Edição Diário Causa Operária nº5742

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QUINTA-FEIRA, 22 DE AGOSTO DE 2019 • EDIÇÃO Nº 5742

DIÁRIO OPERÁRIO E SOCIALISTA DESDE 2003

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Barrar a privatização dos Correios! O

ntem (21) o governo golpista de Jair Bolsonaro anunciou que vai privatizar 17 empresas estatais, entre elas os Correios. Além dos Correios, pela manhã a coluna de Mônica Bergamo já noticiava que uma lista circulava entre empresários com as seguintes estatais: Emgea, ABGF, Serpro, Dataprev, Casa da Moeda, Ceagesp, Ceasaminas, CBTU, Trensurb, Codesa, EBC, Ceitec, Telebras, Eletrobras, Lotex e Codesp.

EDITORIAL

Temos 2022? Existem duas políticas fundamentais diante do governo golpista de Jair Bolsonaro: esperar até 2022 para tirá-lo nas eleições, ou mobilizar os trabalhadores nas ruas em torno da exigência do imediato fim do governo, com a palavra de ordem Fora Bolsonaro!

PM assassina pessoa a sangue frio, Freixo vê “atuação técnica”

Condenação de Haddad: Mais um passo na perseguição ao PT

Crise Militar: praças e soldados, lutem pelo seu sindicato! Às vésperas da realização do 1º Congresso Nacional de Associações Militares em Brasília, ocorrido nos dias 13 e 14 de agosto, o alto comando das Forças Armadas emitiu um duro comunicado à tropa das três armas.

A justiça eleitoral através do promotor Luiz Henrique Dal Poz, condenou o excandidato à presidência pelo Partido dos Trabalhadores (PT) em 2018, há 4 anos e seis meses de prisão pelo crime de falsidade ideológica.

O mito do “empreendedorismo”: 42% ganham menos de um salário mínimo Artigo publicado no jornal Valor Econômico, dessa quarta-feira (21) deita por terra o mito do “empreendedorismo” no País. Segundo a campanha feita pela burguesia e sua venal imprensa, o empreendedorismo seria o interesse do indivíduo em se tornar um capitalista em uma sociedade cheia de oportunidades.

O Globo defende a venda da Amazônia para estrangeiros

Continuam as ameaças do imperialismo contra a Venezuela


2 | OPINIÃO EDITORIAL

COLUNA

Temos 2022? E

xistem duas políticas fundamentais diante do governo golpista de Jair Bolsonaro: esperar até 2022 para tirá-lo nas eleições, ou mobilizar os trabalhadores nas ruas em torno da exigência do imediato fim do governo, com a palavra de ordem Fora Bolsonaro! A segunda dessas políticas propõe um confronto com o regime político por meio dos métodos dos trabalhadores, com greves e protestos, até que o governo se torne insustentável. A primeira consiste em procurar desgastar o governo durante seus quatro anos e então aproveitar isso eleitoralmente. São políticas mutuamente excludentes, ou se espera até 2022, ou se exige a saída de Bolsonaro agora, mobilizando os trabalhadores e a população contra o governo. Quem exige Fora Bolsonaro! agora não quer esperar até 2022. Já quem prefere canalizar eleitoralmente os fracassos do governo ao longo de todo o seu mandato, usando isso em uma campanha eleitoral em 2022, é contra a mobilização pelo fim do governo. Ou seja, é a favor da continuidade desse governo até 2022. Um problema da política de esperar as eleições, entre muitos outros, é saber se haverá eleições presidenciais em 2022. E se houver eleições, em que condições elas ocorrerão. Essa mesma política já foi testada uma vez no atual momento político. Tentou-se derrotar o golpe de 2016 durante as eleições de 2018, mesmo sem Lula poder participar. O resultado dessa aposta temerária, apresentada na ocasião como uma política mais “realista” e “pragmática”, agora já é conhecido. Surpreende, portanto, a persistência em um

CHARGE

erro similar. Contudo, não há apenas exemplos do passado a deporem contra uma nova aposta eleitoral. Essa semana o candidato do PT em 2018, o ex-prefeito de São Paulo, Fernando Haddad, foi condenado em primeira instância à prisão por caixa 2 nas eleições de 2012. Sua defesa denuncia que Haddad sequer era acusado disso no processo em que foi condenado, o que evidencia mais um processo fraudulento contra um dirigente petista, dessa vez em uma farsa ainda mais escancarada. O regime golpista nem se preocupa mais em tentar encobrir o caráter persecutório de suas ações no Judiciário. Portanto, cabe perguntar: haverá eleições normais em 2022? Em caso de haver eleições, a esquerda conseguirá participar ou todos os seus candidatos remotamente viáveis serão condenados sem provas e perseguidos? Além disso, à parte o problema eleitoral diante de um regime progressivamente cada vez mais autoritário, também cabe perguntar se ainda haverá Brasil em 2022. Bolsonaro está destruindo o patrimônio público, rasgando todos os direitos dos trabalhadores, estimulando a guerra contra os trabalhadores sem terra, atirando milhões de pessoas na miséria, destruindo o meio ambiente etc. É viável aguardar para ver até onde essa destruição pode chegar caso o governo perdure até 2022? Devemos reafirmar claramente que não. Um governo como esse deve acabar o quanto antes, e é em torno disso que se deve mobilizar os trabalhadores nas ruas. Fora Bolsonaro!

Freixo: a ala esquerda da bancada da bala Por João Pimenta

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deputado federal pelo PSOL-RJ, Marcelo Freixo, veio a público esta semana para avalizar a ação da PM do Rio de Janeiro no caso do sequestrador do ônibus. Sua política foi no sentido de encontrar um ponto em comum com a extrema-direita bolsonarista, pois encontra justificativa para mais um assassinato policial em nome da segurança pública. Vamos aos fatos do caso: um jovem, negro, tomou um ônibus com 37 pessoas de refém usando uma arma que depois descobriu-se ser uma arma de brinquedo. Uma testemunha do caso disse que o sequestrador a todo mundo repetia que não pretendia machucar ninguém, que apenas almejava “entrar para a história”. O mesmo sequestrador portava consigo um rádio, sua frequência estava escrita do lado de fora do ônibus, para que a PM pudesse contatá-lo de lá de dentro. Willian Augusto, 20, como era o nome do sequestrador assassinado pela PM, disse à PM repetidas vezes para que tomassem cuidado para não ferir nenhum dos que ocupavam o ônibus. Ele chegou a se render, sair do ônibus, arremessar um casaco e ao tentar voltar para dentro do ônibus, sabe-se lá para quê, foi alvejado seis vezes por atiradores de elite. Com estes dados podemos concluir, sem nenhum conhecimento de perito, de que não tratamos com um criminoso comum, que ele não de-

monstrava agressividade, permitiu que os passageiros mantivessem os telefones para se comunicar com os familiares, talvez fosse uma pessoa profundamente perturbada. A PM não estava encurralada ao tomar a decisão de matar a sangue frio Willian, ela tomou a decisão, opcional, de tirar uma vida. O governador Wilson Witzel, o governador da bancada da bala, a bancada de assassinos pagos com dinheiro público, os chamados policiais e militares, comemorou a ação da PM, afinal, apenas a extrema-direita comemora um assassinato feito desta forma. A comemoração da extrema-direita espanta as pessoas que não a conhecem, mas Marcelo Freixo, do Partido Socialismo e Liberdade, dizer que a PM estava certa, tendo tempo hábil para pensar no assunto, avaliar os dados, como fizemos nesta coluna, isso espanta a todos. O que levou uma pretenso esquerdista como Freixo a defender um assassinato a sangue frio? Simplesmente duas coisas: a eleição da prefeitura do Rio em 2020, e a ideia, mal concebida, de que essa política carniceira da direita traz prestígio junto à opinião pública. Bem, muitos se perguntam se alguém mataria por um cargo político, acabamos de ver que Marcelo Freixo é capaz de avalizar um assassinato a sangue frio por um.


POLÍTICA | 3

ATAQUE

Barrar a privatização dos Correios!

O

ntem (21) o governo golpista de Jair Bolsonaro anunciou que vai privatizar 17 empresas estatais, entre elas os Correios. Além dos Correios, pela manhã a coluna de Mônica Bergamo já noticiava que uma lista circulava entre empresários com as seguintes estatais: Emgea, ABGF, Serpro, Dataprev, Casa da Moeda, Ceagesp, Ceasaminas, CBTU, Trensurb, Codesa, EBC, Ceitec, Telebras, Eletrobras, Lotex e Codesp. Continuando o programa neoliberal de FHC, Bolsonaro quer liquidar de vez o que restava de patrimônio nacional. Trata-se de um plano de completa destruição. Faca Na noite anterior, falando a empresários em São Paulo, Paulo Guedes mandou o seu recado: “Tem gente grande que acha que não vai entrar na lista, mas que vai entrar sim, na faca”. Ou seja, prometeu assassinar os Correios como empresa pública, para oferecê-la a grandes capitalistas privados. Os pre-

textos para a venda dos Correios seriam os chamados “rombos” do fundo de pensão dos funcionários, o Postalis, que seria de R$11 bilhões, e do plano de saúde da empresa, o Postal Saúde, que teria um “rombo” de R$3,9 bilhões. Não há “rombo” Trata-se de uma campanha cínica da burguesia, não existe “rombo” nenhum. Os Correios convivem com interesses privados há muito tempo, e foram os próprios capitalistas que criaram esses “rombos” especulando com o dinheiro dos trabalhadores. Não há “rombo”, mas sim roubo. E a privatização é a conclusão desse roubo, uma pilhagem do patrimônio dos brasileiros e dos trabalhadores dos Correios. Greves Outra razão alegada pelos golpistas para vender a empresa são as greves, que foram justamente o instrumento graças ao qual os trabalhadores pude-

ram, na medida em que conseguiram fazê-lo, preservar até agora o que resta da empresa, constantemente atacada pela direita. E é necessário recorrer mais uma vez a esse método, entre outros métodos da classe trabalhadora, para impor uma derrota à direita golpista e impedir o desmonte dos Correios a serviço dos capitalistas. Barrar a privatização

Os trabalhadores dos Correios não devem aceitar a venda promovida pelo governo ilegítimo de Bolsonaro. É hora de se mobilizar contra a direita golpista para impedir na marra a privatização dos Correios. É preciso se juntar com todos os trabalhadores numa luta contra o governo, que coloque de maneira clara o Fora Bolsonaro, único meio de parar todas as privatizações.

O MITO DO “EMPREENDEDORISMO”

42% ganham menos de um salário mínimo

A

rtigo publicado no jornal Valor Econômico, dessa quarta-feira (21) deita por terra o mito do “empreendedorismo” no País. Segundo a campanha feita pela burguesia e sua venal imprensa, o empreendedorismo seria o interesse do indivíduo em se tornar um capitalista em uma sociedade cheia de oportunidades. Segundo levantamento feito pela Consultoria IDados, apresentados pelo Jornal, 41,7% ou 10,1 milhões de pessoas que trabalham por conta própria no Brasil tem rendimento abaixo do salário mínimo. Desses, 3,6 milhões recebem menos que R$ 300 por mês. Embora os dados apresentados pelo Jornal não correspondam ao número de brasileiros que vivem da economia informal – segundo pesquisa divulgada no início desse ano pela Organização Mundial do Trabalho – OIT , órgão vinculado a Organização das Nações Unidas – 60% dos trabalhadores brasileiros fazem parte dessa economia – dá uma boa dimensão do mito criado em torno do “empreendedorismo” do povo brasileiro. O “empreendedorismo” nada mais é do que o resultado do desemprego. São pessoas que precisam sustentar a si mesmo e muitas das vezes outros dependentes e que não encontram emprego na economia formal. Pelos dados apresentados, podemos afirmar que uma parcela considerável dos “empreendedores” vive em condição sub-humana. O mito do empreendedorismo foi inventado pelos capitalistas. No início do capítalismo, séculos atrás, até existia o empreendimento individual. Em sua evolução, os produtores individuais mais bem sucedidos passaram a contratar um pequeno número de

trabalhadores, sendo ele mesmo um desses trabalhadores, até chegar um ponto em que o desenvolvimento capitalista proporcionou a constituição de grandes empresas que disputavam entre si através da livre concorrência. Nesse momento da história, o “empreendedorismo” era coisa do passado, ficando restrito a poucos atividades que ainda não haviam sido absorvidas pela grande indústria. No entanto, essa livre-concorrência levou, naturalmente, à formação de monopólios econômicos, à concentração do mercado nas mãos de um punhado de capitalistas. Isso acabou com qualquer possibilidade de livre-concorrência, de que empreendedores pudessem abrir novos negócios e competir de igual para igual com os grandes capitalistas, porque estes já dominavam o mercado e utilizavam seu poder econômico e, por consequência, detinham o poder político, para impedir qualquer concorrência. Atualmente, na fase de completa putrefação do capitalismo, os monopólios continuam dominando e a situação é ainda pior: uma parcela cada vez maior da população é jogada na

pobreza, perde o emprego e precisa se virar. Aí, muitos se viram do jeito que podem, trabalhando em condições precárias e informais, como vendedores ambulantes, pequenos “negócios” como cabeleireiro na sua própria casa, ou como empregada doméstica (sem carteira assinada). Cada vez mais gente nessa situação tem alguma qualificação acadêmica, tem gente que fez faculdade e especialização inclusive. Mas a crise leva essas pessoas a esse tipo de trabalho, que o mito capitalista prega “empreendedorismo” como uma forma de “crescer na vida”. Isso é uma empulhação, uma farsa, como se prova pelos baixíssimos rendimentos que conseguem. Aliás, com o golpe de Estado de 2016, a política neoliberal e suas “reformas” estão empurrando milhões de brasileiros para o “empreendedorismo”, não como prega o mito, mas pelo desemprego que já atinge mais de 13 milhões de pessoas. Uma parcela dos trabalhadores empregados na indústria são demitidos e recontratados como autônomos, com salários ainda mais baixos, conforme reconhece a matéria do jornal Valor ci-

tada acima: “Uma parcela significativa (2,4 milhões do total) está em atividades agrícolas – em canaviais, por exemplo. Outra parcela está na chamada indústria geral (1,3 milhão de trabalhadores), sobretudo de baixa tecnologia, como peças de roupas ou sapatos”. O “empreendedorismo” em questão foi o de transformar o trabalho dessas milhões de pessoas em condições até piores do que o trabalho escravo. Mesmo em segmentos “mais privilegiados”, ou seja, setores da pequena e média burguesia, o fenômeno da pequena empresa está absolutamente vinculado ao desemprego, seja porque as pessoas não encontram emprego, seja porque foram demitidas. Mais os dados do Sebrae (Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas), também não são animadores nesse quesito. Relatório de 2018 aponta que para cada 4 empresas abertas no Brasil, uma fecha com menos de 2 anos. Dados do IBGE – Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística – são ainda menos alentadores do que os do Sebrae. De 660,9 mil empresas abertas em 2011, 35,5% fecharam as portas antes dos 2 anos e apenas 38% delas sobreviviam em 2016. Uma artimanha da burguesia acentuada a partir do golpe de Estado reside justamente em esconder o resultado de uma radiografia mais efetiva sobre a situação do Brasil no que diz respeito aos indicadores sociais e econômicos. Não é à toa que o fascista Bolsonaro trava uma guerra contra o IBGE. O problema é que as esparsas informações que chegam corroboram com a realidade nacional e o caso do “empreendedorismo” não significa mais do que a perversa condição sob a a esmagadora maioria da população brasileira está submetida.


4 | POLÍTICA

CONDENAÇÃO DE HADDAD

Mais um passo na perseguição ao PT

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justiça eleitoral através do promotor Luiz Henrique Dal Poz, condenou o ex-candidato à presidência pelo Partido dos Trabalhadores (PT) em 2018, há 4 anos e seis meses de prisão pelo crime de falsidade ideológica. A condenação se deu através de uma denúncia de uma suposta negociação e pagamento a uma gráfica de material de campanha eleitoral em torno de R$ 3 milhões com o empreiteiro Ricardo Pessoa, da UTC Engenharia, e depois repactuados para R$ 2,6

milhões. Para condenar Fernando Haddad, a justiça se baseou na delação também do doleiro Alberto Youssef. Segundo o promotor golpista, Haddad “deixou de contabilizar valores, bem como se utilizou de notas inidôneas para justificar despesas”. Haddad, por sua vez, responde colocando questões elementares do processo, como o simples fato de que o juiz reconheceu que as evidências não corroboram as delações, e que ele foi condenado por crime diferente daquele que ele foi acusado,

o que teria de levar a nulidade do processo, mas levando em conta que este é o judiciário que prendeu Lula, não há nenhuma garantia de que isso vá acontecer. Fica evidente que essa condenação é a continuação da perseguição política contra o Partido dos Trabalhadores e contra Fernando Haddad. Mesmo com a fraude das eleições em 2018 que levou Bolsonaro a presidência da República, a direita não vai cessar com a perseguição política ao PT e a esquerda em geral.

O cenário econômico de crise e a política colocada em prática pela direita não vai permitir que a burguesia permitir minimamente uma situação democrática, nem que candidatos da esquerda tenham a mínima chance de vencer, caso haja eleições e que estejam controladas pela direita. Ou seja, o Brasil caminha para uma ditadura aberta contra os trabalhadores e suas organizações. A burguesia e o imperialismo viram que não dá para haver eleições, pois suas medidas amplamente rejeitadas pela classe trabalhadora poderão trazer de volta governos de esquerda e nacionalistas. Um bom exemplo é o das eleições argentinas, onde a política de terra arrasada do governo da direita e pró-imperialista está possibilitando a volta de um governo de esquerda, mesmo que extremamente moderado. Um bom exemplo foi as eleições de 2018, onde após derrubarem o governo do PT de Dilma Roussef em 2016, a possibilidade da volta de Lula mobilizou toda a burguesia e a direita para prender Lula, evitar que aparecesse na campanha eleitoral e minar a tentativa de Haddad ganhar as eleições. Por isso, não é possível desgastar o governo e esperar até 2022 para tirar Bolsonaro da presidência, pois a burguesia e o imperialismo não vão aceitar a volta de um governo de esquerda, nacionalista ou de algum representante dos trabalhadores. A única maneira de reverter esse quadro é mobilizando a população e os trabalhadores para derrubar a direita do poder, e não nas eleições, mas nas ruas através de manifestações, ocupações e greves.

IMPRENSA GOLPISTA

O Globo defende a venda da Amazônia para estrangeiros E

m editorial da última terça-feira (20) intitulado “Bolsonaro desagrada ao agronegócio”, o jornal O Globo dá prosseguimento à campanha demagógica que as Organizações Globo e a imprensa capitalista em geral vêm fazendo a respeito do meio ambiente, em especial da Floresta Amazônica. O artigo aponta os ataques feitos pelo fascista Bolsonaro contra ONGs e os governos de Alemanha e Noruega como falta de bom senso, uma vez que, com isso, os dois países estão retirando sua participação no Fundo Amazônia. Além disso, o jornal reproduz as acusações dos semanários alemães Der Spiegel e Die Zeit, incluindo o pedido deste último: “é hora de sanções.” É bom que fique claro: tanto Bolsonaro como O Globo estão sendo demagógicos. O presidente ilegítimo faz ataques retóricos contra governos imperialistas para fingir nacionalismo a fim de agradar a uma parcela da população, como setores de sua base social. Por outro lado, O Globo finge defender o meio ambiente para ganhar apoio de outra parcela da população, em sua maioria de uma esquerda pe-

queno-burguesa, propagando a “proteção” da Amazônia pelas potências capitalistas, uma vez que o Brasil não seria capaz de cuidar da floresta. Ambos, na verdade, defendem a entrega da Amazônia para poderosas forças estrangeiras, para os monopólios imperialistas. Bolsonaro já de-

monstrou isso quando sinalizou que a Amazônia não é do Brasil e que ficaria melhor sob o domínio direto dos Estados Unidos, país do qual Bolsonaro é um pau-mandado. E também quando entregou o controle da base aeroespacial de Alcântara, no Maranhão, para os norte-americanos.

O Globo, como veículo principal da propaganda imperialista no Brasil, maior impulsionador dos golpes de 1954, 1964 e 2016, utiliza essa campanha para fomentar a ideia de que a Amazônia, para ter sua biodiversidade protegida, precisaria ter o controle passado para os países imperialistas, como a Alemanha, a França e os próprios Estados Unidos. Trata-se de um jornal que propaga os interesses estrangeiros no Brasil, contra o Brasil. Nem Bolsonaro, nem O Globo e a imprensa golpista, defendem a Amazônia. Defendem a exploração da Amazônia pelo imperialismo. Ao contrário disso, ela deve ser de controle direto do povo brasileiro, único que tem interesse em defender a soberania da região e do País, para seu desenvolvimento respeitando o próprio território e os povos que a habitam, a fim de desenvolver a economia nacional para o bem estar da própria população, e não atividades que geram o lucro dos capitalistas em troca da miséria do povo e da destruição dos recursos nacionais.


POLÍTICA E ECONOMIA | 5

CRISE MILITAR

Praças e soldados, lutem pelo seu sindicato! À

s vésperas da realização do 1º Congresso Nacional de Associações Militares em Brasília, ocorrido nos dias 13 e 14 de agosto, o alto comando das Forças Armadas emitiu um duro comunicado à tropa das três armas. Um verdadeiro “cala boca” para praças e soldados, na tentativa de conter uma crise tão grave que já é chamada pelos próprios militares de “Tsunami da Estrutura Militar”, provocada pelo PL 1645, projeto de lei que aumentará, e muito, a enorme distância salarial e social entre oficiais e praças já existente. No comunicado, reproduzido para as três Forças, o alto-comando orienta Comandantes, Chefes e Diretores para que endureçam com as tropas. “Atentem para o cumprimento das normas estabelecidas, com especial atenção para”: • a proibição do militar, ativo ou inativo, de organizar-se em sindicatos ou exercer o direito de greve; • a proibição de manifestações coletivas de caráter reivindicatório ou político, e de filiarem-se a partidos políticos; • a proibição de associação para defesa de interesses corporativos, • a aplicação destas proibições até mesmo para expressão “por meio de mídias sociais ou outros meios de comunicação”. Enquanto o alto-comando toma de assalto o poder, e, para mantê-lo, por diversas vezes parte para a pura chantagem de todo o país através até mesmo de notas de Twitter – como no caso de Villas-Boas que ameaçou toda a nação com um golpe militar acaso fosse deferido o Habeas Corpus de Lula – as tropas, principalmente praças e soldados, são duramente reprimidos em seus direitos mais básicos, considerados universais até mesmo no regime democrático burguês, como de associação e de livre expressão. A questão é que as Forças Armadas brasileiras, como é natural, não representam nenhuma exceção no que se refere às desigualdades sociais existentes no nosso país, que não deixa de ser um resultado inevitável da estruturação da sociedade capitalista em classes sociais. Nas Forças Armadas reproduz-se a mesma lógica de classes do restante

da sociedade, que toma a forma da divisão da tropa em oficiais, por um lado, – representantes diretos dos interesses da burguesia – e praças, por outro, mão de obra que faz todo o “trabalho pesado”, retirada das camadas proletárias da população. Por exemplo, enquanto o salário de um oficial passa facilmente dos R$10.000,00, consideradas as muitas gratificações que recebe, um terceiro sargento recebe pouco mais de R$3.000,00. O problema é que o capitão Bolsonaro está mandando para o Congresso o PL 1645/2019 que, em conjunto com a Reforma da Previdência dos militares, irá chegar até a reduzir o salário de sargentos, cabos e soldados (em média 1,56% de depreciação), pois estes praças terão que contribuir mais com a Previdência e receberão aumentos irrisórios. Já do lado “de cima”, dos oficiais superiores, o mesmo Projeto de Lei de Bolsonaro, trará reajustes que irão ultrapassar os 100%, conforme esclareceu o subtenente Andre Calixto, da União Nacional de Familiares das Forças Armadas e Auxiliares (Unifax), na audiência da Comissão de Direitos Humanos do Senado, realizada nesta última sexta-feira (16). Segundo Calixto, as propostas do governo “são muito boas pra quem é de oficial superior pra cima, no topo, tendo reajustes até superiores a 100%, enquanto um terceiro sargento será depreciado”. Kelma Costa, presidenta da Unifax, registrou na mesma ocasião a intensidade da crise que se estabeleceu nos quartéis ao receberem o “presente” do governo golpista: “Não tenho adjetivos para definir o sentimento da tropa diante desta reestruturação que está sendo imposta para nós”. Os praças, segundo ela, continuam a ser tratados como “a ralé do Exército”. Em resumo, a parcela proletária das Forças Armadas, praças e soldados, estão recebendo os mesmos ataques desferidos pela burguesia contra toda a população. Trata-se de uma situação particularmente pedagógica para as tropas das F.As. Soldados, cabos e sargentos estão sendo levados na prática a aprender que quem é do povo não pode

confiar nunca na direita. Na extrema-direita, muito menos. Os praças estão sendo levados a entender também que a vaga noção nacionalista que é incutida nos quartéis não passa de uma abstração demagógica, cujo objetivo é manipular pessoas do povo para aceitarem salários de fome e um tratamento absolutamente indigno justamente para servir aos interesses dos setores mais opressivos e entreguistas da burguesia. Inclusive o imperialismo norte-americano, como ficou claro no caso da prisão do Almirante Othon, cujo “crime” real foi o de ter levado o país a exercer plenamente seu direito a um programa nuclear independente dos EUA. Bolsonaro alimentou boa parte de sua trajetória política de baixo-clero do Poder Legislativo federal, através do voto conquistado pela demagogia de representar os interesses de praças e soldados. Bolsonaro, apesar de ser originalmente um capitão de exército, mostra que seu comprometimento é com os grandes bancos, e com os oficiais de alta patente, principalmente os generais, que governam as Forças Armadas. Ao contrário do que muitos pensam, as Forças Armadas não são um assunto exclusivo do interesse da direita. Muito pelo contrário. O Partido da Causa Operária, por exemplo, defende desde a sua criação um programa completo para as Forças Armadas. Entende, o PCO, que os militares são antes de tudo cidadãos como quaisquer outros, e devem ter os mesmos direitos que qualquer outra pessoa. Ao contrário do que abusivamente determina o alto-comando das F.As, sargentos, cabos e soldados devem ter todo o direito de formar sindicatos e associações, participar ativamente da política nacional, inclusive através de partidos políticos, salários condizentes com as suas funções e especialização. Devem ter inclusive o direito de escolher o comando das Forças Armadas, através de eleições. Ficar na mão da burguesia sem poder se organizar nem exercer qualquer reivindicação política ou econômica não pode ter outro resultado: é exploração e opressão. O programa do PCO defende tam-

bém que o serviço militar seja de fato universal, para toda a população, inclusive para as mulheres, com três meses de treinamento militar, feito nos bairros, e a substituição de um Exército permanente por um sistema de participação geral da população. Não há outra forma de defender efetivamente a soberania nacional. Com uma tropa submetida a um alto comando vendido aos interesses estrangeiros, e defensores dos ricos contra os pobres, a burguesia se sente à vontade para virar as armas dos soldados contra o seu próprio povo e a entregar nossa riqueza, de graça, para o imperialismo. Para a defesa dos interesses nacionais são necessárias Forças Armadas formadas por tropas democráticas, com pleno exercício da cidadania. Uma estrutura militar desta natureza inclusive reforça e aprimora o centralismo das Forças Armadas, hoje baseado apenas na coerção da hierarquia e disciplina. Enfim, o PCO defende o exato oposto do que ocorre hoje. Enquanto praças e soldados são relegados a condição de cidadãos de segunda ou terceira classe, o alto-comando – verdadeiro inimigo do povo – não só se mete onde não deve, na política nacional, mas é o verdadeiro artífice e fiador do golpe que está destruindo o país e o entregando para os EUA. Toda a força à luta de praças e soldados das três forças pela conquista de sua dignidade de cidadãos, pelo seu direito de greve e de organizar sindicatos, e contra todos os ataques da direita aos seus direitos!

ECONOMIA

Banqueiros reconhecem que PIB vai cair no terceiro trimestre A

economia brasileira vai de mal a pior. Todo o mundo está vendo a redução das estimativas de crescimento econômico e que deve haver uma recessão agora na parte final do ano. Quem confirma tudo isso agora é o Itaú. A instituição financeira prevê queda do PIB. O economista-chefe do banco Itaú, Mario Mesquita, afirmou na terça-feira

(20) que as projeções sobre o desempenho no terceiro trimestre apontam queda do Produto Interno Bruto e os dados mostram um quadro de fraqueza na economia brasileira. O banco acredita que o Brasil possa ter crescido 0,5% no segundo trimestre. O governo vai divulgar os dados oficiais no próximo dia 29 de agosto. Se o banco acertar a aposta, a economia terá acele-

rado em relação aos primeiros três meses, quando a PIB encolheu 0,2%. Para este ano, o Itaú torce por um avanço de 0,8% do PIB e de 1,7% para 2020, mas no resto do mundo a situação também é difícil. Nos dois últimos anos, o PIB mundial cresceu 3,7% anualmente. Para este ano, a projeção do PIB mundial é de 3,2% e em 2020 cairá mais ainda, para 3%. O temor de

uma recessão global fica evidente nas últimas semanas, quando as principais bolsas de valores mundiais recuaram e o dólar se fortaleceu. Essa situação é sempre um indicativo. Até em função também do fortalecimento do dólar, a economia dos EUA pode crescer 2,2% este ano, mas cai a 1,5% no ano que vem, de acordo com Mesquita.


6 | INTERNACIONAL

IMINENTE AGRESSÃO MILITAR

Continuam as ameaças do imperialismo contra a Venezuela A

escalada de ameaças do imperialismo norte-americano contra a Venezuela parece estar atingindo o ponto máximo de tensão, onde tudo está indicando que é iminente uma agressão militar dos Estados Unidos à nação e ao povo bolivariano. Trump, a extrema direita norte-americana e os vassalos fantoches que chancelam a política do imperialismo na Venezuela (Guaidó, Capriles) não cessam as provocações contra o governo de Nicolás Maduro, empreendendo uma das mais hediondas e sórdidas campanhas de desestabilização contra um governo legitimamente eleito. Por detrás do palavreado ridículo e risível de uma suposta “ajuda humanitária” ao país latino-americano, o que os olhos do mundo estão assistindo é mais uma investida econômica e geopolítica da maior máquina militar de guerra do planeta contra um país que, do ponto de vista de sua força militar, é praticamente indefeso diante do poderio do inimigo do imperialismo norte-americano. Depois de ter ampliado, há alguns dias atrás, as sanções e o bloqueio

econômico contra o governo chavista e o povo venezuelano, o imperialismo parece estar caminhando em direção a sua cartada final contra o povo venezuelano, agora diretamente através do aumento da pressão, com a possibilidade de um bloqueio naval ou quarentena, que está sendo cogitado pelo presidente direitista Donald Trump. As ameaças ganharam um tom mais forte e explícito com as declarações do chefe do Comando Sul dos EUA, o almirante da Marinha imperialista, Craig Faller, onde o militar alertou para – vejam só quanta desfaçatez – o “formidável sistema de armas” da Venezuela, aproveitando para criticar também Cuba, Rússia e China por ajudar Maduro, dizendo que era importante colocar “pressão contínua” no “regime ilegítimo” e organizar esforços humanitários (SputnikBrasil, 19/08). O comandante militar dos EUA também afirmou que está “pronto” e preparado para fazer “o que precisa ser feito”. “A Marinha dos Estados Unidos é a mais poderosa do mundo. Se for tomada a decisão política de usar a Marinha, estou convencido de que poderemos

fazer o que precisa ser feito” (idem, 19/08). Mais claro e explícito, impossível. O uso da força militar passou a ser a opção imediata do imperialismo contra o país latino-americano, que já se encontra sufocado economicamente com o criminoso e genocida bloqueio econômico imposto pela administração fascista de Donald Trump. A imposição do congelamento de todos os ativos da Venezuela no exterior vem provocando uma catástrofe humanitária de proporções gigantescas no país, com desabastecimento de alimentos, medicamentos e outros produtos de primeira necessidade para a população. O objetivo do imperialismo, muito distante de qualquer ajuda humanitária, é a derrubada do governo popular chavista do presidente eleito Nicolás Maduro, substituindo-o pelos golpistas venezuelanos derrotados nas eleições de 2018, reconhecidas como legítimas pela comunidade internacional que esteve presente ao país quando da realização do pleito, atestando a legalidade e a legitimidade do resultado das urnas.

Assim como estão fazendo aqui no Brasil, na Argentina, na Colômbia, no Equador, no Paraguai e em Honduras, os EUA se movimentam no apoio a governos reacionários e direitistas “eleitos” sob a chancela da fraude e da manipulação; e, por outro lado, organizando golpes e deposições de governos que não se alinham à sua política de recolonização e destruição das economias; de privatizações; de ataques às condições de vida das massas populares; de destruição dos direitos e conquistas da população pobre e explorada.

PARAGUAY

ARGENTINA

Após crise, burguesia paraguaia decide salvar governo Abdo Benitez

Porque a burguesia não quer saber da esquerda no poder

A

Câmara dos Deputados do Paraguai rejeitou na última terça-feira (20) o julgamento de um pedido de impeachment contra o presidente golpista Mario Abdo Benitez. O pedido também foi apresentado contra o vice-presidente, Hugo Velázquez, e o ministro da Fazenda, Benigno López. Foram 36 votos a favor do impeachment e 43 contrários. O motivo do pedido de impeachment foi um contrato cujos termos ficaram em segredo até poucas semanas atrás, acerca de um acordo entre os governos do Paraguai e do Brasil a respeito do aumento dos gastos da parte paraguaia da usina de Itaipu, o que elevaria o preço da conta de luz para os cidadãos paraguaios, desfavorecendo completamente a parte do país vizinho. Esse contrato gerou uma intensa crise política no Paraguai. A oposição acusou o governo por “traição à pátria”, afirmando que Abdo agiu para favorecer os interesses do governo brasileiro. Bolsonaro e Abdo são aliados estreitos, o que sinaliza fortemente o caráter de extrema-direita do presidente paraguaio. Sendo assim, uma parte da imprensa burguesa paraguaia pediu a cabeça do vice-presidente e do ministro das Relações Exteriores, sem, no entanto, exigir a saída do governo por inteiro ou mesmo de Abdo. Ficou claro uma certa divisão da burguesia paraguaia, mas, no final, seus setores entraram em um acordo

A

para manter Abdo e tentar estabilizar a crise política. A esquerda, cujo principal representante é a Frente Guazú, aproveitou para acusar o governo de ilegítimo, mas não passou dos discursos retóricos de pedido de renúncia do governo. Não houve nenhuma movimentação para organizar atos de massa pela derrubada do governo, o que seria a única saída popular para a situação. O Paraguai vive sob um regime golpista desde 2012, quando o presidente Fernando Lugo, da Frente Guazú, foi derrubado por um impeachment fraudulento para que os setores tradicionais da burguesia direitista voltassem ao poder e entregassem o país para o completo domínio imperialista. Tal como tem ocorrido em outros países do continente, as eleições que aconteceram nesse período no Paraguai não adiantaram em nada para a esquerda voltar ao poder, uma vez que todo o aparato do Estado está controlado pela direita golpista.

burguesia, por meio da imprensa, procura colocar medo no povo sobre a possibilidade de uma vitória da chapa de Cristina Kirchner e Alberto Fernández, nas eleições presidenciais argentinas do próximo dia 27 de outubro. Dizem eles, “os mercados reagiram mal” ao favoritismo dos kirchneristas sobre o atual presidente neoliberal, Mauricio Macri. O “dólar subiu e a bolsa caiu, os investidores estão indo embora” é a velha fórmula da burguesia para deixar os eleitores com medo da vitória de um partido que não seja o seu. A diferença de 15% nas prévias eleitorais da última semana não afasta investidores mas sim “especuladores”. O medo da burguesia rentista é de que uma chapa um pouco mais nacionalista reduza os juros dos títulos públicos e renegocie suas dívidas, para poder custear serviços básicos de saúde,

educação, infraestrutura e trabalho à população. Por isso eles fogem como ratos diante do menor barulho, indo para ativos financeiros menos voláteis, como o dólar. Uma chapa neoliberal, como a de Macri, agrada especuladores (chamados carinhosamente de “o mercado”), pois Macri é de sua confiança. Estes grandes bancos e hedge funds conhecem a política deste neoliberal: espoliar a população e os cofres da União para produzir “superávit primário”. Então eles seguram seus capitais nos títulos públicos e nas ações argentinas, enquanto essas ainda servirem para transferir riqueza para suas matrizes nos grandes centros capitalistas. O imperialismo tentará de tudo para manter a direita no poder. Não podemos nos intimidar com esse tipo de chantagem. O que a imprensa chama de “o mercado” é um pequeno clube de banqueiros parasitas.


INTERNACIONAL | DIA DE HOJE NA HISTÓRIA | 7

FRANÇA

Polícia de Macron reprime ativistas contra cúpula do G-7 N

os dias 24, 25 e 26, em Biarritz, no sudoeste da França, será realizada uma reunião da cúpula do G-7 (Estados Unidos, Alemanha, França, Reino Unido, Itália, Japão e Canadá). As forças repressivas francesas já estão agindo no local, atacando os manifestantes; membros dos coletes amarelos, ditos black blocks e militantes de esquerda que se reuniram no local para protestar. No limite entre a França e a Espanha, reúne-se um grupo que se diz anti-G-7, formado por ONGs, militantes de esquerda, ambientalistas, militantes de esquerda em geral. A reprovação do encontro entre essas grandes potências é altíssima e mostra o quão instável está a política europeia, sobretudo na França. Para responder aos manifestantes, Macron posicionou cerca de 13,200 mil agentes das forças de ordem prontos

para a repressão. O aeroporto da cidade só funcionará para os delegados que participaram da reunião, que contará com 5 mil pessoas; profissionais técnicos e jornalistas, além dos delgados e dos líderes mundiais. Além dos aeroporto, as estações de trem dos municípios da região estarão fechadas de sexta (23), até o fim do evento, também será impedida a circulação no centro da cidade, onde estará ocorrendo a reunião. Antes mesmo do encontro começar, 5 pessoas foram presas, acusadas de agitar contra a reunião. Após interrogatório, 4 delas foram liberadas. O impopular governo de Macron assemelha-se a uma verdadeira ditadura. A crise que vem enfrentando desde o final do ano passado, com a eclosão de manifestações gigantescas, fez com que o presidente eleito através da

fraude mostrasse o verdadeiro caráter do seu governo, e das demais democracias burguesas do putrefato regime capitalista; mostraram a verdadeira

ditadura que são, dispondo de monstruosas máquinas repressivas para inibir qualquer manifestação política do povo contra o regime.

grantes, de isolar as comunidades, de bloquear definitivamente os negócios da burguesia nacional com empresas alinhadas com o inimigo. Embora a costa do Nordeste fosse usada como ponto de apoio para as batalhas no norte da África, Somente um ano depois, em agosto de 1943, foi organizada a Força Expedicionária Brasileira – FEB. Outro ano seria gasto no processo de equipar e treinar as tropas brasileiras. Em 30 de junho de 1944, embarcaria o primeiro contingente de combatentes rumo à Itália. Ao todo, seriam enviados 25 mil soldados em um ano de combate, de um total previsto de 100 mil. Cerca de 450 morreram e três mil seriam feridos. Algumas fontes registram 1000 mortos, mas em qualquer caso, o país teria um número extrema-

mente baixo de perdas frente a outros países envolvidos mais diretamente no conflito. Para que se tenha uma ideia, a União Soviética perderia cerca de 10 milhões de soldados e os Estados Unidos teriam 416 mil mortos. Ao fim e ao cabo, se o flagelo da guerra traria o benefício de debelar momentaneamente a ameaça fascista contra a classe operária em diversos países e no próprio Brasil, por outro lado o “esforço de guerra” não seria suficiente para impulsionar resolutamente um protagonismo brasileiro na política externa global, nem para melhorar efetivamente as condições de vida da classe trabalhadora, já que a resoluta aproximação política e comercial com os Estados Unidos apenas tornaram-nos ainda mais dependentes do Imperialismo norte-americanos.

22 DE AGOSTO DE 1942

Brasil entra na Segunda Guerra H

á 77 anos, após uma reunião com seus ministros no Palácio Guanabara, nas Laranjeiras, o presidente Getúlio Vargas anunciava que decretaria guerra aos países do Eixo: Alemanha, Itália e Japão. Era a entrada do Brasil na Segunda Guerra Mundial, constante clamor popular frente ao sistemático afundamento de navios mercantes nacionais em nossa própria costa por submarinos alemães. Com isso, Vargas punha fim definitivamente à política ambígua que conduzira frente ao conflito. Como se sabe, assim como outros governos de caráter nacionalista burguês da América Latina, o Estado Novo de Vargas nunca escondera sua afinidade com o fascismo europeu, representado sobretudo pelos governos de Hitler na Alemanha e Mussolini na Itália. A política de esmagamento dos movimentos operários era conveniente num país em acelerado processo de urbanização e industrialização, fazendo o contraponto demandado pela burguesia à ameaça de insurreição da classe trabalhadora, que já se mostrara bastante real desde a tentativa revolucionária de 1935, que viria a ser conhecida por Intentona comunista. Vargas não apenas flertava com a Alemanha nazista à distância. A aproximação comercial entre os dois países evoluíra tanto ao longo da década de 1930 que o gigante sul-americano se tornara o sexto maior parceiro comercial dos alemães. Depois da revolução de 1935, as forças de repressão brasileiras haviam passado a cooperar sistematicamente com os esquadrões de extermínio nazistas, deportando sistematicamente militantes comunistas germânicos para a morte em campos de concentração europeus – como no célebre caso de Olga Benario, esposa de Luís Carlos Prestes. Havia no Brasil uma articulação política con-

creta de alinhamento com o fascismo. Não apenas no conhecido Movimento Integralista como também na presença de uma extensa colônia germânica na Região Sul, que montava milícias nazistas e organizara mesmo diretórios regionais do Partido Nazista em nosso território. Os Estados Unidos haviam rompido relações diplomáticas com os países do Eixo desde dezembro de 1941, quando do ataque das forças japonesas à base americana de Pearl Harbor, no Pacífico. O Brasil romperia relações diplomáticas com os países fascistas após a Reunião de Chanceleres de 28 de janeiro de 1942, no Rio de Janeiro, mas não entraria em guerra contra eles. A partir de então, os alemães passariam a afundar as navios mercantes brasileiros no Atlântico, de modo a impedir o abastecimento das forças dos Aliados com matéria-prima. Em sete meses, 19 embarcações seriam torpedeadas por submarinos em nossa própria costa, com grandes perdas econômicas e de vidas humanas. Somente o U-Boot U-507 afundaria seis navios em cinco dias, matando 600 pessoas entre 15 e 19 de agosto – 270 no Baependi, na costa de Sergipe. Naquele momento, a própria população brasileira, em manifestações chamadas inclusive pela União Nacional dos Estudantes (UNE), já vinha às ruas instando o governo a declarar guerra à Alemanha. Acresce que, com o rompimento de janeiro, já se rompera em grande medida a relação comercial com a Alemanha. Por outro lado, após a declaração de guerra, o Brasil não enviaria imediatamente tropas para o teatro de operações. As primeiras ações seriam no sentido de desmantelar as organizações nazistas dentro do país, de prender e deportar seus líderes, de confiscar os bens dos imi-


8 | POLÊMICA | NEGROS

"PROGRESSISTA"

PM assassina pessoa a sangue frio, Freixo vê “atuação técnica” E

m geral espera-se de uma pessoa de esquerda, ou melhor, minimamente progressista, a crença de que os assuntos que dizem respeito à chamada “segurança pública” são resultado em primeiro lugar da situação social do País. Não é o que acredita Marcelo Freixo, deputado federal pelo Psol. Diante da execução a sangue frio do rapaz que sequestrou um ônibus na ponte Rio-Niterói nessa terça-feira, dia 20, Freixo teve como primeira preocupação elogiar e defender a atuação da polícia. Pelo Twitter, ele afirmou que “a polícia agiu de acordo com o que prevê a lei e de forma técnica. A legislação autoriza esse tipo de ação em situações críticas”. Nada de considerações sociais, nada de “passar a mão em cabeça de bandido”, como diz a direita raivosa. A essência da declaração de Marcelo Freixo é o apoio do assassinato de mais um pobre e negro, nitidamente mais um cidadão esmagado pela situação de completo caos social em que se encontra o Rio de Janeiro e todo o País. A declaração já seria absurda por si só para alguém que se diz minima-

mente defensor dos direitos democráticos do povo, nem vamos dizer socialista, que para o Psol, cada vez mais parece ser apenas uma palavra. Mas mesmo levando em consideração a declaração, Freixo está errado. No afã de elogiar a polícia, Freixo ignora que: 1) o sequestrador estava com uma arma de brinquedo; 2) Ele estava aberto às negociações com a polícia, inclusive liberando os reféns; 3) Ele foi alvejado no momento em que tudo indicava estar prestes a se entregar; 4) Ele foi alvejado com seis tiros pelas costas. Ou seja, por tudo isso, não vale sequer a declaração de que a atuação foi técnica. Ainda mais grave, Freixo faz tal elogio da ação “técnica” da polícia do governador fascista do Rio, Wilson Witzel, que logo nos dias que antecederam o caso, era acusado de exterminar jovens inocentes nas favelas cariocas. Sobre a política fascista, anti-povo, genocida do governador, nenhuma única palavra do deputado do Psol. Além de chamar de “ação técnica” o extermínio a sangue frio e pelas costas de mais esse jovem pobre e negro, Marcelo

Freixo “criticou” Witzel por sua comemoração logo após o episódio, ao descer do helicóptero na ponte. “Wilson Witzel acertou ao entrar em contato com a família de Willian. Porém sua comemoração, ao chegar no local do sequestro, não contribui em nada para melhorar a Segurança Pública.” Freixo tem interesse em “contribuir para a segurança pública” e Witzel também poderia ter contribuído, mas faz errado, segundo Freixo. Tal colocação serve para entender o fundo do elogio à atuação da PM. Freixo está de olho numa coisa chamada prefeitura do Rio de Janeiro. Além do absurdo de querer “colocar Witzel na linha” criticando seu comportamento típico de um fascista, a posição de Freixo é nitidamente uma crítica de alguém que está buscando uma disputa eleitoral com a extrema-direita. Por isso o deputado do Psol não denuncia a ação da polícia e não denuncia a política genocida de Witzel. Está obvio que o episódio foi montado pela extrema-direita para criar um ambiente favorável à política de exter-

mínio que Witzel vem implantando no Rio de Janeiro. É bom lembrar que o governador fascista anunciou logo no início de seu mandato que colocaria atiradores de elite contra a população. Aí está a sua política sendo colocada em prática. Por isso a comemoração, que faz parte da cena montada para justificar essa política. E Freixo participa como uma espécie de avalista desse espetáculo grotesco contra todo o povo.

NEGROS

Imprensa burguesa pede aos negros que não lutem contra o racismo

A

imprensa burguesa é claramente uma das maiores inimigas da população trabalhadora e isso já ficou claro através das grandes empresas de comunicação que apoiaram o golpe e a candidatura do presidente reacionário Jair Bolsonaro. Contudo, volta e meia alguns meios de comunicação de menor escala acabam por surpreender com seu conteúdo completamento insano. Esse é o caso de uma matéria publicada na última terça-feira (20), no sítio Gazeta do Povo, onde eles afirmam que os negros devem abandonar a luta contra o racismo, argumentando que é algo “estúpido debater a existência da discriminação racial ontem e hoje.” Na matéria direitista, intitulada “Por que os negros deveriam ignorar a pauta progressista”, o autor questiona, do ponto de vista das políticas públicas, sobre até que ponto o sofrimento dos negros pode ser explicado pela discriminação racial, então vamos esclarecer alguns pontos. Segundo o Ipea (Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada), a partir de dados obtidos entre 2004 e 2014, os negros possuem o dobro de chances de serem pobres em comparação com os brancos. Após séculos de escravidão, os negros foram libertos do sistema de exploração escravocrata, mas caíram direto no sistema de exploração capitalista, formando, nos países onde houve escravidão, a maior parcela da classe trabalhadora. Além disso, a disparidade salarial entre brancos e negros chega a uma diferença média de

900 reais, ou seja, brancos recebem praticamente o dobro que os negros para os mesmo serviços. A matéria direitista continua com argumentos mais decadentes ainda, segundo o autor, numa visão moralista e familista, a questão da marginalização e sofrimento dos negros se dá pelo fato de que muitas famílias são “desestruturadas” e por não possuem a figura de um pai, os negros acabam sofrendo mais. Mas o que a falta de um pai tem a ver com a exploração que assola a vida de milhares de negros pobres na sociedade capitalista? Essa é uma premissa completamente falsa. O autor continua suas insanidades utilizando argumentos de Thomas Sowell, sociólogo liberal conservador, afirmando que “A família negra, que

sobreviveu a séculos de escravidão e discriminação, começou a se desintegrar com o Estado de bem-estar social que subsidiou a gravidez fora do casamento e transformou a assistência social, antes um recurso emergencial, num meio de vida.” Ou seja, para ele é culpa do Estado que ampara bem mais ou menos algumas famílias negras, jogada totalmente na miséria. Para Sowell, seria melhor para os negros passar fome e morrer em condições desumanas. Os dados mais assustadores são os de assassinatos contra negros. Segundo o Altlas da Violência, mostra em sua última edição que cerca de 75,5% das vítimas de homicídio no Brasil são negras, alcançando um recorde em 2017, que chegou a registrar uma taxa de assassinato de negros de 43,1 por

100 mil habitantes, contra 16 dos não brancos. O racismo é algo inerente ao capitalismo, esse modelo econômico de exploração se sustenta justamente através de mecanismos de exploração e opressão, como acontece com os negros pobres. No capitalismo, negros servem bem em duas ocasiões, como mão-de-obra barata e como enfeite de propaganda de grandes empresas que querem lucrar surfando na onda das pautas “identitárias”. É necessário e urgente que os negros não abandonem a luta por sua emancipação, em conjunto com a classe trabalhadora em geral, da qual fazem parte, pela derrubada do governo golpista de Jair Bolsonaro, que busca aprofundar a exploração contra os trabalhadores e o povo pobre.


CIDADES| MOVIMENTO OPERÁRIO| MULHERES| 9

SALVADOR

Vans de transporte urbano fazem carreata em protesto M

otoristas de vans do transporte alternativo participaram de uma carreata em Salvador na manhã de hoje (22) em protesto contra o governo. Eles reivindicam a regulamentação da sua atividade. No mês passado, já havia ocorrido manifestação semelhante da categoria em protesto à Lei 13.855/19, que impede a regulamentação da atividade de vans de

transporte alternativo, sancionada pelo governo golpista sob a justificativa de combater o “transporte pirata”. Segundo informações da Transalvador, o grupo de motoristas começou a carreata na Avenida San Martin, seguiram pela Avenida Barros Reis e se direcionaram até a região da Rótula do Abacaxi. Ficaram lá por 30 minutos. As últimas informações diziam que

eles haviam chegado na altura do Shopping da Bahia por volta das 11:10 da manhã. Houve protestos também na BR116, na altura da cidade de Antônio Cardoso. O protesto ocorreu por volta das 8:30 da manhã e bloqueou o trânsito na rodovia por um período de mais ou menos duas horas. É necessário salientar que, com a

política do governo ilegítimo de Jair Bolsonaro, mais e mais trabalhadores que já exercem sua atividade em uma situação precária, estão sendo colocados na ilegalidade por conta de decisões arbitrárias como essa da PL contra o transporte pirata. O governo busca atacar e perseguir a população em todas as frentes, por isso é necessário lutar pela sua derrubada.

TODOS A CURITIBA!

SETOR INDUSTRIAL

Dia 14, professores irão à Curitiba pela liberdade de Lula D

Frigoríficos aumentarão número de acidentes com a retirada das NRs A

ia 14 de setembro será realizado um grande Ato em Curitiba para exigir a anulação de todas as condenações da operação lava jato e liberdade do ex-presidente Lula e de todos os presos políticos do regime golpista. O maior sindicato dos professores, a Apeoesp, aprovou no seu último Conselho de Representantes CR, a participação ativa do sindicato e dos professores no Ato e na Liberdade de Lula. Lula é mantido na Superintendência da Polícia Federal em Curitiba desde o dia 7 de abril do ano passado. O problema da sua prisão arbitrária, na Bastilha da Lava Jato é uma questão central na política brasileira atualmente. As noventa e três subsedes organizaram caravanas para Curitiba, com a intenção de pressionar uma mobilização contra todo esse aparato golpista, que é um importante mecanismo da direita. O próprio esforço da direita dentro das instituições para manter essa prisão é uma demonstração de que essa pauta é central. A liberdade de Lula é um fator determinante na luta política em curso. As instituições controladas pelos golpistas estão organizadas para manter Lula preso a qualquer custo, apesar

de todas as evidências que surgem a cada dia de que sua prisão é uma completa arbitrariedade, baseada em uma condenação sem provas. Por isso, dia 14, é preciso lotar a cidade de Curitiba em uma grande mobilização contra a prisão de Lula. Em um grande ato unitário da esquerda em torno dessa reivindicação central. Todos a Curitiba! Liberdade para Lula!

tualmente no Brasil, o setor industrial com maior índice de acidentes são os frigoríficos, reconhecido inclusive pelo Ministério Publico do Trabalho (MPT), conforme dados do Instituto Nacional de Seguro Social (INSS) dá conta de que, esse setor é responsável, em média por 54 ocorrências ao dia. Em 2017, foram 20.595 acidentes nos frigoríficos – 7,9% a mais do que em 2016. (CUT – 22-05-2019) “O manuseio de equipamentos pesados e cortantes, o ritmo acelerado de trabalho, a exposição à umidade e a baixas temperaturas e os choques térmicos são fatores que podem aumentar as chances de acidentes e adoecimento, especialmente se não forem adotadas medidas de segurança”, diz o procurador do Trabalho, Sandro Eduardo Sardá, que também é gerente Nacional do Projeto de Frigoríficos do MPT-SC. A situação é de tamanha apreensão que, em 2013 foi criada uma norma específica para o ramo frigorífico, a Norma regulamentadora 36 (NR 36). No entanto, esta norma ficou como letra morta, os donos dos frigoríficos simplesmente a ignoraram. A Central Única dos Trabalhadores (CUT) alertou quanto ao número de

acidentes que ocorrem por conta das condições dos maquinários e equipamentos, de falta de manutenção, sistema de proteção, etc., cuja NR 12 é que regula e equipamentos, justamente o setor responsável pelo maior número de acidentes de trabalho no país. Para se ter a dimensão do problema, 15,19% do total dos acidentes é com envolvimento direto de máquinas e equipamentos. De um total de acidentados, onde morreram 2.058 e foram submetidos a amputações ou enucleações, que é a extirpação de um órgão após incisão 25.790. (CUT – 22-05-2019) Segundo o MPT, o total de mortes causadas por esse grupo é três vezes maior e o de amputações chega a ser 15 vezes mais do que a média das demais causas de acidentes do trabalho. Se nestas condições, com as NRs em vigor, a situação já é catastrófica, não é necessário fazer nenhum exercício de adivinhação para dimensionar a hecatombe que gerará aos trabalhadores dentro das fábricas e os patrões se eximindo de toda e qualquer culpa pela situação ocorrida. Ou seja, o chicote do período colonial funcionando ininterruptamente, tudo pelo lucro do patrão.


10 | ATIVIDADES DO PCO

CURITIBA

Análise política, música e chopp Fora Bolsonaro neste sábado A

partir das 14h será servido um churrasco (por adesão) e inaugurado o chopp artesanal Fora Bolsonaro com apresentação da banda anti-fascista Partigianos. É uma oportunidade única de desfrutar de um espaço socialista, confraternizar com os ativistas da luta contra o golpe, desfrutar o chopp com a palavra de ordem mais precisa do momento e ouvir música da mais alta qualidade com músicos comprometidos com a luta dos trabalhadores! Para maiores informações acesse a página do evento no facebook. Partigianos Banda curitibana nascida do encontro musical de várias correntes de esquerda antifascistas: (anarquistas, socialistas e comunistas) em alusão às milícias operárias que lutaram contra a invasão nazista nos diversos países europeus. Para conhecer melhor o tra-

balho dos Partigianos, acesse a página da banda no facebook. O site osrgonautas.com.br diz o seguinte: “Em nossa pesquisa sobre a genealogia do adjetivo ‘partigianos’, encontramos a obra de Johann Ewald, intitulada: ‘Treatise on Partisan Warfare’ Greenwood Press (1991), para Johann Ewald, Partisan (do francês partisan; feminino partisane). Em italiano, (partigiano/partigiana) ‘é um membro de uma tropa irregular formada pela população local para se opor à ocupação e ao controle estrangeiro de uma determinada área, é um combatente armado que não pertence a um exército regular, mas sim a um movimento de resistência’. Em português, ‘partigiano’ é traduzido literalmente como ‘parte’, ‘partidário’, adjetivo e substantivo masculino que significa: pessoa ligada ao partido de alguém, ou a um sistema ou regime.”

PELOTAS

Militantes do PCO tocam no Festival Lula Livre

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o último sábado (17/08), teve lugar mais uma edição do Festival Lula Livre — desta vez, o evento foi realizado em Pelotas, no Rio Grande do Sul. Promovido pelas organizações que compõem a Frente Brasil Popular, o festival reuniu centenas de pessoas em frente ao Mercado Público da cidade, e sua programação contou com feira de produtos da reforma agrária, aula pública sobre o processo-farsa que condenou o ex-presidente Lula, atos e manifestações políticas, além de shows e apresentações com artistas e bandas locais. Os militantes do Partido da Causa Operária (PCO), como não poderia deixar de ser, participaram ativamente do evento, não só levantando as principais palavras de ordem do momento político atual — “Fora Bolsonaro” e “Liberdade para Lula” —, como também integrando a programação musical do festival. O Festival Lula Livre é uma impor-

tante iniciativa das organizações de esquerda na luta contra o golpe, pois coloca no centro da tela a defesa da liberdade de Lula, um dos problemas-chave da luta política em curso, de cujo desfecho depende a sorte tanto da classe operária e dos setores oprimidos da população como da burguesia imperialista e nacional. As recentes revelações do site The Intercept, destampando o bueiro da golpista Operação Lava Jato, aprofundaram a crise do regime político golpista ao expor o que qualquer indivíduo mais ou menos atento já sabia: que Lula foi preso em decorrência de um processo jurídico-político conspirativo, repleto de fraudes e de ilegalidades, e organizado, em última instância, pelo imperialismo mundial (em especial, o norte-americano). É imperativo multiplicar e expandir as manifestações em defesa da liberdade de Lula e reivindicar a anulação de todos os processos criminais contra ele.


CULTURA | 11

TEATRO

Peça “Retratos de Chumbo” desmascara o “patriotismo” da direita A

peça de teatro “Retratos de Chumbo”, dirigida pelo pernambucano Oséas Borba Neto, acaba de fazer seu primeiro ciclo de apresentações. A peça estreou no dia 9 de agosto, no Teatro Hermilo Borba Filho, e esteve em cartaz nos dias 10, 16 e 17. Produzido pelo Grupo de Teatro João Teimoso, o espetáculo conta com as atrizes Chell Morim, Ysa Muniz e Laís Alves, a iluminadora Karine Lima e o sonoplasta Fagner Valença. O tema central da peça são as atrocidades da ditadura militar de 19641985, particularmente as que foram cometidas contra as mulheres. Estreada alguns dias depois do ataque de Jair Bolsonaro à memória do militante pernambucano Fernando Santa Cruz, torturado e assassinado pela ditadura, “Retratos de Chumbo” mostra o terror que a extrema-direita pretende implementar caso não encontre uma reação popular à altura. Ao iniciar a peça, a plateia se depara com um telão exibindo imagens de Jair Bolsonaro em seus discursos mais escandalosos contra a esquerda e a população em geral. Bolsonaro fala que “voto não muda nada” – sugerindo um golpe militar -, que é necessário “matar 30 mil” e dedica seu voto de impeachment ao torturador Carlos Brilhante Ustra. A mensagem dada por Oséas Borba Neto é clara: a peça não trata apenas do passado, mas sim do presente, de um regime que não foi completamente destruído e cujos pilares permanecem de pé. Tão logo acabam as falas de Bolsonaro, entram em cena as três atrizes da peça. Não há, no espetáculo, personagens definidos: cena após cena, as atrizes representam mulheres, cujos nomes não nos são revelados, sendo atormentadas das maneiras mais cruéis possíveis. Falando uma após a outra, as atrizes disparam frases marcantes que resumem a farsa que foi a ditadura: “angústia e incerteza”, “uma mentira cuspida como verdades verde

e amarelas”, “sons dos cascos dos cavalos”… Os momentos de maior destaque da peça ocorrem no fundo do palco, do lado esquerdo. Repetidamente, entre uma cena e outra, a iluminação de Karine Lima leva os olhos do público para uma cadeira de madeira vestida com uma bandeira do Brasil. Ao redor dela, em diversas posições que retratam formas de tortura, as três atrizes, nuas, uma por cena, agonizam como se estivessem em um interrogatório da ditadura. No texto da peça, Oséas Borba Neto não se exime de denunciar que a ditadura militar era uma ditadura dos patrões. Durante a peça, uma personagem interpretada pela atriz Laís Alves desabafa: “pobres cristãos, liderados pelo capital externo”. Em outro momento, Ysa Muniz, ao interpretar uma personagem cujos pais eram perseguidos por causa da atividade política, diz: “lutar pelo bem dos outros irritava os patrões”.

Choques, queimaduras, fuzilamentos, “ciranda”, pau de arara e tantos outros métodos de tortura são citados pelas atrizes. A peça lembra ainda que nenhum torturador foi punido – muitos foram, na verdade, condecorados. Em um de seus melhores momentos durante o espetáculo, Chell Moriim dá voz a uma personagem que diz que não consegue mais se relacionar com homens que a tratam como uma “coitadinha”: Meus relacionamentos são novas torturas – e o pior: eu os escolho! É como se eu tivesse me punido por ter sobrevivido… Embora denuncie as atrocidades da ditadura, Oséas Borba Neto insere em seu texto, por diversas vezes, uma lema: “se fosse necessário, faria tudo novamente”. As personagens, embora abatidas diante da tortura, não entregam seus companheiros: se mostram dispostas a continuar a luta contra seus algozes, descritos como pessoas

que tinham “orgasmos múltiplos de crueldade”. A peça encerra com a cadeira envolta pela bandeira do Brasil sendo trazida para frente do palco, escancarando que o “patriotismo” é uma farsa da extrema-direita. A direita odeia futebol, carnaval, o povo brasileiro e suas riquezas: são capachos do imperialismo norte-americano. É necessário utilizar as denúncias feitas pela peça como um instrumento para a mobilização contra a direita. A ditadura não foi derrotada por uma posição passiva dos trabalhadores ou por acordos com a burguesia, mas sim pela crescente mobilização da classe operária. Por isso, é preciso, neste momento em que a burguesia procura organizar uma ofensiva contra os trabalhadores, com características muito semelhantes à ditadura militar, travar uma luta implacável contra toda a escória que quer saquear o país. Fora Bolsonaro e todos os golpistas! Liberdade para Lula!


12 | MULHERES E MORADIA E TERRA

MT

Diferença salarial entre homens e mulheres dispara 50% em 3 meses

A

s desigualdades sociais e econômicas que o capitalismo gera vêm agravando cada vez mais a situação das mulheres. No Mato Grosso, por exemplo, a diferença salarial entre homens e mulheres chegou ao patamar dos 51,7% em comparação com o primeiro e segundo trimestre de 2019, mostrando que as políticas neoliberais dos golpistas gera a total degradação das condições trabalhistas e dos salários, e as mulheres, como sempre, acabam sendo o setor mais atacado e marginalizado. Afinal, o capitalismo se sustenta também pela opressão e exploração das mulheres trabalhadoras. Ainda no Mato Grosso, o rendimento médio mensal dos homens chega a ser de 818 reais a mais do que o das mulheres. Esses dados foram gerados pela Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua (Pnad Contínua) e divulgados pelo IBGE em 15 de

agosto. Ainda segundo o IBGE, no MT, a média salarial dos homens é de R$ 2.638,00, já o das mulheres fica em torno R$ 1.865,00. Essa é a realidade das mulheres trabalhadoras, que possuem duplas jornadas de trabalho e acabam por continuar na miserabilidade perpetrada pela burguesia. Em todos os países capitalistas, a situação das mulheres só piora e atualmente, com a onda de governos fascistas tomando de assalto os países atrasados, o prognóstico é de que a situação econômica das mulheres trabalhadoras só venha a piorar, uma vez que elas estão sendo cada vez mais marginalizadas no mercado de trabalho e empurradas para os trabalhos domésticos, como querem os conservadores. É urgente que as mulheres trabalhadoras se unam e lutem nas ruas contra o governo dos golpistas, con-

tra os ataques do presidente fascista Bolsonaro. Enquanto não houver uma ampla mobilização contra essas políticas neoliberais que destroem a

vida dos trabalhadores, a população continuará a ser aviltada e as mulheres não alcançarão sua emancipação completa.

AMAZONAS

AMAZONAS

Indígenas de Manaus recebem ameaças de morte em área de conflito

Incentivos e cortes no orçamento são a causa das queimadas na Amazônia

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ideranças da terra indígena Patauá, situada no município de Autazes, à 113 quilômetros de Manaus, denunciam a constante ameaças feitas por fazendeiros da região contra os indígenas. A terra foi homologada em 2003, no entanto, está cercada por fazendas. De acordo com os índios, um fazendeiro da região faz constante ameaças à comunidade. Ele teria chegado a trancar o portão que da acesso à aldeia, e ameaçado de morte quem quebrasse o cadeado. Uma senhora residente na comunidade, Mariuza Machado da Silva, teve sua casa invadida duas vezes pelo fazendeiro. Em junho, ele fez ameaças contra Anderson da Encarnação Moreno, pelo fato deste ter pescado em um lago entre a terra indígena e a fazenda. No último dia 5, a ameça foi contra Euvileno Machado da Silva. O motivo foi porque o jovem quebrou o cadea-

do colocado no portão à mando do fazendeiro. Já na terra indígena Muritinga, um fazendeiro e seu filho, que é vereador de Autazes, agrediram dois homens que moram na localidade, o vereador chegou a sacar um punhal, tendo sido contido. Os casos em questão não são acontecimentos isolados. Trata-se do avanço da violência contra os povos indígenas, os trabalhadores sem-terras, e demais setores do campo em todo o país. Essa violência têm como causa o avanço da extrema-direita, ou seja, o aprofundamento do golpe de estado após as eleições fraudulentas de Jair Bolsonaro. É urgente a organização dos comitês de autodefesa em todas as comunidades indígenas. É necessário também mobilizar a população de maneira geral pela derrubada do governo golpista.

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governo golpista e entreguista de Jair Bolsonaro vem prejudicando cada vez mais o Brasil. Recentemente, o número de queimadas e desmatamentos no País têm crescido exponencialmente. Segundos satélites da Nasa, em comparação com esse mesmo período em 2018, houve um crescimento de cerca de 65% em queimadas no País. Esse fato está intimamente ligado aos cortes em orçamentos do meio ambiente, que o presidente golpista vem aplicando em conjunto com seu Ministro do Meio Ambiente, o igualmente golpista, Ricardo Salles. A região amazônica está representando 50,5% dos focos das queimadas e o cerrado cerca de 39,1%. Ou seja, a maioria dos Estado da Amazônia estão tendo queimadas acima da média histórica e o Acre já declarou situação de emergência por conta das regiões que estão sendo atingidas pela fumaça das queimadas. Esses dados, atualizados diariamente, já englobam 63,3 mil focos de queimadas, sendo o número mais alto dos últimos sete anos, além disso, esses milhares de focos de calor são totalmente propícios a dar início à incêndios.

O presidente reacionário Jair Bolsonaro está afundando o pouco que sobrou das riquezas do país para beneficiar o imperialismo e a direita golpista, que se sustenta à base desses crimes ambientais também e aproveitam para iniciar uma campanha no sentido de roubar a Amazônia. O Ministro do Meio Ambiente chegou a afirmar que as chuvas extremamente poluídas que atingiram diversas regiões do País nesta semana são puro sensacionalismo da esquerda, como se nada tivesse a ver com as queimadas que estão atingindo a região amazônica. Com o crescimento do desmatamento, o aumento de queimadas é a principal consequência, causando uma desordem inigualável na vida da população dessas regiões, localizadas principalmente na região amazônica do País. Assim segue sendo o governo Bolsonaro, que não poupa discursos que incentivam as queimadas e o desmatamento, que beneficiam apenas os grandes fazendeiros e latifundiários. A seca nada tem a ver com as grandes queimadas que vêm acontecendo na região amazônica, mas, sim as políticas direitas do governo golpista.


JUVENTUDE E ESPORTES | 13

EDUCAÇÃO

MEC quer passar revalidação de diploma para universidades privadas

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esta segunda-feira (19), durante o 3º Congresso Internacional de Jornalismo de Educação, o secretário de Educação Superior do MEC (Ministério da Educação), Arnaldo Lima revelou que o governo Bolsonaro quer permitir às instituições privadas a validação de diplomas estrangeiros, quebrando a exclusividade que as universidades públicas tem sobre este processo. O discurso é clássico da direita: seria necessário entregar tudo à iniciativa privada porque o setor público é moroso, burocrático e corrupto (fraudes, etc.) – a mesma justificativa para a liquidação das estatais. Segundo o secretário do MEC: “O que a gente está discutindo é a complementaridade

entre o setor público e privado para que a gente possa trazer professores visitantes internacionais e, para isso, a gente precisa que os diplomas sejam revalidados.” Mas não é verdade, o MEC não está preocupado com a inclusão do Brasil através de seus pesquisadores e universidades no que há de mais avançado em ciência no mundo. Prova disso é que os governos golpistas de Temer e Bolsonaro acabaram com todas as iniciativas dos governos petistas sobre pesquisa, estudo de idiomas e pós graduação no exterior. O que os golpistas querem é entregar tudo aos capitalistas e acabar com as universidades públicas.

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Todos os domingos às 20h30 na Causa Operária TV

“Homofobia”: mais um pretexto para o controle externo do futebol? O

STJD (Superior Tribunal de Justiça Desportiva) emitiu nesta segunda-feira (19) uma recomendação, endereçada a clubes e federações, determinando que “os árbitros, auxiliares e delegados das partidas relatem na súmula e/ou documentos oficiais dos jogos a ocorrência de manifestações preconceituosas e de injúria em decorrência de opção sexual por torcedores ou partícipes das competições”. Com essa medida, o órgão indica que atitudes homofóbicas em estádios, como o costumeiro grito de “bicha” nos tiros de meta, são passíveis de punição e podem acarretar aos clubes a perda de três pontos nas competições. Essa determinação da justiça desportiva brasileira vem na esteira da recente decisão do Supremo Tribunal Federal (STF), que equiparou a homofobia e a transfobia ao crime de racismo, e da política posta em prática nos últimos anos pela FIFA, que tem incentivado seus filiados a punirem manifestações de preconceito. A própria CBF (Confederação Brasileira de Futebol), diga-se de passagem, já foi multada cinco vezes por conta de gritos homofóbicos em jogos da seleção brasileira no Brasil. A luta contra a homofobia nos estádios, levada a cabo por entidades que não têm absolutamente nada a contribuir com essa luta, é mais um pretexto — moralmente elevado — para reprimir a livre manifestação dos torcedores, para ferir a sua liberdade de expressão, e nada mais. Medidas dessa natureza, de caráter repressivo e punitivista, não chegam nem perto de tocar nas raízes que determinam a opressão dos setores LGBTs. Ao contrário, elas só contribuem para fortalecer os mecanismos de repressão, violência e controle que as classes dominantes usam contra os pobres, negros e explorados em geral. Além disso, a possibilidade de punição aos clubes é de uma arbitrariedade

sem tamanho. Como responsabilizar associações esportivas pelo que é dito por suas torcidas, que são muitas vezes integradas por milhões pessoas, de diferentes origens e tendências? Como saber se o “comportamento ilícito” é de autoria de torcedores de um time A ou B, já que não é raro a mistura e a infiltração no seio de torcidas adversárias. Exige-se dos clubes algo que eles não podem cumprir, atribuindo-lhes um papel que lhe é impossível exercer: controlar os pensamentos e as formas de expressão de seus torcedores.

Depois da perseguição às torcidas organizadas, depois do aumento (sempre crescente) da repressão policial, depois da proibição das bandeiras e instrumentos musicais, depois da imposição da denominada “torcida única”, depois da introdução do árbitro de vídeo (VAR) nos jogos, temos a abertura de mais um campo para a intervenção externa — a cargo das confederações, federações, comissões de arbitragem, tribunais desportivos etc. — no futebol e mais uma frente de ataque contra os direitos democráti-

cos dos torcedores. É preciso ter em mente que a censura, as punições de todo tipo, a criminalização de certas condutas, o encarceramento em massa e a repressão policial não constituem caminhos capazes de levar a luta contra a opressão dos LGBTs à vitória. Somente a auto-organização, a formação de comitês de autodefesa, a luta contra a direita e a extrema-direita e, portanto, contra o governo Bolsonaro, podem fazer a luta dos LGBTs e dos setores oprimidos em geral avançar.


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ESPORTES

Todos os domingos às 20h30 na Causa Operária TV

Sem receber, jogadores do Figueirense não vão a jogo e protestam D

ia 20 de agosto, foi uma data importante no futebol catarinense. Pela primeira vez em seus quase 100 anos de vida, o Figueirense não entrou em campo. A situação do clube já foi bem explorada neste jornal anteriormente, porém certos pontos precisam ser frisados. Entenda melhor: Jogadores do Figueirense ameaçam greve por atraso nos salários O Figueirense FC, na prática existe sob a sombra de uma empresa que o comanda desde 2017. Esta empresa chamada Elephant, ficou responsável por toda a parte do futebol e questões financeiras do clube, com promessas de resolver os problemas financeiros e colocar o time em outro patamar. Esse outro patamar de fato veio, mas ao estilo dos grandes capitalistas, colocando o clube em uma situação nunca vista antes, ao ponto de estar praticamente para declarar falência. No fim, vemos o óbvio se concretizar. Uma empresa forasteira tomou conta de um tradicional clube, e tenta a todo custo lucrar em cima, colocando a própria instituição em sérios riscos de deixar de existir. O ápice dessa deterioração causada pelos capitalistas foi o jogo entre Cuiabá e Figueirense. Há tempos sabemos das várias ameaças de não entrar em campo por parte dos jogadores, algo que foi quase concretizado no jogo contra o Vitória no Orlando Scarpelli. Contudo, dessa vez foi oficial. Os jogadores estão com meses de salários atrasados, FGTS, e direitos de imagem que correspondem a praticamente metade de seu sustento, sendo que alguns foram obrigados a vender bens para se manterem nesse período. Os mais afetados são os funcionários e as categorias de base. Essa última está com jogadores que há meses não recebem o dinheiro de auxilio que necessitam para sobreviver. Faltam remédios e até roupas para treino, e os jogadores entraram em greve com amplo apoio da torcida, que pede a todo custo a saída da empresa. Tal desenvolvimento acarretou no WO que teve repercussão até mesmo internacional. Os jogadores foram até o estádio em que seria realizado a partida, e de lá enviaram um documento para o presidente da empresa. Em resumo, nesse documento se pedia a quitação das dividas com os funcionários e jogadores, até o dia 28, data prometida pela empresa. Contudo, os jogadores já precavidos de serem vitimas de novas promessas que nunca se realizariam, pediram que o presidente assinasse o documento, deixando claro que caso não o cumprisse, teria que sair do clube. O presidente, Claudio Honigman, não assinou o documento, escancarando a o caráter farsesco de suas promessas e os jogadores cumpriram com suas palavras não entrando em campo.

Após esse fato sem precedentes, criou-se uma repercussão geral. O presidente do conselho, responsável pelo clube Figueirense, foi a imprensa dar entrevista, sendo bombardeado por uma situação em que até mesmo ex-jogadores, como Alex (que foi um dos lideres do movimento por melhores condições para os atletas no futebol), davam declarações nas redes sociais em defesa dos jogadores alvinegros. O presidente do conselho tentou fugir a todo custo da ideia de expulsar a empresa, dando voltas e mais voltas em suas declarações. Vale nesse caso também dizer, que tal conselho omisso é tão impopular quanto a empresa dentre os torcedores. Sendo que na volta dos jogadores, os torcedores os receberam com aplausos no aeroporto. Outro ponto que voltou a ficar visível foi o complô da imprensa burguesa com a empresa que afunda o time. Logo após o jogo, a imprensa entrou em sintonia com o presidente do conselho e acusou os jogadores, dizendo que o que estavam fazendo era um absurdo, um ato político. Tal fato ficou bem marcante na declaração de um dos jornalistas mais odiados pelos torcedores alvinegros. Polidoro Júnior, além de criticar furiosamente os jogadores, criticou diretamente o capitão do time, Zé Antônio, colocado como um dos líderes do movimento. Em contrapartida tivemos as declarações do ex-técnico, e muito identificado com o clube, Hemerson Maria, que expôs a situação do time: Com isto, o Figueirense se encontra na maior luta interna de sua história,

uma luta que tem jogadores e torcedores de um lado e capitalistas do outro, sendo que a participação do time na próxima partida continua incerta, mesmo podendo ser rebaixado por isso. Segue abaixo a última nota feita pelos jogadores: NOTA OFICIAL ATLETAs Os atrasos vem ocorrendo desde 2017. Há atletas remanescentes do elenco de 2017 e 2018 que ainda não receberam seus acertos trabalhistas dos contratos anteriores. Há casos de até 7 meses de atrasos.. Mesmo assim, confiando na atual gestão do clube, foram feitos parcelamentos dos débitos anteriores, que deveriam serem pagos em 2019, e, infelizmente, também não estão sendo pagos. Já neste ano de 2019, os atrasos são reiterados. Já houve paralisação dos atletas em Julho, e apenas com promessas, voltamos a treinar e a jogar. Infelizmente os atrasos permanecem. São 3 meses de atrasos no pagamento dos Direitos de Imagem, que representam 40% da remuneração bruta de cada atleta, representando quase 65% da remuneração líquida. Há ainda falta do pagamento do Salário de Julho, e, ainda, há casos de mais de 7 meses sem depósitos do FGTS. Os atrasos não atingem somente os atletas profissionais, mas toda categoria de base e demais funcionários do clube. Alguns funcionários recebem apenas um salário mínimo, e mais do que ninguém, precisam desses valores. Na última semana, na tentativa de resolver amigavelmente a situação, sem conseguir diálogo

com a Presidência, notificamos o clube, informando que era nosso direito receber os valores em atraso e, caso não houvesse quitação, não entraríamos em campo. Nossa paralisação estava respaldada pelo artigo 32 da Lei 9.615/98 (Lei Pelé), permite a paralisação quando houverem atraso por 2 ou mais meses no pagamento dos Salários, Direito de Imagem ou até mesmo dos depósitos do FGTS: Art. 32. É lícito ao atleta profissional recusar competir por entidade de prática desportiva quando seus salários, no todo ou em parte, estiverem atrasados em dois ou mais meses; A Constituição Federal do Brasil assegura ainda o direito de greve quando houver infrações aos Contratos de Trabalho: Art. 9º É assegurado o direito de greve, competindo aos trabalhadores decidir sobre a oportunidade de exercê-lo e sobre os interesses que devam por meio dele defender. Com base no artigo 31 da Lei 9.615/98, ainda é nosso direito a rescisão indireta dos contratos de trabalho, vez que os atrasos são superiores a três meses. Optamos, no momento, em não exercer esse direito, pois o clube ficaria sem elenco: Art. 31. A entidade de prática desportiva empregadora que estiver com pagamento de salário ou de contrato de direito de imagem de atleta profissional em atraso, no todo ou em parte, por período igual ou superior a três meses, terá o contrato especial de trabalho desportivo daquele atleta rescindido, ficando o atleta livre para transferir-se para qualquer outra entidade de prática desportiva de mesma modalidade, nacional ou internacional, e exigir a cláusula compensatória


ESPORTESL| 3

ESPORTES desportiva e os haveres devidos. (Redação dada pela Lei nº 13.155, de 2015) § 1o São entendidos como salário, para efeitos do previsto no caput, o abono de férias, o décimo terceiro salário, as gratificações, os prêmios e demais verbas inclusas no contrato de trabalho. § 2o A mora contumaz será considerada também pelo não recolhimento do FGTS e das contribuições previdenciárias. Havíamos decidido não viajar para Cuiabá se a questão não fosse resolvida até segunda feira. É importante deixar claro que desde a semana passada até hoje, ninguém da Diretoria Executiva nos procurou, nem para nós pagar, nem pra ao menos conversar. Houve apenas um contato do Conselho Deliberativo do clube, nos concedendo seu apoio. Mesmo assim, acreditando que haveria ao menos um diálogo, decidimos viajar pra Cuiabá e aguardar que alguém do clube pudesse ao menos nos procurar para conversarmos. Ninguém, mesmo assim, nos procurou. Demos prazo para que o clube efetuasse o pagamento de ao menos um salário de todos trabalhadores do clube, e não apenas aos atletas. Esse prazo se esgotou as 17hs de ontem. Somente por volta das 20:30 é que foi aberto diálogo entre nosso advogado e o juridico do clu-

be. A pedido deles, fomos para o Estádio aguardando que alguém da Diretoria nos procurasse. Ninguém nos procurou. Mesmo assim, fomos para o Estádio e fizemos uma nova proposta. Aceitaríamos que o clube pagasse todos os valores até dia 28/08, desde que o Presidente assinasse documento se comprometendo oficialmente a pagar os valores e, se não pagasse até esta data, ele renunciaria. A Diretoria Executiva foi taxativa ao mencionar que não assinariam tal documento. O clube não se comprometeu com nada. Nenhuma das nossas exigências foram cumpridas. E estas eram as mais simples possível. É importante que se diga para que todos saibam, que em Abril deste ano o clube fez requerimento junto ao TRT12 (Justiça do Trabalho de SC), para que todas as penhoras do clube fossem suspensas. Inclusive valores que já estava bloqueados foram desbloqueados. Assim, o clube vem recebendo as cotas de televisão que são pagas pela CBF sem que existam bloqueios das cotas. Os valores, pelo que nós informamos, é de aproximadamente R$500.000,00, valor suficiente para pagar os salários dos funcionários e atletas em todos os meses.

Todos os domingos às 20h30 na Causa Operária TV É muito importante dizer também que o clube não gasta com despesas de deslocamento nas partidas da Série B. Todos os valores com passagens aéreas e hotel são custeadas pela CBF. O clube possui ainda inúmeras outras fontes de receitas. Porque não nos pagar? Porque não pagarem os funcionários? Nós temos muito carinho pela torcida, que sempre nos apoiou, e esperamos que nos apoie também nessa hora. Nós somos trabalhadores como vocês. Nós temos contas pra pagar, pensão alimentícia para pagar, aluguel, condomínio, água e luz, comida para colocar na mesa de nossas famílias. Todos nós tivemos que alugar imóvel pra residir em Florianópolis. Como pagar o aluguel? Como pagar o Condomínio? Ninguém ficaria três meses sem receber e não reclamaria seus direitos. E é apenas isso que estamos fazendo. Apenas queremos receber por aquilo que trabalhamos. Por fim, agradecemos o apoio de todos atletas, ex atletas, repórteres, jornalistas, torcedores, que vem nos apoiando. A questão de Atraso salarial é um tabu que precisa ser quebrado. Em nenhum outro trabalho é tão comum atrasos tão reiterados como há no futebol. A inadimplência é algo assustador, e precisamos

mudar isso. Não podemos aceitar que seja comum o clube não pagar os salários. Ainda, em repúdio à nota oficial do Figueirense FC, informamos que os únicos culpados pelo WO são os Diretores do Clube, que além de não se comprometerem com os contratos assumidos, não abriram nenhum diálogo conosco durante todo esse tempo, não procuraram nenhuma forma de acordo. Apenas queriam que entrássemos em campo em troca de promessas. Promessas que já são descumpridas desde 2017. Deixamos aqui nosso mais alto respeito ao Clube Figueirense FC, a instituição Figueirense FC, mas não à empresa que hoje gere o clube e deteriora sua imagem. Por fim, informais que não há lideres, somos um grupo unido, todas as decisões foram tomadas por voto, sendo todas as decisões unânimes. Não aceitaremos retaliações para com um ou outro atleta. Estamos unidos e uma decisão valerá para todos. Florianópolis, 21 de Agosto de 2019. Att., Todo elenco profissional do Figueirense FC

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