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QUARTA-FEIRA, 4 DE SETEMBRO DE 2019 • EDIÇÃO Nº5755
POLÊMICA
POLÍTICA
PCdoB ou Bolsonaro? A quem pertence o verde-amarelo?
Saiba como participar do ato do dia 14 pela liberdade de Lula
Responder o bolsonarismo nas ruas, de vermelho, neste 7 de setembro
F
alta pouco para mais um 7 de setembro e, portanto, para atos políticos da direita para fazer demagogia com os símbolos nacionais, de um lado, e o Grito dos Excluídos, que reúne diversas organizações de luta do povo brasileiro, de outro. Lembrando o ex-presidente Fernando Collor, o golpista Jair Bolsonaro pediu aos seus apoiadores para irem aos atos de verde e amarelo: “Eu lembro lá atrás que um presidente disse isso e se deu mal. Mas não é o nosso caso”. Quando Collor pediu algo parecido, como se sabe, as ruas foram tomadas por gente vestindo preto. A UNE, agora, tenta repetir esta operação.
EDITORIAL
O que está em jogo? Em abril de 2018, o maior líder popular do País, o expresidente Lula, foi preso em um conluio envolvendo o Supremo Tribunal Federal (STF), as Forças Armadas e a imprensa capitalista. Meses depois, Lula teve seus direitos políticos cassados e foi eliminado das eleições presidenciais.
COLUNA POR JOÃO SILVA
Ancine nas mãos de “Deus” A mais nova do governo golpista de Bolsonaro é colocar a Agência Nacional de Cinema, a Ancine, sob o comando de um evangélico. Segundo porta voz do governo, a Ancine tem que estar alinhada com o “sentimento cristão”.
Debate: é hora de agir contra Para Datafolha, “fanáticos” seriam 12%. Bolsonaro ou “resistir”? É hora do Fora Bolsonaro Em debate na TV 247, Rui Costa Pimenta argumentou em defesa do Fora Bolsonaro, em contraposição à política de “resistência” defendida por Breno Altman.
Situação evidencia perda de apoio entre alas importantes da burguesia e da classe média desesperada que nele votaram
Armínio Fraga: a alta burguesia com restrições a Bolsonaro Fraga demonstra que a instabilidade política gerada pelo golpe está longe de ser superada e o governo Bolsonaro é visto com crescente preocupação pela alta-burguesia.
Datafolha é confiável? 7 vezes em que o Datafolha manipulou os dados
O centro falido da burguesia procura se recompor através da esquerda A esquerda que se alia com estes setores falidos estão ajudando na recomposição do centro político da grande burguesia.
2 | OPINIÃO EDITORIAL
O que está em jogo? Em abril de 2018, o maior líder popular do País, o ex-presidente Lula, foi preso em um conluio envolvendo o Supremo Tribunal Federal (STF), as Forças Armadas e a imprensa capitalista. Meses depois, Lula teve seus direitos políticos cassados e foi eliminado das eleições presidenciais. Embora a prisão de Lula seja uma vitória parcial da burguesia, a operação demonstrou que os golpistas temem a reação popular à política neoliberal e, justamente por isso, está organizando uma ofensiva contra a esquerda. O golpe contra a presidenta eleita Dilma Rousseff, a prisão de Lula, a refor-
ma da Previdência e os demais ataques aos trabalhadores não provam que os trabalhadores estão derrotados – isto é, de que a direita teria conseguido destruir qualquer possibilidade de um levante da população contra o regime político. Nada poderia ser mais falso. A luta dos trabalhadores está em um movimento crescente. A derrubada de Dilma Rousseff, que marcou o golpe de Estado de 2016, não significou o fim da luta popular – marcou, na verdade, sua retomada. Foi a luta contra o impeachment que engatilhou a luta contra a direita – luta essa que cresce a cada dia. Foi a luta contra a direita
COLUNA
Ancine nas mãos de “Deus” Por João Silva
A mais nova do governo golpista de Bolsonaro é colocar a Agência Nacional de Cinema, a Ancine, sob o comando de um evangélico. Segundo porta voz do governo, a Ancine tem que estar alinhada com o “sentimento cristão”. O absurdo foi proferido por Otávio Rego de Barros que declarou em nome de Bolsonaro: “É muito importante que o produto da Ancine esteja alinhado com o sentimento da maioria da nossa sociedade, que é 1 sentimento de dever, de cultura adequada, com sentimento cristão. É nesse sentido que o presidente vem sempre defendendo e, às vezes, até mesmo buscando reorientar o produto advindo da Ancine”. Bolsonaro quer transformar a agência de cinema numa produtora evangélica de filmes. 0Aos poucos o governo ilegítimo de Bolsonaro está acabando com o cinema brasileiro. A perseguição já persiste há várias semanas. A Ancine já teve sua sede transferida do Rio de Janeiro para Brasília. Sua pasta saiu do ex-Ministério da Cultura para o Ministério da Casa Civil. Bolsonaro fez recentemente uma transmissão censurando ao vivo diversas produções LGBT que concorriam a edital da agência para a captação de verbas para a produção. 0Recentemente a Ancine teve seu Presidente, ainda empossado no governo Temer, Christian de Castro afastado sob denúncia do Ministério Público Federal de ter utilizado informações da agência para se favorecer. A denúncia ainda inclui servidores da Ancine e o ex-Ministro da Cultura e atual Secretário da Cultura do governo Doria, de São Paulo, Sérgio de Sá Leitão, 0A denúncia e o afastamento de Castro são medidas que visam enfraquecer ainda mais a agência e favorecer a política de Bolsonaro de controlar por completo a produção
audiovisual brasileira. Vale lembrar que o presidente fascista já havia declarado que se pudesse teria “degolado” toda a diretoria da agência , mas não podia, pois os membros possuem mandatos. Após o afastamento de castro Bolsonaro disse que é desejo dele que o próximo presidente da Ancine seja “terrivelmente evangélico”, daqueles que sabem de cor “200 versículos bíblicos” e que andasse com a Bíblia debaixo do braço. 0Com esta política Bolsonaro quer colocar a produção cinematográfica brasileira nas mãos de “Deus”, ou seja, acabar com o cinema brasileiro. Transformar a Ancine em uma sucursal da emissora de Edir Macedo. Produzir apenas aquilo que estiver com os preceitos de “Deus”. 0É o fim do cinema brasileiro, o fim das pequenas produções de cunho autoral, dos novos cineastas, do cinema criativo, premiado. O cinema brasileiro caminha para o abismo e para impedir o desastre só derrubando o governo Bolsonaro. Fora Bolsonaro e todos os golpistas!
que destruiu os partidos burgueses, como o MDB e o PSDB, obrigando a burguesia a escolher Bolsonaro como seu representante. Bolsonaro, político ligado a setores médios da burguesia, foi colocado no poder para que a direita conseguisse dar continuidade ao seu programa de pilhagem da América Latina. No entanto, o governo está se mostrando um fracasso: a revolta popular contra a direita é cada vez maior e a política econômica de Bolsonaro, um desastre. A “eleição” de Bolsonaro, portanto, não resolveu a crise provocada pelo golpe – pelo contrário, a crise do regime po-
lítico é ainda mais profunda e abre um espaço para a intervenção das massas na situação política. O que está em jogo no momento é mobilizar os trabalhadores para derrubar o semi-liquidado governo Bolsonaro ou permitir que este dure até 2022, o que poderá levar a burguesia a se organizar e estabelecer um governo forte para atacar os trabalhadores. Por isso, é preciso organizar um amplo movimento pela derrubada imediata do governo Bolsonaro e por eleições gerais, colocando o regime político contra a parede. Fora Bolsonaro e todos os golpistas!
CAUSA OPERÁRIA ILUSTRADA
POLÍTICA | POLÊMICA | 3
NADA DE VERDE-AMARELO
Responder o bolsonarismo nas ruas, de vermelho, neste 7 de setembro O PCdoB tem se esforçado para abandonar a cor vermelha nos atos do dia 7 de setembro. Uma política capituladora. É preciso haver um enfrentamento real aos bolsonaristas Falta pouco para mais um 7 de setembro e, portanto, para atos políticos da direita para fazer demagogia com os símbolos nacionais, de um lado, e o Grito dos Excluídos, que reúne diversas organizações de luta do povo brasileiro, de outro. Lembrando o ex-presidente Fernando Collor, o golpista Jair Bolsonaro pediu aos seus apoiadores para irem aos atos de verde e amarelo: “Eu lembro lá atrás que um presidente disse isso e se deu mal. Mas não é o nosso caso”. Quando Collor pediu algo parecido, como se sabe, as ruas foram tomadas por gente vestindo preto. A UNE, agora, tenta repetir esta operação. Após terem recuado sobre a posição de ir com as cores verde e amarela para os atos do dia 7, agora a organização estudantil quer ir de preto. Todas as cores, menos o vermelho, que
desde o século XVIII, representa a luta dos excluídos e explorados do mundo todo. Trata-se de uma política capituladora, que segue a tentativa do PCdoB (que controla a UNE) de realizar alianças com setores da direita. Por isso, neste dia 7 de setembro, a esquerda deve ir aos tradicionais protestos do Grito dos Excluídos levando sua cor vermelha e suas palavras de ordem contra o governo. O bolsonarismo só poderá ser combatido se houver uma oposição de fato contra o governo. Nada de medidas conciliatórias. Apenas um enfrentamento real poderá ser vitorioso. E este enfrentamento passa, necessariamente, pelo uso das cores de luta dos trabalhadores, que os fascistas tanto odeiam, quanto pelo Fora Bolsonaro e a luta pela liberdade de Lula.
LIBERTAR LULA DERRUBA O GOLPE
Saiba como participar do ato do dia 14 pela liberdade de Lula Não há qualquer sentido em “aguentar Bolsonaro até 2022” ou “colocar Bolsonaro na linha” Você certamente percebeu que a prisão de Lula foi a principal manobra para tirar o candidato favorito das eleições e colocar Jair Bolsonaro na presidência, um governo que só tem aprofundado a crise. Em menos de um ano, o governo ilegítimo do Bolsonaro atacou a população trabalhadora, indígenas, quilombolas, a educação, a saúde, as homossexuais, os artistas, os negros e pobres de tudo quanto é jeito. Ele está destruindo o Brasil e entregando nossas riquezas e empresas estatais aos gringos. Não há qualquer sentido em “aguentar Bolsonaro até 2022” ou “colocar Bolsonaro na linha”, como pretendem os setores capituladores e pelegos da esquerda pequeno-burguesa. Muito menos um impeachment por dentro do regime, substituindo Bolsonaro por um Mourão, Rodrigo Maia ou qualquer outro golpista. Para libertar o presidente Lula é preciso derrubar o regime golpista, e para se convocar novas eleições minimamente democráticas, é preciso que Lula esteja solto e participe! Você quer fazer alguma coisa sobre essa situação? Exigir a liberdade do Lula, que é
um preso evidentemente político e deveria ser o presidente do Brasil e não esse desastre que está aí? Vamos para Curitiba, onde Lula está fraudulentamente e injustamente há mais de 500 dias, no dia 14 de setembro, sábado, gritar nas ruas Liberdade para Lula e Fora Bolsonaro! Vamos sacudir a cidade e demonstrar nossa indignação. Vamos juntar uma multidão. O maior sindicato dos professores do Brasil, por exemplo, a Apeoesp, já confirmou presença: as noventa e três subsedes organizarão caravanas para Curitiba, com a intenção de pressionar uma mobilização contra todo esse aparato golpista, que é um importante mecanismo da direita. Vão sair caravanas de ônibus de todos os cantos do País. Reserve já o seu lugar em um deles. O Partido da Causa Operária (PCO) está organizando caravanas que sairão dos seguintes lugares: SÃO PAULO: São Paulo, Campinas, Embu das Artes, Araraquara, Ribeirão Preto, São José do Rio Preto, Assis, Marília, Bauru; PARANÁ: Londrina; SANTA CATARINA: Florianópolis e Blumenau;
RIO GRANDE DO SUL: Porto Alegre; RIO DE JANEIRO: Rio de Janeiro e Volta Redonda; MINAS GERAIS: Belo Horizonte; DISTRITO FEDERAL: Brasília; MATO GROSSO DO SUL: Campo Grande; MATO GROSSO: Cuiabá; BAHIA: Salvador e Porto Seguro; ALAGOAS: Maceió; PERNAMBUCO: Recife; RIO
GRANDE DO NORTE: Natal; CEARÁ: Fortaleza e Juazeiro do Norte; PIAUÍ: Teresina; MARANHÃO: São Luís; PARÁ: Belém; TOCANTINS: Palmas. Entre em contato com o PCO e marque seu lugar no ônibus para Curitiba. Não fique de fora! Todos a Curitiba! Liberdade para Lula!
4 | POLÍTICA
“NUCLEO DURO É MINORITARIO”
Para Datafolha, “fanáticos” seriam 12%. É hora do Fora Bolsonaro Situação evidencia perda de apoio entre alas importantes da burguesia e da classe média desesperada que nele votaram Por outro lado, a maioria da esquerda pequeno burguesa e burguesa, sempre acompanhou as “análises” da direita, baseadas em tais pesquisas que, enquanto puderam, procuravam apresentar sempre que os setores golpistas, em particular o bolsonarismo, eram praticamente imbatíveis, que Bolsonaro – supostamente – teria conquistado o apoio da maioria da população brasileira etc. Tais “dados”, nunca corresponderam à realidade. Pelo contrário, eram uma clara falsificação e uma “análise” que visava reforçar a aparente força do governo e manter essa esquerda na defensiva diante do regime golpista e de usa ofensiva diante das massas. Isso porque o então candidato Bolsonaro, mesmo contando com o apoio da justiça golpista que afastou Lula do processo eleitoral, da imprensa golpista, de praticamente todos os partidos do grande capital etc, teve nas eleições o apoio de cerca de um terço do eleitorado, com dois terços se opondo à sua eleição, seja votando no candidato reserva da esquerda, se abstendo de votar ou ainda votando nulo ou branco. Com bases em tais conclusões, essa esquerda procurou sempre afirmar – de forma covarde – que não era possível levar adiante uma luta de massas contra o governo Bolsonaro, pela sua
derrubada. Chegou a ponto de validar a eleição fraudulenta e até mesmo a deseja “sucesso” ou “sorte” para o presidente fascista, totalmente servil aos interesses do grande capital norte-americano contra o povo brasileiro. Em apenas oito meses de governo Bolsonaro, a situação evoluiu em direção claramente no sentido de uma perda do apoio minoritário que Bolsonaro possuía. Entre as massas não demorou muito para que se manifestasse a rejeição majoritária ao governo. Já no carnaval (quando o governo recém começava), milhões gritaram nas ruas e clubes, “hei, Bolsonaro, vtnc!”. Na medida em que o governo agia e atacava os trabalhadores, vieram as manifestações de rua, lideradas pelo ativismo de esquerda. Nelas cresceu e dominou a tendência de luta contra Bolsonaro, expresso – cada vez mais – na palavra-de-ordem de “fora Bolsonaro”. A maioria das direções da esquerda procurou conter – sem êxito – essa tendência, tentando limitar a luta contra o governo à luta por reivindicações parciais como a luta contra os cortes na Educação ou contra o roubo da Previdência (que uma parte dessa esquerda apoiou e apóia). Agora, em meio ao avanço da crise capitalista, que acentua a divisão no in-
terior das frações da burguesia, e quando um setor da burguesia intensifica a discussão sobre a continuidade ou não do governo Bolsonaro (totalmente impotente diante da crise), a imprensa capitalista e seus institutos, ampliam a divulgação de pesquisas que mostram o aumento da rejeição ao governo, apresentando dados que mostram que os que consideram o mesmo como ruim ou péssimo chegando a 40%, enquanto ai a menos de 15% os que consideram o governo como ótimo ou bom. Na mais recente pesquisa, do Datafolha, destaca-se que o “núcleo duro de entusiastas de Bolsonaro, isto é, que votou nele no último pleito, classifica sua gestão como ótima ou boa e diz confiar muito nas suas declarações, corresponde a 12% da população brasileira“. É evidente que tais pesquisas, como todas as realizadas pelos golpistas, são manipuladas pela burguesia para não mostrar a crise total, de fato, do governo fraudulento. Da mesma forma que as “pesquisas” feitas antes do golpe, procuravam apresentar que o governo Dilma, por exemplo, não tinha praticamente nenhum apoio, para facilitar a tarefa de sua derrubada, por meio do impeachment fraudulento, comprado etc. Uma situação que deixa evidente a
perda de apoio do governo entre setores importantes da própria burguesia, entre os setores desesperados da classe média que nele votaram para impedir a vitória do PT e a imensa rejeição popular ao governo, principalmente entre as massas que sofrem na pele as consequências de sua politica, por meio do aumento do desemprego, da fome, dos cortes da Educação, Saúde, Moradia etc. etc. É correto supor que mais de 80% da população não apoiam o governo e que menos de 10% o apoiam de forma fanática.Uma minoria que mostra claramente que o governo pode ser derrotado e derrubado por meio da mobilização popular. A esquerda que dizia se render às pesquisas para dizer que não era possível lutar contra Bolsonaro, agora, pedir a sua derrubada etc. precisa abandonar sua posição conservadora e assumir uma posição de vanguarda, de sintonia com a revolta popular contra o governo e colocar em ação uma ampla mobilização contra o governo ilegítimo, pelo fora Bolsonaro e todos os golpistas, pela anulação das eleições fraudulentas que o levaram ao governo o fascista, capacho do imperialismo, pela anulação da criminosa operação lava jato e imediata liberdade de Lula e de todos os presos político, convocação de eleições gerais, com Lula candidato.
IMPRENSA GOLPISTA
Datafolha é confiável? 7 vezes em que o Datafolha manipulou os dados Frequentemente, a esquerda pequeno-burguesa baseia suas análises nas pesquisas dos institutos de pesquisa da burguesia. Trata-se de um erro para a luta política. Recentemente, o instituto de pesquisa Datafolha, pertencente ao jornal golpista Folha de S. Paulo, divulgou um pesquisa que revela uma queda de popularidade do governo Bolsonaro. Imediatamente, setores da esquerda nacional passaram a divulgar a campanha, atestando a veracidade de seus resultados, alegando que, de fato, Bolsonaro teria assumido o poder com grande popularidade. Os dados do Datafolha e dos demais institutos de pesquisa não são um reflexo da realidade, mas sim o reflexo dos interesses da burguesia, que controla essas pesquisas. O governo Bolsonaro, por exemplo, nunca teve a popularidade que era descrita pela Datafolha e a queda apresentada na última pesquisa é, certamente, inferior à impopularidade real do governo, contestado em cada esquina do país. Veja abaixo sete vezes em que o Datafolha errou, mostrando que não deve ser um instrumento confiável para a análise da esquerda sobre a situação política. 1 – Wilson Witzel (PSC-RJ) aparece com mais de o triplo de votos previstos pelo Datafolha
Segundo a pesquisa do Datafolha, o candidato pelo PSC ao governo do Rio de Janeiro Wilson Witzel teria apenas 11% dos votos nas eleições de 2018. No entanto, Witzel apareceu com 41,3% dos votos nas urnas e acabou sendo eleito no segundo turno. 2 – Romeu Zema (Novo-MG) ultrapassa Pimentel e Anastasia O candidato Romeu Zema (Novo), desconhecido da grande maioria da população, aparecia nas pesquisas do Datafolha com apenas 24%, sendo o terceiro colocado nas intenções de voto para governador do estado de Minas Gerais. No dia da eleição, Zema alcançou 42% dos votos e saiu como primeiro colocado do primeiro turno. 3 – Datafolha manipula votação da direita em 2014 para “empolgar” campanha de Aécio Neves Em 2014, a direita utilizou, durante toda a campanha eleitoral para presidente da República, as candidaturas de Aécio Neves (PSDB-MG) e de Marina Silva (PSB-AC). A última pesquisa do Datafolha antes da eleição mostrava que
Dilma Rousseff obteria 44% dos votos válidos, Aécio Neves, 24%, e Marina Silva, 22%. No entanto, no dia da eleição, Aécio Neves conseguiu alcançar 33,55%, enquanto Dilma obteve 41,49%. Com isso, a burguesia procurou mostrar que a campanha do PSDB estaria crescendo, enquanto a do PT estaria em declínio. 4 – Para Datafolha, maioria queria ver Temer terminar o mandato Em julho de 2016, o Datafolha publicou uma pesquisa segundo a qual 50% da população queria que o presidente golpista Michel Temer permanecesse na presidência. Pouco tempo depois, centenas de escolas e universidades em todo o país eram ocupadas contra o governo. 5 – Eduardo Suplicy (PT-SP) fica de fora do Senado Nas vésperas das eleições de 2018 para senador da República, Eduardo Suplicy (PT-SP) aparecia nas pesquisas do Datafolha com 25% das intenções de voto, liderando a disputa. Entretanto, Suplicy obteve apenas 13,25% nas urnas, ficando de fora do Congresso.
6 – Pesquisa de boca-de-urna dava vitória a FHC, mas foi Jânio quem se tornou prefeito O jornalista Luiz Carlos Azenha já contou em seu portal Viomundo que, em 1985, nas eleições municipais para prefeito de São Paulo, a pesquisa do Datafolha de boca-de-urna apontava para uma vitória de Fernando Henrique Cardoso. Mas foi Jânio Quadros, seu adversário, quem venceu as eleições. 7 – Bolsonaro seria derrotado por Haddad, Alckmin ou Ciro Gomes As eleições de 2018 foram uma das fraudes mais escandalosas da história. Para que a burguesia conseguisse eleger um representante dos interesses do imperialismo, foi necessário cassar os direitos políticos do ex-presidente Lula e realizar uma série de manobras para que a esquerda não contestasse as eleições e entrasse de cabeça na campanha eleitoral. Uma dessas manobras consistia em atestar, por meio dos institutos de pesquisa, que Bolsonaro seria derrotado em qualquer cenário no segundo turno. No dia 25 de outubro, contudo, Bolsonaro venceu as eleições.
POLÍTICA | 5
A PREOCUPAÇÃO DA BURGUESIA
Armínio Fraga: a alta burguesia com restrições a Bolsonaro Fraga demonstra que a instabilidade política gerada pelo golpe está longe de ser superada e o governo Bolsonaro é visto com crescente preocupação pela alta-burguesia Em entrevista concedida ao “O Globo” no último domingo (01), Armínio Fraga, notório porta-voz da burguesia imperialista no Brasil, deixou claro, através das inúmeras restrições apontadas, que Bolsonaro está perdendo apoio até mesmo entre os principais agentes do golpe de 2016. Fraga demonstra que, para a burguesia, a instabilidade política gerada pelo golpe está longe de ser superada. Pelo contrário, o governo Bolsonaro é visto com crescente preocupação pela burguesia, como um fator de acirramento desta instabilidade: “O quadro geral inspira cuidados. (…) Esse clima afeta as decisões das empresas e das pessoas, e representa um retrocesso no desenho de país que temos que construir. Há no ar também uma certa forma truculenta de agir. O aparelho de Estado não pode ser pressionado ou usado para ameaçar pessoas.” Como é natural, a instabilidade política leva à polarização crescente da sociedade, justamente o que a burguesia mais teme, já que a polarização política deixa evidente a polarização natural de uma sociedade de exploração. Tornam-se claros, aos olhos do povo, os campos em luta. Preocupado com esta situação, Fraga fala em diminuir a “imensa desigualdade” existente na sociedade: “É fundamental tratar da nossa imensa desigualdade. E não é uma questão “apenas” de cunho social, como se isso não bastasse, mas vai além. Um trabalho mais profundo nesta área teria consequências positivas para o crescimento. (…) É algo que, se não tra-
tado, vai continuar a polarizar o nosso país, vai nos fazer vítimas fáceis de populismo e, portanto, tem um impacto indireto gravíssimo sobre a capacidade de o Brasil melhorar.” É evidente que a burguesia não tem nenhuma preocupação de cunho humanitário. Fraga foi justamente o principal cúmplice dos piores crimes do governo FHC contra o povo, que levou a desigualdade a um grau tão grande intensidade, que por pouco não ocorre uma explosão social O que as palavras de Fraga demonstram, entretanto, é que o imperialismo está consciente de que a instabilidade política crescente tende a levar o país a uma ruptura social capaz de ameaçar a própria burguesia. É o que Fraga chama de “populismo”, clássico jargão da burguesia para esconder o que realmente lhe coloca receio: que a crise política e econômica leve o povo a perceber que a solução de seus problemas passa necessariamente pela radicalização revolucionária da luta. Considerando que, no que se refere à democracia, o “retrocesso já aconteceu”, e “o risco é que piore mais ainda”, Fraga demonstra todo o descontentamento da burguesia com a condução política do país, utilizando-se do exemplo da questão da Amazônia: “Por exemplo: o tema da Amazônia está nas manchetes do mundo inteiro. A maneira como o assunto vem sendo conduzido (pelo governo) desde seu início afeta decisões em outras áreas. As pessoas param para pensar. Será que o que nós estamos vendo no meio ambiente e na educação vai se repetir
em outras áreas? É claro que é possível. Está tudo muito imbricado com a questão maior do investimento, da confiança, até mesmo do gasto das pessoas, que ficam com medo. Além disso, o Brasil segue com um desemprego muito alto, muita gente vai ficando para trás e o ambiente de negócios fica prejudicado.” Fraga termina seu pensamento com uma frase que pode soar como uma verdadeira ameaça da burguesia capitalista ao governo Bolsonaro: “Muita gente elogia a economia publicamente, mas não investe.” A preocupação com o descrédito da Lava Jato também é clara. Fraga coloca na conta dos hábitos de baixo clero parlamentar de Bolsonaro a desarticulação da operação imperialista: “As tensões aumentaram, com grupos claramente procurando atrapalhar o funcionamento da Lava-Jato. Mais recentemente, questões ligadas à família do presidente criaram uma
“aliança” surpreendente contra as investigações, contraditória em relação ao que se viu na campanha. As instituições têm sido severamente testadas.” Apesar de todas as críticas, entretanto, o discurso de Fraga demonstra que se a burguesia ainda tende a querer colocar Bolsonaro “na linha”, a entrevista concedida justamente a um dos meios de comunicação mais diretamente ligados ao imperialismo, que é o Globo, e por meio de um de seus mais qualificados porta-vozes, como é o pajem econômico do “príncipe” Fernando Henrique, já estamos passando para o momento em que as ameaças da burguesia tendem a ficar mais contundentes. A entrevista de Fraga é sintoma – já em forma de ameaça – de que a alta-burguesia imperialista espera que Bolsonaro “entre na linha” imediatamente, ou seja, que coloque um fim na instabilidade política, e o faça logo.
DIREITOS JÁ
O centro falido da burguesia procura se recompor através da esquerda A esquerda que se alia com estes setores falidos estão ajudando na recomposição do centro político da grande burguesia Na segunda-feira (2), ocorreu no Teatro da Universidade Católica de São Paulo (TUCA), o lançamento do movimento “Direitos Já”, formada pelo PSDB, DEM, Podemos, Solidariedade, PPS/Cidadania, PSD, PV, PSB, PDT, PR, PROS e Rede, que foi apoiada inicialmente por Fernando Haddad, da ala direita do PT, e Guilherme Boulos, candidato à presidência do PSOL nas eleições de 2018. Trata-se de uma tentativa entre os que apoiaram o golpe e os que não apoiaram o golpe, uma forma de conter a polarização política atualmente existente no país. Em debate com Breno Altman na TV 247, o presidente nacional do Partido da Causa Operária, Rui Costa Pimenta, afirmou que essa tentativa procura “reconstruir o centro” política da grande burguesia, que entrou em estado de falência com o golpe de Estado.
Com o aumento da polarização política, os partidos tradicionais da burguesia entraram em uma crise generalizada. Partidos como estes que participaram do evento no TUCA, entraram em processo de decomposição; tanto a esquerda, quanto a direita se radicalizou. Tanto é que o único política da direita que ainda tem alguma base popular, mesmo que pe-
quena, é Bolsonaro, um elemento da extrema-direita. Isso pôde ser visto com as eleições de 2018. A direita, apesar da toda a tentativa de eleger um elemento representante da política tradicional da burguesia, como Geraldo Alckmin (PSDB), teve de abrir mão do candidato e apoiar, de conjunto, Jair Bolsonaro. Os partidos da burguesia que compõe o movimento “Direitos Já”, todos eles, apoiaram a candidatura de Bolsonaro para não eleger o PT, e agora procuram formar um movimento para colocar Bolsonaro na linha, controlar a política de devastação do governo. Essa manobra política se realiza através da aliança com setores da esquerda, como Fernando Haddad e Guilherme Boulos, pois vêem na esquerda um salvação, uma forma de recuperar uma certa popularidade.
Desta forma, a esquerda pequeno-burguesa que se alia com estes setores falidos estão ajudando na recomposição do centro político da grande burguesia, dos partidos tradicionais que historicamente atacam as organizações de luta dos trabalhadores e os direitos democráticos da população. Além disso, vale dizer que estes setores fazem parte da base política do bolsonarismo. Eles que ajudaram Bolsonaro a se eleger e são eles que ainda sustentam o governo do fascista. Por isso, uma integração da esquerda à base de Bolsonaro não pode, de forma alguma, incentivar a luta contra o governo. Muito pelo contrário, a única realização de tal frente é de controlar as manifestações contra a direita golpista, conter o avanço da luta contra o golpe sob as mãos da própria burguesia golpista.
6 | POLÍTICA
CRISE SE APROFUNDA
Agosto tem recorde de fuga de capitais desde 1996 Fuga de capitais é um dos principais sintomas da crise causada pelos golpistas A Bolsa de Valores de São Paulo sofreu em agosto a maior retirada de capitais para o estrangeiro desde 1996. Foram quase R$ 11 bilhões, diferença entre o volume de compras e vendas de ações ao longo daquele mês. A imprensa burguesa enfatizar que este problema decorre do receio dos capitalistas com uma recessão econômica global que se aproxima. Esta é apenas uma meia verdade, de uma burguesia que sempre se esquiva de assumir a culpa por sua própria política. No mês de maio último, diante de outra grande fuga de capitais, a burguesia brasileira culpou a greve dos caminhoneiros e dos petroleiros. A fuga de capitais acontece por que
a desconfiança dos capitalistas na economia brasileira é ainda maior do que a desconfiança na economia global. Não poderia ser diferente, já que a política de terra arrasada levada adiante pelos golpistas não dá aos capitalistas expectativas de retornos estáveis e permanentes. É um governo de espólio. Em suas próprias palavras, Bolsonaro não veio para construir nada. Veio para “acabar com os vermelhos”, ou seja, reprimir a população que tenta resistir ao roubo completo das riquezas que está sendo praticado. Num capitalismo global em crise, a grande burguesia trata de concentrar ao máximo suas riquezas, que assim voltam para os grandes centros financeiros.
O IMPERIALISMO CONTRA O PAÍS
GOLPISTAS ATACAM A SAÚDE
“Amazônia azul”: imperialismo Desde junho Brasil teve quase três quer roubar as riquezas brasileiras mil casos de sarampo Imperialismo planeja roubar as riquezas naturais do nosso país e esquartejar o Brasil, dividindo-o em vários países menores e mais controláveis Todo o povo brasileiro assistiu estupefato à devastação provocada pelas trapalhadas de Bolsonaro em torno do problema da Amazônia. Por causa de sua base direitista, no caso o agronegócio e os ruralistas, Bolsonaro colocou em marcha uma política extremamente predatória da floresta, o que permitiu que o imperialismo aproveitasse a oportunidade para entrar em campo sob a cobertura demagógica do “ambientalismo”. Embora alguns setores tenham sido enganados pelo “democrático” e “ecológico” Macron, presidente direitista da França, vimos um número considerável de pessoas que perceberam a manobra do imperialismo. É evidente que não há nenhuma preocupação ambiental com a Amazônia. Na realidade, o imperialismo deseja roubar a fortuna incalculável que está na floresta. Agora, temos visto mais uma “jóia” brasileira que está na mira do imperialismo: a orla marítima do país, uma gigantesca extensão territorial. O território brasileiro inclui, além de toda a extensão em terra, uma faixa de 370 quilômetros, que vai desde a orla marítima em direção ao oceano. Esta ampla faixa oceânica foi apelidada recentemente de “Amazônia Azul”, um nome sugestivo, que mostra a ideia de comparar esta parte do território brasileiro com a floresta amazônica. É uma extensão territorial muito grande, que possui cerca de 3,6 milhões de quilômetros quadrados, e que por este lado justifica a comparação com a Amazônia. Vemos aqui mais uma tentativa do imperialismo de achacar e desmembrar o Brasil. Conforme temos discutido em nossa imprensa de tempos
em tempos, um país de dimensões continentais como o Brasil, por mais que seja atrasado, acaba constituindo dificuldades para a dominação imperialista. Por conta disto, está nos planos do imperialismo há muito tempo a tarefa de pulverizar o país em muitos países menores, que seriam obviamente muito mais fáceis de se dominar. Para os que acham que se trata de uma “teoria da conspiração” convém relembrar o caso recente da Iugoslávia, onde o imperialismo fatiou o país assim como “Jack o Estripador” fazia com suas vítimas. Conforme se sabe, existe uma grande quantidade de petróleo no oceano brasileiro. No entanto, podemos imaginar que esta região contém ainda muitas outras riquezas desconhecidas, sejam elas minerais ou em termos de diversidade biológica. Além de tudo, a desculpa “ambiental” é uma “justificativa” que permitiria até a entrega da cidade de São Paulo com seus muitos milhões de habitantes, afinal, é uma metrópole muito poluída. É uma farsa completa. Seja de São Paulo, da Amazônia floresta, da sua versão “azul” ou do resto do país: do Brasil cuidam os brasileiros. O que estamos vendo aqui é mais uma tentativa do imperialismo de avançar sobre a integridade do Brasil e sobre as enormes riquezas do nosso país. Não podemos cair no “canto de sereia” do imperialismo, que não está nem um pouco preocupado com o meio ambiente do Brasil. O risco de divisão do país é uma ameaça real e muito grande, e não uma “teoria da conspiração”, como quer nos fazer acreditar a Folha de S. Paulo.
O golpe de Estado e seus representantes estão desenterrando doenças quase erradicadas A decadência do capitalismo, desde do início do século XX com muitas guerras mundiais, crises econômicas globais, sugere um grau de decadência em escala gigantesca, culminando em centenas de golpes de Estado. Um dos resultados do golpe, dentre tantos, é a volta de doenças quase erradicadas, como o Sarampo. O retrocesso, agravado com o aumento das doenças mostra que o capitalismo não é mais capaz de organizar coisas básicas como a saúde. A Secretária de Vigilância em saúde anunciou nesta quarta-feira (4) que aumentou do surto de transmissão de Sarampo no país, que já totalizam 2.753 casos desde de junho. O governo anunciou também que já foram enviadas aos estados 1,6 milhão de doses extras da vacina contra Sarampo, o que não é suficiente, haja visto ter 39,9 milhões de brasileiros, segundo a OMS, que perderam a oportunidade de se vacinar ao longa da vida. A vacina evita morte por esta doença. É uma doença transmitida por um
vírus altamente contagioso, que dá febre, mal-estar, dores pelo corpo, conjuntivite e bolinhas vermelhas espalhadas na pele. Esse vírus pode causar a pneumonia. Começa com tosse, falta de ar e muita dificuldade para respirar que evolui para insuficiência respiratória. É um vírus que pode causar cegueira, infecções no ouvido ou diarreia e também pode causar danos neurológicos. Portanto, é uma doença com alto potência de destruição do ser humano. Por conseguinte, o governo ilegítimo golpista Jair Bolsonaro confirma a sua política de extermínio da população. Uma das formas de destruir a população pobre é deixar morrer de doença. Concretamente, observa-se a política de terra arrasada que se estabelece seguida de uma crise capitalista sem precedente que assola o país e o mundo. É preciso que todos levantem-se, com suas bandeiras, faixas, cartazes e tomem as ruas para lutar pelo Fora Bolsonaro e todos os golpistas, eleições gerais com Lula candidato.
POLÍTICA | 7
ANO PERDIDO PARA A INDÚSTRIA
Primeiro ano de Bolsonaro é um ano perdido para a indústria Após tombo de -6,6% no ano de 2016, ano do golpe, com a retirada do PT do governo. Singela recuperação em 2017 e 2018, a produção industrial volta a cair, -1,3% O primeiro ano do governo de Jair Bolsonaro está perdido para a indústria. Após tombo de -6,6% no ano de 2016, ano do golpe, com a retirada do PT, a produção industrial ensaiou modesta recuperação de 2,5% em 2017 e 1% em 2018, após três anos em queda. Em 2014 e 2015 a produção também recuara, -3,2% em 2014 e -8,3% em 2015. No acumulado em 12 meses até julho de 2019, a produção voltou a cair, -1,3%. “Não há sinalização de que esse movimento será revertido”, avalia o economista Rafael Cagnin, do Instituto de Estudos para o Desenvolvimento Industrial (Iedi.) “O ano de 2019 será de estagnação no setor e o risco de haver queda no saldo do período não é desprezível. Não há sinalização de que esse movimento será revertido”, afirmou nesta terça-feira, 3, Rafael Cagnin, economista do Instituto de Estudos para o Desenvolvimento Industrial (Iedi), ao jornal Valor Econômico. A variação negativa da indústria nos
últimos três meses deve-se ao ramo da transformação, diz. Parte do recuo na indústria se deve à crise na Argentina. A queda das exportações do Brasil para o vizinho vai além dos automóveis, principal produto. “Toda a exportação da cadeia automobilística tem sido afetada, pneumáticos, motores, autopeças dentre outros insumos”, exemplificou. Também ouve recuo dos intermediários para a indústria de alimentos e têxtil. Tudo
Isso explica a baixa de 0,5% na produção de bens intermediários. Mas, “É o mercado interno que impede que a indústria dê um passo à frente”, finaliza Cagnin. Retomada do crescimento passa pela melhora do investimento No período de abril a junho, a taxa de investimento no Brasil foi de 15,9% do PIB, segundo dados do Ins-
tituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) divulgados na quinta-feira (29/08/2019). O resultado permanece aquém do que o Brasil precisaria para retomar um crescimento no longo prazo e segue abaixo do pico de 21% em 2013, durante do governo do PT. Esse pífio nível de investimento, 15,9%, também é inferior ao que é investido nos países emergentes, informa GloboNews e o portal G1, em 30/08/2019. O maior destino de exportação de produtos industriais, a Argentina, compra 40% menos. Por outro lado, o rendimento médio do brasileiro recuou 1% no trimestre último. Exportações desabando. Consumo interno patinando. Socorrer-se em retomada industrial pelos possíveis investimentos do governo Bolsonaro, melhor esquecer: Os investimentos públicos em 2020 do governo do golpe serão de apenas 19,360 bilhões de reais, o menor nível de investimento da história, segundo o secretário especial de Fazenda, Waldery Rodrigues.
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8 | POLÊMICA
VERDE-AMARELISMO DA ESQUERDA
PCdoB ou Bolsonaro? A quem pertence o verde-amarelo? A esquerda, impulsionada pelo PCdoB estão convocando as pessoas para irem nas manifestações do 7 de setembro de preto, em lugar no vermelho tradicional da esquerda Nesta semana (03/09), o presidente ilegítimo Jair Bolsonaro pediu para que os brasileiros participassem nos atos do dia 7 de setembro, dia da independência do Brasil, com as cores verde e amarelo. O interessante é que Bolsonaro tem a mesma proposta de setores da esquerda para as manifestações do Grito dos Excluídos. A União Nacional dos Estudantes (UNE) e o PCdoB também convocaram os manifestantes para irem aos atos de verde-amarelo. O presidente da UNE, Iago Montalvão, é um adepto do verde-amarelismo e em diversas publicações aparece com a camisa da seleção brasileira e carregando bandeiras do Brasil nas convocações das manifestações. Nas suas redes sociais oficiais, o Psol também embarcou na onda e reproduziu o chamado da UNE acrescentando o seguinte comentário: “Pra quem reclamava que não tinha protesto contra o governo de sábado e com verde e amarelo…” Agora que Bolsonaro convocou os coxinhas para saírem as ruas de verde e amarelo, a UNE está convocando o ato para ir de preto. Segundo o presidente da UNE, Iago Montalvão o preto seria porque “para nós, significa o luto pela situação da Amazônia e da Educação. É um grito de quase morte por causa dessas políticas”.
A cor preta é para tirar o vermelho, cor conhecida no mundo todo por representar movimentos de esquerda, por qualquer outra cor. A utilização do verde e amarelo verde é muito estranho, uma vez que todos os atos realizados pela direita foram totalmente cheio de manifestantes com essas cores e que confunde amplamente a população de que haveria interesses comuns entre a direita golpista e a esquerda. O debate que tem que ser feito sobre o verde e amarelo é sobre um estímulo da burguesia para esconder a polarização política com um grande movimento patriótico entre todos os brasileiros e, de maneira evidente,
reciclar uma grande parte da direita responsável pela situação de avanço do fascismo. Essa direita que apoiou o golpe e a perseguição a Lula e ao PT, ou os chamados coxinhas arrependidos, não devem ser aproximados do movimento de luta contra a extrema direita e Bolsonaro pois são apoiadores destes e se “arrependeram” por conveniência e divergências em pontos extremamente secundários. É um setor que prega a perseguição e aniquilação da esquerda, dos trabalhadores sem-terra, das terras indígenas, apoiadores da polícia fascista e que quer manter Lula na cadeia de todas as formas. Essa é a chamada Frente Ampla que reuniu nesta semana no
TUCA (Teatro da Pontifícia Universidade Católica de São Paulo) uma verdadeira convenção de vampiros. Nessa convenção de vampiros chamada de Direitos Já: Fórum pela Democracia, que reuniu políticos da direita tradicional e que ajudaram Bolsonaro a chegar na presidência e realizar todos os ataques até agora, como o PSDB, FHC, Kassab, Ciro, Novo e outros vampiros. Além de parlamentares e representantes de partidos de esquerda. O que a esquerda precisa discutir é que há um amplo apoio da população e da classe trabalhadora ao Fora Bolsonaro e a liberdade de Lula, e até pela anulação das eleições fraudadas. Não é preciso se unificar em torno da direita golpista para derrubar Bolsonaro e a ofensiva da direita. A esquerda precisa parar de se esconder e correr atrás destes setores que somente vão levar a um aprofundamento do golpe e tratar de mobilizar a população e a classe trabalhadora para as ruas e canalizar a revolta contra Bolsonaro e seus ataques para a derrubada do governo. A manifestações devem ser convocadas pela esquerda e deve ser forrada de vermelho e das palavras de ordem de Fora Bolsonaro, pela liberdade de Lula e anulação de todos os processos fraudulentos da operação golpista da Lava Jato, pela anulação das eleições.
POLÊMICA | 9
RUI C. PIMENTA E BRENO ALTMAN
Debate: é hora de agir contra Bolsonaro ou “resistir”? Em debate na TV 247, Rui Costa Pimenta argumentou em defesa do Fora Bolsonaro, em contraposição à política de “resistência” defendida por Breno Altman Nesta terça-feira (3), ocorreu o debate entre o presidente nacional do Partido da Causa Operária (PCO), Rui Costa Pimenta, e o analista petista, Breno Altman, na TV 247. O intuito do debate foi debater o Fora Bolsonaro, entre outras questões. O presidente do PCO apresentou um cenário que deixou explícita a crise interna da burguesia, afirmando que “a burguesia não vai hesitar em rifar Bolsonaro”. Segundo ele, Bolsonaro não está conseguindo abrir as portas para a recuperação econômica de nenhum setor e o governo tem levado adiante uma política desastrosa para setores da burguesia nacional. Rui Costa Pimenta apresentou como exemplo o problema da venda de carne brasileira, que foi profundamente prejudicada pela política, à mando do imperialismo norte-americano, de ataques aos países árabes. Os conflitos com o Irã e com outros países do Oriente Médio e do norte da África, prejudicaram extremamente um setor do agronegócio brasileiro que tinha relações econômicas com estes países. Além disso, a política de destruição total da economia nacional também não obtém apoio da burguesia nacional brasileira, que vê isso como um desastre total. Rui apresentou diversos exemplos que deixam claro uma ruptura de setores da burguesia com o governo fraudulento, revelando que Bolsonaro atende somente aos interesses do imperialismo, sem procurar unificar o bloco burguês, estimulando as contradições econômicas, e portanto os interesses contraditórios, dos diversos setores das classes dominantes. Altman, entretanto, procurou apresentar um panorama contrário. Segundo ele, “a estrutura capitalista mudou” e “o crescimento da economia já não é uma questão vital para a prosperidade do capital”. Para ele, basta que o “grande capital financeiro” esteja satisfeito para que toda o bloco burguês apoie o governo Bolsonaro, o que não leva em consideração as contradições internas entre os mais diversos setores da burguesia nacional e estrangeira. Por isso, o analista petista afirma que “não há conflito entre Bolsonaro e a burguesia”. O presidente nacional do Partido da Causa Operária rebate afirmando que “o Estado capitalista é governado por um bloco de forças políticas e sociais contraditórias, inclusive o imperialismo estrangeiro” com a burguesia nacional. Segundo Pimenta, Bolsonaro age “como representante direto do imperialismo” e o “Brasil não pode ter governo que responda apenas aos interesses do imperialismo”, pois isso não beneficia uma parcela grande da burguesia, porque “há vários blocos burgueses, todos com contradições entre si”. Para o dirigente trotskista estes blocos “precisam ser articulados com flexibilidade, para se manterem unidos,
apesar das enormes contradições”, algo que Bolsonaro não está conseguindo fazer. “Os banqueiros não pensam a mesma coisa que o grande capital industrial. O agronegócio não pensa o mesmo que os banqueiros. A indústria média é diferente da que atua nos mercados do exterior”. Bolsonaro não consegue unificar a burguesia, porque “a extrema-direita assumiu o papel principal como uma improvisação, não um planejamento”. E por isso, “a improvisação faz com que as contradições venham a tona”, para o presidente do PCO. Rui coloca como uma das principais tarefas da burguesia “encontrar uma política econômica que reunifique o bloco burguês”, que para ocorrer é preciso “tirar com uma mão e dar em troca com a outra”, ao exemplo do Plano Real, que prejudicou os exportadores e beneficiou os importadores, mas compensou os primeiros por meio dos ataques aos trabalhadores, com a retirada de direitos. E a dificuldade de realizar esta política se dá no fato de Bolsonaro ter sido improvisado e, por isso mesmo, não conseguiram superar a crise do golpe com a eleição. Rui Costa Pimenta coloca que estas “gigantescas incoerências políticas e econômicas, que aceleram a desagregação do Bolsonaro”, a falta de “coerência econômica” e a fraqueza política do governo colocam o Fora Bolsonaro como algo totalmente vigente. Os trabalhadores, segundo o analista marxista, precisam aproveitar esta crise generalizada para intensificar a luta contra o governo. Porém, Altman afirmou que “vivemos um período de defensiva”. Segundo ele, faltaria “análise de correlação de forças ao Rui”, pois o movimento operário e popular teria sofrido derrotas políticas táticas, estratégicas e estrutural de “amplo espectro”. Porém, segundo ele, como “nossas organizações [da esquerda] não foram destruídas, temos a capacidade de resistên-
cia”, que significa não partir para cima do governo, mas “resistir” aos ataques e esperar até as próximas eleições. Altman oferece uma análise totalmente derrotista que só poderia levar à depressão de seus ouvintes, afirmando que “a derrota veio a partir de 2015” e que, desde então, vivemos um “período histórico de resistência com um grau relativamente baixo”, pois, enquanto “a direita mobilizou camadas médias, a esquerda apenas [mobilizou] a vanguarda do movimento social”, desconsiderando toda a realidade política do atual momento. O que se pode ver, hoje em dia nas ruas, é uma crescente mobilização contra Bolsonaro e uma diminuição constante que é dado ao presidente fraudulento. Altman parece não ver isso, e afirma que “não dá para ser ofensivo”, pois segundo ele “é preciso somar batalhas, plantar sementes para transitar entre a resistência e a defensiva”, isto é, esperar até 2022, “resistindo aos ataques” e rezando para que Bolsonaro não destrua todo o país e as organizações de esquerda. Por isso, Altman não apresenta nenhuma alternativa à palavra de ordem Fora Bolsonaro, com a qual ele se opõe. Altman procura desviar a luta do Fora Bolsonaro e por novas Eleições Gerais, contrapondo-se ao impeachment dele, o que de fato seria entregar na mão da burguesia a iniciativa, retirar do povo a possibilidade de uma saída democrática. Porém, Rui Costa Pimenta que mesmo um impeachment de Bolsonaro aprofundaria a crise dos golpistas, pois “Mourão seria governo refém da crise até que se operasse reconstituição da crise”, algo com que Breno “não concorda nem historicamente nem politicamente”. Mas Rui afirmou que “a derrubada de um governo, em geral, não leva a um novo governo forte”, pois o segundo seria resultado da crise do primeiro. E se contrapôs à política de “resistência”, afirmando que “esperar as eleições é não fazer uma oposição
real”, comparando a situação de Bolsonaro com a situação de Collor no início da década de 1990. Rui afirma que, assim com Bolsonaro, Collor impôs um brutal ataque a todos os trabalhadores. O Plano Collor, o confisco da poupança da população e a política de colocar “milhões de trabalhadores no olho da rua”, segundo Pimenta, fez com que “no 1º mês do governo, a procura de emprego dava quatro voltas no quarteirão”. Além disso, o “sindicalismo ficou totalmente paralisado pela ofensiva econômica da burguesia” e “começaram as privatizações”, como da CSN. Esta política só foi derrotada quando Collor caiu, segundo o presidente do PCO. “A derrubada de Collor quebrou essa ofensiva”. Porém a falta da saída popular para a crise, através de eleições gerais, levou a burguesia a impor o impeachment e colocar Itamar, que se conteve de realizar todos os ataques que Collor pretendia. Estes ataques só voltaram com o Plano Real de FHC, que foi resultado da “colaboração das ‘oposições’”, que estavam na política de esperar até as próximas eleições, em 1994. Segundo Costa Pimenta, “o PT adotou a mesma política de hoje: vamos esperar as eleições e aí a gente vê… Isso, na realidade, é não fazer oposição real”, afirmou o presidente do PCO durante o debate. Rui afirmou que, ao contrário do que acredita Breno Altman, “não é a derrota que leva à paralisia, mas a falta de política”. E reforçou que as condições para o Fora Bolsonaro estão colocadas; “O povo na rua, não são só os ativistas, está gritando “Fora Bolsonaro”. No Carnaval, gritou em tudo quanto é lugar”. Porém, declarou que “não se pode esperar que o povo, sem direção política, saia na rua. Alguém tem que chamar, tem que organizar”, reforçando o papel da vanguarda que Altman não parece compreender. Afirmou que isso “é um aspecto importante”.
10 | CIDADES
EXTERMÍNIO DOS TRABALHADORES
Pedreiro é assassinado na Vila Kennedy e gera protestos É preciso denunciar o aprofundamento da repressão contra os trabalhadores… resultado do golpe de Estado e da política da extrema direita fascista, expressa em Bolsonaro e Witzel Na manhã dessa terça-feira (3), o pedreiro José Pio Baía Junior, de 45 anos, foi assassinado com um tiro na cabeça pela polícia do governador fascista Witzel (PSL), na Rua Etiópia – Vila Kennedy, no Bangu, zona oeste do Rio de Janeiro. José Pio trabalhava numa obra na laje quando foi alvejado com tiros da PM. Segundo depoimento de moradores dado ao portal O Dia, morador da região que não quis se identificar, disse: “A polícia o confundiu com bandido por ele estar na laje. Ele estava a cem metros de distância de onde estava tendo um confronto com o tráfico, perto da região da boca de fumo, mas fora da linha de tiro.” Outra moradora denunciou: “Ele estava trabalhando. Não merecia isso não. Mataram e nem socorreram ele”.
O pedreiro trabalhava na laje do bar Varandão da Gana, conforme denuncia o dono do estabelecimento: “Acabaram de matar um trabalhador em cima da minha laje, o cara fazendo a minha laje. O cara trabalhando, cara, o policial atirou. Não tinha ninguém, não tinha ninguém. Policial saiu dando tiro. É impressionante como a gente tá sofrendo aqui na Vila Kennedy”, desespera-se o morador. Indignada, a população fez uma manifestação de protesto bloqueando a Avenida Brasil do meio dia às 15:45 minutos e ateando fogo num ônibus. É preciso denunciar o aprofundamento da repressão contra os trabalhadores (sobretudo num bairro operário como a Vila Kennedy) resultado do golpe de Estado e da política da
extrema direita fascista, expressa em Bolsonaro e Witzel. A única forma de barrar essa ofensiva da direita é através da mobilização popular. Os trabalhadores que bloquearam a avenida
e atearam fogo no ônibus mostram a indignação popular que precisa ser orientada e canalizada para uma luta política de conjunto contra os golpistas, assassinos do povo.
RACISMO E TORTURA
DORIA QUER EDUCAÇÃO FASCISTA
Jovem foi torturado nu em supermercado em São Paulo
Doria manda recolher apostilas para fazer demagogia de extrema-direita
A cena é absurda e mostra que apesar de toda a campanha da direita para omitir o racismo, as marcas e práticas da escravidão no Brasil permeiam todas as relações no país até hoje
Doria faz demagogia para tentar agradar extrema direita, censurando professores e materiais didáticos
Nesta terça (3), circulou nas redes sociais um vídeo onde um jovem negro nu é chicoteado e ameaçado de morte seguidas vezes por seguranças de um supermercado. O fato ocorreu em julho, no supermercado Ricoy, na avenida Yervant Kissijikian – Vila Missionária, zona sul de São Paulo. Os seguranças estariam punindo o garoto (17 anos) supostamente por ele ter “roubado” um chocolate. Segundo o delegado: “Ali (num quarto no fundo da loja, onde o vídeo foi gravado] a vítima foi despida, amordaçada, amarrada e passou a ser torturada com um chicote de fios elétricos trançados. Permaneceu por cerca de 40 minutos, sendo agredido o tempo
todo”, afirmou o delegado Pedro Luís de Sousa, do 80º DP (Distrito Policial), localizado na Vila Joaniza. A cena é absurda e mostra que apesar de toda a campanha da direita para omitir o racismo, as marcas e práticas da escravidão no Brasil permeiam todas as relações no país até hoje. É preciso denunciar e combater energicamente a direita através da organização de todos os explorados (sobretudo a juventude negra), uma vez que a lei – que prevê o crime de tortura como hediondo no Brasil, com penas entre 2 a 8 anos de prisão – e as autoridades que deveriam cumpri-las são parte do regime de exploração, do racismo e da tortura contra os oprimidos.
O governador golpista do Estado de São Paulo, João Doria, mandou recolher apostilas do 8º ano da rede estadual de ensino público. A justificativa é a de que as apostilas fazem “ideologia de gênero”. O termo “ideologia de gênero” vem dos setores mais conservadores e direitistas da igreja católica e posteriormente atingiu outras igrejas. É amplamente utilizado por setores da direita como o dos defensores da “Escola sem partido”, também conhecido como “Escola com fascismo”, política fascista de tentativa de censurar os professores e trabalhadores da educação, transformando matérias escolares em caso de polícia e tentando desmobilizar setores muito bem organizados da esquerda brasileira, como é o caso
dos professores e de estudantes. Doria, que surfou na onda da extrema direita bolsonarista durante a eleição que o levou a governador do estado, não faz nada mais do que demagogia com os setores mais fascistas e reacionários brasileiros, com o intuito de tentar conquistar esses setores para as próximas eleições. A censura, que fere direitos democráticos como a liberdade de cátedra, corresponde ao clima fascista criado pelo golpe. A política obscurantista pós golpe de 2016 só poderá ser combatida nas ruas. É necessário que os trabalhadores se organizem sob as palavras de ordem de “Fora Bolsonaro” e “Lula Livre”, para derrotar o golpe e garantir os direitos democráticos da população.
MAIS PRIVATIZAÇÕES
Bahia: Prefeitura de Porto Seguro quer privatizar as ruas Empresa de zona azul se apropria do bem público para tirar mais dinheiro da população A prefeitura de Porto Seguro (BA) quer privatizar as ruas e entregá-las ao capital privado. A empresa Palmas Estacionamento Rotativo LTDA fechou um contrato para administrar os estacionamentos rotativos de curta duração (conhecidos também como zona azul), instalados em vias, logradouros e áreas públicas no município até o ano de 2029. A estimativa é de que, nesse prazo de dez
anos, a empresa consiga vampirizar 90 milhões de reais da população. A privatização dos espaços públicos e das ruas das cidades não significarão melhoras nas estruturas e no serviço de estacionamento. Trata-se apenas de uma apropriação de espaço físico comum a todos, que resultará em um ataque aos usuários das vias públicas, visando arrancar uma quantia exorbitante de dinheiro da
população e repassá-la às empresas privadas. O contrato foi fechado pelo valor de R$ 2.621.000,00 (dois milhões e seiscentos e vinte e um mil reais), enquanto o faturamento está previsto para cerca de R$ 90.000.000,00 (noventa milhões de reais), totalizando um lucro esperado de aproximadamente 87 milhões de reais, obtidos direto do bolso dos cidadãos.
A empresa já atua em outras cidades do país e quer ampliar ainda mais a sua exploração,sendo agora os habitantes de Porto Seguro o seu novo alvo, o que demonstra também que o cenário político entreguista está facilitando este tipo de ação. Para reverter este quadro de apropriação do patrimônio público, devemos mobilizar a população para barrar as privatizações e frear o golpe de estado.
MOVIMENTO OPERÁRIO | 11
CORREIOS
Assembleias dos Correios aprovam greve para o dia 11 de setembro Assembleia dos trabalhadores dos Correios aprova terceiro adiamento da greve da categoria e remarca nova data para 11 de setembro Na noite de terça-feira (03-09), foram realizadas mais de 20 assembleias de trabalhadores dos Correios pelo país inteiro, a fim de que os trabalhadores pudessem decidir se iriam ou não deflagar a greve para o dia seguinte. A data da greve para o dia 04 de setembro, foi indicada pelo Consin (Conselho de representantes de sindicatos) da Fentect (Federação Nacional dos Trabalhadores dos Correios) diante das ameaças do governo fraudulento de Jair Bolsonaro contra a categoria, que através do general Floriano Peixoto, presidente golpista da ECT (Empresa Brasileira de Correios e Telégrafos) anunciou que vai realizar cortes salariais e de benefícios no acordo coletivo de trabalho da empresa, para facilitar a privatização dos Correios. No entanto, os trabalhadores que participaram das assembleias do dia 04, foram novamente “convencidos” pelas direções sindicais de que era preciso adiar novamente a greve marcada, agora para 8 dias, a fim esperar a assembleia marcada na base do Sin-
dicato de São Paulo, controlada pelos pelegos da Federação Fantasma, para o dia 10 de setembro. Com o argumento de que é preciso manter a unidade, a fim de que todos os trabalhadores saiam em greve no
mesmo dia, o adiamento da greve do dia 04 para o dia 11 de setembro possibilitou que a empresa ganhasse mais 8 dias para desmotivar ainda mais a categoria para a luta. No entanto, os trabalhadores que
já estavam preparados para a greve, aprovaram que vão esperar até o dia 10 de setembro, com a afirmação que não vão acertar mais um adiamento do movimento de greve, até por que a categoria já está sem acordo coletivo de trabalho, e a direção da ECT já pode implementar o pagamento de salários, benefícios e direitos pela lei trabalhista ordinária, ou seja, aquilo que é estabelecido pela CLT (Consolidação das Leis Trabalhistas. É necessário que nos próximos dias a mobilização da categoria seja intensificada, de forma a conscientizar a categoria de que a greve vai ter que ser forte, combativa, com 100% da categoria, inclusive ocupando os prédios da empresa. Também é preciso que a greve seja uma alavanca na luta contra o governo golpista de Jair Bolsonaro, causador da destruição do patrimônio nacional, levantando a palavra de ordem de Fora Bolsonaro e todos os golpistas, com eleições gerais já, e liberdade para Lula.
DEMISSÃO NO ITAÚ
FALTAM DIVERSAS ESPECIALIDADES
Banqueiros vão mandar sete mil trabalhadores para a rua
SP: professores não tem psiquiatra para fazer tratamento
Banco Itaú irá demitir sete mil trabalhadores
No convênio dos servidores públicos do Estado de São Paulo falta diversas especialidades, como psiquiatra, fonoaudiologia, otorrinolaringologista, entre outros
Um dos maiores financiadores do golpe de estado no Brasil, os banqueiros, estão a todo o vapor em liquidar com os direitos, conquistas e o emprego dos trabalhadores para satisfazer o apetite de meia dúzia de parasitas que vivem às custas da exploração de toda a população. No último dia 31 de agosto terminou o prazo para os funcionários do Banco Itaú/Unibanco aderirem ao Plano de Desligamento “Voluntário” (PDV), que pretende colocar no olho da rua cerca de 7 mil trabalhadores. Conforme noticiado pela imprensa capitalista o número de adesões, ao famigerado PDV passaram do esperado pela direção do banco. “Temos um conjunto de cerca de 7 mil funcionários elegíveis e o porcentual de adesão dentro desse universo está acima do esperado”, disse Milton Maluhy, vice-presidente de finanças e risco de Itaú Unibanco. (site Estadão 03/9/19) Os Planos de Demissões “Voluntárias” são verdadeiros planos de terror e pressão, exercida pela direção dos bancos, desde a famigerada era de Fernando Henrique Cardoso (PSDB), como forma de demissão em massa de trabalhadores. No atual caso das demissões no Itaú, o terror é sobre os funcionários “elegíveis”: aqueles com idade igual ou superior a 55 anos, aos trabalhadores nos quais os cargos foram extintos no banco, aqueles que são egressos
de outros bancos em decorrência de fusão de empresas, aqueles funcionários que são detentores de estabilidade provisória (integrantes de Cipa, por exemplo) e por fim, trabalhadores que apresentam problemas de saúde com afastamentos previdenciários. Como a própria lista de “elegíveis já indica é uma política dos banqueiros do Itaú de colocar todos aqueles que são indesejáveis no olho da rua. Não é por acaso que além dos 7 mil elegíveis terem se candidatado para sair; é melhor sair com uma merrequinha, a mais, na mão (há um incentivo que o banco está “oferendo” para quem aderir) do que não aderir ao plano, e ser demitido logo em seguida com uma mão na frente e outra atrás. Há por parte dos banqueiros e de seus governos uma ofensiva reacionária contra os trabalhadores que visa única e exclusivamente aumentar o lucro desses parasitas através da superexploração dos trabalhadores e da desgraça de dezenas de milhares de famílias. É necessária uma ampla campanha dos trabalhadores e suas organizações contra a liquidação da categoria bancária. A luta em defesa do emprego deve estar vinculada à luta para derrotar o golpe e suas medidas, única maneira efetiva de se contrapor aos banqueiros e ao governo golpista por eles instalado. Fora Bolsonaro, eleições gerais, Liberdade para Lula.
Após o golpe de Estado de 2016, professores paulistas vêm sofrendo ainda mais com as perseguições da “escola com fascismo”, vigilância dos gestores, entre outros. A categoria que já sofria mais de vinte anos nas “garras” do PSDB, agora isso foi intensificado. Depois de alguns meses de governo, o golpista João Doria intensificou a perseguição aos professores e aumentou o sucateamento do IAMSPE. Os professores sofrem com a falta de diversas especialidades médicas, como psiquiatras, dermatologistas, fonoaudiologia e otorrino, especialidades fundamentais para os professores. Há uma ofensiva contra a saúde dos professores. Primeiro, somente existe a possibilidade de seis faltas médicas por ano, como alguém sabe que vai ficar doente seis vezes no ano e uma só no mês? Outra aberração são as faltas parciais, das quais somente usufrui o professor que tem carga completa de 40 horas semanais, os demais não. Alegam que os professores que tem menos aulas, a principio teriam mais tempo livre, no entanto há professores que têm menos aulas, porém são divididas ao longo do dia, muitas vezes fica inviável ir ao médico. Ou problema gravíssimo é a demora para marcar uma consulta, a espera chega a durar meses, um absurdo.
Há diversos professores trabalhando doentes, pois a política do golpista Doria é massacrar a categoria, transforma-lá em pó. Com a política de rapina promovida pelos golpistas, os professores estão a cada ano perdendo todos os seus direitos. Em certa medida perderam a licença saúde, pois se as aulas forem em substituição, não podem se afastar por mais de 15 dias. O professor está em uma situação de superexploração. Somente a mobilização da categoria e o controle do sindicato pelos trabalhadores é que a situação do professorado vai melhorar. O ataque a educação é duríssimo, é preciso uma greve que coloque em xeque os golpistas. Fora Bolsonaro e todos os golpistas! Liberdade para Lula! Eleições Gerais e Lula Candidato.
12 | INTERNACIONAL E MORADIA E TERRA
VENEZUELA REAGE
Maduro ordena exercícios militares na fronteira com a Colômbia Nicolás Maduro mobiliza tropas venezuelas como manobra preventiva de uma ameaça de guerra com a Colômbia O presidente da Venezuela, Nicolás Maduro, ordenou na última terça-feira (3) que as Forças Armadas venezuelanas façam exercícios militares na fronteira com a Colômbia entre os dias 10 e 28 de setembro. A ação determinada por Maduro é uma reação às declarações feitas pelo presidente da Colômbia, Ivan Duque, que acusou o governo venezuelano de dar apoio às FARC. Na semana passada, Ivan Márquez, líder das FARC, anunciou a retomada da guerrilha armada contra o governo da Colômbia. A decisão não foi bem aceita pelo presidente Ivan Duque, que aproveitou a situação e acusou a Venezuela de apoiar uma “quadrilha de narcoterroristas”, manifestando uma clara ameaça de guerra e demonstran-
do assim que o governo colombiano é completamente submisso aos interesses do imperialismo dos EUA. Maduro respondeu que Duque “quer acusar a Venezuela de causar uma guerra que tem 70 anos na Colômbia”, além de decretar “alerta laranja” na fronteira com o território colombiano, como manobra de defesa contra a ameaça do governo capacho dos norte-americanos. O governo da Colômbia demonstra, através do tom belicoso desta declaração política, o seu total alinhamento e subserviência à política dos EUA. Trata-se de mais uma opção de ataques e ameaças do imperialismo contra a Venezuela, que tem resistido bravamente às investidas.
DIREITA ATACA NO CAMPO
Latifundiários começam tomar Terra Indígena Pankararu Extrema direita do campo promove ataques contra indígenas Os indígenas que ocupam o território brasileiro há milênios, e lutam há 500 anos para tentar sobreviver à invasão predatória de países invasores, não têm seus direitos respeitados mesmo depois que ele é reconhecido pela Justiça. Um exemplo é vivido pelos Pankararu, do sertão pernambucano. A primeira sesmaria de terra foi reconhecida a eles por Dom Pedro I, em 1877. A decisão não foi respeitada e posseiros começaram a tomar conta do território. Em 1940 o Estado Novo reconheceria a eles apenas a metade da sesmaria original. E até hoje, cerca de 7.500 indígenas que habitam e dependem deste território invadido precisam lutar por seus direitos. As ameaças dos invasores nunca pararam, mesmo depois de serem indenizados pelo governo. Com Bol-
sonaro e sua carta branca ao latifúndio e à grilagem, os ataques disparam. De Outubro a Dezembro as comunidades passaram a sofrer com incêndios. Horas depois do resultado eleitoral, os invasores atearam fogo na escola municipal e no posto de saúde. Em dezembro o atentado foi à igreja e à escola estadual. Como de costume, nada as forças policiais fizeram vistas grossas, se é que não estão elas mesmas envolvidas. E como se pode perceber, a Justiça é ineficiente, mesmo para fazer cumprir suas próprias determinações, quando se trata de proteger a parcela mais pobre e sofrida do povo. Apenas o povo poderá defender a si mesmo. Os indígenas e demais povos do campo precisam organizar sua autodefesa contra o ataque dos grileiros, posseiros e latifundiários.
FISCALIZAÇÃO NÃO AJUDOU
Após fiscalização do Ibama, Terra Indígena tem pico de incêndios no MT A fiscalização de terras por parte do Ibama e da Polícia Federal golpista não irá impedir a floresta de queimar, somente a derrubada de Bolsonaro poderá salvar a Amazônia Três dias após uma operação do Ibama e da Polícia Federal para tentar identificar os responsáveis pelos incêndios no território indígena de Areões (MT), território ocupado por 1500 indígenas da etnia xavante, o Instituto Nacional de Pesquisas Especiais (Inpe) registrou 46 focos de incêndio na região. Fica claro que os responsáveis pelos incêndios não se sentiram afugentados pela operação, muito por conta de saber que quem vai preso no Brasil
são os pobres, e não os grandes latifundiários que tem interesse de tomar as terras indígenas. As florestas não vão parar de queimar com mais fiscalização. A única maneira de impedir a destruição da floresta, bem como proteger os povos indígenas e garantir a demarcação de suas terras é a derrubada do governo fascista de Bolsonaro, eleito por meio de um golpe de estado e com a clara intenção de entregar tudo o que é do povo.
NEGROS | CULTURA | JUVENTUDE | 13
LUTO NO SAMBA BRASILEIRO
Grande nome do samba, compositor Elton Medeiros morre aos 89 anos Morre Elton Medeiros, compositor de obras como “O Sol Nascerá” e “Peito Vazio”, interpretados por Cartola Elton Medeiros, sambista, compositor, negro, morreu aos 89 anos, morreu nesta quarta-feira (4) vítima de complicações de uma pneumonia. Parceiro de Cartola e parceiro de Paulinho da Viola, passou mal e foi levado para a casa de Saúde, Pinheiro Machado, onde morreu por volta das 20h15min. Considerado um dos maiores nomes do Samba brasileiro, desde dos 14 anos já compunha sambas para o carnaval. É fundador do bloco Tupi de Brás de Pina. Elton era atuante em movimentos em prol da música popular brasileira. Foi um dos idealistas do bar Zicartola. O sambista gravou alguns discos como “Samba na Madrugada” e “quatro
grandes do Samba”. Dono de uma personalidade muito forte sempre militou em defesa do puro samba, genuinamente brasileiro. Era contra o samba de caráter capitalista, sem respeito às raízes, era uma vanguardista do samba de belas melodias. Entre suas obras estão “O Sol Nascerá” nascido por volta de 1962, “Peito Vazio”, e se destacou no grupo Voz do Morro, gravou sambas de alta estirpe poética e melódica como “Recomeçar”(1979), “Onde a dor não tem razão” (1981) e “Ame” (1996), e fez o magistral “Mascarada”(1964), dentre outros. Elton Medeiros entrou para a galeria dos imortais da música do Brasil.
TRABALHO ANÁLOGO A ESCRAVIDÃO
BOLSONARO DESTRÓI A PESQUISA
Fiscalização resgata 59 pessoas escravizadas em MG
Bolsonaro corta mais gastos com a pesquisa, é preciso derrubá-lo
Investigação no interior de Minas Gerais encontra em fazendas de café trabalhadores que não tinham nem sequer água potável
O governo fraudulento de Bolsonaro planeja destruir completamente a pesquisa no país. Metade dos investimentos públicos na área são cortados
Auditores fiscais do trabalho, juntamente com agentes da Polícia Rodoviária Federal, resgataram 59 trabalhadores em condições análogas à escravidão nos municípios de Campos Altos e Santa Rosa da Serra (MG). As ações de fiscalizações foram realizadas entre os dias 19 e 28 de agosto. Além desta barbárie é preciso que seja dito que entre os trabalhadores haviam menores de 13, 14, 16 e 17 anos. Segundo informações divulgadas pela Secretaria Especial de Previdência e Trabalho do Ministério da Economia – uma vez que o Ministério do Trabalho foi extinto – os trabalhadores estavam em cafezais e faziam o trabalho de recolher os grãos que sobravam nos pés após a passagem da máquina sem qualquer tipo de equipamento de segurança do trabalho. Por mais absurdo que possa parecer, não havia água potável, nem mesmo instalações para a realização de refeições ou necessidades. As condições salariais também são um agravante, visto que os valores pagos são inferiores ao salário mínimo que não é capaz de suprir as necessidades de subsistência do trabalhador do campo ou da cidade. Além disso não tinham carteira assinada que per-
mite ao patrão pagar qualquer quantia caso haja qualquer inconveniente. Outro ponto é a ausência da previdência social, não permitindo que o trabalhador tenha direito à aposentadoria ou seguro desemprego. Tudo isso vem a tona após as declarações de Bolsonaro, realizadas em 30 de julho no Palácio do Planalto para empresários, em que criticava a fiscalização do trabalho análogo à escravidão. Nesse discurso o ilegítimo presidente criticou as regras da Organização Internacional do Trabalho (OIT) que enquadram o serviço como semelhante ao trabalho escravo. Uma tentativa clara de incentivar esses empresários à desrespeitar as regras estabelecidas e tentar comprar o apoio destes com promessas de menor fiscalização. O resultado de sua política é esta, fortalecer a burguesia e incentivar os grandes proprietários a explorar ainda mais a classe trabalhadora. Com esse discurso ele deixa claro que se o povo não reagir a escravidão pode até voltar ao Brasil. Para impedir que isso aconteça, a classe trabalhadora como um todo deve se organizar e ocupar as ruas para derrubar o governo Bolsonaro, libertar Lula e exigir eleições gerais.
Os ataques do governo fraudulento de Jair Bolsonaro contra o povo brasileiro e a própria integridade do país são ininterruptos. Depois dos duríssimos cortes na Educação e da recente crise em torno da Amazônia, Bolsonaro planeja agora destruir completamente outra área de importância vital para o desenvolvimento do Brasil: a área de pesquisa científica. No Brasil, sabe-se que a grande maioria das pesquisas científicas, que inclui tanto publicações em revistas científicas quanto em congressos e conferências são realizadas nas universidades públicas. De toda esta produção acadêmica, a maior parte do trabalho é desenvolvido por estudantes de pós graduação e pelos professores, nesta ordem. Os estudantes de pós graduação são mais numerosos, mas constituem a base da pirâmide social na academia brasileira. Isto significa que este ataque, embora seja mais voltado para a pesquisa científica no país, acerta em cheio também todo o ensino público superior. Ao todo, já são quase 12 mil bolsas de pós-graduação cortadas. Por mais que possamos criticar a academia e a produção acadêmica no Brasil, tanto pela sua qualidade quanto pelo volume de publicações, é simples de perceber que estamos vendo mais uma vez o governo Bolsonaro seguindo a orientação do imperialismo. A destruição da pesquisa científica no Brasil é fundamental para garantir que o país permaneça refém de sua atual condição de atraso econômico, sem permitir que exista qualquer tipo de pesquisa científica no país, por mais rudimentar que ela seja.
Antes do impeachment fraudulento de Dilma, que marca o atual período de golpe em que vivemos no país, a comunidade acadêmica se dividiu, assim como diversos outros setores sociais. Em meio à esta polarização, a SBPC (Sociedade Brasileira para o Progresso Científico) adotou na época uma posição centrista, e acabou não se posicionando claramente contra o impeachment da presidenta. É preciso que as organizações que representam os pesquisadores no Brasil, não só a SBPC, mas também a ANPG (Associação Nacional de Pós- graduandos) e todas as outras reajam contra esta dura ofensiva de Bolsonaro e se juntem à luta pela derrubada de todo o governo, e não só o ministro da Educação ou o da Ciência e Tecnologia. Ou seja, é preciso que os pesquisadores entrem na luta pelo “Fora Bolsonaro”.