TERÇA-FEIRA, 6 DE AGOSTO DE 2019 • EDIÇÃO Nº 5726
DIÁRIO OPERÁRIO E SOCIALISTA DESDE 2003
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Por mobilizações permanentes pelo Fora Bolsonaro! A situação política está chegando a um momento decisivo. De um lado, o governo da direita golpista é fraco e agoniza diante de sua crise, com um novo desdobramento a cada dia. De outro, há uma clara tendência no meio dos trabalhadores à mobilização. Em maio, os cortes na Educação foram o estopim para a realização de grandes atos nacionais de massa, com as ruas do país inteiro tomadas contra o governo Bolsonaro.
POLÍTICA
EDITORIAL
POLÊMICA
Aumento de violência dos fascistas revela desespero diante da crise
Haddad diz que Brasil não Deputado jacaré: dentadura aguenta 8 anos de Bolsonaro, de Feliciano abocanhou mas 4 sim… R$157 mil do erário Uma concepção liberal e idealista da política POLÍTICA
Ataque ao direito de greve: a ditadura dos golpistas Mês passado, durante um protesto do MST em Valinhos, no interior de São Paulo, um bolsonarista, Leo Luiz Ribeiro, de 60 anos, atropelou um manifestante que participava do ato.
COLUNA
Intervenções da Justiça do DF e do governador do Mato Grosso nesses primeiros dias de agosto contra greves e manifestações de trabalhadores mostram que as engrenagens do golpe de Estado avançam a todo vapor em consonância com a política fascista de perseguição aos movimentos populares
Encarceramento em massa: o Bolsonaro tem uma rede de difamação de adversários, plano da direita golpista segundo Estadão Por Juliano Lopes
O deputado e pastor Marco Feliciano, do Podemos, solicitou R$157 mil à Câmara dos Deputados para pagar um tratamento odontológico, pois afirmou que tinha “bruxismo”, que é quando a pessoa cria o hábito de ranger ou apertar os dentes enquanto dorme.
INTERNACIONAL
EUA têm 16 massacres em seis meses: armas ou crise do capitalismo? Sábado (3), nos EUA, na cidade de El Paso, no Estado do Texas, um atirador entrou em um centro comercial e abriu fogo contra as pessoas que estavam no local. Até agora já são 31 mortos.
2 | OPINIÃO EDITORIAL
Aumento de violência dos fascistas revela desespero diante da crise M
ês passado, durante um protesto do MST em Valinhos, no interior de São Paulo, um bolsonarista, Leo Luiz Ribeiro, de 60 anos, atropelou um manifestante que participava do ato. Luis Ferreira da Costa, de 72 anos, acabou morrendo, assassinado pelo bolsonarista. Um cinegrafista também foi atropelado por Ribeiro. O MST realizou um protesto contra a prefeitura. Ações como essa da parte da extrema-direita vêm acontecendo desde antes das eleições, mas se intensificaram no último período, com a chegada do golpista Jair Bolsonaro ao governo e sua subsequente crise. A violência parte inclusive de agentes públicos sob a influência bolsonarista, repetidas vezes. No Amazonas, uma reunião de professores foi interrompida por policiais da Polícia Rodoviária Federal, enquanto discutiam um protesto contra Bolsonaro, que parti-
ciparia de um evento em Manaus. No último sábado (3), o Sindicato do Ensino Municipal de São Paulo foi invadido pela PM enquanto ocorria um encontro de mulheres do PSOL. Episódios que mostram como a direita está se sentindo estimulada e confiante para atacar os direitos da população e as organizações operárias. Há também uma série de exemplos mais drásticos, com mortes no campo e o recente assassinato de uma liderança indígena, Emyra Waiãpi, por garimpeiros no Amapá. Embora esses episódios mostrem como a direita ficou confiante para realizar esse tipo de ação depois da chegada de Bolsonaro ao poder, a intensidade dessas ações no último período não indicam um fortalecimento do governo, mas uma reação desesperada da base bolsonarista e do próprio governo à crise do governo Bolsonaro.
COLUNA
Encarceramento em massa: o plano da direita golpista Por Juliano Lopes
A
ntes mesmo do golpe de Estado, da deposição ilegal de Dilma Rousseff, a direita sempre teve como um dos principais objetivos de sua política o ataque contra a população pobre e trabalhadora, revestido, no caso da justiça, no aumento das penas, dos crimes, do encarceramento do povo pobre, independente da existência ou não de crimes. Esse ataque, se por um lado promove o fim dos direitos trabalhistas e democráticos em geral, por outro, impulsiona agressões físicas abertas, como é o caso da atuação da Polícia Militar nas periferias do Brasil, e simples existência de um sistema penal herdeiro da ditadura militar, um resquício da própria escravidão brasileira. Essa política é importante para a direita porque busca reprimir o povo e impedir que este se organize em torno dos seus direitos, especialmente os negros. O negro, para o sistema repressivo, é uma pessoa que deve ser perseguida, presa ou morta, e isso é o que explica as milhares de mortes cometidas pela polícia brasileira, todos os anos. Com o golpe de Estado, esse problema foi aprofundado, culminando em rebeliões em penitenciárias, mortes dentro das cadeias, superlotação e uma das maiores populações carcerárias de todo o mundo, perdendo apenas para os Estados Unidos, que possuem prisões até mesmo fora de suas fronteiras, e para a China. O golpe aprofunda o ataque repressivo contra o povo negro e tra-
balhador porque é a direita golpista que, sempre, controlou o sistema de repressão ao povo. Desde à ação da PM ostensiva, o processo, julgamento e a execução da pena nos depósitos humanos chamados de penitenciárias. A cadeia, assim, cumpre o papel fundamental para a direita de destruir uma considerável camada do povo trabalhador, já que é de conhecimento, até mesmo mundial, de que a prisão não regenera ninguém, pelo contrário, serve para devolver o ser humano ao estado mais selvagem possível. Também é por esse motivo que é preciso derrotar o golpe de Estado, derrubar Jair Bolsonaro, o presidente dos golpistas e um dos maiores incentivadores do aumento da repressão contra o povo. Se o golpe não for derrotado, os números de presidiários irão aumentar cada vez mais, e mais mortes serão registradas nos estabelecimentos penais. Prender o povo, mantê-lo em condição sub-humana, torturá-lo, sempre foi um objetivo dos escravocratas brasileiros que, com o golpe, assumiram o governo federal e uma série de governos estaduais, após as eleições fraudulentas de 2018. Ao contrário do que pensa a esquerda pequeno-burguesa, bem adaptada ao regime golpista, ao funcionamento da justiça penal, é preciso colocar o povo negro, o povo trabalhador nas ruas, contra o golpe de Estado, pela derrubada de Jair Bolsonaro, pelo fim das prisões brasileiras e libertação da massa carcerária.
Os coxinhas que apoiam Bolsonaro estão histéricos com a situação periclitante do governo da extrema-direita, em crise depois de poucos meses no poder, e estão agindo histericamente, como é típico da pequena burguesia que serve de base social para o fascismo. O próprio presidente revelou esse mesmo comportamento ao ameaçar o presidente da OAB com suas declarações sobre o pai dele, que foi vítima da ditadura militar. Essa é mais uma indicação de que o governo é fraco e está em crise. A própria base do governo o reconhece, e está agindo de forma desesperada. Mais uma evidência de que este é o momento de aproveitar a fraqueza da direita para mobilizar contra o governo pelo fim desse governo. A agressividade desses histéricos, por outro lado, dá uma amostra do perigo de não aproveitar essa crise e realizar
CHARGE
uma mobilização contra a direita. A tendência do governo, diante de sua crise, é de se radicalizar cada vez mais para se manter no poder na base da repressão e da violência. Por isso é hora de levantar nas ruas o fora Bolsonaro!, antes que seja tarde demais. O momento é oportuno, e as perspectivas são sombrias em caso de omissão agora.
POLÊMICA | 3
"FRENTE PROGRESSISTA"
Haddad diz que Brasil não aguenta 8 anos de Bolsonaro, mas 4 sim…
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o último sábado (3), o petista Fernando Haddad defendeu, durante sua fala na 21ª Conferência Nacional dos Bancários, a formação de uma “frente progressista” para as eleições presidenciais de 2022. Disse ele: “temos de ganhar as eleições de 2022, porque esse País não aguenta oito anos de Bolsonaro”, como se já estivesse em campanha. De fato, condenar os trabalhadores brasileiros a oito anos de governo Bolsonaro seria desastroso. Capacho do imperialismo norte-americano e admirador de torturadores, Bolsonaro já se mostrou disposto a massacrar toda a população em favor dos interesses dos capitalistas. No entanto, esperar o ano de 2022 para pôr fim ao governo Bolsonaro é, da mesma forma, uma sentença de morte e sofrimento para milhões de trabalhadores. Bolsonaro está no poder há apenas sete meses e tem tido uma série de dificuldades para governar, tendo em vista a profunda crise em que o regime político se encontra. Mesmo assim, nesse tempo, Bolsonaro foi capaz de impor a reforma da Previdência à Câmara dos Deputados, encaminhar uma série de privatizações, realizar cortes orçamentários que poderão levar as universidades públicas à falência, restringir os empréstimos bancários solicitados pelos municípios do Nordeste, entre muitos outros ataques. A permanência de Bolsonaro no
poder é uma constante ameaça a toda a população. O fato de que Bolsonaro tem como objetivo travar uma guerra contra os interesses da população para favorecer os capitalistas que lhe financiam já é suficiente para que seu governo seja contestado e para que os movimentos legítimos dos trabalhadores reivindiquem sua derrubada. Se for levado em consideração que Bolsonaro se tornou presidente por meio de uma fraude eleitoral e que, desde março, sua impopularidade se tornou evidente, não há nada mais democrático do que defender o fim imediato do governo Bolsonaro. Os bancários que o digam. Enquanto os bancos estão batendo seguidos recordes de lucros, a categoria amarga dezenas de milhares de demissões e a ameaça de privatização dos bancos estatais que sobraram da devastação da famigerada era FHC, como a Caixa, BB e BNDES. Apoiar que os trabalhadores sejam submetidos a mais três anos de ataques às suas condições de vida é indefensável para qualquer pessoa que se considere de esquerda. No entanto, no caso de Haddad, há um segundo problema quando se defende a permanência do governo. Bolsonaro representa os interesses do imperialismo, que deu o golpe de 2016 contra Dilma Rousseff e que, empurrado pela crise aguda do capitalismo, irá procurar
criar as condições que lhe sejam mais favoráveis para manter a população sob o seu controle. Isto é, se a direita permanecer avançando no regime político, como vem fazendo desde 2016, a tendência é que o país se encaminhe para uma ditadura e que organizações de esquerda, como o próprio Partido dos Trabalhadores, do qual Haddad faz parte, seja cassado. O preparo para as eleições de 2022 coincide, obviamente, com a ausência de um plano de lutas para a atual etapa. A defesa de que o governo Bolsonaro perdure até 2022 é a defesa de que o movimento operário, a juventude e toda a população fique paralisada diante dos ataques. Trata-se, portanto, de uma política de colaboração com o governo Bolsonaro, baseada na ilusão de que o melhor caminho para a esquerda não seria travar uma luta política, ancorada na mobilização revolucionária dos trabalhadores, mas sim fazer acordos e aguardar pelas eleições controladas pela direita. Essa disposição em negociar com os partidos e políticos do regime foi claramente mencionada por Haddad em sua fala na Conferência dos Bancários. Segundo ele, os partidos “de centro” (isto é, os partidos da burguesia) “apoiaram o pior quadro político da história do Brasil e agora estão lamentando envergonhadamente por terem alimentado um bicho que eles não conseguem domesticar. É disso
Uma concepção liberal e idealista da política N
o último dia 27 de julho, este Diário publicou matéria chamada “A esquerda liberal”, polemizando com artigo assinado por Jéssica Milaré, no site Esquerda Online, da corrente Resistência do Psol, intitulado “Diferenças e semelhanças entre nazismo e stalinismo”. Na ocasião, criticamos a ideia centra do texto como sendo uma adaptação à direita liberal, que concebe o problema do poder político como uma espécie de luta ideológica e não como um resultado da luta de classes e dos interesses das classes. A autora publicou um segundo texto no último dia 4 de agosto para, segundo ela, “deixar o debate mais nítido, desfazer algumas confusões (não todas, são muitas), apresentar fatos e argumentos e reafirmar que o regime stalinista foi uma ditadura sanguinária. [grifo nosso]”. Em “O stalinismo foi ditadura, sim! Contestando os negacionistas (Parte 1)”, Milaré afirma que seu texto não se dirige aos “stalinistas fanáticos” mas aos “marxistas das várias matizes que negam o caráter ditatorial do regime stalinista”, os quais ela chama de “negacionistas”. Para reafirmar a “ditadura sanguinária” de Stalin, a autora acaba caindo na mesma concepção liberal do
primeiro texto. Mais precisamente, ela aprofunda tal concepção ao tentar provar que o stalinismo é uma ditadura. Para isso, ela levanta algumas denúncias de atrocidades cometidas a mando de Stalin. Fatos que, sendo ou não uma realidade – e ao que parece, são – não mudam a concepção marxista sobre o caráter do Estado e do poder político. Se Stalin mandou matar um de seus braços direitos, Nikolai Yezhov, da maneira descrita no texto, o que isso muda sobre a caracterização correta do Estado Soviético? Sobre esse caso, a autora diz que sente “um embrulho no estômago.” Até podemos compreender e concordar com a náusea da autora, mas a política e a ciência não são afeitas a moralismos. As atrocidades de Stalin devem ser analisadas, conforme explicou o próprio Leon Trótski, do ponto de vista dos interesses sociais que Stalin representava naquele momento. Trótski inclusive defendia o Estado operário soviético contra o imperialismo mesmo tendo mais consciência do que qualquer outro sobre as atrocidades desse regime. A crítica ferrenha de Leon Trótski ao stalinismo não o impedia de ter essa posição diante do mínimo ataque do imperialismo. A crítica de Trótski, como dissemos
no texto anterior, não tinha em sua essência uma denúncia abstrata e idealista da “ditadura de Stalin”, mas o fato de que a burocracia eliminou fisicamente toda a geração dos revolucionários russos que participaram ativamente na revolução, ou seja, a política de Stalin era uma política contrarrevolucionária, que estava a serviço não dos interesses da classe operária e do desenvolvimento da Revolução, mas favorecia a ascensão de uma burocracia privilegiada que se colocava frontalmente, em seus interesses materiais, em oposição aos trabalhadores. Ao expor seu “embrulho no estômago”, Milaré está abdicando de qualquer concepção marxista da história e da política. E sua política liberal fica ainda mais explícita quando procura explicar o conceito de ditadura do proletariado. Evoca a grande revolucionária polonesa, Rosa Luxemburgo, justamente naquilo em que esteve totalmente equivocada em seu debate com Lênin e Trótski. Rosa, em seu livro “A Revolução Russa” afirma que “No lugar dos organismos representativos saídos de eleições populares gerais, Lenin e Trotski puseram os sovietes como a única representação verdadeira das massas operárias” (..) “trata-se de uma ditadura, é verdade, não a dita-
que se trata: nós temos hoje um bicho na presidência da República que não quer ser domesticado. O centro está acuado, envergonhado demais.” Por pior que seja o governo Bolsonaro, os partidos e políticos burgueses não irão, em momento algum, “doméstica-lo” e defender os interesses dos trabalhadores. Afinal, tais partidos surgem com o objetivo de justamente impedir que os trabalhadores tomem o poder ou tenham suas reivindicações atendidas e, para isso apoiaram o golpe. É preciso, portanto, organizar um movimento independente, que possa mobilizar todos os explorados pela liberdade de Lula, pela derrubada do governo Bolsonaro e pela convocação de eleições gerais com Lula candidato!
dura do proletariado, mas a ditadura de um punhado de políticos, isto é, uma ditadura no sentido puramente burguês”. Rosa Luxemburgo via a Revolução de Outubro como uma abstração política. Ignorava as necessidades e principalmente as dificuldades que os bolcheviques enfrentaram nos primeiros meses da tomada do poder. Uma concepção idealista que não considerava o Partido e os Sovietes como a representação mais acabada da classe operária e que portanto, a ditadura do proletariado somente poderia passar por esses organismos. Eram eles a representação concreta e prática da ditadura do proletariado. Mesmo confusa nesse ponto, Rosa Luxemburgo, pela própria citação escolhida pela nossa autora do Esquerda Online, não era contra a ditadura, entendia o Estado como uma ditadura de uma classe sobre a outra. Milaré diz que “ditadura do proletariado e democracia do proletariado” são dois lados da mesma moeda. Ao tentar explicar, ela revela que é contra a ditadura, mesmo a do proletariado. Sua concepção do Estado é burguesa, liberal, não leva em conta os problemas candentes do poder do Estado e os interesses de classes envolvidos. Por isso, seu ataque ao stalinismo acaba colocando-o no mesmo balaio do que o marxismo, do que Lênin e Trótski.
4 | POLÍTICA
Por mobilizações permanentes pelo Fora Bolsonaro! A
situação política está chegando a um momento decisivo. De um lado, o governo da direita golpista é fraco e agoniza diante de sua crise, com um novo desdobramento a cada dia. De outro, há uma clara tendência no meio dos trabalhadores à mobilização. Em maio, os cortes na Educação foram o estopim para a realização de grandes atos nacionais de massa, com as ruas do país inteiro tomadas contra o governo Bolsonaro. Desmoronava naquele momento a farsa de que Bolsonaro teria grande apoio popular, como as eleições fraudulentas de 2018 teriam supostamente mostrado. Trata-se, portanto, de uma oportunidade de derrotar a direita golpista, aproveitando o momento favorável para a mobilização contra o governo. Durante as mobilizações pela educação em maio, a palavra de ordem predominante entre os manifestantes foi o Fora Bolsonaro!, entre outras versões menos politizadas dessa mesma reivindicação, com xingamentos ao golpista na presidência. Embora o chamado ao protesto tivesse se dado em torno de uma questão parcial, a manifestação tomou espontaneamente um
caráter de oposição ao governo em geral. No mês seguinte, durante o dia de “greve geral”, em 14 de junho, novamente a palavra-de-ordem central era relativa a uma medida específica do governo Bolsonaro: a chamada “reforma” da Previdência. Porém, o “grito de guerra” que predominou mais uma vez foi o Fora Bolsonaro!, indicando uma demanda no interior do próprio movimento por protestos pela saída do governo. Essa inclinação das massas a protestar contra o governo deve ser aproveitada. O risco de as lideranças de grandes organizações de esquerda continuarem insistindo apenas em pautas parciais é levar a uma desmoralização pela coleção de sucessivas derrotas populares diante de diferentes ataques do governo. Uma palavra de ordem mais geral e política, por outro lado, pode acumular forças em torno de um objetivo comum, que de qualquer forma tem se expressado protestos após protesto pelo país. E para que o povo nas ruas realmente possa chegar ao ponto de encurralar o governo golpista é preciso
que as manifestações sejam muito mais constantes. Além das pautas dispersas e isoladas, os próprios protestos têm sido até agora realizados com grande tempo de um intervalo entre um e outro, aparentemente com a intenção de levar adiante uma política de mero desgaste eleitoral do governo, até 2022. O perigo de esperar mais é a possi-
bilidade de que o governo consiga se estabilizar e se consolidar, derrotando as massas e impondo seu programa liberal ao povo brasileiro. A tendência à mobilização pelo fim do governo é patente e precisa ser materializada. Sob pena de a direita se fortalecer, esmagar as organizações populares e operárias e impor um enorme retrocesso a luta dos trabalhadores.
Judiciário. Mesmo com toda a crise que corrói o regime político golpista, a começar pelo próprio governo, o crescimento da repressão contra os movimentos sindicais e populares são absolutamente patentes. A derrota do governo Bolsonaro, assim como de todo regime golpista instalado no país é uma condição fundamental e única para impedir o desmantelamento das organizações do
trabalhadores. Essa condição não passa por nenhum tipo de acordo com os partidos e políticos apoiadores de primeira hora do golpe de 2016. Apenas uma intervenção independente dos trabalhadores, com a mobilização das amplas massas pelo “Fora Bolsonaro” e de todo o regime golpista, é que pode apontar uma saída progressista para o País e para a esmagadora maioria da população.
ATAQUE AO DIREITO DE GREVE
A ditadura dos golpistas I
ntervenções da Justiça do DF e do governador do Mato Grosso nesses primeiros dias de agosto contra greves e manifestações de trabalhadores mostram que as engrenagens do golpe de Estado avançam a todo vapor em consonância com a política fascista de perseguição aos movimentos populares, indígenas, sem-terras, entre outros, promovidas pelo governo fascista de Bolsonaro. O governador do Mato Grosso Mauro Mendes, do Democratas, antiga ARENA, o partido da ditadura militar de 64, não satisfeito com a decretação da ilegalidade da greve da Educação e a obrigação do retorno ao trabalho em 72 horas pela Justiça – a greve já dura mais de 70 dias – conseguiu uma segunda liminar que proíbe quaisquer manifestações públicas em todo o Estado, sob pena de multa diária de 100 mil reais ao Sindicato da categoria e, ainda, autorizou o uso da repressão policial contra as manifestações. No Distrito Federal, o desembargador plantonista Humberto Ulhôa acolheu pedido do Minisitério Público do
DF, por solicitação da Secretaria de Justiça e Cidadania do governo local, e decretou a proibição da greve dos agentes socioeducativos. Ambas as situações nada mais significam do que o avanço do estado policial contra os sindicatos após o golpe de Estado de 2016 e que muito se intensificou a partir do início do ano com a posse do governo de extrema-direita eleito pelo fraude e manipulação. Uma das primeiras medidas foi a extinção do Ministério do Trabalho e a divisão de suas prerrogativas entre os ministérios da Justiça e da Economia, foi uma das principiais medidas. Se Paulo Guedes abocanhou os recursos bilionários do FGTS e do FAT, coube ao ministro policial da Lava-Jato, Sérgio Moro, a tarefa de promover uma versão lava-jato para os sindicatos Bolsonaro, assim como todo movimento fascista, tem como objetivo central a destruição das organizações dos trabalhadores da cidade e do campo e, nesse sentido, conta com uma ampla rede de apoio entre governos estaduais e as diversas instâncias do
POLÍTICA | 5
GOVERNO ILEGÍTIMO
Bolsonaro tem uma rede de difamação de adversários, segundo Estadão
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e acordo com checagem feita pelo jornal golpista O Estado de S. Paulo, sempre que o presidente ilegítimo Jair Bolsonaro ataca alguém, se disseminam nas redes sociais boatos contra a pessoa ou instituição agredida. Tratam -se de mentiras produzidas por perfis ou páginas bolsonaristas que tentam validar as acusações de Bolsonaro e manchar a reputação das vítimas. Na lista do veículo de extrema-direita constam Flávio Dino, Glenn Greenwald, Felipe Santa Cruz, Miriam Leitão, Bill de Blasio (prefeito democrata de Nova Iorque) e o Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe). Em todos esses casos, os chamados “bolsominions” foram rápidos em propagar alegações falsas nas redes contra as vítimas, sendo um verdadeiro exército fascista virtual. Logo após Bolsonaro falar que a jornalista da Globo era guerrilheira, por exemplo, foi difundida uma foto falsa
de Leitão segurando fuzil ao lado do capitão Carlos Lamarca. Ou, quando o líder fascista disse que o pai de Felipe Santa Cruz (OAB), Fernando, havia sido assassinado por sua própria organização – a AP – e não pelos militares, apareceram fotos de Fernando Santa Cruz armado ao lado de José Dirceu em um “atentado” em Recife. Na verdade, o retrato era de um policial. Como sempre, no entanto, a suposta denúncia da imprensa burguesa não é para desvendar a fraude que é Bolsonaro. A crítica é que, com tais declarações, ele está incentivando a polarização. A burguesia sabe que a polarização faz a classe operária se movimentar e demonstrar sua força potencial, por isso tem medo da polarização. Porém, a esquerda não deve cair na conversa de que isso significa que Bolsonaro tem grande popularidade e uma legião imensa de seguidores. Como foi mostrado pela própria im-
prensa capitalista durante a campanha eleitoral, um terço de seus seguidores nas redes é robô. As ruas têm demonstrado que a popularidade de Bolsonaro é claramente menor, e ela vem despencando a cada dia. O papel da esquerda, ao invés de apostar em uma luta fracassada contra supostas notícias falsas – já que quem determina isso, arbitrariamen-
te, são as instituições golpistas aliadas de Bolsonaro – é organizar a massa que se coloca frontalmente contra o governo. É preciso, nas ruas, onde a esquerda é franca maioria, dar uma direção ao movimento de contestação a Bolsonaro para que ele se transforme em uma força que coloque abaixo seu governo e o golpe como um todo.
fala em nenhum momento o nome: golpe de Estado. Na coluna Brum também tenta fazer parecer que o excesso de pacientes de seus amigos psicólogos com sintomas de ansiedade e depressão tem ligação com o fato de terem escolhido um governo por esse incitar a violência. Sobre isso é importante analisar a confusão proposital que Brum tenta fazer: Faz-se entender que o povo brasileiro elegeu Bolsonaro e agora o povo está nas clínicas psiquiátricas, depressivo pela escolha que fez por conta da polarização política. Fica difícil de entender como que com mais de 13 milhões de desempregados o povo está conseguindo ser atendido pelos psicólogos amigos de Brum. Mas para Brum o importante é academicamente, discorrer 34 parágrafos culpando o povo pelo ascensão neoliberal ao poder.
Assim como como o jornal Folha que disse que o brasileiro tem “problemas mentais”, toda essa imprensa direitista camuflada de esquerdista precisa ser desmascarada. Estadão, O Globo, El País, BBC, New York Times não são a imprensa neutra, como a esquerda pequeno-burguesa gosta de chamar. São uma escória da informação, um bando de ordinários manipuladores que tentam culpabilizar o povo pela desgraça que eles próprios ajudaram a ascender ao poder. Enquanto isso as lideranças de esquerda seguem no mesmo cretinismo parlamentar e carreirismo político de sempre: abandonaram Lula e a luta contra o Golpe e estão escrevendo coluna na mesma imprensa que ajudou na articulação do golpe e montando Frente Ampla com Rodrigo Maia, FHC, PSDB, PDT. Não, Eliane Brum. O Brasil não está doente. Está sem orientação política.
IMPRENSA GOLPISTA
Não, o Brasil não está doente
E
m sua coluna para o jornal direitista El País, Eliane Brum culpa o povo brasileiro pela atual conjuntura política do país. Antes de analisar a matéria de Brum vamos reafirmar aqui que El País é um jornal espanhol, completamente comprometido com poder, altos executivos e com a burguesia de conjunto. Promoveram na Espanha demissões em massa, ao mesmo tempo em que seus dirigentes ganham cerca de U$ 1 milhão por mês, fazendo o jogo de grandes grupos empresariais europeus. Aqui no Brasil, o jornal, que tem total admiração da esquerda descolada, faz tipo progressista, pelo menos liberal e tenta camuflar o fato de ter apoiado a direita espanhola sempre. Dado os nomes aos bois, falaremos sobre “Doente de Brasil”, matéria de Eliane Brum para sua coluna no referido jornal hispânico direitista. Eliane começa sua infinita coluna no estilo clássico identitário das lutas contra as palavras que não podem ser usadas. Para ela, é injusto Bolsonaro ser chamado de louco. O correto seria chamá-lo de “sem limites” e “perverso”. Além dos distracionismos propositais como: apontar qual palavra pode ou não pode ser usada, apontar para a luta ecológica em defesa da Amazônia como caminho, e carteiradas camufladas em análises de psicólogos que explicam por A + B como o povo brasileiro “optou pelo ódio” e agora pagam com “ansiedade extrema e/ou depressão”, Eliane Brum cinicamente afirma que “Não é do jogo democrático ter um homem como Jair Bolsonaro na presidência”. Cinicamente, por que El País ajudou na articulação do Golpe, e
diferentemente da “Globo da Inglaterra” (BBC) não se preocupou nem em fingir que reconhecia o golpe de Estado no Brasil e que Lula tinha sido preso arbitrariamente como novo capítulo do mesmo golpe que depôs Dilma. Em seus quase 40 parágrafos (sim. A matéria de Brum tem 34 parágrafos) Eliane cria todo tipo de confusão política, para os intelectualóides que se aventuram a penetrar em sua leitura até o trigésimo quarto parágrafo. Segundo Brum, “…Os últimos anos de polarização política, que dividiu famílias, destruiu amizades e corroeu relações em todos os espaços da vida… Acirrou-se enormemente a partir da campanha eleitoral baseada no incitamento a violência produzida por Jair Bolsonaro em 2018.” Não foi a polarização política que colocou Bolsonaro na presidência, Brum. Você sabe muito bem disso. Quem colocou Bolsonaro na presidência foi o congresso comprado pela derrubada de Dilma, foi a prisão ilegal do candidato que iria vencer as eleições. Eliane Brumn finge em sua coluna que não teve Operação Lava Jato perseguindo o PT, que não teve premiação ao Moro como Ministro por ter prendido Lula, que não aconteceu nada… que simplesmente o povo adorou um discurso que incitava a violência e assim o elegeu. Brum prossegue cínica. E demagógica: “Vou insistir, mais uma vez, neste espaço, que precisamos chamar as coisas pelo nome. Não apenas porque é o mais correto a fazer, mas porque essa é uma forma de resistir ao adoecimento. O interessante é que ela fala em chamar as coisas pelo nome mas não
6 | MORADIA E TERRA
DEPUTADO JACARÉ
Dentadura de Feliciano abocanhou R$157 mil do erário O
deputado e pastor Marco Feliciano, do Podemos, solicitou R$157 mil à Câmara dos Deputados para pagar um tratamento odontológico, pois afirmou que tinha “bruxismo”, que é quando a pessoa cria o hábito de ranger ou apertar os dentes enquanto dorme. Os deputados têm direito à um plano médico de R$50 mil e, para ultrapassar esse valor, é necessário uma autorização, como foi o caso de Feliciano. Ele mesmo fez um comentário dizendo que o tratamento havia ficado caro, entretanto, ao observarmos esse valor, podemos encontrar outro problema que talvez custe o equivalente:
consertar o dente de um jacaré. Os jacarés têm seu quarto dente para a parte de fora da boca, o que faz com que esses fiquem expostos mesmo quando a mandíbula está completamente fechada. Vale lembrar que Marco Feliciano é, supostamente, o cavaleiro de ouro da moral no Congresso. Podemos então concluir o quanto vale a moral da direita, que joga o custo de R$157 mil nas costas da população por “não desejar aquilo para ninguém”. Enquanto a população morre de fome, a miséria volta a crescer e o país pega fogo, o mais importante é que seu quarto dente volte para dentro da sua boca.
ATAQUE À POPULAÇÃO
DIREITA REACIONÁRIA
Com Bolsonaro, aumenta o número de famílias endividadas
Governo de SP encerra acordo com Dieese para pesquisas sobre o emprego
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e acordo com um levantamento do Banco Central, a política de destruição do governo de Jair Bolsonaro (PSL) conseguiu jogar milhões de famílias na miséria, no endividamento que hoje atinge 64,1%. Estes números, conferidos pela Confederação Nacional do Comércio (CNC), demonstram um aumento ainda maior da situação de acumulo de endividamento, que chegou a 44,2% em 2016, quando a ex-presidenta Dilma Rousseff (PT) foi derrubada pela direita. Os dados do Banco Central, demonstram também o comprometimento da renda usada para o pagamento de dívidas, indo desde as empresas ligadas aos financiamentos imobiliário (20%) há quase dois anos, assim como a inadimplência das pessoas físicas, chegando a 4,8%, depois ter passado boa parte de 2018 acima de 5%. Tudo, resultado de uma política que está enriquecendo cada dia mais os banqueiros, para manter a classe trabalhadora endividada, escravizada e espoliada. Uma especialista disse à reportagem do sítio Brasil 247, que: “Um quinto das famílias já destina mais de
50% da renda para o pagamento de dívidas. É preciso mais emprego, mais renda, mais atividade para sustentar esse aumento no crédito, caso contrário poderemos ver um crescimento da inadimplência”. Esse é o resultado da política do golpe, dos banqueiros, dos capitalistas que estão roubando a economia do Brasil e por isso é urgente derrubar o governo fascista de Bolsonaro.
O
governo do estado de São Paulo, comandado pela direita reacionária e exploradora do PSDB, decidiu encerrar o acordo de 35 anos com o Departamento Intersindical de Estatísticas e Estudos Socioeconômicos (Dieese), que fornecia dados e as mais longas e completas pesquisas sobre o desemprego em São Paulo. Essa interrupção da produção de dados importantes mostra o desespero do Estado em querer esconder as estatísticas sobre desemprego coincidentemente no governo de João Doria, um dos mais reacionários do PSDB, afinal, essa taxa tem chegado a índices absurdos de 16,1% . Além disso, a direita também objetiva atacar os sindicatos, se preparando para falsificar dados sobre desemprego causa pelo fracassos das políticas neoliberais implantadas pelos golpistas. Parece que o governo de São Paulo visa resolver os problemas da população escondendo os dados importantes sobre a situação caótica que vem se instaurando no estado e que tem se aproximado do completo caos social, como se a não divulgação desses dados fizesse com que os problemas
não existissem mais, dando a impressão à população que não tem nada de errado acontecendo. Isso é um ato típico de ditaduras, que escondem a realidade para encobrir o fracasso de suas políticas. Até março desse ano, o número de desempregados em São Paulo atingiu cerca de 1,772 milhão de pessoas, 61 mil a mais que no mês anterior. Esses dados mostram que a classe trabalhadora vem sendo prejudicada pela ofensiva neoliberal, que não só não gera empregos, como também destrói os postos já existentes, pagando salários baixíssimos, tirando direitos trabalhistas e oferencendo nenhum suporte ao trabalhador. Esconder esses dados é uma clara censura, típica em governos autoritários e repressivos, que não permitem crítica alguma sobre suas manobras políticas. Essa é a política direitista, que vai fechando cada vez mais o cerco e atacando medidas básicas até para a democracia burguesa. É hora da população trabalhadora se unir nas ruas contra esse governo de golpistas, antes que a ditadura da direita se instale por completo no Brasil.
Novo militar no governo? Ministro quer oficial da Aeronáutica no Inpe
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pós a expulsão do diretor do Inpe, Ricardo Galvão, por ter criticado as declarações de Bolsonaro sobre o desmatamento na Amzônia, o ministro da Ciência e Tecnologia, Marcos Pontes, anunciou que entre os dia 5 e 6 deste mês deverá ser anunciado o novo diretor do instituto. Dentre eles, um oficial da Aeronáutica, para garantir a política de desmatamento que Bolsonaro quer promover. Os bolsonaristas haviam acusado Galvão de estar “à serviço de ONGs” ao revelar estudo, que Bolsonaro chamou de “mentiroso”, comprovando o aumento de 88% do desmata-
mento sobre a floresta. Obviamente, pois sob o governo golpista, a extrema-direita está promovendo o desmatamento da floresta, não para desenvolver a indústria nacional, mas para favorecer os grileiros latifundiários. Com isso, Bolsonaro procura sustentar sua política para favorecer os grandes proprietários de terra, colocando mais um militar no comando, que revela, primeiro, a participação em conjunto das Forças Armadas para sustentar a política reacionária do presidente ilegítimo, e segundo, a participação cada vez maior dos militares na política nacional.
INTERNACIONAL| 7
IMPERIALISMO
EUA têm 16 massacres em seis meses: armas ou crise do capitalismo?
S
ábado (3), nos EUA, na cidade de El Paso, no Estado do Texas, um atirador entrou em um centro comercial e abriu fogo contra as pessoas que estavam no local. Até agora já são 31 mortos. O assassino foi detido pela polícia. Antes de partir para o atentado, o atirador deixou um manifesto racista publicado em uma rede social. Um dia depois, outro atirador racista entrou em um bar em Dayton, no estado de Ohio, e matou a tiros 9 pessoas, deixando outros 32 feridos, 14 por arma de fogo. Esses dois massacres, motivados pelo racismo estimulado pelo próprio presidente dos EUA, Donald Trump, são parte de uma onda de atentados muito maior. Esse ano, foram 16 massacres em seis meses. Diante desse número, uma explicação conveniente logo surgiu: o problema seriam as armas. Como nos EUA as armas são legalizadas, as pessoas sairiam massacrando umas às outras diante da primeira oportunidade. Bastaria proibir as armas pa-
ra impedir os ataques da extrema-direita contra as chamadas “minorias” dentro dos próprios EUA. Essa “explicação”, no entanto, não explica coisa nenhuma. Outros países não proíbem armas e não têm massacres quase diários como acontece nos EUA. Por outro lado, atentados terroristas já foram realizados até sem
armas, como os atropelamentos na França. O motivo dos atentados, além disso, não é a presença de armas. Os racistas que promoveram esses ataques tinham uma motivação política. Portanto, a explicação da legalização das armas encobre os reais motivos por trás atentados dessa natureza. Esses atentados são expressão de uma
crise política, que é resultado da crise do próprio capitalismo. Esses grupos racistas expressam a histeria de uma pequena burguesia fascista. E é a deterioração do regime político que está levando ao florescimento de grupos assim. Quando os imigrantes entram nos EUA para disputar o mercado de trabalho com trabalhadores pouco qualificados, a extrema-direita aproveita para fazer sua típica demagogia racista. Como o regime está em crise, parte da burguesia também começa a apoiar esses grupos de extrema-direita, que aparecem cada vez mais numerosos e articulados nos EUA, em um claro avanço do fascismo na sociedade norte-americana. É a isto que esses massacres estão relacionados, e não ao fato de as armas estejam legalizadas. Essa explicação encobre o que de fato está acontecendo, além de servir para defender uma política anti-democrática, de manter a população desarmada diante do Estado, com um falso argumento.
AVANÇO MILITAR
TENSÃO
OTAN inventa justificativas para o avanço militar do imperialismo
Índia modifica status da Caxemira, foco de tensão com o Paquistão
J
ens Stoltenberg, secretário-geral da OTAN (Aliança do Atlântico Norte), comentou para um grupo de universitários sobre os motivos para as recentes adesões de novos países a este bloco militar. Seus pretextos, como é típico da demagogia burguesa, são sempre os mais humanitários – combater as “guerras étinicas” nos Balcãs, os “piratas” na África e o “terrorismo” no Oriente Médio. Trata-se, no entanto, de uma tentativa de expandir a zona de influência militar da OTAN, que foi criada, originariamente, para conter o avanço do bloco soviético sobre a Europa. A partir da década de 1990, com o desmonte da União Soviética, países do Leste Europeu passaram a ser gradativamente incorporados à OTAN.
Entretanto, com o capitalismo em crise, este braço do imperialismo tem visto seu campo de ação prejudicado pelo crescimento da influência geopolítica de países “contra-hegemônicas”, principalmente Rússia e China. As novas incorporações procuram dar um oxigênio extra ao domínio imperialista sobre os continentes oprimidos. Dialeticamente, estas adesões também carregam contradições em seu bojo. Elas são uma demonstração do enfraquecimento dos países imperialistas centrais, que precisam cada vez mais da cooperação de governos periféricos alinhados. Incorporar novos membros também significa repartir uma parte do poder que antes ficava restrita a um clube mais seleto, e abrir caminho para o fortalecimento de novas classes políticas.
TODAS AS SEGUNDAS-FEIRAS, 12H30
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esta segunda-feira (5), o governo indiano revogou o artigo 370 da constituição que cedia um status de território especial a Caxemira, uma região fortemente disputada entre Índia e o Paquistão desde de os ingleses saíram da Índia. A decisão foi divulgada pelo ministro de assuntos internos, Amit Shah, no parlamento indiano. A região localizada no Himalaia é administrada parcialmente pelos indianos nas regiões de Jamu e Caxemira, pelo Paquistão e pelos chineses. A maior parte pertence aos dois primeiros citados, e são eles que lutam militarmente para conquistar a parte do outro. O artigo revogado outorgava à região o direito de fazer sua própria legislação, e inibia cidadãos indianos de participarem da política local ou adquirir terras ou propriedades. Agora
as regiões de Jamu e Caxemira terão de seguir a constituição indiana e serão dois estados da Índia. Ao que parece, horas antes do pronunciamento do ministro os serviços de internet e telefonia haviam sido cortados e os líderes locais postos em prisões domiciliares. A decisão o governo indiano era uma promessa eleitoral de Narendra Modi do Partido Bharatiya Janata (BJP) ou Partido Popular Indiano, atual primeiro ministro da Índia. Durante a campanha pela sua reeleição ele prometeu tirar os direitos especiais da região para, segundo ele, melhor integrá-la com o país. Com essa decisão a tensão militar entre Índia e Paquistão aumenta consideravelmente e muito preveem uma guerra, visto que ambos os países ocupam militarmente suas respectivas partes de Caxemira.
8 | INTERNACIONAL
ITÁLIA
Extrema-direita italiana aposta tudo em duas votações O
partido fascista italiano, Liga do Norte, que tem como principal representante Matteo Salvini, ministro do Interior do atual governo, conseguiu mais uma vitória no parlamento. O projeto de lei que Salvini tanto defendeu, desde que a Liga obteve uma vitória esmagadora nas eleições europeias, o pacote de segurança, ganhou com 160 votos a favor, no Senado italiano. O pacote de segurança dá mais poderes à polícia e aos militares para combater a imigração, isto é, reprimir tanto os imigrantes, como aqueles que os ajudam a ultrapassar as fronteiras. Um pretexto para aumentar a repressão na Itália. A aprovação, entretanto, foi um tanto conturbada. Mostrando quem
é o verdadeiro líder da coalizão atualmente no poder – com o Movimento 5 estrelas (M5E) -, Salvini chantageou o partido aliado a forçar novas eleições caso o pacote não fosse aprovado. O fascista tem ameaçado sair da coalizão, o que isolaria o M5E e o forçaria a chamar novas eleições. Em um artigo, a crise da burguesia italiana e do imperialismo foi retratada com mais profundidade. Porém, vale ressaltar que a crise se aprofunda cada vez mais. Um setor do imperialismo quer abertamente derrubar a Liga do Norte, enquanto isso o partido de extrema-direita ameaçado tenta se sustentar por meio de medidas legislativas para se sustentar no poder. Outra medida que Matteo Salvini
está realizando para fortalecer a extrema-direita é a construção de um trem de alta velocidade ligando a Itália à França, onde a extrema-direita também está se fortalecendo através do Reagrupamento Nacional de Marine Le Pen. Os dois partidos foram vitoriosos nas eleições europeias em seus respectivos países. O M5E se opõe também a esta medida, mas o medo de novas eleições, junto com as chantagens da Liga tem enfraquecido sua posição dentro da coalizão, deixando a liderança com Salvini. Desta forma, a extrema-direita aposta nessas duas medidas para se fortalecer dentro do regime italiano, uma medida para se opor à tentativa do imperialismo de derrubá-los.
6 DE AGOSTO DE 1890
Primeira vítima da cadeira elétrica
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á 129 anos, William Kemmler era executado na cadeira elétrica pelo Estado na prisão de Auburn de Nova York, Estados Unidos. Seu inventor, Alfred P. Southwick, propusera o aparelho como uma alternativa “mais humana” de execução de condenados – preferível à forca. Desde então, e por pelo menos 100 anos, esse se tornaria o método de aplicação da pena capital mais usado naquele país. Kemmler, um verdureiro ambulante, fora considerado culpado pelo assassinato de sua companheira, Matilda “Tillie” Ziegler em março de 1888. Tendo confessado o crime, Kemmler foi julgado culpado em 10 de maio e condenado à morte por eletrocução – pena adotada em janeiro daquele ano no estado de Nova York. Nove anos antes, o engenheiro e dentista de Buffalo, Alfred P. Southwick, propusera o novo método, após observar relatos de mortes instantâneas por eletrocução decorrentes de
contatos com geradores de alta voltagem já em uso nas lâmpadas a arco voltaico já usadas em iluminação pública. O inventor acreditava que a morte instantânea por eletrocução seria mais indolor, passando a realizar, juntamente ao médico George E. Fell, uma série de experimentos, e publicando-os em periódicos científicos em 1882. Uma cadeira de dentista seria usada para conter a vítima, atada a tiras de couro, enquanto uma corrente de alta voltagem atravessaria seu corpo, provocando falência de vários órgãos vitais. O processo seria homologado somente em 1888, após testes, aprovação governamental, e mesmo uma batalha comercial entre as empresas Westinghouse e a Thomson-Houston pelo uso de corrente alternada ou contínua. O recurso da defesa de Kemmler levada ao tribunal de segunda instância de Nova York argumentara que o uso
de eletricidade como meio de execução constituiria “uma punição cruel e pouco usual”. Em vão. A corte sentenciaria: “é fato que uma corrente elétrica de intensidade suficiente e habilmente aplicada produzirá a morte sem sofrimento desnecessário”. Kemmler seria executado às 6h da manhã na prisão de Aurburn e, embora demonstrasse nervosismo, não chegou a se descontrolar. Adentrou destemido na câmara de execuções, vestido num terno. Indagado se tinha algo a dizer, declarou: “Bem, senhores, desejo a todos boa sorte neste mundo. Acho que estou indo para um bom lugar, e que os jornais andam dizendo muita bobagem”. As mãos do guarda tremiam ao atar as tiras que prenderiam o condenado à cadeira, a ponto de ouvir dele mesmo: “Meu Deus, seu guarda, você poderia se acalmar? Tome um tempo, não se apresse!” Um eletrodo em forma de chapéu metálico com uma esponja foi atado a
sua cabeça, e outro à sua coluna, garantindo um caminho letal da corrente pelo corpo – ambos embebidos numa solução salina. O gerador da Westinghouse rugia na sala ao lado à medida em que aumentava a diferença de potencial até 2000 volts. O carrasco puxou o interruptor e por 17 segundos a corrente alternada atravessou o corpo de Kemmler, enquanto o pobre homem convulsionava. Southwick exultou: “Aí está a culminação de dez anos de estudo e trabalho! Vivemos numa civilização superior a partir deste dia”! Mas Kemmler não morrera. Os guardas deram a ordem de retomar a corrente, mas o gerador demorou a recarregar-se, enquanto o condenado gemia e tentava respirar. Os presentes estavam horrorizados com o espetáculo grotesco. Quando o gerador voltou a atingir 2000 volts, aplicaram-lhe nova descarga de mais de um minuto até a morte da vítima. Havia um enorme interesse comercial em jogo. A popularização da energia elétrica dependia de seu uso seguro e controlado. Especialistas como Harold Brown e Thomas Edison garantiram nos jornais que o homem morrera sem dor desde o primeiro segundo de choque – sem deixar de recomendar maior voltagem em execuções futuras. Desde então, até a década de 1980, milhares de pessoas seriam executadas nos Estados Unidos – autoproclamados exemplo de democracia burguesa – com este método especialmente brutal, quando entraria em declínio com o surgimento da injeção letal. No Brasil, a ditadura militar usaria a cadeira elétrica como instrumento de tortura, com um gerador manual e voltagens menores, o recurso ficou conhecido por Cadeira do Dragão. Se a pena de morte é um instrumento da violência estatal – e portanto um recurso das classes dominantes contra as oprimidas – ela é elevada a um patamar superior de barbaridade com a cadeira elétrica, uma máquina industrial de matar que tortura a vítima com um violento choque em seus momentos finais.
ECONOMIA | 9
CRISE MUNDIAL
Muito além da guerra comercial entre China e EUA
“Estamos diante de uma crise financeira inédita, porque ela nasceu no coração do sistema, os Estados Unidos, e não em sua periferia, e afetou simultaneamente o mundo inteiro” A avaliação acima, do antigo diretor-geral do FMI, Dominique Strauss-Kahn, em 2008, ressalta a grandeza da crise do sistema capitalista, mas, como não poderia deixar de ser, não esclarece que tal crise não é algo passageiro ou estranho ao sistema. Bolsas de Valores e de Mercadorias e Futuros de todo o mundo amanheceram em baixa ontem, dia 5, não apenas como reflexo das tensões comerciais entre China e Estados Unidos, como muitos analistas têm apontado, mas porque o capitalismo vive de crises e ainda não se recuperou da última, que estourou em 2008, a qual está indo em direção de um aprofundamento, como parte da crise histórica do capitalismo. Se, do ponto de vista prático e geopolítico, isso que tem sido interpretado como guerra comercial entre duas das maiores economias do mundo, e com manifestação de força de ambos os lados, é importante para entender alguns movimentos do ‘mercado’, não explica a incapacidade de, em mais de uma década, o capitalismo não ter contornado os problemas expostos no já longínquo 2008. Os Estados Unidos anunciaram uma nova tarifa de 10%, válida a partir de 1º de setembro, sobre as importações chinesas, chegando ao valor de 300 bilhões de dólares, que se somam ao gravame de 25% imposto anteriormente aos produtos chineses, no valor de 250 bilhões. A China, por sua vez, anunciou na segunda-feira, pela manhã, a suspensão, por parte de suas estatais, de importações de produtos agrícolas norte-americanos, além da imposição de tarifas sobre todos os produtos desse setor vindos dos EUA. A desvalorização da moeda chinesa, o Yuan, em relação ao Dólar americano, gerou forte impacto sobre o mercado financeiro em todo o mundo, conforme refletido nas bolsas de valores.
Tudo isso pode ajudar a entender a ressaca desta segunda-feira e a nos acordar para a ilusão de que há soluções simples, ou um manual para nos ajudar a imunizar do que pode resultar dessa queda de braço, mas não explica o principal. A grande verdade, vamos insistir, como o marxismo explica, e o Partido da Causa Operária vem reforçando de maneira recorrente, é que a crise de 2008 – que se prolonga até hoje e não vai mais ceder, é permanente[1]. A depressão tornou-se o estado normal da economia mundial. Todas as políticas de austeridade, que foram impostas por praticamente todos os países do mundo, com um endividamento crescente, não teve efeito algum na contenção efetiva da crise e representou, para a maior parte da população, o empobrecimento, o aumento da desigualdade, a incapacidade de as famílias lidarem com suas dívidas, o desemprego, a fome, guerras e migração sem precedentes. Mesmo os economistas burgueses têm que admitir que a ‘crise’ não é temporária e que seu problema diz respeito à fase em que se encontra o próprio capitalismo. Paul Krugman, em 2013, já perguntava, diante do quadro enfrentado pelos EUA após o estouro da bolha de 2008:
ram e falharão porque não há remédio para uma doença incurável. Os economistas norte-americanos, da consultoria Rosa & Roubini, Nouriel Roubini e Brunello Rosa, em artigo de 2018, previam uma “crise financeira” e uma “recessão global” em 2020. O mesmo Roubini, em artigo de 14 de junho de 2019, acreditava terem acertado a previsão sobre a crise, e sobre a recessão que a caracterizaria, e alerta para o fato de que
Mas e se o mundo em que vivemos nos últimos cinco anos for o novo normal? E se condições parecidas com a depressão estiverem a caminho de persistir, não por mais um ano ou dois, mas por décadas?
Do ponto de vista fiscal, a maior parte das economias desenvolvidas tem déficits maiores e dívidas públicas mais altas hoje do que antes da crise financeira global, o que as deixa com pouco fôlego para gastos com estímulo à economia.
Ele mesmo, Krugman, comenta que o secretário do Tesouro do governo Obama, Larry Summers, o principal conselheiro econômico entre 2009-10, disse em conferência anual do FMI: … nos tornamos uma economia cujo estado normal é o de depressão leve, cujos breves episódios de prosperidade ocorrem apenas graças a bolhas e empréstimos insustentáveis. O mesmo se pode dizer sobre todas as tentativas de minimizar ou dar conta das crises do capitalismo nas ultimas seis décadas pelo menos. Falha-
nas economias desenvolvidas, a caixa de ferramentas de políticas para enfrentar as crises continua limitada. As intervenções monetárias e fiscais e os batentes do setor privado usados após a crise financeira de 2008, simplesmente não podem mais ser implementados, com os mesmos efeitos, hoje em dia. Eles, como outros economistas ‘do sistema’, acreditam que crise de 2008 não foi superada e que a especulação no mercado financeiro é muito superior ao crescimento real da economia mundial. Num cenário em que os mecanismos de contenção da crise de 2008 são insuficientes, ou equivocados, para lidar com os efeitos da nova crise que se avizinha, o horizonte é dos piores possíveis:
De forma que “o choque nos mercados mundiais seria suficiente para acarretar numa crise global, independentemente do que os principais bancos centrais façam”. Pesquisador no Departamento de Política, Instituições e História na Universidade de Bolonha, na Itália, historiador e membro do conselho editorial da WorkingUSA, e dos coletivos Edu-fábrica, UniNômade e de Il Manifesto, Gigi Roggero, lembra que “a financeirização foi a resposta capitalista para a crise dos processos de acumulação, determinada em escala mundial pelas
lutas operárias e proletárias dos anos 1960 e 1970”. Naquele momento, as lutas colocaram em discussão o comando sobre a força de trabalho dentro do ciclo produtivo da fábrica, ao passo que o capital intensificava o processo de subsunção da sociedade inteira. A chamada financeirização, por sua vez, indicaria a potencial valorização, para o capital, de qualquer atividade humana. Essa situação é mais que um sintoma da crise ou das crises do capitalismo, é a expressão da crise de superprodução, numa sociedade em que a imensa maioria da população está impedida de ter acesso ao consumo de bens e serviços produzidos no capitalismo por conta da concentração cada vez maior dos recursos nas mãos de um punhado de monopólios capitalistas, destacadamente os bancos e conglomerados financeiros, . Enfim, além de não ter-se recuperado da crise de 2008, todos os sinais indicam que outra ainda maior e de maior intensidade vai estourar. Não há e nunca houve ‘salvação’ dentro do capitalismo, ainda mais na sua etapa atual de decadência e de crise histórica. Não podemos esperar soluções, mudanças dentro e a partir dele. Não se espere, portanto, que essa ‘guerra comercial’ entre China e Estados Unidos vá arrefecer ou que movimentos de simulação de conciliação vão evitar o estouro de uma nova crise. NOTA: [1]Karl Marx e Friedrich Engels expuseram em diversos lugares, inclusive no Manifesto Comunista, essa relação característica do Capitalismo. Nos Grundrisse, Marx explica que “A crescente inadequação do desenvolvimento produtivo da sociedade às suas relações de produção anteriores manifesta-se em contradições agudas, crises, convulsões. A destruição violenta de capital, não por circunstâncias externas a ele, mas como condição de sua auto conservação, é a forma mais contundente em que o capital é aconselhado a se retirar e ceder espaço a um estado superior de produção social. (…) Em consequência, o máximo desenvolvimento da força produtiva e a máxima expansão da riqueza existente coincidirão com a depreciação do capital, a degradação do trabalhador e o mais estrito esgotamento de suas capacidades vitais. Essas contradições levam a explosões, cataclismos, crises, nas quais, pela suspensão momentânea do trabalho e a destruição de grande parte do capital, este último é violentamente reduzido até o ponto em que pode seguir empregando plenamente suas capacidades produtivas sem cometer suicídio. Contudo, essas catástrofes regularmente recorrentes levam à sua repetição em uma escala mais elevada e finalmente à destruição violenta do capital. ” (MARX, Karl. GRUNDRISSE: Manuscritos Econômicos de 1857-1858: esboços da crítica da economia política. São Paulo: Boitempo, 2011, p. 537-8)
10 | ATIVIDADES
POR TODO O PAÍS
Balanço geral dos mutirões: o povo quer “fora Bolsonaro” D
ezenas de cidades de todo o País realizaram uma nova leva de mutirões da campanha pela liberdade de Lula e pelo Fora Bolsonaro, organizados pelos Comitês de Lula Contra o Golpe, pelo PCO e por companheiros do PT. Apesar do frio que tomou conta da maioria das cidades, principalmente do Sul e Sudeste do País, e até com chuva, ativistas saíram às ruas para coletar assinaturas pela liberdade do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva objetivo mobilizar os trabalhadores em torno das palavras de ordem centrais da luta contra o golpe: a luta pelo “fora Bolsonaro” e pela liberdade de Lula. Em todo o País, já foram recolhidas mais de 110 mil assinaturas pela anulação dos processos fraudulentos da Lava Jato e pela liberdade de Lula. Além da coleta de assinaturas, os militantes e ativistas que participam dos mutirões distribuíram, uma vez mais, materiais da campanha Fora Bolsonaro e da campanha Liberdade para Lula – como adesivos e cartazes – e inscrevem os interessados na caravana para Curitiba para o grande ato pela liberdade de Lula, a ser realizado no final do mês de agosto. A campanha foi realizada não apenas na maioria das capitais e algumas grandes cidades, como também em várias cidades do interior. O Estado que mais realizou mutirões foi, uma vez mais, São Paulo. Na
Capital, junto ao MASP, na Av. Paulista havia militantes e WhatsApp Image 2019-07-28 at 18.22.41simpatizantes do PCO e do PT, coletando assinaturas dos dois lados da Avenida Paulista. Também ocorreram mutirões em Campinas, Jundiaí, Araraquara, Santos, Assis, Embu, Marília, Ribeirão Preto e Sorocaba, entre outras. Na região Sul do País, houve mutirão em todos os Estados, desde Alegrete (RS), no extremo Sul, até Londrina (PR), bem perto do Noroeste paulista, passando por cidades gaúchas como Pelotas e Porto Alegre, catarinenses como Blumenau, Chapecó, Araranguá, Palhoça e Timbó, e por Curitiba (na feira do Largo da Ordem, perto das
ruínas de São Francisco),na cidade do centro do Estado, Pitanga (no Parque do Lago, perto do centro de eventos) e na simpática Paranavaí (PR). Em Minas Gerais destacaram-se os mutirões de Belo Horizonte, na Feira Hipie e em Uberlândia. Já em Brasília, o mutirão foi realizando no Parque da Cidade, no Pavilhão de Exposições, onde ocorria o Congresso da Saúde. No Centro Oeste, também teve mutirões em Goiânia e outras cidades. Na região Nordeste, destacaram-se os Estados da Bahia, com mutirões em Porto 577ca108-2bc4-4504-bcc5-c3015f38942f Seguro, Feira de Santana, Itabuna, Salvador, Santa Bárbara
e Vitoria da Conquista e de Pernambuco, onde – pelo menos – três cidades realizaram atividades em torno da campanha pela liberdade de Lula: Recife, Olinda e Cabo de Santo Agostinho. Como na maioria do País, vários dos mutirões do Nordeste e Norte, foram realizados em feiras livres. Um primeiro balanço (parcial), ainda sem os dados de vários Estados, aponta que participaram da atividade mais de 300 ativistas em todo o País, que conseguiram mais de 3 mil assinaturas. Nessas atividades foram vendidos mais de 600 jornais Causa Operária, foram recebidas cerca de 200 contribuições para a campanha financeira do PCO e cerca de 150 pessoas se inscreveram para as caravanas a Curitiba para participarem do Ato pela anulação dos processo da Lava Jato e pela liberdade de Lula, que os Comitês de todo o País pretendem realizar (em data a ser definida no próximo fim de semana), em frente à carceragem da PF, onde o ex-presidente é mantido como preso político. Os mutirões voltam a acontecer no próximo fim de semana e todos interessados podem participar das atividades já organizadas ou organizarem novas frentes em suas cidades ou bairros. Para maiores informações entre e contato com a coordenação dos Comitês pelo telefone é (11) 96388-6198 ou ainda pelo e-mail pco.sorg@gmail. com.
COMITÊS
Em Marília (SP), foi realizado mais um mutirão pela liberdade de Lula
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omingo dia quatro de agosto foi realizado mais um mutirão pela Liberdade de Lula em Marília, interior de São Paulo. O lugar escolhido é uma feira popular, “Feira do Rolo”, onde as pessoas vão comprar diversos tipos de alimentos e utensílios para as suas casas. O mutirão foi realizado pelo Comitê de Luta Contra o Golpe e pela liberdade de Lula, e contou com militantes do PT e PCO. Foram coletadas dezenas assinaturas, vendidos dezenas de exemplares do jornal Causa Operária e centenas de panfletos. Foi também montada uma banca de
materiais com bótons, canecas e camisetas. A cada mutirão a aceitação pelo Fora Bolsonaro e Liberdade para Lula vem crescendo, o povo quer a queda do governo golpista impopular. Com todos os ataques ao povo brasileiro e aos seus direitos elementares, o apoio à luta pelo fora Bolsonaro e pela liberdade de Lula aumenta a cada domingo. Participe você também dos mutirões em todo o país, de norte a sul todos são fora Bolsonaro. Em Marília, SP, ocorre na Feira do Rolo, todo domingo das 9h ao meio-dia. Compareçam!
ATIVIDADES | 11
NOVIDADE
Em breve, uma nova publicação de humor das edições Causa Operária
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repare-se! Militantes e simpatizantes do PCO e colaboradores independentes estão preparando uma nova publicação impressa. Um jornal de humor que deve revolucionar a piada no Brasil. O jornal é uma iniciativa dos Grupos por uma Arte Revolucionária e Independente (GARI), grupo que reúne artistas e trabalhadores da cultura que são militantes e simpatizantes do PCO. O detalhes dessa nova publicação, que em breve será lançada (tudo indica que ainda este mês de agosto), serão divulgados quando a publicação estiver terminada. Por enquanto, para não estragar a surpresa, o que podemos dizer é reproduzir o slogan da publicação: “Aqui ninguém leva o humor a sério”. Ou seja, este jornal tem como objetivo quebrar a ideologia da es-
querda pequeno-burguesa, que além de pelega é sem graça, do politicamente correto em que não se pode mais fazer piada com nada. Fiquem atentos que em breve traremos mais informações sobre a publicação, que conta com a participação e a edição de companheiros redatores do jornal Causa Operária, chargistas, cartunistas e ilustradores que participam no DCO, além de ser aberta para a participação de quem queira colaborar. Para participar, entre em contato com a coordenação do GARI, que se reúne todos os sábados às 16 horas no CCBP em São Paulo, na rua Serranos, 90, ou por vídeo conferência para quem não puder presencialmente. Mande uma mensagem para o Whatsapp (11) 98427-2254.
PROGRAMA DE TRANSIÇÃO
TORNE-SE MEMBRO E PARTICIPE!
Em setembro, PCO realizará cursos em dezenas de Estados O
COTV te convida a se tornar membro e participar de evento mês que vem N
Partido da Causa Operária estará realizando, no próximo mês de setembro, eventos nacionais de formação teórico-política não só para a sua militância, mas para todos os interessados de uma forma geral, trabalhadores, estudantes, juventude, etc. Trata-se de mais uma atividade de formação teórico-política do partido, a exemplo de dezenas de outras que já foram realizadas, sempre com a preocupação de fazer compreender, de um ponto de vista científico, vale dizer do marxismo, os fenômenos político-sociais da época atual, alicerçada na experiência de luta do proletariado mundial e sua organização enquanto classe consciente dos seus objetivos e interesses históricos, a construção da ferramenta indispensável à vitória da revolução, o partido operário revolucionário. A temática a ser abordada no curso será o “Programa de Transição“, elaborado pelo grande revolucionário russo, Leon Trotski, dirigente da revolução russa e fundador da IV Internacional, o partido da revolução socialista mundial do nosso tempo. As primeiras aulas do curso e da temática a ser ministrada foi objeto da 44ª Universidade de Férias do PCO e da Aliança da Juventude Revolucionária, realizada n mês de julho, em Ibiúna, São Paulo. Desta vez o curso será reproduzido em vários Estados, no mês de setembro, com as palestras e aulas sendo ministradas pela militância mais experiente do PCO, com textos e apostilas de apoio. O Programa de Transição é o mais importante e completo guia para a compreensão teórica e a ação política dos militantes revolucionários do mundo atual, pois oferece uma explicação científica, marxista, dos fenômenos da época atual; a crise terminal
do capitalismo; a tática política a ser aplicada na luta revolucionária do proletariado nos países coloniais e semicolonias; as reivindicações transitórias que a classe operária deve levantar como bandeira de luta contra a burguesia mundial; o programa mínimo e o programa máximo; a luta contra o imperialismo, dentre outras questões de crucial importância para conduzir de forma vitoriosa a luta da classe operária mundial contra o inimigo comum, a burguesia imperialista. Em breve estaremos divulgando os Estados e as cidades onde os cursos serão ministrados, junto com as respectivas datas e como fazer para se inscrever e participar. Portanto, fiquem atentos à leitura da nossa imprensa, aos diversos canais de informação que mantemos nas redes sociais, em nossos programas diários nas diversas plataformas digitais, além de um contato com a nossa militância em vários Estados. Se o PCO não tiver organização estruturada em seu Estado ou em sua cidade, e se você se interessa pela realização do curso, nós enviaremos um militante do partido para ajudar na organização do curso em sua cidade, em seu Estado. Não perca esta oportunidade, pois trata-se de uma iniciativa inédita e única no âmbito de toda a esquerda nacional.
o mês de setembro acontecerá em São Paulo o primeiro encontro de membros da Causa Operária TV com os apresentadores dos programas e toda a equipe técnica no canal. Será uma ocasião festiva, com muita oportunidade para trocar impressões, tirar fotos e sugerir diretamente alternativas de programação a quem lida com ela todos os dias. Os membros da COTV contribuem mensalmente com o valor de R$7,99, quantia que é debitada automaticamente de seu cartão de crédito ou débito e, embora pequena, é de enorme valia para o planejamento orçamentário do canal de TV na internet que privilegia assuntos em defesa das minorias e dos trabalhadores brasileiros. O encontro, com data e local a serem definidos nos próximos dias, ocorrerá em um restaurante ou clube elegante para que o evento seja memorável. Serão distribuídos brindes e haverá música, dança e brincadeiras. Tudo isso em uma reunião intimista, em que as pessoas terão a oportunidade de estarem próximas de todo o pessoal que toca a programação da COTV, incluindo o companheiro Rui Costa Pimenta, presidente do PCO e
apresentador do programa de maior audiência do canal, o Análise Política da Semana. Se você ainda não é membro, torne-se agora mesmo, fazendo essa opção no YouTube. A Causa Operária TV não tem publicidade, não tem patrocínio, nem anúncios de empresas capitalistas, que não se interessam em ajudar no nosso desenvolvimento e progresso. Por isso, a COTV é totalmente dependente dos recursos que o seu próprio público pode dispor, quer através dos superchats durante a transmissão dos programas, donativos de diversos valores ou a aquisição de produtos de nossa lojinha em nossa sede ou mediante solicitações pela internet, em nossa página ou no Facebook. Um dia, com a sua ajuda, os futuros encontros de membros da COTV terão que ser transferidos para um local gigante, para abrigar uma multidão de pessoas, mas você poderá mostrar a fotos de quando tudo começou e todos podiam estar mais pertinho e aconchegantes. Faça parte do futuro agora. Torne-se membro acessando: https://www.youtube.com/channel/ UCEaXaeR0DL62WwRlR2EMxEQ/join
12 | MOVIMENTO OPERÁRIO
SINDICATO DOS PROFESSORES
Apeoesp, maior sindicato do País, convoca: todos às ruas no dia 13/08!
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eunida dia 31/7, a diretoria do Sindicato dos Professores do Ensino Oficial do Estado de São Paulo, APEOESP, realizou uma na avaliação da atual conjuntura na qual considerou os ataques de Bolsonaro e Doria – dois lados da mesma moeda – contra a democracia, a educação, a aposentadoria, a seguridade social e os demais direitos da classe trabalhadora, dos profissionais da educação e do funcionalismo. Diante da situação a diretoria da APEOESP aprovou adesão ao Ato Nacional de Mobilização do dia 13 de Agosto, convocado pela Confederação Nacional dos Trabalhadores da Educação (CNTE) e anunciou que vai convocar a categoria para sair às ruas no próximo dia 13, com atos regionais – pela manhã – e participação em um ato geral na Avenida Paulista, a partir das 17h.
A reunião aprovou ainda o seguinte calendário: 5/8 – Segunda feira – 06 horas – Mobilização no Aeroporto de Congonhas contra a reforma da previdência; 5/8 – Segunda feria, 18h30 – Casa do Professor – Reunião com as Entidades da Educação para organizar a mobilização para o dia 13 de Agosto; 6/8 – Terça feria – 10h – Praça do Patriarca – Caminhada no centro de São Paulo; 5 a 12/8 – Reuniões de Representantes de Escola (RE) e Representantes de Aposentados (RA) 9 E 10/8 – Seminário Vidas Negras e Indígenas importam; na sede da APEOESP 13/8, terça feria, 17horas – MASP – Manifestação do Ato Nacional da Mobilização.
A mobilização ganha ainda mais importância, no momento em que os professores são alvos de um duro ataque do governo tucano, que há cinco anos mantém os salários da categoria “congelados”, quer dividir as férias da categoria e está buscando impor medidas de perseguição e censura contra
os professores, por meio de “avaliações” das aulas, a serem feitas pelos coordenadores de escola, que nos últimos anos foram transformados em “capitães-do-mato” contra os professores “escravizados” no Estado mais rico da federação. (leia a respeito nessa edição).
TERRA SEM LEI
JBS/Friboi compra gado de desmatamento ilegal
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Grupo JBS/Friboi já foi multado em quase R$ 25 milhões por compra ilegal de gado, porém, para esses gananciosos, as leis não lhes dizem respeito. O grupo foi processado e, em 2017, recebeu uma sentença, a qual teve que pagar R$ 24,7 milhões através da operação “Carne Fria”, no entanto a Seara e Swift, pertencentes ao grupo continuam com a mesma prática, conforme comprovou a ONG Repórter Brasil e o jornal The Guardian. A reportagem esteve em São Félix do Xingu, no sudeste do Pará, e fla-
grou gado sendo criado em uma área desmatada e embargada pelo Ibama – prática considerada crime ambiental. A área faz parte da fazenda Lagoa do Triunfo, que já foi multada por desmatamento ilegal e integra o grupo Agro SB, antes conhecido como Santa Bárbara Xinguara e, controlado pelo banqueiro Daniel Dantas. A Agro SB é uma tradicional fornecedora da JBS. Além disso, a investigação também confirmou que, no ano passado, a fazenda Lagoa do Triunfo transferiu centenas de cabeças de gado para outra
FORA BOLSONARO
Bancários nacionalmente aprovam “derrotar Bolsonaro nas ruas”
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este último final de semana aconteceu, na quadra dos bancários em São Paulo, a 21ª Conferência Nacional dos Bancários. Dentre a várias resoluções de luta para o próximo período, em que os banqueiros e seus governos partiram para cima contra a categoria através de demissões em massa, fechamento de centenas de agências, descomissionamentos, privatizações, etc., duas resoluções aprovados é de extrema importância para a categoria na atual etapa de luta: a defesa pela Liberdade de Lula e a de “derrotar Bolsonaro nas ruas”. Para concretizar essa palavra de ordem foi aprovado, também, a participação da categoria, em nível nacional, nas manifestações que acontecerão em todo o país no próximo dia 13 de agosto contra a “reforma” da Previdência e em defesa da Educação.
Em praticamente todas as discussões nessa Conferência giraram em torno do brutal ataque dos banqueiros e do governo fascista/ilegítimo, Bolsonaro, que se intensificaram com o golpe de estado financiado pelos banqueiros nacionais e internacionais, e não poderia ser de outra forma o consenso na plenária da categoria para barrar toda essa ofensiva a única forma é intensificar as mobilizações de rua pelo Fora Bolsonaro, Liberdade de Lula.
fazenda do mesmo grupo empresarial, sem problemas ambientais, de onde animais são vendidos para o abate nos frigoríficos da JBS. Os patrões do JBS/Friboi, para manterem o lucro cada vez maior, bem como suas contas bancárias, não se furtam de transgredir toda e qualquer legislação, tanto é assim que, a própria ONG Repórter Brasil, no início da década de 2010, fez um documentário, baseado em pesquisas em vários frigoríficos, principalmente com empresas do grupo JBS/ Friboi, onde mostrava as atrocida-
des cometidas contra seus operários dentro das fábricas. Os patrões dos frigoríficos, como os da JBS/Friboi, bem como os criadores de gado tem recebido várias benesses, uma delas é a não fiscalização dos escândalos cometidos através dos fiscais do próprio governo, a outra é da retirada das Normas Regulamentadoras (NRs) que visam à segurança e proteção dos funcionários, ou seja, os patrões que já agiam como bem queriam, agora poderão transgredir sem serem incomodados por ninguém. Quem sabe voltam a usar a chibata, o tronco, etc. nos trabalhadores, como usavam nos escravos no período colonial.
Com as demissões, ECT faz transferência de trabalhadores na marra
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política de privatização dos Correios pelos golpistas levou a demissão de mais de 20 mil trabalhadores em quatro anos. A ECT (Empresa Brasileira de Correios e Telégrafos) possuía 120 mil trabalhadores em 2015, hoje a empresa possui 100 mil trabalhadores, depois de três PDV (Pedido de Demissão Voluntária) e várias demissões por motivos de perseguição, reduzindo em quase 20% o quadro funcional. Obviamente que essa diminuição drástica de funcionários levou a uma defasagem no serviço praticado pela ECT, como a empresa não quer mais contratar, a solução encontrada pelos golpistas foi a de fechar unidades, entregar alguns mercados postais para a concorrência e remanejar o quadro funcional. No entanto, para uma empresa que já estava funcionando com dificuldades operacionais quando tinha 120 mil funcionários, com 100 mil a situação ficou caótica, e, portanto, o rema-
nejamento de trabalhadores em nada modifica a situação precária. É como o cobertor pequeno que cobre a cabeça e descobre os pés e vice versa. Porém, como o objetivo dos golpistas é justamente a destruição da ECT, foi colocado em prática a transferência de trabalhadores do seu local de lotação de forma compulsória, justamente para irritar o trabalhador, que muitas vezes vai ficar muito mais longe de sua moradia. A transferência não é para resolver a deficiência do serviço, já que isso só pode ser feito com novas contratações, e isso por tempo indeterminado. O motivo é pressionar mais trabalhadores para abandonar a ECT, em um novo PDV, marcado para o mês de setembro. É necessária a mobilização dos trabalhadores, para uma greve de 100% da categoria contra a privatização, contra o governo golpista, pelo Fora Bolsonaro e pela liberdade de Lula.
CIDADES | 13
SÃO PAULO
É preciso reagir combater escola com fascismo de Doria O governo golpista de João Doria do PSDB de São Paulo prepara mais um ataque contra os professores da rede pública estadual. Após provocar uma verdadeira política de terra arrasada na educação paulista, durante os 20 anos que esteve à frente do governo estadual, o governo tucano agora quer impor um verdadeiro regime de vigilância e terrorismo contra os professores da rede pública. Como parte do programa chamado “Inova Educação”, o governo Doria pretende estabelecer um monitoramento sistemático das aulas do professores, o qual deverá ser feito pelos Supervisores de Ensino, Diretores de Escola e Coordenadores Pedagógicos. Estes poderão atribuir notas aos professores, de 0 a 10, de acordo com sua própria avaliação. Trata-se de um verdadeiro sistema de terrorismo e perseguição contra os docentes, os quais serão “avaliados” pelos seus chefes, estes em sua maioria agentes diretos da política tucana. A proposta passa por cima do princípio de Liberdade de Cátedra, assegu-
rado pela Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional, a LDB, quanto pela Constituição federal. De acordo com esse princípio o professor tem autonomia e liberdade para trabalhar na sala de aula de acordo com sua própria metodologia. É preciso destacar também que a proposta do PSDB em São Paulo está em consonância direta com a situação política do país, ou seja, com o avanço da política golpista da direita e da extrema-direita, de perseguição, censura, intimidação contra a educação, a cultura, as organizações sindicais, partidárias e os movimentos sociais de um modo geral. Vale lembrar que desse o início do processo golpista, a educação, tanto as escolas públicas, como as universidades, vêm sendo um dos principais alvos da política de intimidação e censura da direita, haja vista propostas como a Escola Sem Partido, isso sem contar a invasão das universidades pela polícia, a prisão de professores dentro das unidades de ensino, etc.
RIO DE JANEIRO
Decreto de Crivella permite internação forçada de dependentes químicos
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a última segunda-feira, dia 05 de agosto, o prefeito do Rio de Janeiro, Marcelo Crivella, assinou um decreto que detalha o atendimento a ser dado aos usuários de droga em situação de rua em âmbito municipal. Esse decreto permite a internação voluntária e a involuntária – ou seja, esse decreto permite a internação compulsória, onde a pessoa não assente com essa medida e é levada à força para ser internada pela duração máxima de 90 dias. O pedido de internação pode ser solicitado por familiares, por responsáveis legais e servidores públicos da área da saúde. Essa medida fascista vinda do prefeito do Rio de Janeiro não vem sem hora! No último dia 30 de julho o governador do Rio de Janeiro, Wilson Witzel, afirmou que pretendia internar compulsoriamente os dependentes químicos que estivessem em situação rua. Todas essas medidas políticas vão de encontro a outro decreto sancionado por Bolsonaro em abril deste
ano que permite a internação voluntária e que também visa fortalecer as chamadas “comunidades terapêuticas” (comunidades de cunho religioso (muitas vezes geridas por igrejas) que recebe investimento público – ou seja, bancado pelo dinheiro do trabalhador – para “tratar” pessoas com problemas mentais e com drogas). Como sabido, a dependência química não deve ser encarada como um problema de segurança pública mas como um problema de saúde pública. As pessoas a serem internadas contra a sua vontade são pessoas marginalizadas pela sociedade capitalista, que tem como pressuposto a desigualdade social e a hegemonia de uma classe sobre a outra (a burguesia contra os trabalhadores). Assim sendo, decretos desse tipo visam tão-somente empurrar para longe esses indivíduos que estão à margem do tecido social. É uma política higienista, desumana, sádica e FASCISTA, bem aos moldes dessa extrema-direita fascista que aí está.
Isso ocorre, pois é justamente a educação, os professores do ensino básico, juntamente com os estudantes, um dos setores de ponta na luta contra o golpe de Estado no país. É preciso reagir a mais esse ataque. No próximo dia 13 de agosto mobilizar professores e estudantes, parar as escolas e universidades do estado e ocu-
par as ruas contra a política de destruição dos direitos e de perseguição imposta pelos governos golpistas de Dória e Bolsonaro. É preciso apontar como perspectiva a necessidade de derrubar todos os golpistas que tomaram o poder de assalto no país. Este é o único caminho para a vitória: Fora Doria! Fora Bolsonaro e todos os golpistas!
SESC no Piauí quer batizar escola militar com nome de Bolsonaro
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Serviço Social do Comércio (SESC) do estado do Piauí deseja batizar uma de suas escolas com o nome do presidente fascista Jair Bolsonaro. Segundo o presidente do conselho regional do Sesc – PI, Valdeci Cavalcante, que espera o aceite de Bolsonaro, a medida não teria o intuito de homenagear o presidente fascista, mas ao contrário, seria o próprio Sesc que seria homenageado caso Bolsonaro aceitasse dar seu nome à instituição. Segundo Cavalcante, o presidente ilegítimo que pretende acabar com a aposentadoria dos trabalhadores, entregando a previdência aos bancos, que pretende entregar a Amazônia e todas as empresas nacionais para o imperialismo dos Estados Unidos da América, que rende homenagens a torturadores da ditadura militar, que incentiva a morte de pessoas ligadas a movimentos sociais como o MST, está “salvando o Brasil da deterioração” e que “representa para as pessoas de bem um símbolo de restauração”. A única restauração que Bolsonaro representa no país é a restauração de um regime de terror, como foi o regime da ditadura militar, tão vangloriada pela direita e pela família fascista de Bolsonaro. No começo do ano, o ministro da economia e espécie de guru econômico neoliberal do governo, Paulo Guedes, prometeu “passar o facão” no Sistema S, do qual faz parte o Sesc, mas também fazem parte mais 8 instituições como o Sebrae, o SESI e outras. Não é de se admirar que essas organizações, que há algum tempo cobram mensalidade em muitos lugares, mui-
tas vezes com valores pesados para o bolso do trabalhador, tomem atitudes como essa. Apesar das ameaças de Paulo Guedes, a burguesia que toma conta dessas instituições apoiou o golpe de estado em 2016, como é o caso da FIESP, da qual fazem parte o SESI-SP, o SENAI-SP e inúmeros sindicatos de caráter patronal. A escola, que será uma escola militar, com direito a matérias como Educação Moral e Cívica, ao estilo da ditadura militar, demonstra como a política da direita é totalmente demagógica. Enquanto Bolsonaro defendia o “Escola sem Partido” em seu discurso, na prática o que vemos é cada vez mais uma “Escola com Fascismo”, dando o nome do presidente ilegítimo e golpista à instituição. É uma clara política de direita do ensino, da maneira como era feita na Alemanha Nazista. Valdeci Cavalcante disse também que deseja que a escola sirva de exemplo para escolas de outros estados do país, o que demonstra como a medida de dar o nome de Bolsonaro a instituição, e de expandir as escolas militares que nas palavras de Cavalcante terão matérias ministradas por membros das forças armadas e “pessoas de bem” dos comércios locais, pode ser expandida para os demais estados do Brasil. Os movimentos dos estudantes, dos professores e funcionários da educação, não devem permitir que a educação brasileira seja entregue ao fascismo. É preciso mobilizar a população lutando pelo Fora Bolsonaro, só o povo nas ruas é capaz de derrotar o governo ilegítimo, golpista e fascista.
14 | CIDADES | MULHERES | JUVENTUDE | MORADIA E TERRA
JUNDIAÍ
Estado fechou restaurante Bom Prato de Jundiaí (SP) depois de 13 anos
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a noite da última quinta (1º), a Secretaria de Desenvolvimento Social do Estado de São Paulo anunciou o fechamento do restaurante popular Bom Prato em Jundiaí: “Em função de adequações e manutenção, a unidade Bom Prato de Jundiaí ficará fechada ao público por até 3 dias úteis…” A unidade do Restaurante Bom Prato em Jundiaí, coordenado pelo Indesc (Instituto de Desenvolvimento Social), ficará fechada por alguns dias por determinação do Governo do Estado, mais precisamente da Secretaria de Desenvolvimento Social do Estado de São Paulo. A medida passou a valer a partir da sexta (2). Segundo o presidente do Indesc, Luiz Gonzaga Silva Nascimento, um
dos motivos do fechamento temporário é uma rescisão unilateral, por parte do governo golpista de Doria, nos termos de colaboração do Indesc com a secretaria. De acordo com ele, todos os acordos e trabalhos para reverter a situação estão sendo feitos pelo instituto. “Todos as medidas cabíveis estão sendo tomadas para reparar esta medida arbitrária, uma vez que não foi respeitado o devido processo legal. Estamos ingressando com ações no judiciário para voltar a atuar no espaço… Peço desculpas à população por este transtorno, mas estamos ‘correndo’ para voltar servir à população de Jundiaí e região uma comida boa, de qualidade e com preço justo” afirmou Gonzaga.
Com 13 anos de funcionamento, a unidade em Jundiaí já serviu mais de 5 milhões de refeições à população de Jundiaí e Região. Além de ser eleito pela fraude para
não fazer nada de benéfico para o povo, Doria foi eleito para atacar a população mais pobre e mais esmagada pelo regime, que é quem mais necessita do restaurante popular.
GOVERNO SAUDITA
JUVENTUDE NEGRA
Mulheres da Arábia Saudita poderão viajar sem autorização de homens
Jovens foram maioria dos mortos no presídio em Pará
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a noite do dia 1° de agosto, o governo saudita anunciou o fim da proibição do direito da mulher de viajar sem autorização de um “tutor” — equivalente a um marido, filho ou irmão, que seria uma espécie de responsável pela mulher. Outra decisão tomada, também no dia 1°, permite que as mulheres registrem oficialmente nascimento, casamento ou divórcio e ter a autoridade parental sobre seus filhos menores; a regra será aplicada para mulheres acima de 21 anos. Tal fato demonstra o quanto o regime saudita é repressivo em relação às mulheres, apesar disso, não existe nenhuma campanha dos Estados Unidos contra o país, não do mesmo jeito que procuram fazer contra, por exemplo, o Irã. Isso acontece porque os Estados
Unidos, com sua tradicional demagogia, só quer levar “democracia” ao mundo: ao mundo que lhe é conveniente para impor seus interesses. O imperialismo usa qualquer coisa, inclusive a situação das mulheres, para fazer demagogia a seu favor. Entretanto, é justamente o controle imperialista sobre o mundo, impedindo o desenvolvimento de países atrasados, que cria condições ainda piores para o avanço da luta das mulheres no mundo. A mulher não será livre enquanto vivermos num sistema opressor do povo. O único caminho para fazer com que a mulher se emancipe é o fim do capitalismo e a instalação de um governo socialista, afinal, conquistas parciais dentro do Estado burguês são importantes, mas limitadas.
AGÊNCIA DO LATIFÚNDIO
Anvisa manipula dados sobre agrotóxicos A
Agência Nacional de Vigilância Sanitária (ANVISA), controlada pela extrema-direita golpista, reduziu o número de agrotóxicos considerados “extremamente tóxicos” para a saúde no país. Em um universo de 2.300 agrotóxicos, 800 (34%) estavam classificados dessa maneira. Com a nova classificação, publicada no Diário Oficial da União na primeira semana de Agosto, somente 43 (2%) permanecem nesta classificação. Os agrotóxicos são causadores de doenças e mortes na população. A Organização Mundial da Saúde estima que 193 mil mortes registradas no
mundo podem ter relação com o uso de agrotóxicos. A mudança de classificação por parte do governo é uma manipulação para beneficiar os latifundiários, que estão preocupados com a potencialização de seus lucros, mesmo que isso signifique problemas graves na saúde pública. Além de impactar a saúde pública, os agrotóxicos causam danos no meio ambiente, na fauna e na flora. Os latifundiários são uma das bases fundamentais do governo Bolsonaro (PSL), que governa em função dos seus interesses.
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vida da juventude negra e pobre dentro do capitalismo é um poço de falta de perspectiva. Em geral, o Estado, que deveria dar todo o suporte a esse jovens, acaba sendo o precursor de seus cruéis destinos. O massacre violento que aconteceu no presídio de Altamira, no Pará, é um exemplo claro de como a juventude pobre acaba como vítima de um sistema repressor e assassino, baseado numa gigantesca farsa que é a justiça burguesa. A briga que se deu entre facções dentro do presídio tirou a vida de cerca de 62 presos e pelo menos 25 deles tinham entre 18 e 25 anos. O desemprego crescente e a destruição do ensino empurram a juventude pobre às margens da sociedade, fazendo com que eles tenham que recorrer à medidas desesperadas para sobreviverem, porque é isso que o sistema os obriga a fazer, sobreviver. Quase metade dos assassinados no massacre no Pará não haviam sido julgados e nem possuíam ensino médio completo, o que é um indicador de baixa renda. Não somente, pelo menos 76% deles eram negros, ou seja, como sempre a juventude negra e pobre é sempre a mais afetada pelo descaso do Estado. O presídio de Altamira, onde aconteceu o assassinato desses jovens,
possuía, segundo o relatório publicado pelo pelo Conselho Nacional de Justiça (CNJ) na segunda-feira (29) superlotação, péssimas condições e falta de agentes. A penitenciária mantinha cerca de 343 presos, quando sua capacidade máxima era de 163 presos. A unidade era feita para abrigar somente presos em regime fechado, contudo, abrigava cerca de 35 presos em regime semi-aberto. A inspeção também constatou que o presídio não possui enfermaria, biblioteca, centros de trabalho, etc., corroborando a tese de que o Estado não consegue e não quer se responsabilizar por uma população que ele mesmo encarcera e larga como se fossem animais em jaulas. Enquanto a justiça burguesa e o modelo econômico que se baseia na exploração da população pobre continuarem a guiar a vida da população pobre aos piores destinos possíveis, esse tipo de notícia continuará sendo cotidiana. A população jovem e negra não pode continuar sendo tratada como animais, que no auge do desespero para sobreviverem às armadilhas do Estado burguês, buscam alternativas desesperadas. O capitalismo deve ser derrubado e só então os jovens poderão ter alguma perspectiva de vida que não seja a cadeia ou subempregos.
NEGROS | 15
NEGROS E POBRES
O perfil dos mortos no massacre do Pará E
m levantamento feito no último domingo, a Folha de S. Paulo revelou que a maioria dos 62 presos mortos no massacre acontecido no último dia 29, no interior do Pará, é negra. A pesquisa, que utiliza dados cedidos pela Superintendência Estadual do Sistema Penitenciário (Susipe), mostrou que 76% dos mortos no acontecido são negros, tendo a maioria menos de 35 anos. Outro detalhe interessante é que quase metade dos mortos não teve condenação, estando, até então, presos provisoriamente. Os dados do massacre no Pará não contrastam com as estatísticas do sistema penitenciário brasileiro: mais de 64% da população carcerária é preta; 74% dos presos têm menos de 34 anos; 90% do sistema não teve acesso à educação.
Por sua vez, as estatísticas do sistema prisional – e do massacre no Pará – escancaram um sistema racista e genocida. Os planos da burguesia são estabelecer um regime de miséria e violência contra a população negra, encarcerando-a sem, ao menos, julgá-la; isto quando a própria Polícia não assassina os negros. Os negros são o setor da população que, apesar de ser maioria, mais sofre com os ataques da direita: são induzidos pela burguesia a não ter empregos, a não ter acesso à educação, além de serem caçados pela Polícia Militar nas ruas e pelo Judiciário. Diante disso, pela própria sobrevivência, o movimento dos negros deve se unir em comitês de defesa e engrossar a mobilização contra a direita, contra o fascismo e seus ataques.
Presos mortos no Pará eram negros, Um retrato VIP do inferno: padre preso diz que prisão não é humana pobres, jovens e sem condenação
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massacre que o Estado promoveu em Altamira, mais uma vez deixou vítimas que em sua maioria eram negros, pobres, jovens e muitos ainda não haviam sido julgados. As prisões, verdadeiras máquinas de moer a população pobre e oprimida, levam a população carcerária aos piores destinos possíveis. Os mecanismos de opressão e exploração do Estado fazem com que a classe trabalhadora busque alternativas desesperadas para sobreviver, muitas vezes acabando no crime, tendo em vista que o mercado de trabalho não só não é receptivo com a população pobre e negra, como também oferece salários baixíssimos, que na maioria das vezes não sustentam nem um membro de uma família. Um relatório divulgado pelo Conselho Nacional de Justiça na segunda-feira (29) revelou que o presídio de Altamira possuía superlotação, falta de agentes e péssimas condições, além de não fornecer biblioteca, enfermaria, nem centros de trabalho aos presos. Ou seja, o Estado, através de vários mecanismos, deixa
a população num completo caos social, desamparada e desempregada, depois a joga em jaulas superlotadas, sem acompanhamento médico, sem educação, sem qualquer infraestrutura minimamente aceitável, violando todos os pontos básicos dos direitos humanos. Cerca de 64% da população carcerária no Brasil é preta ou parda, o que só corrobora a tese de que o Estado é uma máquina de explorar e depois “jogar fora” a população pobre, quando não mais serve como mão-de-obra barata. O Estado punitivista não quer saber de “reeducar” essas pessoas pobres que cometem crimes de acordo com a justiça burguesa, mas sim torturá-los até chegar nessas situações extremas de rebelião e massacres. Além do mais, a maioria dos assassinados no Pará, eram pobres, jovens e negros, não tinham cometido crime violento algum, mas sim crimes como tráfico de drogas, que é um exemplo claro da também urgente necessidade de se descriminalizar as drogas no Brasil.
o último sábado (3), o padre José Amaro Lopes de Souza deu um depoimento, publicado no jornal Folha de São Paulo, relatando as condições não humanas do Centro de Recuperação Regional de Altamira, no sudoeste do Pará. José Amaro é sucessor do trabalho da missionária Dorothy Stang (assassinada em Anapu-PA em 2005) tem 52 anos e, por ser acusado por fazendeiros do crime de extorsão, passou 92 dias preso provisoriamente no presídio de Altamira no Pará – local onde ocorreu, no último dia 29, o massacre que deixou 58 mortos. O padre foi solto em julho devido a um habeas corpus dado por unanimidade pelo Superior Tribunal de Justiça (STJ) e escapou do risco de ser uma das 58 vítimas. Tratamento desigual Logo que chegou no presídio, mandaram o padre Amaro ficar descalço, tirar o relógio. Poucos dias mais tarde, entrou um senhor preso, de sapato. Duas medidas diferentes para a mesma situação. Superlotação e pena antes do julgamento Padre Amaro foi colocado numa cela de 4x4m, que seria para uma pessoa com ensino superior. No entanto, ficou na cela com mais 3 pessoas, todas presos provisórios. “Presos passam fome… não dá para comer dignamente” “Para alimentação, a gente recebia um pão, um café e um copo de leite. No almoço, tinha um pacote de farinha, galinha assada ou carne. Repetiam na janta. As minhas irmãs mandavam comida, fruta”, disse padre Amaro. Mas tinha limite, só podia entrar três maçãs, por exemplo. Sem ajuda,
não dá para comer dignamente. Você recebe almoço ao meio-dia e a próxima refeição só chega seis horas depois. Aquilo não é humano “Nos dias de domingo, eles só servem café e almoço, não tem janta. Quem não tinha visita, ficava sem comida. Muitos pediam comida tarde da noite, aquilo não é humano. A gente juntava e dava pro carcereiro distribuir. Pão, bolacha. Às vezes, a gente entregava até sanduíches. Mas era pouco pra quantidade de presos que tinha.” Calor infernal, celas de container “Era quente demais. Tinha um ventilador ligado direto. A parede esquentava. Camisa, nem pensar, só short mesmo. Você sai do chuveiro e já está quente. Tem um sistema de celas de container lá, um absurdo. Eram ao menos três. Os agentes entravam lá rapidinho pra fazer tranca e saíam pingando de suor. É só uma janelinha. Quando os presos que ficam ali passavam perto de mim, eles fediam a couro velho. A aparência era diferente. Muito pra baixo mesmo. Largado. A cor da pelo fica amarela lá dentro, mas a dos presos dos contêineres era ainda mais amarela.” A segurança de estar preso “… uma noite chegou um jovem na enfermaria que havia sido furado no lado, na costela. Fizeram os procedimentos. Perfuraram o intestino dele, mas, graças a Deus, não morreu.” O Partido da Causa Operária (PCO) tem denunciado a sucursal do inferno que são as prisões brasileiras, máquinas de moer pobres. Veja a explicação do companheiro Rui e o programa do partido para este tema.
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ESPORTES
Todos os domingos às 20h30 na Causa Operária TV
Cruzeiro x Inter: começa amanhã a primeira semifinal da Copa do Brasil
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a próxima quarta-feira, dia 7 de agosto, tem início a semi-final da Copa do Brasil. O primeiro jogo que abre a fase é um verdadeiro clássico nacional, Cruzeiro e Internacional. O primeiro jogo acontecerá em Belo Horizonte (MG), na casa do Cruzeiro, o segundo confronto está marcado para o dia 4 de setembro em Porto Alegre (RS). Os dois times estão em situação distintas nos últimos jogos. O clube mineiro está há dez jogos sem vencer, a última derrota foi justamente para o Atlético Mineiro em Belo Horizonte, principal rival. O Cruzeiro está na zona
do rebaixamento no campeonato brasileiro em 17º lugar. Já o Internacional está em sexto lugar no campeonato brasileiro. O clube gaúcho está classificado para a próxima fase, as quartas de final da Libertadores da América, após passar pelo Nacional do Uruguai. A outra vaga para a final da competição será disputada por outro time do Rio Grande do Sul, o Grêmio, e um time do Paraná, o Atlético Paranaense, clube da capital, Curitiba. O campeão da competição ganhará uma vaga na Copa Libertadores de 2020.
Veja as melhores imagens das conquistas dos brasileiros no Pan
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esta última segunda-feira, 5, o Brasil alcançou o segundo lugar no quadro de medalhas dos jogos pan-americanos de Lima, no Peru. Ao todo, o país conta agora com 22 medalhas de ouro, 16 de prata e 34 de bronze: 72 no total. No domingo, 4, o Brasil ganhou 7 medalhas de ouro em diferentes modalidades: quatro na canoagem, uma no longboard, uma nas águas abertas e mais um ouro no tênis, um recorde histórico para o país, o que nos levou ao segundo lugar do ranking. Abaixo veja algumas das melhores imagens das conquistas dos atletas brasileiros no pan-americano de Lima: