PEC do teto dos gastos, com o pré-sal e muitas outras coisas, o Senado Federal não vai agir de modo diverso. A hora é de ir para as ruas, não há porque esperar algo do Senado. Ele esteve na origem do Golpe e nele continua. Mais que nunca, é hora do Fora Bolsonaro, é hora de lutar pela Previdência. Todos às ruas, todos pelo Fora Bolsonaro, todos contra a destruição da Previdência, já.
4 | POLÊMICA
GOVERNO GOLPISTA
Medidas parciais não resolvem: Fora Bolsonaro! O governo golpista do ilegítimo Jair Bolsonaro conseguiu aprovar sua reforma da Previdência na Câmara dos Deputados essa semana. Com um placar esmagador, os parlamentares direitistas operaram o maior roubo direto ao bolso dos trabalhadores feito até hoje. São R$1 trilhão em dez anos, tirados diretamente dos trabalhadores que contribuem durante a vida inteira com a Previdência na esperança de conseguirem uma aposentadoria no final de suas vidas. Para evitar isso, lideranças sindicais e partidárias da esquerda procuraram fazer uma campanha específica em torno de uma reivindicação isolada: contra a reforma da Previdências dos golpistas. Protestos específicos foram chamados com essa pauta, e essa foi a reivindicação central apresentada pela Greve Geral do dia 14 de junho. O resultado acabou sendo o mais desastroso possível: uma derrota retumbante na Câmara dos Deputados.
Essa pode ser mais uma de uma série de derrotas diante do governo ilegítimo da direita golpista. As lutas tomadas isoladamente dão à direita golpista a oportunidade de derrotar os trabalhadores do início ao fim do
Tabata Amaral: eis a “nova política”
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deputada federal Tabata Amaral (PDT-SP), considerada pela imprensa capitalista como uma representante da “nova política”, foi um dos 379 picaretas que votaram, na última terça-feira (9), a favor do roubo da aposentadoria de toda a população brasileira. Cumprindo seu primeiro mandato, Amaral dizia que não era “nem de direita, nem de esquerda” e que a polarização política era ruim para o país. Conforme este diário já havia denunciado, Tabata Amaral é de direita: está ao lado dos mais vorazes sanguessugas da humanidade em sua luta contra os trabalhadores de todo o planeta. Tabata Amaral não é a primeira a se autoproclamar a profeta da “nova política” – na verdade, a pregação da “nova política” é bastante antiga. Marina Silva, atual dirigente da Rede Sustentabilidade, também ganhou projeção criticando o PT e se dizendo porta-voz da “nova política”. Décadas atrás, Fernando Collor (então filiado ao PRN), que se tornou presidente da república após uma sucessão de fraudes contra a candidatura de Luiz Inácio Lula da Silva, propunha um rompimento com as práticas de sua época. Marina Silva, Fernando Collor e, agora, Tabata Amaral foram rapidamente desmascarados como aquilo que de fato são: capachos da burguesia que utilizam o discurso da “nova política” para tentar alavancar suas carreiras no regime político. A luta internacional da classe operária contra a burguesia é a única política consequente, que possui um programa acabado, embasado cientificamente. Em um mundo em que os meios de produção são controlados por uma minoria, que utiliza isso para explorar todos os povos, só resta lutar para que a burguesia seja expropriada e pelo controle social de toda a produ-
governo Bolsonaro, concentrando-se em uma pauta isolada de cada vez. E, em muitos casos, concentrando-se em um setor da população de cada vez. Ora podem ser os estudantes lutando contra os cortes na educação, ora
Primeiro grande resultado da “frente ampla”: derrota total
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ção. Uma “nova política”, que considere o problema da luta de classes como secundário, é, por definição, uma política oportunista, que busca impedir que um movimento revolucionário se desenvolva. Não é por acaso que Tabata Amaral decidiu iniciar sua carreira no PDT. Esse foi o mesmo partido sob o qual que o abutre Ciro Gomes decidiu se abrigar, bem como outros demagogos que pretendem utilizar a luta dos trabalhadores como trampolim para suas carreiras. A esquerda e os setores da população que se dispuserem a enfrentar o governo Bolsonaro não podem ter como aliados vigaristas que se apresentem como representantes da “nova política”. A política que a classe operária precisa não tem nada de novo: mobilizar os trabalhadores pela derrubada de um governo impopular e fraudulento, libertar o maior líder popular do país, vítima de uma perseguição política e exigir que eleições gerais sejam convocadas, uma vez que, após a votação da reforma da Previdência, bem como tantas outras demonstrações, o Congresso se mostrou completamente averso aos interesses da população.
qualquer outro setor da população afetado pelas medidas do governo. Por isso é preciso juntar-se ao clamor popular, entoando com a população a palavra de ordem que aparece espontaneamente cada vez que o povo se reúne nas ruas para protestar: Fora Bolsonaro! Essa palavra de ordem concentra em si todas as pautas contra o governo Bolsonaro, seja a luta para recuperar as aposentadorias que a direita está roubando de milhões de brasileiros, seja a luta contra os cortes na educação. Enquanto as lutas dispersas só contribuem com a dispersão, e com a desmoralização a cada derrota, alimentando a confusão no movimento contrário ao governo, a mobilização em torno de uma palavra de ordem que concentra todas as pautas contra Bolsonaro tende a acumular forças enquanto a mobilização, mesmo com altos e baixos, cresce. O resultado da reforma da Previdência na Câmara demonstrou o fracasso das lutas dispersas. É hora de levantar a palavra de ordem das ruas: Fora Bolsonaro!
a última quarta-feira, dia 10, foi aprovado na Câmara dos Deputados o texto base da reforma da previdência em primeiro turno com folga na quantidade de votos (379 votos de um total de 513). A aprovação da destruição da previdência social se deu com apoio da base de partidos que estão na chamada Frente Ampla e de partidos que estão negociando a sua entrada nessa frente. Ou seja, a aprovação da previdência é o primeiro resultado da frente ampla. A Frente Ampla foi uma proposta elaborada pelo PCdoB para que partidos de “esquerda” se unificassem em torno da luta pela democracia e de oposição ao governo Bolsonaro. Nesse campo estariam partidos de esquerda como PT, PCdoB e Psol, mas também partidos como o PSB e PDT, tomado por elementos da direita e sem nenhuma base entre a população e muito menos entre os trabalhadores, e até mesmo o PSDB. O resultado da aprovação da Previdência foi didático para que serviria essa tal Frente Ampla: apoio total aos ataques aos trabalhadores. O PDT, de Ciro Gomes, 8 dos 27 (30%) deputados votaram favoráveis a reforma e no PSB, 11 dos 32 (34%) deputados também aprovaram a reforma. Ou seja, boa parte dos deputados dos partidos da frente ampla apoiaram a destruição da previdência. Os deputados da Frente Ampla foram escalados para jogar contra Bolsonaro, mas na verdade jogam no time dos golpistas e da retirada de direitos dos trabalhadores. É importante registrar que no pro-
cesso de impeachment de Dilma Roussef, um passo fundamental para o estabelecimento dos golpistas no poder, 6 dos 18 deputados do PDT votaram a favor do golpe e no PSB esse número foi ainda maior, 29 dos 32 deputados favoráveis ao golpe. Outro dado importante da Frente Ampla é que o PCdoB, numa adaptação total ao governo Bolsonaro, apoiou o principal responsável pela articulação e aprovação da destruição da previdência, o presidente da Câmara Rodrigo Maia (DEM-RJ). Inclusive existem setores do PSDB, como Fernando Henrique Cardozo, fazendo negociações com essa frente ampla e com a direita do PT e com o PCdoB para que partido, que apoiou integralmente o golpe em 2016 e a fraude das eleições que colocaram Bolsonaro na presidência, seja parte da frente. Fazer uma frente ampla com partidos que apoiaram o golpe e os ataques aos trabalhadores tem esse resultado prático: aprovação da destruição da previdência com folga. E é um sinal para os próximos ataques aos direitos da população, onde provavelmente a frente também deve apoiar. É uma política suicida. A política da frente ampla é uma maneira de evitar que setores da esquerda mobilizem os trabalhadores e a população contra os ataques do governo Bolsonaro. Significa uma frente ampla para colocar o movimento a reboque da burguesia, dos mesmos políticos de sempre, como Rodrigo Maia, Calheiros e Sarney, o PSB e o PDT que não querem tirar Bolsonaro e muito menos a liberdade de Lula.
ECONOMIA | 5
PREVIDÊNCIA
O assalto de R$ 1 trilhão em favor dos bancos E
i, você aí trabalhador…nós somos deputados federais e reservamos o dia de hoje para roubar sua Previdência social, sua aposentadoria, seus direitos e suas conquistas. Essas deveriam ser as palavras de mais de uma dezena de facínoras e criminosos que ocuparam a tribuna da “casa do povo” para justificar o voto a favor do maior assalto perpetrado contra a população pobre e explorada do país. A votação ocorrida na tarde/noite do dia 10 de julho aprovou, em primeiro turno, por 379 votos a favor e 131 contrários, o texto-base da chamada “reforma” da previdência, um ataque histórico e sem precedentes a um dos mais importantes direitos dos trabalhadores da ativa e também dos já aposentados e pensionistas. Logo depois do resultado, os banqueiros e grandes capitalistas iniciaram os festejos, juntamente com o seu representante maior no governo Bolsonaro, o Ministro da Economia Paulo Guedes, idealizador, junto com os bancos, do projeto de “reforma”, que nada mais é do que um dos maiores assaltos – senão o maior – contra to-
do o povo trabalhador brasileiro. De acordo com o próprio Ministro Guedes, que participou de audiências sem nunca conseguir explicar nada – até porque nada tinha mesmo a explicar – a “reforma” irá trazer uma “economia” de R$ 1 trilhão ao longo de dez anos. Não há, no entanto – essa é a verdade – nenhuma economia com a propalada “reforma” da Previdência. O que o país está presenciando é talvez o maior confisco de dinheiro já subtraído do conjunto da população, que será transferido para engordar ainda
mais os parasitas de sempre, já muito acima do peso de tantos ganhos de dinheiro público. Esta é a real intenção, esses são os verdadeiros objetivos deste monstruoso ataque à Previdência Social pública. Para se ter uma rápida ideia do que isso significa, números na ordem de 81,8% que o governo quer tirar virá das aposentadorias e das pensões pagas aos setores mais pobres, menos favorecidos da sociedade. Se ainda somarmos a estes os servidores públicos que recebem as aposentadorias mais baixas, o percen-
tual chega a 85%. Um crime hediondo e inominável. Está mais do que claro que o objetivo do verdadeiro roubo que está sendo praticado no país com o ataque e o confisco às aposentadorias dos mais pobres nada tem a ver com a necessidade do “equilíbrio das contas públicas”, ou fazer a “economia voltar a funcionar”, como alardeiam os setores golpistas reacionários que apoiam o fim da previdência pública e da seguridade social. A finalidade primeira e última do ataque à previdência do trabalhador é a transferência de dinheiro das aposentadorias para irrigar o sistema financeiro, via pagamento dos juros da dívida pública. É isso e nada mais. Simples assim. Esta é, portanto, a lógica perversa e criminosa da dupla Guedes/Bolsonaro: Sob o pretexto de “combater as desigualdades”, promovem o maior dos ataques aos pobres e explorados do país, confiscando o pouco ou quase nada de quem já nem pode mais sobreviver. Tudo isso em favor dos bancos, dos rentistas, dos parasitas, dos exploradores, dos sangue-sugas do Estado, daqueles que já confiscam mais de 40% do orçamento nacional para o pagamento dos juros da dívida pública.
A MERITOCRACIA DOS BANQUEIROS
Guedes quer dar 100 bilhões aos bancos N
o governo neoliberal golpista, para o povo, só tem miséria, mas para os banqueiros, os agrados não tem fim. Paulo Guedes anunciou a liberação de 100 bilhões de reais do recolhimento compulsório, dinheiro que os bancos privados não podem usar em operação de crédito e fica retido no Banco Central. O Ministro da Economia de Bolsonaro garantiu mais bilhões ao bancos para que expandam o crédito privado, em detrimento do crédito público. Ou
seja, a intenção é tirar dinheiro dos bancos públicos, que têm como função social o desenvolvimento econômico, e liberar todo esse montante para que os banqueiros possam especular com mais dinheiro dos correntistas. A justificativa apresentada, como sempre, é em prol dos mais pobres, que poderiam ter acesso a cobranças de juros mais baixas, uma vez que os empréstimos gerariam mais lucro aos bancos do que o dinheiro retido no BC. Parece plausível mesmo que os capitalistas só
estariam esperando uma oportunidade para baixar os juros, logo os representantes das instituições que mais roubam o suado dinheiro dos trabalhadores com juros abusivos, como os de 300% ao ano em cartões de crédito. Guedes quer entregar nas mãos de seus patrões banqueiros bilhões que deveriam ser revertidos em desenvolvimento do país, para que invistam como bem entenderem, colocando até em risco a estabilidade financeira brasileira com a entrada desse montante
de dinheiro no mercado, causando possível aumento da inflação. Não contentes em se apoderar de grande parte da aposentadoria, os banqueiros ainda abocanharam esse orçamento bilionário para endividar cada vez mais as famílias brasileiras e levá-las à miséria para que paguem pela crise capitalista. O governo Bolsonaro não vai parar em uma reforma apenas, vai arrancar até o último direitos dos trabalhadores, por isso precisa ser derrubado imediatamente.
6 | POLÍTICA
REFORMA DA PREVIDÊNCIA
Veja aqui o tamanho do roubo contra o povo A
reforma da Previdência é um roubo contra os pobres. Tira dinheiro dos idosos em situação de miséria e acaba com o abono salarial para quem recebe até dois salários mínimos. Se confirmada a votação da Câmara em segundo turno e no Senado, as consequências serão terríveis, com pessoas que vão morrer desempregadas sem poder se aposentar. O país já contabiliza uma massa de quase 15 milhões de desempregados, e ainda tem muitos já desalentados, e os que conseguem emprego apenas sob formas precárias de contratação ou informalidade. Para começar a valer de fato, as novas regras ainda precisam ser aprovadas em outro turno na própria Câmara e depois no Senado Federal. Os deputados ainda estão votando os destaques, que são mudanças propostas individualmente pelos parlamentares ao texto original. A votação em segundo turno deverá ocorrer até sábado (13/07), segundo o presidente da Câmara, Rodrigo Maia.
transição para a obtenção do benefício. A cada ano será feito um acréscimo de 6 meses. Assim, como exemplo, no ano de 2021 a idade mínima para aposentadoria será de 62 anos para os homens e 57 para as mulheres. O governo ainda queria mudar o sistema de Previdência no Brasil para a Capitalização para quem ainda não tinha entrado no mercado de trabalho. O sistema é adotado atualmente pelo Chile e já causa de muitos idosos que se suicidaram. Felizmente, a proposta foi rejeitada no relatório da comissão e portanto não faz mais parte do texto de Reforma da Previdência. Outra mudança também proposta pelo Governo que foi rejeitada na Comissão é a questão das aposentadorias de servidores municipais e estaduais. De acordo com o relatório aprovado, estes servidores não vão ter mudanças em suas aposentadorias por enquanto, pois isso dependerá de alterações em suas respectivas leis. Portanto, as mudanças propostas vão valer apenas para os servidores públicos federais.
Principais pontos aprovados:
O prejuízo dos servidores públicos federais
IDADE MÍNIMA PARA APOSENTADORIA 65 anos para homens do Setor Público e Privado 62 anos para mulheres do Setor Público e Privado IDADE MÍNIMA PARA PROFESSORES 60 anos para homens 57 anos para mulheres TEMPO DE CONTRIBUIÇÃO Setor Privado: 20 anos para homens 15 anos para mulheres Setor Público: 25 anos para homens e mulheres Cálculo do Benefício: 40 anos de contribuição para renda integral As novas regras da aposentadoria só valem integralmente para quem ainda não começou a trabalhar. Para as pessoas que já estão no mercado de trabalho ou próximas da aposentadoria, existem regras de
TODOS OS DIAS ÀS 3H, NA CAUSA OPERÁRIA TV
Os servidores foram apresentados pelo governo como bode expiatório para a reforma da Previdência. O governo está jogando os novos servidores públicos no Regime Geral de Previdência Social (RGPS), menos os oficiais das Forças Armada, que estão tendo ampliadas as suas regalias. A contribuição previdenciária dos servidores vai aumentar significativamente. De forma ordinária, os servidores, que hoje contribuem com a alíquota de 11% sobre os seus vencimentos, passarão a pagar entre 14% e 22%. O mesmo vale para aposentados e pensionistas. Quando houver “déficit atuarial”, aposentados e pensionistas também pagarão contribuição previdenciária ordinária sobre tudo o que exceder o salário mínimo (hoje pagam apenas sobre o que ultrapassar o teto do RGPS). Ainda no caso de déficit, os servidores da ativa e aposentados poderão sofrer “contribuição extraordinária” previdenciária. Além disso, não há uma regra de transição justa para os servidores públicos federais que ingressaram no serviço público até 31 de dezembro
de 2003 e que ainda possuem direito à integralidade e à paridade. Para manterem esses direitos, os servidores homens terão de trabalhar até os 65 anos de idade, e as mulheres até os 62. Ainda seriam necessários 35 anos de contribuição para homens e 30 para mulheres, além de 20 anos de efetivo serviço público e 5 anos no cargo para todos. Caso o servidor não tenha completado o tempo de contribuição mínimo na data de promulgação da Emenda Constitucional, se aprovada, ainda terá de pagar 100% de pedágio. Outro prejuízo para os servidores públicos federais é que o Regime Próprio de Previdência Social (RPPS) fica limitado às aposentadorias e à pensão por morte. Salário-maternidade e afastamentos por incapacidade temporária para o trabalho serão pagos diretamente pela União. A proposta contém um absurdo atrás do outro. O governo está expulsando os servidores públicos federais do Regime Próprio e jogando-os para o Regime Geral. Além da falta de regra de transição justa, roubo dos salários dos servidores pela elevação das alíquotas.. Tempo de contribuição, benefícios, cálculo dos benefícios, abono de permanência, contribuição extraordinária são exemplos de regras que poderão ser alteradas por lei ordinária. Por maioria simples, qualquer governo poderá retirar os direitos previdenciários. O governo mete a mão fundo no bolso dos servidores e retira qualquer segurança, pressionando para a saída dos servidores do Regime Próprio. LOAS/ BCP FICOU DE FORA Outra mudança rejeitada foi a que previa alteração nos benefícios de assistência social conhecidos como LOAS ou BPC. A ideia do governo era pagar o valor de um Salário Mínimo apenas a partir do 70 anos (atualmente é 65), com possibilidade de pagar R$ 400 a partir dos 60. Mas a proposta foi totalmente rejeitada e não consta mais no texto que foi aprovado na Comissão. Acabou a aposentadoria especial para a maioria dos profissionais de saúde A aposentadoria especial (que possui o valor integral proporcional à mé-
dia das 80% maiores salários de contribuição), na prática, deixará de existir, eis que será aplicada a regra de pontos. Imagine qual empregador manterá um profissional da enfermagem no seu quadro de funcionários após os 55 anos. E após os 60? Já imaginou como estará a coluna vertebral de um técnico de enfermagem aos 60 anos trabalhando por mais 30 anos? Como é hoje: 25 anos em atividade especial + sem idade mínima = valor integral Como ficará: 25 anos de contribuição em atividade especial + idade = 86 pontos = valor proporcional O problema é que estes pontos irão aumentar, isto é, será acrescido 1 ponto para cada ano após a reforma, até chegar aos 99 pontos. A partir de 2033, a soma terá que atingir 99 pontos, se entrar em vigência em 2020. A partir de Janeiro de 2020, a pontuação para se aposentar conforme a regra de transição será acrescida de um ponto a cada ano tanto para o homem como para a mulher, até atingir um limite de 105 pontos para ambos. ANO 2020 2021 2022 2023 2024 2025 2026 2027 2028
HOMEM MULHER 97 87 98 88 99 89 100 90 101 91 102 92 103 93 104 94 105 95
O acesso às galerias do plenário da Câmara Federal, a “casa do povo”, não foi liberado para a população, assim como ocorreu durante a votação de outras medidas impopulares nos últimos anos. É a reforma mais perversa e mais cruel que um presidente já encaminhou àquela Casa. Ninguém teve a ousadia que o Bolsonaro está tendo de quebrar a ordem constitucional e fazer a mais drástica e ampla restrição de direitos. Essa fatura será cobrada dele e da Câmara quando o povo brasileiro sentir na pele os efeitos das crueldades aprovadas na noite do último dia 10.
POLÍTICA | 7
FARSA
Bilhões para roubar a aposentadoria: eis a luta contra a corrupção C
onforme destacado sistematicamente por toda a imprensa do Partido da Causa Operária, a história internacional e também brasileira já demonstrou incontáveis vezes a grande farsa que é a luta contra a corrupção. É uma campanha que vem da direita, que a usa para atacar os seus inimigos políticos. O Partido da Imprensa Golpista, o PIG, como apelidou o falecido jornalista Paulo Henrique Amorim, criou toda uma campanha contra a corrupção, que remonta aos idos de 2012, no julgamento do mensalão. Esta campanha, que visava principalmente o PT mas também secundariamente outros setores como o MDB, em seguida centrou fogo em torno da Petrobrás e das empreiteiras brasileiras. Bradavam diariamente, de forma muito agressiva, que o tal “Petrolão” seria o maior caso de corrupção da história da humanidade. Embora fosse uma campanha claramente criada pelo PIG, vimos setores da esquerda que entraram de cabeça nessa onda espúria. É o caso por
exemplo do PSTU e do MES, corrente do PSOL onde atua Luciana Genro. Não custa lembrar que estamos falando de setores que até pouco tempo atrás, eram defensores da Lava Jato, de Moro e Dallagnol, que encontram-se muito abalados hoje pelas denúncias de Greenwald, do Intercept. Pois bem, mais uma vez pudemos constatar o resultado desta campanha de luta contra a corrupção. Só para aprovar a reforma da previdência, o governo Bolsonaro empenhou 5 bilhões em ementas e outras manobras, em um tipo de propina legalizada, “limpinha”. No entanto, devemos levar em consideração que estes 5 bilhões de reais em propinas serviram apenas para aprovar a reforma. Na realidade, o verdadeiro roubo é ainda maior e chega a trilhões de reais, que serão roubados da aposentadoria de dezenas de milhões de trabalhadores brasileiros. É justamente isso que a suposta luta contra a corrupção nos trouxe. Um governo ilegítimo de rapina e um assalto de todo o povo brasileiro.
REFORMA CONTRA AS MULHERES
Maior ataque contra as mulheres dos que dizem ser a favor das mulheres
A
s mulheres estão bem ruins de representantes no parlamento. A nova previdência será particularmente dura com elas. Mulheres negras e rurais ficarão mais vulneráveis ainda. Sem falar nos partidos políticos de direita, que votaram em bloco a favor da reforma da Previdência, da Câmera Federal, na quarta-feira (10), 19 deputados que se dizem de partidos de esquerda também votaram a favor da perda de direitos dos brasileiros, especialmente das brasileiras. Dos 32 deputados do PSB, por exemplo, 11 votaram contra os brasileiros, incluindo duas deputadas: Liziane Bayer (PSB-RS) e Rosana Valle (PSB-SP) O PDT, por sua vez, orientou seus 27 deputados a rejeitarem a PEC, defendendo a expulsão de quem cedesse ao governo. O partido fechou questão, em convenção realizada em março. A penalidade do processo disciplinar varia de advertência a desligamento. Apesar da chance de ser punida, a deputada Tabata Amaral (PDT-SP) contrariou a legenda. Outros 7 correligionários acompanharam a parlamentar, entre eles outra mulher: Silvia Cristina (PDT-RO). De acordo com o texto aprovado, a idade mínima para aposentadoria nos setores públicos e privados passar a ser de 65 anos para homens e 62 para as mulheres. No caso de professores, ficou estabelecido mínimo de 60 anos para homens e 57 para mulheres. O tempo de contribuição mínimo é de 20 anos para homens e 15 para mulheres no setor privado. No público, o mínimo é de 25 anos para ambos.
Para integrantes das Forças Armadas, permanecem as regras atuais, não houve mudança. Quem já começou a contribuir para aposentadoria, seja no setor público ou privado, passará pela regra de transição. Isso significa que a idade mínima vai subir aos poucos, começa com 61 anos para homens e 56 para as mulheres. O ajuste será feito com acréscimo anual de seis meses. Pela proposta inicial do governo, as mulheres receberiam 60% do valor da aposentadoria a partir de 20 anos de contribuição. Para chegar aos 100%, teria de permanecer trabalhando e contribuindo, ganhando 2% de aumento ao ano. Assim, o valor integral do benefício seria alcançado aos 40 anos de contribuição. A “bancada feminina” “conseguiu” uma mudancinha: baixou para 15. Com 15 anos, a mulher receberá 60% do benefício. A contagem dos 2% se dará a partir de 15 anos de contribuição. Com 20 anos, receberá 70%. Com 25 anos, receberá 80%. A pesquisa Mulheres e trabalho: breve análise, elaborada pelo Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (IPEA) mostram disparidades entre os diferentes grupos de mulheres. No último ano da análise, 39,1% das mulheres negras ainda ocupavam postos precários, com renda de até dois salários mínimos, sem carteira assinada ou trabalhando por conta-própria. Difícil acumular sequer 15 anos de contribuição assim. Uma parte significativa das mulheres negras que ingressaram no mun-
do do trabalho o fizeram por contratos atípicos, na terceirização ou no auto-empresariamento precário. Se as mulheres negras estão nas piores ocupações, expostas a menos tempo de descanso, já que não têm assegurados direitos como descansos semanais e férias, por exemplo, em que condições de saúde conseguem chegar aos 62 anos? No caso das mulheres rurais, as perdas vêm por dois lados. Entre as mulheres que se dedicam à atividade agrícola, 97,6% realizam afazeres domésticos, enquanto os homens, apenas 48,22% realizam. Elas
dedicam, em média, 28,01 horas semanais a esse trabalho. É quase um terço a mais que a média das mulheres e quase três vezes mais que os homens na mesma atividade econômica. o esforço da reforma da previdência é o de aproximar o tempo de aposentadoria com o tempo de morte. Com os processos de adoecimento físicos e psíquicos advindos das relações precárias, o plano parece ser o de obrigar os trabalhadores, cidadãs e cidadãos mais vulneráveis, a dedicar todo o tempo de vida a serem explorados pelo trabalho.
8 | POLÍTICA
POLÍTICA DESMORALIZADA
Lobby, discursos, etc: chega! O
golpe de Estado que derrubou Dilma Rousseff em 2016 tem demonstrado sistematicamente: a política de lobby no Congresso, principal forma de atuação da esquerda pequeno-burguesa, está completamente falida. No entanto, como diz o ditado popular, ao que parece “cachorro velho não aprende truque novo”. Há um setor da esquerda que parece simplesmente incapaz de tirar essa conclusão, e segue insistindo nessa política desmoralizada. De toda a esquerda nacional, o partido que melhor sintetiza essa tendência pequeno-burguesa ao cretinismo parlamentar, como chamava o próprio Marx, é o PSOL, o Partido do Socialismo “com liberdade”. Afinal, todas as vezes que os parlamentares do partido levantam seus imponentes “cartazinhos” no Congresso Nacional, assim
como podemos ver na imagem de destaque desta matéria, não há como não pensar no completo fracasso – isso para não falar do ridículo – deste tipo de política. Se não bastassem todos os momentos decisivos do golpe, onde destacamos como exemplos a aprovação do impeachment de Dilma no Congresso e depois no Senado, ou ainda a condenação e a prisão de Lula, a recente votação da Reforma da Previdência deveria ter enterrado de uma vez por todas as esperanças de quem acredita que há alguma perspectiva de luta no árido terreno que é o parlamento nacional. Nesse sentido, a votação da Previdência foi bastante pedagógica. A política de lobby no congresso é uma tentativa da esquerda de se opor à voz das ruas, isto é, à mobilização popular pelo “Fora Bolsonaro”. Pois bem, a vi-
PREVIDÊNCIA
Tática da resistência fracassou miseravelmente, e agora? A
reforma da Previdência foi, enfim, aprovada na Câmara dos Deputados. Os deputados golpistas, contratados pela burguesia para roubar a aposentadoria da população, não hesitaram em votar conforme os interesses do imperialismo. Os deputados da esquerda nacional, por outro lado, que se propuseram a fazer uma “oposição parlamentar” ao governo Bolsonaro, não conseguiram fazer absolutamente nada para impedir que isso acontecesse. A política que foi levada pelas direções da esquerda nacional em relação à reforma da Previdência foi a mesma que foi levada na luta contra o impeachment da presidenta Dilma Rousseff e na luta contra a prisão de Lula, bem como na luta contra a reforma trabalhista e na luta contra a PEC do Teto. Ao invés de mobilizar os trabalhadores para lutarem contra o golpe de Estado e enfrentar a direita com os métodos tradicionais do movimento operário, tais direções optaram por adotar o caminho da chamada “resistência”. A “resistência”, embora tenha um nome que pareça evocar alguma atitude nobre é, na verdade, um total fracasso político. Resistir é, por definição, uma proposta defensiva em relação aos ataques da direita. Afinal, quem “resiste”, não contra-ataca: a resistência, portanto, se opõe à reação. Resistir é tentar evitar que o adversário tenha sucesso em seu ataque, não liquidá-lo para impedir que ele sequer possa planejar um ataque futuro. A cada ataque que o regime golpista preparou contra os trabalhadores, a resposta das direções da esquerda nacional, pressionadas pelos seus parlamentares, foi a de “resistir” aos ataques. Em vez de lutar pela anulação do golpe e reconduzir Dilma Rousseff
à Presidência, por exemplo, travou-se uma luta contra a PEC 241 (55), que, além de ser incapaz de unificar todos os setores da população, tornando a derrota inevitável, permitiu que a direita preparasse uma série de outros ataques. Diante da ofensiva dos golpistas, que, impulsionados pela crise profunda do capitalismo, estão procurando abocanhar todas as riquezas dos trabalhadores de todo o mundo – em especial, nos países atrasados, como o Brasil -, é necessário uma política que faça todos os explorados se chocarem contra os seus algozes. Trabalhadores da saúde que estão vendo o SUS ser sucateado, trabalhadores da Educação revoltados com a destruição de escolas e universidades, operários que estão sendo demitidos diariamente das fábricas, negros espancados na periferia – enfim, todos devem se unir para derrubar o governo Bolsonaro e aprofundar a crise do regime político golpista. Não é hora de se aliar com os partidos golpistas – aliás, nunca é hora para isso -, tampouco para “respeitar” os “ritos constitucionais” da votação do roubo da aposentadoria. É hora de ir para as ruas pelo Fora Bolsonaro, pela liberdade de Lula e por eleições gerais já!
da é dura, e a realidade mais uma vez se impôs. De nada adiantou a pressão sobre os parlamentares, os abaixo-assinados, presenciais ou virtuais ou ainda os “cartazinhos” levantados pelos psolistas no congresso. Para os que acompanham sistematicamente este Diário pode parecer um
tanto quanto repetitivo, mas devemos insistir incansavelmente, para ver se entra na cabeça da esquerda brasileira: a única forma de barrar a ofensiva golpista é através da mobilização popular nas ruas, que passa hoje pela mobilização pelo “Fora Bolsonaro” e pela liberdade de Lula.
POLÍTICA | 9
GOLPE
Impeachment, Lula e agora a Previdência: é preciso mudar a política N
o dia 17 de abril de 2016, foi aprovado, na Câmara Federal, por 367 votos a favor e 137 contra, o processo de impeachment da presidenta Dilma Rousseff. Em um dos episódios mais grotescos e fraudulentos da história republicana do Brasil. Exatos 3 anos e 84 dias depois, na última quarta-feira, 10 de julho de 2019, essa mesma Câmara aprovou por 379 votos contra 131 a reforma da Previdência, uma operação de roubo contra a população brasileira em favor dos bancos de proporções trilionárias. Mais o que há de comum entre essas duas situações: em primeiro lugar, ambas fazem parte do golpe de Estado no Brasil. A primeira, digamos assim, o ato número 1 do golpe. A segunda, um dos principais objetivos econômicos do mesmo golpe, uma política que condena dezenas de milhões de trabalhadores a morrer na miséria. Mas a questão fundamental é que em ambas as situações a esquerda brasileira “caiu como um patinho” nas garras da direita, do golpe e do imperialismo. A política do “pressione seu parlamentar”, “se voltar não volta” é uma verdadeira ratoeira contra os interesses da população, que cotidianamente é esmagada por um Congresso que responde a interesses que não guarda relação com os interesses dos trabalhadores, ainda mais em uma etapa que é marcada pelo golpe de Estado. Há, ainda, um outro elemento tão grave quanto esse, as mobilizações dos trabalhadores e da juventude que tivemos no período do impeachment e muito mais agora, são contidas e desviadas para servirem como meros instrumentos de pressão sobre instituições que foram e são instrumentos do
TODOS OS DIAS ÀS 9H30 NA CAUSA OPERÁRIA TV
golpe de Estado. O movimento ficou assistindo esperando derrotar a direita no Congresso.Terminou com um rolo compressor da direita passando por cima dos trabalhadores. Quem não lembra das máximas do período de impeachment? “A Câmara não vai aprovar “, “o senado vai rever o impeachment”, enquanto isso, a esmagadora maioria dos parlamentares estavam no bolso do golpe. O impeachment não serviu como lição. Diante da reforma da Previdência, diga-se de passagem, com um Congresso ainda mais direitista do que aquele que promoveu o impeachment, a história se repetiu como uma grande tragédia, e isso quando as manifestações de maio e junho reuniram milhões de pessoas contra a reforma, mas, principalmente, diretamente
contra o governo, expresso na palavra de ordem que ecoou por todo o país “pelo fora Bolsonaro”. Essa política de ilusão e capitulação diante das instituições teve um outro capítulo, ainda mais grave do que o que se assistiu diante do parlamento, se é que isso é possível. Lula foi perseguido, condenado e preso por um processo criminoso. Naquele momento, os “entendidos” políticos da esquerda também gritavam aos quatro ventos: “Moro não vai condenar, não tem provas”, “o TRF4 não vai referendar”, o “STF…”, o “STJ…”, blá-blá-blá… e Lula está preso há mais de um ano! Aqui há um fenômeno que é comum a todos os momentos em que a história saiu da sua “normalidade” burguesa. Os políticos acostumados
e viciados no discurso de púlpito, nas eleições parlamentares, no glamour parlamentar, perdem as estribeiras, desorientam-se, apegam-se na esperança da volta ao passado, na normalidade, na paz. Muitos, inclusive, vão muito além. Querem reconhecer a todo o custo o “novo regime”, “virar a página do golpe”, chegando ao ponto, inclusive, de se aliar aos próprios golpistas. Embora estejam iludindo a si mesmos, essa é uma política muito perniciosa. A política de aliança com o golpe é uma traição aos interesses dos explorados. É a política de desarmar a resistência e luta dos trabalhadores diante de seus inimigos de classe, criar a ilusão de que é possível algum tipo de convivência com os que depuseram Dilma, prenderam Lula, deram um golpe dentro do golpe e impediram a sua candidatura, elegeram com a fraude um candidato de extrema direita e que agora preparam-se para liquidar com um dos maiores planos de assistência social do mundo e condenar dezenas de milhões trabalhadores E para quê? Alimentar o parasitismo da especulação financeira. Essa política fracassou de maneira acachapante. O movimento operário, os trabalhadores sem-terra, a juventude, precisam de outra política radicalmente oposta a essa. As mobilizações de maio e a greve geral do dia 14 apontaram o caminho. É preciso ir às ruas. Nenhum ilusão que os problemas dos trabalhadores, a luta contra a destruição da Previdência, possam ser resolvidas pelas instituições. Derrotar a reforma da Previdência nas ruas e na marra. Lutar pelo fora Bolsonaro, pela Liberdade de Lula é lutar para derrotar o golpe.
10 | INTERNACIONAL
REGIME POLÍTICO
Questão catalã alimenta impasse para coalizão entre PSOE e Podemos
A
crise do regime político na Espanha se estende. Após as eleições de abril, que garantiu o Partido Socialista Espanhol (PSOE) como vencedor, elegendo 123 cadeiras de um total de 350, o primeiro-ministro do País, Pedro Sánchez, corre para tentar costurar uma aliança para poder governar. Caso contrário, novas eleições poderão ser chamadas, o que certamente irá aumentar a crise. Os partidos da direita tradicional já anunciaram que não farão a coalizão com o PSOE e que votarão contra a posso de Sanches como Primeiro-ministro. Desesperado por garantir a instalação do governo, ele pediu que PP (Partido Popular) e Cidadãos (Liberais) ao menos decidissem pela abstenção. Mas tudo indica que não conseguirá um acordo. A saída então é procurar a aliança com o partido da esquerda pequeno-burguesa, o Podemos, que obteve 42
cadeiras. As negociações com o chefe do Podemos, Pablo Iglesias, estão difíceis principalmente porque ele sabe que os votos de seu partido são imprescindíveis para que Sanches seja conduzido ao governo.
O principal problema de fundo é a questão da Catalunha. A crise que se desenvolveu na região levou o governo anterior à crise terminal. O Podemos, embora não tenha se colocado a favor da independência catalã, tem em suas
fileiras setores favoráveis à autodeterminação da região. Como um partido típico da esquerda pequeno burguesa, parecido com o PSOL no Brasil, embora a política geral do partido seja direitista, existem muitas contradições internas devido a diferentes grupos que integram a coligação do Podemos. Um dos problemas para Sanches e o próprio Pablo Iglesias é tentar se livrar dos setores pró-Catalunha para formar um governo que não se desmanche novamente diante da intensa crise na região. A depender do impasse, caso Sanches não consiga montar sua coalizão, novas eleições serão chamadas, o que dve aumentar exponencialmente a crise do regime político na Espanha, que já se mostrou profunda nas eleições de abril, com a queda dos votos dos partidos tradicionais (PSOE e PP) e o aumento da extrema-direita.
FRANÇA
Macron usa “combate ao ódio” para censurar Internet na França H
oje a imprensa noticia que a França de Emmanuel Macron aprovou uma lei para punir quem dissemina o ódio na Internet. A autora do projeto é a deputada Laetitia Avia, do partido A República em Marcha (LREM), mesmo do presidente Macron e obteve apoio amplo na Assembleia Nacional . A deputada, que é negra, afirma que o projeto se inspira na própria história dela, vítima de preconceito e ódio nas redes sociais. A lei exigirá que plataformas de redes sociais como Facebook, Twitter e YouTube forneçam um único botão de alerta, comum a todos os grandes operadores das plataformas para que os usuários relatem “ciber-ódio”. No entanto, o projeto não foi recebido tão facilmente e sem desconfiança de que se torne um instrumento de censura prévia, uma vez que, segundo a nova lei, as plataformas serão obrigadas a retirar mensagens consideradas caluniosas em até 24 horas sob pena de pesadas multas. Isso pode incentivar políticas de prevenção por
parte das plataformas que, desse modo, possivelmente vão eliminar publicações mesmo antes de serem denunciadas e efetivamente avaliadas como caluniosas ou veiculadoras de mensagens de ódio. Em pesquisa realizada entre os dias 1 e 2 de julho, registra-se que apenas 1 em cada 4 pessoas tinha uma visão positiva do presidente da França e do governo. 66% mostraram ter uma visão totalmente negativa do governo. A opção de Macron, parece, não foi a de tentar melhorar seu desempenho, unificar o país, modificar sua política econômica, mas a de reprimir a oposição crítica a ele. A nova lei deve ser vista como um passo para destruir o que, para muitos, seria o último bastião da liberdade de expressão na França: a Internet. Num momento de aprofundamento da crise pela qual passa o governo francês de Macron, principalmente por causa da atuação e presença continuada dos coletes amarelos nas ruas, promovendo dezenas de manifestações contra políticas governistas,
manifestações essas que se dão nas ruas, inclusive com violência, mas também nas redes sociais. Por isso, não deixa ser suspeito que o partido do presidente apresente e defenda um tal projeto. Não será a primeira iniciativa nem a última que vise a censurar adversários e críticos sob o manto de cumprimento da Lei. A política deixa de ter lugar para que a ação policial assuma. É a violência, com ares de legalidade, que será usada para calar aqueles que ousem dizer a verdade, a convocar o povo para que preste atenção, para que compreenda as ações da burguesia, para que se mobilize contra os projetos que atentem contra os trabalhadores e suas famílias, contra os mais pobres, e que favoreçam grandes empresas, bancos, e promovam a manutenção do status quo. Com a desculpa de combater um mal, estabelece-se, mais uma vez, instrumentos para que os capitalistas, por meio de seus representantes na estrutura estatal, exerçam uma censura dissimulada e, no ex-
tremo, a violência física, por meio da polícia. Mesmo ‘progressistas’, os que se colocam à esquerda no espectro político, continuam caindo na armadilha de fornecer mais e mais meios para que o governo do momento use a força contra o povo, contra seus adversários políticos. Não há engano. O Direito é usado, sempre, para proteção da burguesia e de seus interesses, dos que estão no poder. Invariavelmente, o povo e os que se colocam ao seu lado sofrerão a violência autorizada pelo direito, pela Lei. A ilusão de combater certos males por meio da Lei permanece, o auto-engano não cessa, ou há um cálculo equivocado sobre custo benefício de assumir esse caminho. Macron irá usar essa lei de “combate ao ódio” contra seus adversários, isso é certo. A censura à internet vai ganhando mais e mais aliados. E não se trata de zelo ou preocupação contra calunias ou disseminação do ódio, o que está em jogo é o controle sobre as plataformas para fins políticos, só.
FASCISMO
EUA vão prender milhares de imigrantes a partir de domingo
A
partir do próximo domingo (11), o serviço de imigração dos EUA vai começar a prender milhares de imigrantes sem documentos, segundo o jornal imperialista The New York Times. Seriam ao menos 2 mil imigrantes perseguidos, capturados e deportados, como animais. A operação deverá ser realizada em dez cidades grandes do país, ainda de acordo com o jornal. É a efetivação da política fascista de
Donald Trump. Desde o ano passado, os migrantes de diferentes países da América Central devastados pelo saque imperialista dos EUA vêm sendo presos e mantidos em campos de concentração na fronteira com o México. Nos últimos dois meses, cerca de 228 mil imigrantes foram presos por parte da Agência de Proteção Alfandegária e Fronteiras dos EUA, na região fronteiriça.
A diferença é que essa nova medida trata de iniciar a temporada de caça a imigrantes sem documentos que já ultrapassaram a zona fronteiriça e estariam teoricamente mais a salvo das autoridades. No entanto, ambas são medidas simplesmente fascistas contra os estrangeiros. Uma política de encarceramento em massa e expulsão do país. Curiosamente, o motivo da entrada desses
imigrantes é porque eles não têm as mínimas condições de vida em seus países devido ao saque implementado pelos próprios EUA, que dão golpes de Estado para controlar de maneira repressiva a população, a fim de sugar os recursos naturais e a economia nacional em proveito dos grandes monopólios. Tal é o exemplo de Honduras, de onde provêm a maioria desses imigrantes.
MOVIMENTO OPERÁRIO | 11
EDUCAÇÃO
108 escolas serão militarizadas até 2023 O
Ministério da Educação (MEC), vai implantar centenas de escolas militarizadas a cada ano, totalizando 108 até o ano de 2023. O plano é instalar uma por ano, até 2023, em cada uma das 27 unidades da federação. A ampliação da rede de escolas militares foi uma das promessas de campanha do presidente Jair Bolsonaro . O ministro da Educação, Abraham Weintraub, disse que o foco da militarização é a educação infantil, o ensino fundamental e o ensino médio. Um bom exemplo para demonstrar os ataques à educação está no corte de verbas já anunciado pelo presidente fascista, Jair Bolsonaro. Outra boa demonstração ocorre no Distrito Federal, onde está sendo implementada a militarização das escolas.
A Secretaria de Educação local propôs, com o falso discurso de aumento da segurança aos alunos, que os estudantes fossem revistados, a fim de “garantir” a ausência de porte de qualquer material suspeito ou ilícito.
Concomitante a essa total violação dos direitos dos discentes, aumentará a presença da polícia nas escolas. O resultado esperado, claramente, é o aumento da repressão a eles, através de penas diversas.
É importante ressaltar que a ideia de aumento da segurança nas escolas é uma completa mentira. O governo de Jair Bolsonaro vem realizando uma intensa repressão aos estudantes e movimentos estudantis. A proposta visa, sim, o aumento da opressão a eles. Além disso, a revista de materiais de menores de idade é proibida por lei, assim como consta no Estatuto da Criança e do Adolescente, conforme estabelece a Lei N° 8.069, de 13 de julho de 1990, em seu 18° Artigo: “É dever de todos velar pela dignidade da criança e do adolescente, pondo-os a salvo de qualquer tratamento desumano, violento, aterrorizante, vexatório ou constrangedor”. Weintraub e o governo golpista querem ampliar o estado de repressão implementado pelo golpe de 2016, que destituiu a presidenta eleita e implementou uma ditadura no Brasil.
CORREIOS
Direção golpista da ECT quer que trabalhadores com multa de trânsito
O
s golpistas que controlam a ECT, a mando do governo fraudulento de Jair Bolsonaro, apresentaram, na campanha salarial desse ano, o fim da cláusula 75 do Acordo Coletivo. Querem acabar com o direito do trabalhador de ter uma comissão a seu favor para analisar as multas e acidentes de trânsito decorrentes da entrega de correspondências. O carteiro motorizado ou motoristas nos Correios dificilmente conseguem fugir da multa de trânsito, pois precisam dar “pirueta” no trânsito para conseguir entregar as linhas de encomenda.
A proposta de jogar o trabalhador para as mãos dos departamento de trânsito, faz parte da política de destruição da empresa para dar o setor de entrega de encomendas aos tubarões do mercado postal (DHL, FEDEX, UPS etc). É preciso declarar guerra aos golpistas, mobilizar a categoria para uma greve de 100% dos ecetistas, com ocupação dos prédios dos Correios. É preciso lutar contra o governo privatizador e golpista, reforçar a campanha do Fora Bolsonaro e todos os golpistas, Liberdade para Lula e Eleições gerais.
12 | CIDADES E MORADIA E TERRA
CEARÁ
Fortaleza tem a maior alta de preços do País A
capital do Ceará, na região Nordeste do país, os preços sobem acima da média nacional e tiveram a maior variação do país no primeiro semestre do ano. De acordo com o jornal O Povo, “no período, o acumulado da inflação ficou em 3,31% e, nos últimos 12 meses, foi de 3,67% – ambos acima da média nacional. O índice inflacionário no Brasil, na primeira metade do ano, variou em 2,23%. Na Capital, os produtos e serviços que mais inflacionaram de valor foram habitação (5,63%), educação (5,36%) e saúde e cuidados pessoais (4,71%).” A população trabalhadora sente o aumento dos preços em mercados
e optam por produtos similares de marca menos cara, ou ainda, deixa de pagar alguma outra conta para poder manter a compra dos produtos de maior necessidade, como alimentação e produtos de higiene. A classe média vê entre os maiores gastos a saúde, educação e transporte e também se vê obrigada a optar por alguns produtos. Especialistas teriam as mais diversas explicações para o fenômeno, incluindo até mudanças climáticas, quando, o que realmente está acontecendo, não só em Fortaleza, mas em todo o Brasil é que a população sofre com as consequências do governo golpista que está
no poder no país. A inflação, que certamente é bem maior que os números oficiais, diminui o poder de compra da população trabalhadora, que sequer tem reajuste anual do salário garantido acima da inflação no governo golpista. Para que os trabalhadores brasileiros possam ter dignidade para consumir o necessário para sua sobrevivência ficou evidente que é necessário a derrubada do governo que pretende continuar extorquindo a população. Assim, é necessário ir às ruas pelo Fora Bolsonaro e Todos os Golpistas e Eleições Gerais com Lula candidato.
GOVERNO ILEGÍTIMO
MEIO AMBIENTE
Cariocas estão indignados com a “nova cerveja” de Bolsonaro
Matemática bolsonarista: 7500km² de desmatamento é igual a zero
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a última terça-feira (09), o presidente Jair Bolsonaro decretou uma medida nada popular para os apreciadores de cervejas. No decreto o presidente permite, por exemplo, a não obrigatoriedade do uso do lúpulo na fabricação da bebida, além de poder substituir o malte de cevada por milho ou arroz, que são mais baratos e, produzidos no próprio Brasil, contaria com a presença de inúmeros agrotóxicos já liberados pelo golpista. No Rio de Janeiro consumidores entrevistados pelo site O Dia já demonstram muita insatisfação, sendo até sugerida manifestação contra a que alguns consideram a medida mais impopular do presidente golpista. Vale destacar que a bebida que é preferência nacional deixará de ser cerveja, ou seja, terá o nome de cerveja, mas sem lúpulo, sem cevada e até a com espuma de mentira pouco sobra do produto original. A intenção com o decreto não é de melhorar a qualidade do produto, pelo contrário, com as novas normas muito se pode perder em qualidade e
ainda trazer prejuízos à saúde, como afirma a nutricionista Ethel Santos no O Dia. A especialista “discorda que a bebida possa ser considerada ‘cerveja’ após tantas mudanças. Por isso, o consumidor deve redobrar a atenção para não comprar gato por lebre. “Se tirar o lúpulo e não usar nenhum derivado da cevada, vai ser uma bebida alcoólica ‘tipo cerveja'”, afirmou. Mestre em alimentação, nutrição e saúde, ela também alerta sobre os impactos no sabor e na saúde. O que interessa de fato no caso de tal decreto é a ampliação do lucro das indústrias cervejeiras. Não é novidade alguma que desde a ascensão do capitalismo a adulteração de produtos visando o aumento de lucros é prática comum. Não importa a qualidade do produto que a população vai consumir, certamente o trabalhador não será menos explorado por conta do decreto, assim, a decisão de Jair Bolsonaro de permitir a produção de cerveja de mentira só trará benefício, em forma de maior lucro, aos capitalistas.
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ministro bolsonarista do meio ambiente, Ricardo Salles, não contente em entregar de mão beijada a Amazônia para o imperialismo e a exploração desenfreada deste grande patrimônio do povo brasileiro pelos países estrangeiros, criou um conceito novo para tentar esconder o cada vez mais crescente desmatamento desenfreado e ilegal para favorecer latifundiários, mineradoras e grileiros de terra. Salles em entrevista criou o termo “zero relativo”. A explicação esdrúxula do ministro é para esconder o desmatamento da floresta Amazônica que atinge níveis alarmantes. Para o ministro “zero relativo” equivale a 7500 quilômetros quadrados de florestas desmatadas somente este ano. Ou seja, o termo é uma farsa total. Não há nenhuma explicação lógica plausível para esta definição que não seja esconder a política de incentivo ao desmatamento ilegal. É uma clara tentativa de esconder o desmatamento ilegal que beneficia diretamente a grilagem de terras pú-
blicas na Amazônia e, neste momento, ameaça as unidades de conservação e as terras indígenas. O que há na verdade é uma política de saque da riqueza nacional para favorecer um punhado de capitalistas. No caso da Amazônia, quem irá se beneficiar única e exclusivamente são os monopólios internacionais, e os setores ligados diretamente ao agronegócio nacional e internacional. A única forma de barrar essa ofensiva é por meio da mobilização popular. A qual tem que colocar em perspectiva a derrubada de todo o regime político e todos os golpistas.
TERRAS INDÍGENAS
Deputados bolsonaristas pautam mineração de terras indígenas na Câmara
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deputado federal bolsonarista general Peternelli (PSL-SP) querendo enganar a população com demagogia pauta para a Câmara um Projeto de Lei de autoria de Romero Jucá de 1996, era FHC. Jucá é o atual presidente do MDB e seu projeto autorizaria atividades econômicas de larga escala em terras indígenas demarcadas. Tais atividades vão desde plantio de soja transgênica, desmatamento e até mineração. Embora no momento a Câmara esteja muito ocupada com a destruição da previdência, o governo aponta para uso de
tais terras, como no último dia 3, onde o representante do Ministério da Economia Carlos Alexandre da Costa participou de audiência para explicar a proposta do governo apelidada de “Plano Dubai”, que estimularia cinco polos econômicos na região amazônica: biofármacos, turismo, defesa, mineração e piscicultura. Para os defensores tanto do PL quanto do “projeto” os indígenas poderiam decidir se participariam de atividades capitalistas no suposto livre mercado. O site Congresso em foco destaca que “o estudo técnico elabo-
rado pela Consultoria Legislativa da Câmara a pedido do deputado Peternelli aponta que a função primordial das terras indígenas é “garantir a dignidade ao índio” e não a “conservação e uso racional dos recursos”. E destaca que quando o artigo 231 da Constituição Federal brasileira menciona que os indígenas têm direito à demarcação das terras que “tradicionalmente ocupam”, não se refere à forma de uso da terra e, portanto, não impede “que nela sejam exercidas atividades ‘ao modo de produção capitalista’”.
Toda essa conversa só tem um objetivo, expulsar a população indígena de suas terras, como o governo golpista de Jair Bolsonaro vem fazendo sistematicamente e com o uso de violência ainda maior que em períodos anteriores, para que os capitalistas possam se apossar das riquezas que esses territórios oferecem, sobretudo na área da mineração que volta para a pauta da Câmara. Contra esses ataques à população indígena é urgente a organização da autodefesa para essas populações, pois apesar da conversa fiada dos políticos que defendem a mineração das terras indígenas, essa será feita com truculência, na força, e o povo de estar preparado para se defender de seus inimigos e enfrentar mais esse ataque contra suas terras.
CULTURA| 13
FEIRA INTERNACIONAL
Flip tem abertura com críticas ao Brasil do golpe A
Feira Internacional Literária de Paraty (Flip) começou nesta quarta-feira (10) com críticas ao Golpe de Estado no Brasil. Nesta edição, o autor do livro Os Sertões, Euclides da Cunha (1866-1909), é homenageado. A professora emérita da Universidade de São Paulo (USP), Walnice Nogueira Galvão, fez críticas à sociedade brasileira atual, marcada pelo golpe de Estado de 2016, e ao período da ditadura militar. Afirmou que o livro Os Sertões tem de ser lido todos os dias para que se possa entender o que está acontecendo com os pobres no país. Walnice frisou a relação entre Os Sertões e o movimento dos Sem Terra (MST) no tocante ao problema da desigualdade na distribuição da terra e à luta por Reforma Agrária. A profes-
sora foi aplaudida de pé no auditório quando mencionou a militarização das favelas no Rio de Janeiro, o genocídio da juventude negra na periferia de São Paulo, os desastres de Mariana e Brumadinho e a sistemática guerra sem quartel travada pelas forças de repressão do Estado, em especial as Polícias Militares, contra os pobres. O Golpe de Estado contra a ex-presidenta eleita Dilma Rousseff (PT), ocorrido por meio de um impeachment fraudulento no Congresso Nacional, teve como consequência profundos ataques às condições de vida das massas e a submissão do país ao imperialismo mundial, com a subida ao poder da extrema direita neoliberal nos governos Michel Temer (MDB) e de Jair Bolsonaro (PSL).
Greenwald participa da Flip para falar dos escândalos da Lava Jato O jornalista Glenn Greenwald vai participar de uma mesa de debate na programação paralela da Feira Literária Internacional de Paraty (Flip), na próxima sexta-feira (12). O evento paralelo é a Feira Literária Pirata das Editoras Independentes (Flipei), conhecida como barco pirata da Flip. Em 2014, Glenn falou sobre os esquemas de espionagem da Agência de Segurança Nacional dos EUA descobertos por Snowden e divulgados por ele. Desta vez, seu tema de exposição será os vazamentos da Lava-Jato que atingiram em cheio o ex-juiz e Ministro da Justiça Sérgio Moro e o procurador Deltan Dallagnol. Glenn é fundador do sítio na inter-
net The Intercept e responsável pela divulgação das mensagens e áudios dos procuradores da Lava Jato, nos quais estes conspiravam para fraudar as eleições de 2018 e prender o ex-presidente Lula, com o objetivo de impedir a volta do Partido dos Trabalhadores ao poder e permitir a vitória eleitoral de Jair Bolsonaro e a chegada da extrema direita ao controle do Estado. A Flip teve início nesta quarta-feira (10) e seu encerramento será no próximo domingo (14). Em sua abertura, já se verificou diversas críticas ao Golpe de Estado e ao massacre da extrema direita sobre todos os direitos sociais e democráticos da população.
14 | NEGROS E MULHERES
PRODUTO DA FUNDAÇÃO LEMANN
Tábata Amaral comemora a reforma: “vitória da bancada feminina” T ábata Amaral, produto da Fundação Lemann, um dos maiores braços do imperialismo no Brasil, comemorou a aprovação da Reforma da Previdência. A deputada direitista, que gosta de se travestir de progressista, afirma que foi uma vitória das mulheres, mas provavelmente não estava se referindo às mulheres trabalhadoras, tendo em vista que essas serão as mais prejudicadas. Tábata comemora que com 15 anos de contribuição, as mulheres terão direito a 60% da aposentadoria, sendo que até o momento, com 15 anos de contribuição, a mulher já tem direito a 100% da aposentadoria. A farsante tem a cara de pau de comemorar uma perda de 40% com os 15 anos de contribuição e chama isso de vitória da bancada feminina. A aprovação da Reforma da Previdência é uma vitória somente para a direita golpista, que trabalha contra os interesses nacionais e dos trabalhadores, em favor dos interesses do imperialismo norte-americano. Essa representatividade feminina, envernizada de democracia, confunde a cabeça da população, que acaba votando em gente como Amaral simplesmente por ser mulher e se dizer progressista, quando todos os seus atos são convergentes com a direita. Tábata Amaral se apropriou de um discurso feminista, de quem veio da
periferia, para tentar barras as críticas que recebe, mas tudo não passa de oportunismo, cretinismo parlamentar. Nem Ciro Gomes, que vive escorregando no oportunismo, nem o PDT, estão aguentando o discurso de direita e neoliberal dela. Tábata pode ser mulher e sua origem pode ser da periferia, mas ela nunca esteve comprometida com essas causas. Alguém financiada por Paulo Lemann, um dos homens mais ricos do Brasil, e que estudou em Harvard com bolsa de estudo financiada pela Fundação Estudar, criada para treinar CEOs, não poderia nem de longe ser tida como progressista. Ela está ao lado do governo golpista de Bolsonaro tanto quanto qualquer deputado da direita. Apesar de se colocar como um rosto novo, como alguém de centro-esquerda, progressista, que luta pela educação, ela possui a mesma velha política voltada para empresários. A deputada liberal brinca com o futuro das mulheres brasileiras ao comemorar uma vitória que só poderia ser comemorada pela direita. Ela zomba da retirada de direitos que a Reforma da Previdência traz para a vida da população. Essa reforma não vai combater privilégios e nem acabar com a desigualdade, muito pelo contrário, ela só tende a recrudescer a pobreza, empurrando a classe trabalhadora para uma vida de completa exploração.
O mito da Tábata progressista foi efêmero e durou, no máximo, até seu voto de sim a um projeto político de esmagamento da população. As mulheres não ganharão nada de bom com essa reforma e também não poderão contar com a impostora da Tábata Amaral, que já se mostrou ami-
gável ao governo Bolsonaro, carrasco da classe trabalhadora. As mulheres trabalhadoras precisam se unir mais do que nunca contra esses ataques, chamar o Fora Bolsonaro e todos os golpistas e lutar contra essa reforma que pretende dizimar todos os direitos da classe trabalhadora.
TRIBUNAL RACIAL
Negros tiveram de se apresentar à comissão na UFMG E
ntre segunda-feira (8) e quarta-feira (10), mais de 600 estudantes beneficiários das cotas raciais, que foram selecionados para o segundo semestre letivo na Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), tiveram que comparecer perante a Comissão Complementar, à Autodeclaração, para validarem seus respectivos registros de matrícula. Tal comissão realiza a denominada “hetero-identificação”, isto é, um procedimento por meio do qual uma banca, designada pela reitoria da universidade, analisa se o estudante possui as características fenotípicas (cor da pele, cor e textura do cabelo, formato do nariz e dos lábios etc.) associadas ao povo negro. Esse verdadeiro tribunal racial foi instaurado sob a justificativa do já gasto argumento do “combate às fraudes” no sistema de ingresso da universidade, um argumento que serve de pretexto — ao estilo do “combate à corrupção”, da “luta pela moralidade”, tão utilizado, por exemplo, pela golpista e farsesca Operação Lava Jato — para a realização de objetivos políticos que não são declarados abertamente. No caso em questão, o objetivo político é, claramente, sabotar e desmoralizar o sistema de cotas raciais, tendo em vista bloquear a entrada do negro na universidade, ou simplesmente
expulsá-lo de lá, e, em última análise, atacar e reprimir o movimento negro e estudantil de conjunto. A direita golpista sempre lutou para acabar com a política de cotas. Com a subida do fascista Jair Bolsonaro ao poder, essa luta ganhou ainda mais força, e os ataques tornaram-se mais agressivos e mais amplos. Os ministros da Educação de Bolsonaro, o já demitido Vélez Rodríguez e o atual Abraham Weintraub, fizeram questão de deixar claro suas opiniões e a linha política que seguirão — para eles, a universidade deve ser privilégio de uma “elite”, dos membros abastados da sociedade, dos filhos da burguesia e da pequena-burguesia endinheirada, e os negros, os pobres e a juventude operária e popular não devem entrar na universidade. A universidade pública e gratuita deve ser desmontada, já que, como dizem, é espaço de “balbúrdia”, e as universidades privadas, com suas altas mensalidades e público branco e elitizado, devem dominar o ensino do país. É preciso denunciar mais esse ataque ao povo negro. É preciso denunciar o pretexto do “combate às fraudes”, expondo as reais intenções da direita fascista com relação às universidades e ao movimento negro. É preciso defender a derrubado do governo Bolsonaro e de todos os golpistas.
JUVENTUDE | 15
CONUNE
PCdoB deixa DCE fascista falar A
conteceu no última quarta-feira (10) a abertura do 57º Congresso da Une (União Nacional dos Estudantes), no Centro Comunitário Athos Bulcão, localizado no campus da Universidade de Brasília (Unb), que teve como tema a campanha “mais livros, menos armas”. A mesa de abertura, que se iniciou às 19h, era composta apenas por representantes de entidades, tais como, a própria direção da Une, Ubes (União Brasileira dos Estudantes), Andes (Sindicato Nacional dos Docentes do Ensino Superior), Fasubra (Federação de Sindicatos de Trabalhadores das Universidades Brasileiras), ANPG (Associação Nacional de Pós-Graduação), Andifes (Associação Nacional dos Dirigentes das Instituições federais de Ensino Superior), Abruem (Associação Brasileira dos Reitores das Universidades Estaduais e Muncipais). Os representantes do PCO no congresso, pro-
curaram a direção da organização da abertura para fazer uma saudação ao Congresso, mas foram impedidos com a justificativa de que partidos políticos não iriam poder falar na abertura. Mas o que chamou mais a atenção, na atividade de abertura do Congresso, foi a presença, dentre os convidados para compor a mesa, nada menos que a representante do MBL (Movimento Brasil Livre) e presidenta do DCE da Unb, Clarice Menin, a mesma que defende a privatização das universidades através das PPP’s (Parceria Pública-Privadas). A organização à qual pertence, MBL, que é financiada e impulsionada pelo imperialismo norte-americano, é a mesma que ajudou a impulsionar o golpe do impeachment da presidenta Dilma Rousseff, a prisão e a inelegibilidade do ex-presidente Luis Inácio Lula da Silva, ou seja, uma direita fascista, teve, em nome da “democracia”, a sua intervenção garantida pela direção da
Une/UJS/PCdoB para os mesmos que querem destruir a educação. Menin, em sua intervenção, saudou a direção da Une e agradeceu o convite. Demagogicamente, disse que ali era um espaço democrático, aberto a todas as posições, tanto da esquerda
quanto de direita. Diante de tanto mau-caratismo, a plenária veio abaixo gritando fora MBL, fora a direita, fora Bolsonaro, quando a representante deixou o plenário sob uma forte vaia dos delegados presentes.
PROJETO ELITISTA
MEC bolsonarista tem meta para a militarização das escolas O
Ministério da Educação (MEC) anunciou, nessa quinta-feira (11), que pretende criar cerca de 108 escolas militares até 2023. O anúncio do projeto elitista foi feito pelo ministro da educação, o golpista Abraham Weintraub, conhecido pelo seu péssimo desempenho dentro de um dos ministérios mais importantes. A militarização da educação pública é uma clara tentativa da extrema direita em colocar a censura e repressão dentro das escolas, uma verdadeira ditadura militar, na qual a autonomia dos professores será completamente aniquilada em detrimento de uma disciplina militar que não educa ninguém. As escolas militares serão administradas por policiais e a entrada dos alunos se dará por sorteio, ou seja, excluindo já de início quem não se encai-
xa nos infelizes critérios do governo. A realidade das escolas militares é completamente absurda, onde normas rígidas tomam conta do aprendizado. Os meninos, por exemplo, precisam usar um determinado corte de cabelo, em que até o número da máquina do corte é estipulado pelos militares. Não é permitido o uso de brincos e piercings, as meninas são obrigadas a usar coques e é proibido deixar as unhas crescerem. São exigências irracionais, em que o único propósito é fazer com que os jovens percam a autonomia, a singularidade e a criatividade, reduzindo completamente suas individualidades. A premissa de que as escolas militares possuem maior eficácia no ensino é completamente falsa. Baseado no ENEM de 2017, alunos dos Institutos Públicos Federais se saíram muito me-
lhor que os alunos de escolas militares, isso sem a rigidez e a “disciplina” militar. Os problemas que a educação no Brasil enfrentam não são caso de polícia, mas, sim, de organização e investimento. Salas de aula superlotadas, falta de docentes, infraestruturas precárias, falta de materiais escolares, essa é a realidade das escolas públicas brasileiras e isso nada tem a ver com militarização das escolas. Os jovens pobres e negros já encaram constantemente a violência policial e sabem que os métodos de disciplina da polícia não são dos mais pedagógicos. Recentemente, aconteceram muitos casos de policiais militares em confronto com estudantes, que apenas manifestavam seus direitos à educação. Agora, os militares estarão dentro
das escolas, com liberdade do Estado para “disciplinarem” os jovens. Numa sociedade punitivista, sabemos que isso significa, principalmente, conter a fúria dos jovens que tanto tem a protestar contra um Estado que os largou em completo caos e descaso. Os professores, que tanto sofrem nesse governo golpista, com políticas de arrocho salarial e retirada de direitos, precisam se organizar nos sindicatos e em outros setores, para não deixar passar esse tipo de política repressiva, uma verdadeira ditadura militar. O que as escolas públicas precisam é de investimento e atenção do Estado, de projetos que levem a sério o trabalho dos professores e que os remunere bem. Os alunos precisam do auxílio e incentivo do Estado para frequentarem as escolas e não de repressão e ditaduras.