Edição Causa Operária nº5419

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QUARTA-FEIRA, 3 DE OUTUBRO DE 2018 • EDIÇÃO Nº 5419

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DIÁRIO OPERÁRIO E SOCIALISTA DESDE 2003

DELAÇÃO DO PALOCCI: GOLPISTAS APROFUNDAM MANOBRA ELEITORAL PARA COLOCAR ALCKMIN NO 2° TURNO

Causa Operária Ediçao 1024 SEMANÁRIO OPERÁRIO E SOCIALISTA DESDE 1979 • REVOLUÇÃO, GOVERNO OPERÁRIO E COMUNISMO • Nº 1024 • 29 DE SETEMBRO A 5 DE OUTUBRO DE 2018 • PREÇO: R$ 2,00 • SP: R$1,00

www.causaoperaria.org.br

Ano 39 • Distribuição nacional

ELEIÇÃO SEM LULA É FRAUDE

STF CASSA 3,4 MILHÕES DE ELEITORES Sedes do PT e PCdoB são invadidas pela PM em todo o estado de MG Fraude eleitoral de Norte e a Sul OEA, que ataca eleições na Venezuela, quer legitimar a fraude no Brasil Quem criou Bolsonaro? Bolsonaro é parte essencial destas eleições, não há como negar.

Leia mais na pág.2

Depois de tirarem Lula, generais dizem que respeitarão resultado das urnas pág.2

Frente eleitoral não é frente antifascista Página 4 Lula é o candidato preferencial do povo brasileiro do ponto de vista do voto, imba-

Judiciário controla as eleições: 1.400 candidatos estão sub judice pág.2

“Antibolsonarismo” não é antigolpismo, é campanha para os tucanos Página 5

tível em todas as pesquisas, por isso os golpistas proibiram Lula de concorrer.

A mando de general, Toffoli diz que as eleições fraudadas “têm que ser respeitadas” as Forças Armadas, já não basta controlar o Supremo através de declarações ameaçadoras. É preciso ter participação direta na instituição.

Leia mais na pág.3

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diferentes. Segundo denúncia do Sindicato dos Petroleiros, os acidentes de trabalho aumentaram 10% só neste ano, – mas na realidade o número é ain-

Pernambuco: Justiça não quer julgar PM assassino Assassino confesso de um estudante de 14 anos, em 2016, o ex-sargento da reserva da Polícia Militar de Pernambuco, Luiz Fernando Borges, teve seu julgamento, que ocorreria nesta segunda-feira (24), adiado para outubro. Familiares e amigos da vítima, o estudante Mário

Andrade de Lima, que agora estaria completando 17 anos no próximo dia 23 de setembro, protestaram na porta do Fórum Desembargador Rodolfo Aureliano, no Recife. Assim que chegaram para o julgamento, depararam-se com o adiamento. Leia mais na Página 7

Sem apoio real:

falsificações

Petrobras: Empresa falsifica números, mas índice de acidentes sobe mesmo assim Como já era de se esperar, os resultados da nefasta terceirização implementada pelo governo golpista de Michel Temer (MDB) não poderiam ser

Leia mais na pág.2

Redes sociais

40% dos seguidores dos candidatos são

Leia na Página 4 O Ministro Dias Toffoli, atual presidente do STF, está sob a tutela dos militares, que colocaram um general da reserva para “assessorá-lo”. Para

Voto útil é parte da fraude eleitoral

da maior –, visto que as ocorrências têm sido subnotificadas para não prejudicar o Plano de Negócios da Petrobras, que tem uma meta a ser atingida.

Procurase Luzia: incêndio causado pelo golpe faz Museu Nacional ter exposição de plástico Página 7

Reação ao atentado: Maduro prende mais três agentes internos à serviço do imperialismo Página 8

Capitulação: Obrador já avisa Mulheres que não brigará com Trump Depois do golpe, muitas mulheres por conta do Muro Página 8 pararam de procurar emprego

Leia mais na Página 7

Irã acusa imperialismo de ter realizado atentado terrorista Leia mais na Página 8

ADQUIRA JÁ SUA EDIÇÃO EDITORIAL

A delação de Palocci foi ressuscitada pelo juiz entreguista Sérgio Moro como parte de uma manobra eleitoral para marcar negativamente o Partido dos Trabalhadores e tentar esvaziar os votos que as pesquisas indicam para Fernando Haddad. Ao mesmo tempo, tenta estabelecer a imagem de que há dois extremos igualmente ruins para o país, Bolsonaro e o PT.

COLUNA

1964: “Nem golpe, nem revolução”, a história segundo Toffoli

Fraude: imprensa anuncia que Alckmin pode ganhar as eleições

Vice da onça: Mourão orienta esquerda a votar no PSDB para derrotar sua própria chapa

Por Rafael Dantas Nesta segunda-feira veio a público a notícia de que o presidente do STF, ministro Dias Toffoli, decidiu chamar o golpe de 64 de “movimento de 1964”.

“É 29!”: PCODF REUNIU MILITÂNCIA NO SÁBADO

Advogada do NOVO que impediu entrevista de Lula é ligada ao tucano Anastasia

AVANÇA A FRAUDE E “MERCADO” SE TRANQUILIZA Nesta terça (dia 2), o Instituto Datafolha, do grupo Folha de S. Paulo, divulgou pesquisa realizada no próprio dia, na qual um dos aspectos mais marcantes foi o suposto crescimento de 30% da taxa de rejeição do candidato petista substituto de Lula, Fernando Haddad, que teria saltado de 32 para 41%, um acréscimo de cerca de 30%.

“Como uma pessoa pode votar em Jair Bolsonaro?” por Vitor Teixeira

Nem Fux, nem Lewandowski, nem Toffoli: quem manda no STF são os Generais

Não é tão absurdo. Por mais demagógico e farsesco que seja o discurso do capitão da reserva, ele apresenta uma proposta de ruptura contra o regime vigente, “contra o establishment”, nas palavras do candidato.


2 |EDITORIAL EDITORIAL

Avança a fraude e “mercado” se tranquiliza

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esta terça (dia 2), o Instituto Datafolha, do grupo Folha de S. Paulo, divulgou pesquisa realizada no próprio dia, na qual um dos aspectos mais marcantes foi o suposto crescimento de 30% da taxa de rejeição do candidato petista substituto de Lula, Fernando Haddad, que teria saltado de 32 para 41%, um acréscimo de cerca de 30%. Situação que repete o quadro mostrado pela pesquisa Ibope/Globo divulgada na véspera, que apontou um aumento de 11% na rejeição ao ex-prefeito de São Paulo. As duas pesquisas buscam também induzir a idéia de que o candidato com reduzida rejeição e condições para derrotar o “mal maior”, o candidato-espantalho, Jair Bolsonaro, no segundo turno seria o candidato predileto do golpe, Geraldo Alckmin Este, por hora, ainda mantém-se estagnado em torno dos 10% ou tem ligeira oscilação positiva, dependendo da “pesquisa” divulgada.

Mostrando um quadro de otimismo dos especuladores e outros parasitas do mercado financeiro, o dólar recuou ao seu menor valor desde agosto (fechando a R$ 3,93) e a Bolsa de Valores subiu quase 4%, obtendo sua maior valorização diária em quase dois anos. Esta aparente tranquilidade do “mercado” deixa evidente que a direita golpista está preparando um enorme ofensiva para consumar a fraude das eleições, fraudadas desde o começo da atual “campanha” eleitoral, realizada sob o golpe de estado, com o candidato mais popular e que a maioria do povo quer ver na presidência, o ex-presidente Lula, mantido como preso político e proibido até mesmo de das entrevistas. Por trás da ilusão de setores da esquerda pequeno burguesa de que estaríamos a caminho de uma vitória eleitoral – até mesmo tranquila – da esquerda, o que temos é a execução de um plano traçado pela direita de controle total sobre o processo

COLUNA

do movimento operário, há um bom tempo: “eleições sem Lula é fraude!”; também vai inaugurar uma etapa de novos ataques contra os trabalhadores e todo o povo brasileiro em favor dos grandes capitalistas internacionais, como os que há poucos dias “compraram” a R$ 0,34 o barril de petróleo do pré-sal leiloado pelo governo de Temer-Alckmin-Bolsonaro e demais golpistas e que agora, por certo, estão patrocinando a imensa máquina que esta se movimento para colocar no governo um novo carrasco do povo brasileiro. A situação tende – cada dia mais – a confirmar que o golpe não pode ser derrotado em eleições viciadas e, tampouco, por meio das instituições que dominam o regime golpista, como judiciário. Só nas ruas, com os meios próprios da luta dos explorados, por meio da sua organização e mobilização independente da burguesia, será possível derrotar essa ofensiva.

ATIVIDADE

1964: “Nem golpe, nem revolução”, a história segundo Toffoli Por Rafael Dantas

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esta segunda-feira veio a público a notícia de que o presidente do STF, ministro Dias Toffoli, decidiu chamar o golpe de 64 de “movimento de 1964”. A declaração foi dada em um seminário sobre a Constituição de 1988 na Faculdade de Direito do Largo S. Francisco. No mesmo ato, Toffoli revelou que o pretexto para sua revisão da história é colocar-se acima das “disputas do passado”. Equilibrando-se em um muro que já foi derrubado pelas inúmeras denúncias e a comprovação de milhares de presos, torturados e assassinados, ele fez referência a uma pseudo-discussão teórica. “Tanto a esquerda quanto a direita conservadora (…) tiveram a conveniência de não assumir seus erros que antecederam 1964, passando a atribuir os problemas aos militares”, teria dito fazendo referência ao historiador Daniel Aarão Reis, segundo relato da Folha de S. Paulo. Os erros do passado são evocados para encobrir as ações deliberadas do presente. Para ele, o que ocorreu em abril de 1964 não foi “nem golpe, nem revolução”. Seguindo o raciocínio, já que “ditabranda” nunca existiu a não ser nas páginas da Folha de S. Paulo, faltou pouco para o presidente do STF dizer que nem mesmo ditadura houve. E é realmente o que ele quer dizer. Apesar do título pomposo de “guardião da Constituição”, Toffoli pediu licença

eleitoral e que se intensifica, sem reação real da esquerda, na medida em que se aproxima o pleito. Os últimos lances da direita não pode deixar dúvidas para quem quer ver a realidade e não apenas agir em função de suas vontades e ilusões. A farsa da “frente antifascista”, do #elenão, com golpistas como Alkcmin, Marina, Globo, Veja etc. contra Bolsonaro; a nova onda de ataques contra o PT, seja pela delação fraudulenta de Pallocci, seja pelos ataques às sedes do partido e de seus aliados em quase todo o País, a manipulação das pesquisas e a preparação do maior esquema de manipulação e fraude das eleições, provavelmente, de todos os tempos. O “mercado” pode ter motivos para estar provisoriamente “tranquilos”. Os explorados não. A consumação da fraude das eleições – no primeiro e no segundo turno – além de confirmarem o que foi anunciado por amplas parcelas

para reescrever a história de acordo com os interesses do que passaram por cima da Constituição para derrubar Dilma, prender Lula e liquidar os direitos de milhões de brasileiros e estão conspirando contra o povo por um novo golpe e uma nova ditadura. Fechando os olhos para as barbaridades cometidas na ditadura militar, Toffoli tornou-se apenas uma cobertura civil para os militares dos dias de hoje. Fernando Azevedo e Silva, um general de quatro estrelas reformado, sem nenhuma experiência jurídica, é seu assessor no STF. Brilha no currículo do militar a participação na elaboração do programa de governo de Jair Bolsonaro. Será ele, ou outros detrás dele, que está soprando a nova história nos ouvidos de Toffoli? Que diferença faz um ministro bem assessorado!

“É 29!”: PCO-DF reuniu militância no sábado

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o último sábado (29) cerca de 40 militantes e simpatizantes do Partido da Causa Operária se reuniram em Brasília para a atividade de confraternização do PCO, É 29! , em alusão ao número da legenda nas urnas e à data. Como não poderia deixar de ser, o convite custava R$ 29, dando direito a saborear o já tradicional “costelão” preparado pelos militantes do PCO em suas atividades sociais. Os candidatos a Deputado Antônio Vieira (Distrital), Ricardo Machado (Federal) e Lia Aires (Federal) estiveram presentes, além do candidato ao Senado, Danilo Matoso e do candidato ao Governo do DF, Renan Rosa. Compareceram os militantes e candidatos a Deputado Federal pelo Partido dos Trabalhadores Osni Calixto e Joaquim Rodrigues. Após a exibição do programa Análise Política da Semana, Matoso fez uma breve intervenção ressaltando a importância da atividade na data, criando uma alternativa para a marcha do #EleNão, convocada pela direita com fins eleitorais, que se realizava simultaneamente no centro de Brasília. Para o militante, os que ali se encontravam representavam “os setores mais conscientes da necessidade da luta contra o golpe, os mesmos que se mobilizaram pela anulação do impeachment fraudulento de Dilmar Rousseff, os mesmos que não capitularam diante da ilusão das Diretas Já!, os mesmos que lutaram intransigentemente contra a prisão do presidente Lula em Curitiba, Porto Alegre e São Bernardo, os mesmos que ainda acreditam que Eleição sem Lula é fraude, e sabem que a verdadeira luta contra o golpe se dá

com a organização da classe trabalhadora para fazer frente ao avanço do imperialismo sobre os povos da América Latina”. As candidaturas o PCO no Distrito Federal sofreram um pesado ataque do Judiciário e da imprensa golpistas, que a todo momento tentam decretar sua impugnação. O Partido recorre por todas as vias possíveis, e pretende continuar na disputa até o fim, usando a campanha como uma tribuna para denunciar o golpe de estado e a fraude das eleições, chamar a lutar pela liberdade de Lula e por um governo dos trabalhadores da cidade e do campo. Os militantes em candidatos continuam realizando palestras, panfletagens e atividades de rua diversas até o final da campanha eleitoral. Junte-se a nós na luta pela mobilização da classe trabalhadora!


NACIONAL| 3

DELAÇÃO DO PALOCCI

Golpistas aprofundam manobra eleitoral para colocar Alckmin no 2° turno A

delação de Palocci foi ressuscitada pelo juiz entreguista Sérgio Moro como parte de uma manobra eleitoral para marcar negativamente o Partido dos Trabalhadores e tentar esvaziar os votos que as pesquisas indicam para Fernando Haddad. Ao mesmo tempo, tenta estabelecer a imagem de que há dois extremos igualmente ruins para o país, Bolsonaro e o PT. A grande verdade é que essa delação pode ser imprestável e sua divulgação ilegal, mas ela cumpre mais uma etapa do plano para alavancar Geraldo Alckmin para o segundo turno. A esquerda pequeno-burguesa tende ser crédula quanto às migalhas

que a imprensa golpista lhe oferece, sem perceber ou sem querer entender que tudo visa a desviar a atenção, dividir, evitar a mobilização. Houve uma simulação de campanha contra Bolsonaro, revistas, jornais, telejornais produziram um conjunto de matérias para expor as ideias fascistas e o passado do candidato do PSL. Fez um grande esforço para fazer a campanha #EleNão ser visível, incentivou a participação da classe média, talvez imaginando que não fossem ser relevantes, mas os atos foram grandes e isso bastou para que a imprensa fizesse um boicote descarado a eles. Ato seguinte, deram voz a Bolsonaro, dentro do hospital, depois no

FRAUDE

Jornal Nacional, e agora vão explorar todos os dias partes da delação do Palocci, com ou sem provas. Geraldo Alckmin imediatamente usou tanto o #EleNão como a delação, colocando-se como a alternativa, a única, aos dois extremos. Como o antipetismo parece não ter resolvido a questão sozinho, agora a campanha visa a transformar Bolsonaro em um subproduto da própria ação política do PT. Bolsonaro é PT, o PT é Bolsonaro. Se vai funcionar ou não, com certeza não é o único trunfo da imprensa e dos golpistas. Enquanto a esquerda continuar tratando essas eleições como uma solução para o golpe e acreditando que os golpistas vão se converter em democratas tão logo o resultado das urnas seja declarado, vai continuar sendo presa fácil para os donos do dinheiro. Por enquanto, quem comemora, e muito, é a imprensa.

CHARGE

Imprensa anuncia que Alckmin “O ventríloquo”, por Ricardo Bagge pode ganhar as eleições

O

Infomoney, órgão da imprensa golpista que serve para informar o mercado financeiro, publicou no dia 27 de setembro em sua página na internet, que apesar das pesquisas indicarem Fernando Haddad do PT e Jair Bolsonaro PSL em uma possível disputa no turno das eleições de 2018, o mercado financeiro está tranquilo, confiantes na possibilidade do seu principal candidato, Geraldo Alckmin, ir para o segundo turno. O órgão de comunicação dos capitalistas do País, reforça a ideia de que Geraldo Alckmin do PSDB é o plano “A” da burguesia financeira nas eleições de 2018, sendo o candidato que mais possibilidade tem para aplicar os planos econômicos liberais no Brasil, ou seja, atacar ferozmente os trabalhadores, e permitir que os capitalistas dominem por completo as empresas e riquezas nacionais. Na matéria, se explica a maneira como Geraldo Alckmin, que está em quarto lugar nas pesquisas, com 8% dos votos, irá conseguir os votos para levá-lo para o segundo turno em menos de uma semana antes da eleição. Usando um suposto investidor anônimo do centro financeiro de São Pau-

lo, é contado aos eleitores que em São Paulo, as pesquisas eleitorais sempre erram os votos dos tucanos, ou seja, as pesquisas eleitorais sempre indicam menos votos do que as urnas eletrônicas conferem aos impopulares políticos direitistas do PSDB. Um exemplo notório desse esquema viciado foi a vitória do candidato tucano e golpista Aécio Neves, que nas eleições presidenciais de 2014 obteve 8% a mais de votos em São Paulo do que as pesquisas indicavam. Também aconteceu nas eleições de 2016 com o fascista João Dória do PSDB, que ganhou no primeiro turno a eleição da prefeitura de São Paulo com uma diferença de 14% em relação as pesquisas. As urnas eletrônicas em São Paulo são muito “generosas” com o tucanos. O Infomoney que representa a voz do mercado financeiro está dando o recado nas entrelinhas ao investidores e grandes capitalistas nacionais e internacionais: A mensagem subliminar é : “Não se preocupem com as pesquisas, temos várias maneiras para ganhar as eleições com nosso principal candidato, como já fizemos em outras eleições, em primeiro lugar fraudando as eleições em São Paulo”.

FRASE INOLVIDÁVEL

Não me refiro nem a golpe nem a revolução de 64. Me refiro a movimento de 1964. Presidente do STF, Dias Toffoli

LIDO NAS REDES

“Frente eleitoral não é frente Anti-fascista” #ElenãoÉAlckminSim


4| NACIONAL

NEM FUX, NEM LEWANDOWSKI, NEM TOFFOLI

Quem manda no STF são os Generais A

ssim como a presidência, o STF (Supremo Tribunal Federal) está sob total controle dos militares. Se antes os juízes da Suprema Corte já estavam a serviço dos golpistas, cometendo arbitrariedades e passando por cima do povo e da Constituição para manter Lula na cadeia e dar prosseguimento ao Golpe, agora ficou mais fácil ainda segurar qualquer divergência dentre os juízes e controlar plenamente as instituições brasileiras depois do General Fernando Azevedo ter sido imposto como assessor do novo presidente do STF Dias Toffoli. O verdadeiro presidente do país é Sérgio Etchegoyen, assim como o verdadeiro presidente do STF não é o ex-petista, Dias Toffoli, e sim Fernando Azevedo. Assim sendo, os generais que ameaçaram, às vésperas de todas as votações na corte sobre a situação de Lula, os ministros do STF, agora não precisam mais controlar as togas por meio das redes sociais, já que, assim como nas demais esferas do poder político, botaram alguém pa-

ra controlar pessoalmente a situação. O veto do atual presidente do STF sobre a decisão de Lewandowski que concedia para alguns jornais a possibilidade de entrevistar Lula, é uma prova da tese aqui apresentada.

O controle está sendo tomado pelos militares gradualmente desde o início do ano. Desde de que Etchegoyen assumiu, junto com a posse de Temer após o golpe, o Ministro-Chefe do Gabinete de Segurança Institucional

CABO ELEITORAL

Marina chama voto “útil” em Alckmin O

s donos do golpe continuam a sua intensa campanha em prol de levar o seu candidato predileto, Geraldo Alckmin, ao segundo turno das eleições desse ano. Após impulsionar a campanha #elenão, contra o candidato da extrema direita, Jair Bolsonaro, utilizando para tanto, uma política demagógica em defesa das mulheres, da democracia contra o fascismo, os setores mais abertamente golpistas agora passaram a utilizar de seus cabos eleitorais dentro das eleições para tentar transferir votos para Alckmin. Desde o início da campanha eleitoral vimos denunciando o caráter artificial das candidaturas de Marina Silva, Henrique Meirelles, João Amoedo, Alvaro Dias, além do abutre Ciro Gomes. Tais candidaturas poderiam cumprir um papel de dividir os votos do eleitor e transferir, em dado momento, os votos para o candidato principal do golpe. Tal fator ficou comprovado na última segunda-feira, 1, após uma entrevista concedida ao jornal O Estado de S. Paulo, pela candidata da Rede, Marina Silva. Na entrevista a candidata da Rede atacou a crescente polarização política que existe no país. Para Marina, tanto Bolsonaro, quanto Fernando Haddad do PT, se fossem eleitos levariam o país a uma “ruína”, de que é preciso uma “união” entre os diversos setores para o bem do país. Marina atacou o caráter autoritário da candidatura de Bolsonaro e, sobre o PT, estabeleceu a crítica mais comum da direita ao Partido dos Trabalhadores, a de que o partido é super corrupto. As declarações de Marina revelam quais são os planos dos donos do golpe, eles querem acabar com a polarização política existente no país após o golpe

da Presidência do Brasil, e por consequência a Abin, tivemos a intervenção militar no Rio de Janeiro, Joaquim Silva e Luna assumindo Ministério da Defesa, e várias operações de lei e ordem encabeçada pelos militares. A tomada do STF foi importante para evitar que os juízes, pressionados pela população, empacassem o desenvolvimento do Golpe. Só na última semana vimos o Supremo Tribunal Eleitoral anular mais de 3 milhões de títulos de eleitor nas regiões Norte e Nordeste, regiões onde a candidatura do PT está disparada na frente das demais. A caça ao PT se dá também nas ruas onde a PM apreende material de campanha dos candidatos e fecha as sedes do PT e do PCdoB em diversos municípios do país. Tudo que fizer alusão ao Lula e por consequência mobilize a população brasileira está sendo duramente combatido e reprimido pelos golpistas. A esquerda deve se reafirmar na luta contra o Golpe, os atos devem ser chamados pelos partidos de esquerda com palavras de ordem pela liberação dos presos políticos e derrubada do Golpe.

“Como uma pessoa pode votar em Jair Bolsonaro?” por Vitor Teixeira

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de estado. Para tanto, buscam desfazer os dois campos que hoje polarizam as eleições, Bolsonaro do PSL, da extrema direita e Fernando Haddad, o candidato de Lula, pelo PT. Os ataques ao PT são inúmeros. Na ultima segunda-feira, o juiz golpista Sérgio Moro, decidiu participar das eleições e protocolou mais uma denúncia sem provas contra as campanhas eleitorais petistas. Não por acaso, o Tribunal Superior Eleitoral cassou mais de 3 milhões de títulos de eleitores em todo o pais, a maior parte no nordeste, sob o pretexto de que não haviam feito a biometria. Mesmo sem chamar voto abertamente para Alckmin, a declaração de Marina, de que é preciso despolarizar o país, promover uma união entre coxinhas e a esquerda, apenas favorece o candidato do PSDB, que neste momento tem apoio do imperialismo e vem também fazendo uma campanha demagógica contra Bolsonaro, o caráter fascista de sua candidatura, sendo que ele, Alckmin, é um fascista de carteirinha e de longa data.

A direita utiliza-se das suas candidaturas artificias para tentar impulsionar a sua candidatura principal, do PSDB. A fala de Marina Silva vai nesse sentido. O ataque à polarização política, ao aprofundamento da divisão social e política na sociedade, feito por Marina Silva e outros candidatos, ou seja, a critica a Bolsonaro e ao PT, só pode ter como resultado prático o fortalecimento de Alckmin. É preciso ter claro que o inimigo principal da população é o golpe de Estado. Nesse sentido, participar de uma campanha demagógica e confusa, contra Bolsonaro, como vem fazendo toda a esquerda nacional, campanha essa que acaba fortalecendo os setores centrais do golpe, é se colocar do lado do imperialismo e daqueles que pretendem impor uma política de terra arrasada e de terror contra toda a população. A única saída é organizar e mobilizar a população contra o golpe de estado e em defesa da liberdade do ex-presidente Lula. Somente a mobilização popular contra todos os golpistas poderá impor uma derrota à direita.

ão é tão absurdo. Por mais demagógico e farsesco que seja o discurso do capitão da reserva, ele apresenta uma proposta de ruptura contra o regime vigente, “contra o establishment”, nas palavras do candidato. Sabemos que seu plano de governo é cheio de vícios neoliberais, mas na hora do debate ele terceiriza a burocracia “para o Paulo Guedes”, e foca na política, diferente dos tecnocratas da esquerda. Num Brasil polarizado, a esquerda pequeno-burguesa trilhou um caminho legalista, moderado, bancando modestas reformas por dentro das instituições, trocando questões sociais por questões culturais, e se desmoralizando em acordos com a direita “democrática”. Contra o impeachment? A via legal. Contra a prisão de Lula? A via legal. Nunca as massas, nunca as ruas. Já Bolsonaro, com sua particular truculência, vem apontando um caminho para fora desse regime falido. O “mito” ridicularizou a Rede Globo, voz oficial do regime, em pleno Jornal Nacional, coisa que ninguém desde Brizola ousou fazer. Pode ser blefe, pode ser mentira, mas como a esquerda não propõe uma ruptura, seja através da mobilização popular, seja através de um movimento revolucionário, o povo olha pro fascismo e diz: “num tem tu, vai tu mesmo”.


NACIONAL| 5

VICE DA ONÇA

Mourão orienta esquerda a votar no PSDB para derrotar sua própria chapa O

candidato a vice na chapa de Jair Bolsonaro, general Hamilton Mourão disse na segunda-feira, que o candidato do PT, Fernando Haddad, é o concorrente “mais fácil” de derrotar no segundo turno. “Eu acho que não tem mais fuga. Se o Bolsonaro não vencer no primeiro turno, o segundo será disputado com Haddad”, disse. Ao desembarcar em Brasília, o general declarou a jornalistas: “é bom porque vamos capitalizar o sentimento que existe no País, que não quer a volta desse grupo à Presidência da República.” Dessa forma, como é amplamente rejeitado, Bolsonaro aparece para a população como um candidato mais forte do que realmente é e, assim, torna-se um espantalho nessas eleições. A manipulação, com o auxílio das pesquisas eleitorais encomendadas pelas grandes empresas da imprensa golpista, leva o eleitor a crer que é preciso votar qualquer candidato que hipoteticamente vença Bolsonaro no segundo turno.

Para o eleitor comum, se o general diz que se sente tranquilo supondo que Haddad perderia fácil para o Bolsonaro, seria preciso uma outra pessoa para derrotar o fascista do PSL. Ao mesmo tempo, Mourão sabota a própria chapa ao fazer declarações impopulares sobre as mulheres, os negros, o décimo terceiro salário e as férias remuneradas O próprio Bolsonaro mandou o vice ficar quieto. Num encontro nesse domingo, 30, no Rio de Janeiro, Bolsonaro pediu para que o ele evitasse declarações polêmicas. A figura de Bolsonaro é muito rejeitada. Há uma eminente resistência popular a ele que o incapacita a assumir o governo na situação atual, no sentido de aplicar o programa dos golpistas. Por esse motivo, há uma manipulação no sentido de transferir seus votos para um candidato que ao mesmo tempo é mais comprometido com a política imperialista e aparece nesse quadro como um “mal menor”.

O bombardeio midiático contra Bolsonaro às vésperas do dia da votação canaliza a natural repulsa que a população sente pela direita não para enfrentar o fascismo e a ameaça de golpe militar, mas para uma solução eleitoral onde até o governador fascista Geraldo Alckmin, do PSDB, aparece como uma alternativa a ser apoiada. O fascismo e a ameaça de golpe militar continuam após as eleições, mas os investidores preferem que ela ainda seja disfarçada na figura de um presidente menos confesso. Ao con-

trário de combater o fascismo, isso prepara ainda mais o terreno para um golpe militar mais profundo. Quando o general Mourão age no sentido de sabotar a candidatura de Bolsonaro com suas declarações e ao mesmo tempo empurra a esquerda a votar em qualquer candidato que não seja o PT, está contribuindo para uma transferência de votos tanto da direita quanto da esquerda para o candidato do PSDB. Significa também que as aproximações sucessivas para o golpe militar continuam a todo vapor.

LARANJA DO PSDB

Advogada do NOVO que impediu entrevista de Lula é ligada ao tucano Anastasia N

o Brasil do golpe, as falsificações grotescas, as fraudes, as trapaças, as manipulações e tramoias assumiram o lugar dos fatos reais, objetivos, como se estivéssemos numa realidade imaginária, num país de faz de conta. Imersa talvez na mais profunda crise de toda a sua história, as classes dominantes – representadas no terreno político pela direita pró-imperialista – buscam, a todo o custo, uma saída que lhes garanta algum fôlego adicional para levar adiante a brutal ofensiva contra as massas populares e à economia nacional. Desde o advento do golpe de estado de 2016 a burguesia e a direita nacional deixaram de lado qualquer veleidade democrática, escancarando a sua postura abertamente golpista e antidemocrática, sem reservas e pudores. Completamente em frangalhos, despedaçados pela crise e totalmente desmoralizados aos olhos do conjunto da população, os partidos representantes do grande capital, da burguesia e do imperialismo se camuflam em “novas” siglas, buscando ocultar das massas populares o seu compromisso histórico com a política de ataques e de terra arrasada contra a população e os interesses nacionais. Todas as falsificações, manobras e manipulações do regime burguês – antes mesmo do golpe de 2016 – foram articuladas e sempre estiveram dirigidas a tentar evitar o naufrágio

completo da burguesia e seus partidos, junto às outras instituições que dão sustentação ao regime anti-operário e pró-imperialista de fome e miséria contra as massas. Esta situação se agravou e foi aprofundada de forma exponencial como resultado do golpe que derrubou o governo eleito do PT, onde uma perseguição implacável foi desencadeada contra a esquerda, concomitantemente à entrega dos ativos econômicos do país ao grande capital e a um brutal ataque dos golpistas às condições de vida da população explorada do campo e da cidade. O alvo principal de toda esta investida da direita reacionária é a esquerda nacional, em particular o PT e sua maior liderança, o ex-presidente Lula, que vem sendo objeto de uma devastadora campanha de ataques e calúnias de todo o consórcio golpista (imprensa, judiciário, Polícia Federal, Congresso Nacional, partidos de direita, imperialismo, etc.) que tem como propósito desmoralizar e abater o principal representante da luta e da resistência popular ao golpe. Lula está encarcerado para não concorrer às eleições, num processo totalmente fraudulento e persecutório, onde os golpistas têm plena consciência do que a sua candidatura pode representar como alavanca para colocar os explorados em pé de guerra contra os exploradores golpistas. As arbitrariedades e ilegalidades do

judiciário contra o ex-presidente chegaram a um ponto tal que até mesmo o elementar direito ao voto está sendo negado pela “justiça” eleitoral à Lula. Neste momento agora, onde o processo eleitoral se afunila e entra na reta final, num processo totalmente fraudulento, prostituído e controlado pela camisa de força das instituições antidemocráticas do regime golpista, também se aprofundam as manobras torpes para atacar e amordaçar a mais importante voz que se levanta contra o golpe e os golpistas. A última e mais recente ofensiva do judiciário (Supremo Tribunal Federal) é a tentativa de impedir o ex-presidente de conceder uma entrevista a dois jornalistas da imprensa nacional. À ofensiva do judiciário para impedir Lula de ser entrevistado juntaram-se partidos golpistas, advogados direitistas e “laranjas” dos partidos burgueses representantes do grande capital internacional (PSDB). Isto fica claro na iniciativa da advogada “Marilda de Paula Silveira, autora do requerimento do Partido Novo, para a proibição da entrevista do ex-presidente Lula aos repórteres Mônica Bergamo (Folha) e Florestan Fernandes (Rede Minas/El País), que é sócia do escritório de advocacia de Flávio Henrique Unes Pereira, assessor do senador Antônio Anastasia e já operou em escritório do qual o ministro Gilmar Mendes é sócio” (site VIOMUNDO, 02/10).

Anastasia é candidato ao governo de Minas Gerais pelo PSDB, partido que liderou o golpe de estado de 2016 e que teve na figura sinistra do senador Anastasia o relator do impeachment no Senado. O candidato Antônio Anastasia é um “puxadinho” do senador Aécio Neves, candidato derrotado às eleições presidenciais de 2014, golpista de primeira hora e articulador principal do golpe de estado que derrubou o governo eleito pelo voto popular. O PSDB, todavia, não está sozinho nesta cruzada antilulista, a favor do golpe e contra as forças populares. Na verdade, os tucanos terceirizam sua política pérfida, se valendo de sublegendas que lhe prestam serviço, como é o caso do “Partido Novo”, autor do requerimento para a proibição da entrevista do ex-presidente Lula. O “Partido Novo” é uma (sub) legenda que dá abrigo político a banqueiros e especuladores, surgida no ambiente sombrio e direitista do golpe de estado, que sustenta a candidatura de João Amoêdo. A profusão de partidos direitistas no pós-golpe e agora nas eleições é uma manobra da direita não só para atacar a esquerda, mas principalmente para levar adiante a ofensiva dos golpistas e do imperialismo contra os interesses nacionais e o conjunto da população explorada do país.


6 | NACIONAL

“AUTOCRÍTICA”

Direita pressiona o PT para tentar dividir o partido E

m uma mais uma clara tentativa de dividir o PT, que tem em seu interior uma ampla ala conservadora, a direita golpista, por meio da sua grande aliada, a imprensa burguesa, demonstra sua estratégia com relação ao cenário político. A típica e antiga pregação, que se estende desde o golpe dado na presidenta Dilma Rousseff, de que o PT precisa fazer “autocrítica”. Mesma posição adotada pela esquerda pequeno-burguesa. Um dos pontos destacados pelo dito “centro”, seria o de que se há uma ameaça de avanço do fascismo no País, o que é atribuído exclusivamente à ação do candidato de extrema-direita, Jair Bolsonaro, que muito claramente é apenas uma fantoche da direita. Enquanto isso, o verdadeiro candidato dos golpistas e fascistas – Geraldo

Alckimin- sequer é citado. Da mesma forma, se oculta o avanço dos militares na situação política nacional, esse sim é um fato que caracteriza a evolução da tendência fascista no País. Segundo a direita golpista, o avanço da direita fascista seria de responsabilidade do PT. Nesta versão fantasiosa, não teria ocorrido golpe; quando é evidente que com o golpe de estado os fascistas se sentiram à vontade para entrar em cena. Ao se falar em autocrítica, estão querendo apenas pressionar e dividir um partido que é o principal alvo de ataque dos golpistas desde então. A direita, quer apenas que o PT se submeta ao jogo das instituições golpistas, admitindo e tonando “natural” as arbitrariedades que vêm sendo impostas pela ditadura do judiciário, pa-

ra assim agradar a “todos”. Isso porque a polarização entre esquerda e direita não é coisa boa para o grande capital. Para evit-a-la buscam evitar o

avanço de um candidato que representa mais claramente o fascismo, depois de terem colocado na cadeia o principal candango da esquerda.

FASCISMO

DESEMPREGO

“Minha polícia vai atirar para matar”: João Dória mostra que o fascismo é tucano

Golpe triplica número de jovens que não estudam nem conseguem emprego

D

urante entrevista para a Rádio Bandeirantes nesta segunda-feira (01), o candidato do PSDB ao governo de São Paulo, João Dória, declarou que se for eleito dará “carta branca” para que a polícia do estado atire para matar. João Dória é ex-prefeito da cidade de São Paulo e foi responsável por um dos governos mais repressivos e antipopulares que a cidade já teve. Na entrevista, assumindo sua verdadeira face, a de um fascista inimigo do povo, Dória afirmou: “Não façam enfrentamento com a Polícia Militar nem a Civil. Porque, a partir de 1° de janeiro, ou se rendem ou vão para o chão”. Vale lembrar que a polícia de São Paulo é uma das mais repressivas do país utilizando níveis extremamente elevados de violência e sendo responsável por centenas de assassinatos todos os anos. Em outro ponto da entrevista, o candidato fascista do PSDB ainda afirmou: “Se fizer o enfrentamento com a polícia e atirar, a polícia atira. E atira para matar”. As declarações de João Dória soam como uma ameaça à população de São Paulo, que há décadas sofre com a brutalidade da polícia no estado que reprime o povo em nome dos interesses da burguesia. As declarações de Dória são um ótimo exemplo daquilo que o Jornal Causa Operária vem denunciando: o pior fascista é aquele que bate asas e esconde o bico. Diferentemente do que a esquerda pequeno burguesa vem anunciando, o fascismo não se apresenta apenas na figura do presidenciável Jair Bolsonaro, a verdade é que o PSDB de Dória e Geraldo Alckmin é muitas vezes mais fascista que Bolsonaro. Cabe res-

U

saltar que foi o próprio PSDB que alimentou o avanço da extrema-direita no país e financiou os apoiadores de Bolsonaro e movimentos de direita como o Movimento Brasil Livre (MBL), com a intenção de promover o Golpe de Estado que derrubou ilegalmente a Presidenta Dilma Rousseff. Agora, na tentativa de legitimar o Golpe através da fraude eleitoral, o PSDB, aliado com a imprensa burguesa e a serviço do imperialismo, lançaram a campanha chamada de “ele não” e conseguiram levar a reboque toda a esquerda pequeno burguesa. Essa campanha tem claramente a intenção de levar Alckmin para o segundo turno, tirando os votos de Bolsonaro e de Haddad. O que tem que ficar muito claro é que o PSDB, que representa os interesses do imperialismo e do Golpe de Estado no Brasil, é muito mais fascista do que Bolsonaro, basta que se observe as ações brutais promovidas pelos tucanos durante os seus governos. As declarações de João Dória deixam bem explícito qual o plano de governo dos fascistas tucanos: armar a polícia e permitir o assassinato indiscriminado do povo. Não podemos nos confundir: o verdadeira fascismo é tucano.

m dos resultados mais nefastos do golpe de Estado, que culminou com a derrubada da presidenta Dilma Rousseff, em 2016, é o enorme aumento do desemprego no País. No segundo trimestre de 2018, a taxa oficial de desemprego foi da ordem de 12,4%, o que significa mais de 12 milhões de pessoas desempregadas. Este flagelo da população atinge mais violentamente os jovens, tanto do ponto de vista educacional, formativo, quanto profissional. No mesmo período referido a taxa de desemprego entre jovens de 18 a 24 anos foi de espantosos 26, 6%, ou seja, mais de ¼ da força de trabalho jovem no País não consegue ter acesso ao mercado de trabalho. No bojo desta enorme crise, muito maior se considerarmos as pessoas subempregadas, cresce exponencialmente o chamado desalento e a evasão escolar prioritariamente entre os jovens. Desalento é um termo que tipifica a situação daqueles que estando desempregados deixam de procurar emprego, devido a retração da economia. Hoje, são pessoas colocadas totalmente à margem do mercado de trabalho, que encolheu drasticamente durante o golpe, como resultado do golpe. Já somam quase 5 milhões de pessoas em todo o País. O desalento que afeta milhões de trabalhadores pune principalmente os jovens, e destes em especial as mulheres. Um levantamento realizado pela consultoria IDados junto a Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílio Contínua do IBGE, mostrou que o número de desalentados, com o agravante de que também não es-

tudam, entre 15 e 29 anos triplicou desde 2014, quando houve a menor taxa. De 445.000 jovens que não estudavam, nem trabalhavam, nem buscavam emprego em 2015, saltamos para 1,4 milhões em 2018, o crescimento desta taxa acompanha p o desenvolvimento do golpe é a aplicação das políticas neoliberais; de austeridade. Entre os motivos, figuram o fato de o jovem ser mais vulnerável ao desemprego, devido à falta de experiência, de formação etc., justificativas que as empresas se utilizam para pagar baixos salários, demiti-los ao menor sinal de crise e não os contratar. Muito a jovens deixam os estudos regulares para trabalhar e ao se verem desempregados, não conseguem outra colocação por falta de formação e não encontram estímulo para voltar a escola. Também muitos jovens estudantes do ensino superior dependem do salário, ao serem retirados do mercado de trabalho, ficam privados também das condições para continuar o curso superior. As mulheres são, contudo, o setor mais atingido, que além de todo o dito acima sofrem o preconceito por conta da maternidade; dos filhos. A tendência é que as jovens deixem de procurar emprego para tornar-se donas de casa, ou seja, exercer um enorme trabalho não remunerado. Com essa situação calamitosa entre os jovens, que não tem emprego, não tem perspectiva, não tem estímulos para o estudo, cresce a tendência ao trabalho informal, ao trabalho totalmente precário e a criminalidade. Isso é o que os golpistas tem a oferecer ao jovens brasileiros.


MOVIMENTOS| 7

SELEÇÃO PARA VICE-PRESIDÊNCIAS DA CAIXA

Governo mira na privatização do banco O

“concurso” para preencher quatro vagas de vice-presidências da Caixa Econômica Federal revela o caminho que o governo golpista, Michel Temer, prepara para a privatização da empresa. Foi divulgado nesse dia 2 de outubro o número de candidatos para concorrer ao concurso para preencher quatro vagas nas vice-presidências da Caixa, concurso esse comandada pela firma de localização e avaliação de executivos, Russell Reynolds Associates, empresa que presa por designações para clientes dos mercados de capitais e bancários globais, private equity, de gestão de capital de risco, fundo de hedge, ativos e riqueza imobiliários, voltada para abordagem estratégica em localizar executivos de reconhecimento em líderes de mercado. A contratação da Russell Reynolds

já não deixa dúvida do que está por trás nas mudanças na direção da Caixa, quando as instâncias diretiva do banco eram ocupadas única e exclusivamente por funcionários do quadro da empresa. Os números de inscritos para a seleção também são reveladores: dos 138 candidatos, apenas 27 são funcionários da CEF, enquanto 111 são pessoas diretamente vinculadas ao mercado financeiro, ou seja, pessoas ligadas aos interesses dos bancos privados e outros monopólios. No final do processo os candidatos serão entrevistados, e os “escolhidos” deverão ser aprovados pelo Conselho de Administração do banco. Não resta dúvida que os escolhidos serão todos os candidatos voltados ao mercado, já que a última palavra na escolha será feita diretamente pelo governo federal que controla, tanto a direção da

DEPORTAÇÃO E ESPECULAÇÃO

Caixa, quanto o Conselho de Administração (o Conselho de Administração é composto por oito membros sendo apenas um eleito pelos funcionários). A intenção da direita golpista, à frente da Caixa Econômica, é de concluir o processo de substituição das 12 vice-presidências até o final do ano, mas, já neste mês de outubro as substituições acontecerão para a vice-presidência de Corporativo, Fundo de Governo e Loterias, Governo e Habitação, e que, não por acaso são justamente as áreas que estão na mira para ser entregue para os parasitas capitalistas e banqueiros nacionais e internacionais, de olho na Lotex da Caixa, um dos setores de maior rentabilidade para o banco e a quebra do monopólio da administração dos recursos do FGTS no ordem de R$ 300 bilhões, para beneficiar os banqueiros do Bradesco e do Santander.

As substituições nas direções das empresas estatais, e nesse caso das vice-presidências da Caixa, um banco 100% estatal, visa claramente preparar a entrega desse grande patrimônio do povo brasileiro nas mãos dos capitalistas que só tem um objetivo: a obtenção de lucro às custas da exploração dos trabalhadores e de toda a população em geral.

COTA DE MULHERES NAS ELEIÇÕES

Direita faz demagogia e usa Prefeitura Doria-Covas planeja “transferir” a “Cracolândia” na marra candidatas laranjas

N

a capital paulista, o PSDB ensaia mais uma de suas medidas fascistóides contra a Cracolândia. Há pouco mais de um ano, a região foi palco da tradicional truculência do PSDB, que enviou a PM para expulsar os moradores com bombas e bala de borracha, e a Guarda Municipal para “recolher”, ou seja, roubar os poucos pertences da população. O próprio Conselho Federal de Psicologia definiu a medida de Doria como “barbárie” e “atrocidade”. A população flutuante da Cracolândia quase triplicou nos últimos dois anos, graças ao desmonte das políticas públicas do governo tucano. Após um breve recuo, o PSDB vol-

SBT de Silvio Santos demite funcionário que apoia o PT

A

repórter Alanna Rocha, única jornalista transsexual na TV brasileira, foi demitida da TV Aratu, afiliada do SBT na Bahia, por manifestar apoio ao candidato do Partidos dos Trabalhadores ao governo do Estado. Alanna gravou um vídeo em seu automóvel apoiando a candidatura de Rui Costa e postou em sua redes sociais, a assessoria do candidato pediu autorização para também divulgar o apoio. Esse fato banal, no entanto, rendeu-lhe a demissão, já que o candidato do PT não é o candidato que Sílvio Santos e a emissora apoiam, evidentemente. A emissora em que a jornalista de extrema-direita Raquel Sheherazade trabalha, e na qual fez fama com seu discurso de tipo fascista contra a

ta a ensaiar a retirada dos moradores daquela região central, e abri-la para interesses de grandes imobiliárias. A estratégia atual é mais discreta. O objetivo é incentivar os usuários a irem para outra tenda da Prefeitura, a 3km dali, próxima à Rodoviária Tietê. Se o governo Doria-Covas se preocupasse com as necessidades daqueles moradores, expandiria o tratamento já existente no local. Como o interesse do PSDB é atender as necessidades dos capitalistas, a população pobre é vista como um obstáculo a ser empurrado para longe. Assim que os usuários se deslocarem para outro lugar, serão novamente abandonados à própria sorte, pois nunca foram a verdadeira prioridade. população pobre e negra, apoiando e louvando linchamentos, não pode,conviver com funcionários que não falem e pensem estritamente aquilo que manda o dono. A fala de tipo fascista de Sheherazade, evidentemente, não representa apenas a sua opinião pessoal, mas a posição do dono, Silvio Santos, e do setor da burguesia que ele representa, disfarçada através da boca da jornalista. A opinião de Alanna Rocha, contudo, mesmo fora de horário de trabalho e em sua próprias redes sociais, destoa da orientação política da emissora golpista, que não pode ver alguém identificado com ela defender. Para o SBT, apoiar o fascismo, pode, defender linchamentos de negros em rede nacional, também pode, usar de concessão pública para derrubar um governo eleito pelo povo, pode também, funcionários ter opinião própria e ainda defender o PT, jamais.

Desde que foi estabelecida a lei que exige que 30% das candidaturas dos partidos políticos sejam compostas por mulheres, os partidos ainda têm realizado um conjunto de manobras diante da meta estabelecida. A lei vigora há alguns anos e ainda assim o que se demonstra na realidade, é que de nada serviu para promover uma maior representação das mulheres nos cargos eletivos. De maneira alguma essa medida serve como parâmetro representativo das mulheres e nem como meio caminho para a luta das mulheres. Ao longo dos meses que antecederam o período eleitoral, já foram diversas as denúncias onde se fala da manobra dos partidos burgueses com as candidaturas femininas. Além da cota de 30% de candidaturas femininas, também ficou estabelecido que, pelo menos, 30% do fundo eleitoral deveria ser destinado às campanhas das candidatas. Para burlar essa exigência sem sentido e que serve apenas para dar a aparência de que se estaria promovendo condições mais adequadas para as mulheres, muitos partidos burgueses resolveram colocar mulheres na vice candidatura de cargos majoritários, para assim – de fato – fazer uso dessa porcentagem na campanha do candidato principal.

Outro caso mais recorrente, são as ditas candidatas “laranja”: o partido apresenta a candidata, mas não faz campanha eleitoral para a mesma e logicamente o repasse não é feito para essas candidatas. Esse mecanismo utilizado pelos partidos burgueses deixa claro seu verdadeiro posicionamento com relação as mulheres, as quais consideram como pessoas inferiores, que devem ser submetidas a todo tipo de opressão e repressão. A burguesia e seus partidos nada têm a oferecer para as mulheres na luta política que estas precisam travar contra a opressão e a repressão que vem se aprofundando com o golpe de estado que derrubou a primeira presidenta eleita pelo povo brasileiro. Desde a instituição da lei atual, profundamente antidemocrática e que coloca o poder de decisão nas mãos do reacionário judiciário machista e à serviço do grande capital, não houve nenhum aumento significativo da representação de mulheres nos parlamentos, deixando claro a demagogia feita por esses setores. Mudanças reais na situação das mulheres, na política e na vida cotidiana, só podem ser conquistada pela luta das mulheres e demais setores explorados e das suas organizações de luta. Em primeiro lugar, na luta contra o golpe de estado.


8 | INTERNACIONAL

CRISE DO IMPERIALISMO FRANCÊS

Ministro do interior de Macron pede demissão M

ais um governo se encaminha para a crise na Europa, o governo francês de Emmanuel Macron. Se juntando às outras potências europeias, como a Inglaterra e a Alemanha, o atual regime francês começou a entrar em uma instabilidade primária, que segundo as coordenadas da política europeia, tende a se aprofundar. Na segunda-feira (01/10), o ministro do interior da França, Gérard Collomb, pediu demissão do cargo que exercia dentro do estado francês. O pedido de demissão foi recusado por Macron na segunda, entretanto na manhã da terça-feira Collomb reafirmou sua decisão, segundo ele para se dedicar à sua candidatura para prefeito nas eleições municipais de Lyon, o que na verdade é um mero pretexto para sair do governo que está entrando no processo de esfacelamento, que os outros países europeus já estão enfrentando. Obviamente, com a crise do regime capitalista, surge o fenômeno da extrema-direita. Na França, a Frente Nacional, partido criado por dissidências fascistas do exército francês logo após a derrota na revolução argelina, é o partido aparece como so-

lução para o problema da crise. Sem mencionar a demagogia dos partidos da extrema-direita, o que é preciso dizer que no caso da França por pouco a FN não ganhou as últimas eleições, em que para derrotá-la o principal setor do imperialismo teve de criar uma manobra para eleger um político supostamente democrático e não oriundo dos partidos tradicionais da burguesia francesa (Socialistas e Re-

publicanos), e assim conseguir levar adiante por um momento a mesma política que os governos anteriores fizeram. E foi essa manobra que elegeu Macron e conseguiu dar uma certa estabilidade até agora. O cargo de ministro do interior é extremamente importante na situação francesa, já que a burguesia francesa está fazendo uma intensa campanha contra aquilo que eles denominam de

“crise da segurança pública”. Até pouco tempo atrás, a burguesia francesa tinha implementado um Estado de sítio na França, colocando as Forças Armadas nas ruas para reprimir o povo francês, especialmente os imigrantes. Assim sendo, Marine Le Pen, dirigente maior e filha do fundador da Frente Nacional, utilizou-se da crise do governo para atacá-lo, com o objetivo de fragilizar ainda mais o governo de Macron. Em seu twitter, Le Pen questionou: “até quando vamos ter que aguentar este comédia?” e denuncia o fato. A perspectiva que está se construindo em todo o regime europeu é o de crise política, e portanto de mudança do regime político atual, no caso de maioria dos países: em direção ao fascismo. Isso se dá pela falta de uma política ligada à classe operária e aos setores mais conscientes da luta política da classe trabalhadora. Percebe-se que no caso da Inglaterra, o fascismo não está criando pernas por conta da política levada adiante por Jeremy Corbyn, um político da ala esquerda do partido que é ligado aos sindicatos britânicos, e está apontando uma solução para a crise que não é a da direita.

Assista o Jornal das 3, todos os dias na Causa Operária Tv: no site: causaoperariatv.com.br ou no youtube: causaoperariatv


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