Edição Diário Causa Operária nº5720

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QUARTA-FEIRA, 31 DE JULHO DE 2019 • EDIÇÃO Nº 5720

DIÁRIO OPERÁRIO E SOCIALISTA DESDE 2003

O que estamos esperando? Às ruas pelo Fora Bolsonaro!

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EDITORIAL

Impeachment ou eleições gerais? A partir das declarações de Bolsonaro a respeito do assassinato do pai de Felipe Santa Cruz, presidente da OAB, durante a ditadura, diversos políticos da esquerda, organizações e parte da própria população (como em manifestações nas redes sociais) começaram a pedir o impeachment do presidente fascista e ilegítimo.

POLÍTICA

Fora Bolsonaro ou fica Bolsonaro? Segunda-feira (29) o presidente ilegítimo e golpista Jair Bolsonaro declarou o seguinte diante de jornalistas: “Se o presidente da OAB quiser saber como o pai desapareceu no período militar, eu conto para ele”. O presidente da OAB, Felipe Santa Cruz, é filho de Fernando Augusto de Santa Cruz Oliveira, vítima da ditadura militar assassinado pela direita sob custódia do Estado. Bolsonaro, porém, que afirmou que Felipe Santa Cruz “não vai querer saber a verdade”, tem uma versão falsa alternativa para a história.

Manuela D’Ávila: todo apoio à polícia para achar “hackers” de Moro

Em matéria publicada no sítio Brasil 247, no dia 30/7, o jornalista e professor, membro do Psol, Gilberto Maringoni, defende que o impeachment de Jair Bolsonaro não deve ser uma política para a esquerda.

Comissão da Verdade e Bolsonaro brigam sobre caso Santa Cruz

A ex-candidata à vice-presidência na chapa do petista Fernando Haddad, Manuela D’Ávila, do PCdoB, acabou sendo envolvida na história dos chamados “hackers” apresentados pela direita como supostos responsáveis pela invasão de celulares de autoridades brasileiras.

POLÍTICA

Covarde, cínico, Bolsonaro agora culpa a esquerda

O bolsonarismo é a versão mais completa e despudorada do fascismo Recente entrevista com o historiador português Manuel Loff, reproduzida pelo site Opera Mundi, sobre a relação entre o bolsonarismo e o fascismo no século XXI expressa, em boa medida, a confusa interpretação que a esquerda pequeno-burguesa faz sobre o real significado da ameaça fascista representada pelo golpe de Estado no Brasil e que tem a sua expressão, no momento, no governo Bolsonaro e no chamado bolsonarismo.

CUT pede o impeachment de Bolsonaro Estadão denuncia que Bolsonaro está entregando a Amazônia para os EUA

Após as declarações do golpista Jair Bolsonaro sobre Fernando Santa Cruz, vítima da ditadura e pai do presidente da OAB, Felipe Santa Cruz, tripudiando de uma pessoa assassinada e torturada pela ditadura militar sob custódia do Estado, uma série de reações de repúdio ao governo se desencadearam espontaneamente.


2 | OPINIÃO EDITORIAL

Impeachment ou eleições gerais?

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partir das declarações de Bolsonaro a respeito do assassinato do pai de Felipe Santa Cruz, presidente da OAB, durante a ditadura, diversos políticos da esquerda, organizações e parte da própria população (como em manifestações nas redes sociais) começaram a pedir o impeachment do presidente fascista e ilegítimo. Essa não é a primeira vez que isso ocorre, mas com o aprofundamento da crise do governo e das medidas arbitrárias e posições abertamente fascistas de Bolsonaro, têm aumentado as exigências por sua saída, mesmo que de uma maneira um tanto confusa. O pedido informal de impeachment, ao qual aderiram parlamentares do PT e entidades como a CUT, demonstra o acerto da palavra-de-ordem Fora Bolsonaro, proposta pelo PCO no dia seguinte à vitória fraudulenta do então candidato do PSL nas eleições de 2018 e utilizada das mais diversas maneiras pela população em atos espontâneos como no Carnaval ou espetáculos musicais e em protestos por todo o País. No entanto, embora não seja errado pedir o impeachment de Bolsonaro, é

preciso entender que, na eventualidade de que ele ocorra, seria uma manobra parlamentar para substituí-lo por seu vice, o igualmente fascista general Hamilton Mourão. Ele daria continuidade à mesma política “bolsonarista”. Apesar de, possivelmente, nesse caso,

COLUNA

Para barrar a violência no campo é preciso derrubar Bolsonaro Por Renato Farac

A

morte do cacique Emyra Wajãpi no Amapá e a invasão por garimpeiros da Terra Indígena obteve uma repercussão internacional e demonstrou a necessidade de derrubar o governo Bolsonaro, pois toda essa violência é resultado de sua política de ataques aos indígenas e a luta pela terra. O assassinato do indígena se somou a um aumento exponencial da violência contra os movimentos de luta pela terra. Foram inúmeros despejos violentos, invasões de terras indígenas, fogo em aldeias e assentamentos, ameaças de morte, prisões de lideranças e assassinatos. Toda essa violência está sendo estimulada e financiada pelo governo Bolsonaro e a direita para retirar os direitos de trabalhadores sem-terra e indígenas. O governo golpista dá o sinal para suas milícias formadas de pistoleiros e pessoas que tem interesse no esmagamento da luta pela terra para terem acesso a minérios, madeiras e terras que hoje estão nas mãos de comunidades tradicionais e trabalhadores sem-terra. Bolsonaro já é inimigo declarado desses setores da população explorada e vem tomando medidas como a abertura das terras indígenas para a exploração mineral para garimpeiros e grandes mineradoras. Inclusive segundo o próprio Bolsonaro a indicação de seu filho para a embaixada do Bra-

sil nos EUA seria para facilitar e atrair mineradoras norte-americanas para a exploração de terras indígenas. Também está colocando em marcha um plano de privatização dos assentamentos rurais oriundos da reforma agrária e corte de todas as políticas e recursos destinados aos trabalhadores beneficiados. Instiga constantemente elementos de direita contra os sem-terra e indígenas dizendo que são “vagabundos”, querem vender a terra, muita terra para pouca gente, e por aí vai. As declarações com os ataques aos direitos estão provocando uma enorme onda de violência no campo só visto no período da ditadura militar. Há inúmeros projetos de lei para atacar a luta pela terra, como por exemplo que considera ocupações de terra como ato terrorista e classifica movimentos sociais como organizações terroristas. Por isso, não há uma maneira de conviver pacificamente com Bolsonaro e muito menos aguardar até 2022 para derrotá-lo nas próximas eleições presidenciais. Até lá, a violência no campo poderá atingir níveis muito maiores que os atuais e as organizações dos trabalhadores e indígenas estarem esmagadas pela ditadura bolsonarista. A única maneira de barrar essa ofensiva da direita no campo é derrubar o governo Bolsonaro e todos os golpistas.

haver um aprofundamento da polarização política no País, com mobilizações dos trabalhadores, a burguesia tentaria salvar o golpe de Estado de 2016 e estabilizar o governo com um substituto de Bolsonaro. O caminho mais correto a ser se-

CHARGE

guido, para evitar qualquer manobra dos golpistas diante da queda de Bolsonaro, é a exigência da organização de eleições gerais, com Lula fora da cadeia e candidato (uma vez que era o favorito da população nas últimas eleições e foi ilegalmente impedido de participar para que Bolsonaro fosse “eleito”). O povo deve ter o direito de escolher, sem nenhum filtro da direita, qual o seu candidato à presidência. Devem ser eleições amplas, que substituam as eleições fraudulentas para todos os cargos eleitos em 2018, com uma grande participação das entidades populares na própria organização do pleito, a fim de impedir uma nova fraude da direita. Com uma campanha por eleições gerais, o movimento popular e operário poderia assumir um papel de direção na luta política em curso, impondo nas ruas a queda de Bolsonaro e a derrota do golpe, levando a uma saída democrática por fora das instituições controladas pela direita. Mais do que nunca, a palavra-de-ordem deve ser Fora Bolsonaro! Liberdade para Lula! Eleições Gerais, já!


POLÍTICA | 3

TODOS ÀS RUAS

O que estamos esperando? Às ruas pelo Fora Bolsonaro! S

egunda-feira (29) o presidente ilegítimo e golpista Jair Bolsonaro declarou o seguinte diante de jornalistas: “Se o presidente da OAB quiser saber como o pai desapareceu no período militar, eu conto para ele”. O presidente da OAB, Felipe Santa Cruz, é filho de Fernando Augusto de Santa Cruz Oliveira, vítima da ditadura militar assassinado pela direita sob custódia do Estado. Bolsonaro, porém, que afirmou que Felipe Santa Cruz “não vai querer saber a verdade”, tem uma versão falsa alternativa para a história. Segundo ele, Fernando Santa Cruz teria sido “justiçado” por supostos companheiros da Ação Popular. Não há provas de que Fernando Santa Cruz tenha participado da luta armada. No entanto, seu desaparecimento no Rio de Janeiro foi esclarecido pela Comis-

são da Verdade. Um documento secreto da Aeronáutica mostra que Fernando Santa Cruz foi detido pela ditadura militar. Já o ex-delegado do DOPS Cláudio Guerra contou ter incinerado 11 vítimas da Casa da Morte de Petrópolis-RJ, entre elas Santa Cruz. Essa declaração desencadeou um repúdio espontâneo e generalizado ao presidente. Nas redes sociais, sem uma campanha planejada de ninguém, o assunto mais comentado foi o impeachment de Bolsonaro, que embora seja uma versão institucional e pálida do Fora Bolsonaro, é uma oposição à ideia de tolerar Bolsonaro até 2022. Ainda antes dessa declaração, Bolsonaro foi vaiado durante o fim de semana em pelo menos quatro shows e festivais pelo país, além das vaias

PARÁ

Maior massacre de presos desde o Carandiru A

semana teve início com o País tomando conhecimento de mais uma rebelião em uma unidade prisional brasileira de magnitude e proporções trágicas e também assustadoras. Informações divulgadas por órgãos da imprensa dão conta da ocorrência de um conflito entre facções rivais no Centro de Recuperação Regional de Altamira, no sudoeste do Pará, onde 57 detentos foram mortos, sendo 16 deles decapitados e 41 vindo a óbito por asfixia. O saldo de mortos da rebelião é o maior desde o massacre do Carandiru/SP, em 1992, quando a polícia do então governador do PMDB, Fleury Filho, executou, com bestial crueldade, 111 detentos indefesos e já dominados. O presídio na região do sudoeste paraense onde ocorreu mais este massacre em nada se difere do conjunto de todas as demais penitenciárias do País, onde milhares de homens e mulheres se amontoam em fétidos poleiros, que nada mais são – pelas indignas e abjetas condições de encarceramento – do que verdadeiros depósitos humanos, onde estão presentes todos os mais explosivos elementos desencadeadores de barbáries e tragédias humanas. O presídio paraense, para não fugir à regra de todas as outras penitenciárias nacionais, estava com superlotação carcerária, onde a capacidade oficial é de 163 detentos, mas comportava 343 internos. Os números do sistema carcerário nacional não deixam qualquer dúvida sobre o potencial de crises e rebeliões nos presídios nacionais, onde dados oficiais de julho de 2019 apontam para a existência de uma população que hoje encontra-se encarcerada, na ordem de 812.564 presos. Em números absolutos, o Brasil mantém hoje a terceira população carcerária do planeta,

estando tão somente atrás dos Estados Unidos e da China. Para se ter uma ideia do que isso representa, o número é próximo ao da população de uma cidade como Nova Iguaçu (RJ) – 818.875 habitantes, um dos municípios mais populosos do país, de acordo com estimativa do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Outro dado alarmante é a taxa de crescimento da população prisional, “que de acordo com diagnóstico do Depen, cresce a um ritmo de 8,3% ao ano” (sítio G1, 17/07). Não é irrelevante deixar registrado que deste total de encarcerados, 41,5% (337.126) são presos sem condenação definitiva; ou seja, que ainda aguardam sentença condenatória. Uma completa ilegalidade e arbitrariedade perpetrada por um Estado que já deu reiteradas demonstrações de que não ostenta condições mínimas de manter sob cárcere nem mesmo apenados dentro da capacidade oficial dos presídios. Em números absolutos, o Brasil mantém hoje a terceira população carcerária do planeta, estando tão somente atrás dos Estados Unidos e da China. A imensa maioria deste contingente, que vive em condições absolutamente subumanas e indignas no sistema prisional brasileiro é o resultado da política oficial do estado de guerra que a burguesia e a extrema direita nacional mantém contra a população pobre e explorada do país, particularmente os negros, confinados em guetos, morros e favelas. O Estado criminoso e seu braço armado (Polícia militar, Exército, Forças Especiais de Repressão, Rota, Bope, milícias etc.) agem como verdadeiros esquadrões da morte, grupos de extermínio da população explorada, assassinando e prendendo jovens indefesos que habitam as periferias das grandes cidades.

que sofreu ao aparecer no estádio do Palmeiras em São Paulo. O ódio contra esse governo é generalizado e esse clima precisa ser imediatamente aproveitado. Com essas declarações, Bolsonaro tripudia, deliberadamente, das vítimas da ditadura. É uma reiteração da defesa que sempre fez dos crimes dos militares. E, principalmente, um programa do que fazer daqui em diante caso Bolsonaro consiga reunir as condições políticas para isso. A única forma de impor o programa neoliberal dos golpistas contra a população é uma repressão brutal, e é isso o que a extrema-direita está preparando para o caso ter a oportunidade de realizar. Frente a uma ameaça séria como essa, feita pelo presidente golpista con-

tra toda a população brasileira, a esquerda não pode continuar se negando a levantar a palavra de ordem mais popular das ruas: Fora Bolsonaro! Essa palavra de ordem, além de ser muito popular, concentra em uma única luta, a luta pela derrubada do governo, uma oposição a todos os ataques do governo contra o povo. Ademais, a reivindicação de um fim do governo tornou-se incontornável considerando-se o perigo que esse governo representa para os trabalhadores. Em crise e mais impopular a cada dia, o governo tende a ficar mais hostil e repressivo, e representa uma forte ameaça caso não seja derrotado. Por isso é hora de exigir sua saída e aproveitar o momento oportuno para a mobilização contra o governo.

“Pergunte às vítimas”, diz Bolsonaro sobre Massacre no Pará

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a segunda-feira (29), um confronto dentro do Centro de Recuperação Regional de Altamira, no Pará, deixou 57 mortos. Líderes do Comando Classe A (CCA) incendiaram cela onde estavam internos do Comando Vermelho (CV). De acordo com a Superintendência do Sistema Penitenciário do Pará (Susipe), 41 morreram asfixiados e 16 foram decapitados. A lista com o nome dos mortos foi divulgada na terça (30), quando Bolsonaro, em entrevista no Palácio da Alvorada, ao ser perguntado por jornalistas sobre “reforçar a segurança no presídio”, respondeu com um coice: “Pergunta para as vítimas dos que morreram lá o que que eles acham. Depois que eles responderem, eu respondo vocês”, disse o presidente. De acordo com o relatório do Conselho Nacional de Justiça (CNJ), o Centro de Recuperação Regional de Altamira está superlotado e em péssimas condições. Antes do confronto, o presídio, que tem capacidade máxima de 200 internos, tinha 111 detentos a mais que sua capacidade, perfazendo um total de 311 amontoados. No Carandiru, na Zona Norte de São Paulo, em 1992, houve um massacre pela polícia de 111 presos, a maior quantidade de mortos em um presídio da história. Agora, Altamira vem logo atrás. Essa é apenas mais um assunto do qual Bolsonaro não entende. E ele

não entende que um presidente não diria o que ele disse. Os 57 mortos não estavam por conta própria, estavam sob a guarda do sistema carcerário, eram responsabilidade do Estado, que ele, Bolsonaro, comanda. No Brasil, 41,5% da população carcerária é composta por presos provisórios. A estrondosa maioria é composta de pretos e pobres. Muitos estão presos justamente por serem pretos e pobres. Se fossem brancos ou ricos não estariam presos. Assim como o discurso do governo para a economia é sempre a promessa de crescimento e emprego e, na prática, traz desmonte da indústria, paralisação do comércio, informalidade trabalhista e desemprego em massa (12,9 milhões de brasileiros estão desempregados, mais 4,9 milhões de desalentados), o discurso de diminuição da criminalidade também, num contexto de estagnação econômica e ataque aos direitos da classe trabalhadora e até à aposentadoria, a tendência é que a violência social cresça. A justiça de Bolsonaro é dizimar a população carcerária e reprimir o povo pobre e o povo negro nas favelas. Se as mortes são em decorrência da ação de uma facção criminosa contra outra, em um presídio controlado pelo Estado, tudo bem, adianta o serviço. Se Bolsonaro pudesse fazer isso legalmente, ele autorizaria agentes do estado a liberarem o mata-mata.


4 | POLÍTICA

MANUELA D’ÁVILA

Todo apoio à polícia para achar “hackers” de Moro A

ex-candidata à vice-presidência na chapa do petista Fernando Haddad, Manuela D’Ávila, do PCdoB, acabou sendo envolvida na história dos chamados “hackers” apresentados pela direita como supostos responsáveis pela invasão de celulares de autoridades brasileiras. Na sexta-feira (26), Walter Delgatti, apontado como um dos supostos “hackers”, afirmou que Manuela D’Ávila teria sido intermediária para um contato com o jornalista Glenn Greenwald, do site The Intercept Brasil. Diante dessa declaração e de sua divulgação através da imprensa, Manuela D’Ávila publicou uma nota à imprensa. A ex-deputada do Rio Grande do Sul esclareceu que de fato recebeu mensagens sobre o material e seu teor, e que teria então repassado à fonte o contato do jornalista do Intercept. Apesar da confirmação de Manuela sobre

esse episódio, no entanto, a história apresentada sobre os supostos “hackers” continua sendo uma história estranha e que precisaria de outros dados que a confirmassem. Manuela deixou claro não conhecer a identidade de quem teria entrado em contato com ela, e moraria no exterior, o que não se encaixaria com o caso dos que estão detidos. Em qualquer caso, chamou atenção outro aspecto da nota de Manuela D’Ávila. Sem que houvesse nenhum mandado ou investigação, a ex-candidata apressou-se em disponibilizar tudo para a Polícia Federal, oferecendo cooperação com a polícia e livre acesso às mensagens de seu aparelho celular. Ela conclui sua nota da seguinte forma: “Estou, por isso, orientando os meus advogados a procederem a imediata entrega das cópias das mensagens que recebi pelo aplicativo Telegram à Polí-

MOBILIZAR JÁ!

CUT pede o impeachment de Bolsonaro

A

pós as declarações do golpista Jair Bolsonaro sobre Fernando Santa Cruz, vítima da ditadura e pai do presidente da OAB, Felipe Santa Cruz, tripudiando de uma pessoa assassinada e torturada pela ditadura militar sob custódia do Estado, uma série de reações de repúdio ao governo se desencadearam espontaneamente. Nas redes sociais isso pôde ser medido por meio dos assuntos mais comentados, como os Trending Topics do Twitter. Durante grande parte da terça-feira (30), o assunto mais comentado foi o impeachment de Bolsonaro já (#IMPEACHMENTDEBOLSONAROJA). Uma campanha que aconteceu de forma espontânea e que expressa a rejeição popular à continuidade do governo. Dessa vez, sob o estímulo das declarações de Bolsonaro tripudiando de uma vítima de um regime ditatorial. No Twitter, o perfil da CUT, maior e mais importante central sindical do Brasil, também publicou diversas postagens sob a “hashtag” IMOEACHMENTDEBOLSONAROJA. Esse é um sinal animador relativo ao clima político que pode estar se impon-

do diante da crise do governo, apesar da paralisia da esquerda nesses primeiros meses do governo de Bolsonaro. Ainda não é um chamado ao Fora Bolsonaro, mas indica que não será possível continuar ignorando a ampla oposição popular a simplesmente ficar assistindo Bolsonaro governar até 2022. Esse clima deve ser aproveitado para mobilizar os trabalhadores pelo fim do governo Bolsonaro. O governo está em crise e sofre com uma enorme impopularidade. Mas justamente por isso, ao mesmo tempo é um perigo. A oportunidade de convocar grandes atos contra o governo em torno da exigência de seu fim não pode ser desperdiçada, sob pena de todo o movimento operário ter que pagar muito caro por isso. Bolsonaro demonstrou com suas declarações favoráveis à tortura e ao assassinato até onde está disposto a ir contra a população se tiver condições para isso. Hoje seu governo é fraco, amanhã pode estar estabilizado. Não se pode correr esse risco. É hora de tomar as ruas contra Bolsonaro e pelo fim de seu governo.

cia Federal, bem como a formalmente informarem, a quem de direito, que estou à disposição para prestar quaisquer esclarecimentos sobre o ocorrido e para apresentar meu aparelho celular à exame pericial”. Deve-se dizer neste caso que entregar o “hacker” ou entregar informações para a polícia sem sequer haver uma ordem judicial é um erro. Não se deve “colaborar” com a polícia dessa forma. Deve-se lembrar que esse tipo de “colaboração” pode acabar mal. Entregando-se, por exemplo, um celular para a PF, podem “aparecer” outras coisas no celular. Os crimes do ministro Sérgio Moro quando era juiz são muito piores do que os supostos crimes dos chamados “hackers”. Além disso, deve-se lembrar que os crimes de Moro foram crimes que partiram do próprio Estado, o que torna o Estado criminoso e suspende

direitos de toda a população. Enquanto os alegados crimes dos hackers seriam no máximo crimes contra determinadas autoridades, de alcance muito menor e de pouca importância diante das denúncias apresentadas contra Moro.


POLÍTICA | 5

FORA BOLSONARO

Covarde, cínico, Bolsonaro agora culpa a esquerda N

essa segunda-feira (29), geraram grande polêmica e revolta popular as declarações de Jair Bolsonaro sobre a morte de Fernando Santa Cruz, pai do atual presidente da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB), Felipe Santa Cruz. Após falar que sabia como o então militante havia morrido, o presidente ilegítimo afirmou que o ex-membro da Ação Popular foi assassinado por colegas da mesma organização, e não pela repressão da ditadura militar. “Um dia, se o presidente da OAB quiser saber como é que o pai dele desapareceu no período militar, conto pra ele. Ele não vai querer ouvir a verdade. Conto pra ele”, falou Bolsonaro, que mais tarde afirmou que Fernando foi assassinado pela AP. Cinco dias antes, a Comissão da Verdade – formada para investigar e apurar os crimes da ditadura – havia trabalhado com material que refuta completamente as declarações do presidente golpista. No último dia 24, o órgão in-

cluiu o atestado de óbito de Fernando em seu sistema. O atestado diz que o ex-membro da AP “faleceu provavelmente no dia 23 de fevereiro de 1974”, “em razão de morte não natural, violenta, causada pelo Estado brasileiro, no contexto da perseguição sistemática e generalizada à população identificada como opositora política ao regime ditatorial de 1964 a 1985”. Como já fez diversas vezes em sua carreira política, Bolsonaro voltou a defender a ditadura criminosa dos militares e as torturas, execuções e desaparecimentos causados por ela. E, também como de costume, colocou a culpa disso tudo na esquerda, que foi a principal vítima desses crimes. Tratam-se de declarações cínicas de um covarde, que sempre esteve ao lado da repressão aos que são incapazes de se defender. Esse é mais um dos motivos para colocar abaixo o governo Bolsonaro, derrubar o presidente ilegítimo e defensor da ditadura. Fora Bolsonaro!

ENTREVISTA

EFEITO SOBRE O GOVERNO

Em auditório cheio, irmão de Fernando Santa Cruz responde a Bolsonaro

Comissão da Verdade e Bolsonaro brigam sobre caso Santa Cruz A

N

a tarde de ontem (30), o advogado pernambucano Marcelo Santa Cruz, militante dos Direitos Humanos, ex-vereador pelo PT em Olinda e irmão do ex-membro da Ação Popular (AP) Fernando Santa Cruz, concedeu uma coletiva de imprensa no Centro Dom Helder Câmara de Estudos e Ação Social (CENDHEC), na cidade de Recife. Recentemente, o presidente ilegítimo Jair Bolsonaro declarou que tinha informações sobre a morte de Fernando Santa Cruz, que fora assassinado pela ditadura militar, mas cujas circunstâncias da morte nunca foram esclarecidas. A coletiva de imprensa contou com um público aproximado de 70 pessoas, superando em muito a capacidade do auditório – cerca de 30 lugares para participantes sentados. Estiveram presentes militantes de movimentos sociais, parlamentares e órgãos de imprensa, entre eles o Diário Causa Operária (DCO) e a Causa Operária TV (COTV). O evento foi exibido ao vivo durante algumas inserções no programa

Jornal das 3, da COTV. Após a coletiva, o deputado João Paulo (PCdoB) concedeu uma entrevista exclusiva ao DCO e à COTV, afirmando que era necessário pôr um fim no governo Bolsonaro. Marcelo Santa Cruz também foi entrevistado pelo DCO e pela COTV. Na entrevista, que será disponibilizada, em breve, neste diário, mostrou sua indignação perante as declarações do presidente ilegítimo Jair Bolsonaro, exigindo que as investigações sobre a morte de Fernando fossem reabertas. Disse Marcelo Santa Cruz: “Bolsonaro falou muito mais como capitão, que teria participado dos porões da ditadura, do que como chefe de Estado”. Durante a entrevista, Marcelo Santa Cruz também declarou que haverá um ato contra os últimos ataques de Bolsonaro aos torturados na ditadura. O ato, que está sendo convocado pela Associação de Juristas pela Democracia (AJD), ocorrerá na sexta-feira (2), às 15h, em frente ao Monumento Tortura Nunca Mais, no centro da cidade do Recife.

recente declaração de Bolsonaro, que atacou duramente o pai de Felipe Santa Cruz, presidente da OAB, está provocando um grande efeito sobre o governo. A temperatura subiu tanto que o impeachment de Bolsonaro foi uma das hashtags mais comentadas no Twitter nos últimos dias. Por um lado essa é a demonstração de que a ditadura militar, um regime sanguinário que reprimiu todo o povo brasileiro, é profundamente antipopular. São muito minoritários os elementos que defendem o regime militar. Mas além de toda a crise envolvida nessa declaração explosiva do presidente é preciso afirmar claramente: Bolsonaro mentiu ao dizer que Fernando Santa Cruz foi morto pela Ação Popular, organização em que o pai de Felipe militou na juventude, conforme já demonstrou a Comissão da Verdade. Conforme destacou o próprio sítio da revista Época, da rede Globo, na semana passada, já no governo Bolsonaro, a Comissão da Verdade produziu documento onde se constata que Fernando Santa Cruz, pai de Felipe, “faleceu provavelmente no dia 23 de fevereiro de 1974, no Rio de Janeiro/ RJ, em razão de morte não natural, violenta, causada pelo Estado brasileiro, no contexto da perseguição sistemática e generalizada à população identificada como opositora política ao regime ditatorial de 1964 a 1985.” Além do documento produzido pela Comissão da Verdade, a matéria da Época afirma também que há um documento do Ministério da Aeronáutica que informa a data da prisão de

Fernando Santa Cruz como sendo o dia 22 de fevereiro de 1974. Bolsonaro mentiu deliberadamente sobre o pai do presidente da OAB porque é um defensor intransigente e até inconveniente da ditadura militar brasileira. Além de ter sido “eleito” em uma fraude gigantesca, que começou com a retirada de Lula das eleições, já existe no país um amplo sentimento de repúdio a Bolsonaro, como já temos visto desde o carnaval, o que é natural dada a amplitude de ataques desferidos contra toda a população em 7 meses de governo. A defesa ideológica que Bolsonaro faz da ditadura militar serve para fortalecer a formação da ditadura que está sendo formada no Brasil de hoje. Bolsonaro não é só mentiroso, é uma verdadeira escória social, uma “poeira humana”, como diziam os bolcheviques. A esquerda deve ocupar as ruas e formar um amplo movimento pelo “Fora Bolsonaro” e exigir novas eleições com Lula como candidato e quebrar a formação desta ditadura que está se construindo no Brasil.


6 | MORADIA E TERRA

ENTREGUISMO

Estadão denuncia que Bolsonaro está entregando a Amazônia para os EUA B

olsonaro consegue desagradar até mesmo os que fazem tudo para salvá-lo e a seu governo de extrema-direita. No Estado de S. Paulo, a articulista Eliane Cantanhêde, conhecida tucana e defensora do PSDB e sua política, acusa o capitão de entreguista, de atuar para facilitar a exploração da Amazônia pelos norte-americanos, inclusive contra os direitos e interesses dos indígenas e do país. Bolsonaro acusa os europeus de terem interesses escusos na Amazônia, escondidos em seus discursos ambientalista e de responsabilidade com o futuro do planeta, mas exalta os norte-americanos e anuncia que fará de tudo para entregar a exploração de minérios, inclusive em território indígena, para os Estados Unidos. Quando o presidente de extrema-direita diz “Brasil acima de tudo”, o faz para enganar os incautos. Seu nacionalismo é de araque, como o de muitos militares, de ontem e de hoje. Mas isso é apenas parte do projeto, em andamento desde o GOLPE de 2016, para sucatear e entregar o patrimônio nacional para o capital estrangeiro. A privatização da Petrobrás, da Eletrobrás, dos Correios, do Banco do Brasil, a venda da Embraer, o fim da

Eletronuclear, tudo isso visa a transferir patrimônio nacional para empresas multinacionais. Bolsonaro, como Temer e o PSDB antes dele, cumprem rigorosamente um estratégia para entregar o controle da economia brasileira na mão do capital internacional. Se há setores que já são tradicionalmente dominados por multinacionais, como o automobilístico, o de bebidas, o eletroeletrônico, o químico/ farmacêutico etc, o que se vê hoje (e para o que a Lava Jato teve papel fundamental) é um avanço nas áreas em que o país conseguiu manter domínio ou competir a ponto de igualar-se em participação: construção pesada, metalurgia, papel, gráfica, mineração, siderurgia, petroquímica, entre outras. A agropecuária e o comércio varejista/supermercado ainda são dominados pelo capital nacional, mas há cada vez mais participação estrangeira, mesmo que dissimulada, inclusive por meio de bancos. Na década de 80, já se avançava sobre os serviços de eletricidade e de transporte, e a luta na Constituinte de 1987/88 refletiu bem a guerra pela abertura ao capital estrangeiro para vários setores da economia. Essa guerra nunca cessou e explica em grande medida as batalhas dentro do Congresso

Nacional para retirar as ‘travas que a Constituição de 1988 colocou. Para termos uma ideia, nos últimos seis anos, mais de 400 empresas brasileiras foram parar em mãos de estrangeiros. Até 2018, cerca de R$ 133 bilhões foram pagos para comprar participações em companhias nacionais. Em 2017, ano do primeiro aniversário do Golpe, as transações envolvendo capital externo no país cresceram 40% em relação a 2016. Entre 2014 a 2018, o número de transações indicam que os

EUA fecharam 75 operações; China, 23; e França, 22, para ficar com os países com maior participação no período. A participação estrangeira em infraestrutura já corresponde, com dados de 2018, a 70% do total. O governo de extrema-direita não pretende reduzir, mas aumentar ainda mais essa participação. Bolsonaro e seu governo não são nacionalistas, ou melhor, seu nacionalismo é apenas retórico para enganar os incautos.

SÃO PAULO

30 anos de luta dos moradores do bairro de Vargem Grande F

azenda comprada pela população vinda de varias localidades de São Paulo e do Brasil, o bairro de Vargem Grande completou, neste ano, 30 anos e seu aniversário é sempre comemorado nos meses de junho ou julho. Esse bairro conta, nos dias de hoje, com cerca de 40 mil moradores, sendo praticamente, de operários, tais como, metalúrgicos, vidraceiros, da construção civil, químicos, bem como, diversos outros ramos de atividades. São trinta anos de luta por ter uma moradia digna, porem, a situação desses moradores que, praticamente fizeram todo o planejamento de ruas e enquadramento de lotes etc. é de total abandono, tanto da prefeitura quanto do governo. No bairro, a maior parte das ruas está sem pavimentação, não existe canalização de esgoto. A água, considerada a melhor do estado de São Paulo, limpa, sem cheiro e incolor, não é utilizada pelos moradores dali. Conforme relato de moradores, a água tem um gosto horrível, a cor chega a ser marrom, na caixa d´agua, em pouco tempo acumula um lodo etc. Após inúmeras reclamações à empresa Saneamento Básico do Estado de São Paulo (Sabesp), empresa privatizada pelo governo do golpista João Doria Junior e do prefeito Bruno Covas, ambos do PSDB, um agente foi até o

local para verificar sobre a denúncia e disse que a água estava boa, no entanto foi solicitado ao responsável pela coleta que bebesse a água, coisa que os moradores faziam até pouco tempo, quando retiraram os dois reservatórios que existia no bairro, porém o agente da Sabesp se negou a bebê-la. Os moradores, quando ameaça a chover, correm para levantar seus móveis, pois as casas são inundadas. O povo do bairro de Vargem Grande está isolados do resto da capital, pois

a situação do transporte é sofrível, quando se necessita de um socorro, de uma ambulância, por exemplo, é um deus nos acuda. Em primeiro lugar, o sistema de telefonia não existe. Em segundo lugar, a demora de chegar uma ambulância é muito grande, além de não haver nem um posto de pronto atendimento. Para se ter uma ideia, no posto do Sistema Único de Saúde (SUS) existente não há médico suficiente, nem para atender 10 mil pessoas, quanto mais

40 mil. E os médicos não atendem nenhuma especialidade. Para passar por uma única consulta demora de quatro meses a um ano, ou seja, um tratamento de uma doença específica pode durar um eternidade, porque daí é que se encaminha para um outro local da doença que se tenha. Você pode espernear, dizer que é de extrema urgência o seu tratamento, não adianta, é o que se ouve dos atendentes. É uma lastima, disse uma das moradoras. Apesar de os golpistas de plantão, no governo e na prefeitura de São Paulo não darem a mínima atenção a essa população (maior que muitos municípios), no aniversário do bairro fazem toda uma demagogia com os também golpistas da “Família Leite”, ou seja, os Miltons Leite (DEM) da vida que, na Câmara Municipal de São Paulo, vem atacando todos os direitos dos trabalhados do Município, como o fizeram, às vésperas do final do ano de 2018, com o aumento da contribuição previdenciária do município. Esses golpistas já disseram, em audiência pública, através do promotor Ricardo Cesar, que os invasores (apesar de todos os moradores terem pagos os seus lotes e de a constituição dizer que todos devem ter direito à moradia), serão retirados do bairro de Vargem Grande, “por bem ou por mal”.


MORADIA E TERRA | 7

TERRITÓRIO INDÍGENA

Indígena denuncia “carta branca” de Bolsonaro a ataques a comunidades O caso da invasão do território indígena Waiãpi, no Amapá, por garimpeiros, que resultou na morte de uma liderança indígena, o cacique Emyra Waiãpi, continua gerando grande repercussão. A imprensa Brasil de Fato ouviu algumas lideranças indígenas, que afirmam que o governo Bolsonaro dá carta branca para que latifundiários e garimpeiros, estimulados pela especulação agrária, invadam e assassinem indígenas. Bolsonaro afirma que não há nenhum indício de que o cacique tenha sido assassinado, contudo, a liderança indígena foi encontrada morta no dia seguinte à invasão, com marcas de perfuração pelo corpo, além de ter outros indígenas confirmando que foi um assassinato. O assassinato no

campo tem sido um pesadelo na vida dos índios, que diariamente sofrem ataques de capangas dos latifundiários e outros setores da exploração, que possuem interesses escusos nessas terras. Em entrevista ao Brasil de Fato, Kleber Karipuna, da Coordenação das Organizações Indígenas da Amazônia Brasileira (Coiab), afirma que esse assassinato vem em um momento de recrudescimento da violência, amparado pelo discurso de ódio do presidente golpista Bolsonaro, que chega nas áreas de conflito e inflama disputas antigas, acirrando a violência no campo com o aval do governo federal, autoridade máxima do País. Bolsonaro, que defende a mineração em terras indígenas, prática ilegal

por todo o País, dá carta branca ao assassinato de indígenas, indo ao encontro do discurso assassino dos latifundiários e mineradores, que se sentem no direito de praticar as invasões e violências que praticam, com o aval do presidente. O presidente golpista é o maior inimigo dos indígenas e não esconde sua posição fascista sobre a preservação dessas terras e dessa população, como ele mesmo afirmou na sua campanha presidencial, os índios não teriam nem 1 centímetro de terra. Enquanto o governo fascista e assassino de Bolsonaro não for derrubado pela mobilização popular, esses assassinatos continuarão acontecendo e muito provavelmente ficarão impunes.


8 | POLÊMICA

IMPEACHMENT

“Fora Bolsonaro” ou “Fica Bolsonaro”? E

m matéria publicada no sítio Brasil 247, no dia 30/7, o jornalista e professor, membro do Psol, Gilberto Maringoni, defende que o impeachment de Jair Bolsonaro não deve ser uma política para a esquerda. No artigo “O impeachment é via ilusória para esquerda”, o professor parte de alguns pontos até certo pontos corretos para uma conclusão oposta sobre o problema. A defesa do impeachment do presidente golpista começou a ser feita por deputados da esquerda e ficou em segundo lugar entre as hashtags no Twitter. Segundo Maringoni, “Bolsonaro se tornou um fardo para a direita tradicional, que tem o mesmo projeto econômico da extrema-direita, mas dela difere na ação política.” De fato, o bolsonarismo não é o que a direita tradicional gostaria de ter para poder aplicar sua política. Mas não por um problema de uma política diferente da de Bolsonaro, como diz Maringoni eles têm o mesmo projeto econômico, mas porque para a burguesia, é mais seguro aplicar essa política sem as turbulências que a extrema-direita acaba gerando. As declarações recentes de Bolsonaro sobre o assassinato de Fernando Santa Cruz mostram isso. Isso não significa também que a direita tradicional pelo menos até agora não esteja disposta a sustentar Bolsonaro. Isso porque a burguesia sabe que

o bolsonarismo é o único que tem uma certa base social, ainda que pequena. Em contrapartida, os representantes da direita tradicional não têm nenhuma base. Claro que a burguesia golpista de conjunto pode tomar a decisão, diante de uma oscilação na situação política, pela derrubada de Bolsonaro, mas não parece ser esse o caso ainda. A política está mais para a tentativa de domar o governo ou, como já afirmaram lideranças da esquerda pequeno-burguesa, “coloca-lo na linha”. A preocupação da burguesia, em primeiro lugar, é preservar sua política econômica de demolição do País, a reforma da Previdência, os ataques às universidades e serviços públicos, privatizações etc. A partir daí, Maringoni tira uma conclusão errada do problema. Para ele, o trunfo da esquerda nesse momento seria o desgaste de Bolsonaro. Esse desgaste colocaria em perigo a política da direita golpista. Portanto, segundo Maringoni, “tirar Bolsonaro de cena, através do impeachment, é manobra que entra também no radar do conservadorismo ultraliberal”. Segundo ele, então, a direita apostaria no impeachment para se livrar do bolsonarismo e assim garantir a estabilidade de sua política de ataques ao povo. Uma lógica estranha para dizer o mínimo. Para a burguesia seria vantajoso abrir um processo de impeachment com o risco de causar uma insta-

bilidade política. Ora, para a esquerda, seria vantajoso deixar a coisa como está? Segundo as palavras do próprio autor: “a esquerda deveria valer-se do desgaste de Bolsonaro”. Ou seja, a palavra-de-ordem é “Fica Bolsonaro”, até a próxima eleição, e se tivermos sorte e ele se desgastar bastante, até lá talvez estaremos vivos. O que confunde Maringoni é a proposta institucional do impeachment. Claramente essa proposta que começa a ser levantada por alguns setores da esquerda é equivocada não por pedir a queda do governo, mas pela via que se apresenta. Mas em primeiro lugar devemos dizer que do ponto de vista do conteúdo, ela não está errada. O impeachment é a expressão de uma política correta que é a luta pela derrubada desse governo. E isso, ao contrário do que diz Maringoni seria um desastre para a direita pois representaria necessariamente uma instabilidade política que pode colocar a perder tudo o que o golpe fez até agora. A única coisa que podemos dizer sobre o impeachment é que é uma via institucional que pode permitir que a direita manobre para entregar o poder a outro golpista. Do ponto de vista do conteúdo, ou seja, derrubar o governo, está correto, mesmo a via do impeachment com certeza seria um problema para a direita. No entanto, o melhor caminho seria a derrubado

de Bolsonaro nas ruas e a exigência de novas eleições para retirar todos os golpistas. Esse caminho seria mais favorável à esquerda, pois coloca claramente o problema do poder político para as massas. Mas Maringoni tem ainda outra consideração. A de que “banalizar” o impeachment seria abrir para a direita a possibilidade de derrubar qualquer governo de esquerda por qualquer motivo. Esse argumento ignora que a luta política é um problema de correlação de forças, o governo de esquerda ou de direita será derrubado se ele tiver ou não apoio. A posição de Maringoni, no final das contas, é a de “Fica Bolsonaro”, uma posição passiva diante da realidade política do País. Deveríamos, por considerações abstratas convencer o povo a se contentar com Bolsonaro e levar o movimento de luta contra o governo a uma paralisia.

O bolsonarismo é a versão mais completa e despudorada do fascismo R ecente entrevista com o historiador português Manuel Loff, reproduzida pelo site Opera Mundi, sobre a relação entre o bolsonarismo e o fascismo no século XXI expressa, em boa medida, a confusa interpretação que a esquerda pequeno-burguesa faz sobre o real significado da ameaça fascista representada pelo golpe de Estado no Brasil e que tem a sua expressão, no momento, no governo Bolsonaro e no chamado bolsonarismo. Uma primeira questão que aparece nas entrelinhas da entrevista é a ideia de que teria havido uma adaptação dos movimentos fascistas aos regimes de tipo democráticos. Segundo Loff, “isso é próprio de um Estado em transição para o autoritarismo que pode ou não reunir todas as características clássicas do fascismo. Mas isso é como a democracia, eu pergunto: os Estados em que nós vivemos são puramente democráticos? O Estado português é puramente democrático? Eu tenho muitas dúvidas em relação a isso. Quando falamos de regimes fascistas e regimes democráticos, falamos de processos de construção permanente da democracia e também do fascismo. A transição autoritária começa quando se degrada a democracia. E quando é que termina? Termina quando já não há democracia. Falta agora estabelecer se já não há democracia no Brasil”. Na visão do historiador português, a “luta” vai se dar no campo da demo-

cracia e será medida pela maior ou menor capacidade do regime democrático em não se degradar. A política da extrema-direita, o fascismo, em si, pode ser contido pela própria “democracia”, desde que essa tenha a capacidade de conter a extrema-direita nos marcos democráticos. Loff desconsidera um problema chave do fascismo como um recurso último da burguesia imperialista para impedir a revolução proletária, diante da falência da sua forma tradicional de dominação via “democracia burguesa”. Portanto, trata-se de um regime de força para esmagar a classe operária e os partidos de esquerda e desse ponto de vista da própria destruição do “regime burguês democrático”. Para caracterizar se Bolsonaro é ou não fascista, Manuel Loff aponta que: “O fascismo não se impõe, como disse, da noite para o dia: o programa do governo Bolsonaro é socialmente tão reacionário e, na sua tentativa de fundir os interesses das direitas políticas e econômicas do Brasil, tão ambicioso que deverá avaliar da necessidade de usar uma violência institucional, paralegal, que está fora do alcance de qualquer governo democrático. Se não hesitar em usá-la, a prática será muito próxima da abordagem fascista” Se por um lado o historiador português aponte a possibilidade da evolução do governo Bolsonaro se tornar

um governo com uma “abordagem fascista”, minimiza o fato de que o bolsonarismo é a versão mais completa e despudorada do fascismo no Brasil. Já em sua posse, afirmou sem rodeios que o seu governo tinha por objetivo acabar com o “socialismo no Brasil” e de lá para cá, todo dia é uma nova medida que implica no esmagamento do povo brasileiro, com o aumento da fome, da miséria e dos assassinatos pela máquina do Estado e pela extrema-direita. Para Loff, o discurso que [Bolosonaro] tem sobre os movimentos sociais e políticos que se lhe opõem, sobre as mulheres, as minorias étnicas, a família, a nação, o Ocidente configura um neofascismo adaptado ao Brasil do século 21”. Quer dizer, o fascismo do século 21 teria se transformado em um movimento de tipo ideológico, que “abandonou o discurso abertamente racista para passar a um discurso culturalista” em oposição a “ditadura cultural marxista” daí o avanço na destruição do ensino público e do discurso conservador nos costumes de cunho religioso. A exaltação de uma suposta ideologia fascista, que estaria avançando por todo o mundo é o encobrimento da falência política absoluta da “esquerda democrática” que se transformou no instrumento do imperialismo para implementar a política de tipo neoliberal diante da agudização da

crise capitalista. É justamente na ausência de partidos revolucionários, que o fascismo ganha espaço para sua política de demagogia com os povos. A “ideologia” fascista é absolutamente circunstancial em todo o mundo e no Brasil não é diferente. É uma política de ocasião. O movimento contra a corrupção é de tipo fascista. Em todos os regimes fascistas sempre foi usado como pretexto para atacar a esquerda. A operação Lava-Jato, por exemplo, é um movimento de tipo fascista. Visa aniquilar em primeiro lugar Lula e o seu Partido para abrir caminho para o avanço da extrema-dirteita no país, com a sua política de destruição nacional e uma expropriação sem limites da classe trabalhadora brasileira. No caso brasileiro, o fascismo está sendo preparado e não é por obra dos bolsonaristas, em particular, mas por uma ação pensada do imperialismo. Ele pode e deve ser impedido, só que não será pelas instituições da “democracia formal”. Como ficou provado pelo golpe de 2016, todas as instituições em maior ou menor escala são os instrumentos que impulsionam o fascismo no Brasil. O único caminho para derrotá-lo passa pela intervenção consciente das massas independentes do Estado em um poderoso movimento para derrotar o golpe e por abaixo o governo Bolosonaro.


ATIVIDADES DO PCO | 9

O PROGRAMA SOCIALISTA PARA OS DIAS DE HOJE

PCO fará curso em todo o país sobre o Programa de Transição C

om o fim da 44ª Universidade de Férias, o Partido da Causa Operária (PCO) realizará diversos cursos regionais durante o mês de setembro com o mesmo tema da atividade nacional: O programa socialista para os dias de hoje, baseado no Programa de Transição da IV Internacional do líder revolucionário Leon Tróstki. A iniciativa de versões regionais do curso da Universidade de Férias surgiu após a 43ª edição, que tratou sobre o tema Fascismo: o que é e como combatê-lo, um tema de imensa importância, diante do avanço da extrema-direita no Brasil e no mundo. Agora, o tema será tão importante quanto. O Programa de Transição é o programa dos revolucionários para a crise capitalista. O tema aborda uma série de reivindicações transitórias que a esquerda deve levantar para avançar na luta pelo socialismo. A crise capitalista é generalizada no mundo todo. Na Europa, na América Latina e do Norte e nos outros continentes a crise tem levada ao esfarela-

mento do regime político tradicional do imperialismo. O aumento do desemprego, da luta pelo poder político, dos golpes e assim por diante são a expressão desta crise. Por isso, é fundamental a participação de todos nestes cursos no mês de Setembro. Na última rodada de cursos regionais, foram realizados cerca de 40 cursos, com a participação de quase mil pessoas no Brasil todo. Na Europa, o curso que foi feito pela internet reuniu cerca de 30 pessoas de diversos países do continente. Uma vitória não só do PCO como de toda a luta contra o golpe. Agora, a intenção é realizar o curso em mais de 100 cidades com a participação de 2 mil pessoas. Por isso, você não pode ficar de fora. É essencial, para ter êxito na luta política contra a direita e a burguesia, ter uma série de reivindicações práticas para os trabalhadores, de forma a organizar a luta e a organização política da classe operária contra o domínio capitalista.

MUTIRÃO EM ARARAQUARA

Mais um no interior de SP N

esse final de semana, dias 27 e 28 de julho, ocorreu o mutirão para recolher assinaturas pela anulação dos processos contra Lula na cidade de Araraquara. Os mutirões ocorreram na parte da manhã e da tarde na praça Santa Cruz, região central de Araraquara. Além de recolher assinaturas também foram vendidos jornais da Causa Operária, distribuídos adesivos pela liberdade de Lula e vendidos materiais sobre a liberdade de Lula e o Fora Bolsonaro. Convidamos toda população de Araraquara a participar dos próximos mutirões, que ocorrem sempre aos

sábados e domingos na praça Santa Cruz. Para maiores informações acesse a página @comitedelutacontraogolpeararaquara. Multirões como esse estão ocorrendo em todas as principais cidades do país, organizados pelos Comitês de Luta Contra o Golpe. Os processos contra Lula foram uma farsa para prendê-lo e tira-lo das eleições, conforme ficou claro nas recentes denuncias do Intercept. Somente uma grande mobilização popular pode tirá-lo da cadeia e acabar com o Estado de Exceção que o país tem vivido desde o Golpe de 2016.


10 | INTERNACIONAL

MANIFESTO

Ato com presidentes de Cuba e Venezuela encerrou Foro de SP E

ncerrou-se no domingo (28), o XXV Foro de São Paulo, realizado em Caracas, com a realização, no final da tarde, de um ato no jardim no Palácio Miraflores, sede do governo venezuelano. Antes do ato foi realizada uma atividade e a foto oficial do Encontro, no Quartel da Montanha, onde estão depositados os restos mortais do ex-presidente da Venezuela, Hugo Chavez, que nessa data completaria 65 anos. No final da manhã, foi realizada a plenária de encerramento do Encontro no qual os organizadores apresentaram as principais resoluções adotas pelos partidos e organizações que integram o Foro como membros, num total de mais de 120 entidades de toda a América Latina e Caribe. Na abertura da plenária, o dirigente do Partido Socialista Unido da Venezuela (PSUV), destacou importância do apoio do Partido Comunista de Cuba e anunciou que o Foro contou em Caracas contou com a participação de 713 delegados e convidados internacionais, o que teria sido a maior presença internacional de todas as edições. Segundo o dirigente, o próprio presidente da República e do PSUV, Nicolás Maduro, quis dar ao encontro uma abrangência mundial o que levou à presença de representações de todas regiões do mundo. Principais pontos do Manifesto O representante do PSUV, pediu desculpas pelos problemas de organização e agradeceu apoio das demais organizações da esquerda venezuelana e destacou que resoluções constantes da declaração final do XXV Foro, Manifesto de Caracas, foram resultado de um consenso entre as organizações que compõem o movimento. Em seguida, foi lido o Manifesto de Caracas, declaração oficial do XXV Foro de São Paulo que apresentou entre suas conclusões sobre a situação política – desde a realização da última edição do Foro, em Havana, a crescente “ofensiva do imperialismo”, por um lado, e um “cenário de lutas importantes no México, Nicarágua, Venezuela e Porto Rico” que enfrentam os ataques da direita e do imperialismo. O documento firma posição na defesa da “autodeterminação do povo venezuelano, do presidente constitucional Nicolás Maduro… que tem apoio majoritário do povo venezuelano… sem ingerências estrangeiras”. Se manifesta em “repúdio às ameaças de intervenção militar contra Venezuela”, condena “o bloqueio econômico contra Cuba” e também “repudia a presença dos EUA no Caribe e na América Latina” Sem no entanto, apontar iniciativas concretas no sentido da mobilização, em relação a essas e outras questões. O Manifesto, expressa apoio à luta pela independência de Porto Rico e contra os ataques da direita colombiana contra ex-guerrilheiros e ativistas da luta elos direitos humanos, sindica-

listas etc., inclusive, em clara violação ao tratado de paz firmado com a FARC. Expressando a composição heterogênea do Foro, que reune partidos de esquerda vinculados ao movimento operário, bem como partidos da esquerda burguesa e “nacionalista” de toda a região latino-americana e caribenha, o documento se posiciona em apoio, nas eleições que estão por se realizar, ainda neste ano, a Evo Morales na campanha pela reeleição, na Bolívia; à Frente Ampla, no Uruguay, com Daniel Martínez-Graciela Villar, e também à chapa Alberto Fernández-Cristina Fernández, na Argentina. Buscando um acordo com as forças políticas burguesas que se opõem à necessária mobilização da classe operária e demais setores explorados para derrotar a ofensiva imperialista, o texto aponta a “defesa de América Latina como zona de paz” e não aponta o significaria “enfrentar de forma enérgica o avanço da direita… como Bolsonaro no Brasil, Macri, Argentina, Lênin Moreno, no Equador etc.”, como assinala o texto elaborado pelos principais partidos que coordenam o Foro, como o PT, do Brasil, o PC cubano e o PSUV, da Venezuela. Ele ainda aponta no sentido da “defesa da liberdade imediata de Lula e Jorge Glass” da “liberdade para todos os presos políticos’, sem também propor qualquer campanha efetiva nesse sentido. Vários outras reivindicações de caráter nacional ou antiimperialista aparecem no texto, como a a exigência da devolução do território da base de Guantanamo à Cuba, a soberania da Argentina sobre ilhas Malvinas, a defesa do direito da Bolivia de acesso ao Oceano Pacífico. No documento, o Foro de São Paulo, anuncia seu caráter como anti-impe-

rialista e antineoliberal, evitando claramente um posicionamento de classe diante da situação em que a burguesia de todos os países da região se mostraram, mais uma vez, claramente incapazes de se opor à ofensiva golpista do imperialismo e capitularam diante deste e buscaram tirar proveito da brutal expropriação dos trabalhadores que vem se realizando em todo o continente. No Palácio Miraflores O Ato final na sede do governo, reuniu cerca de mil pessoas e contou com a presença dos presidentes Nicolas Maduro, da Venezuela, e Miguel Díaz-Canel, de Cuba. A atividade foi aberta com excelente show musical, com musicas em homenagem a Che Guevara e muitas outras que lembram as lutas dos explorados latim-americanos. Compuseram a mesa, além dos dois presidentes, a secretária-geral do Foro, Mônica Valente, do PT e os dirigentes do PSUV, Diosdado Cabelo, também presidente da Assembleia Nacional Constituinte, e Adan Chávez, secretário de Assuntos Internacionais do PSUV. O presidente cubano apontou a Venezuela de hoje “como a primeira trincheira da luta anti-imperialista” e assinalou que “diante da ofensiva contra a Venezuela e a situação dos milhares de imigrantes, incluindo crianças mantidas em jaulas no Estados Unidos, o Foro de São Paulo está desafiado a desempenhar um papel muito mais protagonista no complexo cenário político atual. Ainda mais se consideramos os ataques aos processos progressistas naqueles países onde a esquerda havia conquistado o poder”. Na principal intervenção do Encontro,

Maduro, atacou duramente o bloqueio contra seu País e contra Cuba, falou da luta do povo venezuelano para se opor à direita, assinalando que a disposição do povo de seu País de resistir por todos os meios necessários. Atacou o que chamam seu governo de ditadura, dizendo não importar de ter seu regime comparado à “ditadura do proletariado, de Karl Marx”, afirmando em seguida, que “no entanto, o povo venezuelano não aceitaria uma ditadura”. Maduro, denunciou as ingerências do imperialismo, no continente e a campanha do mesmo com a direita contra o Foro, satirizando o embaixadores dos EUA que teriam ligado para dirigentes da esquerda para pedir que não comparecessem, para criticar – polidamente – a covardia de importantes personalidades da esquerda burguesa e pequeno burguesa do continente que deixaram de comparecer ao Encontro (não estiveram presentes nenhum membro dos governos da Bolívia, do Uruguay; tampouco dirigentes destacados e parlamentares do PT e do PCdoB, do Brasil; entre outros). Afirmou não ter aceitado a ingerência e que por isso, convidou as FARC’s e outros setores da esquerda. Em seu discurso, o presidente também chamou a “superar os estigmas e buscar a união das forças progressistas, revolucionárias e de esquerda”, em torno do que chamou de “um grande projeto de transformação humana que consiga unificar as forças populares”. Nas próximas edições apresentaremos um balanço político do encontro e de suas deliberações do XXV Foro de São Paulo, do qual o PCO, participou como convidado, distribuindo uma declaração de sua direção nacional.


INTERNACIONAL | 11

31 DE JULHO DE 1941

Nazistas dão a ordem: executar a “Solução Final” H

á 78 anos, em meio à Segunda Guerra Mundial, o comandante da Wehrmacht, as Forças Armadas do Terceiro Reich, Hermann Göring enviou a pedido de Adolf Hitler uma carta para o chefe geral da repressão, Reinhard Heydrich, uma carta autorizando-o a conduzir os “preparativos necessários” para uma solução total da questão da questão judaica”. O antissemitismo do Partido Nazista já havia até ali massacrado cerca de um milhão de judeus. A partir daquele momento, teria início o verdadeiro Holocausto, que resultaria no extermínio de seis milhões de judeus – dois terços da população judaica europeia. Em 1939, Adolf Hitler dissera num discurso: Hoje mais uma vez profetizarei: Se os financistas judeus internacionais dentro e fora da Europa forem bem sucedidos em lançar as nações uma vez mais numa guerra mundial, então o resultado será não uma bolchevização da terra, e portanto uma vitória judaica, mas sim a aniquilação da raça judia na Europa! Exterminar judeus e ciganos como “raças invasoras” da Europa era parte do projeto político nazista desde seus alvores, tanto quanto seu anticomunismo e sua pretensão de expansão territorial. A teoria do Bolchevismo Judeu, surgida após a Revolução Russa, fundira o antissemitismo conservador

à reação do Imperialismo à Revolução Russa, comandada pelos bolcheviques. Segundo tal teoria, as organizações comunistas seriam parte de plano judeu de dominação global. Em seu livro, Minha luta, Hitler se filiara plenamente a esta teoria, que sintetizava em um único “inimigo comum” a luta contra os setores não germânicos do Imperialismo e a brutal repressão das organizações operárias e da esquerda de conjunto – cuja expressão mais acabada eram os partidos comunistas. Com a carta de Göring, o chefe da SS, Heinrich Himmler, deu ordens às forças de repressão e ao exército para execução direta e sumária de qualquer judeu em território ocupado , considerando que “em princípio, qualquer judeu” atrás da front com a União Soviética “deve ser considerados partisan”. Em agosto de 1941, todos os judeus conhecidos nessas regiões – homens, mulheres, crianças, idosos – seriam fuzilados. Numa segunda etapa os judeus que habitavam na Europa Central, Ocidental e no Sudoeste do continente, seriam transportados de prisões e guetos em que estavam isolados para campos de concentração como os de Auschwitz, Treblinka Birkenau, Chelmno, Lublin-Majdanek, Sobibór ou Belzec, em que as câmaras de gás e fornos crematórios de corpos seriam rapidamente construídos. Na carta, o comandante solicitara também a elaboração de “um plano

geral” que mostrasse ”as medidas organizacionais, práticas e materiais necessárias à implementação da solução final da questão judaica que se pretende”. Na Conferência de Wannsee do Partido Nazista, realizada em 20 de janeiro de 1942, tais planos seriam apresentados por Heydrich e aprovados. Segundo o chefe de polícia, com a Solução Final seriam mortos cerca de 11 milhões de judeus em toda a Europa – e não apenas a ocupada –, incluindo no Reino Unido, e nas nações ditas “neutras” como Suíça, Suécia, Espanha, Portugal e Turquia. Os alemães facilitariam e estimulariam a deportação de judeus de todo o mundo para prisão, trabalhos forçados e extermínio nos campos de concentração nazistas – entre nós é célebre o episódio envolvendo a Olga Benario: alemã, judia e comunista residente no Brasil e esposa de Luís Carlos Prestes, dirigente do Parti-

do Comunista Brasileiro (PCB), presa e entregue por Vargas para morrer nas mãos dos nazistas. Ainda hoje, antigos partidários do nazismo na Alemanha alegam que não tinham conhecimento do que se passava naqueles campos, enquanto a “Solução Final” era levada a cabo. Não por coincidência, os bolsonaristas de hoje no Brasil alegam desconhecer qualquer plano de Bolsonaro de perseguição, tortura, assassinato e morte das lideranças populares: dizem tratar-se de “brincadeira” do fascista empoleirado no Palácio do Planalto, enquanto índios, sindicalistas e a população pobre em geral nas comunidades vem sendo brutalmente assassinada numa crescente política de extermínio. Não por acaso, ao visitar o Museu do Holocausto de Jerusalém, Bolsonaro afirmou que “podemos perdoar” os criminosos de guerra a cargo da “Solução Final”, como Göring.

MENTIRA TEM PERNA CURTA

Ex-nazista relata que Reichstag não foi incendiado pela esquerda T

oda mentira tem perna curta e, na história, quem toma o poder tem o direito de invetar tudo para difamar o inimigo. Passados 86 anos do incêndio ao Parlamento alemão (Reichstag) de 1933, logo após a vitória de Hitler nas eleições, ex-oficial nazista, em depoimento, lança dúvidas sobre a versão nazista de que os comunistas teriam sido os responsáveis pelo incidente. Já não restam mais dúvidas, portanto, que Hitler utilizou desse estratagema para reprimir toda a esquerda e se consolidar no poder. Naquele momento, o Partido Nazista utilizou o evento para impor um decreto de emergência e reprimir os comunistas – supostos responsáveis – pelo ataque ao Parlamento alemão. O caso foi revelado na última sexta-feira (26) pela imprensa alemã, que teve acesso à uma declaração juramentada em 1955, recém descoberta nos arquivos de um tribunal de Hannover. De acordo com o relato documentado, Hans-Martin Lennings, à época ex-membro da força paramilitar nazista Sturmabteilung (SA), afirmou ter levado o holandês comunista Marinus Van der Lubbe até o Reichstag na noite do incêndio. Ainda de acordo com o relato, Van der Lubbe teria chegado

depois que o incêndio já havia começado. Mais tarde, Van der Lubbe seria executado após admitir que teria provocado o incêndio sozinho. De acordo com o depoimento de Lennings, ex-oficial da força paramilitar e amigo de Van de Lubbe: “Estávamos convencidos de que Van der Lubbe não poderia ter sido o incendiário, porque, de acordo com a nossa observação, o Reichstag já estava pegando fogo quando o deixamos lá”. Lennings, não obstante, alegara que ele e outras testemunhas foram detidas e forçadas a assinar um documento negando qualquer conhecimento sobre o incidente. Por conseguinte, quase todos eles foram executados. Ademais, segundo Lennings, ele mesmo teria sido previamente alertado e, por isso, conseguiu fugir para a antiga Tchecoslováquia. Essas revelações confirmam que todo o mito nazista, de que foram os comunistas que incendiaram o prédio do parlamento, foi fruto de uma intensa propaganda nazista. Sabe-se, todavia, que pelo menos há uma dúvida sobre quem incendiou, e que tudo isso foi utilizado para iniciar uma ferrenha perseguição à esquerda, – principalmente os comunistas.


12 | INTERNACIONAL

EUA

Uma economia estagnada que não consegue se recuperar O

s Estados Unidos seguem como a principal economia capitalista do mundo, medindo forças com todo o continente Europeu. Mundialmente temida, a economia americana está em verdadeiro frangalho, é uma bomba relógio, prestes a explodir a qualquer momento, gerando danos muitos superiores aos de 2008, arrastando consigo todos as demais potências capitalistas. A grande propaganda de que existe crescimento econômico pós 2008 é uma farsa. Um conto para boi dormir. A desigualdade está aumentando a doses cavalares. Em 40 anos de crescimento produtivo, a renda da população mais pobre dos Estados Unidos cresceu só 200 reais a mais, isso quando cresce. Os grandes polos industriais dos EUA são sombras do que um dia já foram. A primeira siderúrgica da Carnegie, que já foi a maior empresa nesse ramo, a Edgar Thomson, funciona desde 1872, mas hoje emprega 550 operários, uma pequeníssima fração dos milhares que já trabalharam ali. A Carnegie era umas das empresas mais importantes do mundo, fazendo

da Pensilvânia, a maior região produtora de ferro do planeta. Hoje o estado faz parte do cinturão enferrujado, região que engloba as principais potências industriais de outrora ( Michigan, Indiana, Ohio, Illinois, Missouri, Pensilvânia e Virgínia Ocidental). O Relatório da Desigualdade Global mostra como a participação econômica da classe média e da população mais pobre vem decaindo cada vez mais, para ceder lugar ao forte crescimento dos mais altos setores da burguesia. Lou Berry, operário aposentado ilustra bem como se dá esse congelamento da renda dos trabalhadores. “Em 1979, quando ainda havia muitos empregos ligados a sindicatos, trabalhava na Westinghouse Electric e ganhava US$ 8 a hora. Podia comprar o que quisesse”,”Trinta e cinco anos depois, meu salário no hospital era de US$ 8,50 a hora. Muitas vezes tive de escolher entre remédios ou alimentos.”. No setor domiciliar, a dívida dos americanos também vem aumentando, já chegam a 13,5 trilhões de dólares, 1 trilhão a mais do que a dívida em 2008.

Crise no coração do capitalismo: ninguém consegue comprar casa nos EUA

A

crise imobiliária nos EUA aumenta com a disparada dos preços. Hipotecas com baixas taxas de financiamento e ampla oferta de empregos deveriam ser a receita para um mercado imobiliário forte. No entanto, esses fatores têm aprofundado a crise de imóveis acessíveis nos Estados Unidos. O que começou nas regiões costeiras, como em Nova York e São Francisco, agora se espalha para o coração do país, bem como para cidades como Las Vegas e Charleston, na Carolina do Sul. Pessoas em busca da casa própria se esforçam para encontrar imóveis por um preço acessível. Eles estão em falta. Isto provoca a disparada dos preços. Juros baixos mudariam pouco a dura realidade: os preços subiram mais do que a renda. O sonho da casa própria fica fora do alcance para uma nova geração de compradores. Essa tendência esfria o mercado. O segundo trimestre de 2019 marcou a maior desaceleração das vendas em cinco anos.

“Todos os sinais apontam para um mercado imobiliário que deveria estar indo muito bem e não está”, disse Danielle Hale, economista-chefe da Realtor “A restrição número 1, apesar das baixas taxas das hipotecas, é que as pessoas não conseguem encontrar moradias acessíveis.” “Temos mais compradores pré-aprovados para hipotecas do que pessoas comprando casas”, disse Jeff Davis, corretor de Rusch. “Significa que o problema não está no financiamento. O problema está no estoque.”… A crise de 2008 continua. Os imóveis são poucos. Os poucos imóveis que existem, o são por preços exorbitantes. Embora os empregos “recuperados” tenham voltado, os salários antigos não, são menores. O mercado imobiliário prefere pouco construir e do pouco construído de imóveis, muito dinheiro ganhar. Às favas os americanos que precisem de moradas, ao preço que seu magro salário pode pagar O capitalismo não tem mais nada a oferecer para a classe trabalhadora. Negócio, no regime capitalista, não é construir casas, apartamentos, moradias. Negócio do capitalista não é o imobiliário. O negócio do capitalista “é ganhar dinheiro”. 00Ganha mais dinheiro com a crise do que com a Economia recuperada.

Essa realidade de penúria e endividamento é mais forte nos jovens, que se endividam antes mesmo de entrar no mercado de trabalho. São 45 milhões de norte-americanos que devem no total 1,5 trilhões de dólares. Em 50 anos, a produção americana aumentou em 77%, já o valor médio da hora trabalhada em todas as camadas aumentou somente 12%. O salário

mínimo segundo esses cálculos hoje deveria ser 20 dólares a hora, e não 7,25 como é atualmente. A enorme propaganda da restauração da economia americana não passa de uma encenação, desde 2008 o capitalismo não conseguiu se reerguer. Se continuarem a tapar o sol com a peneira as crises políticas – que já pipocam no mundo inteiro- vão generalizar o sistema mundial.

IRÃ RECUSA VISITA DE POMPEO

Abaixo as agressões imperialistas!

N

o último domingo (28 de julho), o secretário de Estado norte-americano Mike Pompeo se queixou na sua conta do Twitter por ter uma visita sua ao Irã recusada pelo governo iraniano. Antes, já havia afirmado em uma entrevista que estaria disposto a ir a Teerã “falar diretamente com o povo iraniano sobre o que a liderança deles fez e como prejudicou o Irã”. O governo iraniano, porém, não tem nenhum interesse em permitir que um membro do regime imperialista dos EUA se dirija ao seu país e faça uma mentirosa campanha de difamação à sua população. Daí a recusa a Pompeo. A tensão entre os dois países vem aumentando desde maio de 2018, quando os norte-americanos saíram do acordo internacional chamado “Plano de Ação Conjunto Global” (JCPOA), que visava chegar a um acordo sobre a questão nuclear do Irã. Após a saída, os EUA reimpuseram sanções econômicas ao Irã que haviam sido retiradas com a criação do acordo, procurando

tirar o país asiático do mercado financeiro global. Desde então, como resposta à ação dos EUA, o Irã tem enriquecido urânio em níveis acima dos permitidos pelo acordo. Além de testes com mísseis e outros exercícios militares visando ao fortalecimento das defesas do país. A afirmação de Mike Pompeo e a vontade de “visitar” o Irã veio quando, em uma visita à ONU na última semana, o ministro das Relações Exteriores no Irã, Mohammad Javad Zarif, afirmou que os EUA estariam provocando, através das sanções, “terrorismo econômico” contra seu país. É preciso denunciar e se colocar contra os ataques e a ingerência do imperialismo nos países atrasados. Além disso, devemos exigir a retirada de sanções e bloqueios econômicos promovidos principalmente pelos EUA contra todos os países que se colocam minimamente contra seus interesses, pois esta é uma política assassina contra os povos dos países sancionados.


INTERNACIONAL| 13

REPRESSÃO

ONU critica a Rússia e se cala sobre a repressão aos coletes na França D

urante coletiva de imprensa em Genebra, Suíça, o porta-voz do Alto-Comissariado das Nações Unidas para os Direitos Humanos, Rupert Colville, criticou as autoridades russas por reprimirem protesto no último final de semana contra a não autorização de 57 candidatos a participarem das eleições municipais de Moscou. De acordo com a imprensa internacional, mais de 1.400 manifestantes foram presos e por volta de 70 ficaram feridos. “Estamos preocupados que a polícia russa aparentemente tenha usado força excessiva contra os manifestantes de sábado no centro de Moscou”, disse o funcionário da ONU. “O uso da força pela polícia, na Rússia e em outros lugares, deve sempre ser proporcional à ameaça, se houver, e apenas como último recurso”, completou. O governo da França também protestou contra a repressão na Rússia, especificamente no caso da nova detenção de Alexei Navalny, opositor a Vladimir Putin e agente do imperialismo no país eurasiático. “A França pede

a sua rápida liberação e expressa sua profunda preocupação com estes desenvolvimentos recentes”, expressou o Ministério das Relações Exteriores francês em um comunicado. “A Rússia é membro do Conselho da Europa e da Organização para a Segurança e Cooperação na Europa (OSCE) e deve, como todos os seus Estados membros, respeitar os compromissos que assumiu neste contexto, em particular no que diz respeito à liberdade de opinião, expressão, demonstração e participação em eleições livres.” A França, porém, não tem autoridade nenhuma para criticar o governo russo por reprimir manifestações. Desde o final do ano passado, milhares de ativistas foram presos pela polícia francesa e centenas ficaram feridos por participarem de protestos dos coletes amarelos. Algumas pessoas, inclusive, já morreram devido à reação da polícia nos protestos na França. Nos primeiro quatro dias de protesto dos coletes amarelos, entre 17 de novembro e 8 de dezembro do

TODAS AS SEXTAS-FEIRAS, 14H00

ano passado, cerca de 2.500 pessoas foram detidas pela polícia francesa e quase 1.000 ficaram feridas. De lá para cá, já são mais de 10 mil detidos pelas autoridades francesas por protestarem contra o governo. Entretanto, a ONU nunca denunciou a gigantesca repressão do governo

francês, porque a França é um dos países imperialistas que controlam esse órgão. Por sua vez, a Rússia, um dos países mais atacados pelos países imperialistas, frequentemente é vítima de críticas da ONU, demonstrando o caráter político abertamente pró-imperialista da entidade.

TODAS AS SEGUNDAS-FEIRAS, 12H30


14 | MOVIMENTO OPERÁRIO

ITAÚ ANUNCIA PDV

Bancários devem se mobilizar contra mais um ataque O

s banqueiros golpistas do maior banco privado do país, Itaú/Unibanco, anunciaram, para o próximo mês de agosto um famigerado Plano de demissão “Voluntária” (PDV) com a pretensão de jogar no olho da rua milhares de trabalhadores. Dados recentes de Pesquisa de Emprego Bancário (PEB), realizada pela subseção do Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (Dieese), com base nos dados do Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged), revelam o verdadeiro absurdo em relação ao número de trabalhadores que perderam os seus empregos na categoria bancária. Desde 2013 foram 62,7 mil bancários demitidos. Somente no primeiro semestre de 2019 nada menos do que 17.279 trabalhadores foram desempregados, sendo 15.222 admissões (todo mundo sabe da característica dos bancos privados e a sua alta

rotatividade de mão de obra, com as demissões atingindo os funcionários mais antigos, que são trocados por novos, com salários bem mais baixos), o que ocasionou o fechamento, definitivo, de 2.057 postos de trabalho bancário. Foram os bancos múltiplos com carteira comercial, ou seja, a maioria de bancos privados tais como o Itaú, Bradesco e Santander, responsáveis pelo maior número de demissões, totalizando 16.109 demitidos neste primeiro semestre de 2019 com o fechamento definitivo de 1.658 postos de trabalho. Uma verdadeira hecatombe contra a classe trabalhadora. Os golpistas do Itaú ainda não divulgaram o público alvo do PDV, mas de antemão, segundo os dados divulgado pelos órgãos de pesquisa dos trabalhadores, nada de bom sairá dessa cartola. O que está por vir, em se tratando de banqueiros, é o aumento da ofensiva reacionário dos patrões con-

tra os trabalhadores que visa única e exclusivamente aumentar o lucro através da superexploração e da desgraça dos trabalhadores bancários. Está colocada a necessidade de uma ampla campanha por parte da CUT e dos sindicatos contra a liquidação da

categoria bancária. Portanto, não há tempo a perder. A luta em defesa do emprego deve estar vinculada à luta para derrotar o golpe e suas medidas, única maneira efetiva de se contrapor aos banqueiros e ao governo golpista por eles instalado.

ECT

EDUCAÇÃO

Trabalhadores dos Correios anunciam greve

Replanejamento não planeja nada

A

direção golpista da ECT (Empresa Brasileira de Correios e Telégrafos) se reuniu na manhã desta terça-feira (30-07) com os representantes dos trabalhadores em Brasília/DF para insultar novamente a categoria. Na maior cara de pau, a direção golpista da ECT apresentou a miserável proposta de 0,8% de reajuste salarial e manutenção de todos os ataques aos benefícios dos trabalhadores, como retirada de tíquete alimentação/refeição nas férias e no final de ano (vale peru). A direção da ECT ainda propõe piorar as condições de trabalho dos carteiros com a volta da entrega das cartas no sol da tarde. Diante de tanto ataque aos trabalhadores pelo governo golpista de Jair

Bolsonaro, não restou outra orientação das direções sindicais dos Correios que não fosse a deflagração da greve da categoria a partir de zero horas do dia 01 de agosto. No entanto, os golpistas ainda vão lançar mão da atuação em seu favor, dos ministros golpistas do TST que irão realizar, no dia 31-07, às 15 horas audiência de conciliação entre ECT e trabalhadores. É preciso lotar as assembleias da categoria no dia 31, recusar as manipulações da ECT/TST e aprovar greve geral de 100% da categoria contra o governo dos golpistas, exigindo as reivindicações da categoria, contra a privatização dos Correios e pelo Fora Bolsonaro e todos golpistas, como pela Liberdade de Lula.

N

os dias 29 e 30 de julho, as escolas estaduais paulistas realizaram o replanejamento, que, como o próprio nome diz, seria organizar o segundo semestre. Porém não foi organizado nada, pois com a mudança de governo, o fascista João Doria assumiu e começou a aniquilar a educação que já era sucateada pelos sucessivos governos do PSDB. O golpista Doria acabou com o Caderno do Aluno, porém criou outra apostila que foi enviada pela internet: o APRENDER SEMPRE – no momento, somente para os professores de forma virtual. Outro problema é o assédio moral em relação aos professores que sempre são culpados de todas as mazelas educacionais. Os docentes e os alunos são considerados pelos gestores como pessoas sem conhecimento e sem interesse no conhecimento científico. Os gestores que em algum momento foram professores, começam a de-

fender as barbaridades do governo destruidor e privatista da educação brasileira. Querem jogar toda a responsabilidade da tragédia da educação pública nas costas dos professores. Estamos vivendo um educação cada vez mais “fascista”, cobra-se muito dos docentes, mas não falam em aumento salarial ou aumento de recursos para as escolas. O Replanejamento visa ser uma “lavagem cerebral”, em que o professor é enganado com um palavreado “moderninho” da educação. Nas escolas, temos apenas giz e saliva para passar os conhecimento para os alunos. Fala-se muito de aulas diferenciadas, mas o professor não tem tempo e nem recurso para desenvolvê-las. Somente a organização dos trabalhadores e a ocupação das escolas vão reverter a privatização e acabar com esse clima de terror que é promovido pelos gestores e coordenadores das unidades educacionais.


ECONOMIA E CIDADES | 15

COLÔNIA DOS EUA

Trump anuncia acordo de “livre comércio” com Brasil E

m entrevista coletiva concedida no jardim da Casa Branca, o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, afirmou que gostaria de estabelecer um acordo de livre-comércio com o Brasil. Segundo ele, “o Brasil é um grande parceiro comercial. Eles nos cobram muitas tarifas, mas, fora isso, amamos a relação”. A afirmação deixa claro que o acordo seria no sentido de retirar essas tarifas que incomodam tanto ao estadista bufão norte-americano e aos capitalistas que o apoiam. Depois, teceu diversos elogios ao seu papel higiênico latinoamericano e presidente ilegítimo do Brasil, Jair Bolsonaro. Trump disse que o fascista seria “um homem maravilhoso” e que estaria fazendo um “grande trabalho” ao governar o país. Do ponto de vis-

ta do imperialismo norte-americano, evidentemente que se trata de um grande trabalho, afinal Bolsonaro e sua equipe de bandidos entreguistas fazem tudo o que for possível para entregar as riquezas e o mercado brasileiro às potências estrangeiras. O acordo de livre-comércio com os EUA viria nesse mesmo sentido. Retiram-se as taxas de importação sobre os produtos norte-americanos e as empresas imperialistas tomam de vez todo o mercado brasileiro, devastando o pouco que restou da indústria nacional. A ação consiste no coroamento de uma dominação econômica completa por parte dos estadunidenses sobre o Brasil. E tudo isso feito com apoio, cooperação e aplausos do grande “patriota” Jair Bolsonaro.

A fim de impedir essa devastação, é preciso parar a extrema-direita e derrubar Bolsonaro do poder. A esquerda deve deixar de moleza e denunciar que o atual governo é ilegítimo, eleito por uma fraude. Ele é a continuação do

golpe de estado que derrubou Dilma Roussef do poder e prendeu o ex-presidente Lula em um processo farsesco sem provas. No dia 13 de agosto, todos às ruas gritando “Fora Bolsonaro” e “Liberdade para Lula”!

CRISE TOTAL!

Mais uma empresa destruída pela Lava Jato N

a segunda-feira (29), o grupo industrial Bardella, fabricante brasileiro de equipamentos direcionados aos setores industriais, ajuizou um pedido de recuperação judicial. O valor dos débitos acumulados pela empresa é de R$ 387 milhões. De acordo com Cláudio Bardella, dono da empresa, a indústria brasileira entrou em “uma crise sem precedentes na história do país”. Antes da crise econômica, os valores referentes às encomendas da

Bardella eram de, aproximadamente, R$ 400 milhões ao ano. Porém, em 2018, este número baixou para 259 milhões. De acordo com a empresa, os efeitos da desaceleração de bens de capital foram sentidos antes de 2014, mas este ano os problemas foram agravados. A empresa enviou para a 9ª Vara Cível de Guarulhos- SP, na sexta-feira (26), um documento em que solicita a proteção contra credores e de três empresas controladas pela Bardella:

SÃO PAULO

Três linhas estão entre as dez mais lotadas do mundo S ão Paulo aparece três vezes entre as 10 linhas de trem mais lotadas até a tampa no mundo. A vice-campeã em todo o planeta, a medalha de prata negativa, é a Linha 11 (Coral), na quarta posição está a Linha 8 (Diamante) e a Linha 9 (Esmeralda). O parâmetro internacional do volume de passageiros considerado confortável é de quatro por m². O nível considerado “suportável”, de acordo com referências internacionais, é de seis por m². Os vagões da Linha 11-Coral desafiam as leis da Física: com média de 8,1 passageiros por m² no horário de pico da tarde. O Google coletou os dados com seu aplicativo Google Maps, entre outubro de 2018 até junho de 2019 durante as horas de pico da manhã (entre as 6h e as 10h), pois muitos usuários apelam para o serviço de localização na hora de encontrar um caminho para trabalho, estudo ou algum compromisso. O Google também listou as rotas de transporte público e as paradas mais

lotadas de São Paulo, que incluem os pontos Corinthians-Itaquera, Estação Comandante Sampaio e muitas outras. A partir de agora, o aplicativo passará a mostrar a lotação desses transportes e também indicará eventuais atrasos, seja por obras, seja por acidentes. Uma coisa que lista do Google mostra é o algo que todos já sabemos: o metrô é transporte de massa em qualquer grande metrópole do mundo. Outra coisa óbvia: o metrô e o trem de São Paulo estão subdimensionados para a necessidade, pois o governo tucano há décadas no poder, não investiu o suficiente. O metrô da Cidade do México começou a ser construído praticamente ao mesmo tempo que o metrô de São Paulo, na década de 70, mas hoje tem uma extensão de linhas bem superior. A falta de infraestrutura em uma das maiores metrópoles do mundo é fruto da política da direita, que privilegia os monopólios do transporte e o deslocamento individual da burguesia, em detrimento do povo.

a Bardella Administradora de Bens e Empresas, a Duraferro Indústria e Comércio e a Barefame Instalações Industriais. O diretor presidente da Bardella José Roberto Mendes da Silva informou ao jornal Valor Econômico que, há tempos, a recuperação judicial era considerada. Contudo, somente no início desse ano, com a perda de um cliente que não teve o nome revelado, a decisão foi acelerada. “A empresa tinha uma carteira boa de pedidos, mas

no final do ano passado um importante cliente cancelou um grande pedido”, afirmou. Os prejuízos acumulados pela empresa nos últimos anos por causa da piora da economia e os efeitos causados pela Lava Jato nos projetos da Petrobrás e dos seus parceiros evidenciam como esta operação, criada com ao falso pretexto de combater a corrupção no País, na verdade tinha o claro objetivo de defender os interesses dos Estados Unidos e atacar a indústria nacional para que os monopólios internacionais possam tomar conta da economia brasileira.

Coxinha, dono de Porsche, atropelou e matou diarista em São Paulo

A

burguesia, amparada pelo Estado igualmente burguês e reacionário, acha que por possuir tanto dinheiro e poder, – sempre à base de muita exploração – tem o direito de tirar a vida de pessoas da classe trabalhadora sem sofrer as consequências. Esse foi o caso do empresário do setor imobiliário, Fábio Alonso de Carvalho, acusado de atropelar uma diarista, Audenilce Bernardina dos Santos, que estava atravessando uma rua nos Jardins (área nobre de São Paulo). A diarista havia saído do trabalho e estava atravessando na faixa de pedestre quando foi surpreendida pelo Porsche do empresário, que avançou no sinal vermelho, em alta velocidade, como confirmou uma testemunha que estava no local e pelas câmeras de segurança. Esse mesmo motorista já havia sido condenado pelo atropelamento e morte de um motoboy em 2014, a sentença, que saiu somente no ano passado, proibia que o empresário dirigisse pelo tempo da pena, que ficou em 2 anos e 8 meses.

Na época, ele estava com um Mustang, corroborando o fato de que é cheio da grana e que por isso não sofreria consequências. É assim que a classe trabalhadora vem sendo tratada por uma burguesia reacionária e assassina, que atualmente se sente mais ainda no direito de cometer crimes, amparada por um discurso de ódio do próprio presidente golpista Bolsonaro. O empresário, além de atropelar a diarista, não prestou socorro, contribuindo para a morte da senhora de 65 anos. É preciso dar um basta e acabar com essa classe dominante que pisa na população e fica impune. Não são leis mais rígidas que podem resolver esse problema, mas o fim do capitalismo, que sustenta esse tipo de gente.


16 | NEGROS E CULTURA

MASSACRE NOS PRESÍDIOS

Genocídio de negros D

evido à política de exploração da burguesia, que se agrava durante as crises do capitalismo, é necessário usar de grande violência estatal para reprimir principalmente as camadas mais vulneráveis da população, composta em sua maioria por trabalhadores negros. Levados a situações limite pela burguesia, que mantém a situação de exploração maior ainda para população negra, o encarceramento em massa é usado para lidar com essa parcela, que deixada sem opções, passando por necessidades e com nenhuma perspectiva de melhora em sua situação e de sua família é empurrada para as prisões . Dados do Conselho Nacional de Justiça (CNJ) mostram que 80% da população carcerária tem sequer um documento de identidade, prova cabal de que as prisões são feitas para enclausurar os pobres. O grande número de encarcerados é resultado da miséria do país, boa parte por crimes que sequer deveriam existir como o de tráfico de drogas, crime moral usado como justificativa pa-

ra reprimir violentamente quem vive nas periferias. A vida dos encarcerados vale menos ainda do que a dos pobres negros que estão nas periferias. Os presos perdem seus direitos completamente, sofrendo todo tipo de tortura e humilhação. Dezenas dos encarcerados sob os cuidados do estado são mortos a cada nova tragédia anunciada, e são tratados como simples rotina, respondidos com mais violência com uso do exército nos presídios. Uma vez dentro dos presídios, os encarcerados são esquecidos nas celas superlotadas, que mais parecem câmaras de tortura, onde muitos permanecem antes mesmo de serem julgados em alguma instância. As rebeliões são uma terrível consequência da superlotação e das condições extremamente precárias dos presídios, e ao exigirem condições mínimas de habitação, os encarcerados são violentamente reprimidos. Além da enorme violência a que são submetidos, com a péssima alimentação e sem a menor possibilidade de higiene pessoal, os presidiários são vi-

timados por doenças que seriam facilmente curáveis do lado de fora, e que no ambiente das prisões se tornam verdadeiras epidemias. As prisões não servem de forma alguma para ressocializar os internos, são apenas depósitos de miseráveis, esquecidos para morrer. As leis, aplicadas pelo judiciário direitista e pela polícia fascista, só servem para os pobres, que são, de antemão, condenados com sentença de morte dentro e fora dos presídios, por sua classe e cor da pele. Com a con-

tinuidade do governo golpista de Bolsonaro, a tendência é de aumento da população carcerária e agravamento da situação de violência dos negros no Brasil. Exigir leis mais punitivas e ações da justiça e da polícia não resolvem a questão da crescente violência no país, muito menos a discriminação que sofre o povo negro. É preciso derrubar o governo bolsonarista que coloca o exército nas ruas e presídios contra o povo brasileiro.

NESTA SEXTA

CINEMA

Homenagem a Violeta Parra e Victor Jara no Butantã (SP)

Semana que vem começa a 6ª Festa do Cinema Italiano em São Paulo

N

a próxima sexta-feira ( 2 ), às 20h30, no Centro Cultural Butantã, acontece a Homenagem: Violeta Parra e Víctor Jara com Dúo Manzanares. O evento é uma homenagem a dois importantes artistas de esquerda da música latino-americana, que serão bem representados pelo grupo chileno Dúo Manzanares. O grupo traz em sua bagagem o melhor da música de raiz latino-americana. A banda é integrada por César Villagrán e Marilyn Lizama. Em seu trabalho, a cantora Violeta Parra sempre foi comprometida com a luta de classes, como na canção “Volver aos 17”, que foi gravada por Milton Nascimento e Mercedes Sosa. Parra também teve uma de suas canções gravadas (“Gracias a la vida”) pela intérprete brasileira Elis Regina. “La Carta” foi uma de suas canções cantada em momentos de comoção revolucionários. Victor Jara foi membro do Par-

tido Comunista do Chile e integrante do Comitê Central das Juventudes Comunistas do Chile. Jara foi preso e assassinado pelo golpe de estado liderado pelo general Augusto Pinochet. Ainda no cativeiro, conseguiu escrever o poema “Somos cinco mil”. Além de canções, Jara também escreveu para o teatro. Duo Manzanares toca pela primeira vez em São Paulo. No show, entre uma música e outra, eles narram um pouco da vida de Parra e Jara contando as motivações que os levaram a criar. O grupo também faz uma viagem pela música latino-Americana, gêneros folclóricos como o joropo da Venezuela, a dança da Argentina, a cumbia colombiana e outros. Eles pretendem viajar por toda a America Latina cantando. Em um ano e dez meses de viagem, eles já estiveram em 13 países e fizeram mais de 300 concertos. O grupo já esteve em países como México, Cuba, Guatemala, El Salvador, Honduras, Nicarágua, Costa Rica, Panamá, Colômbia, Equador, Peru, Bolívia e Argentina. Homenagem: Violeta Parra e Víctor Jara com Dúo Manzanares. Sexta-feira | 20h30 a 22h30 Centro Cultural Butantã Av. Corifeu de Azevedo Marques, 1882 Gratuito

A

festa de cinema Italiano, é um evento que ocorre em várias cidades do Brasil. O evento vem crescendo e a cada ano os organizadores aumentam as diversidades de atrações. Dentre as ofertas, haverá uma variedade gastronômica, com aperitivos, assim como programação e atividades para o público infantil. Também revisita algumas obras de arte de grandes pintores italianos. O programa inclui vários filmes. Dedica uma retrospectiva exaustiva ao cineasta italiano Nanni Moretti. A festa do Cinema Italiano acontece de 8 a 14 de agosto, em 16 cidades brasileiras, dentre elas, São Paulo. Serão mais de 300 sessões com expectativas de superar 25 mil espectadores. Duas das principais atrações inéditas virão da seleção de Cannes, no ano passado. Lúcia Cheia de Graça, de Gianni Zanasi, Euforia, a nova rea-

lização da atriz Valeria Golino, em Un Certain Regard. Noite Mágica, de Paolo Virzi. Silvio e os Outros/Loro, do festejado (no Oscar) mas também controvertido Paolo Sorrentino (A Grande Beleza, Youth/Giovinezza), o filme sobre o ex-premier Silvio Berlusconi. A festa traz também Entre Tempos/ Ricordi?, de Valerio Mieli, uma poética reflexão sobre um amor nunca esquecido; O Campeão/Il Campeone, filme emocionante que traz o universo do futebol em uma história de amizade e companheirismo estrelada por Stafano Accorsi e Andrea Carpenzano, e, por fim, o divertido Bangla, de Phaim Bhuiyan, longa premiado como a melhor comédia. Convidado muito especial, Marco Tullio Giordana vem apresentar a versão restaurada de seu longa A Melhor Juventude, que volta aos cinemas brasileiros distribuído pela Arteplex e aureolado pela fama de clássico.


JUVENTUDE E ESPORTES| 17

REPÚDIO AO GOVERNO GOLPISTA

DCE da UFES chama participação em protestos do dia 13 contra Bolsonaro O

repúdio ao governo golpista de Jair Bolsonaro (PSL) só cresce. Diretório Central dos Estudantes (DCE) da Universidade Federal do Espírito Santo (UFES) publica carta repudiando o desmonte da educação pública rechaçando o Programa Ministerial Future-se, anunciado em julho pelo ministro da Educação, Abraham Weintraub. A enorme preocupação dos estudantes quanto ao programa neoliberal de terceirização e privatização das universidades e dos institutos federais foi a tônica do documento. “O projeto expõe como se o problema de funcionamento das universidades não fossem de recursos, e sim de gestão”, diz na carta. Nesse sentido, a crítica ao programa Future-se é fundamental, visto que os golpistas querem desatrelar o

ensino público superior das responsabilidades do Estado e entregar tudo ao grande mercado de diplomas e da mercantilização da educação que são as instituições de ensino privadas. Toda essa investida dos golpistas se dá no sentido de destruir o ensino público e acabar com os direitos básicos da população. Diante de todos os ataques contra os estudantes e a população brasileira em geral, o DCE da UFES convoca a todos que defendem o ensino público e gratuito de qualidade contra o governo do fascista Jair Bolsonaro, para uma manifestação no dia 13 de agosto. É hora, portanto, de chamar o Fora Bolsonaro! O momento é propício para reverter os ataques contra a juventude, os trabalhadores e todo o povo brasileiro.

GUARULHOS

Estudantes ateiam fogo em bandeiras de EUA e Israel N

o final deste mês de julho, antecedendo o ato nacional programado para o dia 13 de agosto, foi realizado o Encontro Nacional de Estudantes de Pedagogia (ENEPe), contando com a presença de algumas organizações do movimento estudantil. Esse encontro serviu como esquenta para o ato do mês de agosto, em um momento de intensa crise do governo golpista e de grandes ataques contra a população. Após as deliberações gerais contra a reforma da previdência e os cortes na educação, foi organizado um ato partindo da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp) e marchando pela periferia de Guarulhos. A marcha contou com o apoio dos trabalhadores que ali transitavam e teve como destaque a queima das bandeiras dos EUA e Israel. Tal demonstração política é marca registrada contra a ação do imperia-

lismo em todos os países atrasados, seja no ocidente ou no oriente sob ataque de Israel. Além disso, a queima das bandeiras não é apenas em solidariedade a outros povos, o Brasil, não diferente dos demais países latino americanos, sofre diretamente dessa questão. Em nosso país as intervenções imperialistas preenchem páginas e mais páginas de nossa história, sendo visível no golpe de 2016, na prisão de Lula e agora com um governo fantoche, totalmente lacaio dos interesses estrangeiros, principalmente dos Estados Unidos, como se repara nas mais diversas declarações de Bolsonaro e na entrega do patrimônio nacional. A luta contra o imperialismo é mundial, e aqui está diretamente ligada à derrota do golpe e à derrubada do governo Bolsonaro. Sabendo disso, entendemos que não há caminho em

apenas lutar por revindicações parciais. Se os cortes na educação, que tanto afetam os estudantes provém do governo Bolsonaro, originário de um golpe e fraude eleitoral, é visível

que o único caminho para tanto resolver o problema da previdência, dos estudantes quanto a ação imperialista passam sob a derrubada do governo golpista.


18 | ESPORTES

ESPORTES

Todos os domingos às 20h30 na Causa Operária TV

Veja as melhores fotos dos Jogos Pan-Americanos O

s Jogos Pan-Americanos, realizados em Lima, no Peru, começaram, oficialmente, na última sexta-feira (26/07), com a participação de 6700 atletas de 41 delegações disputando medalhas e vagas para os Jogos Olímpicos de Tóquio-2020. No quadro geral de medalhas, até agora, os EUA ocupam a 1ª colocação, com 19 medalhas de ouro, e o México, o 2º lugar, com 12 medalhas de ouro. Na cola do México, o Brasil se encontra na 3ª colocação, com 8 medalhas de ouro, 6 de prata e 13 de bronze. Veja as melhores fotos do Pan:

Sul-Americana: Atlético (MG) e Botafogo se enfrentam em jogo decisivo

N

esta quarta-feira (31), às 21h30, Atlético-MG e Botafogo realizam o jogo de volta das oitavas de final da Copa Sul-Americana. Além de jogar em casa, na conhecida “arapuca” da Arena Independência, em Belo Horizonte, o Galo tem a vantagem do empate por ter vencido o time carioca, por 1 a 0, no jogo de ida, realizado no Rio de Janeiro. A equipe botafoguense, por outro lado, não tem escolha a não ser vencer a partida: uma triunfo por 1 a 0 leva a decisão para os pênaltis, enquanto uma vitória por qualquer outro placar garante a sua classificação direta. O Atlético-MG, que vem de empate com o Goiás pela última rodada do Campeonato Brasileiro, conta com a volta do seu experiente centroavante,

Ricardo Oliveira, que foi preservado do jogo do final de semana. Apesar de atravessar um longo jejum de gols, o atacante é a principal novidade do time para a partida. No Botafogo, o técnico Eduardo Barroca encontra dificuldades para montar o time titular, já que não poderá escalar os zagueiros Joel Carli, suspenso em função da expulsão na partida de ida, e Gabriel, jogador do clube mineiro emprestado ao Botafogo, restando apenas Marcelo Benevenuto como opção para a zaga. Além disso, depois da perda do atacante Erik, a equipe ainda busca a melhor formação para o setor ofensivo. O Fogão aposta também que a quitação dos salários atrasados de junho para jogadores e parte

dos funcionários, acertada na segunda-feira (29), às vésperas da partida decisiva, possa funcionar como uma injeção de ânimo para os atletas.

A equipe classificada enfrentará nas quartas de final o clube colombiano La Equidad, que passou pelo Royal Pari, da Bolívia.


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