TERÇA-FEIRA, 13 DE AGOSTO DE 2019 • EDIÇÃO Nº 5733
DIÁRIO OPERÁRIO E SOCIALISTA DESDE 2003
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Hoje, em todo o País: às ruas pelo Fora Bolsonaro!
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oje serão realizados atos contra o governo Bolsonaro em todo o país, chamados por diversas entidades do movimento dos trabalhadores e várias categorias. O PCO reforça esse chamado, depois de semanas em campanha pela realização de grandes manifestações. É hora de demonstrar mais uma vez o repúdio popular ao programa neoliberal da direita, ao golpe e a Jair Bolsonaro, ilegítimo e golpista.
EDITORIAL
Os militares impuseram um veto ao Fora Bolsonaro, e a esquerda aceitou Como foi revelado pela revista Veja, entre os meses de abril e maio, setores da burguesia cogitaram um golpe contra Bolsonaro. Já naquele momento, o governo se encontrava em uma profunda crise e por isso um setor da burguesia quis tirar Bolsonaro.
COLUNA
“Empreendedorismo”: a escravidão moderna Por Juliano Lopes
Vaza Jato: Operação é política e interferia no STF São populares as expressões “o feitiço virou contra o feiticeiro” e “o tiro saiu pela culatra”, mas talvez seja inusitado um power point que encaixe mais o acusador como “chefe de quadrilha”.
Avança perseguição ao PT: Tentativa de ligar PT ao Pimentel é investigado pela PF PCC é passo para por Com o Golpe de 2016 consumado, com o impeachment da presidenta Dilma, avançaram as estratégias de criminalização do Partido dos Trabalhadores, dos sindicatos e movimentos sociais, com vistas a garantir que, em 2018, as eleições fossem vencidas pela direita com grande folga.
Três táticas e uma única capitulação diante de Bolsonaro – Parte 2 Em junho, este Diário trouxe matéria debatendo com o líder da corrente psolista Resistência, Valério Arcary, sobre a palavra de ordem do “Fora Bolsonaro”. Na matéria, intitulada Três táticas e uma única capitulação diante de Bolsonaro, mostramos que não há meio termo no que diz respeito ao governo.
partido na ilegalidade
A esquerda ganhou na Argentina? Greve dos rodoviários da grande Vitória mostra tendência à luta Desde o início dessa segunda-feita uma importante greve de rodoviários ocorre na grande Vitória, capital do Espírito Santo. Com uma paralisação que atinge 95% da frota de ônibus
A crise que vem tomando conta do governo Bolsonaro e no âmbito da direita em geral tem obrigado os golpistas a avançar cada vez mais com a perseguição política contra a esquerda, espalhando calúnias sobre os partidos de esquerda.
2 | OPINIÃO E POLÊMICA EDITORIAL
Os militares impuseram um veto ao Fora Bolsonaro, e a esquerda aceitou
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omo foi revelado pela revista Veja, entre os meses de abril e maio, setores da burguesia cogitaram um golpe contra Bolsonaro. Já naquele momento, o governo se encontrava em uma profunda crise e por isso um setor da burguesia quis tirar Bolsonaro. Os militares, entretanto, vetaram o Fora Bolsonaro, através do presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), Dias Toffoli, que tem como assessor o general Ajax, que manda nele como se fosse uma marionete. Isto é, a derrubada do governo ilegítimo, que tem gerado insatisfação inclusive dentro da burguesia golpista, foi impedida pelos generais. Desta forma, fica claro quem manda no atual regime político. São as Forças Armadas, que podem dar um golpe ou impedir um quando quiserem, que chantageiam através da força diversos setores da burguesia e das próprias organizações de esquerda. Foram eles
que garantiram e orquestraram o impeachment ilegal de Dilma Rousseff, assim como foram eles que lideraram a prisão do ex-presidente Lula e sua proibição de participar das eleições. Estes mesmos vetaram o Fora Bolsonaro, e a esquerda aceitou, pois apesar de todo o apelo popular pela derrubada do governo – apelo este que pode ser visto nas ruas, nos eventos, nos shows, foi visto no carnaval e nos bailes funks do Rio de Janeiro -, seja através do impeachment ou de novas eleições, a esquerda pequeno-burguesa se recusa a levantar a palavra de ordem. Parte da esquerda se recusa pois busca uma aliança oportunista com setores da direita golpista, outra parte tem medo da reação da direita e dos militares, caso a situação fique crítica. Não acreditam na mobilização popular, apenas em conchavos e acordos com a escória mais mafiosa da política nacional – desde o Congresso até o STF.
COLUNA
“Empreendedorismo”: a escravidão moderna Por Juliano Lopes
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om o aumento do desemprego, como resultado do golpe de Estado, uma quantidade gigantesca de trabalhadores foi colocada totalmente à margem do emprego formal, de carteira assinada, com os direitos trabalhistas garantidos. Daí surgiu uma categoria, chamada pela imprensa burguesa, de “empreendedores”, pessoa que teriam total controle sobre sua atividade laborativa, investindo em ramos autônomos do mercado de trabalho, controlando seus horários, suas férias, enfim, quase que pessoas livres dentro do sistema capitalista. Esses empreendedores são, dentre outros, a juventude negra e pobre que está fazendo entregas de produtos por meio de bicicletas, como é possível ser visto no centro de São Paulo, mas, agora, em quase todas as capitais e centros de cidades espalhados pelo Brasil. O governo golpista e a imprensa procuram apresentar esses dados de maneira a confundir a população, de ludibriar os leitores e mascarar a verdadeira realidade que o país está enfrentando, ou seja, o desemprego galopante. Essa realidade fica, a cada dia, mais dura para os trabalhadores, para os negros brasileiros (parte majoritária da massa trabalhadora) que tem sido demitida de seus setores de trabalho, e enfrentado os terrenos áridos da justiça trabalhista, controlada quase em sua totalidade pelos direitistas.
O golpe tem como um de seus principais objetivos atacar o povo trabalhador, retirar seus direitos, lhe devolver à escravidão. A burguesia nunca gostou de ver o negro liberto, de ver o pobre mantendo alguma condição de vida, e, para salvar um punhado de ricassos, vão atacar justamente a parcela mais vulnerável da população. Mas, por outro lado, o que a burguesia também conhece é que o desemprego promove a radicalização expressiva da classe trabalhadora, é uma das principais fontes de mobilização do povo. Afinal, sem emprego, é impossível sustentar a própria vida, muito menos a de uma família. A hora para a mobilização é agora e é preciso colocar abaixo o regime dos golpistas, que pretendem arrancar até o último fio de cabelo dos trabalhadores. Por isso a necessidade de aprofundar a mobilização em torno do fora Bolsonaro, e pela liberdade de Lula, preso político do golpe.
Três táticas e uma única capitulação diante de Bolsonaro – Parte 2
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m junho, este Diário trouxe matéria debatendo com o líder da corrente psolista Resistência, Valério Arcary, sobre a palavra de ordem do “Fora Bolsonaro”. Na matéria, intitulada Três táticas e uma única capitulação diante de Bolsonaro, mostramos que não há meio termo no que diz respeito ao governo. Ou se está a favor de derruba[-lo, ou se coloca numa posição de “fica Bolsonaro”. Não importa qual a justificativa para não chamar a derrubada do governo, tal política representa uma capitulação diante dos golpistas. Nesse dia 10 de agosto, no sítio Esquerda Online, Arcary voltou a falar em “três táticas da esquerda”. E mais uma vez, sob a cobertura de estar discutindo as diferentes “táticas” apresentadas para a situação política, ele despeja um caminhão de desculpas para não ter que defender o fora Bolsonaro. Com sua segunda matéria, Arcary finca o pé no “fica Bolsonaro”. Ele parece estar decidido a ignorar as evidências e abandonar a realidade para sustentar a ideia de que não se deve lutar pela derrubada do governo. Para tanto, Valério Arcary lança mão desde argumentos caluniosos e fantasiosos sobre a política dos que defendem a derrubada do governo até uma explicação rocambolesca e pseudo-acadêmica sobre uma metodologia de como se deve fazer uma análise de conjuntura correta e que, segundo ele, nos daria a conclusão de que é preciso continuar defendendo o “fica Bolsonaro”. Ele afirma que “não importa qual seja a situação política” chamar “abaixo o governo, greve geral” é “um mantra anarquista”. Para defender a permanência de Bolsonaro vale até inventar que em “qualquer situação” propor a derrubada do governo é uma política anarquista. Arcary mudou a história para que ela se ajeitasse na sua política. Embora a fórumula, do ponto de vista dogmático, se aplique aos anarquistas, os marxistas podem e devem convocar as massas a derrubar um governo sempre que estiver colocada tal palavra
de ordem. Segundo Arcary, “a melhor palavra de ordem não é a mais radical. A melhor palavra de ordem é aquela que pode colocar em movimento milhões. Por isso, é muito justa a preparação do dia 13 de agosto em torno da defesa da educação pública.” Em primeiro lugar é preciso dizer que existe mais uma série de palavras de ordem mais radicais do que o Fora Bolsonaro, inclusive porque, nesse momento, o povo de maneira massiva já manifesta seu desejo nesse sentido. Partir para a derrubada do governo seria apenas propor uma palavra de ordem que em grande medida as massas já aderiram. Em segundo lugar, dizer que a “educação pública” é capaz de “movimentar milhões” enquanto o chamado a derrubar o governo, não, é uma completa inversão da realidade. Até agora, o que foi capaz de colocar o povo na rua nas enormes manifestações de rua e o que unificou essas manifestações foi o repúdio generalizado ao governo. Se não, como explicar que tanta gente tenha saído nas ruas para defender a Previdência e depois a educação sem que haja uma política em comum nesses dois movimentos. Como explicar ainda que a política de cortes na universidade pública, que foi o estopim da enorme manifestação do dia 15, pudesse colocar tanta gente na rua se apenas uma pequena parte da população está ligada às universidades? Segundo Arcary, estaríamos em “condições de inferioridade” diante do governo. Por isso não podemos “disputar de igual para igual, em luta franca e aberta” e deveríamos usar a tática da “acumulação de forças”. Ele não explica o que isso quer dizer exatamente, mas a conclusão e a de que essa acumulação é a junção de derrotas parciais fruto da política de “resistência”, até que cheguemos nas próximas eleições. Até lá, deveríamos abdicar da luta pelo poder político, ou seja, a tarefa das organizações não seria colocar a necessidade da derrubada desse governo fascista que está destruindo o País.
POLÊMICA | 3
CRISE POLÍTICA
Estaremos vivos ao final da maratona rumo a 2022? E
m recente programa no canal do youtube TV 247 (05/08), o analista político petista, Breno Altman, expõe – em linhas gerais – as ideias que vem apresentando sobre a atual agravamento da crise política do regime golpistas e, mais particularmente, sobre o governo ilegítimo de Jair Bolsonaro. Uma situação que levando a que setores da esquerda, e até mesmo, da burguesia, formulem a questão do fim do governo. Na maioria dos casos, por meio do impeachment (pela via do parlamento dominado pela direita golpista) ou como propõe o PCO (Partido da Causa Operária) e este Diário, por meio de uma mobilização revolucionária, que leve à derrubada de Bolsonaro e de todos os golpistas e à convocação de eleições gerais, livres e democráticas, com a liberdade de Lula e sua candidatura à presidência como é vontade de ampla parcela da população e da maioria das organizações de luta dos explorados, do campo e da cidade. No programa, Breno repete sua tese, já há muito anunciada em dezenas de oportunidades, como em reuniões do ativismo que luta contra o golpe, de que a esquerda (ou o “campo progressista”, como ele prefere) estaria diante de uma situação na qual “não se trata de um corrida de 100 metros rasos, mas de uma maratona de 42 km”, para defender sua tese – e da maioria esmagadora da esquerda burguesa e pequeno burguesa – de que não está colocada a luta pelo “fora Bolsonaro”, mas apenas “batalhas defensivas”, em um “processo longo”, já que por hora – segundo ele – não haveria condições para “batalhas maiores”. Para embasar sua posição, o articulista, nega em mais uma oportunidade a realidade, como ao afirmar que “Bolsonaro chegou ao governo da República por uma construção muito profunda” e repete a tese conservadora da esquerda de “se formou uma maioria conservadora na sociedade brasileira”, negando o caráter improvisado do governo, o fato de que mesmo nas eleições fraudulentas em que foi “vitorioso”, Bolsonaro foi rejeitado por cerca de 2/3 do eleitorado brasileiro e que o mesmo só foi vitorioso porque a burguesia golpista e o golpe de Estado fraudaram as eleições colocando a
maior liderança popular do País e candidato presidencial com amplo apoio nas massas na cadeia por meio de um processo criminoso e da aberta violação da Constituição. Como fazem os dirigentes da esquerda que defendem uma aproximação com os golpistas do “centrão” e até com o governo Bolsonaro, Breno busca responsabilizar a “sociedade” que teria caído na conversa da direita, afirmando essa tal “construção” teria provocado um deslocamento à direita na sociedade”. Nessa lógica, afirma que “isso leva a uma situação de defensiva”, diante da qual “o campo progressista precisaria se reconstruir, suas forças e a identidade com o povo”, o que para ele se daria em um “processo longo”. Breno desconsidera até mesmo o fato de que as próprias pesquisas encomendadas, realizadas e divulgadas pelas imprensa golpista, há muito, já não consegue ocultar que Bolsonaro é o presidente com menor apoio popular desde a volta das eleições direitas na década de 80, isso apenas em pouco mais de 7 meses de mandato e que essa crise não para de se agravar diante do avanço da crise econômica e dos duros ataques do governo golpista contra a população. Breno diz entender que “haja uma e irritação revolta contra Bolsonaro”, mas afirma que “não podemos extrair disso uma política”. De onde deveria então vir a política, se não da necessidade e da revolta popular e das disposição crescente de luta contra o governo? Segundo o petista, isso só seria possível por meio de uma luta com “milhões nas ruas… como foi na derrubada de Dilma”. Ele desconsidera o fato de essa política, por “batalhas maiores”, pelo “fora Bolsonaro”, vem embalando milhões não apenas nos atos impulsionados pela esquerda (cuja direção não a apoia), como também em manifestações populares, no carnaval, nos estádios de futebol, em shows musicais etc. Para Breno, a direita teria conquistado o apoio da maioria, de milhões, como afirmou e falsificou a imprensa golpista, em relação às manifestações de coxinhas, dominadas por setores decompostos da classe média reacio-
nária e pelo lumpemproletariado arrastado pela campanha dos poderosos monopólios de comunicação e, de início, pela covardia da esquerda que, também naquela época afirmava que não havia condições de resistir e defender o governo Dilma contra o golpe ou que isso só era possível por meio de uma frente do “campo progressista”, que não deu em nada. Breno Altman reconhece que “perdemos várias batalhas”, mas isso – nem de longe – o leva a refletir se não estaria errada a política da esquerda que conduziu essas batalhas, sempre em torno de lutas menores e com uma política defensiva e táticas reacionárias e derrotistas, como a de “pressionar” o Congresso dominado pela direita, dirigir as expectativas para o judiciário golpista, iludir o povo com eleições fraudulentas etc. Tudo isso estaria – supostamente – correto. Não deveria ser alterado. O que precisaria ser evitado é que nos dediquemos a “batalhas maiores”, pois não haveria condições, segundo ele, para outra coisa que não seja, seguir pelo mesmo caminho de derrotas, pois “as dificuldades para uma batalha pela derrubada do governo seriam ainda maiores” e “a tática passa pelas batalhas defensivas”, as mesmas que foram levadas até agora e que só levaram a derrotas e retrocessos, mesmo diante da evolução política de amplas parcelas das massas.
Para Breno, “não seria possível passar da resistência à ofensiva”, pois isso “só seria possível quando o povo passasse à ofensiva”. Breno fala de uma “vanguarda” da esquerda, mas para ele essa deveria atuar como uma “retaguarda” que só agisse com posições de luta política contra o governo quando a maioria do povo, ou milhões passassem à essa posição. Com isso repete a mesma cantilena de setores da esquerda que desejaram “boa sorte” para Bolsonaro (como Haddad), que afirmam que “o governo Bolsonaro ainda está verdade, mas vai amadurecer” (como Marcelo Freixo, do PSOL), que apoiam e querem ampliar a “reforma” da Previdência de Bolsonaro (como os governadores da esquerda) e que querem esperar pelas eleições de 2022, porque não vislumbram qualquer possibilidade de derrotar Bolsonaro que não seja nas eleições. A “maratona” do povo” teria que esperar pelo calendário eleitoral da burguesia e por novas eleições, possivelmente fraudulentas como as de 2018, para uma “batalha maior”. Até lá o povo teria que suportar a “maratona” do desemprego em massa, do aumento da fome, da entrega da economia nacional, da matança promovida pela direita, pela cassação dos direitos democráticos da maioria da população…. “resistindo” à maratona. Estaremos vivos ao final dessa “maratona”, rumo a 2022?
4 | POLÊMICA | POLÍTICA
ESQUERDA PEQUEN-BURGUESA
Freixo no Quebrando o Tabu: Não é dialógo com o PSL, é colaboração N
essa semana, o deputado federal Marcelo Freixo (PSOL-RJ) tentou se defender das críticas que recebeu após conceder uma entrevista ao lado da deputada estadual Janaína Paschoal (PSL-SP). Para Freixo, aparecer em uma entrevista ao lado de uma das autoras do pedido de impeachment contra Dilma Rousseff, que se tornou uma das principais figuras da extrema-direita nacional e que foi financiada descaradamente pela burguesia nas eleições de 2018, não seria um problema. Segundo o deputado psolista, a produção do programa Fura Bolha, transmitido pelo canal do YouTube Quebrando o Tabu, teria lhe preguntado se ele seria capaz de fazer um debate com uma pessoa “completamente diferente” dele sem “agressão” ou “violência”. Freixo prontamente respondeu que sim. Janaína Paschoal não é uma pessoa “diferente” de Marcelo Freixo, mas sim um títere da burguesia criado para atacar os trabalhadores, a juventude, as mulheres e todos os explorados. Janaína não tem “opiniões diferentes”: é uma mercenária, assim como os membros do MBL, que tão unicamente de acordo com os interesses de seus patrões. Na resposta às críticas, Marcelo Freixo defende que o diálogo é o “momento mais importante e mais decisivo da democracia”. No entanto, se por “democracia” Freixo se refere aos direitos democráticos conquistados pelos trabalhadores após décadas de luta, diálogo algum salvará essa “democracia”. Na verdade, a única maneira de impedir que os direitos democráticos sejam rapidamente extintos é por meio de
um enfrentamento com a direita golpista e bolsonarista. O argumento que Freixo utiliza para defender a política do diálogo é o de que “quem não é capaz de dialogar” se iguala ao “bolsonarismo”. Trata-se, contudo, de um equívoco do psolista: foi justamente a política de tolerância com a direita que levou a extrema-direita ao poder. Se desde 2016 o Psol de Marcelo Freixo e as demais direções da esquerda nacional levassem adiante uma política independente da burguesia, dificilmente a direita criaria condições para impor o programa de destruição total que está sendo conduzido por Bolsonaro.
Marcelo Freixo se preocupou não só em se defender das críticas que recebeu, como também em tentar demonstrar que sua atitude de participar de uma entrevista com Janaína Paschoal e elogiá-la teria sido uma grande contribuição para a esquerda. Freixo fez questão de dizer que “inaugurou” o programa Fura Bolha, cuja proposta seria justamente a de promover o “diálogo” entre diferentes. A iniciativa de juntar Freixo e Paschoal não é nenhuma ideia inovadora, mas sim uma tentativa da burguesia de baixar a intensidade da polarização política no país. O próprio fato
de que Marcelo Freixo se sentiu na obrigação de responder às críticas mostra que há uma forte tendência à radicalização na situação política nacional, de modo que todo deslocamento de setores da esquerda em direção à direita tem causado crises enormes. Dialogar com a direita não é uma política para promover a “democracia”, mas sim uma política de colaboração com o regime golpista. Aos trabalhadores, cabe rejeitar integralmente todo e qualquer diálogo com os partidos burgueses e políticos do regime e travar uma luta implacável pela derrubada de todos os golpistas.
APROFUNDAMENTO DO GOLPE
Tentativa de ligar PT ao PCC é passo para por partido na ilegalidade A
crise que vem tomando conta do governo Bolsonaro e no âmbito da direita em geral tem obrigado os golpistas a avançar cada vez mais com a perseguição política contra a esquerda, espalhando calúnias sobre os partidos de esquerda. Dessa vez, a Polícia Federal, subordinada ao agente do imperialismo no Brasil, Sérgio Moro, forjou acusações sobre o PT ter alguma ligação e diálogo com o PCC. A acusação vem de um áudio que a Polícia Federal captou de um suposto membro do PCC, onde ele dizia que com o PT a facção tinha diálogo. Essa é uma clara tentativa desesperada da direita em desmoralizar o PT, mas, principalmente, ir em busca da criminalização do Partido dos Trabalhadores, objetivando abrir caminho para criminalizar todos os partidos progressistas, de esquerda, e instaurar uma completa ditadura nos moldes do golpe de 1964. Contudo, a notícia sobre esse diálogo foi desmentida pelo promotor Lin-
conl Gakiya, que investiga o PCC há décadas. A presidente do PT, a deputada federal Gleisi Hoffmann, disse que “O que vimos essa semana foi mais uma armação grotesca das forças reacionárias para tentar criminalizar o PT”. Gleisi tem total dimensão que essas denúncias são uma completa armação da direita para acabar com o partido, tentando atribuir ao PT algo que o desmoralize. Gleisi completa dizendo que “Vamos enfrentar e denunciar essa farsa armada por Moro e Bolsonaro. Criminosos são os que nos acusam, e devem responder por suas ações”. Como ela mesma afirma, criminosos são os golpistas que chegaram ao poder à base de muita falcatrua, expressa principalmente no golpe que tirou Dilma da presidência. A direita não irá sossegar até acabar com a esquerda no Brasil, por isso é urgente que a esquerda se mobilize para aprofundar o Fora Bolsonaro nas ruas e tirar do poder esses golpistas, antes que a direita coloque na ilegalidade toda a esquerda.
POLÍTICA | 5
HOJE, EM TODO O PAÍS
Às ruas pelo Fora Bolsonaro! H
oje serão realizados atos contra o governo Bolsonaro em todo o país, chamados por diversas entidades do movimento dos trabalhadores e várias categorias. O PCO reforça esse chamado, depois de semanas em campanha pela realização de grandes manifestações. É hora de demonstrar mais uma vez o repúdio popular ao programa neoliberal da direita, ao golpe e a Jair Bolsonaro, ilegítimo e golpista. O estopim das grandes mobilizações contra Bolsonaro, que começaram em maio, foram os cortes na educação que afetaram as universidades. Agora, o governo está aprovando uma reforma da Previdência que significa um roubo das aposentadorias de milhões de trabalhadores. Além desses dois grandes ataques, muitos outros estão sendo preparados pelo governo contra a população. Por isso, e muito mais, é hora de os trabalhadores se levantarem contra esse governo golpista. O programa da direita golpista para o país não é um perigo só pelo flanco da miséria em que atirará milhões de brasileiros caso continue governando. Há outro tipo de perigo. A aplicação
desse programa leva inevitavelmente a um enfrentamento com as massas. E para tentar superar esse obstáculo, a direita precisa passar por cima das organizações populares e operárias, de modo que possa desarticular as iniciativas de resistência a essa política. Por isso o regime político que a direita está buscando construir está se encaminhando cada vez mais para uma ditadura, cada vez mais fechada. É o que mostram as prisões arbitrárias de militantes por moradia em São Paulo, a invasão de policiais em sindicatos em diversas ocasiões etc. Por isso é preciso reagir, para se defender dos ataques da direita às condições de vida da população e ao fechamento do regime. É preciso mobilizar contra o governo e o momento é propício para a mobilização. O governo é extremamente impopular, repudiado em toda parte, e já se realizaram grandes atos contras suas políticas. É preciso canalizar toda essa insatisfação de maneira organizada e efetiva para derrotar o governo, a direita golpista, e impor novas eleições, com Lula candidato. Não se pode deixar a oportunidade
de derrotar o governo passar. Bolsonaro está em crise mas pode se recuperar, e representa um enorme perigo para os trabalhadores. É hora de tomar as ruas contra suas políticas neoli-
berais para derrotar a direita golpista. E para isso há uma palavra de ordem que concentra em si a oposição a cada uma das medidas do governo: Fora Bolsonaro!
14 DE SETEMBRO
Todos à Curitiba pela liberdade de Lula H
oje serão realizados atos contra o governo Bolsonaro em todo o país, chamados por diversas entidades do movimento dos trabalhadores e várias categorias. O PCO reforça esse chamado, depois de semanas em campanha pela realização de grandes manifestações. É hora de demonstrar mais uma vez o repúdio popular ao programa neoliberal da direita, ao golpe e a Jair Bolsonaro, ilegítimo e golpista. O estopim das grandes mobilizações contra Bolsonaro, que começaram em maio, foram os cortes na educação que afetaram as universidades. Agora, o governo está aprovando uma
reforma da Previdência que significa um roubo das aposentadorias de milhões de trabalhadores. Além desses dois grandes ataques, muitos outros estão sendo preparados pelo governo contra a população. Por isso, e muito mais, é hora de os trabalhadores se levantarem contra esse governo golpista. O programa da direita golpista para o país não é um perigo só pelo flanco da miséria em que atirará milhões de brasileiros caso continue governando. Há outro tipo de perigo. A aplicação desse programa leva inevitavelmente a um enfrentamento com as massas. E para tentar superar esse obstáculo,
a direita precisa passar por cima das organizações populares e operárias, de modo que possa desarticular as iniciativas de resistência a essa política. Por isso o regime político que a direita está buscando construir está se encaminhando cada vez mais para uma ditadura, cada vez mais fechada. É o que mostram as prisões arbitrárias de militantes por moradia em São Paulo, a invasão de policiais em sindicatos em diversas ocasiões etc. Por isso é preciso reagir, para se defender dos ataques da direita às condições de vida da população e ao fechamento do regime. É preciso mobilizar contra o governo e o momento é pro-
pício para a mobilização. O governo é extremamente impopular, repudiado em toda parte, e já se realizaram grandes atos contras suas políticas. É preciso canalizar toda essa insatisfação de maneira organizada e efetiva para derrotar o governo, a direita golpista, e impor novas eleições, com Lula candidato. Não se pode deixar a oportunidade de derrotar o governo passar. Bolsonaro está em crise mas pode se recuperar, e representa um enorme perigo para os trabalhadores. É hora de tomar as ruas contra suas políticas neoliberais para derrotar a direita golpista. E para isso há uma palavra de ordem que concentra em si a oposição a cada uma das medidas do governo: Fora Bolsonaro!
6 | POLÍTICA
VAZA JATO
Operação é política e interferia no STF
S
ão populares as expressões “o feitiço virou contra o feiticeiro” e “o tiro saiu pela culatra”, mas talvez seja inusitado um power point que encaixe mais o acusador como “chefe de quadrilha”. O procurador Deltan Dallagnol, coordenador da força tarefa Lava Jato, agia nos bastidores contra ministros do STF, plantava notícias na imprensa através de laranjas, operava uma rede de comparsas, como o movimento Vem Pra Rua, articulava com delegados da Polícia Federal lances sensacionais e ainda era cara-de-pau o bastante para forçar junto à opinião pública suas infames “10 medidas contra a corrupção”. A cada nova divulgação da Vaza Jato, a operação de desmascaramento da república de Curitiba e os heróis amestrados dos coxinhas, empreendida pelo Intercept, criado pelo jornalista norte-americano radicado no Rio de Janeiro, Glenn Greenwald, fica mais evidente até para o reino mineral e as tias cabeças-duras que Moro, Dallagnol e CIA atuaram criminosamente para favorecer a derrubada da Dilma, para perseguir o PT e toda a esquerda, para condenar e prender o Lula e tirá-lo da frente para a extrema-direita tomar o poder e entregar o Brasil aos retalhos ao imperialismo, que eram os mandantes desde sempre, quando os treinou. A Lava Jato nunca teve nada a ver com justiça e muito menos contra corrupção. Era uma operação corrupta, um embuste, uma conspiração política para desmontar o Brasil, escravizar o povo brasileiro, tirar todos seus direitos trabalhistas, para que fosse útil ao capitalismo que só quer lucrar sempre mais, esfolando a população dos países atrasados.
As últimas revelações do Intercept e os setores da imprensa com quem firmou parceria para depuração do material oferecido por fonte anônima, mostram que o procurador chefe da Lava Jato agia “nas sombras” para mobilizar grupos de direita, criando campanhas para pressionar o Supremo Tribunal Federal (STF) em qualquer decisão que pudesse beneficiar o líder petista. Oito dias depois do STF conceder a Lula salvo-conduto para que ele, já condenado em segunda instância no caso do triplex do Guarujá, não fosse preso até o julgamento de seu habeas corpus preventivo, marcado para 4 de abril de 2018, Dallagnol acionou a procuradora Thaméa Danelon mandado que ela entrasse em contato com movimentos de direita para criar abaixo-assinado a favor da prisão em segunda instância. “Se Vc topar, vou te pedir pra ser laranja em outra coisa que estou articulando kkkk”, gracejou Dallagnol, em março de 2018, para a procuradora, antes de fazer o pedido. “Um abaixo assinado da população, mas isso tb nao pode sair de nós… o Observatório vai fazer. Mas não comenta com ng, mesmo depois. Tenho que ficar na sombra e aderir lá pelo segundo dia. No primeiro, ia pedir pra Vc divulgar nos grupos. Daí o pessoal automaticamente vai postar etc”, ordenou o procurador. O Observatório Social, parça do mafioso, é uma organização de atuação nacional sediada em Curitiba que se diz “em favor da transparência e da qualidade na aplicação dos recursos públicos”. Satisfeito com a repercussão, Dallagnol escreveu a Danelon: “Temos
que cuidar pra não parecer pressão. Se não estivéssemos na LJ, o tom seria outro kkkkk. Ia chutar o pau da barraca rs. Depois chutava a barraca e eles todos tb kkk”. A procuradora mostrou que sabia brincar de gangster e escreveu: “Eu colocava todos na barraca e metralhava kkkk”. O abaixo-assinado criado pela “Ong” foi divulgado por Dallagnol em suas redes sociais um dia depois. Pouco mais de uma semana depois, no dia 7 de abril de 2018, Lula foi preso pela Lava Jato, com direito a comemoração de Moro e de procuradores da força-tarefa. Dallagnol já havia falado em “emparedar” o ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal, sobre o julgamento de prisão após condenação em segunda instância. Em fevereiro de 2018, quando o Supremo decidia rever o entendimento sobre a execução provisória da pena, Deltan articulou com sua parça, a procuradora Thaméa Danelon, para pressionar Alexandre a manter-se favorável a medida. À época, o ministro já tinha manifestado sobre o tema, quando julgou monocraticamente o HC 148.369. O procurador pediu ajuda a um assessor do Ministério Público para colher material que mostrasse que o ministro já havia se manifestado a favor da prisão em segunda instância. “Temos que reunir infos de que no passado apoiava a execução após julgamento de segundo grau e passar pros movimentos baterem nisso muito (…) Mostrar que a mudança beneficia Aécio e PSDbistas do partido a que vinculado”, afirmou Deltan no Telegram. Thaméa Danelon então respondeu
então que poderia passar as informações para os movimentos “Vem pra Rua e Nas Ruas”. Deltan estimulou o envio de um vídeo aos movimentos com o posicionamento de Alexandre e chegou a sugerir uma “edição bacana”. “Boa Tamis, acho que é por aí. É uma mensagem que deposita confiança e ao mesmo tempo empareda (…) Um jeito elegante de pressionar rs”, disse. Logo depois, ele ressaltou sua preocupação em ser identificado: “Se puder, assume a sugestão como sua. Quando menos FTLJ [força-tarefa da Lava Jato] aparecer nisso, melhor”, escreveu. Thaméa respondeu que nem mencionaria seu nome. O voto de Alexandre era importante para o caso do ex-presidente Lula, que viria a ser julgado em abril. Por 6 votos a 5, a corte rejeitou HC do ex-presidente e considerou possível antecipar a medida antes do trânsito em julgado. Os ministros Gilmar Mendes, Dias Toffoli, Rosa Weber, Ricardo Lewandowski, Marco Aurélio e Celso de Mello são contra a execução da pena imediatamente após a confirmação da sentença em segunda instância. Já Luiz Edson Fachin, Luís Roberto Barroso, Luiz Fux e Cármen Lúcia foram a favor de antecipar a pena para logo após a condenação em segunda instância. No julgamento, Rosa Weber seguiu a jurisprudência da Corte. Um dia após morte de Teori Zavascki, Dallagnol usou grupos de direita para pressionar o STF. As mensagens mostram que, em 2017, os procuradores se preocupavam com o próximo relator da “lava jato” no Supremo Tribunal Federal depois da morte no ministro Teori Zavascki. Nas conversas, eles demonstraram preferência para que fosse Luís Roberto Barroso. A procuradora Anna Carolina Resende pediu a Deltan que falasse com Barroso e insistisse para que ele fosse para a 2ª Turma do STF, ocupar a vaga aberta pela morte de Teori. Deltan contou que fez um pedido ao ministro: “Ele ficou alijado de todo processo. Ninguém consultou ele em nenhum momento. Há poréns na visão dele em ir, mas insisti com um pedido final. É possível, mas improvável.” A um integrante do Instituto Mude – Chega de corrupção, o procurador mostrou-se contrário a nomeação dos ministros Dias Toffoli, Ricardo Lewandowski, Gilmar Mendes ou Marco Aurélio, todos da 2ª Turma. Ele sugeriu que os movimentos “replicassem o post do Luis Flavio Gomes [advogado e atual deputado federal]”. O texto criticava a possibilidade de a relatoria cair com um dos três ministros. O procurador ainda instruiu o integrante a procurar outro movimento, o Vem Pra Rua, para também compartilhar a mensagem. “Só não me citem como origem, para evitar melindrar STF”, disse Deltan. Outras reportagens mostraram que houve uma ofensiva contra os ministros Gilmar Mendes e Dias Toffoli. Os membros do Ministério Público Federal chegaram a cogitar o impeachment de Gilmar e Deltan Dallagnol articulou
POLÍTICA | 7 com o partido REDE para propor ação contra o ministro. Além disso, o procurador tentou conectar ministro Dias Toffoli a casos de corrupção. Dallagnol manipulou a opinião pública contra Lula e contra o STF. Mas não é só ao povo brasileiro que causam revolta as revelações dos bastidores da Lava Jato publicadas nas reportagens do Intercept em associação com Folha, Veja, Band, El País etc. O mundo está chocado com a confirmação da perseguição contra Lula e a manipulação de seu julgamento por Moro, Dallagnol e os outros membros da Lava Jato. Por exemplo, um grupo de 17 juristas, advogados, ex-ministros da Justiça e ex-membros de cortes superiores de oito países escreveu um texto conjunto em que pede ao STF (Supremo Tribunal Federal) a libertação de Lula e a anulação de processos a que ele responde na Justiça. Eles afirmam que as revelações do escândalo das mensagens trocadas entre o procurador Deltan Dallagnol, coordenador da Operação Lava Jato, e Sergio Moro, que condenou Lula, estarreceram todos os profissionais do direito. A professora de jurisprudência da Universidade de Yale Susan Rose-Ackerman, considerada pelo procurador Deltan Dallagnol “a maior especialista em corrupção do mundo”, e seu marido, Bruce Ackerman, que foi professor do ministro Barroso em Yale, estão entre os que assinam o manifesto. Eis a íntegra do texto: "Lula não foi julgado, foi vítima de uma perseguição política Nós, advogados, juristas, ex-ministros da Justiça e ex-membros de Cortes Superiores de Justiça de vários países, queremos chamar à reflexão os juízes do Supremo Tribunal Federal e, mais amplamente, a opinião pública do Brasil para os graves vícios dos processos movidos contra Lula." As recentes revelações do jornalista Glenn Greenwald e da equipe do site de notícias The Intercept, em parceria com os jornais Folha de São Paulo e El País, a revista Veja e outros veículos, estarreceram todos os profissionais do Direito. Ficamos chocados ao ver como as regras fundamentais do devido processo legal brasileiro foram violadas sem qualquer pudor. Num país onde a Justiça é a mesma para todos, um juiz não pode ser simultaneamente juiz e parte num processo. Sérgio Moro não só conduziu o processo de forma parcial, como comandou a acusação desde o início. Manipulou os mecanismos da delação premiada, orientou o trabalho do Ministério Público, exigiu a substituição de uma procuradora com a qual não estava satisfeito e dirigiu a estratégia de comunicação da acusação. Além disso, colocou sob escuta telefônica os advogados de Lula e decidiu não cumprir a decisão de um desembargador que ordenou a liberação de Lula, violando assim a lei de forma grosseira. Hoje, está claro que Lula não teve direito a um julgamento imparcial. Ressalte-se que, segundo o próprio Sérgio Moro, ele foi condenado por “fatos indeterminados”. Um empresário cujo
depoimento deu origem a uma das condenações do ex-presidente chegou a admitir que foi forçado a construir uma narrativa que incriminasse Lula, sob pressão dos procuradores. Na verdade, Lula não foi julgado, foi e está sendo vítima de uma perseguição política. Por causa dessas práticas ilegais e imorais, a Justiça brasileira vive atualmente uma grave crise de credibilidade dentro da comunidade jurídica internacional. É indispensável que os juízes do Supremo Tribunal Federal exerçam na plenitude as suas funções e sejam os garantidores do respeito à Constituição. Ao mesmo tempo, esperamos que as autoridades brasileiras tomem todas as providências necessárias para identificar os responsáveis por estes gravíssimos desvios de procedimento. A luta contra a corrupção é hoje um assunto essencial para todos os cidadãos do mundo, assim como a defesa da democracia. No entanto, no caso de Lula, não só a Justiça foi instrumentalizada para fins políticos como o Estado de Direito foi claramente desrespeitado, a fim de eliminar o ex-presidente da disputa política. Não há Estado de Direito sem respeito ao devido processo legal. E não há respeito ao devido processo legal quando um juiz não é imparcial, mas atua como chefe da acusação. Para que o Judiciário brasileiro restaure sua credibilidade, o Supremo Tribunal Federal tem o dever de libertar Lula e anular essas condenações. Lista dos que assinam o documento: Bruce Ackerman, professor Sterling de direito e ciência política, Universidade Yale John Ackerman, professor de direito e ciência política, Universidade Nacional Autônoma do México Susan Rose-Ackerman, professora emérita Henry R. Luce de jurisprudência, Escola de direito da Universidade Yale Alfredo Beltrán, ex-presidente da Corte Constitucional da Colômbia William Bourdon, advogado inscrito na ordem de Paris Pablo Cáceres, ex-presidente da Suprema Corte de Justiça da Colômbia Alberto Costa, Advogado, ex-ministro da Justiça de Portugal Herta Daubler-Gmelin, advogada, ex-ministra da Justiça da Alemanha Luigi Ferrajoli, professor emérito de direito, Universidade Roma Três Baltasar Garzón, advogado inscrito na ordem de Madri António Marinho e Pinto, advogado, antigo bastonário (presidente) da ordem dos advogados portugueses Christophe Marchand, advogado inscrito na ordem de Bruxelas Jean-Pierre Mignard, advogado inscrito na ordem de Paris Eduardo Montealegre, ex-presidente da Corte Constitucional da Colômbia Philippe Texier, ex-juiz, Conselheiro honorário da Corte de Cassassão da França, ex-presidente do Conselho econômico e social das Nações Unidas Diego Valadés, ex-juiz da Corte Suprema de Justiça do México, ex-procurador-Geral da República Gustavo Zafra, ex-juiz ad hoc da Corte Interamericana de Direitos Humanos
AVANÇA PERSEGUIÇÃO AO PT
Pimentel é investigado pela PF C
om o Golpe de 2016 consumado, com o impeachment da presidenta Dilma, avançaram as estratégias de criminalização do Partido dos Trabalhadores, dos sindicatos e movimentos sociais, com vistas a garantir que, em 2018, as eleições fossem vencidas pela direita com grande folga. No entanto, com o desastre do governo Temer e a mobilização popular contra suas políticas – que impediu a aprovação da Reforma da Previdência naquele momento, a falta de opção à direita para concorrer com chances de vitória as eleições presidenciais de 2018, fez-se um grande esforço para derrotar a esquerda nos Estados, principalmente nas eleições majoritárias, e aqui falamos das fraudes, do uso habitual da imprensa burguesa para disseminar ataques aos adversários, do uso das redes sociais para acirrar os ânimos e incentivar o ódio à política e a políticos específicos, o tradicional caixa 2 entre outras estratégias sujas. Fernando Pimentel, ex-governador de Minas Gerais pelo Partido dos Trabalhadores, sempre foi um nome de peso no partido, comandando o segundo maior colégio eleitoral do país, depois de ter derrotado o PSDB no estado, foi alvo frequente dos ataques do judiciário, do Ministério Público e da Polícia Federal tucana. Agora que Sérgio Moro tem sido desmascarado junto com grande parte do Ministérios Público, em particular os procuradores da Lava Jato, e considerando, por isso mesmo, que o Partido dos Trabalhadores ganhe força nesse momento, como vítima de um conluio, e Lula apareça como verdadeiro preso político para todo o país, um perseguido político, a direita e a extrema-direita agem desesperadamente para manter o PT carimbado como criminoso, corrupto, responsável pelos males do país. Fernando Pimentel é a bola da vez. Não teve um governo fácil. Já em 2016, foi denunciado pelo Ministério Público Federal (MPF) por corrupção passiva, lavagem e ocultação de bens e valores, por ter, supostamente, solicitado e recebido vantagens indevidas no período em que exerceu o cargo de ministro do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior no governo da ex-presidenta Dilma Rousseff. No Superior Tribunal de Justiça (STJ), o desembargador Herman Benjamin fez de tudo para que a ação seguisse e demonstrava claramente que iria condená-lo. Em 2017, a Polícia Federal abriu sindicância contra o então governador Fernando Pimental sob acusação de obstrução da operação Lava Jato, arquivada em agosto por falta de provas. Em dezembro de 2017, o mesmo STJ aceitou denuncia contra Pimentel e o tornou réu, suspeito de ter recebido propina da Odebrecht. Em abril de 2018, a Assembleia Legislativa de Minas Gerais (ALMG) acatou pedido de impeachment e instalou comissão especial para analisá-lo, mas posteriormente suspendeu sua tramitação.
Em setembro de 2018, Pimentel foi absolvido pelo Tribunal Regional Eleitoral de Minas Gerais (TRE-MG) por 7 votos a 0 da acusação de caixa 2 referente à eleição de 2014. No final de 2018, por conta das eleições majoritárias, o PSDB e coligação pediram a cassação de Fernando Pimentel junto ao Tribunal Superior Eleitoral (TSE), o que foi julgado improcedente. Em março deste ano, 2019, a juíza da 32ª Zona Eleitoral de Belo Horizonte aceitou denúncia e abriu uma ação contra Pimentel e mais quatro pessoas, acusado de tráfico de influência e lavagem de dinheiro em benefício próprio na disputa das eleições de 2014. Em abril de 2019, o TRE-MG acatou denúncia Pimentel, por falsidade ideológica, em que é acusado de prática de caixa 2 na campanha ao Senado em 2010. No dia 11 de abril de 2019, MPF, Polícia Federal (PF)e Receita Federal (RF), deflagraram a operação “E o vento levou” – que seria a quarta fase da operação Descarte, objetivando apurar supostos desvios de valores de contratos firmados entre empresas do ramo de energia, com posterior repasse de parte do dinheiro, por meio de superfaturamento, para empresas privadas. No dia 25 de julho de 2019, a PF deflagrou a 2ª fase da operação “E o Vento Levou”. Nesse mesmo dia, a juíza federal Silvia Maria Rocha, da 2ª Vara Criminal da Justiça Federal de São Paulo, determinou a quebra de sigilo telefônico do ex-governador Fernando Pimentel no âmbito da mesma Operação. Ontem, dia 12 de agosto de 2019, a mesma PF cumpriu dois mandados de busca e apreensão na casa e no escritório do ex-governador de Minas Gerais em operação que seria um desdobramento da Operação Acrônimo, sobre suspeita de delitos eleitorais. Não é muito difícil identificar a mão de Sérgio Moro, agora Ministro da Justiça, portanto o chefe da Polícia Federal, nessa acelerada investida da PF contra Fernando Pimental. Estando acuado e correndo sérios riscos de ser chutado do governo, continua atuando contra a esquerda e vai aumentar a violência contra os seus adversários. Moro é tão fascista e violento como seu chefe Bolsonaro. Vai perseguir quantos puder, enquanto não for detido. Somente vamos vencer a extrema-direita golpista nas ruas.
8 | INTERNACIONAL
PRIMÁRIAS DA ARGENTINA
A esquerda ganhou na Argentina? M
auricio Macri foi derrotado de maneira retumbante nas eleições primárias na Argentina. Com apenas 32% dos votos, perdeu para o candidato do kirchnerismo, Alberto Fernández, que ficou com 47% dos votos. Fernández é o candidato de Cristina Fernández de Kirchner, na chapa chamada Fernández-Fernández, e por isso esse resultado foi logo visto como uma derrota da direita submissa aos interesses do imperialismo diante de uma esquerda nacionalista burguesa. O que indicaria uma reversão da política neoliberal que ressurgiu na América Latina junto com a onda de golpes de Estado na região. No entanto, deve-se ponderar esse resultado antes de tirar conclusões precipitadas. Em primeiro lugar, embora seja teoricamente difícil reverter um resultado eleitoral das primárias como esse, não significa que Macri já tenha perdido as eleições que se reali-
zarão em outubro na Argentina. Muita coisa ainda pode acontecer lá, especialmente levando-se em consideração as circunstâncias dessas eleições. Macri ganhou seu mandato em meio a uma campanha golpista. Sua vitória eleitoral foi um golpe, que ficou disfarçado pela aparência de uma eleição que teria sido supostamente democrática. Portanto, não se pode esperar que a direita golpista argentina, que colocou Macri no poder para aplicar um programa neoliberal, simplesmente vá abandonar o projeto no meio pelo fato de não ter votos e de enfrentar uma enorme impopularidade, Deve-se considerar também, diante dessas mesmas circunstâncias, que as eleições se deram no marco de uma capitulação de Cristina Kirchner. Ao indicar Alberto Fernández, a ex-presidente procurou acomodar-se à direita golpista, como uma forma de chegar a algum acordo e poder se eleger. No
JOGOS PAN-AMERICANOS
Atletas dos EUA protestam contra Trump nos jogos pan-americanos
A
cerimônia do pódio dos jogos Pan-Americanos, que deu medalha de ouro para a equipe masculina de esgrima dos EUA, foi palco de uma manifestação do atleta norte-americano Race Imboden. Durante a premiação, Imboden se ajoelhou na hora da entrega das medalhas, num ato de protesto contra Donald Trump e sua política de ódio e violência contra os negros, os imigrantes, etc. Imboden explicou sua decisão de protestar contra Trump em seu twitter “escolhi sacrificar meu momento no pódio para chamar atenção para questões que acredito que precisam ser abordadas. Encorajo outros a usar suas plataformas para uma mudança”. Race Imboden seguiu a atitudes de outros atletas, como a jogadora de futebol Megan Rapinoe, que também protestou contra o governo genocida de Trump, respondendo a pergunta se iria à Casa Branca após a Copa, Megan respondeu “Não irei à merd* da Casa Branca”, além de também ter se ajoelhado durante o hino. Outro atleta que também protestou contra o racismo que Trump recrudesce nos EUA e contra a violência policial contra a
população pobre foi Colin Kaepernick, que passou a se ajoelhar durante o hino dos jogos. Todas essas manifestações mostram como Trump é impopular, afinal, ele foi eleito mesmo sem ter a maioria dos votos. O governo de Trump é um governo de crises, um mar de retrocessos, violências e racismo, incluindo que Trump nunca foi a primeira opção dos principais setores da burguesia imperialista. Assim como aqui no Brasil, cresce a quantidade de protestos contra esses governos reacionários, e, no caso dos EUA, esses movimentos vêm crescendo principalmente por conta das políticas violentas de Trump contra os imigrantes, que são trancafiados como animais nos centros de detenção para imigrantes, onde, inclusive, muitas mulheres são violentadas e crianças são separadas de seus familiares, ficando sozinhas nessas verdadeiras jaulas. O imperialismo deve continuar sendo atacado e quanto mais figuras públicas acrescentarem nessa luta, é sinal de que é possível avançar numa ofensiva da classe trabalhadora contra toda essa exploração, opressão e violências da burguesia internacional.
entanto, com isso ela acabou indicando um elemento muito direitista dentro de seu campo político. Isso poderia levar a uma espécie de golpe por dentro do próprio partido, como aconteceu no Equador com Lênin Moreno? A resposta a essa pergunta não é possível de dar ainda. Na Argentina, como em toda a Amé-
rica Latina no último período, o problema fundamental continuar sendo mobilizar os trabalhadores para enfrentar a direita golpista. A tentativa de resolver o problema por meio das eleições está longe de ter comprovado sua eficácia. E de uma forma ou de outra, deverá acabar se mostrando, no final, ineficaz.
INTERNACIONAL | 9
IMPERIALISMO
Presidente eleito da Guatemala quer rever acordo com os EUA N
este domingo (11), foi eleito o presidente da Guatemala, o conservador Alejandro Giammattei, do partido Vamos. A plataforma política de Giammattei se baseia principalmente em trazer a pena de morte para as sentenças criminais e tratar as gangues do país como se fossem terroristas. Além disso, Giammattei terá como tarefa repensar as relações da Guatemala com os EUA, após Trump ameaçar a Guatemala com taxações de dinheiro e aumento das tarifas sobre exportações. A Guatemala possui um acordo que os EUA propôs chamar de “terceiro país seguro”, onde os imigrantes poderão solicitar asilo ao invés de ficar
nos EUA. Para as autoridades Americanas, aqueles que chegarem aos EUA sem possuir asilo na Guatemala serão devolvidos ao país da América Central. O governo norte-americano nega que esse pacto migratório possa transformar a Guatemala numa prisão americana. Um dos pontos altos da economia da Guatemala se resume nas remessas de imigrantes dos EUA, que no ano passado, inclusive, atingiu para a economia do país a marca histórica de cerca de 9,3 bilhões de dólares. Para Giammattei, esse acordo seria uma “má notícia”, afirmando que a Guatemala não poderia lidar com um exponencial aumento no número de imigrantes que estavam pedindo asilo.
CRISE CAPITALISTA MUNDIAL
Trump cria novas regras para dificultar a vida dos imigrantes nos EUA
A
crise capitalista mundial, que se arrasta há anos sem sinal de trégua, vem se agravando apesar dos esforços da burguesia para manter os lucros através de uma maior exploração da classe trabalhadora. Mesmo nos países mais ricos como EUA a situação é crítica, principalmente para os imigrantes, a população não tem moradia, saúde e precisa de ajuda do governo para adquirir alimentos. Somados às inúmeras dificuldade, agora os imigrantes que desejarem requerer visto de moradia nos EUA, o chamado green card, podem ter seu visto recusado se não provarem que conseguem se manter sem auxílio estatal. No novo regulamento, um calhamaço de quase 1000 páginas, publicado pelo Departamento de Segurança Interna do governo, para obter permissão de residência, um dos muitos requisitos contidos é provar que o indivíduo consegue se manter com rendas próprias ou no máximo com ajuda de instituições privadas. Não é de se surpreender, no entanto, que um país cuja política seja tão reacionária, a base do julgamento
para obtenção do green card passe a ser a meritocracia, largamente propagandeada pela direita para justificar a enorme desigualdade no capitalismo. Os merecedores da dádiva de poder permanecer legalmente no país mais rico do mundo devem se provar autossuficientes mesmo quando a própria imigração ilegal é fruto de uma busca por melhorias nas condições de vida
de indivíduos em situações de muita dificuldade. Grande parte destes imigrantes ilegais são refugiados de países que enfrentam graves crises política e econômica, graças à a ação do próprio imperialismo norte-americano, que vem apoiando novos golpes em países latinos desde a crise capitalista de 2008. É o caso de países como Hondu-
ras, cujos habitantes protagonizaram, devido à precária situação em que se encontravam, uma marcha a pé até a fronteira do México com os EUA, com milhares de pessoas. Os imigrantes, deixados sem opções pelas políticas direitistas que degradam seus países de origem, migram para encarar Donald Trump, conhecido pela xenofobia, e as jaulas que os aguardam do outro lado da fronteira. Os terríveis relatos dos encarcerados pela polícia fronteiriça, deixam claro os verdadeiros campos de concentração em que se encontram os imigrantes no maravilhoso “paraíso da democracia”. Para atacar países como Venezuela, Irã e Cuba, o imperialismo norte-americano usa e abusa da bandeira da defesa da democracia, dizendo-se arauto da civilidade contra as “ditaduras” dos países que se recusam a cerder e entregar suas riquezas. Porém, aos estrangeiros que batem às suas portas fornecem um tratamento desumano dado pela extrema-direita, aplicando mais uma vez o encarceramento massivo dos pobres.
10 | DIA DE HOJE NA HISTÓRIA
13 DE AGOSTO DE 1961
Inicia-se a construção do Muro de Berlim
N
a madrugada de domingo, 13 de agosto de 1961, soldados da República Democrática Alemã e da União Soviética iniciavam a construção de um muro de concreto que isolaria Berlim Ocidental, encravada em meio ao território oriental. O Muro de Berlim, como ficaria conhecido o isolamento da antiga capital da Prússia, era sintoma de crise da política colonial da burocracia stalinista implementada sobre os territórios anexados durante a Segunda Guerra. Para a propaganda capitalista, o Muro de Berlim se tornaria o símbolo maior do isolamento do regime Soviético, e seu colapso em 1989, um sinal da falência definitiva do comunismo. O Muro, porém, sinalizava justamente que o regime então governado por Nikita Kruschev já passava longe das ideias de Lenin. Como se sabe, em 1945, os territórios da Alemanha e da Áustria foram divididos no Acordo de Potsdam entre os países vencedores da Segunda Guerra Mundial: Inglaterra, França, Estados Unidos e União Soviética. Berlim, antiga capital Alemã, seria a sede do Conselho de Controle Aliado, também fatiada em quatro partes, apesar de situar-se no meio do território soviético. A intenção de Stálin era de enfraquecer a posição dos ingleses na zona ocupada, e aos poucos a cidade seria
toda território da Alemanha Oriental. Tal estratégia ganharia corpo no Bloqueio de Berlim, promovido por Stálin entre 24 de junho de 1948 e 12 de maio de 1949, cortando as linhas terrestres de abastecimento de Berlim Ocidental por quase um ano. A capital fora devastada pela guerra em todos os sentidos. Sua população fora reduzida de 4,6 milhões de habitantes para 2,8 milhões. Evidentemente, a cidade dependia de insumos externos para manter-se. Com o bloqueio, os americanos passaram a abastecer o lado ocidental por via aérea, mantendo a ocupação. No mesmo mês, as áreas ocupadas pela França, Inglaterra e Estados Unidos, declarariam a formação da Bundesrepublik Deutschland [República Federal da Alemanha, RFA], com sede em Bonn. Em 7 de outubro de 1949, seria declarada a Deutsche Demokratische Republik [República Democrática da Alemanha, RDA], com sede em Berlim. O governo de Stálin, porém não concederia autonomia aos alemães, instalando uma política de tipo colonial no território ocupado, com plena autoridade administrativa e militar soviética. O acordo de divisão territorial de 1945 com o Imperialismo poderia ainda ser creditado a uma necessidade imediata de capitulação devido ao
esforço de guerra. Não há qualquer justificativa, porém, para a dominação imposta por Stálin ao povo Alemão: uma política de tipo reacionário, em franco acordo com o que os próprios países imperialistas faziam no restante do território. Era uma afronta direta ao princípio de autodeterminação dos povos complementar ao internacionalismo comunista. A situação alemã se agravaria ainda mais em 1953, logo após a morte de Stálin, quando em 16 de junho uma greve dos trabalhadores da construção civil de Berlim ganhou caráter de insurreição popular, resultando numa brutal repressão do regime central, comandado por Walter Ulbricht. Naquele momento, se aprofundaria um já significativo êxodo de habitantes da RDA rumo à RFA. Sobretudo a antiga pequena-burguesia, que perdera muitos de seus privilégios e não via um horizonte de expansão revolucionária na própria Alemanha, estava disposta a emigrar, gerando uma verdadeira evasão tecnológica. O governo de Ulbricht passaria a pedir então pelo fechamento das fronteiras. Numa cúpula de chefes de Estado em Viena, o presidente norte-americano John Kennedy admitiria a construção de um muro. Fora a senha para a ação da Alemanha Oriental, conduzi-
da por militares soviéticos e alemães, dando início à construção do Muro de Berlim em 13 de agosto de 1961. A barreira seria composta 156 quilômetros de cercas de arames farpados em volta da cidade, acrescida de 43 quilômetros separando as duas áreas urbanas. A parte de concreto teria sua construção iniciada em 17 de agosto. Um ano depois, uma nova fileira seria iniciada, distando 100 metros da original, com a demolição de todas as construções entre ambas. Quando concluído, o muro teria nada menos que 112 quilômetros de 3,6 metros de altura, complementado por 105,5 quilômetros de trincheiras. Seriam construídas ainda 186 torres de observação e 20 bunkers. Se o Muro de Berlim pretendia isolar Berlim Ocidental, acabou por simbolizar o fechamento do regime soviético. Um fato amplamente explorado pela propaganda anticomunista até os dias de hoje. As passagens, entre as áreas eram feitas em pontos de vistoria – checkpoints. O mais famoso, por onde os ocidentais entravam na RDA, era o Checkpoint Charlie [Ponto de Vistoria C] na Friedrichstrasse – área central de Berlim. O Checkpoint Bravo se situava no subúrbio de Dreilinden, enquanto o Checkpoint Alpha estava numa estrada entre Helmstedt e Marienborn. As fronteiras não permaneceram completamente fechadas. Tanto ocidentais quanto orientais podiam pedir vistos de passagem para visitar familiares, ou mesmo para fazer compras no lado oposto. Evidentemente, porém, numa área tão próxima da influência publicitária imperialista, a brutalidade dos exércitos e dos policiais responsáveis pelo controle (algo comum nessas corporações), levou à morte de cerca de 200 pessoas nos 28 anos em que o muro existiu. Quando do colapso da Unidão Soviética e da reunificação da Alemanha, a demolição do Muro de Berlim, iniciada em 9 de novembro de 1989, se tornaria o sinônimo de um suposto “fim do comunismo” no mundo. Como se viu, porém, nem o regime que gerou o muro era comunista, nem a política colonialista pode ser creditada à doutrina comunista. A queda do Muro de Berlim, ao contrário do que reza a propaganda capitalista, nada tem a ver com um suposto “fim do comunismo”. O colapso do capitalismo é tão certo quanto a capacidade de evolução da humanidade em sua relação com o mundo por meio do avanço das forças produtivas.
MOVIMENTO OPERÁRIO | 11
INVASÃO DA FENTECT PELA PF
Sintoma da ditadura do regime golpista F
atos e acontecimentos da maior gravidade parecem estar se tornando rotina no país. Agentes das forças de repressão do Estado (Polícia Federal, Polícia Militar, Polícia Rodoviária Federal) estão invadindo reuniões e eventos políticos, sindicais e até mesmo científicos, sem qualquer autorização legal (mandado expedido por autoridade judicial), configurando uma violação grotesca das mais elementares garantias constitucionais formalmente ainda existentes no país. Obviamente que não se tratam de fatos isolados os acontecimentos, pois já foram registrados episódios semelhantes em uma plenária de mulheres do Partido do Socialismo e Liberdade (Psol), em São Paulo; situação que se repetiu também em uma reunião de sindicalistas professores em Manaus/ AM; durante uma palestra em evento da Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência (SBPC); e agora, mais recentemente, policiais adentraram, sem qualquer mandado legal, à sede nacional da Federação Nacional dos Trabalhadores em Empresas de Correios e Telégrafos (Fentect).
O fato, ilegal e de extrema gravidade, ocorreu por volta das 14h30 da sexta-feira, dia 09 de agosto, quando dois homens e uma mulher, que se identificaram como policiais federais entraram sem permissão na sede da entidade. Num primeiro momento, um dos homens disse a uma funcionária que procurava um banheiro. Para um outro funcionário, a conversa já era outra. O policial indagou se ali era a sede da CUT. Novamente questionados sobre o motivo da presença na sede de uma entidade sindical, os homens apresentaram uma carteira de identificação policial, dizendo que estavam “fazendo um estudo e treinamento de novos policiais” (sítio da CUT/DF, 10/08). Todas essas ações configuram não só uma ilegalidade do ponto de vista jurídico-constitucional, como representam uma ofensiva sem precedentes nos últimos anos do aparato repressivo policial contra as liberdades democráticas formalmente ainda em vigor no país. Estes fatos evidenciam muito claramente a disposição do regime golpista, da burguesia e da ex-
trema direita em desfechar um golpe, um ataque contra o direito de organização dos trabalhadores e das massas populares, que buscam enfrentar os ataques do regime político burguês em crise. Estes acontecimentos não podem, no entanto serem entendidos, como uma demonstração de altivez e fortalecimento do regime golpista; ao contrário, a burguesia e a extrema-direita estão cada vez mais debilitados, mais enfraquecidos, daí a necessidade de partir para a ofensiva, de forma cada vez mais ilegal e arbitrária, contra a organização e a luta dos trabalhadores, na tentativa de suprimir até mesmo as tênues garantias formais do regime constitucional, cada vez mais golpeado pela ação reacionária da extrema-direita. O fato é que a enorme rejeição popular ao governo Bolsonaro e à política da extrema direita está fazendo crescer em todo o país as ações repressivas e policiais contra a luta da população, deixando claro que o regime está se encaminhando cada vez mais em direção a uma ditadura aberta e sem disfarces. Todos os elementos
colocados atualmente na conjuntura apontam claramente para um endurecimento do regime político e para uma ação ainda mais repressiva contra os movimentos sociais, os sindicatos e os partidos de esquerda. A única forma de dar uma basta a toda esta situação, a esta escalada repressiva, de violência e perseguição aos que lutam para enfrentar e derrotar o regime golpista de fome e miséria é o fortalecimento e a ampliação das mobilizações pelo “Fora Bolsonaro”, pela realização de novas eleições, pela liberdade do ex-presidente Lula, pela derrota do regime golpista, da burguesia, da extrema direita e do imperialismo.
ESPÍRITO SANTO
Greve dos rodoviários da grande Vitória mostra tendência à luta D
esde o início dessa segunda-feita uma importante greve de rodoviários ocorre na grande Vitória, capital do Espírito Santo. Com uma paralisação que atinge 95% da frota de ônibus, conforme reconhecido pela grande imprensa burguesa golpista, a greve é um sintoma de uma situação que vai muito além de uma manifestação específica de uma categoria em um Estado relativamente secundário do País. O eixo fundamental da paralisação dos rodoviários é contra a política do governo do Espírito Santo e dos empresários ligados ao setor em acabar com os cobradores de ônibus, Isso significa, na prática, milhares de demissões na categoria. O grau de radicalização dos trabalhadores foi medido pelos piquetes ocorridos na madrugada se domingo para segunda nas garagens e terminais de ônibus. Com uma adesão de praticamente 100% dos trabalhadores, os poucos fura-greves que se aventuraram em ir contra a mobilização foram rechaçados por uma categoria em pé de guerra contra a política de demissão dos empresários do setor, respaldados, como não poderia deixar de ser, pelo governador de “esquerda” do PSB, Renato Casagrande, uma “aliado” esquerdista amigo do golpe de 2016, assim com o seu Partido. Diferentemente de sucessivas greves de rodoviários que ocorrem em todo o país e que são tratadas, muitas das vezes, como locaute, que visam atender aos interesses dos empresários dos transportes para aumentar
o valor das tarifas pagas pela população, o protesto da Federação das Indústrias do Espírito Santo ( Findes) contra a greve é uma demonstração de que estamos diante de uma outra situação: “pelo menos 500 mil trabalhadores estão impedidos de chegar aos seus postos de trabalho… o que gera a perda de 422 milhões de reais por dia útil”. “Sem cobrador não roda. Segunda-feira, 12 de agosto, vamos parar tudo”. Essa foi a palavra-de-ordem central do sindicato cutista que está à frente da mobilização. Os juízes da justiça do trabalho, servos do capital, se apressaram em condenar o sindicato com uma multa de 100 mil reais por dia, caso o sindicato não garanta o funcionamento de 75% da frota. De acordo com informações da im-
prensa burguesa, a assembleia ocorrida no final da tarde dessa segunda-feira, reafirmou a greve, mas teria estabelecido o compromisso em garantir o percentual exigido pela justiça. O fato dessa mesma justiça ter elevado a multa para 200 mil depois da assembleia é sintomático de que a proposta que teria sido aprovada não expressa o verdadeiro sentimento da categoria . Conforme afirmado anteriormente, muito mais do que uma reivindicação isolada de uma categoria, a greve dos rodoviários da grande Vitória é a expressão, embora latente, da classe operária brasileira em se opor ao desemprego, à política de fome e miséria resultado da destruição do país pela política neoliberal imposta pelo golpe de 2016 e na etapa do golpe saído das eleições de 2016 tem como resultado
a frente ampla do fascista Bolsonaro com os governos estaduais, pseudo esquerdistas de todas as matizes, prontos a a fazer com que os trabalhadores paguem pela crise de um sistema podre. A chave da situação política está na esquerda, em particular na Cut e em todos os setores que se colocam na luta contra o golpe e a favor de derrotar Bolsonaro nas ruas. Independentemente do resultado da greve dos rodoviários da grande Vitória, o que ocorre nesse Estado no atual momento é um sintoma do que vai varrer o Brasil no próximo período. Lutar contra o desemprego. Fazer com que os patrões paguem por uma crise que não é dos trabalhadores é uma questão de vida ou morte para a classe operária.
12 | MOVIMENTO OPERÁRIO | CIDADES
SÃO PAULO
Marília terá ato contra o desmonte da educação A
brindo uma nova jornada de luta contra o governo ilegítimo, trabalhadores e estudantes de mais de 170 cidades de todas as regiões do país já confirmaram a sua paralisação, também vão fazer atos públicos contra a reforma da Previdência, contra os cortes na educação e por empregos. Desde as primeiras horas desta terça-feira (13) até o início da noite ocorrerão paralisações e atos nas praças públicas, grandes centros urbanos, nas periferias, em frente aos sindicatos, INSS, terminais de ônibus, entre outros lugares. Marília, interior de São Paulo, como em diversas cidades do Brasil, vai pa-
ralisar suas atividades e protestar contra o governo golpista e a famigerada “reforma” da Previdência. O Ato está marcado para as 16hs, em frente á prefeitura, na Praça Saturnino de Brito, e contará com diversos sindicatos, partidos e movimentos sociais. Na região também terá o ato em Assis, às 9hs, em frente a catedral, Bauru, entre outras cidades do Noroeste do Estado de São Paulo. A intenção é repetir o ato do dia 15 que contou com uma participação massiva da cidade, para colocar em xeque o governo ilegítimo que foi eleito por uma fraude gigantesca. Pedir a
liberdade de Lula, que está mais que provado que foi acusado em um processo farsa. A UNESP também vai participar do ato, pois vem sofrendo com diversos cortes no orçamento que é destinado ao campus. Faz anos que professores não são contratados em regime de exclusividade, falta bolsas estudantis e moradia também. A palavra-de-ordem que mais ecoou no ato do dia 15 de maio foi “Fora Bolsonaro”, os estudantes e professores entenderam que o desmonte da educação somente será barrado com a derrubada do governo Bolsonaro.
PRIVATIZAÇÃO
SAÚDE
TST/ECT continua enrolando os trabalhadores dos Correios N
Depois de 19 anos, Alagoas tem primeiro caso de sarampo
a última quinta-feira (08) o ministro biônico do golpista TST (Tribunal Superior do Trabalho), Renato de Lacerda, Paiva convocou os sindicalistas dos Correios para mais uma sessão de enrolação na campanha salarial deste ano. Enquanto o governo golpista de Jair Bolsonaro apresenta a privatização da ECT (Empresa Brasileira de Correios e Telégrafos) todos os dias, os sindicalistas dos Correios ficam na sala do ministro do TST, com a esperança de que o tribunal golpista dos patrões ne-
gocie em nome dos trabalhadores as perdas da categoria. Como esperado, a reunião não deu em nada, o ministro golpista utilizou a reunião para avaliar o quanto os sindicalistas podem capitular nas negociações. É preciso que os trabalhadores dos Corrreios se mobilizem para uma greve geral da categoria com ocupação dos prédios dos Correios, levantando a campanha de Fora Bolsonaro, Liberdade para Lula, novas eleições, pois essa é a única maneira de impedir a privatização dos Correios.
PORTO ALEGRE
Muitas reclamações de atrasos dos ônibus A
O
s moradores da capital gaúcha, Porto Alegre, estão fazendo inúmeras reclamações à prefeitura devido ao atraso constante das linhas de ônibus da cidade. No primeiro semestre deste ano, de janeiro a julho, foram 5.241 reclamações por descumprimento da tabela de horários de ônibus na cidade. As linhas com maiores números de reclamações são operadas pela empresa Carris. Os moradores da cidade também reclamam da superlotação dos ônibus.
Trata-se da política imposta pelo prefeito tucano Nelson Marchezan Junior, do PSDB. O transporte público nas mãos de empresas privadas consiste em uma verdadeira máfia à favor dos empresários, prejudicando a vida de milhares de pessoas. A política de privatização e de sucateamento dos serviços públicos é o carro chefe do partido golpista, PSDB. É preciso que a população de Porto Alegre se mobilize em defesa do transporte público gratuito e contra o prefeito golpista.
Secretaria de Estado da Saúde de Alagoas confirmou o primeiro caso de sarampo depois de 19 anos. Ainda não haverá campanha de vacinação no estado. É recomendado que quem não estiver com a vacina em dia, que tome a vacina. O homem de 27 anos, que contraiu a doença, mora na cidade de Arapiraca e viajou para Salvador, retornando para a sua cidade já com sintomas da doença. A vacinação contra o sarampo ocorre primeiramente aos 12 meses de vida e posteriormente, aos 18 meses. Essas vacinas são conhecidas como a tríplice viral e a tetra viral, respectivamente. Quem ainda não recebeu a vacina pode se vacinar até os 49 anos e ficará protegido contra o sarampo, caxumba e rubéola. O Sarampo é uma doença altamente contagiosa que pode levar à mor-
te. Os sintomas são: febre, manchas avermelhadas no rosto e tosse persistente. Gestantes, pacientes em tratamento contra o cancer, pacientes com doenças que afetam o sistema imunológico (como Aids) e pessoas com baixa imunidade ou gripadas, devem consultar um médico antes de tomar a vacina. No estado de São Paulo, há 967 casos de sarampo registrados. A ocorrência de epidemias é um sinal importante de deterioração da economia e de péssima administração da saúde pública, o que não é de se surpreender, já que esse governo golpista busca sucatear a saúde pública para justificar o projeto de privatização da saúde, o que tornará os serviços mais caros à população e serviços que deveriam ser gratuitos, passarão a ser pagos.
ECONOMIA | 13
PLANO DE DEMISSÕES
Não tem mais empregos depois do golpe: bancos e Furnas lançam PDVs
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PDV (Plano de Demissão Voluntária) é um mecanismo para reduzir a quantidade de funcionários de uma empresa. Esses planos oferecem um incentivo para funcionários se demitirem da empresa. O Itaú, a Caixa e o Banco do Brasil já colocaram esse plano à disposição dos funcionários. O Itaú afirmou estar adequando o quadro de funcionários devido o processo de digitalização da empresa. Para poder participar do PDV é necessário ter mais de 55 anos ou “algum tipo de estabilidade”. As áreas onde haverá cortes não foram especificadas e espera-se dispensar 6.900 funcionários. O Banco do Brasil também alega que o plano de demissões se deve à digitalização de processos. Também elaboraram um PAQ (Programa de Adequação de Quadro), que permitirá a alguns setores realocarem funcionários para outras unidades. O BB pagará uma indenização de até 9,8 salários e pagará o plano de saúde dos funcio-
nários por um ano. Na Caixa, o PDV é previsto para 3.500 funcionários. Quem aderir ao programa, receberá indenização de 9,7 remunerações-base, com limite de R$ 480 mil. Furnas também terá uma redução no quadro de funcionários. Com quatro mil funcionários, no momento, o plano é reduzir o quadro para 2.751, segundo o SEST (Secretaria de Coordenação e Governança das Empresas Estatais). A política desse governo golpista é a de garantir os interesses dos donos do dinheiro e não os interesses do trabalhador. Nenhuma das políticas que esse governo visa fará crescer o número de empregos; nem a reforma da Previdência (que só interessa aos bancos) e nem a política de “livre mercado” (menor interferência do estado na economia). Esses são apenas mecanismos que aumentam a desigualdade e atendem aos interesses do grande capital.
14 | MORADIA E TERRA
GLADSON CAMELLI
Governador do Acre dá anistia a latifundiários e desmatamento cresce
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e acordo com um estudo realizado pelo Sistema de Alerta de Desmatamento, o SAD, o percentual de área desmatada no Acre aumentou 300% dentro de um período de um ano. Em junho do ano passado a área desmatada no estado era de 10 Km², em um ano esse número aumentou para 40 Km². Diante do avanço do desmatamento no estado, na chamada Amazonia Legal, o governador do Acre, Gladson Camelli, do PP, disse para os ruralistas e grandes proprietários de terra do estado não pagarem nenhuma multa. O governador saiu em defesa aberta dos ruralistas, o que evidencia a sua posição política abertamente favorá-
vel ao desmatamento sem freios da área, além da violência contra a comunidades indígenas. A fala do governador expressa bem a atual situação política do país. Após as eleições fraudulentas do último ano, a direita golpista tomou de assalto o governo federal, além de vários estados do país. A política deste setor é de defesa dos interesses das classes dominantes, dos latifundiários, dos banqueiros e dos grandes capitalistas, em detrimento das condições de vida de toda a população. A única saída é a mobilização popular contra todos os golpistas. Fora Camelli! Fora Bolsonaro e todos os golpistas!
PGR
Favorito para indicação na PGR defende assassinos de sem terra
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subprocurador-geral Augusto Aras é o favorito para assumir a Procuradoria Geral da República (PGR) em setembro. Defensor do pacote anticrime do Moro, o general é a favor da criação de uma “equipe de perfil conservador” dentro da PGR e já inclusive deu o nome de algumas pessoas as quais ele pretende indicar para sua equipe, como por exemplo, Eitel Santiago de Brito Pereira, o qual destacou por ser “um homem maduro, um homem católico, um homem que, quando havia ainda alguma distinção entre direita e esquerda, poderia ser enquadrado num viés de direita”. Arais também aproveitou a deixa para defender Bolsonaro dizendo que suas falas são mal interpretadas, a exemplo de quando disse que no Brasil não existe fome e quando chamou a região nordeste de “Paraíba”. Para legitimar tal defesa, Arais comparou Bolsonaro a si mesmo quando alegou que havia sido mal interpretado em algumas sentenças que disse no passado, sendo assim alvo de críticas que diziam, entre outras coisas, que ele faz parte do MST: Editaram também um discurso meu numa audiência pública, no ano de 2018, versando sobre a criminalização dos movimentos sociais. Pinçaram o nome MST, como se eu fosse um defensor do MST. Certamente se eu fosse do MST eu estaria sentado no Supremo Tribunal Federal, eu não es-
taria me rebelando contra um estado de coisas que emerge exatamente do período em que o MST esteve criando situações de desconforto para os proprietários rurais. Tal crítica veio por conta da recente aprovação da lei da criminalização da lgbtfobia pelo STF. Ao ser questionado se ele considera o MST como um movimento social, Arais diz indiretamente que sim, porém deixa bem claro sua opinião sobre o mesmo: Se representantes ou adeptos desses movimentos cometem crimes, atentam contra o patrimônio privado de qualquer pessoa, essas pessoas devem ser punidas civil e criminalmente. Podem até, no plano das invasões, serem repelidas pela legítima defesa da propriedade, que é uma excludente de criminalidade e pode eximir, no caso de morte, aquele que defende sua propriedade de eventual invasão e de qualquer cometimento de crime Ou seja, o MST é um movimento do povo, porém, quando o povo não tem o que comer, não tem onde morar e se revolta com os latifundiários, eles podem ser recebidos à bala. Como já dito, Augusto Aras é o favorito para ocupar a PGR. Essa é mais uma aparição de um general fascista no governo Bolsonaro, recheado e controlado por militares, rumo a uma maior retirada de direitos e repressão do povo.
MULHERES | NEGROS | ESPORTES | 15
POVOS INDÍGENAS
Lideranças realizam 1ª Marcha das Mulheres Indígenas N
este domingo (11) lideranças indígenas de todo o Brasil se reuniram em Brasília para a 1° Marcha das Mulheres Indígenas. Foi montado um acampamento no gramado da Funarte. A marcha foi organizada pela Articulação Brasileira dos Povos Indígenas (Apib), com o objetivo de discutir o que é ser mulher nas comunidades indígenas. O tema do evento é: “Território: nosso corpo, nosso espírito” e contará com vários debates, shows e caminhadas pela capital. A organização espera a participação de 2 mil pessoas. Nesta segunda (12), as participantes se encontram com as ministras do Supremo Tribunal Federal (STF) Rosa We-
ber e Cármen Lúcia. Essa organização do povo indígena é muito importante e fundamental para a luta pela derrubada do governo fascista de Jair Bolsonaro, que desde os primeiros dias de governo declarou guerra aos índios, perseguindo e matando indígenas de todo o país. Mas é importante o povo ter claro que dialogar com ministros não vai resolver em nada o problema do povo. É preciso usar a força contra esses fascistas. As comunidades indígenas devem organizar comitês de auto defesa e reagir imediatamente a essa política de guerra ao povo indígena imposta por Bolsonaro e todo seu governo de golpistas.
NEGROS
25 anos após o apartheid, África do Sul ainda é o país mais desigual A
desigualdade social na África do Sul cresceu desde o fim do apartheid há 25 anos. Em 1994, Nelson Mandela foi eleito como o símbolo da libertação do povo negro, mas significava, na realidade, a transição política pacífica que permitiria a contenção da situação revolucionária do período. Como concessão, a lei do apartheid foi alterada, mas não o sistema de opressão ao povo negro sul africano. Na realidade, com a inserção da África do Sul no mercado internacional, pós fim dos embargos econômicos, a economia da África do Sul não só não elevou as condições da vida da população e, em diversos aspectos, redu-
ziu os números gerais da economia. A dominação imperialista em relação ao país africano se manteve, determinando a manutenção da estratificação social racista: ainda menos negros têm acesso a educação básica, quiçá a superior, continuando a ocupar os piores empregos que se esvaem com o avanço da crise econômica mundial. Isso resulta no índice de 27% de desemprego geral, o que implica na divisão de 20% da população negra no estado de extrema miséria, comparados a apenas 2,9% da população branca na mesma situação segundo o Instituto Sul-Africano de Relações Raciais (IRR). Apenas esses números já são bastante
ESPORTES
demonstrativos da situação social que configura a África do Sul, ainda, como o país com a maior segregação social do mundo, segundo dados do Banco mundial: 63,4%. O crescimento econômico de 5% entre 1994 e 2006, foi barrado pela crise internacional de 2008 que impactou fortemente o país, com economia profundamente dependente do mercado externo. Segundo a agência de estatísticas nacional, a produção agrícola caiu 29,2% no segundo trimestre de 2018, enquanto transportes, comunicação e armazenamento tiveram contração de 4,9%. A desigualdade economica mantém a segregação física determinada pe-
la política do apartheid, por exemplo, com os bantustões ainda ocupados principalmente por mulheres pobres e negras. Essa era a estrutura de moradia da população negra economicamente inativa, o que resultava na separação forçada dos homens de suas famílias. O retrato social prova, portanto, que não foram as concessões institucionais da burguesia que resultaram na libertação real dos negros, pelo contrário: a luta do povo negro, atrelada a luta dos trabalhadores e de todos os oprimidos, deve ser independente da burguesia e seguir seus próprios interesses levados até as últimas consequências.
Todos os domingos às 20h30 na Causa Operária TV
Campanha não para: imprensa até já tira Neymar da seleção N
a próxima sexta-feira (dia 16), o técnico da seleção brasileira, Tite, convocará os 23 jogadores que disputarão os amistosos de setembro contra Colômbia e Peru, nos Estados Unidos, e a imprensa golpista, dando continuidade à sórdida campanha de desmoralização dirigida a Neymar, já começou a fazer pressão para que o jogador não seja incluído na lista de convocados. Valendo-se de um artifício recorrente, os monopólios de comunicação não defendem sua posição de maneira categórica e aberta; mais propriamente, sugerem, prescrevem sorrateiramente, pressionam de forma mais ou menos oculta. É o que acontece em matéria do portal UOL, assinada por Bruno Grossi. Nela, o autor faz um apanhado da “crise que paira sobre Neymar”. Menciona que o jogador foi hostili-
zado pela torcida do PSG, seu clube atual; que o jogador ainda não jogou nenhum jogo, oficial ou amistoso, desde que se recuperou de sua última lesão; que o seu futuro está indefinido, podendo envolver uma saída conturbada do PSG; que o jogador sofre de grande rejeição das torcidas dos clubes interessados em seu futebol; que ele tem acumulado “episódios polêmicos” em sua carreira, e assim por diante. Desenhando o pano de fundo, a “crise” em que Neymar se encontra, o jornalista, ao mesmo tempo, vai dando indicações da conclusão a ser tirada a partir desse cenário. Afirma, primeiro, que a comissão técnica tem “certa preocupação com atletas que tiveram pré-temporada tardia na Europa” e que “Esse receio aumenta com Neymar”. Depois, pontua que “há um debate sobre a coerên-
cia de uma convocação de Neymar neste momento, sem que ele esteja em atividade. Em seguida, é a vez de levantar o “risco de turbulência para a seleção brasileira” causado pela presença de Neymar — ainda mais que a nada turbulenta CBF “trabalha para que o ambiente do time canarinho seja mais calmo e profissional”. Por último, mas não menos importante, relembra o “bom desempenho da seleção na campanha do título da Copa América, quando Neymar acabou cortado por lesão”. Malandramente, o artigo mistura argumentos supostamente técnicos — como a dúvida em relação à convocação de jogadores que tiveram pouco tempo de pré-temporada — com argumentos moralistas — a turbulência e o prejuízo ao ambiente que Neymar causaria na seleção —, além, é claro, de endereçar já uma ameaça ao téc-
nico Tite, com a promessa de questionamento a respeito da “coerência” do treinador, em caso de convocação do atacante brasileiro. Para um partido operário, socialista e revolucionário, que atua num país atrasado, dominado pelo imperialismo, como o Brasil, é mais do que fundamental defender as manifestações culturais autênticas das massas oprimidas, que estão sempre sob o ataque dos órgãos da direita ligada ao capital monopolista estrangeiro. Neste momento, a imprensa capitalista, inimiga do povo, encontra-se unida no ataque ao melhor jogador brasileiro da atualidade, ao jogador que, de certa maneira, personifica as melhores características do futebol brasileiro. É preciso se colocar frontalmente contra esse ataque, sob pena de formar, consciente ou inconscientemente, uma “frente única” com a direita golpista.