Edição Diário Causa Operária nº5743

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SEXTA -FEIRA, 23 DE AGOSTO DE 2019 • EDIÇÃO Nº 5743

DIÁRIO OPERÁRIO E SOCIALISTA DESDE 2003

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Lava Jato estava à serviço dos bancos A Operação Lava Jato, que já completou mais de meia década de atividade, se tornou um dos principais pilares do regime político golpista. Por meio da operação, a burguesia criou condições para derrubar uma presidenta da República eleita por mais de cinquenta milhões de votos, destruir setores importantes da indústria nacional e, acima de tudo, trancar o maior líder popular do país em um presídio.

EDITORIAL

Dia 14: um grande ato nacional pela liberdade de Lula No dia 14 de setembro será realizado um ato nacional pela liberdade do ex-presidente Lula em Curitiba.

COLUNA

Começa a censura bolsonarista no cinema Por João Silva

Todos são iguais: uma desculpa para não fazer nada

79 anos da morte do grande líder revolucionário Leon Trótski

No dia 19 de agosto, o agrupamento autoproclamado trotskista Transição Socialista publicou, em seu sítio eletrônico, um artigo de título “Bolsolulismo versus lava-jato”.

PCdoB vota a favor da entrega da base de Alcântara para os EUA O Partido Comunista do Brasil (PCdoB) votou a favor, em conjunto com o PSL e o conjunto dos partidos golpistas representados no Congresso Nacional, a entrega da Base de Alcântara no Maranhão para os Estados Unidos.

“Moro mente” é distracionismo, a luta é pela liberdade de Lula Segunda-feira (19) foi realizado um ato contra o ex-juiz Sérgio Moro na faculdade de direito da USP, a faculdade do Largo São Francisco, em São Paulo.

17 privatizações: Bolsonaro Bolsonaro entrega patrimônio nacional reafirma que vai privatizar a Petrobras Questionado por jornalistas sobre a privatização da Petrobras, Bolsonaro deu resposta evasiva. “O governo estuda tudo, pô. Pode privatizar qualquer coisa no Brasil.”


2 | OPINIÃO EDITORIAL

COLUNA

Dia 14: um grande ato nacional pela liberdade de Lula N

o dia 14 de setembro será realizado um ato nacional pela liberdade do ex-presidente Lula em Curitiba. O PCO está mobilizando sua militância para ir ao protesto, fazer campanha pelo ato e realizar atos regionais preparatórios para mobilizar o maior número de pessoas possível para irem a Curitiba no dia 14. Lutar pela liberdade de Lula é uma tarefa fundamental na luta contra a direita golpista e o imperialismo e uma etapa decisiva para derrotar o governo ilegítimo de Jair Bolsonaro e a direita golpista. Há 503 dias, Lula está preso arbitrariamente em Curitiba, prisioneiro político da direita e de um regime que se torna a cada dia mais autoritário contra a população brasileira. Sua prisão foi decretada pelo ex-juiz Sérgio Moro, que o condenou sem provas e depois virou ministro da Justiça de Bolsonaro, cargo que ocupa até hoje. Desde o início do processo as irregularidades cometidas contra Lula foram amplamente denunciadas por sua defesa e por setores da esquerda, começando pela condução coercitiva no primeiro depoimento de Lula, até chegar à ameaça dos militares ao STF para impedir a concessão de um habeas corpus que poderia ter impedido a prisão de Lula no dia 7 de abril. Portanto, lutar contra a prisão política de Lula é confrontar todo um aparato armado pela direita golpista dentro do Estado para perseguir a esquerda politicamente. Esse aparato é um setor importante do próprio bol-

CHARGE

sonarismo e de desenvolvimento da extrema-direita. A base do bolsonarismo está principalmente no aparato repressivo do Estado, além de uma pequena burguesia histérica diante da crise econômica. A oposição à perseguição contra Lula pressiona a direita, e é uma forma de agir contra a direita golpista, de fazer alguma coisa para impedir que os ataques da direita contra os trabalhadores continuem. Ao lado da exigência do imediato fim do governo golpista, com a palavra de ordem Fora Bolsonaro!, é central neste momento exigir: Liberdade para Lula! Caso as massas nas ruas imponham a liberdade de Lula pela força da mobilização, inevitavelmente o golpe armado pelo imperialismo para submeter o país a interesses estrangeiros vai começar a desmoronar. Lula é um elemento de polarização contra o governo da direita, que está em crise e cuja impopularidade torna-se mais evidente do que antes todos os dias. Por isso é preciso ampliar e estimular a mobilização em torno da questão da liberdade para Lula. Até que a campanha se generalize de forma que não seja mais possível conter essa exigência, impondo-se uma derrota decisiva à direita. Os atos que vêm ocorrendo desde maio já demonstraram que há uma tendência favorável à mobilização. É preciso aproveitar essa tendência enquanto é tempo. Todos a Curitiba dia 14! Liberdade para Lula!

Começa a censura bolsonarista no cinema Por João Silva

J

á havia sido anunciado, agora é fato. Bolsonaro quer acabar com o cinema brasileiro. Declarou que o Estado não deve financiar filmes, principalmente aqueles que são contrários à cultura judaico-cristã. No último dia 15, em uma transmissão ao vivo, o ilegítimo Bolsonaro tornou mais concreta sua política de liquidar o cinema nacional. Em sua decrépita transmissão Bolsonaro fez uma sessão especial de censura, ao vivo, pela internet. Ele vetou um edital que iria financiar pouco mais de 200 produções audiovisuais. Mais especificamente atacou produções com temas LGBTs. Disse que “garimpou” entre os filmes inscritos no edital produções que não merecem o financiamento público. Entre eles a minisséris “Transverssais”, sobre este filme Bolsonaro disse: “Um filme chama Transversais. Olha o tema: ‘Sonhos e realizações de cinco pessoas transgêneros que moram no Ceará’. Conseguimos abortar essa missão”. Depois censurou “Afronte”, que mostra a vida de negros homossexuais no Distrito Federal, sobre este declarou: “Confesso que não dá para entender. Então, mais um filme aí, que foi pro saco, aí. Não tem cabimento fazer um filme com esse enredo né?”. Censura nua e crua. Sobre a produção “Sexo reverso” que mostra como povos indígenas na Amazônia interpretam as práticas sexuais do ‘homem branco’, disse Bolsonaro, ”É o enredo do filme. Com dinheiro público. E outra, geralmente esses filmes não têm audiência. Não têm plateia. Têm meia dúzia ali. E o

dinheiro é gasto. São milhões gastos”. A transmissão foi uma sessão de censura pública, como se Bolsonaro fosse um daqueles censores da época da ditadura dizendo o que pode e o que não pode. Neste caso é mais grave. Ele está vetando produções antes mesmo de serem produzidas. É uma censura prévia, sumária. Censura mesmo antes de começarem as filmagens. O cinema é a bola da vez, mas a tendência é que este metodo se alastre para todos os ramos da arte, teatro, shows, espetáculos de dança, programas de televisão e rádio e até mesmo produções impressas como livros, revistas. O alvo preferencial, no momento são os LGBT’s, mas em breve qualquer produção que fale de política ou contenha crítica social também será censurado. Bolsonaro pretende não só censurar e acabar com editais como extinguir a Ancine (Agência Nacional de Cinema). Nesta transmissão declarou que demitiria todos os cargos da Ancine, em suas palavras, “teria degolado tudo (…) não tivesse, em sua cabeça toda, mandatos”. Uma referência aos cargos de diretoria da agência. Bolsonaro como todo fascista, aos moldes de Franco, Salazar, Pinochet, Hitler, é inimigo da cultura, inimigo da ciência, inimigo da arte. Não é governo do povo, é um governo contra o povo, e portanto para impedir a destruição do cinema e da cultura brasileira não basta protestar contra essa ou aquela medida. É necessário exigir o fim desse governo golpista, pois somente assim será possível evitar a o fim do cinema nacional. Fora Bolsonaro!


POLÍTICA | 3

REGIME POLÍTICO

Lava Jato estava à serviço dos bancos A

Operação Lava Jato, que já completou mais de meia década de atividade, se tornou um dos principais pilares do regime político golpista. Por meio da operação, a burguesia criou condições para derrubar uma presidenta da República eleita por mais de cinquenta milhões de votos, destruir setores importantes da indústria nacional e, acima de tudo, trancar o maior líder popular do país em um presídio. A operação nunca foi, durante um segundo sequer, imparcial, como diziam seus defensores, mas sim uma verdadeira conspiração contra a esquerda e toda a população. Os grandes responsáveis pela Operação Lava Jato não são seus juízes, promotores e investigadores – são os bancos, que, empurrados pela crise capitalista, organizaram uma ofensiva em toda a América Latina para saquear todos os países do continente. E os vazamentos mais recentes divulgados pelo portal The Intercept Brasil não deixa qualquer dúvida sobre isso: a Lava Jato tinha acesso a uma série de informações que vinculavam os bancos à atividades criminosas, mas preferiu poupá-los de qualquer investigação. Um dos casos que foi revelado pelo Intercept foi o do empresário e lobista Adir Assad. O procurador Roberson Pozzobon, em mensagens trocadas com seus colegas, afirmou que o Bradesco sabia que as movimentações de

Assad seriam ilícitas – o Compliance Officer, setor responsável por fazer o banco cumprir normas legais, teria o tornado ciente. Segundo o próprio Pozzobon, “o Banco, na verdade os bancos, faturaram muuuuuuito com as movimentações bilionárias dele”. O caso de Adair Assad é só uma de muitas demonstrações de que a Lava Jato protege os bancos. A operação, por exemplo, devastou empresas gigantescas, como a Odebrecht, levando inclusive alguns de seus diretores à prisão. No entanto, apenas em maio de 2019 que a Lava Jato finalmente atingiu um banco, quando prendeu três executivos do Bancos Paulista, acusados de lavagem de dinheiro e gestão fraudulenta para beneficiar a Odebrecht. O procurador Deltan Dallagnol, responsável por acusar o ex-presidente Lula pelo Ministério Público, recebeu dinheiro diretamente dos bancos. No dia 17 de outubro de 2018, Dallagnol recebeu R$ 18.088,00 da Federação Brasileira de Bancos (Febraban) para realizar uma palestra sobre prevenção e combate a lavagem de dinheiro. Entre os convidados, estavam representantes do Itaú, Bradesco e Santander. O ex-ministro da Fazenda Antônio Palocci, que foi utilizado pela direita para fazer uma série de acusações contra o PT e contra o ex-presidente Lula, apresentou, em suas propostas

de delação premiada, uma série de denúncias relatando a atividade ilegal dos bancos. Palocci relatou ter relações com vários banqueiros, como Joseph Safra (Banco Safra), Pedro Moreira Salles (na época, do Unibanco), Lázaro Brandão e Luiz Carlos Trabuco (Bradesco), dentre outros. Segundo Palocci, o então economista-chefe do Bradesco, Octavio de Barros, e Júlio Siqueira, vice-presidente executivo do banco, o procuraram em 2009, quando ainda atuava como deputado federal. Em troca, os executivos exigiam informações adiantadas do Banco Central sobre a mudança da taxa básica de juros, a Selic. Palocci também afirmou que, enquanto deputado, fez de tudo para impedir que a fusão dos bancos Unibanco e Itaú fosse prejudicada, em 2008. As informações de Palocci sobre os bancos foram, obviamente, rejeitadas pela Lava Jato – a delação só serviu para aprofundar os ataques ao PT, e não aos donos da operação. O procurador Januário Paludo, em mensagem escrita em outubro de 2018 e divulgada pelo Intercept, deixou claro que os bancos não poderiam ser atingidos pelas investigações: “o que nós temos a favor e que é uma arma que pode explodir é que uma operação sobre um grande banco pode gerar o tal do risco sistêmico. Podemos quebrar o sistema financeiro. Essa variável tem que ser

considerada para o bem e para o mal. E eles certamente vão levar em conta em eventual mesa de negociações. Por isso, estrategicamente, medidas ostensivas tem que ser tomadas em relação a pequenas instituições para ver o quanto o mercado vai reagir”. O envolvimento dos bancos, embora fosse um fato perceptível, uma vez que esses são os grandes financiadores da ofensiva da direita contra os direitos democráticos dos trabalhadores brasileiros, se tornou escancarado com os vazamentos. Por isso, é preciso organizar um movimento que seja capaz de enfrentar a direita e dissolver o regime político golpista. Fora Bolsonaro, o governo capacho dos bancos! Fora todos os golpistas que querem acabar com o país! Liberdade para Lula!

rando fazer acordos com a direita golpista. Esses são os partidos entusiastas e propagadores da frente ampla contra os retrocessos. Essa seria um resultado da Frente Ampla? Como o Diário da Causa Operária vem denunciando a Frente Ampla, setores de esquerda e da burguesia se apoiam para aprovar medidas que atacam os trabalhadores e a soberania nacional, permitindo a manutenção da direita golpista no poder e colocando uma cortina de fumaça nas medidas entreguistas do governo Bolsonaro. A aprovação da entrega da Base de Alcântara nesta comissão pelos deputados de partidos da frente ampla de-

monstra na prática quais são os objetivos e resultados dessa frente, caso seja colocada em prática pela esquerda. A política de frente ampla mostrou sua face e evidência a miopia política de setores da esquerda que ainda defendem essa política sob vários argumentos, mas que na verdade significa colocar o movimento a reboque da burguesia, da direita, dos golpistas como Rodrigo Maia, Calheiros e Sarney, o PSB e o PDT. Partidos e elementos políticos que sempre defenderam, e ainda defendem, todas as medidas de ataques do governo Bolsonaro e que não querem ver Lula fora da cadeia para atrapalhar seus planos.

GOVERNO GOLPISTA

Frente Ampla do entreguismo N

esta quarta-feira (21/08) foi aprovado na Comissão de Relações Exteriores da Câmara dos Deputados a entrega da Base de Alcântara, localizada no Estado do Maranhão, para os Estados Unidos da América (EUA). A comissão foi presidida pelo deputado fascista Eduardo Bolsonaro (PSL-SP) e aprovada com 21 votos favoráveis e 6 contrários. Esse acordo estava sendo costurado diretamente pelo presidente ilegítimo Jair Bolsonaro e o presidente dos EUA, Donald Trump, desde a visita de Bolsonaro aos EUA em março deste ano. Nesta data o Brasil assinou nos Estados Unidos um Acordo de Salvaguardas Tecnológicas (AST), para uso comercial de Alcântara, num processo de favorecimento da entrega das riquezas nacionais e posições estratégicas para o imperialismo. O acordo é tão entreguista que a imprensa golpista divulga que a entrega da Base de Alcântara aos EUA é uma medida para a aprovação de Eduardo Bolsonaro a embaixada brasileira em Washington. Dentre os eis deputados que votaram contra a entrega deste patrimônio estratégico nacional para o imperialismo eram do PT e do Psol. Já entre os 21 favoráveis estava toda a bancada de partidos de esquerda, ou que se

apresentam desta maneira, como o PCdoB, PDT e PSB. A bancada do PCdoB justificou que a entrega é necessária para o desenvolvimento do Estado e que irá beneficiar o desenvolvimento tecnológico brasileiro e que, com algumas ressalvas, o acordo não fere a soberania nacional. A deputada do PCdoB que votou favorável a entrega da base de Alcântara, Perpétua Almeida, afirmou que “sempre colocamos no centro de nossa tarefa cotidiana a necessidade de um Projeto Nacional de Desenvolvimento, Justo e Soberano”. O deputado, também do PCdoB, Márcio Jerry, ainda afirma que nas cláusulas aprovadas não há nenhum dano a soberania nacional. Apesar dos deputados do PCdoB tentarem justificar a política entreguista, no acordo há clausulas sobre acessos “áreas controladas” que só podem ser autorizadas pelo governo norte-americano e total controle das atividades e acesso. Ou seja, é a entrega desta área estratégica para uma nação que financiou o golpe de estado no país para colocar a direita no poder. A aprovação desta política entreguista realizada por parlamentares do PCdoB e dos partidos da burguesia, como PDT e PSB, ditos de esquerda e nacionalistas mostra que estão procu-


4 | POLÍTICA

ACORDO

PCdoB vota a favor da entrega da base de Alcântara para os EUA O Partido Comunista do Brasil (PCdoB) votou a favor, em conjunto com o PSL e o conjunto dos partidos golpistas representados no Congresso Nacional, a entrega da Base de Alcântara no Maranhão para os Estados Unidos. Em seção ocorrida nessa quarta-feira, a Comissão de Relações Exteriores da Câmara dos Deputados, presidida por Eduardo Bolosnaro, aprovou o Acordo de Salvaguardas Tecnológicas (AST) sobre a Base de Alcântara assinado em março passado pelos ministros Ernesto Araújo (Relações Exteriores) e Marcos Pontes (Ciência e Tecnologia) e por representantes do governo norte-americano, após quase 20 anos de impasse nas negociações entre os dois países. Pelo menos por três vezes o governo brasileiro tentou assinar o AST. As duas primeiras tentativas ocorreram no segundo mandato de Fernando Henrique Cardoso. Em 2001 foi barrado pelo Congresso Nacional e em 2002 por um plebiscito nacional, que teve 98,5 % dos votos contrários e, finalmente, já no governo golpista de Temer, em mais uma tentativa fracassada da direita em cumprir uma das agendas do golpe, fato finalmente consumado no governo de extrema-direita de Bolsonaro, com a chancela do PCdoB. Na tentativa de minorar o compromentimento do Partido nessa operação de lesa-pátria, o voto da deputada Perpétua Almeida (PCdoB-AC) foi de aprovação com “ressalvas”. Uma mera formalidade que não altera em nada o ataque à soberania nacional imposto pelo acordo. O acordo firmado tem uma questão de fundo central. Transforma a base de Alcântara em um enclave norte-ame-

ricano, uma região estratégica não só do ponto de vista econômico – o custo de lançamentos de satélites e foguetes na região, tem um custo reduzido em até 30%, quando considerado outras regiões do mundo, inclusive o Centro Espacial Keneddy, localizado no Cabo Canaveral, costa leste norte-americana -, mas envolve outros interesses que vão muito além disso. A região é privilegiada para o controle geopolítico e militar, particularmente em uma etapa de agudização da crise mundial capitalista, de toda região norte da América do Sul e da América Central e da costa oeste da África, o que propicia o monitoramento e facilita uma internvenção de países “inimigos” dos EUA, como a Venezuela. É do conhecimento público que o objetivo dos norte-americanos é ter uma base militar no Brasil. A própria Base de Alcântara foi aventada pelo capacho de Trump, Jair Bolsonaro para essa possibilidade. É possível se ter dúvidas de que os EUA, o articulador do golpe de Estado no Brasil criou um atalho para atingir seus objetivos? É possível considerar que os EUA sairão do Brasil de boa vontade, caso seja essa seja uma decisão soberana nacional? Obviamente que não. O PCdoB através do seu sítio oficioso na Internet, Vermelho, declarou que “O voto favorável com ressalvas, da deputada comunista, veio da convicção de que o acordo não fere a soberania nacional e se trata de uma nova possibilidade para um projeto que segue inconcluso, embora tenha quase 40 anos. Ela argumenta que o acordo deve ser examinado à luz dos interesses nacionais, do desenvolvimento do país, do estado do Maranhão, e dos

direitos da população de Alcântara. Destacou, ainda que o governador Flávio Dino apoia o projeto sobre esses parâmetros”. Será isso mesmo verdade? Afora as considerações acima expostas, o acordo atual praticamente em nada se diferencia das versões anteriores rejeitadas como um ataque à soberania nacional. Um ponto exaltado pelo governo brasileiro que “diferencia” os dois acordos seria o de que no anterior era permitido a “segregação” de uma área na base de Alcântara, e agora se trata da “restrição” de acesso. “Não é apenas mudança de linguagem, tem um sentido claro. Segregação é um conceito espacial, como se existisse um pedaço do território cedido ao governo americano. Não é disso que se trata. Teremos em Alcântara um espaço para proteção de tecnologia americana, mas continua sendo espaço de jurisdição brasileira. Não é cessão de território para ninguém, é um espaço que foi transformado em área de acesso restrito”, afirmou o embaixador brasileiro, Sérgio Amaral, em março passado. Trata-se de uma falsificação absoluta da realidade. A alteração de “segregação” para “restrição”, apenas transformou o Brasil em um mero preposto do EUA, pois caberá ao Brasil “permitir e facilitar a supervisão e o monitoramento de atividades de lançamento pelo Governo dos Estados Unidos da América” e “apenas pessoas autorizadas pelo Governo dos Estados Unidos da América deverão ter acesso aos veículos de lançamento (…) (nas) áreas restritas. (…) (O) livre acesso a qualquer tempo, para inspecionar, nas áreas controladas e restritas (…)

O acesso às Áreas Restritas deverá ser controlado pelo Governo dos Estados Unidos da América”. Quer dizer o Brasil “autoriza” que só os EUA poderão autorizar quem tem direito ao acesso dos espaços restritos. É capachismo sem igual, mas o que esperar do governo Bolsonaro? Há, ainda, outros itens do acordo que, na prática, condicionam qualquer ação do governo brasileiro à aceitação por parte dos EUA ou de entidades subordinadas a esse país, como o Conselho de Segurança da ONU. Outros detalhes sobre esse acordo absolutamente lesivo ao Brasil serão objetos de outra matéria. Aqui importa salientar que, ao contrário do que afirma o PCdoB, o acorde é uma absoluta afronta à soberania nacional. Mas o que levaria um Partido que, pelo menos formalmente, se colocou contra o golpe de Estado no País e que agora faz uma aliança aberta com todos os setores golpistas dentro do Congresso Nacional, inclusive com o bolsonarismo, com o claro propósito de defender os interesses do principal articulador do golpe, os Estados Unidos da América? Aqui temos o resultado prático da política de aliança da esquerda com o “centrão”. Em nome da constituição de uma frente de oposição responsável ao governo Bolsonaro atrela o seu vagão aos vagões da esquerda burguesa e da direita em um trem que corre atrás do caminho de “virar a página do golpe”. Essa política não pode ter outro resultado que não seja uma política direitista, inclusive de frente única com o próprio bolsonarismo, como é o caso do voto em favor de entregar a Base de Alcântara para os EUA.


POLÊMICA | 5

TODOS SÃO IGUAIS

Uma desculpa para não fazer nada

N

o dia 19 de agosto, o agrupamento autoproclamado trotskista Transição Socialista publicou, em seu sítio eletrônico, um artigo de título “Bolsolulismo versus lava-jato”. Segundo o texto, Lula e o PT e Bolsonaro seriam dois lados de uma mesma moeda – isto é, seriam os complementares de uma mesma política. Essa tese aparece nos seguintes trechos: “Lula e Bolsonaro estão unidos no desmonte da LJ [Operação Lava Jato]”. “Já falamos que Bolsonaro e PT têm tudo a ver”. “Como o PT é a alma do regime [democrático-burguês], é ele quem produz e controla os elementos de negação do regime. Ele se diferencia de si mesmo, projeta para fora de si a sua própria imagem autoritária idealizada, encarnada em outro ser (Bolsonaro/ PSL), para depois melhor se realizar ele mesmo, PT, nesse novo autoritarismo ideal. Pai, filho e espírito santo.” “Bolsonaro está na mão do PT e, juntos, preparam o grande golpe contra a classe trabalhadora brasileira”. Considerar que Bolsonaro e Lula são representantes de uma mesma política é um método fadado ao fracasso. Na política, nada é igual: as relações de produção entre os homens formam uma cadeia complexa de fenômenos políticos. O método da luta de classes deve se preocupar com todos os conflitos existentes na sociedade – dificilmente, as contradições do capitalismo vão colocar, de maneira explícita e acabada, a totalidade da classe operária, pura, contra todos os elementos da burguesia. Ignorar isso impede que um partido revolucionário intervenha no mundo

real – dá-se o problema da elevação da consciência, portanto, como dado. Segundo o método do Transição Socialista, não seria necessária uma vanguarda revolucionária que oriente o movimento operário – este, por si só, se tornaria um movimento revolucionário. Bolsonaro e Lula, ao contrário do que atesta o artigo, não têm nada a ver. Bolsonaro é a expressão de um movimento de extrema-direita, um representante dos bancos, com características fascistas, que foi imposto pela burguesia para levar adiante um programa de massacre da população. Lula, por sua vez, é uma liderança operária e de um dos maiores partidos de esquerda do mundo, que reúne mais de 4 mil sindicatos em sua base e dezenas de milhares de sem-terra. Por trás da luta pela liberdade de Lula, está a luta de dezenas de milhões de brasileiros que vêem em sua figura um meio para satisfazer as suas necessidades mais urgentes. Os governos Lula, na medida em que foi um governo nacionalista burguês, se chocou várias vezes com os setores mais pró-imperialistas da burguesia, favorecendo, em alguma medida, o desenvolvimento do país, o que influi nas condições de vida dos trabalhadores. Para se chocar com os interesses do imperialismo, não é sequer necessário ser oriundo da classe operária, muito menos integrar um partido revolucionário. Em Honduras, por exemplo, o então presidente Manoel Zelaya, que era um latifundiário, foi deposto por um golpe militar por não estar alinhado ao programa de total capachismo imposto pelo imperialismo norte-americano.

Enquanto o Transição Socialista se eximir de tomar partido nos conflitos entre o imperialismo e o movimento popular liderado por Lula, ou entre o imperialismo e o chavismo, estará condenando milhares de pessoas a morrerem de fome ou de qualquer outra mazela provocada pela direita. O governo Bolsonaro, resultado direto de algumas vitórias parciais da direita sobre a esquerda, está matando aos montes os sem-terra, indígenas e a população pobre da periferia. Ficar indiferente a isso é ser incapaz de lançar uma política que atenda aos anseios mais urgentes da classe operária – é, portanto, se declarar incapaz de liderá-la. Além de dizer que Lula e Bolsonaro teriam “tudo a ver”, o MNN sai em defesa da Operação Lava Jato. Segundo o texto, a operação seria uma “pedra no sapato da burguesia”, uma espécie de movimento que surge como reação popular à podridão do regime político. Os perseguidos pela Lava Jato seriam os “poderosos” e os funcionários da operação, heróis buscando atender o clamor popular. Tal concepção é explicitada nos seguintes trechos: “Na ausência de um partido proletário e revolucionário, a revolta da maioria da população desviou-se e estruturou-se onde e como podia: em corporações pequeno-burguesas. Infiltrou-se por baixo do Estado burguês, nos primeiros escalões, mais técnicos, menos políticos, da máquina estatal, e se ossificou. O maior símbolo dessa política da classe pequeno-burguesa é a operação Lava-Jato, que, na medida em que se mantém estruturada, é uma angulosa pedra incômoda à burguesia, encalacrada dentro do seu Estado”. “Observando-se as medidas contra “abuso” de autoridade, percebe-se sua divisão em dois tipos: aquelas que já

existiam, já estavam contempladas no ordenamento vigente (por pior que ele seja), e aquelas “inovações”. As primeiras servem para dar um caráter democratizante ao projeto (aproveitando-se da ignorância quanto ao ordenamento vigente), e as segundas servem para tornar mais subjetiva a avaliação de conduta de abuso de autoridade por membros das referidas instituições. O resultado necessário é que os baixos escalões do judiciário e do MP ficarão mais temerosos ao tomar qualquer ação, uma vez que estarão sujeitos à condenação (desde trabalhos comunitários até a prisão)”. “Por trás da falácia democratizante – do tipo “ninguém está cima da lei” –, esconde-se a ação dos altos escalões do Estado contra os baixos”. Aqui, trata-se não só de um problema de método, mas de um completo delírio do MNN. A Lava Jato é uma operação montada pelo imperialismo, pelos setores mais poderosos da burguesia, para perseguir seus inimigos. E dados para isso não faltam: vazamentos do Intercept mostraram que a Lava Jato poupava deliberadamente os bancos de suas investigações, o procurador Deltan Dallagnol teve palestras pagas diretamente pelos bancos, o então juiz Sergio Moro, treinado pelos EUA, fez de tudo para que Lula fosse preso sem provas e tivesse sua candidatura cassada, a indústria nacional foi destruída com a Lava Jato etc. Não há político algum que seja mais poderoso que os bancos dos países desenvolvidos – os grandes financiadores da Lava Jato e, portanto, os “padrinhos” dos procuradores, juízes e investigadores da operação. Por isso, na luta do povo brasileiro contra o imperialismo, é necessário se posicionar claramente pela destruição completa da operação golpista.

NEGAÇÃO DA REALIDADE

Para Pochmann, classe operária não existe mais E

m um evento organizado pelo PT em Porto Alegre nesta segunda-feira, intitulado “Os desafios de uma gestão de esquerda em meio à crise democrática”, Marcio Pochmann, presidente da Fundação Perseu Abramo, fez uma intervenção no mínimo delirante. De acordo com ele, a “sociedade que deu origem ao PT não existe mais. Estamos com uma retórica envelhecida”. A conclusão, basicamente, seria que no Brasil não existiria mais uma classe operária de fato, trabalhando em fábricas, mas que o grosso da mão de obra estaria trabalhando na “área de serviços”. Trata-se de uma ideia completamente falsa, e que é repetida sistematicamente pela burguesia como forma de enfraquecer a luta da classe operária. Pochmann utiliza vários dados para insinuar que o chamado “setor de serviços” estaria acabando com a classe operária brasileira, como se o Brasil tivesse passado a ser um país composto por uma vasta camada de classe média, um país desenvolvido. Na realidade, é o oposto. O elemento mais presente

no assim chamado “setor de serviços” é a terceirização, isto é, o trabalhador não tem mais um vínculo direto com a empresa em que trabalha, e passa a ser ainda mais explorado. O setor inclui categorias como correios, transporte e limpeza pública, que são atividades braçais, feitas por operários que tem sido ainda mais explorados. O que na verdade é uma super exploração da classe operária brasileira, para Pochmann seria uma “evolução”, e mais, algo com relação ao qual nada podemos fazer. E mais. Pochman mistura em um só balaio uma faixa enorme de pessoas, os chamados “empreendedores individuais”, os chamados MEIs. Conforme destacado nesta outra matéria deste Diário, o estrato inferior, correspondente a 40% destes “microempreendedores” recebe até R$ 300,00 por mês. É possível imaginar que quem ganha esta “fortuna” faz parte da classe média e teria um pensamento pró direitista? A análise também inclui a influência das igrejas evangélicas e do dito “crime organizado” no interior da classe

operária brasileira. Ele avalia, corretamente, que no caso das igrejas, há um fator de socialização que colabora para o envolvimento do indivíduo no ambiente religioso. No entanto, estranhamente, ele não tira a conclusão de que a esquerda, no caso o PT, deveria fazer este mesmo movimento, quer dizer, de criar pequenos núcleos, ou células, em bairros, escolas, universidades e locais de trabalho para socializar, discutir e agir politicamente. Para ele, a retórica dos partidos está “envelhecida”, em uma sociedade com cada vez “menos diálogo e individualismo”, e que portanto terão que se reinventar. Ora, se já não há mais uma classe operária no Brasil, subitamente esta nação esmagada por mais de 500 transformou-se em um país de classe média, a solução seria abandonar essa história de luta de classes e irmos todos pro lado da burguesia golpista. Finalmente, em meio à uma salada de dados que Pochman seleciona para montar a sua análise, a conclusão é a de que agora, a direita teria mais facili-

dade para dialogar com o povo do que a esquerda. Não se sabe exatamente de onde ele tirou esta ideia, por que os atos convocados por Bolsonaro e pela extrema-direita, além de terem sido um fracasso total de público, não tinham ali nada de povo: só se viu ali a burguesia e um pequeno setor da pequena-burguesia. Já os atos espontâneos contra Bolsonaro e em defesa de Lula ocorrem em todo o Brasil e são protagonizados por elementos de todas as classes sociais, destacadamente entre os mais pobres, como nós do PCO podemos constatar pessoalmente todos os domingos e quartas, em nossos mutirões. Embora a tese de que não existe mais classe operária no Brasil seja falsa, ela não é nada nova, é uma campanha de décadas, que volta e meia é requentada pela grande imprensa capitalista. Na realidade, para acabar com esta tese, nem precisaríamos ter gastado tanto verbo e elaborado esta longa matéria. Bastaria levar o cidadão incrédulo para uma obra e apresentar para ele, em primeira mão, a classe operária. A classe operária brasileira é a maioria esmagadora da população, e quando entra em movimento, deixa a burguesia de joelhos.


6 | POLÊMICA | POLÍTICA

PCdoB-RJ

Jandira, se Witzel trabalhar, muita gente vai morrer. Fora Witzel! A

deputada federal pelo PCdoB-RJ, Jandira Feghali, publicou matéria no site de notícias Vermelho, ligado ao seu partido, intitulada “Não comemore Witzel, trabalhe!”. Jandira tratou de chamar mais uma execução policial de “atuação técnica”, em referência à ação da polícia no caso do sequestro do ônibus na Ponte Rio-Niterói na última terça-feira (20). Diz ela: “Mesmo sem todos os dados de perícia possíveis, é notório que a polícia especializada agiu com embasamento técnico, seguiu protocolos e buscou salvar as vidas em risco, numa crise em que cada segundo contava. Entrou negociando e interferiu de forma mais contundente quando preciso.” Na edição de ontem, dia 22, deste Diário criticamos a política do deputado federal pelo Psol-RJ, Marcelo Freixo, que, diante da execução a sangue frio, teve como primeira preocupação o elogio da ação da polícia como sendo uma “atuação técnica”, assim como fez Jandira. Chamamos a atenção para o fato de que qualquer pessoa minimamente de esquerda deveria ter como primeira preocupação a denúncia da situação social que leva a esse tipo de problema. Mas Freixo e Jandira estão voltados para uma “apreciação técni-

ca” da polícia, que é um elogia à ação policial. Está claro que o caso foi explorado e até certo ponto forjado por Witzel e a extrema-direita para fazer propaganda da política de extermínio da população que se agravou nos últimos dias com a mortes de inocentes. Uma propaganda para justificar justamente o uso de atiradores de elite contra a população desarmada. Essa foi uma das “promessas” do governador fluminense assim que iniciou seu mandato. Para sermos justos com Jandira, ela denuncia em sua matéria as “881 mortes por agentes de segurança do Rio, principalmente nas áreas de favelas e periferias, vitimando jovens negros.” A deputada ignora, no entanto, que o circo armado por Witzel no caso do ônibus é parte dessa situação. O sequestrador, um jovem de 20 anos, foi alvejado pelas costas com seis tiros quando até mesmo os reféns afirmaram que ele não aparentava nenhum sinal de ser violento. Momentos antes da execução, o jovem havia liberado seis reféns. Ou seja, diferente do que diz Jandira Feghali, não houve “embasamento técnico”, houve mais uma execução brutal da polícia do Rio, a mando de Witzel.

É esse o trabalho de Wilson Witzel. Foi para isso que ele foi colocado no governo do Rio de Janeiro após o que foram talvez as eleições mais fraudadas da história. Portanto, quando elogia a atuação da polícia e manda Witzel “ira trabalhar”, Jandira está dizendo: “Witzel, pare de comemorar, apenas continue matando a população”. A deputada do PCdoB diz que o “governador deveria se empenhar em construir uma política de segurança eficiente, de inteligência, de investigação, de treinamento técnico”. O problema é que justamente ele já tem essa política de segurança “eficiente” e que no atual

regime capitalista – o que se agrava no golpe de Estado – não pode ser nada diferente do extermínio do povo. Witzel está “trabalhando” muito bem! Se ele trabalhar mais, como pede Jandira, mais e mais gente vai morrer. A única política correta diante da situação é exigir a saída imediata do governador fascista. É preciso colocar para fora o governo. É preciso denunciar a ação criminosa da polícia a mando do governador e chamar a população a reagir. Qualquer coisa que não passe por isso é oportunismo eleitoral cujo objetivo é a eleição municipal de 2020.

ASSASSINATO

Atuação técnica? PM-RJ atirou 6 vezes em sequestrador rendido S

etores da venal imprensa capitalista, profundamente comprometidos com a política de repressão e terror contra a população trabalhadora, mesmo criticando o que consideraram ser um “exagero” do governador do Estado do Rio de Janeiro, Wilson Witzel, de comemorar o fuzilamento do jovem negro Willian Silva (20 anos) depois do sequestro do ônibus Resultado de imagem para morte do sequestradorque atravessava a Ponte Rio-Niterói, elogiaram de forma unânime a ação da Polícia Militar e do seu fascínora Batalhão de Operações Especiais (BOPE) que esteve à frente do episódio. A suposta correção da ação da PM também foi elogiada por quase toda a esquerda burguesa e pequeno burguesa do Rio de Janeiro, como a deputada Jandira Feghali, que enalteceu a atuação da Polícia, repetindo argumentos vistos na Rede Globo e em outros canais da direita de que “agiu com embasamento técnico, seguiu protocolos e buscou salvar as vidas em risco, numa crise em que cada segundo contava”, ou como o deputado Marcelo Freixo, do PSOL, para quem a “polícia agiu corretamente, errada foi a celebração de Witzel”. Todos esses defensores que já apoiaram a ação repressiva contra a população trabalhadora do Rio agora se lançaram a fazer coro com a direita com uma operação claramente criminosa de executar uma pessoa doente

que ao ser alvejada estava do lado de fora do ônibus e que, depois de ter jogado uma mochila para os policiais e ter dirigido um Resultado de imagem para onibus sequestradoaceno para os mesmos, foi alvejado com, pelo menos, seis tiros. Isso evidencia que – obviamente – não se tratava de nenhuma ação de um “atirador de elite”, que buscasse imobilizar o jovem para proteger os sequestrados, como se procurou divulgar, mas de um fuzilamento, com várias características das operações criminosas de execução sumária que a PM costuma realizar cotidianamente no Rio de Janeiro e em todo o País. Essa é mais uma ação repressiva no estado, como a implantação das UPPs (Unidades de Polícias Pacificadoras) nas comunidades operárias para intensificar a repressão e o terror contra a juventude e a população negra e que tem em suas costas centenas de crimes como o desaparecimento do operário Amarildo. Uma dessas “marcas” foi o fato de que, mesmo depois de “abatido” (como gosta de dizer o governador fascista), o corpo do jovem foi retirado do local, para desmontar a cena do crime, o que poderia comprometer a versão de “eficiência” divulgada pela imprensa e corroborada pela esquerda capituladora. É evidente que temos aqui uma operação criminosa, planejada, inclusive, com o intuito do governo de tirar proveito do episódio para fazer

campanha de tais “atiradores de leite” contra a população de favelas e bairros operários em geral, como vem defendendo. Mais uma vez a PM executa uma sentença que não existia, com a pena capital, não prevista na Lei nacional, quando é evidente que não havia necessidade do assassinato, que só se justificaria caso houvesse explicitamente uma ameaça real e imediata às

outras pessoas. Coisa que não aparece no depoimento de nenhum dos envolvidos. A ação de extermínio, em condições em que seria possível, no máximo – por exemplo -, disparar para imobilizar o jovem, ficou evidente, inclusive nos vídeos divulgados por setores da própria imprensa direitista, como mostra o vídeo abaixo, do sítio O Antagonista.


POLÍTICA | 7

POSSE DE ARMA DOS LATIFUNDIÁRIOS

Bolsonaro prepara um banho de sangue contra trabalhadores desarmados N

a última quarta-feira (21), a Câmara dos Deputados aprovou a extensão da posse de arma por parte dos latifundiários para a área total de sua propriedade, permitindo, portanto, a ampliação da área de armamento. A proposta foi aprovada por 320 votos a favor, sendo apenas 61 contra, demonstrando a força da chamada “bancada ruralista” na Casa. A matéria já havia passado pelo Senado e agora vai à sanção do presidente ilegítimo Jair Bolsonaro, que, sendo um capacho dos latifundiários, certamente irá sancionar a proposta. Ela já era defendida por Bolsonaro e a extrema-direita. Na sua campanha presidencial, o líder fascista propôs em diversas vezes o aumento da repressão no campo, tanto por parte das forças legais do Estado, como polícia e exército, o endurecimento das leis contra a reforma agrária, quanto pelos próprios latifundiários e seus agentes, como jagunços e parapoliciais e paramilitares. A medida demagógica de ampliar a posse e o porte de armas, que causou tanta polêmica mesmo no meio da própria direita, já visava favorecer grupos como os dos grandes fazendeiros. Além disso, diversos membros do governo Bolsonaro são latifundiários, a maioria fascistas, que estão por trás da execução desse tipo de medida. Bolsonaro também, ainda na campanha eleitoral, afirmou que, em seu

governo, os sem terra seriam considerados terroristas. De fato, ele vem trabalhando para colocar o MST na ilegalidade, bem como outros movimentos de luta por moradia e de esquerda em geral, como o próprio PT. Desde o começo do ano, o número de ocupações de terra simplesmente zerou, devido ao aumento exponencial da violência por parte dos latifundiários e do próprio Estado contra os sem terra e demais grupos que lutam para viver e trabalhar no campo, como assentados, quilombolas e indígenas. Todas essas ações do governo Bolsonaro e do regime em geral – como a proposta aprovada na Câmara – revelam mais uma vez o cerco da direita contra a esquerda e o movimento popular, particularmente os sem terra, que sempre foram dos segmentos sociais mais vulneráveis. Os trabalhadores rurais estão fora de qualquer tipo

de proteção do Estado: pelo contrário, o Estado os esmaga com uma brutalidade cada vez maior. A aprovação na Câmara do privilégio de maior armamento dos latifundiários evidencia também que todas as instituições estão totalmente alinhadas a Bolsonaro quando se trata de combater a população. Ao estabelecer uma caçada no campo, colocando ainda menos restrições para os latifundiários utilizarem armas, e oficializando a total proteção do Estado à propriedade privada rural, contra o direito dos trabalhadores de terem uma terra para trabalhar e viver, Bolsonaro prepara um verdadeiro banho de sangue contra os campesinos. A única solução para evitar esse extermínio é que os trabalhadores sem terra tenham condições iguais para combater os ataques dos latifundiários. Mais do que nunca, o MST e de-

mais movimentos de luta pela terra devem reivindicar a legalização do armamento de toda a população do campo. No entanto, não devem esperar até que isso ocorra para se defenderem da chacina. É preciso que se unam e organizem comitês de autodefesa no campo, para proteger as ocupações e assentamentos, bem como para preparar novas ocupações de propriedades privadas. Eles devem, para que o movimento tenha um real avanço, receber o total apoio das organizações de trabalhadores da cidade, como a CUT e os partidos de esquerda, porque a união dos operários e dos camponeses é a força maior capaz de garantir os direitos dos trabalhadores sem terra e protegê-los contra os ataques da burguesia, formando um amplo movimento geral de luta contra o golpe e pela derrubada do governo Bolsonaro. É preciso derrubar Bolsonaro, um governo dos capitalistas e latifundiários, um governo que dá o aval e incentiva o extermínio dos sem terra, um governo que já está instaurando o fascismo no campo, que busca destruir todas as organizações populares. Somente a contra-ofensiva organizada e com ações concretas pode garantir o direito à reforma agrária, expropriar o latifúndio e colocar para fora os parasitas da terra do poder, colocando em seu lugar um governo democrático escolhido pelas entidades da classe trabalhadora. Sendo assim, as palavras de ordem que resumem essa necessidade são: Fora Bolsonaro! Liberdade para Lula (símbolo da perseguição à esquerda)! Eleições gerais, já!

ATO NA USP

“Moro mente” é distracionismo, a luta é pela liberdade de Lula S

egunda-feira (19) foi realizado um ato contra o ex-juiz Sérgio Moro na faculdade de direito da USP, a faculdade do Largo São Francisco, em São Paulo. O ato reuniu a presidenta do PT, Gleisi Hoffmann, o candidato do PT à presidência em 2018, Fernando Haddad, e o presidente da UNE, Iago Montalvão, sob a palavra de ordem “Moro mente”, ilustrada por uma faixa em que Moro aparece com um nariz de Pinóquio. O ato reuniu centenas de pessoas no Salão Nobre da “Sanfran” e denunciou, mais uma vez, que Moro passou por cima dos direitos de Lula para persegui-lo, condenando o ex-presidente sem provas para atingir um objetivo político. Foi essa condenação que justificou a prisão política de Lula, que já dura mais de 500 dias. Nesse sentido, a iniciativa de realizar atos para reforçar a campanha contra a prisão de Lula sempre deve ser saudada. No entanto, a palavra de ordem “Moro mente” é confusa. A qual ação política ela chama, além de constatar o fato, a essa altura amplamente conhecido, de que Moro perseguiu Lula de forma ilegal condenando-o sem provas, em conluio com a própria acusação? Essa mera constatação, embora seja um ele-

mento importante para a mobilização dos trabalhadores contra a farsa judicial que levou à prisão de Lula, não leva automaticamente a uma mobilização contra a perseguição ao ex-presidente. É preciso, portanto, que haja um chamado mais claro. Um chamado, por exemplo, como se faz com a palavra de ordem Liberdade Para Lula! Um exigência clara de que Lula seja imediatamente solto. Os processos são uma farsa, portanto Lula deve ser solto. Essa conclusão precisa ficar explícita, e motivar uma exigência concreta. Simplesmente dizer que os processos são uma farsa dá margem à confusão política. Além disso, é necessário exigir que todos os processos contra Lula sejam anulados, porque ficou demonstrado que existe uma perseguição política contra ele dentro de um Judiciário dominado por direitistas. A fala de Haddad Outro aspecto que precisa ser colocado sob foco é a fala de Fernando Haddad durante o ato. O ex-prefeito de São Paulo fez uma denúncia contundente da perseguição sofrida por Lula, porém restringiu sua análise do que aconte-

ceu a um quadro meramente eleitoral. Segundo Haddad, Moro “inventou provas para que Lula não participasse das eleições”. E continuou nos seguintes termos: “o mandato do lula foi roubado pelo Sérgio Moro, foi roubado pelo Bolsonaro, e foi roubado antes pelo Moro do que pelo Bolsonaro”. De fato, a prisão de Lula foi fundamental na fraude eleitoral de 2018 (da qual a esquerda deveria ter se recusado a participar com outros candidatos). No entanto, ela vai muito além dessa questão eleitoral, e seria preciso esclarecer a audiência presente no ato que essa perseguição continua agora, está se tornando muito mais abrangente (incluindo uma condenação do próprio Haddad) e tem o objetivo de esmagar a esquerda e as organizações dos trabalhadores, para que a população não tenha mecanismos para impedir os ataques do governo Bolsonaro. É por isso que a defesa de Lula é uma questão vital para o movimento operário. Haddad também acabou alimentando uma crença muito exagerada no Judiciário durante sua fala, ao caracterizar a situação como uma intimidação da qual o Judiciário precisaria ser libertado, seria preciso “libertar o Judiciário

da intimidação”. No entanto, amplos setores dentro do próprio Judiciário fazem parte do mecanismo bolsonarista de perseguição à esquerda. Haddad afirmou que “o Supremo tem que declarar a inocência do Lula, é o que estamos reivindicando”. Mas pelo menos três ministros do STF já apareceram alinhados à Lava Jato nas mensagens vazadas pelo Intercept. A saída para derrotar essa perseguição não pode passar pela crença no Judiciário. A única força capaz de impor um fim a essa perseguição é a mobilização dos trabalhadores nas ruas. E essa mobilização precisa acontecer em torno de uma exigência muito clara: Liberdade para Lula! Pela anulação de todos os processos.


8 | POLÍTICA

20 DE AGOSTO DE 1940

79 anos da morte do grande líder revolucionário Leon Trótski H

á 79 anos, no dia 20 de agosto de 1940, morria Liev Davidovich Bronstein, conhecido em todo o mundo como Leon Trótski, assassinado na cidade de Coyoacan (México) por um agente stalinista, da GPU (polícia secreta russa), Ramon Mercader. Nascido em 7 de novembro de 1879, Trótski tinha apenas 60 anos quando de sua morte e já estava há mais de 11 anos vagando pelo Mundo depois de ser expulso da URSS que ajudou a fundar, pela burocracia stalinista que conduziu a vitoriosa Revolução Russas de 1917, pelos caminhos do retrocesso. Líder da Revolução ao lado de Vladimir Lênin, Trótski além de ser um dos principais membros da direção do Partido Bolchevique, ocupava a presidência do Conselho de Operários e Soldados de Petrogrado, então, a principal cidade russa. Foi o principal responsável pela vitória bolchevique na Guerra Civil Russa (1918 – 1922), quando comandou o Exército Vermelho que derrotou a invasão da Rússia revolucionária por 14 países. Ainda bem jovem envolveu-se com grupos revolucionários na Rússia, e ainda em 1897, aos 18 anos, foi preso pelo regime czarista em função da participação em movimentos social Resultado de imagem para leon trotskydemocratas, permanecendo preso por dois anos. Em 1900, foi deportado para a Sibéria em 1900, de onde fugiu em 1902 indo morar em Londres. Em

1905, volta para a Rússia, em plena onda revolucionária e ajuda a criar o Soviete de Petrogrado, do qual vai ser eleito presidente. Em 1906, é preso novamente e deportado. Só retorna à Rússia, de forma definitiva em 1917, em meio à mobilização revolucionária que que derrubou o czarismo. Junto com Lênin vai dar a batalha contra a política de colaboração com o governo provisório e organizar a luta pela tomada do poder pelos sovietes, sob a direção do Partido Bolchevique. Entre 1918 e 1921 atuou como Comissário do Povo para a Guerra. Foi responsável pela negociação do tratado que retirou a Rússia da Primeira Guerra Mundial. Com a morte de Lênin e o isolamento da Revolução Russa em nível internacional, que criaram as condições para o desenvolvimento da ala mais reacionária da burocracia soviética, sob o comando de Stálin, Tróstki que se opõe ao retrocesso político do regime e seus apoiadores, passam a ser perseguidos na Rússia e em todo o Mundo. Primeiro é banido da direção do PC, depois da própria URSS e vais ser perseguido em todo o mundo. Diante do retrocesso da Revolução vai realizar aquele que ele mesmo considera ter sido o seu trabalho mais importante: atuar como um elemento fundamental de elo entre a velha geração de revolucionários que elaboraram a política revolucionária e con-

duziram a revolução no período mais revolucionário da histórica da humanidade, até os começo do século XX, que levou à vitória da primeira revolução operária no maior País do planeta. Nessa missão liderou a Oposição de Esquerda no interior da URSS, primeiro, e depois – expulso do seu País e perseguido – lidera fundação da IV Internacional, partido da revolução mundial que aponta o programa da revolucão socialista dos dia atuais, visando mobilizar as massas em torno de reivindicações concretas, transitórias que sirvam como preparação para a tomada do poder pela única classe revolucionária da sociedade atual, a classe operária e suas organizações de luta, estabelecendo um governos dos que produzem a riqueza social, um governo dos operários e camponeses. Resultado de imagem para leon trotskyPrincipal elaborador do marxismo do século XX, Trótski elabora teses fundamentais e vigentes até os dias atuais como a de que “as premissas objetivas da revolução proletária não apenas ‘amadureceram’, como já começam a ficar um tanto quanto ‘podres’ e que “sem uma revolução socialista… uma catástrofe ameaça a cultura da humanidade como um todo”. Em resumo, “a crise da humanidade reduz-se à crise da direção revolucionária”, plenamente confirmada pelos acontecimentos que se sucederam (II Guerra Mundial, guerras locais, revoluções, crise histó-

rica do capitalismo etc.) e que mantém total atualidade. Uma etapa diante da qual o grande revolucionário estabelece que a tarefa central da atual etapa histórica “consiste em superar a contradição entre a maturidade das condições revolucionárias objetivas e a imaturidade do proletariado (a confusão e desilusão da velha geração, a falta de experiência da jovem”, Diante do que impõe como necessidade “encontra a ponte entre suas reivindicações atuais e o programa socialista da revolução”, Destacam-se entre as suas obras: A Guerra e a Internacional (1914), Literatura e Revolução (1924): As lições de Outubro (1924): O triunfo de Stalin (1929); Minha Vida (1929); História da Revolução Russa (1930); A revolução permanente (1930), A Revolução Traída (1937) e o Programa de Transição (1938).

17 PRIVATIZAÇÕES

Bolsonaro entrega patrimônio nacional B

olsonaro, o presidente ilegítimo, anunciou que até o final do ano 17 empresas estatais serão rifadas na bacia das almas. Ele mesmo declarou nesta quarta (21) que só lembra que a ECT, Empresa Brasileira de Correios e Telégrafos (que tem 356 anos de existência ou, pelo menos, 50 com este nome) será a primeira da lista e “não tem de cabeça as outras”, assim com desdém e displicência, como se fosse lixo. Essas são as outras 16: Emgea (Empresa Gestora de Ativos); ABGF (Agência Brasileira Gestora de Fundos Garantidores e Garantias); Serpro (Serviço Federal de Processamento de Dados); Dataprev (Empresa de Tecnologia e Informações da Previdência Social); CASA DA MOEDA; Ceagesp (Companhia de Entrepostos e Armazéns Gerais de São Paulo); Ceasaminas (Centrais de Abastecimento de Minas Gerais); CBTU (Companhia Brasileira de Trens Urbanos); Trensurb (Empresa de Trens Urbanos de Porto Alegre S.A.); Codesa (Companhia Docas do Espírito Santo); EBC (Empresa Brasil de Comunicação); Ceitec (Centro de Excelência em Tecnologia Eletrônica Avançada); Telebras; Eletrobras; Lotex (Loteria Instantânea Exclusiva); Codesp (Companhia Docas do Estado de São Paulo).

Imagine a quantidade de desempregados que esse estrago vai gerar. Paulo Guedes, o ministro da demolição, anunciou, ao lado do presidente da Petrobras, Roberto Castello Branco, que também já declarou que não vê a hora de vender tudo, todos os poços de petróleo do pré-sal, sem exigir condição alguma, e se mandar para o abraço do Tio Sam, que além da opção da privatização desenfreada, o BNDES

(Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social) ainda pode avaliar outras alternativas para enxugar a máquina –como fundir, reorganizar, transferir ou até extinguir essas empresas. É para acabar mesmo, liquidação total. Bolsonaro já havia mencionado para sua burguesia apoiadora que iria privatizar centenas de empresas, para deleite dos gringos, e Guedes dis-

se antes que tudo o que pudesse ser privatizado, seria. É a entrega do patrimônio nacional para o imperialismo e os grandes capitalistas que colocaram Bolsonaro no poder, tendo antes derrubado a Dilma, perseguido o PT e prendido o Lula, para levar todo o butim. Como vê, o golpe ainda está em curso. Custou caro. Toda a operação. Vamos brigar na rua por Fora Bolsonaro e pela liberdade do Lula.


POLÍTICA | 9

PELA LIBERDADE DE LULA

Rumo a Curitiba dia 14, mutirões todas as quartas nas universidades V

isando o ato nacional pela liberdade de Lula, que ocorrerá no próximo dia 14 de setembro em Curitiba, pela anulação de seus processos e da operação Lava Jato, o Partido da Causa Operária (PCO) iniciou nesta quarta (21) a realização de mutirões nas universidades de todo o país. Os mutirões, que são realizados todos os domingos, completaram 2 meses de realização no último dia 20 e a partir desta semana ocorrerão, além dos já tradicionais domingos, todas as quartas para mobilizar um setor muito combativo da classe trabalhadora: a juventude. A iniciativa ocorre num momento de aprofundamento da crise do governo golpista (conforme Vaza Jato e outras expressões das contradições internas de setores da burguesia) e da ampliação da campanha pela liberdade de Lula e por fora Bolsonaro. Polarização que pode ser comprovada em duas importantes atividades do movimento sindical ocorridas recentemente: o Congresso Nacional dos bancários do Banco do Brasil, (2) e a reunião Conselho Estadual de Representantes (CER) de um dos maiores sindicatos do país, a APEOESP (Sindicato dos Professores do Ensino Oficial do Estado de São Paulo), na última sexta (16). No primeiro, os bancários aprovaram como eixo de mobilização derrotar Bolsonaro nas ruas e defender a Liberdade de Lula. No segundo, os professores aprovaram, em seu Conselho Estadual de Re-

presentantes (CER), incluir em seu calendário de lutas do próximo período o ato nacional pela anulação dos processos da Lava Jato e pela liberdade de Lula, que ocorrerá no próximo dia 14 em Curitiba. Por que participar dos mutirões? Os mutirões de coleta de assinatura são uma atividade primordial para a luta pela liberdade do ex-presidente. Um trabalho de agitação política e conscientização da população, além de dar aos militantes de esquerda a experiência de ouvir as massas e entender qual o seu verdadeiro clamor. Por meio dos mutirões, fica claro para aos militantes, principalmente do PCO, que a população quer a liberdade de Lula e exige a derrubada de Bolsonaro, um presidente absolutamente impopular, cujas medidas são entendidas perfeitamente pelo povo como um ataque a todos os seus direitos. Para participar basta procurar o mutirão mais próximo ou, caso não haja um mutirão na região, entrar em contato e solicitar materiais para poder iniciar o trabalho de preparação para ocupar Curitiba dia 14 pela liberdade de Lula! Nesta quarta os mutirões ocorreram em São Paulo na Uninove e na PUC e comprovaram o que os atos já vem expressando: s juventude em sua esmagadora maioria está pronta para derrubar o governo golpista.

Atos regionais Além dos mutirões, o PCO fará atos regionais pela liberdade de Lula para organizar as caravanas e a mobilização nas mais diversas regiões do país para o ato do dia 14 em Curitiba, onde Lula está preso há mais de um ano. O objetivo é reunir cerca de 3.000 pessoas em todas as regiões do Brasil, em 30 atos locais pelo país. Os atos serão realizados entre os dias 28 de agosto e 8 de setembro, nos seguintes locais: Norte: No Norte o objetivo será reunir uma centena de pessoas. Os atos serão realizados em Palmas-TO e Belém-PA. Nordeste: Nove cidades, com o objetivo de reunir em toda a região mil pessoas, somadas as cidades de Maceió-AL, Salvador e Porto Seguro-BA,

Fortaleza e Juazeiro do Norte-CE, São Luiz-MA, Natal-RN, Teresina-PI e Recife-PE. Centro-Oeste: Cinco atos, com o objetivo de reunir aproximadamente 500 pessoas. Em Brasília, em um acampamento da Frente Nacional de Lutas Campo e Cidade (FNL) no DF, em Goiânia-GO, em Campo Grande-MS e em Cuiabá-MT. Sul: Cinco atos para reunir 500 pessoas. Obviamente, será realizado um ato na principal cidade, para onde estarão indo as caravanas, Curitiba-PR, bem como em Londrina-PR, Porto Alegre-RS, Florianópolis e Blumenau-SC. Sudeste: Nove atos, para mobilizar mais de mil pessoas, somadas as cidades de: Belo Horizonte-MG, Rio de Janeiro e Volta Redonda-RJ, São Paulo, Embú das Artes, Campinas, Assis, Araraquara e São José do Rio Preto-SP.

ENTREVISTA AO 247

Lula no 247: “quero sair com 100% da minha inocência” 2

47 – A entrevista concedida pelo ex-presidente Lula aos jornalistas Mauro Lopes, Paulo Moreira Leite e Pepe Escobar, da TV 247, foi repleta de mensagens importantes sobre o que se passa no Brasil e no mundo. Lula demonstrou indignação com a sua condição de preso político há mais de 500 dias, mas deixou claro que dorme tranquilo, ao contrário de seus algozes. “O Moro tem insônia porque ele sabe que mentiu. E agora está fazendo papel de palhaço”, afirmou, antes mesmo de saber que Deltan Dallgnol, desmoralizado pela Vaza Jato, também só tem conseguido dormir à base de remédios. Lula mandou um recado direto para o Supremo Tribunal Federal, que até agora tem se mantido acovardado diante da evidente fraude processual, já denunciada pelos maiores juristas e intelectuais do Brasil e do mundo. “Já cansei de chamar o Moro e o Dallagnol de mentirosos. Estou na expectativa de que alguém tenha a dignidade de ler meu processo e julgar com base nos autos”, afirmou. “Não quero sair daqui com meia culpa. Quero sair com 100% da minha inocência. Não sou pombo, coloque neles a tornozeleira. Meu maior prazer seria sair daqui e o Moro entrar. Ele e o Dallagnol”, pontuou, deixando

claro que busca o reconhecimento pleno da sua inocência. Em relação à Amazônia, Lula deixou clara a responsabilidade dos eleitores de Jair Bolsonaro. “O Bolsonaro fala que quem tá botando fogo na Amazônia são as ONGs. Quem tá botando fogo é empresário eleitor dele”, afirmou. “Alguém precisava pegar o Bolsonaro pela orelha e falar: ‘Escuta aqui, moleque, seja educado’. Precisamos de paz. Um presidente não tem que pensar

em outra coisa a não ser no bem estar do seu povo”, disse ainda Lula. “Essa gente tem que entender que eles não foram eleitos pra ser donos do país. Eles foram eleitos pra governar. Não destruam o país. Eles não podem sair entregando o Brasil. O papel dos Estados Unidos Lula também avisou que seus advogados irão pedir acesso a docu-

mentos que demonstram que ele é vítima de uma conspiração internacional, liderada pelos Estados Unidos, que o prendeu e abriu espaço para a destruição da democracia no Brasil e a ascensão do neofascismo. “Estamos entrando com pedidos de FOIA (Freedom of Information Act) pedindo informações no Departamento de Justiça dos EUA sobre a interferência norte-americana no meu processo”, afirmou.


10 | POLÍTICA

PRENDER LULA É LUCRATIVO

Dallagnol embolsou R$ 580 E

m reportagem divulgada pela Folha de São Paulo, em pareceria com o jornal The Intercept, mais um escândalo da Lava Jato foi divulgado. Nela, demostra-se como Deltan Dallagnol enriqueceu com base na campanha de perseguição política ao ex-presidente Lula. Segundo a reportagem, “Ele começou a focar o meio empresarial e arrecadou ao menos R$ 580 mil a partir de 2017, apontam diálogos e documentos obtidos pelo The Intercept Brasil e analisados em conjunto com a Folha”. “Deltan sempre se recusou a divulgar a relação de empresas e entidades que pagaram por suas palestras, bem como as remunerações recebidas por esse trabalho. A lista de contratantes do procurador traz unidades da operadora de planos de saúde Unimed, firmas do mercado financeiro e as-

sociações industriais e comerciais. O valor de cada palestra variou entre R$ 10 mil e R$ 35 mil. O total arrecadado com elas a partir do início da Lava Jato passou de R$ 1 milhão caso sejam somadas as quantias que Deltan também destinou para instituições filantrópicas”. “Deltan pagas ou programadas entre fevereiro de 2017 e fevereiro de 2019, conforme diálogos, planilhas, recibos e contratos que circularam em grupos de conversas do procurador. A maioria delas teve como tema corrupção e ética nos negócios. Em valores atualizados pelo IPCA (Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo), a soma das remunerações dos eventos desde 2017 encontrados na documentação é de cerca de R$ 580 mil. Um quarto das palestras verificadas pela reportagem foi para unidades do plano de saúde Unimed”, aponta a reposrtagem.

PRIVATIZAÇÃO

PRIVATIZAÇÃO

Bolsonaro reafirma que vai privatizar a Petrobras Q

Doria quis fazer demagogia expulsando Aécio mas foi derrotado no PSDB

uestionado por jornalistas sobre a privatização da Petrobras, Bolsonaro deu resposta evasiva. “O governo estuda tudo, pô. Pode privatizar qualquer coisa no Brasil.” Foram algumas das palavras do presidente entreguista. Para bom entendedor, a fala é clara e significa “privatizaremos a Petrobras e tudo o que conseguirmos, mas não podemos divulgar com antecedência”. As notícias recentes, sobre a intenção do governo privatizar a estatal até o final deste ano, têm animado os especuladores e as ações da empresa subiram nos últimos dias. Bolsonaro foi evasivo também com a questão dos combustíveis, que estão saindo mais baratos das refinarias, não terem a redução de preço repassada ao consumidor final nos postos de gasolina. Neste caso, o valentão protofascista

só disse que não podia interferir nos preços. Obviamente, a intenção do governo não é interferir sobre a atividade dos oligopólios que controlam a venda de combustíveis no país, como não é de seu interesse interferir sobre a atividade de qualquer grande capitalista. A intervenção de Bolsonaro é a intervenção fascista por excelência, sobre os pobres e as minorias. Não podemos ter ilusões. Conforme a crise mundial se aprofunda e a crise política interna não se resolve, o imperialismo impõe mais e mais pressa sobre seus vassalos do continente sul-americano. Os capitalistas querem comprar a Petrobras logo, espoliar seus recursos, transferir seus lucros, sem esperar o dia de amanhã. A mobilização deve ser imediata para tirar o presidente e toda equipe entreguista que infesta a República.

"NEWS TAB"

Facebook monta aba de “censura” no aplicativo

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egundo matéria publicada no jornal norte-americano The New York Times, o Facebook irá montar um novo departamento, “News Tab” (Aba de Notícias). Será uma área dedicada exclusivamente à veiculação de notícias e conteúdo jornalístico. Serão contratados profissionais da comunicação que irão selecionar as principais manchetes dos principais veículos de notícias do mundo e colocar nessa “aba” para os usuários. Trata-se de mais uma política de

censura, vão selecionar os conteúdos jornalísticos que os usuários devem ler e, claro, censurar a imprensa não alinhada com os grandes capitalistas. É importante denunciarmos aqui no nosso diário essa nova “ferramenta” do app, pois embora pareça algo inofensivo, que querem levar informação para os usuários, é uma armadilha, que tem como objetivo influenciar importantes acontecimentos da vida da população, como eleições e manifestações, além de propagandear a favor dos interesses imperialistas.

E

m uma reunião que durou cerca de cinco horas na quarta-feira (21), a executiva nacional do PSDB rejeitou o pedido de expulsão do partido do deputado Aécio Neves (MG). Um dos pedidos foi apresentado pelo diretório do PSDB na cidade de São Paulo. O outro, pelo diretório do partido no estado de São Paulo. Por 30 votos contra e 4 votos a favor da abertura do processo de expulsão, o pedido foi arquivado. Aécio é um político conhecido por ser um dos principais organizadores do golpe contra a ex-presidenta Dilma Rousseff (PT), também foi flagrado pedindo empréstimo de R$ 2 milhões ao empresário Joesley Batista, da JBS, além de ser réu em vários processos de corrupção passiva e obstrução da Justiça, ou seja, nada diferente de toda cúpula tucana. O pedido de expulsão foi iniciativa do governador fascista João Doria, que diz se tratar de uma “faxina ética” no partido. Após a reunião, Doria se manifestou nas redes sociais: “Lamento a decisão da maioria dos membros da Executiva do PSDB que votou a favor da manutenção de Aécio

Neves na legenda. Respeito a votação, mas ela não reflete o sentimento da opinião pública brasileira”. A tentativa do Doria de mostrar que o PSDB é um partido que defende os interesses do povo, que se preocupa com a “ficha” dos seus membros, é pura demagogia e foi por água abaixo, já que 30 membros do partido votaram pelo arquivamento do processo de expulsão e ainda fizeram vários elogios ao deputado mineiro. Como bem conhecemos o playboy Doria, é óbvio que sua única preocupação é com eleição. Ele fala de “faxina ética”, “novos ares” para o PSDB, pois no ano passado o partido teve o pior desempenho eleitoral de sua história e, principalmente, porque o governador pretende disputar a presidência em 2022. Nesse caso, fica bem claro a crise entre os tucanos, crise que ficou expressa durante essa tensa reunião, que teve dedo na cara dos membros do partido, muita gritaria que deu para ser ouvida pelos corredores. Ou seja, vale tudo. Para defender seus interesses eleitorais vale desde agressividade e intimidação até “chutar” um membro do partido que não vai mais servir para nada.


INTERNACIONAL | 11

FRONTEIRA

Irã denuncia que tensão na Caxemira é culpa do imperialismo britânico

A

região de fronteira entre Paquistão e Índia conhecida como Caxemira é alvo de permanentes tensões entre os dois países. Normalmente as tensões são referidas pelo Ocidente como religiosas, produto do conflito entre muçulmanos e hindus. Mas o cerne do problema é histórico e tem raízes na colonização britânica, que ocupou todo subcontinente indiano durante cerca de um século. Para dominar o antigo Império Mugal, Grã-Bretanha e França patrocinaram o conflito entre grupos internos, até que a Grã-Bretanha foi capaz de dominar toda região. Em 1947, os ingleses se retiraram, mas procuraram manter uma relação de exploração e dependência com aquele povo. Para isso, um dos recursos foi enfraquecer o poder central, estimulando a divisão do vasto território, deixado em guerra civil, e

alimentando uma tensão permanente. Nesta quarta-feira (21/8), o ayatolá iraniano Seyed Ali Khamenei, reunido com o presidente Hasan Rohani, denunciou os britânicos como responsáveis por deixar esta “ferida aberta”, patrocinando tensões entre os grupos lá existentes, para manter a instabilidade entre os dois países. Khamenei pediu às autoridades indianas que seguisse uma política justa com respeito à população muçulmana que vive naquele país. As tensões têm aumentado na Caxemira, desde o início do mês, que a Índia deixou de reconhecer a autonomia da região, e passou a bloquear o movimento livre de pessoas no lado que alega pertencer ao seu território, além de fechar as escolas da região. O governo impôs um “apagão informático”, interrompendo as comunica-

ções e a liberdade associativa da população, e já prendeu mais de 4 mil pessoas. O Paquistão também reagiu à medida indiana, retaliando com bloqueio comercial a determinados bens e a suspensão de acordos comerciais.

A tensão escala e é difícil imaginar que não haja participação de interesses imperialistas. Autoridades militares de ambos os países argumentaram, esta semana, que podem usar arsenal nuclear para dissuadir o inimigo.

RESPOSTA AOS ATAQUES

Houthis derrubam drone dos EUA no Iêmen E m resposta aos ataques coordenados e patrocinados pelos EUA, houthis derrubam drone dos EUA que fazia voo sobre o Iêmen. Segundo a rede de TV CNN, a informação teria a confirmação por parte de um oficial estadunidense. O abate por intermédio de um míssil teria sido feito pelo grupo houthis, que reivindicaram o ataque. Ainda segundo a CNN, o governo Trump teria questionado o Irã pelo possível fornecimento do material bélico utilizado na ação. A situação, certamente, servirá como pretexto para o imperialismo norte-americano aumentar a pressão contra o Teerã, visto que, em junho

deste ano, um drone estadunidense que sobrevoava o espaço aéreo do Irã, fora abatido pelo governo iraniano. Em resposta ao suposto suporte bélico por parte de Teerã, Trump ordenou, além do aumento das sanções, ciberataques contra os sistemas de lançamento de mísseis e uma rede de espionagem iranianos. É preciso esclarecer que os EUA apoiam – quando não comandam abertamente – a coligação dos sauditas para atacar o Iêmen, levando adiante um conflito com consequências humanas catastróficas. Desta vez, os Houthis conseguiram ao menos derrubar um drone; sendo, portanto, uma ação defensiva bem sucedida.

TODAS AS SEXTAS-FEIRAS, 14H NA CAUSA OPERÁRIA TV


12 | MOVIMENTO OPERÁRIO

PLANO DE SAÚDE

Sindicatos dos Bancários realiza ato em defesa da Cassi em Brasília N

essa quinta-feira (22) aconteceram atos nacionais em defesa do Plano de Saúde dos Funcionários do Banco do Brasil, que passa por um profundo ataque por parte dos prepostos do governo golpistas, Bolsonaro, à frente da direção do banco. Querem, de todas as maneiras, acabar com um patrimônio construído pelos trabalhadores do BB, para entregar o maior plano de Auto-Gestão da América Latina para os banqueiros nacionais e internacionais e transformá-lo em um plano de mercado. Estão de olho em receita líquida que ultrapassa R$ 5 bilhões anuais com cerca de 1 milhão pessoas, divididos entre associados e beneficiários. Em Brasília o ato foi na porta do Edifício Sede IV, que abriga uma grande parte dos trabalhadores da Tecnologia do banco na Capital Federal.

Estiveram presentes, além dos trabalhadores dotados na Ditec, várias lideranças sindicais que utilizaram a tribuna para denunciar a política da direção do banco em atacar Cassi (Caixa de Assistência dos Funcionários do

SINDICATO DOS PROFESSORES

Banco do Brasil) sendo bola da vez dos golpista para mais um passo na tentativa de privatizar o BB. Dentre as falações destaca-se a do Presidente do Sindicato dos Bancários de Brasília, Kleiton Morais, ao salientar que o

ataque à Cassi é parte de um conjunto de medidas do atual governo de liquidar com as empresas estatais, e deu o exemplo do anúncio feito esta semana pelo aloprado Ministro da Economia, Paulo Guedes, que anunciou a privatização de 17 empresas estatais, dentre elas a gigantes Empresa de Correios e Telégrafos. Além da atividade política, o ato contou com momentos culturais com a presença do músico tradicional das lutas na cidade, Batah e sua viola, com o seu repertório da MPB animando a rapaziada do local. O ato do dia 22 é um dentre os diversos que devem acontecer no próximo período para barrar os ataques do governo golpista contra os direitos e conquistas dos trabalhadores do BB. Fora Bolsonaro e todos os golpistas, Eleições Gerais, Liberdade para Lula, Lula Candidato.

REGIÃO SUL

Maior sindicato do Brasil aprova Construção de frigorífico deixa um participação ativa no ato Lula Livre morto em Iporã, no Paraná N N

o começo de agosto, o maior sindicato dos professores do Brasil, aprovou em, sua reunião extraordinária, a participação ativa no Ato do dia 14 de setembro de 2019. Diante dos acontecimentos, a exigência de liberdade para Lula, comprovadamente um preso político, deve ser, mais do que nunca, uma palavra de ordem central na greve geral do dia 14. Os atos devem ser convocados para exigir a imediata saída do ex-presidente da cadeia e anulação completa dos processos da Lava Jato. O sindicato mais ativo desde o golpe de 2016, mais uma vez acerta em sua atuação e em sua luta junto aos professores, pois somente o Fora Bolsonaro vai mudar o cenário educacional. Os vazamentos comprovam também a farsa da eleição de 2018 e a manipulação para tornar possível o governo Bolsonaro. Assim, esse escândalo dá força ao “Fora Bolsonaro” que já vinha ganhando espaço antes

mesmo das conversas tornarem-se públicas. Com o fim do governo, novas eleições gerais devem ser convocadas com Lula livre e candidato, para que o povo possa realmente escolher seu representante, e não os juízes e promotores da burguesia. Mesmo com as acusações pesando contra Moro e Dallagnol, a burguesia não vai abrir mão tão facilmente da prisão de Lula. Outros processos contra o ex-presidente estão por vir, para garantir que seja mantido no cárcere mesmo com a nulidade dos julgamentos aos quais já foi submetido. Portanto é necessário tomar as ruas pela libertação de Lula, pois somente o povo tem força para tirá-lo da cadeia e acabar com toda a farsa do golpe de uma vez por todas. Convoque sua escola, organize a sua caravana, procure a subsede da sua cidade e se junte aos milhares de professores em um só coro. “FORA BOLSONARO” e “LIBERDADE PARA LULA”

a cidade de Iporã, região noroeste do estado do Paraná ocorreu mais uma morte de trabalhador. Nsta região do Paraná há uma grande concentração de frigoríficos, sendo inclusive, por esse motivo, uma das regiões de índice elevado de acidentes e doenças do trabalho, perdendo somente para Curitiba. Desta vez, o acidente, ocorrido no último dia 20 de agosto, que levou à morte do funcionário Adalto Alves Cardoso, 68 anos, e deixou o trabalhador Michael de Lima gravemente ferido, é de um frigorífico, um abatedouro de frangos ainda em construção. Michael teve que passar por cirurgia e continuava internado na Unidade de Terapia Intensiva (UTI) da Casa de Saúde, em Umuarama. Segundo informações repassadas por populares aos policiais, o acidente ocorreu após o encerramento do expediente. (Umuarama Ilustrado –

ECT

Está proibido contratar trabalhadores nos Correios N

a quarta-feira (21/08) o golpista ministro da Economia do governo fraudulento de Jair Bolsonaro, Paulo Guedes, publicou uma portaria no DOU (Diário Oficial da União) que proíbe a contratação de novos funcionários nos Correios. A publicação realizada através do Dest (Departamento de Controle das Estatais) estabelece que o número de funcionários atual dos Correios (102 mil) será o teto limite, não podendo superar esse número.

Obviamente que foi estabelecido o teto de funcionários, mas não o mínimo, pois os golpistas que querem entregar os Correios através da privatização estão “trabalhando” para demitir milhares de trabalhadores da empresa. A ECT (Empresa Brasileira de Correios e Telégrafos) possuía mais de 120 mil trabalhadores até 2014 e, já nessa oportunidade, a empresa possuía uma defasagem de mais de 50% do operacional. Agora, os golpistas já anunciaram

que, para agradar os capitalistas que podem receber os Correios de bandeja, querem reduzir o quadro de funcionários para 70 mil funcionários. Para lutar contra os ataques dos golpistas ao emprego nos Correios é preciso mobilizar os trabalhadores contra o governo golpista de Jair Bolsonaro, aprovar uma greve geral, contra a privatização dos Correios, pelo Fora Bolsonaro e todos os golpistas, eleições gerais e liberdade para Lula.

22/08/2019) Mesmo antes de seu funcionamento, o frigorifico já está deixando nítido que a vida de um trabalhador não tem valor algum, ou seja, só após a tragédia ocorrer é que toma-se a decisão de verificar a situação da obra, do local etc., como está fazendo a Procuradoria do Trabalho de Umuarama, ao solicitar que um perito especializado em engenharia do trabalho vá até o local para averiguar a situação da obra. Um descaso total, ao qual a própria prefeitura tem responsabilidade conforme informações divulgadas pela Agência Estadual de Notícias. (Umuarama Ilustrado – 22/08/2019) Essa situação, corriqueira nos frigoríficos, tenderá a aumentar exponencialmente, principalmente com a extinção das Normas regulamentadoras (NRs) o que está sendo realizado pelo governo ilegítimo do fascista Jair Bolsonaro.


CIDADES | ECONOMIA | 13

RIO BRANCO

Queimadas geram 30 mil casos de infecções respiratórias D

evido à política de incendiar a floresta amazônica levada adiante pelos latifundiários, foram registrados quase 30 mil casos de infecções respiratórias no último dia 10 de agosto, em diferentes unidades de saúde de Rio Branco, no estado do Acre. No dia 10 de agosto, a região de Novo Progresso teve pelo menos 124 focos de incêndios registrados, tendo um aumento de 300% em comparação ao dia anterior. Já no domingo, o número de casos de incêndios foi de 203, sendo Altamira uma das regiões mais afetadas, contabilizando 194 casos no sábado e 237 no domingo. Vale lembrar ainda que desde que Bolsonaro

chegou à presidência, o Ibama não pôde mais continuar fazendo suas fiscalizações na região de Novo Progresso, pois perdeu apoio da Força Nacional e da Polícia Militar. O aumento extremamente absurdo no número de infecções respiratórias é consequência direta dessa devastação provocada pelos latifundiários. A única forma de defender a Amazônia de forma consequente é por meio luta e da mobilização contra o golpe de estado. Neste momento, a palavra de ordem central desta luta é Fora Bolsonaro e todos os golpistas. É preciso colocar abaixo todo o regime golpista.

ENTREGUISTA

Bolsonaro reafirma que vai privatizar a Petrobras Q uestionado por jornalistas sobre a privatização da Petrobras, Bolsonaro deu resposta evasiva. “O governo estuda tudo, pô. Pode privatizar qualquer coisa no Brasil.” Foram algumas das palavras do presidente entreguista. Para bom entendedor, a fala é clara e significa “privatizaremos a Petrobras e tudo o que conseguirmos, mas não podemos divulgar com antecedência”. As notícias recentes, sobre a intenção do governo privatizar a estatal até o final deste ano, têm animado os especuladores e as ações da empresa subiram nos últimos dias. Bolsonaro foi evasivo também com a questão dos combustíveis, que estão saindo mais baratos das refinarias, não terem a redução de preço repassada ao consumidor final nos postos de gasolina. Neste caso, o valentão protofascista só disse que não podia

interferir nos preços. Obviamente, a intenção do governo não é interferir sobre a atividade dos oligopólios que controlam a venda de combustíveis no país, como não é de seu interesse interferir sobre a atividade de qualquer grande capitalista. A intervenção de Bolsonaro é a intervenção fascista por excelência, sobre os pobres e as minorias. Não podemos ter ilusões. Conforme a crise mundial se aprofunda e a crise política interna não se resolve, o imperialismo impõe mais e mais pressa sobre seus vassalos do continente sul-americano. Os capitalistas querem comprar a Petrobras logo, espoliar seus recursos, transferir seus lucros, sem esperar o dia de amanhã. A mobilização deve ser imediata para tirar o presidente e toda equipe entreguista que infesta a República.


14 | NEGROS | CULTURA

ATAQUES

Dois a cada três desempregados no Brasil são negros D

os 12,8 milhões de desempregados que são registrados oficialmente no Brasil hoje – número que nem de longe expressa o quadro real da situação dos desempregados -, 64,3% são negros, segundo os dados da Pnad (Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílio), divulgados pelo IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística). Esse percentual é o equivalente a 8,2 milhões de brasileiros, o que significa dizer que dois em cada três desempregados do país são negros (os autodeclarados pretos ou pardos). Os dados divulgados são uma pequena amostra da situação dos negros no Brasil, que só piora e tende a piorar ainda mais, com a implementação progressiva da política neoliberal da direita golpista. A comunidade negra, além de ser o alvo preferencial dos tiros, dos “en-

quadros”, das arbitrariedades e da repressão geral do Estado burguês, além de ser o “hóspede” quase exclusivo do sistema carcerário brasileiro, também se encontra na pior das situações do ponto de vista da economia: está sempre entre as mais afetadas pelo desemprego, pelos salários de fome, pelos trabalhos precários, pelos ataques patronais etc. Um dos setores mais explorados historicamente no país, o povo negro, com a ofensiva golpista e a ascensão do fascismo bolsonarista, encontra-se ameaçado de ser jogado a uma condição similar à dos tempos da escravidão. Contra a política de fome da direita fascisa, é necessário lutar pelo fim do governo de Jair Bolsonaro, um verdadeiro inimigo do povo, e pela liberdade de Lula, alternativa política que canaliza no momento a revolta operária e popular que está por vir.

ESTREIA

HENRIQUE PIRES

Documentário “Contra República de Curitiba” E

Secretário da cultura de Bolsonaro pede demissão por conta de censura

streou na segunda-feira (12), às 17h30, na Vigília Lula Livre, em Curitiba (PR), com sessão aberta ao público, o documentário “A Contra República de Curitiba”, dirigido por Carlos Pronzato. A produção se destina à investigação dos impactos promovidos pelas ações criminosas da chamada “República de Curitiba” na política nacional. Segundo Pronzato, o documentário se divide em duas partes: inicialmente é feita uma contextualização sociológica, antropológica e política da construção de Curitiba como centro político da atual conjuntura; por conseguinte, o documentário faz uma análise política do Judiciário brasileiro e da farsesca Lava Jato. “Num momento político de extrema complexidade no Brasil, esta obra aborda, através de depoimentos de investigadores, cientistas políticos, sociólogos, juristas, professores, ativistas políticos e militantes de diversas correntes políticas do campo popular – inclusive com opiniões contrarias no amplo leque das esquerdas – realizadas na cidade de Curitiba, a origem e o desenvolvimento da assim denominada República de Curitiba, dispositivo político de impacto fundamental nas decisões do governo federal a partir da instalação da Lava Jato”, afirma Pronzato. O documentário, por sua vez, refaz o percurso da direita golpista que levantara a cabeça nas jornadas de junho, passando pelo golpe de Estado de 2016, o início da operação golpista da Lava Jato, terminando nos vazamentos de áudios entre Sérgio Moro e Deltan Dallagnol. É imperativo ressaltar a denúncia contra a ardilosa operação Lava Jato

e todo o aparelhamento do judiciário pelos setores mais reacionários do país, cujo propósito fundamental se deu na destruição da economia nacional para a entrada das empresas imperialistas e, sobretudo, o caráter fascista e perseguidor da operação Lava Jato – orquestrada pelos EUA, onde, visivelmente, o alvo principal constitui-se no desmantelamento das liberdades democráticas do povo e a aniquilação das organizações operárias. Se você estiver em São Paulo, aproveite a oportunidade e compareça aos seguintes locais nas datas a seguir: Dia 21, às 19h: Al Janiah – rua Rui Barbosa, 269, Bixiga. Dia 22 às 19h: Apeoesp – praça da República, 282, República. Dia 23 às 19h: Teatro Heleny Guariba – praça Roosevelt, 184, Consolação Dia 24 às18h: Espaço Cultural Mané Garrincha – rua Silveira Martins, 131, sala 11, Centro.

N

a última quarta-feira (21), o secretário de Cultura do Ministério da Cidadania, Henrique Pires informou que estaria deixando o cargo, afirmando que tomou a decisão pois se sentia uma “voz dissonante no governo. Já a assessoria do ministro da Cidadania, Osmar Terra diz que demitiu o secretário da Cultura Henrique Pires estava no cargo desde o início do governo do presidente golpista Jair Bolsonaro e afirmou que tomou a decisão após o ministério censurar, descaradamente, um edital sobre séries LBGT, que deveriam ser exibidas na TV pública O próprio Bolsonaro afirmou em um vídeo ao vivo no Facebook que não iria incentivar ou financiar produções de temática LGBT. “Não tem cabimento fazer um filme com esse tema”, afirmou o presidente. Ainda no vídeo ao vivo no Facebook, o presidente atacou quatro produções finalistas do edital “BRDE/FSA PRODAV” que estavam concorrendo nas categorias de diversidade de gênero e sexualidade. A seleção foi lançada em 13 de março de 2018 e tem um orçamento de R$ 70 milhões, provenientes do Fundo Setorial do Audiovisual (FSA) Henrique Pires mostra uma insatisfação imensa com a censura do ministério incentivada pelo presidente ilegítimo, Jair Bolsonaro. O secretário chegou até a comentar: “Eu tenho o maior respeito pelo presidente da República, tenho o maior respeito pelo ministro, mas eu não vou chancelar a censura” O secretário afirma que não concorda com filtros em atividades culturais. Henrique Pires já vinha enfrentando esse tipo de dificuldade com o governo de Jair Bolsonaro desde o início do

governo. O governo estava impondo uma série de censuras em relação à produção e financiamento de obras relacionadas à temas LGBT, o que mostra toda a opressão do governo de Bolsonaro perante os temas de homossexualidade e sexualidades em geral. E enfim ele pede demissão por não conseguir fazer seu trabalho por causa dos impedimentos fascistas e ditatoriais impostos pelo governo golpista da extrema-direita. É uma política fascista de repressão à arte e a cultura, essa política de repressão deve ser barrada, Bolsonaro não deve ser educado, Bolsonaro deve ser derrubado por uma mobilização de massas exigindo o Fora Bolsonaro, Liberdade Para Lula e Eleições gerais com Lula candidato!


MULHERES | JUVENTUDE| 15

SOCIEDADE CAPITALISTA

Trabalhar fora aumenta violência doméstica contra mulher A

situação das mulheres na sociedade capitalista é um mar de contradições. Constantemente o senso comum tende a difundir premissas erradas sobre a questão da mulheres, como é o caso da superação da luta das mulheres, colocada muitas vezes como algo que já não é mais necessário, afinal, a mulher já conquistou seu lugar no mercado de trabalho, na política etc. Contudo, essa afirmação não passa de um engôdo, como mostra uma pesquisa recente do Ipea, divulgada na segunda-feira (19), em que é apresentado que as mulheres trabalhadoras são mais suscetíveis à violência, tanto em casa, como na rua. A pesquisa aponta que a violência chega a atingir 52,2% das mulheres que fazem parte da população economicamente ativa, praticamente o dobro do número de casos de violência contra mulheres que não estão no mercado de trabalho. Segundo Fabiana Paes, da Promotoria de enfrentamento à Violência Doméstica, o rompimento que as mulheres deram entre a

esfera pública e privada causa um choque de poder e que “Isso faz com que as mulheres que acabam ocupando o espaço público sejam violentadas. Violentadas, eu digo, sofram algum tipo de violência.” Ela continua: “Nos transportes públicos, têm ocorrido diversos casos de masturbação, de estupro até mesmo, porque caso de ejaculação eu interpreto como um caso de estupro. Então, é uma forma de dizer para mulher que ela não deveria estar ocupando aquele espaço público. É uma forma de dominação, é uma forma de poder. A mulher rompeu com este paradigma do local que estava escolhido para ela, do lar, a esfera privada, e, a partir do momento que ela ocupa estes outros espaços há um conflito.” Isso significa que dentro do capitalismo, principalmente com governos fascistas, como é o caso do Brasil, haverá sempre uma resistência em permitir que a mulher ocupe espaços públicos e o mercado de trabalho, incentivando assim um aumento da violência contra a mulher,

que pode se dar de diversas formas, não só física. Mulheres são aviltadas de todas as formas possíveis diariamente, seja em casa pelo marido ou no trabalho, com assédios do chefe, e o capitalismo só recrudesce cada vez mais a ideia de que a mulher é inferior, que deve ser tratada como objeto. Sendo assim, o principal algoz das mulheres trabalhadoras é o modelo exploratório chamado capitalismo. É errado

atribuir uma culpa individual aos homens, quando o principal causador de tudo é o Estado burguês e capitalista. As mulheres trabalhadoras precisam se organizar para barrar essas violências e lutar pela derrubada desse modelo econômico, que só visa dar continuidade ao aprisionamento das mulheres e que perpetua tantas violências sobre esse setor oprimido da população trabalhadora.

PERNAMBUCO

Univasf se coloca contra o “Future-se” A

Universidade Federal do Vale do São Francisco (Univasf), sediada em Petrolina, no estado de Pernambuco, foi a primeira universidade do estado a se posicionar contra o “Future-se”, programa de iniciativo do Ministério da Educação do governo fraudulento de Jair Bolsonaro, cujo objetivo é destruir de maneira completa o ensino público e gratuito no país. A rejeição ao programa foi expressa pelo Conselho Universitário (Conuni) da instituição, que entendeu que os termos do projeto “vão de encontro ao artigo 207 da Constituição Federal que diz que ‘as universidades gozam de autonomia didático-científica, administrativa e de gestão financeira e patrimonial, e obedecerão ao princípio de indissociabilidade entre ensino, pesquisa e extensão'”. Ou seja, os conselheiros destacaram a inconstitucionalidade do programa, uma vez que ele se choca com princípio da autonomia financeira e educacional das universidades, que tem amparo na Constituição Federal. O que é o “Future-se”? O “Future-se” é uma iniciativa da direita golpista, instalada no governo Bolsonaro, que pretende desobrigar o Estado da responsabilidade de garantir o financiamento das instituições de ensino federais, por meio do incentivo às parcerias com organizações sociais (OS), de caráter privado, e do fomento à captação de recursos financeiros próprios. Em outras palavras, é um projeto que busca subordinar completamente as universidades federais aos planos e interesses dos grandes

capitalistas do ensino, tanto nacionais como internacionais. A participação no programa exige a assinatura de termo de adesão por parte da instituição de ensino. Ao aderir, a instituição fica obrigada, segundo a minuta do projeto, a cumprir os seguintes compromissos: i) utilizar a organização social contratada para o suporte à execução de atividades relacionadas aos eixos determinados pelo programa: gestão, governança e empreendedorismo; pesquisa e inovação; e internacionalização; ii) adotar as diretrizes de governança que serão futuramente definidas pelo Ministério da Educação; iii) adotar programa de integridade, mapeamento e gestão de riscos corporativos, controle interno e auditoria externa. As obrigações impostas às universidades, uma vez integradas ao “Future-se”, não deixam dúvidas de que se trata de uma operação de grandes dimensões para passar o controle das universidades públicas às forças do grande capital. As ditas organizações sociais, isto é, as grandes empresas capitalistas, passariam a atuar na “gestão e governança” das entidades universitárias, desenvolvendo e estimulando “práticas empreendedoras”; passariam a dirigir e orientar as pesquisas, buscando “aumentar a interação com o setor empresarial” e tentando “atender às demandas do setor empresarial por inovação”; passariam a determinar os rumos das relações internacionais das universidades brasileiras, aumentando o “intercâmbio entre universidades nacionais e internacionais”, trazendo para o país “professores estrangeiros renomados” etc.

Como se não bastasse, as OS ainda poderão ter acesso e gerir cerca de R$100 bilhões, provenientes “do patrimônio da União, de fundos constitucionais, de leis de incentivo fiscais e depósitos à vista, de recursos da cultura e de fundos patrimoniais”, segundo anúncio do MEC. Traduzindo, os grandes capitalistas não só passariam a governar as universidades por dentro, com todas as implicações desse fato, como também teriam à sua disposição os bens e o patrimônio público das instituições federais, podendo manejá-los a seu bel-prazer, assim como teria a prestativa ajuda do Estado para angariar mais dinheiro, via fundos constitucionais e leis de incentivo. Em resumo, pode-se dizer que o “Future-se” não mais que uma ofensiva brutal contra o que resta de autonomia universitária, não é mais que um avanço feroz no processo de privatização das universidades brasileiras e, portanto, um ataque sem precedentes sobre a universidade pública, gratuita e qualidade. O que Fazer? O “Future-se” representa uma grave ameaça a toda comunidade universitária. O controle mais íntimo e profundo dos grandes capitalistas sobre a universidade implicará inevitavelmente o aumento da perseguição e da repressão aos movimentos de luta da universidade, bem como o aperto do controle ideológico, a destruição das políticas de permanência estudantil, o declínio da pesquisa científica no país e a exclusão completa dos reduzidos

setores operários e oprimidos da comunidade universitária. Mais do que nunca, é hora de lutar pela verdadeira e autêntica autonomia universitária, pela transformação radical do regime de governo das universidades. O conjunto da comunidade universitária deve dirigir a universidade, e não o grande capital em decadência, que, à semelhança de um parasita insaciável e em desespero, acaba matando o hospedeiro que o alimentava. Cabe ao movimento estudantil, o setor mais avançado da comunidade universitária, levantar a defesa da autonomia universitária contra os grandes capitalistas, o Estado burguês e seus interesses privatizantes. Para tanto, é importante destacar que somente o governo tripartite, com a participação proporcional dos três setores (estudantes, professores e funcionários) no governo da universidade, de acordo com o peso numérico correspondente a cada um, pode materializar a real independência real da universidade ante o Estado capitalista e a burguesia decadente. O movimento estudantil não pode entrar em ação se não consegue traçar uma perspectiva política condizente com a situação política atual, identificando a alavanca que tem o potencial de impulsionar a sua mobilização. No momento, essa alavanca consiste na luta pela derrubada do governo Bolsonaro e de todo o regime político golpista, além da defesa da liberdade para Lula. Essas sãos as duas palavras de ordem que polarizam a situação política na atual etapa da luta, deixando o conjunto da burguesia de um lado e o conjunto dos explorados do outro, e impulsionado assim a união dos estudantes com os operários e camponeses.


16 | MORADIA E TERRA

AM

Latifundiários invadem terra indígena e ameaçam as famílias U

m grupo de empresários e fazendeiros assassinos invadiu e ameaçou colocar abaixo uma comunidade inteira de índios no interior do Amazonas. O caos em questão aconteceu no último sábado, dia 16 de agosto, no território indígena Mura, localizado à 120 quilômetros de Manaus. O grupo de criminosos invadiu a aldeia munidos de motosserras e machados, ameaçando destruir as casas e as escolas. Os empresários reivindicam de maneira ilegal a posse das terras, sendo que desde 2009 a justiça

já havia concedido a posse das terras aos indígenas. De acordo com os moradores da comunidade, o empresário tido como chefe do grupo é conhecido por dirigir um esquema de venda e compra de terrenos na aldeia Piranha. O massacre aos povos indígenas é generalizado. É parte da política da extrema-direita golpista, de todos os golpistas. É necessário organizar comitês de autodefesa em todas as comunidades para reagir à altura aos ataques da direita e seus lacaios.

MT

Indígenas Tapirapé expulsam latifundiários por conta própria A

guerra sangrenta entre indígenas e latifundiários tem se intensificado cada dia mais, por conta de ataques de capangas dos grandes fazendeiros e da burguesia agrária contra indígenas. Diversas aldeias têm sofrido com ataques violentos e assassinatos. Contudo, a paciência dos indígenas tem se esgotado e eles não mais têm conseguido esperar pela justiça burguesa fazer algo a respeito. Esse foi o caso dos Tapirapé, que cansados dos ataques dos latifundiários, resolveram eles mesmo dar um jeito na situação. Há 16 anos os Tapirapé esperam da justiça uma resolução sobre a expulsão dos latifundiários, que há anos vêm desmatando seu território, a Terra Indígena Urubu Branco, que ficar há 30km da cidade de Confresa, no Mato Grosso. Porém, a demora está fazendo com que eles tenham que resolver com as próprias mãos esse problema, afinal, esse povo não aguenta mais ver seu território sendo castigado e desmatado há anos por aqueles que não tem respeito nenhum com a terra

alheia, aqueles que apoiam o governo golpista e direitista de Jair Bolsonaro. Na tentativa de dar um basta no desmatamento que vêm ocorrendo em seu território, os Tapirapé construirão mais duas aldeias na parte norte da Terra Indígena Urubu Branco, local onde os fazendeiros abriram espaço e colocaram pistas de pouso para aviões, além de ser um local onde o pau-brasil está chegando a sua escassez. Assim, os Tapirapé pretendem fiscalizar o local eles mesmo, já que a justiça não resolve logo essa situação. Esse povo está certíssimo em tomarem as rédeas da situação. A justiça brasileira, tomada pelos direitistas, nunca ficará do lado dos mais fracos. Sendo assim, tanto os indígenas quanto os sem-terra devem se juntar em comitês de autodefesa e se organizarem para defender seus territórios por conta própria. O governo dos golpistas não dará sossego enquanto não acabar com todo o País, enquanto privilegiam a burguesia agrária que está sempre armada e assassina os povos indígenas e os sem-terra.


ESPORTES | DIA DE HOJE NA HISTÓRIA | 17

ESPORTES

Todos os domingos às 20h30 na Causa Operária TV

Nem por três jogadores e mais R$ Libertadores: ingressos caros, em meio à crise econômica argentina 450M PSG quer liberar Neymar A Argentina passa, já faz alguns anos, por uma terrível crise econômica, com desemprego alto e aumento da pobreza. Está cada vez mais difícil a situação para a população. Porém, indo totalmente na contramão da realidade argentina, as partidas de futebol (o esporte mais popular) estão com preços absurdos, como no caso dos jogos do River Plate, na Libertadores, valendo agora pelas quartas de finais. Os preços foram divulgados em cima da hora e foram espantosos até

O

s ataques da imprensa a Neymar são constantes. Muitos declaram ser um jogador sem futuro. Porém, este jogador supostamente decadente, está sendo disputado ferozmente pelos clubes mais ricos do mundo e sendo alvo de especulações milionárias por toda Europa. Agora, a mais recente proposta, que teria sido feita ao PSG pelo Real, foi a de trocar Neymar por três jogadores (Gareth Bale, James Rodríguez e Keylor Navas) + 100 milhões de euros

mesmo para aqueles que tinham uma condição financeira estável. Os valores variavam, para os sócios, entre $1000 a até mesmo $2500 por uma cadeira. Para os não sócios, a situação é ainda pior, variando de $1500 (popular) a $4500 (arquibancada média). Dessa forma, mesmo com a boa fase do River e sua grande quantidade de torcedores, o “millonario”, como é chamado, vai afastando a sua torcida mais pobre dos estádios, o que vem sendo seguido também no Brasil, principalmente no caso das “arenas”.

(R$450M). E que essa singela proposta teria sido recusada pelo PSG, que considera o jogador mais valioso que isso. Os dois principais clubes espanhóis estão a todo custo querendo Neymar, porém o PSG não quer abrir mão do jogador, tendo rejeitado diversas propostas de valores astronômicos pelo craque. A janela de transferência está para fechar já no inicio do próximo mês e a corrida pelo jogador mais disputado do mundo continua.

23/08/1939

Assinado o tratado de não agressão entre URSS e nazistas E

m 23 de agosto de 1939, foi assinado, em Moscou, às vésperas da II Guerra Mundial, o pacto de não-agressão entre a Alemanha Nazista, de Hitler, e a União Soviética, governada por Stalin e que seria, pelo menos na teoria, válido por 10 anos. A decisão de assinar esse acordo com Hitler foi um claro exemplo da vacilação de Stalin perante os nazistas, além de um grande voto de ingenuidade, como se o insano Hitler fosse respeitar o acordo, que na verdade serviu apenas para pavimentar o caminho que Hitler pretendia seguir para dominar a União Soviética. A burguesia “democrática” jamais aceitaria um acordo como esse, feito apenas de aparências e pela conveniência tanto de Hitler quanto de Stalin. Pouco mais de uma semana depois, Hitler invade a Polônia e o pacto foi oficialmente rompido em 22 de julho de 1941, quando Hitler lança um ataque, sem aviso prévio, contra a União Soviética. Ou seja, esse acordo mostrou o caráter não revolucionário de Stalin, que preferiu seguir o caminho “democrático” burguês com o maior inimigo da URSS. Por fim, na II Guerra Mundial (19391945), o embate entre Alemanha Nazista e URSS foi decisivo para a derrota do eixo Alemanha, Japão e Itália na Guerra, e o exército soviético finalmente derrota o exército nazista de Hitler, mostrando que esse pacto de não agressão nunca valeu nada.


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