SEXTA-FEIRA, 2 DE AGOSTO DE 2019 • EDIÇÃO Nº 5722
DIÁRIO OPERÁRIO E SOCIALISTA DESDE 2003
WWW.PCO.ORG.BR
Organizar manifestações de massa em todo o País no dia 13 Dia 13 será realizada greve nacional convocada pela Confederação Nacional dos Trabalhadores em Educação (CNTE), contra o governo golpista e ilegítima de Jair Bolsonaro.
EDITORIAL
As ruas são o caminho para derrubar Bolsonaro O fim do governo Bolsonaro está na ordem do dia. Mesmo setores da burguesia já discutem abertamente um impeachment por meio dos jornais dos capitalistas, e parlamentares já aventam apresentar pedidos de impeachment no Congresso, embora isso não passe de uma promessa por enquanto.
Boulos convoca ato contra Aliado golpista de Bolsonaro sofre ameaça de falas de Bolsonaro, sem impeachment no Paraguai pedir derrubada dele Guilherme Boulos, ex-candidato, nas últimas eleições, ao cargo de presidente da república pelo Partido do Socialismo e Liberdade (PSOL);
Domingo, em mais de 50 cidades, mutirões pela liberdade de Lula No próximo domingo, os Comitês de Luta contra o Golpe e pela liberdade de Lula, dão continuidade, em dezenas de cidades em todo o País, aos mutirões da campanha pela liberdade de Lula e pelo Fora Bolsonaro.
Só mobilizações constantes são garantia contra uma ditadura no Brasil
Globo: propaganda enganosa sobre o desemprego para sustentar Bolsonaro Nessa semana, o jornal golpista O Globo deu mais uma demonstração do papel cínico e cretino ao qual a imprensa burguesa é incumbida – o de defender, incondicionalmente, os interesses do imperialismo.
O presidente do Paraguai, Mario Abdo Benítez, sofreu uma ameaça de impeachment devido ao acordo quase secreto com o governo de Jair Bolsonaro, para renegociar a compra de energia elétrica de Itaipu.
Máfia-Jato: Deltan organizou cerco a Dias Toffoli
2 | OPINIÃO E POLÊMICA EDITORIAL
As ruas são o caminho para derrubar Bolsonaro
O
fim do governo Bolsonaro está na ordem do dia. Mesmo setores da burguesia já discutem abertamente um impeachment por meio dos jornais dos capitalistas, e parlamentares já aventam apresentar pedidos de impeachment no Congresso, embora isso não passe de uma promessa por enquanto. Em qualquer caso, a pressão sobre o governo é forte e a crise aumenta dia após dia. A ponto de o impeachment começar a ser amplamente discutido, o que é uma forma de colocá-lo como opção no cenário político. No entanto, a discussão de saídas parlamentares e institucionais para a crise política da direita não está sob controle dos trabalhadores. A população não tem nenhum controle sobre um eventual processo de impeachment, que, caso acontecesse, pro-
vavelmente não seria nada além de uma manobra da burguesia para tentar contornar a crise do regime político. Da mesma forma que aconteceu com as eleições de 2018, controladas e manipuladas pela burguesia para
Só mobilizações constantes são garantia contra uma ditadura no Brasil
E
m artigo intitulado “Estamos Perto de uma Ditadura?”, publicado no diário Esquerda Online, a coluna do Direita Volver coloca a tese de que “hoje um golpe para a implantação de uma ditadura não é o mais provável”. Apesar de todos os indícios colocados pelo próprio artigo, como a invasão de reuniões de militantes opositores a Bolsonaro, a agressão de militantes LGBT do PSOL e a perseguição política a jornalistas, como Glenn Greenwald, a tendência Resistência do PSOL acredita que, nos dias atuais, não é possível uma ditadura no país. Isso porque, segundo eles, Bolsonaro estaria preocupado com a opinião pública. Com medo de perder aqueles que estão “em cima do muro” e por conta da crise política de seu governo, que tem gerado uma série de mobilizações políticas da oposição. Porém, isto não condiz com a realidade. O governo já tem uma base, pequena, de sustentação e é com base nisso que tem adotado uma série de medidas ditatoriais – para agradá-la e criar o terreno justamente da ditadura. É verdade que o governo se encontra em uma profunda crise política e que um golpe neste exato momento poderia ocasionar muitos problemas para o regime golpista. Entretanto, trata-se de uma questão de correlação de forças. Bolsonaro, com suas medidas ditatoriais, está com um claro objetivo de enfraquecer a esquerda e reagrupar em torno dele os setores mais direitistas para, justamente, estabelecer uma ditadura no país. O fato que a situação política esteja insustentável é justamente o que faz com que a ditadura seja uma carta na manga da burguesia. Caso contrário, não faria sentido um regime de força; bastaria utilizar os métodos tradicionais de manutenção do sistema capi-
talista: o parlamentarismo, eleições, etc. A verdade é que se a esquerda não sair às ruas, os bolsonaristas talvez consigam dar uma volta por cima e realizar seu objetivo: impor uma ditadura fascista para atacar o movimento operário e popular. Justamente por isso, acreditar que “hoje um golpe para a implantação de uma ditadura não é o mais provável” é totalmente falso. Para direita, está colocado da seguinte maneira: ou estabelecemos uma ditadura e esmagamos o inimigo, ou a polarização política vai continuar crescendo e o repúdio popular, transferido para mobilizações, também – o que colocaria o governo em situação ainda mais delicada, levando à possível saída de Bolsonaro. É nesse sentido que esse tipo de ideia pode ser totalmente desmobilizadora, seria como afirmar em 2015 que o impeachment de Dilma Rousseff não era o mais provável pois causaria uma intensa crise política. De fato, a crise foi causada, mas o golpe se mantém. Da mesma forma, a implantação de uma ditadura pode ser uma manobra arriscada para a burguesia, mas se verem que há condições para isso, não hesitarão em efetuar esta medida. É desmobilizador pois não adverte os trabalhadores e o conjunto da população para o perigo, muito menos aponta a seriedade da luta contra o governo, que precisa ser efetiva e real para impedir que estabeleçam uma ditadura fascista no país. Por isso, é preciso sair às ruas de forma a combater a ditadura que pode se estabelecer, sabendo que isso pode ocorrer a qualquer momento. Desta forma então, apenas mobilizações constantes, nos bairros e locais centrais, são uma garantia de que o governo não implementará uma ditadura no país.
apresentar um candidato de direita como se tivesse sido “eleito” no final, graças a uma série de fraudes durante todo o processo eleitoral, desde impedir o principal candidato de participar até a apreensão de materiais
de campanha, passando por acusações de corrupção forjadas para aparecerem em um momento decisivo da votação. É positivo que a situação obrigue a direita a discutir um possível impeachment, mas é preciso ir além disso. Para derrotar Bolsonaro e a direita golpista, os trabalhadores devem recorrer à mobilização nas ruas e às greves. É preciso organizar grandes protestos de massas e exigir o fim do governo, em torno da palavra de ordem Fora Bolsonaro! Além disso, é preciso exigir novas eleições gerais, para que o povo possa decidir efetivamente, dessa vez, quem serão seus representantes, sem uma nova fraude eleitoral. E para isso Lula deve estar livre para ser candidato, e deve ser candidato. Por isso deve-se exigir também eleições gerais com Lula candidato.
POLÊMICA | 3
Setores da esquerda junto com Maia para uma “reconstrução democrática”
A
rtigo do jornalista político Ricardo Bruno publicado no site do Portal Brasil 247, sob o título – “O papel de Rodrigo Maia na reconstrução democrática do País”-, expressa de maneira absolutamente cristalina o que é o objetivo de uma ala da esquerda no país que busca a constituição de uma “frente ampla” composta por partidos de esquerda e com os partidos que compõem o “centrão”, supostamente em nome da defesa da democracia brasileira contra as ameaças representadas pelo governo Bolsonaro. “Além da indignação, o comportamento beligerante e autocrático de Jair Bolsonaro à frente da Presidência da República está produzindo algo que não se via no país desde à ditadura: a aproximação tácita e espontânea de setores do centro com a esquerda democrática. O mais importante movimento nesta direção foi dado, ontem, pelo presidente da Câmara, Rodrigo Maia, ao defender o jornalista Glenn Greenwald das ameaças extemporâneas e abusivas do presidente iracundo”, disse. De acordo com Ricardo Bruno, a aproximação entre o centro e a esquerda democrática abriria caminho
para um rearranjo do regime político em um movimento “à la Nova República”. Prossegue: “Neste quadro de estreitamento dos valores republicanos, Rodrigo Maia repete a trajetória de democratas como Tancredo Neves e Ulysses Guimaraes”. O problema é que a Nova República não significou mais do que uma manobra da grande burguesia nacional e do imperialismo para dar uma saída à falência do regime imposto pela ditadura militar, nos marcos do próprio regime burguês. Ou seja, estabelecer uma política de acordo com e mesmo “centrão” dos dias de hoje em oposição à luta independente dos trabalhadores que impôs a derrota do regime militar e abriu caminho para a construção do PT e da CUT. Assim como naquela época, a política de “frente ampla” visava desviar a luta que era travada nas ruas para os marcos das instituições que haviam sustentado a ditadura militar de 64 e que agora promoveram e sustentam o golpe de 2016. O que Rodrigo Maia e o “centrão” teriam de progressistas? Foram os promotores do impeachment absolutamente ilegal e fraudulento de Dilma
Rousseff, foram defensores da campanha de perseguição ao PT e aos seus principais dirigentes, como o ex-presidente Lula, foram avalizadores da fraude eleitoral com a exclusão de Lula do processo eleitora; enfim, são os artífices, a começar pelo próprio Maia, da política do golpe de destruição nacional e de todas as conquistas dos trabalhadores, como a legislação trabalhista e o direito à aposentadoria. As manobras de Rodrigo Maia não dizem respeito a um “apreço” que possa ter pela “democracia”, muito ao contrário, como se vê com relação ao golpe de Estado, mas à crise do próprio regime golpista e da necessidade de sustentar o governo do fascista Bolsonaro, diante do profundo repúdio popular ou, no limite, abrir caminho para um governo bolsonarista, mas sem Bolsonaro. Quem sabe, até dele mesmo, Rodrigo Maia. Ao se referir à boa aceitação que o video com uma declaração de Rodrigo Maia em defesa de jornalista Glenn Greenwald teria tido entre os participantes do ato em solidariedade ao fundador do The Intercept, ocorrido na terça-feira, Bruno aponta que “Na-
quele momento, selou-se tacitamente um pacto dos democratas contra as reiteradas ameaças de regressão institucional do país”. Não vamos voltar ao fato de que se Rodrigo Maia não é democrata. Isso já está dito acima, mas na ilusão que existe em setores da pequena-burguesa de esquerda de que o golpe de Estado no Brasil será resolvida por meio das instituições, por meio das eleições. Nada mais falso. Não apenas não será resolvido, como no momento em que houver um acordo entre as diferentes frações golpistas, tenderá a se aprofundar, inclusive no caminho de uma ditadura, basta ver o que já está sendo feito nesse caminho, mesmo com toda crise do governo fascista de Bolsonaro. O político pequeno burguês de esquerda “luta” por um mundo “cor de rosa”, com paz, amor e fraternidade. Isso é uma quimera. O mundo é o capitalismo e o capitalismo está levando o mundo cada vez mais para a barbárie. Esse sistema, absolutamente decrépito, na tentativa de garantir a sua sobrevida, passará por cima de tudo o que ele mesmo “criou”, inclusive a democracia burguesa.
Maringoni: impeachment de Collor, Dilma e Bolsonaro é a mesma coisa
N
a edição dessa quarta-feira (31) deste Diário publicamos matéria polemizando com o professor e ex-candidato do PSOL ao governo de São Paulo, Gilberto Maringoni, sobre sua posição que pedir impeachment para Bolsonaro seria uma ilusão da esquerda já que, segundo ele, essa seria a manobra preferencial da própria direita tradicional para se livrar do presidente de extrema-direita e assim garantir o projeto econômico anti-povo. Explicamos que a consideração de Maringoni era na prática o “fica Bolsonaro.” Gilberto Maringoni publicou no dia seguinte ao seu primeiro artigo uma continuação, com mais considerações sobre o impeachment de Bolsonaro. Dessa vez, ele coloca como argumento central que “o impeachment no presidencialismo é sempre um golpe” pois seria “uma clara sobreposição à vontade popular.” Dessa consideração, Maringoni chega à conclusão de que inclusive o impeachment de Collor foi um erro da esquerda. Chega à conclusão também que, a defesa do impeachment de Bolsonaro obrigaria a esquerda a abandonar a classificação da queda de
Dilma Rousseff como golpe. Ou seja, todos os impeachments são iguais, são golpes e passam por cima da vontade do povo. Vejamos, parte por parte, o que está implícito nesses argumentos. Em primeiro lugar é preciso desfazer a confusão entre a forma constitucional do impeachment e a luta política que pode resultar na derrubada de um governo. A burguesia pode encontrar uma série de manobras institucionais para se precaver diante de uma crise política ou facilitar a derrubada de um governo que não seja condizente com seus interesses. Mas a forma jurídica com a qual aparece esse instrumento de derrubada de um governo não coincide necessariamente com seu conteúdo político. Como consequência desse raciocínio podemos afirmar que a derrubada de um governo representa interesses de classes diversos em um caso ou em outro. Lênin e Trótski explicaram a insurreição que levou o Partido Bolchevique e portanto os operários ao poder como um golpe de Estado. Mas há uma enorme diferença de conteúdo entre o golpe que leva a maioria do povo ao poder e que institui a ditadura do proletariado e o golpe de Estado
que coloca uma determinada fração da burguesia no poder em detrimento do povo ou até mesmo em detrimento de outra fração burguesa. Dito isso, entrando no caso brasileiro, há uma enorme confusão na caracterização de Maringoni. A derrubada de Collor, mesmo se levarmos em consideração a ação de setores da burguesia que procuraram e de certa maneira conseguiram tomar as rédeas do processo, representou um avanço do ponto de vista da luta dos trabalhadores e da juventude. Exatamente a apreciação oposta podemos ter sobre a derrubada de Dilma. O mesmo mecanismo do impeachment foi usado em situações diferentes com resultados diferentes para a luta das massas. É preciso ainda fazer a ressalva que no caso de Collor, o mecanismo institucional do impeachment facilitou que a burguesia manobrasse com a crise política. Logicamente que do ponto de vista do avanço da luta das massas naquele momento era preciso romper com essa manobra e chamar novas eleições e não compactuar com a chegada do vice Itamar Franco. Mas mesmo diante dessa manobra a crise política gerou uma instabilidade para
o regime burguês que com certeza era ruim para a burguesia e favorável aos trabalhadores. O pedido de impeachment de parte da esquerda é a expressão do fora Bolsonaro que já há algum tempo as massas adotaram. E com certeza, a queda de Bolsonaro, mesmo que por meio de um impeachment, ou seja, por uma via institucional, resultaria numa instabilidade do regime golpista pela qual a burguesia não gostaria de passar. Ou seja, teria um conteúdo progressista, favorável à luta das massas. Por último, é preciso reforçar que analisar a derrubada de Bolsonaro como um desrespeito à vontade vontade popular é absurdo. Bolsonaro é fruto da fraude grotesca que prendeu o candidato que ganharia a eleição. Na realidade, derrubar Bolsonaro é a vontade popular, não só porque a maioria do povo queria e quer votar em Lula, mas porque mais gente ainda está pedindo sua derrubada nas ruas dos quatro cantos do País. É preciso derrubar Bolsonaro nas ruas e exigir a anulação das eleições fraudadas e a convocação imediata de novas eleições com Lula livre e candidato.
4 | POLÍTICA
Organizar manifestações de massa em todo o País no dia 13 D
ia 13 será realizada greve nacional convocada pela Confederação Nacional dos Trabalhadores em Educação (CNTE), contra o governo golpista e ilegítima de Jair Bolsonaro. Como na greve geral do dia 17 de junho e nos grandes atos de maio, há uma tendência de que aconteçam grandes protestos contra o governo da direita golpista. É preciso estimular essa mobilização e trabalhar para que ela tenha o maior volume possível. O estopim para que os grandes protestos contra Bolsonaro começassem foram os cortes na educação, que recentemente foram confirmados pela lei orçamentária de Bolsonaro. Foi isso que desencadeou, a princípio, as grandes mobilizações de maio. Desde então, outros grandes ataques da direita contra o povo têm se acumulado. É o caso da reforma da Previdência e de uma série de perseguições políticas contra militantes de agrupamentos populares diversos. É um momento oportuno para reunir toda a insatisfação com o governo em grandes atos de massa. Outros fatores da crise do governo contribuem para alimentar o clima favorável de mobilização contra a direita. Os vazamentos mostrando como a Lava Jato agia nas sombras para perseguir politicamente a esquerda e as declarações de Bolsonaro sobre o
pai do presidente da OAB, vítima da ditadura militar, ajudaram a tornar a situação política ainda mais turbulenta. Tudo isso leva ao momento mais propício até agora para a mobilização contra Bolsonaro. É preciso dizer também mais uma vez que, apesar de toda crise do governo, Bolsonaro não cairá sozinho. O governo está fraco e em crise, mas
é necessário que haja muita mobilização para precipitar o seu fim o quanto antes, sob pena de que o governo consiga se organizar e fortalecer diante da população, tornando-se capaz de continuar e ampliar seus ataques contra os trabalhadores. Por isso a mobilização contra o governo não apenas está em seu momento mais oportuno, mas também é uma tarefa crucial para os
trabalhadores organizados politicamente. Dia 13 é preciso lotar as ruas de todo o país mais uma vez. Para derrotar a direita golpista, colocar a burguesia na defensiva e impor uma reversão das políticas implantadas contra milhões de brasileiros desde o golpe de 2016, é hora de organizar grandes protestos de massa e exigir: Fora Bolsonaro!
CAPACHO DOS GOLPISTAS
Por um plano de ocupações de terra para derrotar Bolsonaro O
golpista Lauro Jardim, que possui sua coluna do jornal oficial do golpe de Estado e da direita fascista O Globo, escreveu de maneira irônica “onde anda o exército de Stédile”, em referência a liderança do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem-terra (MST). O ataque do jornalista capacho dos golpistas é mais uma tentativa de desmoralizar a luta pela terra e a força dos trabalhadores do campo. Desde o início de seu mandato, Bolsonaro colocou como meta atacar a luta pela terra e seus movimentos sociais, em especial o Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem-terra (MST), para evitar um levante contra suas medidas entreguistas e de ataque aos direitos da população trabalhadora. Para entregar os assentamentos, terras indígenas, territórios quilombolas e unidades de conservação para madeireiras, latifundiários e mineradoras, a direita colocou um plano de estrangulamento dos trabalhadores do campo e dos movimentos de luta pela terra. Uma primeira medida foi colocar militares bolsonaristas e representantes do latifúndio em todos os órgãos responsáveis pelas políticas públicas desses setores, como o
Instituto de Colonização e Reforma Agrária (Incra), Fundação Nacional do Índio (Funai), extinção do Ministério do Desenvolvimento Agrário (MDA), cortes no orçamento em todas as áreas, como por exemplo, na aquisição de novas áreas, assistência técnica de assentamentos rurais e da agricultura familiar. Além de praticamente inviabilizar o crédito para pequenos agricultores. Também paralisou todos os processos de demarcações de terras indígenas e outros territórios de comunidades tradicionais, além de estar revendo tudo que já foi demarcado, assim como as unidades de conservação. Essas políticas de estrangulamento dos trabalhadores do campo estão inviabilizando qualquer tipo de produção, geração de renda e colocando essa população em situação de miséria absoluta e deixando cada vez mais a mercê da violência e dos ataques dos pistoleiros contratados pelos latifundiários de terra. Na mesma direção, Bolsonaro está colocando a polícia fascista para intimidar e perseguir militantes da luta pela terra. Já estamos denunciando a prisão arbitrária de lideranças e “visitas” da Polícia Federal em assentamentos, acampamentos e aldeias de todo o país para levantar informações
sobre o dia-a-dia das famílias, funcionamento e outras coisas para incriminar posteriormente lideranças. Vendo a implantação dessa política fascista, as direções dos movimentos de luta pela terra têm tomado uma postura de não enfrentar o governo Bolsonaro para avaliar melhor a situação ou deixar os ânimos se acalmarem. Essa situação levou a quase nenhuma ocupação de terras, nem pelos trabalhadores sem-terra e nem pelos indígenas. O fato de não haver ocupações de terra e reação dos movimentos está sendo colocado como uma grande vitória da política de Bolsonaro e uma completa desmoralização dos movimentos sociais, que está levando a uma ofensiva sem precedentes da direita no campo. Despejos violentos, assassinatos, atropelamentos, invasão de terras por garimpeiros e pistoleiros e nenhuma nova área conquista pelos sem-terra e indígenas em todo o país desde o início do ano. A situação de “resistência” e de convivência com a direita está levando a um massacre no campo seja pela fome ou pelos pistoleiros. A única maneira de reverter essa situação é uma mudança radical de postura e de enfrentamento.
As ocupações de terra sempre foram uma medida de luta eficaz para conquistas de direitos, como a terra, e de combater a direita fascista em momentos de governos de direita ou de esquerda. Não é agora em um governo ilegítimo e com características fascistas que vai ser diferente. Está mais do que na hora de haver um plano de ocupações de terra pelos trabalhadores do campo, indígenas e quilombolas como resposta a todos os ataques do governo Bolsonaro. As instituições, como o parlamento e a justiça, estão dominadas pelos golpistas e em total acordo com a política de Bolsonaro, por isso não vão barrar essa ofensiva e a luta deve se basear nos próprios trabalhadores e nas ações nas ruas. As ações devem ser intensificadas como ocupações de terra, fechamento de rodovias, ocupações de prédios públicos e enfrentamentos nas ruas para barrar a ofensiva da direita no campo. Não há outra maneira de derrotar Bolsonaro. As entidades sindicais e partidos de esquerda devem apoiar os movimentos de luta pela terra nessa onda de ocupações e mobilizar os trabalhadores da cidade para derrotar o governo ilegítimo de Bolsonaro.
POLÍTICA | 5
ESQUERDA PEQUENO-BURGUESA
Boulos convoca ato contra falas de Bolsonaro, sem pedir derrubada dele
G
uilherme Boulos, ex-candidato, nas últimas eleições, ao cargo de presidente da república pelo Partido do Socialismo e Liberdade (PSOL); também coordenador nacional do Movimento dos Trabalhadores Sem Teto (MTST), está convocando para a próxima segunda-feira, dia 05 de agosto manifestações contra as últimas declarações do presidente fraudulento Jair Bolsonaro, quando o ex-parlamentar anão voltou a atacar e afrontar a memória das vítimas da ditadura militar, além de fazer apologia do regime ditatorial instalado no país em março de 1964. O evento está sendo convocado nas redes sociais com o mote “Ato Ditadura Nunca Mais” onde na convocatória vem sendo dito que “o Governo Bolsonaro promoveu nos últimos dias uma escalada autoritária no país” (sítio 247, 31/07). Também está dito, no texto da convocatória, que “é preciso reagir, antes que seja tarde” (idem, 31/07). Chama a atenção, de imediato, que um ato convocado para se opor às declarações do presidente fascista e “reagir, antes que seja tarde” à “escalada autoritária no país”, não esteja orientada por uma palavra de ordem que coloque na ordem do dia o fim deste
mesmo governo; não sinalize para a derrubada do regime político que dá sustentação a toda barbárie que Bolsonaro vem promovendo no país. É também falso que foi somente nos últimos dias que o presidente de extrema direita atacou ou subiu o tom das declarações ameaçadoras contra o país e os direitos democráticos da população e do conjunto da sociedade. Bolsonaro vem agindo assim desde o dia primeiro de janeiro quando, a partir de então, não se passou um só dia sem que o ex-capitão do Exército não tenha atacado e ameaçado o país e a população pobre e explorada. Sequer a limitada reivindicação de “impeachment para Bolsonaro” está sendo levantada para convocar o ato chamado pelo ex-candidato “socialista” do PSOL, evidenciando que a oposição de Boulos ao presidente direitista se limita tão somente aos “exageros e aos destemperos verbais” de Bolsonaro. Na prática, portanto, o ato que está sendo convocado para o dia 05 de agosto é para se opor ao sentimento que a cada dia cresce nas ruas de todo o país, expresso no desejo de colocar para fora o governo que vem promovendo a maior obra de destruição do
Brasil, sem paralelo na história do país. Não colocar na ordem dia a luta em torno a organização de um amplo movimento pelo “Fora Bolsonaro”; não apontar uma perspectiva que alavanque e organize um poderoso movimento nacional de massas que liquide com o governo ameaçador e ditatorial dos banqueiros e capitalistas, é simplesmente alinhar-se aos setores que se posicionam no terreno do “Fica Bol-
sonaro”, se colocando contra tão somente aos “arroubos autoritários” do presidente fascistóide. Com essa postura, Boulos e o conjunto da esquerda nacional reiteram que não têm uma política clara para orientar o movimento de massas; a luta dos explorados para liquidar com o regime de fome e miséria dos banqueiros, da burguesia, da extrema direita e do imperialismo.
CONTRA O GOLPE
Domingo, em mais de 50 cidades, mutirões pela liberdade de Lula N
o próximo domingo, os Comitês de Luta contra o Golpe e pela liberdade de Lula, dão continuidade, em dezenas de cidades em todo o País, aos mutirões da campanha pela liberdade de Lula e pelo Fora Bolsonaro. Já estão confirmados mutirões em mais de 50 cidades e muitas outras estão acertando a realização da atividade que envolve militantes e simpatizantes do PCO, junto com companheiros do PT e de outros setores da esquerda e independentes. Os mutirões, que vêm acontecendo sempre aos domingos, têm como objetivo mobilizar os trabalhadores em torno das palavras de ordem centrais da luta contra o golpe. Em todo o País, já foram recolhidas mais de 100 mil assinaturas pela anulação dos processos fraudulentos da Lava Jato e pela liberdade de Lula. Além da coleta de assinaturas, os militantes e ativistas que participam dos mutirões distribuem materiais da campanha Fora Bolsonaro e da campanha Liberdade para Lula – como adesivos e cartazes – e inscrevem os interessados na caravana para Curitiba para o grande ato pela liberdade de Lula, a ser realizado no final do mês de agosto. Você pode ver abaixo a lista das cidades em que já foi confirmada a realização do mutirão e se integrar à atividade nesses locais. Se há mutirão na sua cidade e não consta da lista, nos divulgue para que divulguemos e, de-
pois, mande fotos, vídeos da atividade para que divulguemos aqui em nosso Diário. Se em sua cidade ainda não está organizado ou confirmada a realização do mutirão e você quer participar da campanha entre em contato com a coordenação dos Comitês pelo telefone é (11) 963886198 ou ainda pelo e-mail pco.sorg@gmail.com. Lista de cidades que já tem mutirões confirmados
Paranaguá – Aeroparque – 14h-18h Paranavaí – Feira Livre – 9h-11h
Rio Grande do Sul Pelotas – Praça Cel. Pedro Osório – 14h-17h Porto Alegre – local a confirmar
São Paulo Araraquara – Praça Santa Cruz –9h3012h30 Assis – Parque Buracão – 15h-18h Campinas – Feira do Rolo – Capital – Avenida Paulista – Capital – Bairro Vargem Grande, Feira Livre – 10h-13h Catanduva – Praça Central Embu – Feira Central Jabotical – Mercado Municipal – 9h-12h Marília – Feira do Rolo – 9h-12h Ribeirão Preto – Calçadão – 10h30 -14h Sorocaba – Feira da barganha – 9h30
Santa Catarina Blumenau – Prainha -15h-18h Chapecó – Praça Cel Bertasi – 11h-14h Criciúma – Terminal Central – 17h-20h Araranguá – Calçadão – 10h30-13h00 Içara – local à confirmar Palhoça – Beira-Mar de São José – 9h-12h
Rio de Janeiro Capital – Feira da Glória – 13h-17h Petrópolis – Praça da Liberdade – 15h-18h Rio das Ostras – Praça Pereira Câmara – 13h-15h São Gonçalo – local a confirmar Volta Redonda – Vila Santa Cecília, na Feira Livre – 10h-14h
Paraná Curitiba – Feira do Largo da Ordem – 10h-13h Guarapuava – Praça XV de Novembro – 9h Irati – local à confirmar Londrina – Feira Livre dos Cinco Conjuntos – 9h-12h
Minas Geriais Belo Horizonte – Feira Hippie – 9h-12h Uberlândia – local a confirmar Distrito Federal Brasília – Parque da Cidade, pavilhão de exposições, no Congresso da Saúde – 9h
Planaltina – local a confirmar Bahia Feira de Santana – Mercado Guarani - 9h Itabuna – local a confirmar Porto Seguro – Feira do Baianão – 8h-11h Salvador – Feira de Pari – 8h-13h Santa bárbara – Centro Vitória da Conquista – local a confirmar Alogoas Maceió – Rua Fechada na Orla – 11h-14h Pernambuco Recife – Avenida Rio Branco – 15h Olinda – Feira de Peixinhos – 8h Santo Agostinho – Mercado do Cabo – 8h Paraíba Patos – local a confirmar Rio Grande do Norte Natal – local a confirmar Ceará Fortaleza – Feira da Parangaba – 8h-11h Juazeiro – local a confirmar Piauí Teresina – Mercado Parque Piaui – 8h30-11h Tocantins Palmas – Praça Central – 9h
6 | POLÍTICA
GLOBO
Propaganda enganosa sobre o desemprego para sustentar Bolsonaro N
essa semana, o jornal golpista O Globo deu mais uma demonstração do papel cínico e cretino ao qual a imprensa burguesa é incumbida – o de defender, incondicionalmente, os interesses do imperialismo. Em matéria publicada ontem, no primeiro dia do mês de agosto, o periódico da Família Marinho alegou que o desemprego no Brasil estava diminuindo e que isso estaria favorecendo a recuperação da economia. Primeiramente, é preciso dizer que a notícia de que o desemprego teria diminuído é uma grande farsa, mais uma falsificação da imprensa capitalista. Os dados oficiais, divulgados por institutos de pesquisa controlados pela direita apontam que a taxa desemprego teria diminuído timidamente entre os meses de abril e junho (0,7% em relação ao trimestre anterior). No entanto, mesmo que essa queda seja real, há outro dado que escancara que o desemprego está se tornando um problema cada vez maior no Brasil: segundo próprio IBGE, o número de trabalhadores subocupados e por conta
própria cresceu e mais de 28 milhões estão subutilizados. A imagem de um país com menos desemprego é apenas uma fantasia criada pela imprensa golpista para tentar salvar o governo Bolsonaro. Imerso em uma profunda crise política e odiado pela população, que já se revoltou inúmeras vezes em apenas sete meses
ATAQUE
de governo, Bolsonaro precisa de todo o apoio da burguesia para permanecer de pé. A permanência de Bolsonaro no poder não serve em nada aos trabalhadores. Se O Globo está falsificado a realidade para manter seu governo, significa que Bolsonaro está disposto a fazer tudo o que os patrões quiserem para
atacar ainda mais a população. Afinal, o número de trabalhadores sem carteira assinada chegou a 11,5 milhões de empregados, um aumento de 3,4% na comparação com o trimestre anterior: a destruição das condições de vida do trabalhador é a principal palavra de ordem da direita. Diante da destruição das condições de vida e do aumento do desemprego, é necessário levantar reivindicações que permitam ao movimento operário um avanço em sua luta política. É preciso adotar um plano de emergência de combate ao desemprego sob o controle das organizações operárias – os capitalistas, que criaram a crise, que paguem por ela -, garantir a estabilidade no emprego para todos os trabalhadores, exigir a escala móvel das horas de trabalho (redução das jornadas para 35 horas semanais, sem redução dos salários), o salário desemprego igual ao dos trabalhadores da ativa e um plano nacional de obras públicas sob o controle dos trabalhadores e das suas organizações de luta!
É PRECISO REAGIR!
Bolsonaro desmantela Comissão Travesti do PSOL é torturada por bolsonaristas da Verdade N
A
Comissão da Verdade foi um colegiado criado pelo governo brasileiro com o único propósito de esclarecer alguns crimes cometidos pelo regime militar brasileiro iniciado em 1964. Embora a Comissão nunca tenha sido nem de longe utilizada para punir nenhum dos torturadores, estupradores e outros criminosos da ditadura militar, mas tão somente constranger publicamente alguns desses monstros, essa tímida iniciativa provocou uma fúria entre os generais e outros defensores desta ditadura horrenda. Todo o povo brasileiro viu o conflito que se criou entre Bolsonaro e o atual presidente da OAB, Felipe Santa Cruz, em torno do pai de Felipe, Fernando Santa Cruz, que foi preso, torturado e assassinado pela ditadura militar. Depois de afirmar que o pai de Felipe tinha sido assassinado por outros
militantes de sua organização de esquerda, Bolsonaro foi contrariado pela própria Comissão da Verdade, que por algum motivo até agora inexplicado seguia atuando mesmo em pleno governo Bolsonaro. A reação veio bem rápida. Bolsonaro mobilizou suas tropas, nesse caso literalmente, e tratou de desmantelar por completo a Comissão da Verdade trocando a maioria dos seus integrantes por generais e membros do PSL. Este duro ataque desferido por Bolsonaro foi amplamente divulgado por toda a imprensa, como nesta matéria do sítio do Globo e no sítio jornal GGN. É mais um movimento perigosíssimo de Bolsonaro, que se desenvolve cada vez mais rapidamente como uma ditadura aberta contra toda a população brasileira, principalmente os trabalhadores e a esquerda.
o dia 16 de julho, uma militante transexual do PSOL foi sequestrada e agredida na Zona Leste da cidade de São Paulo. Segundo relatos que ela prestou à polícia, os atacantes eram dois homens armados dentro de um sedan, que a obrigaram a entrar no carro. No interior do veículo, a militante foi agredida e ameaçada, depois os homens pararam o carro e começaram a espancá-la. Finalmente, ela conseguiu escapar e fugir. Ela teve o celular roubado e foi socorrida na rua por pedestres, que a levaram a um pronto-socorro. O PSOL divulgou nota denunciando o caso, na qual diz: “O PSOL afirma que o ocorrido, sem precedentes, configura crimes gravíssimos motivados por razões políticas e transfóbicas. Criminosos que o praticam são movidos pelo ódio e conduta assassina, de cunho fascista, e têm por objetivo intimidar militantes como a companheira e o conjunto da militância de um partido de esquerda coerente e reconhecido pela sociedade, como o PSOL. Tais pessoas e seus possíveis mandantes não apenas não terão êxito nesses objetivos, como terão de responder criminalmente por seus atos, pois o partido não permitirá que o caso passe impunemente.” Sem dúvida nenhuma trata-se de um ataque fascista, de bolsonaristas, absolutamente brutal e criminoso. Um ataque claramente por motivos políticos por se tratar de uma militante de esquerda, e sociais, por ser
uma pessoa transexual, de uma camada das mais oprimidas dentro da sociedade. Ou seja, um típico ataque fascista. Entretanto, não se pode acreditar que ações na justiça resolverão a onda de ataques da extrema-direita contra a esquerda e os setores explorados da população. Os grupos fascistas nunca foram realmente combatidos pelo judiciário, em nenhum país do mundo e em nenhum momento da história. A polícia também nunca protegeu a população dos ataques da extrema-direita, pelo contrário, age em conluio com esta e muitos elementos que integram os corpos fascistas são provenientes dos órgãos de repressão do Estado. Desde o início do golpe que derrubou Dilma Rousseff e, particularmente, com a ascensão de Bolsonaro, a extrema-direita frequentemente provoca ataques contra militantes de esquerda, mulheres, negros, LGBTs, trabalhadores, camponeses e, principalmente, grupos que estão à margem da sociedade, por serem mais vulneráveis e desorganizados. Para combater e contra-atacar, é preciso que esses setores da população se organizem e se unam, entre si e na luta geral contra a direita e o golpe. Somente uma luta real, formando comitês de autodefesa e comitês de luta contra o golpe, organizando-se junto aos movimentos populares, poderá fazer com que esses setores impeçam os ataques fascistas e coloquem a extrema-direita em seu lugar.
POLÍTICA| 7
PRESIDENTE ILEGÍTIMO
Depois da bravata, ninguém pede impeachment de Bolsonaro S
egunda-feira (29), o presidente golpista Jair Bolsonaro fez declarações infames contra Fernando Santa Cruz, pai do atual presidente da OAB, Felipe Santa Cruz. Fernando foi vítima da ditadura militar, assassinado sob custódia do Estado, segundo depoimentos de agentes da ditadura e documentos dos militares, conforme esclarecido pela Comissão da Verdade. Bolsonaro inventou uma história alternativa para tripudiar de uma pessoa assassinada pelos militares e defender a tortura e o assassinato, seja na época seja no presente. Falando a jornalistas, Bolsonaro afirmou que “um dia se o presidente da OAB quiser saber como é que o pai dele desapareceu no período militar, eu conto para ele. Ele não vai querer ouvir a verdade. Eu conto para ele”. Essa declaração desencadeou uma série de reações contra o governo, tanto em setores da direita golpista, que procura agora não se queimarem tanto, seja em setores da esquerda.
Entre as reações, surgiu o assunto do impeachment de Bolsonaro. O líder do PT na Câmara, Paulo Pimenta, declarou: “Não podemos mais tapar o sol com a peneira. Bolsonaro tem que ser impedido. Ele é um criminoso que idolatra genocidas, torturadores e ditadores. Ele e seu clã miliciano conduzem o país para um estado policial autoritário que corrói a democracia e as instituições da República”. Essas declarações de Bolsonaro caracterizariam crime de responsabilidade, o que justificaria pedidos de impeachment. O impeachment seria uma saída muito limitada para a crise do ponto de vista dos trabalhadores. A essa altura, trata-se de uma manobra para tentar ainda salvar o governo, substituindo o presidente. Portanto, apresentar agora o impeachment como uma forma de enfrentar o golpe seria em grande medida uma bravata. O enfrentamento institucional, nesse caso, seria um enfrentamento dado nas condições impostas pelos golpistas, em um processo que continuaria sob o controle dos golpistas.
MÁFIA-JATO
Deltan organizou cerco a Dias Toffoli
M
ais uma reportagem da Vaza-Jato veio à tona para escancarar o caráter persecutório que tem a operação Lava-Jato, com a troca de mensagens em que o coordenador Deltan Dellagnol incentiva o cerco a Dias Toffoli, após o ministro do STF proferir decisões contrárias aos interesses dos integrantes da operação. Apesar de ministros do Supremo Tribunal não poderem ser investigados por procuradores da primeira instância, a força-tarefa sigilosamente levantou informações sobre Toffoli, que repassaria mais tarde ao gabinete de Rodrigo Janot, então procurador-geral da República, que teria competência para tais ações. Quando Toffoli proferiu decisões que desagradaram a quadrilha da Lava-Jato, como o afastamento do caso da Eletronuclear de Curitiba e a soltura do ex-ministro Paulo Bernardo, os integrantes trataram de vasculhar a vida do ministro em busca de algo que pudesse ser usado contra ele, qualquer informação que pudesse ser apontada como indício de corrupção. A empreiteira OAS, implicada em um escândalo de corrupção na Petrobrás, havia realizado uma reforma na casa de Toffoli, o que chamou a atenção dos procuradores. Mesmo não tendo prova de coisa alguma, os procuradores começaram a criar as relações necessárias para implicar o ministro em um caso de corrupção envolvendo as empreiteiras que estavam sofrendo ataque da força-tarefa. Do mesma modo que agiram no caso do ex-presidente Lula, a equipe da Lava-Jato primeiro escolheu um alvo, para então procurar algo que pudesse
incriminá-lo. Dellagnol tinha a intenção de incluir Toffoli nas relações com a OAS, cujos executivos já estavam em vias de realizar delação premiada no caso da Petrobras. O procurador recorreu também à Receita Federal para obter informações sobre o escritório de advocacia da mulher de Janot, Roberta Rangel, que teria atuado na defesa da empreiteira Queiroz Galvão. Pressionados pelo procuradores, os delatores confessariam qualquer coisa para conseguir se livrar da cadeia, sendo inclusive muito bem recompensados quando os depoimentos agradavam os integrantes da operação. Agindo com o mesmo método de uma verdadeira máfia, que passa por cima de qualquer lei ou instituição para atingir seus objetivos, a Lava-Jato foi usada como método de intimidação de agentes públicos considerados de alguma forma inimigos, que pudessem interferir na atuação ilegal da força-tarefa e nos acordos de delação premiada.
Porém, até agora sequer o pedido de impeachment apareceu. Sequer uma luta nos marcos institucionais está colocada para acabar com o governo Bolsonaro. Amplos setores da esquerda continuam, especialmente no Congresso, levando adiante a política de esperar Bolsonaro terminar o mandato e tentar desgastá-lo elei-
toralmente. Essa política é um perigo para os trabalhadores. Não necessariamente o governo continuará fraco indefinidamente. E caso se fortaleça, os ataques contra a classe trabalhadora e suas organizações será muito duro. É preciso exigir o fim do governo, e é necessário fazê-lo nas ruas.
8 | INTERNACIONAL
PRESIDENTE MARIO ABDO BENÍTEZ
Aliado golpista de Bolsonaro sofre ameaça de impeachment no Paraguai O
presidente do Paraguai, Mario Abdo Benítez, sofreu uma ameaça de impeachment devido ao acordo quase secreto com o governo de Jair Bolsonaro, para renegociar a compra de energia elétrica de Itaipu. Em maio, Abdo e Bolsonaro assinaram uma ata na qual o Paraguai pagaria mais caro pela energia gerada pela usina binacional. O documento foi assinado basicamente de modo secreto, e somente na semana passada ele foi divulgado. O acontecimento gerou uma crise gigantesca. A oposição acusou Abdo de ser um traidor da pátria e estar agindo de acordo com os interesses brasileiros. Parcela da própria burguesia paraguaia se sentiu contrariada, chamando o acordo de “entreguista”. A pressão levou à renúncia do ministro de Relações Exteriores, do presidente paraguaio de Itaipu e de outros dois funcionários de alto escalão. Em editorial dessa quinta-feira (01), o jornal
ABC pediu a destituição do vice-presidente, Hugo Velázquez. O governo estava em completa crise e Abdo poderia sofrer o impeachment, porém tal pressão o levou a cancelar o acordo com o Brasil, diminuindo assim o risco de destituição. Antes disso, o governo brasileiro declarou, por meio de nota do Itamaraty, que o impeachment de Abdo seria uma “quebra da ordem democrática” no Paraguai. Uma tentativa de impedir a quebra da negociação, que favoreceria diretamente empresa ligada à família Bolsonaro, segundo as denúncias. Além disso, a declaração do governo brasileiro é absolutamente cínica. Por um lado, o Brasil não tem nenhuma legitimidade de falar em “quebra da ordem democrática” em outro país, uma vez que Bolsonaro é resultado de uma ruptura com a democracia, que foi o golpe de 2016 e sua eleição fraudulenta em 2018. Por outro, o atual governo paraguaio também é resultado de uma
ruptura, em 2012, quando o imperialismo depôs o esquerdista Fernando Lugo para devolver o poder à direita e Abdo foi “eleito” para implementar uma política ainda mais direitista e entreguista, aliando-se a Bolsonaro. Mas o governo brasileiro também denuncia a tentativa de impeachment porque sabe que, se Abdo cair, será uma derrota para Bolsonaro, e um exemplo a ser seguido no Brasil, onde o presidente ilegítimo também sofre ameaças – até agora apenas vagas – de impeachment, mas especialmente de queda pela força popular, se essa for organizada nesse sentido pela esquerda – uma vez que o povo realmente clama pela derrubada de Bolsonaro. Obviamente, um impeachment de Abdo seria uma deposição pela via institucional pela própria burguesia paraguaia, mas, como já está sendo demonstrado por essa crise, abriria uma convulsão política ainda maior no Paraguai, que não superou o golpe de
2012, o que poderia levar à ascensão do movimento popular paraguaio. O mesmo ocorre no Brasil: um impeachment de Bolsonaro enfraqueceria o governo, embora a burguesia tente estabilizar a crise colocando um político com a mesma política de Bolsonaro em seu lugar. Entretanto, se a esquerda conseguir mobilizar a população nas ruas, exigindo eleições gerais, poderá virar o jogo em seu favor e estabelecer uma saída democrática e com participação popular para a crise, derrotando Bolsonaro e o golpe.
DITADURA MILITAR ARGENTINA
FASCISTAS
Quatro mil jogados em alto mar
Gravação mostra Ronald Reagan chamando africanos da ONU de “macacos”
O
s vôos da morte, prática que foi comum durante as ditaduras do cone sul (Uruguai, Argentina, Chile, Paraguai, Bolívia e Brasil), como parte da Operação Condor (aliança e cooperação entre os sistemas repressivos desses países), que consistia em despejar, de aviões ou helicópteros, em alto mar, pessoas vivas que incomodavam ao regime, acabam de ressurgir em novo relato. Resultado de imagem para pinochet videla stroessner figueiredo O ex-militar argentino Nelson Ramón González testemunhou, como parte do chamado caso Contra-ofensivo, que investiga crimes contra a humanidade cometidos pela ditadura civil-militar naquele país, e forneceu informações importantes sobre os vôos da morte, o mecanismo de sequestros, tortura e desaparecimentos executados pelo Exército Argentino, entre 1979 e 1980. O relatório foi publicado no último dia 27/07. O ex-militar testemunhou perante o Tribunal Oral Federal 4 de San Martín e confirmou que se dirigia ao Campo de Mayo no momento da Contra-ofensiva, o nome com o qual ele foi chamado o retorno de um grupo de militantes Montonero ao país, entre 1979 e 1980. González disse que as execuções dos militantes sequestrados Zucker e Frías ocorreram na área do campo de tiro do local, e que alguns chefes do exército participaram. Quando perguntado sobre o que os militares haviam feito após o tiroteio, González disse: “Com todo o respeito pelas suas
famílias, eles foram fuzilados lá, debaixo de cobertas.” Ele acrescentou que cerca de 4.000 pessoas passaram pelo Campo de Mayo, que foram jogadas vivas no mar. Como assinalou González, os voos de morte saíam da Companhia de Aviação: “Era sabido em todo o Campo de Mayo. Lá ficavam os aviões da Fiat e os vôos saíam de lá. Eram comentados por todos”, completou. “González disse que falou tudo porque lhe pesava na consciência ter feito parte de um exército no qual ele não queria estar. O ex-militar também forneceu detalhes sobre a execução de Federico Frías, Marcos Pato Zucker e outras duas pessoas que ainda não foram identificadas. Embora a solução para a ditadura argentina (assim como a chilena) foi muito superior à completa resignação brasileira, após a queda da ditadura, já que lá, algumas pessoas responsáveis foram julgadas e condenadas, como o ex-presidente argentino Jorge Rafael Videla (na foto do alto com o ditador brasileiro, João Baptista Figueiredo), que foi condenado à prisão perpétua e morreu nela, mesmo assim não houve uma punição em massa dos militares, embora o povo pedisse. Por causa disso, ainda há muita gente desaparecida e muitas informações que ainda não foram reveladas sobre os crimes. Contudo, nada se compara ao Brasil, onde todos ficaram impunes e muitos assassinos ainda dão seus nomes a estradas e outros locais públicos.
A
pesar do direitistas prometerem o paraíso com sua política de total capachismo, pouco a pouco a farsa liberal, de defesa dos direitos individuais, vai se desmanchando diante dos efeitos da política reacionária, imposta pelo imperialismo, de destruição nacional, que traz como resultado da grande miséria que gera, também o aumento expressivo da violência estatal. Gravações recém descobertas, contidas no acervo do Arquivo Nacional norte-americano, mostram que o ex-presidente dos EUA, Ronald Reagan, referiu-se aos delegados africanos da Organização das Nações Unidas (ONU) como “macacos”. Em uma das gravações de ligações telefônicas armazenadas em fitas, Reagan, então governador da Califórnia, se dirige ao presidente Richard Nixon, no ano de 1971, expressando irritação com a oposição dos delegados africanos ao interesses dos norte-americanos. A votação tratava-se da substituição do governo da República da China, sediado em Taiwan, pelo da República Popular da China, de Pequim, como único representante chinês na ONU, inclusive no Conselho de Segurança. Ao vencerem a votação que reconheceu o governo da China, os membros da delegação da Tanzânia fizeram uma dança em comemoração, o que irritou profundamente Reagan, que explicitou seu racismo no trecho: “Ver esses… macacos desses países africanos – malditos, ainda não se sentem confortáveis nem de usar sapatos!” Juntamente com Margaret Thatcher, Reagan foi um dos precursores da on-
da neoliberal e considerado um exemplo pelos liberais. Uma das principais figuras da ofensiva mundial contra a classe trabalhadora, Reagan já havia deixado bem claro o seu desprezo pela população negra ao defender publicamente o apartheid no Zimbábue e na África do Sul. Os defensores mais ferrenhos do neoliberalismo, que por si só é um regime assassino por destruir os direitos da população, ainda apoiavam abertamente a segregação racial, para manter os negros em uma situação de exploração e violência extrema. A gravação resgatada demonstra, mais uma vez, que os ditos “heróis” da direita nada mais são do que fascistas com verdadeiro horror à classe trabalhadora, principalmente à população dos países mais atrasados. Episódios como esse provam que os liberais, por mais amantes da democracia que tentem parecer, tem como único objetivo aplicar a política da burguesia de ataque à classe trabalhadora, em todas as frentes possíveis.
INTERNACIONAL | 9
IMPERIALISMO
Trump quer usar brasileiros como bucha de canhão em ações militares
D
esde o golpe de Estado de 2016 até agora, todos os desígnios dos EUA estão sendo avalizados pelos fantoches do imperialismo. Nesta quarta-feira (31), os ianques oficializaram o que já vinham costurando desde o apoio que deram aos golpistas em 2016, quando derrubaram a presidenta Dilma Rousseff (PT) e colocaram o lacaio Michel Temer (MDB) na presidência. O Brasil, então, passa a ceder buchas para os canhões dos capitalistas norte americanos, e, escancara-se, portanto, toda a trama política do imperialismo: destruir todos os partidos nacionalistas e de esquerda da América Latina, para avançar com a política de terra arrasada que implantaram no oriente médio. O acordo foi assinado em encontro entre Donald Trump e seu vassalo Jair Bolsonaro, em Washington. Esse passo facilita futuras cooperações militares entre os dois países, bem como a
compra de armas e equipamentos de defesa dos EUA. Além disso, de acordo com o “Chicago Boy” Paulo Guedes, um acordo comercial com os EUA foi fechado no mesmo dia. Diante da escalada de tensão entre os EUA e os países que se negam a seguir sua cartilha, é de se esperar que, caso algum conflito militar entre na ordem do dia, os soldados brasileiros é que irão proteger os interesses das grandes corporações do imperialismo. Nesse sentido, a crise provocada pelos ataques dos EUA contra a Venezuela, pode acossar os EUA a incumbirem os militares brasileiros de satisfazerem seus desejos, legando a nós, todo o serviço de carnificina. É preciso denunciar esse estratagema político do imperialismo, que está afundando em uma enorme crise, mas prolonga sua política de submissão através de governos golpistas e lacaios, como é o caso de Jair Bolsonaro (PSL).
FIM DE GUERRA CIVIL
Governo de Moçambique faz acordo com oposição por um cessar-fogo
M
oçambique terminou, oficialmente, com décadas de guerra civil velada entre a Frente de Libertação de Moçambique (Frelimo – partido do governo) e a Resistência Nacional Moçambicana (Renamo) nessa quinta-feira (01). O acordo de cessar-fogo permanente foi assinado pelo presidente do país, Filipe Nyusi, e o líder da Renamo, Ossufo Momade, na base militar desta última organização, que fica nas montanhas de Gorongosa, de onde mantinha uma guerrilha desde a independência de Moçambique, na metade dos anos 70. Segundo o acordo, 5.200 guerrilheiros da Renamo entregarão suas armas. A guerra civil, que teria matado um milhão de pessoas, terminou extra-oficialmente em 1992, mas até agora o grupo opositor – que se transformou em partido político – continuava com
membros na luta armada. Assim, os combatentes da Renamo que entregarem suas armas serão anistiados e, no terreno institucional, os governadores das províncias não serão mais nomea-
dos pelo governo central de Moçambique, e sim eleitos. A guerra civil moçambicana começou em 1977, logo após a independência do país em relação a Portugal, em
1975. A luta pela independência foi encabeçada pela Frelimo, criada em 1962 sob uma orientação nacionalista e marxista. Chegada ao poder pela via armada, foi brutalmente boicotada pelo imperialismo português em decadência e também pelo imperialismo norte-americano, que financiou a Renamo desde sua criação como grupo anticomunista. Desde a independência, Moçambique é governada pela Frelimo, cujo governo nacionalista, em um primeiro momento radical, foi se tornando cada vez mais moderado, abrindo o país para o capitalismo, sob forte pressão da desestabilização causada pela guerra civil e as sabotagens da Renamo, que impediram o desenvolvimento do país, absolutamente atrasado devido à exploração colonial – além das concessões feitas pela burocracia da Frelimo.
10 | DIA DE HOJE NA HISTÓRIA
2 DE AGOSTO DE 1929
Nasce Zeca Afonso, voz da Revolução dos Cravos S
e estivesse vivo, o cantor e compositor português José Afonso completaria hoje 90 anos de idade. Zeca Afonso – como era conhecido desde a infância – certamente foi o músico mais ativo politicamente na luta contra a ditadura fascista de Salazar. Não apenas nos versos de suas canções, mas também por sua atuação militante no apoio constante a atos políticos e às organizações populares que se levantaram na Revolução dos Cravos em Portugal em 25 de abril de 1974 pondo fim ao chamado Estado Novo, vigente desde 1933 – regime irmão de outras ditaduras fascistas como a de Franco na Espanha, a de Mussolini na Itália ou a de Hitler na Alemanha. José Manuel Cerqueira Afonso dos Santos nasceu em Aveiro, Portugal, mudando-se aos quatro anos para Angola – ainda colônia portuguesa – e em seguida a Moçambique, retornando a Portugal em 1938, passando a viver em Coimbra a partir de 1940. Na tradicional cidade universitária do mundo luso, integra-se ainda como “bicho” (estudante do Liceu) nas serenatas e na vida boêmia acompanhada dos fados tradicionais de Coimbra. Completa o Liceu em 1948, casando-se com Maria Amália de Oliveira – então uma costureira de origem humilde –, com quem teria dois filhos em 1953 e 1954. Ingressa no curso de Ciências Histórico-Filsóficas da Faculdade de Letras passando a excursionar com o Orfeão Académico da Universidade de Coimbra – incluindo novas passagens por Angola e Moçambique. Assoberbado pelo serviço militar obrigatório, a manutenção da família e sua carreira musical, Zeca Afonso só concluiria o curso de Coimbra em 1963, ano em que também se divorciaria, com a tese Implicações substancialistas na filosofia sartriana. Seus dois primeiros discos, com Fados de Coimbra, haviam sido editados em 78 rotações já em 1953. O primeiro EP, dedicado ao mesmo gênero, seria lançado em 1956. Nos anos seguintes, passaria a alternar a atividade de professor à de músico, excursionando na França, Suíça, Alemanha e Suécia com outros notáveis músicos portugueses
como a fadista lisboeta Esmeralda Amoedo. Em 1962, participou da retomada do movimento estudantil a partir de uma crise provocada pela proibição do Dia do Estudante. Em 1964, atuaria na em Grândola, Distrito de Setúbal, na Sociedade Musical Fraternidade Operária Grandolense. Mesmo tendo editado um EP e um LP em 1964, muda-se para Lourenço Marques, Moçambique, onde residiria até 1967 com seus filhos e a nova esposa, Zélia, chegando a musicar uma peça de Bertold Brecht. Retornando a Portugal, tem uma grave crise de saúde e é cassado de seu cargo docente pela ditadura. Zeca Afonso intensifica significativamente sua militância política, passando a viver de palestras e concertos, militando junto ao movimento sindical e estudantil, integra-se informalmente à Liga de Unidade e Acção Revolucionária (LUAR), mantendo contatos ainda com o Partido Comunista Português, chegando a ser preso pela repressão em 1973. Em Paris, participa do I Econtro da Chanson Portugaise de Combat em 1969. Passa a lançar mais discos sempre premiados e com crescente popularidade. Frequentemente seus concertos eram proibidos pela polícia. No disco Cantigas de maio, lançado em 1971, grava a canção Grândola, Vila Morena, homenagem à Fraterni-
dade Operária Grandolense. Em 29 de março de 1974, diversos músicos de esquerda fariam um show no Coliseu de Lisboa, concluído com essa canção, executada por todos no palco acompanhados pela multidão, que cantava “o povo é que mais ordena, dentro de ti, ó cidade”. Militares do Movimento das Forças Armadas (MFA) escolheriam-na como senha para a revolução que capitaneariam um mês depois, derrubando o regime salazarista. Zeca envolveu-se então mais diretamente no Processo Revolucionário em Curso (Prec), que conduziu o processo político após o 25 de abril “rumo ao socialismo” até a promulgação da Constituição Portuguesa em abril de 1976. Mantém sua colaboração com o LUAR, que chega a editar o single Viva o Poder Popular. Na Itália lança o disco República, editado pelas organizações revolucionárias Lotta Continua, Il Manifesto e Vanguardia Operaria, gravado em Roma, que se inicia com a canção Para não dizer que não falei de flores de Geraldo Vandré – destinado a recolher fundos para organizações de trabalhadores. Em 1976, apoiaria a candidatura à Presidência de Otelo Saraiva de Carvalho, um dos líderes da Revolução dos Cravos. Zeca iniciaria sua chamada Fase Cronista, lançando o álbum Com as minhas Tamanquinhas em 1976 e Enquanto há
força em 1978, fortemente politizado, anticolonial e anti-imperialista. Trabalha ainda musicando peças de teatro, reunidas no LP Fura Fura, de 1979. Em 1979, retornaria a suas origens lançando Fados de Coimbra e outras canções em 1981, a que se seguiria um disco ao vivo em 1983, ano em que lançaria ainda o disco Como se fora seu filho, considerado seu “testamento político”. No ano anterior, Zeca passara a sofrer os sintomas de uma esclerose lateral amiotrófica, de que terminaria por falecer em 1987, após um período de relativo isolamento em Vila Nogueira de Azeitão, nas imediações de Setúbal, de onde ainda conseguiria lançar o disco Galinhas do mato em 1985. No dia de hoje, 2 de agosto de 2019, aniversário do músico, a Associação José Afonso entregará ao Ministério da Cultura português uma petição com mais de 11 mil assinaturas demandando o tombamento de sua obra como patrimônio cultural nacional. Zeca Afonso foi seguramente o maior cantor da música de intervenção como os portugueses chamam a música de protesto, reforçando o ramo português de um riquíssimo movimento cultural ibero-americano de importantíssimo papel na luta contra as ditaduras promovidas pelo Imperialismo, legando-nos a obra de uma Mercedes Sosa, um Victor Jara ou um Chico Buarque.
MOVIMENTO OPERÁRIO | 11
CONDIÇÕES DE MISÉRIA
Recorde histórico de trabalhadores subocupados ou que fazem bico A
pesar das tentativas fajutas empreendidas pela imprensa burguesa e pelo governo Bolsonaro para mascarar ou maquiar a realidade, a pressão dos fatos insiste em se impor e acaba por revelar, afinal, as condições de miséria contínua e sistemática a que a classe trabalhadora brasileira vem sendo submetida há anos, como resultado da ofensiva imperialista no continente e em todo o mundo. De acordo com os dados da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua (PNAD Contínua), divulgada ontem (31/07) pelo IBGE, o segundo trimestre de 2019 fechou com dois recordes negativos na série histórica iniciada em 2012. O primeiro diz respeito à população sub ocupada, isto é, à porção da força de trabalho que trabalha menos de 40 horas por semana e gostaria (ou melhor, precisaria) de trabalhar mais. Segundo os dados, os sub ocupados
alcançaram a marca de 7,4 milhões de pessoas – aumento de 8,7% em relação ao trimestre anterior e de 13,8% em relação ao mesmo período de 2018. Os trabalhadores por conta própria, aqueles que fazem bicos para sobreviver, são responsáveis pelo segundo recorde histórico, já que atingiram a marca de 24,1 milhões de brasileiro, 1,6% a mais em relação ao trimestre anterior e 5% em relação ao mesmo período de 2018. Os dados da pesquisa ainda confirmam a manutenção do alto número dos chamados “desalentados” — trabalhadores que desistiram de procurar emprego depois de muito procurar e não encontrar —, que abarcam 4,9 milhões de pessoas, e o aumento do número de trabalhadores de informais, sem carteira assinada, que chegou a 11,5 milhões de trabalhadores, um aumento de 3,4% na comparação com o trimestre anterior.
Apeoesp convoca para o ato no dia 13 de agosto O sindicato dos professores de São Paulo aprovou a participação dos professores no ato do dia 13 de agosto, que inicialmente foi aprovado pela CNTE e depois encampado pela UNE e CUT. A adesão formal ao ato do dia 13 é importantíssimo para a convocação massiva das 97 subsedes do maior sindicato da América Latina. A educação é um dos setores mais atacados pela sanha dos golpistas e do imperialismo pelo fato de possuir um dos maiores orçamentos da União, estados e municípios. A UNE convoca também todos os jovens a mostrarem sua indignação contra os cortes na educação, saírem em defesa da autonomia universitária e contra o projeto Future-se do MEC, que pretende terceirizar o financiamento da educação pública.
O dia 13 deve ser um dia que lutar pelos setores mais atacados e oprimidos da população os professores e estudantes das escolas em todo o país. A educação é a pasta mais atacada pelo governo da fraude. É preciso impulsionar a paralisação nas escolas e universidades, convocar assembleias em todas as categorias e grandes atos em todo o País e apontar a continuidade dessa luta, superando a traição dos pelegos e os limite da política de colaboração e entendimento com os golpistas, que não abrem qualquer perspectiva de vitória para os trabalhadores. O Fora Bolsonaro está cada dia mais ganhando as ruas, pois a população entendeu que somente com a derrubada do governo inimigo da educação para barrar a liquidação dos direitos do povo.
30º Congresso Nacional dos Funcionários do BB debate pauta de luta
O
s trabalhadores do Banco do Brasil estão realizando, nesses dias 1 e 2 de agosto, o seu 30º Congresso com a participação de mais de 200 participantes, dentre delegados e convidados. O Congresso acontece num momento em que a categoria como um todo, e especificamente, no caso o Banco do Brasil, passa por uma ofensiva gigantesca de ataques aos bancos públicos através do projeto da direita golpista e seus governos reacionários, na tentativa de privatização das empresas públicas. No primeiro dia foi apresentado um painel sobre a questão do
Mundo Digital e o contexto dos trabalhadores bancários em relação ao desmonte da empresa num momento de golpe de estado. Logo em seguida. realizou-se o painel sobre a conjuntura nacional, nas várias intervenções. Nessa fase do congresso, foram debatidos os efeitos do golpe contra a classe trabalhadora através das várias medidas do governo golpistas/ilegítimo, Bolsonaro. Nesse primeiro dia de congresso dos funcionários do BB, ficou claro que os trabalhadores bancários não estão dispostos a sofrerem os ataques da direita golpista, privatista, calados.
Os números divulgados pelo IBGE expressam, ainda que de maneira muito imperfeita, porque estão aquém da realidade, a situação alarmante em que se encontra a classe operária e os trabalhadores em geral. Bastaram apenas alguns anos de aplicação da política neoliberal mais agressiva, com a destruição e fechamento de inúmeras fábricas e indústrias nacionais, com o corte dos orçamentos e o sucateamento dos serviços públicos essenciais (saúde, educação, assistência social, saneamento básico etc.), com o ataque aos direitos trabalhistas e às organizações dos trabalhadores, entre outras coisas, para que o cenário de devastação social e econômica se desenhasse e os trabalhadores caíssem na teia do desemprego, da sub ocupação, da superexploração, dos salários de fome e da miséria geral. No momento atual, o governo fascista de Jair Bolsonaro é o instrumen-
to por meio do qual essa política de terra arrasada continua a ser imposta sobre o povo. Bolsonaro já disse, em várias ocasiões, que “é muito difícil ser patrão no Brasil” e que “o trabalhador terá que escolher entre mais direitos e menos emprego, ou menos direitos e mais emprego”. Para além de simples declarações, Bolsonaro demonstra, na prática, que sua intenção é rebaixar até o limite as condições de vida e de trabalho do povo, é satisfazer, se necessário pela força, os interesses dos patrões, dos grandes capitalistas, do imperialismo, é aniquilar as organizações de luta dos trabalhadores, minando sua capacidade de se opor aos ataques. Em suma, o governo Bolsonaro não passa de um inimigo declarado da classe operária e do povo em geral. É preciso derrubar seu governo pela força da mobilizar popular. Fora Bolsonaro!
12 | CIDADES
RECIFE
Comitê de Casa Forte sai às ruas pela liberdade de Lula N
o final da tarde de ontem (1), o Comitê Lula Livre do bairro de Casa Forte realizou mais uma atividade da campanha pela liberdade de Lula, dessa vez na Praça de Casa Forte, na Zona Norte do Recife. Contando com a participação de militantes de diversos comitês de luta contra o golpe e pela liberdade de Lula e militantes do Partido da Causa Operária, a mobilização teve início às 17 horas. Durante a atividade, os militantes presentes coletaram dezenas de assinaturas pela anulação de todos os processos contra o ex-presidente Lula, inscreveram interessados na caravana para o grande ato pela liberdade de
Lula em Curitiba, que deverá acontecer no mês de agosto, e distribuíram adesivos, panfletos e cartazes da campanha contra o governo Bolsonaro e pela liberdade imediata do maior líder popular do país. A cada dia que se passa, fica ainda mais comprovado que a liberdade de Lula e derrubada do governo Bolsonaro só serão conquistadas nas ruas. Por isso, é preciso intensificar a mobilização dos trabalhadores contra a direita: fortalecer os comitês de luta contra o golpe, aumentar o número de manifestações e derrotar os golpistas nas ruas! Fora Bolsonaro e todos os golpistas! Liberdade para Lula!
COXINHA ATROPELADOR
Solto para matar de novo com Mustang, Porsche etc O
empresário que atropelou e assassinou a diarista Audenilce Bernardina dos Santos, de 65 anos, teve sua liberdade provisória concedida pela Justiça nesta terça-feira (31). Segundo o relator do caso, seria inviável manter o empresário preso com um mandado de prisão temporária. Na verdade, o que é inviável nesse caso é um burguês mimado e sem limites atropelar e matar uma mulher trabalhadora que voltava do trabalho, lembrando que o empresário avançou em alta velocidade no farol vermelho, como comprovam as câmeras de trânsito e uma testemunha que estava no local. Em 2014, o mesmo empresário havia atropelado e matado também outro trabalhador, um motoboy, que morreu devido aos ferimentos. Na época, o empresário estava dirigindo um Mustang e sua sentença, que saiu somente em 2018, ficou em 2 anos e 8 meses, dando a ele a possibilidade de prestar serviço comu-
nitário, para completar o absurdo. Com essa sentença, ele também ficaria impedido de dirigir pelo mesmo tempo da pena, ou seja, ele já estava
errado só de sair dirigindo no meio da sentença. Agora, solto novamente, ele se sente no direito de sair atropelando quem
quiser com seus carros de luxo, pois sabe que a justiça burguesa está do seu lado e que esses crimes não terão consequências, afinal, ele tem dinheiro suficiente e a justiça burguesa está ao lado desses que o tem. Ainda na ocasião do atropelamento que matou a diarista, uma testemunha que estava no local disse que ele chegou a descer do carro, mas quando percebeu a gravidade da situação, saiu em alta velocidade, sem prestar socorro, o que piora tudo. A burguesia não possui nenhum senso de certo e errado quando se trata da classe trabalhadora, que para eles são facilmente substituídos por outros trabalhadores, como se a população pobre tivesse que servir às classes dominantes a qualquer custo. O que acontece agora é que o empresário coxinha ficará solto e a vida que ele tirou provavelmente valerá apenas uma prestação de serviço comunitário, como aconteceu com o atropelamento e morte que ele causou do motoboy em 2014.
ECONOMIA | 13
SPETTUS
Tradicional restaurante recifense sucumbe à crise capitalista O
Restaurante Spettus Derby começou a funcionar no ano de 1983, na importante Avenida Agamenon Magalhães 2132, em Recife, com uma proposta ousada para a época, que era ser um estabelecimento de luxo, atendendo no sistema de rodízio de carnes assadas na brasa, saladas e pratos quentes e frios. A proposta, logo alcançou o sucesso e o tornou um dos preferidos dos recifenses e turistas, que se deliciavam com o extraordinário e variado cardápio. O Spettus Derby tinha 36 anos. Restaurante tradicional, onde costumavam ir prefeitos, empresários, deputados. Era aristocrático: tinha piano, salão enorme, guardanapos de pano,
carnes finas, decoração elegante. Um dos últimos do Recife aristocrático, por onde desfiliava a burguesia. A crise do capitalismo acarreta isso. Decadência acentuada dos padrões de vida da pequena burguesia, impulsionada em disparada velocidade em consequência do golpe. A imprensa capitalista mal noticia o caso. Talvez seja uma tentativa de ocultar sua participação em impulsionar o golpe que, em um primeiro momento, detonou Dilma, o PT, Lula, mas agora, o golpe devora os próprios golpistas. Tradicional Spettus Fechou. “Era sólido e se desmanchou no ar”, profetizou Marx e Engels, no Manifesto de 171 anos atrás.
PIORA NO SETOR
Produção industrial cai pelo segundo mês consecutivo A
produção industrial caiu 0,6% em junho, no segundo mês negativo seguido. Houve piora em 17 das 26 atividades e em todas as categorias econômicas de bens intermediários, de consumo e de capital. Em maio já caíra 0,1%. Indústria brasileira operou 17,9% abaixo do ponto mais elevado da série histórica, alcançado em maio de 2011, durante o governo do PT. “Por categorias econômicas, todas acumulam queda na passagem de maio para junho”, enfatizou , André Macedo, gerente da Pesquisa do IBGE. Bens de capital foi o ramo da indústria que mais perdeu em termos de patamar de produção, ficando 32,7% abaixo do seu pico de produção, registrado em setembro de 2013. A produção industrial mensal, na comparação com junho de 2018, a queda da indústria foi mais acentuada, de 5,9%. Acumulado no semestre A indústria fechou o primeiro semestre com queda de 1,6%. “A partir do segundo semestre de 2018, vê-se que a produção industrial perde fôlego, apontou o IBGE. É o terceiro trimestre seguido de quedas. Atividades e setores Quedas em produtos alimentícios: o tombo foi de -2,1%. Máquinas e equipamentos, -6,5%. Veículos automotores, reboques e carrocerias,-1,7%. Juntos, esses setores representam 1/3 da produção total. “São segmentos que precisam de uma demanda doméstica fortalecida”. Demanda impossível, já que, dependente de renda dos consumidores. Como renda ter, se “mercado de trabalho encontra-se longe recuperação”, explica Macedo, gerente de pesquisas do IBGE. Houve perdas em todas as grandes categorias econômicas. A mais inten-
sa, de 1,2% em bens de consumo semi e não duráveis. As demais não foram diferentes, bens de consumo duráveis (-0,6%), de capital (-0,4%) e intermediários (-0,3%). O acidente em Brumadinho ainda provoca efeitos negativos na indústria geral, diz IBGE Embora em recuperação, indústria extrativa está longe de repor a perda acumulada de 25,6%. “Ela sofre pelo acidente de Brumadinho”, apontou Macedo. A indústria extrativa representa 11% da indústria geral no país. Queda de 16,3% , esse o tombo do setor extrativo, comparado com o semestre de 2018. Algumas barragens funcionam em ritmo menor, outras deixaram de funcionar. Nem deixando de fora a indústria extrativa, a situação melhora, “Se considerar apenas a indústria da transformação, ainda assim a queda da
atividade industrial seria 1,6%”, disse Macedo. “A indústria está longe de mostrar qualquer sinal de recuperação”, afirmou. Tem muita gente fora do mercado de trabalho, há aumento dos estoques da indústria, perdas por causa da crise na Argentina, são fatores que impedem qualquer otimismo. Liquidação da indústria brasileira é histórica, é contínua, não pára. A participação da indústria no PIB nacional foi já foi de 21,4% há 50 anos, hoje é 12,6%, Segundo o IEDI – Instituto para estudos do Desenvolvimento Industrial. Derrocada iniciou na ditadura militar (1964). Parcialmente contida nos governos do PT (2003 a 2016). Voltou a desabar de vez com o golpe de estado em 2016, mas especialmente neste ano primeiro do governo Bolsonaro. É política histórica da direita entreguista, a desindustrialização do País.
Nunca antes Brasil teve tão subserviente, capacho, entreguista presidente. 100 de nossas 160 estatais, presidente privatizará, digo, entregará ao capital internacional, em especial, para os Estados Unidos, pra cuja bandeira, Bolsonaro bate continência. Brasil volta a ter nível industrial do tempo da República Velha, denuncia ex-presidente do IPEA, Marcio Pochmann. “Grande exportador de minério de ferro, sequer fábrica Brasil tinha para enxada, aqui fabricar”. De volta para o passado. É para essa época que o Golpe está a levar a Indústria do Brasil. Um processo histórico, inexorável, para o Brasil se adaptar ao oque, o império quer. Um Brasil exportador de comodities, à vis preços, e importador de produtos industrializados. Eduardo Galeano, já em 1970 denunciava que era “as veias abertas da América Latina”, o que saudoso Brizola traduzia naquilo que comumente denunciava, as “Perdas Internacionais”.
14 | NEGROS | CULTURA | JUVENTUDE
SALVADOR
Direita quer acabar com cota para médicos negros S
eguindo o rito fascista dos golpistas que tomaram o Estado, a prefeitura de Salvador exige dos 44 candidatos aprovados e convocados no concurso municipal de edital n° 03/2019, o comparecimento à Secretaria Municipal de Gestão (Semge), nos Barris, nesta segunda-feira (29) para a verificação presencial da autodeclaração de negro. Poderia ser algo esdrúxulo se não fosse totalmente absurdo, sobretudo vindo da capital mais negra do Brasil. A situação se deu na última etapa do concurso, realizado pela Fundação Getúlio Vargas (FGV), que dispõe de 40 vagas para Profissional de Atendimento Integrado, na área de qualificação de médico; algo tão em falta no país. O resultado está previsto para o mês
atual (agosto), e as vagas serão distribuídas, para: Médico Clínico, Médico Ginecologista, Médico Ortopedista, Médico Pediatra, Médico Psiquiatra, Médico Samu e Médico Generalista. O caso explicitado não é o primeiro a ser denunciado neste Diário. Recentemente a Polícia Rodoviária Federal (PRF) utilizou desta medida, em conluio com o Ministério Público Federal (MPF), para discriminar quem deveria ser aceito ou não no concurso para o cargo determinado. É preciso deixar claro que, com esse governo, os negros não terão vez e que a única via para colocar em prática todos os direitos democráticos da população é através da derrubada de todos os golpistas. Fora Bolsonaro! Eleições Gerais Já, Com Lula Solto e Candidato!
RECIFE
ATAQUES
Peça “Retratos de Chumbo” tratará das atrocidades da ditadura
Jovem lésbica é atacada por fascistas
O
grupo de teatro João Teimoso irá apresentar, nos próximos fins de semanas (dias 9 e 10, 16 e 17) de agosto, em Recife, uma peça sobre a ditadura militar. O grupo anunciou, em sua divulgação, que pretende trazer ao palco “os anos de chumbo da Ditadura Militar, suas torturas, mortes, atrocidades e cicatrizes deixadas, vistos pelos olhos de personagens mulheres que lutaram e sofreram no período” “Retratos de Chumbo” é uma peça que não poderia vir em momento mais oportuno. Após o golpe de 2016, o país foi adentrando cada vez mais em um estado ditatorial, hora velado pela demagogia da impressa, hora explicito pelas declarações do presidente ilegítimo. Diretos trabalhistas e democráticos estão sendo pisoteados todos os dias, e as ameaças do presidente e outros governantes variam desde propagandas relembrando os “bons tempos” da ditadura a até mesmo pegar um helicóptero e atirar contra sua própria população. (Ver: RJ com Witzel: tem aplicativo OTT (onde tem tiroteio) e escolas vão ter “botão de pânico”)
Outro acontecimento que faz esta peça estar totalmente encaixada no momento em que o país vive são as recentes declarações de Jair Bolsonaro. Nos últimos dias, Bolsonaro repercutiu internacionalmente ao dizer que saberia como morreu Fernando Santa Cruz, militante da esquerda assassinado pela ditadura, e sobre o qual nunca foram esclarecidas as circunstâncias. O militante, por sinal, é como a peça, pernambucano, e tem como filho o presidente da OAB ( Felipe Santa Cruz), alvo das declarações do presidente golpista. Santa Cruz não é apenas uma memória de tempos sombrios, da “época de chumbo”, mas sim um retrato de tudo que está acontecendo no país. Além disso, a peça serve também como preparação, pois o dia 13 de agosto (entre os dois fins de semana que ocorrerão a peça) terá mais um grande ato nacional contra o governo golpista. Por isso, o momento é de ir às ruas pela derrubada do governo golpista e pela liberdade de todos os presos políticos. Fora Bolsonaro! Liberdade Para Lula!
N
esta quinta-feira (1), uma jovem de 19 anos foi brutalmente agredida por dois homens no litoral paulista, em Sítio do Campo, na cidade de Praia Grande. Na Avenida do trabalhador, dois homens se aproximaram da vítima de carro, perguntaram as horas até a jovem responder, após a resposta mandaram ela entrar no carro. Um dos homens saiu do veículo, chutou-lhe a perna e acertou um soco em suas costelas, a jovem caiu no chão e foi arrastada para dentro do veículo. Dentro do carro, foi interrogada sobre gostar de ser menino, a jovem respondeu que gostava e os agressores disseram que então ela apanharia como um. Após uma longa sessão de espancamento, largaram ela na Travessa Armando Lichti Filho. Com sérios ferimentos no rosto, pernas e costelas, a jovem se encontra no Hospital Irmã Dulce. Atitudes como essa pipocam cada vez mais desde a prisão de Lula e eleição de Bolsonaro. A extrema-direita sente-se confiante no momento e, por isso, a esquerda e os setores oprimidos da população, como os LGBTs, devem se unir para organizar a autodefesa.
Além de mulher, a vítima era jovem e lésbica, uma verdadeira presa para os fascistas que concentram-se em atacar os setores oprimidos da sociedade e usam como tática atacar indivíduos pertencente a essas categorias quando estão sozinhos. Por isso, a autodefesa desses setores deve ser organizada coletivamente imediatamente. As organizações de esquerda devem parar de defender esses setores somente em discursos e medidas demagógicas. Defender esses setores é organizar a sobrevivência deles em épocas em que o fascismo corre solto nas cidades do país. Para os fascistas a recepção deve ser dada na mesma moeda ou em dobro.
Olinda: Dia do Maracatu se transforma em ato pelo Fora Bolsonaro N
a noite de ontem (2), foi celebrado o Dia do Maracatu, no sítio histórico da cidade de Olinda. Instituído pela Assembleia Legislativa de Pernambuco (Alepe) em 1997, a data é comemorada anualmente pelos seguidores e simpatizantes de um dos elementos mais tradicionais da cultura pernambucana. Na edição desse ano, o Dia do Maracatu contou com um ingrediente a mais: as manifestações em torno da liberdade de Lula e
do clamor pela derrubada do governo Bolsonaro. A celebração contou com a participação de mais de dez grupos de maracatu. Mesmo debaixo de fortes chuvas, centenas de pessoas acompanharam as apresentações da noite, que tiveram muita dança, batuque e cantoria. Além dos grupos, estiveram presentes militantes da luta contra o golpe. O Comitê Popular pela Democracia
de Olinda, junto com militantes do Partido da Causa Operária, estiveram presentes coletando assinaturas pela anulação de todos os processos contra o ex-presidente Lula. Além dos abaixo-assinados, faixas, bandeiras, cartazes, panfletos e adesivos estiveram aos montes nas ladeiras de Olinda. Materiais como botons exigindo a derrubada do governo Bolsonaro foram rapidamente vendidos. Além disso, a palavra de ordem “Fora Bolsonaro”,
entres outras que se colocavam contra o governo, foram gritadas durante a noite, mostrando a forte tendência à mobilização contra os golpistas. É necessário aproveitar a revolta popular contra o governo Bolsonaro para efetivamente derrubá-lo. É preciso mobilizar os trabalhadores e todos os setores atingidos pelos golpistas para travar uma luta implacável contra a direita. Fora Bolsonaro e todos os golpistas! Liberdade para Lula!
MULHERES | 15
DEMAGOGIA E CENSURA
Direita proíbe música que “desvalorizar” mulheres O
ntem (31), o prefeito de Salvador, ACM Neto (DEM), sancionou uma lei que proíbe em escolas e creches municipais a veiculação de músicas que desvalorizem ou incentivem a violência contra a mulher, além de proibir também músicas que contenham apologia ao uso de drogas ilícitas, apologia ao crime e manifestações de preconceito. Contudo, essa ação não passa de demagogia pura por parte do presidente do DEM, partido conservador que tentou emplacar uma mudança mais ao centro, porém, não abandona sua posição conservadora em pautas populares, como a descriminalização do aborto, que vai de encontro a essa defesa que eles querem fazer das mulheres. A direita nunca esteve interessada em valorizar as mulheres ou defende-las, não à toa, o DEM sempre foi tido como um partido conservador, que ataca as mulheres e que também se opõe à descriminalização das drogas e ao casamento gay, manifestando, eles
próprios, o preconceito. Haverá, ainda, uma multa que pode variar entre 50 mil e 100 mil reais para quem infringir essa lei, o órgão que fará essa fiscalização ainda será decidido. Aliás, quais seriam os critérios utilizados pela direita para saber quais músicas desvalorizam ou não as mulheres? Vindo de um partido que sempre vota contra pautas progressistas, é de se esperar que qualquer música seja censurada, principalmente porque o DEM possui uma extensa bancada religiosa. A criação dessa lei parece mais uma desculpa para o Estado tirar dinheiro das escolas e creches municipais, com a demagogia pura de defesa da mulher, quando sabe-se que a política da direita é totalmente oposta à luta pelos direitos das mulheres. A censura também é um caminho pelo qual a direita quer seguir e que, de acordo com a sua conveniência, decidirá quais músicas estão certas ou erradas em ouvir. Esse é mais um ataque da direita conservadora com a liberda-
de de expressão contidas nas músicas. É óbvio que não se deve defender a violência contra a mulher, mas quando um partido de direita, conservador
e reacionário como o DEM, que vive destilando preconceito, quer emplacar uma lei dessas, é de se desconfiar que há algum interesse financeiro por trás.
TORNE-SE MEMBRO DA CAUSA OPERÁRIA TV! Por apenas R$ 7,99 por mês, você estará ajudando na construção de uma TV revolucionária 24h por dia. Além disso, você terá diversos benefícios, como a transmissão de programas exclusivos e a possibilidade de participação nos programas do canal. www.youtube.com/causaoperariatv
16 | MORADIA E TERRA
SÃO PAULO
Juíza posterga habeas corpus de lideres de ocupações do centro N
o dia 30 de julho, realizou-se em frente ao Fórum Criminal da Barra Funda um ato em defesa da liberdade das lideranças do Movimento de ocupações no centro, na capital de São Paulo. As lideranças estão separadas em três locais diferentes, o Sidney Ferreira se encontra no presídio de Pinheiros, Janice Ferreira da Silva (Preta Ferreira), Edinalva Silva Ferreira se encontram no presídio de Santana, ala feminina do antigo Carandiru, em São Paulo, palco do maior massacre de presos da história do país, realizado pela polícia militar em outubro de 1992, no governo de Luiz Antônio Fleury Filho (até hoje não se prendeu um único envolvido por tamanha chacina) e Angélica dos Santos Lima que se encontra no presidio feminino de Franco da Rocha. No dia do ato, foi sido solicitada uma audiência junto à Juíza Erika Mascarenhas para apressar o julgamento do habeas corpus, uma vez que, na última reunião, a juíza havia dito que não tinha lido o processo e não poderia dar nenhum parecer. Desta vez a apreciação foi adiada mais uma vez, uma forma de prote-
lar a decisão. Qualquer semelhança com os pedidos de habeas corpus do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva não é mera coincidência, os pedidos de habeas corpus do Lula foram inúmeras vezes postergados e até hoje não há um parecer. Não é só a situação do habeas corpus o que coincide a prisão do Lula com o da prisão dessas lideranças,
pois o promotor público que indiciou as lideranças das ocupações do centro de São Paulo é o mesmo que indiciou o Lula, sem provas, no caso do tríplex de Guarujá, o Cassio Conserino, num único propósito que é o de destruir toda e qualquer organização social que defenda minimamente, melhores condições para a população explorada e os trabalhadores, começando com o
PT e chegou até o Lula e, nesse momento estão atacando os sem teto, nem firme proposito de aprofundar cada vez mais. Nenhuma confiança no judiciário golpista A juíza ameaça colocar o processo como segredo de justiça e devolvê-lo ao Ministério Público do Estado de São Paulo, para Cássio Conserino. O juiz Cássio Conserino é parte da máquina do PSDB de São Paulo, onde temos o governador golpista Doria aliado ao fascista Jair Bolsonaro presidente ilegítimo da república e do prefeito da capital Bruno Covas. A situação da luta pela liberdade de Lula, bem como, das lideranças dos sem teto de São Paulo, e dos demais presos políticos do Brasil só poderá ser resolvida com a mobilização nacional, tanto dos sem teto, sem terra, do conjunto dos trabalhadores da ativa e desempregados, em suma, do conjunto da população explorada através de comitês de luta contra o golpe. Fora Bolsonaro Fora João Doria Jr Fora Bruno Covas
URGENTE
130 PMs atacam indígenas Kinikinau em Aquidauana/MS A
polícia militar fascista tentou realizar um despejo de cerca de 500 indígenas Kinikinau de maneira totalmente arbitrária e violenta, na cidade de Aquidauana, no Estado do Mato Grosso do Sul. Os indígenas ocuparam o latifúndio da Fazenda Água Branca, no dia de ontem (01/08), que faz parte de suas terras que foram tomadas pelos latifundiários. A ação fascista da PM contou com dois ônibus e um helicóptero, numa ação gigantesca. Segundo as informações dos indígenas a ação foi comandada pelo prefeito de Aquidauana Odilon Ribeiro, latifundiário e grileiro de terras da região
TODOS OS DIAS ÀS 9H30 NA CAUSA OPERÁRIA TV
e primo da ministra da agricultura, também conhecida como musa do veneno, Tereza Cristina. A ofensiva da direita fascista no campo é tão grande que a polícia militar a serviço dos latifundiários agiram como pistoleiros e nem sequer esperaram a decisão judicial para o despejo da comunidade indígena. É preciso enfrentar essa situação e a direita no campo com uma onde de ocupações e retomadas de terra, com a criação de comitês de autodefesa e armamento dos indígenas e sem-terra para se defender da violência realizada pelos pistoleiros, latifundiários e policiais.
ESPORTES | 17
ESPORTES
Todos os domingos às 20h30 na Causa Operária TV
Corinthians sede à extrema-direita e censura homenagem a Marielle N
o dia 30 de julho, o conselho deliberativo do Corinthians, a presidência e conselho de orientação decidiram, após pressão realizada por 25 conselheiros eleitos pela chapa “Fieis Escudeiros”, que ficou em segundo lugar na eleição, retirar da exposição “Corinthians Basquete” a camiseta que o ex-armador Gustavinho utilizou ao subir ao pódio para receber as premiações com as palavras “quem matou Marielle?”. A alegação da diretoria seria de que a camiseta não foi utilizada durante o jogo e, por isso, a única representação que deveria permanecer na exposição seria a foto tirada no momento da entrega das medalhas. Este grupo de conselheiros direitistas, que pediram a retirada da peça, ainda alegaram que a exposição desta seria um ato político. O conselho deliberativo do clube informou que não se manifestaria sobre o caso, alegando que há uma série de torcedores insatisfeitos com a exposição, além de se eximirem da situação deixando “o barco correr”. Que todos os clubes de massa do país tenham elementos direitistas não é novidade alguma, mas usar essa afirmação para ceder às pressões da direita é retirar-se da luta no momento mais importante. A ex-companheira de Marielle, Mô-
nica Benício ainda comentou o caso: “Agora, acho muito pobre, triste, e perdemos todos, principalmente a democracia, quando o argumento que é utilizado é um argumento que não se pode falar de política ou religião. Porque falar de Marielle não é falar de política ou religião, é falar de defesa da democracia em tempos de barbárie, que a gente vive hoje”. Aqui temos que esclarecer uma confusão, pois falar de democracia é, sim, falar de política. E falar de política no contexto de fortalecimento do fascismo é de total importância. Se colocar contra a defesa da democracia, como fez a diretoria do clube é capitular diante da pressão da extrema-direita. Quem conhece o mínimo da história do clube de Itaquera sabe, inclusive, que a política esteve presente em muitos momentos, sendo sua expressão mais conhecida o movimento “Democracia Corinthiana” encabeçada pelo “Doutor Sócrates”, grande jogador dos anos 80, que teve papel político importante na luta pelo fim da ditadura, quando entrou em um jogo com uma faixa escrito “Ganhar ou perder, mas sempre com DEMOCRACIA” e em outros momentos inclusive este sendo amigo do ex-presidente Lula, que não por coincidência é torcedor do Corin-
thians. Não se limitando a esse episódio, o clube foi fundado por operários negros, na década de 1910, para que estes pudessem praticar esportes sem que, para isso, tivessem que participar das agremiações da alta burguesia paulistana da época. A repercussão diante da torcida foi imediata, a página “Meu Timão”, através do colunista Victor Farinelli, noticiou o ocorrido com o título “a antidemocracia corinthiana” afirmando que os conselheiros fazem parte de uma classe social que não representa a base da torcida e que estes se acovarda-
ram diante da situação, dissimulando seu viés políticos através de uma suposta defesa de neutralidade. O colunista ainda afirma que o clube hoje é “adepto da censura a uma expressão contra a impunidade de um assassinato político”. Aqui é importante ser dito, os torcedores, não só do Corinthians, devem ser organizar e repudiarem a lamentável decisão da diretoria e, mais que isso, impedir que a extrema-direita tome conta do esporte mais popular e democrático do país. A ação das torcidas antifascistas, mais que nunca, é necessária.
MP proíbe torcida organizada do Corinthians nos Estádios A
s torcidas organizadas sempre foram vistas como algo perigoso pelas classes dominantes e, desde o início, foram objeto da sanha persecutória dos órgãos de repressão do Estado burguês. Com o golpe de Estado de 2016 e a ascensão da extrema-direita, contudo, os ataques tornaram-se mais intensos e tendem a se multiplicar. O alvo da vez é a Camisa 12, uma das principais torcidas organizadas do Corinthians. Na quarta-feira (31/07), o Ministério Público de São Paulo encaminhou um ofício à Federação Paulista de Futebol requisitando que membros da organizada não entrem nas arenas com camisas, faixas ou adereços que a identifiquem. Como é de praxe, a federação deve acatar o pedido. A proibição se vale do surrado pretexto dos “atos de violência” cometidos pela torcida no jogo entre Corinthians e Flamengo, pela 11ª rodada do Campeonato Brasileiro, ocasião em que oito torcedores foram presos, quatro deles identificados como membros da Camisa 12. Segundo informações da PM, os torcedores corintianos teriam armado uma emboscada contra os cariocas na parte externa do setor Sul, próximo ao portão G da Arena Corinthians. A Camisa 12 é a segunda torcida a ser proibida de entrar nos estádios em menos de um mês. No dia 4, o Ministério Público proibiu a entrada da torci-
da Independente, do São Paulo. É mais do que sabido que as “confusões”, “brigas” e “violências” atribuídas às torcidas organizadas não são senão a versão oficial elaborada pelos órgãos de repressão, e repercutida pela imprensa burguesa, para criar o clima e a justificativa da ditadura que vigora contra o futebol e o povo brasileiros. A proibição da Camisa 12 nos estádios é apenas mais uma medida de um conjunto mais vasto de ataques antidemocráticos ao povo torcedor, que in-
cluem, além da proibição de inúmeras outras torcidas organizadas em todo o país, a presença constante da repressão policial nos estádios, a censura aos tambores e faixas dos torcedores, a realização de jogos com torcida única, e por aí vai. Tudo feito de forma demagógica e cínica, com base no pretexto moral do “combate à violência”, da “segurança nos estádios”. O governo de Jair Bolsonaro acentuou ainda mais as tendências antidemocráticas e antipopulares do regime
político brasileiro. As torcidas organizadas não poderiam deixar de ser um alvo preferencial da direita golpista, já que constituem um importante instrumento de organização e mobilização das massas populares. O ataque contra as torcidas organizadas é parte fundamental do ataque geral contra os direitos democráticos da população, e só pode ser enfrentado pela mobilização popular contra o regime político golpista e o governo fascista de Bolsonaro.