Edição Diário Causa Operária nº5749

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QUINTA-FEIRA, 29 DE AGOSTO DE 2019 • EDIÇÃO Nº 5749

DIÁRIO OPERÁRIO E SOCIALISTA DESDE 2003

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EDITORIAL

COLUNA

Diário Causa Operária inicia campanha de assinaturas

Bolsonaro, além de tudo, é pé frio por Henrique Áreas de Araujo

Quem deve colocar Bolsonaro para fora é o povo brasileiro

Esquerda anistiou a direita; agora, a direita vai salvar a esquerda?

Na década de 1980, o movimento operário, em meio a uma gigantesca mobilização, incluindo greves, piquetes e enfrentamentos com a extrema-direita, derrubou a ditadura militar. O regime político entrou em colapso e, em consequência do movimento dos trabalhadores, todos os perseguidos pela ditadura foram anistiados.

CCJ aprova invasão de terras indígenas pelos tubarões capitalistas

A

s eleições de 2018 entraram para a história como uma das maiores fraudes já vistas. O maior líder popular do país, o ex-presidente Lula, foi preso sem quaisquer provas e teve seus direitos políticos cassados. Como resultado, Jair Bolsonaro, figura de destaque da extrema-direita nacional, apoiado pela burguesia de conjunto, se tornou presidente da República.

O texto foi aprovado na CCJ por 33 votos a favor, 18 contra, uma abstenção e altera a Constituição Federal, para tornar as reservas indígenas passíveis de abrigar atividades econômicas, como exploração agropecuária e de recursos minerais e hídricos. Em outras palavras, para abrir as portas das reservas para os tubarões do agronegócio, para grandes empresas internacionais das áreas de mineração, madeireiras, etc.

Bolsonaro ajuda Trump a expulsar brasileiros dos EUA Na última segunda (26) foi publicado artigo na Reuters mostrando que o Brasil está facilitando para os Estados Unidos a deportação de brasileiros sem documentos, pedindo às companhias aéreas dos EUA que embarquem os deportados mesmo quando não possuem passaporte válido.

Fascismo puro: consulado brasileiro na Espanha toca hino franquista Como a Lava Jato e o golpe destruíram a construção civil nacional Dados divulgados pelo Instituto Brasileiro de Economia da Fundação Getúlio Vargas (Ibre/FGV) apontam que a recessão no setor de construção civil no país


2 | OPINIÃO EDITORIAL

COLUNA

Diário Causa Operária inicia campanha de assinaturas O

Diário Causa Operária (DCO) iniciou oficialmente a campanha de assinaturas solidárias entre os seus leitores. Trata-se de uma importante iniciativa para arrecadar apoio financeiro para o DCO, a fim de que, este que é um dos principais órgãos do Partido da Causa Operária (PCO), tenha condições de ampliar o seu trabalho jornalístico e de agitação e propaganda. Lançado em 2003, o DCO é a versão digital e a base de conteúdo para a composição do Jornal Causa Operária, o mais antigo jornal da esquerda brasileira ainda em circulação, desde 1979. Mas não é só isso: enquanto o JCO é semanal, o DCO atualiza diariamente o seu conteúdo, com uma média de, pelo menos, 50 artigos – sendo muitos publicados logo no início da edição e outros ao longo do dia, garantindo uma cobertura jornalística atualizada. Graças ao trabalho dos militantes do PCO, o DCO consegue realizar uma cobertura frequente dos acontecimentos nacionais e internacionais, sem qualquer tipo de financiamento capitalista – ao contrário dos veículos da imprensa burguesa, sustentados pelo dinheiro dos exploradores do povo. Além da cobertura noticiosa, este Diário se destaca pela sua intervenção na situação política, notabilizando-se pela clareza e assertividade na análise dos fatos do último período. É um órgão não apenas de informação, mas de educação política das massas e, particularmente, dos militantes do movimento popular e operário. O Diário Causa Operária é um órgão para dirigir as massas para a ação, e é isso que vem fazendo, especialmente no último período, tornando-se uma re-

ferência no movimento de luta contra o golpe e uma tribuna a favor dos trabalhadores e explorados de todo o mundo. Para que este diário cresça, produzindo um conteúdo mais volumoso e de ainda melhor qualidade, alcançando um público ainda maior, é preciso que haja recursos. Assim, haverá melhores condições técnicas de funcionamento deste sítio e de sua redação. Assim, o DCO iniciou a campanha financeira no Catarse. Há cinco opções de contribuição para o DCO. São elas, conforme descrição da campanha: Para R$ 20,00 ou mais por mês, o apoiador da causa terá o nome colocado na sessão de agradecimentos do Diário Causa Operária; Para R$ 50,00 ou mais por mês, o operário engajado fará parte do grupo da Causa Operária no WhatsApp, além de ter o nome na sessão de agradecimentos do DCO; Para R$ 100,00 ou mais por mês, o camarada receberá um kit com camiseta, caneca e bottom, além dos prêmios relatados acima; Para R$ 500,00 ou mais por mês, o financiador da causa poderá, também, participar de reuniões de pauta mensais com o conselho editorial do DCO; Para R$ 1.000,00 ou mais por mês, o revolucionário terá, ainda, passe livre para todos os cursos de formação política promovidos pelo PCO, que são ao menos dois por ano. Todos os leitores estão convidados a participar da campanha de assinaturas do DCO, basta assinar esse projeto no Catarse. Portanto, torne-se assinante do Diário Causa Operária e contribua de maneira extremamente relevante para uma imprensa independente e revolucionária!

Bolsonaro, além de tudo, é pé frio Por Henrique Áreas de Araujo

Q

ue Jair Bolsonaro é um golpista qualquer um já sabe. Que ele chegou na presidência graças a uma fraude gigantesca – talvez a maior da história do Brasil – também nem é preciso explicar. Que ele é um fascista, com ideias reacionárias, anti-comunista e inimigo do povo, também está claro para a esmagadora maioria da população. Por fim, já não é segredo para ninguém que Bolsonaro é reconhecidamente um ignorante, como todo elemento da extrema-direita. Mas há uma novidade, entre as tantas qualidades do “mito”, que a população brasileira descobriu recentemente. Bolsonaro é um enorme de um azarado, ou, de acordo com o jargão popular, um tremendo de um “pé frio”. Para quem acompanha futebol e política ainda é recente na memória a cena de Bolsonaro entregando as medalhas de campeão Brasileiro de 2018 aos jogadores do Palmeiras. Dizia-se que Bolsonaro era palmeirense naquela ocasião, mas a dúvida abateu-se sobre o povo quando descobriu fotos do “mito” posando até mesmo com o manto do arquival, Corinthians. Mas não foi só isso, as torcidas assistem, estarrecidas, cada nova fotografia de Bolsonaro com a camisa de um time diferente. Flamengo, Internacional, Goiás e outros. No mês passado, a torcida do Palmeiras, parecendo já prever o desastre, se organizou para mandar Bolsonaro tomar no c* quando o golpista visitou novamente o Allianz Parque em jogo contra o Vasco. A torcida alviverde estava certa em sua premonição: o Palmeiras, então líder do campeonato, sofreu para empatar em 1 a 1 com o time cruzmaltino, que na época estava na zona de rebaixamento. Daí em diante o Palmeiras teve sua liderança ameaçada e finalmente superada. Bolsonaro, definitivamente, levou a desgraça à Barra Funda. E o Palmeiras foi desclassificado pelo Internacional na Copa do Brasil e nessa terça-feira, desclassificado em casa pelo Grêmio na Libertadores. Sem contar que no início do ano o Palmeiras foi

desclassificado pelo São Paulo nas semifinais do Paulistão. Isso significa que para 2019, o atual campeão brasileiro, que despontava como favorito em todas as competições, terá que se contentar com a disputa do Brasileirão 2019. É bom a torcida palmeirense se livrar logo do “mito” pé frio, sob risco de ver o ano terminar sem nenhum título. Mas o Palmeiras não foi o único caso de azar. A mais recente postagem de Bolsonaro com a camisa de um time foi no último dia 24, quando vestiu a camisa do Londrina. No mesmo dia, o time foi goleado em casa pelo então penúltimo colocado do Brasileirão da série B, o São Bento, por 4 a 2. A maré de azar continuou e o Londrina foi novamente derrotado nessa quarta, 1 a 0 para o Guarani em Campinas. Brincadeiras – ou não – à parte a aparição de Bolsonaro com a camisa do LEC (Londrina Esporte Clube) gerou protesto entre os torcedores. A impopularidade enorme do presidente golpista ficou exposta nos comentários dos torcedores nas redes sociais. O sítio na internet Tem Londrina trouxe vários comentários de torcedores avacalhando Bolsonaro pelo uso do manto sagrado do time As reações, assim como os xingamentos no Alliaz Parque e todas as demonstrações nas ruas, mostra a impopularidade do governo Bolsonaro. Não há lugar ou ocasião em que ele apareça sem que seja avacalhado. Bolsonaro, além de tudo, é um grande pé frio. E diferente do que se pode imaginar, isso não está deslocado da política nem é uma mera coincidência. Quando se está mal, a tendência é transformar em porcaria tudo o que se põe a mão. Augusto Macri que o diga. Apoiado por Bolsonaro, está prestes a perder a presidência da Argentina e se esforça para se desvincular do fascista brasileiro, na tentativa de virar a eleição. Azar para Macri e quanto a isso não temos o que reclamar. A conclusão natural é que é preciso tirar Bolsonaro para fora. Para fora do governo, para fora dos clubes, para fora do Brasil.


POLÍTICA | 3

FORA BOLSONARO

Quem deve colocar Bolsonaro para fora é o povo brasileiro A

s eleições de 2018 entraram para a história como uma das maiores fraudes já vistas. O maior líder popular do país, o ex-presidente Lula, foi preso sem quaisquer provas e teve seus direitos políticos cassados. Como resultado, Jair Bolsonaro, figura de destaque da extrema-direita nacional, apoiado pela burguesia de conjunto, se tornou presidente da República. Bolsonaro foi colocado no poder para que aplicasse o programa de liquidação do patrimônio nacional brasileiro em favor dos interesses dos capitalistas. Ao “eleger” Bolsonaro, a direita esperava aprovar rapidamente a “reforma” da Previdência, aprovar uma série de privatizações e criar condições para perseguir duramente os inimigos do regime político. Mesmo imposto pela burguesia por meio de uma série de manobras, Bolsonaro teve sua suposta popularidade rapidamente desmascarada pela mobilização popular. Em menos de três meses, o povo já estava nas ruas gritando palavras de ordem contra o governo, como se pôde ver nas festas de carnaval. A revolta popular contra a política neoliberal da direita empurrou o governo para uma crise política profunda. Ao mesmo tempo em que Bolsonaro é contestado diariamente pelas ruas, o bloco golpista que lhe sustenta se encontra cada vez mais dividido, uma vez que o governo ainda não conseguiu apresentar uma solução efetiva para a crise econômica em que o país se encontra. É hora, portanto, de organizar os trabalhadores para derrubar o governo.

As queimadas na Amazônia aprofundaram ainda mais a crise do governo Bolsonaro. A revolta popular contra a devastação do patrimônio brasileiro pelos grileiros e fazendeiros deixou o governo em uma situação ainda mais delicada. Diante disso, a imprensa burguesa, representando os interesses do imperialismo, iniciou uma campanha para tentar transformar a revolta contra o governo Bolsonaro em um movimento de apoio à intervenção de países imperialistas na região amazônica. O interesse dos países imperialistas na Amazônia é evidente. O presidente francês Emmanuel Macron, por exemplo, declarou que os incêndios teriam gerado uma “crise internacional” – isto é, que caberia a forças externas

solucionar os problemas ocorrentes na maior floresta tropical do mundo. O governo norueguês, por sua vez, ameaçou sabotar a importação de carne brasileira, em uma demonstração clara de interferência do país na política do governo brasileiro sobre a Amazônia. O imperialismo não está preocupado com a floresta amazônica – afinal, os bancos europeus e norte-americanos foram responsáveis pela morte de dezenas de milhões de pessoas na última década, pelo lançamento de bombas atômicas com consequências ambientais gigantescas, causaram desastres como o rompimento da barragem de Mariana, em Minas Gerias etc. O único interesse em questão é aproveitar a crise do governo Bolsonaro e

o movimento contra os incêndios na Amazônia para justificar uma ingerência ainda maior dos países imperialistas sobre a região. É preciso frear, já, a política da direita golpista brasileira, que está destruindo a Amazônia, os direitos dos trabalhadores e todo o patrimônio nacional. No entanto, isso deve ser feito por um movimento que organize os trabalhadores e os demais explorados, atingidos duramente pelo golpe de 2016 – e não por meio de uma frente única com os maiores vigaristas que a humanidade já conheceu, que são os representantes dos bancos dos países imperialistas. Fora Bolsonaro e todos os golpistas! Fora imperialismo da Amazônia! Fora imperialismo da América Latina!

DITADURA

Esquerda anistiou a direita; agora, a direita vai salvar a esquerda? N

a década de 1980, o movimento operário, em meio a uma gigantesca mobilização, incluindo greves, piquetes e enfrentamentos com a extrema-direita, derrubou a ditadura militar. O regime político entrou em colapso e, em consequência do movimento dos trabalhadores, todos os perseguidos pela ditadura foram anistiados. No entanto, todos os militares, que perseguiram, torturam, prenderam e até assassinaram milhares de pessoas também receberam a anistia. A anistia pós-ditadura foi um acordo da esquerda com os vigaristas da burguesia que cometeram inúmeros crimes contra a população. Naquele momento, os trabalhadores estavam em uma ofensiva contra seus algozes, e a política da esquerda deveria ser a de dissolver completamente o regime político – prisão para os torturadores e cassação dos partidos da ditadura militar. No entanto, a opção foi a de permitir que a burguesia mantivesse o controle sobre o regime – os partidos da direita se mantiveram, a exemplo do DEM, e nenhum torturador foi punido.

Não havia qualquer necessidade que justificasse um acordo com os golpistas à época. A burguesia não tinha condições de controlar o movimento operário – se os trabalhadores colocassem os capitalistas contra a parede, teriam suas reivindicações prontamente atendidas. Na prática, o acordo fez com que a esquerda salvasse a burguesia, que estava pronta para ser liquidada pela mobilização dos trabalhadores. Hoje, momento em que o país vive novamente um golpe de Estado e é governado por um presidente ilegítimo de extrema-direita, o acordo da anistia pode sofrer alterações. A direita não está mais encurralada pelos trabalhadores como estava na década de 1980 – na verdade, está em uma ofensiva contra todos os direitos conquistados recentemente. Tudo indica que, ao contrário da postura erradamente “piedosa” que a esquerda teve no fim da ditadura militar, a direita aproveite as condições para rasgar o acordo feito em torno da anistia. A direita quer voltar a perseguir todos aqueles que lutaram contra a

ditadura militar, de modo a tentar intimidar todos aqueles que se voltem contra o regime político hoje. O presidente ilegítimo Jair Bolsonaro, por sua vez, pretende retirar a anistia dada a determinados militantes da luta contra a ditadura, tipificando-os como terroristas.

A tentativa vigente da extrema-direita de destruir a anistia para os perseguidos pela ditadura mostra que o acordo com os golpistas foi um erro. É necessário, portanto, que os trabalhadores se organizem de forma independente para derrubar de vez o regime político. Fora Bolsonaro e todos os golpistas!


4 | POLÍTICA

GOVERNO ILEGÍTIMO

CCJ aprova invasão de terras indígenas pelos tubarões capitalistas D

ias depois dos apoiadores do governo ilegítimo de Jair Bolsonaro, terem multiplicado as queimadas em todas as regiões amazônicas, além de outras — o que vem sendo usado como pretexto pelo imperialismo para defenderem uma intervenção na Amazônia — e desta dilapidação ambiental ter como um dos seus alvos principais as terras indígenas, cobiçadas pelo grande capital, a Comissão de Constituição e Justiça e de Cidadania (CCJ) da Câmara dos Deputados, aprovou nesta terça-feira (dia 27) a PEC (Proposta de Emenda Constitucional) 187/16, de autoria do deputado Vicentinho Júnior (PL-TO), que pretende liberar atividades agropecuárias e florestais em terras indígenas. O texto foi aprovado na CCJ por 33 votos a favor, 18 contra, uma abstenção e altera a Constituição Federal, para tornar as reservas indígenas passíveis de abrigar atividades econômicas, como exploração agropecuária e de recursos minerais e hídricos. Em outras palavras, para abrir as portas das reservas para os tubarões do agronegócio, para grandes empresas internacionais das áreas de mineração, madeireiras, etc.

A votação foi feita sob protestos de representantes de tribos indígenas que estiveram presentes na sessão. Este fato representa um retrocesso que busca eliminar de cláusula pétrea da Constituição Federal, que diz respeito ao direito fundamental dos povos indígenas de terem soberania sobre suas terras. A Lei já lhes garante o direito de exploração dessas terras, o que se pretende é criar condições — em um momento de perseguição e massacres dos indígenas pela extrema-direita — de que essas reservas possam ser exploradas pelos latifundiários e capitalistas do campo, incluindo poderosos monopólios imperialistas norte-americanos (entre outros), para os quais Bolsonaro quer entregar as terras indígenas, a Amazônia e todo o País. Dirigentes da oposição parlamentar ameaçam ir à Justiça, contra a PEC, que — segundo eles — fere a Convenção 169 da Organização Internacional do Trabalho (OIT), que prevê consulta prévia às populações tradicionais em temas ligados a sua autonomia. Fica claro que o incentivo às queimadas nas reservas indígenas, o aumento da matança de índios, os cortes na

assistência médica e outras medidas de ataques à esses povos, bem como aos sem terras e aos camponeses pobres, são parte da ofensiva da direita e parte de uma operação conjunta, dos bolsonaristas, do “centrão” e de todos os aliados do imperialismo no governo e no Congresso Nacional. Essa ofensiva não pode ser enfrentada e derrotada através de apelos

às organizações controladas pelo imperialismo, como é o caso da OIT, ao Judiciário golpista, com discursos no Congresso Nacional. A única forma de barrar essa ofensiva é uma ampla mobilização, do conjunto dos explorados — da cidade e do campo — e de suas organizações para colocar abaixo o governo Bolsonaro e todos os golpistas.

IMPERIALISMO

Bolsonaro ajuda Trump a expulsar brasileiros dos EUA

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a última segunda (26) foi publicado artigo na Reuters mostrando que o Brasil está facilitando para os Estados Unidos a deportação de brasileiros sem documentos, pedindo às companhias aéreas dos EUA que embarquem os deportados mesmo quando não possuem passaporte válido. Segundo a agência britânica, as informações são de autoridades brasileiras, que pediram anonimato por não estarem autorizadas a falar publicamente sobre o assunto e pelo Brasil estar sob crescente pressão do governo Trump, correndo o risco de levar sanções caso não facilite a deportação de seus cidadãos detidos. “A deportação de brasileiros sem documentos aumentou de 1.413 no

ano fiscal de 2017 para 1.691 no ano fiscal de 2018, com os brasileiros sendo o sexto maior grupo de nacionais removidos dos EUA, segundo dados do ICE (Departamento de Imigração e Alfândega dos EUA)” revela a matéria. (tradução livre). Uma das fontes também afirmou: “Quando Donald Trump se tornou presidente dos EUA, a imigração ilegal tornou-se uma questão política central. A pressão aumentou muito e o Brasil foi ameaçado de sanções”. Só até 10 de junho, 1.117 remoções de brasileiros já ocorreram. Considerando que o ano fiscal dos EUA vai até 30 setembro, este nº pode facilmente bater a marca de 1.691 deportados no ano passado.

Segundo o ICE, já em dezembro havia 334 brasileiros detidos aguardando julgamento ou deportação. Declarações dos Bolsonaro Em entrevista ao jornal Opção, de Goiás, em 2015, então deputado, Jair Bolsonaro disse: “… é menos gente nas ruas para fazer frente aos marginais do MST, dos haitianos, senegaleses, bolivianos e tudo que é escória do mundo que, agora, está chegando os sírios também. A escória do mundo está chegando ao Brasil como se nós não tivéssemos problema demais para resolver.” Em entrevista a Fox News, durante visita a Washington – já como presidente capacho que foi para prestar contas

ao patrão – Bolsonaro fez afirmações depreciativas sobre os imigrantes e elogiou o “muro de Trump” na fronteira mexicana, dizendo: “a maioria dos imigrantes não tem boas intenções”. Na mesma oportunidade, Eduardo Bolsonaro, a quem Jair nomeou para ser o brasileiro embaixador em Washington, disse que os imigrantes brasileiros eram “um problema para o Brasil, uma vergonha para nós”. O que ele esquece, é que seu próprio pai, o presidente Bolsonaro já havia dito que Eduardo queria se mudar para os EUA. O contraditório é que essa declaração foi feita no mesmo dia em que Bolsonaro dispensou imigrantes dos EUA, Austrália e Japão, que forem ao Brasil, da necessidade de ter visto para entrar no país. Ou seja, os brasileiros não são bem vindos nos EUA, mas cidadãos de países imperialistas são todos bem vindos no Brasil, inclusive para turismo sexual, segundo Bolsonaro. No último 25 de abril, Jair Bolsonaro disse: “Quem quiser vir aqui fazer sexo com uma mulher, fique à vontade. Agora, não pode ficar conhecido como paraíso do mundo gay aqui dentro.” O aumento da perseguição aos imigrantes e a facilitação da entrada de estrangeiros de países imperialistas em nosso país, somadas a estas declarações, mostram o completo entreguismo do governo golpista, que age contra seus próprios cidadãos para ser capacho dos EUA. Esse é o governo da extrema direita brasileira, “um tigrão contra seu povo” e “uma tchutchuca com o imperialismo”.


POLÍTICA | ECONOMIA | 5

FASCISMO PURO

Consulado brasileiro na Espanha toca hino franquista

D

urante manifestação de grupos esquerdistas espanhóis contra os ataques de Jair Bolsonaro à Amazônia, a cônsul honorária do Brasil na cidade de Santander, María del Carmen Gema Ealo de Sá reproduziu, para provocar os manifestantes, um hino franquista chamado “Cara al Sol”. O acontecimento ocorreu na última sexta-feira (23), segundo o sítio La Tienda Republicana. Nesse dia, foram realizados atos por toda a Espanha, convocados pelos grupos Fridays for Future e Extinction Rebellion. Em Santander, capital da região autônoma da Cantábria, os ativistas denunciaram que o corpo diplomático brasileiro os tratou de maneira desdenhosa ao recusar qualquer tipo de contato para conversar com os mani-

festantes. A reprodução do hino franquista foi confirmada pela própria cônsul honorária em um comunicado. Obviamente, ela tenta se eximir de culpa e aos outros funcionários do consulado, afirmando que o hino foi tocado por “terceiros”, de fora da sede diplomático. Os manifestantes relataram ao Diário de Cantábria que, “da lateral do edifício consular, em alto volume, começa a ser reproduzido o Hino Nacional da Espanha e o hino fascista da Falange”. “Cara al Sol” era o hino da Falange, a organização fascista de Francisco Franco, ditador que governou a Espanha como uma ditadura desde o golpe de 1936 até sua morte, em 1973. Escrito em 1935, tem como autor creditado o fundador da Falange, José Antonio

Primo de Rivera, filho mais velho do general Miguel Primo de Rivera, ditador da Espanha de 1923 a 1930. Percebe-se, mais uma vez, o alinhamento total do governo Bolsonaro com o fascismo. São notórias e públicas as simpatias de Jair Bolsonaro a líderes fascistas como Augusto Pinochet (Chile), Alfredo Stroessner (Paraguai) ou os próprios ditadores militares brasileiros. Essa simpatia estende-se por todos os órgãos do governo, principalmente os ligados à Presidência da República, como é o caso das instituições subordinadas ao Ministério das Relações Exteriores, comandado pelo fascista lunático (redundância?) Ernesto Araújo. O governo Bolsonaro já é uma ditadura, absolutamente antidemocrático

e ilegítimo, fruto de um golpe de Estado. É preciso organizar a insatisfação popular contra ele no sentido de um movimento que vá na direção de sua derrubada e da derrota do golpe, para impedir que o Brasil se transforme em uma ditadura fascista acabada, como foi a ditadura franquista na Espanha.

RECESSÃO

DESTRUIÇÃO

Como a Lava Jato e o golpe destruíram a construção civil nacional

Golpe derruba investimento público: é o menor patarmar já registrado

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ados divulgados pelo Instituto Brasileiro de Economia da Fundação Getúlio Vargas (Ibre/FGV) apontam que a recessão no setor de construção civil no país voltou a se verificar pelo vigésimo trimestre consecutivo ou seja, entre o período abril/junho de 2014 até o período janeiro/março de 2019. Ainda, para o segundo trimestre dessa ano (abril/junho), a expectativa é de uma novo encolhimento de 1,8% com relação ao mesmo período do ano passado Entre 2014 e 2019, a queda no setor foi da ordem de 31% recuando para um patamar de 2004. A situação da indústria civil ainda deita por terra a miragem defendida por alguns economistas que teria havido uma retomada do crescimento econômico entre 2017 e 2019. O recuo nesse setor durante o período foi da ordem de 6,7%. Segundo os analistas da área, para voltar aos níveis de 2014, período pré-crise, o setor teria que ter um crescimento da ordem de 46,7%. É crença comum no mercado da construção civil que a curva descendente não tem perspectiva de ser invertida. No fundamental, o setor se sustenta via crédito ao consumidor e as obras públicas, mas em ambos os casos não há uma luz no fim do túnel. O endividamento e o desemprego que atingem as famílias e a política de corte nos gastos públicos por parte do governo, expressam o sentimento negativo com relação a uma recuperação. Mais do que uma queda continuada em um ramo da indústria, a construção civil por responder por quase metade dos investimentos na economia brasileira, pelo papel que cumpre na cadeia produtiva e no emprego direto de mão-de-obra, é um espelho do nível de deterioração da economia brasileira. A deterioração desse que é o principal ramo da indústria está intimamente ligada ao golpe de Estado de 2016. É fácil constatar que o crescimento negativo no setor ocorre “pari passu” com o avan-

ço da operação Lava Jato contra a Petrobrás. A fim de derrubar o governo do PT, a direita golpista foi a fundo na destruição da economia nacional, a começar pela Petrobrás, a alavanca a partir da qual os governos petistas procurararam dinamizar a economia. Não é por outro motivo que os ataques a Petrobrás produziram as cifras astronômicas de quase 600 mil postos de trabalhos diretos fechados de lá para cá. Grandes empresas nacionais como a Odebrech e a OAS estavam vinculadas às construções de grandes empreendimentos de expansão da Petrobrás, como os pólos petroquímicos, as plataformas de petróleo para atender o pré-sal e, ainda, a construção naval, um sub-ramo da construção civil. A política do golpe não ficou restrita a Petrobrás, estendeu-se a todos os campos em que a construção civil está presente. Segundo auditoria operacional do Tribunal de Contas da União, de maior desse ano, o Brasil tem 14.403 obras paralisadas ou inacabadas. Segundo o mesmo relatório, “Entre outros efeitos negativos, podem ser citados os serviços que deixam de ser prestados à população, os prejuízos ao crescimento econômico do País e os empregos que não são gerados. São mais de R$ 132 bilhões que deixaram de ser injetados na economia. Apenas no tocante aos recursos destinados às creches do Programa Proinfância, 75 mil vagas deixaram de ser criadas e oferecidas à população”. Esse é o resultado da política verde-amarelista “inaugurada” com o golpe de Estado. É uma casca representada na defesa da Pátria, nos símbolos nacionais, nas camisetas verde-amarelas, e no pretenso combate à corrupção. Tudo uma grande empulhação, que tem como objetivo a destruição do País e a subjugação do seu povo às piores condições de vida, para favorecer o imperialismo e o grande capital nacional a ele associado.

O

golpe, que derrubou uma presidenta eleita popularmente, construiu a farsa da operação Lava Jato, com o objetivo unicamente de destruir o PT e prender o presidente Luiz Inácio Lula da Silva, destruiu a economia nacional. Com a entrada do presidente golpista ilegítimo Jair Bolsonaro, ao Brasil foi imposta uma política de terra arrasada e total destruição da população. As últimas notícias demonstram que investimentos previstos no orçamento de 2020 devem cair para a faixa de R$ 25 bilhões a 30 bilhões, o menor desde de 2007. A queda deve ser de até 40%. Com essa informação pode-se concluir que a queda dos investimentos públicos levará o Brasil

ao aprofundamento da crise econômica com uma recessão profunda. A prioridade dos golpistas é mandar dinheiro para os bancos imperialistas e não ativar a economia interna do Brasil. A previsão é que o PIB (Produto Interno Bruto) brasileiro cresça ao redor de 0,8% neste ano, bem abaixo dos 2,5% estimados ao final de 2018, quando o orçamento de 2019 foi aprovado. A cada dia percebemos a política de destruição do Brasil. É preciso todas as organizações de esquerda, movimentos sociais, sindicatos juntos aos trabalhadores organizar uma ampla manifestação nas ruas sem prazo de terminar até conseguirmos colocar para fora o presidente ilegítimo e chamar eleições gerais.

BOICOTE

Empresas imperialistas suspendem compra de couro brasileiro

M

ais de 18 marcas, de empresas imperialistas, suspenderam a compra de couro brasileiro. Segundo José Fernando Bello, presidente do CICB (Centro das Indústrias de Curtumes do Brasil), a decisão é uma reação à devastação da Amazônia promovida pelo agronegócio com incentivo de Jair Bolsonaro. Essa decisão de boicote como “reação à devastação da Amazônia”, assim como a ajuda para “defender e proteger” nossa floresta, não passa de uma fraude, uma desculpa para colocarem as mãos na nossa floresta. Não devemos nos iludir com esses falsos discursos dos países imperialistas. Esse boicote é pura hipocrisia, já que parte dos maiores interessados nas riquezas da Amazônia.

É importante deixar claro: o imperialismo está se aproveitando da situação graças a política criminosa de Bolsonaro para a Amazônia! Mais do que nunca é preciso derrotar esse governo fascista! Fora Bolsonaro! Fora Imperialismo da América Latina!


6 | INTERNACIONAL

CONSELHO SUPREMO DOS POVOS AMERÍNDIOS E BUSHINENGE

Habitantes da Guiana Francesa denunciam hipocrisia de Macron O

Conselho Supremo dos Povos Ameríndios e Bushinenge (ex-escravos que se libertaram e formaram comunidades na florestas, semelhante a quilombolas) da Guiana Francesa emitiu uma nota oficial na qual se posiciona em relação ao recente imbróglio entre o presidente francês, Emmanuel Macron e o brasileiro Bolsonaro sobre as queimadas na região amazônica. Segundo o comunicado, enquanto a imprensa do mundo todo foca nesse assunto, muitos se esquecem que as fronteiras entre Guiana, Brasil e Suriname são bem recentes, e que a floresta é habitada e cuidada por povos indígenas irmãos há milênios, sem fronteiras. O Conselho puxou da memória uma declaração do então deputado Jair Bolsonaro, em abril de 1998, (“[…] a cavalaria brasileira foi muito incompetente. Competente, sim, foi a cavalaria norte-americana, que dizimou seus índios no passado.”) para acusar o agora presidente, como “personagem

profundamente racista” e culpado de parte da responsabilidade, esclarecendo que os incêndios são o trabalho, na verdade, do capitalismo, pois na África o problema é semelhante: a floresta queima e os povos e todos os seres sofrem com essa destruição. O comunicado inclui Macron como alvo de seus tacapes, denunciando que enquanto ele manifesta preocupação com a destruição da Amazônia brasileira ou boliviana, ao mesmo tempo entrega 360.000 hectares de floresta para empresas multinacionais de mineração na Guiana Francesa, ou seja, existe também uma Amazônia francesa, sendo que o extrativismo é um grande responsável, inclusive pelo fogo. A entidade declara que se recusa a co-assinar a declaração da ministra francesa Annick Girardin, porque nela há uma falta de compromisso em reconhecer os direitos dos povos indígenas e seu papel na preservação da biodiversidade. O Conselho

POLÍTICA AGRESSIVA

apoia a proposta de aumentar o financiamento da UE para o desenvolvimento da Amazônia, mas defende que a participação plena dos povos indígenas em sua gestão seja garantida. Inclusive, um eventual fundo internacional para a Amazônia, deve ser gerenciado diretamente na Amazônia pelos povos e comunidades indígenas.

De acordo com a publicação, quando o presidente da França, Emmanuel Macron, fala em “associar os povos indígenas” é preciso a participação plena dos povos indígenas em todas as decisões relativas à Guiana Francesa e à Amazônia, garantindo o fortalecimento do Conselho Supremo como instância decisória com meios incontestes de funcionamento.

ACORDO POLÍTICO

EUA passarão a deportar imigrantes PD aceita formar governo na no meio de tratamentos médicos Itália para evitar que o povo vote

N

o imperialismo, você vale o quanto de poder econômico você tem, e isso fica claramente expresso nas políticas genocidas do imperialismo norte-americano com os imigrantes. Agora, o Serviço de Cidadania e Imigração dos EUA irá permitir a deportação de imigrantes mesmo que esses estejam em tratamento médico ou acompanhando familiares que estejam doentes nos EUA. Isso significa o fim do programa que dava abertura aos imigrantes solicitar ao governo norte-americano a suspensão de deportação por problemas saúde. A medida entrou em vigor no dia 7 de agosto e que, no mínimo, cerca de mil solicitações de imigrantes chegavam ao departamento pedindo o adiamento das deportações, sendo a maioria delas negadas. O que Trump faz é dar uma sentença de morte aos imigrantes que possuem problemas de saúde e se tratam nos EUA. Contudo, essa política agressiva com os imigrantes que chegam aos EUA em busca de uma vida melhor no coração do imperialismo não é uma novidade. Trump os trata como se fossem animais, encarcerando o maior número possível de imigrantes em seus Centros de Detenção para Imigrantes, os deixando sem contato com família, advogados, separando as crianças de seus pais, etc. Assim continuam os ataques desumanos de Trump, numa clara política de endurecimento das leis imigratórias, os EUA fecham suas portas para imigrantes de países pobres, atrasados, deixando-os morrerem sem tratamento médico, sem emprego, sem nada.

J

Lembrando que muitos desses imigrantes vêm de países que hoje sofrem a miserabilidade porque durante muitos anos foram explorados pelos países imperialistas, como o próprio EUA. Trump perpetua um governo racista que trata os latino-americanos como lixo. E é desse governo que Bolsonaro é um capacho, completamente submisso aos desejos de Trump, Bolsonaro age com docilidade quando se trata dos interesses norte-americanos nas riquezas do Brasil. Para o imperialismo, o Brasil serve apenas como colônia de exploração, portanto, é preciso romper qualquer ligação com esses racistas que aviltam toda a população pobre do mundo.

á ficou mais do que provado que o centrismo de esquerda em qualquer país, na verdade, significa uma preferência ela direita. Assim mostra o PD (Partido Democrata) da Itália, montando um governo de coalizão com o Movimento 5 Estrelas. Essa é uma tentativa de impedir o crescimento da extrema-direita por vias institucionais, o que já ficou comprovado que não funciona em nenhum lugar do mundo, já que a extrema direita é conhecida por passar por cima de qualquer decisão democrática. Agora, um acordo político foi firmado entre o Partido Democrata e o M5S, anti-sistema, nesta quarta-feira (28), liderado pelo primeiro-ministro Giuseppe Conte. Para Luigi Di Maio, vice primeiro-ministro da Itália, esse apoio de Conte será uma garantia para o Movimento 5 Estrelas, numa crítica ao seu ex-aliado Salvini. Em vez de enfrentar a extrema-direta, a esquerda procura fazer manobras junto com a burguesia, que no final das contas apoia a própria extrema-direita se precisar.

Seguindo essa lógica, essa manobra servirá apenas para manter em funcionamento um regime político em crise. O correto a se fazer seria chamar novas eleições, já que o governo vigente teve pouquíssimos votos, fazendo com que a população participe ao máximo desse processo e se posicione contra a extrema-direita. Essa coalizão é pura farsa, já que o Movimento 5 Estrelas era aliado de um partido de direita, a Liga. Salvini e o M5S haviam rompido relações por divergirem sobre a chama da eleições antecipadas. Ao que tudo indica, se não houver objeções por parte do presidente Sergio Mattarella, o novo governo de coalização deverá entrar em vigor a partir da semana que vem com seus novos ministros, após isso, Conte passará por mais duas casas Parlamentares para oficialmente assumir seu posto. Assista a Análise Internacional com Rui Costa Pimenta sobre a Itália


DIA DE HOJE NA HISTÓRIA | 7

28 DE AGOSTO DE 1910

Começa oficialmente a colonização japonesa na Coreia E

m 28 de agosto de 1910 foi assinado o Tratado de Anexação Japão-Coreia, oficialmente decretando a Coreia como colônia japonesa. O Japão ocupava na prática a península coreana desde 1905, de modo integral. Essa colonização durou até 1945. Nesse período, o Império Japonês explorou violentamente os coreanos, fazendo uso de mão de obra escrava dos homens (como, por exemplo, para obras de extração para a metrópole, e também para abastecer o exército japonês na 1ª e na 2ª Guerra Mundial). Por sua vez, as mulheres coreanas foram as que mais sofreram: foram prostituídas – eram chamadas de “mulheres de conforto”, para satisfazer de maneira compulsório os desejos sexuais dos soldados japoneses. Apesar de essa colonização ter industrializado em parte a Coreia (especialmente o Norte), ela foi brutal: milhares de mortos, a língua coreana foi proibida, os cidadãos coreanos foram tratados como cidadãos de segunda categoria em seu próprio país. Em 1945, o Império Japonês foi derrotado pelos Aliados na 2ª Guerra. Assim como na Europa, a política dos fascistas de expandir o seu império, tentando esmagar a classe operária local e de outros países, levou à reação revolucionária das massas, na Coreia ocorreu o mesmo. Desde a década de 1920 surgiu um movimento nacionalista encabeçado por Kim Il Sung no norte da Coreia. Adotando uma tática semelhante aos maoístas na China, até para facilitar as atividades clandestinas contra a ocupação japonesa,

o movimento estabeleceu uma guerrilha nas montanhas e campos da Coreia do Norte. Finalmente, com a crise do império japonês na iminência da derrota na Guerra Mundial, o movimento revolucionário da Coreia se estendeu por toda a península, onde foram criados comitês populares de trabalhadores, camponeses e estudantes. Esse movimento esteve a ponto de realizar uma revolução na Coreia, mas o imperialismo norte-americano, percebendo essa ameaça, ocupou rapidamente o

Sul da Coreia logo após a rendição japonesa. Assim, com suas tropas, os Estados Unidos conseguiram suprimir os comitês populares no Sul, utilizando-se também de antigos membros do regime de ocupação colonial japonês. No Norte, onde o movimento era mais forte devido à maior presença da classe operária, o imperialismo não conseguiu dominar, também graças ao avanço soviético. Assim, estabeleceu-se uma divisão artificial do país entre norte e sul, na linha do Paralelo 38.

Essa divisão continua até hoje, assim como a presença dos Estados Unidos no Sul. Na verdade, a Coreia do Sul passou de uma colônia japonesa para uma colônia norte-americana, nunca conseguindo verdadeira independência. A Coreia passou de oprimida por um imperialismo, para ser oprimida por outro imperialismo, e é graças à presença do imperialismo norte-americano que o País permanece divido até hoje, sendo um verdadeiro ataque à soberania e à autodeterminação do povo coreano.


8 | MOVIMENTO OPERÁRIO

CORTES

Barrar os ataques contra as universidades e institutos Federais N

o dia 30 de abril, o ministro da educação anunciou o corte de cerca de 30 % do orçamento das 63 universidades federais e institutos federais de ensino. Os cortes atingiram as despesas ditas não obrigatórias, mas que impactam em pontos cruciais para o funcionamento das instituições, como como água, luz, contratos com empresas de terceirizados, execução de obras, compra de equipamentos e materiais de consumo, bolsas de pesquisas, entre outras. O anúncio dos cortes orçamentários provocou uma imensa mobilização da comunidade universitária, em especial dos estudantes, que saíram as ruas do país, em grandes passeatas e atos públicos nos dias 15 e 30 de maio. As manifestações colocaram em relevo não somente a insatisfação com os cortes, mas a completa rejeição do governo Bolsonaro, inimigo da educação. A política das direções da esquerda representou uma contenção da mobilização, seja pela não continuidade da luta ( foram realizados atos, entre eles a greve geral de junho, com intervalo mensal) seja pela tentativa de restringir o alcance das reivindicações, evi-

tando a atingir diretamente o governo Bolsonaro. Apesar do governo propagandear que haveria a recomposição do orçamento, com o desbloqueio de parte dos recursos financeiros “ contingenciados”, na prática, as universidades públicas iniciam o segundo semestre com os recursos bloqueados e sem condições de funcionamento, imersas em dividas e com ameaças de demissões em massas dos terceirizados e corte no fornecimento de serviços de agua, luz e telefone. A criação do programa Future-se é evidencia que a “ crise financeira nas universidades” não é fruto do acaso, mas é uma política deliberada de desmonte do ensino público. Dessa forma, por um lado, o governo simplesmente retira os recursos básicos para o funcionamento das instituições públicas, e do outro, estabelece como “ alternativa” a privatização e a quebra da autonomia universitária, obrigando a venda de patrimônio, contração via OAS e controle do espaço universitário pelas empresas privadas. Um ponto relevante nos ataques do governo Bolsonaro contra as universidades públicas é a intervenção autoritária nas reitorias, com a nomeação

BANCÁRIOS

de interventores, não respeitando os resultados das consultas, como ficou patente na UFC e no CEFET-RJ. A disposição de luta da comunidade universitária é comprovada não somente nas manifestações contra os cortes no orçamento, mas também na mobilização no CEFET RJ contra o interventor indicado pelo MEC, e na rejeição formal nas universidades do Projeto Future-se, como na UFPE.

A questão fundamental é que a derrota da política de terra arrasada do governo Bolsonaro, passa pela construção de um amplo movimento, não somente contra essa ou aquela medida, mas por uma mobilização unificada pelo Fora Bolsonaro, uma vez que somente liquidando com o governo golpista será possível defender efetivamente a universidade e ensino público.

CHARGE

Superexploração dos trabalhadores do Bradesco em Brasília

A

política de reestruturação dos banqueiros, nas agências bancários e dependências dos bancos, tem levado uma maior exploração para os trabalhadores, principalmente, com a falta de pessoal. No Bradesco, onde o quadro de falta de funcionários já era grave, com a implantação do PDVE (Plano de Desligamento “Voluntário” Especial) em julho passado, que forçou a demissão de cerca de 10% dos funcionários, a situação se agravou muito mais. Em Brasília com a falta de funcionários nas agências e dependências tem levado, literalmente, os trabalhadores à loucura. Aumentaram substancialmente os casos, por motivo da sobrecarga de trabalho, os índices de adoecimento laboral, causando acometimento de doenças depressivas e distúrbios físicos como, por exemplo,

Ler/Dort (lesões por esforço repetitivo). Com o quadro de pessoal insuficiente aumentou a pressão dos chefetes de plantão, que cobram, sistematicamente, o cumprimento de metas desumanas de vendas de produtos, tanto nas agências bancárias quanto nos escritórios digitais, que sofrem da mesma forma a superexploração, quando realizam o serviço três ou mais pessoas. Os trabalhadores do Bradesco não devem aceitar mais esse ataque dos banqueiros golpistas. Enquanto as condições de trabalho e de vida só pioram para os bancários, os banqueiros estão rindo à toa com o aumento diário dos seus lucros (só no primeiro semestre de 2019 o Bradesco lucrou “singelos” R$ 11,862 bilhões, enquanto que o salário de ingresso na instituição bancária é de míseros R$ 2.100).

TODOS AS QUARTAS ÀS 19H


MOVIMENTO OPERÁRIO | 9

ECT

Sucateamento do plano de saúde dos Correios encerra plano odontológico N

o início dessa semana, dia 19 de agosto, a nova direção da Postal Saúde, que administra o plano de saúde dos Correios, enviou documento para os consultórios odontológicos conveniados com a empresa, avisando que o contrato de assistência odontológica aos trabalhadores dos Correios terminará no final do mês de novembro. A medida tomada pela direção golpista dos Correios usa como justificativa o argumento falso de que a ECT não consegue pagar os custos dos tratamentos, e por isso irão fazer um novo redimensionamento do serviço. Usando a mentira de que a ECT não consegue custear o plano de saúde dos Correios, os golpistas conseguiram retirar os pais/mães do plano atual, cobrar mensalidades dos trabalhadores e aumentar o valor de participação nos gastos com o plano. Agora, mesmo repassando boa parte do custo do plano de saúde nas

costas dos trabalhadores, os golpistas ainda não satisfeitos estão desfazendo os convênios, começando pelo plano odontológico.

RS

Professores estão trabalhando de graça faz meses

P

rofessores gaúchos, contratados pela Secretaria de Educação de Porto Alegre, estão sem receber desde o início do ano letivo. Milhares de professores estão trabalhando desde março sem receber seus vencimentos, como é o caso da professora Rejane Arruda de Paula, 41 anos, de Porto Alegre, que no primeiro semestre foi substituir uma licença-maternidade durante cinco meses, já encerrou a licença e ainda não recebeu seu salário. A Secretaria Estadual de Educação (Seduc) reconhece o problema, mas não sinalizou nenhuma medida imediata de pagamento, somente prometeu pagar em setembro com os demais vencimentos. A presidente do Cpers Sindicato, Helenir Aguiar Schürer, considera a situação grave. Ela afirma que a falta de salário faz com que muitos profissionais não tenham condições financeiras e nem psicológicas de irem trabalhar.

Os momentos coletivos nas escolas devem ser de discussão do que realmente importa, que são os rumos da escola pública, principalmente, sobre a situação dos empregos e salários dos professores, ainda mais ameaçados diante da política do governo golpista, e de como unir a comunidade escolar em favor da luta em defesa do ensino público contra os ataques dos governos da direita. Um dos setores mais afetados pela política do fascista Bolsonaro é a educação. Entre as propostas nocivas ao setor temos o projeto Escola sem Partido, que deve ser chamado por seu verdadeiro nome, a Escola com Fascismo, a militarização das escolas, a privatização das universidades públicas. Pela imediato pagamento dos professores gaúchos. Os professores precisam se organizar em comitês para barrar a ofensiva da direita nas escolas. Para isso, a união entre estudantes e professores é fundamental para combater a extrema-direita, que deseja destruir e privatizar as escolas.

Alguns trabalhadores que estavam em tratamento odontológico, colocando próteses, terão que suspender, pois a Postal Saúde não irá repassar o

pagamento para os consultórios que não conseguirem concluir o tratamento até o fim de novembro deste ano. Esse ataque está se dando em meio ao período de negociação da campanha salarial da categoria, aonde o acordo coletivo garante o tratamento odontológico dos trabalhadores. Trata-se de uma provocação que deve ser respondida de imediato pelos trabalhadores, através da mobilização da categoria pela greve, já que os golpistas estão dando todos os sinais de que não haverá negociação, mas somente retirada de direitos. É preciso situar esses ataques com o golpe de Estado que se aprofundou com a eleição fraudada de Jair Bolsonaro, que precisou prender Lula e impedi-lo de concorrer para que os golpistas ganhassem a eleição afim de promover todos esses ataques e a destruição das empresas públicas através da privatização da ECT. Nesse sentido a greve dos trabalhadores também precisa levantar a palavra de ordem de Fora Bolsonaro e todos os golpistas, novas eleições, com a liberdade de Lula.


10 | CIDADES | CULTURA

SÃO PAULO

Dois policiais são presos por extorquir dinheiro N

o dia 26 de agosto, dois policiais militares foram presos em flagrante, na zona norte de São Paulo. Segundo a polícia, foi feita uma denúncia contra dois supostos policiais civis que estariam exigindo cerca de R$ 45 mil de um empresário, sendo esse um suspeito de envolvimento com tráfico de drogas. Ao investigar, a polícia civil flagrou os dois na avenida Otto Baumgart e, de acordo com a nota da Secretária de Segurança Pública (SSP) de São Paulo, os soldados foram presos no presídio militar Romão Gomes por extorsão.

É interessante citar que, até o fim de 2018, esse mesmo presídio contava com 55 PMs presos por assassinato, 21 presos por crimes sexuais, 14 por assaltos, 8 por tráfico de drogas, 6 por concussão (quando um funcionário público tira vantagem do seu cargo) e 5 por corrupção. As polícias só reprimem o povo. A PM é um órgão que representa a violência do estado e é necessário impor um fim a ela. O PCO é a favor da dissolução de todas as polícias e da criação de milícias populares para a segurança da população.

FAROL DA BARRA

UZWELA

Festival Lula Livre em Salvador reuniu 100 anos de Jackson do Pandeiro, milhares de pessoas no domingo com o cantor Adler São Luís

E

F

oi realizado neste domingo (25/08) a 2ª edição do festival Lula Livre em Salvador. Realizado no Farol da Barra, o ato reuniu cerca de sete mil pessoas, contando com a participação de artistas de várias vertentes culturais e, principalmente, conhecidos pelo engajamento nos movimentos populares, como Chico César, Ana Cañas, Ilê Aye, Sandra Simões, Márcia Short, Jonga Lima, Dão, Mano Góes entre outros. Antes mesmo do início do festival houve atos em outros pontos da cidade como o Trompetaço Lula Livre no shopping Barra no sábado à tarde, a 5ª Marcha Pela Liberdade saindo do Rio Vermelho em direção ao Farol da Barra no domingo. O PCO esteve presente com suas faixas e banca, levando o Jornal Causa Operária, livros, revistas, cartazes e

adesivos da campanha Fora Bolsonaro e Liberdade para Lula. O ato, apesar de ter como plataforma as apresentações artísticas, foi uma contundente manifestação política contra a prisão ilegal do ex-presidente Lula, levou muita gente pra rua e a se manifestar, bem como contribui com a campanha que vem sendo feita em todo o país e que deve ser ampliada e se transformar em manifestações diárias. Neste momento, a liberdade de Lula depende diretamente das manifestações populares nas ruas e o enfraquecimento do bolsonarismo, as seguidas crises que o governo vem passando devem ser aproveitadas pela esquerda para impulsionar a luta contra o governo e a direita golpista. É hora de convocar o povo às ruas e gritar o Fora Bolsonaro! e Liberdade para Lula!

m 2019, comemoramos os 100 anos de Jackson do Pandeiro, cantor e compositor e exímio tocador de pandeiro. Jackson do Pandeiro, nome artístico de José Gomes Filho, foi autor de músicas como Xote de Copacabana e intérprete de inúmeras músicas, sendo até hoje reverenciado dentro do forró, do samba e de seus subgêneros. Forró, samba, baião, xote, xaxado, coco, embolada são alguns dos ritmos trabalhados por Jackson do Pandeiro em seus 40 anos de trabalho com a música. Com mais de 25 discos lançados, incluindo composições próprias, composições em parceria e

interpretando inúmeras músicas, o artista deixou um vasto legado para a cultura brasileira. São clássicas músicas como “Sebastiana”, “Forró em Limoeiro”, “O Canto da Ema”, “Chiclete com Banana” e “Dezessete e Setecentos. Em homenagem a essa grande figura de extrema importância cultural para o Brasil, o programa da COTV, Uzwela, será dedicado a Jackson do Pandeiro, com participação especial de Adler São Luís, que interpreta canções compostas ou eternizadas na voz de Jackson. O programa vai ao ar todas as quintas, às 19 horas. Não perca!


NEGROS | MULHERES | 11

PERSEGUIÇÃO AO POVO NEGRO

Em Roraima, polícia racista prende jovem por racismo

Q

uem mais persegue e mata o povo negro no Brasil são as polícias militares. No entanto, essas mesmas polícias são incumbidas de fiscalizar o que dizem os cidadãos brasileiros com o fajuto intuito de prender quem comete atos racistas. No dia 27/08/2019, a polícia de Boa Vista (RR) abordou um grupo de jovens que estavam em “atitude suspeita”. Ao realizar uma revista pessoal nos jovens, encontrou maconha com eles. Um dos garotos iniciou uma transmissão ao vivo do ato da polícia e, ao ser impedido por um policial de realizar um direito democrático seu, teria dirigido uma injúria racial ao policial negro, chamando-o de “Negão”. A polícia resolveu prender o rapaz, sob a justificativa de que a atitude dele seria racista e desmedida. O estado brasileiro realiza uma gigantesca perseguição contra o povo negro. Não a toa, cerca de dois terços dos presos do país são negros. Julgar alguém que, se sentindo ex-

tremamente coagido pela polícia por fumar maconha e por ter gravado a ação abusiva da polícia como racista, é um ataque aos direitos da população brasileira.

A lei que prendeu o garoto de 20 anos não foi usada para o atual presidente (ilegítimo) da república, o fascista e golpista Jair Bolsonaro, por ter dito que os quilombolas não pesavam nem

7 arrobas, medida que é utilizada para pesar o gado. Ao mesmo tempo, a lei persegue pessoas como o ex-presidente Lula, que mesmo sem ter cometido crime algum já leva mais de 500 dias de prisão para que não pudesse participar das eleições de 2018. Atrelar o comportamento racista de alguns indivíduos como caso de polícia, é jogar a responsabilidade da luta contra o racismo e a opressão do povo negro nas mãos da polícia que mais mata no mundo e do judiciário de pessoas como Dallagnol e Sérgio Moro, que não tem preocupação alguma em combater o racismo, mas sim, garantir que a classe trabalhadora brasileira fique quieta frente aos interesses da burguesia. O combate real ao racismo se dá através de uma luta real, em que a população negra possa se armar e se defender dos ataques que vem acontecendo por parte da extrema direita com maior frequência desde o golpe de 2016 e não passando esse dever para as mãos daqueles que tem o maior interesse em massacrar o povo negro no Brasil.

ATAQUES

Extrema direita avança sobre o direito ao aborto no México N

o México, os bispos estão pressionando a justiça a acabar com o direito ao aborto. Dias após a Suprema Corte de Justiça da Nação (SCJN) ter descartado a hipótese de reverter a polêmica NOM-046 (Norma Oficial Mexicana), que permite o aborto em casos de estupro de menores, a Conferência dos Bispos do México (CEM) lembrou que “não existe o direito de matar”. De acordo com a lei, meninas acima de 12 anos podem solicitar diretamente o aborto em instituições de saúde sem a necessidade de nenhuma denúncia, mas apenas com um pedido afirmando “sob protesto” (NdR. Sob juramento) que a gravidez é o produto de um estupro. Nos casos de meninas menores de 12 anos, o pedido deve ser solicitado por um dos pais ou responsável pela menor. A NOM-046 foi criada pelo Ministério da Saúde do México em abril de 2009 e modificada em março de 2016. Em abril de 2016, o Poder Executivo do Estado de Baja Califórnia e o Poder Legislativo do Estado de Aguascalientes apresentaram controvérsias contra a NOM-046, que foram descartadas pelo SCJN, agora no começo do mês de agosto. Agora após finalmente descartadas as controvérsias, os bispos mexicanos publicaram um documento intitulado “A favor de meninas e mulheres vítimas de estupro e do nascituro”. Os bispos mexicanos disseram que entre as mudanças mais críticas aplicadas à NOM-046 está o fato de que “substitui o conceito de aborto pelo de Interrupção Voluntária da Gravidez (IVE) e legaliza a prática do aborto sem estabelecer limites para o tempo de gestação”.

Segundo os bispos, a lei “anula o exercício do poder familiar como direito e obrigação dos pais da vítima nesta matéria, pois meninas entre 12 e 17 anos que foram estupradas podem solicitar o aborto sem a necessidade do consentimento de seus pais ou dos seus representantes legais”. A NOM-046, continuaram, “estabelece como o único requisito para ter acesso ao aborto a solicitação por escrito por parte da pessoa afetada sob protesto de verdade de que a gravidez é o resultado de um estupro, eliminando a exigência de apresentação prévia da queixa ou denúncia e a autorização das autoridades competentes”. As críticas absurdas não pararam por aí, para os bispos “a lei desumaniza e renuncia ao atendimento integral da vítima, pois os profissionais de saúde que participam do procedimento

de interrupção voluntária da gravidez não serão obrigados a verificar a afirmação da solicitante, amparados por uma aplicação equívoca do princípio de boa fé previsto na Lei Geral de Vítimas”. No documento, a CEM também enfatiza que “embora a mulher grávida como resultado de um estupro não tenha sido responsável por tê-lo concebido, isso não priva o nascituro, o bebê por nascer, de seu direito à vida. Da mesma forma, o nascituro não é um agressor, é uma segunda vítima inocente que não deve sofrer a morte por um crime que não cometeu”. Essas declarações dos bispos mexicanos, deixa claro a sintonia desses religiosos “defensores da vida” com os setores mais obscuros representados pela ala fascista da extrema-direita, que se apoiam no conservadorismo

religioso, o mesmo que corrobora com o massacre das mulheres que sofrem consequências com a proibição da prática. Esses religiosos conservadores sempre usam esse discurso do “direito da criança à vida”, mas a verdade é que, para a extrema-direita o que acontece ou deixa de acontecer com as crianças não interessa. O que eles querem é oprimir cada vez mais as mulheres Além da NOM-046 já ser uma lei super restritiva que está longe de garantir de fato o direito das mulheres ao aborto, com o avanço da extrema-direita esses poucos direitos estão sendo ameaçados. Nesse sentido, é fundamental a luta das mulheres contra esse aparato direitista e conservador. Só com as próprias mulheres mobilizadas será possível a garantia da legalização irrestrita do aborto.


12 | JUVENTUDE | MORADIA E TERRA

EDUCAÇÃO

Ensino à distância: Bolsonaro quer acabar com as universidades O

ministro da Educação – ou melhor, dos cortes na Educação – anunciou mais um plano da sua pasta “cortar custos”. Afinal, é a razão de existir dos programas neoliberais – gastar o mínimo com a população. Como é típico das gestões neoliberais, que colocam gestores do mercado financeiro na pasta de educação. Qual a sua iniciativa? Educação à distância (EAD) Um desavisado poderia perguntar: mas qual o problema de abrir vagas para EAD? Não é disso que se trata. A modalidade à distância poderia ser uma tecnologia para incrementar o Ensino Superior. Mas o que o ministro planeja é substituir. Para isso, ele quer convencer o Congresso de modificar o PNE – Plano Nacional de Educação. Na cabeça do ministro neoliberal, o PNE “está muito caro”, pois tem previsão de construir novos campus universitários. Weintraub quer modificar este plano para, no lugar disso, levar internet ao interior e abrir vagas à dis-

tância. Assim “cai o custo com refeitório e outras coisas”. “Outras coisas” são toda uma estrutura que fomenta uma educação muito mais sólida do que conseguem os cursos à distância. A vida no campus universitário, que requer sim refeitórios, espaços de lazer e convivência, moradias estudantis, funcionários administrativos etc., fomenta a convivência intelectual, a organização política dos estudantes e professores, a integração entre a universidade e a comunidade de entorno. Um campus é praticamente uma cidade que movimenta cultura, economia formação profissional e política. É um núcleo regional de desenvolvimento para a região, muito superior ao que podem oferecer os cursos à distância. Nas pesquisas mais recentes, apenas 25% dos estudantes universitários brasileiros consegue emprego na área de formação. Este problema é alarmante e não admite simplificações. O Brasil precisa de muito mais universidades, presenciais, públicas, gratuitas,

de qualidade. Mais dotações orçamentárias, mais vagas, mais bibliotecas, mais refeitórios, mais professores, mais laboratórios! A internet e o ensi-

no à distância podem ser ferramentas dentro deste contexto, e não substitutos para a economia mesquinha dos neoliberais.

DESAPROPRIAÇÃO DE TERRA

GOVERNO GOLPISTA

Incra cancela todas as desapropriações de terra O

Em meio a incendios na Amazônia, Bolsonaro fecha escritórios do Ibama

Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (Incra), nos últimos meses, vem colocando em prática um plano geral de cancelamento de todos os processos de desapropriação de terras para fins de reforma agrária. De modo arbitrário, o Conselho Diretor do Incra tem publicado uma série de resoluções que determinam a interrupção, o arquivamento ou a desistência dos processos de desapropriação em curso — tudo sem qualquer fundamentação técnica ou financeira, desconsiderando as etapas já realizadas e os recursos já despendidos, e limitando-se a mencionar genericamente a “indisponibilidade orçamentária” ou a “demora na solução da demanda”. Além disso, tais resoluções afetam, na grande maioria dos casos, situações há muito tempo consolidadas, abarcando áreas que já estavam ocupadas e até divididas entre as famílias de trabalhadores sem-terra, o que pode agravar o cenário já bastante instável dos conflitos agrários no país. Com o golpe de Estado e, sobretudo, o estabelecimento fraudulento do governo fascista de Jair Bolsonaro, os ataques contra o movimento camponês brasileiro cresceram em número e em qualidade. Compostas por jagunços, pistoleiros ou membros dos órgãos oficiais de repressão, as milícias mantidas pelos latifundiários ganharam carta branca, e as chacinas e assassinatos de lideranças e integrantes dos movimentos de

luta pela terra escalaram de maneira exponencial. As extinção quase completa das moderadas medidas em curso destinadas à reforma agrária constituem mais um episódio da ofensiva avassaladora do governo Bolsonaro, que busca atender a ferro e fogo aos interesses dos grandes latifundiários do país. Os sem-terra, os índios, os quilombolas etc. não têm outra alternativa senão formar, como medida primeira e emergencial, organizações de autodefesa, com o fim de reagir adequadamente aos ataques fascistas perpetrados pelas milícias dos latifundiários; e, depois, como perspectiva política mais geral, lutar pela derrubada do governo de Jair Bolsonaro, inimigo mortal de seus interesses mais elementares.

O

governo golpista de Jair Bolsonaro segue a sua política de devastação do patrimônio nacional. Após promover, em conluio com os latifundiários e ruralistas nacionais, o “Dia do Fogo” na Amazônia e incendiar uma enorme área da floresta, o governo golpista de plantão anunciou que irá encerrar as atividades dos dois últimos escritórios do IBAMA na região amazônica, o de Parintins e o de Humaitá. O governo “alega” falta de recursos para manter em funcionamento os escritórios do Instituto Brasileiro do Meio Ambiente. Até o ano de 2009, haviam 19 escritórios regionais do Instituto no estado. Somente neste ano,

17 foram fechados, restando apenas 2 escritórios, o de Parintins que atende o leste do Amazonas e o de Humaitá que atende o sul. O fechamento dos postos do IBAMA está em direta relação com a política de favorecer a exploração predatória dos setores do agronegócio levada adiante por Bolsonaro. Essa política também favorece a ingerência imperialista na região, como foi visto nos últimos dias com a ameaça de intervenção estrangeira na Amazônia. A única saída é a mobilização popular pela derrubada do governo golpista e devastador de Jair Bolsonaro. Fora Bolsonaro e todos os golpistas!


ESPORTES | 13

ESPORTES

Todos os domingos às 20h30 na Causa Operária TV

Jogador do River Plate é preso acusado de “agredir policiais” N

as vésperas de um jogo decisivo para o River Plate contra o Cerro Porteño pela Libertadores, o time sofreu um grande desfalque. Um de seus jogadores, o meia uruguaio Nicolas De La Cruz, foi preso durante a concentração do clube em Assunção. O acontecimento ocorreu de última hora, gerando um baque tanto para o jogador quanto ao time que entrará em campo em pouco tempo. Tal fato repentino leva a todos a pensar por que motivos a polícia estaria retomando um caso muito mal esclarecido de 2016, justamente nas vésperas de um jogo. Outro fato que chama a atenção neste caso é justamente o que o origina, há três anos atrás. Tudo ocorreu durante um jogo do Sub-20 do Liverpool do Uruguai, time do qual o meia defendia, contra o São

Paulo. No pós jogo se desenvolveu uma briga em campo, da qual teve forte intervenção policial. Com a presença dos policiais o clima esquentou ainda mais,e os jogadores assumiram uma postura contra a policia em campo, o que teria originado a tal da “agressão contra autoridade” de que o uruguaio está sendo acusado. Este caso está gerando muita polêmica, já que o jogador nem sequer foi notificado, e nunca se criou de fato algo judicialmente valido contra ele, tendo ainda a atuação repressiva da polícia invadindo a concentração. Por fim, resta ao clube e ao jogador toda a pressão sofrida com a atuação da polícia, colocando os jogadores em um grande estado de desconforto e podendo prejudicar a atuação tanto do uruguaio quanto do restante do time, que vai para o jogo de forma conturbada.

Homofobia: novo pretexto moral para atacar o futebol

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o último domingo (25/08), o árbitro Anderson Daronco, aos 19 minutos do segundo tempo, paralisou a partida entre Vasco e São Paulo, realizada em São Januário, no Rio de Janeiro, em razão de cantos homofóbicos dirigidos pela torcida vascaína ao clube paulista. Na ocasião, a torcida do Vasco gritava “time veado” à equipe tricolor quando o apitador interrompeu o jogo e dirigiu-se ao treinador carioca Vanderlei Luxemburgo, alertando-o a respeito da proibição do comportamento dos torcedores. Luxemburgo, então, virou para as arquibancadas e pediu para que as manifestações parassem. Ao término do jogo, o árbitro registrou o ocorrido na súmula oficial da partida. A decisão do árbitro vai ao encontro da recomendação do Superior Tribunal de Justiça Desportiva (STJD), endereçada aos clubes na semana passada, segundo a qual atitudes preconceituo-

sas, em particular homofóbicas, deveriam ser relatadas em súmula, bem como poderiam gerar a perda de três pontos ao clube da torcida “infratora”. Essa recomendação é uma inciativa que busca colocar o STJD em consonância com as últimas normas da FIFA, que vão no mesmo sentido, e com a recente decisão do STF que equiparou a homofobia e a transfobia ao crime de racismo. Embora, à primeira vista, possa parecer um avanço para a causa dos LGBTs, essa medida, na realidade, constitui um verdadeiro “tiro no pé” dos setores explorados e oprimidos da população. Longe de tocar na raiz do problema, a saber, na estrutura de classes da sociedade capitalista e no seu garantidor fundamental, o Estado burguês, a punição aos cânticos homofóbicos mira exclusivamente as manifestações mais superficiais da opressão, suas manifestações verbais, as manifesta-

ções que se expressam na linguagem, deixando totalmente intactos os fundamentos materiais do fenômeno. Mais grave ainda, ao proceder dessa maneira, ao buscar controlar e reprimir as formas de expressão dos torcedores, acaba-se atacando os direitos democráticos do povo, que são fundamentais na luta política contra o Estado burguês. O cerceamento da livre manifestação do pensamento, a censura de determinadas ideias, a proibição de expressar certas opiniões, por mais reacionárias que sejam, terminam por fortalecer os mecanismos de repressão, violência e controle que as classes dominantes sempre usaram, e continuam a usar, contra os pobres, os negros, os homossexuais, os transexuais etc. É possível imaginar que a libertação dos setores LGBTs virá através da atuação dos árbitros de futebol, dos dirigentes e cartolas dos clubes, das federações e confederações de futebol, do STJD, da FIFA, do STF? A reposta é óbvia: não. Tais órgãos não são

neutros; são instrumentos forjados para servir e satisfazer interesses bem determinados, os quais, obviamente, não têm que ver com os interesses populares. Não sejamos ingênuos: os árbitros, os cartolas, o STJD, a FIFA, o STF etc. não têm nem o poder nem o interesse de contribuir com a luta dos setores oprimidos do povo. O objetivo dessas instituições é outro. Sob a cobertura de um pretexto moralmente legítimo — o combate à homofobia — o que se pretende é aumentar o controle externo sobre o futebol através da ampliação da área de intervenção das instituições de poder que servem aos grandes capitalistas. Agora, a CBF, o STJD, a FIFA e, por que não, até a polícia e o Poder Judiciário, poderão intervir ainda mais no jogo de futebol, punindo determinado clube e torcida, alterando resultados de jogos já realizados por meio da retirada de pontos, e assim por diante — e poderão fazer tudo isso em nome do “combate à homofobia”. Trata-se de mais um campo aberto para arbitrariedades de todo tipo, tendo em vista a defesa dos interesses políticos e econômicos das classes que exploram monetariamente o futebol. Ao invés de combater a opressão dos LGBTs, reforça-se o poder e os instrumentos de dominação daqueles que são os principais responsáveis pela manutenção da opressão dessa camada social. Já dissemos em inúmeras oportunidades, mas é importante repetir: a censura, as punições de todo tipo, a criminalização de certas condutas, a repressão policial não constituem caminhos capazes de levar a luta dos setores LGBTs à vitória. Somente a auto-organização, a formação de comitês de autodefesa, a luta contra a direita e a extrema-direita e, portanto, contra o governo Bolsonaro, podem fazer avançar a luta dos LGBTs e dos setores oprimidos em geral.


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