Edição Diário Causa Operária nº5744

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SÁBADO, 24 DE AGOSTO DE 2019 • EDIÇÃO Nº 5744

DIÁRIO OPERÁRIO E SOCIALISTA DESDE 2003

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Bolsonaro com a Amazônia: pretexto para ingerência imperialista O governo ilegítimo de Jair Bolsonaro colocou em marcha um plano de favorecimento de latifundiários, mineradoras e grilagem de terras, principalmente, na Amazônia. Os cortes no orçamento da fiscalização ambiental e no combate a incêndios, perseguição a servidores de órgãos responsáveis pela fiscalização ambiental, militarização de ministérios e secretarias, latifundiários tomando conta do governo estão levando a um aumento exponencial do desmatamento e das queimadas na Floresta Amazônica e levando a um caos na região.

EDITORIAL

Para impedir o incêndio e a intervenção imperialista: Fora Bolsonaro! Dentro de alguns dias, o governo Bolsonaro completará oito meses de existência. Imposto pela burguesia por meio de uma fraude eleitoral, Bolsonaro é a continuação do golpe de Estado de 2016. Embora sustentado pelos setores mais poderosos da burguesia, Bolsonaro foi a forma “torta” que a direita encontrou de manter os ataques contra os trabalhadores.

Golpe na economia: empresas demitem e saem do País No início do ano, a Ford, uma das principais fábricas de automóveis do mundo, anunciou que encerraria suas atividades na cidade de São Bernardo do Campo, em São Paulo. O anúncio veio como uma bomba: para os operários, significaria milhares de demissões, para a burguesia, uma constatação de o então recém-empossado governo Bolsonaro não havia conquistado a confiança dos capitalistas para manterem suas atividades no país.

Itaipu: mais uma dádiva de Bolsonaro para os capitalistas Fora Salles, Moro, Guedes e Weintraub: só não querem tirar Bolsonaro Incêndio em presídio mostra a ditadura que é o sistema carcerário Hoje é dia da Plenária Estadual Lula Livre em São Paulo! Neste sábado (24), ocorrerá a Plenária Estadual Lula Livre de São Paulo, reunindo lideranças e militância do Partido dos Trabalhadores


2 | OPINIÃO EDITORIAL

Para impedir o incêndio e a intervenção imperialista: Fora Bolsonaro! D

entro de alguns dias, o governo Bolsonaro completará oito meses de existência. Imposto pela burguesia por meio de uma fraude eleitoral, Bolsonaro é a continuação do golpe de Estado de 2016. Embora sustentado pelos setores mais poderosos da burguesia, Bolsonaro foi a forma “torta” que a direita encontrou de manter os ataques contra os trabalhadores. O governo Bolsonaro é um dos governos mais improvisados da história – mais improvisado até mesmo que o governo Collor. Montado às pressas para suprir o esvaziamento eleitoral dos partidos tradicionais da burguesia, abriga desde setores médios da burguesia, latifundiários, pastores e vigaristas de quinta categoria aos políticos estreitamente vinculados ao imperialismo até as Forças Armadas. Em um dos acenos de Bolsonaro à sua base de extrema-direita e, especialmente, aos latifundiários do centro e do norte do país, o presidente ilegítimo decidiu adotar uma política de incentivo às queimadas nas florestas. Isso, por sua vez, levou vários fazendeiros e grileiros a tocar fogo em uma área imensa do território amazônico, causando uma devastação enorme na região em favor do latifúndio. O incêndio na região amazônica tomou enormes proporções. Mais um fator de crise para o governo Bolsonaro, que está sendo visto por todo o planeta como o responsável por incendiar a maior floresta tropical do mundo. Além de destruir parte do patrimônio nacional, o incêndio tem tido uma repercussão enorme na imprensa burguesa mundial. Isso, no entanto, não implica

CHARGE

nenhuma preocupação do imperialismo com a questão ambiental. Os países imperialistas pretendem aproveitar a crise em que o governo Bolsonaro se encontra para ampliar sua política de ingerência na Amazônia. Há muito tempo, França, Inglaterra, Alemanha e outros países imperialistas europeus disputam com os EUA um “quinhão” para se apropriar de parte da riqueza da região. A desculpa de que o governo brasileiro não teria competência suficiente para preservar a floresta seria, portanto, um pretexto perfeito para que esses países enviassem suas tropas para ocupar as florestas brasileiras. O presidente francês Emmanuel Macron já falou que a Amazônia era o “pulmão do mundo”, dando a entender que o mundo inteiro poderia intervir no território brasileiro. O governo da Finlândia, por sua vez, estuda sabotar a importação de carne brasileira para pressionar uma ingerência estrangeira na Amazônia. Claramente, há uma tentativa do imperialismo europeu de tomar de assalto uma das regiões mais ricas do planeta. A Amazônia não é assunto dos europeus – mas sim dos brasileiros. Se o governo Bolsonaro está destruindo a região, é preciso levantar a palavra de ordem de “fora Bolsonaro” e organizar um movimento pela derrubada do governo. No entanto, os trabalhadores e a esquerda em geral devem rejeitar qualquer frente de ação com Macron ou com qualquer outro elemento do imperialismo. Fora Bolsonaro e todos os golpistas! Fora intervenção imperialista!


POLÍTICA | 3

BOLSONARO COM A AMAZÔNIA

Pretexto para ingerência imperialista O

governo ilegítimo de Jair Bolsonaro colocou em marcha um plano de favorecimento de latifundiários, mineradoras e grilagem de terras, principalmente, na Amazônia. Os cortes no orçamento da fiscalização ambiental e no combate a incêndios, perseguição a servidores de órgãos responsáveis pela fiscalização ambiental, militarização de ministérios e secretarias, latifundiários tomando conta do governo estão levando a um aumento exponencial do desmatamento e das queimadas na Floresta Amazônica e levando a um caos na região. O aval de Bolsonaro ao desmatamento está criando um clima para que os latifundiários desmatem rapidamente grandes áreas para grilagem de terras, como estão sendo organizados o “Dia do Fogo” na Amazônia, onde são incendiadas áreas dentro de unidades de conservação, terras públicas e terras indígenas. Os dados do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE), que monitora o desmatamento e focos de incêndio por meio de imagens de satélite, revelam que entre janeiro e o último dia 19 de agosto, um aumento de 83% das queimadas em relação ao mesmo período de 2018, com 72.843 focos de incêndios até o momento. Os dados sobre o desmatamento seguem a mesma linha e apontam um crescimento de 287% no mês de julho, período de seca na Amazônia e de onde se concentra o período de desmata-

mento devido a facilidade em retirada da madeira e queima. A campanha internacional de denúncia contra a política do governo brasileiro está sendo liderada pelo presidente da França Emanuel Macron, que irá convocar dentro da reunião do G7 uma reunião sobre o que está acontecendo na Amazônia e chegou a afirmar que “nossa casa está queimando”, como se Amazônia fosse desses países imperialistas. Alemanha, Inglaterra, Canadá e outros países imperialistas, e até os EUA entraram nessa campanha cínica de “preocupação” com a situação das queimadas. Essa política criminosa de incentivo ao desmatamento do governo Bolsonaro e de governadores da extrema-direita, como no Acre, é uma realidade e não deve ser ignorada. Essa campanha contra a destruição da Amazônia está claramente sendo aproveitada pela burguesia internacional de países imperialistas que estão impulsionando as imagens da devastação, inflando os números e fazendo campanha por algum tipo de intervenção na Amazônia brasileira (ou Amazônia legal) sob a justificativa ambiental. A campanha do imperialismo nesse caso é tão descarada que a Universidade de Oklahoma, nos Estados Unidos, chegou a questionar os dados do Inpe e dizer que o desmatamento na Amazônia é o dobro registrado pelo órgão que possui excelência mundial sobre a questão Tanto é assim, que os países imperialistas sequer citam países como Bolívia

GOLPE NA ECONOMIA

Empresas demitem e saem do País

N

o início do ano, a Ford, uma das principais fábricas de automóveis do mundo, anunciou que encerraria suas atividades na cidade de São Bernardo do Campo, em São Paulo. O anúncio veio como uma bomba: para os operários, significaria milhares de demissões, para a burguesia, uma constatação de o então recém-empossado governo Bolsonaro não havia conquistado a confiança dos capitalistas para manterem suas atividades no país. A Ford, no entanto, não foi a única empresa que decidiu fechar suas portas durante o governo Bolsonaro. A General Motors, um dos maiores monopólios do mundo, vem chantageando o governo há meses, ameaçando deixar o país se as condições não forem favoráveis para a empresa – aprovação da reforma da Previdência, aprofundamento da reforma trabalhista etc. Em 15 de abril, a tradicional fábrica de biscoitos Mabel encerrou suas atividades na cidade de Três Lagoas (MG), após 21 anos no local. No dia 14 de maio, a Pirelli fechou a fábrica de Gravataí (RS), onde a empresa estava havia mais de quatro décadas. Somente no mês de agosto, duas empresas anunciaram mudanças no sul do estado da Bahia. A Nestlé decidiu

transferir sua fábrica de Itabuna para a cidade de Feira de Santana. Os trabalhadores terão, com isso, de mudar de cidade, embora tenham contraído dívidas para se estabelecer no local onde trabalhavam. A Pênalti, por sua vez, anunciou que demitirá 100 funcionários de sua unidade em Itabuna. A destruição da economia provocada pelo governo dos golpistas Michel Temer e Jair Bolsonaro está levando a uma falência geral no país. Mesmo esfolando os trabalhadores a mando do imperialismo, a burguesia não conseguiu estabilizar a economia, tornando o país hostil aos interesses dos capitalistas, que, na atual etapa do capitalismo, precisam maximizar seus lucros para não serem rapidamente dizimados pela crise. O fechamento das fábricas, por sua vez, só agrava a situação do Brasil. O desenvolvimento nacional fica ainda mais comprometido e o desemprego se alastra. Por isso é necessário ter um programa de reivindicações para a classe operária que mobilize todos os setores atingidos pelo golpe para obrigar os capitalistas a arcarem com o ônus da crise que eles mesmos criaram. Pela redução da jornada de trabalho! Fora Bolsonaro e todos os golpistas!

e Paraguai, que passam pelas mesmas condições de queimadas gigantescas dentro da floresta amazônica de seus países sem qualquer menção. Os dados apresentados pelo governo boliviano, os incêndios atingem 654 mil hectares, enquanto no Paraguai os focos ainda não foram quantificados, mas são gigantescos de acordo com as imagens aéreas. Bolsonaro já se posicionar diversas vezes em favor de entregar a Amazônia para a exploração de países estrangeiros e teve grande rejeição por parte da população brasileira. Bolsonaro é um fascista, criminoso e entreguista, e esta política de destruição da Amazônia está sendo usada pela burguesia internacional para pressionar Bolsonaro, que deve ceder e permitir algum tipo de intervenção estrangeira em território brasileiro. Não podemos aceitar que isso seja motivo para qualquer tipo de intervenção destes países imperialistas em território brasileiro. Bolsonaro e o general Vilas Boas se posicionaram contra qualquer intervenção, mas é pura demagogia e jogo de cena, pois todos sabem que são entreguistas e estão liquidando todo o patrimônio nacional. É preciso se colocar contra qualquer tipo de aliança com países imperialistas para defender a Amazônia, pois sabemos que os verdadeiros interesses estão na grande riqueza do vasto território dentro do bioma que, segundo cálculos dos

militares, chegam a 23 trilhões de dólares. O golpe de Estado em 2016 que derrubou Dilma e que resultou em Bolsonaro na presidência foi financiado por países e empresas imperialistas visando a destruição da economia nacional e a exploração destas enormes áreas na Amazônia, incluindo terras indígenas e unidades de conservação. Qualquer tipo de aliança com países que querem o Brasil como a nova colônia do século XXI não irá resultar em benefício para a população amazônica e muito menos na preservação da floresta. É preciso derrubar Bolsonaro para barrar sua política entreguista e de destruição dos recursos naturais da Amazônia em benefício das empresas estrangeiras e latifundiários que querem e estão devastando toda a região. A Amazônia é do Brasil. Pertence ao povo brasileiro.


4 | POLÍTICA

ITAIPU

Mais uma dádiva de Bolsonaro para os capitalistas O

governo Bolsonaro entrega em uma só tacada mais um gigantesco patrimônio brasileiro. Estamos falando da usina de Itaipu, hidroelétrica construída durante o regime militar, regime este que é defendido com unhas e dentes por Jair Bolsonaro. As informações são de Marcelo Zero, que publicou uma matéria no sítio progressista Brasil 247 com o título Itaipu: a perda de outro Pré-sal. Nesta extensa matéria, Marcelo Zero apresenta alguns dados interessantes. Primeiramente que, durante muitos anos, os consumidores de energia elétrica, tanto no Brasil quanto no Paraguai, arcaram com os custos do financiamento da construção da usina. Assim, a tarifa de energia vinha sistematicamente acima do valor de custo de produção, durante décadas. Entretanto, o financiamento de Itaipu está prestes a ser quitado, o que em princípio ocorrerá em 2023, o que fará com

que a empresa tenha um faturamento anual de dois bilhões de dólares, cerca de 8 bilhões de reais! Ao invés de fazer com que este excedente retorne para a população, baixando drasticamente as tarifas de energia, a usina será privatizada, numa grande negociata envolvendo os governos capachos do Paraguai e do Brasil. Por causa disso, todo este lucro será apropriado por um punhado de capitalistas estrangeiros. Trata-se de mais um grande assalto ao povo brasileiro, ao povo paraguaio e ao povo latino-americano de conjunto, que Marcelo associou corretamente ao Pré-sal, embora sejam riquezas em proporções muito distintas. Enquanto que o escândalo relacionado à Itaipu provocou tremores no governo direitista do Paraguai, incluindo a queda do ministro das relaçõe exteriores e por ventura até o impeachment do presidente paraguaio, no Brasil o tema não despertou uma grande

crise. Diante do atoleiro em que Bolsonaro se encontra, o escândalo de Itaipu transformou-se em um problema pequeno, de natureza familiar. No en-

tanto, é mais um duríssimo ataque ao patrimônio nacional, e deve entrar na lista de razões para a mobilização pela queda deste governo fraudulento.

PELO FORA BOLSONARO

Fora Salles, Moro, Guedes e Weintraub: só não querem tirar Bolsonaro

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esta quinta (22) uma parcela da esquerda aproveitou o assunto mais comentado nas redes sociais (o incêndio na Amazônia), como oportunidade para lançar a palavra de ordem “#ForaSalles”, que chegou a ficar entre as “hashtags” (palavras índice das buscas) mais utilizadas no twitter. Veja algumas das publicações pedindo a saída do ministro do Meio Ambiente: “A REDE vai entrar no STF com o pedido de impeachment do ministro do Meio Ambiente, Ricardo Salles, por crime de responsabilidade, pelo descumprimento do dever funcional relativo à Política Nacional do Meio Ambiente e à garantia do art. 225 da Constituição Federal. #ForaSalles — Marina Silva (@MarinaSilva) Agosto 22, 2019” “O ministro do Meio Ambiente: – é condenado por improbidade administrativa pra beneficiar mineradoras – destrói programas ambientais, aumentando incêndios e desmatamento – e é amigo de ruralistas e madeireiros Não há condições de Ricardo Salles continuar no cargo. #ForaSalles — Talíria Petrone (@taliriapetrone) Agosto 22, 2019.” “Em nosso entendimento, Salles cometeu crime de responsabilidade. Além disso, cabe destacar a omissão em relação ao aumento do desmatamento na Amazônia e das queimadas que estão atingindo a região. Pedimos o impeachment de Salles, sobretudo, em defesa do Meio Ambiente! #ForaSalles — Randolfe Rodrigues (@randolfeap) Agosto 22, 2019” “O Ministro do Meio Ambiente, Ricardo Salles, do Novo, é um dos res-

ponsáveis pelo desmonte dos órgãos de fiscalização ambiental e pelo bloqueio de 95% do orçamento para implementar políticas sobre mudanças climáticas no Brasil. #ForaSalles — Manuela (@ManuelaDavila) Agosto 22, 2019” “Eu vi filhote de jiboia queimado, bicho-preguiça carbonizado, bromélia queimada. Dá vontade de chorar. A perda é de valor inestimável. Muito superior ao das multas aplicadas, quando se encontra o culpado, o que é raro”, compara o biológo” #ForaSalles — Emerson Damasceno (@EmersonAnomia) Agosto 22, 2019 — JairMeArrependi Agência de Observação de Minions (@jairmearrependi) Agosto 22, 2019″ “Manifestações em defesa da AMAZONIA, não podemos ficar só na tag galera. #PrayforAmazonia#ForaSalles — Enquanto Rihanna não lança um Álbum (@Rihanna_depre) Agosto 22, 2019” “#ForaSalles

Não adianta pedir impeachment do Ministro do Meio Ambiente se o GOVERNO tem essa agenda. As pessoas precisam entender que é o Governo Federal tem esse “projeto”. Então, peçam impeachment do Presidente pq aí sim…o pedido terá resultado — Vanessa Carvalho (@vanessasoaresc4) Agosto 22, 2019” Esse alinhamento entre golpistas, como Marina Silva (Rede), e esquerdistas como Manuela D’ávila (PCdoB), juntos pelo “#ForaSalles” não é uma coincidência. Exigir a derrubada de ministros, preservando o governo de conjunto, é uma política da burguesia para “colocar Bolsonaro na linha”, para evitar ao máximo a polarização entre os golpistas e o movimento operário. Por isso, essa política, expressa aqui entre Marina e Manuela, é defendida pela chamada “frente ampla”, que busca agrupar setores da burguesia golpista (que supostamente seriam contra Bolsonaro) e setores da esquer-

da que querem resistir ao governo até 2022. É o “fica Bolsonaro”. Fica Bolsonaro (fora ministros) vs Fora Bolsonaro (fora todos os golpistas) Dada a crise do regime e o repúdio cada vez maior ao governo, vide última manifestação (13/08) ter tido como tema principal a derrubada de Bolsonaro, à revelia das direções – que tentaram fazer a manifestação ser apenas pela Educação. O “fica Bolsonaro” foi a política que a burguesia encontrou para se opor ao “fora Bolsonaro”, por isso cooptou setores da esquerda que não querem enfrentar os golpistas. Como seria inviável para esses setores de esquerda utilizar explicitamente o “fica Bolsonaro”, sob o risco de uma crise generalizada, que traria muitos atritos com a sua própria base, surgiu a necessidade de camuflar sua política de capitulação e acordo com a burguesia em palavras de ordem que dessem a impressão de que esses setores lutam contra os ataques do governo golpista. Daí vem o Fora Moro, Fora Guedes, Fora Weintraub, etc. Esse esforço da esquerda pequeno-burguesa para “consertar” o governo Bolsonaro só contribui para salvar o regime golpista. Está provado que tirar ministro não irá parar os ataques do governo. O direitista Ricardo Velez da Educação caiu, entrou o fascista Weintraub cortando 30% das verbas das universidades federais, condenando-as ao fechamento em setembro e mantendo um ataque gigantesco contra os estudantes. Por que com Salles seria diferente? Porque a esquerda conseguiria reciclar o lixo que é o governo? É preciso lutar pelo “Fora Bolsonaro”, derrubar o governo de conjunto e não medidas parciais.


POLÍTICA | 5

POPULAÇÃO CARCERÁRIA

Incêndio em presídio mostra a ditadura que é o sistema carcerário C onforme destacamos sistematicamente em nossa imprensa, os presídios brasileiros são um verdadeiro inferno na terra. Feitos para a classe operária, já abrigam no Brasil quase um milhão de presos, um número muito superior à sua capacidade, e que deixa o país em terceiro no ranking mundial de população carcerária. Com o golpe de Estado, seria de se imaginar que as condições de vida nestes campos de concentração tenham ficado ainda mais degradantes. A propaganda da burguesia é a de que os presos são seres perigosíssimos, despidos de qualquer vestígio de humanidade. Portanto, todo sofrimento recebido nos presídios seria mais do que merecido. No entanto, não é o que vimos em um incêndio, ocorrido na penitenciária agroindustrial São João, de Itamaracá, em Pernambuco,

na tarde desta quinta dia 22. Em meio às chamas, que ameaçaram a vida de todo um setor da penitenciária, uma grande quantidade de detentos rapidamente se organizou para resgatar outros que estavam presos, reféns das chamas. Veja no vídeo à seguir imagens que mostram este momento de solidariedade entre os detentos. O que na realidade demonstra apenas a humanidade destas pessoas, contraria toda a lógica da propaganda direitista. Os detentos não são animais, embora com frequência sejam tratados de forma ainda mais desumana que animais de zoológico, mas são seres humanos, em sua esmagadora maioria pretos e pobres, sendo que 80% desta população não tem sequer documento. A esquerda não pode apoiar este gigantesco sistema de triturar gente e deve se mobilizar pelo fim deste sistema prisional.

PELA LIBERDADE DE LULA

Hoje é dia da Plenária Estadual Lula Livre em São Paulo! N

este sábado (24), ocorrerá a Plenária Estadual Lula Livre de São Paulo, reunindo lideranças e militância do Partido dos Trabalhadores, do Partido da Causa Operária, dos Comitês de Luta Contra o Golpe, Comitês Lula Livre e diversas outras entidades e coletivos que estão na luta pela liberdade de Lula. A Plenária Lula Livre será realizada no Sindicato dos Químicos de São Paulo – Rua Tamandaré, 348, Liberdade – com início às 09:00hs para o credenciamento dos participantes, e debates a partir das 10:00hs, com o tema “A luta pela liberdade de Lula: os caminhos da Justiça e da mobilização popular”. Após os debates serão formados grupos de trabalho, com o objetivo de organizar a luta pela liberdade de Lula no Estado de São Paulo, nas ruas e nas redes sociais. Não faltarão também as barracas de materiais de militância. Inclusive a já tradicional banca de materiais do PCO, com livros, revistas, jornais, além das camisetas, canecas, botons e adesivos que, além de muito bonitos e procurados, também levam para todos os lados a propaganda pela Liberdade de Lula e pelo Fora Bolsonaro, popularizando ainda mais a campanha. O Partido dos Trabalhadores, na página do PT paulista na internet, define os objetivos da plenária como um meio para “reforçar o engajamento e o entendimento político entre as entidades e movimentos que já participam da campanha e ampliar nosso arco de alianças”. O PT também ressalta que a Plenária será um momento para todos serem informados “sobre o andamento da campanha nacionalmente”, além de uma oportunidade de avanço “em nossas estratégias e organização em nível estadual”.

Diante das revelações dos bastidores sujos da Lava Jato, feitas pelo “The Intercept Brasil”, ninguém mais tem dúvida sobre toda a operação criminosa de que Lula foi vítima, levada avante pelo imperialismo e setores da burguesia nacional, com o objetivo claro de tentar estabilizar o golpe de 2016, impedindo a eleição de Lula e colocando um Presidente golpista no poder, aparentemente eleito por meio de um pleito democrático. Com a eleição de Bolsonaro, entretanto, que é certamente o Presidente mais odiado de todos os tempos no Brasil, acentuou-se a crise do golpe, uma vez que os planos golpistas já não andavam nada bem. Agora, com a revelação de que o povo brasileiro foi vítima de mais um golpe, e que não pôde votar em seu candidato preferido por pura armação da direita, a campanha pela liberdade de Lula se ampliou para uma verdadei-

ra luta pelo reconhecimento da fraude eleitoral de 2018 e consequente anulação daquelas eleições de fachada. O Fora Bolsonaro e a Liberdade Para Lula são hoje, mais do que nunca, palavras de ordem plenamente unificadas em um mesmo movimento de luta contra o golpe e contra o fascismo, pois em eleições minimamente limpas e democráticas, o fascista Bolsonaro não teria nenhuma chance frente a maior liderança popular do Brasil, o ex-presidente Lula. Neste momento, esta luta vai muito além de um difuso sentimento de revolta ou indignação: já se organiza por todo o país através de mutirões, comitês e coletivos de toda ordem, demonstrando que há uma enorme simpatia popular por esta política e o povo está pronto para se mobilizar decididamente para pôr abaixo o golpe. Os mutirões de coletas de assinaturas, realizados duas vezes por semana

pelo PCO nacionalmente e várias vezes por mês pelo PT e Comitês Lula Livre, já registram centenas de milhares de adesões expressas a esta luta, concretizadas através de assinaturas físicas, que são coletadas somente após uma clara demonstração das pretensões de todo o movimento. As Plenárias Estaduais Lula Livre por todo o país também estão demonstrando esta vontade de luta do povo. Exemplo disto ocorreu na Plenária mineira, realizada no sábado passado (17), onde os companheiros presentes receberam com grande entusiasmo a luta pelo Fora Bolsonaro defendida pela intervenção do PCO – palavra de ordem a que setores da juventude petista já se aliaram formalmente – e pela anulação das eleições de 2018, efeito inevitável da campanha pela anulação dos processos de Lula. Neste momento em que a burguesia enfrenta uma situação de crescente turbulência, sem condições de estabilizar o regime golpista, é hora da esquerda brasileira lutar unida para derrubar de uma vez por todas e o quanto antes os golpistas do poder. Atacando a população de todas as formas possíveis e totalmente de costas para os mais básicos interesses nacionais, os golpistas vão perdendo qualquer apoio popular na mesma medida em que o povo coloca cada vez mais as suas esperanças de derrotar Bolsonaro na luta pela liberdade de Lula. E neste contexto de debates e de luta é que a Plenária Estadual Lula Livre ganha importância decisiva, inclusive para impulsionar a organização do grande Ato Pela Liberdade de Lula que será realizado em Curitiba, no próximo dia 14 de setembro. Todos pela Liberdade de Lula! Todos à Plenária Estadual Lula Livre em São Paulo!


6 | POLÊMICA E INTERNACIONAL

IMPRENSA GOLPISTA

A Globo mente menos que a internet A

rtigo publicado no sítio Sul 21 (21/08) pelo jornalista e sociólogo Marcos Rolim, sob o título “Mundos paralelos”, dá a entender à necessidade de uma censura na internet, pois “as novas tecnologias” permitem a criação de um “mundo paralelo” com falsas informações “que não podem ser contestadas, porque anônimas e não-públicas”, o que não ocorre com a imprensa monopolista burguesa, que não pode ignorar os fatos, portanto mesmo “manipulando e fragmentando as informações” é possível estabelecer uma “conexão” e com isso estabelecer uma “crítica”. Quer dizer, o compromisso com uma verdade, mesmo que parcial, existe por parte dos grandes meios de comunicação, porque o mercado capitalista seria uma espécie de regulador da imprensa. Caso minta, distorça informações, perde público e diminui o lucro e pode até falir. A fim de dar sustentação aos seus argumentos contra a internet, Rolim utiliza as postagens falsas de Trump nos EUA e Bolsonaro no Brasil. Por mais que sejam mentirosas, são aceitas como verdadeiras por um público que vive “mergulhados em uma bolha de significados radicalmente falsos”. Daí depreende-se à necessidade da censura para evitar que a mentira transforme-se em verdade nesse “mundo paralelo”, uma nova realidade diante do avanço da tecnologia. Rolim compara a situação de hoje com as redes sociais e suas “verdades” e o período em que a informação circulava pelas tvs, rádios, revistas e jornais. Segundo o jornalista, “A indisposição com os meios tradicionais de comunicação, alimentada pela denúncia da tendenciosidade dos noticiários, impediu que a maioria dos críticos percebesse que as novas tecnologias traziam ameaças muito mais graves, entre elas a desconstituição da esfera pública e a submissão da cidadania à pós-verdade”. Quer dizer, diante do repúdio à parcialidade da grande imprensa, os

críticos não enxergaram o “monstro” muito mais poderoso de manipulação representado pela internet, pelas redes sociais. É uma conclusão escabrosa, até mesmo obscurantista. O jornalista desconsidera o papel nefasto da imprensa capitalista ao longo da sua história, particularmente a partir do século XX, com a entrada do capitalismo em sua fase senil e a necessidade do imperialismo manipular, mentir, esconder os fatos justamente através dos seus meios de comunicação. A BBC britânica fundada em 1922 e o seu papel no encobrimento do nazismo em seus primeiros anos, a própria imprensa alemã no período de Hitler, as grosseiras falsificações da imprensa da União Soviética estalinista, apoiada pela imprensa mundial, a CNN norte-americana, como braço do imperialismo na sua política de manipular e esconder as atrocidades dos EUA contra os povos do Oriente Médio, isso para ficar em poucos exemplos. Para Rolim, “Se uma notícia contém informação incorreta, é normalmente do interesse do veículo corrigi-la, porque o elemento capaz de lhe agregar valor é sua credibilidade. Por isso, mesmo as manipulações editoriais da imprensa não podem ignorar os fatos. É possível não dizer, não ouvir uma fonte, dar declaração fora de contexto, justapor maldosamente fotos de desafetos com notícias sobre tragédias ou crimes, entre outros artifícios. O que nunca foi possível à imprensa tradicional foi desligar-se do mundo e inventar outro”. De onde saiu essa fantasia? Nesse ponto, seria importante perguntar em que “mundo paralelo” vive Rolim. Não é necessário nem ir longe, para tratar da manipulação, da falsificação, da perfídia, da mentira “vomitada” diariamente pela grande imprensa monopolista. Basta ver o Brasil do golpe e nem precisamos ir até 1964, podemos ficar só em 2016. Que grau de grosseira manipulação de fatos, construção de histórias rocambolescas foi

feito na Internet que se compara às forjadas pelo imperialismo através das seus tentáculos no golpe, como a operação Lava-Jato. O que a internet produziu de tão criminoso, mesmo Trump e Bolsonaro que se compare à ardilosa campanha da Globo, Folha de S.Paulo, Estadão e as milhares de publicações da imprensa golpista em defesa do golpe, do impeachment contra Dilma, da perseguição da esquerda, da condenação e prisão de Lula, do golpe e da fraude eleitoral em 2018, da destruição nacional que nesse momento proporciona que mais de 60% da população brasileira esteja desempregada e na informalidade? “O que nunca foi possível à imprensa tradicional foi desligar-se do mundo e inventar outro”. Como assim? De fato a grande imprensa não criou outro mundo paralelo. Agiu no mundo real com pessoas de carne e osso. Foi o instrumento que levou às ruas esse estrume humano que são os fascistas. É essa imprensa que está aí a incentivar o assassinato massivo da população pobre pela polícia, como é o caso no Estado do Rio de Janeiro. Mas Marcos Rolim credita candidamente, que foi a Internet e as redes sociais que produziram Trump e Bolsonaro, que permitiu a existência de grupos fechados, como a “bolha bolsonarista”, um público que acredita como verdadeiro tudo que é postado por seus “mestre”. Aí estaria a verdade das “ameaças muito mais graves” representadas pela novas tecnologias. Descontando o fato de que Rolim credite um poder maquiavélico intrísico à internet, defender a censura em nome de que a extrema-direita está transformando em verdade o que é mentira é, no mínimo, uma ingenuidade gritante. A censura é sempre um instrumento dos exploradores contra os explorados, da burguesia contra as organizações dos trabalhadores. Quando a esquerda defende a censura está sempre dando um tiro no pró-

prio pé, pois inevitavelmente as instituições do Estado vai voltá-la contra a esquerda e os explorados. A internet significou, mesmo que numa pequena medida, a quebra do monopólio dos meios de comunicação pela burguesia. Hoje, qualquer indivíduo tem a possibilidade de tomar conhecimento de qualquer coisa que acontece em qualquer lugar do mundo; os sítios da imprensa progressista, dos partidos de esquerda têm o potencial de atingir bilhões de seres humanos, de influir na situação política; a divulgação para todo o mundo do vazamento de informações sigilosas do governo norte-americano pelo ex-técnico da CIA, Edward Snowden, as denúncias da vaza-jato pelo Intercept, as denúncias de países como a Venezuela contra a agressão imperialista…. tudo isso deveria ser desprezado em nome dos “fake news” disparados por Trump e Bolsonaro. A esquerda ou quem se reivindica dela não pode e não tem o direito de defender nenhuma política que aprofunde o estado de exceção contra o povo no Brasil ou em qualquer lugar. Todas as pessoas, os partidos, organizações têm o direito democrático de defender seus pontos de vista sejam eles quais forem. Quem não gostar que responda. Falar, escrever não pode ser crime. Apoiar qualquer tipo de censura é colaborar com a repressão. É se colocar à direita do que prega ou pelo menos pregava a própria democracia burguesa. Finalmente, o imperialismo tem sim o interesse em controlar a internet e não é para coibir o “mundo paralelo” da extrema-direita, mas justamente impedir todas as denúncias progressistas que são feitas na Internet contra o próprio imperialismo e seus lacaios nos mais variados países atrasados do mundo. Quem estava em um “mundo paralelo” e não viu ou não quis ver nada disso foi o jornalista e sociólogo Marcos Rolim que, em nome da sua própria cegueira, defende o obscurantismo, a censura como “saída” para evitar as “fake news” de Bolsonaro e Trump.

DAVID KOCH

Morre um dos financiadores do MBL

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esta sexta-feira (23) aos 79 anos, morreu David Koch, o bilionário estadunidense que, junto com Charles, seu irmão, foi um dos principais financiadores de movimentos de extrema-direita nos EUA e mundo afora. O bilionário das indústrias Koch, que fora classificado pela Bloomberg como o 8º homem mais rico do mundo, com uma fortuna de US$ 58,7 bilhões, foi um dos grandes responsáveis pelo fortalecimento do setor mais reacionário e de extrema-direita do Partido Republicano. Koch vinha lutando contra um câncer na próstata há 27 anos e que vinha avançando desde a descoberta. Após comprarem a participação dos seus outros irmãos, David e Charles transformaram as industrias Koch

– fundada pelo próprio pai – em uma das maiores companhias de refino e exploração de petróleo e de atividade pecuária do mundo. Impulsionador da extrema-direita Financiadores do movimento ultradireitista Tea Party (ala de extrema-direita do Partido Republicano) e, por conseguinte, na eleição de Donald Trump em 2016, os Koch também foram ativos financiadores e padrinhos do Movimento Brasil Livre (MBL) – uma espécie de sucursal do Tea Party em terras brasileiras -, assim como do Instituto Mises. Segundo algumas estimativas, os irmãos Koch (David e Charles) teriam

gasto ao menos U$ 100 milhões para impulsionar o movimento reacionário do partido de Trump. Os irmãos utilizavam táticas como o uso de “dark money” (doações políticas através de movimentos aparentemente espontâneos, como é o caso do MBL, aqui no Brasil). Pautas como cortes tributários, combate à imigração, desmantelamento de regras ambientais e trabalhistas, apoio à indústria bélica e o questionamento das mudanças climáticas sempre estiveram na ordem do dia das causas defendidas pelas empresas financiadas pelos irmãos Koch. Ao fomentar grupos de caráter fascista, Koch ajudou, desde sempre, o desenvolvimento da direita e da extrema-direita em diversos locais. Desde o início, o MBL tem contado com apoio logístico, financeiro e operacional dos irmãos Koch, buscando infiltrar o – mo-

vimento fascista – na política nacional, através de um suposto “apartidarismo”, mas, como revelado atualmente, já mantém parlamentares subordinados aos grandes capitalistas do imperialismo fazendo lobby para grandes conglomerados industriais.


MORADIA E TERRA | 7

CONFRESA

Latifundiários jogam agrotóxicos em comunidades no Mato Grosso O

município de Confresa (MT), que possui aproximadamente 30 mil habitantes, sofre com a poluição das águas do território indígena Urubu Branco, que passam por fazendas de soja, e com a chuva de veneno utilizado como uma arma química para expulsar os agricultores familiares da região obrigando-os a deixarem suas terras por causa da pulverização de veneno. De acordo com a prefeitura, 90% do território da cidade é formado por assentamentos rurais. A assentada Valdiva de Olivera e Silva, 66 anos, moradora da Gleba Novo Horizonte, em Confresa, registrou Boletim de Ocorrência na delegacia quando viu o canavial dar lugar às plantações de soja da Agropecuária Três Flechas. Por causa da pulverização do veneno, quando era adolescente, seu filho, que hoje é adulto, passou a desenvolver uma alergia que permanece até os dias atuais. Porém, nada aconteceu. A maior produtora de soja transgênica da região, a fazenda Luta, está distante apenas 4km do assentamento onde mora.

Ela conta que percebeu que estava rodeada pela soja: “E sei também que daqui a dez anos esses assentamentos onde estamos, onde tiver terra plana que dá para virar soja, vai virar. Não sei como vamos viver. Aqui já sentimos os efeitos, não sei se é da Luta, se é da fazenda que fica aqui atrás. Mas a mandioca embola o olho todinho, fica

empedradinho. As plantas murcham, quebram, endurecem e não voltam mais”, afirma. No mês de abril, durante uma audiência pública realizada na Assembleia Legislativa de Mato Grosso, Wanderlei Pignati, pesquisador, médico e professor do Instituto de Saúde Coletiva da Universidade Federal de Ma-

to Grosso (UFMT), apresentou dados que comprovam que a exposição ao agrotóxico no estado é quase dez vezes maior do que a média nacional, o que representa 7,3 litros por pessoa. Durante a pesquisa, chegou a constatar a presença de agrotóxicos no leite materno. No mês de maio, a Assembleia Legislativa do Mato Grosso emitiu um parecer contrário ao Projeto de Lei 484/2019 que tinha por objetivo proibir a pulverização aérea no Mato Grosso. De acordo com as informações fornecidas pela Associação dos Produtores de Soja e Milho do Estado de Mato Grosso (Aprosoja-MT), mais de 30% da área dedicada à plantação de soja utiliza a aviação agrícola. Informou também que o Mato Grosso possui uma frota de 494 aeronaves agrícolas, a maior frota do País. Os agricultores familiares e os indígenas sofrem com o uso mal-intencionado e abusivo dos agrotóxicos por parte dos latifundiários que tem por objetivo obrigarem estes moradores a deixarem as suas terras.

QUILOMBOLAS

Grileiros de terra colocam fogo em quilombo no Maranhão A

ssim como os indígenas e os sem-terra, os quilombolas também passam as agruras de constantemente serem atacados não só pelo Estado, mas pelos capangas dos fazendeiros e grandes latifundiários, que se acham no direito de massacrar a população pobre para favorecer a burguesia agrária. Assim aconteceu no último domingo (18), no município de Serrano – MA, com membros do Quilombo de Açude, quando um grileiro atacou o local ateando fogo nas plantações do Quilombo. Segundo os moradores do local, há tempos eles vêm sendo ameaçados pelo tal grileiro, que chegou a afirmar que voltaria para terminar o serviço. O homem, claramente um grileiro, afirma ter comprado terrenos no território onde o Quilombo se encontra, contudo, a área ainda está em proces-

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so de regularização pelo Incra desde 2011. Há pelo menos oito anos o Quilombo briga pela regularização do território e logo em seguida herdeiros da família Cadete surgiram fazendo ofertas para vender o território, mas sem

avisar que a área poderia ser desapropriada pela União. O grileiro chegou a assinar um acordo numa reunião com o Sindicato dos Trabalhadores e Trabalhadoras Rurais em Serrano, em 27 de

julho, onde ficou decidido que eles resolveriam pacificamente a questão do território, o que não foi cumprido. Os quilombolas chegaram a recorrer às autoridades locais para que fosse aplicado algum tipo de proteção urgente sobre as terras dentro do Quilombo de Açude e seus moradores, porém não obtiveram resposta. Como sempre, a justiça burguesa se omite diante desses crimes, o que não é novidade, já que a justiça nunca fica ao lado da parte mais pobre da briga. Assim segue a ofensiva dos latifundiários, que vêm sendo respaldados pelo governo golpista de Jair Bolsonaro, que desde que assumiu o poder vem favorecendo os interesses da burguesia agrária e recrudescendo as tensões entre indígenas, quilombolas e sem-terras com os latifundiários.


8 | ESPORTES, MULHERES E JUVENTUDE

CRISE NO FIGUEIRENSE

Exemplo da “eficiência” da iniciativa privada O

clube catarinense Figueirense Futebol Clube tornou-se, em 2017, um “clube-empresa”, uma espécie de privatização ou terceirização dos serviços administrativos do time. Foi criada uma empresa limitada, a Figueirense Ltda., 95% de sua participação sendo propriedade de uma empresa privada, a Elephant, enquanto 5% permanece com a associação sem fins lucrativos, Figueirense Futebol Clube, que não pode interferir na administração. Apesar de isso ser algo feito com a clara intenção de encher os bolsos de mais um grupo de capitalistas gananciosos, a justificativa para a parceria seria de que ela aumentaria a eficiência na administração do Figueirense e o tornaria mais competitivo, melhorando a qualidade do seu futebol. A

outra justificativa seria a resolução de suas pendências financeiras, o clube apresentava dívidas não só com jogadores, mas também com funcionários e comissão técnica. A realidade, porém, é que nenhum desses objetivos vem sendo alcançado. Com um ano e meio de administração “terceirizada”, o clube se encontra na décima terceira posição da série B do campeonato brasileiro, próximo à zona de rebaixamento. Além disso, persistem as dívidas com os jogadores, funcionários e equipe da comissão técnica. Segundo declaração do elenco, o clube ainda tem dívidas com os atletas da base – 10 ajudas de custo atrasadas; com os jogadores CLT – agosto e novembro de 2018 e férias e julho de 2019; com a comissão

técnica de base e profissional – novembro e dezembro de 2017, julho, agosto, setembro, novembro e férias de 2018 e julho de 2019; com os funcionários e parte administrativa – outubro, novembro e férias de 2018, além de FGTS de vários funcionários e dívidas com empresas de ônibus, lavanderia, cozinha e hotel. Em um protesto contra essa situação, os jogadores fizeram uma greve e não entraram em campo na última partida contra o Cuiabá, na terça-feira dia 20, perdendo por W.O. Eles tinham a intenção de manter a paralisação, porém por pressão da direção, voltaram a treinar e jogarão nesse sábado contra o CRB. É preciso denunciar e protestar contra a privatização e elitização do futebol brasileiro, que visa à sua destruição.

CRISES POLÍTICAS

CRISES POLÍTICAS

Na crise, mulheres são as mais afetadas pelo desemprego

Reitoria do Pedro II quer impedir o Fora Bolsonaro

U

O

Brasil vive uma das suas piores crises políticas, econômica, social dos últimos tempos. A política de terra arrasada que está sendo imposta contra a população, se aprofunda a cada dia na gestão do ilegítimo golpista presidente Jair Bolsonaro. As mulheres são sempre atingidas, através dos mecanismo de opressão. Uma das formas de oprimir as mulheres é através do desemprego. Para conseguir aniquilar a mulher, acirra a política de desemprego, alcançando em cheio as mulheres. Quando não se consegue demitir, colocam as mulheres em situação de total submissão. Os empregos ofertados são de remuneração muito inferior, impossibilitando-as de qualquer perspectiva. O emprego alcançado pela mulher sempre atinge às 8:00 horas diárias, em contrapartida de um salário em média menor do que os homens. O emprego alcançado na maioria das vezes é subemprego. Por conseguinte, se trabalha 8 horas por dia e percebe uma remuneração insignificante, não sobra tempo para aperfeiçoar, para evoluir nos conhecimentos e lutar por salários melhores.

Necessário, ressaltar, que além de trabalhar para o mercado, ainda é atribuído a mulher o trabalho doméstico que escraviza a mulher no seu tempo que deveria ser de descanso, além de muitas ainda ter o atributo de ser mãe, que exige várias demandas. Essas atribuições existentes no cotidiano de uma mulher, se dão sem remuneração. Com o golpe e o agravamento da crise a situação da mulher se agrava, o que vem apontando os índices de pesquisa. “Do ponto de vista de gênero, o percentual de mulheres desempregadas é maior, se comparado com a do homem. No segundo trimestre, atingiu 14,1%, enquanto os homens marcaram 10,3%. Taxas mais elevadas entre as mulheres foram observadas em todas as grandes regiões pesquisadas pelo instituto”, segundo pesquisa recentemente divulgada. É preciso que todas as mulheres se unam, parem seus trabalhos nas fábricas, nas empresas, nas repartições públicas e caminhem em direção as ruas com suas faixas, panfletos contra esse governo ilegítimo e golpista de Jair Bolsonaro, a fim de derrubá-lo.

m comunicado do reitor do Colégio Pedro II no Rio de Janeiro, localizado nas dependências do Campus São Crsitóvão II, “recomenda” que uma assembléia organizada pelo Sindicato dos Servidores do Colégio não levante a palavra de ordem de “Fora Bolsonaro”. Trata-se de uma medida abertamente arbitrária por parte do reitor. O próprio reitor chega a reconhecer, no comunicado, que não possui qualquer direito de interferir nas decisões adotadas pelo sindicato. Em primeiro lugar é preciso destacar este fato, quem controla o sindicato são os próprios trabalhadores, deste modo, qualquer medida externa que vise cercear a decisão da categoria, constitui em uma intervenção arbitrária, de caráter ditatorial, de cen-

sura contra uma organização de trabalhadores. Em segundo lugar, é preciso denunciar o caráter do ataque político. O alvo é justamente a palavra de ordem de “Fora Bolsonaro”. Isto em um momento em que o governo golpista está em franca crise, sem qualquer apoio popular. Neste sentido, o reitor utiliza-se do autoritarismo na defesa do governo golpista de Bolsonaro que vêm destruindo de maneira aberta a educação pública no país. É preciso que os trabalhadores rejeitem energicamente esta imposição do reitor-interventor. É preciso levantar a palavra de ordem de Fora Bolsonaro. Somente a derrota de Bolsonaro e todos os golpistas pode impedir os ataques à educação e aos demais trabalhadores.


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