TERÇA-FEIRA, 16 DE JULHO DE 2019 • EDIÇÃO Nº 5705
DIÁRIO OPERÁRIO E SOCIALISTA DESDE 2003
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Mutirões crescem em todo o País por Fora Bolsonaro e liberdade de Lula
Mais uma ameaça de golpe Queda do PIB chinês: economia mundial sem perspectiva de recuperação O problema é militar? O Departamento Nacional de Estatísticas (DNE) da China divulgou ontem (15) a a orientação atualização dos dados oficiais sobre a economia chinesa. De acordo com o relatório, política e as o Produto Interno Bruto (PIB) do país asiático cresceu 6,3% no primeiro semestre direções EDITORIAL
Começa amanhã a 44ª Universidade de Férias do PCO
A situação política do Brasil está polarizada.
COLUNA
É preciso O deputado federal Eduardo Bolsonaro (PSL-SP) concedeu uma entrevista para a revista VEJA, uma das libertar todos articuladoras do golpe no Brasil. os presos como parte da luta Voto distrital é para aniquilar a contra o golpe esquerda, em favor do clientelismo POLÊMICA
Está em marcha mais uma operação para fraudar a vontade popular nas eleições.
Tabata Amaral: Dallagnol leva um por fora A ousadia de série de denúncias #VazaJato feitas pelo Intercept roubar o povo Arevelaram que Deltan Dallagnol, famoso pela sua completa inabilidade em produzir um simples a favor dos PowerPoint, procurou usar a operação golpista Lava Jato pra “levar um” tubarões
Nesta quarta, dia 15, começa a 44ª edição do Acampamento e Universidade de Férias da Aliança da Juventude Revolucionária (AJR) e do Partido da Causa Operária (PCO). O mais tradicional curso de marxismo e formação política da esquerda brasileira, que terá como tema “O programa para a revolução socialista dos dias de hoje: o programa de transição da IV Internacional de Leon Trotski.”
JUVENTUDE
Após Conune, AJR organiza caravana para a Universidade de Férias MORADIA E TERRA
Bahia: sem-terras ameaçados na Chapada Diamantina Famílias sem terra do acampamento Mãe Terra, no município de Boa Vista do Tupim
2 | EDITORIAL EDITORIAL
O problema é a orientação política e as direções A
situação política do Brasil está polarizada. Isso significa que há um significativo deslocamento da população para a esquerda, uma crescente tendência à mobilização, na medida em que os trabalhadores e suas organizações entram em conflito direto com o aparelho econômico, político, ideológico e repressivo da direita. As grandes mobilizações do mês de maio e do dia da Greve Geral (14 de junho), mostraram isso. Além disso, em todos os locais com o mínimo de aglomeração popular, Bolsonaro é vaiado, xingado e repudiado pela população. Nos bailes funk do Rio de Janeiro, nos Carnavais por todo o País, em eventos de música, na parada LGBT e, é claro, nos jogos de futebol, não faltam os gritos de “fora Bolsonaro”ou “ei Bolsonaro vai tomar no cú”. O repúdio contra Bolsonaro chegou a colocar mais de um milhão de pessoas nas ruas no dia 15 de maio. Desenvolvem-se as condições mais adequadas para esquerda impulsionar a luta contra o governo. Derrotar de uma vez por todas o golpe e todas suas consequências, como as reformas, as privatizações, as fraudes e assim por diante. Porém, tal fato não ocorre por conta da falta de orientação política do movimento e da política desmobilizadora das direções. Setores da esquerda ainda têm ilusões nos discursos de deputados, conversas de gabinetes e nas instituições, de forma generalizada. Acreditam que esses malabarismos, que não passam pela mobilização dos trabalhadores,
poderiam mudar o rumo da situação política. A ideia de colocar todo o movimento à reboque do PSDB, DEM, PMDB e outros partidos ditos “democráticos”, como o PDT e o PSB, está em alta com a política de alianças estabelecidas pela direita burguesa e pequeno burguesa que buscam influenciar o movimento operário, como o PCdoB e toda uma ala direita do PT, além do PSOL. É a tentativa de uma “frente ampla” que já fracassou em períodos anteriores. Desta forma, não se coloca as esperanças na organização e mobilização operária e popular, mas nos conchavos políticos com os inimigos da população, os golpistas e seus partidos. Esses partidos não têm nenhum compromisso com a população, nem com nenhum direito democrático. Percebeu-se isso na votação da reforma da previdência, uma questão democrática fundamental, pois diz respeito à sobrevivência e à aposentadoria da população. Os “aliados” votaram com os inimigos para roubar as aposentadorias e fazer o povo trabalhar até morrer. A única política correta no momento é aquela que está sendo expressa pela população. Em todos os lugares, nas ruas, nos estádios de futebol, nos eventos e assim por diante, o que se houve é “Fora Bolsonaro” – ou variações da mesma palavra de ordem – e “liberdade para Lula”. É preciso ouvir a voz do povo. Ocupar as ruas até derrotar o golpe e toda a direita!
COLUNA
É preciso libertar todos os presos como parte da luta contra o golpe Por Juliano Lopes
F
oi publicado recentemente um levantamento do Ministério da Justiça, com base nos dados do sistema prisional de 2017, onde é possível verificar que um terço da população carcerária brasileira (quase 250.00 presos) está presa aguardando julgamento, ou seja, são presos sem condenação. A prisão sem que tenha julgamento final de um determinado acusado é uma afronta total à Constituição Federal, que determina que ninguém será considerado culpado até o trânsito em julgado (julgamento final) do processo. É o mesmo que ocorre com o ex-presidente Lula, que faz parte deste um terço de pessoas que cumprem pena sem uma sentença definitiva de seus casos. Esse tipo de prisão é um mecanismo fruto da ditadura militar, tal como a própria Polícia Militar e, porque não dizer, como todo o Poder Judiciário, ou seja, são instituições que não sofreram o menor abalo com a chamada abertura democrática do País, realizada nos anos 1980, e permanecem em sua missão de promover a limpeza social e política no Brasil. Com o golpe de Estado de 2016, a direita tomou de assalto o Poder Executivo nacional, sem mencionar os governos estaduais também geridos pela
direita, como é o caso de Rio de Janeiro, São Paulo, Distrito Federal e Minas Gerais, para citar alguns. Esse domínio também se alastrou pelas demais instituições do Estado, como o Judiciário, responsável direto por levar adiante as prisões políticas do golpe. Além, é claro, das secretarias de segurança, outros departamentos que atuam para o aprofundamento do encarceramento em massa do povo negro. Assim, se coloca para o movimento negro, em conjunto com a classe trabalhadora, lutar pela liberdade dos presos do regime golpista, especialmente o ex-presidente Lula, que foi preso como resultado de um processo fraudulento. Sua liberdade é caminho para a libertação dos demais presos do regime burguês, para a libertação de quase 800 mil almas que hoje apodrecem nos depósitos humanos que são as penitenciárias. Como próximo passo dessa luta, está a manifestação convocada pelo Partido da Causa Operária, para o próximo dia 16 de agosto, em Curitiba (PR), pela liberdade de Lula. Um passo fundamental para impor uma derrota aos golpistas. Somente com o povo na rua, com o povo negro, trabalhador, nas ruas, será possível derrotar o golpe de Estado e libertar as vítimas do regime penal da burguesia.
POLÍTICA | 3
PELO FORA BOLSONARO
Mutirões crescem em todo o País por Fora Bolsonaro e liberdade de Lula A
imprensa burguesa já está cantando a bola. Segundo matéria do jornal golpista O Estado de São Paulo, o ministro da economia Paulo Guedes afirmou que com a aprovação da Reforma da Previdência, agora o objetivo é um grande plano de privatizações. Guedes afirmou que não colocou em prática esse plano de privatização antes para não acarretar problemas com a aprovação da Reforma, sabendo da impopularidade das privatizações. Os golpistas querem entregar todo o patrimônio do país, entre outras coisas a Petrobrás, o Pré-sal, o gás natural, o Banco do Brasil, a Caixa Econômica Federal e os Correios – as maiores empresas do país. Paulo Guedes afirma que o Brasil pode ganhar um trilhão, já o Crédit Suisse afirma que o Brasil pode arrecadar cerca de R$ 400 bilhões. Se for verdade, os números apresentados pelo Crédit Suisse, com metade deste valor, o Brasil terá o maior pro-
grama de privatizações de sua história. Arrecadará oito vezes mais do que todas as operações de privatizações que ocorreram entre os anos 1990 e 2015 – e quatro vezes mais somando este valor com as operações realizadas pelo governo Temer. Isso mostra a amplitude do programa de privatização que Bolsonaro e Guedes querem implantar. A imprensa inclusive considera que poderá ser o maior programa de privatização da atualidade no mundo inteiro. Trata-se de uma monstruosidade que querem realizar contra o país. Uma verdadeira política de terra arrasada. Os golpistas querem entregar todo o patrimônio brasileiro, desde os parques nacionais até as maiores empresas, motores econômicos do país, revelando a farsa que é a campanha patriótica de Bolsonaro. Diante disso, é preciso realizar uma intensa campanha contra as privatizações. Sair às ruas contra o governo
Bolsonaro e todos os golpistas. Bolsonaro quer continuar a política de Temer, e tem apoio do Congresso para realizar seus ataques contra o povo. É preciso, então, chamar o Fora Bolsonaro e exigir Eleições Gerais Já. Além
disso, é preciso sair às ruas e pedir a liberdade de Lula e sua participação nas eleições. Apenas desta forma derrotar-se-á o conjunto dos ataques da direita, incluindo as privatizações e as reformas do governo.
ENTREVISTA EDUARDO BOLSONARO
Mais uma ameaça de golpe militar? O
deputado federal Eduardo Bolsonaro (PSL-SP) concedeu uma entrevista para a revista VEJA, uma das articuladoras do golpe no Brasil. Na entrevista, o deputado dá a entender que existe a possibilidade de uma situação social que justificaria um golpe militar. Segundo o deputado, caso Lula seja libertado haverá convulsão social e seria o sinal verde para o caos. “Soltar o Lula poria em xeque a nossa democracia, com risco de uma convulsão social. Eu não sei em que proporções, mas isso estaria dando o recado de que vale a pena ser desonesto no Brasil,” afirmou o bolsonarista. A frase com risco de convulsão social e colocar em xeque a democracia é um aviso sobre a possibilidade de intervenção militar, pois nessas situações estariam justificadas essa ação. Em diversos momentos, generais ameaçaram com justificativas nessas condições. O general Hamilton Mourão, em 2018, havia declarado a possibilidade de intervenção militar com a possibilidade de Lula sair da prisão onde afirmou ao STF “cuidado com a cólera das legiões”, expressão usada na antiga Roma para defender a intervenção militar na vida política
Em junho, quando iniciou o escândalo da VazaJato divulgado pelo The Intercept, o general Villas Boas no Twitter afirmou que “momento preocupante o que estamos vivendo, porque dá margem a que a insensatez e o oportunismo tentem esvaziar a operação Lava Jato, que é a esperança para que a dinâmica das relações institucionais em nosso país venha a transcorrer no ambiente marcado pela ética e pelo respeito ao interesse público.” Ou seja, mais uma ameaça caso haja caos ou a soltura de Lula. Com insinuações, o deputado Eduardo Bolsonaro, mais uma vez ameaça de uma intervenção militar caso Lula seja solto e a situação do país se agrave, não pela soltura de Lula, mas pela convulsão social gerada pelos ataques aos direitos dos trabalhadores e a economia nacional. O deputado afirma isso, pois os escândalos da VazaJato, que revelaram a fraude montada nas eleições e a perseguição política a Lula e ao PT está deixando a situação política do país ainda mais crítica e os apelos para a liberdade de Lula é cada vez maior e a popularidade de Bolsonaro é a pior da história. É um sinal para as instituições de que caso seja tomadas decisões que não agradem os militares golpistas,
poderá haver uma intervenção. É preciso aproveitar a debilidade do governo Bolsonaro e mobilizar a população
pela Liberdade de Lula, pelo Fora Bolsonaro e contra a ameaça de intervenção militar.
3 | POLÊMICA
TABATA AMARAL
A ousadia de roubar o povo a favor dos tubarões E
m artigo publicado no jornal golpista Folha de S. Paulo, edição desse domingo (dia 14), onde mantém uma coluna de periodicidade quinzenal, a deputada federal Tabata Amaral (PDT-SP) apresenta um conjunto de argumentos que parece ser um esforço no sentido de rechaçar as críticas que vem recebendo de diversos setores pelo voto favorável ao texto-base do projeto de “reforma” da Previdência, aprovado em primeiro turno da Câmara Federal no último dia 10. Iniciando a leitura do artigo, já no segundo parágrafo, nos deparamos com a seguinte colocação: “Sabemos que a extrema esquerda não admite flexibilidade alguma de posicionamento, pois está enclausurada em suas amarras” Bom, inicialmente gostaríamos de dizer que se a deputada de primeiro mandato estiver fazendo alusão – quando faz referência à ‘extrema esquerda’ – aos partidos que tem representação no congresso nacional, temos a esclarecer que não há, não existe, nenhum, rigorosamente nenhum partido de “extrema esquerda” com assento nas duas casas congressuais. Partidos alinhados ao pensamento de esquerda e centro-esquerda, com programa e fraseado vagamente socialista, não podem receber a chancela de ‘extrema-esquerda’, seja por sua atuação parlamentar e/ou extra-parlamentar. Quanto ao fato da ‘extrema esquerda’ (que inexiste no parlamento, mas para todos efeitos, vamos lá, admitindo a existência) não admitir “flexibilidade alguma de posicionamento, pois está enclausurada em suas amarras”, nos vemos no dever de dizer à deputada do PDT paulista que o voto favorável (dela e de outros sete integrantes do seu partido) à aprovação do projeto de destruição da previdência pública nacional demonstrou – sem meias palavras ou qualquer outro disfarce – as verdadeiras “amarras” às quais a jovem “representante do povo” está acorrentada.
Temos a dizer que o voto de Tabata Amaral na “reforma” de Guedes e Bolsonaro amarrou-a, inconfundivelmente, aos autores do maior assalto ao bolso e aos direitos da população trabalhadora do País; deixou-a “presa” à cassação dos direitos dos aposentados e dos pensionistas, daqueles que lutam e sofrem diariamente para sobreviverem com os minguados recursos de suas aposentadorias e pensões, benefício que os banqueiros, os capitalistas, a extrema-direita (e não a ‘extrema-esquerda’), a burguesia e o imperialismo estão surrupiando, roubando de suas contas, condenando os idosos e as gerações futuras ao sofrimento e à miséria. Indo um pouco mais adiante encontramos outra formulação onde se lê: “uma parcela da centro-esquerda quer dialogar com o contexto e a sociedade e caminha para se modernizar. Nisso nos fiamos, nós que temos convicções sociais fortes, olhamos para o futuro do Brasil e enfrentamos o desafio urgente de termos crescimento sustentável, condição para a consolidação da justiça social”. Sem rodeios e sem tergiversações, somos obrigados a dizer, nua e cruamente, que se o ‘caminho para se modernizar” é oferecer o apoio e o voto a um projeto que prevê a “economia” (leia-
-se, assalto) de R$ 1 trilhão aos benefícios pagos aos aposentados, às viúvas, ao trabalhador rural e às famílias de deficientes físicos e mentais (sim, é verdade – por mais absurdo e escandaloso que seja – Bolsonaro e Paulo Guedes querem reduzir os benefícios pagos a este segmento), então este é o caminho não da “modernização”; não da “renovação”, mas o atalho para a barbárie e a tragédia social; para o inferno; o caminho mais curto para a condenação de milhões de almas ao abandono, à angústia e ao sofrimento. É esse o real significado do projeto de “reforma” (destruição) da previdência ao qual a deputada com formação em Harvard hipotecou seu apoio, ao qual ficou “amarrada”. A deputada elogiada por todos os inimigos do povo trabalhador por seu voto “moderno”afirma que “(…) nós que temos convicções sociais fortes, olhamos para o futuro do Brasil e enfrentamos o desafio urgente de termos crescimento sustentável, condição para a consolidação da justiça social”; diante do que, pedimos licença para tentar explicar à parlamentar paulista que projetos de interesse capitalista, de banqueiros e de operadoras de seguro de vida privado são diametralmente opostos a qualquer mínima idéia de “justiça so-
cial”. A dita “reforma” da Previdência não está sendo feita para proporcionar qualquer “crescimento sustentável”; para consolidação da ‘justiça social”, mas é única e tão somente um instrumento dos banqueiros e capitalistas para a expropriação financeira de milhões de trabalhadores, que deixarão de receber aquilo que lhes é de direito, pois estão sendo roubados em suas aposentadorias e benefícios. Fechando o artigo, a deputada que recebeu o apoio e, obviamente, também o financiamento do magnata Jorge Paulo Lemann, o capitalista que tem em conta US$ 22,8 bilhões, nos brindou com a seguinte pérola: “A ampla renovação política que está em curso e da qual faço parte agrava o quadro de conflitos internos dos partidos. É racional que as lideranças recorram a argumentos de ocasião para justificá-los. Mais racional contudo é pensarmos no Brasil”. Certamente que na “renovação política” a qual Tabata faz referência estão incluídos os 53 deputados de extrema-direita, delegados, policiais, militares das forças armadas, ator pornográfico, jornalistas plagiadores, coxinhas da Avenida Paulista e outros seres estranhos que emergiram sabe-se lá de onde. Todos encontraram abrigo e foram eleitos não apenas em partidos tradicionais da direita em crise (como o DEM, PSDB e MDB), por legendas de aluguel (como o PDT e PSB) e por “novos”partidos” criados para apoiar o golpe e os ataques contra os explorados e não apenas pelos partidos da direita como o Partido Social Liberal (PSL). Portanto, o voto de Tabata Amaral na “reforma” dos banqueiros, dos capitalistas, de Jair Bolsonaro e de Paulo Guedes, longe de representar qualquer compromisso com a “renovação” e com a ‘racionalidade” – como a deputada apregoa – consolidou os vínculos e as amarras da parlamentar pedetista ao núcleo de poder mais reacionário, direitista e pró-imperialista do País.
TODOS OS DIAS ÀS 9H30, NA CAUSA OPERÁRIA TV
POLÊMICA | 5
LENDAS
Quem acredita em conto de fadas, milagres e no DataFolha? E
m coluna publicada no site Brasil 247, o professor de sociologia Aldo Fornazieri afirma que o Brasil foi o único País onde a reforma da Previdência tem apoio da maioria da população. Afirma ele que “em vários países onde ocorrem reformas da previdência os processos foram marcados por grandes protestos e tumultos de rua. As pressões das ruas foram tão veementes que muitos governos foram obrigados a recuar. Aqui foi chamada uma greve geral que foi muito parcial. No dia da votação da reforma a Câmara dos Deputados não foi cercada por trabalhadores e sindicalistas e sequer ocorreu qualquer protesto significativo.” E quais seriam os motivos para tamanha derrota? Derrota tão grande que o próprio povo teria ficado a favor da reforma que vai significar a destruição de sua aposentadoria. O nome do artigo, “Uma oposição sonolenta”, já deixa claro que a tese de Fornazieri é que essas derrotas políticas seriam resultado de uma política errada de quem ele chama de “oposições”. Mas qual seria esta política errada? Fornazieri explica que “se a avaliação fosse a de que a reforma tinha chance de ser aprovada, a tática correta para fazer a disputa política consistia em apresentar uma proposta alternativa de reforma, centrada em dois eixos: ataque aos privilégios e defesa dos interesses dos trabalhadores menos favorecidos no sistema previdenciário.”
Segundo o autor, as “oposições” erraram em sua tática parlamentar. Elas deveriam ter se adaptado ainda mais ao Congresso bolsonarista a ponto de propor uma reforma “alternativa”. Fornazieri propõe que os deputados da esquerda digam ao povo: “vamos acabar com vocês, mas não da maneira como esses bolsonaristas estão fazendo”. É absurdo, sim, mas é muito mais do que isso. A política proposta por Fornazieri é a mesma que tentaram e tentam colocar em prática alguns governadores do PT. Essa política da ala direita do PT e do PCdoB acabou levando a uma atividade parlamentar de completa adaptação à reforma e abandono total da luta nas ruas para derrotar a reforma e o governo. O problema é o contrário do que conclui Fornazieri. O que levou à derrota foi justamente a política parlamentar de adaptação e colaboração com a reforma defendida em primeiro lugar por aqueles que gostariam muito de fazer uma “reforma alternativa” se adaptando a Bolsonaro e aos golpistas, como propõe Fornazieri. Agora, de maneira totalmente desonesta, essa mesma ala – da qual Fornazieri se torna ideólogo – coloca a culpa da derrota dizendo que as “oposições” deveriam se adaptar ainda mais à direita. Para Fornazieri o erro não está justamente na política parlamentar cretina que foi levada pela maioria dos setores da esquerda e na ausência de uma mobilização real. O erro estaria em não terem aprofundado ainda mais essa política de conciliação. Se ainda
não ficou claro, o sociólogo explica: “A rigor, a oposição ficou à margem da disputa e permitiu que o centrão e Rodrigo Maia ocupassem o espaço político decorrente do processo da reforma”, e continua, “Enquanto o campo progressista e oposicionista foi incompetente em puxar votos do centro político contra a reforma, o general de Bolsonaro conseguiu puxar votos dos progressistas em favor da mesma.” Quer dizer, para Fornazieri seria preciso puxar votos do “campo progressista”. Ou seja, convencer os deputados que votaram a favor de roubar o povo a serem mais bondosos. Um verdadeiro conto de fadas da política. Quem precisa de “campo conservador” quando se tem um “campo progressista” elementos que votam a favor de jogar o povo na miséria.
O verdadeiro objetivo da política de resistência A esquerda pequeno-burguesa vem apresentando a palavra “resistência” como uma espécie de uma política adotada diante da situação. Muitas pessoas, influenciadas pelas cúpulas dos partidos da esquerda, acabam adotando tal política sem refletir sobre o real significado dela. Em primeiro lugar é preciso deixar claro que a política de “resistência” não visa ao fim do governo Bolsonaro. Ela substitui a política para a derrubada do governo por outra tipo de política. Isso, desconsiderando a realidade, inclusive dos institutos de pesquisas da burguesia, que mostram que a impopularidade de Bolsonaro é enorme. É perceptível que a há uma enorme oposição ao governo. Basta sair na rua, basta ir nas manifestações, basta juntar um grupo de pessoas que Bolsonaro passa rapidamente a ser o alvo principal. Segundo a ideia da “resistência” não deveríamos fazer uma campanha pelo fim do governo, ofensiva, mas fazer uma luta ultra defensiva. Esta política estabelece uma trincheira onde o governo ataca violentamente a população e a esquerda deveria opor uma resistência para impedir que o governo ataque ainda mais profundamente os direitos. Esta seria a explicação de quem defende essa política.
O melhor exemplo foi em relação à Previdência. A reforma tornou-se o principal eixo dessa resistência. Era preciso deter o governo diante da ofensiva em torno da destruição da aposentadoria. O governo, no entanto, passou com extrema tranquilidade pelas forças adversárias e a política de resistência mostrou que não tem força nenhuma para resistir. Os “resistentes” do Congresso Nacional foram atropelados pelos deputados golpistas e quem sofreu a derrota foi o povo. Uma das explicações da maioria dos partidos da esquerda pequeno-burguesa para ficar contra a palavra de ordem de “fora Bolsonaro” era a de que a luta contra a reforma da Previdência seria mais concreta, mais fácil da população entender, e portanto mais fácil de mobilizar. Isso se mostrou uma farsa e acabou levando todos a uma derrota. O resultado da votação da reforma da Previdência é o falecimento da política de “resistência”. Pela lógica dos que defendem essa política, a luta “resistente” deveria continuar agora contra os próximos ataques do governo, cada um de maneira isolada e dividida. Assim, se mobiliza contra os ataques à educação, e
novamente os golpistas passam por cima. Depois, contra a privatização de alguma empresa, e assim por diante, sofrendo derrotas atrás de derrotas, afinal, Boslonaro está atacando a população em várias frentes. Com essa política de resistência não há uma aglutinação de forças que crie um movimento que efetivamente se oponha ao governo Bolsonaro, é uma política ineficiente. Mas a experiência com a reforma da Previdência não revelou somente o fracasso da tal política de “resistência”. Ela desmascarou essa política como sendo uma grande ficção. O que existe na realidade são duas políticas. A primeira é a política que visa a derrubar o governo, pedir o fora Bolsonaro, chamar o povo a se mobilizar contra o golpe. Não “resistir”, mas partir para cima de um governo que é impopular, que foi colocado no poder de forma fraudulenta e que portanto a maioria do povo não o quer e quer vê-lo cair. A segunda política é a da burguesia, que colocou Bolsonaro no poder e que desde as eleições traçou um plano para disciplinar o governo. Na impossibilidade de eleger o seu candidato, a burguesia se viu obrigada a colocar Bolsonaro no poder.
E quem acredita nisso pode acreditar também em outras lendas. Uma delas, Fornazieri admite acreditar, chama-se pesquisa DataFolha. Para justificar o grande erro das “oposições” Fornazieri realmente leva a sério o resultado da pesquisa que diz que 47% da sociedade apoia a reforma. O DataFolha é dado a milagres desse tipo, como inventar que a direita colocou um milhão na Avenida Paulista nos atos pró-impeachment e agora que as pessoas apoiam o próprio roubo contra elas mesma. Há quem acredite nisso, Fornazieri acredita, pelo menos para justificar uma política de adaptação cada vez maior ao golpe e ao governo Bolsonaro e que, ao contrário do que ele mesmo diz, está levando a mais e mais derrotas.
Diante do fracasso da política de resistência e da recusa da esquerda de chamar a derrubada do governo só resta a política de colocar Bolsonaro na linha, ou seja, disciplinar Bolsonaro. Ideia que já é expressa por vários setores da esquerda, incluindo Fernando Haddad e Ciro Gomes. Diante da derrota na reforma da Previdência, Ciro Gomes afirmou que a política correta seria colocar Bolsonaro na linha. Ou seja, é a mesma política da direita golpista, do setor tradicional dos golpistas. Isso significa que toda a esquerda deveria ficar a reboque do PSDB, do DEM, do PMDB e do centrão, colocar Bolsonaro a serviço da linha geral dos golpistas. A política de resistência, portanto, significa no final das contas manter Bolsonaro sob controle, de acordo com as necessidades dos golpistas, que querem se livrar das excentricidades típicas da extrema-direita e ficar com um Bolsonaro que continue atacando o povo, mas adote um bico de tucano. É isso o que está por trás da resistência e da política de frente ampla com a corja golpista no Congresso, que setores da esquerda defendem. É a tucanização de Bolsonaro. O objetivo dessa política de resistência é o completo seguidismo à burguesia golpista em nome de se fazer oposição contra Bolsonaro.
6 | POLÍTICA
ANIQUILAÇÃO
Voto distrital é para aniquilar a esquerda, em favor do clientelismo E stá em marcha mais uma operação para fraudar a vontade popular nas eleições. Desta vez, busca se colocar em vigência uma antiga proposta da direita, diante da sua crescente incapacidade de obter o apoio popular e conquistar a maioria dos votos em eleições que não sejam totalmente fraudulentas como as presidenciais de 2018 – em que o candidato preferido pela população foi condenado, preso e afastado do processo por meio de um processo comprovadamente fraudulento, do qual fez parte a criminosa operação lava jato. A proposta é a implementação do “sistema distrital misto” que, desta feita, tem entre os articuladores um grupo de trabalho coordenado pelo vice-presidente do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), ministro Luís Roberto Barroso, da ala mais reacionária do STF, que já encaminhou documento, no mês de junho, para o presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), defendendo que o distrital seja adotado já no próximo ano, em cidades com mais de 200 mil habitantes O Judiciário, legislador e antidemocrático Como vem fazendo em outras questões, o TSE e toda a cúpula do judiciário que comandam a Justiça Eleitoral, querem mais uma vez agir como legisladores, pressionar por uma mudança na legislação, agora sugerindo alteração na já antidemocrática legislação eleitoral que muda sistematicamente – de forma casuísta – para atender aos interesses dos partidos burgueses e dos grandes capitalistas que eles representam; procurando impedir que se manifeste nas urnas a enorme rejeição popular que esses partidos e seus candidatos tradicionais tem diante da população (que evoluiu claramente à esquerda nos últimos anos). Foi assim, por exemplo, que foram sendo impostas a divisão desigual do tempo de TV e dos recursos fundo partidário em benefício dos grandes partidos capitalistas e a cassação do minúsculo tempo eleitoral e minguados recursos que eram destinados aos pequenos partidos da esquerda. Da mesma forma, se impôs a clausula de barreira e se mantém e se aprofunda a distorção que não garante no sistema eleitoral brasileiro o princípio da democracia burguesa de que a cada homem deve equivaler um voto, vigendo um sistema no qual um voto de um eleitor de certos Estados mais pobres, com maior predomínio da direita, tenha o seu voto valendo por oito ou mais votos da população dos grandes centros urbanos, dos Estados mais desenvolvidos do País, como SP, RJ, MG etc. O distrital contra a esquerda A proposta em estudo é um claro ataque ao direitos democráticos do eleitorado e à esquerda.
Já na eleição para vereadores, do próximo ano, “a ideia é separar os município em distritos, que elegeriam seus representantes isoladamente“. Desta forma, pelo sistema misto, a metade dos vereadores, nas grandes e médias cidades, seriam eleitos nos “distritos”, verdadeiros feudos em que seriam divididas essas cidades, nos quais seriam eleitos apenas os candidatos mais votados, que – em sua esmagadora maioria – estariam entre aqueles com maiores recursos para dominarem as máquinas eleitorais nessas regiões, como todo o esquema eleitoral fraudulento que dominam o processo eleitoral, como a compra de cabos eleitorais, contratação de milhares de “militantes” de “boca-de-urna”, forma disfarçada de compra de voto, distribuição de pequenas benesses eleitorais, empregos, entre outros expedientes disponíveis apenas para os candidatos com apoio na burguesia. A outra metade das Câmaras Municiais seria eleita pelo chamado voto em legenda, em lista fechada, em que os candidatos de cada partido são informados em uma lista predeterminada, que já definiriam a ordem em que as vagas serão preenchidas. Neste caso, o eleitor escolhe uma lista, e não um candidato. O modelo distrital misto prevê a divisão dos Municípios (e, depois dos Estados) em distritos eleitorais, o que levaria a que um bairro da zona Oeste do Rio , por exemplo, tivesse candidatos distintos de um bairro na zona Sul. De forma antidemocrática, a divisão das cidades em distritos seria feita pelo próprio TSE, que anuncia uma encenação pseudo democrática por meio de audiências públicas com representantes dos partidos políticos para discutir os critérios e os limites de cada distrito. Esta mudança reduziria enormemente as chances dos partidos e candidatos da esquerda, com menores recursos e com campanhas espalhadas entre categorias de trabalhadores ou movimentos sociais, espalhados pelas cidades, sem uma concentração baseada nos esquemas eleitorais “feudais” da burguesia. As máfias políticas da burguesia, incluindo as milícias, patrocinadas pelos grandes monopólios capitalistas, seriam os beneficiários. O sistema, inclusive, tornaria mais barata a campanha de um banco ou de uma grande empresa para eleger um grupo de vereadores ou deputados, com base no controle eleitoral sobre determinadas regiões. Um caso exemplar, dentre muitos, é o da eleição municipal de São Paulo, em 2016. Mesmo nessas eleições realizadas sob forte impacto e manipulação da campanha golpista, e com um postura profundamente defensiva e capituladora da esquerda que, em sua maioria se recusava a lutar contra o golpe de Estado, a esquerda conseguiu eleger uma bancada que não existiria nas condições que se quer estabele-
cer. O PSOL, por exemplo, elegeu dos vereadores, colocados entre os três menos votados dos 53 eleitos: Toninho Vespoli, com 16.012 votos e Sâmia Bomfim com 12.464 votos, graças ao percentual de quase 4% dos votos válidos obtidos pelo Partido em toda a cidade. Com a criação dos distritos, o partido teria que ter 100% a mais de votos em um determinado distrito para conseguir eleger um vereador. Da mesma forma o PT, que elegeu nove vereadores graças à sua votação na legenda e coletiva, teria sua bancada reduzida a menos da metade, com a vigência dessa medida. Essa situação se repetiria em praticamente todas as cidades atingidas pelo sistema distrital. A imposição da medida nas eleições municipais de 2020, visa preparar as condições para que ela se estabelecesse nas eleições para a Câmara dos Deputados, previstas para 2022, buscando uma “nova fórmula” de garantir a maioria para os partidos e candidatos escolhidos pela burguesia, em uma situação em que os partidos tradicionais da burguesia não tem apoio popular nenhum e que os “novos” partidos da direita, como o PSL, já se desgastam diante da enorme rejeição do governo Bolsonaro e do apoio dos mesmos à política de ataque ao povo brasileiro. “Modelo alemão” x proposta democrática
Os defensores da proposta alegam que estão propondo um sistema semelhante ao da Alemanha, justamente um dos mais antidemocráticos do planeta. Esse tipo de sistema provoca distorções tais na vontade do eleitorado que em alguns locais chegou mesmo a prejudicar a extrema direita em benefício dos partidos tradicionais da burguesia imperialista como no caso da Inglaterra, onde o ultra-direitista UKIP obteve quase 1/3 dos votos, nas últimas eleições parlamentares, mas ficou com apenas uma cadeira no parlamento, por conta das distorções do voto distrital. A adoção desse regime em uma País pobre e com maior concentração de recursos nas mão de um punhado de monopólios (inclusive políticos), em uma etapa de aprofundamento do regime de arbítrio imposto pelo golpe de Estado, aprofundaria a politica de destroçar com a representação politica da esquerda e dos setores com algum vínculos com os explorados e suas organizações. Contra o golpe eleitoral É preciso se opor à este golpe eleitoral, que busca aprofundar o golpe de Estado. Isso passa obviamente, pela luta contra o regime atual, pela derrubada do governo ilegítimo de Bolsonaro e de todos os golpistas, pela defesa da anulação fraudulentas de 2018 e pela convocação de novas eleições, com Lula em liberdade e Lula candidato.
Na questão eleitoral, é preciso opor ao voto distrital e ao regime antidemocrático vigente, defendendo, entre outras medidas a proporcionalidade direta na eleição das casas legislativas, desde as Câmaras Municipais até à Câmara dos Deputados. A votação deveria ser nacional, em chapas deliberadas pelos partidos (sem nenhuma interferência da justiça); a Câmara ter seu número de Deputados aumentado em mais de 100%, para garantir a representação de todos os setores sociais (incluindo as minorias), o voto ser nacional (no caso da Câmara dos Deputados), com um deputado sendo eleito pela votação mínima nacional necessária para cada partido (hoje 0,2%, deveria equivaler a um deputado). O Senado teria que ser extinto e a Câmara ter renovação regular (pelo voto) garantida em períodos mais curtos e ser estabelecida condições de revogabilidade dos mandatos pelo voto popular. Essas e outras medidas não podem, por certo, ser estabelecidas por um Congresso e um judiciário dominados pela direita golpistas, mas só podem advir de uma Assembléia Nacional Constituinte, livre e soberana, resultado da mobilização revolucionária das massas, que ponha abaixo o regime golpista. Veja alguns dos aspectos gerais da proposta antidemocrática do TSE MODO DE ELEIÇÃO
Situação Atual: A eleição de deputado federal, estadual, distrital e de vereador depende da votação do partido ou coligação – é o sistema eleitoral proporcional. Proposta do TSE: As cidades com mais de 200 mil habitantes adotariam o sistema distrital misto. O modelo, inspirado na Alemanha, prevê a divisão dos Estados e municípios em distritos eleitorais. CANDIDATURAS Situação Atual: Os candidatos são os mesmos para os eleitores de regiões distantes, como Jardim Ângela, na zona sul de São Paulo, e Santana, na zona norte, por exemplo. Proposta do TSE: Por esse modelo, os candidatos do Jardim Ângela, por exemplo, seriam diferentes daqueles dos eleitores de Santana. A divisão em distritos seria feita pelo Tribunal Superior Eleitoral (TSE). VOTO DO ELEITOR Situação Atual: O eleitor pode escolher votar tanto no candidato de sua preferência, como no número de sua legenda preferida. Proposta do TSE: Modelo combina voto proporcional e voto majoritário. O eleitor tem dois votos: um para candidatos no distrito e outro para as legendas (partidos).
POLÍTICA | 7
VAZAJATO
Dallagnol leva um por fora A
série de denúncias #VazaJato feitas pelo Intercept revelaram que Deltan Dallagnol, famoso pela sua completa inabilidade em produzir um simples PowerPoint, procurou usar a operação golpista Lava Jato pra “levar um” (ou seriam centenas de milhares?) por fora. Em matéria do jornal espanhol direitista El País e também neste Diário são apresentados alguns detalhes picantes do “apetite” voraz de Deltan, que até ontem era um dos arautos da “luta contra a corrupção”. Os vazamentos tornam ainda mais evidentes que este “combate” era exclusivamente por dinheiro. Primeiramente, devemos destacar a grande farsa que é a operação Lava Jato. Além de ser um instrumento do imperialismo para destruir a economia nacional, atacando os trabalhadores e a esquerda, vemos agora que os líderes da operação procuraram fazer muito dinheiro com o “networking e visibilidade” conquistados pela Lava Jato, o que só foi possível de se obter através da ampla campanha de apoio do PIG, o Partido da Imprensa Golpista. As conversas entre Deltan e o procurador Roberson Pozzobon, colega da Lava Jato, mostram que a dupla queria usar – inclusive – as suas respectivas esposas como “laranjas”, afinal seria muito feio que ambos aparecessem na linha de frente do “empreendimento”. É um truque conhecido do judiciá-
rio brasileiro, também utilizado por exemplo pela esposa do “Mussolini de Maringá”, Rosângela Moro. De acordo com o vazamento divulgado pelo Intercept, Deltan mandou como mensagem para a própria esposa a instrução: “vc e Amanda do Robito estão com a missão de abrir uma empresa de eventos e palestras. Vamos organizar congressos e eventos e lucrar, ok? É um bom jeito de aproveitar nosso networking e visibilidade…”, no dia 3 de dezembro de 2018. Dias depois, Deltan e Roberson criaram um grupo virtual com suas respectivas esposas para discutir os detalhes do “empreendimento”. No meio das discussões neste chat, Dallagnol chegou a mostrar um certo receio de que o plano desse muito na pinta, afirmando que seria “bem possível que um dia ela [Fernanda Cunha, da Star Palestras] seja ouvida sobre isso pra nos pegarem por gerenciarmos empresa”, ao que Pozzobon respondeu, do alto do status garantido pela Lava Jato que “se chegarem nesse grau de verificação é pq o negócio ficou lucrativo mesmo rsrsrs. Que veeeenham”. Quer dizer, aqueles que diziam que iam combater a impunidade são aqueles que na verdade têm a certeza de que seguirão impunes, à despeito do que façam. Em março deste ano, Dallagnol citou no grupo sobre um convite que ele recebeu para uma palestra por um
tal “Instituto de Liberdades Públicas e Ensino Jurídico Paulo Rangel”, que lhe deu algumas ideias. “Porque não construir uma instituição sem fins lucrativos, para se livrar de possíveis críticas e lucrar com um alto cachê para dar palestras?” Nas próprias palavras de Deltan: “Deu o nome de INSTITUTO, que dá uma ideia de conhecimento… não me surpreenderia se não tiver fins lucrativos e pagar seu administrador via valor da palestra. Se fizéssemos algo sem fins lucrativos e pagássemos valores altos de palestras pra nós, escaparíamos das críticas, mas teria que ver o quanto perderíamos em termos monetários”. Estas novas conversas divulgadas pelo Intercept dão só uma “provinha” do que está debaixo do tapete imundo que cobre a criminosa operação Lava Jato. No caso de Dallagnol não se trata
tanto de uma novidade, afinal já sabíamos que não se constrangia em comprar apartamentos construídos pelo Minha Casa Minha Vida para especular, o que já demonstra uma completa falta de escrúpulos. Embora o El País, a Folha de São Paulo, a Veja e outros órgãos da imprensa golpista se esforcem ao máximo para disfarçar a grande falcatrua que é o enriquecimento de membros da Lava Jato por meio de “palestras”, é mais uma denúncia que acerta em cheio esta operação fraudulenta e que contribui para o enfraquecimento não só da operação lava jato, mas também para o regime golpista de conjunto. Temos uma nova comprovação do que esse Diário destaca há muito tempo: sempre que você ouvir alguém falando em combater a corrupção, segure seu bolso e suas carteiras com muita força, você está prestes a ser assaltado.
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8 | PCO
ACAMPAMENTO AJR
Começa amanhã a 44ª Universidade de Férias do PCO N
esta quarta, dia 15, começa a 44ª edição do Acampamento e Universidade de Férias da Aliança da Juventude Revolucionária (AJR) e do Partido da Causa Operária (PCO). O mais tradicional curso de marxismo e formação política da esquerda brasileira, que terá como tema “O programa para a revolução socialista dos dias de hoje: o programa de transição da IV Internacional de Leon Trotski.” O evento vai até o próximo domingo (21), será em Ibiúna-SP e é possível se inscrever por aqui ou tirar dúvidas pelo telefone (11) 96388-6198. O curso é gratuito, sendo cobrados apenas o custeio do local e da alimentação (3 refeições diárias): Período integral: quarto R$ 700,00; barraca R$ 550,00 Diárias avulsas: quarto: R$ 150,00; barraca: R$ 120,00 Como é a Universidade de Férias do PCO? 44ª Universidade de Férias será uma experiência única.
O PCO, como um partido marxista, bolchevique, leva a sério a formação política de seus militantes, por isso, das 55 semanas anuais separa 3 para a formação teórica e prática de seus integrantes. Em mais de 20 anos de realização, a atividade soma um curso de formação teórica marxista (ministrado não por professores universitários, mas por militantes) e uma convivência socialista únicos, com preparação coletiva de todas as atividades, participação de pessoas de todo o país, instalações para jovens e crianças, atividades esportivas, exibição de filmes e palestras. Uma semana de convivência com militantes, filiados e simpatizantes de um partido verdadeiramente revolucionário. Os cursos das edições anteriores podem ser vistos no canal da Causa Operária TV (COTV) no youtube. A experiência dos participantes pode ser acompanhada através de cobertura realizada pelo Diário Causa Operária Online (DCO).
EDIÇÃO Nº1065
Polêmicas, marxismo e denúncias: adquira o novo Jornal Causa Operária! J
á está à venda a mais nova edição de Causa Operária, um jornal semanal que já está em sua 1065ª edição, que é o principal instrumento de agitação e propaganda do Partido da Causa Operária, sempre procurando chamar a mobilização dos trabalhadores contra a ofensiva da direita golpista, do imperialismo, além de desmascarar a política confusa e desmobilizadora de determinados setores da esquerda. Um jornal operário, isto é, independente e revolucionário. Seu único sustento é sua própria venda, realizada pelos militantes do partido, que estão sempre nos eventos, nas ruas, nos locais de grande aglomeração ou circulação. O Causa Operária já está disponível em dezenas de Estados, nas mais diversas cidades, pelo país afora. Toda semana, ele é vendido pelos militantes para manter sua publicação semanal e divulgar a opinião do PCO sobre os assuntos mais importantes.
Nesta edição, diversas polêmicas foram colocadas no jornal, denunciando a política de derrotas levada adiante pela esquerda pequeno-burguesa, com o objetivo de através da crítica evoluir o movimento operário no sentido de uma compreensão política mais clara dos acontecimentos e também sobre a forma de agir diante da situação Além disso, trata sobre a questão da “reforma” da Previdência e convoca os trabalhadores para atividades importantes do PCO, como a Universidade de Férias – curso de formação política marxista fundamental para compreensão política dos dias atuais; o curso de marxismo mais tradicional do país. E falando em tradição, o Causa Operária é publicado desde 1979, tendo surgido em meio às greves dos operários metalúrgicos do ABC contra a ditadura militar. A data torna-o um dos mais antigos jornais impressos da esquerda brasileira. Um jornal onde consta inclusive denúncias exclusivas do interesse do
movimento operário e popular, como repressão no campo, greve de categorias e assim por diante. Por isso, adquira já o seu Causa Ope-
rária para ter um resumo completo da semana e uma compreensão marxista dos principais acontecimentos do País e do Mundo.
ECONOMIA | 9
QUEDA DO PIB CHINÊS
Economia mundial sem perspectiva de recuperação O
Departamento Nacional de Estatísticas (DNE) da China divulgou ontem (15) a atualização dos dados oficiais sobre a economia chinesa. De acordo com o relatório, o Produto Interno Bruto (PIB) do país asiático cresceu 6,3% no primeiro semestre em relação ao mesmo período do ano passado, chegando a 6,56 trilhões de dólares. Embora ainda seja um crescimento muito grande comparado ao da maioria dos países do mundo, houve uma desacelaração no crescimento da economia. Esse foi o crescimento mais fraco dos últimos 27 anos na China, que está acostumada a um crescimento médio de 7% a 8% nos últimos 20 anos e que atingiu um pico de 11,9% em 2007. Entretanto, no ano seguinte, houve a explosão da crise capitalista mundial, que nada mais é do que a continuação da crise de 1974 – da qual o capitalismo nunca se recuperou e que, portanto, facilita a geração de novas crises econômicas que vão minando cada vez mais o regime imperialista. Com a crise de 2008, todas as economias do mundo foram atingidas intensamente, os bancos quebraram e, por exemplo, nos EUA, só consegui-
ram se recuperar (em termos) devido à interferência do Estado burguês para salvar seus lucros, sugando a riqueza de toda a população. A China continuou tendo o maior crescimento do PIB, mas a partir de 2011 ele veio diminuindo. Em 2010, ele chegou a 10,3%; em 2011, houve uma queda substancial: para 9,2%. Em 2012, uma desaceleração maior ainda: 7,8%. Desde 2016, o PIB chinês não consegue alcançar um crescimento nem mesmo de 7%, e agora apresenta uma nova queda.
Se comparada aos outros países, a China apresenta, mesmo com uma desaceleração, um crescimento impressionante. Entretanto, até mesmo um crescimento de 10% já é baixo para os padrões chineses e para o país mais populoso do mundo. Isso também se deve à mão de obra extremamente barata e gigantesca mais de 1 bilhão de trabalhadores, a qual o imperialismo explora intensamente, barateando o valor da força de trabalho a nível mundial. Ou seja, os grandes monopólios utilizam a China e seus operários
como uma grande fábrica, que padroniza os salários e os custos, especialmente nos demais países atrasados. Por isso a China é um país importantíssimo para a economia imperialista e a queda constante de seu PIB é um dos reflexos mais evidentes da crise econômica mundial. O mais novo dado sobre a desaceleração do PIB chinês mostra que a economia capitalista internacional continua em forte crise, e, o mais importante: ela não tem perspectiva de recuperação. Já se passaram mais de dez anos desde a crise de 2008 e os principais indicadores econômicos mostram uma defasagem não só nas economias dos países atrasados, mas também nas dos países imperialistas. O que ocorre atualmente na União Europeia é outra importante evidência disso. O imperialismo não consegue encontrar meios para resolver essa crise. Por isso tem feito o uso de uma política de força, colonial, de golpes de Estado e invasões nos países oprimidos, para tomar conta de seus recursos nacionais a fim de salvar uma parte dos lucros dos grandes capitalistas. Porém, mesmo isso não tem adiantado. A economia capitalista continua em queda, em colapso.
LADEIRA ABAIXO
Redução do PIB pela 20ª vez consecutiva E
conomia ladeira abaixo. Semana após semana, já são 20 consecutivas, desde meados de fevereiro, o “órgão oficioso” que mede a expectativa da evolução do Produto Interno Bruto (PIB) brasileiro para 2019, não para de cair. O último Boletim Focus, emitido todas as segundas pelo Banco Central, baseado em pesquisa durante a semana precedente entre os principais agentes financeiros do país, voltou a estimar uma nova projeção negativa para o PIB. Com relação à semana anterior, a estimativa caiu 0,1%, de 0,82% para 0,81%. Em 8 de fevereiro a expectativa do mercado para o PIB de 2019 era o de um crescimento de 2,5% para o ano. De lá para cá, a queda tem sido constante e ao que tudo indica, a tendência para um crescimento de 0% ou mesmo abaixo desse patamar, já
se apresenta no horizonte como uma possibilidade cada vez mais real. A situação é absolutamente grave, quando se vincula o desemprego ao PIB. Segundo estimativas de economistas, para absorver os mais de treze milhões de desempregados brasileiros, o país deveria crescer algo em torno a 6,5% ao ano. Essa possibilidade não está nem de perto colocada para os próximos anos, como se vê pelas previsões para 2019 e 2020. Ao contrário, a situação vai no sentido oposto. O quadro se apresenta mais grave, ainda, quando se considera que existem no País, de acordo com dados do IBGE, algo em torno a 65 milhões de pessoas fora do mercado de trabalho. Um outro dado absolutamente negativo da economia brasileira é que mesmo o País a caminho não já da recessão, mas de depressão econômica, a taxa básica de juros está entre
as mais altas do planeta, 6,5% ao ano. Isso se explica pela necessidade do governo atrair capitais especulativos para gerir os seus crescentes déficits, mas, também, pela tendência inflacionária da economia brasileira, o que faz com que o governo mantenha juros altos para encarecer o dinheiro e tentar controlar uma situação de estagnação econômica (já presente) e inflação alta, o pior dos cenários que levaria fatalmente a crise política para um patamar verdadeiramente explosivo. O círculo vicioso da economia brasileira também também não encontro alento, quando se vê o as tendências negativas da economia mundial. Segundo o Fundo Monetário Internacional (FMI), a previsão de crescimento da principal economia do mundo, os Estados Unidos, é extremamente modesto, 2,6% e 2% para 2019 e 2020, respectivamente, ainda mais
quando se considera os 46 milhões de norte-americanos vivendo na pobreza. Situação mais negativa, ainda, é a da União Europeia, que recentemente teve a projeção do seu PIB rebaixada para 1,4 para 1,2% em 2019. Um outro grande parceiro comercial do Brasil, a China, também não vive um dos seus melhores períodos. A estimativa do crescimento do país para 2019 não passa de 6,2%. Muito pouco, para uma economia que vinha crescendo até pouco tempo atrás a ritmos superiores aos 10% e com isso minorando a crise mundial. Finalmente, temos a situação catastrófica da Argentina, que em 2018 teve um crescimento negativo da ordem de 2,5% do PIB e de 5,8% (também, negativo) no primeiro trimestre de 2019. Nunca é demais frisar, que o Brasil e a Argentina têm em comum políticas econômicas muito semelhantes e que, portanto, não precisa ser nenhum grande entendedor de economia para projetar o que se pode se esperar para o Brasil.
10 | POLÍTICA
DIREITISTA
Por que todos defendem a direitista Tabata Amaral? D
iante da votação da Reforma da Previdência, Tábata Amaral é um dos nomes mais comentados do momento. Isso porque ela, que supostamente seria uma aliada do “campo progressista” para os defensores da Frente Ampla com os golpistas, retirou sua máscara ao votar em defesa do roubo da aposentadoria de milhões de trabalhadores. Votou junto com os bolsonaristas e golpistas, e por isso foi elogiado por eles. Porém, Tábata se atritou com a esquerda, e se opôs à maioria da população trabalhadora atacada pela “reforma” e, diante disso, a imprensa tem procurado defender a deputada do PDT. Obviamente, tem um interesse político atrás disso. Enquanto a direita está destruindo e perseguindo a esquerda e suas organizações políticas, tentando impedir a sua participação na política, busca inventar uma “nova” esquerda. Uma esquerda ao estilo de
Tábata Amaral, que repete frases vazias em defesa da educação e do povo, mas que apoia o projeto neoliberal carniceiro e psicopata dos golpistas. Por isso, diante da crise política da deputada, todos os órgãos de imprensa da burguesia, sobretudo os que se dizem democráticos e progressistas, como a serviçal da ditadura militar Folha de São Paulo e o órgão do imperialismo espanhol El País, estão procurando salvá-la. Até o jornal The Intercept está procurando “passar pano” para a pedetista. Os jornais procuram apresentar Tábata como uma política compromissada, acima da luta entre esquerda e direita. Uma pessoa que apela à razão e à consciência, sem interesses pessoais. Estão dando ênfase à frase proferida pela deputada de que votou pela destruição das aposentadorias “por convicção e não por dinheiro”, o que não melhora em nada
a situação, do ponto de vista dos trabalhadores. A deputada, patrocinada por grandes grupos capitalistas, como o dono da Ambev e segundo homem mais rico do Brasil, Jorge Paulo Lemann, e o apresentador-empresário da Globo Luciano Huck e que, agora, vota de acordo com os interesses desses e outros tubarões capitalistas, afirma que isso não implica que prevalecerá o interesse dos capitalistas em suas decisões. E chega a questionar a posição da esquerda contra a “reforma” da Previdência: “ser de esquerda não pode significar ser contra um projeto que pode tornar o Brasil mais inclusivo e mais desenvolvido”. Pois sua opinião é de que roubar a aposentadoria dos trabalhadores é ser “inclusivo” e “desenvolvido”, algo tipicamente neoliberal, assim como defendem seus financiadores. Mostram Tábata como uma pessoa corajosa, que “por convicção” votou
contra seu partido – teoricamente, já que uma a maioria do PDT votou a favor da reforma, para disfarçar sua posição de não lutar contra a reforma . Além disso, Tábata seria uma pessoa compromissada com o apartidarismo, sem emoções na política, apenas a razão – algo parecido com o que defendeu Ciro Gomes durante as eleições para se declarar contra a candidatura de Lula. Tábata seria uma espécie de super-mulher, acima das críticas, um prodígio da natureza. Tudo isso segundo a opinião da imprensa golpista. Porém, como foi dito acima, esta tentativa de salvar e elogiar a deputada demonstra um interesse grande dos capitalistas em defender a “nova esquerda” que ele representa. Uma esquerda amiga dos bolsonaristas e dos golpistas. Uma esquerda que não defendem os interesses dos trabalhadores. Em suma, uma esquerda neoliberal – se é que isto é possível…
PRESIDENTE ILEGÍTIMO
SUCATEAMENTO
Bolsonaro quer dar a linha na Argentina
Direita está destruindo o País
O
presidente ilegítimo do Brasil Jair Bolsonaro declarou ao jornal argentino Clarin que espera que os argentinos reflitam muito “sobre essa visita de seu candidato a Lula”. O candidato em questão é Alberto Fernández, que disputará as eleições presidenciais pelo Partido Peronista e visitou o ex-presidente Lula no início do mês de julho, nas masmorras da Polícia Federal, em Curitiba. Apesar de ser um jurista vinculado a governos neoliberais, Fernández foi atacado por Bolsonaro porque encabeçará uma chapa com Cristina Kirchner como vice. Perseguida pelo imperialismo e considerada a mais popular liderança do Partido Peronista na atualidade, Kirchner é – apesar dos enormes limites de sua política burguesa – uma pedra no sapato dos golpistas que querem destruir a América Latina, em favor do imperialismo. Não é à toa, portanto, que Bolsonaro fez questão de mencionar a ex-presidenta argentina em sua entrevista ao Clarín. Disse ele: “o candidato de Cristina Kirchner não conhece a realidade brasileira. Aqui confiamos em nossas instituições. Lula foi condenado em três instâncias. Espero que a Argentina reflita muito sobre essa visita de seu candidato a Lula”. A declaração de Bolsonaro ocorreu às vésperas de sua viagem para a Argentina, onde estará ocorrendo, a partir de hoje, uma reunião da cúpula do Mercosul. Diante desse fato, Bolsonaro também aproveitou para reiterar a posição que o imperialismo espera do próximo presidente argentino: “o candidato de Cristina Kirchner disse que revisaria (o acordo) Mercosul-União Europeia. Isso vai trazer problemas econômicos para Brasil, Argentina, Uruguai e Paraguai. Estamos focados na economia. Um governo com a eco-
A
nomia fraca não se sustenta. E eu não quero que a Argentina siga a linha da Venezuela. Por isso que apoio a reeleição de Macri. Na verdade, apoio apenas que Cristina Kirchner não volte ao poder, tendo consciência de que não vou interferir politicamene em outro país”. O apoio de Bolsonaro a Macri e o ataque ao kirchnerismo mostra que o presidente golpista do Brasil pretende atuar não só como um capacho dos norte-americanos em seu próprio território, mas como uma espécie de feitor que garanta o saque dos capitalistas por toda a América Latina. As eleições argentinas são assunto do povo argentino, mas Bolsonaro faz questão de tentar influenciar na disputa presidencial para tentar consolidar seu papel como líder dos presidentes golpistas da América Latina, que tentam a todo custo depor o governo venezuelano e atender tofss as reivindicações do imperialismo. A intromissão de Bolsonaro nas eleições argentinas também mostra a enorme polarização política corrente no país vizinho e em todo o continente.
falta de investimento em infraestrutura no Brasil e a má qualidade resultante desse fato pode ser vista em inúmeras rodovias, pontes, estradas, ferrovias, etc. Nos anos 80, o investimento em infraestrutura era cerca de 60% do Produto Interno Bruto (PIB), no ano passado o mesmo investimento foi de 36,6% do PIB. De acordo com um estudo da consultoria InterB, grande parte da infraestrutura brasileira tem entre 30 e 40 anos e um baixo nível de manutenção, fazendo com que muitas pessoas passem por áreas de risco, como pontes e rodovias, todos os dias. Existe também o problema com a falta de saneamento básico. Atualmente existem cerca de 100 milhões de pessoas sem acesso à uma rede
de esgoto e cerca de 35 milhões sem acesso à água potável. Outro estudo realizado pela InterB demonstra que, de toda a água que é tratada, 38,3% é perdida durante o percurso até as cidades por conta de vazamentos chamados de “gatos”. Com a contínua falta de recursos, a tendência é de que esse número aumente. O sucateamento da infraestrutura acontece devido a política neoliberal da direita golpista, que faz isso para abrir espaço para privatizar tudo o que for possível e criar o “estado mínimo”. Consequentemente, nada mais seria público e a situação do país ficaria ainda mais precária. Contra isso, é preciso mobilizar o povo na luta contra os ataques da direita.
INTERNACIONAL | 11
GOVERNO VENEZUELANO
Venezuela denuncia relatório farsesco da ONU sobre direitos humanos O
presidente da Venezuela, Nicolás Maduro, enviou uma carta à alta comissária da Organização das Nações Unidas (ONU), Michelle Bachelet, repudiando o relatório divulgado no último dia 5 que distorce a questão dos direitos humanos no país caribenho. A carta foi lida em Genebra por Jorge Valero, representante da Venezuela na ONU. O governo venezuelano denunciou o relatório como mentiroso e disse – corretamente – que ele segue a linha do Departamento de Estado norte-americano, de atacar de todas as formas o governo chavista. Nesse final de semana, o povo venezuelano também saiu às de todos os estados do país em repúdio ao relatório, na jornada apelidada de Marcha pela Verdade. Em Caracas, milhares de pessoas compareceram à manifestação. Movimentos populares de outros países, especialmente latino-americanos, aderiram ao repúdio, denunciando a farsa que é o relatório. Dentre as distorções do documento, consta que, por exemplo, 80% das entrevistas realizadas para sustentar as afirmações e conclusões foram feitas com pessoas que vivem fora da
Venezuela. Ou seja, que não têm um quadro completo e preciso do que se passa no país. Bachelet viajou recentemente para a Venezuela, mas a esmagadora maioria das testemunhas colhidas foi de quem mora fora do país. Ela permaneceu lá por somente três dias, o que não ajuda a fazer uma pesquisa minimamente eficiente sobre os direitos humanos ou sobre qualquer outro assunto. Além disso, o governo venezuelano apresentou diversos dados relevantes que simplesmente foram rechaçados pela comissária. Por outro lado, ela levou em grande consideração todas as mentiras espalhadas pela oposição golpista e pela imprensa capitalista, como, por exemplo, as denúncias infundadas sobre supostas torturas e assassinatos perpetrados pelas autoridades governamentais. Ao mesmo tempo, não leva em conta as atrocidades cometidas pela extrema-direita que tenta dar golpes contínuos contra o povo – entre elas, as próprias tentativas de golpe e também os ataques violentos nas ruas, como linchamentos e assassinatos. O relatório também ignora os efeitos do bloqueio econômico imposto pelo imperialismo – especialmente o norte-americano -, que é a causa prin-
cipal da deterioração dos padrões de vida dos venezuelanos e da falta de comidas e remédios. Os bancos internacionais impedem o governo venezuelano de realizar transações, não podendo comprar produtos básicos, que tradicionalmente são importados para a Venezuela. Dentro da própria Venezuela houve a expectativa de que, por ser do Partido Socialista Chileno e ex-presidenta
de esquerda, Bachelet iria ajudar na promoção da verdade sobre o país. No entanto, é preciso lembrar que ela formou um dos governos mais direitistas dentre os governos de esquerda na América Latina e, só pelo fato de ter sido escolhida alta comissária da ONU, já seria perceptível que seu trabalho estaria diretamente coordenado com o imperialismo – que controla a ONU.
COMISSÁRIA DA ONU
Movimentos sociais denunciam manipulação de Bachelet sobre a Venezuela N
o último dia 5, Michelle Bachelet, Comissária da ONU para Direitos Humanos, divulgou um relatório completamente distorcido sobre a situação Venezuelana. No documento, Bachelet aponta a crise Venezuelana como se fosse um resultado da política de Nicolás Maduro, quando, na verdade, a crise que se instalou na Venezuela é culpa do imperialismo estadunidense, que tem aplicado diversas sanções econômicas e comerciais no País. O povo venezuelano, partidos políticos e dezenas de organizações sociais denunciam que Bachelet ocultou a participação dos EUA na situação venezuelana, desconsiderando o bloqueio econômico e a violência por parte da direita, junto aos boicotes causados pela burguesia. Isso sem contar que 80% dos entrevistados para a pesquisa nem moram na Venezuela. Tanto a falta de remédios quanto a falta de comida são causadas não pela política de Maduro, mas pela ganância dos EUA em cima do Petróleo e das riquezas da Venezuela, fazendo o que for preciso para roubá-los. Ao não analisar a fundo a causa dos impactos alarmantes dentro da Vene-
zuela, Bachelet trai o povo venezuelano e contribui com o imperialismo e com todas essas práticas ilegais, como a retenção ilegal de dinheiro Venezuelano não apenas nos EUA, mas também na Europa. Não só, o tendencioso relatório ainda omite os ataques que a direita vem praticando contra a população, como aconteceu em fevereiro deste ano, onde direitistas incendiaram um caminhão que trazia ajuda humanitária, na fronteira com a Colômbia. Todas essas ações ficam claras, por exemplo, nas tentativas Juan Guaidó em roubar a presidência de Maduro, afinal, Guaidó é financiado pelos EUA e já protagonizou diversas tentativas de golpe na Venezuela, todas mal sucedidas, pois o povo saiu às ruas para proteger seu País. Os EUA, cretinamente, afirmam que há uma ditadura na Venezuela e que a população sofre por ter um governo de esquerda no poder e traiçoeiramente exploram esse discurso para roubar mais um País atrasado. Neste momento, é preciso dar todo apoio à Venezuela, contra os ataques do imperialismo, que também afetam o Brasil.
12 | INTERNACIONAL
INGLATERRA DEMAGÓGICA
Coloca Turing assassinado pelo país em cédula O
Banco da Inglaterra estampará o rosto de Alan Turing nas próximas cédulas de 50 libras. Turing foi um dos principais matemáticos do século XX, precursor da computação moderna. Jovem prodígio, trabalhou para o governo britânico na decodificação das mensagens trocadas entre os alemães. Foi uma tecnologia decisiva para os exércitos ingleses na antecipação das manobras de seus inimigos. Alan Turing não escondia sua homossexualidade. Seis anos depois de terminada a Segunda Guerra, teve um rápido romance com o jovem Arnold Murray, que não acabou bem. Decidindo prestar queixa à polícia sobre alguns objetos roubados em seu apartamento, Turing descreveu Murray como seu parceiro íntimo. Naquela época, a homossexualidade ainda era crime na Inglaterra, e o Estado decide abrir uma ação contra ambos por “atentado ao pudor”. Condenado em 1952, Turing sofreu “castração química,” no lugar da prisão, sendo obrigado a tomar doses frequentes de hormônios para “reduzirem a libido”. Ao longo do tempo o matemático passa a sofrer de impotência e aumento dos seios. Além disso, perde seu posto de agente secreto inglês e o contrato de consultoria com o governo do seu país. Passa a ser vis-
to com desconfiança, pois sem aquele emprego, poderia decidir cooperar com serviços de espionagem russa e de outros países. Quando tenta viajar para os EUA, por exemplo, Turing tem o visto negado. Dois anos depois da castração química, em 1954, Turing é encontrado morto, envenenado. A autopsia po-
POR MELHORES CONDIÇÕES Funcionários da Amazon fazem greve por melhores condições de trabalho
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uncionários de sete centros de distribuição da empresa Amazon entraram em greve nesta segunda-feira, na Alemanha e na Espanha. A greve coincide com os dias de superpromoção da empresa, que será nesta semana. Os funcionários denunciam os baixos salários e as precárias condições de trabalho. A empresa, um monopólio norte-americano do ramo de comércio eletrônico de produtos, além dos baixos salários pagos aos seus funcionários, tem passado por cima das negociações coletivas feitas com os sindicatos e demais entidades dos trabalhadores.
A greve é importante, mesmo sendo em uma categoria ainda muito desorganizada, pois é um sinal de que os trabalhadores começam a se mobilizar diante das péssimas condições de trabalho imposta pelo capitalismo. Nesse sentido, a greve de um setor desorganizado revela a profunda crise que vive o sistema capitalista. Outro fator importante é que a greve acontece em um país avançado, do ponto de vista capitalista, além de ser uma greve contra um dos monopólios empresarias mais importantes do mundo hoje, o que só aponta a profundidade da crise econômica.
licial indica suicídio. Posteriormente, outras especulações são levantadas, principalmente no sentido de uma morte acidental (Turing também manipulava substâncias químicas no laboratório de seu apartamento). A versão do acidente ajudaria a ocultar a comoção pública sobre a repressão inglesa aos homossexuais. É previsível que
Turing ou qualquer ser humano que passe por uma castração química se torne predisposto à depressão e até suicídio. Sessenta anos depois, a Rainha Elizabeth II concedeu “perdão” a Turing, uma maneira cínica de um regime opressor se fantasiar de democrático e não assumir a culpa que é sua. E agora, em mais um movimento demagógico, o Banco da Inglaterra homenageia o matemático na cédula de 50 Libras. Não podemos nos enganar com as falsas homenagens que eventualmente a burguesia faça a personalidades importantes ou oprimidas. São válvulas de escape para aliviar a pressão, evitando evidenciar a brutalidade do regime. A realidade nua e crua do capitalismo, na “democrática” Inglaterra, é que até um agente que serviu ao regime é descartável e pode cair no ostracismo, graças a leis repressivas que a burguesia mantém como pode para conter a classe trabalhadora. Cabe lembrar que este “bondoso” Banco da Inglaterra é o mesmo que, no início do ano, se negou a retornar 1,2 bilhão de dólares em barras de ouro depositadas pelo governo venezuelano em seus cofres, num verdadeiro saque de riquezas, visando justamente consolidar o bloqueio econômico à Venezuela e aprofundar o caos naquele país.
INTERNACIONAL | 13
ESPANHA
Crise entre PSOE e Podemos pode impedir formação de governo N
esta segunda (15), Pedro Sánchez do PSOE (Partido Socialista Operária Espanhol), presidente da Espanha, afirmou que acabaram as negociações com o partido PODEMOS para a formação do governo espanhol. Em entrevista à rádio Cadena Ser, Sánchez disse que Pablo Iglesias (líder do PODEMOS), “deu por rompidas as negociações”, acusando-o de usar uma consulta interna, agendada para esta quinta (18), como forma de “justificar o seu voto contrário à investidura” do PSOE no governo. Em junho do ano passado o PSOE elegeu 84 dos 350 assentos no parlamento e fez uma aliança com o PODEMOS, que detinha 67 cadeiras e outros partidos menores, para obter maioria capaz de formar o governo. Já em 2019, os socialistas (liderados por Sánchez) ganharam as eleições legislativas de 28 de abril, conseguiram eleger 123 deputados dos 350, porém, novamente sem capacidade para formar o governo. Após os partidos da direita (Ciudadanos, Partido Popular) e da extrema direita (Vox) terem anunciado que votarão contra a formação de um governo socialista, o PSOE passou a necessitar o apoio do Podemos (que elegeu 42 deputados) e de forças regionais de esquerda para garantir a recondução do mandato de Sánchez. O impasse entre Pedro Sánchez e Pablo Iglesias ocorre sobre a participação do PODEMOS no governo. O partido exige a formação de um governo de coligação, que inclua seus quadros como ministros, mas o PSOE recusa a possibilidade de incluir dirigentes do PODEMOS no executivo. Na última sexta (12), o PSOE se dispôs a ceder cargos ministeriais ao PODEMOS, desde que os ministros tivessem um perfil “técnico e não político”. O anúncio fez o PODEMOS convocar, para a próxima quinta (18), um referendo interno. Cerca de 190 mil pessoas deverão votar sobre como o PODEMOS se posicionará nesta discussão: se deve exigir um governo de coligação com representação proporcional aos votos que teve; ou se apoiará um governo exclusivamente do PSOE. Para Sánchez, o referendo interno é uma forma mascarada, uma estratégia para o PODEMOS se justificar com seu eleitorado na participação de um governo do imperialismo. Na Cadena Ser desta segunda (15), Sánchez disse que Pablo Iglesias recusou “a incorporação de pessoas qualificadas da coligação Unidas Podemos no conselho de ministros” e continuou: “É a primeira vez em 40 anos que o candidato a presidente do governo faz uma proposta deste tipo e recebe a resposta de que é uma idiotice. A sua consulta interna rompeu as negociações, porque vão usar esta consulta adulterada para justificar o seu não à investidura pela segunda vez.” Essa briga entre PODEMOS (esquerda pequeno-burguesa) e PSOE (esquerda burguesa imperialista) reflete o aprofundamento geral da crise dos
regimes “democráticos” da Europa. É uma luta entre quem administra melhor o Estado capitalista. O PODEMOS é como um segundo PSOE, sem o aparato e o apoio dos grandes capitalistas. No fim, mesmo que os dois cheguem a um acordo, o governo repetirá o que sempre foi o governo do PSOE, com intensas conciliações com a burguesia imperialista, reprimindo os povos que lutam por sua independência, como os catalães. No entanto, há também a possibilidade de não ser formado governo, dado que sem o apoio do PODEMOS, o PSOE não conseguirá maioria, o que resultará no chamado de novas eleições legislativas. Rajoy caiu em 2018, o PSOE assumiu e após 8 meses convocou eleições, venceu e e corre o risco de não conseguir formar o governo, o que mostra o tamanho da crise política espanhola. Quer entender melhor? o DCO acompanhou e analisou vários do principais acontecimentos da situação política na Espanha. Em 15 de fevereiro, o DCO mostrou por que foram chamadas novas eleições. Espanha: em meio a profunda crise, Pedro Sánchez antecipa eleições “O que havia desgastado muito o governo anterior foi a política de ataques à soberania do povo catalão, que entrou em um intenso processo de luta pela sua autonomia. O PSOE assumiu com a derrubada de Rajoy, o que fez com que os catalães colocassem esperança no novo governo. Com a aliança do PSOE com a direita imperialista e os fascistas
contra o referendo pela autonomia da Catalunha. Os partidos catalães (PDeCAT e ERC), então, se colocaram contra o governo, enfraquecendo ainda mais o presidente já minoritário no parlamento, votando contra a aprovação do orçamento proposto pelo governo… A crise do governo, totalmente sem aliados, fez com que Sánchez chamasse novas eleições.” Em 25 de abril, explicou-se a possibilidade de eleição do PSOE e as dificuldade que enfrentaria para formar o governo: Esquerda lidera as pesquisas na Espanha, mas teria dificuldade para formar um governo “Em 2018 o governo direitista de Mariano Rajoy (PP) caiu devido a uma moção de censura (uma espécie de impeachment na Espanha), baseada em denúncias de corrupção e caixa 2, uma clara pressão do imperialismo para conter o problema da independência da Catalunha. A moção foi movida pelo PSOE, a esquerda burguesa, que chegou ao governo sem votos. Agora esta esquerda está para ganhar as eleições do próximo domingo, aparentemente com o apoio da burguesia, para tentar manter alguma estabilidade no regime. Uma forma de conter um outro fenômeno recente, a vitória da extrema-direita nas eleições regionais da Anadaluzia, um sintoma da crise e de seu aprofundamento.” Também sobre opções de alianças que, segundo o jornal El País: “Uma das melhores opções para o PSOE – formar uma aliança entre Unidas Podemos e Compromís e PNV, partidos com os quais já cogoverna na Comunida-
de Valenciana e no País Basco, respectivamente – o deixaria, segundo a pesquisa, às portas da maioria absoluta, com 170 cadeiras. Nessas circunstâncias, tem importância chave o resultado dos separatistas catalães – os possíveis aliados mais arriscados para Sánchez, em pleno desafio separatista e com a Catalunha transformada em pedra angular da oposição e da campanha da direita – e em especial do ERC, cujas boas perspectivas o estudo ratifica, segundo o qual passaria de suas nove cadeiras atuais para 13, claramente acima das cinco dos Junts per Catalunya.” Em matéria de 30 de abril: Espanha: ante o esgotamento do PP, burguesia escolhe o PSOE mas o fascismo ainda é uma alternativa “Se a direita tivesse ganhado, abriria-se uma crise ainda maior em relação à Catalunha, mas também iniciaria uma grande desestabilização na unidade com os outros países oprimidos por Madri, sendo seguramente o principal foco de instabilidade para o governo da direita. Na Catalunha, a esquerda independentista foi a grande vencedora; no País Basco, PP, Ciudadanos e VOX não lograram um mísero assento; na Galiza, o PP teve uma queda considerável. Ficou demonstrado que a direita não tem apoio nessas regiões, bem como em outras regiões com movimentos de independência, como Valencia ou Andaluzia. Logo, a burguesia percebeu que, colocando a direita no governo, veria ameaçada mais do que nunca a unidade nacional, com risco de novos conflitos ainda mais radicais.”
14 | MOVIMENTO OPERÁRIO
DF
Plano de demissão prepara privatização do Banco de Brasília N
o último dia 12 de julho o governador golpista de Brasília, Ibaneis Rocha, lançou um Plano de Demissão “Voluntária” Incentivada (PDVI) no Banco Regional de Brasília (BRB), com a intenção clara de enxugar o quadro funcional da empresa e pavimentar o caminho para a sua privatização. O atual governo do DF visa entregar todo o patrimônio do povo de Brasília nas mãos dos banqueiros e capitalistas. Deu declarações que pretende entregar a Companhia de Energética de Brasília (Ceb), a Companhia de Saneamento Ambiental do DF (Caesb), o Parque da Cidade e abriu um processo licitatório para entregar o Metrô; recentemente privatizou a administração, para um consórcio de empresas privadas, da
Arenaplex, complexo que inclui o Estádio Nacional Mané Garrincha, o Ginásio Nilson Nelson e o Complexo Aquático Cláudio Coutinho, tudo isso para entregar para os parasitas capitalistas que um tem único objetivo: explorar toda a população para a obtenção, única e exclusivamente, do lucro. O lançamento do PDVI no BRB, nada mais é do que um projeto que pretende “enxugar” o quadro funcional do banco, além, é claro, do que já vem acontecendo através de descomissionamentos, rebaixamento salarial, fechamento de agências, etc., com o intuito de preparar o banco para a sua privatização. Mais esse ataque aos trabalhadores, através de demissões em massa
e a entrega do patrimônio do povo de Brasília é a consequência da política reacionária da direita fascista, que hoje se instalou no Palácio do Buriti, que tem com fundamento aprofundar a ofensiva contra os trabalhadores para beneficiar banqueiros e capitalistas nacionais e internacionais. A luta contra a privatização do BRB é a mesma luta do conjunto dos trabalhadores das empresas estatais, que estão na mira do governo privatista. É necessário organizar, imediatamente, uma gigantesca mobilização contra a política de rapina dos capitalistas e seus governos através de uma greve geral dos trabalhadores das empresas estatais e barrar as privatizações.
ATAQUE
CORREIOS
Governo golpista quer privatizar as universidades federais
A maioria dos demitidos no último PDV da ECT eram atendentes
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último PDV (pedido de demissão voluntária ) da ECT (Empresa Brasileira de Correios e Telégrafos), aberto no mês de junho de 2019, teve como resultado a demissão de 4881 trabalhadores da empresa, uma diminuição de quase 5% da categoria, visando a sua privatização, ou seja, a sua destruição pelo governo fraudulento e golpista de Jair Bolsonaro. Desses quase cinco mil trabalhadores demitidos, na sua maioria, eram trabalhadores que eram lotados em agências próprias dos Correios, atendentes comerciais, que estão se sentindo infeliz com a política de opressão, sucateamento e desmonte a ECT. A direção golpista dos Correios anunciou que demitiu no PDV mais de 4 mil atendentes por todo o Brasil, o que prova que uma das políticas que os golpistas estão promovendo na
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governo golpista de Jair Bolsonaro, tem como proposta cobrar mensalidades em universidades federais. Mais um passo no sentido da privatização do ensino superior no Brasil. Segundo os golpistas a cobrança seria facultativa, mas sabemos que na realidade todos terão que pagar no final. Outro argumento que a direita costuma levantar é que, de acordo com eles, a gratuidade nas universidades públicas seria uma grande injustiça. Afinal, muitas pessoas que teriam condições de pagar mensalidades em faculdades particulares ocupam vagas em universidades públicas. Embora este argumento possa iludir os mais ingênuos, a verdade é que trata-se de uma porteira. Uma vez que se comece a cobrar mensalidade de alguns estudantes, rapidamente toda a boiada vai atravessar a porteira, e
logo a cobrança de mensalidades se tornará a norma. A cobrança de mensalidades e a privatização das universidades públicas é um plano antigo da direita e do imperialismo para o Brasil, e foi um dos poucos setores que sobreviveram à devastação provocada pelo governo de Fernando Henrique (PSDB). O governo fraudulento de Bolsonaro quer destruir completamente o ensino público brasileiro, feito este que nem FHC e Temer conseguiram realizar. Contra a ofensiva golpista e fascista nas universidades públicas, é necessário organizar de maneira imediata os comitês de luta contra o golpe em todas as universidades do país e impulsionar a campanha pelo Fora Bolsonaro. É preciso que os comitês organizem também a autodefesa dos estudantes para responder à altura as provocações dos grupos fascistas.
empresa é a destruição das agências próprias, levando todos os usuários dos Correios a utilizar as agências franquiadas, que estão nas mãos dos deputados, ou apadrinhados de políticos da direita brasileira. Também é necessário lembrar que antes do PDV, os Correios estavam fazendo os atendentes pagar por mercadorias e postagens reclamadas pelos usuários dos Correios, uma pressão para levar o trabalhador a pedir demissão, além da programação do fechamento de 500 agências próprias da empresa. É necessário exigir da direção golpista a contração de mais de 100 mil trabalhadores para dar conta da demanda existente na empresa e não aceitar a diminuição da quantidade de trabalhadores nos Correios que visa enfraquecer a categoria, diante das privatizações.
CIDADES | 15
SAPUCAIA DO SUL
Soldado é morto por colegas do exército no RS N
a manhã do dia 13/07, sábado, um soldado foi morto por um colega enquanto fazia o serviço de guarda no 18º Batalhão de Infantaria Motorizado do Exército Brasileiro em Sapucaia do Sul (RS). Talles Finger tinha 18 anos e chegou a ser socorrido, mas não resistiu. O batalhão notificou que o militar que disparou contra Talles foi imediatamente preso dentro do quartel por seus superiores. Ao ser perguntado se havia alguma possibilidade do tiro ter sido acidental, o quartel informou que “qualquer suposição pode atrapalhar as investigações” e que as informações seriam apura-
das o mais rápido possível. Não se tem nenhuma notícia da investigação desde então. Casos como esse não são “isolados” e muitas vezes tem ligações com brigas dentro das Forças Armadas. A corrupção, o tráfico de drogas e o tráfico de armas são frequentes dentro da instituição e provocam casos que muitas vezes não vêm a tona para tentar mascarar a podridão dentro da instituição. Leia a nota do Exército: O Comando do 18º Batalhão de Infantaria Motorizado (Sapucaia do Sul-RS)
lamenta informar que na manhã de hoje (13 de julho) o Soldado TALLES FINGER, natural de Campo Bom-RS, veio a falecer durante o serviço de guarda ao quartel, fruto de um disparo de arma realizada por outro militar. Foi aberto um Inquérito Policial Militar para apurar as circunstâncias do trágico fato, sendo que de imediato foi lavrada a prisão do militar que disparou a arma. O Comando se junta à família neste momento de consternação e pesar, que está recebendo todo o apoio psicológico e espiritual. COMANDO DO 18º BATALHÃO DE INFANTARIA MOTORIZADO
ENTREGADORES DE COMIDA EM SP
ENTREGADORES DE COMIDA EM SP
“Empreendedores” explorados
Povo de Vargem Grande espera vários meses para atendimento médico
O
avanço da política golpista contra toda a população brasileira, o aumento do desemprego, leva a que muitas pessoas, principalmente os mais jovens, recorram aos subempregos, como é o caso, por exemplo, dos entregadores de aplicativos virtuais, como iFood, Rappi, Uber Eats. Apesar da demagogia barata da direita, de que tais trabalhadores seriam na realidade empreendedores, pois podem trabalhar de acordo com seus próprios horários, etc. Fato é que as condições de trabalho são muito precárias, os salários baixíssimos, sem contar o risco diário à vida devido a falta de segurança. Para começar os entregadores de aplicativos virtuais tem que pagar pelos equipamentos que irão utilizar, como é o caso da bolsa térmica, a qual tem um custo em média de R$ 50. Com a popularização deste serviço, os entregadores, que em tese seriam “livres” para escolher seus horários de trabalho, tem que trabalhar em dobro para conseguir obter uma renda razoável no final do mês. O pagamento é feito de acordo com o tempo que foi trabalhado. Em situações adversas, por exemplo, as quais apresentam um risco ainda maior para a vida dos entregadores, os preços das corridas aumenta, como é o caso dos dias de chuva. A falta de qualquer regulamentação, di-
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reito, garantia, leva os entregadores a uma situação degradante de trabalho, levando inclusive a morte, como foi o caso do entregador Tiago Jesus Dias, 33, que morreu de AVC enquanto trabalhava para o aplicativo Rappi. As empresas não se colocam como empregadoras formais dos entregadores, o que as desobriga a cumprir com os direitos aos trabalhadores. Trata-se das “maravilhas” aprovadas, por exemplo, pela reforma trabalhista, como o trabalho intermitente, a chamada “flexibilização”, ou seja, para os patrões lucros absurdos, para os trabalhadores, salários miseráveis, e a própria morte. Diante da crise do modo de produção capitalista, as empresas procuram esfolar ainda mais as condições de trabalho da população por meio de medidas como estas. Colocando abaixo todos os direitos trabalhistas, impondo situações de trabalho cada vez mais precárias, somente a mobilização do povo, da classe trabalhadora, pode colocar um fim a essa ofensiva.
airro da periferia, de aproximadamente 40 mil habitantes, localizado no extremo sul da capital de São Paulo, Vargem Grande é abandonado à sua própria sorte quando se trata da saúde de sua população. Os moradores são obrigados a esperar até um ano para conseguirem um consulta e correm um grande risco de, no dia marcado, não ter o médico, várias pessoas acabam tentando a sorte em outros bairros, como Parelheiros ou Grajaú, bairros distantes de trinta minutos a 60 minutos. “A situação aqui é desesperadora”, disseram os moradores de Vargem Grande. “Quando ocorre uma situação de emergência aqui é um desespero tamanho nem dá para imaginar. Não tem como pedir socorro através de ambulância do serviço de Atendimento Móvel de urgência SAMU, porque nunca chega. Estamos isolados neste bairro, não existe torre de retransmissão de comunicação, as operadoras telefônicas não chegam até aqui”. Segundo levantamento realizado, com base no número de moradores, de acordo com informações de agentes de saúde, é necessário para o atendimento da população do bairro, outro posto de saúde, principalmente de pronto atendimento, o que Vargem Grande não tem.
Reitoria do IFBA: um instituto à frente de seu tempo R
enato da Anunciação, reitor ilegítimo do IFBA, costuma estar sempre à frente do seu tempo na condução do instituto. Após o Golpe de 2016 e antes da MP da Educação costurada pelo ilegítimo presidente Michel Temer, Renato já possuía projetos de reestruturação curricular na linha da reforma. Apesar das diversas tentativas de barrar as eleições para reitor e diretores-gerais, foi derrotado nas urnas e ainda se mantém no cargo. Ainda nesse mesmo período eleito-
A deficiência é tamanha que no único posto de saúde existente, tinha sete equipes com oito funcionários. Era para ter uma equipe de oito médicos, no entanto sequer permanece um médico de plantão. Em 2009, com uma população de 23 mil, eram sete equipes, o bairro cresceu muito e, o governo simplesmente retirou uma equipe de atendimento. Os governos, golpistas de São Paulo, governador João Dória, Prefeito Bruno Covas, ambos do PSDB e o presidente da república ilegítimo Jair Bolsonaro estão deixando a população da periferia – caso de Vargem Grande, por exemplo – sem as mínimas condições de sobrevivência. A situação de Vargem Grande é parte do ataque orquestrado por todos esses golpistas que, para beneficiar o grande capital, em detrimento das mínimas condições de vida do conjunto da população tiveram que tirar a Dilma Rousseff da Presidência da República através do impeachment e prender o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, sem provas para colocar Bolsonaro no poder. É necessário ao conjunto da população, para poder mudar a situação do caos imposto pelos golpistas, a mobilização, juntamente com o conjunto dos trabalhadores, pelos comitês de luta contra o golpe. ral não reconduz a CPPD eleita, órgão responsável que possui como uma de suas atribuições a análise dos processos de progressão na carreira dos professores. E assim institui uma comissão provisória, atrasando processos de diversos docentes atingindo em número a casa das centenas. Neste momento o Ministério da Educação propõe políticas de austeridade para as universidades e institutos federais, dentre tais medidas o congelamento dos salários dos professores, e o reitor sempre a frente do seu tempo promove políticas que abre caminho para a instauração destas práticas.
16 | NEGROS |CULTURA | MULHERES E JUVENTUDE
SÃO PAULO
Ouvidoria aponta manipulação na investigação de morte de negro pela PM
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m março, uma suposta troca de tiros envolvendo cinco policiais militares, vitimou Djaedson Roque da Silva Júnior, de 23 anos, em Osasco, na Grande São Paulo. De acordo com a versão dos PMs, Djaedson teria recebido a tiros os policiais que foram até o local averiguar uma tentativa de roubo de veículo, os PMs revidaram causando a morte do jovem baleado quatro vezes. Um documento formulado pela Ouvidoria da Polícia de São Paulo concluiu que houve excesso e falhas na investigação no caso ocorrido em 2 de março de 2019, onde os policiais excederam a legítima defesa pois eram em maioria e a vítima levou quatro tiros, além de interferirem na cena do crime. É um modus operandi da polícia após
assassinar pretos e pobres Brasil afora, fingem estar socorrendo a vítima levando o corpo até um hospital para poderem alterar as cenas dos crimes que cometem contra a população. Dentre os PMs envolvidos estava o filho do deputado estadual Coronel Telhada do PP, Rafael Henrique Cano Telhada, que comemorou em suas redes sociais a morte de Djaedson com os dizeres: “mais um inimigo tombado”. O próprio Coronel Telhada, quando ainda integrava a Rota de São Paulo, acumulou em sua ficha mais de 30 mortes nos 30 anos em que figurou como policial militar, e o fascista declarou não sentir vergonha alguma da lista sangrenta pois seria apenas um resultado de seu trabalho. Parte integrante da bancada da ba-
CULTURA
la na Alesp, Telhada que já está no segundo mandato de deputado, costuma se vangloriar dos assassinatos que cometeu, assim como o filho, além de considerar uma missão divina as dezenas de pessoas que vitimou. Em seu primeiro mandato, eleito pelo PSDB, o Coronel foi indicado pelos democráticos e razoáveis tucanos para a Comissão dos Direitos Humanos da Assembléia causando revolta de entidades e parlamentares. É bem provável que no fim das contas o documento enviado à Corregedoria da Polícia Militar resultará em punição nenhuma para os PMs envolvidos em mais um assassinato na periferia, pois os próprios órgãos da polícia tratam de acobertar as ações criminosas de seus integrantes.
Desmilitarizar a polícia, investir em ouvidorias e corregedorias, não resolverão as milhares de mortes resultantes do caráter fascista repressivo das polícias, uma vez que esse é o único objetivo do braço armado do estado burguês. A única solução para o fim da violência policial é a dissolução da PM, assim como de todo o aparato de repressão.
MULHERES
Fora Bolsonaro no Araraquara Rock! Com o golpe, aumenta tráfico e escravização de mulheres O festival Araraquara Rock, que aconteceu entre os dias 11 e 14 de Julho, foi marcado por repúdio ao governo de Jair Bolsonaro (PSL). No domingo, último dia do evento, milhares de pessoas entoaram o coro “Ei Bolsonaro, vai tomar no c*” durante a apresentação da banda de Hardcore Dead Fish, que se destacara por assumir um posicionamento público democrático, contra o Golpe de Estado e de repúdio à extrema-direita bolsonarista. No geral, as bandas demonstraram bastante receptividade ao clamor popular contra Jair Bolsonaro e um vocalista de rock ainda afirmou, de cima do palco, que rock tem tudo a ver com política e que os artistas têm que assumir uma posição política sobre o que está ocorrendo do país. Havia centenas de pessoas com adesivos Fora Bolsonaro colados em suas camisetas.
O Araraquara Rock demonstrou, mais uma vez, que há um amplo repúdio na juventude, nos artistas e na intelectualidade contra a extrema-direita bolsonarista e sua política de censura e repressão ao debate político, à cultura, às artes e ao pensamento crítico que se materializa no projeto Escola Sem Partido. Cabe aos partidos de esquerda, as organizações operárias, democráticas e populares canalizar esse repúdio para uma mobilização de massas que derrube o governo Bolsonaro. A derrota da extrema-direita bolsonarista – que atualmente controla o aparelho de Estado – pela mobilização de massas nas ruas é a única garantia concreta da vigência dos direitos democráticos de liberdade de expressão e manifestação dos artistas e da sociedade em geral.
JUVENTUDE
Após Conune, AJR organiza caravana para a Universidade de Férias
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AJR, após sua participação no 57º Congresso da UNE, está realizando uma caravana, saindo de Planaltina – DF, no dia 16 de Julho rumo a 44ª Universidade de Férias em Ibiúna, no interior de São Paulo. O tradicional curso realizado há 22 anos pelo Partido da Causa Operária junto com a Aliança da Juventude Revolucionária terá como tema “O programa para a revolução socialista nos dias de hoje” fundamentado no texto “O Programa de Transição da IV Internacional” de Leon Trotsky. Além da exposição do tema, realização de debates e grupos de estudo, há momentos de lazer, trabalho coletivo, festa com show, exibição de filmes, jogos esportivos, enfim, uma prazerosa convivência socialista entre os militantes e simpatizantes do partido.
O curso que acontece entre os dias 17 e 22 de Julho num agradável Hotel Fazenda com acomodação em quartos ou acampamento em barracas para os jovens, inclui também café-da-manhã, almoço e jantar. Para saber mais sobre como é a Universidade e os valores acesse: https://www.causaoperaria.org.br/ como-e-a-universidade-de-ferias-do-pco/ Não pense duas vezes para participar desse evento único entre a esquerda faça sua inscrição pelo link: https://www.causaoperaria.org. br/44a-universidade-de-ferias Para mais informações sobre a caravana entre em contato com: Henrique Simonard – (21)991573169 Izadora Dias: (11) 95208-8335 Marília Domingues: (12) 98127-8874
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m um momento de crise, as mulheres trabalhadoras são sempre as mais vulneráveis em relação à política, trabalho e questão financeira. De toda América do Sul, o Brasil é o País com maior incidência de tráfico e escravização de mulheres, segundo o Escritório das Nações Unidas para o Combate às Drogas e ao Crime (UNODC). Somente em 2018, segundo o Ministério de Direitos Humanos, tivemos pelo menos 102 ocorrências desse crime, mostrando que a crise do golpe veio para transformar a vida das mulheres numa completa degradação. O imperialismo estadunidense é o principal causador de toda essa crise, pois se utiliza de mecanismos de dominação dos países atrasados para sustentar o modelo econômico capitalista, que, por sua vez, se alimenta da exploração do povo. Recentemente, duas mulheres Venezuelanas conseguiram escapar de um esquema de tráfico de mulheres e prostituição. Segundo elas, um comerciante brasileiro ofereceu emprego e melhores condições de vida às duas para que trabalhassem num comércio no Brasil. Entretanto, quando chegaram aqui, foram mantidas em cárcere privado e obrigadas a se prostituírem. A crise na Venezuela, causada pe-
los EUA, tem feito com que as pessoas mais vulneráveis sofram as consequências da política imperialista, obrigando as mulheres a recorrerem às piores práticas para sobreviverem. Aqui no Brasil não é diferente, o golpe financiado pelos EUA tem feito com que a situação das mulheres vá de mal a pior, principalmente com a grande retirada de direitos trabalhistas e com a Reforma da Previdência, que deixa a população sem o menor amparo do Estado. A política que Bolsonaro e o imperialismo querem aplicar aqui, leva as mulheres mais pobres a caírem nesse tipo de armadilha, sendo a região do Norte do Brasil a que mais sofre com a prática da exploração sexual e o tráfico de mulheres e ainda há casos de mulheres que foram sequestradas no meio da rua e levadas para a prostituição. O golpe transformou o Brasil numa completa colônia de exploração e miserabilidade, e quem mais paga por isso é a população pobre, em especial as mulheres, que diariamente são vítimas da opressão e exploração. É imprescindível que as mulheres se unam contra o governo bolsonarista, contra o imperialismo e contra a retirada de direitos sociais.
MORADIA E TERRA | 17
BAHIA
Sem-terras ameaçados na Chapada Diamantina F
amílias sem terra do acampamento Mãe Terra, no município de Boa Vista do Tupim – BA, sofreram mais um ataque no dia 11 de julho, quando quatro carros chegaram na área com cerca de 20 pessoas armadas, ameaçando a todos que estavam ali. A área que fica na região da Chapada Diamantina e foi reocupada recentemente pelo movimento dos trabalhadores sem terra – MST, vem sendo alvo de perseguição constantemente. Há cerca de um mês as 80 família que ali vivem há 8 anos foram despejadas de forma violenta tendo toda a sua produção e moradias destruídas. O ataque contra as famílias do acampamento Mãe Terra começou em fevereiro deste ano, um mês após a posse do fascista Jair Bolsonaro, quando os latifundiários se juntaram à polícia pa-
ra intimidar os sem terra, com a prisão ilegal de dois militantes da organização. Agora, lideranças políticas do município encabeçadas pelo vereador José Francisco Correia Neto, estão tentando cooptar as famílias para que paguem ao latifundiário que se diz dono da terra onde está o acampamento. Os fatos mostram que a política de repressão de Jair Bolsonaro de apoio aos latifundiários que tem suas milícias de jagunços que trabalham ameaçando e matando famílias e lideranças dos sem terra à sangue frio, resultam num maior número de ações arbitrárias desse tipo, aumentando toda a ofensiva dos latifundiário contra os posseiro. Para barras essa ofensiva que visam destruir o movimento de luta pela terra, os sem-terra devem se posicionar contra os golpistas e a extrema-direita através da formação de comitês de autodefesa.
"PRESENTE DE ANIVERSÁRIO"
Mais uma barragem se rompe e atinge cidades na Bahia O
município de Coronel João Sá, Bahia, às vésperas de completar 57 anos de emancipação, no próximo dia 28 de julho teve seu presente de aniversário adiantado pelo Neoliberalismo, que surpreendeu a cidade com maior tragédia de sua história. Coronel João Sá foi atingido pelas águas do Rio Peixe, após rompimento da barragem do Quati, na cidade vizinha de Pedro Alexandre, deixando o saldo nas duas cidades de 1.500 pessoas desalojadas e 400 desabrigadas. Esse é o retrato dos diversos ataques causados pela gestão capitalista, que através de seus cortes no orçamento mantém as barragens em estados deploráveis de fissuras e rachaduras, com alta propensão de rompimento, sem falar na total flexibilização da legislação para favorecer grandes
empresas e mineradoras que são responsáveis diretas pelo rompimento das barragens. Obviamente, não se pode colocar esperanças no governo Bolsonaro. Muito pelo contrário, o governo é apoiado pelos lobistas de mineradoras, o ministro do meio ambiente apoia os capitalistas, e o atual ministro-chefe da Casa Civil, Onyx Lorenzoni, já declarou que o Estado não iria intervir na empresa pois isso não seria do agrado do “mercado” (isto é, os grandes capitalistas). O único sinal aberto para a classe trabalhadora vencer essa política de ataques contra o povo é a expropriação dos donos das empresas e reestatização, de forma a colocar as empresas sob controle dos próprios trabalhadores.
18 | ESPORTES
ESPORTES
Neymar denuncia críticos da Seleção: “calaram a boca” O
atacante Neymar é alvo de uma permanente campanha da imprensa burguesa, que quer desestabilizá-lo para que não consiga brilhar nos gramados pela Seleção Brasileira. Isto expressa uma campanha contra o futebol brasileiro e o país como um todo por parte do imperialismo e sua imprensa, que sabem da importância do futebol, esporte mais popular do planeta, para a economia e a política internacionais. A seleção, mesmo com toda a campanha de sabotagem e deses-
tabilização, consagrou-se campeã da Copa América 2019 ao vencer o Peru por 3 a 1 na final. A imprensa afirmava diariamente que a seleção não teria capacidade de ganhar o torneio sem Neymar, que não pôde jogar devido a uma lesão sofrida no tornozelo no amistoso contra a seleção do Catar. Neste sábado (13) Neymar disse que a Copa América serviu para que os “críticos” da seleção calassem a boca e aprendessem a respeitar os jogadores.
A quem interessa a existência do VAR? O
jornalista esportivo Juca Kfouri publicou um breve artigo questionando sobre o VAR, o árbitro de vídeo que tem protagonizado episódios grotescos no futebol mundial. Com o título de “A quem interessa desmoralizar o VAR”, Kfouri insinua que as lambanças promovidas pelo VAR, em particular nos últimos jogos do Brasileirão, são uma forma proposital dos cartolas das federações e confederações para desmoralizar o instrumento. Segundo ele o “controle da arbitragem sempre foi a principal fonte de poder das federações e confederações. O VAR, em tese, diminui tal poder”. Que os árbitros, controlados pelas federações, são instrumentos desse poder, nós concordamos. Porém a tese de que o VAR diminuiria esse poder é de uma completa ingenuidade. É exatamente o contrário disso. Seguindo a tese de que o VAR seria um instrumento benéfico para o futebol, Kfouri afirma que os protestos contra o VAR, motivados pelos erros grotescos cometidos com cada vez mais frequência, poderiam levar à extinção da sua utilização: “o VAR virou uma bazuca em mãos de crianças. E
de crianças mal-intencionadas!” O que Kfouri não entende é que essa “bazuca” está nas mãos dos cartolas. Por que a “bazuca” não seria a “fonte de poder” das federações, como são as arbitragens em geral? Ao contrário da tese de Juca Kfouri, o VAR é um instrumento ainda mais poderoso de controle e de poder sobre o futebol. É o aprimoramento desse controle, dessa manipulação de resultados que sempre existiu no esporte. Aprimoramento porque o árbitro, dentro das quatro linhas, por mais mal intencionado que esteja, está su-
jeito a pressões de todos os lados, já o VAR é um instrumento de controle absoluto daqueles que estão do lado de fora do esporte. É um instrumento de controle diretamente nas mãos dos dirigentes. Juca Kfouri acredita no VAR como alguém que na política brasileira algum dia acreditou na operação Lava Jato. Segundo sua lógica, a Lava Jato poderia ser um instrumento de combate à corrupção, que diminuísse o poder dos corruptos, o problema é que a operação estaria nas mãos de “pessoas mal intencionadas”. Sabemos que não se
trata disso. A Lava Jato foi criada para aprimorar o sistema ditatorial – e muito corrupto – do Judiciário contra o povo. Portanto, é preciso acabar com a Lava Jato e depois acabar com todo o sistema Judiciário controlado pela direita e pelos capitalistas. A VAR nasceu para destruir o futebol. Nasceu para colocar o futebol sob controle absoluto, não apenas dos cartolas e dirigentes de federações, mas dos grandes capitalistas para manipular os jogos. Não se acaba com o poder das federações e das confederações como diz Kfouri criando um instrumento mais poderoso de poder. É preciso demolir o VAR e lutar para que o futebol saia das mãos desses inimigos do povo e do esporte. Se o VAR, por conta de tamanha desmoralização, for retirado dos campeonatos, será uma vitória do futebol. A existência do VAR interessa aos poderosos. E quando dizemos poderosos estamos nos referindo aos grandes capitalistas internacionais que lucram milhões com o futebol. E nesse sentido, o Brasil será um dos maiores prejudicados.