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DOMINGO, 8 DE SETEMBRO DE 2019 • EDIÇÃO Nº5758
Grito dos excluídos vermelho, contra Bolsonaro e por Lula livre No dia 7 de setembro, feriado nacional do dia da Independência brasileira, de forma tradicional, a esquerda e os movimentos populares realizam atos em muitas cidades brasileiras como protesto diante da hipocrisia nacional. Tais atos receberam a alcunha de grito dos excluídos. Ao contrário da política defendida pelo PCdoB, de utilizar o verde-amarelo como uma forma de tentar ganhar a simpatia dos bolsonaristas, os atos tiveram a presença
marcante do vermelho, cor tradicional usada pela esquerda. A política de se disfarçar de coxinha nas manifestações foi rejeitada pela base dos próprios partidos que defendem uma política de frente-ampla, que é uma tentativa de ressuscitar o centro da política nacional. Estes setores, fundamentalmente PSDB, PMDB e DEM foram a base para realização do golpe e devem ser rejeitados como inimigos do povo.
14 de setembro: voltar às ruas de Curitiba pela liberdade de Lula
Inacreditável: Veja de onde sairão os Bolsonaro homenageia EUA ônibus de São Paulo para o no 7 de Setembro ato do dia 14
O ex-presidente Lula está preso há mais e 500 dias nas masmorras de Curitiba. Enquanto isso, o governo fraudulento de Jair Bolsonaro, que só existe graças à fraude descarada nas eleições, justamente com a prisão política de Lula, está cada dia mais impopular.
Imagine se no 4 de julho, data comemorativa da independência dos EUA, um dos quatro únicos feriados nacionais do País e dotado de tal simbolismo e importância que já foi até título de filme de Hollywood contra invasão de extraterrestres
O estado mais populoso do País deve levar pelo menos 500 pessoas ao ato pela liberdade de Lula em Curitiba, engrossando as Caravanas que sairão de todas as regiões do Brasil.Se você está em qualquer região de São Paulo, capital, interior ou litoral, veja como participar
Hoje tem esportes e política na COTV Polêmicas do futebol envolvendo a homofobia nos estádios devem ser o ponto alto do dia
Holiday só acredita em racismo quando é contra ele
O vereador negro contratado da direita, Fernando Holiday, do partido golpista DEM, foi, por incrível que possa parecer para ele, alvo de comentários racistas de seu colega de vereança, Camilo Cristófano, do PSB de São Paulo.
2 | OPINIÃO EDITORIAL
14 de setembro: voltar às ruas de Curitiba pela liberdade de Lula O ex-presidente Lula está preso há mais e 500 dias nas masmorras de Curitiba. Enquanto isso, o governo fraudulento de Jair Bolsonaro, que só existe graças à fraude descarada nas eleições, justamente com a prisão política de Lula, está cada dia mais impopular. Parte da impopularidade do governo golpista está relacionada à desmoralização da Lava Jato. Os vazamentos das conversas entre os procuradores e o juiz Sergio Moro escancararam a perseguição política que prendeu Lula, transformou Moro em ministro e colocou Bolsonaro no governo. Toda esta crise, somada aos inúmeros episódios de crise política que ocorreram desde o início do ano, fazem do momento um dos mais propícios para partir para cima dos golpista e exigir a liberdade de Lula. É preciso arrancar o ex-presidente da carcera-
gem da Polícia Federal em Curitiba. As direções das organizações populares, no entanto, parecem viver em outro momento. Quanto maior a crise do golpe, mais paralisadas estão essas organizações. Prova disso é que desde que começaram os vazamentos da Lava Jato não foi tomada nenhuma iniciativa para mobilizar o povo pela liberdade de Lula. Nenhum ato em Curitiba foi chamado desde então. Por isso, o PCO tomou a iniciativa de convocar um ato em Curitiba dia 14 de setembro e convida todos os partidos de esquerda e as organizações populares a participarem dessa manifestação. É preciso intensificar a mobilização e libertar Lula. Já não há motivos para ter dúvidas de que esta é a vontade da maioria do povo brasileiro. Portanto, todos a Curitiba, no proximo sábado, dia 14.
COLUNA
É proibido proibir O lema “é proibido proibir” uma das principais bandeiras nas ruas de Paris nas grandes mobilizações estudantis em 1968 e que se espalharam por todo o mundo em lutas contra a opressão capitalista, inclusive no Brasil da ditadura de 1964, está mais vivo do que nunca. A burguesia, leia-se o imperialismo, procurou ao longo dos últimos 50 anos dar uma roupagem “democrática” a essa luta da juventude do final dos anos 60, subtraindo todo o seu conteúdo revolucionário, com a pecha do que seriam os “excessos” dessa luta da juventude. Religião, drogas, sexualidade…. tudo foi motivo de campanha contra uma reivindicação que defendia no fundamental o direito à livre expressão. No Brasil de 2019 – passados três anos do golpe de Estado que derrubou a presidente Dilma Rousseff, que perseguiu e colocou na prisão o maior líder popular da história político do País e que agora tem à frente um governo fascista – , a liquidação de qualquer direito democrático da população, a censura e o crime de opinião é a moeda corrente da direita para impor um regime obscurantista e reacionário. O jargão fascista “O Brasil acima de tudo, Deus acima de todos” encontra seu paralelo na tentativa da burguesia em conter as manifestações populares e os “excessos” cometidos em nome da liberdade de expressão no que se denominou como o “politicamente correto”. Ou seja,só vale aquilo que é aceito de acordo com os parâmetros de um estado em decomposição, que por isso, tem uma ideologia reacionária correspondente a sua realidade. Até aí, esse é o mundo capitalista, burguês, na sua fase imperialista. O problema se apresenta quando a esquerda em nome da defesa dos oprimidos busca socorro nas leis do próprio estado burguês decomposto para supostamente defender os oprimidos. Essa prática é corrente com relação às mulheres, aos negros, aos LGBTs e por aí vai. A regra é: usar a justiça burguesa para criminalizar tudo quanto é “ofensa” contra esses setores oprimidos. E aqui vale tudo, não apenas a uma ação de agressão física a um desses setores, mas até mesmo a criminalização por crime de opinião. Na verdade, é a máxima do imperialismo do “politicamente correto”. O propósito desse artigo não é entrar nos resultados palpáveis dessa política, até porque eles são absolutamente estarrecedores: nunca se matou tanta mulher, negro e LGBT, para não incluir o indígena, com no Brasil pós golpe. O País se transformou em um depósito de gente humana vivendo em condições mais bárbaras que qualquer regime escravocrata já existido na história. São mais de 800 mil presos, em sua quase totalidade, negros, pobres,
sem escolaridade, vivendo nos matadouros humanos Brasil afora. Aqui quero me reportar a uma ostensiva campanha feita pela esquerda, mas muito ao gosto da direita, de usar ou propor leis (burguesas) para impor a censura, impor limites à liberdade de expressão, condenar por crime de opinião. É bom que se diga que o fim da censura e o absoluto direito à liberdade de expressão e opinião não são reivindicações comunistas, socialistas, como apregoa a direita. O estado burguês chegou a um grau tal de decomposição, de embrutecimento, de idiotice, que sequer conseguem enxergar o seu papel progressista na história. Essas reivindicações são básicas do regime democrático burguês, da revolução Francesa, dos Iluministas. A esquerda quando se coloca no papel de cão de guarda do obscurantismo da fase decadente da burguesia retrocede à condição pré-capitalista, pré-democracia burguesa. Obviamente, aqui não se trata da defesa de não fazer nada, muito pelo contrário. Mas fazer, não com as armas dos inimigos, mas com a luta e a mobilização independente dos oprimidos. A luta das mulheres por todo o mundo pelas suas reivindicações, do povo negro pela sua libertação, quando conquistadas, nunca foram produtos de um acordo com o Estado opressor. É por isso que a luta contra a opressão das mulheres, dos negros, dos LGBTs nunca pode se ancorar no mesmo estado que patrocina a sua opressão, mas deve, necessariamente, partir da sua própria mobilização e luta independentes. Cabe aos partidos de esquerda, aos democratas, as organizações que verdadeiramente se colocam no campo da defesa dos oprimidos serem um ponto de apoio de apoio para essa mobilização e luta independente. Finalmente, para os socialistas, a luta de qualquer setor oprimido deve ser incentivada e organizada por suas próprias reivindicações. Todos os setores oprimidos nunca serão verdadeiramente socialistas se, em primeiro lugar, não entenderem o papel que a sua opressão cumpre na sociedade em que vivemos e, a partir desse compreensão, lutar contra a sua própria condição de oprimido.
POLÍTICA | 3
7 DE SETEMBRO
Grito dos excluídos vermelho, contra Bolsonaro e por Lula livre Em centenas de cidades a esquerda saiu na rua para protestar No dia 7 de setembro, feriado nacional do dia da Independência brasileira, de forma tradicional, a esquerda e os movimentos populares realizam atos em muitas cidades brasileiras como protesto diante da hipocrisia nacional. Tais atos receberam a alcunha de grito dos excluídos. Ao contrário da política defendida pelo PCdoB, de utilizar o verde-amarelo como uma forma de tentar ganhar a simpatia dos bolsonaristas, os atos tiveram a presença marcante do vermelho, cor tradicional usada pela esquerda. A política de se disfarçar de coxinha nas manifestações foi rejeitada pela base dos próprios partidos que defendem uma política de frente-ampla, que é uma tentativa de ressuscitar o centro da política nacional. Estes setores, fundamentalmente PSDB, PMDB e DEM foram a base para reali-
zação do golpe e devem ser rejeitados como inimigos do povo. Num momento como esse, de crise nacional em função do andamento de um golpe em marcha contra o povo, que colocou no poder um governo capacho do Imperialismo como o de Jair Bolsonaro, a palavra de ordem de “Fora Bolsonaro” se fez presente nas manifestações, como no ato de São Paulo, Rio de Janeiro e Brasília, que tiveram uma enorme faixa de “Fora Bolsonaro” estendida ao longo da manifestação. A defesa do ex-presidente Luís Inácio Lula da Silva, preso na “masmorra de Curitiba” pela operação Lava-jato, a maior fraude já realizada na história nacional já realizada com o objetivo dar um golpe de Estado contra uma presidenta democraticamente eleita e para prender um grande líder nacional, como Lula. Em diversas cidades do
Brasil, como Belo Horizonte, Brasília, Rio de Janeiro, São Paulo, Sorocaba etc se fez presente de maneira marcante o desejo de “Liberdade para Lula”. O fato de que tais palavras de ordem tenham se espalhado pelos atos em to-
das regiões brasileiras, é mais um sintoma de que há a gestação de uma grande mobilização nacional da classe operária para enfrentar o golpe de Estado e colocar em xeque o regime imposto pelo imperialismo ao povo brasileiro.
PELA LIBERDADE DE LULA
Veja de onde sairão os ônibus de São Paulo para o ato do dia 14 Caravanas estão marcadas para Curitiba nessa importante mobilização O estado mais populoso do País deve levar pelo menos 500 pessoas ao ato pela liberdade de Lula em Curitiba, engrossando as Caravanas que sairão de todas as regiões do Brasil. Se você está em qualquer região de São Paulo, capital, interior ou litoral, veja como participar desse importante ato em Curitiba. Entre em contato com os militantes do PCO e se informe no Diário Causa Operária se inscrevendo no link a seguir www.causaoperaria. org.br/14-de-setembro-todos-a-curitiba-pela-liberdade-de-lula/ Até o momento, estão confirmados ônibus saindo das principais regiões do interior do estado. Os companheiros do PCO e dos comitês de luta contra o golpe estão organizando caravanas em Campinas, Ribeirão Preto, Vale do Paraíba, Sorocaba, Araraquara, Marília, Jundiaí, Assis. Também sairá ôni-
bus da Baixada Santista. Na grande São Paulo está confirmado ônibus saindo da cidade de Embu das Artes, também da região do extremo-sul da capital que abarca entre outros os bairros de Vargem Grande, Parelheiros e Grajaú. Há ainda ônibus que sairá da sede da APEOESP na República e também no centro da cidade, próximo ao Diretório Nacional do PT, na Praça da Sé. O PCO disponibilizará ainda ônibus saindo do Centro Cultural Benjamin Péret (CCBP), que fica no bairro da Saúde. Por enquanto, esses locais estão confirmados, mas todos os interessados podem entrar em contato e ajudar na mobilização em todas as cidades de São Paulo e do País. Dia 14, próximo sábado, todos a Curitiba pela liberdade de Lula!
4 | POLÍTICA E NEGROS
AMERICA FIRST
Inacreditável: Bolsonaro homenageia EUA no 7 de Setembro Obsessão patológica Imagine se no 4 de julho, data comemorativa da independência dos EUA, um dos quatro únicos feriados nacionais do País e dotado de tal simbolismo e importância que já foi até título de filme de Hollywood contra invasão de extraterrestres, Donald Trump iria elencar como prioridade em sua mensagem do dia ao seu povo uma menção ao Brasil? Por exemplo, de que na comemoração dos 100 anos da independência, no dia 4 de julho de 1876, em uma exposição comemorativa a esse centenário na cidade de Filadélfia, no estado da Pennsylvania, foi vendido o primeiro telefone no mundo, das mãos do próprio inventor do aparelho, Graham Bell, ao brasileiro Pedro II, imperador do Brasil. Claro que isso não aconteceu, nem nunca irá acontecer. Nenhum país do mundo com um chefe de Estado ou de governo decente vai se dirigir ao seu povo, na data nacional, puxando saco de outro.
Mas eis que, atualmente, na indecência que se tornou o Brasil, o presidente ilegítimo brindou a nação com o seguinte Tweet logo pela manhã do 7 de setembro: “– ESTADOS UNIDOS FOI O PRIMEIRO PAÍS A RECONHECER NOSSA INDEPENDÊNCIA.- EM TODO O BRASIL, COM O POVO, HOJE COMEMORAMOS ESSA DATA.- EM BRASÍLIA, ÀS 09H, COM MUITA HONRA ASSISTIREI AO DESFILE CÍVICO-MILITAR. POSTED BY JAIR MESSIAS BOLSONARO ON SATURDAY, SEPTEMBER 7, 2019″ As primeiras duas palavras que Bolsonaro escreveu (ou alguém escreveu por ele, como o primeiro vereador nacional, aquele que ganhou um passeio de Rolls Royce no feriado) como chefe de estado em saudação à nação, no dia comemorativo à independência do Brasil, foram “Estados Unidos”. Talvez tenham também sido as duas últimas palavras que ele pensou na
noite anterior, antes de dormir, em suas orações, ou quando come, quando bebe, quando defeca dia sim dia não, quando respira. É um assombro, como se ainda fosse possível esperar alguma atitude digna dele no cargo, essa homenagem dio-
turna aos EUA, até no 7 de setembro. O nacionalismo verde-amarelo de araque da direita e de Bolsonaro dá nojo. No palanque, assistindo ao desfile do Dia da Pátria ao lado do apátrida, Edir Macedo e Senor Abravanel, emprestavam mais artificialismo à pobre data.
SERIA “MIMIMI”?
PROGRAMAÇÃO DESTE DOMINGO
Holiday só acredita em racismo quando é contra ele
Hoje tem esportes e política na COTV
Vereador da direita, Holiday, que é contra os direitos do negro, foi, por ironia, alvo de racismo
Polêmicas do futebol envolvendo a homofobia nos estádios devem ser o ponto alto do dia
O vereador negro contratado da direita, Fernando Holiday, do partido golpista DEM, foi, por incrível que possa parecer para ele, alvo de comentários racistas de seu colega de vereança, Camilo Cristófano, do PSB de São Paulo. Camilo o chamou de “macaco de auditório” em resposta ao comentário de Holiday de que ninguém trabalha na Câmara de Vereadores. Holiday também é integrante do MBL (Movimento Brasil Livre), uma das organizações responsáveis pelo golpe de Estado. É preciso, antes, dizer que Holiday é contra todas as poucas leis que concedem algum direito ao povo negro. É contra cotas raciais, é contra a celebração do 20 de novembro, como dia da Consciência Negra, e também é contra a organização política do negro em torno dos seus direitos, ao que ele e os demais golpistas chamam de “vitimismo”. Agora, por ironia do destino, Holiday é a vítima. O vereador ainda não entendeu que ele é apenas um contratado da direita golpista para dizer que existem negros a favor do golpe de Estado, do bolsonarismo, do fascismo e dos ataques feitos pela direita contra o povo trabalhador. Mordido pelo próprio veneno, Holiday, como bom adaptado à burocracia estatal golpista, promete processar por racismo o vereador Camilo Cristófano, já que não é possível apelar ao movimento negro, que, ao bem da verdade, não vê a hora de encontrar
Acompanhe a programação deste domingo, dia 8 de setembro, da Causa Operária TV. 18 horas – Discutindo a Semana 19 horas – TV Mulheres 20h30 – Na Zona do Agrião
Holiday nas ruas para acertar umas contas. Ele, Holiday, um dos propagandistas do golpe de Estado, da direita, quer processar alguém por racismo. Ou seja, o racismo só existe quando é contra ele, Holiday. Se for contra o resto da população negra, não é racismo, é “vitimismo”. Típico de um direitista é achar que só o direito dele é que pode ser defendido, às favas com o resto da população negra, que está comendo sal com o golpe de Estado defendido pelo próprio Holiday. Golpe que aumentou o desemprego dos negros, o número de negros mortos pela PM. Golpe que atacou todos os direitos do povo trabalhador, que está vendendo todos os patrimônios nacionais. Fernando Holiday merece as mais duras críticas do movimento negro e do movimento popular como um todo. Sua presença nas fileiras dos golpistas, da direita, serve para promover a confusão política, e tem a função de passar um verniz racial para a corja golpista que quer acabar com o país inteiro, a começar pela própria população negra. Holiday acredita que ele não está na mira dos golpistas. A hora dele vai chegar, seja pela direita, que, depois de usá-lo, vai jogá-lo na lata do lixo apenas por sua cor, ou pela esquerda, que seria o ideal, através do movimento negro, que vai resolver o problema Holiday, o problema “negro da casa”, o problema “capitão do mato”, enfim, o problema do negro de alma branca.
CAUSA OPERÁRIA ILUSTRADA