SÁBADO, 10 DE AGOSTO DE 2019 • EDIÇÃO Nº 5730
DIÁRIO OPERÁRIO E SOCIALISTA DESDE 2003
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Hoje, mobilizar em defesa da Venezuela: abaixo o bloqueio dos EUA O Partido da Causa Operária e Comitês de Solidariedade e defesa da Venezuela do Brasil e de todo o mundo estão convocando para hoje (dia 10), atos de protesto contra o bloqueio criminoso que o governo dos EUA está impondo contra a Venezuela. No Brasil, além do ato realizado ontem no Rio de Janeiro (no final da tarde, em frente ao Museu Histórico e Diplomático do Itamaraty), haverá atos hoje, em Brasília, às 11 horas, na plataforma Superior da Rodoviária Plano Piloto, e em São Paulo, às 17h, no Consulado Geral dos EUA, R. Henri Dunant, 500 – Santo Amaro.
EDITORIAL
Contra ou a favor da polarização? Para dar o golpe de Estado em 2016, a burguesia estimulou setores de extrema-direita na sociedade. Era uma resposta a um determinado desenvolvimento da esquerda para possibilitar a campanha golpista.
Boulos e o velho discurso de renovação da esquerda O ex-candidato à presidência pelo Psol, Guilherme Boulos, publicou matéria no jornal golpista, Folha de S. Paulo, para discorrer um pouco sobre o que ele pensa ser a “Renovação da esquerda”.
PCdoB quer unir-se ao centrão em frente de fachada contra Bolsonaro Em texto intitulado Lições da luta contra a reforma da previdência, publicado pela redação do órgão do PCdoB, Vermelho, busca-se fazer um apelo para uma aliança entre a esquerda e o Centrão – formado pelos mais diversos partidos que foram linha de frente do golpe contra o PT.
Unificar o povo contra a direita ou unificar com a direita? Washington Quaquá, presidente do PT do Rio de Janeiro, quer combater a extrema-direita aliando-se à direita, que ele chama de “centro democrático”. É o que afirma em coluna de opinião publicada no sítio Brasil 247 em 8 de agosto, sob o título “PT: Só vence quem amplia!” Quaquá afirma o seguinte: “Cabe a nós do PT buscar uma ampla aliança com o centro democrático. Os que acham que ele não existe, deviam se juntar aos que acham que a terra é plana.”
Possível golpe contra Bolsonaro revela crise da burguesia golpista
62 mil mortes por ano: quem são os responsáveis pelo genocídio?
O presidente do STF (Supremo Tribunal Federal) Dias Toffoli em recente entrevista à revista Veja, mostrou que mais uma vez, entre Abril e Maio, houve um movimento no interior de industriais e até militares para retirar o governo Bolsonaro.
Itália: traído, Salvini quer novas eleições
O crime tem uma única raiz: a decadência capitalista Sob a pressão do imperialismo, a esquerda abandonou a sua tese tradicional de que os males da sociedade capitalista tem um fundo econômico, social e político e que essas perturbações, que levam a pessoa a matar um monte de gente que ela não conhece e tudo o mais, são o resultado de uma sociedade doente.
2 | OPINIÃO EDITORIAL
COLUNA
Contra ou a favor da polarização?
Defender a Venezuela é lutar contra o golpe no Brasil e o imperialismo Por Antônio Carlos Silva
E
P
ara dar o golpe de Estado em 2016, a burguesia estimulou setores de extrema-direita na sociedade. Era uma resposta a um determinado desenvolvimento da esquerda para possibilitar a campanha golpista. Foi esse processo que criou o que viria a ser a base bolsonarista. Agora a direita já conseguiu trocar o governo, e procura estabilizar a situação turbulenta em que o país foi colocado com a derrubada, através de uma manobra parlamentar que tinha pouco respaldo popular, de um governo eleito, por mais que a imprensa golpista tenha se esforçado para falsificar a dimensão desse respaldo. Com esse novo objetivo, a direita golpista, por meio de sua imprensa, prega agora contra a polarização. Essa nova campanha da direita encontra quem a reproduza na própria esquerda. É o caso, por exemplo, de Marcelo Freixo, do PSOL, que participou de um programa com Janaína Paschoal no canal Quebrando o Tabu. A própria realização do debate tinha como proposta combater a polarização. Além disso, Freixo condenou a polarização durante a discussão, ao rejeitar o que chamou de “fanatismo”. O ex-prefeito de Maricá e presidente do PT carioca, Washington Quaquá, publicou uma matéria no mesmo sentido no sítio Brasil 247, exortando o PT a deixar de falar apenas para uma parcela da sociedade, sob risco de ser “a outra face” da extrema-direita no governo. O partido e a esquerda em geral deveriam procurar uma aliança com o “centro democrático”. Esses dois exemplos demonstram formas de a esquerda reproduzir a campanha da imprensa golpista, que tem feito uma campanha contra a polarização já há algum tempo. Inclusive em momentos decisivos. Logo depois dos atos de maio contra o governo, e do fracassado ato em defesa do governo naquele mesmo mês, o jornal Es-
tado de S Paulo publicou um editorial culpando o PT pela polarização, sob o título A quem interessa a polarização? O jornal golpista apelava ao governo para que abandonasse a polarização, que interessaria ao PT, e concluía com essas palavras seu texto opinativo: “do presidente […] espera-se que deixem de fomentar atritos inúteis, pois estes só se prestam a alimentar a polarização que tanto mal está fazendo ao País.” O pressuposto é de que a polarização faria mal ao país, enquanto não haver polarização seria para o bem do país. E o que seria o bem do país nesse caso? É aí que se deve buscar o programa oculto da direita golpista em sua campanha contra a polarização. Trata-se de uma manobra para que se deixe de contestar a legitimidade do governo golpista e para refrear as mobilizações contra o governo. O “bem do país” seria que Bolsonaro aplicasse seu programa neoliberal sem resistência popular nas ruas e sem greves para tentar impedi-lo. É uma campanha para terminar de consolidar o golpe, concluindo a manobra das eleições fraudulentas de 2018. A esquerda deveria aceitar as eleições fraudulentas e fingir que está em um regime democrático, fazendo uma oposição parlamentar convencional enquanto a extrema-direita modifica o regime político. Um enorme retrocesso para os trabalhadores, que setores de esquerda têm defendido ao ingressarem na campanha contra a polarização. É necessário, ao contrário, estimular as mobilizações contra o governo, denunciar a fraude das eleições de 2018 e exigir o imediato fim desse governo. Bolsonaro está promovendo uma série de ataques à população que terão consequências desastrosas, atirando milhões à miséria e destruindo o patrimônio público com sua política entreguista. É preciso detê-lo o quanto antes.
m algumas capitais brasileiras, assim como em diversas partes do mundo, estão ocorrendo neste sábado (dia 8), atos contra o criminoso embargo norte-americano contra a Venezuela. Na última semana, o governo Trump estabeleceu um embargo total contra a Venezuela, decretando o bloqueio de todos os ativos do Estado venezuelano em território norte-americano, bem como o fim de todas as transações comerciais entre os dois países. Além disso, está pressionando e chantageando outros países adotarem medidas semelhantes, o que constitui o mais grave ataque econômico contra um país do Hemisfério Ocidental desde a década de 1980. O bloqueio coloca a Venezuela, ao lado de Cuba, Coreia do Norte, Irã e Síria, como um dos países que o imperialismo busca asfixiar e economicamente, com o claro objetivo de impor a vontade dos monopólios dos EUA sobre o povo venezuelano, derrubando o governo escolhido pela população, roubando seu petróleo e toda a imensa riqueza mineral do País. A asfixia econômica é acompanhada de ações e ameaças de violação do território do País. O conselheiro de Segurança Nacional, John Bolton, afirmou que os Estados Unidos estão prontos para impor sanções a qualquer empresa transnacional que fizer comércio com a Venezuela, por diversas vezes ocorreu a violação do espaço aéreo da Venezuela; e Trump e vários chefes fascistas dos EUA já falam em agir militarmente contra o País. Essa nova onda de ataques visa minar a resistência do povo venezuelano, que vem enfrentando a situação com enorme combatividade e solidariedade, e com a mobilização permanente das organizações populares e das milícias daquele País, como presenciamos em nossa recente viagem à Caracas para participar, como convidados do PSUV, do XXV Foro de São Paulo. Buscam levar a fome ao povo venezuelano, tentando impedir o governo Maduro de realizar transações por meio de bancos internacionais. Querem também bloquear a compra remédios e de diversos produtos essenciais que são importados pela frágil economia venezuelana. Como denunciado nesse Diário, “relatório recente de um centro de estudos internacionais comandado por acadêmicos dos próprios Estados Unidos mostrou que 40 mil venezuelanos morreram de fome nos últimos anos devido ao bloqueio“. Em resumo, assim como fizeram no Iraque, na Síria – recentemente – em em tantos outros lugares do planeta no último século, os EUA querem impor pela força, por meio de um golpe de Estado (como se deu no Brasil), um governo servil aos interesses do grande capital norte americano e, para isso, matar milhões de irmãos venezue-
lanos de fome, doenças etc. O governo venezuelano buscou o diálogo, um entendimento com a oposição golpista (que apoia o massacre do próprio povo) e até com os EUA. Mas eles não querem conversa. Querem submissão, massacre e expropriação da riqueza que pertence ao povo trabalhador da Venezuela. A Venezuela, junto com Cuba, é hoje uma trincheira fundamental da luta contra a dominação imperialista em nosso Continente e em todo o mundo no momento em que se agrava a crise capitalista mundial, com sérios efeitos em toda a América Latina que tem previsão de declínio do PIB em praticamente todos os países e que se encontra dominada por governo resultantes de golpes de Estado. Esse golpes impuseram governos neoliberais e até de fascistas que estão agravando as já precárias condições de vida de nosso povo, com aumento do desemprego, da fome, da miséria e retrocesso geral em serviços essenciais como Saúde, Educação, Saneamento, roubo das aposentadorias etc. Não é apenas a Venezuela, e Cuba, que sofre com esses embargos. Todo o nosso Continente é atingido por essa ofensiva que tem como objetivos principais a destruição de nossas economias, o roubo de nossas riquezas e patrimônios e uma maior exploração da classe trabalhadora. Diante disso, mais do que nunca é necessária a unidade da classe trabalhadora, dos povos oprimidos e de suas organizações de luta para enfrentar e derrotar a ofensiva imperialista. É preciso apoiar os atos desse fim de semana e tomar outras iniciativas no sentido de se opor à agressão imperialista, defender os direitos democráticos de todos os povos latino-americanos, caribenhos e de todo o mundo e fazer avançar a luta pela derrota da política golpista do imperialismo, fortalecer a unidade da classe operária e de todos os oprimidos contra o imperialismo e a dominação capitalista e pela revolução socialista nos países de nosso continente e de todo o mundo. Como defendemos no Foro de São Paulo, é preciso cerrar fileiras em defesa de questões concretas e fundamentais para a luta de nossos povos, como é o caso da realização de uma campanha em defesa da Venezuela e de Cuba contra os ataques imperialistas: abaixo o embargo genocida!, que inclua a realização de atos, festivais, campanha unitária de agitação entre os trabalhadores e estudantes em nossos países contra as ameaças e agressões imperialistas e em defesa dos interesses da Revolução Cubana e da soberania do povo venezuelano, duramente atacados, particularmente contra o embargo econômico, neste momento, principal arma do imperialismo contra Cuba e Venezuela. • Defender a Venezuela contra a o criminoso bloqueio imperialista • Fora o os EUA da América Latina
POLÍTICA | 3
GOVERNO GOLPISTA
Hoje, mobilizar em defesa da Venezuela: abaixo o bloqueio dos EUA O
Partido da Causa Operária e Comitês de Solidariedade e defesa da Venezuela do Brasil e de todo o mundo estão convocando para hoje (dia 10), atos de protesto contra o bloqueio criminoso que o governo dos EUA está impondo contra a Venezuela. No Brasil, além do ato realizado ontem no Rio de Janeiro (no final da tarde, em frente ao Museu Histórico e Diplomático do Itamaraty), haverá atos hoje, em Brasília, às 11 horas, na plataforma Superior da Rodoviária Plano Piloto, e em São Paulo, às 17h, no Consulado Geral dos EUA, R. Henri Dunant, 500 – Santo Amaro. Em caracas, haverá um ato central, na Av. Simón Bolivar, com caravanas de todo o país à partir das 9h. O governo Maduro anunciou também que levará um Manifesto para a ONU (Organização das Nações Unidas), com milhões de assinaturas de venezuelanos em repúdio às ações norte-americanas de tentar matar o povo de fome. Os atos representam uma importante iniciativa de solidariedade ativa e de mobilização internacional contra o imperialismo e sua ofensiva contra a Venezuela, Cuba e todo o continente latino-americano e caribenho. ante o avanço da crise capitalista, o imperialismo intensifica seus ataques, uma vez que ficou evidente que a direita golpista (mesmo com todo o apoio que recebeu do imperialismo, de governos capachos como do Brasil e da Colômbia, e de capitalistas venezuelanos) não conseguiu reverter a situação a seu favor, estando cada vez mais isolada e odiada pela maioria da população no país vizinho. É preciso superar a covardia poli-
tica de setores da esquerda que não se mobilizam em favor da Venezuela por conta da campanha da imprensa golpista e pró-imperialista, também no Brasil, e da politica reacionária da burguesia golpista, com o a qual a esquerda busca uma aliança, em defesa dos seus próprios interesses. Compareça e ajude a divulgar esses eventos. Para os posts das redes alcançarem mais pessoas, compartilhe matérias sobre a Venezuela com os hashtag: #TrumpDesbloqueaVenezuela #TrumpUnblockVenezuela Nota dos Comitês do Brasil Leia abaixo a Nota de Repúdio dos Comitês brasileiro contra as novas sanções anunciadas pelo presidente Donald Trump “O Comitê Brasileiro pela Paz na Venezuela(SP), o Comitê de Solidariedade à Revolução Bolivariana (RJ), o Comitê General Abreu e Lima de Solidariedade à Venezuela (DF), o Comitê Mineiro de Solidariedade à Revolução Bolivariana e a Associação Cultural José Marti – MG denunciam mais uma ação criminosa contra o povo venezuelano e expressam seu mais profundo repúdio às medidas recém anunciadas por parte dos governos dos EUA e do Brasil contra o Governo Bolivariano e que atentam contra a soberania e a dignidade da Venezuela. Nos somamos às vozes que denunciam o bloqueio de 25 mil toneladas de alimentos, comprados pelo governo venezuelano para alimentar seu povo, que estão embargados no Canal do Panamá por conta das sanções econômicas e fi-
nanceiras promovidas pelo imperialismo estadunidense. Desde a eleição de Hugo Chávez que o povo venezuelano é atacado pelo imperialismo. Os Estados Unidos e suas marionetes persistem em golpear a soberania popular, dia e noite, dos nossos irmãos e irmãs bolivarianos. Conscientes e mobilizados, 1 milhão de cidadãos e cidadãs venezuelanos estão agora nas ruas, defendendo a Revolução Bolivariana e denunciando mais este ataque ao seu país, à sua paz. O governo brasileiro, para vergonha da histórica tradição mediadora da diplomacia brasileira, atua como capacho dos EUA violando tratados e o direito internacional com o intuito único de agradar à essa política hostil norte-americana. Seguimos em alerta e nos solidarizamos com a Revolução Bolivariana, com o povo venezuelano. Diante desta grave e criminosa realidade é de responsabilidade de todas as nações do mundo, incluindo a própria ONU e seu Conselho de Segurança, darem um basta nas ações
imperialistas lideradas pelos Estados Unidos. Temos a clareza de que a crise econômica e social venezuelana só será revertida no contexto de busca pela paz na América Latina e Caribe. Os Comitês organizados manifestam aqui apoio total ao Governo Bolivariano e à todos os povos cuja paz seja colocada em risco pelo imperialismo estadunidense. Fora EUA da América Latina e Caribe! Trump desbloqueia a Venezuela! Viva a Revolução Bolivariana! Força ao governo de Nicolás Maduro!” Brasília, 07 de agosto de 2019 Comitê Brasileiro pela Paz na Venezuela Comitê de Solidariedade à Revolução Bolivariana Comitê General Abreu e Lima de Solidariedade à Venezuela Comitê Mineiro de Solidariedade à Revolução Bolivariana Associação Cultural José Marti – MG
REGIME DE EXCEÇÃO
A política golpista não chegou ao seu fim A
política golpistas não chegou ao fim e mostra que, apesar da crise econômica e institucional, não cai sozinha. Semana após semana os bolsonaristas dão novas demonstrações de sua inclinação para instaurar um regime de exceção aberto. De fato, já vivemos em uma ditadura, em muitos sentidos, embora ela procure usar máscaras democráticas e republicanas. Mas os golpistas mostram seu ânimo para aprofundar o regime repressivo ainda mais. Na última semana, Bolsonaro fez diversos movimentos nesta direção. Primeiro, ironizou a morte de Fernando Santa Cruz, pai do atual presidente da OAB, nos porões da ditadura. Em seguida, para afirmar seu alinhamento aos militares, recebeu a viúva do torturador Brilhante Ustra para um jantar oficial, sem dispensar elogios à mesma. Para além de Bolsonaro, a juíza Carolina Lebbos, atual encarregada da Lava Jato no lugar de Sérgio Moro, ordenou a transferência de Lula para um
presídio comum em Tremembé, próximo a São Paulo. Todos sabiam que, ficando em SP, Lula estaria muito mais perto da sua base de apoio, e as mobilizações e rua por sua liberdade, na porta do presídio, seriam muito maiores. Portanto, é improvável que os golpistas se dessem ao luxo de manter Lula preso por muito tempo lá. Numa prisão comum, as chances de matá-lo seriam muito maiores, e sem que o
custo político incidisse sobre a Polícia Federal. No Ministério da Justiça, Sérgio Moro pressiona a aprovação de um “pacote anticrime” que autoriza o endurecimento do regime, incluindo a oficialização da prisão em segunda instância, criminalização do caixa dois, a facilitação do abuso de medidas como as prisões preventivas seguidas de confissão pelo réu. Seguem também
projetos de lei para facilitar a espionagem estatal sobre os computadores e celulares dos indivíduos e o uso de medidas “antiterroristas”, ou seja, que podem criminalizam subjetivamente qualquer pessoa com base na interpretação de que a mesma teria intenção de cometer ato contra a “ordem”. Para não falar do combate às “fakenews”, em que se quer oficializar a prática de fechar páginas virtuais de usuários que disseminem “notícias falsas”. O pior é que tudo isso parece avançar com o beneplácito de lideranças da esquerda pequeno-burguesa ou parlamentar. Haddad fala sobre “aguentar” Bolsonaro até 2022. Marcelo Freixo flerta com a extrema-direita numa entrevista complacente com a golpista Janaína Paschoal. Guilherme Boulos vem pedir renovação e autocrítica da esquerda – o que na prática significa fazer alianças com o “centrão golpista”, evitar a polarização e aceitar uma desmoralização de si própria. Com este tipo de “resistência”, que “não solta a mão da direita”, não há como avançar no combate ao Golpe. É preciso unir forças em torno da derrubada de Bolsonaro e Liberdade para Lula.
4 | POLÍTICA
AMAZÔNIA
Ecologia usada como desculpa para a intervenção imperialista A
revista norte-americana Foreign Policy, especializada em assuntos internacionais, publicou um texto do pesquisador Stephen M. Walt, da Universidade de Harvard, “Quem vai invadir o Brasil para salvar a Amazônia?”. O texto tem como referência uma história hipotética onde países se unem para intervir militarmente na Amazônia para protegê-la contra a destruição ambiental. Segundo o autor o texto é para chamar a atenção frente ao aumento de 88% do desmatamento entre junho de 2018 e junho de 2019 e aumento de 278% nos alertas de áreas desmatadas entre junho e julho. O texto traz o argumento que a Amazônia apesar de boa parte estar no Brasil, é responsável pela regulação do clima no mundo todo e, portanto, estaria justificada uma intervenção militar de países imperialistas para “proteger” essa importante riqueza global. Em julho, o Jornal imperialista The New York Times publicou um texto com o seguinte tema “Sob o líder de ex-
trema-direita do Brasil, as proteções amazônicas são cortadas e as florestas caem”. Esse texto também relata o avanço da destruição da Amazônia e das medidas de apoio e estímulo a esse tipo de ação realizadas pelo governo Bolsonaro, mostrando que a publicação acima não vem por acaso. A Amazônia possui uma riqueza em recursos naturais gigantesca. Em 2017, o general Eduardo Villas Bôas, em uma de audiência pública na Comissão de Relações Exteriores e Defesa Nacional do Senado, afirmou que segundo os cálculos do Exército a região Amazônica possui um patrimônio de riquezas naturais da ordem de US$ 23 trilhões. São madeiras, terras, minerais, medicamentos entre muitos outros recursos que estão na mira dos países imperialistas e seus grandes monopólios internacional e não a suposta defesa do meio ambiente. Os ataques de Bolsonaro para acabar com as terras indígenas, desmatamento para favorecer a grilagem de terras pelos latifundiários, escassez
PRESIDENTE FASCISTA
Elogio de Bolsonaro a Ustra: uma ode à ditadura e à tortura
O
presidente fascista Jair Bolsonaro recebeu nessa quinta (8) para um almoço no Palácio do Planalto, Maria Joseíta Silva Brilhante Ustra, viúva do coronel Carlos Alberto Brilhante Ustra. Como de costume, o presidente não poupou elogios ao coronel, dessa vez a declaração fascista foi a seguinte: “Um herói nacional que evitou que o Brasil caísse naquilo que a esquerda hoje em dia quer”. Ustra é um coronel criminoso, assassino que torturou e matou pelo menos 47 presos políticos na época da ditadura de 64 e nunca cumpriu pena alguma pelos crimes cometidos, já que a a cadeia é só para os pobres e nunca para um general torturador que dirigiu um centro de concentração de tortura. Bolsonaro é seguidor declarado do coronel do exército, e ao elogiar esse
assassino, fica claro que ele é totalmente a favor da tortura, da eliminação de inimigos políticos, da repressão e do terrorismo estatal. Como já sabemos, no Brasil, o Estado é e sempre foi uma ditadura, e não um Estado democrático. Estamos num momento que temos um presidente de extrema-direita, vários criminosos no governo, o que coloca em risco toda a classe trabalhadora, organizações operárias, estudantis, movimentos populares, que já estão sendo intimidados pelos fascistas. Ou seja, já estamos numa ditadura e para derrotar essa ditadura, a única força capaz é a organização da classe operária. Os movimentos de massa devem articular essa organização nas ruas que é onde a luta popular se desenvolve, e não no parlamento, e nas outras instituições do Estado que são controladas pelos golpistas.
dos recursos devido a atividade das mineradoras estão sendo motivo para que os países imperialistas justifiquem uma intervenção militar na Amazônia. O imperialismo não está interessado na defesa do meio ambiente e na justificativa de tomar posse desse grande e rico território para que suas empresas fiquem livres para explorar suas riquezas em detrimento da população brasileira. Um bom exemplo dessa política foi a intervenção no Iraque, onde sobre a justificativa de lutar contra uma ditadura de Saddam
Hussein e suas armas biológicas, destruíram o país e colocaram a população em miséria para que as grandes corporações petroleiras norte-americanas explorassem a principal riqueza do país: o petróleo. Qualquer tipo de intervenção ou de internacionalização da Amazônia é um ataque a soberania do Brasil e desse enorme e rico patrimônio do povo brasileiro. Seria um roubo sem tamanho e um ataque ao desenvolvimento do país que deve ser repudiado pelos trabalhadores.
POLÊMICA | 5
ABUTRE
Boulos e o velho discurso de renovação da esquerda O
ex-candidato à presidência pelo Psol, Guilherme Boulos, publicou matéria no jornal golpista, Folha de S. Paulo, para discorrer um pouco sobre o que ele pensa ser a “Renovação da esquerda”. Para ele, “a esquerda não pode guiar-se por um ufanismo acrítico”. Boulos gosta de expressões vazias que em geral servem para esconder uma determinada posição política. O que seria então o “ufanismo acrítico”? Essa pode ser a maneira de Boulos de levantar a tão falada autocrítica que setores da direita exigem que a esquerda, especificamente do PT, façam. Uma pista pode estar na seguinte frase do texto: “os erros foram muitos, a começar pelo vício da adaptação: a esquerda acomodou-se nas instituições e perdeu as periferias”. Essa á a versão de esquerda da autocrítica da direita. São dois lado da mesma moeda. Enquanto a direita golpista influencia os setores da ala direita da esquerda
sobre a autocrítica em relação à campanha contra a corrupção, ela influencia a setores da esquerda pequeno-burguesa a fazer a autocrítica sobre a “perda das bases” ou como Boulos mesmo diz uma esquerda que “pise no barro”. Na realidade, essa crítica que Boulos reivindica não passa de uma demagogia política por um lado e de propaganda eleitoral por outro. Em nenhum momento o Psol propôs a ser diferente do que o PT foi durante todos esses anos. A própria campanha eleitoral do Psol não difere substancialmente da campanha do PT, a não ser justamente na fraseologia esquerdista em alguns pontos. Isso fica claro inclusive no que Boulos cita como experiências vitoriosas de esquerda no mundo “enfrentamento a Wall Street de Sanders”, “renacionalização de Jeremy Corbin”, “Bloco de Esquerda português”. Os exemplos de Boulos não são alternativas reais ao regime político. Independente da
"CENTRO DEMOCRÁTICO"
Unificar o povo contra a direita ou unificar com a direita? W
ashington Quaquá, presidente do PT do Rio de Janeiro, quer combater a extrema-direita aliando-se à direita, que ele chama de “centro democrático”. É o que afirma em coluna de opinião publicada no sítio Brasil 247 em 8 de agosto, sob o título “PT: Só vence quem amplia!” Quaquá afirma o seguinte: “Cabe a nós do PT buscar uma ampla aliança com o centro democrático. Os que acham que ele não existe, deviam se juntar aos que acham que a terra é plana.” Segundo Quaquá, haveria inclusive um exemplo prático de que buscar o “centro democrático” funciona no combate à extrema-direita. Referia-se à anulação da transferência de Lula para Tremembé, que mobilizou 12 partidos no Congresso e o STF como um todo. Entre esses partidos, estava até o DEM, que participa do governo Bolsonaro e foi um dos principais agentes do golpe de 2016. Para Quaquá “a resposta dada a tentativa arbitrária, desumana e autoritária de levar o presidente Lula para uma prisão comum em São Paulo […] tem na imagem de Fernando Haddad apertando a mão do presidente da câmara Rodrigo Maia uma Foto emblemática e necessária”. Ou seja, para Quaquá, o “centro democrático” incluiria o DEM, partido que saiu da ARENA, da ditadura militar. E a esquerda deveria procurar fazer uma aliança com esse partido para poder derrotar a extrema-direita. O contrário disso seria ser a “outra face” do bolsonarismo, falando só para sua própria base. “A esquerda deve abandonar a tática burra do Bolsonarismo de falar só para seu público e tratar de buscar alianças com todos os democra-
tas que querem reconstruir o estado democrático de direito”, diz Quaquá. Essas considerações pressupõem que os polos da situação política seriam fixos. O bolsonarismo teria 30% (um extremo exagero) de um lado, e o PT 30% de outro. No centro estaria o resto, com o qual caberia se aliar, em um simples problema de somar qual seria a aliança maior. A situação, no entanto, não é assim. Essa aliança que Quaquá defende do PT com a direita seria um deslocamento à direita do próprio PT. Isso só favoreceria o deslocamento ainda maior no regime como um todo à direita. Por outro lado, se houver mobilização contra a direita, e não uma aliança com a direita, então é possível derrotar a extrema-direita e o bolsonarismo. Especialmente nesse momento propício para a mobilização.
apreciação que possamos fazer de cada um desses movimentos, fato é que nenhum deles se propõe a fazer diferente do que fez o PT. Mais ainda, todos esses três exemplos vitoriosos da esquerda são potencialmente mais direitistas do que foram os governos do PT. São nada mais do que a esquerda
dentro do falido regime político burguês. E é exatamente essa a concepção de Guilherme Boulos sobre como deveria ser a “nova esquerda”. Uma política que passe por dentro do regime e no Brasil, ainda mais grave, que passe por dentro do regime golpista. Como falou o próprio Boulos logo após a fraude que deu a vitória eleitoral para Bolsonaro””Não seremos um novo Aécio”, ou seja, devemos legitimar e manter esse governo golpista e fraudulento até o final e pior, quem se propõe a derruba-lo será comparado ao golpista Aécio Neves. A oposição a Bolsonaro, que Boulos defende que deve ser “dura”, não pode ultrapassar os marcos do parlamento, da oposição institucional. Nada de derrubar Bolsonaro, nada de Fora Bolsonaro. Talvez seja isso que Boulos chama de “atalhos que não nos levam longe”. O longe talvez seja a eleição de 2022, o problema é saber se ainda estaremos vivos até lá.
6 | POLÊMICA
ALIANÇA
PCdoB quer unir-se ao centrão em frente de fachada contra Bolsonaro
E
m texto intitulado Lições da luta contra a reforma da previdência, publicado pela redação do órgão do PCdoB, Vermelho, busca-se fazer um apelo para uma aliança entre a esquerda e o Centrão – formado pelos mais diversos partidos que foram linha de frente do golpe contra o PT. Primeiro, para justificar esta aliança com os golpistas, a redação do Vermelho procura apresentar o Centrão como democrático, dizendo que no tema da “defesa do Estado Democrático de Direito, a extrema-direita tende a perder aliados e o campo progressista tende a ser reforçado com o centro político.” =Desta forma, como afirmam no início do texto que o Congresso tem “uma composição majoritária identificada com a pauta ultraliberal e neocolonial do dito superministro da Economia, Paulo Guedes”, o que o PCdoB procura dizer é que se pode ser “democrático” e ao mesmo tempo ser um selvagem neoliberal, à serviço dos banqueiros. Segundo eles, pode-se ser democrático e ao mesmo tempo votar uma reforma que retira o direito de aposentadoria de milhões de trabalhadores. Mas o PCdoB procura explicar a democracia do Centrão, analisando de forma totalmente equivocada a luta entre os fascistas e o legislativo. “Não sem motivo, a extrema direita tem exercido forte pressão para que o seu método de governar dependa cada vez menos das regras legislativas.” E,”O presidente Bolsonaro tem abusado de decretos e medidas provisórias porque sabe que no parlamento suas propostas seriam duramente contestadas.” Para eles, o Centrão seria uma força democrática que quer barrar as medidas “autoritárias” do governo Bolsonaro e por isso a extrema-direita tem feito um esforço para passar por cima do legislativo. Uma concepção totalmente errada, uma vez que todos os partidos que compõem o Centrão ajudaram Bolsonaro a se eleger diante da impossibilidade de um candidato próprio. Usaram o fascista Bolsonaro jus-
tamente para impedir o PT de ganhar as eleições, e participaram da fraude que retirou Lula assim como a extrema-direita, da mesma forma que votaram em conjunto todos os projetos para retirar direitos dos trabalhadores na Câmara. Na realidade, o conflito existente entre Bolsonaro e o legislativo se dá no fato de que a burguesia golpista está em uma profunda crise política, gerada pela instabilidade e crise econômica do regime capitalista. Sendo o Centrão formado pelos mais diversos setores da burguesia, com seus mais diversos interesses, tem se tornado um empecilho para determinados interesses da extrema-direita e setores minoritários da burguesia que sustentam Bolsonaro. Simplesmente isso. Porém, no que diz respeito às pautas fundamentais do golpe, votam em conjunto para manter a sobrevivência do regime golpista, que é essencialmente antidemocrático. Portanto, não, o Centrão não é democrático, em nenhum aspecto possível, e nunca fortalece o “campo progressista”. Mas o objetivo central do PCdoB em elogiar a escória política que é o Centrão se esclarece com o texto. O partido de esquerda busca uma aliança
com estes partidos. “A experiência na Câmara dos Deputados mostrou que a unidade, a flexibilidade, a sagacidade e a coragem política devem reger o enfrentamento ao rolo compressor governista.” E, “É, sem dúvida, uma engenharia de grande envergadura, que exige flexibilidade tática para encadear os objetivos sempre na perspectiva das soluções preconizadas, acompanhando as nuances de cada realidade.” A “unidade”, que exige “uma engenharia de grande envergadura e flexibilidade tática”, pode ser explicada nos seguintes termos: unidade com qualquer um, inclusive os golpistas do Centrão, o que explica a “flexibilidade” necessária. A tática, porém, de se aliar com os inimigos da população, gera dois grandes problemas: o primeiro deles é que, sendo inimigos, irão sabotar a Frente que se busca construir, tornando-se mais um inconveniente na luta contra Bolsonaro. Por exemplo, em uma suposta aliança com o PSDB, a luta pela liberdade de Lula, que é central para derrotar o golpe, não seria apoiada pela Frente para não desagradar os “aliados” tucanos. A luta contra a reforma da previdência também não passaria,
já que o PSDB foi relator da reforma na Câmara e possivelmente será no Senado. Desta forma, busca-se construir uma Frente de fachada, onde os pontos centrais não entram em discussão e procura-se denunciar o governo em pontos secundários sem maior importância para o desenvolvimento da luta política nacional. Essa é a política proposta pelo PCdoB, que está em contradição total à política de luta contra o golpe – isto é, contra todos os ataques da direita à população, tanto do ponto de vista dos direitos democráticos, quanto do ponto de vista econômico, uma vez que estão destruindo o país e entregando-o aos banqueiros e capitalistas internacionais. A política contra o golpe deve ser uma política de mobilização contra todos os golpistas, que estão juntos a Bolsonaro nos ataques contra o povo. A crise interna da burguesia deve ser aproveitada para impulsionar a mobilização dos trabalhadores e não para resgatar politicamente setores políticos desmoralizados da burguesia, travestindo de democráticos aqueles que apenas sabotarão a luta pelos direitos democráticos do povo.
POLÍTICA | 7
STF
Possível golpe contra Bolsonaro revela crise da burguesia golpista O presidente do STF (Supremo Tribunal Federal) Dias Toffoli em recente entrevista à revista Veja, mostrou que mais uma vez, entre Abril e Maio, houve um movimento no interior de industriais e até militares para retirar o governo Bolsonaro. O companheiro Rui explicou o tema na Análise Política da Semana desta sábado (10): “Isso é interessante porque muita gente fala que o governo Bolsonaro é apoiado por toda a burguesia, que não há nenhum tipo de contradição e tal, e esse é um argumento usado para defender a permanência do governo. Mas eis que vem o Toffoli e declara que não, que uma parte expressiva da burguesia queria tirar o Bolsonaro. Aí ele mesma, grande heroi nacional, tomou a iniciativa de fazer um pacto entre o executivo, judiciário e legislativo para manter o governo Bolsonaro. Evidentemente que a revista não fala, é que isso foi mais uma espécie de golpe militar velado no Brasil. Já seria o 3º ou 4º golpe deste após 2016. Por que golpe militar? Quem seria capaz de impedir que industriais, setores da burguesia, setores políticos, no mínimo tentassem tirar o governo
Bolsonaro. A única coisa que poderia impedir isso seria um veto dos militares, pois não existe outra força capaz de produzir este efeito. Este é um dado muito importante da situação, que mostra que existe um governo nas sombras, o alto comando das forças armadas, que domina as instituições através da ameaça de intervenção das forças armadas abertamente no cenário político e que os líderes dessas instituições procuram encobrir. E tudo se processa através de alguma declaração militar ou de negociações subterrâneas. O Brasil vive hoje uma situação de ditadura dirigida e controlada pelos militares, como na questão do Estado Democrático de Direito. Quem dá as cartas no país hoje sobre todas as questões fundamentais são eles. O Congresso vai votar a reforma da previdência, a gente não vê, mas com certeza os militares intervém, são as cartas, impedem um determinado movimento e tudo mais. Se há uma oposição muito forte ao Bolsonaro, eles fazem uso do seu poder de veto para evitar que o Bolsonaro caia. Isso levou a uma outra declaração muito interessante, é meio difícil de
dizer porque estão dando todas essas declarações, mas provavelmente é um recado para todo mundo ficar esperto e não querer levantar as asas. O presidente da câmara declarou, 1º que Bolsonaro não era o candidato principal da burguesia. “Bolsonaro foi um resultado dos nossos erros.” Ou seja, a velha história do aprendiz de feiticeiro, que tiraram o governo do PT e disseram “agora é nós”, aí entrou o Bolsonaro inclusive com o voto deles, por que chegou um momento em que eles decidiram apoiar o Bolsonaro uma vez que sem isso nem ele ganharia as eleições, dado o nível de crise política que existia no momento das eleições. Daí a importância da retirada do Lula e da operação política agora reconhecida pelos golpistas. Maia ao dizer ‘temos que aguentar Bolsonaro até 2022’ mostra que o presidente da câmara participou do movimento para a retirada de Bolsonaro, afastado pelo veto dos militares. Provavelmente a colocação dos militares é de que o Bolsonaro irá cumpri todo o mandato, não adianta tentar impeachment, nada. Numa certa medida explica a posição da esquerda. Haddad por ex., falou que se a esquerda não
se preparar Bolsonaro ficará 8 anos no poder. Quer dizer, 4 anos já estão garantidos. Não é difícil entender que em grande medida o medo da esquerda em levantar o fora Bolsonaro é um medo dos militares. Agora estão todos no fica Bolsonaro até 2022, a única expectativa é controlar o Bolsonaro, colocá-lo na linha, estabelecer limites. Maia expressou isso citando decretos do Bolsonaro que não irão passar na câmara. O próprio Maia deixou claro que a partir da pressão dos militares há um consenso de Bolsonaro 2022, e uma boa parte da esquerda participa desse consenso.”
REFORMA DA PREVIDÊNCIA
O que já é ruim, vai piorar no Senado O
senador Paulo Paim (PT-RS) falou nesta terça-feira (6), em Plenário, que o governo já reconhece que a reforma da Previdência não vai salvar o país. Ele lembrou que o principal argumento do governo era de que, se não ocorrer a reforma, o país vai quebrar, vai falir, mas que, agora, já não estão tocando mais essa cantilena. “Eles reconhecem que só a reforma não vai salvar o país, não vai gerar emprego e não vai contribuir para o combate à miséria e à pobreza. Já reconhecem. Eu achava que eles iriam reconhecer isso mais à frente, daqui a um, dois, três anos, quando a miséria aumentar, e ela vai aumentar, mas já reconhecem agora”, declarou o senador. Com é? Dois ou três anos? Só nos resta fazer discurso e ver piorar até 2022? E aí vai ter um milagre? Além do que já está ruim, setores do PT e da CUT ainda apostam na megasena do Senado, onde tudo pode mudar. É verdade, pode piorar mais ainda. O relator da reforma da reforma da Previdência na câmara alta será o ex-presidente e fundador do PSDB Tasso Jereissati, ex-governador do Ceará, padrinho político do Ciro Gomes. Ele é dono da maior fortuna entre os 81 senadores, com quase R$ 400 milhões declarados. Dono da maior engarrafadora de Coca-Cola do Nordeste, dos shoppings Iguatemy de SP e CE e casado com uma herdeira do Grupo Edson Queiroz, das águas minerais Indaiá e Minalba e que comprou, no ano passado, a divisão de águas da Nestlé.
Sabe como é, aposentadoria é coisa de pobre. A proposta de capitalização pode voltar e os servidores estaduais e municipais de todo o País podem ser tragados também. Quem faz o alerta é consultor Antônio Augusto de Queiroz (outro Queiroz, olha que coincidência), integrante do Diap (Departamento Intersindical de Assessoria Parlamentar). Ele traçou os seguintes pontos à Agência Sindical: • Tramitação da PEC – Votados os destaques, a matéria segue de pronto ao Senado e começa pela CCJ – Comissão de Constituição e Justiça. O prazo ali é de 30 dias e segue para plenário. Caso haja emendas, volta à CCJ – é provável que se inclua a emenda do interesse de Estados e municípios. Após isso, vai a plenária, para votação em dois turnos.
• Prazo – Governo e parlamentares trabalham para liquidar o assunto entre final de setembro e começo de outubro. • Nossas chances – Zero de possibilidades de melhorar. Mas é forte a chance de haver retrocessos em relação ao texto aprovado pelos deputados. O risco de abranger a capitalização volta a ser grande. Governo tem maioria ampla. • Transição – Eventualmente, o Senado pode incluir uma única regra de transição, mais generosa, para portadores de deficiência – e aí a senadora Mara Gabrilli, que é cadeirante, pode atuar nesse sentido. • Servidores – A reforma esfola, pois prevê aumentar de 10% até 14% a contribuição – o que reduz a renda na prática. E, a qualquer tempo, esse índice
pode ser aumentado. Se morrer, deixa pensão que será 60% do valor atual. • Setor privado – Problema central está na mudança da fórmula do cálculo, ao retirar 80 dos melhores salários. A fim ter o benefício integral, aumenta de 35 para 40 anos a contribuição. Para contribuir 40 anos, terá de trabalhar pelo menos 60 . • Setor financeiro – Se muitos perdem, outros ganham. São os banqueiros, pois terão a garantia de que haverá superávit com o que for economizado. Sobrará mais, portanto, para pagamento dos juros sobre o principal. • Ordem social – A reforma fere o princípio constitucional da “vedação de retrocesso social” da Constituição, que não autoriza ações que impliquem retrocessos do ponto de vista social. Esse desmanche estimula a desordem social. • Outros países – Países que adotaram reforma semelhante tiveram o cuidado, antes, de garantir medidas compensatórias, como garantia de transporte ao idoso, programa de medicina e segurança no trabalho, qualificação digital, entre outras. Aqui, isso não ocorreu. Ao contrário, políticas de proteção foram desfeitas. E o sindicalismo? – Além de buscar negociar a redução dos impactos, deve denunciar as maldades da reforma, que, em resumo, aumenta a idade mínima, dilata o tempo de contribuição e reduz o valor do benefício. “Zero de possibilidades de melhorar”, disse Antônio. “Mas é forte a chance de haver retrocessos em relação ao texto aprovado pelos deputado”, alertou.
8 | POLÍTICA
CAPITALISMO
O crime tem uma única raiz: a decadência capitalista S
ob a pressão do imperialismo, a esquerda abandonou a sua tese tradicional de que os males da sociedade capitalista tem um fundo econômico, social e político e que essas perturbações, que levam a pessoa a matar um monte de gente que ela não conhece e tudo o mais, são o resultado de uma sociedade doente. Na Análise Política do sábado (10) o companheiro Rui explicou o tema: “Essa tese logicamente é incômoda. Falar que a sociedade está doente leva à conclusão que essa sociedade precisa ser transformada. Agora, se você fala a sociedade não está doente, ela é normal, você vai dizer que é uma sociedade doente só porque houve 16 massacres em 6 meses no país? De onde você vai tirar essa ideia de que ela está doente? Então é normal, basta que você retire as armas, pronto: tudo normal. O garoto que mata os colegas de escola, num acesso de loucura total, vai ficar na escola pacificado e tal porque a sociedade é boa, a sociedade é maravilhosa. Isso é uma capitula-
ção ideológica da esquerda gigantesca diante da direita. Por exemplo, para a direita, a rebelião no presídio que levou a morte de 52 pessoas é uma coisa normal. Não é que você reduz o ser humano à uma situação sub-humana, a uma situação de selvageria, tranca ele num local que você não trancaria um animal e você ainda quer que a pessoa se comporte de maneira civilizada. É uma expectativa totalmente absurda. A pessoa se comporta de acordo com as circunstâncias em que ela vive. Uma pessoa que está sem problema nenhum pode se dar ao luxo de evitar uma série de conflitos na sua vida. Uma pessoa que está dentro de um prisão, com uma série de conflitos dentro da prisão, corrupção das autoridades, uma situação praticamente impossível de viver, já não pode se dar ao luxo de muita coisa que outras pessoas podem aceitar. Portanto, o crime tem uma única raiz, a raiz social. A ideia dos religiosos de direita de que o crime é produto de
um mal é uma ideia idiota, besta, que ninguém deveria levar a sério, mas que a esquerda, uma parte da esquerda, leva. Os criminosos em geral, as estatísticas mostram isso de uma maneira muito abundante, são todos pessoas extremamente pobres. Nós demos a notícia do fato de quase 80% dos presos não terem nenhum documento. Vocês imaginem qual é o nível social desse cidadão que não tem nenhum documento. Não é que ele não estava com o documento dentro da cadeia, é que ele não tem o documento, precisaria tirar pela primeira vez. São pessoas sem documento dentro do seu próprio país. Quer dizer, são pessoas que estão vivendo numa situação de sub-cidadania, de sub-civilização, de sub-humanidade. Aí a pessoa, num país que tem tanta oportunidade de emprego como o nosso, recorre à atividade criminosa, por motivos diversos, e aí todo mundo fala “tá vendo, que ele é mal, que ele precisa ser duramente punido e tudo mais.” Quer dizer, o abandono da ideia de
que o crime, a violência, a perturbação social em geral, é produto de uma sociedade capitalista, de uma sociedade de classes, de uma sociedade de intensa opressão da maioria pela minoria, de uma sociedade repressiva, a sociedade norte-americana é extremamente repressiva, todo mundo já falou disso. Uma boa parte dos casos de desespero, de loucura, é porque a pessoa não aguentava mais o próprio ambiente em que ela vivia de repressão. Abandonar esse terreno é praticamente abandonar todo o terreno ideológico à direita. Como é que é possível que a esquerda tenha chegado a essa ponto? Através da idolatração de uma democracia que não existe. Que é assim: se o país é democrático, todos são iguais, todos tem as mesmas oportunidades, e se o cidadão é criminoso é porque ele mal. Porque uma sociedade tão boa como essa, que dá tantas oportunidades para a pessoa, tão democrática, tão linda, para a pessoa querer fazer uma maldade é só porque ela é intrinsicamente má.”
62 mil mortes por ano: quem são MAIS UMA PERSEGUIÇÃO AO PT os responsáveis pelo genocídio? Lindbergh condenado em 2ª instância N
o ano de 2016, 62.517 pessoas foram assassinadas no Brasil, o que equivale 30,3 mortes para cada 100 mil habitantes. Isso segundo dados do Ministério da Saúde divulgados no último dia 5 de junho no 11º Anuário Brasileiro de Segurança Pública, apresentado pelo Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea) e pelo Fórum Brasileiro de Segurança Pública (FBSP). Segundo a análise, a taxa de homicídios no Brasil corresponde a 30 vezes a da Europa, e o país soma mais de meio milhão de pessoas assassinadas nos últimos dez anos (553 mil). Todos os estados que lideram a taxa de letalidade estão na Região Norte ou no Nordeste: Sergipe (64,7 para cada 100 mil habitantes), Alagoas (54,2), Rio Grande do Norte (53,4), Pará (50,8), Amapá (48,7), Pernambuco (47,3) e Bahia (46,9). A violência letal contra jovens continua se agravando nos últimos anos e já responde por 56,5% das mortes de homens entre 15 e 19 anos de idade. Na faixa entre 15 e 29 anos, sem distinção de gênero, a taxa de homicídio por 100 mil habitantes é de 142,7, e sobe para 280,6, se considerarmos apenas os homens jovens. O problema se agrava ao incluir a raça/cor na análise. Nos últimos dez anos, a taxa de homicídios de indivíduos não negros diminuiu 6,8% e a da população negra aumentou 23,1%, chegando em 2016 a uma taxa de homicídio de 40,2 para indivíduos negros e de 16 para o resto da população. Ou seja, 71,5% das pessoas que são assassinadas a cada ano no país são pretas ou pardas. Trecho de uma entrevista dada há uns anos à Ponte Jornalismo mostra
que o Estado é o principal responsável pelos assassinatos no Brasil. Com a chegada da extrema direita ao poder com Bolsonaro, dá para se ter uma ideia de como a situação irá se agravar. “PONTE – Como o senhor classifica os índices de letalidade da PM de São Paulo? ATILA ROQUE – São dados escandalosos. Estamos a caminho de voltar ao patamar de quase mil mortes por ano, somente no Estado de São Paulo, o mais rico e moderno do Brasil. Basta pensar que a polícia de São Paulo matou em apenas 6 meses, aproximadamente, quase o que todas as polícias dos Estados Unidos matam em um ano. Para se ter uma ideia, em 2012 a polícia da cidade de Nova Iorque matou (em serviço e fora de serviço) 16 pessoas. A da Filadélfia, no mesmo ano, matou 54 pessoas. PONTE – Na sua opinião, como seria possível fazer com que a PM de São Paulo matasse menos? ATILA ROQUE – É importante dizer que esse não é um desafio restrito a São Paulo, onde pelo menos temos acesso aos dados referentes a essas mortes. Com exceção de poucos estados, como é o caso de São Paulo, Rio de Janeiro e Minas Gerais, o Brasil simplesmente não sabe quantas pessoas morrem nas mãos das policias, seja em serviço ou fora de serviço. Isso em um país em que mais de 50 mil pessoas são vítimas de homicídio todos os anos é um fato de extrema gravidade, considerando que a primeira medida para se executar qualquer política de redução da letalidade policial é saber quanto o estado mata e em quais circunstâncias.”
N
a última terça-feira (6), o Tribunal de Justiça do Rio de Janeiro (TJ-RJ) manteve a condenação do ex-senador do PT Lindbergh Farias por improbidade administrativa. A condenação se refere ao período em que Lindbergh Farias foi prefeito de Nova Iguaçu-RJ, por um episódio em que distribuiu leite para a população. A justiça alegou que Lindbergh teria usado a ação para promoção pessoal. O PT denunciou que a ação é absurda, e que no material que acompanhava o leite distribuído, Lindbergh utilizou um símbolo da prefeitura, não um logotipo do partido ou de uma campanha eleitoral. Como nos casos do chamado “mensalão” ou das condenações de Lula, trata-se de mais um exemplo de perseguição política ao PT. Para que fosse dado o golpe de 2016, o PT sofreu uma ampla perseguição com uso da justiça para caçar figuras centrais do partido. Agora, essa perseguição continua para que o novo regime político que a direita está criando sobre as ruínas do regime anterior seja consolidado. Faz parte de um ataque geral à esquerda,
que inclui partidos, sindicatos e organizações populares. Esses ataques têm o objetivo amplo de desmantelar as organizações capazes de mobilizar setores da população contra o governo, suas medidas e seu programa político. As medidas neoliberais levam inevitavelmente a um embate com o povo. Por isso, a direita golpista está procurando desmantelar a capacidade de a população reagir. Este é o sentido da perseguição política a figuras proeminentes do PT, começando pelo próprio Lula, e de ações como a prisão de militantes do movimento por moradia em São Paulo. Quanto mais a direita conseguir avançar nessa perseguição política e nas arbitrariedades contra dirigentes partidários e de organizações políticas dos trabalhadores, mais terá avançado no fechamento do regime, rumo a uma ditadura cada vez mais repressiva. Por isso é preciso reagir imediatamente, aproveitando enquanto ainda é possível reagir, e aproveitando que, no atual momento político, há uma forte tendência a mobilização popular contra o governo.
INTERNACIONAL | 9
ITÁLIA
Traído, Salvini quer novas eleições
O
ministro do Interior da Itália, Matteo Salvini, divulgou um comunicado nessa quinta-feira (08) no qual pediu eleições antecipadas “o mais rápido possível”. Afirmou: “já que não há maioria no governo […] demos rapidamente a palavra aos eleitores”. E continuou: “é inútil seguir adiante entre vetos e disputas, como aconteceu nas últimas semanas. Os italianos precisam de certezas e de um governo que governe.” A declaração do principal líder do governo italiano veio após mais um capítulo da extrema crise que assola a política do país. Na quarta, um tenso debate tomou conta do Senado, a respeito do projeto de linha de trem de alta velocidade que ligaria Turim à Lyon, na França. A Liga – partido de extrema-direita liderado por Salvini – é forte apoiadora do projeto, enquanto que o Movimento 5 Estrelas (M5S, na sigla em italiano), seu aliado no governo, boicota a proposta. Isso, junto a um projeto na área de segurança, tem travado as atividades do governo. Também na quinta-feira, antes da declaração de Salvini, a Liga já havia publicado uma nota exigindo novas eleições. “A Itália precisa de certezas e de escolhas corajosas e compartilhadas. É inútil seguir adiante com ‘nãos’,
adiamentos, bloqueios e brigas cotidianas. Cada dia que passa é um dia perdido. Para nós, a única alternativa a este governo é dar a palavra aos italianos com novas eleições”, afirmou o partido. A Liga, assim, tenta se desvencilhar do M5S, que na verdade é um “amigo da onça”, também de direita, mas que atua conforme os interesses do setor principal da burguesia imperialista, enquanto que a Liga obedece a um setor menor da burguesia, que defende uma política de protecionismo e não aliança com a União Europeia. Para o imperialismo, isso não interessa, uma vez que a UE é um órgão fundamental para a dominação dos grandes bancos e a submissão de todos os países europeus pelas potências capitalistas mais avançadas do bloco – Alemanha e França. “Há o conhecimento de que, depois de tantas coisas boas feitas, fundamentais para o país, como grandes obras de infraestrutura, desenvolvimento econômico, aplicação de autonomias, energia, reforma da justiça e relação com a Europa, entre a Liga e o M5S existem visões diferentes”, complementou a Liga no comunicado. Salvini já havia entrado em atrito com outros setores importantes da política tradicional italiana, como os
partidários de Silvio Berlusconi, como com o primeiro-ministro Giuseppe Conte, o presidente Sergio Mattarella ou o ex-primeiro-ministro Matteo Renzi, do Partido Democrático. Todos esses respondem, cada um conforme a relevância de seus laços, aos interesses do principal setor da burguesia imperialista, e vêm se unindo contra a Liga. O que enfatiza o caráter imperialista dos ataques contra Salvini – um fascista – é a tentativa de derrubá-lo do governo ao fazerem uma ligação entre a Liga e o governo russo. Está em processo de investigação e há um grande alarde pela imprensa burguesa italiana sobre o possível financiamento rus-
so da campanha da Liga para as eleições europeias. Entretanto, é nítida a vontade de retirar a Liga do governo de uma maneira fraudulenta, por ela não atender aos interesses da burguesia imperialista. Graças à sua política totalmente demagógica – típica de um partido fascista -, a Liga tem conquistado grande apoio da pequena-burguesia e de camadas da classe trabalhadora. Segundo as pesquisas de opinião, Salvini poderia vencer novas eleições com 36% dos votos, gabaritando-0 para governar apenas com o apoio de um outro partido de extrema-direita, o pequeno Fratelli d’Italia. Outras, dizem até mesmo que ele poderia governar sozinho.
CONTRA A OFENSIVA DO IMPERIALISMO
Venezuelanos saem às ruas mais uma vez contra ataques do imperialismo
O
povo venezuelano está novamente ocupando as ruas de todo o país para mais uma vez protestar contra as medidas criminosas do governo Trump e dos capitalistas ianques contra a nação sul-americano. As sanções impostas ao regime bolivariano representam o mais duro ataque dos últimos trinta anos a uma nação do continente, depois do bloqueio à Cuba, que já completou mais de meio século. A ofensiva do imperialismo contra uma nação soberana do continente representa uma violação grotesca e abjeta das normas e dos tratados mais elementares do direito internacional, prática que vem sendo sistematicamente adotada pelo país que detém a maior e mais mortífera máquina militar de guerra do planeta, usada em larga escala desde a segunda guerra mundial para pressionar, ameaçar e intimidar os povos que se levantam em luta contra o jugo e a opressão em todo o mundo. Em 2018, de forma soberana e democrática, o povo venezuelano sufragou nas urnas, para mais um mandato constitucional o presidente Nicolás Maduro, em pleito reconhecido e legitimado pela comunidade internacional que esteve presente ao país para atestar a lisura e a transparência do processo, conferindo legitimidade ao mandato de Maduro. Inconformada
com mais uma derrota, a oposição pró-imperialista não reconheceu a vitória de Maduro, passando a adotar atos de sabotagem contra o governo eleito, contando para isso com a “assessoria” da Casa Branca e de Washington, articuladores de duas tentativas fracassadas de golpe contra o presidente Maduro. A alegação de Donald Trump para a aplicação das criminosas sanções econômicas e embargos à Venezuela estaria no fato do regime chavista “violar os direitos humanos”, o que aparece
como uma justificativa não somente cínica como risível em se tratando dos Estados Unidos, que não só apóia como dá sustentação política, econômica e militar a dezenas de regimes ditatoriais e violadores dos direitos humanos nos quatro cantos do planeta. A motivação real dos ataques e da ofensiva ianque contra o país sul-americano – essa é a verdade – está na estratégia político-militar do imperialismo em exercer o controle e a manipulação, através da pressão e da chantagem, dos regimes em todo o
continente americano, submetendo os povos e as nações aos interesses do imperialismo. Portanto, as ameaças do imperialismo aos povos do continente, em especial neste momento contra o povo venezuelano, está no desejo do imperialismo em roubar as riquezas do país, suas reservas de petróleo (umas das maiores do mundo), nada tendo a ver com uma suposta “cruzada humanitária” do país que é o maior violador dos direitos humanos em todo o planeta, os Estados Unidos da América.
10 | INTERNACIONAL
PROTESTO OPOSITOR
Rússia denuncia interferência dos EUA em protestos opositores N
a manhã dessa sexta-feira (09), o Ministério de Relações Exteriores da Rússia convocou o principal representante da embaixada dos EUA em Moscou para esclarecer sobre o incentivo dado pelo órgão diplomático norte-americano a protestos contra o governo, realizados no último dia 3. Naquele dia, o Twitter oficial da embaixada dos EUA na Rússia publicou o itinerário do protesto opositor contra o impedimento de muitos candidatos opositores participarem das eleições municipais. Foi uma “tentativa de ingerência nos assunto internos”, denunciou o governo russo. A porta-voz do Ministério, Maria Zakharova, também fez declarações públicas denunciando a interferência norte-americana na vida política da Rússia. Por sua vez, o deputado Andrei Klimov alertou: “Já dissemos antes que os EUA e seus partidários tentariam
utilizar as próximas eleições da Duma da cidade de Moscou para organizar provocações e tentativas de ingerência, infelizmente nossas suposições de que haveriam provocações com apoio externo se cumpriram.” “Nos referimos também à participação nos protestos de pessoas que passaram por certos cursos de preparação no exterior e que receberam financiamento estrangeiro”, completou. Os protestos do último dia 3, bem como outros que têm sido realizados em Moscou nas últimas semanas, não foram autorizados pelas autoridades. Os manifestantes protestam contra o impedimento de candidatos opositores de participarem das eleições municipais que ocorrerão em setembro. Eles foram impedidos pela justiça eleitoral por não terem alcançado o número mínimo de assinaturas populares para suas candidaturas. O governo dos EUA, bem como ou-
RELATÓRIO
Para ONU, deve-se comer menos para que haja alimentos para os outros
N
esta quinta (8), o IPCC (Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas) publicou em Genebra relatório pedindo ações de curto prazo contra a degradação das terras, o desperdício de alimentos ou as emissões de gases que provocam o efeito estufa pelo setor agrícola. Com o título “As mudanças climáticas, a desertificação, a degradação dos solos, a gestão sustentável das terras, a segurança alimentar e os fluxos de gases do efeito estufa” o relatório procura atribuir o problema da fome. O “nosso uso das terras […] não é sustentável e contribui para as mudanças climáticas”, afirmou a copresidente do IPCC, Valérie Masson-Delmotte. Em seguida apontou que o relatório “ressalta a importância de atuar de modo imediato”. “As terras estão sob pressão crescente das atividades humanas e das mudanças climáticas”, disse a climatologista francesa. “A partir de 2°C de aquecimento global poderíamos enfrentar crises alimentares de origem climática mais severas e mais numerosas”, advertiu um dos autores, Jean-François Soussa-
na. O documento afirma que não resta mais tempo, pois o aquecimento das terras emersas alcançou 1,53°C, o dobro do aumento global da temperatura, incluindo os oceanos. O relatório é alarmista e faz demagogia com a situação de desigualdade imposta pelo capitalismo. Para o IPCC, além de reduzir as emissões de gases do efeito estufa, também é necessário mudar os hábitos de consumo. “Atualmente entre 25% e 30% da produção total de comida é desperdiçada”, afirma o relatório, ao mesmo tempo em que 820 milhões de pessoas no mundo passam fome. Na prática, o relatório da ONU coloca o desperdício de alimentos como causa da fome no mundo, ou seja, para resolver o problema da fome bastaria que houvesse menos desperdício. Não por acaso, a ONU mite que comidas e produtos dos mais diversos apodrecerem nas prateleiras dos supermercados porque a população não tem dinheiro para comprá-los, o que não tem relação alguma com o clima, mas sim com a crise do capitalismo monopolista.
tros países imperialistas, criticaram duramente as proibições e incentivaram os protestos, uma vez que eles ajudam a desestabilizar o governo central de
Vladimir Putin, um dos maiores entraves para a dominação imperialista em várias regiões do mundo – como a própria Rússia, ou a Síria ou a Venezuela.
MOVIMENTO OPERÁRIO | ATIVIDADES DO PCO | NEGROS | 11
OCUPAÇÕES
Manifestantes acampam em frente ao Fórum da Barra Funda N
o último oito de agosto, o Comitê em defesa do Movimento Popular realizou ato em frente o fórum Criminal da Barra Funda para exigir a liberdade das lideranças das ocupações do centro, Preta Ferreira, Angélica, Ednalva e Sidnei. Dito disse que os líderes foram alvo de uma série de intimações, e de intimidações, mas nunca se recusaram a comparecer na Justiça. Mesmo assim, no feriado de 20 de junho, de Corpus Christi, tiveram as prisões decretadas. (Rede Brasil Atual – 08/08/2019) “É inadmissível que eles estejam presos injustamente, por conta de uma relação que eles têm com a moradia popular e digna. Eles estão fazendo papel que seria do Estado, que não
cumpre sua obrigação constitucional de garantir a moradia popular para as pessoas mais humildes terem acesso à moradia digna”, afirmou a vereadora Juliana Cardoso (PT), no ato em frente ao fórum. (idem) Essas lideranças estão presas preventivamente desde o dia 24 de junho e, apesar de não haver nenhum fundamento a acusação, o Ministério Público de São Paulo deu a como crime, ou seja, são criminosos por defender moradia para a população que não tem onde morar. Foram indiciadas 19 lideranças, sendo que estão presos Sidnei, Preta Ferreira, Edinalva e Angélica, no entanto, foram decretadas a prisão de mais cinco membros. É assim que funciona, o
governador de São Paulo, João Doria do PSDB invade uma área em Campos do Jordão e, como é da turma do golpe, onde o judiciário, que mantem, também de forma arbitraria o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (Lula) para ele Doria nada acontece, essas lideranças que querem inclusive evitar que esses moradores nos prédios abandonados pelos capitalistas há muito tempo, mandando-os para albergues, um contingente de mais de seis mil pessoas, esses sim são criminosos. Os manifestantes ficaram durante o dia e à noite acampados em frente ao fórum Criminal da Barra Funda para exigir a imediata libertação dessas lideranças.
PR
Adquira sua rifa do CCBP e concorra à prêmios exclusivos da loja
N
este sábado (10), durante a assembleia estadual da APP – Sindicato, ocorrerá um sorteio dos prêmios da rifa do Centro Cultural Benjamin Péret – Paraná (CCBP-PR). A iniciativa é parte da promoção da
campanha financeira do centro cultural, para a manutenção e ampliação das suas atividades. Para participar do sorteio, basta comprar um bilhete, que custa R$ 5,00 e concorrer a prêmios
NEGROS
Por que defender a liberdade de Lula e o Fora Bolsonaro? D
esde 2008, o imperialismo vem organizando uma nova ofensiva contra os governos nacionalistas burgueses da América Larina. Logo em 2009, o presidente de Honduras Manoel Zelaya foi destituído por um golpe militar. Daí em diante, vários outros países, como no caso do Paraguai, sofreram um golpe para que fosse imposto um presidente pró-imperialista, ou estão sofrendo tentativas de golpe, como no caso da Venezuela e da Nicarágua. O Brasil, obviamente, não ficou de fora das tramas do imperialsimo. Em 2016, a presidenta Dilma Rousseff foi derrubada por um golpe dado em conjunto pelo parlamento, pela imprensa golpista, pelo Judiciário e pelas próprias Forças Armadas. Desde então, o golpe vem se aprofundando, levando o maior líder popular do país, o ex-presidente Lula, à cadeia e um fascista à presidência da República. A derrubada de Dilma Rousseff, a prisão de Lula e o governo Bolsonaro foram organizados pelo imperialismo com um determinado objetivo: criar condições para impor um ataque duríssimo à população. Cada vez mais, o Estado se encontra sob o domínio dos setores mais reacionários da burguesia. E, cada vez mais, esses setores avançam no sentido de criar condições para agir com mais arbitrariedade. Em muitas situações, o atual regime polí-
tico se comporta como uma ditadura. Para o povo negro, o endurecimento do regime político é um atentado claro às suas condições de vida. Após o golpe, o massacre dos negros na periferia pela Polícia Militar aumentou drasticamente. As cotas raciais estão ameaçadas de serem completamente extintas – a extrema-direita, nazista, pede o fim das cotas, enquanto a imprensa burguesa, cinicamente, faz campanha pela instauração de um tribunal racial que determine quem é negro e quem não é. O desemprego que cresce a cada dia no país atinge ainda mais os negros. A população carcerária, que aumenta a cada dia diante da política de encarceramento da direita e diante do fortalecimento dos aparatos de repressão, é majoritariamente negra. Na medida em que a direita ataca mais a população, a burguesia investe anda mais na repressão, de modo a evitar que a situação saia de controle. Os reprimidos sempre são os trabalhadores e a população pobre em geral, que são, em esmagadora maioria, negros. A ofensiva do imperialismo contra os direitos democráticos e contra as condições de vida da população só poderá ser freada por meio de um enfrentamento decidido das massas contra seus algozes. É preciso, portanto, que os negros se aliem aos traba-
lhadores e todos os explorados para travar uma luta que permita colocar a direita contra a parede e pôr o regime político abaixo. Essa luta, por sua vez, passa obrigatoriamente por duas palavras de ordem centrais: a liberdade de Lula e o fora Bolsonaro. Sem derrubar o governo ilegítimo de Bolsonaro, imposto por meio de uma fraude para atender aos interesses dos capitalistas, os ataques não irão cessar. Se muito pressionados pelo movimento popular, o governo Bolsonaro poderá recuar diante de uma ou outra reivindicação. No entanto, assim que perceber que a
situação lhe é favorável, não hesitará em atacar os trabalhadores. Derrubar o governo Bolsonaro, por sua vez, não é o suficiente para liquidar o regime político golpista. Afinal, a burguesia tem a sua própria solução para o caso de o governo Bolsonaro se tornar completamente inviável. A direita pode, por exemplo, colocar o vice-presidente Hamilton Mourão no poder. Por isso, é preciso exigir que o maior líder popular do país seja solto, isto é, que o ex-presidente Lula saia das masmorras de Curitiba e dê ao movimento a força necessária para enfrentar todos os golpistas.
12 | JUVENTUDE
MEC
Universidades federais podem fechar no próximo mês S
egundo as universidades federais, todo o recurso previsto para ser liberado até o fim do ano é insuficiente para pagar integralmente as contas e contratos que vencem em setembro. Resultante do corte no orçamento e do contingenciamento de 30% feito pelo governo Bolsonaro, sem a liberação de mais dinheiro pelo MEC (Ministério da Educação), federais terão de suspender aulas ou atividades por não conseguir pagar serviços básicos de vigilância, limpeza e energia. O MEC disse, em nota, que está disposto apenas a “intermediar a resolução de questões pontuais de liberação de limite de orçamento”. “Os contratos são reajustados todos os anos, mas nosso orçamento é o mesmo. Não há margem, nosso dinheiro era pouco para todos os nossos compromissos, e com o bloqueio de 30% a situação ficou insustentável”, afirma o pró-reitor da Federal de Pernambuco (UFPE), Thiago Neves, que também afirmou estarem as universidades há três anos com o orçamento de custeio no mesmo patamar – sem correção de inflação. Ou seja, desde o golpe de Estado, início do governo Temer. Ainda segundo Neves, a UFPE não tem dinheiro suficiente para pagar a conta de luz. Nesta semana, a reitoria suspendeu o uso de ar-condicionado em seus três campi, em Recife, Vitória e Caruaru. O equipamento só poderá ser ligado em laboratórios de pesquisa ou locais com equipamentos que demandam refrigeração. “Mesmo com economias desse nível, a conta não está fechando. Precisamos urgentemente discutir o desbloqueio”, afirmou. A Federal da Bahia (UFBA) também disse que o desbloqueio é necessário
para ter atividades normalmente no próximo mês. Afirmou já ter reduzido contratos de vigilância, limpeza, portaria, manutenção, suspendeu passagens aéreas e transporte terrestre e reduziu viagens para estudo de campo das graduações. A federal potiguar (UFRN) também informou que, se no próximo mês receber os mesmos 5% que vieram em agosto, não conseguirá pagar seus os contratos. A UFRJ (Universidade Federal do Rio de Janeiro), que teve o maior corte (R$ 114 milhões), diz que os serviços básicos podem parar a qualquer momento. “O que já estava ruim torna-se intolerável”, diz o reitor Roberto Leher, também relatando tensões com fornecedores. Segundo ele, a instituição, que há anos fecha suas contas com déficit, está no limite e já fez todos os cortes estruturais possíveis, como demitir mais da metade dos 5.000 funcionários terceirizados. “É impossível ficar um dia sem segurança ou dois dias sem limpeza nos campi. Temos uma produção muito grande, por exemplo, de lixo hospitalar e produtos químicos. Não dá para improvisar.” O reitor da UFPE (Universidade Federal de Pernambuco), Anísio Brasileiro, avalia que terá que fazer cortes drásticos em serviços de segurança, energia e limpeza. O mesmo deve acontecer na UFSC (Universidade Federal de Santa Catarina), onde o orçamento foi reduzido em quase R$ 60 milhões. Para Cristiane Derani, pró-reitora de pós-graduação da UFSC: “Foi assinada nossa sentença de morte, e muito doída. Educação não se constrói da noite para o dia.” Na UFRGS (Universidade Federal do Rio Grande do Sul), as restrições já atingem a assistência estudantil. Alu-
nos de matemática de baixa renda, por exemplo, deixaram de receber o benefício de R$ 180 por semestre para aquisição de itens como compassos, réguas e cadernos. Agora, eles temem que também sejam encerradas as monitorias, nas quais estudantes de semestres avançados recebem R$ 400 mensais para ajudar alunos com dificuldades. “As monitorias ajudam a diminuir a evasão e a reprovação nas disciplinas básicas do curso”, diz Ana Paula Santos, 21, aluna do segundo semestre. Em recente evento para discutir estratégias contra o programa Future-se, a secretária-geral do ANDES-SN (Sindicato Nacional dos Docentes das Universidades Federais), Eblin Farage, este momento é extremamente delicado para as Universidades, Institutos Federais e CEFET, pois o projeto é uma tentativa de dar prosseguimento a determinações antigas de organizações internacionais e de empresários que atuam na área da educação privada. “O Future-se está tentando reverter todas as conquistas importantes desde o período de re-
democratização do Brasil. O ANDES-SN está firme para continuar na luta. Acreditamos que o dia 13 será um dia forte de mobilização nas ruas de todo país. Nós temos que incidir no congresso, para que não seja aprovada nenhuma mudança e temos lutado para que todos os nossos conselhos universitários aprovem nota de repúdio ao Future-se e se neguem a fazer essa adesão. Nós acreditamos que não há nada para mexer nesse projeto, nada a ser negociado e o que temos que exigir é a recomposição das verbas públicas, começando pelo descontingenciamento imediato das verbas da educação”, afrmou Eblin. Os ataques dos golpistas à Educação vem desde o governo Temer, com a PEC do Teto (que congelou por 20 anos os investimentos públicos em Educação, Saúde, etc), o projeto “Escola sem Partido”, a reforma do Ensino Médio, etc.. e estão sendo aprofundados com todo tipo de atrocidade do governo Bolsonaro. A única forma de reverte essa quadro é a mobilização nas ruas pela derrubada do governo de conjunto.
MORADIA E TERRA | 13
GOLPISTA
Bolsonaristas estão elaborando plano de mineração em terras indígenas
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esta quinta-feira (8), o presidente golpista Bolsonaro atacou os indígenas novamente em uma live no Facebook, onde defende a mineração e exploração das terras indígenas. Nessa live, o golpista teve a cara de pau de chamar indígenas da Raposa Serra do Sol, de Roraima (RR) para estamparem o cenário como se fossem objetos, além de tentar enganar as pessoas como se os indígenas fossem a favor da política genocida de Bolsonaro. No início da live ainda é possível ouvir vozes instruindo os índios a não falarem sobre garimpo, mostrando que eles provavelmente estavam ali obrigados e sem ter muita consciência da situação. A narrativa do presidente golpista Jair Bolsonaro contra os indígenas não deixa dúvidas de que ele quer acabar com a população mais antiga do Brasil, verdadeiros donos dessas terras. Numa completa defesa dos privilégios e vantagens dos latifundiários e grandes fazendeiros, Bolsonaro afirma que a
atividade do garimpo deve ser legalizada justamente para proteger o meio ambiente, o que não faz o menor sentido. Fica claro que os bolsonaristas estão trabalhando a todo vapor por essa permissão da exploração e garimpo em terras indígenas, principalmente a fim de estimular cada vez mais as invasões e conflitos para forçar uma situação em que a legalização do garimpo seja a saída. Bolsonaro ainda afirma em sua live que “aquele pessoal que quer eles confinados, [eles] não querem o bem deles. Eles não querem isso. O índio é tão brasileiro, ele é tão inteligente como nós”. Essa afirmação não faz nenhum sentido, principalmente pelo fato de que os bolsonaristas são os principais inimigos dos indígenas, não a toa, durante sua campanha eleitoral, Bolsonaro afirmou que os índios não teriam 1 centímetro de terra no governo dele. Mesmo os índios sendo “tão brasileiros” quanto nós, são diariamente atacados pela
bancada ruralista, que financiou a eleição de Bolsonaro e que, em prol da especulação agrária, tenta de toda forma acabar com as demarcações de terras para estabelecer a política genocida que é o garimpo. Utilizando-se de um argumento completamente genérico de que os índios devem se integrar a sociedade, o
que Bolsonaro quer é marginalizá-los mais ainda, tirando-os de sua terra e empurrando para a vida urbana, algo que os índios não estão habituados. É preciso continuar expandindo a campanha pelo Fora Bolsonaro se quisermos defender os indígenas a permanecerem nas terras que são suas por direito.
PRODUTOS TÓXICOS
Novas regras de agrotóxicos vão levar a mais contaminações A
Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) elaborou um novo conjunto de regras para a classificação de agrotóxicos sob a justificativa de adaptá-las ao “padrão internacional”. Porém, as alterações vêm no sentido de aumentar o consumo de produtos tóxicos, perigosos para quem os manuseia. É uma medida do governo golpista que colocará em risco os trabalhadores rurais e favorecerá a burguesia que lucra com a indústria de pesticidas. Uma das mudanças mais graves diz respeito à alteração da classificação dos produtos mais perigosos, os “altamente tóxicos” e “extremamente tóxicos”. Produtos que causam graves problemas de saúde como úlceras, corrosão na pele e na córnea e cegueira não mais estarão nessas categorias. Para entrar nessas classes, o produto deverá apresentar risco de morte por ingestão ou por contato. O resultado dessa nova classificação insidiosa é que mais de 500 produtos
considerados altamente tóxicos vão ser rebaixados a categorias mais amenas, possibilitando um aumento na produção e na venda desses pesticidas no mercado, uma medida que claramente visa apenas o lucro de quem vende essas substâncias extremamente perigosas para o trabalhador. Com a mudança na classificação, os rótulos desses produtos também serão alterados, perdendo a tarja vermelha e a caveira, símbolos que demosntravam de forma clara o perigo que sua ingestão ou contato poderiam causar a uma pessoa, e recebendo em troca uma tarja azul e um símbolo de “Atenção”, que servirão para confundir o trabalhador que lida com esses produtos e que muitas vezes apresenta um baixo índice de escolaridade. Outra mudança é no número de classes de toxicidade. Atualmente, há quatro: Extremamente Tóxico (rótulo vermelho), Altamente Tóxico (rótulo vermelho), Medianamente Tóxico (rótulo amarelo) e Pouco Tóxico (rótulo
azul). Com as mudanças, serão adicionadas outras duas, mais moderadas: Improvável de Causar Dano Agudo (rótulo azul) e Não Classificado (rótulo verde). É importante que se denuncie que as novas regras causarão um grande aumento no número de contamina-
ções ou até mortes pelo contato ou ingestão desses produtos, uma medida assassina de um governo golpista e ilegítimo, que subiu ao poder através de uma fraude e não vê problema algum em sacrificar trabalhadores rurais para aumentar o lucro das empresas que o financiam.
14 | CULTURA E ESPORTES
CULTURA
BNegão denuncia prisão de Lula e diz: Bolsonaro é “governo da morte”
O
lendário rapper Bnegão (das bandas Planet Hemp e Seletores de Frequência) sempre teve uma posição combativa e de denúncia contra os abusos da polícia e de outros órgãos de repressão do Estado burguês. No caso do governo ilegítimo de Jair Bolsonaro e de seus ataques contra o povo, não é diferente. E, no último Festival de Inverno de Bonito (MS), sua apresentação foi interrompida pela PM por conta dessa postura e de coisas ditas pelo artista durante o show, que havia desferido críticas à polícia local, a Bolsonaro e a Sérgio Moro. Segundo ele, esse foi o caso mais grave de censura que ele sofreu durante toda a sua carreira. Em entrevista dada ao sítio Brasil de Fato na última quarta-feira (7 de agosto), ele fala sobre o caso e conta
outras tentativas de intimidação feitas pelas autoridades contra ele e os seus colegas de banda. Além disso, ele se posiciona de forma aberta contra o
governo Bolsonaro e a prisão política de Lula. Sobre o governo Bolsonaro, ele diz: “É na verdade é um governo da morte.
É morte aos indígenas, morte ao aposentado, é porrada nos estudantes. É um governo anti-vida”, descrevendo o que toda a população sente quando pensa no governo golpista que foi colocado aí contra a vontade do povo para satisfazer aos interesses da burguesia. E ele continua, dizendo que no futuro pessoas como Bolsonaro e seus asseclas “vão ter que responder por crimes contra a humanidade.” Ele também relata sua participação em uma das edições do Festival Lula Livre e diz corretamente que “O Lula é preso politico.” Se posiciona a favor de sua liberdade ao dizer que “ele é inocente total, não tem nada provado contra ele, enquanto tem vários com um monte de prova que ninguém prende. Esse caras querem tanto o Lula preso porque ele é um perigo para eles”.
PELA LIBERDADE DE LULA
“Lula livre o mais rápido possível”, exige o escritor Raduan Nassar
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esta quinta-feira (8) o presidente e preso político Lula recebeu a visita do escritor Raduan Nassar, um dos mais importantes escritores da língua portuguesa, vencedor do Prêmio Camões, e de Fernando Moraes, do Blog Nocaute. Lula vem recebendo importantes visitar de nomes renomados no mundo inteiro, pessoas esclarecidas e que têm plena consciência de que Lula está preso injustamente, numa farsa da justiça burguesa para prender o candidato do povo. No encontro com Lula, eles entregaram uma carta assinada por 20 magistrados da Associação Juízes para a Democracia, que denuncia a prisão política de Lula, forjada à base de nenhuma prova, num conluio entre judiciário e Ministério Público, para assegurar a ofensiva da extrema-direita no Brasil. Após o encontro, ambos foram visitar a vigília Lula Livre e Nassar relatou a experiência à mídia Brasil de Fato “Eu achei ele ótimo, decidido na luta pela soberania brasileira, que é o mais importante de tudo. Eu acredito nessa luta e acho que uma hora a barca vai virar: Lula livre o mais rápido possível.
Porque Lula é um presidente preso politicamente, e isso é insuportável para todos nós” Para Fernando Moraes, essa pauta pela liberdade de Lula é o ponto central na luta contra o governo golpista e de extrema-direita de Jair Bolsonaro, que chegou ao poder via eleições claramente fraudadas, isso porque o principal candidato que esteve a frente em todas as pesquisas, inclusive as pesquisas da mídia burguesa, era Lula.
TODOS OS DIAS ÀS 3H, NA CAUSA OPERÁRIA TV
O comprometimento dos magistrados da Associação Juízes pela Democracia também expressa, para Moraes, a importância e urgência de libertar Lula, como Moraes afirma, a carta da AJD é “tradução de que, no Brasil, há juízas e juízes comprometidos com o Direito, a Justiça e a liberdade”. Esse é um ponto importante, pois mostra que nem todos dentro das instituições burguesas foram corrompidos pelas articulações e manobras sinistras da direita.
Em resposta ao encontro e a entrega da carta da AJD para Lula, a desembargadora Kenarik Boujikian, cofundadora da AJD, disse “A honra é nossa de que nossa mensagem de solidariedade, luta e sonho tenha sido levada pelas mãos de vocês, que estão no coração de todos os juízes pela democracia, e de todo mundo que está aqui”. Os juristas que assinam a carta não deixaram de enfatizar que a prisão de Lula foi uma grande farsa proporcionada pela Lava-Jato, numa ação completamente “político-partidária” entre o juiz Sérgio Moro – que ganhou o cargo de Ministro da Justiça no governo golpista de Bolsonaro – e a extrema-direita. Segundo a carta, a democracia não tem como prevalecer enquanto Lula estiver preso, pois viola todos os preceitos até para a democracia pequeno-burguesa. É imprescindível avançar com as manifestações nas ruas pela liberdade de Lula, pela anulação de todos os processos claramente fraudulentos e chamar novas eleições com Lula candidato, afinal, é isso que o povo quer e que deixa claro em todas as manifestações, grandes ou pequenas.
ESPORTES | 15
ESPORTES
Todos os domingos às 20h30 na Causa Operária TV
Gabriel Jesus e Messi punidos por denunciar armação no futebol A
Confederação Sul-Americana de Futebol (Conmebol) comunicou nesta quarta-feira (07/08) a decisão de punir o jogador da seleção brasileira, Gabriel Jesus, em razão da atitude que tomou após ser expulso na final da Copa América deste ano, vencida pelo Brasil contra o Peru, no Maracanã. A punição consiste na suspensão por dois meses da seleção, além do pagamento de uma multa no valor de US$ 30 mil (cerca de R$ 119 mil). A punição ao jogador brasileiro veio dias após a entidade sul-americana ter anunciado sanção ao argentino Lionel Messi, que não poderá defender a seleção argentina por três meses e terá de pagar uma multa de US$ 50 mil (R$ 194 mil). Ambos os jogadores foram julgados pela Conmebol por terem cometido infrações às regras disciplinares da entidade. O brasileiro, expulso de campo na final da Copa América contra o Peru, após levar o segundo cartão amarelo, fez o tradicional sinal de roubo com as mãos ao deixar o gramado e, irritado, golpeou o banco de reservas e a cabine onde ficava o VAR. Já o argentino foi punido em consequência das declarações que deu durante o torneio. Logo após a derrota
para o Brasil, nas semifinais, afirmou que a competição estava “armada para o Brasil”. Na sequência, depois de ser expulso no jogo contra o Chile, na disputa pelo terceiro lugar, Messi não compareceu à cerimônia de premiação da medalha de bronze. “Não fui à premiação porque nós não temos de ser parte desta corrupção. Nos faltaram com respeito durante toda a Copa. Não nos deixaram chegar à final”, declarou na ocasião. Os dois jogadores foram enquadrados nas hipóteses previstas no artigo 7º do Regulamento Disciplinar da Con-
mebol. Nos termos do Regulamento, eles teriam se comportado de maneira ofensiva, insultante ou realizado manifestações difamatórias de qualquer índole; teriam violado a pauta mínima do que seria considerado comportamento aceitável no futebol e no esporte; teriam utilizado um evento esportivo para realizar manifestações de caráter não esportivo; teriam se comportado de maneira que o futebol como esporte em geral e a Conmebol em particular possam ver-se desacreditados como consequência desse comportamento.
Como fica evidente, os dois jogadores foram punidos por dar uma opinião, por se expressar, por realizar uma crítica. O mencionado Regulamento Disciplinar da Conmebol, na realidade, consiste num conjunto de proibições que visam a aniquilar qualquer vestígio de direitos democráticos. Os jogadores de futebol, submetidos a tais normas, não gozam da liberdade de expressão, do direito à livre manifestação do pensamento, do direito de crítica. Sempre que as opiniões dos jogadores trazem o potencial de “desacreditar” a imaculada Conmebol, a censura legalizada entra em cena e se abate sobre eles — eis então que os atletas feriram as “regras disciplinares” e o “espírito esportivo”. É preciso denunciar essa ditadura promovida pelas entidades esportivas em geral, que impera não só no futebol, mas em praticamente todos os esportes. É preciso defender os direitos democráticos daqueles que fazem e participam das atividades esportivas, a saber, os atletas e as torcidas. É preciso lutar contra a censura que há tempos vigora nos estádios, nas quadras, nos ginásios e em outras localidades esportivas.
“Bolsa de valores” do futebol decreta: Neymar o melhor do mundo A
imprensa golpista e pró-imperialista, tanto a nacional como a estrangeira, há alguns anos vem sustentando uma campanha sistemática contra o jogador brasileiro Neymar. São ataques dirigidos não só contra o futebol praticado pelo atacante, como aqueles que dizem que “Neymar é cai-cai” ou “Neymar prende demais a bola, é egoísta”, mas também contra a sua vida pessoal, ou mesmo contra o seu caráter ou personalidade, exemplificados no recorrente “Neymar é mimado” ou então no “Neymar ainda é um menino, e não um homem”, “Neymar não é profissional” etc. Há também a versão esquerdista desses ataques: “Neymar é bolsonarista, é de direita”, “Neymar é um milionário, um burguês”, “Neymar é um alienado, não tem consciência política”, e assim por diante. Mas, enquanto essa campanha se desenrola, enquanto se tenta caluniar e desmoralizar o craque brasileiro, o mercado de transferência de jogadores, a “bolsa de valores” do futebol, trata de esclarecer as coisas: não existe jogador mais valorizado e cobiçado do que Neymar. Desde o início da janela de transferência do futebol europeu deste meio do ano, Neymar parece uma pedra preciosa disputada a tapas e pontapés pelas potências econômicas europeias. Barcelona e Real Madrid, dois clubes que estão no topo da cadeia alimentar dos negócios do futebol,
travam no momento um duelo incerto para ver quem contrata o jogador mais desequilibrante da atualidade. A situação se assemelha àquela em que dois ricaços competem, lace a lance, num leilão, pelo quadro mais belo de Picasso. A últimas notícias, vindas da Espanha, dão conta que o clube de Madrid realizou uma proposta oficial de 120 milhões de euros (536 milhões de reais) mais a cessão do passe de Luka Modric, atual ganhador da Bola de Ouro e do prêmio de melhor do mundo da FIFA. Além de Modric, os merengues cogitam incluir outros jogadores que estão longe de serem baratos, como o atacante galês Gareth Bale, cuja contratação em 2013 pelo time da capital foi a mais cara da história na época, e o goleiro costarriquenho Keylor Navas, que foi titular do time por muitos anos. O Barcelona, todavia, dá mostras de que não desistirá do brasileiro e, frente à ofensiva madrilenha, já iniciou um contra-ataque. O jornal catalão Sport, em publicação nesta sexta-feira (09/08), informa que pessoas ligadas ao Barcelona entraram em contato com o entorno do brasileiro pedindo que ele tenha paciência e aguarde uma nova investida do clube catalão, antes de aceitar qualquer outra proposta. O plano aqui seria envolver Philippe Coutinho na oferta por Neymar, uma vez que o meia brasileiro tem valor de mercado na casa dos 90 mi-
lhões de euros (398 milhões de reais), ao passo que Modric, oferecido pelo Real Madrid, valeria meros 20 milhões de euros (88 milhões de reais). Enquanto essa briga de foice entre tubarões do futebol não termina, fica a pergunta: por que dois dos clubes mais poderosos da Europa, dois dos clubes que integram o restrito círculo que domina o futebol no mundo inteiro, estão disputando tão louca e agressivamente a contratação de um jogador “mimado”, “individualista”, “avesso ao profissionalismo”? A resposta é muito simples: os clubes, na verdade, não estão brigando por um jogador “mimado”, “individualista” e “avesso ao profissionalismo”. A disputa, aliás, nem louca e agressiva é. Trata-se antes de uma disputa absolutamente natural, levando-se em conta o quilate do jogador em questão e a posição dos dois clubes no mercado mundial atualmente. “Natural”, aqui, significa aquilo que corresponde às leis de funcionamento da economia capitalista atual. Na etapa econômica atual, é “natural” que os melhores jogadores, os jogadores mais talentosos, sejam disputados, por quantias astronômicas, por alguns poucos clubes que são verdadeiros monopólios econômicos do futebol. Não há espaço, portanto, para análises moralistas. As campanhas midiáticas de ataque a Neymar, e ao futebol brasileiro em geral, também cumprem uma função econômica: buscam reduzir o
valor monetário do jogador, não só de Neymar, mas dos jogadores brasileiros em geral, para facilitar a sua compra pelos grandes clubes do imperialismo europeu. É o mesmo mecanismo que vigora com qualquer outra mercadoria na relação entre a economia de um país oprimido e a economia de um país imperialista. As altas quantias envolvidas em torno de Neymar só demonstram que nem os ataques e as perseguições contra o jogador têm conseguido rebaixar o seu valor no mercado. Isso ocorre porque Neymar é uma mercadoria rara e única, uma mercadoria que abriga um conteúdo cultural original, o conteúdo cultural expresso naquilo que o futebol brasileiro tem de melhor a oferecer, um conteúdo que, no final das contas, não se encontra nas paragens europeias. Não é por outro motivo que afirmamos que Neymar é o melhor jogador do mundo.