Edição Diário Causa Operária nº5723

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SÁBADO, 3 DE AGOSTO DE 2019 • EDIÇÃO Nº 5723

DIÁRIO OPERÁRIO E SOCIALISTA DESDE 2003

Todos às ruas nesse domingo: mais um dia de mutirões!

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EDITORIAL

Governo empurra país pro buraco: dia 13 deve ser pelo Fora Bolsonaro Dia 13 será um dia de protestos em todo o Brasil contra o governo. Pautas como a luta contra os cortes na educação e contra a reforma da Previdência estão sendo levantadas, mas é hora de as lideranças da esquerda começarem a chamar também o Fora Bolsonaro!

Mais um coxinhato defendido pelo PSOL: desta vez em Hong Kong A Executiva Nacional do Psol soltou nesta sexta (2), uma nota em solidariedade às “manifestações em defesas dos direitos civis” que estão acontecendo em Hong Kong, alinhando-se mais uma vez com a política imperialista.

Não é um problema de perversão, mas de luta por interesses materiais Economia ladeira abaixo: a principal razão da crise A crise econômica do Brasil é intensa. A crise industrial, por exemplo, reflete o retrocesso que a política dos golpistas impôs ao Brasil. A produção industrial de junho deste ano teve queda de 5,9% na comparação com a produção de junho de 2018. Ou seja, uma queda de quase 6%.

Livro revela: eleição sem Lula foi golpe sim, e foi militar Amanhã, como tem sido em todos os domingos há várias semanas, será mais um dia de mutirões por todo o Brasil em campanha pela liberdade do ex-presidente Lula. O PCO vem contribuindo com a enorme campanha no Brasil inteiro que visa colher assinaturas, conversar com a população, esclarecer o que está acontecendo, panfletar e distribuir adesivos e cartazes.

Pouco a pouco começa a emergir no país, para espanto e estupefação da sociedade nacional, um conjunto de revelações atinentes a fatos e acontecimentos que datam ainda do primeiro mandato do ex-presidente Lula (2003 – 2006), quando teve início, de forma mais contundente, o processo de perseguição e ataques contra a esquerda, à época materializada no processo que ficou conhecido como “mensalão”.


2 | OPINIÃO E POLÊMICA EDITORIAL

Governo empurra país pro buraco: dia 13 deve ser pelo Fora Bolsonaro

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ia 13 será um dia de protestos em todo o Brasil contra o governo. Pautas como a luta contra os cortes na educação e contra a reforma da Previdência estão sendo levantadas, mas é hora de as lideranças da esquerda começarem a chamar também o Fora Bolsonaro! Essa palavra de ordem já é a mais popular nos protestos, entre as massas quando as ruas são tomadas da forma que aconteceu em maio e durante a greve geral de junho. É hora de levantar a exigência de que o atual governo acabe de forma central. Há muitos motivos para levantar essa palavra de ordem. Um deles é o perigo que esse governo representa na medida em que fica mais evidente o quanto é impopular. Como seu programa entra em choque com as massas, a única forma de um governo assim continuar seguindo adiante será por meio de uma intensa repressão.

Mas há outro motivo fundamental: se esse governo continuar a economia brasileira será destruída. Em 2014 a operação Lava Jato entrou em cena destruindo setores inteiros da economia, derrubando o PIB de forma brusca, acumulando então mais de 7% de retração. Seria natural que houvesse algum crescimento a partir de um patamar tão rebaixado, depois dos estragos causados pela campanha golpista. No entanto, durante o governo golpista de Michel Temer, a recuperação foi mínima. Bolsonaro é uma continuação do governo Temer, e o programa neoliberal, embora deixe os especuladores contentes, tem um potencial destrutivo comparável a uma guerra. Os efeitos dessa política continuam e estão ficando mais intensos. Em junho, a produção industrial teve que de 0,6% em relação a maio. Na com-

paração com junho do ano passado, a queda foi de 5,6%. A balança comercial brasileira teve uma queda em julho de 40,8% na comparação com julho do ano passado, com um superávit de US$ 2,293 bilhões. Mesmo os dados que a imprensa alardeia como se fossem positivos, como a evolução do desemprego, escondem a realidade. Embora tenha havido uma minúscula queda no desemprego, houve um grande crescimento na chamada “subocupação”. Finalmente, o próprio PIB está com uma previsão de crescimento cada vez menor. No começo do ano, a previsão dos capitalistas e do governo passava os 2,5%. Agora já está na casa do 0,8%. Para um país atrasado, em circunstâncias normais um crescimento de 2,5% já seria muito baixo. No caso do Brasil, depois de anos de queda e de baixo crescimento, isso reflete a

continuação do desmantelamento da economia nacional, depois de décadas de desindustrialização (processo que parou durante os governos petistas, mas não foi revertido). Diante da destruição econômica anterior, esses resultados significam que o país está sendo arrasado pela direita golpista, de uma forma que será difícil de recuperar depois. Além do desempenho pífio e da desindustrialização, os golpistas estão vendendo a preço de banana o patrimônio público, para completar o vandalismo contra o Brasil. De modo que, caso Bolsonaro continue governando, as consequências econômicas serão muito negativas. Esse é mais um motivo para o movimento não se limitar a pautas parciais. É preciso reivindicar o fim desse governo antes que ele destrua o país. Por isso, também, é hora de levantar o Fora Bolsonaro!

COLUNA

Uma “situação boa como nunca se viu”… mas que pode durar pouco Por Antônio Carlos Silva

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nquanto o presidente do Banco Itaú, Cândido Bracher, comemorou na imprensa golpista, ontem, que “a situação está tão Resultado de imagem para itaú comemoraboa como [ele] nunca viu em sua carreira”, os dados econômicos divulgados ao longo da semana, explicitavam – em contrapartida – que a situação da economia brasileira está descendo ladeira abaixo, sem freios. Junho registrou queda de 5,9% na produção industrial, em relação ao mesmo período do ano passado, mostrando o êxito da política do regime golpista e do seu governo ilegítimo, de Jair Bolsonaro, em destruir a indústria nacional em favor do grande capital imperialista, destacadamente o norte-americano. Em um País capitalista atrasado, dependente da exportação de comodities, o IBGR anunciou também que a balança comercial Balança comercial teve superávit de apenas US$ 2,29 bi em julho, menor saldo para o mês em 5 anos, de acordo com o próprio governo. No acumulado dos sete primeiros meses de 2019, houve uma queda de 16,3% em relação ao mesmo período de 2018 e, na comparação com julho do ano anterior a queda na balança comercial foi de 40,09%. Além do presidente do Itaú e de outros banqueiros, o governo também recebeu – nessa semana – rasgados elogios do presidente norte-americano, Donald Trump. Merecidos. O imperialismo só tem o que agradecer aos serviços prestados pelo governo no sentido da destruição da economia nacional, que abre espaços para uma maior penetração e domínio do capital internacional sobre a combalida economia

brasileira. Não por acaso, os norte-americanos, seguindo passos dos europeus, falam de estabelecer “acordos” de “livre comércio”, para permitir que os produtos dos grandes monopólios dominem completamente o mercado, cada vez mais débil, do Brasil. Para ficar ainda melhor, para os mesmos, o governo anunciou que pretende avançar com a privatização do que restou da devastação da famigerada era FHC, colocando de imediato na mira os Correios, a Caixa e a Eletrobrás, entre outras. Estes e muitos outros dados evidenciam que não são apenas palavras, bravatas e ataques – cada dia mais violentos – aos direitos democráticos que estão em jogo. E que Bolsonaro, se forma alguma (como diziam de Hitler) é apenas um “louco”, que age de forma impensada etc. Seus ataques e as ações criminosas que impulsionam – contra trabalhadores, sem terras, negros, indígenas, mulheres, homossexuais, enfim todos os explorados – compõem uma ofensiva ultra reacionária que está totalmente em sintonia com os interesses dos setores mais poderosos da economia “nacional” e internacional, ainda que que gerem atritos e divergências internas na burguesia, em um momento de avanço da crise histórica do capitalismo em todo o mundo. Por isso mesmo, o fim do governo Bolsonaro está na ordem do dia, neste momento, cada vez mais. E não é uma questão paras 2022 ou par ao “dia de são nunca”, como propõem setores da esquerda burguesa e pequeno burguesa que se colocam ao lado do “centrão”, até mesmo contra o impeachment, discutido abertamen-

te na imprensa burguesa e por outros setores da burguesia. Cresce a pressão sobre o governo e, por isso, o impeachment coloca-se como opção no cenário político. Uma discussão parlamentar e institucional para a crise gerada pelo próprio golpe de Estado, que não se encontra sob controle dos trabalhadores. Uma “saída” que, se efetivada, embora representasse uma derrota provisória do governo, representaria também uma manobra da burguesia para tentar contornar a crise do regime político, tal como se deu com o afastamento de Fernando Collor de Mello, pelo Congresso Nacional, com sua substituição pelo vice, Itamar Franco. Os trabalhadores e suas organizações, precisam – cada vez mais – colocar em discussão e como eixo de sua mobilização uma saída própria, que represente uma derrota cabal do regime golpista, uma da derrota da ofensiva que vem destruindo a economia nacional e das condições de vida de

cerca de 200 milhões de brasileiros. É preciso superar a politica de capitulação diante da direita e de colaboração com a burguesia golpista e com suas “saídas”. Pelos próprios meios, com suas armas, como a mobilização nas ruas, greves e ocupações, a classe trabalhadora precisa Resultado de imagem para fora bolsonarointensificar e transformar em uma grande mobilização as tendências cada vez mais presentes a uma luta pela derrubada do atual do governo, pelo “fora Bolsonaro”. Além disso, é preciso exigir novas eleições gerais, livres e democráticas, para que o povo possa decidir, sem uma nova fraude eleitoral. E para impulsionar essa mobilização e derrotar o governo, a luta pela anulação dos fraudulentos processos da operação lava jato e pela liberdade de Lula, tem ainda maior importância. Lula precisa estar livre e ser candidato, em eleições gerais que sejam um marco da queda do regime golpista e abra caminho para uma nova etapa.


POLÍTICA | 3

TODOS ÀS RUAS NESSE DOMINGO

Mais um dia de mutirões! A

manhã, como tem sido em todos os domingos há várias semanas, será mais um dia de mutirões por todo o Brasil em campanha pela liberdade do ex-presidente Lula. O PCO vem contribuindo com a enorme campanha no Brasil inteiro que visa colher assinaturas, conversar com a população, esclarecer o que está acontecendo, panfletar e distribuir adesivos e cartazes. Todos os domingos, militantes e simpatizantes do partido realizam mutirões em dezenas de cidades espalhadas pelo território nacional e também fora do país. A iniciativa dos mutirões em defesa de Lula soma-se a uma série de outras iniciativas, de outros grupos e outros partidos, em um amplo movimento democrático dentro da sociedade, envolvendo milhares de pessoas. Iniciativas como a dos Comitês Lula Livre, que em geral atraem simpatizantes do PT, que já coletaram mais de 100 mil assinaturas pela liberdade de Lula em três grandes mutirões nacionais, contando também com a adesão de figuras públicas da cultura e da política do Brasil e do mundo. Os mutirões realizados pelo PCO são uma oportunidade para esclarecer a população sobre as arbitrariedades cometidas contra Lula e sobre o sentido golpista da operação Lava Jato, uma operação a serviço do imperialismo para entregar o Brasil aos EUA e subjugar os brasileiros a serviço de interesses de capitalistas estrangeiros. Como se vê, a questão da liberdade do Lula é fundamental na luta contra a direita golpista e contra o golpe. É fundamental ampliar essa campanha ainda mais, para criar as condições de derrotar a direita e o governo. Se em sua cidade ainda não está organizado ou confirmada a realização do mutirão e você quer participar da

campanha entre em contato com a coordenação dos Comitês pelo telefone é (11) 963886198 ou ainda pelo e-mail pco.sorg@gmail.com. Lista de cidades que já tem mutirões confirmados RS Pelotas – Praça Cel. Pedro Osório – 14h-17h Porto Alegre – local a confirmar SC Blumenau – Prainha -15h-18h Chapecó – Praça Cel Bertasi – 11h-14h Criciúma – Terminal Central – 17h-20h Araranguá – Calçadão – 10h3013h00 Içara – local à confirmar Palhoça – Beira-Mar de São José – 9h-12h PR Curitiba – Feira do Largo da Ordem – 10h-13h Guarapuava – Praça XV de Novembro – 9h Irati – local à confirmar Londrina – Feira Livre dos Cinco Conjuntos – 9h-12h Paranaguá – Aeroparque – 14h-18h Paranavaí – Feira Livre – 9h-11h SP Araraquara – Praça Santa Cruz –9h30-12h30 Assis – Parque Buracão – 15h-18h Campinas – Feira do Rolo – Capital – Avenida Paulista – Capital – Bairro Vargem Grande, Feira Livre – 10h-13h Catanduva – Praça Central Embu – Feira Central Jabotical – Mercado Municipal – 9h-12h Marília – Feira do Rolo – 9h-12h

Ribeirão Preto – Calçadão – 10h3014h Sorocaba – Feira da barganha – 9h30

Santa Bárbara – Centro Vitória da Conquista – local a confirmar

RJ Capital – Feira da Glória – 13h-17h Petrópolis – Praça da Liberdade – 15h-18h Rio das Ostras – Praça Pereira Câmara – 13h-15h São Gonçalo – local a confirmar Volta Redonda – Vila Santa Cecília, na Feira Livre – 10h-14h

AL Maceió – Rua Fechada na Orla – 11h-14h

MG Belo Horizonte – Feira Hippie – 9h-12h Uberlândia – local a confirmar DF Brasília – Parque da Cidade, pavilhão de exposições, no Congresso da Saúde – 9h Planaltina – local a confirmar BA Feira de Santana – Mercado Guarani – 9h Itabuna – local a confirmar Porto Seguro – Feira do Baianão – 8h-11h Salvador – Feira de Pari – 8h-13h

PE Recife – Avenida Rio Branco – 15h Olinda – Feira de Peixinhos – 8h Santo Agostinho – Mercado do Cabo – 8h PB Patos – local a confirmar RN Natal – local a confirmar CE Fortaleza – Feira da Parangaba – 8h-11h Juazeiro – local a confirmar PI Teresina – Mercado Parque Piaui – 8h30-11h TO Palmas – Praça Central – 9h


4 | POLÍTICA

ECONOMIA LADEIRA ABAIXO

A principal razão da crise A

crise econômica do Brasil é intensa. A crise industrial, por exemplo, reflete o retrocesso que a política dos golpistas impôs ao Brasil. A produção industrial de junho deste ano teve queda de 5,9% na comparação com a produção de junho de 2018. Ou seja, uma queda de quase 6%. Além disso, a produção industrial do mês de junho recuou 0,6% em relação ao mês anterior, maio, que já havia tido uma queda de 0,1%. Com isso, a queda acumulada no primeiro semestre do governo Bolsonaro chegou a 1,6%, segundo dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Ainda no mês de junho, houve uma redução da produção em 17 das 26 atividades industriais do Brasil. Um terço de toda a produção industrial do país, representada pelos ramos de máquinas e equipamentos, alimentos e veículos automotores, acompanhou a tendência regressiva. Em relação ao mês de maio, houve queda nas grandes categorias econômicas – a mais intensa sendo de 1,2% em bens de consumo semi e não duráveis. Acompanha isso a queda em bens de consumo duráveis (-0,6%), de capital (-0,4%) e intermediários (-0,3%). Já na indústria extrativa houve aumento de 1,4%, porém o setor havia passado por um período de quatro meses em queda, acumulando -25,6%. E em relação com junho de 2018, o setor extrativo regrediu 16,3%. Com isso, a indústria brasileira está quase 18% abaixo do recorde alcançado em maio de 2011, alguns anos antes do golpe de Estado, que atingiu nocivamente a totalidade da indústria brasileira. Balança comercial Já balança comercial brasileira registrou um superávit de R$ 878 bilhões em julho. Desta forma, Bolsonaro conseguiu mais um recorde, pois trata-se do pior mês em cinco anos (julho de 2014). A crise comercial brasileira ficou evidente, segundo os dados divulgados

pelo Ministério da Economia, tanto nas exportações quanto nas importações, que registraram, respectivamente, uma queda de 14,8% e 8,9% ante julho de 2018. Nos setes primeiros meses do governo Bolsonaro a balança comercial ficou em R$ 108,6 bilhões, um recuo de 16,3% em relação ao mesmo período do ano anterior. Em julho, as exportações recuaram em todas as categoriais, com um destaque importante para os embarques de produtos básicos, que recuaram 16,7% em relação ao mesmo mês do ano anterior. Já as vendas de petróleo em bruto e soja em grão houve um recuo de, respectivamente, 61,2% e 34,6% – nestes dois importantes produtos da economia brasileira.

para aposentadoria (reforma da previdência), terão de trabalhar até morrer.

Crise generalizada

Crise política e Bolsonaro

No que diz respeito ao desemprego e ao crescimento do PIB a situação também não é melhor. Além da desindustrialização e da falência comercial brasileira, o país ainda enfrenta um desemprego ascendente e uma diminuição constante das expectativas para o crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) em 2019, que passou de 2,5% para 0,81%. Isto é, se não abaixar ainda mais, um crescimento totalmente pífio para um país atrasado como o Brasil, que precisa desenvolver inclusive sua produção capitalista. Na verdade, o crescimento de uma quantia mínima do PIB brasileiro é uma necessidade histórica que acontece à medida que o tempo passa. A ação governamental, dos golpistas, capachos do imperialismo, vai no sentido de atrasar este crescimento, de forma que não estimulam e muito menos deixam acontecer o que naturalmente aconteceria diante das novas necessidades do sistema capitalista internacional. Já na questão do desemprego, dezenas de milhões de pessoas estão sendo afetadas, principalmente a juventude, que começará a trabalhar mais tarde e portanto, com a nova regra

Como se sabe, a economia é o motor da história. O país está indo de maneira acelerada, como fica claro à partir dos dados divulgados, para uma situação de profunda crise econômica. As empresas brasileiras estão sendo destruídas pela Lava Jato e a política diplomática pró-imperialista do governo capacho de Bolsonaro, que está procurando superar os tempos odiosos da era FHC e a Ditadura Militar, que destruíram o país e colocou-o sob o controle de empresas estrangeiras. Este era o objetivo do golpe desde o início. A destruição da Lava Jato de grandes empresas nacionais, como a Odebrecht, a OAS e a Cervejaria Petrópolis tem com objetivo abrir o caminho para a dominação imperialista sobre o país. A política de Bolsonaro vai no mesmo sentido, de esfoliar totalmente o país de seus patrimônios. A política servil aos EUA tem causado uma grande crise comercial no Brasil e sua relação com os países do Oriente Médio, uma vez que o país latino-americano tem se colocado à favor da política de ataques aos países árabes, que são grandes exportadores de produtos brasileiros.

Além disso, o presidente ilegítimo tem realizado um duro esforço no sentido de privatizar todas as estatais brasileiras, anunciadas pela imprensa como sendo parte de um plano intenso, que pode colocar o Brasil como o realizador do maior projeto de privatizações da atualidade. Desta forma, o problema da derrubada do governo Bolsonaro não apenas político. Os fatores políticos são diversos. O governo apoio a tortura e quer impor uma brutal ditadura contra a população com a destruição de todos os direitos democráticos do povo. Porém, o problema é também e principalmente econômico, de forma que as contradições entre os diversos setores da burguesia estão se aprofundando. A população está jogada em um total descaso, sem emprego, sem direito à aposentadoria e assim por diante. Se o governo continuar, irá impor um dos maiores retrocessos econômicos da história do país. Bolsonaro, portanto, precisa ser derrubado para impedir que uma tamanha destruição aconteça. Para isso, é fundamental colocar em questão a luta política contra o governo e pela realização de novas eleições, em que o povo possa escolher sem a interferência do judiciário, que impediu Lula de ser candidato em 2018.


POLÍTICA | 5

LIVRO REVELA

Eleição sem Lula foi golpe sim, e foi militar P

ouco a pouco começa a emergir no país, para espanto e estupefação da sociedade nacional, um conjunto de revelações atinentes a fatos e acontecimentos que datam ainda do primeiro mandato do ex-presidente Lula (2003 – 2006), quando teve início, de forma mais contundente, o processo de perseguição e ataques contra a esquerda, à época materializada no processo que ficou conhecido como “mensalão”. Em 2014, quando ocorreu a quarta vitória consecutiva da candidatura liderada pelo Partido dos Trabalhadores, com a reeleição da presidente Dilma Rousseff para um segundo mandato, as forças políticas reacionárias agrupadas nos partidos tradicionais da burguesia, mancomunadas e em conluio com o grande empresariado nacional, os bancos e o imperialismo, declararam guerra ao governo que acabara de se eleger, sitiando, sufocando e depondo a presidente petista, através de um golpe de Estado, “legitimado” sob a cobertura de um processo de impeachment, fraudulento e ilegal em todas as suas vertentes. Na esteira das revelações que vem sendo tornadas públicas pelo sítio The Intercept, onde diálogos e mensagens entre juízes, procuradores e ministros (STF) estão deixando às claras a existência de um conluio para perseguir e condenar o ex-presidente Lula – uma espécie de troféu da Lava Jato – surge neste momento, como reforço às denúncias que se avolumam sobre a monumental farsa vivenciada pelo país nas eleições de 2018, uma publicação (livro-reportagem) denominada “Os Onze”, de autoria de Felipe Recondo e Luiz Weber. Em síntese, o “livro

descreve os bastidores da Corte Suprema do país, o STF, desde o processo sobre o chamado mensalão, em 2005, até o governo de extrema-direita de Jair Bolsonaro; entre outras coisas, o livro revela que houve uma ameaça de golpe militar às vésperas do segundo turno da eleição presidencial do ano passado” (sítio 247, 02/08). Todavia, um olhar um pouco mais atento à evolução dos fatos anteriores que culminaram com o golpe de Estado de 2016, confirmam as revelações que neste momento estão vindo a público. O fato insofismável – e isso fica cada dia mais claro – é que a deposição do governo eleito em 2014 foi plano e obra dos militares, dos quartéis, das baionetas, dos generais reacionárias, golpistas; enfim, das Forças Armadas, que acompanharam e monitoraram todo o processo “legal, constitucional”,

pressionando as instituições do regime a agir contra o governo eleito e a esquerda nacional. A verdade é que as ameaças de golpe e intervenção militar sempre estiveram presentes no cenário político nacional e permearam todo o processo de impeachment da presidente Dilma Rousseff. Os militares já estavam em cena muito antes do momento do golpe e continuaram agindo depois, principalmente durante as eleições de 2018, interferindo abertamente na eleição do candidato fascista Jair Bolsonaro. Uma das revelações do livro-reportagem dão conta de uma crise envolvendo os quartéis e o Supremo Tribunal Federal, com ameaças explícitas de golpe por parte do general Villas Bôas, então comandante do Exército, visto por muitos – inclusive na esquerda – como um militar “moderado”, um

“democrata”, representante da ala “profissional” das FFAA. O livro revela um episódio em que a caserna e o núcleo mais ferozmente reacionário e direitista das FFAA emparedou os ministros do STF, quando um coronel insultou a ministra do STF, Rosa Weber. A Suprema Corte queria a punição do militar, posição que acabou gerando uma espécie de rebelião e indignação dentro dos quartéis. Villas Bôas entrou em cena dizendo que “tinha 300 mil homens armados que apoiavam Jair Bolsonaro, um candidato que duvidava da lisura do processo eleitoral e incitava seus seguidores, os militares aí incluídos, a questionar as urnas eletrônicas. O TSE deveria ser, mais do que nunca, claro em seus posicionamentos” (idem, 02/08). Portanto, os fatos estão aí para quem quiser ver, enxergar e concluir. A tutela militar sobre todo o processo político do país, sobre todas as instituições do Estado (parlamento, justiça), no último período, foi a regra, fez parte do cotidiano do país. Os fatos e acontecimentos recentes deixam cada vez mais claro que o regime político golpista atualmente em curso no Brasil nada mais é do que um simulacro de democracia; onde as instituições ditas democráticas nada mais são do que uma desfigurada caricatura; um estado de direito que não garante direito algum. A luta para varrer por completo toda esta podridão erguida pelos golpistas, pela extrema direita, pela burguesia e pelo imperialismo passa por impulsionar a luta social de massas no país; a luta para colocar nas ruas milhões de populares, trabalhadores, estudantes; enfim, o conjunto da população explorada do país que sente no dia a dia os efeitos do golpe de Estado, do governo fraudulento de Jair Bolsonaro e dos militares golpistas.

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6 | POLÍTICA

PIOR QUE NA ESCRAVIDÃO

PM capitão-do-mato chicoteia esquizofrênico U m rapaz com esquizofrenia foi chicoteado dentro de casa, no Complexo do Chapadão, na Zona Norte, por policiais militares no Rio de Janeiro, segundo o irmão da vítima da agressão, que fez a denúncia à 31ª Delegacia de Polícia. A esquizofrenia é um transtorno psíquico caracterizado por alucinações e alterações do raciocínio lógico. Os quadros de esquizofrenia podem variar, sendo uma combinação em diferentes graus de sintomas como delírios, discurso e pensamento desorganizado, além de alterações comportamentais, como agitação ou isolamento. O caso ocorreu há uma semana. Durante uma operação da Polícia Militar

na área, os militares começaram a fazer perguntas aos moradores e entrar nas casas. De acordo com o denunciante, o irmão estava deitado, dormindo e os policiais o acordaram com um tapa. Na sequência, os militares começaram uma sessão de tortura, para saber se bandidos haviam passado pela casa. A vítima não conseguia falar, justamente por causa do transtorno psiquiátrico. “Eles pegaram meu irmão e começaram a chicotear ele. Botaram sentado no quarto e começaram a chicotear ele”, contou o irmão da vítima, ao ressaltar que a casa da família foi completamente revirada. Por medo de re-

DESTRUIÇÃO

Presidente do Itaú elogia Bolsonaro e apoio a ditadura “não atrapalha”

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Brasil está sendo destruído pela direita do ponto de vista econômico. Primeiro, a operação Lava Jato destruiu setores inteiros da indústria nacional. Depois, a economia jamais se recuperou e nem cresceu, apesar de ter caído para um patamar muito inferior. Em 2019 o desastre continuará sob Jair Bolsonaro, que é uma continuação de Michel Temer. Porém, nem todos estão descontentes. Enquanto o povo é atirado na miséria e no desespero, sem emprego, ou com empregos muito mal remunerados, alguns capitalistas estão fazendo a festa. É o caso do presidente do Itaú Unibanco, Candido Bracher. Segundo ele, a situação nunca foi melhor. Em uma entrevista à revista Exame publicada essa semana, Bracher afirma que “as reformas deixam o Brasil em uma situação tão boa como eu nunca vi em minha carreira”. É isso mesmo, os banqueiros estão comemorando a situação em que o Brasil se encontra. Com mais de 12% de desemprego, perda de renda, empregos precários, perda de direitos trabalhistas e agora o roubo das aposentadorias. Apesar de ser uma situação de estagnação e de miséria para milhões de trabalhadores brasileiros, os bancos

continuam lucrando como nunca, e comemoram o fato de que estão conseguindo esfolar os trabalhadores ainda mais por meio de suas reformas. O capitalismo está em crise, mas os capitalistas financeiros estão achando que a situação nunca esteve tão boa, graças à especulação baseada na dilapidação do patrimônio público e no sacrifício de quem trabalha duro para ganhar quase nada em busca de sobrevivência. Bracher ainda afirmou que as declarações de Bolsonaro, como os comentário a respeito de Fernando Santa Cruz, pai do presidente da OAB, Felipe Santa Cruz, que foi vítima da ditadura militar, não atrapalham a “situação tão boa” como ele nunca viu. Na prática, trata-se de um apoio ao gradual fechamento do regime em direção a uma ditadura. Desde que continue garantindo maiores lucros para os banqueiros, Bolsonaro pode ter o apoio deles para implantar sua ditadura contra a população. Diante disso, os trabalhadores devem se levantar contra esses capitalistas e contra o governo. É hora de lutar pelo fim desse governo para derrotar a direita golpista, de encher as ruas levando a palavra de ordem: Fora Bolsonaro!

presálias, a família abandonou a casa onde morava. A foto acima mostra as costas do jovem, repleta de marcas. Em nota divulgada, a Polícia Militar disse que a Corregedoria da corporação está ciente da denúncia e já está apurando as circunstâncias do caso. A 2ª Promotoria de Justiça do Ministério Público do Rio de Janeiro disse que o caso está sendo acompanhado. Quantos outros casos estão sendo apurados e estão sendo acompanhados e não dão nem nada? Essa polícia não serve à população, ela passou da hora de ser dissolvida. A população brasileira, pobre, negra, índia, que é, somada, a maioria do País, precisa se libertar dessa opressão.


CIDADES | 7

FIM DO ESTADO LAICO

Em SP é lei “rezar” pelas autoridades

J

oão Doria sancionou nesta última quarta-feira (31) o “Dia de Oração pelas Autoridades da Nação”, instituindo, no Calendário Oficial do Estado de São Paulo, todas as terceiras segundas-feiras de cada mês como o dia dedicado a que “o povo passe a orar e não criticar as autoridades constituídas”, conforme os autores do projeto de lei, Chico Sardelle e Reinaldo Alguz, ambos do PV, definem os seus objetivos. Longe de ser um fato isolado do Estado de São Paulo, ou do fascista João Doria, este tipo de “lei” é sintomático: demonstra claramente o projeto que extrema-direita está implantado no país. O que se quer é anular totalmente qualquer influência do povo no exercício do poder, elevando à condição de “pecado” o simples ato de expressar uma crítica a uma “autoridade”. É claro o conteúdo moralista de tipo religioso da lei sancionada. A “oração” religiosa no lugar da crítica racional representa o retrocesso ao tempo em que um governante era alguém de uma forma ou de outra es-

colhido por um deus todo poderoso, ungido, que levava para muito longe do povo toda e qualquer possibilidade de rebelião. Trata-se de uma peça de propaganda de um estado fascista em formação, em que, no lugar de um nacionalismo italiano ou de um racismo germânico, a burguesia poderá optar por construir uma demagogia de base cristã para obter os fanáticos necessários para suas fileiras de apoio. Não resta dúvida de que a intensidade das manifestações populares de maio e junho – em que o “Fora Bolsonaro” claramente tomou conta do povo todo – colocaram a burguesia em estado de alerta quanto a possibilidade concreta e iminente do povo, nas ruas, derrubar o regime golpista e devolver o projeto fascista para o esgoto de onde veio. Por isso, qualquer vacilação agora e a burguesia não perderá tempo em avançar rapidamente sobre o povo para cumprir seus objetivos. E esta lei, ao invés de ser algo apenas formal, apa-

RIO

rentemente inócuo, é o sinal claro da construção acelerada da máquina de propaganda fascista que necessariamente deverá antecipar a implantação concreta de uma ditadura aberta. O Estado de São Paulo é o estado com maior número de operários e movimentos populares do Brasil, o que o torna alvo necessário e preferencial deste tipo de controle social. Se é preciso instituir um “Dia de Oração” pelos governantes em São Paulo,

é óbvio são milhares os paulistas que agora não estão apenas criticando das formas mais desmoralizantes possíveis os golpistas que estão no poder, como certamente o descontentamento popular com o desemprego, a pobreza, a crise econômica e a vida cada vez mais difícil que a burguesia nos traz todos os dias está colocando o povo desse Estado a um passo de se mobilizar e explodir em uma rebelião popular aberta.

FEIRA DE SANTANA

Witzel pede o fim de delegacias; Moradores fazem protesto em para ele, repressão só com a PM terminal de ônibus O governador fascista do Rio de Janeiro, Wilson Witzel, que ficou famoso por ele próprio subir em um helicóptero e atirar contra a população indefesa em Angra dos Reis, deu mais uma declaração desastrosa, que revela ainda mais o seu apetite pela repressão. Surpreendendo à todos, Witzel afirmou em público, em uma atividade voltada para policiais militares em São Paulo, que era preciso fechar as delegacias de polícia civil e deixar o trabalho de registrar boletins de ocorrência nas mãos da PM. A declaração releva primeiramente que, para Witzel, a polícia civil não é boa o bastante naquilo que para ele é o fundamental: a repressão sistemática de toda a população fluminense. O mesmo Witzel tinha dito anteriormente que iria prender quem estivesse fumando maconha na praia, uma medida ainda mais dura do que as que são previstas em lei atualmente, ou ainda quando defendeu a internação compulsória de moradores de rua que são usuários de drogas. Para o governador “surpresa” do Rio, afinal até agora ninguém conseguiu explicar como o total desconhecido Wilson Witzel ganhou as eleições ano passado, a polícia civil, que também tem um papel decisivo na repressão da população, seria muito “mole” no trato com o povo. Imediatamente após essa bomba, surgiram reações contrárias a Witzel por parte dos policiais civis, tendo o próprio governador gravado um vídeo se retratando pela “mancada”. Levando-se em consideração que Witzel instituiu o cargo de general para PMs

e bombeiros do Rio de Janeiro, numa clara manobra para fortalecer o aparato militar no estado do Rio, esta última declaração do governador agora comprova diretamente o alinhamento de Witzel com a ala direita do regime golpista. Sendo um dos governadores mais destacadamente da extrema-direita, chegando ao ponto de ofuscar em alguns momentos o próprio Doria em São Paulo, Witzel mostra claramente como atua a direita no Brasil hoje. Por este motivo a esquerda deve denunciar e combater duramente a aproximação da direita do PT dos governos Witzel e Bolsonaro, aproximação esta que no caso do Rio de Janeiro se materializa concretamente na eleição quase que unânime de André Ceciliano, deputado estadual do PT, para presidente da ALERJ. A extrema-direita é muito perigosa e deve ser combatida em uma luta incansável nas ruas.

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a manhã desta quinta-feira (1), moradores da zona rural do município de Feira de Santana (BA) bloquearam o acesso ao Terminal Central de ônibus, em protesto às péssimas condições que se encontram as estradas da região, dificultando o caminho do transporte público. O bloqueio feito pelo protesto no Terminal durou cerca de uma hora e em seguida, os manifestantes foram em direção à Prefeitura da cidade, bloqueando a passagem de carros em algumas ruas. Essa insatisfação da população é fruto das péssimas condições que o Estado proporciona aos

mais pobres, do total abandono e descaso por parte das prefeituras desses municípios e do próprio governador, nesse caso, Rui Costa (PT). Nos últimos meses aconteceram manifestações em diversos locais do Brasil e essa prática só vem se intensificando, afinal, o governo dos golpistas tem aviltado a classe trabalhadora de uma forma tão absurda que até a direita tem entrado em conflito. É preciso aproveitar esses momentos de crise e desorganização da burguesia para avançar numa ofensiva popular, inflamando esses protestos a continuarem permanentemente.


8 | POLÍTICA E CIDADES

BOLSONARO AUTORIZA “ESTUDOS”

Mobilizar contra a entrega da Eletrobras E

nquanto uma parcela da esquerda insiste em querer colocar Bolsonaro na linha, o governo continua à toda velocidade com o plano entreguista de acabar com o patrimônio do povo brasileiro. Nesta quinta-feira (1), a Eletrobrás informou que aprofundará os estudos sobre sua privatização através do aumento de capital social, com autorização do presidente golpista Bolsonaro. No site da estatal, as informações dão conta de que há um processo de “desestatização” da empresa, por meio de um Programa de Parcerias e Investimentos (PPI), cuja intenção seria a parceria com o setor privado para investimento em infraestrutura. Ou seja, além do governo golpista proporcionar um gigantesco desmonte do setor público, ainda quer fazer crer que os

mesmo empresários que financiaram as reformas trabalhista e da Previdência, agora passaram a investir no futuro do país. A entrega da Eletrobrás, que foi criada no governo Getúlio Vargas, demonstra que esse governo neoliberal totalmente capacho pretende ser muito mais destrutivo que os anteriores, com uma política de eliminação dos direitos do povo brasileiro. Abrir mão de um setor estratégico tão importante para o desenvolvimento do país prova que a promessa de Paulo Guedes de “choque de energia barata”, que levaria à reindustrialização do país, não passa de mais uma demagogia bolsonarista. Com todas as estatais que já foram privatizadas, as perdas foram enormes para a qualidade de vida do povo bra-

sileiro, no caso da Eletrobrás não será diferente. Os prejuízos futuros vão desde aumento no valor das contas de energia, à exemplo da Argentina, até as milhares de demissões de trabalhadores, em um país com o índice de desemprego já astronômico. A intenção é, e sempre foi, privatizar o máximo possível para entregar tudo nas mãos dos capitalistas, pois vendem as estatais por preços irrisórios, também derrubando por terra a mentira sobre ajustar as contas do governo, cujos gastos continuam exorbitantes quando se trata de comprar votos de parlamentares para aprovar ataques à população. A única forma de acabar com esse ataque e todos os muitos que estão por vir, é com a derrubada do governo golpista pelo povo nas ruas.

ATO EM MEMÓRIA

ECT

Aos gritos de “fora Bolsonaro”, ato homenageia Fernando Santa Cruz

Bolsonaro se reúne com presidente dos Correios para privatizar empresa

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a tarde de ontem (2), centenas de pessoas compareceram ao Monumento Tortura Nunca Mais, na Rua da Aurora, no centro da cidade do Recife, para participar do ato em memória do militante pernambucano Fernando Santa Cruz e pelo fim do governo Bolsonaro. O ato, que foi organizado pela Associação Brasileira de Juristas pela Democracia (ABJD) e pelo Partido da Causa Operária (PCO), teve início às 15h e contou com militantes dos movimentos sociais e de partidos políticos, além de parlamentares e ativistas dos direitos humanos. No início da semana, o presidente ilegítimo Jair Bolsonaro, em uma tentativa de atacar o atual presidente da OAB (Ordem dos Advogados do Brasil), Felipe Santa Cruz, decidiu atacar Fernando Santa Cruz e defender as torturas e demais atrocidades da ditadura militar. Bolsonaro falou que sabia como Fernando, que é pai do presidente da OAB, teria morrido, e deu a entender que seu assassinato estaria justificado pelo fato de ele ser de esquerda.

Marcelo Santa Cruz, irmão de Fernando Santa Cruz, abriu o ato em Recife. Durante sua fala, Santa Cruz falou da militância de seu irmão e da perseguição política que levou ao seu sequestro, ao seu encarceramento e seu assassinato. Em seguida, uma série de falas denunciaram os ataques do governo Bolsonaro à população, refletindo a revolta dos trabalhadores com o governo que foi imposto por meio de uma fraude eleitoral. Durante o ato, por várias vezes, manifestantes gritaram a palavra de ordem “fora Bolsonaro”, além de palavras de ordem exigindo a liberdade do ex-presidente Lula. Os materiais da campanha “fora Bolsonaro”, que estavam sendo distribuídos e vendidos pelos militantes do PCO no ato, foram os mais requisitados naquela tarde. Diante da crise em que o regime político se encontra, é preciso intensificar a mobilização dos trabalhadores pela derrubada do governo. Todos às ruas pela liberdade de Lula e pelo “fora Bolsonaro” no dia 13 de agosto!

esta quinta-feira (1/8) o ministro da Economia, Paulo Guedes, destacou que a prioridade agora é a privatização dos correios. Mais uma entrega, a preço de banana, de uma atividade estratégica, nas mãos do capital estrangeiro. Os motivos demagógicos do ministro ultraneoliberal são os típicos. (1) “Corrupção” na empresa, como se corrupção não fosse justamente uma característica da burguesia e de tudo onde ela coloca as mãos. (2) “Rombos” nos fundos previdenciários e planos de saúdes, que serão fechados, reduzindo benefícios dos funcionários, sob o pretexto de que o “brasileiro está pagando o pato”. (3) Sindicalização e “ineficiência”. Ou seja, com o desmonte da organização sindical o funcionário poderá trabalhar mais por menos

salários, ser demitido sem se defender, e agências serem fechadas, maximizando os lucros para os donos. (4) É um “passivo invendável”, uma “vaca indo para o brejo”, portanto, qualquer preço será visto como aceitável. São as mesmas desculpas inventadas para privatizar a Petrobrás. Aliás, as mesmas utilizadas para a privatização de telefonia brasileira, energia elétrica, mineração, bancos estaduais no governo de FHC. E são hoje serviços caros e de péssima qualidade. Só falta mesmo o canalha Paulo Guedes implorar abertamente aos capitalistas estrangeiros para que estes levem os Correios de graça. Sem contar o fato de serem todas elas, áreas estratégicas e que, num caso de guerra, poderão operar a favor do inimigo, já que são controladas por estrangeiros.


POLÊMICA | 9

EXECUTIVA NACIONAL DO PSOL

Mais um coxinhato defendido pelo PSOL: desta vez em Hong Kong A

Executiva Nacional do Psol soltou nesta sexta (2), uma nota em solidariedade às “manifestações em defesas dos direitos civis” que estão acontecendo em Hong Kong, alinhando-se mais uma vez com a política imperialista. As ditas manifestações populares nada mais são do que coxinhatos, ou uma “revolução colorida” promovida pelo imperialismo britânico e norte americano contra o governo chinês. A quem pertence Hong Kong ? As manifestações começaram cerca de dois meses atrás, sob o pretexto de oposição a uma lei de extradição, que segundo o Psol seria uma “uma óbvia manobra legal que aumentaria a perseguição contra ativistas a partir da ameaça de extradição para o governo de Pequim”. Essa colocação trata a lei de extradição como se fosse entre dois países, e não entre territórios chineses. Hong Kong é protagonista de uma longa disputa geopolítica entre a China e a Inglaterra, o território foi roubado pelos britânicos após a vitória na Guerra do Ópio (1839-1842). O território só voltou sob domínio chinês, ainda que parcialmente, depois do início da onde contrarrevolucionária de abertura ao neoliberalismo no anos 1980. Em 1984, os britânicos aceitaram devolver o território em 13 anos, sob forma de Região Administrativa Especial, se os chineses mantivessem a agenda neoliberal na China. Como Região Administrativa Especial (RAE) o imperialismo achou um modo de não devolver plenamente

o território aos chineses. Hong Kong passa a possuir seu próprio judiciário, moeda e política migratória, assim como um chefe de governo executivo para governar a região. A lei de extradição não seria mais do que um mero mecanismo jurídico entre a China e seu território. Quem está por trás das manifestações ? Mesmo após o governo ter voltado atrás sobre a lei de extradição as manifestações continuaram e agora lutam, segundo o Psol, por “liberdades democráticas, como o direito à livre expressão e organização política, o não processamento dos manifestantes detidos, a eleição democrática do governo local e contra o aumento da influência do governo chinês continental na região autônoma”. Fica evidente que na verdade são manifestações contra a atual Chefe do Executivo, Carrie Lam, e contra o governo chinês. Seriam jovens estudantes que estariam por trás das manifestações pedindo pela renuncia de Lam e medidas democráticas. Essa última reivindicação é uma velha cartada do imperialismo, que em sua propaganda usa reivindicações ocas como a luta contra a corrupção (usada no Brasil), ou a luta por democracia para dar legitimidade aos golpes que orquestram. O que escancara o envolvimento do imperialismo, além das reivindicações ocas, são a presença das bandeiras norte-americanas em protestos. Na invasão desses manifestantes ao Parlamento de Hong Kong, a aproximadamente 1 mês atrás, além de de-

predarem as instalações, as pichações de dizeres contra o governo chinês e a administração da província autônoma, o que mais chamou a atenção foi a colocação da antiga bandeira colonial britânica no lugar do atual brasão de Hong Kong. O forte apoio dos imperialistas às manifestações, e o fato de representantes das potências europeias e dos EUA, terem se reunido com a oposição do governo em Hong Kong, deveria deixar um exame de pulgas atrás da orelha de qualquer um. Figuras como o secretário de Estado norte-americano, Mike Pompeo, e com a presidente da Câmara dos EUA, Nancy Pelosi, estão em constantes reuniões com a direita local. Ao que tudo indica, a Executiva Nacional do Psol, prefere acreditar veemente na versão da imprensa imperialista do que nos órgãos oficiais do governo de Hong Kong e no Governo chinês, pois acusam-no de omissão de informação e não terem credibilidade. Apesar da dificuldade de acesso à

informação e da falta de credibilidade dos dados oficiais, os duros ataques da imprensa oficial sugerem possibilidades de uma crise ainda maior. Em todos os aspectos estão repercutindo a política do imperialismo, descredibilizando as autoridades locais sem nunca questionar a versão apresentada pelos monopólios da imprensa internacional, cuja versão dos fatos é idêntica à apresentada pelo Partido Socialismo e Liberdade. O objetivo final dessas manifestações é desestabilizar o governo de Xi Jinping. Os Estados Unidos estão se empenhando em uma guerra econômica contra as gingantes chinesas como a Huawei, mas a empreitada tem sido um retumbante fracasso, por isso para frear a China estão partido para golpes como os executados no Brasil, Equador, Ucrânia, Egito, Nicarágua etc.. O cerco dos imperialistas aos países atrasados para derrubar os governos nacionalistas aumenta cada vez mais, o intuito é derrubar qualquer resistência à pilhagem desses países.

IMPRENSA GOLPISTA

Não é um problema de perversão, mas de luta por interesses materiais

A

rtigo publicado pela escritora Eliane Brum no sítio GGN procura uma explicação psicológica para a atual situação política brasileira e mundial. Segundo ela, o “Brasil está nas mãos deste perverso [Bolsonaro], que reúne ao seu redor outros perversos e alguns oportunistas” e conclui que “os brasileiros têm adoecido. Adoecimento mental, que resulta também em queda de imunidade e sintomas físicos, já que o corpo é um só.” Está muito longe de ser uma novidade a tentativa de explicar o fascismo como um fenômeno psicológico. Durante a ascensão de Mussolini na Itália e de Hitler na Alemanha, amplos setores da esquerda e da academia procuravam explicações psicológicas. Tais tentativas de entender um fenômeno político foram uma das causas para a derrota diante do fascismo. Enquanto buscavam uma explicação por fora da política, os fascistas ocupavam as ruas e os governos com seus métodos de violência e intimidação.

Mesmo tendo sido demonstradas erradas e catastróficas, as explicações de um sem número de sociólogos e historiadores posteriores insistiam e ainda insistem nas análise individuais ou psicológicas, mesmo que algumas dessas análise procurem falar em psicologia de massas. Mas tanto num caso como no outro fica oculto o fundo econômico, social e político do fascismo. Sobre o comportamento da esquerda na Itália e na Alemanha diante do fascismo, Trótski afirmou que a socialdemocracia alemã repetiu “com mais força, tudo o que os reformistas italianos fizeram”. “Os italianos explicavam o fascismo como uma psicose do pós-guerra; os socialdemocratas alemãs veem nele uma psicose de ‘Versalhes’ ou uma psicose da crise. Nos dois exemplos, os reformistas fecharam os olhos para o caráter orgânico do fascismo como um movimento de massas resultante do colapso do capitalismo” (do livro Fascismo, o que é e como combatê-lo). As esquerda e os in-

telectuais de hoje correm apressados para cometer os mesmos erros catastróficos. Se existe uma “doença social” causada pelo colapso econômico que resulta em uma situação política degenerada, ela só pode ser combatida atacando justamente suas causas, por meio em primeiro lugar da luta política. Para isso, é preciso uma análise correta do fascismo. O fascismo é uma resposta da burguesia ligada aos setores financeiros a uma enorme crise do sistema capitalista para esmagar as entidades dos trabalhadores e realizar seus ataques. Não tem nada de “histerismo social” ou “cultura do ódio”. Ele é um fenômeno típico da nossa atual época do capitalismo decadente, não porque o povo está doente, mas porque os capitalistas têm dificuldades cada vez maiores de sustentar-se no poder. E por isso, lançam mão de uma política de força para, através da violência, impor sua política. A violência não se combate com discurso ou choros ou análise acadêmicas. Política

se combate com política, violência se combate com violência. Pode ser difícil essa constatação para quem analisa os fenômenos sociais distantes deles, mas é a dura realidade. Não se trata portanto da “perversão” de Bolsonaro, mas de uma luta de vida ou morte entre a classe operária e a burguesia diante da crise do sistema capitalista.


10 | MOVIMENTO OPERÁRIO

BANCÁRIOS

Congresso dos funcionários do BB aprova luta pela liberdade de Lula N

esse dia 02 foi o último dia do Congresso dos Funcionários do Banco do Brasil, que se realizou na cidade de São Paulo, onde foram aprovadas as pautas de luta da categoria no próximo período. Além das propostas aprovadas em relação aos ataques da direção do banco e do governo ilegítimo de Bolsonaro, no plano de saúde através da intervenção da ANS (Agência Nacional da Saúde), com a intenção clara de liquidar com o plano para entregar para os banqueiros nacionais e internacionais, e, propostas tais como a participação dos dias de lutas que acontecerão no mês de agosto, impulsionar a campanha pela defesa das empresas estatais contra a privatização, a plenária do congresso aprovou uma palavra de ordem de fundamental importância para derrotar a ofen-

siva da direita golpista contra a classe trabalhadora e, especificamente, na categoria bancária, que é a defesa da Liberdade de Lula, sugerida e defendida pelos delegados da Corrente Sindical Nacional Causa Operária presentes no congresso. A defesa da liberdade do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva é uma das ferramentas que a categoria poderá utilizar, nesse período de luta da categoria bancária, para impulsionar a luta contra o golpe através de organizar a palavra de ordem de Fora Bolsonaro e barrar todas as medidas que a direção do banco vem impondo aos seus funcionários através das demissões em massa, fechamento de centenas de agências, descomissionamentos, aumento do assédio moral para que os trabalhadores atinjam metas de vendas de produtos bancários, etc.

Mobilizar nas escolas e universidades Firgoríficos são campeões de pela paralisação do dia 13 acidentes de trabalho no Paraná

A

s entidades mais representativas da educação a CNTE, Apeoesp e UNE estão chamando os trabalhadores para paralisarem suas atividades e participarem dos atos do dia 13/08 em diversas capitais do Brasil. O dia 13 de agosto também está sendo chamado pela Central Única dos Trabalhadores como um Dia Nacional de Luta. Cada dia o governo ilegítimo aprova uma lei que tira direitos básicos da população, no momento tem o roubo do século, que é a “reforma” da previdência. Na educação não faltam exemplos, o Future-se, congelamento dos gastos, o corte de 30% do dinheiro para as Universidades e assim por diante.

Alguns setores das direções estão querendo transformar a paralisação em mera pressão nos parlamentares, porém não devemos ter ilusão nesse congresso cada vez mais reacionário e vendido. Os parlamentares e o governo Bolsonaro não vão mudar de ideia, nem é possível “colocar o Bolsonaro na linha” Somente a mobilização massiva dos trabalhadores vai barrar todos os males promovidos pelos golpistas contra o povo. A população e todo o movimento sindical e operário devem cerrar suas fileiras contra o governo golpista de Bolsonaro. É o momento de partir para ofensiva e adotar a postura de derrubada de todo regime.

E

m vários estados do país, os frigoríficos se destacam como os maiores causadores de acidentes e doenças de trabalho no Brasil. Dentre eles, a região sul tem a sua parcela de contribuição, como por exemplo, o Paraná. Mais de 35% do total dos casos registrados são de responsabilidade dos frigoríficos, uma verdadeira destruição dos operários que acabam deixando seus familiares numa situação de penúria, principalmente pelos tipos de acidentes que invariavelmente requer o afastamento. Segundo informações do Anuário Estatístico de Acidentes do Trabalho (AEAT), divulgado pela Previdência Social, órgão ligado ao Ministério da Economia, entre 2015 e 2017, último ano com dados disponíveis, foram registradas 133.222 ocorrências desse tipo no Paraná. Ao todo, 629 trabalhadores morreram – sendo que o ano com maior ocorrência foi 2017, com 222 -, ao passo que outros 2.739 ficaram incapazes permanentemente, o que representa a assustadora média de cinco trabalhadores incapacitados a cada dois dias em decorrência de acidentes de trabalho. Paraná se soma aos estados do Mato Grosso, Mato Grosso do Sul, Goiás, entre outros – a região oeste do Estado, onde há uma concentração maior de frigoríficos e abatedouros, como é o caso de Cascavel, por exemplo, município que se encontra em segundo lugar em ocorrências em todo o estado, perdendo somente para a capital Curitiba. Apesar do tamanho da destruição dos trabalhadores, estes números estão muito abaixo da realidade, uma vez que os patrões escondem informações, ameaçam trabalhadores de demissão funcionários doentes, além de não fornecerem o Comunicado de Acidentes do Trabalho (CAT).

No frigorífico Seara, empresa do grupo JBS/Friboi, de Osasco, município da grande São Paulo, por exemplo, os trabalhadores, mesmo com braço enfaixado, são vistos trabalhando. Neste frigorifico existe uma situação de anomalia, qual seja, o setor responsável por efetuar a mudança das informações no quadro da Comissão Interna de Prevenção de Acidentes (CIPA) não reconhece os acidentes, pois os números de dias chegam a mais de 200 e sempre aumentam justificando a frase “não há nenhum acidente com afastamento”, ou seja, os frigoríficos são reconhecidos até pelo Ministério Público do Trabalho como os piores em relação aos acidentes e doenças, mas o grupo JBS/Friboi, donos do Seara alimentos, conhecidos como o campeão no quesito acidentes, doenças e mortes de trabalhadores, é o paraíso para seus funcionários…


INTERNACIONAL | 11

PORTO RICO

Crise aumenta e ninguém sabe quem será próximo governador A

crise em Porto Rico, literalmente uma colônia dos Estados Unidos no Caribe, está pegando fogo. Foram duas semanas muito intensas de protestos, que foram desencadeados após o vazamento de conversas do ex-governador (por ser uma colônia dos EUA, Porto Rico não tem um presidente) Ricardo Rosselló com outros membros do governo. Nestes diálogos, Rosselló ofendeu mulheres, vítimas do Furacão Maria de 2017 e homossexuais, incluindo aí a celebridade porto-riquenha Rick Martin. Embora os protestos tenham surgido em meio ao vazamento de diálogos “infelizes” de Rosselló, é um erro caracterizar esta reação popular como sendo uma luta contra o “machismo” de Rosselló. Pelo contrário, o que estamos vendo em Porto Rico é que após muitos anos de um esmagamento sistemático do povo deste país, finalmente o caldo entornou. Na verdade, trata-se da reação deste povo contra um período prolongado de domínio

colonial. A grande imprensa direitista, por outro lado, espertamente vendeu a ideia de que as manifestações seriam uma revolta contra o machismo de Ricardo. No entanto, o desenvolvimento da situação provou a farsa dessa “narrativa” da direita, para usar uma expressão da moda. A sucessora de Rosselló seria naturalmente Wanda Vázquez, que era secretária de Justiça. Ora, se fosse apenas o machismo de Rosselló, Vázquez cairia como uma luva para assumir o governo em meio à crise. No entanto, as manifestações porto-riquenhas repudiaram duramente Wanda, que renunciou a vaga deixada por Rosselló quase que imediatamente. María de Lourdes Santiago, vice-presidente o Partido da Independência de Porto Rico, chegou a dizer que substituir Ricky por Wanda “é como ser curado de dengue para pegar chikungunya.” Além de Wanda, também desistiram de segurar o “abacaxi” deixado por

Rosselló o secretário do Tesouro, Francisco Parés, e também o secretário interino de Educação Eligio Hernández, ele próprio tendo assumido seu cargo em meio a denúncias de corrupção. O imperialismo agora está em uma “sinuca de bico”, visto que as mobilizações rejeitaram Wanda Vázquez e outros aspirantes à sucessão de Rosselló. Ontem, dia 2 de agosto, seria a data em que Rosselló sairia oficialmente do

governo. A situação de Porto Rico deve ser acompanhada de perto e pode ser o prelúdio para uma radicalização da luta política nos Estados Unidos, visto que sendo uma colônia, Porto Rico é considerado território norte-americano. De todo modo, é mais um indício de que a crise capitalista pode explodir a qualquer momento, afinal, Porto Rico está interior do ninho da água do imperialismo estadunidense.

ACUSAÇÕES CIÍNICAS

ACUSAÇÕES CIÍNICAS

Acabou o acordo nuclear entre EUA e Rússia D

China reage às ameaças dos EUA: terão represálias A

epois de muito ensaio e acusações cínicas e sem provas dos EUA sobre a Rússia estar violando o tratado nuclear e fazendo testes com mísseis de longo alcance, ambos os países encerraram nesta sexta-feira (2) o Tratado de Forças Nucleares de Alcance Intermediário (INF), assinado em 1987 por Ronald Reagan e Mikhail Gorbachev. Essa posição dos EUA é fruto da crise do imperialismo, numa tentativa falha de medir forças com a Rússia a burguesia norte-americana mostra que está ficando cada vez mais sem alternativas de dominação. Utilizando-se da tática de atacar a economia da Rússia com uma possível corrida armamentista, os EUA acreditam que seu arsenal bélico ainda é o mais potente e inigualável do mundo, contudo, diversos especialistas já afirmara que essa superioridade tem sido desgastada em áreas importantes. A própria Comissão de Estratégia Nacional de Defesa afirmou em um documento solicitado pelo Congresso dos EUA que “A superioridade militar dos Estados Unidos diminuiu para um nível perigoso”. As sofisticadas táticas tecnológicas da Rússia têm feito com que seu poderio bélico avance exponencialmente, ultrapassando as tecnologias norte-americanas. Aliás, aliada da Rússia, a própria China vem sido considerada uma oponente bélica considerável em relação aos EUA, mostrando que os maiores prejudicados com o fim desse Tratado, por mais demagógico e capitulante que fosse, são os próprios norte-americanos.

A agressividade do imperialismo em todos os flancos é um sintoma da crise de seu controle sobre o mundo, o que é parcialmente positivo, pois demonstra sua fragilidade e permite a existência das condições dadas para uma derrubada do imperialismo. Não a toa, a burguesia estadunidense precisou orquestrar golpes por todo o mundo na tentativa desesperada de estender seus domínios, mas as tentativas falhas, como na Turquia, Iraque e Irã só acentuaram essa crise. Mesmo assim, o desespero dos EUA vai ao encontro de medidas mais agressivas, o que pode ser preocupante para grande parte da população. O prognóstico ainda é incerto, mas há grandes chances de, no auge do seu ego e busca por poder, os EUA entre nessa corrida, passando por grandes riscos de não conseguir bancar esse enfrentamento com Rússia.

tensão comercial entre China e EUA aprofundou-se com a declaração do presidente norte-americano, Donald Trump, nesta quinta-feira (1), quando afirmou que planeja aplicar tarifas adicionais de 10% sobre 300 bilhões de dólares em importações chinesas, à partir do início de setembro. Nesta sexta-feira (2), a porta-voz do Ministério das Relações Exteriores da China, Hua Chuying, denunciou a medida de Trump e classificou como chantagem a declaração do presidente norte-americano. Além disso, afirmou que o país asiático deverá retaliar os ataques dos EUA. “Se os Estados Unidos aprovarem essas tarifas, então a China terá que adotar as contramedidas necessárias para proteger os interesses principais e fundamentais do país”, disse Hua. E ainda afirmou que não irão “aceitar qualquer pressão máxima, intimidação ou chantagem. Sobre as principais questões de princípio não cederemos nem um centímetro”. As declarações dos dois países coloca um fim abrupto à tentativa de

apaziguar a guerra comercial. Durante reunião do G-20, havia sido anunciada uma trégua entre os dois países e o reinício das negociações entre os países. O aumento das tensões gerou um resultado negativo nas bolsas de valores. A Ibovespa (bolsa brasileira) desacelerou após a fala de Trump na quinta-feira (1), fechando o dia aos 102.125 pontos. Guerra comercial A guerra comercial iniciou com uma chantagem do imperialismo norte-americano aos chineses, que representam toda uma ala de países atrasados que estão em ascensão. Para realizar uma sabotagem econômica ao país, Trump anunciou, em março 2018, tarifas de 25% sobre 50 bilhões de dólares de alta tecnologia chineses e 10% sobre 200 bilhões de dólares de outras mercadorias. Os chineses retaliaram poucos dias depois, de forma correta, com aumento das tarifas a produtos (U$ 60 bilhões) dos Estados Unidos.


12 | CULTURA E ESPORTES

PARTICIPE!

Hoje! Participe da reunião do GARI, grupo de arte do PCO N

este sábado, às 16 horas, ocorre a reunião do Grupo por Uma Arte Revolucionária e Independente (GARI). Formado por militantes e simpatizantes do PCO, o GARI organiza a intervenção política de artistas e trabalhadores ligados à área da cultura. A reunião é aberta para o público em geral e acontece no Centro Cultural Benjamin Péret (CCBP) em São Paulo, na rua Serranos 90, perto do metrô Saúde. Para quem está fora de São Paulo ou não pode comparecer no CCBP, pode participar por videoconferência.

O GARI organiza a revista Breton, publicação cultural das edições Causa Operária, a bateria do PCO que participa dos atos públicos, a banda Revolução Permanente, além de outras atividades. O mais novo projeto do GARI é a publicação de um jornal de humor, que deve estar nas ruas ainda em agosto, com a participação de chargistas, cartunistas e redatores do jornal Causa Operária. Para participar por videoconferência entre em contato no Whatsapp 11984272254.

ESPORTES

Todos os domingos às 20h30 na Causa Operária TV

Torcida do Corinthians realiza “Vigília pela Democracia” O

Coletivo Democracia Corinthiana realizará na noite de hoje (2 de agosto), um evento chamado “Vigília pela Democracia”. A intenção é protestar contra a censura imposta pela diretoria do clube, que mandou retirar de seu memorial a camisa usada por Gustavinho, do time de basquete, com os dizeres: “Quem matou Marielle?”. Além disso, o coletivo também se colocou a favor da liberdade de expressão de um modo geral e da luta pela democracia. O Coletivo tem um histórico de ações, desde a sua criação durante a ditadura militar, que se colocaram ao lado da luta das classes trabalhadoras. A mais recente foi durante as manifestações contra a ditadura militar do dia 31 de março deste ano, quando eles se enfrentaram com um grupo de fas-

cistas em frente ao prédio da FIESP. Abaixo a convocação feita pelo Coletivo Democracia Corinthiana para o ato de hoje: “Nosso clube, nasceu em 1910 para dar vez e voz ao nosso povo, com democracia, liberdade e solidariedade. Esse é o DNA corinthiano, expresso na mobilização do Doutor Sócrates e outros membros da Democracia Corinthiana na vitoriosa luta contra a Ditadura Militar, corrupta e assassina. Hoje, elementos inimigos do corinthianismo tentar impor uma pauta anti popular ao clube, como na censura à camisa de nosso astro do basquete, Gustavinho, que celebrou a conquista da Liga de Ouro Perguntando: “QUEM MATOU MARIELLE?” Neste momento de ataque à democracia, nosso papel é resistir com coragem

Perseguição: Neymar não está nem entre os 10 melhores E sse é o segundo ano consecutivo que Neymar está fora do ranking dos melhores do mundo, destacando-se 2018 como o ano da copa mundial cuja vitória da França foi capitalizada pela perseguição ao principal jogador brasileiro e favorito ao prêmio. Após a campanha do “cai-cai”, pela marcação violenta dos contra Neymar, o jogador foi acusado de irresponsável e, até, de estuprador. Toda essa campanha contra o jogador e, por fim, contra o futebol brasileiro, foi utilizada para justificar a desvalorização do principal expoente no esporte, deixando o Brasil de fora dos rankings mundiais. Além de se tratar de uma campanha contra o país, que possui o esporte como um dos seus símbolos. Dessa forma, há o boicote não só ao peso da presença do Brasil, um pais atrasado, no esporte em âmbito internacional, como também é induzida a desvalorização dos jogadores brasileiros que

passam a receber menores investimentos de seus financiadores.

ao avanço do fascismo. Venha para a vigilia desta sexta feira. Traga uma vela ou lampião. TEU PASSADO É UMA BANDEIRA,

TEU PRESENTE É UMA LIÇÃO. É nesta sexta feira a partir das 19:10. “Diante do Parque São Jorge, Rua São Jorge, 777 – Desça no Metrô Carrão”


MORADIA E TERRA | 13

LONDRINA

Centenas famílias despejadas por Ratinho Jr. N

a última terça (30), às sete horas da manhã, sem qualquer aviso prévio, dezenas de viaturas da Polícia Militar e da tropa de Choque do Paraná cumpriram uma ordem de despejo contra cerca de 300 famílias sem terra integrantes do acampamento Quilombo dos Palmares, no distrito rural Lerrovile, em Londrina-PR. 159 famílias estavam no local, sob forte pressão psicológica, os camponeses e camponesas desmancharam suas casas de madeira e reuniram o que construíram com muito esforço desde 2015, quando ocuparam a área. Ficou para trás a maior parte dos alimentos produzidos naquela terra, sustento para crianças, homens, mulheres e idosos que viviam ali. O despejo foi o segundo ataque sofrido pelo MST em menos de uma semana. No último dia 22 de julho, de acordo com o jornal Resistência Camponesa, o acampamento Bela Vista, organizado pelo MST em Rio Pardo de Minas, no norte de Minas Gerais, foi atacado na noite de 18 de julho.

Segundo matéria do portal midia1508: “Seis pessoas em três motos invadiram o acampamento, ameaçaram as famílias camponesas gritando “vamos matar todo mundo” e atearam fogo nos barracos. As famílias conseguiram se esconder no mato, mas tiveram todos os seus pertences destruídos. Segundo os acampados, uma moto com duas pessoas não conhecidas rodaram a área no período

da manhã do mesmo dia. Segundo a página do MST, ‘O acampamento possui 30 famílias, que estão na área desde fevereiro de 2017. A área era da fazenda Santa Bárbara, uma terra pública, registrada no nome do Estado de Minas e que estava sendo explorada irregularmente pela Gerdau. Trata-se de uma grilagem denunciada pelos trabalhadores e trabalhadoras Sem Terra da região. A empresa entrou com pedido

de reintegração de posse, mas o Estado manifestou-se na justiça, reconhecendo a área pública, por isso as famílias continuam na posse da área’. Os sem terra denunciaram ainda que ‘a conivência do Estado permitiu que a prática de pistolagem se tornasse comum e propagasse um triste histórico de violência na região’. O texto recorda que ’em 2009 houve em uma tentativa de massacre das famílias acampadas nas terras devolutas da fazenda Capão Muniz. A mando de Mario Nascimento Neto, 40 pistoleiros espancaram e torturam as pessoas. Felizmente ninguém foi assassinado na ocasião, mas até hoje o processo corre na justiça e a impunidade permanece’.” Esse episódio é a prova do aprofundamento do golpe de Estado, do avanço da extrema direita no governos federal e estadual contra os trabalhadores do campo e da cidade. Ratinho Jr. é um governo bolsonarista, tal como Bolsonaro. É preciso defender o direito de auto defesa dos trabalhadores, especialmente no campo, uma vez que o Estado burguês não só não garantirá o direito à terra e a segurança dos trabalhadores, como será o 1º a violar esses direitos.

MS

PM faz megaoperação com latifundiários para atacar indígenas N

a última quinta-feira (1º de agosto), a Polícia Militar do Mato Grosso do Sul realizou uma ação de despejo de cerca de 500 indígenas do povo Kinikinau do território da Fazenda Água Branca, localizado no município de Aquidauana, MS. Os indígenas haviam feito a retomada de seu território durante a manhã, após muitos anos de reivindicação junto ao governo. Mas à tarde, foram surpreendidos por dois ônibus e um helicóptero da PM, que invadiram a área sem ordem judicial, a fim de retirar a população de lá por meio da força. Segundo relatos dos indígenas, os policiais invadiram a área por trás da sede no momento em que os anciões descansavam e as crianças brincavam, atirando bombas de gás lacrimogêneo. “Chegaram para tentar machucar e humilhar o povo”, nas palavras de um dos Kinikinau. Toda a operação foi arquitetada por Odilon Ribeiro (PSDB), prefeito de Aquidauana e primo da ministra da agricultura do regime golpista, Tereza Cristina. O prefeito diz em uma men-

sagem de áudio atribuída a ele e que circula pelo whatsapp: “Já me pediram aqui dois ônibus pra levar 90 policiais militares, e já tem uns 40 lá, então vão tirar ou por bem ou à força”. O povo Kinikinau havia sido expulso desse território há 100 anos pelo governo da época e espalhadas por aldeias pelo estado do MS, para que as terras fossem entregues ao agronegócio. Desde então, eles nunca tiveram terras que pertencessem a eles, vivendo sempre de favor em terras de outros povos. Essa situação mostra que a ascenção de Bolsonaro e a extrema-direita golpista ao poder possibilitou aos latifundiários uma melhor organização para poderem massacrar os indígenas e outras populações do campo. O avanço do bolsonarismo vem colocando às claras essa política de guerra contra o povo em todas as áreas e é preciso que haja uma organização para combater o governo. Devem ser feitos comitês de auto-defesa no campo e deve-se organizar o povo para a luta pelo Fora Bolsonaro e Liberdade para Lula.


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