QUARTA-FEIRA, 24 DE JULHO DE 2019 • EDIÇÃO Nº 5713
DIÁRIO OPERÁRIO E SOCIALISTA DESDE 2003
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“Defender Cuba é defender a independência, solidariedade e justiça”
O mundo invertido da Fora Bolsonaro, CST/Psol na análise sobre fantoche do junho de 2013 EDITORIAL
imperialismo: abaixo a agressão ao Irã A gigantesca e monumental crise do capitalismo, atualmente expressa no iminente colapso de todo o sistema ao redor do mundo, recoloca no cenário político mundial a ofensiva do imperialismo
POLÍTICA
O “consumo” destruiu o Brasil?
A Corrente Socialista dos Trabalhadores (CST), liderada pelo vereador do Rio de Janeiro, Babá, do Psol, publicou matéria em seu sítio na internet, assinada por Joice Souza, da coordenação da organização, com uma análise sobre os “6 anos das jornadas de junho”.
Reforma da Previdência: lutar contra Bolsonaro ou chantageá-lo?
Rejeitado e impopular, Bolsonaro tenta fazer demagogia na Bahia Depois de ser flagrado em vídeo chamando governadores nordestinos pejorativamente de “paraíbas”, reproduzindo um termo xenófobo típico no Rio de Janeiro, o golpista ilegítimo Jair Bolsonaro foi à Bahia para tentar consertar o estrago.
Inglaterra vai mais à direita Fora EUA! Avião norteamericano é interceptado pela Venezuela
Política imperialista para o Irã: asfixia econômica e cerco militar
O governo da Venezuela na última sexta-feira (19) rejeitou “a incursão de uma aeronave de reconhecimento
Bolsonaro recebeu ordens da chefia no embargo ao Irã A Petrobras, empresa brasileira de economia mista que foi tomada de assalto pelos golpistas, se recusa a fornecer combustível para dois navios iranianos que se encontram ancorados em frente ao porto de Paranaguá, no estado do Paraná.
2 | EDITORIAL EDITORIAL
COLUNA
Os trabalhadores sem-terra precisam reagir
Fora Bolsonaro, fantoche do imperialismo: abaixo a agressão ao Irã
Por Renato Farac
N
A
gigantesca e monumental crise do capitalismo, atualmente expressa no iminente colapso de todo o sistema ao redor do mundo, recoloca no cenário político mundial a ofensiva do imperialismo (etapa senil e terminal do modo de produção baseado na propriedade privada dos meios de produção), que se traduz neste momento nas ameaças de intervenção militar; no apoio a golpes de Estado e a regimes fascistas; nas sanções econômicas impostas aos países ditos “inimigos”; e no envolvimento direto em guerras em várias pontos do planeta. O imperialismo norte-americano, auxiliado por regimes e governos abertamente pró-imperialistas, particularmente na América Latina, na Ásia e no Oriente Médio, avança em sua ofensiva política para tentar sufocar a soberania e a auto-determinação dos povos que lutam pela conquista da emancipação e por se livrar do jugo imposto pelas potências econômicas e militares. No continente latino-americano, onde nos últimos anos o imperialismo participou diretamente de iniciativas golpistas para substituir regimes políticos de centro-esquerda por regimes indisfarçavelmente fascistas e de extrema-direita, governos com estas características estão colaborando abertamente com os EUA na ofensiva reacionária e na escalada militar de agressões, ameaças e provocações contra países chancelados como “inimigos” do imperialismo. No Brasil, o capachismo do ilegítimo e impostor governo Bolsonaro vem sendo a marca registrada da política externa oficial do golpismo, onde a subserviência aos ditames de Trump e da Casa Branca é realizada sem meias palavras e sem qualquer mínimo disfarce. Bolsonaro, a exemplo de outros servis mandatários do continente, vem adotando uma postura tipicamente de governante fantoche, serviçal do imperialismo. O bolsonarismo
– em se tratando de política externa – nada mais é do que um ‘puxadinho” de Washington e do Pentágono, totalmente disponível para atuar como força auxiliar do imperialismo contra os povos e as nações oprimidas que lutam para se livrar da política de esmagamento imposta pelos EUA. A subserviência aos ditames do Tio Sam é tão vergonhosa que até mesmo continência Bolsonaro já bateu para a bandeira norte-americana. Mas não é somente simbolismo gestual o crime do governo golpista brasileiro. Jair Bolsonaro visitou os EUA para entregar a base militar de Alcântara aos ianques, de onde os militares da potência militar do Norte poderão dirigir suas ações contra, Cuba, Bolívia, Venezuela, Nicarágua e outros países do continente. Em sua última demonstração de capachismo e subserviência aos EUA, Bolsonaro vem agindo para aumentar as pressões e provocações contra a República do Irã, que se encontra neste momento sob o fogo cruzado das ameaças de intervenção militar; embargo e duras sanções econômicas. A mando diretamente dos Estados Unidos, o governo brasileiro vem mantendo, no Porto de Paranaguá, há quase dois meses, um cargueiro de bandeira iraniana, que está impedido de seguir viagem pela decisão da Petrobrás (de Bolsonaro, obviamente) em não abastecer o navio, numa clara demonstração de sabujice a Trump e a seu Conselheiro de Segurança Nacional, o fascista John Bolton. O bloqueio e as criminosas sanções aplicadas ao Irã, assim como à Cuba e à Venezuela, é parte da ofensiva de conjunto do imperialismo em todo o mundo, numa tentativa de resposta à crise descomunal do capitalismo, que se vê impotente para controlar a situação através de métodos democráticos, diante do acirramento da luta de classes a nível mundial e do potencial levante revolucionário do proletariado internacional contra a burguesia imperialista.
a última semana ocorreram alguns fatos que mostram o avanço da direita e do latifúndio contra os trabalhadores sem-terra, em especial contra o MST. Na quinta-feira (18/07), um bolsonarista jogou sua picape L200 contra um grupo de manifestantes do MST que realizavam um protesto pacífico e de distribuição de alimentos produzidos no acampamento Marielle Vive na cidade de Valinhos, São Paulo. O trabalhador sem-terra Luís Ferreira da Costa, de 72 anos, foi assassinato por Leo Luiz Ribeiro, admirador de Bolsonaro conforme divulgado por ele nas redes sociais, que jogou sua picape e passou por cima da cabeça do agricultor. Vale ressaltar que as famílias não ofereceram nenhuma ameaça aos carros que estavam parados em decorrência do protesto e, ainda, o bolsonarista após atropelar os agricultores saiu de sua picape e apontou a arma para os manifestantes causando ainda mais ameaças e terror. No mesmo dia, pistoleiros fortemente armados invadiram o acampamento Bela Vista, no município de Rio Pardo de Minas, Norte do Estado de Minas Gerais, ameaçando as famílias e atearam fogo em todos os barracos e pertences de mais de 30 famílias que viviam há dois anos na fazenda Santa Bárbara. Os pistoleiros gritavam “vamos matar todo mundo”. A violência ocorreu em uma área pública, cujo a própria justiça golpista reconheceu que as terras são do Estado e recusou a reintegração de posse exigida pela empresa Gerdau dado a falta de documentação do latifúndio. Mesmo assim, a direita usou de métodos não institucionais para atacar as famílias. Dias antes (11/07), as 80 famílias sem-terra do acampamento Mãe Terra, no município de Boa Vista do Tupim, Bahia, que ali vivem há 8 anos foram despejadas de forma violenta tendo toda a sua produção e moradias destruídas por mais de 20 pistoleiros contratados por latifundiários da região e realizam o despejo. Juntamente com esses fatos, o gene-
ral bolsonarista que preside o Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (Incra), João Carlos Jesus Corrêa, nomeou para a superintendência regional do Incra no Pará o Coronel da Polícia Militar Neil Duarte, pertencente a grupos de policiais que atuam em chacinas no Estado, conhecidos como Esquadrões da Morte, cuja a participação foi comprovada em 1994. O Coronel fascista vai coordenar os trabalhos referentes à questão agrária no Estado que mais mata trabalhadores sem-terra no Brasil desde que os dados começaram a ser coletados na década de 1980. Essas ações revelam que o ambiente político estimulado pelo fascista Jair Bolsonaro permite que a direita se sinta à vontade para realizar qualquer tipo de ação violenta contra os trabalhadores sem-terra, e em alguns casos, como a nomeação de um representantes de milícias formadas por PM para matar trabalhadores nos bairros pobres, mostra que não vão recuar nem um milímetro nessa ofensiva. A falta de reação dos movimentos de esquerda está permitindo esse avanço violento, pois a direita está creditando a redução drástica das ocupações de terra nessa política fascista de violência contra os sem-terra. Os trabalhadores não podem confiar nas instituições do Estado, como a polícia, judiciário, que estão atuando ao lado dos pistoleiros contratados pelos latifundiários. Os trabalhadores do campo têm o direito de reagir com violência a esse tipo de manifestação da extrema direita. Nesse momento, somente uma reação à altura pode parar essa ofensiva violenta da direita e do governo Bolsonaro. A uma determinada ação da direita, os trabalhadores sem-terra, sindicatos, partidos políticos tem que ter uma reação proporcional para colocar um basta nessa situação e derrotar o governo Bolsonaro. O direito democrático fundamental de se defender e ao armamento deve ser uma reivindicação prioritária dos trabalhadores.
POLÊMICA | 3
"CONSUMIDORES"
O “consumo” destruiu o Brasil? A
antropóloga e professora da Universidade Federal de Santa Maria (UFSM) Rosana Pinheiro Machado, em coluna publicada pelo portal The Intercept Brasil no dia 22 de julho, se propôs a analisar os efeitos que o aumento do consumo durante os governos do PT teriam tido em relação à politização dos brasileiros. A coluna, intitulada “Da esperança ao ódio: como a inclusão do consumo na Era Lula atiçou o recalque das elites”, defende que o acesso das camadas populares a bens de consumo teriam levado a um incremento da despolitização entre as massas. A crítica de que o PT transformou os trabalhadores em “consumidores” é bastante frequente, inclusive na imprensa burguesa. Segundo essa crítica, o papel dos governos petistas não deveria ser o de prover à população suas necessidades, mas sim o de “politizá-la”. Rosana Machado apresenta essa crítica de maneira explícita em sua coluna: " Após anos de mobilização popular, com a vitória de Lula em 2002, inicia-se uma nova era do PT – o lulismo –, caracterizada por políticas de redução da pobreza, inclusão social e financeira em conciliação com as elites. Mas a relação entre o estado e a população se tornava a cada dia mais individualizada e despolitizada, demandando menos esforço na construção do coletivo. “Toma aqui o seu cartão Bolsa Família, cumpra o check-list e tchau”. Aos poucos, houve uma gradual desmobilização das bases petistas e o esvaziamento da lógica coletiva." De fato, o governo Lula levou adiante políticas que visavam a redução da pobreza e a inclusão social. Essas medidas, no entanto, não podem ser, de forma nenhuma, entendidas como um meio para a despolitização: a população havia sido torturada durante anos de governos neoliberais, crianças morriam de fome e o desemprego era alar-
mante. Toda e qualquer política que tentasse minimizar o estrago causado pelo governo de Fernando Henrique Cardoso (FHC) deveria ser incentivada. Alguém que testemunhasse o fim do governo FHC, por sua vez, poderia perguntar: mas a política correta não seria expropriar os bancos e capitalistas e distribuir tudo para a população que estava na miséria? Seria correta, mas em nenhum momento essa foi a política que o PT se propôs a fazer. Portanto, alegar que o “lulismo” seria uma “nova era” do PT é inconsistente: o PT se propôs a ser um partido reformista, cujo fim é tentar corrigir a sociedade capitalista, não derrubá-la. A vitória de Lula, desse modo, não representou nenhuma mudança programática para o PT. O PT venceu as eleições de 2002 justamente porque se propôs, dentro de uma perspectiva reformista, a permitir que os trabalhadores tivessem acesso a melhores condições de vida. E isso, de fato, Lula fez: programas como o Bolsa Família e a instituição das cotas para as universidades, embora fossem muito limitados, permitiram que setores da população saíssem da miséria. A crítica de Rosana Pinheiro Machado ao consumo tem também um aspecto moral. Para ela, o problema fundamental do consumo popular nos governos petistas teria sido o fato de que as políticas dos governos petistas teriam levado à destruição do que chama de “coletividade”: "Diferentes pesquisadores, como Wolfgang Streeck e Lena Lavinas, concordam que políticas públicas neoliberais, como a inclusão financeira e inclusão pelo consumo, levam à erosão da democracia, à retração de bens públicos e ao esvaziamento da política no tecido social. Nesses anos acompanhando os “novos consumidores”, vimos os espaços coletivos minguarem, os bens públicos se degradarem e o tio do pavê que comprava um carro se
achar superior a seus vizinhos." Nesse ponto, a antropóloga leva a sua tese ao absurdo. Afinal, como afirmar que a inclusão levaria à “erosão da democracia”? Assim sendo, o que seria democrático, manter a farra dos capitalistas que permite que os bancos lucrem bilhões enquanto a população morre de fome? Segundo defende Rosana Machado, o aumento do consumo faria com que as pessoas abandonassem qualquer interesse pela luta política porque teriam substituído as tradicionais formas de luta – como atos, piquetes, greves, manifestações – pelo próprio consumo: " Em uma sociedade que joga na cara o tempo todo que os pobres não são merecedores das coisas boas, a aquisição de bens de prestígio pelas camadas populares é um ato poderoso de enfrentamento de preconceitos." (…) O ato de adquirir bens de status embaralha o monopólio de símbolos de prestígio das elites e ameaça romper com as relações servis que se perpetuam desde a escravidão. A autonomia de se comprar o que se deseja pode causar uma reação social devastadora. Se, nos governos do PT, houve um arrefecimento da polarização política, isso não se explica pela substituição da luta sindical, por exemplo, pela “autonomia de comprar”. O país se tornou menos convulsionado porque a política que o PT levou adiante foi uma política de conciliação com a burguesia, isto é, uma política que não tinha como fim mobilizar os trabalhadores para o enfrentamento com os seus algozes. O consumo não é uma forma de luta: é a consequência natural de uma política que vise combater a miséria. Toda a crítica ao consumo supostamente impulsionado pelos governos petistas servirá, na conclusão de sua coluna, para que Rosana Pinheiro Machado atribua o golpe de 2016 e o avanço da extrema-direita à política econômica do governo Lula.
Grande parte da esquerda hegemônica desdenhou da crise econômica, mas foram os pobres que a sentiram na pele. Nossos interlocutores agora compravam e sonhavam menos. Com dificuldade de encontrar trabalho, não tinham mais cartões de crédito. Estavam com o nome sujo na praça, endividados em um dos sistemas bancários com os maiores juros do mundo. (…) Ao perderem seus bens, as pessoas perdiam um pilar de sua identidade, reconhecimento e cidadania, gerando uma crise que também foi existencial. Nada mais restava, nem os bens públicos, que se encontravam ainda mais deteriorados. A grande conclusão da coluna de Rosana Machado é a de que o governo do PT foi uma vítima de sua própria política – foi o incentivo ao consumo que teria “criado” pessoas “individualistas”, deslumbradas com inúmeros bens e que ficaram enfurecidas por verem seu patrimônio ser reduzido drasticamente. Tal conclusão, no entanto, não pode ser levada em consideração por ninguém que tenha testemunhado as façanhas nefastas do imperialismo. Quem destruiu economicamente o país foram os grandes capitalistas, em sua tentativa desesperada de salvar os bancos que controlam as riquezas do mundo. São eles os únicos responsáveis pelo empobrecimento e pela miséria das classes médias brasileiras e das camadas mais pobres. São eles, portanto, os culpados pela situação cada vez mais desastrosa em que se encontra o país. E são também eles os responsáveis pelo avanço da extrema-direita em todo o mundo. Uma posição minimamente democrática não pode ser a de defender que uma política de inclusão social leve à destruição de um país, muito menos quando este é sabotado ininterruptamente pelos “donos do mundo”. É necessário denunciar a política de rapina dos imperialismos norte-americano e europeu e defender incondicionalmente suas vítimas.
3 | POLÊMICA
CST
O mundo invertido da CST/Psol na análise sobre junho de 2013 A
Corrente Socialista dos Trabalhadores (CST), liderada pelo vereador do Rio de Janeiro, Babá, do Psol, publicou matéria em seu sítio na internet, assinada por Joice Souza, da coordenação da organização, com uma análise sobre os “6 anos das jornadas de junho”. A concepção apresentada na matéria sobre o que significaram aqueles episódios de 2013 ajudam a esclarecer a posição política da CST e de outras organizações da esquerda pequeno-burguesa que se colocaram a favor do golpe de Estado. Em primeiro lugar, o artigo apresenta uma análise completamente invertida sobre as causa daquelas manifestações. Diz a autora: “o Brasil começava a sentir o impacto da crise econômica mundial e o governo, na época do PT, respondeu com inflação, arrocho salarial, aumento das passagens e sucateamento dos serviços públicos. Dilma anunciava um contingenciamento de R$ 15 bi no orçamento público enquanto as empreiteiras e bancos enriqueciam vertiginosamente. E conclui, citando um trecho de seu jornal de julho de 2013, que analisava os recentes acontecimentos: “‘Esse foi o elemento central que gerou essa tremenda inflexão para a irrupção das massas nas ruas, iniciada principalmente pelos jovens, mas que foi ganhando corpo e simpatia em setores populares e entre os trabalhadores’.” Segundo a CST, as mobilizações de junho de 2013 teve como causa essencial a política do PT. Dilma é a culpada. Ignoram completamente o fato de que o governo do PT atendia a pressão da direita já naquele momento. Se o PT errou – e podemos concordar com isso até certo ponto – ao estabelecer uma política econômica de favorecimento
dos bancos e capitalistas também é verdade que essa política não foi muito diferente do que fez o PT nos anos anteriores de governo. O que teria mudado então? O artigo não explica e ignora que a direita agia pressionando o PT para que aprofundasse essa política. Ignora que no fundamental a política é uma política da direita. Segundo a CST, Dilma e o PT teriam mais culpa do que a direita até mesmo na repressão aos protestos: “o governo Dilma Roussef aplicou o mesma receita dos governos neoliberais: repressão. Dilma agiu em conjunto com o governador de SP (do PSDB), e do Rio (PMDB), na repressão. Mandou a Força Nacional atuar contra as manifestações e enviou ao Congresso o Projeto de Lei Antiterror, conhecido como “o AI5 da Dilma”. Mais uma vez, a CST oculta do leitor a participação fundamental da direita no processo. A lei antiterror seria apenas de Dilma, quando está muito claro que essa lei foi exigência da direita nacional e que o PT capitulou diante dessa política. A repressão nas ruas teria sido uma “obra conjunta”, mas a CST ignora também que em São Paulo e no Rio de Janeiro, onde a repressão aconteceu de maneira mais brutal, os governadores eram da direita. A participação da Força Nacional foi até certo ponto muito pequena. Na sua ânsia de atacar o PT, a CST esquece que o estopim fundamental das manifestações, a repressão brutal em São Paulo no dia 13 de junho, foi obra exclusiva do PSDB. E aí entramos no problema central que a CST esconde. As manifestações de junho não eram contra o PT nem contra a esquerda, mas eram manifestações contra a política da direita, contra a repressão policial e a política do au-
mento das passagens. Por mais que o PT tenha em alguns casos se colocado como intermediário nessa política da direita, resultado de sua política capituladora, o fato fundamental é que as enormes manifestações de junho de 2013 tinham como alvo a direita e os capitalistas. O desenvolvimento da situação política brasileira até os dias atuais revelam que a interpretação da CST é de alguém que viveu em outra galáxia nesse seis anos. Se as revoltas de 2013 tivessem ocorrido, como conclui o artigo, contra a política de conciliação do PT, ou seja, se as massas naquele momento romperam com o PT, seria preciso explicar duas coisas. Por que a derrubada do PT resultou em um governo de extrema-direita? Por que o PT e as organizações de massas ligadas a ele ainda são de longe os principais centros de mobilizações no País, por mais que possamos apontar erros e confusões aí? Mas a CST não entende isso porque está a reboque da direita e confunde a política da direita com a mobilização das massas. No artigo, a CST afirma que a Lava Jato, ou seja, a campanha farsesca contra a corrupção, seria um produto da pressão das massas. “A própria Operação Lava-jato se encaixa
nesse turbilhão de disputas interburguesas e de pressão das massas, do contrário jamais se entenderia como empresários multimilionários como os Odebrechet e políticos como Sérgio Cabral foram parar na cadeia.” A política coloca em marcha pela direita para derrubar o governo e implementar uma política de ataques contra o povo e a economia nacional seria um “clamor das massas”. Nada poderia ser mais absurdo! A CST ignora que a direita golpista, se aproveitando da política confusa das direções daquele movimento, em particular o MPL, de cujo Psol era um dos integrantes, e vendo que a mobilização sairia do controle, a direita e a burguesia sequestraram as manifestações para impor as pautas que hoje são as típicas palavras de ordem da direita: a Lava Jato, a corrupção, o “sem partido”, que a CST acha que são reivindicações das massas. O que nos faz concluir que, para a CST, foram as massas revoltadas em levante que nos trouxeram ao atual momento de devastação do País. Por essa lógica, deveríamos apoiar Bolsonaro e sua defesa, pois estão nele contidos os anseios das massas. É absurdo e contraria a realidade, mas é o que pensa a CST. Que defendeu o golpe e a prisão de Lula.
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POLÊMICA | 5
REFORMA DA PREVIDÊNCIA
Lutar contra Bolsonaro ou chantageá-lo? O
jornal imperialista da Espanha, El País, tem se dedicado a “dar conselhos” para a esquerda. Dessa vez, em matéria intitulada Qual deve ser o voto de uma esquerda fiscalmente responsável na reforma da Previdência?, colocaram um acadêmico de Havard para aconselhar o “espectro ideológico mais polêmico para a ocasião: o de deputado de (centro-) esquerda que acredita piamente na necessidade de uma reforma significativa.” Segundo o acadêmico Raphael Martins, “examinando o projeto concreto em votação, é óbvio que em muitas medidas ele representa um avanço importante para o país, como a implementação de uma idade mínima e alterações na previdência do setor público. Além disso, ele encarna um ímpeto reformista que é muito bem-vindo em um país que vinha evitando tais debates espinhosos.” Além disso, para Martins, “no auge de seu capital político Lula perdeu a oportunidade de encaminhar reformas nos termos da esquerda”. Quer dizer, a Reforma é boa, e o PT deveria ter aproveitado seu período no poder para aprovar uma parecida. Lula teria perdido a oportunidade. Porém, Martins também procura apresentar alguns fatores ruins da previdência. Por outro lado, ele possui problemas graves. O mais importante deles deriva de um destaque, o último votado na comissão especial, e na calada da noite. O destaque preservou a isenção da contribuição previdenciária de produtores rurais que exportem pelo menos uma parte de sua produção, e tornou possível outra vez a renegociação da dívida previdenciária dos mesmos. Ou seja, ruim para o jornal que se dá uma aparência de esquerda é simplesmente o fato de que os latifundiários não foram inclusos na Reforma, caso contrário a reforma seria perfeita e a esquerda deveria apoiá-la. Como o texto tem o objetivo de aconselhar a esquerda, fica claro que, não fosse isso, a esquerda deveria apoiar integralmente a Reforma: o aumento do tempo de contribuição, o roubo da aposentadoria etc.
Mas aí ele argumenta, que tal injustiça – de incluir apenas o povo na Reforma – é o modus operandi da sociedade brasileira, e portanto, seria preciso se conformar com isso. Pois “ainda assim, o argumento a favor de votar uma reforma, ainda que bem imperfeita, é forte. Dado o dilema, é necessário então pensar o voto para além dos termos imediatos da dicotomia responsabilidade fiscal x justiça social presente no projeto, e pensá-lo em termos de qual deve ser a estratégia e o papel republicano de uma esquerda no Brasil de Bolsonaro.” Quer dizer, cria uma “dicotomia” falsa para favorecer seu argumento. O debate em questão não é entre “responsabilidade fiscal” e “justiça social”, mas entre se somos a favor do roubo da aposentadoria dos trabalhadores e da população ou não. Se somos a favor de que o povo pague pela crise capitalista ou se deveriam ser os próprios capitalistas.
Mas o jornal deixa claro que o voto da esquerda não vale nada, pois a Reforma já está encaminhada. E portanto, a esquerda deveria cumprir um papel “republicano” Esta postura pragmática permite que a esquerda se volte para o papel que deve cumprir qualquer oposição em uma democracia representativa, que é o de vender caro seu voto a fim de pressionar o Governo a se aproximar de sua pauta. A esquerda deveria, então, “esquerdizar” a reforma, vendendo caro seu voto para Bolsonaro, seja lá o que isso significar. Caso contrário, “se o Congresso votasse levando em conta apenas a (justa) urgência dada pelo comentarista liberal médio à questão fiscal, podemos imaginar um mundo em que a reforma passaria com todos os votos a favor.” Claro, pois ela é praticamente perfeita, segundo o analista. Para ele, a polêmica da esquerda seria entre duas posturas que levariam
ao mesmo fim: apoiar a Reforma da Previdência; ou a esquerda “responsável” nega seu papel de denunciar as injustiças da Reforma – de não incluir os latifundiários -, e aprova-a. Ou se não a esquerda deveria dar um “não” “simbólico” para a Reforma de forma de denunciar esta injustiça, mas “reconhecendo sempre a necessidade da reforma e se colocando a disposição para negociar”, que em outras palavras significa pedir a inclusão também dos grupos da burguesia que ficaram de fora, mas sem denunciar o roubo gigantesco feito aos trabalhadores. Quer dizer, até na possibilidade “não” a esquerda deveria “negociar” para expandir a Reforma. Desta forma, a solução política para a esquerda seria uma chantagem ao governo: ou se inclui todos os grupos, em nome de uma suposta justiça social, ou não votaremos a Reforma. Por isso, o jornal afirma: “O voto ‘não’ que evita a lógica do ‘quanto pior melhor’ e a retórica isolante da esquerda tradicional, mas que cumpre o papel da esquerda de ser um contrapeso no sistema, é o voto ‘não’ de uma esquerda que o Brasil precisa.” Ou seja, a esquerda deveria escolher pelo voto “não” que na verdade não é “não”, e isso seria o voto de uma esquerda que o Brasil precisa. Fica muito claro, a “esquerda que o Brasil precisa” é uma esquerda que não denuncia a Reforma da Previdência, não denuncia o roubo cometido contra toda a população. “O Brasil precisa” de uma “Esquerda responsável”, que saiba a necessidade de roubar os trabalhadores pela crise gerada pelos golpistas. Na verdade, o que o Brasil precisa é de uma esquerda que seja efetiva na luta contra os golpistas e todas suas medidas de esfoliação da população. O Brasil precisa de uma esquerda que denuncie, de fato, todas essas medidas e coloque claramente que são os capitalistas que devem pagar pela crise, não o Estado ou muito menos o povo. Uma esquerda que defenda mais impostos para os capitalistas e nos artigos de luxo para se contrapor à política dos golpistas de usar o Estado para salvar os capitalistas da falência. Em resumo, sobre a questão da previdência, uma esquerda que lute contra Bolsonaro e a Reforma, não que chantageie o governo para votar o roubo da população.
6 | POLÍTICA
REJEITADO E IMPOPULAR
Bolsonaro tenta fazer demagogia na Bahia D
epois de ser flagrado em vídeo chamando governadores nordestinos pejorativamente de “paraíbas”, reproduzindo um termo xenófobo típico no Rio de Janeiro, o golpista ilegítimo Jair Bolsonaro foi à Bahia para tentar consertar o estrago. Na terça-feira (23), Bolsonaro foi a Vitória da Conquista para inaugurar o aeroporto Glauber Rocha, que teve suas obras iniciadas durante o governo de Dilma Rousseff. O plano era demonstrar sua popularidade. A realidade, no entanto, foi um completo fiasco para o governo, e o episódio ajudou a demonstrar a imensa impopularidade da direita golpista, mais uma vez. Primeiro Bolsonaro acusou o governador da Bahia, Rui Costa, que não compareceu ao evento, de não fornecer segurança para a inauguração. O petista defendeu-se dizendo que isso não seria responsabilidade da PM do estado. Porém o fato importante em meio a essa troca de acusações é que o presidente golpista não deixou de garantir sua segurança. Homens da Polícia Federal foram enviados em pe-
so ao local para proteger o governo da ira popular. Desde as primeiras horas do dia Vitória da Conquista foi palco de protestos contra Bolsonaro. O presidente tentou falsificar a rea-
IMPERIALISMO
CHARGE
Bolsonaro recebeu ordens da chefia no embargo ao Irã A
Petrobras, empresa brasileira de economia mista que foi tomada de assalto pelos golpistas, se recusa a fornecer combustível para dois navios iranianos que se encontram ancorados em frente ao porto de Paranaguá, no estado do Paraná. Segundo a empresa, os navios não foram abastecidos por receio de sofrerem sanções do Governo norte-americano. Embora de fato os Estados Unidos tenham imposto sanções ao Irã, a decisão da Petrobras em manter os navios desabastecidos é uma decisão política, resultado de uma submissão total do governo brasileiro ao imperialismo norte-americano. O presidente ilegítimo Jair Bolsonaro já demonstrou inúmeras vezes seu interesse em ser um capacho dos norte-americanos: no que depender dele, o Brasil será mais uma colônia teleguiada pela Casa Branca. Quando perguntado sobre o caso dos navios iranianos, o próprio Bolsonaro respondeu: “vocês já sabem que estamos alinhados com a política deles (dos EUA). Então fazemos o que temos que fazer”. Esse alinhamento, embora tenha se tornado ainda mais explícito com o governo Bolsonaro, já vem acontecendo desde o governo Temer, que nomeou José Serra e Aloysio Nunes como ministros das Relações Exteriores. Quando levado em consideração o esforço dos governos Temer e Bolsonaro para atender aos interesses do imperialismo, fica ainda mais claro o porquê de a burguesia ter dado o
lidade postando um vídeo na Internet. Na postagem, o ilegítimo diz estar sendo ovacionado. O que se vê no vídeo, contudo, é que ele está cercado apenas de um pequeno grupo de apoia-
golpe de Estado de 2016. O governo Lula, por exemplo, foi um dos poucos países no mundo que não se dobrou às sanções dos norte-americanos e defendeu o direito do Irã desenvolver seu programa nuclear. A sabotagem do governo brasileiro ao Irã é ainda mais abusiva porque a carga retida nos navios é um alimento – milho. O Irã é um dos principais importadores do milho brasileiro, o que mostra que Bolsonaro está disposto até mesmo a sabotar a economia do próprio país para atender aos caprichos de Donald Trump. As sanções norte-americanas o Irã é mais um ataque de um país imperialista a um país oprimido. Por isso, é preciso denunciar a sabotagem imperialista e os governos golpistas que se alinham a esses ataques. Fora Bolsonaro e todos os golpistas! Abaixo as sanções norte-americanas ao Irã!
dores que ele mesmo convidou. O povo ficou do lado de fora, para a sorte de Bolsonaro, porque se estivesse no local o presidente estaria em perigo. Policiais da PF foram posicionados até em cima dos telhados do aeroporto, com atiradores de elite, em um forte esquema de segurança. A direita golpista transformou o aeroporto em um bunker para proteger políticos odiados pelo povo. Para completar o quadro grotesco, Bolsonaro disse durante a inauguração do aeroporto que “ama o Nordeste” e que nas “veias de sua filha” correria “sangue de cabra da peste”. Uma tentativa desastrada de demagogia. A realidade, porém, acaba se impondo. O ministro da Educação, Abraham Weintraub, foi alvo de protestos no Pará enquanto jantava com sua família. Bolsonaro precisa transformar um aeroporto em uma fortaleza inexpugnável para fazer suas encenações e postá-las nas redes sociais. Tanto em um caso como no outro, o que se vê é a indisfarçável impopularidade do governo. Em menos de um ano, Bolsonaro já está se transformando em um Temer. O que corresponde muito bem à sua política.
INTERNACIONAL | 7
ENTREVISTA COM PEDRO MONZÓN, CÔNSUL GERAL DE CUBA EM SP
“Defender Cuba é defender a independência, solidariedade e justiça”
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Partido da Causa Operária (PCO), como um partido comunista e revolucionário, sempre se manteve na luta contra o imperialismo e seus ataques aos países oprimidos. Diante do endurecimento do bloqueio criminoso contra Cuba, o PCO está levando a cabo uma campanha nacional e internacional contra tamanha agressão. Como parte disso, o Diário Causa Operária entrevistou o cônsul-geral de Cuba em São Paulo, Pedro Monzón, que denunciou os efeitos do bloqueio contra o povo da ilha. Além disso, ele falou sobre como era Cuba antes da Revolução de 1959, as conquistas da revolução, a histórica solidariedade que o país oferece aos povos oprimidos do mundo e o avanço imperialista sobre toda a América Latina. Confira os principais pontos da entrevista, nas palavras de Pedro Monzón: A Cuba antes da Revolução Desde a época em que era colônia espanhola até o triunfo da revolução, em 1959, Cuba esteve submetida aos EUA como uma espécie de neocolônia. Os EUA tinham o controle da economia de Cuba, a sociedade cubana estava viciada e deteriorada devido à relação dos EUA com uma burguesia que não era realmente nacional. Poderíamos dizer muitas coisas dessa nefasta etapa da história de Cuba. Por exemplo, o ínfimo desenvolvimento da saúde pública. Ela atendia aos capitalistas, enquanto o grosso da população não tinha acesso seguro à saúde pública; a educação era muito pobre, também com muitas limitações porque era privada em sua maior parte e quase 40% da população era analfabeta e muitos outros eram analfabetos funcionais. Havia uma grande desigualdade na riqueza, com um grupo minoritário – como ocorre em muitos países da América Latina e do mundo – mantendo o controle essencial da economia e a maioria do povo era miserável, tanto nas cidades como no campo. A criminalidade era alta devido ao desemprego e também ao uso de drogas, que era comum na Cuba pré-revolucionária. Os EUA eram proprietários dos hotéis, dos casinos (que normalmente estavam nas mãos das máfias norte-americanas), os marines dos EUA habitualmente permaneciam nas costas da baía cubana e ao redor disso se desenvolveu a propagação do crime, das drogas, da prostituição. Enfim, Cuba era um país, nesse sentido, desastroso, e seus problemas tinham muitíssimo a ver com os EUA. Cuba não era nada senão um grande antro de vício para que os EUA os desfrutassem e os norte-americanos se divertissem, e não o povo. Solidariedade de Cuba Quando fez a Revolução, Cuba passou a ser respeitada por todo o mun-
do, inclusive pelos inimigos. Cuba tem uma política exterior firme, de solidariedade, de cooperação sem precedentes na história da humanidade. Da humanidade. Não é deste século ou de outro, na história da humanidade nunca houve nação nenhuma que tenha projetado uma política de solidariedade tão ampla e tão intensa como Cuba. E isso é centro da política exterior de Cuba. Nossa política tem ido desde o apoio a Angola na guerra de independência e contra a África do Sul – que levou ao fim do Apartheid – até o envio de centenas de médicos a dezenas de países. Bem como de educadores, o que levou a alfabetização a mais de 9 milhões de pessoas através do método cubano de alfabetização. José Martí (líder da independência de Cuba) dizia que pátria é humanidade, e esse conceito é base do trabalho solidário de Cuba para o mundo. Nós seguiremos apoiando a Venezuela e todas as causas justas do mundo. Não negociamos nossos princípios. Os EUA ultimamente estão pressionando muito Cuba para que deixe de colaborar com a Venezuela a partir de mentiras, de que somos o sustentáculo de Maduro, isso não tem nenhum respaldo na realidade. Mas sabemos que isso é apenas uma desculpa: o que eles querem é acabar com a Venezuela e acabar com Cuba. E Cuba vem fazendo campanhas e discursos pela liberdade de Lula, porque Cuba sempre esteve lutando pela justiça e ao lado das lutas progressistas em geral. Avanço do imperialismo na América Latina Estamos convencido que hoje é imprescindível a unidade para poder enfrentar essa ofensiva, por isso apoiamos diversos organismos como o Foro de São Paulo, o Movimento dos Países Não-Alinhados, a Aliança Bolivariana para os Povos da Nossa América (Alba). Porque o objetivo dos EUA é desunir as forças de esquerda e desunir os países da América Latina e do mundo para poder avançar e aumentar sua influência. Temos que unir todas as forças de esquerda, as forças progressistas, as forças anti-imperialistas. Há que determinar qual a contradição fundamental hoje em dia: é enfrentar o imperialismo, e ele deve ser enfrentado de maneira unida. Conquistas da Revolução Hoje em Cuba não há analfabetismo, os níveis de educação são muito altos e todo o povo tem um alto nível de educação, o nível de desenvolvimento científico é muito alto (como a biotecnologia). Cuba tem medicamentos muito importantes que nem sequer os países do primeiro mundo têm, entre eles remédios contra o câncer, contra a diabete, contra muitas doenças. Em outros terrenos da ciência, Cuba também tem um desenvolvimento e isso tem a ver com os critérios de justiça
social: a grande maioria dos nossos cientistas, dos estudantes universitários e inclusive de nossos políticos é mulher, coisa que não ocorre em muitos países onde nem sequer a mulher ganha o mesmo salário que o homem – o que, para um cubano, é simplesmente absurdo. Em Cuba todos têm acesso à cultura a preços risíveis – um espetáculo que custa 400 dólares no Japão, você pode ver por 50 centavos em Cuba ou sem pagar. As escolas artísticas proliferam em Cuba. E assim em todos os terrenos. A justiça social em Cuba é um princípio que predomina desde o início da revolução. Outro dos pilares da revolução é a independência nacional. A posição de Cuba é absolutamente soberana, não se submete a nenhum país do mundo, por mais forte que seja. Nossa posição diante dos EUA é que falamos de igual para igual, essa é uma condição sine qua non. Bloqueio Quando Cuba era subordinada aos EUA, nunca houve bloqueio, nunca houve sanções e Cuba era um desastre. O próprio ex-presidente dos EUA, John Kennedy, se pronunciou depois da derrota na Baía dos Porcos, que o governo de Batista havia sido atroz e que os EUA o tinham apoiado. Depois, iniciou-se o bloqueio e a medida mais cruel é a aplicação da Lei Helms-Burton em sua totalidade, que é a aplicação do bloqueio com características extraterritoriais. Segundo o título 3 dessa lei, os norte-americanos ou cubanos que tiveram propriedade em Cuba e que vivem nos EUA podem processar nos tribunais norte-americanos qualquer empresa do mundo inteiro porque têm negócios com empresas que eram de sua propriedade. Cuba antes era propriedade privada, as praias eram propriedade privada – os negros tinham que ir às piores praias. Mas para nós, a Lei Helms-Burton não é lei e não é nada. Como dizemos em Cuba, “nos limpamos com a Lei Helms-Burton”. Cuba não aceita isso, repudia e ignora. Não tem nenhum valor para Cuba. Mas para muitos outros países, ela é uma agressão, uma intromissão em sua soberania e um ataque às empresas de seus países. Essas empresas são sancionadas porque têm relação com empresas que antes pertenciam a cidadãos que hoje vivem nos EUA. Sem dúvida que isso nos prejudica, porque pode afastar potenciais investidores. No Brasil, por exemplo, hoje há um navio apreendido devido a essa lei e outros dois que podem ser detidos. Ou seja, a lei dos EUA predomina nesses países. Onde está a soberania, quando uma lei estrangeira determina o que você pode ou não fazer? Outros efeitos do bloqueio são prejuízos em todos os terrenos: no setor da educação – não podemos adquirir livros, papel, lápis ou utensílios impres-
cindíveis; na saúde, há remédios ou equipamentos produzidos pelos EUA ou por companhias alemãs que fazem parcerias nos EUA que não podemos obter, há remédios para o câncer infantil que em Cuba não se pode comprar porque as patentes pertencem aos EUA; no turismo, suspenderam os cruzeiros e navios de pesca, têm tentado impedir as viagens a Cuba de norte-americanos ou de navios de outros países com negócios nos EUA. Em geral, temos que importar muitos insumos para a alimentação, e o bloqueio impede que empresas ou governos de outros países vendam para Cuba ou que vendam a um preço muito mais alto devido ao risco de sofrer sanções. Passamos muita dificuldade para sobreviver devido ao bloqueio. Se o bloqueio dos EUA desaparecesse, o desenvolvimento de Cuba seria vertiginoso, se converteria em um dos países mais desenvolvidos da América Latina, sem nenhuma dúvida. Por causa do compromisso do povo com o projeto revolucionário e do nível de educação geral, técnica, política, cultural, específica do povo cubano. Vamos resistir apesar das medidas de asfixia criminosa dos EUA. É uma perda de tempo no terreno da política, porque Cuba não vai se render, isso não vai acabar com a Revolução Cubana. O que ocorre é que isso provoca o sofrimento do povo. Embora estejamos dispostos a seguir passando por isso, é algo criminoso e que o mundo inteiro dê as costas a um fenômeno como esse e que pode ocorrer em qualquer lugar do mundo. Quando você cede em um terreno, está cedendo em todos os terrenos. Por isso Cuba, mais do que um país em particular, e um projeto social, econômico e político em particular, é um símbolo. É necessário defender, porque quando você está defendendo Cuba, essa ilhazinha com 12 milhões de habitantes, está defendendo princípios de independência, de solidariedade, de justiça, que são universais. Seguiremos oferecendo solidariedade ao mundo inteiro e esperamos, como está acontecendo, que o mundo estenda uma mão solidária a Cuba.
8 | INTERNACIONAL
POLÍTICA IMPERIALISTA PARA O IRÃ
Asfixia econômica e cerco militar A
s sanções dos Estados Unidos ao Irã estão atingindo “deliberadamente civis inocentes” e equivalem a terrorismo econômico, nas palavras do ministro iraniano das Relações Exteriores, Mohammad Javad Zarif. Ele também declarou na ONU que o Irã precisava de mísseis balísticos para se proteger de invasores estrangeiros apoiados pelos EUA – um arsenal que os Estados Unidos argumentam que deve ser cortado. As tensões entre o Irã e os Estados Unidos aumentaram drasticamente depois que Donald Trump se retirou unilateralmente do acordo nuclear de 2015 entre Teerã e potências mundiais e voltou a impor sanções, colocando a economia iraniana em queda livre. Trump considerou o acordo nuclear unilateral, mas durante anos impediu o Irã de desenvolver uma bomba atômica. As sanções exacerbaram uma crise econômica que fez despencar a moeda iraniana e também impediram que bens essenciais como remédios entrassem no país. Os iranianos enfrentam uma grave escassez e inflacionam os preços do que ainda está nas prateleiras das lojas.
À medida que as dificuldades econômicas se aprofundam, cerca de 30% dos pacientes agora compram medicamentos sem prescrição médica, porque as pessoas não podem pagar os médicos. O Irã não tem escolha senão fabricar mísseis para fins de defesa, disse Zarif. Ele disse em uma entrevista à NBC News que se os EUA quiserem falar sobre os mísseis do Irã, ele precisa “primeiro parar de vender todas essas armas, incluindo mísseis, para a nossa região”. Há muito tempo que o Irã rejeita as negociações sobre seu programa de mísseis balísticos, que permanece sob o controle da Guarda Revolucionária paramilitar iraniana, que responde apenas ao líder supremo, o aiatolá Ali Khamenei. Zarif citou a guerra Irã-Iraque dos anos 1980, na qual os EUA apoiaram o ditador iraquiano Saddam Hussein com armas e logística. A Arábia Saudita, os Emirados Árabes Unidos e outros rivais regionais do Irã recebem regularmente remessas de bilhões de dólares dos Estados Unidos. O Irã recentemente começou a superar os limites de enriquecimento de urânio estabelecidos no acordo nu-
REINO-UNIDO
clear, aumentando a pressão sobre seus parceiros europeus para encontrar maneiras de contornar as sanções dos EUA, especialmente para as vendas cruciais do petróleo iraniano. “No final do dia, eles estão permitindo que os Estados Unidos definam a agenda. Não sei se isso é do interesse dos europeus”, declarou Zarif. Além disso, Zarif também disse que as fortes restrições de viagem dos EUA aos diplomatas iranianos e suas famílias que vivem em Nova York são “basicamente desumanas”. Eles estão restritos a viajar da ONU, da missão iraniana da ONU, da residência do embaixador iraniano da ONU e do aeroporto John F Kennedy. Enquanto o Irã retoma aspectos de seu programa nuclear, os EUA prometeram que Teerã nunca poderá desenvolver uma arma nuclear. O impasse se intensificou a ponto de Trump estar à beira de ordenar que seus militares iniciassem um ataque ao Irã depois que a Guarda
Revolucionária derrubou um drone norte-americano no mês passado. Os EUA enviaram milhares de soldados adicionais, um porta-aviões, bombardeiros nucleares B-52 e aviões de combate avançados para o Oriente Médio em meio a ameaças não especificadas do Irã. O secretário de Estado dos EUA, Mike Pompeo, disse em uma entrevista para uma rádio acreditar que o líder supremo do Irã, o aiatolá Ali Khamenei, está “controlando todos os planos, 100% deles” em questões estratégicas importantes. Só falou o óbvio ululante. O Irã está sendo pressionado pelo imperialismo, que outra atitude deveria ter? Deveria ameaçar os EUA ou Londres com um ataque militar? É evidente que os líderes do Irã apenas estão se defendendo do terrorismo de Estado dos norte-americanos. É o Irã que está sendo agredido, está sofrendo sanções, embargos, seus navios estão sendo bloqueados no mundo, inclusive no Brasil (onde vieram trazer ureia e deveriam voltar com milho, pois o Irã é o maior comprador de produtos brasileiros no Oriente Médio) e Trump já está até enviando tropas para ficar de prontidão na vizinha Arábia Saudita. A única arma que o Irã tem é manter Israel como refém. Autoridades iranianas já avisaram que, caso os EUA ataquem militarmente o país, Israel não durará meia-hora.
UCRÂNIA
Inglaterra vai mais à direita Regime ucraniano manteve B
oris Johnson foi eleito na terça-feira (23) como novo líder do Partido Conservador britânico. Com isso, o ex-prefeito de Londres assume na tarde de hoje (24) o cargo de primeiro-ministro do Reino Unido. Boris Johnson será o sucessor de Theresa May, derrubada pela crise política alimentada pelas negociações da saída do Reino Unido da União Europeia. Em seu discurso depois da vitória, Boris Johnson, que foi jornalista e apresentador de TV antes de tornar-se político, prometeu “realizar o Brexit, unir o país e derrotar Jeremy Corbyn”. Durante a campanha pelo Brexit em 2016, liderada pela extrema-direita, pelo UKIP e por Nigel Farage, então líder do UKIP, Boris Johnson também participou da campanha pelo Partido Conservador. Naquele momento, ele abraçava uma pauta encampada pela extrema-direita contra o governo de seu próprio partido. A vitória do Brexit precipitou o fim da carreira política de David Cameron, antecessor de May no Partido Conservador e no governo britânico. Começava então uma crise política da burguesia europeia de proporções continentais. O Brexit é até agora o fato mais contundente da desagregação política do bloco político europeu. Extrema-direita no poder Boris Johnson é comparado na imprensa ao presidente dos EUA, Donald Trump. A comparação deve-se
a características da personalidade e até mesmo da aparência física. Mas o principal ponto, logicamente, é a política: os dois representam a onda de extrema-direita que marca o deslocamento da burguesia em diversos países para a direita. Trump parabenizou Boris Johnson, e afirmou que eles deverão “caminhar juntos”. Boris Johnson representa essa extrema-direita dentro do Partido Conservador, e o fato de que agora assume o comando dentro de um partido dividido, em meio a uma intensa crise política, expressa o deslocamento mais à direita da burguesia britânica e é uma forma de o Partido Conservador não ruir diante de partidos como o UKIP ou lideranças como Nigel Farage, que tendem a tomar para si o apoio dos conservadores. Para não perder seu apoio para a extrema-direita, o próprio Partido conservador deslocou-se mais ainda à direita. Isso mostra uma guinada do regime político britânico como um todo para a direita. Um fenômeno que se repete também no resto da Europa. Uma diferença no caso da Inglaterra foi uma radicalização à esquerda do partido tradicional de esquerda dentro do regime, o Partido Trabalhista, sob a liderança de Jeremy Corbyn. No entanto, o partido manteve-se ambíguo em relação à UE, dando mais uma vitória à extrema-direita nas eleições para o Parlamento Europeu. Essa vitória ajudou a precipitar a vitória de Boris Johnson no Partido Conservador.
prisões clandestinas no Donbass O regime Ucraniano, fruto do golpe de 2014 com participação de grupos fascistas, está envolvido com prisões secretas em diversas cidades da Ucrânia, como Mariúpol, Kramatorsk, Járkov e Krasnoarméisk, organizadas pelo grupo paramilitar Batalhão Azov, grupo neozista fundado e comandado por um ultranacionalista, Andri Biletski. Essas prisões secretas decorrem da perseguição política desencadeada pelo governo contra os separastistas do leste do país e outros ativistas e opositores ao regime extremista. Uma investigação feita por jornalistas, que conseguiram encontrar com algumas dessas pessoas que ficaram nessas prisões secretas, possui relatos de tortura, estupro e abuso e que alguns de seus algozes chegaram a participar das recentes eleições parlamentares na Ucrânia. Konstantín Afónchenko, morador de Donbass, foi preso no aeroporto enquanto estava a caminho de Nova Odessa. Ele tinha o contato de um jornalista russo em seu celular e isso foi o suficiente para os membros da Guarda Nacional Ucraniana acharem que ele deveria ser preso e torturado. Afónchenko foi torturado com injeções que o faziam ter alucinações o suficiente para confessar qualquer coisa, mesmo que não estivesse envolvido, inclusive que poderia até re-
conhecer que matou o ex-presidente dos EUA, John Kennedy, de tão pesada que era a droga nas injeções. O nível de tortura chegou ao ponto de os guardas exigirem que ele estuprasse outra prisioneira, que estava dopada em outra cela. Além disso, os prisioneiros também foram usados como alvo humano no tiro ao alvo dos militares ou eram enviados a campos minados. Ainda não se sabe ao certo o número de pessoas presas nessas prisões clandestinas, enquanto o governo da Ucrânia afirma que há somente 101 pessoas, Daria Morózova, provedor de Justiça da autoproclamada República Popular de Donetsk, afirma que procuram por pelo menos 249 pessoas. É isso o que os extremistas estão dispostos a fazer, com apoio do imperialismo, com seus opositores.
INTERNACIONAL | 9
ESPANHA
Podemos não apoia e Sánchez perde 1ª votação para assumir novo mandato
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atual líder em exercício do governo Espanhol, Pedro Sánchez, fracassou na votação do parlamento e não obteve maioria dos votos para a posse como chefe de governo. O Podemos, com quem Sánchez já negociava desde a última sexta-feira (19), se absteve. Agora, tudo depende do apoio do Podemos para a votação de segundo turno, que pode mudar seus votos de abstenção para votos favoráveis. Ao que parece, o Podemos não quer um simples papel de figuração no governo, por isso ainda sustenta o voto de não e Iglesias, chefe do Unidas Podemos não descarta as possibilidades de não apoiar, afinal, para ele, sem um governo de coalizão, Sánchez não presidirá. Outro problema que Sánchez encontra é com os grupos que apoiam a questão da Catalunha. Sánchez é contrário à principal reivindicação dos separatistas, que é o referendo de in-
dependência da Catalunha. Se essas negociações continuarem travadas, Sánchez teria seu segundo fracasso na carreira política e ele próprio reconheceu isso em seu último discurso, ao dizer que “É certo que corro o risco de ser o candidato à presidência que sofre duas investiduras fracassadas. Sempre encontro o mesmo obstáculo”. Ao que parece, o mesmo obstáculo se refere ao líder do Podemos, Iglesias, que não quis formar governo com o PSOE em 2016. Agora, Sánchez terá a oportunidade de mostrar seu comprometimento com as questões catalãs, já que nesta terça-feira (23) se iniciam os debates sobre a Catalunha. Nessa intensa crise política que a Espanha passa, cabe a Sánchez conseguir um acordo concreto com os partidos de esquerda, cedendo à esquerda, já que a burguesia tem investido forte contra ele.
IMPERIALISMO
IMPERIALISMO
Fora EUA! Avião norte-americano Venezuela sofre mais um ataque é interceptado pela Venezuela golpista ao sistema elétrico N
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governo da Venezuela na última sexta-feira (19) rejeitou “a incursão de uma aeronave de reconhecimento e inteligência dos EUA” sobre o território do país. O avião americano não informou sua presença e por isso foi interceptado. O avião invasor foi em seguida escoltado para fora do espaço aéreo venezuelano. A Venezuela denunciou: o vôo da aeronave americana era uma “provocação direta”. Era violação de tratados internacionais. Violação da soberania da República Bolivariana da Venezuela. A interceptação foi confirmada pelos Estados Unidos. Alegam no entanto que caça venezuelano teria segui-
do a aeronave americana de “forma agressiva”. Comando Sul informou que o avião americano estaria realizando “missões de detecção e vigilância” para garantir a “segurança e proteção” dos cidadãos americanos. Não especificou no entanto, onde cidadãos americanos estariam sofrendo ameaças e inseguros para precisarem de proteção. Mais provável é a justificativa do Governo Bolivariano: o vôo da aeronave americana foi “provocação direta”. O vôo foi violação de tratados internacionais. Foi violação da soberania da Venezuela. Fora o Imperialismo da Venezuela. Fora o Imperialismo da América Latina.
o final da tarde de segunda-feira (22), a Venezuela sofreu mais um ataque que afetou cerca de 16 estados do país. Dessa vez, houve um ataque eletromagnético, que danificou os serviços de energia por toda Venezuela, inclusive os transportes, que voltaram gradativamente a funcionar nesta terça-feira (23) pela manhã. Caracas chegou a ficar 6 horas sem energia, fazendo com que o governo tivesse que suspender as jornadas de trabalho e as aulas nas escolas e muitos trabalhadores tiveram que voltar a pé para suas casas, no escuro. Para assegurar que os serviços voltariam a funcionar normalmente e que a população estaria em segurança, as Forças Armadas Nacionais Bolivarianas ativaram protocolos de segurança. Esse ataque à energia da Venezuela não é o primeiro a ocorrer, entre março e abril deste ano, a Venezuela recebeu ataques ao Sistema Elétrico Nacional, e a partir disso, o governo precisou implementar protocolos de segurança. O ataque chega num momento muito suspeito, onde os olhos de vários
países estão voltados à Venezuela, já que o país recebe dois eventos importantes esse mês, a reunião ministerial do Movimento dos Países Não-Alinhados, que aconteceu no último sábado (20) e domingo (22) e, a partir desta quinta-feira, o Foro de São Paulo, com a presença de cerca de 150 delegações e mais de 800 convidados. Inclusive, estará presente uma delegação de 60 membros de movimentos populares dos EUA, que participarão pela primeira vez do evento. Não é novidade que o imperialismo norte-americano tem feito de tudo para derrubar o governo de Maduro e não parece ser diferente agora com esse ataque na energia do país. Segundo o governo de Nicolás Maduro, as investigações apontam para a possibilidade de sabotagem. O comunicado oficial diz que “Os indícios da investigação, aberta em Bajo Coroní, mostram a existência de um ataque de caráter eletromagnético que pretendia afetar o sistema hidrelétrico da região venezuelana de Guayana, principal provedor do país”.
10 | ECONOMIA
ECONOMISTA PREVÊ NOVO COLAPSO
O capitalismo não encontra uma saída R
ecente artigo do economista norte-americano Nouriel Roubini aponta para uma nova crise mundial de proporções superiores à crise de 2008. Roubini é presidente do grupo de consultoria RGE Monitor, especializado em análise financeira e se notabilizou nos meios econômicos por prever o estouro da bolha especulativa imobiliária norte-americana e em seguida, a crise de 2008. Segundo Roubini, “Muitas das ameaças envolvem os Estados Unidos. Guerras comerciais com a China e outros países, somadas às restrições de migração, investimento estrangeiro direto e transferências tecnológicas, podem gerar profundas complicações nas cadeias globais de fornecimento, elevando o risco da estagflação (crescimento lento somado a inflação)” A análise do economista vai ao encontro da política do imperialismo com relação aos países atrasados. Pelo menos de 10 anos para cá, o imperialismo vem intensificando os golpes de Estado em diversas regiões de mundo, que visam, fundamentalmente, aprofundar o seu domínio sobre o conjunto das economias periféricas, na tentativa de fugir da sua própria crise. Em linhas gerais, essa política tem
duas vertentes. Destruir as economias nacionais em proveito dos monopólios e por outro intensificar o roubo de matérias primas, principalmente o petróleo na busca por uma sobrevida das economias imperialistas. O economista alerta, ainda, para o fato de que “nas economias desenvolvidas, a caixa de ferramentas de políticas para enfrentar as crises continua limitada. As intervenções monetárias e fiscais e os batentes do setor privado usados após a crise financeira de 2008, simplesmente não podem mais ser implementados, com os mesmos efeitos, hoje em dia”. Para o economista, a crise de 2008 não foi superada. O crescimento econômico é pífio e se dá justamente atra-
FMI rebaixa expectativa de crescimento do PIB mundial para 0,8%
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Fundo Monetário Internacional, o FMI, reduziu para baixo a projeção de crescimento da economia nacional deste ano. O último relatório do órgão apontou que em 2019, o “crescimento” da economia brasileira ficará em 0,82%. O índice é bem abaixo do número divulgado em abril, que era de 2,1%. Em janeiro, a projeção era de 2,5%, fato que comprova o fracasso da política golpista, imposta pelo imperialismo no país. A projeção a nível mundial também evidencia a crise generalizada do modelo capitalista. Para o FMI, a expectativa de crescimento da economia mundial está abaixo do esperado, tanto em 2019, quanto em 2020. Para este ano o crescimento será aproximadamente de 3,2%, o esperado era de 3,3%. Para o próximo ano a expectativa será de 3,3%, o esperado era de 3,6%.
Os dados apontam que os efeitos da crise de 2008 continuam se acentuando no mundo todo. Isto foi afirmado inclusive pelo atual diretor interino do FMI, David Lipton, o qual chegou a fazer um alerta para os bancos centrais do mundo todo para que estejam preparados para a continuação da desaceleração da economia. Outro dado que aponta esta tendência foi o crescimento do PIB chinês no primeiro semestre deste ano. Apesar de ser um número elevado se comparado a outros países, 6,3%, o crescimento do PIB da China é o menor deste período em comparação aos últimos 27 anos. A falência da economia capitalista a nível mundial é apenas uma expressão da falência do próprio capitalismo como um todo, o qual já se encontra em sua fase terminal.
vés dos mesmos mecanismos de especulação que levaram a crise de 2008. Quer dizer, a especulação no mercado financeiro é muitíssimo superior ao crescimento real da economia mundial. Para piorar o cenário, os mecanismos de contenção da crise de 2008, não podem ou não surtiriam os mesmos efeitos para a nova crise que se avizinha, conforme volta apontar abaixo. “Do ponto de vista fiscal, a maior parte das economias desenvolvidas tem déficits maiores e dívidas públicas mais altas hoje do que antes da crise financeira global, o que as deixa com pouco fôlego para gastos com estímulo à economia”. Como se não bastasse a crise de conjunto que assola o imperialismo,
cada vez mais tem se intensificado as disputas comerciais entre o Estados Unidos e a China. Segundo o economista, por si, essa disputa pode desencadear a nova crise mundial: “o choque nos mercados mundiais seria suficiente para acarretar numa crise global, independentemente do que os principais bancos centrais façam”. No final de seu artigo, Roubini não aponta boas perspectivas para o avanço de um acordo entre os EUA e a China e conclui afirmando “o risco de uma recessão e crise global, numa economia mundial que já é frágil, só cresce”. Ao prognóstico de Roubini para a crise que avizinha devem ser acrescidos outros elementos absolutamente explosivos que diz respeito ao fato da crise econômica que já está instalada em praticamente todo o mundo, mas, também, às crises políticas que resultam da crise econômica, mas que adquirem uma fisionomia própria, aprofundando sobremaneira a luta de classes no interior de cada país. A 1ª Guerra Mundial significou um ponto de corte do ponto de vista do desenvolvimento progressista das forças produtivas sob o capitalismo. De lá para cá, todas as novas crises que ocorrem aprofundam as tendências destrutivas de um sistema absolutamente caduco.
INTERNACIONAL | 3
OFENSIVA GOLPISTA
Enquanto fábricas fecham, Santander comemora aumento de 21% dos lucros
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esde a ofensiva golpista promovida pelo imperialismo (sobretudo, o norte-americano) no Brasil, ofensiva cujos principais resultados políticos foram, até agora, a derrubada fraudulenta do governo Dilma Rousseff e a prisão ilegal do ex-presidente Lula, a economia brasileira entrou num processo de declínio e devastação selvagens, principalmente do ponto de vista do setor industrial. Entre 2014 e 2018, o Produto Interno Bruto (PIB) brasileiro acumulou queda de 4,2%, enquanto o da indústria de transformação caiu 14,4%. O peso da indústria no PIB atingiu o seu pior patamar histórico desde o início de 1996, passando de 11,3% no fim de 2018 para 10,4% no começo deste ano. Para exemplificar, basta mencionar que no maior polo industrial do país, o estado de São Paulo, houve o fechamento de 2.325 indústrias de transformação e extrativas nos primeiros cinco meses do ano, número que é o mais alto em uma década. A desindustrialização e o desmantelamento da economia nacional, que vêm de décadas, só se agravaram com o golpe de Estado mais recente. Enquanto a economia nacional é destruída, enquanto milhares de fábricas são fechadas, enquanto a classe trabalhadora perde seus direitos duramente conquistados ou é jogada pura e simplesmente no desemprego
e na miséria, os bancos comemoram o crescimento de seus lucros cada vez mais exorbitantes. Em sua última demonstração de resultados, o Banco Santander, um dos principais monopólios do imperialismo espanhol, registrou que seu lucro cresceu 21% no segundo trimestre deste ano, alcançando a marca de R$ 3,6 bilhões, resultado muito parecido com o trimestre anterior. Não é uma mera coincidência que, enquanto os banqueiros imperialistas auferem lucros cada vez maiores, os operários e trabalhadores em geral afundam na exploração mais desenfreada, na miséria e no desemprego. Trata-se, antes, de duas faces da mes-
ma moeda, de dois processos que se alimentam mutuamente. Na fase imperialista do capitalismo, os grandes monopólios imperialistas, constituindo uma pequena oligarquia financeira concentrada em poucos países, dominam a economia mundial e, em especial, a economia dos países atrasados economicamente, entre os quais figura o Brasil. A base de sua lucratividade é a especulação financeira, o rentismo, a exploração das fontes de matéria-prima e da mão de obra dos países atrasados, a conquista de mercados e áreas de influência. Em outras palavras, a atividade dos grandes monopólios imperialistas baseia-se no parasitismo, isto é, no saqueio e
pilhagem de riquezas e na exploração de grandes massas do povo dos países oprimidos. Na condição de lacaio do imperialismo mundial e, especialmente, do norte-americano, o governo de Jair Bolsonaro representa a continuidade e acentuação desse mecanismo perverso de exploração dos povos dos países oprimidos. Mais do que nunca, é necessário denunciar o seu caráter pró-imperialista e lutar pela sua derrubada, expressa na palavra de ordem “Fora Bolsonaro!”, que só poderá ser bem-sucedida se as massas populares, com a classe operária à frente, saírem às ruas e colocar em marcha uma grande mobilização com características revolucionárias.
12 | MULHERES
PRESAS
Dois terços das mulheres presas sofrem acusação de tráfico de drogas S
egundo a Secretaria de Estado da Administração Penitenciária (SAP-SP), duas em cada três mulheres estão presas por tráfico de drogas. Esse número diz respeito às mulheres que aguardam julgamento mais as que já estão condenadas. Em dezembro 2016, eram 12.437 as mulheres presas, dessas, ao menos 5.000 deveriam estarem liberdade. Nem condenação tinham. De acordo com os dados, 8.300 mulheres estão presas por tráfico de drogas, ou seja, um pseudo-crime. Um crime inventado pela burguesia, apoiado em um pretexto moral religioso, que
tem como único objetivo aumentar a repressão contra a população. O fator que leva mulheres envolverem-se com esse pseudo crime é a questão econômica. Mulheres são chefes de família, tem filhos pequenos, precisam de comida. “Tráfico de drogas é uma relação comercial, uma forma de ganhar o pão”, afirma a pesquisadora Giane Silvestre. Esse é um dos motivos pelo qual e necessário exigir a legalização total das drogas. Acabar com a máquina que joga o povo e as mulheres nas masmorras que são as cadeias brasileiras.
CAPITALISMO Mulheres são empurradas para empregos precários depois de serem mães
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capitalismo constantemente tenta incutir na cabeça das mulheres que ser mãe é quase como um dever, que sem filhos e família, as mulheres seriam incompletas, contudo, se esquecem de mostrar que a realidade das mães trabalhadoras é dura e precária. Muitas mulheres têm recorrido ao “empreendedorismo” após terem filhos, pois, em geral, o mercado de trabalho formal fecha as portas para essas mulheres ou pagam remunerações muito baixas, justamente por serem mães. Muitas dessas mulheres são constrangidas em entrevistas de emprego com perguntas sobre possuir filhos, a idade deles, se tem com quem deixar, virando quase um interrogatório. Toda essa hostilidade, falta de apoio social, falta de creches públicas – segundo dados da Pnad Contínua da Educação, cerca de 6,7 milhões de crianças ainda estavam fora das creches em 2018. – faz com que muitas mulheres acabem tendo que criar seus próprios negócios, trabalhar em casa acaba virando uma realidade já que o mercado de trabalho se fecha para as mulheres trabalhadoras que viram mães. Mas, se engana quem pensa que
essa jornada de mulheres pobres que tentam virar “empreendedoras” é fácil. O capitalismo, ao mesmo tempo que lucra na onda das pautas identitátias, fazendo parecer que defendem que as mulheres tenham sua independência financeira, que caiam no conto do “empoderamento” individual, no discurso meritocrático, faz com que as mulheres sejam rebaixadas no mercado de trabalho, fazendo com que elas tenham que recorrer a alternativas precárias. A maioria dos empregadores entendem que as mulheres são responsáveis pela casa e pelos filhos e por isso, não conseguirão cumprir as responsabilidades de um trabalho. Outro ponto importante nesse problema do “empreendedorismo” no lugar do trabalho formal é que se demora muito para conseguir uma renda fixa a longo prazo, o que dificulta também a aposentadoria dessas mulheres, que ficaram sem poder contribuir e não terão como contabilizar tempo de trabalho. Enquanto capitalismo for o modelo econômico que reina, as mulheres não terão espaço em lugar algum que não seja ficar dentro de casa cumprindo as tarefas do lar, como escravas.
CIDADES | MOVIMENTO OPERÁRIO | JUVENTUDE E MORADIA E TERRA | 13
CONDIÇÕES DE VIDA
Mais de 35 mil pessoas desistiram de planos de saúde no Ceará A
deterioração das condições de vida da população brasileira é perceptível em vários aspectos. Um exemplo disso são os dados divulgados pela Agência Nacional de Saúde Suplementar em relação ao número de pessoas que abandonaram o plano de saúde no Ceará. Nos últimos cinco anos, mais de 35 mil pessoas tiveram que abrir mão do plano de saúde no estado. De 2014 para 2019, o número de beneficiários passou de 402,8 mil para 367,7 mil no estado. Uma que-
da de 8,7%. O vice-presidente do Instituo Brasileiro de Executivos de Finanças do Ceará, Raul santos, declarou que a queda ocorre devido quando há um “abalo” na renda da pessoa física. Com o aprofundamento da política golpista nos últimos anos, ou seja, com os ataques às condições de vida da população, o corte de direitos, de investimentos públicos, nos salários, etc, há, consequentemente, um aumento da pobreza e da miséria. O que leva a situações como essa.
GOVERNO FRAUDULENTO Golpistas dos Correios querem desfazer de 16 imóveis da ECT
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direção golpista dos Correios, a mando do governo fraudulento de Jair Bolsonaro, está desmontando aos poucos a maior empresa de Correios da América Latina, a ECT (Empresa Brasileira de Correios e Telégrafos). Colocaram a venda o patrimônio da ECT, que na verdade é o patrimônio do povo, são 16 imóveis em cinco estados e no Distrito Federal (RS, SC, PR, SP, BA e DF), sendo que a perspectiva da direção dos Correios é arrecadar apenas 340 milhões de reais, ou seja, estão entregando de bandeja a fortuna dos prédios dos Correios ao parasitismo da especulação imobiliária no Brasil. Um dos prédios mais cobiçados pelos especuladores é o prédio dos Correios na Pituba, região nobre de Sal-
vador na Bahia, a 200 metros da praia do Farol. A cada dia que passa, enquanto a direção golpista dos Correios escreve em seu boletim interno, “Primeira hora”, que os trabalhadores dos Correios devem ter ética e responsabilidade com o crescimento e sustentação da ECT, o governo Bolsonaro, demite milhares de trabalhadores através do PDV (Pedido de Demissão Voluntária), fecha agências e vende o patrimônio da empresa a preço de banana. Diante dessa destruição acelerada da ECT é que os trabalhadores dos Correios precisam se movimentar e mobilizar pelo Fora Bolsonaro, para impedir a privatização dos Correios, por novas eleições e pela liberdade de Lula.
FASCISTAS Exército impede lideranças indígenas de entrarem em suas terras
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Brasil encontra-se completamente dominado por uma política de terra arrasada. Governos golpistas ilegítimos tomam conta da nação impondo decisões arbitrárias utilizando o exército fascista que levará adiante medidas para aniquilação do povo brasileiro. Dentre os povos, estão os indígenas, que são tão poucos, mas mesmo assim esse governo fascista tem o propósito de extinguir. Prova do fato, foi o ocorrido no último dia 10, onde militares barraram cinco estudantes indígenas de entrarem em suas terras, a terra indígena Alto Rio Negro, ilha da Flores, no município de São Miguel da Cachoeira (AM). Nesta localidade acontecia um evento de comemoração dos 25 anos da associação OIBI (Organização Indígena da Bacia do Içana). Os estudantes indígenas foram impedidos de entrar no próprio território. A atitude reacionária é também contra os lideres da associações exis-
tentes nas regiões, como o pesquisador paraense Emilio Goeldi e universidades participantes da ONG ISA, e também os próprios líderes locais Marivelton Baré, Maria Baré, consultora da ONG FAS (Fundação Amazonas sustentável), mas por outro lado permitiram que entrassem empresários interessados na mineração. É preciso denunciar que o impedimento tem motivo político e econômico. O governo do presidente ilegítimo Bolsonaro está perseguindo a OIBI e quer destruir o ISA (Instituto Socioambiental), que desenvolve produção de pimenta indígena. Mais uma vez, se observa a política de destruição do povo brasileiro com o objetivo de entregar tudo ao capital, aos empresários, e aniquilar, esmagar toda população. É preciso se organizar em comitês de luta contra o golpe para derrubar esse governo ilegítimo golpista, lutar pela liberdade de Lula. Toda essa luta só será possível nas ruas.
Sem vaga no Conad, conselheiro denuncia política golpista sobre drogas
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or meio de um decreto completamente absurdo, o presidente golpista e de extrema-direita, Jair Bolsonaro, excluiu 13 representantes da sociedade civil e especialistas do Conselho Nacional de Políticas sobre Drogas, os especialistas excluídos são: Assistente Social, Antropólogo, Médico, Jurista, Psicólogo, Educador, Enfermeiro, Jornalista, Cientista. Essa medida do governo conservador mostra que eles não querem tratar a questão das drogas como deve ser tratada, como questão de saúde pública, mas, sim, com repressão e medidas embasadas em tudo, menos na ciência e na realidade existente. Quem fica no Conselho, presidido pelo igualmente golpista e capacho dos EUA, Sérgio Moro, são ministros como a alucinada Damares, que gosta de passar seu tempo afirmando que personagens de desenhos animados são lésbicas. Fica também o Ministro da Educação, Weintraub, que gosta de protagonizar vídeos com chocolatinhos e contas de porcentagem erradas. Quem passa a integrar esse conselho é Osmar Terra, ministro da cidadania, que afirmou que a fome não é um problema grave no Brasil Todas as chances que esse Conselho tinha de ter peritos e especialistas, foram por água à baixo quando os golpistas assumiram o governo. Todos eles já deixaram claro que a política deles é higienista e de total repressão, embasados num falso moralismo e cinismo religioso. Quem mais sofre no meio dessa guerra às drogas são os jovens pobres e negros, constantemente reprimidos e tratados de forma totalmente desumana. Paulo Aguiar, representante do Conselho Federal de Psicologia, um dos conselheiros excluídos, afirma que “Infelizmente a gente não vai mais visualizar isso como política pública porque hoje todo o investimento do governo é para beneficiar entidades privadas ligadas às comunidades terapêuticas e a instituições religiosas”. Os programas sobre drogas estão todos tendo seus investimen-
tos cortados e no lugar, as comunidades terapêuticas têm ganhado o lugar. As comunidades terapêuticas são instituições privadas, ligadas à igrejas, onde dependentes químicos, incluindo adolescentes, o que é totalmente proibido, são internados e os métodos de tratamento passam por castigos físicos e humilhações, trabalho forçado e alta dosagem de remédios. Os adolescentes passam pelos mesmos tratamentos que os adultos, como carregar blocos de construção para novos cômodos das comunidades terapêuticas e ações como tomar banho na hora errada têm como castigo ficar alguns dias em um quartinho de 6m², nus, sem banheiro e sem qualquer infra-estrutura. Nos últimos 5 anos, essas comunidades terapêuticas – que não passam por nenhuma fiscalização sistemática – receberam cerca de 250 milhões do governo federal, é um verdadeiro negócio lucrativo que explica as medidas reacionárias na política de drogas. O próprio Osmar Terra, que ganhou uma cadeira no conselho, afirmou que a meta agora é contratar mais 20 mil vagas nessas comunidades terapêuticas, triplicando os gastos do governo federal numa política ineficaz. Os jovens pobres são os principais alvos dessas comunidades, acabam lá muitas vezes pela fragilidade financeira de seus famílias e muitos possuem problemas psicológicos que nada têm a ver com drogas. Estão usando a juventude negra e pobre para lucrar, atropelando completamente o ECA (Estatuto da Criança e do Adolescente), praticando diversas violações dos direitos humanos, enfim, torturando jovens que o próprio Estado deixou de lado.
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ESPORTES
Começam as oitavas de final da Libertadores N
esta terça-feira, dia 23, tem início a fase de oitavas de final, com jogos de ida e volta, da Copa Libertadores da América, o torneio que reúne as equipes mais bem colocadas do continente sul-americano no ano anterior. Seis clubes brasileiros passaram da fase de grupos e jogarão os jogos de “mata-mata”. São eles: Cruzeiro, Palmeiras, Flamengo, Internacional, Athletico-PR e Grêmio. Fora de casa, Cruzeiro e Palmeiras jogaram o jogo de ida nesta terça. O Cruzeiro teve pela frente o River Plate, tradicional time argentino e atual campeão da competição. O Palmeiras, que fez a melhor campanha da fase de grupos, jogou em Mendonza, na Argentina. Na quarta, dia 24, é a vez de Flamengo, Internacional e Athletico-PR entrarem em campo. A equipe carioca jogará no Equador contra o Emelec, às 21:30 (de Brasília). Às 19:15 (de Brasília), o Internacional, invicto na competição, enfrenta o Nacional-URU, em Montevidéu. Ambos classificados pelo grupo G,
Athletico-PR e Boca Juniors voltam a se enfrentar, às 21:30, em Curitiba. Por fim, o Grêmio é o único time brasileiro que jogará na quinta-feira (25).
Seu rival será o Libertad, do Paraguai, equipe contra quem já atuou na fase de grupos e que classificou em primeiro lugar do grupo, e o jogo de ida será
em Porto Alegre, com início às 21:30 (de Brasília). Os jogos de volta acontecem na próxima semana.
Real Madri e Barcelona disputam Neymar enquanto imprensa o ataca E
xiste aquele ditado popular, “é louco mas não rasga dinheiro”. Os grandes capitalistas, mais do que qualquer ser humano na terra, prezam por cada centavo para garantir seus lucros. No futebol, é exatamente a mesma coisa. Se o jogador é craque e vai dar dinheiro para os capitalistas que estão por trás de determinado clube, ele é valorizado. Conversa não enche a barriga de ninguém, nem opinião de jornalista. A campanha contra Neymar é internacional. No Brasil e no mundo comentaristas e jornalistas esportivos ressaltam os mínimos defeitos do jogador. Neymar é criticado por fazer A e depois por fazer B. O importante é atacar o jogador. Essa campanha está claramente voltada a atacar o futebol brasileiro atacando o seu mais talentoso jogador.
E por que? Ao colocar em marcha esses ataques, os capitalistas garantem seu domínio sobre o esporte, desmoralizando o País de onde eles tiram a maior parte de sua mão de obra, ou
melhor dizendo, o “pé de obra”. A vitória do futebol brasileiro é a derrota dos europeus e isso vai afetar os lucros dos capitalistas nos países mais ricos do mundo. Esse é o único con-
teúdo real por trás dos ataques contra Neymar. Mas a realidade sempre se impõe mais cedo ou mais tarde. E agora, Neymar está sendo disputado milhão por milhão entre dois dos clubes mais ricos do mundo: Real Madrid e Barcelona. Quem dá mais por Neymar? Eis a pergunta. Na hora da propaganda, Neymar é o pior lixo que o futebol já criou. Mas na hora de saber quem terá em seu time, os capitalistas não rasgam dinheiro e sabem que o craque é garantia de sucesso. Ele é o maior do mundo. Os dirigentes de Barcelona e Real Madrid sabem que na prática a coisa é bem diferente do que dizem os jornalistas venais que participam da campanha contra o brasileiro. Conseguiram, com a campanha desvalorizar o jogador, mas em campo, ele é o mais disputado.
Todos os domingos às 20h30 na Causa Operária TV