Edição Diário Causa Operária nº5727

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QUARTA-FEIRA, 7 DE AGOSTO DE 2019 • EDIÇÃO Nº 5727

DIÁRIO OPERÁRIO E SOCIALISTA DESDE 2003

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Trabalhadores de todo o País convocam povo a sair às ruas no dia 13! Está chegando a hora de mais um ato de massas nacional contra o governo do golpista Jair Bolsonaro. Dia 13, CNTE, CUT, UNE e outras entidades estão chamando protestos no Brasil inteiro, junto com uma greve nacional da educação, para se contrapor ao

governo. Os atos foram chamados para manifestar a rejeição aos cortes na educação e à reforma da Previdência, mas expressarão principalmente o repúdio generalizado de amplos setores dos trabalhadores contra o governo golpista como um todo.

EDITORIAL

Por uma mobilização real, não uma oposição parlamentar e parcial Existe uma clara tendência ao enfrentamento das massas contra o governo Bolsonaro no sentido de sua derrubada.

Freixo: “Lula livre não unifica”… com Janaína Paschoal Nessa semana, o deputado federal Marcelo Freixo (PSOL-RJ) participou da gravação de um programa junto com a deputada estadual Janaína Paschoal (PSL-SP), transmitido pelo canal do YouTube “Quebrando o Tabu”. No programa, chamado de “Fura Bolha”, Freixo e Paschoal discutiram uma série de perguntas enviadas pela produção.

Deputada do Psol defende “questão racial” acima da luta de classes Em entrevista ao site da Pública, a deputada estadual em São Paulo pelo Psol, Erica Malunguinho, revela uma confusão profunda sobre a situação política do País.

Regime aberto: Palocci ganha mais um prêmio por incriminar Lula

Haddad diz faltar pouco para “briosas” FFAA assimilarem a democracia Em seu artigo semanal no jornal golpista, Folha de S. Paulo, do último sábado, intitulado “Militares”, o ex-prefeito e ex-candidato à presidência da República pelo PT, Fernando Haddad, elogia e indica o livro, recentemente relançado, ‘Forças Armadas e Política no Brasil’ (2005), de José Murilo de Carvalho

Câmara vota hoje roubo da aposentadoria, às ruas pelo fora Bolsonaro!


2 | OPINIÃO EDITORIAL

COLUNA

Por uma mobilização real, não uma oposição parlamentar e parcial

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xiste uma clara tendência ao enfrentamento das massas contra o governo Bolsonaro no sentido de sua derrubada. Já chamamos a atenção nestas páginas para as inúmeras demonstrações espontâneas contra Bolsonaro. Sem contar – e talvez seja isso o mais importante – a enorme adesão à palavra-de-ordem de “Fora Bolsonaro” nas manifestações de massas que aconteceram nos últimos meses, contra a política das direções desses movimentos que se recusam a defender a queda do governo. Junta-se a isso tudo, a crise dentro da própria burguesia, causada pelas declarações controversas do presidente fascista e por uma política constantemente se choca com setores importantes da burguesia golpista, que tem dificuldades de colocar “Bolsonaro na linha”. Diante desse cenário favorável, a maior parte da esquerda pequeno-burguesa adota uma política ao mesmo tempo parlamentar e parcial. É uma mistura de dois erros graves. Parlamentar porque procura fazer uma oposição de baixa intensidade cujo objetivo é “desgastar” o governo com vistas às eleições de 2022. Logicamente que na conta dessa oposição não está a possibilidade de que, até lá, os golpistas tenham destruído tanto o País que nem eleição haverá. Ou, conforme estamos assistindo nesse momento na Argentina, a política de apostar nas próximas eleições não dá nenhuma garantia de que a esquerda será vitoriosa. Pelo contrário, a consolidação da direita pode resultar em eleições ainda mais fraudulentas do que foram as de 2018.

CHARGE

Essa oposição é parcial pois não ataca o governo no conjunto de sua política, mas procura se movimentar de acordo com cada uma dessas medidas. Se é privatização, faz-se um ato contra a privatização apostando que o Congresso irá barrar a política de Bolsonaro. A mesma coisa vale para a Previdência, a Educação e por aí vai. Como o Congresso está dominado pela direita golpista, pelos bolsonaristas declarados ou disfarçados, essa política de oposição parcial leva o movimento a andar de derrota em derrota, até que o governo seja definitivamente vitorioso. A política dessa oposição parlamentar e parcial é inócua. Não traz resultado e mais ainda leva o movimento a colecionar derrotas. A direita golpista e o governo Bolsonaro não estão no poder para colocar em prática medidas parciais. A direita quer acabar com o País, quer destruir todos os direitos do povo, ou seja, ela tem um projeto político claro. Contra isso, os movimentos e os trabalhadores só podem opor uma política que coloque no centro a luta pelo poder, que em primeiro lugar derrube o governo Bolsonaro. Mas não para por aí. É preciso exigir novas eleições, a liberdade de Lula e que ele seja candidato. Essa é a vontade do povo. Para isso, é preciso uma mobilização permanente, não parcial nem a conta-gotas. Uma mobilização que generalize a luta contra o governo e o regime golpista. Essa generalização está sintetizada pela palavra-de-ordem de “Fora Bolsonaro”. Não é uma ideia saída da cabeça de ninguém em particular, é o povo que já está reivindicando nas ruas, é preciso então dar uma expressão consciente àquilo que o povo já está dizendo.

Mineradoras financiam a invasão de garimpeiros em Terras Indígenas Por Renato Farac

A

s terras indígenas são cobiçadas há muito tempo devido as riquezas que são encontradas, sejam minerais, madeireira ou de terras férteis. Sem houve invasões dessas terras, mas nunca na intensidade que está acontecendo nestes últimos sete meses de governo Bolsonaro, levado ao poder de maneira fraudulenta pela direita internacional. Um dos motivos para a direita colocar Bolsonaro dessa maneira na presidência foi para atacar os indígenas e suas grandes e ricas terras. Após Bolsonaro tomar posse, o processe de invasão das terras indígenas tomou proporções inigualáveis devido ao apoio formal e informal a essa situação. Há algum tempo estamos denunciando que as riquezas, principalmente as minerais, das terras indígenas estão mapeadas e a espera de uma situação favorável para ser explorada e que as grandes mineradoras, impossibilitadas desse tipo de exploração, se utilizam da mão-de-obra dos garimpeiros para obter esses recursos. Recentemente uma investigação sobre aquisição de minérios obtidos de maneira ilegal por grandes empresas de mineração e comercialização vem principalmente das terras indígenas e outras unidades de conservação. Dados coletados pelo Ministério Público Federal (MPF), não conseguiram esconder a exploração mineral dentro das terras indígenas ou sem autorização da bacia do Rio rio Tapajós, na região Norte do país. Segundo os dados, a empresa Ourominas, que comercializa Ouro, foram acusados de formarem uma organização criminosa para fraudar documentação e “esquentar” ouro obtido de maneira clandestina. Grande parte desse ouro foi retirado de

terras indígenas e unidades de conservação por garimpeiros financiados pela Ourominas. A bacia do rio Tapajós possui uma grande área passa pelos Estados de Mato Grosso, Pará e Amazonas, com uma pequena porção em Rondônia e possui 30 unidades de conservação e terras indígenas. A quantidade de ouro obtida de maneira ilegal de dentro dessas áreas está na ordem R$ 4 bilhões em mais de 450 garimpos, que grande parte é adquirido pela Ourominas e outras mineradoras. Esse é um exemplo da atuação das mineradoras dentro das terras indígenas e unidades de conservação. Estimulam e financiam a entrada de garimpeiros e que, inclusive causam grande parte dos conflitos violentos, sob financiamento desses setores. Se aproveitam da miséria da população e dos garimpeiros, que está cada vez mais grave devido as políticas colocadas em prática do governo Bolsonaro, para criar um exército de pessoas para atacar os indígenas e destruir os recursos naturais. Ou seja, as mineradoras terceirizam a exploração dentro dessas terras. Essa espécie de fomento realizada pelas mineradoras aos garimpeiros aumentou muito desde que Bolsonaro chegou a presidência e está servindo de argumento para legalizar a exploração dessas grandes mineradoras em terras indígenas pois já existe exploração mineral pelos garimpeiros e o governo está somente regularizando e evitando conflitos. Esse conflito é culpa do governo Bolsonaro e outros golpistas que estão de maneira intencional estimulando os conflitos, invasões, exploração e destruição dos recursos naturais numa tentativa desesperada de acabar com as terras indígenas e entregá-las de mão-beijada para as grandes mineradoras internacionais.


POLÍTICA | 3

ATO DE MASSAS NACIONAL

Trabalhadores de todo o País convocam povo a sair às ruas no dia 13!

E

stá chegando a hora de mais um ato de massas nacional contra o governo do golpista Jair Bolsonaro. Dia 13, CNTE, CUT, UNE e outras entidades estão chamando protestos no Brasil inteiro, junto com uma greve nacional da educação, para se contrapor ao governo. Os atos foram chamados para manifestar a rejeição aos cortes na educação e à reforma da Previdência, mas expressarão principalmente o repúdio generalizado de amplos setores dos trabalhadores contra o governo golpista como um todo. Diante disso, trabalhadores do Brasil inteiro, entre militantes do PCO, membros dos comitês de luta contra o golpe e ativistas da luta con-

tra o golpe fazem um chamado para que todos vão às ruas no dia 13 levantar as reivindicações de fim desse governo e de realização de novas eleições com a participação de Lula dessa vez. Sob as palavras de ordem: fora Bolsonaro! Liberdade para Lula! eleições gerais! Todos às ruas para derrotar o governo Bolsonaro e a direita golpista! Para reverter os ataques aos trabalhadores levados adiante desde o golpe de 2016 e colocar a direita na defensiva. A direita está em um momento de crise e seu governo é frágil, mas por isso mesmo é ainda mais perigosa e agressiva. É preciso ir pra cima do governo agora, quando há um momento favorável para a mobilização. Fora Bolsonaro!

FORA BOLSONARO

ATAQUE AOS TRABALHADORES

Esquerda parlamentar sente a pressão Câmara vota hoje roubo da aposentadoria, às ruas pelo fora Bolsonaro! das bases pelo Fora Bolsonaro

O

A

esquerda parlamentar está sentindo a pressão das bases de seus partidos, sindicatos e movimentos pelo Fora Bolsonaro. Um indício disso é que, justamente, sua maior parte não admite o Fora Bolsonaro. Alguns colocam como alternativa a essa tendência o impeachment do presidente fascista, sem, no entanto, que isso signifique que Bolsonaro realmente caia (o que ocorreria somente com a permissão da burguesia, que não está disposta a fazer isso por enquanto). Ou, mesmo se Bolsonaro cair, a aposta desse setor reformista seria que fosse substituído por alguém do regime, com medo de uma desestabilização maior. Ou seja, para a esquerda parlamentar, mesmo a minoria que teria aderido à possibilidade de impeachment, esse impeachment seria uma tentativa de saída da crise, tirando o “mal maior”. Isso é influência de sua tentativa de se aliar à burguesia, que sustenta Bolsonaro e só irá admitir que ele saia quando a mobilização popular

for tal que coloque na ordem do dia a sua derrubada pela força das ruas. Desde o início do governo Bolsonaro, inúmeras manifestações têm sido realizadas – como as espontâneas no Carnaval, em espetáculos culturais etc. ou as organizadas pelo movimento popular, em todas elas estando presente os gritos e faixas Fora Bolsonaro e semelhantes. Isso demonstra que o povo está absolutamente disposto a derrubar Bolsonaro. Por isso a possibilidade de impeachment é vista pela população não como uma saída para o regime golpista se safar e diminuir a crise, mas sim o Fora Bolsonaro. A esquerda que luta contra o golpe e o movimento popular de base, como os sindicatos, frentes de luta, movimentos sociais, deve impor a saída de Bolsonaro nas ruas, dele e de todos os golpistas, para não só derrotar Bolsonaro, mas impedir que a burguesia e a direita manobrem com saídas institucionais que deem continuidade ao regime de ataques ao povo.

Congresso voltou do recesso e já se prepara para novos ataques contra a população brasileira. Depois de votar a chamada “reforma” da Previdência no mês passado em primeiro turno, agora os deputados deverão votar a proposta em segundo turno. A expectativa do governo, segundo o ministro da Casa Civil, é que a votação seja encerrada ainda hoje (7). Quando o texto-base foi aprovado em primeiro turno antes do recesso, o governo teve 379 votos a favor da proposta, contra 131 votos contrários. Uma vitória esmagadora da direita dentro do Parlamento, que deveria ter enterrado de vez as pretensões da esquerda de fazer uma oposição meramente parlamentar à direita. Uma demonstração de que não será possível refrear minimamente os ataques de Bolsonaro contra o povo sem mobilização nas ruas. Mesmo entre os partidos da chamada oposição houve votos a favor de assaltar os futuros velhinhos que dependerão de aposentadoria para sobreviver, obrigando-os a trabalhar por mais tempo para receber menos no final. Foi o caso dos rachas nas bancadas do PSB e do PDT, incluindo o voto a favor da reforma de Tábata Amaral, do PDT, que a imprensa burguesa procurou promover como uma representante de uma “nova esquerda”. Para derrotar os ataques do gover-

no golpista aos trabalhadores será necessário mais do que uma política de oposição parlamentar e eleitoral. Será preciso que haja mobilização popular nas ruas. Com mobilizações de massa, como as do próximo dia 13, e como foram as mobilizações em maio e a greve geral em junho. Além disso, é preciso haver mais greves, rumo a uma greve geral com tempo indeterminado. Outro ponto importante é que as manifestações não se concentrem em pautas específicas de rejeição às medidas implementadas por Bolsonaro. Por exemplo, protestos que sejam só contra a “reforma” da Previdência, ao mesmo tempo em que são canalizados para servirem de mero instrumento de pressão parlamentar. Assim que os deputados aprovarem de vez a reforma, isso aparecerá para os trabalhadores como uma derrota das ruas. E as pautas dispersas tendem a ser uma coleção dessas derrotas se essa política continuar. É preciso uma reivindicação que ataque o governo como um todo, servindo de oposição a todas as políticas e à sua própria continuidade. Por isso e o momento de levantar o Fora Bolsonaro, para enfrentar o governo e para efetivamente levar o regime a ficar em xeque confrontado pelas grandes mobilizações e pelos trabalhadores organizados.


4 | POLÊMICA

ESQUERDA PEQUENO-BURGUESA

Freixo: “Lula livre não unifica”… com Janaína Paschoal N

essa semana, o deputado federal Marcelo Freixo (PSOL-RJ) participou da gravação de um programa junto com a deputada estadual Janaína Paschoal (PSL-SP), transmitido pelo canal do YouTube “Quebrando o Tabu”. No programa, chamado de “Fura Bolha”, Freixo e Paschoal discutiram uma série de perguntas enviadas pela produção. Durante a entrevista, Freixo e Paschoal trocaram elogios um ao outro e mostraram concordância em uma série de questões. Logo de início, ambos se posicionaram contra a polarização política existente no país hoje. Segundo Freixo, haveria hoje um alto grau de “fanatismo” na política, que seria algo ruim para a “democracia”. Paschoal concordou. A crítica à polarização política é um serviço que os deputados estão prestando para a burguesia. A polarização é o resultado do deslocamento das massas para a esquerda, que obriga à burguesia a se organizar para combater as tendências revolucionárias da população, impulsionando assim a extrema-direita. Ao combater a polarização política, Freixo e Paschoal estão defendendo que a situação política se encaminhe para uma estabilidade, de modo que a burguesia possa conti-

nuar atacando os trabalhadores sem enfrentar qualquer reação organizada. Que Janaína Paschoal defenda uma política menos “radical”, é algo até esperado. Mesmo sendo de um partido que serve de guarda-chuvas para a extrema-direita brasileira, Paschoal é uma defensora dos interesses da burguesia – e, para a burguesia, nesse momento de crise, a polarização política não deveria se intensificar. Já para uma pessoa que se diz de esquerda, como Freixo, combater a polarização política significa submeter os trabalhadores aos interesses da direita. Na tentativa de defender sua política centrista, Freixo declara que a política seria a arte do comum, do entendimento, do diálogo. Como exemplo, cita dois elementos da extrema-direita com quem admite manter “diálogo”: Alexandre Frota e Kim Kataguiri. A própria aparição de Freixo em uma entrevista com Janaína Paschoal revela o tipo de “diálogo” que o psolista defende: Paschoal foi uma das principais defensoras do impeachment da presidenta Dilma Rousseff, que foi um episódio decisivo para o golpe de Estado de 2016. Paschoal, inclusive, foi uma das autoras do pedido de impeachment. Ao argumentar sua posição contrária à polarização política, Janaína Pas-

choal falou que era um absurdo ter sua opinião desconsiderada por defender o aborto. Afinal, independentemente de o movimento de mulheres inteiro ser a favor ou não do aborto, a opinião não deveria ser motivo de nenhum ataque. Surpreendentemente, Freixo, que baseia parte considerável de sua atuação parlamentar na demagogia com o movimento de mulheres, não saiu em defesa do direito ao aborto: apenas falou que as queixas de Janaína Paschoal eram legítimas. Como se não bastasse qualificar a política reacionária de Paschoal como legítima, Freixo ainda falou o seguinte acerca da deputada: “é uma pessoa de personalidade forte, mas com capacidade de diálogo”. No meio da entrevista, Freixo e Paschoal travaram uma discussão sobre o armamento. Freixo, como de outras vezes, não teve pudor algum em dizer que o monopólio da força deveria ser unicamente dado ao Estado burguês – isto é, o Estado que é dominado pelos parasitas que deram o golpe de 2016 e prenderam o ex-presidente Lula. Além de defender os interesses da burguesia, que quer manter a população desarmada para que seja incapaz de reagir aos ataques que virão com o governo

Bolsonaro, Freixo assumiu o papel ridículo de tentar convencer Janaína Paschoal, com dados, de que ela deveria abandonar determinada posição em relação ao armamento. A tentativa de Freixo convencer a deputada é mais um imenso desserviço que o deputado psolista presta ao movimento contra o golpe. Ao considerar que a política seja baseada simplesmente em convencer os políticos burgueses a adotar posições progressistas, Freixo ignora tudo o que vem acontecendo nos últimos anos no Brasil: a presidenta eleita foi destituída por um golpe orquestrado pelos Estados Unidos, o maior líder popular do país foi preso sob chantagem das Forças Armadas e um presidente com características fascistas foi imposto por meio de uma manobra dada por todas as instituições do país. Para todos aqueles que se colocam ao lado dos trabalhadores, é preciso abandonar qualquer política de colaboração com os golpistas. O regime político se encontra em uma crise profunda, e é esse tipo de posição vacilante que está impedindo que o povo ponha abaixo o governo Bolsonaro. Fora Bolsonaro e todos os golpistas! Liberdade para Lula! Eleições gerais já!

TODOS OS DIAS ÀS 3H, NA CAUSA OPERÁRIA TV

Deputada do Psol defende “questão racial” acima da luta de classes E

m entrevista ao site da Pública, a deputada estadual em São Paulo pelo Psol, Erica Malunguinho, revela uma confusão profunda sobre a situação política do País. Essa confusão fica exposta nas ideias defendidas pela deputada sobre a luta dos negros no Brasil. Segundo ela, a esquerda deve “colocar como centro das discussões o debate racial, porque é isso que fundamenta as desigualdades nesse projeto de nação brasileira. Classe é uma consequência de raça em territórios como o Brasil. Esse debate precisa ser fundamento, e não recorte. Não pensar em raça como um fator determinante para as desigualdades nos fragiliza e constantemente nos distancia da maioria da população”. Vejamos o que significa tal ideia. Para Malunguinho, a classe social estaria subordinado ao problema da raça, ou seja, logo de início é preciso

dizer que, segundo essa concepção, não importa se existe por exemplo, um negro burguês ou a serviço da burguesia, ele fará, antes de qualquer coisa, parte de uma parcela explorada da população. Segundo essa ideia, o capitão do mato que agrediam os escravos e normalmente eram mestiços, são tão oprimidos quanto os escravos. Se tudo é um problema de cor, aí está a conclusão lógica. Mas este poderia ser apenas um exemplo distante. Trazendo para os dias atuais, um político burguês de extrema-direita seria tão oprimido quanto um operário negro e mais oprimido do que um operário branco. Com esse raciocínio, seremos obrigados – pelo menos em alguns casos – a defender a burguesia contra um operário. Tudo vai depender da raça de cada um. A ideia exposta por Erica Malunguinho tem a vantagem de tornar claro

um problema típico da ideologia identitária. Ao colocar como “determinante” a questão da raça, ela esconde que a opressão do negro está baseada na exploração econômica do negro, primeiro durante a escravidão e depois ao ser introduzido como parte da classe operária. Sem que se quebre esse fundamento econômica, não haverá libertação definitiva do negro. No fundo, a ideia que a raça se sobrepõe ao problema econômico, ou seja, ao problema de classe, é uma ideologia reacionária, mesmo que os que a defendem possam não ter consciência disso. Em outro trecho da entrevista fica evidente por que isso: “outra mestra nossa, a Suely Carneiro, diz ‘entre esquerda e direita, sou preta’. Não estou dizendo que jogo para qualquer lado. É mais do que óbvio que o que me faz estar nesse lugar à esquerda são construções do processo político que de algu-

ma forma se aproximam da luta negra e dos questionamentos da negritude”. A frase “nem esquerda nem direita, os negros” é exatamente a versão identitária da velha política direitista do “nem esquerda nem direita”. Dessa maneira, Malunguinho abre uma concessão para a direita que até poderia ser defensora dos negros, quem sabe? Já a esquerda, segundo ela, se “parece com a direita” em alguns pontos na questão da raça. A política, para a deputada do Psol, é uma abstração. Não existe classe social, nem esquerda e direita, só uma abstrata questão racial, que ela não sabe em que se fundamenta. Se a questão de classe está subordinada à racial, ou seja, se a questão racial não se fundamenta em um problema econômico, onde ela se fundamenta? São apenas abstrações sem nenhum fundamento na realidade.


POLÊMICA | 5

"BRIOSAS FORÇAS ARMADAS"

Haddad diz faltar pouco para “briosas” FFAA assimilarem a democracia

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m seu artigo semanal no jornal golpista, Folha de S. Paulo, do último sábado, intitulado “Militares”, o ex-prefeito e ex-candidato à presidência da República pelo PT, Fernando Haddad, elogia e indica o livro, recentemente relançado, ‘Forças Armadas e Política no Brasil’ (2005), de José Murilo de Carvalho, referindo-se ao mesmo para tratar da interferência das FFAA na política brasileira. Haddad classifica – genericamente – as instituições militares como “briosas Forças Armadas”. Nos dicionários, “brio” está relacionado, entre outros sinônimos, a orgulho, dignidade, honra, honradez, altivez, integridade, hombridade. O ex-prefeito, obviamente, não explica onde estariam tais atributos na ação dessas instituições e dos seus comandantes, quando impuseram ao País mais de 20 anos de ditadura, de massacres da população de assassinatos, torturas e desaparecimentos e que, neste momento, é um dos pilares do regime surgido de golpe de Estado que derrubou o governo da presidenta Dilma Rousseff e que avalizou e garantiu a fraude – inclusive – com ameaças de golpe militar, a prisão ilegal de Lula e a fraude das eleições que garantiram a ascensão do governo ilegítimo de Jair Bolsonaro. Sem dizer de onde viria tal brio, tal grandeza, Haddad afirma que “assim como Getúlio (quando os militares lhe retiraram o apoio) e Jango, Lula parece ter sido vítima de um sentimento antipopular refratário à promoção da incorporação das massas via participação no mercado e na política”. Lula e todo o povo brasileiro teriam sido golpeados por um “sentimento”, uma motivação de tipo sociológica, uma incompreensão, da “incorporação das massas”. O “briosos” militares (entenda-se os generais e outros altos oficiais) estariam sendo, eles mesmo, vitimas de um sentimento, não da defesa de interesse mesquinhos, concretos, capitalistas, próprios e do grande capital que defendem; mais notadamente do grande capital internacional.

Dessa “análise” totalmente sem base na realidade e na história ultra reacionária das Forças Armadas brasileiras, com comandos dominados por interesses imperialistas (quando por exemplo levou à guerra contra o Paraguai e à morte de mais de 400 mil brasileiros, em sua maioria negros, para atender aos interesses do imperialismo inglês), Haddad deduz que a “soberania popular é um conceito que não foi plenamente assimilado pelos militares”. Isso significaria que não tendo “assimilado plenamente”, eles teria assimilado, parcialmente, alguma coisa sobre a soberania popular. Nessa questão também, Haddad não aponta em que aspectos se poderia encontrar a “assimilação” prática da ideia de “soberania popular” ou mesmo de “soberania nacional” ou de qualquer soberania diante do grande

capital internacional, dos abutres que expropriaram e querem continuar expropriando a economia, o território e o povo brasileiro. Onde estaria a “soberania”, quando os mais destacados chefes militares, os “briosos” generais, Mourão e Heleno, o capitão Bolsonaro e demais chefes militares – sem nenhuma voz dissonante no alto comando – pisoteiam a Constituição e/ou dão cobertura aos que o fazem, ameaçam o povo, inclusive, com um novo golpe e elogiam a ditadura militar e seus crimes e ainda, punem e ameaçam os que defendem a verdade ou qualquer coisa que se aproxime dela, como as investigações levada adiantes pela Comissão da Verdade. Onde estaria o resquício de “assimilação” da soberania, quando os esses chefes militares estão em maioria no governo que está entregando o petróleo brasileiro, a Amazônia, todas as riquezas minerais,

apoiando e realizando o massacre de negros e pobres na periferias (exigindo inclusive cobertura “legal” para matar sem ter que se submeter à Lei e à justiça comum), dos sem terras, dos indígenas etc. para favorecer os interesses do grande capital norte-americano, dos banqueiros e de um punhado de grande capitalistas “nacionais”, tão “nacionais” como os “briosos” militares. Ainda segundo o ex-presidenciável (que já se aparenta candidato para as nada garantidas eleições de 2022), a “deturpação do conceito de soberania nacional “viria de que esta teria sido “reduzida à ideia de defesa do território”. Mas onde Haddad viu tais militares, golpistas e ditadores defenderem um único centímetro do território nacional e da economia do País que está sendo totalmente entregue ao controle de grandes grupos internacionais ou de “brasileiros” a ele consorciados. Se eles são os chefes do governo que está planejando entregar para exploração de empresas mineradoras norte-americanas até mesmo as reservas indígenas? Hadad conclui de forma jocosa, afirmando que “pelo jeito, restará ao povo deste novo protetorado americano vender bijuterias de nióbio em Angra dos Reis”. Isso porque, como em toda a sua trajetória política se mostra, uma vez mais, de esboçar uma reação real contra o golpismo e a submissão total dos militares aos interesses alheiros aos do povo brasileiro, para o que seria necessário afirmar que para por fim ao regime de entrega e submissão por eles imposto e sustentado seria preciso uma ampla luta, uma mobilização popular para por fim ao governo Bolsonaro e ao regime golpista, convocando novas eleições, libertando Lula e permitindo que ele seja candidato, como querem milhões de brasileiros (inclusive a imensa maioria que votou em Haddad tão somente porque ele era o candidato substituto, apoiado pelo ex-presidente).


6 | POLÍTICA

REGIME ABERTO

Palocci ganha mais um prêmio por incriminar Lula O ex-ministro da Fazenda dos governos petistas, Antonio Palocci, acaba de ser agraciado com uma decisão do juiz da décima segunda Vara de Curitiba, onde o magistrado, acatando pedido da defesa, concedeu a Palocci o benefício da progressão do regime semiaberto para o aberto, depois do ex-ministro haver cumprido 1/6 da pena, de 9 anos e 10 dias, a que foi condenado. A decisão permite a Palocci inclusive o direito a trabalhar fora, desde que observados os horários para o recolhimento domiciliar. Vale deixar registrado que quando da progressão do regime fechado para o semiaberto a Palocci, a decisão foi dada pelo Tribunal Regional Federal da 4ª Região, o mesmo que, fraudulentamente, confirmou a sentença condenatória do ex-presidente Lula, inclusive aumentando a pena para mais de 12 anos. O ex-ministro está em cumprimento de pena, condenado sob a acusação de corrupção e lavagem de dinheiro em um dos processos fraudulentos da famigerada e persecutória “Operação Lava Jato”, instrumento político-inquisitorial engendrado pelo imperialismo e a justiça brasileira para desencadear uma caça à esquerda nacional, particularmente os dirigentes do Partido dos Trabalhadores e em especial o ex-presidente Lula, perseguido, processado e condenado em pelo menos cinco processos, todos rigorosamente fraudulentos, forjados e sem provas. O resultado de toda essa farsa foi prisão e a cassação dos direitos políticos do petista, que ficou alijado do proces-

so eleitoral em 2018, impedido de concorrer ao cargo de presidente da república, onde liderava todas as pesquisas de opinião como candidato franco favorito. Palocci, depois de preso, assumiu não só a culpa pelas acusações (mentirosas) que a si foram imputadas, como passou a agir como verdadeiro “Judas Scariotis”, fechando acordo de delação premiada com os algozes do ex-presidente Lula, o então juiz Sérgio Moro e os Procuradores corruptos e venais da Lava Jato, como vem revelando as denúncias vazadas do sítio The Intercept Brasil. Ao decidir confirmar as acusações mentirosas e forjadas contra o ex-presidente da república, Palocci foi personagem de um dos episódios mais vergonhosos de corrupção moral, indigno para qualquer militante, ou ex-militante de esquerda, pois cola-

borou com a polícia e a justiça para incriminar um companheiro de partido. Neste contexto, a decisão da justiça de Curitiba em conceder o benefício ao ex-ministro, passando do regime semiaberto para o aberto, nada mais é do que uma recompensa pelos “bons serviços” prestados por Palocci aos verdugos do ex-presidente Lula, juízes e Procuradores das diversas instâncias judiciais, do TRF 4 (RS); do Superior Tribunal Justiça (STJ); do Supremo Tribunal Federal (STF). Todas essas instâncias atuaram para manter condenado e encarcerado, de forma arbitrária e inconstitucional, o ex-presidente, negando todos os recursos apresentados pela defesa de Lula. Palocci mentiu descaradamente em todas as audiências, dizendo em seus depoimentos aquilo que a Promotoria e os Procuradores da Lava Jato que-

riam ouvir, vale dizer, confirmando as acusações forjadas contra o ex-presidente. Os diálogos e as conversas trocadas em mensagens entre Procuradores, juízes e até ministros, que aos poucos vêm sendo reveladas pelo sítio The Intercept Brasil apenas corroboram o que já era sabido. A farsa é tão grotesca e escancarada que às vésperas das eleições de 2018, o então juiz golpista Sérgio Moro divulgou uma delação de Palocci, com o claro intuito de interferir e prejudicar o então candidato petista à presidência, Fernando Haddad. Os vazamentos que agora estão sendo divulgados mostram que Sérgio Moro, à época declarou que achava a delação de Palocci “fraca”, mas ainda assim fez públicos os depoimentos farsescos do ex-ministro pusilânime. Assim são as ações e os processos da Lava Jato, a operação mais corrupta e venal do país, travestida de luta contra a corrupção. O método para arrancar confissões muito se assemelha aos dos órgãos de repressão da ditadura (DOPS, DOI-CODI), que faziam uso, em escala industrial, da tortura física, dos espancamentos das ameaças de morte e outras atrocidades contra os chamados “inimigos do regime”. As salas de audiência da Lava Jato são hoje os porões da ditadura dos anos de chumbo da repressão, onde a tortura psicológica, as pressões, ameaças e chantagens são as armas usadas pelos juízes e Procuradores para arrancar confissões mentirosas e fraudulentas dos réus. Foi assim com Palocci, com Léo Pinheiro e tantos outros, todos dispostos a delatar o ex-presidente, tendo como recompensa a redução de suas penas.

VIDEO-GAME

Qual a causa dos massacres e da violência? A

pós dois atentados no final de semana que mataram 31 pessoas no Texas e em Ohio, o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, afirmou que a culpa é da “glorificação da violência”, propagada principalmente por jogos de video game. “Isso inclui os jogos eletrônicos macabros e horripilantes que agora são comuns. É muito fácil hoje jovens problemáticos imergirem em uma cultura que celebra a violência. Temos que parar ou reduzir substancialmente”, declarou. Por sua vez, a imprensa burguesa utiliza esses ataques para ecoar a propaganda contra o direito democrático da população a se armar para se defender da opressão do Estado. Parte dela ataca os argumentos de Trump, dizendo que não há uma relação direta entre jogos eletrônicos ou problemas psíquicos com a violência. Na verdade, de acordo com a própria imprensa burguesa norte-americana, os dois ataques foram motivados por questões racistas – o que, no fundo, significa que foram motivados por razões políticas. Eram supremacistas de extrema-direita. Fascistas. Os boatos ou mesmo informações

difundidos servem apenas para encobrir a verdadeira causa desses ataques violentos e, em última instância, de toda a violência na sociedade: o regime capitalista em completa degeneração. A violência é causada por problemas sociais. Os próprios problemas psicológicos, em grande parte, têm uma relação direta com as mazelas sofridas pelos indivíduos. A maior parte das pesquisas, inclusive burguesas, indica que os crimes, em geral, são cometidos por gente pobre, da classe trabalhadora ou marginalizados. São resultado da falta de condições e perspectivas de futuro para pessoas sem nenhum respaldo do Estado, exploradas em seu local de trabalho (isso, se não foram demitidas), com dificuldades ou impossibilitadas de adquirirem os meios básicos de sobrevivência, reprimidas pelas instituições estatais (como a polícia ou a Justiça). Com o capitalismo em sua fase de total putrefação – isto é, o imperialismo, sistema dos monopólios que suprimem a livre-concorrência na economia e a democracia na política -, a

crise é generalizada. Tanto na economia, como na política, quanto no âmbito social. A crise de 2008, que não foi superada, levou milhões de trabalhadores à pobreza, à miséria e à marginalização. O Estado cortou seus direitos econômicos e sociais para salvar os lucros dos capitalistas. O aumento dos massacres, da violência, dos atentados, é consequência direta disso. O mesmo ocorreu quando da crise de 1929, por exemplo, quando camadas inteiras da população tentaram fugir do desastre se suicidando ou aderindo a supostas soluções para seus conflitos, como o fascismo. Por isso, mesmo os que não estejam, no momento, absolutamente oprimidos pelo regime capitalista, acabam sofrendo com as consequências e partem para soluções violentas. É o caso da pequena-burguesia que, vendo seus direitos sumirem cada vez mais, começa a ser jogada nas fileiras da classe operária – que, por sua vez, tornam-se, com a crise, fileiras de desempregados e marginalizados. Para tentar evitar esse destino, parcelas da classe média começam a atuar, manipuladas pela burguesia, contra a pró-

pria classe operária e camadas marginalizadas, absurdamente oprimidas, como os homossexuais, negros e imigrantes. Acabar com jogos eletrônicos, impedir o armamento da população, internar cidadãos em clínicas psiquiátricas, jogar os pobres em verdadeiros campos de extermínio como são os presídios, não passam de soluções enganosas e artificiais utilizadas pelo Estado burguês para mascarar o caos social causado pelo sistema capitalista em decadência e reprimir ainda mais a população. O aumento da violência, dos problemas profundos na sociedade, o agravamento da política de exploração neoliberal, o surgimento de novas guerras, nada mais é do que a consequência natural do capitalismo. Para combater esse cenário, é preciso que a classe operária entre em um movimento revolucionário – o que também é consequência natural do mesmo regime – e leve junto com ela nesse processo os demais setores sociais vitimados pela devastação econômica, política e social que representa o sistema capitalista dos dias atuais.


MORADIA E TERRA | 7

IMPERIALISMO

Bolsonaro ameaça quase um milhão de famílias sem terra de despejo

Q

ue Bolsonaro e os latifundiários que o apoiam odeiam os trabalhadores do campo, principalmente os que lutam pela posse da terra, é sabido faz muito tempo. Que Bolsonaro atacaria os sem-terra e os pequenos agricultores também estava claro e foi devidamente anunciado por ele. A questão era somente saber quando e como os ataques aconteceriam e em que proporção. A imprensa burguesa deu conta de que o governo fascista prepara um mutirão para acelerar o fechamento de acordos de conciliação com fazendeiros que questionam na Justiça a desapropriação de “suas” terras para a reforma agrária. O que está em pauta é, na realidade, a reversão do pouco que os governos pós-Constituição de 1988 fizeram em direção à reforma agrária. Latifundiários reclamam que suas terras não eram improdutivas ou que receberam muito pouco por elas. Promessas de campanha, sem dúvida. Devolver terras desapropriadas ou encher o bolso dos latifundiários, ou as duas coisas. Não devemos nos espantar se o governo de extrema-direita avançar sobre assentamentos já estabelecidos, produtivos, conquistados a duras penas pelos trabalhadores rurais sem terra. A Constituição de 1988, em relação à questão agrária, em particular no que diz respeito à reforma agrária, foi, no mínimo tímida, até mesmo significou retrocessos em relação ao problema agrário. A Assembleia Nacional Constituinte (ANC) de 1987/88 tratou de forma vaga, e pouco precisa, questões fundamentais como as da função social da terra, da propriedade produtiva, e das razões e critérios para desapropriação. No entanto, mesmo nesse contexto, que ainda é o em que se moveram os governos que se sucederam após a promulgação da Constituição, a Reforma Agrária é considerada como medida de caráter redistributivo e, em grande medida, portanto, de objetivos nitidamente sociais.

A Reforma Agrária naquele momento da ANC tinha no horizonte o fato de que 48% das famílias rurais enquadravam-se no conceito de pobreza absoluta, ou seja, aproximadamente três milhões e meio de famílias (ou 18 milhões de pessoas). Todos os governos, vamos repetir, pós-Constituição de 1988 trataram de assentar famílias, pois concordavam ser uma forma mais barata e eficaz de eliminar parte do problema da pobreza extrema no campo. No entanto, já no governo Dilma, o número de assentados diminuiu, embora políticas de financiamento tenham sido implementadas e outras aprimoradas, dando continuidade a um processo de reorganização, reestruturação e/ou organização dos assentamentos já existentes. Em 2015, não foi editado nenhum decreto de desapropriação. Em 2017, apenas 1 (um) único decreto foi baixado pelo governo Temer, refletindo o fato de que, em 2018, não houve [1] assentamento das famílias cadastradas. O que pretende Bolsonaro é muito pior do que protelar ou desacelerar as desapropriações e os assentamentos, muito menos aprimorar as políticas publicas para os assentados. O que ele quer é reverter o que foi feito até o momento. Ele quer destruir o pouco que foi permitido fazer – ou que a coragem dos governos anteriores tornou possível.

Talvez o momento seja propício para aprender como se deve lidar com os latifundiários. Segundo Carlos Frederico Marés, da PUC-PR e sócio fundador do Instituto Socioambiental (ISA), em 2003, 2004, quando o Lula não consegue alterar a estrutura jurídica para promover a reforma agrária, os setores do agronegócio e do ruralismo, junto com o Judiciário, começam a tomar cada vez mais posições francamente contrárias à reforma agrária. (…) Os setores do agronegócio começam a pressionar para a modificação das leis de dentro do governo, não de fora, nos dois governos [de Lula e de Dilma]. O II Plano Nacional de Reforma Agrária, que foi elaborado no início do primeiro mandato do governo do ex-presidente Lula, incluía a meta de assentar 500 mil famílias em 4 (quatro) anos, mas foi abandonado logo depois. No segundo mandato da presidenta Dilma, é bom lembrar, a senadora Kátia Abreu (então PMDB-TO) foi indicada para o Ministério da Agricultura – ela foi anteriormente presidente da Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA), ou seja, a mais legítima representante do ruralismo, do latifúndio, sendo uma das lideranças mais conservadoras do setor. Se isso já era ruim, uma sinalização negativa para os trabalhadores rurais, com o Golpe de 2016, mesmo sem ataques mais diretos, prepara-se o terreno para uma virada definitiva de página do que a Constituição Federal

de 1988 deixou escrito e que os governos até então ainda respeitavam, apesar das pressões e de não se tratar efetivamente de uma reforma agrária verdadeira, de peso. Após o Golpe, a paralisia nos assentamentos abriu a temporada de aumento (mais um) da violência no campo e do lobby ostensivo e bem articulado do latifúndio para colocar no poder um representante seu, não mais no Ministério da Agricultura apenas, mas no Palácio do Planalto. Jair Bolsonaro agora sinaliza que irá cumprir com acordos feitos com o agronegócio, deixando claro que isso pode significar a expulsão de trabalhadores rurais de suas terras (que pode chegar a quase um milhão de pessoas), mesmo se fruto de assentamentos em terras desapropriadas e devidamente levadas a cabo pelo INCRA. O próximo passo é retirar à força os trabalhadores ou apenas liberar os latifundiários e suas milicias, ávidos por sangue, para atirar e matar. NOTA: [1] Notícias da época indicam que, em 2017, não teria havido nenhum assentamento, mas os dados do INCRA mostram que em 2018 é que não teria havido assentamento, enquanto 2017 foi um ano ruim para a desapropriação. A Justificativa do INCRA para não haver assentamentos em 2017, ou parte dele, aponta para duas questões, uma de cunho judicial e outra burocrático: 1 – O Acórdão 775/2016 do TCU determinou a suspensão dos processos de cadastro e seleção de candidatos ao Programa Nacional de Reforma Agrária (PNRA), no período de abril de 2016 a setembro de 2017; 2 – E, por outro lado, a Lei 13.465/2017, teria alterado parâmetros de cadastro e seleção de famílias ao Programa Nacional de Reforma Agrária. O Incra, então, teria que aguardar publicação de decreto presidencial regulamentando dispositivos da lei, sem o que não poderia retomar o ingresso de novas famílias no PNRA.


8 | MORADIA E TERRA

CAUSA DA VIOLÊNCIA

1/3 das terras indígenas na mira das mineradoras A política do governo golpista e ilegítimo de Jair Bolsonaro de liberar a mineração em terras indígenas, pode afetar um terço das reservas que existem no país. De acordo com a Constituição de 1988, as terras são da União e a posse pertence permanentemente às comunidades indígenas. Os maiores beneficiários desta política serão as grandes mineradoras internacionais, além da destruição das comunidades indígenas, realizarão um verdadeiro saque dos minérios presentes nessas terras. Estudiosos e lideranças indígenas alertam para o risco de que a medida dê início a um massacre aberto das comunidades indígenas, além da destruição do meio natural. Essa tendência já esta sendo verificada na prática.

Desde o golpe de estado, o número de assassinato de indígenas no Brasil tem disparado. Um relatório publicado pelo Conselho Indigenista Missionário, o CIMI, em 2017, apontou que entre 2016 e 2017 houve um aumento no número em 14 dos 19 tipos de violência sistematizados no Relatório Violência contra os Povos Indígenas no Brasil. O último caso, por exemplo, foi a invasão da comunidade Waiãpi no Amapá, o que levou ao assassinato da liderança indígena Emyria Waiãpi. No caso dos povos indígenas é mais do que urgente a organização dos comitês de auto-defesa para se defender da ofensiva da direita. É preciso também unificar a luta dos índios com a luta dos demais setores explorados, ou seja, pela derrota do golpe de estado. Fora Bolsonaro.

POLÍTICA DO PRESIDENTE GOLPISTA

Inpe registra aumento de 278% no alerta de desmatamento A

política do presidente golpista Jair Bolsonaro sobre os dados alarmantes sobre o Brasil vem sendo a de simplesmente esconder esses dados, numa tentativa completamente ditatorial de fingir que os problemas não existem. O Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE), por exemplo, teve seu diretor, Ricardo Galvão, demitido pelo governo reacionário de Bolsonaro, isso porque Galvão contradisse o que Bolsonaro afirmou sobre não existir desmatamento no Brasil e expôs ao mundo os dados alarmantes sobre o desmatamento da Amazônia, o que não agradou os golpistas da extrema-direita, que tentam, a todo custo, esconder essas informações. Os dados completos do Inpe, até julho desse ano, mostram um aumento exponencial no nível de desmatamento da Amazônia, que chegou a cerca de 278% somente na primeira quinzena de julho no alerta do Instituto, o que corresponde a uma área de 2.254,9 km². Esses números são ruins para o

governo e sua divulgação é pior ainda, já que mostra que as políticas do golpistas são completamente ineficazes e

prejudiciais ao País. Bolsonaro, indo em completo desencontro com qualquer tipo de de-

TODOS OS DIAS NA CAUSA OPERÁRIA TV ÀS 9H30

mocracia burguesa, se esquece que esses dados são públicos e que ele não pode simplesmente sair escondendo para mascarar os problemas. Esse ato de demitir o diretor do Inpe mostra que o presidente golpista quer levar o Brasil auma completa ditadura, que vai deixar a população num completo caos social, como já vem acontecendo. Aliás, é assim que os golpistas vêm agindo também sobre as taxas de desemprego, atacando o IBGE e alterando os números. Bolsonaro chegou a dizer que esses dados não poderiam simplesmente ser publicados, pois teriam que passar por autoridades, para que o governo não fosse pego de surpresa, contudo, isso apenas significa a vontade dos golpistas em mascarar esses números para a população. É preciso lutar contra essa política típica de ditaduras, que quer esconder os problemas da população e aparentar que está tudo bem, quando o País na verdade está indo para o fundo do poço.


INTERNACIONAL | 9

IMPERIALISMO

Guerra entre EUA e China: um ponto central da crise capitalista D epois do anúncio na sexta-feira (02) pelo governo dos Estados Unidos de que seriam impostas tarifas de 10% sobre 300 bilhões de dólares em produtos chineses e que essa taxação poderá chegar a 25%, acentuou-se a crise entre as duas principais economias do mundo. Em seguida à declaração do governo dos EUA, o Yuan, a moeda chinesa, sofreu uma forte queda atingindo o seu menor patamar frente ao dólar desde a crise de 2008. Por sua vez, a desvalorização do Yuan levou o secretário do Departamento do Tesouro dos EUA, Steven Mnuchin, a acusar a China de ser “manipulador cambial” e que essa atitude elevava a crise comercial para além da disputa de tarifas. O governo chinês não tardou em contra-atacar. Anunciou que suas empresas pararam de comprar produtos chineses e o Banco do Povo da China, em comunicado em seu site, “declarou: “[A China] não usa e não usará a taxa cambial como uma ferramenta para lidar com as disputas comerciais” e que a “A China avisou os Estados Unidos para segurarem as rédeas antes do precipício, e para estarem cientes de seus erros, voltando atrás em sua trajetória errada”. As medidas norte-americanas contra a China, aliada a diminuição da ta-

xa de juros no EUA são claro sintoma de que a crise mundial de 2008 não foi superado no principal centro do capitalismo mundial e que o relativo crescimento dos EUA no último período foi devido a questões conjunturais, daí a necessidade de conter o crescimento fora do país para estimular sua própria economia numa tentativa de evitar a recessão interna. A política dos EUA para enfrentar sua própria crise irá aprofundar o protecionismo e a situação de instabilidade financeira global diante de uma situação econômica de muito maior fragilidade, se comparado ao período anterior à crise de 2008. Nesse quadro, uma nova crise das dimensões da anterior se dará em condições muito mais débeis de contenção por parte dos países imperialistas. O corte das importações pelos EUA acentuará a desaceleração da economia chinesa, uma das engrenagens fundamentais da economia mundial, o que pode significar um rastilho de pólvora que pode incendiar os países atrasados, que já vivem em uma situação de baixo ou mesmo nenhum crescimento, como é o caso do Brasil que está numa situação de virtual depressão econômica. Por outro lado, de um ponto de vista da situação da economia mundial,

a tentativa de conter a crise econômica de 2008 acentuou, como admitem os próprios analistas do mercado financeiro, a especulação financeira mundial, justamente porque os países imperialistas e o sistema financeiro mundial injetaram mais recursos nas economias sem uma contrapartida no crescimento da economia real fazendo com que crescesse mais ainda a bolha financeira mundial. É nesse quadro que soa como uma verdadeira advertência do banco cen-

tral chinês ao governo norte-americano sobre “segurar as rédeas antes do precipício”. Não porque a disputa comercial seja o que está determinando a crise. É justamente o contrário. A crise mundial capitalista que está levando ao acirramento da disputa entre os Estados Unidos e a China. Ocorre que, numa situação de grande instabilidade financeira, a guerra comercial pode precipitar um novo furacão na economia mundial em proporções muito superiores à crise de 2008.

FRAUDE NA ARGENTINA

OFENSIVA IMPERIALISTA

Kirchner é julgada no meio da campanha eleitoral A

Presidente do Irã denuncia que guerra contra o país será catastrófica

s eleições se aproximam na Argentina. Em outubro acontece a votação para escolher o próximo presidente. Mauricio Macri, o atual presidente neoliberal que está destruindo a economia, entregando o patrimônio nacional e acabando com as condições de vida dos trabalhadores, tenta a reeleição. De outro lado, Cristina Kirchner lançou um candidato para tentar derrotá-lo, Alberto Fernández. Ela participará na chapa como candidata a vice. O processo eleitoral, porém, não transcorrerá normalmente, prepara-se uma fraude que Kirchner terá que superar para conseguir voltar ao poder. De volta do recesso essa semana, a justiça argentina começa a preparar uma série de decisões relativas a casos de suposta corrupção do governo de Cristina Kirchner, envolvendo a própria ex-presidente, empresários próximos do governo e aliados políticos. Decisões guardadas cuidadosamente para interferir diretamente nas eleições, prejudicando a campanha eleitoral da candidatura de Kirchner. Com acusações sob medida para favorecer Macri, ajudado por todo o regime político, organizado para garantir sua vitória e a continuidade do golpe que foi dado nas eleições anteriores.

Trata-se de uma fraude eleitoral, na prática. A campanha de um dos lados estará completamente prejudicada. Mas isso ainda não é tudo. Os kirchneristas têm denunciado que as eleições tornaram-se suspeitas com a contratação da empresa Smartmatic para realizá-las. A Frente de Todos, de Cristina Kirchner, afirma que a empresa não pode garantir a transparência do processo, e fará uma contabilidade paralela nas eleições primárias do próximo domingo (11). Toda essa situação indica que as eleições podem acabar mal para os trabalhadora, com mais um mandato de Macri, apesar de sua ampla rejeição popular. Graças ao fato de que a própria direita que organizará as eleições, tendo o apoio do imperialismo e de toda a imprensa capitalista para levar adiante seu programa. Enquanto isso, a esquerda tem capitulado diante dos ataques da direita, como mostrou Kirchner ao abrir mão de ser ela mesma a candidata, colocando um homem de confiança dos banqueiros em seu lugar. A situação argentina deve ser acompanhada de perto. As eleições de 2022 no Brasil, se por acaso acabarem acontecendo, tendem a ser desse mesmo jeito: uma farsa controlada pela direita para manter a direita no poder, destruindo e entregando o país.

A

ofensiva imperialista sobre o Irã tem aumentado cada vez mais, com tensões entre Teerã e Washington se acirrando, o governo reacionário dos EUA tem imposto sanções econômicas cada vez maiores contra os iranianos. Nessa guerra, a população iraniana é a que mais sofre, já que afeta drasticamente a economia do país, fazendo com que haja dificuldades até na compra de insumos básicos como remédios. O medo que os EUA tem, principalmente, é de do Irã desenvolver armamento suficiente para poder se defender dos ataques do imperialismo, que vem tentando abertamente tomar conta do Oriente Médio. Contudo, o presidente do Irã, Hassan Rouhani, já avisou que uma guerra contra seu país será uma decisão catastrófica por parte dos EUA, pois terá graves consequências, como ele mesmo afirma “A paz com o Irã é a mãe de toda a paz, a guerra contra o Irã é a mãe de todas as guerras.” Mesmo com todas essas adversidades e armadilhas do imperialismo contra o Irã, o país está lutando por sua soberania, não há o mínimo sinal de que o Irã abaixará a cabeça para os EUA, afinal, o país tem um importante poderio militar com o qual os EUA, provavelmente, não querem

pagar pra ver. O presidente do Irã também afirmou que responderá qualquer ofensiva dos EUA no mesmo nível, passando do estágio de esperar pacientemente para uma ação mais direta. Há tempos os EUA têm enviado porta-aviões e agentes para o Golfo Pérsico, a fim de mandar um recado direto para o Irã, mesmo assim, o Exército dos Guardiões da Revolução Islâmica chegou a abater um drone espião dos EUA, mostrando que o imperialismo está de olho em todos os passos, apenas esperando a hora certa de atacar o Irã. O país está sendo abertamente agredido, já teve até alguns navios bloqueados no mundo todo, inclusive no Brasil. Como o Irã já disse, o país está pronto para se defender e que no primeiro ataque dos EUA, as consequências serão catastróficas.


10 | INTERNACIONAL

AMEAÇA

EUA fazem exercícios militares como nova provocação à Coreia do Norte

N

essa segunda-feira (5), os Estados Unidos em conjunto com a Coreia do Sul realizaram uma bateria de exercícios militares na Península Coreana. Esses exercícios são considerados pela Coreia do Norte como ameaças, e infringem os acordos feitos entre Washington e Pyongyang sobre a desnuclearização das duas Coreias. Mais exercícios estão previstos para acontecer do 11 a 14 de agosto e do 16 a 20 de agosto. Segundo o Porta Voz da Ministério da Defesa da Coreia do Sul, os sul coreanos estão se “preparando para um exercício conjunto no segundo semestre do ano para testar a capacidade de transição para o comando em condições de guerra”. A resposta da de Kim Jong Un foi retomar os testes nucleares no Mar do Japão, uma medida que mostra que o país não está disposto a continuar com um acordo que é abertamente desrespeitado por uma das partes.

Na ONU, Ju Yong Chol, representante da Coreia do Norte disse que o país está fazendo o possível para resolver os conflitos através do diálogo, mas que essas ações vindas dos norte-americanos e dos sul coreanos estão incitando uma tensão militar. “Os Estados Unidos estão incitando tensão militar hostil à Coreia do Norte ao implantar uma grande quantidade de equipamentos militares modernos na Coreia do Sul, desrespeitando seu compromisso de suspender exercícios militares conjuntos, feito na [reunião de] cúpula.” Os americanos negam cinicamente qualquer tentativa de provocação. Está para se iniciar uma nova campanha de difamação e ataque à Coreia do Norte. Os encontros entre Kim e Trump na tentativa de diminuir às tensões entre os dois países, como explicado por esse jornal, não passou de mais um acordo para frear o desenvolvimento de um país subdesenvolvi-

do que logo logo seria desrespeitado pelos americanos, como de fato foi. Trata-se de um caso similar com o do Irã, cujo acordo feito com os americanos, para que os iranianos diminuíssem seu programa nuclear em troca de uma diminuição das tensões comerciais e militares impostas pelos norte ameri-

canos, também não foi respeitado. A campanha contra a República Popular da Coreia do Norte já começa apontando-os como vilões ao retomarem seus exercícios com os mísseis nucleares, mesmo que não passem de um mecanismo de defesa contra a agressão imperialista.

A crise política, no entanto, está longe de acabar. Na verdade, parece que dá os seus primeiros passos. Mensagens de WhatsApp, vazadas e reveladas nesta terça-feira (06/08) pelo jornal paraguaio ABC Color, revelam que o presidente tinha pleno conhecimento dos termos do acordo firmado com Brasil sobre Itaipu e insistiu para que as negociações fossem concluídas o mais rápido possível. Nas conversas, trocadas com Pedro Ferreira, então presidente da Ande (Administração Nacional de Eletricidade), o presidente Abdo Benítez, mesmo com os alertas de Ferreira sobre o caráter prejudicial do acordo, diz que “é preciso fazer isto passar”. Para tanto, seria necessário “guardar silêncio, não polemizar”, explicou ele. Essas novas informações colocam ainda mais lenha na fogueira da crise paraguaia e, certamente, darão impulso ao novo pedido de impeachment contra o presidente. A grave crise do regime político paraguaio, à frente do qual está um governo de extrema-direita, similar ao governo Bolsonaro, é uma espécie de prenúncio para os todos os países que hoje se encontram em situação parecida. Ela expõe com clareza as contra-

dições agudas que a aplicação da política neoliberal, pró-imperialista, entreguista e antipopular geram nos países atrasados. A ofensiva golpista do imperialismo, em especial do norte-americano, que promoveu governos com tendências fascistas no continente latino-americano, encontra inúmeras dificuldades para pôr seu programa em prática, uma vez que sua política se choca frontalmente com interesses das classes oprimidas, inclusive com os interesses de alguns setores da burguesia local. A crise no Paraguai, assim como a crise no Brasil, é mais uma expressão desse fato.

ESQUERDA PARAGUAIA DENUNCIA

Presidente é ilegítimo e tem que cair

A

Frente Guasú, principal agrupamento político de esquerda do Paraguai, publicou ontem (05/08) nota denunciando o “pacto de impunidade” costurado pela direita golpista para salvar (por enquanto) o mandato do presidente Mario Abdo Benítez, cujo governo leva adiante uma política de “traição à pátria” e de “entrega de nosso soberania energética”, e “continua em pé […] sem nenhum legitimidade, autoridade e confiança para defender os interesses de nosso país”. No mesmo dia, os partidos de oposição parlamentar confirmaram que um segundo pedido de impeachment será apresentado e incluirá não só o presidente, mas também o vice-presidente, Hugo Velázquez, e o ministro da Fazenda, Benigno López. A crise política do governo de extrema-direita de Abdo Benítez estourou após a revelação do acordo (quase) secreto concluído com o governo brasileiro de Jair Bolsonaro para renegociar os termos da compra de energia elétrica de Itaipu. Assinado em maio e tornado público somente há duas semanas, o acordo previa elevar os cus-

tos para o Paraguai em mais de 200 milhões de dólares. Com as revelações, o governo de Abdo Benítez mergulhou numa crise de grandes proporções. Acusado de “traição à pátria” pela oposição e de “entreguista” até mesmo por setores da burguesia local, o governo foi colocado em xeque, e os primeiros desdobramentos da crise foram a renúncia do Ministro das Relações Exteriores e do embaixador paraguaio no Brasil, além da demissão de vários funcionários do alto escalão do setor de energia do país. A possibilidade da destituição do presidente, via impeachment, tornou-se algo real e só não prosperou porque o governo assinou um decreto cancelando o acordo com o Brasil. O cancelamento foi, em grande medida, uma saída construída pelos governos Bolsonaro e Trump, para quem a permanência do atual mandatário paraguaio é de interesse vital. O recuo fez com que a fração do Partido Colorado, liderada pelo ex-presidente Horácio Cartes, retirasse o apoio ao pedido de impeachment.


INTERNACIONAL | 11

7 DE AGOSTO DE 1900

Morre o revolucionário Wilhelm Liebknecht H

á 119 anos, morria Wilhelm Liebknecht, líder político revolucionário, contemporâneo de Marx e de Engels, importante ativista e articulador de algumas das mais importantes organizações de trabalhadores na Alemanha na segunda metade do século 19, incluindo a gigantesca e poderosa Social-Democracia Alemã. Wilhelm Martin Philipp Christian Ludwig Liebknecht nasceu em 1826 em Giessen, Hesse. Filho de um funcionário público, estudaria filologia, teologia e psicologia em sua cidade natal, Berlim e Marburg. Perseguido pela repressão por sua militância no movimento estudantil, decidiu emigrar para os Estados Unidos. No caminho, conheceu o diretor de uma escola progressista de Zurique onde aceitou lecionar voluntariamente, o que o colocaria na Suíça quando do início de uma guerra civil no país em 1947, passando trabalhar como correspondente do jornal alemão Manheimer Abenbdzeitung. Quando eclodiu a revolução de 1848 em Paris, tentaria em vão chegar ao centro dos acontecimentos, redirecionando sua jornada para a Alemanha, onde planejava juntar-se à insurreição que também estalava naquele país. Foi preso no caminho, acusado de traição, sendo libertado pelo próprio movimento popular no dia de seu julgamento. Uniria-se às forças de Gustav von Struve que seriam derrotadas. Preso, se casaria com a filha de um carcereiro em Freiburg, Ernestine Landolt, com quem teria duas filhas. Exilou-se de volta na Suíça, tornando-se um dos líderes da Genfer Arbeiterverein [Associação dos Trabalhadores de Genebra], conhecendo Friedrich Engels.

Seria também várias vezes preso por sua atividade revolucionária, acabando exilado para Londres, onde residiria entre 1850 e 1862. Como membro da Liga Comunista, Wilhelm travaria contato com Karl Marx, de quem seria amigo e colaborador pelo resto da vida. Anistiado, retornaria à Alemanha em 1862, tornando-se membro da Allgemeiner Deutscher Arbeiterverein (ADAV) [Associação Geral dos Trabalhadores Alemães], liderada por Ferdinand Lassalle. Trabalhando na

Os fundadores do SPD. Acima: August Bebel, Wilhelm Liebknecht (SDAP). Ao centro: Karl Marx como idealizador. Abaixo Carl Wilhelm Tölcke, Ferdinand Lassalle (ADAV).

revista Der Sozial-Demokrat [O Social-Democrata] entre 1864 e 1865, sendo tanto demitido por sua discordância com as posições governistas do editor Jean Baptista von Schweitzer quanto exilado de Berlim pelo Regime de Otto von Bismark. Com a morte de sua esposa, se casaria com Natalie Reh, com quem teria mais cinco filhos, incluindo o célebre Karl Liebknecht, um dos fundadores do Kommunistischen Partei Deutschlands (KPD) [Partido Comunista da Alemanha] em 1919.

Mudou-se para Leipzig, fundando com August Bebel o Sächsiche Volkspartei [Partido Popular Saxão] em 1867 e, em 1869, o Sozialdemokratische Arbeiterpartei Deutschlands (SDAP) [Partido Operário Social-Democrata da Alemanha], sendo eleito parlamentar enquanto editava o periódico Der Volksstaat [O Estado do Povo]. Por sua oposição frontal à Guerra Franco-Prussiana, seria acusado de traição e condenado a dois anos de cárcere juntamente com Bebel – uma das 16 vezes em que foi detido pela Repressão. Reeleito para o Reichstag em 1874, seu papel foi crucial na inclusão do ADAV de Lassalle no SDAP em Gotha, em 1975. Editando a revista Vorwärts [Avante] – órgão de imprensa oficial do Partido – sua linha editorial promoveu a integração das teorias de Marx ao programa do Partido, que cairia em relativa clandestinidade entre 1878 e 1890, sendo permitida a eleição de parlamentares. Mais uma vez no Reichstag, Liebknecht fez uma feroz crítica ao Regime ao mesmo tempo em que dava combate às tendências anarquistas de seu próprio partido. Em 1890, o partido sairia da ilegalidade com 20% dos votos como o Sozialitische Arbeiterpartei Deutschlands (SPD) [Partido Social-Democrata da Alemanha] em 1890 – baluarte das organizações de esquerda europeias, de onde emergiria o próprio Partido Comunista Alemão décadas mais tarde. Por uma década, Liebknecht se manteria ativo no comando da Vorwarts, participando da organização da Segunda Internacional Socialista em 1889. Quando de sua morte aos 74 anos, estima-se que 50 mil pessoas tenham acompanhado seus funerais em Charlottenburg, nas imediações de Berlim.


12 | MOVIMENTO OPERÁRIO

PR

Dia 10 junte-se aos Educadores em Luta na assembleia da APP

N

o próximo sábado (10) das 8:30 às 12:30 ocorrerá a assembleia estadual da APP – Sindicato dos Trabalhadores em Educação Pública do Paraná. Os trabalhadores discutirão os próximos passos da luta contra o governo Ratinho Jr., bem como a participação na greve nacional da Educação no próximo dia 13, convocada pela CNTE (Confederação dos Trabalhadores em Educação). Retrospectiva da mobilização 15/06. Em assembleia estadual, trabalhadores aprovam greve contra Ratinho Jr. com início em 25/06. 25/06. Greve inicia conforme orientação do FES (Fórum das Entidades Sindicais) e adesão de várias categorias do funcionalismo estadual (Educação, Universidades, Saúde, Agricultura, agentes penitenciários etc.) 1/07. Primeiro ato estadual dos servidores. Segundo a direção da APP,

58 ônibus saíram de todas as regionais do estado para a capital. O ato foi grande e resultou na instalação de um acampamento na praça em frente ao palácio do governo. 02/07. Greve ganha força após proposta miserável do governo PR: Gov. quer miséria em 4 anos, ampliar a greve pelo Fora Ratinho! PR: Contra Ratinho Jr. servidores gritam “Isso é fraude eleitoral” O movimento ganhou força com adesão de mais categorias. Segundo levantamento da APP-Sindicato, só os trabalhadores em Educação tinham 70% da categoria participando do movimento naquele momento. 9/07. No segundo ato estadual, novamente servidores de todas as regiões do estado ocuparam Curitiba contra o governo, no último dia antes do recesso parlamentar. Após serem chamados de vagabundos pelo deputado bolsonarista Missionário Arruda (PSL), os servidores ocuparam a ALEP (Assembleia Legislativa do Paraná) e suspenderam a última sessão antes

ECT

do recesso botando os deputados direitistas para correr. Fora Feder ou Fora Ratinho Desde a assembleia que aprovou a greve, ficou expressa a divisão de duas políticas: Fora Ratinho, que entrava em se choque direto contra o governo de conjunto; e Fora Feder, que defendia apenas a demissão do secretário da Educação. Enquanto a última baseia-se no ataque ao secretário coxinha enquanto pessoa – “ele é multimilionário, acionista do grupo Multilaser, privatista etc” – e no argumento de que os ataques à Educação são feitos pela secretaria da Educação sem que tenham relação com o governo. A primeira pretende barrar os ataques contra os trabalhadores em Educação através da derrota do governo de conjunto. A indignação da nossa base é contra a política bolsonarista do governo do Paraná. Ratinho tem dado continuidade à política do governo tucano de Beto Richa (PSDB), do qual foi secretário. Mantém congelados os salários do funcionalis-

mo, os investimentos no setor público, aprofunda os ataques aos direitos dos trabalhadores. Quer congelar por 20 anos as carreiras dos servidores e incluir o Paraná na reforma da previdência de Bolsonaro. Logo, os ataques contra os trabalhadores não são erros pontuais de um secretário, mas sim o programa político do governo. Para derrotar esse programa de extrema direita, portanto, precisamos mobilizar os trabalhadores em Educação contra o governo. A política de demissão do secretário, ao querer resolver o problema por dentro das instituições, mascara o caráter de classe do Estado e leva os trabalhadores a legitimarem o governo fraudulento de Ratinho, defendendo sua manutenção. Foi precisamente sob essa orientação que a greve foi suspensa no dia 13/07. Na próxima assembleia e neste 2° semestre é necessário defender “fora Ratinho e todos os golpistas”, chamar os trabalhadores à lutarem sem ilusões no regime golpista, utilizando suas organizações (partidos, sindicatos e movimentos sociais) para lutar contra a burguesia golpista.

BANCÁRIOS

Bolsonaro reafirma privatizar os Banco do Brasil fecha dependências no Correios desmentindo seus subalternos norte do país

O

governo golpista de Jair Bolsonaro, eleito de forma fraudulenta, pois os golpistas prenderam ilegalmente o ex- presidente Lula, que era o candidato que o povo queria votar para que ele não concorresse às eleições, vem todos os dias reafirmando que vai entregar os Correios do Brasil através da privatização, inclusive se tiver que passar por cima de seus próprios aliados. Bolsonaro chegou a demitir o ex-presidente dos Correios, o general Juarez Cunha, por ele ter dito que era contra a privatização da empresa, e colocou em seu lugar um outro general, Floriano Peixoto, que é estreitamente ligado a seu grupo de extrema-direita. Na manhã desta terça-feira (0608) outro acontecimento envolvendo seus subalternos no governo golpista, obrigou Bolsonaro a reafirmar sua posição de entregar os Correios para os grandes capitalistas do mercado postal mundial. Enquanto Bolsonaro participava de uma reunião em São Paulo com empresários da Fenabrave (Federação Nacional de Distribuição de Veículos Automotores), o seu ministro da Ciências, Tecnologia e Comunicações, Marcos Pontes, participava de uma audiência pública na Câmara de Deputados para dar esclarecimentos sobre as declarações do governo golpista de que vão privatizar os Correios, já que seu ministério cuida da ECT (Empresa Brasileira de Correios e Telégrafos). E às 10h40 Marcos Pontes afirmou para os deputados, para o atual presidente dos Correios (general Floriano Peixoto) e para os representantes dos

A

trabalhadores dos Correios que estavam presentes à audiência que no governo golpista que faz parte “não há nenhum processo de desestatização ou privatização da empresa pública”. Quando o golpista Bolsonaro, às 11horas, através de seu correligionário Gil Diniz, deputado do PSL, vulgo carteiro reaça, ficou sabendo da declaração do seu ministro minutos atrás, fez questão de declarar no congresso dos empresários do ramo de veículos automotores que a privatização dos Correios é uma questão de honra de seu governo. Mais esse acontecimento só confirma a ideia de que os Correios só serão salvos se o governo Bolsonaro for derrotado pela mobilização do povo brasileiro nas ruas, através do Fora Bolsonaro e novas eleições, com a liberdade de Lula. A política da esquerda nacional e dos sindicalistas dos Correios de achar que audiência pública e frente de parlamentares vai impedir a privatização, é mais ingênua do que acreditar em papai noel.

direção golpista do Banco do Brasil já começa a realizar a “nova” reestruturação na empresa com a redução de funcionários, agências e dependências da direção geral do banco, como parte da política do governo neoliberal golpista que visa pavimentar o caminho para a privatização do BB. Uma das primeiras localidades, que já começa a sofrer com o desmonte, é a cidade de Porto Velho (RO). Foi divulgado, no começo da semana, um comunicado interno anunciando um “redimensionamento de estruturas na sede, áreas de apoio e na rede, ajustes na abrangência de atuação de algumas superintendências de varejo, reclassificação de nível de agências, transformação de agências em postos de atendimento”, além disso anuncia o fechamento imediato da Superintendência de Rondônia o que atingirá, também, o Estado do Acre. Essa é a primeira medida de um projeto que visa o fechamento de 333 agências, que passarão a ser apenas postos de atendimentos, um redimensionamento em setores administrativo do banco nas unidades táticas, nas áreas de apoio e na rede, afetando diretamente os funcionários: “todos os funcionários da SuperBB em Rondônia vão ficar sem cargos e vão ser obrigados a ser realocados para outras agências, em outros municípios ou outros estados… aqueles que não puderem se mudar para outros estados ficarão sem função, já que em Rondônia não encontrarão lotação”,

declara o presidente da Fetec – Centro Norte (Federação dos Trabalhadores em Empresas de Crédito do Centro Norte) Cleiton dos Santos. Nesse último final de semana, a 21a Conferência Nacional dos Trabalhadores do Ramo Financeiro aprovou uma série de resoluções, como pauta de luta da categoria bancária no próximo período, sendo uma delas a defesa dos bancos públicos contra as privatizações. É necessário organizar, imediatamente, uma reação aos ataques governo golpista/ilegítimo, Bolsonaro, às empresas públicas, em especial os bancos públicos, que visa a entrega do patrimônio do povo brasileiro para os banqueiros nacionais e internacionais. É necessário organizar uma gigantesca mobilização de toda a categoria bancária para barrar a ofensiva reacionária da direita golpista aos trabalhadores.


MORADIA E TERRA | CIDADES | 13

REGIÃO SUL

Patrão de frigorifico do Paraná é preso por irregularidades N

o dia 28 de junho de 2018, o dono de um frigorífico da cidade de Ibiporã, no norte do Paraná, foi preso durante uma fiscalização da Polícia Ambiental (PA) e do instituto Ambiental do Paraná (IAP). Foram constatadas várias irregularidades, dentre elas, o escoamento de sangue dos abates e descarte de entulho de construção no ribeirão Lindoia, criação de gado em área de preservação ambiental permanente, tanques de decantação do lençol freático, unhas, cabeças de animais e carvão a céu aberto. Os funcionários do frigorífico trabalhavam sem equipamentos de proteção e segurança, os uniformes eram inadequados para o tipo de atividade, os trabalhadores das câmaras frias

não tinham descanso térmico – o que a legislação determina é de, a cada 1h40 de trabalho nas câmaras frias, o fun-

cionário tem 20 minutos de descanso, seja ele estando todo o tempo dentro ou, entrando ou saindo dela. Além de o horário de trabalho ser superior ao limite permitido na Consolidação das Leis do Trabalho (CLT) etc. Até mesmo a licença para o funcionamento do frigorífico estava vencida e sequer foi apresentada a licença prévia de instalação de nova estação de tratamento de águas. O caso de prisões de empresários no Brasil é raro e, em se tratando do setor que envolve os frigoríficos, bem como, o que tem relação direta ou indireta com eles, como a criação de gado, suíno e aves, por exemplo, é mais difícil ainda de acontecer, muito ao contrário disso, esse setor é denuncia-

do com regularidade sobre o trabalho escravo, isso em pleno século XXI. Mesmo nessas circunstâncias, o que se apresenta para os donos dos frigoríficos são, nada mais nada menos que projetos para que essas irregularidades sejam legais, como o presidente da república ilegítimo, o fascista Jair Bolsonaro vem fazendo com as Normas Regulamentadoras (NRs) ou mesmo sua ministra da agricultura, Tereza Cristina, golpista e latifundiária, com a extinção das fiscalizações aos donos dos frigoríficos. O risco de ocorrer coisas piores está por vir, pois os golpistas, para pagar uma dívida com os patrões, vão fazer de tudo para que não ocorram prisões como a do Joaquim Gangorra Filho.

NÃO “TÔ LEGAL”

Camelôs de SP rejeitam remoção de Covas para longe

O

s “camelôs”, vendedores ambulantes que trabalham no centro de São paulo, rejeitaram o projeto da prefeitura do PSDB, de Bruno Covas, que busca “regularizar” os pontos de venda de mercadorias dos ambulantes no centro da capital. Na realidade, a proposta denominada de “Tõ Legal” é uma forma de expulsar os vendedores do centro da cidade para lugares distantes, com pouco movimento e, consequentemente, pouco comércio.

A taxa cobrada dos ambulantes pela prefeitura pode chegar a quase R$ 11 por dia. Ou seja, a prefeitura tucana atua para cercear os espaços dos camelôs, seja por meio de taxas, ou por meio da violência da fiscalização. Essa é a política da direita golpista para o povo pobre. Não contente em esmagar a população por meio da destruição de todos os seus direitos, por meio do desemprego, do fim dos direitos trabalhistas, da previdência, ainda

procura atacar aquelas pessoas que buscam sobreviver de alguma forma, como é o caso dos vendedores ambulantes. De maneira cínica, essa mesma direita carrasca e perversa, culpa o povo, quando este, sem qualquer meio para sobreviver, parte para a violência e para a criminalidade. Essa é também a política de higienização do povo pobre levada adiante pelo PSDB, tanto da prefeitura de Co-

vas, quanto do governo de Dória. No mês passado a prefeitura autorizou que a Guarda Municipal retirasse os cobertores dos moradores de rua do centro da cidade, o que levou à morte de dezenas de pessoas. Apesar de determinados setores de esquerda tentarem pintar os tucanos como sendo uma direita mais “democrática”, na prática, o que se vê é a mesma política fascista de violência e esmagamento da população. É preciso combater toda direita golpista. Fora Covas! Fora Dória! Fora Bolsonaro e todos os golpistas!

FALTA D'ÁGUA

7 cidades em risco de crise hídrica, apesar do País ter água abundante

B

rasília, São Paulo, Rio de Janeiro, Vitória, Recife, Fortaleza e Campinas (SP) aparecem no mapa de alerta de risco alto em um estudo mundial que aponta os lugares que podem ficar sem água no futuro. Petrolina (PE) e Juazeiro (BA) também são apontadas na categoria estresse hídrico extremamente alto. Entretanto, o Brasil, como país, está confortavelmente na 116ª posição de problema de falta de água em uma lista de 189 países em que o estudo do World Resources Institute (WRI) foi realizado. Os Estados Unidos, por exemplo, estão mais perto da seca: posição número 72 na mesma lista. O relatório aponta que 17 países, onde vive um quarto da população mundial, enfrentam estresse hídrico “extremamente alto”. O Catar é o país de maior risco de escassez, seguido por Israel e Líbano. Os dados mostram que a maior parte das nações em alerta “extremamente elevado” está no Oriente Médio e no norte da África. A diferença de classificação, entre “estresse hídrico” e “risco”, é explicada pelo biólogo e economista do WRI Brasil Rafael Barbieri: estresse hídrico significa que a disponibilidade de água

de determinada região não atende à demanda, enquanto o risco é a probabilidade de isso ocorrer. Barbieri explicou, que, embora o Brasil tenha bastante água, a distribuição do recurso é muito desigual. “Nos locais onde há modificação muito drástica da cobertura vegetal, concentração de população e da produção industrial e agrícola, que são grandes demandadores do recurso, o risco é alto ou extremamente alto”, destacou. Brasília, por exemplo, foi projetada

para 500 mil a 600 mil habitantes. Hoje, a região metropolitana da capital federal abriga mais de 3 milhões de pessoas, com demanda por água grande e crescente. No Rio de Janeiro, por outro lado, o problema são as inundações. “Por isso, é necessário entender todos os processos naturais e previsíveis para estabelecer um plano de longo prazo para evitar crises”, ressaltou o biólogo. Com uma população superior a 1,3 bilhão de habitantes – a segunda

maior do mundo -, a Índia aparece na 13ª colocação, mas tem mais de três vezes a quantidade de pessoas do que os outros 16 países em risco somados. A sexta maior cidade da Índia, Chennai, foi a mais recente metrópole do mundo a alertar que suas torneiras podem secar, à medida que os níveis dos reservatórios despencam. O estudo lembra que situações semelhantes viveram a Cidade do Cabo, na África do Sul, que temia o “Dia Zero”, sem água, no ano passado; e São Paulo, no Brasil, que viveu uma prolongada crise hídrica, em 2015. De acordo com o instituto sediado em Washington, a oferta de água no mundo está ameaçada por vários fatores, entre eles as mudanças climáticas, o desperdício e a poluição. Não fica a menor dúvida de que o Brasil desperta uma enorme cobiça do imperialismo mundial, não só pelas recém descobertas reservas de petróleo, mas todo seu eco sistema, suas florestas e recursos hídricos e minerais. Manter o Brasil subjugado como colônia escravizada é fundamental para o capitalismo se manter respirando por aparelhos por mais algum tempo.


14 | JUVENTUDE | MULHERES

RS

Protesto pelo “escola sem partido”, com partidos da burguesia M

embros do DEM, PSL e MDB, junto com pais direitistas partidários da suposta “escola sem doutrinação”, realizaram um protesto de uma hora de duração em frente ao Colégio Marista Rosário, no bairro Independência, em Porto Alegre. Levando faixas com os dizeres “Nossos filhos não são filhos do Socialismo, são nossos!! Não à doutrinação”, alegaram como motivação da manifestação, uma briga entre dois alunos, filmada e divulgada por Whatsapp, que teria ocorrido em uma aula-debate de sociologia que continha uma análise sobre a violência social, com citação dos números da violência policial. Como resultado, não só os dois alunos envolvidos na briga foram expulsos do colégio, como também, o professor de sociologia responsável pela aula foi demitido. Isso deixa patente o

alinhamento político da escola aos manifestantes, que defendem a repressão ao posicionamento político, ao debate sobre os problemas sociais e, até, a simples exposição dessas informações – como foi o caso do professor. Os políticos presentes na manifestação “contra a política nas escolas” foram os deputados estaduais Eric Lins (DEM), coordenador da Frente Parlamentar em Defesa da Escola Plural e Contra a Doutrinação, e Luciano Zucco (PSL), tenente-coronel da reserva do Exército, e a secretária municipal de Desenvolvimento Social e Esporte de Porto Alegre, Nádia Gerhard (MDB), dentre outros. A presença desses partidos no ato deixa patente, por si só, a finalidade da suposta “escola sem partido” que eles defendem: é a “escola de partido único”, a “escola com fascismo”.

AMAZONAS

Manaus registra 25 mil casos de violência doméstica A

Secretaria de Segurança Pública do Amazonas divulgou os números referentes aos casos de violência doméstica em Manaus, em 2018. Foram 25,3 mil casos. Deste total, 96,9% dos crimes tiveram mulheres como vítimas, o que equivale a 24.553 dos casos. Entre as ocorrências existem situações de lesão corporal, violação de domicílio, difamação, injúria, entre outras. De acordo com a delegada Débora Mafra, titular da Delegacia Especializada em Crimes Contra a Mulher (DECCM), na maioria dos casos, os agressores são homens. “O agressor subjuga e violenta a mulher querendo demonstrar poder e dominação. Tendo origem na desigualdade física, social, histórica e cultural entre homens e mulheres, elas são submetidas à violência de um agressor pelo machismo histórico”, afirma a delegada. Em Manaus, o número de casos de violência doméstica contra as mulheres, até junho deste ano, foi de 13 mil, o que indica um crescimento de 11% em comparação ao mesmo período do ano passado. Para a delegada Débora Mafra, “Geralmente a violência doméstica contra as mulheres está relacionada à relação íntima de afeto, com quem tem ou teve este relacionamento. Existe ainda, infelizmente, muita sub notificação da violência doméstica. Alguns entraves fazem com que elas não denunciem, como vergonha de expor a intimidade, dependência financeira, emocional e a crença de que o parceiro vai mudar”, enfatiza. O aumento da violência contra a mulher no governo Bolsonaro No mês de abril, Damares Alves (PSL), ministra da Mulher, Família e Direitos Humanos do governo de Bolsonaro afirmou, durante audiência

da Comissão de Defesa dos Direitos da Mulher na Câmara dos Deputados, que terminaria com o programa Casa da Mulher Brasileira por falta de verbas. Criada em 2013 pela ex-presidenta Dilma Rousseff, a Casa da Mulher tinha o objetivo de integrar e aumentar as políticas públicas destinadas às mulheres em situação de violência. A ex-ministra da Secretaria de Políticas para as Mulheres do governo Dilma, Eleonora Menicucci, ressalta o

caráter misógino, fascista, neoliberal e fundamentalista do atual governo comprovado pelo aumento de estupros e feminicídios registrados desde que assumiu. Para ela, a “fala da ministra de que seu Ministério não tem recursos para continuar com a política pública das Casas da Mulher Brasileira, além de ser desastrosa é lamentável para as mulheres que necessitam desses serviços, e representa o grau de misoginia que este governo trata as mulheres”.

Este desmonte das ações protetivas e das políticas públicas destinas às mulheres, implementadas nos governos Lula e Dilma, realizado desde o golpe de 2016 e piorado depois do governo de extrema direita e com discurso machista de Bolsonaro (PSL), contribui para o aumento da violência contra as mulheres. Para que exista uma luta real contra o aumento da violência contra a mulher, é necessário mobilizar as pessoas pela derrubada deste governo fascista e misógino.


CULTURA | 15

PERNAMBUCO

Com críticas a Bolsonaro, termina festival de cinema Melhor Roteiro – Faustón da Silva (A Margem Do Universo) Melhor Fotografia – Gustavo Serrate (A Margem Do Universo) Melhor Montagem – Yan Motta (Cor de Pele) Melhor Edição de Som – Jack Moraes (#Procuram-se Mulheres) Melhor Direção de Arte – Helga Queiroz (Casa Cheia) Melhor Trilha Sonora – Bruno Vieira Brixel (Vivi Lobo e o Quarto Mágico) Melhor Ator – Felipe Kannenberg (A Pedra) Melhor Atriz – Petra Sunjo (A Margem Do Universo) MOSTRA COMPETITIVA DE LONGAS-METRAGENS

N

o sábado (3), foi realizado, no cinema nacional São Luiz, no centro de Recife, mais um Cine PE, importante festival que acontece todos os anos e já está na sua 23ª edição. Todos os representantes dos filmes fizeram criticas às declarações de Jair Bolsonaro sobre a extinção da Agência Nacional do Cinema (Ancine). A atriz Drica Moraes, que recebeu o troféu Calunga de Ouro, denunciou o atual governo dizendo que “governo trabalha incessantemente no incentivo de descredibilizar e demonizar qualquer atividade ligada à cultura e arte, de modo geral, mas nós também podemos dizer que iremos continuar a fazer os nossos filmes”. O pernambucano Renato Góes, que lançou o seu filme “O corpo é nosso!” juntamente com a carioca Theresa Jessouroun, também fez críticas ao momento político. Não teve um representante que não tenha sido ovacionado em seu discurso. A diretora Jessouroun, além de falar da importância do

fundo setorial, ressaltou que “Fazer arte é um ato político”. Isso é prova que onde têm grupos de pessoas, tem oposição a Bolsonaro. Além disso, no meio cultural, a tendência é de resistência à direita, pois a direita é inimiga da cultura e da educação. A extinção do Ministério da Cultura e os cortes bruscos realizados na área durante estes 7 meses de governo evidenciam que Bolsonaro é inimigo da cultura. Lista dos premiados do 23º Cine PE | 2019 PRÊMIO CANAL BRASIL Melhor Curta – Apneia (PR) PRÊMIO DA CRÍTICA – ABRACCINE Melhor Curta Nacional – A Pedra (RS) Melhor Longa-Metragem – Espero Tua (Re)Volta (SP) MOSTRA COMPETITIVA DE CURTAS-METRAGENS PERNAMBUCANOS

Melhor Filme – Coleção Júri Popular – Mulheres de Fogo Melhor Direção – André Pinto e Henrique Spencer (Coleção) Melhor Roteiro – André Pinto (Coleção) Melhor Fotografia – André de Pina (Quando A Chuva Vem) Melhor Montagem- Paulo Leonardo (Quando a Chuva Vem) Melhor Edição de Som – Alisson Santos (Quando a Chuva Vem) Melhor Direção de Arte – Jefferson Batista (Quando a Chuva Vem) Melhor Trilha Sonora – Miguel Guerra (S/N (Sem Número)) Melhor Ator – Jorge de Paula (Coleção) Melhor Atriz – Hermínia Mendes (Coleção) MOSTRA COMPETITIVA DE CURTAS-METRAGENS NACIONAIS Melhor Filme – (Cor de Pele) Júri Popular – (Tommy Brilho) Melhor Direção – Carlos Nigro (Casa Cheia)

Melhor Filme – Espero Tua (Re)Volta Júri Popular – Abraço Prêmio especial do Júri – Vidas Descartáveis Menção honrosa – atrizes Izabel Santos e Rita Maia, do filme Abraço Melhor Direção – Marcelo R. Faria e Rafael Moura (Teoria do Ímpeto) Melhor Roteiro – Eliza Capai (Espero Tua (Re)Volta) Melhor Fotografia – André Carvalheira – Xará (Teoria Do Ímpeto) Melhor Montagem – Eliza Capai e Yuri Amaral (Espero Tua (Re)Volta) Melhor Edição de Som – Simone Petrillo e Cristiano Scherer (O Corpo é Nosso) Melhor Direção de Arte – Patrícia Nunes (Um e Oitenta e Seis Avos) Melhor Trilha Sonora – André Abujamira e Eron Guarnieri (Abraço) Melhor Ator – Adriano Barroso (Teoria Do Ímpeto) Melhor Atriz – Giuliana Maria (Abraço) Melhor Ator Coadjuvante – Pablo Magalhães (Teoria do Ímpeto) Melhor Atriz Coadjuvante – Débora Duarte (Um e Oitenta e Seis Avos)

GOLPISTAS

Não adianta conversar com Bolsonaro, ele vai destruir cinema nacional

C

omo temos visto, os golpistas estão acabando com tudo que é brasileiro. Todas as nossas riquezas estão sendo entregues de bandeja ao imperialismo internacional. Com a cultura é a mesma coisa. Desde o governo golpista do Temer, esse setor vem sofrendo vários ataques. Com o ilegítimo Bolsonaro, não é diferente. Como se não bastasse ter acabado com o Ministério da Cultura, e os cortes feitos em diversas áreas culturais, o que está na mira agora é a indústria cinematográfica. Recentemente Jair Bolsonaro disse que pretende extinguir a Ancine (Agência Nacional do Cinema) e “criar um filtro” para uso do dinheiro público em produções áudio visuais. Diante essa declaração, a Folha de S. Paulo, entrevistou o produtor Rodrigo Teixeira, que tem no currículo longas

como “Alemão”, “Tim Maia”, “Frances Ha” e “Me chame pelo Seu Nome”, que foi indicado a Oscar de melhor filme. Ao ser perguntando se ele pretende continuar produzindo filmes no Brasil, mesmo num momento tão turbulento para o cinema, Rodrigo afirma que sim. Diz que é preciso “dialogar com o governo, mostrar que geramos empregos e pagamos impostos”. Segundo Rodrigo, existe sim um diálogo com o governo, e os produtores devem debater “como empresários, com foco na economia”. “Vamos ter que conversar. Bem ou mal, o presidente foi eleito democraticamente”, diz o produtor ao ser questionado sobre o “filtro” que Bolsonaro citou. Essa postura do produtor, é totalmente equivocada, é contrária à opinião de todos os profissionais da área.

Como ele, que era pra ser o maior interessado no futuro do áudio visual brasileiro, fala em dialogar com um cidadão que desde o começo do governo só demonstra desprezo pela cultura do País?

Ao invés de “dialogar com o governo”, os produtores e todos os artistas deveriam se unir e denunciar esses cortes, exigir que a cultura brasileira seja mantida e, claro pelo FORA BOLSONARO E TODOS OS GOLPISTAS!


16 | ESPORTES

ESPORTES

Todos os domingos às 20h30 na Causa Operária TV

Até nos estádios: proibido falar mal de Bolsonaro U

m torcedor foi detido no domingo (4/8), na Arena Corinthians, durante o jogo Corinthians x Palmeiras, por gritar o já tradicional “suco de caju” a Bolsonaro. O homem se manifestou contra Bolsonaro e foi levado para levá-lo à uma delegada da Polícia Civil por Policiais Militares de São Paulo e mantido lá durante todo o jogo, que o torcedor foi impedido de assistir. Segundo o Boletim de Ocorrência, os policiais Pablo Alexandre Pires de Souza e Jaciel Ferreira da Silva abordaram Rogério Lemes quando ele xingava o presidente. Os PMs alegam que tomaram a iniciativa para “evitar um princípio de tumulto” e “utilizando de meios necessários para levá-lo à sala em que fica a Delegacia de Polícia de Repressão aos Delitos de Intolerância Esportiva” dentro do estádio.

O torcedor Rogério Lemes relata que estava dentro do estádio gritando “Bolsonaro, VTNC”, quando sentiu o policial lhe dando um mata-leão. “Quando caí, me algemaram, me levaram pra uma sala e ficaram me humilhando. Estou todo dolorido”, denuncia Rogério em um post que fez no Facebook para denunciar o caso. “Hoje entrei na Arena Corinthians expondo minha opinião contra o atual governo e olha o que aconteceu: Fui preso! Humilhado! Algemado!”, desabafou. A delegada Monia Olga Pescarmona assinou o documento, sem registrar oficialmente a versão de Rogério sobre o fato. A Constituição Federal expressamente garante o direito de qualquer pessoa, em qualquer lugar, mandar o Bolsonaro “tomar caju”. Chama-se liberdade de opinião e expressão. Já os PMs, cometeram crime de abuso

Corinthians publica nota contra agressão de torcedor por PM O

Corinthians divulgou nesta terça-feira (06/08) nota de repúdio à ação da Polícia Militar contra o torcedor alvinegro Rogério Lemes Coelho, detido no último domingo, na Arena Itaquera, durante o clássico contra o Palmeiras, por protestar contra o presidente fascista Jair Bolsonaro. Na ocasião, após proferir algumas palavras de protesto contra o ilegítimo presidente, o torcedor foi imobilizado, com um mata-leão, algemado e arrastado pelos policiais para uma sala de detenção, na qual permaneceu durante praticamente todo o jogo. “Eu entrei na Arena, passei as catracas do Setor Norte e fui ali na direção do telão. Quando eu entrei, não lembro bem se já estava tocando o hino, eu levantei as mãos e comecei a gritar: ‘Ei, Bolsonaro, vai tomar no c…’ Quando eu comecei a fazer assim, não deu tempo de eu falar umas três ou quatro vezes, já veio um policial me sufocando, me dando um mata-leão. Eu fui desfalecendo, desfalecendo até que eu caí”, relatou o torcedor. Algemado, o corintiano, que tem uma prótese na perna esquerda, foi arrastado para uma sala sem água e jogado no chão. “Eles me fecharam na salinha começaram a me humilhar. Cada hora ia um lá, falando ‘você não é valentão?’. Eles me deixaram no chão em uma posição que a minha perna ficou virada, por causa da prótese. Eu pedia ajuda para sair da posição e eles só ficavam lá me olhando, me humilhando”, contou. Vai ficando cada vez mais evidente que a escalada da repressão nos estádios, seja contra as torcidas organizadas, seja contra torcedores individuais, é uma tendência fundamental

do governo de extrema-direita de Jair Bolsonaro. Casos como este, do torcedor corintiano, começam a tornar-se rotineiros e generalizados — nos estádios e em todas as esferas da vida social. Trata-se de mais uma manifestação do fechamento regime político burguês, do aniquilamento das liberdades democráticas, do estabelecimento da censura. As massas operárias e populares, por meio de suas organizações, entre as quais se incluem as torcidas organizadas, devem lutar contra a ditadura que está se impondo nos estádios e na sociedade. Abaixo a ditadura nos estádios! Pelo livre direito de manifestação e organização! Fora Bolsonaro e todos os golpistas! Confira a nota do Corinthians na íntegra:

A Arena e o Sport Club Corinthians Paulista vêm a público repudiar o episódio que resultou na prisão do torcedor Rogério Lemes Coelho durante o jogo ocorrido no último domingo (04) contra o Palmeiras na Arena Corinthians, após sua manifestação contra o Presidente da República. O clube historicamente reitera seu compromisso com a democracia e a defesa do direito constitucional de livre manifestação, desde que observados os princípios da civilidade e da não violência. A agremiação lembra que diferentes autoridades, entre elas o presidente do clube, já foram alvo de manifestações da torcida durante os mais variados eventos esportivos realizados no local e o episódio caracteriza-se como um grave atentado às liberdades individuais no Estado Democrático de Direito.

de autoridade, previsto na lei 4898 de 1965. Recentemente, no estádio do Palmeiras, o Allianz Park, em um jogo do time da casa contra o Vasco, com sua excelência o presidente ilegítimo Bolsonaro na plateia, uma multidão o vaiou e o mandou “tomate cru” aos gritos. Ninguém foi preso. A Secretaria de Segurança Pública emitiu nota em que esclarece que “todas as polícias de São Paulo são instrumentos do Estado Democrático de Direito e não pautam suas ações por orientações políticas. Entre as atribuições da Polícia Militar estão: proteger as pessoas, fazer cumprir as leis, combater o crime e preservar a ordem pública”, afirmando que o homem foi conduzido para o Jecrim (Juizado Especial Criminal, na Arena Corinthians, “onde foi registrado boletim de ocorrência não criminal e depois [o torce-

dor] liberado para voltar a assistir à partida de futebol”. Mentira. O Rogério perdeu todo o jogo. A extrema-direita e o governo está reagindo de maneira desesperada à impopularidade e à crise do governo Bolsonaro. Um único torcedor já causa incômodo pra eles.

Daniel Alves: 45 mil pessoas no Morumbi recebem craque brasileiro

A

repatriação do craque de futebol Daniel Alves, contratado pelo time do São Paulo Futebol Clube (SPFC) do time do Paris Sant-Germain, pode ser comparada à volta de grandes jogadores brasileiros do futebol europeu para o nosso país, como Sócrates, Júnior, Romário, Ronaldo, Ronaldinho, Rivaldo etc. quando, depois do sucesso que fizeram nos gramados do exterior, voltaram para encerrar suas carreiras no futebol nacional. Ao estilo desses grandes ídolos do futebol nacional, Daniel Alves foi recebido com gramour no aeroporto de Guarulhos por uma multidão de torcedores são paulinos, que depois lotou o estádio do Morumbi, cerca de 45 mil torcedores, a fim de dar boas vindas ao craque que jogará nos gramados brasileiros por três temporadas (2019 a 2022). O baiano Daniel Alves, ou Dani Alves como prefere ser chamado, é da safra de jogadores brasileiros de vida humilde, que surgiu em um pequeno time da Bahia (Juazeiro), que foi cedo jogar no futebol Europeu e por lá se transformou em soberano no meio dos limitados jogadores europeus, sendo titular em todos os times que jogou, sendo decisivo em todos os títulos que ajudou seus times a conquistarem, como Sevilha, Barcelona, Juventus e Paris Sant-Germain. É o jogador em todo o mundo que mais títulos oficiais conquistou em sua carreira e, nos últimos anos, esteve em todas as seleções mundiais escolhida pela FIFA. No auge de sua carreira, apesar dos seus 36 anos, foi decisivo na conquista do título do Brasil na Copa América de 2019, sendo considerado, por unanimidade, o melhor jogador do torneio, apesar do ataque

à seleção, aos jogadores no inicio do torneio, inclusive a ele e à ausência do craque Neymar, Daniel Alves volta para jogar no Brasil em um momento de maior ataque ao futebol nacional pelos controladores do futebol mundial, que procuram desvalorizar a cultura brasileira e de seu povo em torno de sua maior paixão, o jogo de bola com pés. No entanto, a recepção da torcida do São Paulo feita para o jogador, como também a satisfação dos torcedores de outros times brasileiros pela vinda do craque ao futebol nacional, só reforça a ideia de que o povo brasileiro tem seus ídolos do futebol em alta conta e que a campanha de desmoralização do futebol nacional pelo imperialismo só atinge mesmo a classe média que não gosta desse esporte. Que volte para o País mais jogadores brasileiros do nível de Daniel Alves, que nosso país consiga manter os jogadores brasileiros em nossos times, pois não existe no mundo quem mais tenha talento com a bola nos pés do que o futebol brasileiro.


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