Edição Diário Causa Operária nº5737

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SÁBADO, 17 DE AGOSTO DE 2019 • EDIÇÃO Nº 5737

DIÁRIO OPERÁRIO E SOCIALISTA DESDE 2003

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Toda a força aos mutirões pela liberdade de Lula neste domingo!

EDITORIAL

Uma política de camaleão, uma política de catástrofe Em março de 2019, quando Bolsonaro ainda não havia completado sequer três meses de mandato, milhões de pessoas manifestaram, durante o carnaval, o interesse em ver o governo Bolsonaro chegar ao fim. Escancarou-se, assim, que o governo era altamente impopular, ao contrário do que a imprensa burguesa procurava apresentar.

Caso Delúbio mostra a farsa da “luta contra a corrupção” Recentemente veio à tona mais uma prova de que a “luta contra o corrupção” nada mais é do que um instrumento do imperialismo para perseguir seus adversários – em geral, o Partido dos Trabalhadores (PT).

Uma política da direita para controlar todos os partidos Delação de Palocci é tentativa de

Lava Jato de se manter viva

Na semana passada o ministro Edson Fachin do STF (Supremo Tribunal Federal) divulgou trechos do acordo de delação de Palocci com a Polícia Federal em que o PT (Partido dos Trabalhadores) é acusado de ser uma organização criminosa.

O objetivo da extrema-direita é destruir o movimento operário

Amanhã: mutirões em todo País vão lutar pela liberdade de Lula


2 | OPINIÃO EDITORIAL

Uma política de camaleão, uma política de catástrofe E

m março de 2019, quando Bolsonaro ainda não havia completado sequer três meses de mandato, milhões de pessoas manifestaram, durante o carnaval, o interesse em ver o governo Bolsonaro chegar ao fim. Escancarou-se, assim, que o governo era altamente impopular, ao contrário do que a imprensa burguesa procurava apresentar. Nos meses que sucederam o carnaval, o governo Bolsonaro entrou em uma crise muito profunda – crise essa que colocou na ordem do dia a derrubada imediata do governo. Na tentativa de evitar que a situação saísse do controle e as massas fossem às ruas de maneira decidida a liquidar o regime político, a burguesia decidiu impulsionar uma série de táticas para serem adotadas pela esquerda pequeno-burguesa.

Recentemente, uma série dessas “táticas” vieram à tona. O deputado federal Marcelo Freixo (PSOL-RJ) decidiu participar de uma entrevista com Janaína Paschoal, ícone da extrema-direita Brasileira e autora do pedido de impeachment contra Dilma Rousseff. Ao mesmo tempo, uma série de parlamentares e figuras ligadas à ala direita da esquerda nacional passaram a defender uma aliança com o PSDB e outros partidos burgueses. Outro “tática” adotada pela esquerda pequeno-burguesa chamou bastante atenção nos últimos dias: a do verde-amarelismo. Segundo os setores que defendem essa “tática”, a esquerda deveria levar a bandeira brasileira e suas cores nos atos e manifestações populares. Todas as “táticas” citadas acima podem ser resumidas em uma mesma

política: a política de camaleão, isto é, a política de a esquerda adotar uma série de posições direitistas para tentar ganhar o apoio da classe média. Essa política, que foi usada exaustivamente na campanha de Fernando Haddad à presidência da República em 2018 – escondendo o nome de Lula, utilizando cores como verde e amerelo e até azul, retirando o direito ao aborto do programa, apoiando a Lava Jato etc. -, sempre levou os trabalhadores ao fracasso. Em primeiro lugar, os defensores da política de camaleão deveriam explicar por que a classe média, que já conhece os partidos tradicionais da burguesia, como o PSDB, iria abrir mão de votar nesses partidos para votar na esquerda. Se o objetivo é votar em um candidato que defenda o aborto, então não haveria diferen-

ça, para o eleitor pequeno-burguês, entre o candidato em que ele sempre votou e o candidato da esquerda. Em segundo lugar, o apoio às pautas da direita desmobiliza todos os setores que estão dispostos a travar uma luta contra a direita. Se os trabalhadores estão sedentos por acabar com seus algozes, enxergar esses mesmos algozes vestidos de vermelho não os motivará a seguir em frente. A política de camaleão, por fim, só serve à burguesia. Trata-se de uma tentativa de baixar a intensidade da polarização politica no país. A política dos trabalhadores e a esquerda em geral, portanto, deve ser a oposta: a mobilização revolucionária contra a direita. Fora Bolsonaro e todos os golpistas! Liberdade para Lula!

COLUNA

Organizar as Caravanas pela liberdade de Lula e anulação da Lava Jato Por Antônio Carlos Silva

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maior sindicato do País, a APEOESP (professores estaduais/SP), aprovou na última sexta (dia 16), em seu Conselho Estadual de Representantes (CER), incluir no seu calendário de lutas do próximo período, quando pretende-se organizar uma greve geral da Educação paulista contra os ataques dos governos “BolsoDória”, inimigos da Educação e do povo trabalhador e seus duros ataques contra os educadores e todo o ensino público, a participação do ativismo da entidade na grande Caravana que se realizará pela pela anulação dos processos da Lava Jato e pela liberdade de Lula, com um combativo ato, no dia 14 de setembro, em Curitiba, em frente à carceragem da Polícia Federal, onde o ex-presidente é mantido como preso político. Trata-se de um decisão da maior importância que precisa ser acompanhada pelas demais organizações de luta contra o regime golpista e de defesa dos interesses dos trabalhadores e dos direitos democráticos de Lula e de todo o povo brasileiro. Desde do início da luta contra o golpe, que derrubou a presidenta Dilma,

a APEOESP, tem desempenhado um papel de liderança nas mobilizações, contra o impeachment, primeiro, pela sua anulação, em seguida; e pelo fim da perseguição à Lula e outros presos políticos do regime. Tal decisão abre caminho para realizar, a partir das dezenas de comitês de luta contra o golpe e pela liberdade de Lula, por Lula Livre etc., impulsionados pelos professores paulistas, uma ampla mobilização, em torno dos atos regionais que acontecerão em São Paulo (Capital e Interior) – bem como em todas as regiões do País -, entre os dias 28 de agosto e 8 de setembro próximos. Tal decisão precisa ser seguida por outras organizações de luta dos trabalhadores e da juventude da cidade e do campo e por todos os partidos da esquerda que querem – de fato – lutar contra o golpe e se opor à política da direita de deixar Lula morrer na cadeia, quando os vazamentos da criminosa operação deixam ainda mais evidente o caráter fraudulento e ilegal de sua condenação e prisão. Os atos e as caravanas que sairão de todas as regiões do País com des-

TODOS OS DIAS ÀS 3H, NA CAUSA OPERÁRIA TV

tino à Curitiba reforçarão a campanha de rua que vem sendo realizada por meio dos mutirões de coleta de assinaturas aos domingos, os “faixaços” Lula Livre e outras iniciativas políticas e culturais (como os festivais) e podem se transformar em pólo de mobilização, no momento em que há uma certa dispersão e confusão política entre setores da esquerda que venderam a ilusão de que seria possível libertar Lula, sem uma grande mobilização popular, nas ruas. Nesse momento, Moro e a Lava Jato sofrem uma desmoralização profunda e continuada e o governo Bolsonaro de conjunto encontra-se em meio a uma crise gigantesca. Por este motivo, o PCO escolheu o dia 14 de setembro para um ato nacional em Curitiba pela liberdade do ex-presidente, com a avaliação de que este segundo semestre de 2019 será marcado por uma grande agitação política. Um dos eixos de toda essa operação golpista foi, e continua sendo, a perseguição implacável e a cassação dos direitos políticos do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Para o que

tramaram de forma ilegal e ao arrepio de todo o funcionamento do devido processo legal, a condenação sem provas e a prisão arbitrária do ex-presidente, bem como a cassação de sua candidatura presidencial. Por isso mesmo os explorados e suas organizações devem lutar por sua liberdade, para derrotar a direita golpista e fazer avançar a luta por suas reivindicações, incluindo uma saída democrática para a crise atual, com a convocação de eleições gerais, com Lula candidato. Está proposta está sendo apresentada a todos os setores que lutam contra o golpe e pela liberdade de Lula, como os que integram a Frente Brasil Popular e o Comitê Nacional Lula Livre, entre muitas outras. Por isso, chamamos os militantes dos Comitês de Luta contra o golpe, Lula Livre e outros espalhados por todo o País, os partidos de esquerda, a CUT, os demais sindicatos e todas as entidades de luta dos trabalhadores, da juventude e de defesa dos direitos democráticos da população a se somarem a essa iniciativa e a construirmos juntos essa grande mobilização.


POLÍTICA | 3

GOLPISTAS

Uma política da direita para controlar todos os partidos V

ivemos em tempos curiosos. Com todo o poder acumulado pelas grandes empresas imperialistas, que controlam governos de todo o planeta através de uma gigantesca teia de conspirações em toda parte, os mesmos imperialistas conseguiram introduzir na cultura popular a chamada “Teoria da Conspiração”. De acordo com esta visão, essas conspirações, que acontecem todo o tempo, em todos os lugares e em todos os níveis, na realidade seriam apenas uma “teoria”, e não uma realidade. Pois bem, o que esta matéria denuncia é uma gigantesca conspiração – mais uma – contra o Brasil. Depois do golpe de Estado, planejado de fora do Brasil e que começou com a derrubada fraudulenta de Dilma, seguido pela destruição dos padrões de vida dos trabalhadores, da prisão de Lula e agora, com a “vitória” eleitoral de Bolsonaro, o regime político se prepara para mais um grande golpe: uma política de controle excessivo, ainda maior do que o que já existe, sobre todos os partidos políticos.

A notícia apareceu no jornal golpista Folha de S. Paulo. O movimento que projetou a famosa Tábata Amaral, que viralizou como “Batata Liberal” nas redes sociais e dezenas de outros políticos de direita, do DEM, do PSL e outros partidos direitistas, está se desenvolvendo e agora levanta a sua cabeça ameaçadora. O plano agora é “enquadrar”, nas palavras da Folha, todos os partidos políticos. O nome do movimento é Acredito, e assim como o RenovaBR também financiou a “Batata Liberal”. Para conhecer mais o Acredito temos uma página da Wikipedia e o próprio sítio do movimento. É uma ameaça gigantesca para o Brasil. Trata-se na verdade de colocar um cabresto em todos os partidos políticos. Quer dizer, além de todo o controle sobre as eleições que a burguesia já tem, seja através dos tribunais, da grande imprensa ou de outras instituições ou da infiltração de elementos direitistas nos partidos de esquerda, o plano agora é obter um controle total sobre os partidos políticos. A matéria da Folha afirma que o objetivo do Acredito é aumentar a “transparência” dos partidos, bem co-

mo “democratiza-los”. Como exemplo, são dados os casos de Tábata, do PDT, e Felipe Rigoni, do PSB, que podem ser expulsos de seus partidos porque votaram a favor da Reforma da Previdência. Quer dizer, o movimento quer liberdade para que os parlamentares votem à favor dos grandes capitalistas, e que se lasque a posição do partido. O objetivo é claramente controlar todo o sistema político brasileiro, ob-

viamente que disfarçado com “belas intenções” como “transparência” e “democracia”. Trata-se justamente de uma tentativa de controlar os partidos por dentro, interferindo gravemente na autonomia partidária. A esquerda e o movimento democrático e popular deve rejeitar frontalmente o controle estatal sobre os partidos políticos, principalmente no atual período de golpe em que estamos vivendo.

PERSEGUIÇÃO

STF

Caso Delúbio mostra a farsa da “luta contra a corrupção”

Delação de Palocci é tentativa de Lava Jato de se manter viva N

R

ecentemente veio à tona mais uma prova de que a “luta contra o corrupção” nada mais é do que um instrumento do imperialismo para perseguir seus adversários – em geral, o Partido dos Trabalhadores (PT). Dessa vez, informações divulgadas em relação à condenação do petista Delúbio Soares mostraram a farsa por trás do chamado “mensalão”. A repórter da Veja Maria Auxiliadora Zanin serviu de testemunha para que Delúbio Soares fosse condenado. No entanto, segundo denunciado recentemente pelo portal GGN, Maria Auxiliadora teria inventado seu testemunho. Com o falso pretexto de se vingar de Eduardo Fischer, em cuja agência de publicidade trabalhava e foi demitida, a repórter alegou que viu Fischer entregar uma mala de dinheiro para Delúbio Soares e Silvio Pereira, do PT. O próprio Delúbio Soares já havia

denunciado que era vítima de uma armação em 2016. Na época, a Operação Lava Jato, que é um dos pilares do golpe de Estado, acusava Soares de estar envolvido em um empréstimo junto a Carlos Bumlai. A perseguição a Delúbio Soares não é à toa. Para que a direita conseguisse levar adiante todos os ataques que têm desferido contra os trabalhadores, era e continua sendo fundamental perseguir as principais lideranças e os principais dirigentes do maior partido de esquerda do país (PT) – é por isso que Lula, José Dirceu e tantos outros estão presos. É necessário pôr um basta na ofensiva da direita golpista contra a esquerda e à população em geral. Por uma mobilização ampla pelo “fora Bolsonaro” e pela liberdade de Lula. Pelo fim da Lava Jato e de todas as perseguições políticas!

a semana passada o ministro Edson Fachin do STF (Supremo Tribunal Federal) divulgou trechos do acordo de delação de Palocci com a Polícia Federal em que o PT (Partido dos Trabalhadores) é acusado de ser uma organização criminosa. O relator da Lava Jato no STF decretou a redistribuição da investigação sobre as acusações feitas na delação do ex-ministro Antônio Palocci entre varas de Brasília, São Paulo e Curitiba, o que permitiu a divulgação de partes da delação, preparando uma nova iniciativa da direita golpista para dar fôlego à Lava Jato. Ao ler os 23 termos (22 aceitos por Fachin) em que Palocci acusa o PT de ter recebido ilegalmente 270 milhões de reais entre 2002 e 2014 – de ban-

cos, indústrias e até da Líbia – fica claro do que se trata a nova iniciativa disparada por Fachin: o ministro é de Dallagnol, de Moro, da Lava Jato. Portanto, as novas divulgações são para requentar um movimento pró operação golpista antigo, que segue sem qualquer base material, mas com a convicção de botar o PT na ilegalidade, como admite a própria revista Veja, conforme trecho de matéria desta semana e a capa de 2017, destacada abaixo: “Sem provas concretas, mas com revelações impressionantes, a investigação ainda está longe de terminar. Por determinação de Fachin, 22 dos 23 anexos de Palocci foram enviados a outras jurisdições — São Paulo (onze anexos), Distrito Federal (cinco), Paraná (cinco) e Rio de Janeiro (um).” “O ponto crítico: partido que ganha dinheiro de “procedência estrangeira” está sujeito a cassação”, informava a capa da Veja de dezembro de 2017. Não importa o quanto a Vaza Jato escancare cada vez mais os crimes da Lava Jato e o quanto, mesmo com todo o apoio que teve da burguesia, a operação golpista não tenha conseguido provar as delações de seus “colaboradores”. Como em todas as delações premiadas, e especialmente por ter sido um dos expoentes do Partido dos Trabalhadores, Palocci é um instrumento essencial para inventar fatos e histórias com o objetivo de incriminar o seu ex-partido e desta vez, para salvar a Lava Jato diante da crise.


4 | POLÍTICA

ATAQUES

PDT vota a favor do trabalho escravo M

ais um ataque vil e devastador aos trabalhadores brasileiros e à legislação trabalhista em vigor no país foi levada a efeito pela “casa do povo”, o covil de bandidos com “anel de doutor” que atende pelo nome de Câmara dos Deputados. Na última terça-feira, dia 13 de agosto – dia nacional de protesto e luta em defesa da Educação e pelo “Fora Bolsonaro” – o plenário da Câmara Federal votou o texto da Medida Provisória (MP) da “Liberdade Econômica”, um conjunto de medidas que, na prática, são complementares à reforma trabalhista do vice golpista Michel Temer, promulgadas em novembro de 2017. Objetivamente, a MP da “Liberdade Econômica” se coloca como uma nova minirreforma, pois aprofunda os ataques e a ofensiva do governo e dos exploradores ao conjunto de direitos e conquistas assegurados na CLT, violando abertamente os dispositivos legais que garantiam ao trabalhador, ainda que só formalmente, conquistas arrancadas aos patrões em lutas históricas da classe trabalhadora brasileira. No plenário, os mesmos criminosos que há cerca de 1 (um) mês surrupiaram a previdência pública e a aposentadoria de milhões de brasileiros, quando aprovaram o texto base da

“reforma”, numa das maiores operações de rapina e de transferência da poupança pública para o bolso dos capitalistas, os banqueiros que, a partir de agora, passarão a dizer com quanto cada aposentado e pensionista do país irá sobreviver. Isto é, se a maioria conseguir sobreviver, depois de tamanho assalto. No que diz respeito aos posicionamentos em plenário, o Partido Democrático Trabalhista (PDT), depois de colaborar com os carrascos golpistas entregando a previdência pública aos banqueiros, proporcionou mais um espetáculo digno das piores quadrilhas que dominam há décadas a política nacional. O partido do ex-presidenciável Ciro Gomes e da deputada federal Tábata “Lemann” Amaral novamente se associou às máfias parlamentares da direita congressual para desfechar mais um golpe nos trabalhadores. E desta vez o PDT nem mesmo para fazer demagogia se prestou, pois sequer orientou a bancada a votar contra a MP, ainda que saibamos que entre os “esquerdistas” do PDT cada parlamentar faz o que bem entende e quer. Dos seus 23 deputados – todos presentes em plenário – nada menos do que 15 votaram a favor da famigerada MP, que prevê, dentre outros ata-

ques à legislação trabalhista, a liberação do trabalho aos domingos, fazendo recrudescer, na prática, o trabalho escravo no país. Há dispositivos também na tal MP que cria dificuldades na fiscalização de abusos no trabalho, favorecendo abertamente a patronal. Isso sem falar em outros pontos que representam um brutal ataque aos direitos e conquistas dos trabalhadores. A conduta da bancada pedetista em mais essa ofensiva da direita, da burguesia golpista e do imperialismo contra o que ainda resta de direitos dos trabalhadores joga definitivamente o partido na vala comum do que há de pior e mais nefasto na política burguesa nacional. A postura do PDT em nada se diferencia, antes se iguala aos inimigos e verdugos dos trabalhadores brasileiros, da população pobre e explorada do país, neste momento completamente a mercê de todos os ataques e vilanias dos golpistas e do regime burguês contra as suas mais elementares condições de vida. O que aconteceu terça-feira, dia 13, no plenário da Câmara Federal deve servir como reflexão para (re)orientar a política da esquerda nacional, neste momento completamente desorientada sobre qual o caminho a ser seguido na luta contra o governo Bolso-

naro. A “frente progressista”, que vem sendo ensaiada pelo ex-candidato presidencial Fernando Haddad como estratégia para enfrentar Bolsonaro e os golpistas, não abre qualquer mínima perspectiva de êxito, não só porque se trata de uma “frente” puramente eleitoral, criada para disputar as eleições de 2022, mas principalmente porque engloba representantes dos partidos que estão endossando todas as mais reacionárias medidas de Bolsonaro e Paulo Guedes contra o país e os trabalhadores. O PDT e também o PSB, convidados de Haddad para a “frente”, entregaram votos tanto para a “reforma” da Previdência quanto agora para a MP da “Liberdade Econômica”, deixando claro o seu papel de força auxiliar, uma espécie de “puxadinho” da direita e da extrema direita parlamentar. A luta contra o governo natimorto do ex-capitão fascista somente poderá ser exitosa se estiver orientada por uma estratégia que priorize a ação de massas, a luta popular, as mobilizações, a ocupação das ruas em todo o país e não à adaptação ao calendário institucional da burguesia, do regime político burguês dominado pelos golpistas, pela extrema direita, pelos militares reacionários e pelo imperialismo.

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POLÍTICA | 5

MP 881 tira descanso do trabalhador rural A

Medida Provisória 881/2019, chamada de MP da Liberdade Econômica foi aprovada sem nenhum alarde na noite desta terça-feira (13/08) e representa um aprofundamento da reforma trabalhista do ex-presidente e golpista Michel Temer após o impeachment de Dilma Rousseff em 2016. A MP representa um número enorme de ataques e retirada de direitos que atingem todos as categorias de trabalhadores, em especial nas questões de descanso semanal, trabalhos que colocam em risco os trabalhadores e questões sobre a fiscalização sobre os patrões e reivindicações de indenizações na justiça pelos trabalhadores. Um caso especial é sobre os trabalhadores do campo ou rurais. A mudança na legislação aprovada pela direita ataca duramente uma importante conquista dos trabalhadores, que é o descanso semanal. As mudanças

são mais graves para os trabalhadores do campo, pois em períodos de safra, o trabalho aos finais de semana e nos feriados pode ser exigido pelos patrões aos trabalhadores e suspender o descanso semanal obrigatório presente na legislação antiga. O trabalhador rural, quando tem seus direitos garantidos e carteira

assinada, é por um período curto de trabalho durante a safra de alguma cultura agrícola. Isso quer dizer que o trabalhador rural sempre vai ser contratado em período de safra, pois os contratos são temporários e cujo trabalhador somente consegue emprego em períodos de safra, seja em plantios ou em colheitas.

Por exemplo, o trabalhador rural consegue um emprego na colheita do café por alguns poucos meses e quando termina o período de colheita do café sai em busca de período de safra em outra cultura, como por exemplo laranja ou corte da cana-de-açúcar e assim sucessivamente, levando o trabalhador a longos períodos sem nenhum descanso devido ao tipo de trabalho. A retirada da obrigatoriedade do descanso semanal do trabalhador rural é a legalização do trabalho escravo no campo. A retirada da obrigatoriedade do descanso semanal juntamente com outros ataques representa a volta do trabalho escravo sob a proteção da lei. A destruição da legislação trabalhista tende a se agravar durante o governo Bolsonaro se não houver uma resposta a esses ataques dos trabalhadores e das organizações sindicais e de esquerda. É preciso derrubar Bolsonaro e seu governo para acabar com a retirada do direito dos trabalhadores.

MP 881: Domingo é dia de trabalho e hora-extra fica para o patrão N

esta última terça-feira (13), a Câmara dos Deputados aprovou a Medida Provisória 881 de Bolsonaro, que retira ainda mais direitos da classe trabalhadora, como a obrigatoriedade de folgas aos domingos, o pagamento em dobro do repouso semanal quando ele é trabalhado, a obrigação dos patrões de manter um controle de ponto dos seus empregados, que era uma das principais armas do trabalhador para exigir horas-extras não pagas, além de permitir que os bancos abram aos sábados. Obrigação de trabalhar aos domingos

Antes da MP, somente em algumas categorias os patrões podiam exigir o trabalho aos domingos, e isto dependia de autorização específica do Ministério do Trabalho, que teria de fundamentar sua decisão em peculiaridades de certas atividades, como exigências técnicas ou de ordem econômica. Agora, todos os empregados poderão ser obrigados a trabalhar aos domingos, independente da categoria ou atividade econômica a que estejam vinculados. A única regra que o patrão terá de observar é a de dar um domingo de folga a cada quatro semanas. A folga aos domingos garantia um mínimo de convivência social e familiar para o empregado, já que era a regra geral no Brasil ser este o dia de descanso e lazer da classe trabalhadora. Mas ter uma vida social, desvinculada das empresas e das ordens dos patrões, mesmo que limitada a um único dia por semana, sempre foi visto pela burguesia como um luxo desnecessário dos trabalhadores, e com a extrema-direita no poder, conseguiram acabar com o direito de convivência social e familiar do povo.

Fim do pagamento em dobro pelo trabalho em dia de folga

Da mesma forma, quando o empregado trabalhasse em dia de folga, era regra geral antes da MP 881 que o patrão deveria pagar em dobro. Era uma espécie de punição para coibir esta prática que acaba por destruir a saúde do trabalhador, quando ele é obrigado a abrir mão constantemente de sua folga. Somente em casos analisados diretamente pelo Ministério do Trabalho, da mesma forma do trabalho aos domingos, os patrões poderiam dar uma folga “compensatória” em outro dia da semana, livrando-se do pagamento em dobro. A bem da verdade, a Justiça do Trabalho já estava aceitando esta folga compensatória em muitos casos, atendendo às constantes pressões da burguesia, ainda que não estivessem expressamente autorizadas pelo Ministério do Trabalho. Mas agora, o que era exceção virou regra geral: se o empregado trabalhar na sua folga, a Medida Provisória de Bolsonaro permite a todos os empregadores darem uma folga compensatória para não precisarem pagar nada a mais no fim do mês. Fim do controle de ponto – Hora extra agora fica só na lembrança A obrigação do patrão de manter um controle de ponto de seus empregados, era uma das grandes armas dos trabalhadores na Justiça. Nos inúmeros casos em que não eram pagas horas-extras, intervalos de almoço ou jantar, feriados, dias de folga entre tantos outros casos em que o empregado trabalhou de graça, como o patrão tinha a obrigação de registrar os horários dos empregados nos controles da empresa, se

as empresas que não levassem estes controles na Justiça, ou mesmo levando, se o empregado provasse que eles não estavam corretos, valia o que o empregado dizia. Com a MP do presidente fascista, vai ficar muito mais fácil para o patrão exigir o trabalho extraordinário do empregado e depois não pagar nada. É que agora basta que o empregado assine um documento a mais na hora da contratação, que o empregador vai ficar livre da obrigação de controlar horários em registros de ponto oficiais. Isto não quer dizer que o patrão vai ficar “bonzinho” e não vai continuar a monitorar rigidamente os horários de trabalho de seus empregados, significa apenas que nenhum empregador poderá ser obrigado a levar estes registros na Justiça. Se o empregado quiser provar que trabalhou centenas de horas extras sem receber, o que é comum, vai depender de testemunhas. Só que como patrão também poderá levar as testemunhas, basta que as testemunhas patronais mintam e as horas extras trabalhadas vão simplesmente ficar de presente para o patrão. Trabalho aos sábados para os bancários Os bancários são considerados uma das categorias mais bem organizadas do país. Devido a isto, em períodos anteriores haviam conseguido direitos específicos, mesmo lutando contra os banqueiros, que certamente representam um dos setores mais poderosos da burguesia. Mas um destes direitos acaba de cair: a folga aos sábados. As exigências crescentes dos enormes lucros dos bancos caem nas costas dos bancários como um verdadei-

ro inferno de cobranças e pressões abusivas, a ponto de levar à regra geral dos bancários trabalharem horas e horas sem nada receberem, já que nenhum banco respeita a jornada reduzida de seis horas. Caindo a proibição de trabalho aos sábados dos bancários, certamente será inaugurada mais uma nova modalidade de trabalho bancário gratuito. Como o sábado não é considerado repouso semanal – pois o repouso é de apenas um dia por semana – e não há nada na MP que esclareça expressamente que o trabalho neste dia terá de ser considerado extraordinário ou algo parecido para fins de pagamento, é óbvio que os bancos primeiro vão obrigar a trabalhar no sábado, não vão pagar nada a mais por isso, e vão deixar para “discutir” este problema na Justiça, onde os bancários terão de enfrentar as tradicionais limitações do judiciário, além das dificuldades de prova e convencimento que todos conhecem bem. A MP já está valendo Como se trata de uma Medida Provisória, as regras aprovadas pela Câmara já têm plena vigência, e somente deixarão de valer se a MP não for definitivamente aprovada pelo Senado até o dia 27 de agosto, situação que dificilmente irá acontecer. Não resta dúvida: o trabalhador não tem como esperar até 2022 para ver todos seus direitos serem simplesmente demolidos pelo regime golpista, que quer reduzir o nosso povo a escravos da burguesia. Para todo o povo, a única luta que interessa agora é Fora Bolsonaro e Eleições Gerais Já, com Lula candidato. Ou acabamos com Bolsonaro ou ele acabará com o Brasil.


6 | POLÊMICA

FASCISTAS

O objetivo da extrema-direita é destruir o movimento operário N

a matéria “Bolsonaro, a ditadura e o anticomunismo fora de época”, o grupo Esquerda Marxista apresenta os discursos de Bolsonaro contra o comunismo como algo anacrônico e que o presidente “tem clareza de que o inimigo a ser combatido” são “os trabalhadores e seu potencial de transformação da sociedade”. No entanto, a Esquerda Marxista trata os trabalhadores como algo abstrato e não concreto: na verdade, o que Bolsonaro busca esmagar (e não apenas combater) é a organização da classe trabalhadora, ou seja, os sindicatos, partidos políticos e demais órgãos que formam o que Trótski chamou de democracia operária. Os discursos de Bolsonaro não são fora de época porque os ataques ao “comunismo” não são uma característica particular da chamada Guerra Fria, e sim algo constante na história da luta de classes desde que a burguesia viu a necessidade de exterminar a organização do proletariado por meio do fascismo. Quando os fascistas (incluindo Bolsonaro) falam em acabar com o comunismo ou o socialismo, eles querem

dizer que irão reprimir brutalmente o movimento operário, não importando se sua principal influência é o partido comunista. Em verdade, nos países em que o fascismo tomou o poder – como Itália ou Alemanha -, o principal alvo dos fascistas era a social-democracia, que controlava as maiores organizações operárias. E o mesmo vale para o Brasil de hoje, em que o PT domina as mais importantes organizações de massa, como a CUT e seus mais de 4 mil sindicatos ou o MST. O mesmo também vale para outros países atualmente. Na Espanha, o partido de extrema-direita Vox, que teve um crescimento vertiginoso impulsionado pelos capitalistas, prega o combate ao socialismo – representado pelo PSOE, um partido muito direitista que atende aos interesses da ala esquerda da burguesia espanhola, mas que é a principal influência das organizações operárias daquele país. Para esmagar a organização da classe operária, o fascista Bolsonaro precisa, necessariamente, destruir os partidos que estão à sua frente, e o principal deles – quase de maneira hegemônica – é o PT, mesmo que a po-

lítica da direção desse partido seja extremamente moderada e conciliadora com a burguesia. Por isso toda a campanha feroz de todos os órgãos do Estado controlados pelos golpistas, para colocar o PT na ilegalidade e perseguir e prender os seus membros. Essa é uma ligação que a maior parte da esquerda não consegue fazer: para destruir o movimento operário organizado, a burguesia precisa aca-

bar com o PT, e o papel de Bolsonaro é justamente esse. Cabe a toda a esquerda ligada ao movimento popular a união de suas forças no sentido de organizar a classe operária contra os ataques fascistas, de maneira concreta, nos sindicatos e fábricas, para defender os seus partidos e associações e impulsionar a luta nas ruas a fim de derrubar o governo Bolsonaro e derrotar o fascismo.

SITUAÇÃO POLÍTICA

Meu partido é meu país e minha bandeira jamais será vermelha? N

os atos do dia 13 de agosto um setor da esquerda tendo à frente a União Nacional dos Estudantes, entidade vinculada em sua maioria ao PCdoB, saiu às ruas utilizando bandeiras do Brasil, fitas e pinturas nos rostos com as cores verde e amarela sob o pretexto de que os símbolos nacionais devem ser resgatados para se opor à apropriação “indébita” da direita em utiliza-los com propósitos reacionários. Para uma parcela da população que é ou apoia a esquerda, a primeira vista essa posição poderia fazer sentido, pois, afinal, as cores e os símbolos nacionais expressam a defesa do País, do seu povo contra os interesses imperialista sobre o País, portanto não é da direita. Será isso verdade? Uma questão crucial da situação política reside justamente na grande polarização política no país produto do golpe de Estado, que nada mais significa do que o deslocamento das classes sociais para os pólos. Queiramos ou não, gostemos ou não, as cores e símbolos nacionais expressam a política da extrema-direita (um dos pólos). É o Brasil do “ame-o ou deixe-o” do auge da ditadura militar e dos assassinatos de militantes da esquerda atualizada na versão bolsonarista com o slogan fascista “o Brasil acima de todos e Deus acima de tudo” ou no que dá título à matéria “Meu partido é meu país e minha bandeira jamais será vermelha”. A polarização política é um fenômeno da luta de classes. De um lado

temos a burguesia, uma classe insignificante, mas que detém o poder do Estado, com um apoio “popular” mínimo circunscrito a um segmento da classe média direitista e de outro as amplas massas trabalhadoras da cidade e do campo, seus partidos e suas organizações. Na medida que avança a polarização, avança na mesma medida a luta de classes e a expressão maior dessa luta de classes é luta pela conquista do poder político. A conquista do poder político pelos trabalhadores é, historicamente e mais atual do que nunca, a luta pela supressão da dominação da burguesia, portanto é a luta pelo socialismo. Diante do quadro apresentado, qual é o papel da esquerda que se coloca contra o golpe, reivindica o socialista, o comunismo? Lutar pelo poder, derrotar o golpe, colocar para fora Bolsonaro e todos os golpistas. E isso deve ser feito em nome da Pátria, dos símbolos e cores nacionais na busca por uma política de unir os “nacionalismos” de todas as matizes? Não. Os socialistas devem acima de tudo se apresentar como são verdadeiramente. Sem meias palavras. Sem subterfúgios. Como fazer avançar a consciência de classe das amplas massas se não for assim? Como esconder o vermelho símbolo do comunismo? O verde e o amarelo, os símbolos nacionais, simbolizam, particularmente na atual etapa política, a destruição nacional, o esmagamento das massas trabalhadoras, o governo de extrema-direita de Bolsonaro. É em nome da

Pátria que estão saqueando o país, levando dezenas de milhões de pessoas a mais extrema-miséria, assassinando trabalhadores nas periferias das cidades e no campo. Trazer essas cores e esses símbolos para as manifestações de rua significa, ainda, causar uma grande confusão no meio daqueles que evoluem à esquerda. É passar a ideia de que também somos patriotas e não só eles, que a extrema-direita e a direita defendem, pelo menos em alguma medida, o Brasil. Finalmente, essa política de “concorrência” pelas cores e símbolos nacionais não é mero erro político ou uma política despretensiosa de alguns setores da esquerda. Há todo um movimento que tem sua origem na direita brasileira, mas especificamente no “Centrão” – mesmo centrão que sustentou a ditadura militar brasileira e foi um dos expoentes do golpe de 2016 -, que tem como expoente máximo o presidente da Câmara Federal, Rodrigo Maia, em pressionar o PT, PCdoB, O PSOL pela constituição de uma grande “frente ampla” que una esses partidos, com a esquerda burguesa e com o próprio “centrão” na tentativa de por fim à polarização política, por fim ou pelos menos controlar o exarcebamento da luta de classes. Em outras palavras, aproximar a esquerda do centro e o centro da extrema-direita. Essa política nada mais significa do que a tentativa de estabelecer um pacto em torno do regime político saído do golpe de 2016. Esse pacto só pode se dar no marco de uma oposição con-

sentida, institucional e voltada para a “luta” nas eleições. Esse é o significado do verde e amarelo. Unir “coxinhas” e “mortadelas”, “o meu partido é o meu país”. Além de uma capitulação diante do golpe de Estado e do governo fascista de Bolsonaro, a política de “frente ampla”, “unidade nacional contra o fascismo para colocar Bolsonaro no linha” é um erro político de envergadura histórica, pois visa permitir a estabilização do golpe e do regime político saído das suas entranhas, o que fatalmente permitirá o avanço do próprio golpe no Brasil, com a destruição da esquerda e o esmagamento da população. Caso vitoriosa, essa política pavimentará o caminho para uma ditadura abertamente fascista.


ECONOMIA | 7

ECONOMIA ÁGUA ABAIXO

Aprofunda-se a crise e pode ser maior que 2008

O

mar não está para peixe. Na verdade, até os tubarões estão com medo da turbulência que parece inevitável que venha por aí. A maré dá indicações que pode ser muito pior que o tsunami que atingiu todo o planeta em 2008. Naturalmente que o assunto aqui não é navegação ou vida marinha, mas a crise da economia mundial que já está pipocando em toda parte. A produção alemã sofreu a maior queda anual em 10 anos, o PIB do Reino Unido também caiu. Estamos à beira de uma crise capitalista de grande envergadura e a própria burguesia está reconhecendo. Os mercados expressam o humor dos investidores e o temperamento dos tempos. Normalmente o sinal de que a crise é iminente, é a complacência. Os perigos são muitas vezes ignorados até tarde demais. No entanto, o clima dominante nos mercados hoje, como tem sido em grande parte da década passada, não é complacência, mas ansiedade. E está se aprofundando a cada dia. Fica evidente pela corrida ao mais seguro dos ativos: títulos do governo, como bóia salva-vidas. Na Alemanha, onde os números desta semana mostraram que a economia está encolhendo, as taxas de juros são negativas até nos títulos de 30 anos. Os investidores que comprarem e mantiverem os títulos até o vencimento, terão uma perda garantida. Na Suíça, os rendimentos negativos alcançam até os títulos de 50 anos.

Mesmo na Itália endividada e cheia de crises, um bônus de dez anos dá apenas 1,5%. Enquanto isso, nos Estados Unidos, a curva é invertida – as taxas de juros dos títulos de dez anos são menores do que as dos títulos de três meses – uma situação peculiar que é um precursor da recessão. A angústia é evidente em outros lugares também. O dólar está enfrentando muitas outras moedas. O ouro está em uma alta de seis anos seguidos. Os preços do cobre, tradicionalmente um termômetro da saúde industrial, caíram acentuadamente. Apesar da apreensão de petroleiras no Golfo do Irã, os preços do petróleo caíram para US$ 60 o barril. Muitas pessoas temem que esses sinais estranhos são de uma recessão global. As nuvens de tempestade certamente estão se reunindo. Esta semana, a China disse que a produção industrial está crescendo no ritmo mais lento desde 2002. Os investidores temem que o mundo esteja se transformando no Japão, com uma economia entorpecida que luta para vencer a deflação e, portanto, está propensa a retroceder. Por enquanto, uma recessão é um medo, não uma realidade. A economia mundial ainda está crescendo, embora em um ritmo menos saudável do que em 2018. Sua resiliência repousa sobre os consumidores, especialmente nos EUA. Empregos são abundantes; os salários estão aumentando; o

crédito ainda é fácil; e o petróleo mais barato significa que há mais dinheiro para gastar. Os investidores têm favorecido as empresas que geram caixa sem precisar gastar em ativos fixos. Vê-se isso no contraste do mercado de ações de alto rendimento dos Estados Unidos, dominado por empresas de internet e serviços que gastam lucros, e da Europa, que geme sob bancos e montadoras com fábricas que consomem capital. E dentro das bolsas de valores da Europa, uma ação defensiva, como a Nestlé, está sendo negociada com um prêmio mais expressivo do que uma industrial, como a Daimler. Se não houve uma explosão e a economia mundial ainda não se rompeu, por que então os mercados estão tão ansiosos? A melhor resposta é que as empresas e os mercados estão lutando para se familiarizar com a incerteza. Isso, não as tarifas, é o maior dano da guerra comercial entre os Estados Unidos e a China. À medida que o Japão e a Coréia do Sul deixam suas diferenças históricas transbordarem para o comércio, não está claro quem ou o que pode ser retirado a seguir. Como os grandes investimentos são difíceis de reverter, as empresas não estão dispostas a seguir em frente. A evidência de que o investimento está sendo reduzido é refletida em pesquisas sobre a queda do sentimento empresarial, na paralisação da pro-

dução industrial em todo o mundo e no desempenho ruim das economias lideradas pela indústria, e não apenas na Alemanha. Os bancos centrais também estão ansiosos e facilitam a política como resultado. Em julho, o Federal Reserve baixou as taxas de juros pela primeira vez em uma década como um seguro contra uma recessão. É provável que isso siga com mais cortes. Bancos centrais no Brasil, Índia, Nova Zelândia, Peru, Filipinas e Tailândia reduziram suas taxas de juros de referência desde que o Fed agiu. O Banco Central Europeu provavelmente retomará seu programa de compra de títulos. Apesar desses esforços, a ansiedade pode se transformar em alarme e o crescimento lento entra em recessão. Três sinais de alerta valem a pena prestar atenção. Primeiro, o dólar, que é um barômetro do apetite ao risco. Quanto mais os investidores buscam a segurança do dólar, mais eles vêem o perigo à frente. Em segundo lugar, as negociações comerciais entre os EUA e a China. Nesta semana, Donald Trump inesperadamente atrasou as tarifas anunciadas em 1º de agosto sobre algumas importações, aumentando as esperanças de um acordo. Isso deve ser do interesse dele, já que uma economia forte é importante para suas perspectivas de reeleição no ano que vem. Mas ele pode, no entanto, estar julgando mal as probabilidades de uma desaceleração. Trump também pode achar que a China decidiu arrastar seus pés, na esperança de diminuir suas chances de um segundo mandato e conseguir um acordo melhor (ou um mais provável) com seu sucessor democrata. A terceira coisa a observar é a rentabilidade dos títulos corporativos nos Estados Unidos. Os custos de financiamento permanecem muito baixos. Mas o spread – ou rendimento extra – que os investidores exigem para manter a dívida corporativa em risco começou a aumentar. Se a ansiedade crescente fizesse com que os spreads desabassem, as empresas teriam mais dificuldade em rolar suas dívidas. Isso poderia levá-los a reduzir as folhas de pagamento, bem como o investimento, a fim de pagar os juros. Aí, as chances de uma recessão encurtariam. Quando as pessoas olham para trás, elas encontrarão muitas inconsistências na configuração dos preços dos ativos de hoje. A extrema ansiedade nos mercados de títulos pode parecer uma forma de imprudência: como os mercados poderiam relacionar o aumento do populismo com medo de deflação, por exemplo? Dá para sentir o ar ficando pesado.


8 | ATIVIDADES DO PCO

CONTRA O GOLPE E O FASCISMO

Toda a força aos mutirões pela liberdade de Lula neste domingo! N

este domingo, os companheiros do PCO e dos Comitês de luta contra o golpe e o fascismo farão mais uma vez os mutirões pela liberdade de Lula. Ao total já são quase 70 cidades que fazem a atividade, que se juntam aos “faixaços” Lula Livre feitos pelos companheiros do PT. De um lado, temos a paralisia da esquerda, que insiste em fazer a “disputa” institucional e se adaptar ao golpe. De outro, a crise que o governo Bolsonaro se encontra, que só se aprofunda, como por exemplo nas denúncias do Intercept contra Moro e toda a Lava Jato. Por isso, é fundamental para toda a luta popular impulsionar a luta pela liberdade de Lula, líder político mais popular do país que segue preso nas masmorras de Curitiba. Em primeiro lugar, por que se trata de um problema democrático: Lula foi preso injustamente, e impedido de participar das eleições do ano passado, quando a maioria da

população queria votar nele. A palavra de ordem de “Liberdade para Lula” só perde em popularidade para o “Fora Bolsonaro”, que é uma unanimidade dentro da militância de esquerda e do povo, mas ambas expressam o profundo repúdio popular

ao golpe. É preciso expandir ainda mais os mutirões. Neles, fazemos coleta de assinaturas, distribuição de materiais, como adesivos e panfletos, venda de produtos de livraria e de bar, abrimos microfone para o público, enfim, realizamos uma ampla atividade

de agitação e propaganda política. Aos companheiros mais avançados do país, que têm uma compreensão do que está se passando no Brasil desde o golpe, é preciso ter claro que não basta ter uma compreensão abstrata, apenas intelectual. É fundamental uma ação prática. Por isso chamamos todos os companheiros verdadeiramente conscientes para este esforço coletivo, que são os mutirões aos domingos, fundamentais para o presente momento em que a direita planeja uma ditadura militar aberta bem debaixo do nariz do povo brasileiro. Por esse motivo, anunciamos à seguir algumas das cidades onde os mutirões já foram confirmados. Junte-se ao mutirão da sua cidade e nos ajude a bater a meta de 100 mutirões por domingo! Caso na sua cidade ou bairro ainda não tenha um mutirão marcado, você pode enviar uma mensagem para os pco.sorg@gmail.com.

AMANHÃ

Mutirões em todo País vão lutar pela liberdade de Lula A

manhã (18) será mais um dia de mutirões pela liberdade de Lula e por Fora Bolsonaro. Em dezenas de cidades pelo país, os militantes dos comitês de luta contra o golpe coletarão assinaturas pela anulação de todos os processos contra o ex-presidente Lula e pela sua liberdade e farão a inscrição dos interessados em participar das caravanas para o ato nacional pela liberdade de Lula, que ocorrerá no próximo dia 14 de setembro em Curitiba. A cada dia que passa, a fraude da eleição de 2018 fica mais escancarada. No entanto, por mais em crise que esteja o regime golpista, a burguesia não recuará diante da farsa da condenação e prisão de Lula. Foi ela quem criou Sérgio Moro, Deltan Dallagnol, Jair Bolsonaro e tudo o que há de mais

nefasto no regime político. Por isso, a única maneira para derrotar os ataques da direita e libertar a principal expressão popular da luta contra o golpe é pela mobilização permanente nas ruas contra a direita golpista. Os mutirões são a ferramenta para fortalecer essa mobilização, através dos comitês de luta contra o golpe e intensificar a campanha pela liberdade de Lula e contra o governo Bolsonaro. E é justamente com esse objetivo que centenas de militantes estarão nas ruas neste domingo. Portanto, participe do mutirão na sua cidade ou, se ainda não tiver nenhum mutirão marcado em sua cidade, no seu bairro, local de trabalho ou de estudo, entre em contato com o PCO e os Comitês para organizar a campanha em sua região.

TODOS À CURITIBA

Inscreva-se para o ato pela liberdade de Lula em Curitiba O

Partido da Causa Operária e os Comitês de Luta contra o Golpe, em todos os Estados do país, estão empenhados na convocatória e organização da militância e de populares de uma forma geral para a ida à Curitiba, no dia 14 de setembro, para a realização de um grande ato, marcando mais um momento de luta na campanha pela liberdade do ex-presidente Lula. É possível identificar neste momento um enorme sentimento por parte do conjunto da militância e de todos que lutam para tirar Lula da prisão na capital paranaense, que é não só possível como absolutamente prioritário intensifi-

car os esforços para que o ex-presidente ganhe a liberdade e que os processos fraudulentos que o condenaram sejam todos anulados. Os Comitês de Luta e o PCO estão trabalhando intensamente para que este ato marque em definitivo a ofensiva do movimento popular, operário, estudantil e sindical em direção à derrota da Lava Jato e dos inimigos dos trabalhadores, os mesmos que processaram, condenaram e encarceraram Lula e outros dirigentes do PT e da esquerda. Os golpistas estão acuados com as denúncias que torpedearam os juízes e Procuradores da Operação Lava Jato, mas o regi-

me de fome e miséria da burguesia e da extrema direita não será derrotado sem que haja uma intervenção independente e enérgica das massas populares para impor uma derrota à Bolsonaro. Neste cenário, as mobilizações e a luta pela liberdade do companheiro Lula se colocam como decisivas para o movimento de massas, para os que lutam pela vitória dos trabalhadores e pela derrota do golpe de Estado que depôs o governo eleito de Dilma Rousseff. Portanto, não há o que fazer a não ser participar deste importante momento da luta de classes no país, que é a unidade de

todos movimento, de todos os lutadores, de toda a militância em torno à mobilização para a organização das caravanas que estarão se dirigindo, de todas as partes do país rumo à Curitiba, no grande ato que o PCO e os Comitê de Luta estarão realizando, no dia 14 de setembro, em Curitiba, exigindo a imediata liberdade para o ex-presidente Lula. As inscrições para as caravanas já estão abertas e os interessados podem se inscrever através do endereço eletrônico pco.sorg@gmail.com, onde poderão ser obtidas também todas as demais informações relativas à organização das caravanas nos Estados.


INTERNACIONAL | 9

CRISE NO REINO UNIDO

Oposição quer remover primeiro-ministro A

pós a eleição de Boris Johnson para presidir o partido conservador e ser primeiro ministro da Inglaterra, o Brexit ficou ainda mais perto. Corbyn está liderando a oposição e angariando forças para impedir a saída do país da União Europeia. A escolha de Boris como líder do Partido Conservador reitera a derrocada da política europeia para a extrema-direita. Esse desvio na política inglesa, teve como principal objetivo acelerar o Brexit e combater Corbyn, líder da oposição, e favorito para ser o próximo primeiro ministro. As principais promessas de Boris Johson eram derrotar Corbyn e entregar o Brexit. Nesse momento, o líder do Partido Trabalhista (Labour Party), é o principal articulador da contra ofensiva. A empreitada tem até o dia 31 de outubro para ser bem sucedida, dia escolhido pelo Partido Conservador para

sair da União Européia, haja consenso ou não sobre os termos de saída. Dentre os setores que estão se juntando, por mais que relutantemente, a Corbyn estão o Partido Liberal Democrata, o Partido Nacionalista Escocês e outras frações de alguns partidos ingleses. Johson por outro lado ainda detém uma pequena maioria no parlamento A proposta que apresenta a oposição, é de instaurar um governo provisório para que sejam convocada novas eleições gerais. O clima político da Inglaterra é de total crise, e desde a saída de May a crise só vem se aprofundando. Essa crise é generalizada em toda a Europa. Os partido tradicionais estão afundando e dando espaço para a extrema-direita crescer, enquanto isso, a esquerda ainda patina em tentar conter esse crescimento por vias institucionais.

RUMO À CATÁSTROFE

ITÁLIA

Alemanha e Inglaterra têm contração econômica

Crise italiana se aprofunda com rejeição de imigrantes por Salvini

a discussão sobre as medidas de reativação orçamentária”, sinaliza Brzeski. “A questão é que a economia alemã está à beira da recessão”, disse Andrew Kenningham, da Capital Economics. Para os economistas, trata-se de “recessão técnica”, complementa. Situação da Inglaterra

A

ncoradas em uma crise orgânica sem precedentes, as economias alemã e inglesa dão sinais de desintegração. O ritmo de desaceleração das principais economias do mundo notabilizam o agravamento da situação em que o – já apodrecido – sistema capitalista se encontra. Situação da Alemanha De acordo com a agência federal de estatísticas Destatis, houve uma contração de 0,1% do Produto Interno Bruto (PIB) na economia alemã, no segundo trimestre. O incipiente resultado concernente ao comércio exterior se destaca como figura de proa da desaceleração; isso se tratando da maior economia da zona do euro. A queda do índice se dá após um aumento de 0,4% do PIB alemão referente ao primeiro trimestres, logo após a Alemanha evitar entrar em recessão durante o segundo semestre de 2018. Segundo Carsten Brzeski, economista do ING Bank, a contração do PIB alemão “marca definitivamente o fim de uma década de ouro para a economia alemã”. O economista destaca que desde o fim da recessão ocorrida em 2008-2009, houve um crescimento de 0,5% em média trimestral. Ademais, “inevitavelmente será retomada

Sem contração econômica desde 2012, a economia britânica dá sinais de fadiga e, após ter crescido 0,5% no primeiro trimestre do ano, o PIB do Reino Unido teve uma redução de 0,2% entre abril e junho, revelou o Escritório Nacional de Estatísticas (ONS, na sigla em inglês), na última sexta-feira (9). De acordo com o ONS, o setor manufatureiro sofreu o maior impacto o durante esse período, com uma queda de 2,3%, depois de ter crescido nos primeiros meses do ano pela acumulação de reservas antes da saída da União Europeia (UE). Por conseguinte, o setor produtivo do Reino Unido se contraiu 1,4%, ultrapassando o da construção que teve queda de 1,3%. Já no início deste mês, o Banco da Inglaterra rebaixou a sua expectativa de crescimento anual de 1,5% para 1,3%, justificando as previsões baseando-se nas tensões comerciais globais e na delicada situação envolvendo a questão do Brexit. Seguindo o curso de desmantelamento do capitalismo e de profunda crise, os sinais de que há uma grande crise mundial em desenvolvimento são claros; sendo, portanto, maiores do que a crise de 2008. Trata-se, porém, de uma crise na qual as economias mais avançadas configuram como incontornável.

A

crise política na Itália se agrava a cada investida de Salvini. Embora seu discurso abertamente fascista tenha revelado o aprofundamento da política rumo ao descompasso entre os setores da burguesia italiana e o capital financeiro, Salvini tem encontrado resistência dos setores burgueses tradicionais. Nesta quinta-feira (15), Giuseppe Conte, primeiro-ministro da Itália, fez duras críticas ao epígono de Mussolini, vice-premier e ministro do Interior, Matteo Salvini. Conte recriminou as atitudes de Salvini em relação ao navio Open Arms, de uma ONG espanhola, que está há 114 dias à deriva no Mar Mediterrâneo com 147 imigrantes. https://www.causaoperaria.org.br/ barbarie-imperialista-salvini-impede-desembaruqe-de-refugiados/ As críticas também foram reproduzidas pela ministra da Defesa, Elisabetta Trenta, que se recusou a assinar

uma ordem que proíbe o navio de desembarcar em portos locais. Vale lembrar que Trenta é do partido 5 estrelas (M5S), o qual, até semana passada, fazia uma aliança com a Liga Norte, partido de Salvini. “Tomei essa decisão motivada por sólidas razões legais, escutando minha consciência. Não devemos esquecer nunca que, atrás de todas as polêmicas dos últimos dias, existem crianças e jovens que sofreram violências e abusos de todo o tipo. A política não pode jamais perder a humanidade. Por isso, não assinei”, afirma Trenta. Salvini tem se posicionado contra as atuações das ONGs na crise imigratória européia, chegando a emitir uma ordem que proibia a Open Arms de desembarcar na Itália. A ONG espanhola, todavia, recorreu da decisão na justiça e, ontem (14), um Tribunal do Lazio derrubou a ordem de Salvini, permitindo a entrada do navio em águas italianas. Embora transpareça que o conflito se dê entre um setor humanista e outro abertamente fascista, é preciso destacar que, em primeira ordem, a burguesia não quer Salvini no governo. Trata-se, em todo caso, de um fascista que não representa os interesses do capital financeiro. Nesse sentido, a burguesia está articulando seus partidos tradicionais para tirar Salvini, utilizando diversos mecanismos de campanha contra ele, como ligação com os russos, projetos do governo travados para desestabilizar Salvini, e agora uma propaganda contra a decisão de não receber imigrantes. O conflito em curso, porém, não deve esconder a demagogia da burguesia para tirar Salvini, para que a burguesia consiga estabilizar minimamente o regime.


10 | JUVENTUDE

IAGO MONTALVÃO

Presidente da UNE foi ao MEC conversar com Weintraub M

inistro “não se comprometeu com nossas pautas”, afirma presidente da UNE Montalvão não foi apresentar as reivindicações ao governo, foi como se fosse uma conversa com o ministro. Iago Montalvão, 26, é novo presidente da União Nacional dos estudantes (UNE) desde julho. Ele se reuniu na última quarta-feira 6 com o ministro da Educação, Abraham Weintraub. Em entrevista à ÉPOCA, Montalvão afirmou que o convite para o encontro teria sido uma “conquista”. Mas que, a reunião teria sido “pouco proveitosa”. UNE reivindicou, o fim do contingenciamento de verbas para a área. Posicionou-se contra o Future-se – projeto que busca reestruturar o financiamento às instituições de ensino superior públicas; constatou que Abraham Weintraub, tal qual Bolsonaro, comu-

nica-se somente com sua própria bolha. Por fim constatou que MEC não se comprometeu com o desbloqueio das verbas. Seria normal o presidente da UNE reunir-se com o presidente da República, não na situação atual. Nesse momento de extrema polarização, de mobilização revolucionária das massas exigindo nas ruas o Fora Bolsonaro. Reunião institucional. Essa é a política da esquerda mais direitista. A política de se aproximar do governo e do PSDB. Estabelecer um diálogo e nem mesmo pressionar o governo. Nas atuais condições isso fortalece o governo e não a UNE, na medida em que os estudantes estão totalmente contra Bolsonaro. Comportamento do presidente da UNE serve para assinalar que é preciso conviver com Bolsonaro, uma política

REPRESSÃO

Witzel leva a polícia para dentro da UFF mas estudantes reagem N

a tarde desta quinta-feira (15/08), o governador fascista do Rio de Janeiro, Wilson Witzel (PSC), foi até a Universidade Federal Fluminense (UFF) para realizar um exame de qualificação da tese de seu doutorado e, diante da ameaça de protestos estudantis, montou um forte aparato policialesco para reprimir os estudantes. O estafe do governador tentou primeiro driblar as manifestações mudando o local onde seria realizado o exame. A banca de qualificação estava prevista para ser realizada no campus do Gragoatá, no Instituto de Ciências Humanas e Filosofia da UFF, mas acabou sendo deslocada para o prédio da Faculdade de Administração e Ciências Contábeis, no campus do Valonguinho, no centro de Niterói. Os estudantes, no entanto, conseguiram chegar ao local e tentaram acessar a sala onde Witzel estava. Foi quando seguranças à paisana da comitiva do governador bloquearam o acesso ao andar do prédio e, ante a pressão e resistência dos estudantes, a PM chegou. A presença dos policiais fardados só aumentou ainda mais o tumulto e a confusão. Em determinado momento, os PMs interditaram as portas de saída das escadas para prender parte do grupo e impedir a circulação deles pelo prédio, deixando a passagem livre para a saída do político fascista. Escoltado por forte aparato de segurança, o governador saiu da universidade sob gritos de “fascista”, “assassino”, “torturador” e “genocida”. A PM também recebeu dos estudantes o tradicional cântico de luta: “Não aca-

bou, tem que acabar, eu quero o fim da Polícia Militar”. Os protestos dos estudantes acontecem em meio à política de extermínio do povo pobre levada adiante pelo governador Witzel. Só nesta semana, seis jovens foram assassinados durante diversas operações da Polícia Militar em diferentes regiões do estado do Rio de Janeiro. A entrada da PM e de outros elementos ligados à repressão estatal nas universidades, tal como aconteceu neste episódio da UFF, são um indicativo alarmante de que a escalada policial e autoritária tende a se intensificar. Por outro lado, é importante destacar a reação determinada dos estudantes, que se mobilizaram para protestar contra o governador fascista e não se intimidaram diante da truculência da PM. É necessário seguir a linha apontada por esses estudantes e reagir com força, de modo organizado, contra as arbitrariedades e as tendências fascistas que vão tomando conta do regime político burguês no país. Para tanto, só o “Fora Bolsonaro!” e o “Fora Witzel” têm condições de impulsionar o movimento estudantil no rumo da defesa de seus verdadeiros interesses.

de boa vizinhança. A “conquista” seria ser reconhecido por Bolsonaro, que ele aceite o diálogo, coisa que na verdade não vai ocorrer. Bolsonaro não vai recuar em nada em seus ataques aos estudantes. Essa reunião da UNE é negativa. No

momento, em que o povo e os estudantes pedem o Fora Bolsonaro. É uma tentativa de colocar Bolsonaro na linha. Com essa iniciativa, é a UNE sendo colocada na linha, por Bolsonaro. Montalvão quer aceitação e não o Fora Bolsonaro.


ESPORTE | 11

ESPORTES

Todos os domingos às 20h30 na Causa Operária TV

Perto do centenário, Lusa é o retrato da devastação do futebol moderno

F

undada em 14 de agosto de 1920 por membros da comunidade portuguesa radicados na capital paulista, a Associação Portuguesa de Desportos, ou simplesmente Portuguesa ou Lusa, chegou aos 99 anos de existência na última quarta-feira. A situação atual do clube, porém, não tem estimulado grandes comemorações e fez com que a data passasse quase despercebida. Os primeiros sinais da crise A partir dos anos 2000, o quinto maior time do estado de São de Paulo começa a exibir as primeiras manifestações da crise que, alguns anos mais tarde, ameaça pôr um fim à própria existência do clube. Em 2002, a Portuguesa sofre o seu primeiro rebaixamento em Campeonatos Brasileiros de sua história. Em 2006, veio o primeiro rebaixamento em Campeonatos Paulistas. Em 2008, a Lusa voltou a figurar no primeiro escalão dos Campeonatos Paulista e Brasileiro, mas não resistiu à competição com os grandes do país e caiu novamente para a série B do Brasileiro. Em 2011, sagrou-se campeã do Campeonato Brasileiro Série B e retornou à elite do futebol brasileiro. Conseguiu se manter na Série A em 2012, mas no ano seguinte, 2013, veio nova queda, fruto de manobras extracampo, da qual o clube não conseguiu se recuperar até hoje. O “caso Héverton” O rebaixamento da Lusa em 2013, aliás, foi marcado pelo chamado “caso Héverton”, um episódio obscuro, suspeito e repleto de arbitrariedades. No Campeonato Brasileiro desse ano, a Portuguesa, depois de passar umas boas rodadas na zona de rebaixamento, conseguiu fazer uma campanha de recuperação, terminando o campeonato na 12ª colocação. Entretanto, três dias após a última rodada do Campeonato Brasileiro, a CBF notificou ao STJD a escalação irregular do meia-atacante Héverton para a partida da 38ª rodada contra o Grêmio no Canindé. O jogador, que fora expulso no jogo contra o Bahia pela 36ª rodada, foi punido com 2 jogos de suspensão, ficando impossibilitado de disputar os dois jogos restantes da competição. Mesmo assim, o atacante não só foi relacionado para a última rodada, como atuou no jogo em questão. O STJD, então, diante do descumprimento de sua decisão, sancionou a Portuguesa com a perda do ponto conquistado na partida (terminada em 0–0) e de mais 3 pontos, derrubando a Lusa para a 17ª posição e, consequentemente, decretando o seu rebaixamento para a Série B — eis mais um caso típico do famoso “tapetão” no futebol brasileiro.

Enquanto os dirigentes da Lusa à época qualificaram o episódio como mero “erro administrativo”, fruto de uma problema comunicação entre o advogado que representou o clube no STJD e o seu departamento de futebol, outras versões afirmam que o jogador suspenso foi escalado premeditadamente pela Portuguesa em troca de uma quantia em dinheiro para funcionários e dirigentes do clube. A Unimed, então patrocinadora do Fluminense, que escapou do rebaixamento com a perda de pontos da Portuguesa, chegou a ser acusada de estar envolvida na negociata, mas não houve maiores desdobramentos. O Ministério Público de São Paulo abriu inquérito sobre o caso e encampou por um tempo a tese da compra (ou venda) da escalação irregular do jogador. Com passar do tempo, todavia, o ímpeto investigativo do órgão foi murchando, e o inquérito foi afinal arquivado, por falta de provas. A espiral da crise se intensifica Desde o rebaixamento de 2013, a Portuguesa entrou num redemoinho de crise e declínio continuados. Nos anos seguintes, vieram os rebaixamentos para a Série C (2014), para a Série D (2016) e a eliminação na Série D (2017) do Brasileiro, o que deixou o clube paulista oficialmente sem divisão no futebol nacional. O ano da Lusa, a partir de então, se resume a duas competições de âmbito regional: a segunda divisão do Paulista e a Copa Paulista. Acompanhando as catástrofes esportivas vieram os gigantescos problemas financeiros. O clube, hoje, encontra-se em total bancarrota. Acumula uma dívida — em números subestimados, porque datados de uma auditoria interna de 2016 — de mais R$ 354 milhões. Encontra-se emaranhado em centenas e centenas de ações cíveis, processos tributários e ações traba-

lhistas. As dívidas da Portuguesa, inclusive, são maiores do que o seu patrimônio. O valor estimado do estádio do Canindé em leilão, que é de cerca de R$ 160 milhões, não é suficiente para quitar sequer a metade daquele montante. O cenário de destruição se completa com o sistemático desmonte da área social do clube, exemplificado pela demolição do parque aquático do Canindé, em 2018. Piscinas, áreas verdes e campos de areia foram aterrados para criar espaços destinados a arrecadar com o aluguel para eventos. O fundamento da crise: o chamado “futebol moderno” Para explicar a situação falimentar em que se encontra a Portuguesa e outros clubes do Brasil, o argumento mais comum a que recorrem os “especialistas” da mídia burguesa é o da “incompetência dos dirigentes”, o da “gestão amadora”, o da “falta de planejamento das direções esportivas” e assim por diante. Tudo se resumiria a um problema administrativo, de gestão. Mudando-se a gestão e os gestores, os resultados seriam absolutamente diferentes, e até opostos. Como é da natureza das coisas, os órgãos ideológicos da burguesia não conseguem explicar nada; na verdade, procuram oferecer soluções simplistas, toscas e infantis para problemas que têm raízes mais profundas, soluções que mais confundem e mascaram a realidade do que qualquer outra coisa. A situação da Portuguesa, na realidade, é um retrato tardio e extremo do que aconteceu e acontece com os tradicionais clubes do interior dos estados e ainda com os clubes de menor expressão. A decadência desses clubes é, no fundamental, produto da atual etapa econômica capitalista, na qual os clubes estão cada vez mais ligados, por relações de dependência e controle, às grandes empresas e mo-

nopólios nacionais e internacionais, tornando-os apêndices dessas forças econômicas e submetendo-os à lógica implacável do capital e do mercado. Nesse sentido, o futebol, integrando-se à economia capitalista, proporciona várias “janelas” por onde o capital monopolista pode passar e se instalar: transferências de jogadores, treinadores e dirigentes, patrocínios, publicidade, direitos de transmissão, mercado de apostas etc. O clube de futebol passa a ser dirigido de fato pelos grandes capitalistas e torna-se, então, uma empresa, submetida aos mesmos processos a que estão sujeitas as demais empresas, vale dizer, a busca do lucro e nada mais. É o famoso “clube-empresa”, tão alardeado e incentivado pelos comentaristas esportivos da imprensa burguesa, defensores do “futebol moderno” e da “gestão profissional e estratégica”, nos moldes do que se faz na Europa. É o modelo de clube que encarece o preço dos ingressos, elitiza as arquibancadas, exclui as camadas pobres e populares dos estádios, proíbe e reprime as torcidas organizadas, e aniquila os clubes com menor potencial econômico. O chamado “futebol moderno” não é mais que o domínio dos poucos e grandes monopólios capitalistas sobre todas as esferas do futebol, transformando determinados clubes em extensões de suas fontes lucros e destruindo e esmagando a concorrência (a grande maioria dos times). Esse é o processo que está na base da falência, do declínio e da perda de competitividade de clubes com grande história no futebol brasileiro, como é o caso da Portuguesa. Trata-se, portanto, de um processo econômico profundo, ligado à atual etapa de funcionamento da economia capitalista, e não de uma simples questão de incompetência, amadorismo ou ineficiência na gestão dos clubes, por mais que tais fatores contribuam para o definhamento do clube.


12 | MOVIMENTO OPERÁRIO E POLÍTICA

ORGANIZAR A LUTA DOS TRABALHADORES

Trabalhadores do Sicoob/Norte rejeitam proposta miserável dos patrões

O

s trabalhadores das Cooperativas de Crédito da Região Norte (Sicoob/Norte) decidiram, em assembleia da categoria realizada no último dia 13 de agosto, na sede do Sindicato dos Bancários de Rondônia, rejeitar, por unanimidade, a miserável proposta dos patrões em reajustar os salários apenas pelo índice da inflação do período de 4,79%. A categoria reivindica reajuste salarial de 5% além da reposição da inflação e um aumento no vale refeição dos atuais R$ 800,00 para R$ 1.000,00. Os patrões, é claro, se negam em conceder tal reajuste com a desculpa esfarrapada de que o país passa por uma crise econômica. Conversa para boi dormir! Todo mundo sabe que,

tantos os bancos quanto as empresas de crédito nunca lucraram tanto com agora. Não é por acaso que o presidente do Banco Itaú acabou de dar uma declaração em relação a economia nacional dizendo que: “isso deixa a situação macroeconômica tão boa quanto nunca vi na minha carreira”. Enquanto que meia dúzia de parasitas banqueiros e capitalistas lucram absurdos às custas da superexploração dos trabalhadores e da expropriação da população em geral, os trabalhadores estão obrigados a receber um salário de miséria que nem dá para passar o mês. A remuneração mensal de um financiário é um pouco mais de mil reais, remuneração essa que está

longe de alcançar um salário mínimo necessário para sustentar uma família de quatro pessoas, calculado pelo Dieese, que hoje está em 4 mil reais. Os trabalhadores não devem acei-

tar as migalhas atirada da mesa dos patrões. Organizar, através das suas entidades de luta, uma greve de toda a categoria para barrar a política de miséria para os trabalhadores.

NOVAS INFORMAÇÕES

TERROR

Lava Jato sempre foi bolsonarista, mostram novos vazamentos

Guedes ameaça sair do Mercosul se esquerda vencer na Argentina

A

informações reveladas pelo vaza-jato dessa sexta-feira deixam claro a relação próxima entre Sérgio Moro e Jair Bolsonaro já no período eleitoral de 2018. Nesse período, Moro e Dalagnol já faziam lobby junto a Bolsonaro para a indicação de Vladimir Aras para a Procuradoria Geral da República (PGR), dando como certo a posse de Bolsonaro e, em consequência, a indicação de Moro ao Ministério da Justiça. “Fala com Moro sobre minha candidatura à PGR. Com Bolsoaro eleito, vou me candidatar”, escreveu Aras a Dallagnol que questionou o objetivo de Aras com o pedido: “Pedir apoio dele quando for ministro do STF? Rs”. Após horas de diálogo, chegara a conclusão sobre o apoio da a Aras a PGR. Sobre isso, Dallanol afirmou: “conseguimos articular sua indicação (…) temos várias pessoas pra chegar lá”. Nesse diálogo pode-se notar com clareza a correlação natural entre Sérgio Moro e o então candidato a presidência, que viria a ganhar as eleições, Jair Bolsonaro. Essa relação, negada por ambas as partes na situação da indicação de Moro ao superministério da Justiça por Bolsonaro, já era reconhecida pela base lava-jatista do governo golpista. Isso deixa patente o conluio político da operação lava-jato a fim de garantir a vitória de Bolsonaro como presidente, situação em que já estariam estabelecidos os cargos a serem ocupados pelos agentes dessa fraude, segundo a própria afirmação jocosa de Dallagnol na fala acima transcrita: Moro, que impediria Lula de concorrer as eleições garantindo a vitória de Bolsonaro, ganharia o cargo de superministro. As articulações políticas para a indicação de Aras ao PGR continuaram no Supremo Tribunal Federal (STF) e no congresso após a posse de Bolsonaro como presidente a fim de fortalecer a ala da lava-jato no governo, a qual já possuia 19 membros diretos da operação no Superministério da Justiça, Fachin e Fux no STF. Além do “Fachin é

nosso” e do “in Fux we trust”, portanto, com Aras, estaria indicada a ocupação política também da PGR. Nesse sentido, se desenvolveram os senguintes diálogos entre Aras e Dallagnol em 5 de abril: “Estou com Fachin agora”, disse Dallagnol, “Sala de espera do gabinete. “Dá uma força com ele”, pediu Vladimir Aras. Dallagnol respondeu: “Não tenho WhatsApp dele, mas só da Paula. Opções: 1) mandar uma msg pra Paula e pedir pra transmitir a ele 2) ligar pra ele acho estranho ligar pra isso, pode talvez até ficar ruim o resultado 3) esperar uma oportunidade em que encontre ele para falar disso mas não temos nada no radar imediato… teríamos que criar oportunidade nos próximos meses”.“podemos fazer o “1”e trabalhar no 3 sem pressa”. Dallagnol também garantiu a inserção de Aras em um jantar com Moro e Luís Roberto Barroso: “Tem um jantar no domingo, às 19:30, com associados do cdpp [Centro de Debate de Políticas Públicas] e mais uns pesos pesados. Barroso e Moro estarão no jantar e no lançamento. Você está convidado, te passo as coordenadas amanhã”, escreveu o procurador em 19 de março. Além disso, Dallagnol disse em mensagem ter contactado os ministro Onyx Lorenzoni (Casa Civil) e André Mendonça, da AGU (Advocacia-Geral da União) sobre a candidatura de Aras em 15 de abril do ano corrente. Já em 28 de fevereiro, Deltan convidou Aras para um almoço para apresentar o senador Eduardo Girão. Pediu discrição a Vladimir: “mantenha com Vc por favor”. Depois reforçou: “Importante manter isso discreto Vlad […] Por varias razões”. Girão então enviou uma lista de 20 congressistas a serem contactados, dentre eles os senadores Eduardo Braga (MDB-AM); Humberto Costa (PT-PE); Fernando Bezerra Coelho (MDB-PE); Alvaro Dias (Podemos-PR) e Randolfe Rodrigues (Rede-AP).

N

um evento do banco Santander, em São Paulo, no meio de afirmações de que “a economia vai como planejado” e “o governo tem tido apoio nas pautas econômicas (como a reforma da previdência)”, o ministro da economia Paulo Guedes afirmou que poderia sair da Mercosul caso Alberto Fernandéz, que tem como vice-presidenta Cristina Kirchner, ganhe as eleições na Argentina: "E se a Kirchner quiser fechar (o Mercosul para acordos externos)? Se quiser fechar, a gente sai do Mercosul. E se quiser abrir? Então vou dizer ‘bem-vinda moça, senta aí’ Guedes também afirmou que “Eu quero vender todas (as empresas estatais), eu sei que não funciona assim, mas meu trabalho é tentar vender todas.”, reafirmando seu caráter neoliberal. Bolsonaro, sem perder tempo, se pronunciou apoiando Guedes: "O atual candidato que está na fren-

te na Argentina, que tem vice a Cristina Kirchner, ele já esteve visitando o Lula, já falou que é uma injustiça o Lula estar preso, já falou que quer rever o Mercosul. Então o Paulo Guedes, perfeitamente afinado comigo, por telepatia, já falou: se criar problema, o Brasil sai do Mercosul. E está avalizado, não tem problema nenhum." Tal ato é uma chantagem terrorista de Paulo Guedes e Bolsonaro, mais uma vez servindo de porta-vozes do imperialismo nas eleições argentinas. Não existe ameaça dos kirchneristas de travarem o Mercosul, até porque Alberto Fernández é um esquerdista extremamente capitulador e já sinalizou que não vai peitar o mercado financeiro. Apesar disso, o imperialismo prefere Macri no governo novamente, uma vez que ele é o grande fantoche que está entregando a Argentina para os capitalistas internacionais, assim como Guedes e Bolsonaro estão fazendo com o Brasil.


MORADIA E TERRA E CIDADES | 13

SÃO PAULO

Juíza faz julgamento antecipado de lideranças das ocupações H

á 54 dias presos, lideres das ocupações do centro de São Paulo recebem sentença previa de condenação pela juíza Érika Soares de Azevedo Mascarenhas, titular da 6ª Vara Criminal, no fórum da Barra Funda e decreta prisão de mais nove lideres. Os quatro presos, pasmem, a juíza já os têm como réus por formação de quadrilha, extorsão, entre outros delitos, ou seja, já são criminosos, apesar de o único crime que cometeram foi o de dar aos prédios abandonados aos ratos e baratas, pelos capitalistas, alguma função social, que é o de que os sem teto tenham onde se esconder das intempéries, dormirem, ou seja, uma acomodação para morar. Carmen do Movimento de sem Teto do centro (MSTC) é absolvida, ao mesmo tempo em que é decretada sua prisão Mãe de Preta e Sidinei Ferreira, Carmen que, na última quarta-feira (14) foi absolvida em segunda instância em um processo, cujas acusações moradores da ocupação do antigo Hotel Cambridge, no centro de São Paulo é uma das 19 pessoas indiciadas pela Érika e sua prisão assim como a de

mais oito, foi decretada por esta juíza, a mando de promotor fascista Cassio Roberto Conserino, o mesmo que queria que o processo envolvendo o Luiz Inácio Lula da Silva, no caso “tríplex” fosse julgado em São Paulo, ou seja, a Lava-Jato seção São Paulo. Carmen já havia sido absolvida em

primeira instância, pela 26.ª Vara Criminal. Os promotores visavam claramente criminalizar os movimentos de moradia a qualquer custo, segundo a defesa da Carmen. (Brasil de Fato – 14-082019) Os desembargadores Paulo Rossi

e João Morenghi votaram pela absolvição de Carmen. O desembargador Amable Lopez ainda apresentará seu voto nas próximas sessões. Segundo a defesa de Carmen, o próprio Ministério Público em atuação no âmbito do Tribunal de Justiça ‘afirmou que a criminalização de movimentos sociais merece repúdio’. Perseguição política do governo do Estado e prefeitura de São Paulo às lideranças das ocupações O golpista, governador de São Paulo João Doria, bem como o também golpista Bruno Covas são parte interessada em toda essa situação que vivenciam os ocupantes dos prédios abandonados do centro e o objetivo e esvazia-los para os especuladores imobiliários, por isso a perseguição incessante do judiciário às lideranças dos movimentos das ocupações. É como disse Lula em sua frase: “as lideranças dos sem teto estão presas pelo mesmo crime que cometi, o de “lutar por uma sociedade mais justa, onde, entre tantos outros direitos, cada família possa morar com a dignidade que merece”.

CRISE DA OPERAÇÃO

RIO DE JANEIRO

Motim em presídio da Lava Jato

Bolsonaro interfere na PF e nomeia bolsonarista superintendente

N

a quinta-feira, Bolsonaro havia anunciado a substituição do Superintendente da Polícia Federal no Rio de Janeiro, Ricardo Saadi. A PF havia informado que o substituto seria Carlos Henrique Oliveira, nome indicado pelo diretor-geral da instituição. Mas Bolsonaro já havia acertado previamente que o cargo iria para Alexandre Silva Saraiva, atual superintendente da PF no Amazonas. Questionado pela imprensa, Bolsonaro se manifestou sobre a divergência, da maneira boçal que lhe é costumeira: “Quem manda sou eu, vou deixar bem claro. Eu dou liberdade para os ministros todos, mas quem manda sou eu. (…) Quando vão nomear alguém, falam comigo. Eu tenho poder de veto, ou vou ser um presidente banana agora?” A imprensa burguesa tentou se aproveitar da divergência para indis-

O

Complexo Médico Penal de Pinhais, na grande Curitiba, testemunhou um motim na manhã desta sexta-feira (16/8). Segundo os agentes penitenciários, dois de seus funcionários foram feitos reféns enquanto transferiam um preso. Eles chegaram a ser feridos, mas sem gravidade, e a situação foi acalmada. A rebelião ocorreu na galeria 3 do presídio. A direção do presídio não informou quantos presos estão lá atualmente, apenas negando a existência de superlotação. É difícil acreditar em

tal afirmação, já que a regra nos presídios brasileiros é a superlotação. É difícil também imaginar que as pessoas presas em ambientes tão degradantes e repressivos como estes se rebelariam – arriscando inclusive serem mortas – sem motivos. Em outra ala ficam os presos políticos da Lava Jato, como Delúbio Soares, Paulo Vieira de Souza, Paulo Preto, Léo Pinheiro e Zé Dirceu. A situação crítica do presídio acaba direcionando os olhos para este problema e gera pressões sobre a Lava Jato.

por Bolsonaro e a PF. Mas o fato parece expor contradições dentro do Governo. Desde o início do ano já se falava em substituir Saadi. Outros onze superintendentes estaduais já foram trocados. Mas fica demonstrada uma divergência entre a corporação policial e os interesses do Executivo. Bolsonaro queria – e conseguiu – colocar um nome de sua confiança para um estado tão crítico como o Rio de Janeiro, de onde ele e a família surgiram politicamente e deixaram rastros. É lá que podem ser encontradas conexões com as milícias, o uso de laranjas como Fabrício Queiroz etc. São cartas que a burguesia mantém e que podem ser usadas, ocasionalmente, para intimidar e controlar os bolsonaristas. Nomeando um superintendente na PF carioca, Bolsonaro tenta se proteger numa área onde está vulnerável.


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