Edição Diário Causa Operária nº5750

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SEXTA-FEIRA, 30 DE AGOSTO DE 2019 • EDIÇÃO Nº 5750

EDITORIAL

Dia 14: Todos a Curitiba! A questão da prisão política de Lula é um ponto central na luta dos trabalhadores contra a direita golpista

POLÊMICA

Aldo Fornazieri: saída pela direita para a “esquerda encurralada”

Conheça a nova plataforma de financiamento do Diário Causa Operária

Por que só agora o Psol quer se “lavar” da Lava Jato? Nesta última quartafeira (28), Valério Arcary (PSOL) publicou artigo no Brasil 247 – “Por que Ciro Gomes não apoia Lula Livre?”

Esquerda desnorteada apoiou a super censura Mais uma lei monstruosa foi aprovada pelo Congresso Nacional nessa quarta-feira, dia 28. Trata-se da lei que prevê como crime as chamadas “fake news”. Mais especificamente, tal lei torna crime, sujeito de dois a oito anos de prisão ste mês o Diário Causa Operária está lançando sua nova plataforma de financiamento junto a seus apoiadores. Depois de um esforço para a disseminação de notícias encontrar uma plataforma mais adequada para o público que quer financiar uma imprensa operária, o DCO apresenta agora um meio falsas contra candidatos para você participar do financiamento coletivo de um portal de notícias independente e revolucionário. A campanha de financiamento pode ser durante campanhas acessada pelo endereço catarse.me/diariocausaoperaria. eleitorais.

E

Fake news: uma lei para aumentar a censura Na última quarta-feira (28), o Congresso Nacional derrubou o veto presidencial sobre a Lei 1978/11, que tipifica o crime de denunciação caluniosa com finalidade eleitoral. Com isso, a lei passou a entrar em vigor e as fake news – isto é, notícias supostamente falsas – passarão a ser consideradas crimes passíveis de punição.

Dezenas de universidades pela liberdade Lula: participe dos mutirões! Centenas de ativistas dos Comitês de luta Contra o Golpe, militantes da AJR – Aliança da Juventude revolucionaria, a juventude do PCO, junto com companheiros dos Comitês Lula Livre, de diversos setores da esquerda, participaram nessa quarta (28) dos mutirões para coleta de assinaturas

Folha acha que intervenção estrangeira na Amazônia é uma fantasia


2 | OPINIÃO EDITORIAL

Dia 14: Todos a Curitiba!

L

ula está preso em Curitiba há 510 dias. Preso político da Lava Jato, Lula foi condenado sem provas pelo ex-juiz Sérgio Moro, ministro da Justiça do golpista Jair Bolsonaro. É um prisioneiro da direita golpista, perseguido político por causa de seu papel de liderança entre os trabalhadores e a esquerda brasileira. Em solidariedade a Lula, vítima dos inimigos dos trabalhadores, dia 14 de setembro será um dia de mobilização e um grande ato em Curitiba em sua defesa, para exigir: Liberdade Para Lula! A questão da prisão política de Lula é um ponto central na luta dos trabalhadores contra a direita golpista. O PT, um partido reformista apoiado por uma massa de trabalhadores, tornou-se um obstáculo para a aplicação da política do imperialismo no Brasil, o que levou ao golpe de Estado de 2016, com a derrubada de Dilma Rousseff por meio de um fraudulento processo de impeachment. Nesse quadro, a perseguição política ao maior partido de esquerda do país foi fundamental. E o principal alvo dessa perseguição, o objetivo principal da direita, era o ex-presidente Lula. A prisão de Lula foi uma etapa decisiva na tentativa do imperialismo de consolidar o regime político novo que surgiu depois do golpe e que atravessa uma crise desde o seu início. Neste momento, a direita precisa manter Lula preso porque sua libertação acrescentaria um elemento im-

previsível à crise. Enquanto a direita golpista procura conter a polarização no país, a libertação do ex-presidente poderia levar a uma polarização mais intensa, ameaçando a estabilidade do governo e do próprio regime político. Portanto, a exigência de libertação para Lula confronta diretamente os golpistas e pode impor uma derrota decisiva à direita. Ao lado de Fora Bolsonaro!, a palavra de ordem Liberdade Para Lula! dá uma perspectiva de superação da crise da política nacional pela esquerda. Lula ainda é visto por um amplo setor de trabalhadores como seu representante no regime político, daí seu potencial desempenho eleitoral apesar de toda a campanha da imprensa golpista contra ele durante décadas. Uma mobilização pela libertação de Lula tem a possibilidade de colocar muita gente em movimento contra a direita golpista. De modo que agora é fundamental mobilizar o maior número de pessoas possível para defender a liberdade de Lula, para irem a Curitiba no dia 14, exigir a liberdade de Lula e pressionar o regime político. Com tudo que se sabe hoje sobre a Lava Jato, Lula teria que ter sido solto imediatamente. No entanto, esse não é um problema jurídico. A liberdade de Lula é um problema político. A direita golpista não pode soltá-lo, e só uma ampla mobilização política será capaz de impor a libertação do ex-presidente.


ATIVIDADES DO PCO | 3

IMPRENSA INDEPENDENTE

Conheça a nova plataforma de financiamento do Diário Causa Operária Este mês o Diário Causa Operária está lançando sua nova plataforma de financiamento junto a seus apoiadores. Depois de um esforço para encontrar uma plataforma mais adequada para o público que quer financiar uma imprensa operária, o DCO apresenta agora um meio para você participar do financiamento coletivo de um portal de notícias independente e revolucionário. A campanha de financiamento pode ser acessada pelo endereço catarse.me/diariocausaoperaria. A nova plataforma permite ao Diário Causa Operária estabelecer metas de arrecadação e um relacionamento com seus apoiadores, por meio de recompensas, como passe livre para participação nos cursos de formação política do PCO, camisetas, canecas e bottoms. As contribuições mensais podem ser feitas por meio de boleto bancário ou cartão de crédito. O objetivo da campanha de financiamento do Diário Causa Operária é ampliar um jornal operário e independente para que ela se torne um veículo de informações de massas. Para isso é fundamental o apoio dos próprios leitores, para contrapor à imprensa capitalista uma imprensa dos próprios trabalhadores, produzida por militantes e financiada pelos próprios trabalhadores.

O Diário Causa Operária é totalmente gratuito, não tem apoio de patrocinadores da burguesia e por isso depende do financiamento de seu público para combater as mentiras dos jornais dos patrões e apresentar as notícias sob o ponto de vista dos interesses dos trabalhadores. Para ser um jornal dos trabalhadores, para que os trabalha-

dores tenham um jornal para defender seus próprios interesses. O Diário Causa Operária está no ar desde 2003, produzindo notícias de um ponto de vista operário e socialista diariamente, intervindo na política nacional com uma análise revolucionária dos acontecimentos. Agora chegou a hora de dar um novo passo para ter

um jornal de massas, expandindo a cobertura, a produção e a audiência do Diário, e, portanto, sua influência política e o alcance de sua intervenção nos acontecimentos. E para isso, o Diário Causa Operária conta com a colaboração de seus apoiadores. Apoie e ajude a construir uma imprensa revolucionária, operária e independente.

COMITÊS EM AÇÃO

Dezenas de universidades pela liberdade Lula: participe dos mutirões! Centenas de ativistas dos Comitês de luta Contra o Golpe, militantes da AJR – Aliança da Juventude revolucionaria, a juventude do PCO, junto com companheiros dos Comitês Lula Livre, de diversos setores da esquerda, participaram nessa quarta (28) dos mutirões para coleta de assinaturas pela anulação da criminosa operação Lava Jato e pela Liberdade de Lula e dos presos políticos do regime golpista, realizado em diversas universidades do País. Só no dia de ontem, foram coletadas mais de mil assinaturas e realizado um intenso debate sobre a importância da participação dos jovens na campanha e nas caravanas que dia 14 vão realizar o primeiro Ato Nacional pela anulação da Lava Jato e pela liberdade de Lula, em Curitiba. Foram realizadas atividades em Universidades Federais, duramente atingidas pelos ataques do governo ilegítimo de Jair Bolsonaro contra o ensino público, como a Universidade Federal do Paraná (UFPR), em Curitiba (foto acima), e a na Universidade Federal do Piauí (UFPI), em Teresina.

Os mutirões fazem parte da decisão de intensificar a campanha nos locais de estudo, trabalho e moradia debatida nos encontros dos Comitês de Luta Contra Golpe e nos Comitês Lula Livre, fruto da compreensão crescente

de que só a mobilização dos trabalhadores e da juventude, nas ruas, pode libertar Lula e derrotar o regime golpista. Eles também chegaram a importantes Universidades Estaduais como a UEL (Londrina), a UNESP (campus de

Assis/SP) e a maior e mais importante de todas elas, a USP, em São Paulo (foto). As universidades privadas não ficaram de fora, ativistas realizaram realizaram mutirões em universidades pagas como a Uninove, em Santo Amaro, na Zona Sul de São Paulo. A atividade no meio de semana, reforça a campanha que já vem sendo realizada há dois meses, em todo o País, nos domingos, com atividades em centenas de cidades, impulsionadas pelos Comitês. No próximo fim de semana, essa atividade ganha o reforço dos Comitês Lula Livre de todo o País que estão sendo convocados pela suas coordenações Nacional e Estadual para saírem às ruas e ampliar o trabalho que já recolheu mais de 120 mil assinaturas em todas as regiões. Para participar dos mutirões ou organizar uma atividade em sua cidade ou universidade entre em contato com a coordenação dos Comitês pelo telefone é (11) 963886198 ou ainda pelo e-mail pco.sorg@gmail.com.


4 | POLÍTICA

“FAKE NEWS”

Esquerda desnorteada apoiou a super censura

Mais uma lei monstruosa foi aprovada pelo Congresso Nacional nessa quarta-feira, dia 28. Trata-se da lei que prevê como crime as chamadas “fake news”. Mais especificamente, tal lei torna crime, sujeito de dois a oito anos de prisão a disseminação de notícias falsas contra candidatos durante campanhas eleitorais. O presidente golpista, Jair Bolsonaro, havia vetado o projeto de Lei 1978/11, mas o veto foi derrubado pelo Congresso por 326 a 84 deputados e por 48 a 6 senadores. Essa é mais uma lei absurda de repressão e censura que o regime gol-

pista acaba de impor contra a população. E novamente, a esquerda pequeno-burguesa, a esquerda parlamentar, cai no conto da direita e aprova mais uma lei para aumentar a perseguição contra o povo. A lei é ditatorial pois prevê que em plena eleição, quando se supõe que os candidatos deveriam ter o máximo de liberdade para falar o que quiser e o outro que se achar atacado responder como quiser, um candidato pode ser preso justamente por dizer alguma coisa. Se a esquerda não estivesse tão desnorteada e tão adapta ao regime político burguês não precisaríamos

explicar isso, pois deveria ser óbvio, mas convém questionar: quem serão os mais afetados por tal lei de censura? Claro que ela irá se voltar contra a própria esquerda. A base do governo Bolsonaro se colocou contra o projeto alegando censura e que a definição sobre o que é ou não “fake news” estará de acordo com as arbitrariedades de alguém. Logicamente que o PSL e a extrema-direita estão preocupados em preservar o esquema que montaram de propagação de informações pelas redes sociais. Mas está claro também que a extrema-direita que está no governo, está no Judiciário e está na polícia não será punida por nenhuma “notícia falsa”. Mas se um esquerdista denunciar um determinado elemento da direita por, por exemplo, querer privatizar a economia nacional, nada impede que se entre com um pedido de prisão. Quem provará a verdade? Manuela D’Ávila comemorou nas redes sociais: “Vitória!!!! Bolsonaro vetou o projeto de lei que pune fake news. Mas o congresso acabou de derrubar o veto do presidente. Derrota das notícias falsas e de quem as propaga!” Mas ela não

foi a única. Senadores e deputados do PT comemoraram. É como se estivessem aplaudindo sua própria punição. O deputado federal pelo PT, Carlos Zaratini afirmou que “É hora de punir esse crime. As fake news estão sendo usada para a disputa política baixa, tentando vencer o debate com mentiras. Quem se elegeu com mentiras deve estar preocupado” (sítio do Congresso em Foco). Que a esquerda tem se adaptado à política da direita, isso não é segredo. Que a esquerda tenha entrado de cabeça numa política repressiva, pedindo penas mais duras do Estado policial e golpista sob pretextos morais. Essa lei, no entanto, parece um aprofundamento dessa política. É uma lei que apenas vai beneficiar a direita e mais grave, é uma lei que torna crime fazer política. Essa é a essência da lei aprovada. Um determinado candidato poderá ser preso por falar alguma coisa. Bolsonaro, que está no governo, passará ileso. A direita golpista em geral passará ilesa. Mas já a esquerda… Um ataque contra a liberdade de expressão é grave em qualquer situação, mas é ainda mais criminoso quando a censura é instituída em pleno exercício da política. É o caso dessa lei monstruosa.

MAIS REPRESSÃO

Fake news: uma lei para aumentar a censura

Na última quarta-feira (28), o Congresso Nacional derrubou o veto presidencial sobre a Lei 1978/11, que tipifica o crime de denunciação caluniosa com finalidade eleitoral. Com isso, a lei passou a entrar em vigor e as fake news – isto é, notícias supostamente falsas – passarão a ser consideradas crimes passíveis de punição. A derrubada do veto foi aprovada com folga – 326 deputados e 48 senadores foram favoráveis à tipificação, contra apenas 84

deputados e 6 senadores que se mantiveram ao lado do veto presidencial. Todos os parlamentares da esquerda nacional – PT, PCdoB e PSOL – votaram a favor da derrubada do veto. O PDT e o PSB, que são frequentemente apontados como partidos do campo progressista – embora sejam partidos completamente integrados ao regime político -, também acompanharam o voto em defesa da criminalização das fake news. Manuela D’Ávila, que se tor-

nou uma das principais figuras públicas do PCdoB ao anunciar sua pré-candidatura de brinquedo à presidência da República em 2018, comemorou o resultado no Congresso. A Lei 1978/11, no entanto, não deve ser comemorada pela esquerda, pelos setores democráticos e pela população em geral. Trata-se de uma lei que amplia as condições para que a direita trave uma perseguição ainda mais dura contra todos os que julgar inimigos do regime. Proposta pelo baiano Félix Mendonça Júnior (PDT-BA), a lei estabelece que a “denunciação caluniosa com finalidade eleitoral” passará a ser tipificada como crime no Código Penal. A definição de “denunciação caluniosa”, por sua vez, seria a seguinte: dar causa à instauração de investigação policial, de processo judicial, instauração de investigação administrativa, inquérito civil ou ação de improbidade administrativa contra alguém, imputando-lhe crime ou ato infracional a alguém inocente. Caso alguém seja enquadrado no crime de “denunciação caluniosa”, essa pessoa poderá ser condenada à reclusão, de dois a oito anos, e ao pagamento de multa. Se o responsável pela “denunciação” fizer uso de anonimato ou de suposto nome, essa pena pode ser aumentada em um sexto. De acordo com a lei aprovada, poderá ser punido até mesmo “aquele que a propala ou divulga por qualquer forma ou meio”. No texto da Lei 1978/11, Félix Mendonça Júnior procura justificar a apro-

vação da lei alegando que a “denunciação caluniosa” pode “causar prejuízos concretos às pessoas, como por exemplo impedir o acesso a um cargo público ou a um emprego, razão pela qual a pena deve ser proporcional à gravidade desse delito”. Ao contrário do que a imprensa burguesa e os parlamentares da esquerda nacional defendem, portanto, o que foi votado não foi a criminalização das notícias falsas, mas sim a punição a qualquer órgão de imprensa que seja acusado de calúnia com fins eleitorais. Como quem determina o que é calúnia ou não é o TSE, de Luiz Fux, o STF, de Edson Fachin e o Ministério Público, de Deltan Dallagnol, serão punidos todos aqueles que sejam considerados inimigos do regime serão punidos. O maior líder popular do país, o ex-presidente Lula, foi condenado sem provas, preso sem ter sido completamente julgado e impugnado em uma das maiores fraudes eleitorais da história. Sérgio Moro, por outro lado, foi flagrado em uma conspiração aberta contra todo o povo brasileiro, em uma operação de total submissão do patrimônio brasileiro ao imperialismo. Diante dessas condições, não é possível acreditar que a chamada “punição às fake news” contribua de alguma maneira para a luta da esquerda. Não é à toa que a grande maioria dos parlamentares burgueses derrubou o veto presidencial. A Lei 1978/11 servirá para aprofundar ainda mais a perseguição seus inimigos do regime político: é, na prática, mais um mecanismo para que a direita censure seus opositores.


POLÍTICA | 5

SERPRO

Golpistas querem privatizar empresa nacional de processamento de dados No último dia 21, o governo golpista de Bolsonaro divulgou a lista das 17 estatais que pretende privatizar. Oito já estavam no programa de privatização, o Serpro (Serviço Federal de Processamento de Dados) está entre as que foram incluídas, o que acende a luz vermelha para os trabalhadores da informática do setor público. Conforme informações do site da instituição, O Serpro é uma empresa pública vinculada ao Ministério da Economia (antigo Ministério da Fazenda), tendo sido criada em 1º de dezembro de 1964 com o objetivo de modernizar e dar agilidade a setores estratégicos da Administração Pública no país. A empresa, que tem como negócio a prestação de serviços em Tecnologia da Informação (TI) e Comunicações para o setor público, é considerada uma das maiores organizações públicas de TI no mundo. Entre os programas desenvolvidos pelo Serpro estão a declaração do Imposto de Renda via Internet (ReceitaNet), a nova Carteira Nacional de Habilitação, o novo Passaporte Brasileiro e os sistemas que con-

trolam e facilitam o comércio exterior brasileiro (Siscomex). O Serpro tem sede em Brasília, possui regionais em 11 capitais (Brasília, Belém, Fortaleza, Recife, Salvador, Belo Horizonte, Rio de Janeiro, São Paulo, Curitiba, Porto Alegre e Florianópolis) e escritórios em todos os estados da federação. Abrange cerca de 10 mil empregados em mais de 330 municípios do país. Seu principal mercado de atuação são as finanças públicas (Ministério da

Economia, suas secretarias e demais órgãos), o que corresponde a cerca de 80% dos negócios da Empresa. Também atua no Ministério do Planejamento, Desenvolvimento e Gestão. A base operacional do Serpro abrange todo o território nacional, ultrapassando um bilhão de transações online anuais. Siscomex, RAIS, Renavam, Siafi, Siape, IRPF, Receitanet, Rede Governo, Siafem, Siapenet, Siorg, SIR entre outras siglas e expressões que fazem parte da vida dos cidadãos brasileiros,

das empresas e dos governos. Além disso o Serpro também é a Autoridade Certificadora da Infra-estrutura de Chaves Públicas brasileira (ICP-Brasil). Uma empresa que possui os dados financeiros da quase totalidade das centenas de milhões de brasileiros, bem como dos dados do governo. É até difícil mensurar a importância da empresa, a complexidade da sua atuação e o interesse dos capitalistas em destrui-la. O fato da empresa existir desde 1964 (ditadura militar) e agora correr o risco de ser desmantelada mostra que Bolsonaro é mais entreguista que os presidentes militares da ditadura, que diga-se de passagem foi muito entreguista. Privatizar o Serpro, portanto, significa tirar uma quantidade absurda de dados estratégicos (como os dados financeiros dos brasileiros) das mãos do Estado brasileiro e entregar para a iniciativa privada usar e controlar como bem entender. É um ataque sem precedente ao povo brasileiro e deve ser combatido com a organização dos trabalhadores contra o governo antinacional de Bolsonaro.

“TEORIA DA CONSPIRAÇÃO”?

Folha acha que intervenção estrangeira na Amazônia é uma fantasia Rubens Valente, jornalista da Sucursal de Brasília da Folha de S. Paulo, e autor do livro “Os Fuzis e as Flechas: História de Sangue e Resistência Indígena na Ditadura”, escreveu um texto no jornal em que debocha de “teorias conspiratórias de internacionalização da Amazônia” difundida em setores militares para encampar ocupação predatória da Amazônia, região que seria cobiçada por outros países, baseadas em supostos estudos que afirmam que ONGs e indígenas pretendem, em conluio com países estrangeiros, dividir a região por meio da independência de algumas de suas áreas. Haveria um plano secreto internacional para tomar essas porções de terra exuberantes e ricas, tenta ridicularizar o jornalista. Valente afirma que tal ficção encontra solo fértil no governo de Bolsonaro, ao lembrar que no dia 11 de agosto o presidente declarou que a Alemanha não iria mais “comprar a Amazônia” e acusou outras nações de terem interesse “em se apoderar do Brasil”. Ele abriu mão de R$ 155 milhões do governo alemão em projetos para a Amazônia. O jornalista ainda se apoia em uma declaração feita no mesmo dia pelo ex-comandante do Exército e hoje assessor no influente GSI (Gabinete de Segurança Institucional), o general reformado Eduardo Villas Bôas, segundo o qual o Brasil é alvo de “ferramentas do moderno capitalismo” exercidas pelas críticas à política ambiental, mas que estava deixando de se submeter “a pressões” estrangeiras. O Valente de Brasília parece atribuir essa suposta preocupação com a Amazônia a um certo nacionalismo

dos militares brasileiros e cita vários projetos para “incorporar a região à nação” que foram levados a cabo pela ditadura, desde 1964, com o lema “integrar para não entregar”, destacando o “Projeto Ouro” ou “Projeto Garimpo”, que mobilizou 148 mil garimpeiros em dez estados no governo João Figueiredo (1979-1985). Segundo dados levantados pelo jornalista, de 1979 a 1981 foram produzidas 24 toneladas de ouro, sob controle direto do SNI, sendo a experiência aposentada em 1989 por decisão do presidente José Sarney (1985-1990). “Trinta anos depois, o governo Bolsonaro fala em abrir terras indígenas para a mineração”, parece criticar o jornalista da Folha, atribuindo a Bolsonaro uma motivação de defesa da ocupação do território nacional por brasileiros. Em vídeo, Bolsonaro chama o Brasil de lixo e diz que a Amazônia não é mais nossa. No segundo vídeo, em campanha em condomínio de coxinhas em Miami (uma redundância), bate continência para a bandeira dos Estados Unidos em meio ao apupo geral “USA, USA,USA”. É verdade que Bolsonaro e os militares das nossas Forças Armadas sejam nacionalistas, mas o nacionalismo deles é azul, vermelho e branco. No caso do general Villas Bôas, ele conseguiu um feito inédito: assumiu que é sub-comandado pelos Estados Unidos ao lotar o general de brigada brasileiro Alcides Valeriano de Faria Júnior no Comando Militar Sul dos Estados Unidos, baseado no Texas. Isso nunca tinha acontecido explicitamente na história do Brasil. Pela primeira vez um general

brasileiro virou subordinado do Exército dos EUA desde março deste ano. Chefe da 5ª Brigada de Cavalaria Blindada, de Ponta Grossa (PR), foi indicado para o cargo na unidade militar estadunidense - Créditos: Reprodução/Exército Brasileiro O Comando Sul, unidade militar dos Estados Unidos, coordena os interesses estratégicos do país na América do Sul, na América Central e no Caribe. O general brasileiro está submetido a qual cadeia de comando? Se os Estados Unidos invadirem a Amazônia, ele estará de que lado? O general Faria Júnior recebe seu soldo em qual moeda? Ele deve obediência a qual bandeira? Ou é tudo a mesma coisa? O ex-ministro da Defesa e das Relações Exteriores, Celso Amorim, também diplomata, declarou quando da notícia de que um general brasileiro e, por extensão, o Exército Brasileiro, passaria a ser subordinado ao exército norte-americano: “É uma coisa tão insólita, tão inusitada, que eu não me lembro de nenhuma situação semelhante, a não ser em tempo de guerra”, salientou. Numa escalada dos acontecimentos, desde o final de julho, o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, oficializou o Brasil como aliado preferencial fora da OTAN. Tradução: em outras palavras, ao lado do Bolsonaro no encontro do G20, no Japão, ele poderia ter dito “we are one”. Portanto, quando Bolsonaro arrota que a Alemanha não vai mais comprar o Brasil, recusa R$ 155 milhões do governo alemão para financiar projetos que protejam a Amazônia e também espinafre o dinheiro da Noruega, ele

não está defendendo o Brasil, está defendendo os interesses dos EUA. Quando ele alerta sobre “outras nações que têm interesse em se apoderar do Brasil”, está alertando os Estado Unidos, para quem ele e os outros militares já venderam o Brasil e estão entregando picadinho: vai a Embraer, vai o petróleo cru, vai um pedaço do Maranhão, e o entreguista Paulo Guedes, depois dos Correios, da Casa da Moeda (afinal, se o Brasil vai ser outro Porto Rico, não precisa mais fabricar seu próprio dinheiro), da Petrobras, da Eletrobras, de Itaipu e do Bando do Brasil, que ele abertamente defendeu em discurso em Dallas que deveria ser do Bank of America, o ministro fala até em entregar portos, aeroportos e estradas brasileiras aos norte-americanos. Na verdade isso tudo não é novidade. Onde foram parar aquelas 24 toneladas de ouro extraídas do Brasil sob a supervisão direta do SNI? Não temos notícia de que nenhum dos 148 mil garimpeiros de Serra Pelada tenha ficado milionário. Um ou outro pode ter ficado um pouquinho rico, só para dourar o esbulho, manter o interesse e o ufanismo dos tempos da ditadura. O ouro mesmo é possível que esteja todo em Fort Knox. Aparentemente, é a Folha e seu jornalista Valente que vivem numa fantasia. Não é uma teoria conspiratória de ocupação estrangeira da Amazônia ou do Brasil: já é a realidade. A defesa que os militares fazem do território e das riquezas brasileiras é contra outros países que não os Estado Unidos da América, a quem devem suas medalhas por bom comportamento e subserviência.


6 | POLÍTICA

DEVASTAÇÃO

Empresas dos EUA e Europa atuam na Amazônia e financiam o desmatamento Derrubar a mata. Queimar a mata. Transformar em carvão a mata. Um lucrativo negócio para os capitalistas. Com o carvão da mata derrubada e queimada, a indústria siderúrgica obtém o melhor ferro gusa. Obtém o melhor aço do mundo. Apenas uma pequena parte da madeira utilizada provém de áreas de reflorestamento, o restante é proveniente de mata primária. O desmatamento não-autorizado fornece 57,5% da madeira que alimenta os fornos das carvoarias, segundo o Ibama. O carvão representa mais de um terço do preço final do ferro gusa. E carvão de mata nativa é mais barato. Daí porque desmatar seja um bom negócio para fabricantes de automóveis, aviões, computadores, corporações européias e americanas, grandes consumidoras do aço fabricado com o carvão das queimadas da amazônica floresta, e também do cerrado brasileiro, no dizer de Marques Casara, para o jornal Brasil de Fato.

Desmate de floresta, plantio de pasto para criação de gado e plantio de soja, é outro lucrativo negócio. Também nessa área, para produção de alimentos, desmatamento mostra-se bom negócio. Coca-Cola, Pepsico, Bunge, Nestlé, Cargill, as maiores empresas globais de alimentos dentre uma interminável lista de multinacionais outras, financiam fazendeiros brasileiros que efetuam desmatamentos para gado criar e soja plantar. São essas grandes corporações do hemisfério norte, os principais responsáveis pela devastação e queimada das florestas do Brasil. Não é exagero essa afirmação. Multinacionais do setor de alimentos, siderúrgicas vinculadas a montadoras de veículos e equipamentos eletroeletrônicos injetam bilhões nas contas correntes dos fazendeiros que derrubam a mata e tocam fogo

no cerrado e na Amazônia. Enquanto usam as queimadas na Amazônia como pretexto para interferir nos assuntos internos do Brasil, de forma cínica e hipócrita tentam des-

viar a atenção de não serem eles, os próprios países imperialistas, através de suas empresas, os maiores implicados na devastação das florestas do Brasil.

A RAPOSA NO GALINHEIRO

Em manifesto, esquerda pede favor de Macron para “proteger a Amazônia” A extrema-direita espalhou uma notícia falsa nas redes sociais afirmando que PT, Psol e o MTST teriam pedido uma “intervenção” na Amazônia ao presidente da França Emmanuel Macron. O portal Jornal da Cidade Online chegou a pedir que dirigentes da esquerda que teriam assinado tal pedido de “intervenção” fossem enquadrados sob a Lei de Segurança Nacional. Uma perseguição política típica de fascistas, com a tentativa de usar uma lei ditatorial para prender representantes políticos dos trabalhadores. A perseguição da extrema-direita deve ser denunciada e rechaçada, e a extrema-direita deve ser combatida pelos trabalhadores e suas organizações. Cabe, no entanto, fazer algumas considerações sobre o documento que de fato foi assinado por lideranças e deputados de esquerda, que foi usado pela extrema-direita para produzir uma notícia sensacionalista e falsa e alimentar o clima de perseguição política. Em julho, o jornal de esquerda francês Libération publicou um manifesto apelando ao governo francês que não fechasse o acordo de livre comércio entre União Europeia e o Mercosul. O próprio governo francês já considerava não fechar o acordo por causa da política ambiental do golpista Jair Bolsonaro, e os governos da Alemanha e Noruega tinham retirado sua contribuição do Fundo Amazônia. Macron salvador da Amazônia? O problema do documento é pedir a Macron que tome medidas para proteger a Amazônia. É um erro tre-

mendo imaginar que um governo imperialista teria qualquer interesse em vir salvar árvores e animais em uma floresta de uma país atrasado. Não se trata disso, o objetivo do imperialismo é usar a questão ambiental como um pretexto para começar uma política de ingerência na floresta amazônica, que representa 59% do território nacional. Ao pedirem “ajuda” de Macron no manifesto publicado no Libération, Gleisi Hoffmann, Ivan Valente, Guilherme Boulos, David Miranda e João Pedro Stédile reforçam uma campanha do imperialismo. Não adianta esperar a ajuda do imperialismo para proteger o meio ambiente. O próprio governo Macron é responsável por parte da Amazônia, dentro do território da Guiana Francesa, uma colônia francesa na América do Sul típica do colonialismo do século XIX, e não protege a Amazônia nesse território. Caso o imperialismo consiga tomar conta da Amazônia, será para explorar a região. Com potencial, inclusive, para provocar uma devastação muito maior. Além disso, essa política também visa impedir que o próprio Brasil explore e ocupe essa região, um vasto território dentro do País. Ou seja, visa criar um entrave para o desenvolvimento nacional. Nas mãos do imperialismo, a questão ambiental não passa de demagogia. Por isso não se deve pedir nenhum favor ao imperialismo, que em todos os sentidos pode ser muito pior para o País do que o próprio Bolsonaro, e será, se tiver oportunidade. Foi o imperialismo que organizou o golpe que

levou Bolsonaro ao poder, para começar. Contra Bolsonaro é necessário mobilizar os trabalhadores, chamar a

população às ruas, opor-se à política da extrema-direita a partir das organizações operárias dentro do Brasil.


POLÊMICO | 7

POLÊMICA

Aldo Fornazieri: saída pela direita para a “esquerda encurralada” O professor da Escola de Sociologia e Política, Aldo Fornazieri, publicou no portal GGN, no dia 20 de agosto, artigo com o título “As esquerdas encurraladas”, onde desfila um amontoado de formulações confusas, com a pretensão de criticar o rumo das esquerdas no país. O citado artigo foi objeto de críticas e considerações por parte de um militante petista, Marcos Jakoby, que buscou refutar – sem muita inspiração, registre-se – os argumentos apresentados pelo acadêmico Fornazieri. O esforço aqui será no sentido de se opor às duas posturas, tanto o texto que gerou o conjunto de considerações por parte do militante do PT, quanto à própria tentativa de crítica que Marcos Jakoby fez ao que foi escrito por Fornazieri. O núcleo central das “criticas” do professor Aldo se concentram na incapacidade da esquerda nacional em se opor, de forma conseqüente, ao governo Bolsonaro, onde busca criticar a atuação das representações de esquerda no país como tendo esta adotado uma postura de mimetização do bolsonarismo. Para não importunarmos muito o leitor do DCO, apresentaremos aqui tão somente o que julgamos ser de maior relevância na “crítica” feita por Fornazieri ao que ele julga ser os descaminhos da esquerda nacional, assim como as críticas às suas posições feitas pelo militante do PT Marcos Jakoby. De início, somos obrigados a concordar com o professor sociólogo quando o mesmo faz afirmações “sobre os limites e a incapacidade da esquerda em sair da situação de defensiva em que

se encontra atualmente”. (página13, 26/08). No entanto, é somente aqui, no diagnóstico, que de certa forma pode ser identificada alguma coincidência com o senhor Aldo. Nós, do PCO, todavia, apontamos que esta ‘incapacidade em sair da situação de defensiva” é o resultado da mais completa incapacidade da esquerda brasileira em compreender, primeiramente o caráter e o significado do governo Bolsonaro, mas principalmente os elementos que estão colocados na atual etapa da conjuntura, que é o completo esgotamento de um governo natimorto, que se encontra totalmente anulado do ponto de vista de se apresentar como alternativa para a burguesia e mesmo para o grande capital e que aparece, aos olhos da população, como o governo mais repudiado e odiado não só pelas massas populares, mas por camadas cada vez maiores do conjunto da população, incluindo aí as classes médias e até mesmo os setores que hipotecaram apoio ao bolsonarismo nas eleições fraudadas de 2018. Em uma das passagens do artigo do professor Aldo, o militante petista que elaborou a crítica ao texto de Fornazieri faz uma tentativa de se opor ao que se segue: “Bolsonaro quer destruir as esquerdas, as esquerdas querem destruir Bolsonaro; Bolsonaro tem e quer mais poder, as esquerdas querem o poder de Bolsonaro” (página13, 26/08). Jakobi vê como correto que as esquerdas estabeleçam como objetivo a derrota e a “destruição” da extrema-direita, pois o governo Bolsonaro está literalmente destruindo com o país”, no que estamos de acordo. No entanto, o petista

Marcos Jakobi aponta que enquanto Bolsonaro quer a destruição das esquerdas “por meio do uso da violência, das milícias, da censura, das perseguições, das restrições às liberdades democráticas, do uso da repressão e atacando o povo, a esquerda pretende fazer isso por meios democráticos, em defesa dos direitos e dos interesses populares: com a mobilização das ruas, com a cultura e o pensamento crítico, com eleições democráticas, com organização popular” (página13, 26/08). À violência, às perseguições, à destruição das liberdades democráticas, em suma, aos ataques e à ofensiva da extrema direita, Marcos Jakoby advoga como oposição a toda essa barbárie insana contra o povo brasileiro os “meios democráticos”, a realização de “eleições democráticas”. Na “crítica”, nenhuma palavra sobre a escandalosa fraude perpetrada pelo “regime democrático” nas eleições de 2018; nenhuma palavra sobre a monumental e grotesca manipulação operada pelos meios de comunicação golpistas para incriminar e condenar o ex-presidente Lula, alijando-o da eleição presidencial; nenhuma denúncia da criminosa Operação Lava Jato (já desmascarada), instrumento político de calúnias e perseguição contra o candidato do PT, em quem a maioria da população queria votar. Embora não esteja dito de forma clara e explícita, a perspectiva de Jakoby para enfrentar e derrotar o bolsonarismo está centrada nas eleições que se avizinham; na credibilidade das instituições apodrecidas e golpistas do regime atual em organizar eleições limpas e democráticas, que permiti-

riam a recondução das esquerdas ao poder. Muito mais factível acreditar em duendes, gnomos e outros seres da floresta que ainda possam ter sobrevivido aos incêndios bolsonaristas. Há uma série de outras passagens nos dois textos, tanto do professor Fornazieri quanto na tentativa de crítica do militante petista que são, na verdade, um receituário e uma fonte inesgotável de estratégias confusas e derrotistas para a luta dos trabalhadores e a necessária reorientação da política da esquerda brasileira, incapaz de formular uma caracterização correta do bolsonarismo e apontar uma saída progressista e conseqüente para o país, que somente poderá ser vitoriosa com a bandeira do “Fora Bolsonaro”; pela liberdade do ex-presidente Lula; por novas eleições gerais, assegurados os direitos democráticos de Lula como candidato.


8 | POLÊMICA

ESQUERDA

Por que só agora o Psol quer se “lavar” da Lava Jato? Nesta última quarta-feira (28), Valério Arcary (PSOL) publicou artigo no Brasil 247 – “Por que Ciro Gomes não apoia Lula Livre?” – onde critica o abutre nordestino por defender exatamente as mesmas posições políticas que Arcary e do PSOL defenderam nos últimos períodos, a favor da Lava Jato, da prisão de Lula e contra o Fora Bolsonaro. Para Arcary, é Ciro Gomes, e não o PSOL, quem não pode defender Lula Livre por ter apoiado a Lava Jato: “Ciro Gomes decidiu apoiar a Lava Jato na campanha eleitoral. Por isso, não pode defender Lula Livre. Admite que houve excessos nas ações de Dallagnol e dos procuradores, mas apoia a Lava Jato. Do que decorre uma ambiguidade em relação à campanha Lula Livre. O PDT, em consequência, não se incorporou ao Comitê Lula Livre. Mas esta localização está ficando, a cada dia, mais insustentável.” Talvez pela insustentabilidade desta “localização”, como diz Arcary, é que o PSOL agora, e somente agora, parece ter percebido que a “Lava Jato foi instrumento de uma guerra política”, onde o alvo “era toda a esquerda brasileira”, ainda que Lula seja “sua principal vítima”. E após demonstrar que este erro foi o motivo de todas as derrotas da esquerda, Arcary encerra sua envergonhada confissão revelando, finalmente, o reposicionamento do seu partido, que agora se coloca “lado a lado do PT na campanha Lula Livre”. Mas para não perder o disfarce, isto também é feito sob a máscara de um “conselho” a Ciro Gomes: “Todas as correntes, partidos ou lideranças de oposição a Bolsonaro que imaginam que irão se beneficiar da sanha da extrema direita em destruir o PT, e silenciam diante da prisão de Lula vão se desmoralizar. Só terão autoridade política aqueles que tiverem agora a honestidade moral de defender Lula.” O problema desta tortuosa confissão de culpa de Arcary, escondendo

por trás de uma denúncia que a política agora criticada como sendo apenas de Ciro Gomes foi exatamente a mesma que setores do PSOL defenderam vigorosamente em todos os momentos do golpe, não se limita à clássica fraude de tentar colocar nas costas do outro os seus próprios erros. O cinismo é típico das lideranças do PSOL, que certamente estão sofrendo bastante com a pressão aguda das suas bases, assim como todos os demais partidos da esquerda, para adotarem as campanhas naturais e óbvias do período, Fora Bolsonaro e Liberdade Para Lula. O problema é que este cinismo já é em si mesmo um claro indicativo de que esta nova posição do PSOL não tem seriedade nenhuma. Trata-se apenas da mais nova demagogia das lideranças daquele partido e que tudo indica não será efetivada em esforços concretos de luta, nas ruas, pelas palavras de ordem que agora dizem defender. É óbvio que, com o governo golpista caindo cada vez mais em desgraça perante o povo, quem não defender a liberdade de Lula e o Fora Bolsonaro, daqui para frente não vai só se “desmoralizar”, como afirma Arcary, mas tende a ser varrido completamente para fora do mapa político do país nos próximos períodos. O povo na rua não deixa mais dúvidas de que dirige a sua luta para a derrubada do governo. A campanha pela Liberdade de Lula é questão central desta mesma luta e as poucas dúvidas que ainda pudessem existir quanto a isto viraram pó a partir da quase aniquilação da operação Lava Jato, promovida pelas denúncias do Intercept. A falta de seriedade do PSOL em confessar seus erros pelo disfarce de uma denúncia a Ciro Gomes, demonstra que estamos frente apenas a mais retórica, com fortes traços de demagogia oportunista, que provavelmente se dirige mais às eleições de 2020 do que

a um apoio efetivo ao PT e à campanha Lula Livre. O que toda esta dissimulação do PSOL deve nos ensinar é que um partido de esquerda que não se limite a questões menores de cunho eleitoral, mas que realmente lute pelos interesses do povo, precisa ser a vanguarda consciente, o setor mais esclarecido do povo e desta mesma luta. Não pode estar reduzido a ser apenas uma média qualificada da opinião pública aparente. Agindo assim jogará a todos em uma constante situação de engano e confusão, que é justamente o que as lideranças do PSOL fazem com sua base e seus simpatizantes. Para não ser constantemente desmoralizado é fundamental que o partido formule suas posições não sob os ventos oscilantes da opinião pública, tentando acertar aquilo que o seu eleitor quer ouvir, mas a partir de um programa, construído sobre a base de princípios e de contínua discussão interna, ampla, democrática e que depois tenha a seriedade de se concretizar em ação unificada. E para que esta democracia interna do partido e unidade de ação externa de fato ocorra, é necessário estar em contato contínuo com a população,

nas ruas, em contínua militância, percebendo diretamente o que de fato preocupa as pessoas de carne e osso, que naturalmente não são meras estatísticas de institutos de pesquisa, cujas tendências são habitualmente manipuladas pela imprensa burguesa. O partido que não tenha um pé nas ruas e outro em seu programa e princípios, certamente viverá de oportunismo e será conhecido pela constante e desmoralizante hesitação. E nestas condições, é claro que não terá autoridade política para liderar e organizar a luta popular. Terá que se contentar em vestir-se de laranja no Congresso ou em mendigar votos à base de demagogia crônica. Enfim, se o PSOL só agora vai divulgar opiniões favoráveis ou não ao Fora Bolsonaro à Liberdade Para Lula, até porque quem não fizer isto irá para o fundo do oceano, abraçado com a Lava Jato, hoje isto é questão de menor importância. O que realmente vai fazer a diferença será a capacidade de organizar a luta, dar um rumo político concreto e efetivo para a enorme indignação popular, sem demagogias, mas com a seriedade que só as ruas, em contato contínuo com o povo, pode dar.


INTERNACIONAL| 9

COLÔMBIA

Ala das FARC retoma luta armada: fracasso da conciliação A organização guerrilheira “Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia” (FARC) anunciou na quinta-feira, dia 29 de agosto, a retomada da luta amada no país, interrompida em função do “acordo de paz” assinado com o governo do ex-presidente Juan Manuel Santos, em junho de 2017. O anúncio foi feito por uma ala dissidente do grupo, liderado pelo comandante guerrilheiro Iván Márquez, que participou das “negociações de paz” com o ex-presidente Manuel Santos. “A rebelião não é uma bandeira derrotada”, disse Márquez em um vídeo divulgado nas redes sociais em que ele aparece ao lado de homens e mulheres armados com rifles, entre os quais Seuxis Paucias Hernández Solarte, conhecido como ‘Jesús Santrich’. “Procuraremos coordenar esforços com os guerrilheiros do ELN e com aqueles camaradas que não dobraram suas bandeiras” (sítio RT, 29/08), acrescentou o comandante dissidente. Um dos pontos do “acordo de paz” firmado em novembro de 2016 entre as FARC e o governo do então presidente Manuel Santos previa, além da deposição das armas, a integração da guerrilha à vida política do país, com a transformação da organização guerrilheira em partido político legalmente constituído, onde foi mantida a mesma sigla do agrupamento, porém com o novo nome de “Força Alternativa Revolucionária Comum”. De acordo com o líder dissidente, a motivação para a retomada das atividades guerrilheiras das FARC estaria no fato do atual presidente colombiano, o direitista Iván Duque não vir cumprindo com os principais pontos do “acordo de paz”; “as violações cons-

tantes que impedem a implementação do acordo; os assassinatos de ex-guerrilheiros em algumas áreas do país, e principalmente com a prisão, em abril de 2018, do ex-combatente Jesús Santrich, que não pôde tomar posse do seu assento no Congresso porque foi acusado por um juiz de Nova York (EUA) de ter enviado àquele país dez toneladas de drogas, após a assinatura do acordo de paz” (sítio RT, 29/08). Simultaneamente ao anúncio da retomada da luta de guerrilha pelos dissidentes, outro ex-líder guerrilheiro, Rodrigo Londoño, também conhecido como ‘Timochenko’, declarou que a “maioria dos ex-combatentes apoia o acordo de paz assinado com o governo do país em 2016” (idem, 29/08). “A grande maioria permanece comprometida com o acordo, mesmo com todas as dificuldades ou perigos previstos, estamos em paz“, complementou Londoño. Bem mais lúcida e realista que os próprios ex-guerrilheiros que depuseram as armas e apoiam os “acordos de paz” foi a manifestação do jornalista internacional José Manzaneda, que em entrevista à RT, disse que a decisão de Márquez e do grupo de ex-combatentes “vem mostrar que não há condições para a paz e para o jogo verdadeiramente democrático e a inclusão de dissidentes de esquerda na Colômbia”. A leitura que se pode fazer e a conclusão a que se pode chegar de todo esse processo é que a política de conciliação da guerrilha com o Estado opressor e repressor colombiano fracassou espetacularmente. Os “acordos de paz” serviram tão somente para que a guerrilha das FARC, que tinha influência sob quase a metade do território do país, depusessem as

armas e ficassem a mercê do Exército colombiano e dos grupos paramilitares de direita apoiados pelo próprio governo, que nunca cessaram a matança dos guerrilheiros, mesmo depois de haverem entregues suas armas. O próprio Iván Márquez, que agora lidera essa fração da dissidência, declarou que “desde o ingênuo desarmamento dos guerrilheiros em troca de nada, a matança não para ” (idem, 29/08). O atual presidente colombiano, o fantoche do imperialismo Iván Duque, opositor dos “acordos de paz” é o responsável no país pelas perseguições e pelos assassinatos de ex-guerrilheiros. Duque trabalha neste momento para rever seis pontos dos “acordos”, particularmente o que diz respeito à extradição de ex-combatentes após a assinatura do “acordo”, “um ponto particularmente controverso no caso do ex-chefe da guerrilha Jesús Santrich, solicitado pela Justiça dos EUA” (idem,

29/08). Duque é discípulo político de Álvaro Uribe, o ultradireitista ex-presidente colombiano, adversário ferrenho do pacto selado com a guerrilha das FARC. Num momento em que o imperialismo volta a apontar suas baterias contra o continente latino-americano, financiando e apoiando golpes de Estado e governos direitistas pró-Washington, a política da esquerda continental nunca deveria estar centrada na estratégia da busca da conciliação e dos acordos com os governos burgueses pró-imperialistas da região. A luta que está colocada para todos os povos oprimidos das Américas deve estar orientada pela estratégia não dos acordos de paz fraudulentos; não à conciliação, mas no enfrentamento via mobilizações de massas aos governos direitistas; aos regimes repressores e assassinos, como o de Iván Duque na Colômbia, Lenin Moreno, no Equador e Jair Bolsonaro, no Brasil.

NEOLIBERALISMO EM XEQUE

Argentina em crise: Macri declara moratória da dívida com o FMI Na última quarta-feira (28), o presidente neoliberal da Argentina, Maurício Macri, declarou moratória da dívida de seu país com os credores e com o FMI, estendendo os prazos em que as dívidas da Argentina vencem. No total, as dívidas com os credores privados e com o Fundo Monetário Internacional chegam a R$ 223 bilhões de reais e elas deveriam ser pagas a partir de 2021. De acordo com Hernán Lacunza, ministro da Fazenda argentino, essa é uma maneira de garantir que a Argentina pague integralmente suas dívidas, tendo maior capacidade para entregar os recursos econômicos nacionais aos banqueiros e especuladores internacionais. No mesmo dia, Lacunza e o presidente do Banco Central argentino, Guido Sandleris, se reuniram com representantes do FMI que estão de visita ao país sul-americano. O ministro assumiu a pasta logo após a derrota do presidente Maurício Macri nas eleições primárias.

Macri obteve 32% dos votos, contra 47% do candidato peronista Alberto Fernández. Na semana após as eleições, os banqueiros internacionais iniciaram uma campanha propagandística e econômica para demonstrar que seus interesses devem ser seguidos por qualquer um que governar a Argentina no próximo período. Fernández declarou que não irá mexer com os interesses dos banqueiros e especuladores, enquanto Macri, como medida demagógica para obter apoio popular, congelou o preço dos combustíveis. No entanto, logo em seguida, teve de voltar atrás, sob a pressão insuportável da burguesia. O governo Macri tem sido um desastre desde o início. A inflação está em quase 50%, enquanto que milhões de argentinos foram jogados na linha da pobreza, com o aumento gigantesco da carestia de vida e das tarifas de transporte, energia e gás.


10 | INTERNACIONAL

PRETEXTO

Direita aproveita questão da Amazônia para boicotar a Venezuela O presidente ilegítimo e papel higiênico de Donald Trump, Jair Bolsonaro, anunciou na quarta-feira (28) que será realizado um encontro de chefes de Estado da América do Sul no dia 6 de setembro para discutir a “preservação” da Amazônia. Essa reunião, no entanto, não vai contar com a presença da Venezuela, embora seja um país amazônico. “Estaremos reunidos com esses presidentes, exceto o da Venezuela, para discutir uma política única nossa de preservação do meio ambiente e bem como exploração de forma sustentável da nossa região”, disse Bolsonaro. Essa é mais uma oportunidade encontrada pela direita sul-americana – fantoche do imperialismo norte-americano – para isolar e boicotar o governo de Nicolás Maduro na Venezuela. Justamente um dos únicos países da região que defende a sua soberania não poderá participar da reunião que, de acordo com a propaganda de seus organizadores, irá discutir a proteção da Amazônia de forma soberana.

Praticamente todos os outros governos da América do Sul, como o do Brasil, são governos entreguistas e que atuam contra os interesses na-

cionais de seus países e de seus povos. São governos que tratam de executar a entrega dos recursos naturais de seus países e que, em última ins-

tância, não são contra a passagem do controle da Floresta Amazônica para as potências imperialistas. Basta recordar o discurso do próprio Bolsonaro, de que a Amazônia sob o domínio dos Estados Unidos estaria em melhores mãos, ou mesmo sua ação efetiva de entrega da base aeroespacial de Alcântara. A maioria dos países que participarão do encontro faz parte do chamado Grupo de Lima (ou Cartel de Lima, como foi apelidado por Maduro). Esse é um bloco de países presididos por golpistas da direita pró-imperialista, com o objetivo exclusivo de derrubar o governo venezuelano, intervindo a mando dos EUA nos assuntos internos do país caribenho. Agora, com essa nova iniciativa de impedir a participação da Venezuela para discutir um tema que é de interesse direto de sua soberania, o imperialismo e seus capachos atentam novamente contra Caracas, a fim de abrir um novo flanco golpista contra o governo chavista.

CRISE NO REGIME POLÍTICO

Itália: Conte volta a ser primeiro-ministro após manobra da burguesia Sergio Mattarella, presidente da Itália, reconduziu Giuseppe Conte ao cargo de primeiro-ministro nessa quinta-feira (29). Agora, o país poderá formar um novo governo, dominado pela coalizão do Movimento 5 Estrelas com o Partido Democrático. Conte havia renunciado à sua posição de primeiro-ministro em resposta a uma moção de desconfiança proposta por Matteo Salvini, ministro do Interior e líder do partido de extrema-direita Liga. Assim, Salvini buscava a realização de novas eleições, para fazer com que a Liga governasse sozinha, sem necessitar do Movimento 5 Estrelas, que participava de sua coalizão e há meses trabalhava para boicotar as atividades do governo – cujo homem forte era Salvini. Com isso, o M5S e o Partido Democrático, que já vinham trabalhando

juntos, na prática (mesmo um sendo parte do governo e o outro a principal agremiação opositora), agora estão oficialmente unidos no governo. Essa foi uma manobra da burguesia imperialista para derrubar Salvini e a Liga do governo. Representando os interesses de um setor mais fraco da burguesia italiana, eles defendem uma política diversa dos interesses dos banqueiros como, por exemplo, a saída da Itália da União Europeia, ou o alinhamento com o governo nacionalista da Rússia, do presidente Vladimir Putin. Por isso, sempre houve uma grande campanha, que se radicalizou nas últimas semanas, contra Salvini. A imprensa italiana fez forte propaganda de que a Liga seria financiada pelos russos, mesmo sem apresentar qualquer prova minimamente convincente. Finalmente, o M5S serviu para a burguesia desestabilizar o governo por den-

tro, enquanto que o PD tenta salvar o regime capitalista italiano da crise política. Nos próximos dias, Conte deve se reunir novamente com Mattarella pa-

ra apresentar a lista de ministros do novo governo e uma proposta de políticas a serem adotadas pela nova coalizão governamental.


MOVIMENTO OPERÁRIO | 11

ACIDENTES EM FRIGORÍFICOS

Em Santa Catarina frigorifico é o primeiro em acidentes de trabalho Perdendo somente para São Paulo, maior Estado do país em termos econômicos, bem como em setores industriais, Santa Catarina está em segundo lugar em acidentes e doenças do trabalho. Os frigoríficos, um setor com representação enorme dentro dos municípios desse estado, são os principais responsáveis por tamanha tragédia contra os trabalhadores. Nesse estado, há uma concentração dos maiores grupos do ramo frigorifico, como, JBS/Friboi, Marfrig, Minerva e, BRF – Brasil Foods, grupo que engloba a Sadia e Perdigão. Conforme Sandro Eduardo Sardá, em entrevista à CBN, do dia 2 de agosto, ocorre um acidente de trabalho a cada 0,49 segundos no Brasil e uma morte a cada 3h45min. Esses números devem piorar com as mudanças em normas de segurança e saúde no trabalho para reduzir exigências impostas aos empregadores, anunciadas na última terça-feira (30) pelo governo federal. Ressalta ele que, Santa Catarina é o segundo estado no país, atrás de São Paulo, em números de acidentes e doenças. Os setores com maior inci-

dência são frigoríficos, indústrias metal-mecânicas, hospitais e supermercados. Uma das maiores no ramo frigorífico no estado, a antiga Perdigão, hoje, BRF – Brasil Foods, na cidade de Capinzal, por exemplo, foi inúmeras vezes condenada ao pagamento de indenizações em processos milionários, sendo um deles um de 20 milhões de reais, por irregularidades diversas, desde o excesso de horas extras, falta de descanso semanal, sobrecarga de trabalho, falta de pausas térmicas, falta de equipamentos de Proteção Individual (EPIs), falta de manutenção em maquinários, vazamento de amônia, proteção de máquinas e equipamentos, desconsideração de pedidos de Comunicados de Acidentes do Trabalho (CAT), ou seja, um total abandono dos seus funcionários às piores condições possíveis e imagináveis, tendo como único objetivo o aumento de suas contas bancárias e lucro elevado. Para aprofundar ainda mais tamanha destruição dos trabalhadores, o fascista Jair Bolsonaro, presidente ilegítimo do país, aos poucos está impondo a retirada das Normas Regulamen-

CEJA SERÁ FECHADO EM ESCOLA

tadoras (NRs) e a ministra da agricultura Tereza Cristina, beneficiada pela JBS/Friboi, outro grupo de exploradores das condições de vida e saúde de seus funcionários, em divida de processo pago por um compincha, latifundiário, com a liberação de fiscalização nos frigoríficos e fazendas de criação de animais, aviários, entre outros, está extinguindo a fiscalização neste setor. O reconhecimento do Ministério Púbico do trabalho (MPT) de que o setor

frigorífico seja o de maior incidência de acidentes e doenças e o governo do fascista Jair Bolsonaro, com sua também golpista e latifundiária ministra da agricultura Tereza Cristina é o prenuncio de retorno ao período da escravidão, aos moldes do Brasil Colonial. Portanto, é necessária a organização da classe operária e o conjunto da população explorada em comitês de luta contra o golpe por todos os cantos do país.

ENTREGA DO BRASIL

RJ: Comunidade escolar protesta Consequência do PAQ no contra fechamento de salas Banco do Brasil: funcionário hospitalizado

Nessa quinta-feira, dia 29 de agosto, os professores e estudantes da rede estadual de ensino do Rio de Janeiro, protestaram contra o fechamento do CEJA (Centros de Educação de Jovens e Adultos) localizado no Instituto Benjamin Constant, na Urca, zona sul do Rio. O CEJA atende cerca 100 alunos com deficiência, no Instituto há 3 salas emprestadas e adaptadas para receber esses alunos com deficiência visual, motora, entre outras. O diretor do Instituto está pedindo as salas emprestadas de volta, porém será um grande prejuízo para a comunidade, pois no bairro há acessibilidade e na escola contam com diversos materiais em Braile e outros materiais pedagógicos. Os golpistas querem promover em todo o território brasileiro uma políti-

ca de terra arrasada em relação à educação pública de qualidade. Essas três salas são centros de reabilitação para essas pessoas com dificuldades especiais, porém o governador golpista Witzel tem promovido uma verdadeira chacina contra a população pobre e negra do estado. Os setores esmagados pela política dos golpistas devem ser unir para pedir o Fora Witzel, pois se ficar os quatro anos de mandato, vai promover uma verdadeira destruição da educação e dos seus modelos de excelência. A mobilização deve se espalhar pelas diversas escolas cariocas que tem sofrido com a política de desmonte e o fechamento de diversas salas. É preciso radicalizar, ocupar as escolas e as ruas e exigir a imediata abertura das salas do CEJA e pedir a ampliação das mesmas.

O Plano de Adequação de Quadro (PAQ), implantado pela direção golpista do Banco do Brasil, que teve como um dos seus fundamentos mapear os funcionários que estão prestes a se aposentar ou já se encontram aposentados pelo INSS, mas continuam trabalhando, com isso aumentar, por parte do banco, as ameaças contra esses trabalhadores para que sejam demitidos futuramente através de qualquer outro famigerado plano de demissões, faz a sua primeira vítima em Brasília. No último dia 23 de agosto, um funcionário, lotado no setor de tecnologia do banco, em Brasília, passou mal e foi hospitalizado e, até o dia seguinte, continuou naquela situação. O que chama a atenção é que o mesmo funcionário havia manifestado sua intenção em aderir ao PAQ e não obteve êxito, o que o deixou bastante chateado, manifestando claramente a sua decepção com a não validação da sua adesão ao plano, o que acabou contribuindo para o seu adoecimento. Esse é apenas um caso, do qual tomamos conhecimento através de denúncias dos próprios companheiros desse funcionário da DITEC. Provavelmente outros casos, em todo o país, de alguma forma, trabalhadores mais antigos do banco também estão sofrendo com a mesma pressão exerci-

da pela direção no processo de reestruturação na qual passa a empresa. Há, por parte do banco, uma sistemática ameaça que visa pressionar os funcionários mais antigos para que sejam colocados no olho da rua com a finalidade de enxugar a folha de pagamento, o que abre a possibilidade de aumentar a contratação de terceirizados, favorecendo a política do governo golpista de Bolsonaro, de privatização e a entrega do patrimônio do povo brasileira para meia dúzia de banqueiros e capitalistas nacionais e internacionais.


12 | CIDADES

MAIS LUCRO PARA OS BANCOS

MG: Assembleia aprova que municípios podem vender créditos a receber Os bancos estão conseguindo fazer mais um bom negócio, agora com os Estados. Minas Gerais é um dos que saem na frente. Foi aprovado pela Assembleia Legislativa o Projeto de Lei 636/2019, que autoriza os municípios mineiros a venderem para bancos privados, os créditos que tenham a receber das Unidades da Federação. A retórica por trás da operação é sedutora. “Pobres municípios”, estrangulados, falidos, ávidos para receber repasses estatais que não chegam nunca, podem agora vender estes créditos a receber por “dinheiro à vista.” Parece que ganharam na loteria! Mas a realidade é muito diferente. O projeto de Lei é uma forma de privatizar os nossos impostos. Funciona da seguinte maneira: os municípios têm direito a receber parte da arrecadação de impostos estaduais (ICMS, IPVA etc). Estes repasses obedecem a certos calendários, alguns são parcelados em 30 meses etc. Então o município faz acordo com um banco privado para vender estes créditos e receber

do banco à vista. O município cria uma “sociedade para fins específicos”, cuja finalidade é basicamente abrir uma conta bancária por onde a transação acontecerá. O Estado não repassará mais o imposto para o município, mas diretamente para a conta aberta no banco privado. Esta engenharia financeira retira dos órgãos de controle considerável poder de fiscalização sobre a negociação entre gestor municipal e banco privado, e nem sobre o direcionamento dos recursos recebidos. A Lei não especifica as condições deste acordo (por exemplo, Belo Horizonte trocou o créditos de R$800 milhões + IPCA + 1% ao mês por um recebimento à vista de R$200 milhões). Não se determina que a “sociedade para fins específicos” deva direcionar os recursos para os mesmos fins determinados pelo orçamento anual do município. Os valores vão para uma conta em banco privado, o que dificulta a auditoria. Enfim, trata-se de mais um golpe dos bancos privados – único setor que

INGLÊS GRÁTIS

não para de lucrar em meio à crise – que visam colocar mais rapidamente a mão nos nossos impostos. Em nível nacional, tramita em “regime de urgência” (ou seja, para evitar

as discussões, estudos, pareceres entre outros), o Projeto de Lei 459/2017, que visa facilitar esse tipo de operação nacionalmente, por todos os estados e municípios.

PSDB

EUA vão financiar aulas de inglês Prefeito golpista dá balão em para acelerar ocupação servidores andreenses

A política de intervenção imperialista no Brasil se aprofunda conforme segue em marcha o golpe de estado. Organizações norte-americanas estão encaminhando propostas para a embaixada dos EUA ofertando cursos de inglês em 9 estados brasileiros. Com o nome de Access, o Program tem como objetivo oferecer aulas de inglês para estudantes das classes mais pobres, após o período escolar em sessões intensivas. O projeto é financiado diretamente pelo governo norte-americano. É preciso relacionar essa proposta com a política de verdadeira colonização do país, consequência direta

do golpe de estado. Desde a derrubada do governo petista, a direita vêm avançando e abrindo caminho para a dominação dos países imperialistas. Um exemplo disso, pôde ser verificado na última semana. Após o incêndio criminoso dos ruralistas na Amazônia, os países do G7, aproveitando-se da situação, impulsionaram a política de intervenção estrangeira no território nacional. Diante da crise capitalista cada vez mais iminente, os países centrais necessitam aprofundar a política de dominação sobre os países mais pobres para garantir a salvação da burguesia imperialista.

O mentiroso prefeito tucano Paulo Serra deu mais alguns golpes na categoria dos servidores públicos andreenses, depois de não receber a categoria, representada pelo sindicato em inúmeras oportunidades, agora mais uma vez desrespeita o que foi deliberado pelos servidores. No último dia 13 de agosto, em assembleia da categoria, os servidores aceitaram proposta de acordo coletivo, depois de mais de quatro meses de repúdio ao mesmo e em razão das dificuldades de mobilização da categoria. Os servidores públicos municipais de Santo André aceitaram receber a reposição integral da inflação da data-base da categoria, 1º de maio, que fechou em 5,10%, parcelada em duas vezes: 2,55% a partir de 1º de maio de 2019 sobre os vencimentos vigentes em 30 de abril; e 2,55% a partir 1º de fevereiro de 2020 sobre os vencimentos em 31 de janeiro de 2020. Esse índice também reajustará o auxílio babá, a cesta básica e o seguro de vida com o índice de 2,55%, proposto de forma parcelada. Após aceita a proposta pelos servidores, o prefeito volta atrás em várias outras promessas. Inicialmente propagandeou que o miserável reajuste seria pago em 2 parcelas de 2,55% cada, ainda em 2019, no entanto, ao final da campanha salarial, no mês de julho anunciou que pagará apenas uma parcela no ano corrente e a segunda apenas em fevereiro de 2020, quando já estará em marcha a próxima campanha salarial. Outra questão importante para todos os servidores que seria a questão

da curva salarial proposta pelo próprio prefeito, para equiparar o salário do funcionalismo andreense com o nível salarial do funcionalismo público do grande ABC, já que os salários andreenses estão entre os mais baixos, apesar de ser um dos mais altos PIB (Produto Interno Bruto) da região, agora também nega, alegando que o dinheiro em caixa acabou deliberando sobre a situação econômica dos servidores. Como diz o famoso ditado popular, que miséria pouca é bobagem, o inimigo dos servidores Paulo Serra também negou a proposta de abono salarial, de 25% do salário base para dezembro de 2019. E para terminar de revoltar os servidores, mostrando todo seu descaso com os servidores, não sancionou o acordo aceito pelos servidores, que continuarão neste mês sem o reajuste. O prefeito psedebista aproveita a falta de mobilização da categoria, durante a campanha salarial para tripudiar ainda mais em cima dos servidores. É necessário colocar imediatamente na rua uma campanha de repúdio dos servidores ao Prefeito tucano e levantar a palavra de ordem de Fora Paulo Serra inimigo dos servidores e do povo andreense.


NEGROS E CULTURA | 13

UM JOGO DE CARTAS MARCADAS

Em entrevista, Mano Brown denuncia golpe e prisão política de Lula O rapper paulista que se consagrou através das letras de protesto do grupo Racionais MC’s denunciou, em entrevista para a Revista Esquina Musical, um “jogo de cartas marcadas” em que a direita, que “sempre governou o país para os ricos e poderosos,” preparou o golpe contra Dilma e a prisão de Lula, para evitar que ele concorresse nas eleições de 2018. Brown reclama da campanha orquestrada pela direita, que fica batendo no ex-presidente 24 horas por dia, e explica acertadamente: “a perseguição não é pessoal, é uma coisa racial, cultural e social,” uma perseguição ao que Lula representa, pois ele deu voz

a um povo sem direitos. E continua: “a gente foi preso junto com Lula, ele é a ponta de um iceberg que tem mais de cem milhões de pessoas, abaixo da linha de pobreza, sem humanidade, sem dignidade.” Sobre os golpistas, Brown é direto: “Essa classe dominante que se sentiu lesada não quer direitos iguais (…) quem apoiou o impeachment foi a FIESP,” que continua escravizando o povo brasileiro como os barões do café. Fonte: http://www.esquinamusical. com.br/mano-brown-a-prisao-do-lula-e-racial-cultural-e-social-estou-la-com-ele/

CENSURA FASCISTA

CENSURA FASCISTA

Bolsonarista, diretor da Funarte faz Participe das reuniões do Coletivo censura prévia de peça teatral João Cândido neste sábado

O governo fascista de Jair Bolsonaro, em junho, alçou o diretor teatral, Roberto Alvim, ao comando do Centro de Artes Cênicas da Fundação Nacional das Artes (Funarte), e o nome escolhido tem mostrado serviço para não decepcionar o chefe. Pondo em prática o seu plano de criar “uma máquina de guerra cultural” com os “artistas conservadores” para destruir a arte e a cultura nacionais, Alvim censurou sumariamente a realização da temporada de estreia da peça RES PUBLICA 2023, do grupo teatral Motosserra Perfumada, prevista para outubro, no Complexo Cultural da FUNARTE, em São Paulo. De modo arbitrário, a decisão de censurar a peça tomou por base apenas a sinopse do texto e foi justificada com o argumento de que ela não reúne “qualidade artística” para ocupar uma das salas do Complexo. Questionado sobre a sua decisão autocrática, o diretor foi ao Facebook se explicar: “Reduções do conceito de ARTE a ativismos políticos, discursos diretos ou propagandas partidárias/ ideológicas NÃO terão mais lugar em nossos equipamentos culturais. É uma questão de escolha conceitual”. Em outro post na sequência, mandou

um alerta para o universo: “Dou aqui uma notícia para os que usam a arte como veículo de agendas ideológicas: sua hegemonia na cultura brasileira ACABOU”. Admirador do guru e astrólogo Olavo de Carvalho, Roberto Alvim está perfeitamente alinhado com o governo Bolsonaro na luta contra a “doutrinação ideológica da esquerda” e na guerra contra o “marxismo cultural”, duas desculpas hipócritas e cínicas para impor goela abaixo da sociedade sua ideologia fascista e reacionária e perseguir os artistas e as manifestações culturais autenticamente avançadas, críticas e populares. A montagem de um amplo aparelho de censura oficial pelo governo Bolsonaro evolui a olhos vistos e já é bastante perceptível. Caso não encontre resistência por parte dos artistas, da classe operária e dos setores explorados em geral, os casos de peças, filmes, músicas, livros, pinturas censurados apenas se multiplicarão. Inimigo mortal da cultural, o governo ilegítimo de Bolsonaro deve ser derrubado pela mobilização popular, única via capaz de pôr um fim à avalanche de ataques desferidos contra as manifestações culturais e o povo em geral.

O Partido da Causa Operária convida a todos a participarem das reuniões do Coletivo de Negros João Cândido. O coletivo se reúne todos os sábados às 16 horas no CCBP, discutindo os principais problemas dos negros no Brasil e tendo como claro objetivo de organizar atividades contra o golpe, dando uma perspectiva acertada para a luta do povo negro em todo país. A participação é de fundamental importância, pois estamos em um momento em que o golpe está a todo vapor e o povo negro da periferia é atacado como nunca pelos órgãos de repressão do estado e as políticas econômicas do governo golpista. Dessa forma, para evitar a política de oportunistas que se utilizam de demagogias eleitorais para com a população, é extremamente necessário que o povo negro se organize sob uma base de

luta prática por seus direitos junto aos trabalhadores, realizando atividades que possam de fato lutar contra a situação em que vivemos. Com isto em mente, o Coletivo de Negros João Cândido se reúne semanalmente com a finalidade de orientar e organizar atividades, tendo como missão a emancipação do povo negro por uma perspectiva materialista, sendo assim marxista. Para aqueles que não tiverem a oportunidade de participarem presencialmente, o coletivo também faz reuniões por videochamada no mesmo horário, dando a chance de pessoas de todos os cantos do país participarem das reuniões e organizar suas respectivas atividades em sua localidade. Por isso, estejam convidados a participar, todos os sábados às 16 horas.


14 | MULHERES | MORADIA E TERRA

OPRESSÃO À MULHER

Grávida foi presa e humilhada em hospital acusada de aborto O dado da pesquisa Nacional do Aborto de 2016 realizada pela Anis, instituto de Bioética, Direitos Humanos e Gênero, revela que uma, em cada cinco mulheres de até 40 anos, no Brasil, já abortou. Mulheres ricas abortam em clinicas e as que não tem dinheiro, morrem. O SUS, Sistema Único de Saúde, atende várias mulheres com complicações de aborto clandestinos. Como ilustração temos o caso de uma paciente, em 2014, que deu entrada em um hospital no interior de São Paulo, com dores, febre e taquicardia. Os médicos então desconfiaram que a paciente tivessem ingerido medicamentos abortivo. O médico a denunciou à polícia, sendo presa em flagrante. O Ministério Público tentou arquivar, em 2015, após concluírem que não havia crime. A defesa reabriu em 2017. Foi quando, na última segunda (19), cinco anos depois do ocorrido, o tribunal de justiça concluiu que o caso necessitaria de uma reparação financeira. A seguir, a fala do desembargador: “A julgar tão somente pela constatação de quebra de sigilo profissional, entendo ser devida a condenação da autarquia ré ao pagamento de indenização por dano moral“. Sendo indenizada em R$ 5 mil reais.

A opressão, as travas, a subjugação em que a mulher vive no mundo capitalista, sem dinheiro, único libertador, demonstra a posição desta na sociedade. As escolha de parir tem que ser da mulher e não de órgãos, não de uma lei, não da igreja, tem que ser uma decisão dela. A escolha de abortar não tem que ter caráter de assassinato e sim controle biológico e social. São muitas as Mulheres que sofrem

estupro perpetrado por seus próprios maridos, mulheres que engravidam vitima agressão doméstica. Outra questão é a financeira, levando-as a total desespero diante da situação que se apresenta. Muitas mulheres engravidam jovens demais, sem condições emocionais de criar uma criança, e, ainda, não esquecendo os casos de fetos com problemas congênitos detectados em exames gestacionais. Esses são alguns exemplos

do porque determinadas mulheres escolhem provocar o aborto. No caso dessa reportagem, a vítima não se enquadrava em nenhum desses problemas, muito pelo contrário, foi detectado pela justiça que a paciente não havia provocado o aborto. O que leva à situação do médico, criminoso, pois violou o código de ética que diz: “não deve denunciar à polícia nenhum caso de suspeita de aborto”, o que leva o médico ao crime de calúnia, constrangimento e quebra do sigilo profissional. Até agora os médicos não foram punidos. A mulher vem ao longo dos tempos sofrendo repressão e humilhação, uma supressão total dos direitos da mulher. No atual governo golpista e ilegítimo de Jair Bolsonaro, a mulher é tratada como “objeto de cama e mesa”, resgatando uma política reacionária e retrograda do século passado. Essa política é defendida por parte da esquerda pequeno burguesa, numa demonstração de total desserviço contra a mulher e aliada à extrema direita. Todas as mulheres precisam ir às ruas, com seus cartazes, faixas e gritar, denunciando a política de aniquilamento, subjugação, submissão que esse governo está tentando impor às mulheres.

BOMBAS CONTRA ÍNDIOS

Vídeo: indígenas denunciam repressão na retomada de suas terras No dia 1º de agosto o povo Kinininau, originário da região onde se localiza hoje o estado do Mato Grosso do Sul retomarou suas terras historicamente reivindicadas há mais de 100 anos na cidade de Aquidauana. Cerca de 200 índios, entre crianças, adultos e idosos, participaram da retomada de suas terras localizadas onde hoje é a fazenda Água Clara, atualmente propriedade da fundação Bradesco segundo as leis capitalistas. Com uma relação de forças completamente desproporcional, houve um conflito entre os indígenas desarmados e a polícia civil e militar, que avançaram pelos fundos do terreno da fazenda e cercaram os índios jogando bombas de gás lacrimogênio e atirando balas de borracha. O líder dos Kinikinau foi atingido por uma bomba na cabeça e relatou o episódio afirmando que teve os primeiros socorros negados, tanto em Aquidauana quanto em Miranda.As terras, que estiveram sob disputa durante o último século, já foram relatadas pelo antropólogo Gilberto Azanha e protocoladas na FUNAI, que se exime da responsabilidade institucional de reivindicarem as terras através da burocracia estatal. Além disso, ao não se fazerem presentes durante a ocupação das terras e deixarem os indígenas enfrentarem a polícia e jagunços da extrema-direita sozinhos, demonstram claramente suas intenções de, ao não tomar partido

dos índios, defenderem abertamente o lado do fascismo. Nesse caso, é preciso defender a política de autodefesa para os povos indígenas de todo país. Uma vez que toda esperança depositada nas ins-

tituições do Estado, após o golpe de 2016, se apresenta como uma ilusão da esquerda pequeno-burguesa, o povo em geral deve apresentar suas próprias opções para combater a extrema direita. Essa opção vem da organiza-

ção combativa e do armamento do povo, para enfrentar de igual para igual o aparato repressivo da burguesia e ela em seu conjunto para, assim, garantir o acesso à terra que é direito do povo Kinikinau.


MORADIA E TERRA | 15

ALIMENTOS SEM AGROTÓXICOS

MST denuncia ameaça de despejo de assentamento no Rio Por via de nota em sua página na internet, o Movimento dos Sem Terra (MST) do Rio de Janeiro denunciou o julgamento imparcial do Tribunal Regional Federal em relação ao possível despejo de 59 família de assentados no acampamento Osvaldo Oliveira, onde apresentam uma forma de produção desvinculada do grande capital, um Projeto de Desenvolvimento Sustentável. O acampamento, que existe no sistema de agro ecologia desde 2014, foi o primeiro a implantar esse sistema produtivo no movimento. Por ser um sistema que possibilita a produção de alimentos sem o consumo de agrotóxicos e fertilizantes industriais, rompe completamente com o atual sistema produtivo dos grandes latifúndios e por isso desafia a lógica produtiva do sistema capitalista. Na conjuntura atual, em que o grande capital, representado na figura do presidente ilegítimo Bolsonaro, privilegia os “reis do agronegócio” e desfavorece trabalhadores do campo e indígenas, que uma intensa luta política em defesa do acampamentos se trava nos tribunais e nas ruas. O apoio da população trabalhadora das cidades se torna imprescindível para a continuidade da luta dos sem terra. Para a continuidade dessa luta é preciso mais que mera associação dos trabalhadores do campo e da cidade. É preciso a orientação política decisiva da palavra de ordem Fora Bolsonaro, para que não haja possibilidade de a burguesia se rearticular, colocando outro representante fantoche dos interesses imperialistas de empresas multinacionais que produzem estes insumos agrícolas.

Confira abaixo a nota emitida pelo MST-RJ na íntegra. “Nota do MST do Rio de Janeiro sobre a ordem de despejo no Assentamento Osvaldo de Oliveira O MST do Estado do Rio de Janeiro vem a público repudiar a decisão do Desembargador da 2°Instancia do TRF do Rio de Janeiro que numa decisão autoritária e arbitrária junta 3 processos o apelo obrigatório na ação civil pública, a apelação na ação de nulidade do decreto desapropriatório, movida pela Rádio difusora, empresa proprietária, que havia perdido a ação na sentença dada pelo juízo de Macaé, e, absurdamente, a ação desapropriatória movida pelo INCRA para efetivar a reforma agrária, que não havia ainda sido decidida pelo juízo de Macaé. Com isso, o desembargador desqualifica todo o trabalho realizado por uma equipe multidisciplinar na feitura do projeto de PDS, ignora o trabalho das famílias e suas produções na matriz agroecológica e em seu voto faz a defesa da propriedade privada intocável, apesar da Constituição exigir a função social, extingue o processo de desapropriação, determina a reintegração de posse com a utilização de força policial caso as famílias não saiam voluntariamente em 90 dias, e envia parte do processo para o TCU, MPF e governo federal pedindo a investigação de improbidade administrativa do INCRA por ter feito o processo de desapropriação da fazenda para fins de Reforma Agrária. Nessa conjuntura adversa, em que a Classe trabalhadora se encontra sob ataque do governo reacionário de Jair

Bolsonaro, em que todos os aparatos do estado se mobilizam para garantir as regalias dos mais poderosos, novamente o poder judiciário ataca e ameaça as famílias assentadas no PDS Osvaldo de Oliveira. Em posicionamento claro a favor do ex-proprietário, o judiciário, se valendo de absurdos e criminalizando as famílias e o MST, covardemente sentencia pela reintegração de posse, ignorando intencionalmente as provas trazidas ao processo. O MST, em especial as 59 famílias assentadas, busca apoio social para manter essa importante conquista. O PDS Osvaldo de Oliveira é a primeira experiência desse modelo no Rio de Janeiro, e antes da imissão na posse, em 2014, vem produzindo alimentos acessíveis à classe trabalhadora, participando de diversas feiras, locais e estaduais, tendo assim o reconhecimento da sociedade de sua im-

portância para o desenvolvimento da qualidade de vida, não só das famílias assentadas, mas também de toda a população que tem acesso aos produtos agroecológicos oriundos do PDS. Hoje, as famílias produzem uma diversidade de alimentos como feijão, aipim, abobora, banana, milho, hortaliças, batata doce, inhame, taioba, guandu, fava, tomate, urucum, chaya, maracujá, caramuela, cana, temperos, leguminosas, entre outras, e estão entregando para a Prefeitura de Macaé através da política do PNAE entorno de 1 tonelada de alimentos por semana. Mas uma vez as famílias do PDS Osvaldo de Oliveira se mobilizam para lutar e garantir essa importante conquista, e tendo a certeza da vitória, convoca a sociedade para fortalecer essa luta que diz respeito a toda classe trabalhadora e não só ao MST. Direção estadual do MST do Rio de Janeiro”


16 | JUVENTUDE E ESPORTES

PRIVATIZAÇÃO DAS UNIVERSIDADES

Programa “Future-se” pretende destruir as universidades públicas O ministro Abraham Weintraub está se esforçando muito para dourar a pílula do Future-se, projeto que, na prática, privatiza as universidade públicas do país, indo a público explicar que não se trata de ferir a autonomia das universidades e nem de privatizá-las ou diminuir recursos. Segundo o ministro, “As universidades e os institutos que quiserem ficar como estão podem ficar. Não haverá nenhum dano ou prejuízo para quem quiser ficar [como está]. Simplesmente, a gente vai permitir às universidades e aos institutos fazerem parcerias, convênios, associações, buscar patrocinadores para que eles possam fazer investimentos e melhorar a situação financeira.”, porém, na prática, o governo está secando os recursos das universidades. A UFRJ ameaçou parar em setembro por inviabilidade finan-

ceira, e diversas outras estão na mesma situação. A federal de Uberlândia anunciou que se as coisas continuarem nesse rumo, a universidade começará o ano que vem com uma dívida de 30 milhões. Enquanto isso, o governo pretende fazer um remanejamento de recursos que tirará R$ 1 bilhão da pasta de educação. Sobre aderir ou não ao Future-se, fica claro que não restará escolha às universidades. Bolsonaro interveio em diversas reitorias, nomeando pessoas de sua confiança e passando por cima do processo eleitoral (Unirio, UFTM, UFC), e mantém as demais universidades sob vigilância. Enquanto isso, a burguesia vai secando o orçamento e inviabilizando as universidade federais. A única dúvida que resta para o ministro é sobre transformar o proje-

ESPORTES Barcelona quer Neymar, PSG resiste

Principal jogador da seleção brasileira e o mais disputado do mundo, Neymar vê com incerteza seu futuro. Atualmente o craque está sendo disputado por nada mais que os clubes mais ricos do mundo, que dia após dia dão novas investidas pela contratação do brasileiro, que hoje joga no PSG. Nesta quinta-feira, o canal italiano “Sky Sport” noticiou que, enfim, a apreensão teria acabado, e que Neymar já estaria acertado com o Barcelona, clube que defendeu por quatro anos, faltando apenas a assinatura oficial que viria no decorrer do dia. No entanto, outras fontes ligadas ao PSG indicam que o clube não está disposto a vender seu jogador mais valioso, e que, mesmo o Barcelona tendo oferecido uma alta quantia de

euros somado a caríssimos atletas, o time francês ainda não considerava vendê-lo. O desenvolvimento da situação tem minutos contados para se resolver, já que a janela de transferências se encerra em poucos dias. Devido a isso o Barcelona corre contra o tempo, aproveitando-se da reunião de presidentes no sorteio da UEFA, para conseguir enfim trazer Neymar de volta. Por outro lado o presidente do PSG resiste, o que está obrigando o time catalão a ir para o tudo ou nada pelo craque brasileiro. Por fim, nos resta aguardar, e ver se a troca oferecida pelo Barcelona utilizando jogadores como Dembélé e Rakitic se mostra o suficiente para Neymar poder sair de Paris.

to em Medida Provisória e empurrar de vez goela abaixo da população ou transformá-lo em projeto de lei e ter o

risco de ser recusado no congresso ou simplesmente ter que esperar alguns meses para se tornar realidade.


ESPORTES | 17

ESPORTES Definida a semifinal da libertadores: Flamengo e Grêmio A edição atual da Copa Libertadores da América já tem definida uma de suas semifinais: Flamengo e Grêmio agora disputam uma vaga na final da competição. Palmeiras 1 x 2 Grêmio O time de Porto de Alegre, na terça-feira (27), venceu o Palmeiras por 2 a 1 no jogo de volta das quartas de final, realizado no Pacaembu, em São Paulo. Com esse resultado, o Grêmio superou o Palmeiras no critério dos gols marcados fora de casa, já que havia perdido o primeiro jogo, disputado na capital gaúcha, por 1 a 0 apenas. O tricolor gaúcho começou o jogo sofrendo com as investidas palmeirenses, tanto que, logo aos 14 minutos do primeiro tempo, após cobrança de escanteio de Dudu e confusão na área, Luiz Adriano, dentro da pequena área, bateu para fazer 1 a 0 para o Palmeiras. A experimentada equipe do treinador Renato Gaúcho, porém, não se abateu e, quatro minutos depois, Everton Cebolinha empatou a partida, pegando de primeira, com a perna esquerda, a falta batida por Alisson na segunda trave. Everton Cebolinha, aliás, foi o nome do jogo. Foi dele a jogada que resultou no segundo gol do Grêmio, que garantiu a classificação. Três minutos depois de marcar o gol de empate, o atacante da seleção brasileira, campeão da última Copa América, recebeu a bola na intermediária de ataque, arrancou,

passou por um, dois, três, ganhou na corrida, e na esperteza, do último zagueiro do Palmeiras e, após dividida com o goleiro palmeirense Weverton, a bola sobrou limpa para Alisson empurrar paras redes. Na frente no placar, o Grêmio, apesar de alguns perigos, como uma bola na trave de William, do Palmeiras, conseguiu controlar em boa parte o restante do jogo, eliminando assim o time dirigido por Felipão.

Internacional 1 x 1 Flamengo Na quarta-feira (28), Flamengo e Internacional jogaram a segunda partida do mata-mata, na casa do Inter, em Porto Alegre. O clube gaúcho tinha que reverter a vantagem de 2 a 0 conquistada pelos cariocas no jogo de ida, realizado no Maracanã. Não conseguiu, porém. O Flamengo, com boa troca de passes, velocidade no ataque e um bom

posicionamento defensivo, conseguiu controlar todo o primeiro tempo, e só não saiu na frente no placar porque o atacante Gabriel Barbosa, o Gabigol, desperdiçou duas chances claras de botar a bola nas redes. O Internacional, no segundo tempo, foi obrigado a se lançar ao ataque e conseguiu de fato melhorar no jogo. A equipe aumentou a pressão sobre o Flamengo e, numa cobrança de falta lateral, abriu o placar com Rodrigo Lin

Todos os domingos às 20h30 na Causa Operária TV


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