QUARTA-FEIRA, 21 DE AGOSTO DE 2019 • EDIÇÃO Nº 5741
DIÁRIO OPERÁRIO E SOCIALISTA DESDE 2003
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Por um grande ato unitário pela liberdade de Lula dia 14 em Curitiba D ia 14 de setembro será realizado um grande Ato em Curitiba para exigir a anulação de todas as condenações da operação lava jato e liberdade do ex-presidente Lula e de todos os presos políticos do regime golpista.
EDITORIAL
Apenas dois pontos centrais agora: Fora Bolsonaro, liberdade para Lula No oitavo mês de governo golpista sob o ilegítimo presidente Jair Bolsonaro os desdobramentos da luta contra a direita já mostraram que a mobilização em torno de pautas parciais tende a se dissipar sem causar muitas dificuldades para os bolsonaristas, que seguem aplicando seu programa contra os trabalhadores e contra o País.
A tendência mundial da classe operária é uma guinada à esquerda
Fuga de capitais, crise cambial: agrava-se crise capitalista no Brasil Recessão nos EUA e Alemanha: etapa mais profunda da crise capitalista
No dia 16 de agosto, o jornal Gazeta do Povo, um dos principais periódicos da extrema-direita brasileira, publicou um artigo intitulado “Tendência mundial: a classe operária deu uma guinada à direita”. Apresentando uma série de distorções, o texto tenta convencer o leitor de uma tese absolutamente falsa: a de que haveria um deslocamento da classe operária mundial à direita.
De Marcelo Freixo ao Estadão: a frente única contra a polarização A polarização política crescente no Brasil tem sido a grande preocupação da burguesia. Um país polarizado é um perigo para a estabilidade política que a burguesia precisa para manter seu controle político e econômico.
Lutar contra o bolsonarismo prejudica a democracia, diz Alencastro
Economistas de todos os países estão advertindo para uma nova grande crise econômica, maior que a de 2008.
Concentração de renda e polarização: rumo à explosão da crise social Dados do FGV Social, índice pesquisado pela Fundação Getúlio Vargas, divulgados pelo sítio da Folha de S. Paulo destacam a degradação das condições de vida da maioria da população e o aumento da concentração de renda nos últimos anos, desde o início da campanha golpista e na vigência atual do golpe de Estado.
Um governo das milícias
2 | OPINIÃO EDITORIAL
COLUNA
Apenas dois pontos centrais agora: Fora Bolsonaro, liberdade para Lula N
o oitavo mês de governo golpista sob o ilegítimo presidente Jair Bolsonaro os desdobramentos da luta contra a direita já mostraram que a mobilização em torno de pautas parciais tende a se dissipar sem causar muitas dificuldades para os bolsonaristas, que seguem aplicando seu programa contra os trabalhadores e contra o País. Os cortes na Educação, que foram o estopim para as grandes mobilizações de maio, persistem. A “reforma” da Previdência, que também despertou grandes protestos em todo o país, foi aprovada na Câmara e tende a sair ainda pior do Congresso depois que passar pelo Senado. Essas são duas demonstrações contundentes das dificuldades de se mobilizar as amplas massas contra o governo em torno de pautas parciais. Embora as mobilizações tenham crescido, e se radicalizado contra o governo, elas aparecem como derrotadas diante do fato de que não foram capazes de inverter as políticas do governo ou as tendências dentro do Parlamento. Esse desenvolvimento precisa ser aproveitado em torno de palavras de ordem mais gerais, que confrontem as políticas dos golpistas e seu regime
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como um todo. Duas palavras-de-ordem nesse momento são capazes de promover e desenvolver esse confronto opondo as massas ao regime da direita golpista: Liberdade para Lula! e Fora Bolsonaro! A exigência de liberdade para o ex-presidente, preso político da Lava Jato há mais de 500 dias, confronta as instituições golpistas que o mantêm preso contra todas as evidências de que seu processos são uma farsa para persegui-lo politicamente. A exigência de saída de Bolsonaro confronta diretamente o governo golpista e todas as suas políticas. Por isso é preciso mobilizar em torno desses dois eixos, de modo que as massas possam agir para derrotar a direita golpista em torno de uma política clara, derrubar seu governo e impor uma inversão dos ataques contra os trabalhadores que Bolsonaro está levando adiante todos os dias. Se o movimento procurar se defender diante de cada novo ataque a tendência é de acumular derrotas até que a tendência à mobilização contra a direita se perca. É preciso colocar os trabalhadores na ofensiva contra a direita golpista. Fora Bolsonaro! Liberdade para Lula!
Caso Waiãpi: laudo da PF golpista diz que indígena morreu afogado Por Renato Farac
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esta semana, a Polícia Federal apresentou o laudo final sobre o assassinato do cacique Emyrá Wajãpi, dentro da Terra Indígena Waiãpi, no Estado do Amapá, um mês antes e que trouxe grande comoção nacional. O comunicado apresentado pela Polícia Federal é extremamente dissimulador e diz na maior cara de pau que “apesar das informações iniciais darem conta de invasão de garimpeiros na terra indígena e sugerirem possível confronto com os índios, que teria ocasionado a morte da liderança indígena, o laudo necroscópico não apontou tais circunstâncias”. A própria nota não nega que há conflitos com garimpeiros e cita declarações do próprio coronel da PM do Amapá, de integrantes da Funai e de policiais federais que chegaram ao local. Esse é o método utilizado pela polícia sempre que quer esconder criminosos do colarinho branco ou perseguir integrantes da esquerda. Se utilizam desses laudos sem nenhuma credibilidade através de evidências cientificas e de investigação, mas que na verdade não valem absolutamente nada. A única utilidade é colocar uma cortina de fumaça no que está ocorrendo verdadeiramente.
A nota emitida pela Polícia Federal visa esconder o verdadeiro responsável pelo assassinato que é Bolsonaro e toda a direita. A PF está a serviço dos golpistas e é uma das principais entidades responsáveis pela perseguição política à esquerda, ao ex-presidente Lula e pela eleição fraudada que levou Bolsonaro a presidência. Não é por acaso que Bolsonaro indicou como presidente da Fundação Nacional do Índio (Funai) um delegado da PF, do Mato Grosso do Sul, Marcelo Augusto Xavier, investigado por perseguir os indígenas que lutam pela demarcação de suas terras no Estado e com intimas ligações com os latifundiários e poderosos da região. A morte do cacique evidenciou a política criminosa do governo Bolsonaro de estimular e dar aval para a invasão das terras indígenas pelos garimpeiros, latifundiários e madeireiras. Sob a cobertura da PF, Bolsonaro está protegendo os latifundiários, mineradoras e seus pistoleiros que cometem as maiores barbaridades contra os indígenas para forçar a abertura das terras indígenas para exploração dos grandes capitalistas estrangeiros.
POLÍTICA | 3
TODOS A CURITIBA
Por um grande ato unitário pela liberdade de Lula dia 14 em Curitiba D
ia 14 de setembro será realizado um grande Ato em Curitiba para exigir a anulação de todas as condenações da operação lava jato e liberdade do ex-presidente Lula e de todos os presos políticos do regime golpista. Preso político da direita golpista, Lula é mantido na Superintendência da Polícia Federal em Curitiba desde o dia 7 de abril do ano passado. O problema da sua prisão arbitrária, na Bastilha da Lava Jato é uma questão central na política brasileira atualmente, e os desdobramentos da mobilização em torno dessa questão devem ser determinantes para o futuro da luta política contra a direita golpista e o regime político novo que essa direita tenta erguer, com tendências a um autoritarismo ferrenho para conter os trabalhadores e suas organizações. A razão para a liberdade de Lula ser um fator determinante na luta política em curso é que ela colocaria o regime político em xeque. As instituições controladas pelos golpistas estão organizadas para manter Lula preso a qualquer custo, apesar de todas as evidências que surgem a cada dia de que sua prisão é uma completa arbitrariedade, baseada em uma condenação sem provas proferida por um juiz que tramou contra o réu durante o processo e violou a própria Constituição para prendê-lo e afastá-lo da vida pública. Uma vitória da mobilização contra todo esse aparato golpista desmantelaria um importante mecanismo da direita golpista e a colocaria na defensiva diante dos trabalhadores. O próprio esforço da direita dentro das instituições para manter essa prisão é uma demonstração de que essa pauta é central.
Outro problema para a direita, além do fato de que seu aparato persecutório seria desmanchado, é a polarização que Lula intensificaria, independentemente da política que adotasse, estando solto. A direita tem consciência desse problema e por isso se organiza para impedir que esse elemento seja acrescentado à crise do seu governo ilegítimo, encabeçado por Jair Bolsonaro. O ex-presidente tenderia a concentrar em sua figura, aos olhos dos trabalhadores,
uma oposição a todas as políticas de Bolsonaro, tornando-se um fator de grandes mobilizações contra o governo e pela sua derrubada. Conscientes desses aspectos da luta política em curso contra a direita golpista, os trabalhadores devem agir no sentido contrário da direita. Enquanto Moro, Bolsonaro, todas as camadas do Judiciário e a imprensa burguesa fazem de tudo para que Lula continue preso, as massas devem exigir sua imediata libertação. Enquanto a direita golpista
procura impedir que se desenvolva a polarização política no País de modo que possa estabilizar o regime político, as organizações de luta devem incentivar a polarização, inclusive em torno da exigência de liberdade para Lula. Por isso, dia 14, é preciso lotar a cidade de Curitiba em uma grande mobilização contra a prisão de Lula. Em um grande ato unitário da esquerda em torno dessa reivindicação central. Todos a Curitiba! Liberdade para Lula!
Portanto, o governo Bolsonaro representa também o perigo de que o crime organizado ligado aos aparatos repressivos domine completamente o Estado. As milícias são extensões da polícia e dos militares, por fora da lei. São elementos que tipicamente servem de base política para a extrema-direita. Neste caso, política e crime se encontram em perfeita harmonia para
agir conjuntamente na conquista de cada vez mais poder, usando o próprio Estado nacional. Esse é mais um motivo muito forte para não aceitar que o governo continue nem que seja por mais um dia. É preciso mobilizar já pelo imediato fim do governo Bolsonaro. Por isso, também, é o momento de intensificar nas ruas a lutar pelo Fora Bolsonaro!
FORA BOLSONARO
Um governo das milícias A
o que tudo indica, as milícias agora estão operando a partir do próprio governo para dominar um novo território: o Porto de Itaguaí, na Zona Oeste do Rio de Janeiro. Um local propício para a importação de armasse a exportação de drogas para a Europa. O ilegítimo Jair Bolsonaro, coincidentemente, estaria buscando substituir o delegado da Alfândega do porto, um posto chave da Receita Federal. José Alex Nóbrega de Oliveira seria substituído por um auditor de Manaus próximo de Bolsonaro, segundo mensagem que ele mesmo divulgou via WhatsApp. Oliveira, em mensagem para outros auditores que vazou durante o último final de semana, afirma: “Para minha surpresa, há cerca de três semanas, o superintendente Mário (Dehon, superintendente da Receita Federal) me informa que havia uma indicação política para assumir a Alfândega de Itaguaí, a qual ele não concordava. Tratava-se de um auditor lotado em Manaus que não possuía em seus 35 anos de Re-
ceita Federal nenhuma passagem pela Aduana e sem nunca ter assumido chefias. Inconformado com essa situação, o superintendente se recusou a realizar a nomeação, pois fugia dos trâmites utilizados pela RFB para escolha de suas lideranças. Em represália a essa atitude, o mesmo está ameaçado de exoneração”. Segundo reportagem de O Globo, a cúpula da Receita Federal enviou um dossiê para Bolsonaro alertando sobre os riscos de colocar a Alfândega do Porto de Itaguaí sob o comando de alguém inexperiente. O dossiê chegou ao presidente, mas a depender de seus interesses no assunto, será solenemente ignorado. Recorde-se que relações mal explicadas com as milícias do Rio de Janeiro permeiam toda a carreira política de Bolsonaro, começando pelo desaparecido Fabrício Queiroz, chegando a figuras como Adriano Magalhães, intimamente ligado aos Bolsonaro e que seria o comandante do Escritório do Crime, a milícia mais conhecida do Rio de Janeiro.
4 | POLÊMICA
TESE ABSOLUTAMENTE FALSA
A tendência mundial da classe operária é uma guinada à esquerda N
o dia 16 de agosto, o jornal Gazeta do Povo, um dos principais periódicos da extrema-direita brasileira, publicou um artigo intitulado “Tendência mundial: a classe operária deu uma guinada à direita”. Apresentando uma série de distorções, o texto tenta convencer o leitor de uma tese absolutamente falsa: a de que haveria um deslocamento da classe operária mundial à direita. Não há uma guinada dos trabalhadores à direita em lugar algum do Mundo. O que há, na verdade, é uma revolta crescente dos trabalhadores à política neoliberal implantada pelos bancos – política essa de massacre total dos povos em favor dos capitalistas. O apoio popular à política econômica da burguesia é cada vez mais escasso, fato esse que tem levado todos os partidos tradicionais à falência. O argumento que o artigo em questão levanta para defender sua tese é o de que a direita – na verdade, a extrema-direita – estaria conquistando cada vez mais votos da classe operária. Diz o texto: “Uma das críticas da esquerda sobre a direita é que ela seria um movimento das elites, mas os números mostram uma tendência diferente: levantamentos mostram que as classes mais baixas tendem a serem mais conservadoras e votar na direita. E essa proporção se mostra presente nos resultados de eleições recentes”. A vitória eleitoral da extrema-direita em vários países não comprova que os trabalhadores sejam favoráveis a uma política de destruição dos seus direitos. Comprova, na verdade, a falência dos partidos e políticos tradicionais: na medida em que o Partido Socialista da França, os Democratas, dos Clinton, nos EUA, o PSDB no Brasil, entre tan-
tos outros, foram liquidados pela impopularidade da política neoliberal, a burguesia não teve outra alternativa a não ser impulsionar, respectivamente, o Em Marcha!, de Emmanuel Macron, Donald Trump e o PSL. A revolta contra a política da direita foi o que liquidou os partidos da direita – considerar que os trabalhadores estariam abandonando a esquerda seria, portanto, absurdo. A crise acelerada dos partidos burgueses e das alas direitistas dos partidos vinculados ao movimento popular foi o que forçou a burguesia a dar uma série de golpes de Estado e apostar suas fichas no último recurso – a extrema-direita, que, embora não seja majoritária, consegue mobilizar alguns setores da classe média desesperada e utilizar de pesados recursos do imperialismo e de uma violência brutal para aparentar ser um movimento com grande apoio popular que não têm. Os países que o próprio artigo cita reforçam o deslocamento dos trabalhadores à esquerda. A França e a Áustria, onde houve um aumento expressivo dos votos da extrema-direita, são exemplos de países em que a política neoliberal fracassou completamente. A crise causada pelos protestos dos coletes amarelos colocou todo o regime político francês em xeque – e o que movia os manifestantes era claro: a revolta contra a política dos banqueiros. A extrema-direita aparece, portanto, como um recurso da burguesia para tentar recuperar os votos que os partidos tradicionais vêm perdendo. Tal movimento, no entanto, só tem sido possível porque a postura das direções das principais organizações de esquerda tem sido a de colaborar com o regime político – e não de derrubá-lo
-, o que permite que a demagogia da extrema-direita avance. O texto também cita o Brasil como exemplo de país onde a classe operária estaria se tornando mais direitista. No Brasil, a revolta da população contra a política neoliberal fez com que o Partido dos Trabalhadores (PT) vencesse quatro eleições seguidas. Até mesmo em 2014, com um golpe de Estado em marcha, a direita não conseguiu vencer as eleições. A presidenta Dilma Rousseff foi derrubada em 2016 e o governo Temer, imposto pelo imperialismo, viu sua popularidade ser reduzida virtualmente a zero em pouquíssimo tempo. Progressivamente, os militares, que participaram do golpe, foram assumindo cada vez mais o protagonismo da situação política. A insatisfação com o governo Temer – que congelou todos os gastos do governo durante 20 anos e tentou aprovar a “reforma” da Previdência em seu governo -, a revolta contra a repressão e o descaso total dos governos estaduais da direita e a situação econômica cada vez mais deteriorada
levaram os trabalhadores brasileiros e a população em geral a se mobilizar em torno da candidatura de Luiz Inácio Lula da Silva para a Presidência da República. Mesmo preso, Lula era o favorito para ganhar as eleições de 2018 – havendo inclusive a possibilidade de ganhar em primeiro turno. A direita, no entanto, cassou ilegalmente sua candidatura e realizou uma série de manobras – incluindo a cassação de mais de 2 milhões de votos e a invasão de sedes partidárias – para fazer com que Jair Bolsonaro, comprometido até o último fio de cabelo com a burguesia, vencesse as eleições. Não houve guinada à direita, houve uma fraude eleitoral escancarada. Ao contrário do que anuncia a imprensa burguesa golpista, portanto, o aumento da crise e a intensificação dos ataques contra os trabalhadores e demais setores explorados está impulsionando uma enorme polarização política puxada pela reação dos trabalhadores e suas organizações, dentre elas os partidos de esquerda, contra essa ofensiva, que não para de crescer.
POLÊMICA | 5
DE MARCELO FREIXO AO ESTADÃO
A frente única contra a polarização
A
polarização política crescente no Brasil tem sido a grande preocupação da burguesia. Um país polarizado é um perigo para a estabilidade política que a burguesia precisa para manter seu controle político e econômico. Antes de qualquer consideração, no entanto, é preciso ter claro que a real preocupação da burguesia não é com a polarização em abstrato, mas com o crescimento das tendências revolucionárias do povo que resulta da polarização. A presença da extrema-direita e sua política de extermínio da população só é motivo de preocupação para a burguesia na medida em que essa política estimula o polo oposto, que cresce. O fascismo, portanto, só é um perigo para a burguesia nesse sentido. Isso significa que com o avanço da situação política, a burguesia pode lançar mão da extrema-direita contra o povo, como uma maneira de frear o desenvolvimento das tendência revolucionárias.
A polarização política, portanto, é um fenômeno “natural” da atual etapa do regime capitalista. A burguesia, entanto, tenta controlar a extrema-direita ao mesmo tempo em que procura atacar e destruir as organizações operárias e com isso acaba inevitavelmente desenvolvendo a extrema-direita. A direita tradicional, ou seja, os principais setores da grande burguesia, seus partidos e a imprensa golpista, é a principal responsável pelo crescimento da extrema-direita no Brasil e como consequência pela presença de um elemento fascista no governo. Portanto, a campanha contra a polarização é, antes de mais nada, uma tentativa de jogar areia nos olhos da população sobre o que realmente está acontecendo. Os elementos da esquerda que tem se esforçado contra a polarização estão servindo o interesse da burguesia que não quer que o povo reaja contra os ataques que vêm sendo desferidos. É isso que fez Marcelo Freixo ao par-
ticipar de um programa com Janaína Paschoal em um canal do YouTube ligado ao PSDB: uma demonstração extrema de subserviência à política da burguesia. Prova de que a burguesia está preocupada com a polarização é a matéria do Estado de S. Paulo do último dia 19 chamada “Nem esquerda nem direita”. Segundo o direitista representante da burguesia e um dos principais articuladores do golpe de Estado os governos do PT e agora Bolsonaro seriam iguais ao defenderem uma ideologia ao invés
de uma política voltada aos interesses do povo. Puro cinismo! No fundo, ao dizer que não é nem esquerda nem direita o Estadão está pedindo para que a esquerda deixe de ser esquerda enquanto a burguesia pode continuar atacando os direitos dos trabalhadores à vontade e falando sempre em nome do povo. Não à toa, João Doria declarou exatamente a mesma coisa recentemente, o que mostra que toda a direita se esforça para neutralizar a polarização política.
IMPRENSA GOLPISTA
Lutar contra o bolsonarismo prejudica a democracia, diz Alencastro E
m matéria publicada no jornal golpista Folha de S. Paulo e comentada também no sítio jornal ggn, o cientista político Mathias de Alencastro apresenta uma tese muito peculiar. De acordo com ele, diante da ascensão da extrema-direita tanto no Brasil quanto em todo mundo, a solução não seria a mobilização popular, mas sim a formação de uma “frente ampla”, quer dizer, a aliança com partidos de direita e “centro”. Alencastro apresenta alguns exemplos internacionais, sem maiores análises do que de fato está acontecendo nestes países, como Portugal, Itália, Inglaterra e até mesmo a França e Alemanha, como supostas provas da sua tese. De acordo com ele, desde a crise econômica de 2008 existiriam três lições que deveriam ser tiradas: 1 – A polarização favoreceria apenas a extrema-direita; 2 – os partidos tradicionais só seriam capazes de se “renovar” abandonando a polarização e construindo novas alianças; e 3 – o fundamental seria construir uma Frente Ampla, quer dizer, “o importante é a aglutinação de forças democráticas contra o novo regime”. O primeiro ponto é completamente falso. Em nenhum dos países citados por Mathias a esquerda se colocou frontalmente contra os seus respectivos regimes políticos. Na Itália, que ele dedica uma certa atenção, a aliança do Partido Socialista Italiano com o Movimento 5 estrelas, que em si já é de extrema-direita, não impediu a vitória de Salvini; na França, a esquerda não apoiou o movimento dos coletes amarelos, que no final das contas não derrubou Macron; no caso de Portugal não é possível afirmar também que a extrema-direita esteja sob controle.
Pelo contrário, a conjuntura da Europa de conjunto nos permite concluir que a política defendida por Alencastro como sendo a correta na realidade demonstrou-se falida em todas as ocasiões, inclusive no Brasil. O segundo ponto, de acordo com o articulista, seria que a única possibilidade de “renovação” dos partidos tradicionais seria a construção de “novas alianças”. Mas afinal, não é justamente a prática da política burguesa que desmoraliza os partidos de esquerda europeia? O Partido Trabalhista britânico, por exemplo, sofreu durante muitos anos o desgaste provocado pelo governo de Tony Blair, apoiador da política do imperialismo norte-americano em todo o mundo, tendo conseguido recuperar suas bases justamente sob a liderança de Jeremy Corbyn, criticado na matéria de Alencastro. Ao contrário, as alianças e acordos feitos
pelos partidos de esquerda com a direita é o que mais contribui para o seu enfraquecimento. Por fim, o terceiro argumento é uma arma retórica dos teóricos da Frente Ampla. A maneira de conter a extrema-direita seria se aliar a setores da burguesia que seriam supostamente “antifascistas”. No caso do Brasil, isso se traduz na aproximação de Haddad ao PSDB, ou ainda no diálogo entre Marcelo Freixo e Janaína “Jana” Paschoal. Obviamente que não há futuro para a esquerda e o movimento popular que passe por uma aliança com elementos direitistas e golpistas como o PSDB, “Jana” ou ainda o “ator” de filmes pornográficos Alexandre Frota. Finalmente, chama atenção para o fato de que Mathias não cita concretamente quais seriam os tais setores “democráticos” da burguesia com quem o PT deveria dialogar. Afinal, qual setor
da burguesia não apoiou Bolsonaro? O “véio da Havan”? Os empresários da FIESP? O PSDB? A matéria de Mathias demonstra na realidade que a burguesia tem muito medo da polarização, de que as coisas saiam de controle, levando abaixo não só o governo Bolsonaro mas o regime golpista de conjunto. A esquerda não deve acreditar nem por um segundo que o PIG, o Partido da Imprensa Golpista como apelidado pelo falecido Paulo Henrique Amorim, seja uma espécie de consigliere para o movimento popular. A polarização na realidade favorece a esquerda e no caso do Brasil, ela se reflete nas palavras de ordem de “Fora Bolsonaro” e “Liberdade para Lula”, que são capazes de opor o movimento de luta contra o golpe e o povo brasileiro ao governo fraudulento de Bolsonaro e à todo regime golpista.
6 | ECONOMIA
CONCENTRAÇÃO DE RENDA E POLARIZAÇÃO
Rumo à explosão da crise social D
ados do FGV Social, índice pesquisado pela Fundação Getúlio Vargas, divulgados pelo sítio da Folha de S. Paulo destacam a degradação das condições de vida da maioria da população e o aumento da concentração de renda nos últimos anos, desde o início da campanha golpista e na vigência atual do golpe de Estado. Segundo o estudo da FGV, “do fim de 2014 a junho deste ano, a renda per capita do trabalho dos 10% mais ricos subiu 2,5% acima da inflação; e a do 1% mais rico, 10,1%”, por sua vez, “o rendimento dos 50% mais pobres despencou 17,1%; e dos 40% “do meio” (a classe média entre os mais ricos e os mais pobres), caiu 4,2%” (Folha de S. Paulo, 19/08/19). Com esses números, o índice de Gini (usado mundialmente para medir a desigualdade social) do Brasil chegou à marca de 0,629, no segundo trimestre desse ano, recorde da série desde 2012 (medido de 0 a 1, quanto mais perto de 1, pior a desigualdade). O País Resultado de imagem para indice de gini brasil 2019está em 9º lugar entre os países com maior desigualdade no mundo, tendo à sua frente – em melhores posições, com menos desigualdade – mais de 120 países, de um total de cera de 130 analisados.
A situação explica a polarização política que toma conta do País, opondo os trabalhadores e suas organizações, às organizações de direita que defendem os interesses do grande capital, que a direita (e setores da esquerda) quer ocultar de forma artificial ou simplesmente esmagando a esquerda e todo tipo de organização dos explorados, para que essa realidade não seja divulgada e para que não haja uma luta para mudá-la, por conta da derrota dos capitalistas e do seu regime de dominação. Diretores do FGV, como o economista Marcelo Neri, apontaram, diante desses dados, que ainda que o PIB do Brasil crescesse a uma taxa anual de 2,5% ao ano, muito acima das previsões atuais, que apontam para um crescimento pífio de 0,8% ou mesmo para uma recessão, seriam necessários 15 anos para que se voltasse ao mesmo patamar de pobreza de antes da crise. Isso no caso de que fosse restabelecido o que ele chamou de “crescimento inclusivo”, adotado até 2014. Tal quadro evidencia o porque a população trabalhadora não tem condições de aguardar por uma mudança na situação política pela via eleitoral, como propõe setores da esquerda burguesa e pequeno burgues,a que
querem esperar pelas eleições, que não são garantia alguma de que se promova nenhuma reversão da situação atual. Os número divulgados mostram ainda que os maiores atingidos pelo retrocesso econômico foram os mais jovens, que perderam 15% de sua renda no período todo da crise enquanto a média perdeu 2,6% e que sofrem – entre outros – com níveis de desemprego que chegam a 35% em algumas regiões do País, índices semelhantes aos que eram vigentes no Egito em 2011, quando da explosão da situação explosiva que levou à queda da ditadura sustentada pelo imperialismo norte-americano, que vigorava no País durante 40 anos, que foi restabelecida anos depois por um novo golpe militar que derrubou o governo eleito.
A desigualdade, aumento da exploração e da repressão alimentam uma situação explosiva que só pode ser aplacada por meio da vitória de um dos pólos em disputa. Ou a classe dominante, liderada pela direita golpista, massacra e impõe uma situação de retrocesso como nunca se viu (como estamos presenciando de forma inicial) ou a classe trabalhadora e demais setores explorados se levantam e derrotam, por meio de sua luta, o regime golpista e detém a destruição de suas condições de via. Não há caminho “pacífico” para conter a polarização no País que é um dos países mais desiguais do mundo. A política de concentração e expropriação da burguesia imperialista e seus consorciados no País, é um dos estopins de uma situação de enorme explosividade social.
No caso do Brasil ainda tem um agravante. A atual situação da economia coloca o País em uma condição ainda mais fragilizada. Além da recessão, a crise argentina aliada à guerra comercial entre os EUA e a China transformam o país na “bola da vez e muito próximo da caçapa”. Uma questão que não poderia deixar de ser mencionada é que a crise mundial refletida no Brasil coloca em evidência o caráter absolutamente
artificial e parasitário do crescimento das empresas na Bolsa de Valores. É óbvio que existe um fosso enorme entre o valor real das empresas e o valor especulativo que chegam a atingir nas bolsas. Mal comparando. os trilhões de dólares de capital especulativos são como uma droga de grande potência que causa uma euforia momentânea, mas que, ao final, apenas transforma o usuário em um dependente e fatalmente irá levá-lo à morte.
FUGA DE CAPITAIS, CRISE CAMBIAL
Agrava-se crise capitalista no Brasil A crescente fuga de capitais do Brasil levou o Banco Central (BC) a anunciar que a partir dessa quarta-feira (21) até o dia 29 de agosto leiloará US$ 550 milhões por dia, totalizando para o período quase US$ 4 bilhões de uma reserva estimada em US$ 388 bilhões. Caso a demanda por dólares seja superior aos valores leiloados diariamente, a diferença será coberta com a de operações de contratos de swap – um mecanismo de venda dólares no mercado futuro relacionada à taxa de juros. Em comunicado oficial, o BC informou que ”considerando a conjuntura econômica atual, a redução de proteção cambial (hedge) pelos agentes econômicos por meio de swaps cambiais e o aumento da demanda de liquidez no mercado de câmbio à vista, o Banco Central do Brasil comunica que, para efeito da rolagem de sua carteira de swaps, implementará a oferta de leilões simultâneos de câmbio à vista e de swaps reversos”. Essas operações do BC, quando feitas somente por meio de swaps só tem efeito sobre a dívida pública (o que já é um grande problema). Da maneira com será feita terá impacto, também, sobre as reservas do país, Desde 2009,
no auge da crise hipotecária norte-americana que levou à insolvência diversos bancos nos Estados Unidos e na Europa, o governo brasileiro não leiloava dólares à vista. A reação do BC está intimamente relacionada à fuga de capitais do mercado acionário brasileiro. Entre janeiro e o dia 15 de agosto deste ano, foram R$19,2 bilhões. Esse valor é o maior desde 1996, quando esse índice passou a ser medido mensalmente na Bolsa de Valores de São Paulo, superando, inclusive, o mesmo período de 2008, quando a fuga de investimentos da Bovespa para aplicações mais estáveis, principalmente de papeis da dívida pública norte-americana, atingiu R$ 16,5 bilhões. Alertas de analistas do mercado financeiro sobre a retomada da etapa da crise mundial aberta em 2008 em condições de muito piores se comparado ao período imediatamente anterior ao seu “estouro” parecem estar se colocando com muito mais rapidez do que a expectativa inicial. Países atrasados como o Brasil, Argentina, África do Sul, entre outros nas mesmas condições, são os primeiros a sofrerem o impacto.
ECONOMIA | 7
RECESSÃO NOS EUA E ALEMANHA
Etapa mais profunda da crise capitalista E
conomistas de todos os países estão advertindo para uma nova grande crise econômica, maior que a de 2008. Já nos anos de 2017 e 2018, especulava-se uma crise mundial no ano de 2019. Essa possibilidade não foi descartada por uma boa parte dos economistas da própria burguesia. Agora, aparece o dado de que cerca de 34% dos economistas norte-americanos temem que ocorra uma recessão econômica no país até 2021, segundo uma pesquisas divulgada nesta terça-feira (20) pela Associação Nacional de Economia Empresarial (Nabe, em inglês). Em relação a fevereiro, quando a opinião era de 25% dos economistas, houve um aumento das previsões negativas ou mais realistas da situação. Além disso, o Banco Central alemão (Bundesbank) advertiu que economia da maior economia da zona do euro pode entrar em recessão também
no 3º trimestre, segundo relatório do banco divulgado no último dia 19. A economia alemã está sendo profundamente afetada pelas tensões entre EUA e China na guerra comercial e a iminente saída da Inglaterra da União Europeia, uma vez que a principal força econômica do país está, so-
bretudo, em exportações de alto valor agregado. Com isso, o país está à beira de uma recessão técnica, tendo tido recessão de 1% no 2º trimestre do ano. Desta forma, as duas principais economias capitalistas, dos dois principais países imperialistas, estão à beira da falência. Ou seja, a crise é gigantesca.
TODOS OS DIAS NA CAUSA OPERÁRIA TV ÀS 9H30
Vale lembrar que o capitalismo procura conter a crise nos países centrais, fazendo com que esta acabe explodindo nos países atrasados. A extensão da nova onda da crise será portanto mundial, assim como foi em 2008. Com a diferença de que o capitalismo nunca conseguiu se recuperar da etapa de crise anterior, e que a futura será uma versão maior e mais expandida da passada. Com isso, há uma clara tendência de aumento da política de golpes de estados e da tentativa dos capitalistas de impor uma intensificação da imposição da política neoliberal contra a maioria da população, de forma que quem sofrerá com as consequências serão os trabalhadores, tanto dos países atrasados como dos próprios países imperialistas. A crise política, que já é intensa, tende a aumentar em todos os países, uma vez que a crise, e a luta por sobrevivência na selvageria capitalista, se aprofundará entre os setores da própria burguesia.
8 | CIDADES
ASSASSINADO
Bope executa com seis tiros “bandido” que portava arma de brinquedo
M
acabro. Sinistro. Sociopata. Essas são algumas das palavras que circularam pela redes sociais em referência ao caso do ônibus, com 37 pessoas, sequestrado por uma pessoa armada na ponte Rio-Niterói na manhã da terça-feira (20/8). O sequestro durou mais de 3h30, com o ônibus cercado pela polícia, e terminou com o sequestrador morto por tiros, supostamente disparados por um atirador de elite, sniper. Todos os reféns foram liberados. O coronel Mauro Fliess, da PM do Rio de Janeiro, declarou que o disparo do sniper foi necessário para neutralizar o sequestrador. E afirmou que “essa é a polícia que queremos ver”. Fica evidente que o episodio foi usado para justificar o uso dos sniper, defendido pelo governador fascista do Rio que, comemorou entusiasticamente o assassinato do jovem de 20 anos. Depois Fliess reconheceu que rapaz, morto por seis tiros, portava uma arma de brinquedo. Mas Fliess justificou: “Ele estava de posse de uma arma de brinquedo, porém, ele jogou combustível no ônibus e ameaçava incendiá-lo. Após ele ser neutralizado, as equipes identificaram que a arma que ele
portava era de brinquedo”, informou o porta-voz. O autor do sequestro foi identificado como William Augusto Nascimento, de 20 anos, trabalhava como vigilante e não tinha antecedentes criminais. Durante o sequestro, ele parecia desorientado e não fazia nenhuma exigência. Ainda não se sabe qual foi sua motivação. Simplesmente anunciou a ameaça contra o ônibus sem reivindicar nada. Um dos passageiros, o professor Hans Miller Moreno do Nascimento, de 34 anos, que estava a caminho do trabalho quando o ônibus foi sequestrado por volta das 5h da manhã, conta que o sequestrador anunciou o ato e pediu para que os passageiros entrassem em contato com a polícia. O professor, que, coincidentemente tem o mesmo sobrenome do sequestrador do ônibus, contou que no início todos os passageiros estavam tensos e preocupados, achando que era um assalto. Muitas pessoas esconderam celular e carteira embaixo do banco, mas o sequestrador disse que não queria os bens de ninguém, apenas entrar para a história. Segundo o professor, William Nasci-
mento tinha uma faca de cerca de 50 centímetros e pediu para uma passageira escrever o número de telefone dele no vidro do ônibus com batom para a polícia ligar e negociar com ele. “O tempo todo dizia que a gente ia ter muita história para contar sobre o dia de hoje, mas que não queria nos machucar. O tempo todo tentava nos acalmar”, disse o professor Hans Nascimento. Quando William foi morto e os reféns libertados o governador do Estado, Wilson Witzel, chegou à ponte de helicóptero, e desceu saltando e vibrando com a morte do rapaz como seu fosse a comemoração de um gol. O presidente ilegítimo Jair Bolso-
naro, que mais cedo já havia se manifestado sobre o assunto, dizendo para a polícia “não ter pena”, parabenizou os policiais do Rio de Janeiro pela ação. As palavras do início do texto, que circularam pelas redes sociais nos comentários sobre o caso, se referiam ao comportamento cruel dos dois fascistas: de Witzel, que tem uma fixação pela morte de pretos e pobres, tanto é que ele próprio metralha a população favelada do seu estado do alto de um helicóptero, e à postura de Bolsonaro, que é outra criatura das trevas ou, no mínimo, é incapaz de compaixão devido a uma insanidade evidente, mas não diagnosticada clinicamente.
MAIS UM ATAQUE FASCISTA
Skinheads espancam grafiteiro; reagir já! D
ois elementos integrantes de um grupo nazi-fascista de skinheads, da periferia do Distrito Federal, agrediram e espancaram na noite da última sexta-feira, dia 16 de agosto, um jovem grafiteiro de 23 anos, integrante do Grupo “Graffiti Brasília conhecido no meio artístico da cidade por Jhamau Sant’Anna. O fato ocorreu na cidade satélite de Ceilândia, a maior concentração operária e popular do DF, onde no último domingo (dia 18) ocorreria um evento Resultado de imagem para Grafite Ceilândiadenominado “Mutirão de grafite antifascista”, organizado por artistas locais, “depois que símbolos nazistas foram pichados em muros de Ceilândia” (G1, 17/08). As agressões provocaram graves hematomas na face do jovem artista, havendo a necessidade de internação em uma UTI de um hospital da cidade. As últimas informações dão conta de uma melhora no quadro clínico do jovem, já tendo o mesmo deixado a UTI, indo para uma enfermaria, ainda sem previsão de alta. A agressão que vitimou um jovem artista que participaria de um evento antifascista na periferia do DF soma-se a dezenas de outras ações que a direita e a extrema-direita vem realizando em todo o país, numa clara tentativa de intimidar e ameaçar os que buscam se organizar para repudiar e enfrentar a extrema direita fascista, a polícia, o golpe, o governo Bolsonaro, a burguesia e o imperialismo.
O método dos covardes skinheads nazifascistas é o mesmo que caracteriza a ação da extrema direita em todo o país e no mundo. Esses elementos desclassificados se utilizam da tocaia e da cilada para encurralar e agredir as vítimas. Eles nunca agem contra multidões, movimentos e atos de massas, pois são covardes e medrosos, temendo a reação popular à sua política direitista, sem qualquer apoio junto à população. O fato é que cresce em todo o país a ação da extrema direita e da polícia contra não só os direitos democráticos da população; contra o direito de expressão e reunião (censura a shows,
invasão de sindicatos), mas principalmente através da ação violenta dos agentes de repressão do Estado (Polícia Militar, Polícia Federal, Exército), evidenciando a escalada reacionária atualmente em curso no país. A ação violenta dos skinheads, neste sentido, é nada mais do que o reflexo dessa ofensiva reacionária da extrema direita, que não encontra uma reação à altura em função da política defensiva e recuada da esquerda nacional. A ofensiva da extrema direita, dos skinheads, da polícia, dos bandos fascistas, das milícias e dos grupos de extermínio contra a população pobre
e explorada do país somente poderá ser detida, somente poderá ser barrada pela mais ampla mobilização social de todos os setores, em primeiro lugar da numerosa classe operária brasileira, que hoje sofre com os ataques do governo golpista e fraudulento de Jair Bolsonaro, da extrema direita, da burguesia e do imperialismo. Como medida prática para reagir aos ataques da extrema direita nazifascista, devem ser constituídos em todo o País os comitês de auto-defesa dos trabalhadores, dos estudantes e da população jovem que habita a periferia das grandes cidades.
CIDADES | 9
DITADURA DO JUDICIÁRIO
TRE cassa governador de Sergipe O
Tribunal Regional Eleitoral de Sergipe decidiu cassar o mandato do governador do Estado, Belivaldo Chagas (PSD), por abuso de poder político e econômico. No mesmo estado de Sergipe, ainda no começo do mês de agosto, Justiça eleitoral havia decretado prisão preventiva de um deputado do PSC, acusado de agir para atrapalhar a investigação sobre fraudes na prestação de contas de sua campanha. No dia 19 de agosto, a Polícia Civil do Mato Grosso, como consequência da operação “Fake Delivery”, realizou busca e apreensão na residência de uma deputada federal do PT, que seria Secretaria da Educação no Estado no período em que supostamente teria havido irregularidades na aquisição de material escolar. Fernando Pimentel, do PT/MG, vem sendo alvo do Ministério Público do Estado e do Judiciário por um longo tempo. Enquanto governador, desde sua eleição enfrenta embates no TRE/ MG, no TSE e no STJ. A Polícia Federal também o cerca. De 2016 até hoje, há uma dezena de acusações, de ações, de inquéritos, de sindicâncias. Neste ano, já teve decretada a quebra de seus sigilos telefônico e fiscal, cumprimento de mandados de busca
e apreensão e mais acusações sendo formalizadas. Além de Belivaldo Chagas (PSD) e Fernando Pimentel (PT), entre muitos outros, já foram ou são alvo da Polícia Federal e do Ministério Público, com algumas ações já tramitando no Judiciário ou com sentenças já emitidas: Rui Costa, governador da Bahia pelo PT; Jaques Wagner (PT), atualmente senador pela Bahia; Camilo Santana (PT), governador do Ceará; Cid Gomes (PDT), senador pelo Ceará – ambos tiveram decretada a quebra de sigilo bancário em março de 2019; Wellington Dias (PT), governador do Piauí, acusado de improbidade administrativa e de omissão; Fátima Bezerra (PT) e Anternor Roberto (PCdoB), em dezembro de 2018, tiveram pedido de cassação dos diplomas (governadora e vice-governador do RN) pelo MP Eleitoral. Fernando Haddad (PT), ex-prefeito da cidade de São Paulo e candidato do PT à Presidência da República em 2018, foi acusado de improbidade administrativa, de corrupção, de recebimento de propina (caixa 2). Já absolvido de alguns processos e tendo outros arquivados, claramente iniciados com fins políticos, no dia 20 de agosto de 2019, foi condenado pela Justiça Eleitoral de São Paulo por uso de caixa 2
nas eleições municipais e condenado a pena de quatro anos. Esses casos são exemplos, pitadas de um dos instrumentos que a burguesia utiliza, por meio do poder imperial do judiciário, para controlar o regime politico por meios golpistas. Acreditar nas instituições, na política eleitoral, na justiça eleitoral e que a direita seria capaz de aceitar, de fato, algum tipo de conciliação será a desgraça da esquerda. Não há como vencer, avançar e por fim ao regime golpista acreditando nas instituições dominadas pelos golpistas. Falou-se muito em ativismo judiciário, em politização da justiça, em judicialização da política, em preponderância do Judiciário, mas no final de contas trata-se
de uma ditadura do judiciário, à serviço dos “donos do golpe”, o imperialismo norte-americano e seus sócios menores da burguesia “nacional”. A política, incluindo a política partidária e a realização de eleições para a renovação de mandatos e definição dos mandatários dos Executivos em todos os níveis, não deveria ser objeto de tutela da Justiça. A intervenção do judiciário viola claramente a vontade popular, limitadamente expressa por meio do voto, já submetido ao controle das fraudes e do poder econômico que domina as eleições em todo o País. É preciso denunciar o golpe e a intervenção do judiciário no Sergipe e em todo o País.
DF
Secretário é exonerado por ser contra militarização de escolas O
plano dos golpistas da extrema-direita, de se infiltrarem em todas as esferas da sociedade, segue a todo vapor e quem não está de acordo será abertamente perseguido e afastado de qualquer posição que possa ser importante, como foi o caso do Secretário da Educação do DF, Rafael Parente. Nesta segunda-feira (19), Parente anunciou pelo twitter sua exoneração: “Agradeço ao Governador Ibaneis pela oportunidade e pelo favor em me exonerar. Eu não voltaria atrás. Minha palavra, a minha integridade e os meus valores (inclusive democráticos) são o que tenho de mais valioso na minha vida.” É assim que o governador reacionário e golpista, Ibaneis Rocha (MDB), agiu com o Secretário da Educação, que se mostrou contrário à militarização das escolas. Mesmo depois que duas escolas do DF votaram, no último fim de semana, contrárias à gestão compartilhada das escolas com a Polícia Militar, Ibaneis afirmou que implementará o modelo “de qualquer jeito”. Ou seja, para ele, a votação teve apenas um caráter consultivo e a opinião dos pais e dos alunos de nada servem, mas a dele, que desconhece a realidade dos filhos da classe trabalhadora, deve prevalecer. Em contrapartida, Rafael Parente ainda afirmou: “Eu dei a minha palavra de que não atropelaríamos a vontade das comunidades escolares.”, mostrando que respeitaria a decisão de cada escola.
A perseguição política contra Rafael Parente e as escolas que votaram contrárias à militarização fica evidente, e é esse o caminho que o governo fascista dos bolsonaristas tende a seguir. Os golpistas se utilizam do argumento de que a presença da Polícia Militar nas escolas seria apenas para endurecer a segurança local, mas isso não passa de um engodo. Na verdade, os militares teriam o controle de quem entra ou sai da escola, além de terem carta branca para passarem lições de ética e cidadania aos alunos, isso de acordo
com os preceitos conservadores da extrema-direita. Outro ponto importante sobre essa militarização das escolas, é como esse excesso de controle poderia prejudicar os alunos. Esses jovens teriam suas singularidades e liberdade de expressão completamente podados pelos militares, uma vez que, na política da gestão compartilhada, os alunos teriam de usar um uniforme militar e até o corte de cabelo dos meninos seria controlado e, no caso das meninas, seria obrigatório o uso de saia e coque no cabelo. São regras completamente
absurdas. Todo esse modelo de gestão é feito para que os jovens pensem o mínimo possível de modo crítico. O diagnóstico é certo: a extrema-direita quer reviver as perseguições políticas nos moldes da ditadura. Barrar a militarização das escolas deve fazer parte da luta contra os o golpistas, que aos poucos estão se infiltrando em cada segmento da sociedade a fim de controlar a fúria da classe trabalhadora quando esta, finalmente, após perceber as contradições de classe, sair às ruas e responder aos golpistas na mesma moeda.
10 | CIDADES
SÃO PAULO
Covas aumenta ainda mais a tarifa da passagem em São Paulo A
Prefeitura de São Paulo, sob a gestão de Bruno Covas (PSDB), derrubou no STJ (Superior Tribunal de Justiça) as liminares que impediam o aumento do vale transporte de R$ 4,30 para R$ 4,57. Sendo assim, haverá o aumento da passagem e a prefeitura ainda reduziu o limite de 3 embarques para 2 embarques em até 3 horas. Um ótimo negócio para as empresas de transporte e um péssimo negócio para o trabalhador. O presidente da corte, ministro João Otávio de Noronha, foi quem tomou a decisão que entrou em vigor nesse dia 19 de agosto. Esse ministro já havia suspendido outras 19 liminares que impediam o aumento do valor do transporte e limitação do numero de embarques. A justificativa de Covas é apenas a de que “a prefeitura fez estudos e viu que não havia necessidade de continuar a subsidiar aquilo que é obrigação das empresas”. Na prática, o isso significa
retirar mais dinheiro do povo trabalhador que depende da condução pública e que já recebe salários baixos (e, com o golpe, cada vez mais baixos). O Idec (Instituto Basileiro de Defesa do Consumidor) e a Defensoria Publica, afirmaram que irão recorrer da decisão do STJ. O Idec afirmou: “aumentar o valor e diminuir a integração do VT do dia para a noite demonstra um descaso da prefeitura com o cidadão, não permitindo aos mais vulneráveis ajustar seus créditos, deixando muitos na rua”. Ainda segundo o Idec, a medida não seguiu a metodologia de avisos prévios da própria SPTrans, nem obedeceu a regra de transição. Em uma nota de cinismo dificilmente igualável, mas típico dos golpistas e direitistas, a prefeitura afirma que o “STJ decidiu no dia 8 de agosto que a população de São Paulo não deve subsidiar os empresários nas aquisições do vale-transporte”. Ora… na prática era óbvio quem iria pagar
o pato, claro que seria a população que depende do transporte público. A verdade é que a prefeitura tomou a decisão para beneficiar essas empresas, enquanto dá uma banana para a classe trabalhadora e “lava as mãos”
da responsabilidade. Esse episódio é apenas mais um que demonstra como o judiciário não está a serviço dos interesses da população e é facilmente comprado pelos interesses da burguesia.
ARARAQUARA-SP
SUCATEAMENTO DO PSDB
Dengue já atingiu mais de 19 mil pessoas
Falta de vacinas impede vacinação em Maceió N
A
cidade de Araraquara, localizada no interior do estado de São Paulo, encontra-se em meio a uma grave epidemia de dengue. O último boletim da Vigilância Epidemiológica, divulgado nesta segunda-feira (19/8), acrescentou mais 679 casos confirmados da doença, totalizando 19.272 pessoas infectadas só neste ano e cinco mortes causadas pela enfermidade. O quadro alarmante, aliás, não se restringe a Araraquara, já que outras seis cidades da região decretaram epidemia da doença este ano: Leme, Matão, Mococa, Nova Europa, Rincão e Santa Lúcia. A política neoliberal e antipopular de austeridade, de corte de gastos públicos, posta em prática num ritmo vertiginoso desde o golpe de Estado de 2016, não poderia ter outro resultado. Os cortes nos orçamentos de saúde e saneamento básico, com o consequente sucateamento dos ór-
gãos de fiscalização e vigilância e a dissolução crescente das políticas de prevenção (como a vacinação), tendem inevitavelmente a levar o país para uma situação de crise social profunda. O aumento alucinante, nos últimos anos, em todos os cantos do país, das epidemias de dengue, chikungunya, zika, malária, febre amarela, além do retorno de doenças há muito erradicadas do Brasil, como o sarampo, são uma demonstração da deterioração das condições de vida que vem sendo imposta a ferro e fogo pela política dos golpistas sobre o povo. O governo fraudulento de Jair Bolsonaro representa a radicalização dessa política e, por isso, somente uma luta popular sem tréguas pela sua derrubada, bem como a de todo o regime golpista, pode interromper essa política de catástrofe social e reverter o quadro geral da situação em que se encontra o povo.
a última segunda-feira (19), os trabalhadores de Maceió, capital alagoana, se depararam com mais uma sabotagem dos golpistas à população. Dessa vez, todos que compareceram ao II Centro de Saúde de Maceió, no bairro do Poço, com o objetivo de tomar uma vacina, tiveram de voltar para casa sem qualquer atendimento. A Prefeitura de Maceió, que é comandada pelo PSDB, alegou que não houve a aplicação de qualquer vacina no dia 19 porque não havia seringas no II Centro. O desabastecimento causou um caos no bairro do Poço, afetando desde crianças, que precisam ser imunizadas com urgência, a adultos que precisam ser vacinados antes de viajar para áreas de risco. A falta de seringas no Centro II é apenas um entre as centenas de episódios semelhantes que ocorrem no
país desde o golpe de 2016. Desde que a direita depôs a presidenta Dilma Rousseff e o regime político se fechou em torno dos elementos mais reacionários possíveis, a burguesia tem procurado impor uma política de massacre da população em todos os estados. Nos três anos que se seguiram após o golpe de Estado, os brasileiros foram obrigados a ver todo tipo de doença e mazela aparecer: desde a febre amarela até surtos de sarampo e doença de chagas. Em todas as regiões do país, o mosquito da dengue tem levado dezenas de trabalhadores à enfermidade. É preciso dar um basta aos ataques dos golpistas antes que acabem de uma vez com o país. Fora Bolsonaro e todos os golpistas! Liberdade para Lula!
INTERNACIONAL | 11
GRUPOS VIOLENTOS
Aumentam as atividades da extrema-direita na Alemanha A
Alemanha vai criar uma unidade especializada em combater grupos violentos de extrema direita dentro da sua polícia federal, por causa da violência crescente de militantes ultradireitistas, para identificar mais rapidamente discursos de ódio na internet e melhorar a coordenação internacional nessa questão. Segundo documentos internos do Departamento Federal de Investigações (BKA), serão necessários 440 funcionários para criar um escritório central para combater os crimes de ódio e o extremismo de direita no país. Sabe como é, na Alemanha, com extremismo de direita não se brinca, apesar dos olavistas, no Brasil, refutarem a história. Atualmente, mais da metade dos 24.100 militantes ultradireitistas “fichados” existentes na Alemanha são tidos como propensos à violência, segundo autoridades de segurança. Os episó-
dios de violência de extrema direita cresceram 3,2% em 2018 em relação ao ano anterior, de 1.054 para 1.088. Um caso recente foi o assassinato do político Walter Lübcke, da CDU, com um tiro na cabeça. Um militante neonazista, confessou o crime. O aumento das atividades da extrema-direita na Alemanha acontece também em outros países, tanto da Europa, quanto em outros continentes. Em todo lugar onde isso ocorre, é resultado da crise do regime imperialista e portanto dos partidos tradicionais do regime. A burguesia, em meio ao agravamento da crise histórica do capitalismo, historicamente, lança mão dos seus cães como recurso. Na Alemanha, assim como no Brasil e também nos Estados Unidos, existe uma elevação da polarização política, mas a esquerda tradicional, muito integrada ao regime, não consegue capitalizar a crise.
UNIÃO EUROPEIA
Burguesia britânica faz terrorismo contra Brexit sem acordo N
o último domingo (18) o jornal Sunday Times revelou documentos do governo britânico que indicam que, com o possível Brexit sem acordo com a União Europeia, o Reino Unido viveria um verdadeiro caos comercial e econômico que levaria a uma crise social. O documento diz que, caso os britânicos saiam do bloco de maneira unilateral como quer o primeiro-ministro de extrema-direita Boris Johnson, haveria basicamente um bloqueio comercial, levando por meses a um congestionamento de navios nos portos que impediria a chegada de comida, remédios e combustíveis ao território britânico. Os caminhões também não conseguiriam levar as mercadorias, uma vez que, segundo o documento, 85% não estaria prontos para atravessar a adianta da França. A revelação do relatório para a imprensa pode ter sido feita por setores do governo que não compactuar com a política protecionista de Johnson. Ele
foi eleito líder do partido conservador no mês passado, tornando-se assim chefe de gabinete do governo britânico pois este já estava nas mãos dos conservadores com Teresa May, que renunciou por não conseguir impor um acordo que lhe interessasse sobre o Brexit. Diversos setores dos Tories demonstraram publicamente suas contradi-
ções com a ala de Johnson, representando assim os interesses de um segmento da burguesia britânica – o mais poderoso – de permanecer na União Europeia para favorecer os negócios dos grandes bancos internacionais. Johnson prometeu que, até 31 de outubro, o Reino Unido vai sair da UE, sem acordo. Esse é o prazo máximo para a saída.
Como o prazo já se encaminha para o fim, esse setor da burguesia utiliza a divulgação do relatório como uma arma para fazer terrorismo e chantagem, até porque o documento afirma que o bloqueio, na prática, dos portos britânicos, levaria a população a correr para os supermercados para comprar mantimentos imediatamente a fim de não ficar sem. Possivelmente, muitos britânicos já ficaram aterrorizados e devem estar começando a fazer isso. Independentemente das posições reacionárias de Johnson e da necessidade por parte da classe trabalhadora britânica se unir com o resto da europeia, o fato é que o referendo do Brexit mostrou a disposição da maioria da população de sair da UE. Esse resultado demonstra uma total insatisfação com a política neoliberal levada a cabo por todos os governos britânicos, que foram destruindo o bem estar social conquistado por décadas de luta dos trabalhadores para que o país fosse entregue aos grandes banqueiros britânicos e internacionais.
12 | INTERNACIONAL
ARGENTINA
Macri nomeia um novo ministro da Fazenda O
presidente da Argentina, Maurício Macri, nomeou um novo Ministro da Fazenda, Hernán Lacunza. Desde a vitória eleitoral Macri, a situação econômica da Argentina tem sido uma verdadeira hecatombe. O país voltou às mãos do FMI, e seguir o programa dos banqueiros internacionais é justamente a que se compromete o novo ministro. A nomeação de Lacunza é uma jogada eleitoral que tenta a burguesia após os resultados das eleições primárias, onde Alberto Fernandez venceu por 15% o atual presidente. O ministro da fazenda disse para a imprensa, dirigindo-se mais ao mercado que à população, que suas prioridades seriam: obedecer as medidas impostas pelo FMI e manter o atual nível do cambio – considerado altíssimo-, e que todas as outras variáveis da economia argentina estariam subordina a esses dois objetivos. Lacunza também disse que estaria
dialogando constantemente com os economistas da oposição. A declaração do ministro tem dois objetivos, o primeiro é assegurar ao imperialismo que seu quinhão está garantido, por mais que seja esse a principal causa da desintegração da economia argentina; o segundo, dar segurança ao mercado interno por meio de uma “estabilidade cambial”,
artificial para conter o caos político em que se encontra o país e gerar uma ilusão de segurança que possa garantir a reeleição de Macri. Enquanto isso, Fernandez tem capitulado a todas as pautas da esquerda para combater a política de terra arrasada que o FMI tem imposto no país, além de repercutir a política imperialista, alegando respectivamente, que
não daria um calote na dívida e que Maduro seria um ditador. Assim como nas eleições brasileiras Haddad se travestiu da política da direita verde-amarela para ser mais palatável à burguesia, além do PT abdicar da candidatura de Lula, Alberto Fernandez caminha para o mesmo fim ilusório. O resultado também parecia favorável no Brasil, Lula ganharia as eleições não tivessem abdicado, e provavelmente Haddad também teria se as eleições tivessem sido limpas, mas a atual etapa política exige a burguesia de usar suas cartas mais sujas no jogo que ela mesma comanda. Capitular diante da direita ao invés de lutar contra ela só trará derrotas e anestesiamento parcial da classe operária. A burguesia ainda tem tempo para buscar organizar seu “passe de mestre” e reeleger Macri, mesmo que sua rejeição esteja altíssima. Até outubro virão muitos acordos, manobras, propaganda calúnias e golpes para buscar garantir que a Argentina continue submissa ao imperialismo norte-americano.
IMPERIALISMO
EUA ameaçam o mundo com testes de mísseis N
a última segunda-feira (19), o Departamento de Defesa dos Estados Unidos noticiou que testou um míssil que pode percorrer mais de 500 km antes de acertar seu alvo. Após os EUA abandonarem o tratado de desarmamento nuclear, no último dia 2, este é o primeiro teste desse tipo. Segundo o Pentágono, o teste aconteceu na ilha de San Nicolas, na Califórnia, neste domingo. “Os dados coletados e as lições aprendidas com esse teste auxiliarão o Departamento de Defesa no desenvolvimento de capacidades futuras de alcance intermediá-
rio”, informou o Departamento. Além deste teste, os norte-americanos planejam ainda testar um míssil balístico de alcance intermediário em novembro. O governo também deixou planeja enviar novos mísseis à Ásia. Os Estados Unidos deixaram, no início do mês, o tratado de desarmamento nuclear acusando a Rússia de descumprimento, mas, a partir destes fatos, vê-se o total cinismo no imperialismo estadunidense: não querem um “mundo sem armas” ou algo assim, mas um mundo onde só eles tenham poder bélico.
JUVENTUDE E NEGROS | 13
ESTUDANTES DE TODO O PAÍS
Seguir o exemplo dos alunos do CEFET-RJ! P
assando por cima de qualquer esboço de autonomia universitária, o governo Bolsonaro, através do MEC, impediu a posse do diretor eleito, em maio, pela comunidade acadêmica do Centro Federal de Educação Tecnológica Celso Suckow da Fonseca (Cefet-RJ). Em seu lugar, impôs um interventor, Maurício Aires Vieira, assessor de Abraham Weintraub, o ministro fascista da Educação que implementa a política de destruição do setor a mando dos banqueiros. Diante de tamanha manobra autoritária e ditatorial para que os bolsonaristas controlem a instituição, os alunos do Cefet-RJ realizaram uma combativa manifestação na segunda-feira (19) contra o interventor, expulsando-
-o do local sob a palavra de ordem “Fora interventor”. Aires Vieira foi nomeado, no último dia 15, por Weintraub, graças a um decreto emitido em julho por Bolsonaro que permite a nomeação de um diretor-geral pro tempore (interventor) pelo ministro da pasta “por qualquer motivo”. Isto é, a intenção é justamente intervir politicamente nas instituições de ensino para colocar um pau-mandado do governo para controlar a instituição, exatamente como era feito na ditadura militar e como sempre ocorreu em regime fascistas. Desde então, em várias universidades têm ocorrido casos semelhantes, como foi na Universidade Federal do Triângulo Mineiro (UFTM).
Trata-se de uma intervenção fascista nas universidades e demais instituições de ensino para infiltrar espiões e agentes inclusive ligados aos militares, para perseguir e reprimir o movimento estudantil e o movimento sindical dos docentes e funcionários. Os estudantes de todo o Brasil devem ter claro, especialmente os ativistas do movimento estudantil, que todas as instituições do País correm o mesmo perigo: terem a mão de ferro do governo ditatorial sobre eles, para os esmagar. Sendo assim, é preciso que os estudantes, bem como os professores e demais funcionários dessas instituições, se organizem e se unam para combater e expulsar os agentes da extrema-direita e os elementos fas-
cistas infiltrados nessas instituições, porque seu único objetivo é reprimir a comunidade acadêmica e destruir o ensino público para entregá-lo aos grandes tubarões capitalistas, para isso fazendo isso de sua tropa de choque fascista.
ENSINO SUPERIOR
OBSERVATÓRIO DA DIVERSIDADE
No DF, 17 mil estudantes estão endividados junto ao FIES
Negros recebem, em média, R$ 900 a menos que brancos L
O
ensino superior no Brasil, que deveria ter um caráter completamente gratuito, vem prejudicando a vida de milhares de estudantes com dívidas no FIES. Somente no Distrito Federal, a dívida dos estudantes fica em mais de 400 milhões de reais, contabilizando 16.968 contratos, com pelo menos 90 dias de atraso, ou seja, os estudantes além de terem essas dívidas com as empresas de educação, ainda ficarão com o nome sujo. O preocupante não são as dívidas, mas sim como isso prejudica a vida de trabalhadores de todas as idades que procuram o ensino superior em instituições de ensino privadas e acabam por se endividar com empresas que lucram com mensalidades abusivas, infraestruturas precárias e disciplinas ministradas à distância. Ou seja, o aluno se endivida com algo que nem vale a pena pagar. Essa é a realidade dos filhos da classe trabalhadora, que muitas vezes têm suas perspectivas frustradas ao tentar ingressar numa universidade pública e não conseguem, pois o ensino básico, frequentemente feito em escolas públicas, não foi aplicado pelo Estado do jeito que deveria. Alguns dados obtidos da agência Fiquem Sabendo, por meio da Lei de
Acesso à Informação, mostram que pedagogia é o curso com o maior número de estudantes endividados com o pagamento da faculdade no DF, com cerca de 1.908 estudantes devendo até R$ 33.126.605,05 ao governo, que por sua vez, deveria garantir o ensino superior gratuito a todos. O curso de direito fica em segundo lugar, tendo 1.765 alunos devendo R$ 60.918.574,92. Ou seja, dezenas de estudantes que poderiam tranquilamente estar numa universidade pública, sem ter que se enrolar em dívidas, graças ao Estado burguês e ao modelo econômico exploratório que é o capitalismo, precisam se desdobrar para pagar dívidas absurdas. Num cenário como o atual, em que o desemprego já atinge cerca de 12% da população, é evidente que mais pessoas irão se endividar com diversas coisas, mas as dívidas com a educação, com financiamento estudantil, são o maior absurdo. A luta da classe trabalhadora como um todo, deve se dar pelo fim do vestibular nas universidades públicas, para que não só os filhos da burguesia, mas os filhos da classe trabalhadora também tenham acesso pleno à educação de qualidade.
ançado pelo Ministério Público do Trabalho, com apoio da Organização Internacional do Trabalho (OIT), o Observatório da Diversidade e da Igualdade de Oportunidade apontou que a diferença entre média salarial entre homens brancos e negros chega a R$ 900. As informações baseiam-se em dados oficiais da Relação Anual de Informações Sociais (RAIS) de 2017, a mais atual. O Observatório mostra também a diferença entre homens e mulheres: segundo o relatório, a média salarial de homens empregados no setor formal no País é de R$ 3,2 mil por mês, ao passo que as mulheres recebem, em
média, R$ 2,7 mil. A diferença é maior ainda para mulheres negras, que ganham quase metade do que ganham os homens brancos. A crise sempre chega mais forte e antes para os setores mais oprimidos: este relatório mostra as consequências da política neoliberal para os negros e mulheres, que tem como objetivo colocar na miséria toda a classe trabalhadora. Contra a política de fome da direita, é necessário lutar pelo fim do governo capacho do neoliberalismo norte-americano de Jair Bolsonaro e a liberdade de Lula, alternativa contra a direita golpista.
14 | MOVIMENTO OPERÁRIO
PRIVATIZAÇÃO
Imprensa golpista quer ajudar Bolsonaro entregar os Correios N
esta terça-feira (20-08) a EPTV Campinas, emissora que transmite os sinais de televisão da Rede Globo na região de Campinas, interior de São Paulo, publicou uma matéria, de quase 5 minutos, no seu telejornal do meio-dia, contra os serviços dos Correios. A matéria ressaltava a ideia privatista de que os Correios promovem um serviço de péssima qualidade. Utilizando-se do fato de que os CEE’s (Centro Encomendas Especiais) do Taquaral e Campinas estão proibidos de entregar encomendas em bairros de alta periculosidade, o canal golpista atacou os serviços dos Correios, dizen-
do que a população não recebe as encomendas em suas casas. Os cínicos da imprensa golpista tentaram se apresentar como defensores do direito da população de receber correspondências, quando na verdade estavam atacando a ECT para destrui-la e facilitar a privatização dos Correios, que vai significar o fim da entrega de cartas na periferia. É preciso que os trabalhadores dos Correios se mobilizem e façam a campanha pela defesa dos Correios públicos, denunciando os planos dos golpistas, realizando, junto a isso, a campanha do Fora Bolsonaro e todos os golpistas.
DIA 22
27, 28 E 29 DE NOVEMBRO
Ato em defensa do plano de saúde Apeoesp realizará esse ano a VII dos trabalhadores do BB Conferência e o XXVI Congresso N
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30º congresso Nacional dos Funcionários do Banco do Brasil, realizado nos dias 1 e 2 de agosto, em São Paulo, definiu, em seu calendário nacional, dentre outras datas de mobilizações em defesa do Banco do Brasil, da Cassi (Caixa de Assistência dos Funcionários do Banco do Brasil) e Previ (Caixa de Previdência dos Funcionários do BB), o próximo dia 22 de agosto como o “Dia Nacional de Luta em Defesa da Cassi”. Os atos que ocorrerão no país inteiro são uma resposta aos ataques do governo golpista de Bolsonaro e seus prepostos à frente do banco, que tentam, a todo custo, entregar para os banqueiros privados, um patrimônio construído pelos trabalhadores do BB desde a década de 1940. Há, por parte da direita golpista, a tentativa de destruir o plano de saúde das empresas estatais, que, além de transferir os recursos desses planos para as mãos dos banqueiros nacionais e internacionais, que gerem os planos privados no Brasil, pavimentar o caminho para a privatização das estatais, através do “enxugamento” das despesas. A direção golpista do banco conta, ainda, com a colaboração dos “dirigentes” da Cassi. Como aconteceu recentemente, quando o representante, eleito fraudulentamente, do Conselho Deliberativo da Cassi, Sérgio Faraco, aprovou, sem qualquer tipo de discussão com os verdadeiros donos do pla-
no de saúde, os funcionários do BB, um novo aumento na coparticipação sobre exames e consultas proposta pela direção do banco. E agora a Cassi soltou uma nota defendendo, mais uma vez, a posição do banco, quando afirma disponibilizar apenas 4,5% dos salários para custear outro plano de saúde, caso a Agência Nacional de Saúde (ANS) proponha o liquidação da Cassi. Tal afirmação é uma clara demonstração de quem manda no plano de saúde dos funcionários: a direção do BB, que quer liquidar a qualquer custo com a Cassi, no bojo da política neoliberal de privatizações. A Cassi é um patrimônio construído pelos funcionários do Banco do Brasil e é a eles que cabe o seu gerenciamento e controle. Hoje os seus administradores são escolhidos através de seleção interna, coordenada pelo banco que detém a prerrogativa de nomear o presidente da entidade. É necessário que o ato do próximo dia 22, em defesa da Cassi, seja uma grande mobilização para barrar os ataques do governo golpista contra os direitos e conquistas dos trabalhadores do BB e dar um vigoroso “não” à intervenção da ANS na Cassi. Somente a luta contra a direção do banco é que irá manter a Cassi. Foi a iniciativa e a luta dos trabalhadores do BB que conquistaram a Caixa de Assistência e todos os seus direitos e será com a mobilização que esses direitos serão garantidos.
esse ano, será realizada a VII Conferência Estadual de Educação e o XXVI Congresso Estadual da entidade, nos dias 27, 28 e 29 de novembro em Serra Negra-SP. Os encontros preparatórios para escolher os delegados serão no dia 20 de novembro, as inscrições serão a partir do dia 25 de agosto, porém o auge será entre os dias 16 à 18 de novembro. As inscrições serão feitas nas escolas: os pré-delegados devem ser associados, cada dez professores ou fração, elege um pré delegado. Todos os professores interessados devem procurar as 93 subsedes da Apeoesp, filiar-se e organizar sua eleição, pois há diversas correntes para o professor optar. A Corrente Educadores em Luta-PCO convida todos os professores a participarem de forma ativa nas eleições de pré-delegados para, juntos, debatemos o futuro do país e do nosso sindicato. O Eixo do Congresso e Conferência deve ser a denúncia do governo golpista de Doria e Bolsonaro, pois o objetivo de ambos é a privatização do ensino público e a liquidação total dos sindicatos e dos trabalhadores da
educação. Somente a mobilização dos professores em todas as atividades do sindicato vai levar a categoria a conquistar e preservar os seus direitos. Nesse sentido, a corrente Educadores em Luta, do Partido da Causa Operária, reivindica: Reajuste salarial já. Nenhum corte nas verbas para a Educação. Que os capitalistas paguem pela crise. Mais verbas para a Educação. Verbas públicas somente para o ensino público. Derrotar integralmente a “reforma” da Previdência. Aposentadoria para as professoras aos 25 anos de trabalho e para os professores aos 30 anos. Fim do roubo dos salários: reposição integral das perdas salariais. Piso Salarial Nacional de R$ 6 mil para todos os professores (Meta 17 do PNE). Abaixo a Escola com Fascismo e a Militarização das Escolas. Ensino Público, Laico e de qualidade para todos, em todos os níveis. Liberdade para Lula e todos os presos políticos. Anulação dos processos da criminosa operação lava jato. Fora Bolsonaro e todos os golpistas. Eleições Gerais, com Lula candidato.
CULTURA | MULHERES | 15
LANÇAMENTO
Estreia do documentário “Contra República de Curitiba” A CONTRA REPÚBLICA DE CURITIBA Um documentário de Carlos Pronzato
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ntre os dias 21 e 24 de agosto, quarta a sábado, acontece em São Paulo o pré-lançamento do documentário “A Contra Republica de Curitiba”, do diretor argentino/brasileiro Carlos Pronzato. A obra foi apresentada na semana anterior em Curitiba, com destaque para a primeira exibição na Vigília Lula Livre. O documentário se propõe investigar os impactos que a denominada República de Curitiba causou e causa na política nacional. Num momento político de extrema complexidade no Brasil, esta nova obra de Carlos Pronzato aborda, através de depoimentos de investigadores, cientistas políticos, sociólogos, juristas, professores, ativistas políticos e militantes de diversas correntes políticas do campo popular – inclusive com opiniões contrarias no amplo leque das esquerdas – realizadas na cidade de Curitiba, a origem e o desenvolvimento da assim denominada República de Curitiba, dispositivo político de impacto fundamental nas decisões do governo federal a partir da instalação da Lava Jato. Dentre muitos outros, foram entrevistados Lafaiete Neves, professor aposentado da UFPR, Celso Ludwig, professor de Filosofia do Direito da UFPR, Ana Julia Ribeiro, estudante de Direito da PUCPR, Aline Luana Oliveira, da Coordenacão da Vigília Lula livre e militante do MST, Nuredin Ahmad Allan, advogado e integrante da ABJD, Rodrigo Chemim, professor de Proces-
so Penal Universidade Positivo, Janislei Aparecida Albuquerque, professora da Rede Pública Estadual do Paraná e Coordenação Estadual da APP Sindicato, Darci Frigo, Coordenador da Ong Terra de Direitos, Julia Maria da Gulabi Antifascista, Ricardo Prestes Pazzello, Professor de Antropologia e Sociologia Jurídica da UFPR. A obra abarca um lapso importante da vida politica nacional desde os governos petistas, passando pelas Jornadas de Junho, o Golpe de 2016, o inicio das operações da Força Tarefa da Lava – jato até a os vazamentos dos áudios entre o juiz Sergio Moro e o procurador Deltan Dallagnol que o site The Intercept Brasil revelou para o mundo. O calendário de exibições é o seguinte: Quarta-feira 21 às 19h: Al Janiah (Rui Barbosa, 269, Bixiga)
Quinta-feira 22 às 19h: APEOESP (Praça da República, 282) Sexta-feira 23 às 19h: Teatro Heleny Guariba (Praça Roosevelt, 184) Sábado 24 às 18h: Espaço Cultural Mané Garrincha (Rua Silveira Martins, 131, sala 11, Centro). Direção, Roteiro e Produção: Carlos Pronzato Edição: Rafael Daguerre Direção de Produção: Uilton Oliveira Trilha sonora: Babylack Bah Duração: 50 minutos Ano: 2019 Realização: La Mestiza Audiovisual & Distopia Filmes Carlos Pronzato é cineasta documentarista, diretor teatral, poeta e escritor. Suas obras audiovisuais e literárias destacam-se pelo compromisso com a cultura, a memória e as lutas populares. Dentre seus mais de 70 documentários
destacam-se “O Panelaço, a rebelião argentina”, “Bolívia, a guerra do gás”, “Buscando a Salvador Allende”, “A Revolta do Buzu”, “Carabina M2, uma arma americana, Che na Bolívia”, “Madres de Plaza de Mayo, verdade, memória e justiça”, “Marighella, quem samba fica, quem não samba vai embora”, “Pinheirinho, tiraram minha casa, tiraram minha vida”, “Mapuches, um povo contra o Estado”, “A partir de agora, as Jornadas de Junho 2013”, “Dívida Pública Brasileira, a Soberania na Corda Bamba”, “Acabou a Paz, isto aqui vai virar o Chile, escolas ocupadas em São Paulo”, “Terceirização, a bomba relógio”, “Ocupa Tudo, Escolas Ocupadas em Paraná”, “A Escola Toma Partido, uma resposta ao Projeto de Lei Escola sem Partido”, “1917, a Greve Geral”, “1968, a Greve de Contagem”, “Mestre Moa do Katendê, a primeira vítima” ,”Lama, a tragédia de Brumadinho”, etc. Entre outras importantes distinções recebeu, em 2008, o prêmio da CLACSO (Conselho Latino-americano de Ciências Sociais), e em 2009, na Itália, o prêmio Roberto Rossellini, e em 2017 o Premio Liberdade de Imprensa pelo jornal Tribuna da Imprensa Sindical, no Rio de Janeiro. O que é: Pré-lançamento do documentário “A Contra Republica de Curitiba”. Onde: São Paulo (Al Janiah, APEOESP, Teatro Studio Heleny Guariba e Espaco Cultural Mané Garrincha) Quando: 21 a 24 de agosto. Entrada Franca.
MODELO ECONÔMICO
Média salarial de mulheres no Brasil é 15% menor que a dos homens
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o capitalismo, modelo econômico baseado na exploração da classe trabalhadora, os grupos mais oprimidos, como as mulheres pobres, são sempre os mais prejudicados no que diz respeito à questão salarial. Para os capitalistas, não importa o quanto as pautas “identitárias” estejam em alta e o discurso seja emocionante e pequeno-burguês, eles vão surfar na onda do empoderamento para gerar lucro, mas internamente, o clima da empresa é praticamente de uma escravidão velada. Um reflexo desse tratamento que os capitalistas têm para com as trabalhadoras está expresso na desigualdade salarial entre homens e mulheres, algo que se agrava mais ainda quando se compara a diferença salarial entre mulheres brancas e mulheres negras. Para se ter uma ideia, mulheres negras recebem praticamente metade dos rendimentos de um homem branco, segundo dados do Observatório da Diversidade e da Igualdade de Oportunidade. Enquanto a média salarial de homens no Brasil é de R$ 3,2 mil por mês,
a das mulheres chega, no máximo, a R$ 2,7 mil. Não somente: uma pesquisa de março de 2018, feita pelo IBGE, mostrou que a diferença salarial entre homens e mulheres aumenta conforme as mulheres vão ficando mais velhas. Ou seja, envelhecer parece um problema para o capitalismo, que empurra as mulheres para os afazeres domésticos quando não são mais jovens o suficiente para produzir em larga escala. Na época em que a pesquisa do IBGE foi feita, mulheres na faixa etária entre 25 a 29 anos recebiam 87% do rendimento médio dos homens, já as mulheres entre 40 a 49 anos recebiam apenas 75% dos rendimentos médios dos homens. Tudo isso é um claro reflexo da política neoliberal, que se baseia na completa superexploração dos trabalhadores, transformando o mercado de trabalho numa sabotagem monstruosa às mulheres. As mulheres trabalhadoras enfrentam todos os obstáculos possíveis, diariamente, para serem exploradas pela direita golpista e, ainda assim, recebem uma verdadeira miséria.
Enquanto a luta pela derrubada do capitalismo não avançar até esmagá-lo, não só as mulheres pobres, como a classe trabalhadora em geral, continuarão aprisionadas na mais pura pobreza que
azeita a máquina capitalista de exploração e faz com que a população pobre trabalhe exponencialmente mais do que precisa para sobreviver e recebendo valores completamente desiguais.
16 | MORADIA E TERRA
MSTC
Movimento por moradia em SP pede concessão de edifício O
Movimento Sem Teto do Centro (MSTC) entrou com pedido de concessão de um prédio do INSS, no centro da cidade. As famílias moram no prédio desde 2016, 135 famílias residem no local. O movimento formalizou o pedido à prefeitura da cidade. O MSTC tem como uma de suas principais lideranças, Carmen Silva, uma das dirigentes presas de maneira arbitrária pela polícia no último mês. Juntamente com Carmen Silva, foram decretadas as prisões de Ananias Pereira dos Santos, Andreya Tamara dos Santos de Oliveira, Hamilton Coelho Rezende, Josiane Cristina Barranco, Maria Aparecida Dias, Liliane Ferreira dos Santos, Adriana Aparecida França Ferreira e Manoel Del Rio Blas Filho. Além da continuidade da prisão preventiva de Janice Ferreira Silva, a Preta, Sidney Ferreira Silva, Angelica dos Santos Lima e Ednalva Silva Franco.
Tratam-se de prisões abertamente políticas. As investigações realizadas pelo MP e pela polícia não apresentaram nenhuma prova das acusações realizadas. “Apresentam” apenas a informação de 20 integrantes que denunciaram as ações criminosas dos movimentos de luta por moradia. As acusações vão desde ligações com o Primeiro Comando da Capital (PCC), extorsão, poder paralelo e grave ameaça de violência. É um exemplo do avanço da política golpista de perseguição às lideranças populares no país, da ditadura que vêm se impondo contra o povo. É necessário não ter ilusões nas instituições dominadas pelos golpistas. A única forma dos sem-tetos conquistarem o direito à moradia é por meio da mobilização. É necessário também denunciar a perseguição política contra os movimentos de moradia e os demais setores populares.
DORIA E BRUNO COVAS DECIDEM
MINAS GERAIS
Sem-teto não tem direito a moradia Direita realiza despejo ilegal da Ocupação Resistência Negra em BH
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governador de São Paulo, João Doria Jr, e o prefeito da capital, ambos do golpista PSDB, que sequer conseguem alojar os moradores de rua que vivem no relento, no frio que vem fazendo em São Paulo (o Doria, quando prefeito mandava jogar água nos moradores em situação de rua), decidiram que os moradores dos prédios, abandonados pelos capitalistas, os desocupem. Para intimidar esses moradores em mais de setenta prédios, vêm criando um clima de terror, tanto aos moradores, quanto as quatro lideranças que coordenam os prédios. Em 24 de junho, quatro dessas lideranças Janice Ferreira (Preta Ferreira), Sidinei Ferreira, Edinalva Silva Ferreira e Angélica dos Santos Lima foram presas, foi decretada a prisão de mais nove lideranças, uma delas Carmen Ferreira, absolvida em segunda instância no ultimo dia 14 de agosto. Uma verdadeira arbitrariedade do Ministério Publico do Estado de São Paulo através do procurador fascista Cássio Roberto Conserino, o mesmo que decidiu trazer para São Paulo o processo fraudulento do Mussolini de Maringá (Sérgio Moro) e sua criminosa Lava Jato. Há uma quantidade imensa de prédios tomados por ratos e baratas que
fogem de qualquer interesse dos golpistas, tanto do Doria quanto do Covas, que querem criminalizar os movimentos que têm como única preocupação tentar resolver a questão da moradia, que é um buraco sem fundo. O judiciário, braço direito da máquina do PSDB, por exemplo, antes de haver o julgamento já condenou as lideranças. O fascista Conserino, que queria prender o Lula em São Paulo, é o responsável pelo processo que quer colocar todas as lideranças na prisão, criou toda uma trama de acusações infundadas para, desta forma destruir todo e qualquer movimento, numa demonstração de fidelidade ao PSDB, em perseguição ao Partido dos trabalhadores, como está fazendo com Manoel del Rio, suplente do PT na Câmara Municipal, que seria “uma espécie de líder de todos os movimentos”, e os moradores das ocupações seriam constrangidos a comparecer a manifestações pró-PT. (Folha de São Paulo – 20-08-2019) Em nota, a presidente nacional do partido, Gleisi Hoffmann, alega que as investigações e a denúncia foram conduzidas para incriminar os movimentos e o PT. “O promotor à frente do caso, Cássio Conserino, é notório antipetista, apresentou falsas denúncias contra a família do ex-presidente Lula e foi condenado a indenizá-lo por calúnia”, afirma Gleisi. A deputada diz, ainda, que a decisão judicial sobre a prisão preventiva de Manoel del Rio se ampara em alegações falsas. (Folha de São Paulo – 20-08-2019) Somente a mobilização dos movimentos sociais, bem como o conjunto da população explorada é que fará com que os golpistas, tanto de São Paulo quanto do restante do Brasil, sejam derrotados e os direitos da população conquistados.
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oradores da ocupação Resistência Negra, localizada no Morro das Pedras (BH), reivindicam o direito à moradia. A Prefeitura de Belo Horizonte está despejando essas famílias. No fim de 2018, com a desculpa de que as famílias estavam ocupando o local de maneira irregular e que o terreno era da prefeitura, usou de violência contra as mulheres e as crianças. Representantes da ocupação alegam que já residem nessas casas há cinco anos. A ocupação Resistência Negra existe desde 2013 e, neste tempo, já sofreram ataques de bombas, balas de borracha e agressões durante algumas tentativas de despejo. Alguns moradores, que tentavam se defender, foram presos por desacato. É importante frisar que esta área estava
abandonada antes da ocupação. Os vereadores Pedro Patrus (PT), Bella Gonçalves (Psol), Maninho Félix (PSD) e Gilson Reis (PCdoB) fizeram um pedido de informação sobre a ameça de despejo. A comissão de direitos humanos aprovou um encaminhamento de indicação ao prefeito Alexandre Kalil (PSD) para que as famílias não sejam despejadas até o esclarecimento da situação. Isso é um ataque da direita contra os mais pobres, pois tentam destruir as casas da ocupação Resistência Negra, no Morro das Pedras. O movimento chama todos ao local para fortalecer a resistência. A ocupação fica localizada na Rua dos Mirandas, Morro das Pedras.
MORADIA E TERRA | 17
MST
Expulsas pela PM, famílias sem terra bloqueiam via no RN C
entenas de trabalhadores sem-terras ocuparam a rodovia RN-160, na manhã desta última segunda-feira, dia 19 de agosto. A ocupação ocorreu em decorrência de uma reintegração de posse determinada no dia 7. As famílias foram expulsas de forma violenta do acampamento Comuna Marisa Letícia. A ocupação do terreno pelo MST, nas imediações da BR 406, em São Gonçalo do Amarante, ocorreu após um acordo com a Companhia de Processamento de Dados do RN (Datanorte), em 2018, para realocar famílias despejadas de uma área no Parque dos Coqueiros (Zona Norte de Natal) até se resolver a questão ambiental. Mesmo com o acordo tendo a du-
ração de um ano, o Ministério Público entrou com uma ação civil pública para desalojar as famílias, tendo como “justificativa” as construções irregulares que estariam sendo feitas pelas famílias no local. A ação foi acatada pela justiça, demonstrando o caráter abertamente golpista desta instituição. \A única forma dos trabalhadores sem-terras resistirem à ofensiva da direita golpista é por meio da sua mobilização. É necessário organizar os comitês de autodefesa em todos os acampamentos e assentamentos. Contra a ofensiva dos latifundiários, os processos de reintegração de posse, ocupar os latifúndios em defesa da reforma agrária e pela derrota do golpe de estado.
NÃO FOI AFOGAMENTO
Entidade indígena denuncia assassinato político O
Conselho das Aldeias Waiãpi – Apina divulgou uma nota questionando o laudo necroscópico preliminar divulgado pela Polícia Federal na sexta-feira,16. O Cacique Emyra Waiãpi foi encontrado morto em julho deste ano no Amapá. Segundo os indígenas, cerca de 50 garimpeiros estavam e continuam dentro de suas terras realizando atividade de garimpo, ameaçando o povo, ocupando pequenas aldeias durante a noite e agredindo os indígenas. Como estamos denunciando há tempos, Bolsonaro estimula cada vez mais as invasões e assassinatos de indígenas. Segundo sua polícia fascista, o cacique morreu por afogamento e está descartada a possibilidade de assassinato. “Apesar das informações iniciais darem conta de invasão de garimpeiros na terra indígena e sugerirem possível confronto com os índios, que teria ocasionado a morte da liderança indígena, o laudo necroscópico não apontou tais circunstâncias”, diz texto divul-
gado pela PF. O Apina discorda. “Entendemos que o laudo da Polícia Técnica, que concluiu que a causa da morte do chefe Emyra foi afogamento, não significa que esta morte tenha sido por acidente, pois o laudo também confirma ferimentos na cabeça. Continuamos acreditando na versão da família do chefe, de que a morte foi violenta, pois vimos as imagens do corpo em que aparecem marcas de pancadas na cabeça, cortes atrás da orelha e abaixo do olho e um furo no pênis que parece ter sido feito por uma faca. Estas imagens já foram entregues para a Polícia Federal, para a Funai (Fundação Nacional do Índio) e para a Comissão de Direitos Humanos da Câmara dos Deputados. Além disso, o corpo foi encontrado em um igarapé muito raso, onde é muito difícil uma pessoa adulta se afogar por acidente”, afirma trecho da nota. Esse caso, assim como o corte de recursos de órgãos que dariam suporte para os indígenas como a Funai e o Incra, e mais uma série de ataques vio-
lentos que os indígenas vêm sofrendo, estão ganhando repercussão em todo o mundo. Trata-se da política dos golpistas: estimulam as invasões dos garimpeiros, dos latifundiários e o assassinato dos indígenas e a todos que lutam pela
terra. Assim, entregam todas as nossas riquezas naturais para os grandes capitalistas. É fundamental que os índios se organizem, formando comitês de auto defesa para, assim, responderem à altura aos ataques da extrema-direita.
18 | ESPORTE
ESPORTES
Todos os domingos às 20h30 na Causa Operária TV
Jogadores do Figueirense ameaçam greve por atraso nos salários D entro do futebol, principalmente baseado em times milionários europeus, muito se fala na figura do grande empresário, no endinherado sheik ou empresa que assumiu um clube modesto e o teria levado para o sucesso. Quando chegamos para analisar o mundo real, e ainda mais o futebol brasileiro, notamos que tudo isso não passam de puras promessas, feitas por sanguessugas que de nada se importam com o esporte e estão ali apenas para ganhar dinheiro em cima. No Brasil, os casos de clubes que se tornaram empresas não são tantos, principalmente dentre os clubes mais tradicionais, porém, sempre quando ocorre, o resultado é o mesmo: a pura destruição da instituição. Da mesma forma com que é feita a propaganda para se privatizar importantes setores da economia brasileira, com o pretexto de se tornarem mais eficazes, os clubes de todo país sofrem da mesma pressão. Financeiramente falando, e apenas financeiramente, o futebol brasileiro é modesto ao se comparar aos times da Europa. Graças a isso, é natural vermos grandes clubes com problemas financeiros, atrasos de salários, entre outras coisas que refletem a situação econômica do país. Porém, é se aproveitando dessas situações que surge a figura do empresário, o suposto “grande salvador” que estaria disposto a fazer seu clube do coração, que hoje passa por dificuldades financeiras, a se tornar o Real Madrid de amanhã. O caso do Figueirense é nada mais que isso. A história de um dos mais tradicionais clubes de Santa Catarina, com o maior número de títulos, que nos últimos 19 anos, esteve na Série A em 12 (um grande feito para o estado) e foi abocanhado por capitalistas em um momento de turbulência. Tudo começa no ano de 2017, o primeiro ano de série B do time desde 2013. Naquele ano o clube começava a desenvolver problemas financeiros (ainda muito longe dos salários atrasados) e, no segundo semestre do campeonato, fechou um acordo com uma
empresa chamada Elephant e com empresários estrangeiros. As promessas eram belas, o pagamento das dividas, a volta para elite, títulos nacionais e um futuro promissor na libertadores. Porém, como todo bom empresário que vem sugar seu sangue, existia sempre o aviso de que apenas conquistaríamos isso fazendo cortes, e que apenas com o passar dos anos os problemas seriam corrigidos. Até lá, o torcedor alvinegro teria de aceitar que a destruição do time era necessária para seu futuro, o mesmo prometido pelos economistas do golpe de 2016. E, da mesma forma que Paulo Guedes, todos os mil e um presidentes que caíram um atrás do outro diziam o mesmo. Sempre havia a necessidade de novos reajustes, e sempre o clube, que supostamente estaria sendo salvo, terminava o mês com sua divida maior do que já era. Sendo que atualmente esta divida está mais de três vezes maior do que era anteriormente. Seguindo esse caminho, passou a ser visível a deterioração. O estádio, após anos de Série A, passou por melhorias. Começamos a ter a presença
de um telão no lugar de um antigo placar, o gramado era sempre impecável e o clube uma referência. Atualmente tudo isso foi para o ralo. O telão diminuiu, depois simplesmente sumiu. A entrada do estádio, com sua tradicional fachada, foi abandonada e, um mês depois, começamos a ouvir sobre funcionários com salários atrasados, depois vieram os jogadores e, no fim, foi revelado o abismo em que o clube se encontrava. Ídolos históricos saíram do clube chutando tudo, dando declarações fortes contra a empresa e denunciando os empresários. Hoje, a situação está ainda pior. Após meses de salários atrasados os jogadores deram um basta e entraram em greve. Na primeira ocasião, foram convencidos pela empresa gestora de que eles e os funcionários seriam pagos. Hoje, essa promessa não convence mais ninguém. O time, tanto quanto os funcionários, está sem salário e agora ameaça não entrar em campo, acarretando no chamado WO. Caso isso ocorra duas vezes, o time sofrerá punição e será rebaixado para a terceira divisão, al-
go que parecia totalmente irreal anos atrás. Em parceria com a empresa está a imprensa capitalista, que matéria após matéria vem em defesa da empresa e diz que os jogadores são irresponsáveis. Porém, a torcida felizmente não deu trela para isso e, após chegar a realizar uma campanha financeira própria para salvar o clube, agora chama por uma famosa palavra de ordem: Fora Elephant. E da mesma forma com que os trabalhadores brasileiros chamam pelo Fora Bolsonaro, a palavra de ordem Fora Elephant é extremamente popular, estando presente em todos os jogos. Por fim, o clube se encontra no momento mais difícil da sua história. Há 10 anos estava disputando uma final de Copa do Brasil e sonhava com a libertadores. Hoje, sofre para se manter na Série B. Sendo assim, não serão os capitalistas que irão salvar o Figueirense, o Botafogo, ou qualquer outro clube que esteja sendo chantageado nesse momento e, sim, sua própria torcida, os únicos que defendem de fato o time e não o dinheiro que podem ganhar em cima.
Filipe Luis narra o desprezo dos Europeus pelo melhor futebol do mundo
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m entrevista ao programa Aqui com Benja! no último sábado, o lateral Felipe Luis que, por 13 anos atuou na Europa, comentou sobre o desprezo ao futebol brasileiro nos países europeus. Felipe deixou bem claro a forma com que o futebol latino-americano, responsável por levar nas costas os campeonatos europeus, é tratado: “Nada. Zero. Nada, nada. Nem de jogador. Por exemplo, Rodrygo. O Real Madrid contratou o Vinícius e depois o Rodrygo. No vestiário, todo mundo perguntava: ‘Como é que é esse Rodrygo?’ Ninguém conhece o Rodrygo.
Quem olha? São os clubes. Nem transmitem os jogos. São só um jogo ou dois por rodada”. Isso deixa claro o total cinismo da imprensa burguesa brasileira que, de forma colonizada, adora colocar em um pedestal o futebol europeu, trata-lo como um exemplo para os países latino-americanos, quando o nosso futebol é nada mais que o responsável pelo nível elevado dos campeonatos do velho continente. O futebol brasileiro é visto apenas como uma mercadoria para os grandes capitalistas que lucram em cima desse que é o esporte mais popular do
mundo. E o Brasil, um país atrasado e dono do melhor futebol do mundo, serve apenas como exportador barato de jogadores para o exterior, ao mesmo tempo em que é desprezado pelos países imperialistas. Esse desprezo é natural, pois por eles serem conhecidos pelo “futebol força”, necessitam fazer uma propaganda a seu favor. O problema principal está em nossa imprensa, que não defende o “futebol arte” como é classificado o brasileiro, e sim, se submete aos interesses estrangeiros e tenta passar para a população uma propaganda distorcida da realidade.