Edição Diário Causa Operária nº5714

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QUINTA-FEIRA, 25 DE JULHO DE 2019 • EDIÇÃO Nº 5714

DIÁRIO OPERÁRIO E SOCIALISTA DESDE 2003

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Privatização da BR Distribuidora, entrega da Petrobras: Fora Bolsonaro Quarta-feira (24), durante a madrugada, a BR Distribuidora foi sorrateiramente privatizada pelo governo ilegítimo de Jair Bolsonaro. A subsidiária da Petrobras é a maior distribuidora de combustível do Brasil, e inclui uma rede de 7.703 postos de combustível.

EDITORIAL

Prisão de “hackers”: a ditadura da Lava Jato Está em andamento uma operação política para atacar o jornalista Glenn Greenwald devido às denúncias do Intercept Brasil relativas à Lava Jato.

CST/PSOL acha que o imperialismo apoia o “ditador” Daniel Ortega “A Igreja, o imperialismo, a OEA e os grandes empresários, temerosos de que Ortega caísse por uma nova revolução, como as do norte da África, pediram ‘diálogo’ e negociação. Enquanto Ortega continuava reprimindo e aprisionando os combatentes”, escreve no sítio da corrente psolista CST o líder da Esquerda Socialista argentina Miguel Sorans, no artigo “Nicarágua: 40 anos após a queda de Somoza, outra ditadura”.

Bolsonaro entrega distribuição de combustíveis para os EUA O governo Bolsonaro anunciou a privatização da subsidiária da Petrobrás, a BR Distribuidora. Segundo a imprensa golpista, a Petrobrás vendeu 35% da BR Distribuidora para empresas do Reino Unido, Canadá, e principalmente, os Estados Unidos.

POLÍTICA

POLÍTICA

Ditadura: Polícia invade e intimida reunião de ato contra Bolsonaro

Conune: PSTU afirma que “Lula livre” não unifica os estudantes

Invenção de “hackers”: farsa para censurar e perseguir a esquerda

Em matéria onde realizam o balanço do 57º Congresso de UNE (CONUNE), a juventude do PSTU, Rebeldia, defendeu que a luta pela liberdade de Lula “não unifica”.

Pela liberdade de Preta Ferreira e todos os presos políticos

Militantes fazem “faixaço” em todo o País pela liberdade de Lula


2 | EDITORIAL EDITORIAL

COLUNA

Prisão de “hackers”: a ditadura da Lava Jato

Bolsonaro faz chantagem e promete censura ao cinema brasileiro Por João Silva

U

E

stá em andamento uma operação política para atacar o jornalista Glenn Greenwald devido às denúncias do Intercept Brasil relativas à Lava Jato. Graças às conversas privadas vazadas nas matérias jornalísticas do Intercept, as denúncias de parcialidade da Lava Jato no processo contra Lula ficaram demonstradas de forma irrefutável. Sérgio Moro era o juiz do caso, e hoje está à frente do Ministério da Justiça e com a Polícia Federal sob seu comando. Diante das denúncias do Intercept, a resposta da extrema-direita a partir do governo é a perseguição política e uma operação fraudulenta de perseguição. Na tarde de terça-feira (23), quatro pessoas foram presas pela PF no interior de São Paulo. Walter Delgatti Neto, Danilo Cristiano Marques, Gustavo Henrique Elias Santos e Suelen Priscila de Oliveira foram detidos acusados de invadir celulares de autoridades, como o próprio Sérgio Moro e procuradores e juízes ligados à Lava Jato. Na quarta-feira (24), Walter Delgatti Neto foi apresentado pela imprensa bolsonarista como “líder” dos supostos “hackers”, e já teria “confessado” ter invadido celulares e afirmado que isso estaria relacionado às mensagens divulgadas pelo Intercept. Não se sabe o que de fato essas quatro pessoas presas pela polícia de Moro fizeram ou não. De qualquer

modo, tudo indica que está em andamento um mecanismo semelhante ao da Lava Jato para tentar incriminar o Intercept. É o mesmo método de prender e posteriormente direcionar e extrair “delações” convenientes para os objetivos da direita golpista. É um estado policial que está se formando à imagem e semelhança da Lava Jato, operação golpista que chegou ao governo por meio do golpe. Prisões políticas estão cada dia mais comuns e frequentes, mostrando que o regime política está cada vez mais antidemocrático e ditatorial. O objetivo da direita é justamente consolidar esse regime autoritário para impor seu programa político neoliberal contra a população por meio da repressão. Ao mesmo tempo em que o governo se revela mais e mais impopular e contestado, a direita fica mais agressiva e perigosa. Essa situação reforça a necessidade de mobilização nas ruas contra o governo pelos métodos da classe trabalhadora, com greves, piquetes e protestos de rua. Uma política meramente eleitoral e de oposição parlamentar arrisca permitir que esse governo se consolide. E caso isso aconteça, operações como a prisão desses supostos “hackers” mostram a tendência autoritária desse governo e o risco que representa para os trabalhadores e a população brasileira.

Hoje às 19h

na Causa Operária TV

ma das áreas mais atacadas do governo Bolsonaro e pelos bolsonaristas, a cultura, foi utilizada de maneira manipulada pela propaganda golpista para atacar os artistas como aproveitadores do financiamento público de eventos e produções artísticas. A Lei Rouanet. O fato é que muito coxinha se aproveitou da lei para ganhar dinheiro, mas a campanha era contra os artistas “petistas” que financiaram peças de teatro, apresentações musicais e cinema por meio da lei. Uma campanha para atacar o PT, mas também para abrir terreno para destruir a cultura no País. O resultado do golpe foi o fim de centenas de projetos sociais voltados para a cultura, desempregando milhares de profissionais da área, demissões em massa. O cinema foi uma das principais áreas atacadas pelos golpistas. O financiamento por meio de leis de fomento, como a Lei Rouanet, está sendo gradativamente extinto e a perseguição à artistas de esquerda que se posicionam claramente contra o golpe é cada vez mais crescente. Vale lembrar que durante o governo golpista de Michel Temer, o filme “Aquarius” e seu diretor, o pernambucano, Kleber Mendonça Filho, foram perseguidos por se manifestar contra o golpe no Festival Internacional de Cannes em 2016. Entre as perseguições o filme ficou de fora da disputa do Oscar a filme estrangeiro em 2017, numa clara armação para que o diretor e seu filme não tivessem oportunidade de um novo protesto. No último dia 18 de julho, em cerimônia que comemorou 200 dias de governo ilegítimo, Bolsonaro criticou a Agência Nacional de Cinema, a Ancine, dizendo que filmes como “Bruna Surfistinha” não podem ser financiados pelo dinheiro público, pois este seria um filme pornográfico. E ainda complementou que pretende transferir a agência que é sediada no Rio de Janeiro para Brasília, ou seja, para controlar o que pode e o que não pode ser aprovado pela Ancine. Após a crítica, dias depois, a Ancine concedeu autorização para que um documentário que retrata a ascensão de Bolsonaro seja financiado com dinheiro público por meio da captação de R$ 530 mil com empresas que podem ter desconto no Imposto de Renda. O filme em questão é “Nem tudo se desfaz: como 20 centavos iniciaram uma revolução conservadora”, do aspirante a cineasta Josias Teófilo. O filme é mais uma tentativa da direita golpista de tentar manipular a história para justificar o golpe dado em Dilma Roussef em 2016 e a prisão de Lula em 2018. Até o momento foram feitas

algumas tentativas, bem frustradas de apresentar a versão golpista dos fatos. Primeiro veio o filme “Polícia Federal – A Lei é Para todos”, fracasso de bilheteria que com um investimento de mais R$ 15 milhões de reais levou pouco mais de 1 milhão aos cinemas, não conseguindo sequer cobrir os custos da produção que até chegou a prometer uma continuação, mas que naufragou. Depois veio a série da golpista Netflix “Mecanismo”, dirigida pelo também apoiador do golpe, José Padilha, de “Tropa de Elite”. A série teve uma propaganda massiva em sua estréia, mas também não emplacou, agora segue, de maneira tímida, numa segunda temporada, mas com os vazamentos do The Intercept Brasil, as chances de uma terceira temporada são pouco viáveis. Mais recentemente veio o documentário “1964 – entre livros e armas” uma propaganda do Instituto Millenium disfarçada de produção cinematográfica que foi exibida apenas na internet, fingindo uma censura das salas de cinema que seria para alavancar sua visualizações. Diga-se de passagem, todas produções extremamente desagradáveis de assistir do ponto de vista do entretenimento, sem entrar no mérito político que é igualmente execrável. Agora a nova produção será conduzida por um pupilo do, igualmente execrável, Olavo de Carvalho, Josias Teófilo, que fez o documentário, “O Jardim das Aflições”, justamente sobre a vida, pouco inspiradora, do guru bolsonarista. Outro filme nada interessante de se ver que também foi fracasso de bilheteria nos cinemas, teve pouco mais de 11 mil espectadores. A captação autorizada para o documentário sobre Bolsonaro veio depois das críticas e ameaças feitas à Ancine. Além de aventar a mudança da Ancine para Brasília, Bolsonaro também transferiu o Conselho Superior do Cinema do Ministério da Cidadania para a Casa Civil e disse que será feito o controle dos filmes aprovados por meio de “filtros culturais” para decidir o que vai e o que não vai ser financiado. E ainda falou que o cinema brasileiro deveria investir em histórias de “heróis nacionais” [como ele?], que “no passado deram sua vida, se empenharam para que o Brasil fosse independente”. Na prática é a censura ao cinema brasileiro. Só será aceito o filme que for de acordo com os preceitos do governo, que vangloriar “heróis nacionais” que apoiaram a ditadura militar, que torturam inocentes, que promoveram a destruição do País. É um ataque contra a cultura e a liberdade de expressão que deve ser energicamente repudiado.


POLÊMICA | 3

CONUNE

PSTU afirma que “Lula livre” não unifica os estudantes E

m matéria onde realizam o balanço do 57º Congresso de UNE (CONUNE), a juventude do PSTU, Rebeldia, defendeu que a luta pela liberdade de Lula “não unifica”. Em crítica à oposição de esquerda, na qual eles votaram, afirmam “o fato das organizações da oposição concordarem, em menor ou maior grau, com a política da UJS (seja no tema do “Lula Livre” ou mesmo na relação ambígua com a conciliação de classes) faz com que se apresente um programa frágil, incapaz de ganhar os estudantes.” Isto é, a chamada Oposição, formada por PSOL e outros setores da esquerda pequeno-burguesa, só não foi mais eficiente pois defenderam, de forma ambígua e escondida como sempre, a liberdade de Lula. Segundo eles, a política “Lula livre” é um programa frágil, “incapaz de ganhar os estudantes”, mesmo o apoio a Lula e ao PT tendo aumentado diante do repúdio ao golpe de Estado, como ficou explícito com o apoio a Lula nas intenções de votos durante o processo eleitoral de 2018.

Se esquecem que para consolidar a fraude que colocou Bolsonaro no poder, tiveram de retirar Lula das eleições, pois diante de sua popularidade, a fraude ficaria em uma situação extremamente crítica podendo levar, apesar das manobras, à vitória do PT em 2018. Mas no mundo de ilusões do PSTU, Lula é impopular. Por que? Porque eles mesmos se negam a olhar a realidade. A campanha pela liberdade de Lula tem ganhado cada vez mais adeptos e só não é maior diante da política de capitulação das direções. Lula foi o único preso de Lava-Jato que teve, no momento de sua prisão, milhares de manifestantes prestando apoio. Manifestantes estes que formaram um acampamento permanente em frente à Polícia Federal, onde está preso e que existe desde o primeiro dia da prisão do ex-presidente. Tudo isso, expressa a intensa popularidade do ex-presidente. Portanto, é um equívoco afirmar que a pauta não unifica, uma vez que o apoio a Lula cresce à medida que cresce o repúdio ao golpe de Estado.

Desta forma, deveríamos colocar em questão com quem o PSTU quer se unificar. Pelo que afirmam, não é como o povo e muito menos com as organizações de esquerda. Se querem unificar em torno de “Lula preso” provavelmente seus aliados se encontram no PSDB, no DEM e em outros partidos golpistas. Mas o PSTU se auto-elogia ao mencionar a campanha de sua juventude no Conune. “O movimento ainda defendeu que a campanha “Lula Livre” não unifica as lutas. Por mais que a justiça burguesa e Sérgio Moro sejam parciais, isso não significa que devemos dar apoio a um ex-presidente que atacou a educação e os trabalhadores. “ Quer dizer, os golpistas prenderam Lula de forma totalmente arbitrária justamente para realizar a política de ataques que Bolsonaro leva adiante. Mas para o PSTU, como Lula atacou os trabalhadores em determinado período de seu governo, deveríamos esquecer que a implantação de métodos ditatoriais pela direita, que prendeu um líder operário, é um ataque contra toda a esquerda. O PSTU esquece que trata-se de uma ofensiva para estabelecer uma ditadura no país. Ditadura essa que, mirando Lula, mira todo o movimento operário e popular. Porém, deveríamos fechar os olhos para Lula por “x” questões e apenas defender os direitos democráticos daqueles que acreditamos realmente revolucionários.

A esquerda, por exemplo, não deveria ter defendido Dreyfus, nos anos 90 do século XIX, pois este não era nenhum revolucionário. Deveria ter fechado os olhos à realização de métodos arbitrários e deixado um inocente ser preso. No caso do Lula é ainda pior, pois trata-se de um elemento – o mais popular – da esquerda brasileira. Em seguida, o PSTU afirma: “O PT tem o direito de levar suas pautas às manifestações, mas tornar essa bandeira o centro das mobilizações contra os ataques de Bolsonaro não ajuda no avanço da luta. Pelo contrário, isola a luta do conjunto da população e não contribui para o desgaste de Bolsonaro.” Isto é, “Lula livre” não só não unifica como também não “desgasta” o governo Bolsonaro. Acho que não fizeram a relação. Talvez alguém deveria explicar ao PSTU que a prisão de Lula foi fundamental para a eleição de Bolsonaro, e que os dois fazem parte do golpe de Estado – que eles não acham que houve – e portanto as duas lutas, tanto contra Bolsonaro, quanto pela liberdade de Lula andam juntas e tem como objetivo lutar contra o conjunto do golpe de Estado. Desta forma, o PSTU se mantém nos mesmo erros que cometeu ao apoiar o golpe contra Dilma. Fecham os olhos para o golpe de Estado, de forma que não entendem o repúdio da população aos golpistas. Assim, colocam-se na contramão das reivindicações do povo, que quer derrotar o golpe.

de mortos foram vítimas da repressão governamental. No entanto, de acordo com a Comissão da Verdade (que não poderia ser classificada de pró-Ortega), a maioria dessas mortes não está ligada à repressão e muitas delas foram causadas pelas próprias forças coxinhas. Além disso, foi graças à mobilização popular que o golpe foi derrotado, com manifestações de trabalhadores, camponeses e estudantes contra o golpe por todo o país.

Tratam-se dos mesmos métodos golpistas utilizados pelo imperialismo contra Maduro na Venezuela. E os mesmos métodos de propaganda, que a esquerda pequeno-burguesa cai, em sua ânsia por “superar” os limites do nacionalismo burguês – sem ter, no entanto, qualquer presença dentro do movimento popular para fazer isso. A esquerda pequeno-burguesa tem uma política completamente confusa e mesmo reacionária diante do avanço do imperialismo sobre os países oprimidos, especialmente na América Latina. Acredita que, ao serem derrubados os governos nacionalistas, será ela quem assumirá o poder, e não a direita golpista promovida pelo imperialismo. Entretanto, é preciso ter claro que a política do imperialismo é derrubar os governos nacionalistas para imporem regimes de extrema-direita a fim de saquear toda a economia desses países, o que significa um ataque devastador contra a classe operária e sua própria organização. O papel da esquerda, neste momento, é unir as forças populares em um movimento continental de luta concreta contra o golpismo e pela expulsão do imperialismo da América Latina – o que impulsionaria a organização da classe operária, em um movimento inclusive com potenciais revolucionários diante da crise política e econômica que assola o continente.

CONUNE

CST/PSOL acha que o imperialismo apoia o “ditador” Daniel Ortega A

Igreja, o imperialismo, a OEA e os grandes empresários, temerosos de que Ortega caísse por uma nova revolução, como as do norte da África, pediram ‘diálogo’ e negociação. Enquanto Ortega continuava reprimindo e aprisionando os combatentes”, escreve no sítio da corrente psolista CST o líder da Esquerda Socialista argentina Miguel Sorans, no artigo “Nicarágua: 40 anos após a queda de Somoza, outra ditadura”. O articulista se refere, aí, à tentativa golpista contra o presidente Daniel Ortega no ano passado, quando coxinhatos promovidos pelo imperialismo desestabilizaram a Nicarágua para derrubar a Frente Sandinista do poder, exatamente o contrário do que propaga Sorans. A Igreja, o imperialismo, a OEA e a própria burguesia nicaraguense, na verdade, foram os grandes propulsores da “rebelião popular” (citando o referido autor), que não tinha nenhuma pauta democrática e progressista,

senão apenas a queda de Ortega e a “luta contra a corrupção do regime”. Eram manifestações muito semelhantes às da direita venezuelana, com um caráter marcadamente reacionário e mesmo fascista, nas quais os manifestantes utilizaram-se de armas para assassinar simpatizantes do governo, em sua maior parte trabalhadores ou camponeses. As ações foram comprovadamente patrocinadas por agências do governo dos EUA e publicamente apoiadas por Washington, que fez uma forte pressão pela derrubada de Ortega, incluindo a imposição de sanções econômicas e um cerco político por meio da OEA. Não pediam nenhum diálogo, mas a renúncia imediata de Ortega. Ainda segundo Sorans, ele “é um ditador assassino repudiado por seu povo”. Exatamente o que diziam e continuam dizendo os jornais imperialistas e a imprensa golpista nicaraguense, ao afirmarem que era o povo quem estava nas ruas e que os centenas


3 | POLÍTICA

FORA BOLSONARO

Privatização da BR Distribuidora, entrega da Petrobras Q

uarta-feira (24), durante a madrugada, a BR Distribuidora foi sorrateiramente privatizada pelo governo ilegítimo de Jair Bolsonaro. A subsidiária da Petrobras é a maior distribuidora de combustível do Brasil, e inclui uma rede de 7.703 postos de combustível. A operação de privatizar a subsidiária consistiu em vender cerca de 30% das ações. A Petrobras tinha 71,5% das ações, e vendeu 30% dos papéis, perdendo o controle da subsidiária. Com isso a BR Distribuidora passou para o controle privado. Essa manobra só foi possível graças a uma decisão do STF dispensando o aval do Congresso para a venda de subsidiárias de empresas estatais. A imprensa burguesa alardeou o “ganho” da Petrobras com a venda, de R$8,6 bilhões. Também comemoraram a valorização das ações da subsidiária na Bovespa. No entanto, naturalmente, não explicaram o que isso significa

para o povo brasileiro. Por meio do chamado plano de “desinvestimento”, o governo golpista está vendendo a Petrobras aos pedaços, até que não sobre mais nada, sem sequer passar pelo Congresso. Com isso, o controle sobre um setor estratégico da economia ficará nas mãos de estrangeiros, enquanto o chamado “ganho” que se teria com as vendas é praticamente nada. Continuando a política de FHC nos anos 90, e de Michel Temer depois do golpe, a extrema-direita agora está entregando o que sobrou a preço de banana. Ao mesmo tempo, o país está cada vez mais desindustrializado, e está perdendo os mecanismos que teria para poder reverter esse processo. Em pouco tempo, a direita golpista está liquidando a economia nacional a serviço de especuladores e de monopólios imperialistas, reduzindo o Brasil a um exportador de matéria prima.

Bolsonaro entrega distribuição de combustíveis para os EUA

O

governo Bolsonaro anunciou a privatização da subsidiária da Petrobrás, a BR Distribuidora. Segundo a imprensa golpista, a Petrobrás vendeu 35% da BR Distribuidora para empresas do Reino Unido, Canadá, e principalmente, os Estados Unidos. Com essa venda, a Petrobrás fica com 37% do controle acionário e a empresa se torna privada e controlada pelos países imperialistas, que já dominam boa parte do setor de combustíveis do país, fato que se tornou realidade após o golpe em 2016. A medida é mais um plano do capacho Bolsonaro para entregar o setor de petróleo e combustíveis nas mãos do imperialismo. Os dados oficiais apontam que o Brasil importa 25% de todo o óleo diesel consumido no país e 90% de todo o óleo diesel importado pelo país vem de refinarias norte-americanas. Existem três grandes distribuidoras no país: Ipiranga, Shell e a BR

distribuidora. A privatização da BR Distribuidora irá beneficiar a Shell. Hoje boa parte da distribuição está nas mãos da Petrobrás e vai abrir um enorme mercado para as empresas imperialistas, pois seriam mais de 36 mil clientes e 143 mil pontos de entrega de combustíveis. A distribuição de combustível é um setor estratégico da economia nacional, assim como a produção e importação de diesel, e nesse momento está nas mãos das grandes empresas de países imperialistas e bancos internacionais. A privatização vai aumentar os preços dos serviços para a população, pois estariam a mercê do mercado internacional, assim como o preço dos combustíveis, e um passo adiante no processo de privatização da Petrobrás e liquidação desse enorme e importante patrimônio dos trabalhadores brasileiros.

Às ruas contra a política neoliberal É preciso lutar para impedir esse processo de destruição nacional realizado pela direita golpista. Para isso é necessário mobilizar os trabalhadores e toda a população contra as privatizações e contra o governo em geral. É preciso juntar-se ao clamor popular que exige nas ruas o fim do governo. As organizações dos trabalhadores e suas lideranças devem levantar a palavra de ordem que já

CHARGE

toma conta das ruas: Fora Bolsonaro! Esse é o único modo de reverter tantos ataques, em tantos flancos, que têm sido impostos pela direita contra o povo brasileiro. A cada dia o governo vem com novos ataques contra os trabalhadores. Não é possível opor-se a esses ataques um de cada vez. É preciso concentrar a luta contra o governo em torno da derrubada desse governo, de modo que todos esses ataques possam então ser parados e revertidos.


POLÍTICA | 5

DITADURA

Polícia invade e intimida reunião de ato contra Bolsonaro S

e isso não for prova final de que vivemos outro período ditatorial, com todas as cores de 1964, está faltando quase nada. Já tem censura às artes, já tem presos políticos, tem até gente desaparecida, mortes misteriosas, alinhamento com os Estados Unidos, tudo de novo. O passado está de volta. A mais recente página de nossas atuais trevas aconteceu em Manaus. Olha só: uma reunião de professores sindicalizados foi invadida por três Policiais Rodoviários Federais armados de metralhadoras. A reunião era para preparar manifestações contra o presidente Jair Bolsonaro (PSL), que deve visitar Manaus nesta quinta-feira (25). Os policiais rodoviários foram perguntar quem eram os organizadores dos atos. Veja bem: não era uma manifestação contra o ditador, que, mesmo assim, é um direito assegurado por aquela Constituição rota e rasgada. Era uma reunião para combinar a respeito e os policiais foram lá armados para intimidar os professores. Os policiais disseram aos professores que estavam cumprindo ordem do Exército Brasileiro. A reunião havia sido marcada para as 17h na sede do Sindicato dos Trabalhadores da Educação no Amazonas, no centro de Manaus. Às 16h30, os policiais chegaram ao local e afirmaram que acompanhariam a reunião, sem mandado e sem convite.

O professor Yann Ivannovick explicou aos policiais que o ato era pacífico e teria como pauta manifestações contrárias ao “desmonte da educação”, “pela defesa da Amazônia e da Zona Franca de Manaus”. Yann disse aos policiais que o que eles estavam fazendo na sede do sindicato era um ato atípico. E eles responderam que, para eles, o que nós estávamos fazendo é que era atípico. O professor Gilberto Ferreira, diretor do Sinteam, classificou o episó-

dio como “um retorno dos momentos que uma manifestação pacífica tem que estar acuada pelas Forças Armadas”. Os policiais entraram no sindicato e passaram meia hora fazendo perguntas sobre o ato e seus organizadores. A reunião para organização das manifestações contrárias ao governo ocorreu depois da saída dos policiais. O advogado e professor de Direito Constitucional da UFAM (Universidade Federal do Amazonas) Yuri Dantas

Barroso afirmou: “Não me recordo de já ter visto qualquer coisa parecida desde que a Constituição Federal passou a garantir o direito de reunião, de livre expressão do pensamento e de manifestação de ideias”. A assessoria de comunicação do CMA (Comando Militar da Amazônia) emitiu nota negando que tenha determinado a diligência no sindicato. Então a ordem veio mais de cima na hierarquia do Exército. Talvez do Texas.

INVENÇÃO DE “HACKERS”

Farsa para censurar e perseguir a esquerda O

país está muito próximo de conhecer mais uma gigantesca farsa gestada nas hostes do governo fraudulento de Jair Bolsonaro, da “República Lavajatista de Curitiba” e dos elementos mais desqualificados e moralmente rebaixados da extrema direita nacional. Acuados com as revelações bombásticas e demolidoras que emergiram com os vazamentos do sítio The Intercept, onde juízes, procuradores e até mesmo ministros da suprema corte de justiça do país (STF) estão sendo flagrados em diálogos conspiratórios para incriminar ilegalmente réus nos processos da golpista e persecutória “Operação Lava Jato”, um dos braços policiais mais sinistros do Estado, a Polícia Federal, deflagou operação para prender os supostos “hackers”, que de acordo com as “investigações” (fraudulentas, obviamente) seriam eles os autores da “invasão” aos celulares dos manda-chuvas da Lava Jato. Não é preciso recorrer às profundezas do pensamento ou ao raciocínio mais elaborado para concluirmos com simplicidade que a ofensiva do Estado burguês capitalista (cada vez mais policial, arbitrário e antidemocrático) e suas agências propagadoras de mentiras e inverdades contra o trabalho jornalístico e democrático

do The Intercept é parte componente da campanha vil e insidiosa do conjunto do regime golpista contra os que, mesmo tímida e moderadamente, insurgem-se às monstruosidades que vem sendo perpetradas pelos conspiradores contra os direitos mais elementares da sociedade e do conjunto da população. Toda a monumental crise em que o regime golpista está mergulhado, com a revelação cotidiana de sucessivos escândalos envolvendo autoridades que ocupam postos de comando e decisão no Estado (juízes, procura-

dores, ministros, parlamentares) evidenciam de forma clara que está em franco progresso no país a decomposição completa do recém-empossado governo, cujo desfecho pode vir a ser a instalação de um regime de terror e perseguição, com inconfundíveis características de uma rápida evolução para um regime abertamente ditatorial e fascista. A prisão, nesta terça-feira, dia 23, de um dos “suspeitos” de haver realizado a “invasão” aos celulares dos que comandam a “Operação Lava Jato”, abre as portas para precedentes arbitrários

e inconstitucionais de toda a ordem contra qualquer cidadão que a Polícia Federal e outros órgãos estatais ligados à repressão julgue – a seu critério e juízo – suspeitos de terem cometido crimes contra autoridades constituídas do Estado. Isso nada mais é do que a ante-sala para instalar e consolidar no país uma verdadeira ditadura, um regime policial, de terror, de censura e de perseguições, em primeiro lugar contra a esquerda, os partidos de oposição, os movimentos populares, os sindicatos, a imprensa, artistas, intelectuais, etc. É preciso deixar claro que todo esse estado de coisas, toda essa escalada de ilegalidades inconstitucionais, antidemocráticas e de ataques aos direitos da população não pode e não será contido nos marcos das instituições (golpistas) do Estado; não pode ser barrado com discursos no parlamento ou com ações na justiça. As instituições estão dominadas pelos elementos que conspiraram e derrubaram o governo eleito, que jogaram na lata de lixo o voto popular, que atentaram contra a decisão soberana da população. Os golpistas e a ofensiva policial e persecutória do Estado somente poderá ser detida pela força da mobilização social, do enfrentamento das massas populares contra o governo Bolsonaro e o conjunto do regime político, levantando a palavra de ordem de FORA BOLSONARO!


6 | MOVIMENTOS

PRISÃO POLÍTICA

Pela liberdade de Preta Ferreira e todos os presos políticos H

á um mês acontecia mais uma prisão política no Brasil do golpe. Quatro companheiros, lideranças da luta por moradia em São Paulo, dirigentes do MSTC (Movimento Sem-Teto do Centro) foram presos de forma completamente arbitrária. A cantora Preta, Sidney Ferreira, Edinalva Silva Ferreira e Angélica dos Santos Lima foram detidos em prisão preventiva. Além do MSTC, as lideranças presas também compõem a FLM (Frente de Luta por Moradia) e o MNLM (Movimento Nacional de Luta pela Moradia). A acusação totalmente absurda é a de organização criminosa, baseada em supostas denúncias de testemunhas que dizem que as lideranças do movimento cometiam extorsão dos ocupantes ao cobrarem aluguel. Pesa ainda contra eles outras acusações infundadas como a associação com o PCC. Seguindo o método dos processos fraudulentos da ditadura golpista, as

prisões não têm nenhum fundamento, não há provas, o direito de defesa foi cerceado assim como o direito da presunção de inocência. “Estou presa porque briguei por direitos constitucionais. Quem deveria estar preso é quem não cumpriu com seus deveres constitucionais. Moradia é um direito constitucional”, afirma Preta, em entrevista publicada nessa quarta-feira (24) para a Rádio Brasil Atual. “O delegado disse que era de

direita e que o ano que vem ia se candidatar e quem era do PT tinha que se foder. Ele disse isso no Deic. Então, minha prisão é política”, denuncia. Preta ainda compara, corretamente, a sua situação à do ex-presidente Lula: “Eu sei o que ele está passando e eu sei o que ele está passando. Sabemos porque estamos presos. Esta é a ditadura de 2019.” Mas a gravidade do processo não está somente nas arbitrariedades jurídicas e

Preta Ferreira denuncia prisão política de sem teto P

reta Ferreira, presa há 30 dias pelo Estado golpista e reacionário, mesmo sem ter cometido nenhum crime, deu uma entrevista à Rádio Brasil Atual, onde desabafa sobre essa ditadura em cima da classe trabalhadora, negra e pobre. Para Preta, filha de Carmen Silva, líder do Movimento Sem Teto do Centro (MTSC) e da Frente de Luta por Moradia (FLM), sua prisão é fruto da luta pelo direito à moradia, na entrevista ela afirma: “Estou presa porque briguei por

direitos constitucionais. Quem deveria estar preso é quem não cumpriu com seus deveres constitucionais. Moradia é um direito constitucional” Preta Ferreira sabe que o principal objetivo do Estado em praticar essas prisões arbitrárias é atacar os movimentos sociais e o cenário político atual colabora em totalidade para que essas perseguições aconteçam. A burguesia da especulação imobiliária se incomoda muito com essas ocupa-

ções, corroborando com a violência que o Estado vem praticando. “Ninguém ocupa porque quer não, você acha que eu não queria ter meu apartamento, ter minha casa? Queria sim, queria, mas como que eu vou comprar? Ou eu trabalho pra comer, pra me vestir ou eu trabalho pra pagar aluguel. Onde na cidade de São Paulo que alguém vive com um salário mínimo? “, Preta afirma, quem consegue se manter com um salário mínimo em

policiais. A acusação, movida pelo Ministério Público, que pede a prisão dos ativistas é abertamente política. “As vítimas também destacaram que eram compelidas a votar em integrantes do Partido dos Trabalhadores, mudar o título eleitoral para o centro de São Paulo, participar de invasões a novos prédios e, por fim, participar de atos em apoio ao ex-presidente Lula e a ex-presidente Dilma”. Ou seja, o próprio Ministério Público admite que a prisão é política. A justificativa típica da direita golpista, de que os movimentos não podem ser políticos, é usada para perseguir e colocar ativistas na cadeia. É preciso uma ampla campanha pela liberdade dos presos políticos, o que será alcançada através de uma mobilização permanente e da denúncia contra a ditadura que os golpistas estão colocando em prática no País. Exigir a completa e irrestrita autonomia dos movimentos populares política e financeira. São Paulo, uma cidade tão cara? O que Preta traz nessas denúncias é algo que os movimentos sociais de moradia já vêm sofrendo há tempos, principalmente com as denúncias anônimas, como ela mesma traz na entrevista, o que o Estado deveria fazer é investigar quem faz essas denúncias e quais os interesses por trás, pois fica nítido que há interesses imobiliários, financeiros envolvidos. Fica claro que a prisão dela e dos outros militantes, incluindo seu irmão, é injusta, como ela mesma afirma: “tá mais que comprovado que a minha prisão é política”

Militantes fazem “faixaço” em Ato exige liberdade dos líderes das todo o País pela liberdade de Lula ocupações e presos políticos O

O

s militantes da luta contra o golpe de todo o País estão envolvidos em uma atividade de escala nacional. Assim como os companheiros do PCO e dos Comitês de luta contra o golpe, centenas de outros camaradas do PT, dos Comitês Lula Livre e de outras organizações escolheram o domingo como um dia de agitação em torno da luta pela liberdade de Lula. São mais de uma centena de atividades de mobilização, que envolvem panfletagem, venda de jornais e outros materiais, coleta de assinaturas e os famosos “faixaços”: faixas que exi-

gem a liberdade de Lula imediatamente que são expostas em locais estratégicos e de alta visibilidade. Os “faixaços” e os mutirões são a prova de que existe um amplo setor da esquerda e do povo que deseja se mobilizar ativamente pela campanha da liberdade de Lula, ou pelo Lula Livre, como traduziu o PT em palavra de ordem. Um fato muito interessante à respeito dessas atividades é que além da pauta primordial, que é a questão da liberdade de Lula, em muitos locais pudemos ver também a palavra de ordem de “Fora Bolsonaro” surgindo espontaneamente. Este fato é a comprovação de que as lutas em torno destas duas mobilizações fundamentais estão intimamente ligadas. Convocamos todos os leitores que estão conscientes deste problema e que desejam se juntar à estas manifestações. Procure os camaradas do PCO e dos comitês Lula Livre e de luta contra o golpe e o fascismo da sua cidade e junte-se à eles! Caso em seu município ainda não tenha uma atividade deste tipo, estamos à disposição para ajudar na organização de mais um mutirão ou “faixaço”.

ntem, 24/07, dia em que completou um mês da prisão arbitrária de quatro lideranças do Movimento Sem Teto do Centro, em São Paulo, o Comitê em Defesa do Movimento Popular realizou um ato em frente ao Ministério Público do Estado de São Paulo, local onde Sidney Ferreira, Jacine Ferreira da Silva (Preta Ferreira), Ednalva Silva Ferreira e Angélica dos Santos Lima, foram indiciados e presos, outros quinze membros do movimento de ocupação também foram indiciados. “Trata-se de prisão política”…, como disse Preta Ferreira em entrevista à Rádio Brasil Atual. “O promotor, que indiciou os 19 integrantes do movimentos dos sem tetos e prenderam Preta Ferreira, Sidney, Ednalva e Angélica foi nada mais, nada menos, que o promotor Cassio Conserino, o mesmo que denunciou, sem provas o ex-presidente Lula, no caso do Tríplex do Guarujá, litoral de São Paulo.” Foi tirada uma comissão para tentar agendar uma audiência pública sobre essas prisões arbitrarias. Porém, a exemplo de todas as prisões políticas que vem ocorrendo ao longo dos anos

no Brasil, como no caso de Luiz Inácio Lula da Silva, ex-presidente do Brasil, preso a mais de 450 dias, nada se resolveu até agora com esse judiciário golpista. Uma frase que reflete bem essa situação foi dita no ato, qual seja: “Na hora de nos receber, são dóceis, prometem avaliar… más na pratica, a situação é bem outra”. É necessário a mobilização do conjunto da população de todo o país, dos trabalhadores, bem como todos os movimentos sociais para, em uma luta conjunta, derrotar o golpe, orquestrado pelo imperialismo norte-americano, o próprio judiciário, etc., que colocou na presidência da república o fascista Jair Bolsonaro, João Dória, governador, Bruno Covas, prefeito, ambos golpistas de São Paulo, do PSDB, principais interessados pela destruição dos movimentos sociais em São, da retirada de mais de 3.500 moradores em ocupações, somente na capital de São Paulo. Portanto, essa luta passa pelo fora Bolsonaro; fora Doria e Fora Covas. Liberdade Para Lula, Preta Ferreira e todos os presos políticos do Brasil.


INTERNACIONAL | 7

PORTO RICO

Crise do domínio imperialista norte-americano A

crise econômica de 2008 obrigou o imperialismo mundial a mudar a sua orientação política para o mundo, e em particular, para a América Latina. Vimos uma sequência de golpes no continente, como em Honduras, Paraguai, Argentina e Brasil, além da constante pressão sobre a Venezuela. No entanto, como era de se esperar, os povos dos países controlados pelo imperialismo acabaram por se levantar contra um plano tão profundo de destruição nacional. O mais recente caso deste tipo de fenômeno é o de Porto Rico. Trata-se de um pequeno país que, como é de conhecimento público não possui nenhuma autonomia, é uma espécie de colônia sob administração direta dos norte-americanos, o que atualmente se conhece pelo termo Territórios não

incorporados dos Estados Unidos. Esta situação de asfixia imposta ao povo porto-riquenho desandou nos últimos dias. Dezenas de milhares de pessoas foram às ruas na capital San Juan nos

últimos dias para exigir a derrubada do governador Ricardo Rosselló – por ser um território dos EUA, Porto Rico não tem um presidente, mas sim um governador – um capacho dos norte-americanos em Porto Rico. A grande

imprensa de direita internacional e brasileira tem procurado apresentar os protestos como uma reação à declarações homofônicas de Rosseló, bem como a denúncias de corrupção. No entanto, a radicalização e a violência das manifestações são uma decorrência direta da situação do esmagamento em que Porto Rico se encontra há muito tempo. A conjuntura em Porto Rico evolui muito rapidamente. Mesmo após Rosselló afirmar que não iria disputar a reeleição, a população mais uma vez saiu às ruas, exigindo que Ricardo Rosselló renuncie ao cargo. É uma rachadura que se abre no seio de um território controlado diretamente sob a asa da águia norte-americana e é mais um indício de que o imperialismo está muito mais frágil do que se imagina.

INGLATERRA

Boris Johnson expressa crise do Partido Conservador inglês A

ssim como os republicanos norte-americanos, os conservadores ingleses parecem ter “encontrado” o seu Trump. Como Trump, Boris Johnson também foi apresentador de TV e também tem um comportamento extravagante. Além disso, é de uma ala de extrema-direita dentro do Partido Conservador. O Partido Conservador está em crise, dividido e ameaçado pela ascensão de partidos de extrema-direita. Com isso, os próprios conservadores deslocaram-se à direita, para tentar impedir essa perda de espaço para a extrema-direita. Por isso elegeram Boris Johnson nas eleições internas, um sintoma da crise do partido, que é parte da crise do próprio regime político. Johnson, um ardoroso defensor do Brexit – a saída britânica da Comunidade Europeia – já anunciou que levará à frente a decisão do Plebiscito de 2016. Esse é mais um sintoma da crise de um Partido dividido entre um setor que tentava um acordo para uma saída negociada da CE e um outro que defende a saída abrupta. O impasse que se seguiu ao Plebiscito de 2016 levou a queda do primeiro-ministro David Cameron, um conser-

Inglaterra vai à direita para tentar impedir Jeremy Corbyn

B

orris Johson, o sucessor de Theresa May na liderança do Partido Conservador inglês e novo Primeiro Ministro da Inglaterra, disse em seu discurso de agradecimento por ter sido escolhido como sucessor de May, que suas principais tarefas seriam: derrotar Jeremy Corbyn, manter o Reino Unido no Brexit e “unir” o país. A crise política e econômica mundial implicou na saída de antigos representantes da burguesia, já gastas e decrépitas como May e Merkel, substituindo-as por figuras mais à direita. Tanto no partido de Merkel como no de May, há uma luta interna entre uma ala mais ligada ao centrão, encabeçada pelas duas dirigentes, e uma ala ligada à extrema-direita. Em ambos os casos a ala mais à direita

ganhou. A demagogia usada para dar um verniz de renovação na política do país, a política agressiva contra a esquerda, a política de austeridade e o fim do bem estar social europeu, compõem a guinada política que necessita a burguesia europeia para conter o avanço da esquerda. O discurso de Boris assemelha-se em certos aspectos ao de Bolsonaro. Longe de ter uma linguagem tão boçal como a do presidente brasileiro, o líder conservador fala em combater a esquerda e unificar o país. A figura de Jeremy Corbyn é demonizada pela burguesia inglesa, e assim como caluniaram e atacaram ferozmente o PT no Brasil, sendo o principal eixo da campanha de Bolsonaro, estão fazendo com Corbyn na Inglaterra.

A popularidade de Corbyn cresceu por conta da polarização do país. O líder do Labour Party (Partido Trabalhista), é ligado aos sindicatos e tem um propostas que vão no oposto do imperialismo, prestando solidariedade à Palestina, se opondo às políticas de sanções econômicas contra outros países e atacando a indústria bélica do país e sua política de fomentar guerras. Essa polarização da política levou à renuncia de May e da escolha de Boris e seus eixos de campanha: Entregar o Brexit, Unificar o País e Derrotar Jeremy Corbyn (leia-se derrotar a esquerda). A burguesia encontra-se desesperada para conter o avanço da esquerda e para isso está escolhendo seus representantes da extrema-direita para salvar o Partido Conservador.

vador antecessor da Theresa May, que recém renunciou ao cargo e marca o fracasso da tentativa de May em levar à frente um período de transição após o Brexit, com três três derrotas na tentativa de fazer aprovar um acordo na Câmara dos Comuns com esse propósito.

O fato da ala mais à direita dos conservadores assumir o governo deve ser medida pelo próprio impasse do Partido diante da situação e a tendência que se abre para a perda de espaço para partidos de extrema-direita, como o UKIP ou lideranças como Nigel

Farage. A crise econômica permanente agudiza as contradições do acordo de união econômica e política dos 28 membros que compõem a Comunidade Europeia. A situação da Inglaterra é um sintoma dessa contradição.

Golpistas de direita convocam greve na Bolívia contra Evo Morales Evo Morales, que possui 37% de intenção de votos para sua reeleição na Bolívia, agora precisa enfrentar mais uma manobra do imperialismo, que não exita em atacar os governos de esquerda ou progressistas da América Latina. Dessa vez, a burguesia da Bolívia está chamando uma greve contra a candidatura de Evo, tentando levantar os coxinhatos, como aconteceu aqui no Brasil.

É uma campanha golpista que serve tanto para as eleições como para derrubar Morales no futuro, caso ele vença as eleições novamente. A greve organizada pela direita boliviana está marcada para 21 de agosto e outra definida para setembro. A tentativa de derrubar o governo de Evo Morales já percorre anos, a burguesia boliviana e o imperialismo querem mudar a lei, acabando com

o binômio governista e exigindo a renúncia do governo. A tática do imperialismo vem sendo a mesma quando as eleições chegam nos locais que os países imperialistas tem interesse em explorar ou que tenha governos não alinhados a seus interesses, que se resume a tentar desestabilizar e inviabilizar as candidaturas da esquerda ou alas progressistas, como fizeram aqui no Brasil

com o impeachment de Dilma Roussef, a prisão de Lula, forjada à base de nenhuma prova, fraudes nas eleições presidenciais. A classe trabalhadora da Bolívia sabe da necessidade em defender seu país dos ataques do imperialismo, que tem trabalhado com ofensivas neoliberais em toda a América Latina e outros países atrasados de outros continentes.


8 | ECONOMIA

PIB

FMI corta em 60% previsão do crescimento do PIB brasileiro E

m meio ao avanço da crise capitalista em todo o mundo, o Fundo Monetário Internacional (FMI) cortou a previsão para menos da metade a previsão de crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) da América Latina e Caribe (de 1,4% para 0,6%), neste ano, e em mais de dois terços a sua previsão para o crescimento da economia brasileira, no mesmo período. De acordo com a última atualização do relatório World Economic Outlook divulgada, nessa terça-feira (23), o FMI passou a estimar uma expansão de 0,8% para o PIB brasileiro, em 2019. No começo do ano, a “previsão”(uma verdadeira declaração de apoio ao recém empossado, governo ilegítimo de Jair Bolsonaro, era de um crescimento de 2,5% do PIB. Em abril, a previsão do órgão já havia baixado para 2,1%.

A previsão do FMI deixa evidente que não faz o menor sentido as declarações otimistas de integrantes do governo e “analistas” que comemoraram nesta semana o fato de o banco Central divulgou dados anunciando que a expectativa de queda do PIB registrada durante 20 semanas seguidas, teria se invertido diante de uma previsão de alta de 0,01 no índice, que passou de o,81%, na semana passada, para 0,82%, nesta semana. O quadro local, e no conjunto do Continente, evidencia os drásticos resultados a que a economia da região está sendo levada diante do predomínio da política golpista imposta pelo imperialismo norte-americano, com o apoio da direita que lhe é subserviente, permitindo uma acelerada destrui-

ção da economia nacional (particularmente da industria) e um ataque sem paralelos contra as condições de vida dos trabalhadores, da juventude e do conjunto dos explorados. O próprio FMI destacou que o rebaixamento de “considerável” e assinalou que tais resultados não ajudarão à consecução de outros objetivos como a redução da pobreza e da informalidade. É evidente que a luta em defesa das reivindicações mais elementares dos trabalhadores e a defesa das economias de todos os países da região, passa pela derrubada dos governos golpistas e pela derrota do imperialismo e de sua ofensiva contra os explorados latino-americano e caribenhos. Fora o imperialismo da América Latina e Caribe!

ATAQUE A POPULAÇÃO

Governo autoriza alta de até 7,35% em planos de saúde A

Agência Nacional de Saúde (ANS), controlada pelos golpistas, autorizou aumento de até 7,35% na mensalidade dos planos de saúde. A decisão vale para planos que fazem aniversário no período de maio de 2019 a abril de 2020. Inflação do Período foi de 4,94%. Reajuste foi 2,29% maior e atingiu a taxa de 7,35%. Em 2018, o reajuste autorizado pelo governo foi de 10%, para uma inflação de 2,76%. Nos últimos 24 meses, planos de saúde ficaram 9,5% acima da inflação.

É o 16º ano seguido em que o reajuste fica acima da inflação do ano anterior. Agência Nacional de Saúde, mais preocupada com a garantia dos lucros das Empresas que administram os Planos, do que propriamente da Saúde de seus clientes usuários. A saúde da população não pode ser objeto de comercialização e garantia de lucros para as capitalistas empresas. Por uma política de fortalecimento do SUS – Sistema Único de Saúde, estatizado, gratuito e sob o controle dos trabalhadores. Para isso, é preciso derrubar o governo golpista de Jair Bolsonaro.


MOVIMENTO OPERÁRIO | 9

CAMPANHA SALARIAL DA ECT

Golpistas enrolam na mesa de negociação A

s negociações da campanha salarial dos Correios, que iniciou no início de julho deste ano, chegou no ponto da direção golpista da ECT (Empresa Brasileira de Correios e Telégrafos) apresentar a proposta econômica, apesar de que, nas propostas que empresa fez de outras cláusulas, os golpistas da direção dos Correios deixaram claras as suas intenções de roubar o dinheiro da categoria, através da retirada de direitos. Na terça-feira (23), quando os representantes dos trabalhadores foram para negociações esperando que a direção golpista dos Correios apresentasse a proposta econômica, a direção golpista da ECT fez o oposto, entrou nas negociações reforçando a “necessidade” dos patrões de retirarem vale refeição/alimentação das férias e do final de ano. Os golpistas querem que os trabalhadores façam o sacrifício de sujeitar-

-se a um salário menor, mais opressão, e menos direitos e benefícios, com argumentos bizarros.

A direção golpista da ECT anunciou que poderá apresentar a proposta econômica até o final do mês de julho,

uma tática antiga, para impedir grandes expectativas dos trabalhadores dos Correios. Outra alternativa, que vem sendo usada pela direção golpista dos Correios, é apresentar sua proposta para os trabalhadores dos Correios, através dos ministros biônicos e golpistas do TST (Tribunal Superior do Trabalho) como se fosse uma proposta original dos ministros. É necessário lembrar que os ministros do TST sempre decidem do lado dos patrões, são representantes dos interesses capitalistas, por isso que a direção golpista da ECT sempre se sente bem quando o dissídio da categoria vai terminar na mesa dos ministros do tribunal. É preciso creditar toda luta dos trabalhadores dos Correios na sua força de mobilização, abandonar de vez a ideia de fazer lobby no Congresso Nacional, ou achar que o TST é imparcial. Os trabalhadores dos Correios precisam gritar Fora Bolsonaro bem alto, até que ele caia, pois é uma questão de vida ou morte para a categoria ecetista.

BANQUEIROS GOLPISTAS

PROJETO “FUTURE-SE”

Banco Itaú demite trabalhadores afastados por doenças ocupacionais

Mais um plano para destruir a educação

O

s banqueiros golpistas do Itaú/ Unibanco, utilizando da portaria nº 617, de 24 de junho de 2019 (Programa de Revisão de Benefícios por Incapacidade), do também golpista/ilegítimo governo, Bolsonaro, capacho dos banqueiros nacionais e internacionais, e estão demitindo em massa trabalhadores que foram afastados por motivo de doenças ocupacionais. O modus operandi dos fascistas do Banco Itaú é de perseguir os trabalhadores com problemas de saúde, sejam aqueles que adquirem doenças ocasionadas por motivos laborais, sejam aqueles que adquiram outras doenças, só que agora com mais um componente de ataque a classe trabalhadores: a e que “legaliza” as demissões através de medidas do governo dos banqueiros e grandes capitalistas. No Itaú, assim que termina o prazo de estabilidade do trabalhador afastado por doença, o banco vem demitin-

do, sem dó nem piedade, aqueles que retornaram ao trabalho; “Pensei que fosse voltar ao trabalho, mas, quando cheguei lá, era para assinar minha demissão, não assinei. Acreditei que seria realocada”, declara uma bancária que prefere não se identificar. (site Fetec/Cut 24/7/19) As demissões fazem parte da ofensiva dos banqueiros contra a classe trabalhadora que visa única e exclusivamente aumentar a superexploração dos trabalhadores, passando por cima, inclusive, dos seus direitos, na busca desenfreada pelo lucro, e contam, para isso, com o seu governo ilegítimo, Bolsonaro. Os trabalhadores não devem aceitar mais esse ataque dos banqueiros golpistas. É necessário organizar, imediatamente, uma reação à ofensiva dos patrões contra os direitos e conquistas dos trabalhadores que se intensificaram com o golpe de Estado.

O

projeto “Future-se”, dos golpistas, visa tirar a responsabilidade do governo federal do repasse de verba para com as universidades federais. As próprias universidades devem ir captar seus recursos, com as Organizações Sociais (OS). Esse projeto pretende entregar o patrimônio acumulado pelo sistema federal de ensino ao mercado especulativo. O MEC (Ministério da Educação) pode doar bens imobiliários da União para financiar um fundo gerido pelas organizações privadas. O projeto é o começo da privatização dos recursos da universidade pública para o setor do ensino pago, é o fim da pesquisa, da extensão e das bolsas de estudo. O conhecimento é um dos grandes patrimônios de um povo, o desenvolvimento científico e tecnológico é desenvolvido pela universidade pública. Um dos planos dos golpistas é alimentar

os bancos com cada vez mais recursos retirados da educação, que é um dos maiores orçamentos da União. E não tem saída mágica (ou parlamentar) para impedir que esses ataques se perpetuem. O desenvolvimento da situação está aí, diminuir drasticamente investimentos (PEC 55) e atacar de forma direta o orçamento das instituições (contingenciamento/ cortes), para que elas recorram à iniciativa privada. É preciso que as direções de partidos, líderes e movimentos sociais superem sua própria paralisia e chamem suas bases às ruas de forma contínua, que é a partir de onde podemos impor a vontade do povo e combater essas medidas neoliberais. É preciso que, mais do que nunca, se denuncie o desenvolvimento da situação, evidenciando seu aprofundamento. Somente as ruas vão barrar todas essas privatizações.


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