DOMINGO-FEIRA, 4 DE AGOSTO DE 2019 • EDIÇÃO Nº 5724
DIÁRIO OPERÁRIO E SOCIALISTA DESDE 2003
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Veja as cidades dos mutirões pela liberdade de Lula Em mais de 50 locais, já estão confirmados os mutirões pela liberdade de Lula. Os militantes irão pegar assinaturas para o abaixo-assinado que exige a anulação de todos os processos contra o ex-presidente, pois foram criminosos ao condená-lo sem provas e de forma ilegal, com o juiz atuando em conjunto com a procuradoria.
EDITORIAL
A situação está amadurecida para derrubar Bolsonaro
Uma esquerda entrincheirada no “fica Bolsonaro” No último dia 2 de agosto, o portal na internet do jornal Página 13, da Articulação de Esquerda, corrente interna do PT, publicou matéria assinada por Marcos Jacoby intitulada “Sobre a polêmica do impeachment e do Fora Bolsonaro”.
Fux diz que gravações não podem ser destruídas e evidencia crise 13/08: às ruas pelo Fora Bolsonaro! É possível lutar pela revolução sem lutar contra o golpe? Nildo Ouriques, professor de Economia da UFSC (Universidade Federal de Santa Catarina) e integrante da direção nacional do PSOL, foi entrevistado no programa de rádio Faixa Livre. Segundo ele: “A estratégia de frente única, de lamber as feridas, não nos leva a lugar nenhum.”
2 | OPINIÃO E POLÊMICA EDITORIAL
A situação está amadurecida para derrubar Bolsonaro
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eria equivocado dizer que a crise do governo golpista de Jair Bolsonaro começou agora. Essa é uma crise que se estende desde o primeiro dia do governo, resultado das circunstâncias que levaram o atual presidente ao poder: prisão de Lula, fraude eleitoral e o processo golpista de conjunto. Rigorosamente, a crise do governo Bolsonaro é a crise do regime golpista. Nesse sentido, a derrubada de Bolsonaro já era um fator presente na situação política até mesmo quando sua vitória na fraude eleitoral foi consolidada. Nesse momento, porém, passados 8 meses de governo, é possível dizer que a situação amadureceu. As condições estão preparadas para derrubar o governo golpista e o que é mais importante, que as massas estejam na iniciativa nesse processo. Se o governo nasceu impopular, fruto de uma fraude que foi capaz de elegê-lo tendo apenas cerca de 15% de apoio, passado esse tempo, com o acúmulo de medidas impopulares, as declarações ofensivas ao povo, as denúncias contra o governo, as revelações dos vazamentos da Lava Jato, é impossível não perceber que o governo está no seu momento mais baixo.
A estes fatores políticos somam-se as inúmeras manifestações espontâneas do povo em todos os lugares. Não é exagerado dizer que qualquer pequena aglomeração de pessoas tende a descambar para um protesto contra o governo. Qualquer grito de fora Bolsonaro ou a versão popular de “ei, Bolsonaro, vai tomar no c*” se alastra facilmente no meio do povo. Qualquer atividade que junte uma pequena multidão se transforma rapidamente em manifestação política contra o governo. Esse fenômeno foi registrado já no carnaval, ou seja, três meses depois da posse de Bolsonaro, mas vem se intensificando. Nas últimas semanas foram dezenas de shows, festivais – apenas
para lembrar os que foram registrados – com protestos contra o governo. Bolsonaro levou uma vaia homérica na final da Copa América e no jogo entre Palmeiras e Vasco. É importante dizer que a maior parte do público desses jogos era constituído por pessoas de classes média – graças ao preço dos ingressos – e que portanto, mesmo num setor social em que o bolsonarismo seria mais forte, embora não seja maioria, as manifestações contra o governo se alastram com facilidade. E se é assim em festivais culturais e jogos de futebol, nem precisa dizer das manifestações. Em todas elas, embora as direções da esquerda pequeno-burguesa fizessem um esforço para desviar o foco da luta para questões
parciais, a esmagadora maioria dos presentes adotam a palavra de ordem de fora Bolsonaro. Seria ingenuidade acreditar que os 15% de base social que Bolsonaro tinha nas eleições se mantêm firmes depois de oito meses de governo desastroso. Ou seja, até mesmo a sua pequena base social está minguando. Portanto, a correlação de forças está nesse momento favorável à luta das massas. Dizer o contrário é ir na contramão do que quer a maioria do povo. A tarefa do momento é convocar os trabalhadores e a população em geral a tomar as ruas com a palavra de ordem de fora Bolsonaro. É preciso orientar as massas sobre o que fazer nesse momento em que a situação está amadurecida para derrubar o governo. Esse é o sentimento de amplos setores das massas. Está na hora, sob pena de perdermos o momento favorável, o que poderá levar as massas a uma derrota. Se a esquerda não toma a iniciativa, a direita já prepara uma ofensiva contra as organizações do povo. É preciso sair às ruas para derrubar o governo, exigindo eleições gerais, com Lula livre e candidato para derrubar todo o regime golpista.
COLUNA
Congresso do BB aprova: derrotar Bolsonaro nas ruas e Lula Livre Por Renan Arruda
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ncerrou-se na última sexta-feira, 02/08, o 30º Congresso Nacional dos Funcionários de Banco do Brasil (CNFBB), ocorrido em São Paulo capital. Paralelo ao Congresso dos funcionários de BB, ocorreu o, 35º Congresso dos Funcionários da Caixa Econômica Federal (Conecef). As duas atividades precederam o Encontro Nacional dos Bancários, que iniciou-se na noite da sexta-feira e vai até este domingo. Os congressos se deram no marco de uma profunda ofensiva do governo fascista de Bolsonaro contra os bancos públicos brasileiros. De acordo com fontes oficiais, de janeiro para cá o governo já se desfez de mais de 16 bilhões em ativos do BB e da CEF e agora se prepara para vender as subsidiárias desses bancos. Como não poderia ser diferente o encolhimento dos principais bancos públicos do país favorece diretamente os bancos privados. Nesse se sentido, foi emblemática a declaração do presidente do Itau, Candido Bracher, “Isso deixa a situação macroeconômica do Brasil tão boa quanto nunca vi na minha carreira”. Na mesma medida da ofensiva contra o BB e a CEF, intensificou-se, também, o ataque contra o conjunto do funcionalismo. Desde a destruição dos planos de saúde, passando por descomissionamentos sistemáticos, restruturações internas que implicam
em planos de demissões voluntárias, fechamentos de postos de trabalho, assédio moral, o avanço contra o conjunto do funcionalismo tem sido uma constante desde o golpe de 2016 e ganhou, com o governo fascista de Bolsonaro, uma expressão ainda mais macabra. Diante de tamanha ofensiva da extrema-direita seria de se esperar que os congressos fossem ponta de lança para uma contra-ofensiva dos trabalhadores, a sua organização e mobilização para a luta. Isso não ocorreu. Na realidade, os congressos expressaram de forma bastante nítida a indecisão das direções sindicais bancárias em travar uma luta decidida contra o golpe e por consequência contra a destruição dos bancos públicos. No CNFBB foi patente a política de freio-de-mão puxado por parte dos dirigentes, a começar pela própria organização do Congresso. O 30º teve aproximadamente 200 delegados, cerca de 1/3 dos delegados presentes no Congresso anterior, ocorrido em julho de 2018. Quer dizer, em um momento em que avança o golpe contra os bancários, mas que ao mesmo tempo aponta uma tendência a uma reação do conjunto dos trabalhadores e da juventude, como vimos nas grandes mobilizações de maio e na greve geral de junho, diminui subs-
tancialmente o número de delegados, transformando o Congresso quase que em um congresso de dirigentes sindicais, com pouquíssima participação das bases. Ao invés de 200 delegados deveriam estar presentes dois, três mil bancários. Se o problema é o custo, vamos baratear o Congresso, transportar os trabalhadores de ônibus, alojar em quadras de esporte. O problema não ficou apenas por aí, a pauta apresentada para discussão engessou de tal maneira o Congresso que questões determinantes para a luta dos trabalhadores bancários ocorreram no afogadilho, sem um efetivo debate, como foi, por exemplo, a questão da posição do Congresso com relação ao governo Bolsonaro. Foram priorizadas questões específicas dos funcionários do BB, sem dúvida muito importantes, mas que estão absolutamente condicionadas à política de enfrentamento com o governo. O Congresso girou em torno de painéis sobre os temas da Previdência privada e complementar, Reestruturação do BB e o Plano de Saúde – Cassi. Embora sejam questões cruciais para o funcionalismo do BB a discussão deveria se dar a partir de uma posição de uma tomada de posição com relação à situação política, ao governo golpista de Bolsonaro e questão da luta pela liberdade de Lula e não o
contrário, como ocorreu.É muito pouco provável que um segmento de uma categoria, seja capaz de promover uma mobilização para barrar a destruição do banco pelo governo e destruição de conquistas históricas dos trabalhadores partindo de questões específicas. Isso já aconteceu inclusive com questões mais ampla como a “reforma trabalhista” e a “reforma” da Previdência, aprovada em 1º turno pela Câmara dos Deputados. O ponto positivo do Congresso foi a aprovação da Campanha “Derrotar Bolsonaro nas ruas” e lutar pela “Liberdade de Lula”. A questão-chave que se coloca agora é a de transformar a campanha em realidade e não em uma formalidade do Congresso. O que temos que ter presentes é que se não houver uma decidida luta contra Bolsonaro, os bancários serão massacrados pelo governo. As condições para derrubar Bolsonaro estão absolutamente maduras. Mesmo com toda a vacilação das direções sindicais em adotar esse bandeira como eixo central de luta, uma parcela expressiva da população já compreendeu que a reversão do quadro de destruição do país não pode se dar por meio de lutas pontuais, mas a partir de uma efetiva luta para derrubar aquele que representa no momento a cabeça do golpe de Estado no Brasil.
ATIVIDADES DO PCO | 3
CONTRA O GOLPE
Veja as cidades dos mutirões pela liberdade de Lula
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m mais de 50 locais, já estão confirmados os mutirões pela liberdade de Lula. Os militantes irão pegar assinaturas para o abaixo-assinado que exige a anulação de todos os processos contra o ex-presidente, pois foram criminosos ao condená-lo sem provas e de forma ilegal, com o juiz atuando em conjunto com a procuradoria. Os mutirões serão realizados hoje (04/08) em diversos locais, como tradicionalmente todos os domingos. Confira os locais: Lista de cidades que já têm mutirões confirmado RS Pelotas – Praça Cel. Pedro Osório – 14h-17h Porto Alegre – local a confirmar SC Blumenau – Prainha -15h-18h Chapecó – Praça Cel Bertasi – 11h-14h Criciúma – Terminal Central – 17h-20h Araranguá – Calçadão – 10h30-13h00 Içara – local à confirmar Palhoça – Beira-Mar de São José – 9h-12h PR Curitiba – Feira do Largo da Ordem – 10h-13h Guarapuava – Praça XV de Novembro – 9h Irati – local à confirmar Londrina – Feira Livre dos Cinco Con-
juntos – 9h-12h Paranaguá – Aeroparque – 14h-18h Paranavaí – Feira Livre – 9h-11h SP Araraquara – Praça Santa Cruz –9h3012h30 Assis – Parque Buracão – 15h-18h Campinas – Feira do Rolo – Capital – Avenida Paulista – Capital – Bairro Vargem Grande, Feira Livre – 10h-13h Catanduva – Praça Central Embu – Feira Central Jabotical – Mercado Municipal – 9h-12h Marília – Feira do Rolo – 9h-12h Ribeirão Preto – Calçadão – 10h3014h Sorocaba – Feira da barganha – 9h30
de – 9h Planaltina – local a confirmar
Santo Agostinho – Mercado do Cabo – 8h
RJ Capital – Feira da Glória – 13h-17h Petrópolis – Praça da Liberdade – 15h-18h Rio das Ostras – Praça Pereira Câmara – 13h-15h São Gonçalo – local a confirmar Volta Redonda – Vila Santa Cecília, na Feira Livre – 10h-14h
BA Feira de Santana – Mercado Guarani – 9h Itabuna – local a confirmar Porto Seguro – Feira do Baianão – 8h-11h Salvador – Feira de Pari – 8h-13h Santa bárbara – Centro Vitória da Conquista – local a confirmar
PB Patos – local a confirmar
MG Belo Horizonte – Feira Hippie – 9h-12h Uberlândia – local a confirmar
AL Maceió – Rua Fechada na Orla – 11h-14h
DF Brasília – Parque da Cidade, pavilhão de exposições, no Congresso da Saú-
PE Recife – Avenida Rio Branco – 15h Olinda – Feira de Peixinhos – 8h
COTV
RN Natal – local a confirmar CE Fortaleza – Feira da Parangaba – 8h-11h Juazeiro – local a confirmar PI Teresina – Mercado Parque Piaui – 8h30-11h TO Palmas – Praça Central – 9h
PIAUÍ
Mais de 10 mil já assistiram! Análise Procissão das Sanfonas com política da Semana, veja agora! liberdade para Lula e Fora Bolsonaro
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Análise Política da Semana é o programa mais antigo e de maior audiência da Causa Operária TV. Apresentada todos os sábados a partir das 11:30 h pelo companheiro Rui Costa Pimenta, presidente do PCO, assistir a Análise Política já se transformou em um programa semanal para dezenas de milhares de pessoas. A última Análise, apresentada ontem, no dia 3 de agosto, discutiu, dentre muitos temas, o assunto que tomou conta do Brasil, tanto nas redes sociais quanto nas ruas, que é o problema do “Fora Bolsonaro”. Vimos que a hashtag sobre o Impeachment
de Bolsonaro ocupou o topo das paradas no Twitter, e em seguida, todo um setor da esquerda saiu a campo em defesa do “Fica Bolsonaro”. Neste programa, o companheiro Rui discutiu em profundidade este problema, destacando que a volta às aulas e o retorno dos atos políticos é o momento perfeito para levantar o Fora Bolsonaro. Em menos de 24 horas, mais de 10 mil pessoas já assistiram esta última Análise. E você, já assistiu? Não perca tempo, assista agora e ajude a divulgar o nosso trabalho compartilhando com amigos e contatos.
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o último dia 2 de agosto, sexta-feira, aconteceu em Teresina-PI a 11ª Procissão das Sanfonas. O evento, que já existe há mais de 10 anos, sai pelas ruas do centro da cidade homenageando os nomes da cultura nordestina. Essa edição lembrou dos 30 anos da morte de Luiz Gonzaga (2 de agosto de 1989) e Raul Seixas (21 de agosto de 1989) e os 100 anos do nascimento de Jackson do Pandeiro (31 de agosto de 1919). Além da música, bonecos gigantes desses personagens nordestinos passeiam no meio do povo. Além dos já citados, também Lampião e Padre Cícero. É uma exaltação ao Nordeste e sua cultura. Mas outros dois nomes também foram muito lembrados na atividade popular, um por ser um nordestino perseguido político da burguesia, preso há mais de um ano e outro por ser um inimigo declarado do povo: entre uma canção e outra o que mais se ouviu na Procissão das Sanfonas foi liberdade para Lula e Fora Bolsonaro. Essa é mais uma atividade cultural que mostra a tendência enorme de luta do povo. Como ficou demonstrado
em vários shows, festivais e jogos de futebol, onde se reúne uma pequena multidão, logo se alastram os gritos contra Bolsonaro e em defesa de Lula. A Procissão das Sanfonas reúne grupos musicais de sanfoneiros e zabumbeiros da capital e do interior do Piauí que tocam pelas ruas da cidade enquanto o povo segue o rítmico nordestino caindo na dança. Companheiros do PCO presentes na Procissão relataram que a tentativa de parte dos organizadores do evento, ligada ao PSDB, de tentar defender que a atividade era “apolítica” foi em vão. O povo aderiu às palavras de ordem e vibrava com os cartazes de apoio a Lula. Os próprios artistas vindos de todas as partes do estado se manifestaram favoravelmente e a Procissão se tornou em mais um ato político, mostrando a tendência do povo em se manifestar.
4 | POLÍTICA E ECONOMIA
GOLPISTA
Não é só discurso, Bolsonaro impõe embargo econômico ao Nordeste
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m sete meses de governo Bolsonaro, a Caixa Econômica Federal emprestou R$ 89 milhões para os estados do Nordeste. O valor é muito inferior aos empréstimos que normalmente eram feitos para a região e correspondem a apenas 2,2% do valor total emprestado pela Caixa nesse ano. Embora o valor emprestado seja muito baixo, há vários pedidos que foram ignorados pelo governo Bolsonaro. Entre eles, está o de um financiamento de R$ 133 milhões para a prefeitura de São Luís (MA), para bancar obras de infraestrutura, que não recebeu nenhuma resposta da Caixa. Em Florianópolis, por outro lado, foi liberado um crédito de R$ 100 milhões para obras de infraestrutura, transporte, energia e logística, atendido em menos de uma semana.
A sabotagem da Caixa durante o governo Bolsonaro mostra que os ataques do governo ilegítimo ao Nordeste não ficarão somente no discurso. Por trás dos xingamentos desferidos por Bolsonaro – como “paraíba” e “pau-de-arara” -, está uma política muito bem definida: a de cortar todos os investimentos nas regiões pobres para aumentar os lucros dos capitalistas. A política de estrangulamento do Nordeste pelo governo fascista de Bolsonaro é a reprodução fiel do que o imperialismo norte-americano impõe com os embargos a Venezuela e Cuba. O objetivo do servo brasileiro nada mais significa do que uma tentativa de impor pelo estrangulamento econômico a subserviência de toda a região à rapinagem pelo grande capital nacional e internacional.
A sabotagem ao Nordeste é uma política criminosa do governo Bolsonaro. Na prática, poderá causar a morte de milhares de pessoas por fome, a destruição de centenas de escolas e uma
falência generalizada na infraestrutura das cidades. Por isso, é preciso derrubar imediatamente o governo Bolsonaro, libertar o ex-presidente Lula e exigir a convocação de eleições gerais!
POLÍTICA DESTRUTIVA
Golpe faz produção de Petróleo recuar 6,4% em junho O
governo Bolsonaro está em uma cruzada contra as estatísticas, na intenção de passar uma imagem menos negativa dos efeitos da política destrutiva que impõe ao país. Dados da Agência Nacional de Petróleo (ANP) mostram que, de maio para junho, a produção de petróleo caiu 6,4% no país, com diminuição de 1,3% quando comparado com o mesmo período do ano passado. Assim como a produção de petróleo, a de gás natural também apresentou queda de 5,8% em relação a maio e 3,3% a junho do ano passado. A queda da produção se deve, principalmente, a política de sucateamen-
to do setor público visando a privatização de todos os setores possíveis. Com o plano de parceria com o setor privado para conseguir investimentos na infraestrutura, o governo golpista abandona suas plataformas de pétróleo sem manutenção, para que possa justifcar a entrega de uma empresa que lucra aos capitalista. Além da tentativa de Paulo Guedes de privatizar todas as estatais que consegue, a queda no desempenho da produção também é resultado da Lava-Jato, operação que focou esforços em atacar a Petrobrás, obrigando a empresa a pagar quantias absurdas em indenizações ao imperialismo.
CRISE POLÍTICA
Golpistas ainda querem chegar em acordo sobre Itaipu A
crise política que afeta o Brasil devido ao governo de direita que tomou o poder por meio de um golpe, também está afetando diversos países na América Latina que passaram pela mesma situação envolvendo operações imperialistas. O Paraguai, cujo presidente é fruto de um golpe e um aliado de Bolsonaro, passa por um turbilhão nas últimas semanas. A renegociação entre Brasil e Paraguai, que gerou uma grave crise política em Assunção, do acordo de contratação de energia da hidrelétrica binacional de Itaipu, vai continuar após a decisão paraguaia de tornar o último acordo sem efeito, o governo bolsonarista acredita que chegará a um acordo até o fim do mês de agosto. No acordo assinado em maio, o presidente do Paraguai, Mario Abdo Benítez, concordou em pagar mais caro pela energia vinda de Itaipu, mediante
pressão por parte do Brasil para que o país contratasse uma quantidade maior de energia. Ao tornar-se público o conteúdo do acordo, uma crise foi aberta na política paraguaia, onde Abdo Benítez foi acusado de ser um traidor da nação, podendo gerar um prejuízo de centenas de milhões de dólares ao seu país. Após quase causar um impeachment de Abdo Benítez, o governo brasileiro ainda tenta chegar a um acordo com o governo de Assunção. O acordo de Itaipu, assim como os cortes na educação no Brasil, foi o estopim para uma grande manifestação do descontentamento da população com o governo direitista capacho de seu país. É necessário uma saída para crise que não seja pelas vias institucionais como o impeachment, e sim com a mobilização do povo pela derrubada de todos os governos golpistas da América Latina.
MORADIA E TERRA | 5
TRABALHADORES DO CAMPO
Bolsonaro é responsável pela escalada de violência contra os sem terra
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essa última semana os movimentos de luta pela terra e os trabalhadores do campo sofreram com a violência da direita em acampamentos, assentamentos e terras indígenas. Foram diversos ataques que resultaram em assassinatos, despejos, espancamentos e todo o tipo de ameaça e intimidação. A política de atacar os trabalhadores sem-terra, indígenas e quilombolas está criando um clima favorável para a direita no campo, formada por latifundiários, madeireiros e mineradoras que estão se sentindo à vontade para cometer as maiores barbaridades sem nenhuma preocupação com as consequências. Em menos de uma semana, houve dois ataques da direita em que integrantes do MST foram atropelados. Em Valinhos, interior de São Paulo, 15 pessoas ficaram feridas e um senhor não resistiu e faleceu. No Rio Grande do Norte, outro bolsonarista jogou sua caminhonete contra um integrante do MST que morava no Acampamento Antônio Batista, no município do Alto do Rodrigues, local de grande conflito com latifundiários. Um método que os latifundiários estão se utilizando de uma maneira corriqueira é a tentativa de despejo e retirada forçada de acampamentos de maneira completamente ilegal. Para realizar qualquer tentativa de despejo no campo, deve-se ter autorização da justiça e a presença da polícia para a retirada das famílias sem-terra, indíge-
nas ou quilombolas. A justiça, em geral, concede a ordem de despejo sem problemas ou muita burocracia para os latifundiários, mesmo que exista problemas de documentação da fazenda ou até mesmo que o requerente da ordem de despejo seja o dono do imóvel. Mas mesmo sendo fácil, a situação política está deixando os latifundiários e a direita à vontade para realizar esses despejos sem nenhuma autorização da justiça golpista com uso de empresas de “segurança” ou mesmo pistoleiros à moda antiga. A partir do golpe de 2016, até o uso de grande aparato repressivo da polícia militar está sendo usado sem nenhuma autorização judicial. Temos dois exemplos dessa política. Na cidade de Aquidauana, no Mato Grosso do Sul, no dia primeiro, 130 policiais militares do batalhão de choque e um helicóptero, realizaram um despejo de cerca de 500 indígenas Kinikinau de maneira totalmente arbitrária e violenta. Outro ocorreu no dia 02/08, município de Santa Cruz Cabrália, no Extremo sul da Bahia, as famílias do acampamento Nova Esperança, foram covardemente atacadas por pistoleiros encapuzados que espancaram as famílias, incluindo idosos e mulheres. Atearam fogo nos barracos e destruíram todos os bens dos trabalhadores sem-terra. Desde a semana passada conseguimos contabilizar aproximadamente
DEVASTAÇÃO
Demissão de diretor do Inpe é expressão de apoio ao latifúndio
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a última sexta-feira (2), o ministro da Ciência e Tecnologia Marcos Pontes, que também é tenente-coronel da reserva da Força Aérea Brasileira, decidiu exonerar Ricardo Galvão, diretor do Inpe (Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais). Segundo o próprio diretor, a exoneração foi motivada pelo constrangimento causado após suas críticas ao presidente ilegítimo Jair Bolsonaro. A declaração que levou à exoneração de Ricardo Galvão aconteceu no dia 20, em entrevista do diretor à Rede Globo. Disse Galvão: ele [Bolsonaro] tem um comportamento como se estivesse em botequim. Ou seja, ele faz acusações indevidas a pessoas do mais alto nível da ciência brasileira, não estou dizendo só eu, mas muitas outras pessoas. Na mesma entrevista, Ricardo Galvão também falou: Isso é uma piada de um garoto de 14 anos que não cabe a um presidente da República fazer, A crise entre Bolsonaro e o presidente do Inpe começou no dia 19 de julho, quando o presidente ilegí-
timo, durante um café com jornalistas estrangeiros, questionou os dados que o instituto havia divulgado sobre o desmatamento. Disse Bolsonaro: Com toda a devastação que vocês nos acusam de estar fazendo e ter feito no passado, a Amazônia já teria se extinguido. É lógico que vou conversar com o presidente do Inpe. [São] matérias repetidas que apenas ajudam a fazer com que o nome do Brasil seja malvisto lá fora. No final das contas, ficou claro o tipo de “conversa” que Bolsonaro queria ter com o Inpe: mandou exonerar seu diretor para impedir que qualquer dado sobre o desmatamento no Brasil seja divulgado. Afinal, o governo Bolsonaro é o governo dos latifundiários, que são os mais interessados em esconder os dados do desmatamento. O desmatamento está ligado a grilagem de terras públicas, madeireiras, mineradoras (que destroem tudo) e a invasão de unidades de conservação e terras indígenas – isto é, a todo o tipo de ataque dos latifundiários às riquezas e ao povo brasileiro.
3 mil famílias despejadas de maneira violenta, com autorização da justiça ou não. Os despejos, incêndios ocorreram no Pará, Rondônia, Minas Gerais, São Paulo, Paraná e Bahia. Dois assassinatos, do indígena Waiãpi, no Amapá, e em São Paulo. Um integrante do MST atropelado de maneira criminosa no Rio Grande do Norte. O que chama a atenção diante da escalada de violência no campo e a completa imobilidade da esquerda diante desses ataques. Também não podemos esquecer do projeto apresentado por Bolsonaro que dá ‘licença para matar’ a latifundiários em ocupações de terra, além de tipificar ocupações de terra e movimento sociais como organizações terroristas. O aumento da violência é de responsabilidade do governo Bolsonaro, tomado por latifundiários pertencentes a fascista União Democrática Ruralista
(UDR), militares em todos principais cargos de ministérios e secretarias responsáveis por essas áreas. Soma-se a essa política, cortes em todos os orçamentos destinados à resolução de problemas em assentamentos e terras indígenas e, principalmente, de um plano de repressão e intimidação de militantes e movimentos da luta pela terra. Bolsonaro resumiu tudo em uma frase em encontro com deputados e senadores da Frente Parlamentar da Agropecuária (FPA), no mês de julho, onde afirmou que “o governo é de vocês”. Não há a mínima possibilidade de convivência com Bolsonaro e a direita no campo e muito menos aguardar 2022 para tentar mudar a presidência. É preciso derrubar o governo Bolsonaro para barrar essa ofensiva dos latifundiários no campo.
6 | MORADIA E TERRA
ESPECULAÇÃO IMOBILIÁRIA
Golpistas isolam renomado chefe APA de Fernando de Noronha D
evido aos planos de destruição e especulação imobiliária, encarregado de Jair Bolsonaro (PSL), Homero de Giorge Cerqueira, Coronel da Polícia Militar de São Paulo e presidente do ICMBio, transfere o maior nome da Oceanografia brasileira, da área de Proteção Ambiental de Fernando de Noronha (APA), no Oceano Atlântico, para a Floresta Nacional de Negreiros, no sertão de pernambuco. Mesmo sem ainda ter sido publicado no Diário Oficial, o ato já tem causado indignação geral por ser contra a vontade pública e expressar claramente a ditadura dos capitalistas especuladores que se deleitam do governo golpista de Bolsonaro. Segundo José Martins, analista responsável pela APA de Fernando de Noronha, realocado pelo governo golpista aliado aos grandes especuladores, “dos 22 artigos completos publicados em periódicos que constam no meu Currículo Lattes, 21 são sobre golfinhos oceânicos, oceanografia biológica e oceanografia física. Os meus 3 livros publicados são so-
bre golfinhos ou a temática marinha e dos meus 20 capítulos de livros publicados, 19 são sobre golfinhos ou a temática marinha. Dos 153 resumos publicados em anais de congressos, somente 10 não estão diretamente ligados aos golfinhos de Fernando de Noronha, a mamíferos aquáticos ou a oceanografia”.
O analista é morador do arquipélago há mais de 30 anos, onde dedicou a maior parte da vida à conservação e pesquisa de mamíferos marinhos. “Espero que tal processo de minha remoção de Fernando de Noronha não esteja relacionada com os grandes empresários de Fernando de Noronha, que tem sido autuados ou notificadospelo
ICMBio (…) devido às minhas funções no Ordenamento Territorial da APA Noronha”, alerta José Martins. Além deste caso, no mês de abril o Parque Nacional da Lagoa do Peixe, no Litoral Sul do Rio Grande do Sul, passou pela mesma revista arbitrária do executivo golpista. O então Ministro do Meio Ambiente, Ricardo Salles mandou exonerar Adalberto Eberhard, então presidente do ICMBio, alegando que o mesmo não era confiável para o cargo. Casos como este se tornam cada vez mais comuns desde que os golpistas se apossaram do poder através do golpe de Estado de 2016. Bolsonaro é apenas a continuação do governo Temer, só que com uma boa pitada de fascismo e despotismo. Obviamente, a transferência do servidor mais qualificado para APA e parque de Fernando de Noronha para o sertão, é simplesmente uma questão de retaliação por não permitir a especulação imobiliária e a destruição do parque pelos bolsonaristas. Fora Bolsonaro e Todos os Golpistas.
CAMPO GRANDE
Judiciário bolsonarista reduz 80% do Parque Nacional da Bodoquena A
Quarta Vara da Justiça Federal de Campo Grande retirou, na semana passada, 80% da área do Parque Nacional da Serra da Bodoquena. O parque foi criado em 2000, entre os municípios de Bonito, Jardim, Miranda e Porto Murtinho, no MS. A decisão ainda não é definitiva e cabe recurso. O principal argumento utilizado para retirar a validade do decreto que criou o parque, foi o de que apenas 18% dos produtores rurais foram indenizados por perderem as suas terras para a criação do parque. O magistrado Pedro Pereira dos Santos afirma que o parque deixa de existir nas terras que não foram expropriadas e que agora voltam a ser propriedades rurais de posse privada. Com essa decisão, a unidade de terras do parque vai de 76.481 hectares para 14 mil hectares. Cinicamente, o magistrado declara o seguinte: “Salta aos olhos o engano daqueles que asseveraram que os autores pretendem extinguir o Parque
Nacional da Bodoquena. O que pretende a parte autora é a declaração da caducidade de um Decreto. E não há se falar em extinção do Parque: só se acaba com o que existe e para que o Parque exista, nas dimensões declinadas no Decreto, é necessário que a União, atenta e obediente ao que diz a Carta, pague previamente os proprietários atingidos”. Trata-se da utilização, portanto, de uma brecha na lei, para realizar um ato que vai contra os interesses da população e da preservação ambiental e privilegia (novamente, como vem acontecendo sempre no governo Bolsonaro) os grandes proprietários de terras. A Fundação Neoptrópica do Brasil (fundacaoneotropica.org.br), no entanto, afirma que o argumento do magistrado ignora o atual estágio de regularização fundiária. Rodolfo Portela Souza, o superintendente da Fundação Neotrópica, afirma que “Quase toda unidade de conservação tem proble-
ma fundiário e essa decisão abre um precedente imenso para que outras unidades sejam diminuídas”. Para termos uma idéia, aproximadamente 9.940 hectares da unidade têm problemas de sobreposição de propriedades e cerca de 36.710 hectares
são áreas com algum tipo de impedimento documental que “impede” a regularização fundiária (como processos de disputa judicial pela propriedade ou ônus na matrícula devido a contratação de empréstimos bancários que utilizam as terras como garantia.
POLÍTICA| 7
STF
Fux diz que gravações não podem ser destruídas e evidencia crise N
a última quinta-feira (1), o ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Luiz Fux determinou que todas as provas obtidas durante a Operação Spoofing fossem preservadas. Essa operação foi a responsável por levar à prisão quatro pessoas acusadas de terem, supostamente, hackeado aparelhos eletrônicos de autoridades do Estado. A divulgação e a preservação das mensagens hackeadas são de máximo interese da população. Afinal, Paulo Guedes, junto com os demais “hackeados”, são inimigos do povo. Denunciar a farra dos capitalistas e suas conspirações contra o povo é papel fundamental para qualquer partido de esquerda ou qualquer organização democrática.
Mesmo sob apelos para que as provas fossem mantidas, Moro solicitou que as provas fossem destrudas. No entanto, Fux decidiu que as provas fossem todas mantidas. A disputa em torno das provas dos supostos hackers é mais uma expressão da crise em que se encontra o regime político golpista. Diante da impopularidade de Bolsonaro e da total incerteza de suas ações futuras, a burguesia tem se dividido em cada acontecimento do governo Bolsonaro. É necessário aproveitar a crise do golpe para derrubar o governo, antes que a burguesia se reunifique e consiga atacar os trabalhadores com toda a sua intensidade. Fora Bolsonaro e todos os golpistas! Liberdade para Lula!
MUTIRÕES
13/08: às ruas pelo Fora Bolsonaro!
N
o dia de hoje, em mais de 100 cidades, de todas as regiões do País, estão ocorrendo mutirões pela anulação dos processos fraudulentos da criminosa operação Lava Jato e pela liberdade de Lula, assim como de todos os presos políticos. Ao longo da semana foram dezenas de atos realizadas por organizações de esquerda em defesa dos direitos democráticos e até por torcidas de futebol, entre outros, contra a intensificação do regime ditatorial imposto pelo golpe de Estado que derrubou a presidenta Dilma Rousseff, do qual o governo ilegítimo de Jair Bolsonaro é a continuidade. Congresso dos trabalhadores, como o dos bancários do BB, aprovam resoluções pela liberdade de Lula e pela derrota de Bolsonaro nas ruas. Diante dos massacres contra sem terras e indígenas, cresce também a radicalização no campo. Em meio a tudo isso, a crise econômica não para de crescer, empurrada pela situação internacional de crise histórica do capitalismo e pela política de devastação da economia nacional dos golpistas, o que ameaça aprofundar – como nunca – a miséria de dezenas de milhões de brasileiros . É evidente que, em tais condições, a política de esperar, de buscar um acordo com setores da burguesia golpista, de esperar uma tomada de posição progressista da burguesia que derrubou Dilma, que prendeu Lula, que apoiou
a fraude nas eleições etc. é uma política “sem pé nem cabeça”, que não aponta nenhuma alternativa para os trabalhadores. As organizações de luta dos professores e estudantes estão convocando, junto com a CUT, um importante dia de luta, no próximo dia 13. É preciso impulsionar essa mobilização. Apontar no sentido da retomada das grandes mobilizações de maio (15 e 30) e junho (greve geral do dia 14) e apontar no sentido da superação da política de derrotas de semear ilusão de que seja possível uma vitoria dos explorados por dentro das instituições do regime golpista, como o judiciário e o Congresso Nacional, dominados e controlados pelos setores golpistas. É preciso ir aos locais de trabalho, estudo e moradia, convocar uma ampla mobilização, expondo claramente que ela deve se unir em torno de um eixo claro, que representa uma verdadeira alternativa para os trabalhadores e a maioria do povo brasileiro: a luta pelo fim do governo Bolsonaro, pelo “fora Bolsonaro e todos os golpistas”, pela conquista de novas eleições, eleições gerais, livres e democráticas. O que só pode ser conquistado com a classe operária e demais setores dos trabalhadores tomando as ruas, impondo sua força contra a força do imperialismo e de setores do grande capital que apóiam Bolsonaro. Dia 13, tomar as ruas, pelo “fora Bolsonaro” e pela liberdade de Lula.
8 | POLÊMICA
ESQUERDA PEQUENO-BURGUESA
É possível lutar pela revolução sem lutar contra o golpe? N
ildo Ouriques, professor de Economia da UFSC (Universidade Federal de Santa Catarina) e integrante da direção nacional do PSOL, foi entrevistado no programa de rádio Faixa Livre. Segundo ele: “A estratégia de frente única, de lamber as feridas, não nos leva a lugar nenhum.” Mas para Ouriques a “frente única” não é a aliança com partidos golpistas, mas com o próprio PT. Portanto, a esquerda não pode ter qualquer flerte com a esquerda petista, que representa um fracasso histórico, econômico, político e ético, segundo ele. Para o dirigente do PSOL, a palavra de ordem correta é chamar à “revolução brasileira”.Mas, como não quer aliança contra o golpe com o PT, e portanto não quer influenciar a base petista, Ouriques despreza a maior parte dos trabalhadores organizados no país (que estão na base do PT na CUT, no MST, etc) devido ao “fracasso ético”. Ouriques quer uma revolução sem o povo. Mas o pior é que seu argumento é baseado no “fracasso ético” do PT. O partido seria um partido corrupto, assim como afirma a burguesia.
Ao dizer que a frente única não nos levará a lugar algum, Ouriques defende o fracasso histórico da esquerda diante do crescimento da extrema direita e a chegada do fascismo no poder. Trotski bem analisou a chegada do fascismo ao poder nos países onde a esquerda adotou a política ultra-esquerdista, da tese do social-fascismo (Itália, Alemanha) – política da 3ª Internacional, já controlada pela burocracia stalinista, que negava a aliança com as bases dos partidos social-democratas, acusando esses partidos de serem iguais aos fascistas – bem como analisou a derrota do fascismo nos países em que a esquerda adotou a política de frente única, agregando uma grande massa de operários, fossem eles organizados pela social-democracia ou não, na luta contra a extrema direita (caso da França e da Inglaterra). Ouriques quer repetir o fracasso. Não se unir com a esquerda contra os fascistas. Isto é, enfraquecer a luta contra os golpistas. Uma política totalmente sectária que procura isolar o movimento em nome de uma luta moral. Ouriques também se colocou contra novas eleições e contra a libertação de
Lula, validando a fraude que colocou Bolsonaro no poder e a ditadura dos golpistas. “Essa bandeira da anulação das eleições nos desmoraliza no seguinte sentido: é o fracasso petista. O petismo dizia ‘eleição sem Lula é fraude’. Depois vai para a eleição. E a Gleisi Hoffman vai lá com aquela carinha cândida dela dizer que se elegeram a despeito de tudo e que agora estão nessa campanha Lula livre que é um fracasso histórico. Temos que sair dessa agenda, a agenda tem que ser outra, é a agenda da revolução brasileira.” Ou seja, Bolsonaro estaria no poder por conta do “fracasso petista” e não por conta de uma fraude completa, que tirou o principal candidato das eleições, reprimiu manifestações e militantes de esquerda e censurou a campanha da esquerda. Para derrotar a direita, a esquerda não deveria exigir a liberdade de Lula, mas lutar pela “revolução brasileira”. Porém, Ouriques esquece que entre a revolução e o atual momento existe um grande caminho para percorrer, e ignora que a luta pela liberdade de Lula, como luta que se opõe à política
da burguesia e do imperialismo, é uma luta que mobiliza os trabalhadores, e portanto, faz crescer sua consciência rumo à revolução. A luta pela liberdade de Lula, com os absurdos do STF, tem gerado uma desilusão do povo em relação ao judiciário e às instituições golpistas. Portanto, falar em revolução sem lutar pela liberdade de Lula, nem faz sentido, pois não se estimula a polarização, que pode separar o povo da política da direita, que é um processo progressivo até a revolução.
MARCOS JACOBY
Uma esquerda entrincheirada no “fica Bolsonaro” N
o último dia 2 de agosto, o portal na internet do jornal Página 13, da Articulação de Esquerda, corrente interna do PT, publicou matéria assinada por Marcos Jacoby intitulada “Sobre a polêmica do impeachment e do Fora Bolsonaro”. O artigo argumenta que não é o momento de defender a derrubada do governo. Para o nosso autor, é preciso reconhecer que “não há correlação de forças, no momento, capaz de derrubar a coalizão bolsonarista e nem mesmo para o impeachment. Acredito ser equivocadas análises de que Bolsonaro esteja ‘cambaleante’ ou ‘enfraquecido’.” Para a Articulação de Esquerda, o governo Bolsonaro seria forte o suficiente para se manter. Ignorando as evidências demonstradas pelo povo nas ruas. Se Bolsonaro é assim, como explicar que em qualquer evento que reúna uma pequena multidão, Bolsonaro logo se torna alvo de manifestações espontâneas? Como explicar, por exemplo, que a palavra de ordem de Fora Bolsonaro conta com uma adesão quase unânime em todas as manifestações políticas que aconteceram este ano, mesmo com as direções tendo evitado a qualquer custo de chamar tal palavra de ordem? Ou nossos amigos do Página 13 estão muito insensíveis para a realidade ou estão se esforçando demais para escondê-la. Se todos esses fatos não evidenciam uma correlação de forças favorável o que seria necessário então? O artigo nos dá a indicação do que faltaria então para isso: o apoio da burguesia (!). “Não vejo
nenhuma fração expressiva das classes dominantes com disposição, por ora, para tirá-lo do governo e tampouco condições para isso.” Tal argumento é bastante esclarecer do que pensa a esquerda pequeno-burguesa defensora do fica Bolsonaro. Ele denota uma aliança ou uma latente aliança com a burguesia. Explicando melhor, tal ideia revela que para esses setores da esquerda, a classe operária e as massas em geral deveriam estar a reboque da burguesia ou de alguma fração da burguesia. Tal ideia só pode levar as massas à derrota. Se a burguesia, em algum momento, decidir apoiar a derrubada do governo, será para sabotar essa luta. É obrigatório, então, que os trabalhadores, através de suas organizações, tomem a dianteira. Isso significa que é necessário saber interpretar o que as massas estão dizendo, é preciso
saber que quando, em qualquer tipo de manifestação pública, o presidente é avacalhado as massas querem sua saída. Mas é ainda mais do que isso, a impopularidade de Bolsonaro não é medida apenas pelas manifestações. É preciso ter em conta também o processo político do golpe de Estado, as medidas impopulares, a desmoralização cada vez mais profunda do regime político, as eleições escandalosamente fraudadas que colocaram Bolsonaro no poder, ou seja, a despeito da vontade da esmagadora maioria do povo. Tudo isso mostra que se a burguesia sustenta o governo Bolsonaro – e devemos concordar que por enquanto essa é a política dominante dos golpistas – é apenas porque sabe que ele é a única maneira, mesmo com toda a crise, de manter de pé o golpe de Estado. Que a mínima turbulência no governo pode colocar em risco todo o regime golpis-
ta. Esperar que a burguesia se arrisque nesse nível é absurdo. Se chegar esse momento, será a demonstração de que a situação não só está amadurecida como já está apodrecendo Nosso autor conclui então que a melhor coisa a se fazer são as lutas parciais: “Nossa energia principal ainda precisa ser canalizada para lutas como a reforma da previdência, as lutas em defesa da educação, contra Moro etc. e acumular mais força.” Dessa maneira, vamos de derrota em derrota parcial até as próximas eleições, quando Bolsonaro já estiver destruído o País e as organizações de luta do povo. O texto de Página 13 mostra que a pressão pela adoção generalizada pela adoção da palavra de ordem do fora Bolsonaro está enorme. A esquerda pequeno-burguesa se entrincheirou no fica Bolsonaro e se esforça para convencer sua base e o povo.
MOVIMENTO OPERÁRIO | 9
CAS
Fim da estabilidade dos servidores é apoiada por todos os golpistas A
Comissão de Assuntos Sociais (CAS) do Senado aprovou no início do mês de julho, o Projeto de Lei Complementar nº 116 de 2017 de autoria da senadora fascista Maria do Carmo Alves (DEM-SE), que regulamenta a demissão de servidores públicos concursados e estáveis por insuficiência de desempenho no trabalho. O PL já conta com um requerimento de urgência apresentado pela relatora, senadora juíza Selma Arruda (PSL-MT), para que a matéria seja votada o quanto antes. O PL se ampara na Constituição de 1988 por meio da emenda constitucional 19/1998, introduzida naquela ocasião por setores direitistas do Congresso Nacional propunham realizar a avaliação periódica de desempenho. No entanto, por 30 anos a direita não teve forças para atacar os servidores, situação que mudou com o golpe de Estado. Atualmente, há duas possibilidades de o servidor público estável perder o cargo: sentença judicial transitada em julgado e Processo Administrativo Disciplinar (PAD). Com a derrubada dos governos petistas e com a prisão de Lula e eleição do fascista Jair Bolsonaro agora os capitalistas tentam impor uma lei complementar que regulamente o processo, contra o servidor. Dentro do draconiano projeto de lei está embutido no seu artigo 23 a exoneração dos servidores estáveis por questões de afastamentos por saúde ou por questões psicossociais. Impondo que os servidores deverão trabalhar doentes, fato também que não garantirá o emprego, pois qual o
funcionário, que não estando no gozo de suas capacidades laborativas plenas por motivo de saúde que será bem avaliado? No caso de uma das maiores carreiras do funcionalismo, os professores, são inúmeras as pesquisas que mostram o enorme índice de adoecimento em serviço, com muitas doenças sendo geradas pelas péssimas condições de trabalho. Entre vários males que acometem os professores o principal é o adoecimento mental que atinge milhares de docentes é a síndrome de burnout que eleva a níveis altíssimos o estresse, a ansiedade, elevando a agressividade, favorecendo lapsos de memória, mudanças bruscas de humor, irritabilidade e que leva infalivelmente a ausências no trabalho, frente ao fim da estabilidade este trabalhadores serão penalizados diretamente em avaliações de desempenho. De acordo com o PL quaisquer servidores por questões de saúde poderão,
mesmo doentes, serem exonerados. E professores com doenças classificadas como “incuráveis” ou incapacitantes poderão ser aposentados de imediato por invalidez, tendo por conta da reforma da previdência os seus ganhos drasticamente reduzidos de uma hora para outra. Para o professor Marcos Garcia Neira, diretor da Faculdade de Educação da USP e responsável por grupo de pesquisa em Educação Física, este ataque empreendido pelo PL é altamente prejudicial à Educação, aos professores e por consequência aos alunos, segundo ele: “É uma profissão que vai se qualificando ao longo do tempo, quanto maior a permanência do professor na escola, melhor será a escola. Temos que lutar pela permanência dele”, mostrando com isso que o fim da estabilidade aprofundará a crise na educação. O professor enfatiza ainda que as instituições de ensino que têm um corpo docente estável, pouco vulneráveis a mudanças drásticas em seu quadro de funcionários, alcançam desempenho melhor em todo processo de ensino e aprendizagem, por conta da identidade técnica do grupo e melhor relação com a comunidade escolar, por exemplo. “Então, qualquer projeto de lei que acabe com essa estabilidade pode causar prejuízos ao ensino porque vamos correr o risco de as pessoas serem demitidas ou substituídas, às vezes sem os critérios necessários para aquele cargo” e ainda, “O meu receio é que, como a gente sabe como funciona, há o risco de que cada governante mude o quadro ou até mesmo use isso como moeda de troca em
campanhas eleitorais”, diz. O ataque ao funcionalismo é abrangente, por meio de uma carta entregue ao presidente golpista Jair Bolsonaro (PSL) durante uma reunião realizada esta semana em Brasília, os governadores fascistas de 19 estados exigiram a flexibilização dos critérios que regem a estabilidade dos servidores públicos, para com a desculpa do cumprimento da Lei de Responsabilidade Fiscal (LRF) nas despesas com pessoal, permitir que a demissão de servidores favoreça o remanejamento de maiores verbas para os capitalistas nacionais e internacionais com negócios no país. O fim da estabilidade impõe a ameaça de desemprego para centenas de milhares de funcionários públicos em todo o país, estabelecendo um regime de terror e ditadura entre os servidores, em um momento em que o regime golpista caminha, claramente, para um maior “fechamento”, inclusive, com a ameaça pública e declarada de golpe militar. Com o fim da estabilidade no funcionalismo público ocorrerá um rebaixamento geral dos salários muito mais profundo e com ela a terceirização na educação,com isso se debilitará a organização político sindical dos trabalhadores, levando ao fim de inúmeros outros direitos e à miséria do funcionalismo público. É vital a mobilização imediata para os atos nacionais de 13 de agosto, de todos os trabalhadores, de todos os servidores contra o PL do fim da estabilidade, contra a reforma da previdência, contra o golpe de Estado e todos os golpistas, pela liberdade de Lula e pelo Fora Bolsonaro.
GOVERNO GOLPISTA
Sindicalistas dos Correios recuam e Bolsonaro retoma privatização O
governo golpista de Jair Bolsonaro, que ameaça entregar à ECT (Empresa Brasileira de Correios e Telégrafos), entrou rasgando na campanha salarial, apresentando um acordo que os trabalhadores perderia cerca de R$ 6.000,00 (seis mil reais) por ano, além de sequer querem repor a inflação do período (cerca de 3%), a proposta do governo golpista é de míseros 0,8% de reajuste salarial. Com isso, a greve da categoria era inevitável, no entanto no dia 31 de julho, os trabalhadores dos Correios, seguindo a orientação do Comando de Negociação da Fentect (Federação Nacional dos Trabalhadores dos Correios) adiaram a greve da categoria, que estava marcada para essa data, aceitando uma manobra “manjada” dos golpistas, a de chamar o golpista TST (Tribunal Superior do Trabalho) para intermediar o conflito. Os sindicalistas dos Correios, aceitaram a proposta de trégua feita pelo ministro biônico e vice-presidente
do TST, Renato de Lacerda Paiva, que conseguiu que os sindicalistas do Bando dos Quatro (PT, PCdoB, PSTU e diretoria do Sintect-MG – LPS) não deixassem a categoria realizar a greve marcada, com a promessa, sem valor algum, de que o TST, inimigos dos trabalhadores, vai tentar melhorar a proposta patronal junto a direção golpista da empresa. Nas assembleias realizadas no dia 31 de julho, a greve foi adiada, e sequer deu 24 horas do adiamento da greve para que o governo golpista de Jair Bolsonaro, anunciou que o seu Ministério da Economia, já concluiu o estudo de que não há saída para os Correios que não seja a sua privatização, elencando vários problemas imaginário na empresa, como argumento para privatizar, como por exemplo, a de que os trabalhadores dos Correios fazem muita greve. Mesmo, com o governo Bolsonaro ameaçando de morte toda categoria ecetista, ainda assim os sindicalistas do Bando dos Quatro estão tentando
negociar a campanha salarial dos Correios como se esse governo direitista fosse o governo de Lula, fosse um governo disposto a negociar algum interesse dos trabalhadores. Bolsonaro retirou o ex-presidente dos Correios, um general de direita, Juarez Cunha, alegando que ele teria conduta de “sindicalista”, ou seja, estaria contra a privatização da empresa, e no seu lugar, colocou um general de
extrema direita, Floriano Peixoto, que ocupava a secretaria geral da Presidência. Nesse sentido, somente a mobilização dos trabalhadores dos Correios contra o governo golpista, unificando-se com outras categorias pelo Fora Bolsonaro, novas eleições e pela Liberdade de Lula, é possível barrar os ataques dos golpistas a ECT, e aos direitos dos trabalhadores.
10 | MOVIMENTO OPERÁRIO
FRIGORIFICOS
Trabalhadores dos frigoríficos de São Paulo pela paralisação do dia 13
T
rabalhadores de frigorificos de São Paulo participarão da paralisação do dia 13. Na última quinta-feira (01) os trabalhadores nas Indústrias de Carne, Derivados e do Frio no Estado de São Paulo decidiram, em assembleia, pela paralisação no dia 13. Uma das categorias do setor industrial mais exploradas do país e que sofrem com as péssimas condições de trabalho, bem como é, o mais afetado pelos ataques às condições de trabalho resolveram se juntar a vários outros setores, também ligados a Central Única dos Trabalhadores (CUT) tais como correios, petroleiros, bancários, professores, a União Nacional dos Estudantes (UNE), etc. Cada dia o governo ilegítimo aprova uma lei que tira direitos básicos da população, no momento tem o roubo do século, que é a “reforma” da previdência.
No caso dos trabalhadores em frigoríficos, um ramo de atividades onde a escravidão está muito longe de acabar, há exemplos de sobra para o aprofundamento desta situação, como a destruição de todas as normas regulamentadoras (NRs) sendo um dos exemplos. Alguns setores das direções estão querendo transformar a paralisação em mera pressão nos parlamentares, porém não devemos ter ilusão nesse congresso cada vez mais reacionário e vendido. Os parlamentares e o governo Bolsonaro não vão mudar de ideia, nem é possível “colocar o Bolsonaro na linha” Somente a mobilização massiva dos trabalhadores vai barrar todas as destruições promovidas pelos golpistas contra o conjunto da população explorada, portanto é o momento de partir para ofensiva pela derrubada de todo o regime.
INTERNACIONAL | 11
GOVERNO PARAGUAIO
Crise do golpe no Paraguai: direita recua para não cair N
a última quinta-feira (1), o governo paraguaio assinou um decreto cancelando o acordo bilateral com o Brasil em relação à energia da hidrelétrica de Itaipu. Há anos, o Paraguai compra energia da hidrelétrica brasileira, mas, com o cancelamento do acordo, o Brasil terá de renegociar a venda de sua energia para o país vizinho após o ano de 2022. O acordo que foi cancelado faria com que o governo paraguaio gastasse U$ 200 milhões de dólares a mais com a estatal que gerencia a energia do país latino. Por isso, a burguesia paraguaia já vinha, há muito tempo, pressionando o governo para que o acordo fosse dissolvido. O cancelamento do acordo foi a saída apontada pelos governos Bolsonaro e Trump para impedir a queda do atual presidente paraguaio, Abdo Benítez. Em meio a uma enorme crise política, Benitez está enfrentando um
processo de impeachment, que poderá levar seu mandato ao fim. Se concretizado, o impeachment de Benítez seria o segundo em menos de uma década no Paraguai. Fernando Lugo, presidente de esquerda, foi derrubado em 2012 por meio de um golpe encoberto por um processo de impeachment. O impeachment de Lugo foi o primeiro de uma série de ataques que o imperialismo vem empreendendo contra América do Sul nos últimos anos. Depois desse golpe, Dilma Rousseff, no Brasil, foi derrubada, Mauricio Macri, na Argentina, venceu eleições montadas em meio a uma campanha intensa da burguesia contra o kirchnerismo e Lenin Moreno, no Equador, traiu seu partido e suas bases e se mostrou um verdadeiro capacho dos Estados Unidos. A discussão em torno do impeachment do presidente do Paraguai, que é
da extrema-direita, mostra a crise profunda em que os golpistas estão imersos. Nesse sentido, a crise do Paraguai é uma espécie de prenúncio para to-
dos os países vizinhos: a política neoliberal levará todos os países ao desastre e fará todos os povos se chocarem contra os interesses dos capitalistas.
GOLPISTA E REACIONÁRIO
Deputada portuguesa:”Bolsonaro não é bem vindo em Portugal” A
ideia da visita do presidente golpista e reacionário, Jair Bolsonaro, a Portugal em 2020 parece não ter sido bem recebida pelos parlamentares do Bloco de Esquerda, que pediram para o Ministério dos Negócios Estrangeiros de Portugal cancelar a visita. A presença de um presidente golpista e que constantemente ataca a população com os termos mais baixos e viola até os preceitos da democracia burguesa, não é bem vindo em Portugal. A principal crítica dos parlamentares do Bloco de Esquerda vai de encontro às últimas manifestações fascistas do presidente nas redes sociais, principalmente as declarações que fez sobre Fernando Santa Cruz, militante da Ação Popular na ditadura e que foi preso, torturado e morto pelos militares. Bolsonaro se referiu a esse assassinato com desprezo e chacota, um completo desrespeito com Santa Cruz e sua família.
Segundo a deputada portuguesa Joana Mortágua, em entrevista ao Brasil de Fato, Bolsonaro não é bem vindo em Portugal e afirma “nós entendemos que a comunidade internacional tem que estar atenta a líderes políticos eleitos como Bolsonaro, que depois desenvolvem atitudes, comportamentos e discursos que não estão compatíveis com as regras básicas democracia”. Bolsonaro vem se tornando persona non grata por todos os lugares onde as pessoas saibam minimamente do conteúdo de seus discursos de ódio, de apoio às ditaduras, de violação de direitos humanos, de desrespeito às mulheres, negros, LGBTs, etc. O que a deputada portuguesa expressa é a indignação de todo um Bloco de Esquerda que repudia Bolsonaro e mesmo que o governo português insista nessa visita, haverá toda uma pressão em cima do presidente de Portugal, Marcelo Rebelo de Sousa que é inclusive apoiado pelo Bloco de Esquerda.
12 | MULHERES
REPRESSÃO
Reunião de mulheres do PSOL é invadida pela polícia P
oliciais militares invadiram na manhã de sábado, dia 03 de agosto, o local onde estava tendo início uma plenária de mulheres do Partido do Socialismo e Liberdade (Psol). O evento estava sendo realizado na cidade São Paulo, portanto, a invasão foi obra da Polícia Militar do governador coxinha e golpista João Dória, do PSDB paulista. Os policiais chegaram ao local por volta das 9 horas da manhã pedindo que os membros da comissão organizadora entregassem os documentos de identidade, pois estavam ali para “monitorar a movimentação do grupo” (sítio Universa, 03/08). Este é mais um episódio na escalada de arbitrariedades que as forças de repressão vem perpetrando contra movimentos sociais, sindiciais e até mesmo científicos, como foi o caso, semana passada, da presença de policiais em meio a palestra de um professor, durante reunião da Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência (SBPC). Também em Manaus, poucos
dias antes, militares da PRF invadiram reunião de sindicalistas professores que discutiam a organização de protestos contra a presença do presidente fascista Jair Bolsonaro na capital Amazonense. A ofensiva reacionária e direitista do regime golpista é parte da estratégia da burguesia, da extrema direita e do imperialismo para intimidar e ameaçar os setores que buscam se organizar para enfrentar os ataques do governo fascista de Jair Bolsonaro e suas medidas de destruição dos direitos sociais e das liberdades democráticas do povo trabalhador e do conjunto da nação. É preciso deixar claro que a ofensiva reacionária dos golpistas e da extrema direita somente poderá ser contida e derrotada através do enfrentamento das massas contra o regime fascista, contra o governo do presidente fraudulento Bolsonaro. Nenhuma articulação parlamentar, nenhum discurso da tribuna do congresso, nenhuma frente com os setores “progressistas” da bur-
REUNIÃO DE MULHERES
Saiba como foi a reunião do coletivo Rosa Luxemburgo N
esta sábado (3), o Coletivo Rosa Luxemburgo, coletivo de mulheres do Partido da Causa Operária, voltou a ter suas reuniões semanais. O coletivo existe pela necessidade de se discutir a situação da mulher na sociedade de classes e discutir saídas, atividades, textos, etc., a fim de trazer esses debates para o máximo possível de mulheres. Na reunião dessa semana, foi discutido notícias recentes, como a questão das mulheres imigrantes que estão sendo estupradas nos centros de detenção para imigrantes nos EUA, afinal, o imperialismo acha que pode tudo e se sustenta à base de muito sofrimento de todas essa
mulheres, que inclusive têm seus países saqueados pelos norte-americanos e depois as tratam como animais trancando-as em jaulas quando chegam aos EUA. Foi discutido também a questão de censura nas músicas, que é um projeto de um partido de direita, que prega que músicas que incitem violência contra a mulher não deve ser reproduzidas, contudo, esse projeto vem de um partido conservador, que se opõe à questões básicas das mulheres, como descriminalização do aborto. As reuniões do Coletivo Rosa Luxemburgo acontecem todos os sábados, às 16h, no Centro Cultural Benjamin Péret, no bairro da Saúde, em SP.
guesia poderá impor uma derrota ao regime policial que se avizinha no país. O sentido prático desta luta deve ser um amplo movimento de massas para enfrentar a ofensiva reacionária dos golpistas, orientado e organizado sob
a palavra de ordem de “Fora Bolsonaro”, por eleições gerais e liberdade para Lula, com o restabelecimento dos seus direitos políticos e a anulação de todos os processos persecutórios contra o ex-presidente.
CIDADES | 13
LINHA 15 PRATA
Governos golpistas enrolam entrega de obra por 20 anos E
m 1996, o então candidato Celso Pitta (1997-2000) à prefeitura de São Paulo, anunciou as obras de um modelo de transporte público que transportaria multidões e seria mais rápido e confortável. As obras começaram em 1998, inaugurando rapidamente um primeiro trecho como fase de testes. Hoje, 21 anos, depois com o nome alterado pare Expresso Tiradentes e hoje em dia para Linha 15 – Prata, após ter consumido mais de R$ 1,2 bilhão, o projeto Fura-Fila segue subutilizado e incompleto. O antigo Fura-Fila funciona hoje como um corredor de ônibus sobre pistas e viadutos exclusivos com aproximadamente 15 km de obras construídas, desde o centro no Terminal Pedro II até um terminal na zona leste (Vila União) e outro na zona sul (Sacomã). A via exclusiva e o sistema de embarque permitem uma velocidade média maior do que qualquer outro corredor de ônibus na cidade, podendo atingir a média de 40 km/h nos horários de pico, superando outros corredores da cidade, onde os ônibus circulam em torno de 18 km/h a 30 km/h nos horários de pico. A linha 15 Prata de acordo com especialistas que o classificam como o único BRT (sigla em inglês para siste-
ma rápido de ônibus) paulistano, modelo que fica entre um corredor de ônibus comum e um metrô, em sua qualidade de serviço e capacidade de passageiros. Este modelo de transporte no entanto, há 20 anos é utilizado pelo governo do Estado e prefeitos paulistanos e seus partidos como propaganda eleitoral, desde 1996 já são 6 eleições municipais em que os velhos pilantras da política paulistana se utilizam do antigo Expresso Tiradentes, hoje Linha 15 Prata, entregando a cada quatro anos, uma, ou poucas estações desta obra, fazendo as obras avançarem a passos de tartaruga e a multitudinária população dos bairros de São Mateus, Sapopemba e Tiradentes(mais de 1 milhão de habitantes) continuam a sofrer com o péssimo sistema de transporte privado que atende a população desta enorme região da zona leste de São Paulo. Do projeto inicial, os governo burgueses praticamente cancelaram qualquer possilidade da Linha 15 Prata chegar ao seu destino, que seria a cidade Tiradentes, pois desde 2013 o sete estações previstas no projeto da linha 15: Jequiriçá, Jacu-Pêssego, Érico Semer, Marcio Beck, Cidade Tiradentes e Hospital Cidade Tiradentes, estão canceladas.
O último trecho entregue a população foi em 5 de Abril de 2018, quando o golpista Geraldo Alckimin, dias antes de se desimcompatibilizar do cargo de governador do Estado para ser o candidato preferencial da burguesia golpista, nas eleições presidenciais de 2018, juntamente com João Dória candidato a governador, entregaram 4 estações, que sequer estavam prontas à época: São Lucas, Camilo Haddad, Vila Tolstói e Vila União. De Abril de 2018 até hoje, Agosto de 2019, o que a população vê, nas obras que deveriam chegar até São Mateus,
são construções jogadas às moscas, sem operários trabalhando, sem nada acontecendo, enquanto o povo sofre com o transporte coletivo, não há contratação de trabalhadores para a continuação das obras públicas. Com isso os criminosos políticos burgueses de plantão Dória e Covas se preparam para entregar talvez mais uma estação até abril de 2020, para a sua propaganda política. Enquanto o povo de Sapopemba, São Mateus e região sofrem. Fora Covas! Fora Dória! Inimigos da classe trabalhadora.
SÃO PAULO
Cortes de vacinas contra a raiva colocam em risco a população A
campanha de vacinação contra a raiva em São Paulo, que acontece tradicionalmente em agosto, não acontecerá como previsto. De acordo com a prefeitura, o Ministério da Saúde não enviou as vacinas alegando que houve um problema nos laboratórios onde elas são feitas e, por esse motivo, a cidade não receberia o produto.Essa é a política da direita: o governo de Bolsonaro corta o envio de vacinas e, por esse motivo, faz com que a prefeitura, que apoia Bolsonaro, acabe com a campanha. Essas ofensivas são organizados para atacar a população, que está sofrendo com a volta de doenças já erradicadas no Brasil, como a raiva, o sarampo, entre outras.
Esses acontecimentos também tem relação com a privatização de institutos de saúde como a Fiocruz e o Instituto Butantan. Ao fazer com que a cidade use uma certa quantidade de vacinas vindas de empresas privadas, isso enaltece as mesmas em detrimento das empresas estatais que estão propositalmente sendo sucateadas para depois serem privatizadas, quando, na verdade, o real problema que causa a volta dessas doenças e de tantas outras é a administração da direita golpista e fascista nos âmbitos municipal, com o tucano Bruno Covas, estadual, com João Doria, e federal, com o fascista Jair Bolsonaro.
14 | ESPORTES
ESPORTES
Todos os domingos às 20h30 na Causa Operária TV
Daniel Alves volta para o futebol brasileiro N
a última quinta-feira (01/07), não sem grande dose de surpresa, o São Paulo anunciou a contratação do lateral-direito da seleção brasileira, Daniel Alves, de 36 anos, por três temporadas. O contrato irá até o final de 2022, ano da Copa do Mundo do Catar — torneio do qual o lateral baiano ambiciona participar. Embora revelado pelo Bahia, Daniel Alves sempre admitiu ser torcedor do tricolor paulista. Ele volta ao Brasil depois uma longa e vitoriosa trajetória no futebol europeu. Chegando à Europa em 2002, após destacada passagem pelas seleções brasileiras de base e um início promissor na equipe profissional do Bahia, Dani Alves, como costuma ser chamado, defendeu Sevilla, Barcelona, Juventus e Paris Saint-Germain, sua última equipe e cujo vínculo terminou em junho passado. Melhor lateral-direito do mundo há mais de uma década, e sem dúvida um dos melhores da história do futebol brasileiro e mundial, o jogador também detém um outro recorde: é quem mais conquistou títulos na história do
futebol, com 40 taças oficiais. Para ter uma dimensão do feito, basta dizer que Pelé, o maior jogador de todos os tempos, tem 37! Além de duas Copas do Nordeste pelo Bahia, três Ligas dos Campeões da Europa e três títulos do Mundial de Clubes pelo Barcelona, duas Copas da UEFA pelo Sevilla, um Campeonato Italiano pela Juventus e dois títulos do Campeonato Francês pelo Paris Saint-German, apenas para citar alguns dos principais, o craque brasileiro conquistou duas Copas das Confederações e duas Copas Américas pela seleção brasileira. Na sua última conquista pela seleção, inclusive, a da Copa América deste ano, realizada no Brasil, o jogador, além de erguer a taça como capitão, foi ainda eleito o melhor jogador da competição — prêmio justíssimo, aliás. O que demonstra que, a despeito da idade avançada, o jogador encontra-se no mais alto nível e tem afinal muita lenha para queimar. A repatriamento do craque brasileiro tem condições de colocar o São Paulo em outro patamar. A qualidade técnica, a visão de jogo, a experiência
Medalhista da seleção é censurada
A
boxeadora Jucielen Romeu, medalhista de prata dos jogos Pan-Americanos, foi censurada pelo treinador-chefe da seleção brasileira, Mateus Alves, ao dar entrevista para o UOL. Quando a repotagem demonstrou interesse em conversar sobre racismo e feminismo, o treinador colocou-se à frente da atleta e disse: “ela não pode falar disso. Está proibida. A seleção não é lugar para falar dessas coisas. Ela não pode falar desse tipo de coisa. Não pode falar de política”. Jucielen costuma emitir a sua opinião sobre esses temas, tendo começado a treinar aos 12 anos na academia de Breno Macedo (Rio Claro), formado na escola italiana de boxe, essencialmente antifascista, que entende o boxe como um direito social e defende valores como o antirracismo, antifascismo e
combate à discriminação. Desde 2017, Juci (como é conhecida no Boxe) faz parte da “seleção olímpica permanente”, projeto da Confederação Brasileira de Boxe (CBBoxe) que coloca os atletas para morar e treinar em São Paulo sob o comando de uma comissão técnica. Fica claro que vemos uma escalada do fascismo. Qualquer tema que remeta à politização da população, à luta de classes, é visto como uma enorme ameaça pelos fascistas. Quanto mais tempo demoramos para reagir à altura desses ataques, mais a situação se agrava. O momento propício à mobilização popular deve ser aproveitado, desde já, com atos frequentes, para derrotar o fascismo e o governo golpista. Fora Bolsonaro e todos os golpistas !
e a personalidade forte são atributos que há um bom tempo estão em falta no clube paulista. Ainda que tenho feito carreira na lateral-direita, Daniel Alves também pode jogar mais avançado, na ponta, ou no meio de campo, armando, distribuindo e ditando o ritmo do jogo — a propósito, tudo leva a crer que o jogador não atuará na sua
posição de origem, senão mais avançado ou no meio, já que recebeu a camisa 10. O São Paulo realizará uma grande cerimônia de apresentação do seu novo jogador. Ela está marcada para a próxima terça-feira (6), às 20h, no Morumbi, com portões abertos às 18h, e o valor da entrada será de R$ 5,00.