SEGUNDA-FEIRA, 5 DE AGOSTO DE 2019 • EDIÇÃO Nº 5725
DIÁRIO OPERÁRIO E SOCIALISTA DESDE 2003
WWW.PCO.ORG.BR
Nada de atos a conta-gotas, generalizar as mobilizações! A esquerda pequeno-burguesa, diante do aprofundamento da crise do golpe e do governo Bolsonaro, parece se esconder mais ainda detrás de políticas inócuas, cujo único resultado será a derrota dos trabalhadores.
Bolsonaro está na corda bamba, a Lava Jato é o foco da crise esquerda não deve apostar em eleições Em artigo publicado pelo sítio Viomundo, o vice-presidente da União Estadual do governo Bolsonaro dos Estudantes de São Paulo e militante do Partido dos Trabalhadores, Diego EDITORIAL
Neste último período de volta das férias, a oposição a Bolsonaro se intensificou.
Pandullo, 24 anos, questionou o pedido de impeachment de Bolsonaro por setores da esquerda.
Esquerda pequeno-burguesa: uma retaguarda da política nacional Apesar da intensa crise do governo, a maior parte da esquerda pequeno-burguesa se recusa em levantar a palavra de ordem Fora Bolsonaro.
Pela Liberdade de Lula: Mais um dia de Mutirão no estado de SP Valério Arcary (Psol) também é “fica Bolsonaro” Valério Arcary, dirigente da corrente Resistência do Psol, publicou texto para argumentar contra a ideia de que devemos derrubar o governo. Com o título “A estratégia é derrubar Bolsonaro. Mas a tática do impeachment, agora, seria ou não um erro?”
Nesse domingo (4/08), os militantes do Partido da Causa Operária e dos Comitês de Luta Contra o Golpe realizaram mais um mutirão pela liberdade de Lula. No estado de São Paulo, as atividades tiveram lugar em inúmeras cidades, como Assis, Marília, Araraquara, Catanduva Ribeirão Preto, Jundiaí, Campinas, Sorocaba, Embu das Artes
ATIVIDADES
Mutirão do DF: a “saúde” com o fora Bolsonaro e a liberdade de Lula Mutirões pela liberdade de Lula em SC ocorrem em ao menos seis cidades Mais de 810 mil presos no Brasil: um Estado policial A recente Revolta dos presos no Pará colocou em debate a questão do Estado policial brasileiro. O Brasil, atualmente, tem mais de 810 mil presos em seus cárceres que são verdadeiras sucursais do inferno na terra.
2 | OPINIÃO E POLÊMICA EDITORIAL
Lava Jato é o foco da crise do governo Bolsonaro N
este último período de volta das férias, a oposição a Bolsonaro se intensificou. Em vários shows, nos estádios e em eventos, nas ruas e em locais fechados, ouviu-se o grito do povo pelo Fora Bolsonaro e suas variações. A situação política do País então aponta pela derrubada do presidente ilegítimo. No centro da crise política está a Lava Jato, pilar fundamental do golpe de Estado. Os escândalos revelados pelo
The Intercept colocaram a operação como ponto de foco da crise do governo, algo que coloca em risco todo o regime golpista. A Lava Jato é a operação que serviu como base tanto da deposição do governo Dilma Rousseff, através de uma intensa campanha difamatória e de perseguição contra o PT, quanto da prisão de Lula, da fraude nas eleições e da sustentação do atual governo.
Desta forma, a crise direcionada contra a Lava Jato torna-se um problema fundamental do governo, uma vez que ficou comprovada a fraude que colocou Bolsonaro no poder, pois prenderam Lula sem provas e impediram-no de se candidatar para eleger o fascista. Os pedidos de Fora Moro, por mais que confusos, expressam uma intensa crise do regime golpista e de toda
a operação Lava Jato, que como afirmado acima é o pilar da operação golpista montada pelo imperialismo e a burguesia brasileira. Operação que foi usada para perseguir a esquerda, derrubar o PT, fortalecer Temer, fraudar as eleições e colocar Bolsonaro no poder, agora desmorona completamente. A Lava Jato está desmoralizada e, portanto, assim está todo o golpe de Estado.
Nada de atos a conta-gotas, generalizar as mobilizações! A
esquerda pequeno-burguesa, diante do aprofundamento da crise do golpe e do governo Bolsonaro, parece se esconder mais ainda detrás de políticas inócuas, cujo único resultado será a derrota dos trabalhadores. Uma delas é a insistência em uma política parlamentar e eleitoral. Uma oposição que visa apostar em um suposto desgaste de Bolsonaro, que nada garante, no final das contas, será efetivo. É uma política que tem como principal objetivo esperança em 2022, já que do ponto de vista da atividade parlamentar, seria muita ingenuidade acreditar que o Congresso dominado pela direita poderia protagonizar algum avanço contra a sanha destruidora dos golpistas. Outra característica é que a oposição desses setores é parcial, ou seja, visa a combater cada uma das medidas colocadas pelo governo. Hoje a reforma trabalhista, amanhã a da Previdência, depois um ataque a uma organização política, depois a privatização da Petrobras e dos Correios e assim por diante. Essa política, aliada à política parlamentar, vai de derrota em derrota até que se chegue nas próximas eleições. Não se sabe se vivos. Em decorrência dessa oposição parcial está a política das manifestações a
CHARGE
conta gotas. Tem sido claro, pelo menos desde que aumentaram as mobilizações de rua contra o governo, que as direções das organizações populares de massas apostam em um ato por mês. Foram duas manifestações de massas em maio, uma em junho, nenhuma em julho. É preciso mudar essa política em agosto. Já existe uma grande manifestação marcada para o dia 13 e outras manifestações menores para o mês.
A situação política indica que agosto será um mês quente de grandes lutas contra o governo. É preciso dar vazão a essa tendência e sair da política de manifestações a conta-gotas. É preciso generalizar a luta tanto do ponto de vista da multiplicação dos atos e manifestações como do ponto de vista das reivindicações. Está claro que o que unifica todas as reivindicações é a luta pela derrubada do governo. É a palavra de ordem de Fora Bolsonaro.
A situação política está preparada para derrubar o governo. O povo já deixou claro que é isso que quer, falta as direções políticas indicarem o caminho. Nesse sentido, é preciso ultrapassar a política dos setores que não querem chamar o Fora Bolsonaro, intensificando a mobilização nas bases e impulsionando a luta pela derrubada do governo e de todos os golpistas, colocando como palavra de ordem também as eleições gerais com Lula candidato.
ATIVIDADES DO PCO | 3
PELA LIBERDADE DE LULA
Mais um dia de Mutirão no estado de SP N
esse domingo (4/08), os militantes do Partido da Causa Operária e dos Comitês de Luta Contra o Golpe realizaram mais um mutirão pela liberdade de Lula. No estado de São Paulo, as atividades tiveram lugar em inúmeras cidades, como Assis, Marília, Araraquara, Catanduva Ribeirão Preto, Jundiaí, Campinas, Sorocaba, Embu das Artes e Vargem Grande Paulista, além, é claro, da capital paulista, São Paulo. Como já se tornou comum, os mutirões mais uma vez expressaram a ampla aceitação e receptividade da população no tocante às palavras de ordem Liberdade para Lula e Fora Bolsonaro. Os mutirões consistem numa atividade de agitação e propaganda, reali-
zada em cidades por todo o país, em locais de grande circulação popular, e destinam-se a impulsionar a luta contra o Golpe de Estado no Brasil. Centram-se na defesa da Liberdade de Lula, bem como no Fora Bolsonaro. A distribuição e venda de materiais (como jornais, adesivos, panfletos, cartazes, etc) relacionados à luta contra o Golpe, à luta pela Liberdade de Lula e pelo Fora Bolsonaro, a coleta de assinaturas pela anulação de todos os processos contra o ex-presidente e a inscrição de pessoas para o ato nacional pela sua liberdade, que ocorrerá no final de agosto em frente à Polícia Federal em Curitiba, estão entre as principais atividades práticas desenvolvidas pelos militantes nos mutirões.
Mutirão do DF: a “saúde” com o fora Bolsonaro e a liberdade de Lula
O
mutirão do Distrito Federal no último domingo foi diferente. Ao invés das tradicionais idas às feiras populares, os militantes do PCO e do Comitê de Luta Contra o Golpe aproveitaram o início da 16ª Conferência Nacional da Saúde, que deve reunir a partir de amanhã algo em torno a 5 mil delegados, segundo informações dos organizadores, para a coleta de assinaturas exigindo a anulação dos processos contra o ex-presidente Lula e em defesa da sua liberdade. Apenas no primeiro dia, com as delegações ainda chegando ao local do evento – a Conferência irá até quarta-feira – foram coletadas mais de 300 assinaturas entre os delegados que se dirigiam ao credenciamento. Um sentimento absolutamente transparente entre os delegados que se dirigiam à barraca do PCO para assinar o abaixo assinado era de profunda revolta com o governo Bolsonaro. É bom frisar que a Conferência Nacional de Saúde é uma realização institucional, ou seja, o evento é organizado pelos governos federal, estaduais e municipais. Entre os participantes, inclusive, há uma parcela de delega-
dos ligados à direita e extrema-direita bolsonarista, mas, como já era de se esperar, esses “gatos-pingados” ficaram absolutamente acuados diante da campanha feita pelos militantes do PCO e do comitê. Além da campanha com o abaixo-assinado, os militantes presentes venderam mais de 150 jornais da última edição do semanário Causa Operária, que tem como manchete central o “Fora Bolsonaro” e qual o eixo de luta em torno dessa palavra de ordem: “Impeachment ou Eleições Gerais” e ainda foram distribuídos centenas de adesivos pelo Fora Bolsonaro e um outro pela Liberdade de Lula. Mais ao final da atividade, quando os adesivos pela Liberdade de Lula já tinham acabado, era sentimento comum entre os que procuravam o adesivo pela Liberdade de Lula, a frustração. Nos próximos dias da Conferência o PCO e o Comitê de Luta contra o Golpe do DF estarão presentes na expectativa de colher como meta, até o final do evento, pelo menos 3 mil assinaturas. Caso você more ou esteja no DF e queira se somar a nossa campanha, procure a barraca do PCO no Pavilhão de Exposições do Parque da Cidade.
Mutirões pela liberdade de Lula em SC ocorrem em ao menos seis cidades
E
m Santa Catarina, os mutirões foram realizados em pelo menos seis cidades. O Mutirão em Blumenau foi bem recebido, assim como nos últimos finais de semana. Militantes do PT e do PCO participaram da atividade que recolheu assinaturas para o abaixo assinado pela liberdade de Lula e inscreveram pessoas para as
caravanas para Curitiba para o ato pela libertação do ex-presidente no final deste mês. Dois fascistas tentaram intimidar os militantes pedindo para que retirassem suas faixas e foram colocados para correr. Além de Blumenau, a atividade também ocorreu em Palhoça, Chapecó, Araranguá, Içara e Criciúma.
4 | ATIVIDADES DO PCO
PERNAMBUCO
Três cidades realizam mutirões pela liberdade de Lula O
ntem foi mais um dia de mutirões pela liberdade de Lula em todo o País. Em Pernambuco, três cidades realizaram atividades em torno da campanha pela liberdade de Lula: Recife, Olinda e Cabo de Santo Agostinho. Os mutirões de Olinda e do Cabo de Santo Agostinho começaram logo de manhã. A partir das 8h, militantes da
luta contra o golpe estavam na Feira de Peixinhos e no Mercado do Cabo coletando assinaturas pela anulação de todos os processos contra o ex-presidente Lula. À tarde, foi a vez dos militantes de Recife irem às ruas. A partir das 15h, todos os que estivessem na Avenida Rio Branco, no Recife Antigo, puderam assinar pela liberdade de Lula,
PARANÁ
Veja foto dos mutirões pela liberdade de Lula O ntem foi mais um dia de mutirões pela liberdade de Lula em todo o País. Em Pernambuco, três cidades realizaram atividades em torno da campanha pela liberdade de Lula: Recife, Olinda e Cabo de Santo Agostinho. Os mutirões de Olinda e do Cabo de Santo Agostinho começaram logo de manhã. A partir das 8h, militantes da luta contra o golpe estavam na Feira de Peixinhos e no Mercado do Cabo coletando assinaturas pela anulação de todos os processos contra o ex-presidente Lula.
À tarde, foi a vez dos militantes de Recife irem às ruas. A partir das 15h, todos os que estivessem na Avenida Rio Branco, no Recife Antigo, puderam assinar pela liberdade de Lula, se inscrever na caravana para o ato em Curitiba no fim do mês, adquirir materiais da loja do PCO e participar ativamente da campanha pela liberdade de Lula e pelo “fora Bolsonaro”. Na próxima semana, os mutirões continuarão acontecendo. Acompanhe neste Diário as informações e não fique de fora da campanha!
se inscrever na caravana para o ato em Curitiba no fim do mês, adquirir materiais da loja do PCO e participar ativamente da campanha pela liberdade de Lula e pelo “fora Bolsonaro”. Na próxima semana, os mutirões continuarão acontecendo. Acompanhe neste Diário as informações e não fique de fora da campanha!
Mutirões em MG: centenas assinam pela liberdade de Lula E m Minas Gerais, ocorreram mutirões nas cidades de Belo Horizonte, capital, e Uberlândia. Centenas de pessoas assinaram o abaixo assinado pela liberdade de Lula e anulação de todos os processos. O mutirão em BH ocorreu na par-
te da manhã, na feira hippie, e foram vendidas as edições do Jornal Causa Operária. Além disso, os passantes se inscreveram para as caravanas dos comitês de luta contra o golpe que irão para Curitiba no final de agosto em um ato nacional pela liberdade de Lula.
Mutirões pela liberdade de Lula se ampliam na Bahia E sse domingo (04/08) foi mais um dia de mutirões pela Bahia em campanha pela liberdade do ex-presidente Lula. Os militantes e simpatizantes do PCO organizaram nos municípios de Feira de Santana, Itabuna, Salvador, Santa Bárbara e Vitoria da Conquista, as atividades de coleta de assinaturas, conversa com a população, panfletagem e distribuição de adesivos e cartazes. A população tem se mostrado muito receptiva à campanha em todos os municípios onde o mutirão vem ocorrendo e mais uma vez centenas de assinaturas foram colhidas, demonstrando a disposição de luta da classe trabalhadora. As feiras livres têm sido um local bastante utilizado na Bahia para realização com mutirões, já que reúnem uma grande quantidade de trabalhadores e um espaço propício para a agitação e propaganda da campanha pela liberdade do ex-presidente Lula.
Neste domingo, por exemplo, o primeiro final de semana do mês, um dos dias mais lotados na tradicional feira do Baianão em Porto Seguro, a população fez fila para assinar o abaixo assinado. O PCO vem contribuindo com a enorme campanha no Brasil inteiro. Todos os domingos, militantes e simpatizantes do partido realizam mutirões em dezenas de cidades espalhadas pelo território nacional e fora do país. A questão da liberdade do Lula é fundamental na luta contra a direita golpista e contra o golpe. É fundamental ampliar essa campanha ainda mais, para criar as condições de derrotar a direita e o governo. Se em sua cidade ainda não está organizado ou confirmada a realização do mutirão e você quer participar da campanha entre em contato com a coordenação dos Comitês pelo telefone é (11) 963886198 ou ainda pelo e-mail pco.sorg@gmail.com.
Impeachment ou eleições gerais? Adquira o novo Jornal Causa Operária!
J
á está nas ruas a mais nova edição do Jornal Causa Operária (JCO), a edição de número 1068. O periódico, fundado em 1979 em meio às greves do movimento operário, vem sendo um dos mais importantes instrumentos para organizar a luta contra o golpe de 2016 e para denunciar os ataques dos capitalistas à população. Na edição desta semana, o JCO apresenta como manchete a seguinte discussão: “fora Bolsonaro – impeachment ou eleições gerais?”. A discussão, que também esteve presente durante o programa “Análise Política”, exibido no dia 30 de junho na TV 247 e na COTV, e durante o programa Análise Po-
lítica da Semana, transmitido no dia 3 de agosto pela COTV, é fundamental para esclarecer o movimento de luta contra o golpe. O governo Bolsonaro se encontra em uma crise muito profunda, motivada pela sua impopularidade e pelo fracasso de sua política econômica. O
desemprego cresce desenfreadamente, as manifestações de revolta contra o governo são diárias e a nem mesmo a reforma da Previdência deu à burguesia a confiança de que Bolsonaro conseguirá cumprir com todas as demandas do imperialismo. Diante desse cenário de crise, é ne-
cessário que a esquerda e os setores democráticos tomem uma decisão: mobilizar os trabalhadores e toda a população em geral para derrubar o governo Bolsonaro nas ruas. É preciso organizar a revolta contra o regime político em um movimento que coloque a direita contra a parede e tenha condições de impor a derrubada do governo Bolsonaro, a liberdade de Lula e a convocação de eleições gerais. Para acompanhar a discussão em torno da derrubada do governo Bolsonaro, além dos demais acontecimentos relevantes para a política nacional e para a política internacional, adquira já o sua edição do Jornal Causa Operária!
POLÍTICA | 5
REVOLTA DOS PRESOS NO PARÁ
Mais de 810 mil presos no Brasil: um Estado policial A
recente Revolta dos presos no Pará colocou em debate a questão do Estado policial brasileiro. O Brasil, atualmente, tem mais de 810 mil presos em seus cárceres que são verdadeiras sucursais do inferno na terra. Os presídios estão superlotados e não têm condições mínimas para sustentar a vida humana. Por isso, revoltas como essas do Pará ocorrem todos os anos; os presos precisam lutar entre si pela sobrevivência, aliando-se a facções e grupos. Uma verdadeira selva. O Brasil é a 3ª maior população carcerária do mundo, atrás apenas dos EUA e da China, que são países com mais habitantes que ele. Esta situação, para um país pobre como o Brasil, é totalmente insustentável, tanto do ponto de vista social quanto do ponto de vista financeiro. A situação já está fora do controle, e é isso que explica estas inúmeras revoltas dos presidiários. Isso revela um fracasso da política da direita, que de forma demagógica propõe mais repressão e mais violência contra o povo, sendo que o pro-
blema da criminalidade é social – está baseado na miséria, no aumento do desemprego, na falta de perspectiva e no esmagamento do povo brasileiro. Problema esse que é causado pela própria direita. A proposta da direita não tem viabilidade prática nenhuma, simplesmente estão transformando a situação em um caos absoluto. É uma política para fomentar o caos completo no país. Uma política policialesca de total esmagamento do povo pobre, revelada pelo fato de que mais de 80% dos presos não têm documentos, são miseráveis que foram destruídos pelo sistema capitalista. A esquerda pequeno-burguesa, entretanto, tem uma política de adaptação à política da direita. Ao invés de denunciar a tentativa de aumentar a repressão e a quantidade de presos, a esquerda entra em coro para defender mais leis repressivas: principalmente quando supostamente são feitas para defender o “bem estar” ou a moralidade. Marcelo Freixo, por exemplo, disse concordar com a maioria das leis do
pacote anti crime de Sérgio Moro, que legaliza um verdadeiro terrorismo de Estado contra a população. Não é atoa que o deputado do Psol defendeu o controle das favelas cariocas pela polícia através da Unidades de Polícia Pacificadora (UPP). Porém, outros setores da esquerda vão no mesmo caminho quando defendem e aprovam leis para supostamente defender o povo negro, a mu-
lher e o LGBT, através da criminalização da opinião de alguns ou coisas do tipo. Leis que finalmente apenas irão atingir os inimigos da direita, uma vez que os fascistas têm aval do Estado para fazer o que quiserem. Por isso, é preciso denunciar que qualquer tipo de repressão apenas serve para aumentar a selvageria que existe no país, com guerras nos presídios e o esmagamento da população.
CAPITALISMO
Monopólio farmacêutico, Pfizer, esconde remédios para Alzheimer O jornal norte-americano The Washington Post denunciou mais um escândalo da indústria farmacêutica: o laboratório Pfizer descobriu um medicamento que poderia reduzir em 64% o risco de uma pessoa contrair Alzheimer e está escondendo essa informação desde 2015. Trata-se do remédio Enbrel, que é um anti-inflamatório usado para tratar artrite reumatóide. O medicamento é um sucesso de vendas, com um faturamento anual de US$ 2,1 bilhões. Alzheimer é uma doença que atinge mais de 10 milhões de pessoas por ano no mundo todo. Mais comum ainda no países mais pobres. A descoberta do remédio seria um grande passo na luta contra a doença. Segundo a reportagem, o motivo é que a patente do medicamento havia
expirado. Sendo assim, qualquer empresa poderia lucrar com a descoberta e não somente a Pfizer. Ou seja, não importa o quanto a informação beneficiaria os doentes, e sim seus resultados financeiros. Esses casos, infelizmente são comuns nesse setor. Eles escondem informações e descobertas importantes que ajudariam milhões de pessoas no mundo todo, devido a “baixa lucratividade”. Nessa reportagem fica bem claro a lógica do capitalismo: lucro acima de todos! Não importa se é um medicamento que salvaria vidas ou um guarda-chuva. Se não dá lucro, não interessa. O que mostra também como o capitalismo é um regime falido que não tem mais nada a oferecer para o povo.
6 | POLÊMICA
PSOL
Valério Arcary (Psol) também é “fica Bolsonaro” V
alério Arcary, dirigente da corrente Resistência do Psol, publicou texto para argumentar contra a ideia de que devemos derrubar o governo. Com o título “A estratégia é derrubar Bolsonaro. Mas a tática do impeachment, agora, seria ou não um erro?” Arcary mostra por que é o elemento mais escorregadio da esquerda pequeno-burguesa. Depois de ter apoiado o “fora todos” e dizer que “não havia perigo de golpe” enquanto foi dirigente do PSTU, o que servia para justificar à defesa da derrubada de Dilma Rousseff, sempre ensaboado, Arcary e outros muitos militantes do PSTU saíram do partido e formaram a organização que hoje se encontra no Psol. Parece, no entanto, que quando se trata de derrubar Bolsonaro, Arcary não tem o mesmo ímpeto que teve para defender a queda do governo do PT. Em seu texto, ela afirma que “estamos em uma situação em que se impõe a acumulação de forças na resistência. Não devemos dar um passo maior que nossas pernas” e continua: “O impeachment pode ser um bom instrumento quando tivermos condições de mobilizar em uma escala muito
maior do que fizemos em maio.” Essa conclusão, Arcary tira após levantar três argumentos pró e três contra o impeachment dizendo que “os argumentos contra são mais poderosos que os argumentos a favor.” O dirigente do Psol está no clube dos que se negam a enxergar a realidade. Dos que parecem viver fechados num quarto escuro, sem contato com o mundo há meses. As constantes manifestações espontâneas con-
tra Bolsonaro não entram na conta de Arcary. Não entra na conta também as enormes mobilizações de massas dos últimos meses cujo conteúdo central se voltava contra o governo e adesão ao Fora Bolsonaro era enorme mesmo com o esforço dos setores dirigentes da manifestação em esconder tal palavra de ordem. Arcary prefere acreditar nas pesquisas da burguesia: “é a menor taxa de aprovação, entre os presidentes eleitos em primeiro mandato.
Cresceu o desprezo diante da irresponsabilidade, da idiotice, e da maldade”. Mas até mesmo elas, manipuladas para dar sustentação ao governo, não escondem a enorme popularidade. Por fim, Valério Arcary ignora a crise de conjunto do governo e do golpe. Os vazamentos da Lava Jato, as declarações de Bolsonaro, as denúncias, a economia, as medidas impopulares. Se não ignora, ele considera tudo isso insuficiente para defender a derrubada do governo. Arcary quer “acumular forças” e “mobilizar numa escala ainda maior”. Na realidade, ele quer esperar que alguém faça por ele. Talvez ele esteja esperando então que a burguesia decida derrubar Bolsonaro. O povo já está dizendo nas ruas, como seria o melhor jeito de aumentar a mobilização e acumular forças se não chamando o povo a fazer o que já está se propondo a fazer? Arcary é mais um que se coloca no time do “fica Bolsonaro” na contramão da situação política cada vez mais madura para que as massas tomem a iniciativa e derrubem o governo. Para tentar se livrar dessa pecha, ensaboado, ele diz que a estratégia deve ser derrubar Bolsonaro, mas a tática agora é errada. São apenas palavras para justificar uma capitulação política.
UNIÃO ESTADUAL DOS ESTUDANTES
Bolsonaro está na corda bamba, a esquerda não deve apostar em eleições E
m artigo publicado pelo sítio Viomundo, o vice-presidente da União Estadual dos Estudantes de São Paulo e militante do Partido dos Trabalhadores, Diego Pandullo, 24 anos, questionou o pedido de impeachment de Bolsonaro por setores da esquerda. Na matéria, Diego Pandullo afirma que “rechacemos a irracionalidade do impeachment, mas não silenciemos os gritos de ‘Fora Bolsonaro’, com a consciência de que sua derrubada está fora da realidade próxima”. E ainda completou: “o impedimento não pode tornar-se uma expectativa. Não o alcançaremos e sequer o desejamos”. Segundo ele “está fora da realidade próxima”. O que ocorre é justamente o contrário, pois o governo em sete meses na presidência encontra-se numa crise de enormes proporções. A derrubada de Bolsonaro está colocada até por setores da própria burguesia que apoiaram o golpe e a fraude das eleições que colocaram Bolsonaro e os militares à frente do governo. A campanha realizada pela imprensa golpista, que está tentando controlar Bolso-
naro, abre a possibilidade das massas intervirem nessa crise. O dirigente da UEE também aponta que as eleições de 2020 seriam fundamentais para a esquerda contra Bolsonaro e que não haveria “outro fato político para alterar a correlação de forças”. Ainda cita que as eleições permitiram o fim da ditadura, “as eleições de 74 abriram o caminho para o
declínio do regime, e as respostas com a Lei Falcão e o Pacote de Abril foram insuficientes no pleito de 78”, disse. Porém, o que abriu uma crise no regime militar não foram as eleições e sim a mobilização da população principalmente da classe operária. As eleições citadas foram uma tentativa dos militares em conter o descontentamento da população e dos traba-
lhadores com a crise econômica e a repressão. As eleições de 2020 vão ser controladas pelos golpistas que, assim como nas últimas duas eleições, foram completamente fraudadas e manipuladas para haver o declínio da esquerda e ascenso da extrema direita. E os resultados comprovaram isso. Sem mobilizar os trabalhadores e a população contra Bolsonaro e a direita as eleições vão ser um novo fracasso para os trabalhadores. Isso se a crise do regime não se agravar e as eleições de 2020 existirem. A única maneira, seja nas eleições ou fora dela, é a mobilização dos trabalhadores e da população. O governo está completamente paralisado e em crise, com ampla rejeição. A palavra de “Fora Bolsonaro” e “Ei, Bolsonaro vai tomar no c*” é ouvida em todas as manifestações, eventos artísticos, campos de futebol e por aí vai. Recentemente ocorreram três grandes manifestações em que essa foi a palavra de ordem. A esquerda em vez de focar nas eleições e nas instituições deveria se aproveitar desse momento e mobilizar para mais manifestações para derrubar Bolsonaro do poder. A oportunidade de convocar grandes atos contra o governo em torno da exigência de seu fim não pode ser desperdiçada.
POLÊMICA | 7
ESQUERDA PEQUENO-BURGUESA
Uma retaguarda da política nacional A
pesar da intensa crise do governo, a maior parte da esquerda pequeno-burguesa se recusa em levantar a palavra de ordem Fora Bolsonaro. As desculpas são as mais variadas possíveis, porém uma das principais é que “não há correlação de forças, no momento, capaz de derrubar a coalizão bolsonarista e nem mesmo para o impeachment“ (Articulação de Esquerda – PT. Sobre a polêmica do impeachment e do Fora Bolsonaro). Portanto, “nem mesmo uma parcela significativa da classe trabalhadora (estamos falando de milhões) com disposição de travar nas ruas uma luta pela derrubada de Bolsonaro. Aliás, as pesquisas apontam um equilíbrio (de opinião) a respeito do governo”. Desta forma, “colocarmos, a preços de hoje, no centro da tática o ‘Fora Bolsonaro’ ou ‘Impeachment’ é possivelmente caminharmos para a derrota (não teria êxito e não acumularia), gerando, assim, ilusão, desânimo, dispersão e confusão”. É o que afirmam setores da esquerda pequeno-burguesa. Não podemos levantar o Fora Bolsonaro pois o povo
ainda não aderiu à campanha. O raciocínio em si é torto, os membros da Articulação de Esquerda pensam de forma invertida; se precisamos esperar o povo levantar o Fora Bolsonaro, qual seria o papel de um partido político? Se o partido não tem como dever propor para o povo, fazer a campanha, de forma a ir aderindo pessoas, pra que ele serviria? O partido, naturalmente, é um setor dirigente das classes sociais.
É assim com a burguesia, da mesma forma que é com a classe operária. Portanto, se é preciso a classe operária levantar o Fora Bolsonaro para, só então, colocar em questão a palavra de ordem, a proposta da Articulação de Esquerda é só fazer campanha quando o povo estiver convencido, o que tornaria a campanha inútil. Mas pior ainda, esperar o povo despertar seria agir enquanto retaguarda do movimento político.
Isto é, enquanto a vanguarda, que vem do francês avant-garde, que é a parte da frente de um exército, estaria à frente (pelo próprio significado) da luta política, chamando a mobilização popular contra o governo, e sendo assim o setor mais consciente dos trabalhadores, a retaguarda é o contrário, são aqueles que esperam a situação política acontecer sem interferir durante o momento. Essa é a posição da esquerda pequeno-burguesa. Devemos primeiro esperar a classe operária se convencer que é preciso derrubar Bolsonaro, para depois levantar a palavra de ordem. O problema é: como os operários irão se conscientizar sem uma campanha prévia? Quem irá apontar o caminho da luta política? Se os setores mais conscientes precisam ficar esperando calados, quem irá convencer e demonstrar que a necessidade do momento é derrubar Bolsonaro? É algo difícil de se entender, pois à medida que setores da classe trabalhadora, de forma divina (já que não tem campanha), forem adquirindo uma consciência política maior, deverão ficar calados à espera que seus outros companheiros também adquiram – de forma divina, mais uma vez.
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8 | MOVIMENTO OPERÁRIO
ÀS RUAS!
Dia 13/08, atender ao chamado da CNTE A
Condeferação Nacional dos Trabalhadores em Educação convoca a todos a comparecerem ao chamado para a mobilização popular contra o desmonte da previdência e da educação pública, no dia 13 de Agosto. Os atos acontecerão nas principais cidades do país e a mobilização crescente expressa não apenas o descontentamento com as reformas propostas por esse governo golpista, como também a todas as manifestações do fascista Jair Bolsonaro, que elogia a ditadura de 1964 e figuras vis da história do Brasil, com o torturador e assassino Carlos Alberto Brilhante Ustra. Não é à toa que o Fora Bolsonaro é a palavra de ordem mais apoiada no momento. O ataque a educação é uma forma de limpar terreno para facilitar a propaganda fascistas nas escolas e universidades. A educação estatal é uma
das maiores máquinas de propaganda do Brasil. Não é à toa que Bolsonaro acusa cinicamente os professores de serem “doutrinadores” e agora quer colocar até mesmo a Polícia Militar para administrar escolas públicas. Como o “Escola Sem Partido” (mais conhecido entre os militantes do PCO como “Escola Com Fascismo”) não emplacou da maneira como esperavam, foi necessário lançar mão dessa medida absurda. Além disso, Bolsonaro é uma vergonha para o Brasil, pois trata o país como um verdadeiro capacho dos EUA. Um presidente que afirma que “o Brasil é como uma virgem que todo tarado de fora quer”, enquanto entrega todas as riquezas do país à preço de banana, não tem o menor respeito pelo seu país e pela população. O “nacionalismo” exagerado desses fascistas só mostra o quanto, no fundo, eles
ECT
realmente têm vergonha de ser brasileiros. Trata-se apenas de uma estratégia de marketing que funciona apenas com aqueles que compartilham desse sentimento, o que não se aplica à maioria da população, que se revolta cada vez mais contra o presidente. Um
presidente que bate continência para a bandeira norte americana, enquanto seus seguidores gritam, em inglês “USA, USA…” merece o total desprezo da população. Todos às ruas contra as reformas e pelo Fora Bolsonaro !
TRABALHO ESCRAVO
Acordo do Bando dos 4 abre as Presidiário trabalha e governo de portas para privatização dos Correios MG não paga
N
o último dia 31 de julho, ocorreram assembleias da categoria dos correios por todo o país, momento em que os trabalhadores poderiam dar uma guinada nos ataques do governo bolsonarista aos trabalhadores. No entanto, como já havia ficado definido pelo bando dos quatro (PT, PSTU, PC do B, mais a diretoria do Sintect MG-LPS), em todas as assembleias pelo país, defendeu contra a greve da categoria. Uma enorme capitulação à extrema direita que neste momento impõe enorme ataque a categoria com a ameaça de privatizar a ECT (Empresa Brasileira de Correios e Telégrafos), ao mesmo tempo em que o governo de Bolsonaro já introduz, o que os capitalistas ávidos por pegar a ECT querem, a redução da folha de pagamento, com o anúncio de que os ecetistas perderão R$ 6.000,00 por ano, além de anunciar que nem a inflação será reposta e o reajuste salarial será de apenas 0,8%. O ataque do governo que já é mais do que suficiente para os mais de 100 mil trabalhadores dos correios dizerem em alto e bom tom, “ Ei Bolsonaro, vai tomar no cú!” e aprovarem a maior greve da categoria dos últimos anos, foi esmagada pelas direções entreguistas da Fentect, juntamente com PSTU, aceitando a velha e “manjada” manobra dos golpistas de chamar o golpista TST (Tribunal Superior do Trabalho) para intermediar o conflito e através da ação do ministro biônico e vice-presidente do TST, Renato de Lacerda Paiva, firmaram o adiamento da greve, dando mais 30 dias para o TST, amigo dos patrões e inimigo dos trabalhadores, mediar as cláusulas econômicas e o plano de saúde dos trabalhadores até 30 de agosto de 2019.
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O governo de Jair Bolsonaro nem terminou de rir frente à capitulação das direções sindicais e aproveitando o momento propício, anunciou menos de 24 horas após o acordo que o seu Ministério da Economia, já concluiu o estudo e segundo os golpistas “não há saída para os Correios que não seja a sua privatização”. E para encaminhar imediatamente a privatização, Bolsonaro exonerou o ex-presidente dos Correios, o general de direita, Juarez Cunha, alegando que o mesmo estava tendo conduta de “sindicalista”, ou seja, na prática, esta ala dos militares estaria contra a privatização para que ela mesma, como já fez por muito tempo, pudesse administrar os Correios, e colocou um general de extrema direita, Floriano Peixoto, que ocupava a secretaria geral da Presidência. Para reverter o quadro somente com a mobilização geral e a greve de 100% da categoria é possível enfrentar os ataques dos golpistas, para derrotar o governo é imprescindível iniciar a luta já, cruzando os braços dia 13 de agosto, reforçando a mobilização nacional dos trabalhadores e mostrando ao governo capacho dos EUA que os trabalhadores não vão entregar a ECT para os sanguessugas do capital internacional.
Estado reacionário, burguês e escravocrata tem sido cada vez mais o precursor de um atraso inimaginável na vida da classe trabalhadora. Além de aterrorizar a vida dos trabalhadores, o Estado tem se utilizado das pessoas que estão presas para obter mão-de-obra mais barata, ou seja, pessoas que tecnicamente estão foras da ordem burguesa teriam o direito de trabalhar para reduzir suas penas. Contudo, a realidade dessa proposta aos presidiários é bem diferente. Apesar do “salários” conseguidos à base de trabalho dentro ou fora dos presídios, a realidade não é de pagamentos em dia ou de chances de reclamar por algo que é direito. No estado de Minas Gerais, por exemplo, os presidiários que trabalham em regime semi-aberto estão tendo atraso em seus salários. Em geral, eles trabalham em empresas privadas que têm parcerias com o estado, porém, os salários estão chegando muito atrasados, num completo e descarado descaso por parte do Estado com esses trabalhadores.
Essa não é a primeira que o Estado teria débito com os detentos. Ano passado, em 2018, a própria Defensoria Pública deixou suspenso o programa que era responsável por contratar os detentos, por falta de verbas do governo federal. Isso mostra a verdadeira vontade do Estado em “reinserir” essa população no cotidiano social da ordem burguesa. O que parece é que essas empresas querem conseguir lucro de uma forma mais fácil, a partir da mão-de-obra barata dos presidiários, como se fosse genuinamente trabalho escravo, afinal, não são pessoas dignas de respeito para a burguesia. Não é um simples atraso de salário, mas sim um claro exemplo de como o Estado trata a classe trabalhadora. Se o governo golpista e escravocrata, eleito à base de uma campanha contra a população carcerária também, trata assim uma população pobre que está encarcerada em verdadeiros campos de concentração, imagine só a classe trabalhadora que está à disposição da burguesia.
INTERNACIONAL | 9
CRISE
Especialistas relatam que nova crise pode estourar no fim de 2019 A
ANCRA, agência de classificação de crédito russa, divulgou no dia 23 de julho, estudos que apontam para um cenário catastrófico para a economia no final de 2019. Ano passado as previsões da imprensa burguesa apontavam que a crise seria no início do ano. As tensões econômicas entre os EUA e a China, bem como as sanções que os norte-americanos estão impondo para o Irã e México, pintam um cenário cada vez mais explosivo para a já instável economia mundial. Diversos economistas estão anunciando que pode ocorrer um acontecimento negativo que desencadeie uma crise generalizada nos países desenvolvidos (ao estilo do estouro da bolha imobiliária em 2008), e destrua essas economias como se fossem castelos de cartas. Um colunista do jornal russo, Vzglyad, diz que ” agravamento da luta levará a uma desaceleração da econo-
mia mundial, a uma queda na demanda por recursos energéticos, a problemas no setor bancário e, finalmente, a um colapso global.” O estudo do ANCRA aponta que a atual guerra comercial dos EUA pode levar a uma queda em 0,7% na economia do país, e que outro sintoma de crise que está por vir é a inversão na rentabilidade dos títulos do tesouro. Segundo os especialistas, quando os rendimentos de títulos de longo prazo descem abaixo das taxas de rendimento de curto prazo estamos diante um presságio de um crise econômica. Se Trump de fato bloquear a Huawei e outras imprensas chinesas de entrarem nos EUA, a resposta da China pode prejudicar seriamente as multinacionais americanas, privando-as do comércio chinês e secando a fonte de importantes minérios para a fabricação dos produtos de alta tecnologia. Qualquer distrubio nos Estados Uni-
ATAQUES DO IMPERIALISMO
dos ou na China tem um impacto direto na economia mundial. Se houver recessão para os norte americanos, o PIB chinês pode subir apenas 4%, a menor taxa dos últimos 25 anos. Já outros economistas, como Anatoly Kaletsky, economista-chefe da
Gavekal Dragonomics, acredita que o problema pode vir da Europa. Com a eleição de Boris Johnson e o Brexit, a moeda europeia pode receber um duríssimo golpe. Assim como EUA e China, qualquer oscilação grave na economia impacta todo o sistema mundial.
EM MENOS DE UM MÊS
Espião e golpista profissional é Irã intercepta mais um navio: o chamado pelos EUA para atacar Maduro terceiro em um mês
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s ataques do imperialismo contra a Venezuela parecem não cessar nunca, dessa vez, tudo indica que um ex agente israelense, considerado “especialista” em política, foi contratado para espionar a Venezuela e obter diagnósticos suspeitos e forjados à base de muita falcatrua sobre a situação lá vivida e sobre possíveis saídas “democráticas” para a crise que se instaurou desde que os EUA iniciaram uma política de boicote e inúmeras sanções e bloqueios econômicos. O suposto ex agente israelense seria Ari Ben-Menashe, que trabalhou para a inteligência israelense e que já chegou a representar a junta militar do governo do Sudão. Não somente, nos arquivos divulgados pelo WikiLeaks, Ben-Menashe é tido como “um golpista” e foi aconselhado que o governo Venezuelano ficasse longe dele. A tática de se colar um “especialista”
para difamar governos progressistas e de esquerda da América já é um truque velho do imperialismo. Colocam figuras que tenham algum prestígio entre a direita, como Ben-Menashe, para dizer o que a burguesia quer. Não à toa, Ben-Manashe é dono da empresa Dickens&Madson, que aparentemente foi contratada nas eleições de 2018 por Henri Falcón, rival de Maduro, para convencer outros países ricos, como Rússia e EUA a não apoiarem Maduro nas eleições. As armadilhas do imperialismo são muitas, chegam a enganar até a esquerda pequeno burguesa, que por vezes capitula diante de tais “argumentos” da democracia burguesa. O imperialismo deve ser combativo e derrubado, antes que a onda de golpes por toda a América Latina se torne insuportável para a classe trabalhadora.
essa quarta-feira (31/7) o governo iraniano interceptou um navio petroleiro no Golfo Pérsico. A nacionalidade da embarcação não foi revelada, mas ele transportava 700 mil litros de petróleo contrabandeado, e seguia para outros países da península arábica. O navio foi trazido para a costa iraniana e o combustível foi entregue às autoridades. É a terceira interceptação desta natureza em menos de um mês. O primeiro navio interceptado era de origem panamenha e o segundo, sueco. A estratégia iniciou depois que a Inglaterra apreendeu um petroleiro iraniano rumando à Síria, no Estreito de Gibraltar. Foi uma abordagem que acirrou a tensão entre Irã e União Europeia, que tem sanções contra o governo sírio. Trata-se de uma política iraniana de defesa, através da retaliação, contra o cerco econômico imperialista a países que buscam autonomia. Em 2018, os EUA abandonaram um acordo nuclear com os iranianos e passaram a pressionar aliados para uma guerra eco-
nômica contra o país. A Europa reluta em aderir completamente a esta política mas ensaiou um endurecimento, obtendo a resposta rápida dos iranianos: se o imperialismo tentar escravizá-los, haverá reação. As sanções imperialistas estrangulam a economia iraniana mas esta nação resiste bravamente. O enriquecimento de urânio coloca o Irã como um rival arriscado no caso de invasão militar, e dificulta o controle imperialista. Caso “cooperasse” com os imperialistas, os iranianos já teriam sido vítimas de golpes ou intervenções. Mas o fato de o conflito ficar no nível econômico é visto, inclusive, pelas forças armadas iranianas, como uma mostra de que a probabilidade de conflito militar é cada vez menor. De qualquer maneira, é uma política de autonomia e resistência que deve ser defendida. Quanto maior o sucesso dos iranianos contra os embargos imperialistas, mais o domínio da grande burguesia mundial se enfraquece, e maior é o exemplo para encorajar outras nações a fazer o mesmo.
10 | CULTURA
RECIFE
Órgão de tubos raro será reinaugurado na noite de hoje N
a noite de hoje (5), será reinaugurado o órgão de tubos da Catedral da Trindade, que fica na Zona Norte da cidade do Recife. O instrumento, que é uma rara peça do patrimônio cultural do Nordeste, estava inativo há mais de vinte anos. Segundo levantamento feito em 2013 pelos franceses Daniel Birouste e Bertrand Lazerme, especialistas na construção de órgãos de tubos, há apenas três instrumentos desse tipo em Pernambuco. Além do órgão de tubos da Catedral da Trindade, há um órgão na Igreja Madre de Deus, localizado no Recife Antigo, e um no Instituto Ricardo Brennand, que fica na zona oeste recifense. Um dos maiores
construtores de órgãos da história do Brasil, Agostinho Leite, viveu no Recife durante o século XVIII, mas nenhum instrumento seu foi encontrado. A reinauguração contará com a presença do cravista e musicólogo Erasmo Estrada, que falará sobre o órgão de tubos da Catedral da Trindade e sua relevância cultural. Na mesma noite, o Coro de Câmara do Conservatório Pernambucano de Música, o Coro Catedral e músicos convidados da UFPE se apresentarão na Catedral Trindade, tornando o evento imperdível. A Catedral Trindade fica na R. Carneiro Viléla, 569, no bairro do Espinheiro. A entrada para a reinauguração do órgão de tubos é gratuita.
OLINDA
“Coco de Umbigada” puxa “fora Bolsonaro” e público acompanha N
a noite do último sábado (3), aconteceu mais uma edição da Sambada de Coco do Guadalupe, na cidade de Olinda, na região metropolitana do Recife. O evento acontece no primeiro final de semana de cada mês, no bairro do Guadalupe, e reúne grupos regionais de coco, atraindo centenas de pessoas que comparecem à parte alta de Olinda para dançar e se descontrair. Dessa vez, a Sambada de Coco também serviu de palco para manifestações políticas. Após cantar uma música, o vocalista do grupo Coco de Umbigada criticou o governo Bolsonaro e a ofensiva da direita golpista: Sabemos que as balas que nos matam tem cor e endereço, ninguém morre de bala perdida em bairro no-
bre. E a gente tá só assistindo nossas mortes acontecerem. No meio de sua fala, alguém do público gritou: “fora Bolsonaro!”. Ao escutar, o clamor, o próprio vocalista decidiu puxar a palavra de ordem contra o governo golpista, sendo acompanhado por todos os que estavam presentes. A impopularidade de Bolsonaro está sendo colocada à prova a todo o momento. Em qualquer manifestação popular, a revolta contra os ataques da direita tem sido devidamente expressas em palavras de ordem contra o governo. Por isso, é preciso levar adiante uma campanha intensa pelo “fora Bolsonaro”, uma campanha que mobilize os trabalhadores e a população em geral pela derrubada imediata do governo ilegítimo.
ESPORTES, JUVENTUDE E MORADIA E TERRA | 11
ESPORTES
Todos os domingos às 20h30 na Causa Operária TV
Por que Neymar não ficou nem entre os 10 maiores do mundo? N
ão com surpresa, embora com certa indignação, nos deparamos com a notícia de que o jogador brasileiro Neymar Jr. não foi colocado pela FIFA nem entre os 10 melhores jogadores do mundo. Não causou surpresa pois já sabemos da encarniçada luta que os grandes monopólios do futebol europeu vem travando contra o futebol brasileiro e o próprio jogador, o maior craque da atualidade do País do futebol e também porque o caso apenas repete 2018, quando Neymar também não ficou entre os 10. Mas a luta política está em todos os âmbitos, inclusive e principalmente nos meios milionários do futebol. A campanha estabelecida pela imprensa imperialista e reproduzida pela imprensa golpista brasileira contra Neymar contagia inclusive setores da esquerda. Isso porque a própria burguesia sabe fazer a campanha de maneira cínica, normalmente atacando o fato de o jogador ser milionário e outras coisas que acabam servindo para manipular a opinião do esquerdista desavisado. Mas deixemos de lado a fúria contra Neymar. Será mesmo que o jogador não estaria nem mesmo entre os 10 melhores do mundo? Será mesmo que nenhum brasileiro deveria estar ali? Para nós, não só Neymar deveria estar entre os 10 como é efetivamente o maior craque do mundo, mas alguém
poderia argumentar que ele não anda em boa fase, está machucado, jogou pouco. Mas isso o tiraria da lista dos 10. É claro que não. Basta olhar a lista que rapidamente se percebe que não apenas Neymar é infinitamente melhor do que a maioria dos que ali estão como muitos outros jogadores brasileiros poderiam estar ali. E por que não estão? É simples: a lista da FIFA é uma seleção de europeus, de jogadores europeus e mais ainda de representantes do futebol moderno. Se você é esquerdista e não gosta de Neymar. Daremos a você a liberdade de gostar do que quiser. Mas é preci-
GOVERNO GOLPISTA
Corte de verbas dos golpistas impulsiona violência no campo A
violência no campo nestes primeiros sete meses de governo Bolsonaro está aumentando de maneira exponencial e levando a uma guerra civil em que os trabalhadores estão sendo massacrados. Essa violência está sendo impulsionada pelas medidas tomadas pelo governo golpista que está levando a uma situação de miséria e deixando as famílias a mercê dos latifundiários e pistoleiros. Uma das primeiras medidas tomadas foi da ministra da agricultura, a musa do veneno, Tereza Cistina (DEM-MS), onde acabou com o termo “agricultura familiar”, pois segundo os golpistas trata-se de uma declaração demagógica. Essa mudança foi fundamental para extinguir os recursos e investimentos para a Agricultura Familiar. Em maio, os golpistas suspenderam os repasses do BNDES para investimentos do Programa Nacional de Fortalecimento da Agricultura Familiar (Pronaf), principal recursos dos agricultores familiares e oriundos da reforma agrária. O mesmo ocorreu com o Banco do Brasil, prin-
cipal banco de financiamento da agricultura familiar, e redução de quase 1/3 dos 30 bilhões destinados a esse tipo de agricultura. Os recursos de assistência técnica para pequenos agricultores foram completamente cortados, sendo os recursos para agricultura familiar (R$ 8 milhões) e para a reforma agrária (R$ 19,7 milhões). Os recursos para investimentos em assentamentos reduziram R$ 597 milhões, um número quase que irrisório comparado para os anos anteriores que chegaram a marca de quase dois bilhões de reais. Todos esses cortes são para enfraquecer os trabalhadores do campo e levando-os para uma situação de miséria e enfraquecimento da luta. É uma medida pensada para desmoralizar os assentados e as áreas da reforma agrária, fortalecendo a campanha da direita e dos latifundiários. Esse fortalecimento da direita no campo serve para criar condições de ataques e massacres contra os sem-terra, e a maior prova disso é o aumento da violência do campo.
so no mínimo ter consciência do que representa a lista da FIFA antes de sair atirando em Neymar e no futebol brasileiro. Se ainda resta dúvida, um olhar atento para a imprensa golpista brasileira ajuda na explicação. Uma coluna publicada no site R7, ligada à bolsonarista rede Record, assinada por Cosme Rímoli tenta justificar por que Neymar não apareceu entre os 10. Diz a coluna: “Baladas, simulações, suspensões, farras logo após o tratamento de fraturas, soco na cara de torcedor, ataques a árbitros da Champions na sua rede social, até acusação de estupro e agressão.” Os motivos principais esta-
riam aí, todos fora de campo. Sobre o futebol de Neymar, ninguém fala. Não fala porque não é isso o que está em jogo. Essa é a campanha cínica da “ética” no futebol, que tem a mesma lógica de todas as campanhas moralistas que na realidade são uma política da direita para atingir adversários ou levantar campanhas públicas contra determinadas pessoas. Em política, a campanha moralista se chama golpismo. No futebol se chama fair play, um dos principais elementos do futebol moderno, o futebol dos inimigos do futebol. O futebol moderno é inimigo das torcidas organizadas porque elas são “violentas”, é a favor das arenas com ingressos exorbitantes porque assim o povo pobre e desclassificado não frequenta o estádio. E assim por diante. E tanto no caso de Neymar como nos outros casos, na campanha contra as torcidas, tudo não passa de calúnias e pretextos para atacar. Nem Neymar é o jogador indisciplinado que tanto a imprensa fala (pelo menos não chega nem perto de muitos outros craques), nem as torcidas são violentas como se propaga. Tudo isso é parte da mesma política contra o futebol. O imperialismo ataca em todos os flancos e o objetivo é garantir seus lucros ameaçados pela superioridade técnica do futebol brasileiro e pela presença do povo nos estádios e nos clubes.
12 | JUVENTUDE
UFPE
Professor olavista abandona governo Bolsonaro C
omeça hoje o segundo semestre letivo da Universidade Federal de Pernambuco (UFPE). Milhares de alunos retornam às aulas, em um momento em que o movimento estudantil está sendo duramente atacado pela direita golpista. O dia de hoje também marca o retorno de um senhor para o cargo parasitário que ocupa na instituição: Rodrigo Jungmann, instituído como docente do Departamento de Filosofia da UFPE, deverá voltar à universidade. Rodrigo, que é parente de Raul Jungmann – ex-ministro que se empenhou em abrir as portas do governo Temer para os militares -, ficou conhecido em toda a UFPE pela alcunha de “Pinguim da Privataria”. Seguidor do astrólogo Olavo de Carvalho, o Pinguim da Privataria defendeu o golpe de 2016, a prisão de Lula, a destruição dos direitos trabalhistas, a privatização das universidades, a criminalização do movimento estudantil e a candidatura do fascista Jair Bolsonaro à presidência da República. Recentemente, o Pinguim da Privataria veio a público dizer que se arrependeu de ter apoiado Jair Bolsonaro. Segundo declarou à imprensa burguesa, Rodrigo Jungmann teria decidido romper com Bolsonaro após suas declarações sobre a morte de Fernando Santa Cruz. O aparente rompimento do Pinguim da Privataria com o governo Bolsonaro é apenas uma tentativa do “professor” de Filosofia de não ser associado com o fracasso de um governo na corda bamba. Rodrigo Jungmann defende o mesmo que Jair Bolsonaro: a política dos patrões, a política de destruição do Brasil em favor do lucro dos bancos. Em nota escrita pelo próprio Pinguim da Privataria, ele deixa claro que continua aliado aos inimigos do progresso da humanidade:
Sou mais de direita do que jamais fui. Sou menos bolsonarista do que um dia julguei possível ser. Incidem em erro patente e grosseiro todos aqueles que confundem essas duas categorias. Melhor dito, não sou mais bolsonarista em absoluto e me arrependo de um dia ter feito campanha para esse senhor. Quero uma outra direita. Uma direita que pense. Minimamente, uma direita que pense antes de falar… Coisa impossível para o atual supremo mandatário. É impossível ser contra a tortura, ser a favor da inteligência ou até mesmo ser contra o bolsonarismo e defender a direita ao mesmo tempo. Bolsonaro,
afinal, não é um ser extraterrestre: é a criação da própria burguesia, que deu o golpe de 2016 e que impulsiona toda a agenda neoliberal que o Pinguim da Privataria defende. Romper com Bolsonaro não coloca Rodrigo Jungmann do lado dos estudantes e da população em geral. O rompimento só faz com que se junte a tantos outros grupelhos da extrema-direita, como o MBL, que não querem ser pisoteados pela revolta popular que o governo Bolsonaro pode provocar. O Pinguim da Privataria não se tornou, portanto, um Pinguim “mais democrático”. No entanto, aos estudantes, professores, servidores e toda
a comunidade acadêmica da UFPE, cabe avaliar se já não é hora de substituir seu apelido de Pinguim da Privataria para “Pinguim Arregão”. É preciso impedir que farsantes como o Pinguim Arregão se aproximem da luta do estudantes e da esquerda de maneira geral. O momento exige que todos os explorados se unifiquem em torno de um movimento independente da burguesia, que tenha como fim derrubar o governo Bolsonaro, libertar o ex-presidente Lula e obrigar o regime político a convocar eleições gerais! Nenhuma conciliação com os golpistas! Enfrentar a extrema-direita nas ruas e nas universidades!