QUARTA-FEIRA, 28 DE AGOSTO DE 2019 • EDIÇÃO Nº 5748
DIÁRIO OPERÁRIO E SOCIALISTA DESDE 2003
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EDITORIAL
COLUNA
Macron, o defensor da Amazônia?
A política criminosa de Bolsonaro para a Amazônia
No último dia 19, uma segunda-feira, anoiteceu mais cedo em São Paulo.
por Renato Farac
Hoje: participe dos mutirões pela liberdade de Lula nas universidades
Amazônia: patrimônio comum? Os incêndios na região amazônica aprofundaram ainda mais a crise do governo Bolsonaro. Ao acenar à sua base de extrema-direita, composta, entre outros, por grileiros e fazendeiros, Bolsonaro acabou por provocar uma queimada de grandes proporções na maior floresta tropical do mundo.
A esquerda não deve pedir desculpas, mas sim enfrentar a direita No dia 24 de agosto, o jornal francês Le Monde diplomatique Brasil publicou um artigo intitulado “Esquerda reconciliada”, assinado por Leonardo Barbosa e Silva, docente do Instituto de Ciências Sociais da Universidade Federal de Uberlândia .
Segunda Turma do STF adia julgamento de recurso de Lula
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ilitantes dos Comitês de Luta contra o Golpe, do Partido da Causa Operária (PCO) e de Comitês Lula Livre, realizam hoje em dezenas de universidade, de várias regiões do País, mutirões para coletar assinaturas pela liberdade do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, preso politico há mais de 500 dias nas dependências da Polícia Federal, em Curitiba, como parte da criminosa operação Lava Jato, levada adiante para perseguir e encarcerar adversários políticos do golpe de Estado e do regime golpista.
Ocupar Curitiba pela liberdade de Lula dia 14 de setembro Terça-feira (27), mais uma revelação do The Intercept Brasil reforçou que o expresidente Lula jamais teve direito a um julgamento. Lula foi vítima de uma inquisição conduzida por adversários políticos.
Saiba como foi Análise Política no 247, por Rui Costa Pimenta Nessa terça-feira no final da tarde, Rui Costa Pimenta, em entrevista a Gisele Federicce, da TV 247, falou de muita coisa que foi assunto no decorrer da semana, incluindo Bolsonaro, Sérgio Moro, Amazônia, Macron, França, MST, agricultura familiar, alimentos orgânicos e respondeu até pergunta de internautas sobre o pacifismo da esquerda, lembrando de Gandhi e Martin Luther King.
2 | OPINIÃO EDITORIAL
COLUNA
Macron, o defensor da Amazônia?
A política criminosa de Bolsonaro para a Amazônia Por Renato Farac
O
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o último dia 19, uma segunda-feira, anoiteceu mais cedo em São Paulo. Cerca de 16h o céu ficou escuro, e uma chuva escura caiu sobre a cidade completando o cenário apocalíptico. Esclareceu-se depois que o fenômeno foi provocado pela fumaça das queimadas na Amazônia, o que chamou atenção para o problema. O governo da direita golpista foi diretamente responsável pelo aumento das queimadas, com o incentivo a essas ações e reiteradas promessas de impedir a fiscalização. Diante disso, o imperialismo aproveitou a brecha para avançar em um plano já antigo de intervenção na Amazônia, que constitui 59% do território nacional e contém muitos recursos naturais. Na quinta-feira daquela mesma semana, dia 22, o presidente da França, Emmanuel Macron, foi ao Twitter para declarar que “nossa casa está pegando fogo”, referindo-se à Amazônia, avisando que o tema seria discutido dali a dois dias, no sábado, quando começaria o encontro do G7, que reúne os líderes dos países mais ricos do mundo. Trata-se de um encontro de países imperialistas para discutir suas contradições e, ao mesmo tempo, como continuar no controle da economia mundial. A discussão sobre a Amazônia é apresentada na imprensa capitalista como se fosse, genuinamente, uma discussão sobre meio ambiente. No entanto, a Amazônia é na verdade um alvo. Como resultado do encontro do G7, ofereceram uma “ajuda” ao Brasil de €20 milhões (R$96 milhões) para combater os incêndios na Amazônia. Sob a aparência de uma bem intencionada “ajuda”, essa já é uma forma de começar a se intrometer na região. O G7 também propõe levar à ONU um plano de reflorestamento a médio prazo, que seria condicionado à participação de ONGs nessas ações. Ou seja,a pretexto de reflorestar a Amazônia, o imperialismo poderia infiltrar seus agentes em uma área de seu interes-
se, contra os interesses nacionais. Ainda durante o encontro do G7, já na segunda-feira (26), Macron continuou com suas declarações intervencionistas. Dessa vez, quando respondia a uma pergunta sobre “internacionalização da Amazônia”, o presidente da França disse que “a verdade é que associações, ONGs, e atores internacionais, inclusive jurídicos, questionaram em diversos anos se era possível definir um status internacional para a Amazônia”. E questionou a soberania dos países que têm partes da Amazônia: “é realmente uma questão que se coloca: se um Estado soberano tomasse de maneira clara e concreta medidas que se opõem ao interesse de todo o planeta? Então, aí haveria todo um trabalho jurídico e político a ser feito”. Já nem é preciso procurar em outro lugar que não seja nas próprias palavras de Macron as reais intenções do imperialismo quando sua imprensa levanta a questão “ambiental” da Amazônia. Não passa de uma desculpa para violar a soberania nacional dos países que têm território na floresta. Enquanto se apresenta como defensor da Amazônia, Macron na verdade defende os interesses econômicos imperialistas da França na Amazônia, o que é muito diferente. Não por acaso, a França até já tem seu posto avançado para uma ofensiva na Amazônia. A Guiana Francesa, em plena América do Sul, é parte da França. Uma colônia de exploração típica do século XIX, que hoje tem status de “departamento” ultramarino. E é justamente a França, com uma colônia em um território continental na América do Sul, que lidera a campanha por uma intervenção “ambiental” na Amazônia. Macron, como os outros governantes de países imperialistas, não é um defensor da Amazônia. É um potencial saqueador da Amazônia, e ninguém deve aceitar mais esse saque ao País. A Amazônia dentro do Brasil é do Brasil.
presidente fascista e ilegítimo Jair Bolsonaro após a sua posse colocou em prática uma promessa de campanha para os latifundiários golpistas e a extrema direita de total apoio a grilagem de terras, fim das unidades de conservação e das terras indígenas. Para isso, incentivou os latifundiários, grileiros de terras, madeireiros e mineradoras a uma total destruição dos recursos florestais da Amazônia e de invasão das unidades de conservação e, principalmente, as terras indígenas. Esses incentivos vieram de maneira institucional e outra informal. A maneira informal se deu através de declarações de apoio ao desmatamento e de ataques ferozes a trabalhadores sem-terra, indígenas e comunidades tracionais, como os quilombolas. Também mirou a conservação dos recursos naturais através das unidades de conservação. As associações de servidores do Ibama e do ICMBio emitiram nota e processaram o Ministro do Meio Ambiente, Ricardo Salles, por causa de intimidação e ameaças através de investigações. Bolsonaro também mandou paralisar ações de fiscalização e mandou abrir inquéritos contra servidores. Já a maneira institucional se deu através da militarização dos órgãos governamentais que cuidam ou fornecem apoio aos sem-terra, indígenas, quilombolas e as unidades de conservação, como o Instituto de Colonização e Reforma Agrária (Incra), a Fundação Nacional do Índio (Funai), Instituto Chico Mendes de Conservação (ICMBio) e muitos outros que foram tomados por militares e latifundiários conhecidos por pistolagem. Há também os cortes no orçamento desses órgãos. A Funai está funcionando com 10% do orçamento planejado. O Ministério do Meio Ambiente, sob o comando do fujão Ricardo Salles, bloqueou R$ 187 milhões do orçamento, afetando os programas do Ibama e do ICMBio de fiscalização, conservação de espécies e combate a incêndios florestais. Reduziu a fiscalização com o desmonte de equipes, demitindo 21 dos 27 superintendentes regionais do Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Renováveis (Ibama) que fiscalizavam as ações dos latifundiários
e mineradoras. Além do programa de privatização de unidades de conservação. Essas medidas deixaram a vontade os latifundiários e grileiros de terra para atuar da maneira que quiserem na Floresta Amazônica, seja com incêndios, desmatamento ou violência contra a população. Resultado foi um crescimento exponencial do desmatamento e ainda maior dos incêndios florestais, principalmente em unidades de conservação e terras indígenas que ficou com um terço dos focos de incêndios, para a grilagem de terras públicas numa escala nunca antes vista. A situação é tão grave que a burguesia dos países imperialistas vendo esta situação, procurou atuar para “tirar uma casquinha” e uma possibilidade de realizar um sonho antigo de retirar a soberania brasileira do território amazônico. Tratou de inflar os dados e criar um espetáculo ainda maior das queimadas e destruição da floresta para intervir na Amazônia sob o pretexto de defender e proteger a floresta da destruição. Discurso que até parte da esquerda caiu e acreditou no discurso dos países imperialistas. DIficil de acreditar, pois esse desmatamento, projetos agrícolas, mineração e projetos madeireiros são financiados por empresas desses países com recursos internacionais e empresas estatais, ou seja, estão interessados nas riquezas da Amazônia. A política criminosa de Bolsonaro para a região Amazônica está criando uma situação de intervenção dos países imperialistas e o caos para os trabalhadores que vivem nas cidades e no campo. Bolsonaro está entregando a riqueza da Amazônia pertencente a classe trabalhadora para as mãos de empresas estrangeiras e dos latifundiários, que estão praticando a política de terra arrasada e levando ao um colapso da região. É preciso derrotar Bolsonaro para acabar com essa situação. E a derrota de Bolsonaro não deve ser realizada por países imperialistas, que em grande medida são responsáveis pela situação que o país vive hoje, e sim pela classe trabalhadora e a população explorada que é a maior interessa na conservação da Amazônia e de seus recursos naturais.
TODOS OS DOMINGOS ÀS 19H
ATIVIDADES DO PCO | 3
HOJE
Participe dos mutirões pela liberdade de Lula nas universidades M
ilitantes dos Comitês de Luta contra o Golpe, do Partido da Causa Operária (PCO) e de Comitês Lula Livre, realizam hoje em dezenas de universidade, de várias regiões do País, mutirões para coletar assinaturas pela liberdade do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, preso politico há mais de 500 dias nas dependências da Polícia Federal, em Curitiba, como parte da criminosa operação Lava Jato, levada adiante para perseguir e encarcerar adversários políticos do golpe de Estado e do regime golpista. Os mutirões que, há dois meses, vem sendo realizado nos fins de semana, passaram a ser feitos também nos dias de semana, envolvendo principalmente ativistas da juventude, contando sempre com amplo apoio de estudantes e trabalhadores. Essa atividades esta ocorrerão em universidades públicas e privadas.
Esse trabalho político, de agitação e propaganda nas universidades é fundamental neste momento em que se agrava a crise política, aumenta a rejeição ao governo ilegítimo de Jair Bolsonaro, na mesma proporção em que cresce o apoio à luta pela liberdade de Lula, como uma questão central, para reforçar a mobilização política contra o golpe de Estado e dar uma saída que interesses aos trabalhadores e à maioria da sociedade, diante da crise. Os estudantes e o ensino público estão entre os alvos principais do regime de ataques ao povo e à economia nacional, comandado pela extrema direita em proveito do grande capital imperialista, principalmente norte-americano e, mais do que nunca, é preciso levar esse debate político para dentro das Escolas e Universidades e organizar politicamente o movimento estudantil no sentido de lutar pelas
DIA DE LUTA
reivindicações concretas que deem um caminho para a vitória contra a direita. Essas reivindicações centrais são, nesse momento, exatamente o Fora Bolsonaro, a Liberdade para Lula e a realização de Eleições Gerais Já, a fim de derrotar o golpe e impor uma po-
lítica democrática dos amplos setores da população. Para participar dos mutirões ou organizar uma atividade em sua cidade ou universidade entre em contato com a coordenação dos Comitês pelo telefone é (11) 963886198 ou ainda pelo e-mail pco.sorg@gmail.com.
PRINCIPAIS FATOS DA SEMANA
Ocupar Curitiba pela liberdade de Saiba como foi Análise Política no Lula dia 14 de setembro 247, por Rui Costa Pimenta T N
erça-feira (27), mais uma revelação do The Intercept Brasil reforçou que o ex-presidente Lula jamais teve direito a um julgamento. Lula foi vítima de uma inquisição conduzida por adversários políticos. As mensagens reveladas pelo Intercept mostram que os procuradores da Lava Jato nutriam um ódio pessoal contra seu perseguido político. Em conversas privadas em um grupo de Telegram, os procuradores faziam ironias sobre a morte da esposa de Lula, Marisa Letícia, sobre a morte de seu irmão, e até mesmo de seu neto, de sete anos de idade. O teor das conversas demonstra o ódio contra Lula dentro da Lava Jato. As denúncias contra as arbitrariedades do processo de Lula começaram assim que Lula foi levado para prestar o primeiro depoimento. Naquela ocasião, em 2016, o ex-presidente foi conduzido coercitivamente sem nem mesmo ter sido convidado a depor antes. Depois, em seu primeiro depoimento em Curitiba diante do então juiz Sérgio Moro, sua defesa foi atacada diversas vezes. Moro chamaria a defesa de Lula de “showzinho” em uma conversa privada na noite daquele mesmo dia, conforme revelado esse ano pelo Intercept. E assim foi o processo do começo ao fim, marcado pelo atropelamento dos direitos do ex-presidente. O fato é que Lula estava condenado desde o começo do processo, porque isso atendia aos interesses políticos da direita golpista. Era necessário tirar Lula das eleições para que a direita pudesse vencer, e depois era preciso mantê-lo preso para destruir seu partidos e impedi-lo de aprofundar a polarização política no País. A raiva dos
procuradores da Lava Jato contra Lula, além de revelarem a monstruosidade desses elementos reforçam as denúncias de perseguição política que vêm sendo feitas desde o início. O que fazer contra a perseguição? Não é por acaso que Lula é uma questão central para a direita golpista. Sua libertação poderia abalar o regime político que os golpistas estão procurando criar sobre novas bases. Por isso mesmo, além da solidariedade a um preso político confinado há 508 dias, os trabalhadores devem agir no sentido contrário. A direita procura evitar a liberdade de Lula, os trabalhadores precisam libertar Lula por meio da mobilização, para impor uma derrota à direita golpista e colocar os inimigos dos trabalhadores na defensiva, impedindo que os ataques de bolsonaro continuem. Para isso é preciso uma grande mobilização em torno da reivindicação de liberdade para Lula. Dia 14 de setembro haverá um ato nacional em Curitiba, onde Lula é mantido prisioneiro político pela direita, para exigir a liberdade do ex-presidente. É hora de concentrar esforços para mobilizar o maior número de pessoas possível para irem a Curitiba, para derrotar a direita. Liberdade para Lula! Anulação de todos os processos!
essa terça-feira no final da tarde, Rui Costa Pimenta, em entrevista a Gisele Federicce, da TV 247, falou de muita coisa que foi assunto no decorrer da semana, incluindo Bolsonaro, Sérgio Moro, Amazônia, Macron, França, MST, agricultura familiar, alimentos orgânicos e respondeu até pergunta de internautas sobre o pacifismo da esquerda, lembrando de Gandhi e Martin Luther King. Rui assinalou que Bolsonaro cortou o poder político do ministro da Justiça, Sérgio Moro, e parece estar tentando se descolar dele. Moro continua uma figura praticamente decorativa em Brasília, o que demonstra que Bolsonaro não está preocupado com Moro, que para ele é um elemento instrumental. Se Moro se desgastar muito, com esses vazamentos do The Intercept, o Bolsonaro se livra dele. Mas, Rui advertiu, Moro tem ainda prestígio na ala tucana da extrema-direita e entre setores da classe média que foi para a rua defender a Lava Jato, que acredita que era uma ope-
ração contra a corrupção, que isso é uma pauta da classe média, que já oferece bastante rejeição a Bolsonaro, justamente por causa da relação dele com outra pauta importante para a classe média, que é a ecologia. O fogo na Amazônia e a reação internacional e até de gente reconhecidamente de direita, como a atriz Maitê Proença, que foi cotada para ser ministra do Meio Ambiente de Bolsonaro, também diz respeito à questão ecológica que é muito popular na classe média e foram assuntos da semana analisados por Rui Costa Pimenta. Ele lembrou que a Amazônia é quase a metade do Brasil, que abrange parte do centro oeste e do nordeste. Segundo ele, é perigoso, em um momento que o Brasil está desgovernado, além da Amazônia ser ocupada por forças estrangeiras com a desculpa de protegê-la para o mundo, ser aberto o caminho para se dividir o Brasil. Isso agradaria ao imperialismo e a muitos setores da direita no Brasil. Não se deve descartar nada que pareça absurdo atualmente.
4 | ATIVIDADES DO PCO
CURITIBA
Hinos revolucionários. Partigianos no sábado musical do CCBP N
este sábado (24), ocorreu no Centro Cultural Benjamin Péret – Paraná (CCBP-PR) o 1º sábado musical. Com o show da banda antifascista Partigianos, que agrupa músicos de esquerda e toca hinos revolucionários, a atividade também marcou o lançamento do chopp Fora Bolsonaro. Durante o show, os Partigianos tocaram clássicos como A Internacional, Bandera Roja, Che, Bella Chiao, músicas das revoluções espanhola e mexicana. Partigianos é uma banda curitibana nascida do encontro musical de várias correntes de esquerda antifascistas: (anarquistas, socialistas e comunistas) em alusão às milícias operárias que lutaram contra a invasão nazista nos diversos países europeus. Segundo o site cwblive: “A ideia de montar o grupo partiu de Vlad e sua irmã, Dora Urban. Foram os dois que começaram a pesquisa que resultou no repertório inicial do Partigianos, buscando canções que se encaixassem na concepção ideológica do grupo.
A proposta é bem inusitada e criativa. ‘A banda surgiu desta vontade de resgatar essas músicas de resistência e de cunho antifascista. Geralmente,
eram os exércitos que cantavam essas músicas de camponeses ou de exércitos de civis que eram conhecidos na Itália como ‘partigianis’ ou na Espanha como ‘partisans’. A nossa versão é um ‘abrasileiramento’ do nome’, explica Vlad.” Sobre a origem do termo Partigianos, o site osargonautas.com.br diz o seguinte: “Em nossa pesquisa sobre a genealogia do adjetivo ‘partigianos’, encontramos a obra de Johann Ewald, intitulada: ‘Treatise on Partisan Warfare’ Greenwood Press (1991), para Johann Ewald, Partisan (do francês partisan; feminino partisane). Em italiano, (partigiano/partigiana) ‘é um membro de uma tropa irregular formada pela população local para se opor à ocupação e ao contro-
le estrangeiro de uma determinada área, é um combatente armado que não pertence a um exército regular, mas sim a um movimento de resistência’. Em português, ‘partigiano’ é traduzido literalmente como ‘parte’, ‘partidário’, adjetivo e substantivo masculino que significa: pessoa ligada ao partido de alguém, ou a um sistema ou regime.” Após o show, foi sorteada a rifa da campanha financeira do CCBP-PR, tendo como ganhadores a professora Denise Rocha, de Paranaguá, e o professor Marcelo Marcelino, de Curitiba. Esta foi o 1º sábado musical do CCBP-PR em Curitiba. Muitos outros virão. Quem perdeu esta excelente atividade, entre em contato em fique atento para as próximas na página do CCBP-PR.
POLÍTICA | 5
PELA IMEDIATA SOLTURA DE LULA
Segunda Turma do STF adia julgamento de recurso de Lula T
erça-feira (27), o Supremo Tribunal Federal (STF) julgaria um recurso da defesa de Lula relativo a uma acusação de pagamento de propina envolvendo a Odebrecht. Lula teria recebido como propina, segundo seus inimigos que debochavam da morte de seus parentes no Ministério Público Federal, um terreno para construir o Instituto Lula e o famoso triplex do Guarujá, atribuído a Lula pela direita golpista dentro do Judiciário para condená-lo sem provas. O pedido da defesa estava na pauta de terça-feira para ser julgado pelo STF, mas os ministros resolveram dar prioridade para outra ações. Uma manobra para adiar mais uma vez qualquer decisão que possa beneficiar Lula. Outra desculpa foi a ausência do ministro Celso de Mello, que não compareceu à sessão do tribunal por problemas de saúde. A defesa de Lula está pedindo acesso à íntegra do acordo de leniência da Odebrecht. O MPF de Curitiba argumenta que a defesa já teria tido acesso aos dados relevantes para o processo, defendendo que parte do acordo seja escondida da defesa. O ministro Edson Fachin decidiu que os ministros terão que analisar essa questão com mais detalhes.
Enquanto isso Lula continua preso Enquanto o STF adia uma decisão sobre Lula, o ex-presidente continua preso arbitrariamente em Curitiba, com base em uma condenação sem provas. A prisão política de Lula já dura 508 dias, e tudo indica que, se depender das instituições golpistas, Lula continuará preso apesar de a perseguição política contra ele estar escancarada. Deve-se lembrar que foi por omissão do STF que Lula foi preso no ano passado, ao ter negado um habeas corpus depois de o STF ser ameaçado pelo general Villas Bôas pelo Twitter, que ameaçou, além do tribunal, o país inteiro, em uma mensagem que foi lida por William Bonner no Jornal Nacional. Naquela ocasião, Villas Bôas ameaçou o Brasil com um golpe militar, usando as seguintes palavras: “Asseguro à Nação que o Exército Brasileiro julga compartilhar o anseio de todos os cidadãos de bem de repúdio à impunidade e de respeito à Constituição, à paz social e à Democracia, bem como se mantém atento às suas missões institucionais.” Desse modo o STF se acovardou e permitiu que Lula fosse preso apesar de não ter sido condenado em última instância, rasgando a Constituição. Ago-
ra, o STF continua se omitindo, com manobras como o adiamento do julgamento dos recursos da defesa de Lula. Como libertar Lula? Se depender das instituições golpistas, Lula continuará preso indefinidamente. Para libertá-lo é preciso haver uma grande e intensa mobilização popular exigindo sua liberdade. Dia 14 de setembro haverá um ato em Curitiba especificamente com essa pauta,
que é central nesse momento, ao lado de Fora Bolsonaro! A liberdade de Lula é um instrumento para derrotar a direita golpista, colocar os direitistas na defensiva e impedir a continuidade dos ataques de Bolsonaro à população. Lula livre intensificaria a polarização no Brasil, o que prejudica a tentativa da direita golpista de estabilizar o regime político. Por isso, dia 14, todos a Curitiba! Ocupar Curitiba pela liberdade de Lula!
Fascistas da Lava Jato zombaram da morte de Marisa Letícia O
s procuradores da Lava Jato zombaram da morte de Marisa Letícia, ex-esposa de Lula, bem como das mortes do irmão e do neto do ex-presidente – Vavá e Arthur, respectivamente. É o que revelam novas conversas vazadas pelo Intercept e publicadas pela imprensa nessa terça-feira (27). Marisa teve sua morte encefálica confirmada em 3 de fevereiro de 2017, após sofrer um AVC no dia 24 de janeiro. Ao receber a notícia em um chat no Telegram, a procuradora Laura Tessler comentou: “quem for fazer a próxima audiência do Lula, é bom que vá com uma dose extra de paciência para a sessão de vitimização.” Ou seja, é uma declaração abertamente fascista, ridicularizando a dor de Lula com a perda de sua esposa. Em mensagem no dia seguinte, a mesma funcionária diz que o agravamento do quadro de Marisa que levou a sua morte poderia ser motivado por qualquer coisa, como “a descoberta de um dos milhares de humilhantes pulos de cerca do Lula”, ao receber notícia de que a operação de busca e apreensão feita ilegalmente por agentes da Polícia Federal na casa de Lula e Marisa poderia ser uma causa do AVC. As falas de Tessler, bem como as de outros procuradores, mostram claramente um posicionamento político de extrema-direita, mesmo de ódio e vingança em relação a Lula.
Quando do episódio da morte do irmão de Lula, Vavá, em 29 de janeiro deste ano, sua defesa pediu que ele pudesse ir ao velório. Isso gerou uma intensa crise, novamente com os golpistas temendo mobilizações populares, e fizeram de tudo para impedir o direito do ex-presidente de assistir ao enterro de um familiar direto. Apenas no final do dia, quando ele já não tinha condições de comparecer normalmente ao velório, “liberaram” sua saída. Obviamente, tendo ciência das
manobras para tentar humilhá-lo e anular uma mobilização popular, Lula recusou. Dallagnol expressou esse temor. “Ele vai pedir para ir ao enterro. Se for, será um tumulto imenso”, escreveu. “Precisa de um batalhão para fazer a segurança dele. A militância vai abraçá-lo e não o deixaram [sic.] voltar. Se houver insistência em trazê-lo de volta, vai dar ruim”, comentou Orlando Martello no mesmo grupo. “3, 4, 10 agentes não o trarão de volta. Aí q mora o perigo caso insistam em fazer cumprir a lei”, completou. O posicionamento vingativo, odioso e fascista volta a aparecer em mensagem de Januário Paludo, sobre a possibilidade de saída de Lula para o velório, ao dizer que “o safado só queria passear”. Por último, outra dor passada pelo ex-presidente, a morte de seu neto Arthur, em 1º de março, também foi alvo de zombaria por parte dos agentes fascistas. “Preparem para nova novela ida ao velorio [sic.], postou Jerusa Viecili, ao compartilhar a notícia do falecimento de Arthur, no mesmo grupo. Desta vez, Lula conseguiu ir ao velório, de helicóptero – para que a população não conseguisse se mobilizar e impedir seu retorno à prisão. Segundo relatos da imprensa burguesa naquela ocasião, Lula teria tido um contato telefônico com Gilmar Mendes no qual teria se emocionado pela morte do neto.
Dallagnol compartilhou essa notícia e o procurador Roberson Pozzobon comentou: “Estratégia para se humanizar, como se isso fosse possível no caso dele rsrs”. É importante lembrar que Pozzobon é um fascista que tem agido de maneira importante para a Lava Jato nos processos contra o ex-presidente, sendo um agente relevante para a operação. Por fim, demonstrando novamente o incômodo e as posições reacionárias dos procuradores, Monique Cheker afirma em outro chat, sobre a ida de Lula ao velório do neto: “Fez discurso político (travestido de despedida) em pleno enterro do neto, gastos públicos altíssimos para o traslado, reclamação do policial que fez a escolta… vão vendo”. Essas mensagens revelam, pela enésima vez, que a prisão de Lula e toda a Operação Lava Jato não passam de uma ampla campanha de perseguição política, com caráter nitidamente fascista, composta por fascistas, para que Lula não fosse eleito presidente da República, para tentar anular a mobilização popular, para eleger Bolsonaro e, em meio ao golpe de Estado, entregar o Brasil para as garras do imperialismo. É preciso anular todos os processos da Lava Jato e libertar Lula, derrubar Bolsonaro – fruto da Lava Jato e da prisão de Lula – e organizar novas eleições gerais, com Lula candidato.
6 | POLÍTICA | POLÊMICA
PESQUISA CNT
Repúdio a Bolsonaro é ainda maior
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a última segunda-feira (26) foi divulgada pesquisa do instituto MDA encomendada pela Confederação Nacional dos Transportes (CNT), que mostra que a desaprovação do presidente ilegítimo Jair Bolsonaro chegou a 53,7% no mês de agosto. A mesma pesquisa indica que a avaliação negativa do governo é de 39,5%. É perceptível, no entanto, a manipulação da pesquisa. Sendo encomendada por um órgão pertencente aos grandes capitalistas – no caso específico, do setor dos transportes -, ela obviamente puxa para o lado positivo de Bolsonaro. Em fevereiro, apenas 28,2% da população desaprovava o governo. Curiosamente, nas ruas já era visível um índice muito maior, quando iniciava o movimento espontâneo pelo Fora Bolsonaro. Aliás, mesmo durante a campanha presidencial, as próprias pesquisas da burguesia mostravam que Bolsonaro era o candidato mais repudiado, e pouco antes do primeiro turno houve grandes protestos contra o político fascista. Bolsonaro obteve um terço dos votos em relação à po-
pulação, o que mostra que a maioria da população não votou em Bolsonaro, destruindo assim o argumento de que ele teria sido eleito pela vontade popular. No primeiro semestre inteiro aumentaram exponencialmente os atos contra Bolsonaro, diretamente contra o presidente ilegítimo e também contra todos os seus ataques sobre variados setores, como educação, direitos trabalhistas, aposentadoria, negros, mulheres, LGBTs, sem terra, etc. O repúdio a Bolsonaro se tornou uma das principais marcas do cenário político nacional. Até mesmo a base social pequeno-burguesa de extrema-direita tem se esvaziado, com a perda de apoio a Bolsonaro. Desde o início do mandato do presidente fascista, a imprensa tem feito de tudo para esconder a sua impopularidade. Os institutos de pesquisa demoraram para publicar qualquer levantamento sobre os primeiros meses de seu governo, sabendo que a popularidade de Bolsonaro já estava completamente em baixa.
Esta nova pesquisa da CNT, portanto, vem depois de todos já saberem da imensa insatisfação popular contra Bolsonaro, incluindo a exigência do povo por sua queda. Além disso, como se vê nas ruas, com manifestações massivas por todo o País em maio, junho, julho e agosto, como se vê todos os dias no contato com a população, não são somente 53,7% dos brasileiros que desaprovam Bolsona-
ro. É muito mais do que isso. E não é apenas “desaprovação”, mas uma repulsa completa, expressa em frases como “Ei Bolsonaro, vai tomar no c*” ou “Ai, ai, ai, ai, Bolsonaro é o ‘carai’”, que são apenas formas mais populares e divertidas de dizer “Fora Bolsonaro” – palavra de ordem que, expressa exatamente dessa forma, foi vista em várias manifestações por todo o País nos últimos meses.
sa tenta criar um clamor popular para uma intervenção imperialista na Amazônia, os capitalistas estão na expectativa de enviar tropas dos exércitos europeus para controlar ainda mais a região. Se o governo neoliberal de Macron estivesse ateando fogo no Louvre, jamais o regime político francês convocaria forças externas para frear a a destruição provocada pelo capitalismo. Pelo contrário: a imprensa defenderia o governo francês de todas as
maneiras – afinal, a burguesia não tem qualquer compromisso com a Cultura, muito menos com o meio ambiente. O incêndio na Amazônia deve ser combatido, sim. Mas pelos próprios brasileiros. É preciso organizar um movimento liderado pelos trabalhadores para derrubar o governo Bolsonaro e todos os golpistas, que impulsionam essa política de destruição do patrimônio nacional. Fora Bolsonaro e todos os golpistas! Fora imperialismo da Amazônia!
APROFUNDAMENTO DA CRISE
Amazônia: patrimônio comum? O
s incêndios na região amazônica aprofundaram ainda mais a crise do governo Bolsonaro. Ao acenar à sua base de extrema-direita, composta, entre outros, por grileiros e fazendeiros, Bolsonaro acabou por provocar uma queimada de grandes proporções na maior floresta tropical do mundo. Diante disso, o imperialismo, levando a reboque setores da esquerda nacional e da burguesia brasileira, vem se aproveitando da situação para tentar ampliar os ataques à população. Nessa semana, o golpista Cristovam Buarquem ex-senador do Distrito Federal pelo Cidadania, publicou, em suas redes sociais, a seguinte mensagem: Se os franceses decidirem queimar os quadros do Louvre, o mundo tem a obrigação de tentar impedir. O Louvre é propriedade dos franceses, mas seus quadros são patrimônio da humanidade. Pouco tempo depois, Leonardo Boff, liderança do movimento da teologia da libertação e defensor da liberdade de Lula, elogiou a mensagem de Buarque: Excelente comparação. É o que venho dizendo: A Amazônia é o Bem Comum da Humanidade. O Brasil é o seu gestor, por sinal, irresponsável. Se devastarem a Amazônia, o mundo tem o dever de impedi-lo pois agride toda a Humanidade. A comparação com o patrimônio cultural francês e a caraterização da Amazônia como “bem comum” serve de cobertura, no entanto, para a política de
rapina do imperialismo. A França, a Inglaterra, a Alemanha e o imperialismo, de maneira geral, são quem defendem a “internacionalização” da Amazônia – para esses países, a Amazônia não deve pertencer aos trabalhadores brasileiros, mas sim aos capitalistas mais poderosos do mundo. Nesse momento, diante do interesse que a imprensa burguesa tem demonstrado na questão da Amazônia, o “mundo” ao qual Boff se refere não significa um movimento internacional de trabalhadores unidos para expropriar a burguesia parasita que está causando as queimadas no Brasil. O “mundo” que está tomando a iniciativa para intervir na Amazônia são os chefes de Estado dos países imperialistas – Emmanuel Macron, que está pisoteando nos direitos dos trabalhadores franceses, é um dos porta-vozes dessa intervenção. Os representantes do imperialismo europeu têm dado uma série de declarações no sentido de defender que as queimadas na Amazônia fossem discutidas pelos países europeus. O governo finlandês, por exemplo, ameaçou boicotar a importação de carne brasileira no caso de o governo brasileiro não atender as reivindicações do imperialismo no caso do incêndio. A intenção da França e dos demais países europeus – na verdade, dos bancos que controlam os governos desses países – é criar condições para explorar ainda mais a região amazônica. Na medida em que o governo Bolsonaro se encontra ainda mais enfraquecido e que a imprensa burgue-
POLÊMICA | 7
ADOTAR UMA POLÍTICA DE ENFRENTAMENTO
A esquerda não deve pedir desculpas, mas sim enfrentar a direita N
o dia 24 de agosto, o jornal francês Le Monde diplomatique Brasil publicou um artigo intitulado “Esquerda reconciliada”, assinado por Leonardo Barbosa e Silva, docente do Instituto de Ciências Sociais da Universidade Federal de Uberlândia . No texto, Barbosa e Silva defende que a esquerda deveria se “reconciliar” com o povo – isto é, mudar sua política para aquilo que considera estrategicamente mais eficaz. Essa reconciliação, no entanto, significaria, na prática, uma total adaptação da esquerda ao regime político. O artigo começa com o diagnóstico de que as esquerdas brasileiras estariam paralisadas.: Estupefatas, assim se encontram as esquerdas brasileiras. Sua relativa paralisia já ocupa a atenção de analistas e inaugura uma usina de reflexões que promete dissecar um defunto ainda quente. A dormência deve incomodar a quem traz em seu DNA o compromisso com a mudança. No entanto, o incômodo de fato precisa ser outro. Ao tentar explicar o porquê da paralisia, Leonardo Barbosa e Silva aponta o “medo” e a “culpa” como justificativas. O “medo” seria advindo da “violência” e do “ódio ou o confronto de um discurso de combate à corrupção e à insegurança para o qual não se encontram preparadas”. A “culpa”, por sua vez, seria pela “ausência de empatia” e pelo “hegemonismo” do Partido dos Trabalhadores (PT): O PT, muito embora tenha possibilitado inúmeras oportunidades às esquerdas a partir de seu próprio crescimento, deve desculpas aos demais partidos pela ausência de empatia e pelo hegemonismo. O PT tem uma trajetória pouco solidária em seu campo, pois reitera a prática de comprometer ou sabotar candidaturas próximas, com se deve recordar os casos de Marina Silva, Eduardo Campos e Ciro Gomes. As teses do artigo do Le Monde diplomatique Brasil para explicar a suposta paralisia das esquerdas são exatamente as mesmas que são apresentadas pela imprensa burguesa. Afinal, na medida em que Barbosa e Silva afirma que o PT deve desculpas, ele está responsabilizando a própria esquerda pela situação em que o país se encontra – quando, na verdade, o grande culpado pela destruição do país é o imperialismo, que corrompeu juízes, deputados,
promotores e militares para derrubar um governo de esquerda e prender o maior líder popular do país. Se o PT deveria pedir desculpas por supostos erros, por que a burguesia, que afundou a cidade de Brumadinho em lamas, destruiu a indústria nacional e impulsionou o fascismo, não deveria pedir desculpas? A esquerda não deve pedir desculpas por seus erros, mas sim denunciar os ataques dos maiores inimigos da humanidade: os capitalistas, que estão promovendo uma ofensiva em todo o mundo para salvar seus cofres. O suposto “medo” da violência, por sua vez, não pode servir de justificava para que não haja uma mobilização contra a direita. Em todo o País, a revolta contra o governo Bolsonaro é cada vez maior – a popularidade artificial criada pela imprensa burguesa foi rapidamente desmascarada. Se organizados, os trabalhadores e setores democráticos têm condições de derrotar a direita, que, nesse momento de profunda crise política, não está ainda preparada para uma ofensiva violenta
contra a população. A alegação de que as esquerdas não teriam condições de confrontar o discurso demagógico de combate à corrupção e à insegurança também é mais um argumento para pressionar o movimento popular a se adaptar aos interesses da burguesia. O combate à corrupção e à insegurança não devem ser pautas da esquerda – são mitos criados pela direita para justificar a perseguição política aos setores que se rebelam contra o imperialismo e para justificar a repressão ao povo pobre e trabalhador. Não há como combater a corrupção e a insegurança por meio do Estado burguês – é a burguesia que controla o Judiciário e as Polícias. Quanto mais fortes as instituições burguesas e seu aparato de repressão, maiores os ataques aos trabalhadores. É preciso, portanto, convocar os trabalhadores para lutar contra a direita: abaixo o imperialismo – maior corruptor e maior promotor de chacinas do mundo! A acusação de “hegemonismo”, por sua vez, só serve para a burguesia gol-
pista, que quer destruir o país. Com base em um argumento moral – o de que todas as organizações de esquerda deveriam ter o mesmo espaço no regime político -, o que o autor defende é que o PT, enquanto partido com a maior base operária da América do Sul, deveria estar a reboque de partidos dominados por uma cúpula de abutres. Segundo o artigo, seriam de esquerda e mereciam ter o mesmo protagonismo que o PT partidos como a Rede e o PSB, que apoiaram o golpe de 2016, e o PDT e o PCdoB, que aprovaram a entrega da base de Alcântara ao imperialismo norte-americano. A tese de que a responsabilidade pela situação em que o país se encontra – desemprego crescente, ataques aos direitos democráticos, ascensão da extrema-direita etc. – é do PT é repetida intensamente no texto. Em outro momento, Barbosa e Silva comenta: Quando o PT dirá oficialmente à sociedade que errou? Será que não compreende que sempre que sua voz se levantar nas tribunas ou nas ruas, será intimidado por quem resgatar os escândalos? A direção do partido parece ainda não reconhecer que parte da militância se encontra paralisada porque sobre ela é colada uma pecha resistente e mobilizada para todas as situações de confronto. A pecha deslegitima de forma atroz e desarma a ação. Devolvam à militância a segurança de agir. Tirem de suas costas a montanha que carregam. Aliviem para dar liberdade. Leonardo Barbosa e Sá deixa claro que a “reconciliação” da esquerda seria o PT aceitar todas as imposições da burguesia e se tornar um partido mais palatável para o regime político. Isto é, se a burguesia faz propaganda de que Lula, favorito para ganhar as eleições de 2018, deve ser preso mesmo sem prova alguma, a esquerda deveria ficar calada e entregar sua principal liderança. Trata-se de uma política suicida, uma política que fortalece a direita, uma política de total subserviência aos interesses dos maiores vigaristas que a já pisaram no planeta. Em oposição a essa posição capituladora em relação à ofensiva da direita, é necessário que a esquerda assuma uma política de enfrentamento contra a direita. Mobilizar toda a população pela já pela liberdade de Lula, pelo “fora Bolsonaro” e por eleições gerais já!
8 | MOVIMENTO OPERÁRIO
CORREIOS
Greve com ocupação dos setores para barrar a privatização D
epois de muitas ameaças, o governo golpista e fraudulento de Jair Bolsonaro anunciou na semana passada uma lista com nove empresas estatais que serão privatizadas, ou, na linguagem do ministro da Economia, Paulo Guedes, irão “passar a faca”. A Empresa Brasileira de Correios e Telégrafos (ECT) é uma dessas empresas da lista. O anúncio, talvez não por coincidência, ocorreu no mês em que ocorre o dissídio da categoria, que está em plena campanha salarial. A direção da empresa, presidida por um general, se recusa a negociar com os representantes da categoria a ponto de que a campanha salarial foi parar no Tribunal Superior do Trabalho (TST). Na realidade, como já é conhecido dos trabalhadores, o TST atua em favor dos patrões, e foi o que ocorreu. Diante da greve iminente da categoria, uma manobra do TST, que prorrogou o Acordo Coletivo para o próximo dia 31, fez com que os sindicalistas aceitassem adiar a greve, que agora está marcada para o dia 3 de setembro. As assembleias para a aprovação da greve na maioria dos sindicatos estão marcadas para esta quinta-feira, dia 29. A empresa continua se recusando a negociar. Diante disso, a burocracia sindical da categoria que cometeu um erro crasso em adiar a greve, o que na prática foi um recuo, continua levando uma política de baixa intensidade como se o atual momento não fosse o mais grave já sofrido pela categoria em toda sua história.
A privatização dos Correios vai acarretar a demissão em massa dos trabalhadores ecetistas. Para se ter uma ideia da gravidade disso, os Correios são a empresa estatal com maior número de funcionários. São mais de 110 mil trabalhadores concursados, que estão ameaçados de perder o emprego. Diante de tamanha gravidade, os sindicalistas da Fentect (Federação Nacional dos Trabalhadores dos Correios) e dos Sindicatos insistem em uma mobilização de baixíssima intensidade. Para se ter uma ideia, no último final de semana a Fentect realizou seu Conselho de Sindicatos (Consin) que reúne apenas os representantes dos 31 sindicatos. Ali ficou decidida a realização da greve e a insistência nas negociações, como se o problema mais importante no momento ainda fosse a disputa pelo reajuste salarial miserável e não por uma luta política de enorme envergadura contra a po-
lítica do governo golpista privatizar a empresa. Já o maior e mais importante sindicato da categoria, o Sintect-SP (Sindicatos dos Trabalhadores dos Correios de São Paulo), que é dirigido pelo PCdoB/CTB e que anos atrás, atendendo a uma política patronal, dividiu a categoria em uma federação fantasma chamada Findect, que agregaainda o sindicato do Rio de Janeiro, se presta nesse momento a convocar uma reduzida reunião de delegados sindicais e a fazer um abaixo assinado contra a privatização para entregar no Congresso Nacional dominado por bolsonaristas e outros direitistas cujo principal desejo é privatizar tudo. A essa altura uma simples greve de “resistência”, como a burocracia sindical gosta de chamar, não será suficiente para derrotar a empresa. Será preciso colocar em marcha uma enorme mobilização e em todo o País uma
greve com ocupação dos setores de trabalho. Uma medida efetiva contra a privatização. A vida dos milhares de funcionários dos Correios e seus familiares está em jogo. A campanha salarial que ocorre nesse momento não deve se transformar em uma enorme mobilização política contra o governo. É absurda a política da burocracia sindical que pretende levantar reivindicações salariais enquanto que a empresa está prestes a ser destruída. É preciso chamar a mobilização esclarecendo a categoria de que sem derrotar politicamente esse governo qualquer reivindicação parcial é meramente uma ilusão. É como se diante da ameaça iminente de uma bomba atômica, a população de uma cidade estivesse pedindo a construção de mais casas ao invés de lutar e impedir com todos os meios que for preciso os que estão jogando a bomba. Por isso, diferente do que foi feito até agora, é preciso uma mobilização permanente, com assembleias todos os dias de preferência e agitação em todos os setores para preparar não só a greve que está marcada para o dia 3, mas ocupações dos setores de trabalho, que é a medida mais eficiente contra as demissões e a privatização. É preciso chamar os trabalhadores e se juntar ao movimento de rua para derrubar o governo Bolsonaro, inimigo mortal da categoria, e exigir a liberdade de Lula, cuja prisão política foi o que permitiu a ascensão do governo que quer entregar os Correios para os capitalistas e demitir os trabalhadores.
PETROLEIROS
Contra as privatizações, ocupar as refinarias! A
maior e mais importante empresa estatal do País, a Petrobrás, está neste momento sob o fogo cruzado dos golpistas, estando a maioria deles enfileirados detrás do governo entreguista do presidente fraudulento Jair Bolsonaro, que anunciou, há cerca de uma semana, a privatização de mais de uma dezena de empresas nacionais, dentre elas os Correios e, de forma ainda não explícita, a própria estatal do petróleo brasileiro e suas subsidiárias. “O processo, apesar de não declarado, está em curso. Inclusive, anunciaram recentemente a venda de oito refinarias junto com seus terminais marítimos e terrestres” (sítio da FUP, 27/08). Bolsonaro e seu ministro pró-imperialista, o banqueiro Paulo Guedes, homem dos bancos e do grande capital internacional estão colocando em marcha no país um programa de liquidação do patrimônio público, no qual já foram entregues ao controle do capital estrangeiro a base militar de Alcântara e a Embraer, com várias outras empresas na alça de mira dos golpistas, na fila de espera para serem privatizadas (leia-se entregues) ao capital imperialista.
De todas as ofensivas e ataques contra o patrimônio público, o maior dos crimes que vem sendo orquestrado contra a economia nacional é a disposição do governo golpista e fraudulento em privatizar/entregar a maior estatal do país, a Petrobrás, que é também uma das maiores empresas de petróleo do mundo, que desenvolveu tecnologia de ponta em todas as etapas de produção, desde a prospecção até o refino. A luta em torno à manutenção da Petrobrás cem por cento estatal e nacional, assume, portanto, um caráter de luta de todo o povo brasileiro, de toda a classe trabalhadora, em primeiro lugar em defesa da economia nacional e da soberania do país. Não se vê,
no entanto, por parte dos setores que representam os interesses dos trabalhadores, por parte dos sindicatos, das federações e das confederações uma mobilização efetiva para a defesa da mais importante empresa estatal nacional. Neste momento, os petroleiros estão em campanha salarial e a principal questão, obviamente, deve estar centrada em torno à luta para impedir a entrega da Petrobrás ao capital estrangeiro, ao imperialismo. As assembléias que neste momento estão sendo realizadas para discutir e organizar a campanha salarial, conduzidas pela Federação Única dos Petroleiros (FUP), deve ter em conta não somente a problemática dos salários, que evidentemente é importante, mas a estratégia principal deve estar voltada para a mobilização em torno à criação de um amplo e forte movimento de luta que envolva toda a categoria petroleira, em especial o setor de ponta das plataformas e das refinarias. A única forma eficaz de luta neste momento para impedir os ataques e a entrega da estatal ao capital estrangei-
ro, ao imperialismo é a intensificação das mobilizações e, evidentemente da greve, já sinalizada pela direção da FUP. No entanto, a vitória dos trabalhadores somente poderá estar assegurada se houver a radicalização da luta e neste sentido se coloca como necessária a decretação da greve com a ocupação das plataformas e refinarias, com a tomada dos principais pontos da empresa pelos trabalhadores, como medida de força e resposta da categoria para impedir a privatização/entrega da estatal aos abutres estrangeiros. Essa deve ser, portanto, a orientação a ser seguida pelas direções do movimento de luta dos petroleiros, que é a única política capaz de impor uma derrota aos golpistas e à direção bolsonarista da empresa, que trabalha para entregar a importante estatal ao capital imperialista. Esta, no entanto, não é somente uma luta dos petroleiros, mas de toda a classe trabalhadora do País e neste sentido a CUT, os sindicatos combativos das principais categorias devem realizar atos e manifestações de apoio e solidariedade aos petroleiros, exigindo que a estatal permaneça como patrimônio público nacional, cem por cento estatal e sob o controle dos trabalhadores.
MOVIMENTO OPERÁRIO | 9
INTENSOS ATAQUES
Controle de produtividade vai massacrar bancários da Caixa Econômica
B
ancários da Caixa Econômica Federal estão sendo selecionados para uma pesquisa com o suposto objetivo de precificar os produtos comercializados nas agências do banco. A pesquisa busca saber quanto tempo os trabalhadores gastam em cada operação que realiza durante o expediente. Ao mesmo tempo que se realiza a pesquisa, os gerentes das unidades estão solicitando um relatório diário da produção de cada empregado. A pesquisa que os empregados estão sendo submetidos tem como objetivo atribuir tempo em minutos para realização de atividades como: cadastro de clientes, avaliações de crédito, abertura de contas, solicitação de cartões, cadastramento de senhas, impressão de contratos e coleta de assinaturas, consultas diversas, além do tempo para compreender o que
o cliente deseja e de negociação das vendas de produtos. É perceptível o avanço da direção golpista contra os trabalhadores da CEF, várias mudanças já aconteceram e continuam a acontecer na estrutura do banco. A desculpa de que a pesquisa visava precificação de produtos já não fazia nenhum sentido, mas com a cobrança da produção diária dos empregados fica claro que a intenção é uma maior exploração dos empregados: controle do tempo, redução de custos e redução de pessoal. O que os golpistas desejam é transformar os trabalhadores em verdadeiras máquinas e descartar aqueles que não tiverem a produção estabelecida dentro de uma lógica de máxima exploração. Não à toa foi implantado horário rígido de almoço, medidores de
produtividade e a Gestão de Desenvolvimento Pessoal (GDP). Os bancários da CEF estão sofrendo intensos ataques já denunciados. A reversão de todas as perdas de direitos implica em fazer unidade com os trabalhadores de outras empresas públi-
cas como Correios, Petrobrás e Banco do Brasil que estão sendo igualmente atacados, integrar a luta dos trabalhadores da Educação e dos demais setores organizados, para pôr fim ao governo golpista e fascista de Jair Bolsonaro!
SÃO PAULO
ANISTIA DE DIRIGENTES SINDICAIS
Estudo mostra, todo dia 45 professores tiram licença por depressão
Uma conquista que está sob ameaça
U
ma reportagem do telejornal SBT Brasil, e replicado pelo Brasil 247, mostrou que a carreira docente gera diversas doenças. Segundo a reportagem, no estado de São Paulo, 45 professores pedem afastamento do trabalho por problemas de saúde todos os dias, a maioria por esgotamento nervoso. Outra pesquisa constata o mesmo problema na carreira docente: a Associação Nova Escola, entre junho e julho de 2018, ouviu 5 mil professores, constatou que 66% dos profissionais precisaram se afastar do trabalho por adoecimento. Sendo que 87% que o problema é causado pelo excesso de trabalho e pela falta de infraestrutura. Ainda de acordo com a pesquisa, 68% sofrem de ansiedade, a seguir vem o estresse e as dores de cabeça que atinge 63%. Insônia afeta 39% professores, dores nos membros atinge 38% e alergias também 38%. Um grande número, 28%, diz já ter sofrido de depressão. O caos promovido pelo golpe que assola o Brasil desde 2016 é refletido no ambiente escolar de acordo com o professor de psicologia da Universi-
dade Presbiteriana Mackenzie Nelson Fragoso. “Todos os conflitos familiares e sociais explodem na escola. E é ali que a criança e o jovem serão pressionados”, afirma Nelson. Mesmo sabendo o tamanho da pressão envolvida, Fragoso alerta que os professor precisa separar a vida profissional da pessoal, sem tomar para si todos problemas. “Não sou eu a pessoa que estão confrontando, mas um sistema que eles [alunos] não aprenderam, não conhecem e repudiam. Repudiam porque é diferente do que aprendem em casa ou no bairro onde vivem”, afirma o professor, que vê a função da sua profissão como a de um “mentor, para ajudar a crescer, se desenvolver na vida, apesar de o mundo onde nasceu não ser legal”, se referindo ao papel dos professores na vida dos alunos. Com a atual política de cortes no setor, tanto professores quanto os alunos são punidos, agora mais do que nunca, com a destruição da educação, comprometendo o futuro deles e de todas gerações que virão. Somente com a união dos professores e alunos vamos barrar os retrocessos dos golpistas.
S
eminário realizado nessa terça-feira (27) na Câmara dos deputados, no auditório Nereu Ramos, em comemoração aos 40 anos da Lei da Anistia, contou com a participação de um grande número de anistiados ou ainda em processo de anistia de trabalhadores demitidos em empresas estatais ou que eram estatais, como metalúrgicos da Companhia Siderúrgica Nacional (CSN), trabalhadores dos Correios e petroleiros. A Lei de Anistia, promulgada em 28 de agosto de 1979 concedeu anistia aos presos e perseguidos políticos, em geral militantes de organizações de esquerda, condenados, torturados e mortos pela ditadura militar, mas que, diante da capitulação da esquerda, também serviu de base para anistiar os criminosos assassinos e torturadores do regime militar – veja matéria nesta edição do DCO. A expressiva participação de ativistas sindicais anistiados ou não mostra que esse problema continua candente na situação política. Esses trabalhadores foram demitidos de empresas estatais e do serviço público, em geral, por motivo de greve, principalmente a partir do final dos anos 70 e início do anos 80 até pelo menos o governo de Fernando Henrique Cardoso. Eram dirigentes sindicais, membros de CIPAs, membros de comissões de empresa e delegados sindicais, que estiveram à frente das lutas das suas categorias pelo fim da ditadura militar e pelas reivindicações específicas de cada setor, sendo que em muitos desses confrontos se deram diante de greves absolutamente radicalizadas. Um caso emblemático dessas lutas foi a greve com a ocupação da empresa pelos operários da CSN em 1988 e a invasão do Exército para desocupar a Usina deixando no rastro de uma brutal repressão com dezenas de feridos, um saldo de 3 operários mortos.
Apenas em 2002, após intensas mobilizações do movimento dos demitidos políticos em empresas estatais, já no primeiro governo Lula, é que foi aprovada a Lei 10.559, em certa medida uma atualização da Lei de Anistia de 1979, que entre outros dispositivos garantia no seu artigo 1º parágrafo V “reintegração dos servidores públicos civis e dos empregados públicos punidos, por interrupção de atividade profissional em decorrência de decisão dos trabalhadores, por adesão à greve em serviço público e em atividades essenciais de interesse da segurança nacional por motivo político”. A partir do golpe de 2016 vem avançando a tentativa da direita em rever a Lei de Anistia. Entre outras medidas, Bolsonaro quer alterar a classificação de perseguidos políticos para a condição de “terroristas” e de um ponto de vista mais imediato está revendo os valores das aposentadorias, pensões e indenizações, tanto dos contemplados pela anistia de 1979, como a situação dos dirigentes sindicais anistiados. É bom frisar que a esmagadora maioria dos contemplados já são aposentados, sendo que muitos, inclusive, já falecidos. O que ocorre com os trabalhadores anistiados das empresas estatais, dos presos e perseguidos políticos da ditadura nada mais é do que o governo fascista procura aplicar contra as organizações e os trabalhadores da ativa na tentativa de esmagar o movimento. Nesse sentido, a luta de todos os explorados, anistiados, aposentados, trabalhadores da ativa não pode ser outra que não a luta para derrotar esse governo. E esse era o sentimento entre os mais de 400 presentes. Fora Bolsonaro e Lula Livre eram as palavras de ordem centrais.
10 | MOVIMENTO OPERÁRIO E POLÍTICA
40 ANOS DA LEI DA ANISTIA
Os militares estão de volta ao poder N
este dia 28 completam-se 40 anos da promulgação da lei de anistia da ditadura. Essa lei, ao contrário do que pregou a esquerda na época, de que seria algo progressista, na verdade só serviu para absolver os torturadores. Os corpos de muitas vítimas da ditadura continuam desaparecidos, o Estado não fez praticamente nada em prol das vítimas e suas famílias, e vemos agora um governo dominado por defensores da tortura. Em 1979, só havia dois partidos políticos: Arena e MDB. A lei foi imposta pelo general ditador João Batista Figueiredo e alardeada como “anistia ampla, geral e irrestrita”, só o que o Congresso fez foi aprovar com praticamente nenhuma alteração. A lei não era irrestrita. O então deputado Alceu Collares (MDB-RS) criticou que a lei deveria anistiar também quem tinha sido condenado e estava preso, anulando os processos. “Quem enfrentou a justiça excepcional, foi condenado à prisão de 20, 30, 40 ou mais anos e encontra-se cumprindo a sua pena não é anistiado”, declarou. Outro deputado, José Frejat (MDB-RJ), argumentou que não havia razão para excluir os condenados por terrorismo. “Tiradentes era terrorista e subversivo. Hoje, é herói”, comparou o deputado. Um grupo de deputados do MDB, tentando retirar a exclusão, apelou aos sentimentos familiares do general Figueiredo. Lembraram que o pai dele, após lutar na Revolução Constitucionalista de 1932, foi anistia-
do pelo presidente Getúlio Vargas em 1934. Mas Figueiredo apresentou sua razão para não perdoar os “terroristas” condenados. Segundo o ditador, o crime deles não era “estritamente político”, mas sim “contra a humanidade, repelido pela comunidade universal”. Só que, durante a ditadura militar, foram inúmeros crimes contra a humanidade, muitas pessoas desapareceram, tiveram execuções extrajudiciais, mulheres grávidas sendo torturadas e o estupro como arma de guerra. E os torturadores saíram anistiados. Embora os contornos da lei 6683, de 28 de agosto de 1979, terem saído da caneta do ditador, a anistia não foi uma decisão espontânea da ditadura. Organizações da sociedade civil vinham fazendo pressão. Em 1975, mães, mulheres e filhas de presos e desaparecidos criaram o Movimento Feminino pela Anistia. Em 1978, surgiu uma or-
ganização maior, o Comitê Brasileiro pela Anistia, com representações em diversos estados e até em Paris, onde viviam muitos dos exilados. No velório de João Goulart, em 1976, o caixão do presidente derrubado pelo golpe militar de 1964 permaneceu envolto numa bandeira com a palavra “anistia”. Em jogos de futebol, torcedores erguiam faixas com a frase “anistia geral, ampla e irrestrita” para serem captadas pelas câmeras de TV e pelos fotógrafos dos jornais. O movimento logo ganhou o apoio de entidades influentes, como a Ordem dos Advogados do Brasil (OAB), a Associação Brasileira de Imprensa (ABI) e a Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB). A lei permitiu a volta ao Brasil de muitos exilados no exterior, como Leonel Brizola, José Carlos Prestes (na foto, no regresso depois de anos refu-
giado na União Soviética), Miguel Arraes, Darcy Ribeiro e Paulo Freire. Mas os crimes da ditadura continuam a manter sua atualidade, bem como sua impunidade, como chacinas, torturas, desaparecimentos forçados e o genocídio dos povos indígenas. Mais do que nunca desde janeiro deste ano, quando o poder passou a ser ocupado ilegitimamente por pessoas, militares e civis, que se declaram abertamente saudosos dos tempos da ditadura. O governo de Jair Bolsonaro é autoritário e militar. Os avanços conquistados como a criação da Comissão Especial de Mortos e Desaparecidos Políticos em 95, a Comissão da Anistia em 2001 e a Comissão Nacional da Verdade instituída em 2012, estão virando pó, já que o atual presidente trocou integrantes das comissões por militares que defendem a ditadura militar e elogiam torturadores. Bolsonaro explicitamente se declarou defensor da tortura em programas de TV, na época em que ainda era deputado federal, e deixou isso ainda mais claro quando dedicou seu voto, como forma de homenagem ao torturador Brilhante Ustra, no golpe rotulado de impeachment que derrubou ilegalmente a presidenta Dilma Rousseff. O assunto se tornou tabu durante muitos anos. A falta de uma conscientização nas escolas ao longo das últimas gerações e também a falta de punição exemplar dos executores dos crimes contra o povo brasileiro e os direitos humanos mais elementares, deixou latente na sociedade brasileira a possibilidade de se incorrer novamente no erro histórico.
TRABALHADORES DOS FRIOS
Todos a Curitiba pela liberdade para Lula
O Sindicato dos Trabalhadores nas Indústrias de Carne, Derivados e do Frio no Estado de São Paulo está debatendo com os trabalhadores da categoria a ida para Curitiba, em ato que terá participação da várias outras categorias. O ex-presidente da república Luiz Inácio Lula da Silva (LULA) está preso na sede da policia federal de Curitiba
por algo forjado, por inquérito que se mostrou, desde o início, fraudulento, inventado pelos golpistas para tirar toda e qualquer possibilidade de ele concorrer às eleições. Um dos principais protagonistas dessa farsa foi o atual ministro da justiça, Sérgio Moro, que recebeu o apelido de Mussolini de Maringá. Desde o início do golpe ficou evidente a mon-
tagem envolvendo todas as esferas do governo, tanto do judiciário, do executivo, bem como do legislativo, sendo o dono dessa montagem, da dilapidação do país (entrega das estatais, Petrobras, Correios, Banco do Brasil etc. para o imperialismo), principalmente para os norte-americanos, bem como toda a sua subserviente imprensa, conhecida no país como Partido da Im-
prensa Golpista (PIG), tendo como carro chefe as organizações Globo, a Veja, Band, Estadão, Folha de São Paulo, entre outras. Esses golpistas colocaram no poder, através de uma fraude escancarada, o fascista Jair Bolsonaro (este que vem atacando todas as conquistas da classe trabalhadora e, particularmente, o setor frigorifico com a extinção das Normas Regulamentadoras – NRs), por exemplo. Em todos os cantos do país é pedido sua saída. Sua rejeição, que já era imensa, vem aumentando a cada dia, à medida que cresce mais a luta pela liberdade de Lula. No próximo dia 14 de setembro, haverá um ato por sua liberdade e os trabalhadores em frigoríficos também estão se organizando para participar. A partir de hoje (28/08), até o dia (08/09) estão ocorrendo atos por todo o Brasil e os trabalhadores do frio e da carne estarão participando dessas atividades aqui em São Paulo. Os representantes do Sindicato dos Frios, desde já, estão percorrendo as fábricas e inscrevendo os operários. O fora Bolsonaro e a liberdade de Lula, bem como, eleições gerais, devem ser as principais lutas do momento.
CIDADES | 11
PREFEITO GOLPISTA DE SÃO PAULO
Covas persegue camelôs no Brás O prefeito golpista Bruno Covas do PSDB, tido por determinados setores de esquerda e por muitos como de uma ala mais “democrática” da direita nacional, demonstrou, na prática, que de democrático não tem nada, e impôs uma verdadeira política de repressão contra os vendedores ambulantes da capital paulista. Com o auxílio da fascista Polícia Militar de São Paulo, da Guarda Civil Metropolitana, famosa por agredir de maneira brutal moradores de rua do centro da cidade, Covas mandou expulsar mais de 2 mil camelôs que trabalham na região do Brás. Com o fajuto argumento de que os comerciantes seriam “irregulares, Covas pratica uma verdadeira política de violência contra a população pobre de São Paulo.
Com o aprofundamento da crise econômica, consequência do golpe de estado, em que um dos seus principais articuladores foi justamente o PSDB, houve o aumento do desemprego e da pobreza, a reforma trabalhista e, cada vez mais, a população pobre é forçada a partir para uma situação de subemprego ou de trabalho informal. Como resposta a essa situação, a direita golpista fortalece a repressão contra o povo pobre, o que inevitavelmente irá aumentar a violência social, os assaltos e roubos. É preciso mobilizar o povo o quanto antes contra todos os golpistas. É preciso botar para fora toda a direita golpista. Fora Covas! Fo9ra Doria! Fora Bolsonaro!
ZN SP
RIO DE JANEIRO
2 albergues vão fechar, 400 homens Policiais suspeitos de envolvimento podem morrer no frio da rua com milícia apoiam Bolsonaro
F
O
projeto do prefeito Bruno Covas (PSDB) é de aniquilar a população pobre e desprotegida. Os moradores de rua em todo o Brasil sofrem todos os dias os desespero de não ter onde descansar o corpo durante a noite. Pessoas que convivem na noite com todos os tipos de percalços, violências, temperaturas muito baixas, dependendo da região brasileira, pessoas vitimas da opressão, que a falta de dinheiro promove no estado social, e a falta de políticas públicas voltadas para a população carente. Com o fechamento dos albergues centenas de pessoas estarão fadadas à morte. O prefeito Bruno Covas, enviou para as entidades ASCOM (associação Comunitária São Mateus), que cuida do centro de acolhimento pra adultos Zaki Narchi 2 e a ABECAL (Associação Beneficente Caminho da Luz), responsável pelo centro de acolhimento Zaki Narchi 3, uma notificação de encerra-
mento no último dia 20. A notificação informa que a parceria com a Secretaria Municipal de Assistência e Desenvolvimento Social termina em 21 de setembro. Os albergues abrigam cerca de 400 homens à noite e ao menos 100 durante o dia. Serviços importantes vinculados ao estado garante o bem estar, a dignidade do individuo, além de ser uma das assistências mais elementares que o estado pode dar a um cidadão dentro de seu país, que é moradia, ter onde descansar na noite, ressaltando, que a noite paulista é extremamente fria. Por conseguinte, quando se fecha um estabelecimento desses, pessoas vão para a rua. A política certa é estabelecer condições de moradias públicas para todas e todos os brasileiros. O fechamento dos albergues equivale a uma sentença de morte aos sem-teto que vivem pelas ruas de Santana e vizinhança.
amília nota mil”. “Parabéns aos meninos!. Estamos juntos”, assim se referiam Flávio Bolsonaro e Rogéria Bolsonaro, aos PMs apontados em esquema de milícia, em reportagem de Constança Rezende, Uol, 25/08/2019. A tal família nota mil, no dizer de Flávio Bolsonaro, são os policiais militares gêmeos Alan e Alex Rodrigues de Oliveira, e ainda a irmã de ambos, Valdenice Meliga, presidente do PSL no município do Rio de Janeiro, em que, juntamente com o Jair Bolsonaro e ainda Rogeria Bolsonaro, tinham por rotina juntos conviver e se confraternizar, como o ocorrido em 1º de Outubro de 2017, aniversário dos Policiais Militares gêmeos, em que foram prestigiados com as presenças dos então deputados, Flavio e Jair Bolsonaro, hoje, Senador e Presidente do Brasil. Embora presos sob suspeita de prática de extorsão contra comerciantes – soltos ao final de 2018, por decisão liminar da justiça – ao menos um dos policiais, Alex, acredita-se que se livrará dos possíveis entraves na esfera judicial e pretende, nas próximas eleições, ser vereador no Rio. Conta, pra isso, com apoio da irmã, presidente do PSL, e uma das principais assessoras de Flávio Bolsonaro. Alex participou da campanha nacional do PSL no último dia 17, para conseguir novos filiados para a sigla. O “Gabriela Residencial”, sem estar autorizado pelo poder público, sem a infra-estrutura resolvida, mesmo assim empreendimento imobiliário, era vendido pelos irmãos PMs ao preço de R$ 600 mensais por lote. Pelo fato de o empreendimento não estar autorizado pelo poder público, irregular portanto, os policiais driblavam a ilegalidade pagando R$ 1 mil mensais de propina a policiais civis, para não serem incomodados, segundo a Polícia Federal.
Mesmo diante de diligências e prisões realizada por agentes desta Subsecretaria de Inteligência, PMs voltaram a atuar exatamente da mesma forma, demonstrando total desrespeito pela Justiça. Esse sentimento de impunidade se acentua e se respalda na prática rotineira da corrupção ativa, tendo a certeza que os agentes públicos corrompidos não irão atuar de forma repressiva”, disse a denúncia do Ministério Público. Alan e Alex soltos por liminar da Justiça, tem interrogatório marcado para o próximo dia 4 de setembro como réus no processo que respondem por organização criminosa. Se sentimento de impunidade já era grande à época da denúncia, muito mais agora devem estar seguros, em momento que podem se confraternizar, não mais com os deputados à época, Flávio e Jair Bolsonaro, mas com os agora, Senador e Presidente da República do Brasil, Flávio e Jair Bolsonaro. Ainda mais segurança devem ter, já que são “família nota mil”, no dizer do então deputado, hoje senador Flávio Bolsonaro.
12 | CULTURA | MULHERES | JUVENTUDE
CRISE
Secretário de Cultura decide abandonar governo Bolsonaro N
a quarta-feira (21), Henrique Pires, nomeado secretário de Cultura do governo Bolsonaro, abandonou o cargo, embora atuasse de acordo com os interesses governamentais e trabalhasse com o intuito de pacificar os setores da Cultura. De acordo com uma nota emitida pelo Ministério da Cidadania, “o cargo foi pedido pelo ministro Osmar Terra na terça-feira (20), à noite, por entender que ele não estava desempenhando as políticas propostas pela pasta”. Entre estas políticas está a censura à produção de séries com temática LGBT para emissoras de televisão públicas. Em entrevista concedida à revista EXAME, Henrique Pires enfatizou que não vai “chancelar a censura” no governo Bolsonaro. “Depois que o Supremo Tribunal Federal decidiu que crime de homofobia é igual ao crime de racismo, é inadmissível o governo usar critérios homofóbicos para decidir quem vai receber ou deixar de receber recursos públicos”, afirmou.
Contudo, essa censura no governo Bolsonaro não causa nenhum espanto, uma vez, que Bolsonaro já declarou inúmeras vezes a sua homofobia. A crise em seu governo, que tem como marca a perseguição à esquerda, aos movimentos democráticos e à produção cultural em geral, pode ser notada em várias atitudes tomadas por ele ao longo destes
oito meses de governo referentes à censura. No mês de abril, Bolsonaro proibiu a veiculação de uma propaganda do Banco do Brasil que contava com atrizes e atores negros, pessoas tatuadas e homens de cabelos compridos, o que ocasionou, na época, a demissão do diretor de Comunicação e Marketing do banco.
Nos últimos dois meses, afirmando que não iria admitir “peças ditas culturais que vão contra os interesses e nossa tradição judaico-cristã”, Bolsonaro atacou a Agência Nacional de Cinema (Ancine) ao fazer uma referência ao filme Bruna Surfistinha e afirmar que não permitiria que dinheiro público fosse utilizado para fazer filme pornô. “Ele estava fazendo referência à minha história de vida, sendo que ele não tem moral nenhuma para falar nem da minha vida, nem da vida de ninguém”, afirma Raquel Pacheco, a Bruna Surfistinha, em entrevista à Folha de S. Paulo. Sem moral e sem noção, Bolsonaro cria a cada dia uma nova crise em seu governo. Em meio à crise amazônica, a pesquisa CNT/MDA divulgada segunda-feira (26) evidencia a perda da popularidade do governo em apenas oito meses. A avaliação negativa beira os 40% e a avaliação positiva caiu de 38,9% para 29,4%.
ATAQUE DO PRESIDENTE ILEGÍTIMO
UFBA
Feministas defendem mulher de Macron: qual o objetivo?
Ex-reitor denuncia agressão do governo Bolsonaro às universidades
A
hashtag #DesculpeBrigitte está ocupando o oitavo lugar nos trending topics do Twitter. O pedido de desculpas das brasileiras à primeira-dama francesa vem após o presidente golpista Jair Bolsonaro atacar o fato de que Brigitte é bem mais velha que seu marido, o presidente da França, Emmanuel Macron, fazendo uma comparação esdrúxula com a Michelle Bolsonaro. Diante disso, as feministas burguesas não puderam conter seu senso de solidariedade e resolveram se desculpar com Brigitte, que, segundo a imprensa capitalista, teria ficado muito emocionada, mas que conseguiu se sobressair com “força total” dessa situação. Vamos aos fatos, Brigitte já veio de uma família abastada, filha de pais ricos, donos de uma empresa de chocolates. Aos 20 anos casou-se com um banqueiro, com quem teve 3 filhos, sem a menor dificuldade em sustentá-los quando acabou se divorciando de seu marido banqueiro. O peculiar desse caso é como tantas feministas puderam se desculpar com uma mulher que não precisa de nada desse puxa-saquismo para superar as ofensas do patife Bolsonaro. É fácil se sobressair de uma situação irrisória dessa quando se faz parte da alta burguesia. A dúvida que fica é: como as mulheres pobres, negras, trabalhadoras se sobressaem das agressões do Estado burguês, perpetuadas principalmente pelos imperialistas, quando a média salarial das mulheres trabalhadoras é de 2 mil reais? As feministas capitulam diante de uma polêmica abobada, mostrando que a indignação seletiva é real e uma primeira-dama francesa
O
merece uma enxurrada de pedidos de desculpas, quando ela não passa de uma representante do imperialismo. Macron é tão prejudicial à classe trabalhadora francesa quanto Bolsonaro é para a classe trabalhadora Brasileira, a diferença é que Macron ostenta boas maneiras, apresenta-se como progressista, amante da cultura, mas não deixa de bombardear hospitais na Síria. A solidariedade das feministas com Brigitte mostra o quanto o feminismo burguês tem tomado conta da luta das mulheres, tirando completamente o foco classista para pautas meramente superficiais. Isso, para o governo dos golpistas, é lucro, pois desvia o foco das lutas radicais, pelas mulheres trabalhadoras, para defender uma representante do imperialismo. Que Bolsonaro é grotesco, mal-educado, disseminador de violência contra os pobres, já sabemos. Contudo, ele e as baboseiras que ele fala e faz são problemas nossos, o que não significa também abaixar a cabeça para defender direitistas. Brigitte pode se defender sozinha, não há necessidade de Macron ir chorar para a imprensa, numa clara tentativa de usar as falas de Bolsonaro para ampliar a interferência na soberania brasileira.
ex-reitor da Universidade Federal da Bahia (UFBA), Naomar de Almeida Filho, denuncia que o contexto atual, principalmente no que diz respeito à educação, é de “agressão, e não apenas ameaça.” Naomar se baseia em sua longa experiência como reitor, entre 2002 e 2010, da UFBA, quando conseguiu introduzir ao modelo dos bacharelados um formato que rompesse com a rigidez existente nos currículo, propondo uma maior integração social entre a sociedade e a Universidade. Essa experiência foi levada para outras Universidades do País e ficou conhecida como “Universidade Nova”. Para Naomar, as Universidades precisam incorporar sua responsabilidade social, ou seja, elas não devem ser restritas aos filhos da burguesia, mas, sim, abertas e de fácil acesso aos filhos da classe trabalhadora, que passam pela experiência de ficar à margem desses meios “intelectuais”, afinal, para a burguesia, filho de pobre só precisa se alfabetizar minimamente para servir de mão-de-obra barata. O ex-reitor da UFBA ainda afirma que “com a situação política atual, conservadora, essa conjuntura à beira do fascismo social, não me dá muita esperança de avanços. A palavra ameaça é pouco. Penso que o assédio institucional por parte do governo federal já começou e agora vira agressão.” Naomar está corretíssimo quando afirma que o que acontece agora é uma agressão. Esse é o projeto político dos golpistas, atacar a educação pública, restringindo as Universidades Públicas cada vez mais.
As estratégias de sucateamento das universidades é uma amostra do objetivo dos golpistas, que tentam a todo custo forçar situações em que a privatização desses serviços públicos sejam a única saída. A resposta a esses ataques deve se dar nas ruas, pelo urgente Fora Bolsonaro. A classe trabalhadora não vai ter chance enquanto os golpistas estiverem no poder. É preciso lutar pelo fim dos vestibulares, feitos especialmente para filtrar quem tem uma condição econômica boa ou não, afinal, quantos trabalhadores conseguem fazer cursinhos caríssimos e ainda trabalhar e cuidar das tarefas de casa, filhos etc.? A universidade pública é do povo e o povo precisa lutar por ela, não através de preceitos meritocráticos, mas por ser um direito do povo e um dever do Estado.
MORADIA E TERRA | ESPORTES | 13
COLONIALISMO
Maior projeto do Brasil é canadense e está na Amazônia Q
uando o assunto é Amazônia, os países imperialistas afiam sua retórica para demandar ao governo Brasileiro a entrega ao seu controle esta que é a maior reserva florestal do planeta. Governos que devastaram recursos naturais nos cinco continentes, promovem guerras e massacram populações, detonaram ogivas nucleares e tornaram inabitáveis áreas inteiras do mundo, tentam passar a imagem de benevolentes, acusando o Brasil de ser incapaz de preservar suas florestas. E não é raro que uma parte da esquerda pequeno-burguesa, acostumada com a profissão de “oposição parlamentar”, faça coro junto com o imperialismo e contra a soberania nacional. Na região da Volta Grande do Xingu, sudeste do Pará, os habitantes já sofrem, desde 2011, as consequências da implementação da Usina Hidrelétrica de Belo Monte. Para eles, a construção não resultou em melhorias na qualidade de vida. O represamento do rio provoca inundações em regiões
habitadas ou utilizadas por moradores dependentes da caça e da pesca, o que deixou centenas de moradores desabrigados e expulsou outros. Os índices de violência na região agora estão entre os mais altos do Brasil. Isso ocorre porque uma leva de 70 mil pessoas vieram para Altamira durante a construção de Belo Monte, quase dobrando o tamanho desta população. Estas pessoas vieram para tentar trabalho na construção da represa ou na economia informal que giraria em torno da obra. Com o fim da construção, muitas se estabeleceram lá, sem conseguirem ser absorvidas pelo mercado de trabalho, numa região onde o poder público já presta serviços extremamente precários. A mesma região está sofrendo agora com a chegada da mineradora canadense Belo Sun, que objetiva instalar o maior projeto de extração mineral a céu aberto no Brasil. O plano é extrair cinco vezes mais minério do que a antiga Serra Pelada, abrindo duas cavas
de 220 metros de profundidade, às margens do rio. Embora o projeto esteja embargado, aguardando negociações, as comunidades locais denunciam que a Belo Sun já está realizando trabalhos no local, o que provocou a evasão de pelo menos metade da população. Cerca de 500 famílias já saíram da região, tentando vender seus barracos
às pressas e se mudando logo, com medo de serem removidas de surpresa e para regiões inadequadas. Os estrangeiros não têm interesse em preservar as terras amazônicas. Querem apenas liberdade total para explorar seus recursos, da maneira rápida e predatória que o capitalismo em crise exige, na tentativa de compensar o esfriamento da economia mundial.
ORGANIZAR AUTODEFESA
ESPORTES
Indígenas Xikrin expulsam de suas terras grileiros no Pará
Brasil lidera quadro de medalhas do Parapan O
U
m grupo de indígenas do povo xikrin demonstrou, na prática, qual deve ser a forma de se enfrentar as ameaças dos jagunços, latifundiários e madeireiros: a organização da autodefesa. Depois de terem sua terra invadida por grileiros no último ano, a Terra Indígena Bracajá, no município de São Félix, no estado do Pará, e depois de serem completamente ignorados pela justiça golpista, os índios se organizaram, munidos de armas, e partiram para a retomada das terras. A ação não resultou em conflito, pois os grileiros, ao verem os índios armados, cederam completamente. Os indígenas, além de retomarem a terra, ainda confiscaram dos invaso-
res materiais como motosserra, espingardas e ferramentas. A Terra Indígena, que foi tomada pelos grileiros no último ano, foi a segunda mais desmatada no último mês, 15 km². O principal setor que exerce pressão sobre os indígenas da região é o setor pecuário. A ação do povo xikrin é exemplar e deve ser seguida por todas as comunidades indígenas, quilombolas e sem-terras de todo o país. Diante da ameaça, seja ela qual for, da direita e de seus capachos, como os grileiros, jagunços etc., é de fundamental importância a organização dos comitês de autodefesa para conter e pôr pra correr a investida destes setores.
s Jogos Parapan-Americanos de 2019, realizados em Lima no Peru, se aproximam da reta final, e o Brasil vai liderando com folga o quadro de medalhas. No momento, os atletas brasileiros conquistaram 159 medalhas no total, sendo 58 de ouro, 53 de prata e 48 de bronze. Bem atrás, encontra-se os Estados Unidos, com 41 medalhas de ouro, 36 de prata e 32 de bronze, num total de 109 medalhas. O México ocupa a terceira colocação, com 32 medalhas de ouro, 35 de prata e 27 de bronze, somando 94 medalhas no total. O Brasil vai consolidando assim sua
condição de principal potência paralímpica do continente e ruma para ser o grande vencedor de mais uma edição do Parapan.
14 | ESPORTES
ESPORTES
Todos os domingos às 20h30 na Causa Operária TV
Zona do Agrião entrevistou dirigente da ANATORG N
o último domingo, dia 25, o programa Na Zona do Agrião, programa de esportes da Causa Operária TV, recebeu o atual presidente da Associação Nacional das Torcidas Organizadas do Brasil (Anatorg), Alex Sandro Gomes, conhecido também como Alex Minduín, para discutir a situação das torcidas organizadas diante do quadro atual de ataques aos direitos democráticos dos torcedores. Destacaremos neste artigo alguns dos principais pontos da entrevista. O que é a Anatorg Ex-diretor geral da Gaviões da Fiel, o entrevistado começou explicando o que é a Anatorg. A Anatorg é uma entidade nacional que congrega torcidas organizadas do país inteiro. Foi fundada em 2014, por inciativa de líderes e ex-líderes de diversas torcidas organizadas do país, como uma reação à perseguição dos órgãos de repressão do Estado capitalista e à campanha de calúnias promovida diuturnamente pelos monopólios de comunicação da direita golpista. Torcidas como a Dragões da Real, do São Paulo, a Mancha Alviverde, do Palmeiras, a Estopim da Fiel, do Corinthians, a Cearamor, do Ceará, a Pavilhão Independente, do Cruzeiro, a Falange Rubro-Negra, do Flamengo, a Torcida Bicolor, do Paysandu, entre muitas outras, compõem a Anatorg. O Regime de Funcionamento da Anatorg
O dirigente esclareceu que a associação está organizada em 17 estados da federação e que, em cada um desses estados, há uma diretoria própria, um grupo organizado trabalhando, debatendo, discutindo e propondo ações para atender às peculiaridades de cada local e região. Atualmente, a associação conta com 217 torcidas afiliadas, e seus órgãos de direção são integrados por membros de várias denominações. A Repressão às Torcidas Alex Minduín defendeu que uma das principais funções das torcidas organizadas, a razão de ser das organizadas, é garantir a “festa nas arquibancadas”. As torcidas, no entanto, “foram tolhidas de exercer essa grande função, essa função de embelezamento, que as torcidas faziam nas arquibancadas… o papel picado, as bandeiras, a batucada, as faixas e, acima de tudo, a liberdade de expressão, que a cada dia tem sido cerceada, por vezes pelo Poder Público, por vezes pela Polícia Militar”, disse o dirigente. Mencionou-se na entrevista que a perseguição mais sistemática contra as organizadas iniciou-se em meados da década de 1990, nos anos de 1995-96,
quando as torcidas começaram a ser proibidas de exercer as suas funções, sobretudo no estado de S. Paulo, sob o pretexto da dita “violência”, supostamente realizada dentro e fora dos estádios pelos “vândalos”, “marginais” e “criminosos” torcedores organizados. O presidente da Anatorg destacou o papel nefasto da imprensa monopolista na construção dessa operação de criminalização contra as torcidas e esclareceu que os eventuais conflitos e brigas não representam mais que uma “minoria da minoria”, uma vez que as organizadas são verdadeiras entidades de massas, que reúnem em torno de si cerca de 800 mil pessoas só no estado de S. Paulo e mais de 2 milhões em escala nacional. Longe de serem promotoras da violência, as torcidas organizadas, sublinhou Minduín, “estão postas para trazer o jovem, para tirar o jovem do ostracismo, sobretudo o jovem que mora no extremo periférico da nossa cidade, uma cidade que não tem lazer, entretenimento… e a torcida oferece tudo isso. Eu costumo dizer que a torcida é um ‘apêndice’, ajudando a sociedade a educar essa juventude que está solta, largada, às vezes por falta de políticas públicas (…)”. A Luta contra o “Futebol Moderno” O combate ao chamado “futebol moderno” também foi objeto de discussão. Entre as bandeiras da Anatorg está a luta contra a expulsão do povo pobre e trabalhador dos estádios, contra a elitização das arquibancadas, em defesa de ingressos com preços populares, em defesa da oferta de melhores condições para o torcedor pobre (horários de jogos compatíveis com a disponibilidade de serviços públicos de transporte, por exemplo), em defesa de espaços adequados nos estádios para os torcedores organizados, contra a arbitrariedade das “torcidas únicas”, contra o VAR etc.
“Quem toma conta do futebol, não gosta de futebol”
As Torcidas Organizadas como organizações do povo organizado
Alex Minduín também abordou a questão dos dirigentes e burocratas que tomam as decisões mais importantes no futebol e acabam determinando os rumos do esporte no país. Para o presidente da Anatorg, os poderosos que dirigem o futebol são pessoas alheias ao futebol, pessoas que “nunca frequentaram as arquibancadas, que nunca pegaram uma caravana”. Mais do que isso, na maioria das vezes são verdadeiros inimigos do futebol e dos torcedores organizados. É o caso, por exemplo, de Fernando Capez e do atual senador Major Olímpio. Figuras da direita golpista brasileira, o primeiro foi membro do Ministério Público de S. Paulo e ganhou fama perseguindo insistentemente as torcidas organizadas, fama essa que o alçou ao posto de deputado estadual pelo PSDB e que parece ter se apagado após o famoso caso da fraude nas merendas escolares de São Paulo. De perseguidor das organizadas passou a “ladrão de merenda”, até chegar ao seu cargo atual de diretor executivo da Fundação Procon, presente que lhe foi atribuído pelo fascista João Dória. O segundo, outra figura grotesca da direita brasileira, é conhecido pela sua luta incansável contra a organização de torcedores e, mais recentemente, como congressista, elaborou projeto de lei que pretende extinguir as torcidas organizadas. Um comentário interessante também foi dirigido a Bolsonaro e sua atitude demagógica de vestir inúmeras camisas de clubes: “Uma das maiores paixões que a gente tem no país, é o futebol. E uma das maiores convicções que um torcedor tem, é a paixão por um único time, pelo clube. Nós temos um presidente da República que não sabe nem o time que ele torce.”
Indagado sobre a relação da Anatorg com as torcidas antifascistas, que crescem a olhos vistos como organizações de combate contra os desmandos repressivos do regime político, o dirigente afirmou: “A Anatorg não só tem uma excelente relação com as torcidas antifascistas, como também apoia todas as ações que elas fazem e executam dentro das arquibancadas”. Além das torcidas antifascistas, a Anatorg mantém relações muito fortes com o MTST, com o MST e com todos os movimentos sociais que, de algum forma, lutam pelos interesses dos explorados. Isso é assim porque as torcidas organizadas, tal como todas as organizações dos explorados, como o MTST e o MST, são organizações populares. “O torcedor organizado é sinônimo de povo, de lutar pelo povo pelo direito do povo. Então, é inconcebível pra gente ter na arquibancada, no meio da torcida organizada, um torcedor que não pense em prol do povo. Muitas vezes a gente vê um torcedor apoiar pautas que não dizem respeito a nós. E é claro que a gente vai cobrar, é claro que a gente quer abrir um debate. Esse torcedor organizado tem saber o que ele representa, por que que ele está dentro da torcida organizada, o que a torcida organizada representa, qual é o estereótipo que tem dentro da organizada. Não é o cara da periferia? Não é o cara pobre? Não é o cara que tem necessidade, que trabalha de sol a sol para curtir seu clube no final de semana, pra pegar uma caravana, gastando o mínimo possível, porque não tem uma grana, mas pra exercer sua paixão? Então, esse torcedor organizado tem que ser consciente do que ele representa enquanto torcedor organizado. O cara que participa de torcida organizada tem que saber que ele está automaticamente ao lado do povo”, concluiu o dirigente.