SEGUNDA-FEIRA, 15 DE JULHO DE 2019 • EDIÇÃO Nº 5704
DIÁRIO OPERÁRIO E SOCIALISTA DESDE 2003
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Às ruas contra as privatizações! Fora Bolsonaro!
Ciro Gomes criou Tabata, Lava Jato: fraude, golpe e enriquecimento novos e cada vez mais escandalosos diálogos da Vaza Jato, publicados pelo The Não cometer mas agora que ficou feio, Os Intercept, mostram que Deltan Dallagnol não se dedicava apenas a fazer o infantil PowerPoint para tentar incriminar Lula, mas que também se dedicava a prosperar os mesmos pula do barco tanto quanto pastores evangélicos escorados em pessoas ludibriadas. EDITORIAL
erros na luta contra as privatizações
Estadão passa pano para Dallagnol A lambança dos procuradores amestrados do suposto juiz Moro, liderados pelo suposto procurador Deltan Dallagnol, que a cada nova revelação do Intercept (em parceria com alguns órgãos de imprensa) fica mais obscena, recebeu guarida do suposto jornal O Estado de S. Paulo.
O ministro “tchutchuca” dos banqueiros, Paulo Guedes, em entrevista ao jornal golpista O Estado de São Paulo afirmou que as privatizações estavam em marcha lenta para não atrapalhar a aprovação da reforma da previdência.
POLÍTICA
PT e PSOL fazem frente
PCdoB na UNE: mais do com PSL para aprovar lei repressiva no RS mesmo O 57º Congresso da UNE revelou que o PCdoB e sua juventude, UJS, estão dispostos, apesar de toda mobilização dos estudantes
Um conjunto de 15 partidos com representação na Assembléia Legislativa do Estado do Rio Grande do Sul estão irmanados para levar adiante a aprovação de um projeto que é um dos mais sinistros e absurdos ataques aos direitos democráticos elementares da cidadania.
2 | EDITORIAL EDITORIAL
COLUNA
Não cometer os mesmos erros na luta contra as privatizações O
ministro “tchutchuca” dos banqueiros, Paulo Guedes, em entrevista ao jornal golpista O Estado de São Paulo afirmou que as privatizações estavam em marcha lenta para não atrapalhar a aprovação da reforma da previdência. Agora que a destruição da previdência social foi aprovada, o ministro disse que será a vez de acelerar as privatizações. O anúncio de Paulo Guedes coloca uma nova etapa de ataques contra o patrimônio nacional e se tornar uma das maiores ondas de privatizações maiores que nos anos de Fernando Henrique Cardoso. Os partidos de esquerda e os movimentos sociais devem tirar lições das derrotas colocadas para a classe trabalhadora desde o golpe até a aprovação da reforma da previdência. O método utilizado até agora foi de concentrar as forças nas instituições, com pressão dos parlamentares e medidas judiciais. Até o momento, os esforços da “luta” contra os ataques na justiça e no parlamento só levaram o movimento a sucessivas derrotas. Uma grande derrota foi esperar que o Congresso evitasse o impeachment de Dilma Roussef que não se obteve nenhum resultado. Após o impeachment, foram sucessivas derrotas de grandes proporções, como a reforma trabalhista, a tentativa de libertar Lula no judiciário, mesmo após o escândalo da Vaza Jato, e agora a reforma da previdência.
O erro dessa política foi tentar reverter ou impedir essas medidas através das instituições tomadas pelos golpistas sem nenhuma tentativa de mobilização dos trabalhadores. A mobilização dos trabalhadores, na pior das hipóteses, poderia pressionar os golpistas que “apreciariam” as medidas com a classe operária no calcanhar. Insistir na luta dentro das instituições tornaria previsível derrota na luta contra as privatizações. Pressionar deputados, formar frentes com partidos e parlamentares golpistas, ações na justiça, cartazes no momento da votação, humor nas redes sociais, e outras ações sem a mobilização dos trabalhadores não servem para absolutamente nada. As três grandes mobilizações que ocorreram em maio e junho deste ano mostraram uma enorme disposição da população em lutar contra o regime golpista. A esquerda, partidos políticos, sindicatos e movimentos sociais deveriam se aproveitar dessa disposição e a crise do governo Bolsonaro e mobilizar os trabalhadores, direcionando essa enorme disposição da classe trabalhadora para derrotar Bolsonaro. É necessário montar uma agenda de luta com constantes mobilizações, realizar mutirões de campanha contra o governo Bolsonaro nos bairros, universidades, escolas e nas fábricas para denunciar e organizar a população a lutar contra os ataques aos trabalhadores.
VAR: a corrupção institucionalizada em nome da “ética” no futebol Por Henrique Áreas de Araújo
O
VAR, do inglês Video Assistant Referee, ou simplesmente árbitro de vídeo, foi introduzido de maneira mais marcante no futebol a partir da Copa do Mundo de 2018. Desde então, o que se viu no futebol foi o aumento significativo do controle dos dirigentes de federações sobre as partidas. A principal justificativa para a implantação do VAR, que foi amplamente difundida pela imprensa golpista, era a de que o vídeo iria inibir os erros de arbitragem. Ou seja, a principal justificativa era a “ética” no futebol. Com o vídeo iríamos ter um futebol limpo, o fair play, como gostam de propagar os defensores do futebol moderno. Como já conhecemos muito bem essa cruzada ética no futebol, essa cruzada contra a corrupção, só pode levar a mais corrupção. É possível dizer, sem exageros, que própria vitória da França na Copa do Mundo foi resultado direto da ação do VAR desde o início do campeonato. Arrumando resultados favoráveis que possibilitaram ou facilitaram a seleção francesa chegar até a final e ser a campeã. É preciso lembrar que a “arrumação” de resultados não se dá apenas nos diretamente nos jogos daquele time que se quer beneficiar, mas nos jogos que definem também indiretamente as classificações e adversários da próxima fase. O VAR é um sistema de controle geral de resultados de um determinado campeonato. Trazido para o Brasil, o VAR já protagonizou episódios grotescos nos campeonatos nacionais. O último foi a anulação de nada menos do que quatro gols do Atlético-PR contra o Flamengo. Independente do mérito da anulação desses gols, o fato é que tal controle sobre o que está acontecendo em campo não faz parte do que é o futebol. É impossível lembrar algum jogo, antes de existir o VAR, que terminou com quatro gols do mesmo time anulados. Quando um fator externo ao jogo anula o principal motivo de existência do futebol como paixão, o gol, está decretada a morte do futebol. O futebol tem suas próprias regras, suas próprias leis. O que está escrito no regulamento de uma partida serve para balizar o árbitro de modo que a
partida possa ser conduzida de acordo com certa normalidade. No entanto, para quem já jogou futebol ou o acompanha de perto, tais regras não são rígidas. Muitas das vezes, elas estão sujeitas à interpretações, pois é da natureza desse esporte. Apenas para pegar um exemplo, no caso de uma falta, a não ser que ela seja uma agressão bem clara de um jogador contra o outro, está passível de interpretação. Isso porque o futebol é um esporte de contato físico permanente, portanto, é impossível determinar exatamente quando houve falta ou não. E não há nem haverá vídeo no mundo que consiga chegar a essa conclusão sem que continue sendo uma simples interpretação. Isso vale inclusive para outros casos que aparentemente seriam mais fáceis, como por exemplo, se a bola bateu na mão de um jogador ou se o jogador colocou a mão na bola. Portanto, o VAR não tem sentido de existência, pois a maioria dos lances continuarão sendo um problema de interpretação. Daí que podemos apenas concluir que o VAR é um enorme arbitrariedade. Isso fica claro inclusive na utilização do VAR nos jogos. Não há critérios. Na realidade os critérios são definidos pelos dirigentes e cartolas que comandam o futebol e na verdade são apenas o instrumento dos grandes capitalistas que lucram com o esporte. O VAR, que foi corretamente apelidado de Vídeo para arrumar resultado, é um instrumento de corrupção dentro do esporte. É um instrumento para meter a mão em determinado time contra o outro. Tudo de acordo com os interesses daqueles que tem mais dinheiro e que portanto são os que controlam os campeonatos. Acabou que, em nome da ética, temos agora um esquema de roubalheira institucionalizado para favorecer resultados. Assim como o golpe no Brasil que, em nome da luta contra a corrupção, resultou na entrega institucionalizada do País ao imperialismo, no futebol, em nome da ética e do fair play, estamos sujeitos ao controle absoluto dos grandes cartolas e capitalistas do esporte. Estamos sujeitos, portanto, à morte do futebol.
POLÍTICA | 3
GOVERNO ILEGÍTIMO
Às ruas contra as privatizações! Fora Bolsonaro! A
imprensa burguesa já está cantando a bola. Segundo matéria do jornal golpista O Estado de São Paulo, o ministro da economia Paulo Guedes afirmou que com a aprovação da Reforma da Previdência, agora o objetivo é um grande plano de privatizações. Guedes afirmou que não colocou em prática esse plano de privatização antes para não acarretar problemas com a aprovação da Reforma, sabendo da impopularidade das privatizações. Os golpistas querem entregar todo o patrimônio do país, entre outras coisas a Petrobrás, o Pré-sal, o gás natural, o Banco do Brasil, a Caixa Econômica Federal e os Correios – as maiores empresas do país. Paulo Guedes afirma que o Brasil pode ganhar um trilhão, já o Crédit Suisse afirma que o Brasil pode arrecadar cerca de R$ 400 bilhões. Se for verdade, os números apresentados pelo Crédit Suisse, com metade deste valor, o Brasil terá o maior pro-
grama de privatizações de sua história. Arrecadará oito vezes mais do que todas as operações de privatizações que ocorreram entre os anos 1990 e 2015 – e quatro vezes mais somando este valor com as operações realizadas pelo governo Temer. Isso mostra a amplitude do programa de privatização que Bolsonaro e Guedes querem implantar. A imprensa inclusive considera que poderá ser o maior programa de privatização da atualidade no mundo inteiro. Trata-se de uma monstruosidade que querem realizar contra o país. Uma verdadeira política de terra arrasada. Os golpistas querem entregar todo o patrimônio brasileiro, desde os parques nacionais até as maiores empresas, motores econômicos do país, revelando a farsa que é a campanha patriótica de Bolsonaro. Diante disso, é preciso realizar uma intensa campanha contra as privatizações. Sair às ruas contra o governo
Bolsonaro e todos os golpistas. Bolsonaro quer continuar a política de Temer, e tem apoio do Congresso para realizar seus ataques contra o povo. É preciso, então, chamar o Fora Bolsonaro e exigir Eleições Gerais Já. Além
disso, é preciso sair às ruas e pedir a liberdade de Lula e sua participação nas eleições. Apenas desta forma derrotar-se-á o conjunto dos ataques da direita, incluindo as privatizações e as reformas do governo.
"REFORMA"
Depois do roubo da previdência, o assalto às estatais O
texto-base da “reforma” da Previdência, aprovado no plenário da Câmara Federal no dia 10 de julho, aguarda as próximas etapas para consolidar o que já é uma das maiores operações de transferência de dinheiro dos trabalhadores para o bolso dos banqueiros e demais capitalistas, o que em outras palavras poderia ser definido como um assalto gigantesco ao mais elementar direito de todo trabalhador, que é a sua aposentadoria. No entanto, esta ofensiva sem precedentes contra uma conquista histórica dos trabalhadores e do conjunto da população, é tão somente uma amostra do que se desenha para o momento imediato pós aprovação do ataque à Previdência. O ministro da economia, Paulo Guedes, já está a todo o vapor para anunciar um ataque ainda mais devastador à economia nacional, que são as privatizações das lucrativas e cobiçadas empresas estatais. Estimativas ainda preliminares apontam que o programa de desestatização do governo poderá render um montante de R$ 450 bilhões. Além
de empresas estatais de maior peso e lucratividade, o programa prevê também desinvestimentos, abertura de capital e vendas de participações minoritárias de estatais e suas subsidiárias. O ataque às estatais já compunha os planos do ministro “Chicago Boy” do governo desde quando Bolsonaro ainda era candidato, quando convidou Guedes para chefiar a economia; vale dizer, para comandar o ataque e a de-
vastação contra os ativos nacionais e o patrimônio público estatal A investida contra as estatais estava em “banho-maria”, apenas aguardando o momento oportuno para ser levado adiante. Paulo Guedes estava preocupado em não fazer “marolas” (em suas próprias palavras), pois na ordem do dia estava a necessidade da aprovação do projeto de “reforma” da Previdência. Agora, com o “terreno limpo”,
Guedes e os golpistas partirão para a outra etapa da ofensiva, o ataque às estatais. Uma política criminosa e de terra arrasada contra o país e todo o povo brasileiro. Portanto, este foi e continua sendo o sentido maior do golpe de Estado de 2016. Remover os obstáculos que impediam e dificultavam a implementação dos planos do imperialismo e da burguesia. Atacar os direitos e as conquistas dos trabalhadores, o que foi levado adiante, primeiramente, com a “reforma trabalhista”, que apenas suprimiu conquistas trabalhistas históricas dos trabalhadores e não abriu uma só vaga de emprego no país. A continuidade deste ataque monstruoso está expresso na “reforma” da Previdência, uma outra ofensiva igualmente criminosa contra a população pobre e oprimida do país. A ofensiva contra as estatais é parte e também continuidade deste plano sinistro dos golpistas, da extrema-direita, da burguesia e do imperialismo contra o país e os interesses de todo o povo trabalhador.
3 | POLÊMICA
ABUTRES
Ciro Gomes criou Tabata, mas agora que ficou feio, pula do barco O
golpista Ciro Gomes afirmou neste final de semana que está profundamente decepcionado e “sofrendo” com o apoio da deputada pedetista Tabata Amaral à reforma da previdência. “Se tem alguém que está sofrendo com esta questão da Tabata, esse alguém sou eu. Sabe quem recrutou a Tabata, a estimulou a entrar na política, assinou a filiação dela? Fui ‘euzinho’ aqui”, disse Ciro Gomes. Ciro Gomes chegou a pedir a expulsão da deputada em um encontro do PDT em Belo Horizonte, mas está voltando atrás. A afirmação de que estaria sofrendo com o caso Tabata é pura demagogia devido à repercussão negativa do voto favorável à reforma da previdência e à argumentação da deputada que votou por convicção e não por recebimento de dinheiro, que somente piorou a sua situação. No caso Tabata Amaral, Ciro sempre foi um apoiador e entusiasta de sua entrada na política. Os dois são financiados por setores importantes da burguesia,
que é o presidente da golpista Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (FIESP), Benjamin Steinbruch, da CSN, e Jorge Paulo Lemann, da Ambev. Após o voto favorável a reforma da previdência pela deputada, Ciro Gomes está querendo se distanciar de
Tabata porque os trabalhadores rejeitaram amplamente e saíram em ataque contra os que votaram pelo roubo da previdência. Está querendo limpar sua ficha, que anda muito suja com os sorrateiros ataques ao PT e a Lula. A demagogia de Ciro Gomes com
Tabata fica evidente quando analisamos as eleições de 2018, quando Ciro depois de retirar votos do PT no primeiro turno, foi “descansar” na Europa no segundo turno para apoiar a vitória de Bolsonaro. Ciro Gomes é um oportunista e suas posições variam de acordo com a opinião da burguesia. Desde as eleições, Ciro Gomes se transformou em um papagaio dos golpistas contra o PT e o ex-presidente Lula para fins puramente eleitoreiros e de conciliação com a extrema direita. É um dos responsáveis pela subida de Bolsonaro a presidência da república e, consequentemente, aos ataques aos trabalhadores e ao patrimônio público. Ciro como político experiente e que pula de galho em galho, sabia que Tabata e o movimento que ela pertence ao movimento Acredito é de direita e de apoio político a Bolsonaro. É um demagogo que quer pular do barco no momento em que está furado.
PT e PSOL fazem frente com PSL para aprovar lei repressiva no RS U
m conjunto de 15 partidos com representação na Assembléia Legislativa do Estado do Rio Grande do Sul estão irmanados para levar adiante a aprovação de um projeto que é um dos mais sinistros e absurdos ataques aos direitos democráticos elementares da cidadania. De autoria do deputado Tenente-Coronel Zucco (PSL) – obviamente um elemento da extrema direita – o projeto de Emenda à Constituição Estadual prevê que em todos os órgãos da administração estadual e demais poderes, pessoas com “envolvimento” com violência doméstica contra mulheres, crianças e adolescentes, idosos e pessoas com deficiências física e mental sejam impedidas (!!!) de serem contratadas para cargos em comissão (CCs) ou como terceirizadas. De imediato, cabe a seguinte indagação: Qual o alcance do termo “envolvimento”? O que exatamente significa estar “envolvido” com algum suposto delito ou infração? Nem mesmo o insano texto elaborado pelo autor não define qual o grau de “envolvimento” com os crimes que seria considerado. Fica claro então que a intenção e o desejo é somente o de punir, de atacar e vilipendiar direitos, neste caso aqui os mais corriqueiros e elementares. Ora, qualquer indivíduo, qualquer cidadão pode cometer delitos ou incorrer em alguma infração penal, sem que isso o inabilite e o impeça de se reabilitar socialmente, mediante o cumprimento da pena, nos casos em que houver a condenação, seja ela de que natureza for e por quanto tempo for. Indagado em entrevista sobre a
indefinição da proposta, se se trata de pessoa acusada, denunciada ou condenada, o deputado bolsonarista respondeu dizendo que o “termo “envolvimento” é justamente para ampliar essa situação. Ou seja, se a pessoa estiver denunciada, se tiver uma ação contra ela, e ela tiver a questão de poder se defender, terá condição de contraditório e ampla defesa. Mas esse “envolvimento” é propositalmente para ampliar. Muitas vezes, a condenação demora anos. E aí estamos com um servidor público com essa idoneidade moral em julgamento” (GaúchaZH, 12/07). A resposta do deputado Zucco não deixa qualquer dúvida que estamos diante de uma aberração jurídica, além, obviamente, de um grotesco e vil ataque aos mais elementares direitos democráticos de qualquer
cidadão, onde alguém sob simples suspeita de “envolvimento” com um delito qualquer já estaria condenado, sem julgamento, impedido de exercer direitos elementares, como ser contratado para um cargo ou uma função no serviço público, até mesmo na forma terceirizada de contratação. O fato da condenação “demorar anos”, como afirma o deputado obscurantista e reacionário, justifica antecipar a condenação, aplicando ao suposto “envolvido” a pena de não poder ingressar no serviço público e demais poderes do Estado. No caso aqui a sentença condenatória já foi prolatada, sem necessidade de julgamento, pois de acordo com a proposta da Emenda, basta o “envolvimento”. O que salta também aos olhos, além das grotescas aberrações jurí-
dico-constitucionais contidas na proposta, é o fato do projeto contar com a assinatura – portanto, apoio – de 40 deputados da casa legislativa gaúcha, dentre eles parlamentares da “esquerda”, integrantes de legendas como o PSOL e o PT. A esquerda parlamentar, institucional, parece estar se especializando em propor e apoiar leis repressivas, que atacam direitos democráticos da população, como no caso recente do apoio à criminalização da homofobia, decidido pelos ministros do STF. A esquerda não pode entrar em conluio com a extrema direita, e muito menos pedir de aumento da repressão do Estado contra a população. Medidas repressivas constantemente são utilizadas contra a própria esquerda para perseguição política.
POLÊMICA | 5
CONGRESSO
PCdoB na UNE: mais do mesmo O
57º Congresso da UNE revelou que o PCdoB e sua juventude, UJS, estão dispostos, apesar de toda mobilização dos estudantes, a realizar mais do mesmo: uma política de paralisação total diante da crise do governo Bolsonaro. O objetivo do PCdoB é manter a entidade engessada. Isso tem um propósito muito claro, percebido durante o Conune: não permitir o avanço da polarização para o partido continuar realizando seus conchavos políticos. Conchavos esses que ficaram muito claro durante o Conune, como foi dito acima. Convidaram golpistas e inimigos declarados da população como Ciro Gomes e Renildo Calheiros, oligarcas do Nordeste, foram convidados – o primeiro arregou. No primeiro dia, o DCE da Universidade de Brasília controlado pela direita, ligado ao MBL, foi permitido de falar. O PCdoB, inclusive, chamou o Congresso na própria UnB, controlada pela direita, o que em si já é muito estranho. Mas não é só isso; até o homem das petrolíferas e dirigente do golpe de 2016, José Serra (PSDB), foi convidado para o Congresso. É por essas questões que realizam
Conunes putrefatos, com mais festas que política. Uma política que apesar de totalmente apodrecida se mantém por conta dos esquemas, manobras e – justamente – dos conchavos realizados pelo PCdoB.
O PCdoB manda na UNE como um monarca que reina sobre seu império. A UNE é o império do reino PCdoBista – e o Conune, o processo de fachada que legitima a política de contenção do movimento estudantil.
Mesmo com nova diretoria e uma situação política mais polarizada e radicalizada, a tendência é a manutenção da mesma política putrefata, uma política de tipo oportunista frente à ameaça da extrema-direita.
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6 | POLÍTICA
LAVA JATO
Fraude, golpe e enriquecimento O
s novos e cada vez mais escandalosos diálogos da Vaza Jato, publicados pelo The Intercept, mostram que Deltan Dallagnol não se dedicava apenas a fazer o infantil PowerPoint para tentar incriminar Lula, mas que também se dedicava a prosperar tanto quanto pastores evangélicos escorados em pessoas ludibriadas. Dessa vez, o procurador deixou claro em uma troca de mensagens, que um dos seus principais objetivos era lucrar com a Lava-Jato, fosse dando palestras ou fazendo aparições bizarras em festas de formatura, mostrando sua decadência e seu desespero em ser reconhecido como alguém honesto e contra a corrupção. Mesmo a lei só permitindo que procuradores sejam sócios ou acionistas em empresas, Deltan discutiu com um colega a possibilidade de criarem uma empresa, mas sem aparecerem como donos. Nesse caso, eles usariam familiares como laranjas, uma prática bem corriqueira no governo Bolsonaro, que também adora usar a família em seus negócios escusos. Não contente só com a ideia da empresa, Dallagnol ainda sugeriu que eles criassem um instituto sem fins lucrati-
vos, a fim de pagar menos impostos e esconder a identidade dos proprietários, no caso ele e um colega. Ou seja, entubar impostos na classe trabalhadora, tudo bem, mas ele próprio queria fugir de algo que sua classe social adora empurrar em cima do povo. A cada dia a farsa da Lava-Jato cai em completa desgraça. Até para os direitistas está difícil achar argumentos em defesa de um mecanismo criado unica e exclusivamente para inviabilizar a esquerda nas eleições, prendendo, sem nenhuma prova, Lula, que era o candidato em que o povo queria votar. Todo o percurso que a Lava-Jato percorreu até hoje foi à base de muita delação suspeita, sob condições completamente desconhecidas, e acusações forjadas num completo vazio de provas. Em todas as mensagens publicadas pelo The Intercept, fica claro que tanto Dallagnol, quanto Moro, perseguiam Lula e a esquerda. Não à toa, Deltan não só comemorou a proibição da entrevista do Lula antes da eleição, como também escreveu em uma das mensagens “Aha uhu o Fachin é nosso”, mostrando um entusiamo exacerbado após uma conversa com o ministro Fachin, que aparentemente aceitou ficar
ao lado das ilegalidades da operação. O Brasil vem sendo motivo de chacota com tantas arbitrariedades e avalanches de podridão no poder judiciário, instituição burguesa que se alimenta de julgamentos parciais. Os golpistas se utilizam do discurso da luta contra a corrupção para tomar o País de assalto, assegurando sempre que
eles próprios serão seus juízes caso algo dê errado. Indo na completa contramão dos interesses da classe trabalhadora, a burguesia não vai sossegar enquanto não extrair tudo que a classe trabalhadora pode proporcionar e dizimar a oposição, que não deve se intimidar e nem deixar de sair às ruas contra os golpistas.
Estadão passa pano para Dallagnol A
lambança dos procuradores amestrados do suposto juiz Moro, liderados pelo suposto procurador Deltan Dallagnol, que a cada nova revelação do Intercept (em parceria com alguns órgãos de imprensa) fica mais obscena, recebeu guarida do suposto jornal O Estado de S. Paulo. O Estadão abriu os braços para o coordenador da tramoia da Lava Jato contra o PT, o Lula e a então liderança do Brasil no mundo, que incomodava aos EUA, para ele falar o que quisesse em uma entrevista amiga, sem ser incomodado. Glenn Greenwald, do Intercept, comentou nas redes sociais da internet, que Dallagnol fugiu de depor na Câmara dos Deputados, mas falou tranquilamente ao jornal da burguesia paulista. Dallagnol não reconhece a autenticidade de nada que o Intercept divulgou até agora, nenhum diálogo transcrito de suas trocas de mensagens no aplicativo Telegram e nem áudio com sua própria voz. Ele nega tudo. Mas, para evitar ser desmascarado, apagou tudo, segundo ele, orientado pela própria suposta Polícia Federal, que, supostamente, deveria fazer exatamente o contrário, caso não fosse uma palhaçada. A PF deveria solicitar o celular do Deltan e ele entregá-lo e periciá-lo para poder autenticar o conteúdo. Isso seria o normal. Mas Deltan, com batom na cueca, vai negar tudo até o fim. E segue mentindo descaradamente. Na entrevista para o Estadão, Deltan diz que ele e os outros procuradores da força-tarefa da Lava Jato no Paraná nunca agiram para tirar o ex-presiden-
te Lula do cenário político. “É uma teoria da conspiração que não se verifica.” Era o que os leitores do Estadão precisavam ler. Agora sim, fica todo mundo tranquilo, não é mesmo? Deltan Dallagnol disse na entrevista que o roubo de mensagens supostamente trocadas por procuradores da Lava Jato interessa a quem quer “anular condenações e barrar o avanço da investigação”.“A operação atingiu muitos poderosos e detentores do poder econômico. Poderia ser qualquer um deles, além dos corruptos que ainda não foram alcançados pela Lava Jato”, afirmou. Espera… Se ele não reconhece a autenticidade das mensagens, como elas teriam sido roubadas? Ou é uma coisa ou é outra coisa. É preciso ter convicção. Deltan Dallagnol comentou sobre os diálogos vazados em que Sergio Moro cita Fernando Henrique Cardoso. Segundo o intercept, o ex-juiz da Lava Jato protegeu o ex-presidente tucano. O caso de FHC, no entanto, nunca passou por Curitiba, afirmou Deltan. Obviamente. O diálogo justamente revela que Moro determinou que assim fosse. Deltan, nessa, falou uma das poucas verdades de sua entrevista ao Estadão. Moro explicitamente disse para deixar FHC fora de qualquer investigação de Curitiba, para não melindrar um apoio importante. Mas Dallagnol enrolou, disse: “Se buscássemos aliados, seriam importantes Lula, Eduardo Cunha e Sergio Cabral, políticos muito influentes, mas que foram condenados e presos”, afirmou Deltan.
“Seriam também aliados importantes Renan, Aécio, Temer e outros que foram delatados na Lava Jato e acusados pela Procuradoria-Geral da República. Os fatos deixam claro que influência, dinheiro e poder jamais foram critérios para aferir responsabilidade na Lava Jato. As teorias inventadas contra a operação brigam contra fatos.” Alguém entendeu alguma coisa? Uma declaração sem pé nem cabeça. Parece que o rapaz está perdido e meio. Buscar Lula como aliado? Depois de revirar o colchão em que dormia dona Marisa e levar o celular dela e dos netos? Aliado para acusar quem? A si próprio a respeito de nada? E o Aécio, em qual cela ele está? Sem falar que o Eduardo Cunha é aliado desde que inocentaram a mulher dele, esse foi o trato. A mulher solta garante o silêncio dele para não comprometer ninguém, nem o Temer, nem a própria conspiração liderada pela Lava Jato. Não pára por aí. O rapaz disse mais ao Estadão: “A Lava Jato não se resume a um ou outro caso. São centenas de casos que atingiram todo o espectro ideológico. Só na força-tarefa de Curitiba já passaram 19 procuradores e mais de 30 servidores. A equipe inclui eleitores do PT. Há ainda dezenas de outros procuradores e servidores que atuam no caso pelo próprio MP, PF, Receita Federal e outros órgãos. Os atos judiciais são revisados por três instâncias independentes.” Três instâncias independentes? O TR4 que acionou o suposto juiz Moro quando estava de férias em Portugal
para que ele interrompesse a decisão de um desembargador (que, supostamente seria de instância superior)? O TR4, cujo presidente Thompson Flores declarou que a sentença de Moro era “irretocável” antes de tê-la lido? E o STF, do “in Fux we trust” e do “ahá, uhu, o Fachin é nosso”? Dallagnol ainda conseguiu articular pensamentos complexos durante a entrevista, como quando disse que “dorme com a consciência tranquila”. Muito profundo isso. Impressionante como o Estadão, serviçal do imperialismo, se presta ao papel de publicar qualquer coisa. Em tempo: Deltan apagou de sua conta no Twitter a informação de que fez mestrado em Harvard.
MOVIMENTO POPULAR | 7
FARSA
Não era contra a corrupção, era por dinheiro A
cusar, condenar e prender Lula deu lucro para os golpistas, claro. Todos aqueles que votaram “sim” pelo impeachment da Dilma receberam um dinheiro farto, cargos, vantagens, prestígio com a cambada que subiu ao poder e ainda permanece. Isso não era novidade. A novidade é a nova revelação do Intercept de que os acusadores do Lula lá em Curitiba faturaram com a operação, que, supostamente não tinha como objetivo ser contra a corrupção deles mesmos. O chefe da picaretagem, o Deltan Dallagnol, planejou empresas de palestras de fachada, com as esposas dos procuradores como laranjas, e até mesmo o então Procurador Geral da República, Rodrigo Janot, foi chamado a participar do esquema lucrativo. Uma empresa de eventos de um tio do Dallagnol também foi sugerida por ele para compor o estratagema. Cada entrevista que davam para rádio, jornal, revista e TV, os tornava celebridades e engordava o valor do cachê nas tabelas do empreendimento às custas do Lula. Nos diálogos revelados pela Folha, em parceria com o Intercept, Deltan apareceu discutindo esse plano de negócios com sua esposa, um colega da Lava Jato, o procurador Roberson Pozzobon, e a esposa deste ao longo de 2018 e o início de 2019. “Vamos organizar congressos e eventos e lucrar, ok? É um bom jeito de aproveitar nosso networking e visibilidade”, escreveu Deltan para a esposa. Parece que um funcionário público se utilizar do cargo para auferir vantagem pecuniária costumava ser crime quando o Brasil tinha leis. Mas, tire suas próprias conclusões. Glenn Greenwald disse que tudo que está sendo divulgado, quer pela Folha, quer pela Veja, é de todo mundo, não há restrição em reproduzirmos. Então, divirta-se: As mensagens dos procuradores da Lava Jato sobres os negócios de eventos e palestras Em um chat em fevereiro de 2015, Deltan manifestou descontentamento pelo fato de colegas terem reclamado da dedicação dele a cursos e viagens 25.fev.2015 Deltan 02:05:12 Estou a favor de maior autonomia, mas não me encham o saco, pra usar sua expressão, a respeito de como uso meu tempo. To me ferrando de trabalhar e ta parecendo a fábula do velho, do menino E do burro. Uns acham que devo atender menos a SECOM, outros que é importante. Uns acham que devo acompanhar cada um, outros acham que os grupos devem ter mais liberdade. E chega de reclamar dos
meus cursos ou viagens. Evito dormir nos voos pra render. To até agora resolvendo e-mails etc. Não estou dando cursos novos. O tempo que o curso toma é as 4 horas do curso e ponto, porque os do MPF não estou nem preparando. Fora de casa, aliás, como agora, faço coisas até tarde, sem tempo pra família, o que compensa esse tempo. Os dois dias do semestre em que darei aula fora do MPF coloquei na segunda, pra revisar a aula que está pronta no fim de semana. Além disso, essas viagens são o que compensa a perda financeira do caso, pq fora eu fazia itinerancias e agora faria substituições. Enfim, acho bem justo e se reclamar quero discutir isso porque acho errado reclamar disso. 02:07:32 Além disso, tenho apoiado as aulas do Paulo e as do Diogo, desde que com moderação e sem prejudicar o caso. Acho que o crescimento é via de mão dupla. Não estamos em 100 metros livres. Esse caso já virou maratona. Devemos ter bom senso e respeitar o bom senso alheio. 02:09:20 Enfim, estou colocando isso só de passagem, pra aproveitar e resolver essas questões de uma vez nesta semana. Estávamos precisando ajustar mesmo para prosseguir mais alinhados (Paulo: provavelmente o procurador Paulo Roberto Galvão) (Diogo: provavelmente o procurador Diogo Castor) Em dezembro de 2018, Deltan comentou em um diálogo com a mulher sobre um plano de criar uma empresa para aproveitar a fama e os contatos obtidos na Lava Jato 3.dez.2018 Deltan 20:25:21 Vc e Amanda do Robito estão com a missão de abrir uma empresa de eventos e palestras. Vamos organizar congressos e eventos e lucrar, ok? É um bom jeito de aproveitar nosso networking e visibilidade… 20:25:51 Vcs não vão ter que trabalhar. Contratam uma empresa pra organizar o evento Ainda em dezembro de 2018, os procuradores Deltan Dallagnol e Roberson Pozzobon criaram um grupo para discutir com as esposas a criação de uma empresa para organizar eventos e palestras
(Vc: Fernanda Dallagnol, esposa de Deltan) (Amanda: Amanda Pozzobon, esposa do procurador Roberson Pozzobon) (Robito: procurador da força-tarefa da Lava Jato Roberson Pozzobon) 5.dez.2018 Deltan 16:43:36 Antes de darmos passos para abrir empresa, teríamos que ter um plano de negócios e ter claras as expectativas em relação a cada um. Para ter plano de negócios, seria bom ver os últimos eventos e preços 16:55:56 Robito, levanta umas infos tb e vamso falando Roberson Pozzobon 16:55:56 Temos que ver se o evento que vale mais a pena é: i) Mais gente, mais barato ii) Menos gente, mais caro 16:56:16 E um formato não exclui o outro 16:56:28 Eventualmente podemos eventos para as duas frentes 16:56:40 Pode deixar que farei isso sim 27.dez.2018 Deltan
bolar
23:33:18 Qual a razão para estudantes de direito (ou profissionais) se interessarem por um curso sobre corrupção? Ou na área penal? Curiosidade não basta, até porque a maior parte dos jovens não têm interesse em Lava Jato. Para o modelo dar certo, teria que incluir coisas que envolvam como lucrar, como crescre na vida, como desenvolver habilidades de que precisa e não são ensinadas na faculdade. Exatamente na linha da Conquer, bem lembrada por Fernanda. Como nosso objetivo não é evidentemente competir com a conquer, podemos nos aliar a ela e à sua ideia… Poderia ser um curso com 4 palestras de 1h: TURBINE SUA VIDA PROFISSIONAL COM FERRAMENTAS INDISPENSÁVEIS 1) Empreendedorismo e governança (inspiração e “como”): seja dono do seu negócio e saiba como governá-lo 2) Negociação: domine essa habilidade ou ela vai dominar Você – Roberson/Delta?? 3) Liderança: influencie e leve seu time ao topo – ?? 4) Ética nos Negócios e Lava Jato: prepare-se para o mundo que te espera lá fora – Delta/Roberson?? Cada palestra teria que ser muito bem desenhada, ter uma pegada de pirotecnia e ainda dependeríamos de uma boa divulgação. Todas as palestras deixariam um gostinho de quero mais (tempo limitado) e direcionariam pra conquer, com retorno de percentual sobre cada aluno que se inscrever no curso da conquer nos 4 meses seguintes. (Conquer: Empresa organizadora de eventos motivacionais) 23:40:49 Nada impede de testarmos também um curso de direito e processo penal com temas mais instigantes, mas daí limitado ao público da área do Direito.
8 |POLÍTICA 27.jan.2019
Deltan
Roberson
21:44:59
20:24:00 Tava pensando se não poderíamos bolar um curso com 6 encontros, em 6 meses, contemplando ética, complicance e combate à corrupção 20:24:51 Tipo 3 em curitiba, 2 em SP, 1 no RJ é um em BSB 20:25:15 Curso de sexta a noite e sábado de manhã 20:25:25 E poderíamos cobrar bem 20:25:32 Tipo uns 3 ou 5 mil 20:25:47 Público alvo: empresários, advs e altos executivos Deltan 23:55:27 Não acho que algo assim venda Robito. Galera quer o curso, mas não quer gastar com passagens etc.
Ela ganha 20% sobre palestrantes sem fazer muito esforço… e aqui ela faria toda a organização… acho que os 20% não vão servir de estímulo, mas posso ver com ela 21:45:04 posso propor sim 21:50:55 só vamos ter que separar as tratativas de coordenação pedagógica do curso que podem ser minhas e do Robito e as tratativas gerenciais que precisam ser de Vcs duas, por questão legal 21:51:21 é bem possível que um dia ela seja ouvida sobre isso pra nos pegarem por gerenciarmos empresa Roberson 21:57:08 Assim vai funcionar, Delta. Ótima ideia 21:59:07 Se chegarem nesse grau de verificação é pq o negócio ficou lucrativo mesmo rsrsrs
14.fev.2019
21:59:11
Deltan
Que veeeenham
21:41:10
15.fev.2019
Caros, se formos tocar nós mesmos, não vai funcionar. E se eu passar pra Fernanda da Star organizar isso e combinar que dividiremos os lucros? Se tivermos a empresa em nome de Amanda e Fer, jogamos pra ela organizar tudo e dividimos por 3 o resultado, sendo 1/3 pra Fernanda da Star. Estão de acordo? (Fernanda da Star: Fernanda Cunha, dona da empresa Star Palestras e Eventos) 21:42:03 Se estiverem de acordo passo pra ela a ideia e começamos fazendo na Unicuritiba e talvez 1 em SP inserindo um professor como Edilson mougenot, e enquanto isso as meninas abrem a empresa. Roberson 21:42:13 Gostei da ideia, Delta! 21:42:37 E se falássemos pra ela que a divisão seria por 5 (20% cada um) 21:42:44 Vc acha que ela toparia?
Deltan 00:20:30 Tomara que seja algo como 1 bi porque vamos faturar!!
00:51:35 podem fazer uma “promoção” pras salas das comissões que são clientes e isso dar volume Roberson 00:52:13 Pode ser um excelente canal mesmo Para alavancar interessados universitários Deltan 00:54:00 Se chamarmos ele pra ser sócio com 20%, ele sem dúvida alguma topará 00:54:16 E ele tem toda a estrutura de formatura pra fazer aquelas piras pirotécnicas que Vc queria 00:54:17 som etc Roberson 00:54:41 Achei que ele seria tipo um parceiro para eventos melhores ] 00:54:55 Olha que tb é uma boa ideia Delta Deltan 00:57:45 por outro lado eles podem oferecer comissão pra aluno da comissão de formatura pelo número de vendas de ingressos que ele fizer
uma relação de parceria e não de sociedade 3.mar. 2019 Deltan 22:34:23 Olhem que interessante o formato da entidade: 22:34:23 Excelentíssimo senhor Procurador da República Doutor Deltan Dallagnol. O Instituto de Liberdades Públicas e Ensino Jurídico Paulo Rangel, vem, pelo seu representante legal infra assinado, CONVIDAR Vossa Excelência a palestrar no II Seminário Jurídico Interdisciplinar cuja temática é “O BRASIL CONTRA A IMPUNIDADE: A violência Urbana e os desafios de uma sociedade Emergente”. 22:35:17 Deu o nome de INSTITUTO, que dá uma ideia de conhecimento… não me surpreenderia se não tiver fins lucrativos e pagar seu administrador via valor da palestra. Se fizéssemos algo sem fins lucrativos e pagássemos valores altos de palestras pra nós, escaparíamos das críticas, mas teria que ver o quanto perderíamos em termos monetários Roberson 23:35:56 Interessante, Delta. É uma alternativa. Temos que ver se de fato é um instituto sem fins lucrativos, ou apenas instituto no nome… 23:36:30 A Fernandan Star, falou mais alguma coisa contigo sobre os levantamentos preliminares para o nosso primeiro evento?
Roberson
00:57:52
00:20:39
isso alavancaria total o negócio
Deltan
hahaha
00:58:40
23:51:25 Nope
00:20:49 Vem ni noix tributos!! Deltan 00:50:07 Pessoal, tem meu tio com empresa de eventos
e nós faríamos contatos com os palestrantes pra convidar 00:59:29 Eles cuidariam de preparaçaõ e promoção, nós do conteúdo pedagógico e dividiríamos os lucros
Em um chat só com Deltan, Roberson comentou que o plano de negócios de palestras poderia ser executado mesmo que a empresa não estivesse formalmente aberta 15.fev.2019
01:01:35
Roberson
00:50:09
tem um porém: risco moral
00:45:25
Polyndia
01:01:56
00:51:10 Uma vantagem deles é que eles têm contato com inúmeras comissões de formatura 00:51:18 ou seja, têm canal de divulgação pra universitários
nao boto mão no fogo por nenhum empresário sobre sonegação fiscal… qq hora ele poderia se enrolar em algo e seríamos sócios Roberson 01:03:44 Esse risco poderia de certo modo ser atenuado se tivessemos com ele
Vou pensar nesse fds num primeiro esboço mais concreto para o nosso primeiro curso Deltan 00:45:52 veja minha proposta lá 00:45:58 acho que tá razoavelmente boa rs
POLÍTICA | 9 Roberson 00:46:03 Achei top! 00:46:26 Podemos tentar alguma coisa agora em maio tvz
(Edilson Mougenot: é o fundador da Escola de Altos Estudos em Ciências Criminais, que organizou um congresso jurídico em agosto de 2017. Apesar de a princípio recusar o convite, Moro posteriormente aceitou e participou do evento com Deltan)
23:45:46 Agora, vou te dizer, Vc faz uma faaaaaaaltaaaaa Rodrigo Janot 23:54:50
24.abr.2017
Oi amigo kkkkkk
00:46:35
Sergio Moro
23:55:45
Ou fim de abril
08:38:51
00:47:00 Nem que o primeito evento a empresa não esteja 100% fechada Os diálogos mostram que Deltan encorajou várias autoridades a atuar como palestrantes durante a Lava Jato, como o exjuiz responsável pela Lava Jato, Sergio Moro, o ex-procurador-geral da República, Rodrigo Janot, e a procuradora da República em São Paulo Thaméa Danelon 23.abr.2017 Deltan 23:55:48 Caro, o Edilson Mougenot vai te convidar nesta semana pra um curso interessante em agosto. Eles pagam para o palestrante 3 mil. Pedi 5 mil reais para dar aulas lá ou palestra, porque assim compenso um pouco o tempo que a família perde (esses valores menores recebo pra mim… é diferente das palestras pra grandes eventos que pagam cachê alto, caso em que estava doando e agora estou reservando contratualmente para custos decorrentes da Lava Jato ou destinação a entidades anticorrupção – explico melhor depois)… Achei bom te deixar saber para caso queira pedir algo mais, se achar que é o caso (Vc poderia pedir bem mais se quisesse, evidentemente, e aposto que pagam). Só por favor não diga que comentei ou antecipei algo, para não ficar chato.
OK. Agradeço a indicação. Mas esse ano minha programação já está fechada, não cabe mais nada. 08:40:07 Hj a tarde estou indo a Poa para um curso é só volto quarta de.manha. 15.jun.2018 Deltan 23:43:15 Oi Janot, estou falando com curso de ensino jurídico Damásio de Jesus com o objetivo de fazerem um evento para divulgação da campanha UNIDOS CONTRA A CORRUPÇÃO, que é para nós um caminho para fortalecer a lava jato e avançar a luta contra a corrupção no país. Eles gostariam de fazer o evento chamando também Vc e o PGJ de SP. Pagam despesas e hospedagens, mas não falei sobre cachê pq estou em campanha de divulgação das propostas… Vc consideraria participar? 23:45:11 Tava aqui gerenciando msgs e vi que fui direto ao ponto kkkk 23:45:34 Tudo bem com Vc? Espero que esteja aproveitando bastante, tomando muita água de coco e dormindo o sono dos justos rs
Considero sim mas teremos que falar sobre cache . Grato pela lembra 16.jun.2018 Deltan 00:24:36 Passo seu cachê oficial (30k, certo?), ou algum outro? 00:24:55 (estou supondo que é 30k com base num evento que comentou comigo) 00:26:26 Normalmente faculdades não pagam todo esse valor… mas se pedir uns 15k, acho que pagam… 00:26:52 quero dizer, não sei se esses pagam, mas vejo que faculdades privadas por vezes aceitam pagar 10 ou 15 00:27:10 mas, enfim, Vc que manda Janot 00:32:58 Ok vou ver . Estou chegando do equador e ainda estou no aeroporto . Nos falaremos em breve. Grato 15.jul.2016 Thaméa Danelon
22:31:45 Oi, acabei de te mandar um e-mail C a Nota da deflagração da operação. Se vc tiver um tempinho de ler e dar pitacos eu agradeço. Bjs. Em uma conversa com a mulher dele, Deltan comentou sobre a lucratividade da atividade de palestrante 20.set.2018 Deltan 23:33:03 As palestras e aulas já tabeladas neste ano estão dando líquido 232k. 23:33:50 ótimo… 23 aulas/palestras 23:33:55 Dá uma média de 10k limpo 22.out.2018 Deltan 00:55:09 Se tudo der certo nas palestras, vai entrar ainda uns 100k limpos até o fim do ano 01:01:13 total líquido das palestras e livros daria uns 400k 01:02:00 total de 40 aulas/palestras 01:02:03 média de 10k limpo A transcrição das mensagens manteve a grafia original dos arquivos obtidos pelo The Intercept Brasil
10 | POLÍTICA
EIS A LUTA CONTRA A CORRUPÇÃO
R$ 2,7 bi para destruir a previdência L
evado ao poder por uma farsa eleitoral, carregando consigo o discurso anticorrupção e da mudança nas estruturas, não demorou muito para que a demagogia da extrema-direita ficasse escancarada no governo Bolsonaro, atingindo seu auge no desespero da burguesia em garantir a aprovação da reforma da Previdência na Câmara dos Deputados. Não por coincidência, às vésperas da votação do projeto da reforma, Bolsonaro liberou R$2,7 bilhões em emendas parlamentares, uma quantia recorde para que os deputados que optassem pela reforma pudessem usar, em obras ou programas nos seus redutos eleitorais, para tentar amenizar o impacto eleitoral de votar a favor de um projeto que rouba descaradamente a aposentadoria dos trabalhadores.
Para um presidente que assumiu dizendo que acabaria com a política de troca de favores e loteamento do congresso, até que Bolsonaro aprendeu
bem rápido como conseguir votos e agradar os parlamentares com quem teve tantas desavenças nos últimos meses.
A verdade logo veio à tona pois claramente o governo da extrema-direita nunca foi uma novidade, talvez apenas pelo caráter mais abertamente fascista que Bolsonaro demonstra, é apenas mais uma parte pertencente ao golpe que derrubou Dilma, seguiu com Temer, prendeu Lula, e agora tem mais esse desdobramento graças à eleição fraudada de 2018. Assim como seu Ministro da Justiça, Sérgio Moro, e a Lava-Jato, Bolsonaro demonstra que a luta contra a corrupção, encabeçada pela direita e apoiada por muitos setores da esquerda, não passou de uma ferramenta do imperialismo para intervir diretamente na política brasileira. Usada como justificativa para encobrir todas as falcatruas autoritárias da burguesia, as consequências dessa operação estão destruindo o país e acabando com os direitos da população, levando à única resposta possível para interromper os efeitos do golpe: a derrubada do governo Bolsonaro pelo povo.
NÃO ESTAVA FALIDO?
Bolsonaro quer empresas pegando menos impostos A
pós a aprovação do texto base da reforma da previdência, o governo Bolsonaro continua sua empreitada contra os trabalhadores. O governo anunciou uma proposta de reforma tributária que beneficia diretamente os capitalistas. A reforma tributária proposta pelo Ministério da Economia vai reduzir a alíquota máxima do Imposto de Renda para pessoas físicas, de 27,5% para 25%, e pasmem, a de empresas, de 34% para 25%. A medida é mais um embuste do governo Bolsonaro sobre a falta de dinheiro dos cofres públicos brasileiros. Se o estado estava falido como o governo reduz os impostos, principalmente das empresas? Os ricos não deveriam pagar mais impostos, em especial num momento de crise? Nesse caso, a proposta de taxação dos mais ricos e de aumento de
impostos progressivos nem está em discussão. O que se coloca é a redução de impostos que beneficiam principalmente os grandes empresários. Essa política que está sendo colocada em prática não deixa dúvidas sobre o motivo de Bolsonaro ter sido colocado na presidência da república. É um governo de profunda aliança com os grandes capitalistas. O que está em jogo não são questões pontuais e de defesa de alguns direitos, mas de um governo que vai destruir a economia nacional e retirar todos os direitos conquistados da classe trabalhadora. É preciso derrubar o governo Bolsonaro e todos os golpistas com o povo nas ruas para impedir um dos governos mais capachos do imperialismo da história do país.
TODOS OS DIAS ÀS 3H, NA CAUSA OPERÁRIA TV
JUVENTUDE E ATIVIDADES DO PCO| 11
EDUCAÇÃO
Fora! Bolsonaro quer cobrar mensalidades em universidades federais N
o dia 18 de julho, o Ministério da Educação (MEC), atualmente comandado pelos golpistas que derrubaram Dilma Rousseff e preparam a ascensão do bolsonarismo, irá se reunir com os reitores das universidades federais para apresentar o programa “Future-se”. Segundo secretário de Educação Superior do Ministério da Educação, Arnaldo Barbosa de Lima Júnior, o programa teria como objetivo “fortalecer a autonomia financeira das universidades e dos institutos federais”. No entanto, o “Future-se” deverá ser mais um duríssimo ataque contra a população. O que o MEC pretende implementar, com o programa “Future-se” é o pagamento de mensalidades em universidades federais. Segundo planejam os golpjstas, as universidades públicas deixarão de ser administradas sob o regime jurídico de direito público, fa-
zendo com que seja viabilizada uma política de cobrança de mensalidade para cursos que hoje são gratuitos.
Embora a cobrança de mensalidades nas universidades federais seja um crime de enormes proporções, a criação
de um programa como o “Future-se” não causa nenhuma supresa. Afinal, desde 2016, o regime político brasileiro está sob o controle dos maiores picaretas do mundo, o imperialismo e seus capachos. Os capitalistas estão dispostos a fazer qualquer coisa para que seus cofres permaneçam intactos, mesmo após a nova etapa de crise em que o capitalismo entrou. Não há freio moral algum: a palavra de ordem da burguesia é saquear todas as riquezas de todos os povos do planeta e destruir suas condições de vida. Para impedir que as universidades públicas cobrem mensalidades e que o governo Bolsonaro continue atacando toda a população, é necessário mobilizar os trabalhadores e a juventude para lutar contra todos os golpistas. É preciso sair às ruas imediatamente contra os ataques à Educação e o roubo da aposentadoria e pelo Fora Bolsonaro e pela Liberdade de Lula.
Participe das reuniões e atue com a AJR, juventude do PCO P
articipe das reuniões da Aliança da Juventude Revolucionária (AJR). A AJR é a juventude do PCO, uma organização que atua na luta política contra o golpe e contra a burguesia em seu conjunto. As reuniões da organização ocorrem todos os sábados às 16 horas. Você pode participar nos Centros Culturais Benjamin Péret e nas sedes do
PCO (entre em contato no what’s app 82 98202-4836). Você pode também participar online pelo computador. Acesse as páginas da AJR nas redes sociais: https://www.facebook.com/ajr29pco/ https://www.instagram.com/ajr29pco/?hl=pt-br https://twitter.com/AJR_29
REPERCUTIU NAS REDES
Apoio à luta do PCO e repúdio à PM fascista A
atividade militante de companheiros do município de Araraquara, no interior de São Paulo, sofreu no último final de semana assédio do serviço de repressão paulista, que não fez os companheiros do PCO abaixarem a cabeça. Tal ataque foi denunciado no Diário Causa Operária neste domingo, veja link a seguir,(https:// www.causaoperaria.org.br/policia-militar-tenta-intimidar-militantes-do-pco-em-araraquara/). Frente a arbitrariedade, agressões e a ditadura presente nas lutas sociais há muito tempo, centenas foram as mensagens de apoio, solidariedade e reforço da luta do PCO que ecoaram por várias redes sociais, gerando uma enorme onda de compartilhamentos que chegou na casa das milhares, assim como o amplo repúdio a fascista Polícia Militar. A seguir publicamos algumas mensagens: D. Oliveira: “Responsabilidade política não se flexibiliza. Tenho divergên-
cias claras com o PCO, mas me solidarizo integralmente contra a intimidação que seus militantes sofreram aqui em Araraquara hoje. Deixo o relato do Dimitri Scott Ross e peço que repercutam….” “A Polícia militar alegou que os militantes do Partido da Causa Operária, vendendo jornal e distribuindo adesi-
vos pelo “Fora Bolsonaro” e “Liberdade Para Lula” estavam em atitude suspeita e, por isso, foram abordados e seus dados recolhidos. Em uma determinado momento, os PMs disseram que deveríamos parar de “vitimismo” e de que deveríamos fazer “mobilização de um outra forma”. Isso como se fosse atribuição da PM ensinar um partido político a fazer suas atividades. A oficial 1ª tenente Caroline, que comandava o destacamento policial, se negou a dizer qual seria a atitude suspeita. Eram 3 militantes em praça pública numa tarde de sábado. Uma criança ficou em prantos. O alvo da abordagem foi um jovem menor de idade. Eles se negaram a dizer qual era a atitude suspeita e o por quê de estarem recolhendo nossos dados. Fomos para a frente da Câmara Municipal, eles foram atrás e sempre paravam perto de nós. Voltamos para a praça da Igreja Santa Cruz, eles foram de novo atrás de nós. Percebemos que eles
nos seguiam, e sempre ficavam perto em uma postura de intimidação. Se algo ocorrer conosco, a Polícia militar do Estado de São Paulo é a responsável” M. Romeiro: “Assim que se responde. A publicidade é nossa arma pela democracia. Obrigado companheiros do pco em Araraquara. Temos que ser firmes na luta” G. Sousa:”ISSO É NO MÍNIMO SAFADEZA” D. Costa: “PCO é um grande partido, força a todos e todas” Roberto: “Cada vez mais precisamos não nos encolher diante das arbitrariedades. Ao contrário, é preciso mobilizar os trabalhadores contra esse governo e seus cachorros loucos.” Juliana T: “Há quem diga que a ditadura acabou” A. Avelar: “Capitães do mato, se contentam com as migalhas que a Elite do Atraso lhes dão!” C. Costa: “Eles têm que ir atras de vagabundos lá no congresso”
12 | INTERNACIONAL
REVOLUÇÃO FRANCESA
230 anos da queda da bastilha H
á 230 anos, a alta nobreza de uma das mais poderosas nações do mundo da sua época sentiu na própria pele a força invencível do maior poder que existe em qualquer tempo ou lugar em uma sociedade: o poder revolucionário do povo quando se dirige, decididamente, contra seus tiranos. A Bastilha, na França de Luiz XVI, era o local para onde eram mandados todos os que se atrevessem a questionar o poder – considerado “absoluto” – da monarquia francesa ou de qualquer um de seus muitos protegidos. Era o símbolo maior do poder da monarquia francesa, lugar para onde todos temiam ser mandados, e que, exatamente por esta razão, era também o símbolo maior do ódio do povo contra a nobreza. Os nobres consideravam o povo como um amontoado de gente completamente ignorante e sem nenhum valor, que sempre se submeteriam aos mandos e desmandos reais, incapazes sequer de uma rebelião, quanto mais de tomar o poder através de uma revolução. A burguesia, entretanto, que já havia adquirido consciência de classe, percebia o povo como uma poderosa ferramenta, que daria aos revolucionários burgueses a força necessária para derrubarem os reis absolutistas e tomarem o poder. A queda da Bastilha, que rompeu todas as forças de resistência do antigo regime francês, comprovou que a burguesia da época tinha razão. Após este acontecimento, a burguesia francesa leva avante a revolução, toma o poder da nobreza, e, com o sangue da guilhotina, lava da França qualquer vestígio desse antigo poder feudal. Depois disso, entretanto, tira do povo o poder que seria dele, enganando as massas através da instauração da sua “democracia”.
Em verdade, uma democracia de fachada, representativa, cuidadosamente arquitetada — desde suas bases ideológicas — para só permitir o exercício do poder aos círculos fechados da alta burguesia. Os demais, ou não tinham poder nenhum ou o exerceriam de forma muito limitada e bem controlada, sempre mediados pelos reais donos do poder do novo regime, pós revolucionário. No entanto, ainda assim, a Revolução Francesa, através da universalização do poder burguês e do sistema capitalista pelo mundo inteiro, foi o marco histórico de todo um período de inegável avanço da civilização. Período que durou enquanto o sistema econômico burguês ainda possuía a vitalidade necessária para promover o progresso dos sistemas de produção da humanidade. Marx tinha clareza quanto aos avanços que o jovem capitalismo havia proporcionado para a civilização. Mas além disto, o que ficou demonstrado para Marx, através da experiência histórica da Revolução Francesa, é que os mecanismos sociais que inevitavelmente colocarão fim ao próprio capitalismo têm, nas massas oprimidas, sua força real e base concreta. Até mesmo para a burguesia ter sido capaz de tomar o poder, foi o povo massacrado pelo poder monárquico quem executou, de fato, a revolução. E pouco mais de cem anos após a Revolução Francesa, este mesmo povo demonstraria novamente sua capacidade revolucionária, derrubando outro poder feudal, mas agora sem se deixar ludibriar pela burguesia. Na Revolução Russa, de 1917, o proletariado daquele país livrou-se da monarquia e da burguesia, e instaurou o primeiro Estado Operário da história humana, a República dos Soviets. E hoje, 230 anos depois da queda da Bastilha, é este mesmo poder real, do
povo, que novamente vem dar os “ares de sua graça” na França, quando um dos representantes mais característicos do decadente poder burguês, Macron, foi intensamente vaiado pelo povo. Manifestantes que, inclusive, estendiam bandeiras amarelas, deixando claro que pertencem ao movimento dos coletes amarelos, há meses em confronto direto contra o poder imperialista burguês. Vaias que talvez até possam representar alguma novidade na França, mas com o que nós brasileiros já nos acostumamos, quando gente como Bolsonaro aparece em público e é tratado como deve pelo povo. E não só por meio de vaias. Mas na França, nas comemorações da queda da Bastilha, as vaias ouvidas pelo servo do imperialismo, Macron, soam como um importante aviso, não só para o governo francês em frangalhos, mas para a burguesia como um todo. Uma lembrança de que o poder real continua onde sempre esteve, nas mãos do povo. Poder este que a qualquer momento poderá novamente tomar a forma revolucionária, mas agora para ser dirigido pela própria classe operária. Pelas palavras de Marx é inevitável. A classe operária será “disciplinada, unida e organizada pelo próprio mecanismo da produção capitalista”.
Por isso a classe operária, ainda que passando por um período de refluxo de sua luta, a cada dia toma mais consciência de seus próprios interesses, e aprende, na prática, as maneiras de que dispõe para exercer a luta popular de forma independente. Não é a toa que, entre nós, é do povo que vem a força das palavras de ordem corretas para o atual momento histórico: Fora Bolsonaro e Liberdade Para Lula. Ao partido operário – o PCO – coube reconhecer, expressar e tornar concreta e organizada a luta que estas palavras de ordem expressam e que já estava presente, ainda que de forma latente, nas massas. A popularidade da luta pelo Fora Bolsonaro e pela Liberdade de Lula, é uma demonstração clara de que o mesmo poder que derrubou a Bastilha, colocando para fora do poder o reinado dos Bourbons, e fez isto justamente dando liberdade, na marra, pela força, para todos os presos políticos da época, inclusive para as mais importantes lideranças populares, este poder continua vivo e será exercido novamente. A diferença é que, agora, ao invés de ser controlado pela burguesia, o poder revolucionário da classe operária terá esta classe como alvo.
FRANÇA
No dia da queda da Bastilha, coletes amarelos pedem a cabeça de Macron
N
esse domingo (14) houve uma grande comemoração em Paris pelos 230 anos da queda da Bastilha, episódio mais significativo da Revolução Francesa. O presidente Emmanuel Macron liderou um desfile militar na Champs Elysées, no qual o exército francês marchou junto a forças armadas de outros países europeus. Estava presente a chanceler alemã, Angela Merkel. Ainda durante a cerimônia, ouviram-se vaias a Macron. Após a festividade, houve a verdadeira comemoração da eliminação da monarquia na França: os coletes amarelos tomaram conta da avenida, em mais um final de semana marcado por suas mobilizações, que ocorrem desde novembro de 2018. A polícia de Macron reprimiu bru-
talmente, mais uma vez, a manifestação, com a utilização de bombas. Os coletes amarelos tentaram se defen-
der formando barricadas com metal e lixeiras. Dessa vez, 152 manifestantes foram detidos – o número total, desde
o início do movimento, já está por volta dos dez mil. O jornal Le Monde tentou justificar a repressão, afirmando que os coletes amarelos não haviam feito um acordo com o governo para realizarem a manifestação, desacatando as autoridades e organizando atos de vandalismo. O fato é que, 230 anos após derrubarem a monarquia e, pouco depois, decapitarem o rei Luis XVI, os franceses agora querem a cabeça de um líder tão impopular e explorador como os monarcas absolutistas. Afinal, sua política de destruição neoliberal está levando o povo a ter uma qualidade de vida muito abaixo dos padrões tradicionais e, se continuar assim, faltará até mesmo pão para os franceses.
INTERNACIONAL | 13
NOVO PACTO
Europa vai compensar baixo crescimento explorando países do Mercosul
O
novo pacto selado entre o Mercosul e a União Européia, após mais de 20 anos de negociações, é mais um alerta do avanço do imperialismo contra os povos latino-americanos, mais especificamente da América do Sul. O bloco composto por 19 países na Zona do Euro tem como previsões do FMI desacelerar o PIB para 1,3% neste ano – em 2018 esteve em 1,8%. Existe também preocupações com o Brexit (a saída do Reino Unido da União Europeia) e com o déficit fiscal da Itália. Por essas razões, o imperialismo europeu busca agora sanar sua crise através da sua expansão nos mercados brasileiros e nos países do Mercosul.
A derrubada de mais de 90% das tarifas nos intercâmbios entre os dois blocos, que juntos somam 773 milhões de consumidores, trará desde aumento de conflito agrário – com o aumento do latifúndio e da violência no campo – até desemprego e regressão dá já pequena pequena indústria nacional. Hoje, o Mercosul é superavitário em relação a Europa (US$7 bilhões), porém, a tendência com o novo pacto é que a situação se reverta. Essa é a solução do imperialismo europeu para a crise capitalista: aprofundar a exploração e provocar a miséria nos países atrasados, para manter determinadas condições nos países imperialistas.
ORIENTE MÉDIO
ARGENTINA
Netanyahu ameaça “esmagar” o Líbano se Hezbollah se defender de Israel
Cristina Kirchner denuncia campanha suja de Macri nas redes sociais
O
primeiro-ministro de extrema-direita de Israel, Benjamin Netanyahu, ameaçou “esmagar” o Líbano caso o grupo armado libanês Hezbollah entre em uma nova guerra com o Estado fantoche do imperialismo. A declaração foi feita antes de uma reunião de seu governo, ao responder a um comentário do líder da organização libanesa, Hassan Nasrallah, no último dia 12. O dirigente árabe afirmou que, caso ocorra uma nova guerra entre Líbano e Israel, ela “será maior que a de 2006” e “colocará Israel a bordo da extinção”. Netanyahu afirmou apenas que, caso ocorra essa guerra, o Estado judeu “esmagará” seu vizinho. A última guerra entre Líbano e Israel ocorreu entre 12 de julho e 14 de agosto de 2006. A pretexto de um ataque do Hezbollah a militares israelenses que patrulhavam a fronteira, Tel Aviv iniciou uma operação de guerra envolvendo artilharia, ataques aéreos e bombardeio naval, algo absurdamente desproporcional, como é de costume quando se trata de ataques
israelenses aos árabes, particularmente aos palestinos. Foi a maior ação militar de Israel contra o Líbano desde a invasão de 1982, que durou duas décadas. Nada menos do que 1.200 libaneses (a maioria civis) foram assassinados pelas forças de Israel, enquanto que 157 israelenses foram mortos. Para “variar”, Israel teve o apoio dos EUA, enquanto que o governo libanês pouco fez contra a invasão. Foi o Hezbollah quem liderou a resistência, com apoio de outras organizações nacionais e do Irã e da Síria. Graças a esse combate, o grupo armado ganhou uma grande projeção e poder, a ponto de hoje manter basicamente um governo paralelo no Líbano, com grande influência no Estado. A posição de Netanyahu demonstra que Israel continua sendo o principal propulsou de guerras e fantoche do imperialismo no Oriente Médio, ameaçando os outros países militarmente para que os monopólios capitalistas tomem conta das riquezas naturais daquela região.
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ex-presidenta da Argentina, Cristina Kirchner, denunciou no último sábado (13) que o governo de Mauricio Macri vai iniciar uma campanha “suja” nas redes sociais para desprestigiar a sua candidatura na chapa de Alberto Fernández para as eleições presidenciais que ocorrem em outubro, e nas quais o peronismo tentará voltar ao poder. Em um evento na Patagônia no qual lançou seu novo livro, “Sinceramente”, Kirchner afirmou que Macri – que concorrerá à reeleição – já está planejando uma “campanha suja e violenta” nas redes sociais com um grupo de “trolls financiados por todos os argentinos” – ou seja, com dinheiro público, mas sem o consentimento popular. “As coisas não são casualidade, são objeto de planejamento. Já não podem fazer promessas”, disse, referindo-se ao desastre que é o governo macrista que, após promessas de que melhoraria a economia do país (quebrada pelo
kirchnerismo, conforme a propaganda da direita), deixou até agora uma inflação de 50% e milhões na pobreza. Isso gerou uma intensa insatisfação popular contra Macri. Já foram realizadas seis greves gerais em seu governo e nas pesquisas eleitorais a chapa de Cristina e Alberto Fernández está na frente da chapa encabeçada por Macri. Por isso mesmo, com medo da volta do peronismo moderado (mas de esquerda e popular) ao poder, a burguesia argentina e o imperialismo promovem uma forte campanha contra Kirchner. Primeiro, uma perseguição judicial semelhante a que foi realizada contra Lula no Brasil. A ex-presidente, inclusive, pode até mesmo ser presa, para não se eleger para o governo. A imprensa também faz uma brutal campanha contra ela, que se sentiu pressionada e deixou a cabeça da chapa para Alberto Fernández – um político à sua direita.
14 | CIDADES E MULHERES
PR
Proposta miserável põe fim à greve: a “vitória” de perder direitos N
este sábado (13) a greve dos trabalhadores da Educação pública do Paraná foi suspensa após 18 dias de luta contra o governo Ratinho Jr. Convocada na quinta (11), a assembleia ocorreu sem tempo hábil para a organização da ampla participação da categoria, esperando uma proposta do governo. Na sexta (12) a noite, através do líder do governo, deputado Hussein Bakri (PSD), uma nova proposta miserável de reajuste foi apresentada ao FES (Fórum das Entidades Sindicais) para ser submetida às categorias do funcionalismo pedindo o encerramento da greve. A proposta foi formalizada via ofício da Casa Civil, que diz o seguinte: “Com o intuito de consolidar um consenso viável e duradouro a longo prazo, apresento à Vossa Senhoria formalização de proposta final para
atendimento das reivindicações dessa categoria e encerramento da greve” Na assembleia a categoria se dividiu na defesa de 2 propostas: recusar a proposta miserável e manter a greve ou suspender a greve aceitando a proposta miserável. Educadores em Luta A corrente Educadores em Luta, do Partido da Causa Operária, defendeu a manutenção da greve, explicando que o aceite da proposta do governo Ratinho significava a política de conciliação já utilizada a nível nacional e derrotada na aprovação da reforma da previdência, chamando a categoria a jogar todos os seus recursos na sua própria mobilização contra todos os golpistas.
RIO DE JANEIRO
MULHERES
No RJ, ala direita do PT se alia com Witzel Fim da previdência na Coreia do Sul leva na repressão ao povo idosas à prostituição
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itzel é o atual governador do Rio de Janeiro, que até hoje ninguém conseguiu explicar como foi eleito. É um ex-juiz bolsonarista, que chegou ao ponto de subir em um helicóptero no município de Angra dos Reis, no Rio, para atirar na população desarmada, um feito mais audacioso do que os próprios Hitler e Mussolini jamais ousaram. Pois bem, a ala direita do PT fluminense se alia promiscuamente com Witzel. As relações carnais entre a ala direita do PT, neste caso em específico André Ceciliano, presidente da ALERJ, e a extrema direita, como é o caso de Witzel e Bolsonaro, já vem de outros carnavais. Se antes tratava-se de um namoro escondido, daqueles que inicialmente se esconde da família e amigos com menor intimidade, agora Witzel e Ceciliano estão começando a assumir o relacionamento em público. A matéria do sítio UOL, destacada no primeiro parágrafo desta matéria é simplesmente surreal. Ela descreve com detalhes sórdidos o romance entre André Ceciliano e Witzel. Como a matéria do UOL informa, esse namoro tinha como base fundamental justamente a repressão. Ceciliano, em sua posição de presidente da ALERJ, tem ajudado sistematicamente o governador fascista Witzel a ampliar os quadros da PM e equipar ainda mais esta que já é uma máquina assustadora de matar pobre. Para os que não acompanham a política brasileira de perto e cautelosamente, uma notícia como essa seria um completo absurdo. Como poderia haver um casamento político dessa natureza, em pleno golpe? A matéria dá conta de que André Ceciliano chegou a receber uma Medalha da PM do Rio de Janeiro, como reconhecimento dos serviços prestados à corporação!
A
Como seria de se esperar, este relacionamento tem provocado tremores tanto nas bases bolsonaristas de Witzel quanto no PT de Ceciliano. Pressionado pela direita, embora reconheça publicamente o namoro com Ceciliano, em suas redes sociais Witzel não cita o petista. Já Ceciliano procura desconversar, mas é evidente que seu namoro com Witzel vai gerar cada vez mas conflitos no interior do PT. As relações carnais da direita do PT com os bolsonaristas, como é o caso de André Ceciliano e Witzel no Rio de Janeiro, são profundamente asquerosas. Mas não apenas isso, na perspectiva da esquerda, esta relação, além de ser um verdadeiro suicídio político, só contribui para a confusão do movimento popular, que nessa altura do campeonato já tem muita dificuldade de distinguir aliados de inimigos.
Reforma da Previdência, aprovada na última quarta-feira (10), coloca em risco a vida e o futuro de todas as mulheres e jovens mulheres trabalhadoras brasileiras. Contudo, essa realidade cruenta não é exclusividade do Brasil dos golpistas, que procura seguir o exemplo de países que transformaram em completa degradação social a vida da população mais pobre. A Coréia do Sul mostra didaticamente como essas políticas neoliberais prejudicam o povo e, principalmente, as mulheres. Na Coréia do Sul, sem previdência e sem poder contar com suas famílias, idosas acabam recorrendo à prostituição para sobreviverem. Elas, que no passado investiram tudo no milagre econômico de seu País, agora vêm o Estado dando as costas e obrigando-as a se humilharem para viver. Essa é a realidade de um país sem previdência, que não consegue garantir o básico à sua população e o governo golpista brasileiro caminha a passos rápidos para esse penhasco, esse completo caos social, abaixo da linha da pobreza extrema. A previdência que a direita quer para as mulheres é de caráter total-
mente privado e objetivando deixá-las completamente desamparadas, sem direitos sociais, sem emprego, sem autonomia.. Basicamente, sem nada! O mercado de trabalho é sempre muito cruel com as mulheres mais pobres, que costumam ter duplas jornadas de trabalho, passando, em média 54% horas semanais trabalhando fora e fazendo serviços domésticos e a Reforma da Previdência passa longe de levar esse fato em consideração. A realidade do Brasil do ministro Paulo Guedes e de Bolsonaro para as mulheres trabalhadoras não está nem um pouco longe da realidade das idosas da Coréia do Sul. Com a burguesia reacionária, moralista e sanguessuga cerceando cada vez mais as possibilidades de emancipação das mulheres, essas trabalhadoras tendem a procurar medidas desesperadas para poderem se sustentar e sustentar suas famílias. Por isso, é preciso intensificar ao máximo a luta contra o governo Bolsonarista, que quer colocar as mulheres trabalhadoras em situação de exploração extrema e, depois, descartá-las como se fossem lixo.
NEGROS | 15
MOVIMENTO ESTUDANTIL
Direita ganha na justiça fim das cotas em curso de medicina na UFSB E studantes da Universidade Federal do Sul da Bahia (UFSB) vêm ingressando com ações judiciais na Justiça Federal para barrar a plena aplicação do sistema de cotas na seleção dos novos alunos do curso de medicina da instituição. A UFSB adota um método de ensino baseado em dois ciclos. Quem quer cursar medicina, por exemplo, deve começar fazendo graduação em Bacharelado Interdisciplinar em Saúde, que consiste no primeiro ciclo. A passagem, porém, para o segundo ciclo, isto é, para o curso de medicina propriamente dito, não é automática e, por conta do número limitado de vagas, somente os alunos com as maiores notas conseguem a progressão. O sistema de cotas da UFSB é um dos mais avançados e progressistas do país, pois incide tanto no ingresso para o primeiro ciclo quanto na progressão para o segundo. E é justamente essa segunda incidência que vem sendo questionada judicialmente por alguns estudantes direitistas. Como não poderia deixar de ser, o Poder Judiciário, o mais reacionário e antidemocrático dos poderes do Estado burguês, tem proferido decisões favoráveis ao pleito desses estudantes, e o resultado disso é que até 20 cotistas negros podem perder suas vagas. As decisões contra o sistema de cotas da UFSB abrem um perigoso precedente para que outras decisões sejam tomadas contra essa conquista
do movimento negro — e não só na universidade baiana, mas em todas as universidades do país. Na verdade, trata-se de mais um ataque que reflete o avanço da extrema-direita nas universidades e que vem na esteira de outros ataques contra o movimento negro em geral e as cotas em particular — é caso, por exemplo, da constituição em inúmeras universidades país afora (UFMG, UFBA, UFPE, UFMT etc.) de tribunais raciais, cuja função é determinar quem é negro e, sobretudo, quem não é, tudo com a finalidade evidente de bloquear a entrada do negro nas universidades.
Além disso, não é um acidente, ou obra do acaso, que o caso da UFSB tenha como pano de fundo o curso de medicina. Para a direita fascista é inconcebível que os negros e os explorados em geral ingressam nos cursos “da elite”, naqueles cursos considerados “seus”, “de sua propriedade”, que em geral são os cursos mais tradicionais, mais concorridos, os cursos que têm condições de oferecer melhores salários e condições de trabalho, como medicina, engenharia, direito, administração, entre outros. Aliás, mesmo com a implementação das cotas nas universidades, em especial
a partir dos governos do PT, a presença dos negros nos cursos mais bem avaliados, nos cursos de maior reputação, praticamente não sofreu alterações. Dados do Censo da Educação Superior de 2016 mostram que, nos dez cursos mais bem avaliados de cada carreira, o percentual de negros matriculados foi de 26%, em 2011, para 27%, em 2016. Ou seja, houve um incrível aumento de 1%!! Em contrapartida, nos cursos das 40 carreiras com mais alunos matriculados, houve uma mudança pequena mas relativamente significativa na participação de negros no mesmo período, indo de 34% para 42%, o que corresponde a um aumento de 8%. A conclusão é óbvia: o acesso às melhores universidades, aos melhores cursos, continua a ser privilégio de uma maioria branca, normalmente oriunda dos setores mais abastados da sociedade, das camadas burguesas e pequeno-burguesas. É uma tarefa fundamental combater a ofensiva da extrema-direita contra o sistema de cotas e contra o movimento negro em geral. Os ataques ferozes do regime político golpista, à frente do qual se encontra hoje o governo fascista de Jair Bolsonaro, exigem uma resposta com igual ferocidade por parte dos estudantes, dos negros e dos explorados da sociedade. Por fim, é necessário apresentar um programa democrático para as universidades, tendo por base o fim do vestibular e o consequente livre ingresso na universidade, a defesa da autonomia universitária e a instauração do governo tripartite (os três setores da comunidade acadêmica — estudantes, professores e servidores — dirigindo e controlando a universidade).
16 | CULTURA
MAIS DESTRUIÇÃO
Covas destrói monumento histórico e árvore mais antiga da cidade de SP O
prefeito de São Paulo, Bruno Covas, do PSDB, está conseguindo ampliar a destruição que os tucanos antes dele iniciaram. Dessa vez é a árvore mais antiga da cidade que está ameaçada. No dia 11, a grade e a mureta que protegiam a Figueira das Lágrimas foi derrubada. Cinicamente a alegação da prefeitura é que se trata do início da obra que pretende reformar o complexo histórico, no Ipiranga. A Figueira das Lágrimas tem mais de 200 anos e conta a história que Dom Pedro teria descansado nela em 1822, quando declarou a Independência do Brasil, nas margens do Rio Ipiranga. A mureta derrubada a mando de Covas foi construída em 1920, justamente para proteger a árvore. Funcionava como que um vaso de plantas, sem ela
Golpista, Toquinho diz que Bolsonaro é cria de Lula
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compositor, cantor e violonista paulista Toquinho é um dos grandes nomes da Música Popular Brasileira, isso é inegável. Mas é inegável também que o artista é como todo ser humano, envelhece. Alguns deixam que a mente envelheça junto com o corpo e aí é que está o problema. Infelizmente o artista não está livre das inevitabilidades da vida. Segundo coluna de Mônica Bergamo na Folha de S. Paulo, o compositor, que está gravando novo disco, afirmou que “Bolsonaro é cria de Lula”. Esta não é a primeira vez que Toquinho faz declarações absurdas, defendendo o golpe e até mesmo Bolsonaro. Toquinho envelheceu e deixou-se envelhecer. Por isso não percebe que sua posição política é a decretação de sua própria morte. Não simplesmente por sua posição errada, mas pela incoerência profunda de sua posição. Bolsonaro é inimigo de Toquinho e ele
não sabe disso. Bolsonaro é inimigo de tudo o que Toquinho, Vinícius de Moraes, Chico Buarque e tantos outros fizeram pela música popular brasileira. Bolsonaro e a direita são inimigos da cultura. Toquinho não é político, nem seria preciso dizer isso, mas é preciso dizer apenas que Bolsonaro não é cria de Lula. Bolsonaro é cria dos inimigos de Lula e da esquerda em geral. Bolsonaro é cria do PSDB que foi o principal articulador do golpe de Estado no País. Bolsonaro é herdeiro daqueles que mandam no País desde a ditadura militar e, se dependesse apenas deles, Toquinho e suas músicas sequer existiriam. A direita não quer música, não quer poesia, não quer arte. O que podemos dizer mais sobre a posição de Toquinho? É a expressão da decadência de um artista. Toquinho está decretando sua própria morte.
a árvore pode não sobreviver, perdendo, por exemplo, a fixação no solo. Esse é só um exemplo do descaso da direita com o patrimônio e a história nacional. Só em São Paulo onde o PSDB impõe uma verdadeira ditadura para se manter no poder há anos, o próprio Museu do Ipiranga está fechado há anos a pretexto da tal revitalização. Isso está acontecendo com o resto do país após o golpe de Estado. Bolsonaro, depois de toda campanha contra a Cultura, de ter acabado com o Museu Nacional, no Rio de Janeiro literalmente ardeu em chamas. A experiência não é nova. Em 2015, o Museu da Língua Portuguesa em São Paulo também pegou fogo. Os dois casos são resultado do descaso, falta de investimento, cuidado e apoio para a manutenção do patrimônio brasileiro. Se eles agem assim do ponto de vista da economia nacional, porque seria diferente na cultura? Eles desprezam o próprio país e sua cultura.
Produtora russa disponibiliza filmes em HD
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riada em 1920, pouco depois da Revolução Russa de 1917, a Mosfilm é a produtora de filmes mais antiga da Europa. Recentemente, a produtora começou a disponibilizar seus filmes gratuitamente no seu canal no Youtube. Os vídeos estão em HD e, embora os títulos estejam em russo, legendas em outros idiomas estão disponíveis.
O PCO é contra a propriedade intelectual e o direito autoral, portanto apoiamos medidas como estas. A arte, seja ela em forma de filme, livro ou música, precisa ser acessível e gratuita para todos que quiserem desfrutar dela. Aproveite! Canal da Mosfilm Assista o programa de cinema da COTV!
MORADIA E TERRA | 17
FUNAI
Delegado indicado para Funai é acusado de perseguir indígenas O delegado da Polícia Federal Marcelo Augusto Xavier da Silva já foi ouvidor da Funai (Fundação Nacional do Índio) e agora está cotado para presidir a entidade. Entretanto, Marcelo já teve ato administrativo anulado e pedido de abertura de inquérito justamente por promover investidas policiais contra os indígenas e ONGs do Mato Grosso do Sul. Em 2017, Marcelo Augusto já havia solicitado, em nome da Funai, às polícias Federal e Militar que adotassem providências persecutórias contra indígenas, em um suposto conflito na Fazenda Santa Maria, em Caarapó (MS). Pouco tempo depois, o Ministério Público Federal solicitou explicações e providências para a anulação do ato. O então presidente da Funai,
Franklimberg Ribeiro anulou os atos de Marcelo e solicitou instauração de Processo Administrativo contra o servidor. Franklimberg destacou que “dentre as finalidades da Funai não se encontra a repressão a indígenas”. Cabe à entidade, ao contrário, receber pedidos dos indígenas e repassá-los às autoridades. Embora o ato tenha sido anulado, Marcelo goza de prerrogativa de função por ser delegado da PF. Em outras palavras, ele só pode ser processado por outro delegado, o que não aconteceu. E é este o sujeito cotado pelo governo para presidir a entidade Funai. Não deve restar dúvidas sobre o avanço do regime golpista sobre os povos originários. Este processo só pode ser barrado pela mobilização popular, que derrube o governo de Bolsonaro a partir das bases, retirando do Estado os elementos golpistas e colocando lideranças comprometidas com as necessidades da população.
RICARDO SALLES
Ministro do meio ambiente indica latifundiário para parque nacional
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ministro do Meio Ambiente (MMA), Ricardo Salles, atendeu ao pedido da bancada ruralista no Congresso Nacional e nomeou Maira Santos de Souza, de 25 anos, filha de fazendeiros, para administrar o Parque Nacional Lagoa do Peixe. O Lagoa do Peixe é uma unidade de conservação administrada pelo Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio). O deputado federal Alceu Moreira (MDB-RS), presidente da Frente Parlamentar da Agropecuária, foi diretamente responsável pela nomeação. Maira Santos tem em seu currículo o trabalho em propriedade de sua família, de latifundiários do Rio Grande do Sul. De acordo com o deputado ruralista, o objetivo da nomeação é abrir caminho para mudar o Parque da categoria de Unidade de Conservação para Área de Proteção Ambiental, quase nada restritiva, e assim permitir a exploração comercial e a redução de
sua área. Os funcionários do ICMBio acusam Ricardo Salles de perseguição, que tem se materializado na abertura de processos administrativos e disciplinares contra eles. Servidores do IBAMA que trabalham em seis Estados e no Distrito Federal protocolaram representação ao Ministério Público Federal contra Salles por assédio moral coletivo. No próprio IBAMA e no ICMBio, os funcionários denunciam a coação e a censura, uma vez que estão impedidos de se manifestarem sem se submeterem previamente à visão da gestão do MMA. Os setores de comunicação dos dois órgãos foram desmontados e, em seguida, centralizados no MMA, na pessoa de Ricardo Salles. O fascista Ricardo Salles age para banir a crítica, pela via da coação e do terror, à política de destruição ambiental do governo Jair Bolsonaro (PSL), que atende aos interesses do agronegócio.