Edição Diário Causa Operária nº5740

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TERÇA-FEIRA, 20 DE AGOSTO DE 2019 • EDIÇÃO Nº 5740

DIÁRIO OPERÁRIO E SOCIALISTA DESDE 2003

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Nada de meias medidas, cancelamento de todos os processos

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exta-feira (16) foi ao ar a mais recente entrevista concedida pelo ex-presidente Lula, preso político há exatos 500 dias, ao jornalista Bob Fernandes. Preso político da direita golpista e perseguido por meio de um Judiciário tomado por agentes golpistas, Lula analisou diversas questões da política nacional sob o ilegítimo governo Jair Bolsonaro.

EDITORIAL

PCO convoca atos em 30 locais pela liberdade de Lula, contra Bolsonaro Dia 14 acontecerá um grande ato em Curitiba para exigir a liberdade de Lula.

COLUNA

Ninguém quer esperar as eleições Por Juliano Lopes Uma das principais atividades do Partido da Causa Operária tem sido a realização de mutirões para o recolhimento de assinaturas em defesa da anulação dos processos contra Lula, por sua liberdade, pelo fora Bolsonaro.

“Decepcionados” são vigaristas políticos

Repressão a ambulante gera revolta da população: sintoma da crise O desemprego que atinge diretamente mais de 28,5 milhões de brasileiros, cerca de um quarto da força de trabalho entre os que os dados oficiais consideram desempregados (cerca de 13 milhões), desalentados (que teriam desistido de procurar emprego, que somam mais de 6 milhões) e os subocupados, que trabalham, ocasionalmente, algumas horas ou dias, fazendo bicos e com disponibilidade para outros serviços (que somam mais de 9 milhões), vem ampliando – e muito – esta que já é a “profissão” de centenas de milhares ou milhões de trabalhadores em todo o País, principalmente nos grandes centros: a de vendedor ambulante.

FIBRA: reunião de brasileiros na Europa pede liberdade para Lula

Esquerda verde e amarela quer se disfarçar de Bolsonaro Matéria publicada na revista Carta Capital no último dia 18 de agosto sob o título “Arrependidos que ajudaram a colocar Bolsonaro no poder não merecem perdão”, denuncia políticos, artistas e a própria grande imprensa que “conheciam perfeitamente os riscos de apoiar Bolsonaro”.

Mais de 30 cidades registram mutirões pela liberdade de Lula

Frota: Bolsonaro tem medo de apanhar da esquerda


2 | OPINIÃO EDITORIAL

COLUNA

PCO convoca atos em 30 locais pela liberdade de Lula, contra Bolsonaro D

ia 14 acontecerá um grande ato em Curitiba para exigir a liberdade de Lula. O ex-presidente é um preso político da direita golpista há 500 dias, e a manutenção de sua prisão arbitrária com base em uma condenação sem provas é um dos pontos centrais do golpe de Estado que acabou levando Jair Bolsonaro à presidência com a fraude eleitoral de 2018. Nas próprias eleições a prisão de Lula foi fundamental para os golpistas, e continua sendo fundamental agora como forma de conter a polarização política. Os trabalhadores, em contrapartida, devem exigir a liberdade de Lula para derrotar a direita golpista. Para preparar esse grande ato em Curitiba, reunindo militantes do país inteiro na cidade em que Lula é mantido preso pelos golpistas, o PCO está convocando atos preparatórios em 30 cidades do país. Em São Paulo, serão realizados atos na capital, em Embu das Artes, Campinas, Assis, Araraquara e São José do Rio Preto. No Rio de Janeiro, além da capital haverá um ato também em Volta Redonda. Na Bahia serão realizados atos em Salvador e em Porto Seguro. No Ceará serão rea-

lizados atos em Fortaleza e Juazeiro. No Paraná será realizado um ato preparatório também em Curitiba, além de Londrina. Em Santa Catarina serão realizados atos em Florianópolis e Blumenau. Além dessas cidades, também receberão ato as cidades de Brasília, Maceió, Goiânia, São Luiz, Belo Horizonte, Campo Grande, Cuiabá, Belém, Recife, Teresina, Natal, Porto Alegre e Palmas. Esses atos têm como propósito o agrupamento de militantes da esquerda em geral na convocação e participação do ato em Curitiba. Ao lado do Fora Bolsonaro, é central a exigência de Liberdade para Lula, como forma de apresentar ao país uma saída para a crise. Com a saída de Bolsonaro, é necessário exigir novas eleições, e para que a as eleições não sejam uma repetição da fraude de 2018, é preciso que Lula possa participar. Portanto, que Lula esteja livre e que todos os processos contra ele sejam anulados. Assim, em alguma medida, o povo poderá decidir pelo voto quem será o próximo presidente. Por isso é preciso trabalhar para encher as ruas em Curitiba no próximo dia 14.

Ninguém quer esperar as eleições Por Juliano Lopes

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ma das principais atividades do Partido da Causa Operária tem sido a realização de mutirões para o recolhimento de assinaturas em defesa da anulação dos processos contra Lula, por sua liberdade, pelo fora Bolsonaro. É uma agitação de rua que tem tido apoio de alguns setores do Partido dos Trabalhadores e de outras organizações que também não querem esperar que as instituições golpistas resolvam, elas mesmas, o problema e os efeitos do golpe de Estado. Através de um primeiro balanço desta atividade, é fácil perceber que a população em geral não quer esperar as eleições de 2020, muito menos ainda a de 2022, como sonha a esquerda pequeno-burguesa, viciada em eleições, e que acha que o processo eleitoral vai resolver a questão do golpe de Estado. Essa ilusão é ainda mais absurda se formos analisar as eleições de 2018, uma das mais fraudulentas de toda a história brasileira. Na disputa presidencial, para Lula não vencer, mandaram ele para a cadeia, como resultado de um processo farsa, comandado pela golpista operação Lava Jato. Isso sem falar nas disputas estaduais, em que a direita controla ainda mais de perto todos os momentos da eleição, do voto à apuração. Daí vem a explicação de que tenham sido

eleitas, em 2018, diversas personalidades macabras da direita golpista. A população, que está sofrendo ataques todos os dias, tanto do Poder Executivo, por meio do golpista Bolsonaro, quanto do Poder Legislativo, não tem mais paciência para aguardar mais uma eleição fraudada, e quer fazer alguma coisa contra o golpe de Estado. Por isso o sucesso dos mutirões. São vários os relatos, inclusive, de pessoas que querem tirar Lula das masmorras de Sérgio Moro “no dente”, “na raça”. Passam nas banquinhas, assinam o abaixo assinado, pegam adesivos, compram o jornal Causa Operária e perguntam como será a caravana para Curitiba, no próximo dia 14 de setembro, em mais uma manifestação fundamental na luta contra o golpe. A esquerda pequeno burguesa não quer lutar contra o golpe. Quer se adaptar ao regime dos golpistas, querem se adaptar a todos os desmandos da direita em troca de participar das eleições, na ilusão de que conseguirá reverter o golpe pelo voto. Ao contrário dessa política, a população, como o demonstra os mutirões, quer derrubar Bolsonaro agora, quer libertar Lula imediatamente e, para tanto, está disposta a fazer qualquer coisa. É essa disposição precisa ser organizada e aprofundada, para pôr abaixo o golpe de Estado.


POLÍTICA | 3

ENTREVISTA DO EX-PRESIDENTE LULA

Nada de meias medidas, cancelamento de todos os processos S

exta-feira (16) foi ao ar a mais recente entrevista concedida pelo ex-presidente Lula, preso político há exatos 500 dias, ao jornalista Bob Fernandes. Preso político da direita golpista e perseguido por meio de um Judiciário tomado por agentes golpistas, Lula analisou diversas questões da política nacional sob o ilegítimo governo Jair Bolsonaro. E entrou na questão de sua prisão, no aspecto relativo a como ele deveria sair da prisão. De um lado, haveria a possibilidade de Lula conseguir a liberdade por meio de negociações institucionais. De outro, há o caminho do embate contra as sentenças arbitrárias proferidas por uma justiça tomada pela direita. Lula foi taxativo sobre as sentenças em que foi condenado: “eu quero sair daqui com 100% de inocência”. E disse que não espera “nenhum favor”. Afirmando ainda: “a única coisa que espero é que prevaleça o estado de direito, democrático”. E denunciou a farsa dos processos contra ele: “Os dados desde o primeiro momento até agora mostram que é um processo de construção de uma mentira atrás da outra.”

Nomeando também alguns dos principais agentes da farsa: “Dallagnol sabe que mentiu, Moro sabe que mentiu na sentença”. E sobre o fato de que seus perseguidores não conseguiram sequer forjar uma prova plausível até hoje, disparou: “Tenho desafiado a provar que tem um real na minha vida que não seja resultado do meu trabalho”. Sem meias medidas Lula também foi claro ao dizer que não pedirá progressão do regime de sua pena. O ex-presidente e preso político que foi impedido de participar das eleições do ano passado exige ser inocentado. Ou seja, que a farsa contra ele seja completamente desfeita. Com uma postura de não aceitar negociar sua liberdade. Anular todos os processos Se Lula não quer meias medidas e não aceita sua condenação, só resta, embora isso não seja colocado diretamente durante a entrevista, um confronto com as instituições golpistas em alguma medida. O regime político está organizado

para manter Lula preso, mesmo com uma condenação sem provas em que o processo foi desmascarado de uma vez por todas com os vazamentos de mensagens privadas reveladas pelo Intercept. Portanto, não há perspectivas diante dos marcos atuais de que Lula tenha seus direitos respeitados e, desse modo, imediatamente libertado. Para impor os direitos de Lula diante de da ditadura em progresso da direita golpista é preciso que haja uma grande mobilização popular permanente exigindo sua saída da prisão e a anulação

imediata de todos os processos contra ele. Isso é possível de impor com uma mobilização intensa. E é para isso que o movimento contra a direita golpista e contra Bolsonaro deve trabalhar. No próximo dia 14 haverá um grande ato em Curitiba pela liberdade de Lula. é preciso encher Curitiba nesse dia, e participar dos atos preparatórios desse grande protesto que ocorrerão em todo o Brasil. É hora de organizar uma ampla campanha de massas para exigir nas ruas: liberdade para Lula! Anulação de todos os processos!

FIBRA

Reunião de brasileiros na Europa pede liberdade para Lula E

ntre os dias 16 a 18 de agosto ocorreu, em Berlim, o encontro do FIBRA, que reúne diferentes comitês que atuam na Europa. A maioria dos comitês trabalham com o Movimento Mundial Lula Livre, os quais atuam em diferentes países; compareceram também outros movimentos ligados ao movimento negro, LGBTs e de mulheres. O encontro teve como convidados Breno Altman, Jean Wyllys, Renata Souza, Marcia Tiburi e Maria Dantas (Partido Esquerda da Catalunha). Além de atividades culturais, o evento reuniu os comitês para decidir os próximos objetivos e ações que os comitês iram tomar. Houve nesses movimentos um consenso comum nesses de que o regime caminha para um estado de ditadura aberta. O destaque para o aumento da repressão do Estado é o assassinato de deputada Marielle Franco, outras perseguições políticas, como a perseguição da Lava Jato contra o ex-presidente Lula. Entretanto, o encontro também se destaca pela confusão política. A confusão é tão grande, que houve comitês contra a liberdade do Lula. Perguntado sobre a importância das lideranças partidárias da luta contra o golpe, Breno Altman disse que as li-

deranças partidárias não conseguem fazer mágica, pois o povo não quer se mobilizar, colocando-se contra a realidade política, uma vez que as mobilizações pela liberdade de Lula e o Fora Bolsonaro são constantes e crescentes. Altman usou o argumento de que para que Nelson Mandela saísse da cadeia foram necessários 27 anos. Por essa resposta, pode se esperar que Lula não sai da cadeia tão cedo. Deve ser por isso que a FIBRA afirma em seu documento “Será uma longa travessia do deserto”, referindo a permanência de Bolsonaro até 2022. A proposta de Altman foi esperar. Todavia, quando conversado com os militantes dos comitês e durante manifestação feita no último dia do evento, a palavra de ordem Fora Bolsonaro foi a mais popular. Devido à falta de uma clareza política, muitos comitês procuraram apresentar suas pautas parciais. Assim, alguns movimentos apresentaram que a luta pela liberdade de Lula não unifica. A confusão é tão grande, que o comitê central do FIBRA quis proibir os militantes do PCO de panfletarem sua política. O argumento, sempre com aspecto democrático, era dizer que o FIBRA era suprapartidário, e deram como exemplo a proibição de exibirem

um vídeo da deputada Gleisi Hofmann ao FIBRA. Além de ser um atentado à liberdade de expressão, os convidados ligados ao PSOL e ao PT demostram que o movimento não é tão suprapartidário como aparenta. Outra explicação dada foi que o instituto Rosa Luxemburgo em Berlim não permitia panfletagem, apesar de ter sido o próprio instituto que imprimiu os panfletos. O panfleto era a declaração do PCO

ao FIBRA que continha como palavras de ordem: Liberdade para Lula, Fora Bolsonaro e Eleições Gerais já. Durante a panfletagem, a recepção das pessoas ao PCO ocorreu de maneira positiva. Os militantes do PCO também recolheram assinaturas pela liberdade do ex-presidente Lula e pelo fora Bolsonaro, com o objetivo de organizar a militância e levar adiante uma política de enfrentamento nas ruas.


4 | POLÊMICA

BOLSONARISTAS

“Decepcionados” são vigaristas políticos M

atéria publicada na revista Carta Capital no último dia 18 de agosto sob o título “Arrependidos que ajudaram a colocar Bolsonaro no poder não merecem perdão”, denuncia políticos, artistas e a própria grande imprensa que “conheciam perfeitamente os riscos de apoiar Bolsonaro”. Sem dúvida, as críticas estão corretas, mas o problema vai além da imoralidade cometida por personalidades como o cineasta José Padilha, autor de um filme venal feito na medida para defender os crimes da Lava Jato; o jurista direitista Miguel Reale Junior, autor do pedido de impeachment da Presidenta Dilma; Janaína Paschoal, a “mulher da cobra” e coautora do pedido de impeachment ; o fascista governador de São Paulo, João Doria, que tem entre suas predileções alimentar crianças com ração e usar jatos d’água contra a população de rua nas madrugadas de inverno na capital paulista ; o ator pornô, Alexandre Frota; os artistas Fagner e Lobão e ainda os jornais Folha e Estado de S. Paulo, órgãos fun-

damentais junto com a Globo na campanha do golpe de Estado em todos suas etapas. Todas essas “sumidades” têm em comum o fato que são vigaristas políticos. Não só tinham consciência do golpe de Estado de 2016 e as consequências que ele viria a produzir, um governo de extrema-direita, como são adeptos da suas

consequências, o bolsonarismo. Aqui, estamos diante de uma questão central: os ratos que pulam do barco não foram contemplados no esquema bolsonarista e agora, aproveitam a maré nacional de absoluto repúdio ao governo para tentar salvar suas peles. Segue ainda o artigo: “Estamos nesta situação por responsabilidade

daqueles que, arrependidos ou não, conheciam perfeitamente os riscos de apoiar Bolsonaro. Conheciam os riscos e não se importaram. Porque, no fundo, nunca se importaram com o Brasil, sua dor, seu sofrimento. Porque não estão nem aí para os indígenas assassinados, para a população negra e periférica, dizimada diariamente pela violência, para os ataques à educação pública, para o desmatamento, para o empobrecimento progressivo dos concidadãos”. Para a canalha, de “decepcionados” o que vale agora é cavar o seu espaço dentro do golpe, com uma alternativa futura bolosonarista sem Bolsonaro. A venal imprensa burguesa e todos os “arrependidos” são em maior ou menor medida meros serviçais da política do imperialismo para o Brasil. São escroques que se venderam por um vintém para permitir a destruição nacional, das conquistas sociais do povo brasileiro e dos pequenos direitos democráticos produto de uma luta histórica no país.

PCdoB

Defender a “democracia”, mas sem Lula livre

O

Partido Comunista do Brasil (PCdoB) anunciou a resolução política publicada pelo Comitê Central do partido reunido no último final de semana. De nome “Fortalecer e ampliar a oposição a Bolsonaro. Defesa da democracia é o eixo da unidade” o partido apresenta sua análise da situação política e assim revela os fundamentos de sua atual política diante desta etapa do golpe e do governo Jair Bolsonaro. O próprio título da resolução deixa claro que para o PCdoB o que deve estar como centro da oposição ao governo é a “democracia”. Tal concepção esconde atrás de si a política da qual o PCdoB tem sido o principal entusiasta: a busca de uma frente ampla com setores golpistas.

Em determinado trecho da resolução está dito: “Maia e um elenco de parlamentares do centro, assim como figuras institucionais, partidárias e líderes da sociedade civil, repelem as práticas típicas de Estado de exceção da Lava Jato e da própria Presidência da República. Essa circunstância dá margem a convergências com a oposição na pauta de luta contra a criminalização da política e o desrespeito à liberdade e aos direitos.” Aqui fica claro que para o PCdoB o DEM de Rodrigo Maia pode fazer parte de uma frente de oposição, assim como setores do PSDB. Na realidade, embora não diga quais setores poderiam fazer parte dessa “frente democrática”, está claro que com excessão do próprio Bolsonaro, qualquer um seria passível de

estar em tal frente. Essa ideia é o centro da política do PCdoB e de toda a ala direita da esquerda pequeno-burguesa. Esse movimento no sentido da direita tradicional tem sido a principal preocupação de governadores do Nordeste do PT e de Flávio Dino (PCdoB), apontado pela resolução como grande exemplo do esforço em torno da frente ampla. Essa política tem sido defendida também por setores do Psol, como Marcelo Freixo. É a “democracia que unifica”, segundo as palavras da resolução. E em oposição a esta ideia, está a já expressada por Freixo de que “lula livre não unifica”. O PCdoB parece concordar com o deputado do Psol. Em busca de sua aliança “democrática”, o nome do ex-

-presidente Lula, preso político há 500 dias, aparece uma única vez no documento e para elogiar os partidos da direita que estiveram no STF para pedir a não transferência de Lula para o presídio de Tremembé-SP. Ou seja, a luta pela liberdade de Lula não está sequer entre as preocupações secundárias do PCdoB, nem mesmo aparece na resolução o slogan “Lula livre”, usado por muitos setores da esquerda apenas da boca para fora, para não dizer que não falaram de Lula. Resta a pergunta: qual seria a “democracia” que unifica enquanto Lula está preso? Em outras palavras, como falar em democracia se o preso político Luiz Inácio Lula da Silva é nesse momento o maior exemplo da extinção da democracia no Brasil? Está claro que para realizar a “frente ampla pela democracia” com Rodrigo Maia e o PSDB é preciso deixar Lula preso. E logicamente, se a liberdade de Lula não unifica, tampouco a luta pela derrubada de Bolsonaro. Segundo o próprio PCdoB, embora Rodrigo Maia e cia sejam grandes democratas, eles estão juntinhos com Bolsonaro para aprovar os maiores ataques contra o povo. Isso é que é democracia! E a solução do PCdoB, diante disso, são as eleições. Resta fazer oposição parlamentar, ou melhor, nas palavras do PCdoB, “resistência democrática”, até a eleição de 2020 e depois de 2022. Até lá, em vez de organizar a luta contra o governo golpista, cada vez mais autoritário e devastador de direitos do povo, o PCdoB nos convida a “reduzir danos”, conforme ele mesmo diz ter acontecido na votação da reforma da Previdência.


POLÍTICA | 5

SINTOMA DA CRISE

Repressão a ambulante gera revolta da população O desemprego que atinge diretamente mais de 28,5 milhões de brasileiros, cerca de um quarto da força de trabalho entre os que os dados oficiais consideram desempregados (cerca de 13 milhões), desalentados (que teriam desistido de procurar emprego, que somam mais de 6 milhões) e os subocupados, que trabalham, ocasionalmente, algumas horas ou dias, fazendo bicos e com disponibilidade para outros serviços (que somam mais de 9 milhões), vem ampliando – e muito – esta que já é a “profissão” de centenas de milhares ou milhões de trabalhadores em todo o País, principalmente nos grandes centros: a de vendedor ambulante. Desempregados viram “ambulantes” Não há cidade grande ou média em que não cresça todos os dias o número de vendedores em postos fixos (“camelódromos”), nas principais avenidas e nos transportes. Quase sempre sem submetidos a uma enorme repressão das autoridades municipais, que buscam defender os interesses do grande comércio e agir contra esses trabalhadores, em sua maioria, desorganizados (sem sindicatos, associações etc.) tratando-os como se fossem bandidos, quando buscam faturar um trocado para defender o “pão de cada dia”, cada dia mais difícil em uma País em que o governo ilegítimo destrói a economia nacional, os empregos e tudo mais em favor dos interesses dos banqueiros e do grandes monopólios internacionais, principalmente os bancos. Em abril passado, por exemplo, o governo Covas (PSDB-SP) anunciou que pretendia “turbinar ‘rapa’ para expulsar camelôs do centro e estádios” (Folha de S. Paulo, 22/04/19), o que significava contratar 1.000 agentes para fiscalizar ambulantes. Plano de combate ao desemprego, nenhum. Para os governos capitalistas e golpistas, a questão é apenas intensificar a repressão contra quem quer trabalhar. “A cada dia, cem pacotes abarrota-

dos de roupas, capas de celular, bolsas, pen drives, óculos, chinelos, brinquedos e cigarros, só para ficar em alguns exemplos, são apreendidos em BH. De janeiro a maio deste ano, 15 mil embalagens com mercadorias irregulares de ambulantes foram recolhidas, segundo a Secretaria Municipal de Políticas Urbanas (SMPU). Os números comprovam que, dois anos após a operação para retirar camelôs das ruas, a presença deles ainda desafia a fiscalização.” (Hoje em Dia, Belo Horizonte, 25/06). A repressão violenta e causa prejuízos brutais a milhares de ambulantes. Mas, como não tem outra saída, no dia seguinte, milhões deles estão novamente nas ruas e transportes. Por toda parte eles são tratados como um caso de Policia e desenvolve-se uma verdadeira guerra dos governos e suas polícias contra homens, mulheres, jovens e até crianças forçadas a esse trabalho sem qualquer tipo de segurança e direito trabalhista. Em Porto Alegre “a ênfase em ações de repressão aumentou em 140% a quantidade de itens apreendidos neste ano em comparação com 2018”, destacou a imprensa burguesa local (Zero Hora, 17/05/19) para quem, no entanto, a situação refletiria uma espécie de “escolha” dos trabalhadores, uma vez que – segundo o mesmo jornal, “os vendedores buscam estratégias para driblar a fiscalização sob a justificativa de que precisam trabalhar de maneira clandestina em razão do desemprego, da crise econômica e da dificuldade para se adequar aos critérios da legislação”. Claro, os trabalhadores buscam “justificativas”, já que a situação está cada dia melhor e o País “está saindo da crise”, segundo eles anunciam todos os dias. SP: Repressão gera protestos No último domingo, a Prefeitura tucana de São Paulo montou uma verdadeira operação de guerra com centenas de agentes de fiscalização, guardas municipais e apoio da Polícia Militar, para reprimir esses trabalhadores

ambulantes que buscavam vender suas mercadorias na movimentada Avenida Paulista, fechada aos automóveis e aberta à população, por Decreto Municipal de 2016. Muitas das apreensões foram feitas de forma covarde, incluindo aquelas contra pessoas idosas ou com dificuldade de locomoção, em muitos casos gerando protestos das milhares de pessoas que circulam pela Avenida. A própria imprensa capitalista destacou e divulgou vídeodo caso, amplamente divulgado nas redes sociais, de uma vendedora ambulante que “entrou em desespero enquanto agentes da Prefeitura de São Paulo apreendiam a mercadoria dela”. A trabalhadora aparece destruindo frutas que ela mesma vendia e que era tomadas pelos “rapas”. Temendo reação da população, por conta de outros casos, os agentes “autorizaram que ela saísse das proximidades da Avenida Paulista. Na sequência, apareceram aproximadamente dez homens, que recolheram toda a mercadoria e até o carrinho da ambulante em um caminhão da Prefeitura” (Folha de S. Paulo, 19/08/19). A mulher estava acompanhada de duas

filhas pequenas, que não paravam de chorar, pessoas gritavam em protesto contra a ação covarde, sem que os agentes de repressão se importunassem. Pessoas que passavam pelo local chegaram a organizar uma vaquinha para a mulher em desespero e prantos. A revolta, cada vez mais freqüente da população contra esse tipo de ação repressiva, bem como contra a ação repressiva em geral, evidencia o aquecimento da situação politica e a tendência à reagir contra a arbitrariedade dos governos direitistas que, diante da crise, vão cada vez mais para cima da população. Só no primeiro semestre a CPTM (Companhia Paulista de Trens Metropolitanos), por exemplo, informou que “as apreensões de mercadorias vendidas de forma irregular dentro dos trens avançaram 49,2% … em relação ao mesmo período do ano anterior”. “A companhia fez 35.969 apreensões, com 1,1 milhão de itens retirados de circulação. É a maior quantidade de apreensões e produtos apreendidos para o período desde 2016, quando começa a série histórica de dados disponíveis no site da CPTM” (uol.com.br, 2019/08/05).


6 | POLÍTICA

FROTA

Bolsonaro tem medo de apanhar da esquerda U

m dos elementos mais bizarros e ridiculamente risível que emergiu no cenário político nacional na esteira da ofensiva reacionária e obscurantista da extrema direita, o deputado federal eleito em São Paulo pelo Partido Social Liberal (PSL), Alexandre Frota, acaba de ser expulso da legenda. Sem muita perda de tempo, Frota já recebeu acolhida no ninho tucano, se vinculando à legenda do PSDB, partido que no Estado por onde o ex-ator de filmes pornográficos se elegeu é controlado pela figura caricata e não menos bizarra de João Doria, atual governador de São Paulo. Frota deixou a legenda atirando contra tudo e contra todos, mas direcionou sua artilharia particularmente contra Jair Bolsonaro, “eleito” presidente na mesma legenda que acaba de expulsar o ex-ator pornô. Nunca é demais salientar que os dois personagens grotescos e bufões foram “eleitos” sob o signo da maior e mais escancarada fraude eleitoral, em um processo que já está marcado como o mais viciado e manipulado da história recente do país. No rastro da sua expulsão do PSL

– legenda fisiológica que é o guarda-chuva parlamentar da extrema direita nacional – Frota vem fazendo revelações que são emblemáticas sobre a natureza e o significado do atual governo, com foco na figura do presidente fraudulento Jair Bolsonaro. Em recente declaração ao blog do jornalista Guilherme Amado, da Revista Época, o agora tucano Alexandre Frota disse, em relação a Jair Bolsonaro que “muitas vezes ele ficava assustado, com medo da CUT, do PT, do MST, e eu trazia amigos de minha academia para fazer a segurança dele. Eu o buscava no aeroporto, disponibilizava carro blindado. Levei-o a rádios e televisões, levei-o para restaurantes populares. Em Curitiba eu o carreguei nos ombros do aeroporto ao trio elétrico”. Complementou dizendo também que “Bolsonaro se amedrontava com movimentos de esquerda” (Revista Época, 16/08). As palavras de Frota, no entanto, não soam como novidade para quem recorre à história e aos personagens que nela desfilaram com ares de fanfarrão (Mussolini, Hitler, Franco, Salazar, Pinochet, Stroessner e dezenas de outros) e pose de valentões. A figura

diminuta, farsesca e ridícula de Bolsonaro corresponde em toda a sua extensão à descrição feita por seu ex-defensor e ex-aliado de partido. Jair Bolsonaro é o retrato fiel do movimento que lhe deu origem, uma farsa grotesca engendrada pela extrema direita e pela burguesia, apoiado e financiado diretamente pelo imperialismo norte-americano. Do alto da sua mediocridade, arrogância e pequenez, Bolsonaro ensaia falar grosso com a “oposição” (que na essência não se opõe a ele nem ao seu governo); com a esquerda; com os artistas; com os intelectuais; com os cientistas; com os representantes da cultura, com os movimentos sociais de luta (sindical, operário, popular, estudantil, sem-terra). A verdade, no entanto, é uma só. Por detrás de toda a verborragia, de todo o palavreado ameaçador o que se vê é a figura de um ex-capitão completamente prostrado, pusilânime e amedrontado diante da pujança e da força dos movimentos sociais de luta existentes no país. Em última instância, o temor do presidente obscurantista, de extrema direita e com êxtase de valentia é à esquerda; não a esquerda

parlamentar, institucional; a esquerda “Fica Bolsonaro”, que aposta suas fichas nas eleições, sempre fraudadas e manipuladas. O que amedronta, de fato, Bolsonaro e os guarda-costas do regime político serviçal do imperialismo são as organizações citadas por Frota, a CUT, o PT, o MST e o conjunto dos movimentos que ocupam as ruas do país, neste momento levantando a bandeira do “Fora Bolsonaro”; por eleições gerais; pela liberdade do ex-presidente Lula.

VERDE-AMARELISMO

Esquerda verde e amarela quer se disfarçar de Bolsonaro E

xiste uma esquerda que pretende combater a direita competindo com a direita. O plano consiste em disputar com a extrema-direita seus símbolos. Assim, se a extrema-direita se apropriou da bandeira nacional e das camisas da seleção para protestar durante os coxinhatos, esses setores de esquerda buscam roubar “de volta” esses símbolos. É o caso, por exemplo, do novo presidente da UNE, Iago Montalvão, que aparece nos protestos enrolado na bandeira do Brasil, como se fosse o dono da Havan, e dá entrevistas vestindo a camisa da CBF. O verde-amarelismo não se restringe à figura do presidente da entidade. A própria UNE, enquanto entidade, faz convocações como esta da imagem abaixo, com a bandeira do Brasil, para um ato dia 7 de setembro: Chamado que foi reproduzido, também, pelo PSOL, que reproduziu o chamado da UNE acrescentando o seguinte comentário: “Pra quem reclamava que não tinha protesto contra o governo de sábado e com verde e amarelo…” Trata-se de uma capitulação diante da pressão da extrema-direita. Não se deve disputar os símbolos da direita,

mas reafirmar os símbolos dos trabalhadores organizados para a luta política. Contra as camisas amarelas que os coxinhas usam, apesar de odiarem o país, os trabalhadores devem levar suas bandeiras vermelhas e ir para um embate com a direita em todos os aspectos. Essa tentativa de se adaptar à direita é uma capitulação diante da campa-

nha direitista “contra a polarização”. A direita deu um golpe de Estado e agora Bolsonaro ataca a cada semana algum direito fundamental dos trabalhadores ou alguma organização da luta popular. Diante desse novo marco do regime político, a esquerda deveria se conter evitar a “polarização”. Mas aceitar isso nesse caso seria aceitar um grande deslocamento à direita do

regime e aceitar a nova situação imposta pela direita. A partir daí, a tendência é a um fortalecimento da direita cada vez maior, e a um deslocamento do regime como um todo cada vez mais à direita. Por isso é necessário reagir à direita. E não competir com a direita se vestindo para os protestos como se fosse participar de um coxinhato.


ATIVIDADES DO PCO | 7

NAS RUAS

Jornal Causa Operária convoca o ato de 14/09 em Curitiba E

stá nas ruas a edição 1.070 do Jornal Causa Operária, que convoca todos ao ato nacional pela liberdade do ex-presidente Lula e pela anulação de todos os seus processos. O Jornal Causa Operária (JCO) é o semanário mais antigo da esquerda brasileira e desde 1979 faz uma análise marxista da situação política brasileira e mundial, informando, orientando e organizando os trabalhadores contra a burguesia, seus patrões. Esta edição também traz tudo sobre a crise do governo ilegítimo de Bolsonaro e seu esfacelamento político, bem como a defesa da Venezuela contra o embargo econômico do imperialismo dos EUA. O leitor ainda pode ler sobre os mais variados temas, como movimento operário, polêmicas, cultura, mulheres, negros, juventude, etc. Procure os militantes do Partido da Causa Operária (PCO) e adquira o seu.

CONTRA O GOLPE

Mais de 30 cidades registram mutirões pela liberdade de Lula N

esse domingo ocorreu o 7° mutirão nacional pela anulação dos processos farsa contra o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Os mutirões nacionais são uma iniciativa do Partido da Causa Operária (PCO), juntamente com os companheiros do Partido dos Trabalhadores (PT), comitês de Luta contra o golpe, comitês Lula livre e independentes e realizados todos os domingos nas mais variadas capitais e cidades do Brasil, que colhendo assinaturas pela liberdade do de um dos maiores líderes populares do País, também realizam um trabalho de organização independente de organização da luta contra o golpe de Estado e contra o governo Bolsonaro. Cada final de semana, os mutirões

crescem em número de cidades e de pessoas, e neste domingo ocorreram mutirões em 17 Estados do país e em mais de 50 cidades. Ocorreram nos Estados do Rio Grande do Sul, Santa Catarina, Paraná, São Paulo, Minas Gerais, Belo Horizonte, Distrito Federal, Goiás, Mato Grosso do Sul, Bahia, Sergipe, Alagoas, Ceará, Piauí, Pará, Amazonas e Tocantins. Em todos os Estados foram recolhidas assinaturas pela anulação dos processos contra Lula e distribuídos milhares de adesivos e cartazes da campanha pela liberdade de Lula e pelo fora Bolsonaro, centenas de jornais Causa Operária vendidos e recebido contribuições financeiras para a continuidade da campanha.

TODOS OS DIAS NA CAUSA OPERÁRIA TV ÀS 9H30


8 | POLÍTICA

FORA BOLSONARO

PM tenta conter aumento de manifestações contra Bolsonaro em shows

N

este final de semana a população voltou a demonstrar quais são as suas exigências em relação ao governo ilegítimo de Jair Bolsonaro: sua queda. No sábado (17), o público lotou a festa Odara Ôdesce – edição especial no âmbito da programação do Bud Basement Recife, na capital pernambucana. A principal atração da noite foi o cantor Johnny Hooker, em cujo show, em um determinado momento, foi exibida no telão a frase que ficou conhecida nacionalmente no carnaval: “Ai ai ai Bolsonaro é o carai.” Assim, a grande maioria do público entoou esse grito, como mais uma forma de comprovação de que, em todos os lugares, mesmo de maneira espontânea, o povo está absolutamente cansado do governo Bolsonaro e quer sua derrubada, não esperar até as próximas eleições. No dia seguinte, foi a vez do público do famoso Festival de Gramado, na Serra Gaúcha, manifestar o mesmo desejo expressado pelos recifenses. Após o diretor Emiliano Cunha denunciar a perseguição que está sendo feita contra a Ancine por par-

te do governo, a plateia gritou “Fora Bolsonaro!”. Esses são apenas novas amostras de eventos culturais nos quais a população aproveita a aglomeração para expressar seus sentimentos de total repulsa a Bolsonaro, o que tem sido constantemente noticiado por este diário. No mês passado, por exemplo, shows de Gal Costa, Lenine e BaianaSystem no Festival de Inverno de Bonito (MS) também foram oportunidades de gritar contra Bolsonaro. No mesmo festival, o rapper BNegão teve seu show censurado pela PM, que o obrigou a encerrá-lo, utilizando armas e gás de pimenta contra o público. No palco, ele havia criticado Bolsonaro e Moro e denunciado as ações da polícia no mesmo festival. Após a repressão em Bonito, outra ação brutal da PM ocorreu contra a artista transexual Linn da Quebrada, quando a corporação interrompeu a gravação de um videoclipe dela na Brasilândia. Antes, ela já havia tido uma apresentação na Paraíba cancelada devido à intervenção da prefeitura de João Pessoa, por questões puramente políticas. A banda Teto Preto também

CEFET-RJ

foi censurada este mês ao ser impedida de participar do festival Picnik, em Brasília, quando já estava programada sua participação, por pressão do governo de Ibaneis Rocha. O que ocorre no Brasil de Bolsonaro, e que é nitidamente revelado pelas ações contra os artistas, é a tentativa de implementar uma verdadeira ditadura fascista. Assim como no regime militar, espetáculos culturais são alvo de governos da direita (mesmo a chamada direita moderada, ou o “centrão) e da polícia, para censurar e reprimir

manifestações culturais de oposição a Bolsonaro e ao golpe de Estado. Os artistas sempre se destacaram por seu papel contra a direita e em defesa dos direitos democráticos, principalmente a liberdade de expressão. É preciso que eles se unam entre si e também ao movimento geral da população contra o golpe e o governo Bolsonaro, participando da organização da derrubada do governo por meio de uma ampla mobilização popular encabeçada pelas entidades da classe trabalhadora.

MICHELLE BOLSONARO

Estudantes impedem interventor Bandido bom é bandido morto? bolsonarista de assumir O N

a manhã de ontem (19), os estudantes do Centro Federal de Educação Tecnológica Celso Suckow da Fonseca (Cefet/RJ) realizaram um protesto contra o novo diretor-geral da instituição. Indicado pelo governo Bolsonaro, o diretor Maurício Aires Vieira é, na verdade, um interventor da direita imposto para espionar e atacar estudantes e professores. Maurício Aires Vieira era assessor do ministro golpista da Educação, Abraham Weintraub, e foi vice-reitor da Unipampa. Sua indicação por parte do governo Bolsonaro é semelhante ao que a direita vem fazendo na escolha dos reitores nas universidades federais: impor um capacho para levar adiante o programa dos capitalistas para a Educação, que é o da destruição total. Para os golpistas, a Educação Pública, a Saúde Pública e todo o tipo de assistência social são gastos que impedem que todo o dinheiro do Estado sejam drenados para seus cofres. Além disso, como as escolas e universidades brasileiras já se consolidaram como espaços tradicionais de organização de movimentos de esquerda, a direita vê o problema da Educação com a mais alta preocupação. Bolsonaro e seus apoiadores já deixaram claro qual seus os seus planos: privatizar todas as universidades, demitir professores, liquidar os cursos de Ciências Humanas, transformar o Ensino Básico em Ensino à Distância,

estabelecer a censura a alunos e professores etc. Por isso, é preciso barrar todo tipo de intervenção por parte do governo. O diretor-geral nomeado pelo governo Bolsonaro foi imposto após terem sido realizadas eleições no CEFET-RJ. A comunidade elegeu como diretor Maurício Saldanha Motta, mas como um de seus adversários contestou o resultado, o MEC anunciou que enviaria um “interventor”. O protesto dos estudantes mostrou o caminho que deve ser seguido por todos os setores que querem combater a direita. Com palavras de ordem como “fora interventor”, os estudantes expulsaram o interventor golpista da instituição. É preciso levar adiante essa luta a nível nacional, abrangendo todos os atingidos pelo golpe. Por uma mobilização ampla pelo “Fora Bolsonaro e todos os golpistas”! Liberdade para Lula já!

tio predileto de Michelle Bolsonaro foi preso sob suspeita de integrar milícia. Maria Aparecida Firmo Ferreira, avó da primeira-dama, em julho de 1997, foi presa em flagrante vendendo drogas no centro de Brasília. Condenada a três anos de prisão, cumpriu pena em um presídio feminino. Já Maria das Graças Firmo, a mãe de Michelle, foi pega pela polícia com dois registros civis, um deles, falso. Acusado de pertencer à milícia local, tio da primeira-dama continua preso preventivamente. Rolos com a Justiça têm sido uma tradição familiar. João Batista Firmo Ferreira, sargento aposentado da Polícia Militar de Brasília, foi um dos poucos familiares de Michelle convidados para a cerimônia de posse do presidente Bolsonaro. É – ou era – o tio preferido da primeira-dama. Em maio passado, no entanto, ele foi preso, sob a acusação de fazer parte de uma milícia que age na Sol Nascente, onde mora com a mãe, Maria Aparecida, a avó de Michelle. De acordo com o Ministério Público, João Batista e mais sete PMs participariam de um esquema ilegal de venda de lotes na favela. Procurada, a primeira-dama não quis se pronunciar sobre os familiares. No governo, Michelle vem ocupando o cargo de presidente do conselho do Programa Nacional de Incentivo ao Voluntariado, órgão responsável por projetos na área social. “Michelle está arrasada”, disse Bolsonaro, após revelações de que avó foi presa por tráfico de drogas, e dois

outros tios maternos sofrem problemas com a polícia. “Para que esculachar minha esposa?”. Fiel ao seu estilo, o presidente Bolsonaro classificou o episódio como uma baixaria. De fato, é. Diferentemente, assim se manifestou em 05/08/2019 o presidente em entrevista no blog de Leda Nagle, “vão morrer na rua igual barata, pô”. Referia-se a Projeto de Lei que enviaria à câmara dos deputados pra retirada de ilicitude para agentes de repressão. Bolsonaro prega que bandido bom é bandido morto, “vão morrer na rua igual barata”, pregava. Agora surgem denúncias apontando que há criminosos na família da primeira-dama. Eles devem ser assassinados pelo Estado também? Ou só vale para os pobres que tipicamente são assassinados pela polícia?


POLÍTICA | 9

PORTLAND

Esquerda mostra como se reage aos fascistas O

pau comeu na Costa Oeste dos EUA nesse último final de semana. Quase mil policiais não tiveram um dia de folga na cidade de Portland, estado de Oregon, nos Estados Unidos, no último sábado. A polícia fez de tudo para manter os membros dos “Proud Boys” (meninos orgulhosos) e de outros grupos de extrema-direita longe dos ativistas antifascistas de extrema-esquerda em um parque no centro da cidade, para tentar evitar os confrontos violentos que já aconteceram em encontros anteriores. Pelo menos 13 pessoas foram presas e quatro pessoas tiveram ferimentos leves, e a polícia disse que apreendeu bastões metálicos e de madeira de manifestantes que também portavam spray químicos e escudos. Eram cerca de 1.200 pessoas, mas os grupos de extrema-direita eram fáceis de reconhecer ​​por suas armaduras de camuflagem e capacetes, enquanto os grupos antifas de extrema esquerda cobriam seus rostos com máscaras ou bandanas. Centenas de pessoas começaram a entrar no parque por volta das 11h da manhã, muitas delas gritando palavras de ordem ou exibindo cartazes como uma que dizia: “Não ao Trump, não à KKK, não ao EUA Fascista!” Para se ter ideia do clima geral, outro manifestante usava uma máscara de porco com cabelo laranja e, em outro lugar, uma pessoa com um chapéu vermelho (cor do partido republicano) escrito “Make America Great Again” (tornar a América grande novamente) batia boca com um homem afro-americano de boné vermelho. Os grupos anti-fascistas apareceram para confrontá-los, classificando-os de “invasores”. Algumas pontes e estradas principais foram fechadas ou bloqueadas e a prefeitura ergueu barreiras de concreto ao longo das ruas perto da área

do ato. Várias lojas fecharam durante o dia, exibindo cartazes em que diziam terem sido aconselhadas pela polícia e por estarem preocupados com a segurança dos clientes. Joey Gibson, do grupo de extrema-direita Patriot Prayer (orador patriota) tentou manter o moral dos fascistas enquanto eram confrontados pelos antifas, principalmente o Rose City, um dos grupos antifa mais antigos do país. “O que eu estou dizendo para todo mundo é que eles estão tentando calar a boca de vocês. Eles querem que você não apareça em Portland, eles querem colocar medo em seus corações ”, disse Gibson. A certa altura, uma marcha começou no parque, com grupos de ativistas gritando: “Vão para casa, nazistas!” Teve uma hora que os organizadores da extrema-direita pediram que a polícia os escoltasse para fora do local. No final da tarde de sábado, depois de mais de seis horas de tensão, a Polícia de Portland declarou as manifestações um distúrbio civil, e mandou que as pessoas deixassem a área imediatamente. Mais cedo, o presidente Donald Trump deu destaque ao tenso con-

fronto na sua conta do Twitter, escrevendo que a cidade estava “sendo vigiada de perto” e que esperava que o prefeito “faça o seu trabalho”. Até Polícia do Estado do Oregon e o FBI se ofereceram para interferir no conflito. Trump escreveu no Twitter que estava em “consideração” declarar o grupo esquerdista militante “antifa” como uma organização terrorista. O grupo Rose City Antifa (Antifacistas da Cidade Rosa), cujos ativistas normalmente usam máscaras para permanecer no anonimato, também disse que o objetivo da extrema-direita era exatamente esse, fazer com que o antifa fosse declarado uma organização terrorista. Em Washington, os senadores republicanos Ted Cruz, do Texas, e Bill Cassidy, da Louisiana, apresentaram uma resolução do Congresso pedindo que os antifascistas sejam declarados terroristas domésticos. Mas por que Portland como cenário da batalha? A cidade é vista por muitos como um posto avançado do liberalismo da Costa Oeste, que tem sido tolerante com a livre expressão popular. A prometida presença do Rose City Antifa também atraiu grupos de extrema direita.

ECONOMIA

Banco Central da Alemanha admite recessão N

esta segunda-feira (19), o Bundesbank, Banco Central da Alemanha, admitiu que a economia alemã pode ter continuado a encolher por decorrência da escassez de pedidos, o que ocasionou também a queda da produção industrial. Com a política de guerra comercial travada pelo imperialismo contra as economias nacionalistas, a crise política europeia e a queda nas exportações, o crescimento alemão contraiu no segundo trimestre. O Bundesbank, em relatório, alertou para as chances da economia nacional entrar em recessão. A Alemanha, maior potência industrial, com esta projeção, cai pelo segundo trimestre consecutivo. O fato de economistas burgueses internacionais reconhecerem que a crise está tornando-se cada vez mais aguda é mais uma prova do caráter moribundo

do sistema capitalista. Os países imperialistas, que propagam guerras e devas-

tam países atrasados já não conseguem, mesmo assim, continuar estáveis.

“Acho que eles vêm para Portland porque isso lhes dá uma plataforma”, disse o prefeito Ted Wheeler, segundo o jornal The Oregonian. “Eles sabem que, se eles vierem aqui, o conflito está quase garantido”. Essa batalha do final de semana foi apenas a mais recente em Portland. Em junho, três pessoas foram presas, enquanto manifestantes e contra-manifestantes lutavam durante marchas que se seguiram a duas outras manifestações. Houve ataques à polícia, com alguns manifestantes antifa jogando ovos e líquidos em policiais, que responderam com spray de pimenta. Multidões acabaram se dispersando depois que a polícia declarou a reunião uma perturbação civi. Três pessoas foram tratadas por ferimentos em hospitais locais, incluindo Andy Ngo, um escritor conservador que, segundo o jornal The Oregonian, foi atacado por forças antifas. A manifestação de junho aconteceu quase um ano depois que forças antifascistas mascaradas jogaram ovos, garrafas de água e fogos de artifício em uma marcha do grupo de direita Patriot Prayer, levando a polícia a declarar um motim e revogar a permissão de marcha. Os policiais também apreenderam facas, tacos e spray químico dos ativistas antifa. Novamente, nesse último final de semana, os antifascistas se impuseram no ato convocado pelos grupos de extrema-direita e colocaram muitos para correr, que pediram socorro para a polícia para serem escoltados para irem embora. Onde os grupos de extrema-direita marcam atos, os antifa também vão para enfrentá-los e não dar sossego. E já estão incomodando tanto a direita que tem surgido a proposta de serem enquadrados como terroristas domésticos.


10 | INTERNACIONAL

FALÊNCIA CAPITALISTA

Ebola deixou 4 mil crianças órfãs no Congo D

esde agosto do ano passado, o surto de Ebola no Congo causou mais de 1.800 mortes. Segundo o UNICEF (Fundo das Nações Unidas para a Infância), desde o início do surto, cerca de quatro mil crianças ficaram órfãs ou foram abandonadas devido à epidemia de Ebola, mais de 1.300 perderem um ou ambos os pais e 2.400 têm sido separadas dos pais ou cuidadores e deixadas sozinhas enquanto os adultos se submetem a exames e tratamentos ou são isolados por terem contato com alguém infectado.

Muitas destas crianças necessitam de ajuda alimentar e como se não bastasse o número de crianças sofrendo com pais acometidos por uma doença já erradicada está crescendo. A demagogia do Unicef, que pediu à comunidade internacional que amplie o apoio ao governo do Congo, omite a causa do problema, a degradação do regime capitalista, que faz doenças erradicadas reapareçam por diversos motivos e deixem sequelas e mortos aos milhares e aos milhões, sobretudo em países atrasados.

CRISE CRESCENTE

Trégua nas sanções à Huawei reflete medo dos EUA de aprofundar crise A

crescente crise que vem assolando o coração do imperialismo, os EUA, país que se coloca como soberano sobre todos os outros, mostra como as lideranças capitalistas norte-americanas estão com medo de afundar o país nessa crise. Dessa vez, os EUA, que vêm passando por longas tensões nas suas relações com a China, uma das maiores gigantes no que diz respeito ao comércio e tecnologia, retrocedeu na sua decisão de aplicar sanções à gigante Huawei, empresa chinesa de alta tecnologia e exportadora, que tem o poder, inclusive, de quebrar monopólios das empresas norte-americanas. Agora, a Huawei recebeu um prazo de até 90 dias para dar continuidade na compra de equipamentos das empresas norte-americanas, assim disse o secretário de Comércio dos EUA, Wilbur Ross. Essa extensão do período de permanência das sanções nos EUA faz parte do jogo dos imperialismo pa-

ra tentar atacar a Huawei sem grandes consequências para a economia capitalista mundial, afinal, isso pode ajudar a antecipar o aprofundamento da crise que se aproxima. Coincidentemente, essa notícia chega logo depois que Trump afirmou que não queria continuar a fazer negócios com a grande empresa chinesa, afirmando que isso poderia representar uma “ameaça à segurança nacional”. O que Trump diz, em linhas gerais, é que o imperialismo norte-americano na verdade está com medo do poder da China em superá-lo como principal potência em todos os quesitos. O capitalismo não mais está conseguindo se sustentar sozinho, pois cada vez mais outras potências vêm surgindo para contrapor essa verdade. A China, contudo, não se amedronta perante os ataques e armadilhas preparadas pelos EUA. A Huawei, por exemplo, já vinha se preparando para as sanções dos EUA e, recentemente, lançou seu

próprio sistema operacional, se adiantando caso a empresa tenha seu bloqueado pelos EUA seu acesso ao Android e Google. Além disso, a empresa chinesa também vem criando um serviço próprio de mapas, concorrente do Google Maps. Assim, a China segue ultrapas-

sando o imperialismo e botando medo na supremacia norte-americana, em todos os sentidos. Todas essas tensões mostram cada vez mais o medo dos EUA, que perdendo seu espaço, vêm procurando medidas desesperadas para manter sua soberania, mesmo que isso signifique afundar os EUA.

TODAS AS SEXTAS-FEIRAS, 14H NA CAUSA OPERÁRIA TV


DIA DE HOJE NA HISTÓRIA | 11

20 DE AGOSTO DE 1940

Trótski é assassinado na Cidade do México A

20 de agosto de 1940, morre Leon Trótski – principal responsável pela vitória bolchevique na Guerra Civil Russa (1918 – 1922). Após ter recebido um violento golpe na cabeça, o comandante supremo do Exército Vermelho chegara lúcido ao hospital, mas só teria mais alguns instantes ante de cerrar os olhos por definitivo. Atingido pelas costas por um golpe de picareta de alpinista, Liev Davidovich Bronstein, mais conhecido como Trótski ainda se agarrara ao assassino enquanto seus guarda-costas chegavam. Mesmo agonizando, o bolchevique assinalara que não matassem o criminoso, para que se descobrisse o mandante do crime. O encarregado pela morte de Trótski era Ramon Mercader, agente da GPU [polícia secreta que se encontrava sob os mandos de Stalin]. O crime fora planejado minuciosamente pela burocracia stalinista. Mercader chegara a passar seis meses na URSS, em 1937, recebendo instruções de como executar o maior rival de Stalin. Ao chegar ao México, o encarregado de Stalin se aproximou de uma das secretárias de Trótski, Sílvia Ageloff, a qual o apresentaria à Trótski como um admirador e simpatizante. No dia do assassinato, Trótski estava distraído com um texto

que Mercader o entregara para que o mesmo fizesse ressalvas e desse opiniões. Aproveitando o descuido, Mercader não deixou a chance de golpeá-lo pelas costas. Mesmo agonizando e com dificuldades em se comunicar, Trótski – com seu inabalável vigor revolucionário – disse suas últimas palavras: “Estou a ponto de morrer por conta de um ataque de um assassino político… me atacou em minha casa. Lutei contra ele… entramos… íamos falar de estatísticas francesas… me atacou… peço que digam aos nossas amigos…

estou seguro… da vitória… da Quarta Internacional… Avante!” Dono de análises objetivas e certeiras acerca do desenvolvimento político sob condições que lhe exigiram extrema minúcia, Trótski chegara a ser alcunhado como “o profeta vermelho”. E, não por acaso, suas críticas à burocratização do Estado Soviético lhe renderam grandes inimizades. Em razão disso, passou a ser perseguido assim como tantos outros quadros dirigentes do partido bolchevique. Trótski já percebia o caráter contrarrevolucionário da camarilha stalinista que havia

encontrado apoio na pequena burguesia soviética e, em todo caso, havia sido engendrada pela Nova Economia Política (NEP) iniciada em 1921. Trótski, à época, havia reconhecido a necessidade de implantação da nova política econômica, mas, sobretudo, apontava seus riscos e limitações. Diante disso, passou a liderar uma facção contrária ao stalinismo que vinha ganhando força, sobretudo após o 12º Congresso do partido, em 1923. Trótski passou a liderar a Oposição de Esquerda. A partir daí, Trótski tornou-se o maior defensor do legado de Lenin, tão distorcido e caluniado por Stalin e outros asseclas. O trotskismo passou a ser a defesa intransigente do Marxismo-leninismo contra todos os oportunistas e filisteus que, no decurso histórico da luta de classes, se passaram por revolucionários apoiados na doutrina marxista. Assim como Marx descobriu a lei do desenvolvimento da história humana, Trótski juntamente à Lenin, descobrira prodigiosamente – por intermédio de um partido revolucionário – como aplicar a teoria marxista diante das condições objetivas e subjetivas do desenvolvimento histórico, para levar adiante a tomada do poder pelo proletariado.

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12 | MOVIMENTO OPERÁRIO

ECT

General golpista quer militarizar os Correios para vender a empresa O

general golpista Floriano Peixoto, braço direito de Jair Bolsonaro, nomeado por ele para presidir a ECT (Empresa Brasileira e Correios e Telégrafos), está substituindo a direção da empresa por militares da turma entreguista, militares que como Bolsonaro batem continência para a bandeira dos Estados Unidos. Na direção central dos Correios, Floriano já demitiu os quatro diretores, relacionados a administração, operação e finanças, visando substituir os antigos diretores por militares ou pessoas de extremo capachismo, favoráveis à política de privatização dos Correios. Nas diretorias regionais, também estão ocorrendo substituições dos antigos diretores por militares, que segundo os golpistas, vão ajudar o governo golpista e fraudulento de Jair Bolsonaro enxugar os gastos com a

mão de obra da empresa, para facilitar sua “venda” (entrega) para o capital estrangeiro. Somente a luta contra esse governo golpista pode barrar a ofensiva privatista da ECT, organizada por Bolsoanaro e militares lesa-pátria, somente a mobilização da categoria ecetista, e demais trabalhadores do país pelo Fora Bolsonaro pode levar os trabalhadores impedir a destruição do patrimônio nacional pelos fascistas instalados no governo fraudulento. Como apoio a luta dos trabalhadores dos Correios, é preciso defender também a liberdade de Lula da delegacia Polícia Federal de Curitiba, pois a prisão de Lula fortalece a repressão da direita contra todos os trabalhadores, contra as organizações sindicais e populares, para impedir qualquer reação ao governo golpista de Jair Bolsonaro.

GOLPISTAS

Sindicato de Brasília realiza ato em defesa do plano de saúde da Caixa D ando continuidade à campanha em defesa do Plano de Saúde dos trabalhadores da Caixa Econômica Federal, o Sindicato dos Bancários de Brasília realizou, na última sexta-feira (16), em frente ao prédio do Ed. Matriz I, um ato de luta em defesa da saúde dos funcionários e da Caixa como banco 100% público. A atividade é parte da mobilização nacional dos trabalhadores da Caixa, conforme a deliberação do 35º Congresso Nacional dos Empregados da Caixa (Conecef) realizado no começo de agosto em São Paulo, com a realização de atos em vários estados do país, no dia 14 de agosto, ficando Brasília realizar a sua manifestação posteriormente, devido a coincidência de datas da realização da 6ª Marcha das Margaridas que aconteceu em Brasília. Os bancos públicos vêm passando por um sistemático ataque por parte do governo golpista, Bolsonaro, com vista a prepará-los para a privatização e entregar, a preço de banana, o patrimônio do povo brasileiro para os banqueiros nacionais e internacionais, além disso, na esteira da tentativa de privatização está a entrega dos planos de saúde dos trabalhadores dessas estatais, também para os banqueiros. No caso do Saúde Caixa são mais de 300 mil usuários que seriam obrigados a adquirir um plano privado. O ato contou com a participação de vários representantes sindicais e de Federações, como o presidente da Fenae (Federação Nacional das Associações do Pessoal da Caixa Econômica Federal), Jair Pedro Ferreira, que na sua intervenção declarou que “hoje, a destruição do Saúde Caixa não é apenas uma ameaça, ela está acontecendo. A CGPAR 23 (ele se refere a

resolução editada pelo governo em janeiro de 2018, vieram no sentido de aprofundar a liquidação dos planos de saúde das empresas estatais, pois limitam a participação do banco a 50% do custo total de assistência à saúde, a proibição de adesão de novos contratados, restrição do acesso a aposentados, cobrança por faixa etária, carências e franquias, fim do controle por parte dos associados etc. Grifo nosso) reduz a participação da Caixa no financiamento, com ônus imediato para todos nós, e compromete o equilíbrio do plano, que logo se tornará insustentável” (site bancáriosdf). Além da manifestação de vários outros representantes sindicais e trabalhadores da Caixa, destaca-se a intervenção do representante do Partido da Causa Operária e também diretor do Sindicato dos Bancários de Brasília, Ricardo Machado, ao afirmar o que os trabalhadores da Caixa vêm sofrendo, com o desmonte da empresa, é consequência do processo de golpe de estado no país, que tem com um dos seus fundamentos entregar todo o patrimônio dos brasileiros para os capitalista e banqueiros nacionais e internacionais; essa política só será derrotada através de grandes atos e mobilizações dos trabalhadores e a população nas ruas, como vem acontecendo com a Marcha das Margaridas que reuniu cerca de 100 mil pessoas na Capital Federal, os atos no mês de maio com mais de 1 milhão nas ruas em todo o país, etc., onde a palavra de ordem mais cantada era o Fora Bolsonaro, Liberdade para Lula. Neste sentido é necessário intensificar a luta pela derrubada do governo ilegítimo, Bolsonaro e todos os golpistas, pela Liberdade do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, eleições gerais, Lula candidato.


MOVIMENTO OPERÁRIO | 13

FRIGORÍFICO ARGUS

Amônia vaza em frigorífico do Paraná e deixa vizinhança assustada N

o último dia 24 de agosto, no frigorifico Argus, do bairro São Marcos, de São Jose dos Pinhais, cidade do estado do Paraná, aconteceu um vazamento de amônia, o qual deixou assustados os moradores, e fez com que grande parcela desses moradores saíssem de suas casas. O vazamento do gás amônia, em primeiro lugar, independente da quantidade, e pode causar sequelas irreparáveis à vida humana. Ele é altamente toxico e as consequências do vazamento de amônia, em determinados casos, pode inclusive ser letal. Esse gás causa cegueira, irritação nos órgãos internos, o pulmão, por exemplo, ele é asfixiante e pode inclusive levar a morte.

Apesar da declaração do membro dos Bombeiros, o tenente Hunzcker, dizendo da não necessidade de os moradores evacuarem suas casas, talvez seja porque, provavelmente, não saiba que grande parte da vizinhança sofre constantemente com essa situação, há vários anos. Em período anterior, 36 pessoas foram intoxicadas, sendo 18 vítimas encaminhadas às unidades de pronto atendimento de São José dos Pinhais, pessoas com irritação nos olhos, vomitando e se queixando de falta de ar. Os patrões tentam ocultar tudo o que diz respeito aos inúmeros acidentes que ocorrem no cotidiano de seus frigoríficos, de maneira irresponsável, criminosa de tratar seus funcionários, para obter cada vez mais lucro, às custas da destruição dos operários.

APEOESP

Professores aprovam calendário de luta N

o Conselho Estadual de Representantes (CER), ocorrido na última sexta-feira (16), a APEOESP (Sindicato dos Professores do Ensino Oficial do Estado de São Paulo) aprovou a participação do sindicato na Caravana para Curitiba, em 14 de Setembro, pela anulação dos processos contra o ex-presidente Lula. A inclusão desta mobilização no calendário da APEOESP, maior e mais organizado sindicato do país, representa um grande passo para impulsionar a mobilização popular contra o governo golpista de Jair Bolsonaro e a extrema-direita fascista, que atualmente controla o aparelho de Estado e busca implantar uma ditadura policial-militar no país. Em São Paulo, o governo Doria (ou “BolsoDoria” do PSDB) atua para destruir a educação pública e os serviços públicos em geral, com o objetivo de aprofundar o ataque a todos os direitos políticos, sociais e democráticos da população. Doria é um representante do capital financeiro e seu projeto está sintonizado com Bolsonaro, no sentido de aprofundar o Estado policial em São Paulo. A luta da APEOESP e dos professores estaduais deve ser orientada para uma greve de toda a educação pública contra a direita fascista. Todas as demais categorias de trabalhadores devem seguir o exemplo da APEOESP

e se somar à Caravana pela anulação dos processos contra o ex-presidente Lula e propor uma greve unificada contra a direita. Nesse sentido, a corrente Educadores em Luta, do Partido da Causa Operária, reivindica: Reajuste salarial já. Nenhum corte nas verbas para a Educação, que os capitalistas paguem

TODOS OS DIAS ÀS 3H, NA CAUSA OPERÁRIA TV

pela crise. Mais verbas para a Educação. Verbas públicas somente para o ensino público. Derrotar integralmente a “reforma” da Previdência. Aposentadoria para as professoras aos 25 anos de trabalho e para os professores aos 30 anos. Fim do roubo dos salários: reposição integral das perdas salariais; Piso Salarial Nacional de R$ 6 mil para to-

dos os professores (Meta 17 do PNE). Abaixo a Escola com Fascismo e a Militarização das Escolas. Ensino Público, Laico e de qualidade para todos, em todos os níveis. Liberdade para Lula e todos os presos políticos. Anulação dos processos da criminosa operação lava jato. Fora Bolsonaro e todos os golpistas. Eleições Gerais, com Lula candidato.


14 | CIDADES

MANAUS

Moça de 18 anos é morta com tiro na nuca por PM no Amazonas N

a madrugada do dia 18 de agosto, Thalia Oliveira, de 18 anos, morreu com um tiro na nuca em Rio Preto da Eva, cerca de 84 quilômetros de Manaus. Segundo relatos do irmão, Thalia estava com um amigo. Testemunhas relatam que os dois estavam numa moto quando “furaram” um bloqueio policial que acontecia no local, o que fez um dos PMs presentes no local dar um “tiro de aviso”, atingindo Thalia na nuca. O acontecimento causou revolta no município porque Thalia era muito querida no local, fato que comple-

mentou a já existente indignação dos moradores que relatam que as ações policiais realizadas no local são frequentes e visam apenas o lucro, sendo chamadas de “blitzes pedágio”. Essa é mais uma ação autoritária que demonstra a violência da PM. O PCO é a favor da criação de milícias populares para que o povo possa promover sua própria segurança. É necessário que as manifestações se intensifiquem contra a violência do Estado e o governo Bolsonaro, seguindo o exemplo dos moradores de Rio Preto da Eva, que estão se mobilizando para um protesto contra o acontecimento.

DF

SÃO PAULO

Ibanês impõe militarização mesmo Botijão de gás mais barato é em escolas que rejeitaram projeto propaganda enganosa A suposta redução de preço do botijão de gás anunciada pela Petrobras para começar valer no início do mês, não passou de uma enganação. A empresa havia anunciado publicamente uma redução e 8,17% no valor do botijão de 13 quilos. Uma pesquisa realizada na capital paulista, no entanto, demonstrou que de cada dez revendedoras, nove não reduziram o preço. De acordo com o Sindigás (Sindicato das Distribuidoras), a redução não ocorre pois cada

CHARGE

A

direita segue tentando se infiltrar cada vez mais em todos os âmbitos da sociedade, como é o caso da tentativa de fazer as escolas públicas aderirem de forma completamente arbitrária uma gestão compartilhada com a Polícia Militar. No caso do Distrito Federal, nesse sábado (17) aconteceu uma votação em cinco escolas da região, onde três votaram por aderir a gestão compartilhada e duas votaram por não aderir a essa completa ditadura no ensino público. Contudo, o governador do DF, Ibanês Rocha (MDB), afirmou que mesmo as escolas que votaram contra a gestão compartilhada, serão obrigadas a aceitá-la, o que não faz o menor sentido, afinal, houve uma votação que foi completamente desconsiderada, passando por cima da vontade popular. A fim de manipular as votações, os pais que tem mais de um filho matriculados na mesma escola só puderam votar uma vez pela escolha da militarização ou não das escolas, o que é completamente injusto. Esse foi o

caso do Gisno, que somou 57,66% de votos negativos e 42,33% votos positivos, contudo, na segunda-feira (19), ainda haverá conferência de quórum, pois, para a votação ser aceita, seria necessário um mínimo de 10% de participantes no todo do colégio. Essa é uma clara manobra de anular as votações que decidiram ser contrárias a presença dos militares nas escolas e implantar essa ditadura na educação. A diretora do Sinpro-DF, Elineide Rodrigues, afirmou que “Não houve debate com a comunidade. Temos feitos visitas às unidades onde a metodologia está funcionando e o que constatamos foram alunos acuados com a presença dos militares, além de experiências mal-sucedidas”. Ou seja, já ficou claro que esse modelo de gestão é completamente ineficaz do ponto de vista de uma educação livre, progressista e autêntica. Essa militarização das escolas só serve aos golpistas, que precisam vigiar a juventude para que esta não pense demais e não critique demais um regime que vem afundando cada vez mais o País.

revendedora é livre para estabelecer o preço que desejar. Trata-se, todavia, de uma política demagógica por parte da atual direção golpista da Petrobras. O preço do botijão pode chegar a custar quase R$ 100 em algumas revendedoras. Isso é consequência da política golpista de sucateamento da empresa nacional e de privatização de todos os setores da Petrobras. Quem paga o pato é a população pobre, a qual a cada dia que passa, tem deteriorada cada vez mais a sua condição de vida.


ECONOMIA | 15

EXPECTATIVA

Não haverá melhora real da economia brasileira O

Banco Central anunciou novos dados a respeito das expectativas de crescimento econômico deste ano e do próximo. Os dados foram anunciados nesta segunda-feira (19) com base na pesquisa Focus, e apresentam uma suposta melhora na taxa de crescimento do PIB (Produto Interno Bruto). Estas informações nada mais são que pura especulação de alguns economistas, e mesmo se fossem algo real, ainda demostraria um “crescimento” pífio da economia (0,83% em 2019, e 2,20% em 2020), sendo algo que recebe novas previsões toda semana. Porém, o problema não para por ai. Além dos dados de crise já expostos desse ano, que demonstram uma perspectiva econômica negativa com risco de recessão no terceiro trimestre, as pesquisas econômicas divulgadas pelo Banco Central estão sempre vinculadas aos interesses do estado, e costumam ser manipuladas.

Dessa forma, não temos apenas previsões ruins para o futuro econômico brasileiro, mas sim previsões ruins fraudadas que tentam passar uma imagem melhor do que realmente é. Tal assunto já foi abordado na Análise Política feita por Rui Costa Pimenta na semana passada, onde o mesmo comentou que os próprios economistas burgueses internacionais reconhecem o aprofundamento crise, tanto a brasileira quanto a mundial, atingindo assim até mesmo os principais países imperialistas. Por isso, os dados do Banco Central nada mais são que artificiais, pois com o aprofundamento na crise dos países imperialistas, a situação nos países atrasados piora ainda mais, e a previsão é de aumento na crise mundial nos próximos meses. Com essa suposta “melhora”, a economia do Brasil está longe de ter um crescimento real, e encaminha-se para uma deterioração geral.

ÍNDICE

Em queda, Bovespa opera abaixo de 100 mil pontos N

esta terça-feira (20), o principal índice de Bolsa de Valores de São Paulo, B3, operou em queda. Às 10h21, o Ibovespa caía 1,23%, a 98.240 pontos, isto é, abaixo dos 100 mil pontos. Na segunda, a bolsa já havia recuado 0,34% com 99.468 pontos. Segundo informações do G1, investidores estão “monitorando as medidas de estímulos de bancos centrais para afastar o risco de uma recessão global ainda em meio as incertezas comerciais.”

Ainda segundo informações do G1, “a ViaVarejo era destaque de queda: recuo de mais de 2%, seguida pela JBS, que caía mais de 1%. A Vale e os bancos Itaú e Bradesco recuavam menos de 1%”. A tendência negativa das bolsas de valores tem haver com a guerra comercial entre EUA e China, uma vez que os investidores estão com medo de uma recessão mundial, afetando o estabilidade econômica das empresas, que já não está lá muito boa… mas ainda pode piorar muito.


16 | CULTURA E MULHERES

PERNAMBUCO

Coletivo de artistas do PCO participa de feira literária A

manhã (21), o Grupo de Artistas por uma Arte Independente (GARI) irá realizar uma palestra na IV Feira de Literatura Independente da Cidade de Moreno (IV FELICIDADE), que teve início nessa segunda-feira (19), na região metropolitana do Recife. Organizado pelo PCO, o GARI reúne os artistas interessados em travar uma luta política contra a sociedade capitalista. A palestra, que tratará do Manifesto por uma Arte Revolucionária Independente, elaborado por Leon Trótski e por André Breton em 1938, será ministrada pelo pernambucano Victor Assis, militante do PCO, membro do GARI e

violonista erudito. Na quinta-feira, Victor se apresentará na IV FELICIDADE em recital em conjunto com Andréia Alencar. No domingo, será a vez do Coletivo de Negros João Cândido participar da feira de literatura, quando realizará uma palestra sobre a imprensa negra. A Feira de Literatura Independente da Cidade de Moreno acontece anualmente e é organizada pela Editora Ser Poeta. Neste ano, a FELICIDADE contará com seis dias de programação, que incluirá desde palestras e lançamentos de livros a recitais e shows de diversos artistas.

REPRESSÃO

PM tenta conter aumento de manifestações contra Bolsonaro em shows N

este final de semana a população voltou a demonstrar quais são as suas exigências em relação ao governo ilegítimo de Jair Bolsonaro: sua queda. No sábado (17), o público lotou a festa Odara Ôdesce – edição especial no âmbito da programação do Bud Basement Recife, na capital pernambucana. A principal atração da noite foi o cantor Johnny Hooker, em cujo show, em um determinado momento, foi exibida no telão a frase que ficou conhecida nacionalmente no carnaval: “Ai ai ai Bolsonaro é o carai.” Assim, a grande maioria do público entoou esse grito, como mais uma forma de comprovação de que, em todos os lugares, mesmo de maneira espontânea, o povo está absolutamente cansado do governo Bolsonaro e quer sua derrubada, não esperar até as próximas eleições.

No dia seguinte, foi a vez do público do famoso Festival de Gramado, na Serra Gaúcha, manifestar o mesmo desejo expressado pelos recifenses. Após o diretor Emiliano Cunha denunciar a perseguição que está sendo feita contra a Ancine por parte do governo, a plateia gritou “Fora Bolsonaro!”. Esses são apenas novas amostras de eventos culturais nos quais a população aproveita a aglomeração para expressar seus sentimentos de total repulsa a Bolsonaro, o que tem sido constantemente noticiado por este diário. No mês passado, por exemplo, shows de Gal Costa, Lenine e BaianaSystem no Festival de Inverno de Bonito (MS) também foram oportunidades de gritar contra Bolsonaro. No mesmo festival, o rapper BNegão teve seu show censurado pela PM,

que o obrigou a encerrá-lo, utilizando armas e gás de pimenta contra o público. No palco, ele havia criticado Bolsonaro e Moro e denunciado as ações da polícia no mesmo festival. Após a repressão em Bonito, outra ação brutal da PM ocorreu contra a artista transexual Linn da Quebrada, quando a corporação interrompeu a gravação de um videoclipe dela na Brasilândia. Antes, ela já havia tido uma apresentação na Paraíba cancelada devido à intervenção da prefeitura de João Pessoa, por questões puramente políticas. A banda Teto Preto também foi censurada este mês ao ser impedida de participar do festival Picnik, em Brasília, quando já estava programada sua participação, por pressão do governo de Ibaneis Rocha. O que ocorre no Brasil de Bolsonaro, e que é nitidamente revelado pe-

las ações contra os artistas, é a tentativa de implementar uma verdadeira ditadura fascista. Assim como no regime militar, espetáculos culturais são alvo de governos da direita (mesmo a chamada direita moderada, ou o “centrão) e da polícia, para censurar e reprimir manifestações culturais de oposição a Bolsonaro e ao golpe de Estado. Os artistas sempre se destacaram por seu papel contra a direita e em defesa dos direitos democráticos, principalmente a liberdade de expressão. É preciso que eles se unam entre si e também ao movimento geral da população contra o golpe e o governo Bolsonaro, participando da organização da derrubada do governo por meio de uma ampla mobilização popular encabeçada pelas entidades da classe trabalhadora.

EX-MINISTRA DE ISRAEL

Mulheres não podem sentar no banco da frente A

direita vive pregando armadilhas quando se trata da questão da mulher, e a ideia de que se há mulheres no poder a pauta da luta das mulheres pode avançar é um dos maiores engodos atualmente. Um exemplo disso é a ex-ministra da Justiça de Netanyahu, Ayelet Shaked, que está à frente de um partido fundamentalista religioso, e que defende que uma mulher pode ser primeira-ministra, mas que não pode se sentar no banco da frente dos carros, o que é um completo absurdo. A extrema-direita segue avançando contra os direitos das mulheres, tentando impor uma completa ditadura contra metade da população de Israel. Ayelet possui todo um ar de mulher “empoderada”, bem sucedida, avançada, mas mesmo assim defende os interesses de uma extrema-direita baseada no aprisionamento de milhares

de mulheres aos grilhões do conservadorismo, ou seja, ela age como se fosse um homem conservador. A coerência de Ayelet com os conservadores é total, já com o seu discurso sobre as mulheres e seu lugar na política, ela é completamente confusa, pois defende a posição da mulher em altos cargos políticos, possivelmente até como presidente de Israel, mas uma coisa simples como andar no banco da frente de um carro Ayelet acha inconcebível. O rabino Shlomo Aviner declarou de modo completamente conservador e atrasado que as mulheres possuem uma incapacidade para intervirem na política, em resposta Shaked disse que “uma mulher pode fazer tudo… mesmo liderar o país”. Ao responder o rabino, Ayelet se mostra ela mesma aprisionada nas armadilhas que a extrema-direita cria em torno da luta

das mulheres, mesmo a luta mais pequeno-burguesa. Além de defender a opressão das mulheres, Ayelet ainda teve a infeliz ideia de defender uma versão do apartheid sul-africano na Palestina, explicando que isso significaria um “desenvolvimento separado” e que “segregação não é exclusão”. Isso mostra a alucinação que as lideranças de extrema-direita causam na cabeça de seus seguidores. A jornalista Zehava Galon afirma que, para os fundamentalistas religiosos “não há nenhum problema em enviar as mulheres para a parte de trás dos autocarros, em [obrigá-las a] ver um espectáculo através de uma cortina, em [fazê-las] desaparecer da sala aulas, em impor-lhes o silêncio quando um homem está a falar”. Assim, avançam os conservadores em retirar as mulheres da vida pública,

abrindo caminho para uma completa ditadura onde as leis são baseadas nos preceitos religiosos conservadores. É urgente avançar na luta pela emancipação das mulheres em todos os lugares do mundo, pois a extrema-direita não sossegará enquanto não aprisionar de vez e para sempre as classes oprimidas.


MORADIA E TERRA | 17

FRAUDE

Laudo da PF afirma que líder waiãpi não foi assassinado N

esta sexta-feira (16), a Polícia Federal (PF) divulgou informações sobre o laudo preliminar da morte do indígena Emyra Waiãpi, encontrado morto em julho deste ano no Amapá. De acordo com a perícia realizada pela polícia controlada pelo fascista Sérgio Moro, o cacique não foi assassinado, pois os indícios apontam morte por afogamento. O registro dos médicos legistas nega a existência de lesões de origens traumáticas no corpo de Waiãpi, sendo a lesão encontrada na cabeça do cacique uma mera lesão superficial. “O laudo conclui que o conjunto de sinais apresentados no exame, corroborado com a ausência de outras lesões com potencial de causar a morte, sugere fortemente a ocorrência de afogamento como causa da morte de Emyra Waiãpi”, conclui a PF. Sabe-se, no entanto, que no dia 27 de julho, índios da Terra Waiãpi pediram ajuda à órgãos federais em decorrência da invasão de garimpeiros que, segundo os próprios indígenas, haviam montado acampamento no

interior de suas terras. Segundo relato dos indígenas, a gangue de garimpeiros entrou a noite e se instalou em uma das casas, acossando os índios, que não encontraram outra alternativa a não ser fugir para aldeias vizinhas. Já no dia seguinte, houve buscas por parte da PF que, estranhamente, não encontrou quaisquer indícios dos garimpeiros. Ainda segundo a perícia da polícia de Bolsonaro, Emyra morrera entre os dias 21 e 23 de julho e, por conseguinte, a PF aguarda laudo complementar toxicológico, que deve ficar pronto em 30 dias. Em suma, a PF conclui que não há dúvidas quanto a morte por afogamento. Diante da escalada fascista do governo de Jair Bolsonaro (PSL) contra as populações autóctones e todos os que lutam pelo direito à terra, podemos descartar toda essa panaceia articulada pela PF e dizer que trata-se de uma fraude. Sabe-se, sobretudo, que a PF tem prestado um bom serviço aos bolsonaristas e latifundiários da extrema-direita.

RO

Sob governo da direita, latifundiários loteiam terra indígena

N

ove pessoas e duas empresas foram denunciadas pelo Ministério Público Federal por invasão de terras indígenas em Rondônia. O caso em questão trata da invasão e do loteamento da Terra Indígena Karipuna. As pessoas presas atuavam a serviço de uma Associação de Produtores Rurais de Boa Esperança, a ABRUSPE. Edney Holanda Santos é apontado como o responsável pela Associação. A empresa falsificava a documentação das terras para conferir uma suposta legalidade de que estas seriam regularizadas. Após este primeiro processo, havia o recrutamento de pessoas inte-

ressadas em estabelecer o loteamento das áreas. A empresa também atuava do mesmo modo em outras regiões do estado, como Rio Pardo, Nova Mamoré, Ouro Preto do Oeste e na Floresta Nacional do Bom Futuro. Este é parte da ofensiva dos interesses do latifúndio contra os povos indígenas no país. Desde o início do golpe de Estado, e da eleição fraudulenta de Jair Bolsonaro, tem se estabelecido um verdadeiro massacre contra as comunidades indígenas nacionais. A luta pela derrota do golpe de Estado é também a luta em defesa dos povos indígenas


18 | ESPORTE

ESPORTES

Todos os domingos às 20h30 na Causa Operária TV

Dani Alves e o sequestro dos brasileiros para os lucros europeus A

estreia de Daniel Alves pelo São Paulo não poderia ter sido melhor: Morumbi com mais de 47 mil pagantes e gol da vitória por 1 x 0 sobre o Ceará. Daniel Alves, 36 anos, após 17 jogados na Europa, volta ao Brasil em fim de carreira. Esse baiano de Juazeiro foi arrancado jovem do Brasil, 19 anos, e foi para Europa. Não é o único. Muitos jovens são levados do Brasil todos os anos. “Em média, Brasil vende 1500 jogadores por ano. São atletas de ponta e de todas as séries”, denuncia Dorival Júnior, 17 de Abril, em O Estado de S.Paulo. Alexandre Pato, sequer 10 jogos como profissional no internacional, campeão do mundo em 2006, e aos 17 anos, vendido para Europa. Campeão brasileiro em 2002, inau-

gurando intermináveis pedaladas por sobre lateral do Corinthians, somente barrado por pontapé dentro da área. Pênalti transformado em gol e o título do brasileiro pelo Santos. Robinho, muito jovem, também foi levado para a Europa. A perda de 1500 atletas por ano faz com que a reposição seja feita com garotos que não estão preparados para o futebol profissional. A cobrança já é absurda na base. Um garoto de sete ou oito anos é cobrado para que seja campeão. Os atletas estão sendo formados rapidamente para gerarem lucros para os clubes e empresários. Atleta de futebol é mercadoria, que até pode gerar renda para ele próprio e para o clube do Brasil. Nada comparado com o que o império também ganha com o futebol.

Mais uma rodada de crise com o VAR no Brasileirão A

última rodada do Brasileirão demonstra que o VAR tem que acabar, os erros polêmicos deste final de semana aprofundam a crise sobre o árbitro de vídeo. A utilização do VAR no maior campeonato nacional do planeta abriu um grande debate sobre as arbitrariedades cometidas e sobre a necessidade manter sua implementação, desta vez as autoridades da CBF tiveram que se manifestar e prometeram explicações. O árbitro de vídeo foi implantado com a promessa de acabar com as polêmicas geradas por lances duvidosos nos jogos de futebol, ou seja, o VAR acabaria com as injustiças provocadas por erros da arbitragem e resultaria em placares que correspondessem a uma suposta realidade apresentada pelas equipes. Mas já no primeiro evento que foi utilizado, Copa do Mundo de 2018, foi muito contestado, analises indicam que a seleção da França, que saiu campeã, foi favorecida de forma decisiva pelo VAR. O Brasil, por sua vez, teve implementado a arbitragem de vídeo neste ano no Campeonato Brasileiro. A repercus-

são dos critérios bastante arbitrários de sua utilização tem sido bastante negativa e desta vez com polêmicas em pelo menos três jogos obrigou a CBF se pronunciar. No Palmeiras, que deixou de se igualar ao líder Santos, a reclamação foi total por um lateral invertido que originou o gol de empate da equipe do Grêmio de Porto Alegre. Já o Ceará reclamou de um penal não marcado que levaria ao empate no jogo de estréia de Daniel Alves com a camisa do São Paulo, que saiu vitorioso com gol do craque. O Fluminense também reclamou do não acionamento do VAR em dois supostos pênaltis cometidos no jogo contra o CSA. Além de acabar com a emoção nas comemorações e tornar os jogos uma chatice, o árbitro de vídeo não gerou qualquer tipo de justiça nos resultados dos jogos, substituiu as polêmicas dos lances duvidosos pelo arbítrio e a manipulação aberta. Os jogadores são contra o VAR, os técnicos são contra o VAR e os torcedores são muito contra o VAR. É preciso uma grande campanha para combater essa medida que tem como intenção acabar com o futebol: fora VAR!


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