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QUARTTA-FEIRA, 9 DE OUTUBRO DE 2019 • EDIÇÃO Nº5790
Comitê Central do PCO reforça: todos a Curitiba no dia 27! O Comitê Central do Partido da Causa Operária esteve reunido na última segunda-feira (dia 07) para discutir a situação política e os próximos passos na luta contra os golpistas, o governo do fascista Jair Bolsonaro e pela liberdade de Lula.
Militantes do PCO colhem mais de mil assinaturas de delegados Delegados da Corrente Sindical Nacional Causa Operária (militantes e simpatizantes do PCO) presentes no 13ºCONCUT (Congresso Nacional da Central Única dos Trabalhadores)
Para Tabata Amaral, Bolsonaro não é inimigo; a polarização, sim Em sua coluna na Folha de S. Paulo, deputada criticou a polarização política, mas não fez qualquer denúncia dos ataques do governo Bolsonaro
Defensora de “Lula preso”, Conlutas recebe estrondosa vaia no Concut
Representante da organização que, como Bolsonaro, quer manter Lula preso e outros absurdos, evidencia radicalização na base cutista
O processo de desintegração da Conlutas com a polarização política Quanto mais profunda a polarização política, menos favoráveis as condições para a estabilização de elementos centristas na política. Isso vale para a política nacional, mas vale também para os grupos da esquerda. O PSTU, que desde antes da queda de Dilma Rousseff pelo golpe de Estado vem se colocando como uma espécie de apêndice esquerdista da direita golpista, está sofrendo o resultado da polarização cada vez mais profunda no Brasil.
Deputada do PSOL afirma: Amazônia não é do Brasil
A deputada Taliria Petroni, do PSol/RJ, provocou algum rebuliço nas redes sociais ao afirmar que não seria possível misturar nacionalismo e a defesa da Amazônia, com o argumento de que a Amazônia pertence a oito países, portanto seria ‘internacional’.
Abertura do Congresso da CUT: “ei, Bolsonaro, Preta Ferreira é vai tomar no c*” mais uma Na abertura do 13º Congresso da Central Única dos Trabalhadores (ConCut), o presidente da CUT, Vagner Freitas, puxou o coro de duas palavras de ordem que são fundamentais para a situação política vigente. Após terem falado diversas figuras da esquerda, como a ex-presidente Dilma Rousseff, Freitas bradou do plenários as palavras de ordem “Lula Livre” e “Ei, Bolsonaro, vai tomar no c*”
vítima do governo Bolsonaro, diz irmã
2 | ATIVIDADES DO PCO EDITORIAL
Militantes do PCO colhem mais de mil assinaturas de delegados Delegados da Corrente Sindical Nacional Causa Operária (militantes e simpatizantes do PCO) presentes no 13º CONCUT (Congresso Nacional da Central Única dos Trabalhadores)Congresso Lula Livre -, apresentaram no dia de ontem (8/10), segundo dia do Encontro que vai até amanhã, quatro propostas de resoluções sobre a política da Central e as lutas do próximo período. Para apresentar cada uma das propostas, no Congresso que acontece em Praia Grande (SP), eram necessárias, pelo menos, 155 assinaturas de delegados. Foram colhidas mais de 200 assinaturas em cada umas das propostas apresentadas, com destaque para a proposta de emenda aditiva ao texto da direção nacional sobre a luta pela liberdade de lula, que contou com a adesão de cerca de 400 delegados. Essas centenas de assinaturas foram coletadas em pouco mais de três horas (para cumprir prazos regimentais) e foram encaminhadas à coordenação do CONCUT, podendo ser apresentadas ao Plenário para votação, na medida em que não haja acordo por parte do setor majoritário em incorporá-las ao texto fina do Congresso. Veja abaixo as quatro propostas encaminhadas pela Corrente Sindical Nacional Causa Operária para debate e deliberação no CONCUT : 1. Realizar uma ampla campanha dos sindicatos pela imediata libertação do ex-presidente Lula
“A II Plenária Nacional Lula Livre, aprovou intensificar a mobilização, ampliando os mutirões de coleta de assinaturas e realizando uma jornada de luta nesse mês de outubro, com um novo Ato Nacional, no dia 27 de outubro, data oficial do aniversário de Lula, em Curitiba (ou onde Lula estiver), pela liberdade de Lula. Foi aprovado também realizar uma campanha de contribuições junto às diretorias dos sindicatos e nas bases das categoria para levantar os recursos necessários para sustentar e ampliar essa luta. A CUT deve se posicionar a favor dessas deliberações e de outras que impulsionem – de fato – uma efetiva mobilização dos sindicatos em favor da liberdade da maior liderança operária do País e pela anulação de todos os processos da criminosa operação Lava Jato.” 2. A CUT deve tomar a dianteira e convocar a mobilização pelo FORA BOLSONARO “A CUT foi uma organização fundamental na luta contra o golpe, tendo tomado a dianteira na necessária mobilização dos trabalhadores contra a derrubada da presidenta Dilma. O governo enfrenta uma profunda crise embalada pelo avanço da crise econômica (que tende a se agravar no próximo período) e pela enorme rejeição que o governo enfrenta por parte dos trabalhadores e da juventude, como se vê nas manifestações espontâneas no carnaval, nos atos públicos, nos shows etc. nos
quais o “fora Bolsonaro” aparece como o grito mais popular ao lado do “Lula livre”. A CUT, maior organização dos trabalhadores do País, além de se posicionar pelo “fim do governo Bolsonaro” deve convocar e organizar a mobilização pela derrubada do governo, pelo fora Bolsonaro e todos os golpistas, pela convocação de novas eleições gerais, com Lula livre e Lula candidato.” 3. Contra o flagelo do desemprego, lutar pela redução da jornada máxima para 35 horas semanais “O desemprego é a maior, das aflições que podem atingir um trabalhador sob o capitalismo. No governo fascista de Bolsonaro, essa política nociva está sendo estimulada com a destruição da economia nacional, privatizações, terceirizações, extinção de cargos e congelamento de concursos públicos, implementação da reforma trabalhista etc. É preciso lutar pela adoção de um plano de emergência de combate ao desemprego sob o controle das organizações operárias, pela estabilidade no emprego para todos os trabalhadores, escala móvel das horas de trabalho, pela imediata redução das jornadas de trabalho para 35 horas semanais, sem redução dos salários, pelo salário desemprego igual ao dos trabalhadores da ativa; por um plano nacional de obras públicas sob o con-
trole dos trabalhadores e das suas organizações de luta. Contra o desemprego, reduzir já a jornada de trabalho para 35 horas!” 4. Contra as privatizações, mobilizar os trabalhadores e ocupar os Correios e demais estatais “O governo entreguista de Bolsonaro anunciou a decisão de privatizar os Correios e mais 17 empresas estatais, algumas delas estratégicas para o País, como o Serpro e a Dataprev que detêm e manipulam informações sobre toda população brasileira. O objetivo dos golpistas é entregar também toda a Petrobras, a CEF e o Banco do Brasil, completando a obra de destruição do famigerado governo FHC. As consequências para os trabalhadores dessas empresas e para todo o povo brasileiro são drásticas e as privatizações não podem ser derrotadas por meras iniciativas parlamentares e discursos, inúteis atos nos dias de leilões etc. É preciso colocar em movimento a força da CUT e dos sindicatos, a força da mobilização dos trabalhadores. É preciso realizar uma ampla campanha junto aos trabalhadores e à população; realizar plenárias e atividades unificadas dos trabalhadores das estatais e das suas organizações, construir comitês de luta contra a privatização e, principalmente, organizar a ocupação das empresas ameaçadas, como no caso dos Correios.”
LIBERDADE DE LULA
Comitê Central do PCO reforça: todos a Curitiba no dia 27! Direção do Partido da Causa Operária se reuniu e deliberou impulsionar o ato nacional pela liberdade de Lula no dia 27 de outubro em Curitiba em frente a sede da PF O Comitê Central do Partido da Causa Operária esteve reunido na última segunda-feira (dia 07) para discutir a situação política e os próximos passos na luta contra os golpistas, o governo do fascista Jair Bolsonaro e pela liberdade de Lula. O PCO discutiu a situação política e o acerto na realização do ato nacional pela liberdade de Lula no dia 14/09 e a excelente repercussão entre os militantes de esquerda e setores da população, e demonstrou que há uma enorme tendência de mobilização da população contra Bolsonaro e pela liberdade de Lula. Os golpistas estão tentando reverter a situação de revolta com a prisão de Lula através do cumprimento da pena no regime semiaberto para diminuir a pressão sobre a Lava Jato e na luta pela liberdade de Lula. Fato que comprova que há uma enorme tendência de mobilização em torno da liberdade de Lula. Essa tendência de luta se dá em um momento de enorme crise do governo Bolsonaro e da Operação Lava Jato,
que está cada vez mais desmoralizada e fica evidente o objetivo golpista e persecutório contra o PT, Lula e destruição da economia nacional. A avaliação é que esses dois fatos são impulsionadores de um novo ato nacional pela liberdade de Lula no próximo dia 27 de outubro em Curitiba, deliberado na II Plenária Nacional Lula Livre, dia da comemoração do 74° aniversário do ex-presidente Lula, preso político da direita golpista, e numa grande manifestação denunciando a prisão política e exigindo a sua liberdade. Vendo a importância da mobilização, o Comitê Central do PCO deliberou que o Partido centrará forças na divulgação e convocação do Ato Nacional pela Liberdade de Lula no dia 27/10 em Curitiba. Ainda discutiu a importância de mobilizar a população e a classe trabalhadora para derrotar o golpe e o papel central dos comitês de luta contra o golpe e dos comitês Lula Livre para a organização e convocação, onde militantes e ativistas são organizados e
mobilizados Para isso, foi deliberado de retomar as atividades e formação de novos comitês de luta contra o golpe, e a incorporação dos mutirões pela liberdade de Lula, realizados todas as quartas e domingos há mais de 4 meses, em centenas de municípios como eixo central dessa mobilização. O PCO vai ampliar ainda mais a campanha de agitação e propaganda, imprimindo e distribuindo 1 milhão de
panfletos de convocação do Ato e organizar caravanas de diversos Estados do país para Curitiba. É preciso aproveitar a situação de crise do governo Bolsonaro e dos golpistas da Lava Jato para libertar Lula e centrar todas as forças na organização de caravanas para o Ato Nacional em Curitiba 27, com festa de aniversário e grande manifestação pela liberdade de Lula.
POLÊMICA | 3
PDT A REBOQUE DOS GOLPISTAS
Para Tabata Amaral, Bolsonaro não é inimigo; a polarização, sim Em sua coluna na Folha de S. Paulo, deputada criticou a polarização política, mas não fez qualquer denúncia dos ataques do governo Bolsonaro Na última segunda-feira (7), o jornal golpista Folha de S. Paulo publicou mais uma coluna da deputada federal Tabata Amaral (PDT-SP). O texto, intitulado “A urgente resposta à polarização”, é um ao método da esquerda e uma defesa da própria Tabata Amaral diante das críticas que vem recebendo por sua política de colaboração com o regime golpista. Tabata Amaral inicia seu artigo alegando que a polarização política é um mal para a população . Segundo ela, seria um fenômeno impulsionado pelos “extremos” que inviabilizaria o progresso social: "Dado o holofote que a polarização proporciona para os extremos que a alimentam, quebrar esse ciclo vicioso é extremamente difícil. Enquanto isso, é a população como um todo quem mais sofre com um fla-flu que não resolve problema algum. As forças políticas de hoje se digladiam preferencialmente nas redes, identificadas nos likes ou no ataque dos haters." Ao contrário do que a deputada pedetista afirma, a população não sofre com a polarização política – essa que é, na verdade, a expressão das angústias e de todo o sofrimento do povo. A polarização política não é o resultado de um “fanatismo”, tampouco uma tática para promover figuras que se autodeclarem “extremistas” – é um fenômeno concreto e que expressa o movimento das classes sociais.
O mundo é dividido em classes. Fundamentalmente, entre a burguesia, minoritária e detentora dos meios de produção, e a classe operária, amplamente majoritária e obrigada a vender sua força de trabalho para sobreviver. Para que a burguesia consiga exercer sua dominação sobre os explorados, ela procura estabelecer uma situação de “centro político” – ou seja, uma situação em que, aparentemente, explorados e exploradores estariam sendo beneficiados, mas que garantisse o poder político nas mãos das camadas dominantes para que continuem saqueando toda a população. Na medida em que a política de saque contra a população vai se intensificando, os trabalhadores inevitavelmente começam a se rebelar contra o regime político, causando instabilidade para a burguesia. Para conter essa revolta, a burguesia se organiza, em reação, para tentar conter a revolta popular. Daí se manifesta a polarização política. Combater a polarização política é, portanto, combater as tendências revolucionárias da população. É pedir que os trabalhadores, ao se levantarem contra os seus algozes, larguem suas armas e abracem a corja imunda responsável por todas as catástrofes dos últimos dois séculos. Trata-se, portanto, de uma política reacionária, que tem como objetivo salvar a burguesia da revolta popular.
No desenvolvimento de sua coluna, Tabata Amaral apresenta de maneira bastante clara qual é a política ideal para a burguesia – isto é, o arrefecimento da polarização política: " Caminhando para o fim do primeiro ano de mandato, percebo que, para muitas pessoas, é absurda a existência de uma visão de mundo para além dos polos. Ódios e paixões fazem com que a razão perca lugar. Enquanto isso, cada vez mais nos falta a existência de atores políticos que defendam o combate à pobreza e às desigualdades sociais, e a preservação do ambiente e que, ao mesmo tempo, tenham um compromisso real com o equilíbrio fiscal e com reformas estruturais que aumentem a competitividade da economia do país." Entregar o petróleo brasileiro ao imperialismo norte-americano e aumentar o preço do combustível sem causar uma greve como a dos caminhoneiros em 2018, prender o maior líder popular do país sem causar um impasse nacional como o que aconteceu no Sindicato dos Metalúrgicos do ABC antes da prisão de Lula, destruir as universidades públicas sem causar uma explosão popular que levou mais de um milhão de pessoas às ruas no início de 2019 e aumentar o desemprego sistematicamente sem causar protestos diários contra o governo é o sonho da burguesia. Obviamente, se a
direita fosse capaz de realizar todos os ataques contra os trabalhadores sem tornar a situação do país incendiária – colocando o próprio regime em risco -, ela assim faria. Aquilo que Tabata Amaral chama de “equilíbrio fiscal e de “reformas estruturais” é precisamente a política da burguesia: o arrocho salarial, o desemprego, o confisco da aposentadoria, a destruição dos direitos trabalhistas, as perseguições políticas etc. Todos os aspectos dessa política, que beneficiam única e exclusivamente os bancos, devem ser completamente refutados pelos trabalhadores. A proposta de Tabata Amaral, portanto, é, justamente, aplicar a política da direita sem, com isso, provocar uma intensificação da polarização política – ou seja, fazendo demagogia em torno do meio ambiente e da igualdade social. A burguesia, no entanto, é inimiga da igualdade social, do meio ambiente e da cultura. Não é possível ter como política a manutenção da política neoliberal, que busca saquear os povos de todo o mundo, e a promoção de qualquer igualdade – a menos, é claro, que essa promoção seja puramente demagógica. E essa é exatamente a política de Tabata Amaral: ao mesmo tempo que discursa a favor da educação e contra a violência da extrema-direita, defende a “reforma” da Previdência e a manutenção do governo Bolsonaro.
CONFUNDIR E DESMOBILIZAR
Deputada do PSOL afirma: Amazônia não é do Brasil Taliria Petroni, faz afirmações confusas sobre a Amazônia, favorecendo o bolsonarismo e colaborando para a desmobilização. A deputada Taliria Petroni, do PSol/ RJ, provocou algum rebuliço nas redes sociais ao afirmar que não seria possível misturar nacionalismo e a defesa da Amazônia, com o argumento de que a Amazônia pertence a oito países, portanto seria ‘internacional’. A explicação da deputada é, no mínimo simplista (ou foi absurdamente simplificada), e um prato cheio para produzir confusão. Aliás, os bolsonaristas já estão usando as afirmações de Talíria Petroni para justificar alegações de Jair Bolsonaro. O fato é que a deputada mistura conceitos, faz elucubrações obscuras e, assim, deseduca os cidadãos. Ao invés de denunciar Bolsonaro e sua demagogia ‘nacionalista’, reforça o discurso da extrema-direita. Ao invés de esclarecer a possibilidade real de mais intervenção da Amazônia pelo imperialismo – e apontar como o governo fascista a usa para confundir a população, apresenta uma falsa justificativa, mais uma, para a defesa bolsonarista – uma vez que Bolsonaro pretende, ao contrário do que quer fazer entender, ampliar a intervenção dos norte-americanos na Amazônia.
Se é verdade que o imperialismo, do qual participam vários países ocidentais, têm interesse real em apropriar-se da Amazônia, o fato de a região espalhar-se para vários países no subcontinente sul-americano, não impede ou se opõe ao nacionalismo. O problema não é o nacionalismo. De toda forma, o governo de extrema-direita é entreguista, não é nacionalista, embora faça de conta que é. Usa um discurso pseudo nacionalista para atrair parte da população em seu apoio. Quando a deputada do Psol faz essa defesa de uma Amazônia internacional, confunde a cabeça dos cidadãos, dos trabalhadores. É preciso deixar claro que a Amazônia deve ser objeto de defesa das nações ‘amazônicas’ contra o imperialismo. A região não é internacional, não no sentido dado pela deputada. Os estados nacionais, em nome de sua soberania, devem se unir contra a intervenção e os interesses imperialistas, que não têm outra pretensão senão a de extrair riquezas, explorar mão de obra barata, tornar-se proprietária, de fato, de terras e recursos. Não se pode confundir, por exemplo, a chamada de Marx e Engels à
união dos proletários de todo o mundo que, em tese, não teriam pátria, para a abolição da propriedade com um internacionalismo genérico. Essa profissão de fé internacionalista, revolucionária, não elimina a necessidade de se tomar posição nos embates e batalhas reais, inclusive nas lutas nacionais, por libertação e independência, enquanto a revolução não se tornar realidade. O capital é internacionalista? Ele também não conhece fronteiras, para ele a nacionalidade dos trabalhadores é irrelevante, ele vivia e vive de movimentações internacionais e intercontinentais permanentes. Para o capital, convém tratar a Amazônia como questão internacional, mas por motivos muito pouco nobres. Taliria Petroni deveria gastar um tempo maior para explicar que o internacionalismo que lhe importa não é o do capital, mas o do proletariado, para quem mais importante do que a comunidade nacional a que pertence estaria a consciência de classe. Mas isso também não ajuda, dito assim, a pontuar o debate sobre a Amazônia. Em uma situação na qual a burguesia nacional se coloca em confronto
com a burguesia internacional, contra o imperialismo, de que lado ficaria Taliria Petroni e o Psol? Essa deveria ser uma decisão fácil de se tomar, em defesa da nação? Isso não implica abandonar a luta, nem negar a luta de classes, mas seria uma questão tática na batalha para superar o capitalismo. O latifundiário local é inimigo da classe trabalhadora tanto quanto o imperialista, mas a batalha contra o imperialismo pode obrigar que se foque no inimigo mais forte e externo num dado momento. O latifundiário local continuará a ser adversário a ser combatido e vencido, ele é tão nefasto para a Amazônia quanto as empresas multinacionais que a exploram, face mais visível do imperialismo. Fazer discursos obscuros, confusos, não colabora em nada para mobilizar e conscientizar a classe trabalhadora, a população, pelo contrário. É necessário ser direto, claro, nesse momento. O governo de extrema-direita é antinacionalista, pró-imperialista, entreguista. A Amazônia deve ser defendida dos imperialistas tanto quanto dos seus lacaios locais.
4 | MOVIMENTO OPERÁRIO
FIZERAM POR MERECER
Defensora de “Lula preso”, Conlutas recebe estrondosa vaia no Concut Representante da organização que, como Bolsonaro, quer manter Lula preso e outros absurdos, evidencia radicalização na base cutista Durante o ato de abertura do 13º Congresso da Central Única dos Trabalhadores (Concut), quando foi anunciado o nome de Atnágoras Lopes, dirigente e ex-presidente da CSP-Conlutas, uma imensa vaia ecoou pelo plenário do Ginásio Poliesportivo Municipal Falcão, em Praia Grande (SP). Para quem não sabe, Lopes é sindicato da construção civil do Pará e do Partido Socialista dos Trabalhadores Unificados (PSTU) e, portanto, um defensor da manutenção de Lula nas masmorras de Curitiba. O auditório todo começou a vaiar Lopes e gritar “pelego” e, logo em seguida, veio o coro massivo de “Lula Livre”. Depois, no meio da cerimônia , quando citaram a CSP-Conlutas, novas vaias foram distribuídas. Isso porque, desde o início do golpe, o PSTU e sua central sindical de mentira (CSP-Conlutas) defenderam a prisão de Lula, o “Fora Dilma” além da intervenção imperialista na Venezuela, com o “Fora Maduro”. Recentemente, resolução aprovada pelo 4º Congresso da Conlutas diz que
“é tarefa exigir que todos os denunciados por corrupção sejam investigados e tenham julgamento regular”, somando-se aos objetivos da Lava Jato. Além disso, afirmaram: “Não nos somaremos à Campanha Lula Livre”. Desta forma, fica claro que o PSTU se coloca em uma situação de aliança com a direita contra a campanha pela liberdade de Lula, em torno da manutenção do preso político na prisão. Por isso que a reação do público, ao ouvir o nome da Conlutas, foi gritar “Lula Livre”, justamente para demonstrar repúdio à política do PSTU. Nem a Força Sindical, central sindical pelega criada pelos empresários da Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (FIESP), foi vaiada, pois de forma demagógica defenderam a liberdade de Lula. Nesta questão, a Conlutas está à direita das próprias centrais patronais, o que revela o profundo fracasso da central sindical – uma vez que ela foi criada para, supostamente, ser uma alternativa à esquerda da CUT.
CRISE POLÍTICA
Fato é que a Conlutas nunca teve uma forte base operária e popular como a CUT e, portanto, nunca esteve vinculada aos verdadeiros interesses da classe trabalhadora, o que levou a central sindical a uma verdadeira degeneração política, que se refletiu em seu apoio ao golpe de Estado e à política pró-imperialista na América Latina e no mundo, defendendo diversos golpes de Estados pelo mundo afora. O ocorrido durante o 13º Concut, a
vaia à CSP-Conlutas/PSTU, revela a radicalização da base da CUT, que já não está mais disposta a aceitar alianças com aqueles que não querem a liberdade de Lula e lutar contra o governo Bolsonaro. O próprio presidente da central, Vagner Freitas, encerrou o primeiro dia de abertura com palavras de ordem pela liberdade do ex-presidente e contra Bolsonaro, expressando uma tendência geral à esquerda de toda a central sindical.
13º CONGRESSO
O processo de desintegração da Abertura do Congresso da CUT: Conlutas com a polarização política “ei, Bolsonaro, vai tomar no c*” Política de ataques ao PT coloca a Conlutas ao lado da direita golpista Quanto mais profunda a polarização política, menos favoráveis as condições para a estabilização de elementos centristas na política. Isso vale para a política nacional, mas vale também para os grupos da esquerda. O PSTU, que desde antes da queda de Dilma Rousseff pelo golpe de Estado vem se colocando como uma espécie de apêndice esquerdista da direita golpista, está sofrendo o resultado da polarização cada vez mais profunda no Brasil. O mesmo vale para sua organização sindical, pretensamente chamada de “central”, a Conlutas. A Conlutas, que anos depois veio a se chamar CSP-Conlutas, foi fruto de uma política ultra-esquerdista do PSTU que no momento em que o PT se encontrava no governo, procurou agrupar setores da esquerda pequeno-burguesa numa política divisionista em relação à CUT. Acusavam a CUT de ser “governista”, pelega e até patronal e que portanto o correto seria romper com a Central e formar uma “central” própria. Naquele momento, aproveitando-se do governo de conciliação do PT, a política do PSTU conseguiu gerar confusão em alguns setores da esquerda pequeno-burguesa centrista. A política, por princípio errada, de dividir as organizações sindicais, rendeu ao PSTU uma aparente posição de opositor formal ao PT dentro de
setores, ainda que muito minoritários, da burocracia sindical. No discurso, a Conlutas atacava a política de conciliação petista no governo e nos sindicatos enquanto que no essencial e na prática mantinha a mesma política que a burocracia petista. Conforme se desenvolveu a situação política, a Conlutas foi se estabelecendo como um grande fracasso que culminou no apoio ao golpe de 2016. O golpe marca o rompimento por parte da direita da política de conciliação feita durante os mandatos petistas. Ou seja, o PT se viu acuado pela burguesia. Isso levou a uma nova configuração da relação de forças entre as classes sociais e a consequente polarização política. A Conlutas, que se alimentava do discurso contra a política de conciliação, para se manter desesperadamente viva, foi jogada para a direita, para o apoio ao golpe. Ou continuava atacando o PT e se aliava aos golpistas ou abandonava toda a sua política de competição com o PT o que levaria necessariamente ao fim da organização. A crise da Conlutas, que se expressou muito claramente no último congresso que aconteceu no final de semana, é a expressão da polarização política cada vez mais aguda no País. Não há espaço para uma política centrista. Ou se está contra a direita ou se está a favor dela.
As declarações do presidente da CUT, Vagner Freitas, contra Bolsonaro e pela liberdade de Lula revelam uma radicalização da central sindical. Na abertura do 13º Congresso da Central Única dos Trabalhadores (ConCut), o presidente da CUT, Vagner Freitas, puxou o coro de duas palavras de ordem que são fundamentais para a situação política vigente. Após terem falado diversas figuras da esquerda, como a ex-presidente Dilma Rousseff, Freitas bradou do plenários as palavras de ordem “Lula Livre” e “Ei, Bolsonaro, vai tomar no c*” (assista o vídeo, acessando o link no final). Estas revelam a necessidade para os trabalhadores, representados pela CUT, de lutar pela liberdade de Lula e contra o governo Bolsonaro. O fato de ter sido chamado pelo principal dirigente da CUT – Freitas – revela uma radicalização política dentro da central sindical, uma vez que explicita um compromisso dela, que tem mais de 4 mil sindicatos, em lutar por estas duas medidas. A luta pela liberdade de Lula é uma luta pelos direitos democráticos que estão sendo atacados pelos golpistas. Lula é uma liderança operária presa injustamente pela direita para facilitar os ataques contra as organizações populares e operárias, que vêem em Lula um líder político. É fundamental para as organizações de esquerda lutar para que os direitos políticos de Lula sejam sejam restituídos e seus direitos como cidadão
sejam respeitados. Caso contrário, são todas as organizações políticas e todo o povo brasileiro que está sendo ameaçado pela ditadura da burguesia. Já a luta contra o governo Bolsonaro também é uma luta contra a ditadura da direita. Bolsonaro, além de ser uma profunda ameaça para os trabalhadores, uma vez que tem promovido uma política de desemprego e ataques aos direitos trabalhistas, também é um fascista. Nesse sentido, sua política vai no sentido de estabelecer uma verdadeira ditadura no país. Um objetivo que fica muito claro quando declara que “tem que matar uns 20 mil”, “metralhar a petralhada”, ou quando afirma apoio a ditadores latino-americanos financiados pelo imperialismo, como Pinochet e Stroessner. Por isso, as organizações operárias, como a CUT, precisam lutar pela liberdade de Lula e pelo Fora Bolsonaro. Trata-se de uma questão de sobrevivência e de manutenção dos direitos democráticos do povo, que a central sindical representa – milhões em todo o país. Assim, é preciso aproveitar a radicalização dos dirigentes da CUT e estimular, através de mobilizações nas ruas, a tendência existente de luta contra os golpistas. É preciso sair às ruas por Fora Bolsonaro, Liberdade para Lula e Eleições Gerais, com Lula candidato.
MOVIMENTO OPERÁRIO | 5
ACIDENTES EM FRIGORÍFICOS
Condições de trabalho faz o Frigorífico do Sul pagar R$ 150 mil Frigorífico do Sul Ltda, de cidade do Rio Grande do Sul terá que pagar R$ 150.000,00 por manter a fábrica em péssimas condições de trabalho, não fornecer o CAT aos trabalhadores Nesta segunda-feira (07) o frigorífico do Sul, localizado na cidade de Passo do Sobrado, no estado do Rio Grande do Sul, que sofreu investigação no segundo semestre e culminou com sua interdição pelo Ministério Público do Trabalho (MPT), terá de pagar R$ 150.000,00 por manter suas instalações em péssimas condições de trabalho. A total irresponsabilidade quanto ao tratamento de seus funcionários, no que se refere à saúde e condições de trabalho, era tão flagrante que os fiscais do Ministério Público do Trabalho (MPT) do Rio Grande do Sul conseguiram identificar 57 acidentes e adoecimentos dos funcionários sem a devida emissão de Comunicação de Acidente de Trabalho (CAT). Além da situação de penúria que os patrões do frigorífico impunham aos trabalhadores, o que fez com que ocasionasse a paralisação de praticamen-
te todas as atividades da produção, foram interditadas 15 máquinas e 11 setores. Conforme o Ministério Público, os patrões terão que promover alterações que abrangem aspectos de ergonomia, segurança de máquinas e equipamentos, além da reformulação de programas preventivos. No dia 30 de setembro, o Frigorífico do Sul firmou um Termo de Ajuste de Conduta (TAC) com o Ministério Público do Trabalho (MPT) em que se compromete a regularizar aspectos de saúde e segurança do trabalho em sua estrutura física, porém como se sabe, os patrões são os que mais dão calote. Recentemente, uma investigação realizada entre outros grupos, com uma organização não governamental (ONG) denunciando que o grupo JBS/ Friboi devia 25 milhões de multa, mas nunca pagou, constatou que é a práti-
ca constante dos patrões incluindo os dos frigoríficos. O valor se refere à multa por danos morais coletivos, tendo, ainda, a empresa denunciada 00assumido a
obrigação de emitir todas as Comunicações de Acidente de Trabalho (CATs) referentes a acidentes ocorridos na empresa… (Folha do Mate – 07-102019).
EDUCAÇÃO EM PERIGO!
Bolsonaro espalha ditadura militar nas escolas para 17 Estados Governo fascista de Jair Bolsonaro aparelha a educação com militares para controlar a liberdade de expressão e a insurgência contra seu próprio governo antipopular. Colocando em prática seu projeto de destruição do ensino público e de lavagem cerebral com a doutrinação militar, Jair Bolsonaro (PSL) implementa escolas militares em 15 estados além do Distrito Federal. Na região Sudeste, apenas Minas Gerais declarou interesse. Já no Nordeste, somente o governo do Ceará se interessou. O modelo “cívico-militar” deixa claro a intenção de dirigir a educação em direção ao obscurantismo e à subserviência aos interesses dos golpistas, prevendo, assim, a atuação de equipe de militares da reserva (policiais, bombeiros ou membros das Forças Armadas) na administração escolar. A diferença entre
este modelo e o puramente militar consiste apenas no fato de – por enquanto – os militares ainda não determinarem o currículo escolar, embora os alunos tenham que utilizar farda e seguir as regras definidas por militares. O MEC adiantará R$ 54 milhões no próximo ano para a implementação do golpe contra a educação que será iniciado em 54 colégios, sendo destinado R$ 1 milhão para cada um se adequar às normas e infraestrutura dos milicos. O plano, porém, é atingir 216 unidades das 140 mil escolas do Brasil até 2023. Apesar da adesão do programa ser voluntária, o fascista Bolsonaro já declarou que irá o irá
impor mesmo havendo oposição. Os golpistas acossaram as redes de ensino para que aderissem à proposta entre os dias 6 e 27 de setembro. O propósito, inicialmente, é a implantação de ao menos duas escolas em cada estado. Já o ministro da Educação, “o mentecapto” Weintraub, disse apostar na demanda pelo modelo fascista. O alvo dos golpista é forçar o projeto de fascistização da educação em escolas do segundo ciclo do ensino fundamental (6º ao 9º ano) e ensino médio com ao menos 500 alunos e no máximo 1.000. Ademais, os esforços serão dirigidos em locais mais pobres – locais em que a direita tem maior in-
teresse em conter a rebelião popular. É preciso denunciar esta ação dos golpistas. Esse modelo, em que militares participarão das atividades educacionais e administrativas, consiste num tremendo engodo e, portanto, só servirá para a direita impor-se por meio do terror, impedindo professores e estudantes de reivindicarem seus direitos. Este golpe, com efeito, permitirá a contenção da crescente onda de descontentamento e rebeldia da população ante as ações antipopulares do governo de Jair Bolsonaro, além de aparelharem as escolas para a doutrinação ideológica, ironicamente fazendo aquilo de que acusavam outros de fazerem.
Notícia se encontra em qualquer lugar Análise consequente e um plano de ação só no Diário Causa Operária
6 | MORADIA E TERRA
ENTREVISTA EXCLUSIVA
Preta Ferreira é mais uma vítima do governo Bolsonaro, diz irmã Victória Ferreira fala da atividade de sua irmã, da luta dos sem teto e da perseguição da direita golpista Preta Ferreira, ativista petista, negra e sem teto, está presa há mais de três meses apenas por participar do Movimento dos Sem Teto do Centro (MSTC), de São Paulo, atuando em moradias ocupadas por famílias sem a menor condição de pagar por uma moradia digna devido aos altos custos de habitação destinados a aumentar os lucros dos especuladores imobiliários. Ela foi presa com outros nove ativistas, em uma operação fraudulenta montada pela Polícia Militar a mando dos governos direitistas de Bruno Covas e João Doria (ambos do PSDB). É uma das muitas presas políticas no país desde o início do processo golpista que derrubou a ex-presidenta Dilma Rousseff, prendeu o ex-presidente Lula e levou ao poder o fascista Jair Bolsonaro.
O Diário Causa Operária conversou Victória Ferreira, irmã de Preta, que também se considera uma ativista sem teto. Nesta entrevista, ela fala da atividade de sua irmã, da luta dos sem teto e da perseguição da direita golpista. Como que é a atividade de sua irmã e do movimento junto aos sem teto? A atividade da Preta é cultural. Ela organiza eventos, parcerias pra ocupar, traz alguns artistas pra conhecer e participar dos eventos da ocupação. Isso sem custo algum para o movimento ou qualquer morador. Ela traz a cultura, o lazer, informação pra pessoas que muitas vezes nunca tiveram a oportunidade de ir a um teatro, de fazer um curso de inglês, de ir a um cinema. Ela traz mais vida pro movimento através da arte.
Você poderia comentar sobre a falta de moradia digna e o absurdo dos preços dos aluguéis devido à especulação imobiliária? Moradia é um direto constitucional. Como um trabalhador de baixa renda paga aluguel, ainda tem as contas do mês, o que sobra pra ele comer, vestir? Nada. O movimento de sem teto não está lutando para que ninguém deixe de pagar aluguel, ou para que possam morar de graça, mas para que tenham o direito de morar e pagar um valor justo dentro da sua renda. Por que você acha que sua irmã foi presa e por que ela incomoda tanto o governo? Minha irmã foi presa porque ela está sendo mais uma vítima desse gover-
no machista comandado por homens brancos, um governo que trata mulher, pobre, preto como nada. Ela está presa porque teve coragem de lutar pelos menos favorecidos. Você poderia nos contar um pouco do sofrimento dos sem teto e do centro da luta deles? Nós, sem teto (eu digo nós porque eu também me considero uma sem teto) lutamos pelo direito à moradia digna, direito à educação, à saúde, direito a políticas públicas que é mais do que obrigação do governo garantir. Não é justo se negar o direito de ter um teto. É por isso que o movimento de moradia luta para que esses direitos sejam garantidos. Lutamos através do diálogo, com cautela e acima de tudo resistindo e não negando a nossa existência.
BOLSONARO QUER DESTRUIR ÍNDIOS
COLUNA
Bolsonaristas da Funai exoneram diretor de proteção a índios isolados
Bolsonaro quer regularizar terras griladas por autodeclaração
A política bolsonarista representa a total destruição de todas as populações indígenas que vinham sendo protegidas pela Funai. Prova disso são as demissões que vêm acontecento.
Os bolsonaristas da Funai exoneraram mais uma personalidade ligada à proteção dos povos indígenas. Dessa vez, o exonerado foi Bruno Pereira, coordenador geral de Índios Isolados e de Recente Contato da Diretoria de Proteção Territorial da Funai. Bruno liderava todas as ações de proteção aos povos isolados dos últimos anos. Bruno Pereira havia coordenado uma operação em abril, com um grupo de 30 pessoas, para contatar um grupo indígena que corria o risco de entrar em conflitos com outro grupo de outra etnia. A missão por ele comandada foi um sucesso. Há uma imensa crise dentro da Funai, pois a política adotada pelo governo ilegítimo de Jair Bolsonaro é a de acabar com os povos indígenas, de modo a privilegiar os interesses dos grandes latifundiários, que desejam
expandir suas terras sobre as terras demarcadas. Bolsonaro representa o sério risco de extinção dos povos indígenas brasileiros. Não há nenhuma justificativa para a demissão de funcionários tão importantes para a instituição e que vêm fazendo um trabalho na tentativa de impedir conflitos entre os povos indígenas. Pelo contrário, a equipe fascista e ilegítima de Jair Bolsonaro tende a intensificar a perseguição dos povos indígenas. A política de tentar colocar os fascistas na linha tem se mostrado um fracasso, o que contribui para que perseguições como a destacada aconteçam. Somente a derrubada do governo de Bolsonaro, com novas eleições gerais em que todos possam ser candidatos é que garantirão os direitos da população indígena.
Por Renato Farac
O latifundiário e pistoleiro que é o atual secretário de Assuntos Fundiários do Ministério da Agricultura, Antônio Nabhan Garcia, disse no último dia 1 de outubro que o governo está editando uma medida provisória (MP) para que os latifundiários regularizem suas terras através da autodeclaração. Segundo o latifundiário, o governo pretende regularizar mais de 700 mil propriedades que não estão regularizadas e que deve ocorrer até o final deste ano. O governo faz demagogia com os pequenos proprietários e assentados para justificar esse ato de privatização das terras públicas, principalmente da região Amazônica e dos assentamentos rurais. “Vamos fazer por autodeclaração. Olha, nós cidadãos aqui, todos, como é que a gente faz o Imposto de Renda? É uma coisa seríssima. É autodeclarável. Como a gente faz o imposto territorial rural? É autodeclarável. Então, para que criar dificuldade se nós temos condições de, hoje, com a tecnologia que existe por georreferenciamento, fazer autodeclarável?”, declarou Nabhan. A MP diz que os latifundiários poderão regularizar suas terras somente com o georreferenciamento da propriedade para receber a documentação das terras. A medida é um dos maiores crimes contra o patrimônio público. O que o governo quer esconder é que a maior parte dessas terras estão nas mãos de latifundiários, mineradoras, madeireiras e especuladores imobiliários que tomaram essas terras que eram públicas ou de pos-
seiros expulsos por meio da violência e ameaças. O desmatamento e queimadas da Amazônia não são para aumento da área agrícola, mas principalmente ligada a especulação imobiliária de venda de terras públicas, ou seja, terras do Estado que foram tomadas e, que com a nova medida serão regularizadas através da simples declaração dos latifundiários que a terra lhe pertence. Essa decisão também está criando uma enorme crise dentro do governo Bolsonaro. Recentemente, o presidente do Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (Incra), general João Carlos Jesus Corrêa, foi demitido por causa de divergências sobre a velocidade da privatização das terras públicas. Os latifundiários bolsonaristas dentro do governo estão implantando um verdadeiro plano de privatização de terras públicas, inclusive entregando os assentamentos rurais da reforma agrária. A medida vai agravar ainda mais os conflitos no campo e no problema de distribuição de terras por todo o país. Vai agravar a pobreza no campo e pode levar a uma redução drástica na produção de produtos agrícolas de primeira necessidade, pois grande parte desses produtos são produzidos pela agricultura familiar. É mais uma medida que revela a impossibilidade de conviver com o governo Bolsonaro até as próximas eleições. Em um curto espaço de tempo Bolsonaro vai acabar com anos de conquistas e lutas dos trabalhadores do campo, indígenas, quilombolas na conquista de seus direitos, como a terra.
INTERNACIONAL | 7
OS PREÇOS SUBIRAM EM 120%
Protestos no Equador começaram com greve de caminhoneiros Os ataques do atual presidente equatoriano à população engendraram enormes manifestações no país inteiro. Desde o dia 3, o povo está nas ruas enfrentando o governo No último dia 3, o presidente do Equador, Lenin Moreno, decretou o fim do subsídio do governo para os preços dos combustíveis, que passou então a seguir o preço internacional com ajustes mensais. Somada à supressão de direitos trabalhistas, a situação provocou enormes manifestações que ocorrem nas ruas do Equador até o presente momento. O aumento do preço dos combustíveis foi abrupta, com uma diferença de 120% da noite pro dia, o que provocou uma paralisação geral dos trabalhadores dos transportes, sobretudo caminhoneiros, já que com essas mudanças, o setor de transporte enfrentava condições inviáveis. As mudanças nas leis trabalhistas também causaram grandes impactos. Os terceirizados do governo tiveram uma redução salarial de 20%, e uma redução dos dias de férias dos servidores públicos de 30 para 15 dias. As manifestações que tomam as ruas de Quito, capital do país, estão repercu-
tindo no mundo inteiro, com imagens de civis botando tanques de guerra para correr, ruas completamente lotadas de gente, e uma enorme participação da população indígena. A população está revoltada com as traições de Moreno, que elegeu-se como herdeiro de Rafael Correa, mas em pouco tempo foi no sentido contrário de todas as promessas que fez a população e esquerda do país. Aliou-se a direita e perseguiu Correa, além de ter entregue nas mãos do imperialismo o jornalista Julian Assange. O confronto está tão intenso que o governo equatoriano teve que mudar sua capital para Gauyaquil fungindo dos manifestantes. Como respostas às manifestações, o governo está usando as forças armadas contra a população, que por sua vez usam tanques, Jeeps e blindados contra os manifestantes. A repressão porém não está surgindo o efeito esperado, pois a onda de protestos só aumenta.
Ficou claro que os ataques feitos a população estão provocando enormes conflitos com todos os setores explorados. Não somente no Equador, mas no continente inteiro o plano neoliberal que está sendo empurrado goela a baixa da população, porém em países como Argentina e Brasil, par-
te da esquerda aposta em esperar às próximas eleições para “resolver” a situação. O certo a se fazer é enfrentar esses governos, passando por cima da repressão e das promessas sem fundamentos de que resolveremos nas eleições, pois este caminho até agora só fortaleceu a burguesia.
EQUADOR
Manifestantes paralisam refinarias de petróleo no Equador Três refinarias de petróleo nas províncias de Orellana e Sucumbíos, representando 12% da produção, foram paralisadas devido aos protestos O governo no Equador anunciou ontem, a interrupção das atividades em três refinarias situadas no nordeste do país devido a ocupação de manifestantes. A informação foi dada pelo ministro de Energia e Recursos Naturais Não Renováveis do Equador, Carlos Pérez García, através de sua conta no Twitter. O ministro informou que a interrupção das refinarias nas províncias de Orellana e Sucumbíos ,afeta 12 % da produção total do país. Vários poços
foram interrompidos, e no total dão 63 250 barris por dia. Essas paralisações acontecem em decorrência de cinco dias consecutivos de intensas mobilizações contra o governo de Lênin Moreno, logo após a decisão do governo de retirar os subsídios no preço dos combustíveis que tiveram um reajuste de 120% logo após a decisão. O governo tem respondido com forte repressão do exército e da policia contra a população. Até agora são 14
mortos e 477 detentos pelo governo. A situação obrigou o governo a mudar sua capital, saindo de Quito para Guaiaquil. Os ataques de Moreno a população equatoriana estão sendo respondidos a altura. O exemplo do Equador deve ser seguido e usado como resposta para aqueles que, no Brasil, apontam as eleições de 2022 como solução para os problemas. Lenin Moreno elegeu-se surfando na onda de Rafael Correa, ex-presi-
dente do país cuja política muito se assemelhava a de Dilma e Lula. Agora Correa está sendo perseguido pelo membro de seu partido eleito com sua ajuda. uma demonstração de depositar esperança nas eleições, sem a participação de Lula, no fim do mandato de Bolsonaro, podem surtir o mesmo efeito, pois nada do golpe terá sido derrotado, e um candidato traidor comandado pelo imperialismo pode muito bem aparecer para confundir a população.
8 | INTERNACIONAL
TURQUIA PODE ATACAR CURDOS
Crise do imperialismo: EUA retiram tropas do norte da Síria Apoio dado ao imperialismo não garantiu que ex-aliados não serão massacrados As tropas americanas começaram a se retirar do nordeste da Síria antes de uma invasão turca que, segundo combatentes curdos, derrubará a vitória sobre o Estado Islâmico do Iraque e o grupo armado Levant (ISIL ou ISIS). As forças de Washington “não apoiarão ou se envolverão na operação [turca]” e “não estarão mais na área imediata”, afirmou a secretária de imprensa da Casa Branca, Stephanie Grisham, em comunicado. Não ficou claro se isso significava que os Estados Unidos retirariam suas mil soldados completamente do norte da Síria. “A Turquia em breve estará avançando com sua operação há muito planejada no norte da Síria”, disse o comunicado. Uma autoridade dos EUA disse à agência de notícias Reuters que as forças norte-americanas haviam evacuado dois postos de observação em Tel Abyad e Ras al Ain, no nordeste da Síria, ao longo da fronteira com a Turquia. Outras tropas americanas na região ainda estavam em posição por enquanto, disse o oficial. A retirada marca uma grande mudança na política dos EUA e abandona efetivamente um aliado dos EUA na batalha contra o ISIL, que tomou conta da Síria antes de serem derrotados no início deste ano. O presidente dos EUA, Donald Trump, defendeu na segunda-feira a decisão de retirar as tropas americanas do norte da Síria, dizendo que era muito caro continuar apoiando seus aliados. “Os curdos lutaram conosco, mas receberam enormes quantias de dinheiro e equipamentos para isso. Eles lutam contra a Turquia há décadas”, disse Trump em uma série de tweets. “Turquia, Europa, Síria, Irã, Iraque, Rússia e curdos agora terão que arrumar a situação.” O presidente turco, Recep Tayyip Erdogan, disse na segunda-feira que seu exército está pronto para iniciar operações contra combatentes curdos na Síria a qualquer momento após o anúncio dos EUA. “Há uma frase que sempre dizemos: podemos ir em qualquer noite sem aviso”, disse Erdogan a repórteres em comentários televisionados. “Está absolutamente fora de questão tolerarmos ainda mais as ameaças desses grupos terroristas”. Os curdos da Síria alertaram na segunda-feira que uma invasão militar turca provocaria um grande ressurgimento do ISIL e prometeu combater as forças armadas da Turquia. Essa operação reverteria anos de operações bem-sucedidas lideradas pelos curdos para derrotar o grupo armado e permitir que alguns de seus líderes sobreviventes se escondessem, disseram as Forças Democráticas da Síria (SDF) em comunicado. A força liderada pelos curdos também denunciou Washington pela retirada.
Washington concordaram em estabelecer uma zona a 480 km da fronteira que a Turquia deseja ter 30 km de profundidade (19 milhas). Segundo o plano turco, até dois milhões de refugiados sírios seriam assentados na área que seria limpa do YPG. A Turquia vê o YPG como uma extensão do Partido dos Trabalhadores do Curdistão, ou PKK, que realiza uma insurgência contra a Turquia há 35 anos. Estima-se que 40.000 pessoas foram mortas. Ancara e Washington consideram o PKK um grupo “terrorista”, mas divergem sobre a questão do YPG, que forma o núcleo das forças sírias apoiadas pelos EUA contra o ISIL. ‘Preencher o vácuo’
“Havia garantias dos Estados Unidos da América de que não permitiria operações militares turcas contra a região”, disse o porta-voz da SDF, Kino Gabriel, em entrevista à TV al-Hadath. “Mas a declaração [dos EUA] hoje foi uma surpresa e podemos dizer que é uma facada nas costas do SDF”. A força sírio-curda disse em comunicado que perdeu 11.000 combatentes na guerra contra o ISIL. Alto custo O ministro das Relações Exteriores da Turquia, Mevlut Cavusoglu, disse na segunda-feira que a Turquia “limparia terroristas” na Síria. “Estamos determinados a garantir a existência e a segurança de nosso país, limpando terroristas desta região”, escreveu Cavusoglu no Twitter. “Desde o início da guerra na Síria, apoiamos a integridade territorial desse país e continuaremos a fazê-lo a partir de agora. Contribuiremos para trazer serenidade, paz e estabilidade à Síria.” Enquanto isso, a ONU disse que estava “se preparando para o pior” no nordeste da Síria. “Não sabemos o que vai acontecer”, disse o coordenador humanitário da ONU para a Síria, Panos Moumtzis, em Genebra, enfatizando que havia “muitas perguntas não respondidas” sobre as consequências da operação. Grisham, o secretário de imprensa da Casa Branca, disse que, após uma ligação entre Trump e Erdogan, a Turquia deve tomar a custódia de combatentes estrangeiros capturados na campanha liderada pelos EUA contra o ISIL, que foram mantidos por forças curdas apoiadas pelos EUA. “Os Estados Unidos não os manterão por um período de muitos anos e um grande custo para o contribuinte dos Estados Unidos”, afirmou o comunicado. França, Alemanha e outras nações européias recusaram pedidos dos EUA
de recuperar cidadãos que lutaram pelo ISIL. A Turquia alertou anteriormente que iria realizar operações militares a leste do rio Eufrates, mas suspendeu seus planos depois de concordar com os EUA para criar uma “zona segura” dentro da fronteira nordeste da Síria com a Turquia, que seria liberada das Unidades de Proteção do Povo Curdo (YPG) grupo armado. As forças curdas sofreram o impacto da campanha terrestre contra o ISIL, mas são consideradas “terroristas” pelo governo turco. A declaração da Casa Branca ficou em silêncio sobre o que aconteceria com os curdos. É altamente provável que a Turquia espere até que os soldados americanos se retirem da área antes de iniciar uma ofensiva, disse uma alta autoridade turca à Reuters. Ele disse que a retirada das tropas americanas da área de operações planejada pode levar uma semana e é provável que Ancara espere por isso para evitar “qualquer acidente”. Refugiados sírios Ibrahim Kalin, porta-voz presidencial da Turquia, disse na segunda-feira que a zona segura no norte da Síria tinha dois objetivos: remover “elementos terroristas” da fronteira e devolver os refugiados em segurança à Síria. Kalin disse que a Turquia não estava atrás de ganhos territoriais em nenhum país. “A Turquia é poderosa e determinada”, disse ele, acrescentando que não permitirá que o ISIL retorne “de qualquer forma”. A Turquia abriga 3,6 milhões de refugiados sírios. Sua presença se tornou uma questão política, à medida que a economia do país luta para emergir da recessão. Após oito anos de guerra na vizinha Síria, Ancara e o aliado da Otan em
A Rússia disse na segunda-feira que a integridade territorial da Síria deve ser preservada. “Esperamos que nossos colegas turcos se mantenham nessa posição em todas as situações”, disse o porta-voz do Kremlin, Dmitry Peskov. Peskov reiterou a posição de Moscou de que todas as forças militares estrangeiras “com presença ilegal” deveriam deixar a Síria. Desde que concordou em estabelecer a zona no norte da Síria, a Turquia alertou repetidamente sobre ações militares unilaterais se os esforços não atendessem às suas expectativas, dizendo que não toleraria nenhuma tentativa dos EUA de interromper o processo. Os laços entre os aliados também foram pressionados pela compra da Turquia de mísseis russos S-400 e pelo julgamento de funcionários locais do consulado dos EUA na Turquia. Marwan Kabalan, do Instituto de Estudos de Pós-Graduação de Doha, disse que Trump está desesperado para garantir qualquer sucesso na política externa depois de fracassar no Afeganistão e no Irã, e com um progresso cada vez menor na Coréia do Norte. “Para sair da Síria, alguém deve entrar e preencher o vácuo lá, para que a Turquia possa ser a parte que faz essa missão. Temos que olhar para as necessidades domésticas do presidente Trump, por um lado, e também para a pressão dos turcos. colocando o governo Trump “, disse Kabalan à Al Jazeera. Ele disse que a manipulação do Irã pelos EUA após os ataques à infraestrutura de petróleo da Arábia Saudita mudou as percepções sobre o poder militar dos EUA no Oriente Médio. “Todo mundo está vendo os Estados Unidos em uma posição fraca agora, já que não estavam dispostos a iniciar nenhum confronto na região”, acrescentou Kabalan. A política contraditória de Trump é deixar para trás os aliados para serem massacrados.
CIDADES | 9
BAHIA
Rui Costa adere a plano de privatizações de Bolsonaro Governador petista quer transferir gestão de escolas estaduais para Organizações Sociais, na prática privatizando as instituições de ensino e terceirizando seus funcionários O governo da Bahia, liderado por Rui Costa, burocrata da ala direita do PT, está começando a implementar o projeto de privatização do ensino público estadual. No dia 9 de setembro, o Diário Oficial do Estado publicou a portaria nº 770 que possibilita a entrega de escolas estaduais para Organizações Sociais (OSs) nas cidades de Salvador, Alagoinhas, Ilhéus e Itabuna. Trata-se, na verdade, de privatizar as escolas. Em nota divulgada no último dia 25, a APLB – Sindicato dos Trabalhadores em Educação do Estado da Bahia denunciou a privatização das escolas e a terceirização de seus funcionários, o que é praxe quando a gestão de estruturas públicas é transferida para Organizações Sociais. Na última segunda-feira (07), dirigentes da APLB se reuniram com deputados federais e estaduais da Bahia para denunciar o projeto, que “caracteriza a privatização de parte expressiva das atividades escolares e a terceirização de funções exercidas por professores e funcionários administrativos da educação”. CUT, CTB e CNTE (Confederação Nacional dos Trabalhadores da Educação) também denunciaram o projeto
do governo baiano, que vem entrando cada vez mais em contradição com tais instituições operárias, base do PT também na Bahia. Já em maio, Rui Costa havia defendido a cobrança de mensalidades em universidades públicas, bem no momento em que o governo federal ilegítimo de Jair Bolsonaro desferia os maiores ataques contra a educação, o que levou a grandes protestos estudantis. Agora, na prática Rui Costa se aproxima de Bolsonaro, uma vez que o projeto de entrega das escolas públicas estaduais para as OSs é de extrema semelhança com o projeto Future-se do governo federal, de uma privatização gradual (porém acelerada) do ensino superior a nível nacional. Essa não é a primeira medida direitista de Rui Costa. Além da intensa repressão policial contra os pobres, ele tem implantado dezenas de escolas militares. Ainda no âmbito da privatização, em abril ele anunciou uma Parceria Público-Privada (PPP) para a administração da Empresa Baiana de Águas e Saneamento (Embasa), ou seja, o repasse da companhia estatal para as mãos dos grandes capitalistas, privatizando assim o fornecimento de
água, um serviço público fundamental e básico para a população. Na época, as sinalizações de Rui Costa foram denunciadas pelo Sindicato dos Trabalhadores em Água, Esgoto e Meio Ambiente da Bahia (Sindae). Rui Costa é um dos principais representantes da ala direita do PT, que busca cada vez mais uma conciliação e mesmo aliança com a direita golpista – como o PSDB, o DEM e o MDB, ou, mesmo que indiretamente, com o
próprio governo Bolsonaro, como é o caso da semelhança de política educacional privatista que o governo baiano tenta impor. Essa ala direita do PT – e que se expressa em outros partidos, como o PCdoB com Flávio Dino (governador do Maranhão) – também é a mesma que busca tirar o ex-presidente Lula da cena política, boicotando a campanha por sua liberdade, em um acerto político com a burguesia.
NEOLIBERALISMO
Destruição da direita: capela histórica pega fogo em Diamantina A política da direita tem levado à destruição de diversos patrimônios culturais, como a Igreja da Sopa, mas também a Catedral de Notre-Dame de Paris e o Museu Nacional. Construída no século XIX, a Igreja de Santa RIta de Cássia – conhecida como “Igreja da Sopa” – foi atingida por um incêndio no último dia 4 de outubro. Ela estava localizada no distrito de Sopa, em Diamantina, no Vale do Jequitinhonha de Minas Gerais. A Igreja era considerada um patrimônio cultural do distrito e era o seu principal atrativo turístico. Em 2015, havia sido restaurada completamente, mas acabou não sobrevivendo ao descaso da direita. Neste dia 4 de outubro, os pouco mais de 500 cidadãos de Sopa perderam uma de suas principais fontes de renda, já que a igreja era um atrativo para os turistas irem visitar a região. Mas isso não é o único problema. POLÍTICA DA DIREITA O problema real é o problema da decadência capitalista. O sistema econômico atualmente vigente não permite mais o desenvolvimento cultural da humanidade. Muito pelo contrário, já que nem a manutenção do que já foi construído, como a capela de Sopa, é permitido. O descaso da direita com a cultura e os patrimônios históricos, através de
uma política de contenção de gastos, é um crime contra a humanidade. Com isso, fica apagada uma parte da história da civilização humana. O descaso assemelha-se à política nazista de queima de livros, realizada nos anos 30. Os seguidores de Hitler pegavam livros de todos os tipos, muito deles raros (com poucas edições) e jogavam em fogueiras. Um verdadeiro ataque contra a cultura. Podemos nos lembrar que no dia 15 de abril deste ano, o neoliberalismo
francês colocou fogo em um dos mais importantes monumentos da história da espécie humana, a Catedral de Notre-Dame de Paris, que começou a ser construída no século XII para terminar 200 anos depois. Os indícios de que a Catedral estava em risco foram ignorados pelo presidente francês, Emmanuel Macron, ocasionando em uma perda sem tamanhos para o patrimônio histórico da civilização. No Brasil, diversos museus estão caindo aos pedaços, com destaque
para o Museu Nacional, que pegou fogo em 2018, perdendo 90% de seu acervo museológico. Ele, que é localizado no Rio de Janeiro, é o mais antigo museu do país, com mais de 200 anos. Pegou fogo justamente quando comemorava seu 200º aniversário. É preciso deixar claro que essa é a política da direita. As reformas necessárias para manter os patrimônios não são feitas, pois custam dinheiro e a burguesia tem a política de contenção de gastos. Desta forma, fica claro que, ao contrário da fase ascendente do capitalismo, quando monumentos históricos estavam sendo construídos, agora, estamos na fase da destruição, da total decadência capitalista, em que a cultura e a vida humana estão ameaçadas – com a destruição, a especulação imobiliária, a volta de doenças erradicadas e assim por diante. A IGREJA DE SANTA RITA DE CÁSSIA O incêndio abalou toda a estrutura da Igreja da Sopa, deixando apenas as ruínas das paredes, que podem desabar a qualquer momento.
10 | CIDADES
POLÍTICA DE ADEQUAÇÃO.
Ao invés de parar violência, projeto ensina a manter aula em tiroteio Diante do genocídio promovido pela direita golpista, surge o método que promove a adequação do povo oprimido às missões genocidas da Polícia Militar. O aumento vertiginoso das incursões policiais nas favelas do Rio de Janeiro tem gerado números catastróficos. As mortes por parte da polícia crescem a cada dia. Com a política bolsonarista e, portanto, fascista do governador Wilson Witzel (PSC) “O Sicário”, a PM tem agido com carta branca para entrar nos bairros pobres e promover o morticínio noticiado diariamente. Para evitar o aumento do número de inocentes mortos, escolas e hospitais tem mantido as portas fechadas. Diante desta hecatombe, o Comitê Internacional da Cruz Vermelha (CICV) desenvolveu um método chamado Acesso Mais Seguro (AMS) que, segundo Mary Werntz, diretora global de operações do CICV, o trabalho começa pela criação de um plano de contingência, elaborado a partir de reuniões com a comunidade. O programa já contempla cinco cidades brasileiras: Porto Alegre (RS), Florianópolis (SC), Duque de Caxias (RJ), Rio de Janeiro (RJ) e Fortaleza (CE). Em Vila Velha (ES), o programa encontra-se em fase de implementação. Para saber agir sob a violência do Estado, os profissionais que trabalham em escolas e unidades
de saúde recebem treinamento sobre rotas de fuga, destacamento de pessoas para funções específicas (como ligar para familiares, por exemplo), são recursos utilizados como meio para manter o funcionamento destes locais sob fogo cruzado. De acordo com levantamento feito pela Folha, uma em cada quatro escolas da rede municipal carioca perdeu um dia de aula devido à violência urbana. Em julho deste ano, após intenso tiroteio nas imediações, no bairro de Manguinhos, houve a interrupção de três dias seguidos em uma escola. Segundo a reportagem, um dos municípios que adotaram o programa, o tempo que escolas, unidades de saúde e serviços de assistência social passam a ficar fechados em função do terrorismo de Estado (como troca de tiros) caiu 40%. Para Werntz, a diferença está nos governos: nas cidades brasileiras em que ‘o poder público existe’, ele contrata funcionários, estabelece normas e fornece serviços públicos. Ainda segundo a diretora da CICV, “Há uma preocupação externa da parte da Cruz Vermelha em deixar claro, especialmente numa situação de con-
flito, que nós não atuamos em favor de um lado ou de outro. Todo o valor do nosso trabalho reside no fato de nós termos essa capacidade de atravessar as divisões e falar com ambos os lados. Pegue o exemplo de um hospital de campanha: nós não somos um poder armado para chegar lá com tanques de guerra, ocupar o lugar e montar o hospital. É tudo negociado”. Em suma, o projeto enseja a possibilidade de adequação da vida da
população mais pobre ante à política de guerra implementada pela direita, como é o caso do Rio de Janeiro, com Witzel. Não se trata de repúdio aos sucessivos avanços dos fascistas contra o povo oprimido, apenas a adequação e o contingenciamento da população local para manter o status quo da política genocida da direita golpista ao invés de combatê-la, parando com as ações da PM e, até mesmo, sua dissolução imediata.
IRREGULARIDADES EM ELEIÇÃO
Eleição do conselho tutelar: candidata transportava ônibus de votantes Candidata ao conselho tutelar de São João da Ponte (MG) é denunciada por transporte de eleitores.
As eleições para membros do conselho tutelar para o mandato 2020/24 foram realizadas em todo o país no último domingo (06/10) e foram marcadas por denúncias de irregularidades. Em São João da Ponte, norte de Minas Gerais, uma candidata foi flagrada, em vídeo, por moradores, realizando o transporte de eleitores para garantir o voto em sua candidatura e em outra candidata coligada. Testemunhas formalizaram a denúncia apresentando o vídeo na delegacia da cidade. Os policiais realizaram buscas, mas não localizaram o ônibus.
Denúncias como essa e outras, como de boca de urna, mudanças de seções de votação, impugnações de urnas e de candidatos, destacaram uma eleição turbulenta. Outro aspecto fundamental a ser observado foi a quantidade de candidatos ligados aos setores da extrema direita, do PSL, das igrejas evangélicas etc. Este acirramento da disputa eleitoral indica o que deve ocorrer nas eleições municipais no próximo ano e mostra que a base do regime golpista busca avançar pelos diversos âmbitos das instituições do Estado.
A direita prospera na ignorância. Ajude-nos a trazer informação de verdade
CULTURA E NEGROS | 11
ATAQUE AO IPHAN
Patrimônio cultural mineiro está em risco por conta de cortes O partido de Bolsonaro está tomando conta da cultural, a fim de destruí-la e impedir que a população tenha acesso às formas políticas contida na arte e cultura. Há dez dias, a museóloga Célia Corsino foi exonerada de seu cargo no Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan), local onde era gestora há 40 anos e há três era superintendente. Agora, o comando do Iphan estará nas mãos de mais um golpista: Jeyson Cabral Tavares (PSL) assume o Instituto, porém sem nenhuma experiência na área, tendo sido seu último trabalho o de cinegrafista na Câmara Nacional de Juiz de Fora. Por meio de um ofício, os prefeitos de Congonhas, Diamantina e Ouro Preto, todas de Minas Gerais, se manifestaram contra essa substituição. A incerteza do futuro da questão patrimonial em Mina é grande, afinal, Jeyson é representante das políticas do PSL e de Jair Bolsonaro, que são conhecidas principalmente por atacarem a cultura do País, censurar obras, filmes, exposições, cortar verbas etc. Jeyson foi indicado pelo deputado federal Charlles Evangelista, também do PSL, deixando implícito que o partido bolsonarista planeja dominar aos poucos os cargos públicos, a fim de manipulá-los da forma mais conveniente para eles e dificultar que a população
tenha acesso à cultura ou para quem reclamar da falta dela. Contudo, no último dia 1º, o Iphan divulgou um manifesto afirmando que essa escolha não obedece aos critérios técnicos. Angela Gutierrez, empresária e pesquisadora, afirma que essa mudança foi meramente política: “Ele pode ser sério, responsável, amigo do deputado, o que for, mas não tem experiência”. O prefeito de Congonhas, José de Freitas Cordeiro (PSDB), também concorda com a empresária: “Para cargos técnicos devem ser escolhidas pessoas com conhecimento”. Esse tipo de indicação precisa, na verdade, ser feita pelo ministro da Cidadania, atualmente Osmar Terra (MDB), mas sendo ministro do governo Bolsoanaro, dificilmente ele falará contra alguma decisão bolsonarista. A realidade é que esse nome do PSL foi escolhido a dedo para facilitar a implementação de um projeto do presidente golpista Jair Bolsonaro para 2020 no Iphan. Caso o plano de gestão de Bolsonaro seja aprovado no Congresso, o Instituto sofrerá uma redução de 70% nos recursos para preservação de patrimônio e memória. Ao
que tudo indica, o projeto prevê que no próximo ano o Iphan receba apenas R$ 304 milhões, quase metade dos R$ 516 milhões recebido em 2018. Esse ataque aos espaços culturais vem sendo cada vez mais frequente no governo dos conservadores. O programa político da direita golpista consiste em um vandalismo institucionalizado contra a cultura. Além dos ataques aos trabalhadores, aos direitos, aos salários e às organizações operárias, a di-
reita ataca a cultura porque não pode conviver com a cultura, com arte, com qualquer coisa que estimule a população a pensar para além do óbvio, que empurre as pessoas para fora da bolha alienante da TV aberta. É preciso calar toda a sociedade para impor a política da direita, e a cultura pode se tornar um obstáculo. Se a população quiser que a cultura sobreviva e seja impulsionada no Brasil, é preciso lutar contra os conservadores e direitistas no poder.
CENSURA
SEGURANÇAS SÃO RACISTAS
Judicializar os cortes não vai defender a cultura
Jovem negro é agredido na UFMG
O governo ilegítimo ataca tudo que for do povo É uma perseguição sem precedentes a tentativa de controlar tudo. Faz parte da política do governo golpista ilegitimo de Jair Bolsonaro, que através de seu Ministro da cidadania, Osmar Terra, cria a censura prévia aos projetos culturais realizados em todo país. Novas regras exigem detalhes do posicionamento político dos artistas, o comportamento deles nas redes sociais e outros pontos polêmicos sobre as obras. A Caixa Cultural está sofrendo ataque tendo que preencher relatórios internos avaliados pela estatal antes que seja dado o aval para peças de teatro, ciclos de debates e exposições já aprovados em seus editais, antes de entrarem em cartaz. Por conseguinte, entende-se que é um caráter persecutório a determinadas obras e autores. A superintendência da Caixa restringe imagens ou cenas de nudez, pautas LGBT e diz que assuntos sobre ditadura militar devem ser evitados. Estão sendo exigidos detalhamentos mais extensos sobre conteúdo, incluindo cenas, textos e descrições de imagens. Foram canceladas as palestras “Aventura do Pensamento”, cancelaram a peça “Gritos”, que tinha como personagem uma travesti, também a
peça “Lembro Todo Dia de Você, e justificaram que o espaço iria entrar em reforma. A política desse governo golpista é de destruição de qualquer tipo de expressão artística espontânea, reprimindo tudo que for do povo, impondo sobre o povo atitudes e decisões reacionárias e persecutórias. Não adianta combater a direita por meio das instituições. É preciso mobilização. É preciso ir às ruas e chamar todos os setores a lutarem contra esses cortes.
Os estudantes precisam se organizar e colocar para fora da universidade todo elemento que dê suporte às políticas fascistas dentrodo campus Um ex-aluno da UFMG, negro, de 32 anos, entrava nas dependências da universidade, acompanhado de um amigo, quando foi abordado por um segurança, que pediu identificação. O rapaz esclareceu, ainda, que iria se matricular em um curso de extensão. Mesmo assim, aproximaram-se mais três seguranças, o imobilizaram e desferiram diversos chutes. A cena foi gravada por outros estudantes – um deles teve seu celular jogado no chão pelo vigilante. Para eles, o rapaz era um ladrão que se fazia passar por estudante para roubar alunos. O estudante prestou queixa na universidade e fez boletim de ocorrência. Como de costume, a Reitoria emitiu uma notinha seca de que “tudo seria apurado.” Enquanto isso, o bolsonarismo vai alimentando as forças repressivas estatais e privadas para oprimir o povo negro. A universidade é um espaço público, a serviço do povo, e pessoa nenhuma pode ser impedida de acessá-la ou barrada para dar satisfações. E a segurança de uma universidade deve estar subordinada aos interesses da comunidade universitária, organizada e controlada por ela. Obviamente, não é isso que o regime bolsonarista preconiza. Por is-
so, nada adiante pedir investigações a uma polícia ainda mais repressiva, ou a uma reitoria ocupada por burocratas coniventes. Os movimentos universitários e negros precisam se organizar e impedir a presença de elementos racistas e fascistas neste espaço. É necessário colocar para fora da universidade os vigilantes em questão, e todo elemento que servir como braço da política bolsonarista no campus universitário.
12 | MULHERES E JUVENTUDE
DIREITO DAS MULHERES.
Aborto é legalizado em todo o território australiano O aborto ainda é a quarta causa de morte materna no Brasil, isso porque muitas mulheres acabam se sujeitando ao aborto clandestino e inseguro As mulheres australianas conquistaram mais uma vitória, feita à base de muita luta e pressão em cima do governo da Austrália: agora o aborto é uma prática legalizada em todo o país. A lei vigente até antes da votação do parlamento regional de Nova Gales do Sul, definia que a mulher que abortasse poderia pegar uma pena de 10 de prisão, algo absurdo, tendo em vista que as mulheres que recorrem ao aborto assim o fazem porque não possuem condições adequadas para gerar um filho, sejam financeiras, psicológicas etc. Ou, às vezes, o simples fato da mulher não querer ter filhos, já que é dona e responsável por seu corpo.
O debate sobre o tema foi longo, durou cerca de 70 horas, afinal, é quase consenso que é um tema polêmico em todo o mundo, mesmo assim, a maioria dos membros do poder legislativo regional votou favorável à medida. Como em todo país, a proposta foi rejeitada pelos grupos religiosos e políticos conservadores, que se negam a compreender que a questão do aborto está intrinsecamente ligada à saúde da mulher, principalmente emocional, e não a um capricho. O aborto na Austrália, além de ter sido legalizado, permitirá que as mulheres interrompam uma gravidez até a 22º semana da gestação, sempre praticada por um médico e de forma
segura. Para Claire Mallinson, diretora da Anistia Internacional Austrália, Nova Gales do Sul está “alinhada com o resto da Austrália no reconhecimento dos direitos das mulheres, incluindo o direito de controlar seu próprio corpo e saúde reprodutiva”. Como ela mesma diz, as mulheres precisam ser responsáveis por seus próprios corpos, e o que elas fazem com eles é uma decisão que pertence única e exclusivamente a essas mulheres. O aborto é sempre uma decisão difícil, polêmica, aterrorizante para muitas mulheres que enfrentam o medo do Estado quando este deveria ampará-las em todas as decisões. A quarta causa de morte materna no Brasil
ainda é consequência de abortos clandestinos, pelo menos 500 mil mulheres abortam todos os anos no País, a maioria delas é evangélica, católica ou espírita e já possuem filhos. É importante ressaltar que essa é uma conquista das mulheres, não é uma bênção do governo australiano, é algo que foi alcançado graças à luta das mulheres. Que sirva de exemplo para outros países, principalmente para o Brasil. As mulheres devem ter direito irrestrito ao aborto, direito genuíno sobre seus corpos e não devem ser criminalizadas de forma alguma nem pelo Estado, nem pela corja de falsos moralistas e conservadores que tomaram conta do País.
EDUCAÇÃO EM PERIGO!
Bolsonaro espalha ditadura militar nas escolas para 17 Estados Governo fascista de Jair Bolsonaro aparelha a educação com militares para controlar a liberdade de expressão e a insurgência contra seu próprio governo antipopular. Colocando em prática seu projeto de destruição do ensino público e de lavagem cerebral com a doutrinação militar, Jair Bolsonaro (PSL) implementa escolas militares em 15 estados além do Distrito Federal. =Na região Sudeste, apenas Minas Gerais declarou interesse. Já no Nordeste, somente o governo do Ceará se interessou. O modelo “cívico-militar” deixa claro a intenção de dirigir a educação em direção ao obscurantismo e à subserviência aos interesses dos golpistas, prevendo, assim, a atuação de equipe de militares da reserva (policiais, bombeiros ou membros das Forças Armadas) na administração escolar. A diferença entre este
modelo e o puramente militar consiste apenas no fato de – por enquanto – os militares ainda não determinarem o currículo escolar, embora os alunos tenham que utilizar farda e seguir as regras definidas por militares. O MEC adiantará R$ 54 milhões no próximo ano para a implementação do golpe contra a educação que será iniciado em 54 colégios, sendo destinado R$ 1 milhão para cada um se adequar às normas e infraestrutura dos milicos. O plano, porém, é atingir 216 unidades das 140 mil escolas do Brasil até 2023. Apesar da adesão do programa ser voluntária, o fascista Bolsonaro já declarou que irá o irá im-
por mesmo havendo oposição. Os golpistas acossaram as redes de ensino para que aderissem à proposta entre os dias 6 e 27 de setembro. O propósito, inicialmente, é a implantação de ao menos duas escolas em cada estado. Já o ministro da Educação, “o mentecapto” Weintraub, disse apostar na demanda pelo modelo fascista. O alvo dos golpista é forçar o projeto de fascistização da educação em escolas do segundo ciclo do ensino fundamental (6º ao 9º ano) e ensino médio com ao menos 500 alunos e no máximo 1.000. Ademais, os esforços serão dirigidos em locais mais pobres – locais em que a direita tem maior in-
teresse em conter a rebelião popular. É preciso denunciar esta ação dos golpistas. Esse modelo, em que militares participarão das atividades educacionais e administrativas, consiste num tremendo engodo e, portanto, só servirá para a direita impor-se por meio do terror, impedindo professores e estudantes de reivindicarem seus direitos. Este golpe, com efeito, permitirá a contenção da crescente onda de descontentamento e rebeldia da população ante as ações antipopulares do governo de Jair Bolsonaro, além de aparelharem as escolas para a doutrinação ideológica, ironicamente fazendo aquilo de que acusavam outros de fazerem.
ECONOMIA | 1 3
NEOLIBERALISMO
Miséria: um quarto das famílias vive com menos de R$ 2 mil A desigualdade social como projeto de dominação e barateamento da mão de obra que serve a burguesia O IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística) divulgou a Pesquisa de Orçamento Familiar realizada entre junho de 2017 e julho de 2018, em 57.920 domicílios, sobre os hábitos de consumo dos brasileiros. Uma das conclusões a que a nova pesquisa chegou, é que, até julho do ano passado, as famílias com renda de até R$ 1,9 mil destinam 61,2% de seus gastos à alimentação e habitação. Entre aquelas com os rendimentos mais altos, acima de 25 salários, a soma atingia 30,2%, sendo 7,6% com alimentação e 22,6% com habitação. Para as famílias que formam a classe de maiores rendimentos, as despesas com alimentação (R$ 2.061,34) eram mais que o triplo do valor médio do total das famílias do país (R$ 658,23) e mais de seis vezes o valor da classe com rendimentos mais baixos (R$ 328,74). O resumo de toda a ópera é o seguinte: A desigualdade aumentou: 2,7% das famílias brasileiras concentram 19,9% de toda a renda. 23,8% vivem com menos de dois salários mínimos por mês. Na pesquisa anterior, o número era de 21,63%. 73,03% das famílias receberam menos de seis salários mínimos por mês. Nove anos atrás, eram 68,40%. A parcela dos salários destinada ao pagamento de dívidas e empréstimos bancários cresceu de 2,1% para 3,2%. As famílias, hoje, gastam menos com alimentação (-1,9%) e transporte (-1,4%). Se essa aí era a realidade pós golpe, até julho de 2018, imagina como estará hoje? Certamente, muito pior. Em todas as regiões, o componente com a maior participação no total dos rendimentos das famílias foi o trabalho, indo de 52,6% no Nordeste a 61,5% no Centro-Oeste. Já as transferências tiveram a maior participação no Nordeste (24,6%) e a menor, no Centro-Oeste (14,3%). No caso do rendimento não monetário, as regiões
Nordeste e Norte tiveram participações acima da média nacional (15,7% e 15,6%, respectivamente), enquanto o Centro-Oeste teve a menor participação (12,8%). O maior valor médio recebido pelas famílias foi no Centro-Oeste (R$ 6.772,86), correspondente a 124,8% da média nacional e, no Sudeste (R$ 6.391,29), equivalente a 117,8%. No Nordeste (R$ 3.557,98) e Norte (R$ 3.647,70), os valores corresponderam a 65,6% e 67,2% da média nacional, respectivamente. O Sudeste foi a região com maior contribuição para valor médio total recebido pelas famílias, com R$ 2.789,94, mais da metade da média nacional (51,4%). A menor contribuição era dada pela região Norte, com R$ 265,09, ou 4,9%. O Centro-Oeste, embora apresentasse o maior valor entre as regiões, participava com apenas R$ 525,44 (9,7%). A concentração de renda, fruto da política do neoliberalismo, é outro ab-
surdo. Apenas 2,7% das famílias se apropriavam de 20% da média global do país. A análise por classes de rendimento mostrou que 23,9% das famílias recebiam até R$ 1.908,00 (2 salários mínimos) e contribuíam com apenas 5,5% do valor médio recebido no Brasil. Ou seja, da média mensal global de R$ 5.426,70, apenas R$ 297,18 vêm deste grupo. Considerando as famílias que viviam com até R$ 5.724,00 (6 salários mínimos), a contribuição foi de 36,1%. Assim, da média global de R$ 5.426,70, R$1.958,71 vêm deste grupo, ou seja, ¾ das famílias se apropriam de cerca de 1/3 da renda média. Na última classe estão apenas 2,7% das famílias brasileiras, que recebiam mais de R$ 23.850,00 (25 salários mínimos). Este grupo contribuiu com R$ 1.080,26 para média global de R$5.426,70. Dessa forma, este grupo se apropria de quase 20% de todos os valores recebidos pelas famílias.
Quando se analisa a origem dos valores recebidos por classes de rendimento, nas famílias que recebiam até 2 salários mínimos, 41% vinham do rendimento de trabalho; 28,8%, das transferências; 0,3%, dos aluguéis; 0,6%, de outras rendas; 28,2% era não monetário e 1,1% se referia à variação patrimonial. Na outra ponta, nas famílias que recebiam mais de 25 salários mínimos, 60% vinham do rendimento de trabalho; 12,8% das transferências; 3,7% dos aluguéis; 0,2% de outras rendas; 7,9% era não monetário e 15,3% se referia à variação patrimonial. Guarde esse números. Certamente estarão piores na próxima pesquisa, caso Bolsonaro não intervir no IBGE e mascarar a situação de miséria a que foi levado o País e para qual a direita golpista não tem nenhuma solução, pelo contrário, dependendo de Bolsonaro só vai piorar. Por isso lutar pelo fim desse governo é uma questão de sobrevivência.
As denúncias e polêmicas que não saem nos outros jornais
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